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HISTORIOGRAFIA PIAUIENSE

CLAUDETE DIAS

A autora propõe uma tentativa de demarcação de momentos expressivos em relação


à historiografia piauiense abarcando do final do séc. XIX às primeiras décadas do séc. XX, às
décadas de 1950 a 1970 e o período iniciado nos anos de 1980 até 2000.

O primeiro recorte da análise inicia-se pela obra quase desconhecida de Miguel de


Sousa Borges Leal Castello Branco, Apontamentos Biográficos de alguns piauienses ilustres e
outras pessoas notáveis, que ocuparam cargos de importância na província do Piauí, editada
em 18979, marca o primeiro esforço de historiador no Piauí. O conjunto dos objetos tratados
já abordam dimensões políticas, militares, administrativas e institucionais, observando-se a
presença de objetos da história cultural.

A autora enfatiza que neste primeiro recorte é o que há de mais pesquisas


concentradas sobre o Piauí e ao mesmo tempo o mais desconhecido da históEste primeiro
período agrega historiadores desconhecidos e notáveis, como Herminio Conde, Anísio Brito,
Matias Olímpio, Higino Cunha, Clodoaldo Freitas e João Pinheiro.

A história por eles era vista não só como lugar de rememoração, de elucidação, mas
igualmente como um lugar de concretização de vinganças e o conhecimento histórico se
configura como manifestação de amor à pátria.

O conjunto dessas produções permite recuperar e reconhecer quais dimensões para


a construção do futuro; Os autores deste período trabalharam com vistas a construir as bases
de uma reflexão nova e de uma memória social para o Piauí, a maior parte dos livros
publicados neste período foi consumida apenas pelos leitores contemporâneos

A autora relata que trabalhou sistematicamente neste período e seus autores,


recuperando obras de Clodoaldo Freitas, Higino Cunha, Lucidio Freitas, Alcides Freitas

De Clodoaldo Freitas foram localizados e transcritos 805 textos, publicados em


jornais e revistas de Teresina, São Luís, Belém e Rio de Janeiro; o acervo ainda está
parcialmente inédito, porém digitado e catalogado, alguns de seus livros tiveram novas
edições patrocinadas pela Fundação Monsenhor Chaves, nas décadas de 1980 e 1990.

Higino Cunha publicou 12 livros e folhetos, deles foram recuperados 222 textos de
jornais e revistas, sua atuação mais intensiva ocorreu entre 1882 e 1939, nenhum dos seus
livros tiveram uma segunda edição, desconhecido e o acesso de usas obras não foi possível
através das publicações da época; Tanto Clodoaldo Freitas como Higino Cunha eram bacharéis
em Direito, o primeiro teve uma vida muito agitada, enquanto o outro fora mais branda, tendo
fortes influências entre os intelectuais da época, na impressa periódica, assumindo as funções
de editos ou de colaborador.
Só foram possíveis encontrar 4 obras de Clodoaldo Freitas no Piauí: Os Fatores do
Coelhado, 1982, a primeira história da republica, veiculando críticas acerca da mesma forma
do governo .

Vultos Piauiense, 1903, reeditado em 1998,Biografia de varias pessoas importantes


da época; Em roda dos fatos, 1911, coletânea de suas obras.

Os autores do séc. XIX não são apenas grandes conhecedores da realidade nacional e
das condições de vida do período, tem também outras habilidades perdidas ao longo do
tempo, com o oficio de tradutor.

Nessa época era comum ter domínio de outros idiomas pelos interculturais, assim
como poesia, a literatura era vista como uma arma para mudar o mundo, usando como
autores não seus nomes, mas pseudônimos ao escrever ficção e poesia.

Higino Cunha como historiador, pode ser considerado um legitimo representante das
concepções positivistas e cientificista do séc. XIX. Os destaques de sua escrita porém, são
“Historia das religiões no Piauí”, livro de grande importância para o conhecimento também da
história colonial e Memórias, traços auto biográficos.

Abdias Neves, colega de estudos de Miguel Rosa, desenvolve no Piauí, intensa vida
social, política e cultural; destaca-se de suas obras: A Guerra de Fidié, 1907; O Piauí na
Confederação do Equador, 1921; Aspectos do Piauí, 1926.

O recorte nesses autores justifica-se não só porque representam melhor o que se


produziu, nas décadas em análise, como também o que se perdeu e que era de interesse
historiográfico.

O segundo recorte corresponde às décadas de 1950 á 1970, marcada pelo estudo do


centro de Estudos Piauiense (CEP), fundado em 1951 e pelo Movimento de Renovação
Cultural; Odilon Nines, Monsenhor Chaves e R.N. Monteiro de Santana são os fundadores de
do CEP e do MRC, trabalhando intensamente no período com documentações primarias.

A autora afirma ser Odilon Nunes um positivista, entendido com o rigor documental,
com a imperiosa necessidade de provar aquilo se afirma em fontes escritas e da busca de uma
aproximação perfeita com o real.

Wilson de Andrade Brandão com sua ação institucional fora presidente da Secretaria
da Cultura, depois Fundação Cultural do Estado, contribui para trazer para fazer a história do
Piauí e o Padre Cláudio de Melo pesquisador da historia colonial.

W.A Brandão permite o encontro e o deleite com textos surpreendentes, sobretudo


pela inquestionável edição e a extraordinário poder de síntese.

Etnia Piauiense, obra publicada em 1992 enfrente a tema com recorte, sobretudo no
processo de miscigenação do Piauí colonial, Antonio Coelho Rodrigues publicou Ensaio da
Biografia e Critica 1980, que o autor demonstre a capacidade de associar com implacável
edição, os saberes civilistas.
O terceiro recorte da análise corresponde ao período vindo da década de 1980 á
2000, as grandes marcas deste momento são a abertura o vigor das ações institucionais,
sobretudo na UFPI, incentivos a pós-graduação.

A década de 1990 inaugurou uma diversificação muito grande na produção de livros


e de artigos, especialmente vindas do Departamento de Geografia e Historia da UFPI, da
Fundação Cultural Monsenhor Chaves;

A produção historiográfica neste período extrapolou os muros da UFPI e começou a


acontecer nas revistas culturais mais importantes de Teresina, com uma reforma curricular
que trouxe uma dinâmica nova á pesquisa: A obrigatoriedade da monografia no final do curso.

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