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Inteligência

espiritual
Que tipos de inteligência existemj
O que é inteligência espiritual? Com'
discerni-la? Que pessoas demonstrara
ter esse tipo de dom? Quais os resultadi
práticos na vida delas e como a utilizi
em seu dia-a-dia?
Com base em alguns textos bíblico:
o Pr. Silas discute esses e outros temal
ligados à inteligência espiritual, assin
lando que quem possui esse dom divi
no vê o que ninguém mais vê, discernj
o que ninguém mais discerne, entendj
o que ninguém mais entende e realiza
que ninguém mais faz.
Leia este livro, e descubra como adquii
Silas Malafaia mais sabedoria divina, a fim de ter a su,
é psicólogo clínico, conferencista
internacional e pastor evangélico. vida mudada para melhor.

ED ITO RA C E N T R A L G O S P E L
Estrada do Guerenguê, 1851
Taquara - Rio de Janeiro - RJ
CEP: 22713-001
PED ID O S: (21) 2187-7000
www.editoracentralgospel.coi

ISBN: 978-85-7689-147-5

788576 891475
LIVRO : INTELIGÊNCIA ESPIRITUAL

AUTOR : SILAS MALAFAIA

DIGITALIZADO : KARMITTA

SEMEADORES DA PALAVRA

http://semeadoresdapalavra.forumeiros.com/

OBS. NÃO USAR COMO FINS LUCRATIVOS

OBRIGADA

BOA LEITURA
Copyright 2010 por Editora Central Gospel

Dados Internacionais de Catalogação


na Publicação (CIP)

GERÊNCIA EDITORIAL Inteligência espiritual / Silas Malafaia


E DE PRODUÇÃO Rio de Janeiro: 2010
Jefferson Magno Costa 64 páginas

PESQUISA, DIGITAÇÃO E ISBN : 978.85.7689.147-5

ESTRUTURAÇÃO 1. Bíblia - Vida cristã I. Título II.


Patrícia Nunan
As citações bíblicas utilizadas neste livro foram extraídas
1a REVISÃO
da Versão Almeida Revista e Corrigida (ARC), salvo
Patrícia Calhau
indicação específica, e visam incentivar a leitura das
Sagradas Escrituras.
REVISÃO FINAL
Patrícia Nunan
É proibida a reprodução total ou parcial do texto deste
livro por quaisquer meios (mecânicos, eletrônicos,
CAPA
xerográficos, fotográficos etc), a não ser em citações
Marcos Henrique Barboza
breves, com indicação da fonte bibliográfica.

DIAGRAMAÇÃO
Este livro está de acordo com as mudanças propostas
Luiz Felipe Rolim
pelo novo Acordo Ortográfico, que entrou em vigor a
partir de janeiro de 2009.
IMPRESSÃO E
ACABAMENTO
Esdeva Ind. Gráfica

1a edição: Setembro / 2010

Editora Central Gospel Ltda


Estrada do Guerenguê, 1851 - Taquara
Cep: 22.713-001
Rio de Janeiro - RJ
TEL: (21)2187-7000
www.editoracentralgospel.com
Su m á r i o

Apresentação.......................................................5

Capítulo 1 - Múltiplas inteligências..................7


Alguns tipos de inteligência...................................... 8
A inteligência espiritual.............................................11

Capítulo 2 - Características de quem tem


inteligência espiritual.........................................15
A pessoa espiritual e suas habilidades..................... 16

Capítulo 3 - A inteligência espiritual


de D a v i................................................................. 19
Vendo o que ninguém v ia ........................................ 20
Entendendo o que ninguém entendia...................... 21
Realizando o que ninguém realizara....................... 23

Capítulo 4 - A inteligência espiritual


de D an iel............................................................. 29
Vendo além das aparências...................................... 30
Discernindo o que fazer........................................... 31
Recebendo graça, sabedoria e reconhecimento..... 33
Discernimento e revelações extras........................... 34
Capítulo 5 - A inteligência espiritual
de Paulo............................................................ 39
Discernindo a voz do inim igo.................................. 40
Agindo com inteligência............................................ 43
Discernindo a vontade de Deus................................ 45

Capítulo 6 - Resultados da inteligência


espiritual.............................................................47
Integridade.................................................................49
Longanimidade, gozo e gratidão................................51
^Maturidade................................................................. 53
" Vendo o invisível e entendendo
o incompreensível..................................................... 57
A presentação

Que tipos de inteligência existem? O que é in­


teligência espiritual? Como discerni-la? Que pessoas
demonstraram ter esse tipo de dom? Quais os resul­
tados práticos na vida delas? Por que precisamos de
inteligência espiritual? Como a obtemos e como a
utilizar, de modo prático, em nosso dia-a-dia?
Com base em 1 Coríntios 2.14-16 e em Colosse n -
ses 1.9-12, vamos discutir esses e outros temas
ligados à inteligência espiritual, assinalando que
quem possui esse dom divino consegue ver o que
ninguém vê, discernir o que ninguém discerne,
entender o que ninguém compreende, e realizar
o que ninguém mais faz.
Também vamos identificar algumas caracte­
rísticas da pessoa espiritual, enfatizando que ela
possui, entre outras coisas, integridade, longani­
midade, gozo, gratidão e maturidade, o que lhe
possibilita conhecer a realidade espiritual, Deus e
Sua maneira de agir.
Leia este livro, e descubra como adquirir mais
sabedoria divina, a fim de ter a sua vida mudada
para melhor.
C a p ít u l o 1
MÚLTIPLAS INTELIGÊNCIAS

A inteligênciade uma forma geral, pode ser


definida como o conjunto de funções psíquicas e
psicofisiológicas que contribuem para o conheci­
mento, para a compreensão da natureza das coisas
e do significado dos fatos; é a capacidade de racio­
cinar, que permite ao ser humano captar e analisar
informações, compreender ideias abstratas, tirar
conclusões, aprender coisas novas, desenvolver
habilidades, planejar-se para o futuro.
Tendo em vista a importância do assunto,
vários estudos em psicologia cognitiva e neuro-
linguística foram feitos no sentido de verificar os
tipos de inteligência, de acordo com as habilida­
des das pessoas. Os cientistas perceberam que
as pessoas tinham uma espécie de talento nato,
que estava latente, mas aflorava em determinadas
situações.
Na década de 80, uma equipe de pesquisa­
dores da Universidade de Harvard (EUA) realizou
pesquisas sobre o potencial humano. Um dos
membros desse grupo, Howard Gardner, especialista
7
In t e l ig ê n c ia e s p ir it u a l

em psicologia do desenvolvimento, analisou a


natureza da inteligência humana, identificando
nove tipos de inteligência: a lógico-matemática, a
lingüística, a m usicala espaciala corporal-cines-
tésica, a intrapessoal, a interpessoal\ a naturalista
e a existencial. Essa teoria ficou conhecida como
inteligências múltiplas.
Por que saber sobre esses tipos de inteligência
é importante antes de falarmos sobre inteligência
espiritual? Porque primeiro precisamos entender
o que a inteligência espiritual não é, para, então,
vermos do que se trata. Vejamos, pois, cada tipo
de inteligência.

A lgu n s tipos de inteligência

De acordo com Gardner, a inteligência inter­


pessoal é a habilidade em interagir com pessoas,
entendê-las e interpretar seus comportamentos. Nor­
malmente, a pessoa com esse tipo de inteligência
tem vários amigos e gosta de comunicar-se. Entre
os profissionais que mais se destacam com essa ha­
bilidade estão os vendedores, políticos, professores,
terapeutas e líderes religiosos carismáticos.
A inteligência intrapessoal permite a quem a
tem reconhecer os próprios sentimentos e desen­
volver modelos mentais precisos sobre si mesmo. E
Silas Malafaia

desenvolvida a partir de autoconhecimento, domínio


próprio e automotivação. Como esta inteligência é a
mais pessoal de todas, ela só é observável por meio
dos sistemas simbólicos das outras inteligências,
como a habilidade lingüística, a musical, a corporal.
Normalmente as pessoas com elevado grau de inteli­
gência intrapessoal acabam tendo mais consciência
de si mesmas e podem ser mais abertas às mudanças
e à adaptação aos relacionamentos.
A inteligência interpessoal e a intrapessoal pa­
recem depender da inteligência emocional, aponta­
da pelo norte-americano Daniel Goleman, em seu
livro homônimo, que foi um best-seller nos anos 90.
Segundo esse autor, uma pessoa com inteligência
emocional é capaz de reconhecer suas emoções e
lidar bem com elas, promovendo seu crescimento
pessoal e os relacionamentos interpessoais.
Já a inteligência naturalista permite à pessoa
compreender e catalogar melhor dados, fenômenos
e padrões da natureza, habilidade que lhe possibilita
trabalhar como arquiteta e paisagista.
A inteligência lingüística, como o nome já diz,
permite à pessoa a habilidade de expressar-se bem
por meio da fala e da escrita, aprender idiomas. É
predominante em poetas, escritores e linguistas.
A inteligência lógico-matemática capacita
a pessoa a confrontar e avaliar coisas abstratas,
IN T E L IG Ê N C IA ESPIR IT U A L

discernindo princípios subentendidos. Tem essa


habilidade quem faz cálculos com extrema facili­
dade e tira conclusões de maneira prática e rápida,
como matemáticos, cientistas e filósofos de um
modo geral.
A inteligência corporal-cinestésica seria a ha­
bilidade de elaborar e executar movimentos com
o corpo ou partes dele. Normalmente, possuem
este tipo de inteligência mais desenvolvido atores,
dançarinos e desportistas.
A inteligência musical é a habilidade de
compor e executar padrões musicais, mesmo
sem a pessoa ter estudado qualquer instrumento
ou teoria musical. Pode estar associada a outras
inteligências, como a lingüística, a espacial ou a
corporal-cinestésica. E predominante em compo­
sitores, maestros, músicos, críticos de música.
Já a inteligência espacial capacita a pessoa
a compreender o mundo visual com precisão,
permitindo-lhe ter percepções e recriar experiên­
cias visuais, mesmo sem estímulos físicos. Tam­
bém é o tipo de inteligência que permite utilizar
melhor os espaços, dispondo melhor móveis e
equipamentos em um determinado ambiente.
É predominante em arquitetos, engenheiros,
cirurgiões, escultores, pintores, cartógrafos, na­
vegadores e jogadores de xadrez.
10
Silas Malafaia

Esses são alguns tipos de inteligência catalo­


gados pelos cientistas. Mas o que seria a inteligên­
cia espiritual? Seria mais um tipo de inteligência
humana? Ou uma habilidade especial concedida
por Deus àqueles que foram salvos por Cristo e
tornaram-se templos do Espírito Santo? De acordo
com 1 Coríntios 2.11-16, esta última opção é a
verdadeira.

A inteligência espiritual

Falando acerca do discernimento superior


que o homem espiritual possui, Paulo assinalou
que:

Ora, o homem natural não compreende


as coisas do Espírito de Deus, porque lhe pa­
recem loucura; e não pode entendê-las, porque
elas se discernem espiritualmente. Mas o que é
espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém
é discernido. Porque quem conheceu a mente
do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós
temos a mente de Cristo.
1 Coríntios 2.14-16

O apóstolo havia explicado nos versículos


anteriores a razão desta afirmativa:
ii
in t e l ig ê n c ia e s p ir it u a l

Porque qual dos homens sabe as coisas do


homem, senão o espírito do homem, que nele está?
Assim também ninguém sabe as coisas de Deus,
senão o Espírito de Deus. Mas nós não recebemos
o espírito do mundo, mas o Espírito que provém de
Deus, para que pudéssemos conhecer o que nos
é dado gratuitamente por Deus. As quais também
falamos, não com palavras de sabedoria humana,
mas com as que o Espírito Santo ensina, compa­
rando as coisas espirituais com as espirituais.
1 Coríntios 2.11-13

Com base nesses textos, podemos inferir acer­


ca do que seria inteligência espiritual.
Pelo que Paulo afirmou, podemos concluir
que a inteligência espiritual é uma habilidade so­
brenatural, dada por Deus, que todo aquele que
nasceu de novo, ou seja, foi regenerado espiritu­
almente, e está em Cristo possui de entender as
coisas espirituais e discerni-las.
De acordo com Paulo, nem o homem natural
nem o carnal têm essa capacidade, porque estes
vivem de acordo com as suas concepções, seus va­
lores e seu entendimento meramente humano. Já o
homem espiritual vive de acordo com a Palavra de
Deus, os princípios e valores espirituais nela ensina­
dos e ministrados pelo Espírito Santo, que habita nos
12
Silas Malafaia

salvos, ensinando-lhes todas as coisas e lembrando-os


de tudo quanto o Filho de Deus disse (João 14.26).
De acordo com Paulo, aqueles que estão em
Cristo têm a mente, a mentalidade, a forma de pen­
sar, de Cristo; por isto, eles podem compreender o
que os naturais e os carnais não conseguem: as coi­
sas do Espírito de Deus. Por quê? Porque ninguém
sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus
(v. 11). E Deus revela essas coisas aos espirituais
pelo Seu Espírito; porque o Espírito penetra todas
as coisas, ainda as profundezas de Deus (v. 10).
Sendo o Espírito Santo o Agente da revelação de
Deus ao ser humano, o Senhor, por intermédio do Seu
Espírito, comunica ao espírito do homem a verdade e
os princípios espirituais em Sua Palavra, de modo que
este compreenda o plano de salvação, acate-o e co­
opere com Deus para a salvação de outros, enquanto
cresce espiritualmente até chegar à unidade da fé e ao
conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito> à
medida da estatura completa de Cristo (Efésios 4.13),
herdar a salvação e todas as bênçãos pertinentes.
Sendo assim, a inteligência espiritual é im­
prescindível ao homem tanto do ponto de vista
individual como coletivo, como Igreja.
Mas o que esse tipo de inteligência proporcio­
na? Como identificar uma pessoa que tenha a mente
de Cristo? Esses assuntos serão discutidos a seguir.
C a p ít u l o 2
C a r a c te r ístic a s de q u e m tem
IN T E L IG Ê N C IA ESPIRITUAL

No capítulo anterior, vimos os tipos de inteli­


gência catalogados pela ciência e que nenhum delas
é suficiente para o homem entender o plano de Deus
e ser transformado à imagem de Cristo. Discutimos
acerca do que seria a inteligência espiritual, susten­
tando que ela é uma habilidade especial, divina,
concedida a todos aqueles que estão em Cristo e
são guiados pelo Espírito, e não pela carne.
Neste capítulo, vamos comentar algumas carac­
terísticas da pessoa espiritual, as quais nos permitem
identificar quem possui a mente de Cristo e quem não
a possui. Para isto, mais uma vez, vamos basear-nos
nas declarações de Paulo em 1 Coríntios 2.11-16.
Com base nesse texto, seria possível identi­
ficar uma pessoa com esse tipo de inteligência,
distinguindo o homem espiritual do natural e do
carnal? Sim! O próprio Paulo assinalou que o que
é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém
é discernido (1 Coríntios 2.15).

15
IN T EL1 G EN C IA ESPIR IT U A L

Em outras palavras, a pessoa que é espiritual


discerne quem não é espiritual e as motivações
deste. Contudo, o homem natural e o carnal não
discernem a pessoa espiritual nem as coisas espi­
rituais não por não quererem, mas por não pode­
rem; afinal, as coisas do Espírito de Deus [...] se
discernem espiritualmente (v. 14). Além disso, estas
coisas lhes parecem loucura.

A pessoa espiritual e suas habilidades

Qual o perfil da pessoa que tem inteligência


espiritual, a mente de Cristo?
De acordo com Paulo, ela: 1) não tem o es­
pírito do mundo, mas o Espírito que provém de
Deus (v.12a); 2) entende o que Deus ofereceu
gratuitamente à humanidade por intermédio de
Cristo (v. 12b); 3) fala (prega, ensina, dá teste­
munho de sua fé) não com palavras de sabedoria
humana, mas com as que o Espírito Santo ensina,
comparando as coisas espirituais com as espirituais 4
(v. 13); 4) compreende as coisas do Espírito de Deus
(em oposição à pessoa carnal, v. 14); 5) discerne
bem tudo, e de ninguém é discernido (v. 15).
O verbo discernir nesse texto, de acordo com
o original grego, também poderia ser traduzido
como escrutinar, que significa examinar com
16
Silas Malafaia

atenção e minúcia, esquadrinhar, sondar, a fim de


descobrir, conhecer algo, fazendo distinção entre
as coisas naturais e as espirituais, comparando-as
e agrupando-as de acordo com a natureza delas, a
fim de poder acatar toda a vontade de Deus tanto
ao nível individual como ao nível coletivo.
Essa é a capacidade da pessoa que tem a
mente de Cristo. Ela possui inteligência, percep­
ção, iluminação divina, sabedoria de Deus para
entender as coisas espirituais!
Que coisas são essas? São as coisas que o olho
não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao
coração do homem são as que Deus preparou para
os que o amam (1 Coríntios 2.9); as coisas eternas
que Ele revelou pelo seu Espírito aos que o amam
e irão morar com Ele por toda a eternidade.
Assim, a pessoa espiritual vê o que ninguém
vê, discerne o que ninguém discerne, entende o que
ninguém entende, e realiza o que ninguém realiza.
Na Bíblia, tanto no Antigo como no Novo
Testamento, vemos exemplos de homens de Deus
que, iluminados pelo Espírito Santo, demonstra­
ram ter inteligência espiritual, venceram desafios
tremendos e realizaram o inusitado.
Esse foi o caso de Davi, de Daniel, de Paulo.
Eles creram em Deus, agiram com base na Palavra
do Senhor e em Sua orientação, tornaram-se mais
17
In t e l ig ê n c ia e s p ir it u a l

do que vencedores, e deixaram um legado de fé


para a Igreja e para toda a humanidade.
Vejamos, pois, nos capítulos seguintes, algumas
evidências da inteligência espiritual deles e os
resultados desta.

18
C a p ít u lo 3
A IN T E L IG Ê N C IA ESPIRITUAL
DE DAVI

Você se lembra da história de Davi? Ele tinha


múltiplos talentos. Era um habilidoso guerreiro e
estrategista militar, sabia liderar, compor salmos de
louvor a Deus e tocar harpa. Era homem de guerra,
sisudo em palavras, e de gentil presença.
Em 1 Samuel 16.18, essas qualidades são
enaltecidas. Contudo, nada disso o levou a ven­
cer seus inimigos e ocupar o trono de Israel. O
segredo do sucesso de Davi é revelado no fim
do versículo 18: o Senhor era com ele. Isto lhe
assegurou inteligência espiritual e sabedoria do
alto para triunfar.
Foi pela unção e ação sobrenatural de Deus
que o belemita deixou de ser pastor de ovelhas,
e tornou-se o maior rei de Israel, unificando as
12 tribos como nação. Assim, pela sabedoria
divina, ele reinou por 40 anos e, durante esse
período, os israelitas experimentaram vários
êxitos políticos e militares.

19
In t e l ig ê n c ia e s p ir it u a l

Vendo o que ninguém via

Davi era um homem segundo o coração de


Deus (1 Samuel 13.14), por isso foi escolhido pelo
Senhor para presidir sobre Seu povo como Seu
representante, velando para que a Lei divina fosse
cumprida. E assim como Deus não escolheu Davi
com base na aparência física ou nos talentos deste
(1 Samuel 16.7), o belemita, conhecedor da rea­
lidade espiritual, não supervalorizou a aparência
de seus adversários nem as circunstâncias desfa­
voráveis da vida.
Em 1 Samuel 17, constatamos que Davi, ao
deparar-se com o gigante Golias, não o temeu,
como os soldados israelitas. Por quê? Porque, em­
bora o filisteu tivesse quase três metros de altura,
estivesse fortemente armado, com lança, escudo,
espada, capacete, e fosse um exímio guerreiro,
Davi enxergou o ponto fraco de seu adversário:
ele era um incircunciso, ou seja, não tinha pacto
com Deus, e havia afrontado os exércitos do Deus
vivo (1 Samuel 17.26).
O que era a circuncisão? A marca da aliança
de Israel com Deus. Davi tinha um pacto com
Deus; Golias, não. Além disso, o filisteu durante 40
dias havia afrontado o exército israelita, pedindo
um campeão para lutar com ele. Como ninguém
20
Silas Malafaia

tivera coragem para se apresentar, Golias tripudiou


de Israel, afrontando Deus. Logo, Golias seria der­
rotado.
Humanamente, Davi viu a mesma coisa que
os israelitas: um inimigo gigante. Contudo, a visão
espiritual do belemita lhe permitiu enxergar além
da aparência gigantesca de Golias. Davi fixou seu
olhar no Deus altíssimo, eterno, fiel. todn-pnde-
roso. o Senhor dos exércitos, que luta as nossas
^ guerras e nunca perde uma peleja. I

Entendendo o que ninguém


entendia

Davi não apenas viu a fragilidade do inimigo.


O belemita discerniu a diferença entre os circun-
cisos e os incircuncisos, entre os que têm uma
aliança com Deus e os que não têm, e entendeu
que aquela batalha não era apenas dele e de seu
povo. Tratava-se de uma batalha espiritual, e Davi
^ çricLque o Senhor dos exércitos pelejaria a favor
do Seu povo, e o inimigo seria derrotado
Davi tinha inteligência, visão espiritual, e agiu
com fé, indo lutar com o gigante filisteu e vencendo-
o em batalha.
Imagine a cena. A moral de todo o exército
israelita estava em baixa porque há 40 dias era
21
In t e l ig ê n c ia e s p ir it u a l

menosprezado por Golias. Um rapaz franzino e


inexperiente na guerra chega até o rei Saul e diz:
Não desfaleça o coração de ninguém por causa
dele; teu servo irá e pelejará contra este filisteu
(1 Samuel 1 7.32).
Saul deve ter dado uma gargalhada antes de
dizer: Contra este filisteu não poderás ir para pelejar
com ele; pois tu ainda és moço, e e/e, homem de
guerra desde a sua mocidade (v. 33). O rei deve ter
pensado: "Esse garoto está louco para querer lutar
com um homem desse tamanho, experimentado
na guerra. Agora mesmo é que vamos virar piada
na boca dos filisteus!"
Davi, no entanto, tranquilizou Saul, contando-
lhe como Deus lhe dera forca e destreza para matar
um urso e um leão que ameaçavam o rebanho de
seu pai, lessé (1 Samuel 17.34-37).
O jovem belemita tinha convicção da pre­
sença de Deus com ele. Sabia que o Senhor
jein a sobre tudo e todos e que ninguém pode
resistir ao Seu querer ou impedir Sua ação po­
derosa. A ssim, Davi partiu para o confronto
com Golias.
Davi confiava no Altíssimo. Sabia que a
vitória vinha do alto. Jeová entregaria nas mãos
de Seu servo aquele incircunciso filisteu que
desafiara os exércitos do Deus vivo, sem pensar
22
Silas Malafaia

em quem estava por trás destes: o Senhor dos


Exércitos.

Realizando o que ninguém


realizara

Você imagina que foi fácil para Davi enca­


rar o gigante filisteu? Além de ninguém em Israel
acreditar na vitória do filho de Jessé, ainda havia
o escárnio do adversário.
Diz o texto bíblico que olhando o filisteu e
vendo a Davi, o desprezou, porquanto era jovem
ruivo e de gentil aspecto (1 Samuel 17.42). Então, o
gigante começou a caçoar de Davi: Sou eu algum
cão, para tu vires a mim com paus? E o filisteu
amaldiçoou a Davi, pelos seus deuses.
Davi se intimidou? Não! Atente para as palavras
dele em 1 Samuel 17.45-47:

Davi, porém, disse ao filisteu: tu vens a


mim com espada, e com lança e com escudo;
narém eu venho a ti em nome do Senhor dos
exércitos de Israel; o Deus dos exércitos de Israel
a quem tens afrontado. Hoje mesmo o Senhor te
entregará na minha mão; eferir-te-ei, e te tirarei a
cabeça, e os corpos do arraial dos filisteus darei
hoje mesmo às aves do céu e às bestas da terra;
e toda a terra saberá aue há Deus em Israel E
23
in t e l ig ê n c ia e s p ir it u a l

saberá toda esta congregação que o Senhor salva.


não com espada, nem com lanca: porque do Senhor
é a guerra, e ele vos entregará na nossa mão.

Note que Davi não disse que ia enfrentar G o­


lias em seu próprio nome, em nome do exército
de Israel ou do rei Saul, e sim em nome do Senhor
dos exércitos de Israel, o Deus a quem Golias havia
afrontado. E Davi não confiou em armas, estraté­
gias, conhecimentos e técnicas humanas para ven­
cer o gigante. Ao contrário deste, que se muniu de
x^espada. lanca e escudo, o jovem pastor belemita
usou uma funda para atirar uma pedra na cabeça
de Golias e derrubá-lo. Então, fez algo inusitado:
pegou a espada do gigante e matou aquele que
amedrontava e ameaçava os israelitas.
Por quê? Porque, espiritualmente, Davi era
inteligente, perspicaz. Ele via o que ninguém mais
enxergava (o domínio de Deus e a ação dele em
Jfrmeio às circunstâncias): discernia a diferença entre
o futuro dos que temem a Deus e dos que não o
temem; e valorizava a aliança e a comunhão com
jfrDeus. Assim, Davi pôde experimentar m ilagres,
obter êxito em várias batalhas e deixar-nos impor­
tantes lições acerca de sua vida.
Atente para as declarações de Davi, no Salmo
37 . 1- 11 , 27 -2 9 :

24
Silas Malafaia

Não te in dignes p or ca u sa d o s m alfei­


tores, nem tenhas inveja dos que praticam a
iniqüidade. Porque cedo serão ceifados como
a erva e murcharão como a verdura. Confia no
SENHOR e faze o bem; habitarás na terra e.
verdadeiramente, serás alim entado. Deleita-te
também no SENHOR . e ele te concederá o que
d eseia o teu coracão.
Entrega o teu caminho ao
nele, e ele tudo fará. E
justiça como a luz; e o teu juízo , como o meio-
dia. D esca n sa no SENHOR e espera nele: não
te indignes por causa daquele que prospera em
seu caminho, por causa do homem que executa
astutos intentos.
Deixa a ira e abandona o furor; não te in­
dignes para fa z e r o mal. Porque os malfeitores
serão desarraigados; mas aqueles que e sp e­
ram no SENHOR herdarão a terra. Pois ainda
um pouco, e o ímpio não existirá; olharás para
o se u lugar, e não aparecerá._Mas os m ansos
herdarão a terra e s e deleitarão na abundância

Aparta-te do mal e faze o bem : e ter ás


morada para sempre. Porque o SENHOR am an
juízo e não desam para os s e u s santos: eles são
preservados para sempre; mas a descendência

25
IN I tU U tN C JlA ESPIRITU A L

dos ímpios será desarraigada. Os justos herda­


rão a terra e habitarão nela para sempre.

Tenho uma palavra de incentivo para você,


que tem sofrido oposição, afronta e escárnio de
gente que duvida de sua capacidade, de seu cha­
mado ou das promessas que Deus lhe fez: não dê
ouvidos à voz de quem não tem pacto com Deus.
Não supervalorize o tamanho do obstáculo à sua
frente nem a força do gigante que luta contra você
para impedir sua vitória. Ponha seus olhos em
Deus. Obedeça-lhe. Creia que seu triunfo vem
dele.
Encare essa afronta como um sinal de que
Deus lhe dará grandes vitórias, porque, como
disse o Dr. Mike Murdock, a luta, a oposição, que
você enfrenta é um indício de que o inimigo já
discerniu o seu futuro e quer impedir a bênção de
Deus. Mas ele não conseguirá, pois não é maior
nem mais poderoso do que o Senhor. Agindo Ele,
quem impedirá sua vitória? Ninguém! Ao inimigo
só resta fazer barulho, levantar calúnias, ameaçar
destruí-lo, bramar contra você, para intimidá-lo e
coagi-lo a desistir do que Deus tem para você.
O diabo é como um leão andando ao derredor
das pessoas e bramando, para ver quem se assusta,
tropeça, cai, e ele consegue tragar (1 Pedro 5.8). Ele
26
Silas Malafaia

sabe que, se derrotar alguém em sua mente, já terá


vencido 50% da peleja, então levanta gente que
não tem temor a Deus para entristecer e debilitar
o servo do Senhor.
As táticas do nosso adversário não mudaram
(veja Esdras 4 e Isaías 36). Mas, no fim, o diabo
não conseguirá sucesso em seus malignos inten-
tos porque Deus vai intervir a favor dos Seus,
dando-lhes libertação, escape, e colocando o
inimigo para correr.
Qual tem sido a sua batalha? Em que você
está sendo afrontado? Em seu casamento? Em
seus negócios? Onde está travando batalhas? Em
casa, com um cônjuge infiel, um filho desobe­
diente ou nas drogas? Em seu trabalho? Não se
amedronte. Creia em Deus! Não se acovarde
nem entregue os pontos. O Todo-poderoso é
com você!
Se você é um cristão fiel, faca como Davi:
enfrente a adversidade, o inimigo, em nome do
y j Senhor dos Exércitos, certo de que você foi esm -
Ihido por Deus, ungido para vencer!
Se você tem o Espírito Santo, possui inteligência
espiritual e sabedoria do alto e pode ver o que
ninguém vê, discernir o que ninguém discerne,
entender o que ninguém entende e realizar o que
ninguém mais pode realizar.
27
C a p ít u lo 4
A IN T E L IG Ê N C IA ESPIRITUAL
DE D A N IE L

Davi não foi o único que se beneficiou da


inteligência espiritual para ter êxitos e conquistas.
Nos momentos mais críticos de sua vida, em meio
ao exílio dos líderes israelitas na Babilônia, Daniel
também demonstrou ser uma pessoa iluminada e
guiada pelo Espírito de Deus.
Tendo sido deportado para a capital caldai-
ca, depois da invasão de Jerusalém pelos caldeus,
em 587 a.C., Daniel foi escolhido para servir na
corte junto com outros nobres judeus. Ali, eles
aprenderam a língua e os costumes babilônicos,
bem como os protocolos da corte, para servirem
a Nabucodonosor.
A integridade e a eficiência de Daniel eram tão
notórias que ele se destacou como administrador de
províncias e manteve sua posição de destaque na
corte mesmo após a derrota de Nabucodonosor pelo
rei medo-persa Dario, e deste pelo persa Xerxes.
Como? Isso parece difícil até nas empresas de
hoje. Quando um diretor, um gerente ou um chefe
29
IN T E L IG Ê N C IA ES P IR IT U A L

de seção é substituído por outro, o novo normal­


mente troca boa parte do quadro de funcionários
pelos de sua confiança; só ficam os excelentes. Este
era o caso de Daniel. Mas o segredo dele pode ser
vislumbrado logo no início da narrativa: sua inteli­
gência espiritual, seu caráter reto e sua fidelidade a
Deus independente das circunstâncias adversas.
Por que afirmamos isto? Porque assim que
Daniel e outros jovens judeus, nos quais não havia
defeito algum, formosos de aparência, e instruídos
em toda a sabedoria, e sábios em ciência, e enten­
didos no conhecimento, com habilidade para viver
no palácio do rei, a fim de que fossem ensinados
nas letras e na língua dos caldeus (Daniel 1.4), fo­
ram levados à corte, foi-lhes determinado que co­
messem a ração de cada dia, da porção do manjar
do rei e do vinho que ele bebia durante três anos,
para que no fim deles pudessem estar diante do rei
(v. 5). No entanto, Daniel assentou no seu coração
não se contaminar com a porção do manjar do rei,
nem com o vinho que ele bebia (v. 8).

Vendo além das aparências

Embora o manjar do rei fosse o que havia de


melhor na culinária da época, Daniel viu o que os
demais jovens não perceberam: o perigo de ingerir
30
Silas Malafaia

comidas consagradas aos ídolos pagãos cultuados


pelos babilônicos, então assentou no seu coração, de­
cidiu convictamente, não se contaminar com a porção
do manjar do rei, nem com o vinho que ele bebia.
Para o jovem judeu o perigo de comer o man­
jar do rei não consistia apenas em ingerir comida
consagrada a ídolos, pois o ídolo nada é no mundo
e não há outro Deus, senão um só (1 Coríntios 8.4).
Bastaria a Daniel não perguntar a origem do ali­
mento e consagrá-lo a Deus pela oração, antes de
ingeri-lo (1 Coríntios 10.25- 28). Contudo, ele viu
um perigo ainda maior de participar da mesa do rei:
deixar-se seduzir pela beleza, pelos prazeres, pelas
facilidades, pelo sistema de crenças e valores da
corte (representados pelo rei babilônico), esquecen­
do-se de sua aliança com Deus e tendo comunhão
com tudo o que era contrário à lei divina. Assim,
enquanto a maioria dos jovens ficou feliz de comer
refeições e beber vinho de primeira, Daniel preferiu
alimentar-se com legumes e beber água.

Discernindo o que fazer

Mas não foi fácil para Daniel convencer As-


penaz, o chefe dos eunucos, a permitir que ele e
seus três amigos (Azarias, Misael e Hananias) se
alimentassem de modo diferenciado dos demais
31
IN T E L IG Ê N C IA ESPIR IT U A L

jovens cativos. E se adoecessem? O que o eunuco


diria ao rei? Como lhe contaria que descumpriu
as ordens deste? Na época, a desobediência a um
soberano implicava a morte do servo.
Mais uma vez Daniel demonstrou ter sabedo­
ria do alto, ao propor ao despenseiro a quem As-
penaz havia incumbido de cuidar da alimentação
dos quatro jovens judeus:

Experimenta, peço-te, os teus servos dez


dias, fazendo que se nos dêem legumes a comer
e água a beber. Então, se veja diante de ti a
nossa aparência e a aparência dos jovens que
comem a porção do manjar do rei, e, conforme
vires, te hajas com os teus servos.
Daniel 1.12,13

Informa o texto bíblico que o despenseiro


os experimentou durante dez dias e que, ao fim
desse período, pareceram os seus semblantes
melhores; eles estavam mais gordos do que
todos os jovens que comiam porção do manjar
do rei (v.15). Vendo o despenseiro que a a li­
mentação fizera bem a eles, permitiu que con­
tinuassem comendo legumes e bebendo água,
enquanto os demais se banqueteavam com as
finas iguarias do rei.
32
Silas Malafaia

Recebendo graça, sabedoria e


reconhecimento

E qual foi o resultado prático desse posicio­


namento correto de Daniel e de seus três amigos?
Como o Senhor reagiu à atitude ousada deles?
Primeiro, deu Deus à Daniel graça e misericórdia
diante do chefe dos eunucos (Daniel 1.9), a fim de
que este aceitasse a proposta de Seu servo. Depois,
no fim da prova, a esses quatro jovens Deus deu
o conhecimento e a inteligência em todas as letras
e sabedoria; mas a Daniel deu entendimento em
toda visão e sonhos (v. 17).
Você pensa que a bênção de Deus acabou
por aí? Não!

E, ao fim dos dias em que o rei tinha dito


que os trouxessem, o chefe dos eunucos os
trouxe diante de Nabucodonosor. E o rei falou
com eles; e entre todos eles não foram achados
outros tais como Daniel, Hananias, Misael e
Azarias; por isso, permaneceram diante do rei.
E em toda matéria de sabedoria e de inteligên­
cia, sobre que o rei lhes fe z perguntas, os achou
dez vezes mais doutos do que todos os magos
ou astrólogos que havia em todo o seu reino.
Daniel 1.18-20
33
in t e l ig ê n c ia e s p ir it u a l

Vale a pena ser fiel ao Senhor e confiar npie.


^ f azendo o que é certo, porque Ele premia quem o
respeita e lhe obedece.

Discernim ento e revelações extras

Deus sabia que aqueles quatro jovens temen­


tes a Ele precisariam de inteligência, sabedoria, dis­
cernimento, orientação e graça para sobreviverem
aos desafios na corte babilônica. Ali, havia tenta­
ções, idolatria, adversários, complôs. Só o poder
JJ de Deus para guardá-los do mal e sustentá-los.
Quer um exemplo? No capítulo 2 de Daniel,
somos informados de que Nabucodonosor teve
um sonho perturbador e esqueceu-o. Então ele
convocou todos os sábios da corte, a fim de que
adivinhassem o sonho e seu significado. Como
ninguém se mostrou capaz de tal façanha, o rei
decretou a morte de todos os sábios.
Quando Daniel soube, clamou ao rei que lhe
desse tempo para poder interpretar. O rei acatou o
pedido. Daniel foi para casa orar, pedir ao Senhor
^ m isericórdia e a revelação de que precisava. Então,
foi revelado o segredo a Daniel numa visão de noite;
e Daniel louvou o Deus do céu (Daniel 2.19).
Sabe o que aconteceu? O rei reconheceu que
o Deus de Daniel era superior aos adorados na
34
Silas Malafaia

Babilônia, que Daniel era realmente uma pessoa


de visão espiritual, um sábio, deu-lhe presentes
e o nomeou governador de toda a província da
Babilônia.
No capítulo 3, é narrado o episódio em que
os três amigos de Daniel são lançados numa forna­
lha porque, por fidelidade a Deus, recusaram-se a
prostrar-se diante de uma estátua que o imperador
ordenara que todos adorassem.
Eles não se intimidaram diante da pena de
morte; antes, deram um testemunho tremendo de
sua fé quando disseram a Nabucodonosor: o nosso
Deus, a quem nós servimos. é que nos pode livrar:
ele nos livrará do forno de fogo ardente e da tua
mão, ó rei. E, se não, fica sabendo. ó rei. que não
serviremos a teus deuses nem adoraremos a estátua
de ouro que levantaste (Daniel 3.17,18).
Por causa disso, eles foram lançados no fogo,
mas não_se queimaram p-orque-Deus enviou-o
)()quarto homem para guardá-los.
O rei ficou perplexo, mas foi obrigado a re-
conhecer o poder e a soberania do Altíssimo, e
nomeou os três jovens como superintendentes das
províncias sob domínio babilônico.
Sabe por que Nabucodonosor concedeu
autoridade a Daniel e a seus três amigos? Porque
percebeu que eles eram competentes, íntegros e
35
IN T E L IG Ê N C IA ESPIR IT U A L

tinham inteligência espiritual e sabedoria, sobrepu­


jando muito os adivinhadores e os governadores
caldeus, uma "cambada" de incompetentes que o
bajulavam por interesse próprio.
O rei não era bobo. Ele sabia que precisava de ho­
mens como aqueles, servos do Dei is altíssimo, para ser
bem-sucedido em seu reinado. Então, honrou aqueles
judeus com cargos de liderança em seu império.
Isso é profético para a sua vida: se você husrar
a Deus em oração e em Sua Palavra, se for fiel a Fle_
em todo o tempo, q Senhor lhe dará inteligência,
sabedoria, graça e revelações tremendas. Você
será guiado pelo Espírito Santo. Verá oportunida­
des que ninguém mais vê.. Discernirá o tempo e
o modo certo de fazer as coisas. Fntenderá o que
ninguém mais entende e fará o que ninguém mais
faz. Então, mesmo em meio a crises, adversidades
e adversários, você vai crescer e será promovido,
ocupando patamares maiores em sua vida espirituaI,
pessoal e profissional.
O crescimento não se restringirá apenas a uma
área. Você se lembra de Daniel? Se você prosseguir
a leitura dos capítulos seguintes do livro dele, verá
que ele continuou tendo uma profunda comunhão
com o Altíssimo, e Ele lhe revelou coisas inimagi­
náveis relativas à sua vida, ao futuro de Israel e de
toda a humanidade.
36
Silas Malafaia

Busque a Deus. Peca-lhe sabedoria, discerni­


mento. inteligência espiritual para crescer na graça
e no conhecimento do Senhor! Isso lhe assegurará
escapes, livramentos, proteção, direção, convicção
de que Deus o ama, está com você, guiando-o em
toda a sua jornada.

37
C A P ÍT U L O 5
A IN T E L IG Ê N C IA ESPIRITUAL
DE PAULO

Além de Davi e de Daniel, o apóstolo Paulo


foi outro homem cheio de sabedoria e inteligência
espiritual que viu o que ninguém enxergou, dis­
cerniu o que ninguém sequer imaginou, entendeu
o que ninguém compreendeu e realizou o que
ninguém jamais fizera.
Quem diria que o perseguidor da Igreja de
Cristo se converteria, passaria a ser o missionário
•"^mais influente da história, plantando igrejas em
quase todo o mundo antigo, e escreveria mais^
da metade do Novo Testamento, deixando-nos 3
esclarecimentos importantíssimos acerca dos en-'*
sinamentos de Jesus e das leis de Deus?
Não foi à toa que o próprio apóstolo, pensan­
do a respeito da abrangente e profunda obra do
Senhor, dos Seus pensamentos e caminhos infini­
tamente mais altos do que os nossos, maravilhado,
declarou:
IN T E L IG Ê N C IA E S P IR IT U A L

^ Ó p rofundidade d a s riquezas, tanto da


sabedoria, como da ciência d e Deus! Quão inson-
dáveis são os se u s ju ízos, e quão inescrutáveis,
os s e u s caminhos! Porque quem compreendeu o
intento do Senhor? Ou quem fo i se u conselheiro?
Ou quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe
seja recom pensado? Porque dele, e por ele, e
para ele são todas a s coisas; glória, pois, a ele
^ eterna m en te . Amém!
Romanos 11.33-36

Paulo fez uma indagação semelhante em 1


Coríntios 2 .16a: Porque quem conheceu a mente
do Senhor, para que possa instruí-lo? Contudo,
no final do versículo, ele fez uma constatação
importante: Mas nós temos a mente de Cristo. E,
se a temos, podemos ser instruídos pelo Senhor e
•^receber dele revelações tremendas.
Essa instrução e revelação divina foi indispen­
sável para Paulo atingir a maturidade espiritual e
fazer a obra evangelísticã a ele confiada. Q uer um
exemplo?

D isce rn in d o a vo z do inim igo

Em Atos 16, é narrado um episódio crucial na


vida de Paulo e Silas, quando eles, por obediência
40
Silas Malafaia

à voz de Deus, foram evangelizar na Macedônia.


Atente para o relato de Lucas, o autor de Atos dos
apóstolos:

E Paulo teve, d e noite, uma visão em que


s e apresentava um varão da Macedônia e lhe ro­
gava, dizendo: Pa ssa à Macedônia e ajuda-nos!
E, logo depois d esta visão, procuram os partir
para a Macedônia, concluindo que o Senhor nos
cham ava para lhes anunciarmos o evangelho.
E, navegando d e Trôade, fom os correndo
em cam inho direito para a Samotrácia e, no dia
seguinte, para Neápolis; e dali, para Filipos, que
é a primeira cidade desta parte da Macedônia e
é um a colônia; e estivem os alguns dias nesta ci­
dade. No dia de sábado, saím os fora das portas,
para a beira do rio, onde julgávam os haver um
lugar para oração; e, assentando-nos, falam os
à s m ulheres que ali s e ajuntaram.
E um a certa mulher, cham ada Lídia, ven­
dedora d e púrpura, da cidade d e Tiatira, e que
f e r v i a a D eus, nos ouvia, e o Senhor lhe abriu o
coração para que estiv esse atenta ao que Paulo
dizia. D epois que fo i batizada, ela e a su a casa,
nos rogou, dizendo: S e haveis julgado que eu
seja fie l ao Senhor, entrai em minha casa e ficai
ali. E nos constrangeu a isso.

~41
IN T E L IG Ê N C IA ES PIR IT U A L

E aconteceu que, indo nós à oração, nos


saiu ao encontro umajovem que tinha espírito de
adivinhação, a qual, adivinhando, dava grande
lucro aos seus senhores. Esta, seguindo a Paulo
e a nós, clamava, dizendo: E stes homens, que
nos anunciam o caminho da salvação, são ser­
vos do Deus Altíssimo. E isto fe z ela por muitos
dias. Mas Paulo, perturbado, voltou-se e disse
ao espírito: Em nome de Jesus Cristo, te mando
que saias dela. E, na mesma hora, saiu.
Atos 16.9-18

Um cristão carnal ficaria lisonjeado de ser


reconhecido e honrado publicamente como um
servo do Deus altíssimo, que anunciava o caminho
da salvação, por uma cidadã conhecida, respeitada
e ouvida numa cidade idólatra. Paulo, contudo,
sendo um homem espiritual, ficou perturbado
com aquela declaração vinda de uma mulher que
tinha espírito de adivinhação e dava lucro aos seus
senhores com este ofício.
O apóstolo viu e discerniu o que ninguém
mais o fez: quem estava por trás daquela jovem,
um demônio, e rejeitou o testemunho do diabo
porque, neste caso, mesmo falando a verdade so­
bre Paulo e Silas, ainda se tratava do inimigo de
Deus armando um laço para aqueles evangelistas
42
Silas Malafaia

ficarem vaidosos, agirem por conta própria ou não


atentarem para o demônio que escravizava aquela
jovem e orientava a vida de muitas pessoas que lhe
davam ouvidos em Filipos.
Em suma, embora parecesse bom, o testemunho
dado por aquela mulher visava impedir a obra do
Senhor naquela cidade. Mas isso caiu por terra.
Paulo ficou perturbado, incomodado com
aquela mulher. Ele sabia que o Senhor não é Deus
de confusão; é de paz. A ausência de paz serviu de
alerta para o apóstolo de que havia alguma coisa
errada. Então, provavelmente, ele orou, e o Senhor
lhe revelou a origem daquela angústia: um espí­
rito de adivinhação fazia aquela mulher declarar
a identidade dos discípulos de Jesus e o objetivo
deles naquela cidade. Paulo, então, repreendeu
aquele demônio, e a mulher ficou liberta de seu
opressor.
Como é que Paulo discerniu a voz do inimigo?
O apóstolo tinha a mente He Cristo. Podia ver,
discernir, entender o que o homem natural não
poderia.

Agindo com inteligência

Depois de Paulo libertar a jovem da ação do


demônio que a dominava, os senhores dela ficaram
IN T E L IG Ê N C IA ES PIR IT U A L

com raiva porque perderam a fonte de lucro, então


acusaram Paulo e Silas de serem perturbadores
da ordem pública. Resultado: estes foram açoita­
dos em praça pública e presos por algum tempo.
Mas Deus enviou um terremoto àquela cadeia, o
carcereiro e toda a sua família se converteram a
(Zristo, Paulo e^Silas foram soltos, os magistrados
tiveram de pedir perdão a eles, e o testemunho dos
servos de Deus foi conhecido em Filipos e todas
as cidades ao redor.
A inteligência espiritual nos faz entender quan-
> do é a hora de agir. Paulo discerniu a causa do
problema. Mas não apenas isso; ele agiu de modo
prático e eficaz, para solucionar a questão. Fez o
que ninguém faria. A atitude do apóstolo Paulo foi
de extrema ousadia, de quem tem plena confiança
no que está fazendo, de quem possui inteligência
espirituall
Tem gente que precisa acabar com coisas
paue estão trazendo perturbação à sua vida. Pode
ser um relacionamento conturbado, um v ício,
uma mania, um negócio que está levando tudo o
que ela tem, um emprego que está roubando sua
alegria de viver. Há coisas em que ela precisa pôr
um ponto final, mas, por medo, apatia ou falta de
^ v isão espiritual, está dando corda ou "empurrando
com a barriga".
44
Silas Malafaia

Se este é o seu caso, ore a Deus. Escute o que


o Espírito Santo está dizendo a você: "acabe com
isso!" Não é acabar por acabar, de qualquer jeito.
Peça sabedoria para discernir o modo e a hora cer­
ta de agir. Ele terá prazer de atendê-lo e guiá-lo à
solução desse problema. No início, pode até haver
uma crise. Muita gente pode ficar aborrecida, mas
terá de ser feito. E a vitória é certa e redundará em
y^rr\elhora de vida para você e em glória para Deus.

Discernindo a vontade de Deus

A inteligência espiritual também nos faz dis­


c e r n ir o que nos é dito.
A questão principal não é o que está sendo
dito a nós ou sobre nós, é quem está falando e a
finalidade dele por trás disso.
Você fica impressionado com as "profetadas",
"visagens" e "revelamentos" de alguém que afirma
falar em nome de Deus, mesmo se ele não tiver o
fruto do Espírito em sua vida, se der mau testemu­
nho e se o Espírito Santo não testificar aquilo ao
seu coração?
Como é possível saber se uma pessoa que diz
a verdade está a serviço de Deus ou não? Subme­
tendo-se a Deus! Orando, jejuando, buscando a
face do Senhor, lendo a Palavra, tendo uma vida
em conformidade com a lei de Deus. Então, o Espírito
Santo lhe dará discernimento para rejeitar tudo o
^ que tem origem demoníaca e visa perturbá-lo e
tirá-lo do caminho da salvação!
C a p ít u l o 6
Resu ltad o s d a in t e lig ê n c ia
ESPIRITUAL

Em Colossenses 1.9-12, Paulo comunica aos


irmãos o conteúdo de suas orações em favor deles:

Por esta razão, nós também, desde o dia


em que o ouvimos, não cessamos de orarpor vós
e de pedir que sejais cheios do conhecimento da
sua vontade, em toda a sabedoria e inteligência
espiritual; para que possais andar dignamen­
te diante do Senhor, agradando-lhe em tudo,
frutificando em toda boa obra e crescendo no
conhecimento de Deus; corroborados em toda
a fortaleza, segundo a força da sua glória, em
toda a paciência e longanimidade, com gozo,
dando graças ao Pai, que nos fe z idôneos para
participar da herança dos santos na luz.

De acordo com esse texto, a inteligência es­


piritual, além de assegurar que você veja o que
ninguém vê, consiga discernir o que ninguém dis­
cerne, entenda o que ninguém entende e faça o que
47
In t e l ig ê n c ia e s p ir it u a l

ninguém faz, leva-o a andar dignamente diante do


Senhor; agradando-lhe em tudo, a frutificar em toda
boa obra; a crescer no conhecimento de Deus, a
ser fortalecido espiritualmente pelo Senhor, a ter
longanimidade e gozo, a ser grato a Deus por Ele o
ter feito idôneo, íntegro, para participar da herança
dos santos na luz.
Se você deseja ter a mente de Cristo e inteli­
gência espiritual para andar dignamente e vencer
na vida, precisa orar, pedindo a Deus para revesti-
lo com o Espírito Santo e a sabedoria do alto. Foi
isso que nos orientou Tiago (1.5-7):

Se algum de vós tem falta de sabedoria,


peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e
não o lança em rosto; e ser-lhe-á dada. Peça-a,
porém, com fé, não duvidando; porque o que du­
vida é semelhante à onda do mar, que é levada
pelo vento e lançada de uma para outra parte.
Não p en se tal homem que receberá do Senhor
alguma coisa.

Sabe por que você deve buscar a sabedoria


do alto? Porque a sabedoria que vem do alto é,
primeiramente, pura, depois, pacífica, moderada,
tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem
parcialidade e sem hipocrisia (Tiago 3.17).
Silas Malafaia

Vejamos, então, alguns resultados da inteligência


espiritual listados por Paulo em Colossenses 1.9-12,
tais como a integridade, que implica andar dignamente
diante do Senhor, agradando-lhe em tudo; a maturi­
dade cristã, que implica crescer no conhecimento de
Deus, ser fortalecido espiritualmente, ter paciência e
alegria para enfrentar as adversidades, frutificar em
toda boa obra, e ser grato a Ele por fazer-nos idôneos
para participar da herança dos santos na luz.

Integridade

^ .P Que é integridade? E qualidade de quem


é reto, honesto, incorruptível; de alguém cujas
atitudes, decisões e escolhas são baseadas em um
código de valores e princípios éticos e morais.
O íntegro costuma ser sincero, transparente,
observar a lei, cumprir com suas obrigações, honrar
sua palavra.
Integridade, retidão e justiça são qualidades
indispensáveis daqueles que foram regenerados
espiritualmente, têm a mente de Cristo e demons­
tram possuir inteligência espiritual.
No Salmo 15.1 (a r a ), há um importante ques­
tionamento: Quem, SENHOR, habitará no teu ta-
bernáculo? Quem há de morar no teu santo monte?
A resposta está nos versículos seguintes (2-5 a r a ):
49
In t e l ig ê n c ia e s p ir it u a l

que vive com integridade, e pratica a


ju stiça, e, de coração, fala a verdade; o que não
difama com sua língua, não fa z mal ao próximo,
nem lança injúria contra o seu vizinho; o que,
a seu s olhos, tem por desprezível ao réprobo,
jn a s honra aos gue temem ao SENHOR; o que
j ura com dano próprio e não se retrata; o que
não empresta o seu dinheiro com usura, nem
aceita s uborno contra o inocente. Quem deste
modo procede não será jam ais abalado.

Em outras palavras, quem é reto, justo, puro;


quem demonstra ter integridade, o caráter de Deus!
Foi por isto que o autor do Salmo 25.21 pediu:
Guardem-me a sinceridade e a retidão. Ele sabia que
quem anda em integridade anda seguro (Provérbios
10.9 a r a ); que a integridade dos retos os guia [por
um caminho direito] (Provérbios 11.3 a r a ); que o
quq anda em integridade será salvo [do mal] (Pro-
vérbios 28.18 a r a ), e vive para ver sua descendência
(Provérbios 20 .7); que a integridade permite ao justo
reconhecer o caráter justo, benigno e bondoso do
Senhor e louvá-lo (Salmo 11 9 .7a r a ).
Se você for uma pessoa com inteligência
espiritual cultivará valores como a fidelidade, a
sinceridade, a retidão, a compaixão, e demonstrará
ter integridade.
50
Silas Malafaia

Longanim idade, gozo e gratidão

Quando informou os cristãos de Colosso de


que havia orado por eles, pedindo que Deus lhes
desse sabedoria e inteligência espiritual, Paulo
enfatizou que um dos objetivos era que tivessem
longanimidade, gozo e gratidão.
O que é longanimidade? E o mesmo que
paciência, constância de ânimo, .que nos leva a
suportar as ^flições com esperança de que tudo
^ erá solucionado no tempo oportuno.
A paciência nos impede de emitir juízos preci­
pitados, de vingar a nós mesmos, de cometer muitas
injustiças e de perder aquilo que estava destinado a
nós. E uma qualidade fundamental do cristão; um
gomo do fruto do Espírito (Gálatas 5.22).
A alegria também o é. Ela melhora nosso sis­
tema imunológico e protege o nosso emocional
contra as investidas de Satanás; daí a recomenda­
ção em Neemias 8.10:

Ide, e comei a s gorduras, e bebei as


doçuras, e enviai porções aos que não têm
nada preparado para si; porque e s s e dia é
consagrado ao nosso Senhor; portanto, não
vos entristeçais, porque a alegria do SENHOR
é a vossa força.

51
IN T E L IG Ê N C IA ES PIR IT U A L

E a gratidão? Indica satisfação interior devido


ao reconhecimento de benefício, auxílio ou favor
recebido de outrem.
A pessoa grata normalmente tem uma visão equi­
librada da vida, pois sabe que esta não é feita só de
infortúnios; também há favores que excedem as nossas
expectativas. Assim, ela costuma valorizar o dom da
vida, do amor, da amizade, da salvação: costuma ser
•^Votimista em relação ao futuro e aproveitar as oportu­
nidades que a vida lhe oferece, mostrando-se alegre,
pois vê-se como alguém afortunado, e atrai para si
mais favor de Deus e dos outros.
Atente para a recomendação de Paulo em
1 Tessalonicenses 5.16-19 ( n t l h ):

Estejam sempre alegres, orem sempre e se ­


jam agradecidos a Deus em todas as ocasiões.
Isso é o que Deus quer de vocês por estarem
unidos com Cristo Jesus. Não atrapalhem a
ação do Espírito Santo.

E a do autor da carta aos Hebreus (12.28 n t l h ):

^ Sejamos agradecidos, pois já recebemos


um Reino que não pode ser abalado. Sejamos
agradecidos e adoremos a Deus de um modo
que o agrade, com respeito e temor.

52
Silas Malafaia

Que tenhamos inteligência espiritual para


cultivar e demonstrar nossa gratidão a Deus por
tudo o que somos, temos e fazemos para a glória
do nome dele, reconhecendo que, apesar de mere­
cermos a morte e a condenação eterna, recebemos
^a salvação como um dom gratuito do Senhor, por
‘ntermédio de Cristo lesus! /Vr*wn /

Maturidade

Em Colossenses 1.10-12, Paulo enfatizou


que um dos propósitos de Deus dar sabedoria e
inteligência espiritual aos cristãos era para eles
crescerem no conhecimento de Deus, andarem
^ dignamente e frutificarem em toda boa obra. Isso
requer maturidade cristã.
Uma pessoa madura normalmente reconhece
suas características e habilidades e sabe utilizá-
las em prol de seus objetivos; possui convicções
acerca do que pensa e almeja, não nutrindo tantas
ilusões, porque já tem certa vivência para discernir
Vi

o real do utópico e dimensionar as conseqüências


de gscolhas e atitudes erradas; daí alguém com
maturidade ter uma visão mais realista sobre a
v id a e as pessoas, ter mais sabedoria, paciência,
serenidade para enfrentar críticas, oposicões e
situações adversas.
~53~
in t e l ig ê n c ia e s p ir it u a l

-A7 O crescimento espiritual e a maturidade cristã


dependem da comunhão com Deus, da obediência
à Sua Palavra e às Suas orientações ao longo de
toda a caminhada cristã.
O crente maduro não age segundo a opinião dos
outros, as circunstâncias, nem baseado em sua própria
intuição, em seus sentimentos e em suas vontades.
J j Age segundo princípios revelados na Palavra de Deus.
Essa é uma das características principais daquele que
possui inteligência espirituall
Para uma pessoa que lê a Bíblia sistematica­
mente, freqüenta a igreja evangélica e tem um vasto
conhecimento sobre as doutrinas cristãs, parece
estranho afirmar que apenas os espirituais têm
maturidade para discernir realmente o que Deus
preparou para Seus escolhidos; afinal, a inteligên­
cia humana dela lhe permite compreender certos
conceitos, princípios e profecias bíblicas. Contudo,
o sentido mais profundo, espiritual, da Palavra de
jflDeus só pode ser alcançado pela revelação do
Espírito Santo. E, a menos que ela tenha entregado
sua vida a Cristo, ainda não possui inteligência
espiritual e maturidade para discernir aquelas
coisas como elas realmente são. Lembra-se de que
Paulo afirmou que as coisas espirituais se discernem
espiritualmente e que elas só podem ser comparadas
com as espirituais?
54
Silas Malafaia

Uma pessoa não cristã até consegue diferenciar


quem é realmente convertido a Cristo e quem se diz
cristão, mas não é, pelas atitudes, palavras, escolhas
destes. Entretanto, ela não conseguirá entender o
significado mais profundo dessa transformação que
^ ocorre no interior de quem foi liberto e regenerado por
Cristo. Sabe por quê? Porque ela não passou por esse
processo e não tem o Espírito Santo como intérprete.
Então, é como se Deus falasse uma língua que ela não
pode entender por não possuir um "decodificador" (o
Espírito Santo), que traduza aquele conteúdo para o
entendimento dela.
Aliás, não é apenas quem não é cristão que não
entende a realidade espiritual, o cristão carnal também
não compreende porque não permite que sua mente
seja dominada pelo Espírito, então não consegue cres­
cer espiritualmente nem ter seu conhecimento sobre
o^enhor e a realidade espiritual ampliado.
Muitos ignoram que, para alguém ser consi­
derado espiritual não é necessário uma formação
em teologia, ter p h d em divindade, ser pastor ou
um líder eclesiástico. Isso não credencia ninguém
como espiritual. A única condição para ser uma
.^pessoa espiritual é ter nascido de novo e ter o
Espírito Santo como intérprete e guia.
Você se lembra do episódio narrado em João
3.1-13? Nicodemos, um importante líder religioso
in t e l ig ê n c ia e s p ir it u a l

judeu, foi ter com Jesus, dizendo-lhe que sabia que


Ele era um Mestre enviado por Deus por causa dos
sinais que este havia operado. Jesus confrontou
Nicodemos: Na verdade, na verdade te digo que
aquele que não nascer de novo não pode ver o
Reino de Deus (v. 3). Em outras palavras: "Como
você pode, de fato, saber alguma coisa espiritual
sem, antes, ter sido regenerado?"
Como estudioso das Escrituras, Nicodemos
percebeu que o ensino, os milagres e os sinais
operados por Jesus tinham o selo da autoridade
divina. Mas Jesus advertiu Nicodemos de que essa
percepção humana não era suficiente para ele ver
o Reino de Deus. O líder religioso precisava nascer
de novo, e este nascimento seria operado sobrena­
turalmente (nascer da água e do Espírito).
Nicodemos indagou: Como pode um homem
nascer, sendo velho? Porventura, pode tornar a entrar
no ventre de sua mãe e nascer? (v. 4) Jesus disse que
não era esse tipo de nascimento natural a que Ele se
referia, enfatizando que o que é nascido da carne é
carne, e o que é nascido do Espírito é espírito (v. 6).
Nicodemos tornou a perguntar: Como pode ser
isso? (v. 9) E Jesus retrucou: Tu és mestre de Israel e
não sabes isso? Se vos falei de coisas terrestres,
e não crestes, como crereis, se vos falar das
celestiais? (v. 10,12).
56
Silas Malafaia

Vendo o invisível e entendendo o


incompreensível

A realidade espiritual é de difícil representação


para nós, que vivemos num mundo material (e cada
vez mais materialista e imediatista). Nós temos uma
parte imaterial (a alma e o espírito) que tem sede de
Deus, mas temos um corpo físico, com necessidades
materiais e sujeito a estímulos do meio em que estamos
inseridos (estímulos visuais, auditivos, táteis, olfativos,
palatais). Interagimos com o nosso meio e uns com os
outros. Nossas escolhas e decisões normalmente são
jfrfruto do que aprendemos com nossos pais, com nossos
educadores e com nossas experiências pessoais.
Apesar de Deus ter-nos dotado de múltiplas
inteligências para aprendermos e crescermos como
homens naturais, Ele espera que, por meio da co­
munhão com Ele, tenhamos também_outro_tip^
de inteligência,, a espirituaI. a fim de atingirmos a
estatura (espiritual) de Cristo, e assim possamos ser
transformados de glória em glória em Seus filhos,
^ p a ra desfrutar da vida eterna e do Reino de Deus,
que não é comida nem bebida, mas justiça, e paz,
e alegria no Espírito Santo (Romanos 14.17).
Deus é Espírito Qoão 4.24a), por isso Ele se comu­
nica com nosso espírito, testificando e desvendando a
este a realidade espiritual comunicada em Sua Palavra
57
In t e l ig ê n c ia e s p ir it u a l

(ver Romanos 8.16). O espírito do homem é a lâmpada


do SENHOR, a qual esquadrinha todo o mais íntimo
do corpo (Provérbios 20.27 a r a ).
Agora atente para o que Jesus disse em João
6.63: O espírito é o que vivifica. a carne para nada
aproveita; as palavras que eu vos disse são espírito e
vida. Deus se comunica conosco, com nosso espírito,
por meio da Sua Palavra, daí a necessidade de a estu­
darmos e crermos nela; assim, o Senhor abrirá nosso
entendimento e nos descortinará essa realidade maior
(a espiritual), fazendo-nos compreender as verdades
e os princípios eternos que regem o universo, e nos
amoldará à imagem de Cristo, de modo que possa-
yfrmos crescer e herdar Seu Reino, como m-hprHpimc;
de Seu Filho amado (Romanos 8.17).
Jesus disse: Se vós permanecerdes na minha
palavra, verdadeiramente, sereis meus discípulos
e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará
floão 8.31.32).
A Palavra traz fé. salvação, cura, libertação,
purificação, fortalecimento, consolação, luz, enten­
dimento, sabedoria, direção, vivificacão (ver Salmos
119.25.28.41.50.105.169). Ela e a verdade (loão
17-17). Ela permite ao homem uma visão mais rea­
lista sobre Deus, sobre si mesmo, seu semelhante e
Qjriundo. Ela não volta vazia (Isaías 55.11) porque
cumpri-la (Ieremias 1.12).
Silas Malafaia

-^7 Você deseja ter inteligência espiritual? Quer


ter sabedoria divina, a mente de Cristo, para ver
além do problema e encarar as lutas e desafios da
vjda com fé e otimismo, certo de que o Senhor está j
ao seu lado e lhe dará a vitória total? ftWm v
^ l_eia a Palavra de Deus. Entregue o controle
da sua vida a Jesus. Permita que o Espírito Santo o
Ijberte, transforme, assenhoreie-se da sua vontade,
governe seu ser. Só assim você experimentará a
alegria da salvação, saberá qual é a boa. perfeita
e agradável vontade do Senhor para a sua existên-
cia, caminhará seguro pela estrada da vida cristã
e herdará o céu e todas as bênçãos destinadas aos
fi|hõTde Deus, g> ^
O nosso propósito com esta mensagem não é
amedrontá-lo; é conscientizá-lo da existência do
mundo espiritual, que tem preponderância sobre o
material, a fim de que você se prepare para o dia
em que todos nós prestaremos conta ao Criador do
que tivermos escolhido ser e fazer.

.Ore comigo:

"Senhor, a Tua Palavra diz que, sem Cristo, es­


tamos mortos para Ti devido aos nossos delitos e
pecados (Efésios 2.1 -5), mas que, ao aceitarmos Jesus
como nosso Senhor e Salvador, somos vivifiçados,
59
In t e l ig ê n c ia e s p ir it u a l

regenerados espiritualmente, a fim de ter com u­


nhão contigo e vida abundante.
Em nome de Teu Filho amado, abre o meu
entendimento para eu compreender a Tua vontade
e o Teu plano de salvação. Aceita-me como Teu.
Perdoa-me e purifica-me de meus pecados. Escreve
meu nome no Livro da Vida. Reveste-me do Teu
Espírito e dá-me sabedoria e inteligência espiritual para
eu crescer em graça e conhecimento, ter maturidade
e dar muitos frutos, para a glória do Teu nome!" fW m /

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