Perfil sonoro: O professor Dejan diz que tenho um som tipo “barril” (mais escuro), no entanto,

sempre procurei igualmente, sons escuros. Sendo que nunca senti que tivesse um som
particularmente escuro por natureza.

Sobre a minha guitarra

Som: Não é demasiado brilhante, no entanto não é tão escuro ou rico quanto esperava, a
guitarra funciona primariamente com carbono, apesar de não ter um timbre metálico
apresenta uma certa opacidade no som, isto resulta numa certa dependência em ter cordas
novas para manter uma certa resposta do instrumento. Para além disto, a não possibilidade de
usar nylon limita a minha experimentação com a guitarra, não consigo alterar a cor do som da
forma que desejo.

Devido a isto, vejo-me por vezes a sentir mais enquadrado em guitarras mais baratas puro e
simplesmente pelo timbre ser menos brilhante e pela sensação do nylon.

Balanço: Com o tempo, começou a ganhar mais graves, a 3ª corda é boa e equilibra bem com
o resto das cordas. Em termos de equilíbrio parece-me ser adequada, o único aspeto seria que
poderia ter graves mais presentes, no entanto é equilibrada.

Acústica: Eu sinto que a minha guitarra varia extremamente de sonoridade dependendo da

acústica, que é algo que penso nunca ter sentido desta forma com outras guitarras. Por vezes
acentua certos aspetos metálicos no som ou apresenta uma falta de clareza.

Reportório: A guitarra é adequada para interpretar obras com textura de melodia e

acompanhamento, provavelmente devido a um timbre uniforme e “bell-like” nos agudos, e a
um sustem adequado especialmente quando não é em corda solta, em termos de
contemporâneo (que é o que interpreto mais) sinto alguma falta de corpo no som e sinto que
isso dificulta em andamentos lentos onde quero criar determinado ambiente, em termos de
contraponto é adequado mas não apresenta uma separação de vozes tão clara como noto em
alguns outros instrumentos, noto especial dificuldade em andamentos mais lentos por sentir
uma certa falta de ressonância.

Comforto no braço: A guitarra é confortável e o setup que foi feito inicialmente foi adequado,
em termos de braço não gostaria que fosse mais fino, mas não me importaria se fosse
ligeiramente mais grosso.

Comforto na mão direita: Sinto imensa dificuldade em tocar devido à dificuldade de resposta
do instrumento, se eu tocar forte ele responde e projeta, mas é difícil chegar a este ponto e
por vezes é cansativo tocar qualquer tipo de obra do início ao fim.
Projeção: Sinto que a guitarra projeta mas que não projeta mais do que uma guitarra
tradicional, aqui na ilha há um luthier amador que fez sempre por conta própria
(Provavelmente nem sabe quem torres é!) e fez uma guitarra de ¾ para o neto, sinto que essa
guitarra responde mais rápido do que a minha e que a projeção não está longe da minha.

Sustem: Se tocar isoladamente uma nota pisada até tenho algum sustem, por alguma razão as
cordas soltas têm menos sustem… e mesmo quando tenho sustem na nota pisada, a sensação
é que é apenas essa nota e que não há uma sensação de ressonância no instrumento.

Afinação: De momento, não está boa…poderá ser devido a estas alterações, porque no início
eu verifiquei e não havia problemas neste aspeto, particularmente tenho alguma dificuldade
em termos de “intonation”, afinar a primeira e a segunda corda.

(Há que ter em conta que alguns destes fatores poderão ser derivados ao ajuste que terá de
ser feito ao ângulo do braço…)

O que idealizo? O que falta?

-Mais resposta e ressonância

-Timbre mais escuro

-Riqueza sonora e timbrica

-Mais presença nos graves e corpo no som

-Tampo eficaz que não dependa de certos tipos de corda

O que quero evitar?

-Som metálico

-Resposta difícil do instrumento

Qual é tendencialmente, em termos de construção a minha preferência?

Tampos de cedro, ou por vezes até de pinho caso use nylon.

De momento estou praticamente decidido em contactar o luthier Zelimir Sever, já

experimentei várias guitarras dele, todas tinham resposta, ressonância, corpo e projeção. No
entanto, algumas timbricamente eram mais estridentes, apesar de tudo, de acordo com o
luthier ele prefere nylon, e defende que: “If the guitar is good, it doesn’t change projection”,
que parece encaixar no que procuro e que nesse sentido iria suavizar alguma estridência do
carbono. (Para além de que as guitarras tendem a escurecer o som um pouco com o tempo)

Quando contactei com o luthier ele disse que para nylon o ideal será uma guitarra mais leve,
portanto, à partida o luthier iria fazer uma guitarra de cedro (rede, de madeira), arched back
(braceless), leve, para ter resposta mais fácil com qualquer tipo de corda.

Quando comparei a minha guitarra com a do francisco, a do francisco foi melhor em

praticamente todos os níveis, com o carbono soa um pouco agressiva na primeira corda, mas
penso que essa é a tendência, tendo em conta que é single top e ainda tem o bracing em rede.

Até hoje não encontrei uma guitarra que me fizesse soar como a guitarra que experimentei lá
na Croácia (que aparentemente tinha sido encomendada pelo Dejan), especialmente para o
reportório que eu toco.

(Recomendaram que eu pedisse o braço do sever “normal)