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BOAS

PRÁTICAS
NA GESTÃO DE
UNIDADES DE
CONSERVAÇÃO
CONHEÇA AS INICIATIVAS QUE BUSCAM SOLUÇÕES PARA
GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NO BRASIL

EDIÇÃO 03 ANO 2018


PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Michel Temer

MINISTRO DO MEIO AMBIENTE

Edson Duarte

PRESIDENTE DO INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE (ICMBio)

BOAS
Paulo Henrique Marostegan e Carneiro

COMITÊ EDITORIAL

Ângela Pellin, Carla Guaitanele, Cibele Tarraço Castro, Danúbia Melo, Fabiana Prado, Letícia

PRÁTICAS
Braga, Roberta Barbosa, Rosana Lordêlo de Santana Siqueira e Thais Ferraresi Pereira

COLABORADORES

Camilla da Silva, Debora Lehmann, Fernanda Boaventura, Fernando Mendes, Gilceli Menezes,
Isis de Freitas, Larissa Diehl e Marcia Muchagata

NA GESTÃO DE
UNIDADES DE
ORGANIZAÇÃO, TEXTO E REVISÃO

Cibele Quirino - Jacarandá Comunica

PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO

Kátia Ozório - Artificie Design


CONSERVAÇÃO
CONHEÇA AS INICIATIVAS QUE BUSCAM SOLUÇÕES PARA
FOTOS DA CAPA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NO BRASIL
Elder Pena, Enrico Marcovaldi, Enrico Marone, Flávio Varricchio, João Marcos Rosa e Ricardo Maia
MAIS DO QUE RECONHECER, A
IMPORTÂNCIA DE COMPARTILHAR
BOAS PRÁTICAS
Em 2017, o número de visitantes em cerca de 100 Unidades de Conservação (UCs) Ambos os eventos são parte de um projeto amplo, chamado Motivação e Sucesso
federais chegou aos 10,7 milhões. Um recorde, com 20% de aumento real, em rela- na Gestão de Unidades de Conservação, realizado pelo ICMBio em parceria com o
ção a 2016, segundo estimativas do ICMBio. O interesse da sociedade em conhecer IPÊ - Instituto de Pesquisas Ecológicas desde 2013. As duas instituições e o Ibam
essas áreas naturais é um fator a ser celebrado e incentivado, a fim de que possa mostraram mais uma vez a força das parcerias e reuniram-se para executar a várias
ser possível cada vez mais indivíduos não só conhecerem, como reconhecerem as mãos, mentes e corações esse grande evento que contou com o apoio de Gordon
unidades como fundamentais para a conservação da biodiversidade e o bem-estar and Betty Moore Foundation, Projeto Desenvolvimento de Parcerias Ambientais Pú-
humano. Desde a realização do III Seminário de Boas Práticas na Gestão de Uni- blico-Privadas (PAPP) apoiado pelo Banco Interamericano para o Desenvolvimento
dades de Conservação, em novembro de 2017, o país ganhou mais onze Unidades (BID), Caixa Econômica Federal, cooperação alemã para o desenvolvimento susten-
de Conservação, passando de 324 para 335 áreas sob a gestão do ICMBio, mais um tável, por meio da Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ)
motivo para comemorar. GmbH, Serviço Florestal dos Estados Unidos (USFS) e Agência dos Estados Unidos
para o Desenvolvimento Internacional (Usaid).
A força das Unidades de Conservação federais encontra-se nos servidores que atu-
am constantemente para motivar o interesse da sociedade por essas áreas, não Um dos grandes resultados dessa parceria é esta revista, que reúne o conhe-
apenas como atrativo turístico, mas como uma riqueza a ser cada vez mais valori- cimento tão relevante compartilhado pelos gestores e parceiros ao longo dos
zada frente aos desafios socioambientais enfrentados pelo Brasil. Essa força tam- dias de encontro. Aqui, é possível conhecer 76 Boas Práticas em Unidades de
bém está na mobilização de atores sociais, comunidades e moradores do entorno Conservação. Dessa forma, o objetivo é disseminar ainda mais as experiências,
- que dependem direta ou indiretamente das unidades - organizações sociais e estimulando novas inspirações capazes de favorecer a preservação, aperfeiçoar
ambientais, comunidade escolar, empresas e demais órgãos governamentais. Cada o monitoramento, desenvolver pesquisas, valorizar as comunidades tradicionais,
vez mais, esses atores, em parceria, vêm fazendo a diferença, provando o elevado implementar novos atrativos, otimizar recursos, incentivar o uso público nas UCs
potencial dessas áreas no desenvolvimento social, ambiental e econômico de ter- abertas à visitação.
ritórios.
Conseguimos nessa edição reunir um maior número de práticas e definir um con-
A escolha de Parcerias como tema central do III Seminário de Boas Práticas na ceito capaz de apresentar as particularidades de cada trabalho desenvolvido com
Gestão de Unidades de Conservação veio repleta de significados e permitiu ao mais destaque. Alguns gestores pontuaram as inspirações das práticas, como por
ICMBio celebrar 10 anos de história com um evento que destacou a importância exemplo, capacitações, apresentações de Seminários anteriores, eventos interna-
dos parceiros - das associações locais aos estudantes de universidades, dos cen- cionais, enfim, optamos por destacar tais iniciativas como forma de reconhecê-las.
tros de pesquisa às organizações não governamentais, na gestão das Unidades de Afinal, todas essas frentes buscam promover mudanças e Boas Práticas sintetizam
Conservação. justamente isso.

Essa edição do Seminário também entrou para a história pela realização conjunta Todas as práticas contêm uma ficha com o propósito de relacionar os principais
com o I Fórum Internacional de Parcerias na Gestão de Unidades de Conservação, profissionais e instituições envolvidas, mas sabemos e reconhecemos que cente-
uma iniciativa do Instituto Brasileiro de Administração Municipal (Ibam) - mais nas de atores sociais contribuíram com cada trabalho, por isso sintam-se todos,
uma forma de parceria, que reforça as convicções do ICMBio de que somar esforços por meio dessa publicação, aqui representados.
é sempre a melhor estratégia.

Paulo Henrique Marostegan e Carneiro


Presidente do ICMBio

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


ICMBIO DAP/SBIO/MMA – MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE
Criado em 2007 com a importante e desafiadora missão de “proteger o patrimônio O Departamento de Áreas Protegidas coordena o Sistema Nacional de Unidades de
natural e promover o desenvolvimento socioambiental”, o Instituto Chico Mendes Conservação da Natureza (SNUC), que foi concebido para potencializar o papel das
de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) administra mais de 330 Unidades de unidades de conservação, assegurando amostras significativas e ecologicamente
Conservação federais (UCs) espalhadas por todo o Brasil. Autarquia vinculada ao viáveis das diferentes populações, habitats e ecossistemas, para que estejam ade-
Ministério do Meio Ambiente, o ICMBio também é responsável por fomentar e exe- quadamente representadas no território nacional. Nosso desafio é despertar o in-
cutar projetos de pesquisa relacionados à biodiversidade, desenvolver programas teresse da sociedade brasileira pelo patrimônio natural e cultural protegido pelo
de educação ambiental, monitorar o uso público e o aproveitamento econômico SNUC, aproximando as unidades de conservação da sociedade.
dos recursos naturais nas UCs onde tais atividades são permitidas, exercer o poder
de polícia ambiental visando à proteção das unidades e promover o desenvolvi-
mento socioambiental das comunidades tradicionais em Unidades de Conservação INSTITUTO BRASILEIRO DE ADMINISTRAÇÃO
de uso sustentável. MUNICIPAL - IBAM
O IBAM é uma associação civil sem fins lucrativos que há 66 anos dedica-se a
apoiar os municípios, o governo nacional, os estaduais e os internacionais, na di-
IPÊ – INSTITUTO DE PESQUISAS ECOLÓGICAS
reção do aperfeiçoamento da gestão pública, na oferta mais eficaz de serviços, no
O IPÊ - Instituto de Pesquisas Ecológicas é uma organização brasileira, sem fins fortalecimento de processo de descentralização, na promoção do desenvolvimento
lucrativos, que trabalha pela conservação da biodiversidade do País. sustentável e o aperfeiçoamento de práticas de gestão, em especial na escala lo-
Fundado em 1992, atua nos biomas Mata Atlântica, Amazônia, Pantanal e Cerrado, cal. Em função da evolução da descentralização, Municípios e Territórios ganham
com cerca de 30 projetos, que incluem pesquisa científica de espécies da fauna e protagonismo na agenda pública e, em função disso, o IBAM tem ampliado seu
flora, ações de educação ambiental e envolvimento comunitário, além de interven- espectro de atuação a fim de incorporar a temática ambiental. Nessa direção, entre
ções em paisagens e apoio à construção de políticas públicas. outros projetos, desde 2014 vem implementando o projeto de Parcerias Ambientais
Público-Privadas – PAPP, que tem como missão apoiar o ICMBio na promoção de
Pesquisadores experientes facilitam o intercâmbio de expertises em busca de me-
parcerias, no aperfeiçoamento da gestão, no desenvolvimento socioambiental e na
lhores resultados, e o constante diálogo e gestão intersetoriais permitem arranjos
preservação da biodiversidade nas Unidades de Conservação Federais.
efetivos e parcerias duradouras.

O empenho em multiplicar o conhecimento adquirido ao longo do tempo, deu ori-


gem à ESCAS – Escola Superior de Conservação Ambiental e Sustentabilidade, que PARCERIA PARA A CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE
oferece cursos de curta duração, MBA e Mestrado Profissional nas áreas de meio NA AMAZÔNIA (PCBA)
ambiente e sustentabilidade, em sua sede, em Nazaré Paulista (SP).
É um compromisso entre o povo dos Estados Unidos e o povo brasileiro na forma
www.ipe.org.br de um programa conjunto de cinco anos pela conservação da biodiversidade na re-
gião. A Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID)
apoia financeiramente o projeto. O Serviço Florestal dos Estados Unidos (USFS)
CONSOLIDAÇÃO DO SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES atua como parceiro técnico responsável pela implementação, juntamente com o
DE CONSERVAÇÃO (SNUC) – LIFEWEB Instituto Chico Mendes para a Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a Funda-
ção Nacional do Índio (FUNAI), ONGs, comunidades amazônicas e universidades
A publicação tem o apoio do projeto “Consolidação do Sistema Nacional de Uni- americanas e brasileiras, que apoiam os esforços para o desenvolvimento local e
dades de Conservação (SNUC) – LifeWeb”, desenvolvido pelo Ministério do Meio a conservação, por meio de oficinas, seminários, desenvolvimento de ferramentas
Ambiente (MMA) e pela cooperação alemã para o desenvolvimento sustentável, de gestão e assistência técnica in loco. Os experts em manejo de áreas protegidas
por meio da Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH, dos EUA criam experiências interdisciplinares e interculturais com parceiros bra-
no âmbito da Iniciativa Internacional de Proteção ao Clima (IKI, sigla em alemão) sileiros, além de novas aplicações para ferramentas e tecnologias que protejam o
financiada pelo Ministério Federal do Ambiente, Proteção da Natureza e Segurança meio ambiente e melhorem a vida das pessoas na Amazônia.
Nuclear da Alemanha (BMU, sigla em alemão).

Saiba mais: https://www.giz.de/en/worldwide/39436.html

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


10 Evento destaca principal estratégia do ICMBio e celebra 10 anos contabilizando recordes

14 Fique por dentro dos temas discutidos

44 Parceria de Conhecimento 70 Gestão Compartilhada 96 Tecnologia Nacional


■■ PESQUISA Pesquisas sobre Tartarugas Marinhas em Abrolhos Termo de Reciprocidade e Plano de Trabalho Universidade desenvolve sistema de contagem

19 Política Pública
aperfeiçoam interpretação ambiental orientam parceria no Parque Nacional da Tijuca de visitante ao custo de R$ 135,00

ICMBio e CNPq implementam solução inédita para 99 Pluriparticipação


áreas protegidas
■■ GESTÃO INTEGRADA ■■ USO PÚBLICO E NEGÓCIOS Gestão recupera praias protegidas de
empreendimentos privados irregulares
22 Pesquisa e Patrocínio 48 Mobilização e Justiça 74 Parceria com Cooperados
Projeto com a maracanã-verdadeira subsidiará 102 Gestão Participativa
Contrato de Concessão de Direito Real de Uso Transformando desafios em oportunidades
a reintrodução da ararinha-azul na natureza Novos espaços de discussão atraem mais
beneficia quase 1,5 mil famílias
76 Regionalizar as Compras de 400 condutores
26 Universidade Parceira 51 Articulação Institucional Agricultores e produtores locais têm prioridade
Projeto MAArE desenvolve ação preventiva diante 104 Grupo de Trabalho
Iniciativa fortalece parceria entre órgãos públicos como fornecedores de concessionária
de exploração petrolífera Publicação sistematiza Turismo de Base
e povos indígenas no Parque Nacional Pico da
Neblina 79 Público-Privadas Comunitária em Unidades de Conservação
28 Inclusão Digital Projeto destaca viabilidade econômica
Moradores de comunidades realizam ação 107 Comunicação
55 Proteção Conjunta e socioambiental de duas Florestas Nacionais
no controle de zoonoses emergentes Estratégia reforça o conceito da Trilha Transcarioca
Maior articulação entre Secretaria Estadual com foco em parcerias
e Funai transforma relações entre moradores e garante visibilidade extra à iniciativa
32 Parceria Científica 82 Parceria Institucional
de comunidades e indígenas
Instituições de ensino desenvolvem pesquisas 110 Articulação
Formação de multiplicadores em uso público
específicas sobre Reserva Natural
57 Espaços de Diálogo aprimora serviços nas unidades Ecotrilha fortalece a gestão integrada entre
Lideranças indígenas e extrativistas do sul do unidades, diálogo com o DER e o engajamento
34 Parceria Acadêmica 85 Capacitação da sociedade
Amazonas desenvolvem Plano de Ação de Gestão
Unidades de Conservação buscam na ciência
Integrada de Áreas Protegidas Interpretação Ambiental aproxima comunidade
os subsídios para o planejamento integrado 113 Grupos de Visitantes
local da equipe gestora
60 Articular e Capacitar Mobilização de ciclistas, caminhantes e escoteiros
37 Tradicional e Acadêmico 87 Interpretação Ambiental triplica visitação
Estratégia garante novas oportunidades
Projeto alinha conhecimentos e identifica espécies
à comunidade local e preserva a região Estratégia busca comunicar de forma mais efetiva
da flora prioritárias para conservação 116 Mobilização
sobre as Unidades de Conservação e melhorar a
63 Cogestão experiência do visitante Sociedade civil e instituições públicas
39 Conhecimento Científico e Tradicional implementam ecotrilhas na Serrinha do Paranoá
Mais de 70% dos visitantes analisam a experiência
Reserva fortalece conservação da biodiversidade
como ótima em unidade onde órgão estadual e 90 Tecnologia
com Programa de Monitoramento 119 Termo de Cooperação Técnica
Oscip somam esforços 10 Unidades de Conservação obtêm dados inéditos
de visitação com acesso em tempo real Parque Estadual do Pico do Itambé aumenta a
41 Pesquisa Acadêmica
66 Sistema de Monitoramento visitação e fortalece alianças na esfera municipal
Monitoramento aponta novas estratégias para
Pesca artesanal em Mosaico Lago de Tucuruí 93 Monitoramento Automático
os períodos com excedente de pescado e de 122 Turismo Sustentável
representa 13% da produção de pescado do Pará Resultados subsidiam a criação de nova trilha
entressafra Programa Áreas Protegidas para Prosperar soma
e mostram visitação acima das expectativas
esforços em sete Unidades de Conservação
125 Visitação Agendada 157 Protagonismo Juvenil 189 Comunicar 219 Viveiro de Nativas
Parque Nacional das Araucárias abre para uso 42 jovens desenvolvem Agenda 21 local e Eu Amo Cerrado investe na estratégia conhecer 200 mil mudas de Cerrado recuperam áreas
público com apoio do conselho conquistam certificação em sustentabilidade para proteger degradadas no entorno de Unidade de
Conservação
127 Ordenamento Participativo 160 Programa de Agente 192 Capacitação Preventiva
Parque Nacional de Anavilhanas e CNPT aplicam Plano Voluntário Ambiental Novos caminhos para reduzir incêndios florestais
de Ação e aumentam segurança de botos e turistas Secretaria Estadual lança programa e melhora ■■ SOCIEDADE COMPROMETIDA
a experiência do visitante nas unidades
130 Parceiros Locais ■■ MANEJO E AGROECOLOGIA 222 Sociedade Engajada
Reabertura de trilhas em caráter experimental 163 Educação Ambiental A conquista dos novos limites do Parque Nacional
garante vitória da sociedade Parceria entre Sema e Sesc-Ceará implementa 195 Relações Institucionais da Chapada dos Veadeiros
Projeto Aflorar em área protegida Feira dos Povos fortalece produtos agroflorestais
e busca maior rentabilidade 224 Parcerias Institucionais
■■ GESTÃO PARTICIPATIVA E 166 Cartografia Social Produção de TV e web busca popularizar
EDUCAÇÃO AMBIENTAL Zoneamento Ambiental Participativo fortalece 198 Condicionantes e Ajustamentos o conhecimento sobre a biodiversidade
comunidade da Reserva Extrativista da Prainha Mais de 100 hectares de manguezais recuperados
133 Processos Formativos do Canto Verde em menos de 10 anos 227 Força-Tarefa
Projetos Políticos Pedagógicos unem diferentes Servidores do ICMBio têm papel central
atores sociais com objetivos compartilhados 169 Programação Socioambiental 201 Manejo Integrado do Fogo em novo modelo para a demarcação de áreas
Ecofolia desenvolve pesquisas nas comunidades
40% de redução na área atingida por incêndios entre
137 Educação Transforma com participação de voluntários durante o Carnaval 231 Edital e Apoio Técnico
2010 e 2016 em Unidades de Conservação federais
Projeto Político Pedagógico garante resultados Projeto demonstrativo de geração de energia
transdisciplinares 172 Registro Educomunicativo fotovoltaica gera economia de R$ 102 mil em 2017
204 Cadeias de Valor
Estratégia garante continuidade do protagonismo
Programa Conservação dos Recursos Biológicos
140 Interlocução juvenil após término dos recursos 234 Fundos de Apoio
da Amazônia avança e implementa projetos-piloto
A entrada de um terceiro ator social pode mudar 12 Unidades de Conservação Marinhas e da Mata
os rumos de um conflito 175 Voluntariado Atlântica já recebem aportes para gestão
207 Sistemas Produtivos
Adesão ao trabalho voluntário pelas Unidades
Parque Nacional busca diversificar renda
143 Magistério Extrativista de Conservação cresce 62% entre 2015 e 2017 238 Fundo de Perpetuidade
das comunidades extrativistas do entorno
79 jovens atingem o Ensino Fundamental Medida garante a implantação imediata de
em Reservas Extrativistas da Terra do Meio 178 Educomunicação projetos e assegura recursos futuros para a gestão
210 Restauração do Cerrado
Visibilidade do Mosaico aumenta com
Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros
146 Diálogo Permanente fortalecimento de jovens lideranças 241 Campanha de Atendimento
aproxima a sociedade da conservação
Recurso audiovisual favorece aproximação Ação inscreve 425 proprietários da Área de
entre gestão estadual e a comunidade 181 Conselhos Integrados Proteção Ambiental de Pouso Alto no Cadastro
213 Manejo Integrado do Fogo
Estratégia permite responder às principais Ambiental Rural
Resultados na Estação Ecológica Serra Geral
149 Termo de Compromisso demandas do território e aumenta mobilização
do Tocantins superam as expectativas
Conciliação permite a pesca em unidade de proteção 245 Condicionantes Ambientais
integral recém-criada pelo Poder Legislativo 184 Jovens Parceiros Grupo de Trabalho estabelece nova dinâmica entre
216 Sistema Agroflorestal
Gestão do Parque Nacional das Araucárias empreendedor, órgãos públicos e comunidades
Prática concilia produção de alimentos com
153 Comunicação implementa atividades com adolescentes tradicionais
restauração de áreas degradadas e formação
Diálogo e interação social apoiam a implementação de corredores ecológicos
do Parque Estadual do Jalapão 186 Curso de Formação
Valorização e visibilidade de pescadores garantem
avanços no Acordo de Gestão
10
EVENTO DESTACA PRINCIPAL 11
ESTRATÉGIA DO ICMBIO E CELEBRA
10 ANOS CONTABILIZANDO
RECORDES
Fotos: Israel Lima
Com o tema Parcerias, o III Seminário de
Boas Práticas na Gestão de Unidades de
Conservação realizado de 27 a 29 de no-
vembro de 2017, no Centro Internacional
de Convenções do Brasil, em Brasília,
mais do que dobrou o número de traba-
lhos inscritos em relação à edição ante-
rior. Em 2017, o ICMBio recebeu 147 práti-
cas, em 2016, com o tema livre, foram 56.
O Seminário temático celebrou os 10 anos
e atendeu à solicitação do presidente do
ICMBio, na época Ricardo Soavinski, que
passou como demanda a realização de
um grande evento valorizando os parcei-
ros para comemorar a data.

A diversidade das formas de parcerias das 76 Boas Práticas registra as múlti- de um país de dimensões continentais. “Considero o Seminário muito valioso por
plas faces desse instrumento, desde o conhecimento tradicional até o científico reconhecer os esforços feitos pelos gestores. O evento estimula uma visão sistemá-
dos centros de pesquisa – em alguns casos somando esforços – passando pelo tica – as UCs não são esforços isolados ou locais da conservação da biodiversidade,
voluntariado e o aporte de recursos. Pedro de Castro da Cunha e Menezes, elas pertencem a um sistema. Por esse motivo, o Seminário fortalece a consolida-
chefe da Coordenação Geral de Uso Público e Negócio, destaca o Seminário ção do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), também apoiado
como a oportunidade para obter escala na divulgação das Boas Práticas. “Como pelo Governo Alemão junto ao Ministério de Meio Ambiente do Brasil na iniciativa
instituição pulverizada, estamos em vários locais do cenário nacional, se não internacional para a Proteção do Clima”, diz.
fosse pelo Seminário como espaço de discussão de iniciativas locais, que são
A terceira edição registrou recorde de público com cerca de 300 participantes -
replicáveis, as experiências não chegariam ao conhecimento das equipes de
entre servidores, representantes governamentais, comunidades locais, empresá-
outras Unidades de Conservação (UCs). Por exemplo, uma iniciativa em Roraima
rios, voluntários, pesquisadores e lideranças de organizações da sociedade civil
dificilmente seria do conhecimento das equipes do Rio Grande do Sul ou em
- aumento superior a 450% em relação ao evento de estreia. Os motivos de tal
Minas Gerais. O seminário cumpre esse papel e ao mesmo tempo valoriza os
crescimento, segundo Fabiana Prado, coordenadora de projetos do IPÊ, envolvem
gestores que conseguem durante o evento divulgar iniciativas já desenvolvidas,
o comprometimento desde o início do projeto em criar de fato um espaço de dis-
mas que até então pela falta de visibilidade muitas vezes perdiam inclusive o
cussão. “A qualidade do evento repercutiu e a cada ano, o número de interessados
valor para o gestor”.
aumenta. O sucesso de público é o resultado do trabalho dos anos anteriores. Pro-
Para Jens Brüggemann, diretor do projeto Consolidação do Sistema Nacional de vavelmente no próximo evento teremos ainda mais participantes. Uma conquista
Unidades de Conservação da Natureza (SNUC) - LifeWeb pela Deutsche Gesells- muito grande dessa edição foi envolver também os Estados, além das UCs federais.
chaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH, o crescimento expressivo do Isso sempre esteve no nosso horizonte e conseguimos isso por meio dessa impor-
evento reforça o interesse no compartilhamento das informações entre os gestores tante parceria com o Ibam”, afirma ela.

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


Para Carla Guaitanele, chefe da O Fórum teve como objetivo
12 Divisão de Parcerias (DPAR) do apresentar experiências interna- 13
ICMBio, o Seminário marcou o cionais mais avançadas relativas
início de uma nova fase na per- a temas em que o Brasil está ini-
cepção dos próprios gestores. ciando. Com o intuito de provocar
“Estamos reconhecendo mais o a reflexão, Boas Práticas dos Es-
nosso trabalho, conseguimos fa- tados Unidos, Zâmbia, Zimbábue,
zer vários projetos interessantes Espanha e Colômbia foram agre-
mesmo não tendo uma equipe no gadas ao programa. “O evento
tamanho e no estilo perfeito, com faz parte de um processo amplo,
o recurso ideal. Temos como par- ele traz o resultado de práticas
ceiros conselheiros, universida- já implantadas e que ajudam a
des, instituições de ensino e pes- mobilizar os autores vinculados
quisa, associações, prefeituras, com a responsabilidade de ge-
organizações da sociedade civil, rência das UCs”, pontua Santos.
instituições privadas, organismos A realização conjunta otimizou os
internacionais e voluntários. É possível desenvolver um plano de trabalho junto, resultados e superou os objetivos do Ibam, como revela Santos. “A meta do Fórum
caminhar de mãos dadas e conseguir atingir objetivos”, destaca. estabelecida com os financiadores foi superada, registramos resultado bastante
expressivo, justamente pelo fato de ter feito essa parceria”, completa. Até a decisão
Parte da programação foi destinada às apresentações de cerca de 10 Propostas de
do evento em conjunto, duas frentes estavam sendo trabalhadas, de um lado, o
Boas Práticas, com o intuito de contribuir para o estabelecimento de parcerias capa-
Ibam implementava as Parcerias Ambientais Público Privadas em parceria com o
zes de viabilizar a execução ou o aprimoramento. Os autores apresentaram as pro-
ICMBio e recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e do Fundo
postas na mesma sala onde foram compartilhadas as práticas e dessa forma tiveram
Socioambiental da Caixa e havia recurso para a realização do Fórum. Enquanto o
com a divulgação do projeto a oportunidade potencial de mobilizar novos parceiros.
ICMBio já se articulava com o IPÊ sobre o III Seminários de Boas Práticas em Uni-
A edição de 2017 também contou com a estreia da transmissão simultânea do dades de Conservação. “A atitude do evento conjunto partiu do ICMBio, a partir
evento pelo Facebook do ICMBio e o IPÊ. Ao todo, 19 mil pessoas acompanharam desse momento desenvolvemos um projeto juntos e consultei os financiadores
as apresentações ao vivo pelas redes sociais. Os vídeos continuam disponíveis nos que acharam a ideia interessante. Dessa forma, ficou decidida atuação em parceria,
canais do Youtube do ICMBio e do IPÊ. Servidores do ICMBio também têm acesso somando esforços”, revela Alexandre Santos.
às apresentações do Seminário no ambiente virtual AVA voltado para gestão do
Jens Brüggemann reforça a importância de apresentar experiências de outros pa-
conhecimento. Nas redes sociais, encontre as notícias publicadas sobre o evento,
íses ao programa oficial do evento. “Acredito no valor agregado do intercâmbio
por meio de pesquisa com a #EuSouParceirodaNatureza.
internacional. Por um lado, pode gerar novas ideias e por outro, ajuda a reconhecer
os logros das diversas iniciativas no Brasil”.
A EXPERIÊNCIA INTERNACIONAL
A principal novidade do Seminário de Boas Práticas 2017 foi a realização conjun-
ta do I Fórum Internacional de Parcerias na Gestão de Unidades de Conservação,
uma iniciativa do Instituto Brasileiro de Administração Municipal (Ibam), liderada
por Alexandre Santos, superintendente de Desenvolvimento Econômico e Social do
órgão e Larissa Diehl, coordenadora de concessões do ICMBio e do projeto PAPP.
Essa aliança foi o destaque da edição de 2017 entre uma série de aprimoramentos
voltados à difusão do conhecimento.

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


14
FIQUE POR DENTRO DOS TEMAS GESTÃO COMUNITÁRIA DOS RECURSOS TURÍSTICOS
USANDO O MÉTODO CAMPFIRE 15
DISCUTIDOS BRIAN CHILD – PROFESSOR DA UNIVERSIDADE DA FLÓRIDA, PRÁTICA NA
Nos links é possível conferir todas as apresentações na íntegra
ZÂMBIA E ZIMBÁBUE

A experiência no sul da África trouxe a história da estruturação do Turismo de Base


Comunitária. Esse trabalho envolveu, entre uma série de medidas, o convencimen-
GOVERNANÇA, SUSTENTABILIDADE FINANCEIRA, to da própria comunidade sobre a importância do desenvolvimento de atividades
ARTICULAÇÃO INTERINSTITUCIONAL E RELAÇÃO COM A que apresentam melhor retorno financeiro, a partir da articulação com os diferen-
COMUNIDADE tes atores sociais, com destaque para o poder público. Orientações à comunidade
sobre como negociar com a iniciativa privada também fizeram parte da dinâmica
JOSÉ ANTONIO GÓMEZ – INTEGRAÇÃO DAS ÁREAS PROTEGIDAS DO BIOMA
implementada. O acesso aos recursos da exploração econômica dentro da unidade
AMAZÔNICO – IAPA/FAO/ COLÔMBIA
vinculado ao cumprimento de uma série de requisitos obrigatórios, em termos da
O projeto Visão Amazônica que tem à frente a Redparques, rede de cooperação Associação dos Moradores, contribui para o fortalecimento do grupo.
técnica com integrantes da Venezuela, Colômbia, Equador, Peu, Bolívia e Brasil tem
permitido, especialmente na região Andino Amazônica, avançar na consolidação do http://bit.ly/gestao_comunitaria
trabalho em áreas protegidas. A iniciativa busca fortalecer a rede latino-americana
de áreas que pertencem à categoria de protegidas, avançar em temas importantes
das UCs e priorizar a governança como elemento-chave. A construção de pontes CADEIA DE VALOR COM VALORES – PARCERIAS ENTRE
globais, sem perder de vista o ponto de partida do nível local também merece COMUNIDADES LOCAIS, ONG E SETOR PRODUTIVO
atenção e, segundo o palestrante, esse vínculo é fundamental nas Boas Práticas, (PROJETO ORIGENS BRASIL)
nas parcerias e nas relações institucionais. Gomez também pontua o intercâmbio
ROBERTO PALMIERI – IMAFLORA
entre comunitários da Cazumbá-Iracema/Brasil e da Reserva Comunitária Manun-
ripi/Bolívia, o que possibilitou aos bolivianos uma nova alternativa de renda. Entre Origens Brasil é um selo lançado em 2016 que visa dar mais transparência às ca-
os resultados do projeto está o Atlas de Oportunidades de Conservação do Bioma deias de produtos florestais, assegurando sua origem e ajudando o consumidor a
Amazônico, uma ferramenta para conhecer o estado do bioma em termos da mu- identificar empresas que valorizam e respeitam, em suas práticas comerciais, as
dança climática, incluindo indicadores como riscos ecológicos, armazenamento de populações dos Territórios de Diversidade Socioambiental, como é o caso do Xingu,
carbono, rendimento hídricos. Com base no documento é possível traçar uma aná- Calha Norte e Rio Negro. Por meio de um QR Code impresso nas embalagens dos
lise de prioridades ecológicas e contribuir para a tomada de decisão. produtos vindos dessas localidades é possível verificar a origem do produto, sua
história (contada pelos próprios produtores e extrativistas das comunidades), e,
Confira o Atlas http://bit.ly/atlas_oportunidades principalmente, ter informações sobre o território de onde ele vem e como a sua
produção tem contribuído para a conservação dessas áreas protegidas.
http://bit.ly/governança_sustentabilidade
http://bit.ly/origens_Brasil

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


NOVOS INSTRUMENTOS DE SUSTENTABILIDADE CONSTRUINDO PARCERIAS E MOBILIZANDO RECURSOS:
16 FINANCEIRA PARA APOIO A CADEIAS DE VALOR COM REUNINDO ORGANIZAÇÕES, COMUNIDADES E 17
BASE COMUNITÁRIA PESSOAS QUE DESEJAM CONSTRUIR UM MUNDO MAIS
VALMIR ORTEGA – CONEXSUS CONEXÕES SUSTENTÁVEIS SUSTENTÁVEL
Seremos capazes de gerar nos próximos anos uma economia dinâmica baseada MARCO VAN DE REE – EMPRESA BROKERING SOLIDARITY/ESPANHA
em ativos da biodiversidade e socioculturais ou não vamos segurar a pressão na Criar parcerias para aumentar o impacto positivo ocupou lugar central na pales-
Amazônia? Essa foi a questão central da apresentação, que tratou sobre a descon- tra. Nesse contexto, costumam favorecer os resultados, a diversidade de atores
tinuidade de inúmeros projetos bem-sucedidos por até seis anos, por conta do sociais, a criação de confiança entre esses membros e a comunicação eficaz entre
fim do aporte dos recursos. Em resposta a esse desafio, desponta como alterna- as partes envolvidas. O reconhecimento dos pontos fortes e das fraquezas dos par-
tiva combinar recursos não reembolsáveis a instrumentos reembolsáveis, tendo ceiros também é fundamental, antes da fase da implementação. As características
em vista aumentar as chances de sobrevivência dos negócios sociais/sustentáveis das quatro fases das parcerias estratégicas também estiveram em pauta: escopo e
após o fim da filantropia. construção; gestão e manutenção; implementação; sustentabilidade de resultados.
Como o seu trabalho contribuir para os ODS globais? A pergunta provocou a plateia
http://bit.ly/novos_instrumentos
durante a palestra e sem dúvida leva à uma essencial reflexão.

http://bit.ly/parcerias_recursos
MODELAGEM DE UM CONTRATO DE GESTÃO PARA A
ACADEMIA NACIONAL DA BIODIVERSIDADE – ACADEBIO
SILVANA CANUTO – DIPLAN/ICMBIO
ARRANJOS DE PARCERIAS PARA IMPLEMENTAÇÃO
DE TRILHAS DE LONGO PERCURSO (EXPERIÊNCIA DA
O projeto busca transformar a escola corporativa do ICMBio em uma instituição de
PACIFIC CREST TRAIL) ESTADOS UNIDOS
ensino do Sisnama e do Snuc, além de oferecer certificação do MEC para os cursos
de pós-graduação e promover o intercâmbio de alunos e professores nacionais e JENNIFER TRIPP – PACIFIC CREST TRAIL ASSOCIATION E JIMMY GAUDRY –
internacionais. Com o Chamamento Público para o contrato de gestão, o objetivo é SERVIÇO FLORESTAL DOS ESTADOS UNIDOS
escolher um parceiro que compartilhe dos mesmos interesses do Instituto, nesse O comprometimento dos voluntários que retribuem os serviços ambientais das
caso, por meio da educação e da conservação da biodiversidade. A ideia é repassar áreas naturais com atividades de manutenção das trilhas é o ponto central dessa
no contrato os blocos da Acadebio, o sítio histórico para que ele possa ser poten- boa prática. O estímulo às atividades ao ar livre está na identidade desse projeto
cializado na visitação e na conservação, assim como três trilhas, centro de visitan- que tem na experiência do usuário na natureza o principal aliado para engajar
tes, casas da vila, viveiro e a área de lazer do lago.
mais pessoas na defesa e na criação das áreas protegidas. A aliança entre o Servi-
ço Florestal dos Estados Unidos (USFS) e as organizações não governamentais foi
http://bit.ly/modelagem_contrato_gestao
apontada como o caminho para administrar o manejo das trilhas e mobilizar ainda
mais a sociedade.

http://bit.ly/arranjos_parcerias_trilhas

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


POLÍTICA PÚBLICA
PESQUISA ICMBio E CNPq IMPLEMENTAM SOLUÇÃO 19
Conheça os avanços capazes de contribuir para o INÉDITA PARA ÁREAS PROTEGIDAS
desenvolvimento de trabalhos específicos sobre as Coordenação geral: Katia Torres Ribeiro (ICMBio). Coordenação executiva: Ana Elisa de Faria Bacellar (ICMBio).
Unidades de Conservação, a importância da participação Gestão dos recursos e gerenciamento: ICMBio e CNPq.

da comunidade nesse contexto e o conhecimento utilizado


Pesquisas científicas em Unidades de Conservação (UCs), PERFIL
como estratégia preventiva. apesar de previstas na legislação, ainda enfrentam obstá-
Unidades de Conservação do Bioma
culos de múltiplas ordens no Brasil. A Lei 9.985/2000, que
Caatinga e do Bioma Mata Atlântica de
constituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação
onze estados.
da Natureza (SNUC), menciona o termo Pesquisa mais de 20
vezes, enquanto o Decreto nº 4.340/2002 destaca a prática ࡿࡿ UCS DO BIOMA CAATINGA
entre as cinco prioridades relacionadas à aplicação dos re- Estações Ecológicas: de Aiuaba/CE; Raso
cursos de compensação ambiental, mas os estudos seguem da Catarina/BA; do Seridó/RN.
Foto: Acervo Tamar
muito abaixo do esperado e representam em certa medida
Parques Nacionais: do Catimbau/PE; da
desafios às unidades.
Chapada Diamantina/BA; da Serra da
“O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade Capivara/PI; da Serra das Confusões/PI;
(ICMBio) tem enfrentado grandes e históricas dificuldades de Sete Cidades/PI; de Ubajara/CE.
para utilizar esses recursos. As especificidades e restrições
ࡿࡿ UCS DO BIOMA MATA ATLÂNTICA
administrativas tornam complexa sua execução, sobretudo
na realização de pesquisas científicas importantes para sub- Parques Nacionais: dos Campos Gerais/
sidiar a gestão das UCs e a preservação da biodiversidade”, PR; de Caparaó/ES/MG; do Itatiaia MG/
reforça Ivan Salzo, analista ambiental do ICMBio e relator RJ; Histórico do Monte Pascoal/BA; da
dessa Boa Prática. Diante desse cenário, o ICMBio encontrou Serra da Bocaina/RJ/SP; da Serra dos
na criação de mecanismos o caminho capaz de articular os Órgãos/RJ.
recursos com as demandas das unidades, tendo como elo o Floresta Nacional do Rio Preto/ES;
conhecimento científico. Reserva Ecológica de Pedra Talhada/AL/
PE; Reserva Extrativista Marinha da Baia
Foto: Nelson Yoneda de Iguape/BA; Refúgio da Vida Silvestre
dos Campos de Palmas/PR.

OBJETIVOS
Fortalecer a pesquisa nas áreas de
gestão e da biodiversidade, por meio de
chamadas de projetos com recursos de
compensação ambiental. Obter conhe-
cimento científico e tecnológico especí-
fico de aplicação prática sobre cada UC
e favorecer a inserção da área prote-
gida no contexto regional. Contribuir
para formação de recursos humanos
nas áreas relacionadas à proteção da
biodiversidade e do patrimônio cultural.
BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
Foto: Marcelo Guena

de Integração do Rio São Francisco com as Bacias INSPIRE-SE!


20 Hidrográficas do Nordeste Setentrional. 21
Em oficina, gestores das unidades identificaram as
áreas com principais demandas de conhecimento. ࡿࡿ O levantamento com os servidores das
UCs sobre as principais necessidades de co-
Essas informações subsidiaram o desenvolvimento
nhecimento na unidade foi importante para
das linhas de pesquisa prioritárias à gestão e con-
entender os desafios envolvidos.
servação da biodiversidade. Os recursos da com-
pensação foram depositados na Caixa Econômica ࡿࡿ O contato com os pesquisadores das
Federal em 2009. A partir desse fato, ICMBio e o Universidades locais para apresentação das
CNPq iniciaram reuniões técnicas voltadas ao lan- principais demandas na área da pesquisa na
çamento de edital de pesquisa sobre Unidades de UC pode ser uma oportunidade de estimu-
Conservação Federais, como forma de utilizar tais lar trabalhos com resultados de aplicação
recursos. prática.

A parceria propiciou a construção de mecanismos ࡿࡿ Habilidades administrativas na equipe


inovadores para a transferência dos recursos ao gestora podem levar inclusive a novas alian-
ças entre a UC e a área acadêmica.
CNPq. Em 2011, a operacionalização financeira feita
por meio de um Acordo de Cooperação resultou no ࡿࡿ Os conhecimentos específicos sobre a
repasse de aproximadamente R$ 3,6 milhões. A Cha- Unidade de Conservação empoderam tanto
mada CNPq/ICMBio n° 13/2011 aprovou 17 propos- gestores quanto a comunidade.
tas de dez instituições de pesquisa, com prazo de
execução de dois anos, no valor de R$ 3,4 milhões;
sete projetos desenvolveram pesquisas em mais de
uma UC.

A experiência foi replicada para a Chamada CNPq/ PARCEIROS DO PROJETO


ICMBio/FAPs n° 18/2017 que contou com duas li-
RESULTADOS METODOLOGIA Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
nhas: R$ 1,2 milhão da Compensação Ambiental do
Tecnológico (CNPq). Exclusivos à Chamada 13/2011:
ࡿࡿ Desenvolvimento de soluções inéditas A construção do Programa de Incentivo à Pesqui- Projeto de Integração do Rio São Francisco com as
Conselho Nacional das Fundações Estaduais de
capazes de viabilizar a utilização de recursos de sa em Unidades de Conservação (UCs), na esfera Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional (Caa-
Amparo à Pesquisa (Confap); Empresa Brasileira de
compensação ambiental em projetos selecionados do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Re- tinga) e R$ 2,8 milhões da Compensação Ambiental
Pesquisa Agropecuária (Embrapa); Instituto Nacio-
com base no mérito. cursos Naturais Renováveis (Ibama), em 2006, foi o do Gasoduto Cacimbas-Catu (Mata Atlântica). Dessa
nal de Pesquisas da Amazônia (Inpa); Universidade
primeiro movimento no sentido de estimular a pro- vez, a consulta aos gestores das Unidades de Con-
ࡿࡿ Seleção de linhas temáticas segundo a diretriz Estadual de Feira de Santana (UEFS); Universidade
dução de conhecimentos para subsidiar a tomada servação, quanto às principais lacunas de conheci-
nacional e consulta aos gestores das Unidades de Federal de Alagoas (UFAL); Universidade Federal do
de decisão sobre manejo, uso e proteção das áreas mento, foi realizada por meio de formulários online.
Conservação. Ceará (UFC); Universidade Federal do Pará (UFPA);
protegidas. Universidade Federal de Pernambuco (UFPE); Uni-
ࡿࡿ Fortalecimento da capacidade regional de
pesquisa, da realização de projetos integrados e do
Em 2007, a proposta de aplicação de parte do re- PERÍODO versidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); Univer-
curso da compensação ambiental da transposição sidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN); e
elo entre pesquisa e políticas públicas com foco na Chamada 13/2011: 2011 a 2016
do Rio São Francisco em pesquisas foi apresentada Universidade Regional do Cariri (URCA).
conservação da biodiversidade.
à Câmara de Compensação Ambiental que aprovou Chamada 18/2017: 2017 a 2021
Além dessas parcerias, 33 instituições colaboraram
ࡿࡿ Pesquisas em nove Unidades de Conservação o documento no mesmo ano. A medida possibilitou com os projetos de pesquisa totalizando 45 insti-
em 2011 e em 19 UCs em 2017, com formação de o financiamento de pesquisas em UCs federais com tuições.
base de dados inédita. Apenas a Chamada de 2011 recursos de compensação ambiental. O projeto teve
registrou a produção de cerca de 300 trabalhos início em unidades do bioma Caatinga com recur-
entre artigos, monografias, teses, livros... sos relativos à compensação ambiental do Projeto

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


PESQUISA E PATROCÍNIO

22
PROJETO COM A MARACANÃ-VERDADEIRA RESULTADOS METODOLOGIA
23
SUBSIDIARÁ A REINTRODUÇÃO DA ARARINHA- ࡿࡿ Realização do primeiro levantamento de
mamíferos e aves terrestres por armadilhamento
Curaçá integra o polígono da seca e possui baixo Ín-
dice de Desenvolvimento Humano (IDH), 0,581. O por-
AZUL NA NATUREZA fotográfico na área de ocorrência histórica da centual da população acima de 18 anos com ensino
Coordenação geral e executiva: Camile Lugarini (Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves ararinha-azul. 2.250 câmeras-dias registraram 15 fundamental completo é de 30,05% e a renda per ca-
Silvestres - Cemave/ICMBio). Gestão dos recursos e gerenciamento: Fundo Brasileiro para a Biodiversidade espécies de mamíferos e três de aves terrestres pita média chegou a R$ 236,77 em 2010. Os dados são
(Funbio). de médio e grande porte. Cinco destas espécies do Atlas do Desenvolvimento Humano – uma iniciati-
Foto: Marco Sarti
são consideradas ameaçadas de extinção: gato- va do Programa das Nações Unidas para o Desenvol-
do-mato-pequeno, puma, jaguarundi, mocó e vimento (Pnud), do Instituto de Pesquisa Econômica
jacucaca. Duas espécies estão quase-ameaçadas: Aplicada (Ipea) e da Fundação João Pinheiro (FJP).
caititu e ema.
Diante da realidade local com alta dependência de
ࡿࡿ 82 árvores e mais de 25 ninhos monitorados programas socais, especialmente Bolsa Família e
somente na temporada reprodutiva de 2016-2017. Garantia-Seguro Safra, o projeto Maracanã foi es-
A análise da saúde dos filhotes de maracanã truturado em três vertentes: 1. Produzir informações
demonstrou a inexistência de risco de doenças necessárias à conservação do habitat e da fauna
na região que possam afetar as populações associada com o auxílio de instituições de ensino
reintroduzidas. superior e pesquisas locais; 2. Envolvimento e enga-
jamento comunitário para apropriação do Projeto,
ࡿࡿ Instalação de gravadores automáticos em 150
como forma de garantir a continuidade das práticas
pontos na área proposta para a criação da Unidade
conservacionistas; 3. Capacitação com o objetivo de
de Conservação federal. A medida permite identificar
promover uma nova oportunidade de emprego, o
as áreas mais ocupadas pelas maracanãs e outras
turismo de observação de aves.
aves. A presença constante de pesquisadores em
campo e a participação de comunitários do local A produção de informações sobre a maracanã mobi-
inibiram a retirada de filhotes de maracanãs dos lizou pesquisadores, profissionais, estudantes de gra-
A ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) integra a lista dos PERFIL
ninhos, prática comum na região. duação e Ensino Médio Técnico da região. A equipe
animais criticamente ameaçados de extinção do Minis-
O município de Curaçá, no submédio São buscou conhecer o comportamento reprodutivo da
tério do Meio Ambiente. Em todo mundo, existem apro- ࡿࡿ Identificação da necessidade de um trabalho
Francisco, tem como característica a pre- maracanã, dados ecológicos sobre o habitat, poten-
ximadamente 160 indivíduos em cativeiro, concentrados contínuo de educação ambiental, a partir de 169
sença abundante de maracanãs e de mais ciais predadores, nas áreas de mata ciliar da Caatinga
na Alemanha, no Brasil e em Cingapura. O último macho entrevistas em 83 localidades, entre fazendas e
quatro espécies de psitacídeos. No total, de Curaçá e Juazeiro (Bahia) e as características socio-
de ararinha-azul registrado em vida livre no Brasil for- comunidades, na área da proposta da Unidade de
são 204 espécies de aves, de 50 famílias, culturais da região, por meio de seis subprojetos:
mou par com uma maracanã, mas desde 2000 ele não Conservação.
sendo 28 endêmicas da Caatinga. A área é
é visto. A ararinha azul e a maracanã (Primolius mara- Foto: Tatiane Alves Foto: Damilys Oliveira
considerada altamente prioritária para a
cana) compartilham habitat, cavidades de nidificação e
conservação de remanescentes de Caatinga.
itens alimentares na região de Curaçá, (Bahia). Diante de
tantas similaridades, as ações de conservação da arari- OBJETIVOS
nha-azul são desenvolvidas utilizando a maracanã como
Levantar informações científicas sobre a
referência. “O Projeto Maracanãs buscou com atividades
maracanã para subsidiar a reintrodução da
de campo conhecimento sobre a maracanã, no âmbito do
ararinha-azul e a implementação de Unida-
Projeto Ararinha na Natureza. Os resultados vão emba-
de de Conservação federal; despertar nas co-
sar a implementação da Unidade de Conservação fede-
munidades o orgulho da região e o senso de
ral, que deve ser criada ainda em 2018 e as atividades
pertencimento à causa; desenvolver ativida-
de reintrodução da ararinha-azul com início previsto até
des que gerem renda às comunidades, como
2022”, reforça Camile Lugarini, analista ambiental no Cen-
o turismo ecológico, com destaque para a
tro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silves-
observação de aves.
tres/ICMBio.
BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
1. Impacto da captura e tráfico de maracanãs e ou- 6. Acessar o deslocamento diário, sazonal e o uso de vulgação do projeto com base em ações e práticas INSPIRE-SE!
24 tros psitacídeos em Curaçá (Bahia) priorizou a apli- área da maracanã, por meio de telemetria e testar em rede de contatos e estimulou a troca de saberes 25
cação de questionários socioambiental, econômico se o equipamento pode ser utilizado nos eventos com base em ações de Educação Ambiental. O ví-
e fundiário nas fazendas e nas comunidades, assim de reintrodução de maracanãs e ararinhas-azuis. deo produzido foi selecionado no Circuito Tela Ver- ࡿࡿ O engajamento da comunidade fortale-
como a obtenção de informações a respeito da cap- Nessa etapa a equipe testou radiocolares VHF em de 2018. ce os projetos e pode auxiliar em uma série
tura das maracanãs e de outros psitacídeos. A ini- maracanãs em semicativeiro (mantidas por um co- de atividades de campo, em especial na cole-
O Projeto Maracanãs no âmbito do Projeto Ararinha
ciativa registrou a opinião dos moradores a respeito munitário, mas com acesso ao voo diurno) e em um ta de dados. Invista na capacitação de acordo
na Natureza foi financiado pela Vale.
da criação de uma ou mais Unidades de Conserva- filhote no ninho. com as demandas atuais e agregue parceiros
ção. Na região, cerca de 43% dos moradores man- nessa missão.
têm psitacídeos em cativeiro, o mais frequente é o PERÍODO ࡿࡿ Desenvolver programa de educação am-
papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva). ENVOLVIMENTO DA COMUNIDADE biental em comunidades, onde a captura de
Setembro de 2016 – em andamento.
2. Avaliar o estado sanitário de psitacídeos adul- Para mobilizar especialmente jovens estudantes e aves é disseminada, desponta entre as estra-
tos e filhotes encontrados nas casas das fazendas comunitários-chave, por conta do conhecimento tégias para reverter essa realidade. Durante
da área proposta como Unidade de Conservação. que possuem sobre os animais da região, o projeto PARCEIROS DO PROJETO o Projeto Maracanã, pequenos proprietários
instituiu o Programa de Voluntariado. deixaram de criar maracanãs ilegalmente,
Durante as visitas às fazendas e comunidades, a Al Wabra Wildlife Preservation; Association for the
após envolvimento na iniciativa.
equipe examinou os psitacídeos mantidos em ca- A coordenadora de campo do projeto, professora no Conservation of Threatened Parrots; Fazendo Ca-
tiveiro e colheu material biológico (sangue, suabes Ensino Médio Técnico de Curaçá, estimulou a par- choeira; Universidade Federal de Pernambuco ࡿࡿ Comunique a proposta de transformar
cloacal e oral) para análise. Todos os animais fo- ticipação dos estudantes dos cursos de Zootecnia, (UFPB); Universidade Federal do Rio Grande do Nor- determinada área em Unidade de Conser-
ram microchipados e os resultados vão embasar Agropecuária e Agroecologia do Colégio Estadual te (UFRN); Centro de Conservação e Manejo de Fau- vação, antes da consulta pública, organize
as estratégias de soltura, especialmente quanto à na da Caatinga, da Universidade Federal do Vale do encontros nas associações e nas proprie-
José Amâncio Filho. Os interessados passaram por
presença ou ausência de determinados microrga- dades que integram a área em questão e con-
capacitação que incluiu cursos de monitoramento São Francisco (Univasf-Cemafauna); Universidade
nismos. verse com os moradores sobre a importância
de psitacídeos, ascensão vertical em árvores, além Federal de Minas Gerais (UFMG); Universidade Fede-
da preservação. Transforme esse momento
3. Probabilidade de ocupação da maracanã em de apresentações sobre o Projeto Ararinha-azul e os ral do Rio de Janeiro (UFRJ); Instituto de Pesquisas
em oportunidade para estabelecer canal de
Curaçá, Brasil mensurada a partir da instalação, em desafios dos pesquisadores e da comunidade para Espaciais (Inpe); Parque das Aves; Instituto Arara-
comunicação com os moradores e esclareça
mais de 70 km, de gravadores que registraram as vo- a reintrodução da espécie. -azul; Escola Estadual José Amâncio Filho (Cejaf). todas as dúvidas.
zes das maracanãs. Dessa forma, os pesquisadores Após os treinamentos, a equipe selecionou os co-
tiveram condições de conhecer e observar as carac- munitários que auxiliariam nas atividades em cam- Foto: Mercia Milena Foto: Wanderly
terísticas dos ambientes que concentram o maior po dos subprojetos, na coleta de dados científicos,
número de maracanãs. monitoramento de filhotes e adultos de maracanãs,
4. Probabilidade de ocupação de mamíferos e aves aplicação de questionários, divulgação de eventos
ameaçados, quase ameaçados e predadores na re- do projeto, tabulação de dados, dentre outros.
gião de Curaçá foi analisada com a instalação de A partir dessa aproximação, o interesse pelo estu-
armadilhas fotográficas que registraram mamíferos do aumentou, moradores buscaram participar das
e aves. Dessa forma, a equipe identificou as locali- atividades e passaram a cobrar a valorização das
dades que deveriam ser incorporadas à Unidade de comunidades no contexto do projeto.
Conservação.
A etapa referente ao curso Ararinha na natureza
5. Ecologia reprodutiva da maracanã para embasar e a comunidade na cena: o encontro da Educação
a soltura de ararinhas-azuis, de dezembro a abril Ambiental com o cinema, em Curaçá (Bahia) teve
(período reprodutivo) foi possível monitorar casais como objetivo produzir de maneira colaborativa fil-
de maracanãs e a atividade nos ninhos. A equipe mes ambientais que reforçassem a sinergia entre a
retirou temporariamente ovos e filhotes do ninho conservação da ararinha-azul e de outras aves e a
para a coleta de dados e medidas, anilhamento, mi- participação da comunidade de Curaçá. Durante a
crochipagem e coleta de material biológico. atividade, a equipe destacou a importância da di-

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


UNIVERSIDADE PARCEIRA

26
PROJETO MAArE DESENVOLVE AÇÃO RESULTADOS INSPIRE-SE!
27
PREVENTIVA DIANTE DE EXPLORAÇÃO ࡿࡿ As descobertas científicas vão subsidiar a
construção do Programa de Monitoramento
PETROLÍFERA Ambiental da Reserva Biológica Arvoredo e Entorno
ࡿࡿ Parcerias com Universidades possi-
bilitam, de fato, a obtenção de resultados
Coordenação geral: Adriana Carvalhal Fonseca (Reserva Biológica Marinha do Arvoredo/ICMBio). Coordenação que deve ser executado de forma sistemática e
práticos voltados à gestão da Unidade de
executiva: Drª. Bárbara Segal e Drª. Andrea Freire (Departamento de Ecologia e Zoologia da Universidade contínua.
Conservação (UC).
Federal de Santa Catarina - UFSC). Gestão dos recursos e gerenciamento: Marcio Soldatelli (contratado pela ࡿࡿ Elaboração de um documento com as Diretrizes
Fapeu/UFSC). ࡿࡿ Workshops com a comunidade científica
para Monitoramento Ambiental e Socioeconômico
trazem novos pontos de vista com diferen-
de Áreas Marinhas Protegidas no Brasil. As
tes abordagens no sentido de aperfeiçoar a
O licenciamento ambiental dos campos petrolíferos de Baúna e Pi- PERFIL recomendações podem ser utilizadas como gestão.
racaba, na Bacia de Santos, teve como condicionante, indicada pelo subsídio para o desenvolvimento de um Programa
Unidade de proteção integral
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a de Monitoramento Ambiental nas UCs Marinhas do ࡿࡿ Publicação de resultados científicos em
formada pelas Ilhas do Arvo- linguagem acessível à sociedade possibilita
realização de projeto de monitoramento ambiental na Reserva Bio- ICMBio.
redo, Galé, Deserta, Calhau de disseminar o conhecimento e aumentar o in-
lógica Marinha do Arvoredo e entorno, localizada na costa de San-
São Pedro e pela área mari- ࡿࡿ Lançamento do livro MAArE - Monitoramento teresse da população pelas áreas protegidas.
ta Catarina, a cerca de 300 quilômetros da atividade licenciada em
nha relativa ao arquipélago. Ambiental da Rebio Arvoredo e Entorno nas
questão. “O intuito principal foi obter uma caracterização ambiental ࡿࡿ Inclusão de empresas locais como pres-
Localizada no litoral do Estado versões impressa e digital com os resultados e
detalhada da área marinha, de forma a facilitar a identificação de po- tadoras de serviço (operadoras de mergulho
de Santa Catarina, entre os as experiências do projeto www.maare.ufsc.br/
tenciais impactos da atividade petrolífera, principalmente no que se e serviços náuticos, por exemplo) fortalece
municípios de Florianópolis produtos/livro-projeto-maare. A publicação gerou
refere à introdução de espécies exóticas”, destaca Adriana Carvalhal, a relação entre a população e a UC. Treina-
e Bombinhas, possui 17.600 grande repercussão na mídia local.
analista ambiental na unidade. mento e capacitação da equipe potenciali-
hectares de superfície com ࡿࡿ Desenvolvimento do Portal de Monitoramento zam a aplicação de novas ações. Saiba mais
Foto: João Paulo Krajewski
remanescentes de Mata Atlân- Marinho que armazena e sistematiza os dados. A sobre o projeto em www.maare.ufsc.br
tica, locais de reprodução de plataforma pode ser absorvida pelo ICMBio para
aves marinhas, além de sítios ser utilizada em UCs marinhas e terrestres.
arqueológicos e elevada biodi-
versidade marinha.
METODOLOGIA
OBJETIVOS
A equipe da Rebio Arvoredo convidou pesquisadores de científica e gestores. Durante o evento, os par-
Levantar e acompanhar os do Departamento de Ecologia e Zoologia da Univer- ticipantes discutiram abordagens, metodologias e
indicadores biológicos e sidade de Santa Catarina (UFSC) para a elaboração indicadores a serem utilizados, além das perspec-
parâmetros oceanográficos, conjunta do projeto de monitoramento ambiental, tivas de longo prazo.
incluindo o monitoramento de viabilizado por um contrato tripartite entre Petro-
contaminantes (hidrocarbone- bras, UFSC e a Fundação de Amparo à Pesquisa e
tos, esteróis e metais pesados) Extensão Universitária (Fapeu).
PERÍODO
para subsidiar a construção Junho de 2013 a junho de 2017.
De 2014 a 2016, o Projeto MAArE realizou mais de
de um programa de monitora-
130 expedições, promoveu o treinamento e a ca-
mento ambiental, sistemático e
pacitação da equipe de mais de 120 pessoas, en-
contínuo na Reserva, como es- PARCEIROS DO PROJETO
tre pesquisadores, técnicos e pessoal de apoio, da
tratégia preventiva a potenciais Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e a
UFSC, da Universidade do Vale do Itajaí (Univali)
impactos da atividade petrolí- Fundação de Amparo à Pesquisa e Extensão Univer-
e da Universidade Federal do Rio Grande (Furg). A
fera na Bacia de Santos. sitária (Fapeu).
Boa Prática incluiu como produto do projeto a re-
alização do workshop Monitoramento para apoio à
gestão de UCs Marinhas do Brasil com a comunida-

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


INCLUSÃO DIGITAL

28
MORADORES DE COMUNIDADES REALIZAM RESULTADOS
29
AÇÃO NO CONTROLE DE ZOONOSES ࡿࡿ Ampliação do conhecimento das comunidades
sobre zoonoses, hábitos e atividades que podem
da Bahia em cerca de 15 dias resultou na autuação da
pesca predatória nos bancos de corais em área não
EMERGENTES favorecer a transmissão de doenças. O sistema, monitorada pelo Projeto Tamar.
em setembro de 2017, contava com 3.222 registros ࡿࡿ O SISS-Geo disponibiliza aos gestores a obtenção
Coordenação geral: Marcia Chame (Fundação Oswaldo Cruz). Coordenação executiva: Marcia Chame e Maria
de animais, enviados por mais de 1.400 usuários, de relatórios a partir da escolha das informações
Lucia de Macedo Cardoso (Fundação Oswaldo Cruz). Gestão dos recursos e gerenciamento: Fundação para o
Desenvolvimento Científico e Tecnológico em Saúde (Fiotec). de 19 Estados. Uma ferramenta de validação desejadas na Plataforma SISS-Geo webservice.
dos dados analisa a pertinência dos registros Informações do sistema também contribuem com
que são abertos, inseridos no Google Maps e os Planos de Ação de Espécies Ameaçadas e com
A extensão territorial nacional, assim como as dimensões PERFIL
podem ser visualizados, em tempo real, em o monitoramento da Lista Vermelha de espécies
das UCs e os limites quanto ao número de servidores, tanto
Unidades de Conservação Federais e www.biodiversidade.ciss.fiocruz.br
da saúde quanto do setor ambiental, representam desafios ameaçadas.
Estadual. Parque Nacional da Serra dos
que precisam ser superadas para o monitoramento da saú- ࡿࡿ Notificações de macacos mortos durante a recente ࡿࡿ Em 2017, a plataforma SISS-Geo obteve a
Órgãos/RJ; Reserva Extrativista Tapajós-A-
de silvestre e humana nas Unidades de Conservação (UCs) epizootia (doença ou morte de animal ou de grupo de certificação Tecnologia Social, pela Fundação
rapiuns/PA; e Parque Estadual da Serra do
e entorno, com foco no controle e prevenção de zoonoses animais que possa apresentar riscos à saúde pública) Banco do Brasil. O projeto foi o vencedor da
Conduru/BA.
emergentes e na conservação das espécies. de Febre Amarela geraram alertas para a tomada de categoria Órgãos Públicos do Prêmio Nacional de
OBJETIVOS decisão da vigilância em saúde e conservação de Biodiversidade, promovido pelo Ministério do Meio
“As alterações ambientais crescentes e intensas têm fa-
primatas. O alerta de tartarugas mortas no litoral sul Ambiente.
vorecido o aumento na distribuição da transmissão e o Identificar riscos e a percepção de risco
rompimento de barreiras biológicas favorece a circulação das comunidades sobre doenças que cir-
de doenças, causando impacto considerável tanto nos culam entre animais silvestres e pessoas
Foto: André Telles
animais quanto nas pessoas”, afirma Marcia Chame, co- e são potencializadas pelo modo de vida
ordenadora do Centro de Informação em Saúde Silvestre e produção; qualificar multiplicadores e
e da Plataforma Institucional Biodiversidade e Saúde, da comunidades para a compreensão da rela-
Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). ção da biodiversidade com a saúde huma-
Em resposta a esse cenário que inspira atenção, o investi- na; implementar o uso do SISS-Geo para
mento em tecnologia alinhado à participação da sociedade, o monitoramento participativo de animais
em especial de moradores de comunidades tradicionais, silvestres e potenciais riscos de emergên-
indígenas, gestores de UCs e especialistas representa um cias de zoonoses; elaborar materiais de
caminho de oportunidades. boas práticas em saúde, qualidade de vida
e conservação da biodiversidade.

Foto: André Telles Foto: André Telles

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


INSPIRE-SE! O SISS-Geo funciona em dispositivos de comuni- nicação efetivo com comunidades desassistidas. PERÍODO
30 cação móvel e opera offline. A partir do georrefe- 31
A partir das contribuições das comunidades, 166 Janeiro de 2015 a julho de 2017
renciamento do GPS do próprio aparelho possi-
melhorias foram implementadas na plataforma.
ࡿࡿ Conheça mais sobre o tema no livro bilita que moradores e especialistas em lugares
Entre os colaboradores selecionados durante as
Biodiversidade faz bem à saúde: guia prático, distantes e de difícil acesso também contribuam
oficinas estão moradores das comunidades, agri- PARCEIROS DO PROJETO
desenvolvido a partir das informações obti- com o monitoramento da fauna em ambientes
cultores, guardas-parque e técnicos florestais que Conselho da Resex Tapajós-Arapiuns; Associação
das nas comunidades. http://bit.ly/bioguia naturais, rurais e urbanos. As informações sobre
receberam aparelho celular (via doação) para mo- das Organizações da Reserva Tapajós-Arapiuns -
espécie, localização, comportamento e condições
ࡿࡿ Falar sobre a saúde das pessoas, dos nitoramento da fauna. Tapajoara; Instituto Arapyaú (SP/BA); Associação
de saúde são sistematizadas, gerando alertas e
seus animais e dos animais silvestres, in- Mecenas da Vida/BA; Instituto Floresta Viva/BA; Ins-
notificações aos órgãos responsáveis em diversas O projeto foi financiado com recursos do Fundo
cluindo o tema como parte dos projetos e tituto Marola/BA; Conselho do Parque Nacional da
esferas, ampliando os esforços da vigilância em Brasileiro para Biodiversidade (Funbio) e do Pro-
programas de gestão de UCs com as comuni- Serra dos Órgãos.
epizootias e a geração de informação tanto para jeto Nacional de Ações Integradas Público-Priva-
dades auxilia na aproximação de interesses
a saúde quanto para a conservação da biodiver- das para Biodiversidade (Probio II/MMA).
comuns, dilui conflitos e gera possibilidades
de acordos e práticas de ganho comum. sidade.

ࡿࡿ Devolutivas sobre os resultados de pes- Na Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns, o pro-


quisas com o envolvimento das comunidades jeto foi aprovado pelo Conselho da unidade e
favorecem o relacionamento e estabelecem contou com expedições para levantamento da
confiança. Nessa prática, os participantes percepção e análise de risco de doenças. Oficinas
(famílias, agentes de saúde e professores) nas comunidades e treinamento sobre como usar
receberam além da apresentação dos resulta- o SISS-Geo proporcionaram também a seleção de
dos, o livro desenvolvido pelo projeto. Semi- colaboradores do projeto.
nários para apresentação dos resultados aos
gestores das UCs são estratégicos. No Parque Estadual da Serra do Conduru, reunião
com parceiros locais sinalizou um caminho com Foto: ICMBio / André Telles
ࡿࡿ Além do aumento da integração das algumas particularidades, como a realização de
comunidades e de outros atores sociais com cursos estruturados para atender às expectativas
a equipe da Unidade de Conservação, com
dos grupos de interesse. As comunidades mais
o monitoramento participativo é possível
isoladas e vulneráveis participaram do projeto,
produzir mais informações que podem ser
por meio de oficinas, em conjunto com a lideran-
valiosas para apoiar a gestão.
ça da unidade, ONGs e organização de setores
produtivos locais, como pescadores e guias de
Turismo de Base Comunitária.

METODOLOGIA Já no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, a apro-


ximação com os gestores ocorreu via participação
O Sistema de Informação em Saúde da Vida Sil-
da Fiocruz no Conselho do parque e apresentação
vestre SISS-Geo é uma parceria entre a Plataforma
do projeto nos eventos de pesquisa. As palestras
Institucional Biodiversidade e Saúde Silvestre (PI-
sobre o SISS-Geo e o treinamento tiveram como
BSS), da Fiocruz, e o Laboratório Nacional de Com-
público-alvo condutores de trilhas, brigadistas,
putação Científica (LNCC), do Ministério da Ciência,
equipe do parque e o batalhão ambiental muni-
Tecnologia, Inovação e Comunicação. A tecnologia
cipal de Magé.
baseada na Ciência Cidadã busca transpor as difi-
culdades de monitoramento frente à extensão ter- A continuidade no envio dos registros indica o po-
ritorial brasileira, às dimensões da maior parte das tencial de participação da sociedade no monito-
Unidades de Conservação, assim como o pequeno ramento da fauna. Os contatos pelo Fale Conosco
efetivo das equipes. revelam mais uma conquista, um canal de comu-

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


PARCERIA CIENTÍFICA

INSTITUIÇÕES DE ENSINO DESENVOLVEM RESULTADOS INSPIRE-SE!


32 33
PESQUISAS ESPECÍFICAS SOBRE RESERVA ࡿࡿ 13 disciplinas ministradas na reserva em 2017,
envolvendo 15 professores e mais de 250 alunos. ࡿࡿ Planos de Trabalho aprimoram parce-
NATURAL 26 projetos apresentados no formato de artigos; 2 rias e facilitam a comunicação durante todo o
relatórios técnicos; 30 dias de esforço amostral em processo.
Coordenação geral: Gerência de Projetos Ambientais da Fundação Grupo Boticário. Coordenação executiva:
Coordenação de Áreas Protegidas da Fundação Grupo Boticário; Natacha Sobanski (Ponto Focal de Áreas campo; 5 grupos de fauna estudados.
ࡿࡿ UCs que possuem mais de uma turma
Protegidas da Fundação Grupo Boticário). Gestão dos recursos e gerenciamento: como as parcerias são ࡿࡿ Consolidação do conhecimento sobre a desenvolvendo pesquisa podem buscar ali-
formalizadas através de acordos de cooperação técnica, não há repasse de recurso e sim, contrapartidas biodiversidade da Reserva. nhamento entre os grupos para que lacunas
institucionais. sejam preenchidas. A sugestão vale também
ࡿࡿ Apresentação de diagnósticos com lacunas de quanto às turmas de diferentes Universidades.
informação sobre a biodiversidade da Reserva, que
Ainda não é tão frequente como poderia ser, mas algumas Universidades PERFIL ࡿࡿ Diante de trabalhos de longo prazo com
podem ser utilizados na definição de novos temas
já realizam aulas de graduação e pós-graduação em Unidades de Conser- envolvimento de alunos do segundo ano, por
Localizada em Guaraque- prioritários. Proposta de melhorias no sistema de
vação e esse foi o ponto de partida para que a Fundação Grupo Boticário exemplo, pode ser interessante fazer um re-
çaba, litoral norte do Pa- monitoramento de biodiversidade com soluções
buscasse ainda maior aproximação com os professores que já desenvol- gistro audiovisual sobre a evolução da pesqui-
raná, a Reserva Particular tecnológicas.
viam parte de suas disciplinas na Reserva Natural Salto Morato. sa e o aprimoramento dos próprios alunos.
do Patrimônio Natural
ࡿࡿ Aproximação entre as instituições de ensino, a
“Os motivos que levaram a Fundação a estreitar os laços com o universo Salto Morato conta com ࡿࡿ Busque incluir a Unidade de Conser-
gestão da Unidade de Conservação e a Fundação
acadêmico se referem ao volume de conhecimento produzido durante 2.253 hectares de área vação no roteiro das atividades escolares,
Grupo Boticário. Troca de saberes entre a equipe
as aulas práticas, mas que até então não retornava à Reserva. Em longo protegida, no maior re- assim os alunos desde cedo vão conhecer
de gestão da unidade e os professores. Extensão
prazo, o grande aporte de conhecimento gerado pelas aulas práticas manescente contínuo da a área protegida. Contate as Secretarias de
do conhecimento gerado na academia para a
somado aos resultados do monitoramento de biodiversidade e às pes- Mata Atlântica, a região Educação e ganhe escala, beneficiando maior
comunidade do entorno e região.
quisas realizadas na Reserva subsidiará a melhor compreensão dos pa- de Lagamar. A Reserva número de alunos.
drões ecológicos da biodiversidade e auxiliará no direcionamento das foi declarada patrimônio
novas estratégias, além sensibilizar os alunos e incentivar o meio aca- natural pela Unesco. METODOLOGIA
dêmico a desenvolver pesquisas que gerem resultados aplicados para a
PERÍODO
Em 2017, a Fundação Grupo Boticário começou a Janeiro de 2017 – em andamento.
conservação”, destaca Natacha Sobanski, analista de projetos ambien-
tais da Fundação Grupo Boticário. elaborar Planos de Trabalho em conjunto às insti- Previsão: Janeiro de 2022.
OBJETIVOS
tuições de ensino que já utilizavam a Reserva nas
Agregar mais informação aulas práticas.
Foto: Acervo Fundação Grupo Boticário
ao monitoramento da
No Plano de Trabalho estão detalhados os temas
PARCEIROS DO PROJETO
biodiversidade da Re- Instituto Federal do Paraná (IFPR); Universidade Fe-
da área de atuação de cada disciplina, datas das
serva; otimizar os custos deral do Paraná (UFPR); Pontifícia Universidade Ca-
saídas de campo, o formato em que a informação
para a implementação tólica do Paraná (PUCPR).
sobre os grupos alvo será disponibilizada e princi-
de equipamentos de
palmente como o conhecimento gerado será incluí-
monitoramento; integrar
do na prática de conservação.
professores e alunos aos
programas de gestão da As instituições de ensino participantes oferecem in-
Reserva Natural Salto fraestrutura de ensino e pesquisa, laboratórios de
Morato; reforçar no meio pesquisas ecológicas, carga horária dos professores
acadêmico a importância e divulgação dos resultados nos próprios canais de
das pesquisas que trazem comunicação. Enquanto a Fundação Grupo Boticá-
resultados práticos à rio entra com a infraestrutura da Reserva para aulas
conservação. práticas, estadia de alunos e professores e apoio na
publicação de pesquisa sobre os resultados.

Foto: Acervo Fundação Grupo Boticário

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


PARCERIA ACADÊMICA

34
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO BUSCAM RESULTADOS INSPIRE-SE!
35
NA CIÊNCIA OS SUBSÍDIOS PARA O ࡿࡿ Refinamento do mapa de limites da Área de
Proteção Ambiental de Guaraqueçaba. O processo
PLANEJAMENTO INTEGRADO está em análise na Divisão de Consolidação de
ࡿࡿ Para as Universidades, Centros de
Pesquisa e Ensino, as demandas das Uni-
Coordenação geral e executiva: Caio Pamplona (Núcleo de Gestão Integrada Antonina – NGI/ ICMBio) e Eduardo Limites (Dcol), do ICMBio. Produção de mapas
dades de Conservação permitem aplicar a
Vedor de Paula (Departamento de Geografia da Universidade Federal do Paraná). temáticos como ferramentas de apoio à gestão. teoria na prática, o que também contribui
ࡿࡿ Base de dados geográficos integrando questões para a formação de profissionais mais
ambientais e sociais relevantes para a gestão das capacitados e integrados às reais necessi-
O litoral norte do Estado do Paraná abriga quatro Unidades de Conserva- PERFIL
Unidades de Conservação (UCs), com cerca de 300 dades de gestão das áreas protegidas.
ção federais que compartilham biodiversidade, atores sociais e ameaças,
Área de Proteção Ambiental camadas de informações para a área de abrangência
mas até pouco tempo não trabalhavam a gestão de maneira integrada ou ࡿࡿ A formalização de parcerias permite
de Guaraqueçaba; Parque das Unidades de Conservação estudadas.
sequer colaborativa. Na Área de Proteção Ambiental de Guaraqueçaba, os desenvolver trabalhos de médio e longo
Nacional Superagui; Estação
diagnósticos que subsidiaram o Zoneamento e o Plano de Gestão são da ࡿࡿ Elaboração de documento que subsidia o prazo com garantia de mais segurança a
Ecológica de Guaraqueçaba;
década de 90. Já o Parque Nacional Superagui está na fase final da trami- diagnóstico da área de abrangência das UCs do todos os envolvidos.
Reserva Biológica Bom Jesus.
tação do Plano de Manejo realizado entre 2012 e 2015. A Estação Ecológica litoral norte do Paraná, com informações ambientais
de Guaraqueçaba, criada em 1982 e a Reserva Biológica Bom Jesus, que é ࡿࡿ A definição prévia dos desafios de
e socioeconômicas compiladas e atualizadas.
gestão, a identificação de lacunas que
de 2012, não dispõem de Planos de Manejo. “Considerando o contexto local,
OBJETIVOS ࡿࡿ 120 alunos de graduação e 40 de pós- devem ser respondidas sobre a biodiver-
há o entendimento de que o planejamento da gestão das unidades deve
graduação da Universidade Federal do Paraná sidade e o reconhecimento das ameaças
ser efetuado com integração de ações e atividades para otimizar recursos Conciliar os objetivos de
capacitados na temática da gestão de Unidades aos atributos da UC ajudam a direcionar,
humanos e logísticos. No entanto, a grande demanda de atividades de ro- atividades acadêmicas (como
de Conservação, até então um campo inexplorado de maneira mais efetiva, os esforços da
tina, notadamente na fiscalização e licenciamento, aliada à redução das elaboração de monografias, equipe gestora e dos parceiros.
pelo curso. Contratação de estudantes como
equipes dificulta o avanço na elaboração do planejamento, especialmen- teses e dissertações) aos
gestores ambientais no Ministério Público, em
te nas etapas iniciais de coleta e sistematização de informações”, destaca esforços de gestão das áreas
consultorias especializadas e em organizações não
Alan Yukio Mocochinski, perito no Ministério Público Federal, em exercício protegidas, gerando subsídios
governamentais. Reconhecimento da gestão do
provisório no Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, ao planejamento integrado e
ICMBio no território.
relator da prática. Nesse sentido, subsidiar o planejamento de ações das propiciando a capacitação de
Unidades de Conservação preconizava mobilizar parceiros. futuros profissionais.
Foto: Alan Yokio Mocochinski
Foto: Victor Carvalho

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


TRADICIONAL E ACADÊMICO

36
METODOLOGIA PROJETO ALINHA CONHECIMENTOS E 37
As equipes gestoras das Unidades de Conserva-
ção (UCs) da região procuraram o Departamento
tão Ambiental do Território, no Programa de Pós-
-Graduação.
IDENTIFICA ESPÉCIES DA FLORA PRIORITÁRIAS
de Geografia da Universidade Federal do Paraná
No total foram três disciplinas de graduação e duas
PARA CONSERVAÇÃO
(UFPR), que possui uma linha de estudos na área
de pós-graduação entre o segundo semestre de Coordenação geral: Paulo Fernando Maier Souza (Área de Proteção Ambiental Chapada do Araripe/ICMBio).
de planejamento ambiental, liderada pelo Profes- Coordenação executiva: Flavia Regina Domingos (Área de Proteção Ambiental Chapada do Araripe/ICMBio) e
2014 e o segundo semestre de 2016. Temas rela-
sor Eduardo Vedor de Paula. Os gestores buscavam Bruna Vieira de Sousa (Fundação Araripe).
cionados às Unidades de Conservação apareceram
a execução de um Plano de Trabalho que pudesse
nas monografias de conclusão de graduação e nas
integrar as atividades acadêmicas da graduação e
dissertações de mestrado. O envolvimento da Uni-
pós-graduação com as necessidades de subsídio Na Área de Proteção Ambiental Chapada do Araripe, o uso PERFIL
versidade propiciou melhor diálogo entre o ICMBio,
ao planejamento de ações das Unidades de Con- da flora nativa pelas comunidades tradicionais é conhe-
lideranças do MST e comunidades locais, que tra- Mais de 970 mil hectares constituem a Área
servação. cido, há dados sistematizados de algumas espécies, mas
dicionalmente possuem certas reservas em relação de Proteção Ambiental Chapada do Araripe
que não pontuam o aspecto da conservação. “O novo Có-
Após uma série de reuniões sobre o planejamento ao órgão. na divisa entre Ceará, Pernambuco e Piauí.
digo Florestal publicado em 2012 estabeleceu a previsão
da parceria e das atividades específicas, a Coorde-
Todas as etapas do Plano de Trabalho da Unidade de lista de espécies da flora nativa com uso comercial de
nação Regional do ICMBio em Florianópolis/ICMBio OBJETIVOS
de Conservação, do planejamento à execução, esta- produtos não madeireiros com dispensa de controle de
e a UFPR firmaram Termo de Reciprocidade junto a Propiciar troca de experiência entre pes-
vam integradas às atividades acadêmicas dos cur- origem gerando preocupação pelo desconhecimento so-
um Plano de Trabalho entre a gestão das UCs e o quisadores, extrativistas e técnicos com
sos de graduação e pós-graduação da UFPR. bre as espécies utilizadas pelos extrativistas e seu estado
Departamento de Geografia da Universidade. atuação na Chapada do Araripe. Obter lista
de conservação”, destaca Paulo Maier, chefe da unidade.
O Plano de Trabalho considerou a realização de de espécies da flora nativa da região com
disciplina optativa – Práticas em Planejamento e
PERÍODO A tentativa de obter esse banco de dados previu o tra- Produtos Não Madeireiros Comercializados
balho conjunto entre dois saberes distintos, mas com- (PNMC) e identificar as espécies que neces-
Gestão Ambiental - no curso de bacharelado em Maio de 2014 a dezembro de 2017.
plementares. “A proposta consistiu em construir coleti- sitam de ações de conservação, propondo
Geografia. Os servidores do ICMBio realizaram pa-
vamente - com o saber acumulado pelas comunidades medidas práticas.
lestras e orientaram a execução das atividades.
Cada aluno executou Plano de Trabalho sobre de-
PARCEIROS DO PROJETO extrativistas e o gerado na academia - uma lista de es-
pécies de uso comercial de produtos não madeireiros
terminado tema do diagnóstico ambiental da região Departamento de Geografia da Universidade Federal
na região de forma a estabelecer aquelas com necessi-
de abrangência das UCs. Ao final, os resultados fo- do Paraná (UFPR); Sociedade de Pesquisa em Vida
dade de ações de conservação”, ressalta Maier.
ram apresentados em reunião do Conselho da Área Selvagem e Educação Ambiental (SPVS); Fundação
de Proteção Ambiental e em eventos com parceiros Grupo Boticário de Proteção à Natureza; Ministério
na gestão das UCs. Público do Estado do Paraná; Centro de Estudos do
Mar/UFPR; Observatório de Conservação Costeiro
RESULTADOS
No ciclo acadêmico seguinte, UCs e Universidade
do Paraná (OC2); Associação de Defesa de Meio Am- ࡿࡿ 173 espécies da flora nativa da Chapada do ࡿࡿ Pesquisadores estimaram a produção anual
buscaram complementar as informações de subsí-
biente de Antonina (Ademadan). Araripe com PNMC identificadas. Desse total, da Fava D’Anta de 2012 a 2017 e identificaram as
dio ao diagnóstico, com a disciplina Geografia Ges-
52 necessitam de ações de conservação, sendo principais comunidades produtoras, empresas
25 para recuperar a população e 35 demandam compradoras e atravessadores. Aumento das
melhoria do manejo. Quatro espécies são relações institucionais e aproximação entre a gestão
prioritárias: Pequi, Fava D’Anta, Aroeira e Sucupira da Unidade de Conservação e as comunidades
Branca. tradicionais extrativistas.

ࡿࡿ Elaboração da Cartilha de Boas Práticas de ࡿࡿ Trabalhos científicos sobre o tema apresentados


Manejo do Pequi. As orientações foram incorporadas no Seminário de Pesquisa do ICMBio, no Simpósio
às medidas de conservação de outras espécies da Nacional de Etnobiologia e no Seminário de
flora na unidade. Pesquisa da Área de Proteção Ambiental Chapada
do Araripe.

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


CONHECIMENTO CIENTÍFICO E TRADICIONAL

38
METODOLOGIA INSPIRE-SE! RESERVA FORTALECE CONSERVAÇÃO DA 39
A equipe gestora da Área de Proteção Ambiental
Chapada do Araripe desenvolveu lista preliminar
BIODIVERSIDADE COM PROGRAMA DE
das espécies da flora nativa da unidade, indicando
ࡿࡿ Conhecimentos tradicionais e acadêmi-
cos articulados preenchem lacunas e ofere-
MONITORAMENTO
tipo de uso e ambiente de ocorrência. Reuniões das
cem resultados de aplicação prática. Coordenação geral: Marcelo Marcelino (Diretoria de Pesquisa, Avaliação e Monitoramento da Biodiversidade -
Câmaras Técnicas Setoriais do Conselho, contribui- Dibio/ICMBio). Coordenação executiva: Kátia Torres Ribeiro (Coordenação Geral de Pesquisa e Monitoramento
ções de especialistas e consultas à bibliografia con- ࡿࡿ Faça da interação entre os diferentes - CGPEQ/ICMBio). Gestão dos recursos e gerenciamento: Tatiana Chaves de Souza (Coordenação de
feriram detalhamento à lista. Extrativistas, técnicos atores sociais uma dinâmica de aprendizado Monitoramento da Biodiversidade - Comob/ICMBio).
e pesquisadores validaram o material durante dois de culturas. Alinhar saberes permite inovar
Encontros de Saberes. em soluções mesmo com poucos recursos.
A Reserva Biológica do Tapirapé está localizada a INSPIRAÇÃO
Em seguida as espécies que precisaram de algum ࡿࡿ Monitore a produção e o estado de cerca de 200 km da cidade de Marabá, no Pará, por
controle no uso foram pré-selecionadas e organi- conservação de espécies-chave de uso das Cursos de capacitação do Programa Nacional de
via terrestre. “Dois caminhos levam à sede da Unida-
zadas em diagrama com informações básicas que populações extrativistas. Monitoramento da Biodiversidade, organizados
de de Conservação, o primeiro por terra e o segundo
permitiram pontuar as características de ameaça. pela Coordenação de Monitoramento da Biodi-
caminho tem origem na cidade de Parauapebas com
versidade (Comob).
ࡿࡿ Pontuação mínima de 50%: prioritárias para 100 km de estrada até a passagem da balsa, no rio
Itacaiúnas. A viagem segue via fluvial e é completa-
conservação. PERFIL
PERÍODO da com mais 80 minutos. Devido à grande distância
ࡿࡿ Qualquer pontuação quanto à situação de de- Única unidade de proteção integral da região, no
entre as cidades de apoio e a Base do Bacaba, fi-
clínio: restringir a supressão e estimular o plantio. Março de 2014 – em andamento. sudoeste do Pará, a Reserva Biológica do Tapira-
cou claro o grande desafio para a gestão da Reserva.
ࡿࡿ Pontuação quanto ao mercado: aperfeiçoar o Nesse cenário, o envolvimento das comunidades e pé conta com cerca de 100 mil hectares.
manejo. dos moradores do entorno de forma voluntária apa-
PARCEIROS DO PROJETO OBJETIVOS
recia como estratégico na ampliação das iniciativas
Pequi, Fava D’Anta, Aroeira e Sucupira Branca inte-
Fundação Araripe; Universidade Regional do Cariri de monitoramento e apoio à pesquisa na Unidade Tornar a gestão da Unidade de Conservação
graram a lista de prioritárias para conservação. As
(Urca); Associação de Pesquisa e Preservação de de Conservação. A confiança das comunidades nas mais participativa; aderir e contribuir com o
quatro espécies impulsionaram a criação de Grupos
Ecossistemas (Aquasis); Associação dos Agricultores ações governamentais estava fragilizada e alguns Programa Nacional de Monitoramento; monitorar
de Trabalho para elaboração de propostas de me-
Familiares da Serra dos Paus Dóias (Agrodóia). paradigmas deveriam ser rompidos com o intuito a biodiversidade; incentivar a pesquisa científica
lhoria do manejo destas espécies.
Foto: Marcia Crato de aproximar a relação entre as comunidades e o na unidade; fortalecer parcerias.
As Boas Práticas de manejo propostas para o Pequi ICMBio”, afirma Raimundo Façanha Guedes, chefe da
(Caryocar coriaceum), por exemplo, foram submeti- Reserva Biológica do Tapirapé.
das à avaliação de oito comunidades extrativistas,
em quatro municípios. Esse processo resultou na
proposta apresentada em reunião do Arranjo Pro-
Foto: Acervo ICMBio Foto: Acervo ICMBio
dutivo Local (APL) do Pequi e Babaçu, em 2015, com
acordo de aprovação apenas das propostas unâni-
mes entre os atores. A partir dessa dinâmica, uma
série de medidas de conservação foram inseridas
nos processos de gestão da Unidade de Conservação.

Os recursos que proporcionaram o desenvolvimen-


to da pesquisa vieram do orçamento do ICMBio e de
projeto do desenvolvimento do Arranjo Produtivo
Local (APL) do Pequi e Babaçu, financiado pelo Mi-
nistério do Meio Ambiente (MMA) e executado pela
Fundação Araripe.

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


PESQUISA ACADÊMICA

40
RESULTADOS INSPIRE-SE! MONITORAMENTO APONTA NOVAS 41
ࡿࡿ Implantação do Programa de Monitoramento
com oito campanhas viabilizadas pela mobilização
ESTRATÉGIAS PARA OS PERÍODOS COM
de comunitários e acadêmicos. Conservação da ࡿࡿ Aplicar o Programa de Monitoramento
da Biodiversidade aprimora a conservação e
EXCEDENTE DE PESCADO E DE ENTRESSAFRA
biodiversidade fortalecida.
reforça a importância do envolvimento da co- Coordenação geral: Ronaldo Borges Barthem (Museu Paraense Emilio Goeldi – MPEG). Coordenação executiva:
ࡿࡿ Aumento no número de pesquisas desenvolvidas Luciano Fogaça de Assis Montag (Universidade Federal do Pará – UFPA). Gestão dos recursos e gerenciamento:
munidade. Confira as publicações na Biblio-
pela Universidade. Monitores locais, comunitários Cláudia Cristina Lima Marçal (Reserva Extrativista Maracanã/ICMBio).
teca de Monitoramento do ICMBio
e acadêmicos já participam de outras ações da
http://bit.ly/monitoramentoICMBio
Unidade de Conservação.
ࡿࡿ Aproximação entre a equipe gestora e as
ࡿࡿ Capacitar os moradores que vivem no A pesca artesanal é a principal fonte de renda e alimento na PERFIL
entorno para o Programa é o ponto de parti- Reserva Extrativista Maracanã, 35% dos beneficiários praticam
comunidades do entorno. O programa agregou valor A Reserva Extrativista Maracanã pro-
da para desenvolver novas ações. a técnica de curral. “Apesar da importância dessa arte de pes-
à participação social. tege 30 mil hectares de baía, dunas,
ca havia uma lacuna de conhecimento acerca da identificação
ࡿࡿ A experiência das trilhas amostrais contribuiu para ࡿࡿ Parcerias com Universidades e institutos praias e manguezal no município de
e quantidade de espécies capturadas, além do período de
a qualidade dos dados apresentados no Programa de pesquisa, que são referência na região, aju- mesmo nome da unidade, no Pará.
dam a desmistificar percepções equivocadas funcionamento dos currais na região. A prática foi constru-
Nacional de Monitoramento da Biodiversidade.
sobre Unidades de Conservação e o ICMBio. ída após a indagação aos comunitários da reserva sobre o OBJETIVOS
Aumento da divulgação da Unidade de Conservação
quanto era pescado. Em resposta informaram saber apenas
e da visibilidade positiva do ICMBio na região. Aprofundar o conhecimento da
individualmente sobre a ictiofauna capturada. Dessa forma,
exploração da pesca praticada pela
foi considerado pertinente efetuar o monitoramento da pesca
população tradicional da Reserva
METODOLOGIA de curral no estuário da Baía de Maracanã, na Reserva Extra-
Extrativista Maracanã, em diferentes
tivista Maracanã, a fim de gerar subsídios para o ordenamento
A participação da equipe gestora da Reserva Biológi- A prática foi apresentada no II Seminário de Educa- épocas do ano, como forma de con-
na região”, afirma Cláudia Cristina Lima Marçal, analista am-
ca Tapirapé no curso de capacitação sobre o Programa ção e Pesquisa pela Conservação da Biodiversidade tribuir no desenvolvimento sustentá-
biental na unidade.
Nacional de Monitoramento da Biodiversidade refletiu e do Desenvolvimento Socioambiental (SECBIO), da vel da região.
em ações práticas, com o início do planejamento da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará mar-
unidade para adesão ao programa. A primeira etapa cando o encerramento das atividades do Programa
para viabilizar as trilhas amostrais contou com a contri- de Educação, Agricultura Familiar e Conservação da Foto: Claudia Cristina Lima Marçal

buição da equipe da guarda-florestal (Prosegur/Vale). Biodiversidade, implementado entre 2015 e 2017.

Na fase de mobilização de parceiros, a Universidade A gestão da reserva já desenvolve protocolo especí-


Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa) conta- fico para a ictiofauna local.
tou associações de cada comunidade e assim reuniu
comunitários do entorno e universitários na reserva.
A reunião teve como objetivo apresentar a proposta
PERÍODO
de capacitação do Programa Nacional de Monitora- Maio de 2014 a outubro de 2017.
mento da Biodiversidade, organizado pela Coorde-
nação de Monitoramento da Biodiversidade (Comob).

Por conta da localização da unidade, os recursos fi-


PARCEIROS DO PROJETO
nanceiros do Programa de Áreas Protegidas da Ama- Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifess-
zônia (Arpa) permitiram suprir a demanda logística, pa); Associação Projeto de Assentamento Bandeirantes;
o que garantiu a execução dessa prática. O incre- Associação Projeto de Assentamento Cupú; Associação
mento da parceria com a universidade aproximou Projeto de Assentamento Maravilha; Associação Projeto
a equipe gestora das comunidades locais, conferiu de Assentamento Volta Grande; Guarda Florestal (Pro-
reconhecimento ao Conselho Gestor e despertou o segur/Vale); Instituto de Desenvolvimento Florestal e da
interesse de potenciais parceiros. Biodiversidade do Estado do Pará (Ideflor-bio).

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


RESULTADOS INSPIRE-SE! As práticas realizadas no estudo fortaleceram o PERÍODO
42 contato entre a equipe gestora da unidade e comu- 43
ࡿࡿ Os dados obtidos permitiram aprimorar Julho de 2015 a junho de 2016.
nitários da reserva, principalmente com a comuni-
instrumentos, como Acordo de Gestão, Perfil dos
ࡿࡿ Estimule pesquisas acadêmicas entre os dade da Vila do Penha, por meio da presença insti-
Beneficiários e serão utilizados como subsídios no
servidores e nos centros de ensino e pesqui- tucional do ICMBio na região.
Plano de Manejo.
sa da região sobre as demandas da Unidade
PARCEIROS DO PROJETO
A parceria com o Laboratório de Ecologia da Univer-
ࡿࡿ A identificação do período de excedente de Conservação. Desenvolver uma lista dos Universidade Federal do Pará (UFPA); Comunidade
sidade Federal do Pará (Labeco/UFPA) possibilitou a
de pescado possibilitará à gestão da unidade principais temas torna a compreensão desse do Polo Penha da Reserva Extrativista Maracanã.
coleta de espécies da ictiofauna, incluindo o forne-
promover, junto com parceiros, como a Secretaria cenário mais concreta para os coordenadores
cimento dos materiais necessários e a participação
de Pesca do Estado do Pará, a venda do produto da graduação e da pós-graduação.
dos estudantes de pós-graduação que auxiliaram
em feiras, beneficiando a comunidade da reserva. ࡿࡿ Favoreça a participação dos comunitá- na coleta e na identificação taxonômica dos indiví-
ࡿࡿ Com o reconhecimento do período de entressafra, rios nas pesquisas da unidade. Novas práti- duos capturados. O auxílio dos professores do Mu-
em comunidade onde a pesca é a principal atividade cas, técnicas, ferramentas de monitoramento seu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), Alberto Akama e
econômica e a base da alimentação, podem ser podem contribuir no dia a dia da comunidade
Alexandre Marceniuk, também foi destaque na iden-
e fornecer dados à gestão, mesmo após o
propostas fontes alternativas durante o período tificação e confirmação das espécies capturadas.
estudo.
ou até mesmo o beneficiamento do pescado para
A prática foi custeada com recursos da analista
consumo no período de escassez. ࡿࡿ Dados favorecem tanto monitoramento
ambiental que alinhou o desenvolvimento de um
e gestão nas unidades quanto a busca por
ࡿࡿ Formação do Grupo de Trabalho de Currais trabalho de utilidade prática aos beneficiários da
soluções muitas vezes encontradas do lado
focado no ordenamento da pesca de arte fixa e na Reserva Extrativista Maracanã com a obtenção dos
de fora das áreas protegidas, em trabalho
proteção de um direito exclusivo dos beneficiários dados necessários à tese de mestrado.
conjunto com outras esferas de governo.
da reserva. Pesquisas mostram panoramas, quantificam
Foto: Claudia Cristina Lima Marçal
atividades extrativistas, revelam agravantes
às espécies ameaçadas de extinção e apon-
METODOLOGIA
tam novos caminhos.
A equipe gestora da unidade iniciou a prática com
cronograma de coleta de dados, onde constatou o
melhor período para a pesca com arte fixa, denomi-
nado maré de sizígia, caracterizada pelos períodos
de lua nova e cheia.
Durante o estudo, de julho de 2015 a junho de 2016,
O monitoramento dos currais pré-selecionados os currais capturaram 153 mil exemplares, represen-
incluiu preenchimento de fichas padronizadas de tando 34,79 toneladas, distribuídas em 11 ordens, 15
desembarque pesqueiro, durante seis dias/mês no famílias, 52 gêneros e 64 espécies. Do total, 17 es-
período de um ano, nas estações seca e chuvosa. pécies foram descartadas e 5% estão ameaçadas,
como o Mero (Epinephelus itajara). A necessidade
O comunitário Ivanildo Monteiro, após receber ca-
do manejo da pesca de curral na área em questão
pacitação, ficou responsável por coletar os dados
estava confirmada.
dos 29 currais. Alunos de pós-graduação do Museu
Paraense Emílio Goeldi auxiliaram na coleta e iden- O Grupo de Trabalho de Currais, formado por mo-
tificação de espécies que estão guardadas no acer- radores das comunidades, verificou a época de
vo ictiológico da instituição. Os peixes foram identi- construção dos currais, tornando possível o cadas-
ficados, mensurados e devolvidos aos comunitários tramento dos usuários, a fim de garantir o uso dos
para consumo/venda. O trabalho foi supervisionado recursos pesqueiros, no território da unidade, pelos
pela analista ambiental da reserva. beneficiários.

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


PARCERIA DE CONHECIMENTO

PESQUISAS SOBRE TARTARUGAS MARINHAS RESULTADOS INSPIRE-SE!


44 45
EM ABROLHOS APERFEIÇOAM INTERPRETAÇÃO ࡿࡿ Desenvolvimento de um protocolo de coleta
próprio, envolvendo monitoramento de longo prazo,
AMBIENTAL permitiu à UC avaliar a efetividade das suas medidas
ࡿࡿ Parceria entre Unidades de Conserva-
ção e Centros de Pesquisa e Conservação do
Coordenação geral, executiva e gestão dos recursos e gerenciamento: Fernando Pedro Marinho Repinaldo de manejo, além de contribuir para o cumprimento
ICMBio favorece a implementação de ação
Filho (Parque Nacional Marinho dos Abrolhos/ICMBio); João Carlos Alciati Thomé (Centro Nacional de Pesquisa de ações prioritárias do Plano de Ação Nacional
prioritária, com aplicação de protocolos
e Conservação de Tartarugas Marinhas - Tamar/ICMBio). (PAN) Tartarugas Marinhas, como por exemplo, a
nacionais de coleta de dados que podem ser
caracterização de Abrolhos como importante área de replicados em outras áreas protegidas, per-
alimentação para a tartaruga-de-pente (Eretmochelys mitindo assim padronizar e comparar cená-
Monitoramento da biodiversidade e programas de PERFIL
manejo e proteção de espécies raras ameaçadas imbricata), espécie criticamente ameaçada. rios, a partir de base de dados consolidada.
Região com a maior biodiversidade marinha do
de extinção estão entre as prioridades do Parque ࡿࡿ Capacitação de monitores ambientais e servidores
Atlântico Sul, o Parque Nacional Marinho dos ࡿࡿ Voluntários podem ser aliados em
Nacional Marinho dos Abrolhos. “A unidade sempre do parque para manuseio e coleta de dados e gestão programas de monitoramento da biodiversi-
Abrolhos, o primeiro da categoria, protege mais
apoiou ações de pesquisa lideradas por pesquisa- da informação sobre as tartarugas marinhas. dade. Condutores devem conhecer de perto
de 90 mil hectares de áreas marinhas, abrangen-
dores de Universidades na área do parque. Essas as atividades de pesquisa desenvolvidas nas
do o Recife de Timbebas, o Parcel dos Abrolhos ࡿࡿ Aperfeiçoamento da interpretação ambiental,
pesquisas, em geral, tinham caráter pontual e invia- unidades. A medida agrega informações ao
e o Arquipélago dos Abrolhos, composto pelas com base nos resultados da pesquisa, possibilita
bilizavam a geração de uma base de dados consis- trabalho desses profissionais e melhora a
Ilhas Redonda, Siriba, Sueste, Guarita e Santa que monitores compartilhem informações científicas
tente para avaliação de uma das ações prioritárias experiência do visitante.
Bárbara, no sul da Bahia. sobre as tartarugas da unidade.
do Plano de Ação Nacional (PAN) Tartarugas Mari-
ࡿࡿ Informações obtidas em pesquisas
nhas, a caracterização de Abrolhos como importan- ࡿࡿ Identificação da necessidade de reforçar o
OBJETIVOS também auxiliam na diversificação de atrati-
te área de alimentação para a tartaruga-de-pen- controle/erradicação de espécies exóticas invasoras
Implementação de um programa de monitora- vos. O programa das tartarugas marinhas dos
te (Eretmochelys imbricata), espécie criticamente com danos constatados às tartarugas marinhas,
Abrolhos permitirá subsidiar o planejamento
mento de tartarugas marinhas, visando a gera- por exemplo. Avaliar a eficácia do ordenamento da
ameaçada. Outro desafio constante é a capacitação controlado da visitação em momentos de
ção de base de dados consistente, capacitação visitação, utilizando as tartarugas marinhas como
da equipe, composta em grande parte por funcioná- abertura de ninhos.
da equipe de terceirizados e enriquecimento da indicadores.
rios terceirizados e voluntários”, comenta Fernando
interpretação ambiental.
Pedro Marinho Repinaldo Filho, chefe da unidade.
Foto: Enrico Marcovaldi

Foto: Acervo ICMBio Foto: Enrico Marcovaldi

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


46
METODOLOGIA GESTÃO INTEGRADA
Em 2015, o monitoramento das tartarugas marinhas de dados foram utilizados recursos do Projeto Áre-
Descubra os resultados obtidos com a aliança entre os
do Parque Nacional Marinho dos Abrolhos passou a as Marinhas e Costeiras Protegidas (GEF-Mar), da
contar com a parceria do Centro Tamar que capaci- Fundação Pró-Tamar, e da própria Unidade de Con- múltiplos atores sociais, que vão desde o fortalecimento das
tou a equipe da unidade no manuseio e coleta de servação. O programa garantiu ainda aproximação comunidades, direito real de uso da terra, diversificação de
dados biológicos de tartarugas marinhas e na ali- entre o Centro de Pesquisas do ICMBio e o parque.
mentação do sistema de banco de dados do Institu-
atividade econômica até a potencialização das iniciativas
Os resultados obtidos no programa foram apresen-
to Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
tados em dois eventos de referência: IX Seminário voltadas ao uso público nas áreas protegidas.
(ICMBio).
de Pesquisa e Iniciação Científica do ICMBio e o
Nos dois primeiros anos, a capacitação incluiu duas Congresso Latino-Americano de Ciências do Mar.
visitas técnicas da equipe do parque à base do Pro-
Emissoras da TV aberta veicularam matérias so-
jeto Tamar, em Regência, no Espírito Santo, e três vi-
bre o programa e multiplicaram assim o impacto
sitas da equipe do Centro Tamar ao Parque Nacional
na sociedade a respeito de práticas de conserva-
Marinho dos Abrolhos. Durante a visita à unidade, a
ção. Voluntários colaboraram no monitoramento
equipe do Centro Tamar ajudou a equipe do parque Foto: Thiago Foresti
e produziram dois vídeos sobre as tartarugas ma-
a desenvolver o programa de monitoramento, por
rinhas de Abrolhos, um deles registrou mais de
meio de atividades de captura, recaptura de tar-
20 mil visualizações. O material foi publicado nos
tarugas marinhas e treinamento de aplicação dos
sites do ICMBio, Ministério do Meio Ambiente e do
protocolos do Centro na coleta de dados.
Projeto Tamar.
Após esse período, a equipe da unidade começou
a desenvolver um programa de médio/longo prazo
de monitoramento das Tartarugas Marinhas (TM´s) PERÍODO
visando a continuidade da parceria. O programa Novembro de 2014 – em andamento.
possui objetivos, metodologias, metas e cronogra-
ma que devem ser executados com expedições peri-
ódicas para geração de conhecimento sobre as TM´s PARCEIROS DO PROJETO
na unidade. A parceria envolve suporte técnico con- Centro Nacional de Pesquisa e Conservação das Tar-
tinuado à distância. tarugas Marinhas (Centro Tamar/ICMBio); Fundação
Para custear o deslocamento das equipes e equi- Pró-Tamar; Programa de Voluntariado ICMBio; Mari-
par a unidade com instrumentos básicos de coleta nha do Brasil.

Foto: Enrico Marcovaldi Foto: Acervo ICMBio


MOBILIZAÇÃO E JUSTIÇA

48
CONTRATO DE CONCESSÃO DE DIREITO REAL RESULTADOS INSPIRE-SE!
49
DE USO BENEFICIA QUASE 1,5 MIL FAMÍLIAS ࡿࡿ 1.468 famílias beneficiadas pela homologação
dos Contratos de Concessão de Direito Real de
Coordenação geral: Aílton Dias (Instituto Internacional de Educação do Brasil - IEB). Coordenação ࡿࡿ Conheça a publicação: Fórum Diálogo
Uso (CCDRUs) de seis Unidades de Conservação:
executiva: André Tomasi e Josinaldo Aleixo (Instituto Internacional de Educação do Brasil - IEB). Gestão Amazonas: Regularização Fundiária Urgente!
Reservas Extrativistas: Médio Juruá, Baixo Juruá,
dos recursos e gerenciamento: Aílton Dias e André Segura Tomasi (Instituto Internacional de Educação Mobilização Social e Inovação Processual
Auati-Paraná, Rio Jutaí, Rio Unini e Médio Purus,
do Brasil - IEB). para Garantia dos Direitos Territoriais de
pelo governo do Estado do Amazonas.
Comunidades Tradicionais do Amazonas. De-
ࡿࡿ Acesso de comunidades tradicionais às políticas senvolvida pelo IEB, que traz uma sistemati-
A falta de regularização fundiária nas Unidades PERFIL públicas, já que o entrave ao fomento da produção zação da experiência com lições aprendidas,
de Conservação segue na contramão dos objeti- contextualização e resultado da iniciativa
Reservas Extrativistas: Arapixi, Médio Purus, Aua- agroextrativista era a regularização fundiária.
vos e do conceito atual desses territórios e assim http://bit.ly/forumdialogoamazonas
tí-Paraná, Baixo Juruá, Rio Jutaí, Lago do Capanã, Garantia de segurança fundiária impedindo a
compromete o desenvolvimento das comunidades
Grande Resex Médio Juruá, Ituxi e Rio Unini. disputa de territórios entre supostos proprietários ࡿࡿ A construção de soluções jurídicas ino-
tradicionais, impacta na geração de renda e nas
Florestas Nacionais: Purus, Tefé, Mapiá-Inauiní, ou grileiros de terras públicas e as populações vadoras permite novas respostas a antigos
atividades econômicas praticadas por estas popu-
Humaitá. Todas localizadas no Sul do Amazonas. tradicionais residentes nas UCs. problemas.
lações. “Apesar dos muitos esforços e conquistas
importantíssimas, o Brasil ainda não conta com ࡿࡿ A regularização fundiária trouxe também a ࡿࡿ Parte das soluções encontradas para os
OBJETIVOS
regimes de propriedade, documentação e regu- consolidação territorial, o estabelecimento de impasses não estava pronta e foi desenvolvi-
Promover a regularização fundiária das Uni- mosaicos e corredores ecológicos, a produção da durante as reuniões da equipe.
larização oficial das terras de forma que possam
dades de Conservação de Uso Sustentável do extrativista, o uso sustentável dos recursos naturais
garantir a efetividade e cumprimento dos direitos ࡿࡿ Estar aberto a novas sugestões, novos
Amazonas, por meio da implementação de e a implementação de políticas públicas específicas.
de populações tradicionais ocupantes de vastas pontos de vista é de extrema relevância para
políticas públicas específicas, garantindo a seus
extensões do território amazônico nacional”, re- ࡿࡿ Construção de uma política pública para articulação dos conhecimentos em busca
moradores a plenitude de seus direitos sociais,
força André Tomasi, assessor do Programa Sul do regularização fundiária que pode ser replicada de soluções que muitas vezes são, inclusive,
econômicos e ambientais e contribuindo assim
Amazonas do Instituto Internacional de Educação em outros Estados. O Conselho Nacional das inovadoras.
para a proteção e manutenção da cultura dessas
do Brasil (IEB). Populações Extrativistas (CNS) está analisando e
populações extrativistas.
promovendo ensaios de replicação da experiência
em outros Estados da Amazônia (Amapá e Pará) com
UCs de Uso Sustentável em situações fundiárias
semelhantes.

Foto: Acervo IEB Foto: Acervo IEB

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


ARTICULAÇÃO INSTITUCIONAL
METODOLOGIA
50 Criação do Fórum Diálogo Amazonas: regularização federais e estaduais do Estado, com a participação
INICIATIVA FORTALECE PARCERIA ENTRE 51
fundiária urgente, em 2012, por três organizações da das organizações da sociedade civil que constituem ÓRGÃOS PÚBLICOS E POVOS INDÍGENAS NO
sociedade civil: Instituto Internacional de Educação
do Brasil (IEB), Comissão Pastoral da Terra (CPT) e
o Fórum do Amazonas; 3. entre os coordenadores
e assessores do IEB que analisam avanços, metas,
PARQUE NACIONAL PICO DA NEBLINA
Conselho Nacional das Populações Extrativistas objetivos, participação e controle social do projeto. Coordenação geral: Luciana Yukari Uehara e Flávio Bocarde (Parque Nacional do Pico da Neblina/ICMBio);
(CNS) que tinham como objetivo reunir em uma Desireé Barbosa (Coman/ICMBio). Coordenação executiva e gestão dos recursos e gerenciamento: Luciana
No caso do Diálogo Amazonas, não houve a cessão
Yukari Uehara (Parque Nacional do Pico da Neblina/ICMBio).
mesma mesa os órgãos fundiários responsáveis de terras do Estado para a União, mas sim a cumpli-
pela regularização fundiária no Amazonas. cidade de todas as instituições participantes do GT
que, em algum momento, cederam em algum ponto.
A ocupação da fronteira, em especial no norte do país, INSPIRAÇÃO
A capacitação das populações tradicionais sobre
despontou como o principal motivo para a criação de
direito ambiental e legislação fundiária é um dos Isso apenas foi possível porque todos estavam tra- Verificação da realidade da UC, vivenciada
uma série de Unidades de Conservação (UCs), incluin-
pilares da iniciativa e tem como objetivo promover a balhando em um objetivo comum. no dia a dia. A participação da servidora
do o Parque Nacional do Pico da Neblina, em 1979, um
intervenção qualificada dos moradores organizados no II Ciclo de Formação em Gestão Sociam-
recurso para impedir a apropriação de terras; desconsi-
na solução do problema fundiário. biental (2015/2016), na ACADEBio auxiliou e
PERÍODO derando a existência de grupos indígenas nesses terri-
contribui de maneira decisiva no desenvol-
Realização periódica de uma grande plenária com tórios. “O modelo de gestão adotado na época provocou
Outubro de 2012 – em andamento. vimento da prática apresentada, com uma
órgãos fundiários, entidades participantes e repre- sanções às atividades tradicionalmente praticadas pela
leitura mais crítica da dinâmica da UC, for-
sentantes comunitários; além de reuniões mensais população indígena: caça, pesca, extração de cipó, etc.
necendo arcabouço para análise do planeja-
do grupo de trabalho do Diálogo Amazonas. Media- PARCEIROS DO PROJETO As tensões se acirraram quando o Instituto Brasileiro
mento da gestão da área em sobreposição.
ção do MPF e assessoria jurídica da Procuradoria do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
Conselho Nacional das Populações Extrativistas
Geral do Estado do Amazonas (PGE-AM) para equili- (Ibama), na década de 1990, decidiu estimular o turismo
(CNS); Comissão Pastoral da Terra (CPT); Instituto In- PERFIL
brar interesses das comunidades tradicionais e dos na unidade, sem promover o envolvimento dos grupos
ternacional de Educação do Brasil (IEB); Ministério Localizado no norte do Estado do Amazo-
órgãos fundiários da região. indígenas até que, em 2003, denúncias sobre conflitos
Público Federal do Amazonas (MPF/AM); Procura- nas, na fronteira com a Venezuela, o Parque
Aporte financeiro via projeto do Instituto Interna- entre turistas e o povo Yanomami, feitas ao Ministério
doria Geral do Estado do Amazonas PGE/AM; além Nacional do Pico da Neblina possui 2.252.616
cional de Educação do Brasil (IEB) intitulado Ordam Público Federal, resultaram no fechamento da unidade
das associações comunitárias das UCs envolvidas hectares e apresenta sobreposição com as
- Ordenamento Territorial do Sul do Amazonas, fi- ao turismo”, sintetiza Luciana Yukari Uehara, chefe subs-
na ação. Terras Indígenas (TIs) do Médio Rio Negro II
nanciado pelo Fundo Vale, de 2010 a 2013. Desde tituta da unidade.
(demarcada em 1998), Balaio (2009), Yano-
2014, as Ações do Fórum Diálogo Amazonas são fi- 71% da área do Parque Nacional do Pico da Neblina pos- mami (1992) e Cué-Cué/Marabitanas (2013).
nanciadas pelo Projeto Gestão Integrada entre UCs sui interface com quatro Terras Indígenas; o que repre-
e TIs, com apoio da Fundação Moore. Foto: Acervo IEB
senta cerca de 25% do total de áreas com sobreposições OBJETIVOS
O Fórum Diálogo Amazonas reuniu os diversos ór- no Brasil. Unidades de Conservação com esse perfil de
Conciliar os instrumentos de gestão em área
gãos incidentes sobre a questão da regularização sobreposição territorial com áreas públicas protegidas
de interface territorial: o Plano de Manejo,
fundiária e exigiu que eles complementassem as têm a gestão integrada e participativa como uma possi-
o Plano de Visitação do Pico da Neblina e
ações entre si superando a fragmentação interna da bilidade, o que à primeira vista é um grande desafio, mas
os Planos de Gestão Territorial e Ambiental
atuação governamental. Essa janela de oportunida- repleto de oportunidades, começando pela elaboração
(PGTA’s) das quatro TIs em sobreposição à
de só foi possível pela vontade política dos atores de planos conjuntos de administração desse território.
UC; contribuir no processo de sustentabili-
envolvidos e pela abertura ainda que forçada de Desde a criação do ICMBio, em 2007, há uma busca pela dade socioambiental e na gestão integrada
posicionamentos institucionais até então cristaliza- melhor estratégia na gestão participativa das UCs. Se a do parque, com destaque para a valorização
dos ou intransponíveis. gestão integrada carrega o histórico de áreas protegidas do modo vida das 13 etnias indígenas que
As avaliações sobre o projeto são feitas em três âm- decretadas sem consulta aos residentes originários, por vivem no território em questão: Yanomami,
bitos: 1. entre os atores locais (gestores das UCs e outro lado traz a dinâmica de um mundo em transfor- Tukano, Tuyuka, Dessano, Baniwa, Koripaco,
representantes das Associações de moradores, tra- mação e de novos tempos. Carapanã, Baré, Tariano, Piratapuya, Ye-
balhadores, extrativistas das UCs); 2. entre os entes pamasã, Kobéwa e Werekena.

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


Foto: Flávio Bocarde

METODOLOGIA
52 No final de 2015, tiveram início oficinas nas quatro Ter-
Gestão Socioambiental (CGSA) – curso de capacita- 53
ção do ICMBio – tal ideia foi desenvolvida, com in-
ras Indígenas para elaboração participativa dos Planos
centivo ao aprimoramento da leitura crítica da reali-
de Gestão Territorial e Ambiental (PGTA’s). A conclusão
dade do parque. A visibilidade da iniciativa resultou
do documento está prevista para 2018. No planejamen-
no apoio de Desireé C. Barbosa da Silva, servidora
to do Parque Nacional do Pico da Neblina já constava
da Coordenação de Elaboração e Revisão do Plano
o ordenamento do ecoturismo, por meio das ações da
de Manejo (Coman).
Câmara Temática, vinculada ao Conselho Consultivo da
unidade e a participação da equipe gestora na constru- A partir desse momento, a equipe gestora do parque
ção dos PGTA’s das 4 TI’s em sobreposição. nacional acrescentou no planejamento atividades
voltadas ao processo do Plano de Manejo e reforçou
De janeiro de 2015 a agosto de 2016, a equipe gesto-
a continuidade dos trabalhos já desenvolvidos. A res-
ra do Parque participou de 18 eventos relacionados
peito do Plano foram realizadas reuniões de plane-
aos Planos de Gestão dos Territórios Indígenas (PG-
jamento e alinhamento institucional entre a equipe
TA’s), entre eles três reuniões da Câmara Temática
do Parque Nacional, representantes da Coman e de
do Ecoturismo e a Assembleia das Associações Ya-
diversos macroprocessos do ICMBio em Brasília.
nomami (Ayrca e Kumirayoma).
O processo foi monitorado pelos proponentes ao longo
A Divisão de Gestão Participativa e Educação Am-
das etapas indicadas, com o objetivo de acompanhar
biental (DGPEA), a Coordenação Geral de Gestão de
a construção de instrumentos de gestão, segundo o
Conflitos em Interfaces Territoriais (COGCOT) e a Co-
cronograma proposto, visando assegurar a ampliação
ordenação Geral de Gestão Socioambiental do Insti-
e a qualificação da construção participativa.
tuto Chico Mendes (CGSAM/DISAT/ICMBio) apoiaram
com recursos financeiros algumas das atividades re- Na Oficina de Organização do Planejamento, úni-
A iniciativa é parte de um processo mais amplo, que abrange a gestão de um complexo mosaico de áreas
lacionadas aos PGTA’s e a gestão da UC. O Gabinete ca atividade realizada em Brasília e apoiada pela
protegidas que, entre outras ações, apresenta como proposta: a participação do ICMBio na elaboração dos
da Presidência do ICMBio apoiou financeiramente a Coordenação de Elaboração e Revisão do Plano de
PGTA’s das TI’s em sobreposição à UC e a construção participativa do Plano de Manejo do Parque Nacional
expedição de Etnomapeamento do Pico da Neblina, Manejo (Coman), foram identificadas as sete etapas
do Pico da Neblina.
uma atividade da Câmara Temática do Ecoturismo. para a elaboração do Plano de Manejo: organização
do planejamento; diagnóstico da unidade de con-
Inicialmente, a equipe identificou a necessidade
RESULTADOS de elaborar o Plano de Manejo coincidindo com a
servação; análise e avaliação estratégica da infor-
da Neblina, com registro das histórias, locais sagrados, mação; planejamento estratégico; planejamento tá-
ࡿࡿ Aproximação com instituições parceiras: construção dos PGTA’s para evitar futuros conflitos
sítios antigos, caminhos feitos pelos ancestrais e tico; conclusão do documento; aprovação do plano.
Fundação Nacional do Índio (Funai), Instituto na área de interface territorial. Durante o II Ciclo de
levantamento dos pontos críticos de acesso.
Socioambiental (ISA), Secretaria Municipal de Foto: Flávio Bocarde Foto: Flávio Bocarde

Turismo de São Gabriel da Cachoeira (Sematur/


ࡿࡿ Criação da Câmara Temática de Ecoturismo por
SGC) e populações indígenas.
uma demanda de geração de renda sustentável
alternativa ao garimpo, com possibilidade de
ࡿࡿ Elaboração do Desenho do Processo de
construção de agenda positiva e de superação
Planejamento (DPP), passo inicial na direção
dos conflitos históricos. Em resposta aos anseios
do Plano de Manejo da UC, que avançou para
da população Yanomami, a equipe do parque
formalização do processo.
está realizando atividades de ordenamento da
ࡿࡿ Desenvolvimento da Minuta do Plano de Visitação visitação e planejamento do ecoturismo, com o
do Parque Nacional do Pico da Neblina. Elaboração de propósito de capacitar os moradores da UC na
etnomapeamento e monitoramento da trilha até o Pico gestão da atividade quando liberada.

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


PROTEÇÃO CONJUNTA

54
INSPIRE-SE! PERÍODO MAIOR ARTICULAÇÃO ENTRE SECRETARIA 55
Janeiro de 2015 a outubro de 2016.
ESTADUAL E FUNAI TRANSFORMA RELAÇÕES
ࡿࡿ Construir canais de diálogo com o
Estado e as organizações da sociedade civil PARCEIROS DO PROJETO
ENTRE MORADORES DE COMUNIDADES E
pode possibilitar a criação de articulações
intersetoriais, somando esforços em prol de Associações e lideranças indígenas do Rio Negro;
INDÍGENAS
objetivos compartilhados. Compreender a Associação das Mulheres Yanomami Kumirayoma; Coordenação geral e executiva: Flavia Dinah Rodrigues de Souza (Sistema Estadual de Áreas Naturais Protegidas
dinâmica dos atores envolvidos, respeitar a Associação Yanomami do Rio Cauaburis e Afluentes do Acre - Seanp-AC, vinculado ao Departamento de Áreas Protegidas e Biodiversidade da Secretaria do Meio
cultura e o modo de vida dos povos e realizar Ambiente do Acre - Sema-AC). Gestão dos recursos e gerenciamento: Jesus Domingos Rodrigues de Souza
(Ayrca); Fundação Nacional do Índio (Funai); Federa-
leitura crítica da realidade são imprescindí- (Parque Estadual de Chandless/Secretaria do Meio Ambiente do Acre - Sema-AC).
ção das Associações Indígenas do Rio Negro (Foirn);
veis para planejar ações de gestão. Instituto Socioambiental (ISA); Secretaria de Meio
Ambiente e Turismo de São Gabriel da Cachoeira Vinte e uma Unidades de Conservação (UCs) estão no Acre, PERFIL
ࡿࡿ Novas atitudes e posicionamentos são
(Sematur/SGC). sendo que 14 possuem limites territoriais ou mesmo so-
os primeiros passos na direção de agendas Localizado no sudoeste do Acre, o parque
breposição a Terras Indígenas (TIs). O Parque Estadual
positivas como forma de responder a anti- estadual conta com 695.303 hectares. Do
Chandless (PEC), por exemplo, conta com 20 km de linha
gas demandas, mas com novas estratégias lado brasileiro está circundado pela Re-
e em um novo cenário. Em relação à prática seca com o Peru (Parque Nacional Alto Purus e a Reserva
serva Extrativista Cazumbá Iracema e por
apresentada, por exemplo, entendendo a Comunal Alto Purus), além disso é circundado pela Reser-
duas Terras Indígenas (TIs): Alto Rio Purus
sobreposição de UCs e TIs como dupla pro- va Extrativista Cazumbá Iracema e por duas TIs (Mamoada-
e Mamoadate.
teção de área. Foto: Flávio Bocarde te e Alto Rio Purus), do lado brasileiro.

ࡿࡿ O ecoturismo pode ser um instrumento “Nesse cenário, as relações da gestão com os indígenas OBJETIVOS
com potencial de incrementar a renda das vizinhos inexistiam depois de 10 anos de criação da UC, e Fortalecer as relações interinstitucionais
comunidades tradicionais, como alternativa com a Fundação Nacional do Índio (Funai), limitavam-se entre Funai e a Secretaria de Estado do
a práticas não sustentáveis, como o garimpo, aos pequenos momentos de reuniões do Conselho gestor. Meio Ambiente do Acre (Sema-AC), por
a caça e a pesca ilegais. O empoderamento De um lado, a Funai acusava moradores do PEC de explo- meio da gestão integrada entre o Parque
feminino, inclusive nas comunidades indíge- rarem as margens do Chandless pertencente a TI Alto Rio Estadual Chandless e a Terra Indígena
nas, favoreceu a diversificação das atividades Purus, com base em denúncias dos indígenas, e de outro, Alto Rio Purus, a favor da construção de
geradoras de renda nas comunidades, nesta os moradores ressentiam a coleta de tracajás e jabutis diálogo com indígenas da TI Alto Rio Purus
Boa Prática. O primeiro passo foi estimular
e dos respectivos ovos do lado pertencente ao parque”, e moradores do Parque Chandless para a
a participação das mulheres em ambientes
explica Flavia Dinah Rodrigues de Souza, chefe da divisão proteção conjunta do território.
tradicionalmente masculinos como as assem-
do Sistema Estadual de Áreas Naturais Protegidas do Acre
bleias das Associações.
(Seanp-AC), vinculado ao Departamento de Áreas Protegi-
ࡿࡿ Estimule a formação e a participação Foto: Flávio Bocarde das e Biodiversidade da Secretaria do Meio Ambiente do Foto: Acervo Sema-AC

dos mais jovens nas atividades da UC e o en- Acre (Sema-AC).


volvimento dos anciões, com valorização da
Estreitar a dinâmica entre a Secretaria de Estado do Meio
experiência de vida e do acúmulo de saberes
tradicionais. No Parque Nacional do Pico da Ambiente do Acre (Sema-AC) e a Funai se fazia urgente,
Neblina ambos os perfis integram os espaços assim como iniciar o diálogo sobre as temáticas entre in-
de discussão da gestão. dígenas e moradores que compartilham do interesse em
proteger a biodiversidade. Nesse contexto, o maior preju-
ízo aos territórios vinha de fora da UC e da TI, moradores
dos municípios de Manoel Urbano e Santa Rosa do Purus
exploravam e vendiam recursos da fauna e da flora de áre-
as protegidas.

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


ESPAÇOS DE DIÁLOGO
RESULTADOS INSPIRE-SE! LIDERANÇAS INDÍGENAS E EXTRATIVISTAS
56 57
ࡿࡿ Planos de uso amplamente debatidos e
pactuados em oficinas com participação de
DO SUL DO AMAZONAS DESENVOLVEM PLANO
indígenas e moradores do parque.
ࡿࡿ O diálogo contínuo com a população
ajuda a gerar credibilidade em relação às
DE AÇÃO DE GESTÃO INTEGRADA DE ÁREAS
ࡿࡿ Intensificação das relações e maior confiança parcerias propostas pelos órgãos ambientais PROTEGIDAS
dos indígenas e moradores do parque com as e com os demais parceiros envolvidos.
Coordenação geral: Luciene Pohl (Instituto Internacional de Educação do Brasil - IEB). Coordenação executiva:
esferas de gestão.
ࡿࡿ O processo de construção deve ser Ailton Dias e Luciene Pohl (Instituto Internacional de Educação do Brasil - IEB). Gestão dos recursos e
ࡿࡿ Aumento no número de denúncias sobre os coletivo na prática: conversas com a comuni- gerenciamento: Ailton Dias e Luciene Pohl (Instituto Internacional de Educação do Brasil - IEB).
casos de entrada de invasores. dade precisam ser abertas às contribuições.

ࡿࡿ O fortalecimento da relação interinstitucional ࡿࡿ Rodas de conversa que busquem Iniciativas construídas a partir das demandas da PERFIL
com a Funai entre 2014 e 2015 foi um marco que deu mostrar a proximidade dos interesses dos base, com os principais interessados, de fato, pos-
início a uma série de outras parcerias entre 2016 diversos atores sociais podem diminuir os Reservas Extrativistas Médio Purus e Ituxi; Flores-
suem uma força de mudança que muitas vezes
e 2017, incluindo definições de agendas conjuntas conflitos e gerar cumplicidade. tas Nacionais Humaitá e Purus localizadas no sul
supera as expectativas das lideranças envolvidas
aumentando assim a eficiência de recursos, por do Amazonas; Terras Indígenas. Mais de 25 povos
ࡿࡿ Estratégias bem-sucedidas contam com no processo. “A gestão integrada no sul do Amazo-
exemplo. indígenas e mais de 100 comunidades tradicionais
amplo amparo institucional. Tal característica nas não foi imposta de fora para dentro, ela partiu
extrativistas e ribeirinhas vivem nas calhas dos
pode, por exemplo, garantir fluidez da ação das demandas da região”, pontua Luciene Pohl,
rios Madeira e Purus.
independente da mudança de servidores. assessora do Programa Povos Indígenas do Ins-
METODOLOGIA tituto Internacional de Educação do Brasil (IEB). OBJETIVOS
A partir da abertura de edital para desenvolvimento
A necessidade de construir um espaço de diálogo Implementar o Plano de Ação de Gestão Integra-
de planos de ação comunitários no âmbito do Arpa,
A utilização dos mapeamentos e das abordagens sobre a relação entre Terras Indígenas (TIs) e Uni- da de forma que oriente as instituições parceiras
componente 2.3, Funai e Sema elaboraram proposta
sobre gestão territorial e ambiental do Acre em re- dades de Conservação (UCs) apareceu como con- quanto às ações prioritárias no avanço desse
conjunta para materialização das ações de campo
lação à política indigenista foi substancial para a senso entre extrativistas, indígenas e gestores do modelo de gestão territorial no sul do Amazonas.
necessárias à operacionalização do ciclo de reuni-
discussão de pertencimento territorial, indígena e ICMBio e da Fundação Nacional do Índio (Funai) já Gerar acordos de gestão integrada, de uso com-
ões e oficinas programadas, entre 2014 e 2016, na
não indígena. em 2012, durante o Seminário Gestão Participativa partilhado e de convivência territorial; promover e
Terra Indígena e no Parque Estadual.
de Unidades de Conservação no Sul do Amazo- fortalecer espaços de diálogo e governança (comi-
Em cinco oficinas foram discutidas as relações de nas, Nordeste de Roraima e Norte de Mato Grosso, tês regionais e conselhos de UCs); formar e capa-
uso, mapeamentos dos territórios, a questão do PERÍODO promovido pelo Instituto Internacional de Educa- citar lideranças e gestores sobre gestão integrada
pertencimento territorial; na intenção de não coibir Junho de 2013 a dezembro de 2017. ção do Brasil (IEB). “Em 2015, esta demanda, com do território; fortalecer as ações estratégicas de
os usos tradicionais, mas sim práticas ilegais levan- expressiva participação indígena e contando com vigilância do território; incrementar as atividades
tadas nas oficinas. gestores da Funai e ICMBio foi acentuada durante econômicas e cadeias de valor regionais; realizar
PARCEIROS DO PROJETO o curso Formar Política Nacional de Gestão Terri-
Indígenas foram recebidos na sede da UC e gestores ações de fiscalização e controle do território.
Fundação Nacional do Índio (Funai); Assessoria de torial e Ambiental de Terras Indígenas (PNGATI),
da unidade estiveram nas aldeias escolhidas para
Assuntos Indígenas do Acre; Centro de Trabalho In- também realizado pelo IEB. Diante desse contexto,
as reuniões. Moradores do parque também perce-
digenista; Associações Huni kui e Madijá da TI Alto no mesmo ano, com apoio da Fundação Moore, Na região, o desmatamento é um dos “inimigos comuns”
beram a maior aproximação da gestão do parque.
Purus e famílias do parque. o IEB iniciou o projeto Gestão Integrada de Ter- de indígenas, moradores das Unidades de Conservação
A partir da alocação orçamentária de ambos os ras Indígenas e Unidades Conservação no Sul do e servidores do ICMBio e Funai, mas não o único. Vio-
Foto: Acervo Sema-AC
órgãos, Funai e Sema, em 2016 e 2017, uma série de Amazonas, por meio de um processo formativo”, lação de direitos, como privação da posse, violência no
ações foi planejada e executada de forma conjunta. esclarece Luciene Pohl. campo e grilagem de terras são recorrentes.
O nível de planejamento consistia na implementa-
ção dos encaminhamentos gerados de maneira co-
letiva nas reuniões com a comunidade do parque
e com indígenas, com a inserção dessas atividades
nos planejamentos orçamentários de ambos.

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


RESULTADOS INSPIRE-SE! PERÍODO
58 ࡿࡿ Construção participativa de um Plano de Ação O passo seguinte consistiu na elaboração de um 2015 a 2017.
59
de Gestão Integrada de Áreas Protegidas. Confira o edital de convocação de 30 participantes para o
ࡿࡿ A elaboração de documentos com parti-
documento: http://bit.ly/planogestaointegrada curso de 136 horas com foco no potencial social,
econômico e ambiental da gestão integrada de
cipação coletiva além de levar a experiência PARCEIROS DO PROJETO
ࡿࡿ Articulação dos moradores e lideranças das TIs para outras fronteiras também revela amadu-
áreas protegidas na região do sul do Amazonas. As Fundação Nacional do Índio (Funai); Operação Ama-
e das UCs no sul do Amazonas com os gestores das recimento da causa e potencializa a resolu-
vagas foram preenchidas da seguinte forma: lide- zônia Nativa (Opan); oito associações indígenas: Or-
áreas protegidas localizadas nos municípios de ção de conflitos, por meio da horizontalidade
ranças indígenas (10 vagas), lideranças extrativistas do diálogo. ganização do Povo Indígena Parintintin do Amazo-
Lábrea, Pauini, Boca do Acre e Humaitá.
(10 vagas), gestores públicos da Funai (5 vagas) e nas (Opiam); Associação do Povo Indígena Tenharin
ࡿࡿ Atuação das instituições de modo mais sistêmico, gestores públicos do ICMBio (5 vagas), além de dois ࡿࡿ A articulação entre grupos locais Morõgita (Apitem); Organização dos Povos Indígenas
considerando a região como um mosaico não oficial monitores, um da Funai e outro do ICMBio. organizados em prol de uma causa pode
do Alto Madeira (Opipam); Associação do Povo Indí-
de áreas protegidas, com ampla participação dos potencializar os resultados e fortalecer
A realização do Seminário Gestão Integrada de TIs e gena Tenharin do Igarapé Preto (Apitipre); Associação
parceiros extrativistas e indígenas da região, como alianças.
UCs no Sul do Amazonas – como a quarta etapa do do Povo Indígena Jiahui (Apij); Organização dos Povos
principais partes interessadas no processo. ࡿࡿ Os planos de ação participativa com- Indígenas Apurinã e Jamamadi de Boca Acre/Amazo-
curso – teve como objetivo reunir os participantes
ࡿࡿ Contribuição significativa para o fim dos partilhados ajudam a obter mais apoio em nas (Opiajibam); Organização dos Povos Indígenas
para avaliação das possibilidades de fortalecimento
conflitos entre extrativistas e indígenas na região e futuras iniciativas. Apurinã e Jamamadi (Opiaj); Federação das Organiza-
das alianças. O evento buscou também aprofundar e
melhor gestão territorial. validar o Plano de Ação de Gestão Integrada, pactuar ções e Comunidades Indígenas do Médio Purus –AM
ࡿࡿ Cursos e Seminários são ótimas opor-
junto a outros parceiros as possíveis ações para a ma- tunidades para buscar soluções de apli- (Focimp); sete instituições representativas dos extra-
nutenção sustentável e melhor gestão territorial par- cação prática, como por exemplo, infor- tivistas: Associação Extrativista Deus é Amor do Rio
METODOLOGIA mações-chave que façam a diferença no Inauini; Associação dos Moradores Agroextrativistas
ticipativa das áreas protegidas no sul do Amazonas.
Em 2015, o Instituto Internacional de Educação do desenvolvimento participativo dos Planos da Reserva Extrativista Ituxi (Amari); Associação dos
O evento realizado em abril de 2017, na cidade de
Brasil (IEB), em um primeiro momento, promoveu de Ação, além de ampliar o conhecimento Produtores Agroextrativistas da Assembleia de Deus
Lábrea, com apoio da Fundação Moore e da Agência sobre temas que afetam diretamente os do Rio Ituxi (Apadrit); Associação dos Produtores (as)
reuniões de articulação política regionais e nacional
dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Inter- moradores das áreas protegidas, a exemplo Rurais Extrativistas da Reserva Extrativista Arapixi
sobre gestão integrada no sul do Amazonas. Uma
nacional (Usaid), atraiu mais de 100 pessoas, entre das suas histórias de luta e conquista pelos (Aprea); Associação dos Trabalhadores Agroextrati-
vez pactuado o interesse de indígenas e extrativis-
representantes indígenas e extrativistas do sul do territórios. vistas do Médio Purus (Atamp); Conselho Nacional
tas em avançar com as discussões, uma oficina de
Amazonas; representantes de diversas instituições das Populações Extrativistas (CNS); Sindicato dos Tra-
detalhamento do curso Formação Continuada em
governamentais e não governamentais apoiadoras balhadores (as) Rurais de Pauini/AM (STTR Pauini).
Gestão Integrada foi realizada em março de 2016. Na
das ações de gestão integrada na região.
ocasião, estiveram na pauta: conteúdo, metodolo- Foto: Acervo IEB

gia, critérios de seleção dos participantes, perfil dos Todas essas ações (articulação política, reuniões, ofi-
instrutores, materiais didáticos, estrutura (módulos cinas para realização do curso e do Seminário e o pró-
presenciais e não presenciais) e a data. prio evento) reuniram diferentes parceiros de 19 insti-
tuições, sendo mais de 16 da sociedade civil (além do
IEB) e duas governamentais, dispostos a transformar
a realidade. O resultado desse trabalho está regis-
trado no Plano de Ação de Gestão Integrada, constru-
ído especialmente durante o curso e complementado
durante o Seminário, que busca minimizar conflitos
socioambientais na região e estreitar o diálogo com
apoiadores da iniciativa. Governo, sociedade civil or-
ganizada e cooperação internacional tiveram a opor-
tunidade de conhecer o Plano e visualizar como cada
instituição pode contribuir na implementação das
ações que promovam a melhor gestão territorial e o
enfrentamento de conflitos comuns.
BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
ARTICULAR E CAPACITAR

ESTRATÉGIA GARANTE NOVAS OPORTUNIDADES


60 61
À COMUNIDADE LOCAL E PRESERVA A REGIÃO
Coordenação geral: Cesar Victor do Espírito Santo (Fundação Pró-Natureza/Funatura) e Kolbe Wombral
Soares Santos (WWF Brasil). Coordenação executiva: Cesar Victor do Espírito Santo (Fundação Pró-
Natureza/Funatura) e Kolbe Wombral Soares Santos (WWF Brasil). Fundação Pró Natureza (Funatura); WWF
Brasil; Instituto Rosa e Sertão, Cooperativa Sertão Veredas; Cooperativa da Agricultura Familiar Sustentável
com Base na Economia Solidária (Copabase); Cooperativa dos Pequenos Produtores Agroextrativistas
de Pandeiros (Coopae); Cooperativa dos Agricultores Familiares e Agroextrativistas do Vale do Peruaçu
(Cooperuaçu); Cáritas Diocesana de Januária; Instituto Biotrópicos; Agência Vale do Urucuia; Centro de
Agricultura Alternativa do Norte de Minas (CAA-NM); Associações de Pequenos Produtores e Comunitárias.
Gestão dos recursos e gerenciamento: Funatura e WWF Brasil.

O Mosaico Sertão Veredas Peruaçu traz toda a com- INSPIRAÇÃO


Foto: Arcanjo Daniel
plexidade característica de áreas tão diversas, além
A prática teve início por meio de um edital do RESULTADOS
das consequências da não compreensão da comu-
MMA/FNMA de constituição de Mosaicos em
nidade sobre a importância desse conjunto para a ࡿࡿ Elaboração do Plano de Desenvolvimento avaliado com efetividade de 80%, melhor posição
2005 que representou a possibilidade de efetivar
região. “Em geral, as comunidades locais, tanto mo- Territorial de Base Conservacionista (DTBC) do entre os quatro mosaicos avaliados, em estudo do
a gestão integrada nesse conjunto de Unidades
radores tradicionais, como pessoas de outras regi- Mosaico focado na gestão integrada das UCs e demais WWF-Brasil.
de Conservação, como forma de buscar soluções
ões não entendem claramente os objetivos dessas áreas protegidas, com estímulo ao desenvolvimento
coletivas e de interesse tanto do poder público,
unidades, o que acarreta em uma série de questio- de atividades produtivas compatíveis com a
como da sociedade civil e da iniciativa privada. METODOLOGIA
namentos sobre a existência de tantas áreas pro- sustentabilidade do território. A revisão do Plano,
tegidas na região”, afirma Cesar Victor do Espírito PERFIL pela Funatura, está em andamento, por meio de Elaboração do Plano de Desenvolvimento Territorial
Santo, superintendente executivo da Fundação Pró- projeto apoiado pelo Fundo Critical Ecosystem de Base Conservacionista (DTBC) do Mosaico, de for-
Localizado na margem esquerda do Rio São
-Natureza (Funatura). Partnership Fund (CEPF). ma participativa, a partir do edital do Ministério do
Francisco, nas macrorregiões norte e nordes-
A pluralidade do Mosaico pode ser notada com certa Meio Ambiente (MMA) de 2005, como forma de bus-
te de Minas Gerais e uma pequena parte no ࡿࡿ Mudança na percepção das pessoas sobre as
facilidade, afinal compõem esse território: Unidades car apoio à execução das ações planejadas.
sudoeste da Bahia. O Mosaico é formado por áreas protegidas, principalmente Unidades de
de Conservação (UCs) de proteção integral e de uso 18 áreas legalmente protegidas, entre proteção Conservação. Antes havia certa resistência ao A partir de 2010, com base no Plano DTBC do Mosai-
sustentável, duas Terras Indígenas (TIs) Xacriabás, integral, uso sustentável e duas Terras Indígenas papel das UCs. Execução de uma série de ações co, muitos projetos obtiveram financiamento tanto
algumas comunidades quilombolas reconhecidas, (TIs). Três são Unidades de Conservação federais: integradas, como fortalecimento do extrativismo de órgãos governamentais quanto de organizações
corredores ecológicos e zonas de amortecimento Parque Nacional Grande Sertão Veredas; Parque de produtos do cerrado e do turismo ecocultural não governamentais, fundações e fundos interna-
definidos em Planos de Manejo já elaborados, re- Nacional Cavernas do Peruaçu; Área de Proteção de base comunitária. cionais. Uma série de instituições também entra-
servas legais averbadas, além das propriedades pri- Ambiental Cavernas do Peruaçu. ram no projeto como executoras.
ࡿࡿ O turismo de base comunitária desenvolvido
vadas dos mais diversos portes (incluindo posses),
na região pelo Instituto Rosa e Sertão conta com Duas capacitações sobre gestão integrada foram
onde prevalece como atividade econômica a agro- OBJETIVOS
quatro rotas integradas, rede formada por 100 promovidas – a primeira pela Funatura, com apoio
pecuária, tanto voltada ao agronegócio, como para
Promover a gestão integrada das UCs e demais agentes ambientais, 25 condutores ambientais do Instituto Estadual de Florestas (IEF) e a segunda
a agricultura familiar.
áreas protegidas do Mosaico Sertão Veredas Pe- capacitados; sendo 60% do público direto do pelo WWF – ambas tiveram como público-alvo ges-
Problemas de regularização fundiária, unidades ain- ruaçu; implementação de práticas potencialmen- projeto constituído por mulheres, além da forte tores e parceiros que trabalhavam diretamente com
da não devidamente implantadas, atividades incom- te geradoras de renda à comunidade, compatíveis representatividade jovem, 42%. as UCs.
patíveis com a sustentabilidade, ausência de gestão com a proteção das UCs, como o extrativismo ve-
ࡿࡿ O trabalho do Instituto Rosa e Sertão no Mosaico O Conselho Consultivo do Mosaico formado por 46
integrada e as lacunas de conscientização de uma getal racional; a valorização das tradições cultu-
conquistou o Prêmio Objetivos de Desenvolvimento organizações desempenha função central nas ações
parcela significativa da sociedade sobre os motivos rais e das riquezas naturais, por meio do turismo
do Milênio, pelo Programa das Nações Unidas para planejadas, no acompanhamento das atividades,
que levaram à criação do Mosaico representavam o ecocultural de base comunitária.
o Desenvolvimento (Pnud). O Mosaico também foi debates e encaminhamentos dos temas.
cenário que a Boa Prática buscou mudar.
BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
COGESTÃO

62
PERÍODO INSPIRE-SE! MAIS DE 70% DOS VISITANTES ANALISAM A 63
2006 a 2017.
EXPERIÊNCIA COMO ÓTIMA EM UNIDADE ONDE
PARCEIROS DO PROJETO
ࡿࡿ Explicar os motivos que levaram à
criação das Unidades de Conservação, a
ÓRGÃO ESTADUAL E OSCIP SOMAM ESFORÇOS
importância dessas áreas para a sociedade Coordenação geral: Carlos Alberto Cassini (Instituto do Meio Ambiente - IMA, que substituiu a Fundação do
Fundação Pró Natureza (Funatura); WWF Brasil; Meio Ambiente - Fatma). Coordenação executiva: Vilmarice Silva (Parque Estadual Fritz Plaumann/Instituto
e organizar a gestão de forma integrada são
membros do Conselho Consultivo do Mosaico Ser- desafios permanentes a serem superados. do Meio Ambiente - IMA). Gestão dos recursos e gerenciamento: Gilberto Morsch (Áreas Naturais Protegidas/
tão Veredas Peruaçu; Instituto Estadual de Florestas Instituto do Meio Ambiente -IMA).
(IEF/MG); Caixa Econômica Federal (Fundo Socio- ࡿࡿ O envolvimento de atores sociais,
ambiental); Fundação Banco do Brasil, do Banco do como ONGs, fundações, universidades, as-
Brasil; Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA);
sociações e cooperativas de produtores, por A criação do Parque Estadual Fritz Plaumann, em 2003, está entre as PERFIL
exemplo, agrega conhecimentos e torna a medidas de compensação ambiental relativas à instalação da Usina
Agência Nacional das Águas (ANA); WWF Brasil; Co- Localizado no município de
dinâmica mais fluída. Hidrelétrica de Itá, no rio Uruguai, em Santa Catarina. O Consórcio Itá
munidade Europeia; Instituto Sociedade População Concórdia, às margens do
- atualmente formado pela Companhia Siderúrgica Nacional, Engie e Ci-
e Natureza (ISPN); Governo Francês; Universidade ࡿࡿ O estímulo à formação de associações lago formado pela barragem
que representam as diferentes comunidades mento Itambé - adquiriu e doou ao Governo do Estado, para a finalidade
Estadual de Montes Claros (Unimontes); Instituto da Usina Hidrelétrica Itá, no
pode favorecer o desenvolvimento da gestão. de criação de Unidade de Conservação, do grupo de proteção integral,
Federal do Norte de Minas/Campus Arinos e Cam- rio Uruguai, o parque esta-
área remanescente da Floresta Estacional Decidual. “Além da aquisi-
pus Januária; Instituto Brasileiro do Meio Ambiente dual conta com mais de 740
ࡿࡿ A gestão integrada encontra na co- ção das terras, a Usina, administrada pelo Consórcio Itá, também ficou
e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama); Prefei- municação uma forte aliada. O Conselho hectares. A unidade preserva
responsável pela elaboração do Plano de Manejo e implementação de
turas dos 12 municípios do Mosaico e recentemente do Mosaico, por exemplo, desenvolveu com remanescentes da Floresta
estruturas para o uso público, como o Centro de Visitantes devidamente
o Critical Ecosystem Partnership Fund (CEPF) que parceiros o Jornal do Mosaico, site, folders, Estacional Decidual, perten-
ambientado, pórtico, quatro trilhas com pontes, mirantes, passarelas e
está apoiando três Projetos no território, sendo: um matérias, vídeos tanto para mobilizar os di- cente à Zona Núcleo da Re-
uma ponte pênsil entre outras estruturas”, afirma Carlos Alberto Cassini,
da Funatura, outro do WWF-Brasil e o terceiro da versos públicos da comunidade quanto atrair serva da Biosfera de Domínio
chefe de parque do Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA),
Cooperativa dos Agricultores Familiares e Agroextra- turistas à região. Confira http://mosaicosvp. da Mata Atlântica.
com.br/o-mosaico/ órgão estadual que substituiu a Fundação do Meio Ambiente (Fatma),
tivistas do Vale do Peruaçu (Cooperuaçu).
desde dezembro de 2017.

Foto: Paulo Henrique G. de Souza Foto: Paulo Henrique G. de Souza Durante os estudos para a elaboração do Plano de Manejo, foi constata- OBJETIVOS
da a necessidade de desenvolver estratégias como forma de obter mão
Garantir o pleno funciona-
de obra qualificada para o funcionamento do parque, diante das dificul-
mento de toda a estrutura
dades encontradas pela Fundação do Meio Ambiente (Fatma), órgão am-
da unidade, por meio da
biental estadual de Santa Catarina – atual Instituto do Meio Ambiente
incubação de uma Organi-
de Santa Catarina (IMA). “Ficou evidente que a Fatma não teria pessoal
zação da Sociedade Civil de
suficiente para manter toda essa estrutura pública em funcionamento.
Interesse Público (Oscip)
A empresa responsável pela elaboração do Plano de Manejo sugeriu
para atuar como cogestora
então a incubação de uma Organização da Sociedade Civil de Interesse
da unidade nas áreas de uso
Público (Oscip) para a cogestão do parque, bem como o envolvimento
público e envolvimento com
com as comunidades do entorno do parque. A necessidade de fazer a
comunidades do entorno. A
incubação decorreu do fato de não existirem organizações não governa-
estratégia surgiu em respos-
mentais nem Oscip da área ambiental na região. A proposta foi aprova-
ta a um cenário onde não
da por ambos, Fatma e Consórcio Itá e o projeto colocado em prática”,
existiam ONGs ou Oscip da
completa Cassini.
área ambiental.

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


RESULTADOS METODOLOGIA INSPIRE-SE!
64 ࡿࡿ O parque já recebeu 30 mil visitantes, desde A empresa responsável pela elaboração do Plano de No compromisso inicial, o Consórcio Itá, que fi- 65
2007, 71% avaliaram a experiência na UC como Manejo sugeriu a incubação de uma Organização da nanciou o processo de incubação, deveria realizar
Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) para rea- aportes mensais durante os três primeiros anos ࡿࡿ Estimular a participação de lide-
ótima e 24,66% como boa.
lizar a cogestão do Parque com a Fatma, órgão estadu- da unidade. Após 10 anos, a empresa segue com o ranças comunitárias e de pesquisadores
ࡿࡿ Atividades com participação da Oscip Ecopef nas iniciativas sobre gestão das UCs pode
al, desde dezembro de 2017 transformado em Instituto aporte de R$ 140 mil por ano até 2019. Outro fato
possuem taxas em torno de 80% de efetividade, com contribuir para o fortalecimento dessas
do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA). A proposta importante se refere às regras quanto às renova-
base na revisão do Plano de Manejo. A cogestão já áreas. Atividades de educação ambiental
foi aprovada por ambos, Consórcio Itá e Fatma. ções de contratos de cogestão, neste caso elas es-
foi adotada como modelo em outros três parques no entorno do parque podem ser usadas
tão condicionadas às avaliações de efetividade.
estaduais: das Araucárias, da Serra do Tabuleiro, do O Consórcio Itá lançou um desafio na Universidade como forma de mobilizar a comunidade.
Rio Vermelho. local na tentativa de criar um grupo de voluntários A captação de recursos em fundos sociais é também
ࡿࡿ Estudantes de escolas e universida-
para o parque, cerca de 40 estudantes demonstra- uma prática realizada pela Ecopef, que está cadastra-
ࡿࡿ Ações de educação ambiental são desenvolvidas de podem ser parceiros interessantes nas
ram interesse. A Sócio Ambiental, empresa que de- da, por exemplo, no Conselho Municipal da Criança e
nas escolas do entorno e o monitoramento da atividades de monitoramento.
senvolveu a ideia da incubação e elaborou o Plano do Adolescente de Concórdia, desde 2015. Os recur-
qualidade da água do riacho Lajeado Cruzeiro ࡿࡿ A articulação com o poder público lo-
de Manejo, ficou responsável pela capacitação da sos obtidos com os fundos garantem a manutenção
que corta o parque também envolve crianças. A cal pode ajudar a viabilizar a participação
Oscip/Ecopef com a participação da Fatma e recur- da folha de pagamentos da Oscip, permitem levar
unidade também recebe mensalmente grupos de de turmas das escolas públicas em ativida-
sos de parte da Compensação Ambiental. mais infraestrutura à unidade, além da continuidade
alunos das Universidades de Santa Catarina e do des no parque.
no desenvolvimento de ações socioambientais.
Rio Grande do Sul. A ideia apresentada foi a de que a partir da abertura
do parque ao público, os estudantes trabalhariam ࡿࡿ Investir em peças de comunicação,
ࡿࡿ 1º lugar na Categoria Sustentabilidade como folders, desponta entre as estraté-
como voluntários na unidade. Durante esse proces- PERÍODO
Ambiental em Município, no Prêmio Roteiros do gias para tornar a unidade mais conhecida,
so ocorreu uma “seleção natural” e 11 participantes
Brasil, promovido pelo Ministério do Turismo, 2004 a 2019. atrair visitantes e parceiros. A Ecopef, por
deram sequência ao projeto. Em 2007, foi revelada
em 2010. Outro projeto premiado pela cogestão exemplo, produz um material informativo
a criação da Oscip e do trabalho remunerado na
Ecopef/Fatma foi o cercamento e plantio de mudas sobre a unidade a cada seis meses e atua
unidade. O Parque Estadual Fritz Plaumann abriu ao
nas Áreas de Proteção Permanente degradadas PARCEIROS DO PROJETO em eventos divulgando o parque e suas
público quatro anos após sua criação e desde então atividades.
na Zona de Amortecimento, que contou com a Fundação do Meio Ambiente (Fatma) - órgão am-
a Ecopef (Oscip) atua como cogestora em parceria
participação de várias entidades que forneceram biental da esfera estadual do Governo de Santa
com a Fundação do Meio Ambiente (Fatma).
insumos, apoio técnico, materiais e mudas. Catarina; Consórcio Itá; Tractebel; Sócio Ambiental;
Foto: Carlos Alberto Cassini
Universidade do Contestado (UNC); Caiapora Coope-
rativa para Conservação da Natureza.

Foto: Carlos Alberto Cassini Foto: Carlos Alberto Cassini

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


SISTEMA DE MONITORAMENTO
Foto: Acervo Ideflor-bio

PESCA ARTESANAL EM MOSAICO LAGO DE


66 67
TUCURUÍ REPRESENTA 13% DA PRODUÇÃO DE
PESCADO DO PARÁ
Coordenação geral: Mariana Bogéa de Souza (Mosaico Lago de Tucuruí/Instituto de Desenvolvimento
Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará – Ideflor-bio). Coordenação executiva: Thiago Valente
Novaes, Wendell Andrade, Mariana Bogéa de Souza, Jossandra Carvalho da Rocha Pinheiro e Mônica
Ferreira dos Santos (Ideflor-bio). Gestão dos recursos e gerenciamento: Gerência da Região Administrativa
Lago de Tucuruí / Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará (GRTUC/
Ideflor-bio).

Apesar do tamanho do litoral brasileiro e da po- PERFIL


tencialidade dos rios, a pesca enfrenta uma sé-
53,4% da área territorial do Mosaico é consti-
rie de desafios que vão na direção contrária do
tuída por água, um reservatório artificial for-
fortalecimento. “No país, estima-se que a pesca
mado pelo barramento do trecho inferior do
produza cerca de 800 mil toneladas de pesca-
Rio Tocantins, consequência da construção da
do/ano, sendo quase 50% provenientes da pesca
Usina Hidrelétrica de Tucuruí. Três Unidades
artesanal. São cerca de 3,5 milhões de empre-
de Conservação no Pará constituem o Mosaico,
gos diretos e indiretos, sustentando o modo de
são elas: Área de Proteção Ambiental Lago de
vida de milhares de comunidades. Mesmo com
Tucuruí; Reserva de Desenvolvimento Susten-
a enorme importância socioeconômica, a gestão
tável Alcobaça; Reserva de Desenvolvimento
da pesca no Brasil não tem recebido a devida
Sustentável Pucuruí Ararão abrangendo sete
atenção, causando enormes prejuízos de ordem RESULTADOS
municípios: Tucuruí, Breu Branco, Goianésia do
econômica, social e ambiental. Há uma década ࡿࡿ Maior aproximação da gestão do Mosaico
Pará, Jacundá, Nova Ipixuna, Itupiranga e Novo ࡿࡿ Apresentação da estatística de desembarque
não existe um programa nacional de monitora- com o Ministério Público do Estado do Pará,
Repartimento. oficial de pescados com o Boletim de Monitoramento
mento pesqueiro, e atualmente, o número de com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente
do Desembarque Pesqueiro e Aquícola do Mosaico
pescadores e embarcações em atividade é des- OBJETIVOS e Sustentabilidade do Estado do Pará e com
Lago de Tucuruí, com dados coletados de abril a
conhecido”, afirma Jossandra Carvalho da Rocha as Prefeituras Municipais diante do potencial
Levantar informações que subsidiem a junho de 2017. Valorização dos pescadores, uma vez
Pinheiro, gestora da Região Administrativa do explorado pelo setor pesqueiro.
adoção de medidas de ordenamento dos que as informações prestadas por eles contribuem
Mosaico do Lago de Tucuruí (GRTUC) do Instituto
recursos pesqueiros nos limites do Mosaico, para demonstrar a importância da atividade da
de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversida- ࡿࡿ Implementação de medidas voltadas ao
como determinar a cota máxima de captura; pesca no contexto local.
de do Estado do Pará (Ideflor-bio) e relatora da manejo mais adequado. O Governo do Estado
o período de defeso; limitar o acesso; contro-
prática. ࡿࡿ Reconhecimento da pesca no Mosaico pelo do Pará reconheceu a Boa Prática e analisa a
lar o tamanho mínimo de captura, conforme
O levantamento, a partir da articulação dos três poder executivo local, diante de números como a possibilidade de expansão para outros municípios,
determinado em lei; identificar áreas priori-
Conselhos Gestores das Unidades de Conservação movimentação de R$ 1 milhão por mês na região, com o objetivo de gerar números ao Estado, e por
tárias ao manejo e à reprodução; verificar o
que constituem o Mosaico Lago de Tucuruí, em o que representa 13% da produção de pescado consequência atrair investimentos em políticas
impacto da pesca sobre os recursos pesquei-
resposta à necessidade de melhor gestão, infra- do Estado do Pará, com o envolvimento de 30.000 públicas ao setor.
ros; mensurar os impactos futuros da Hidro-
estrutura e controle, mostrou em números a re- pessoas. O levantamento tornou visível uma
via Araguaia-Tocantins.
presentatividade da pesca para a economia local. atividade importante para a economia local até
então desconsiderada.

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


METODOLOGIA INSPIRE-SE!
68 O Mosaico Lago de Tucuruí conta com três Conselhos tizado do desembarque pesqueiro e aquícola do
69
Foto: Acervo Ideflor-bio

Gestores da Área de Proteção Ambiental do Lago de Mosaico Lago de Tucuruí; construção da infraestru-
ࡿࡿ Levantamentos e estudos que revelam
Tucuruí; da Reserva de Desenvolvimento Susten- tura e a aquisição de equipamentos para os portos
números sobre a importância de determinada
tável Alcobaça e da Reserva de Desenvolvimento de monitoramento, esta última em andamento.
atividade para a região ganham força na esfe-
Sustentável Pucuruí Ararão que juntos contataram
A prática é monitorada por portos localizados pró- ra executiva e podem contribuir para investi-
a Gerência da Região Administrativa do Mosaico do
ximos à sede administrativa do Ideflor-bio. Técnicos mentos no setor via políticas públicas. Busque
Lago de Tucuruí (GRTUC), do Instituto de Desenvol- articular nos estudos as informações sociais,
visitam semanalmente os pontos de desembarque
vimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do biológicas, econômicas e institucionais.
para acompanhar a rotina de coleta de informações
Pará (Ideflor-bio) com uma demanda que pode ser
e recolher os formulários preenchidos. Nos por-
sintetizada na aplicação da Gestão Ecossistêmica ࡿࡿ Unidades de Conservação que compar-
tos mais distantes, a visita técnica ocorre no míni- tilham a macrorregião e onde as comunida-
dos Recursos Pesqueiros e Aquícolas.
mo uma vez ao mês, os formulários são recolhidos des desenvolvem a mesma atividade também
A gestão apoiou a iniciativa. Visitas de campo para mensalmente, e toda a semana é feito contato tele- podem somar esforços na elaboração de
traçar um diagnóstico das condições de funciona- fônico com os coletores. estudos.
mento dos portos marcaram o início do projeto,
Os recursos utilizados no desenvolvimento do Sis- ࡿࡿ Atividades tradicionais e artesanais reco-
com o acompanhamento dos representantes do
tema de Monitoramento vieram de compensação nhecidas pelo poder executivo local valorizam
setor da pesca da região. Após os levantamentos,
ambiental. O controle é realizado por comunitários os profissionais envolvidos em toda a cadeia
as problemáticas foram sistematizadas permitindo
sob responsabilidade das entidades representati- produtiva. Analise suas oportunidades de con-
a busca por soluções mais estruturadas. A etapa tribuir com o trabalho das comunidades.
vas do setor da pesca nos municípios.
seguinte consistiu em traçar um planejamento com
previsão das ações, incluindo as etapas de discus- ࡿࡿ Apresentar os resultados obtidos a par-
são, adaptação e implantação. PERÍODO tir do monitoramento, na forma de boletins
ou relatórios, por exemplo, com a forte utili-
O Plano de Ordenamento dos Recursos Pesqueiro Abril 2016 – em andamento. zação de números, demonstra transparência,
e Aquícola do Mosaico Lago de Tucuruí tem como o que pode atrair parceiros e patrocínio.
proposta melhorar as condições de trabalho dos
pescadores e usuários dos portos de desembarque PARCEIROS DO PROJETO
e possibilitar a inserção do Sistema de Monitora-
mento do Desembarque Pesqueiro e Aquícola do Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustenta-
Mosaico Lago de Tucuruí. bilidade do Pará (SEMAS); Secretaria de Estado de Foto: Acervo Ideflor-bio
Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap); Tucuruí; Colônia de Pescadores de Breu Branco; Co-
O documento elaborado pela Gerência da Região Ministério Público do Estado do Pará – Comarca de lônia de Pescadores de Novo Repartimento; Colônia
Administrativa Lago de Tucuruí em parceria com os Tucuruí; Conselho Gestor da Área de Proteção Am- de Pescadores de Itupiranga; Colônia de Pescadores
três Conselhos Gestores do Mosaico teve como base biental Lago de Tucuruí; Conselho Gestor da Reserva de Goianésia do Pará; Colônia de Pescadores de Ja-
as demandas dos usuários dos recursos pesqueiros de Desenvolvimento Sustentável Alcobaça; Conse- cundá; Colônia de Pescadores de Marabá; Sindicato
e as pesquisas sobre biologia, ecologia e a atual si- lho Gestor da Reserva de Desenvolvimento Susten- dos Pescadores Artesanais e Aquicultores de Tucu-
tuação das espécies de pescado exploradas nesse tável Pucuruí-Ararão; Prefeitura Municipal de Tucu- ruí e Região (Sinpaatur); Sindicato dos Pescadores
ambiente. 60% da produção do pescado está con- ruí; Prefeitura Municipal de Breu Branco; Prefeitura de Jacundá (Sidjac).
centrada em duas espécies. Municipal de Novo Repartimento; Prefeitura Muni-
A implantação do Sistema pode ser dividida em cipal de Itupiranga; Prefeitura Municipal de Nova
três etapas: levantamentos preliminares e início do Ipixuna; Prefeitura Municipal de Jacundá; Prefeitura
monitoramento do desembarque pesqueiro (com Municipal de Goianésia do Pará; Central das Colô-
acompanhamento dos técnicos do Ideflor-bio); nias de Pescadores da Bacia Hidrográfica do Ara-
construção do sistema de monitoramento informa- guaia-Tocantins (Cecoat); Colônia de Pescadores de

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


GESTÃO COMPARTILHADA

70
TERMO DE RECIPROCIDADE E PLANO DE RESULTADOS METODOLOGIA
71
TRABALHO ORIENTAM PARCERIA NO PARQUE ࡿࡿ A Associação Amigos do Parque investe cerca de
R$ 200 mil/ano no Programa Permanente de Apoio
Um pequeno grupo da sociedade civil disposto a
mobilizar outros cidadãos cariocas fundou, em ar-
NACIONAL DA TIJUCA Administrativo e na Manutenção, nas áreas de gestão, ticulação com a equipe gestora da unidade, a Asso-
Coordenação geral, executiva, gestão dos recursos e gerenciamento: Ernesto Viveiros de Castro (Parque proteção, pesquisa, manutenção, voluntariado, ciação dos Amigos do Parque Nacional da Tijuca, em
Nacional da Tijuca/ICMBio); Roberto Nascimento (Amigos do Parque Nacional da Tijuca). comunicação, entre outras. 1999, com atuação nas seguintes frentes:

ࡿࡿ Manutenção de funcionamento das Unidades ࡿࡿ Infraestrutura e atendimento aos visitantes:


de Atendimento ao Turista, localizadas no Morro do intervenções arquitetônicas, de sinalização e em
O principal atrativo turístico do país, o Cristo Redentor, que re- PERFIL
cebe mais de 3 milhões de visitantes/ano, está dentro de uma Corcovado. Compra de equipamentos de monitoria equipamentos de apoio.
Parque Nacional da Tijuca, o mais de trilhas e de sinalização.
Unidade de Conservação, que possui território fragmentado em ࡿࡿ Identificação de áreas de interesse da unida-
visitado do Brasil, protege a maior
quatro setores e consequentemente apresenta extensa fronteira ࡿࡿ Aquisição de materiais e equipamentos de e oportunidades para potenciais patrocinadores.
floresta urbana do mundo replan-
com a cidade. “Problemas típicos de áreas urbanas, como tráfego necessários às melhorias e manutenção das
tada pelo homem, são quase 4 ࡿࡿ Projetos educativos e culturais: elaboração,
de veículos e violência, afetam diretamente o Parque Nacional estruturas de apoio à visitação. Produção do novo
mil hectares de Mata Atlântica em desenvolvimento e execução.
da Tijuca e se somam a impactos sofridos pelas áreas protegidas folder do parque com mapa para distribuição aos
plena cidade do Rio de Janeiro, ࡿࡿ Ações conservacionistas e científicas: realiza-
em geral, como ocupações irregulares, caça e incêndios crimi- visitantes.
reconhecidos como Patrimônio ção de cursos, eventos, etc.
nosos, entre outros. O fato do parque ser fragmentado dificulta
Mundial pela Unesco. ࡿࡿ Apoio a diversas ações do programa de
a compreensão de seus limites pela população. Poucas pessoas ࡿࡿ Publicações: desenvolvimento de conteúdos
Voluntariado, como a recuperação da Cascata
são capazes de reconhecer quando estão dentro dos limites, o OBJETIVOS nas esferas cultural, ambiental, científica e técnica.
Gabriela para banho, mutirões mensais de plantio
que leva a comportamentos inadequados para uma Unidade de
Fortalecer a gestão do Parque de mudas e recuperação de trilhas. ࡿࡿ Apoio aos programas desenvolvidos.
Conservação”, pontua Ernesto Bastos Viveiros e Castro, chefe da
com a participação da sociedade ࡿࡿ Custeio da manutenção do site e das redes ࡿࡿ Auxílio nas atividades rotineiras de adminis-
unidade.
civil, via Associação dos Amigos do sociais do parque. Apoio no Curso de Condutores tração e manutenção.
No entanto, áreas protegidas também ganham visibilidade quan- Parque Nacional da Tijuca, incluin- de Visitantes, ministrado pela equipe da unidade,
do estão dentro dos grandes centros urbanos e suas demandas do o engajamento de cidadãos em Em quase 16 anos de atividade, a organização rea-
que formou 54 colaboradores de comunidades
ficam evidentes para mais pessoas. “Frequentadores que recor- prol da unidade e a captação de lizou de forma contínua diversas ações em prol do
do entorno, como Guararapes e Vila Laboriaux, na
rentemente demonstram interesse em contribuir para a salva- recursos para investimentos na parque, mas sem uma cooperação formalizada.
Rocinha.
guarda do patrimônio ambiental e cultural. A prática baseia-se conservação, proteção e promoção
na disponibilidade desses cidadãos em atuar frente aos desafios da unidade.
elencados acima”, antecipa Ernesto Castro. Foto: Alane Silva Oliveira

Foto: Acervo ICMBio Foto: Acervo ICMBio

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


72
Em 2015, essa realidade mudou quando a Associa-
ção e o Instituto Chico Mendes de Conservação da
INSPIRE-SE! USO PÚBLICO E NEGÓCIOS
Biodiversidade firmaram Termo de Reciprocidade Unidades de Conservação estão repletas de oportunidades
até 2020. A medida visa a implementação de pro- ࡿࡿ Associações de Amigos de Unidades que podem e devem ser implementadas como forma de
gramas, projetos e ações voltados para a preserva- de Conservação são estratégicas no apoio
ção, conservação e aprimoramento do patrimônio à gestão entre servidores e a sociedade.
ampliar a visitação e oferecer melhor experiência ao
do Parque Nacional da Tijuca e da Zona de Amor- Institucionalizar essa parceria por meio de público. As Boas Práticas que integram o grupo contam
tecimento. instrumento jurídico garante a continuidade
mesmo com mudanças de gestão.
alguns dos caminhos já percorridos com esse objetivo.
Como desdobramento do Termo de Reciprocidade,
a Associação Amigos do Parque e a equipe gestora ࡿࡿ A parceria com a Associação tem po-
do Parque Nacional da Tijuca/ICMBio elaboraram tencial de despertar o interesse de outras
Plano de Trabalho que estabeleceu as linhas de empresas em apoiar a causa. A Amigos do
ação, atividades e metodologias a serem imple- Parque, por exemplo, tem um programa espe-
mentadas, com cronograma e competências de cífico para pessoas jurídicas, com opções de
cada instituição. valores de colaboração anuais. A visibilidade
que a empresa tem é a contrapartida. Foto: Fernando Tatagiba
A equipe do Parque identifica ações que necessitam
de insumos (materiais, ferramentas, equipamentos, ࡿࡿ Comunicação faz toda a diferença na
etc.) e preenche uma solicitação de apoio, com a conquista de novos associados. Organizações
da sociedade civil parceiras das Unidades de
descrição da ação; indicando o setor e o local es-
Conservação podem, por exemplo, buscar o
pecífico onde a atividade será realizada. Após assi-
apoio de uma empresa de comunicação para
natura da chefia da unidade, a solicitação é enca-
que desenvolva um material que integre as
minhada a Amigos do Parque que avalia e realiza a
iniciativas e fortaleça assim os objetivos
compra. compartilhados.
Os recursos utilizados pela Associação são prove-
nientes de pessoas físicas e jurídicas que realizam
contribuições associativas (pagamentos realizados Compete à Associação elaborar e apresentar à ad-
por associados de forma recorrente) ou doações ministração do Parque Nacional da Tijuca todas as
(contribuições pontuais, sem vínculo associativo), propostas de projetos e procedimentos, que somen-
por meio do site da organização. A busca por patro- te serão executados mediante a aprovação da equi-
cínios específicos também integra as frentes para pe gestora da unidade. Reuniões periódicas entre as
obter recursos e viabilizar projetos. equipes do parque e da Associação favorecem a tro-
ca de informações e o alinhamento de prioridades. A
Para aumentar o número de associados, a Associa- Amigos do Parque também apresenta anualmente as
ção investe na estratégia de mobilizar grupos com atividades ao Conselho Consultivo da UC.
interesses específicos que frequentam a UC. A apro-
ximação feita com os ciclistas, por exemplo, resul-
tou em tantas inscrições que esse público represen- PERÍODO
ta 56% dos associados.
Maio de 1999 – em andamento.
Uma parcela das contribuições e doações recebi-
das pela Amigos do Parque é destinada aos custos
operacionais da Associação e o restante é integral-
PARCEIROS DO PROJETO
mente investido em ações para o Parque Nacional Associação dos Amigos do Parque Nacional da Tiju-
da Tijuca. ca (Amigos do Parque).
PARCERIA COM COOPERADOS

TRANSFORMANDO DESAFIOS EM RESULTADOS INSPIRE-SE!


74 ࡿࡿ O Parque Nacional de Ubajara recebeu 58.660 75
OPORTUNIDADES visitantes, aumento de 3,5% entre janeiro e
ࡿࡿ Investimentos na capacitação de condu-
Coordenação geral: Gilson Luiz Souto Mota (Parque Nacional de Ubajara/ICMBio). Coordenação executiva: Alex setembro de 2017, em relação ao mesmo período
tores permitem atingir dois públicos: contri-
de Sousa Lima (Cooperativa de Trabalho, Assistência ao Turismo e Prestações de Serviços Gerais - Cooptur). de 2016, quando 56.658 visitantes estiveram no
buir para a melhor experiência do turista e ao
Gestão dos recursos e gerenciamento: Cooperativa de Trabalho, Assistência ao Turismo e Prestações de Serviços parque já sem o funcionamento do bondinho.
mesmo tempo valorizar a mão de obra local.
Gerais - Cooptur). ࡿࡿ Os investimentos em outros atrativos surtiram
efeito, a visitação no Mirante Gameleira registrou ࡿࡿ Parcerias e articulações para a troca
crescimento de 112% e na Cachoeira do Cafundó de experiência/saberes com condutores de
O principal ponto turístico do Parque Nacional de PERFIL
81,5%, entre 2015 (ano em que o teleférico parou de outras unidades são instrumentos interes-
Ubajara/CE por quase 40 anos foi o passeio de
Localizado nos municípios de Ubajara, Tianguá funcionar) e 2017. santes para a capacitação da equipe. Vale a
teleférico “bondinho” até a Gruta de Ubajara. Os
e Frecheirinha/CE, o Parque Nacional de Ubajara ࡿࡿ Mais engajamento dos membros da Cooperativa pena planejar um calendário como forma de
desgastes nas peças e as dificuldades de reposi-
com 6.288 hectares abriga três ecossistemas: Flo- de Trabalho, Assistência ao Turismo e Prestações incluir a ação entre as atividades.
ção levaram à paralisação do teleférico, em 2015,
resta Ombrófila Aberta (Mata Atlântica), Floresta de Serviços Gerais (Cooptur) na manutenção
com impacto direto no número de visitantes. “O ࡿࡿ Converse com os visitantes sobre os
Subperenifólia e Caatinga, além de 11 cavernas, e recuperação dos equipamentos e ampliação
movimento diminuiu em parte pela pouca visibili- principais motivos que contribuíram para a
entre elas a Gruta de Ubajara, aberta à visitação. gradativa no número de condutores de 13 para 20
dade dos demais atrativos, como trilhas, mirante e visita à UC e as descobertas feitas no local,
cooperados.
aquelas atividades não divulgadas, mas que
cachoeira. O quadro de cooperados ficou reduzido OBJETIVOS ࡿࡿ Incremento no número de atividades, incluindo surpreenderam. Informações do público
a 13 condutores e se nada fosse feito o número
Recuperar/aumentar a visitação no Parque Nacio- opções para pessoas com deficiências e ciclistas; trazem novas perspectivas. Vale a pena e
cairia ainda mais, dessa forma a condução dos revitalização das atividades já existentes,
nal de Ubajara (PNU); investir em novos pontos apresentá-las em reuniões como elementos
visitantes seria comprometida e as famílias que investimentos em infraestrutura. Construção de
turísticos; promover a inclusão social; aplicar influenciadores das estratégias.
dependiam diretamente do serviço ficariam sem novos equipamentos, como o Mirante do Pendurado
os procedimentos de credenciamento e regula-
renda. Assim as consequências atingiriam toda a e a Casa da Árvore. Criação do circuito de arvorismo,
rização dos condutores de turismo no parque;
rede turística regional que dependia da visitação passeio noturno e do roteiro histórico cultural. e vigilantes viabilizou o projeto. O Conselho Consulti-
melhorar a infraestrutura; aperfeiçoar a relação
do parque”, destaca Gilson Luiz Souto Mota, chefe vo do Parque Nacional de Ubajara também se envol-
da Unidade de Conservação (UC) com o entorno;
do Parque Nacional de Ubajara. Como aumentar veu na proposição e aprovação das novas atividades.
a visitação sem o principal atrativo e mobilizar os
incluir procedimentos que proporcionem incre- METODOLOGIA
mento educativo, interpretativo e recreativo aos Os recursos vieram da contrapartida da Cooptur que
condutores em um momento de dificuldade? A sensibilização dos condutores da Cooperativa de
visitantes, a partir da atuação dos condutores. destinou parte do valor arrecadado na condução de
Trabalho, Assistência ao Turismo e Prestações de Ser-
visitantes no parque em melhorias para a unidade. A
Foto: Gilson Amaro viços Gerais (Cooptur) foi a primeira medida adota-
madeira utilizada na construção de passarelas, pon-
da pela equipe gestora do parque. Eles precisavam
tes, placas e mirantes veio do estoque da sede da uni-
acreditar no potencial do parque e que poderiam, de
dade e da doação de um lote do escritório regional do
verdade, continuar trabalhando na unidade.
Ibama em Sobral/CE. A Prefeitura de Ubajara cedeu
Apesar de difícil, esse momento precisava ser enfren- o veículo para o transporte. Painéis de orientação e
tado e a participação de cada membro da Cooptur interpretação das trilhas tornaram a experiência do
era fundamental. Seria necessário engajamento na púbico ainda mais interessante.
manutenção dos equipamentos, além de melhorar a
condução dos visitantes, com ênfase na história, e
na preservação das belezas naturais.
PERÍODO
Março de 2016 – em andamento.
O planejamento teve como base o que determina
o Sistema Nacional de Unidades de Conservação
(SNUC) e o documento Diretrizes para Visitação em PARCEIROS DO PROJETO
Unidades de Conservação. A mão de obra formada Cooperativa de Trabalho, Assistência ao Turismo e
pelos condutores de turismo da Cooptur, com partici- Prestações de Serviços Gerais (Cooptur); Conselho
pação de voluntários, principalmente ex-brigadistas Consultivo do Parque Nacional Ubajara.

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


REGIONALIZAR AS COMPRAS
Foto: Cassiano Preve/Cataratas S/A

AGRICULTORES E PRODUTORES LOCAIS


76 77
TÊM PRIORIDADE COMO FORNECEDORES DE
CONCESSIONÁRIA
Coordenação geral: Fernando Henrique de Sousa (Cataratas do Iguaçu S/A) e Parque Nacional do Iguaçu
(ICMBio). Coordenação executiva: Diretoria Institucional e Sustentabilidade do Grupo Cataratas S/A. Gestão
dos recursos e gerenciamento: Cataratas do Iguaçu S/A.

O Parque Nacional do Iguaçu é a segunda Unidade de Con- PERFIL


servação (UC) federal mais visitada do Brasil. Em 2017, a uni-
Localizado a 637 quilômetros de Curi-
dade registrou 1,8 milhão de turistas. Na liderança está o
tiba/PR, na região da tríplice fronteira
Parque Nacional da Tijuca, no Rio de Janeiro, com mais 3
entre Brasil, Argentina e Paraguai, o
milhões de turistas, no mesmo período. Unidades de Con-
parque abriga nos 185 mil hectares
servação como essas, que são a principal atração de inú-
o maior remanescente de floresta
meros roteiros turísticos, agregam à economia local valores
Atlântica (Estacional Semidecídua)
significativos. E a questão é exatamente essa, como migrar
da região sul do Brasil. Desde 1986,
do local para o regional?
integra a lista de Patrimônio Mundial
“A visitação no parque é um claro gerador de benefícios da Unesco.
para o setor turístico de Foz do Iguaçu. Em contrapartida
os outros municípios do entorno da unidade se viam como OBJETIVOS
não partícipes dos resultados da visitação e da presença Levar os benefícios socioeconômicos RESULTADOS METODOLOGIA
da unidade”, pontua Fernando Henrique de Sousa, dire- em consequência do Parque também ࡿࡿ 70% de todos os produtos e serviços consumidos A concessionária estabeleceu uma política de com-
tor institucional e sustentabilidade da Cataratas do Igua- para os municípios do entorno, redu- na concessão vêm dos municípios do entorno da pras que privilegia produtores e prestadores de ser-
çu S/A, empresa responsável pela gestão da bilheteria, do zindo tensões no campo e introdu- unidade, são 514 fornecedores, em geral micro e viços dos 15 munícipios no entorno do parque: Foz
transporte interno no parque e de pontos de vendas de zindo novas oportunidades baseadas pequenos empresários. do Iguaçu, Santa Terezinha do Itaipu, São Miguel do
souvenirs, serviços de alimentos e bebidas. na Economia Verde. Incorporação dos Iguaçu, Serranópolis, Medianeira, Matelândia, Céu
ࡿࡿ O impacto na economia regional é de
Outra problemática identificada em estudo técnico do potenciais produtores e prestadores Azul, Santa Tereza do Oeste, Lindoeste, Capitão Le-
aproximadamente R$ 38 milhões/ano, direta
WWF-Brasil* para o Banco Interamericano de Desenvolvi- de serviço na rede de fornecedores. ônidas Marques, Capanema, Ramilândia e Vera Cruz
e indiretamente, incluindo a arrecadação de
mento (BID), em 2015, mostra a relação entre expansão das Integrar pequenos produtores da Agri- do Oeste, Missal e Cascavel.
impostos e efeito distributivo, segundo estudo da
monoculturas da soja e do milho nos municípios no entor- cultura Familiar, baseada em agroeco-
Universidade Federal do Rio de Janeiro. A rede de fornecedores da concessionária é com-
no do parque e a perda de biodiversidade nessas áreas. “O logia no entorno da unidade, na cadeia
posta por produtores e prestadores de serviço
mesmo estudo apontou que o fomento e o incentivo positivo de valor da concessão, por meio da ࡿࡿ No Centro de Visitantes, semanalmente, é
comprometidos a observar o código de ética com
à agricultura familiar, baseada em sistemas produtivos da compra dos seus produtos para os realizada a Feira da Agricultura Familiar, uma vez
critérios socioambientais legais e a seguir o com-
agroecologia de pequenos produtores localizados próximos restaurantes e lanchonetes do parque, que os funcionários das concessionárias do parque
promisso de melhoria contínua na qualidade do
a esses fragmentos, poderia ser uma maneira de congelar como forma de prestigiar e garantir a também são público-alvo dos agricultores.
produto, serviço e atendimento.
a expansão da monocultura extensiva sobre essas áreas”, sobrevivência deste tipo de produção ࡿࡿ O incentivo à agroecologia na região, por parte
completa Sousa. e de uso da terra, oferecendo produ- Produtores da agricultura familiar interessados em
da concessionaria, é uma estratégia na tentativa
tos mais saudáveis e orgânicos aos vender alimentos para o parque precisaram adotar
* Mapeamento de Oportunidades de Atividades Econômicasbasea- de frear a expansão da monocultura extensiva,
visitantes. práticas da agroecologia, proteger as nascentes e as
das em Serviços Ecossistêmicos no entorno do Parque Nacional do protegendo a biodiversidade e as conexões entre
Áreas de Proteção Permanente. A concessionária in-
Iguaçu e Desafios de Implementação. os fragmentos florestais.
vestiu na assistência técnica para esses agricultores

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


PÚBLICO-PRIVADAS
pela parceria com o WWF, seguida do acompanha-
mento da Cooperativa Biolabore, via financiamento
INSPIRE-SE! PROJETO DESTACA VIABILIDADE ECONÔMICA
78 79
da concessionária. E SOCIOAMBIENTAL DE DUAS FLORESTAS
A equipe de compras buscou maior aproximação ࡿࡿ Conheça os pontos fortes da produção
local e regional, como por exemplo, o cultivo
NACIONAIS COM FOCO EM PARCERIAS
com esses fornecedores, por meio de rodadas de
de algum alimento, em especial, ou até mes- Coordenação Geral: Larissa Moura Diehl (CONCES/CGEUP/ ICMBio), Pedro Paes Lira (Natureza Urbana
negociação, capacitações e, principalmente, em reu-
mo os produtos beneficiados, como conser- Planejamento Integrado). Coordenação executiva: Thiago Beraldo, Edenice Brandão de Avila, Antonio Cesar
niões sobre condições de fornecimento especiais Caetano, Lóren Daniele Nascimento e Fernando Mendes Ramos (CONCES/CGEUP/ ICMBio); Camila Sanches,
vas e compotas. O Centro de Visitantes pode
para a configuração de parceria de longo prazo. Caíque Souza, Eduardo Tinti, Sidney Campos (Natureza Urbana Planejamento Integrado). Gestão dos recursos
ser um ponto estratégico para esses produ-
Os turistas tiveram conhecimento sobre o conceito tos. A agricultura familiar é uma ótima aliada e gerenciamento: Paulo Timm e Alexandre Carlos de Albuquerque Santos (Instituto Brasileiro de Administração
de compras sustentáveis como um valor da unidade da conservação. Feiras aos fins de semana Municipal - Ibam).
de conservação, por meio de campanha desenvolvi- de produtores locais/regionais, dentro das
da pela equipe de comunicação da concessionária. UCs, têm potencial para ampliar a renda da As Florestas Nacionais de Canela e São Francisco de PERFIL
comunidade e surpreender turistas. Paula, com apenas 60 km de distância entre elas, es-
A constituição do Comitê de Governança e do Pro- Localizadas na região nordeste do Rio Grande
ࡿࡿ Nesta prática, as negociações com os tão próximas de rotas e destinos turísticos já consoli-
grama de Acompanhamento, com formulários espe- do Sul, as duas Florestas Nacionais têm como
pequenos empresários mostraram a neces- dados no Rio Grande do Sul, mas elas não fazem parte
cíficos de avaliação em relação às atividades dos características principais as matas com arau-
sidade de contratos de longo prazo como da programação. “As Unidades de Conservação (UCs)
fornecedores, funcionam como subsídio à tomada cária e transição com os campos de cima da
forma de garantir fôlego financeiro ao par- possuem importantes valores ambiental e cultural,
de decisão por parte do departamento de compras serra. A Floresta Nacional de Canela possui
ceiro. Diante de fornecedores com diferentes que podem se converter em atrativos de ecoturismo,
da concessionária. cerca de 557 hectares e está a apenas 6,4 km
perfis, considere adaptações que podem integrando o circuito de turismo da região. No entan-
do município que dá nome à unidade. Já a
Durante todo o processo, reuniões entre a chefia da tornar o negócio mais viável para todos os to, tal potencialidade não tem sido explorada devido
unidade e produtores, prefeitos e outras lideranças envolvidos. Futuras parcerias entre Unidades Floresta Nacional de São Francisco de Paula
à falta de recursos para implantar e manter atividades
fortaleceram a importância da integração entre a de Conservação e a iniciativa privada podem é formada por 1.606 hectares e está a menos
de ecoturismo e serviços voltados à recepção dos tu-
cadeia produtiva do entorno do parque e a conces- incluir a preferência por compras locais entre de 30 km da cidade presente no nome da
ristas, que poderiam atrair visitantes e tornar as UCs
sionária. os critérios da contrapartida. unidade.
mais conhecidas”, revela Pedro Paes Lira, coordenador
ࡿࡿ Na Secretaria da Educação, a parceria da Natureza Urbana Planejamento Integrado. OBJETIVOS
entre Unidades de Conservação e fornece-
PERÍODO dores locais pode ser apresentada como su-
Diante desse cenário, o Projeto Desenvolvimento de Levantar as potencialidades de aplicação dos
Parcerias Ambientais Público-Privadas (PAPP) ganha instrumentos jurídicos voltados às formas de
Setembro de 2015 – em execução. gestão de aula prática nas escolas. É possível
força e passa a contar com estudo sobre a viabilidade cooperação público-privadas que potenciali-
abordar a valorização dos produtos locais,
econômica, ambiental e cultural sobre as duas Flores- zem o uso público sustentável nas UCs. Análi-
o comércio sem intermediários, que permite
PARCEIROS DO PROJETO um preço mais justo ao produtor, a impor- tas Nacionais. O PAPP é uma iniciativa do ICMBio e do se das atividades que podem ser implemen-
tância de distâncias menores entre produtor Ministério do Meio Ambiente, com apoio do Instituto tadas; identificação das parcerias (existentes
Cooperativa da Agricultura Familiar do Oeste do
e consumidor e como o alinhamento dessas Brasileiro de Administração Municipal (Ibam). “O es- e potenciais) capazes de viabilizar a gestão
Paraná (Coafaso); Associação Santa Anna de Fruti-
práticas reduz os impactos ambientais. tudo avaliou o potencial das unidades para o esta- economicamente sustentável do uso públi-
cultura; WWF-Brasil; Associação Comercial de Foz do
belecimento de parcerias, a partir do incremento de co das UCs; relacionar os possíveis arranjos,
Iguaçu (Acifi); Prefeituras Municipais de Capanema, ࡿࡿ Capacitar os moradores do entorno em
atividades (de recreação, alimentação, hospedagem, existentes ou que existiram nas UC; avaliar
Serranópolis, Santa Terezinha, Matelândia e Foz do agroecologia, via parcerias, pode otimizar os
educação), tendo em visa o desenvolvimento e a es- as potencialidades de inserção das unidades
Iguaçu; Cooperativa Biolabore; Associação dos Mu- resultados dos agricultores em uma prática
truturação das duas florestas como novos destinos no destino turístico já consolidado da Serra
nicípios do Oeste do Paraná (Amop); Serviço Brasi- repleta de benefícios para quem trabalha di-
reto com a terra, consumidores e o entorno, turísticos da região”, pontua Lira. Gaúcha com base na relação custo-benefício.
leiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas Para-
ná (Sebrae-PR). onde neste caso está a UC.

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


RESULTADOS INSPIRE-SE!
80 ࡿࡿ Estudos reforçaram a viabilidade socioeconômica, de Desenvolvimento (Fomin/BID) além do Fundo serviços, concessão de uso, permissões, termos de 81
ambiental e cultural das duas Florestas Nacionais no Socioambiental da Caixa Econômica Federal, entre cooperação, convênios entre outros e sua adequa-
ࡿࡿ Na biblioteca do site Parcerias Ambien-
contexto de Parcerias Ambientais Público-Privadas outros parceiros. A Coordenação Técnica do Estudo ção para a categoria de Unidade de Conservação em
tais Público Privadas (PAPP) estão disponí-
(PAPP). foi realizada pela Coordenadora de Concessões e questão.
veis os estudos de caso das Florestas Nacio-
Negócios (CONCES/CGEUP/DIMAN/ICMBio). 3. Avaliação jurídica das alternativas para viabilizar nais de Canela e São Francisco de Paulo além
ࡿࡿ Identificação dos principais atores locais que
já atuam no mercado de ecoturismo da região e As empresas que ganharam a concorrência, Natu- a reversão de parte do recurso arrecadado, com ex- de diagnósticos, levantamentos, avaliações e
reza Urbana Planejamento Integrado e Felsberg e ploração comercial das atividades, em investimen- estudos relativos a outras UCs www.papp.org.
demonstraram interesse em potenciais parcerias.
Pedretti Advogados e Consultores Legais, elabora- tos de adequação das infraestruturas de visitação br/biblioteca/estudos-papp/
ࡿࡿ Desenvolvimento de um sistema de
ram o estudo de caso sobre dois eixos: desenvolvi- das UCs e nas respectivas operações. ࡿࡿ Confira a tese do analista ambiental do
monitoramento e fiscalização da parceria/
mento de atividades de recreação em contato com 4. Determinar os impactos sociais, econômicos e am- ICMBio, Thiago Beraldo:
concessão, baseado em quatro quesitos: satisfação
a natureza e visitação de caráter educativo. Durante bientais sobre o território, sua população e a gestão www.florida.academia.edu/ThiagoBeraldo.
de visitantes; obrigações contratuais; qualidade
o levantamento das informações, foram realizadas do ICMBio, com a implementação da atividade de ex- Veja também a publicação Contribuição do
ambiental da operação; ações socioambientais.
reuniões com os principais atores locais interessa- Turismo em UCs federais para a economia
ploração comercial relacionadas ao uso público.
ࡿࡿ Avaliação de instrumentos jurídicos de Parcerias dos em possíveis parcerias. brasileira: http://bit.ly/turismo_economia
Ambientais Público-Privadas (PAPP). Segundo a tese de doutorado de Thiago Beraldo,
analista ambiental do ICMBio, cada R$ 1 investido ࡿࡿ Pesquise se há alguma rota turística
consolidada próxima à Unidade de Conserva-
O estudo analisou: no sistema de Unidades de Conservação produz R$
METODOLOGIA ção e avalie se a inclusão da unidade nesse
7 em benefícios econômicos ao país. O estudo re-
1. Viabilidade econômico-financeira das potenciais ati- circuito seria interessante, com base em es-
Abertura de concorrência pública para escolha da forçou a visão de que os impactos econômicos do
vidades identificadas para exploração comercial, in- tudos da própria equipe com participação do
consultoria dentro do projeto Parcerias Ambientais turismo afetam diretamente a gestão das UCs, os
cluindo apontamentos relativos à construção, reforma, Conselho. Parcerias podem resultar em maior
Público-Privadas, uma iniciativa do ICMBio e do Mi- empreendimentos no segmento, além de negócios visibilidade às Unidades de Conservação com
reparo de edificações e estruturas de apoio para uso
nistério do Meio Ambiente. O Instituto Brasileiro em outras áreas e as comunidades locais, gerando aprimoramento do potencial turístico.
comercial, tais como pousada, hotel, restaurante etc.
de Administração Municipal (Ibam) foi a unidade emprego, renda e valor agregado.
2. Avaliação de instrumentos jurídicos de Parcerias ࡿࡿ Busque informações sobre as iniciativas
executora financeira dos recursos do Fundo Multi- O modelo de investimento prevê aporte de R$ 3,1
Ambientais Público-Privadas (PAPP): delegação dos relacionadas ao desenvolvimento regional.
lateral de Investimentos, do Banco Interamericano milhões para a Floresta Nacional de Canela. Consi- Participar desses encontros tem potencial de
derando que o estudo estimou receita total de R$ favorecer a identificação de oportunidades
Foto: Acervo Natureza Urbana
55 milhões na modelagem econômica, em 15 anos, o com o objetivo de atrair visitantes às UCs.
impacto para a economia do entorno da Unidade de
ࡿࡿ A aproximação da equipe gestora da
Conservação com base no estudo fica em torno de R$
Unidade de Conservação com a Secretaria de
390 milhões. Em média, pela proposta de concessão,
Estado do Meio Ambiente pode agregar no
30 empregos diretos devem ser criados na unidade.
desenvolvimento de roteiro turístico na re-
Para a Floresta Nacional de São Francisco, o modelo gião. A participação de outros atores sociais
de investimento tem como base o aporte de R$ 3,3 pode ser interessante.
milhões e receita de R$ 50,3 milhões relativa aos
gastos dos visitantes na Unidade de Conservação,
em 15 anos, que devem movimentar R$ 352 milhões PARCEIROS DO PROJETO
na economia. A média de empregos gerados pela Floresta Nacional de Canela; Floresta Nacional de
proposta de concessão é estimada em 25. São Francisco; ICMBio; Instituto Brasileiro de Admi-
nistração Municipal (Ibam); Banco Interamericano
para o Desenvolvimento (BID); Fomin; Caixa Econô-
PERÍODO
mica Federal; atores sociais e institucionais ligados à
Maio a outubro de 2017. prática e ao mercado de turismo e ecoturismo local.

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


PARCERIA INSTITUCIONAL

FORMAÇÃO DE MULTIPLICADORES EM USO RESULTADOS METODOLOGIA


82 83
PÚBLICO APRIMORA SERVIÇOS NAS UNIDADES ࡿࡿ Aumento da capacidade de resposta às
demandas relacionadas à interpretação ambiental e
A parceria entre o ICMBio e o Serviço Florestal dos
Estados Unidos (USFS) foi de suma importância
Coordenação geral: Paulo Faria e equipe da Coordenação de Planejamento, Estruturação da Visitação e planejamento e manejo de trilhas, com reconhecimento nessa prática. A partir dela foi viabilizada a execu-
Ecoturismo (Coest/ICMBio). Coordenação executiva, gestão dos recursos e o gerenciamento: Coordenação de
de 29 técnicos como pontos focais. ção de seis eventos de capacitação no Brasil e de
Planejamento, Estruturação da Visitação e Ecoturismo (Coest/ICMBio).
três eventos no exterior.
ࡿࡿ 12 eventos de capacitação ministrados pelas
equipes técnicas para servidores e parceiros, em Nos três primeiros eventos de capacitação, a par-
Nas Unidades de Conservação (UCs), INSPIRAÇÃO diversas Unidades de Conservação. Apoio do ICMBio ticipação de servidores considerou a apresentação
aprimorar os serviços relacionados es-
Capacitação realizada pelos servidores do ICMBio em par- e de parceiros financiadores, como o próprio Serviço de projetos. Durante as capacitações, projetos téc-
pecialmente à visitação e recreação em
ceria com o Serviço Florestal dos Estados Unidos (USFS). Florestal dos Estados Unidos (USFS), o Sebrae/SC nicos foram desenvolvidos em mais de 30 Unidades
contato com a natureza, envolve investir
e a a cooperação alemã para o desenvolvimento de Conservação.
nas estruturas e no receptivo. Aperfeiço- PERFIL sustentável, por meio da Deutsche Gesellschaft für
ar a capacidade institucional para aten- Mais de 110 servidores do ICMBio foram qualificados
Algumas das unidades com projetos executados ou onde Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH.
der à dupla demanda despontou como com os instrutores da instituição norte-americana
eventos de capacitação de segunda geração foram minis- ࡿࡿ Equipes técnicas ampliadas garantem apoio referência no assunto, USFS. Os eventos nos Estados
questão-chave, reforçada pelo aumen-
trados. e respostas a demandas específicas em diversas Unidos contaram ainda com a participação de instru-
to no número de visitantes nos últimos
anos. “Havia necessidade de capacitação ࡿࡿ Parques Nacionais: da Chapada dos Guimarães/MT; da Unidades de Conservação (UCs). tores parceiros do USFS, como Universidade do Co-
para desenvolver habilidades relaciona- Chapada dos Veadeiros/GO; da Chapada Diamantina/BA; Ma- lorado, International Mountain Bicycling Association
ࡿࡿ Mais de 30 UCs com projetos técnicos
das ao planejamento, manejo de trilhas rinho de Fernando de Noronha/PE; de Anavilhanas/AM; das (IMBA) e National Association for Interpretation (NAI).
desenvolvidos em planejamento, manejo de trilhas
e interpretação ambiental, em resposta Cavernas do Peruaçú/MG; Marinho de Abrolhos/BA; da Serra e interpretação ambiental, durante as capacitações.
à carência institucional de instrutores do Cipó/MG; da Tijuca/RJ; da Serra dos Órgãos/RJ; de Ita-
treinados nas agendas supracitadas”, tiaia/RJ, do Jaú/AM; do Pau Brasil/BA; do Descobrimento/BA. Foto: Paulo Faria

lembra Paulo Eduardo Pereira Faria, co-


ࡿࡿ Área de Proteção Ambiental: da Baleia Franca/SC; e do
ordenador da Coordenação de Planeja-
Planalto Central/DF.
mento, Estruturação da Visitação e do
Ecoturismo/ICMBio. ࡿࡿ Florestas Nacionais: do Tapajós/AM; de São Francisco de
Paula/RS; de Brasília/DF; e de Silvânia/GO.

Foto: Acervo ICMBio ࡿࡿ Reserva Extrativista Marinha de Soure/PA.

OBJETIVOS
Formar instrutores/multiplicadores desenvolvendo capaci-
dade institucional em duas frentes: Planejamento e manejo
de trilhas terrestres; Interpretação ambiental. Na primeira,
com o propósito de elaborar projetos específicos, efetuar
ações de manejo e coordenar equipes de execução. Já no
segmento de interpretação ambiental, elaborar planos
interpretativos para UCs e desenvolver produtos, como
trilhas interpretativas.

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


CAPACITAÇÃO
INSPIRE-SE!
84
Instrutores participantes dos eventos de capaci-
tação ministrados pelos parceiros começaram a
INTERPRETAÇÃO AMBIENTAL APROXIMA 85
difundir as informações obtidas para servidores e COMUNIDADE LOCAL DA EQUIPE GESTORA
voluntários em uma dinâmica chamada “segunda ࡿࡿ Amplie a capacidade de execução
Coordenação geral: Coordenação de Planejamento, Estruturação da Visitação e do Ecoturismo (Coest/ICMBio).
geração de eventos de capacitação”. institucionalizando os conhecimentos e
Coordenação executiva: Antônio César Caetano, Felipe Franco Sardella, Josângela da Silva Jesus, Serena Turbay
habilidades e formando instrutores/pontos
Após o primeiro ciclo realizado por técnicos das equi- dos Reis, Elisabete Hulgado Holanda, Beatriz Nascimento Gomes, Tiago Juruá Damo Ranzi, Geraldo Machado
focais descentralizados, a partir de diretrizes
pes ampliadas houve a capacitação dos multiplicado- estratégicas. Estimule o compartilhamento Pereira (ICMBio). Gestão dos recursos e gerenciamento: Coordenação Geral de Uso Público e Negócios (CGEUP/
res no Curso de Formação de Instrutores do ICMBio, de informações entre a equipe, definindo ca- ICMBio) e Serviço Florestal dos Estados Unidos - USFS (práticas realizadas em áreas demonstrativas no âmbito
com apoio da ACADEBio. O USFS efetuou o alinhamen- pacitações de segunda geração como estra- da parceria).
to da modelagem do curso, enquanto o ICMBio reali- tégia diante da participação de um membro
zou a adaptação à prática pedagógica do instituto. da equipe em cursos, seminários. Os condutores de visitantes são parceiros INSPIRAÇÃO
estratégicos das Unidades de Conservação
ࡿࡿ Conheça de perto os trabalhos de pla- a partir das Capacitações em Interpretação Ambiental reali-
nejamento e manejo de trilhas e de interpre- (UCs) e com frequência o público durante
PERÍODO zadas pela parceria do ICMBio com o Serviço Florestal dos Es-
tação ambiental desenvolvidos na Unidade o passeio interage apenas com eles. Quan-
tados Unidos (USFS) e apoio da Agência dos Estados Unidos
Agosto de 2011 – em andamento. de Conservação mais próxima a sua unidade. do esses profissionais não se reconhecem
para o Desenvolvimento Internacional (Usaid).
como parte importante no alcance dos ob-
ࡿࡿ Invista em relacionamento, a parceria
jetivos de gestão, a experiência do visitante
com instituições que integram a rede de seus PERFIL
PARCEIROS DO PROJETO fica comprometida. “Em algumas unidades
parceiros é também uma possibilidade.
Serviço Florestal dos Estados Unidos (USFS); Uni- havia pouco aproveitamento das oportuni- Floresta Nacional do Tapajós/PA, Parque Nacional de
versidade do Colorado; International Mountain ࡿࡿ Registre a experiência da sua unidade dades interpretativas para melhorar a expe- Anavilhanas/AM, Parque Nacional Cavernas do Peruaçu/
Bicycling Association (IMBA); National Association no planejamento e manejo de trilhas e na riência do visitante e atender às necessida- MG, Parque Nacional Marinho dos Abrolhos/BA.
for Interpretation (NAI); voluntários e associações aplicação da interpretação ambiental com
des da gestão em transmitir os significados
direitos aos detalhes de obstáculos e supe- OBJETIVOS
de condutores de visitantes em diversas Unidades das UCs.”, afirma Serena Turbay dos Reis,
ração. O compartilhamento desse documento
de Conservação onde eventos de capacitação fo- analista ambiental do ICMBio, relatora da Maior aproximação entre a gestão da UC e os conduto-
pode contribuir para a otimização do traba-
ram executados. prática. Em quatro UCs foi identificada uma res de visitantes; sensibilizar os condutores; qualificar
lho em outras unidades.
grande oportunidade de melhorar os servi- os serviços prestados pelos condutores; estimular o
Foto: Acervo ICMBio
ços prestados, por meio da capacitação dos sentimento de pertencimento e motivar os parceiros
condutores e ao mesmo tempo sensibilizá- locais sobre a importância de cada um no alcance dos
-los sobre a causa em que estão envolvidos. objetivos de gestão; enriquecer a experiência do visitan-
A distância entre os gestores e os prestado- te; melhorar o diálogo com os parceiros locais (comu-
res de serviços locais também representava nitários/prestadores de serviços não comunitários/
certa dificuldade a ser enfrentada. associações/empresas de turismo, ONGs, poder público
regional e local).

Foto: Acervo ICMBio Foto: Acervo ICMBio

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


INTERPRETAÇÃO AMBIENTAL

86
RESULTADOS INSPIRE-SE! ESTRATÉGIA BUSCA COMUNICAR DE FORMA 87
ࡿࡿ Maior senso de pertencimento dos prestadores
de serviço, em especial condutores, em relação à
MAIS EFETIVA SOBRE AS UNIDADES DE
Unidade de Conservação.
ࡿࡿ Antes de qualquer capacitação, faça um
diagnóstico dos principais desafios da UC
CONSERVAÇÃO E MELHORAR A EXPERIÊNCIA
ࡿࡿ Melhora na relação entre os condutores e suas na relação com os condutores e o perfil dos DO VISITANTE
associações com a gestão da UC. envolvidos.
Coordenação geral: Coordenação Geral de Uso Público e Negócios (ICMBio) e Serviço Florestal dos Estados
ࡿࡿ Para o diagnóstico é importante co- Unidos (USFS) - práticas realizadas em áreas demonstrativas no âmbito da parceria. Coordenação executiva:
ࡿࡿ Maior interação entre os próprios condutores e
nhecer o histórico da unidade e ouvir toda a Antônio César Caetano, Josângela da Silva Jesus, Serena Turbay dos Reis, Beatriz Nascimento Gomes, Lílian
suas organizações (associações/cooperativas).
equipe (servidores, parceiros, prestadores de Vieira Miranda Garcia, Cristina Batista, Maria Carolina Alves de Camargos (ICMBio). Gestão dos recursos e
ࡿࡿ Aumento no interesse de moradores das serviço, voluntários). gerenciamento: Coordenação Geral de Uso Público e Negócios (CGEUP/ICMBio); Serviço Florestal dos Estados
comunidades em trabalhar como condutores de Unidos (USFS).
ࡿࡿ Estratégias para avaliar a qualidade
visitantes, no caso específico da Floresta Nacional
da experiência do visitante na UC são fun-
do Tapajós. Comunicar os objetivos das Unidades de INSPIRAÇÃO
damentais. Vale investir em questionários,
fichas, e-mails, busque trabalhar com amos- Conservação (UCs) pode parecer simples à primeira
A partir das capacitações em Interpretação
tragens para validar a informação. vista, mas a prática traz uma série de lacunas
METODOLOGIA Ambiental realizadas no âmbito da parceria
que precisam ser preenchidas pela gestão. “De
ࡿࡿ Diante de elogios dos visitantes, com- do ICMBio com o Serviço Florestal dos Estados
A partir das capacitações de Interpretação Am- forma geral, as equipes gestoras têm dificuldade
partilhe a informação com toda a equipe. Unidos (USFS).
biental ministradas pelos instrutores do Serviço em comunicar adequadamente a finalidade
Sucesso no trabalho é mérito da harmonia
Florestal dos Estados Unidos (USFS) e da Natio- e os objetivos da Unidade de Conservação à PERFIL
entre o grupo.
nal Association for Interpretation (NAI), pela con- sociedade. As ações de comunicação que visam a
Floresta Nacional do Tapajós/PA, Parque Na-
trapartida institucional, foram feitas adaptações sensibilização do público, normalmente, não estão
cional de Anavilhanas/AM; Parque Nacional da
das estratégias de capacitação voltadas aos pres- integradas em um planejamento abrangente,
Chapada dos Veadeiros/GO; Parque Nacional
tadores de serviços para o contexto brasileiro. Os PERÍODO assumem caráter pontual e são pouco efetivas,
Marinho dos Abrolhos/BA.
recursos vieram da Agência dos Estados Unidos apesar do esforço despendido. O principal
Novembro de 2015 a abril de 2017. desafio a ser superado pela elaboração de Planos
para o Desenvolvimento Internacional (Usaid) e do OBJETIVOS
ICMBio. Interpretativos, portanto, é tornar organizadas e
mais efetivas as ações de sensibilização”, afirma Identificar, organizar e priorizar os assuntos-
A equipe ampliada de Interpretação Ambiental do PARCEIROS DO PROJETO -chave por meio da Interpretação Ambiental;
Josângela Jesus, analista ambiental do ICMBio.
ICMBio ministrou as capacitações para os presta- Serviço Florestal dos Estados Unidos (USFS); Coope- planejar as estratégias de comunicação voltadas
dores de serviço. Nas UCs da Amazônia (Floresta Em determinadas Unidades de Conservação de
rativa Mista da Flona do Tapajós (Coomflona); Asso- à sensibilização para diferentes públicos; orien-
Nacional do Tapajós e Parque Nacional de Ana- diferentes categorias, a elaboração dos Planos In-
ciação dos Agentes Ambientais do Vale do Peruaçu tar ações de aprimoramento da qualidade da
vilhanas), contaram também com o acompanha- terpretativos é utilizada como instrumento no pla-
(AAVP); Associação dos Transportes Turísticos de experiência de visitação; sensibilizar os diferen-
mento de um instrutor da Universidade Estadual nejamento das estratégias de comunicação, como
Novo Airão (Attuna); Associação Novo Airãoense de tes atores sobre a importância da UC e o papel
do Colorado. principal recurso capaz de sensibilizar. Na prática, os
Turismo (Anatur). de cada público diante dos objetivos da gestão;
Planos integram um conjunto de ações que buscam
Recursos da parceria com o Serviço Florestal dos
Foto: Beatriz Gomes melhorar a comunicação entre os diferentes
oferecer uma experiência de visitação mais qualifi-
Estados Unidos (USFS) viabilizaram os cursos na públicos envolvidos com a gestão da unidade.
cada e ao mesmo tempo estreitar o relacionamento
Floresta Nacional do Tapajós e no Parque Nacional
entre os gestores e os moradores do entorno.
de Anavilhanas. No Parque Nacional Cavernas do
Peruaçu, a capacitação foi realizada com recursos
da Coordenação Geral de Uso Público e Negócios
(CGEUP/ICMBio) e no Parque Nacional Marinho dos
Abrolhos, os recursos vieram do Projeto Áreas Mari-
nhas e Costeiras Protegidas (GEF Mar).

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


RESULTADOS (DIVIDIDOS EM QUATRO METODOLOGIA INSPIRE-SE!
88 GRUPOS) 89
Na Floresta Nacional do Tapajós, a elaboração do considerando a capacidade operacional das equi-
*Os tópicos 1, 2 e 3 são exclusivos da prática na Flo- Plano Interpretativo foi conduzida e escrita pelo pes. A partir deste diagnóstico tiveram início as
resta Nacional do Tapajós. ࡿࡿ Oficinas com atores locais devem ser
Serviço Florestal dos Estados Unidos (USFS), o que oficinas com foco na elaboração dos planos inter-
realizadas para compreender os múltiplos
ࡿࡿ Consolidação de parcerias locais registrou resultou em um documento original em inglês, pos- pretativos, tanto com os atores locais (parceiros de
olhares sobre a UC de forma a incorporá-los
aumento na mobilização, organização e aplicação teriormente traduzido para o português, em 2014. Já diferentes instituições, representantes das comuni-
na elaboração do plano, a medida ao mesmo
no Parque Nacional de Anavilhanas, o processo teve dades das UCs e do entorno, estudantes, conduto-
de recursos financeiros, materiais e humanos de tempo estimula a apropriação do processo
parceiros locais. coordenação do USFS, mas a elaboração do plano res de visitantes), quanto com integrantes da equi- pelos participantes.
teve como protagonista a equipe ampliada de In- pe da UC e da equipe ampliada de Interpretação.
ࡿࡿ Gestão Socioambiental contou com envolvimento terpretação Ambiental do ICMBio, o que garantiu o ࡿࡿ Estabelecer as expectativas da gestão
A sistematização dos dados levantados nas oficinas
dos comunitários na elaboração e implantação de documento original em português, em 2016. com o Plano Interpretativo, alinhando no
produtos interpretativos, em especial na produção foi feita a distância, assim como o panorama sobre o início do processo os conceitos e diretrizes
das placas e nas capacitações de condutores. Nas demais Unidades de Conservação menciona- plano, que deve ser concluído presencialmente com institucionais das Unidades são duas medi-
das, membros da equipe ampliada de Interpretação a participação da equipe gestora da UC e da equipe das fundamentais para resultados práticos.
ࡿࡿ Qualificação da atividade de visitação otimizou Ambiental conduziram integralmente o processo em ampliada, sendo validada em reunião com o Conse-
esforços e recursos na implantação de estruturas ࡿࡿ A participação da equipe gestora deve
2017. O roteiro utilizado pela equipe ampliada, em lho Gestor.
(sinalização/exposição) e na melhoria/diversificação ser efetiva na construção do plano, caso con-
junho de 2017, foi uma adaptação do documento
dos serviços oferecidos aos visitantes, o que levou à Atores locais demonstraram forte engajamento no trário ele perde sua função.
aplicado pelo Serviço Florestal dos Estados Unidos
maior procura do público pelos condutores que estão processo de construção do plano interpretativo.
(USFS) na Floresta Nacional do Tapajós e no Parque ࡿࡿ Refletir sobre as formas e as priori-
mais integrados ao propósito das unidades. Moradores das comunidades revelaram interesse
Nacional de Anavilhanas. dades de comunicação com os diferentes
pela capacitação em interpretação ambiental.
ࡿࡿ Aumento da visibilidade institucional priorizou públicos é de suma importância para toda a
A elaboração do Plano Interpretativo é personali-
ações que reforçam os objetivos das áreas Para as unidades que já possuem o Plano existe a equipe gestora de UC.
zada e por esse motivo considera uma série de ele-
protegidas. No Parque Nacional de Anavilhanas, a perspectiva de desenvolvimento de uma estratégia
mentos, como os instrumentos de planejamento da
equipe desenvolveu vídeo que pode ser utilizado de monitoramento relativa ao impacto da elabora-
UC, a missão institucional, o olhar da equipe gestora
em diferentes contextos, mas principalmente para ção do documento na eficiência da gestão, na rela-
e as percepções dos atores locais; o que traz como
sensibilizar os visitantes e apresentar as normas ção com os diferentes públicos e na qualidade da
premissa o viés participativo, com etapas a distân-
de quem acessa os flutuantes para observação experiência do visitante, com a implementação dos
cia e presenciais. ria Municipal de Desenvolvimento e Turismo de San-
dos botos. Na Floresta Nacional do Tapajós, o produtos decorrentes.
tarém/PA (Semdetur); Escola da Floresta - Semed; Se-
desenvolvimento da identidade visual para os À distância foram relacionados: contexto, desafios cretaria de Turismo e Meio Ambiente de Belterra/PA;
Os Planos Interpretativos do Parque Nacional da
materiais de comunicação foi o destaque. e fragilidades de gestão a respeito de cada público, Associação dos Operadores de Turismo do Município
Chapada dos Veadeiros e do Parque Nacional Mari-
nho dos Abrolhos estão em andamento e devem ser de Novo Airão (Attuna); Associação Novo Airãoense de
concluídos no final do primeiro semestre de 2018. Turismo – (Anatur); Secretaria Municipal de Meio Am-
Foto: Josângela Jesus Foto: Beatriz Gomes biente de Novo Airão; Universidade Estadual do Ama-
zonas (UEA); Universidade de Brasília (UnB); Universi-
PERÍODO dade Federal de Goiás (UFG); Coletivo Oyá; Associação
Maio de 2014 a outubro de 2017. Teresinense de Condutores e Amantes da Natureza
(Atecan); Associação Cavalcantense de Condutores de
Ecoturismo (Acece); Secretaria Municipal de Turismo
PARCEIROS DO PROJETO de Alto Paraíso de Goiás/GO; Secretaria Municipal de
Serviço Florestal dos Estados Unidos (USFS); represen- Turismo e Esporte de Caravelas/BA; Secretaria Muni-
tantes dos Conselhos Gestores das quatro UCs; Coope- cipal de Cultura de Caravelas/BA; Conservação Inter-
rativa Mista da Flona do Tapajós (Coomflona); Federa- nacional (CI Brasil); Movimento Cultural Arte Manha;
ção das Organizações e Comunidades tradicionais da Instituto Baleia Jubarte (IBJ); Câmara de Turismo da
Floresta Nacional do Tapajós; Beloalter Hotel; Secreta- Costa das Baleias.

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


TECNOLOGIA

90
10 UNIDADES DE CONSERVAÇÃO OBTÊM DADOS RESULTADOS METODOLOGIA
91
INÉDITOS DE VISITAÇÃO COM ACESSO EM ࡿࡿ Instalação de placas nas trilhas e atrativos de
10 Unidades de Conservação, com dados inéditos
Com o objetivo de implantar o sistema em determi-
nadas áreas protegidas estaduais, servidores do Ins-
TEMPO REAL sobre o número de visitantes e os locais mais tituto do Ambiente do Rio de Janeiro (Inea) buscaram
Coordenação geral: Manuela Tambellini e Deise de Oliveira Delfino (Instituto Estadual do Ambiente do Rio frequentados. O Parque Estadual da Serra da Tiririca soluções nas experiências internacionais. Para os
de Janeiro (Inea). Coordenação executiva: Márcio Beranger, Geisy Leopoldo, Tercius Barradas e Felipe Queiroz registrou 98 mil visitantes entre novembro de 2016 servidores do Estado do Rio de Janeiro, um sistema
(Inea). Gestão dos recursos e gerenciamento: Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio). e junho de 2017, com média de 13 mil visitantes/ produzido na França, que utiliza placas equipadas
mês, picos aos sábados e segundas entre 08:00 com sensores piezoelétricos, foi a alternativa com a
e 11:00 / 20:00 e 23:00, com destaque para cultos melhor relação entre custo e benefício. As placas são
Números são informações valiosas para PERFIL religiosos no horário noturno. enterradas no lugar a ser monitorado, o que garante
gestão e nas áreas protegidas não é dife- a invisibilidade da tecnologia no ambiente, vedação
Unidades de Conservação Estaduais do Rio de Janeiro ࡿࡿ Monitoramento 24 horas permite identificar
rente. Conhecer o fluxo de visitantes, por contra as intempéries e certa segurança contra van-
atendidas: Área de Proteção Ambiental da Bacia do Rio fluxos de visitação até então não imaginados,
exemplo, abre um caminho de oportunida- dalismo. A autonomia da bateria é de 10 anos.
Macacu, Parque Estadual dos Três Picos, Parque Es- como a circulação noturna de grupos em trilhas na
des. No entanto, o contexto nacional ain-
tadual da Pedra Branca, Parque Estadual da Costa do Área de Proteção Ambiental Cachoeiras do Macacu. A aquisição e instalação das placas foi viabilizada
da está repleto de desafios com recursos
Sol, Parque Estadual do Desengano, Parque Estadual Nesse caso, diligências da Unidade de Policiamento por recursos de Compensação Ambiental via Insti-
e equipes insuficientes e uma demanda
Cunhambebe, Parque Estadual do Mendanha, Parque Ambiental (UPAm) foram até o local. tuto Estadual do Ambiente do Rio de Janeiro (Inea),
crescente da população por qualidade nos
Estadual da Pedra Selada, Parque Estadual da Serra da Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e
serviços públicos. “Nesta situação, com in- ࡿࡿ A partir da análise dos dados e da identificação
Tiririca, Parque Estadual da Ilha Grande. Instituto Terra de Preservação Ambiental (ITPA). A
tuito de coletar dados de maneira eficien- do público, a equipe gestora da unidade tem
instalação do equipamento ficou por conta do Inea
te, precisa, comparável entre as Unidades OBJETIVOS condições de desenvolver ações mais assertivas.
e da empresa Soluções Ambientais com Inovação
de Conservação (UCs) e em longo prazo, Equipes que possuem mais informação têm
Criar rede de monitoramento automático das UCs e Sustentabilidade (Sacis), parceira e distribuidora
buscamos nas experiências internacio- subsídios para investir em estratégias de
Estaduais do Rio de Janeiro, a partir da instalação de das placas no Brasil.
nais uma solução capaz de desonerar os fiscalização, no controle nos locais monitorados e
sensores automáticos de contagem de visitantes de
recursos humanos e agregar tecnologia à na otimização dos recursos. Toda a transmissão de dados é feita pelo aplicativo
longo prazo e com bom custo-benefício; aumentar a
visitação. Na prática são duas questões di- Eco-Visio no celular. A plataforma de análise padro-
eficiência de consulta aos dados; elaborar análises do ࡿࡿ Entre janeiro de 2016 e outubro de 2017,
retamente relacionadas ao alcance de me- nizada entre as UCs em português permite organizar
fluxo de visitantes de cada ponto monitorado; estimular com o auxílio da tecnologia foram registrados
lhores resultados, incluindo na aplicação análises e consultas. É possível acessar a plataforma
o fluxo de informações entre os gestores e parceiros, automaticamente 365.879 visitantes em 10 Unidades
de recursos e utilizando as informações ao mesmo tempo que as UCs e obter informações
com aumento das análises em conjunto; estimular o de- de Conservação estaduais do Rio de Janeiro, com
para orientar de forma precisa as ativida- sobre a sistemática adotada, compartilhar pontos de
senvolvimento científico sobre visitação; disponibilizar possibilidade de extração de dados referentes a
des em campo e de planejamento”, afirma contagem entre as UCs, inclusive criando uma conta
informações ao público em geral, incentivar o desen- dia e horário de maior visitação.
Manuela Tambellini, coordenadora da Ge- com todos os pontos monitorados.
volvimento de pesquisas científicas, assim como gerar
rência de Visitação, Negócios e Sustenta-
subsídios para prestadores de serviços e empreendedo-
bilidade do Instituto Estadual do Ambiente
res locais e regionais.
do Rio de Janeiro (Gevins/Inea).

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


MONITORAMENTO AUTOMÁTICO

92
Durante a prática, a análise dos dados das Unida-
des de Conservação do Estado do Rio de Janeiro foi
INSPIRE-SE! RESULTADOS SUBSIDIAM A CRIAÇÃO DE NOVA 93
feita pelas equipes do Inea e do Sacis. A gerência TRILHA E MOSTRAM VISITAÇÃO ACIMA DAS
do Inea, com base nos dados, definiu as estraté-
gias relativas à visitação. O órgão estadual também
ࡿࡿ O uso da tecnologia automatiza a
contagem dos visitantes, mas essa ainda é
EXPECTATIVAS
disponibilizou as informações, assim como abriu a a exceção no Brasil por conta do alto custo. Coordenação geral: Alexandre Lorenzetto (Soluções Ambientais com Inovação e Sustentabilidade - Sacis/
possibilidade de consulta a toda equipe. Novas tecnologias já estão em desenvolvi- Eco Contadores/Brasil). Coordenação executiva: Galiana da Silveira Lindoso (Soluções Ambientais com
mento. Enquanto isso, busque outras formas Inovação e Sustentabilidade - Sacis/Eco Contadores/Brasil). Gestão de recursos e gerenciamento: Galiana
No Estado do RJ, com a utilização dos sensores,
de obter essa informação. A contagem na da Silveira Lindoso (Soluções Ambientais com Inovação e Sustentabilidade - Sacis/Eco Contadores/Brasil);
após a coleta de dados pelo gestor, a informação Leandro Goulart e Jorge Luiz do Nascimento (Parque Nacional da Serra dos Órgãos/ Instituto Chico Mendes de
portaria segue como o método mais utiliza-
automaticamente fica disponível para a Gerência Conservação da Biodiversidade – ICMBio); Ivan Monteiro e Frederico Pimentel (Concessionária Rio Teresópolis
do, mas considere outras possibilidades.
de Visitação, Negócios e Sustentabilidade do Inea, - CRT/ Parque Nacional da Serra dos Órgãos).
por meio da plataforma online de análise de da- ࡿࡿ A contagem de visitantes pode ser feita
dos (Eco-Visio). É recomendada a leitura mensal dos por mais de 10 instrumentos divididos em Implementar ações de monitoramento do uso pú- PERFIL
equipamentos pela UC. quatro grupos, com os mais diversos custos:
blico em Unidades de Conservação (UCs) auxilia
contagem direta (controle de portaria, conta- Localizado na região serrana do Rio de Janeiro,
Após um ano do início das atividades, a empresa na readequação de trilhas e atrativos turísticos. A
dores automáticos, sistemas de agendamen- o Parque Nacional da Serra dos Órgãos abrange
parceira ministrou capacitação e curso de recicla- contagem de visitantes nas portarias, sem dúvida,
to); contagem indireta (dados de visitação os municípios de Petrópolis, Guapimirim, Magé
gem para guarda-parques e gestores (sem custo). revela dados valiosos aos gestores das unidades e à
obtidos por número de desembarques em e Teresópolis, é a terceira Unidade de Conser-
aeroportos, rodoviárias, portos, ocupação na sede do ICMBio, porém como o próprio nome já diz
vação mais antiga do Brasil e possui a maior
rede hoteleira); estimativa (dados obtidos ela fica restrita à entrada, não permitindo a valida-
rede de trilhas do país com mais de 200 Km.
PERÍODO por meio de estatísticas, amostras); autorre- ção dos principais atrativos, por exemplo. “Em rela-
Janeiro de 2016 a outubro de 2017. gistro (livro de visita, formulários, totens). ção às trilhas isso é essencial para conhecer a carga OBJETIVOS
turística e os potenciais impactos da visitação. Os
ࡿࡿ Gestores de Unidades de Conservação Monitorar e quantificar os visitantes que per-
dados são importantes para atrair investimentos,
PARCEIROS DO PROJETO federais devem escolher o método e validá- correm as trilhas do parque. Elaborar análises
elaborar parcerias com empresas para execução de
-lo com a Coordenação Geral de Uso Público do fluxo de visitantes de cada ponto monitora-
Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio); Insti- serviços turísticos, além de orientar estudos de via-
e Negócios, com apresentação da proposta do por: quantificação total, perfil diário, perfil
tuto Terra de Preservação Ambiental (ITPA); Soluções bilidade econômica para a delegação de serviços de
via Sistema Eletrônico de Informações (SEI). horário, horários de picos de visitação, sazona-
Ambientais com Inovação e Sustentabilidade (Sacis). Os números são importantes para a unidade apoio à visitação para a iniciativa privada”, afirma
lidade (meses/estações). Desenvolver projeto-
e a sede, por isso compartilhe, se possível, Alexandre Lorenzetto, biólogo e consultor da Solu-
Foto: Galiana Lindoso -piloto com contador automático de visitantes
mensalmente, as informações pelo SEI. ções Ambientais com Inovação e Sustentabilidade
(Eco-Contador) em trilhas.
(Sacis/Eco Contadores/Brasil).
ࡿࡿ Em 2017, 102 Unidades de Conservação Foto: Galiana Lindoso
(UCs) enviaram os dados ao ICMBio pelo SEI
e revelaram um recorde, 10,7 milhões de visi-
tantes. O número representa um marco e sig-
nifica que, desde 2012, o ICMBio mais do que
dobrou a performance do alcance de monito-
ramento da visitação, quando apenas 48 UCs
comunicavam o indicador à sede. Os dados
de 2017 comparados a 2016 - com 8,3 milhões
de visitantes em 71 UCs - trazem 20% como a
estimativa real de aumento. Os outros 10% se
referem ao aprimoramento metodológico.

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


RESULTADOS METODOLOGIA INSPIRE-SE!
94 ࡿࡿ Os dados obtidos surpreenderam a equipe Projetos relacionados com os Caminhos da Serra A tecnologia de eco-contadores consiste em pla-
95
gestora. Por exemplo, o porcentual de utilização da do Mar, o comprometimento com áreas naturais ca acústica com sensor (piezoelétrico) enterrada
Trilha Cartão Postal foi maior do que o esperado e as protegidas e a empatia com Parques de Montanha no solo que registra os visitantes pelas alterações ࡿࡿ Unidades que possuem trilhas inte-
gradas a outros projetos podem buscar
informações sobre a Travessia Cobiçado-Ventania, levaram a equipe técnica da Sacis, empresa repre- na pressão da placa. A precisão do equipamento
ampliar as parcerias por esse caminho.
mais distante da sede e com praticamente nenhum sentante da Eco Counter, no Brasil, a procurar o chega a 95%. Os dados são transmitidos via Glo-
Participe dos eventos promovidos por
controle de entrada, mostraram que, apesar de Parque Nacional da Serra dos Órgãos e oferecer bal System for Mobile Communications (GSM) o
iniciativas paralelas, mas que atingem a
recente, já conta com certo fluxo. uma parceria de monitoramento automático de vi- que permite que a administração da UC monitore
Unidade ainda que seja sobre um pequeno
sitantes. diariamente a trilha, com base em horário, direção
ࡿࡿ Na Trilha Cartão Postal, a partir dos dados território e conheça os atores envolvidos.
do fluxo, hora, data entre outras especificações. A Aproveite todas as oportunidades.
quantitativos, foi desenvolvido estudo do perfil As partes assinaram contrato primeiramente por
plataforma de análise oferece inúmeras possibili-
de visitantes, por alunas voluntárias do curso de três meses, renovados por mais três e assim su-
dades de consultas, comparações, análises e ela- ࡿࡿ Obter informações dos visitantes,
Turismo, do Instituto Federal de Educação, Ciência cessivamente, até o total de 20 meses ininterrup- sem dúvida, não é uma tarefa fácil para
boração de gráficos.
e Tecnologia de São Paulo. tos de monitoramento. Dois atrativos foram esco- equipes pequenas, mas pode ser interes-
lhidos, no período de 2014. O primeiro, a Travessia A empresa emprestou os equipamentos, efetuou sante trabalhar com amostras durante
ࡿࡿ Criação da Trilha 360 Graus, que liga as trilhas
Cobiçado-Ventania, onde não havia controle de o transporte/instalação e realizou o treinamento determinado período e avaliar as respos-
Cartão Postal e a Mozart Catão, estabelecendo
acesso de visitantes, apesar de autorizada a visi- para a equipe gestora com destaque para os re- tas. Por exemplo, conversar com visitan-
assim mais um importante atrativo com base no
tação. A instalação do monitoramento nesse local cursos de análise da plataforma online. Os custos tes que estão voltando da trilha, da ca-
conhecimento do fluxo de visitantes da primeira
está relacionada a primeira temporada de abertu- foram divididos entre a empresa Sacis (Brasil) e o choeira, enfim da experiência na unidade,
trilha, uma ação prática de gestão. O mirante da
ra dos Caminhos da Serra do Mar, o objetivo nesse fabricante Eco-Counter (França). O parque contri- permite levantar informações sobre os
trilha contou com financiamento da WWF.
caso foi avaliar se a utilização da trilha, que é de buiu com a logística de transporte interno do equi- motivos que contribuíram para a visita e
ࡿࡿ Os resultados do monitoramento apareceram longa distância, estaria aumentando, frente aos pamento e o acompanhamento da equipe de Uso descobrir qual atrativo surpreendeu.
como assunto de dois resumos publicados nos esforços de implementação e divulgação. O se- Público. ࡿࡿ Relacionar esses dados possibilita
Encontros Científicos do parque, em matéria na gundo ponto escolhido foi a Trilha Cartão Postal, criar uma base de dados e em certos casos
TV aberta e na comunicação do ICMBio. A prática que apesar de localizada dentro dos limites da repensar as estratégias utilizadas. Em
também contribuiu para a implementação das sede Teresópolis, ou seja, com controle, não se PERÍODO outras situações, as entrevistas ou formu-
metas institucionais em aliança ao Mapa Estratégico sabia ao certo qual era a taxa de visitantes que Trilha Cobiçado-Ventania: Maio a outubro de 2014 lários reforçam o posicionamento adotado
do ICMBio e a Relação de Indicadores Institucionais utilizavam este atrativo. pela gestão.
por Objetivo Estratégico. Trilha Cartão Postal: Outubro de 2014 a janeiro de
2016. ࡿࡿ Integrar trilhas, atrativos, criar circui-
tos enriquecem a experiência na unidade.
Para o visitante trata-se de um dia (ou
Foto: Galiana Lindoso Foto: Galiana Lindoso
PARCEIROS DO PROJETO mais) na unidade e, no conjunto, o acesso a
Equipe técnica da empresa Soluções Ambientais diferentes propostas, vale muito.
com Inovação e Sustentabilidade (Sacis/Eco Conta-
dores/Brasil).

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


TECNOLOGIA NACIONAL

UNIVERSIDADE DESENVOLVE SISTEMA DE RESULTADOS


96 97
CONTAGEM DE VISITANTE AO CUSTO DE R$ 135,00 ࡿࡿ Excelente custo/benefício das peças do
contador desenvolvido pelo Laboratório de
pela solução tecnológica, considerando: local da
instalação, coleta de dados, interface, análises
Coordenação geral: professor José Roberto Andrade (Unifeso). Coordenação executiva: professor Lucas de Projetos e Prototipagem do Centro de Ciências necessárias e futuras implementações.
Andrade (Unifeso). Gestão dos recursos e gerenciamento: Laboratório de Projetos e Prototipagem do Centro
e Tecnologia, do Centro Universitário Serra dos
de Ciências e Tecnologia do Centro Universitário Serra dos Órgãos (LPP-Unifeso). A equipe do Unifeso iniciou o planejamento e o
Órgãos (LPP-Unifeso) com valor inferior a R$
desenvolvimento do protótipo e do sistema com a
200,00.
aprovação do projeto em edital interno do Plano
Experiência é o que não falta à gestão do Parque INSPIRAÇÃO ࡿࡿ O equipamento realiza contagem de visitantes de Incentivo à Inovação e Tecnologia da Diretoria
Nacional da Serra dos Órgãos na tentativa de ob-
A iniciativa busca conciliar o conhecimento da visi- em ambos os sentidos e possui conectividade por de Pós-graduação, Pesquisa e Extensão, que con-
ter informações sobre a visitação. “Entre as ini-
tação com as técnicas de manejo e planejamento bluetooth, o que facilita a coleta de dados. tou com bolsas de apoio aos alunos de graduação
ciativas da equipe do parque que focaram nesta
difundidas nos cursos da Coordenação Geral de e técnicos de laboratório da Instituição.
tarefa estão a contagem manual nos centros de ࡿࡿ Possibilidade de identificar no aplicativo o
Uso Público e Negócios (CGEUP/ICMBio). local de instalação do contador em sobreposição Na sequência, a equipe do Unifeso elaborou o pla-
visitantes, a aplicação de formulários semiestru-
turados para acessar o perfil, análise dos dados às imagens de satélite (Google Earth). Essa nejamento do sistema e adquiriu os componentes
PERFIL
de bilheteria e mais recentemente, a instalação característica otimiza a gestão da operação. para a construção do protótipo, considerando a
Localizado na região serrana do Rio de Janeiro, importância do baixo custo e dos expressivos be-
de contadores automatizados nas trilhas”, revela ࡿࡿ Pelo baixo custo, a instalação em múltiplos
o Parque Nacional da Serra dos Órgãos abrange nefícios. Parte dos recursos para aquisição dos
Leonardo Martins Gomes, coordenador de Uso pontos da UC permite uma visão global da
os municípios de Petrópolis, Guapimirim, Magé e componentes que permitiram os estudos em bus-
Público da unidade e relator da prática. distribuição da visitação, o que otimiza os
Teresópolis e possui uma das maiores redes de ca do protótipo veio da gestão do parque.
Depois da experiência com os contadores cana- processos de gestão, o manejo do uso público e
trilhas do Brasil com mais de 200 Km. É a terceira
denses, que não resistiram ao clima úmido tro- torna o planejamento mais efetivo. As técnicas utilizadas e a gestão do projeto se-
Unidade de Conservação mais antiga do Brasil.
pical, a equipe gestora decidiu investir em ino- guiram os critérios e métodos da engenharia de
vação. “A equipe do parque buscou o apoio para OBJETIVOS software. Os testes seguiram os critérios pré-es-
METODOLOGIA tabelecidos, com uma sequência de testes em la-
o desenvolvimento de solução de baixo custo
Subsidiar a gestão da visitação com o desenvol-
que se adequasse ao contexto de variáveis cli- A equipe gestora do parque contatou pesquisado- boratório, antes do início dos testes em campo. O
vimento do contador de visitantes, por meio de
máticas e limitações financeira e administrativa res do Laboratório de Projetos e Prototipagem do contador foi desenvolvido com a utilização da Pla-
solução de baixo custo, considerando a diversi-
da UC. Um dos primeiros passos na construção Centro de Ciências e Tecnologia, do Centro Univer- taforma de Prototipagem Eletrônica Arduino, por
dade climática do Brasil; desenvolver sistema de
de um planejamento estratégico para o manejo sitário Serra dos Órgãos (LPP-Unifeso) e buscou conta do baixo custo e da facilidade na obtenção
gestão de dados com interface intuitiva facilitando
da visitação é conhecer como, quando, onde e sensibilizá-los a respeito do desafio da contagem de componentes. A validação final do protótipo
a operação do equipamento em escala, frente às
com que intensidade ocorrem as interações en- da visitação e a importância do desenvolvimento ocorreu em ambiente controlado, no Centro de Vi-
dimensões das áreas protegidas e da quantidade
tre visitantes e atrativos da UC”, revela o coorde- de um equipamento para essa tarefa. sitantes do Parque Nacional da Serra dos Órgãos.
de atrativos.
nador de Uso Público da UC. O alto custo dos sistemas comerciais de conta- No desenvolvimento do software para dispositivos
Foto: Acervo Unifeso
gem de visitação automatizados inviabiliza a im- móveis, os pesquisadores privilegiaram o sistema
plantação em larga escala nos espaços públicos. operacional Android e a plataforma Xamarin, o que
A equipe do parque chegou a adquirir, em 2015, permitirá a implementação futura em outros Sis-
o TRAFx, equipamento canadense constituído por temas Operacionais e Plataformas. A contagem de
três contadores e website, ao de custo R$ 15 mil. visitante ocorreu na trilha Mozart Catão do Parque
No entanto, o clima úmido da região levou a per- Nacional Serra dos Órgãos em Teresópolis-RJ.
da de dois contadores pela corrosão das placas Para o professor José Roberto da Unifeso, o projeto
eletrônicas após fortes chuvas. possibilitou incentivar os estudantes da graduação
Entrevistas entre os pesquisadores responsáveis sobre o uso da pesquisa na busca por soluções de
pelo planejamento e construção do protótipo e ordem prática de gestão.
gestores marcaram a fase de levantamento das Na segunda etapa, em 2018, pesquisadores estão
demandas e dos requisitos a serem atendidos analisando as melhores opções para o fornecimen-

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


PLURIPARTICIPAÇÃO

98
to de energia com o uso de pilhas e/ou baterias e
desenvolvendo circuito próprio para a transição da
INSPIRE-SE! GESTÃO RECUPERA PRAIAS PROTEGIDAS DE 99
fase de protótipo à solução comercial. EMPREENDIMENTOS PRIVADOS IRREGULARES
ࡿࡿ Sistemas automáticos de contagem ain- Coordenação geral: Francisco Livino (ICMBio). Coordenação executiva, gestão dos recursos e gerenciamento:
da precisam de expressivos investimentos, Thiago Rabello (ICMBio).
PERÍODO mas é possível levantar os números da visita-
Fevereiro a novembro de 2017. ção de outras formas. O Roteiro Metodológico A apropriação irregular de áreas públicas ainda PERFIL
para Manejo dos Impactos de Visitação, por
é realidade em muitas Unidades de Conserva-
exemplo, do ICMBio, conta com informações Localizado entre os Estados do Rio de Janeiro e São
ção. No Parque Nacional da Serra da Bocaina
PARCEIROS DO PROJETO práticas para começar o seu planejamento. Paulo, o Parque Nacional da Serra da Bocaina protege
até pouco tempo, empreendimentos irregula-
http://bit.ly/roteirovisitacaoICMBio áreas contínuas de Mata Atlântica, desde altitudes su-
Centro Universitário da Serra dos Órgãos (Unifeso) e res dominavam a paisagem da praia com in-
Parque Nacional da Serra dos Órgãos/ICMBio. periores a 2.000 metros até praias, costões rochosos
ࡿࡿ Consulte as publicações da International tensa visitação desordenada. “A Praia do Meio
e uma baía (Caixa d’Aço). Os mais de 100 mil hectares
Union for Conservation of Nature (IUCN) que estava integralmente sob domínio privado de
trazem conhecimento e ferramentas sobre abrangem Paraty e Angra dos Reis, no Estado do Rio
proprietários de bares e de estacionamentos,
gestão das áreas protegidas. www.iucn.org/ de Janeiro e São José do Barreiro, Ubatuba, Cunha e
que promoviam visitação extremamente degra-
http://bit.ly/IUCNbest-practice-guidelines Areias, no Estado de São Paulo. A unidade é reconhe-
dante e incompatível com os objetivos da Uni-
cida como Reserva Mundial da Biosfera, pela Organi-
ࡿࡿ Inovações que buscam solucionar de- dade de Conservação (UC)”, esclarece Francisco
zação das Nações Unidas para a Educação, a Ciência
mandas nacionais têm grande potencial de Livino, gestor da unidade de 2008 a 2017.
e a Cultura (Unesco), desde 1992 e compreende a área
mobilizar parceiros. Antes de qualquer ação, A remoção desses empreendimentos era o núcleo da proposta da candidatura de Paraty a Patri-
avalie se aquela potencial alternativa seria
primeiro passo para recuperar as áreas, a mônio Mundial, na categoria de Sítio Misto.
do interesse das demais UCs e contate a área
biodiversidade, ordenar, formalizar e qualifi-
responsável do ICMBio assim a demanda
car o uso público. “Trata-se, na verdade, de OBJETIVOS
ganha ainda mais força.
uma prática que engloba uma grande gama Resgatar ao domínio público as áreas ocupadas
de procedimentos, indo desde a mediação de irregularmente, visando consolidar a Unidade de
conflitos, fiscalização até o planejamento da Conservação, qualificar a atividade turística e com-
UC, com a materialização de seu uso público partilhar responsabilidades e benefícios com a
e a regularização fundiária”, completa Livino. comunidade local.
Foto: Acervo ICMBio

PERFIL

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


RESULTADOS INSPIRE-SE!
100 ࡿࡿ A Praia do Meio está praticamente desocupada, A revisão do Plano de Manejo, na Área Estratégica ainda com o apoio logístico do Inea, da Prefeitura
101
restam poucos estabelecimentos, embargados Interna da Trindade (AEI), também foi feita nesse Municipal de Paraty e das instituições locais Abat
desde 2012, à espera da decisão judicial que período com ampla participação dos atores locais, e Amot. ࡿࡿ Parcerias com outras instituições públi-
cas e organizações locais são fundamentais
autoriza a total demolição. por meio da formalização de um Grupo de Traba-
para legitimar as iniciativas da equipe gesto-
lho no âmbito do Conselho Consultivo da unidade.
ࡿࡿ O trabalho realizado (e ainda em curso) permitiu PERÍODO ra da Unidade de Conservação, em especial
avanços nos processos de Visitação, Regularização Paralelamente, os projetos de arquitetura para as no enfrentamento de situações que envol-
Fevereiro de 2009 – em andamento.
Fundiária, Proteção e Gestão Socioambiental. edificações gerenciais e de recepção de visitantes vem complexos conflitos sociais.
foram elaborados contando com recursos da Or-
ࡿࡿ A comunidade local e os visitantes já ࡿࡿ Medidas impopulares devem ser toma-
ganização da Sociedade Civil de Interesse Público
reconhecem como Parque Nacional as respectivas PARCEIROS DO PROJETO das com amplo processo de esclarecimento
(Oscip) Econsenso, parceira do Parque Nacional da
áreas de visitação, demonstram interesse pela público, mantendo, acima de tudo, coerência
Serra da Bocaina desde 2006. Advocacia-Geral da União (AGU); Ministério Públi-
unidade e cobram a consolidação das estruturas e e isonomia. O planejamento de longo prazo é
co Federal (MPF); Econsenso; Fundação SOS Mata
dos serviços públicos. De maneira simultânea, o ICMBio e os atores da um importante aliado.
Atlântica; Instituto Semeia; Associação de Morado-
comunidade local construíram as bases para a
res da Trindade (Amot); Associação de Barqueiros e ࡿࡿ A arquitetura vai além da mera estru-
formalização da travessia de barco operada pela turação, construindo linguagem institucio-
METODOLOGIA Pequenos Pescadores de Trindade (Abat); Instituto
Abat, como atividade de Turismo de Base Comuni- nal com importante papel na interpreta-
Estadual do Ambiente do Rio de Janeiro; Polícia Fe-
Quatro reuniões, no total de 17 horas, entre a equi- tária (TBC). Em 2014, dois eventos-teste colocaram ção ambiental, deve absorver os aspectos
deral; Polícia Rodoviária Federal; Prefeitura Muni-
pe gestora do parque e a Associação de Moradores em prática medidas de controle na piscina natural paisagísticos e culturais da área protegida na
cipal de Paraty; Secretaria de Patrimônio da União
da Trindade (Amot) foram o ponto de partida para Caixa d´Aço, tais como a materialização do número
(SPU). concepção.
o resgate das praias do Parque Nacional da Serra máximo de pessoas no atrativo ao mesmo tempo,
ࡿࡿ Eventos-teste são excelentes formas
da Bocaina, que há anos tinham uso privado. estabelecido pela metodologia do Número Baliza-
Foto: Acervo ICMBio de amadurecer as bases de normativas de
dor da Visitação (NBV) - resultado de capacitação
Após o ordenamento inicial, a gestão do parque funcionamento de atividades, permitem an-
promovida pela Coordenação Geral de Uso Público
trabalhou na formatação das estratégias para a re- tecipar potencialidades, entraves e soluções,
e Negócios (CGEUP/ICMBio). As medidas visam re- antes da formalização. Confira a notícia sobre
tirada dos estabelecimentos comerciais irregula-
duzir os impactos da visitação, recuperar a qua- a ação: http://bit.ly/ICMBio_eventoteste. No
res com o apoio de outras esferas do Poder Púbico,
lidade ambiental da área e compatibilizar a via- site da Fundação SOS Mata Atlântica, parceira
em especial a Advocacia-Geral da União (AGU), o
bilidade econômica das atividades desenvolvidas do projeto, é possível conferir a comunicação
Ministério Público Federal (MPF) e a Secretaria de
pelos comunitários. desenvolvida: http://bit.ly/comunicacao_
Patrimônio da União (SPU).
evento_teste.
Atualmente, os estudos sobre o edital de conces-
A primeira ação em campo foi realizada durante o
são de serviços de apoio à visitação estão em fase
Carnaval de 2009. Longas negociações marcaram o
de conclusão (incluindo a viabilidade econômica)
processo que resultou na retirada dos empreen-
e devem resultar na definitiva consolidação turís-
dimentos privados irregulares da Praia do Meio. O Foto: Acervo ICMBio
tica e gerencial do Parque Nacional, ao menos nos
ápice, em dezembro de 2012, contou com o apoio
principais acessos turísticos. Em paralelo, a equi-
do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), da Polícia
pe revela avanços no lançamento de um edital de
Federal e da Polícia Rodoviária Federal.
Termo de Parceria para Gestão Compartilhada que
Até o primeiro semestre de 2015, as operações de tem como objetivo ampliar a capacidade gerencial
ordenamento turístico, monitoramento e controle da UC, através de recursos extragovernamentais.
de atividades irregulares foram ininterruptas em
Todos os recursos utilizados na presente práti-
todos os feriados prolongados. Após essa fase críti-
ca vieram da parceria entre o ICMBio com a OS-
ca, a equipe do parque tem realizado operações em
CIP Econsenso, além de aportes da Fundação SOS
períodos estratégicos, mantendo a integridade da
Mata Atlântica e da Associação Cairuçu, contando
área protegida.

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


GESTÃO PARTICIPATIVA

NOVOS ESPAÇOS DE DISCUSSÃO ATRAEM MAIS INSPIRE-SE! METODOLOGIA


102 103
DE 400 CONDUTORES A equipe gestora do parque e a Associação de Con-
dutores de Turismo de Fernando de Noronha (Acitur)
ࡿࡿ Gestão participativa e Conselho não são
Coordenação geral: Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha/ICMBio. Coordenação executiva: Parque construíram uma agenda permanente de reuniões
sinônimos, esse é apenas um ponto de parti-
Nacional Marinho de Fernando de Noronha/ICMBio; Associação de Condutores de Turismo de Fernando de bimestrais, como forma de aproximar da gestão os
da. Valorize o conhecimento e a experiência
Noronha (Acitur). Gestão dos recursos e gerenciamento: Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha/ cerca de 410 condutores autorizados pelo parque.
de atores locais que veem a visitação, por
ICMBio.
exemplo, de outra perspectiva. Desenvolva As reuniões têm contribuído de maneira efetiva para o
uma agenda em conjunto. melhor ordenamento do uso público na unidade e já
A atuação integrada dos Conselhos do Parque Nacional Mari- PERFIL possibilitaram avanços em alguns gargalos da gestão,
nho de Fernando de Noronha e da Área de Proteção Ambiental ࡿࡿ Reuniões entre diferentes atores sociais
Localizada no Oceano Atlântico, a costumam ser polêmicas e os ânimos as em especial relativos às regras de visitação no comple-
não tem sido suficiente para abordar a diversidade de questões
360 quilômetros do continente, a vezes se exaltam, mas o diálogo é o único xo do Sancho e para agendamento dos atrativos com
que envolvem as Unidades de Conservação (UCs). Desde 2016,
unidade abrange 70% do Arquipéla- caminho, siga em frente. vagas limitadas. As regras e normas de conduta que de-
os conselheiros das duas unidades trabalham em conjunto no
go de Fernando de Noronha. O Par- vem orientar os condutores na venda de seus serviços
Núcleo de Gestão Integrada de Fernando de Noronha - instituído ࡿࡿ A capacitação dos atores sociais sempre
que Nacional Marinho de Fernando na praia do Sueste também já foram alinhadas.
por portaria em 2017. “Dessa forma, assuntos voltados ao orde- influencia de maneira positiva na gestão de
de Noronha é reconhecido como Esse novo espaço tem sido palco de debates fortes,
namento do uso público do parque e das demandas dos con- unidades. Fique atento a parcerias que po-
Patrimônio Mundial da Humanida-
dutores de visitantes tinham dificuldade para entrar na pauta dem agregar conhecimentos às associações característica das discussões em busca do deno-
de, desde 2001 pela Unesco. de classe, de agroextrativistas, de jovens. minador comum. A equipe gestora sinaliza que já é
frente às outras demandas no âmbito do conselho”, revela Felipe
Cruz Mendonça, gestor do Parque Nacional Marinho de Fernando possível verificar aumento na relação de confiança
OBJETIVOS ࡿࡿ Grupos de mensagem eletrônica para
de Noronha. entre gestores e condutores.
que funcionem precisam do comprometi-
Mais diálogo entre a equipe gesto-
A dinâmica entre a equipe do parque e os condutores tinha como mento de todos os envolvidos com o envio Durante as reuniões, os atores sociais decidiram
ra do Parque Nacional Marinho de
característica consultas pontuais sobre regras de ordenamento exclusivo de mensagens relacionadas à cau- criar um grupo no aplicativo de mensagens instan-
Fernando de Noronha e os condu-
sa. Diante de mensagens relativas a outros tâneas (Whatsapp), como canal direto para troca de
da visitação, emissão das autorizações de condução e formação tores. Estabelecimento de um novo assuntos converse e defenda essa que é uma informações e esclarecimentos constantemente en-
continuada. “Mas havia a demanda para estabelecer uma agen- fórum permanente de contribuição conquista de todos. tre condutores e servidores do ICMBio.
da de discussão mais próxima com os condutores de visitantes - da sociedade local na gestão do
temos um contrato de autorização assinado com cada um. Outro Parque Nacional Marinho fortale- A parceria com a equipe gestora do parque e li-
ponto se referia a ampliar o envolvimento da sociedade local cendo assim a relação de confiança deranças da Acitur se fortaleceu e segue nesse
na tomada de decisões relativas à gestão”, completa Mendonça. entre condutores e ICMBio. caminho. A associação passa por um processo de
RESULTADOS
planejamento e profissionalização, o que também
ࡿࡿ Construção coletiva de regras e normas de contribui no amadurecimento dos condutores e na
Foto: Lucas de Godoy Chicarelli Foto: Marcel Favery
ordenamento relativas à conduta dos condutores na interlocução com o ICMBio. As reuniões não gera-
venda de seus serviços na praia do Sueste, visitação ram custo específico, já que o território insular faci-
no complexo do Sancho e para agendamento dos lita a mobilização e os deslocamentos.
atrativos com vagas limitadas.
Diante do envio de mensagens relativas a outros
ࡿࡿ Maior confiança entre gestores e condutores em assuntos converse e defenda essa que é uma con-
prol do melhor para a visitação da unidade. quista de todos.
ࡿࡿ A proximidade com os condutores que estão
diariamente no parque, que como poucos PERÍODO
compreendem a dinâmica de visitação, vem
Fevereiro de 2017 – em andamento.
contribuindo com o próprio ICMBio.

ࡿࡿ Criação de grupos em aplicativos de mensagens


PARCEIROS DO PROJETO
instantâneas (WhatsApp) mantém canal aberto
Associação de Condutores de Turismo de Fernando
entre gestores e condutores.
de Noronha (Acitur).
BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
GRUPO DE TRABALHO
Foto: Priscila Franco Steier

104
PUBLICAÇÃO SISTEMATIZA TURISMO DE BASE 105
COMUNITÁRIA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
Coordenação geral: Coordenação Geral de Uso Público e Negócios (CGEUP/DIMAN/ICMBio), Coordenação
Geral de Populações Tradicionais (CGPT/DISAT/ICMBio) e Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da
Sociobiodiversidade Associada a Povos e Comunidades Tradicionais (CNPT/DISAT/ICMBio). Coordenação
executiva: Grupo de Trabalho do Turismo de Base Comunitária (GT-TBC), coordenado pela Coordenação
Geral de Uso Público e Negócios (CGEUP/DIMAN/ICMBio): Carolina Mattosinho de Carvalho Alvite – ICMBio,
Denise Arantes de Carvalho Manso – ICMBio, Ivan Machado de Vasconcelos – ICMBio, Josângela da Silva
Jesus – ICMBio, Juciara Elise Pelles – ICMBio, Lílian Lindoso – ICMBio, Marcelo Derzi Vidal – ICMBio, Marília
Falcone Guerra – ICMBio, Mateus Sônego – ICMBio, Neuza Maria Gonçalves Pereira – ICMBio, Rafael Pereira
Pinto – ICMBio, Thiago do Val Simardi Beraldo Souza – ICMBio (coordenador do GT), Ana Cristina Alves
Penante - Associação de Moradores da Resex Soure, Conceição Fonseca Pantoja - Associação Comunitária
Jamaraguá (ASMORJA) / Flona do Tapajós, Maria José Nunes da Silva - Associação de Moradores do Rio
Unini / Resex de Unini.

Durante o I Seminário de Ecoturismo de INSPIRAÇÃO


Base Comunitária em Reservas Extrativis-
Seminário de Ecoturismo de Base Comunitária em
tas, realizado em São Luís/MA, em 2011,
Reservas Extrativistas, em São Luís/MA, organizado
uma dupla solicitação começava a ser
pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da
respondida. “Iniciamos naquele evento
Sociobiodiversidade Associada a Povos e Comunida-
o desenvolvimento dos princípios e das
des Tradicionais (CNPT) com apoio da Coordenação
diretrizes do Turismo de Base Comuni-
Geral de Uso Público e Negócios (CGEUP/ICMBio) e da
tária, buscamos suprir dessa forma uma
Coordenação Geral de Populações Tradicionais (CGPT/
demanda que crescia e atualmente o de- RESULTADOS METODOLOGIA
ICMBio).
safio é colocar todo esse resultado em ࡿࡿ Desenvolvimento do caderno Turismo de Base No final de 2011, o Centro Nacional de Pesquisa e
prática”, afirma Marília Falcone Guerra, PERFIL Comunitária em Unidades de Conservação federais: Conservação da Sociobiodiversidade Associada a
integrante da Coordenação Geral de Po- princípios e diretrizes, a primeira publicação que Povos e Comunidades Tradicionais (CNPT/DIBIO/
O Turismo de Base Comunitária em Unidades de
pulações Tradicionais, do Instituto Chico sistematiza esse trabalho como instrumento de ICMBio) e a Coordenação Geral de Uso Público e
Conservação federais já é desenvolvido nas Reservas
Mendes de Conservação da Biodiversida- gestão. O documento traz o conceito de Turismo Negócios (CGEUP/DIMAN/ICMBio) realizaram o I Se-
Extrativistas - Marinha de Soure, Prainha do Canto Ver-
de (CGPT/ICMBio). O cenário consistia no de Base Comunitária a ser adotado no âmbito minário de Ecoturismo de Base Comunitária em Re-
de e Chico Mendes - nas Florestas Nacionais - Tapajós
interesse dos povos e das comunidades do ICMBio, além dos princípios e diretrizes que servas Extrativistas. O intuito do ICMBio foi discutir
e Purus - em Parques Nacionais, como Jaú e Chapada
residentes no interior e entorno das UCs visam nortear a implementação do TBC como durante o evento, de maneira coletiva, as diretrizes
Diamantina.
federais por uma efetiva participação nas atividade complementar as já desenvolvidas que norteariam o desenvolvimento do turismo com
ações de visitação realizadas ou previs-
OBJETIVOS pelas comunidades, com potencial de promover a a efetiva participação das comunidades, nas Unida-
tas nas áreas protegidas. Paralelamente, valorização cultural e a geração de renda. des de Conservação.
gestores do ICMBio visualizavam no en- Estabelecer um marco referencial para o Turismo de
volvimento desses atores um importante Base Comunitária nas Unidades de Conservação federais, ࡿࡿ Ampliação do conhecimento sobre a importância Durante o evento, a necessidade de aprofundar o de-
caminho capaz de diversificar os progra- direcionado principalmente aos gestores, como forma de do protagonismo comunitário em todas as etapas bate sobre os princípios, diretrizes e possíveis me-
mas de visitação, agregar valor à experi- orientar e implantar a atividade, com base nos princípios que compreendem a concepção, desenvolvimento todologias para o TBC em Unidades de Conservação
ência dos visitantes, incrementar a renda e diretrizes compatíveis com a conservação da biodiversi- e monitoramento do TBC. federais levou à criação de um Grupo de Trabalho, a
desses moradores e aproximá-los positi- dade, a salvaguarda da história, a cultura das comunida- partir da articulação de servidores do ICMBio inte-
ࡿࡿ Mais conhecimento do potencial que representa
vamente da gestão das Unidades de Con- des locais e com o protagonismo comunitário. ressados na temática e de representantes de povos e
a interface entre comunidades tradicionais e as
servação (UCs). comunidades que vivem nas áreas protegidas.
questões de conservação ambiental.

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


COMUNICAÇÃO

106
Em 2013, os membros do Grupo de Trabalho par-
ticiparam do III Congresso de Natureza, Turismo e
INSPIRE-SE! ESTRATÉGIA REFORÇA O CONCEITO DA TRILHA 107
Sustentabilidade (Conatus). A primeira versão do TRANSCARIOCA E GARANTE VISIBILIDADE
caderno Turismo de Base Comunitária em Unidades
de Conservação: princípios e diretrizes foi elabora-
ࡿࡿ O caderno Turismo de Base Comunitária:
princípios e diretrizes traz os princípios e as
EXTRA À INICIATIVA
da no mesmo ano. diretrizes para o desenvolvimento da ativi- Coordenação geral: Adriano Melo (Conservação Internacional - CI-Brasil). Coordenação executiva: Adriano
dade, além do conceito de TBC a ser adotado Melo, Bruno Coutinho, Fernando Ribeiro, Maurício Bianco, Priscila Steffen e Alan Camargo (Conservação
Em 2016, o GT passou a contar com nova composi- Internacional – CI Brasil); Paula Rascão e Marcos Ferreira (E-Trilhas). Gestão de recursos e gerenciamento:
no âmbito do ICMBio. As diretrizes para o
ção que deu sequência ao trabalho com a revisão e Conservação Internacional.
TBC estão divididas em três blocos: diretri-
conclusão do caderno Turismo de Base Comunitária.
zes para a participação social e organização
Atores sociais que estudam a temática também cola-
comunitária, diretrizes para a qualificação da De 2012 a 2017, o Mosaico Carioca de INSPIRAÇÃO
boraram na elaboração do documento, por meio de
experiência e diretrizes para gestão da UC. Áreas Protegidas conectou seis Unidades
reuniões presenciais ou ainda conferências online. Confira: http://bit.ly/cadernoTBC O livro Transcarioca - todos os passos de um sonho, de Pe-
de Conservação do Rio de Janeiro, entre
dro da Cunha e Menezes, Sextante Artes (2000) foi o ponto
Os recursos para as reuniões presenciais e a partici- a Barra de Guaratiba e o Morro da Urca,
ࡿࡿ Quando o assunto é Turismo de Base de partida do projeto que teve como inspiração trilhas de
pação nos seminários vieram do Projeto Pnud-BRA formando a Transcarioca, oficialmente
Comunitária (TBC) não há fórmula pronta, longo percurso, como Appalachian Trail (Estados Unidos),
08/023, com a complementação de recursos orça- mas conhecer as experiências já desenvol- a maior trilha urbana da América
Huella Andina (Argentina), Hoerikwaggo Trail (África do Sul)
mentários. O documento foi lançado no Seminário vidas nas Unidades de Conservação sempre Latina com 180 km de amplo corredor
e Te Araroa Trail (Nova Zelândia).
Brasileiro sobre Áreas Protegidas e Inclusão Social agrega conhecimento. Contate os gestores e ecológico. A fase seguinte buscou
(Sapis), em outubro de 2017. esclareça suas dúvidas. estimular a colaboração de uma série de
PERFIL
atores sociais, empresas e instituições
Com esta etapa concluída, o próximo desafio do GT- ࡿࡿ O TBC não deve ficar restrito entre a Inaugurada com 180 km e 90% de sinalização, a Trilha
diante de mais essa conquista e para
-TBC em andamento é construir um Caderno de Ex- equipe de gestão e a comunidade, envolva Transcarioca integra o planejamento e a gestão de seis
isso foi preciso focar em uma área que
periências. O documento apresentará metodologias os parceiros, contate institutos, centros de Unidades de Conservação (UCs): Parque Nacional da Tijuca;
articula mais do que informação, a do
para o alcance dos princípios e diretrizes almejados pesquisa e inicie um projeto participativo,
conhecimento. “Fortalecer a estratégia de Parque Estadual da Pedra Branca e na esfera municipal,
e será pautado em experiências práticas considera- respeitando o protagonismo comunitário na
comunicação era realmente necessário Parque Natural da Catacumba; Parque Natural Paisagem
das fontes significativas de aprendizado e com po- tomada de decisões.
para dar identidade e mais unidade à Carioca; Parque Natural de Grumari e ainda o Monumento
tencial de replicação em outros cenários, a partir de
ࡿࡿ O contexto do Turismo de Base Comu- trilha e ao movimento social associado Natural dos Morros do Pão de Açúcar e da Urca.
adequações, por conta de cada realidade. nitária é a Unidade de Conservação, busque ao mesmo. Acreditamos que é preciso
criar roteiros que agreguem as diferentes OBJETIVOS
não apenas apoiar a iniciativa com o
dimensões indissociáveis do território: natu-
PERÍODO rais, sociais e histórico-culturais. Integração
desenvolvimento de peças e produtos Promover a Trilha Transcarioca como ferramenta de con-
de divulgação, mas também fazer parte servação e estímulo ao cuidado, à inovação e à colabora-
Dezembro de 2011 a outubro de 2017. aqui é a palavra-chave.
dela, participar ativamente”, pontua ção nas Unidades de Conservação e entorno. Divulgar e
Adriano Melo, coordenador de Projetos engajar comunidades, instituições, voluntários, visitantes,
PARCEIROS DO PROJETO da Conservação Internacional do Brasil por meio do turismo ecológico na trilha.
(CI-Brasil).
Representantes de povos e comunidades tradicionais. Foto: Marcello Cavalcanti

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


RESULTADOS METODOLOGIA
108 109
O fortalecimento da comunicação da Trilha Trans- O planejamento da Trilha Transcarioca teve início turistas, além de instituições atentas às oportunida- INSPIRE-SE!
carioca contribuiu para institucionalizar a iniciativa em 2012 como grande projeto do Mosaico Carioca des de geração de renda para a comunidade, nesse
como ferramenta de conservação que já inspira ex- de Áreas Protegidas, iniciativa que integra o pla- contexto a comunicação ganhou espaço e hoje é um
periências na Bolívia e no México. nejamento e a gestão de seis Unidades de Conser- dos focos do Mosaico Carioca de Áreas Protegidas. ࡿࡿ Investir no levantamento de dados para
vação (UCs) do Rio de Janeiro, sendo uma federal, a comunicação beneficia todas as outras
Com a Trilha Transcarioca as áreas naturais prote- Empresas adotantes dos trechos, organizações da
uma estadual e quatro municipais. Em 2017, a trilha áreas. Articular o conhecimento reunido com
gidas da cidade tornam-se ainda mais estratégicas sociedade civil, voluntários e comunidades do en-
foi inaugurada com 180 km e 90% de sinalização.
torno desenvolveram planejamento para compilar as experiências e os desafios fortalece o pro-
para o desenvolvimento em bases sustentáveis no
São 25 trechos e 20 grupos de voluntários, entre jeto e dessa forma reforça a importância das
Rio de Janeiro, com potencial para gerar oportuni- e analisar as informações. Mapas e shapefiles (ar-
clubes de montanhistas, pequenas empresas, pes- outras frentes.
dades de negócios, trabalho e renda, especialmente quivo que armazena dados geoespaciais em vetor)
soas e ONGs que sinalizam e realizam o manejo da
às comunidades mais próximas do percurso. estão entre as ferramentas utilizadas. Essa base de ࡿࡿ Desenvolver aplicativos com parceiros
área, a partir de atividades colaborativas.
dados permitiu o desenvolvimento de uma série também é uma forma de estimular a visi-
As informações do aplicativo móvel e do guia de
A gestão da trilha conta com uma Comissão Provisó- de peças e produtos de comunicação e possibili- tação, mas antes de chegar nessa fase vale
bolso contribuem para a visibilidade nacional e
ria de Coordenação do Movimento Trilha Transcarioca, tou à própria gestão do Mosaico ampliar o conhe- a pena dar um passo para trás e recorrer à
internacional do corredor ecológico, atraindo visi-
que possui uma Coordenação Geral e nove coordena- cimento sobre a área. comunicação. Fotos da unidade, informações
tantes. da fauna e da flora, percursos, grau de difi-
ções temáticas, como Segurança, Comunicação Social,
A Conservação Internacional (CI-Brasil) investiu na culdade, atrativos com filtro são elementos
O minidocumentário sobre a Trilha Transcarioca ins- Empreendedorismo e Parcerias, Organização dos Vo-
elaboração do guia de bolso impresso, site, mini- com potencial de despertar o interesse e que
crito em uma série de festivais nacionais e interna- luntários, Manejo e Sinalização, Material Promocional,
documentário, além das ações de marketing digi- tornam a visita mais informativa. Aplicativos
cionais é outra ferramenta de comunicação capaz Governança, Parque Estadual da Pedra Branca e Ar-
de apresentar essa conquista da cidade do Rio de
tal. A empresa utilizou a Lei de Incentivo à Cultura infantis com dados reais de uma aventura na
ticulação Institucional. Este ano, todavia, foi criada a
do Município do Rio de Janeiro e contou com a par- unidade também podem levar toda a família
Janeiro para o mundo. Festivais de Portugal, Índia, Associação Movimento Trilha Transcarioca (AMTT).
ceria da coordenação do Movimento Trilha Trans- para uma visita.
Alaska, Letônia, Rússia, Bósnia, Herzegovina e Rio de
O movimento tem amadurecido e atraído diversos carioca e do Mosaico Carioca.
Janeiro já aprovaram a exibição do documentário. ࡿࡿ O aplicativo da Trilha Transcarioca con-
públicos, como apoiadores, moradores, voluntários e
Confira http://bit.ly/trilhatranscarioca Também fez parte da estratégia o desenvolvimen- ta com o recurso colaborativo Guardião atra-
to de aplicativo móvel pela Millennium Innova- vés dele o usuário pode enviar alertas aos
tion Lab, iniciativa da Conservação Internacional. adotantes do trecho e às equipes das UCs
Foto: Marcello Cavalcanti
A ferramenta oficial reúne os principais atrativos sobre a experiência e ainda relatar algum
da trilha, os 25 trechos, Unidades de Conservação, problema incluindo foto, data e descrição
da ocorrência. Servidores e colaboradores
horário de visitação, distância, grau de dificuldade
conseguem responder às mensagens pelo
entre os trechos, incluindo espécies da fauna e da
sistema e assim criam colaboração através
flora encontradas na região.
da Ciência Cidadã.
Um dos diferenciais do App da TT é o recurso de
gameficação, o usuário pode ganhar medalhas na
medida que supera alguns desafios, como percor-
rer trechos mais longos, subir os pontos mais altos
da trilha, completar 50%, 75% e 100% da trilha -
tudo compartilhável via redes sociais.

PERÍODO PARCEIROS DO PROJETO


Planejamento e execução da Trilha Transcarioca: Mosaico Carioca de Áreas Protegidas; Movimento
2012 – 2017 (abertura oficial). Trilha Transcarioca; Coordenação geral de Uso Pú-
Comunicação: Fevereiro de 2017 – em andamento. blico e Negócios (CGUP/ICMBio).

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


ARTICULAÇÃO

ECOTRILHA FORTALECE A GESTÃO INTEGRADA


110 111
ENTRE UNIDADES, DIÁLOGO COM O DER E O
ENGAJAMENTO DA SOCIEDADE
Coordenação geral: Coordenação Geral de Uso Público e Negócios (CGEUP/ICMBio). Coordenação executiva:
Parque Nacional de Brasília/ICMBio; Área de Proteção Ambiental do Planalto Central/ICMBio; Floresta
Nacional de Brasília/ICMBio. Gestão dos recursos e gerenciamento: Parque Nacional de Brasília/ICMBio; Área
de Proteção Ambiental do Planalto Central/ICMBio.

A reforma da estrada no entorno do Parque Na- INSPIRAÇÃO


cional de Brasília, com potencial aumento da ve-
Participação de servidores do Parque Nacional
locidade dos motoristas, preocupou a gestão da
de Brasília e da Área de Proteção Ambiental do
unidade, localizada, inclusive, próxima a outras
Planalto Central em cursos de capacitação pro-
quatro áreas protegidas federais que também se-
movidos pela Coordenação Geral de Uso Público
riam afetadas, mas até então a integração entre
e Negócios (CGEUP/ICMBio), como a oficina de
elas era inexplorada. “A área I do Parque Nacio-
Planejamento e Manejo de Trilhas no Parque
nal de Brasília, criada em 1961, com aproximada-
Nacional da Chapada dos Veadeiros e o curso de
mente 30 mil hectares, é cercada em toda a sua Foto: Pedro Helder Pinheiro
Implementação e Manejo de Trilhas para moun-
extensão, sendo limitada também por rodovias,
tain bike na Floresta Nacional de Brasília.
em sua maior parte, pela DF-001. O parque sofre RESULTADOS METODOLOGIA
muitas ameaças e pressões externas, devido à PERFIL ࡿࡿ Inaugurada a Trilha União Parque Nacional de O contato entre a gestão do Parque Nacional de
proximidade com o ambiente urbano, o que en-
Parque Nacional de Brasília; Reserva Biológica da Brasília com 45 km que liga o circuito da Floresta Brasília e o Departamento de Estradas de Roda-
volve despejo irregular de lixo e entulho, incên-
Contagem; Floresta Nacional de Brasília; Área de Nacional de Brasília (44 Km) e o da Serrinha do Paranoá gem do Distrito Federal (DER/DF), por conta da
dios florestais, invasões de terras, caça, pesca e
Proteção Ambiental do Planalto Central e Área de (cerca de 47 km), localizado na Área de Proteção reforma de um trecho da rodovia DF-001, no limi-
outros usos irregulares”, afirma Daniela Costa de
Proteção Ambiental do Rio Descoberto. Ambiental (APA) do Planalto Central. A implementação te da unidade e da Reserva Biológica da Conta-
Assis, analista ambiental do ICMBio e relatora da
do novo trecho transformou esse circuito no maior gem, foi o ponto de partida dessa prática. Para o
prática.
OBJETIVOS do Brasil para mountain bike, são 136 Km de trilhas parque, a principal consequência da reforma, em
Ao mesmo tempo, a sociedade civil demandava contínuas e sinalizadas um primeiro momento foi o potencial aumento
Implementar ecotrilha de longa distância de 45
que as áreas protegidas tivessem mais trilhas, da velocidade dos motoristas, o que implicou na
km no entorno do Parque Nacional de Brasília, en- ࡿࡿ Aumento da visibilidade institucional via projeto
o que possibilitaria atividades recreativas em adoção de uma série de medidas em proteção à
tre a cerca da unidade e a rodovia DF 001 – onde com destaque para o propósito das Unidades de
contato com a natureza. Até 2016, a área des- fauna da região.
há um trecho com cerca de 40 metros de largura. Conservação e consequentemente para o papel do
tinada ao uso público do Parque Nacional de
A intervenção do Balão do Colorado até a Floresta ICMBio enquanto órgão gestor. Nesse contexto, a gestão do parque solicitou ao
Brasília estava restrita a 0,8% dos mais de 42 mil
Nacional de Brasília busca promover atividades DER-DF a confecção de placas de sinalização e de
hectares. Em busca de mudança, no mesmo ano, ࡿࡿ Integração entre as cinco Unidades de Conservação
recreativas associadas à conservação e fortalecer pórticos no início e no fim do trecho limítrofe às
a unidade triplicou uma das trilhas e atraiu um federais também representa um importante instrumento
o reconhecimento das Unidades de Conservação duas Unidades de Conservação, a instalação de
novo perfil de público, os ciclistas, mas esse era para a conservação. Aperfeiçoamento do diálogo
do Distrito Federal. radares eletrônicos e lombadas (quebra-molas);
apenas o começo. interinstitucional entre ICMBIO e o Departamento de
a implementação de uma ciclotrilha às margens
Estradas de Rodagem do Distrito Federal (DER/DF)
da rodovia, ao lado do Parque Nacional de Brasí-
resultou em benefícios tanto para pedestres e ciclistas,
lia; a construção de um mirante na faixa de do-
quanto para travessia da fauna silvestre.
mínio da DF-001 estimulando a contemplação da
ࡿࡿ Fortalecimento do voluntariado na construção natureza, entre outras medidas. Durante o pro-
da trilha e na revitalização dessa área, mais de 1.000 jeto, o limite de velocidade da rodovia DF 001 foi
toneladas de lixo foram recolhidas. reduzido para 60 km/h.

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


GRUPOS DE VISITANTES
Ao mesmo tempo, quatro Unidades de Conserva-
ção também localizadas na região, a Área de Pro-
INSPIRE-SE! MOBILIZAÇÃO DE CICLISTAS, CAMINHANTES E
112 113
teção Ambiental do Planalto Central; Reserva Bio- ESCOTEIROS TRIPLICA VISITAÇÃO
lógica da Contagem, Floresta Nacional de Brasília ࡿࡿ Articule ações integradas com os ges- Coordenação geral e executiva: José Leocádio Teixeira Gondim de Lima (Floresta Nacional de Brasília/
e Área de Proteção Ambiental do Rio Descoberto tores das Unidades de Conservação mais pró- ICMBio). Gestão dos recursos e gerenciamento: parceiros do projeto e a equipe da Floresta Nacional de
buscavam junto com o Parque Nacional de Brasília ximas, incluindo medidas operacionais e de Brasília/ICMBio.
implementar ações integradas direcionadas à con- comunicação. As equipes podem, por exem-
servação e à proteção da biodiversidade. plo, responder em conjunto a uma demanda
dos municípios. Intensificar a relação entre os visitantes e a Unidade PERFIL
Em agosto de 2017, a reunião entre as equipes de Conservação, de forma a promover o envolvimento
gestoras do Parque Nacional de Brasília, Área de ࡿࡿ Vale a pena também desenvolver cir- Localizada na região de Taguatinga/DF, a
do público em ações capazes de melhorar a própria ex-
cuitos turísticos incluindo duas ou três áreas Floresta Nacional de Brasília protege 9 mil
Proteção Ambiental do Planalto Central, Reserva periência na área protegida e estendê-la assim a toda
protegidas e outros atrativos da região, tanto hectares de Cerrado. Está entre as Uni-
Biológica da Contagem e a Coordenação Geral de a sociedade, na Floresta Nacional de Brasília esse era
públicos quanto privados. Muitas vezes turis-
Uso Público e Negócios (CGEUP/ICMBio) seguida de dades de Conservação responsáveis pela
tas estão interessados justamente em contato o grande objetivo, como explica José Leocádio Teixeira
vistoria de campo, com a presença da equipe do preservação das nascentes que irrigam a
com a natureza e por simples desconhecimen- Gondim de Lima, analista ambiental na unidade. “Já es-
Departamento de Estradas de Rodagem do Distri- maior represa da região, a do Descoberto,
to não visitam as Unidades de Conservação. tava trabalhando na Floresta Nacional de Brasília com
to Federal (DER/DF), representou um momento de que representa aproximadamente 70% do
Uso Público e Educação Ambiental há cerca de oito anos
ação em campo importante para avaliar a meto- ࡿࡿ A aproximação com outros órgãos ex- abastecimento de água do Distrito Federal.
e me sentia impotente diante dos grandes desafios de
dologia e a viabilidade de implantar a ecotrilha ao pondo as reais necessidades das Unidades de
desenvolver ações para o público. Criei o programa de OBJETIVOS
lado do parque. Conservação permite construir soluções práti-
cas e responder às demandas da sociedade. educação ambiental A Floresta é Nossa com o objetivo
de que as pessoas, de certa forma, tomassem conta da Estimular uma relação mais próxima entre
O projeto foi dividido em duas etapas, a primeira
ࡿࡿ Admirar a paisagem, a partir de um Floresta, se sentissem parte dela e a partir desse mo- a sociedade e a Floresta Nacional de Bra-
de curto prazo consistiu também em uma estraté-
gia para manter o engajamento e a mobilização da mirante, possibilita que mesmo pessoas que mento, fariam algo mais prático para a unidade, a Flo- sília, de forma que os visitantes somassem
não possuem de imediato o interesse em resta e para elas mesmas”. esforços com a gestão.
sociedade, incluindo os parceiros. O planejamento
visitar a unidade parem por alguns minutos e
inicial previu a execução de aproximadamente de
contemplem a natureza. Fique atento às opor-
3 a 4 km de trilha/dia, considerando 4 horas de
tunidades de em parceria com outros órgãos
trabalho/dia, assim seriam necessários, entre 10 a
contribuir para a implantação de estruturas Foto: Leo T. Gondim
15 dias de trabalho até a conclusão do trecho entre como essa. Uma vez feito o mirante, invista em
o Balão do Colorado e a Floresta Nacional de Bra- comunicar questões relevantes sobre a vista,
sília. No levantamento de campo do DER ficaram como por exemplo, animais e plantas da re-
definidos os trechos onde seriam utilizados trator gião, a porcentagem daquele bioma em áreas
e roçadeira manual. de proteção, espécies endêmicas, contextuali-
ze a vista e pontue a Unidade de Conservação.
Em cerca de um mês, entre setembro e outubro de
2017, a trilha com percurso de 45 km até a Floresta
Nacional de Brasília já contava com o traçado con-
cluído. Na sequência, com o envolvimento dos mes- PERÍODO
mos atores sociais, o planejamento e a execução da
Março de 2016 – em andamento.
limpeza, sinalização e o início do monitoramento
completaram a ação. Desde novembro de 2017, o
projeto consiste em manutenção e monitoramento. PARCEIROS DO PROJETO
A ecotrilha faz parte do projeto Caminho dos Goya- Voluntários do Parque Nacional de Brasília, da Flo-
zes/Trilha Missão Cruls, com 600 km, em imple- resta Nacional de Brasília e da Associação dos Pro-
mentação, que vai interligar UCs e outras áreas dutores do Lago Oeste (Asproeste); Departamento de
protegidas do Distrito Federal e Goiás. Estradas de Rodagem do Distrito Federal (DER/DF).

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


RESULTADOS
114 que, uma vez obtido sucesso, resultaria em ações 115
ࡿࡿ Sete trilhas para ciclistas sinalizadas com 5 cluindo realocação da ponte e uma trilha suspensa
INSPIRE-SE!
km, 14 km, 21km, 27 km, 28 km, 32 km e 44 km para práticas. de 63 metros para proteger o solo hidromórfico, da
diversos perfis. Melhoria de duas pontes, da Bica d’ O analista, no entanto, acreditava que mais ações Mata de Galeria. A equipe gestora contribuiu com
Água e da Geladeira. poderiam ser implementadas com o mesmo obje- os recursos da unidade - veículo, motosserra, ro- ࡿࡿ Busque ganhar o apoio dos principais
tivo. Durante reunião com os servidores da Coor- çadeira e em determinadas situações com o apoio grupos que já visitam a unidade desenvol-
ࡿࡿ Mobilização dos ciclistas que se apropriaram da
denação Geral de Uso Público e Negócios (CGEUP/ dos servidores. No entanto, os voluntários conse- vendo ações específicas. A eficácia tende a
floresta respondendo a um movimento que partiu
ICMBio), uma das sugestões pontuadas foi a de con- guiram equipamentos que a unidade não possuía aumentar, quando a comunicação é dire-
da equipe gestora. As ações foram decididas em
tatar lideranças dos visitantes. José Leocádio Tei- e que facilitaram o trabalho, além disso arrecada- cionada. Vale também mobilizar grupos
conjunto, os ciclistas entraram com a mão de obra
ram dinheiro entre eles. que realizam atividade ao ar livre, mas
e os investimentos nas novas pontes. xeira Gondim de Lima (ICMBio) optou por começar
até o momento com pouca frequência na
pelos ciclistas, incluindo os grupos já organizados O curso Como fazer a Sinalização das Trilhas, minis-
ࡿࡿ Criação de trilhas para caminhadas com unidade.
de Brasília. trado por Pedro de Menezes, coordenador de Uso
diferentes níveis de dificuldade: 6 km, 12 km, 18 km
Público e Negócios do ICMBio, trouxe conhecimento ࡿࡿ Ouça as demandas dos diferentes públi-
e 36 km. Para a reunião com esse público específico investiu
prático de alto nível. O curso foi importante e levou cos que possuem inclusive diversos interes-
nos convites por e-mail e via aplicativo de mensa-
ࡿࡿ O número de visitantes triplicou no intervalo de 3 à criação da trilha mais longa sinalizada dentro de ses em relação à unidade e busque incluí-las,
gem instantânea (WhatsApp), convidou também a
anos. Em 2017, a floresta registrou 33 mil pessoas; em uma Unidade de Conservação no Brasil, com 44 km, contemplá-las no planejamento das ações de
imprensa e contou com o presidente do ICMBio, na Uso Público, por exemplo.
2016, 26 mil pessoas; em 2015, 16 mil e em 2014, 11 mil. em setembro de 2016.
época, Claudio Maretti. Durante a reunião surgiram
As 11 trilhas da unidade, sendo sete para ciclistas e
ideias para muitas iniciativas e as pontes foram es- Reuniões com outros dois grupos específicos tam- ࡿࡿ Diante de iniciativas práticas com os
quatro para caminhantes, estão sinalizadas. voluntários envolvidos, tenha o cuidado de
colhidas como prioridade. Os ciclistas do Grupo Jah bém garantiram mobilização efetiva na promoção
do Cerrado de Montain Bike Team preferiram come- não restringir os movimentos do público in-
de uso público da floresta. O Grupo de Caminhadas
teressado, isso pode comprometer o envolvi-
METODOLOGIA çar pela ponte da Bica d’Água e o resultado surpre- de Brasília desenvolveu quatro trilhas sinalizadas
mento, converse e tenha uma postura par-
endeu a gestão da unidade. Ponte feita de pallets, com diferentes níveis de dificuldade 6 km, 12 km, 18
A Floresta Nacional de Brasília até o início da Boa ticipativa. Começar aos poucos, com grupos
corrimão rústico e sinalização. km e 36 km. Enquanto o Grupo de Escoteiro Roberto
Prática em questão tinha como programa de edu- menores, em alguns casos quando as equipes
A segunda ponte em um primeiro momento contou Simonsen 5º DF colaborou na construção de mesas de gestão são muito pequenas, pode ser uma
cação o A Floresta é Nossa, desenvolvido pelo ana-
com o trabalho de um outro voluntário, mas diante destinadas à área externa, na implementação de boa estratégia.
lista ambiental José Leocádio Teixeira Gondim de
dos resultados, a equipe que concluiu o primei- um banheiro ecológico e no acompanhamento dos
Lima (ICMBio), com o intuito de aproximar a so- ࡿࡿ Frente à mobilização de públicos dis-
ro trabalho e assumiu também essa execução, in- usuários ao Centro de Visitantes.
ciedade da Floresta, esse seria o primeiro passo e tintos interessados na mesma causa, como
nessa Boa Prática que envolveu ciclistas,
PERÍODO caminhantes e escoteiros, dê atenção a todos
Foto: Leo T. Gondim Foto: Leo T. Gondim os interessados em ajudar. Antecipe-se e
Janeiro de 2015 – em andamento. marque reuniões inicialmente específicas
com cada grupo e evite assim dispersões de
grupos que são menores, mas que somam
PARCEIROS DO PROJETO esforços importantes na gestão; quanto mais
Grupo Ciclístico Jah do Cerrado Mountain Bike Team; pluralidade e debates de ideias, melhor.
Grupo de Caminhadas de Brasília e Grupo Escoteiro
Roberto Simonsen 5º DF.

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


MOBILIZAÇÃO

SOCIEDADE CIVIL E INSTITUIÇÕES PÚBLICAS RESULTADOS METODOLOGIA


116 117
IMPLEMENTAM ECOTRILHAS NA SERRINHA DO ࡿࡿ Visibilidade institucional da Área de Proteção
Ambiental na comunidade estimulou a colaboração
Durante as fases de planejamento e gestão territo-
rial, o controle socioambiental do projeto Águas da
PARANOÁ dos moradores e usuários da região no apoio no Serrinha do Paranoá, com base na metodologia da
Coordenação geral: Miguel von Behr e Maicon Braúna (Instituto Oca do Sol). Coordenação executiva: Pedro manejo de trilhas e na instalação das placas que macroeducação, foi orientado pelo Projeto Águas,
da Cunha Menezes (ICMBio); Márcio Bittencourt (Rebas do Cerrado); Leandro Cassarini (Administração do agregam conhecimento sobre botânica. um programa de educação ambiental do Instituto
Lago Norte); Luciano R. B. Lima (Grupo BCC - Bikers Conexão Cerrado); Mônica Evangelista de Carvalho (Grupo Oca do Sol, que visa contribuir para a formação de
ࡿࡿ Reconhecimento pela comunidade de Brasília
de Escoteiros Gavião Real); Deomar Rosado (Grupo de Escoteiros Lis do Lago); Izabel Oliveira Souza (UnB/ uma sociedade sustentável.
das ecotrilhas como agenda de esportes para
Engenharia Florestal); Sirlene Bendazzoli (Grupo de Caminhadas de Brasília), Armin Deitenbach (Instituto Oca
caminhantes e ciclistas em sintonia com o A equipe executiva foi constituída a partir da me-
do Sol). Gestão de recursos e gerenciamento: Solange Sato, Yoharra Moraes e Paulo Cesar Araújo da Silva
patrimônio natural. Empoderamento da área todologia Dragon Dream que norteou o projeto. Na
(Instituto Oca do Sol); Osvaldo Antônio Passos Teixeira Dantas (Projeto Voluntários BB/Fundação Banco do
protegida para as atividades de educação ambiental execução das ecotrilhas foram estabelecidas for-
Brasil).
das escolas da região. malmente as parcerias entre o Instituto Oca do Sol,
proponente, e parceiros, detalhando direitos e res-
ࡿࡿ Potencial ecoturístico consolidado na Serrinha
ponsabilidades das iniciativas envolvidas na gestão
do Paranoá. Comitê Gestor Permanente de Ecotrilhas
Mais de 100 nascentes compõem a INSPIRAÇÃO compartilhada. O desenvolvimento do programa
constituído. O Instituto Brasília Ambiental (Ibram)
recarga de aquífero da Serrinha do teve como característica a articulação institucional
Oficina sobre sinalização de trilhas na Serrinha do Paranoá, replicou a metodologia de sinalização rústica na
Paranoá, na Área de Proteção Am- entre Administração Local do Lago Norte, Conexão
ministrada por Pedro da Cunha e Menezes, idealizador da Trilha Trilha Pirá Brasília, localizada no Parque Ecológico
biental do Planalto Central, loca- Bikers Cerrado e o Instituto Oca do Sol. Posterior-
Transcarioca e coordenador da Coordenação Geral de Uso e Vivencial da Candangolândia, com participação
lizada próxima à Brasília; o que é mente, a equipe do Rebas do Cerrado integrou o
Público e Negócios do Instituto Chico Mendes de Conservação e orientação do Grupo de Caminhada de Brasília
motivo de preocupação. “A unidade grupo como mobilizadora dos grupos de ciclistas.
da Biodiversidade (ICMBio), reuniu mais de 40 participantes, em (GCB), formado por frequentadores das trilhas
está sob forte risco de impermeabi-
março de 2017, na sede do Instituto Oca do Sol. da Serrinha do Paranoá. A experiência com a Em um primeiro momento, o projeto estimulou a
lização do solo com perda da biodi-
sinalização rústica também foi replicada na Trilha comunidade da Serrinha do Paranoá a contribuir no
versidade e, portanto, da função de
PERFIL União, ao redor do Parque Nacional de Brasília, que mapeamento das nascentes, como forma de dimen-
recarga devido a empreendimentos
Localizada no Lago Norte, em Brasília/DF, a Área de Proteção conecta a Serrinha do Paranoá à Floresta Nacional sionar a importância da produção de águas para a
imobiliários de expansão urbana,
Ambiental do Planalto Central conta com 504.160 hectares. de Brasília. região. Na sequência, a comunidade foi convidada a
realizados tanto por programas
identificar as melhores estratégias para protegê-las.
sociais como por uma ocupação ࡿࡿ Divulgação expressiva na mídia (televisiva,
OBJETIVOS
desordenada. A diversidade socio- impressa, digital), com destaque para reportagem Os moradores reconheceram o potencial turístico
cultural, a beleza cênica e o patri- Promover a prática de gestão socioambiental integrada do em veículo de comunicação do ICMBio. Visitantes, do lugar onde vivem e iniciaram a criação de cir-
mônio de águas, em um cenário território; estimular o senso de pertencimento da população; inclusive internacionais, conheceram pelas cuitos a partir das trilhas já existentes. A atividade
de crise hídrica e de aquecimento somar esforços para demonstrar a compatibilidade de manu- reportagens o projeto da Serrinha do Paranoá. teve como fio condutor sensibilizar e conscientizar
global, motivaram o Instituto Oca tenção de áreas remanescentes de Cerrado com o seu uso, de
do Sol a desenvolver um projeto forma racional e sustentável; possibilitar a replicação da prá- Foto: Miguel von Behr Foto: Miguel von Behr

de empoderamento da organização tica em outras regiões da Área de Proteção Ambiental do Pla-


social comunitária em parceria com nalto Central; explorar e ampliar o conhecimento da população
a Área de Proteção Ambiental do sobre manejo de trilhas; implementar um espaço de educação
Planalto Central”, conta Maria Con- ambiental permanente, em especial, para as escolas da região;
solación Villafañe Udry, presidente desenvolver práticas permanentes de combate a incêndio flo-
do Instituto Oca do Sol. restal e formação de brigadas voluntárias comunitárias.

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


TERMO DE COOPERAÇÃO TÉCNICA

118
os participantes sobre a importância de preservar
a região. O contexto da escassez hídrica do Distri-
INSPIRE-SE! PARQUE ESTADUAL DO PICO DO ITAMBÉ 119
to Federal reforçou o papel que a Área de Proteção AUMENTA A VISITAÇÃO E FORTALECE ALIANÇAS
Ambiental exerce na proteção aos mananciais e na
conservação da biodiversidade.
ࡿࡿ Termos de parceria fortalecem os vín-
culos institucionais entre governo e a socie-
NA ESFERA MUNICIPAL
dade civil em busca da melhor governança e Coordenação geral: Silvia Jussara Duarte (Parque Estadual do Pico do Itambé /Instituto Estadual de Florestas
O projeto avaliou a degradação das trilhas já exis-
gestão dos recursos naturais. - IEF). Coordenação executiva: Silvia Jussara Duarte (Parque Estadual do Pico do Itambé /IEF) e Flávia Oliveira
tentes, implementadas pelas comunidades de ci-
(área de monitoria ambiental prestadora de serviço ao IEF). Gestão dos recursos e gerenciamento: Silvia
clistas e caminhantes. Grupos comunitários “adota- ࡿࡿ Definir responsabilidades de cada ins- Jussara Duarte (Parque Estadual do Pico do Itambé /Instituto Estadual de Florestas - IEF).
ram” as trilhas e passaram a alertar as demandas tituição e órgão público participante otimiza
emergentes de cuidados. Os eventos contaram com processos e resultados.
ampla cobertura fotográfica. Quando a servidora estadual Silvia Jus- INSPIRAÇÃO
ࡿࡿ O desenvolvimento de atividades sara Duarte assumiu a gerência do Par-
O processo comunitário de sinalização das trilhas, práticas em conjunto entre sociedade civil e Curso de pós-graduação em Administração e Manejo de
que Estadual do Pico do Itambé, em
incluindo relacionar a biodiversidade, viabilizou a servidores também estreita parcerias. Unidade de Conservação (Amuc), realizado no Estado de
2013, ela encontrou um cenário pareci-
formação de um roteiro com cinco trilhas: Pedra dos Minas Gerais em Unidades de Conservação sob jurisdição
ࡿࡿ Áreas de Conservação são ótimos espa- do com a experiência que teve na ges-
Amigos, Caliandra, Bom Tempo, Península do Lago do Instituto Estadual de Florestas (IEF) 2010. O Amuc é re-
ços para aprender, estimule que as aulas das tão do Parque Estadual Serra do Inten-
Norte e Pamonhas. A Administração do Lago Norte alizado desde 1992 e tem como parceiros a Fundação Facul-
redes de ensino pública e privada incluam vi- dente, em Minas Gerais, onde o déficit
disponibilizou trabalhadores, maquinários e apoio dade de Filosofia, Ciências e Letras de Carangola (FAFILE/
sitas à UC e articulem assim teoria e prática. de investimentos compromete ações e
na divulgação regional. UEMG), a Fundação Biodiversitas e o apoio financeiro da
projetos com as comunidades do entor-
U.S. Fish and Wildlife Service, do Programa de Proteção da
Edital do Programa de Voluntariado do Banco do no, escolas, associações etc. “A falta de
Mata Atlântica de Minas Gerais (Promata/MG).
Brasil viabilizou financeiramente o Projeto Ecotri- recurso financeiro por parte do Governo,
lhas Serrinha. Os parceiros contribuíram com a ca- ocasionava (e ainda ocasiona) fragilida- PERFIL
pacidade técnica das equipes de forma voluntária. des na gestão, desmotivando a equipe.
A continuidade do Ecotrilhas encontrará suporte e
PERÍODO Inserido na Serra do Espinhaço, considerada a única cordi-
Tenho buscado com outras ferramentas
apoio no Comitê Gestor Permanente já constituído. Março a outubro de 2017. lheira brasileira, o Parque Estadual do Pico do Itambé com
garantir o mínimo de aplicabilidade dos
6.520 hectares fica entre os municípios de Santo Antônio do
Planos de Ação alinhados ao Plano de
Itambé, Serro e Serra Azul de Minas.
Manejo. O desafio maior foi mostrar para
PARCEIROS DO PROJETO os prefeitos que investir recursos finan-
OBJETIVOS
Instituto Brasília Ambiental (Ibram); Secretaria do Gavião Real; Grupo de Escoteiros Lis do Lago; Insti- ceiros na Unidade de Conservação traz
Meio Ambiente do Distrito Federal; Administração tuto Salvia Soluções Socioambientais (ISSA); Espaço benefícios para todo um contexto local Realizar atividades em regime de integração e cooperação
Regional do Lago Norte; Fundação Banco do Brasil de Cultura Ecologia e Educação Holística (Ilumina); com aumento no fator de qualidade, na mútua com as prefeituras, estabelecer regras/condições
- Voluntariado Banco do Brasil; Corpo de Bombeiros, Instituto de Permacultura (Ipoema); Comitê de Ba- medida do investimento”, destaca. para a cooperação técnica e a gestão compartilhada dos
Conselho Regional de Desenvolvimento Rural Susten- cia do Lago Paranoá; Ateliê Anjico – Arte e Educação recursos florestais e das ações no parque.
tável – Lago Norte; Movimento Salve o Urubu; Vivei- Ambiental; Batom Bikers; Conexão Bikers Cerrado;
ro Comunitário Lago Norte; Fundação Mais Cerrado; Rodas da Paz; Jornal do Lago Norte; Guia do Lago
Grupo de Caminhadas Brasília/DF; Rebas do Cerrado Norte – O Guia da Cidade; Península FM; Colégio do
Brasília/DF; Amigos da Quebra da Treze; Raia Norte; Sol; Escola Classe Aspalha; Grupo de Trabalho Serri-
Grupos Escoteiros da Lago Norte; Grupo de Escoteiros nha do Paranoá.

Foto: Tiago Geisler

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


RESULTADOS METODOLOGIA INSPIRE-SE!
120 ࡿࡿ Aumento significativo de visitantes e melhora A gerente do Parque Estadual do Pico do Itambé, cípio de Santo Antônio do Itambé, cerca de R$ 2 mil/
121
na gestão da UC, comprovada pela nota atingida (8) em 2013, Silvia Jussara Duarte, desenvolveu propos- mês, ao Parque Estadual do Pico do Itambé.
ࡿࡿ No momento de desenvolver propostas
como fator de qualidade. ta de Plano de Ação para convencer a prefeitura e
O sinal positivo favoreceu a assinatura do Termo de para outros órgãos, é essencial incluir os be-
a Câmara Municipal sobre a importância de investir
ࡿࡿ Interação com o entorno a partir de atividades Cooperação Técnica, o primeiro passo em direção nefícios para todos os envolvidos. Por mais
parte do ICMS na Unidade de Conservação. A ge-
de educação socioambiental: Férias no Parque; ao fortalecimento da UC junto às comunidades lo- que eles estejam conectados e integrados,
rente apresentou o documento em reunião com o
Viveiro Didático; Recuperação de Nascentes; cais, poderes públicos e parceiros. vale a pena pontuar, assim como reforçar os
supervisor Silvio Henrique, com o coordenador res- impactos de tal medida na sociedade e no
Doação de mudas para as prefeituras e
ponsável pelas Unidades de Conservação Gabriel A equipe do Parque Estadual do Pico do Itambé fez
comunidade; Conhecendo nossos rios e córregos; fortalecimento entre as instituições.
Ávila e com o procurador Nelson Mascarenhas e um planejamento interno sobre de que forma os re-
Resíduo Sólido nas escolas; Clubinho Ecológico e ࡿࡿ Leve o conhecimento adquirido em
teve como resultado imediato o início da minuta do cursos seriam aplicados e monitorados.
Conhecendo o Parque. cursos e capacitações para a prática, apro-
Termo de Cooperação Técnica. Os conselheiros do Nessa prática, os investimentos na produção de
ࡿࡿ Apoio a pesquisas científicas e na manutenção veite suas experiências e antecipe-se diante
parque também validaram a iniciativa. informativos e banners foram importantes instru-
das estruturas físicas, como Casa de Abrigo no topo de situações semelhantes. A teoria só existe
O Plano de Ação estava alinhado ao planejamento mentos para divulgar a Unidade de Conservação para fazer a diferença na prática.
do pico, utilizada por visitantes e pesquisadores.
dos poderes públicos locais e enfatizou a impor- como um território de uso público. Ações de edu-
Instalação de placas indicativas no entorno e ࡿࡿ A gestão compartilhada com os muni-
tância do fortalecimento entre as instituições para cação ambiental também contribuíram de maneira
dentro da UC. cípios e outros parceiros nas Unidades de
o alcance de objetivos compartilhados. Nesse mo- significativa para despertar o interesse da comuni-
ࡿࡿ Fortalecimento entre a UC estadual e a Conservação estaduais costuma garantir
mento, Silvia buscou mobilizar os prefeitos da área dade do entorno e dos visitantes da macrorregião.
resultados positivos, já que os objetivos são
prefeitura, potencializando ações que têm como abrangida pela Unidade de Conservação e a Câmara Na avaliação, a equipe relacionou os pontos posi-
alcançados no contexto regional.
objetivo a possibilidade de melhorar a gestão das Municipal de Santo Antônio do Itambé. tivos e negativos e pontuou onde a iniciativa pode
instituições públicas envolvidas alcançando os ser aperfeiçoada.
As negociações evoluíram e ficou estabelecido o re-
resultados em escala local e regional.
passe de parte do valor do ICMS ecológico do muni-
PERÍODO
Dezembro de 2013 a julho de 2015.

Foto: Mariane Gervasio Ferreira Foto: Mariane Gervasio Ferreira PARCEIROS DO PROJETO
Conselho Consultivo do Parque Estadual do Pico
do Itambé; Câmara Municipal de Santo Antônio do
Itambé; Prefeitura de Santo Antônio do Itambé.

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


TURISMO SUSTENTÁVEL

PROGRAMA ÁREAS PROTEGIDAS PARA RESULTADOS


122 123
PROSPERAR SOMA ESFORÇOS EM SETE ࡿࡿ Engajamento crescente de parceiros que
acreditam na transformação em escala territorial,
UCs federais do extremo sul da Bahia contou com
aporte inicial de U$ 2,1 milhões do Global Conserva-
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO maximizando o potencial para atrair parceiros tion Found (GCF). A execução do Plano de Trabalho
Coordenação geral: Ivana Lamas (Conservação Internacional - CI-Brasil). Coordenação executiva: Adriano e compartilhar benefícios sociais, ambientais, terá início em 2018.
Melo, Tais Silva e Renata Pereira (Conservação Internacional - CI-Brasil). Gestão dos recursos e gerenciamento: econômicos e políticos. Ação coletiva, colaborativa
2. Projeto de desenvolvimento da atividade de ob-
Conservação Internacional. e planejada para o desenvolvimento da atividade
servação de aves, na Costa do Descobrimento, bus-
de observação de aves em esfera nacional.
ca tornar a região referência no turismo nesse seg-
ࡿࡿ A entrada do Parque Nacional Pau Brasil na mento. A iniciativa possui comitê de gestão e plano
agenda institucional do ICMBio entre as prioridades estratégico participativo. O comitê é constituído pe-
O sul da Bahia há décadas está consolidado como polo turístico, PERFIL para a concessão. las equipes da Reserva Particular do Patrimônio Na-
mas as Unidades de Conservação não fazem parte do roteiro, o tural Estação Veracel; do Parque Nacional Pau Bra-
Parques Nacionais: Pau Brasil; ࡿࡿ Criação de mecanismo financeiro com o apoio
que revela um potencial subaproveitado. A região é um mosaico sil; do Refúgio de Vida Silvestre do Rio dos Frades;
Histórico do Monte Pascoal; do direto às Unidades de Conservação para custear os
de ambientes marinhos, costeiros e terrestres, incluindo ecossiste- do Reserva Particular do Patrimônio Natural Rio do
Descobrimento; Marinho dos planos de trabalho pactuados no projeto.
mas como recifes de coral, fundos de algas calcárias, manguezais, Brasil e da Conservação Internacional (CI-Brasil).
Abrolhos; Reservas Extrativis- ࡿࡿ Fortalecimento das ações que visam promover
praias, restingas, florestas tropicais, incluindo a maior concentra-
tas: do Corumbau e Cassurubá. 3. Projeto Parques para Prosperar desenvolve tam-
ção de pau-brasil nativo. Apenas a biodiversidade marinha já re- o Turismo de Base Comunitária junto aos indígenas
Refúgio de Vida Silvestre do bém ações de fomento ao Turismo de Base Comuni-
gistrou 1.300 espécies na porção sul do Oceano Atlântico. “Neste Pataxó, da Aldeia do Pé do Monte e no entorno do
Rio dos Frades. tária (TBC). Gestores e parceiros estratégicos, como
contexto, a parceria entre o ICMBio e a Conservação Internacional Parque Nacional Marinho de Abrolhos, de modo a
a Associação Despertar Trancoso, que implementam
do Brasil (CI-Brasil) na região visa o fortalecimento do uso público fortalecer a economia local.
OBJETIVOS ações em duas comunidades do Parque Nacional do
em sete Unidades de Conservação e entorno, estimulando o eco-
Fomentar o turismo sustentável Pau Brasil (Coqueiro Alto e Sapirara). A Associação
turismo entre ações de outras agendas, como restauração florestal
e pesca sustentável”, destaca Adriano Melo, coordenador de Proje- nas Unidades de Conservação METODOLOGIA Pataxó do Pé do Monte e o Movimento Arte Manha
(UCs) federais do extremo sul realizam esse trabalho no Parque Nacional Históri-
tos da Conservação Internacional do Brasil (CI-Brasil). A iniciativa A Conservação Internacional (CI-Brasil) tem como
da Bahia, como estratégia de co do Monte Pascoal.
compõe a estratégia “Áreas Protegidas para Prosperar”, da CI Bra- abordagem demonstrar inovações em campo e de-
sil, voltada à criação, ampliação, implementação e governança das desenvolvimento territorial pois disseminá-las gerando impactos positivos em 4. Projeto de Fortalecimento do Parque Nacional
Unidades de Conservação. integrado. larga escala. O uso público desses territórios é o Pau Brasil, em que todas as ações contaram com a
eixo central desse trabalho. participação decisiva do gestor e sua equipe. Entre
Foto: Luciano Candisani
2015 e 2016, um conjunto de ações (exposição no
A estratégia da CI-Brasil envolve articular projetos
centro de visitantes, trilhas sinalizadas, plano de
com potencial de gerar resultados por uma trans-
gestão da segurança, elaboração de mapa oficial,
formação territorial integrada com a participação
entre outras) favoreceu a abertura do parque que
do Instituto Chico Mendes de Conservação da Bio-
estava fechado desde a sua criação há mais de 15
diversidade (ICMBio). Parcerias governamentais e
anos. O projeto levou à elaboração do Estudo de
com a sociedade civil despontam como caracte-
Viabilidade Econômico Financeira para delegação
rísticas de sustentação dos projetos relacionados
de serviços de apoio ao visitante.
abaixo:

1. Mecanismo Financeiro para Conservação (tipo fi-


duciário) elaborado com a participação de todos os PERÍODO
gestores em oficinas de planejamento, sob lideran- 2015 a 2018.
ça da Coordenação Regional da 7ª Região, em 2014
e 2015. Em 2016, o projeto envolveu fortemente o
ICMBio sede. O Fundo Abrolhos Terra e Mar especí-
fico para o fortalecimento do uso público nas sete

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


VISITAÇÃO AGENDADA

124
PARCEIROS DO PROJETO INSPIRE-SE! PARQUE NACIONAL DAS ARAUCÁRIAS ABRE 125
Reserva Particular do Patrimônio Natural Estação
Veracel; Reserva Particular do Patrimônio Natural
PARA USO PÚBLICO COM APOIO DO CONSELHO
ࡿࡿ Parcerias que apoiam Unidades Coordenação geral, executiva, gestão dos recursos e gerenciamento: Juliano Rodrigues Oliveira (Parque
Rio do Brasil; Associação Despertar Trancoso; Mo-
de Conservação com fundos fiduciários Nacional das Araucárias/ICMBio).
vimento Arte Manha; Conselho de Turismo da Costa
garantem a longevidade de projetos, por
das Baleias.
meio dos rendimentos das aplicações.
Trabalho colaborativo é mais do que a As restrições no efetivo da equipe ampliam os desafios das PERFIL
soma das partes, na prática ele transfor- Unidades de Conservação. No Parque Nacional das Araucárias,
Localizado na região oeste do Estado
ma pequenas ações em grandes impactos essa característica foi intensificada em 2008, quando apenas
de Santa Catarina, o Parque Nacional
positivos. Amplie parcerias locais e regio- um servidor continuou na unidade. Mas em nenhum momento
das Araucárias abrange nos 12 mil
Foto: Jailson Souza nais, invista nessa direção. esse cenário foi sinônimo de trabalho solo, ao contrário. “Por
hectares áreas dos municípios de
isso, realizar parcerias e fortalecer o Conselho Consultivo são
ࡿࡿ A publicação Observação de Aves Ponte Serrada e Passos Maia.
as prioridades da gestão”, pontua Juliano Rodrigues Oliveira,
na Costa do Descobrimento - educação,
chefe do parque. A unidade foi criada em 2005 e até 2013 es-
conservação e sustentabilidade traz as OBJETIVOS
lições aprendidas incluindo um Plano de teve fechada à visitação. Nesse período o tema não estava na
pauta. Planejar, administrar, avaliar a im-
Ação com orientações gerais para implan-
plantação do uso público no parque e
tação da atividade e um guia de aves da Até que em assembleia do Conselho, a implantação do uso
garantir a participação da sociedade
região. http://bit.ly/Aves_Costa_do_Des- público passou a ser o principal objetivo. “No mesmo momen-
cobrimento local no processo.
to, o Conselho se posicionou como principal parceiro e assu-
ࡿࡿ Conheça o site da CI-Brasil sobre o miu participação efetiva no planejamento e na implantação
projeto Observação de Aves https://www. do processo”, destaca Oliveira.
conservation.org/global/brasil/Pages/
Observacao-de-Aves.aspx Foto: Acervo ICMBio

ࡿࡿ Roteiros de ecoturismo que incluam


duas ou três Unidades de Conservação
são potencialmente estratégicos para
atrair turistas. Vale a pena considerar
Foto: Luciano Candisani três programações para diferentes perfis
de público, destaque a característica da
região, os atrativos de cada unidade, a
infraestrutura, os serviços disponíveis, o
melhor percurso, por onde começar, de
forma que o visitante otimize o tempo
entre uma área protegida e outra.

ࡿࡿ Atividades tradicionais inseridas


em roteiros turísticos podem aumentar a
renda da população local. Converse com
as lideranças, desenvolva uma proposta
em conjunto com as equipes gestoras e
mobilize os Conselhos.

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


ORDENAMENTO PARTICIPATIVO

126
RESULTADOS INSPIRE-SE! PARQUE NACIONAL DE ANAVILHANAS E CNPT 127
ࡿࡿ Abertura do Parque Nacional das Araucárias à
visitação, mediante agendamento por e-mail. Na
APLICAM PLANO DE AÇÃO E AUMENTAM
unidade, é possível pedalar, praticar esporte, fazer
ࡿࡿ Planejar é essencial, mas reconhecer as
adaptações necessárias também. O planeja-
SEGURANÇA DE BOTOS E TURISTAS
piquenique, trilhas noturnas e claro, caminhar mento precisa fazer parte do dia a dia, orientar Coordenação geral: Marcelo Derzi Vidal (Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Sociobiodiversidade
muito. O parque estimula as visitas organizadas a direção mas, em nenhuma fase, deve ser visto Associada a Povos e Comunidades Tradicionais - CNPT/ICMBio). Coordenação executiva: Priscila Maria da
de escolas e universidades. Os voluntários como obstáculo. Ao contrário, ele é um aliado. Costa Santos (Parque Nacional de Anavilhanas/ICMBio).
contabilizam o fluxo de visitantes.
ࡿࡿ Visitas agendadas despontam como es-
ࡿࡿ Estudos para criação do Plano Municipal de Turismo tratégia nas Unidades de Conservação onde as O turismo interativo com botos vermelhos (Inia geoffren- INSPIRAÇÃO
e da Rota das Araucárias, com atrativos do entorno restrições no número de servidores represen-
sis), baseado na oferta de alimentos, está entre os prin-
tam certos limites. Nesses casos, vale a pena Cursos para instrutores do ICMBio e
e do interior da Unidade de Conservação estão em cipais atrativos do Parque Nacional de Anavilhanas. No
reforçar essa informação em todos os materiais para facilitação de PANs.
andamento. A iniciativa é da prefeitura de Passos Maia, entanto, a falta de monitoramento da atividade colocava
de comunicação e diante de todo e qualquer
que contratou consultoria junto ao Sebrae-SC. contato feito pela mídia, pontue a importância em risco o bem-estar dos botos e a segurança dos turistas. PERFIL
ࡿࡿ Fortalecimento do Conselho Consultivo, de divulgar os contatos para o agendamento. “As interações entre botos e turistas eram realizadas sem
controle. A falta de normas levava a um excesso de pes- Com cerca de 350 mil hectares, o Par-
representando a comunidade do entorno. ࡿࡿ Busque parcerias em diversos setores.
soas em interação com os botos, provocando um estresse que Nacional de Anavilhanas abrange
ࡿࡿ Potenciais novos parceiros, como Sebrae, Sesi/SC e Investir no relacionamento com as esferas
desnecessário aos animais. Os turistas tinham permissão parte dos municípios de Manaus e
municipais tem potencial capaz de fazer a
Fundação Grupo Boticário, se aproximaram da unidade Novo Airão, no Estado do Amazonas. A
diferença no impacto da Unidade de Con- para nadar com os botos, o que frequentemente ocasiona-
após a divulgação da abertura do parque pela mídia. servação para a população. Organizações unidade preserva o arquipélago fluvial
va comportamentos inadequados, como subir nos animais
não governamentais, institutos de pesquisa, e segurar as nadadeiras. Outra situação preocupante era o de Anavilhanas, diversas formações
voluntários... as oportunidades são inúmeras. florestais e fauna terrestre e aquática.
METODOLOGIA oferecimento de alimentos que não faziam parte da dieta
Implemente esforços e amplie parcerias: esse
natural dos botos, como salgadinhos, cerveja, salsichas e
Com a equipe do Parque Nacional das Araucárias é um caminho estratégico para mobilizar a OBJETIVOS
sociedade e atrair visitantes. pães”, destaca Marcelo Vidal, analista ambiental do Centro
restrita ao gestor, o Conselho Consultivo assumiu Nacional de Pesquisa e Conservação da Sociobiodiversida- Implementar programa-piloto de
o papel de parceiro estratégico e criou o Grupo de ࡿࡿ Mantenha relacionamento com jornalis- ordenamento participativo do turismo
de Associada a Povos e Comunidades Tradicionais/ICMBio.
Trabalho (GT) de Uso Público para aprofundar os tas e comunicadores da mídia local, identifi- interativo com botos no Parque Nacio-
Dessa forma, implementar melhorias para a manutenção
debates e tornar as assembleias mais produtivas, que aqueles que cobrem temas relacionados
dessa prática de uso público na Unidade de Conservação nal de Anavilhanas.
às Unidades de Conservação e uso público e
com o encaminhamento de propostas. O GT apoiou era uma necessidade.
envie informações sobre a unidade. Pesqui-
as atividades, incentivou o trabalho voluntário, rea- sas, números de visitação e a programação
valiou o planejamento, e, em 2017, foi incorporado à do mês podem virar pauta.
Foto: Marcelo Vidal Foto: Marcelo Vidal
Comissão Permanente da unidade.

O Conselho também investiu na capacitação dos pró-


prios integrantes por meio de visitas técnicas a Uni- taleceu. Vale pontuar que algumas instituições nes-
dades de Conservação de uso público. A comunidade se processo foram protagonistas, como as organiza-
do entorno passou a ter mais representatividade nas ções não governamentais e a prefeitura local.
discussões do Conselho, o que minimizou os conflitos.

A abertura da unidade à visitação não contou com re- PERÍODO


cursos específicos, apenas com o tempo disponibilizado Dezembro de 2013 – em andamento.
pelos conselheiros. A utilização de parte dos recursos
de compensação ambiental em estrutura e contratação PARCEIROS DO PROJETO
de serviços para a unidade foi aprovada pelo Conselho. Conselho Consultivo do Parque Nacional das Arau-
Com a abertura da unidade à visitação, o Conselho cárias, prefeitura de Passos Maia/SC; Associação de
do Parque Nacional das Araucárias também se for- Preservação do Meio Ambiente e da Vida (Apremavi).

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


RESULTADOS INSPIRE-SE!
128 ࡿࡿ Proposta de ordenamento do turismo com de ordenamento do turismo com botos, incluindo
129
Já o Plano de Ação desenvolvido colocou em prá-
botos para a Amazônia elaborada e encaminhada os aspectos sociais, econômicos e ambientais. tica os seguintes itens: palestra antecede a intera- ࡿࡿ Interação entre animais e turistas deve
à Diretoria de Pesquisa, Avaliação e Monitoramento ção com os botos; número limitado de visitantes no
Na segunda etapa, três reuniões e dois seminários prever regras claras ao visitante. A qualidade
da Biodiversidade do ICMBio, em Brasília. mirante e nas plataformas do Flutuante dos Botos;
buscaram nivelar o conhecimento dos diversos ato- da experiência para o público também está
ࡿࡿ Plano de Ação para Ordenamento do Turismo res integrantes. Após os encontros, os participantes o visitante entra na água somente em plataforma relacionada à organização e às informações
com Botos no Parque Nacional de Anavilhanas elaboraram um conjunto de normas para o turismo submersa e com uso obrigatório de colete salva-vi- compartilhadas no local.
colocado em prática garantiu o bem-estar dos com botos. das. A alimentação dos botos é restrita aos funcio-
ࡿࡿ Turistas precisam conhecer as regras
botos e a segurança dos turistas. O documento nários do Flutuante dos Botos, que devem oferecer
A terceira etapa consistiu em desenvolver o Plano quando estão escolhendo os passeios, isso
auxilia o gestor da Unidade de Conservação na nas oito sessões diárias, com duração máxima de 30
de Ação com metas de curto, médio e longo prazo evita desgaste desnecessário aos profissio-
tomada de decisão. minutos cada, apenas peixe resfriado no limite de nais envolvidos na atividade. Divulgue as
(respectivamente, quatro, oito e doze meses) para
2 kg por dia/boto. O Flutuante dos Botos também normas no site da unidade, nas redes sociais
ࡿࡿ Mais de 100 profissionais do segmento do o alcance das normas estabelecidas na etapa an-
teve a localização alterada e a delimitação de uma e distribua material para fixação em luga-
turismo, entre órgãos públicos e iniciativa privada, terior. O monitoramento e a fiscalização do alcance
área de 20 m ao redor do empreendimento, onde é res-chave como hotéis, pousadas, centro de
participaram de capacitações nas áreas de ecologia destas metas ficaram a cargo dos analistas ambien-
proibida a circulação de embarcações. informações turísticas e aeroportos.
amazônica, biologia, conservação de cetáceos e tais do ICMBio.
turismo sustentável. A medida visa contribuir com a A capacitação dos profissionais que atuam no seg- ࡿࡿ A capacitação de profissionais-chave
Em paralelo às etapas descritas, Marcelo Vidal, co-
conservação dos animais e aperfeiçoar os serviços mento do turismo foi outra frente da iniciativa. Os do setor relacionados ao projeto valoriza
ordenador da prática de gestão vinculado ao Centro
oferecidos aos turistas. participantes foram selecionados a partir de crité- quem trabalha no segmento, estimula o
Nacional de Pesquisa e Conservação da Sociobio-
rios de representatividade de gênero, capacidade compartilhamento da informação e favorece
ࡿࡿ Mais de 30 matérias sobre o tema veiculadas em diversidade Associada a Povos e Comunidades Tra-
de aplicação e de multiplicação dos conhecimentos parcerias.
jornais impressos e na mídia televisiva nas esferas dicionais (CNPT/ICMBio), em quatro visitas ao Flu-
adquiridos e o reconhecimento da atuação como li-
estadual e nacional. tuante dos Botos, coletou mais informações sobre:
derança dentro de seu grupo.
ࡿࡿ Atendimento ao público: quantidade de fun-
Ações de marketing social também integraram a
METODOLOGIA cionários, informações divulgadas aos visitantes.
estratégia para difundir informações educativas so-
As estratégias utilizadas no processo de ordenamen- ࡿࡿ Interações turísticas com os botos: número bre o ordenamento do turismo com os botos e os
de visitantes por grupo, conduta em relação aos principais impactos antrópicos à espécie. Mais de
to do turismo interativo com botos foram realizadas PARCEIROS DO PROJETO
em três etapas e consideraram ferramentas de diag- animais. 200 exemplares de um cartaz, em português e inglês
foram produzidos e distribuídos em hotéis, pousa- Conselho Gestor do Parque Nacional de Anavilha-
nóstico, de planejamento e de gestão participativa. ࡿࡿ Impactos negativos de outras atividades re-
das, restaurantes, aeroportos e operadoras de tu- nas; Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
A primeira etapa foi a criação, em março de 2010, do alizadas no entorno do empreendimento: descarte
rismo. No Flutuante dos Botos, onde acontecem as Recursos Naturais Renováveis (Ibama); Instituto
Grupo de Trabalho sobre Ordenamento do Turismo de poluentes na água, fluxo de embarcações de pe-
interações, um banner sintetiza informações sobre Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa); Insti-
com Botos (GT Botos), instituído no Conselho Con- queno e de grande porte.
a biologia e a anatomia dos botos como forma de tuto de Pesquisa Ecológicas (IPÊ); Centro Nacional
sultivo da Unidade de Conservação. O grupo envol- A proposta de ordenamento do turismo com botos de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Ama-
qualificar a visitação e estimular atitudes compatí-
veu pesquisadores, representantes de instituições para a Amazônia elaborada pelo Grupo de Trabalho e zônica (Cepam); Secretaria de Estado do Meio Am-
veis com as Unidades de Conservação.
governamentais (técnicos das Secretarias de Meio encaminhada à Diretoria de Pesquisa, Avaliação e Mo- biente (Sema/AM); Empresa Estadual de Turismo do
Ambiente, Turismo, Educação), a iniciativa privada nitoramento da Biodiversidade do ICMBio, em Brasília O projeto contou com recursos orçamentários do Amazonas (Amazonastur); Secretarias Municipais de
(proprietários de hotéis, restaurantes e de agências apresentou três partes distintas, mas complementa- ICMBio e do Programa Áreas Protegidas da Amazônia. Meio Ambiente, Turismo e Educação de Novo Airão;
de turismo) e a sociedade civil organizada (mem- res, de normas a serem seguidas: estrutura mínima e hotéis, pousadas e restaurantes; agências de turis-
bros da colônia de pescadores e das associações de localização do empreendimento onde as interações mo; associações de operadores e transportadores
PERÍODO
operadores e condutores de turismo). com os cetáceos serão realizadas; modo como essa de turismo; colônia e associação de pescadores;
interação acontecerá; critérios relacionados ao turis- Março de 2010 – em andamento. sindicato de trabalhadores rurais.
Sob a liderança do ICMBio, o GT Botos realizou
ações participativas para formatar programa-piloto mo embarcado para observação dos botos.

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


PARCEIROS LOCAIS

130
REABERTURA DE TRILHAS EM CARÁTER RESULTADOS INSPIRE-SE!
131
EXPERIMENTAL GARANTE VITÓRIA DA ࡿࡿ Reabertura das Trilhas da Nascente do Rio
Pelotas e da Pedra Furada em caráter experimental
SOCIEDADE com consequente aumento no número de visitantes.
ࡿࡿ Estimule a gestão compartilhada,
valorize a integração dos conselheiros e dos
Coordenação executiva: Grupo de Trabalho do Conselho Consultivo (CC). Coordenação geral: Conselho ࡿࡿ Em 2017, 346 pessoas percorreram a trilha comunitários. A mobilização desses grupos
Consultivo (CC). Gestão dos recursos e gerenciamento: equipe do Parque Nacional de São Joaquim/ICMBio. da Pedra Furada, algumas repetiram o percurso. aumenta o senso de pertencimento da socie-
Questionadas se fariam a trilha novamente, dade em relação às áreas protegidas, o que
Durante mais de 50 de anos, o uso público do Parque Nacional PERFIL todas responderam que sim. 100% dos visitantes contribui com o trabalho de gestão.
de São Joaquim – entre os 10 mais visitados do país – an- aprovaram a quantidade de pessoas na trilha
Localizado na região Serrana de San- ࡿࡿ Parcerias com institutos de pesquisa
tecedeu a regulamentação oficial de 2012 e a publicação do simultaneamente. e observatórios conferem subsídios para a
ta Catarina, o Parque Nacional de São
primeiro Plano de Manejo. “Em janeiro de 2015, o ICMBio - por gestão nas mais diversas frentes.
Joaquim, com cerca de 50 mil hecta- ࡿࡿ Formação de Câmara Técnica de Uso Público.
conta do posicionamento mais restritivo no período - optou
res, protege o bioma Mata Atlântica, Aprimoramento na relação da equipe gestora da UC ࡿࡿ O uso público dos parques federais
pelo fechamento das trilhas à visitação, diante da falta de ins-
com expressiva presença de rema- com o Conselho, visitantes, sociedade. Visibilidade favorece a visitação no município e no Estado.
trumentos como o Plano de Manejo. A ação repercutiu negati-
nescentes de matas de araucárias. do movimento pela reabertura das trilhas na mídia. Busque estreitar relacionamentos e trabalhar
vamente no trade turístico e em toda a sociedade, culminando
A unidade é formada por áreas dos ࡿࡿ Aumentar a proteção do Parque Nacional de São a divulgação do parque com as Secretarias de
com reuniões em Brasília, cartas e protestos em rede social,
municípios de Urubici, Bom Jardim Joaquim contra caçadores. Fortalecer o Conselho e as Turismo.
sem naquela época, sensibilizar a instituição. Os problemas de
da Serra, Grão Pará, Lauro Müller e parcerias com as prefeituras de Urubici, Grão Pará e
gestão para a equipe começaram a aparecer, como a entrada
Orleans. Bom Jardim da Serra, em Santa Catarina e o Comando
de pessoas não autorizadas e até caçadores, a mesma histó-
ria conhecida em outras situações”, pontua Michel Tadeu R. N. da Aeronáutica.
OBJETIVOS A equipe gestora da UC reavaliou as trilhas com o
de Omena, analista ambiental da unidade. Nesse contexto de
Integrar a sociedade na gestão da uso de indicadores NBV (número balizador da visi-
mobilização social, servidores da unidade buscaram alternati-
Unidade de Conservação; refletir so- METODOLOGIA tação) e VIM (gerenciamento do impacto da visita-
vas e contaram com o apoio de uma série de instituições.
bre os objetivos das áreas protegidas. ção). A Coordenação de Planejamento, Estruturação
O fechamento das trilhas mobilizou uma série de
da Visitação e do Ecoturismo (Coest/ICMBio) ana-
Foto: Sérgio Sachet parceiros locais: Instituto Serrano de Conservação
lisou os dados e permitiu a reabertura das trilhas
da Natureza (Isecon); Comando da Aeronáutica (DT-
Nascentes do Rio Pelotas e da Pedra Furada. No
CEA-MDI); proprietários de áreas rurais não regula-
momento, visitantes interessados nos percursos
rizadas; Fundação do Meio Ambiente (Fatma), órgão
devem efetuar agendamento.
estadual de meio ambiente substituído pelo Insti-
tuto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA), a
partir de dezembro de 2017. PERÍODO
Durante reuniões do Conselho Gestor do Parque Novembro de 2016 – em andamento.
Nacional de São Joaquim, o tema foi avaliado, le-
vando em consideração os prós e contras e equipe
disponível para monitorar e prezar pela segurança PARCEIROS DO PROJETO
dos visitantes e a integridade dos recursos naturais.
Conselho do Parque Nacional de São Joaquim; Ins-
Parceiros ficaram responsáveis pela avaliação das tituto Serrano de Conservação da Natureza (Isecon);
trilhas, verificação de impactos; identificando neces- Destacamento de Controle do Espaço Aéreo - Mor-
sidade de melhoria. Após o levantamento, os dados ro da Igreja (DTCEA MDI); proprietários de áreas ru-
justificavam a abertura experimental de duas trilhas. rais não regularizadas; Fundação do Meio Ambiente
Assim os servidores da Unidade de Conservação po- (Fatma) - órgão estadual de meio ambiente - subs-
deriam concentrar esforços nos trechos. O trabalho tituído pelo Instituto do Meio Ambiente de Santa
voluntário na manutenção das trilhas foi essencial. Catarina (IMA), a partir de dezembro de 2017.

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


PROCESSO FORMATIVOS
GESTÃO PARTICIPATIVA E PROJETOS POLÍTICOS PEDAGÓGICOS UNEM
132 133
EDUCAÇÃO AMBIENTAL DIFERENTES ATORES SOCIAIS COM OBJETIVOS
Conselhos, voluntariado, parcerias com diferentes esferas
COMPARTILHADOS
Coordenação geral, executiva e gestão de recursos: Departamento de Educação Ambiental, do Ministério do
de governo e a criação de novos espaços de discussão Meio Ambiente (MMA) e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
potencializam as metas da equipe gestora e transformam
realidades que rompem os limites das áreas protegidas. Um dos propósitos do Programa de Apoio à Con- PERFIL
servação Ambiental (Bolsa Verde) do Ministério do
Confira os desafios superados por cada uma dessas Três grupos distintos participaram da iniciati-
Meio Ambiente (MMA) é estimular a participação
va. No Distrito Federal, Área de Proteção Am-
práticas e as ações que fizeram a diferença. dos beneficiários em ações de capacitação ambien-
biental do Planalto Central, o Parque Nacional
tal, social, educacional, técnica e profissional. “Em
de Brasília e a Reserva Biológica de Conta-
2015, foi desenvolvida uma estratégia com o intuito
gem. No Pará, a Reserva de Desenvolvimento
de contribuir com essa questão. O Departamento de
Foto: Fernando Tatagiba
Sustentável Itatupã-Baquiá; e no Amazonas, a
Educação Ambiental do Ministério do Meio Ambiente
Floresta Nacional de Tefé.
propôs a estruturação de Projetos Político Pedagógi-
cos (PPPs) de Educação Ambiental para o público do OBJETIVOS
programa Bolsa Verde. Essa dinâmica já vinha sendo
Compreender os territórios onde as UCs estão
trabalhada pelo Programa de Educação Ambiental e
inseridas e desenvolver com a comunidade
Agricultura Familiar (PEAAF) em diversos Estados e
caminhos para mapear ações capazes de
territórios do país.”, comenta Patrícia Fernandes Bar-
orientar a atuação dos vários atores e institui-
bosa, analista ambiental do Departamento de Edu-
ções com base em uma visão comum. Rela-
cação Ambiental do Ministério do Meio Ambiente.
cionar as dificuldades, necessidades e poten-
Os motivos que reforçam a importância de Projetos cialidades de cada unidade com o processo
Políticos Pedagógicos de Educação Ambiental em participativo; mapear ações em andamento
Unidades de Conservação envolvem o fortalecimen- como forma de articular parcerias e poten-
to das próprias unidades. “Os PPPs se justificam pelo cializar a sua realização; propor ações de
desafio de pensar e planejar ações formativas nes- educação ambiental que ampliem a partici-
sas áreas com os atores envolvidos direta ou indi- pação e fortaleçam a gestão das Unidades de
retamente na gestão, contribuindo para a resolução Conservação. Contribuir na adoção de práticas
dos problemas existentes e na organização de ações sustentáveis e agroecológicas; fortalecer as
educativas estruturantes nas UCs”, pontua Patricia comunidades na busca da qualidade de vida e
Fernandes Barbosa. na conservação da biodiversidade.

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


RESULTADOS INSPIRE-SE!
134 ࡿࡿ Em todas as UCs, fortalecimento do diálogo
135
firmado com o Instituto Interamericano de Coope- Distrito Federal os apontamentos destacam a proxi-
com as comunidades, ampliação de parcerias ração para a Agricultura (IICA). midade do lixão e a pressão antrópica (aquilo que
ࡿࡿ Conheça as ações defendidas pelos
com instituições de ensino e organizações locais, é consequência da ação do homem), enquanto, no
Em 2015, MMA e o Instituto Chico Mendes de Con- atores sociais da sua região na área socio-
além da forte demonstração da efetividade dos Pará, a ausência de coleta e a destinação inadequa-
servação da Biodiversidade (ICMBio) definiram o es- ambiental. Considere incluir além do entorno
Conselhos. da ainda resistem como problemas.
copo do trabalho e as UCs prioritárias: Floresta Na- e da cidade onde está a UC os municípios
ࡿࡿ Ampliação do olhar sobre as problemáticas cional de Tefé/AM e a Reserva de Desenvolvimento Na Floresta Nacional de Tefé, por conta das particu- próximos. Identifique potenciais parceiros
socioambientais do Distrito Federal, surgimento de Sustentável Itatupã-Baquiá/PA. No Distrito Federal, laridades da categoria, os desafios incluem: o êxodo alinhados às ações e princípios defendidos
ações convergentes e maior sinergia no trabalho rural desencadeado pela busca por melhores con- pela UC e some esforços.
em 2016, a escolha das Unidades envolveu diálogo
dos gestores das UCs. O ponto de partida de todas com gestores das UCs. A principal referência utili- dições de saúde e educação para crianças e jovens; ࡿࡿ Faça um levantamento dos principais
essas ações foi a possibilidade que o Projeto trouxe zada durante o projeto foi o Guia Metodológico de pouca diversificação da produção agrícola; intensi- obstáculos na área ambiental sob o olhar de
de juntar diferentes atores sociais em territórios Oficina do Programa de Educação Ambiental e Agri- ficação do uso das capoeiras (redução do tempo de diferentes lideranças.
com características socioeconômicas e ambientais cultura Familiar (PEAAF). pousio) e perda da identidade cultural (em especial
heterogêneas. No Distrito Federal: 100 ações ࡿࡿ A elaboração participativa de PPPs em
o saber sobre os usos dos recursos).
A estruturação dos PPPs ocorreu em três eixos prin- UCs apresenta breve, mas importante históri-
mapeadas e 40 atores com potencial de articulação
cipais: conceitual, situacional e operacional: O Ministério do Meio Ambiente (MMA) conduziu o co, como excelente instrumento metodológi-
em atividades na área ambiental relacionadas aos
processo de construção e a redação do PPP, en- co de mobilização e planejamento, definindo
principais desafios dos territórios. 1. No eixo conceitual, foram reunidos os marcos le-
quanto o ICMBio forneceu apoio logístico e contou prioridades para apoio financeiro e contri-
gais que orientaram o processo, os principais con-
ࡿࡿ Reserva de Desenvolvimento Sustentável Itatupã- com parceiros que contribuíram com a mobilização buindo com a gestão da UC.
ceitos e seus significados, valores, princípios, sabe-
Baquiá/PA: envolvimento de oito comunidades da dos participantes.
res e sonhos. ࡿࡿ Boas experiências devem ser compar-
reserva e de doze instituições parcerias, alcançando
tilhadas: trace planos, estratégias, busque
300 participantes. Criação da Câmara Temática de 2. No eixo situacional, estavam concentrados os
PERÍODO novas soluções e troque conhecimento práti-
Educação Ambiental (CTEA), do Conselho Gestor da levantamentos de dados, análises de indicadores
co com gestores de Unidades de Conservação
unidade, para liderar as ações do Projeto Político sociais e mapeamentos das instituições e ações so- PPP (DF): Julho de 2016 a março de 2017. da região.
Pedagógico. cioambientais e educacionais. PPP (PA) e (AM): Fevereiro a julho de 2016.

ࡿࡿ Na Floresta Nacional de Tefé/AM: a principal 3. No eixo operacional, foram definidas as ações es- Foto: Equipe DEA

parceira na execução do trabalho foi a Associação truturantes, seguindo as linhas de implementação


de Produtores Agroextrativistas da Floresta do PEAAF, como articulação, formação, comunica-
Nacional de Tefé e Entorno (Apafe). O Conselho ção, apoio aos territórios, fomento, continuidade,
comprometido com a melhoria das condições monitoramento e avaliação.
de vida das comunidades da Floresta Nacional Oficinas específicas sobre cada eixo mobilizaram di-
e entorno foi uma escolha acertada como o ferentes instituições e grupos envolvidos na gestão
“espaço maior” de gestão do PPP. Os espaços do território. Entrevistas-diálogo, rodas de conversa,
de diálogo fortaleceram a interação entre reuniões, grupos de trabalho, levantamento de dados
moradores, professores municipais e instituições secundários, observação participante e leitura dialo-
governamentais e não governamentais atuantes gada estavam entre as estratégias utilizadas para o
nas áreas de educação e no agroextrativismo. levantamento das contribuições ao PPP. Em todos os
PPPs estavam previstas ações de monitoramento e
avaliação como linha do eixo operacional.
METODOLOGIA
As semelhanças quanto aos desafios nas unidades
O processo foi realizado com a contratação de con-
do Distrito Federal e do Pará se referem aos resídu-
sultorias técnicas com recursos do Departamento
os sólidos e fiscalização ambiental no combate à
de Educação Ambiental (DEA) disponíveis no Projeto
caça e à pesca ilegais nas UCs. Sobre os resíduos, no
de Cooperação Técnica (PCT) Educação Ambiental,

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


EDUCAÇÃO TRANSFORMA
PARCEIROS DO PROJETO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO GARANTE
136 137
PPP (DF): Consultora Sumaya Cristina Dounis; Secre-
taria Estadual do Meio Ambiente (Sema); Instituto
Cimentos; Brasília é o Bicho; Instituto Oca do Sol;
Projeto Se liga aí; Amigos do Parque Canela de Ema;
RESULTADOS TRANSDISCIPLINARES
Brasília Ambiental (Ibram); Empresa Brasileira de Coordenação geral: Huéfeson Falcão dos Santos (Jovens Protagonistas da Floresta Nacional de Tefé).
Estação Ecológica Jardim Botânico de Brasília; APA
Coordenação executiva: Núcleo de Gestão Integrada Tefé (NGI Tefé) com apoio da Coordenação de Educação
Pesquisa Agropecuária (Embrapa); Companhia de do Planalto Central; Reserva Biológica da Contagem
Ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Gestão dos recursos
Saneamento Ambiental do Distrito Federal; (Caesb); e Parque Nacional de Brasília.
e gerenciamento: Coordenação de Educação Ambiental do ICMBio, equipes gestoras das Unidades de
Agência Reguladora de Águas, Energia; Saneamen-
PPP (PA): Consultora Maria Henriqueta Andrade Rai- Conservação; Leonardo Rodrigues (consultor).
to Básico do Distrito Federal (Adasa); Associação de
mundo; moradores das Comunidades da Reserva de
Produtores do Núcleo Rural Lago Oeste (Asproes-
Desenvolvimento Sustentável Itatupã-Baquiá; Asso-
te); Empresa de Assistência Técnica e Extensão Ru- A precariedade da educação na Floresta Nacional INSPIRAÇÃO
ciação dos Trabalhadores Rurais Agroextrativistas
ral (Emater); Associação dos Carregadores da Ceasa de Tefé era tema recorrente nas comunidades tradi-
do Itatupã-Baquiá; Câmara Municipal de Gurupá; O II Curso de Educação Ambiental e o I Ciclo de
(Ascar); Pesquisa Agropecuária (Embrapa Cerrados); cionais sob dois aspectos, acesso e qualidade. “Isso
Casa Familiar Rural de Gurupá; Conselho Gestor da Gestão Participativa, em especial a participação
Agropecuária (Embrapa Cerrados); Secretaria da passa a ser um dos principais problemas para a
RDS Itatupã-Baquiá; Empresa de Assistência Técnica de Tatiana Souza, analista ambiental do ICMBio,
Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura gestão da Unidade de Conservação (UC), tendo em
e Extensão Rural (Emater-Gurupá); Escolas Munici- na época lotada na Reserva Extrativista do Baixo
(Seagri); Secretaria de Educação do Distrito Federal vista que muitas comunidades acabam porque os
pais da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Juruá/AM e de mais um jovem dessa UC que deci-
(SEE-DF); Representante da Comunidade da Serri- ribeirinhos se mudam para a cidade em busca de
Itatupã-Baquiá; Grupo de Mulheres do São João do diram escrever junto com os jovens a Boa Prática
nha do Paranoá; Instituto Federal de Brasília (IFB); educação para seus filhos”, afirma Huéfeson Falcão
Jaburu; Polo de Educação da Região da Reserva de apresentada unindo duas demandas: aumentar a
Instituto Federal de Goiás (IFG); Universidade de dos Santos, liderança dos Jovens Protagonistas da
Desenvolvimento Sustentável Itatupã-Baquiá; Pre- participação da juventude nas UCs e investir na
Brasília (UnB); Instituto Brasileiro do Meio Ambien- Floresta Nacional de Tefé.
feitura Municipal de Gurupá e Sindicato dos Traba- formação de novas lideranças, utilizando a me-
te e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama); Ad- Espaços dominados pelos homens também exer-
lhadores e Trabalhadoras Rurais de Gurupá. todologia Verde Perto Educação, conduzida pelo
ministração da RA Lago Norte; Reserva da Biosfera; ciam forte influência nas comunidades, dificultan- professor Leonardo Rodrigues.
Secretaria de Educação do Distrito Federal; Instituto PPP (AM): Consultora Lêda Luz; Associação de Pro-
do qualquer interferência daqueles que não se
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama); dutores Agroextrativista da Floresta Nacional de PERFIL
sentiam por eles representados. “Nas reuniões co-
Serviço de Limpeza Urbana do Distrito Federal (SLU); Tefé e Entorno (Apafe); Instituto Federal do Ama-
munitárias e de gestão, a participação de homens Localizada na região do Médio Rio Solimões, mi-
Agência de Fiscalização do Distrito Federal (Agefis); zonas (Ifam); Universidade do Estado do Amazonas
com mais de 30 anos era predominante. As comu- crorregiões geográficas de Tefé e Juruá, a Floresta
Escola da Natureza; Estação Ecológica de Águas (UEA); Jovens Protagonistas; Prefeitura de Tefé; Pre-
nidades relatavam dificuldades para eleger novos Nacional de Tefé conta com 1.020.000 hectares
Emendadas (Esec-AE); Confederação Nacional dos feitura de Alvarães; Instituto de Desenvolvimento
presidentes que normalmente permaneciam por onde vivem cerca de 100 comunidades tradicio-
Trabalhadores na Agricultura (Contag); Votorantim Sustentável Mamirauá.
muitos anos no cargo. A partir disso, ficou evidente nais, cerca de 900 famílias, 3.600 pessoas.
a importância de melhorar a representatividade de
jovens e mulheres nos locais de decisão.”, destaca OBJETIVOS
Santos.
Foto: Maria Heniqueta Foto: Equipe DEA Estruturar as ações de educação ambiental, no
Prestes a completar 30 anos, a Floresta Nacional âmbito formal e informal, como estratégia para
de Tefé até um passado recente era pouco conhe- mobilizar a comunidade local em relação às ques-
cida no município que dá nome à unidade e inclu- tões ambientais e propor soluções capazes de
sive por jovens moradores que vivem na própria valorizar os conhecimentos tradicionais e favore-
área protegida, o que já indicava a falta de senso cer a permanência das comunidades. Elaborar e
de pertencimento. implementar o Projeto Político Pedagógico (PPP)
incluindo o resgate da cultura e das experiên-
Diante dessa realidade, o Projeto Político Peda-
cias comunitárias. Diversificar as lideranças nos
gógico transborda aprendizados, tanto de chegar
mais diversos estratos, jovens e mulheres devem
a um consenso sobre o ponto de partida frente
ganhar espaço e desenvolver atividades indepen-
a tantos desafios, quanto no momento de traçar
dente dos homens.
estratégias tendo em vista a meta a ser alcançada.

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


RESULTADOS METODOLOGIA INSPIRE-SE!
138 ࡿࡿ Jovens líderes formados com forte participação nas Para apoiar a elaboração do Projeto Político Peda- Grupo de Meliponicultores Multiplicadores: a ativi-
139
reuniões e maior senso de pertencimento quanto ao gógico (PPP) da Floresta Nacional de Tefé, o Minis- dade desenvolvida desde 2012 teve início com a ca-
lugar onde vivem. Articulados, demandaram cadeira ࡿࡿ Conheça os livros paradidáticos desen-
tério do Meio Ambiente contratou uma consultoria. pacitação promovida pelo Instituto Mamirauá. Os pri-
no Conselho Consultivo da Floresta Nacional de Tefé volvidos na Boa Prática:
A construção participativa do projeto foi garantida meiros produtores formados, atualmente, realizam
e no Conselho Municipal da Juventude, assumindo com uma série de reuniões envolvendo diferen- oficinas sobre construção de caixas de abelhas, con- »» O lugar onde moro – Flona de Tefé –
cargos na diretoria da Associação. Os jovens buscaram tes públicos, como conselheiros, jovens, mulheres, trole de pragas, Boas Práticas na manipulação dos Práticas Pedagógicas de Geografia
melhorias na educação pública para as comunidades professores e gestores municipais e instituições produtos e formas de comercialização. As temáticas Organizadores: Cristiano Quaresma de
junto aos Ministérios Públicos Federal e Estadual. parceiras. Já o consenso sobre diretrizes, objetivos, das oficinas são definidas com base nas demandas Paula, Maíra Suertegaray Rossato, Cleder
ࡿࡿ Lideranças de mulheres formadas estão métodos e ações voltadas à educação ambiental foi dos moradores. No fim do ano, os envolvidos com a Fontana, IGEO/UFRGS (2016).
obtido em oficinas. prática desenvolvem um planejamento na tentativa http://bit.ly/flonatefe1
participando de maneira ativa das reuniões. Unidas,
demandaram cadeira específica no Conselho de atender às expectativas dos demais moradores. »» O lugar onde moro – Geografia da Flona
Entre as frentes já trabalhadas no Projeto Político
Consultivo da Floresta Nacional de Tefé. Elas são Uma vez feito o planejamento, as lideranças do gru- de Tefé
Pedagógico estão tanto ações com início anterior
responsáveis pela criação e manutenção de cinco po buscam recursos financeiros com o ICMBio e/ou Organizadores: Dirce Maria Antunes
ao projeto, mas que ganharam apoio, quanto novas
hortas agroecológicas, que melhoram a segurança com outros parceiros, como o Sebrae, por exemplo. Suertegaray, Cláudia Luísa Zeferino Pires,
iniciativas:
alimentar das famílias e apresentam potencial capaz Cristiano Quaresma de Paula. http://bit.ly/
Elaboração de Material Paradidático e Capacitação
de gerar renda. Grupo de Jovens Protagonistas: consiste na rea- flonatefe2
de Professores(as): desenvolvimento e publicação
lização de Encontros de Jovens com o objetivo de
ࡿࡿ Formação de meliponicultores nas comunidades de três livros paradidáticos para utilização nas es- »» Livro infantil: Boyrá e o menino (apenas
mobilizar, organizar e formar a juventude extrati-
(criação de abelhas sem ferrão) como alternativa à colas da unidade. Os recursos vieram de edital para em versão impressa)
vista. A metodologia tem como base o Verde Perto
diversificação de fontes de renda. O projeto teve divulgação do conhecimento. Uma oficina específi- Maíra Suertegaray / Ilustrações: Carla Pilla
início com dois produtores e já conta com mais Educação alicerçado no tripé: protagonismo juvenil,
ca foi promovida para o levantamento e confirma- Editora Compasso Lugar Cultura (2016).
de 30. Com a atividade, os produtores extraem e transdisciplinaridade e educação lúdica.
ção das informações. O primeiro livro traz conteúdo »» Conhecimentos transmitidos pela co-
comercializam mel e derivados. Grupo de Mulheres da Floresta Nacional de Tefé: for- sobre natureza, modo de vida, história e trabalho. municação oral são excelentes fontes de
ࡿࡿ Elaboração de três livros paradidáticos sobre a mar, mobilizar e organizar mulheres de 11 comunida- O segundo apresenta atividades pedagógicas, en- inspiração para livros infantis e permitem
Floresta Nacional de Tefé com forte envolvimento des. A iniciativa é uma parceria entre a Universidade quanto o terceiro é de literatura infantil. O desen- levar a cultura de uma etnia, por exemplo,
dos moradores, para utilização nas aulas nas do Estado do Amazonas (UEA) e o Instituto Federal do volvimento das obras só foi possível pela parceria para crianças de todo o país.
comunidades. A oficina de formação para 45 Amazonas (Ifam), que levou à aprovação de um pro- do ICMBio-Tefé com o Núcleo de Estudos em Geo-
professores do ensino fundamental teve recursos jeto junto ao MDA. Política, direitos e saúde, os três ࡿࡿ A utilização do livro impresso faz toda a
grafia e Ambiente (Nega-UFRGS).
com foco na mulher, estão entre os temas-chave dos diferença na sala de aula, mas a versão digital
do PNUD 08/023. O Projeto Político Pedagógico (PPP)
pode levar a mensagem para outras comuni-
na Floresta Nacional de Tefé já vem sendo adotado encontros de formação. Na capacitação, as mulheres
dades, outras cidades, Estados; nesses casos
como prática pela Divisão de Gestão Participativa e ampliam o conhecimento sobre hortas agroecológicas PERÍODO
o conteúdo teria outra função, a de revelar e
Educação Ambiental (DGPEA/ ICMBio). e contam também com visitas de assistência técnica. Abril de 2011 – em andamento. valorizar as diferenças socioculturais.
Foto: Acervo ICMBio Foto: Acervo ICMBio
ࡿࡿ As lideranças das comunidades tradi-
PARCEIROS DO PROJETO cionais são de fato representativas, com a
participação de homens, mulheres e jovens?
Universidade do Estado do Amazonas (UEA);
Avalie o seu cenário e busque envolver pes-
Núcleo de Estudos em Geografia e Ambiente soas de diferentes grupos, novos perfis tra-
(Nega-UFRGS); Associação de Produtores Agroextra- zem diferentes olhares inclusive em relação à
tivistas da Floresta de Tefé e Entorno (Apafe); Gru- Unidade de Conservação.
po de Jovens Protagonistas; Grupo das Mulheres da
Floresta Nacional de Tefé; Secretarias Municipais de
Educação de Tefé e de Alvarães/AM.

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


INTERLOCUÇÃO
RESULTADOS METODOLOGIA
140
A ENTRADA DE UM TERCEIRO ATOR SOCIAL 141
PODE MUDAR OS RUMOS DE UM CONFLITO
ࡿࡿ Aproximação e mudança na relação entre os Em 2016, a Fundação Neotrópica iniciou o Projeto
moradores e a equipe gestora da UC, que passou a Canaã e convidou a gestão do parque a apoiar a
Coordenação geral: Nicholas Kaminski (Fundação Neotrópica do Brasil - FNB). Coordenação executiva: ser vista como parceira. iniciativa. Esse momento foi um marco de uma nova
Nicholas Kaminski, Juliana Andrade Santana, Isis Rodrigues Reitman, Rodolfo Portela Souza e Giana Alves relação entre moradores da comunidade e a gestão
ࡿࡿ O olhar sobre o parque também revela
Corrêia (Fundação Neotrópica do Brasil - FNB); Nayara Stacheski e Sandro Roberto da Silva Pereira (Parque do parque, com a construção do diálogo no sentido
alterações, desde o projeto, a unidade é considerada
Nacional da Serra da Bodoquena/ICMBio). Gestão dos recursos e gerenciamento: Fundação Neotrópica do da resolução de conflitos.
como oportunidade de crescimento para a região.
Brasil.
O acesso a alguns atrativos em áreas que estão A partir de visitas e conversas nas residências do
sendo regularizadas dentro da UC poderá ser feito Assentamento foi feito diagnóstico nas esferas so-
Apesar de recente, o Parque Nacional da PERFIL pelo assentamento Canaã, integrando assim a cioeconômica e ambiental. Coleta de pontos em
Serra da Bodoquena tinha sua trajetória re- comunidade na dinâmica do parque. GPS, criação de mapas, cadastro dos moradores e
O maior remanescente de Mata Atlântica de interior
lacionada aos conflitos com o Assentamento calendário de atividades subsidiaram o desenvolvi-
do Brasil está no Parque Nacional da Serra da Bodo- ࡿࡿ O fortalecimento da comunidade levou à criação
Canaã, localizado nos limites da Unidade de mento do projeto.
quena. A unidade tem como principal característica o de uma nova associação, o que demostra superação
Conservação (UC). “A criação de uma UC de
relevo cárstico que funciona como reservatório hídrico quanto a uma infeliz experiência com o antigo As oficinas participativas incluíram as seguintes
proteção integral após 20 anos de existên-
em canais submersos, responsáveis por uma série de grupo. O trabalho especificamente com mulheres estratégias: mapa falado, linha do tempo, diagra-
cia do assentamento gerou diversos conflitos
rios que seguem para o Pantanal. O Assentamento Ca- não estava previsto, mas também registrou avanços ma de Venn (organização de conjuntos para agru-
ambientais e fundiários que perduraram até
naã localizado nos limites do parque, no município de em busca de novas perspectivas de trabalho. par elementos dentro de figuras geométricas e
recentemente. A falta de informação sobre o
Bodoquena/MS, possui 3.620 hectares ocupados por de suas áreas de conexão) e árvore dos sonhos.
contexto da criação de uma UC, a regulari- ࡿࡿ A implantação dos sistemas agroflorestais
50 lotes. Em 1980, contava com mais de 100 famílias, Visitas a outros projetos no Estado para troca
zação fundiária de alguns lotes sobrepostos proporcionou melhor qualidade de vida aos
atualmente, apenas 37 residem no local. de experiências também integraram o processo.
à área do parque ainda não concluída e a moradores e ao mesmo tempo contribuiu na
Após o levantamento, foram realizadas reuniões
restrição na utilização desses lotes levou a regeneração dos solos degradados e na restauração
OBJETIVOS participativas e oficinas de capacitação, seguidas
uma relação bastante conflituosa entre os da mata ciliar em alguns lotes. Os moradores
Demonstrar aos moradores do Projeto Canaã que de almoço e conversas informais.
assentados e a gestão da unidade”, pondera aprimoraram o manejo do gado, compreenderam a
Nicholas Kaminski, superintendente executi- novas alternativas de geração de renda aliadas à con- legislação vigente e passaram a segui-la.
vo da Fundação Neotrópica do Brasil (FNB). servação da natureza são possíveis. Realizar oficinas
Foto: Acervo FNB
de capacitação sobre Turismo de Base Comunitária,
Entre as principais atividades econômicas
recursos naturais e sistema agroflorestal, com plantio
nos 3.620 hectares do assentamento estava
de mudas de espécies arbóreas nativas e de plantas
a pecuária (leite e corte) praticada sobre so-
de espécies agrícolas, visando a produção e a recu-
los rasos e com grande potencial de erosão.
peração florestal, principalmente de matas ciliares
Até 2016, diversas tentativas de aproximação
nas propriedades. Otimizar o uso da terra, conciliando
da gestão do parque com a comunidade do
a produção florestal com a produção de alimentos,
Assentamento Canaã foram frustradas, qual-
conservando o solo e diminuindo a pressão pelo uso
quer movimento parecia em vão até que
da terra para produção agrícola. Desenvolver ativida-
surgiu uma janela de oportunidade pela ini-
des de educação ambiental, em especial a observação
ciativa de uma organização de fins não lu-
de aves, com crianças e jovens residentes no Assenta-
crativos na área de conservação da natureza.
mento Canaã.

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


MAGISTÉRIO EXTRATIVISTA
O repasse de conhecimento à comunidade privile-
giou a apresentação de alternativas produtivas sus-
INSPIRE-SE! 79 JOVENS ATINGEM O ENSINO FUNDAMENTAL
142 143
tentáveis, implantação dos sistemas agroflorestais EM RESERVAS EXTRATIVISTAS DA TERRA DO
e diversificação da produção. Visitas periódicas e
registros fotográficos são as práticas utilizadas para
ࡿࡿ Participação de atores sociais de
diferentes esferas muitas vezes favorece a
MEIO
o monitoramento do plantio. A assessoria técnica construção do diálogo e a identificação do Coordenação geral: Raquel da Silva Lopes (Universidade Federal do Pará – UFPA/Campus Altamira). Coordenação
aos moradores busca responder as questões levan- interesse em comum. A presença exclusiva de executiva: Universidade Federal do Pará, por meio da Escola de Aplicação e do Campus de Altamira. Gestão
atores sociais posicionados nos extremos é dos recursos e gerenciamento: Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa da Universidade Federal
tadas nas oficinas. As reuniões com a comunidade
um desafio por si só. do Pará (Fadesp/UFPA).
apresentam como eixo as técnicas e ferramentas de
participação comunitária. ࡿࡿ Desenvolver atividades com crianças
O projeto contou com apoio financeiro do Fundo presume resultados de longo prazo, mas con- A dificuldade do acesso à educação, em especial nas áreas pro- PERFIL
siderando a influência delas sobre as famílias tegidas da região Norte, desponta como um dos principais obs-
Nacional do Meio Ambiente (FNMA). Reservas Extrativistas: Rio Xingu/
o retorno pode estar mais próximo do que o táculos ao empoderamento das comunidades locais, comprome-
PA; Rio Iriri/PA; Riozinho do Anfrí-
estimado. tendo a condução dos próprios interesses na gestão do território
sio/PA.
PERÍODO ࡿࡿ Visitas de monitoramento possuem
em que vivem. “O diferencial da educação está relacionado não
somente à necessidade de diminuir a distância estrutural que OBJETIVOS
Junho de 2016 – em andamento. múltiplas funções: acompanhar a evolução da
separa esses segmentos do acesso à educação formal, mas tam-
iniciativa, trocar informações sobre o projeto Aumentar a escolaridade de
e aprimorar a relação com a comunidade, bém – e sobretudo – à possibilidade concreta de, uma vez inclu-
jovens moradores das Unidades
PARCEIROS DO PROJETO mantendo sempre esse canal aberto. ídos no sistema escolar, reunirem condições para uma efetiva
de Conservação (UCs) da Terra do
apropriação dos elementos fundamentais para o seu “empower-
Prefeitura Municipal de Bodoquena/MS; Agência ࡿࡿ Capacitar os moradores de assenta- Meio/PA; habilitar professores das
ment” e, consequentemente, para a superação das condições so-
Nacional de Desenvolvimento Agrário e Extensão mentos em atividade econômica harmônica Reservas Extrativistas da Terra do
ciais de vulnerabilidade que transformam diferença em desigual-
Rural de Mato Grosso do Sul (Agraer). à Unidade de Conservação e que dialogue Meio e adjacências ao exercício da
dade”, destaca Raquel da Silva Lopes, professora e pesquisadora
com o perfil da comunidade desponta como docência profissional identifica-
da Universidade Federal do Pará/Campus Altamira.
potencial instrumento gerador de renda. dos/as com as raízes e o cotidiano
Dados do Censo Escolar de 2010 divulgados pelo Instituto Na- das Reservas Extrativistas; cons-
cional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira Le- truir um sistema diferenciado de
gislação e Documentos (Inep) indicam que na região Norte 40% ensino para as escolas da Reservas
das matrículas da 1ª a 4ª séries concentram-se na zona rural, Extrativistas comprometido com
Foto: Acervo FNB Foto: Acervo FNB em relação a 5ª a 8ª o índice é de apenas 15%. Em resposta a a transformação da educação e
essa realidade, uma série de instituições parcerias, incluindo da realidade desses territórios;
representantes da sociedade civil e órgãos públicos, além de promover o intercâmbio entre as
universidades e escolas investem em duas frentes relativas à experiências de educação escolar
educação nas Reservas Extrativistas, confira. extrativista, no Estado e no país.

Foto: Acervo Projeto Foto: Acervo Projeto

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


RESULTADOS INSPIRE-SE!
144 ࡿࡿ 79 jovens extrativistas atingiram o Ensino Riozinho do Anfrísio (abril), 25 estudantes da Reser-
145
terdisciplinaridade traz o currículo como articulador
Fundamental. Construção de uma metodologia de conteúdos escolares e saberes locais, contextu- va Extrativista do Rio Xingu (junho) e 28 estudantes
ࡿࡿ Faça um levantamento sobre o grau de
eficaz afirmativa para o enfrentamento das alizados no plano regional e global, o que estimula da Reserva Extrativista do Rio Iriri (julho). O projeto
instrução da comunidade que vive no entor-
desigualdades sociais. as inter-relações entre os múltiplos aspectos: eco- segue até 2019 quando os educandos vão concluir
no da Unidade de Conservação (UC) e conver-
nômico, político, social, cultural, de gênero, geração e o Ensino Médio.
ࡿࡿ Mobilização dos jovens e dos demais segmentos se com os moradores sobre as questões que
das comunidades extrativistas das UCs. etnia. Enquanto o princípio Pluralidade de Saberes e Em cada Reserva Extrativista há uma escola polo mais incomodam nesse sentido.
Linguagens incorpora à proposta elementos culturais com a seguinte infraestrutura: sala de aula, aloja-
ࡿࡿ Compreensão socioantropológica a respeito lado a lado com os conhecimentos científicos, peda- ࡿࡿ Pesquise se alguma atividade de forma-
mento, cozinha e auditório, espaços que garantem a
da complexa questão da educação escolar para gógicos e tecnológicos. O conceito extrapola a forma ção de professores com foco em comunida-
operacionalização dos módulos com certo conforto
comunidades tradicionais isoladas fundamentada des tradicionais é realizada na sua região.
escrita, oral e dos números, potencializando as lin- e segurança para alunos e professores. Os traba-
em pesquisas científicas. guagens corporal, artística, fotográfica e cartográfica. lhos administrativo e de gestão também contam ࡿࡿ Reúna lideranças das comunidades, em
ࡿࡿ Geração de conhecimento para a O acompanhamento do processo de ensino e com estrutura própria composta por sala estrutura- especial moradores com os perfis que formam
operacionalização de uma proposta pedagógica da com alguns móveis (mesas, cadeiras e armários) o público-alvo da temática, além de parceiros
aprendizagem foi feito a partir dos seguintes ins-
adequada às necessidades e às características e levante hipóteses para aumentar a escola-
trumentos: arquivo das atividades; diário de clas- e linha telefônica no Campus de Altamira.
dessas comunidades, incluindo problematizar ridade dessa população. Educação empodera
se; ficha-síntese de acompanhamento individual; O projeto é financiado pelo Ministério da Educação,
ideologias que alimentam pré-noções e comunidades o que pode refletir na UC.
fichas de autoavaliação dos/as educandos/as; fi- por meio da Secretaria de Articulação com os Siste-
preconceitos que naturalizam a desigualdade. cha de parecer individual dos educandos; mapas ࡿࡿ Durante as reuniões do Conselho
mas de Ensino (Sase) e da Secretaria de Educação
de avaliação que retratam o aproveitamento cole- Gestor de UCs dê voz a participantes dos
Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão
tivo dos/as educandos/as. mais diferentes perfis, com as mais diversas
METODOLOGIA (Secadi).
formações, formais e informais, para que eles
A formação de educadores traz na base os seguin- somem esforços.
O Projeto Formação de Professores/Magistério Ex-
tes princípios metodológicos: Dialogicidade, Multi-
trativista da Terra do Meio trabalhou com três sub- PERÍODO
dimensionalidade, Transversalidade, Contextualiza-
turmas; uma por Reserva Extrativista, atendendo
ção, Alternância do Ato Educativo e Flexibilidade. Dezembro de 2015 a dezembro de 2019.
assim a um pedido dos moradores e os desafios
A Contextualização utiliza múltiplas perspectivas:
logísticos.
histórica, sociológica, cultural para que a educação
A primeira etapa consistiu em duas frentes: a se- atenda de forma prática às expectativas e necessi-
PARCEIROS DO PROJETO Foto: Acervo Projeto

leção de estudantes e a escolha dos professores dades dos estudantes. Já Alternância do Ato Edu- Associação de Moradores e Conselhos Gestores das
formadores. Os estudantes tinham que ser mora- cativo contempla dois momentos: o tempo-escola, Três UC’s envolvidas; Universidade Federal do Pará/
dores das Reservas Extrativistas e áreas adjacentes que consiste em estudos desenvolvidos nos centros Campus de Altamira; Escola de Aplicação da Uni-
interessados e referenciados pela comunidade. Já de formação; e o tempo-comunidade, que oportu- versidade Federal do Pará; Secretaria Municipal de
a seleção dos professores formadores trouxe como niza o desenvolvimento de estudos na comunidade. Educação de Altamira; Secretaria Municipal de Saú-
condições para inscrição o licenciamento nas di- de de Altamira; Instituto Socioambiental; Fundação
Após a formação em nível médio, os professores es-
ferentes áreas do conhecimento, aptidão e dispo- Viver, Produzir e Preservar.
tavam aptos a ministrar aulas na educação infantil,
nibilidade para desenvolver o trabalho. Os 75 edu-
ensino fundamental/séries iniciais e Educação de
cadores selecionados passaram por processos de
Jovens Adultos (EJA), articulados com os conheci-
formação (oficinas de afinação) por conta da pro-
mentos e as necessidades dessa população.
posta diferenciada em uma realidade peculiar.
Os educandos não concluem séries, mas oito mó-
Os princípios curriculares do projeto estão de acor-
dulos constituídos por 2.915 horas, sendo 1.685 ho-
do com a legislação educacional vigente, são eles:
ras de tempo escola/presenciais e 1.230 horas de
Flexibilidade; Interdisciplinaridade; Pluralidade de
tempo-comunidade. Em 2017, 79 jovens estavam for-
Saberes e Linguagens; Trabalho como princípio edu-
mados, sendo: 26 estudantes da Reserva Extrativista
cativo; Pesquisa como eixo estruturante; Práxis. A In-

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


DIÁLOGO PERMANENTE

146
RECURSO AUDIOVISUAL FAVORECE RESULTADOS
147
APROXIMAÇÃO ENTRE GESTÃO ESTADUAL E A ࡿࡿ A aproximação entre a gestão do Parque e as
comunidades possibilitou a criação de um canal
conversa nas comunidades sobre temas sugeridos
pelos moradores ou seguindo o Calendário Ecoló-
COMUNIDADE de diálogo permanente. gico do Semiárido desenvolvido pela Associação
Coordenação geral: Paulo César Lyra (Secretaria do Meio Ambiente do Ceará - Sema-CE). Coordenação Caatinga. O calendário traz os dias comemorativos
ࡿࡿ Identificação dos anseios, conflitos e
executiva: Cecília Licarião Barreto Luna (Secretaria do Meio Ambiente do Ceará - Sema-CE). Gestão dos relacionados à natureza, como por exemplo, 22 de
dificuldades dos moradores, suas formas de
recursos e gerenciamento: Fátima Viviane Carneiro Bezerra (Secretaria do Meio Ambiente do Ceará - março/Dia Mundial da Água; assim como ações de
organização e aspectos socioambientais.
Sema-CE). prevenção, 11 de janeiro/Dia do Controle da Po-
ࡿࡿ Formação de cidadãos mais conscientes luição por Agrotóxicos; e celebra cada profissional
sobre a importância do parque, os objetivos da envolvido nessa missão, 06 de fevereiro/Dia do
A permanência das comunidades tradicionais que PERFIL unidade e as particularidades dos ecossistemas Agente de Defesa Ambiental.
já viviam na área demarcada como o Parque Esta-
Localizado em Fortaleza, é o maior parque ali presentes.
dual do Cocó, em 2017, está prevista no decreto de Durante o projeto, os moradores sugeriram a re-
natural urbano do Norte/Nordeste, com 1.571 ࡿࡿ Ampliação das ações ambientais no território.
criação da unidade, assim como a continuação das alização de passeios de barco pelo rio Cocó. Para
hectares. O rio Cocó percorre toda a extensão da Parceria voluntária para a fiscalização das áreas
atividades econômicas desenvolvidas pelos mora- os servidores da Secretaria essa prática permitiu
unidade que tem como principal ecossistema o do entorno.
dores e o uso dos recursos naturais, com base no abordar questões voltadas aos recursos hídricos
manguezal.
Plano de Manejo. A partir desse panorama, o esta- em um contexto de maior apelo. Oficinas de plan-
belecimento de uma relação próxima entre a Se- OBJETIVOS tio e horta orgânica, em menor escala, também
cretaria do Meio Ambiente do Estado do Ceará e as
METODOLOGIA
constituíram a prática.
comunidades era mais do que necessário. “O pro- Ampliar o alcance das práticas educativas no A Secretaria do Meio Ambiente do Estado do Ceará
jeto foi desenvolvido como forma de identificar as parque; criar agentes multiplicadores de ações selecionou duas comunidades como público-alvo:
comunidades tradicionais e associações de mora- ambientais; despertar o interesse pelas causas Associação de Nativos e Moradores da Sabiaguaba PERÍODO
dores na área de abrangência do Parque Estadual ecológicas; fortalecer práticas ambientais de- e a Comunidade do Tancredo Neves. Julho de 2016 a janeiro de 2017.
do Cocó e assim buscar a aproximação das mesmas senvolvidas pelas associações de moradores das
O projeto foi desenvolvido em três locais: nas
com a gestão do Parque por meio da educação am- comunidades locais; proporcionar momentos de
duas comunidades e no Centro Cocó, que integra
biental”, esclarece Paulo César Lyra, gestor do Par- lazer para os envolvidos. PARCEIROS DO PROJETO
o Centro de Referência Ambiental do parque.
que Estadual do Cocó. Associação de Nativos e Moradores da Sabiaguaba;
Uma vez por semana, às quartas à noite, 15 mora-
Comunidade Tancredo Neves; Associação Caatinga.
Fotos: Sabrina Soares e Eduardo Barbosa dores escolhidos pela Associação e pela Comuni-
dade participavam de dinâmicas relativas às ques-
tões ambientais. No Cine Cocó, as práticas tinham
início com jogos de tabuleiro que faziam referência
Fotos: Sabrina Soares e Eduardo Barbosa
à temática, como uso racional da água e prevenção
ao mosquito da dengue, por exemplo. Na sequên-
cia, os moradores assistiam a produções audio-
visuais pré-selecionadas (filmes, documentários,
curtas-metragens, manifestos, comerciais) sob as
diversas faces do assunto. Após a exibição, edu-
cadores do Parque Estadual do Cocó conduziam
rodas de conversa sobre o assunto abordado, com
o propósito de aguçar o senso crítico dos partici-
pantes a partir de questionamentos.

Às sextas-feiras, semanalmente também, educa-


dores ambientais realizavam palestras e rodas de

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


TERMO DE COMPROMISSO

148
INSPIRE-SE! CONCILIAÇÃO PERMITE A PESCA EM UNIDADE 149
DE PROTEÇÃO INTEGRAL RECÉM-CRIADA PELO
Fotos: Sabrina Soares e Eduardo Barbosa ࡿࡿ Selecionar filmes sobre a temática
ambiental que dialoguem com os desafios
PODER LEGISLATIVO
da Unidade de Conservação pode ser um Coordenação geral: João Augusto Madeira (Coordenação de Gestão de Conflitos em Interfaces Territoriais
caminho para iniciar rodas de conversa. Coordenação Geral de Gestão Socioambiental - COGCOT/CGSAM/DISAT/ICMBio) e Bryan Renan Müller (Núcleo
de Estudos sobre Sistemas Pesqueiros e Áreas Marinhas Protegidas, vinculado ao Centro de Estudos do Mar,
ࡿࡿ Fotografias são instrumentos que da Universidade Federal do Paraná - Nespamp/CEM/UFPR). Coordenação executiva: João Augusto Madeira
permitem também novas abordagens como (COGCOT/CGSAM/DISAT/ICMBio); Bryan Renan Müller, Rodrigo Pereira Medeiros, Ana Clara Giraldi (Nespamp/
ponto de partida nas conversas sobre ques- CEM/UFPR); Jocemar Mendonça (Instituto de Pesca - IP/SP); Carolina Alvite (Centro Nacional de Pesquisa e
tões ambientais. Valem fotos de fotógrafos Conservação da Sociobiodiversidade Associada a Povos e Comunidades Tradicionais - CNPT/ICMBio); Walter
reconhecidos, imagens do próprio ICMBio, Steenbock (Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Marinha do Sudeste e Sul -
da comunidade e dos visitantes, uma vez CEPSUL/ICMBio); Fabio Moreira Correa (Parque Nacional Marinho das Ilhas Currais - PNMIC/ICMBio). Gestão
que é possível rastreá-las pelas hashtags. dos recursos e gerenciamento: COGCOT/CGSAM/ICMBio; Coordenação Regional de Florianópolis (ICMBio);
Nespamp/CEM/UFPR.
ࡿࡿ Oficinas que estimulem os moradores
das comunidades a fotografar os motivos de
Fotos: Sabrina Soares e Eduardo Barbosa
orgulho e os desafios da Unidade de Conser- A falta de consultas públicas e de INSPIRAÇÃO
vação e do entorno também podem produzir estudos técnicos – na contramão
Ciclo de Gestão Participativa, um investimento feito anualmente
registros surpreendentes. A análise desse do que preconiza o Sistema Nacio-
pelo ICMBio, desde 2010, na capacitação de turmas do quadro
material pode funcionar como eixo central nal de Unidades de Conservação
de uma série de rodas de conversa. de servidores em diversas técnicas voltadas a lidar com as
da Natureza (SNUC) – fez com que
comunidades que interagem com as UCs, inclusive relativas à
ࡿࡿ A análise conjunta da equipe gestora a Lei 12.829, de 2013 que instituiu
gestão de conflitos.
nos bastidores é interessante, mas a con- o Parque Nacional Marinho das
clusão final deve ser participativa. Organizar Ilhas dos Currais, pelo Poder Legis- PERFIL
uma mostra com a revelação de pelo menos lativo, desde o início colecionasse
Localizado no litoral do Paraná, próximo aos municípios de
uma foto de cada participante tem potencial críticas. “A proibição imediata da
de estabelecer nova dinâmica de trabalho. Pontal do Paraná e Matinhos, o Parque Nacional Marinho das
pesca nas Ilhas Currais, decorren-
Ilhas dos Currais conta com 1.359 hectares. É o terceiro parque
te da criação da Unidade de Con-
nacional marinho do país, ao lado das unidades de Abrolhos/BA
servação (UC) de proteção integral,
e de Fernando de Noronha/PE.
acarretou na instalação de conflito
socioambiental entre o Instituto
OBJETIVOS
Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade (ICMBio) e os pes- Fazer a gestão do conflito, assumindo a existência da colisão de
cadores artesanais da região, di- direitos; melhorar a relação entre a equipe gestora do Parque
ficultando, consequentemente, a Nacional Marinho das Ilhas dos Currais e a comunidade local;
gestão da UC”, declara João Augus- enfrentar um problema que atinge, em maior ou menor grau,
to Madeira, analista ambiental da 70% das UCs federais de proteção integral; desenvolver uma
Coordenação de Gestão de Confli- prática que funcione como bom exemplo para as UCs que apre-
tos Territoriais (Cogcot/ICMBio). sentam situação semelhante.

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


RESULTADOS METODOLOGIA INSPIRE-SE!
150 ࡿࡿ Conquista da confiança entre a gestão A Unidade de Conservação contava com apenas pesca tradicional dos pescadores artesanais de Ma- 151
da unidade e os pescadores artesanais das um analista ambiental desde 2014. Os pescadores tinhos e Pontal do Paraná. Em 2016, foi levantado
ࡿࡿ Núcleos de pesquisa e instituições de
Colônias de Pontal do Paraná e Matinhos, desde fizeram uma denúncia ao Ministério Público Federal um primeiro conjunto de dados, que identificou im-
ensino que desenvolvem estudos na unida-
o monitoramento prévio de 2016 que indicava a (MPF) em Paranaguá, que acolheu a ação e perce- pactos relativamente pequenos, com a possibilida-
de são parceiros estratégicos na análise dos
viabilidade do acordo. beu a necessidade de negociar, já que os pescado- de de saídas negociadas, ainda que transitórias, na
possíveis impactos, a partir das alterações
res estavam privados do uso de um de seus princi- busca por soluções permanentes mais à frente.
ࡿࡿ Assinatura do Termo de Compromisso que de cenário. Investir em parcerias como essas
pais recursos com a criação da área protegida. O esforço da COGCOT e da Coordenação Regional fortalece a UC.
regulamentou transitoriamente a pesca da tainha
(Mugil liza) dentro da área de sobreposição entre o Em 2014, tiveram início as primeiras negociações de Florianópolis para que o presidente do ICMBio
ࡿࡿ A criação de Unidades de Conservação
território tradicional de pesca destas comunidades sobre a polêmica quanto aos impactos da pesca delegasse ao coordenador regional a prerrogativa
que desconsideraram normas do Sistema
e o Parque Nacional Marinho das Ilhas dos Currais, sazonal da tainha (Mugil liza), da cavala (Scombe- de assinar o Termo de Compromisso garantiu agili- Nacional de Unidades de Conservação (SNUC)
durante a temporada de pesca desta espécie em 2017. romorus cavala e Scomberomorus brasiliensis) e dade ao processo. A negociação entre ICMBio e pes- ou ainda foram decretadas antes da vigência
da salteira (Oligoplites spp.) sobre os ecossistemas cadores contou com intermediação do Nespamp/ dessa legislação representam um desafio,
ࡿࡿ Aprimoramento de equipes do ICMBio na
protegidos pela unidade. Foi feita uma autorização CEM/UFPR e participação do Instituto de Pesca/SP mas experiências como a do Parque Nacional
agenda de gestão de conflitos socioambientais, o
pelo Ministério Público, mas ficou constatada a ne- e da Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa do Marinho das Ilhas dos Currais despontam
que possibilita replicar experiências positivas em
cessidade de formalizar um acordo como forma de Agronegócio (Fundepag). como exemplos de alternativas. Compartilhar
diversos casos já previamente mapeados.
garantir mais segurança aos envolvidos. o histórico de conciliação pode favorecer a
Em menos de uma semana de negociações, servi-
ࡿࡿ Integração de informações técnicas entre: retomada de negociações.
Em 2016, a Coordenação de Gestão de Conflitos Terri- dores do ICMBio e pescadores firmaram o Termo de
Centro Nacional de Pesquisa e Conservação
toriais, do ICMBio (COGCOT) e a Coordenação Regio- Compromisso (TC) que viabilizou a avaliação mais ࡿࡿ Busque construir uma boa relação com
da Biodiversidade Marinha do Sudeste e Sul
nal de Florianópolis definiram o Plano de Trabalho concreta dos locais de pesca utilizados por esses as comunidades tradicionais mesmo em
(Cepsul/ICMBio) e o Núcleo de Estudos sobre
para subsidiar a tomada de decisões antes do início pescadores tradicionais no litoral paranaense (den- situações de insegurança como essa da Boa
Sistemas Pesqueiros e Áreas Marinhas Protegidas
da safra de pesca em 2017 (15 de maio a 31 de julho). tro e fora da unidade), das quantidades pescadas e Prática.
(Nespamp), vinculado ao Centro de Estudos do Mar
de possíveis soluções permanentes para o conflito. ࡿࡿ Frente a situações onde o SNUC não
(CEM) da Universidade Federal do Paraná (UFPR). A A parceria com o Núcleo de Estudos sobre Sistemas
interlocução com a equipe do Nespamp/CEM/UFPR Pesqueiros e Áreas Marinhas Protegidas (Nespamp), Entre maio e agosto de 2017, o Nespamp/CEM/UFPR foi seguido e a relação com a comunidade é
trouxe novos parceiros ao projeto, como o Instituto vinculado ao Centro de Estudos do Mar (CEM), da e o Instituto de Pesca/SP, em parceria com a Fun- no mínimo delicada, relacione Unidades de
depag, realizaram o monitoramento, a partir de três Conservação onde todas as etapas do SNUC
da Pesca (IP-SP) e a Fundação de Desenvolvimento Universidade Federal do Paraná (UFPR) foi funda-
foram cumpridas e apresente exemplos das
da Pesquisa do Agronegócio (Fundepag). mental e viabilizou um acordo em bases técnicas formas de coleta de dados: acompanhamento dos
ações voltadas à comunidade; a ideia é mos-
com previsão do monitoramento do impacto da desembarques (registros de captura e informações
trar até onde uma boa relação pode chegar.
Foto: Acervo ICMBio Foto: Acervo ICMBio

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


COMUNICAÇÃO

152
sobre a pescaria no momento de chegada das em-
barcações); registros dos diários de pescaria dos
Currais, houve apenas a captura da cavala. A avalia-
ção do ICMBio e dos parceiros é a de que um acordo
DIÁLOGO E INTERAÇÃO SOCIAL APOIAM A 153
barcos (preenchimento de relatório diário de pro- com maior vigência viabilizará uma avaliação mais IMPLEMENTAÇÃO DO PARQUE ESTADUAL DO
dução e descrição da pescaria); observação das
pescarias a bordo da embarcação, com acompanha-
adequada sobre as necessidades dos pescadores,
a aceitabilidade dos impactos e possíveis soluções
JALAPÃO
mento de pesquisadores e estudantes (com registro permanentes. Participaram do estudo a Coordena- Coordenação geral: Angélica Beatriz Corrêa Gonçalves (Parque Estadual do Jalapão/Naturantins); Rejane
da atividade de captura, além das informações bio- ção de Gestão de Conflitos em Interfaces Territoriais Ferreira Nunes (Área de Proteção Ambiental Jalapão/Naturantins). Coordenação executiva: Maurício José
lógicas). O estudo relacionou dados sobre pescas (COGCOT/ICMBio), o Centro Nacional de Pesquisa e Alexandre de Araújo (Coordenação de Manejo e Proteção Parque Estadual do Jalapão/Naturantins); Cassiana
Moreira (Coordenação de Atividades de Educação Ambiental Parque Estadual do Jalapão/Naturantins). Gestão
dentro e fora da unidade como forma de avaliar a Conservação da Biodiversidade Marinha do Sudes-
dos recursos e gerenciamento: Emivaldo Campos de Farias e José Santana (Naturantins).
participação dos pesqueiros localizados dentro da te e Sul (CEPSUL/ICMBio), Coordenação Regional de
UC na renda da comunidade. Florianópolis (ICMBio) e o Parque Nacional Marinho
das Ilhas dos Currais (ICMBio). Novas Unidades de Conservação represen- INSPIRAÇÃO
Apenas a etapa final do monitoramento embarca-
do da pesca realizada pelo CEM/UFPR contou com tam uma conquista da sociedade, geral-
A experiência de gestão do Parque Estadual do Can-
aporte do Projeto Pnud/BRA/08/23. Prefeituras e mente acompanhada de inúmeros desafios.
PERÍODO Com o Parque Estadual do Jalapão não foi
tão entre 2000 e 2002 e dos aprendizados no Curso de
Câmaras de Vereadores apoiaram a iniciativa, mas Administração e Manejo de Unidades de Conservação,
Maio de 2016 a dezembro de 2017. diferente. “Tínhamos um cenário de uma
sem participação direta. do Instituto Estadual de Florestas, de Minas Gerais, em
Monitoramento: Maio a agosto de 2017. unidade recém-criada, com pouco ou quase
Os resultados do monitoramento das atividades, 2001 (mesmo ano de criação do parque).
nenhum conhecimento acerca de sua reali-
realizado pelo Nespamp/CEM/UFPR e pelo Instituto dade por parte do próprio órgão gestor (que
da Pesca (IP-SP), com parceria da Fundepag, confir-
PERFIL
PARCEIROS DO PROJETO não participou do processo de criação da
maram os dados preliminares de 2016, mostrando a mesma) e com uma problemática social que Localizado na porção leste do Tocantins, na divisa com
baixa taxa de fauna acompanhante e a viabilidade Colônias de Pescadores de Matinhos e de Pontal do
envolvia pequenos produtores e extrativis- Maranhão, Piauí e Bahia, o Parque Estadual do Jalapão
de garantir a sequência ao acordo. A previsão é a de Paraná; Nespamp/CEM/UFPR; Instituto de Pesca (IP-
tas que sobreviviam da exploração direta (com mais de 158 mil hectares) está na área nuclear
que ele seja novamente firmado ainda em maio de -SP); Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa do
dos recursos naturais na região, em especial da macrorregião do Jalapão. É envolvido pela Área de
2018, desta vez com vigência de três anos. Agronegócio (Fundepag).
nas áreas do parque”, lembra Angélica Bea- Proteção Ambiental Jalapão (de 467 mil hectares), e
triz Corrêa Gonçalves, inspetora de Recursos próximo a outras Unidades de Conservação, como a Es-
Em 2017, a pesca da tainha não ocorreu nas Ilhas dos
Naturais, do Instituto Natureza do Tocantins tação Ecológica Serra Geral do Tocantins ao sul, com 716
Foto: Acervo ICMBio
(Naturatins), responsável pela gestão da mil hectares e o Parque Nacional das Nascentes do Rio
unidade, no período de 2003 a 2007. Parnaíba à nordeste, com quase 730 mil hectares.

O tamanho da equipe inicial era restrito a OBJETIVOS


dois servidores na unidade. “Além disso, ha-
Compreender a realidade do parque e encontrar o
via relatos de muita visitação desordenada
melhor caminho para a implementação com base em
aos atrativos turísticos do lugar. Concluímos
cinco metas: conhecimento regional; orientação para o
que seria necessário iniciar um processo de
controle de visitação para os proprietários; orientação
intensa comunicação para compreender a
aos visitantes; orientação junto à comunidade urbana e
dimensão do que deveríamos planejar com
rural dos municípios no entorno; otimização na admi-
o objetivo de implementar as atividades do
nistração de recursos.
parque”, completa Angélica.

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


Foto: Acervo GESTO

RESULTADOS METODOLOGIA
154 ࡿࡿ Mais do que visibilidade institucional, o grande No primeiro ano, os dois técnicos alocados na uni-
155
marco foi a construção do relacionamento com dade trabalharam na elaboração do planejamento
a comunidade urbana e rural, a princípio, dos como caminho capaz de levá-los aos objetivos. A
municípios de Mateiros e São Félix e na sequência ampliação da equipe, no ano seguinte, foi come-
dos municípios de Novo Acordo, Lizarda e Ponte morada, já que o trabalho ficou mais dinâmico e
Alta do Tocantins. permitiu avanços na implementação das ativida-
des. O planejamento contou com cinco frentes:
ࡿࡿ A experiência do Parque Estadual do Jalapão
influenciou a adoção da Boa Prática, com as devidas Por exemplo, para ampliação do Conhecimento
adaptações, na Área de Proteção Ambiental Jalapão Regional, foi essencial visitar proprietários rurais
e no Parque Estadual do Lajeado. e povoados do entorno do parque, assim como
realizar o georreferenciamento dos atrativos tu-
ࡿࡿ Elaboração do Plano de Manejo do parque e da
rísticos na região. Conversas informais, entrevistas
área de proteção ambiental com ativa participação
semiestruturadas e a técnica da Travessia, também
das comunidades. Elaboração de norma de controle
conhecida como Caminhada Transversal, permiti-
do manejo e coleta para uso do capim dourado, além
ram obter informações sobre as características lo-
da criação e instalação do Conselho Gestor da unidade.
cais espaciais.
ࡿࡿ Apoio ao desenvolvimento de pesquisas
Desenvolver a Orientação para o controle de vi-
autorizadas. Uma com o Instituto Nacional de
sitação pelo proprietário presumiu reuniões de do Parque do Jalapão e da Área de Proteção Am- comunidades extrativistas e pesquisa) contribu-
Pesquisas Espaciais (Inpe), o Instituto Brasileiro
trabalho com os proprietários das áreas onde es- biental Jalapão, além de ter sido palco de discus- íram para os resultados alcançados. Os produtos
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
tão os atrativos turísticos com o intuito de planejar sões produtivas sobre o manejo do fogo. como farinha de jatobá, doces, óleos (pequi e bu-
Renováveis (Ibama); Pesquisa e Conservação do
ações preventivas. Entre as ferramentas utilizadas riti), castanhas e utilitários ornamentais ganharam
Cerrado (Pequi) e a Empresa Brasileira de Pesquisa A Otimização na administração de recursos con-
destaque para a elaboração do mapa temático. logomarca e mercado. As parcerias com o Instituto
Agropecuária (Embrapa) sobre o capim dourado e sistiu em buscar celeridade com a Coordenação de
Sociedade População e Natureza (ISPN) e a Asso-
o buriti. Outra com a Birdlife Internacional/Biota, A divulgação da normativa estadual sobre a Orien- Unidades de Conservação diante de encaminha-
ciação Onça D´água de Apoio à Gestão das UCs do
relativa ao inventário de avefauna na área do tação aos visitantes auxiliou no ordenamento da mentos de pedidos de compra de combustível e na
Tocantins também foram decisivas para a implan-
parque. A terceira é uma iniciativa da Universidade visitação nos atrativos da Área de Proteção Ambien- manutenção do veículo, por exemplo, garantindo
tação da Rede Jalapão.
Federal do Tocantins em parceria com a Fundação tal do Jalapão. A diversidade de plataformas esco- a realização das atividades sem interrupção dos
Boticário sobre os impactos provenientes da lhidas garantiu a entrega da mensagem, começan- compromissos com a comunidade. As parcerias com o Corpo de Bombeiros de Pal-
visitação turística nos atrativos do parque. do pela imprensa regional, veiculação institucional, mas/TO garantiu ainda treinamento e apoio à
A gestão da unidade anualmente discutiu e avaliou
instalação de placas de identificação nos atrativos formação da primeira Brigada Civil de Prevenção
ࡿࡿ Instituição da Rede Jalapão de Produtos o planejamento de ações, tendo em vista compor
turísticos nas duas Unidades de Conservação. e Combate a Incêndios Florestais do município
Artesanais é sinônimo de progresso. Os produtos o Plano Operativo Anual do Parque Estadual do
de Mateiros, também conhecida como Associação
são comercializados no Centro de Visitantes do Já a Orientação junto à comunidade urbana e rural Jalapão. As reuniões foram divididas em três mo-
Fogo Apagou. Posteriormente, por meio de parce-
Parque Estadual do Jalapão, em pousadas, hotéis dos municípios do entorno do parque trouxe como mentos, a primeira interna e preparatória entre os
ria com o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e o
e feiras nos municípios de Mateiros, São Félix do atividades-chave a organização de reuniões anuais membros da equipe técnica; a segunda externa,
Parque Estadual do Lajeado foi obtido apoio para
Tocantins e Novo Acordo e no comércio da capital com as comunidades dos municípios de Mateiros e com a participação do Conselho Gestor, parceiros e
implementação da Brigada Civil do município de
do Estado, Palmas. Os produtos também são São Félix do Tocantins. Em um primeiro momento voluntários; e a terceira interna institucional, com
São Félix do Tocantins. A articulação também per-
fornecidos para o programa de merenda escolar esse encontro teve como objetivo a apresentação a consolidação e compartilhamento do Plano Ope-
mitiu complementar a orientação e o treinamento
dos municípios do entorno. do Plano de Trabalho semestral do parque e da rativo Anual na sede do Naturatins, com as equipes
dos proprietários do entorno do Parque Estadual
legislação referente às Unidades de Conservação das demais UCs estaduais.
ࡿࡿ A parceria com o Corpo de Bombeiros de Palmas/ do Jalapão e elaborar o Calendário Anual de Quei-
(UCs). Com o tempo e o amadurecimento da equipe A estruturação da equipe do parque e o estabele-
TO relativa ao treinamento e apoio à formação dos ma Controlada.
essa oportunidade se transformou em um evento cimento de parcerias para diversas ações da ges-
brigadistas do parque representou o início de uma
estratégico para a elaboração do Plano de Manejo O Naturatins e a ONG Conservation International (CI
série de ações no combate ao fogo. tão (proteção e fiscalização, projetos de apoio às

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


PROTAGONISMO JUVENIL

156
do Brasil) também estabeleceram Termo de Coope-
ração Técnica. A medida resultou na aquisição de
INSPIRE-SE! 42 JOVENS DESENVOLVEM AGENDA 21 157
provisões para os três postos de fiscalização do Par- LOCAL E CONQUISTAM CERTIFICAÇÃO EM
que Estadual do Jalapão e suporte à telefonia/rede
de comunicação da sede e de veículos da unidade.
ࡿࡿ No momento de comunicar os significa-
dos e desafios das Unidades de Conservação
SUSTENTABILIDADE
aos moradores locais, desenvolva um plane- Coordenação geral: Ana Carolina Saupe (Floresta Nacional do Assungui/ICMBio) e Priscila Cazarin Braga
jamento a respeito e dose as informações. (Associação Miríade). Coordenação executiva: Rômulo Macari da Silva (Associação Miríade). Gestão dos
PERÍODO Sobrecarregar na quantidade de dados, nas recursos e gerenciamento: Associação Miríade.

Fevereiro de 2003 a junho de 2007. primeiras reuniões, pode ter o efeito con-
trário e afastar quem estava interessado. Aproximar a comunidade das Unidades de Conservação requer PERFIL
Respeite o tempo deles, às vezes isso signifi- planejamento, ações de mobilização e uma série de outras ini-
Localizada no município de Campo
PARCEIROS DO PROJETO ca ir com mais calma e em outros momentos ciativas. Quando esses lugares têm a conotação de temporários
Largo/PR, a Floresta Nacional do As-
é possível, sim, acelerar. para os jovens, em especial, por conta do alto índice de êxodo
Fátima Costa e Patrícia Oliveira (Associação Onça sungui conta com 718 hectares, sendo
rural, como no município de Campo Largo, Paraná, onde está a
D’água, apoio à Gestão das UCs do Tocantins); ࡿࡿ Da teoria à prática, na elaboração da mais da metade da área formada por
Floresta Nacional do Assungui/PR, a identificação com o lugar
Adriana Valentim, Luciano Moulin Pelição, Adria- meta Conhecimento Regional, os servidores floresta de araucárias.
diminui e a relação com ele, o senso de pertencimento em al-
no Feltrin (Rede Jalapão de Produtos Artesanais); do parque utilizaram, entre outras referên-
guns casos sequer existe. “O projeto Agenda 21 do Cerne teve OBJETIVOS
Cristiano Nogueira (Conservação Internacional do cias, o livro Participação Comunitária no
Manejo de Unidades de Conservação: Manual como objetivo contribuir com o despertar e a formação dos
Brasil/CI do Brasil); Rejane Ferreira Nunes (Escola Fortalecer o vínculo entre as comunida-
de Técnicas e Ferramentas, Instituto Terra jovens para a conservação e a valorização da região da Estrada
Estadual Estefânio Telles das Chagas); Paulo Cé- des e a Floresta Nacional do Assungui,
Brasilis. Belo Horizonte (2002). do Cerne (PR-090) nos setores econômico, político, ambiental,
sar (Estação Ecológica Serra Geraldo Tocantins); com ênfase nos jovens; desenvolver de
social e cultural. A ideia de executar o projeto na região partiu
Corpo de Bombeiros de Palmas/TO; Instituto So- ࡿࡿ Visitar os atores envolvidos no espaço forma participativa um documento que
da observação das riquezas e potencialidades dos três distritos
ciedade População e Natureza (ISPN); Prefeituras deles, no sítio, na comunidade, costuma ser possa guiar a criação de políticas públi-
localizados ao redor da unidade, muitas vezes ignoradas pelos
de Mateiros e São Félix do Tocantins; Brigada Civil mais produtivo. Em especial, quando o mo- cas para a região, bem como fornecer
próprios moradores que, em diversas oportunidades, migram
de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais do tivo é compreender a realidade dos mora- subsídios para o próprio planejamen-
para outras cidades em busca de estudo, trabalho e emprego”,
Município de Mateiros (Associação Fogo Apagou); dores, ao invés de convidá-los à Unidade de to da unidade; implantar estruturas
Conservação. pontua Ana Carolina Saupe, analista ambiental na unidade.
Conselho Gestor do Parque Estadual do Jalapão; sustentáveis com finalidade pedagógica
Pesquisa e Conservação do Cerrado (Pequi); Flávia A Floresta Nacional do Assungui tem como destaque a pre- (agroflorestas experimentais, jardim
ࡿࡿ Conversas informais com os moradores
Rodrigues (psicóloga/voluntários). sença de Araucárias em mais de 50% da área. “A região pos- nativo, sinalização da trilha ecológica
das comunidades sempre contam pontos no
sentido de aproximá-los da gestão da unida- sui rico potencial para a sustentabilidade, mas se encontra interpretativa e espiral de ervas); pro-
de. Valorize esses momentos e esteja atento desarticulada de um projeto efetivo de desenvolvimento e mover a reflexão sobre a sustentabili-
às oportunidades. conservação. O que demonstra vulnerabilidade aos riscos dade da floresta de Araucária; valorizar
socioambientais e culturais e a falta de perspectivas para a a região da Estrada do Cerne (PR-090)
permanência dos jovens, com poucas alternativas para gera- nos setores econômico, político, am-
Foto: Acervo GESTO Foto: Acervo GESTO
ção de renda e a ausência de políticas públicas incisivas que biental, social e cultural.
favoreçam sua autonomia.”, reforça Ana Carolina.
Foto: Acervo ICMBio Foto: Acervo ICMBio

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


RESULTADOS INSPIRE-SE!
158 ࡿࡿ Agenda 21 do Cerne, volume 1, desenvolvida nhecendo Campo Largo. O quarto e último módu- De acordo com o Sistema de Indicadores Socioam-
159
pelos jovens da comunidade, com o tema lo consistiu na compilação de todo o material para bientais, previamente definido em contrato, todas
ࡿࡿ Publicações ampliam o raio de influên-
Construindo uma estrada para um mundo melhor, produção da Agenda 21 do Cerne. as metas foram cumpridas nos critérios: conteúdo,
cia dos conceitos implícitos em cada projeto.
trouxe uma série de propostas para a região da horas aula, número de jovens atendidos, quantida-
O primeiro módulo, O exercício do Olhar teve como O desenvolvimento da revista Despertando
Estrada do Cerne. A iniciativa fortaleceu o senso de de público indireto e publicações.
proposta a elaboração do diagnóstico participativo Olhares: Práticas de educação socioambien-
de comunidade, de equipe, valorizou a cultura local
da região e atividades de percepção socioambiental. O Projeto Agenda 21 do Cerne foi desenvolvido pela tal na construção da Agenda 21 do Cerne,
e revelou novas perspectivas de mundo. direcionada aos educadores socioambientais
Já o segundo, Práticas Sustentáveis e Agroflorestas, Associação Miríade com patrocínio do Programa
ࡿࡿ Aumento da visibilidade da Floresta Nacional priorizou a troca de conhecimentos sobre práticas Petrobras Socioambiental no valor de R$ 300 mil. é um exemplo.
do Assungui na região. sustentáveis e ecológicas relativas à gestão de resí- Os investimentos de outros parceiros totalizaram http://bit.ly/despertando-olhares
duos, cuidado com a água, solo e formas de agricul- R$ 30 mil. ࡿࡿ Peças de comunicação também levam
ࡿࡿ Participação da comunidade, presença de cerca
tura integradas à natureza. Reconhecendo Campo as mensagens dos projetos e das causas de
de 150 pessoas na floresta, durante a realização
Largo promoveu rodas de conversa sobre história, cada iniciativa adiante. Durante o projeto, os
de evento voltado ao contato com a natureza e à PERÍODO
cultura e natureza a fim de reconhecer, refletir e jovens produziram seis banners, um infor-
cultura local.
valorizar as manifestações e tradições culturais na Abril de 2015 a abril de 2017. mativo, cinco vídeos e diversos posts em
ࡿࡿ Formação de uma rede de interessados em região e registrá-las, bem como, utilizá-las em solu- redes sociais, além de conteúdos para jornais
apoiar a Floresta Nacional na área de visitação. ções para os desafios encontrados como opções de locais e para o site institucional
Essas pessoas participaram do curso de Condutores geração de renda. No quarto módulo, após a cons- PARCEIROS DO PROJETO http://bit.ly/agenda21cerne, confira.
de Trilhas Ecológicas e têm como propósito trução da Agenda 21, o documento foi apresentado Fundação Ângelo Cretã; Colégio Estadual do Campo ࡿࡿ Ações de educação ambiental vão além
fomentar duas frentes na unidade, planejamento e oficialmente à comunidade rural e às lideranças da Prof. Aloísio; Colégio Estadual do Campo São Fran- do tempo das atividades, mesmo os jovens
uso público. cidade de Campo Largo. cisco de Assis; Colégio Estadual Otalípio Pereira de que não concluíram o projeto, não saíram
A cada três meses o Encontro Conexões Susten- Andrade; Associação Solidária de Agricultura Ecoló- indiferentes à prática. Ainda que esses jovens
gica de Ponta Grossa e Campo Largo (Asaeco); Insti- deixem os distritos onde vivem, eles vão
METODOLOGIA táveis favoreceu a integração entre os jovens das
tuto Federal do Paraná (IFPR); Universidade Federal olhar as comunidades de outra forma, com
três turmas, reunindo também a comunidade do
O Projeto Agenda 21 do Cerne construiu de maneira do Paraná (UFPR); Prefeitura Municipal de Campo olhar de reconhecimento. Acompanhe esses
entorno e lideranças do município. A programação
participativa com jovens, entre 14 e 24 anos, mora- Largo (SMMA, SMECE, SMDR); Sociedade Chauá; Ma- jovens por mais tempo, mantenha o cadastro
incluiu palestras sobre agroecologia, atividades
dores dos distritos de Bateias, Três Córregos e São dos participantes atualizado, forme grupos
artísticas, lúdicas e seminários de trocas de expe- ter Natura Instituto de Estudos Ambientais; Socie-
Silvestre, propostas capazes de viabilizar a diversi- nas redes sociais e envie informações sobre
riências. O grupo de jovens Essência da Força, do dade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação
ficação de fontes de renda, a partir de atividades o projeto com baixa frequência, mas mante-
distrito de Bateias, expôs o trabalho de implanta- Ambiental (SPVS); Instituto Paranaense de Assistên-
como agricultura ecológica e ecoturismo de base nha esse canal aberto.
ção do viveiro de mudas. Enquanto a turma Jovens cia Técnica e Extensão Rural (Emater-PR); Empresa
comunitária. de Águas Ouro Fino; Programa Petrobras Socioam- ࡿࡿ A capacitação de jovens em agroecolo-
em Ação, do distrito de São Silvestre, realizou tri-
Durante dois anos, a iniciativa impactou 94 jovens biental Comunidades. gia e ecoturismo em lugares onde o potencial
lha ecológica no interior da Floresta Nacional do
por meio de oficinas semanais de práticas sustentá- turístico ainda não foi explorado representa
Assungui, com destaque para o trabalho com a si-
o primeiro passo nessa direção em um novo
veis, encontros culturais, rodas de conversa e expe- nalização e desenho da trilha previamente aberta
contexto já alterado pelo projeto. A Agenda
dições agroflorestais. Além da Floresta Nacional do e nomeada de Trilha da Gralha Azul. O encerramen- Foto: Acervo ICMBio
21 é um documento-chave para a unidade e
Assungui, também foram utilizados como espaços to ficou por conta dos jovens do grupo Desbrava- os munícipios do entorno com potencial de
do projeto o Colégio Estadual do Campo São Fran- dores do Futuro, do distrito de Três Córregos, que atrair novas parcerias.
cisco de Assis, a Estância Hidromineral Ouro Fino e apresentaram a peça de teatro Um dia no passado,
a Subprefeitura de Bateias. de autoria dos próprios educandos. Inspirada nas
Quarenta e dois jovens receberam certificado de entrevistas com os moradores mais antigos, retra-
conclusão das 160 horas de formação em susten- tou o dia a dia na região em um passado não tão
tabilidade, divididas em módulos: O exercício do distantes, com direito a crenças, costumes e expe-
Curso de condutores de trilha - participantes e instrutores
Olhar; Práticas Sustentáveis; Agrofloresta; Reco- riências na natureza.

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


PROGRAMA DE AGENTE VOLUNTÁRIO AMBIENTAL
Foto: Jonas de Sousa Lopes

160
SECRETARIA ESTADUAL LANÇA PROGRAMA E 161
MELHORA A EXPERIÊNCIA DO VISITANTE NAS
UNIDADES
Coordenação geral: Hermógenes Henrique Oliveira Nascimento (Secretaria do Meio Ambiente do Estado
do Ceará - Sema-CE). Coordenação executiva: Andréa de Sousa Moreira (Sema-CE). Gestão dos recursos e
gerenciamento: Hermógenes Henrique Oliveira Nascimento (Sema-CE).

O Programa Agente Voluntário INSPIRAÇÃO


Ambiental, da Secretaria Esta-
dual do Meio Ambiente do Cea- Programa de Voluntariado da Costa Rica, onde o gestor teve a
rá (Sema-CE), propõe estimular oportunidade de conhecer o Sistema Nacional de Áreas de Con-
a cooperação entre a sociedade servação e observar o reconhecimento de governos, empresas
civil e a gestão pública das Uni- privadas e sociedade do meio ambiente como o principal patri-
dades de Conservação (UCs) ce- mônio.
arenses.
PERFIL
“O contexto atual é de dificul-
Unidades de Conservação Estaduais do Ceará onde a oferta de
dades na arrecadação e apare-
serviços é mais crítica, no entanto, com infraestrutura para os RESULTADOS METODOLOGIA
lhamento do Governo do Estado
voluntários: Parque Estadual do Cocó, Parque Estadual Botâni- Servidores da Secretaria Estadual do Meio Ambiente
em todos os setores. Diante da ࡿࡿ Melhora na experiência do visitante que agora
co, Área de Proteção Ambiental da Serra de Baturité, Estação do Ceará (Sema-CE), por meio da Coordenadoria de
escassez de recursos financei- possui mais informações sobre a unidade. Aumento
Ecológica do Pecém, Parque Estadual do Sítio Fundão, Área de Biodiversidade (Cobio), supervisionada pela Célula
ros para aumentar o quadro de no número de palestras educativas como estratégia
Proteção Ambiental da Bica do Ipú, além da Célula de Conser- de Conservação da Diversidade Biológica (Cedib),
funcionários, por meio de con- de educação ambiental.
vação da Diversidade Biológica (Cedib). desenvolveram o Programa de Agente Voluntário
curso público, a iniciativa foi de- ࡿࡿ Crescimento da visitação, em especial, nas
senvolvida como forma de suprir Ambiental (PAV) com base nas experiências com vo-
OBJETIVOS unidades onde há trilhas monitoradas, como por
algumas lacunas. Dessa forma, luntariado socioambiental do Instituto Chico Men-
exemplo no Parque do Cocó.
Despertar a cidadania ambiental da população por meio do Pro- des de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e do
a Sema assume o protagonismo
grama; estimular a cooperação entre sociedade civil e a gestão ࡿࡿ O programa tem despertado a consciência Instituto Ambiental do Paraná (IAP).
no cenário ambiental do Esta-
pública buscando soluções para a conservação e proteção das ambiental em muitas pessoas que ainda não eram
do, compartilhando a gestão das A equipe elaborou a Instrução Normativa nº 05/2015
Unidades de Conservação; planejar ações de orientação e con- sensibilizadas à causa, o que aproxima e aumenta
suas Unidades de Conservação que traz critérios para ingresso no Programa, direi-
trole de visitantes; articular a oferta de trabalho voluntário com o interesse da sociedade civil na conservação das
com a sociedade e contribuin- tos e deveres dos participantes, assim como as ati-
as principais demandas; favorecer a interação entre comunidade, áreas protegidas.
do com responsabilidade socio- vidades desenvolvidas. Participam do Programa as
voluntários e os profissionais das unidades; auxiliar na formação
ambiental”, revela Hermógenes ࡿࡿ Maior visibilidade da Secretaria Estadual do Unidades de Conservação estaduais que possuem
ética e cidadã do voluntário, com destaque às esferas técnica e
Henrique Oliveira Nascimento, Meio Ambiente que já registra o interesse de estrutura de visitação mínima, mas com suporte
científica; promover o trabalho voluntário; criar indicadores de
gestor ambiental da Secretaria novos parceiros pelo Programa AVA, como Instituto administrativo para receber os voluntários; decisão
efetividade de gestão; transformar os voluntários em potenciais
do Meio Ambiente do Estado do Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará consenso entre os servidores.
multiplicadores na proteção do meio ambiente e apoiadores das
Ceará (Sema-CE) e coordenador (IFCE do Campus de Paracuru/CE) e a Universidade
áreas protegidas.
do Programa. Federal do Ceará (UFC).

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


EDUCAÇÃO AMBIENTAL

162
A versão final do documento foi apresentada ao
Secretário que aprovou a iniciativa. A partir dessa
INSPIRE-SE! PARCERIA ENTRE SEMA E SESC-CEARÁ 163
conjuntura, os servidores buscaram as fontes para IMPLEMENTA PROJETO AFLORAR EM ÁREA
viabilizar o projeto, incluindo auxílio no transporte,
por exemplo. Uma vez alinhadas questões de logís-
ࡿࡿ Valorize o trabalho voluntário realiza-
do na Unidade de Conservação em que você
PROTEGIDA
tica, foi elaborado edital que contou com o apoio atua, a equipe da instituição também precisa Coordenação geral: Izaura Lila Lima Ribeiro (Sema-CE) e Clarice Araújo (Sesc-Ceará). Coordenação executiva:
de parceiros da Sema para divulgação, com desta- estar comprometida com o voluntário. Izaura Lila Lima Ribeiro (Sema-CE), Clarice Araújo (Sesc-Ceará) e Janet Girão (Instituto Natureza Viva). Gestão
que para ações nas mídias sociais. dos recursos e gerenciamento: Clarice Araújo (Sesc-Ceará).
ࡿࡿ Converse com os voluntários sobre as
Para emissão do certificado, o voluntário deve par- atividades, os motivos, desafios e as expec-
ticipar do programa por no mínimo nove meses, tativas, afinal eles são membros da equipe As atividades promovidas na Área de Relevante Interesse PERFIL
o período máximo é de um ano, sem renovação. e precisam de informação. Somente assim Ecológico do Sítio Curió sempre tiveram como eixo a edu-
terão condições de perceber o valor do pró- Localizada em Fortaleza, a Área de Rele-
Entre as atividades previstas do Programa AVA para cação ambiental, mas a participação dos moradores esta-
prio trabalho para a instituição, isso para os vante Interesse Ecológico do Sítio Curió
os voluntários estão: prestação de informações aos va abaixo do esperado. “Percebíamos que a comunidade
voluntários é resultado. foi a primeira Unidade de Conservação
visitantes; desenvolvimento de projetos de Educa- ainda não tinha desenvolvido senso de pertencimento em
nessa categoria no Ceará.
ção Ambiental e pesquisa; manutenção de trilhas ࡿࡿ Servidores do ICMBio também devem relação à unidade, o que representava um grande desafio.
e instalações; apoio às populações no entorno das divulgar a abertura do edital de voluntariado Observamos também que o público da Floresta do Curió, OBJETIVOS
UCs; trabalhos administrativos nas sedes; brigadas nas redes sociais da unidade em questão, como a unidade é popularmente conhecida, era composto
de incêndio; busca e resgate; recuperação de áreas encontre o link específico em http://www. Promover o desenvolvimento comunitá-
predominantemente por adultos e crianças, os jovens do
degradadas/manejo de exóticas; auxiliar na imple- icmbio.gov.br/portal/sejaumvoluntario . rio sustentável; contribuir para a preser-
entorno não participavam das atividades e muitos deles
mentação de projetos de manejo. A carga horária Vale também imprimir o edital e fixá-lo em vação e ampliação da cobertura vegetal,
não se interessavam pelas questões ambientais”, pontua
mínima é de 20h/semanais. pontos-chave da cidade, como na sede de Izaura Lila Lima Ribeiro, servidora da Secretaria do Meio
favorecendo a presença de plantas
parceiros, por exemplo. Voluntários pre- nativas nas áreas verdes da cidade de
Estão aptos a concorrer pessoas maiores de 18 Ambiente do Ceará (Sema-CE).
cisam ter fácil acesso à unidade, em geral Fortaleza e região metropolitana; cola-
anos. No processo de seleção têm preferência mo- são moradores das proximidades, estão nos A implementação de um novo projeto em parceria, diver- borar para a preservação da biodiversi-
radores do entorno da Unidade de Conservação, municípios do entorno da unidade e por isso sificando as abordagens e com foco em um público que dade da flora e fauna do Ceará.
estudantes universitários a partir do terceiro se- a comunicação local, incluindo na imprensa é pouco frequentava a unidade, aparecia como caminho a
mestre, graduados e pós-graduados nas áreas de tão importante. ser trilhado.
turismo, ciências biológicas, ciências da terra, ci-
ࡿࡿ Estabelecer o período máximo de par- Foto: Jr. Panela
ências sociais, ciências agrárias etc.
ticipação do trabalho voluntário favorece o
O Programa atraiu potenciais parceiros. O Instituto engajamento, já que aquela é uma oportuni-
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ce- dade única e dá a chance de mais pessoas se
ará (IFCE do Campus de Paracuru/CE) apresentou envolverem com a causa, o que é sempre um
interesse em contribuir, enquanto o Departamento aprendizado.
de Educação Ambiental, da Universidade Federal
do Ceará (UFC) busca estabelecer um convênio, por
meio dos cursos de biologia e geografia. PERÍODO
O monitoramento das atividades dos voluntários Maio de 2017 a maio de 2018.
foi feito com relatórios mensais das atividades re-
alizadas e em andamento. A cada três meses, vo-
PARCEIROS DO PROJETO
luntário e gestor responderam questionário com
aspectos gerais e específicos sobre o Programa. Casa Civil; Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Ceará (Campus Fortaleza); Universi-
dade Federal do Ceará (UFC); O Estado do Ceará (Jor-
nal); Universidade de Fortaleza (Unifor).

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


RESULTADOS INSPIRE-SE!
164 ࡿࡿ Aumento no número de visitantes na Área
165
mudança de paradigmas, assim como atitudes ca- Sesc Aflorar. Mais de quatro áreas de Fortaleza e da
de Relevante Interesse Ecológico do Sítio Curió. pazes de alterar/minimizar as consequências da região metropolitana passaram por intervenções
ࡿࡿ Parcerias com projetos que comparti-
Realização da Semana do Meio Ambiente com degradação ambiental que diariamente extingue realizadas por 120 estudantes do Ensino Médio.
lham do mesmo eixo temático são excelentes
destaque para a prática de esportes de aventura, plantas e animais, destrói paisagens, polui e seca
para diversificar as atividades na UC e atrair
como rapel, slackline e corridas de orientação, mananciais.
novos públicos.
atraindo assim mais jovens à unidade. PERÍODO
Na Área de Relevante Interesse Ecológico do Sítio
Março a dezembro de 2016. ࡿࡿ A articulação com as Secretarias Muni-
ࡿࡿ Levantamento florístico da trilha da Floresta Curió, a intervenção de 10 meses com atividades
cipais e Estaduais favorece o envolvimento
com 49 espécies nativas do Ceará identificadas, semanais contou com 40 estudantes do Ensino
das escolas em atividades de média/longa
além de uma espécie exótica. Implantação de Médio do Liceu de Messejana, que moram nos duração nas áreas protegidas, o que aumenta
PARCEIROS DO PROJETO
placas de identificação das espécies vegetais bairros do entorno. Com o objetivo de transformar as chances de efetividade do trabalho.
mapeadas, incluindo nome popular e científico, a percepção ambiental, as ações trouxeram novas Sesc-Ceará; Instituto Natureza Viva; Escola Liceu de
origem, fotos e curiosidades. perspectivas sobre a natureza, como local de lazer, Messejana; Movimento Pró-Árvore; Núcleo de Estu- ࡿࡿ Intervenções no entorno da unida-
dos em Agricultura Urbana da Universidade Federal de ajudam a mobilizar a comunidade, em
socialização e práticas esportivas na tentativa de
ࡿࡿ Plantio de 80 espécies arbóreas nativas nas especial os jovens. Extrapolar nesse senti-
aproximar ou reaproximar jovens desse convívio. do Ceará (NEPAU/UFC).
comunidades do entorno da Floresta do Curió do os limites da área protegida favorece a
e da Escola Liceu de Messejana. Capacitação de A partir da parceria com o Sesc-Ceará para a im- Foto: Jr. Panela aproximação dos diversos atores sociais com
40 estudantes em coleta e beneficiamento de plementação do Projeto Sesc Aflorar na Floresta do a unidade. Quais públicos frequentam a UC
sementes, produção de mudas e plantio. Curió, houve aumento no interesse pelo Sítio Curió em que você atua? Qual perfil representa a
em um segmento da população que até então exceção? O cruzamento entre os públicos e
ࡿࡿ Construção de viveiro de mudas florestais para
pouco visitava a unidade, os jovens. O Projeto Sesc as práticas desenvolvidas pode mostrar uma
disseminação de plantas nativas. Fortalecimento
Aflorar possibilita a reconexão dos participantes série de respostas.
da articulação de uma rede de parcerias
à natureza, contribuindo para a transformação da ࡿࡿ Estimule experiências compartilhadas
institucionais entre organizações governamentais
percepção ambiental sobre as paisagens naturais na natureza, áreas protegidas vão além de
e não governamentais.
e seus benefícios. lugares de contemplação. Trilhas nas mais
Nessa edição do Projeto Sesc Aflorar, análises re- diversas modalidades, circuitos para ciclis-
METODOLOGIA velaram que 100% dos participantes tiveram a
tas, por exemplo, são estratégias capazes de
atrair públicos de todas as idades, mas em
A parceria entre o Sesc-Ceará, a Secretaria do Meio percepção ambiental transformada sobre a Área
especial jovens.
Ambiente do Ceará e o Instituto Natureza Viva le- de Relevante Interesse Ecológico do Sítio Curió
vou o Projeto Sesc Aflorar, na edição 2016, para de negativa para positiva. 70% dos participantes
dentro da Área de Relevante Interesse Ecológico passaram a frequentar a Unidade de Conserva-
do Sítio Curió. ção para práticas de esporte e lazer. O Instituto de
Foto: Jr. Panela Foto: Jr. Panela
Pesquisa e Desenvolvimento do Ceará (IPDC) da
A interdisciplinaridade e a educação não formal
Fecomércio do Ceará realizou a aplicação de ins-
estão entre as principais características do projeto
trumentos e a tabulação dos dados da pesquisa.
que acontece na prática por meio de intervenções
O acompanhamento do projeto, ações e articula-
nas áreas verde de Fortaleza e da região metropo-
ções na comunidade ficaram sob responsabilida-
litana. O projeto faz duas escolhas a cada inter-
de da Secretaria do Meio Ambiente do Ceará e do
venção, a primeira relativa à área onde a prática
Instituto Natureza Viva.
será executada e a segunda sobre a escola pública
envolvida. Há três anos, o Sesc-Ceará em parceria com as Se-
cretarias Estaduais e Municipais de Meio Ambiente,
Na identidade do Sesc Aflorar está o propósito de
movimentos ambientalistas, pesquisadores inde-
disseminar reflexões e práticas que favoreçam a
pendentes e universidades desenvolve o Projeto

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


CARTOGRAFIA SOCIAL

166
ZONEAMENTO AMBIENTAL PARTICIPATIVO RESULTADOS
167
FORTALECE COMUNIDADE DA RESERVA ࡿࡿ Viabilização de um conjunto de demandas
sociais analisadas, discutidas e mapeadas
encontros aconteceram na Associação de Pescado-
res da Prainha do Canto Verde (associação velha).
EXTRATIVISTA DA PRAINHA DO CANTO VERDE por atores sociais que consideram a Reserva A primeira oficina priorizou a apresentação da meto-
Coordenação geral: Karina de Oliveira Teixeira e Alexandre Caminha de Brito (ICMBio). Coordenação executiva: Extrativista Marinha da Prainha do Canto Verde uma dologia, dos principais objetivos e cronograma. A se-
professora Dra. Adryane Gorayeb e Nátane de Oliveira da Costa (Universidade Federal do Ceará - UFC). Gestão importante conquista para a manutenção do modo gunda dinâmica correspondeu ao Diagnóstico Partici-
dos recursos e gerenciamento: Karina de Oliveira Teixeira (ICMBio). de vida tradicional comunitário e a conservação pativo (DP) e permitiu que a comunidade, a partir de
dos recursos naturais. um conjunto de técnicas e ferramentas, estabelecesse
A especulação imobiliária e a pesca predatória ࡿࡿ Mapeamento Social nas esferas das uma análise territorial, subsidiando as ações voltadas
INSPIRAÇÃO
da lagosta, antigos problemas que afligem a Re- potencialidades, problemas, pesca e propositiva ao autogerenciamento. Ações de educação ambiental,
serva Extrativista da Prainha do Canto Verde, ga- Um novo olhar sobre a gestão e os conflitos, fruto (com propostas/sugestões). As principais lideranças comunicação social, capacitações com foco na gera-
nharam nos últimos tempos uma nova estratégia da concepção dos gestores e analistas ambientais destacaram que a prática favoreceu a melhor gestão ção de renda também fizeram parte da ação.
de desdobramento. “A pressão por marcação e que formavam a equipe da Reserva Extrativista da comunidade. O material subsidiou as discussões do A oficina sobre os problemas trouxe a espacialização
ocupação de novas áreas no interior da Reser- Prainha do Canto Verde e que acreditaram no Acordo de Gestão da Reserva Extrativista e foi a base como eixo condutor. Os participantes utilizaram ima-
va, por parte de alguns moradores, se intensifi- estabelecimento de parcerias para a construção da proposta de Zoneamento Ambiental da unidade. gens de satélites e a técnica do overlay que prioriza a
cou. Paralelamente a esse processo, a gestão da coletiva dos instrumentos de gestão da UC - o
ࡿࡿ Fortalecimento das relações comunitárias, complementaridade entre os módulos. No encontro
Unidade de Conservação (UC) passou a receber caminho mais eficiente para consolidar a Reserva
durante o processo de construção dos mapas. sobre as potencialidades ficou evidente a força da
constantes denúncias por parte das lideranças Extrativista e minimizar os efeitos negativos do
Autorreconhecimento da comunidade diante dos beleza paisagística e a necessidade de um desenvol-
comunitárias, alertando que a maioria dessas conflito. O I Seminário de Práticas Inovadoras do
resultados do processo e dos desdobramentos vimento local comunitário mais justo e participativo.
demarcações e novas construções tinha por ob- ICMBio (2014) incentivou a releitura da prática, por
meio do ato de registrar e relatar as experiências positivos para a Unidade de Conservação. Na construção do mapa da pesca, os participan-
jetivo alimentar uma demanda por compra de
terras e imóveis por parte de pessoas não be- de gestão vivenciadas pelos gestores. ࡿࡿ Participação efetiva de vários grupos (mulheres, tes trabalharam cinco temáticas divididas em gru-
neficiárias da UC, contrariando os objetivos de pescadores e jovens). Pesquisadores da graduação pos. Um integrante de cada equipe compartilhou
PERFIL e da pós-graduação que acompanharam o processo as constatações com os outros grupos, de forma a
criação da reserva”, revela Alexandre Caminha de
Brito, chefe da unidade. Localizada no município de Beberibe/CE, a Reser- publicaram a experiência em artigos científicos, permitir que todos tivessem as mesmas informa-
va Extrativista Prainha do Canto Verde conta com compartilhando assim o projeto. ções. Durante a atividade, os participantes utiliza-
Em resposta à ameaça, a equipe gestora da Re- ram imagens de satélite em A1, na escala de 1:2.000
mais de 29 mil hectares. Apenas 600 hectares são
serva Extrativista da Prainha do Canto Verde da área marinha da Reserva, além de marcadores
destinados à ocupação dos moradores tradicio-
convocou reunião extraordinária com o Conse-
nais. As 389 famílias beneficiárias têm como princi-
METODOLOGIA (caneta e pincel, por exemplo) para inserção e orga-
lho Deliberativo. “Por ampla maioria o Conselho nização dos dados.
pal fonte de renda a pesca artesanal. A parceria entre a Reserva Extrativista Prainha do
decidiu que, enquanto o perfil da família bene-
Canto Verde e o Laboratório de Cartografia Social do Cinco temas trabalhados na oficina mapa da pesca
ficiária da Reserva Extrativista e o Zoneamento OBJETIVOS Departamento de Geografia, da Universidade Federal
Ambiental Participativo não fossem definidos e ࡿࡿ Mapa temático: identificação dos recursos
Estabelecer parcerias institucionais que possibi- do Ceará (UFC), se tornou ainda mais evidente a par-
publicados, obras e cercamentos não seriam au- pesqueiros naturais e artificiais por profundidade,
litassem a construção do Zoneamento Ambiental tir de 2014 com a aprovação do Projeto Cartografia
torizados. Esse momento marcou a instituição do ocorrência de espécie por pesqueiro, profundidade
Participativo da Reserva Extrativista Prainha do Canto Social dos Territórios Tradicionais do Litoral Nordes-
grupo de trabalho, com a meta de desenvolver e época do ano, artes de pesca utilizadas por pes-
Verde, otimizando recursos e utilizando metodologias tino e Amazônico junto ao edital Universal do CNPQ.
estratégias e metodologias para construir os ins- queiro, por profundidade e espécies que capturam.
participativas, a exemplo da Cartografia Social. O levantamento dos dados necessários para a ela-
trumentos de gestão necessários.”, afirma Brito.
ࡿࡿ Problemas: conflitos internos entre os
boração dos quatro mapas temáticos (potencialida-
beneficiários da Reserva Extrativista, conflitos
des, problemas, pesca e propositivo) foi feito com
externos entre beneficiários e pescadores não
base em oito oficinas. Em média, cada oficina teve
beneficiários.
a adesão de 45 participantes, entre grupos de pes-
cadores, mulheres, professores, artesãos, jovens, ࡿࡿ Plano de proteção: formas de fiscalização
profissionais do turismo e da educação. Todos os atual e ideal, possíveis contribuição dos benefi-

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


PROGRAMAÇÃO SOCIOAMBIENTAL

168
ciários da reserva nas ações de fiscalização. INSPIRE-SE! ECOFOLIA DESENVOLVE PESQUISAS NAS 169
ࡿࡿ Manejo e potencialidades: verificação dos
peixes capturados (jovens ou adultos) relacio-
COMUNIDADES COM PARTICIPAÇÃO DE
nando com a época do ano outras possibilidades ࡿࡿ Oficinas temáticas permitem trabalhar
com mais profundidade os assuntos rela-
VOLUNTÁRIOS DURANTE O CARNAVAL
de pesca, citando espécies, aparelhos de pesca,
cionados à Unidade de Conservação, em Coordenação geral: Alex Luiz Amaral Oliveira (Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais). Coordenação
embarcações e certificações da pesca na reserva.
especial nos momentos de enfrentamento de executiva: Frederico Mendes (Negrito Comunicação e Faculdade Pitágoras); Fernanda Oliveira (moradora do
ࡿࡿ Ordenamento da pesca: em discussão as me- ameaças. Os resultados obtidos vão mui- entorno do Parque); Cibele Alvarenga e Flávia Pantuza (Fundação Comunitária de Ensino Superior de Itabira);
didas de ordenamento por espécie, por aparelho to além das informações e mapeamentos Amanda Oliveira (estudante da Universidade Federal de Itajubá); Diuly Mesquita (estudante da Universidade
de pesca, por área e época do ano. realizados nas oficinas, eles fortalecem as Federal de Itajubá). Gestão de recurso e gerenciamento: Alex Luiz Amaral Oliveira (IEF-MG); Negrito Comunicação;
relações comunitárias e aproximam os mora- moradores das comunidades do entorno do parque.
Na última oficina houve a verificação das informa-
dores da gestão da UC.
ções incluídas e as correções técnicas de escala e Mobilizar a população do entorno, aumentar a PERFIL
legenda. Ficou acordado entre comunidade, ICMBio ࡿࡿ Dividir as oficinas é um recurso ca-
equipe do parque, levantar uma série de infor-
e a equipe Labocart que os mapas fossem levados paz de atrair diferentes públicos para cada Localizado na Serra do Espinhaço, em Itabira/MG, o
mações sobre a comunidade, como forma de
para correções em laboratório, utilizando as ferra- iniciativa, o que pelas múltiplas perspectivas Parque Estadual Mata do Limoeiro está a cerca de
promover melhorias capazes de impactar na
mentas SIG e impressos em formato de banner para fortalece o projeto. sete quilômetros do Parque Nacional da Serra do Cipó
qualidade de vida, o Programa Ecofolia, ini-
a cerimônia de entrega, em audiência pública, aber- e conta com mais de 2 mil hectares divididos entre
ࡿࡿ O conhecimento dos moradores e de ciativa do Parque Estadual Mata do Limoeiro,
ta à participação comunitária. Mata Atlântica e Cerrado.
suas práticas é de extremo valor no momento sintetiza todas essas demandas desde 2014. “A
As equipes que promoveram as oficinas destacaram de traçar estratégias que preservem o patri- prática surgiu a partir de uma necessidade de OBJETIVOS
que na cartografia social não existem mapas aca- mônio natural de onde vivem e a cultura. pesquisas para identificação e conhecimento
Realizar ações de educação ambiental que aproximem
bados, todos são passíveis de melhorias e atualiza- ࡿࡿ A parceria com universidades tem po- da dinâmica e do comportamento das comuni-
a comunidades do entorno, voluntários e turistas da
ções. Assim, os mapas podem ser atualizados, sem- tencial de contribuir no desenvolvimento das dades do entorno a respeito da própria percep-
Unidade de Conservação; estimular as pesquisas no
pre que os moradores considerarem conveniente. mais diversas iniciativas de proteção socio- ção, dos hábitos de caça, pesca, corte de lenha,
parque e nas proximidades; sensibilizar os morado-
ambiental. uso da água, renovação de pastagens, além de
Durante a oficina de entrega dos mapas, as equipes res, a partir da criação do senso de pertencimento;
questões sobre saneamento, lazer e existência
do ICMBio e do Labocart apresentaram mapeamentos mobilizar a população para que participe da busca
da área protegida”, esclarece Alex Luiz Amaral
de outras comunidades, como forma de compartilhar por soluções; articular comunitários e pesquisadores
Oliveira, gerente do parque/Instituto Estadual
as experiências de outras situações organizacionais. Foto: Acervo ICMBio na implementação de atividades no parque; levantar e
de Florestas de Minas Gerais (IEF-MG).
trabalhar em conjunto com os moradores no enfreta-
mento das principais dificuldades.
PERÍODO
Foto: Acervo IEF-MG Foto: Acervo IEF-MG

Junho a novembro de 2014.

PARCEIROS DO PROJETO
Associação de Moradores da Prainha do Canto Ver-
de; Laboratório de Cartografia Social (Labocart);
Laboratório de Geoecologia da Paisagem e Plane-
jamento Ambiental (Lageplan) - ambos do Depar-
tamento de Geografia da Universidade Federal do
Ceará (UFC).

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


RESULTADOS METODOLOGIA INSPIRE-SE!
170 ࡿࡿ Criação do senso de pertencimento nos O Ecofolia é desenvolvido com base no planeja-
171
inscrições para o trabalho voluntário na página do
moradores locais em relação à UC, com presença mento anual e na escolha do tema, a edição de www.facebook.com/ParqueEstadualMataDoLimoeiro/
ࡿࡿ A revista Gigante Verde, publicação
mais efetiva nos projetos e ações. O conhecimento 2017 trabalhou a temática Perfil Socioambiental das que orienta a solicitação do edital e do formulário
oficial do Parque Estadual Mata do Limoeiro,
da dinâmica da comunidade permitiu o incremento Comunidades do Entorno. A partir desse momento, de inscrições pelo e-mail divulgado no post. Estu- está na 17ª edição, confira: https://issuu.
de ações sobre inclusão socioambiental, com base a equipe gestora do parque buscou mobilizar par- dantes universitários de todo o Brasil podem parti- com/fredericomendesdecarvalho/docs/17_
nas particularidades identificadas em pesquisas. ceiros que de alguma forma tivessem sua atividade cipar. Em geral, as inscrições ficam abertas do início edicao
relacionada ao tema. da segunda quinzena de novembro até o mesmo
ࡿࡿ O Programa está na quinta edição e já foi
ࡿࡿ O Carnaval é sinônimo de uma pro-
indicado duas vezes ao prêmio Hugo Werneck. Em A característica de eleger temas-chave permite à período de dezembro. Durante todo o período de
gramação intensa na unidade, que oferece
2016, foi vencedor na categoria Melhor Prática em equipe trabalhar as questões relativas de maneira execução do projeto, os universitários ficam aloja-
conhecimentos específicos aos participantes,
Educação Ambiental. mais estruturada e ainda favorece o engajamento dos nas dependências da unidade.
ao mesmo tempo em que viabiliza o levan-
das comunidades sobre as inúmeras questões que A programação alinha atividades teóricas e práticas, tamento de informações em escala junto à
ࡿࡿ Mais de 100 estudantes do ensino técnico e
envolvem o uso público nas Unidades de Conserva- como relatos de experiências, palestras com pes- comunidade para a gestão do parque.
superior de diversas regiões de Minas Gerais e do
ção e entorno. De acordo com a temática são iden- quisadores de universidades parceiras, pesquisa
Brasil já participaram do projeto. Maior visibilidade ࡿࡿ As temáticas como eixo de cada edição
tificadas também as lideranças locais que podem na comunidade, trilha dos sentidos, visita guiada
da Unidade de Conservação no meio acadêmico, o permitem mobilizar patrocinadores de dife-
contribuir no enfrentamento das dificuldades em às Cachoeiras do Paredão e Derrubado, orientação
que contribui para o desenvolvimento de pesquisas rentes perfis a cada ano.
maior articulação com a equipe gestora do parque. ao turista e plantio de mudas. O Carnaval funcio-
sobre o parque.
na como força-tarefa do projeto. No fim da festa, a ࡿࡿ Divulgue as iniciativas do parque nas
Para a comunidade, turistas e voluntários, o pro-
ࡿࡿ Fortalecimento da Unidade de Conservação como redes sociais e mobilize quem não está tão
grama tem início a cada Carnaval com uma série equipe gestora possui os dados sobre as temáticas
um importante equipamento turístico. Incêndios perto fisicamente da unidade, mas com-
atividades de educação ambiental e pesquisas. A já tabulados.
florestais não fazem mais parte da realidade da UC e partilha dos mesmos ideais. O Ecofolia, por
equipe gestora do parque publica a abertura das O monitoramento e a avaliação são realizados a
diminuíram as ocorrências de caça. exemplo, mobiliza também estudantes de
cada etapa do projeto, desde a realização da pes- outros Estados.
quisa, ações desenvolvidas no entorno, apresenta-
Foto: Orlando Ramos
ção e discussão dos resultados, além de reuniões
com lideranças governamentais locais.

Os recursos vêm das parcerias e da própria comu-


nidade e são utilizados principalmente na alimen-
tação dos pesquisadores e na produção do material
de identificação. PARCEIROS DO PROJETO
Nas edições anteriores o Ecofolia abordou: Qualida- Vale S.A.; Comitê de Bacias Hidrográficas do Rio
de de Vida das Comunidades do Entorno (2016); Perfil Santo Antônio; Ministério Público de Minas Gerais;
do Turista (2015); Demanda Turística Local (2014). Universidade Federal de Itajubá (Campus Itabira);
Fundação Comunitária de Ensino Superior de Itabi-
ra (Funcesi); Negrito Comunicação; Polícia Militar de
PERÍODO Meio Ambiente de Minas Gerais; Faculdade Pitágo-
Novembro de 2016 a março de 2017. ras; Prefeitura de Itabira.

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


REGISTRO EDUCOMUNICATIVO
Foto: Josângela Jesus

ESTRATÉGIA GARANTE CONTINUIDADE DO


172 173
PROTAGONISMO JUVENIL APÓS TÉRMINO DOS
RECURSOS
Coordenação geral: Ana Luiza Castelo Branco Figueiredo (Reserva Extrativista Rio Unini/ICMBio) e Mariana
Macedo Leitão (Parque Nacional do Jaú/ICMBio). Coordenação executiva: Ana Luiza Castelo Branco Figueiredo
(Reserva Extrativista Rio Unini/ICMBio) e Mariana Macedo Leitão (Parque Nacional do Jaú/ICMBio), Angela
Midori Furuya Pacheco (Reserva Biológica do Abufari/ICMBio e Reserva Extrativista Rio Unini/ICMBio) e
Josângela da Silva Jesus (Parque Nacional do Jaú/ICMBio); Tarcísio Franklin Madalena (colaborador eventual);
Fundação Vitória Amazônica; Debora Menezes (colaboradora). Gestão dos recursos e gerenciamento: Ana Luiza
Castelo Branco Figueiredo e Mariana Macedo Leitão (ICMBio).

A qualificação e o empoderamento INSPIRAÇÃO


dos jovens da Reserva Extrativista
No Projeto Jovens Protagonistas, aprovado em edital do Programa
do Rio Unini e do Parque Nacional
Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa). A Boa Prática aqui apresen-
do Jaú eram demandas antigas das
tada busca garantir a continuidade desse trabalho.
organizações de base locais frente
à necessidade de formação de no- PERFIL
vas lideranças. Entre 2013 e 2015,
Localizada no Amazonas, a Reserva Extrativista do Rio Unini
o parque em questão aprovou o
abrange uma área de 833.352 hectares. Ao longo do Rio Unini RESULTADOS METODOLOGIA
Projeto Jovens Protagonistas no
vivem cerca de 180 famílias, em nove comunidades, sendo que ࡿࡿ Maior interesse e participação dos jovens nas Ferramentas de educomunicação foram utilizadas
Rio Unini – Verde Perto Educação,
cinco estão inseridas na área do Parque Nacional Jaú, três na reuniões de gestão das Unidades de Conservação. para estimular a participação e fortalecer o prota-
voltado à capacitação de jovens e
Reserva Extrativista do Unini e uma na área da Reserva de Desen- Os jovens também estão presentes nas diretorias gonismo juvenil na gestão participativa das UCs em
à formação de novas lideranças,
volvimento Sustentável Amanã (Estadual). O Parque Nacional do da Associação de Moradores do Rio Unini (Amoru) todas as oportunidades: reuniões de Conselho, as-
via edital do Programa Áreas Pro-
Jaú pertence à região do médio Rio Negro, entre os municípios e da Cooperativa Mista Agroextrativista do Rio Unini sembleias gerais, reuniões nas comunidades, capa-
tegidas da Amazônia (Arpa). “Foram
de Novo Airão e Barcelos/AM, é uma das maiores Unidades de (Coomaru). citações, reuniões para revisão do Plano de Manejo.
realizados 10 encontros e, a partir
Conservação do país com 2,3 milhões de hectares, onde vivem 10
desse momento, a participação dos ࡿࡿ Jovens desenvolveram habilidades para As atividades tinham como objetivo: promover o
comunidades, dessas cinco próximas ao Rio Jaú. As duas uni-
jovens aumentou significativamen- sistematizar conteúdos, ampliando assim as formas acesso à informação; capacitar jovens em constru-
dades estão inseridas no Mosaico de Áreas Protegidas do Baixo
te nas atividades de gestão. Com o de expressão, por meio da educomunicação. ção midiática, registro e sistematização de conteúdo;
Rio Negro, no Corredor Central da Amazônia e são reconhecidas
término dos recursos do projeto, estimular o registro educomunicativo pelos jovens
como Reserva da Biosfera e Sítio Ramsar, protegendo a quase ࡿࡿ Divulgação do conteúdo sobre reuniões e
as equipes gestoras das unidades durante as reuniões e atividades de gestão das UCs
totalidade das bacias hidrográficas dos Rios Jaú e Unini. capacitações em linguagem acessível (vídeo,
e a Fundação Vitória Amazônica - produção de vídeos, áudios e jornal-mural; incen-
áudio e texto), produzido pelos jovens, favorece o
optaram por estimular e viabilizar tivar a produção contínua de material educomunica-
OBJETIVOS envolvimento e o interesse dos demais moradores
a participação dos jovens nas ativi- tivo pelos jovens visando a divulgação e registro das
Estimular e fortalecer o protagonismo juvenil na gestão partici- das comunidades.
dades de gestão já existentes, pro- atividades das UCs e de suas comunidades.
movendo espaços de participação pativa das Unidades de Conservação, por meio da educomuni- ࡿࡿ Mais de 12 vídeos e 10 programas de rádio, além
cação; promover o acesso à informação e capacitar jovens em Desde então, os jovens começaram a realizar a co-
e atividades de educomunicação de página do Facebook, acompanhe:
construção midiática, registro e sistematização de conteúdo, com bertura educomunicativa nos espaços participativos,
voltados a este público”, revela Ana ࡿࡿ Youtube: http://bit.ly/jovenscomunicadores
destaque para a produção de vídeos, áudios e jornal-mural sobre registrando assim os principais assuntos em: vídeos,
Luiza Castelo Branco Figueiredo,
as reuniões e atividades de gestão das UCs. ࡿࡿ SoundCloud: http://bit.ly/ áudios, textos, desenhos e histórias em quadrinhos.
analista ambiental na Reserva Ex-
trativista Rio Unini. radiojovenscomunicadores As atividades contaram com apoio técnico da ONG
www.facebook.com/ parceira, Fundação Vitória Amazônica (FVA).
jovenscomunicadoresjauunini/

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


VOLUNTARIADO
PERÍODO INSPIRE-SE! ADESÃO AO TRABALHO VOLUNTÁRIO PELAS
174 175
Maio de 2016 – em andamento.
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO CRESCE 62%
ࡿࡿ Estimular a participação dos jovens nos
ENTRE 2015 E 2017
PARCEIROS DO PROJETO momentos de decisão é a melhor estratégia
para formar lideranças. Promover intercâm- Coordenação geral: o Programa de Voluntariado é coordenado, em nível nacional, pela Coordenação Geral
Fundação Vitória Amazônica (FVA); Coletivo Radio de Gestão Socioambiental e pela Divisão de Gestão Participativa e de Educação Ambiental. O trabalho que
bio entre jovens de diferentes Unidades de
Difusor; Rede Mocoronga - projeto Saúde e Alegria; Conservação desponta entre as principais culminou nesta Boa Prática é resultado do envolvimento de diversas pessoas, com destaque para Paulo
Conselhos Gestores da Reserva Extrativista do Uni- formas de estimular e inspirar esse público. Renato Russo, Camilla Helena da Silva, Cristiane Ramscheid Figueiredo, Fernanda de Barros Boaventura,
ni e do Parque Nacional do Jaú; Jovens Protagonis- Beatriz Nascimento Gomes e Maria Vilani Lopes, pelo ICMBio, Fabiana Prado, Cibele Tarraço Castro e Angela
tas do Unini; Associação de Moradores do Rio Unini ࡿࡿ Oficinas específicas para jovens sobre Pellin, pelo IPÊ e Michel dos Santos, pelo WWF. Coordenação executiva: a operacionalização do Programa
os desafios socioambientais favorecem a em nível nacional é realizada pela equipe do Serviço de Apoio ao Programa de Voluntariado – Sevol, do
(Amoru) e Cooperativa Mista Agroextrativista do Rio
participação mais efetiva nas reuniões. ICMBio - Fernanda de Barros Boaventura e Beatriz Nascimento Gomes. Gestão dos recursos e gerenciamento:
Unini (Coomaru); Inspiri Comunicação.
o Programa de Voluntariado do ICMBio é executado por meio de uma ampla composição de recursos e
ࡿࡿ Efetuar a cobertura dos eventos da
Foto: Josângela Jesus
diferentes instâncias de governança, tanto em nível da administração central como localmente.
própria comunidade é uma das formas mais
plurais de engajamento. Os registros, a par-
tir de diversas plataformas, levam a infor-
No intervalo de dois anos, mais de 60 gestores agre- PERFIL
mação adiante e aumentam a mobilização
garam voluntários às equipes nas áreas geridas pelo
da comunidade. 158 Unidades organizacionais do ICMBio
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversi-
aderiram ao Programa de Voluntariado até o
ࡿࡿ A médio prazo o material produzido pe- dade (ICMBio). Com base em informações de 2017, 158
final de 2017.
los jovens pode ser articulado de outra for- unidades organizacionais do Instituto, entre Unidades
ma, por exemplo, como registro sociocultural de Conservação (UCs), centros nacionais de pesquisa OBJETIVOS
sob a perspectiva das futuras lideranças. e conservação e outras instâncias técnicas desenvol-
viam o programa, enquanto em 2015, o número não Sensibilizar os diferentes segmentos da so-
chegava a 100. O voluntariado está entre as estratégias ciedade para a importância da conservação
do Instituto que visam sensibilizar e mobilizar a socie- do patrimônio natural, histórico e cultural.
Foto: Erica Bettiol Foto: Josângela Jesus
dade quanto à importância da conservação ambiental. Oferecer aos interessados oportunidades
“Um dos grandes desafios do ICMBio, para alcançar a de contribuir com a gestão das unidades
missão institucional, é obter o apoio da sociedade nas do ICMBio. Promover a troca de ideias,
atividades desenvolvidas pelo órgão e no reconheci- conhecimentos e experiências entre to-
mento da importância da conservação do patrimônio dos os atores envolvidos em atividades de
natural, histórico e cultural. O programa de volunta- voluntariado no Instituto nas esferas local,
riado, desde sua implantação no ICMBio, em 2009, é regional e nacional. Reconhecer e valorizar
visto como ferramenta capaz de sensibilizar e envol- o trabalho voluntário no âmbito do Institu-
ver a sociedade, com grande potencial para promover to. Para atingir estes objetivos, o Programa
um maior engajamento na conservação”, afirma Bea- de Voluntariado do ICMBio tem o propósito
triz Nascimento Gomes, analista ambiental do ICMBio de promover o engajamento da sociedade
e relatora da prática. Em 2017, o programa registrou na conservação da biodiversidade via traba-
mais de 1.300 voluntários e 88 mil horas de trabalho lho voluntário com reconhecimento público
no apoio às atividades do ICMBio. desta contribuição.

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


RESULTADOS METODOLOGIA
176 177
ࡿࡿ Adesão ao trabalho voluntário pelas Unidades Regulamentado em 2009, por Instrução Normativa, em um amplo esforço de divulgação do programa;
INSPIRE-SE!
de Conservação cresceu 62% entre 2015 e 2017, o Programa de Voluntariado do ICMBio foi vincula- lançamento dos Guias de Gestão e do Voluntário e
passando de 97 para 158 equipes gestoras que já do à Coordenação Geral de Proteção do ICMBio e a realização do Seminário Voluntariado ICMBio - Ex-
implementam o programa. trouxe como linhas temáticas para desenvolvimento periências Internacionais de Voluntariado em Áreas ࡿࡿ O voluntariado abre as portas do
das atividades: manejo para conservação, pesquisa Protegidas. ICMBio e convida a sociedade a conhecer
ࡿࡿ Para 57% dos gestores, o programa ampliou
e monitoramento, gestão socioambiental, uso pú- o papel e a importância da Instituição e a
o conhecimento da sociedade em geral sobre a Em 2017, foi criado o Serviço de Apoio ao Programa
blico e negócios, consolidação territorial, produção se engajar ativamente na conservação da
unidade e a importância das áreas protegidas. de Voluntariado (Sevol), vinculado à Divisão de Ges-
e uso sustentável e proteção ambiental. natureza. Para iniciar ou ampliar o programa,
tão Participativa e Educação Ambiental, que passa a
ࡿࡿ 94% dos voluntários acreditam que o busque observar as experiências dos gesto-
A partir de 2016, por meio de outra Instrução Nor- ser o condutor dos processos relacionados ao pro-
conhecimento adquirido durante o programa res que já investiram nessa direção.
mativa, o escopo do voluntariado foi ampliado den- grama no que se refere às ações gerais para o Insti-
auxiliará no desenvolvimento pessoal.
tro do ICMBio e o programa passou a ser vinculado tuto como um todo. ࡿࡿ O envolvimento de voluntários dina-
ࡿࡿ A iniciativa também garantiu mais visibilidade à Coordenação Geral de Gestão Socioambiental do miza a rotina da unidade e gera importante
No âmbito local, cada unidade tem autonomia para
institucional. Em 2017, o Programa Voluntariado do Instituto. A equipe responsável pelo programa ini- troca de experiências que beneficia a todos.
planejar e executar as ações de voluntariado de
ICMBio foi reconhecido como iniciativa de sucesso ciou em conjunto e com financiamento de parceiros,
acordo com as próprias demandas, definindo assim ࡿࡿ Voluntários são pessoas mobilizadas
pela Presidência da República (em 28 de agosto, com destaque para o IPÊ - Instituto de Pesquisas
linhas temáticas que serão executadas, frequência pela causa e o olhar deles pode revelar novas
Dia Nacional do Voluntariado). Ecológicas e WWF, uma série de ações de reestru-
e periodicidade das atividades, público envolvido, perspectivas para a gestão.
ࡿࡿ Em todas as Unidades de Conservação que turação da própria iniciativa. Entre os resultados
número de vagas, formas de mobilização, etc. O Pro- ࡿࡿ Confira mais informações sobre o Pro-
implementaram o programa, os gestores atestaram, dessa medida foram destaques a elaboração do
grama de Voluntariado, do ICMBio, funciona como grama do Voluntariado do ICMBio em http://
sem exceção, a conquista de mais abertura para o Planejamento Estratégico do programa; confecção e
instrumento de apoio aos macroprocessos pela vin- www.icmbio.gov.br/portal/sejaumvoluntario
diálogo com a sociedade. distribuição de kits de identificação do voluntário,
culação às linhas temáticas. No link é possível encontrar os Guias de Vo-
Foto: Josângela Jesus
luntários e de Gestão do Programa, uma série
de vídeos, incluindo experiências práticas,
PERÍODO além das unidades que oferecem oportuni-
Outubro de 2009 – em andamento. dades de voluntariado, divididas por região e
os editais abertos.

PARCEIROS DO PROJETO
Em âmbito nacional, o programa conta com institui-
ções que apoiam a estruturação do programa, como
o IPÊ - Instituto de Pesquisas Ecológicas, WWF-Brasil
e Serviço Florestal dos Estados Unidos UFSF/Usaid.
Em nível local, porém, o programa ocorre em parce-
ria com uma grande variedade de instituições como
clubes de montanhismo, ciclismo e caminhadas,
associações de moradores, associações de amigos
do parque, Conselhos Gestores das unidades, orga-
nizações não governamentais e empresas privadas
com atuação local, órgãos públicos de outras esfe-
ras de governo, tais como Batalhão Ambiental e Pre-
feituras, entre outros.
Foto: Marco Sarti

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


EDUCOMUNICAÇÃO
Foto: Gabriela Marques

VISIBILIDADE DO MOSAICO AUMENTA COM


178 179
FORTALECIMENTO DE JOVENS LIDERANÇAS
Coordenação geral: Cassandra Oliveira (ICMBio). Coordenação executiva: Cassandra Oliveira (ICMBio) e Edilza
Serrano (Instituto de Pesquisa e Formação Indígena - Iepê). Gestão dos recursos e gerenciamento: Nayara
Araújo (consultora) e Sueli Pontes (ICMBio).

O reconhecimento do Mosaico de Áreas Prote- INSPIRAÇÃO


gidas do Oeste do Amapá e Norte do Pará, em
O Projeto Jovens Protagonistas, que envolve jovens
2013, foi uma conquista para os povos indíge-
dos diferentes territórios do Mosaico, desde 2014.
nas, agricultores e extrativistas, após quase
A iniciativa alinhada ao Plano de Comunicação do
10 anos de mobilização. No Amapá, como em
Mosaico traz como referência as atividades do Grupo
outros Estados, o tema Unidades de Conser-
de Trabalho de Audiovisual do ICMBio, em especial
vação ainda não é consenso. “A opinião pú-
as Oficinas de Educomunicação com jovens - sobre
blica local era bastante reativa à ideia de áre-
linguagens do audiovisual e da fotografia - desenvol-
as protegidas, sendo muito forte a sensação,
vidas pelos servidores Cassandra Oliveira e Roberto
no Amapá, de que essas áreas “engessavam”
Zanin, desde 2016. RESULTADOS METODOLOGIA
o desenvolvimento. Dessa forma era preciso
criar uma estratégia para apresentar esses ࡿࡿ O aumento da visibilidade do Mosaico na região, Na reunião de Planejamento Interno para o biênio
PERFIL
territórios como indutores de oportunidades pelas ações nas mídias locais, com valorização 2015/2016, a equipe de gestão integrada do Mosaico
O Mosaico de Áreas Protegidas do Oeste do Amapá e das práticas e conceitos relacionados às UCs elaborou um Plano de Comunicação como forma de
regionais e difundir os conceitos de gestão
Norte do Pará, também conhecido como Mosaico da desencadeou a reflexão das comunidades locais traçar estratégias capazes de contribuir para uma
integrada e do próprio Mosaico”, afirma Cas-
Amazônia Oriental, conta com 12,4 milhões de hecta- sobre as identidades territoriais e os modelos de nova percepção da sociedade quanto às áreas pro-
sandra Oliveira, analista ambiental do Parque
res onde estão seis Unidades de Conservação (UCs) e desenvolvimento atualmente propostos. tegidas. Nessa esfera, o projeto Jovens Protagonis-
Nacional Montanhas do Tumucumaque, uma
três Terras Indígenas (TIs): Parque Nacional Montanhas tas, que teve início em 2014, articulou a comunica-
das unidades que integra o Mosaico. ࡿࡿ Engajamento jovem fortalecido na gestão das
do Tumucumaque; Floresta Nacional do Amapá; Flo- UCs com destaque para as parcerias com o Coletivo ção com o fortalecimento do protagonismo juvenil
resta Estadual do Amapá; Reserva de Desenvolvimento Jovem de Meio Ambiente e os Jovens Protagonistas na gestão do território.
Sustentável do Rio Iratapuru; Parque Natural Munici- do Mosaico, que compartilharam o trabalho com o
O Projeto Educomunicação do Mosaico de Áreas
pal do Cancão; Reserva Extrativista Beija-Flor Brilho de público em questão. Participação mais efetiva do
Protegidas da Amazônia Oriental selecionado pela
Fogo; Terra Indígena Wajãpi; Terra Indígena Parque do Conselho Consultivo no Projeto de Educomunicação,
Chamada 001/2016, do Programa Áreas Protegidas da
Tumucumaque e Terra Indígena Rio Paru d’Este. durante as escolhas da identidade visual e da
Amazônia (Arpa), contou com orçamento de R$ 313
Foto: Wirley Almeida
abrangência da temática nos materiais.
OBJETIVOS mil. A coordenação da proposta foi do Instituto Chico
ࡿࡿ Duas oficinas de Educomunicação no Rio Araguari e Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Integrar as agendas das Unidades de Conservação, na Perimetral Norte mobilizaram 60 jovens de diversas
Terras Indígenas e Assentamentos Agrícolas, envolven- Jornalistas e comunicadores locais puderam refle-
comunidades. Também foi promovido Encontro com
do os jovens de forma transversal na discussão dos tir quanto à importância das áreas protegidas do
Comunicadores (PressTrip) para a Floresta Nacional
temas relacionados ao Mosaico de Áreas Protegidas Amapá. Jovens comunitários produziram materiais
do Amapá com 50 participantes, entre comunicadores,
da Amazônia Oriental. Sistematizar e contribuir para acadêmicos, conselheiros e parceiros do Mosaico. de comunicação sobre o próprio território. A ativi-
a geração de conhecimento sobre a importância do dade buscou identificar caminhos para aumentar
ࡿࡿ No período do projeto, o Mosaico foi tema de 45 a presença de temas relacionados às UCs e TIs na
Mosaico. Promover o melhor entendimento do papel
publicações, entre blogs, sites, TV, impresso e rádio.
do conselheiro, responsável por informar comunida- mídia local.
A fanpage do Mosaico registrou aproximadamente
des, aldeias e instituições (imprensa e poder público) A execução das atividades, em especial das oficinas
4 mil interações ativas (reações a postagens,
sobre as ações voltadas ao desenvolvimento regional. com jovens, foi compartilhada entre ICMBio e par-
compartilhamentos, comentários) com alcance
superior a 90 mil pessoas. ceiros do Coletivo Jovem e dos Jovens Protagonistas,

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


CONSELHOS INTEGRADOS
que conduziram a maior parte das atividades com
esse público. O Instituto de Pesquisa e Formação
INSPIRE-SE! ESTRATÉGIA PERMITE RESPONDER ÀS
180 181
Indígena (Iepé) e a Fundação Nacional do Índio (Fu- PRINCIPAIS DEMANDAS DO TERRITÓRIO E
nai) apoiaram a avaliação metodológica e de conte-
údo das atividades e, quando necessário, a logística
ࡿࡿ Oficinas de comunicação que
incluem análise crítica das matérias
AUMENTA MOBILIZAÇÃO
no território. publicadas sobre as Unidades de Con- Coordenação geral: Cristina Batista (Parque Nacional Saint-Hilaire/Lange – ICMBio) e Mariele Borro Mucciatto
servação, em diferentes veículos, são Xavier (Parque Nacional Guaricana/ICMBio). Coordenação executiva: Renata Garret Padilha (colaboradora
A equipe visitou as prefeituras de Porto Grande, Pe- contratada pelo Pnud) e José Otávio Cardoso Consoni (Parque Nacional Saint-Hilaire/Lange – ICMBio).
importantes para a formação dos jovens
dra Banca do Amapari e Serra do Navio, no Amapá, Gestão dos recursos e gerenciamento: Luiz Francisco Ditzel Faraco (Parque Nacional Guaricana/ICMBio).
e o posicionamento das comunidades.
para divulgar o projeto e envolver a gestão munici-
Os jovens, inclusive com orientação,
pal nas atividades realizadas nos territórios. podem assumir o papel-chave de arti-
cular saberes e os múltiplos interesses Cinco Unidades de Conservação (UCs) no INSPIRAÇÃO
dos diversos atores sociais (presentes
PERÍODO ou ausentes nas matérias) no momento
litoral sul do Paraná gerenciadas pelas
A experiência da Área de Proteção Ambiental das Ilhas e
três esferas de governo, apesar de inte-
Janeiro de 2017 a março de 2018. de compartilhar as percepções com a Várzeas do Rio Paraná e do Parque Nacional Ilha Grande
gradas e sobrepostas, até há pouco tem-
comunidade. apresentada no lançamento da Revista de Boas Práticas,
po não utilizavam essas características
na Academia Nacional de Biodiversidade (Acadebio), em
PARCEIROS DO PROJETO ࡿࡿ Nessas oficinas será possível obser- em prol do seu fortalecimento. Três des-
2015 e em reunião específica em Matinhos/PR, em 2017,
var temas que não estão na mídia, mas sas unidades estão, inclusive, dentro da
Instituto de Pesquisa e Formação Indígena (Iepé); quando representantes das duas unidades explicaram
que, se desenvolvidos por comunitários e Área de Proteção Ambiental Estadual de
Fundação Nacional do Índio (Funai); Coletivo Jovem detalhes da prática aos integrantes do Grupo de Trabalho
articulados à esfera regional, podem au- Guaratuba. “A exceção é o Parque Nacio-
de Integração dos Conselhos da Área de Proteção Am-
de Meio Ambiente do Amapá; Jovens Protagonistas mentar a visibilidade da área protegida. nal Guaricana, que possui cerca de 4.750
do Mosaico. biental Estadual de Guaratuba e dos Parques Nacionais
ࡿࡿ Textos, vídeos, fotos e áudios hectares, cerca de 9,5% do território, fora
Foto: Alessandra Lameira Saint-Hilaire/Lange e Guaricana.
produzidos pelos jovens fazem mais do da unidade. As demais estão integralmen-
que revelar a cultura, eles aumentam a te inseridas na área de uso sustentável”, PERFIL
conexão das futuras lideranças com a destaca José Otávio Cardoso Consoni,
No Estado do Paraná, a porção sul do litoral e da Serra
própria identidade e disseminam mo- analista ambiental do Parque Nacional
do Mar abriga um conjunto de cinco Unidades de Conser-
delos de desenvolvimento alinhados às Saint-Hilaire/Lange.
áreas protegidas. vação (UCs), de duas categorias, gerenciadas pelas três
Apesar de tantas conexões, a falta de ar- esferas de governo:
ticulação entre as unidades ameaçava
ࡿࡿ Parques Nacionais: Saint-Hilaire/Lange; Guaricana.
os interesses em comum. “Em reunião
de 2016, ficou claro na discussão inicial ࡿࡿ Área de Proteção Ambiental Estadual de Guaratuba.
que esse processo deveria considerar ࡿࡿ Parque Estadual do Boguaçu.
a composição dos conselhos existentes
ࡿࡿ Parque Natural Municipal da Lagoa do Parado.
e buscar a integração com aqueles que
precisavam ser instituídos. Dois aspectos
OBJETIVOS
também estavam evidentes, as semelhan-
ças entre demandas de todas as UCs e a Promover a integração entre os Conselhos das Unidades
necessidade de implementar arranjos que de Conservação da região, considerando os existentes e
permitissem atender a legislação vigente aqueles em formação. Ampliar e qualificar a participação
e fazer frente aos novos desafios de ges- social nos Conselhos, otimizar recursos humanos e finan-
tão”, completa Consoni. ceiros; aumentando assim a eficácia.

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


RESULTADOS INSPIRE-SE!
182 ࡿࡿ Interação entre gestores do ICMBio e do cio ao processo de criação do Conselho. Em paralelo, praticamente o mesmo grupo tem par- 183
Instituto Ambiental do Paraná (IAP), a partir do ticipado da Câmara Temática de Revisão do Plano
A atuação integrada permitiria aumentar a eficácia ࡿࡿ A integração entre as Unidades de
estabelecimento de objetivos comuns. de Manejo da Área de Proteção Ambiental de Guara-
das ações e, ao mesmo tempo, motivar a participa- Conservação que compartilham da mesma
tuba. Nesses encontros, o tema integração de con-
ࡿࡿ As reuniões em conjunto entre os Conselhos ção qualificada dos conselheiros. Os participantes região não deve ficar restrita às equipes
selhos é recorrente; o que revela outra oportunida-
do Parque Nacional Saint-Hilaire/Lange e da Área foram divididos em três grupos para o levantamen- gestoras, o alinhamento entre os Conselhos
de de aproximação.
de Proteção Ambiental Estadual de Guaratuba to preliminar de informações sobre: os setores que tem potencial de contribuir com avanços
despertaram o interesse dos Conselheiros, obtendo deveriam estar nos Conselhos; temas prioritários, Os recursos vieram dos Projetos Especiais/Pnud. importantes.
maior participação. recorrentes ou novos; problemas identificados no
ࡿࡿ Conselhos integrados otimizam tempo e
funcionamento dos Conselhos, origem e possíveis
ࡿࡿ Os conselheiros do Parque Nacional Saint- PERÍODO recursos tanto durante os encontros, quanto
soluções. Os grupos trabalharam os temas em três na busca por soluções.
Hilaire/Lange aprovaram proposta preliminar,
sessões, o que garantiu o diálogo cruzado e a cons- Abril de 2016 – em andamento.
desenvolvida pela Câmara Técnica, dos setores que
trução coletiva em três mesas redondas. ࡿࡿ Grupos de Trabalho são temáticos e
poderiam ser incluídos na reformulação e criação em algumas Unidades de Conservação po-
dos Conselhos. Na reunião de dezembro de 2016, além da apre- PARCEIROS DO PROJETO dem estimular o envolvimento de setores
sentação das informações sistematizadas foram específicos.
ࡿࡿ Criação da Câmara Temática de Revisão do Conselhos Gestores do Parque Nacional Saint-Hilai-
sinalizadas as próximas etapas: complementação
Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental de re/Lange e da Área de Proteção Ambiental Estadual ࡿࡿ Alinhamento entre os atores sociais e
do levantamento de informações; elaboração de
Guaratuba. de Guaratuba; Instituto Ambiental do Paraná (IAP); instituições que atuam em áreas sobrepos-
propostas preliminares de setores envolvidos; co-
Mater Natura Instituto de Estudos Ambientais; Agên- tas permite discutir no conselho o territó-
municação com os representantes desses setores;
cia de Desenvolvimento do Turismo Sustentável do rio a partir de uma visão mais estratégica,
METODOLOGIA elaboração de proposta preliminar de reformulação
o que fortalece a representatividade do
Litoral do Paraná (Adetur); Instituto Paranaense de
para o Conselho do Parque Nacional Saint-Hilaire/
Em 2016, uma reunião do Grupo de Trabalho (GT) Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater); Pre- grupo.
Lange e de composição do Conselho do Parque Na-
entre gestores do ICMBio e do Instituto Ambiental feitura de Paranaguá, Prefeitura de Tijucas do Sul,
cional Guaricana. Na ocasião, o Grupo de Trabalho
do Paraná (IAP) - gestor da Área de Proteção Am- Prefeitura de Matinhos.
foi transformado em Câmara Temática de Reformu-
biental Estadual de Guaratuba e do Parque Estadual
lação dos Conselhos.
Boguaçu - tinha como pauta discutir as estratégias
Foto: Acervo ICMBio
para criação do Conselho do Parque Nacional Gua- Após essa etapa, a Câmara realizou uma série de
ricana. À medida que as discussões avançaram, fi- reuniões para sistematizar os dados levantados
cou evidente a necessidade de um Conselho mais pelos conselheiros e elaborou proposta preliminar
amplo, considerando os existentes e os que ainda dos setores que poderiam ser incluídos na refor-
seriam criados. mulação e criação dos Conselhos. A matriz proposta
pela Câmara Temática foi aprovada pelo Conselho
A Área de Proteção Ambiental Estadual de Guara-
do Parque Nacional Saint-Hilaire/Lange, em outu-
tuba possuía Conselho Gestor Deliberativo com
bro de 2017. Desde então busca-se estabelecer o nú-
composição parcialmente alterada para adequação
mero de cadeiras e planejar os encontros setoriais,
e ampliação das representações. O Conselho do
tanto para a reformulação do Conselho do Parque
Parque Natural Municipal da Lagoa do Parado era
Nacional Saint-Hilaire/Lange, quanto para a criação
o próprio Conselho Municipal de Urbanismo e Meio
do Conselho do Parque Nacional Guaricana. Os con-
Ambiente de Guaratuba. Em 2014, o Parque Estadual
selheiros da Área de Proteção Ambiental de Guara-
do Boguaçu, apesar dos 20 anos, não contava com
tuba optaram por aguardar essa etapa dos Parques
representação até que a chefe da Área de Proteção
Nacionais antes de qualquer atitude. Já o Conselho
Ambiental Estadual de Guaratuba também assumiu
do Parque Nacional Guaricana obteve avanços com
a unidade. O Parque Nacional Guaricana, de 2014,
reuniões setoriais.
com a chefia nomeada, em outubro de 2015, deu iní-

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


JOVENS PARCEIROS

184
GESTÃO DO PARQUE NACIONAL DAS RESULTADOS INSPIRE-SE!
185
ARAUCÁRIAS IMPLEMENTA ATIVIDADES COM ࡿࡿ Em três anos, os voluntários realizaram mais de
15 atividades no parque, com dedicação superior a
ADOLESCENTES 200 horas. Com o trabalho dos jovens foi possível
contabilizar a visitação. Mais de 500 pessoas tiveram o
ࡿࡿ Investir na formação dos voluntários
antes do início de qualquer atividade aumen-
Coordenação geral, executiva, gestão dos recursos e gerenciamento: Juliano Rodrigues Oliveira (ICMBio). acompanhamento dos voluntários durante as visitas. ta o senso de pertencimento à causa e valori-
za o trabalho que será desenvolvido. Adapte
ࡿࡿ Aumento da visibilidade regional do parque. Os
o conteúdo de acordo com o público e faça
Com apenas um servidor público, desde 2008, PERFIL voluntários passaram a divulgar os conceitos sobre dessa oportunidade um momento de troca,
o Parque Nacional das Araucárias precisou as Unidades de Conservação nos diversos ambientes reserve um período para responder dúvidas.
Localizado na região oeste do Estado de Santa Cata- por onde circulam, começando pela escola.
descobrir outros caminhos para que a Unida- ࡿࡿ Durante o planejamento das atividades
rina, nos municípios de Ponte Serrada e Passos Maia,
de de Conservação cumprisse com os objetivos ࡿࡿ Os jovens voluntários são cidadãos mais críticos de voluntariado considere as habilidades de
o Parque Nacional das Araucárias conta com mais de
que caracterizam esse perfil de área protegida. e atuantes, com melhor rendimento escolar nos cada participante e otimize os resultados. Os
12 mil hectares.
“Desde 2009, parcerias são prioritárias no par- temas ambientais. A comunicação entre o gestor da recursos materiais de parceiros muitas vezes
que. Um dos desafios propostos pelo Conselho OBJETIVOS unidade, pais dos jovens e comunidade escolar foi já são capazes de permitir a realização de
Consultivo da unidade foi a implantação do uso ampliada e aperfeiçoada. uma série de ações.
Implantar o voluntariado no Parque Nacional das
público – até 2015 o parque estava fechado à ࡿࡿ Parceria com a Polícia Militar Ambiental de ࡿࡿ Parcerias são fundamentais, apesar das
Araucárias para apoiar as atividades de Uso Público;
visitação – e nesse contexto, o voluntariado Santa Catarina fortalecida. restrições no número da equipe, apoie e par-
incentivar a participação social nas atividades, espe-
tornou-se uma opção capaz de viabilizar esse ticipe dos eventos de outras instituições.
cialmente por parte dos jovens; intensificar a parce-
objetivo”, revela Juliano Rodrigues Oliveira, che-
ria com a Polícia Militar Ambiental de Santa Catarina. METODOLOGIA ࡿࡿ Jovens e crianças mobilizadas desper-
fe do parque.
tam também o interesse dos pais e da comu-
A Polícia Militar Ambiental (PMA) de Santa Catarina
nidade escolar, busque aprimorar a comuni-
desenvolveu o curso Protetores Ambientais para es-
cação com esses dois públicos e aumente as
timular uma percepção mais consciente e crítica nos
chances de conquistar novos parceiros.
adolescentes. Durante um ano, jovens na faixa dos
Foto: Acervo ICMBio 13 anos participaram de atividades de formação nas
áreas de Meio Ambiente e Turismo ministradas pelos
membros da PMA e parceiros. aspectos positivos, negativos e sugestões

As Unidades de Conservação também estavam in- O trabalho teve como base a horizontalidade entre
cluídas no programa e a PMA convidou o gestor do o gestor e os voluntários, em uma relação de parce-
Parque Nacional das Araucárias para ser o instrutor ria. O projeto foi desenvolvido sem recursos extras e
de uma das turmas. Após a apresentação, um pe- a Prefeitura de Ponte Serrada/SC apoiou a iniciativa
queno grupo dos adolescentes manifestou interes- com o transporte dos jovens à unidade.
se em realizar atividades voluntárias no parque. No momento, o Parque Nacional das Araucárias
O gestor complementou a formação dos jovens com possui cadastro de interessados pelo Programa de
palestras sobre ICMBio, Sistema Nacional de Unidades Voluntariado do ICMBio. Investimentos podem am-
Conservação (SNUC), as características do Parque Na- pliar e consolidar o Programa.
cional das Araucárias, além da importância da visita-
ção e do estímulo ao turismo. Os jovens passaram a PERÍODO
guiar e orientar os visitantes, contabilizando o fluxo.
Abril de 2014 a outubro de 2017.
Com o uso de aplicativo de mensagens instantâne-
as (WhatsApp), o gestor planejou as ações com os
jovens, esclareceu dúvidas e, dessa forma, manteve PARCEIROS DO PROJETO
um canal para a comunicação com os voluntários. Polícia Militar Ambiental de Santa Catarina e Prefei-
Conversas após as atividades permitiram identificar tura de Ponte Serrada/SC.

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


CURSO DE FORMAÇÃO

186
VALORIZAÇÃO E VISIBILIDADE DE PESCADORES RESULTADOS
187
GARANTEM AVANÇOS NO ACORDO DE GESTÃO ࡿࡿ Conquista de um espaço de diálogo sobre
os usos dos recursos pesqueiros que permite
Para compreender melhor o uso dos recursos
pesqueiros na Unidade de Conservação, seis pes-
Coordenação geral: Laci Santin (Reserva Extrativista Marinha de Pirajubaé/ICMBio), Guilherme Tebet identificar as demandas, problemas, dificuldades cadores participaram de entrevistas individuais
(Conselho da unidade pelo Coletivo UC da Ilha), Eloisa Vizuete (Centro Nacional de Pesquisa e Conservação e potencialidades relacionadas à pesca na reserva. em que assinalaram em mapas as atividades rea-
da Biodiversidade Marinha do Sudeste e Sul - Cepsul/ ICMBio) e Silvane Dalpiaz (Fundação Municipal de Meio lizadas em cada ponto da reserva, enquanto des-
Ambiente de Florianópolis - Floram). Coordenação executiva: Guilherme Tebet (Conselho da unidade pelo ࡿࡿ Mapeamento dos principais locais, espécies
creviam o sistema de pesca (petrecho, intensida-
Coletivo UC da Ilha), Eloisa Vizuete (Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Marinha pescadas, artes e períodos de pesca na unidade
de, dificuldades). Após essa etapa, os membros
do Sudeste e Sul - Cepsul/ ICMBio) e Silvane Dalpiaz (Fundação Municipal de Meio Ambiente de Florianópolis e no entorno.
do projeto e a equipe gestora sistematizaram e
- Floram). Gestão dos recursos e gerenciamento: Karina Dino (extinta Coordenação de Educação Ambiental –
ࡿࡿ Aumento da integração entre os pescadores digitalizaram os mapas.
Coedu/CGSAM/ICMBio.)
durante a etapa que antecede a elaboração
A atividade dos mapas teve como sequência uma
qualificada do Acordo de Gestão. Fortalecimento
Com mais de 25 anos, a Reserva Extrativista Marinha sequência dessa dinâmica ocorre a discriminação oficina com dez mestres de pesca locais, onde
da identidade dos pescadores artesanais como
do Pirajubaé tem a história atrelada à extração do da atividade extrativista, a invisibilidade do territó- foi construída, de forma conjunta e por con-
beneficiários e usuários da reserva.
berbigão (Anomalocardia brasiliensis), bivalve que rio e das atividades tradicionais de pesca; perda de senso, uma maquete com os usos dos recursos
ocorre nos bancos arenosos e lamosos da Baía Sul de espaços de socialização entre os beneficiários; de- ࡿࡿ Inserção da Reserva Extrativista Marinha de pesqueiros na Reserva Extrativista Marinha do
Florianópolis, em sobreposição às demais atividades. sagregação da comunidade; aumento das disputas Pirajubaé no Projeto SocMon Brasil, que incentiva Pirajubaé. A equipe transformou a maquete em
“Dos mais de 100 beneficiários da Reserva, apenas 25 internas prevalecendo interesses individuais nas a criação de estratégias de monitoramento mapas digitais.
têm permissão para a extração comercial de berbigão, decisões sobre o território e recursos; desinteresse, socioambiental participativo orientado para a
O projeto intensificou a integração da equipe da
sendo que a maioria não pesca regularmente. Os ins- em especial dos jovens, pela atividade pesqueira/ gestão costeira.
unidade com o Coletivo UC da Ilha, membro do
trumentos de gestão existentes (Planos de Utilização, extrativa, pela falta de atrativos econômicos e even-
Conselho Deliberativo, que assim ampliou a pre-
Instruções Normativas e Portaria) apenas considera- tual possibilidade de empregos em outras áreas”,
ram a regulamentação da extração do berbigão, o que
METODOLOGIA sença na gestão. Ao mesmo tempo, a iniciativa
comenta a analista ambiental.
estreitou a colaboração e o intercâmbio de infor-
evidencia a invisibilidade dos demais beneficiários Três alunos do II Curso de Formação em Gestão So-
mações com a Fundação Municipal de Meio Am-
(pescadores artesanais e coletores de caranguejo)”, PERFIL cioambiental, na Academia Nacional de Biodiversi-
biente de Florianópolis (Floram).
destaca Laci Santin, analista ambiental e orientadora dade ACADEBio, sendo dois servidores públicos –
Localizada na região urbana da Ilha de Santa Internamente, a medida fortaleceu a articulação
pedagógica na unidade/ICMBio. um do ICMBio, outro da Fundação Municipal de Meio
Catarina, em Florianópolis, a Reserva Extrativista no ICMBio, entre a unidade e o Cepsul, criando
Ambiente de Florianópolis (Floram), e o terceiro, um
A crise aumentou em 2015 com a mortandade gene- Marinha do Pirajubaé abrange com 1.700 hectares
conselheiro da unidade e integrante do Coletivo UC oportunidades de pesquisas conjuntas e de ges-
ralizada do molusco na região. “O recurso entrou em ecossistemas marinhos e manguezais.
da Ilha - analisaram o contexto da Reserva Extrativa tão pesqueira. O projeto criou possibilidades para
colapso por causas naturais ainda não totalmente
Marinha do Pirajubaé e formaram uma equipe de integrar as ações de monitoramento participativo
esclarecidas – apesar de pesquisas da Universidade OBJETIVOS
trabalho com foco em qualificar a participação dos da pesca na reserva ao Projeto SocMon, coorde-
Federal de Santa Catarina (UFSC) e da Universidade Contribuir para qualificar a participação dos pescadores na construção do Acordo de Gestão, a nado pelo Centro de Estudos do Mar, da Universi-
do Vale do Itajaí (Univali) – agravando ainda mais a pescadores artesanais na construção do Acor- partir do mapeamento participativo, por meio de dade Federal do Paraná (CEM/UFPR).
situação dos extrativistas que aumentaram a pressão do de Gestão da Unidade de Conservação (UC), um processo de educação ambiental crítico. A prática foi conduzida como atividade integrante
sobre recursos pesqueiros, como a pesca de peixes e uma vez que esses beneficiários historicamente
do camarão. A única organização formal dos benefi- O grupo, em parceria com a equipe gestora da do II Curso de Formação em Gestão Socioambien-
possuem pouca voz ativa nas tomadas de deci-
ciários era a Associação Caminhos do Berbigão (ACB), unidade, buscou identificar os principais pesca- tal, na linha de Educação Ambiental na Gestão
são da reserva. Incentivar o diálogo sobre o uso
atualmente desarticulada por disputas internas pós- dores beneficiados para realizar o levantamento Pública da Biodiversidade, realizado na ACADEBio,
dos recursos pesqueiros, fortalecer a identidade
-mortandade do molusco”, complementa Laci. das artes de pesca e dos recursos pesqueiros uti- pela extinta Coordenação de Educação Ambiental
dos pescadores artesanais, como beneficiários
lizados no território. Após algumas reuniões entre (Coedu), da Coordenação Geral de Gestão Socio-
A localização da unidade também traz agravantes. e usuários da reserva. Estimular o mapeamento
os servidores da unidade e os autores do Criando ambiental (CGSAM) e pela Coordenação Geral de
“A Reserva fica a cerca de 5 km do centro de Flo- das artes de pesca para incluir as demandas do
Redes, 10 pescadores foram identificados como Gestão de Pessoas (CGGP).
rianópolis/SC, o que resulta em impactos sobre a setor nos marcos legais, no acordo de gestão;
informantes-chave.
área protegida pelo adensamento populacional no ampliar a participação dos pescadores artesanais
entorno e das obras de infraestrutura. “Como con- na gestão.

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


COMUNICAR

188
PERÍODO INSPIRE-SE! EU AMO CERRADO INVESTE NA ESTRATÉGIA 189
Novembro de 2015 a maio de 2016.
CONHECER PARA PROTEGER
ࡿࡿ A valorização dos atores locais em pro- Coordenação geral: Luiz Henrique Caixeta Gatto (Instituto Brasília Ambiental - Ibram-DF). Coordenação
PARCEIROS DO PROJETO cessos educativos planejados e integrados à executiva: Marcus Vinicius Falcão Paredes (Instituto Brasília Ambiental - Ibram-DF). Gestão dos recursos e
gestão fortalece as comunidades, o modo de gerenciamento: Coordenação de Educação Ambiental e Difusão de Tecnologias – Codea/Ibram-DF.
Coletivo UC da Ilha; Fundação Municipal de Meio
vida local e aumenta a integração. A aborda-
Ambiente de Florianópolis (Floram); Centro Nacio- gem contribui para reforçar a identidade da
nal de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade O desconhecimento sobre a flora e a fauna do INSPIRAÇÃO
população tradicional e o sentido de perten-
Marinha do Sudeste e Sul (Cepsul/ ICMBio). cimento ao território. Cerrado pela população que vive na área do bio-
Cartaz Aves Comuns nos Parques do Distrito Fede-
ma foi o ponto de partida dessa prática. A ne-
ࡿࡿ Pesquisas desenvolvidas em conjunto ral, como parte do trabalho de conclusão de curso
cessidade de conhecer para valorizar, motivou a
por diferentes órgãos públicos, de esferas de um servidor.
observação dos servidores do Instituto Brasília
distintas e com a participação de organiza- Ambiental (Ibram) sobre quais e como as infor-
Foto: Acervo ICMBio
ções não governamentais têm alto poder de PERFIL
mações sobre o Cerrado são divulgadas à popu-
impacto, uma vez que sintetizam múltiplas Unidades de Conservação do bioma Cerrado.
lação. “No Instituto Brasília Ambiental (Ibram) não
perspectivas.
havia nenhum material gráfico que contemplasse
OBJETIVOS
ࡿࡿ A parceria entre diferentes órgãos de forma lúdica a biodiversidade do Cerrado”, re-
também permite integrar mais profissionais vela Marcus Vinicius Falcão Paredes, gerente de Ampliar o conhecimento da população sobre a
ao processo, aumentando a capilaridade e Educação Ambiental em Unidades de Conserva- fauna e a flora do Cerrado, como estratégia de
apropriação de cada órgão sobre o projeto. ção do Instituto Brasília Ambiental (Ibram) e re- valorização; desenvolver material decorativo com a
lator da prática. Na tentativa de responder a essa temática Cerrado para ambientes, fonte de pesqui-
ࡿࡿ Estimule os processos participativos,
demanda, os servidores do Ibram desenvolveram sa estudantil e material de promoção institucional.
especialmente diante de situações onde falte
integração. Os resultados concretos e os programa específico para difundir conhecimento.
instrumentos são importantes, mas a cons-
?????
trução coletiva reforça identidade e parcerias
que abrem caminho para outros projetos. Foto: Acervo Ibram-DF
Foto: Acervo ICMBio

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


RESULTADOS INSPIRE-SE!
190 ࡿࡿ O projeto Eu Amo Cerrado já produziu mais de Silva Júnior, cedeu e auxiliou na identificação dos Cartazes desenvolvidos:
191
10 edições de cartazes a partir de quatro temas: frutos e das árvores do Cerrado. O Grupo de Obser-
Aves do Cerrado: quatro edições, cerca de 15 mil ࡿࡿ Biodiversidade é uma das característi-
Aves do Cerrado; Frutos do Cerrado; Mamíferos vadores de Aves do Planalto Central (Observaves)
exemplares; cas das Unidades de Conservação e o co-
e Pegadas do Cerrado; Árvores do Cerrado. O contribuiu com algumas fotos e na identificação de
Frutos do Cerrado: três edições, cerca de 10 mil nhecimento dos gestores e de outros órgãos
material é divulgado nas Unidades de Conservação espécies de aves.
deve ser compartilhado de inúmeras formas
e pelo Ibram. Em quatro anos do projeto, 40 mil exemplares;
O cartaz Árvores do Cerrado, lançado em 2016, no com a sociedade. Os materiais e a edição do
exemplares impressos. Mamíferos e pegadas do Cerrado: três edições, cerca conteúdo da biodiversidade regional podem
Dia da Árvore, 21 de setembro, traz 12 espécies re-
ࡿࡿ 50 mil folders desenvolvidos e distribuídos com presentativas do bioma: Copaíba, Sucupira Bran- de 10 mil exemplares; ser desenvolvidos localmente.
os temas aves, frutos e mamíferos do Cerrado. ca, Aroeira, Piqui, Imbiruçu, Jacarandá do Cerrado, Árvores do Cerrado: uma edição, cerca de 5 mil ࡿࡿ Fotografias são essenciais nessa práti-
Gomeira, Ipê Amarelo, Pau Doce, Buriti, Peroba do exemplares; ca, organize o material da Unidade de Con-
ࡿࡿ Exposição fotográfica Eu Amo Cerrado com
Cerrado e Cagaita; são árvores tombadas como servação, levante as imagens registradas
registros da Estação Ecológica Águas Emendadas, A prática está inserida no planejamento da Coor-
Patrimônio Ecológico do Distrito Federal. O lan- pelos pesquisadores e mobilize fotógrafos
no Distrito Federal, é itinerante. Entre as montagens denação de Educação Ambiental e Difusão de Tec-
çamento oficial do cartaz ocorreu na Virada do voluntários para a parceria.
já realizadas, são destaques: a estreia no Congresso nologias (Codea) com metas de publicações anuais.
Cerrado, organizada pela Secretaria do Meio Am-
Reeditor Ambiental, em 2016, para 400 alunos e 15 ࡿࡿ Além do material impresso, outra forma
biente (Sema).
professores da Secretaria da Educação do DF e a de aproximar a sociedade do bioma é investir
comemorativa dos 10 anos do Ibram, na estação do Como forma de divulgar o conhecimento reunido PERÍODO em produtos digitais, que podem ser aces-
metrô de Brasília, o que permitiu que milhares de e sintetizado sobre o Cerrado e assim contribuir Julho de 2014 – em andamento. sados nas mais diversas plataformas, por
pessoas conhecessem mais o Cerrado. para a valorização do bioma, cartazes são fixados interessados de todo o país, ou melhor do
nas Unidades de Conservação e tornam o ambien- mundo. Diante de um movimento em Unida-
ࡿࡿ A cada nova edição, mais parceiros são incluídos
te mais informativo e alinhado à missão das áreas PARCEIROS DO PROJETO des de Conservação de todo o país, profes-
e novas espécies são contempladas. As publicações
protegidas. sores podem trabalhar com esse material em
ambientais representam ferramentas de divulgação Grupo de Observadores de Aves do Planalto Cen-
sala de aula e sugerir o acesso a mais conte-
do Ibram. O Ibram distribui o material em pontos específicos. tral (Observaves); Polícia Ambiental de São Paulo; údo como atividade complementar.
Já existe uma demanda pelo material: escolas e a Universidade de Brasília (UnB); Gerências de Fauna
sociedade solicitam as publicações para ações in- e Flora do Instituto Brasília Ambiental (Ibram); fotó- ࡿࡿ Com o incremento de material sobre o
METODOLOGIA dependentes ou em conjunto com o Ibram, durante grafos voluntários. bioma, as visitas às Unidades de Conservação
podem ser ainda mais educativas.
A pesquisa acadêmica realizada por um dos servi- todo ano. A cada publicação, novos parceiros são
dores motivou um grupo a produzir material biblio- incluídos no projeto.
gráfico oficial sobre o bioma. O desenvolvimento Com o fortalecimento do programa duas frentes são Foto: Acervo Ibram-DF Foto: Acervo Ibram-DF

dos materiais envolveu a elaboração das listas de trabalhadas: Coleção Eu Amo Cerrado e EcoSapiens.
espécies do Cerrado, inicialmente de Aves e na se- O projeto EcoSapiens segue na mesma direção de
quência de Frutos, Mamíferos e Árvores. A edição contribuir com a difusão de conhecimento. Nele, jo-
do conteúdo é feita pelos servidores do Ibram. Os vens que atuam no Instituto Brasília Ambiental ela-
recursos para impressão vieram de duas fontes, do boram perguntas e respostas sobre a temática do
orçamento da Educação Ambiental do Ibram e das Cerrado para a formação de um banco de dados. O
conversões de penas ambientais. resultado pode ser aplicado em uma série de pro-
A relação das espécies e a cessão de fotos para a pu- dutos. O primeiro material previsto é um jogo am-
blicação contaram com a mobilização de parceiros biental sobre biodiversidade do bioma, mudanças
que contribuíram desde a primeira edição de cada climáticas, Unidades de Conservação, entre outros.
produto. A Polícia Ambiental de São Paulo cedeu as O programa reconhecerá em premiação os jovens
fotos dos mamíferos. Enquanto a Universidade de com o maior número de questões selecionadas
Brasília, por meio do professor Manoel Cláudio da para compor a estratégia.

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


CAPACITAÇÃO PREVENTIVA

NOVOS CAMINHOS PARA REDUZIR INCÊNDIOS RESULTADOS INSPIRE-SE!


192 193
FLORESTAIS ࡿࡿ Melhor visibilidade institucional da Área
de Proteção Ambiental Morro da Pedreira nas
Coordenação geral: Núcleo de Gestão Integrada Cipó-Pedreira (NGI/ICMBio); Flávio Cerezo (Parque Nacional comunidades com formação de Brigada Municipal ࡿࡿ A parceria com as esferas municipal e
da Serra do Cipó/ICMBio); Romina Belloni (Área de Proteção Ambiental Morro da Pedreira/ICMBio); Conselho treinada e equipada. estadual favorece a obtenção de resultados
Gestor do Parque Nacional da Serra do Cipó e APA Morro da Pedreira. Coordenação executiva: Flávio Cerezo, promissores em múltiplas frentes, inclusive
ࡿࡿ Executivos municipais e comunidades alinhados
Paulo Sérgio Campos Avelar, Romina Belloni, Ronaldo Matos e Edward Elias Junior (Núcleo de Gestão Integrada no combate à queima desorganizada.
sobre a importância das ações preventivas aos
- NGI Cipó-Pedreira/ICMBio); Brigada de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais do Parque Nacional
incêndios florestais. ࡿࡿ Capacitar as comunidades do entorno
da Serra do Cipó; Aristeu Nunes dos Santos (Estação Ecológica de Pirapitinga/ICMBio). Gestão dos recursos
é uma prática que transcende o conteúdo
e gerenciamento: Coordenação de Prevenção e Combate a Incêndios (COIN/ICMBio) e Núcleo de Gestão ࡿࡿ Compreensão aperfeiçoada das comunidades
ministrado e mobiliza pessoas-chave na con-
Integrada – NGI Cipó-Pedreira/ICMBio. sobre as Unidades de Conservação e a gestão
servação dos biomas da região.
compartilhada das áreas protegidas no Brasil.
ࡿࡿ Fortalecimento da relação entre as equipes ࡿࡿ Cursos de curta duração permitem repli-
Os incêndios seguem entre as principais PERFIL
gestoras dos parques com os conselheiros, car a prática em série, impactar de forma es-
ameaças às Unidades de Conservação. As
A Área de Proteção Ambiental Morro da Pedreira e o associações locais, servidores dos parques tratégica maior número de pessoas e marcar o
comunidades que vivem em áreas prote-
Parque Nacional da Serra do Cipó são Unidades de Con- estaduais e municipal e principalmente com os início da atividade de educação ambiental.
gidas ainda realizam a cultura da queima
servação complementares, uma vez que o parque, como proprietários rurais.
sem orientação. “A maior parte dos focos
unidade de proteção integral, com cerca de 30 mil hecta-
de incêndios no interior do Parque Nacional
res, está envolvido pelos mais de 130 mil hectares da área
da Serra do Cipó tem origem no entorno, já METODOLOGIA
de uso sustentável.
no interior da Área de Proteção Ambiental
Durante análise dos resultados da operação Boa Vizi- O treinamento e os cursos contaram com servidores
Morro da Pedreira. Um grande desafio vis- OBJETIVOS
nhança, que tem como objetivo construir uma agenda do ICMBio e do Instituto Estadual de Florestas (IEF),
to que estamos em uma região de Cerrado,
Capacitar e trocar experiências com as comunidades so- positiva com vizinhos do Parque Nacional da Serra do com o gestor do Parque Estadual do Intendente e o
Mata Atlântica e Campos Rupestres, com
bre prevenção e combate aos incêndios florestais. Divul- Cipó, a equipe gestora identificou a necessidade de gestor do Parque Estadual do Limoeiro. A Prefeitura
muitos criadores de gado, abrangendo oito
gar os procedimentos necessários para autorização e re- uma agenda educativa sobre a queima controlada. Municipal de Santana do Riacho adquiriu os equi-
municípios”, pontua Romina Belloni da Sil-
gularização de queima controlada; formação de Brigadas pamentos e os uniforme para a Brigada Voluntária
va, gestora do Núcleo de Gestão Integrada As demandas dos conselheiros, a relação com a
Municipais no entorno do parque, construção de gestão Municipal, nomeada Guardiões da Serra.
– NGI Cipó-Pedreira /ICMBio. Prefeitura e com Associações locais contribuíram
participativa e aumento da consciência ambiental.
para a definição das comunidades onde os cursos
seriam ministrados. A decisão anualmente tomada PERÍODO
na última reunião dos Conselhos incluía a ação no
Foto: Acervo ICMBio
Abril de 2015 a setembro de 2017.
programa do ano seguinte.

A iniciativa na esfera do Plano de Prevenção e Pro-


teção contra Incêndio (PPCI) realizou cinco cursos PARCEIROS DO PROJETO
de curta duração (12 horas) e um de Brigada Volun- Instituto Estadual de Florestas (IEF); Marcos Alexandre dos
tária Municipal em comunidades de cinco dos oito Santos (Parque Estadual da Serra do Intendente/IEF); Alex
municípios da Área de Proteção Ambiental Morro da Amaral (Parque Estadual do Limoeiro/IEF); Associação Ami-
Pedreira: Itabira, Conceição do Mato Dentro, Santa- gos da Lapinha, da Comunidade da Lapinha da Serra, de
na do Riacho, Itambé do Mato Dentro e Nova União. Santana do Riacho; Associação de Moradores, Agriculto-
O conteúdo do curso apresentou os procedimentos res e Apicultores da Lapinha (Amalapinha); Associação da
para a realização da prática, com base na legislação Lapinha do Morro, do Morro do Pilar; Coletivo Condutores
e nos documentos necessários, além de métodos, do Espinhaço; Prefeitura de Santana do Riacho, Prefeitura
equipamentos e técnicas apropriadas para cada re- do Morro do Pilar, Prefeitura de Conceição do Mato Dentro,
gião, de acordo com os objetivos e de maneira a Prefeitura de Itambé do Mato Dentro, Prefeitura de Itabira e
prevenir grandes incêndios. Prefeitura de Nova União.

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


RELAÇÕES INSTITUCIONAIS
MANEJO E AGROECOLOGIA FEIRA DOS POVOS FORTALECE PRODUTOS
194 195
Verdades até pouco tempo tidas como absolutas começam
AGROFLORESTAIS E BUSCA MAIOR
a dar lugar a novos pontos de vista e diferentes estratégias
já apresentam resultados significativos. Projetos sobre
RENTABILIDADE
Coordenação geral: Ana Cléia Azevedo (ICMBio). Coordenação executiva: servidores da Fundação Nacional do
valorização de cadeia de valor diversificam as atividades Índio (Funai), servidores do ICMBio, Nathalia Larios de Sousa Cordeiro (consultora do Plano de Ação Sustentável
econômicas das comunidades, enquanto a agroecologia da Reserva Extrativista Rio Iriri), Bruna Schrickte (colaboradora eventual), Rejane Andrade (consultora ICMBio)
e Rafael Sá Leitão Barboza (colaborador eventual). Gestão dos recursos e o gerenciamento: Ana Cléia Azevedo
revela ainda mais benefícios. Propostas inovadoras obtêm (ICMBio), Gilson Lopes de Oliveira (Funai) e Nathalia Larios de Sousa Cordeiro (consultora).
apoio da iniciativa privada, recuperam áreas degradadas e
ampliam horizontes.
Povos tradicionais extrativistas e indígenas são sinô- PERFIL
nimo de resistência no Médio Xingu diante do avanço
Reservas Extrativistas: do Riozinho do Anfrísio;
do agronegócio. O modo como as comunidades tra-
Rio Iriri; Rio Xingu; a Estação Ecológica Terra
Foto: Aurelice Vasconcelos dicionais vivem, seus valores e as práticas desenvol-
do Meio; Parque Nacional Serra do Pardo.
vidas formam um ciclo de plena relação de respeito
Além de Terras Indígenas (TIs) das etnias
com a biodiversidade amazônica.
Araweté; Parakanã; Xipaya; Kuruaya; Juruna;
Os produtos agroflorestais desenvolvidos por essas Xikrin; Kayapó; Kararaô; Arara; e Asurini.
comunidades também carregam todo o conhecimen-
to de quem sabe viver em harmonia com a floresta. OBJETIVOS
As dificuldades se apresentam diante das tentativas Fortalecer o modo de vida das comunidades
de comercialização, já que parte dos produtos é des- tradicionais (extrativistas e indígenas), com
tinada ao consumo próprio, enquanto a outra para a valorização da diversidade dos produtos
aumentar a renda dessas famílias. “Frequentemente da floresta e ao mesmo tempo destacar a
os produtos agroflorestais são vendidos sem um pre- conectividade e o intercâmbio dessas popu-
ço justo, não conseguem escoar para os centros urba- lações com a cidade de Altamira. Proporcio-
nos e muitas vezes faltam oportunidades no mercado nar a construção de novas relações entre as
local”, pontua Ana Cléia Azevedo, chefe na Reserva comunidades da floresta e da área urbana
Extrativista Rio Iriri. com princípios de valorização, respeito e boa
A apresentação desses produtos em eventos costuma convivência; favorecer a incorporação desses
ser um caminho para obter visibilidade e efetuar a produtos nos mercados regionais a preço jus-
venda direta. “Com a II Feira dos Povos do Médio Xingu to; facilitar a troca de saberes, o encontro e a
o objetivo foi fortalecer o modo de vida tradicional das solidariedade entre os povos do Médio Xingu;
populações indígenas e extrativistas da região, valori- aprimorar a gestão do território entre as Uni-
zando os produtos da floresta através da sua exposi- dades de Conservação e Terras Indígenas.
ção, divulgação e comercialização”, completa Ana Cléia.

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


Foto: Bruno Bimbato

INSPIRE-SE! PERÍODO
196 2015 – em andamento
197

ࡿࡿ A articulação entre os povos da floresta


que resulta em um evento-chave de valori- PARCEIROS DO PROJETO
zação cultural, onde toda a comunidade é
Fundação Nacional do Índio (Funai); Universidade
convidada, proporciona mais visibilidade aos
Federal do Pará; Exército Brasileiro; Instituto So-
objetivos e à causa.
cioambiental (ISA); Projeto Infâncias; Secretaria
ࡿࡿ Compartilhar informações sobre os Municipal de Gestão do Meio Ambiente e Turismo
produtos agroflorestais, como materiais de Altamira; Secretaria Municipal de Educação de
utilizados, o tempo necessário no desenvol- Altamira; Secretaria Municipal de Integração Social
vimento de cada peça, o fator exclusividade
de Altamira; Secretaria Municipal de Saúde de Alta-
(pela característica do “feito à mão” e com
mira; The Nature Conservancy (TNC); Polícia Militar;
destaque para o nome da etnia) são dados
A Musical Produções; Papelaria Papel & Cia; União
que costumam ajudar a aumentar o valor
Navegações e Turismo; Supermercado Nossa Horta;
das peças no momento da comercialização
(direta e indireta).

ࡿࡿ As comunidades tradicionais, a biodi-


versidade e a preservação do patrimônio
cultural são diretamente impactadas pelo
maior alinhamento entre os órgãos governa-
RESULTADOS METODOLOGIA mentais.
Foto: Bruno Bimbato
ࡿࡿ Realização da II Feira dos Povos, em 10 e 11 de A II Feira dos Povos teve início com o desenvolvi- ࡿࡿ Livros, documentários e fotografias
junho de 2017, na Concha Acústica, em Altamira/PA, mento do cronograma de ações contemplando ma- permitem divulgar, por exemplo, o conceito
proporcionou visibilidade a produtos agroflorestais croáreas, como estrutura, programação, produção e das feiras de exposições de produtos agro-
desenvolvidos por 15 comunidades tradicionais, comunicação. florestais por um tempo maior do que o pró-
extrativistas e indígenas. O evento também contou prio evento. Essa é uma estratégia capaz de
Reuniões semanais e mensais com a presença da
com exposição fotográfica e atividades voltadas às difundir a iniciativa a pessoas de cidades do
equipe organizadora do evento e de servidores do
crianças. entorno ou mesmo de lugares mais distantes;
ICMBio e da Funai foram fundamentais em especial o que pode ser um instrumento na busca por
ࡿࡿ Reconhecimento da diversidade étnica e no planejamento e no monitoramento detalhado novos mercados e parcerias.
cultural da região por parte dos moradores da área das atividades.
urbana, incluindo a aproximação com os povos
O evento foi viabilizado pelo Plano de Ação Susten-
tradicionais. O evento permitiu que moradores
tável (PAS) da Reserva Extrativista Rio Iriri, subsi- Foto: Bruno Bimbato Foto: Bruno Bimbato
de Altamira conhecessem os produtos de cinco
diado pelo Programa Áreas Protegidas da Amazô-
comunidades extrativistas e de 10 etnias.
nia (Arpa), do Ministério do Meio Ambiente (MMA).
ࡿࡿ Maior troca de saberes entre extrativistas e Recursos da Funai também foram importantes para
indígenas, com aumento do diálogo sobre a gestão a iniciativa. Parceiros e patrocinadores efetuaram
territorial das áreas protegidas. contribuições.

ࡿࡿ Fortalecimento interinstitucional entre Funai A primeira edição da Feira dos Povos foi realizada
e ICMBio beneficia extrativistas e indígenas que em 20 e 21 de junho de 2015. O objetivo é que o
vivem na região, com destaque para as associações evento seja realizado a cada dois anos, assim a pró-
de moradores das Unidades de Conservação e das xima edição está prevista para 2019.
Terras Indígenas.

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


CONDICIONANTES E AJUSTAMENTOS

MAIS DE 100 HECTARES DE MANGUEZAIS RESULTADOS


198 199
RECUPERADOS EM MENOS DE 10 ANOS ࡿࡿ Recuperação de aproximadamente 100 hectares
de áreas degradadas com registro de reocupação da
Ajustamento de Conduta (TAC) com a Ferrovia Cen-
tro Atlântica S.A na tentativa de compensar danos
Coordenação geral e executiva: Maurício Barbosa Muniz (Área de Proteção Ambiental Guapimirim/ICMBio); fauna local. Ações como essa fortalecem o título da referentes ao acidente ferroviário que provocou o
Klinton Vieira Senra (Estação Ecológica da Guanabara/ICMBio).
Área de Proteção Ambiental de Guapimirim como escoamento de 60 mil litros de óleo diesel em um
Posto Avançado da Reserva da Biosfera da Mata dos rios da unidade em 2005.
Construção civil, lenha destinada às olarias e implantação de PERFIL Atlântica.
Entre 2009 e 2012, o projeto coordenado pelo Ins-
curral (tipo de pesca artesanal) estão entre os motivos para a
Localizada na Baía de Guanaba- ࡿࡿ A dinâmica social também já revela mudanças, tituto Nacional de Tecnologia e Desenvolvimento
degradação de parte do manguezal da Área de Proteção Ambien-
ra, no Rio de Janeiro, em região catadores de caranguejo do entorno não precisam Sustentável (Innatus) e executado pela Cooperativa
tal Guapimirim, anterior à criação da Unidade de Conservação
drenada pelos baixos cursos de mais viajar para outros Estados do Brasil em Manguezal Fluminense recuperou 9,3 hectares.
(UC). “As áreas terrestres compreendidas na unidade chegaram
diversos rios e canais. Três das busca de manguezais onde fosse possível coletar
a ter apenas 36% da cobertura original, em 1984, na época da Em 2012, a Cooperativa Manguezal Fluminense foi
sete espécies de mangues que os crustáceos. A Área de Proteção Ambiental
publicação do decreto.”, afirma Juliana Cristina Fukuda, analista contratada pela empresa Polifix para recuperar
ocorrem no Brasil estão presentes Guapimirim voltou a oferecer essa possibilidade.
ambiental da Área de Proteção Ambiental de Guapimirim e da 0,12 hectare, em atendimento a processo relativo à
na unidade: mangues vermelho,
Estação Ecológica da Guanabara/ICMBio, relatora da prática. ࡿࡿ Maior consciência da comunidade quanto à emissão da licença de operação. Em 2013, o Instituto
branco e preto.
importância do manguezal com a criação inclusive Nacional de Tecnologia e Uso Sustentável (Innatus)
Manguezais apresentam como característica a rápida recupera-
OBJETIVOS de um orgulho sobre o envolvimento na recuperação recuperou 5 hectares de manguezal, como compen-
ção, mas o crescimento de espécies oportunistas pode repre-
das áreas. Atualmente, o índice de apreensão de sação de supressão de vegetação em obras de uma
sentar um obstáculo extra no cumprimento dessa tarefa. “A par- Recuperação das áreas de man- madeira de mangue cortada na região é quase unidade da Petrobras Distribuidora. No mesmo ano,
tir da criação da Área de Proteção Ambiental, os trabalhos de guezal degradadas antes da cria- inexistente. a Cooperativa Manguezal Fluminense executou a
sensibilização ambiental e posteriormente de fiscalização foram ção da Unidade de Conservação;
ࡿࡿ Visibilidade institucional da Unidade de restauração ecológica de áreas na foz do rio Guapi-
eficazes na recuperação de vários fragmentos graças à própria aumentar a biodiversidade; melho-
Conservação pela cobertura jornalística sobre mirim, recuperando 0,5 hectare com recurso de um
resiliência do ecossistema. Entretanto, em outras áreas, espécies rar a qualidade da água dos rios
o projeto. O envolvimento do cantor Lenine edital da Fundação SOS Mata Atlântica.
de plantas com crescimento muito rápido em ambientes abertos da região; contribuir na qualidade
colonizaram de tal forma o ambiente que as espécies arbóreas de vida da população local; gerar também contribuiu para a repercussão. Apesar de Entre 2013 e 2014, a empresa Dedalus contratada pela
de manguezal não conseguiam se instalar novamente”, revela Ju- renda à população local, por meio subaproveitado, o programa de recuperação atrai Petrobras recuperou 87 hectares em atendimento à
liana. Áreas como essas precisavam de planejamento, equipe, a dos plantios; obter e produzir co- visitantes à unidade. condicionante dos processos de licenciamento am-
escolha das melhores estratégias, monitoramento e aporte de nhecimento sobre o ecossistema. biental referentes à implantação de píer e via de
recursos financeiros. acesso especial para os grandes equipamentos do
METODOLOGIA Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).
Foto: Acervo ICMBio
A equipe gestora da Área de Proteção Ambiental
No mesmo período, a Associação Protetores do Mar,
Guapimirim, em 2006, começou o planejamento
com recursos do Programa Petrobras Ambiental,
para recuperação dos fragmentos de manguezais
estabeleceu parceria com a Cooperativa Manguezal
alterados antes da existência da unidade. A partir
Fluminense e recuperou 8,7 hectares. Entre 2015 e
desse momento, editais, patrocínios, condicionan-
2016, a ação se repetiu, com a recuperação de mais
tes de licenciamento ambiental e sanções judiciais
9 hectares com recursos do mesmo programa.
viabilizaram a iniciativa.
Em 2015, a Transportadora Associada de Gás S.A
Inicialmente, a equipe gestora analisou as imagens
(TAG) contratou a empresa Egis para recuperar 10
de satélite e verificou a localização dos fragmentos
hectares em um projeto experimental que envol-
de áreas degradadas passíveis de intervenção. A
veu o uso de três técnicas, com a recuperação das
seguir, veio a etapa de campo com visita e análise
características hídricas das áreas. A ação atendeu
das condições das áreas, assim como as melhores
a uma condicionante de licenciamento ambiental
estratégias para executar o reflorestamento.
para instalação de um gasoduto e a área em ques-
Em 2006, a equipe gestora firmou um Termo de tão deve ser restaurada a partir de 2018.

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


MANEJO INTEGRADO DO FOGO
Em 2016, durante o Seminário de Restauração de
Manguezais, pesquisadores convidados de outros
INSPIRE-SE! 40% DE REDUÇÃO NA ÁREA ATINGIDA POR
200 201
Estados compartilharam experiências. Os executo- INCÊNDIOS ENTRE 2010 E 2016 EM UNIDADES
res das ações na Área de Proteção Ambiental de
Guapimirim apresentaram a metodologia e resul-
ࡿࡿ Desenvolver roteiros específicos de vi-
sitação a áreas recuperadas pode aumentar a
DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS
tados alcançados em cada fragmento, com direito visibilidade dos projetos, o fluxo de visitantes Coordenação geral: Christian Niel Berlinck, Angela Barbara Garda, Luciano de Souza Malanski, Hudson Coimbra
à visita de campo nas áreas recuperadas. O evento na unidade e assim atrair o interesse de inves- Felix, Rita de Cássia da Conceição, Caroline Peixoto, Sarah Clariene Correia Fontoura, Camila Souza Silva
foi promovido pela ONG Guardiões do Mar, em par- tidores para a recuperação de outras áreas. (Coordenação de Prevenção e Combate a Incêndios – Coin/ICMBio). Coordenação executiva: Christian Niel
Berlinck, Angela Barbara Garda, João Paulo Morita (Coin/ICMBio); Philipp Buss, Anja Hoffmann, Michael Scholz
ceria com a Área de Proteção Ambiental Guapimi- ࡿࡿ O desenvolvimento de aplicativos, via
(GIZ); Luciana Machado, Juliana Simões (MMA); Rodrigo de Moraes Falleiro, Vanderlei Grama Pereira, Marivaldo
rim e a Estação Ecológica da Guanabara, como par- parceria, sobre a recuperação de mangue-
Santos Santana, Augusto Avelino de Araújo, Mariana Senra de Oliveira, Gabriel Zacharias, Lara Steil (Ibama); Julia
te das comemorações de 10 anos dessa Unidade zais é também uma possibilidade capaz de
Zapata, Kelly Borges, Gabriel Coan, Jonathan Vinagre Braga, Juan Carlos Orozco Filho (Divisão de Monitoramento
de Conservação. difundir informações mais complexas sobre o
e Informações – Dmif). UCs e regionais: Ana Carolina Sena Barradas, Marco Borges, Máximo M. da Costa, Jerônimo
ecossistema para crianças.
No fim de 2017, mais de 129 hectares de áreas até C. Martins, Marcio Lucca, Simone Fonseca, Daniel Rios, Paulo Adriano Dias, Estevão J. Marchesini Fonseca,Antônio
então degradadas já estavam em processo de re- ࡿࡿ Contatar professores/pesquisadores de Batista S. Medeiros, Fernando A. T. Tizianel, Bianca T. Z. Tizianel, Rogério O. Souza, Bruno C. Cambraia, Fernando
cuperação. A equipe da Unidade de Conservação universidade e institutos próximos à região Tatagiba, Luis Henrique Mota de F. Neves, José F. dos Santos Rebello, Valdeci da Silva Carvalho, Aires Ferreira
desenvolveu um protocolo de monitoramento, que da unidade tem chances de despertar o inte- dos Santos, Piquerobi de Souza, Gustavo Abreu, Raoni Merisse, Miguel Bonilha, Anivaldo L. Chaves, Aino Victor A.
resse pelo desenvolvimento de pesquisas de Jacques, Adão Luiz da Costa Güllich, Deonir G. Zimmermann, Eduardo V. Martin, Fábio O. Corrêa Neves, Fernando
não tem sido aplicado na frequência recomendada
ordem prática na UC. Antonio dos Santos Fernandez, Lourdes Ferrerira, Roseli L. da Costa Bortoluzzi, Sérgio Brant Rocha, Valério de
por falta de pessoal e de combustível para a em-
P. Pillar, Veronica Theulen, Willem A. Kempers, Luiz Gustavo Gonçalves, Cintia Maria Santos da Camara Brazão,
barcação. ࡿࡿ Conheça e contate gestores de Uni- Carolina Potter de Castro, Cecilio Vilabarde Pinheiro, Flávia Lopes Bertie, Jacqueline Ananias, Franciane Silva,
dades de Conservação que também estão Lisandro Márcio Signori, Marcelo S. Motta, Gustavo Tomzhinsk, Mário Pitombeira, Henrique T. Zaluar, Virgílio D.
recuperando áreas degradadas do mesmo Ferraz,Robin Beatty (especialista contratado), Vanílio Marques (servidor aposentado), Maurício Marcon. Gestão
PERÍODO ecossistema da sua unidade em condições dos recursos e o gerenciamento: Christian Niel Berlinck, Angela Barbara Garda, João Paulo Morita (Coin/ICMBio).
2006 – em andamento. similares. A troca de experiências costuma
otimizar recursos e diminuir o caminho rumo
às melhores práticas.
A técnica segue como polêmica – em especial porque INSPIRAÇÃO
ainda há certa confusão sobre os conceitos de mane-
PARCEIROS DO PROJETO Seminário de Manejo Integrado do Fogo (MIF), em
jo integrado e queima prescrita – mas a experiência
Instituto Nacional de Tecnologia e Uso Sustentá- 2013, na Acadebio-SP, organizado pelo Instituto Chico
implementada já mostra resultados capazes de fazer
vel (Innatus); Transportadora Associada de Gás S.A Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio)
com que mesmo os profissionais mais conservadores
(TAG); ONG Guardiões do Mar; Cooperativa Mangue-
Foto: Acervo ICMBio
com contribuição do Ministério do Meio Ambiente
reconsiderem novas práticas. “Uma mudança de pa-
zal Fluminense; Fundação SOS Mata Atlântica (res- (MMA) e a cooperação alemã para o desenvolvimen-
radigma e uma transformação na abordagem do ma-
ponsável pelo Fundo Guanabara); Dedalus; Egis En- to sustentável, por meio da Deutsche Gesellschaft für
nejo do fogo vem diminuindo a busca pela política de
genharia e Consultoria. Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH.
´fogo zero` em favor do uso sustentável do fogo, seja
para produção agrícola com as queimas controladas, PERFIL
seja para a conservação ambiental com as queimas
Estação Ecológica de Serra Geral do Tocantins;
prescritas em fitofisionomias savânicas, sob condi-
Reserva Extrativista Chapada Limpa; Parque Nacio-
ções em que o fogo pode ser facilmente controlado
nal dos Campos Amazônicos; Parque Nacional da
(no início e final da estação chuvosa, por exemplo).
Chapada das Mesas; Parque Nacional da Chapada
Esta abordagem está reduzindo o número de grandes
dos Veadeiros; Parque Nacional das Sempre-Vivas,
incêndios que costuma ocorrer no meio e no final da
Parque Nacional do Itatiaia; Parque Nacional Lagoa
estação seca e são, consequentemente, mais seve-
do Peixe; Parque Nacional do Araguaia; Parque
ros”, destaca Camila Souza Silva, bolsista da Coorde-
Nacional da Serra da Canastra; Parque Nacional
nação de Prevenção e Combate a Incêndios (Coin) e
da Chapada dos Guimarães; Parques Nacionais de
relatora da prática.
Aparados da Serra e da Serra Geral.

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


OBJETIVOS jo Integrado do Fogo em Áreas Protegidas no Brasil. As pesquisas das universidades também auxiliam INSPIRE-SE!
202 no planejamento das próximas ações de MIF. O Par- 203
Aplicar o Manejo Integrado do Fogo como progra- Nesse mesmo ano, ações sobre a temática fogo
que Nacional dos Campos Amazônicos e a Universi-
ma de prevenção e combate a incêndios flores- passaram a ser planejadas e executadas com mais
dade Federal de Rondônia já trabalham em parce- ࡿࡿ No site da Conservation Gateway está
tais em Unidades de Conservação (UCs) federais sinergia e integração, principalmente nas Unidades
de Conservação (UCs) beneficiadas pelo projeto
ria; o mesmo acontece entre os Parques Nacionais disponível para download gratuito o livro
contribuindo para a conservação da biodiversida-
da Chapada dos Veadeiros e da Serra da Canastra Convivendo com o Fogo — Manutenção dos
de, a manutenção dos biomas como sumidouros Cerrado-Jalapão.
com a Universidade Federal de Minas Gerais. Ecossistemas & Subsistência com o Manejo
de carbono de relevância global e na redução de Os recursos financeiros que viabilizaram ações nas Integrado do Fogo, de Ronald L. Myers, que
emissões de gases de efeito estufa. Estão em desenvolvimento a Instrução Normativa
UCs, Terra Indígenas (TIs) e propriedades rurais vie- mudou o paradigma entre fogo e conserva-
institucional e a política nacional que preveem o
ram de doações do Governo Alemão, por meio do ção da biodiversidade.
MIF como programa obrigatório na prevenção e no http://bit.ly/convivendofogo
RESULTADOS projeto bilateral Cerrado-Jalapão, além dos recur-
combate aos incêndios.
sos orçamentários do ICMBio, Instituto Brasileiro do
ࡿࡿ Redução de aproximadamente 40% da ࡿࡿ Sobre o Projeto Cerrado-Jalapão tam-
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
área atingida por incêndios nas Unidades de bém é possível obter mais informações em
(Ibama), Ministério do Meio Ambiente (MMA) e do PERÍODO http://cerradojalapao.mma.gov.br/projeto
Conservação federais entre 2010 e 2016. 2013 – em andamento.
Governo do Tocantins.
ࡿࡿ Alteração no regime de fogo da Estação Ecológica ࡿࡿ O Projeto Prevenção, Controle e Monito-
Insumos ordinários brasileiros supriram a con- ramento de Queimadas Irregulares e Incên-
de Serra Geral do Tocantins e do Parque Nacional da PARCEIROS DO PROJETO
tratação de brigadistas, pagamento de servidores, dios Florestais no Cerrado (Projeto
Chapada das Mesas com o fogo ocorrendo em épocas Isabel B. Schmidt, Livia Carvalho de Moura, Samuel
diárias, passagens, combustível e outros custos lo- Cerrado-Jalapão) lançou inclusive um livro
chuvosas, coincidindo com o período do fogo natural Montenegro, Ana Carla dos Santos (Universidade de
gísticos. O projeto aportou recursos extras para con- infantil sobre a temática: O fogo e o Cerrado,
causado por raios, com a vegetação mais acostumada. Brasília - UnB); Gerhard Overbeck (Universidade Federal
tratar consultorias especializadas nas mais diversas de Yana Marull Drews, Angela Barbara Garda,
ࡿࡿ As queimadas prescritas estão resultando áreas e promover eventos de capacitação. do Rio Grande do Sul - UFRGS), Valério Pillar, Julia Ma- João Paulo Morita e Christian Niel Berlinck,
num mosaico com vários regimes de fogo, com ria Herrmann (Universidade Técnica de Munique (TUM). com ilustração de Yana Marull Drews (2015).
Quatro tipos de planejamento e monitoramento
paisagens e ecossistemas diversificados em termos Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Na-
envolvidos: ࡿࡿ A obra pode ser utilizada como base
de estrutura e idade da vegetação, o que propicia turais Renováveis (IBAMA/Prevfogo); Instituto Nacional
1. Projeto Cerrado-Jalapão conta com um Plano Ope- para discutir a questão em sala de aula. Com-
diferentes habitats e nichos para os seres vivos, de Pesquisas Espaciais (Inpe); Secretaria do Meio Am-
partilhe essa informação com as Secretarias
com destaque para a fauna. rativo Anual. As ações e atividades são monitoradas biente e do Desenvolvimento Sustentável de Tocantins
Municipais e Estaduais com direito a visitas
anualmente nas duas esferas: execução e resultados. (Semades); Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins);
ࡿࡿ Maior envolvimento de comunidades residentes nas unidades que já aplicam o manejo. O
2. Coordenação de Prevenção e Combate a Incên- Instituto de Desenvolvimento Rural do Tocantins (Ru- livro está disponível na Biblioteca do Projeto
e do entorno, com destaque para indígenas,
dios Florestais (Coin) indica as UCs onde a imple- raltins), Ministério do Meio Ambiente (MMA); Ministério Cerrado-Jalapão http://cerradojalapao.mma.
quilombolas, sertanejos e coletores de sempre-
mentação do Manejo Integrado do Fogo (MIF) apa- Federal do Ambiente, da Proteção da Natureza e da Se- gov.br/biblioteca/arquivos
vivas, na gestão participativa em Unidades de
rece como mais urgente, utilizando ferramentas de gurança Nuclear da Alemanha (BMU, sigla em alemão);
Conservação e na valorização das práticas e
Sistemas de Informações Geográficas (SIG) e senso- cooperação alemã para o desenvolvimento sustentável,
conhecimentos tradicionais sobre uso do fogo.
riamento remoto para monitoramento e avaliação. por meio da Deutsche Gesellschaft für Internationale
Zusammenarbeit (GIZ) GmbH.
3. Unidade de Conservação que já elabora o Plano
METODOLOGIA Anual de MIF, incluindo ações de gestão participati- Foto: Vanessa Teixeira de Oliveira Sandi Foto: Paulo Adriano Dias
Em 2013, através do Projeto Cerrado-Jalapão e sob va, prevenção, combate ao fogo e queimas prescritas.
coordenação do ICMBio foi feita uma grande troca de As atividades são monitoradas anualmente nas duas
experiências internacionais e nacionais em manejo esferas: execução e resultados alcançados, como re-
do fogo em áreas protegidas, inclusive com a par- dução de área atingida por incêndios e de conflitos.
ticipação de Ronald L. Myers, autor do livro Convi-
4. Monitoramento ambiental se refere às parcerias
vendo com o Fogo — Manutenção dos Ecossistemas
com universidades para avaliar os impactos das
& Subsistência com o Manejo Integrado do Fogo, de
queimas prescritas e dos incêndios sobre a vege-
2006, lançado pela The Nature Conservancy. Esse é
tação ou espécies alvo de conservação, como por
considerado o I Seminário Internacional sobre Mane-
exemplo na sempre-viva (Eriocaulaceae).

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


CADEIAS DE VALOR

204
PROGRAMA CONSERVAÇÃO DOS RECURSOS RESULTADOS
205
BIOLÓGICOS DA AMAZÔNIA AVANÇA E ࡿࡿ Cinco projetos-piloto implementados, sendo
três no Acre e dois em Santarém/PA. Consolidação de
vida nos arranjos apresentou contrapartidas consi-
derando as próprias fontes de recursos específicas,
IMPLEMENTA PROJETOS-PILOTO documentos sistematizados de contextualização das como por exemplo, Banco Nacional de Desenvolvi-
Coordenação geral: ICMBio, Funai, Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid), cadeias de valor da madeira, castanha e pirarucu. mento Econômico e Social (BNDES), Fundação Moo-
Serviço Florestal dos Estados Unidos (USFS). Coordenação executiva: ICMBio e USFS. Gestão dos recursos e re, Fundo Vale, Climate and Land Use Alliance (Clua).
ࡿࡿ Arranjo produtivo e de comercialização cons-
gerenciamento: ICMBio e USFS. tituído no Estado de Rondônia, considerando Uni- A estratégia tem favorecido a aproximação entre as
dades de Conservação (UCs) e Terras Indígenas (TIs) organizações da sociedade civil com expertises di-
com interface direta com o governo do Estado (Pro- versas e as organizações comunitárias das Unida-
Sessenta e uma mil famílias vivem nas PERFIL
grama de Aquisição de Alimentos - PAA Estadual, des de Conservação e das Terras Indígenas. Até o
Unidades de Conservação (UCs) de Uso
14 Reservas Extrativistas e Florestas Nacionais apoiadas por exemplo). final do projeto de execução o objetivo é criar am-
Sustentável, segundo dados do ICMBio
diretamente com investimentos e/ou ações, Reservas bientes de articulações e construções que se de-
de 2016. Trezentas mil pessoas estão ca- ࡿࡿ Realização do curso Formar Castanha em
Extrativistas: Alto Juruá/AC, Cazumbá-Iracema/AC, Chico senvolvam ao longo do tempo. Reuniões periódicas
dastradas em 77 unidades. “São peque- mais de 10 áreas protegidas. Construção de estrutu-
Mendes/AC, Médio Purus/AM, Ituxi/AM, Auati-Paraná/AM, são realizadas entre os parceiros como forma de
nos agricultores, extrativistas, pescado- ras de pré-beneficiamento (lavagem e evisceração)
Rio Unini/AM, Médio Juruá/AM, Rio Cautário/RO (federal), avaliar e monitorar as atividades e estabelecer as
res artesanais e ribeirinhos fortemente de pirarucu na Reserva Extrativista Auati Paraná/AM
Rio Cautário/RO (estadual), Rio Ouro Preto/RO, Tapajós- próximas etapas.
dependentes dos recursos naturais nos e na Terra Indígena Paumari, em andamento.
-Arapiuns/PA, Verde para Sempre/PA; Floresta Nacional
aspectos econômico e cultural. Dessa Mais de 15 áreas protegidas são beneficiadas indi-
do Tapajós/PA; e as Terras Indígenas Paumari/AM e Rio ࡿࡿ Cinco Planos Operacionais Anuais (POAs) em
forma o uso direto da biodiversidade retamente com diagnósticos e capacitações sobre o
Branco/RO. execução, com ciclo de exploração de 25 a 30 anos,
amazônica é uma realidade inserida nas Pirarucu Manejado: Reserva Extrativista do Rio Jutaí/
na Reserva Extrativista Verde/AM para Sempre.
comunidades e cidades da região. Ape- OBJETIVOS AM; Floresta Nacional de Tefé/AM; Reservas de De-
sar de avanços, as dificuldades seguem senvolvimento Sustentável estaduais no Amazonas:
Promover o desenvolvimento sustentável na região Amazô-
presentes na estruturação da cadeia METODOLOGIA Amanã, Mamirauá, Piagaçu-Purus. Terras Indígenas
nica Brasileira; contribuir com o ordenamento da ocupação no Amazonas: Acapuri de Cima, Espírito Santo, Es-
produtiva, na demanda pelo fortaleci-
do território e do uso dos recursos naturais; fortalecer as Inicialmente, o Instituto Chico Mendes de Conserva-
mento das organizações comunitárias, tação, Macarrão, Deni, Lago Aiapuá, Itixi-Mitari, Pau-
organizações sociais para o uso sustentável dos recursos ção da Biodiversidade (ICMBio) e o Serviço Florestal
passando pelo acesso aos mercados mari do Cuniuá, Paumari do Lago do Paricá, Paumari
naturais, as atividades extrativistas e o manejo realizado dos Estados Unidos (USFS) convidaram, para as três
até políticas públicas relativas à inclu- do Lago Manissuã.
pelas comunidades; estruturar cadeias de valor de pro- primeiras oficinas (madeira, castanha e pirarucu),
são social”, afirma João da Mata Nunes Comunidades de mais de 10 áreas protegidas parti-
dutos da sociobiodiversidade como estratégia de conser- instituições de governo, como Serviço Florestal Bra-
Rocha, coordenador da Coordenação de ciparam do curso Formar Castanha, com a presen-
vação priorizando madeira, castanha do Brasil, pirarucu sileiro (SFB), Companhia Nacional de Abastecimento
Produção e Uso Sustentável (Coprod) do ça dos gestores do ICMBio e da Funai, entre elas
manejado e açaí. (Conab), Fundação Nacional do Índio (Funai) e or-
ICMBio e relator da prática. seis Unidades de Conservação federais: Reservas
ganizações da sociedade civil. Nesse momento, foi
sistematizado um diagnóstico geral com a identifi- Extrativistas: Rio Ouro Preto/RO, Rio Cautário/RO,
Foto: Miguel Arantes/AAPA Foto: João da Mata cação de gargalos e das ações necessárias. Médio Purus/AM, Ituxi/AM, Lago do Capanã Grande/
AM, Rio Unini/AM e a Reserva de Desenvolvimento
A partir desse panorama, ICMBio e USFS propuseram
Sustentável Piagaçu-Purus/AM (Estadual). Além de
uma lógica de construção conjunta de estratégias
seis Terras Indígenas (TIs): Igarapé Lourdes/RO, Ya-
para implementação das ações de forma participa-
nomami/AM, Rio Branco/RO, Paumari/ AM, Caititu/
tiva e ampliada, considerando algumas instituições
AM, Lago Itixi-Mitari/AM.
como “chave” com complementaridade e colabora-
ção entre elas.

Os recursos para implementar as ações vieram da PERÍODO


Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento 2015 a 2019.
Internacional (Usaid), por meio do Serviço Florestal
dos Estados Unidos (USFS). Cada instituição envol-

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


SISTEMAS PRODUTIVOS

206
INSPIRE-SE! PARCEIROS DO PROJETO PARQUE NACIONAL BUSCA DIVERSIFICAR 207
Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimen-
to Internacional (Usaid); Serviço Florestal dos Esta-
RENDA DAS COMUNIDADES EXTRATIVISTAS DO
ࡿࡿ Fortalecer as organizações comuni-
tárias é o primeiro passo para construir a
dos Unidos (USFS); Serviço Florestal Brasileiro (SFB); ENTORNO
Fundação Nacional do Índio (Funai); Universidade Coordenação geral: Wilhan Rocha Cândido Assunção e Antonio Elson Portela (ICMBio). Coordenação executiva:
cadeia de valor de produtos do extrativismo.
Federal do Pará (UFPA); Instituto Floresta Tropical Antonio Elson Portela (Parque Nacional Mapinguari/ICMBio) e Raimundo Cajueiro Leandro (Núcleo de Apoio
Se a comunidade não tiver formalizado a
(IFT); Instituto Internacional de Educação do Brasil à Pesquisa em Rondônia - Napro/Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - Inpa). Gestão dos recursos
Associação e/ou Cooperativa, esse deve ser
o início. A partir desse momento, busque (IEB); Pacto das Águas, Operação Amazônia Nativa e gerenciamento: Wilhan Rocha Cândido Assunção, Antonio Elson Portela, Tatiane Rodrigues Lima e Cláudia
junto com os demais atores sociais enten- (Opan); Fundação Vitória Amazônica (FVA); Conser- Barbosa de Lima Sacramento (ICMBio).
der as oportunidades e os desafios. Oficinas vação Estratégica (CSF Brasil); Instituto de Manejo
de diagnóstico e de planejamento podem e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora); Insti-
A coleta de castanhas no Parque Nacional Mapinguari PERFIL
ampliar a perspectiva. tuto Socioambiental (ISA); Instituto de Desenvolvi-
era uma atividade praticada por comunidades extrati-
mento Sustentável Mamirauá; Instituto de Pesquisa Localizado nos municípios de Canutama/AM
ࡿࡿ A qualificação das atividades produti- vistas que residem no entorno da unidade. “Os coletores
Ambiental da Amazônia (Ipam); Cooperativa Mista e Lábrea/AM e Porto Velho/RO, possui cerca
vas representa a segunda etapa, identifique que são moradores do entorno do Rio Umari acessavam
da Flona do Tapajós (Coomflona); Organização das de 1.800.00 hectares.
em quais áreas do processo é preciso in- os castanhais alocados nas cabeceiras de rios que ocor-
vestir. Reúna os parceiros e some esforços. Associações da Reserva Extrativista Tapajós Ara-
rem em território sobreposto aos limites do parque”, OBJETIVOS
O projeto pode atrair novos atores sociais, piuns (Tapajoara), Associação Agroextrativista de
explica Tatiane Rodrigues Lima, analista ambiental na
afinal muitas parcerias têm início diante de Auati-Paraná (AAPA); Associação dos Trabalhadores Implantar sistemas produtivos sustentáveis
unidade e relatora da prática.
um projeto concreto. Agroextrativistas do Médio Purus (Atamp); Coopera- na comunidade do Rio Umari, no entorno
tiva Mista de Agroextrativismo do Rio Unini (Coo- Em 2013, a coibição da atividade mobilizou associações do Parque Nacional Mapinguari. Capacitar
ࡿࡿ Participar de reuniões sobre o desen- de castanheiros que justificavam a importância da prá- membros da comunidade em práticas agro-
maru); Associação dos Produtores da Assembleia de
volvimento regional também pode ser um tica para geração de renda dessas comunidades. “Em
Deus do Rio Ituxi (Apadrit); Cooperativa Mista Agro- ecológicas, a partir do aproveitamento de
caminho interessante, ainda que seja para reunião com os castanheiros e organizações não gover-
extrativista Nossa Senhora do Perpétuo Socorro do resíduos agrícolas. Habilitar produtores para
levantar o tema e identificar potenciais
Rio Arimun; (Coomnspra); Associação São Bento do namentais, a gestão do parque expôs a inviabilidade de implantação e manejo de sistemas agroflo-
apoiadores.
Inumbi; Associação Rio Curuminim; Associação Ita- abertura do parque para coleta de castanha - atividade restais. Treinar produtores para práticas de
ࡿࡿ Contatar Observatórios que articulam peua; Associação Deus Proverá; Associação do Baixo ilegal diante da legislação e categoria da UC, com base viveiro e produção de mudas de espécies
organizações da sociedade civil, centros Acari; Associação Aguapé; Associação de Seringuei- nas orientações da Procuradoria Federal Especializada frutíferas e florestais. Promover treinamento
de pesquisa e comunidades também é uma ros do Rio Ouro Preto (Asrop); Associação de Serin- junto ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Bio- de produtores e familiares para Boas Práti-
possibilidade para trocar experiências e for- diversidade (PFE/ICMBio) e do Plano de Proteção”, com- cas no extrativismo, identificar e beneficiar
gueiros e Agroextrativistas do Baixo Rio Ouro Preto
talecer a iniciativa. Divulgar a evolução dos plementa Tatiane Lima.
(Asaex); Comitê de Desenvolvimento Sustentável de produtos não madeireiros; capacitar mem-
programas em que a Unidade e os parceiros
Porto de Moz. Associações de castanheiros recorreram ao Ministério bros da comunidade para o associativismo,
estão envolvidos é uma atitude com capa-
Público Estadual do Amazonas e solicitaram a mediação visando agregação de valores e captação de
cidade de facilitar a trajetória que tantas
do órgão. “O Parque Nacional Mapinguari reconheceu a mercado para a produção; verificar a viabili-
comunidades ainda buscam trilhar. Foto: João da Mata

necessidade de desenvolver estratégias para mitigar os dade técnica, econômico-social e ecológica


ࡿࡿ O uso sustentável de recursos naturais de fontes alternativas para a comunidade do
impactos sociais e econômicos a partir da proibição de
- com organização social e produtiva, inclu- entorno do parque.
coleta de castanha após sua criação”, lembra Tatiane.
são social e fortalecimento das cadeias de
produção e de valor dos produtos da socio-
biodiversidade - é uma importante estratégia
de conservação dos ecossistemas.

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


RESULTADOS INSPIRE-SE!
208 ࡿࡿ Oportunidade de incremento da renda da SAFs; oficina de produção agroecológica; capacita-
209
Após a apreciação do Conselho, o processo e a mi-
comunidade, a partir da implantação dos Sistemas ção em Associativismo; Boas Práticas de extrativis- nuta do termo devem receber o parecer técnico da
ࡿࡿ Diversificar a renda das comunidades
Agroflorestais (SAFs), a médio e longo prazo. No mo e identificação de potencialidades de produtos Coordenação de Gestão de Conflitos em Interfaces
extrativistas aparece como questão central
entanto para alcançar esta meta será necessário não madeireiros; curso de SAFs e produção de mu- Territoriais (COGCOT/ICMBio) e da Procuradoria Fe- não apenas das Reservas, mas também das
o monitoramento contínuo das unidades das; implantação do viveiro; produção de mudas deral Especializada (PFE/ICMBio). unidades que possuem áreas sobrepostas.
implantadas. para SAFs; seleção das espécies para as Unidades
Dessa forma, desenvolver Plano de Ação em
Demonstrativas; preparo das áreas para as Unida- conjunto tem potencial de otimizar os resul-
ࡿࡿ A prática representou uma nova fase para
des Demonstrativas; implantação das Unidades PERÍODO tados e os recursos.
a atuação de uma gestão socioambiental mais
Demonstrativas; avaliar a influência das ações do Agosto de 2016 a dezembro de 2017.
integrada, focada nos desafios locais e de atuação ࡿࡿ A formação de hortas comunitárias é
projeto como benefício à comunidade; verificar a
regionalizada. Durante o projeto, o Conselho uma das práticas mais simples e que promo-
capacidade dos produtores para identificação de
Consultivo se fortaleceu e a rede de apoio se ve benefícios de curto prazo à comunidade.
consolidou.
fontes alternativas de renda. PARCEIROS DO PROJETO
Parceiros que até então não faziam parte do escopo Comunidade de castanheiros do Rio Umari; Con- ࡿࡿ A implantação de viveiros proporciona
ࡿࡿ Participação das mulheres: durante inúmeras autonomia aos moradores para que tenham
da rede de gestão do Parque Nacional Mapinguari selho Consultivo do Parque Nacional Mapinguari
atividades coletivas, elas dominaram algumas condições de garantir a continuidade do pro-
contribuíram de maneira efetiva para o sucesso da (CCOMAPIN); Núcleo de Apoio à Pesquisa em Ron-
ações do evento, especialmente a formação da jeto mesmo diante de adversidades.
Boa Prática. Institutos de pesquisa, órgãos de apoio dônia (Napro/Inpa); Centro de Estudos Rio Terra
horta comunitária.
a extensão rural, organizações não governamentais (Rioterra); Viveiro da Floresta/ AC; Ação Ecológica ࡿࡿ O poder de atração dos parceiros
ࡿࡿ Implantação de um viveiro comunitário construído se articularam muitas vezes sem a participação di- Guaporé – (Ecoporé); Instituto de Desenvolvimento que compartilham dos mesmos interesses
coletivamente como forma de dotar a comunidade de reta do ICMBio. Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do surpreende, esteja atento às demandas das
infraestrutura para produção de mudas. Amazonas (Idam); Viveiro Fazenda Futuro/RO; Enti- comunidades no entorno de outras Unidades
A implantação de um viveiro comunitário permi-
dade Autárquica de Assistência Técnica e Extensão de Conservação também e se puder colabore.
tiu que os moradores atendessem à demanda dos
Rural do Estado de Rondônia (Emater).
METODOLOGIA plantios, tanto para reposição das perdas como na
ampliação ou instalação de novas unidades. O pro-
Uma demanda do Plano de Ação do Conselho Con-
jeto forneceu material para a instalação do viveiro
sultivo deu início ao projeto. Em resposta, a equipe
e os membros da comunidade foram responsáveis Foto: Acervo ICMBio Foto: Acervo ICMBio
gestora do Parque Nacional Mapinguari e o Núcleo
pela construção da estrutura. A equipe gestora des-
de Apoio à Pesquisa em Rondônia (Napro) do Ins-
taca que os sistemas agroflorestais implantados
tituto Nacional de Pesquisas da Amazônia(Napro/
precisam de monitoramento e avaliação contínua.
Inpa) em parceria elaboraram Plano de Ação Sus-
tentável (PAS) submetido ao Programa de Áreas Pro- No decorrer de implementação do projeto, o ICMBio
tegidas da Amazônia (Arpa). desenhou a intenção de firmar Termos de Compro-
misso com os castanheiros a fim de regulamentar
O objetivo foi obter recursos para capacitar os mem-
um período transitório de uso dos castanhais, de
bros da comunidade de castanheiros, da região do
forma que os sistemas agroflorestais estarão ama-
Rio Umari, na prática de atividades sustentáveis e Foto: Acervo ICMBio
durecidos como alternativa para a geração de renda
assim diversificar as fontes geradoras de renda, evi-
na comunidade.
tando a dependência de práticas consideradas ilíci-
tas no interior da unidade. O processo participativo de elaboração do Termo de
Compromisso junto à comunidade de castanheiros
Aprovado pelo Arpa, o projeto foi desenhado com
gerou uma minuta do termo. A fase seguinte será
as seguintes etapas: apresentação do projeto e
a apreciação desse processo e da minuta junto ao
seleção de produtores e áreas para os Sistemas
Conselho Consultivo prevista para o início do se-
Agroflorestais (SAFs); diagnóstico das áreas; coleta
gundo semestre de 2018.
de solo; troca de experiência e intercâmbio sobre

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


RESTAURAÇÃO DO CERRADO

210
PARQUE NACIONAL DA CHAPADA DOS RESULTADOS
211
VEADEIROS APROXIMA A SOCIEDADE DA ࡿࡿ Desenvolvimento da técnica de semeadura
direta para restauração de vegetações savânicas
lizaram as primeiras experiências de restauração e
os treinamentos com os coletores de sementes. A
CONSERVAÇÃO e florestais do Cerrado, incluindo 80 espécies iniciativa recebeu apoio da Fundação Grupo Boticá-
entre árvores, arbustos e gramíneas nativas. Até rio de Proteção à Natureza e da Rede de Sementes
Coordenação geral: Alexandre Bonesso Sampaio (Centro Nacional de Avaliação da Biodiversidade
o momento, o projeto conta com 105 hectares em do Cerrado, por meio de projeto apoiado pela Petro-
e de Pesquisa e Conservação do Cerrado - CBC/ICMBio). Coordenação executiva: Alba Cordeiro (Rede
de Sementes do Cerrado). Gestão dos recursos e gerenciamento: Camila Motta (Rede de Sementes do processo de restauração, com 25 toneladas de bras Ambiental.
Cerrado). sementes coletadas e semeadas. Durante o estudo, os pesquisadores desenvolveram
ࡿࡿ Rede de coletores de sementes estabelecida, técnica de restauração por semeadura direta, que
Unidades de Conservação do Cerrado geral- mobilizada e organizada para fornecimento a possibilita substituir a cobertura de gramíneas exó-
INSPIRAÇÃO
mente contam com áreas degradadas com outras regiões. Proprietários rurais mobilizados ticas por espécies nativas do estrato herbáceo-ar-
A visita técnica ao projeto Y Icatú Xingu em Canara- pela prática recuperaram áreas degradadas do bustivo do Cerrado, o que aumenta a possibilidade
histórico de pasto, onde a disseminação de
na/MT, em 2015, que envolve a coleta de sementes entorno. de sucesso em longo prazo.
gramíneas invasoras impede a regeneração
por indígenas e a restauração das nascentes dos
natural e torna os incêndios mais severos. ࡿࡿ 60 famílias de agricultores tradicionais Em seis meses, espécies do estrato herbáceo-arbus-
rios das Terras Indígenas localizadas em grandes
“O maior problema da restauração de áreas beneficiadas. As comunidades locais receberam R$ tivo já florescem e frutificam atraindo a fauna nativa
propriedades do entorno. Em 2017, essa iniciativa
degradadas no Cerrado é a questão das gra- 170 mil pelo trabalho de coleta e beneficiamento de polinizadores e dispersores. O custo da seme-
foi premiada como o melhor projeto de restauração
míneas invasoras usadas como pastagem, de sementes. Criação da Associação Cerrado de Pé adura de 80 espécies nativas de árvores, arbustos
por votação dos participantes durante a conferên-
como as braquiárias, que geralmente não são de Coletores de Sementes. A Rede de Sementes e ervas, com aproximadamente 200kg de sementes
cia bianual da Sociedade de Restauração Ecológica
adequadamente controladas. Além disso, os do Cerrado permite que os coletores de forma por hectare, produzindo cobertura de até 50% de
(SER). A troca de experiências durante o evento e a
esforços de restauração do Cerrado focam autônoma disponibilizem sementes no mercado gramíneas nativas e em torno de aproximadamen-
premiação serviram de inspiração para continuar e
exclusivamente no plantio de árvores, sen- além dos limites da Chapada dos Veadeiros. te 6.000 plântulas de árvores, palmeiras, arbustos e
ampliar o projeto.
do que a maior parte da biodiversidade do trepadeiras/ha é pelo menos a metade do custo de
ࡿࡿ Ampliação de parcerias entre instituições
Cerrado está no estrato herbáceo-arbustivo. plantar 1.111 mudas/ha de árvores produzidas por
PERFIL locais, como UnB Cerrado, Secretarias de Educação
Associado a este problema, temos um bai- sementes e espécies de outros locais.
Localizado no nordeste do estado de Goiás, entre e de Meio Ambiente da Prefeitura de Alto Paraíso,
xo conhecimento e valorização das espécies
os municípios de Alto Paraíso e Cavalcante, protege OCA Brasil, Associações de Assentamentos Rurais. A restauração das áreas aumentou a biodiversidade
herbáceo-arbustivas do Cerrado pelas pesso-
diversas formações vegetais, rochas com mais de um O projeto foi tema de uma série de produções local em todos os estratos e contribui para o res-
as em geral, o que favorece a conversão da
bilhão de anos, além de centenas de nascentes. Des- científicas, com nove pesquisas autorizadas, cinco tabelecimento do regime natural de fogo, já que as
vegetação nativa em atividades agropecuá-
de 2001, a unidade é reconhecida como Patrimônio trabalhos de mestrado e um de doutorado, além gramíneas exóticas alteram esse equilíbrio e tor-
rias”, explica Alexandre Sampaio, analista am-
Mundial da Humanidade pela Unesco. de diversos resumos de congresso e artigos em nam assim os incêndios mais severos em compara-
biental do Centro Nacional de Avaliação da
preparação. ção com aqueles que ocorrem na vegetação nativa.
Biodiversidade e de Pesquisa e Conservação
OBJETIVOS Em 2015, o desmatamento para construção da linha
do Cerrado (CBC/ICMBio).
Desenvolver técnicas de restauração com melhor de transmissão de energia que liga Araraquara/SP
Para colocar em prática um plano de restau- METODOLOGIA
custo benefício aplicáveis em larga escala para áreas a Porto Velho/RO teve entre as medidas compensa-
ração, que privilegiasse a vegetação herbá- As equipes do parque e do Centro Nacional de Ava-
degradadas do Parque Nacional da Chapada dos tórias, a reposição florestal nativa no Parque Nacio-
ceo-arbustivo, onde está a maior parte da liação da Biodiversidade e de Pesquisa e Conserva-
Veadeiros e entorno. Mobilizar a comunidade local nal da Chapada dos Veadeiros. Por interferência do
biodiversidade, gestores do ICMBio buscaram ção do Cerrado (CBC/ICMBio) trabalharam em con-
durante a prática e estabelecer assim a aproximação ICMBio, a ação foi realizada com as técnicas desen-
apoio nas parcerias de ensino e com a comu- junto na elaboração e execução do projeto.
com a equipe gestora da Unidade de Conservação. volvidas no projeto de pesquisa, priorizando mão
nidade local.
A prática teve início como projeto de pesquisa no de obra local para coleta, preparo do solo e plantio
Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (PNCV) das sementes.
com financiamento do ICMBio em 2011. Pesquisado- O trabalho das comunidades locais é essencial já
res da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária que a técnica depende da coleta de grande volume
(Embrapa) e da Universidade de Brasília (UnB) rea- de semente e beneficiamento. Para os moradores,

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


MANEJO INTEGRADO DO FOGO
a atividade é uma alternativa de renda sustentável
que valoriza as plantas do Cerrado, garante mais
INSPIRE-SE! RESULTADOS NA ESTAÇÃO ECOLÓGICA
212 213
autonomia aos agricultores e diminui a dependên- ࡿࡿ Conheça o Guia de Restauração do SERRA GERAL DO TOCANTINS SUPERAM AS
Cerrado, volume 1 – Semeadura Direta, que
cia dos serviços prestados ao agronegócio. Cerca de
30 voluntários também participaram da iniciativa.
aborda desde a escolha do método até mo- EXPECTATIVAS
nitoramento, incluindo resultados de experi- Coordenação geral: Marco Assis Borges, Máximo Menezes e Ana Carolina Sena Barradas (Estação Ecológica
Anualmente, o projeto é avaliado e planejado pela
mentos. http://bit.ly/guiasemeaduradireta Serra Geral do Tocantins/ICMBio) e Robin Beatty (3, 2, 1 Fire). Coordenação executiva: João Batista (Brigada).
equipe gestora da unidade.
ࡿࡿ Ações de pesquisa também podem
A ocorrência anual de grandes e seve- INSPIRAÇÃO
agregar além dos pesquisadores, outros par-
ros incêndios era frequente na Estação
PERÍODO ceiros, como a comunidade local, reforçando Missão técnica ao norte da Austrália, no âmbito do Projeto
Ecológica Serra Geral do Tocantins, que
Novembro de 2011 – em andamento. assim a conexão entre os atores sociais. Esti- Cerrado-Jalapão, com o objetivo de conhecer os compo-
chegou a registrar um megaincêndio de
mular a participação de comunidades locais nentes do Manejo Integrado do Fogo (MIF) em região que
contribui para a disseminação da cultura de mais de 107 mil hectares em 2012, antes
apresenta similaridades com o Cerrado brasileiro.
preservação de espécies nativas. do Manejo Integrado do Fogo. “A políti-
PARCEIROS DO PROJETO
ca de fogo zero na unidade favoreceu o PERFIL
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Em- ࡿࡿ Restaurar áreas degradadas além dos acúmulo de combustível e a homogenei-
brapa); Universidade de Brasília (UnB); Rede de Se- benefícios evidentes ao ecossistema é ainda dade da paisagem, tornando o cenário
Localizada na região do Jalapão, Tocantins, incluindo uma
mentes do Cerrado; Associação Cerrado de Pé; Pequi uma excelente oportunidade para sensibili- parte da Bahia, cerca de 81% dos 707 mil hectares da Esta-
propício a recorrência de grandes incên-
- Pesquisa e Conservação do Cerrado; Norte Brasil zar as pessoas sobre a importância de ações ção Ecológica Serra Geral do Tocantins protegem formações
dios que comprometem a capacidade de
Transmissão de Energia. que contribuam com o propósito das áreas campestres de Cerrado, ambientes que acumulam biomas-
resiliência dos ecossistemas. Apesar do
Foto: Amalia Robredo protegidas. sa aérea rapidamente durante a estação chuvosa, tornan-
aumento gradual de investimentos nas
ࡿࡿ Priorizar a mão de obra local em ações do-se altamente inflamáveis na estação seca. Anualmente
ações de combate, os resultados desse
de conservação permite favorecer o desen- a Estação Ecológica Serra Geral do Tocantins está ente as
modelo de gestão não estavam garan-
volvimento regional, por meio da remunera- Unidades de Conservação (UCs) que mais queimam no país.
tindo a conservação da biodiversidade
ção, além de estimular um novo olhar para o e a recorrente situação de emergência
bioma local. OBJETIVOS
ambiental exigiu atenção no desenvol-
vimento de estratégias voltadas para o Com o Manejo Integrado do Fogo na Estação Ecológica Serra
manejo do fogo; em resposta à principal Geral do Tocantins promover pirodiversidade (por meio
ameaça à proteção desta unidade”, des- do uso do fogo como forma de proteger a biodiversidade
taca Ana Carolina Sena Barradas, analis- e os processos ecológicos), diminuir o tamanho dos gran-
ta ambiental do Instituto Chico Mendes des incêndios e instrumentalizar o conflito socioambiental
Foto: Fernando Tatsgiba
de Conservação da Biodiversidade. associado às proibições de uso do fogo.

Foto: Fernando Tatagiba Foto: Aurelice Vasconcelos

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


RESULTADOS INSPIRE-SE!
214 ࡿࡿ Diminuição acima das expectativas do tamanho moveu uma visita técnica à região do Jalapão, com guem inclusive prever o tamanho do maior incêndio 215
dos episódios registrados. Em 2015 e 2016 objetivo de apresentar, discutir e aperfeiçoar os mé- ao fim da temporada de queimas prescritas.
todos de manejo de fogo praticados na unidade. ࡿࡿ Em Unidades de Conservação com
respectivamente, os maiores incêndios atingiram A unidade trabalha com os Planos Anuais de Manejo do
população residente, o manejo do fogo
25 mil e 32 mil hectares; a meta inicial de gestão A atividade prática atraiu especialistas estrangeiros, Fogo que estabelecem objetivos, estratégias de ação, deve ser conduzido de forma participativa.
era de nenhum incêndio em área superior a 50 mil além dos gestores e equipes das Unidades de Con- metas e indicadores para o manejo do fogo. O MIF tam- Tomada de decisão conjunta em espaços
hectares. servação, brigadistas, representantes do Ministério bém estreitou as parcerias com todos os órgãos am- naturais protegidos gera resultados mais
ࡿࡿ Redução de 10 para 5 dias no tempo médio do Meio Ambiente, Secretaria do Meio Ambiente e bientais atuantes no Jalapão, atualmente com atores e sólidos e duradouros, tanto para o meio
gasto em combate por evento de incêndio, entre Desenvolvimento Sustentável (Semades), da Univer- órgãos ambientais de outros Estados, como Goiás, São ambiente quanto para as comunidades
2014 e 2015/2016. Desde a implantação do Manejo sidade Federal do Tocantins, do ICMBio, do Institu- Paulo e Minas Gerais, que vêm convidando a gestão da locais.
Integrado do Fogo não foi necessário solicitar o to Natureza do Tocantins (Naturatins), entre outros, EESGT para apresentar a experiência.
ࡿࡿ Acompanhe pesquisas aplicadas e
apoio via aeronave, assim como o deslocamento que compartilharam conhecimento e impressões multidisciplinares sobre a temática que aju-
de servidores de outras UCs. sobre o manejo na unidade. dam a responder as perguntas dos maneja-
PERÍODO
ࡿࡿ Economia de recursos no combate aos incêndios No ano seguinte, os gestores consideraram as con- dores e orientam os objetivos o MIF.
Junho de 2014 – em andamento.
(combustível, alimentação, diárias de servidores). tribuições durante a elaboração do primeiro Plano ࡿࡿ A maior interação social entre gesto-
Aumento da participação social na gestão da de Manejo Integrado do Fogo. res das UCs e comunidades cria uma cor-
Unidade de Conservação. Na época da visita técnica, julho de 2013, o manejo
PARCEIROS DO PROJETO rente de vigilância e prevenção a danos
ࡿࡿ Melhor gerenciamento dos combates pela estava restrito ao uso de contra-fogo, em situações CERRADO-JALAPÃO ambientais.

aliança de uma série de fatores, desde a redução de combate e confecção de aceiros negros, com lar- Ministério Federal do Ambiente, da Proteção da Natu-
do tamanho do incêndio que permite medidas mais gura preestabelecida de até 100m. reza e da Segurança Nuclear da Alemanha (BMU, sigla
estratégicas e pelo direcionamento do fogo para em alemão); Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Re-
Em 2014, na missão técnica à Austrália, representan-
cicatrizes das queimas prescritas mais próximas. cursos Naturais Renováveis (Ibama/Prevfogo); Instituto
tes de instituições federais e estaduais brasileiras
Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe); governo do Es-
puderam conhecer as características do Manejo Inte-
tado do Tocantins; cooperação alemã para o desenvol-
grado do Fogo em uma região que possui similarida-
METODOLOGIA vimento sustentável, por meio da Deutsche Gesellschaft
des com o Cerrado brasileiro. A missão incluiu visitas
A avaliação crítica dos resultados da política de fogo für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH.
aos Territórios Indígenas, parques nacionais, realiza-
zero e o início do Projeto Prevenção, Controle e Mo- ção de queimas prescritas e confecção de aceiros.
Foto: Aurelice Vasconcelos
nitoramento de Queimadas Irregulares e Incêndios
No mesmo ano, os gestores da Estação Ecológica Serra
Florestais no Cerrado, mais conhecido como Projeto
Geral do Tocantins elaboraram o primeiro plano de MIF,
Cerrado-Jalapão estão na base dessa prática.
o que marcou a ampliação do uso do fogo, incluindo
O projeto Cerrado-Jalapão que teve como objetivo além da confecção de aceiros, as queimas prescritas
aprimorar a prevenção e o controle de queimadas (ou queimas controladas para fins ecológicos).
irregulares e incêndios florestais na região, subsi-
Em 2015 e 2016, quando os maiores incêndios atingi-
diou ações do Manejo Integrado do Fogo (MIF) na
ram respectivamente 25 mil e 32 mil hectares, havia
Estação Ecológica Serra Geral do Tocantins de 2013
combustível acumulado e contínuo suficiente para
até 2017. Para os gestores e brigadistas, o projeto
sustentar a propagação de incêndios de mais de 100
representa um marco na gestão do fogo na Unidade
mil hectares no fim da estação seca. Os gestores ob-
de Conservação (UC) pela quebra de paradigma de
tiveram esses dados analisando os mapas de risco
combate em defesa do manejo do fogo.
de fogo e de acúmulo de combustível. No entanto,
Em 2013, a equipe da unidade participou do I Semi- as ações de manejo fragmentaram o combustível,
nário Internacional sobre Manejo Integrado do Fogo o que bloqueou a possibilidade de ocorrência de
em Áreas Protegidas no Brasil e na sequência pro- grandes incêndios. Dessa forma, os gestores conse-

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


SISTEMA AGROFLORESTAL

PRÁTICA CONCILIA PRODUÇÃO DE ALIMENTOS RESULTADOS INSPIRE-SE!


216 217
COM RESTAURAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS E ࡿࡿ Evidência de que a vegetação arbórea associada
ao manejo agroflorestal melhora a qualidade do
FORMAÇÃO DE CORREDORES ECOLÓGICOS solo. A descoberta tem como base a avaliação dos
ࡿࡿ Atividades agroecológicas em proprie-
dades no entorno das Unidades de Conser-
Coordenação geral: Gustavo Jose Soares (Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do Distrito atributos físicos, químicos e da matéria orgânica
vação auxiliam na manutenção dos recursos
Federal – Ibram). Coordenação executiva: Gustavo Jose Soares (Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos em dois Sistemas Agroflorestais (SAFs), de 3 e 5
naturais necessários ao equilíbrio das áreas
Hídricos do Distrito Federal – Ibram) e Bernardo Ramos Correa (mestrando do Programa de Pós-graduação anos - que apresentaram índices superiores de
protegidas e proporcionam benefícios eco-
em Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural da Universidade de Brasília – UNB, Campus Planaltina). Gestão qualidade do solo - em comparação a uma área nômicos e sociais aos agricultores. Valorize
de recursos e gerenciamento: Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do Distrito Federal – Ibram; em repouso, utilizada como testemunha. iniciativas como essa na região e busque
Juan Pereira (Sítio Semente). criar um movimento que incentive a adoção
ࡿࡿ O microclima agroflorestal reduziu a
evapotranspiração, o que está associado a das práticas.
A especulação imobiliária com parce- PERFIL dois serviços ambientais: controle da erosão e ࡿࡿ Conhecer as experiências agroecológi-
lamentos irregulares é uma ameaça à economia no uso da água para irrigação. cas realizadas nas proximidades das Unida-
Parque Nacional de Brasília com mais de 42 mil hectares,
Zona de Amortecimento do Parque Na- des de Conservação pode revelar uma série
abrange as regiões administrativas de Brasília, Sobradinho ࡿࡿ Incremento de 50% na estabilização de
cional de Brasília, assim como o perfil de oportunidades para trabalho em parceria,
e Brazlândia e o município goiano de Padre Bernardo. A espécies arbóreas nativas dentro da área de SAF,
da atividade econômica que ainda do- tanto de implantação, quanto na formação
área de influência do Parque Nacional de Brasília compre- por via natural ou pela incorporação antrópica
mina a região. “As práticas agrícolas do das comunidades tradicionais e de outros
ende pouco mais de 1/3 do território do Distrito Federal por sementes ou mudas. Formação de corredor
pacote tecnológico do agronegócio são parceiros.
e a maior parte da área urbana. Em termos de volume, as ecológico entre o divisor de água das bacias
responsáveis pela deterioração do ecos-
águas superficiais do sistema de captação das bacias dos hidrográficas Ribeirão Ribeiro e Rio da Palma. ࡿࡿ Práticas agroflorestais podem ser
sistema, degradação do solo e de nas- absorvidas pelas diretrizes das Unidades de
córregos Santa Maria e Torto contribuem atualmente com
centes, além da segmentação entre as ࡿࡿ Acesso a um modelo mais sustentável de
cerca de 20% do abastecimento público do DF. As principais Conservação, nos Planos de Manejo e no es-
matas ciliares; vulnerabilizando o fluxo agricultura que favorece aspectos sociais e
atividades econômicas no entorno são as decorrentes da tímulo ao desenvolvimento de pesquisa que
de animais silvestres e sementes. Existe concilia a produção de alimentos aos serviços avaliem os benefícios a curto, médio e longo
intensificação da ocupação urbana, como a construção civil,
um consenso de que a região ocupada socioambientais. prazo para as áreas protegidas.
comércio e serviços e especulação imobiliária.
pela savana brasileira representa um
rico patrimônio nacional, tanto do pon- OBJETIVOS METODOLOGIA
to de vista ecológico como econômico”,
Identificar serviços ambientais gerados pela restauração
pontua Gustavo José Soares, analista de O Sítio Semente localizado na Zona de Amorteci- Recursos Hídricos do Distrito Federal (Ibram) e o
ecológica, a partir de Sistemas Agroflorestais inseridos em
atividade de Meio Ambiente do Instituto mento de três Unidades de Conservação - Parque Programa de Pós-graduação em Meio Ambiente e
área de sensibilidade ambiental, mais precisamente em um
do Meio Ambiente e dos Recursos Hídri- Nacional de Brasília, Área de Proteção Ambiental da Desenvolvimento Rural, da Universidade de Bra-
Mosaico de Unidades de Conservação no Distrito Federal.
cos do Distrito Federal (Ibram). Cafuringa e Área de Proteção Ambiental do Planalto sília/Faculdade de Planaltina (PPG-MADER/FUP/
Central - a cerca de 40 km de Brasília, tem despon- UnB).
Foto: Gustavo José Soares Foto: Gustavo José Soares tado como difusor de tecnologias de produção de
Visitas ao sítio permitiram análise estatística de
alimentos agroflorestais.
crescimento de espécies-chave com medição de
Para validar a percepção de que os serviços am- CAPs (Circunferência a Altura do Peito) em janeiro,
bientais fornecidos pelo Sistema Agroflorestal (SAF) abril, julho e outubro. O monitoramento identifi-
são benéficos ao equilíbrio ambiental da região e, cou volume de biomassa em área viva, estoque de
por isso a prática seria recomendada nas áreas no carbono e volume de CO2 fixado pelo componente
entorno das Unidades de Conservação, foi desen- arbóreo.
volvido projeto que mobilizou órgão público e insti-
O projeto comparou duas análises laboratoriais
tuição acadêmica.
completas de solo (dezembro de 2016 e outubro
A escolha dos métodos utilizados deu início à par- de 2017) com os dados da área em repouso. Aspec-
ceria entre o Instituto do Meio Ambiente e dos tos ambientais qualitativos a respeito das funções

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


VIVEIRO DE NATIVAS
ecossistêmicas dos cultivos estudados, como rela-
ções dos SAFs, água, fauna, flora e incêndios flores-
PERÍODO 200 MIL MUDAS DE CERRADO RECUPERAM
218 219
tais também foram considerados.
Janeiro de 2016 a setembro de 2017.
ÁREAS DEGRADADAS NO ENTORNO DE
Em quinze saídas de campo, os pesquisadores ve- UNIDADE DE CONSERVAÇÃO
rificaram o comportamento das variáveis em aná- PARCEIROS DO PROJETO
Coordenação geral: Marcos da Silva Cunha (Parque Nacional das Emas/ICMBio). Coordenação executiva:
lise, realizaram entrevistas com o empreendedor e Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos Francis Weber Gerente de Unidade (Fazenda Planalto SLC Agrícola). Gestão dos recursos e gerenciamento:
relatório fotográfico. Há 15 anos, o território onde o do Distrito Federal (Ibram); Programa de Pós-Gradu- Manoel de Oliveira e José Carlos Bernardo (Parque Nacional das Emas/ICMBio).
sistema agroflorestal foi implementado não possui ação em Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural,
ocorrência de incêndios florestais. da Universidade de Brasília/Faculdade de Planalti-
A bacia do Rio Formoso, com o principal rio do Parque PERFIL
na (PPG-MADER/FUP/UnB); e Sítio Semente.
Nacional das Emas, áreas de nascentes e matas cilia-
Localizado no Sudoeste do Estado de Goiás, o
res formavam a paisagem degradada próxima à uni-
Imagem: Google Earth
Parque Nacional das Emas com 132 mil hecta-
dade. “A falta de mudas nativas compatíveis com a
res é uma das poucas Unidades de Conserva-
necessidade das propriedades do entorno do parque
ção onde é possível conferir as diversas formas
era um obstáculo para a recuperação dessas áreas”,
de Cerrado: campos limpos, campos sujos,
pontua Marcos da Silva Cunha, chefe da unidade.
veredas e matas ciliares. A unidade abrange
As tentativas de aproximação com os moradores do os municípios de Mineiros, Chapadão do Céu e
entorno também evidenciavam certa resistência. “O parte de Costa Rica, já no Mato Grosso do Sul.
maior desafio foi o envolvimento dos proprietários do
entorno do parque, sempre preocupados com alguma OBJETIVOS
retaliação por parte dos órgãos ambientais. Eles sa- Potencializar a recuperação de áreas degra-
biam da obrigatoriedade de recuperação das áreas, dadas em menor tempo; envolver o Conselho
mas deixavam essas ações para outros momentos”, Consultivo; aproximar atores locais da gestão
completa Cunha. da unidade.

Foto: Fazenda SLC Planalto

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


RESULTADOS INSPIRE-SE! SOCIEDADE
220 221
ࡿࡿ Implementação de viveiro de árvores nativas
com capacidade atual de 30.000 mudas/ano. A
ࡿࡿ Contate os gestores das Unidades de
COMPROMETIDA
bacia do Rio Formoso, o principal rio do parque,
está praticamente recuperada.
Conservação e avaliem em conjunto as áreas Instituições, centros de pesquisa e de difusão do
degradadas na região. Busque informações
ࡿࡿ Produção, doação e plantio de 200 mil mudas de sobre o viveiro de mudas nativas mais próxi-
conhecimento, a iniciativa privada e a soma das contribuições
árvores nativas pioneiras (de rápido crescimento), mo à unidade em que você atua, número de de pessoas físicas são apenas algumas das experiências
em seis anos. mudas/ano, espécies, principais mercados,
projeto de responsabilidade socioambiental.
que têm contribuído e somado esforços para fortalecer a
ࡿࡿ Recuperação rápida de áreas degradadas, matas
ࡿࡿ Em um contexto de muitas áreas de-
gestão das Unidades de Conservação.
ciliares e regiões de nascentes.
gradadas, tente conversar e mostrar dados
ࡿࡿ Melhora da qualidade da relação entre a equipe
que reforçam a importância da iniciativa aos
gestora do parque, conselho e os proprietários
proprietários da região. Apresentar um pla-
rurais do entorno. nejamento que inclua o viveiro no dia a dia
da população, com visitas de escolas, agrega Foto: Nelson Yoneda

valor na busca de patrocinadores.


METODOLOGIA
ࡿࡿ Envolva o Conselho Consultivo na mo-
Em reunião do Conselho Consultivo do Parque Na-
bilização social, ações como essa não devem
cional das Emas, a falta de mudas nativas foi apon-
ficar restritas à gestão da unidade.
tada como a principal dificuldade para recuperação
das áreas degradadas do entorno da unidade. O ࡿࡿ Para potenciais interessados em apoiar
Conselho definiu a criação de um viveiro como prio- ou patrocinar viveiros, a iniciativa apresenta
ridade e um dos conselheiros apresentou a propos- rápido retorno e os benefícios podem ser
ta na empresa em que trabalhava. compartilhados com toda a região do curto
ao longo prazo.
A iniciativa privada em questão adotou o projeto de
montar e manter o viveiro. Diversas propriedades
localizadas nas bacias dos rios Araguaia, Taquari e
no entorno do parque apoiaram a obtenção das se-
mentes nativas.

Empresas e propriedades do entorno do parque in- As prefeituras da região e associações solicitaram


vestiram os recursos necessários para a implanta- mudas para o plantio em áreas rurais e urbanas. O
ção do viveiro. O Parque Nacional das Emas apoiou planejamento do plantio no entorno do parque é
o projeto com a distribuição de mudas e na busca anual, mediante demanda.
das sementes. A Reserva Particular do Patrimônio
Natural Nascente do Araguaia contribuiu recupe-
rando áreas importantes com as mudas doadas. A PERÍODO
equipe da Unidade de Conservação fomenta o plan- Maio de 2011 – em andamento.
tio e ajuda na distribuição das mudas.

Os atores envolvidos compartilham informações PARCEIROS DO PROJETO


com os proprietários da região sobre o manejo
Conselho Consultivo; SLC Agrícola e Reserva Parti-
das mudas e os cuidados relativos a cada espécie.
cular do Patrimônio Natural Nascente do Araguaia.

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


SOCIEDADE ENGAJADA

A CONQUISTA DOS NOVOS LIMITES DO PARQUE RESULTADOS INSPIRE-SE!


222 223
NACIONAL DA CHAPADA DOS VEADEIROS ࡿࡿ Integração de 175 mil hectares à área do Parque
Nacional da Chapada dos Veadeiros, com centenas
Coordenação geral: Fernando Tatagiba e Carla Cristina de Castro Guaitanele (ICMBio), Marcos Saboya (Conselho ࡿࡿ Apoie o fortalecimento e o maior en-
de nascentes em campos de altitude.
Gestor do Parque Nacional Chapada dos Veadeiros) e Bruno Mello (Fundação Mais Cerrado). Coordenação gajamento do próprio Conselho e dos atores
executiva: Carla Cristina de Castro Guaitanele (ICMBio). Gestão dos recursos e gerenciamento: Carla Cristina ࡿࡿ Proteção a outras fitofisionomias do Cerrado, locais em demandas cotidianas.
de Castro Guaitanele (ICMBio). como a mata seca; formação vegetal altamente
ࡿࡿ As reuniões locais com atores dos mais
ameaçada.
diferentes perfis envolvidos aumentam o
Aumentar as dimensões das Unidades de Conservação INSPIRAÇÃO ࡿࡿ Proteção mais efetiva à fauna, uma vez que os número de apoiadores.
(UCs) já decretadas leva tempo de estudo, amadurecimen-
Curso de Gestão Participativa, capacitação mamíferos percorrem grandes distâncias, como o
to político e mobilização. “A proposta de ampliação do ࡿࡿ Campanhas mobilizam a sociedade.
realizada pelo ICMBio que contou com a cervo-do-Pantanal, lobo-guará e a onça-pintada;
Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros existia desde Sem esse apoio, o conhecimento técnico
participação da servidora Carla Guaitane- maior mamífero carnívoro da América do Sul.
2003, quando o então vigente decreto sobre o tema foi muitas vezes não é suficiente para promover
le. O trabalho final do grupo foi a análise ࡿࡿ A medida é uma conquista para o Cerrado como mudanças.
anulado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Entre 2003
do processo participativo da sociedade na bioma e a médio prazo deve contribuir para a
e 2010, praticamente não houve andamento do assunto. ࡿࡿ Um vídeo sobre a ampliação do Parque
proposição da ampliação do parque. aprovação da Lei do Cerrado.
De 2010 a 2013, foram realizados estudos técnicos para com depoimentos de servidores do ICMBio,
proposição de limites, porém, por se tratar de uma região PERFIL servidor da prefeitura, acadêmico, empre-
com alta especulação imobiliária, crescimento de mo- sário, liderança espiritual e ator, foi um
Localizado no nordeste do Estado de Goiás, METODOLOGIA
noculturas, entre outros usos conflitantes, obteve pouco instrumento de comunicação importante no
entre os municípios de Alto Paraíso e Caval- Realização de estudos técnicos nas esferas ambien- processo, sistematizando a informação.
apoio político. Além disso, o projeto aumentava em qua-
cante, o Parque da Chapada dos Veadeiros tal, fundiária e socioeconômica de 2010 a 2013 sobre
tro vezes o tamanho da unidade e, como de praxe, quan-
protege diversas formações vegetais, ro- a importância da área adicional para a fauna, em
do já existe uma Unidade de Conservação e se discute
chas com mais de um bilhão de anos, além especial os mamíferos, e a preservação de ecossis-
a ampliação da mesma, os problemas de gestão sempre
de centenas de nascentes. Desde 2001, a temas não pertencentes ao parque, assim como a
ficam em destaque, como áreas não regularizadas e in- traproposta de limites que desagradou a todos.
unidade é reconhecida como Patrimônio proteção de centenas de nascentes.
cêndios florestais”, explica Fernando Tatagiba, chefe do
Mundial da Humanidade pela Unesco. Nesse momento, a mobilização social foi intensifi-
Parque Nacional da Chapadas dos Veadeiros. Criação de Câmara Técnica para acompanhamento
cada. O Conselho e a Fundação Mais Cerrado (que
Frente a tantas adversidades uma nova estratégia foi im- OBJETIVOS do estudo e na proposição de limites. Com a pro-
passou a integrar o movimento) lançaram a campa-
plementada. O Parque Nacional da Chapada dos Veadei- posta consolidada junto ao Conselho, foram reali-
Ampliar em quatro vezes a área do Parque nha Amplia Veadeiros com destaque para ações de
ros quando foi criado, em 1961, na época com o nome de zadas diversas reuniões locais com diversos atores
Nacional da Chapada dos Veadeiros de 65 abaixo assinado e nas redes sociais com o uso da
Parque Nacional do Tocantins, chegou a ter 625 mil hec- envolvidos para buscar apoio na proposta.
para 240 mil hectares, via decreto do presi- #ampliaveadeiros. A articulação de artistas, políti-
tares de área protegida. Pouco mais de 10 anos depois já Em 2015, foram promovidas três consultas públicas, cos e líderes espirituais também potencializou es-
dente da República. Proteger a biodiversi-
estava reduzido a 172 mil hectares, em 1981 foi reduzido nos municípios de Nova Roma, Cavalcante e Alto Pa- forços para a superação dos impasses.
dade do bioma reconhecido como a savana
a 60 mil hectares e em 1990 por um decreto para ajuste raíso de Goiás, com a participação de mais de 500
mais rica do mundo. São mais de 6 mil espé-
técnico passou a contar com 65 mil hectares e assim pessoas. Em 2016, as reuniões dominaram a cena
cies de plantas, mas apenas 11% da área de
permaneceu até 2017 quando algo mudou. com a presença dos seguintes atores: ICMBio, Secre-
PERÍODO
incidência do Cerrado está protegida por UCs.
taria de Meio Ambiente, Recursos Hídricos, Infraes- 2014 a 2017.
Fotos: Fernando Tatagiba Fotos: Fernando Tatagiba trutura, Cidades e Assuntos Metropolitanos (Secima),
Secretaria de Biodiversidade e Florestas/Ministério
do Meio Ambiente (SBF/MMA), Instituto Nacional PARCEIROS DO PROJETO
de Colonização e Reforma Agrária (Incra), além de Conselho Gestor do Parque Nacional da Chapada
proprietários/posseiros de terras e prefeito. Dessa dos Veadeiros; Fundação Mais Cerrado. Apoio para
forma, o aprimoramento da proposta contou com assinatura do decreto presidencial: WWF, SemaRH-
as contribuições de diversos atores, durante todo o -DF, Fundação Grupo Boticário, Coalizão Pró-UC, en-
processo, até que o Estado de Goiás enviou uma con- tre outras iniciativas.

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


PARCERIAS INSTITUCIONAIS

224
PRODUÇÃO DE TV E WEB BUSCA POPULARIZAR 225
O CONHECIMENTO SOBRE A BIODIVERSIDADE
Coordenação geral: Luciana Alvarenga (Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz) e Carlos Sanches (TV Brasil/EBC)

O número de pesquisas em Unidades de Conser- ONDE


vação (UCs) cresceu 29,34% entre 2014 e março de
Parques Nacionais: da Chapada dos Guimarães/
2016, segundo SISBio. Sem dúvida, uma ótima no-
MT; do Pantanal Matogrossense/MT; das Emas/
tícia, mas as informações sobre áreas protegidas
GO/MS; da Serra da Bodoquena/MS; da Chapada
devem transcender as instituições. “A maior par-
da Diamantina/BA; da Serra das Lontras/BA; do
te do conhecimento produzido nessas pesquisas
Pau Brasil/BA; do Descobrimento/BA; de Itatiaia/
fica restrita aos meios acadêmicos e à gestão das
RJ; da Serra dos Órgãos/RJ; da Serra da Canastra/
unidades, sendo disponibilizada majoritariamente Foto: Carlos Sanches (TV Brasil)

MG; das Sempre-Vivas/MG e de Boa Nova/BA.


através de artigos de periódicos, trabalhos, disser-
tações e teses, atingindo um público específico. Ou Estações Ecológicas: de Taiamã/MT; da Serra das RESULTADOS
seja, esse conhecimento acaba na maioria das ve- Araras/MT. ࡿࡿ Produção da série documental Parques do parque, da estação ecológica ou refúgio da vida sil-
zes não chegando às comunidades do entorno e à Brasil, lançada em 5 de junho de 2018 (TV Brasil e vestre tem início a construção do conteúdo (com
Refúgios da Vida Silvestre: de Una/BA.
população em geral, que poderiam e/ou deveriam web). Projeto de cinco anos que apresentará até 20 todas as fases que essa etapa representa) até a di-
apoiar a existência dessas unidades”, afirma Lucia- OBJETIVOS UCs por ano em documentários de 30 minutos de vulgação do material em diferentes processos.
na Alvarenga, coordenadora do projeto pela Casa duração.
Documentar através do audiovisual, da fotografia As definições acordadas entre as instituições parcei-
de Oswaldo Cruz/Fiocruz.
e da produção de textos as Unidades de Con- ࡿࡿ Produção de série de interprogramas sobre os ras estão exemplificadas em dois Planos de Trabalho.
Levar informação científica para além das frontei- servação federais, destacando as características biomas brasileiros e as Unidades de Conservação. Muitas etapas são simultâneas e envolvem diferen-
ras das universidades e dos centros de pesquisa é naturais (biodiversidade, fitosionomias, ecossis- tes equipes das três instituições parceiras (Fiocruz,
ࡿࡿ Promoção das Unidades de Conservação
fundamental para o fortalecimento das Unidades temas, geomorfologia, clima, hidrologia, entre EBC e ICMBio), além de pesquisadores colaboradores
durante as expedições, um processo que mobilizou
de Conservação. “Apesar da crescente empatia das outras) e culturais (patrimônios arqueológico e de outros profissionais de instituições diversas. O
as comunidades do entorno, guias turísticos,
pessoas com relação à biodiversidade e às áre- e histórico) dessas áreas protegidas; produzir projeto utiliza majoritariamente recursos institucio-
proprietários de pousadas, entre outros.
as naturais protegidas, quando surge um entrave conteúdo e imagens para séries de TV e web. nais, como transporte (logística nas Unidades de
socioeconômico local relacionado à implementa- Desenvolver materiais de divulgação científica ࡿࡿ Envolvimento e a troca de informação entre as Conservação), equipamento (de gravação, de edição,
ção de uma UC, a falta de conhecimento dos ato- sobre a relação entre as expedições históricas equipes de diferentes instituições públicas sinaliza entre outros), equipes, entre outros.
res afetados coloca em xeque essa necessidade/ de naturalistas e as Unidades de Conserva- para possibilidade de construção de uma rede
A produção audiovisual é um dos destaques do pro-
importância e problematiza consideravelmente a ção federais; criar metodologias e produtos de multi-institucional e multidisciplinar colaborativa
jeto pelo apelo como motivadora da aprendizagem
gestão”, lembra Luciana. educação ambiental e de divulgação científica de desenvolvimento de conteúdos e produtos de
nas salas de aula, nos espaços de ensino não for-
para diferentes públicos. Produzir materiais que divulgação científica e de educação ambiental.
A parceria entre a Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz, a mal, nos ciberespaços e na TV; o que favorece a in-
TV Brasil/EBC e o Instituto Chico Mendes de Con- possam ser utilizados em exposições, materiais teração do público com o conhecimento científico.
gráficos, livros, entre outros, além de possibilitar
servação da Biodiversidade (ICMBio) busca dis- METODOLOGIA Além disso, é um poderoso instrumento de sensibi-
ponibilizar conhecimentos sobre as Unidades de a troca de informações e conhecimentos entre lização pelas possibilidades narrativas, estéticas e
as instituições envolvidas. O envolvimento dos gestores das Unidades de Con-
Conservação e a biodiversidade brasileira para di- poéticas diante de inúmeros processos comunica-
servação em todas as etapas do processo é uma
ferentes públicos. cionais e educativos.
forte característica da iniciativa. Após a escolha do

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


FORÇA-TAREFA

226
PERÍODO INSPIRE-SE! SERVIDORES DO ICMBIO TÊM PAPEL CENTRAL 227
2014 – em andamento.
EM NOVO MODELO PARA A DEMARCAÇÃO DE
Expedição para a primeira temporada da série Par-
ques do Brasil: Outubro de 2016 a outubro de 2017.
ࡿࡿ As informações de muitas Unidades
de Conservação estão restritas ao site do
ÁREAS
ICMBio e às redes sociais do Instituto, mas Coordenação geral: Carla Michelle Lessa (Coordenação de Compensação de Reserva Legal e Incorporação
é possível aumentar os canais de comu- de Terras Públicas/ICMBio). Coordenação executiva: Tiago Juruá Damo Ranzi (Reserva Extrativista do
PARCEIROS DO PROJETO nicação, com planejamento e escolha de Cazumbá-Iracema/ICMBio). Coordenação técnico-pedagógica: Marcio Costa (consultor). Gestão dos recursos
uma plataforma para começar (alguma e gerenciamento: Coordenação geral de Consolidação Territorial (CGTER/ICMBio) e Reserva Extrativista
Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz; TV Brasil/EBC; Ins-
rede social, por exemplo). Os interessados Cazumbá-Iracema/ICMBio.
tituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversi-
dade (ICMBio). A prática conta com a colaboração em visitar a Unidade ou apenas obter mais
informações agradecem. O Instituto Chico Mendes de Conservação da Bio- Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa); de compensa-
de pesquisadores de universidades e institutos de
pesquisa como: o Jardim Botânico do Rio de Janei- ࡿࡿ Invista nas fotografias quando o assun- diversidade (ICMBio), em pouco mais de 10 anos ção ambiental e em menor escala em parceria com
ro (JBRJ); a Universidade do Estado do Rio de Janei- to é Unidade de Conservação, afinal é preciso de história, georreferenciou 42 Unidades de Con- o Exército Brasileiro e com o Terra Legal, no Pará.
ro (UERJ); a Universidade Federal do Espírito San- mostrar o que está protegido. Aproveite e servação (UCs)*, o que representa 12% das áreas “O custo desses serviços, com base nos contratos
tos (UFES); a Universidade Estadual de Santa Cruz compartilhe essas imagens com a equipe protegidas sob a gestão do órgão. Nessa trajetó- firmados, é de aproximadamente R$ 1.000,00 por
(UESC); entre outras. central do ICMBio pelo e-mail ria, o ICMBio buscou com diversos esforços avan- quilômetro de perímetro demarcado e sinalizado,
ascomchicomendes@icmbio.gov.br. çar nessa demanda, mas as limitações são seve- variando para mais ou menos conforme a dimen-
Foto: Carlos Sanches (TV Brasil)
ras. “Identificamos três grandes desafios que nos são, a cobertura vegetal e a dificuldade de acesso.
ࡿࡿ Conversas entre as equipes gestoras de
Unidades de Conservação sobre as estra- impedem de ganhar a escala necessária e alcan- Considerando a extensão das nossas UCs, estamos
tégias de comunicação já aplicadas e pers- çar 100% das UCs georreferenciadas, demarcadas falando de um custo considerável, caso não envolva
pectivas são sempre proveitosas. Considere e sinalizadas. São eles: especificidades técnicas a instalação de placas, pode cair para cerca de R$
também ações conjuntas sobre a região, por (dificuldade de georreferenciamento em áreas de 600,00/o quilômetro, mas ainda é um serviço caro”,
exemplo. proteção ambiental, de enormes dimensões ter- pontua a coordenadora.
ritoriais, em locais remotos e de difícil acesso); a
ࡿࡿ Crie uma campanha na Unidade de Con- Diante dessa realidade, o ICMBio - que já possui ser-
necessidade de um corpo técnico especializado
servação para estimular o compartilhamento vidores com conhecimento em geoprocessamento,
de profissionais da casa, não apenas para execu-
da experiência do visitante nas redes sociais. mas a maioria com pouca ou nenhuma prática na
tar esse tipo de serviço, mas principalmente para
aplicação do georreferenciamento, conforme a Nor-
avaliar e fiscalizar o trabalho realizado por par-
ma Técnica de Georreferenciamento vigente - de-
ceiros e ou empresas contratadas, além do alto
senvolveu uma experiência na Reserva Extrativista
custo da contratação dos serviços”, reforça Carla
Foto: Carlos Sanches (TV Brasil) Cazumbá-Iracema que representou um novo cami-
Michelle Lessa, coordenadora da Coordenação de
nho na demarcação de terras das UCs, ao mesmo
Compensação de Reserva Legal e Incorporação de
tempo em que levou a capacitação dos próprios
Terras Públicas/ICMBio.
servidores e de instituições parceiras às últimas
Em geral, as demarcações são feitas principalmen- fronteiras da prática, literalmente.
te via contratação de empresas especializadas, com
*Vale ressaltar que algumas Unidades de Conser-
aporte de recursos do Banco de Desenvolvimento
vação foram georreferenciadas antes da criação do
da Alemanha (KfW); do Programa das Nações Unidas
ICMBio, mas para atender aos novos padrões, vão
para o Desenvolvimento (Pnud); do programa de
precisar de atualização nas coordenadas.

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


INSPIRAÇÃO RESULTADOS METODOLOGIA
228 Prática desenvolvida com base na observação ࡿࡿ Demarcação da Reserva Extrativista O primeiro passo consistiu na escolha de uma Uni- início a parceria entre as duas instituições. O Incra
229
dos cursos promovidos pela Coordenação-geral Cazumbá-Iracema, conhecida pela complexa dade de Conservação, em abril de 2017, para a re- indicou dois alunos, por conta do vasto conheci-
de Consolidação Territorial (CGTER/ICMBio) que situação fundiária, a um custo de cerca de R$ 210 alização da força-tarefa e que também trouxesse mento que possuíam sobre a região e disponibili-
tem como objetivo a identificação de perfis e mil, uma vez que a prática foi realizada por meio uma experiência real aos servidores do curso, com zou um carro com motorista e combustível. Entre
treinamentos para atividades técnicas/adminis- de um curso, com consequente maior número de todos os desafios intrínsecos ao trabalho. A Reserva as 18 pessoas da equipe, 12 eram servidores em
trativas de apoio à consolidação territorial das envolvidos. No entanto, a prática estimou o custo Extrativista Cazumbá-Iracema apresentava desafios capacitação.
Unidades de Conservação. As dificuldades na em uma situação comum de demarcação, com relativos às dimensões, com dificuldades de acesso
As expedições foram divididas em três etapas:
abordagem da temática fundiária para um públi- equipe menor, e neste caso o valor chegaria a cerca à maioria dos trechos; o que é frequente em grande
co de formação e atuação heterogêneas foram, de R$ 146 mil, ou seja, 40% do praticado pelas parte das unidades, especialmente na Amazônia. Expedições de acesso aos limites na seca: de 23 de
na época, analisadas como “pontos a melhorar” empresas especializadas. agosto a 03 de setembro de 2017; 50% do curso (80
Para a Coordenação-geral de Consolidação Territorial
e levaram ao desenvolvimento da Boa Prática. horas, com apenas 16 horas exclusivamente teóricas).
ࡿࡿ Capacitação prática de 13 servidores, sendo (CGTER), o Incra e a comunidade, a iniciativa represen-
Cursos em geral teóricos, pouco efetivos, que A equipe reunida em quatro veículos (disponibiliza-
11 do ICMBio e dois do Instituto Nacional de tava a oportunidade ideal de concluir um processo
formam especialistas em georreferenciamento de dos por outras Unidades de Conservação do Acre e
Colonização e Reforma Agrária (Incra) que podem antigo de transferência de terras públicas e solucionar
imóveis reforçaram a demanda por essa iniciativa. pelo Incra), além de uma moto e de um quadriciclo,
atuar como agentes multiplicadores e pontos focais problemas de sobreposição que, por fim, vão resultar
percorreu todos os pontos acessíveis no período da
na coordenação e execução de trabalhos similares. na emissão do Contrato de Concessão de Direito Real
PERFIL seca. Durante a expedição, foram implantados mar-
de Uso à população beneficiária da reserva.
ࡿࡿ Comprovação da capacidade técnica do ICMBio cos geodésicos no trecho de sobreposição com o as-
Localizada nos municípios de Sena Madureira e
em executar diretamente ações de demarcação A força-tarefa com servidores do ICMBio e do Incra sentamento e em outras áreas do limite.
Manuel Urbano, no Acre, a Reserva Extrativista
com maior agilidade do que a experiência com precisava ter na equipe um consultor especialista
Cazumbá-Iracema, criada em 2002, não apresen- Expedição de ajustes e detalhamento da próxima
contratação de Pessoa Jurídica. em georreferenciamento, o que foi obtido por meio
tava nenhum dos 750 mil hectares devidamente etapa: de 18 de outubro a 31 de outubro de 2017;
de edital. Reuniões sobre nivelamento da metodo-
regularizados, apesar das reivindicações já terem ࡿࡿ Intercâmbio de experiência entre servidores de com a presença apenas da equipe de coordena-
logia e objetivos específicos fortaleceram desde o
completado uma geração. Cerca de 270 famílias, diferentes instituições, ICMBio e Incra. ção, de técnicos do Incra e dos colaboradores lo-
mais de 1.000 pessoas, vivem na unidade. Foto: Márcio Costa
Foto: Rubens Matsushita

OBJETIVOS
Promover a consolidação territorial das Unida-
des de Conservação, por meio da inclusão de
um novo modelo, mais ágil e de menor custo,
como alternativa ao georreferenciamento desses
territórios; identificar, treinar e capacitar de
forma prática servidores do ICMBio e de insti-
tuições parceiras como especialistas em georre-
ferenciamento de imóveis, incluindo na função
de fiscal, em especial nas UCs que apresentam
sobreposição; fortalecer a parceria com o Incra;
publicar um manual com orientações técnicas e
de logística de campo para a execução direta e/
ou fiscalização de contratos de georreferencia-
mento de imóveis e demarcação de Unidades de
Conservação; agilizar o processo de emissão das
Concessões de Direito Real de Uso (CCDRU) da
Reserva Extrativista Cazumbá-Iracema.

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


EDITAL E APOIO TÉCNICO
cais. Essa expedição extra surgiu como demanda
da força-tarefa para levantamento de mais alguns
INSPIRE-SE! PROJETO DEMONSTRATIVO DE GERAÇÃO DE
230 231
pontos acessíveis no final do período de seca, por ENERGIA FOTOVOLTAICA GERA ECONOMIA DE
carro/quadriciclo e da tentativa de acesso por he-
licóptero a um ponto remoto, mas de grande im-
ࡿࡿ O Manual de Demarcação e Georrefe-
renciamento de Unidades de Conservação
R$ 102 MIL EM 2017
portância do limite. com os resultados da Boa Prática, que traz Coordenação geral: Fabiano Gumier Costa (Floresta Nacional da Restinga de Cabedelo/ICMBio). Coordenação
questões técnicas relativas à execução e executiva: Joseilson de Assis Costa (Floresta Nacional da Restinga de Cabedelo/ ICMBio). Gestão dos recursos
Expedição de acesso aos limites na cheia: de 22 de e gerenciamento: Floresta Nacional da Restinga de Cabedelo/ICMBio.
os conhecimentos adquiridos com base na
janeiro a 02 de fevereiro de 2018; 50% do curso (80
experiência de campo, estará disponível em
horas restantes). A equipe acessou os limites flu-
julho de 2018 no site do ICMBio. As frequentes quedas no fornecimento de energia elétrica e a PERFIL
viais da reserva com o uso de barcos, com desloca-
ࡿࡿ Novas soluções não precisam necessa- representatividade desse custo nas despesas da Floresta Na-
mento até os pontos específicos feito por voadei- Localizada na região metropolitana
riamente dominar o cenário. Como o próprio cional da Restinga de Cabedelo/PB levaram a equipe gestora a
ra (barco veloz e com motor de popa) e pequenas de João Pessoa, a Floresta Nacional
já diz são apenas outros caminhos para atingir buscar uma solução para as duas questões. “Somente o prédio
canoas. A equipe realizou o georreferenciamento da Restinga de Cabedelo abriga em
o mesmo objetivo, diferentes possibilidades. principal da Floresta Nacional da Restinga de Cabedelo onde
de área indígena encravada no meio da reserva ex- 114 hectares um dos últimos frag-
O abandono ou não de uma prática executada estão instaladas também a Coordenação Regional do ICMBio
trativista, mas configurando como área de exclusão mentos da Floresta de Restinga no
em larga escala depende de tempo, mas tam- em Cabedelo, a Unidade Avançada de Administração e Finanças
da mesma. Nessa etapa, a parceria com a Fundação Nordeste, além de ambientes de
bém e principalmente de inovações. (UAAF) e a Procuradoria Federal Especializada (PFE) consumia,
Nacional do Índio (Funai) e a contratação de indí- manguezal e restinga.
em 2013, a média de 5.630 kWh/mês, gerando uma conta de
genas como colaboradores foi fundamental para o ࡿࡿ A contratação de um consultor especiali-
energia superior a R$ 3 mil”, revela Fabiano Gumier Costa, ana- OBJETIVOS
resultado da expedição. zado em georreferenciamento viabilizou essa
Boa Prática dupla com a demarcação da UC lista ambiental, servidor do ICMBio, na época gestor da unidade.
Os conhecimentos obtidos durante a prática foram Difundir e popularizar sistemas de
e a realização do curso. Profissionais liberais Os problemas aqui relatados eram estendidos ao conjunto de
consolidados em curso de 50 horas, aberto a todos os geração de energia fotovoltaica para
têm muito a agregar em inúmeros processos atores do ICMBio na região, como o Centro Nacional de Pesquisa
interessados, na Academia Nacional de Biodiversida- a sociedade, incluindo escolas, co-
relacionados às Unidades de Conservação. e Conservação de Aves Silvestres (Cemave/ICMBio), a Reserva
de (Acadebio). A iniciativa incluiu a execução de geor- munidades, empresas e instituições
ࡿࡿ Uma vez realizada por servidores do Extrativista Acaú-Goiana), além do Centros de Triagem de Ani- públicas, em escala regional; reduzir
referenciamento na Floresta Nacional de Ipanema/SP.
ICMBio, a atividade de demarcação pode ser mais Silvestres (Cetas/Ibama). as despesas do ICMBio com energia
A chamada de Curso Ampliado, de 16 a 20 de abril, combinada a outras demandas da gestão A Floresta Nacional da Restinga de Cabedelo está localizada elétrica; inserir práticas viáveis de
teve participação de toda a equipe e abertura de como fiscalização, levantamento fundiário,
no perímetro urbano, o que por um lado representa uma série sustentabilidade (especialmente
vagas para 15 servidores do instituto. Essa etapa Plano de Manejo etc., contribuindo assim ain-
de desafios, por outro, traz a vantagem de maior aproximação energia fotovoltaica) no Programa de
marcou o treinamento para processamento dos da mais na otimização de recursos. Trata-se Educação Ambiental e visitação da
com a sociedade. “A inserção da Floresta no ambiente urbano
dados levantados em campo e orientações sobre de uma oportunidade única de conhecer me-
favorece o acesso dos interessados em conhecer os atrativos Floresta Nacional da Restinga de Ca-
planejamento e fiscalização de contratos de geor- lhor o entorno e seus vetores para a unidade,
naturais, oportuniza a discussão dos problemas ambientais do bedelo que possam ser reproduzidas
referenciamento. pontos de pressão, a situação de conserva-
estuário do Rio Paraíba e a apresentação de tecnologias sus- pela sociedade; minimizar problemas
ção de diferentes ambientes, as comunida-
A composição dos custos incluiu além dos valores tentáveis. Práticas exemplares de sustentabilidade podem ter de fornecimento de energia elétrica;
des e o modo de vida.
previstos no Plano Anual de Capacitação (PAC) e dos grande visibilidade e repercussão regional, induzindo transfor- repor o montante gasto na implanta-
recursos disponíveis no Projeto Pnud BRA 08-023, mações no comportamento das pessoas, empresas e gestores ção deste projeto em até 10 anos.
aporte do Programa Áreas Protegidas da Amazônia públicos”, destaca Fabiano Gumier Costa.
(Arpa), disponibilizados no Plano Operativo Anual Foto: Carlos Alberto Cavalcanti Soares Foto: Carlos Alberto Cavalcanti Soares
(POA) da unidade para ações de demarcação. PARCEIROS DO PROJETO
Associação dos Seringueiros do Seringal Cazumbá
(Associação Mãe da UC); Instituto Nacional de Co-
PERÍODO
lonização e Reforma Agrária (Incra); Secretaria de
Junho de 2017 a junho de 2018. Meio Ambiente do Estado do Acre; Fundação Nacio-
nal do Índio (Funai).

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


RESULTADOS INSPIRE-SE!
232 ࡿࡿ O sistema montado em 2016 entrou em operação não estão conectados à rede de distribuição e a energia é vendo, além da instalação do sistema fotovoltaico, 233
regular em agosto do mesmo ano. Em 2017, o armazenada em baterias para uso posterior. melhorias em algumas instalações do ICMBio, pro-
dução de material informativo e aquisição de equi- ࡿࡿ A instalação do sistema de energia foto-
sistema fotovoltaico do tipo on grid* registrou
voltaica solucionou o problema da energia
produção total 145.237,37 mil kWh; o que significa pamentos e materiais relacionados à visitação.
METODOLOGIA nas duas esferas (fornecimento e custo) e
uma economia de R$ 102 mil e emissão evitada de O sistema monitorado diariamente por um software abriu uma janela de oportunidade para a
CO² superior a 14 toneladas. Em 2013 e 2014, a equipe da Floresta Nacional da permite que a equipe da UC organize e compartilhe Floresta Nacional da Restinga Cabedelo que
ࡿࡿ Atualmente, esse é o maior projeto de geração Restinga de Cabedelo iniciou os trabalhos para os dados, o que tem sido feito pelos servidores e atrai visitantes interessados em conhecer o
de energia fotovoltaica do Estado da Paraíba. O elaboração do Plano de Manejo da unidade e esse voluntários da unidade. Todos os dados de produ- projeto.
sistema produz mais que o dobro da necessidade processo levou a inúmeras reflexões. Quanto ao uso ção do sistema são tabulados mensalmente e divul-
ࡿࡿ A comunicação aqui mais uma vez foi
do prédio principal da unidade, o excedente de público ficou definido que a agenda de visitação da gados nas redes sociais da unidade, imprensa local
e continua sendo fundamental. Compartilhe
energia é injetado na rede da distribuidora. A unidade seria voltada à educação ambiental. e nos canais do ICMBio, como portal, redes sociais e suas conquistas e desenvolva planos para
produção mensal média, em 2017, foi de 12.000 kWh. Os problemas constantes com o fornecimento de a revista ICMBio em Foco. apresentá-las da melhor forma. Aproveite e
ࡿࡿ Esse mesmo excedente de energia vira crédito energia elétrica também entraram na pauta e pre- No momento, a equipe do projeto está desenvol- conheça a página www.facebook.com/flona-
cisavam de medidas eficazes. O gestor na época, vendo uma forma de avaliar a experiência e o im- cabedelo/. Os dados mensais do projeto são
que tem sido suficiente para quitar todas as faturas
Fabiano Gumier Costa, procurou parceiros para ins- apresentados na página. É possível conferir
de energia elétrica de todo o ICMBio no Estado da pacto sobre o visitante, preparando materiais infor-
talação de uma pequena planta demonstrativa de também um vídeo sobre a iniciativa.
Paraíba, o que representa cerca de R$ 100 mil de mativos e fortalecendo as ações de divulgação.
economia/ano. geração de energia fotovoltaica na UC, o objetivo ࡿࡿ Boas Práticas em sustentabilidade
O ICMBio sede iniciou diálogo com o Fundo Clima/
era ter como atrativo de visitação a demonstração desenvolvidas em Unidades de Conservação
Instituições do ICMBio da Paraíba beneficiadas MMA na tentativa de replicar o projeto em outras
de Boas Práticas de sustentabilidade. Ele escreveu podem diversificar o perfil do visitante.
pelo projeto: Floresta Nacional da Restinga UCs pelo Brasil.
para dezenas de empresas do setor, sem receber
de Cabedelo; Centro Nacional de Pesquisa ࡿࡿ Parcerias são fundamentais sempre e
qualquer aceno de parceria e doação de materiais.
e Conservação de Aves Silvestres (Cemave); ampliar a rede é mais do que escolha, mas
No começo de 2014, a equipe da unidade teve co- PERÍODO necessidade. Mesmo grandes equipes não se-
Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de
Primatas Brasileiros (CPB), Unidade Avançada de nhecimento do Edital MMA/FNMC N° 1/2014: “Linha Outubro de 2014 a dezembro de 2019. rão capazes de solucionar todas as questões
Administração e Finanças (UAAF); Procuradoria de Ação 1 – Área de Concentração: Desenvolvimento e demandas. Começar pelas universidades de
e Difusão Tecnológica Item 5.1.2, V do Edital: Projetos referência, institutos e centros de pesquisa é
Federal Especializada (PFE); Reserva Biológica
Guaribas; Área de Proteção Ambiental da Barra demonstrativos sobre aproveitamento da energia PARCEIROS DO PROJETO um caminho promissor.

do Rio Mamanguape; Área de Relevante Interesse termo solar em áreas, setores ou populações vulne- Fundo Nacional Sobre Mudança do Clima (MMA) e
Ecológico Manguezais da Foz do Rio Mamanguape, ráveis aos efeitos da mudança do clima.” O analista Centro de Energias Alternativas e Renováveis (Cear/
incluindo as bases do Projeto Peixe Boi. ambiental Fabiano Gumier Costa e o analista admi- UFPB).
nistrativo Joseilson de Assis Costa escreveram um
ࡿࡿ A visitação ao projeto também é uma realidade. projeto que foi aprovado na primeira fase do edital. Foto: Carlos Alberto Cavalcanti Soares Foto: Carlos Alberto Cavalcanti Soares
Em 2007, cerca de 1.000 visitantes estiveram na
unidade para participar de atividades de Educação A etapa seguinte, exigiu maior detalhamento téc-
Ambiental e conhecer os detalhes da iniciativa. nico sobre o tipo de sistema a ser instalado e a
equipe do ICMBio contou com apoio de professo-
* Os sistemas estão divididos em on grid e off grid ou
res do Centro de Energias Alternativas e Renováveis
mistos. On grid não possuem baterias e não armazenam
da Universidade Federal da Paraíba (CEAR/UPFB). O
a energia gerada, o excedente produzido (não utilizado
apoio técnico do CEAR permitiu à equipe do ICMBio
pelo usuário) é injetado na rede de distribuição elétrica
ter mais clareza e segurança sobre o tipo de sistema
e torna-se crédito em kWh. Esse bônus pode ser utilizado
mais adequado para as necessidades.
para pagar outras contas de unidades consumidoras em
nome do mesmo titular e atendidas pela mesma distri- O projeto foi aprovado pelo Fundo Clima/MMA com
buidora, na mesma região ou Estado. Os sistemas off grid orçamento total aproximado de R$ 1,3 milhão, pre-

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


FUNDOS DE APOIO

234
12 UNIDADES DE CONSERVAÇÃO MARINHAS E RESULTADOS METODOLOGIA
235
DA MATA ATLÂNTICA JÁ RECEBEM APORTES ࡿࡿ Mais de 10 Unidades de Conservação possuem
fundos específicos que apoiam a implementação
Fundos pró-Unidades de Conservação da Mata
Atlântica e Marinhas apresentam duas modalida-
PARA GESTÃO do Plano de Manejo, o uso público e aumentam a des: de Perpetuidade e de Caixa. Ambos envolvem
Coordenação geral: Márcia Hirota (Fundação SOS Mata Atlântica). Coordenação executiva: Erika Guimarães, visibilidade institucional. parceria tripartite, entre ICMBio, SOS Mata Atlântica
Diego Igawa e Camila Keiko Takahashi (Fundação SOS Mata Atlântica). Gestão dos recursos e gerenciamento: e o patrocinador, que pode ser Pessoa Física, Jurí-
ࡿࡿ Investimentos em infraestrutura para pesquisa
Olavo Garrido, Aislan Silva e Ítalo Sorrilha (Fundação SOS Mata Atlântica). dica ou Pool.
e gestão nas Unidades de Conservação. Na Reserva
Biológica Marinha Atol das Rocas, por exemplo, o O grande desafio dessa prática é a mobilização
fundo também foi utilizado para a construção da do patrocinador para aliviar o déficit financei-
Fortalecimento institucional, elaboração e execu- PERFIL
ção do Plano de Manejo, investimentos em infra- nova base para receber pesquisadores. Em outras ro das Unidades de Conservação. Muitos fundos
ࡿࡿ Reservas Biológicas Marinhas: Atol das Ro- UCs, pequenos reparos na sede, centro de visitantes são mantidos com doações de pessoas físicas. A
estrutura, fiscalização e pesquisa, além de ações
cas/RN e Arvoredo/SC e casa de pesquisador têm sido feitos com o recurso. escolha da área protegida que contará com fun-
que estimulem o uso público ordenado e compa-
tível com o perfil de cada Unidade de Conserva- ࡿࡿ Áreas de Proteção Ambiental: Cairuçu/RJ; do de apoio é feita em conjunto entre as par-
ࡿࡿ A prática trouxe também novos doadores e
ção constituem as ações prioritárias da parceria Costa dos Corais/PE; Guapimirim/RJ tes. Três documentos celebram e formalizam a
ampliou as parcerias com associações locais,
entre o Instituto Chico Mendes de Conservação da parceria: o Acordo de Cooperação (instrumento
ࡿࡿ Estações Ecológicas: da Guanabara/RJ e Tupi- universidades e outras instituições que atuam nas
Biodiversidade e a Fundação SOS Mata Atlântica - jurídico) e os Planos de Trabalho e de Execução.
nambás/SP áreas protegidas e no entorno. A medida também
via fundos pró-Unidades de Conservação (UCs) da As Unidades de Conservação têm autonomia no
aperfeiçoou o relacionamento entre as equipes das
ࡿࡿ Refúgio de Vida Silvestre do Arquipélago de desenho e implementação dos projetos. Metas
Mata Atlântica e Marinhas. “A criação dos Fundos UCs e o poder público local.
Alcatrazes/RJ e indicadores dos Planos de Trabalho são moni-
de Apoio às UCs foi desenhada como uma estra-
ࡿࡿ O Fundo Guanabara (Área de Proteção Ambiental torados por meio de relatórios anuais técnicos e
tégia para o fortalecimento do Sistema com me- ࡿࡿ Parques Nacionais: da Tijuca/RJ; da Serra da
Guapimirim e Estação Ecológica da Guanabara) já financeiros, auditoria externa e em alguns casos,
canismos ágeis e engajamento financeiro do setor Bodoquena/MS; da Serra da Bocaina/RJ/SP; do
permitiu também o apoio à Cooperativa Manguezal comitê de finanças que decide sobre os investi-
privado, que não resolvem os desafios financeiros Itatiaia/RJ.
Fluminense em parceria com o ICMBio. No caso mentos. A Fundação SOS Mata Atlântica acompa-
das UCs apoiadas, mas aliviam e podem contribuir
OBJETIVOS da Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais, nha a execução.
para alavancar outros apoios”, afirma Erika Gui-
além da gestão da UC, outras cinco organizações
marães, gerente de Áreas Protegidas da SOS Mata Contribuir para implementar Unidades de locais são apoiadas diretamente, em ações que
Atlântica. O histórico apesar de recente, assim Conservação e demonstrar novos arranjos de contribuem para a implementação da unidade.
como tantas conquistas da área socioambiental, já parceira e financiamento.
mostra resultados inspiradores. Foto: Capim Filmes/SOS Mata Atlântica

Foto: Acervo SOS Mata Atlântica

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


Fundos de Perpetuidade INSPIRE-SE!
236 Os recursos são aplicados em uma carteira de títu- 237
timentos de menor porte destinados às despesas Cada parceria mencionada receberá R$ 90 mil,
los variáveis e/ou fixos e o valor destinado ao pro- ordinárias, do dia a dia da gestão da UC. Os inves- durante três anos, com possibilidade de aumen- ࡿࡿ Doações e o engajamento de pesso-
jeto é o rendimento anual líquido, descontando as timentos são feitos por meio de cartões corpora- to de recursos e prazos, condicionado à captação. as físicas são capazes de fazer a diferen-
taxas administrativas e a inflação. Para a execução tivos. O valor é empregado de acordo com o Plano de ça, já há histórico para mostrar como é
dos projetos, o valor então é transferido para uma
A aplicação financeira dos recursos tem como ca- Trabalho da UC, em geral apoiam ações de manu- possível somar esforços e obter recur-
conta específica e exclusiva da Unidade de Conser- tenção, sinalização, fiscalização, pesquisa e edu- sos significativos com a mobilização da
racterística as opções mais conservadoras, de bai-
vação beneficiada. cação. sociedade.
xo risco. Durante a execução do projeto, todo o
Fundos de Perpetuidade são mecanismos utiliza- valor é investido, tanto o aporte quanto os rendi- No Núcleo de Gestão Integrada de Alcatrazes for- ࡿࡿ Divulgue as ações relacionadas às
dos em três Unidades de Conservação: mentos. Fundos de caixa são firmados por um perí- mado pelo Refúgio de Vida Silvestre de Alcatra- Unidades de Conservação, como essa de
ࡿࡿ Reserva Biológica Marinha Atol das Rocas, odo determinado e quando chegam ao fim podem zes/RJ e pela Estação Ecológica Tupinambás, a âmbito nacional que permite o comprome-
com fundo arrecadado entre pessoas físicas e ge- ser renovados ou extintos. parceria conta com o patrocínio da Brazilian Lu- timento mesmo à distância. Visitantes das
renciado em parceria com o Conselho de Amigos do xury Travel Association (BLTA) que cobre as despe- áreas protegidas são potenciais doadores.
O Fundo Juatinga Caiçuru relativo à Área de Prote-
sas operacionais. A SOS Mata Atlântica não recebe pequenas
Atol das Rocas. ção Ambiental Cairuçu/RJ e à Reserva da Juatinga
doações de pessoas físicas, mas mobiliza
ࡿࡿ Área de Proteção Ambiental Guapimirim/RJ e (UC estadual, sob a gestão do Instituto Estadual grandes doadores pessoa física a investir
Estação Ecológica da Guanabara/RJ, que comparti- do Ambiente – Inea), criado em parceria pela SOS nas UCs. Pequenas doações podem ser
PERÍODO
lham do Fundo Guanabara obtido pelo aporte de Mata Atlântica e a EST Cosméticos, atualmente é recebidas por associações de amigos das
mantido com doações de pessoas físicas. Os recur- Desde 2007 – contínuo. UCs, como acontece no Parque Nacional da
uma pessoa física.
sos permitiram custear infraestrutura, equipamen- Tijuca, por exemplo.
ࡿࡿ Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais,
tos, manutenção e operações para ordenamento
em parceria com a Fundação Toyota do Brasil, terá, PARCEIROS DO PROJETO ࡿࡿ Ao contrário do que muitas empre-
turístico e vêm auxiliando a equipe da APA Cairuçu
em 2021, o Fundo Toyota APA Costa dos Corais con- sas de médio e pequeno porte imagi-
nas ações necessárias para revisão do Plano de Fundação Toyota do Brasil, Brazilian Luxury Travel
solidado, pelos aportes da Fundação em questão. nam, fundos têm início com aportes de
Manejo. Association e Amigos Parque Nacional da Tijuca,
diferentes valores. Estimule as empre-
O Fundo Guanabara, criado em 2011, já foi utili- além de doadores pessoa física.
A parceria com o Parque Nacional da Tijuca viabi- sas da região a conhecer outras formas
zado em melhorias na infraestrutura da sede, no de colaborar com a proteção da biodi-
lizou a realização do projeto Horizonte 2030, com
fortalecimento do Conselho Gestor, assim como versidade.
foco na construção de uma visão estratégica de
em pesquisas científicas, ações de educação am-
longo prazo para o Parque, a respeito do arranjo Foto: Rafael Munhoz
ࡿࡿ O patrimônio protegido pelas UCs é
biental, despesas operacionais e em atividades de
de gestão compartilhada e do Plano Estratégico de de toda sociedade brasileira e envolver
custo mais representativo, como a sinalização dos
Comunicação. as empresas nesse sistema é uma boa
limites marinhos da UC com boias náuticas. Em
Perspectivas maneira de aumentar o engajamento nes-
parceria com o ICMBio, o fundo também já apoiou
sa causa. Empresas interessadas podem
a Cooperativa Manguezal Fluminense. Em outubro de 2017, o ICMBio e a Fundação SOS procurar a SOS Mata Atlântica entrando em
O Fundo Toyota APA Costa dos Corais, desenhado Mata Atlântica celebraram cinco novas parcerias contato com a diretora executiva Márcia
para ser constituído em 10 anos com aportes anu- de Fundo de Caixa envolvendo: Hirota: marcia@sosma.org.br e com o dire-
ais realizados pela Fundação Toyota do Brasil pre- tor administrativo Olavo Garrido: olavo@
ࡿࡿ Parque Nacional da Serra da Bodoquena/MS
vê a utilização de parte do recurso em projetos no sosma.org.br
ࡿࡿ Parque Nacional da Serra da Bocaina/RJ/SP
ano e a outra parte reservada para aplicação no
Fundo de Perpetuidade. ࡿࡿ Parque Nacional do Itatiaia/RJ

Fundos de Caixa ࡿࡿ Reserva Biológica do Arvoredo/SC

Essa modalidade foi criada como alternativa em ࡿࡿ Núcleo de Gestão Integrada de Alcatrazes
um cenário desafiador para a captação e a cons- que beneficia o Refúgio da Vida Silvestre de Alca-
tituição de grandes fundos e consiste em inves- trazes e a Estação Ecológica Tupinambá.

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


FUNDO DE PERPETUIDADE
RESULTADOS
238
MEDIDA GARANTE A IMPLANTAÇÃO IMEDIATA 239
DE PROJETOS E ASSEGURA RECURSOS
ࡿࡿ Mais de 6.000 moradores e usuários tiveram rais é uma das Unidades de Conservação incluídas
conhecimento da unidade e do Plano de Manejo no Programa, a parceria com a Fundação Toyota do
FUTUROS PARA A GESTÃO publicado no âmbito do projeto. 867 agentes
engajados em diferentes projetos; 864 pescadores
Brasil possibilitou a constituição do Fundo Toyota
APA Costa dos Corais.
Coordenação geral: Thaís Bleinroth Guedes (Fundação Toyota do Brasil); Camila Keiko Takahashi (Fundação
participaram do I Seminário de Pesca Artesanal.
SOS Mata Atlântica) e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Coordenação A parceria prevê aportes anuais, da Fundação Toyota
O Fundo Toyota apoiou a realização de 624 ações
executiva: Iran Campello Normande (ICMBio). Gestão dos recursos e gerenciamento: Camila Keiko Takahashi do Brasil, de R$ 1 milhão, durante 10 anos. 50% dos
de fiscalização por terra e mar e contribuiu para a
(Fundação SOS Mata Atlântica). recursos são direcionados para a gestão da unidade
criação do Conselho Gestor da UC.
e apoiam pequenos projetos de organizações não
A Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais é PERFIL ࡿࡿ Na esfera do Uso Público, o projeto possibilitou governamentais locais ou com atuação no território.
a quinta maior Unidade de Conservação federal o micro-ordenamento em quatro Zonas de A outra parte é depositada em um fundo de per-
Abrange 13 municípios do litoral sul de Pernam-
Marinha do Brasil, com 413 mil hectares e cerca de Visitação e a criação de mais uma zona da mesma petuidade, que tem como característica a utilização
buco e norte de Alagoas e está localizada, em
120 km de praias e mangues. No entanto, uma sé- categoria e de uma Zona de Preservação da Vida apenas dos juros, somente após o fundo ter adqui-
grande parte, na plataforma continental do litoral
rie de ameaças à conservação estavam presentes, Marinha (ZVPM), onde apenas a pesquisa científica rido a capacidade de com os próprios rendimentos
nordestino, onde estão as maiores extensões de
enquanto as alianças seguiam desarticuladas, e é permitida. Quatro expedições de Monitoramento garantir a continuidade do projeto.
recifes de coral costeiro do país, o que favorece
era preciso fortalecer a própria Unidade de Con- do Impacto da Visitação nos Ambientes Recifais
a ocorrência de grande diversidade biológica re- As ações apoiadas pelo fundo estão divididas em
servação (UC) como bem público. “A Área de Prote- (Check-APACC) efetuadas, nas Zonas de Visitação
presentada por algas, corais, peixes, crustáceos e cinco linhas relacionadas aos objetivos específicos
ção Ambiental Costa dos Corais não possuía Plano de Barra Grande, Taocas e Galés (em Maragogi) e na
moluscos, além do peixe-boi marinho, ameaçado da área protegida em questão.
de Manejo, Conselho Gestor e carecia de recursos, Zona de Visitação de Japaratinga.
de extinção. Conservar os recifes coralígenos e de arenito tem
equipe e estrutura para sua implementação. As ࡿࡿ Implantação e monitoramento de Zona de
como estratégia a criação e o monitoramento de zo-
dimensões, a elevada pressão do turismo, a falta OBJETIVOS Preservação da Vida Marinha de São José da Coroa
nas de preservação da vida marinha em Tamandaré,
de saneamento básico e a especulação imobiliá- Grande. Mais de 44 pesquisas entre realizadas e em
Apoiar a implementação da Área de Proteção Maragogi e Japaratinga.
ria contribuíam para a gestão ser considerada, no andamento. 17 peixes-boi marinhos reintroduzidos
mínimo, bastante complexa”, destaca José Ulisses Ambiental Costa dos Corais com a criação de um Preservar o peixe-boi-marinho e habitat investe
e monitorados e manejo de tartarugas marinhas.
dos Santos, chefe substituto do Núcleo de Gestão fundo de perpetuidade; estimular o fortalecimen- em pesquisa, manejo e monitoramento, que inclui
to institucional e a participação social na gestão ࡿࡿ A visibilidade do Fundo contribuiu para a
Integrada (NGI) Costa dos Corais, vinculado à Área ações no ambiente natural, soltura e expedições.
da Unidade de Conservação; favorecer projetos de implantação de mais projetos na unidade, como
de Proteção Ambiental Costa dos Corais.
instituições parceiras. o Áreas Marinhas e Costeiras Protegidas (GEF- Proteger os manguezais atua em ações de educa-
Mar) e o TerraMar, ambos com participação do ção ambiental, formação de professores e jovens
Foto: Acervo ICMBio
Governo Federal, o projeto vem atraindo também educadores.
Parcerias Ambientais Público Privadas (PAPP), sob Ordenar atividades econômicas tem como estraté-
a responsabilidade executiva do Instituto Brasileiro gia a capacitação de agentes do turismo náutico e o
de Administração Municipal (Ibam). Saiba mais: fortalecimento comunitário.
www.papp.org.br
Incentivar culturas locais destaca o incentivo ao Tu-
rismo de Base Comunitária (TBC) pela característica
METODOLOGIA do baixo impacto alinhada à valorização do modo
de vida local.
Em 2011, a Fundação Toyota do Brasil (FTB) foi con-
vidada, pela Fundação SOS Mata Atlântica, a apoiar Anualmente, um levantamento relaciona as ins-
o Programa Costa Atlântica, uma parceria com o tituições com potencial de execução dos projetos
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodi- relacionados aos objetivos da unidade. Estas insti-
versidade (ICMBio), que tem como missão conser- tuições participam de um workshop e os melhores
var as zonas costeira e marinha sob influência do projetos são aprovados para execução, de acordo
bioma. A Área de Proteção Ambiental Costa dos Co- com volume de recursos disponível para aquele ano.

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


CAMPANHA DE ATENDIMENTO

240
O projeto conta com um sistema de definição de
metas. O acompanhamento é feito a partir dos indi-
INSPIRE-SE! AÇÃO INSCREVE 425 PROPRIETÁRIOS DA ÁREA 241
cadores de curto e médio prazo. DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DE POUSO ALTO NO
ࡿࡿ Parcerias locais somam esforços em
múltiplas frentes, da área de pesquisa até
CADASTRO AMBIENTAL RURAL
PERÍODO as capacitações, passando pela educação e Coordenação geral: Fernanda Marques (Coordenação da Área de Doações Nacionais e Internacionais/Funbio);
Março de 2011 a fevereiro de 2021. monitoramento da biodiversidade. Valorize Daniela Leite (Gerência da Iniciativa TFCA/Funbio); Luciana Valadares (Ministério do Meio Ambiente - MMA)
as iniciativas que estão próximas e contribua e Fernando Tatagiba (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio). Coordenação
quando necessário com a formação dessas executiva: Júlio Itacaramby (consultor Funbio). Gestão dos recursos e gerenciamento: Fundo Brasileiro para a
PARCEIROS DO PROJETO equipes. Biodiversidade - Funbio.

Fundação Toyota do Brasil e Fundação SOS Mata ࡿࡿ Mobilizar as instituições locais favo-
Atlântica. rece a integração da equipe gestora com os Os principais desafios para realização da iniciativa PERFIL
demais atores sociais, investir nessa direção foram as distâncias entre as sedes dos municípios
Área de Proteção Ambiental de Pouso Alto, loca-
é uma das estratégias para mostrar a im- e a área rural, estradas precárias e instabilidade da
lizada na microrregião da Chapada dos Veadei-
portância da conservação das unidades nas cobertura de telefonia móvel. A questão fundiária
esferas socioambiental, no desenvolvimento ros, corresponde a cerca de 2,35% do Estado de
também tornou o processo mais demorado e com-
regional alinhado ao turismo sustentável, na Goiás e abrange os municípios de Alto Paraíso
plexo. “Uma das grandes dificuldades do CAR em ter-
pesquisa científica e no respeito ao modo de de Goiás, Cavalcante, Colinas do Sul, Nova Roma,
Foto: Rafael Munhoz ritório nacional é justamente sua aplicação em regi-
vida local. São João D’Aliança e Teresina de Goiás.
ões onde não existe a devida regularização fundiária.
ࡿࡿ A participação social vai além do Conse- Aproximadamente 50% dos imóveis da Unidade de OBJETIVOS
lho Gestor da unidade, profissionais envol- Conservação estão em áreas consideradas glebas de-
vidos nessa área precisam estar atentos e Melhoria da gestão territorial da Área de Pro-
volutas pelo Estado de Goiás, ou seja, são áreas em
contribuir ativamente em outros ambientes, teção Ambiental de Pouso Alto, Goiás, com a
que o Estado está buscando a titulação dos seus res-
como por exemplo nos Conselhos Municipais promoção do Cadastro Ambiental Rural (CAR) e
pectivos possuidores. Como o CAR não é um registro
do Meio Ambiente e Turismo e demais espa- o planejamento da paisagem para formação de
georreferenciado, existe margem para sobreposições
ços de participação social formais ou não. de imóveis, sendo difícil proceder a análise de qual
corredores ecológicos com a locação de reser-
vas legais. Atualizar a base de dados geográficos
limite deve prevalecer, uma vez que as documenta-
e as informações dos imóveis rurais da região.
ções comprobatórias são frágeis”, afirma Cristiane
Prestar assistência técnica para encaminhamen-
Silva e Souza, gerente de Flora na Secretaria de Meio
to de cadastros dos imóveis rurais à base do
Ambiente, Recursos Hídricos, Infraestrutura, Cidades
Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural
e Assuntos Metropolitanos (Secima-GO), responsável
(SiCAR).
pela área de Cadastro Ambiental Rural, em Goiás.
Foto: Acervo ICMBio Foto: Rafael Munhoz

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


RESULTADOS
242 ࡿࡿ 684 proprietários rurais atendidos, em geral de do projeto e mobilização dos proprietários; presta- Nessa etapa foi contratado um consultor especia- Na etapa de assistência técnica ao cadastramento,
243
pequenas propriedades – com até quatro módulos ção de assistência técnica para encaminhamento lista em geoprocessamento, Nicholas Saraiva, para uma equipe de quatro especialistas em georrefe-
fiscais – e 425 cadastros concluídos; número de cadastros ao SiCAR; registro e relatoria final. atualização dos dados geográficos da região sobre renciamento da região foi contratada para o balcão
considerado satisfatório diante do tempo de Na etapa de planejamento, o consultor Julio Itaca- hidrografia, malha viária, limites municipais, uso e de atendimento, trabalhando em regime de mutirão.
duração da campanha e da capacidade instalada. ramby, coordenador executivo do projeto, realizou ocupação do solo, cobertura vegetal, zoneamento O primeiro balcão foi montado na sede de Alto Pa-
uma série de reuniões com parceiros que pudessem ambiental, incluindo validação em campo dos da- raíso de Goiás e seguiu para os demais municípios.
ࡿࡿ Economia de R$ 425 mil para a comunidade
contribuir para as ações previstas. As equipes con- dos, para entrega de um Sistema de Informações Devido à grande demanda em Alto Paraíso, foi man-
local, com base no custo médio de R$ 1 mil por
tratadas para a execução do projeto passaram por Geográficas preciso e atualizado sobre a Área de tido um balcão fixo nesse município em semanas
serviços técnicos para inscrição no CAR.
uma oficina de capacitação de dois dias. Proteção Ambiental de Pouso Alto. alternadas. O atendimento ao público foi organiza-
ࡿࡿ O projeto contribuiu com a injeção de cerca do da seguinte maneira: fila, por ordem de chegada;
A Secima, por meio da Superintendência de Prote- Para estimular a adesão ao projeto e ampliar a divul-
de R$ 201 mil na economia local, entre insumos, triagem; e atendimento técnico. Durante a espera,
ção Ambiental e Unidades de Conservação, Gerên- gação na região, uma equipe de quatro profissionais
serviços, contratação de equipe e equipamentos técnicos verificavam a documentação e preenchiam
cia de Flora e Gerência de Compensação Ambiental foi contratada para realizar as ações de mobilização,
doados às instituições. a ficha de triagem.
e Áreas Protegidas, se comprometeu a disponibi- que consistiram em reuniões comunitárias entre
ࡿࡿ O envolvimento dos parceiros e das instituições órgãos públicos, sindicatos rurais, associações, pro- Em sete semanas, a campanha realizou atendimen-
lizar dois analistas ambientais, Daurélio Barbosa
fortaleceu a gestão territorial da Área de Proteção prietários e atores-chave em geral. Uma consultoria to gratuito em balcão para encaminhamento de ca-
Rocha e João Marcos Gonçalves, para treinamen-
Ambiental de Pouso Alto com palestras, cursos, de comunicação foi prevista e desenvolveu o plano dastros ao SiCAR em todos os municípios com sede
to das equipes do projeto e auxílio no balcão de
informativos e atualização do banco de dados rural e as peças específicas da campanha de divulgação. dentro da Unidade de Conservação em Pouso Alto:
atendimento montado no município de Alto Paraíso
da região; atraindo novos parceiros interessados
de Goiás, orientando os proprietários interessados
em desenvolver o mesmo projeto em outros
para a inscrição de cadastro de seus imóveis rurais
municípios.
de até quatro módulos fiscais.

O Sindicato Rural de Alto Paraíso de Goiás também


METODOLOGIA foi um parceiro estratégico, cedendo as instalações
A melhoria da gestão territorial da Área de Proteção para operação do balcão de atendimento e auxi-
Ambiental de Pouso Alto, por meio da realização do liando na divulgação e mobilização local. A Secreta-
Cadastro Ambiental Rural (CAR), constituiu o pano ria Municipal de Meio Ambiente de Alto Paraíso de
de fundo para a implementação do Projeto “Promo- Goiás ofereceu as instalações para atividades pre-
ção do Cadastro Ambiental Rural (CAR) na Área de paratórias e de mobilização e o alojamento aos téc-
Proteção Ambiental de Pouso Alto – Goiás”. A ini- nicos cedidos Secima (que permaneceram em Alto
ciativa realizada com recursos do Tropical Forest Paraíso durante os 10 primeiros dias).
Consevation Act (TFCA) foi coordenada pelo Fundo Na etapa de atualização das bases de dados ge-
Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio), Ministério ográficos e das propriedades rurais da região, fo-
do Meio Ambiente (MMA) e Instituto Chico Mendes ram levantadas informações relativas ao número
de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), em par- de imóveis rurais da região, por meio de pesquisa
ceria com a Secretaria de Meio Ambiente, Recursos nos Sindicatos Rurais locais, Cartórios, Secretaria de
Hídricos, Infraestrutura, Cidades e Assuntos Metro- Estado de Desenvolvimento Econômico, Científico e
politanos (Secima-GO). Tecnológico e de Agricultura, Pecuária e Irrigação
A execução do projeto seguiu as seguintes etapas: (SED-Goiás), Instituto Nacional de Colonização e
atividades preparatórias, planejamento e capacita- Reforma Agrária (Incra), Serviço Florestal Brasileiro
ção da equipe contratada para mobilização e cadas- (SFB), entre outros órgãos federais, estaduais e mu-
tramento; atualização das bases de dados geográfi- nicipais. Via de regra a fonte oficial é o censo agro-
cos das propriedades rurais da região; divulgação pecuário IBGE 2006, considerado defasado.

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


CONDICIONANTES AMBIENTAIS

244
Alto Paraíso de Goiás, Cavalcante, Colinas do Sul,
São João da Aliança, Nova Roma e Teresina de Goiás.
INSPIRE-SE! GRUPO DE TRABALHO ESTABELECE NOVA 245
O atendimento técnico teve como orientação um
DINÂMICA ENTRE EMPREENDEDOR, ÓRGÃOS
protocolo que incluiu: ࡿࡿ Apoiar ações com impacto na vida dos
moradores das Unidades de Conservação e
PÚBLICOS E COMUNIDADES TRADICIONAIS
ࡿࡿ Destacar a responsabilidade do proprietário do entorno é também uma forma de refor- Coordenação geral: Kelly Ferreira Cottens (Área de Proteção Ambiental de Guaraqueçaba/ ICMBio). Coordenação
nas informações prestadas, os objetivos do Cadas- çar o posicionamento das áreas protegidas executiva: Luiz Narok (Terminal de Contêineres de Paranaguá - TCP). Gestão dos recursos e gerenciamento:
tro Ambiental Rural (CAR) e a legislação relacionada. quanto à integração dos eixos social, am- Terminal de Contêineres de Paranaguá - TCP.
biental e econômico.
ࡿࡿ Abertura de pasta com os dados do proprie-
tário e inserção das informações preliminares no Os múltiplos usos na Área de Proteção Ambiental de Guaraqueçaba des- PERFIL
ࡿࡿ O apoio entre as unidades deve ser
software do SiCAR. constante. Se alguma ação impacta os mora- pontam entre as principais características da unidade que concilia preser-
Em cerca de 280 mil hectares
dores da área de conservação mais próxima, vação do modo de vida das comunidades tradicionais com a presença do
ࡿࡿ Delimitação do perímetro do imóvel pelo Google da Área de Proteção Ambien-
some esforços e contribua. complexo portuário de Paranaguá. “O licenciamento ambiental dos em-
Earth. Essa informação também poderia ser fornecida tal de Guaraqueçaba vivem
preendimentos portuários se configura um grande desafio de gestão para
pelo proprietário em via digital, mapas ou pela indica- ࡿࡿ Áreas protegidas que abrangem mais de indígenas, quilombolas e pes-
a equipe da unidade, que busca equilibrar os diferentes usos do território
ção nas próprias imagens de satélite do software. um município precisam implementar ações cadores artesanais caiçaras,
e garantir a proteção da rica biodiversidade local. Tendo em vista que
de comunicação – via parceria – em todos com aproximadamente 30 mil
ࡿࡿ Aplicação dos layers disponibilizados pelo os portos do Paraná já operam há várias décadas, os empreendimentos
eles, considerando estratégias para as áreas hectares em sobreposição ao
SIG para verificar a sobreposição com outros imó- não tiveram sua instalação condicionada pelas regras atuais do processo
rural e urbana. Parque Nacional de Superagui.
veis, hidrografia etc. de licenciamento ambiental. As empresas portuárias estão em processos
A unidade protege diferentes
de regularização dos seus respectivos licenciamentos ou iniciaram esse
ࡿࡿ Entrega do recibo do CAR e esclarecimentos ecossistemas do complexo
ajuste a partir de processos de ampliação”, destaca Kelly Ferreira Cottens,
quanto à necessidade de acompanhar o cadastro estuarino de Paranaguá.
analista ambiental e agente de fiscalização na unidade.
pela Central do Proprietário até a validação do ór-
gão estadual, em Goiás, Secima. Apesar da complexidade da unidade que protege o maior remanes- OBJETIVOS
cente florestal contínuo de Mata Atlântica e ainda é zona de amorteci-
A metodologia utilizada considerou o registro de to- Acompanhar o cumprimento
mento para as Unidades de Conservação do grupo da proteção integral
das as etapas, por meio de fotografias e relatórios das cláusulas ambientais es-
localizadas em seu interior, a comunicação com a equipe do Terminal
técnicos e de prestação de contas, incluindo um re- tabelecidas no licenciamento
PERÍODO de Contêineres de Paranaguá estava repleta de lacunas. “O diálogo
latório final do projeto contendo a compilação de do Terminal de Contêineres de
era insuficiente e as características das Unidades de Conservação da
informações dos relatórios mensais previstos; indi- Paranaguá (TCP), promover a
Novembro de 2016 a julho de 2017. região pouco reconhecidas pelo empreendedor”, pontua Kelly.
cação dos produtos de SIG gerados; quantitativo de aproximação entre as equipes
propriedades rurais e cobertura das áreas cadastra- Até que o processo de ampliação do Terminal de Contêineres de Pa- gestoras das Unidades de Con-
das; indicação dos corredores ecológicos formados PARCEIROS DO PROJETO ranaguá (TCP) representou uma oportunidade. “O ICMBio avaliou os servação (UCs) e as lideranças
pela alocação das reservas legais; conforme orien- estudos de impacto ambiental e propôs condicionantes de caráter da área ambiental do empre-
Secretaria de Meio Ambiente, Recursos Hídricos, In-
tação da assistência técnica prestada; conclusões, mitigador e compensador dos impactos ambientais negativos gera- endimento.
fraestrutura, Cidades e Assuntos Metropolitanos (Se-
lições aprendidas e recomendações. dos pela atividade”, afirma a analista.
cima-GO); Sindicatos Rurais de: Alto Paraíso de Goiás;
Os bons resultados alcançados pelo Projeto CAR re- Cavalcante, Teresina de Goiás, Nova Roma, São João Foto: Acervo ICMBio Foto: Acervo ICMBio

sultaram na aprovação de uma continuidade para a D’Aliança e Colinas do Sul; Empresa de Assistência
iniciativa de melhoria da gestão territorial da Área Técnica e Extensão Rural (Emater); Secretaria Munici-
de Proteção Ambiental de Pouso Alto, pelo reconhe- pal de Turismo e Meio Ambiente em Colinas do Sul;
cimento do Mosaico de Áreas Protegidas da Cha- Secretaria de Agricultura; Secretaria de Educação e
pada dos Veadeiros. Essa nova etapa nos mesmos Gabinete do Prefeito em Cavalcante; Secretaria de
moldes do projeto CAR pretende contribuir para a Agricultura e Secretaria de Regularização Fundiária
consolidação do Mosaico e está prevista para 2018, em Teresina de Goiás; Conselhos Municipais; Parque
com recursos do TFCA. Nacional Chapadas dos Veadeiros/ICMBio.

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


RESULTADOS INSPIRE-SE!
246 ࡿࡿ O estímulo à gestão participativa e ao
247
para o Licenciamento Ambiental – ALA n° 03/2012 e Cada fase de operação do Terminal de Contêineres
monitoramento da biodiversidade constituem 07/2016 emitidas em favor do TCP. de Paranaguá está condicionada a programas am-
ࡿࡿ Grupos de Trabalho permitem articular
os dois eixos centrais. O Programa de Educação bientais especificamente determinados para a pro-
Uma dessas condicionantes do ICMBio determinou ações para um propósito específico e des-
Ambiental para a Gestão de Resíduos Sólidos nas teção das Unidades de Conservação. A partir de um
a formação de um Grupo de Trabalho (GT) constitu- pontam como estratégia capaz de apresentar
Comunidades investiu na capacitação e retirou novo processo de ampliação, foi emitida nova ALA
ído por representantes do Terminal de Contêineres resultados a curto prazo.
35.042,75 kg de lixo nos ecossistemas de manguezais 07/2016 que manteve e aumentou o GT.
de Paranaguá (TCP); do Instituto Chico Mendes de
e restingas da Área de Proteção Ambiental de ࡿࡿ Pesquise se a empresa desenvolve
Conservação da Biodiversidade (ICMBio); do Instituto
Guaraqueçaba. O material foi comercializado com algum programa de responsabilidade so-
Ambiental do Paraná – (IAP); do Centro de Estudos PERÍODO cioambiental e converse sobre projetos em
a Cooperativa de reciclagem do município. No
do Mar/Universidade Federal do Paraná (CEM/UFPR); conjunto que tornem a presença do em-
momento, o programa recebe aportes do TCP, mas Abril de 2012 – contínuo (vinculado à operação do
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos preendimento dentro de uma Unidade de
há um plano de gestão que busca a viabilidade Terminal de Contêineres de Paranaguá).
Naturais Renováveis (Ibama); Universidade Estadual Conservação mais relevante para os demais
econômica em médio prazo.
do Paraná (Unespar) e de lideranças das Comunida- atores sociais.
ࡿࡿ O Projeto de Desenvolvimento do Turismo des Tradicionais, além de representante da Adminis- PARCEIROS DO PROJETO ࡿࡿ Conselhos Consultivos e Grupos de
Comunitário mapeou os atrativos para o ecoturismo, tração dos Portos de Paranaguá e Antonina (APPA).
Conselhos gestores da Área de Proteção Ambiental Trabalho devem coexistir. Em certos casos,
turismo de pesca e a produção de artesanato
A iniciativa buscou assim avaliar os resultados dos de Guaraqueçaba (Conapa) e da Estação Ecológica as formações contam com os mesmos repre-
sustentável. Os moradores receberam capacitações
programas e monitoramentos ambientais realiza- sentantes, mas em outros são tão diferentes
sobre turismo, formação de guias e condutores. de Guaraqueçaba (Cosec); Universidade Estadual do
dos pelo TCP e elaborar estratégias para a gestão que é necessário implementar ações que
Na comunidade de São Miguel foi construído um Paraná Campus Paranaguá (Unespar); Terminal de
ambiental, mitigação de impactos, compatibilização integrem as duas esferas para o compartilha-
Pacote de visitação completo que atraiu um grupo Contêineres de Paranaguá (TCP); Ministério Públi-
das diversas atividades realizadas na área de influ- mento de avanços e da experiência.
de Escoteiros de Curitiba. co do Paraná - Bacia Litorânea, Administração dos
ência do empreendimento com apresentação e di- Portos de Paranaguá e Antonina (APPA); Instituto
ࡿࡿ Divulgação da Área de Proteção Ambiental como vulgação de relatório anual. Ambiental do Paraná (IAP); Universidade Federal do
destino turístico em página criada no Facebook
Em um primeiro momento, a obrigatoriedade con- Paraná - Centro de Estudos do Mar (UFPR/CEM); Ins-
Turismo Sustentável na Colônia Insular de São Miguel.
dicionada pela licença não refletiu na formação do tituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Os moradores também passaram por capacitação em
Grupo de Trabalho (GT). A equipe gestora da Área Naturais Renováveis (Ibama).
empreendedorismo e foram integrados à Rede Caiçara
de Proteção Ambiental de Guaraqueçaba realizou a
de Turismo Comunitário, que inclui as comunidades do Foto: Acervo ICMBio
operação de fiscalização intitulada “Porto” e notifi-
litoral sul de São Paulo e Paraná. O objetivo é incentivar
cou o TCP a comprovar a implementação das con-
a autogestão do turismo na unidade.
dicionantes ambientais previstas na ALA 03/2012,
ࡿࡿ Início do manejo do siri exótico (Charibidys entre elas a constituição do GT.
hellerii), no Complexo estuarino de Paranaguá. As
Após essa cobrança, o empreendedor organizou o
orientações estão reunidas no Plano de Manejo do
GT incluindo o aporte necessário. A iniciativa que
Siri C. hellerii. A identificação dos principais pontos
prioriza o diálogo aproximou os atores envolvidos
de ocorrência dos adultos da espécie teve como
na unidade e fomentou o comprometimento de li-
base os saberes dos pescadores da região.
deranças do TCP com o projeto.

Os resultados dos programas e os monitoramentos


METODOLOGIA ambientais realizados pelo TCP são apresentados
Após o licenciamento da ampliação do Terminal de em reuniões semestrais. Anualmente, os Conselhos
Contêineres de Paranaguá, a equipe gestora da Área Gestores das Unidades de Conservação têm conhe-
de Proteção Ambiental de Guaraqueçaba passou a cimento formal das principais ações discutidas no
acompanhar e qualificar o atendimento das con- GT. O objetivo é compartilhar com os Conselhos as
dicionantes ambientais previstas nas Autorizações ações de maior interesse desse público.

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