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Introdução

O mel e a cera que a abelha Apis produz por muito tempo vêm

sendo favorecidos pelo Homem, e não só para isso, mas as abelhas têm também

um papel importante na polinização de diversas culturas.

Sendo assim esta cada vez mais evidente que a atividade dos

membros de uma colônia está relacionada com as necessidades da mesma, mas os

mecanismos através dos quais são feitos os ajustes estão longe de serem

compreendidos, apesar das muitas pesquisas realizadas, apenas o que se pode

saber é que a abelha realiza certa tarefa e como as ações dos milhares de

indivíduos, fisicamente independente porem fisiologicamente dependentes, estão

ligadas de modo a fazer com que esta colônia funcione em conjunto.

É impressionante com milhares de abelhas conseguem entender-se

uma as outras perfeitamente dentro da sua colônia, fato que se deve ao uso de

estímulos químicos chamados de feromônios produzidos por estágios adultos e

imaturos de rainhas, operarias e zangões, e que são incorporados aos favos. Com

isso grande parte das atividades produzidas pode ser explicada como, por exemplo,

quando há uma mais quantidade desses estímulos químicos em colônias pequenas

então há uma maior produção de crias e também maior estimulo para coletar e ai se

da o fato de enxame até o tamanho suficiente que realmente comporta.

Sendo o território brasileiro um local favorável para a apicultura e

assim sendo como uma fonte de alternativa para muitos produtores rurais e podendo

ser produzido em qualquer lugar uma vez que as abelhas têm fácil adaptabilidade.
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Revisão de literatura

1. Breve histórico sobre a apicultura

Chama-se apicultura porque o nome da abelha é Apis, então, foi

criado o nome APICULTURA - a atividade de criar abelhas. Estas abelhas são boas

produtoras de mel, além de geléia real, cera e própolis (SOARES, et al 1994).

As abelhas africanas, sabidamente conhecidas como altamente

produtivas e agressivas, foram introduzidas no Brasil em 1956 em Camaquã na

região de Rio Claro-SP com o intuito de se executar um programa de melhoramento

genético que fosse capaz de aumentar a produção de mel do país, associado a uma

baixa agressividade. Entretanto, devido a uma manipulação incorreta feita por um

apicultor que estava visitando o apiário onde as rainhas africanas estavam sob

controle, ocorreu a enxameação de 26 colméias. Isto levou ao início de um processo

de cruzamentos naturais com as abelhas de origem européia que haviam sido

trazidas pelos imigrantes entre 1840-1850, propiciando a formação de um híbrido,

que foi chamado de abelha africanizada (SOARES, et al 1994).

Essa abelha africanizada embora muito produtiva causou um

impacto muito grande no início de sua dispersão, devido ao alto grau de

agressividade que elas apresentavam e as próprias deficiências dos apicultores e da

população em geral que não sabiam como trabalhar e conviver com elas. (SOARES,

et al 1994). Houve abandono da atividade apícola, morte de pessoas, animais e a

produção de mel, que já era baixa, praticamente zero. Foram dias negros.

Entretanto, com o passar do tempo, os apicultores se conscientizaram que essas

abelhas poderiam ser controladas e exploradas com êxito, se houvesse uma

adequação e uma total reformulação de técnicas e conceitos válidos para as abelhas

européias, mas que eram desastrosos para a abelha africanizada (SERAPIS, 2004).
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Baseando-se em suas próprias experiências e nas informações

geradas pelos centros de pesquisas, os apicultores conseguiram assimilar as novas

técnicas e passaram novamente a acreditar que seria possível uma apicultura

eficiente com abelhas africanizadas (SERAPIS, 2004).

A apicultura voltou a tomar impulso fazendo com que nos anos 80

tivéssemos a chamada "explosão doce" no país, quando o Brasil passou de 27º para

o 7º produtor mundial de mel, ocupando hoje um lugar de destaque no cenário

internacional com uma produção de aproximadamente 35.000 ton/ano, se tornando

um dos maiores produtores sul-americano. Muito bem adaptada às condições

tropicais, essa abelha africanizada apresenta basicamente dois modelos de

dispersão que têm favorecido a sua sobrevivência e a expansão no continente

americano. Migrando a uma velocidade de 400-500 km por ano, atingiu o Texas

(USA) em outubro de 1990. Dentro dos Estados Unidos a abelha africanizada

migrou mais rapidamente para a costa oeste chegando ao sul da Califórnia, e

recentemente atingiu a Florida na costa leste. Quando as condições de fluxo de

alimento são ótimas, com abundância de flores abertas na natureza, produzindo

néctar e pólen, as abelhas africanizadas trabalham incessantemente. Expandem sua

população que, em alguns casos, chega a 120 mil abelhas e podem produzir uma

divisão natural da colônia pelo processo de enxameação. Neste processo ocorre a

formação de uma nova rainha e a metade das abelhas da colônia sai com a rainha

velha à procura de um local adequado de nidificação para estabelecer a sua nova

moradia (SERAPIS, 2004).

Quando o fluxo de alimento diminui, para não morrerem de fome e

não terem extinguido a sua colônia, as abelhas abandonam a colméia e vão em


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busca de um outro local que apresente condições favoráveis a sua sobrevivência

(SERAPIS, 2004).

2. Aspectos morfológicos das abelhas Apis mellifera

As abelhas, como os demais insetos, apresentam um esqueleto

externo chamado exoesqueleto. Constituído de quitina, o exoesqueleto fornece

proteção para os órgãos internos e sustentação para os músculos, além de proteger

o inseto contra a perda de água. O corpo é dividido em três partes: cabeça, tórax e

abdome (Fig. 1). A seguir, serão descritas resumidamente cada uma dessas partes,

destacando-se aquelas que apresentam maior importância para o desempenho das

diversas atividades das abelhas (EMBRAPA, 2003).

Figura 1 - Aspectos morfológicos da Apis mellifera


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2.1 Cabeça

Na cabeça, estão localizados os olhos - simples e compostos - as

antenas, o aparelho bucal (Fig. 2) e, internamente, as glândulas.

Os olhos compostos são dois grandes olhos localizados na parte lateral da cabeça.

São formados por estruturas menores denominadas omatídeos, cujo número varia

de acordo com a casta, sendo bem mais numerosos nos zangões do que em

operárias e rainhas (Dade, 1994). Possuem função de percepção de luz, cores e

movimentos. As abelhas não conseguem perceber a cor vermelha, mas podem

perceber ultravioleta, azul-violeta, azul, verde, amarelo e laranja (Nogueira Couto &

Couto, 2002).

Figura 2 - Aspectos da morfologia externa da cabeça de operária de Apis mellifera.

Os olhos simples ou ocelos são estruturas menores, em número de

três, localizadas na região frontal da cabeça formando um triângulo. Não formam

imagens. Têm como função detectar a intensidade luminosa.


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As antenas, em número de duas, são localizadas na parte frontal

mediana da cabeça. Nas antenas encontram-se estruturas para o olfato, tato e

audição. O olfato é realizado por meio das cavidades olfativas, que existem em

número bastante superior nos zangões, quando comparados com as operárias e

rainhas. Isso se deve à necessidade que os zangões têm de perceber o odor da

rainha durante o vôo nupcial. A presença de pêlos sensoriais na cabeça serve para a

percepção das correntes de ar e protegem contra a poeira e água (Nogueira Couto &

Couto, 2002).

O aparelho bucal é composto por duas mandíbulas e a língua ou

glossa. As mandíbulas são estruturas fortes, utilizadas para cortar e manipular cera,

própolis e pólen. Servem também para alimentar as larvas, limpar os favos, retirar

abelhas mortas do interior da colméia e na defesa. A língua é uma peça bastante

flexível, coberta de pêlos, utilizada na coleta e transferência de alimento, na

desidratação do néctar e na evaporação da água quando se torna necessário

controlar a temperatura da colméia. No interior da cabeça, encontram-se as

glândulas hipofaringeanas, que têm por função a produção da geléia real, as

glândulas salivares que podem estar envolvidas no processamento do alimento e as

glândulas mandibulares que estão relacionadas à produção de geléia real e

feromônio de alarme (Fig. 3) (Nogueira Couto & Couto, 2002).


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Figura 3 - Aspectos da anatomia interna de operária de Apis mellifera.

2.2 Tórax

No tórax destacam-se os órgãos locomotores - pernas e asas (Fig.

1) - e a presença de grande quantidade de pêlos, que possuem importante função na

fixação dos grãos de pólen quando as abelhas entram em contato com as flores

(Nogueira Couto & Couto, 2002).

Segundo Nogueira Couto & Couto (2002) as abelhas, como os

demais insetos, apresentam três pares de pernas. As pernas posteriores das

operárias são adaptadas para o transporte de pólen e resinas. Para isso, possuem

cavidades chamadas corbículas, nas quais são depositadas as cargas de pólen ou

resinas para serem transportadas até a colméia. Além da função de locomoção, as

pernas auxiliam também na manipulação da cera e própolis, na limpeza das

antenas, das asas e do corpo e no agrupamento das abelhas quando formam

"cachos”.
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As abelhas possuem dois pares de asas de estrutura membranosa

que possibilitam o vôo a uma velocidade média de 24 km/h (Nogueira Couto &

Couto, 2002).

No tórax, também são encontrados espiráculos, que são órgãos de

respiração, o esôfago, que é parte do sistema digestivo (Meyer & Wiese, 1985) e

glândulas salivares envolvidas no processamento do alimento.

2.3 Abdome

O abdome é formado por segmentos unidos por membranas

bastante flexíveis que facilitam o movimento do mesmo. Nesta parte do corpo,

encontram-se órgãos do aparelho digestivo, circulatório, reprodutor, excretor, órgãos

de defesa e glândulas produtoras de cera (Fig. 3).

No aparelho digestivo, destaca-se o papo ou vesícula nectarífera,

que é o órgão responsável pelo transporte de água e néctar e auxilia na formação do

mel. O papo possui grande capacidade de expansão e ocupa quase toda a cavidade

abdominal quando está cheio. O seu conteúdo pode ser regurgitado pela contração

da musculatura (Nogueira Couto & Couto, 2002).

Existem quatro glândulas produtoras de cera (ceríferas), localizadas

na parte ventral do abdome das abelhas operárias. A cera secretada pelas glândulas

se solidifica em contato com o ar, formando escamas ou placas que são retiradas e

manipuladas para a construção dos favos com auxílio das pernas e das mandíbulas.

No final do abdome, encontra-se o órgão de defesa das abelhas - o

ferrão - presente apenas nas operárias e rainhas. O ferrão é constituído por um

estilete usado na perfuração e duas lancetas que possuem farpas que prendem o

ferrão na superfície ferroada, dificultando sua retirada. O ferrão é ligado a uma


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pequena bolsa onde o veneno fica armazenado. Essas estruturas são movidas por

músculos que auxiliam na introdução do ferrão e injeção do veneno. As contrações

musculares da bolsa de veneno permitem que o veneno continue sendo injetado

mesmo depois da saída da abelha. Desse modo, quanto mais depressa o ferrão for

removido, menor será a quantidade de veneno injetada. Recomenda-se que o ferrão

seja removido pela base, utilizando-se uma lâmina ou a própria unha, evitando-se

pressioná-lo com os dedos para não injetar uma maior quantidade de veneno. Como,

na maioria das vezes, o ferrão fica preso na superfície picada, quando a abelha tenta

voar ou sair do local após a ferroada, ocorre uma ruptura de seu abdome e

conseqüente morte. Na rainha, as farpas do ferrão são menos desenvolvidas que

nas operárias e a musculatura ligada ao ferrão é bem forte para que a rainha não o

perca após utilizá-lo (EMBRAPA, 2003).

3. O Néctar

O néctar é a matéria-prima para a produção de méis florais, que

podem ser monoflorais, quando o néctar é coletado de uma única espécie vegetal;

poliflorais, se mais de uma espécie contribui com o néctar; silvestre, se produzido a

partir de diversas espécies nativas. Os méis florais são caracterizados por analises

microscópicas que identifica e quantifica os grãos de pólen (ANDRADE E SILVA,

2003; COUTO, 1996; MOREIRA, 2001).

A região possui formações campestres e florestais associadas, que

podem ser divididas em campos, várzeas, cerrado, capões, matas de galeria e

bosques mistos de araucária. Nestas formações, destacam-se como plantas

apícolas, dentre muitas outras: maria-mole (Senecio brasiliensis), carqueja

(Caesalpinia multie) e assa-peixe (Vermonia sp.) nos campos secos é a corticeira-


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do-banhado (Erithrina crista-gali) e nos campos úmidos; barbatimão

(Stryphnodendron adstringens), marmeleiro do campo (Austroplenchkia populnea) e

pequi (Caryocar brasiliense) nos cerrados; aroeira (Lithraea malleoides) e aroeira

vermelha (Schinus terebithifolius) nos capões; açoita-cavalo (Luehea divaricata), e

angico-branco (Piptadenia comunis), ingá (Inga uruguensis), cambuí (Myrcia

multiflora), aroeira vermelha, laranjeira-do-mato (Actinostemon concolor) nas matas

de galeria; erva-mate (Ilex paraguariensis), bracatinga (Mimosa scrabella) e canela-

guaiacá (Ocotea puberula) nos bosques mistos de araucárias

(ALZUGARAY;ALZUGARAY,1986;MELO,2003).

A personalização da atividade ocorreu apenas nos últimos anos. Em

todo país, milhares de empregos são gerados nos serviços de manejo das abelhas,

fabricação e comércio de equipamentos, beneficiamento de produtos e polinização

de culturas agrícolas.

4. Mel

O mel de abelhas é uma substância viscosa, rica em açúcares,

tendo em geral sabor agradável, com aroma particular, de altos valores nutricional e

terapêutico, sendo obtido a partir do beneficiamento do néctar das flores e

armazenado em favos de cera pelas abelhas melíferas (BENDER 1982; GARCIA et

al.1986).

Através dos tempos, o mel sempre foi considerado um produto

especial, utilizado pelo homem desde os tempos mais remotos. Evidências de seu

uso pelo ser humano aparecem desde a Pré-história, com inúmeras referências em

pinturas rupestres e em manuscritos e pinturas do antigo Egito, Grécia e Roma. A


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utilização do mel na nutrição humana não deveria limitar-se apenas a sua

característica adoçante, como excelente substituto do açúcar, mas principalmente

por ser um alimento de alta qualidade, rico em energia e inúmeras outras

substâncias benéficas ao equilíbrio dos processos biológicos de nosso corpo

(CRANE, 1983; HOOPER, 1976).

O açúcar natural que se encontra na seiva das plantas é a sacarose,

constituída por glicose e frutose. Estes açúcares são segregados pelos nectários da

flor sob a forma de néctar: uma solução de aguçar em água. (CRANE, 1983;

HOOPER, 1976).

O mel melado é obtido a partir de secreções das partes vivas da

plantas ou de excreções de insetos sugadores de plantas (BRASIL, 2000). São

classificados em dois tipos: aqueles sujeitos à granulação e os que não sofrem

granulação, ricos em melezitose e erlose, respectivamente (COUTO, 1996; CRANE,

1983).

4.1 Composição Química e propriedades

O mel contém uma mistura complexa de carboidratos, enzimas, cera

e grãos de pólen. Ao todo, já foram encontradas mais de 180 substancias em

diferentes tipos de mel (CRANE, 1983,1996; WHITE, 1979). Sua composição, cor,

aroma e sabor podem ser bastante variados, dependendo principalmente das

floradas, das regiões geográficas e das condições climáticas.

A tabela a seguir apresenta a composição típica do mel:


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Tabela 1 - Composição típica do mel.

Faixa de Desvio
Média variação Padrão
Taxa 0,76 -
Frutose/Glicose 1,23 1,86 0,126
30,91 -
Frutose (%) 38,38 44,26 1,77
22,89 -
Glicose (%) 30,31 40,75 3,04
0,020 -
Minerais (%) 0,169 1,028 0,15
13,4 -
Umidade (%) 17,2 22,9 1,46
Açúcares 61,39 -
redutores (%) 76,75 83,72 2,76
0,25 -
Sacarose (%) 1,31 7,57 0,87
3,42 -
pH 3,91 6,10
Acidez total 8,68 -
(meq/kg) 29,12 59,49 10,33
Proteína 57,7 -
(mg/100g) 168,6 567 70,9
0,0577
-
-0,17% 0,567%
Fonte: NATIONAL HONEY BOARD, 2004.

Se o mel for produzido em regiões onde não se utilizam agrotóxico e

também nenhum produto químico no seu processamento, ele pode ser considerado

orgânico (BND, 2005).

Embora o mel seja um alimento de alta qualidade, apenas o seu

consumo, mesmo em grandes quantidades, não é suficiente para atender a todas as

nossas necessidades nutricionais.


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Tabela 2 - Nutrientes do mel em relação aos requerimentos humanos.

Nutriente Unidade Quantidade em Ingestão diária


100g de mel100 g recomendada
de mel
ENERGIA Caloria 339 2800
VITAMINAS:
A U.I - 5000
B1 mg 0,004 - 0,006 1,5
COMPLEXO B2:
RIBOFLAVINA mg 0,02 - 0,06 1,7
NIACINA mg 0,11 - 0,36 20
B6 mg 0,008 - 0,32 2
ACIDO mg 0,02 - 0,11 10
PANTOTENICO
ÁCIDO FÓLICO mg - 0,4
B12 mg - 6
C mg 2,2 - 2,4 60
D U.I - 400
E U.I - 30
BIOTINA mg - 0,330

Além de sua qualidade como alimento, esse produto único é dotado

de inúmeras propriedades terapêuticas, sendo utilizado pela medicina popular sob

diversas formas e associações como fototerápicos (EMBRAPA, 2003).

Figura 4 - Mel escorrendo de um quadro recém - desoperculado.


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Figura 5 - Potes de mel de Apis mellifera, ilustrando a variedade de cores, em razão

das diferentes fontes florais que o originaram.

O néctar é transportado para a colméia, onde irá sofrer mudanças

em sua concentração e composição química, para então ser armazenado nos

alvéolos. Entretanto, mesmo durante o seu transporte para a colméia, secreções de

várias glândulas, principalmente das glândulas hipofaringeanas, são acrescentadas,

introduzindo aos materiais originais enzimas como a invertase (a-glicosidase),

diastase (a e β amilase), glicose oxidase, catalase e fosfatase (EMBRAPA, 2003).

A produção mundial de mel movimenta cerca de 4 bilhões de dólares

por ano, tendo como maiores produtores: China, Rússia e Estados Unidos (GARCIA

et al. 1986). Diante desta representatividade no quadro econômico mundial torna-se

fundamental o aprimoramento de novas técnicas de produção. Também reforça esta

idéia o fato do mel ter um alto preço o que estimula a adulteração por produtos mais

baratos como o açúcar comercial, especialmente em regiões subdesenvolvidas

(WHITE et al. 1988).

Segundo os dados do IBGE, a produção de mel em 2000 no Brasil

foi de 21.865.144 kg, gerando um faturamento de R$ 84.640.339,00. Os maiores


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exportadores mundiais são: China, Argentina, México, Estados Unidos e Canadá.

Juntos, esses países comercializaram durante o ano de 2001 cerca de 242 mil

toneladas, movimentando, aproximadamente, US$ 238 milhões (Tabela 2).Entre

janeiro e julho de 2002, o Brasil exportou 10.615 toneladas de mel, mas estima-se

que o mercado internacional conseguirá absorver 170 mil toneladas/ano de mel

oriundo do Brasil. Os principais compradores de mel do País são: Alemanha,

Espanha, Canadá, Estados Unidos, Porto Rico e México.

Tabela 3 - Produção Mundial de mel em mil toneladas.

Continente/País 1999 2000 2001


Ásia 435 457 465
China 236 252 256
América do norte e 201 208 205
central
Canadá 37 31 32
Estados Unidos 94 100 100
México 55 59 56
América do sul 133 141 131
Argentina 93 98 90
Brasil 19 22 20
União Européia 117 112 111
Oceania 29 29 29
Total 1232 1265 1263

Fonte: Braunstein, 2002.


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Tabela 4 - Principais exportadores de mel (em mil toneladas) e os ganhos (em

milhões de dólares).

1998 19991999 200002000


Mel US$$ Mel US$$ Mel SUS$$
aísís US$ $
79 87 87 79 103 87

hina

68 89 93 96 88 87

rgentina

32 42 22 25 31 35

éxico

5 9 5 9 5 8

stados

Unidos

11 20 15 21 15 21

anadá

44 46 48

nião

Européia

Fonte: Braunstein, 2002.

5. Própolis

Constituída por resinas vegetais que as abelhas recolhem de certas

partes da planta, especialmente dos gomos florais e foliares. Usam-na para tapar

buracos e fendas existentes na colméia, para revestir o interior das "células de cria",
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para estabilizar a temperatura e umidade da colméia e para mumificar cadáveres

(LEE, 1986).

A cor da própolis é variável consoante à proveniência, e vai desde o

amarelo claro ao castanho escuro, quase preto. O sabor é normalmente acre. O

odor também varia com a origem (LEE, 1986).

A composição química da própolis é muito complexa, e, varia de

amostra para amostra. Em termos médios tem 30% cera, 55% de resinas e

bálsamos, 10% de óleos voláteis e 5% de pólen.

Sua maior importância para o homem, é sua ação antibiótica e

antisséptica de grande eficácia, sendo que algumas das substâncias presentes no

mesmo, como ácido felúrico, recentemente detectado na sua composição, tem uma

notável ação bactericida sobre os microorganismos gram-negativos. É ainda de

assinalar a presença de ácido caféeico, dotado de ação antifúngica (LEE, 1986).

Desde sempre que a própolis foi usada como cicatrizante, sob a

forma de pomada, graças à sua notável capacidade de estímulo da regeneração dos

tecidos, em caso de feridas e chagas. Assim, é recomendada a sua aplicação no

tratamento de psoríase e de herpes zona. Em se tratando de psoríase a ingestão

duma solução aquosa à base de própolis é também comum (LEE, 1986).

A inalação do produto ou a administração em xarope com mel, em

situações de rinofaringite e em outras afecções das vias respiratórias parece ter uma

ação benéfica. Também nas laringites e faringites o seu poder curativo é notável.

Deve-se dar devido destaque à presença de ácidos gordos insaturados e de zinco,

magnésio e potássio na própolis, contribuem para diminuir a fragilidade capilar e


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controlar a tensão arterial sistólica e diastólica. Estudos efetuados por cientistas

russos, mostram que a fração hidrossolúvel da própolis parece ter uma ação de

inibição da replicação viral e aumento da resistência às infecções virais. Outros

estudos levados a cabo por este grupo de cientistas, em ratos, apontam para um

aumento das defesas do organismo hospedeiro a bactérias e a fungos (BREYER &

CIA LTDA).

6. Cera

A cera de Apis mellífera tem sido separada em mais de 300

componentes, que podem ser resumidos em:

- Monoesteres - 35%

- Hidrocarboneto - 14%

- Ácidos livres - 12%

- Diésteres - 14%

- Hidroxipoliesteres - 8%

- Hidroximonoésteres - 4%

- Triésteres - 3%

- Ácidos poliésteres - 2%

- Ácidos monoésteres - 1%

- Material não identificado 7%

Ela é secretada por quatro pares de glândulas ceríferas que se

localizam do quarto ao sétimo segmentos do lado ventral do abdome das abelhas

operárias com idade variando entre 12 a 18 dias.

Essas glândulas ceríferas secretam a cera na forma líquida dissolvida em uma

substância volátil, que na superfície externa do tegumento se evapora, deixando as


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placas de cera. Cada placa é feita de uma ou mais secreções, possuindo uma

espessura de 0,6 à 1,6 mm com peso médio de 1,3 mg.

As operárias puxam estas escamas de cera para trás com o auxílio das patas

traseiras e às levam as dianteiras e a boca, para serem amassadas e moldadas,

utilizando a secreção das glândulas mandibulares.

Centenas de abelhas operárias participam na edificação de um só alvéolo, sendo

que cada operária pode manter-se em atividade pelo tempo médio de 1 minuto. Para

a secreção da cera é imprescindível a ocorrência de certos fatores, tais como:

temperatura no grupo de abelhas de 33 à 36ºC, em média; presença de abelhas

operárias com idade de 12 à 18 dias; alimentação abundante, e a necessidade da

construção de favos. Cerca de 45 dias após a chegada de um enxame, 90% dos

favos já foram construídos (BREYER & CIA LTDA).

7. Apitoxina

A apitoxina é o veneno produzido pelas abelhas, trata-se de uma

mistura complexa de enzimas, peptídeos e aminoácidos. Contém, ainda, em

pequenas quantidades, carboidratos e lipídeos. (BREYER & CIA LTDA).

Quatro componentes são destacados na composição de apitoxina.

Dois são peptídeos de baixo peso molecular:

- a melitina, cera de 50% do peso seco;

- a apamina, cerca de 3% do peso seco.

Os outros dois tem ação enzimática:


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- a hialuronidase, que decompõe o principal polissacarídeo da matriz

celular epitelial, o ácido hialurônico.

- a fosfolipase A2, que rompe a estrutura dos fosfoacilgliceróis da

membrana das células .

Entre outros peptídeos já descritos, destacam-se:

- peptídeo MCD, cardropep, adolapina, tertiapina, secapina,

peptídeo de Nelson, procarminas A e B. Além disso, ocorrem compostos

nitrogenados de outras classes como a noradrenelina, dopamina, solapiveno e

catecolaminas (BREYER & CIA LTDA).

Para se conseguir obter 1g de veneno seco é necessário coletar a

apitoxina de cerca de 10.000 abelhas (BREYER & CIA LTDA).

Várias outras aplicações têm sido relatadas, incluindo terapias para:

- controle e permeabilidade dos vasos capilares;

- distúrbios otorrinolaringológicos;

- doenças ginecológicas;

- tuberculose;

- herpes ocular;

- esclerose múltipla;

- lipemia;

- estimulação das funções sexuais;


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- infecções bacterianas e fúngicas;

- inibição da propagação e metástase de células tumorais.

8. Apicultura

A apicultura é uma atividade de geração de benefício sociais,

econômicos e ecológicos. No Brasil está deixando de ser artesanal e esta sendo

voltada ao mercado interno, para tornar-se empresarial, tecnificada e produtiva. No

Paraná, os Campos Gerais dispõe de flora apícola diversificada e condições

propícias à criação de abelhas.

8.1 Estrutura das colméias

Segundo Free (1980) a colônia de Apis é umas das realizações

mais notáveis da evolução, com quatro tipos de espécies a que mais se distribui é a

da Apis mellifera.

As rainhas são especializadas em pôr ovos e a todas as outras

tarefas são realizadas por operárias morfologicamente idênticas, as operarias vivem

de quatro a seis semanas durante o meio do verão onde as três primeiras semanas

são gastas em trabalho de ninho e o resto em coletas.

8.2 Atividades de limpeza

A abelha recém-emergida primeiramente limpa a si mesma, quando

tem algumas horas a mais de idade, começa a limpar a células que contiveram cria,

alem disso voam da colméia carregando detritos tais como velhos opérculos, cria

morta e pólen mofado (Free, 1980).


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Quando uma abelha está esperando para se limpar, realiza uma

dança convidativa de “grooming” durante a qual ela rapidamente bate as pernas e

vibra seu corpo de um lado para o outro. Isso geralmente resulta em uma abelha vir

e limpá-la, sobretudo na base das asas e nas constrições entre o tórax e o abdome,

onde ela é incapaz de limpar-se (FREE, 1980).

8.3 Alimentação da cria

As larvas são nutridas com alimento proveniente principalmente das grandular

hipofaringeanas e mandíbulas das operarias, embora secreções das glândulas pós-

cerebrais e torácicas possam ser adicionada (FREE, 1980).

8.4 Construção de favos:

A cera é usada para construir novos favos, reparar velhos favos e

recobrir células contendo pupas ou mel maduro. As abelhas que estão produzindo

cera tendem a se agrupar em locais da colônia onde a cera esta sendo necessitada

em abundancia (FREE, 1980).

8.5 Vôos de orientação

Quando a abelha voa pela primeira vez, ela se orienta em relação à

posição do ninho fazendo círculos cada vez mais amplos no ar; em viagens

sucessivas, as abelhas vão cada vez mais adiante no campo, mas mesmo em voos

longos, elas podem não coletar alimento e solicitá-lo-ão de outras quando de sua

volta (FREE, 1980).


25

8.6 Coleta

A idade em que as abelhas coletam pela primeira vez difere muito

(geralmente isto ocorre quando têm entre 10 a 30 dias de vida) em geral, quanto

mais cedo as abelhas realizam voos de orientação, tanto mais cedo coletam pela

primeira vez. As glândulas hipofaringeanas das coletoras lodo degeneram, mesmo

quando estas são relativamente jovens (FREE, 1980).

8.7 Uso do favo para estocagem de alimentos e criação da prole

As células nos favos de Apis são hexagonais, em corte transversal,

e de dois tipos básicos. As células maiores e mais profundas são usadas para

criação de zangões e as menores para a criação de prole. As mesmas células

podem ser usadas, em épocas diferentes, para a estocagem de alimento e a criação

de prole. As células para estocagem de mel podem ter sua profundidade aumentada

para o dobro daquela das células usadas par a cria (FREE, 1980).

8.8 Comunicação dentro do ninho:

A comunicação por é feita por substâncias químicas, seja ela

percebida como gosto ou como cheiro, é de primeira importância. As operárias são

particularmente competentes na distinção de odores individuais em uma mistura, e

na discrição entre misturas que contenham diferentes proporções dos mesmos

odores. Um modo pelo qual a comunicação química pode ocorrer é pela

transferência de alimento (FREE, 1980).

8.9 Feromônios
26

Principal meio de comunicação química dentro do ninho são os

feromônios. Eles são substancias químicas, produzidas e descarregadas

extremamente por um individuo, que produzem respostas comportamentais ou

fisiológicas especificas em outros indivíduos da mesma espécie (FREE, 1980).

8.10 Defesa da colônia

O ferrão da abelha é farpado, de modo que, quando ele é usado

contra uma ave ou mamífero, fica encravado no tecido mole. Quando a abelha tenta

retirá-lo, o ferrão e o sétimo segmento abdominal são cotados e deixados in situ. A

abelha que ferroou logo morre (FREE, 1980).


27

Objetivo

O objetivo deste projeto é dar ao empreendedor rural e a demais

pessoas interessadas a oportunidade de obter informações para a criação e manejo

de abelhas, produção de mel e seus derivados.

Também serão abordadas no contexto do projeto as características

da abelha Apis mellifera, sua morfologia, sua organização social, ciclo de vida, e

demais informações necessárias para a montagem de um apiário.


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Justificativa

Sendo o território brasileiro região privilegiada em relação à

apicultura, por suas condições de clima favorável e pela riqueza nectarífera de sua

vegetação, e existindo e nosso país relativamente muito poucos apiários, é

incalculável a perca que nossa economia sofre, todo ano, em forma de mel, própolis

ou cera não colhida.

Só este fato bastaria para justificar e salientar o valor de um projeto

como este que visa dar mais informações ou esclarecer dúvidas sobre este assunto

que interessa não só a muitos agricultores, já que se mostra como uma fonte de

renda alternativa, mas também interessa as pessoas que querem saber mais sobre

a vida e morfologia das abelhas, produção de mel e seus derivados, etc. Além disso,

a apicultura é um negócio que propicia bom retorno econômico, a atividade é viável,

mesmo em regiões de clima seco, e ao mesmo tempo existe a possibilidade da

venda de outros produtos como cera, própolis, geléia real, abelhas-rainha e

enxames.

O mel tem grande mercado, tanto nacional como internacional, o

consumo de mel como alimento é benéfico ao se humano, além de ser utilizado para
29

a fabricação de produtos de beleza e também se destaca a grande importância das

abelhas que fazem a fecundação das flores das lavouras, aumentando a

produtividade de seus frutos.

9. Plano de trabalho

A apicultura, como toda atividade agrícola, requer conhecimento e

equipamentos para efetuar a atividade com segurança. Para tanto, é fundamental

que o apicultor tenha os seguintes equipamentos: macacão, botas e luvas, para não

correr risco de ser picado; fumegador que é um aparelho indispensável, para

produzir fumaça e acalmar as abelhas; garfo e faca desoperculadora; carretilha

fixadora; gaiolas para as rainhas e vassourinha; centrifuga, para retirar o mel dos

favos.

Para haver uma boa produção, é necessário que o apiário tenha uma

localização onde a flora apícola seja abundante com facilidade de escoamento da

produção, lembrando que o tipo de mel depende muito da flora que esta ao redor da

colméia. Sempre deve haver água limpa e fresca perto do apiário, no Maximo a 500

metros de distancia. É importante que o apiário possua uma proteção contra o vento,

pois o vento frio sulino é um grande empecilho para o vôo das abelhas.

As colméias devem ser colocadas em locais com sombra moderada e no

inverno o sol é importante para que as abelhas não reduzam suas atividades.
30

Outra parte importante é a escolha do tipo de colméia, assim, o mais

recomendado é utilizar a colméia tipo padrão que é adotada mundialmente. (GALLO

et al., 2002)

Figura 6 - Colméia tipo padrão.

Para construir uma colméia, é necessário seguir as seguintes medida:


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Figura 7 - Assoalho de uma colméia tipo padrão.

Para o assoalho, foram tomadas duas tábuas (A) de 62 cm de comprimento

por 20,5 cm de largura por l cm de grossura, unidas, por baixo, por três sarrafos (C),

de 41 cm x 4 cm x l cm. Os quais, além de promoverem sua união, evitam que

fiquem empenadas. Nota-se que três dos quatro lados do tabuleiro assim formado,

são guarnecidos por três sarrafos (B), de 2 cm de largura por l,5 cm de grossura.

Sobre estes assentará a parte inferior do ninho, formando-se o alvado, que é por

onde as abelhas saem e entram na colméia, no espaço que ficará aberto no lado

não guarnecido de sarrafo. Quando forem pregadas as travessas (C), convém ter o

cuidado de não unir as tábuas (A) encostando-as uma à outra. É prudente deixar

pequeno espaço de aproximadamente l mm, pois, durante o tempo chuvoso, a

madeira sempre absorve umidade e se dilata, podendo as tábuas empenar se forem

unidas sem deixar junta.O ninho e pode ser feita, tomando-se, para os lados da

mesma, duas tábuas com as dimensões de 50,5cm de comprimento por 25 cm de

largura por 2 cm de grossura, as quais deverão ser pregadas, em duas testeiras de

37 cm í do comprimento por 25 cm de lar e pode ser (feita, tomando-se, para os

lados da mesma, duas tábuas com as dimensões de 50,5 cm de comprimento por 25

cm de largura por 2 cm de grossura, as quais deverão ser pregadas, como visto na


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fig. 8, em duas testeiras de 37 cm í do comprimento por25 cm de largura por 2 cm

de grossura.

Figura 8 - Planta de um ninho de uma colméia tipo padrão.

A planta mostra ainda que, em cada testeiras, foi praticado rebaixo

de 2 cm de profundidade por 1 cm de largura a fim de formar o apoio para os

quadros. Do lado de fora da caixa, em ambas as tábuas laterais, deverão ser

firmemente pregados, ou melhor, aparafusados, dois pegadores cortados nas

dimensões de 10 cm x 4 cm x 2,5 cm. Se preferir, poderá abrir escavações na

madeira, nas quais apoiará os dedos quando, mais tarde, precisar mover ou levantar

o ninho, já repleto de favos pesados com cria e mel.

A construção da melgueira é exatamente igual à do ninho, porém

sua profundidade é de 15 cm. A tampa deverá ser construída com duas tábuas de 1

cm de grossura por 20,5 cm de largura e com o comprimento de 52,5 cm, sendo

unidas por 3 travessas.


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Figura 9 - Planta de uma tampa de uma colméia tipo padrão.

É muito conveniente proteger a colméia com um telhado. Construir

um é fácil e sempre devemos utilizar um modelo que seja de fácil retirada devido a

sua simplicidade e leveza. O mais conveniente é utilizar uma simples folha ferro

galvanizado, de 70 cm de comprimento por 52 cm de largura, a qual, dobrada ao

meio, sentido longitudinal, é posta sobre a colméia com um pedaço de telha, ou

qualquer outro objeto pesado em cima, para que não seja fácil ser levada pelo vento.

A fim de deixar certo declive nos dois lados, convém pôr em baixo da folha suporte

de madeira, que impedirá o peso da telha de baixar por demais a folha dobrada.

Os quadros ou armações dentro dos quais as operarias irão

construir, de cera, os favos, cuja finalidade é conter os alvéolos hexagonais em que

se criam os filhotes e que também são utilizados como depósito das provisões de

mel, água e pólen. Há vários tipos de quadros. O denominado Hoffman um dos mais
34

adotados por apicultores de todo o mundo apesar do inconveniente que apresenta

possibilitar que as operárias os colem uns aos outros pêlos lados, na parte em que

se tocam os seus separadores, dificultando sobremodo a sua remoção quando se

inspecionam as colméias, porque frequentemente a descolagem provoca abalos e

movimentos bruscos determinantes de irritação das abelhas.

Figura 10 - Diferença entre os quadros de Hoffman e os quadros simples

Para evitar este obstáculo à execução fácil e tranquila das

operações no cortiço, adotamos um tipo de quadro em tudo semelhante ao Hoffman,

porém de construção mais simples, menos complicada, e no qual se faz abolição

dos separadores.
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Figura 11 - Planta de quadro do ninho (A) e da melgueira (B)

A parte horizontal superior do quadro, à qual daremos o nome de barrote é

cortada com o comprimento de 48 cm, sendo a sua largura 2,5cm e a grossura 2 cm.

Nas extremidades, essa grossura é reduzida à metade até uma profundidade de

2,5cm das pontas de modo que a parte inferior do barrote fique reduzida ao

comprimento de 43 cm.

Figura 12 - Barrote de um quadro.

Na peça em questão, do lado de baixo, abriu-se uma ranhura, de

fora a fora, com 4 mm de largura por 3 mm de profundidade e que servirá para

receber a cera derretida com a qual o barrote será soldado a lamina de cera

estampada da qual os quadros serão providos.


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Os dois sarrafos que formam os lados verticais, ou seja, suas

cabeceiras podem ser cortados de tábua com l cm de grossura e devem ter 22,5cm

de comprimento por 2,5 cm de largura. O sarrafo que completa o retângulo, em

baixo, tem também 1 cm de grossura. Sua largura é de 17 mm e o comprimento, 43

cm.

Ao executar a montagem da armação, não convém usar pregos de

tamanho exagerado os quais determinem rachaduras na madeira. Recomendamos o

uso de pregos 10x10 para juntar duas peças verticais às extremidades do barrote. A

parte inferior destas cabeceiras deve ser unida às pontas do sarrafo e os pregos

usados são de 8x8 batidos horizontalmente.

Porem se os quadros fossem entregues sem nenhum preparo para

as abelhas, os favos seriam confeccionados em desordem, de tal maneira que seria

impossível extrair cada quadro sem dilacerar os favos. Por isso, os quadros são

entregues as abelhas com cera e estampados com hexágonos em relevo, do

tamanho adotado habitualmente pelas operarias quando constroem seus alvéolos

destinados a cria de obreiras.

Para guarnecer os quadros com cera, foram passados dois fios de

arame galvanizado pelo centro dos sarrafos, distantes entre si 8 cm nos quadros de

ninho e 4 cm nos quadros da melgueira. O arame ajuda a sustentar os alvéolos.

(ARAÚJO, 1986)
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Referências Bibliográficas

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