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Apostila Animais Silvestres Prof Rogerio Lange
Apostila Animais Silvestres Prof Rogerio Lange
2004
INTRODUÇÃO À MEDICINA DE ANIMAIS SILVESTRES
• SAÚDE PÚBLICA
• SAÚDE ANIMAL
• PRODUÇÃO ANIMAL
Capacitação:
• Disciplinas de graduação;
• Cursos de aperfeiçoamento;
• Estágio;
• Residência;
• Autodidatismo.
Conceitos:
Nomenclatura científica Espécie sinantrópica
Conservação Espécie especialista
Preservação Espécie generalista
Distribuição geográfica Espécie cosmopolita
Expansão de distribuição Espécie endêmica
Nativo, indígena, natural Procedência
Exótico, alienígena, estrangeiro Origem
Introduzido Plano de manejo
Relocação, repatriação, translocação CITES
Espécie rara (naturalmente rara) IATA
Espécie ameaçada de extinção
Conceitos
A domesticação é diferente do amansamento, porém aí tem seu início. A
domesticação se refere à espécie e o amansamento ao indivíduo.
REQUERIMENTOS E MECANISMOS PARA A CONVERSÃO DE UMA ESPÉCIE SELVAGEM EM
DOMÉSTICA:
1. Alteração do ambiente natural para artificial.
2. Seleção zootécnica de características econômicas (produtivas), estéticas
ou esportivas em função do interesse humano.
Estimular: Sociabilidade
Adaptabilidade
Conversão alimentar
Produtividade
Fertilidade
Precocidade
Resistência a doenças
Reduzir: Territorialidade
Dominância
Mecanismos reprodutivos intrincados
AVES (14)
Nome comum Nome científico Origem Ordem Família
Marreco Anas platyrhyncos Eurásia e África Anseriformes Anatidae
Ganso Anser anser Ásia Anseriformes Anatidae
Ganso-do-canadá Branta canadensis Canadá Anseriformes Anatidae
Pato Cairina moschata América do Sul Anseriformes Anatidae
Cisne-branco Cygnus olor Eurásia Anseriformes Anatidae
Pombo Columba livia Eurásia Columbiformes Columbidae
Codorna Coturnix coturnix Ásia Galliformes Phasianidae
Galinha Gallus gallus Ásia Galliformes Phasianidae
Peru Meleagris gallopavo América do Galliformes Phasianidae
Norte
Galinha-de-angola Numida meleagris África Galliformes Phasianidae
Pavão Pavo cristatus Índia Galliformes Phasianidae
Faisão-de-coleira Phasianus colchicus Eurásia Galliformes Phasianidae
Canário-belga Serinus canarius Ilhas Canárias Passeriformes Fringelidae
Periquito- Melopsittacus Oceania Psittaciformes Psittacidae
australiano undulatus
MAMÍFEROS (28)
Nome comum Nome científico Origem Ordem Família
Gayal Bos gaurus Ásia Artiodactyla Bovidae
Yak Bos grunniensis Ásia Artiodactyla Bovidae
Banteng Bos javanicus Ásia Artiodactyla Bovidae
Kouprey Bos sauveli Ásia Artiodactyla Bovidae
Boi Bos taurus Eurásia e África Artiodactyla Bovidae
Búfalo Bubalus bubalis Ásia Artiodactyla Bovidae
Cabra Capra hircus Ásia Artiodactyla Bovidae
Ovelha Ovis aries Ásia Artiodactyla Bovidae
Dromedário Camelus Ásia Artiodactyla Camelidae
dromedarius
Camelo Camelus bactrianus Arábia Artiodactyla Camelidae
Alpaca Lama pacos América do Sul Artiodactyla Camelidae
Lhama Lhama glama América do Sul Artiodactyla Camelidae
Rena Rengifer tarantus Eurásia Artiodactyla Cervidae
Porco Sus scrofa Eurásia Artiodactyla Suidae
Raposa Vulpes fulva América do Carnívora Canidae
Norte
Cão Canis familiaris Eurásia Carnívora Canidae
Gato Felis catus África (Egito) Carnívora Felidae
Ferret Mustela putorinus Europa Carnívora Mustelidae
Mink Mustela vison América do Carnívora Mustelidae
Norte
INSETOS (2)
PEIXES (1)
• LEI N.° 6638 DE 8 DE MAIO DE 1979 - Estabelece normas para a pratica didático
cientifica da vivissecção de animais.
2.0. AVES
2.1. Tinamiformes - Codornas
• Crypturellus noctivagus (Wied, 1820). Família Tinamidae. Nome popular: jaó-do-sul,
zabelê, juó.
• Nothura minor (Spix, 1825). Família Tinamidae. Nome popular: codorna-mineira,
codorna-buraqueira, buraqueira.
• Taoniscus nanus (Temmink, 1815). Família Tinamidae. Nome popular: codorna-
buraqueiira, perdigão, inhambu-carapé.
• Tinamus solitarius (Vieillot, 1819). Família Tinamidae. Nome popular: macuco,
macuca.
2.2. Ciconiiformes
• Eudocimus ruber (Linnaeus, 1758). Família Threskiornithidae. Nome popular: guará.
2.3 Phoenicopteriformes
• Phoenicopterus ruber (Linnaeus, 1758). Família Phoenicopteridae. Nome popular:
flamingo, ganso-do-norte, ganso-cor-de-rosa, maranhão.
2.4 Anseriformes
• Mergus octosetaceus (Vieillot, 1817). Família Anatidae. Nome popular: mergulhão,
patão, pato-mergulhão.
6.0 Onychophora
• Peripatus acacioli (Marcus & Marcus, 1955). Família Peripatidae.
Família Strigidae
Otus choliba coruja-do-mato
Família Psittacidae Rhinoptynx clamatur mocho-orelhudo
Agapornis personata agapornis (exótico) Speotyto cunicularia coruja-buraqueira
Amazona aestiva papagaio-verdadeiro
Amazona amazonicaI papagaio-do-mangue Família Tinamidae (Perdizes e codornas)
Amazona farinosa papagaio-moleiro Crypturellus obsoletus nambu-guaçu
Amazona vinacea papagaio-de-peito-roxo Crypturellus parvirostris nambu-xororó
Anodorynchus hyacinthinus arara-azul Crypturellus tataupa nambu-xintã
Ara ararauna arara-canindé Nothura maculosa codorna
Ara chloroptera arara-vermelha Rhynchotus rufescens perdiz
Ara macao arara-canga Tinamus solitarius macuco
Aratinga aurea periquito-áurea
Brotogeris tirica periquito-verde
Melopsittachus undulatus periquito-
australiano (exótico)
Myopsitta monachus caturrita Família Tyranidae
Nymphicus hollandicus calopsita (exótico) Pitangus sulphuratus bem-te-vi
Pionopsitta pileata cuiú-cuiú
Pionus maximiliani baitaca
Família Procyonidae
Família Felidae Nasua nasua quati
Felis concolor puma Procyon cancrivorus mão-pelada
Felis geoffroy gato-do-mato-grande Potos flavus jupará
Felis pardalis jaguaratirica
Felis tigrina gato-do-mato-pequeno Família Scuridae
Felis wiedii gato-maracajá Sciurus ingrami serelepe
Felis yagouaroundi gato-mourisco
Panthera leo leão
Panthera onca onça
Panthera pardus leopardo
Famillia Giraffidae
Girafa camelopardalis girafa
Introdução
Os preceitos e procedimentos básicos da clínica são universais (semiologia,
propedêutica, terapêutica), e são comuns a animais selvagens e domésticos.
Entretanto, o acesso aos animais silvestres, na maioria das vezes, é muito mais
limitado se comparado com os domésticos. O conhecimento das técnicas de contenção
física e química é portanto de grande importância para o Médico Veterinário de animais
silvestres. Um sólido conceito de stress e o entendimento de sua fisiologia e patologia,
são indispensáveis para a utilização das técnicas de contenção.
STRESS OU ESTRESSE
Todo o ser vivo relaciona-se com o meio ambiente em que vive e luta
permanentemente contra forças potencialmente fatais. A relação do ser vivo com o
meio é mediada por receptores (estruturas ou órgãos dos sentidos ou sensitivos). Toda
alteração ambiental é portanto um estímulo e atua sobre um organismo através de
seus receptores. Os receptores estimulados encaminham mensagens que
desencadeiam reações. Todas as respostas ou reações são primariamente orientadas
para enfrentar a alteração ambiental, supera-la e retornar o ser vivo ao equilíbrio
orgânico (homeostase).
Conceitos:
STRESS ou ESTRESSE é o conjunto de reações de um organismo frente a
agressões de ordem física, psíquica, infecciosa e outras capazes de perturbar a
homeostase. O stress é um fenômeno adaptativo, uma resposta cumulativa
resultante da interação do animal com o ambiente, mediado por receptores.
Por princípio, todo o estímulo recebido por um ser vivo (através dos seus
receptores) é um agente estressante.
Define-se homeostase como a normalidade orgânica, ou seja o estado de
equilíbrio fisiológico. Denomina-se adaptação fisiológica à capacidade que um
organismo tem de atingir a homeostase através de processos fisiológicos coordenados.
Define-se exaustão como a falência destes processos e a incapacidade de atingir a
homeostase.
Os agentes estressantes podem ser classificados em somáticos, psicológicos,
comportamentais ou diversos. O animal é estimulado por esses agentes ambientais
através de receptores. O sistema nervoso analisa e processa os impulsos vindos dos
receptores e envia mensagens aos órgãos efetores, produzindo reações específicas
ou inespecíficas.
Agentes somáticos podem ser sons, imagens, odores, toques, mudanças de
posição, calor, frio, pressão atmosférica, estiramento anormal de músculos ou tendões
e também o efeito de drogas e agentes químicos.
ACIDOSE
A excessivo esforço muscular decorrente da resistência aos procedimentos de
contenção leva a um grande consumo de glicose e produção de ácido lático. A acidose
determina polipnéia, confusão mental, tremores, convulsão, coma e morte. O
tratamento indicado é a manutenção das vias aéreas livres de obstruções (hiper-
ventilação compensatória), respiração assistida e aplicação endovenosa de
bicarbonato de sódio (4 a 6 mEq/kg).
FIBRILAÇÃO VENTRICULAR
A causa primária é a liberação de catecolaminas (adrenalina e noradrenalina)
durante a reação de alarme levando a taquicardia que somada a acidose e hipóxia
resulta em fibrilação. O animal debate-se e agoniza o que pode ser confundido com
resistência à contenção. A fibrilação impossibilita o bombeamento sanguíneo
determinando insuficiência circulatória, a inconsciência e morte.
MIOPATIA DE CAPTURA
Também conhecida como miopatia por stress ou esforço, é uma doença
muscular degenerativa de prognóstico extremamente reservado. Pode apresentar-se
sob a forma aguda (1 a 12 horas), subaguda (7 a 14 dias) ou crônica (semanas). É
observada principalmente nos bovídeos (antílopes, bisões), cervídeos (cervos e
veados) e eqüídeos (zebra, cavalo, asno e anta). A anóxia localizada, devido à
contratura de massas musculares é o fator determinante. A patogenia da miopatia de
CONTENÇÃO MECÂNICA
Diversos equipamentos são utilizados na contenção, desde redes, puçás,
ganchos, laços, cordas, peias, cambões, caixas e jaulas de pressão (com parede móvel
para apertar o animal contra uma lateral de tela), tubos plásticos (aves, répteis e alguns
mamíferos como os ouriços), tubos transparentes para répteis, luvas de couro, vendas,
sacos de pano, escudos, eletro-choque, extintor de incêndio, abre bocas, fitas adesivas
e muitos outros em conformidade com o animal e o objetivo da contenção.
CONTENÇÃO QUÍMICA
Para a contenção química, diferentes drogas e equipamentos de aplicação são
utilizados, porém, alguns quesitos são especialmente importantes para animais
silvestres. Uma boa droga deve permitir o uso intramuscular, deve ter uma grande
margem de segurança (DL 50), deve ter o menor período de indução e apresentar um
pequeno volume. Isto para permitir o uso de métodos de aplicação à distância (dardos),
através de rifles, pistolas (pólvora ou ar comprimido) e zarabatanas, quando o peso real
do paciente é desconhecido.
Zarabatana
De confecção artesanal, as zarabatanas e os dardos (feitos a partir de seringas
descartáveis), são práticas, baratas e de fácil reposição. O impacto do dardo da
zarabatana sobre o animal é sensivelmente menor que o promovido pelo dardo da
espingarda e os riscos de acidentes são reduzidos. O tiro da zarabatana é silencioso.
Suas grandes limitações são o volume disponível do dardo (cerca de 5 ml) e a distância
de alcance (cerca de 15 metros no máximo). O operador deve ser experiente e manter-
se continuamente em treinamento pois as variáveis de tiro são diversas (diferentes
pesos dos dardos em conformidade com o volume da droga, interferência dos ventos,
tamanho do animal-alvo, distâncias).
Introdução
Também conhecida como miopatia do stress ou do esforço, é uma doença
muscular degenerativa de prognóstico extremamente reservado, associada ao stress
de captura, contenção física e/ou química e transporte de animais selvagens. Além dos
herbívoros silvestres, a miopatia de captura já foi descrita em diversas espécies de
mamíferos e aves, incluindo primatas, pinípedes, marsupiais, bovinos, eqüinos,
canídeos, ovinos e flamingos. Pode apresentar-se em forma aguda (1 a 12 horas),
subaguda (7 a 14 dias) e crônica (semanas).
O termo stress é descrito como: a reação adaptativa de um animal
desencadeada por um estímulo interno (fisiológico ou psicogênico) ou ambiental que
altera o estado de homeostasia.
Sinais característicos:
Acidose grave
Choque e óbito
Necrose de músculos esqueléticos
Necrose cardíaca (devido à acidose)
Sinais clínicos:
1. RESTRIÇÃO ALIMENTAR
Devido à alta taxa metabólica e pequena estocagem de glicogênio hepático, não
é recomendado grande tempo de restrição alimentar para aves antes da anestesia. Por
outro lado, é comum observar regurgitação em alguns animais após a indução
anestésica.
Recomendam-se, os seguintes tempos de restrição alimentar para diferentes
espécies:
Aves menores de 100g: sem restrição alimentar
Grandes aves carnívoras: 12 horas
Ratitas: 12 a 24 horas
Grandes psitacídeos: 1 a 2 horas
Aves em geral 2 a 3 horas
Quando for necessário grande tempo de anestesia, o paciente não apresentar
boas condições pré-operatórias ou não se alimentar adequadamente é recomendada a
administração por via oral de 4 ml/kg de glicose 5% antes da indução anestésica.
2. MEDICAÇÃO PRÉ-ANESTÉSICA
Não é indicada a utilização de sulfato de atropina na presença de secreções
respiratórias, pois elas tornam os fluidos mais viscosos, o que pode provocar obstrução
das vias aéreas.
Medicamentos pré-anestésicos são raramente indicados para aves, devido a
fácil contenção física e rápida indução anestésica. Aves grandes podem requerer um
pré-anestésico antes da contenção física, podendo ser utilizado diazepam, midazolam,
alfa-2 agonistas, ou pequenas doses de tiletamina e zolazepam.
3. ANESTÉSICOS INJETÁVEIS
Os anestésicos injetáveis são muito utilizados em aves devido ao seu baixo
custo, facilidade de uso, rapidez da indução e por não ser necessária a aquisição de
aparelhos caros.
Por outro lado, a variação das doses anestésicas entre indivíduos de uma
mesma espécie e de diferentes espécies, a dificuldade em aferir um volume anestésico
seguro para pequenas aves, a facilidade de overdose, a dificuldade de manutenção da
anestesia cirúrgica sem depressão cardiopulmonar e a recuperação prolongada e
traumática são desvantagens desses anestésicos.
A anestesia injetável em aves é mais indicada para procedimentos curtos ou
para indução anestésica e posterior manutenção inalatória.
A via preferencial de administração dos anestésicos é a intravenosa. Podem ser
canuladas as veias ulnar, metatársica dorsal ou jugular. Quando o paciente é muito
pequeno ou não há a possibilidade da administração intravenosa, opta-se pela
administração intramuscular, utilizando-se o músculo peitoral. A anestesia por via
intramuscular traduz em um tempo de recuperação anestésica maior.
Cetamina
A cetamina é uma droga anestésica dissociativa que provoca uma amnésia
profunda, analgesia superficial e catalepsia. É o anestésico injetável mais utilizado em
aves devido sua segurança e facilidade de uso. Outra característica é a manutenção
dos reflexos oculares e de deglutição. Provoca um aumento da pressão intracranial e
ocular. Há um aumento da freqüência cardíaca e estimulo da salivação e secreções do
aparelho respiratório.
O relaxamento muscular proporcionado pela cetamina é pobre e normalmente é
induzido um estado de catalepsia, onde há uma contração muscular excessiva,
podendo proporcionar ainda convulsões. Por isso, a cetamina nunca deve ser utilizada
sozinha, devendo ser associada com outra droga que produza bom relaxamento
muscular.
Em aves a cetamina produz uma boa analgesia somática e pobre analgesia
visceral. A recuperação anestésica é demorada e turbulenta. Pode ser associada com
um benzodiazepínico para proporcionar bom relaxamento muscular mantendo a
segurança, ou com a xilazina resultando em uma maior analgesia, porém com a
possibilidade de bradicardia e bloqueio atrioventricular.
Diazepam
É um benzodiazepínico que produz pequena depressão do sistema nervoso
central, excelente relaxamento muscular e mínimos efeitos cardiopulmonares.
O diazepam não apresenta boa analgesia e é utilizado dentro da anestesia
cirúrgica associado com a cetamina. Também pode ser utilizado como tranqüilizante
antes da indução anestésica com um agente inalatório através de máscara facial.
Devido ao seu efeito ansiolítico proporciona uma indução anestésica mais calma,
diminuindo os efeitos do estresse. Apresenta uma duração e recuperação
relativamente curta.
Midazolam
Como o diazepam, também é um benzodiazepínico, porém com duração menor.
Outra diferença em relação ao diazepam é ser solúvel em água (enquanto o solvente
do diazepam é o propilenoglicol, que além dos efeitos hipotensores provoca dor
muscular), sendo indicado então quando há necessidade de administrações por via
intramuscular. Sua meia-vida, porém, pode ser menor que a da cetamina, por isso,
dificilmente é usada esta associação.
Tiletamina+zolazepam
A tiletamina, assim como a cetamina, é uma ciclohexamina, e produz anestesia
dissociativa. Sua potência analgésica é maior que o da cetamina. Sempre está
associado ao zolazepam, que é um benzodiazepínico.
Esta associação apresenta rápida indução anestésica, grande margem de
segurança, boa analgesia somática e regular analgesia visceral. Seus efeitos são muito
semelhantes aos efeitos da associação de cetamina e diazepam.
Xilazina
É um alfa-2 agonista adrenérgico que apresenta boa atividade sedativa e
potente efeito analgésico, principalmente analgesia visceral. Pode ser utilizada para
contenção química em procedimentos diagnósticos e para pequenas cirurgias.
Provoca bradicardia, arritmias, sensibilização à ação arrítmica da adrenalina e
bloqueio atrioventricular. Também pode propiciar depressão respiratória, hipoxemia,
hipercapnia, excitação e convulsão em algumas espécies.
A associação anestésica da xilazina com a cetamina é a mais utilizada dentro da
anestesiologia de aves, devido a sua excelente a imobilização e profundo grau de
analgesia. Suas desvantagens são os efeitos deletérios já relatados para a xilazina e o
grande tempo necessário para a recuperação anestésica.
Uma vantagem da xilazina é a existência de antagonistas alfa-2 adrenérgicos
como a yoimbina e mais especificamente o atipamezole.
Opioides
Os opioides tem uma utilização pouco comprovada em aves. Em outros animais
é caracterizado pelo grande potencial analgésico que provoca. O déficit motor
provocado pelos opioides nas aves, pode ser confundido com analgesia e mascarar um
efeito de dor. Existem estudos que demonstram que a morfina provoca analgesia e
outros relatam hiperalgesia. Acredita-se que os opioides kappa-agonistas, como o
butorfanol pode ter melhores efeitos analgésicos que os demais.
Outros anestésicos
O propofol é um anestésico com poder de rápida indução e recuperação
anestésica. Seu uso é estritamente intravenoso, mais em aves é relatada sua utilização
por via intra-óssea com o mesmo poder de ação. Produz uma duração anestésica
extremamente curta nestes animais, porém suficiente para uma entubação traqueal e
manutenção com anestesia inalatória. Como sua administração é relativamente difícil,
seu uso é extremamente limitado. Produz uma leve depressão respiratória e pode
provocar uma apnéia.
Barbitúricos de longa ação, como o fenobarbital, podem ser utilizados para
produzir anestesia de longa duração. O pico anestésico do fenobarbital ocorre em 15 a
30 minutos, e seu efeito pode durar até 24 horas. Existe, porém, uma pequena margem
de segurança entre a anestesia cirúrgica e uma severa depressão cardíaca e morte.
Anestésicos Locais
Sua utilização em pequenos pássaros é restrita devido ao risco de intoxicação,
mesmo com pequenos volumes. A droga deve ser muito diluída para uma aplicação
segura. Outro problema de sua utilização é por não atenuar o estresse proporcionado
pela contenção física se não for realizada uma restrição química.
4. ANESTÉSICOS INALATÓRIOS
Os anestésicos inalatórios são mais indicados para a anestesia de aves em
relação aos injetáveis devido à rápida indução e recuperação anestésica, facilidade de
controle de planos profundos, uso concomitante de oxigênio, proporcionando um maior
suporte respiratório e também por que não depende de vias metabólicas e excretórias
para recuperação anestésica. A utilização de gases com menor solubilidade sangüínea,
Equipamentos anestésicos
Os sistemas: fechado e semi-fechado normalmente utilizados para anestesia em
mamíferos não são indicados no caso da maioria das aves (menores de 8 kg). Devido a
existência de um circuito que permite a reinalação do gás expirado, há um aumento na
resistência respiratória, o que pode ultrapassar o limite em aves.
Os chamados “nonrebreathing circuits”, ou seja, circuitos abertos ou semi-
abertos de anestesia inalatória, como o circuito de Bain, são os indicados, devido a
mínima resistência à respiração do paciente.
Métodos de Indução
“O número e a variedade de técnicas para indução da anestesia inalatória em
aves é limitado apenas pela imaginação do anestesista”.
Podem ser utilizadas as máscaras anestésicas convencionais, fabricadas para
pequenos animais, ou máscaras produzidas de forma artesanal feitas com frascos
plásticos, seringas ou mangueiras dos circuitos respiratórios. A utilização das máscaras
é bem sucedida em uma grande variedade de aves.
Outra forma bastante utilizada é com o uso de câmaras ou sacos plásticos, onde
será introduzida a cabeça da ave. O gás anestésico e oxigênio são administrados
diretamente no saco plástico.
Outro método é a câmara anestésica, que consiste de uma cuba transparente
onde será colocada a ave e serão vaporizados o gás anestésico e oxigênio. A
desvantagem desse método é não poder reconhecer a profundidade anestésica
durante a indução devido à falta de contato físico.
Entubação endotraqueal
Algumas espécies podem apresentar dificuldade para entubação devido a
diferenças anatômicas do aparelho respiratório, como a presença de um septo traqueal
médio nos tucanos e flamingos. Na maioria das aves, porém, é fácil a visualização da
glote e a entubação da traquéia. Aves com mais de 100 gramas podem ser entubados.
Podem ser utilizados pequenos tubos traqueais infantis, com 2 mm de diâmetro,
para aves médias e grandes. Os tubos preferencialmente devem ser sem balonete,
porque aves apresentam anéis traqueais completos que não podem se expandir se
grandes quantidades de ar são utilizadas. Também podem ser adaptados tubos
traqueais a partir de sondas uretrais ou cateteres endovenosos.
Vários são os agentes anestésicos já utilizados para aves. Devido as suas
maiores recomendações e melhores resultados serão descritos apenas o halotano e o
isoflurano. Existem outros agentes anestésicos inalatórios mais sofisticados, porém
suas utilizações em aves ainda não são bem descritas.
Halotano
O halotano é um anestésico inalatório de fácil utilização, não explosivo, com um
custo baixo e de odor agradável que proporciona um razoável relaxamento muscular e
poucas mudanças no nível da anestesia, rápida recuperação da consciência e da
temperatura corporal.
Suas desvantagens, principalmente nas aves, são a possibilidade de produção
de arritmias cardíacas, toxicidade renal e hepática, ressaca prolongada, apresentar
metabolização hepática (15%), monitorização extensiva, depressão respiratória,
aumento de secreções mucosas, recomendação para entubação e curto espaço de
tempo entre apnéia e parada cardíaca.
Para indução anestésica é necessária uma concentração de 3 a 5%, com um
volume de oxigênio de 2 a 3 litros por minuto, e para a manutenção recomenda-se uma
concentração anestésica de 1,5 a 2% em aproximadamente 0,5 a 1 litro de oxigênio por
minuto.
Isoflurano
É o anestésico mais recomendado para aves. É seguro para pacientes críticos,
há um grande espaço entre apnéia e parada cardíaca, apenas 0,3% é metabolizado
pelo corpo, não apresenta ressaca nem toxicidade, requer menor monitorização,
excelente relaxamento muscular, pequena produção de secreções, rápida recuperação
da temperatura corporal e da alimentação, baixa solubilidade e rápida recuperação
anestésica. Além disso não é explosivo e não é afetado pela luz ultravioleta.
Suas desvantagens são o alto custo, odor desagradável, depressão respiratória,
diminuição da pressão arterial devido ao relaxamento muscular e possibilidade de
provocar vômito em alguns animais.
Para indução anestésica é necessária uma concentração maior que 5%, com um
volume de oxigênio de 2 a 3 litros por minuto, e para a manutenção recomenda-se uma
concentração anestésica de 2 a 3% em aproximadamente 0,5 a 1 litro de oxigênio por
minuto.
ANESTESIOLOGIA EM RÉPTEIS
1. FISIOLOGIA E ANATOMIA
Os répteis são ectotérmicos, isto é, eles poderão apresentar variações de
temperatura conforme a temperatura ambiente e, portanto apresentaram variações de
sua taxa metabólica. Por isso, as respostas às drogas anestésicas, como o tempo de
indução e recuperação, poderão apresentar grandes variações. É interessante manter
o paciente durante o período anestésico e mesmo nos períodos pré e pós-anestésicos
numa condição de temperatura ideal.
Em relação à anatomia, deve ser dada uma especial atenção ao aparelho
respiratório, por não apresentarem diafragma e por terem uma área de troca gasosa
menor que nos mamíferos. A ausência do diafragma é compensada pelos movimentos
2. REQUERIMENTOS ANESTÉSICOS
Contenção
Em alguns casos, como aquelas anestesias para auxiliarem um exame físico,
será necessário um leve grau de contenção e em casos cirúrgicos será desejado um
maior grau de contenção
Relaxamento muscular
Para certas cirurgias, principalmente as tóraco-abdominais, será necessário um
excelente grau de miorrelaxamento. Outros procedimentos como em exames físicos e
cirurgias de pele não será necessário.
Analgesia
É extremamente difícil observar um estado de completa analgesia em répteis.
Eles nunca podem ser considerados incapazes de sentir dor.
Recuperação tranqüila
Normalmente os répteis apresentam uma recuperação prolongada, podendo
chegar a vários dias. Por isso, deve ser dada preferência àquelas drogas que
proporcionam recuperação rápida e tranqüila.
3. MEDICAÇÃO PRÉ-ANESTÉSICA
Atropina pode ser administrada para provocar diminuição da atividade secretória
e prevenção de bradicardia. Esta droga, porém, não é indicada na rotina da anestesia
de répteis, pois excessos de líquidos salivares são raros. O glicopirrolato, que
apresenta ação anti-secretória mais seletiva pode ser uma boa opção nesses casos.
Medicação sedativa pode ser interessante para auxiliar a indução anestésica e
diminuir a dose necessária.
4. ANESTÉSICOS INJETÁVEIS
É a anestesia mais freqüentemente realizada em répteis devido ao seu baixo
custo e facilidade de uso. Apresenta, porém, diversas desvantagens como a dificuldade
de obtenção de um plano anestésico adequado, risco de overdose e recuperação
anestésica prolongada, podendo chegar, em casos de cirurgias demoradas, a 3 ou 4
dias.
Pentobarbital
Apresenta um longo tempo de indução anestésica, variando de 40 a 60 minutos,
recuperação muito prolongada, podendo ser superior a 3 dias com uma única dose,
depressão respiratória severa e dificuldade de atingir um plano anestésico. Deve ser
administrado por via intravenosa ou intraperitoneal.
Tiopental
Deve ser administrado intravenosamente, pois a injeção intraperitoneal pode
causar peritonite. A indução ocorre em 30 a 45 minutos e é relatada alta mortalidade
por depressão respiratória severa. A recuperação anestésica é superior a 6 horas.
Metomidato
Muito utilizada para sedação, possibilitando exame físico e inclusive contenção
suficiente para realizar debridação, limpeza e tratamento de estomatite. Depois de
injeção intramuscular, o animal apresenta-se sedado em 15 a 20 minutos, porém não
apresenta propriedades analgésicas. Também pode ser utilizado antes de indução
intravenosa ou inalatória.
Etorfina
A indução ocorre em 10 a 30 minutos e produz excelente analgesia com duração
de 45 a 100 minutos. Deve ter extremo cuidado para os efeitos da droga em uma
administração acidental em humanos. Recomenda-se trabalhar com antídotos da
droga, que podem se a nalorfina ou a diprenorfina.
MS222
Produz uma analgesia de 30 a 60 minutos depois de 12 a 14 minutos de sua
aplicação intrapleurperitoneal, provocando imobilização satisfatória. O tempo de
recuperação pode chegar a 10 horas.
Succinilcolina
É um bloqueador neuromuscular muito utilizado para contenção químicas e pré-
medicação antes da indução com anestesia inalatória. Deve-se ter a disposição um
equipamento para ventilação controlada caso ocorra apnéia. Recuperação anestésica
ocorre em aproximadamente 9 horas. Apesar desta droga proporcionar uma excelente
imobilização, esta ocorre por paralisia muscular, isto é, não proporciona nenhuma
analgesia, então não deve ser utilizada como único anestésico para cirurgias.
Cetamina
É o agente anestésico mais utilizado, tanto isolado, como em associação a
outras drogas devido apresentar extrema segurança. Pode ser administrada por via
subcutânea, intramuscular ou intravenosa. Em doses baixas vai proporcionar
tranqüilização ou sedação e em doses altas uma anestesia satisfatória para
procedimentos cirúrgicos. Possui metabolização hepática e eliminação renal, então é
contra-indicada para pacientes com problemas nesses órgãos. Produz um tempo de
recuperação extremamente prolongado quando são utilizadas várias sobre-doses,
podendo chegar a 3 dias.
Tiletamina
Assim como a cetamina, é uma ciclohexamina, porém 2 a 3 vezes mais potente
que aquela. Sua ação é similar a da cetamina, mas apresenta uma maior capacidade
de provocar convulsões, por isso está sempre associada a um benzodiazepínico.
Xilazina
Promove imobilização e analgesia regular após 45 minutos a 12 horas. É
utilizada associada à cetamina para melhorar os efeitos daquela.
Alfaxalone/alfadolone
Produz boa e rápida anestesia depois de sua aplicação intravenosa, com uma
duração de 15 a 35 minutos. Depois de sua aplicação intramuscular apresenta seus
efeitos em 25 a 40 minutos. Recuperação completa ocorre em aproximadamente 2,5
horas.
Propofol
É um anestésico de indução rápida e acúmulo mínimo depois de várias doses.
Pode ser considerado o anestésico injetável de escolha para répteis, apresentando
aproximadamente 20 minutos de anestesia e recuperação rápida. Sua desvantagem é
a necessidade de ser administrado por via intravenosa, apesar de existir relatos de sua
utilização por via intra-óssea. Uma pré-medicação com metomidato poderá auxiliar na
canulação de uma veia para sua indução.
5. ANESTÉSICOS INALATÓRIOS
Os anestésicos inalatórios apresentarão como vantagens sobre os injetáveis o
poder de melhor controle da profundidade anestésica, além de uma indução e
recuperação anestésicas mais rápidas.
Em animais menores de 10 kg, os circuitos aberto e semi-aberto são os mais
indicados, porém, para animais grandes podem ser utilizados circuitos fechados de
anestesia inalatória. Ventilação controlada é freqüentemente necessária em répteis.
A indução anestésica pode ser realizada por máscaras faciais fabricadas para
mamíferos ou artesanais. Câmaras anestésicas também podem ser bem utilizadas,
principalmente para cobras.
A entubação é facilmente realizada, normalmente sem a necessidade do uso de
um laringoscópio. Devem ser utilizados tubos endotraqueais sem balonete,
principalmente em quelônios e crocodilianos, que possuem anéis traqueais completos.
Quelônios apresentam a traquéia mais curta, por isso deve-se ter cuidado para não
atingir os brônquios.
Óxido Nitroso
É incapaz de produzir anestesia completa quando utilizado isolado, mas em
associação com outro anestésico inalatório produz excelente analgesia e relaxamento
muscular.
Halotano
Pode ser considerado um anestésico seguro para répteis, porém a indução em
uma concentração de 3 a 5% pode levar de 20 a 30 minutos. A manutenção anestésica
é fácil e pode ser realizada com uma concentração de 1,5 a 2,5%. Por apresentar
metabolização corporal (15 a 20%), não devem ser administrados para hepatopatas e
nefropatas. Provoca depressão respiratória e moderado relaxamento muscular, além
da apnéia ser muito próxima à parada cardíaca. É recomendada uma oxigenação por
algum tempo após o término da administração do anestésico.
Isoflurano
É considerado o anestésico inalatório de escolha para répteis. Apenas 0,3% do
produto é metabolizado no organismo e apresenta baixa solubilidade sangüínea, isto é,
promove uma indução e recuperação anestésica mais rápida. Também promove uma
excelente analgesia e relaxamento muscular, apesar de provocar alguma depressão
respiratória. A parada cardíaca em doses muita elevadas ocorrerá muito tempo depois
da apnéia.
Quelônios
O anestésico injetável mais utilizado é a cetamina provocando sedação em
doses de 22 a 44 mg/kg ou planos cirúrgicos com doses de 55 a 88 mg/kg. É
recomendada a associação com 0,2 a 1 mg/kg de diazepam ou 2 mg/kg de midazolam.
Sua associação com 0,5 a 1,5 mg/kg de butorfanol aumentará a analgesia para
procedimentos cirúrgicos. No geral, a cetamina deve ser utilizada para procedimentos
curtos ou indução anestésica, por causa de seu grande tempo de recuperação depois
de várias doses.
A tiletamina associada com o diazepam na dose de 5 a 10 mg/kg, normalmente
provoca planos superficiais de anestesia e prolongada recuperação. Etorfina, na dose
de 0,22 mg/kg, proporciona analgesia e sedação adequada para pequenos
procedimentos cirúrgicos.
Alfaxalone/alfadolone é recomendado como pré-medicação para anestesia
inalatória. Depois de uma dose de 15 mg/kg provoca indução em 2 a 4 minutos.
Injeções intramusculares devem ser realizadas em vários pontos, devido ao grande
volume requerido.
Quando existe a possibilidade de canulação de um vaso, propofol, na dose de 5
a 10 mg/kg, é o anestésico de eleição para répteis, podendo depois realizar a
entubação e manutenção inalatória. Porém, na dose de 1 mg/kg/min, o propofol é bem
utilizado na manutenção anestésica de procedimentos relativamente curtos.
Crocodilianos
Bloqueadores neuromusculares, principalmente a succinilcolina (3 a 5 mg/kg)
tem sido dado para induzir imobilização, sem nenhuma analgesia, em grandes
crocodilos. Deve-se ter o cuidado de ter a disposição um equipamento para
manutenção da ventilação se ocorrer uma paralisia prolongada dos músculos
respiratórios. 12 a 15 mg/kg de cetamina ou 2 a 10 mg/kg de tiletamina e zolazepam
podem ser dados posteriormente a succinilcolina para induzir anestesia e possibilitar
entubação traqueal. Pequenos crocodilos podem ser induzidos à anestesia apenas
com a Tiletamina e zolazepam ou com a cetamina isolada ou associada com diazepam.
Etorfina poderá induzir sedação e analgesia na dose de 0,5 a 1,5 mg/kg. Esta
droga pode ser utilizada para realizar a captura e contenção de grandes crocodilos.
Sáurios
Os pequenos lagartos, como a iguana verde podem ser facilmente induzidos à
anestesia através da inalação de gases anestésicos por meio de máscara ou câmaras
anestésicas. Pode ser administrado 5 a 10 mg/kg de cetamina para a indução
anestésica, ou então, 1 a 1,5 mg/kg de butorfanol 30 minutos antes da indução com
isoflurano para aumentar a analgesia e diminuir o tempo de indução.
Serpentes
Cetamina, na dose de 22 a 44 mg/kg para sedação, e na dose de 55 a 88 mg/kg
para indução anestésica, isolada ou associada a 0,2 a 1 mg/kg de diazepam ou 1,5
mg/kg de butorfanol pode ser utilizada para serpentes. Não é recomendada a
manutenção com essas drogas por muito tempo por causa de sua prolongada
recuperação. Indução por agentes inalatórios pode ser realizada através de câmara
anestésica.
Metomidato pode ser utilizado por via intramuscular provocando sedação
suficientes para realização de métodos diagnósticos não invasivos, sem provocar
analgesia, e tendo uma duração de 10 a 20 minutos.
Roedores
A restrição alimentar para os pequenos roedores não deve ultrapassar 2 horas
devido a possibilidade de ser provocada uma hipoglicemia. Deve-se controlar a
temperatura ambiente ou manter o paciente sobre uma fonte térmica para evitar uma
hipotermia pós-operatória.
Pode ser realizada a administração de 0,05 a 0,1 mg/kg de sulfato de atropina
para evitar bradicardia e excesso de fluidos respiratórios.
No geral, a anestesia inalatória é a mais indicada para esses animais,
principalmente com a utilização de halotano, isoflurano e óxido nitroso. Suas vantagens
principais são o maior controle da profundidade anestésica e a possibilidade de maior
duração da anestesia com rápida recuperação. A indução anestésica pode ser
realizada através de máscara facial, câmara anestésica ou uma câmara que cubra
apenas a cabeça. Para manutenção anestésica pode ser utilizada a máscara facial, a
câmara para cabeça ou então realizada a entubação traqueal por meio de cateteres
endovenosos n.º 20 ou tubos pediátricos de 2 mm. Como substituição de laringoscópio,
pode ser usado um otoscópio.
A anestesia injetável apresenta como desvantagens respostas variáveis a partir
de uma mesma dose, por vezes não atingindo o plano anestésico desejado e a
manutenção de uma longa anestesia, por conseqüência terá grande período para
recuperação.
Lagomorfos
Nos coelhos deve ter atenção especial para a contenção física antes da indução
anestésica. Ao se debater, os lagomorfos poderão utilizar os chutes para sua defesa, o
que poderá provocar fratura ou luxação dos membros e coluna vertebral, podendo ser
traduzida em paralisia.
Coelhos possuem uma atropinase, que inativará rapidamente a atropina
administrada. São recomendadas altas (1 a 2 mg/kg) e repetidas (a cada 15 minutos)
doses. 0,01 a 0,02 mg/kg de glicopirrolato é uma alternativa como anticolinérgico.
Mais uma vez a anestesia inalatória é recomendada para poder atingir planos
anestésicos profundos e com recuperação rápida. A entubação, porém é mais difícil
que nas espécies domésticas, devido ao grande comprimento da orofaringe e largura
da epiglote. O diâmetro da laringe é menor que o da traquéia e tubos pequenos serão
mais facilmente inseridos.
Cetamina (44 mg/kg) isolada não produz analgesia e relaxamento muscular
adequado nos coelhos, por isso deve ser associada com xilazina (5 mg/kg),
medetomidina (0,5 mg/kg) ou acepromazina.
Pentobarbital na dose de 30 a 45 mg/kg pode ser administrado por via
intravenosa produzindo boa anestesia. Muitas vezes doses complementares serão
necessárias para que seja atingido um plano cirúrgico.
Propofol produzirá um leve plano anestésico na dose de 10 mg/kg, porém o
incremento desta dose poderá resultar em depressão respiratória intensa antes de
provocar um plano mais profundo.
2. ROEDORES SELVAGENS
Anestésicos injetáveis poderão ser bem utilizados para provocarem uma
contenção química eficiente para a realização de procedimentos não invasivos como
exame físico, colheita de sangue e ultra-sonografia. A contenção física para a
administração de anestésicos poderá provocar, nestes animais, estresse e reação de
alarme. Excitação excessiva normalmente provoca a liberação de catecolaminas
endógenas atrapalhando a ação dos anestésicos.
A associação numa mesma seringa de 30 mg/kg de cetamina, 2 mg/kg de
xilazina e 0,1 mg/kg de sulfato de atropina provocará uma anestesia em cerca de 5
minutos, caracterizada por pequena analgesia e relaxamento muscular moderado, com
duração de aproximadamente 40 minutos e recuperação anestésica em torno de 2 a 4
horas, proporcionando extrema segurança.
A associação de cetamina e acepromazina também é bem utilizada, porém com
uma menor analgesia e relaxamento muscular. A associação de fentanil (0,4 mg/ml) e
droperidol (20 mg/ml - Innovar), num volume de 0,3 a 0,4 ml/kg promoverá uma leve
anestesia com duração de 30 a 60 minutos.
Também a indução com anestésicos inalatórios poderá ser efetuada por meio de
uma câmara anestésica nos roedores menores. A entubação não é muito difícil e pode
ser realizada com um tubo traqueal de 5 mm para roedores de 3 a 5 kg. Anestésicos
inalatórios redundaram em melhores planos anestésicos e recuperação mais rápida.
3. MUSTELÍDEOS
Sulfato de atropina deve ser administrado, na dose de 0,05 mg/kg, por via
subcutânea ou intramuscular antes de qualquer procedimento anestésico. Anestesia
injetável pode ser bem sucedida com a utilização de 26 mg/kg de cetamina associado a
0,22 mg/kg de acepromazina, produzindo um leve plano cirúrgico. Cetamina (25 mg/kg)
e xilazina (2 mg/kg) também produzem bons planos anestésicos com duração de 30 a
40 minutos e analgesia suficiente para cirurgias abdominais. A associação de cetamina
(5 mg/kg) e medetomidina (0,1 mg/kg) é bem utilizada para contenção química desses
animais.
Também é utilizada uma mistura de Telazol (250 mg de tiletamina e 250 mg de
zolazepam) solubilizado em 4 ml de cetamina (400 mg) e 1 ml de xilazina (100 mg)
pode ser utilizado em ferretes num volume de 0,03 a 0,04 ml/kg. Essa associação
produz imobilização e analgesia adequadas para a maioria dos procedimentos
cirúrgicos. Neuroleptoanalgesia com 0,05 mg/kg de fentanil e 0,2 mg/kg de azaperone
também é relatada.
Ferretes podem ser induzidos por meio de máscara ou câmara anestésica. O
plano induzido pelo halotano e isoflurano é o mais interessante para a realização de
cirurgias, com uma recuperação é rápida e tranqüila. A entubação é relativamente difícil
e deve ser feita com tubos traqueais finos, porém, os tubos mais finos normalmente
são muito curtos para os mustelídeos. Halotano pode ser utilizado com uma
concentração de 5% para indução e 2% para a manutenção anestésica.
4. PROCIONÍDEOS
Recomenda-se a utilização de 0,05 mg/kg de sulfato de atropina antes de
qualquer procedimento anestésico.
Cetamina isolada (20 a 30 mg/kg) promoverá uma indução em 3 a 7 minutos e
duração de 45 a 90 minutos, caracterizando um pobre relaxamento muscular e riscos
de convulsões. Quando utilizada uma dose de 10 mg/kg associada a 2 mg/kg de
xilazina ou 0,1 mg/kg de medetomidina promoverá uma eficiente contenção química e
analgesia por aproximadamente 20 minutos. Benzodiazepínicos, como o diazepam (1
mg/kg), poderão ser utilizados para incrementar o relaxamento muscular.
Tiletamina/zolazepam na dose de 10 mg/kg também promove boa contenção química.
Manutenção anestésica poderá ser realizada por meio de máscara facial ou tubo
traqueal depois da indução com agentes injetáveis, com excelentes resultados.
5. CANÍDEOS SELVAGENS
Contenção química de cães selvagens tem sido bem descrita na literatura
moderna com utilização de ciclohexamínicos (cetamina e tiletamina), alfa-2 agonistas
(xilazina e medetomidina), benzodiazepínicos (diazepam, midazolam e zolazepam).
Cetamina pode ser utilizada numa dose de 11 mg/kg, para provocar anestesia
dissociativa. Esta droga promove efeitos catalépticos e por isso deve ser sempre
associada com 2 mg/kg de xilazina ou 0,1 mg/kg de medetomidina, administrados por
via intramuscular, normalmente por meio de um dardo. Diazepam (1 mg/kg) pode ser
introduzido nesta associação.
Devido ao grande volume necessário da droga para animais de grande porte,
normalmente é utilizada a associação de tiletamina e zolazepam, com o nome
comercial de Telazol (500 mg) ou Zoletil (250 mg) que vem em formulação liofilizada. É
recomendada a diluição do pó anestésico em 5 ml de água estéril, porém pode ser
diluída em menores volumes, inclusive com outras soluções anestésicas, reduzindo
assim o volume necessário, podendo então, ser administrado com um único dardo.
Utiliza-se uma diluição de 250 mg de tiletamina e zolazepam em 5 mg de
medetomidina ou 100 mg de xilazina, podendo então, administrar toda essa solução
anestésica em cães com peso de 50 kg.
Indica-se sempre a utilização de 0,05 mg/kg de sulfato de atropina em qualquer
protocolo anestésico.
Para procedimentos cirúrgicos é recomendada, após a contenção química
através das técnicas descritas acima, a entubação do animal e manutenção por meio
de anestesia inalatória com halotano ou isoflurano, utilizando as mesmas técnicas e
concentrações daquelas indicadas para cães domésticos.
6. FELÍDEOS SELVAGENS
Como em todos os mamíferos selvagens, é recomendada a utilização de 0,05
mg/kg de sulfato de atropina em qualquer procedimento anestésico para felídeos.
A contenção química por meio de cetamina isolada normalmente promove uma
anestesia de má qualidade, sendo observada freqüentemente salivação excessiva,
rigidez muscular e convulsões. Associação de 10 a 20 mg/kg de cetamina e 2 mg/kg de
xilazina induz períodos curtos de analgesia, sendo necessário normalmente sobre-
doses anestésicas para a realização de procedimentos. Medetomidina (0,03 mg/kg)
também tem sido bem utilizada, associada a cetamina, para a imobilização de felídeos
selvagens. Tiletamina e zolazepam (1,5 a 5 mg/kg) providenciam uma rápida indução
anestésica com duração de 15 a 30 minutos, caracterizada por boa imobilização e
analgesia. Esta última associação, porém, não deve ser utilizada para tigres e
leopardos por manifestarem processos convulsivos com longa duração.
A mistura de Telazol (250 mg de tiletamina e 250 mg de zolazepam) solubilizado
em 4 ml de cetamina (400 mg) e 1 ml de xilazina (100 mg) é relatada por produzir boa
contenção química e analgesia, com recuperação anestésica mais suave.
Etorfina (M-99), na dose de 0,5 mg/kg, foi utilizada com sucesso para
imobilização de grandes leões. Tremores musculares provocados pela etorfina são
plenamente controlados com doses de 0,25 mg/kg de acepromazina. Succinilcolina, um
bloqueador muscular, por muito tempo foi utilizado para provocar paralisia na dose de
60 a 120 mg/kg, com duração de até 60 minutos. Sua utilização, porém, necessita de
equipamento para manter uma ventilação controlada, além de não induzir nenhuma
analgesia.
Para procedimentos cirúrgicos longos é recomendada a utilização de halotano
ou isoflurano proporcionando um maior controle anestésico e sem a recuperação
demorada característica dos anestésicos injetáveis. Entubação é preferida em relação
à máscara facial principalmente para longas cirurgias. A inserção do tubo traqueal é
relativamente fácil e por vezes dispensa o uso de um laringoscópio.
7. SUÍNOS SELVAGENS
Contenção química pode ser realizada com anestésicos dissociativos (tiletamina,
cetamina) associados a benzodiazepínicos (zolazepam, diazepam) e/ou alfa-2
agonistas (xilazina, medetomidina). O padrão de imobilização e analgesia dificilmente
atinge níveis adequados para cirurgias. Se for possível contenção física 10 mg/kg, por
via intravenosa, de tiopental sódico produz rápida anestesia com curta duração, porém
grande tempo de recuperação.
Cetamina, na dose de 15 a 20 mg/kg, isolada produz sedação e contenção
química, com rápida diminuição da temperatura. Tiletamina e zolazepam (2,18 mg/kg)
produzem boa e segura imobilização, com indução e recuperação suave e bom
relaxamento muscular, porém com pobre analgesia. Se associado com xilazina,
promoverá eficiente analgesia para a realização de procedimentos cirúrgicos curtos.
Depois de induzido, os suínos devem ser entubados e mantidos com halotano e
isoflurano para procedimentos cirúrgicos. Manutenção anestésica com agentes
injetáveis normalmente são ineficazes e traduzem num grande tempo de recuperação.
As técnicas utilizadas para porcos domésticos podem ser adaptadas aos selvagens.
8. RUMINANTES SELVAGENS
Bovídeos
Antigamente era extensamente utilizado 6 a 10 mg/45 kg de succinilcolina,
provocando paralisia muscular associada com apnéia. Hoje, neuroleptoanalgesia é
extensamente utilizada com bons resultados.
Carfentanil, um potente opioide, pode ser usado em doses de 11 a 13 µg/kg
associado a 0,75 mg/kg de azaperone para a imobilização de antílopes, provocando
excelente imobilização e analgesia. Etorfina (22 µg/kg), combinada com acepromazina
(15 mg) para evitar tremores musculares e aumentar o tempo de contenção, é utilizada
Cervídeos
Xilazina pode ser usada isoladamente com doses variando de 0,3 a 3 mg/kg
para sedação em alguns animais. Em doses altas, promove boa sedação e analgesia,
porém em doses consideradas seguras, a contenção e o relaxamento muscular são
insuficientes. Depois da sedação, analgesia local pode ser realizada para
procedimentos cirúrgicos.
Cetamina ou tiletamina/zolazepam associada com xilazina é extensamente
usada para a contenção de cervídeos, apresentando excelentes resultados de
imobilização e analgesia. Sulfato de atropina pode ser administrado para evitar
salivação em excesso, raramente traduzindo em timpanismo. Medetomidina também é
uma opção para relaxamento muscular e analgesia nessas associações. Alfa-2
antagonistas, como o atipamezole, devem ser presença obrigatória na anestesia de
animais selvagens e pode ser usada para diminuir o tempo de recuperação anestésica.
Neuroleptoanalgesia com etorfina (0,02 mg/kg) e xilazina (0,3 mg/kg) ou fentanil
(0,3 a 0,66 mg/kg) e xilazina (0,5 a 1,3 mg/kg) também é muito utilizada em cervídeos.
Tranqüilização pode ser produzida através da mistura de benzodiazepínicos na
alimentação, facilitando assim a contenção física. 125 a 250 g de diazepam misturado
em 10 kg de comida. Os efeitos aparecem em 4 a 8 horas e podem persistir por vários
dias, dependendo da quantidade de alimento ingerido.
Camelídeos
Xilazina é facilmente utilizada provocando boa sedação para facilitar a
manipulação de grandes camelídeos em doses variando de 0,4 a 0,9 mg/kg.
Regurgitação é rara e a recuperação é livre de excitação. Cirurgias podem ser
realizadas depois de analgesia local ou regional, como paralombar ou epidural.
Tiopental (4,4 mg/kg) também foi administrado por via intravenosa para indução
de anestesia geral e posterior manutenção com gases anestésicos, depois de inserido
um tubo traqueal.
Girafas
Neuroleptoanalgesia associando etorfina, na dose total de 1,5 a 2,5 mg,
associado a 0,3 a 0,4 mg/kg de xilazina promovem contenção química de alta
qualidade e pode ser revertido posteriormente com um antagonista opioide (nalorfine,
diprenorfine) e um antagonista alfa-2 adrenérgico (yoimbina, atipamezole). Decúbito
pode ser provocado com a associação de etorfina, xilazina e acepromazina (30 mg) e
9. EQUÍDEOS SELVAGENS
Etorfina (0,017 mg/kg) isolada ou associada com 0,04 mg/kg de acepromazina é
utilizada para contenção química. Carfentanil também pode ser utilizado na dose de
0,015 a 0,033 mg/kg provocando imobilização em cerca de 10 minutos. Xilazina (0,6
mg/kg) pode ser associada ao carfentanil para aumentar a sedação e diminuir a rigidez
muscular. Como nos equídeos domésticos, opioides podem provocar excitação,
aumento da taxa metabólica, rigidez muscular taquicardia e hipertermia.
Cetamina (1,5 a 2 mg/kg) e medetomidina (0,06 a 0,08 mg/kg) promovem boa
imobilização e relaxamento muscular, podendo ser revertido rapidamente com
atipamezole. Anestesia inalatória é a de escolha para procedimentos cirúrgicos.
Técnicas e drogas empregadas para eqüinos domésticos podem ser utilizadqas nos
animais selvagens depois de sedados.
10. RINOCERONTES
Imobilização pode ser conseguida após 30 a 40 minutos da aplicação
intramuscular de 1,5 g de morfina, 175 mg de escopolamina e 725 mg de
clorpromazina. Associações de etorfina (2,0 mg), acepromazina (20 a 25 mg) e
azaperone (200 a 250 mg) produzem imobilização, prontamente revertida com o uso de
nalorfina. Carfentanil isolado na dose de 1,0 a 1,5 mg para jovens e 2,5 a 3,0 mg para
adultos também promove excelente sedação, imediatamente reversível com a
diprenorfina.
11. TAPIRÍDEOS
Contenção química pode ser realizada com a utilização de 10 µg/kg de etorfina
ou 20 µg/kg de carfentanil. Associação de 0,15 mg/kg de butorfanol e 0,3 mg/kg de
xilazina ou 0,05 mg/kg de detomidina para sedação, seguida de administração
intravenosa de 0,5 mg/kg de cetamina proporciona boa imobilização e relaxamento
muscular prontamente revertidos com antagonistas opioides e alfa-2 adrenérgicos.
Xilazina (3,6 a 4,5 mg/kg) promove sedação suficiente para a administração
intravenosa da mesma dose de cetamina, promovendo então plano suficiente para a
realização de cirurgias. Pode ser associado a esse protocolo 0,5 mg/kg de midazolam
para promover maior relaxamento muscular.
Detomidina (0.05 mg/Kg) e tiletamina/zolazepam (4 a 6 mg/Kg) proporcionam
boa imobilização e grande relaxamento muscular.
Manutenção anestésica é melhor sucedida depois de entubação e utilização de
anestésicos inalatórios. Depois da contenção química, pequenas doses de propofol,
por via intravenosa promovem planos suficientes para a entubação.
12. ELEFANTES
Várias drogas já foram estudadas para promoverem contenção química e
anestesia em elefantes, porém a droga mais utilizada nos dias atuais é a etorfina, numa
dose de 0,0017 a 0,0022 mg/kg. Também pode ser utilizada sua associação com a
acepromazina, provocando sedação, decúbito e imobilização. Transporte pode ser
13. HIPOPÓTAMOS
Etorfina, na dose total de 4 a 8 mg, é a droga mais utilizada para imobilização e
anestesia desses animais. Pode ser associada com 0,1 mg/kg de xilazina. Deve-se
tomar cuidado para impedir a entrada desses animais na água após realizada a
administração das drogas.
14. URSÍDEOS
A associação de cetamina e xilazina é a mais relatada para ursos. Cetamina na
dose de 4,5 a 9 mg/kg e xilazina na dose de 2 a 4,5 mg/kg induzem anestesia tranqüila
e com boa qualidade de analgesia e contenção. Esse protocolo pode ser usado para
procedimentos cirúrgicos, porém com conseqüente grande tempo para recuperação.
Medetomidina, na dose de 0,03 a 0,06 mg/kg, tem sido utilizada em substituição da
xilazina com excelentes resultados, diminuindo inclusive a dose necessária de
cetamina para 2,5 a 4 mg/kg. Sulfato de atropina é sempre recomendado para evitar
excesso de salivação e bradicardia.
Etorfina (10 a 60 µg/kg) é muito utilizada por necessitar de menor volume,
podendo ser administrada toda dose em um dardo. Carfentanil é mais potente que a
etorfina e pode ser dado em dose de 12 a 28 µg/kg.
Pequenos ursos podem ser induzidos à anestesia com a utilização de drogas
por via intravenosa, como barbitúricos e propofol, e posterior manutenção inalatória.
15.PRIMATAS
A associação de cetamina e xilazina é a mais utilizada para a contenção química
de primatas. Doses de 5 a 15 mg/kg de cetamina isolada promove uma contenção
química de 10 a 15 minutos e ampla margem de segurança será promovida. A
associação com 0,5 mg/kg de xilazina proporciona maior relaxamento muscular e
analgesia. Se aumentarmos a dose de cetamina para 20 a 40 mg/kg e associarmos
com 0,5 mg/kg de midazolam e/ou 0,5 mg/kg de xilazina um plano anestésico suficiente
para a realização de curtos procedimentos cirúrgicos será obtida. Sulfato de atropina
(0,01 a 0,05 mg/kg) reduz a salivação e o risco de vômito.
Tiletamina/zolazepam (1,5 a 10 mg/kg) produz contenção de alta qualidade e se
associado com opioides, como a oximorfina (0,15 mg/kg), promove uma analgesia
adequada para procedimentos cirúrgicos.
Neuroleptoanalgesia com fentanil (0,02 a 0,04 mg/kg) e droperidol (1 mg/kg) por
via intramuscular ou por via oral (diluído no leite ou suco de frutas) produz excelente
imobilização e analgesia suficientes para a realização de cirurgias por 30 a 60 minutos.
Anestesia intravenosa pode ser realizada em animais onde a contenção física é
mais fácil, com o uso de barbitúricos ou propofol (2 a 4 mg/kg). Nestes animais,
Introdução
A hematologia é um recurso de auxílio diagnóstico universalmente importante na
clínica médica, e torna-se ainda mais relevante na medicina de animais silvestres onde
a anamnese e a semiologia podem apresentar restrições e limitações (sinais clínicos
nem sempre perceptíveis).
A colheita de sangue pode ser praticada essencialmente sob duas condições,
com o animal sob contenção física (mecânica) ou farmacológica (química). O domínio
das técnicas de sedação/anestesia e contenção, portanto é imprescindível. A
contenção química pode ser indispensável para ser preservada a integridade física do
paciente e/ou do operador.
O aquecimento ambiental (répteis), a irrigação da área a ser puncionada com
água quente, ou a aplicação tópica de xilol podem facilitar o sucesso na colheita de
sangue.
O estabelecimento de valores de referência para hematologia e bioquímica
clínica é de grande importância na medicina de animais silvestres, pois ainda são
poucas as espécies da fauna silvestre sul-americana que foram submetidas a trabalhos
de pesquisa com definição do padrão hematológico.
Diversidade de pacientes
Decorrente da grande variedade de vertebrados (ver quadro abaixo) fica claro
que as diferenças com relação ao tamanho, peso, anatomia, fisiologia, comportamento
(stress), periculosidade e especificidades irão determinar o procedimento de colheita de
sangue. As técnicas de colheita podem ser muito diversas e as dificuldades podem ser
muito grandes.
Répteis
Geralmente podem ser submetidos à colheita de sangue apenas com contenção
mecânica, mas em algumas espécies a sedação/anestesia é indispensável.
Aves
Geralmente as aves podem ser submetidas à colheita de sangue através de
contenção física, pois não apresentam tamanho muito avantajado. Também os vasos
sanguíneos costumam ser facilmente acessíveis.
Locais para a colheita:
Jugular direita
Veias ulnares (asas) – braquiais
Tarso-mediais
Mamíferos
Ë grande a variabilidade, a sedação/anestesia pode ser necessária,
independentemente do porte do animal, em alguns casos é impossível a colheita sem
anestesia profunda.
Ordem Marsupialia:
Gambás e cuícas Æ veias femorais ou ventrais da cauda.
Cangurus Æ veias cefálicas e dorsolaterais da cauda.
Ordem Edentata:
Tamanduá-bandeira Æ Veias femorais, jugulares, ventrais da cauda.
Ordem Primates:
Veias jugulares, radiais e femorais.
Ordem Carnivora
Ordem Artiodactyla
Hipopótamos Æ veias femorais e braquiais.
Suídeos e taiassuídeos Æ veias jugulares e femorais, marginais das orelhas,
cava.
Cervídeos, bovídeos e girafídeos Æ veias jugulares, safenas e femorais.
Tapirídeos Æ veias femorais e braquiais.
Rinocerontídeos Æ veias dorsolaterais da cauda e articulares.
Peixes e anfíbios não serão abordados devido a falta de experiência do autor nesta
prática.
1) INTRODUÇÃO
Apenas poucos, dentre todos os seres vivos que habitam a Terra, são capazes
de controlar sua temperatura interna, a grande maioria está sujeita às limitações
impostas pelas condições térmicas ambientais.
Somente as aves e os mamíferos são capazes de produzir calor metabólico
suficiente para controlar a temperatura corporal. Exceções são registradas entre alguns
répteis, peixes, insetos e plantas que apresentam capacidade de produzir algum calor
metabólico.
A temperatura corporal dos animais em atividade pode variar de -2ºC a +50ºC,
contudo, alguns podem sobreviver a temperaturas mais baixas ou mais altas, em
estado de inatividade (dormência).
A velocidade das reações químicas (celulares ou não), depende da temperatura,
logo as reações mediadas por enzimas são também dependentes da temperatura.
Entretanto, no caso das reações enzimáticas, deve ser considerado um outro fator
relacionado à temperatura, a inativação térmica. As enzimas são muito susceptíveis à
inativação térmica, quanto mais alta a temperatura, mais rapidamente uma enzima é
deteriorada e perde suas propriedades catalíticas. A temperatura ótima de uma reação
intermediada por enzimas é aquela na qual um máximo de alteração química é
catalisado. Um aumento na temperatura embora aumente a velocidade de reação,
também encurta a vida da enzima, de modo que a temperatura ótima deve ser
expressa em relação ao tempo disponível para a reação.
Em geral, as enzimas envolvidas nos processos metabólicos dos mamíferos e
das aves apresentam temperaturas ótimas na faixa dos 30º a 40ºC, na qual são
relativamente estáveis, no entanto muitas enzimas de répteis, anfíbios e invertebrados
apresentam temperaturas ótimas mais baixas, apropriadas às condições térmicas
destes animais.
É provável que a adaptação das propriedades enzimáticas, para torná-las
compatíveis com o ambiente térmico interno de um animal, seja resultante de
processos evolutivos de longa duração (evolução). No entanto, algumas alterações
metabólicas notáveis podem ocorrer em períodos curtos, durante o processo de
adaptação chamado de aclimação ou aclimatação (experimentos com gaivotas
mostraram que as aves que saem de um meio quente e são colocadas subitamente ao
ar livre em temperaturas muito baixas, sofrem congelamento das extremidades, ao
passo que as aves condicionadas ao frio nada sofrem).
Vertebrados conseguem viver em diferentes ambientes. Anfíbios podem viver
em desertos (os sapos Scaphiopus couchi do deserto do Colorado, aonde a
temperatura chega a 50ºC e a pluviosidade média anual é de 5 a 7 centímetros,
permanecem enterrados durante as secas na areia úmida das poças potenciais, a
desidratação é reduzida por elevadas concentrações osmóticas sanguíneas).
Alguns lagartos vivem em montanhas com altitudes superiores a 4000 metros e
se movem, no início da manhã, em temperaturas ambientais abaixo do ponto de
congelamento, eles elevam a temperatura corporal rapidamente orientando-se
adequadamente em relação ao sol, deste modo absorvendo a radiação direta e
também a refletida pelo substrato.
2) CONCEITOS
Os termos: “sangue quente” e “sangue frio”, “homeotérmico” ou “homeotermia”
(homotermo: do grego, homos = igual) e “poiquilotérmico” ou “poiquilotermia”
(poiquilotermo, do grego: poikilos = variado), são termos que foram utilizados na
primeira metade do século XX, porém, os novos conhecimentos obtidos sobre
termorregulação levaram ao uso novos vocábulos, surgindo os conceitos: endotermia
e ectotermia.
Os animais são considerados endotérmicos quando há uma produção
metabólica de calor relativamente alta, juntamente com uma baixa condutividade
térmica, indicando que sua temperatura corporal depende amplamente de sua própria
atividade oxidativa.
Os ectotérmicos apresentam baixa produção de calor e condutividade térmica
relativamente alta. Assim, o calor metabólico é de menor importância do que o calor
ambiental na determinação da temperatura interna.
Mecanismos de termorregulação ecto e endotérmica não são mutuamente
excludentes, muitos animais usam-nos combinadamente.
ECTOTÉRMICOS
Os animais ectotérmicos são subordinados a seus ambientes, já que sua
atividade e mesmo sua sobrevivência estão permanentemente sujeitas à temperatura
ambiental prevalente. Existem, no entanto, várias maneiras pelas quais eles podem
valer-se das propriedades térmicas de seus ambientes para promover modificações
favoráveis em sua temperatura corporal. São principalmente atitudes comportamentais,
ações fisiológicas e seleção de micro-ambientes.
ECTOTÉRMICOS AQUÁTICOS
De várias maneiras o ambiente aquático simplifica o modo de vida ectotérmico (a
água tem alta condutividade térmica). As grandes massas de água proporcionam um
ambiente térmico particularmente estável. As variações térmicas entre o dia e a noite
são reduzidas e as alterações sazonais da temperatura desenvolvem-se lentamente.
ECTOTÉRMICOS TERRESTRES
O ambiente terrestre representa um difícil desafio para os ectotérmicos. O ar tem
um calor específico baixo, e deixa passar sem dificuldade a energia radiante. Esta pode
ser rapidamente absorvida do sol pelo animal e, por outro lado, perdida para o espaço
com igual rapidez, desta forma aumentando muito o risco térmico.
ENDOTÉRMICOS TERRESTRES
O intercâmbio energético animal/ambiente é complexo, compreende o uso da
energia química contida nos alimentos e das trocas térmicas com o meio, determinadas
por processos físicos de condução, convecção, radiação e evaporação.
Superfície corporal
Em animais pequenos, a razão entre a área superficial e o peso é grande (taxa
metabólica específica alta). Sabe-se que 5000 camundongos pesam tanto quanto um
homem, mas apresentam uma área superficial dezessete vezes maior. A área
superficial determina a perda de calor, de forma que os animais pequenos perdem mais
calor por unidade de peso corporal do que os animais grandes e, conseqüentemente,
ECKERT, R. 1988. Animal Physiology. 3th ed. W. H. Freeman and Company New York.
683 p.
FOWLER, M. E. 1978. Restraint and Handling of Wild and Domestic Animals. Iowa
State University Press, Ames. 332p.
FOWLER, M. E. 1986. Zoo & Wild Animal Medicine. W. R. Saunders Company 1126 p.
HARDY, R. N. 1979. Temperatura e Vida Animal. Coleção Temas de Biologia. Vol. 24.
91 p.
ORR, R. T. 1986. Biologia dos Vertebrados. 5º ed. Livraria Roca Ltda. São Paulo S. P.
508 p.
POUGH, F.H. & HEISER, J. B. & Mc FARLAND, W. N. 1993. A Vida dos Vertebrados.
Atheneu Editora São Paulo 839 p.
1. Introdução
A determinação das doses de fármacos na rotina da clínica médica de
animais silvestres é um problema difícil de ser resolvido. A enorme diversidade de
tamanhos corporais e de padrões fisiológicos com que se depara o clínico de
silvestres, somada a falta de dados farmacodinâmicos e farmacocinéticos justifica
esta dificuldade.
O clínico de animais de zoológico, na sua atividade diária atende animais
tão diversos quanto os megamamíferos (elefantes, rinocerontes ou hipopótamos),
roedores de porte médio (cutias, pacas ou nutrias); répteis (jacarés, iguanas,
jibóias e jabutis); ou aves (mutuns, cisnes, araras, emas, avestruzes ou pequenos
pássaros). As diferenças fisiológicas, conportamentais e de volume corporal entre
os pacientes são enormes e não podem ser menosprezadas.
O cálculo das doses medicamentosas, extrapolado a partir do peso,
utilizando a proporcionalidade direta tem provocado acidentes graves ou até fatais.
É impróprio o uso dos mesmos padrões posológicos (de um determinado fármaco)
para um pequeno mamífero e um grande réptil, por exemplo. As características
intrínsecas de grupos e indivíduos devem ser levadas em consideração no cálculo
das doses para ser praticada uma posologia correta, adequada e eficiente.
Se os pacientes são diferentes, e devemos adequar as doses
medicamentosas ás características fisiológicas e volumétricas, a proposta de
“extrapolação alométrica” parece ser a mais eficaz e que contempla as variáveis
na medida das informações disponíveis à luz dos conhecimentos atuais.
O termo alometria é originário dos estudos de crescimento (biometria) e
opõe-se a isometria. A isometria, isomorfia, isovolumetria ou isocoria é a
transformação bionívoca que preserva distâncias, a alometria ou alomorfia é a
passagem de uma forma para outra (metamorfose).
As relações de crescimento são geralmente descritas como uma função
exponencial da massa corpórea, uma vez que a relação entre um caracter e seu
tamanho geralmente não é linear. Em estudos de biometria diz-se que o
crescimento será isométrico quando apresentar em seu expoente valores da
constante de crescimento próximos a 3 (cúbicos), com taxas iguais de incremento
em diferentes partes do corpo. No incremento alométrico esta relação não é
obedecida, apresentando outros valores, quando inferior a 3 denomina-se
alometria negativa e quando superior a 3, denomina-se alometria positiva.
O risco do uso empírico de medicamentos a partir de experimentos
anteriores com outras espécies (utilizando-se a proporcionalidade direta – mg/kg),
cresce enormemente na medida da disparidade de peso/tamanho entre os animais
utilizados como modelo e o caso clínico em questão.
Um pequeno animal, se comparado com um grande apresenta um tempo
total de circulação menor, uma maior densidade de capilares por área de tecido,
TME = K.M0,75 ÷ M
TME = K.M-0,25
Introdução
Os répteis constituem um grupo animal com o qual a maioria das pessoas não
esta habituada, isto dificulta sobremaneira a empatia. Nós, como mamíferos,
conseguimos compreender com mais facilidade os “códigos” dos mamíferos mesmo
quando estes são bastante diferentes dos nossos. Quanto às aves, apesar das
barreiras, estas fazem parte do nosso cotidiano e nos acostumamos a observa-las,
conhece-las e em parte compreende-las. Os répteis porém constituem um universo
diferente com o qual não temos “afinidades” e não estamos envolvidos e habituados a
entender e compreender. Os répteis, como muitos animais silvestres, não demonstram
na fisionomia facial, de forma evidente, seu “estado de espírito”. Este pode ser
percebido através da mímica ou ritualística corporal ou comportamental, menos
evidente e mais sutil, que reflete o estado fisiológico e o conforto biológico. Para
conseguirmos compreender estes aspectos, necessitamos conhecer a biologia os
hábitos e o comportamento do grupo como um todo e das diferentes espécies em
particular. Considerando que o diagnóstico e o tratamento de répteis enfermos é com
freqüência difícil, devido à sua capacidade de mascarar os sinais manifestos da
doença, o objetivo primário da medicina aplicada aos répteis consiste em evitar os
problemas médicos. A detecção precoce da enfermidade requer um conhecimento
mais aprofundado das atividades do réptil (individualmente) e o desenvolvimento e
refinamento das técnicas diagnósticas.
Répteis e aves originaram-se do mesmo ramo os Sauropsida. Portanto aves e
répteis apresentam uma série de características comuns. Os répteis, como os
costumamos agrupar, não são um grupo único (monofilético). Os crocodilianos e as
aves, segundo a luz dos novos conhecimentos científicos (filogenética) são grupos
irmãos.
• Características gerais
Répteis (6.061 spp.)
São ectotérmicos, apresentam respiração pulmonar, corpo coberto por escamas,
não apresentam pêlos ou penas nem glândulas mamarias e possuem poucas
glândulas. Reproduzem-se através de ovos ou nascimento de filhotes, não têm
brânquias nem formas larvais como os anfíbios. Ausência de diafragma, respiração
promovida pela musculatura intercostal (em quelônios pelos movimentos dos membros
e gular). O crescimento é rápido nos primeiros anos de vida e lento nos últimos, porém
são capazes de crescer durante toda a vida.
Particularidades do grupo
Anatômica: os répteis (assim como as aves) apresentam um único côndilo occipital
(os mamíferos tem 2), isto implica em uma fragilidade articular, especialmente na
região cervical e requer cuidados especiais durante as práticas de contenção (boídeos
volumosos).
• Squamata
Ofídios (ausência de pálpebras)
Nutrição - ingestão de organismos inteiros - “alimento completo”
Estomatite
Doença vesicular cutânea
Abscessos
Disecdise - lentes oculares
Ecto e endo parasitoses
Lagartos
Abscessos
Doença ósseo-metabólica – ortopedia
Disecdise – mutilação de adornos
Parasitoses
Tratamento (disecdise):
1. Corrigir as condições ambientais
2. Remoção manual da pele após manter o réptil em imersão em água morna (no
interior de um saco de pano por 12 horas) - cuidados para prevenir o afogamento.
3. Observar os escudos oculares, não se desprendendo com a pele devem ser
retirados com auxílio de uma pinça - irrigar com óleo mineral aquecido (Nujol - Parafina
líquida).
Tratamento (estomatite):
1. Limpeza com H2O2 a 3% e iodo orgânico (PVPI).
2. Debridação e remoção de crostas
3. Antibioticoterapia tópica e sistêmica em casos graves
Prognóstico reservado (principalmente em casos avançados)
Conjuntivite
Serpentes: As infecções oculares em cobras não são raras, podem ser uni ou
bilaterais. O espaço córneo-palpebral pode tornar-se nublado (não confundir com a
situação fisiológica que antecede a ecdise) e acumular restos celulares e pus (resíduos
de parasitos podem se acumular na comissura ocular promovendo infecções),
provocando a distensão da membrana palpebral transparente (escudo ocular). A
oclusão do ducto lacrimal com restos celulares, agrava o processo. Ferimentos na
membrana palpebral, penetração bacteriana ascendente (via ducto lacrimal) com
origem em infecção bucal (estomatite) e massas periorbitais comprimindo o ducto
lacrimal, são causas de infecção e de aumento de fluido no espaço córneo-palpebral.
As afecções oculares das cobras são inicialmente tratadas pela drenagem do
espaço córneo-palpebral. Isto é normalmente feito através da punção e abertura de
uma pequena janela no “escudo” ou “lente” ocular, que permite o extravasamento do
material acumulado e o acesso do medicamento. O ducto lacrimal pode ser canulado
pelo véu palatino e desimpedido por lavagem com solução oftálmica de gentamicina.
Tuberculose
Mycobacterium sp. acomete todos os répteis. Sinais clínicos: granulomas
cutâneos, tumores, dermatite, ulcerações, letargia e debilidade progressiva.
Diagnóstico: cultura.
Parasitoses
Répteis de vida livre ou em cativeiro, podem ser hospedeiros de uma grande
variedade de parasitos. Como em outros grupos animais os répteis parasitados podem
não apresentar sinais clínicos evidentes em condições normais, porém submetidos a
stress expressam alterações. Existem muitos trabalhos publicados sobre parasitos em
répteis, a maior parte deles pertinentes a taxonomia e poucos sobre terapia.
Tratamento e profilaxia: Ivermectin 400 µg/kg SC, banhos por imersão em Neguvon
0.5% e pulverização de terrários. O uso de Frontline spray (Fipronil) nos animais e nos
terrários é bastante eficiente.
Terapia
Ivermectin 200 a 400 µg/kg SC
Mebendazole 20 a 25 mg/kg PO
Febendazole 50 a 100 mg/kg PO
Levamizole 5 a 10 mg/kg SC
• Prolapso de pênis
Freqüente em jabutis (estação reprodutiva), especialmente quando mantidos em
grupos.
Causa: traumatismo em pisos ásperos.
Edema, eritema, laceração, necrose.
Tratamento:
Conservador (quando não há lesão importante ou necrose):
Higienização (PVPI)
Lubrificação (Furacin)
Redução do prolapso (gelo, xilocaina, atadura elástica aplicada a partir da
extremidade – redução do edema)
Sutura em bolsa de tabaco
Introdução
1. TRAUMATOLOGIA
1.1. Olhos
Especialmente em rapinantes as afecções oftálmicas são freqüentes. A
preservação funcional de ambos os olhos é indispensável para a visão binocular
(profundidade), necessária na atividade da captura de presas. Isto deve ser
considerado com atenção no caso de reabilitação.
Deve-se verificar se a ave está enxergando. Em aves a avaliação da capacidade
de visão pode ser procedida através de “ameaça” e avaliação da reação pois exames
Doenças da córnea:
• Arranhões de córnea – recentes (traumatismos, viagens)
• Ceratites – tardias (posteriores a lesões de córnea)
• Ceratoconjuntivite – crônica (ceratites sem recuperação)
Diagnóstico
• Avaliar postura da ave (conhecer seus hábitos e comportamento)
• Avaliar a movimentação (deslocamento e vôo)
• Palpação ⇔ simetria comparação (2 asas)
• Molhar penas com álcool Æ visualização de estruturas (gordura)
Estado de choque:
Deve ser revertido o choque antes do tratamento ortopédico. O choque deve ser
tratado com hidratação, glicose, aquecimento e corticóides. Deve ser efetuada uma
imobilização provisória, providenciado o estancamento de hemorragia (quando houver),
através de pressão, cauterização química, térmica ou adrenalina tópica e efetuar o
atendimento ortopédico após 24 a 48 horas.
Dexametazona (Azium®) Æ 2 a 4 mg/kg. EV, IM
Soro glicosado 5% Æ10 ml/500g. EV, SC, IO, PO
1. Asas
1.2. Úmero
Proximal (tendem a ser estabilizadas pela musculatura Æ imobilização).
Medial (tendem a ser expostas pela contração muscular) Æ pino intramedular e
imobilização com bandagem em 8.
Distal (tendem a ser transversas) pino intramedular e cerclagem.
Expostas Æ mau prognóstico infecção, lesão de tecidos e fragmentos
expostos.
1.3. Radio e ulna
Pode envolver apenas um osso ou ambos.
Fratura única Æ imobilização externa.
Fratura dupla Æ pino intramedular.
1.4. Carpometacarpo
Pouco tecido mole.
Imobilização.
Ferida aberta Æ prognóstico reservado (necrose).
2. Membros pélvicos
2.1. Fêmur
Pequenas aves Æ repouso
Médio e grande porte Æ pino intramedular e imobilização externa (tala de
quadril).
2.2. Tibiotarso
Freqüente
Aves pequenas Æ método de Altman.
Aves grandes Æ pino intramedular e imobilização externa.
2.3. Tarsometatarso
Método de Altman.
Tipóia de Ehmer.
Tala de quadril.
Tempo de imobilização*:
• Pequenas aves 6 a 8 dias
• Aves maiores 1 a 2 semanas
• Formação do calo ósseo - 9 dias
• União óssea 22 dias
• Remodelação - 42 dias
2. DOENÇAS INFECCIOSAS
Sinais clínicos:
• Ave arrepiada/apática/prostrada
• Dispnéia
• Ruído respiratório (“click”)
• Cauda com movimentos pendulares
• Espirro/exsudato
• Sinusite
• Alteração na voz
• Blefarite/conjuntivite
3. ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO
(doenças nutricionais)
Introdução:
As doenças ósseo metabólicas em animais silvestres são freqüentes e
decorrentes principalmente dos seguintes fatores:
O METABOLISMO DO CÁLCIO
O esqueleto funciona como um estoque de elementos minerais (principalmente
de cálcio), para o organismo tanto de aves como de mamíferos e répteis.
O metabolismo do cálcio é regulado pelos níveis de cálcio, fósforo e vitamina D
na dieta alimentar como também por diversos hormônios. O principal controle hormonal
é efetuado pela calcitonina, fabricada na paratireóide, e pela ativação metabólica da
vitamina D. Quando o nível de cálcio do sangue começa a cair, o hormônio da
paratireóide é ativado. A calcitonina aumenta a retenção de cálcio através da filtração
renal, reduzindo a excreção e promove a retirada de cálcio dos ossos, liberando-o para
o sangue. A calcitonina também estimula a liberação de vitamina D na forma
metabólica ativa. A ativação da vitamina D aumenta a retirada de cálcio dos ossos e a
absorção nos intestinos. Havendo excesso de cálcio sanguíneo a calcitonina ativa a
deposição de cálcio nos ossos.
* Para primatas sul americanos, aves e répteis, apenas a Vit D3 tem eficiência
farmacológica.
DEFORMIDADES DO DESENVOLVIMENTO
4. DOENÇAS DERMATOLÓGICAS
5. DOENÇAS PARASITÁRIAS
5.1. Todo indivíduo anexado ao plantel deve passar pelo seguinte procedimento:
1.1 Avaliação clínica preliminar.
1.2 Avaliação coproparasitológica.
1.3 Aplicação de vermífugos de ação interna e externa (*ver protocolo
terapêutico).
1.4 Período de quarentena de no mínimo 1 semana.
• Ectoparasiticidas:
- Fipronil (Frontline® Spray – Rhodia-Mérieux, 2,5 mg/ml). Uso tópico e aplicação em
ninhos e recintos.
Introdução
As afecções do aparelho reprodutor em aves silvestres ocorrem em machos e
fêmeas. As aves acometidas por estes problemas são especialmente aquelas que
estão em período reprodutivo.
Em machos podem ocorrer problemas decorrentes de lesões traumáticas no
pênis. o fato se deve geralmente a agressões promovidas por outros machos durante
as atividades de corte e disputa de fêmeas. O pênis exposto é agredido com o bico
pela ave oponente, as soluções de continuidade, as agressões continuadas e a
1. Introdução
Existem 4635 espécies de mamíferos divididos em 20 ordens, as características
mais marcantes dos mamíferos são além das glândulas mamárias, a endotermia e a
sociabilidade.
EUTHERIA
Ordem Espécies Região
XENARTHRA (tamanduás, preguiças, 29 Neártica e Neotropical
tatus)
PHOLIDOTA (pangolins) 07 Etiópica e Oriental
LAGOMORPHA (coelhos, lebres, tapetis, 80 Todo o mundo menos
pikas) Antártida e Austrália
(introduzido)
RODENTIA (ratos, camundongos, pacas, 2021 Todo o mundo menos
cutias, capivara, esquilos...) Austrália (introduzido)
MACROCELIDAE (mussaranhos- 15 Etiópica
elefante)
INSECTIVORA (toupeiras, mussaranhos) 428 Todo o mundo menos
Antártida
SCANDENTIA (mussaranhos arborícolas) 19 Oriental
Clínica médica:
Devido a grande diversidade dos mamíferos e a falta de conhecimento científico
(médico) de muitas espécies, a utilização de informações pertinentes à medicina de
mamíferos domésticos é amplamente utilizada na clínica de mamíferos silvestres.
Seguem abaixo alguns exemplos da utilização de conhecimentos de diferentes
especialidades clínicas de animais domésticos para a medicina de animais silvestres.
Ordem Carnívora
1. Família Canidae - lobos, graxains, raposas...
2. Família Felidae - gatos, tigres, onças, leopardo, leão...
3. Família Mustelidae - lontra, ariranha, irara, furão, arminho, vison...
4. Família Procionidae - quati, mão-pelada, jupará.
5. Família Ursidae - urso-de-óculos, urso-pardo, urso-himalaio, urso-polar...
6. Família Hienidae - hiena-pintada, hiena.
Ordem Primates
Subordem Catarrinos - Velho mundo (Eurásia e África) septo nasal estreito e
narinas voltadas para baixo e 32 dentes.
Subordem Platirrinos - Novo mundo (América do Sul e Central) septo nasal
largo, 36 dentes e freqüentemente cauda preênsil.
1. Família Cebidae (unhas achatadas como as humanas)
2. Família Callitricidae (unhas em forma de garras)
CHIFRES
Trata-se da única estrutura óssea de crescimento, reposição e reconstituição
periódica. Durante o crescimento é revestido por pele com grande vascularização (velo
ou veludo), que após o término do crescimento se desprende sendo então a estrutura
do chifre destituída de vascularização ou inervação. Os chifres podem atingir
proporções em peso de cerca de 5% do peso corporal. Os chifres são estruturas pares,
Mustelídeos + -- + ±
Ursídeos ± + + +
Roedores
Lagomorfos
Física - com exceção das capivaras adultas, as demais espécies são passíveis de
serem contidas mecanicamente sem grandes dificuldades. Isto pode ser feito com puçás
fundos feitos de pano reforçado. Cuidados especiais devem ser tomados principalmente
no caso das pacas que freqüentemente são agressivas.
Farmacológica - oferece dificuldades, porém, o cloridrato de cetamina na dose de
60 mg/kg para serelepes, 50 mg/kg para pacas e cutias e 15 mg/kg para capivaras e
nútrias é razoavelmente eficiente. Para a obtenção de miorrelaxamento e maior tempo de
anestesia pode-se associar de 02 a 05 mg/kg de cloridrato de xylazina. Ocorrem quedas
de temperatura corporal durante a anestesia (até abaixo de 30º C), porém sem maiores
complicações mesmo que não seja procedido o aquecimento. Para coelhos, a dose de 40
mg/kg de cloridrato de cetamina associada a 02 mg/kg de cloridrato de xylazina permite
intervenções cirúrgicas rápidas, para as de maior duração é recomendável a manutenção
com anestesia volátil (isoflurano).
Manejo nutricional
Cuidados criteriosos de nutrição são importantes para a manutenção,
principalmente dos pequenos roedores. Ração industrializada para ratos de laboratório é
uma boa alternativa como alimentação básica, complementada com frutas, legumes,
verduras e sementes, em conformidade com o hábito alimentar da espécie. A deficiência
dos aminoácidos metionina e lisina pode ocasionar alopecia e despigmentação da
pelagem. A ração deve ser oferecida nas primeiras horas do dia e as frutas e verduras
como complemento no período da tarde. Esta estratégia estimula o consumo da ração
que tem maior importância nutricional.
Devem ser oferecidos galhos e pedaços de madeira ou alimentos duros que
permitam o indispensável desgaste dos incisivos, sem o qual graves complicações
advêm, como a impossibilidade de oclusão dental e dificuldade de deglutição. A ração
industrializada pelletizada favorece o desgaste dos dentes.
As capivaras, grandes consumidoras de capim, não costumam apresentar sinais de
carências nutricionais. Quase todas as espécies de roedores dispõem de grandes cecos
onde ocorre fermentação. O uso de antibióticos orais por longos períodos costuma levar a
complicações devido ao desequilíbrio da flora digestiva (há um predomínio de germes
Gram-positivos
na flora normal). O uso de antibióticos sistêmicos, não sendo por períodos extremamente
dilatados, não costuma levar a complicações.
Ambiente
O ambiente a ser oferecido varia grandemente em conformidade com os hábitos da
espécie, podendo ser: aquático (nútrias e capivaras), arborícola (serelepes e ouriços), ou
de solo (cutias, preás e cutiaras). Abrigos (estresse) e proteção contra a exposição ao sol,
evitando o excesso de calor (intermacão) devem ser oferecidos.
Clinica médica
Lesões podais decorrentes de pisos duros e/ou abrasivos são freqüentes e de
difícil recuperação. Formam-se calos secos, queratinizados, na região da porção proximal
dos metacarpianos que tendem aumentar com a idade.
Endoparasitos
Cestódeos, nematódeos e coccídeos
Tratamento:
Levamizole 08 a 10 mg/kg
Ivermectin 200 a 400 µg/kg SC
Sulfas
Sexagem
A identificação do sexo dos roedores requer cuidados para prevenir erros. As
fêmeas têm como característica própria do grupo, um orifício urinário independente do
orifício genital. O orifício genital está aberto no período da cópula (cio) e do parto,
permanecendo lacrado fora destes. Esta característica torna o aspecto externo da
genitália feminina semelhante a dos machos sendo que a sexagem pode ser efetuada
com correção através da exposição de pênis como caráter diferencial.
Fowler. ZOO & WILD ANIMAL MEDICINE, 2ª edição, 1986 – W.B. Sauders Company
Fowler. ZOO & WILD ANIMAL MEDICINE, 3ª edição, 1993 - W.B. Sauders Company
Fowler. ZOO & WILD ANIMAL MEDICINE, 4ª edição, 1999 - W.B. Sauders Company
Fowler & Cubas Biology, MEDICINE, AND SURGERY OF SOUTH AMERICAN WILD
ANIMALS 2001 – Iowa State University Prress/Ames
Wallach & Boever DISEASES OF EXOTIC ANIMALS, 1983 – W.B. Sauders Company