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SUMÁRIO
ABERTURA ...................................................................................................................................................... 5
SEJA BEM-VINDO ........................................................................................................................................................................................ 5
SUPORTE TÉCNICO .................................................................................................................................................................................... 5
APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA .......................................................................................................................................................... 5
PROFESSORES-AUTORES ......................................................................................................................................................................... 6
FONTES PARA CONSULTA ...................................................................................................................................................................... 6
SITUAÇÃO-PROBLEMA ............................................................................................................................................................................. 7
FGV ONLINE l 1
Gestão de Crédito e Risco
QUESTÃO 1 ................................................................................................................................................................................................ 25
QUESTÃO 2 ................................................................................................................................................................................................ 25
QUESTÃO 3 ................................................................................................................................................................................................ 25
QUESTÃO 4 ................................................................................................................................................................................................ 25
UNIDADE 1 – 6 CS DO CRÉDITO ................................................................................................................... 26
1.1 LÓGICA DA AVALIAÇÃO DO RISCO DE CRÉDITO ................................................................................................................. 26
1.2 CARÁTER .............................................................................................................................................................................................. 26
1.3 CAPACIDADE ..................................................................................................................................................................................... 26
1.4 CAPITAL ............................................................................................................................................................................................... 29
1.5 CONDIÇÕES ........................................................................................................................................................................................ 30
1.6 COLATERAL ........................................................................................................................................................................................ 31
1.7 CONGLOMERADO ............................................................................................................................................................................ 32
1.8 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................................ 32
UNIDADE 2 – RISCO DO CLIENTE E DA OPERAÇÃO .................................................................................... 33
2.1 RISCO DO CLIENTE ........................................................................................................................................................................... 33
2.2 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................................ 33
UNIDADE 3 – FLUXO DE CAIXA E CICLO FINANCEIRO ................................................................................ 33
3.1 VISUALIZAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA ...................................................................................................................................... 33
3.2 CICLO OPERACIONAL E FINANCEIRO ....................................................................................................................................... 34
3.3 CICLO FINANCEIRO .......................................................................................................................................................................... 36
3.4 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................................ 36
UNIDADE 4 – CENÁRIO CULTURAL .............................................................................................................. 36
UNIDADE 5 – ATIVIDADES ........................................................................................................................... 36
5.1 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO .............................................................................................................................................................. 36
5.2 DA TEORIA À PRÁTICA.................................................................................................................................................................... 36
QUESTÃO 1 ................................................................................................................................................................................................ 36
QUESTÃO 2 ................................................................................................................................................................................................ 36
QUESTÃO 3 ................................................................................................................................................................................................ 37
QUESTÃO 4 ................................................................................................................................................................................................ 37
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Gestão de Crédito e Risco
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Gestão de Crédito e Risco
FECHAMENTO ............................................................................................................................................... 80
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Gestão de Crédito e Risco
ABERTURA
Seja bem-vindo
Antes de iniciarmos, acesse o ambiente on-line para conhecer os principais
procedimentos para a realização desta disciplina.
Suporte técnico
Caso você tenha qualquer dúvida sobre questões administrativas ou financeiras – em relação a pagamento,
trancamento, emissão de boleto, etc. –, ou mesmo sobre a utilização do programa, siga as instruções a seguir:
entre no site do FGV Online: http://www5.fgv.br/fgvonline;
acesse o portal do aluno;
na aba Acadêmico, clique na opção Requerimentos e, em seguida, no botão Iniciar;
para registrar sua dúvida, clique em Novo Ticket. Nesse momento, será aberta uma janela com os
campos setor e categoria;
selecione as opções a que se refere sua dúvida e digite sua mensagem;
clique em gravar ticket para enviá-la.
Caso não consiga esclarecer sua dúvida, entre em contato pelos seguintes telefones:
Secretaria Acadêmica dos cursos do FGV Online – (21) 3799-4790;
Suporte técnico do FGV Online – (21) 3799-4770 (de segunda a sexta-feira, das 9h às 22h30min; aos
sábados e aos domingos, das 9h às 18h).
Lembre-se de que estamos aqui, no FGV Online, prontos para ajudá-lo a realizar bem este trabalho!
Bom trabalho!
Apresentação da disciplina
Acesse o ambiente on-line para conhecer o conteúdo e os objetivos desta
disciplina.
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Gestão de Crédito e Risco
Professores-autores
Formação acadêmica
Doutorado pela Eaesp-FGV.
MBA pela Stern University.
Experiência profissional
Diretor da Coordenação de Crédito do Banco Itaú.
Membro do Comitê de Crédito da Febraban.
Coordenador do Instituto de Finanças da FGV-Eaesp.
Chefe do Departamento de Contabilidade, Finanças e Controle da FGV-Eaesp.
Consultor de empresas como Banco Itaú, Banco Santander, Banco HSBC, Banco do Brasil, Mercantil
do Brasil, Booz Allen & Hamilton, Volkswagem Serviços Financeiros, Ford Serviços Financeiros, BCN,
Serasa/Experian, entre outras.
Formação acadêmica
Doutorado pela Eaesp-FGV.
Especialização em crédito pela New York Univesity.
Graduação em Portugal.
Celeste E. I. Guarita
Experiência profissional
Consultora de empresas como HSBC, Banco Santander, Banco Mercantil de São Paulo, FMC do Brasil,
Volvo, Serasa/Experian, entre outras.
Experiência de mais de 20 anos na área de crédito em bancos nacionais e multinacionais (Itaú,
Boston e Tokyo-Mitsubishi).
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Gestão de Crédito e Risco
CROUHY, Michel; GALAI, Dan; MARK, Robert. Gerenciamento do risco: abordagem conceitual e prática. Rio de
Janeiro: Qualitymark, 2004.
Livro que apresenta a identificação, mensuração e gestão dos principais riscos existentes na
atividade bancária (o risco de crédito, o operacional e o de mercado). Apesar da grande carga
conceitual na apresentação dos vários modelos, a obra também apresenta soluções práticas para
os vários assuntos abordados.
HIGGINS, Robert C. Analysis for financial management. 10. ed. New York: McGraw-Hill/Irwin, 2011.
Livro de análise de empresas. Além de excelente no que tange à análise financeira, essa obra
apresenta também as várias decisões que a empresa deveria tomar no sentido de uma boa
administração financeira. Trata-se de um dos melhores livros de administração e análise financeira.
SILVA, José Pereira da. Gestão e análise do risco de crédito. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2014.
Obra fundamental que apresenta todo o processo de crédito dentro da realidade brasileira. Enfoca,
com detalhes, todos os passos para uma boa decisão de crédito, com muitos esclarecimentos
acerca dos vários conceitos empregados no processo decisório de crédito.
Situação-problema
Antes de iniciar o estudo dos módulos, acesse a situação-problema desta disciplina.
A cooperativa de crédito CREDFÁCIL foi criada por uma associação comercial e industrial de uma
pequena cidade de Santa Catarina. A cooperativa captava recursos daqueles associados com
disponibilidade financeira e os transferia para associados em necessidades.
Dessa maneira, esses associados podiam fazer investimentos sem pagar juros exorbitantes nos
bancos comerciais. A conta era simples. Com uma gestão enxuta e incentivos ficais, a cooperativa
trabalhava com spreads baixos, remunerava bem os poupadores e praticava juros vantajosos para
os tomadores.
Nos primeiros anos, a Cooperativa era pequena, com poucos associados. Todos eles eram muito
conhecidos na comunidade. Sócios com bom patrimônio garantiam todas as operações. As
eventuais dificuldades de uns eram sempre resolvidas em comum acordo.
Deu tudo tão certo que pessoas e empresas de cidades vizinhas aderiram à cooperativa. A
CREDFÁCIL logo se expandiu para quase todo o estado. A iniciativa passou a movimentar centenas
de milhões de reais anualmente.
FGV ONLINE l 7
Gestão de Crédito e Risco
Diante da nova situação, o conselho da empresa propôs a criação de uma diretoria para gestão de
crédito e risco. A nova diretoria teria o objetivo de controlar a carteira de ativos e de buscar a
redução da inadimplência, que, no último exercício, comprometeu parte significativa dos
resultados.
Mário foi selecionado para ser o novo diretor. Sua missão será instalar a nova diretoria e,
principalmente, coordenar a criação de um processo padronizado de análise de crédito. A análise
deverá ser ágil e segura. Deverá permitir a ampliação dos negócios e, ainda, reduzir
significativamente o nível de inadimplência atual.
Ao longo dos módulos, encontraremos algumas questões que nos farão refletir um pouco sobre a situação-
problema que acabamos de ver.
8 l FGV ONLINE
Gestão de Crédito e Risco
Apresentação do módulo
Assista, no ambiente on-line, a um vídeo sobre o conteúdo deste módulo.
Da teoria à prática
Agora, vamos refletir um pouco sobre a situação-problema. A seguir, veremos algumas questões que
permitirão aplicar o conteúdo estudado à situação proposta. No final deste módulo, as questões serão
retomadas e apresentaremos sugestões de respostas.
Questão 1
A missão de Mário não será fácil. Ele deverá organizar toda uma nova área dentro da empresa. Embora seja
uma atividade de apoio aos negócios, ela terá grande impacto nos resultados. A nova diretoria deverá
aumentar o volume de negócios, com maior segurança e redução de perdas. Para começar o trabalho, Mário
deve ter clareza de alguns conceitos.
Questão 2
Um antigo provérbio português apresenta, de forma simples, uma recomendação para a redução de riscos:
“não se deve pôr todos os ovos na mesma cesta”.
Partindo desse provérbio, qual estratégia Mário poderá adotar para reduzir os riscos nas operações da
CREDFÁCIL?
Questão 3
Conceder crédito é, na verdade, um conjunto de atividades que se repete a cada cliente e a cada operação,
visando conhecer tanto o cliente quanto as características específicas do negócio.
Questão 4
Obter informações sobre o cliente é sempre o início de uma análise de crédito. Além de uma entrevista, é
também possível solicitar demonstrativos contábeis, fichas cadastrais e informações ao SPC/Serasa.
Como a Cooperativa CREDFÁCIL pode confirmar informações obtidas por meio de sistemas e relatórios?
FGV ONLINE l 9
Gestão de Crédito e Risco
1.1 Crédito
Dependendo do contexto, são várias as definições de crédito. Aqui estamos considerando que crédito é a
entrega de um valor presente, mediante a promessa de pagamento futuro.
Em relação ao crédito, o cliente, geralmente, é conhecido com base em informações passadas; um valor lhe é
entregue no presente, e ele assume o compromisso de realizar um pagamento no futuro. Do ponto de vista
do cliente, crédito é uma antecipação do consumo.
Risco de crédito
Como o crédito envolve uma promessa de pagamento no futuro, existe uma incerteza em relação a seu
cumprimento. A incerteza do pagamento, baseada em probabilidades objetivas, é denominada risco de
crédito.
Para administrar o risco de perda, a instituição financeira tem de definir, claramente, o perfil de sua carteira
de crédito, estabelecendo procedimentos para identificar os créditos fracos.
Os modelos de administração de carteira mostram que o risco de perda pode ser, efetivamente,
administrado e controlado com procedimentos que assegurem a diversificação da carteira.
A carteira de empréstimos comerciais de um banco deve ser diversificada, contendo várias empresas de
distintos setores, que sejam afetados, diferentemente, pelas alterações das condições econômicas.
10 l FGV ONLINE
Gestão de Crédito e Risco
Diversificação da carteira
Os bancos pequenos costumam depender muito de um único setor da economia ou de poucos grandes
empreendedores. Ao invés de reduzir o risco por meio da diversificação, os bancos pequenos concentram
seus empréstimos em determinados setores da economia. Tal concentração provoca o aumento do risco,
uma vez que seus clientes podem ser igualmente afetados pela variação das condições econômicas.
Os bancos com abrangência nacional e, em muitos casos, internacional, possuem maior habilidade para
diversificar, geograficamente, suas carteiras pelos vários setores da economia.
O risco é a volatilidade dos potenciais resultados para os bancos. Logo, o risco acaba significando a
volatilidade do lucro futuro e, consequentemente, seu impacto sobre o valor do banco.
Sem dúvida, os bancos reconhecem que sua razão de ser é a administração do risco!
Vamos visualizar como podem ser caracterizadas as fases que constituem o processo de crédito:
Informações
Engloba a coleta e a checagem da veracidade de todas as informações que a instituição financeira
julga importantes para a avaliação de risco de crédito.
Estruturação da operação
Engloba a decisão de negócio frente à caracterização do risco de crédito do cliente.
Monitoramento
Engloba, após a liberação dos recursos, possíveis alterações no risco previamente atribuído ao
cliente ou à operação.
FGV ONLINE l 11
Gestão de Crédito e Risco
1.4 Síntese
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
Pessoa física
Dados pessoais e profissionais, dados do cônjuge, fontes de referência, bens patrimoniais, seguros,
participações em empresas, etc.
Pessoa jurídica
Identificação e atividade da empresa, acionistas, titular, sócios, diretores, gerentes, principais
clientes e fornecedores, bens imóveis, participação da empresa e de seus sócios em outras
empresas, seguros, referências comerciais e bancárias, etc.
Restrições financeiras
Restrições financeiras são as informações que podem indicar a existência de impedimentos, alertas ou
desabonos sobre uma empresa ou pessoa física.
Normalmente, essas informações são obtidas por meio de consultas às seguintes fontes:
Serasa/Experian – protestos, falências, concordatas, ações, executivas, cheques sem fundos, etc.
SPC – atrasos no comércio;
própria instituição – créditos em atraso, problemas no passado, etc.
A entrevista possibilita:
a obtenção de informações adicionais, às vezes, informais;
o esclarecimento de dúvidas que tenham surgido durante a análise;
a formação do histórico do cliente.
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Gestão de Crédito e Risco
O histórico do cliente é o conjunto de informações sobre seu comportamento ao longo do tempo. Essas
informações podem estruturar-se de acordo com o nível de sofisticação em informática da instituição. O
histórico do cliente é seu salvo-conduto para novas negociações.
Atenção! A análise do fluxo de conta corrente avalia a capacidade de pagamento do cliente ou de um grupo
de clientes.
Por meio da movimentação da conta corrente (em especial, pelo volume de créditos e depósitos),
caracterizamos o potencial de pagamento do cliente.
Proposta de negócios
Proposta de negócios é o documento no qual são registrados todos os dados, os pareceres e as decisões,
derivados de análises de limites e de operações de crédito nas várias alçadas.
Uma solicitação de crédito bem fundamentada (com finalidade claramente definida, fontes de liquidações
bem explicitadas) constitui um instrumento de alta importância para a aprovação do crédito.
Com o tempo, constituirá também um rico arquivo sobre o histórico de relacionamento do cliente com o
banco. Sem dúvida, esse histórico facilitará novas análises de crédito.
Conceito contábil
Demonstrativo que apresenta, em uma determinada data, bens, direitos e obrigações de uma
empresa.
Conceito financeiro
Demonstrativo que apresenta, em uma determinada data, as alocações (investimentos, aplicações
e usos) de recursos e suas fontes (origens ou financiamentos).
As empresas podem apresentar diversos demonstrativos financeiros, porém os mais frequentes são o
balanço patrimonial e a demonstração de resultados do exercício.
Isso pode ser percebido quando verificamos que o próprio fisco permite que a micro e a pequena empresa
tributem o imposto de renda via lucro presumido.
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Gestão de Crédito e Risco
Ativo e passivo
O ativo e o passivo são divididos em grupos, apresentados de forma ordenada, de acordo com o prazo de
realização:
ativos por ordem decrescente de liquidez;
passivos por ordem decrescente de exigibilidade.
ativo passivo
ativo circulante passivo circulante
Abrange todos os bens e direitos realizáveis em um Abrange todas as obrigações com prazos de
prazo inferior a 360 dias. vencimento inferior a 360 dias.
ativo não circulante passivo não circulante
Abrange todos os bens e direitos realizáveis em um Abrange todas as obrigações com prazo de
prazo superior a 360 dias. vencimento superior a 360 dias.
ativo permanente patrimônio líquido
Abrange todos os bens e direitos de caráter Abrange todas as obrigações da empresa com seus
permanente. sócios ou acionistas.
investimentos ou usos fontes de financiamento
Passivos são obrigações para com terceiros. Representam direitos de terceiros sobre os ativos da empresa.
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Gestão de Crédito e Risco
2.5 Síntese
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
3.1 Visitas
A visita tem como principal objetivo a confirmação dos dados cadastrais e dos dados complementares
previamente obtidos.
Os dados cadastrais e os dados complementares, juntamente com as constatações obtidas com a realização
da visita, são subsídios do processo decisório de crédito.
FGV ONLINE l 15
Gestão de Crédito e Risco
Antes da visita, é muito importante entender (em linhas gerais) o potencial negócio do cliente. Dessa forma,
para tornar os resultados da visita mais eficazes, devemos fazer uma análise prévia das informações
existentes.
A visita tem como finalidade visualizar melhor a estratégia de negócios da empresa, ou seja:
checar a operação da empresa;
identificar pontos fortes e fracos da empresa;
identificar as oportunidades e as ameaças da empresa;
obter informações adicionais sobre o negócio da empresa;
detalhar as informações existentes (porém pouco transparentes) sobre a empresa.
Durante a visita, devemos classificar e confirmar a situação da empresa, que foi delineada na análise prévia.
Guardadas as devidas proporções, a dinâmica da visita às empresas industriais pode ser bastante semelhante
à das empresas de maior porte. Durante uma visita a empresas industriais, entre outras coisas, devemos
verificar:
sua constituição jurídica;
como é sua produção;
para quem ela produz;
seus dados financeiros.
Além de conhecer o contexto das empresas, é necessário que conheçamos o contexto legislativo por trás da
empresa.
16 l FGV ONLINE
Gestão de Crédito e Risco
Durante uma visita a empresas industriais, em relação à constituição jurídica, devem ser, necessariamente,
verificados:
controle societário
Tratando-se de pessoa jurídica, deve ser apurado quem são os sócios que, como
pessoas físicas, detêm o controle bem como qual sua experiência, sua formação e
seu conhecimento do negócio da empresa.
Durante uma visita a empresas industriais, em relação à administração, devem ser, necessariamente,
verificados:
tipo de administração
Caso seja familiar, verificar se existe algum sucessor sendo treinado para
assumir a empresa, em situação de doença ou morte do sócio principal.
Durante uma visita a empresas industriais, em relação à produção, devemos verificar o que a empresa
produz:
principais produtos;
representatividade dos principais produtos no faturamento;
sazonalidade;
aceitação de mercado;
produtos concorrentes similares;
porte da empresa em relação ao mercado;
essencialidade do produto.
FGV ONLINE l 17
Gestão de Crédito e Risco
Já em relação à aceitação de mercado, produtos com boa aceitação de mercado são mais fáceis de
gerenciar, além de serem mais lucrativos.
Deve-se ter em mente também a essencialidade do produto, ou seja, se produto é de primeira necessidade
ou supérfluo.
Durante uma visita a empresas industriais, em relação à produção, devemos verificar como a empresa
produz. Vamos visualizar a forma de produção da empresa:
Maquinário
quantidade, qualidade e tempo do maquinário;
capacidade de produção e níveis de ociosidade por produto;
porcentagem de automação da produção;
grau de especialização da mão de obra;
média mensal de unidades produzidas e vendidas;
distribuição dos custos da fábrica.
Matéria-prima
principais matérias-primas utilizadas;
dependência de fornecedores em percentual sobre as compras;
principais fornecedores;
existência ou não de cotas de importação;
prazos de pagamentos;
compras diretas do fabricante ou de intermediários;
programação de compras.
Estoques
giro médio dos estoques;
formação dos estoques;
local de estocagem;
produto fabricado ou não sob encomenda.
18 l FGV ONLINE
Gestão de Crédito e Risco
Quanto à distribuição dos custos da fábrica, deve-se saber qual o percentual da mão de obra direta, a
matéria-prima e os gastos gerais de fabricação (depreciação das máquinas, despesas com água, luz, etc.).
Em relação aos prazos de pagamentos, deve-se saber em que condições são efetuados os pagamentos a
fornecedores.
Uma programação de compras busca levantar a necessidade de bancar estoques de matéria-prima, por
exemplo.
Quanto aos estoques, o giro médio deve ser verificado para avaliar as características de linhas de produtos
diferentes – um supermercado tem a linha de perecíveis que gira mais rápido do que a linha de higiene e
limpeza, por exemplo.
E, ainda falando sobre estoques, devemos saber qual percentual de matéria-prima, de produtos em
elaboração e de produtos acabados para a formação dos estoques; e, principalmente, no caso de produtos
perecíveis, qual é o local de estocagem – se é próprio ou alugado.
Durante uma visita a empresas industriais, em relação à produção, devemos verificar para quem a empresa
produz:
distribuição da produção (representantes, equipe própria de vendedores);
logística de comercialização;
principais regiões de vendas;
principais clientes (porcentagem de cada um sobre o faturamento);
medidas para a redução de concentração por cliente;
política de formação de preços (margem de lucro final e sobre as compras);
prazos médios de recebimentos concedidos aos clientes;
concorrentes no mercado e nas principais áreas de comercialização.
Durante a visita a empresas industriais, em relação à produção, devemos verificar o setor de produção:
principais concorrentes e suas fatias de mercado;
níveis de inadimplência do setor e da empresa;
tendências futuras do setor;
existência de monopólios e oligopólios no setor;
importação e exportação de produtos ou matéria-prima.
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Gestão de Crédito e Risco
Dados financeiros
Durante uma visita a empresas industriais, em relação à produção, devemos verificar os dados financeiros:
principais bancos com que opera;
percentual de movimentação financeira por banco;
aplicações financeiras (tanto em nome da empresa como dos sócios);
empréstimos e financiamentos (prazos, tipo de operações, garantias e destinos dos recursos);
faturamento mensal recente (últimos seis meses);
tipos de impostos pagos;
percentual dos impostos sobre as vendas;
representatividade média de fornecedores sobre o preço de venda sem os impostos;
percentual de fornecedores sobre o preço de venda sem os impostos;
representatividade média de salários e gastos gerais de fabricação sobre o preço de venda sem os
impostos;
percentual de salários e gastos gerais de fabricação sobre o preço de venda sem os impostos,
despesas comerciais (comissão dos vendedores, propaganda, provisão para devedores duvidosos);
despesas administrativas;
despesas ou receitas financeiras (pró-labore dos sócios, salários da diretoria e administração, água,
luz, telefone do escritório, etc.);
pagamento de imposto de renda pelo lucro real, presumido ou simples;
alíquota de imposto de renda;
projeções de faturamento;
viabilidade de crescimento;
planejamento futuro e desenvolvimento de novos produtos;
produção;
prazos médios de pagamento e recebimento;
fluxo de caixa;
atualização de dados (contábeis e outros).
Quando falamos de projeções de faturamento, pensamos em quanto a empresa prevê faturar nos próximos
meses e o porquê. E, quando falamos de planejamento futuro e desenvolvimento de novos produtos,
devemos avaliar os recursos disponíveis (próprios ou de terceiros).
Para gerar viabilidade de crescimento, devemos saber em que mercados atuar e com que produtos. Outros
fatores interessantes são a projeção da produção futura com e sem expansão, e os prazos médios de
pagamento e recebimento (atuais e dos próximos meses).
20 l FGV ONLINE
Gestão de Crédito e Risco
Além disso, é importante saber qual é faturamento efetivo – muitas empresas trabalham sem a emissão da
nota fiscal, e seu faturamento oficial não é igual ao efetivo ou gerencial –, bem como a localização e o valor
do ponto comercial.
Durante uma visita a empresas prestadoras de serviços, além do tipo do serviço prestado, sua essencialidade
e suas perspectivas futuras, devemos verificar outros fatores. Vejamos:
Faturamento efetivo
Muitas empresas trabalham sem a emissão de nota fiscal, e seu faturamento oficial não é igual ao
efetivo ou gerencial.
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Gestão de Crédito e Risco
Sobre os investimentos previstos, além do montante, as datas desses investimentos e as informações sobre
os financiadores – se são financiados com recursos dos sócios ou de terceiros – são dados muito
importantes.
3.5 Síntese
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
UNIDADE 5 – ATIVIDADES
5.1 Exercícios de fixação
Acesse, no ambiente on-line, os exercícios de fixação deste módulo.
22 l FGV ONLINE
Gestão de Crédito e Risco
Questão 1
A missão de Mário não será fácil. Ele deverá organizar toda uma nova área dentro da empresa. Embora seja
uma atividade de apoio aos negócios, ela terá grande impacto nos resultados. A nova diretoria deverá
aumentar o volume de negócios, com maior segurança e redução de perdas. Para começar o trabalho, Mário
deve ter clareza de alguns conceitos.
Questão 2
Um antigo provérbio português apresenta, de forma simples, uma recomendação para a redução de riscos:
“não se deve pôr todos os ovos na mesma cesta”.
Partindo desse provérbio, qual estratégia Mário poderá adotar para reduzir os riscos nas operações da
CREDFÁCIL?
Os modelos de administração de carteira mostram que o risco de perda pode ser efetivamente
administrado e controlado com procedimentos que assegurem a diversificação da carteira.
A diversificação de carteiras pode ser obtida com a especificação de limites setoriais e com a
limitação de valores de empréstimo dentro de certas áreas geográficas.
FGV ONLINE l 23
Gestão de Crédito e Risco
Questão 3
Conceder crédito é, na verdade, um conjunto de atividades que se repete a cada cliente e a cada operação,
visando conhecer tanto o cliente quanto as características específicas do negócio.
Questão 4
Obter informações sobre o cliente é sempre o início de uma análise de crédito. Além de uma entrevista, é
também possível solicitar demonstrativos contábeis, fichas cadastrais e informações ao SPC/Serasa.
Como a Cooperativa CREDFÁCIL pode confirmar informações obtidas por meio de sistemas e relatórios?
A realização de visitas técnicas é um dos instrumentos que permitem confirmar dados cadastrais e
outras informações complementares obtidas. Esses dados, juntamente com as constatações
obtidas com a realização da visita, são subsídios do processo decisório de crédito. A visita tem
como finalidades:
visualizar melhor a estratégia de negócios da empresa;
identificar pontos fortes e fracos, oportunidades e ameaças para os negócios;
obter informações adicionais;
detalhar as informações existentes.
24 l FGV ONLINE
Gestão de Crédito e Risco
Apresentação do módulo
Assista, no ambiente on-line, a um vídeo sobre o conteúdo deste módulo.
Da teoria à prática
Agora, vamos refletir um pouco sobre a situação-problema. A seguir, veremos algumas questões que
permitirão aplicar o conteúdo estudado à situação proposta. No final deste módulo, as questões serão
retomadas e apresentaremos sugestões de respostas.
Questão 1
Para que possa realizar a análise de clientes de variadas atividades, portes e regiões, a Cooperativa
CREDFÁCIL necessita sistematizar informações e aplicar uma metodologia segura de análise.
Como organizar e analisar as informações obtidas a respeito dos diversos tipos de clientes?
Questão 2
A análise a partir dos Cs do crédito deve ser realizada de forma integrada. Com isso, é possível ter uma visão
completa de todos os aspectos que podem significar risco de não recebimento do crédito concedido. Há,
contudo, um C de crédito fundamental e insubstituível.
Questão 3
É importante analisar os clientes visando à redução do risco de crédito. À frente da nova diretoria, Mário fez
questão de esclarecer a todos que o risco da operação de crédito nem sempre será igual ao risco do cliente.
Por que é importante considerar as diferenças entre essas duas dimensões de risco?
Questão 4
Para conceder um empréstimo, a CREDFÁCIL precisa saber se um cliente terá capacidade de pagá-lo.
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Gestão de Crédito e Risco
UNIDADE 1 – 6 CS DO CRÉDITO
Normalmente, a lógica da avaliação do risco de crédito do cliente é estabelecida com base nos 6 Cs do
crédito: ‘caráter’, ‘capacidade’, ‘capita’l, ‘condições’, ‘colateral’ e ‘conglomerado’.
Normalmente, a lógica da avaliação do risco de crédito do cliente é estabelecida com base nos 6 Cs do
crédito:
caráter;
capacidade;
capital;
condições;
colateral;
conglomerado.
1.2 Caráter
Caráter é o conjunto de boas ou más qualidades que definem tanto a vontade quanto a determinação do
cliente de cumprir a obrigação referente ao crédito.
Essa é uma questão delicada. Para analisar o caráter, devemos verificar se existem fatos desabonadores. Essa
análise pode ser feita por meio de consultas à Serasa/Experian, ao SPC, a referências comerciais e bancárias,
etc.
Quando o cliente é uma empresa, também deve ser feita uma consulta aos dados dos sócios. Quando o
cliente é sócio de uma empresa, também deve ser feita uma consulta aos dados da empresa.
Pode ser que alguém ou alguma empresa atrase ou deixe de pagar um compromisso devido à falta de
recursos, e não de caráter. Pode ser que alguém ou alguma empresa não tenha a intenção de pagar, mas a
continuidade de seus negócios dependa do cumprimento de seus compromissos.
Atenção! A avaliação do caráter é uma tarefa difícil. O caráter passa a ser medido em função dos hábitos de
pagamento passados e presentes do indivíduo ou da empresa.
1.3 Capacidade
Capacidade é a mensuração dos fatores internos que afetam a geração de caixa utilizada no cumprimento
das obrigações.
26 l FGV ONLINE
Gestão de Crédito e Risco
Pessoa jurídica
Se o cliente for pessoa jurídica, a avaliação da capacidade envolve uma visão do futuro da
empresa. Isso significa que é necessário avaliar se a forma de geração de caixa existente no
presente pode deixar de existir no futuro.
Pessoa física
Se o cliente for pessoa física, as informações a serem analisadas podem ser obtidas em cadastros,
entrevistas e no histórico do cliente.
Pessoa física
Muitos profissionais liberais (médicos, dentistas, advogados) organizam suas consultas de modo que sua
renda seja quase constante. O risco de crédito, nesses casos, também é menor.
Se o cliente for pessoa física, é importante verificar o tipo de atividade para avaliar o comprometimento de
sua renda. Geralmente, quanto mais o indivíduo ganha, mais compromete sua renda.
Existem maus e bons pagadores que ganham salário mínimo. Existem maus e bons pagadores que ganham
muito bem. É a renda menos sua parcela comprometida com outras dívidas que resulta no remate futuro de
novos comprometimentos assumidos.
FGV ONLINE l 27
Gestão de Crédito e Risco
Pessoa jurídica
Capacidade administrativa
Quanto à capacidade administrativa, é importante saber se os administradores da empresa têm
experiência em seu ramo de atuação, se entendem do negócio e se sabem administrar.
Não raramente, o sócio principal da pequena empresa entende muito de produção, mas nada de
vendas, finanças ou administração de pessoal. Muitas vezes, uma pequena empresa é familiar.
Nesse caso, como um processo de sucessão – causado por aposentadoria ou morte do sócio
principal – pode afetar os negócios, é importante identificar os possíveis sucessores da empresa.
Problemas sucessórios afetam também grandes empresas (Cofap, Pão de Açúcar, Sharp). O
processo de sucessão pode colocar pessoas despreparadas no comando da empresa.
Capacidade de produção
A capacidade de produção está relacionada ao tipo de produto que uma empresa fabrica:
o produto pode ser um bem de primeira necessidade ou um supérfluo;
o preço do produto pode pesar muito no orçamento do consumidor.
Quando uma pequena empresa concentra suas compras em um grande fornecedor, quem dita os
custos é o fornecedor. Quando uma pequena empresa concentra suas vendas em um grande
cliente, quem dita os custos é o cliente.
Capacidade de comercialização
A capacidade de comercialização é também considerada um fator interno e externo.
É um fator interno na medida em que a escolha da equipe de vendedores, dos representantes, das
praças onde são distribuídos os produtos depende das decisões da empresa.
28 l FGV ONLINE
Gestão de Crédito e Risco
É um fator externo na medida em que nem sempre a empresa consegue colocar seus produtos
onde pretende devido a variáveis não controláveis, como ações da concorrência ou do governo.
Capacidade tecnológica
A capacidade tecnológica está relacionada à atualização e ao estado de conservação de máquinas e
equipamentos.
Tradição
A tradição está relacionada à idade da empresa, isto é, a seu tempo de atividade. O tempo de
atividade pode indicar se uma empresa já passou por períodos críticos e se seus sócios já são
experientes.
Um estudo do Sebrae, efetuado no segundo semestre de 2016, com empresas abertas entre os
anos de 2008 a 2012, mostrou que 23,4% das empresas encerraram suas atividades em até dois
anos de existência.
Embora as empresas encerrem suas atividades, elas não ficam, necessariamente, inadimplentes.
Exemplo – Dependência
Uma empresa que fabrica autopeças na região de Betim e tem como único cliente a Fiat, mesmo que deseje
reduzir sua dependência, possui dificuldade no processo pelo fato de ter apenas um cliente.
Porém, muitas vezes, uma empresa encerra suas atividades e não fica devendo nada na praça.
Simplesmente, os sócios percebem que estão trabalhando muito sem retirar o necessário e resolvem
encerrar a empresa.
1.4 Capital
Nas empresas, o capital é mensurado por meio da análise dos demonstrativos financeiros.
No caso de pessoas físicas – e nas empresas que não elaboram demonstrativos financeiros –, a análise do
capital é realizada por meio de cadastros, entrevistas, histórico do cliente, etc. Por meio da análise do capital,
são obtidas informações sobre renda, faturamento, custos, despesas, endividamento total.
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O patrimônio pessoal dos sócios de uma empresa, muitas vezes, é resultante dos lucros da própria empresa.
Pessoa física
Quando o cliente for pessoa física ligado a alguma empresa, devem ser obtidas também
informações sobre a empresa.
Pessoa jurídica
Quando o cliente for pessoa jurídica, devem ser obtidas também informações sobre seus sócios e
seu patrimônio pessoal.
Muitas empresas de pequeno porte trabalham com o método de pagamento de imposto de renda pelo
SIMPLES ou pelo lucro presumido. Logo, as informações financeiras extracontábeis também são importantes
para analisar o capital.
1.5 Condições
Quando falamos de condições, falamos da mensuração dos fatores externos que podem afetar a geração de
caixa na data do pagamento da operação.
As informações sobre as condições podem ser obtidas em relatórios setoriais, jornais, revistas especializadas,
etc.
Sem essas informações e a avaliação dos fatores externos, a demissão é uma consequência certa!
Os fatores externos que podem afetar a geração de caixa na data do pagamento da operação são:
situação da economia;
situação do setor de atividade;
concorrência;
interferência governamental (regulamentação, entre outros).
Os fatores externos não são controláveis. Contudo, o cliente tem de se preparar para se adaptar às mudanças.
Quando a economia diminui seu ritmo, as pequenas empresas são afetadas mais rapidamente do
que as grandes.
O setor de atividade afeta não só a empresa mas também uma determinada região. Os setores de atividade
funcionam como uma rede. Determinados setores de atividade são mais arriscados que outros.
30 l FGV ONLINE
Gestão de Crédito e Risco
Dessa forma, quando um desses setores vai mal, todos os demais são afetados, pois há uma relação de
dependência.
O comércio – porque apresenta menores necessidades de investimentos para abertura de novas empresas –
é mais concorrido do que o setor de indústrias, que demanda grandes investimentos.
A abertura de novas empresas aumenta a concorrência, o que leva muitas das já existentes a fecharem suas
portas.
Algumas medidas de governos estrangeiros (como subsídios a produtos nacionais ou adoção de medidas de
proteção ambiental) também podem afetar determinadas empresas brasileiras.
1.6 Colateral
As informações sobre garantias podem ser obtidas por meio de cadastros e entrevistas. Contudo, a garantia
não paga dívida!
Garantias
A exigência ou não de garantias por parte do banco depende do risco da empresa. Se uma empresa
apresenta um risco baixo, não se exige garantia adicional. Se uma empresa apresenta um risco relativamente
elevado, exige-se garantia.
A facilidade com que uma empresa oferece ou não garantias adicionais está relacionada às exigências do
mercado. Quando a crise aperta, não há como fugir dos financiamentos. Vamos visualizar os tipos de
financiamento.
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Financiamentos elevados
Quando se trata de financiamentos elevados, o mercado mais tradicional opta por não fazer essa
operação com empresas de alto risco, mesmo que a garantia seja boa.
1.7 Conglomerado
Conglomerado representa a análise do grupo econômico ao qual o cliente pertence, ou seja:
se o cliente é uma pessoa física, essa análise deve verificar se ele tem participação em empresas.
se o cliente é uma pessoa jurídica, deve verificar se ele conta com a participação de sócios ou de
outras empresas.
Embora caráter, capacidade, capital, condições e colateral sejam os Cs tradicionais, a análise do conglomerado
também é importante, pois um financiamento concedido a uma empresa que esteja bem financeiramente –
mas que pertença a um grupo econômico em situação financeira frágil – pode acabar sendo transferido para
as outras empresas do grupo que não estejam bem.
Isso faria com que a empresa que recebeu os recursos ficasse, ao menos durante algum tempo, igualmente
deficiente. A análise do conglomerado pode afetar diretamente os Cs tradicionais.
Sendo assim, a análise do conglomerado deve abranger as operações existentes de todas as empresas de um
mesmo grupo econômico.
Atenção! Se uma empresa do grupo econômico não tiver caráter, ela pode prejudicar o caráter de outra
empresa que esteja solicitando crédito.
1.8 Síntese
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
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2.2 Síntese
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
Quando falamos de fluxo de caixa, imaginamos, muitas vezes, um conceito aplicável apenas a grandes
empresas, notadamente, pela falta de confiabilidade dos demonstrativos financeiros das pequenas e
microempresas. Isso não é verdade!
Nas grandes empresas, pela dificuldade da perfeita visualização do fluxo de caixa, necessitamos recorrer a
estimativas feitas por esses demonstrativos.
Nas pequenas empresas, mesmo sem recorrer a seus demonstrativos financeiros (caso existam),
continuamos visualizando seus fluxos de caixa.
Fluxo de caixa é o saldo líquido entre as entradas e as saídas de caixa da empresa em um determinado
período.
É mais fácil analisar o fluxo de caixa de pequenas empresas do que o das grandes multinacionais.
É esse conhecimento do dono da padaria que possibilita avaliar melhor o risco de crédito de sua pequena
empresa. É por meio da geração de excedente de caixa que o dono da padaria poderá cumprir suas
obrigações financeiras.
FGV ONLINE l 33
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Quem melhor do que o cliente para saber o que sobra ou falta em seu orçamento mensal? O cliente precisa
de grandes demonstrativos financeiros para ter ideia desse possível saldo?
Se, no mês, entram R$ 200.000,00 em caixa e saem R$ 160.000,00, o saldo líquido do cliente é de R$
40.000,00. Consequentemente, o cliente pode assumir compromissos até R$ 40.000,00.
O primeiro conceito importante em termos de avaliação financeira do cliente é seu fluxo de caixa.
Em uma visita a empresas, devemos verificar seu faturamento mensal (a principal entrada de caixa) e todas as
saídas de caixa mensais (percentual de impostos pagos sobre o faturamento, pagamento mensal a
fornecedores, salários na fábrica, pró-labore dos sócios, aluguel, despesas de água, luz, telefone, despesas
financeiras, etc.)
O conhecimento do fluxo de caixa permite orientar sobre o valor do limite a ser concedido, do prazo e das
formas de pagamento.
Esse prazo de pagamento é denominado prazo médio de pagamento das compras (PMPC).
O prazo médio de rotação dos estoques (PMRE) é o tempo de permanência do estoque das
matérias-primas, dos produtos em fabricação e dos produtos acabados.
Toda a produção da empresa transcorre dentro da conta estoque, ou seja, a matéria-prima chega,
passa para a fase de fabricação do produto e o produto fica pronto para ser vendido.
O prazo de rotação de estoques representa, em dias, o ponto a partir do qual a empresa necessita
de mais matéria-prima para dar continuidade a seus negócios. Ou seja, é necessário que o prazo de
rotação esteja coerentemente amarrado com o da produção.
Prazo médio de recebimento das vendas
O ciclo da empresa não termina na venda dos produtos acabados, mas no recebimento do que foi
vendido – quando ocorre a entrada no caixa.
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Após a venda dos produtos acabados, a empresa, usualmente, fornece a seus clientes um prazo
para efetuarem o pagamento. Esse prazo é denominado prazo médio de recebimento das vendas
(PMRV).
Exemplo
O prazo médio de rotação dos estoques (PMRE) é 25 dias. O prazo médio de recebimento de vendas (PMRV) é
45 dias. O prazo médio de pagamento de compras (PMPC) é 30 dias.
Logo, por um lado, o ciclo operacional desse cliente é 70 dias, isto é, 25 + 45. Por outro lado, o ciclo financeiro
é de 40 dias, ou seja, 70 - 30.
O ciclo operacional significa quantos dias a empresa investe em sua operação desde que compre matérias-
primas até o recebimento de suas vendas.
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3.4 Síntese
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
UNIDADE 5 – ATIVIDADES
5.1 Exercícios de fixação
Acesse, no ambiente on-line, os exercícios de fixação deste módulo.
Questão 1
Para que possa realizar a análise de clientes de variadas atividades, portes e regiões, a Cooperativa
CREDFÁCIL necessita sistematizar informações e aplicar uma metodologia segura de análise.
Como organizar e analisar as informações obtidas a respeito dos diversos tipos de clientes?
A avaliação do risco de crédito do cliente é feita a partir da verificação das informações que
minimizam o risco. Para isso, é necessário estabelecer uma linha de raciocínio lógico, facilitando e
agilizando a avaliação. A principal metodologia utilizada no Brasil para avaliação do risco de
crédito de clientes é estabelecida com base nos chamados Cs do crédito: caráter, capacidade,
capital, condições, colateral, e conglomerado.
Questão 2
A análise a partir dos Cs do crédito deve ser realizada de forma integrada. Com isso, é possível ter uma visão
completa de todos os aspectos que podem significar risco de não recebimento do crédito concedido. Há,
contudo, um C de crédito fundamental e insubstituível.
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Questão 3
É importante analisar os clientes visando à redução do risco de crédito. À frente da nova diretoria, Mário fez
questão de esclarecer a todos que o risco da operação de crédito nem sempre será igual ao risco do cliente.
Por que é importante considerar as diferenças entre essas duas dimensões de risco?
Caso não seja estruturada uma operação adequada às necessidades do cliente, pode-se estar
prejudicando o próprio sistema operacional da empresa, comprometendo a rentabilidade dos
negócios e elevando o risco de crédito. Primeiro, é preciso conhecer a real necessidade
(investimento, capital de giro, antecipação de recebíveis) de um cliente e, depois, encontrar a linha
e crédito adequados. Além disso, devem ser avaliados prazos, taxas e garantias necessários. O risco
da operação pode até ser reduzido, conforme as condições de estruturação e viabilidade do
negócio específico.
Questão 4
Para conceder um empréstimo, a CREDFÁCIL precisa saber se um cliente terá capacidade de pagá-lo.
FGV ONLINE l 37
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Apresentação do módulo
Assista, no ambiente on-line, a um vídeo sobre o conteúdo deste módulo.
Da teoria à prática
Agora, vamos refletir um pouco sobre a situação-problema. A seguir, veremos algumas questões que
permitirão aplicar o conteúdo estudado à situação proposta. No final deste módulo, as questões serão
retomadas e apresentaremos sugestões de respostas.
Questão 1
Na avaliação de uma empresa, a CREDFÁCIL precisa analisar os tipos de investimento feitos pela instituição.
Quais são os dois grandes tipos de investimento mais comuns numa empresa?
Questão 2
A análise dos demonstrativos permite tirar conclusões úteis a respeito das informações ali contidas.
Como Mário poderá analisar e estabelecer comparações a partir das informações extraídas dos
demonstrativos financeiros?
Questão 3
Um aspecto que não pode ser desprezado na decisão de crédito são as garantias que os clientes podem
oferecer à CREDFÁCIL.
Questão 4
Mário e sua equipe já padronizaram todas as etapas do processo de concessão do crédito: análise do cliente
com instrumentos adequados, estudo eficiente da operação e formalização com garantias suficientes.
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A atividade da empresa, seu método de operação bem como sua estratégia competitiva, determinam a
estrutura financeira refletida nos demonstrativos financeiros da empresa. Logicamente, o inverso também é
verdadeiro, ou seja, as condições financeiras de uma empresa determinam o ritmo de sua atividade, seu
método de produção bem como sua estratégia competitiva.
FGV ONLINE l 39
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No dia a dia, as operações de uma empresa acabam sendo refletidas em sua conta caixa. As relações entre as
finanças e as operações da empresa podem ser assim representadas:
Para vender seu produto, uma empresa precisa processar matérias-primas utilizando máquinas. Isso envolve
dois grandes tipos de investimento:
na produção, comprando estoque de matéria-prima;
em imobilizado, comprando máquinas.
Em algum momento, tais investimentos representam saídas de caixa. Por outro lado, a empresa só atinge seu
objetivo quando vende seu produto e recebe por essa venda – o que significa entrada de caixa.
Tanto o estoque quanto a depreciação das máquinas fazem parte dos custos da empresa.
Venda à vista
Se uma empresa vende à vista, a entrada no caixa ocorre no momento da venda.
Venda a prazo
Se uma empresa vende a prazo, a entrada no caixa ocorre após a cobrança das duplicatas a
receber.
40 l FGV ONLINE
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Atenção! O importante, tanto para a empresa quanto para o banco, é o valor das entradas ser superior ao das
saídas. Ou seja, o importante é o saldo ser positivo, o que significa lucro no fluxo de caixa.
Os dados contábeis, constantes dos demonstrativos financeiros, podem ser analisados horizontalmente,
verticalmente e por meio de índice econômico-financeiro.
Na análise horizontal, comparamos a mesma conta com a dos anos anteriores, verificando seu crescimento
anual.
Essa análise é muito importante porque permite identificar grandes variações de contas, o que,
normalmente, justifica as alterações da situação patrimonial e financeira da empresa.
O cálculo em relação ao ativo total ou às vendas líquidas é a forma mais utilizada no mercado.
Tanto na análise vertical (análise da conta em relação às contas totalizadoras) quanto na análise horizontal
(análise da conta em relação a ela mesma), não relacionamos os vários setores dos demonstrativos
financeiros nem os vários demonstrativos.
FGV ONLINE l 41
Gestão de Crédito e Risco
Para fazer esse tipo de análise, temos de utilizar os índices financeiros, cruzando informações do ativo com o
passivo ou com o resultado. Ou seja, nossa fonte são os dados contábeis.
1.4 Síntese
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
A estrutura de capitais aponta a forma como a empresa se financia bem como mostra em que ativos aplica
esses financiamentos.
Capitais de terceiros representam recursos não provenientes de sócios, captados a curto e a longo prazo:
passivo circulante + exigível a longo prazo. O índice mais importante é o que mede o grau de endividamento
geral: participação de capitais de terceiros.
42 l FGV ONLINE
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Mostra o risco de
crédito da empresa Quanto menor o
endividamento em função dos índice, menor o
recursos captados risco de crédito.
de terceiros.
Quanto menor o
Mostra quanto do
composição das índice, menor o
total da dívida vence
exigências risco de crédito de
a curto prazo.
curto prazo.
Quanto menor o
Mostra a adequação índice, maior a
imobilização do
do uso das fontes disponibilidade do
patrimônio líquido
próprias de recursos. capital de giro
próprio.
Quanto menor o
Mostra o grau de
obsolescência do índice, maior o
desgaste do ativo
ativo imobilizado nível tecnológico
imobilizado.
da empresa.
Grau de endividamento
Com um foco mais conservador, recomenda-se que a empresa esteja pouco endividada, sobretudo para que
possa ainda incorporar novos empréstimos.
As indústrias devem apresentar um grau de endividamento menor que o comércio, uma vez que necessitam
de maiores investimentos em imobilizado e, por conseguinte, maior percentual de capital próprio.
Quando o índice de endividamento for considerado elevado, deve-se saber se esse endividamento é a curto
ou a longo prazo; o índice composição das exigibilidades, por sua vez, fornece essa informação.
É importante também conhecer qual a participação de instituições financeiras dentro dos capitais de
terceiros, tanto a curto quanto a longo prazo, uma vez que são financiamentos onerosos para a empresa.
FGV ONLINE l 43
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O índice de obsolescência do ativo imobilizado é pouco utilizado, pois nem sempre uma empresa disponibiliza
o valor das depreciações acumuladas.
2.3 Liquidez
Os índices de liquidez visam fornecer informações sobre a capacidade de pagamento da empresa, tanto a
curto como a longo prazo.
Liquidez corrente
A empresa possui liquidez corrente se o ativo circulante for maior que o passivo circulante, ou seja,
que o capital de terceiros a curto prazo.
O ativo circulante representa os bens e direitos que a empresa espera converter em caixa no prazo
de um ano. O passivo circulante representa o que a empresa tem de pagar dentro de um ano.
Liquidez seca
Nem sempre todos os ativos circulantes são convertidos em caixa dentro de um ano, existindo
uma conta (estoques) que é de mais difícil conversão. Temos então de analisar outro índice: a
liquidez seca.
A liquidez seca exclui os estoques do ativo circulante, considerando apenas os ativos mais líquidos
(disponibilidades e duplicatas a receber), os quais são convertidos, esporadicamente, em caixa, por
meio de desconto bancário: uma maneira eficaz e rápida de resolver problemas.
44 l FGV ONLINE
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Liquidez geral
A liquidez geral é a correlação existente entre, por um lado, os ativos circulantes e o realizável a
longo prazo, e, por outro, os passivos circulantes e o exigível a longo prazo.
Quanto maiores forem o ativo circulante e o realizável a longo prazo em relação ao passivo
circulante e ao exigível a longo prazo, melhor.
O índice de liquidez seca é obtido, conforme afirma Assaf, mediante o relacionamento dos ativos circulantes
de maior liquidez com o total do passivo circulante, ou seja, extrai-se a conta estoques do ativo circulante.
O estoque, muitas vezes, é o ativo circulante menos líquido. Também é o ativo para o qual os valores
contábeis são menos confiáveis como medidas de valor de mercado, pois a qualidade do estoque não é
levada em conta. Parte do estoque pode acabar, na verdade, sendo representada por bens danificados,
obsoletos ou pode haver alguma perda. Além disso, estoques relativamente grandes comumente sinalizam
dificuldades próximas. A empresa pode ter superestimado suas vendas e comprado mercadorias ou
produzido bens em quantidade excessiva. Nesse caso, uma parcela substancial da liquidez da empresa pode
estar presa em estoques de giro muito lento.
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2.4 Resultado
Os índices de resultados relacionam o lucro líquido (resultado do exercício) aos ativos, ao patrimônio líquido
ou ao faturamento da empresa. Quanto maior for o lucro, maior será a rentabilidade. Os índices de resultado
são:
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Lucro líquido
Se as receitas da empresa crescem de um ano para o outro, espera-se que o lucro também cresça. Dessa
forma, o índice evolução real das vendas mostra o quanto as vendas cresceram acima da inflação – o que,
certamente, terá impacto no lucro líquido.
Giro do ativo
O giro do ativo deve ser sempre comparado ao índice rentabilidade das vendas.
Por requererem elevados investimentos em imobilizado, alguns setores da economia possuem um giro do
ativo muito baixo, o que acarreta ativos totais também elevados.
Esses setores só são atrativos para o investidor se apresentarem uma elevada rentabilidade das vendas,
capaz de compensar o baixo giro. Por outro lado, os supermercados apresentam um giro do ativo alto, o que
lhes permite operar com margens de lucro baixas.
Sendo assim:
a análise financeira deve ser efetuada com base no conjunto dos índices;
a análise financeira não deve ser efetuada com base em apenas um dos grupos ou um índice.
2.6 Síntese
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
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3.2 Síntese
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
UNIDADE 4 – GARANTIAS
Existem dois tipos de garantias: as garantias reais e as garantias não reais ou pessoais.
Em operação com garantia real, o gestor de crédito deve levar em consideração alguns tópicos. Vamos
visualizá-los.
Avaliação
Para uma rápida obtenção de dinheiro, o valor do bem pode cair muito caso os ativos venham a
ser vendidos em um momento desfavorável, sob condições desfavoráveis.
48 l FGV ONLINE
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Liquidez
Quanto maior for a liquidez de um bem, maior será seu valor como garantia real. Dessa forma, os
automóveis são preferidos como garantia, pois têm maior liquidez do que as máquinas.
Depreciabilidade
Alguns ativos – por exemplo, computadores – perdem valor mais rapidamente do que outros.
Capacidade de comercialização
Nem sempre há um mercado disponível e rápido para a compra de um ativo em liquidação. Dessa
forma, se o bem for uma máquina têxtil, às vezes, é difícil encontrar outra empresa têxtil disposta a
comprá-la.
Controlabilidade
O banco tem de ter capacidade de localizar e tomar posse da garantia real. Os bancos exigem um
seguro de veículo contra roubo em caso de operações de leasing.
Penhor ou caução
O penhor é uma garantia real que incide sobre bens móveis corpóreos e incorpóreos, cuja posse deverá ser
transferida ao credor. O credor pode efetuar a venda judicial do bem para liquidar a dívida da qual o penhor
é garantia acessória.
A caução, nome utilizado na legislação auferida e atualmente chamada de penhor de direitos, é uma garantia
real que incide sobre bens móveis corpóreos e incorpóreos, cuja posse deverá ser transferida ao credor.
Entre os títulos e documentos que podem ser caucionados (penhorados) como garantia em operações de
crédito, estão:
duplicatas;
notas promissórias;
debêntures;
ações;
certificados de depósito;
cédulas hipotecárias;
letras de câmbio.
Bens móveis corpóreos não identificáveis também podem ser utilizados para penhor. O penhor ou a caução
são feitos mediante contrato, tanto por instrumento público ou particular quanto por meio de cédula.
FGV ONLINE l 49
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3. Modalidades:
civil – penhor de joias;
mercantil – garantia de obrigação de natureza comercial;
cedular – por meio de cédula de crédito;
rural;
caução – de títulos de crédito.
4. Os bens dados em garantia de penhor não podem ser vendidos. A empresa deve ter em estoque a
quantidade de mercadoria empenhada.
5. Se os bens empenhados não forem encontrados pelo credor, o devedor fiel depositário dos bens
empenhados torna-se depositário infiel, sujeito à prisão civil.
6. Na caução, os títulos de crédito ficarão em posse do credor, que passará a exercer todos os direitos deles
decorrentes.
7. Direitos de crédito podem ser objeto de penhor (penhor de direitos sobre aluguéis, faturamento da
empresa, linha telefônica).
Hipoteca
A hipoteca é uma garantia real acessória, que incide sobre bens imóveis. O bem hipotecado permanece em
poder do devedor.
Na hipoteca, existe um tipo de reserva do bem a ser executada caso a dívida não seja paga. Na hipoteca, não
há a transferência da propriedade para o credor, que só poderá utilizar o bem no caso de não pagamento da
dívida.
Podem ser objeto da hipoteca tanto bens imóveis quanto aqueles a eles equiparados pela lei (navios e
aviões). O registro da hipoteca é feito:
em se tratando de bens imóveis, por meio de escritura pública, no Cartório de Registro de Imóveis;
em se tratando de navios, na Capitania dos Portos;
em se tratando de aviões, no Departamento de Aviação Civil (DAC).
Um mesmo bem pode ser hipotecado a vários credores simultaneamente. A preferência do credor ocorre por
ordem do registro. Após o primeiro registro, os demais credores não podem promover a venda judicial antes
do vencimento e da quitação da dívida da primeira hipoteca.
50 l FGV ONLINE
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Comentário – Hipoteca
1. Há a necessidade da assinatura da esposa na escritura da hipoteca (qualquer que seja o regime de
casamento). O imóvel hipotecado pode ser vendido com autorização expressa do credor.
2. O direito do credor hipotecário não é atingido.
3. Poderá haver pluralidade de hipotecas sobre o mesmo imóvel.
4. A constituição da sub-hipoteca é sempre permitir.
5. O credor da segunda hipoteca, embora vencido seu crédito, não pode executar o imóvel antes de
vencida a primeira operação.
6. O credor de 2º grau pode quitar o débito da hipoteca anterior, amigável ou judicialmente.
7. Devem ser recebidos em garantia hipotecária, sempre que possível, imóveis de propriedade e de
pessoa física (não sujeita à falência).
8. O vencimento de uma hipoteca pode ser prorrogado mediante simples averbação requerida por
ambas as partes.
Alienação fiduciária
A alienação fiduciária é uma forma de garantia real que transfere a posse indireta do bem para o credor, ficando
o devedor apenas com a posse direta, ou seja, o devedor não é o proprietário do bem, apenas faz uso dele.
Dessa forma, após o término do contrato de financiamento, o devedor recupera a posse indireta do bem.
A alienação fiduciária pode ser feita com bens móveis identificáveis e com bens imóveis, e é constituída
mediante contrato, realizado por instrumento público ou particular. A alienação fiduciária de bens móveis é
chamada de propriedade fiduciária.
Penhor
a propriedade dos bens dados em garantia (penhor rural e mercantil) continua sendo do devedor ou
do terceiro que ofereceu a garantia;
os bens, embora não identificáveis, devem ser bem descritos no contrato, para não haver problemas
e perdas.
FGV ONLINE l 51
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Alienação fiduciária
a propriedade do bem transfere-se ao credor, ficando o devedor alienante com a posse indireta do
bem, sendo seu fiel depositário;
os bens identificáveis não podem ser substituídos por outros.
Garantia não real não limitada – aval Garantia não real limitada – fiança
Cobertura total do endividamento incorrido por um Identificação do empréstimo específico e do valor
tomador. devido pelo garantidor no caso de inadimplência.
Forma de garantia pessoal, prestada em contratos
Forma de garantia pessoal, prestada mediante
ou mediante as chamadas cartas de fiança. A fiança
assinatura em um título de crédito. O atual Código
exige a concordância e a assinatura do cônjuge. Na
Civil exige a assinatura desse título de crédito
carta de fiança, uma pessoa se obriga a satisfazer a
também pelo cônjuge.
obrigação caso o devedor não a cumpra.
52 l FGV ONLINE
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Aval
obrigação autônoma, independente da obrigação principal;
responde pelo valor total do título;
não pode invocar o benefício de ordem.
Fiança
obrigação do fiador acessória à obrigação principal;
responde pelo que se obrigou;
pode invocar o benefício de ordem.
O benefício de ordem dá ao garantidor (fiador) o direito de exigir que se esgote a cobrança do devedor antes
de executar a fiança.
No aval, uma vez constatado o atraso, por meio do protesto, pode-se executar o aval imediatamente, sem
que se faça necessário o esgotamento de cobrança do devedor.
Os limites devem ser solicitados pelo gerente de conta, obedecendo a uma boa estruturação dos
empréstimos a serem realizados.
Quando feita a solicitação de limites, o gerente de conta deve ter uma clara ideia:
da real necessidade do cliente;
das opções de atendimento da instituição;
de quanto, a princípio, a instituição estaria propensa a conceder;
do prazo da operação;
da fonte de pagamento.
Todo empréstimo tem uma decisão formal de crédito (proposta de negócios) da qual conste a garantia, que
será formalizada pelo gerente administrativo.
Geralmente, o banco possui contratos padronizados para formalizar as operações de crédito, encontrando-se
descrita, na norma específica do produto, a orientação para seu preenchimento.
Atenção! O gerente de conta ou de varejo deve providenciar a documentação básica. Não se devem liberar
recursos ao cliente antes da formalização dos contratos e das garantias.
FGV ONLINE l 53
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1. Na formalização, devem ser cumpridas todas as condicionantes (quanto a prazos, garantias, valores,
produtos) constantes do despacho da Proposta de Negócios que aprovou a operação. No caso de
impossibilidade de cumprir totalmente o despacho na forma exigida, deve-se realizar nova
consulta (nova Proposta de Negócios), buscando-se uma solução.
2. O contrato e seus anexos não podem conter rasuras ou emendas.
3. Deve ser verificado se quem assinou o contrato e seus anexos por parte do cliente tem poderes
para tal.
4. Somente o órgão gestor pode criar ou alterar cláusulas de contratos padrões.
A seguir, apresentamos alguns aspectos importantes a serem observados quando da formalização das
garantias mais comumente utilizadas em operações de crédito.
aval
É formalizado por meio da assinatura em um título de crédito (nota promissória, letra de câmbio, etc.).
1. Não pode ser aceito, como garantia, aval de avalistas profissionais.
2. Sempre que possível, deve-se obter aval dos dois cônjuges.
3. Quando se tratar de aval de pessoa jurídica, deve ser verificado, no estatuto social (para as
sociedades anônimas) ou no contrato social (limitadas), se a empresa pode conceder aval.
4. Quando se tratar de pessoa física, verificar se o avalista é maior de 21 anos.
5. É proibida a existência de avais cruzados, ou seja: A toma o recurso e B avaliza, ao mesmo tempo que
B toma o recurso e A avaliza.
duplicatas
1. Devem ser evitadas as concentrações (mais de 10% do valor total da garantia) de duplicatas em
poucos sacados.
2. Devem ser verificadas se as duplicatas são sacadas contra empresas idôneas.
3. Devem ser verificados se os vencimentos das duplicatas são compatíveis com os prazos das
operações.
4. Nos casos de concentração de sacados, as duplicatas devem ter sua veracidade confirmada junto
aos sacados.
5. As duplicatas vencidas devem ser excluídas para fins de cálculos do nível de cobertura de garantias.
6. Devem ser cobráveis, preferencialmente, em praças servidas pelo banco.
7. Não podem ser sacadas contra empresas ligadas (grupo econômico) ao emitente.
8. Não podem ser sacadas contra empresas do setor público (exceções serão resolvidas na alçada do
Comitê de Crédito).
penhor
1. A descrição dos bens-objeto do penhor deve ser muito bem feita, devendo conter espécie,
qualidade, unidade de medida, quantidade, marca, período, tipo, etc.
2. Identificar, claramente, o fiel depositário no instrumento de constituição da garantia.
3. Determinar o valor de mercado do bem a ser penhorado, a ser obtido com base em similares
comercializados, por meio de verificações de notas fiscais, etc.
4. Os bens devem ser segurados, e o banco, ser o favorecido.
54 l FGV ONLINE
Gestão de Crédito e Risco
5. Não devem ser aceitos em penhor bens perecíveis ou de fácil deterioração (exceto para operações
de crédito rural), tais como frutas, frangos, carne in natura sem condições para armazenagem ou
não beneficiados, etc.
alienação fiduciária
1. Os bens devem estar perfeitamente identificados por meio dos números originais de fabricação,
conforme nota fiscal ou recibo de aquisição do bem.
2. Determinar o valor de mercado do bem a ser alienado, a ser obtido com base em similares
comercializados, por meio de verificações de notas fiscais, etc. Nos casos de veículos automotores,
o valor deverá ser obtido por meio de cotação fornecida pela revista Quatro Rodas.
3. Identificar, claramente, o fiel depositário no instrumento de constituição da garantia.
4. Os bens devem ser segurados, e o banco, ser o favorecido.
5. Obter cópia da nota fiscal ou do recibo de aquisição do bem.
6. Não devem ser aceitos, para fins de alienação, bens de difícil remoção (fornos industriais, moinhos,
tubulação de ar-condicionado, etc.) bem como os de difícil comercialização.
7. Nos casos de veículos automotores, é obrigatório o registro no Detran.
fiança
1. É formalizada por meio da assinatura de ambos os cônjuges (se o fiador for casado), no próprio
contrato com cláusula de fiança ou aditivo (carta de fiança).
2. Não pode ser aceita, como garantia, fiança de profissionais.
3. Quando se tratar de fiança de pessoa jurídica, deve ser verificado, no estatuto social (para as
sociedades anônimas) ou no contrato social (limitadas), se a empresa pode conceder fiança.
4. Quando se tratar de pessoa física, verificar se o fiador é maior de 21 anos.
4.6 Síntese
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
FGV ONLINE l 55
Gestão de Crédito e Risco
UNIDADE 5 – ACOMPANHAMENTO
‘Acompanhamento’ ou ‘monitoramento’ é o conjunto de medidas adotadas entre a aprovação de um limite ou
operação de crédito e a liquidação dessa operação por parte do cliente.
Esse conjunto de medidas visa assegurar a qualidade e o recebimento do crédito concedido no vencimento.
Todos os aspectos do relacionamento frequente entre o cliente e o banco devem ser levados em
consideração. Isso permite reavaliar o risco de crédito e assegurar o retorno das operações.
Em uma operação de cinco anos, por exemplo, como é comum em países desenvolvidos, será que basta
sabermos das condições da empresa no momento da aprovação do crédito para assumirmos que a empresa
terá condições de liquidar a operação no vencimento, mesmo estando em um momento de dois anos após
a liberação dos recursos, ou três para a liquidação da operação? Será que não seria importante sabermos
como a empresa se encontra hoje? Por isso que é importante este constante monitoramento.
Sinais de alerta
O gestor de crédito deve observar as alterações no comportamento do cliente, ou seja, os sinais de alarme ou
de alerta (red flags).
Como a avaliação do risco do cliente é efetuada com base em informações, a ocorrência de alterações nessas
informações pode significar mudanças no risco do cliente.
Dessa forma, monitorar significa verificar alterações nos Cs do crédito, com o intuito de avaliar possíveis
alterações no risco do cliente.
Os sinais de alerta podem ser identificados nos demonstrativos financeiros, nos contatos com o cliente, com
terceiros ou com o banco. Vamos conhecê-los:
Demonstrativos financeiros
Os sinais de alerta nos demonstrativos financeiros são:
falhas quanto ao recebimento dos demonstrativos em tempo hábil e com regularidade;
aumento do período de recebimento de vendas;
diminuição da rotatividade do estoque;
declínio dos ativos circulantes como uma percentagem do total de ativos;
deterioração da posição liquidez/capital de giro;
56 l FGV ONLINE
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FGV ONLINE l 57
Gestão de Crédito e Risco
Empréstimos problemáticos
A resolução dos empréstimos problemáticos inicia-se com a disposição do encarregado pelo empréstimo em
admitir que o problema existe.
Atenção! É difícil admitir que um empréstimo não deveria se realizar. Para resolver empréstimos
problemáticos, é necessária uma ação imediata.
58 l FGV ONLINE
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Alternativas
Reestruturação da dívida
Qualquer decisão que envolva um adiantamento adicional de dinheiro deve ser tomada com
muita cautela.
5.2 Síntese
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
UNIDADE 7 – ATIVIDADES
7.1 Exercícios de fixação
Acesse, no ambiente on-line, os exercícios de fixação deste módulo.
FGV ONLINE l 59
Gestão de Crédito e Risco
Questão 1
Na avaliação de uma empresa, a CREDFÁCIL precisa analisar os tipos de investimento feitos pela instituição.
Quais são os dois grandes tipos de investimento mais comuns numa empresa?
Tanto o estoque quanto a depreciação das máquinas fazem parte dos custos da empresa. Para
vender seu produto, uma empresa precisa processar matérias-primas, utilizando máquinas.
Em algum momento, tais investimentos representam saídas de caixa. Por outro lado, a empresa só
atinge seu objetivo quando vende seu produto e recebe por essa venda – o que significa entrada
de caixa.
Questão 2
A análise dos demonstrativos permite tirar conclusões úteis a respeito das informações ali contidas.
Como Mário poderá analisar e estabelecer comparações a partir das informações extraídas dos
demonstrativos financeiros?
Os indicadores financeiros podem se constituir como um padrão para comparação. Nesse sentido,
os principais índices utilizados são: estrutura de capitas, liquidez e resultado.
Questão 3
Um aspecto que não pode ser desprezado na decisão de crédito são as garantias que os clientes podem
oferecer à CREDFÁCIL.
As garantias são muito importantes por vincular patrimônio ou terceiros ao negócio. Contudo, não
devem ser utilizadas para suplantar riscos elevados do cliente ou da operação. Têm caráter
acessório, portanto, e não devem ser o único fator determinante do crédito. As garantias podem
ser de dois tipos: reais (quando vinculam bens ao cumprimento da obrigação) ou pessoais (aval ou
fiança prestados por terceiros).
Questão 4
Mário e sua equipe já padronizaram todas as etapas do processo de concessão do crédito: análise do cliente
com instrumentos adequados, estudo eficiente da operação e formalização com garantias suficientes.
60 l FGV ONLINE
Gestão de Crédito e Risco
Se houvesse certeza, não haveria risco. Por melhor que sejam as ferramentas de análise e previsão,
podem ocorrer situações que aprofundem o risco e até inviabilizem o recebimento. A própria
situação econômica muda devido a muitos fatores incontroláveis. Por isso, é fundamental
acompanhar o mercado e a atividade do cliente, identificando os sinais de alerta. Com isso,
podemos adotar medidas para minimizar as perdas do emprestador, tais como, as ações de
cobrança, o reforço de garantias e a repactuação dos vencimentos.
FGV ONLINE l 61
Gestão de Crédito e Risco
Apresentação do módulo
Assista, no ambiente on-line, a um vídeo sobre o conteúdo deste módulo.
Da teoria à prática
Agora, vamos refletir um pouco sobre a situação-problema. A seguir, veremos algumas questões que
permitirão aplicar o conteúdo estudado à situação proposta. No final deste módulo, as questões serão
retomadas e apresentaremos sugestões de respostas.
Questão 1
Para entender a situação atual de riscos a que a cooperativa está submetida, Mário precisa situar a instituição
financeira no mercado financeiro globalizado, um mercado que viu crescer o número de participantes.
Questão 2
Sabe-se que não há como eliminar os riscos da atividade bancária. Contudo, os riscos trazem volatilidade aos
potenciais resultados das instituições e, por isso, devem ser administrados.
Questão 3
Uma das tarefas de Mário será a de identificar e mensurar os riscos a que a Cooperativa CREDFÁCIL está
sujeita.
Questão 4
Mário e sua equipe mapearam os principais processos da cooperativa. Além disso, identificaram e
mensuraram os riscos.
Como fazer, agora, para administrar os riscos de modo a não haver comprometimento dos resultados?
62 l FGV ONLINE
Gestão de Crédito e Risco
Por meio de taxas de juros e de câmbio mais estáveis, os bancos coletavam depósitos e faziam empréstimos
em um ambiente bastante calmo. Áureos tempos! Vamos visualizar a mudança no mercado financeiro ao
longo do tempo.
Antes de 70
Antes de 1970, a atividade bancária era um negócio comum, bem compreendido pelos vários
participantes do setor.
Por outro lado, a principal característica do setor industrial era sua boa lucratividade, obtida ao ser
assumido um nível de risco aceitável. A competição não era intensa, e o grau de inovação era
bastante baixo.
Década de 70
Na década de 70, ocorreram fatos de alta relevância para a economia internacional (por exemplo,
as crises do petróleo em 1973 e 1979) que afetaram, em grande parte, a estabilidade do mercado
financeiro internacional.
Sem dúvida, fatos determinantes provocaram uma grande mudança nos mercados financeiros.
Em meados dos anos 70, uma maior volatilidade do mercado financeiro foi ocasionada:
por uma forte tendência à desregulamentação das taxas de juros e de câmbio;
pela queda de fronteiras na atividade bancária;
pela introdução de novas tecnologias de comunicação e informação.
A natureza da atividade bancária, o escopo e o risco dos bancos são alterados por fatores externos,
notadamente pelo aumento da volatilidade do mercado e da competição entre os bancos.
FGV ONLINE l 63
Gestão de Crédito e Risco
Essas medidas desestabilizaram a economia mundial e provocaram severa recessão nos EUA e na Europa,
com grande repercussão internacional. Donos de dois terços das reservas de petróleo do mundo, países
como Arábia Saudita, Irã, Iraque e Kuweit controlam o volume de produção e o preço do produto desde
1960, quando criaram a Opep. Por causa do obstáculo iniciado em 1973, conhecido por primeiro choque do
petróleo, os países industrializados acabaram o ano de 1974 com um déficit de cerca de US$ 11 bilhões, e os
subdesenvolvidos, de quase US$ 40 bilhões.
Em 1979, aconteceu o segundo choque do petróleo, causado pela revolução iraniana que derrubou o xá
Reza Pahlevi (1919-1980) e instalou uma república islâmica no país. A produção de petróleo foi gravemente
afetada, e a nação não conseguiu atender nem mesmo a suas necessidades. O Irã, que era o segundo maior
exportador da Opep, atrás apenas da Arábia Saudita, ficou praticamente fora do mercado. O preço do barril
de petróleo atingiu, então, níveis recordes, o que agravou a recessão econômica mundial no início da
década de 1980.
64 l FGV ONLINE
Gestão de Crédito e Risco
Em uma perspectiva de risco, o colapso de Bretton Woods provocou movimentos bruscos em moedas e
taxas. A magnitude dessa volatilidade trouxe grandes oportunidades para os bancos tomarem riscos.
FGV ONLINE l 65
Gestão de Crédito e Risco
Novas habilidades
Mercados mais voláteis e com novas oportunidades competitivas. Mercados financeiros excitados com a
entrada de novos competidores e produtos.
Qual seria a receita para o sucesso? Como será a empresa financeira do futuro?
Atenção! Nesse ambiente, a chave para o sucesso das empresas financeiras é a administração eficiente do
risco e do retorno.
1.4 Síntese
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
Para os bancos, tanto quanto para outras companhias, o risco significa a volatilidade do lucro futuro, o que
produz consequências relevantes sobre seu processo de criação de valor.
Os bancos devem focalizar o risco, porque são instados a ter capital suficiente para se protegerem das
adversidades.
Hoje os bancos estão tentando discutir com os reguladores se um melhor entendimento sobre o risco seria a
chave para reduzir as penalidades das regras e restrições que enfrentam.
66 l FGV ONLINE
Gestão de Crédito e Risco
Aqueles que melhor definem e administram o risco têm vantagem competitiva e prosperam.
2.3 Síntese
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
3.2 Síntese
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
FGV ONLINE l 67
Gestão de Crédito e Risco
No balanço Na transação
definição tipos de risco definição tipos de risco
risco de crédito;
risco de taxa de
risco operacional;
juros;
Riscos identificáveis no Riscos assumidos pela risco tecnológico;
risco de
balanço patrimonial da instituição financeira nas risco de
mercado;
instituição financeira. atividades transacionais. soberania;
risco de liquidez;
risco de off-
risco de câmbio.
balance-sheet.
O risco de taxa de juros está relacionado às oscilações nas taxas de juros do mercado.
A transformação de ativos é uma função especial dos intermediários financeiros. A transformação de ativos
envolve a compra de títulos primários e a emissão de títulos secundários.
A compra e a emissão de títulos têm diferentes características de maturidade e liquidez, o que pode gerar
lucro ou prejuízo frente às oscilações das taxas de juros.
Exemplo
Na compra de um título primário (passivo) a 9% a.a., por um prazo de 1 ano, e na emissão de um título
secundário (ativo) a 10% a.a., por um prazo de 2 anos, teríamos a seguinte esquematização:
68 l FGV ONLINE
Gestão de Crédito e Risco
No final do primeiro período, teremos um lucro final de 1% a.a. O lucro do segundo período é incerto, pois
dependerá do custo do passivo neste período.
Se o custo do passivo permanecer o mesmo, o lucro será novamente de 1% a.a. Se o custo do passivo no
segundo período for alterado para 11%, por exemplo, certamente, a instituição terá um prejuízo de 1% a.a.
no período.
Riscos associados
Risco de refinanciamento
Quando a instituição mantém ativos com prazos superiores aos dos passivos, o risco de taxa de
juros também é chamado de risco de refinanciamento.
Risco do reinvestimento
Quando a instituição mantém passivos com prazos superiores aos dos ativos, o risco de taxa de
juros também é chamado de risco do reinvestimento.
Quando há alteração das taxas de juros, as instituições financeiras enfrentam o risco do valor de mercado.
Como filosofia geral, os prazos dos ativos e dos passivos deveriam ser casados. Contudo, com isso, a
instituição reduziria sua rentabilidade porque trabalharia contra a função da transformação dos ativos
(função inerente às instituições financeiras).
Risco de mercado é aquele em que a instituição financeira incorre quando negocia ativos e passivos, devido a
alterações nas taxas de juros, câmbio e em outros preços de ativos.
O risco de mercado, apesar de estar relativamente associado ao risco de taxa de juros, ao risco de retorno das
ações e ao risco de moeda, adiciona outra dimensão à caracterização dos riscos, qual seja, o resultado da
atividade de negociação.
O risco financeiro é intrínseco à existência de uma carteira de negociação mantida pela própria instituição
financeira.
FGV ONLINE l 69
Gestão de Crédito e Risco
O risco de mercado é o risco incremental a que a instituição financeira está exposta, em função de variações
de taxa de juros, de câmbio e de retorno de ações, combinados em uma estratégia de negociação,
especialmente, em horizontes de curto prazo.
O risco de liquidez está relacionado ao fato de os detentores dos passivos das instituições financeiras
poderem demandar caixa imediato em seus haveres financeiros.
Nessas circunstâncias, a instituição financeira ou toma recursos adicionais ou vende ativos para fazer frente à
demanda de caixa.
Usualmente, os detentores dos haveres financeiros contra a instituição financeira demandam grandes saques
de dinheiro em duas situações:
necessidade inesperada de caixa;
falta de confiança no banco.
Trabalham com avançados modelos de previsão de caixa, que lhes garantem um grande grau de
previsibilidade para os saques de caixa.
Formam reservas de liquidez para serem utilizadas em momentos de saques não esperados, mesmo
ao custo de uma rentabilidade menor.
A globalização exige das instituições financeiras a habilidade de expandir suas atividades, de forma direta,
para além de suas fronteiras.
Tal exigência envolve a expansão de seu portfólio de ativos, de modo a incluir, além dos domésticos, títulos
estrangeiros.
Dessa forma, a volatilidade no câmbio de moedas passa a constituir um outro risco característico das
instituições financeiras.
Existem vários níveis de risco de crédito (default risk) em função da falta de pagamento, completa ou parcial.
70 l FGV ONLINE
Gestão de Crédito e Risco
Como os riscos de crédito são, em tese, não elimináveis, cabe às instituições financeiras:
estimar o risco de perda esperada nos títulos e empréstimos;
exigir prêmios pelo risco nos títulos de igual exposição ao risco.
Atenção! Se a instituição financeira sempre recebesse tudo que lhe é devido, naturalmente, não haveria risco
de crédito.
O risco operacional está relacionado a problemas decorrentes da ação de pessoas, sistemas e processos.
O risco tecnológico ocorre quando os investimentos em tecnologia não produzem a redução de custos
esperada na economia de escala, grau pelo qual se mede a redução do custo unitário médio dos serviços
produzidos pela instituição financeira, em decorrência do aumento da quantidade desses serviços.
O risco tecnológico, além de provocar perdas de eficiência competitiva, pode resultar em uma posição
bastante difícil no longo prazo.
O risco tecnológico também ocorre quando esses investimentos não geram a redução do escopo do banco,
grau pelo qual se mede a capacidade de uma instituição financeira gerar sinergias de custos, produzindo
múltiplos produtos de serviços financeiros.
FGV ONLINE l 71
Gestão de Crédito e Risco
Se uma empresa não puder ou não desejar pagar um empréstimo, mesmo em um mercado internacional,
esse fato será caracterizado como risco de crédito, uma vez que a instituição ainda poderá recuperar, no todo
ou em parte, o empréstimo feito, por meio de renegociações tradicionais de crédito.
Apesar disso, essas operações afetam as formas futuras do balanço da instituição na medida em que criam
ativos e passivos contingentes.
Aqui se enquadram operações de derivativos, que são uma consequência dos ativos já existentes.
4.11 Síntese
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
Maturidade
Método que reflete a realidade econômica ou os reais valores dos ativos e passivos caso o portfólio
da instituição financeira tenha de ser liquidado a preços de hoje, por meio do valor de mercado;
Duração
Método mais avançado do que o da maturidade que considera a vida média dos ativos e passivos
da instituição financeira.
72 l FGV ONLINE
Gestão de Crédito e Risco
O aumento nas taxas de juros, geralmente, diminuem os valores de mercado dos ativos e passivos de uma
instituição financeira. A queda nas taxas de juros tem o efeito reverso: aumentam o valor de ambos, ativo e
passivo.
O gap de maturidade apresenta a diferença entre a maturidade média ponderada dos ativos e passivos de
uma instituição financeira. O efeito líquido do aumento ou da queda das taxas de juros no balanço
patrimonial do banco depende da extensão e da direção – a instituição financeira descasa a maturidade de
seus portfólios de ativos e passivos.
Com o gap da maturidade, procura-se a imunização do banco – ocorre quando o banco está totalmente
protegido contra o risco de taxa de juros com um gap = 0, ou seja, quando a maturidade média dos ativos é
igual à maturidade média dos passivos.
Exemplo
Vejamos um exemplo de cálculo da duração de um ativo (um bond com coupon de 8%), considerando:
t = período de tempo;
Fc = fluxo de caixa;
Fd = fator de desconto
t Fc Fd Fc x Fd Fc x Fd x t
1 80 0,9259 74,07 74,07
2 80 0,8573 68,59 137,18
3 80 0,7938 63,51 190,53
4 80 0,7350 58,8 235,20
5 80 0,6806 54,45 272,25
6 80 0,6302 680,58 4083,48
1000,00 4992,71
O cálculo da duração do ativo considera o valor presente de todos os fluxos intermediários bem como o fluxo
de caixa final:
Esse bond tem uma maturidade de 6 anos, porém a duração de 4,99 anos mostra que sua vida média é
menor do que sua maturidade.
FGV ONLINE l 73
Gestão de Crédito e Risco
Para imunizarmos esse título, precisamos procurar um passivo com uma duração de 4,99 anos, e não um
passivo com maturidade de 6 anos.
Em suma, em situação de crise de liquidez, ou a instituição financeira vende ativos líquidos ou recorre a
outras linhas de crédito que possui no mercado.
74 l FGV ONLINE
Gestão de Crédito e Risco
FGV ONLINE l 75
Gestão de Crédito e Risco
Avaliação externa
índice euromoney – verifica o spread pago pelo país no euromercado;
índice do institutional investor – combina economia e política em uma escala.
Avaliação interna
contry-risk – modelos de scoring baseados em índices econômicos:
índice do serviço da dívida = juros mais amortização da dívida/exportação;
índice de importação = importações/reserva em moeda estrangeira;
índice de investimento = investimento real/produto nacional bruto.
76 l FGV ONLINE
Gestão de Crédito e Risco
contratos derivativos:
contratos futuros;
contrato de opções;
swaps;
contrato forward.
A instituição financeira deve possuir um capital que a proteja contra todos os riscos, notadamente, o de
crédito, o de mercado e o operacional.
A evolução do Comitê da Basileia está estreitamente relacionada à necessidade de inserção de todos os tipos
de risco na determinação do capital mínimo requerido como proteção contra insolvência.
5.10 Síntese
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
UNIDADE 7 – ATIVIDADES
7.1 Exercícios de fixação
Acesse, no ambiente on-line, os exercícios de fixação deste módulo.
FGV ONLINE l 77
Gestão de Crédito e Risco
Questão 1
Para entender a situação atual de riscos a que a cooperativa está submetida, Mário precisa situar a instituição
financeira no mercado financeiro globalizado, um mercado que viu crescer o número de participantes.
Os bancos procuraram novos mercados com negócios mais arriscados e complexos, tornando-se
mais voláteis. Nesse ambiente, a chave para o sucesso das empresas financeiras é a administração
eficiente do risco e do retorno.
Questão 2
Sabe-se que não há como eliminar os riscos da atividade bancária. Contudo, os riscos trazem volatilidade aos
potenciais resultados das instituições e, por isso, devem ser administrados.
Questão 3
Uma das tarefas de Mário será a de identificar e mensurar os riscos a que a Cooperativa CREDFÁCIL está
sujeita.
78 l FGV ONLINE
Gestão de Crédito e Risco
Questão 4
Mário e sua equipe mapearam os principais processos da cooperativa. Além disso, identificaram e
mensuraram os riscos.
Como fazer, agora, para administrar os riscos de modo a não haver comprometimento dos resultados?
Sempre haverá perda, faz parte do negócio. Mas essa perda necessita ser corretamente
quantificada e incluída como custo do produto final. Para minimizar as perdas e se manter
competitiva, a cooperativa deve padronizar procedimentos operacionais para cada um dos
processos críticos. É fundamental estabelecer pontos de controle para as etapas mais vulneráveis
de cada processo, prevendo ações corretivas. Processos e operações necessitam ser auditados e
melhorados continuamente. Devem também ser definidas as responsabilidades de cada
interveniente, com investigação e punição para situações de descumprimento das normas.
FGV ONLINE l 79
Gestão de Crédito e Risco
FECHAMENTO
Caro aluno,
Para alguns de nós, o aperfeiçoamento pode implicar maior clareza do que é o processo de
construção/reconstrução de conhecimento, refinamento de nosso desempenho, adensamento de
conhecimentos...
Essas avaliações nos permitem refletir, a partir da visão do outro, sobre o que fazemos...
Tendo como foco essas diretrizes e visando ao contínuo aperfeiçoamento dos cursos do FGV Online,
gostaríamos que você nos auxiliasse na avaliação deste trabalho.
80 l FGV ONLINE