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Projeto de uma usina de compostagem de resíduos sólidos domiciliares para a cidade de

Cabedelo, Paraíba, Brasil.

Autores:

Antônio Gualberto Filho (*)


Claudia Coutinho Nóbrega (**)
Roberto Nelson Nunes Reis (***)

Curriculum:

(*) Engenheiro mecânico e de segurança do trabalho pela Universidade Federal da


Paraíba, em 1973 e 1974. Mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Federal do
Rio de Janeiro/COPPE, em 1990. Doutorando em Engenharia de Produção da Universidade
Federal de Santa Catarina. Professor Adjunto IV da Universidade Federal da
Paraíba/Campus I, João Pessoa, Paraíba, Brasil.

(**) Engenheira civil pela Universidade Federal da Paraíba, em 1988. Mestre em Engenharia
Civil, área Recursos Hídricos, sub-área em Engenharia Sanitária pela Universidade Federal
da Paraíba, em 1991. Professora Assistente III da Universidade Federal da Paraíba/Campus
I, João Pessoa, Paraíba, Brasil

(***) Engenheiro civil pela Universidade Federal do Pará. Mestre em Engenharia Civil, área
Recursos Hídricos, sub-área Engenharia Sanitária pela Universidade Federal da Paraíba,
em 1993. Engenheiro civil e sanitarista da Fundação Nacional de Saúde.

Endereço:

Universidade Federal da Paraíba


Linha de Pesquisa em Resíduos Sólidos
Caixa Postal 5029
Campus Universitário
CEP: 58.059-900
João Pessoa – Paraíba – Brasil
Fone: (083) 216-7394
Fax: (083) 216-7549
e-mail: claudian@base.com.br

Palavras chaves: resíduos sólidos, composição gravimétrica, usina de compostagem


Introdução

2
O município de Cabedelo/PB, ocupa uma área de aproximadamente 33 Km e, está
localizada na zona fisiográfica do litoral paraibano Está assentado em extensa e uniforme
planície arenosa costeira, cujo único acidente geográfico significativo é o Rio Paraíba, que lhe
serve de limite com o município de Lucena. Tem também como municípios limítrofes João
Pessoa e Santa Rita. As suas coordenadas geográficas são dadas pelos pontos: 7°6’57” de
Latitude Sul e 35°53’14” de Longitude W. Gr., distando, em linha, 18 Km da cidade de João
Pessoa, capital do Estado Paraíba. O município apresenta um clima quente e seco, com
temperatura máxima de 35°C. A estação das chuvas começa em abril e termina em agosto.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a cidade tinha em 30/06/1997
uma população estimada de 35.485 habitantes e uma densidade demográfica de 1.075
2
Hab./Km . Sendo que apenas 53,60% dos domicílios urbanos têm acesso ao sistema de coleta
de resíduos sólidos domiciliares.
O fato de Cabedelo ser uma cidade balneário acarreta aumento significativo da produção
de lixo domiciliar durante o verão, sendo esse crescimento populacional um dos fatores que
contribuem para o aumento da quantidade de lixo produzido na cidade e que vem sendo jogado
a céu aberto, formando o lixão da praia de Camboinha. Essa, é uma prática que favorece a
proliferação de macro e micro vetores, que podem estar diretamente relacionado a várias
doenças, tais como: leptospirose, dengue, amebíase, cólera, febre tifóide entre outras,
contribuindo ainda para a degradação do manguezal. O descarte do lixo a céu aberto, causa
também, problemas de ordem econômica e social pois, quando os resíduos são lançados nos
lixões estão sendo jogados fora energia, trabalho humano e recursos naturais. E, a presença de
materiais recicláveis tais como papel, vidro, plástico e metal nos lixões, atrai as pessoas, tanto
para trabalhar como também para habitarem nestes locais.

Resíduos sólidos: definição e gerenciamento

Definição:

A NBR 10.004 da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas define como


resíduos nos estados sólidos e semi-sólidos os que resultam da atividade da comunidade de
origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição.
Considera-se, também, resíduo sólido os lôdos provenientes de sistemas de tratamento de água,
aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como
determinados líquidos cujas particularidades tornam inviável o seu lançamento na rede pública
de esgotos ou corpos d’água, ou exijam, para isso soluções técnicas e economicamente
inviáveis, em face a melhor tecnologia disponível.
Os resíduos sólidos podem ser classificados de acordo com a origem, com o grau de
biodegradabilidade e com o aspecto econômico.
De acordo com a origem pode ser:

• domiciliar: aquele originado da vida diária das residências, constituídos por restos de
alimentos (tais como: cascas de frutas, verduras, etc.), produtos deteriorados, jornais e
revistas, garrafas, embalagens em geral, papel higiênico, fraldas descartáveis e uma grande
diversidade de outros itens. Contém, ainda, alguns resíduos que podem ser tóxicos.
• comercial: aquele originado dos diversos estabelecimentos comerciais e de serviços, tais
como: supermercados, estabelecimentos bancários, lojas, bares, etc.
• público: são aqueles originados dos serviços de limpeza pública urbano (limpeza das vias
públicas, limpeza de praias, de galerias, de córregos e de terrenos, restos de podas de
árvores, etc.), e de limpeza de áreas de feiras livres, constituídos por restos de vegetais
diversos, embalagens, etc.
• serviços de saúde e hospitalar: constituem os resíduos sépticos, ou seja, que contêm ou
potencialmente podem conter germes patogênicos. São produzidos em serviços de saúde,
tais como: hospitais, clínicas, laboratórios, farmácias, clínicas veterinárias, postos de saúde,
etc. São agulhas, seringas, gazes, bandagens, algodões, órgãos e tecidos removidos, meios
de culturas e animais usados em testes, sangue coagulado, luvas descatáveis, remédios
com prazos de validade vencidos, instrumentos de resina sintética, filmes fotográficos de
raios X, etc. Os resíduos assépticos destes locais, constituídos por papéis, restos da
preparação de alimentos, resíduos de limpezas gerais (pós, cinzas, etc.), e outros materiais
que não entram em contato direto com pacientes ou com os resíduos sépticos anteriormente
descritos, são considerados como domiciliares.
• portos, aeroportos, terminais rodoviários e ferroviários: constituem os resíduos sépticos,
ou seja, aqueles que contêm ou potencialmente podem conter germes patogênicos, trazidos
aos portos, terminais rodoviários e aeroportos. Basicamente, originam-se de material de
higiene, asseio pessoal e restos de alimentação que podem veicular doenças provenientes
de outras cidades, estados e países. Também neste caso, os resíduos assépticos destes
locais são considerados como domiciliares.
• industrial: aquele, originado nas atividades dos diversos ramos da indústria, tais como,
metalúrgica, química, petroquímica, papeleira, alimentícia, etc. O lixo industrial é, bastante
variado, podendo ser representado por cinzas, lôdos, óleos, resíduos alcalinos ou ácidos,
plásticos, papel, madeira, fibras, borracha, metal, escórias, vidros e cerâmicas, etc. Nesta
categoria, inclui-se a grande maioria do lixo considerado tóxico.
• agrícola: resíduos sólidos das atividades agrícolas e da pecuária, como embalagens de
adubos, defensivos agrícolas, ração, restos de colheita, etc.
• entulho: resíduos da construção civil: demolições e restos de obras, solos de
escavações, etc.

De acordo com o grau de biodegradabilidade podem ser:

• facilmente degradáveis (FD): matéria orgânica putrescível;


• moderadamente degradáveis (MD): papel, papelão e outros materiais celulósicos;
• dificilmente degradáveis (DD): trapo, couro, borracha e madeira;
• não degradáveis (ND): vidro, metais, plásticos e outros.

De acordo com os aspecto econômico podem ser:

• resíduos aproveitáveis;
• resíduos para a produção de composto : resíduos orgânicos em geral;
• materiais recuperáveis;
• resíduos inaproveitáveis : resíduos inorgânicos em geral.

Pelo exposto da para ver que o lixo é um problema complexo e que afeta a vida no
planeta. Daí por que é necessário que cada um faça a sua parte, cabendo a Prefeitura Municipal
de Cabedelo fornecer os meios técnicos e gerenciar essa sinergia.

Gerenciamento:

"Gerenciamento dos resíduos sólidos é o conjunto articulado de ações normativas,


operacionais, financeiras e de planejamento, que uma administração municipal
desenvolve, baseado em critérios sanitários, ambientais e econômicos para coletar,
tratar e dispor o lixo da cidade" (Jardins et al., 1995).

Gerenciar o lixo de forma integrada significa limpar o município com um sistema de


coleta e transporte adequados e, tratar o lixo utilizando as tecnologias mais compatíveis com a
realidade local, dando-lhe um destino adequado, ambientalmente seguro, tanto no presente
como no futuro.
O gerenciamento deve funcionar dentro de uma estrutura sistêmica, onde todas as
atividades e operações envolvidas estejam interligadas, influenciando umas às outras de forma
harmônica e benéfica. Esse sistema, ou parte dele, pode funcionar de forma terceirizada. Porém,
é necessário que o planejamento seja desenvolvido com a participação de todos os subsistemas
envolvidos, inclusive os terceirizados, de modo a se obter uma estrutura enxuta e evitar que
aconteçam situações como as descritas abaixo:

• coleta mal planejada encarecendo o transporte;


• transporte mal dimensionado: além de gerar prejuízos e reclamações, prejudica as
formas de tratamento e disposição final;
• tratamento mal dimensionado: não atinge os objetivos e vira alvo fácil de críticas.
Para que se atinja um grau satisfatório de confiabilidade do sistema de gerenciamento, é
fundamental que fiquem bem estabelecidas as responsabilidades de cada uma das partes
envolvidas.
Apresentamos na Tabela 1, a forma de co-gestão a ser observada entre os geradores
de resíduos sólidos e a prefeitura:

Tabela 1: GERENCIAMENTO POR TIPO DE LIXO

Tipos de lixo Responsável pelo gerenciamento

Domiciliar Prefeitura
Comercial Prefeitura (*)
Público Prefeitura
Serviços de Saúde Gerador
Industrial Gerador
Portos, aeroportos e terminais ferroviários e Gerador
rodoviários
Agrícola Gerador
Entulho Gerador
(*)de acordo com a legislação municipal específica. a prefeitura é
co-responsável por pequenas quantidades (abaixo de 50Kg),
Fonte: Lixo Municipal: Manual de gerenciamento integrado

Caracterização do lixo domiciliar

A seguir serão apresentadas as informações necessárias e suficientes para o


entendimento da metodologia usada no desenvolvimento do projeto da usina de resíduos
sólidos da cidade de Cabedelo. As informações usadas no desenvolvimento do projeto foram
obtidas em campo, no IBGE e junto as Secretarias de Planejamento e de Serviços Urbanos do
Município.
De acordo com a Secretaria de Serviços Urbanos, são usados na coleta do lixo
domiciliar caminhões abertos, caminhões compactadores e carroções tracionados por trator. A
coleta é realizada diariamente na zona central da cidade e, em dias alternados nos demais
bairros. De acordo com a Secretaria supracitada a prefeitura não realiza a coleta de resíduos
sólidos comerciais perigosos. Entretanto, coleta os resíduos sólidos industriais com os
equipamentos da própria frota, bem como os resíduos sólidos dos serviços de saúde, que são
coletados por um caminhão da prefeitura devidamente adaptado para essa finalidade. A coleta
dos resíduos sólidos do porto é realizada por sua própria administração. A coleta do lixo das
praias é feita por uma empresa contratada e, nos finais de semana, por menores do Projeto
Praia Limpa, A coleta de resíduos oriundos de cemitérios e limpeza de monumentos não é feita
de forma sistemática e a coleta de animais mortos é realizada pela empresa contratada.
Atualmente a disposição final dos resíduos sólidos é feita a céu aberto, nos limites dos bairros de
Camboinha com o manguezal. A prática de descartar os resíduos sólidos em lixões estabelece
uma relação predatória com o ambiente devido ao potencial altamente poluidor de alguns
resíduos gerados, comprometendo assim a qualidade do ar, do solo e das águas.
A caracterização foi feita com o lixo domiciliar e comercial, no mês de julho de 1997.
O conhecimento da composição do lixo bem como das possibilidades de variação futura
foram fundamentais para a escolha e o dimensionamento dos equipamentos e, para a
definição das técnicas de acondicionamento, transporte, coleta, tratamento e/ou disposição final
dos resíduos sólidos domiciliares. É sabido que a produção de lixo é influenciada por muitos
fatores, dentre os quais pode-se mencionar: área relativa de produção, número de habitantes,
variações sazonais, condições climáticas, hábitos e costumes, nível de educação e poder
aquisitivo da população. A componente econômica tem influência direta na quantidade e
qualidade dos resíduos sólidos produzidos diariamente pois, quando ocorrem variações
expressivas na economia, seus reflexos são imediatamente percebidos nos locais de disposição
e tratamento de lixo.
A caracterização foi realizada com os resíduos do centro comercial e de três bairros
distribuídos por classes: "a", "b" e "c". O resultado da caracterização está mostrado na Tabela 2
abaixo.
Tabela 2 - COMPOSIÇÃO GRAVIMÉTRICA MÉDIA DIÁRIA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS
DOMICILIARES E COMERCIAL DA CIDADE DE CABEDELO
SETORES : RESIDENCIAL E COMERCIAL

PERCENTAGEM ( % )
ITEM COMPONENTES CLASSES SOCIAIS & SETOR MÉDIA
A B C COMERCI DIÁRIA
AL

1 MATÉRIA ORGÂNICA 66,6 62,5 66,4 70,3 66,40


2 PAPEL & PAPELÃO 3,7 10,0 8,4 4,3 6,60
3 PLÁSTICO 8,1 6,0 10,3 2,8 6,80
4 VIDRO 1,8 1,8 1,7 0,5 1,40
5 METAL 1,1 2,3 1,4 0,3 1,30
6 CÔCO 8,2 5,2 3,7 7,1 6,00
7 MADEIRA 0,3 0,3 - 1,4 0,70
8 COURO / BORRACHA / TRAPO 1,1 2,4 0,5 0,2 1,00
9 INERTES 7,4 6,9 3,9 12,9 7,80
10 OUTROS 1,7 2,6 3,7 0,2 2,00

TOTAL ( % ) 100 100 100 100 100

QUANTIDADE DE RESÍDUOS NA ANÁLISE (Kg ) 563 396 166 656 445

MASSA ESPECÍFICA ( Kg / m3 ) 255,4 214,3 139,8 373,5 245,8

DATAS DOS EXPERIMENTOS 03/07/97 10/07/97 17/07/9 24/07/97 Jul/97


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LEGEND A:
CLASSE A - BAIRROS DE INTERMARES, POÇO E CAMBOINHA
CLASSE B - CENTRO RESIDÊNCIAL DA CIDADE.
CLASSE C - CONJUNTO RESIDÊNCIAL RENASCER II.
Solução proposta

De acordo com os dados do IBGE, das 7.615 residências existentes, apenas 4.082 são
atendidas pelo sistema de coleta de lixo. De modo que, para uma média de 4,66 hab./resid. será
um total de 35.486 pessoas. E, para uma produção “per capita” de 0,510 Kg/dia, teremos 18
toneladas/dia de resíduos sólidos domiciliares. Porém, segundo a mesma fonte supracitada,
apenas 53,6% das residências são atendidas pelo sistema de coleta, o que corresponde a
aproximadamente 9,6 toneladas diárias de lixo coletadas e jogadas no mangue.
Em 2.017 a população estimada desse município será de 69.122 habitantes, com uma
“per capita” de 0,758 Kg/hab./dia produzindo assim 52,4 toneladas/dia de resíduos sólidos
domiciliares.
É possível que estes números se concretizem mas, é possível também que mudanças
significativas ocorram tanto no comportamento da população como na concepção das
embalagens e dos próprios produtos, de forma a reduzir os resíduos na fonte. Diante dessas
duas possibilidades optamos pela segunda pois, diante da necessidade urgente e permanente
da preservação da condição de vida no planeta, espera-se que no próximo milênio ocorram
progressos consideráveis nas formas de gerenciamento dos resíduos sólidos. Para isto se fará
necessário investir em educação ambiental e numa legislação municipal, capaz de freiar e, se
possível, reverter os instintos destrutivos ainda existentes em uma boa parte da humanidade.
A solução proposta para a cidade de Cabedelo, é uma usina de compostagem com
capacidade de processamento de 20t/dia que, embora tenha sido projetada para atender a
demanda por vinte anos, não foi dimensionada para a população do ano 2.018. Porém, ela foi
projetada para evoluir, de forma modulada, acompanhando o crescimento da própria cidade. A
proposta estabelece o uso do processo “Windrow” que demanda uma tecnologia simplificada e
de fácil assimilação, constituída de componentes mecânicos de fácil manutenção e baixo custo
de aquisição. A forma de gerenciamento também é simples podendo ser facilmente assimilado
pelo coletivo. Devendo o seu funcionamento indicar se o melhor caminho será investir em sua
expansão ou optar por outras formas de gerenciamento que possam surgir ao longo do tempo
considerado. A área necessária para a construção da usina é de 11 ha, compreendendo tanto a
parte de edificações para a guarita, balança, setor de triagem, de prensagem, de embalagem do
composto e administração, como também o pátio de compostagem, que ocupará uma área de
5.810 m2, o aterro sanitário de rejeitos uma área de 13.770 m2 e a horta 338 m2. Toda a área
da usina será cercada, arborizada e com iluminação suficiente para operar a noite quando for
necessário.
O aterro sanitário de rejeitos esta dimensionado para uma vida útil de 23 anos, tempo
suficiente para surgir novas formas de gerenciamento de resíduos sólidos.
Está previsto para a usina o funcionamento de um sistema fechado para água, devendo
haver a captação em poço para atender o processo produtivo e, se possível, também ao
consumo humano. Depois de servidas, tanto pelo processo como pela higienização o efluente
será tratada em uma lagoa de estabilização e depois usada para aguar as leiras e assim acelerar
o processo de compostagem da matéria orgânica.

PRODUTOS DA USINA

O conhecimento do mercado é fundamental para o sucesso de qualquer


empreendimento, não sendo diferente para o caso da usina de lixo. Em geral os principais
compradores são os sucateiros que funcionam como intermediários entre os catadores e as
fábricas que compram os materiais recicláveis. Neste caso a própria usina comercializará os
seus produtos, dispensando assim a ação dos intermediários e obtendo consequentemente
resultados financeiros mais compensadores.
Os produtos a serem obtidos e comercializados serão: composto orgânico, papel,
papelão, plástico, lata, vidro e outros. Os materiais que não forem comercializáveis, recicláveis
ou reutilizáveis irão para o aterro sanitário de rejeito.

Composto orgânico

O composto orgânico a ser produzido pela usina deverá ser de boa qualidade, ou seja:
isento de odores e de agentes contaminantes, fácil de ser manuseado, estocado e transportado.
O principal uso para o composto orgânico é na aplicação agrícola, onde é utilizado
como fertilizante e condicionador de solos. Pode também ser utilizado como matéria-prima no
processamento de fertilizantes industriais e no controle de erosão, reflorestamento, parques, etc.
A aplicação do composto traz uma série de vantagens para o crescimento das plantas e
aumento da produtividade agrícola, pois pode melhorar as propriedades físicas e químicas do
solo e também pode trazer outros benefícios, como a correção de pH em solos ácidos. O
composto pode também ser utilizado como um complemento na alimentação de porcos e peixes.
A produção média diária prevista, para um processamento de 20 t/dia de resíduos é de
é de 6t/dia de composto orgânico, o que eqüivale a 120 sacos de 50 kg por dia.

Materiais recicláveis

Os outros produtos que serão obtidos através da catação, não terão qualquer tipo de
beneficiamento a não ser a prensagem para papel, papelão, plástico e latas, devendo os demais
serem simplesmente ensacados.
Para o papel, a produção média diária prevista é de 400 kg/dia, que será comercializado
na forma de fardos de 200, 100 ou 50 kg, como forma de atender ao cliente, facilitar o manuseio
e reduzir o risco de acidentes do trabalho. O papelão terá uma produção média diária prevista
de 420 kg/dia, devendo ser comercializado em fardos de 140 kg estando previsto um número de
3 fardos/dia.
A quantidade média diária de plástico a ser catado deverá ser de 840 kg/dia,
que será prensado em fardos de 105 kg, o que equivale a 8 fardos/dia.
Quanto aos metais ferrosos e não ferrosos, cuja produção média diária prevista é de 160
kg/dia, serão prensadas em blocos de 160 kg , dando um total de 1 bloco/dia.
Mostramos na Tabela 3, o volume da produção diária previsto, por produto, para um
volume de coleta de 20t/dia

Tabela 3 - VOLUME PREVISTO DE PRODUÇÃO DIÁRIA


POR PRODUTO

PRODUTO QUANTIDADE %
(em kg)
COMPOSTO 6.000 75,0
PAPEL 400 5,0
PAPELÃO 420 5,3
PLÁSTICO 840 10,5
METAL 160 2,0
VIDRO 162 2,0
OSSOS E 18 0,2
OUTROS
TOTAL 8.000 100
FUNCIONAMENTO DO SISTEMA DE PRODUÇÃO

O principal insumo que alimentará o sistema de produção da usina de compostagem


será o resíduo sólido domiciliar e do centro comercial. Os demais serão materiais a serem
usados no apoio tais como: material de limpeza, material de escritório, material de embalagem,
equipamentos de proteção individual, energia elétrica e água.
A tecnologia utilizada na concepção do sistema produtivo é conhecida e utilizada no
país porém, foram introduzidas algumas mudanças objetivando a adaptação da mesma a uma
característica específica da região que é a pequena cota do lençol freático. Foi feita ainda uma
intervenção ergonômica na referida tecnologia objetivando obter melhorias tanto na condição de
trabalho como na produtividade.
O processo começa com a coleta dos resíduos sólidos na cidade, realizada pelo serviço
de limpeza urbana, sendo em seguida transportado para a usina. Chegando na usina o
caminhão é pesado na balança rodoviária seguindo então para o setor de triagem onde
depositará o lixo na plataforma de recepção. Da plataforma o lixo é conduzido, com o uso de pás
manuais, para a tulha, por onde cairá sobre a correia transportadora da mesa de catação, para
que seja feita a separação dos vários componentes do lixo. A matéria orgânica vai para o
triturador e em seguida é transporta da em caçamba para o pátio de compostagem. Os demais
componentes tais como: papel, papelão, plástico, metais e vidros, vão para o setor onde serão
prensados, pesados, embalados e estocados nas baias para posterior comercialização.
No pátio de compostagem são formadas leiras medindo 2,25m X 3,00m X 10,00m para
que então se processe a compostagem da matéria orgânica. Ao longo do dos 120 dias
necessários para a maturação do composto, as leiras precisam ser reviradas periodicamente,
uma tarefa árdua e improdutiva quando realizada manualmente daí, porque optou-se por um
reviramento mecanizado. Depois de pronto, o composto será transportado para o setor de
peneiramento e embalagem, onde ficará estocado até posterior comercialização. O rejeito
resultante tanto da triagem como do peneiramento serão transportados para o aterro sanitário do
rejeito da usina.
Fluxograma do processo produtivo
Lixo depositado em ruas ou depósitos nas calçadas

Coletar os resíduos sólidos na rua e residência

Transportar para a usina

Pesar na balança rodoviária

Depositar na plataforma de triagem

Movimentar lixo até a tulha com uso de pá manual

Colocar material na tulha

Separar os componentes do lixo na mesa de catação e colocar em tambores

OUTROS PLÁSTICOS LATAS MATÉRIAIS ORGÂNICOS REJEITO VIDROS PAPEL E


PAPELÃO

Triturar a materia
organica

Transportar em
Transportar p/ setor Transportar p/ Transportar para o pátio
Transp de prensas setor de prensas de compostagem
tambores P/ o
Ensacamento
ortar p/
setor de Prensar plástico Prensar latas Ensacar vidro
Separar Formar leiras

Ensacar
Medir temperatura e Enfar
revisar leiras Pesar vidro
dar
Pesar
Transportar papel
para o Transportar fardo
peneiramento Transportar p/ a p/ a baia
Transportar p/ baia
Transportar p/ baia Transportar p/
baia baia Peneirar

Ensacar Transportar P/ o
aterro

Dispor o rejeito no
aterro
Pesar 50Kg

Transportar p/ o
depósito Cobrir rejeito C/
areia

Compactar rejeito C/
máquina

Plásticos Armazenar a Vidros Depositados Papel e


depositados na Latas depositadas materia orgânica Rejeito depositado papelaão
Outros depósitado na Baia
na baia ensacada no aterro depositados
na baia baia
na baia
Pesagem

A balança rodoviária ficará instalada ao lado da guarita e servirá para pesar tanto os
caminhões de lixo que chegam da coleta e estão indo para a triagem, como também para aqueles
que deixarem a usina carregados com materiais para serem reciclados tais como: papel, papelão,
plástico, metal, vidro e outros.

Compostagem

A compostagem é um processo biológico de transformação da matéria orgânica em


substâncias húmicas, estabilizadas, com propriedades e características completamente diferentes do
material inicial. A compostagem deve ser desenvolvida em duas fases distintas: a primeira, a fase
ativa, quando ocorrem as reações bioquímicas de oxidação mais intensas; e a segunda, a fase de
maturação, onde ocorre a humificação do material previamente estabilizado.
A compostagem moderna é um processo biológico, aeróbio, controlado, termofílico, desenvolvido em
duas fases por sucessões de colônias mistas de microorganismos.
A matéria orgânica, que em Cabedelo representa 68% do total dos resíduos sólidos
domiciliares e do centro comercial, corresponde a 13.600 kg/dia. Após a catação a matéria orgânica é
triturada por um moinho, caindo diretamente dentro de uma caçamba que será posteriormente
rebocada até o pátio de compostagem, onde serão construídas as leiras. Cada leira medirá 2,25m x
3.00m x 10,00m, havendo entre elas uma área para circulação e manobra durante as etapas de
transporte e reviramento. Será feito um monitoramento das leiras para acompanhar o processo de
maturação.
Depois de completada a compostagem, que ocorrerá após 120 dias do processo, o material
será transportado, em uma caçamba para o setor de peneiramento e embalagem do composto.
Nesse setor o composto oriundo do pátio de compostagem é colocado em um correia transportadora
para ser conduzido até a peneira. A medida que vai sendo peneirada, cai numa tulha que conduz até
a boca do saco, que já se encontra na balança. Quando completa 50 kg a tulha é fechada
manualmente para que se proceda a substituição dos sacos. O saco retirado da balança será fechado
e transportado para a baia correspondente, onde permanecerá até ser transportado para o caminhão
no momento da expedição. O resíduo gerado durante o peneiramento, caí numa tulha que conduz
até uma caçamba para ser transportado até o aterro sanitário de rejeitos da usina. A produção total
de rejeito, que corresponde ao que é gerado na triagem mais o do peneiramento, será da ordem de
1.600 kg/dia.
A produção diária de composto orgânico será de 6.000 kg, o que corresponde a 120 sacos
de 50kg.

Aterro sanitário dos resíduos sólidos

O aterro sanitário é um método de disposição de resíduos sólidos, difundida em quase todo o


planeta, sendo uma solução econômica para os rejeitos de outros processos de tratamento de lixo.
Podem ser controlados e de confinamento.
Os aterros sanitários controlados e de confinamento são técnicas de disposição de resíduos
sólidos no solo, que funcionam sem causar danos a saúde pública, minimizando os impactos
ambientais. Essas técnicas utilizam princípios de engenharia, para confinar os resíduos sólidos na
menor área e, menor volume possíveis, cobrindo-os com uma camada de terra.
A Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental de São Paulo/CETESB, define aterro
sanitário como sendo um processo utilizado para a disposição, no solo, de resíduos sólidos,
particularmente o lixo domiciliar, fundamentado em critérios de engenharia e normas operacionais
específicas, permitindo assim uma confinação segura, em termos de controle da poluição ambiental e
proteção ao meio ambiente.
O aterro sanitário da Usina de Cabedelo servirá para a disposição dos rejeitos da triagem e
do peneiramento do composto.
Preparação dos recicláveis para comercialização

Os recicláveis compreende papel, papelão, plástico, vidro, metais ferrosos e não-ferrosos e


outros. Esses depois de devidamente catados na mesa de catação serão depositados em tambores
de 200 litros. Esses tambores terão pegas ou alças colocadas de forma a facilitar o manuseio dos
mesmos e, serão transportados em carrinhos cativos desenvolvidos para a realização do transporte
de forma segura e produtiva até o setor de prensagem e enfardamento. Alguns dos produtos tais
como: papel, papelão, plástico e metais serão prensados, e estocados na forma de fardos ou blocos.
Enquanto que os vidros e outros serão pesados, ensacados e armazenados nas baias para
posterior comercialização. As baias foram dimensionadas em função da capacidade de transporte de
um caminhão comum trucado, de modo que o período de produção considerado foi aquele
necessário para a formação de um lote correspondente a uma carga do tipo de caminhão acima
citado. As vias de circulação e manobra dentro da usina também foram dimensionadas para esse
mesmo tipo de veículo.
Referências Bibliográficas

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Resíduos sólidos – classificação. NBR


10.004. São Paulo, 1987.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Apresentação de projetos de aterros


controlados de resíduos sólidos urbanos. NBR 8849. São Paulo, 1985.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Apresentação de projetos de aterros


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