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Artigo Original
RESUMO | OBJETIVO: Este estudo trata-se de uma pesquisa documen- ABSTRACT | OBJECTIVE: This study is a documentary research that
tal que teve como objetivo apresentar uma análise crítica sobre a rela- aimed to present a critical analysis of the relation between the Sistema
ção entre o Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e o Sistema de Único de Assistência Social (SUAS) (Brazilian Social Service System) and
Justiça brasileiro (SJ), com foco na atuação da psicologia. MÉTODOS: the Brazilian Justice System (SJ), with a focus on psychology. METHOD:
Foram analisados oito documentos oficiais adotados pelo Sistema Eight official documents adopted by the Brazilian Psychology Councils
Conselhos de Psicologia como referência para orientação. Utilizou-se System as a reference for guidance were analyzed. MAXQDA software
o suporte do software MAXQDA para análise. Buscou-se responder a support was used for analysis. We tried to answer three questions: (a)
três questões: (a) Como ocorre a relação entre o SUAS e o SJ? (b) Quais How does the relation between SUAS and SJ occur? (b) What are the
os impactos das demandas do SJ na organização do trabalho da(o) psi- impacts of the SJ's demands on the organization of the psychologist's
cóloga(o) no SUAS? (c) Quais posicionamentos e orientações o Sistema work at SUAS? (c) What positions and orientations does the Brazilian
Conselhos de Psicologia adota perante essa questão? RESULTADOS: Psychology Councils System take on this issue? RESULTS: It was
Constatou-se que a atuação da psicologia no SUAS em interface com found that the performance of psychology at SUAS in interface with
o SJ envolve atividades previstas, como a execução de medidas so- the SJ involves planned activities, such as the execution of socio-
cioeducativas e participação em audiências, mas frequentemente é educational measures and participation in hearings, but it is often
acometida com demandas que extrapolam o planejamento, incluindo affected by demands that go beyond planning, including carrying
realização de perícias, avaliação e acompanhamento psicológico. Essas out a forensic evaluation, assessment, and psychological care. The
demandas foram associadas à precarização da política pública, sobre- demands that go beyond the objectives of SUAS were attributed to
carga de trabalho às equipes e conflitos éticos às(aos) psicólogas(os). the precariousness of public policy, work overload for teams, and
Como posicionamentos, é apontado que a(o) psicóloga(o) pode recusar ethical conflicts for psychologists. As positions, it is pointed out that the
as solicitações, conforme justificativa de impedimento ético e técnico, psychologist may refuse requests, f to the justification of ethical and
porém deve-se priorizar acatá-las, executando-as conforme as espe- technical impediment, but it must be prioritized to comply with them,
cificidades do SUAS, não excedendo sua competência. CONCLUSÃO: executing them according to the specifics of SUAS, not exceeding its
Concluiu-se que a psicologia no SUAS pode contribuir com o SJ a partir competence. CONCLUSION: It was concluded that psychology at SUAS
de uma atuação intersetorial que respeite os objetivos da Assistência could contribute to the SJ through intersectoral work that respects
Social. O papel mediador das gestões é fundamental para elucidar atri- the objectives of Social Service. The mediating role of managers is
buições e estabelecer fluxos profícuos de trabalho. fundamental to elucidate attributions and establish fruitful workflows.
PALAVRAS-CHAVE: Assistência Social. Sistema de Justiça. Psicologia. KEYWORDS: Social Work. Justice system. Psychology. Public Policy.
Políticas Públicas.
Submetido 04/01/2021, Aceito 06/07/2021, Publicado 26/07/2021 Como citar este artigo: Jacinto, P. M. S. (2021). Sistema Único de
Rev. Psicol. Divers. Saúde, Salvador, 2021 Julho;10(2):246-258 Assistência Social e Sistema de Justiça: explicitando problemáticas e
http://dx.doi.org/10.17267/2317-3394rpds.v10i2.3555 orientações a psicólogas(os). Revista Psicologia, Diversidade e Saúde,
ISSN: 2317-3394 10(2), 246-258. http://dx.doi.org/10.17267/2317-3394rpds.v10i2.3555
Assistência social e justiça
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Assistência social e justiça
comunidade. Para tanto, devem possuir implementa- Socioassistenciais (Resolução CNAS nº 109, 2009) de-
dos o Programa de Atenção Integral à Família (PAIF) e fine que constituem unidades públicas para a oferta
o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos de serviços especializados da Proteção Social Especial
(SCFV). Segundo o Conselho Federal de Psicologia de Alta Complexidade aqueles que promovem “ser-
(2008), o trabalho da psicologia nesse contexto con- viços especializados, em diferentes modalidades e
siste em participar de todas as ações dos Serviços, equipamentos, com vistas a afiançar segurança de
concessão de Benefícios e execução de Programas e acolhida a indivíduos e/ou famílias afastados tempo-
Projetos do SUAS. rariamente do núcleo familiar e/ou comunitários de
origem” (p. 2). Para a sua oferta, deve-se assegurar
Diferente da PSB, cujo foco principal é prevenir a proteção integral aos sujeitos atendidos, garantindo
ocorrência de situações de risco e violações de direi- atendimento personalizado e em pequenos grupos,
tos, a Proteção Social Especial (PSE) organiza estraté- com respeito às diversidades (ciclos de vida, arranjos
gias e serviços para lidar com tais situações após seu familiares, raça/etnia, religião, gênero e orientação
acontecimento. Assim, casos de negligência, abando- sexual). Tais serviços devem primar pela preservação,
no, violências, dentre outros, são abarcados nesse fortalecimento ou resgate da convivência familiar e
nível de proteção. Os serviços, projetos e programas comunitária - ou construção de novas referências,
abarcados pela PSE seguem as diretrizes do SUAS e quando for o caso - adotando, para tanto, metodolo-
devem visar ao fortalecimento dos vínculos socioco- gias de atendimento e acompanhamento condizente
munitários e familiares, destacando a autonomia dos com esta finalidade
sujeitos e fortalecendo suas potencialidades. A PSE
se subdivide em dois níveis de complexidade: alta Segundo o documento de tipificação (Resolução
complexidade e média complexidade, em ambos se CNAS nº 109, 2009), os serviços incluídos na PSE
pressupõe a presença de psicólogos como obrigató- de Alta complexidade são: Serviço de Acolhimento
rios nas equipes multidisciplinares. Institucional; Serviço de Acolhimento em República;
Serviço de Acolhimento em Família Acolhedora;
A Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais Serviço de proteção em situações de calamidades
(Resolução CNAS nº 109, 2009) define que consti- públicas e de emergências. Há equipamentos de aco-
tuem unidades públicas para a oferta de serviços lhimento institucional destinados a crianças e ado-
especializados da Proteção Social Especial de Média lescentes, mulheres em situação de violência, idosos,
Complexidade: Centro de Referência Especializado jovens e adultos com deficiência e adultos e família.
de Assistência Social (CREAS); Centro de Referência O acolhimento deve ter caráter provisório e excepcio-
Especializado para População em Situação de Rua nal e funcionar em espaços residenciais não destoan-
(Centro Pop); e Centro-Dia. Nesses dispositivos ofer- tes da comunidade, buscando-se ao máximo integrar
tam-se os seguintes serviços: Serviço de Proteção e as instituições aos recursos do território.
Atendimento a Famílias e Indivíduos (PAEFI); Serviço
de Proteção Social a Adolescentes em Cumprimento Destaca-se que a psicologia se insere em todos os ní-
de Medida Socioeducativa de Liberdade Assistida veis de proteção social apresentados. Por ser uma po-
e de Prestação de Serviços à Comunidade; Serviço lítica nova, considerando a organização atual, ainda há
Especializado em Abordagem Social; Serviço de desafios teóricos e metodológicos que sustentem um
Proteção Social Especial para Pessoas com Deficiência, fazer da psicologia alinhado ao campo da assistência
Idosos e suas Famílias; e Serviço Especializado para social. Gomes e Gonçalves (2018) apontam que, para
Pessoas em Situação de Rua. além da novidade do campo, o trabalho no SUAS põe
em cheque "tradições" da psicologia: uma área social-
Dos dispositivos destacados, ganha destaque o mente percebida como voltada para a elite, executada
CREAS por conta da sua capilaridade dentro do ter- em atendimentos individuais e pautada na realização
ritório brasileiro. Na ausência dos demais, o CREAS de diagnósticos. Outra problemática se refere ao trân-
fica responsável por executar os serviços da PSE no sito da psicologia com outras políticas públicas e, no
município, sempre em articulação com a rede de po- caso do SJ, a pouca ocorrência de profissionais concur-
líticas públicas local. sados. Desse modo, são comuns demandas advindas
dos órgãos de justiça para psicólogas(os) da assistên-
O Ministério Público do Paraná (s.d.), em conso- cia social, mais comumente disponíveis principalmen-
nância com a Tipificação Nacional de Serviços te em municípios de pequeno porte.
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No ano de 2015 foi lançado o maior estudo, até en- concentradas que tematizem o SUAS, dentre outras
tão, sobre as relações entre o SUAS e o SJ, em pesqui- ações que fortaleçam uma atuação intersetorial sem
sa que envolveu o Ministério da Justiça e o Instituto ferir as competências de cada campo. Questiona-se,
de Pesquisa Econômica Aplicada (Ministério da neste estudo, se essas orientações foram incorpora-
Justiça, 2015). Esse documento apresenta uma rea- das pela relação entre o SUAS e o SJ, e se tais precau-
lidade nacionalizada e reafirma a especificidade da ções têm guiado o trabalho de psicólogas(os) inseri-
Assistência Social, sendo esta frequentemente igno- das(os) na política pública de Assistência Social.
rada perante as requisições do SJ. Segundo a pesqui-
sa, são frequentes requisições de perícias, averigua- Este artigo tem por objetivo tecer uma análise crítica
ções de denúncias, atendimentos diretos em serviços sobre a relação entre o Sistema Único de Assistência
específicos (vagas para instituições de acolhimento, Social e o Sistema de Justiça brasileiro, com foco na
programas e cadastros de benefícios eventuais), e so- atuação da psicologia inserida nos dispositivos so-
licitações sobre informações acerca de atendimentos cioassistenciais. Busca-se delinear as principais de-
realizados nos equipamentos do SUAS. mandas relacionadas ao tema, partindo de um estu-
do documental, tomando como base os documentos
As requisições partem principalmente dos juízes, orientadores produzidos e/ou amplamente adotados
Ministério Público e Defensoria, e buscam serviços pelo Conselho Federal de Psicologia e Conselhos
individualizados, como atendimento psicoterápico e Regionais de Psicologia. Deste modo, espera-se que
avaliações psicodiagnósticas, se contrapondo à atua- este artigo sirva de base para orientar reflexões de
ção sociofamiliar que orienta a prática na Assistência profissionais do SUAS, bem como operadores do
Social, que pressupõe atividades de âmbito familiar e Direito, ao expor as particularidades de cada atuação
comunitário, ainda que os atendimentos individuais e o panorama orientador que pauta o trabalho da
não-clínicos sejam parte do instrumental. Tal debate psicologia na Assistência Social.
foi abordado por Cordeiro e Curado (2017), que cri-
ticam o fazer psicológico pautado no modelo clínico
dentro do SUAS, a despeito das orientações contrá-
rias do Conselho Federal de Psicologia e órgãos regu- Método
latórios da Assistência Social. Para as autoras, mesmo
que o método psicoterápico não seja praticado, por Trata-se de um estudo teórico e documental descri-
vezes profissionais acabam enquadrando demandas tivo, de base qualitativa, que busca, a partir de docu-
socioassistenciais a partir de perspectivas que encer- mentos oficiais do Sistema Conselhos de Psicologia1,
ram no sujeito a causa última de problemáticas de tecer uma análise crítica sobre a interface entre a
ordem social. Isso colabora com uma visão restrita atuação da psicologia no SUAS e as demandas rela-
internamente e externamente ao SUAS quanto ao cionadas ao SJ. A escolha dos documentos a serem
trabalho da psicologia nos dispositivos da assistência analisados partiu da experiência do pesquisador, que
social, sendo atraídas cada vez mais solicitações que possui proximidade com um dos Conselhos Regionais
implicam em práticas apartadas da intervenção so- de Psicologia e amplo contato com normativas e do-
cial, familiar e comunitária. cumentos orientadores. Excepcionalmente, o docu-
mento intitulado “Relação entre o Sistema Único de
Diante desse cenário, o Ministério da Justiça (2015) Assistência Social - SUAS e os órgãos do Sistema de
apresenta propostas de alinhamento entre os obje- Justiça” foi incluído, mesmo sendo oriundo do então
tivos do SUAS e as demandas do SJ, como: (a) defini- Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à
ção de fluxos precisos de interlocução, respeitando Pobreza (MDS), devido a seu potencial de referên-
as normativas vigentes; (b) instituição de comissões cia e ampla utilização em processos orientadores do
intergestores que ampliem o diálogo entre as ges- Sistema Conselhos de Psicologia. O Quadro 1 apre-
tões dos dois sistemas; (c) realização de audiências senta os documentos analisados.
1
A nomenclatura Sistema Conselhos de Psicologia engloba o Conselho Federal de Psicologia e todo o conjunto de Conselhos Regionais de Psicologia.
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Quadro 1. Documentos oficiais que abordam a relação entre SUAS e Sistema de Justiça
Buscou-se responder, ao longo da análise, as seguintes questões: (a) Como ocorre a relação entre o SUAS e o
SJ? (b) Quais os impactos das demandas do sistema de justiça na organização do trabalho da(o) psicóloga(o) no
SUAS? (c) Quais posicionamentos e orientações o Sistema Conselhos de Psicologia adota perante essa questão?
Cada questionamento apresentado foi transformado em uma categoria principal.
Os elementos que compuseram essas categorias foram formulados a partir da estratégia de codificação aberta,
oriunda da Teoria Fundamentada nos Dados. Nesse processo, foi realizada uma leitura integral dos documen-
tos, dando destaque aos segmentos de texto que evidenciassem a temática de interesse. Na codificação aberta,
palavras e ideias que se comunicassem com os questionamentos elencados foram previamente selecionados e,
posteriormente, foi relido o contexto em que se encontravam. Essa releitura permitiu refinar a categorização.
Para tanto, segiu-se a orientação de Gasque (2007), segundo o qual, para que o processo de codificação aberta
seja eficaz, ao encarar os dados o pesquisador deve indagar “o que é isso?” e “o que isso representa”? Seguindo
essas orientações, foram formadas as subcategorias expressas nos Quadros 2, 3 e 4.
A análise dos documentos foi realizada com auxílio do software de análises qualitativas MAXQDA. Foram utiliza-
dos os recursos de codificação, análise de segmentos, nuvens de palavras, visualizador de matriz de códigos e
MAXMaps, uma ferramenta visual que permite observar dinamicamente a conexão entre documentos, categorias
formuladas e segmentos codificados.
Resultados e discussões
Os documentos demonstraram que a relação entre o SUAS e o SJ podem ocorrer em duas principais configura-
ções. Na primeira, encontram-se atividades pré-estabelecidas na política pública de Assistência Social que envol-
vem a ação das equipes do SUAS em interface com os dispositivos do SJ. Na segunda, localizam-se as atividades
demandadas pelo SJ que fogem ao escopo previsto nos planos de trabalho das equipes do SUAS.
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Constatou-se que a relação prevista entre o SUAS e (como a destituição do poder familiar, ou o encami-
o SJ ocorre em todos os níveis de complexidade da nhamento para alguma família substituta). Todo
Assistência Social. A análise dessa articulação na esse processo ocorre assessorado pelas equipes da
Proteção Social Básica demanda a compreensão do Assistência Social, através da elaboração de relató-
público e objetivos do SUAS. A PNAS (2004) apresenta rios periódicos, e contatos frequentes com o SJ para
como público usuário da Assistência Social todos os estudos de caso e participação em audiências.
cidadãos e grupos que se encontram em situações
de vulnerabilidade e riscos, incluindo: famílias e in- Também na Proteção Social Especial, merece desta-
divíduos com perda ou fragilidade de vínculos; ciclos que a atuação dos CREAS, dispositivos que executam
de vida (crianças, adolescentes, idosos); identidades funções intimamente relacionadas com as demandas
estigmatizadas em termos étnico, cultural e sexual; da justiça, o que se materializa na definição da equi-
pessoas com deficiência; pessoas em situação de pe mínima dessa instituição, que envolve a presença
pobreza; pessoas inseridas precariamente no mer- de psicóloga(o), assistente social e advogada(o) (CFP,
cado de trabalho; usuários abusivos de substâncias 2013). Ademais, os CREAS são dispositivos que execu-
psicoativas, dentre outras condições. Assim, mesmo tam, de modo prioritário, as Medidas Socioeducativas
os serviços que não foram apontados como formal- de Meio Aberto: Prestação de Serviços à Comunidade
mente relacionados com a justiça lidam cotidiana- (PSC) e Liberdade Assistida (LA).
mente com populações com demandas amparadas
legalmente, ou que têm a possibilidade de uma in- A atuação da psicologia no SUAS perante a execução
serção em processos judiciais diante das consequên- das Medidas Socioeducativas de Meio Aberto é uma
cias da fragilidade social, que pode se materializar, das principais atividades que denotam a interseção
por exemplo, em situações de exclusão, violências ou com o SJ (CFP, 2012, 2013). Essas medidas são regi-
outras formas de opressão. das pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº
8.069, 1990) e pelo Sistema Nacional de Atendimento
Nesse sentido, mesmo que o Documento de Socioeducativo (Sinase) (Lei nº 12.594, 2012), sendo
Referência Técnica para atuação do(a) psicólogo(a) aplicadas por determinação judicial a adolescentes
no CRAS/SUAS (CFP, 2008) não evidencie uma atua- que infringiram a lei. O cumprimento das Medidas
ção em interface com o SJ, este reafirma uma atua- Socioeducativas de Meio Aberto ocorre com o ado-
ção da psicologia na efetivação de direitos sociais. lescente em comunidade, sendo acompanhado por
Assim, o CRAS pode ser encarado também como um equipe multidisciplinar. Dessa forma, a psicologia é
instrumento de prevenção da judicialização desses demandada a realizar acompanhamento em casos
casos, na medida em que promove ações de fortale- de aplicação de PSC e LA, devendo elaborar um Plano
cimento social, ampliação da autonomia e prevenção Individual de Atendimento (PIA) com o adolescente e
de situações de risco e vulnerabilidades. Destaca-se família, documento que estabelece metas, interme-
que, além de significar um agravamento da situação diando as ações socioeducativas no SUAS com o SJ.
de vulnerabilidade, a judicialização das demandas so- Esse intermédio ocorre por meio da emissão de do-
cioassistenciais pode ter efeitos adversos no vínculo cumentos, contatos diretos, estudos de caso e parti-
estabelecido entre as equipes do SUAS e as famílias, cipação em audiências judiciais.
diante da inclusão do SJ nessa mediação (Saramento
et al., 2019). A articulação com a rede intersetorial é outro pon-
to característico da atuação. Os documentos reafir-
Na Proteção Social Especial, essa articulação entre o mam que o SUAS faz parte de uma rede que envolve
SUAS e o SJ fica mais evidente. A alta complexidade os sistemas de saúde, educação, justiça, previdên-
lida com públicos cuja institucionalização se torna cia, dentre outros âmbitos das políticas públicas.
recurso. Situações de violência, negligência, abusos, Precisamente com o SJ, é pontuada a interseção fei-
tráfico de pessoas, dentre outras violações, neces- ta diretamente entre as(os) psicólogas(os) do SUAS
sariamente passam por processos de judicialização e com o judiciário através de contatos, audiências
(CFP, 2008, 2016a, 2016b). A exemplo da institucio- e estudos de caso (CFP, 2012, 2013, 2016a, 2016b).
nalização de crianças e adolescentes em abrigos, ca- Nesse aspecto, há dificuldades apontadas, como: “a
sas-lares, ou mesmo nas famílias acolhedoras, cabe burocracia dos encaminhamentos, a desarticulação
ao judiciário dar aval para ações das equipes multi- da rede, a morosidade do judiciário, a precariedade
disciplinares, e definir o direcionamento dos usuários dos Conselhos Tutelares, entre outros” (CFP, 2013, p.
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39). Do mesmo modo, salienta-se a importância da não redução da articulação com a rede intersetorial a um sim-
ples processo de encaminhamentos, que se resume à transmissão de responsabilidades. Deve-se, por outro lado,
estabelecer objetivos compartilhados relacionados a cada caso, respeitando a atribuição de cada política pública
envolvida (Romagnoli & Silva, 2019).
Como observado, a relação entre o SUAS e o SJ pode fazer parte do escopo dos dispositivos socioassistenciais.
Entretanto, observa-se uma problemática quando essas demandas passam a ser a centralidade dos serviços, ou
quando extrapolam a função das equipes nesse contexto. O Conselho Federal de Psicologia (2016a, 2016b), o
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza (2016), e o Conselho Regional Psicologia da 11ª Região
(2015) apontam que, para além das atividades apresentadas, as requisições do SJ aos dispositivos do SUAS en-
volvem: acompanhamento psicológico, avaliação psicológica ou social, e averiguação de denúncias. Os documen-
tos revelam que essas demandas podem gerar problemáticas e comprometer o cumprimento dos objetivos do
SUAS. Aspectos relacionados às solicitações e encaminhamentos oriundos do SJ têm sido debatidos amplamente
na área do Serviço Social (Saramento, 2018; Pereira & Zaniani, 2019), mas, embora ocupe parte da agenda do
Sistema Conselhos de Psicologia, pouco têm sido explorados nas produções científicas em Psicologia.
O Quadro 2 apresenta, de modo sistematizado, as atividades executadas pela(o) psicóloga(o) do SUAS em inter-
face com o SJ, com base nos documentos analisados.
As formas de atuação apresentadas envolvem a ação da psicologia nos serviços socioassistenciais em interface
com o SJ. É importante pontuar que essa prática não é uma reprodução da psicologia jurídica executada nos tri-
bunais, Ministério Público, Defensoria Pública e afins, que se reverbera nas atividades das(os) psicólogas(os) do
SUAS. As(os) profissionais do SUAS são orientados por diretrizes setoriais condizentes com a PNAS e se pautam
nos modos de trabalho e objetivos específicos da Assistência Social.
Impactos das demandas do sistema de justiça na organização do trabalho da(o) psicóloga(o) no SUAS
Observou-se, entretanto, que a maior preocupação expressa nos documentos sobre esse quesito se refere ao
impacto das requisições do SJ aos dispositivos do SUAS que não compreendem o fluxo previsto de atuação, e/
ou são apresentadas de modo coercitivo e pouco alinhado com a política pública de Assistência Social. A falta
de interpretação de outros setores sobre a atuação do SUAS é referenciado pelo Conselho Federal de Psicologia
(2012). Esse processo gera impactos diretos no trabalho das(os) psicólogas(os) e no SUAS, reverberando em equi-
pes e usuários.
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Foi possível constar que a principal problemática apresentada nos documentos analisados se refere às solicita-
ções do SJ às equipes do SUAS de realização de atividades não previstas na política pública de Assistência Social.
Demandas que excedem as funções da psicologia no SUAS acabam por prejudicar os fluxos já estabelecidos
conforme alinhados pela PNAS e planejamentos municipais e estaduais, impactando na qualidade do serviço
ofertado e violando, por consequência, os direitos à população usuária. Por outro lado, os documentos respal-
dam que há atividades prevista que se pautam nessa interrelação e representam o compromisso de realizar o
acompanhamento socioassistencial aos sujeitos abarcados por demandas judicializadas, contanto que não sejam
feridos os objetivos da Assistência Social.
A análise dos documentos torna evidente que as relações entre o SUAS e o SJ apresentam uma importante di-
mensão para o trabalho da psicologia. O modo como essa relação se estabelece acaba gerando um campo crítico
de orientação por parte do CFP e demais instâncias do Sistema Conselhos de Psicologia. Alguns posicionamentos
são explicitados acerca dessa interseção, sinalizando ações que as(os) psicólogas(os) do SUAS podem tomar pe-
rante impasses das requisições do SJ. Duas possibilidades centrais são apresentadas: a recusa e o atendimento
às requisições.
A recusa não se refere à ausência de resposta, já que existe a determinação legal de obrigatoriedade de atendi-
mento às requisições judiciais. Os documentos apontam para a possibilidade de recusa justificada, na qual a(o)
profissional e a gestão do SUAS (do serviço ou do município) sinalizam a impossibilidade de execução da tarefa
demandada diante de conflito de competência do serviço, barreiras éticas e técnicas, ou qualquer outro fator que
impeça tal atividade.
As razões para a recusa são geralmente amparadas no Código de Ética Profissional do Psicólogo (CEPP), que
sinaliza o dever de o profissional aceitar apenas trabalhos para os quais se sinta tecnicamente e pessoalmente
capacitado (CRP-11, 2015; CFP, 2016a). O CEPP salienta também a impossibilidade de realização de atividades
não havendo condições estruturais adequadas. Tal aspecto torna-se evidente quando há demandas de psicodiag-
nóstico, as quais são executadas frequentemente com apoio de instrumentos de avaliação psicológica que não
fazem parte do escopo do SUAS e, em geral, não estão disponíveis nos dispositivos socioassistenciais. Ademais,
o Conselho Federal de Psicologia (2016b) reitera que o trabalho da psicologia não pode ser generalizado ao ex-
tremo, havendo especialidades que devem ser respeitadas. Nesse sentido, reforça que o escopo da psicologia
jurídica não se enquadra nos fazeres da Assistência Social.
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Acrescenta-se, como razões de recusa: a não rea- O Conselho Federal de Psicologia (2016a) levantou o
lização de procedimentos psicológicos com intuito direcionamento das requisições, sendo a maior parte
de gerar provas, a dificuldade em manter sigilo de (61%) enviada aos órgãos gestores (prefeituras, secre-
informações coletadas nos processos periciais em taria, coordenação, etc.), e um quantitativo significativo
alguns cenários de atuação no SUAS, e a quebra de (18%) diretamente aos profissionais. Diante disso, a ne-
vínculo proveniente do trabalho demandado pelo SJ, cessidade de discussão das problemáticas aqui descri-
dificultando as atividades de cunho socioassisten- tas entre as instâncias gestoras é apontada na maior
cial. Em situações de insistência do SJ após recusa parte dos documentos analisados (CRP-11, 2015; CFP,
fundamentada pela(o) psicóloga(o), sugere-se a no- 2012, 2013, 2016a, 2016b; MDS, 2016). Os documen-
tificação à gestão do serviço e ao Conselho Regional tos sinalizam a importância de fortalecer a atuação das
de Psicologia responsável, adiantando o possível gestões, ampliando o diálogo e evitando uma atuação
acometimento de infração perante requisição judi- intercruzada sem respeito às especificidades dos ser-
cial (CRP-11, 2015). viços. As gestões do SUAS devem assumir posiciona-
mentos de garantia da execução da política pública
Os documentos sinalizam que toda comunicação de de Assistência Social e respaldo às equipes técnicas.
devolutiva ao SJ, incluindo a recusa, deverá ter caráter Entende-se, com isso, que a resposta imediata ao SJ de-
educativo, auxiliando a rede na elucidação dos obje- verá ser apresentada pela gestão do SUAS, protegendo
tivos do SUAS e da especificidade do trabalho da(o) a(o) profissional de psicologia de eventuais conflitos
psicóloga(o) nessa política (CRP-11, 2015; CFP, 2016a, judiciais. Ademais, é a gestão que deverá zelar pelo
2016b). A participação da(o) profissional de psicolo- cumprimento dos objetivos de cada serviço, evitando
gia em espaços de controle social, fóruns interinsti- desvios que prejudiquem seu plano de atividades.
tucionais, rodas de conversa e outros contextos de
discussão também é apontada como ferramenta. Os Cabe às gestões do SUAS, em diálogo com o SJ, esta-
documentos analisados ressaltam que essas ações belecer fluxos precisos, elucidando as possibilidades
tendem a fortalecer o diálogo entre os sistemas e de atuação dos dispositivos socioassistenciais peran-
alinhar melhor as demandas, reafirmando o respeito te as demandas da justiça e englobando a rede inter-
e colaboração entre as equipes da rede intersetorial setorial (CFP, 2016a; CRP-11, 2015; MDS, 2016). A pre-
(CFP, 2012, 2013; MDS, 2016; CRP-11, 2015). cisão nos fluxos evita que atividades extraordinárias
sejam demandadas e situa as equipes em um fazer
No atendimento às demandas do SJ, os documentos alinhado aos princípios da política pública em que
analisados sinalizam a necessidade de obedecer aos se inserem. O Ministério da Justiça (2015) corrobora
princípios do SUAS, à especificidade da atuação da esse posicionamento, reiterando que todo o trabalho
psicologia nesse contexto, e às deliberações éticas da das equipes multiprofissionais deverá ser orientado
categoria. Deve-se também observar as legislações pelas gestões e o estabelecimento de fluxos adequa-
vigentes, garantindo que a(o) profissional não des- dos para a realização dessa atuação é imprescindível.
cumpra as normativas que orientam sua atuação.
É importante pontuar que, apesar da implicação das
Assim, torna-se inviável, por exemplo, a elaboração gestões ser amplamente debatida nos documentos,
de laudos periciais e outros documentos provenien- aquele que aborda especificamente essa questão
tes de avaliação psicológica, por não fazerem parte não menciona diretamente a importância do diálogo
do escopo da política pública de Assistência Social. entre gestores do SUAS e instâncias do SJ de modo
Em demandas de avaliação, a(o) psicóloga(o) deve a alinhar a atuação da(o) psicóloga(o) da Assistência
acolher o usuário jurisdicionado e inseri-lo nos ser- Social perante as demandas judiciais (CFP, 2011).
viços do SUAS, sendo os documentos elaborados e
compartilhados com o SJ condizentes com essa atua- Por fim, os documentos reforçam que a(o) psicólo-
ção (CFP 2012, 2013, 2016a, 2016b). As demandas ga(o) deverá estar ciente das situações de notificação
deverão ser problematizadas no documento, eviden- compulsória, não sendo possível recusar essa execu-
ciando o viés crítico de análise da realidade social ção, ainda que a demanda pareça extrapolar o traba-
e histórica em que o usuário se encontra, evitando lho prescrito (CFP, 2016a; CRP-11, 2015). O Quadro
encerrá-lo em uma faceta jurídica em detrimento da 4 sintetiza os posicionamentos de orientação às(aos)
sua inserção sociocomunitária (CRP-11, 2015). profissionais de psicologia coletados nos documen-
tos analisados.
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Assistência social e justiça
Considerações Finais
Considera-se aqui que foi atingido o objetivo geral de tecer uma análise crítica sobre a relação entre o Sistema
Único de Assistência Social e o Sistema de Justiça brasileiro, com ênfase na atuação da psicologia. A pesquisa do-
cumental realizada permitiu descrever essa interrelação de modo oficialmente dado e elucidar em quais pressu-
postos o Conselho Federal de Psicologia se baseia para delinear orientações sobre esse processo, possibilitando
uma análise crítica sobre as informações expressas.
Dos documentos analisados, quatro são provenientes de pesquisas de campo, tendo ouvido profissionais de psi-
cologia que atuam diretamente no SUAS, de modo a conhecer aprofundadamente os desafios vivenciados (CFP,
2008, 2012, 2013, 2016a). Todos os documentos se baseiam no Código de Ética Profissional do Psicólogo e nas
demais resoluções do CFP para as análises realizadas, reforçando um caráter técnico e ético de referência para a
categoria profissional.
A imersão nesses textos permitiu concluir que as(os) profissionais de psicologia alocadas(os) no SUAS têm a con-
tribuir com o SJ, contanto que seja respeitada a especificidade da atuação nos dispositivos socioassistenciais, o
que envolve a não execução de funções que excedam os objetivos da política pública de Assistência Social. Desse
modo, a psicologia ocupa um papel não reduzido ao de ferramenta da justiça, na função de perícia e averiguação,
mas centra-se na busca de garantia de direitos sociais atribuídos aos usuários da Assistência Social e de quem
dela necessitar, orientada ao trabalho social com famílias e comunidades.
Os documentos analisados apresentam uma crítica acerca da pouca disponibilidade de peritos alocados nos
Tribunais de Justiça. Essa falta impulsiona as solicitações de perícia partindo do SJ para profissionais das demais
políticas públicas. Salienta-se que ao acatar essas demandas, oculta-se a falta de profissionais de psicologia jurídi-
ca devidamente concursadas(os) e sobrecarrega-se o trabalho de outras políticas públicas que sofrem mais com
o subfinanciamento do que os órgãos de justiça (CFP, 2012; 2016a; CRP-11, 2015; MDS, 2016).
Incentiva-se o diálogo constante com as equipes e entre profissionais da rede intersetorial. Os documentos
avaliam que conforme as(os) profissionais do SUAS elucidem as demais políticas públicas acerca do papel da
Assistência Social, o qual envolve o fortalecimento de vínculos sociais e comunitários e intervenções de combate
a situações de vulnerabilidade e violação de direitos, menores serão as demandas que extrapolem seus objetivos.
Nesse sentido, a função das gestões emerge como fundamental, formulando espaços de discussão e estabele-
cendo fluxos entre o executivo e judiciário envolvendo atividades condizentes com cada atribuição.
256
Assistência social e justiça
Apesar de permitir uma investigação precisa de po- Conselho Federal de Psicologia. (2016a). Demandas do Sistema
sicionamentos oficiais, o método de pesquisa do- de Justiça às(aos) Profissionais de Psicologia Lotados nas
Políticas Públicas de Saúde e de Assistência Social. CFP.
cumental possui evidentes limitações. Este estudo
http://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2016/12/
enfatizou uma prática profissional que não pode ser Documento-Base-Demandas-do-Sistema-de-
fielmente capturada pelos documentos selecionados, Justi%C3%A7a_dez2016.pdf
ainda que estes tenham sido oriundos de discussões
com trabalhadoras(es) da ponta. Desse modo, no in- Conselho Federal de Psicologia. (2016b). Nota Técnica nº 001/2016
tuito de melhor qualificar as análises aqui apresen- – CONPAS/CFP. Orientações sobre documentos elaborados
por psicólogas e psicólogos no âmbito do Sistema Único de
tadas, sugere-se a realização de estudos com outras
Assistência Social (SUAS). CFP. http://conpas.cfp.org.br/
linhas metodológicas, preferencialmente empíricas, wp-content/uploads/sites/8/2015/01/Nota-T%C3%A9cnica-
as quais podem acessar de modo mais aprofundado n%C2%BA-001-2016-CONPAS-CFP.pdf
e prático o objeto alvo desta pesquisa.
Conselho Regional de Psicologia 11ª Região. (2015). Parecer
a Respeito de Pedido Oriundos do Ministério Público
e do Poder Judiciário aos Profissionais das políticas
públicas de Assistência Social e de Saúde – orientações
Conflitos de interesses
e reflexões. CRP-11. http://www.crp11.org.br/upload/
Parecer%20Psicologia%20e%20Demandas%20do%20
Nenhum conflito financeiro, legal ou político envolvendo terceiros Judici%C3%A1rio.pdf
(governo, empresas e fundações privadas, etc.) foi declarado
para nenhum aspecto do trabalho submetido (incluindo, mas Constituição da República Federativa do Brasil. (1988). Presidência
não se limitando a subvenções e financiamentos, participação da república. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
em conselho consultivo, desenho de estudo, preparação de constituicao/constituicao.htm
manuscrito, análise estatística, etc.).
Cordeiro, M. P., & Curado, J. C. (2017). Psicologia na assistência
social: um campo em formação. Psicologia &
Sociedade, 29, e169210. https://doi.org/10.1590/1807-
Referências 0310/2017v29169210
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Assistência social e justiça
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Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase), a Norma Operacional Básica do Sistema Único de
regulamenta a execução das medidas socioeducativas Assistência Social -NOB/SUAS. http://blog.mds.gov.br/
destinadas a adolescente que pratique ato infracional; e redesuas/resolucao-no-33-de-12-de-dezembro-de-2012/
altera as Leis nºs 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto
da Criança e do Adolescente); 7.560, de 19 de dezembro Resolução nº 109, de 11 de novembro de 2009. (2009). Aprova
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