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FESTIVAIS ESPIRITUAIS: Ratha-yatra

O festival mais famoso, o Ratha-yatra, ou o festival das carruagens, tem sido celebrado
na cidade santa de Jagannatha Puri, Índia, por milhares de anos, tornando-o uma das
celebrações religiosas mais antigas do mundo.

Festivais Espirituais: Ratha-yatra

Nas últimas décadas, a Sociedade Internacional para Consciência de Krishna (ISKCON)


tem apresentado a milhões de pessoas em todo o mundo os belos e atraentes festivais
espirituais da Índia milenar.

O festival mais famoso, o Ratha-yatra, ou o festival das carruagens, tem sido celebrado
na cidade santa de Jagannatha Puri, Índia, por milhares de anos, tornando-o uma das
celebrações religiosas mais antigas do mundo. Em 1968, o fundador-acharya da
ISKCON, A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada, organizou na cidade de São
Francisco, nos Estados Unidos, o primeiro Ratha-yatra do Ocidente. Hoje em dia este
antiquíssimo festival religioso é realizado todos os anos em diversas das maiores
cidades do mundo, incluindo Nova Iorque, Los Angeles, Washington, Londres, Paris,
Zurique, Calcutá e Sidney.
Quem é o Senhor Jagannatha?
A procissão de Ratha-yatra tem como modelo o milenar festival do mesmo nome em
Orissa, Índia, e apresenta três carruagens belamente ornamentadas, pesando cinco
toneladas e medindo dezesseis metros. Com seus reluzentes dosséis de seda colorida, os
veículos de madeira com torres elevadas são puxados bem devagar numa fila única
através de uma multidão de milhares de
pessoas. Elefantes decorados, carros alegóricos, dança e canto, fazem parte da ocasião
festiva. Em todas as comemorações de Ratha-yatra nas diversas partes do mundo, as
pessoas presentes ao festival assistem a uma grande variedade de eventos e exibições
culturais. As apresentações incluem peças de teatro, músicas, danças, belas artes e
exibições primorosa sobre reencarnação, vegetarianismo e ciência védica. Além disso,
às centenas de milhares de visitantes é servido um autêntico banquete contendo
diversos tipos de preparações.

Banquetes semelhantes são servidos todas as semanas nos festivais de domingo que os
centros da ISKCON comemoram no mundo inteiro. Nas últimas duas décadas, durante
o ano todo, os membros do movimento Hare Krishna distribuíram mais de oitenta
milhões de pratos prasadam, alimento vegetariano preparado como oferenda
devocional a Krishna, Deus.

Muitos prefeitos de grandes cidades do mundo onde ocorreram os festivais de Ratha-


yatra têm assistido e feito discursos em louvor ao Ratha-yatra como uma importante
contribuição cultural a um mundo com tanta variedade de raças e credos.

ECOSISTEMA ESPIRITUAL: Natureza Divina

Se tiver de acontecer uma fusão da ciência com a religião, será preciso existir um
genuíno desejo e uma necessidade de cooperação. E uma área onde a necessidade de
cooperação entre ciência e religião é mais profundamente percebida é aquela que se
preocupa com o meio ambiente.

Natureza Divina
A Aplicação Prática dos Princípios Morais Védicos na
Solução de Crises Ambientais
Se tiver de acontecer uma fusão da ciência com a religião, será preciso existir um
genuíno desejo e uma necessidade de cooperação. E uma área onde a necessidade de
cooperação entre ciência e religião é mais profundamente percebida é aquela que se
preocupa com o meio ambiente.

Em 1995, eu assisti a uma conferência sobre população, consumo e meio ambiente,


patrocinada por American Association for the Advancement of Science e o Boston
Theological Institute1. Estavam reunidos na conferência cientistas, políticos, ativistas
ambientais e religiosos. Eu fui convidado como autor do livro Divine nature: A
Spiritual Perspective On The Environmental Crisis2 , que havia obtido comentário
favorável de muitos, inclusive de dois ex-ministros do governo da Índia3. Divine
Nature vê a crise ambiental do ponto de vista dos ensinamentos védicos da Índia.

Um dos principais palestrantes na conferência sobre população, consumo e meio


ambiente era Bruce Babbitt, Secretário do Interior para o governo dos Estados
Unidos4. Como político, Babbitt deu um extraordinário discurso. Ele falou do
crescimento na cidade de Flagstaff, Arizona, da qual pode ser vista uma enorme
montanha. A montanha inspirou em Babbitt um sentido de algo maravilhoso, algo
divino, na natureza. Educado na religião católica, Babbitt perguntou a um padre sobre a
montanha na esperança de conseguir alguma pista para seu significado espiritual. Mas
ele não recebeu uma resposta satisfatória, talvez por que o padre estivesse acostumado
a pensar em Deus como algo distante da natureza. Tempos depois, Babbitt se
aproximou de um amigo de sua idade. Esse amigo, que por acaso era um americano
natural da tribo Hopi, levou Babbitt até a montanha e explicou-lhe sua natureza
sagrada. E, desde então, Babbitt disse que desenvolveu um sentido da presença de Deus
na natureza – a uma proporção que antes não havia sido possível.

Certamente, quando eu ouvi isso, eu me lembrei do Bhagavad-gita, onde o Senhor


Krishna diz: “dos objetos imóveis, sou os Himalaias”5, “e dos rios que correm, sou o
Ganges”6, “e das estações, sou a primavera florida”7. Tais expressões da imanência de
Deus na natureza são encontradas por todo o Gita e em outros textos espirituais
indianos.

Babbitt continuou relatando que ele compreendeu que o consumo excessivo era a causa
subjacente da maioria dos problemas ambientais. Havia um consenso geral na
conferência que o problema real não era a superpopulação do mundo, mas o consumo
excessivo, particularmente nos países desenvolvidos e progressivamente nos países em
desenvolvimento. Babbitt disse que, como político, ele não podia apresentar às pessoas
um programa que realmente resolvesse o problema do meio ambiente. Isto exigiria
muito sacrifício dos eleitores, tanto que eles votariam contra qualquer pessoa ou
partido que dissesse para eles o que realmente seria necessário.

Então, o Secretário Babbitt se voltou aos religiosos presentes e disse apenas que eles
deveriam produzir, em larga escala, necessárias mudanças de valores para reverter o
processo de degradação ambiental.

Estava também palestrando na conferência o Dr. Henry Kendall, professor de física do


MIT e presidente da Union of Concerned Scientists. Dr. Kendall disse que a ciência
pode apontar as dimensões do problema ambiental, mas não pode resolver o problema.
A ciência, afirma ele, não tem nenhuma solução genial, nenhum conserto tecnológico
para a crise ambiental. Assim como o Secretário Babbitt, ele reconheceu o consumo
excessivo como a causa da degradação ambiental, e, do mesmo modo que o Secretário
Babbitt, ele apelou para a religião como a única força no mundo capaz de gerar as
necessárias mudanças nos valores para conter a destrutível compulsão da humanidade
em produzir e consumir excessivamente.
Esta não é a primeira vez que tais sugestões têm sido feitas. Em 1990, no Fórum Global
dos Líderes Espirituais e Parlamentares que ocorreu em Moscou, 32 cientistas
assinaram uma declaração conjunta fazendo apelando às religiões do mundo para
fazerem uso da enorme influência para preservar o meio ambiente8. Os cientistas
declararam que a humanidade estava se comprometendo com “Os Crimes Contra a
Criação”. Eles disseram também que “para cultivar e proteger o meio ambiente os
esforços precisam ser introduzidos com uma visão do sagrado”.

Essas declarações são de algum modo irônicas, pois a própria ciência, ou digamos, um
ramo particular da ciência é largamente responsável pela eliminação do sagrado na
nossa visão do universo. Entre os signatários da declaração estavam Carl Sagan e
Stephen J. Gould. E eu devo dizer que foi fascinante vê-los encorajando tal linguagem
como “crimes contra a criação”. Em seus escritos, ambos são geralmente muito hostis à
palavra “criação” como é a mais conservadora ciência. É interessante notar, entretanto,
como a ciência e a religião tendem a adotar a terminologia uma da outra quando lhes
convém, freqüentemente redefinindo os termos. Uma das missões diante de nós é
encontrar uma linguagem comum para a ciência e a religião, e usá-la com
imparcialidade para o diálogo construtivo.

Quando eu uso a palavra ciência, eu quero dizer a ciência governada por determinado
grupo de hipóteses metafísicas. A ciência de hoje é governada por um grupo de
hipóteses metafísicas que elimina o sagrado de nossa visão do universo, se entendemos
por sagrado as coisas associadas a um Deus pessoal e distinto das almas individuais. É
perfeitamente possível, entretanto, ter uma ciência governada por um grupo de
hipóteses metafísicas que incorpore uma visão genuína do sagrado.

Mas para a ciência atual, governada por suas presentes hipóteses metafísicas, a
natureza é um objeto a ser não apenas compreendido, mas dominado, controlado e
explorado. E é a própria ciência que nos fornece os instrumentos para tal dominação,
controle e exploração. É claro, eu estou falando de tecnologia. Vamos considerar o
automóvel. Ele certamente é uma conviência, mas também tem a sua desvantagem. Ele
é um dos principais contribuintes para a poluição da atmosfera, e somente nos Estados
Unidos aproximadamente 50.000 pessoas por ano são mortas em acidentes de carro.
Para efeitos de comparação nós podemos considerar que em todos os 8 anos do
envolvimento militar americano no Vietnã, 50.000 soldados americanos foram mortos.
O mesmo número de americanos são mortos a cada ano em suas próprias auto-
estradas.

A ligação entre um conceito materialista do universo e uma forma materialista de vida


foi apontada milhares de anos atrás no Bhagavad-gita. O Gita descreve os filósofos
materialistas desta forma: “Eles dizem que este mundo é irreal, sem nenhum
fundamento e sem um Deus controlador”9. E qual é o resultado prático para as pessoas
que vivem nas sociedades dominadas por essa visão do mundo, que nega a realidade
fundamental de Deus e da alma? O Gita diz: “Eles acreditam que satisfazer os sentidos
é a necessidade primordial da civilização humana. Com isto, até o fim da vida sua
ansiedade é imensurável”10. Tais pessoas, diz o Gita, estão “presos a uma rede de
centenas de milhares de desejos”11. E não é esta a nossa situação atualmente? Não
somos bombardeados diariamente com mensagens de rádio, televisão, jornais, revistas,
filmes e computadores, todas tentando nos envolver em outras centenas de milhares de
desejos que só podem ser satisfeitos pelo consumo de vários produtos produzidos por
nossas prósperas indústrias? O Gita nos alerta que pessoas como nós “se dedicarão a
atos maléficos, horríveis, com a intenção de destruir o mundo”. E não estamos
gradualmente destruindo o nosso mundo, poluindo o ar, a água e a terra, e levando
centenas de espécies à extinção?
Isto demonstra a humanidade com um dilema ético. Colocado de forma simples, a ética
é um processo para determinar o que é bom, e como fazer as opções que irão
estabelecer e preservar o que é bom. Considerando as hipóteses da ciência materialista
moderna, se torna muito difícil construir uma ética para preservar o meio ambiente ou
salvar espécies em risco de extinção. De acordo com as concepções atualmente
dominantes, o nosso planeta, na verdade o nosso universo é o resultado de um acidente
cósmico, uma flutuação acidental do vácuo quântico mecânico. Considerando essa
hipótese, torna-se muito difícil afirmar que determinada condição ambiental de nosso
planeta seja essencialmente boa. No final, não existe motivo para dizer que o nosso
planeta Terra, com suas formas de vida proliferantes, seja melhor do que Júpiter ou
Urano que, de acordo com a astronomia moderna, são planetas congelados e sem vida,
com atmosferas compostas de elementos que poderíamos considerar venenosos. Ou
olhando a história de nosso próprio planeta, não existe motivo para dizer que o estado
atual de nosso meio ambiente seja melhor do que o da Terra primitiva que, conforme a
geociência moderna, era uma rocha sem vida, com uma fina e escassa atmosfera, hostil
às formas de vida atual.

Então, se não podemos afirmar, com base nas suposições científicas modernas, que
qualquer estado particular de nosso meio ambiente é naturalmente bom e, deste modo,
digno de preservação, talvez possamos abordar o problema de outra maneira. Podemos
olhar a natureza, o meio ambiente, como um instrumento útil, ou uma fonte de bons
subprodutos. Em outras palavras, a natureza é algo que produz coisas de valor às
criaturas vivas. Comumente falando, nós adotamos uma visão antropocêntrica, e
consideramos a natureza como um instrumento para a felicidade de nossa própria
espécie humana. Mas, de acordo com as suposições da ciência evolutiva moderna, a
nossa espécie humana é o produto acidental de milhões e aleatórias mutações
genéticas. Então, não existe nada de especial sobre a espécie humana e suas
necessidades. Certamente poderíamos adotar uma visão mais ampla e apelar à natureza
como um instrumento útil para todo o ecossistema, composto de muitas espécies. Mas
novamente encontramos o mesmo problema. Por que o ecossistema de hoje é melhor
do que o ecossistema que existiu durante o período pré-cambriano quando, segundo os
cientistas, não existia vida alguma sobre a terra, e nos oceanos apenas água-viva e
crustáceos?

Outra maneira é considerar o meio ambiente como um componente útil. Um conhecido


meu, Jack Weir, professor de filosofia da Morehead State University, em Kentucky,
apresentou um argumento neste sentido12. Resumindo, considerando as hipóteses
evolucionárias da ciência moderna, nós somos o que somos por causa do meio
ambiente. De acordo com esta visão, nós somos de certo modo formados pelo nosso
meio ambiente. Se o nosso meio ambiente fosse diferente, nós não seríamos capazes de
permanecer onde estamos. Mas novamente nos deparamos com um problema.
Considerando as hipóteses evolucionárias da ciência moderna, o que existe de tão
especial em nosso status de ser humano? Por que ele, assim como o meio ambiente que
o constitui, deveria ser considerado digno de preservação? Por que não continuar com o
nosso atual curso de consumo excessivo e destruição ambiental? Deixar a seleção
natural continuar a operar, como supostamente ocorreu no passado. Deixar morrer as
velhas espécies e permitir que as novas surjam. Ou deixar todas as espécies morrerem.
Supondo que a própria vida é um acidente de combinação química nos oceanos
primitivos da terra, torna-se difícil afirmar o motivo da preferência especial por um
planeta com ou sem vida.

Jack Weir apoiou a sua declaração de que a natureza era um componente útil com
apelos ao “holismo científico e coerência epistemológica”. Mas ele admitiu que “outros
apelos” poderiam ser feitos, tais como para “estórias e mitos, tradições religiosas e
crenças metafísicas”. Certamente alguém poderia também apelar para uma ciência
diferente baseada em um sistema diferente de suposições metafísicas e talvez chegar a
conclusões diferentes sobre a origem da vida e do universo.

Se olharmos para a história da ciência, da época de Newton até agora, nós


descobriremos que os cientistas acumularam um grande corpo de evidência sugerindo
que existe uma força vital operando nas coisas vivas, uma força operando além das leis
da física e da química como atualmente compreendido. Em todo o mundo encontramos
grande interesse em sistemas alternativos de medicina tal como a Ayurveda que é
baseada na compreensão desta força vital, ou forças. Na escola de medicina da UCLA
existe um instituto dedicado a incorporar as percepções dos esquemas médicos
tradicionais do Oriente com a medicina do Ocidente. Existe também bastante acúmulo
de evidência sugerindo que há um ser consciente capaz de viver separado do organismo
físico. Esta evidência resulta dos estudos sobre fenômenos abrangendo desde
experiências fora do corpo até lembranças de vidas passadas. Muito desta evidência não
se encaixa facilmente nas suposições materialistas da ciência moderna, e é, portanto,
vista com considerável suspeita. Mas esse corpo de evidência está aumentando
diariamente e poderia ser incorporado na estrutura de uma nova ciência para operar
com um sistema expandido de suposições metafísicas. Além do Instituto
Bhaktivedanta, existe um certo número de grupos científicos tentando isto, entre eles o
Scientific and Medical Network, na Inglaterra, o Institute for Noetic Sciences, nos
Estados Unidos, o Society for Scientific Exploration, o International Society for the
Study of Subtle Energy and Energy Medicine, entre outros. Além disto, na medida em
que os cientistas continuam as suas pesquisa sobre o mecanismo biomolecular dentro
da célula, eles encontram estruturas e sistemas de irredutível complexidade, que levam
alguns, mais uma vez, a considerar seriamente a idéia do plano inteligente
preferivelmente à evolução ao acaso como explicação. A esse respeito, eu posso
recomendar os vários ensaios de Michael Behe ou o seu recente livro Darwin's Black
Box.

Em novembro passado eu discursei em uma conferência de cientistas no departamento


de física nuclear na Universidade de Ciência ELTE, em Budapeste, Hungria. Eu
compartilhei o palanque com Maurice Wilkins, um britânico ganhador do Prêmio
Nobel em física, cujas descobertas ajudou na construção da bomba atômica durante a
Segunda Guerra Mundial. O assunto era, como aqui, ciência e religião. Eu escolhi como
tema a física e o sobrenatural. Eu propus que se houvesse de existir qualquer ligação
entre ciência e religião, teria que ser no misterioso território de realidade que repousa
entre eles, e indubitavelmente a compreensão deles sobre esse misterioso território de
realidade teria de ser renegociada.

Em termos de física, isto envolveria um reingresso na compreensão da realidade que


tivesse um componente espiritual, não mecanicista. Eu mostrei que Newton escreveu
tanto sobre alquimia e temas espirituais, quanto sobre matemática, física e ótica, e para
Newton, a sua física, a alquimia e escritos sobre temas místicos, eram todos partes de
um único sistema, do qual a ciência moderna extraiu apenas a parte que lhe era
conveniente. A idéia da investigação séria dos componentes espirituais ou
sobrenaturais da realidade física é tabu nos dias de hoje, mas nem sempre foi assim. No
último século encontramos Sir William Crookes, ganhador do prêmio Nobel em física,
descobridor do tálio, inventor do tubo de raio catódico, e presidente da The Royal
Society, conduzindo extensiva pesquisa voltada ao sobrenatural. O fisiologista francês
ganhador do prêmio Nobel, Charles Richet, que conduziu ele próprio extensiva
pesquisa sobre o fenômeno paranormal, diz em seu livro Thirty Years Of Psychical
Research, que ele, às vezes, foi ajudado por Pierre e Marie Curie, que dividiu o prêmio
Nobel de física por suas descobertas no campo dos elementos radioativos. Por exemplo,
descobrimos que Marie Curie controlava um famoso médium, enquanto Pierre Curie
media os movimentos dos objetos que se mexiam sob aparente influência psicocinética.
Não estou apresentando esses incidentes para provar a realidade do fenômeno, mas
para ilustrar a receptividade às novas idéias por parte desses famosos físicos
experimentais, a disposição deles para investigar um fenômeno difícil e trabalhoso.
Mas não é isto o que se supõe que a ciência, quando muito, deveria ser?

Após terminar minha palestra em Budapeste, eu tive curiosidade, é claro, em saber


como foi aceita. Fiquei surpreso quando o chefe do departamento de física de uma
grande universidade da Europa aproximou-se de mim e expôs que, em sua casa, ele
havia secretamente conduzido alguns experimentos de telepatia. Para sua grande
surpresa, ele obteve interessantes resultados, e perguntou-me se eu poderia colocá-lo
em contato com outras pessoas na América que estivessem conduzindo semelhantes
investigações.

Mas o que tudo isso tem a ver com o meio ambiente, com a natureza? Tem tudo a ver,
por que se nós vamos formular uma ética ambiental, devemos primeiramente
compreender o que é o nosso meio ambiente. E a partir do ponto de vista védico e, em
particular o vaishnava, diríamos que é uma energia divina, uma energia que emana de
um Deus sublime que é, no entanto, imanente à natureza, que é por si só povoado com
entidades conscientes e estruturado de uma forma definida para um propósito definido,
ou seja, dando oportunidade para essas entidades conscientes voltarem ao seu estado
original puro. E existe um corpo de evidência científica que é consistente com vários
elementos dessa visão. Em outras palavras, a religião deve ser algo mais do que um
sistema de crenças socialmente úteis que podem ser utilizadas pela ciência para ajudar
a solucionar certos problemas, tais como a crise ambiental. Eu considero isso como
uma falsa união da ciência com a religião. Pode ser que a religião tenha percepções
decisivas sobre a natureza da realidade que possam ser fundamentais para sua
verdadeira ligação com a ciência, para o bem da humanidade.

De posse dessas concepções fundamentais torna-se fácil formular uma ética ambiental.
Supondo que, de acordo com os ensinamentos vaishnava, esse mundo seja um reflexo
diversificado da realidade espiritual, e essencialmente como um jardim, nós podemos
dizer que existe algum valor intrínseco na tentativa de manter uma condição de meio
ambiente que mais estreitamente se assemelhe com o original. Quando as crianças
aprendem a escrever, elas geralmente são convidadas a copiar cartas, e se a tentativa
delas parece com o original diz-se que está bom; se não, diz-se que está ruim. Da
mesma forma, nós podemos pedir que exista uma bondade intrínseca voltada a uma
determinada condição das questões ambientais.

Além disto, existem certos princípios védicos que contribuem de várias formas para
uma ética ambiental viável. A primeira delas é athato brahma-jijnasa. Isso é o mantra
de abertura do Vedanta-sutra. Isto significa que o propósito da vida humana é o cultivo
da consciência, inclusive o cultivo do relacionamento amoroso entre a consciência
individual e a suprema consciência.

Eu quero interromper aqui para dizer que não é todo doutrinamento religioso que leva
a uma ética ambiental viável. Existem muitas manifestações de religião que, como a
ciência materialista moderna, encorajam o processo destrutivo de dominação,
exploração e interminável consumo. Mas o sistema védico enfatiza o estudo e o
desenvolvimento da consciência mais do que o estudo e o desenvolvimento da matéria.
A matéria não é ignorada, mas é vista em sua conexão com a suprema consciência. De
qualquer modo, o princípio de brahma-jijnasa encoraja uma ética de moderação que
contribui para consideráveis níveis de desenvolvimento econômico e de consumo, que
não colocaria uma sobrecarga tão grande no ecossistema.
O Vedanta-sutra também afirma: anandamayo 'bhyasat. Nós formos feitos para
sermos felizes, e pelo do cultivo da consciência através dos meios adequados, nós
podemos obter a satisfação espiritual. E isso também sustenta uma ética de moderação.
O Gita afirma: param drishtva nivartate. Quando você alcança o mais alto estado de
consciência espiritual desenvolvida, você automaticamente priva-se da gratificação
material excessiva. Um correto equilíbrio é alcançado.

O princípio védico de ahimsa, ou não-violência, também tem essa aplicação.

A não-violência pode ser compreendida de muitas maneiras. Por exemplo, o encorajar


as pessoas a dedicarem suas vidas à irrefreável produção e consumo materiais pode ser
considerado um tipo de violência contra o espírito humano, e eu penso que basta que
olhemos à nossa volta para ver os efeitos dessa violência. Se olharmos os americanos na
época de Natal empurrando uns aos outros em seus reluzentes centros comerciais e, no
lugar de prestar atenção ao ensinamento védico athato brahma-jijnasa, dedicando-se a
doutrina de comprar até cair, ou o poder de comprar, ou qualquer outra coisa, eu acho
que vemos uma espécie de violência. Quando observamos os jovens trabalhadores
chineses que são amontoados em dormitórios em volta das fábricas que fornecem a
maior parte das mercadorias de Natal encontrada nos centros comerciais americanos,
podemos também sentir aquela violência para com o espírito humano.

O princípio de ahimsa pode também ser aplicado na própria Terra. Recentemente


escutamos a respeito do princípio Gaia, a idéia de que a Terra é, em certo sentido, um
organismo. Esse princípio há muito tempo foi reconhecido pela filosofia Védica, e nós
devíamos tentar não cometer violência para com o nosso planeta através da poluição
desnecessária do ar, da terra e da água.

E a não-violência se aplica também a outros seres vivos. Aceitando o ensinamento


védico de ahimsa não iremos caçar espécies até sua extinção. Eu também chamarei
atenção que a matança de animais para o sustento, principalmente animais criados em
fazenda-fábricas e mortos em enormes abatedouros mecanizados, é uma das práticas
ambientalmente mais destrutivas nos dias atuais. É o desperdício de preciosos recursos
naturais. Isto envenena a terra e a água.

Pode se ver, deste modo, que a filosofia védica fornece muitos apoios para uma ética de
preservação ambiental. Semelhante apoio pode ser obtido dos ensinamentos de outras
grandes tradições religiosas do mundo. Mas colocar essa sabedoria em prática é difícil.
Em muitas áreas de interesse ético, nós podemos adotar uma atitude objetiva. Se
falarmos sobre abuso infantil, por exemplo, nos sentimos seguros de que vários de nós
não são culpados por tal coisa, e podemos confortavelmente discutir as implicações
éticas de tal comportamento e sobre que passos devem ser tomados para controlar isto,
sem aparentar sermos hipócritas. Mas quando falamos de crise ambiental, descobrimos
que quase todos nós estamos diretamente implicados. Torna-se, portanto, difícil falar
sobre éticas ambientais sem aparentar sermos hipócritas. Entretanto, nós devemos
falar. E isto causa em nós um sentimento de humildade, e também um sentimento que
mesmo pequenos passos em direção à verdadeira solução, que deve ser uma solução
espiritual, são bem vindos e valorizados.

Alan Durning, um pesquisador sênior do World Watch Institute, escreveu: "Seria


desesperadamente ingênuo acreditar que todos os habitantes irão, de repente,
experimentar um despertar moral, renunciando a ganância, a inveja e a avareza. O
melhor que se pode esperar é um despertar gradual aumentando o círculo daqueles
praticantes da simplicidade voluntária”.
A esse respeito, eu quero citar brevemente que o Bhaktivedanta Swami Prabhupada
durante a sua vida fundou várias comunidades rurais para o propósito de demonstrar a
vida de semelhante simplicidade voluntária. Desde a sua partida desse mundo em 1977,
o número dessas comunidades aumentou para 40 em 5 continentes, em locais desde a
floresta tropical do Brasil até às estepes da Rússia.

Após ter discursado aos físicos em Budapeste, eu tive a oportunidade de visitar uma
destas comunidades. Eu tenho de confessar que fiquei muito surpreso ao encontrar tal
comunidade rural fundamentada nos princípios védicos nas planícies do sudoeste da
Hungria. O centro da comunidade era uma espécie de templo modernista, mas ao
perguntar, fui informado que o mesmo foi construído usando paredes de terra socada,
usando outras técnicas tradicionais. Nenhuma eletricidade era usada no templo ou em
qualquer outro lugar da comunidade. Ao longo das paredes do templo eu vi lâmpadas
de latão, que queimavam óleo espremido das sementes de colza cultivadas no local. Era
um dia bastante frio de novembro, e eu vi que o prédio era aquecido com fogões à lenha
supereficientes, usando madeira colhida dos 50 acres de floresta de propriedade da
comunidade. Ofereceram-me, então, uma refeição vegetariana que exibia vegetais
cultivados localmente, chapatis feitos de trigo cultivado e preparado na comunidade, e
queijo das vacas da comunidade. Fui informado que os bois são treinados para fazer o
trabalho da fazenda e o transporte. As pessoas que eu conheci não pareciam nem um
pouco carentes.

Eu disse a alguns deles, “Vocês estão fazendo a coisa certa". E não é isto mesmo o que
significa éticas ambientais, não apenas falando sobre, mas fazendo a coisa certa?

Para resumir, do ponto de vista dos princípios védicos, eu diria que os seguintes
elementos são necessários para uma completa solução para a crise ambiental:

(1) uma ciência que reconheça diferentes seres conscientes, provenientes de um ser
consciente original, como entidades essenciais.

(2) uma religião que vá além do dogma e do ritual para fornecer reais fontes de
satisfação espiritual pela prática da meditação, yoga, etc.

(3) respeito pelos seres vivos, enxergando-os como seres conscientes como nós.

(4) uma dieta vegetariana bondosa para com o ecossistema.

(5) um sistema econômico baseado em vilas e pequenas cidades, enfatizando a


produção local e a auto-suficiência. Qualquer coisa fora isto simplesmente não daria o
resultado desejado.

Michael Cremo (Drutakarma dasa) é editor associado da revista Back to Godhead, e um


membro pesquisador em história e filosofia da ciência para o Bhaktivedanta Institute.

Notas:

1. A conferência Consumption, Population, and the Environmentocorreu de 9 a 11 de


novembro no Campion Retreat Center, nos arredores de Boston.

2. Michael A. Cremo e Mukunda Goswami, Divine Nature, A Spiritual Perspective On


The Environmental Crisis. Los Angeles, Bhaktivedanta Book Trust, 1995.

3. Em 5 de maio de 1995, Kamal Nath, então Ministro do Meio Ambiente e Florestas,


escreveu: "Nesta época em que os países em desenvolvimento do mundo tendem a
deixar que o progresso industrial domine suas economias, inconsciente da destruição
ambiental, Divine Nature chega como um bem-vindo sopro de alívio. Os autores têm,
de forma persuasiva, argumentado que um retorno ao valor original do profundo
parentesco da humanidade com todas as coisas vivas é a chave para se alcançar
penetrante consciência ambiental”. E em 16 de junho de 1995, Maneka Gandhi, o ex-
Ministro do Meio Ambiente e Florestas, escreveu: "Este livro deve ser lido como um
plano gerencial para a economia, principalmente por políticos e gerentes de negócios
que, tendo nos colocado nesta confusão em que nos encontramos ao promover padrões
cultural e alimentar que são destrutivos, na errônea crença que o dinheiro pode ser
obtido através da devastação, possam agora realmente entender como consertar a Terra
de forma que todos nós consiga viver, e não meramente existir".

4. O Departamento de Interior está encarregado do sistema de parque nacional, e


supervisiona o gerenciamento da fonte ambiental de grandes áreas de terra de
propriedade do governo. O relato dessas declarações é retirado de minhas anotações
em seu discurso.

5. Bhagavad-gita, 10.25. As traduções citadas nesse ensaio são de Sua Divina Graça A.
C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada, O Bhagavad-gita Como Ele É, edição completa,
revisada e ampliada, Bhaktivedanta Book Trust, Los Angeles, 1989.

6. Bhagavad-gita, 10.31.

7. Bhagavad-gita, 10.35. Após listar inúmeras manifestações de Sua presença na


natureza, Krishna continua a afirmar no Bhagavad-gita, 10.41: "Fique sabendo que
todas as criações opulentas, belas e gloriosas emanam de uma simples centelha de Meu
esplendor". Isto indica que Deus, embora imanente na natureza, também a transcende.

8. O manifesto foi intitulado Preserving and Cherishing the Earth: An Appeal for


Joint Commitment in Science and Religion. As citações nesse ensaio são uma cópia
reprográfica do original.

9. Bhagavad-gita, 16.8.

10. Bhagavad-gita, 16.11.

11. Bhagavad-gita, 16.12.

12. Jack Weir (1995) Bread, Labor: Tolstoy, Gandhi, and Deep Ecology. Apresentado
no Institute for Liberal Studies por ocasião da 6ª Conferência Interdisciplinar Anual
sobre Ciência e Cultura, na Universidade do Estado de Kentucky, Frankfort, Kentucky.
Não publicado.

O PROPÓSITO DO SISTEMA: Realização Espiritual

Sanatana-dharma.Brahman, a Verdade Absoluta, o objetivo do Vedanta, pode ser


alcançado por dois caminhos. 

O Trator e a Ecologia
O Trator e a Ecologia
Muitas idéias do Movimento Verde parecem se encaixar com a Consciência de Krishna.
Esses movimentos apóiam a não-violência, a democracia, a responsabilidade social, e a
ecologia. Eles também enfatizam a descentralização, ou seja, delimitam a política e a
economia. Finalmente, eles buscam, na orientação espiritual, harmonizar a civilização
humana e a Terra.
Em A Alternativa Verde: Criando um Futuro Ecológico, Brian Tokar descreve “o
problema no modo como nos alimentamos” como “argumentavelmente o componente
mais vital na estratégia do movimento ecológico”. Em uma seção denominada
“Agricultura verde – um lugar para começar”, eu encontrei isso:
“Uma enorme porção de nossa comida é atualmente produzida por enormes ‘fazendas’
industriais fortemente mecanizadas sob o controle de um punhado de gigantescas
indústrias agrícolas. A sua produção é barata, tanto para o cultivo como para a compra,
mas é progressivamente deficiente em nutrientes básicos. São transportados
freqüentemente milhares de quilômetros até os consumidores, tanto urbanos quanto
rurais. Enquanto isto, o aumento do uso de fertilizantes químicos, herbicidas e
inseticidas sacrifica a fertilidade básica de nossos solos e espalha veneno em nossas
terras e na cadeia alimentar”.
Mas eu fiquei surpreso ao constar que Tokar, em sua crítica à agricultura centralizada,
não se manifestou a respeito da ferramenta básica de destruição: o trator movido a
petróleo.
O papel do trator na sociedade moderna foi prenunciado na Idade Média, quando os
fazendeiros começaram a substituir o boi de tração por cavalos de batalha europeus. O
cavalo permitiu aos fazendeiros trabalharem maiores pedaços de terra. Fazendas
maiores, pertencentes a uma minoria, fizeram mais dinheiro e cultivaram o alimento
mais barato. Camponeses deslocados forneceram mão-de-obra barata para as fábricas.
Mão-de-obra barata alimentada com comida barata marcou o período da revolução
industrial. E o trator impulsionou as coisas muito mais longe.
Srila Prabhupada nos contou que o trator ajudou a romper o sistema indiano de
aldeias. Similarmente, o inventor agrícola Jean Nolle alerta os aldeões dos países de
terceiro mundo que a maioria deles perderá sua terra para as indústrias agrícolas se
eles permitirem que suas comunidades sejam fisgadas pelo trator.
O trator, a meu ver, serviria como um símbolo de quase tudo que os movimentos
ecológicos são contra. Eu pensei se Brian Tokar pudesse conversar com meus amigos
da Carolina do Norte, Balabhadra dasa e sua esposa, Chaya-devi dasi. (Eles são
agricultores conscientes de Krishna de fazendas movidas por bois.) Ele aprenderia
muito sobre o que o trator faz para arruinar o meio ambiente e estragar a vida humana.
Então, Brian Tokar, por favor, conheça Balabhadra e Chaya e permita-os proporcionar
a você algum discernimento sobre o papel do trator moderno.

O trator movido à gasolina: uma ferramenta de destruição

Por Balabhadra dasa and Chaya-devi dasi


Em nossas viagens nós conhecemos muitas pessoas ecologicamente conscientes que
aparentemente aceitam o trator motorizado na agricultura. Então, a primeira pergunta
que fazemos a essas pessoas é: quantas escavações vocês precisam para construir um
trator? Vocês precisam de minas para extração de ferro, carvão, pedra calcária,
manganês, níquel, cobre, bauxita, estanho, zinco, apenas para mencionar alguns. Para
obter esses minerais, você tem que rasgar sua mãe, a Terra, e criar condições infernais
para milhares de trabalhadores. E esse é apenas o primeiro passo.
Depois, vêm as instalações de fundição, onde os minérios são partidos e derretidos.
Estamos falando agora das grandes indústrias – enormes fábricas, mais trabalho
infernal. E produzimos poluição em larga escala.
Das instalações de fundição nós vamos para a fábrica onde as partes do trator são
prensadas. Depois, outra fábrica, onde o trator é montado. Ainda mais condições
infernais de trabalho, ainda mais poluição.
Agora, finalmente o trator está montado e parado no estacionamento – sem pneus.
Onde conseguimos o material para os pneus? As pessoas costumavam ir aos países
tropicais e pagavam aos trabalhadores umas poucas moedas para cortarem seringueiras
e realizarem a sangria para extrair o látex. Atualmente, nós temos tratores de esteiras
de aço dos feitos de materiais sintéticos derivados do petróleo.
Falando em petróleo, agora que temos nosso trator com seus pneus parado no
estacionamento, o que o move? Você não pode colocar capim ou aveia naquele tanque.
Você precisa de petróleo, pelo qual você provavelmente tem que brigar. Para provar que
ele é seu, você talvez precise enviar tropas militares para o Oriente Médio para matar
homens, mulheres e crianças. Você talvez tenha que sacrificar seu filho ou mesmo sua
filha. E se você ganhar, quando o homem com o Exxon Valdez vier para transportar seu
óleo pelo oceano, pode ser que ele derrame a metade no mar.
O óleo que sobrou vai para refinaria. Se você já dirigiu por uma refinaria urbana, você
sabe que o ar cheira como um gambá, e a água é tão ruim que mesmo um gambá
pensaria duas vezes antes de bebê-la.
Mas agora, nosso fazendeiro tem o seu trator, sua esteira para locomoção, e sua
gasolina. Ele liga o motor e pensa: “Com esse motor posso fazer o trabalho de cinqüenta
bois”. Ele olha para os seus bois e diz: “Eu não preciso mais de vocês. Eu tenho o meu
trator. Eu tenho a minha gasolina. Vocês podem ir para o matadouro”. Quando você
começa a matar bois, você está adquirindo karma pesado. Algumas reações kármicas
começam imediatamente. Para começar, você tem pessoas miseráveis trabalhando no
matadouro, em trabalhos que o Governo dos Estados Unidos diz ser mais perigosos e
desmoralizantes do que aqueles na fábrica e na mina.
Mas o Sr. Indústria Agrícola não pensa nisto. Ele pensa, “eu não tenho mais que
alimentar aqueles bois. Que o lucro vá para o meu bolso”. Pelo preço de suas vidas.
Então ele olha para os seus carroceiros, que costumavam trabalhar com aqueles bois —
pessoas que trabalhavam no modo da bondade no campo, cultivando grãos e vegetais.
Ele diz: “Eu já matei os meus bois. Eu tenho o meu trator – não tenho trabalho para
vocês, rapazes. Por que vocês não vão trabalhar na fábrica e construir mais máquinas.
Ou vão viver do auxílio do governo”.
Depois, ele puxa seu trator para arar seu campo. Seus pneus pesados amassam a terra,
conseqüentemente as raízes de suas plantas híbridas têm problemas de crescimento.
Ele não mais tem adubo para nutrir o solo, por isso despeja fertilizante comercial nele,
feito com grande injeção de gás natural. Posto que, eventualmente, a colheita consome
os componentes orgânicos do solo que mantêm a umidade, seu solo é facilmente levado
para o rio. O solo debilitado que restou gera plantas frágeis – presas fáceis para as ervas
daninhas, insetos e doenças. Então, o fazendeiro tira todo o seu arsenal de pesticidas e
herbicidas. Estes também vão rio abaixo.
Bem, esse é o trator moderno. Será que ele se encaixa nos valores que os movimentos
ecológicos querem promover? De modo algum. Em vez disso, o trator avança a todo
custo pelo meio ambiente, espalha a centralização e a exploração, e atropela a vida
espiritual.

A alternativa: o trator de Krishna

Qual é a alternativa? Quando a vaca dá à luz, na metade das vezes a cria é boi. Esses
bois são os tratores de Krishna, produzidos na “fábrica” do útero materno. Essa fábrica
não polui ou provoca condições infernais de trabalho. E opera pelas leis da natureza, as
quais Krishna organizou.
O trator de Krishna pode cultivar o seu próprio combustível – aveia e grama. E com
esse trator, mesmo os resíduos são aproveitáveis. O estrume da vaca pode ser
processado para produzir metano, um combustível que não gera substâncias nocivas. O
resíduo pode ir para o solo como um fertilizante de primeira classe e um aditivo para o
mesmo. Sem necessidade de subprodutos dos matadouros para construir material
orgânico.
E sobre as condições de trabalho? A relação entre o fazendeiro e o gado é baseada no
amor e na confiança. Quando os bois vêem o fazendeiro, eles esperam ser acariciados e
afagados embaixo do pescoço. Quando retornam, eles gostam de trabalhar, e trabalham
bem com um fazendeiro experiente. É o tipo mais de mão-de-obra mais gratificante que
alguém pode querer.
Quando usamos o trator de Krishna não existe poluição. E nem violência. O fazendeiro
trabalha lado a lado com o boi para produzir as melhores comidas naturais. Este tipo de
trabalho – inspirado na Consciência de Krishna – proporciona a base correta para
qualquer grupo que queira um mundo mais verde.

CULTURA AGRÁRIA: A importância do boi e da vaca

Muitas idéias do Movimento Verde parecem se encaixar com a Consciência de Krishna.


Esses movimentos apóiam a não-violência, a democracia, a responsabilidade social, e a
ecologia. Eles também enfatizam a descentralização, ou seja, delimitam a política e a
economia. Finalmente, eles buscam, na orientação espiritual, harmonizar a civilização
humana e a Terra. 

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