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Construc

tria José C. F? Alves de Lima


SFAO TRANSVERSAL DA
BARIRAGEM D E T E R W
ORIENTAÇÃO PARA O PREDIMENSIONAMENTO DA SEÇÃO
TRANSVERSAL DE UMA BARRAGEM DE TERRA

O projeto de uma barragem de terra envolve a solução mais econômica, obtida por tentativas,
satisfazendo, com o fator de segurança adequado, as seguintes condiçoes básicas:

a) O aterro deve estar seguro contra o transbordamento, durante a ocorrência da descarga


de cheia do projeto, pela adoçáo de vertedouros com suficiente capacidade de vazão.

b) Os taludes do aterro devem ser estáveis durante a construção e sob quaisquer


condições de operação do reservatório.

c) O aterro deve ser projetado de modo que não submeta as fundações a tensões
excessivas.

d) A percolação através o aterro, fundação e ombreira deve ser controlada a fim de que
não haja erosão interna nem perda d'água excessiva prejudicando a obra.

e) O aterro não deve sofrer transbordamento pela ação da onda.

f ) O talude de montante deve ser protegido contra a erosão por ação da onda; a crista e o
talude de jusante contra erosão devida ao vento e a chuva.

2) TERMINOLOGIA TECNICA DE BARRAGENS

Apresentamos a seguir os termos mais usualmente empregados em barragens, de acordo com a


Comissão Técnica de Nomenclatura do Comitê Brasileiro de Grandes Barragens.
(Construção Pesada - Fevl76)

Altura acima do terreno natural - Altura desde o ponto mais baixo do terreno natural,
(Height above ground Level) geralmente no leito do rio, até a crista da barragem.

Altura da barragem - Altura acima do ponto mais baixo da fundação.


(Height of dam) O mesmo que Altura Estrutural da Barragem.

Altura da trincheira de vedação - Distância entre a parte mais baixa da superfície e o


(Height of Foundation) fundo da trincheira, desde que este não tenha menos
I que 10 metros de largura. O termo "Profundidade da
I Trincheira" é preferido em muitos países.
I
Área de drenagem - Em relação a uma barragem, é a área na qual qual-
I (Drainage area) quer precipitação nela incidente se dirige ao ponto
onde está localizada (O mesmo que Bacia Hidrográfica
e Bacia de Drenagem).
OBRAS DE TERRA -
BARRAGENS ANTEPROJETO DA SEÇÃO TRANSVERSAL - 2

Área do reservatório - Área da superfície do reservatório medida em um


(Reservoir area) plano horizontal e em uma elevação correspondente
ao nível máximo de armazenamento do reservatório.
Não estão incluídas as áreas inundadas referentes a
superelevação e remanso.

Bacia de Dissipação - Bacia, canal, reservatório natural ou artificial, formados


(Stilling Basin) a jusante da barragem principal, normalmente por meio
de uma estrutura submersa ou pequena barragem
auxiliar, com o objetivo de proteger o leito do no contra
a erosão provocada pelas descargas do vertedor ou de
outros dispositivos.

Barragem - Obra artificial construída através de um curso d'água,


(Dam) para acumulação, controle e desvio de água.
Designam-se como obras secundárias, as barragens
que completam o fechamento de um reservatório nas
suas zonas periféricas.

Barragem de Aterro Compactado - Maciço de terra ou rocha, no qual o material é


(Rolled Fill Dam) colocado em camadas e compactado com uso de
equipamento de compactação apropriado.

Barragem de Terra - Barragem construída basicamente de argila com-


(Earthfill dam) pactada, com seções homogêneas ou zoneadas e
contendo mais do que 50% de terra.

Barragem de terra de seção homogênea - Maciço construído apenas de material argiloso, mais
(Homogeneous earth-fill dam) ou menos uniforme, exceto os drenos internos ou
tapetes drenantes e enrocamentos de proteçâo.
-
Barragem de terra zoneada Tipo de barragem de terra cuja seção transversal é
(Zoned earthfill) constituida de zonas de materiais selecionados com
diferentes graus de porosidade, permeabilidade e
densidade.

Borda livre - Distância vertical entre o nível do coroamento da


(Freeboard) barragem e cada um dos níveis característicos do
armazenamento d'água, tais como nível máximo de
cheia e nível normal de retenção, denominados,
respectivamente, Borda Livre Mínima e Borda Livre
Normal.

Coroamento
t
Borda Mlnirna
1 1 : gorda NO'rrnal I
OBRAS DE TERRA BARRAGENS - ANTEPROJETO DA SEÇÂO TRANSVERSAL - 3

Base da Barragem - Área da fundação da parte mais baixa do corpo


(Base of dam) principal da barragem, isto é, a área de fundação,
excluindo as ombreiras.

Canal de descarga - Dispositivo de passagem de água, através ou em torno


(Sluice way) de uma barragem. Termo aplicado a um canal de
escoamento livre ou calha.

Comprimento de Crista - Distância entre as extremidades da barragem, medida


(Length of dam) no coroamento. Inclui-se o vertedor, tomada d'água,
estruturas para navegação e outras, desde que
formem estruturas com a barragem.

Comprimento do reservatório - Distância máxima medida da barragem até a cabeceira


(Length of reservoir) do reservatório, aproximadamente horizontal, seguindo
a linha de centro do curso do rio principal, conside-
rando-se o reservatório no nível normal de retenção.
Para reservatórios que têm cursos d'água com mean-
dros e com margens bastante irregulares, considera-se
como comprimento a mais prática e direta distância de
barco.

Coroamento da barragem - Termo usado para significar a parte mais alta da


(Crest of dam) barragem, excluindo-se os parapeitos, corrimãos, etc.

Divisor de águas - Linha que limita uma bacia hidrográfica.


(Cathment boundaiy)

Eixo da Barragem - Plano vertical ou superfície curva de referência entre


as ombreiras, em tomo do qual a barragem é projetada
e locada.
A locaçâo deste plano e referência pode diferir entre
os projetistas de barragens.
Enrocamento de proteção - Camada de grandes pedras, blocos premoldados ou
(R~Prap) outro material adequado, colocados nos taludes de
montante de um maciço ou ao longo de um curso
d'água para proteção contra a a@o de ondas ou
correntes.

Ensecadeira - Estrutura temporária, isolando ou protegendo toda a


(Cofferdam) parte da área de construção, a fim de que esta possa
ser executada a seco.

Estrada da crista - Parte da crista da barragem preparada para tráfego de


(Roadway of dam) veículos.
OBRAS DE TERRA BARRAGENS - ANTEPROJETO DA SEÇÃO TRANSVERSAL 4 -

Fetch - É a distância na qual o vento pode atuar sobre as


limite do reçewatõrio
águas. Geralmente é definida pelo ponto mais a
montante até a estrutura, na direção do vento.
,,
/
,

/
.,
-

-- .
Filtro - Zona do maciço constituída de material granular adja-
(Filter zone) cente a zona impermeável, para prevenir a migração
de material de uma zona para outra. AS vezes as zo-
nas de transição são também providas para agir como
drenos.

Fundação de uma barragem - Material natural indeformado abaixo da superfície de


(Foundation of a dam) escavação sobre o qual a estrutura da barragem é
colocada. O termo fundação inclui qualquer tratamento
tal como estacas de vedação, cortinas e septos de
vedação, excluídas as trincheiras.

Largura da base - Largura máxima de projeto de uma barragem na sua


(Base thickness) base, medida horizontamente entre as faces de mon-
tante e jusante, perpendicular ao eixo. Excluída qual-
quer estrutura para dispositivo de descarga ou órgão
semelhante.

Largura da Crista - Largura da parte superior da barragem, definida pela


(Top width) distância horizontal entre as faces de montante e
jusante, medida perpendicularmente ao eixo.

Margem do reservatório - Área de terreno imediatamente acima e ao longo da


(Reservoir shore) linha d'água do reservatório.

Muro contra ondas - Muro colocado no lado de montante ao longo da crista


(Wave wall) de barragens ou seções de barragem não vertedora,
para refletir ondas.

Nível máximo de cheias - Nível mais elevado da superfície de água para o qual a
(Maximum water level) estrutura foi projetada. É geralmente fixado com o
nível correspondente a sobrelevação máxima, quando
da ocorrência da cheia de projeto.

Nível mínimo de operação - Menor nível para a qual o reservatório pode ser
(Mínimum operating level) rebaixado mantendo-se as condições de operação
para as quais o aproveitamento foi projetado, tais
como geração de energia ou irrigação. Abaixo deste
nível o reservatório pode ser eventualmente rebaixado
por outros dispositivos de descarga.
I
OBRAS DE TERRA -
BARRAGENS ANTEPROJETO DA SEÇÃO TRANSVERSAL 5 -

Nível normal de retenção - Elevação máxima de armazenamento do nível de água


(Normal top water Ievel) correspondendo ao nível máximo do resewatório para
o qual a barragem foi projetada, sem considerar o
efeito de superelevação.

Núcleo impermeável - Trecho de uma barragem de terra zoneada ou de enro-


(Impewious core or Zone) camento, construido de material de baixa permeabi-
lidade a fim de limitar a percolação através do maciço.

Ombreira - É o terreno natural situado na encosta do vale e que


(Abutment) constitui o apoio para a fundação da barragem.

Ombreira direita - Ombreira situada no lado direito de um observador,


(Right abutment) quando este está olhando para jusante.

Ombreira esquerda - Ombreira situada no lado esquerdo do rio conside-


(Lefi abutment) rando-se o observador olhando para jusante. É a om-
breira situada na margem esquerda.

Pé de jusante - Encontro do paramento de jusante com a superfície da


(Toe of dam) fundação.

Pé de montante - Encontro do paramento de montante com a superfície


(Hell of dam) da fundação.

Percolação - Fluxo ou movimento de água através de uma


(Seepage) barragem, de sua fundação ou ombreiras.

Ponto mais baixo da fundação - Parte mais baixa da escavação para a fundação da
(Lowest Point) barragem, incluindo as partes em trincheira, desde que
o fundo da trincheira tenha menos que 10 metros de
largura. São excluidos os meios de vedação, cortina
de estacas e poços isolados da escavação, os quais
não são representativos da fundação da barragem.

Proteção de taludes - Proteção dos taludes da barragem contra ação de


(Slope protection) ondas ou outros agentes erosivos. Pode ser de várias
formas, tal como rip-rap, lajes de concreto, solo estabi-
lizado com cimento, concreto asfáltico, cascalho,
malha de ferro ou vegetação.

Superelevação - Volume num reservatório situado entre o nivel normal


(Surcharge) de retenção e o nível máxima de cheia. Pode também
ser expresso pela dimensão vertical. O volume de
Coroamento água relativo a sobre-elevação não pode ser retirado
c,
1 \ f no reservatório e escoará pelo vertedor até que o nível
Borda Mínima normal de retenção seja atingido.
1
OBRAS DE TERRA BARRAGENS - ANTEPROJETO DA SEÇÃOTRANSVERSPL 6 -

Trincheira de Vedação - Trincheira escavada abaixo do nível geral da base de


(Cut-off trench) uma barragem para ligar a zona impermeável da
mesma a uma camada impermeável mais profunda.

Tapete de Montante - Camada de material impermeável colocada no terreno


(Upstream Blanket) a montante da barragem, para controlar a percolação
de água através da fundação ou sobre o parametro de
montante no caso de uma barragem em vedação por
montante.

Vertedor - Soleira, conduto, túnel, canal ou outra estrutura proje-


(Spillway) tada para descarregar água do reservatório, contro-
lando os seus níveis.
O vertedor é destinado principalmente a descarregar
vazões de enchente mas também pode ser utilizado
para descarregar água para outros objetivos. O verte-
dor pode ser sem ou com comportas. No caso de se
usar comportas, o vertedor será denominado Vertedor
Controlado.

Vertedor de Tulipa - Vertedor em forma circular ou de tulipa, normalmente


(Moming Glory Spillway) isolado no reservatório, que conduz, com forte declivi-
dade, as águas que sobem acima do seu topo.
É assim chamado pela semelhança de sua forma com
uma tulipa.

Volume útil (Usable storage) - Parte do volume do reservatório situado acima do nível
do mais baixo dispositivo de descarga, propiciando a
utilização do reservatório para outras finalidades que a
da geração de energia.
OBRAS DE TERi7A BARRAGENS - ANTEPROJETO DA SEÇAO TRANSVERSAL - 7

SEÇÃO TRANSVERSAL E FUNDAÇÃO Largura da crista

-----

da
gem

C Largura da base

Cortina de injep3o

RESERVATÓRIO E OBRAS ACESSÓRIAS

_ _-.
, --.
I
'. ' *,
------- Vertedoura auxiliar

,
. Eixo da Barragem

ouro -
Comprimento

Bacia Hidrogrhfica
ORRAS DE TERRA BARRAGENS - ANTEPROJETO DA SECÃO TRANSVERSAL - 8

3) DIMENSIONAMENTO DA SEÇÃO DA BARRAGEM

3.1 - Segurança ao Transbordamento

Uma barragem de terra ou enrocamento é incapaz de trabalhar como estrutura vertedora sem
um alto risco de colapso por erosão.

Devido as implicações catastróficas de uma rotura deste tipo, a probabilidade de sua ocorrência
deve manter-se muito baixa.

Nessas condições, a descarga de cheia para o projeto de uma barragem de terra deve ser maior
do que o adotado em uma barragem de concreto. A segurança contra o transbordamento durante
uma máxima cheia é obtida através um balanceamento entre o volume do reservatório e a
capacidade do vertedouro.

Por outro lado, quando o vento começa a soprar sobre uma superfície de águas calmas, ocorre
uma transferência de energia do vento para a superfície da água e há a formação de ondas.
A elevação da água contra a barragem dependerá então da altura de onda formada pelo vento, da
profundidade da água em frente a barragem e da geometria e material da face de montante da
barragem.

Assim, além da atenção especial no dimensionamento dos órgãos estravasores de cheias como
já mencionado, há que adotar ainda uma folga ou borda livre conveniente.

Para a fixação da borda livre de uma barragem, considera-se o nível máximo de operação da
barragem e tem-se como objetivo, ao determinar esse valor:

evitar o transbordamento pela ação das ondas, que pode coincidir com a máxima
enchente;

fornecer um fator de segurança contra imprevistos tais como recalque da barragem,


ocorrência de uma cheia maior do que a prevista no projeto ou mau funcionamento do
vertedouro, acarretando um nível d'água mais alto do que o previsto.

A determinação do valor da borda livre baseia-se na previsão da altura e ação das ondas. Essa
previsão, entretanto, não é baseada em processos matemáticos precisos. 0 s melhores recursos
disponíveis apoiam-se em experiências passadas, extrapoladas por vários processos matemáticos e
estatísticos.

A borda livre pode ser dada pela expressão:

B = o,75Ho + v,'
- (1)
2g
em que H. é a altura da onda V. a sua velocidade de propagação.

A altura das ondas H,, é geralmente estimada através fórmulas empíricas em função da
velocidade do vento e do fetch.

As fórmulas de Stevenson, modificadas por Molitor, usadas há muitos anos, e têm as


expressões:

onde: H0 - altura da onda F - fetch U - velocidade do vento, segundo o fetch


(m) (km) (kmlh)
ORRAS DE T E R R A BARRAGENS - ANTEPROJETO DA SECÃO TRANSVERSAL - 9

Quando o fetch excede 20 km a fórmula pode ser simplificada para

Recomenda-se a instalação de um anemômetro no local da obra, colocado a uma altura de 10m


acima do futuro nível do reservatório e exposto ao máximo fetch.

Só se deve levar em conta os ventos com ocorrência provável durante o período de águas
máximas no reservatório.
A direção do vento e do fetch adotado também devem se correlacionar.
Para ondas com altura de 0,3 a 2m, a velocidade de propagação pode ser determinada pela
fórmula de Gaillard:
V = 1,5+2H0 (4)

em que V é expressa e mls e H,, em metro

Para o projeto de pequenas barragens de terra, o "Bureau of Reclamation" indica as folgas


normais e mínimas a adotar, considerando uma proteção em enrocamento e baseadas respec-
tivamente, em velocidades do vento de 50 a 100 milhas por hora.

TABELA 1

"Fetch" Folga Normal Folga Mínima


(km) (metro) (metro)
1,6 12 0,9
1,6 1,5 12
48 13 13
8,O 2,4 13
16,O 39 2,1

3.2 - Coroamento

A largura do coroamento de uma barragem depende de vários fatores tais como:


características dos solos utilizados no maciço;
comprimento mínimo da linha de percolação através o aterro, para o nível de retenção
normal do reservatório;
altura e importância da obra;
facilidade de construção;
Além desses fatores, muitas vezes a largura depende das características de uma estrada que
passa sobre a barragem.
Por razões construtivas, a largura do coroamento não deve ser inferior a 5m. O estabelecimento
de tal largura é baseado em casos precedentes, recorrendo-se as fórmulas empíricas, entre as
quais a recomendada pelo Bureau of Reclamation.
OBRAS DE TERRA BARRAGENS - ANTEPROJETO DA SECÃO TRANSVERSAL - 10

onde H altura da barragem em metros.


A fim de se facilitar a drenagem superficial, deve-se dar ao coroamento, transversalmente, uma
ligeira sobrelevação (pelo menos 10 cm) ao longo do eixo ouincliná-lo totalmente para montante.

3.3 - Inclinação dos Taludes


Em princípio, praticamente, qualquer material ou conjunto de materiais pode servir para a
construção de uma barragem de terra.

Entretanto.. o .proieto
. do aterro deve ser elaborado de acordo com o tipo de fundacão em causa
que, juntamente com as característticas mecânicas de resistência, ~om~ressibilidade e permea-
bilidade dos materiais terrosos disponíveis, governarão a geometria do maciço.

Não há regras específicas para a seleçáo da inclinação dos taludes externos. O processo geral
é fazer uma escolha com base na experiência pessoal com barragens semelhantes e modificá-la de
acordo com os resultados da análise de estabilidade.

O Bureau of Reclamation (Design of Small Dams) elaborou tabelas que podem orientar a
escolha inicial da inclinação dos taludes de pequenas barragens de terra compactada, considerando-
se como tal aquelas cuja altura máxima não exceder 15 metros.

Reproduzimos a seguir algumas das tabelas do Bureau of Reclamation

Na tabela 2 apresentam-se as inclinações dos paramentos de montante e de jusante para o


caso de barragens homogêneas, sobre fundações estáveis.
OBRAS DE TERRA BARRAGENS - ANTEPROJETO DA SECÃO TRANSVERSAL - 11

TABELA 2

INCLINAÇÃODOSTALUDESDEBARRAGENS
HOMOGÊNEASSOBRE FUNDAÇOES ESTÁVEIS

Sujeitas a Símbolo do grupo Montante Jusante


esvaziamento do solo
rápido

Não GW, GP, SW, SP Não adequado (permeável)

GC, GM, SC, SM 2,5 : 1 2: 1

CL, ML 3: 1 2,5 : 1

CH MH 3,5 : 1 2,5 :I

Sim GW, GP, SW, SP Não adequado (permeável)

GC, GM, SC, SM 3: 1 2: 1

CL, ML, 3,5 : 1 2,5 : I

CH, MH 4:1 2,5 :I

Nesta tabela consideram-se os casos do reservatório poder ou não ser sujeito a esvaziamenos
rápidos, admitindo-se como tal os que apresentam velocidades mínimas de descida do nível, de
15cm por dia.

O projeto de uma barragem do tipo zoneado torna-se econômico quando há uma variedade de
solos disponíveis, pois permitem o uso de taludes mais íngremes, com uma conseqüente redução no
volume total do material a ser empregado no maciço.

O esquema de zoneamento pode dividir a barragem em três ou mais seções, dependendo do


intervalo de variação das características e gradação dos materiais de construção disponíveis.

0 s materiais permeáveis e portanto com melhores condições de estabilidade são colocados nas
faces de montante e jusante, permitindo a dissipação de pressões no abaixamento rápido e evitando
o aumento das pressões de percolação e abaixamento da linha de saturação, mantendo-a no interior
do maciço.

As inclinações necessárias para a estabilidade de uma barragem zoneada são funções das
dimensões relativas do núcleo impermeável e das abas permeáveis.
OBRAS DE TERRA -
BARRAGENS ANTEPROJETO DA SEÇAO TRANSVERSAL 12 -

A figura seguinte mostra o esquema de zoneamento de uma barragem para as seguintes


situações:

a) barragem construida sobre fundação impermeável ou permeável completamente


atravessada por uma trincheira de vedação. Neste caso temos um núcleo denominado
de núcleo mínimo com largura na base 1-1.

b) barragem construida sobre fundação permeável sem "cut-off".


A largura 2-2 representa a dimensão de um núcleo mínimo para esta situação.

c) o núcleo máximo para uma barragem do tipo zoneado (3-3).

Se o núcleo for menor do que o mínimo indicado em cada condição, a barragem é considerada
do tipo diafragma, se o núcleo é mais largo do que o valor indicado como máximo, as zonas
permeáveis não colaboram na estabilidade do aterro e a barragem será considerada homogênea.

A tabela 3 apresenta inclinações recomendadas para pequenas barragens zoneadas com


núcleos máximos e mínimos.

Também neste caso os valores da tabela devem ser tomados como ponto de partida, pois tem-
se notícias de barragens que funcionam adequadamente com núcleo de largura L = 0,30 a 0,50 H,,
sendo H, a altura da água.

1 - 1 Núcleo mínimo sobre fundações impermeáveis ou permeáveis com cut-off

2 - 2 Núcleo mínimo para barragens sobre fundações permeáveis sem cut-off

3 -3 Núcleo máximo
OBRAS DE TERRA BARRAGENS - ANTEPROJETO DA SEÇAO TRANSVERSAL - 13

Inclinações dos taludes de barragens zonadas sobre fundações estáveis.

Tipo Sujeitas a Solos dos Solos do núcleo Montante Jusante


esvaziamento maciços laterais
rápido x: I y:l

Núcleo Condição não Enrocamento; GC, GM 2: 1 2: 1


Mínimo Crítica
GW, GP
SC, CM
SW (seixo)
CL, ML
SP (seixo)
CH, MH

GC, GM 2: 1 2: 1

Núcleo Não Idem SC, CM 2,25 : 1 2,25 : 1


Máximo
CL, ML 2,5 : 1 2,5 : 1

CH, MH 3: 1 3: 1

GC, GM 2,5 : 1 2: 1

Núcleo Sim Idem SC, CM 2,5 : 1 2,25 : 1


Máximo
CL, ML 3: 1 2,5 : 1

CH, MH 3,5 : 1 3: 1

TABELA 3

No caso de fundações constituídas por solos finos saturados, com espessuras maiores que a
altura do aterro, podem seguir-se as recomendações contidas na figura abaixo e tabela 4.

? -1nclinaçáo dos taludes não inferior a 3:l

- -- -- - - - - - - - - - -- - - - - - - --
...
.
..
.................
...............
Aterro projetado

Vala de ligaiáo dreno de pé

SOLOS FINOS. SATURADOS


OBRAS DE TERRA BARRAGENS - ANTEPROJETO DA SEÇÃO TRANSVERSAL - 14

TABELA 4

INCLINAÇÕES DOS TALUDES DE ATERROS ESTABILIZADORES

Consistência Número médio Símbolo do grupo Inclinação dos taludes do aterro estabilizador
de golpes no do solo para diversas alturas da barragem.
ensaio de
penetração
(SPT) relativo
a uma prof. de
funda@o igual
a altura da
barragem

Mole 4 15m 12m 9m 6m 3m


- - -requer análise especial - - -
Média 4a10 SM 4,5:1 4 : l 3: 1 3: 1 3: 1

SC 6: 1 5: 1 4: 1 3: 1 3: 1
ML 6: 1 5:1 4: 1 3: 1 3:1

CL 6,5:1 5:l 4: 1 3: 1 3:1


MH 7 :1 5,5 : 1 4,5 : 1 3,5 : 1 3:1

CH 13: 1 1O:l 7: 1 4: 1 3: 1

Dura 11 a 20 SM 4: 1 3,5:1 3:l 3: 1 3: 1

SC 5,5 : 1 4,5 : 1 3,5 : 1 3 :1 3: 1

ML 5,5 : 1 4,5 : 1 3,5 : 1 3:1 3: 1

CL 6:1 4,5 : 1 3,5 : 1 3:1 3: 1

MH 6,5:1 5:l 4: 1 3:1 3: 1

CH 11:l 9:l 6: 1 3: 1 3: 1

Rija > 20 SM 3,5:1 3:l 3: 1 3: 1 3: 1

SC 5: 1 4: 1 3: 1 3:1 3: 1
ML 5: 1 4: 1 3,5:1 3 : l 3: 1

CL 5: 1 4: 1 3:1 3:1 3:1


MH 5,5:1 4:l 3:1 3:1 3:1

CH 10:l 8:l 5,5:1 3:l 3: 1


OBRAS DE TERRA BARRAGENS - ANTEPROJETO DA SEÇÃO TRANSVERSAL - 15

4) DRENAGEM INTERNA

O sistema de drenagem interna constitui o elemento vital na segurança de uma barragem de


terra e deve ser dimensionado de modo a atingir os seguintes objetivos:

a) reduzir a pressão neutra na área de jusante da barragem e portanto aumentar a estabi-


lidade de jusante contra o deslizamento;

b) controlar a percolaçáo da água na face de jusante da barragem de tal modo que a água
não carregue qualquer partícula do maciço, isto é, que não se desenvolva o fenômeno de
"piping".
A eficiência do dreno ou filtro na redução das pressões neutras depende em princípio da sua
localização e extensão.
Por outro lado, o "piping" ou entubamento é controlado construindo-se os drenos com um mate-
rial de granulometria adequada a funcionar como filtro do solo constituinte do maciço.
Existem numerosos tipos de sistemas de drenagem interna em barragens de terra, sendo que o
tipo a ser adotado para uma obra determinada dependerá de diversos fatores relativos ás permea-
bilidades do maciço e da fundação bem como das características dos materiais drenantes
disponíveis. Serão apresentados, a seguir, em termos muito sucintos, os principais tipos geralmente
adotados.

As barragens homogêneas mais antigas apresentam esse tipo de drenagem para evitar a
diminuição de resistência do material no pé do talude. Empregam-se apenas em barragens de
pequena altura, constituídas de solos homogêneos de baixa permeabilidade.
Podem ser dos tipos:
OBRAS DE TERRA BARRAGENS - ANTEPROJETO DA SEÇÃO TRANSVERSAL - 16

Recomenda-se que o dreno de pé penetre um pouco no terreno de fundação porque o contacto


da barragem com a fundação é um caminho preferencial.

O dreno de pé pode ser utilizado associado no trecho final de um tapete drenante como
mostrado na figura 6.

4.2 - Drenos Longitudinais e Tapetes Drenantes

O mais econômico tipo de dreno para uma barragem é o constituído por um conduto perfurado
envolvido por filtros de transição, posicionado longitudinalmente com relação ao eixo da barragem, a
meia distancia entre o eixo e o pé de jusante. Esse sistema só deve ser adotado no caso da
barragem ser apoiada sobre uma fundação relativamente uniforme e do maciço compactado ser
constituído por solos de mesmas permeabilidade vertical e horizontal.

Quanto mais elevado o grau de estratificação do maciço, representado pela relação entre a
permeabilidade horizontal k, e a permeabilidade vertical k,, mais extenso deve ser o dreno,
chegando-se no limite do tapete drenante que se estende até ao pé do talude de jusante da
barragem.

O comprimento do tapete filtrante basear-se-á na posição que se pretende para a linha freática,
no interior do maciço, devendo-se notar que a descarga percolada aumenta com o comprimento do
tapete. Esse aumento, entretanto, é recompensado pela melhoria na estabilidade, pois mantem-se
seco grande parte do paramento de jusante da barragem.
OBRAS DE TERRA BARRAGENS - ANTEPROJETO DA SEÇÃO TRANSVERSAL - 17

A tentativa inicial na escolha da posição do tapete drenante poderá ser a recomendada por
Creager, adotando um comprimento de 0,3 a 0,5 L, sendo L a distância do eixo da barragem ao pé
do talude de jusante.

Uma das principais desvantagens do tapete drenante horizontal resulta do fato de que o maciço
de uma barragem de terra tende a ser estratificada (k,, > k,) como já mencionado. Pode ainda,
ocasionalmente, acontecer que camadas horizontais muito mais permeáveis do que a média do
material empregado sejam colocadas no maciço, de modo que, a despeito do dreno horizontal, a
água p e m l a horizontalmente na superiície de uma camada relativamente impermeável e surge no
talude do jusante.

4.3 - Cortina Drenante

Este tipo de drenagem é constituído por um dreno vertical posicionado ligeiramente a jusante do
eixo da barragem e prolongado para jusante por um tapete drenante horizontal. Foi adotado pela
primeira vez por K. Terzaghi para a barragem de Vigário no Brasil (atualmente denominada Barragem
Terzaghi, em homenagens ao projetista).

O dreno verical tem a grande vantagem de interceptar qualquer fissuração do maciço e de


coletar os fluxos que poderiam percolar através de tais fissuras. São geralmente projetados com
uma espessura variando de 0,9 a 2,O m, sendo que, na maioria dos casos, essas espessuras são
fixadas por motivos de ordem construtiva.

Em várias barragens mais recentes de maiores alturas, a cortina drenante tem forte inclinação
para montane ou para jusante.

Com a inclinação para montante, tem-se a vantagem de eliminar riscos de trincas longitudinais
na crista no caso da barragem ser apoiada sobre uma fundação rígida.

Por outro lado um dreno inclinado para jusante apresenta a vantagem de melhorar as condic6es
de estabilidade do talude de montante durante o rebaixamento rápido do reservatório.

Seguem-se exemplos de várias soluç5es que podem ser adotadas em cortinas drenantes
OBRAS DE TERRA -
BARRAGENS ANTEPROJETO DA SEÇÃO TRANSVERSAL - 18

Tipos de sistemas de drenagem interna de barragens com cortinas drenantes


OBRAS DE TERRA BARRAGENS - WTEPR.OJETO DA SEÇÃO TRA-NSVERS-AL - 19

5 - PROJETO DE FILTROS
NA A água que percola através
- - - -
de uma barragem de terra e suas
fundações pode carregar pai?-
culas que estejam livies e não
/' regressivo ofereçam resistência ao carrea-
-
'
1 -
mento.
Nas seguintes situações ocor-
reram danos ou o colapso de uma
barragem de terra por car-
reamento de material e a ocor-
rência do fenômeno do piping ou
entubamento regressivo.
A água emergindo do talude de jusante saturará, progressivamente, a zona de jusante da
barragem, causando o amolecimento e o enfraquecimento da mesma e poderá dar início ao
fenômeno da erosão interna ou piping.
As partículas da face do paramento de jusante são as primeiras deslocadas, deixando sem
proteçáo as partículas internas adjacentes que também serão deslocadas a seguir.
Forma-se, acompanhando a linha de saturação, um tubo que pode levar a barragem a ruptura.
Zona I- lrn~ermeável
As forças de percolação nas
'Ona * -
faces de descarga AB e BC tendem a
mover as partículas de solo erodíveis
para a zona 2, se tiverem valor
suficientemente elevado e a zona 2,
vazios largos o bastante para deixar
passar as partículas de solo da zona
1 e do terreno de fundação.

O aparecimento frequente de
água borbulhando e abatimentos do
terreno, junto ao pé de uma
barragem, levaram a colocação de
um filtro de pedras da ordem de
7,5cm de diâmetro. Não obstante,
Areia e siite saturado após um período de 6 anos a
presumido Ida esquerda para a direita) barragem, subitamente, rompeu-se
. .=... provavelmente devido ao desenvol-
vimento progressivo de um tubo
subterrâneo que, finalmente, atingiu o fundo do reservatório.
Esta ruptura poderia ter sido evitada se, no local do filtro de pedra que não foi eficaz na
retenção das partículas erodíveis da fundação, tivesse sido colocado um filtro com a graduação
adequada.
O fenômeno do piping pode ser evitado pela introdução de filtros. Eles constituem zonas relati-
vamente delgadas, o que exige que sejam perfeitamente dimensionados, geométrica e granulome-
tricamente na fase de projeto com a construção bem controlada.
OBRAS DE TERRA BARRAGENS - ANTEPROJETO DA SEÇÃOTRANSVERSAL - 20

5.1 - CRITÉRIOS BÁSICOS DE FILTROS


A granulometria dos filtros deve atender a duas exigências principais quanto a:

Erosão Interna
0 s vazios existentes nos filtros em contato com solos erodíveis devem ser
suficientemente pequenos para evitar que as partículas desses solos sejam
carreadas através do filtro.

Permeabilidade
0 s vazios existentes nos filtros, em contato com solos a serem protegidos,
devem ser suficientemente grandes para que a permeabilidade do filtro seja maior
que a do o material protegido ou material de base, a fim de permitir o livre escoa-
mento das águas infiltradas.

As funçôes granulométricas dos filtros foram definidas por K.Terzaghi desde 1929 e foram
enquadradas em regras precisas por Bertram em 1940; a partir de então vem sendo aperfei-
çoadas por numerosos pesquisadores.
Entretanto, as regras só são válidas dentro de certos limites, especialmente no que se refere a
extensão e a uniformidade da curva granulométrica.
Fora desses limites, será necessário proceder a ensaios visando verificar a estabilidade dos
filtros.
0 s critérios dependem ainda dos gradientes hidráulicos máximos, assim como do sentido do
fluxo de percolação (ascendente, descendente ou horizontal).
Por outro lado, essas regras de filtro se tornam pouco aplicáveis, em termos técnicos e
econômicos, quando o material a ser protegido é constituido por solos essencialmente
argilosos, já que, nesse caso, o material de filtro se tomaria extremamente fino, coesivo e
fissurável, o que deve ser evitado a qualquer custo, quando se trata de proteger o núcleo de
uma barragem de terra ou enrocamento.
Ia
Regra:

F1 5
-<4 a 5 4, - Diâmetro da partícula do filtro, para o qual 15% em peso
do solo tem diâmetros inferiores a ele.
B85
Bs5 - Diâmetro da partícula do material de base, para o qual
85% em peso do solo tem diâmetros inferiores a ele.

Quando esta regra é satisfeita, garante-se que o piping será evitado; o mecanismo de funciona-
mento do filtro está representado na figura.

2a Regra:

Esta regra garante que os filtros são substancialmente mais


permeáveis do que os solos a proteger, geralmente, da ordem de
10 a 20.
OBRAS DE TERRA BARRAGENS - ANTEPROJETO DA SEÇAO TRANSVERSAL - 21

O mecanismo de funcionamento do filtro está representado na figura abaixo

e foi retido pelas partículas B,,


do próprio solo.
Filtro

3a Regra:
Recomenda-se escolher material de filtro com uma curva granulométrica, aproximadamente
paralela a curva do material a ser protegido, o que pode ser traduzido pelas seguintes
expressões (U.S Army Corps of Engineers):

1'50 25B50 e I;,, < 20B,,

4a Regra:
Os filtros não devem conter mais do que 5% de material mais fino que 0,074mm (peneira 200)
e ainda devem ser isentos de partículas argilosas, a fi m de não serem coesivos.

5a Regra:
Quando um tubo perfurado é colocado no
I;' s interior do filtro, as aberturas do tubo,devem
22
Ahrrlrrrn nrhxrrilo </o luho r/c.~cnr,yn ser pequenas o bastante para evitar o piping.

O conjunto de critérios acima exposto é bastante conservativo e é adequado para a proteção


de qualquer tipo de solo. Entretanto, os solos argilosos são muito menos suscetiveis ao piping
do que os solos não coesivos e, consequentemente, são usados critérios menos restritivos nos
filtros projetados para proteger argilas.

Uma regra empirica aceita, que nesses casos 1,; 5


-2 10
4 5
As especificações do Army Corps of Engineers desprezam a primeira regra básica e aceita para
as argilas plásticas I'l5da ordem de 0.4mm.
OBRAS DE TERRA BARRAGENS - ANTEPROJETO DA SEÇÃO TRANSVERSAL - 22

EXEMPLO DE ESPECIFICAÇÁO DE UM FILTRO


Na figura abaixo está representada a curva granulométrica média de um solo onde será
instalado um dreno. Está representada ainda a curva granulométrica de uma areia que oferece
condições logisticas e econômicas para ser utilizada como filtro ou material de transição no
dreno.
A drenagem será obtida por meio de tubos com orifícios de 1,25mm (112).
Pede-se verificar a possibilidade de verificar de utilização da areia no filtro e a eventual
necessidade de projetar-se mais uma camada no dreno.

SOLUÇÃO:
Características das curvas granulométricas:

Solo de Fundação Areia Natural

B85 0,100mm 1,oomm


OBRAS DE TERRA BARRAGENS - ANTEPROJETO DA SEÇÃO TRANSVERSAL - 21

) Verificação das condições limites da areia:


Limites de Fls

Inferior F~~ = 5 B~~ Superior ' O menor dos seguintes valores

Limite superior de F50

A areia satisfaz aos critérios de filtro do material de base e suas curvas granulométricas são
paralelas.
Para que o filtro possa estar em contacto com o tubo de drenagem deve ter o diâmetro D85,
satisfazendo a condição: De5 > 2 x 112 = 25,4mm o que não ocorre. Logo, deve-se interpor, entre o
tubo e a camada de areia, uma camada de material mais grosso.
A escolha da granulometria desse material deve obedecer os mesmos critérios anteriores,
considerando a areia como material de base, ou seja, o material a ser protegido.
Chega-se a:

Escolheu-se o material F2, para atender a condição de paralelismo e que apresenta:


ü15 = 1,40mm e Da5 = 40mm

DIMENSIONAMENTO DOS DRENOS


Para aplicar os métodos racionais e experimentais da Mecânica dos Solos, a análise da perco-
l a g o através de drenos, devem ser executados os seguintes procedimentos:
identificação de todas as fontes possíveis de água que pode penetrar no dreno.
consideração das condições hidráulicas no interior do dreno
elaboraçao de um projeto de dreno que garanta uma condutividade hidráulica (K.A), sufi-
ciente para transportar as águas captadas,sob um gradiente aceitável.
OBRAS DE TERRA BARRAGENS - ANTEPROJETO DA SEÇÃO TRANSVERSAL - 24

AVAL~AÇÁODAS VAZÕES DE ÁGUA

\ n qat - vazão captada através do maciço da barragem

qf - vazão captada através da fundação

q = qt, + qf vazão a ser eliminada pelo dreno

Os valores de q,t e qf podem ser determinados pela construção de redes de fluxo pelas
fundaç6es e ombreiras e pelo próprio maciço da barragem.

DETERMINAÇÁO DA SEÇÁO DE VAZÁO DO DRENO


Supondo-se que a percolação no interior do filtro ocorre em regime laminar, aplica-se a equação de
Darcy:
q = K.i.A onde, q = vazão perwlando pelo meio poroso
K= coeficiente de permeabilidade
i = gradiente hidráulico
A = seção transversal, perpendicular a direção do fluxo

Escrevendo-se a equação de Darcy sob a forma q 1 i = K.A, a relação q I i representa a


conductibilidade ou transmissibilidade do dreno.
O dimensionamento do dreno deve ser feito de acordo com a combinação mais favorável em
termos construtivos e mais ewnômica em termos de custo, da área drenante A e do coeficiente de
pemeabilidade K.
Assim, segue-se o roteiro:
fixar o valor de I no interior dos drenos, pelos processos aproximados como é usual, levando
em conta as exigências de estabilidade do talude de jusante.
verificar os materiais drenantes naturais disponíveis, com seus respectivos coeficientes de
permeabilidade.
calcular a área drenante A, com as diversas combinações dos materiais drenantes. 0 s resul-
tados assim obtidos deverão ser analisados sob o aspecto econômico a fim de verificar se
as soluçôes obtidas são aceitaveis.

A permeabilidade do material drenante pode ser obtido em laboratório com um ensaio de


permeabilidade, realizado com a areia compactada.
A tabela seguinte fornece valores típicos de permeabilidade de diversos tipos de materiais
empregados como filtro.
OBRAS DE TERRA BARRAGENS - ANTEPROETO DA SEÇÃO TRANSVERSAL - 25

VALORES T~PICOSDE COEFICIENTES DE PERMEABILIDADE

Penneabilidade

Cascaiho limpo, fino a grosso

Cascalho fino, uniforme

Areia média, uniforme

Areia limpa, bem graduada

Areia fina, uniforme

Areia siltosa, bem graduada

Argila (30 a 50% i2m)

No que se refere ao gradiente hidráulico i dentro do dreno, é fixado pela configuração geomé-
trica da seçSo transversal da barragem.
Para dimensionamento do dreno horizontal, adota-se, geralmente, valores de i da ordem de
0,005 a 0,15, ou considerando a expressSo deduzida da equação de Darcy, admitindo-se o
escoamento laminar.
OBRAS DE TERRA BARRAGENS - ANTEPROJETO DA SEÇÃOTRANSVERSAL - 26

Drenos aproximadamente verticais são dimensionados com i = 1,O.


Na figura a capacidade de descarga do dreno é q,=K,.i,.A,.
Para drenos aproximadamente verticais, i, pode ser tomado como h, / 4,
o qual é aproximadamente igual a unidade.
Se a vazão a ser drenada é elevada, a utilização de um único material filtrante wode conduzir a esoessuras do
~~

dreno excessivas e anti-econÔmicas.Paraaumentar-se a conductibilidade do drèno empregam-se os seguintes


recursos:

+drenas de filtros graduado, consistindo de duas ou mais camadas de diferentes materiais,


conhecido pelo nome de sanduiche. Cada camada suceçsiva é escolhida de modo,que satisfaça
os critérios de drenos já expostos. Como a espessura necessária da camada granular é
inversamente proporcional ao seu coeficiente de permeabilidade, os drenos sanduiche são mais
econômicos que os de uma só camada.

+uma redução sensivel da espessura total de um dreno pode ser obtida pela adoção do dreno
sanduiche, incorporando-se uma camada de material altamente permeável ou tubo metálico
perfurado. Nesse caso, o dreno sanduiche é constituido por dois elementos que tem funç6es
totalmente diferentes: as camadas externas de material fino atuam como filtros de transição e a
camada interna de material grosso atua como dreno propriamente dito.

Em muitos casos, a espessura mínima necessária não é fixada pelas exigências hidráulicas, mas
sim pelas imposições construtivas.
O método de dimensionamento hidráulico, pela aplicação da lei de Darcy ao fluxo pelo dreno,
incorpora um fator de segurança, multiplicando a seção drenante, determinada pelos cálculos, por
um fator que em geral varia de 10 a 100, dependendo da confiabilidade das hipóteses adotadas.
Esses valores elevados são justificados pelo fato que as incertezas relativas as permeabilidades
variam na escala logarítmica.

ESQUEMA DE UM FILTRO DE CAMADAS

Detalhe 2

Areia artificial

V>

Detalhe 1

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