Você está na página 1de 14

01/10/2020 A ONDA QUE NÃO SE DEIXA LER: COMENTÁRIO SOBRE UM CONTO DE CALVINO – Samuel Rezende – Litcult

A ONDA QUE NÃO SE DEIXA Revistas


LER: COMENTÁRIO SOBRE
LitCult <
http://litcult.net/category/revist

UM CONTO DE CALVINO – litcult/>

Samuel Rezende Mulheres e


Literatura <
http://litcult.net/category/mulh
A ONDA QUE NÃO SE DEIXA LER: COMENTÁRIO SOBRE UM CONTO
DE CALVINO

Samuel Rezende
Escritores
Universidade Federal de Minas Gerais
Adalberto Rafael Guimarães (1) <

  https://litcult.net/tag/adalberto-

Resumo: Inicialmente, este ensaio discute o conceito de simulacro rafael-guimaraes/> Adelia

enquanto resistência a um modelo fixo de representação e identidade. Miglievich-Ribeiro (1) <


Em seguida, encaminha uma reflexão do filósofo Gilles Deleuze sobre a
https://litcult.net/tag/adelia-
divisão de Platão, naquilo que contribui para um recalque do simulacro,
miglievich-ribeiro/> Adenilson de
visto que o intuito de Platão era a seleção da imagem que se assemelha
à Ideia. Assim, o simulacro deve surgir enquanto resistência ao Barros de Albuquerque (1) <

semelhante, colocando-se como a própria dessemelhança, cujo https://litcult.net/tag/adenilson-

movimento nunca é o mesmo, mas sempre diferente. O conceito de de-barros-de-albuquerque/>

simulacro é então ligado ao de eterno retorno, àquilo que, Adolfo Caminha (1) <
contraditoriamente, sempre se torna outro. Finalmente, tendo como
https://litcult.net/tag/adolfo-
pano de fundo tal reflexão teórica, o artigo comenta o conto de Italo
caminha/> Adonay Custódia dos
Calvino “Leitura de uma onda”, do livro Palomar.
  Santos Moreira (1) <

Palavras-chave: Simulacro; Diferença; Calvino; Deleuze. https://litcult.net/tag/adonay-

  custodia-dos-santos-moreira/>
Abstract: This essay initially discusses the concept of simulacrum as
Adonias Filho (2) <
resisting to the fixed model of represenation and identity. Then, it follows
https://litcult.net/tag/adonias-
a reflection on the philosopher Gilles Deleuze on the division in Plato,
when it contributes to the idea of repression of the simulacrum, given filho/> Adélia Prado (1) <

that Plato’s intention was the selection of images similar to the Idea. So, https://litcult.net/tag/adelia-

simulacrum must be resist the similar, placing itself as its own prado/> Affonso Romano de

https://litcult.net/2016/09/04/a-onda-que-nao-se-deixa-ler-comentario-sobre-um-conto-de-calvino-samuel-rezende-2/ 1/14
01/10/2020 A ONDA QUE NÃO SE DEIXA LER: COMENTÁRIO SOBRE UM CONTO DE CALVINO – Samuel Rezende – Litcult

dissmilitude, whose movement is never the same, but always diferente. Sant'ana (1) <

The concept of simulacrum is then linked to that of eternal return, https://litcult.net/tag/affonso-


something that, contradictorily, always becomes another. Finally, having
romano-de-santana/> Alana
these discussions as its background, the article comments the short story
Yasmim dos Santos (1) <
“Leitura de uma onda”, from the book Palomar, by Ítalo Calvino.
  https://litcult.net/tag/alana-

Key-words: Simulacrum; Difference; Calvino; Deleuze yasmim-dos-santos/> Albert von

  Brunn (1) <

Minicurrículo: Samuel Rezende é aluno do mestrado em Teoria da


https://litcult.net/tag/albert-von-
Literatura e Literatura Comparada da Universidade Federal de Minas
brunn/> Alessandra Teixeira (1) <
Gerais (UFMG), onde realiza pesquisa, financiada pela CAPES sobre a
poética do mineiro Eloésio Paulo. Graduou-se em Letras pela https://litcult.net/tag/alessandra-

Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL-MG), onde também realizou teixeira/> Alexandre de Oliveira

pesquisas de iniciação científica, “Mímesis na história: uma proposta de Fernandes (1) <

síntese” e “Modernidade e pós-modernidade: uma aproximação”, e https://litcult.net/tag/alexandre-


conclusão de curso, “Leituras simbólicas do feminino em três poetisas
de-oliveira-fernandes/> Aline de
hispano-americanas”.
Castro Costa Martins (1) <
 
  https://litcult.net/tag/aline-de-

A ONDA QUE NÃO SE DEIXA LER: COMENTÁRIO SOBRE UM CONTO castro-costa-martins/> Aline

DE CALVINO Menezes (1) <

 
https://litcult.net/tag/aline-
Samuel Rezende
menezes/> Aloísio de Azevedo (1)
Universidade Federal de Minas Gerais
  < https://litcult.net/tag/aloisio-

  de-azevedo/> Alphonsus

I – Delineamento teórico Guimaraens (1) <

As críticas à metafísica, à verdade, à representação e à identidade são https://litcult.net/tag/alphonsus-


alguns dos temas que, na segunda metade do século XX, ascenderam ao
guimaraens/> Alphonsus
primeiro plano de uma parte da reflexão filosófica. Tais críticas deram
Guimarães (1) <
ensejos a novas interpretações e lançaram um novo olhar sobre as
fundações do pensamento metafísico. Diante desse quadro, o https://litcult.net/tag/alphonsus-

pensamento de Platão, cujo primado é a fixação da verdade e da guimaraes/> Alvarenga Peixoto

identidade, tornou-se o ponto de partida de alguns pensadores da (1) <

filosofia da diferença.
https://litcult.net/tag/alvarenga-
Entre tais pensadores, Gilles Deleuze foi um dos que retornou a Platão,
peixoto/> Alvares de Azevedo
asseverando que “o projeto platônico só aparece verdadeiramente quando
(2) <
nos reportamos ao método da divisão” (DELEUZE, 2011, p. 259), ou seja, a
filosofia de Platão não tinha por intenção a divisão dos gêneros em https://litcult.net/tag/alvares-

espécies. Na verdade, a teoria das Ideias buscava distinguir o puro do de-azevedo/> Amanda da Silva
impuro, o verdadeiro do falso: Oliveira (1) <
O objetivo da divisão não é dividir um gênero em espécies, mas
https://litcult.net/tag/amanda-da-
selecionar linhagens, ou seja, distinguir o puro e o impuro, o autêntico do
silva-oliveira/> Ana Aparecida
inautêntico. A dialética platônica não é da contradição, mas da rivalidade
(DELEUZE, 2011, p. 260). Alves Pereira Oliveira (1) <

No quadro da metafísica platônica, o mundo inteligível é aquele que se https://litcult.net/tag/ana-

liga à pureza e ao autêntico, e o mundo sensível é aquele que comporta aparecida-alves-pereira-oliveira/>

as impurezas e as inautenticidades. Nesse marco divisório, ao sensível,


Ana Beatriz Affonso Penna (1) <
portanto, cabe uma conotação baixa, ou seja, é um mundo onde
https://litcult.net/tag/ana-beatriz-
somente há cópias e aparências, onde as coisas estão sempre em
mutação – e é no mundo sensível em que se encontra a poesia. É, affonso-penna/> Ana Bárbara

portanto, diante dessas cópias e aparências que o método de Platão Pedrosa (1) <

tratará de selecionar, separando aquilo que possui uma linhagem com https://litcult.net/tag/ana-

https://litcult.net/2016/09/04/a-onda-que-nao-se-deixa-ler-comentario-sobre-um-conto-de-calvino-samuel-rezende-2/ 2/14
01/10/2020 A ONDA QUE NÃO SE DEIXA LER: COMENTÁRIO SOBRE UM CONTO DE CALVINO – Samuel Rezende – Litcult

relação mais próxima à Ideia, daquilo que se distancia, que escapa à barbara-pedrosa/> Ana Carla

representação ideal, ou seja, o simulacro: Pacheco Lourenço Ferri (1) <


Sob esta condição que a divisão prossegue e atinge seu fim, que é não a
https://litcult.net/tag/ana-carla-
especificação do conceito, mas a autenticação da Ideia, não a
pacheco-lourenco-ferri/> Ana
determinação da espécie, mas a seleção da linhagem. (…) À busca do
lado do simulacro e de se debruçar sobre seu abismo, Platão, no clarão Claudia Pinheiro Dias Nogueira (1)

de um instante, descobre que não é simplesmente uma falsa cópia, mas < https://litcult.net/tag/ana-

que põe em questão a própria noção de cópia e de modelo (DELEUZE, claudia-pinheiro-dias-nogueira/>

2011, p. 261).
Ana Isabel Mendes Rosa Marques
O simulacro coloca-se como um problema para o método da divisão,
(1) < https://litcult.net/tag/ana-
pois ele abala a representação entre o modelo e a cópia. Não se liga a
nenhum dos dois, não é nem mesmo uma cópia falsa. Ele não visa à isabel-mendes-rosa-marques/>

imagem semelhante ou à imitação do modelo, ao contrário, produz uma Ana Paula A. dos Santos (1) <

dessemelhança, resistindo à representação. É um elemento que se esvai, https://litcult.net/tag/ana-paula-

que resiste, que não se deixar domar, sendo, portanto, difícil de codificar. a-dos-santos/> Andre Heloy Avila
É importante notar que, para Deleuze, na contramão da interpretação
(1) < https://litcult.net/tag/andre-
tradicional feita do pensamento de Platão, o decisivo não é a separação
heloy-avila/> Andressa Mariano
entre essência e aparência, mas entre cópia e simulacro. É dessa forma
que o pensamento de Deleuze se faz original, porque, para ele, a Gonçalez (1) <

primeira separação é apenas para escamotear a segunda: https://litcult.net/tag/andressa-

A motivação platônica consiste em [trata-se de, sic] selecionar os mariano-goncalez/> Angela

pretendentes, distinguindo as boas e as más cópias, ou antes, as cópias


Cristina Dias Rego Catonio (1) <
sempre bem fundadas e os simulacros sempre submersos na
https://litcult.net/tag/angela-
dessemelhança. Trata-se de assegurar o triunfo das cópias sobre os
simulacros, de recalcar os simulacros, de mantê-los encadeados no cristina-dias-rego-catonio/>

fundo, de impedi-los de subir à superfície e de se “insinuar” por toda Angélica Maria Alves

parte (DELEUZE, 2011, p. 262). Vasconcelos (2) <


Há, portanto, uma desqualificação do simulacro, uma forte tentativa em https://litcult.net/tag/angelica-
derrotá-lo, em mantê-lo submerso no mais profundo. Tal indiferença
maria-alves-vasconcelos/>
aparece porque o simulacro não possui, assim como a cópia, uma
António Ladeira (1) <
identidade que o ligue à Ideia. Essa identidade deve pressupor uma
imagem certeira entre essência e aparência, modelo e cópia, ou seja, “a https://litcult.net/tag/antonio-

cópia não parece verdadeiramente a alguma coisa senão na medida em ladeira/> Antônio Alcantara

que parece à Ideia da coisa” (DELEUZE, 2011, p. 262). Machado (1) <

Por sua vez, o simulacro quer o objeto, mas não o quer por meio da
https://litcult.net/tag/antonio-
ideia, ao contrário, o que quer é justamente subverter a imagem
alcantara-machado/> Antônio
semelhante enquanto cópia. Pode-se dizer que o simulacro, enquanto
Callado (2) <
resistência, abre uma fenda no interior da metafísica platônica, pois, o
que fazer com algo que é a própria dessemelhança e o próprio https://litcult.net/tag/antonio-

desequilíbrio? Enquanto a cópia possui uma imagem que se assemelha à callado/> Antônio Olinto (1) <
Ideia, o simulacro é justamente a imagem que não possui semelhança: https://litcult.net/tag/antonio-
A cópia é uma imagem dotada de semelhança, o simulacro, uma imagem
olinto/> Antônio Torres (1) <
sem semelhança. (…) O simulacro é construído sobre uma disparidade,
https://litcult.net/tag/antonio-
sobre uma diferença, ele interioriza uma dissimilitude. Eis porque não se
pode nem mesmo defini-lo com relação ao modelo que se impõe às torres/> Armando Freitas Filho (1)

cópias. Modelo do Mesmo do qual deriva a semelhança das cópias < https://litcult.net/tag/armando-

(DELEUZE, 2011, p. 263). freitas-filho/> Armando Gnisci (1)

A imagem que possui um caráter semelhante tende a ser sempre a


< https://litcult.net/tag/armando-
mesma, sempre a identidade. A fim de que se mantenha o mesmo, deve-
gnisci/> Artinésio Widnesse
se, portanto, recalcar qualquer traço que destitua a imagem de sua
proximidade com o modelo, ou seja, que a distancie de sua essência. Saguate (1) <

Modela-se, assim, a experiência, cuja sensação deverá ser a mesma, https://litcult.net/tag/artinesio-

nunca diferente. Na imagem semelhante, somente é possível widnesse-saguate/> Artur Emílio

https://litcult.net/2016/09/04/a-onda-que-nao-se-deixa-ler-comentario-sobre-um-conto-de-calvino-samuel-rezende-2/ 3/14
01/10/2020 A ONDA QUE NÃO SE DEIXA LER: COMENTÁRIO SOBRE UM CONTO DE CALVINO – Samuel Rezende – Litcult

experimentar o modelo, o mesmo que possui um liame essencial com a dos Santos Silva (1) <

Ideia. https://litcult.net/tag/artur-
De outro modo, o simulacro torna-se a imagem da dessemelhança,
emilio-dos-santos-silva/>
“imagem sem semelhança”, diz Deleuze. Sua construção é sobre aquilo
Assumpta Camps (1) <
que difere. Na tentativa platônica de codificar a cidade, o amor e as leis,
o simulacro, mais próximo do poético, aparece como o elemento que https://litcult.net/tag/assumpta-

não se deixa codificar, que resiste a se deixar apreender sob um sistema camps/> Aucilane Santos Aragão

que pretende o igual. Nesse sentido, apenas a título de exemplo, o choro (1) <

de Aquiles é o luminar do simulacro. O herói solar, forte e viril, desafiador


https://litcult.net/tag/aucilane-
de reis, vai até Tétis, sua mãe, chorar a prisão de Briseida, por Agamenon.
santos-aragao/> Augusto dos
O simulacro corrompe a ideia do mesmo, faz com que o grande
guerreiro chore a perda da amada. No interior da imagem do herói, forte Anjos (1) <

e viril, há, portanto, uma dessemelhança, o choro de Aquiles. É essa a https://litcult.net/tag/augusto-

diferença que envolve o simulacro, pois ele não permite, de certa forma, dos-anjos/> Auta de Souza (1) <

que o herói sustente sempre a mesma imagem, que seja sempre igual, https://litcult.net/tag/auta-de-
porque deve tornar-se outro, sempre:
souza/> Autran Dourado
Em suma, há no simulacro um devir-louco, um devir ilimitado, (…) um
(5) <
devir sempre outro, um devir subversivo das profundidades, hábil a
esquivar o igual, o limite, o Mesmo ou o Semelhante: sempre mais e https://litcult.net/tag/autran-
menos ao mesmo tempo, mas nunca igual. Impor um limite a este devir, dourado/> Azzurra Rinaldi
ordená-lo ao mesmo, torná-lo semelhante – e, para a parte que (1) <

permaneceria rebelde, recalcá-la o mais profundo possível, encerrá-la


https://litcult.net/tag/azzurra-
numa caverna no fundo do Oceano: tal é o objetivo do platonismo em
rinaldi/> Basilio da Gama (1) <
sua vontade de fazer triunfar os ícones sobre os simulacros (DELEUZE,
2011, p. 264). https://litcult.net/tag/basilio-da-

Então, se há no simulacro um devir que não possui um limite, ou seja, gama/> Beatrice Bonami Rosa (1)

que continua a se tornar sempre outro, tal conceito não parece distar < https://litcult.net/tag/beatrice-

muito do eterno retorno nietzschiano. Apesar de já se encontrar entre os bonami-rosa/> Beatriz


pré-socráticos, o conceito pressupunha, entre os primeiros pensadores,
Nascimento Teles (1) <
um caráter cíclico e seria, portanto, por meio de tal movimento que todas
https://litcult.net/tag/beatriz-
as coisas retornariam ao mesmo e ao idêntico. Na visão de Deleuze, a
originalidade de Nietzsche está em conceber o eterno retorno enquanto nascimento-teles/> Bernardo

intensidade, cujo movimento é capaz de produzir sempre aquilo que não Guimarães (1) <

é mais o mesmo, produzindo sempre o diferente: https://litcult.net/tag/bernardo-

O eterno retorno não é um ciclo, não supõe o Uno, o Mesmo, o Igual ou


guimaraes/> Caio Fernando
o equilíbrio. Não é o retorno do Todo, não é o retorno do Mesmo, nem
Abreu (3) <
retorno ao Mesmo. (…) O desigual, o diferente é a verdadeira razão do
https://litcult.net/tag/caio-
eterno retorno. É porque nada é igual e nem o mesmo; o eterno retorno
se diz somente do devir, do múltiplo. O eterno retorno constitui a única fernando-abreu/> Caio

unidade do múltiplo, a única unidade do que difere (DELEUZE, 2006, p. Vitor Marques Miranda (2) <
163-164). https://litcult.net/tag/caio-
Alinhado ao eterno retorno, o simulacro ganha força em sua resistência à
vitor-marques-miranda/>
tentativa de interpretação e de seleção. Não é possível fazer dele um
Caique Franchetto (1) <
conhecimento, ou ainda, uma experiência que seja universal, pois se
reveste de um manto indiscernível às configurações que pretendem à https://litcult.net/tag/caique-

igualdade. franchetto/> Camila Marchioro (1)

  < https://litcult.net/tag/camila-

     II – A onda que não se deixa ler


marchioro/> Carila Aparecida de
O conto “Leitura de uma onda” é uma das diversas histórias que
Oliveira (1) <
compõem o livro Palomar, de Ítalo Calvino. O título, além de ser o nome
do grande personagem dos contos inscritos no livro, é também o nome https://litcult.net/tag/carila-

de um observatório astronômico, que, por muito tempo, conteve o maior aparecida-de-oliveira/> Carina

telescópio do mundo. A ligação entre os nomes talvez não seja casual, Lessa (1) <

https://litcult.net/2016/09/04/a-onda-que-nao-se-deixa-ler-comentario-sobre-um-conto-de-calvino-samuel-rezende-2/ 4/14
01/10/2020 A ONDA QUE NÃO SE DEIXA LER: COMENTÁRIO SOBRE UM CONTO DE CALVINO – Samuel Rezende – Litcult

porque remete ao ato de observar. Tal como o observatório, que se fixa https://litcult.net/tag/carina-

nos astros, o senhor Palomar é um observador, que olha atentamente lessa/> Carlos Calenti (1) <
para o mundo. E no conto em questão, ele põe-se a observar e,
https://litcult.net/tag/carlos-
principalmente, a ler uma onda.
calenti/> Carlos Drummond de
O senhor Palomar encontra-se diante de uma praia e observa as ondas.
Ele não as contempla, ou seja, seu olhar não está completamente Andrade (1) <

absorto, porque está seguro quanto ao que se põe a fazer: quer apenas https://litcult.net/tag/carlos-

observar. Não pretende observar todas as ondas que surgem e se drummond-de-andrade/> Carlos

esvaem no mar. O que o senhor Palomar pretende é selecionar apenas


Nascimento Silva (1) <
uma simples onda para observá-la:
https://litcult.net/tag/carlos-
Em suma, não são “as ondas” que ele pretende observar, mas uma
simples onda e pronto: no intuito de evitar as sensações vagas, ele nascimento-silva/> Carmem Lúcia

predetermina para cada um de seus atos um objetivo limitado e preciso Negreiros de Figueiredo (1) <

(CALVINO, 1994, p. 7). https://litcult.net/tag/carmem-

Há a intenção de se fixar um objetivo que, pode-se dizer, vise à seleção lucia-negreiros-de-figueiredo/>


da melhor onda. A fim de que o procedimento não seja malogrado, as
Casimiro de Abreu (3) <
sensações vagas deverão ser evitadas e o delineamento, então, será
https://litcult.net/tag/casimiro-
estipular os limites precisos para o alcance do objetivo:
Como o que o senhor Palomar pretende fazer neste momento é de-abreu/> Cassiana Lima

simplesmente ver uma onda, ou seja, colher todos os seus componentes Cardoso (1) <

simultâneos sem descurar de nenhum, seu olhar se irá deter sobre o https://litcult.net/tag/cassiana-

movimento da água que bate na praia a fim de poder registrar os


lima-cardoso/> Castro Alves
aspectos que a princípio não havia captado; tão logo se dê conta de que
(5) <
as imagens se repetem, perceberá que já viu tudo o que queria ver e
poderá ir-se embora (CALVINO, 1994, p. 8). https://litcult.net/tag/castro-

A observação pretende tornar-se mais apurada, visto que o observador alves/> Cecília Meireles
quer atentar para os detalhes ainda não captados num primeiro (3) <
momento. A intenção é apreender, ou melhor, é reter uma imagem, o https://litcult.net/tag/cecilia-
modelo da onda. Pode-se dizer que o grande objetivo do senhor Palomar
meireles/> Celina Maria
seria, portanto, buscar a repetição das imagens. Assim que perceber que
Moreira De Mello (2) <
as imagens se repetem com todos os seus componentes simultâneos, a
ideia de onda estará fixada no mesmo, em sua identidade. https://litcult.net/tag/celina-

Dessa forma, o senhor Palomar busca organizar uma imagem que maria-moreira-de-mello/>

retenha todos os aspectos em sua totalidade, a fim de que se tenha a Ciro dos Anjos (1) <

ideia de onda. Ler uma onda, para o senhor Palomar, significa congelar
https://litcult.net/tag/ciro-dos-
uma imagem e, também, uma identidade, por isso, trata de limitar um
campo de observação, para que possa “levantar um inventário de todos anjos/> Clarice
os movimentos de ondas que ali se repetem com frequência variada dentro Lispector (11) <
de um dado intervalo de tempo” (CALVINO, 1994, p. 9). Não há dúvidas: https://litcult.net/tag/clarice
Palomar quer selecionar a melhor onda dentre todas. Esse movimento de
observação almeja a escolha da onda que se furte a qualquer movimento
lispector/> Claudia
que contradiga a ideia de onda tida por Palomar. Haverá, portanto, uma Vanessa Bergamin (1) <

imagem que deverá sobressair-se, será o modelo mais puro de onda. https://litcult.net/tag/claudia-

Apesar de todo o esforço e determinação do senhor Palomar, em sua vanessa-bergamin/> Cláudia


tentativa de observação e apreensão da pura imagem, a tarefa de
Cristina Ferreira (2) <
selecionar, isolar, arrastar, separar ou ainda interpretar uma onda não é
https://litcult.net/tag/claudia-
algo simples.
Isolar uma onda da que se lhe segue de mediato e que aparece às vezes cristina-ferreira/> Cláudia

suplantá-la ou acrescentar-se a ela e mesmo arrastá-la é algo muito Luna (1) <

difícil, assim como separá-la da onda que a precede e que parece https://litcult.net/tag/claudia-

empurrá-la em direção à praia, quando não dá até mesmo a impressão luna/> Cláudia Sabbag Ozawa
de voltar-se contra ela como se quisesse fechá-la (CALVINO, 1994, p. 7).
Galindo (1) <
A excisão que pretende Palomar é árdua porque as ondas com o fluxo

https://litcult.net/2016/09/04/a-onda-que-nao-se-deixa-ler-comentario-sobre-um-conto-de-calvino-samuel-rezende-2/ 5/14
01/10/2020 A ONDA QUE NÃO SE DEIXA LER: COMENTÁRIO SOBRE UM CONTO DE CALVINO – Samuel Rezende – Litcult

contínuo dos movimentos tendem sempre a rejeitarem uma imagem https://litcult.net/tag/claudia-

pronta e acabada. Assim, ao ver “uma onda apontar na distância, crescer, sabbag-ozawa-galindo/> Cláudio
aproximar-se, mudar de forma e de cor, revolver-se sobre si mesma,
Manuel da Costa (1) <
quebrar-se, desfazer-se” (CALVINO, 1994, p. 7), Palomar já não pode
https://litcult.net/tag/claudio-
apreendê-la. Isto porque é preciso considerar os diversos fatores que
contribuem para a formação de uma onda e que devem estar incluídos manuel-da-costa/> Coelho Netto

na leitura de Palomar: (1) <

Para se compreender como uma onda é feita, é necessário ter-se em https://litcult.net/tag/coelho-

conta esse impulso em direções opostas que em certa medida se


netto/> Cristiane Lira (1) <
contrabalançam e em certa medida se somam, e produzem um quebrar
https://litcult.net/tag/cristiane-
geral de todos os impulsos e contraimpulsos no mesmo alagar de
espuma (CALVINO, 1994, p. 9). lira/> Cristian Souza de Sales (1) <

Como, no entanto, poderia o senhor Palomar enquadrar a imagem de https://litcult.net/tag/cristian-

algo que possui impulsos e contraimpulsos?            Seria possível souza-de-sales/> Cristina da

observar o modelo Ideal daquilo cuja força está exatamente em se opor a Conceição Silva (1) <
si mesma? Para se compreender uma onda é necessário entender a
https://litcult.net/tag/cristina-da-
própria diferença que há nela mesma. Nesse sentido, parece haver nessa
conceicao-silva/> Cristina Ferreira
citação uma fina ironia da própria onda em relação ao observador, pois a
onda rechaça a compreensão por meio de uma observação que a quer Pinto-Bailey (1) <

idêntica, por ser formada por impulsos e contraimpulsos. Assim, a onda https://litcult.net/tag/cristina-

resiste à interpretação do senhor Palomar, pois seu impulso faz com que ferreira-pinto-bailey/> Cristina

assuma o caráter enigmático do simulacro, tornando-se algo que resiste


Gutiérrez Leal (1) <
ao domínio da interpretação ou à codificação. A onda, nesse caso, resiste
https://litcult.net/tag/cristina-
à leitura do senhor Palomar.
A resistência da onda tende a sugerir um verdadeiro jogo de gato e rato gutierrez-leal/> Cristina Susigan

em que, a todo o momento, parece haver uma fuga, como se algo (1) <

escapasse, tornando-se impossível de ser conquistado, apreendido ou https://litcult.net/tag/cristina-

ainda territorializado. Sendo assim, para se definir o modelo, haverá susigan/> Cyana Leahy-Dios (1) <
sempre alguma consideração a ser feita:
https://litcult.net/tag/cyana-
Mas todas as tentativas de definir este modelo devem levar em
leahy-dios/> Daiane Basílio de
consideração uma onda que sobrevém em direção perpendicular ao
quebra-mar e paralela à costa, fazendo escorrer uma crista contínua e Oliveira (1) <

apenas aflorante (CALVINO, 1994, p. 10). https://litcult.net/tag/daiane-

Contudo, “o senhor Palomar não perde o ânimo e a cada momento basilio-de-oliveira/> Dalton

acredita haver conseguido observar tudo o que poderia ver de seu ponto de
Trevisan (3) <
observação, mas sempre ocorre alguma coisa que não tinha levado em
https://litcult.net/tag/dalton-
conta” (CALVINO, 1994, p. 9), ou seja, no instante em que for considerada
trevisan/> Danglei de Castro
a direção perpendicular ao quebra-mar e paralela à costa, ainda haverá
uma consideração outra, pois a onda resistirá ao modelo e à Pedreira (1) <

interpretação da consideração anterior e, portanto, já não será mais a https://litcult.net/tag/danglei-de-

mesma, exigindo que novos elementos sejam avaliados: castro-pedreira/> Daniele


Ao mesmo tempo precisa-se considerar as reentrâncias da frente, em que
Fernanda Eckstein (1) <
a onda se divide em duas alas, uma que tende em direção à praia da
https://litcult.net/tag/daniele-
direita para a esquerda e outra da esquerda para a direita, e o ponto de
partida ou de chegada dessa divergência ou convergência é aquele fernanda-eckstein/> Daniele

ponto em negativo que segue o avançar das alas, mas sempre se Fernanda Feliz Moreira (2) <

mantendo um pouco atrás e sujeita ao sobrepor-se alternando delas, https://litcult.net/tag/daniele-


para que não venha a ser alcançada por uma outra onda mais forte
fernanda-feliz-moreira/>
embora também esta com o mesmo problema de divergência-
Daniele Ribeiro Fortuna (2)
convergência, ou talvez por outra ainda mais forte que resolva o impasse
<
rompendo o nó (CALVINO, 1994, p. 8-9).
Apesar de o senhor Palomar não perder o ânimo com a sua observação, https://litcult.net/tag/daniele-

sempre surge um novo traço na onda que anteriormente não lhe havia ribeiro-fortuna/> Danielly

https://litcult.net/2016/09/04/a-onda-que-nao-se-deixa-ler-comentario-sobre-um-conto-de-calvino-samuel-rezende-2/ 6/14
01/10/2020 A ONDA QUE NÃO SE DEIXA LER: COMENTÁRIO SOBRE UM CONTO DE CALVINO – Samuel Rezende – Litcult

ocorrido. O surgimento desses traços, a todo o momento em que Christina de Souza Mezzari (1) <

Palomar tenta captar uma imagem, parece revestir as ondas de uma força https://litcult.net/tag/danielly-
que as ajudam a resistir a qualquer tentativa de representação. Torna-se,
christina-de-souza-mezzari/>
portanto, difícil abarcar uma imagem idêntica de algo que no interior de
DANILO SALES DE QUEIROZ SILVA
si mesmo se debate, produzindo impulso e contraimpulso, divergência e
convergência. Nessa controvertida ação, a onda ascende à superfície (1) <

como sendo o próprio simulacro, porque impede a imagem do mesmo, https://litcult.net/tag/danilo-

resistindo ao controle da identidade e à ideia mesma de onda: sales-de-queiroz-silva/> Danilo

Em suma, não se pode observar uma onda sem levar em conta os


Silva Paes Landim (1) <
aspectos complexos que concorrem para formá-la e aqueles também
https://litcult.net/tag/danilo-
complexos a que essa dá ensejo. Tais aspectos variam continuamente,
decorrendo daí que cada onda é diferente de outra onda; mas da mesma silva-paes-landim/> Dante Luiz de

maneira é verdade que cada onda é igual a outra onda (CALVINO, 1994, Lima (1) <

p. 8). https://litcult.net/tag/dante-luiz-

Cada onda é igual à outra onda em sua diferença interior, porque são de-lima/> Davi da Silva Oliveira
formadas por abalos e contra-abalos. Mas as ondas diferem umas da
(1) < https://litcult.net/tag/davi-
outras porque se assemelham na própria diferença. Cada onda é
da-silva-oliveira/> David Osorio
diferente de outra onda. Nesse sentido, quebra-se a ideia do uno
enquanto detentor de todo valor da imagem pura de onda. Se a onda é (1) < https://litcult.net/tag/david-

o simulacro, porque, tal como o “Homem da multidão” de Poe, “não se osorio/> Davi Pinho (1) <

deixa ler”, então ela se alinha intimamente ao eterno retorno, porque, https://litcult.net/tag/davi-

não se deixando ler, apresenta sempre novos aspectos que


pinho/> Dayane Mussulini (1) <
continuamente variam e, portanto, não recaem no uno, no mesmo, no
https://litcult.net/tag/dayane-
igual ou ainda no universal. Assim tendem a ser as ondas do oceano,
mussulini/> Denise Maria
cujos movimentos escapam à apreensão do observador, porque nunca
são as mesmas. As ondas estão sempre a revolverem-se no ir e vir. Elas Soares Lima (2) <

sempre estão em devir. https://litcult.net/tag/denise-


Finalmente, para contemplar tamanha multiplicidade, ao senhor Palomar maria-soares-lima/>
“bastaria não perder a paciência, coisa que não tarda a acontecer”
Dhandara Soares de Lima (2)
(CALVINO, 1994, p. 11). Palomar frustra-se por não conseguir o retrato
<
ideal da onda, porque “só conseguindo manter presentes todos os aspectos
juntos, ele poderia iniciar a segunda fase da operação: estender esse https://litcult.net/tag/dhandara-

conhecimento a todo o universo” (CALVINO, 1994, p. 11). soares-de-lima/> Diana Navas

  (1) < https://litcult.net/tag/diana-

Referências bibliográficas:
navas/> Dinah Silveira de
CALVINO, Italo. Leitura de uma onda. In: Palomar. 2ª ed. Trad. Ivo Barroso.
Queiroz (2) <
São Paulo: Companhia das Letras, 1994. p. 7-11.
https://litcult.net/tag/dinah-
DELEUZE, Gilles. Conclusões sobre a vontade de potência e o eterno
retorno. In: A ilha deserta. Trad. Luiz B. L. Orlandi. São Paulo: Iluminuras, silveira-de-queiroz/> Dina

2006. p. 155-166. Maria Martins Ferreira (2) <


DELEUZE, Gilles. Platão e o simulacro. In: Lógica do sentido. 5ª ed. Trad. https://litcult.net/tag/dina-
Luiz Roberto Salinas Fortes. São Paulo: Perspectiva, 2011. pp. 259-271.
maria-martins-ferreira/>
MACHADO, Roberto. Platão e o método de divisão. In: Deleuze, a arte e a
Dinéa Maria Sobral Muniz (1) <
filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2009. p. 41-49.
https://litcult.net/tag/dinea-

maria-sobral-muniz/> Domingos

Olímpio (1) <

https://litcult.net/tag/domingos-

olimpio/> Douglas R. da Silva (1)

< https://litcult.net/tag/douglas-

r-da-silva/> Dr. Claudio Bogantes

(1) < https://litcult.net/tag/dr-

https://litcult.net/2016/09/04/a-onda-que-nao-se-deixa-ler-comentario-sobre-um-conto-de-calvino-samuel-rezende-2/ 7/14
01/10/2020 A ONDA QUE NÃO SE DEIXA LER: COMENTÁRIO SOBRE UM CONTO DE CALVINO – Samuel Rezende – Litcult

claudio-bogantes/> Edelson

Geraldo Gonçalves (1) <

https://litcult.net/tag/edelson-

geraldo-goncalves/> Edmundo

Bouças (1) <

https://litcult.net/tag/edmundo-

boucas/> Edwirgens A. Ribeiro

Lopes de Almeida (1) <

https://litcult.net/tag/edwirgens-

a-ribeiro-lopes-de-almeida/>

Elaine Cristina Andrade Pereira (1)

< https://litcult.net/tag/elaine-

cristina-andrade-pereira/>

Eliane Maria de Oliveira

Giacon (3) <

https://litcult.net/tag/eliane-

maria-de-oliveira-

giacon/> Eliezer Moreira (1) <

https://litcult.net/tag/eliezer-

moreira/> Elisa Riffel Pacheco

(2) <

https://litcult.net/tag/elisa-

riffel-pacheco/> Emanuela

Carla Siqueira (1) <

https://litcult.net/tag/emanuela-

carla-siqueira/> Emiliano Coello

Gutiérrez (1) <

https://litcult.net/tag/emiliano-

coello-gutierrez/> Erico Veríssimo

(1) < https://litcult.net/tag/erico-

verissimo/> Euclides da Cunha (1)

< https://litcult.net/tag/euclides-

da-cunha/> Fabiana Rodrigues

Carrijo (1) <

https://litcult.net/tag/fabiana-

rodrigues-carrijo/> Fabiano Dalla

Bona (1) <

https://litcult.net/tag/fabiano-

dalla-bona/> Fabrizio Rusconi (1)

< https://litcult.net/tag/fabrizio-

rusconi/> Fagundes Varella (2)

<

https://litcult.net/tag/fagundes-

varella/> Fernanda Aparecida

Ribeiro (1) <

https://litcult.net/2016/09/04/a-onda-que-nao-se-deixa-ler-comentario-sobre-um-conto-de-calvino-samuel-rezende-2/ 8/14
01/10/2020 A ONDA QUE NÃO SE DEIXA LER: COMENTÁRIO SOBRE UM CONTO DE CALVINO – Samuel Rezende – Litcult

https://litcult.net/tag/fernanda-

aparecida-ribeiro/> Fernando

Gabeira (1) <

https://litcult.net/tag/fernando-

gabeira/> Fernando Sabino (1) <

https://litcult.net/tag/fernando-

sabino/> Francisco Pereira Smith

Junior (1) <

https://litcult.net/tag/francisco-

pereira-smith-junior/> Francisco

Venceslau dos Santos (1) <

https://litcult.net/tag/francisco-

venceslau-dos-santos/> Franklin

Távora (1) <

https://litcult.net/tag/franklin-

tavora/> Gabriela Pacheco Amaral

(1) <

https://litcult.net/tag/gabriela-

pacheco-amaral/> Geysa Silva (1)

< https://litcult.net/tag/geysa-

silva/> Gilberto Rocha (2) <

https://litcult.net/tag/gilberto-

rocha/> Gilberto Santos da

Rocha (1) <

https://litcult.net/tag/gilberto-

santos-da-rocha/> Gilka

Machado (2) <

https://litcult.net/tag/gilka-

machado/> Giovanni Ricciardi

(1) <

https://litcult.net/tag/giovanni-

ricciardi/> Giulia Spinuzza (1) <

https://litcult.net/tag/giulia-

spinuzza/> Gonçalves Dias (1) <

https://litcult.net/tag/goncalves-

dias/> Graciela René Ormezzano

(1) <

https://litcult.net/tag/graciela-

rene-ormezzano/> Graciliano

Ramos (2) <

https://litcult.net/tag/graciliano-

ramos/> Graça Aranha (1) <

https://litcult.net/tag/graca-

aranha/> Gringo Carioca (1) <

https://litcult.net/tag/gringo-

https://litcult.net/2016/09/04/a-onda-que-nao-se-deixa-ler-comentario-sobre-um-conto-de-calvino-samuel-rezende-2/ 9/14
01/10/2020 A ONDA QUE NÃO SE DEIXA LER: COMENTÁRIO SOBRE UM CONTO DE CALVINO – Samuel Rezende – Litcult

carioca/> Helena Maria Alves

Moreira (2) <

https://litcult.net/tag/helena-

maria-alves-moreira/> Helena

Parente Cunha (1) <

https://litcult.net/tag/helena-

parente-cunha/> Herberto Sales

(1) <

https://litcult.net/tag/herberto-

sales/> Isabelle Rodrigues de

Mattos Costa (2) <

https://litcult.net/tag/isabelle-

rodrigues-de-mattos-

costa/> Isaura Maria Rigitano de

Limas (1) <

https://litcult.net/tag/isaura-

maria-rigitano-de-limas/> Ivan

Neves Marques Júnior (2) <

https://litcult.net/tag/ivan-

neves-marques-junior/>

Jacqueline Cassia de Pinheiro Lima

(1) <

https://litcult.net/tag/jacqueline-

cassia-de-pinheiro-lima/> Janaina

Cardoso de Mello (1) <

https://litcult.net/tag/janaina-

cardoso-de-mello/> Janaíne

Januário (1) <

https://litcult.net/tag/janaine-

januario/> Janaíne Januário da

Silva (1) <

https://litcult.net/tag/janaine-

januario-da-silva/> Jaqueline de

Oliveira Brandão (1) <

https://litcult.net/tag/jaqueline-

de-oliveira-brandao/> Joana d’Arc

Martins Pupo (1) <

https://litcult.net/tag/joana-darc-

martins-pupo/> Joaquim

Manuel de Macedo (4)

<

https://litcult.net/tag/joaquim-

manuel-de-macedo/>

Jocélio Jorge Mácola Rente (1) <

https://litcult.net/tag/jocelio-

https://litcult.net/2016/09/04/a-onda-que-nao-se-deixa-ler-comentario-sobre-um-conto-de-calvino-samuel-rezende-2/ 10/14
01/10/2020 A ONDA QUE NÃO SE DEIXA LER: COMENTÁRIO SOBRE UM CONTO DE CALVINO – Samuel Rezende – Litcult

jorge-macola-rente/> Jorge

Amado (5) <


https://litcult.net/tag/jorge-
amado/> Jorge de Lima
(2) <

https://litcult.net/tag/jorge-

de-lima/> Jorge Sá Earp (2)

<

https://litcult.net/tag/jorge-

sa-earp/> Jorge Vicente

Valentim (2) <

https://litcult.net/tag/jorge-

vicente-valentim/> Josiane

Rodrigues Neves (1) <

https://litcult.net/tag/josiane-

rodrigues-neves/> Josué

Montello (3) <

https://litcult.net/tag/josue-

montello/> José Candido de

Carvalho (1) <

https://litcult.net/tag/jose-

candido-de-carvalho/> José

de Alencar (5) <


https://litcult.net/tag/jose-
de-alencar/> José
Geraldo da Rocha (2) <

https://litcult.net/tag/jose-

geraldo-da-rocha/> José

Geraldo Rocha (1) <

https://litcult.net/tag/jose-

geraldo-rocha/> José Lins do

Rego (1) <

https://litcult.net/tag/jose-lins-

do-rego/> José Luiz Matias (1) <

https://litcult.net/tag/jose-luiz-

matias/> José Sarney (1) <

https://litcult.net/tag/jose-

sarney/> João Cabral de

Melo Neto (3) <

https://litcult.net/tag/joao-

cabral-de-melo-neto/>

João do Rio (1) <

https://litcult.net/tag/joao-do-

rio/> João Guimarães


Rosa (6) <

https://litcult.net/2016/09/04/a-onda-que-nao-se-deixa-ler-comentario-sobre-um-conto-de-calvino-samuel-rezende-2/ 11/14
01/10/2020 A ONDA QUE NÃO SE DEIXA LER: COMENTÁRIO SOBRE UM CONTO DE CALVINO – Samuel Rezende – Litcult

https://litcult.net/tag/joao-
guimaraes-rosa/> João
Pedro Fagerlande (1) <

https://litcult.net/tag/joao-pedro-

fagerlande/> João ubaldo

Ribeiro (2) <

https://litcult.net/tag/joao-

ubaldo-ribeiro/> Júlio Ribeiro

(1) < https://litcult.net/tag/julio-

ribeiro/> Ligia Vassallo (2) <

https://litcult.net/tag/ligia-

vassallo/> Lima Barreto


(6) <
https://litcult.net/tag/lima-
barreto/> Luana Balieiro
Cosme (2) <

https://litcult.net/tag/luana-

balieiro-cosme/> Luana

Mara Almeida Teixeira (2) <

https://litcult.net/tag/luana-

mara-almeida-teixeira/>

Lucio Cardoso (1) <

https://litcult.net/tag/lucio-

cardoso/> Luiza Lobo


(16) <
https://litcult.net/tag/luiza
lobo/> Lygia
Fagundes Telles (3) <

https://litcult.net/tag/lygia-

fagundes-telles/>

Machado de Assis
(13) <
https://litcult.net/tag/mach
de-assis/> Manuel
Bandeira (1) <

https://litcult.net/tag/manuel-

bandeira/> Marcela de

Oliveira e Silva Lemos (2) <

https://litcult.net/tag/marcela-

de-oliveira-e-silva-lemos/>

Marco Lucchesi (1) <

https://litcult.net/tag/marco-

lucchesi/> Mariese Ribas

https://litcult.net/2016/09/04/a-onda-que-nao-se-deixa-ler-comentario-sobre-um-conto-de-calvino-samuel-rezende-2/ 12/14
01/10/2020 A ONDA QUE NÃO SE DEIXA LER: COMENTÁRIO SOBRE UM CONTO DE CALVINO – Samuel Rezende – Litcult

Stankiewicz (2) <

https://litcult.net/tag/mariese-

ribas-stankiewicz/> Marina

Colasanti (1) <

https://litcult.net/tag/marina-

colasanti/> Mario Quintana (1) <

https://litcult.net/tag/mario-

quintana/> Menotti Del Picchia

(1) <

https://litcult.net/tag/menotti-

del-picchia/> Murilo Mendes (1) <

https://litcult.net/tag/murilo-

mendes/> Mário de

Andrade (3) <

https://litcult.net/tag/mario-

de-andrade/> Mônica

Peralli Broti (2) <

https://litcult.net/tag/monica-

peralli-broti/> Nélida

Piñon (4) <

https://litcult.net/tag/nelida-

pinon/> Odylo Costa

Filho (4) <

https://litcult.net/tag/odylo-

costa-filho/> Patricia

Maria dos Santos


Santana (5) <
https://litcult.net/tag/patricia-
maria-dos-santos-
santana/> Paulo da Luz
Moreira (2) <

https://litcult.net/tag/paulo-

da-luz-moreira/> Ricardo

Augusto de Lima (2) <

https://litcult.net/tag/ricardo-

augusto-de-lima/> Rosália

Milsztajn (2) <

https://litcult.net/tag/rosalia-

milsztajn/> Rubem Mauro

Machado (1) <

https://litcult.net/tag/rubem-

mauro-machado/> Sandra

Sacramento (2) <

https://litcult.net/tag/sandra-

sacramento/> Sávio Augusto

https://litcult.net/2016/09/04/a-onda-que-nao-se-deixa-ler-comentario-sobre-um-conto-de-calvino-samuel-rezende-2/ 13/14
01/10/2020 A ONDA QUE NÃO SE DEIXA LER: COMENTÁRIO SOBRE UM CONTO DE CALVINO – Samuel Rezende – Litcult

Lopes da Silva Junior (2) <

https://litcult.net/tag/savio-

augusto-lopes-da-silva-

junior/> Tereza Ventura (2)

<

https://litcult.net/tag/tereza-

ventura/> Walter De Souza

Lopes (2) <

https://litcult.net/tag/walter-

de-souza-lopes/>

Wellington Alves Toledo (2)

<

https://litcult.net/tag/wellington-

alves-toledo/> Ângela Beatriz

de Carvalho Faria (1) <

https://litcult.net/tag/angela-

beatriz-de-carvalho-faria/>

Buscar …

Pesquisar

https://litcult.net/2016/09/04/a-onda-que-nao-se-deixa-ler-comentario-sobre-um-conto-de-calvino-samuel-rezende-2/ 14/14

Você também pode gostar