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Aula 00

Curso: Noções de Direito Constitucional


Professor: Jonathas de Oliveira
Curso: Noções de Direito Constitucional
Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas
Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 00

APRESENTAÇÃO

Caros amigos,

É com enorme prazer que inicio este curso aqui no Exponencial


Concursos. Trata-se de um curso de Noções de Direito Constitucional de
teoria, jurisprudência e questões comentadas para o cargo de Policial
Rodoviário Federal (PRF).
Tradicionalmente, os concursos para o cargo eram organizados de
forma intercalada por diferentes bancas. Porém, após alguns problemas em
concursos anteriores, o Centro de Seleção e de Promoção de Eventos da UnB
(CESPE, atual CEBRASPE) acabou marcando terreno nos concursos da PRF.
Não por acaso, os últimos concursos para Policial Rodoviário Federal,
em 2013 e em 2018, foram organizados pelo CESPE/CEBRASPE, o que deve
ser mantido nos próximos.
Essa continuidade certamente facilitará nossa vida, uma vez que
podemos direcionar nossos estudos com uma boa dose de previsibilidade.

Pois bem, antes de entrarmos em maiores detalhes, passemos às


apresentações.

Meu nome é Jonathas de Oliveira, e minha história nos concursos se


iniciou aos 23 anos, quando em 2012, sem maior pretensão, fui aprovado para
um concurso de nível municipal em Armação de Búzios (RJ). Alguns meses
depois, dei formalmente início à minha preparação para concursos maiores.
No início de 2013, fui aprovado para Analista de Fazenda da Secretaria
de Estado de Fazenda do Rio de Janeiro e, em outubro daquele ano, para
Auditor Fiscal da Receita do Estado do Espírito Santo, em 3º lugar,
cargo que exerço atualmente, atuando como subgerente na gerência
responsável pelo julgamento de processos administrativos fiscais.
Ao longo dos meus 11 meses de estudo como concurseiro, e,
posteriormente, nos mais de 4 anos como professor para concursos, pude
travar contato com diferentes materiais e metodologias e constatar a
dificuldade que os candidatos – com as mais diversas formações – ao
almejado cargo na administração pública encontram para conciliar, resumir e
esquematizar conteúdos vastos e muitas vezes demasiadamente prolixos.
É nesse sentido que a formatação deste curso visa a ser não apenas um
instrumento de transmissão de informações com eficiência, eficácia e
efetividade, mas também uma ferramenta metodológica, contribuindo para

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que o estudo para concursos públicos seja feito com a maior praticidade
possível, obtendo os melhores resultados, sem desperdício de tempo.
Nosso curso apresenta aproximadamente 150 mapas mentais
(esquematizações, quadros e diagramas), a fim de estimular a fixação,
assim como cerca de 200 questões comentadas, optando-se por aquelas
que melhor representam o estilo do CESPE/CEBRASPE (nossa banca
organizadora), tanto em relação à forma, quanto ao conteúdo.

Com base no último edital para o nosso cargo (2018) vejamos quais os
prováveis conteúdos que serão cobrados no âmbito da nossa disciplina:

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL:


1 Direitos e garantias fundamentais: direitos e deveres individuais e coletivos;
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade; direitos
sociais; nacionalidade; cidadania e direitos políticos; partidos políticos;
garantias constitucionais individuais; garantias dos direitos coletivos, sociais e
políticos. 2 Poder Executivo: forma e sistema de governo; chefia de Estado e
chefia de governo. 3 Defesa do Estado e das instituições democráticas:
segurança pública; organização da segurança pública. 4 Ordem social: base e
objetivos da ordem social; seguridade social; meio ambiente; família, criança,
adolescente, idoso, índio.

Em cima desse conteúdo programático, vamos estruturar nosso curso


da seguinte forma.

Aula Tópico
00 Introdução ao Direito Constitucional. O Direito Constitucional e os
demais ramos do Direito. Estrutura da Constituição Federal de 1988.
Direitos e garantias fundamentais. Princípios fundamentais. Direitos
e deveres individuais e coletivos. Direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade.
01 Direitos sociais. Nacionalidade. Direitos Políticos. Partidos políticos.
02 Poder Executivo.
08 Defesa do Estado e das instituições democráticas. Segurança pública.
Organização da segurança pública.
09 Ordem social. Base e objetivos da ordem social. Seguridade social.
Meio ambiente. Família, criança, adolescente, idoso e índio.

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* Confira o cronograma de liberação das aulas na página do curso no nosso site.

Evidentemente, tão logo o novo edital for publicado, faremos os


eventuais ajustes necessários para que nosso curso atenda sempre 100% do
que nos será exigido.

Com inteligência e trabalho duro alcançaremos nosso tão sonhado


objetivo.

Vamos juntos!

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Aula 00 – Introdução ao Direito Constitucional. O Direito


Constitucional e os demais ramos do Direito. Estrutura da
Constituição Federal de 1988. Direitos e garantias fundamentais.
Princípios fundamentais. Direitos e deveres individuais e coletivos.
Direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade.

Sumário
1- Introdução ao Direito Constitucional ............................................... 6
2- O Direito Constitucional e os demais ramos do Direito .................... 8
3- Estrutura da Constituição Federal de 1988 .................................... 10
4- Princípios fundamentais ................................................................ 12
5- Direitos e deveres individuais e coletivos. Eficácia, aplicação e
aplicabilidade das normas constitucionais. O direito de petição. O
habeas corpus. O mandado de segurança (individual e coletivo). O
habeas data. O mandado de injunção (individual e coletivo). A ação
popular. A ação civil pública. ............................................................. 18
5.1 – Direitos fundamentais x Garantias fundamentais .............................. 19
5.2 – Dimensões de direitos fundamentais ............................................... 20
5.3 – Eficácia dos direitos fundamentais .................................................. 23
5.4 – Características dos direitos e garantias fundamentais ........................ 24
5.5 – A teoria dos quatro status de Jellinek .............................................. 25
5.6 – Eficácia, aplicação e aplicabilidade das normas constitucionais ........... 26
5.7 – O art. 5º da Constituição Federal de 1988 ....................................... 30
5.8 – O habeas corpus .......................................................................... 71
5.9 – O mandado de segurança .............................................................. 74
5.9.1 – Mandado de segurança individual ................................................ 75
5.9.2 – Mandado de segurança coletivo ................................................... 77
5.10 – O mandado de injunção (individual e coletivo) ................................ 78
5.11 – O habeas data ............................................................................ 82
5.12 – A ação popular ........................................................................... 84
5.13 – A ação civil pública ..................................................................... 87
6- Questões Comentadas ................................................................... 93
7- Lista de Exercícios ....................................................................... 104
8- Gabarito ...................................................................................... 119
9- Referencial Bibliográfico.............................................................. 120

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1- Introdução ao Direito Constitucional

Conforme anota o grande jurista José Afonso da Silva, o Direito é um


sistema normativo, do qual extraímos normas (regras e princípios)
imperativas de conduta.
De modo geral, um sistema representa um conjunto dotado de uma
estrutura e organização determinados, que atende a algumas características
básicas, quais sejam: pluralidade de elementos, interação entre os
elementos e a harmonia entre os elementos.
Nosso ordenamento jurídico-normativo, portanto, representa um
sistema cujos elementos são as normas jurídicas.

Este sistema, por seu turno, é composto de unidades estruturais


(ramos) organicamente dispostas.
A doutrina majoritária compreende que a subdivisão da ciência jurídica
reveste-se de importância prática para seu ordenamento e estudo. Porém, em
última análise, o Direito é uno.
Assim é que, o Direito Administrativo, o Direito Tributário, o Direito
Financeiro, dentre outros ramos do denominado direito público, muito embora
apresentem especificidades quando comparados aos ramos do dito direito
privado – Civil e Empresarial, por exemplo –, abrigam-se sob um mesmo
arranjo lógico-normativo: “O” Direito.

E o que é o Direito Constitucional?


Direito Constitucional é o ramo do direito público que tem por
objeto a Constituição dos Estados nacionais.
No momento oportuno, apresentaremos os diferentes sentidos e
tipologias que a palavra “Constituição” pode assumir. No entanto, em sentido
jurídico – aquele a que devemos dar mais atenção – a Constituição é o
fundamento de validade normativa dos Estados nacionais. É a lei
máxima do Estado.
No plano jurídico-positivo (o Direito produzido pelo Estado, que rege
nosso dia a dia), a nossa Constituição Federal de 1988, situa-se no topo da
pirâmide normativa. Essa pirâmide é um recurso visual consagrado com base
na teoria normativista de Hans Kelsen e que traduz o princípio da
supremacia da Constituição. Em última instância, é à Constituição que todo
o agir público se reporta, numa relação de verticalidade hierárquica.
As normas de um ordenamento não estão todas em um mesmo
plano/hierarquia. Há normas superiores e inferiores, sendo que as normas
inferiores devem observância às superiores.

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Um exemplo. A CF/88 atribui competência exclusiva à União para
decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a intervenção federal.
Pois bem, todos os atos subsequentes em relação a esses institutos não
podem afrontar, ativa ou omissivamente, as diretrizes e limites dispostos pela
Constituição, sob pena de incorrerem em inconstitucionalidade. A Constituição
Federal é suprema!
Assim, não poderia prefeito decretar estado de defesa. Tampouco
poderia norma federal infraconstitucional (hierarquicamente, “abaixo da
Constituição Federal”) ampliar essa possibilidade para os governadores, por
exemplo.

Perceba-se que todo o corpo legislativo (e o agir público é vinculado à


existência de lei prévia que o autorize) extrai seu fundamento de validade da
Lei Maior, a Constituição Federal.
Visualizando a conexão entre os dois extremos, teríamos, portanto, a
seguinte relação de hierarquia:

*É a ideia lógica Norma Hipotética Fundamental*


que sustenta o
plano jurídico-
Constituição Federal de 1988 (normas
positivo originárias)

Constituição Federal de 1988 (emendas) e


tratados e convenções internacionais sobre
direitos humanos aprovados na forma do
art. 5º, §3º

Outros tratados e convenções internacionais


sobre direitos humanos (status supralegal)

Leis complementares, leis ordinárias, leis


delegadas, medidas provisórias, decretos
legislativos, resoluções, tratados e
convenções internacionais gerais, decretos
autônomos (status legal)

Normas infralegais (decretos


regulamentares, portarias, ordens de
serviço, instruções normativas e outras)

* A norma hipotética fundamental não é positivada, mas sim pressuposta. É


uma premissa jurídica e o referencial de produção das normas do
ordenamento jurídico, uma espécie de consciência jurídica (ou ânimo jurídico)
que por ele perpassa.

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2- O Direito Constitucional e os demais ramos do Direito

A esquematização didática do Direito, assim como tudo o mais


nesta ciência, não é unânime entre os autores.
De todo modo, numa abordagem pragmática, podemos propor as
seguintes especializações:

DIREITO

Direito
Direito Público Direito Privado
Difuso/Social

D. do Trabalho D. Civil
Direito Público Direito Público
D. Ambiental D. Empresarial
Interno Externo
D. Previdenciário D. Internacional
Privado
D. Constitucional
D. Administrativo
Direito
D. Tributário Internacional
D. Financeiro Público
D. Econômico
D. Processual
D. Penal
D. Urbanístico

Não é necessário memorizar o diagrama acima. Vamos focar na


compreensão!

O Direito Constitucional é, portanto, ramo do direito público. As


diferenças fundamentais entre o direito público e o direito privado podem ser
sintetizadas da seguinte forma:

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DIREITO PÚBLICO DIREITO PRIVADO

• Supremacia do interesse • Equivalência dos interesses


público sobre o privado privados

• Eficácia vertical: a produção de • Eficácia horizontal: a produção


efeitos se dá no sentido Estado de efeitos se dá no sentido
x Particular Particular x Particular

• Indisponibilidade do • Disponibilidade do interesse


interesse público (não há privado (autonomia de vontade;
vontade livre do administrador, os particulares, desde que
este deve sempre agir em prol respeitada a legalidade, são
do bem comum) livres em seu agir)

• Normatização (relações • Contratualização (relações


jurídicas regidas por normas jurídicas regidas,
dotadas de generalidade e fundamentalmente, por contratos
abstração) estabelecidos entre as partes)

Alguns autores, como Pedro Lenza (2012), chamam a atenção para a


progressiva superação da supracitada dicotomia direito público vs direito
privado.
Fato é que, no atual Estado Democrático de Direito em que vivemos,
observa-se uma tendência de supremacia dos direitos fundamentais
sobre os direitos particulares estruturados pelo direito privado,
notadamente pelo Direito Civil.
Por exemplo, o Código Civil sofre um processo de descodificação tendo
como contrapartida a criação de microssistemas (como o Estatuto da Criança e
do Adolescente, o Código de Defesa do Consumidor, o Estatuto do Idoso,
dentre outros).
Estes, por sua vez, extraem seu fundamento de validade diretamente
dos direitos fundamentais expressos na Constituição.

Assim, mesmo as relações entre particulares, tradicionalmente regidas


pelo direito privado (como aquelas delineadas no Código Civil) e pela
supremacia do interesse dos particulares, não estariam, por exemplo, isentas
da força normativa dos direitos fundamentais assegurados pela Carta Magna.

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3- Estrutura da Constituição Federal de 1988

A Constituição Federal, promulgada em 5 de outubro de 1988,


compreende um preâmbulo, nove títulos (divididos em capítulos, seções e
subseções), além do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT).
Desde sua promulgação, a CF/88 já sofreu dezenas de reformas em seu
texto original, seja por meio de emendas constitucionais, seja mediante
emendas de revisão constitucional.

Esquematicamente, e desconsiderando as subdivisões dos Títulos,


temos a seguinte anatomia constitucional:

PREÂMBULO Natureza
político-
ideológica
TÍTULO I – Dos Princípios Fundamentais (art. 1º a 4º)
TÍTULO II– Dos Direitos e Garantias Fundamentais (art. 5º a
17)
TÍTULO III – Da Organização do Estado (art. 18 a 43)
TÍTULO IV – Da Organização dos Poderes (art. 44 a 135)
TÍTULO V – Da Defesa do Estado e das Instituições

Natureza jurídica
Democráticas (art. 136 a 144)
TÍTULO VI – Da Tributação e Orçamento (art. 145 a 169)
TÍTULO VII – Da Ordem Econômica e Financeira (art. 170 a
192)
TÍTULO VIII – Da Ordem Social (art. 193 a 232)
TÍTULO IX – Das Disposições Constitucionais Gerais (art. 233
a 250)
ATO DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS
TRANSITÓRIAS (art. 1º a 97)

Vejamos o que dispõe o preâmbulo constitucional:


PREÂMBULO
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional
Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o
exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-
estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de
uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia
social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução

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pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.

São três as posições apontadas pela doutrina em relação ao preâmbulo,


vejamos: a) tese da irrelevância jurídica: o preâmbulo está no âmbito da
política e não possui relevância jurídica; b) tese da plena eficácia: o
preâmbulo tem a mesma eficácia jurídica das demais normas constitucionais;
c) tese da relevância jurídica indireta: o preâmbulo tem parte das
características jurídicas da Constituição Federal, entretanto, não deve ser
confundido com as demais normas jurídicas desta.
O Supremo Tribunal Federal ao enfrentar a questão concluiu que o
preâmbulo constitucional não se situa no âmbito do direito, mas no
âmbito da política, transparecendo a ideologia do constituinte. Desta forma, o
STF adotou, expressamente, a tese da irrelevância jurídica.
Por exemplo, sendo instado a examinar se a invocação da “proteção de
Deus” seria ou não norma de reprodução obrigatória pelas Constituições
Estaduais (CE) e Leis Orgânicas (LO) do Distrito Federal e dos Municípios, o
STF se manifestou contrário a um discutível caráter normativo do
preâmbulo da CF/88 (ADI 2.076/AC). Ou seja, as CE e LO não precisam
invocar a “proteção de Deus”.

Além do preâmbulo e das normas gerais da Constituição (Título I a IX),


temos o Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.
O ADCT contém normas jurídicas, em grande parte, efêmeras,
temporárias, que possibilitaram a passagem da ordem constitucional anterior
para a atual.
Sua função central, pois, é harmonizar as pendências da ordem anterior
com a nova ordem.
Nesse sentido, válido dizer que suas normas possuem o mesmo grau de
positividade jurídica das normas centrais da Constituição. A natureza jurídica é
a mesma. Não por outro motivo, o ADCT pode inclusive estabelecer exceções
às normas centrais da CF/88.

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4- Princípios fundamentais

A Constituição Federal de 1988 assim se inicia logo após o Preâmbulo:

TÍTULO I
Dos Princípios Fundamentais
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel
dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado
Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania; MNEMÔNICO
II - a cidadania; SO-CI-DI-VA-PLU

III - a dignidade da pessoa humana;


IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

(1) No caput (“cabeça”) do art. 1º temos destacadas a forma de governo


(República) e a forma de Estado (Federação). Além do regime político
democrático.
(2) Importante notar a distinção entre titularidade e exercício do poder
apontada no parágrafo único. Nosso sistema de governo é democrático, porém
não se trata de democracia direta plena e sim representativa com
“pitadas” de democracia direta (semidireta/híbrida).
Especificamente em relação ao exercício do poder, observe-se que ele
pode se dar de dois modos:

Indireto Representantes eleitos

Exercício do poder
Ex.: o plebiscito, o
referendo e a iniciativa
Direto popular (art. 14, I, II e
III) e a ação popular
(art. 5º, LXXIII)

(3) Agora vamos ao núcleo da norma e analisar os fundamentos:

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É o poder de mando numa sociedade
política (Bastos, 1999), tanto no plano
interno como na ordem internacional. Os
Soberania
entes federados são autônomos. Já a
soberania é atributo exclusivo da
República Federativa do Brasil.

Cidadão, ao longo do texto constitucional, é


aquele que tem capacidade eleitoral ativa
(que pode votar) e passiva (ser votado). Este
Cidadania
conceito, no entanto, é ampliado
doutrinariamente para outras formas de
atuação na vida política do Estado.

Para Bastos (1999) implica que o ser


humano é objetivo último do Estado e
Dignidade da
não mero meio para o alcance de outros
Fundamentos pessoa
fins, por exemplo, o econômico. Para o STF
humana
(HC 85.237/DF) é valor-fonte e vetor
interpretativo no nosso ordenamento.
Se complementam aos princípios gerais da
Valores
atividade econômica (art. 170 a 181) para
sociais do
fins de reconhecimento do esforço
trabalho e
capitalista particular e de maior justeza
da livre
nas relações trabalhistas e entre
iniciativa
mercado e Estado.

É a multiplicidade de formas de
Pluralismo organização da sociedade. Para Bastos
político (1999), é forma de controle e oposição ao
próprio Estado.

1- (CESPE / Polícia Federal – Conhecimentos


Básicos / 2014) No que se refere aos princípios fundamentais e à
organização do Estado brasileiro, julgue o próximo item.
O estabelecimento pela CF de que todo o poder emana do povo, que o exerce
por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos seus termos,
evidencia a adoção da democracia semidireta ou participativa.
Resolução: Correto!
Na democracia direta o próprio povo exerce a condução do governo.
Já nas democracias classificadas como indiretas, representativas ou
semidiretas, o povo, que por diversas razões não conduz os assuntos do
Estado diretamente (complexidade econômica, sócio-cultural, extensão
territorial etc.), outorga as funções de governo aos seus representantes, os
quais elege periodicamente, ao mesmo tempo em que, vez ou outra, atende à
institutos de participação direta, tais como o referendo e o plebiscito.

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Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o
Legislativo, o Executivo e o Judiciário.

(1) Aqui temos a consagrada teoria da tripartição dos Poderes, conforme


vimos previamente. Lembrando que, em função da existência do mecanismo
de pesos e contrapesos, não é errado assumir que existe interdependência
entre os Poderes.
Embora o artigo fale em “União”, tal arranjo se reproduz nos demais
entes subnacionais por simetria (a exceção parcial são os Municípios, que não
dispõem de Judiciário próprio).

Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do


Brasil:
MNEMÔNICO
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; CON-GA-ERRA-
PRO
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais
e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor,
idade e quaisquer outras formas de discriminação.

O texto não fala em construir uma sociedade igualitária e sim


solidária. O texto não fala em eliminar as desigualdades sociais e
regionais e sim em as reduzir.

Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações


internacionais pelos seguintes princípios:
I - independência nacional; MNEMÔNICO
IN-PRE-AUTO-NÃO-IGUAL-
II - prevalência dos direitos humanos;
DEFE-SO-RE-CO-CO
III - autodeterminação dos povos;
IV - não-intervenção;
V - igualdade entre os Estados;
VI - defesa da paz;
VII - solução pacífica dos conflitos;
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;

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IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X - concessão de asilo político.
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração
econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à
formação de uma comunidade latino-americana de nações.

(1) Tais princípios não estão dissociados daqueles que regem as relações do
Estado no âmbito interno. Pelo contrário. Por exemplo:
[Art. 5º] XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e
imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou
anistia [...] o terrorismo [...], por eles respondendo os mandantes, os
executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem; [...]
(2) O texto não fala em integração dos povos da América do Sul, mas sim
da América Latina.

2- (CESPE / Técnico Judiciário do TRT da 8ª Região


2016) Constitui objetivo fundamental da República Federativa do Brasil:
a) a independência nacional.
b) a solução pacífica de conflitos.
c) a autodeterminação dos povos.
d) a construção de uma sociedade livre, justa e solidária.
e) a cooperação entre os povos para o progresso da humanidade.
Resolução: Alternativa D. Esse é o estilo predominante na cobrança dos art.
1º ao 4º: questões literais, decoreba...
Daí a importância de se memorizar os mnemônicos. Já deixamos alguns
sugeridos acima. Vejamos os erros.
a) a independência nacional  princípio das relações internacionais
b) a solução pacífica de conflitos  princípio das relações internacionais
c) a autodeterminação dos povos  princípio das relações internacionais
e) a cooperação entre os povos para o progresso da humanidade  princípio
das relações internacionais

3- (FCC / Técnico Judiciário do TRT da 23ª Região /


2016) Ao dispor sobre os Princípios Fundamentais da República Federativa do

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Brasil, a Constituição prevê, expressamente, como (1) fundamento, (2)
objetivo e (3) princípio de relações internacionais da República:
a) (1) Fundamento - a soberania
(2) Objetivo - a construção de uma sociedade livre, justa e igualitária
(3) Princípio de relações internacionais da República - a solução dos conflitos
pela arbitragem
b) (1) Fundamento - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa
(2) Objetivo - a garantia do desenvolvimento nacional
(3) Princípio de relações internacionais da República - a cooperação entre os
povos para o progresso da humanidade
c) (1) Fundamento - a cidadania
(2) Objetivo - a promoção de formas alternativas de geração de energia
(3) Princípio de relações internacionais da República - a independência
nacional
d) (1) Fundamento - a dignidade da pessoa humana
(2) Objetivo - a proteção da infância e da juventude
(3) Princípio de relações internacionais da República - a concessão de asilo
político
e) (1) Fundamento - o parlamentarismo
(2) Objetivo - a construção de uma sociedade livre, justa e igualitária
(3) Princípio de relações internacionais da República - a defesa da paz.
Resolução: Alternativa B. Mais uma questão literal.

4- (CESPE / Analista Judiciário do TRT da 8ª Região


/ 2016) Assinale a opção correta a respeito dos princípios fundamentais na
Constituição Federal de 1988 (CF).
a) A dignidade da pessoa humana é conceito eminentemente ético-filosófico,
insuscetível de detalhada qualificação normativa, de modo que de sua
previsão na Constituição não resulta grande eficácia jurídica, em razão de seu
conteúdo abstrato.
b) O valor social do trabalho possui como traço caracterizador primordial e
principal a liberdade de escolha profissional, correspondendo à opção pelo
modelo capitalista de produção.
c) A valorização social do trabalho e da livre-iniciativa não alcança,
indiscriminadamente, quaisquer manifestações, mas apenas atividades
econômicas capazes de impulsionar o desenvolvimento nacional.

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d) O conceito atual de soberania exprime o autorreconhecimento do Estado
como sujeito de direito internacional, mas não engloba os conceitos de
abertura, cooperação e integração.
e) A cidadania envolve não só prerrogativas que viabilizem o poder do cidadão
de influenciar as decisões políticas, mas também a obrigação de respeitar tais
decisões, ainda que delas discorde.
Resolução: Alternativa E. Questão interessantíssima! De fato, a cidadania se
traduz tanto na ideia de participação política (votar e ser votado) como na
previsão de diversas formas de participação do indivíduo na vida pública,
como sujeito ativo de direito e de deveres.
A alternativa “A” é errada, pois, a dignidade da pessoa humana é
princípio matriz dos direitos fundamentais e, desta forma, lhes serve de norte,
não apenas sob o prisma ético-filosófico, como jurídico-pragmático.
O problema na opção “B” é que o valor social do trabalho visa a
primeiramente assegurar a todos a existência digna, conforme os ditames da
justiça social. O escopo aqui não é apenas capitalista (liberal), mas carrega
traços de um Estado social.
O entendimento acima nos ajuda a também compreender o erro da
opção “C”. A valorização social do trabalho e a livre iniciativa visam a
proporcionar liberdade na atuação econômica (dentro dos valores da justiça
social). Não há, portanto, restrição quanto às atividades econômicas a serem
desenvolvidas pelos particulares, desde que lícitas.
Por fim, a alternativa “D” erra, pois, a República Federativa do Brasil
rege-se nas suas relações internacionais pelo princípio da cooperação entre os
povos para o progresso da humanidade. Além disso, buscará a integração
econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à
formação de uma comunidade latino-americana de nações.

5- (CESPE / Analista Legislativo da Câmara dos


Deputados / 2014) Acerca dos direitos e garantias fundamentais e dos
princípios constitucionais, julgue os itens subsequentes.
A República Federativa do Brasil, constituída como Estado democrático de
direito, visa garantir o pleno exercício dos direitos e garantias fundamentais,
incluindo-se, entre seus fundamentos, a cidadania e a dignidade da pessoa
humana.
Resolução: Correto! Vamos pensar no nosso mnemônico SO-CI-DI-VA-PLU.

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É lugar comum se confundir os conceitos de fundamentos, objetivos


fundamentais e princípios nas relações internacionais.
No entanto, isso é facilmente vencível após algumas revisões.
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

PRINCÍPIOS DAS RELAÇÕES


INTERNACIONAIS
FUNDAMENTOS OBJETIVOS

I- Soberania I- Construir uma I- Independência nacional


sociedade livre, justa e
II- Cidadania II- Prevalência dos direitos
solidária
humanos
III- Dignidade da
II- Garantir o
pessoa humana III- Autodeterminação dos povos
desenvolvimento nacional
IV- Valores IV- Não-intervenção
III- Erradicar a pobreza e
sociais do
a marginalização e reduzir V- Igualdade entre os Estados
trabalho e da
as desigualdades sociais e
livre iniciativa VI- Defesa da paz;
regionais
V- Pluralismo VII- Solução pacífica dos conflitos
IV- Promover o bem de
político
todos, sem preconceitos VIII- Repúdio ao terrorismo e ao
de origem, raça, sexo, racismo
cor, idade e quaisquer IX- Cooperação entre os povos
outras formas de para o progresso da humanidade
discriminação X- Concessão de asilo político

5- Direitos e deveres individuais e coletivos. Eficácia, aplicação e


aplicabilidade das normas constitucionais. O direito de petição. O
habeas corpus. O mandado de segurança (individual e coletivo). O
habeas data. O mandado de injunção (individual e coletivo). A ação
popular. A ação civil pública.

A Constituição Federal classifica o gênero “direitos e garantias


fundamentais” em cinco espécies:

Direitos e garantias
fundamentais

direitos e
direitos dos
deveres direitos direitos de direitos
partidos
individuais e sociais nacionalidade políticos
políticos
coletivos

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O STF já se posicionou no sentido de que os direitos e deveres
individuais e coletivos não se limitam ao rol do art. 5º da CF/88, mas
espraiam-se pelo texto constitucional e mesmo para além dele (ADI 939-
7/DF). Ou seja, o rol do art. 5º não é exaustivo!
Na referida Ação Direta de Inconstitucionalidade, por exemplo,
considerou-se que o princípio da anterioridade tributária é cláusula pétrea,
protegida, portanto, pelo conteúdo do art. 60, § 4º, IV.

Contudo, antes de prosseguirmos pela literalidade da nossa Carta, é


válido adentrarmos em alguns pontos teóricos que facilitarão nosso
entendimento, além de serem questionados de forma reiterada em concursos.

5.1 – Direitos fundamentais x Garantias fundamentais

A distinção entre ambos é relativamente simples.


Os direitos fundamentais diferenciam-se das garantias fundamentais na
medida em que os direitos se declaram, enquanto as garantias têm um
conteúdo assecuratório daqueles.

Direitos prestações positivas consagradas pela Constituição

instrumentos assecuratórios da adequada prestação


Garantias de direitos ou da reparação de eventual lesividade a eles
causada

Exemplo:

Direito

• Juiz Natural

Garantias

• LIII - ninguém será processado nem


sentenciado senão pela autoridade competente;
• XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de
exceção;

Válido destacar desde já que os remédios (ou writs) constitucionais,


instrumentos que estudaremos adiante, nada mais são que espécies de
garantias constitucionais.

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5.2 – Dimensões de direitos fundamentais

Historicamente, pelo menos nos países ocidentais, sempre houve uma


correlação entre o perfil e a extensão dos direitos fundamentais e o modelo de
Estado predominante.
Vamos fazer uma retrospectiva histórica.
O Estado de Direito nasceu como Estado Liberal, promovendo maior
separação entre sociedade civil e sociedade política, entre o público e o
privado. Como ressalta Bastos (1999), o Estado Liberal objetivava uma
sociedade o mais livre possível da ingerência do Poder do Estado, num modelo
que predominou até o século XIX.
Os direitos típicos daquele modelo de Estado estão centrados no
indivíduo e não na coletividade, e concentram-se sobretudo na área civil (em
especial no direito de propriedade) e política (direito de escolher os
representantes, que deixam de assumir o poder de modo hereditário e vitalício
para uma forma eletiva e substituível).
Por sua vez, o Estado Social que se ergueu no início do século XX é um
modelo de Estado que passou a intervir mais diretamente para transformar a
sociedade, considerando inaptas ou insuficientes as iniciativas individuais
anteriores em diversos domínios, como no campo trabalhista, na educação, na
regulação micro e macroeconômica etc.
Tal modelo teve sua origem nos diversos conflitos sociais que
emergiram no auge da Revolução Industrial e escancaram a penúria e
superexploração de parte expressiva da população dos países que adentravam
naquela fase do capitalismo.
Por fim, o Estado Democrático é um modelo de Estado que se sobrepôs
como síntese, tanto do esgotado Estado Social da segunda metade do século
XX, quanto dos valores individualistas liberais-burgueses.
É o Estado inserido no contexto da globalização, de profundas
modificações sociais e tecnológicas, que minimizaram antigos problemas ao
passo que novos desafios foram se impondo.

ESTADO DE DIREITO

Autoritarismo
Estado
- Paradigma Estado Liberal Estado Social
Democrático
pré moderno

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E por que fizemos essa brevíssima revisão histórica?
Basicamente para melhor contextualizar a evolução dos direitos
fundamentais.
De antemão deve-se observar que os modelos de Estado se superam,
porém, não é exato afirmar que se extinguem (até hoje, por exemplo, vemos
resquícios do Estado Liberal mesmo nos Estados caracterizados como
Democráticos de Direito).
De forma semelhante, as dimensões (ou gerações) de direitos
fundamentais se sucedem e se acumulam ao longo do tempo num
movimento síncrono aos paradigmas de Estado que marcaram o mundo
ocidental nos últimos séculos.
Sinteticamente, assim podemos apresentá-las:

1ª dimensão: 2ª dimensão:
LIBERDADE – Direitos civis e políticos IGUALDADE – Direitos sociais,
(primeira dimensão) econômicos e culturais (SEC -
Delimitação do individual e do público. segunda dimensão)
Transição entre Estado Autoritário e Estado Transição entre Estado Liberal e
Liberal de Direito. Estado Social.
Direitos de resistência/oposição perante o Igualdade real e não meramente
Estado. formal.

3ª dimensão:
FRATERNIDADE –
Direitos coletivos e
difusos
(desenvolvimento,
4ª dimensão: 5ª dimensão:
meio ambiente
equilibrado, acesso à Democracia direta, Paz (universal), direitos
comunicação etc.) pluralismo e acesso à virtuais,
informação transconsitucionalismo
Transição entre Estado
Social e Estado
Democrático.
Proteção do gênero
humano.

6- (CESPE / Procurador do MP junto ao TCU / 2004)


No que se refere à aplicação e à interpretação das normas de direitos
fundamentais, julgue o item subsequente.
Na concepção liberal-burguesa, os direitos fundamentais são oponíveis apenas
contra o Estado, uma vez que eles existem essencialmente para assegurar aos
indivíduos um espaço de liberdade e autonomia contra a ingerência indevida

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do poder público. Logo, tal concepção não agasalha a tese da eficácia dos
direitos fundamentais no âmbito das relações interprivadas.
Resolução: Correta. Apesar da redação rebuscada, o sentido do texto é mais
simples do que parece. Os direitos fundamentais, sob o viés liberal (ou liberal-
burguês) são direitos que dizem com a relação sociedade civil x sociedade
política, ou, atecnicamente, particulares x Estado. Tais direitos não adentram
nas relações interprivadas (entre particulares).
Por exemplo, naquela concepção o direito de propriedade era
desacompanhado de proteção aos trabalhadores. O proprietário de uma
indústria tem seu direito de posse assegurado frente à coletividade. Porém,
nas relações interprivadas (com seus empregados operários), não havia (ao
menos significativamente) direitos fundamentais presentes.

7- (CESPE / Notário e Registrador – TJ RR / 2013 /


Adaptada) Considerando a supremacia das normas constitucionais, a
hermenêutica constitucional e as normas veiculadoras de direitos e garantias
fundamentais, sociais e econômicas, julgue a afirmativa a seguir.
Os direitos de segunda geração destinam-se ao gênero humano, como valores
supremos de sua existencialidade concreta.
Resolução: Errada. Os direitos de 2ª dimensão são marcados ainda por certo
individualismo, ou seja, dizem mais com pessoas do que com a humanidade
genericamente considerada. É a partir dos direitos de 3ª dimensão que temos
maior ênfase no transindividualismo, na espécie humana como um todo.

8- (CESPE / Técnico Judiciário do TRE – PI / 2016 /


Adaptada) A respeito dos direitos e das garantias fundamentais, julgue o
item abaixo.
O direito ao meio ambiente equilibrado e o direito à autodeterminação dos
povos são exemplos de direitos classificados como de segunda geração.
Resolução: Errado. São direitos de terceira dimensão. Direitos difusos e
coletivos que têm como princípio-matriz a solidariedade e a fraternidade.

9- (CESPE / Técnico Judiciário do TRE – PI / 2016 /


Adaptada) A respeito dos direitos e das garantias fundamentais, julgue o
item abaixo.
Os direitos sociais, econômicos e culturais são, atualmente, classificados como
direitos fundamentais de terceira geração.
Resolução: Errado. Basta lembrar o mnemônico SEC (de “second” –
“segunda” – [geração]). Direitos Sociais, Econômicos e Culturais.

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É interessante memorizá-lo já que assim, de quebra, conseguimos
imediatamente visualizar o que caracteriza os direitos de 1ª e 3ª gerações.

Outra perspectiva possível é aquela que vislumbra os direitos


fundamentais sob um ponto de vista objetivo e um subjetivo.
Na perspectiva objetiva, os direitos fundamentais refletem valores e
interesses da sociedade positivados na Constituição Federal, transcendendo
posições individuais e se espraiando por todo o ordenamento jurídico.
No viés subjetivo, dizem respeito às prestações negativas ou positivas
do Estado na sua relação jurídica direta com o cidadão.

5.3 – Eficácia dos direitos fundamentais

O Supremo Tribunal Federal coleciona diversos julgados (e.g. RE


201.819/RJ, RE 158.215/RS, RE 161.243/DF) em que é reconhecida
também a eficácia horizontal dos direitos fundamentais. E o que é isso?
Vejamos:

Eficácia

Vertical Horizontal

é a aplicação dos direitos é a aplicação dos direitos


fundamentais nas relações fundamentais às relações
particular-Estado entre particulares
(privadas)

O STF entende, portanto, que violações a direitos fundamentais não


ocorrem somente no âmbito das relações entre o cidadão e o Estado,
mas igualmente nas relações travadas entre pessoas físicas e jurídicas
de direito privado.
Nesse sentido, a eficácia dos direitos fundamentais assegurados
pela Constituição também se presta à proteção dos particulares em face dos
poderes privados. Por exemplo, dos empregados em relação aos
empregadores, na relação dos consumidores em relação às empresas, dentre
outros.

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5.4 – Características dos direitos e garantias fundamentais

Trazemos aqui os principais atributos dos direitos e garantias


assegurados pela CF/88. Vamos priorizar a compreensão, não a memorização!

Destinam-se às coletividades e
Universalidade
não meramente aos indivíduos

Não podem ser cedidos,


transferidos ou negociados sob
Inalienabilidade
qualquer forma como ativo
econômico-financeiro

Seu usufruto não é perecível


Imprescritibilidade
com o passar do tempo

Irrenunciabilidade Não é possível que seu titular os


Características
/ rejeite. No máximo, poderá não
dos direitos e
garantias
Indisponibilidade usufruí-los
fundamentais
O usufruto de diferentes direitos e
garantias pode ser cumulativo e
Concorrência
simultâneo por um mesmo
indivíduo

São produto de processos sociais


Historicidade históricos e estão em constante
processo de mutação

Sua mutação não pode implicar


Vedação ao em evolução recionária. Ou seja,
retrocesso seu núcleo não pode ser suprimido
ou extinto

Apesar de todas as características supratranscritas, deve-se destacar


que os direitos e garantias fundamentais não são absolutos!
Didática é a jurisprudência do STF (Informativo n.º 163):

OS DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS NÃO TÊM CARÁTER


ABSOLUTO.
Não há, no sistema constitucional brasileiro, direitos ou
garantias que se revistam de caráter absoluto, mesmo porque
razões de relevante interesse público ou exigências derivadas do
princípio de convivência das liberdades legitimam, ainda que
excepcionalmente, a adoção, por parte dos órgãos estatais, de
medidas restritivas das prerrogativas individuais ou coletivas,
desde que respeitados os termos estabelecidos pela própria
Constituição.
O estatuto constitucional das liberdades públicas, ao delinear o regime
jurídico a que estas estão sujeitas - e considerado o substrato ético que

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as informa - permite que sobre elas incidam limitações de ordem
jurídica, destinadas, de um lado, a proteger a integridade do interesse
social e, de outro, a assegurar a coexistência harmoniosa das
liberdades, pois nenhum direito ou garantia pode ser exercido em
detrimento da ordem pública ou com desrespeito aos direitos e
garantias de terceiros.

10- (CESPE / Auditor Federal de Controle Externo /


Área de Apoio Técnico e Administrativo / 2011) Acerca dos direitos e
garantias fundamentais, julgue o item seguinte.
O exercício dos direitos e garantias fundamentais está sujeito aos prazos
prescricionais previstos na CF e no Código Civil brasileiro.
Resolução: Errado. Os direitos e garantias fundamentais têm caráter
personalíssimo e não patrimonial. Deste modo, não são afetados pela
prescrição (perda da ação para se exigir/proteger judicialmente um direito).

11- (FGV / Auditor Fiscal Tributário da Receita


Municipal de Cuiabá – MT / 2015 / Adaptada) Julgue a assertiva a seguir.
Os direitos e garantias fundamentais são inalienáveis e indisponíveis.
Resolução: Como regra, correta. E por que como regra? Imaginem a
participação de indivíduos em certos reality shows. Tal participação
potencialmente ocasiona uma restrição a direito fundamental dos
participantes, qual seja, à intimidade! Importante observar que, cada vez
mais, a doutrina e a jurisprudência entendem que a maior parte dos direitos
fundamentais não é absoluto, podendo ser restringidos pela lei, ou em
situações excepcionais pelos próprios particulares.

5.5 – A teoria dos quatro status de Jellinek

No final do século XIX, Georg Jellinek desenvolveu a doutrina dos quatro


status nos quais o indivíduo pode encontrar-se em face do Estado.
Desses status, extraem-se, pois, direitos e deveres fundamentais
diferenciados de acordo com suas particularidades.

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Ativo
Poder do indivíduo de interferir na
formação da vontade do Estado.
Manifestação dos direitos políticos, o
status ativo do indivíduo concretiza-se
principalmente através do voto.

Negativo
Positivo
Representa o espaço que o
Consiste na possibilidade do
Status indivíduo tem para agir livre
indivíduo exigir atuações
da atuação do Estado,
positivas do Estado em seu
podendo autodeterminar-se
favor.
sem ingerência estatal.

Passivo
O indivíduo subordina-se aos poderes
públicos. Assim, o Estado tem
competência para vincular o indivíduo,
através de mandamentos e proibições.

12- (CESPE / Técnico Judiciário do TJ – SE / 2014)


Acerca dos direitos fundamentais e do conceito e da classificação das
constituições, julgue o item a seguir.
Os direitos fundamentais têm o condão de restringir a atuação estatal e
impõem um dever de abstenção, mas não de prestação.
Resolução: Errado. O indivíduo pode ser alvo de uma atuação negativa por
parte do Estado, sua abstenção, um “não fazer”, mas também ser sujeito de
prestações por parte daquele.

5.6 – Eficácia, aplicação e aplicabilidade das normas constitucionais

De antemão, vamos registrar a distinção entre os três termos.


Aqui nos perfilhamos à classificação proposta por José Afonso da Silva,
sem dúvidas, a mais adotada nos concursos.

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• Amplitude legal da produção de efeitos da


norma. Quanto mais eficaz a norma, mais
Eficácia
plena a geração dos seus efeitos jurídicos
pretendidos.

• Temporalidade legal da produção de


efeitos da norma. Vale dizer, em que
Aplicação
momento a norma está apta a produzir
efeitos concretos.

• Instrumentalidade legal da produção de


efeitos da norma. A norma por si só pode
Aplicabilidade
produzir todos seus efeitos ou depende de
outra(s)?

A partir da clara definição desses termos, podemos estabelecer um


quadro geral da eficácia jurídica das normas jurídicas do nosso ordenamento.
Nem todas as normas têm a mesma eficácia, vale dizer, nem todas,
após serem introduzidas no sistema jurídico, produzem, ao mesmo tempo e
com a mesma completude, seus efeitos.
De igual modo, nem todas têm a mesma aplicabilidade, podendo ou não
depender de outra (ou outras) normas complementares para que sejam
plenamente aplicáveis.

Assim, sob o ponto de vista da eficácia (amplitude legal da


produção de efeitos da norma), podemos classificar as normas em:

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Eficácia das
normas
constitucionais

Plena Contida Limitada

- A produção de efeitos
também é integral. No - A produção de efeitos
- Produzem entanto, há margem
integralmente seus é reduzida (apenas os
para que norma mais gerais são notados
efeitos a partir da constitucional ou
vigência da a partir da vigência da
infraconstitucional os Constituição);
Constituição; limite;
- Desnecessitam de - Necessitam de
- A priori, norma
norma desnecessitam de
infraconstitucional infraconstitucional
norma integradora;
integradora; infraconstitucional
- Aplicabilidade plena integradora; - Aplicabilidade
e imediata. reduzida e mediata.
- Aplicabilidade plena
e imediata.

Vamos ver alguns exemplos.


Norma de eficácia Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos
plena entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
Norma de eficácia [Art. 5º] XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício
contida ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que
a lei estabelecer; [...]
Norma de eficácia [Art. 18] § 2º - Os Territórios Federais integram a União, e
limitada sua criação, transformação em Estado ou reintegração ao
Estado de origem serão reguladas em lei complementar

Ter a distinção acima em mente é de suma importância para o estudo


da Constituição Federal.

Costumeiramente as normas de eficácia contida e limitada são objeto de


confusão, não sendo de todo claro se a intenção do legislador foi estabelecer
se elas são restringíveis (eficácia contida) ou se precisam de uma legislação
para que possam gerar efeitos (eficácia limitada).
Sob esse aspecto, podemos pensar que na norma de eficácia contida
quase todos os efeitos possíveis da norma são sentidos desde que ela
entra em vigor, ou seja, são sentidos “a priori“.

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Já no que diz com as normas de eficácia limitada os efeitos
próprios da norma necessariamente só serão sentidos após haver
edição de normas complementares, vale dizer, serão sentidos “a
posteriori“.
Perceba-se que ambas abrem margem para atuação de lei posterior.
Ocorre que quando se trata de eficácia contida a lei vai apenas ordenar
ou restringir certos efeitos da norma. Já quando se trata de eficácia limitada
apenas com a lei e outros atos normativos supervenientes seus efeitos serão
sentidos de fato.

13- (FCC / Analista do CNMP / 2015) Em relação à


eficácia e aplicabilidade das normas constitucionais, é correto afirmar:
a) As normas constitucionais de aplicabilidade direta, imediata e integral, que
admitem norma infraconstitucional posterior restringindo seu âmbito de
atuação, são de eficácia plena.
b) As normas constitucionais de aplicabilidade diferida e mediata, que não são
dotadas de eficácia jurídica e não vinculam o legislador infraconstitucional aos
seus vetores, são de eficácia contida.
c) As normas constitucionais de aplicabilidade direta, imediata e integral, por
não admitirem que norma infraconstitucional posterior restrinja seu âmbito de
atuação, são de eficácia contida.
d) As normas constitucionais que traçam esquemas gerais de estruturação de
órgãos, entidades ou institutos, são de eficácia plena.
e) As normas constitucionais declaratórias de princípios programáticos, que
veiculam programas a serem implementados pelo Poder Público para
concretização dos fins sociais, são de eficácia limitada.
Resolução: Alternativa E.
a) As normas constitucionais de aplicabilidade direta, imediata e integral, que
admitem norma infraconstitucional posterior restringindo seu âmbito de
atuação, são de eficácia plena.
b) As normas constitucionais de aplicabilidade diferida e mediata, que não são
dotadas de eficácia jurídica e não vinculam o legislador infraconstitucional aos
seus vetores, são de eficácia contida. As normas de eficácia contida são
dotadas de eficácia jurídica (assim como as demais), além de terem
aplicabilidade direta, imediata, mas não integral.
c) As normas constitucionais de aplicabilidade direta, imediata e integral, por
não admitirem que norma infraconstitucional posterior restrinja seu âmbito de
atuação, são de eficácia contida plena.

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d) As normas constitucionais que traçam esquemas gerais de estruturação de
órgãos, entidades ou institutos, são de eficácia plena limitada.

Tendo essas particularidades em mente, vamos à letra da Lei Maior!

5.7 – O art. 5º da Constituição Federal de 1988

TÍTULO II
Dos Direitos e Garantias Fundamentais
CAPÍTULO I
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e
à propriedade, nos termos seguintes:

(1) Como salienta Lenza (2012, p. 970), o direito à vida “abrange tanto o
direito de não ser morto [quanto] o direito de ter uma vida digna”. Dessa
compreensão decorrem diversas disposições constitucionais e
infraconstitucionais, sendo uma das mais evidentes a proibição de pena de
morte, salvo em caso de guerra declarada (art. 5º, XVLII, “a”).
Questão não pacificada (e de improvável incidência em concursos) é a
extensão da significação do termo vida. Como definir quando ela começa e o
que lhe é elemento fundamental?
Nessa zona cinza, o STF já declarou a constitucionalidade das pesquisas
com células-tronco embrionárias (ADI 3.510/DF) e do aborto de fetos
anencefálicos (ADPF 54/DF), observados determinados elementos reguladores
e limitadores.
(2) Para o STF (HC 94.016/SP) a simples presença de pessoa no território
nacional, mesmo que estrangeiro e sem domicílio no Brasil, é elemento
habilitador de direitos e garantias fundamentais, tais como o direito à
vida e à liberdade.
(3) A igualdade/isonomia possui um sentido horizontal e um vertical.
A acepção horizontal diz com os indivíduos que estão nivelados na
mesma situação e que, por este motivo, devem ser tratados da mesma forma.
Já a acepção vertical refere-se aos indivíduos que se encontram em situações
distintas e que, justamente por isso, devem ser tratados de maneira
diferenciada na medida de suas diferenças.

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O princípio da isonomia (insculpido no caput do art. 5º), implica
em tratar de forma desigual os desiguais, na medida de sua
desigualdade. Grosso modo, é a chamada igualdade/isonomia material.
Nesse sentido, por exemplo, já dispôs o STF que a lei pode distinguir situações
a fim de conferir a uma situação tratamento diverso do que atribui a outra,
desde que a discriminação seja compatível com o conteúdo do princípio em
que se sustenta (ADI 2.716/RO).

14- (CESPE / STJ – Conhecimentos Básicos / 2015)


Julgue o item seguinte, acerca dos direitos e garantias fundamentais da
República Federativa do Brasil.
Ações afirmativas são mecanismos que visam viabilizar uma isonomia material
em detrimento de uma isonomia formal por meio do incremento de
oportunidades para determinados segmentos.
Resolução: Correto! As ações afirmativas, a princípio, são medidas
temporárias com efeito compensador ou reparador para fins de eliminar ou
minimizar distorções entre os diferentes segmentos da sociedade.

15- (CESPE / Técnico do Seguro Social – INSS /


2016) A respeito dos direitos fundamentais, julgue o item a seguir.
O direito à vida desdobra-se na obrigação do Estado de garantir à pessoa o
direito de continuar viva e de proporcionar-lhe condições de vida digna.
Resolução: Correto. A CF/88 alberga o direito à vida, e é dever do Estado
assegurá-lo sob diversos aspectos, como o direito do indivíduo de não ser
morto e o dever do Estado de lhe proporcionar condições mínimas de
sobrevivência e um tratamento digno.

I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos


desta Constituição;

(1) Este inciso recai no princípio da isonomia. Guardem bem: igualdade


não impede tratamento diferenciado na medida das diferenças! Foi assim que
o STF já declarou constitucional a adoção de critérios diferenciados para a
promoção de integrantes das Forças Armadas, em razão do gênero (RE
498.900-AgR/BA), dentre outras medidas afins.
Essa linha de raciocínio também pode servir de parâmetro para a
aplicação das denominadas discriminações positivas ou ações
afirmativas, como a instituição de cotas para acesso a universidades
públicas.

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16- (CESPE / Técnico do Seguro Social – INSS /


2016) A respeito dos direitos fundamentais, julgue o item a seguir.
Em decorrência do princípio da igualdade, é vedado ao legislador elaborar
norma que dê tratamento distinto a pessoas diversas.
Resolução: Errado. A igualdade não deve se limitar ao seu aspecto formal,
admitindo também que seja dado tratamento desigual aos desiguais a fim de
alcançar a isonomia material.

II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão


em virtude de lei;

(1) Aqui está insculpida a formulação genérica do princípio da legalidade,


vetor de todos os Estados de Direto. O Estado é “de Direito” justamente
porque sua atuação é vinculada ao ordenamento jurídico-normativo.
(2) Cabe fazer uma distinção entre dois conceitos comumente cobrados:
reserva legal e legalidade.

LEGALIDADE RESERVA LEGAL

• Termo mais genérico • Termo mais específico


• Compreende tanto o uso de leis • Necessariamente lei formal (ou
formais, como o uso de atos equivalente, como medida
infralegais, nos limites da lei provisória)

(3) No que concerne às relações privadas a legalidade assume a feição da


autonomia da vontade, vale dizer, tudo aquilo que a lei não proíbe é lícito
fazer.
Já o poder público não tem vontade autônoma em sentido estrito, estando
esta adstrita à lei, vale dizer, somente pode atuar quando exista lei que
determine (atuação vinculada) ou o autorize (atuação discricionária).

III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou


degradante;

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(1) STF – Súmula Vinculante nº 11 - Só é lícito o uso de algemas em casos


de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física
própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a
excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e
penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual
a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado.
(2) Importante tema diz respeito à análise da recepção da chamada Lei da
Anistia (Lei 6.683/1979), levada ao STF pela Ordem dos Advogados do Brasil
na ADPF 153, e que extinguiu a punibilidade para todos os que cometeram
crimes políticos e eleitorais entre os anos de 1961 e 1979.
O STF entendeu como não admitida a revisão jurisdicional daquela
lei por ter sido uma decisão política assumida naquele momento.

IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;

(1) O Supremo assume, nessa orientação, que a liberdade de imprensa é


abrangente e compreende, além de outras prerrogativas o direito de informar,
de opinar, e o direito de criticar (AI 705.630-AgR/SC).
(2) A respeito da vedação ao anonimato, em particular, entende a
jurisprudência majoritária que, regra geral, denúncia anônima não pode
instruir processo penal. Porém, assim vem pacificando a questão nossa
Corte Suprema (HC 106.664-MC/SP):
(a) somente escritos anônimos não podem justificar (isoladamente
considerados), a imediata instauração da persecução criminal, salvo
quando tais documentos forem produzidos pelo acusado, ou,
ainda, quando constituírem, eles próprios, o corpo de delito
(ex.: bilhetes de resgate no delito de extorsão mediante sequestro, ou
cartas que evidenciem a prática de crimes contra a honra ou o delito
de ameaça);
(b) nada impede, contudo, que o Poder Público provocado por
denúncia anônima, adote medidas informais destinadas a apurar,
prévia e sumariamente “com prudência e discrição”, a possível
ocorrência de eventual situação de ilicitude penal, para, em caso
positivo, levar adiante a formal instauração de persecução criminal; e
(c) o Ministério Público, de outro lado, independentemente da prévia
instauração de inquérito policial, também pode formar a sua opinio
delicti (suspeita da existência do crime e de sua autoria) com base em

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delação anônima, desde que devidamente subsidiada por outros
elementos de convicção.
(3) Importantíssimo ressaltar que nossa Corte entende que a liberdade de
expressão não é garantia absoluta, devendo respeitar limites morais e
jurídicos e se harmonizar com as demais liberdades públicas. Por exemplo,
inadmite-se, sob o pretexto da liberdade de expressão, que cidadão promova
incitação ao racismo (HC 82.424/RS) ou assuma qualquer discurso de ódio
(hate speech).

Vejamos ainda importante decisão jurisprudencial que nos permite


visualizar o posicionamento do Supremo acerca da liberdade de manifestação
do pensamento:
“Marcha da Maconha". Manifestação legítima, por cidadãos da república,
de duas liberdades individuais revestidas de caráter fundamental: o
direito de reunião (liberdade-meio) e o direito à livre expressão do
pensamento (liberdade-fim). (...) Vinculação de caráter instrumental
entre a liberdade de reunião e a liberdade de manifestação do
pensamento. (...) A liberdade de expressão como um dos mais
preciosos privilégios dos cidadãos em uma república fundada em bases
democráticas. O direito à livre manifestação do pensamento: núcleo de
que se irradiam os direitos de crítica, de protesto, de discordância e de
livre circulação de ideias. (...) Debate que não se confunde com
incitação à prática de delito nem se identifica com apologia de fato
criminoso. Discussão que deve ser realizada de forma racional, com
respeito entre interlocutores e sem possibilidade legítima de repressão
estatal, ainda que as ideias propostas possam ser consideradas, pela
maioria, estranhas, insuportáveis, extravagantes, audaciosas ou
inaceitáveis. O sentido de alteridade do direito à livre expressão e o
respeito às ideias que conflitem com o pensamento e os valores
dominantes no meio social. (...) A proteção constitucional à
liberdade de pensamento como salvaguarda não apenas das
ideias e propostas prevalecentes no âmbito social, mas,
sobretudo, como amparo eficiente às posições que divergem,
ainda que radicalmente, das concepções predominantes em dado
momento histórico-cultural, no âmbito das formações sociais. O
princípio majoritário, que desempenha importante papel no
processo decisório, não pode legitimar a supressão, a frustração
ou a aniquilação de direitos fundamentais, como o livre exercício
do direito de reunião e a prática legítima da liberdade de
expressão, sob pena de comprometimento da concepção
material de democracia constitucional. (...) Necessário respeito ao
discurso antagônico no contexto da sociedade civil compreendida como
espaço privilegiado que deve valorizar o conceito de "livre mercado de
ideias". (...) A livre circulação de ideias como signo identificador das

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sociedades abertas, cuja natureza não se revela compatível com a
repressão ao dissenso e que estimula a construção de espaços de
liberdade em obséquio ao sentido democrático que anima as instituições
da república. (...). [ADPF 187, rel. min. Celso de Mello, j. 15-6-2011, P,
DJE de 29-5-2014.].

17- (CESPE / Técnico da DPU / 2016) Acerca dos


direitos e garantias fundamentais, de acordo com o disposto na Constituição
Federal de 1988 (CF), julgue o próximo item.
A CF assegura a liberdade de pensamento, mas veda o anonimato, uma vez
que o conhecimento da autoria torna possível a utilização do direito de
resposta.
Resolução: Correto! Um dos objetivos da vedação ao anonimato é tornar
possível que eventuais excessos assim cometidos sejam passíveis de
responsabilização, seja na esfera civil, seja na esfera penal.
Além disso, melhor viabiliza o direito de resposta do ofendido.

18- (CESPE / Promotor de Justiça Substituto do MPE


– RR / 2017 / Adaptada) Julgue o item a seguir.
Segundo entendimento do STF, a CF permite a manifestação pública pela
descriminalização de determinados tipos penais sem que se configure apologia
ao crime.
Resolução: Correto. Conforme vimos no exemplo da jurisprudência do
Supremo quanto à “Marcha da Maconha”, a proteção constitucional à liberdade
de pensamento salvaguarda não apenas das ideias e propostas prevalecentes
no âmbito social, mas serve, também, como amparo às posições que
divergem, ainda que radicalmente, das concepções sociais predominantes em
dado momento histórico-cultural, mesmo que estejam eventualmente
criminalizadas.

V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da


indenização por dano material, moral ou à imagem;

(1) STJ – Súmula nº 37 – São cumuláveis as indenizações por dano


material e dano moral oriundos do mesmo fato.
(2) STJ – Súmula nº 227 - A pessoa jurídica pode sofrer dano moral.

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Conforme explicitado por Gilmar Mendes e Paulo Branco em seu Curso
de Direito Constitucional:
Não há, em princípio, impedimento insuperável a que pessoas jurídicas
venham, também, a ser consideradas titulares de direitos fundamentais,
não obstante estes, originalmente, terem por referência a pessoa física.
Acha-se superada a doutrina de que os direitos fundamentais se dirigem
apenas às pessoas humanas. Os direitos fundamentais suscetíveis, por
sua natureza, de serem exercidos por pessoas jurídicas podem têlas por
titular. Assim, não haveria por que recusar às pessoas jurídicas as
consequências do princípio da igualdade, nem o direito de resposta, o
direito de propriedade, o sigilo de correspondência, a inviolabilidade de
domicílio, as garantias do direito adquirido, do ato jurídico perfeito e da
coisa julgada. Os direitos fundamentais à honra e à imagem, ensejando
pretensão de reparação pecuniária, também podem ser titularizados
pela pessoa jurídica. O tema é objeto de Súmula do STJ, que assenta a
inteligência de que também a pessoa jurídica pode ser vítima de ato
hostil a sua honra objetiva. A Súmula 227/STJ consolida o entendimento
de que “a pessoa jurídica pode sofrer dano moral”. Há casos ainda de
direitos conferidos diretamente à própria pessoa jurídica, tal o de não
interferência estatal no funcionamento de associações (art. 5º, XVIII) e
o de não serem elas compulsoriamente dissolvidas (art. 5º, XIX).
(3) O STF entende ser perfeitamente compatível o inciso V com a livre
manifestação do pensamento, mesmo que se trate de opinião ou crítica
públicas, desde que seja fundamentada em fato verídico e usufruída
sem abusos (ADI 4.451-MC-REF/DF).
(4) Por fim, o STF também compreende que a reparação do dano moral não
exige a ocorrência de ofensa à reputação do indivíduo (RE 215.984/RJ). Por
exemplo, a mera publicação não autorizada de fotografia de alguém, pode
ensejar desconforto ou constrangimento e é passível de indenização.

19- (CESPE / Técnico Municipal de Controle Interno


da CGM de João Pessoa – PB / 2018) Acerca dos princípios, fundamentos e
objetivos da Constituição Federal de 1988 (CF), julgue o item a seguir.
Os direitos e as garantias fundamentais constitucionais estendem-se aos
estrangeiros em trânsito no território nacional, mas não às pessoas jurídicas,
por falta de previsão constitucional expressa.
Resolução: Errado.

VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o


livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a
proteção aos locais de culto e a suas liturgias;

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(1) Ressalte-se que nosso Estado é laico (desprovido de religião oficial) e não
promove e nem patrocina cultos religiosos ou igrejas. Nos termos da
própria Constituição Federal:
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios:
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-
lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes
relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a
colaboração de interesse público; [...]
Evidentemente, a religião é importante elemento das tradições
histórico-culturais nacionais, exemplo disso são os feriados de origem
religiosa, herança que se faz presente até os dias atuais. Todavia, não pode
ser impingida como elemento oficial do Estado.
Nesse ponto, observe-se que ainda quando a Constituição evoca algo
relacionado ao tema, trata de reforçar a neutralidade do Estado quanto ao
sentimento e à prática religiosos. Veja-se:
Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental,
de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores
culturais e artísticos, nacionais e regionais.
§ 1º O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá
disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino
fundamental. [...]

(2) A expressão “culto” religioso vem sendo entendida em sentido amplo pela
Corte Maior.
Caso ilustrativo é o fato de a imunidade tributária relativa aos impostos
sobre templos de qualquer culto (art. 150, VI, “b”) ter sido estendida pelo STF
aos cemitérios dessas entidades (RE 578.562/BA).
Assim, culto não é sinônimo apenas de templo, missa ou reunião, mas
trata de tudo aquilo que tem relevante valor para a práxis religiosa.
(3) Mais uma observação (é bom que o candidato aprenda a identificar essa
característica em cada norma): vejam que a última parte do inciso VI é típico
trecho de eficácia limitada, uma vez que exige lei integradora (“na forma da
lei”) para produzir plenamente os efeitos pretendidos pelo legislador.

VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa


nas entidades civis e militares de internação coletiva;

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VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de
convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de
obrigação legal a todos imposta E recusar-se a cumprir prestação alternativa,
fixada em lei;

(1) Exemplos de entidades de internação coletiva são os hospitais das redes


pública e privada e os estabelecimentos prisionais civis e militares.
(2) Percebam que a medida de privação do inciso VIII exige dupla recusa:

REGRA Não

Há privação de
direitos por Se for invocada para o
convicção subjetiva? afastamento de obrigações
impostas a todos

EXCEÇÃO
Não for prestada obrigação
alternativa

Além disso, a própria CF/88 estabelece um limite circunstancial à


norma, ao definir que não é permitida escusa de consciência para serviço
militar em tempo de guerra (art. 143).

IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de


comunicação, independentemente de censura ou licença;

 Ver o inciso XIII.


(1) A liberdade de expressão, assim como outros direitos fundamentais, é
direito não absoluto.
Por exemplo, é dever do Estado zelar pela moralidade, proibindo a
divulgação de notícias injuriosas, caluniosas, mentirosas e difamantes,
tipificadas inclusive como crimes pelo Código Penal.
Além disso, leis federais podem regular as diversões e os espetáculos
públicos (como programas de televisão), cabendo ao poder público informar
sobre sua natureza, definir as faixas etárias a que se destinam, e locais e
horários em que sua apresentação eventualmente se mostre inadequada.

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X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das
pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação;

(1) Este inciso nos remete especialmente à problemática do sigilo de dados


individuais. Em momento oportuno, trataremos das possibilidades de
investigação por parte dos órgãos públicos e da quebra legal de sigilo.
Por ora, registre-se: o STF considerada ilícitas as provas produzidas a
partir da quebra dos sigilos fiscal, bancário e telefônico, sem a devida
fundamentação (HC 96.056/PE).
 Ver também o inciso V.

XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar


sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou
desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação
judicial;

COM
consentimento Sempre
do morador

Quando o Flagrante
domicílio pode
ser adentrado?
Qualquer hora Desastre
SEM
consentimento Socorro
do morador

Determinação
De Dia
Judicial

(1) A prisão em flagrante independe de mandado judicial, qualquer que


seja sua natureza (RHC 91.189).
(2) “Casa” aqui é um conceito amplo. Não se limita aos lugares de habitação
individual. Pelo contrário, abrange até mesmo um quarto de hotel (RHC
90.376/RJ) ou local reservado ao exercício de atividade profissional (MS
23.642/DF). O conceito compreende diversos tipos de compartimentos
habitados, individual ou coletivamente, de acesso não inteiramente aberto ao
público.

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(3) Devemos ainda destacar que é majoritário o entendimento de que o termo
"dia", para fins da garantia constitucional insculpida no art. 5º, XI, segue o
critério físico-astronômico, ou seja, compreende o interstício que vai da aurora
ao crepúsculo (não segue um intervalo fixo, como, por exemplo, entre 6h e
18h).

20- (CESPE / Técnico de Administração Pública do TC


– DF / 2014) Com base nas normas constitucionais relativas aos direitos e
garantias fundamentais e na jurisprudência do STF acerca dessa matéria,
julgue o próximo item.
Embora a casa seja asilo inviolável do indivíduo, em caso de flagrante delito, é
permitido nela entrar, durante o dia ou à noite, ainda que não haja
consentimento do morador ou determinação judicial para tanto.
Resolução: Correto! Não faria sentido limitar o acesso à casa em situações de
emergência. Nesse caso, alguns direitos, como o da intimidade, são
temporariamente suspensos em prol do direito maior à vida e à segurança.

XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações


telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último
caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer
para fins de investigação criminal ou instrução processual penal;

(1) A regra é a privacidade em relação às correspondências, às


comunicações telegráficas e aos dados (RE 389.808/PR).
Além da determinação judicial, algumas exceções podem ser
apontadas (não se assustem candidatos, quando avançarmos no curso,
faremos uma análise mais detida dos pontos abaixo):

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Das Hipóteses de decretação de


correspondências estado de defesa e de sítio

Quebra de Hipóteses de decretação de


sigilo estado de defesa e de sítio

Das comunicações Requisição por decisão


telegráficas e formal e fundamentada de
telefônicas CPI (apenas pregressos, ou
seja, não se admite
interceptação telefônica,
a qual sempre dependente
de autorização do juiz
competente)

(2) O STF considera lícita a gravação de conversa telefônica feita por um dos
interlocutores, ou com sua autorização, sem ciência do outro, quando há
investida criminosa deste último (ex.: quando interlocutor grava diálogo com
sequestradores, estelionatários ou qualquer tipo de chantagista) (RH 75.338-
RJ).
(3) A obtenção de provas de forma ilícita, tende a ensejar vício nos demais
aspectos do processo que delas dependam ou derivem, por “contaminação”. É
a denominada teoria dos frutos da árvore envenenada (fruit of the
poisonous tree) ou da ilicitude por derivação.
Vale dizer, ainda que os meios probatórios ulteriores sejam produzidos
validamente, podem estar afetados por vício originário de uma primeira etapa,
que a eles se transmite, contaminando-os.

(4) Uma observação interessante é que a doutrina majoritária e o STF


admitem o instituto da prova emprestada. Esta consiste no “transporte” de
determinada prova de um processo para outro, sendo uma medida que
possibilita o aproveitamento de acervo probatório anteriormente obtido.
Todavia, o entendimento majoritário é que a utilização da prova emprestada
só é possível se aquele contra quem ela for utilizada tiver participado do
processo onde essa prova foi produzida, observando-se, assim, os princípios
do contraditório e da ampla defesa..

XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas


as qualificações profissionais que a lei estabelecer;

(1) Este é um clássico exemplo de norma constitucional de eficácia contida. A


produção de efeitos é plena desde sua vigência. No entanto, pode lei

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infraconstitucional posterior restringir alguns deles. É o que ocorre, por
exemplo, por meio do exame de ordem da OAB, cuja constitucionalidade já foi
aceita pelo STF (RE 603.583/RS). Inexistindo lei regulamentando o exercício
da atividade profissional, é livre o seu exercício.
(2) A esse respeito, entende o STF que não são todos os ofícios ou
profissões que podem ser sujeitos ao cumprimento de condições
legais para o seu exercício. A regra é a liberdade.
De regra, somente quando houver potencial lesivo na atividade ou risco
à coletividade é que pode ser exigida inscrição em conselho de fiscalização
profissional (RE 414.426/SC).
Vejamos importante decisão que explicita a orientação da nossa
Suprema Corte:
O jornalismo é uma profissão diferenciada por sua estreita vinculação ao
pleno exercício das liberdades de expressão e de informação. O
jornalismo é a própria manifestação e difusão do pensamento e da
informação de forma contínua, profissional e remunerada. Os jornalistas
são aquelas pessoas que se dedicam profissionalmente ao exercício
pleno da liberdade de expressão. (...) No campo da profissão de
jornalista, não há espaço para a regulação estatal quanto às
qualificações profissionais. O art. 5º, IV, IX, XIV, e o art. 220 não
autorizam o controle, por parte do Estado, quanto ao acesso e exercício
da profissão de jornalista. Qualquer tipo de controle desse tipo, que
interfira na liberdade profissional no momento do próprio acesso à
atividade jornalística, configura, ao fim e ao cabo, controle prévio que,
em verdade, caracteriza censura prévia das liberdades de expressão e
de informação, expressamente vedada pelo art. 5º, IX, da Constituição.
A impossibilidade do estabelecimento de controles estatais sobre a
profissão jornalística leva à conclusão de que não pode o Estado criar
uma ordem ou um conselho profissional (autarquia) para a fiscalização
desse tipo de profissão. O exercício do poder de polícia do Estado é
vedado nesse campo em que imperam as liberdades de expressão e de
informação. Jurisprudência do STF: Rp 930, rel. p/ o ac. Min. Rodrigues
Alckmin, DJ de 2-9-1977. [RE 511.961, rel. min. Gilmar Mendes, j. 17-
6-2009, P, DJE de 13-11-2009.]
 Ver também o inciso IX.

21- (CESPE / Analista Legislativo da Câmara dos


Deputados / 2014) Julgue o item seguinte, relativo aos direitos e garantias
fundamentais.
Se o poder público tiver a intenção de condicionar o exercício de determinada
profissão a certas exigências, e se tais exigências forem estabelecidas

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mediante lei formal, elas serão constitucionais, pois o Estado tem
discricionariedade para eleger as restrições que entenda cabíveis para todos
os ofícios ou profissões, desde que o faça por lei federal.
Resolução: Errado. Nem todos os ofícios ou profissões podem ser
condicionados ao cumprimento de condições legais para o seu exercício. A
regra é a liberdade. Apenas quando houver potencial lesivo (risco) na
atividade é que pode ser exigida inscrição em conselho de fiscalização
profissional (por exemplo, os conselhos de engenharia, medicina etc.).

XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo


da fonte, quando necessário ao exercício profissional;

(1) Não confundir com a vedação ao anonimato prevista no inciso IV.


No exercício da liberdade de manifestação do pensamento e de
informação não é permitido o anonimato. É, no entanto, assegurado e
respeitado o sigilo quanto às fontes ou origem de informações recebidas ou
recolhidas pelos jornalistas.
O sigilo da fonte jornalística, mais do que instrumento assecuratório
daquela prática profissional, possui imensa relevância para toda a coletividade,
que, assim, pode ter o conhecimento de fatos de grande relevância que por
outra via não seriam publicizados.

XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo


qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com
seus bens;
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao
público, independentemente de autorização, desde que não frustrem
outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo
apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;

(1) O inciso XV costuma ser cobrado apenas na literalidade. Atente-se à parte


negritada, posto que, por exemplo, nos estados de sítio e de defesa (artigos
136 e 139), tal liberdade pode ser suprimida.
(2) O inciso XVI é um pouco mais exigido. As bancas tentam confundir o
candidato trocando ou omitindo as partes destacadas. Grave-se, portanto:

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Pacífico
Não precisa de
autorização
Locais
abertos
ao
público
Direito
de
Reunião
Não
frustrar Prévio
outra aviso
reunião

Sem
armas

22- (CESPE/ Ministério do Planejamento, Orçamento


e Gestão – Todos os cargos / 2013) A respeito dos direitos e garantias
fundamentais, julgue o item subsequente.
A passeata pacífica, sem armas, realizada em local público, é protegida pelo
direito constitucional à liberdade de reunião, porém está condicionada à prévia
autorização da autoridade competente, de modo a não frustrar outra reunião
anteriormente convocada para o mesmo local.
Resolução: Errado. Não é necessária autorização da autoridade competente.
Os manifestantes apenas precisão comunicar o evento com antecedência ao
órgão responsável.

XVII – é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de


caráter paramilitar.

(1) Ver também o artigo 8º da CF/88.


(2) Nos termos do Código Civil (art. 53) constituem-se as associações pela
união de pessoas que se organizem para fins não econômicos, não havendo,
entre os associados, direitos e obrigações recíprocos.
Conforme precedente do Supremo Tribunal Federal:
O direito à plena liberdade de associação (art. 5º, XVII, da CF) está
intrinsecamente ligado aos preceitos constitucionais de proteção da

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dignidade da pessoa, de livre iniciativa, da autonomia da vontade e da
liberdade de expressão. Uma associação que deva pedir licença para
criticar situações de arbitrariedades terá sua atuação completamente
esvaziada. [HC 106.808, rel. min. Gilmar Mendes, j. 9-4-2013, 2ª T,
DJE de 24-4-2013.]
(3) Organização paramilitar é a associação ilegal de grupos de civis e/ou
militares, que, valendo-se de instrumentos tipicamente policiais/militares
(atuação ostensiva e repressiva, uso de armas, simbologia própria etc.), agem
com finalidades mais ou menos definidas, inclusive promovendo ações político-
partidárias escusas. Exemplos são as milícias, esquadrões da morte, dentre
outros.
Destaque-se que, seguindo a vedação constitucional, o art. 288-A do
Código Penal, tipifica como crime “constituir, organizar, integrar, manter ou
custear organização paramilitar, milícia particular, grupo ou esquadrão com a
finalidade de praticar qualquer dos crimes previstos neste Código”.

XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas


independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em
seu funcionamento;
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter
suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro
caso, o trânsito em julgado;
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer
associado;
XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm
legitimidade para representar seus filiados [indivíduos] judicial ou
extrajudicialmente;

(1)
Criação de associações Norma de eficácia plena
Criação de cooperativas Norma de eficácia limitada

(2) Notem que apenas a dissolução (mais grave) exige trânsito em


julgado!!!
(3) Já o inciso XXI, trata de aspectos de substituição processual, que ocorre
quando alguém pleiteia direito alheio em nome próprio. A regra é a seguinte:

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ENTIDADES ASSOCIATIVAS SINDICATOS


• Precisam de autorização • Não precisam de autorização
expressa dos seus filiados expressa para a defesa de
[indíviduos]. direitos e interesses coletivos ou
• STF - Súmula nº 629 - A individuais homogêneos da
impetração de mandado de categoria que representam (RE
segurança coletivo por entidade 555.720-AgR)
de classe em favor dos
associados independe da
autorização destes.

23- (CESPE/ Técnico Judiciário do TJ – DFT / 2015) A


respeito das associações, julgue o item subsequente à luz das disposições da
CF.
A atuação das associações na defesa de seus associados em mandado de
segurança coletivo independe de autorização.
Resolução: Correto! Qualquer entidade de classe em funcionamento há um
ano pelo menos pode impetrar mandado de segurança coletivo em favor de
seus associados, independentemente da autorização destes, pois essa situação
caracteriza hipótese de substituição processual.

XXII - é garantido o direito de propriedade;


XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por
necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante
justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta
Constituição;

(1) Destaque-se que a competência para legislar sobre direito de propriedade,


desapropriação e requisição é privativa da União (CF, art. 22, I, II e III).
Essa competência da União diz respeito à regulação da matéria
(competência legislativa) e não deve ser confundida com a competência
administrativa, para a prática de atos relacionados com a restrição e o
condicionamento do uso da propriedade, como, por exemplo, os
procedimentos para desapropriação de bens imóveis. Esta competência
administrativa, para impor restrições e condicionamentos ao uso da
propriedade privada, é compartilhada entre a União, os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios.

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No mais, deve-se desde já registrar que a Constituição Federal atribui
aos Municípios a competência de promover, no que couber, adequado
ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do
parcelamento e da ocupação do solo urbano (CF, art. 30, VIII).
(2) Observe-se de imediato que o direito de propriedade (inciso XXII) é
relativizado pelos dois incisos subsequentes, além dos art. 182 e 184 do texto
constitucional.
Em suma, trata-se de direito não absoluto.
Diversos são os meios de intervenção do Estado na propriedade
privada:

Servidões administrativas
Intervenção do Estado na propriedade

Ocupação temporária

Limitações administrativas
privada

Requisição

Tombamento

Desapropriação

Intervenções do poder público municipal na


forma da Lei nº 10.257/2001 (Estatuto da
Cidade)

Para um estudo detalhado sobre o tema, remetemos os alunos ao curso


de Direito Administrativo.

XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá


usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização
ulterior, se houver dano;

(1) No inciso acima temos a formulação genérica da requisição.

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XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que
trabalhada pela família, não será objeto de penhora para pagamento de
débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os
meios de financiar o seu desenvolvimento;

(1) A impenhorabilidade da pequena propriedade rural trabalhada pela família


limita-se aos débitos decorrentes de sua atividade produtiva, noutras palavras,
às dívidas assumidas para financiar e viabilizar a atividade produtiva, que aqui
assume contornos de atividade de subsistência.
Caso o débito seja decorrente de outra causa, por exemplo, de um
empréstimo para a construção de uma quadra de squash na propriedade rural,
para usufruto dos seus moradores, afasta-se a proteção constitucional.

XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou


reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a
lei fixar;
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à
reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas;
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que
criarem ou de que participarem aos criadores, aos intérpretes e às respectivas
representações sindicais e associativas;
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio
temporário para sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à
propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos,
tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e
econômico do País;

(1) Notem que a Constituição distingue duas categorias para fins de direito
autoral:

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AUTORES DE INVENTOS
AUTORES (GERAIS)
INDUSTRIAIS

• Direitos de propriedade • Direitos de propriedade


perduram pelo menos até a perduram em caráter mais
morte do autor temporário

XXX - é garantido o direito de herança;


XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será
regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos
brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do "de
cujus";

(1) Conforme já sedimentado pelo STF (ADI 1.715/MC), a Constituição


garante o direito de herança, mas a forma como esse direito se exerce é
matéria regulada por normas de direito privado, mais especificamente, pelo
Direito Civil.
(2) A sucessão do “de cujus” aqui relatada é simplesmente a transferência
patrimonial do falecido. O de cujus, na terminologia jurídica, é o falecido, o
autor da herança.

XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;

(1) A referida lei é o atual Código de Defesa do Consumidor (Lei nº


8.078/1990).
Nos termos do Código (art. 2º), consumidor é toda pessoa física ou
jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.
Nessa toada, o Código estabelece normas de proteção e defesa do
consumidor, consideradas de ordem pública e interesse social.
(2) Diversos dispositivos constitucionais reforçam-se a proteção conferida ao
consumidor, são exemplos o art. 150, §5º, o art. 170, V, dentre outros.

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XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu
interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no
prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo
seja imprescindível à segurança da sociedade e do estado;

(1) A norma acima se complementa ao princípio da publicidade na


administração pública (CF, art. 37, “caput”), que, tanto condiciona a validade
dos atos administrativos de efeito externo ou que impliquem ônus ao
patrimônio público à sua publicação, quanto exige transparência no agir do
Estado.
Com base no inciso XXXIII, o STF já decidiu constitucional a publicação
da folha de pagamento de servidores de órgãos e entidades públicas (SS
3.902-AgR-segundo/SP).
(2) Nessa linha de raciocínio, nossa Corte Maior também já afirmou ser
necessário o livre acesso aos documentos históricos do período da ditadura
militar (ADPF 153).

Avançando, nossa Constituição trata do direito de petição:

XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de


taxas:
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou
contra ilegalidade ou abuso de poder;
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de
direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal;

O magistério de Di Pietro (2013) nos ensina que sob o leque do direito


de petição podemos encontrar várias modalidades de recursos
administrativos que, de algum modo, requeiram manifestação da
administração pública em determinado caso, relativo ao indivíduo, a
terceiros ou à coletividade.
Trata-se de instrumento jurídico-constitucional posto à disposição de
qualquer interessado – mesmo daqueles destituídos de personalidade jurídica
–, com a explícita finalidade de viabilizar a defesa, perante as instituições
estatais, de direitos ou valores revestidos tanto de natureza pessoal quanto de
significação coletiva.
Não é necessário que o candidato memorize os recursos abaixo, basta
que se atenha à literalidade da CF/88.

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Direito de
petição

Recursos
hierárquicos
Reclamação Pedido de
Representação (próprios e
administrativa reconsideração
impróprios) de
revisão

Já a certidão, como nos ensinam Paulo e Alexandrino (2012) é


simplesmente um extrato/cópia de informações arquivadas em algum
registro em poder da administração pública ou de particular por ela
delegado.

Acerca do tema, o STF já decidiu:


STF – Súmula Vinculante nº 21 – É inconstitucional a exigência de
depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para
admissibilidade de recurso administrativo.

O entendimento acima exposto privilegia o contraditório e a ampla


defesa aos litigantes em processo administrativo, nos termos do art. 5º, LV.
Isso porque a exigência de depósito prévio como condição de
admissibilidade de recurso administrativo poderia em muitos casos inviabilizar
o próprio processo administrativo. Quando há um recurso (seja judicial, seja
administrativo), a parte que recorre deseja ver seu pleito reanalisado por uma
instância superior, o que certamente seria dificultado.

XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça


a direito;

(1) Aqui temos consagrado o princípio da inafastabilidade da jurisdição.


O Brasil adota o sistema jurisdicional inglês (de unicidade da
jurisdição). Simplificadamente, apenas um Poder, no caso, o Judiciário, é
competente para firmar em definitivo o direito aplicável nos litígios (fazer
coisa julgada).

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Isso não implica a inexistência de mecanismos de solução de litígios em
âmbito administrativo. Contudo, qualquer conflito de interesses, mesmo que
já tenha sido iniciado (ou concluído) na esfera administrativa pode ser levado
ao Poder Judiciário.

São exceções parciais ao princípio da inafastabilidade da jurisdição:

Ações relativas à disciplina e às competições desportivas (CF, art.


217)

Requerem Reclamação de ato administrativo, ou de omissão da


esgotamento administração pública, que contraria Súmula Vinculante (Lei nº
prévio da via 11.471/06)
administrativa
Habeas-data (exige prova de indeferimento prévio do pedido de
informação de dados pessoais, ou da omissão em atendê-lo - HD
22/DF)

(2) Como regra, processo pré-existente em âmbito administrativo não impede


o acionamento da via judicial (e o seu subsequente “trancamento” naquele
âmbito). Destaque-se, pois, que o processo não tramita simultaneamente
nas duas esferas, em face do princípio da economia processual.
Já o contrário (processo iniciado em âmbito judicial), inviabiliza de
antemão seu deslocamento para a esfera administrativa.
A jurisprudência pátria majoritária há muito tem sedimentado o
entendimento de que havendo concomitância entre o objeto da discussão na
esfera administrativa e judicial, há renúncia tácita à primeira (via
administrativa). Veja-se:
TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. DISCUSSÃO JUDICIAL DA
MATÉRIA. RENÚNCIA DA VIA ADMINISTRATIVA. RECURSO
VOLUNTÁRIO. SEGUIMENTO INDEFERIDO. Esta Corte já decidiu que
‘Segundo o princípio da unidade da jurisdição, havendo
concomitância entre o objeto da discussão administrativa e o da
lide judicial, tendo ambos origem em uma mesma relação
jurídica de direito material, torna-se despicienda a defesa na via
administrativa, uma vez que esta se subjuga ao versado naquela
outra, em face da preponderância do mérito pronunciado na
instância judicial. Há uma espécie de renúncia tácita pelo
processo administrativo, pois a continuidade do debate
administrativa é incompatível com a opção pela ação judicial
(preclusão lógica)’ – (TRF4, AMS V 2006.70.00.009422-9, Segunda
Turma, Relatora Luciane Amaral Corrêa Münch, D.E. 14/11/2007).

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Assim, havendo identidade plena entre os objetos discutidos na via
administrativa e na judicial, o processo administrativo é considerado precluso.
Em suma, não há discussão simultânea em ambas esferas.

(3) A Lei nº 9.307/96 (Lei da Arbitragem), permite que pessoas capazes de


contratar poderão valer-se da arbitragem para dirimir litígios relativos a
direitos patrimoniais disponíveis. As partes inclusive poderão escolher,
livremente, as regras de direito que serão aplicadas na arbitragem, desde que
não haja violação aos bons costumes e à ordem pública.
De todo modo, cumpre destacar que não há afronta ao disposto na
CF/88. Trata-se tão somente de uma opção de jurisdição privada. Assim,
em último caso, as partes litigantes, ainda que tenham ingressado no juízo
arbitral, poderão recorrer ao Poder Judiciário quando assim lhes convier.

XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a


coisa julgada;

(1)

Benefício jurídico lícito e concreto, adquirido em


Direito adquirido conformidade com a lei vigente e incorporado
definitivamente ao patrimônio jurídico individual ou coletivo

Ato jurídico Ato que satisfez todos os requisitos necessários à sua


perfeito existência válida segundo a lei vigente de seu tempo

Coisa julgada Coisa (sentença judicial) de que não cabe mais recurso

(2) Tal norma comporta flexibilizações. Por exemplo, na seara penal, vale o
princípio da retroatividade (extensão de efeitos a fatos pretéritos) da lei
mais benéfica ao réu (ver art. 5º, XL).
Outro exemplo é a possibilidade de ação rescisória de decisão judicial
eivada de vício, podendo inclusive desconstituir coisa julgada.
(3) Ordenando vasta jurisprudência, nos relembram Paulo e Alexandrino
(2014) que não há direito adquirido quanto à:

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Novas normas trazidas pelo poder constituinte originário

Não há direito Mudança do padrão da moeda utilizado


adquirido
quanto à:
Criação ou aumento de tributos

Mudança do regime jurídico estatutário (ou seja, de


agentes públicos regidos por vínculo legal específico)

XXXVII – não haverá juízo ou tribunal de exceção;

(1) Esta garantia está diretamente relacionada ao princípio do juiz natural.


O juiz natural é o juiz (processualmente) competente e definido
previamente em lei, ou seja, de forma abstrata e genérica para todos os casos
tipificados e não de maneira ad hoc (para situações individuais específicas,
ou seja, discricionariamente indicados para destinatários certos).
Visa-se sobretudo à imparcialidade da atuação do magistrado na
condução e julgamento da demanda judicial.

XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a


lei, assegurados:
a) a plenitude de defesa;
b) o sigilo das votações;
c) a soberania dos veredictos;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;

(1) O júri é um tribunal popular presidido por um juiz de direito, porém


integrado por cidadãos sorteados após uma seleção prévia e que atuam como
juízes de fato em dado julgamento.
Já crime doloso, sinteticamente, é aquele em que o agente quis o
resultado (dolo direto) ou assumiu o risco de produzi-lo (dolo eventual)
(Código Penal, art. 18, I).
Assim, de regra, os crimes dolosos contra a vida (homicídio,
induzimento, instigação ou auxílio a suicídio, infanticídio e aborto) não são
julgados pelo juiz monocrático, mas sim pelo júri.

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(2) As regras no inciso “c” e “d” não são absolutas.
Em relação à alínea “c”, o STF vem admitindo, por exemplo, controle
recursal (ad quem), podendo ensejar inclusive novo julgamento pelo tribunal
do júri (HC 88.707/SP).
Quanto à alínea “d”, existem exceções porque a própria CF institui foros
especiais para determinadas funções. É o que acontece, por exemplo, nos art.
29, X (Prefeito julgado pelo Tribunal de Justiça local) e 102, I, “b” (Presidente
e Vice-Presidente da República julgados pelo STF em caso de infração penal
comum).

XXXIX – não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia
cominação legal;

(1) Temos aqui o princípio da tipicidade penal, uma derivação do princípio


da legalidade.
A tipicidade é característica base de toda norma jurídica. Os tipos
discriminam uma conduta objetiva, prevendo-a como hipótese, ou seja, de
modo abstrato.
Por exemplo, o art. 121 do Código Penal ao definir que configura
hipótese de homicídio simples o ato de matar alguém, descreve um tipo.
Também descreve um tipo ao prever que caracteriza homicídio qualificado
matar alguém por motivo fútil.
O artigo não está prevendo uma norma específica para o caso do João
que matou o Pedro, em Caraguatatuba (SP), na noite de 12 de maio de 1989,
com um tiro de pistola, após este ter-lhe agredido. Ou para o Tião que, a
golpes de faca, levou o chef André à óbito, no bairro de Ipanema (Rio de
Janeiro), em 31 de dezembro de 2012, após achar sua comida muito
apimentada.
Ele está prescrevendo uma norma geral e abstrata. Os fatos concretos
acima descritos a ela se subsumem (“encaixam”) por guardarem
correspondência com a hipótese prevista (matar alguém = homicídio; matar
alguém por motivo fútil = homicídio qualificado).

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Hipótese
Fato
prevista em Tipicidade
concreto
lei (tipo)

(2) Também temos a formulação do princípio da anterioridade penal,


elemento complementar ao primeiro e que confere maior segurança jurídica às
relações sociais.
A anterioridade determina que os efeitos legais da conduta praticada
só se produzem por meio de lei ou ato normativo já vigentes na data da ação
ou omissão. É o princípio da não surpresa.
Por exemplo, se lei publicada 1º de janeiro de 2018, com vigência a
partir daquela data, definir que é proibido qualquer comércio de ouro, seja por
particulares, seja por pessoas jurídicas, estarão livres das sanções por ela
previstas todos os que comercializarem a mercadoria até 31 de dezembro de
2017.
A lei que incrimina determinada conduta deve ser anterior ao fato
delituoso que se pretende punir.

XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;

(1) A regra é que a lei penal somente incida sobre fatos ocorridos a partir de
e durante a sua vigência.
Vamos abrir um parêntese e ilustrar alguns marcos cronológicos do ciclo
de vida de uma lei. Esquematicamente, temos a seguinte sequência de fatos
ao término do processo legislativo1:

Promulgação Vigência e Eficácia (regra)

Publicação
Vacatio legis

1
Vamos pular aqui os procedimentos de iniciação, revisão e deliberação. O estudo do processo
legislativo será detalhado na aula pertinente.

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A promulgação é o ato que reconhece uma norma como válida, tendo
ela preenchido todos os requisitos próprios de seu processo legislativo, e
“autoriza” seu ingresso no ordenamento jurídico.
Por seu turno, a publicação é medida que visa a dar conhecimento a
todos acerca da existência e do teor da norma promulgada. Nos termos do art.
3º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (Decreto-Lei nº
4.657/1942), ninguém pode se escusar de cumprir a lei, alegando que não a
conhece.
Já a vigência é a característica da norma que está apta a produzir seus
efeitos pretendidos. De regra, a norma entra em vigor a partir de ou após sua
publicação. Excepcionalmente, a norma pode ter efeitos retroativos.
Por fim, a eficácia diz com a efetiva aplicação da norma jurídica junto à
sociedade. Como regra, a norma é eficaz a partir do momento em que entra
em vigor.

Como disciplinado no inciso XL, excepcionalmente, para benefício do


réu (reformatio in mellius), a lei penal pode incidir sobre fatos ocorridos
antes da sua vigência, inclusive sobre ato jurídico perfeito e coisa julgada!!!
Por outro lado, a lei penal que agrave a situação do réu (reformatio in
pejus) não pode retroagir.
Exemplos:

Condenado em 10 anos por Condenado em 10 anos por


homicídio doloso tem a pena homicídio doloso tem a pena
máxima do tipo penal legalmente máxima do tipo penal legalmente
reduzida para 5 anos. ampliada para 15 anos.

Pode retroagir Não pode retroagir


(reformatio in mellius) (reformation in pejus)

XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades


fundamentais;
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível,
sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou
anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas
afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles
respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se
omitirem;

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XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos
armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado
Democrático;

(1) No bojo dos supratranscritos incisos, basicamente as bancas tentam


embaralhar a imprescritibilidade, a impossibilidade de fiança e a
insuscetibilidade de graça (exclusão da punibilidade do crime) ou anistia
(exclusão do próprio crime e da sua punibilidade).
Não precisamos aqui memorizar o sentido jurídico de cada termo acima,
uma vez que a cobrança, em Direito Constitucional, é basicamente literal.
No entanto, grave-se:

Inafiançáveis e
Crimes
Insuscetíveis de
Inafiançáveis e
graça ou anistia
Imprescritíveis
(H3T)

Racismo Hediondo

Ação de grupos Tortura


armados civis ou
militares contra a Tráfico
ordem Terrorismo
constitucional e o
Estado Democárico

24- (FCC / Oficial de Defensoria Pública – SP / 2013)


Considere os seguintes crimes:
I. Tortura.
II. Terrorismo.
III. Racismo.
IV. Ação de grupos armados (civis ou militares) contra a ordem constitucional
e o Estado Democrático.
Nos termos da Constituição Federal brasileira, detêm as características de
“inafiançável e imprescritível” os crimes descritos em:
a) II e III, apenas.
b) I, III e IV, apenas.
c) III e IV, apenas.

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d) I e IV, apenas.
e) I, II, III e IV.
Resolução: Alternativa C. Como todas as condutas acima são inafiançáveis,
basta encontrar aquele que é imprescritível.
Grave-se:
 Todos são inafiançáveis
 Racismo e ação de grupos armados  Imprescritíveis
 Tortura, tráfico, terrorismo e hediondos  Insuscetíveis de
graça e anistia

XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a


obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens
ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles
executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;

(1) Temos aqui o princípio da pessoalidade ou intranscendência da


pena que visa a impedir que sanções e restrições jurídicas se estendam para
além da pessoa do infrator (AC 1.033-AgR-QO/DF e HC 68.309/DF).
A exceção parcial é a justa possibilidade que os sucessores (aqueles que
recebem bens e direitos em transferência) respondam patrimonialmente na
medida do montante recebido, ou seja, admite-se a transcendência de
natureza extrapenal da condenação.

XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as


seguintes:

(1) As penas são previstas abstratamente nos tipos penais em patamares


mínimo e máximo.
Por exemplo, no homicídio simples a pena é de reclusão, de 6 a 20 anos
(art. 121 do CP), enquanto que no furto simples é de reclusão, de 1 a 4 anos
(art. 155 do CP).
Assim, para que o juiz possa fixar um montante determinado e
específico de pena ao réu que está sendo julgado, vale dizer, para que
individualize a pena, o Código Penal enumera uma série de critérios e
procedimentos que devem ser levados em conta por ocasião da sentença.

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(2) Avancemos nas alíneas do inciso XLVI. A lei adotará, entre outras, as
seguintes penas:

privação ou restrição da liberdade

perda de bens

multa
Lista não
taxativa
prestação social alternativa

suspensão ou interdição de direitos

XLVII - não haverá penas:

de morte, salvo em caso de guerra


declarada, nos termos do art. 84, XIX

de caráter perpétuo

Penas vedadas de trabalhos forçados

de banimento

cruéis

(1) O motivo para estabelecimento da pena de morte em caso de guerra


declarada pode ser variado.
Atualmente, algumas hipóteses estão contempladas no Código Penal
Militar (Decreto-lei nº 1.001, de 21 de outubro de 1969), como por exemplo,
para o crime de traição (“tomar o nacional armas contra o Brasil ou Estado
aliado, ou prestar serviço nas fôrças armadas de nação em guerra contra o
Brasil”) e para o crime de ato prejudicial à eficiência da tropa (“provocar o
nacional, em presença do inimigo, a debandada de tropa, ou guarnição,
impedir a reunião de uma ou outra ou causar alarme, com o fim de nelas
produzir confusão, desalento ou desordem”).

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Por curiosidade, aquele diploma estabelece (art. 56) que a pena de
morte é executada por fuzilamento.
(2) O STF tem jurisprudência no sentido de que a extradição de condenado
em outro país com pena de caráter perpétuo só é possível se o Estado
requerente comutar (“trocar”) a pena para o limite legal brasileiro de 30 anos
(Ext 855).
Assim, se o país “X”, no qual é admitida a prisão perpétua, requer ao
Brasil a extradição de nacional daquele país que se encontre em nosso
território e foi por ele condenado à prisão perpétua, a extradição só será
possível se o país “X” se comprometer a lhe aplicar, em substituição, a pena
máxima de 30 anos.
(3) Banimento é a expulsão definitiva de nacionais do País e a extinção de seu
vínculo de cidadãos, o que não é admitido por nosso ordenamento.

XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo


com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado;
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;
L - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam
permanecer com seus filhos durante o período de amamentação;

(1) Sobre o inciso XLIX, o STF entende que em caso de morte de detento –
como durante uma rebelião –, cabe indenização por danos morais e materiais.
Uma vez que o detento estava sob a custódia do Estado, a responsabilidade
deste é objetiva, ou seja, independe de culpa ou dolo (RE 272.839/MT).

LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso


de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado
envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na
forma da lei;

(1) Para compreender o inciso acima, vamos adiantar um pouco da matéria


(estudaremos esse tópico em aula próxima).

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São brasileiros (art. 12)

NATOS NATURALIZADOS

1
Ainda que de pais
Nascidos na Os que, na forma da lei,
estrangeiros, desde
República adquiram a nacionalidade
que estes não estejam
Federativa do Brasil brasileira, exigidas aos
a serviço de seu país
originários de países de
[critério jus soli]
língua portuguesa apenas
residência por um ano
2 desde que qualquer ininterrupto e idoneidade
Nascidos no
deles esteja a serviço da moral
estrangeiro, de
pai brasileiro ou República Federativa do
[naturalização ordinária]
mãe brasileira Brasil
[critério jus sanguini]
Os estrangeiros de qualquer
nacionalidade, residentes na
3 desde que sejam registrados em República Federativa do
repartição brasileira competente ou Brasil há mais de quinze
venham a residir na República anos ininterruptos e sem
Federativa do Brasil e optem, em condenação penal, desde que
qualquer tempo, depois de atingida a requeiram a nacionalidade
maioridade, pela nacionalidade brasileira
brasileira [naturalização quinzenária]

§ 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se houver


reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes
ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição. [português
equiparado – cláusula ut des] Não é naturalização, é equiparação!

A partir do exposto, conseguiram captar melhor a essência do inciso LI?

Nato Nunca é extraditado

Brasileiro Crime comum


anterior à
Naturalizado naturalização
Pode ser extraditado
em caso de Envolvimento a
qualquer tempo
com tráfico ilícito
de drogas

LII – não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou


de opinião;

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(1) O STF não admite pedido de concessão de refúgio sob justificativa


dissimulada de perseguição política, ou seja, quando no país requerente foi
observado o devido processo legal (Ext 1.085).
Também não admite concessão a estrangeiros que praticaram atos de
natureza terrorista (Ext 855).
Ademais, em casos extremos, como pena de morte ou prisão perpétua,
a Corte Maior determina a comutação de penas para o limite equivalente no
ordenamento pátrio (Ext 855); vide análise do inciso XLVII.
Por fim, uma vez que a CF/88 não definiu o que é crime político, cabe
ao Supremo defini-lo nos casos concretos (Ext 615).
 Ver também o art. 4º, X.

LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade


competente;

(1) Neste caso específico temos o princípio do promotor natural.


O promotor ou o procurador não pode ser designado sem obediência ao
critério legal previamente estabelecido, a fim de garantir julgamento imparcial
e isento.
 Ver também o art. 5º, XXXVII.

LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido


processo legal;
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com
os meios e recursos a ela inerentes;

(1) Conforme nos apontam Mendes e Branco (2010) o devido processo legal é
um princípio e ao mesmo tempo uma garantia que o indivíduo tem em face de
todas as entidades essenciais à justiça. Em última análise, é uma cláusula
geral do Direito Constitucional.
Abrigam-se sob esta denominação diversos direitos – tais como o do
juiz natural, do contraditório e da ampla defesa – e garantias – como a
vedação a provas ilícitas, a inadmissibilidade de prisão sem ordem escrita e

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fundamentada de autoridade judiciária (exceto em flagrante ou de natureza
militar), dentre outros.
(2) Segundo a lição de Alexandrino e Paulo (2012), podemos definir
contraditório e ampla defesa como:

AMPLA DEFESA CONTRADITÓRIO

• Possibilidade de utilização de • Exigência de que seja dada ao


todos os instrumentos lícitos para interessado a oportunidade de se
o acusado ou litigante provar os manifestar a respeito de todos os
fatos de seu interesse; elementos trazidos ao processo
• Exigência de que ao acusado ou que possam influenciar na decisão,
litigante sejam apresentados todos contestando-os, se desejar;
os elementos contrários a seu • Exemplos: a contestação, a
interesse que serão utilizados no impugnação de atos etc.
processo.
• Exemplos: o direito de
acompanhar a instrução do
processo, o direito a fazer-se
representar por advogado, o direito
a apresentar alegações e defesa
escrita etc.

(3) Vale-nos, ainda, aprofundar o entendimento do STF sobre o disposto no


art. 5º, LV, da CF/88:
A Constituição de 1988 (art. 5º, LV) ampliou o direito de defesa,
assegurando aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e
aos acusados em geral o contraditório e a ampla defesa, com os meios
e recursos a ela inerentes. (...) o que o constituinte pretende assegurar
- como bem anota Pontes de Miranda - é uma pretensão à tutela
jurídica (...). Daí afirmar-se, correntemente, que a pretensão à
tutela jurídica, que corresponde exatamente à garantia
consagrada no art. 5º, LV, da Constituição, contém os seguintes
direitos: a) direito de informação [...], que obriga o órgão julgador a
informar a parte contrária dos atos praticados no processo e sobre os
elementos dele constantes; b) direito de manifestação [...], que
assegura ao defendente a possibilidade de manifestar-se, oralmente ou
por escrito, sobre os elementos fáticos e jurídicos constantes do
processo; c) direito de ver seus argumentos considerados [...],
que exige do julgador capacidade de apreensão e isenção de ânimo
[...]. (MS 22693, Relator Ministro Gilmar Mendes, Tribunal Pleno,
julgamento em 17.11.2010, DJe de 13.12.2010)

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25- (FCC / Técnico Judiciário do TRE – AP / 2015) Em


determinado processo administrativo disciplinar, o servidor acusado promoveu
sua defesa pessoalmente, mediante manifestação e produção de provas nos
autos, sem que, no entanto, tenha sido assistido tecnicamente por advogado,
embora lhe tenha sido facultado constituir um. Nesta hipótese, considerando
não estar prevista, em lei aplicável ao processo em questão, a obrigatoriedade
de assistência por advogado,
a) há violação à garantia constitucional do devido processo legal, assegurado
expressamente aos litigantes em processo administrativo.
b) há violação às garantias constitucionais do contraditório e da ampla defesa,
asseguradas expressamente aos litigantes em processo administrativo.
c) há violação à garantia constitucional do advogado como indispensável à
administração da justiça.
d) há violação aos princípios constitucionais da legalidade e impessoalidade da
Administração pública.
e) não há ofensa à Constituição da República.
Resolução: Alternativa E. O exercício da ampla defesa e do contraditório em
Processo Administrativo Disciplinar prescinde da presença de advogado, o que
é de conhecimento de todos aqueles que também estudam Direito
Administrativo.
Assim, a falta de defesa por advogado, no PAD, não ofende à CF/88,
entendimento, inclusive, sumulado pelo STF.

LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;

(1) Por exemplo, são ilícitas as provas obtidas por quebra de sigilo fiscal,
bancário ou telefônico que, mesmo autorizada por magistrado, não foram
devidamente fundamentadas (HC 96.056/PE).
(2) Se recordam da teoria dos frutos da árvore envenenada?
Pois bem.
Para o STF (HC 93.050/RJ), se o órgão da persecução penal (a polícia
judiciária – civil ou federal, ou o Ministério Público) obtiver, legitimamente,
novos elementos de convicção, com base em fonte autônoma de prova, que
não guarde qualquer relação de dependência nem decorra da prova
originariamente ilícita, tais dados probatórios serão plenamente admissíveis
ao processo.

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LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de
sentença penal condenatória;

(1) É o clássico princípio da presunção da inocência. Reparem que o texto


constitucional fala em “trânsito em julgado”, instante final de processo do qual
(como regra) não cabe recurso.

Proferimento da Trânsito em
sentença julgado

Culpado?

Ainda não em definitivo. Sim. O réu pode ser


Restam outras etapas considerado culpado. Não
processuais e/ou recursos. cabe mais recurso.

(2) O Supremo entende também que prisão cautelar (provisória ou


preventiva) não atenta contra o princípio da presunção da inocência (HC
71.169/SP).

LVIII - o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal,


salvo nas hipóteses previstas em lei;

(1) O civilmente identificado somos eu e você que dispomos de qualquer


documento de identidade ordinário: carteira de identidade, de trabalho, de
identificação funcional, passaporte e afins.
Já a identificação criminal é aquela feita por processo datiloscópico
(digital) ou fotográfico e que será juntada aos autos da comunicação da prisão
em flagrante, ou do inquérito policial ou outra forma de investigação.
“Ok professor, mas continuo sem entender o inciso acima!”
Pois bem. A Constituição Federal entende que, caso a pessoa já possua
identificação civil, a identificação criminal, seja por fotos ou por recolhimento
de digital, caracteriza constrangimento ilegal.

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A exceção são as hipóteses previstas em lei (atualmente é a Lei nº
12.037/2009), por exemplo, quando o documento civil apresentar rasura ou
tiver indício de falsificação ou quando o indiciado portar documentos de
identidade distintos, com informações conflitantes entre si.

LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for
intentada no prazo legal;

(1) A competência para a ação penal pública, como regra, é privativa do


Ministério Público 2 . A peça processual que a ela dá início se denomina
denúncia.
Todavia, ainda que o crime seja de ação penal pública, admite-se a
ação penal privada subsidiária da pública quando o Ministério Público,
dentro do prazo que a lei lhe confere, não apresenta qualquer manifestação.
Didático é o excerto que segue:
O ajuizamento da ação penal privada subsidiária da pública
pressupõe a completa inércia do Ministério Público, que se
abstém, no prazo legal, de oferecer denúncia, ou de requerer o
arquivamento do inquérito policial ou das peças de informação, ou,
ainda, de requisitar novas (e indispensáveis) diligências investigatórias
à autoridade policial. [...] O STF tem enfatizado que, arquivado o
inquérito policial, por decisão judicial, a pedido do Ministério
Público, não cabe a ação penal subsidiária. (HC 74.276/RS, Rel.
Min. Celso de Mello, DJ de 24.2.2011.)

LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a


defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem;

(1) Quando falamos em colisão de princípios (comandos de otimização),


afirmamos que, num eventual conflito, a solução se dá pela via da
ponderação. Pois bem, notem que no caso concreto, outros princípios
constitucionais correlatos podem prevalecer:

2
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; [...]

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REGRA Princípio da publicidade

Atos processuais Princípio da inviolabilidade


da intimidade (ver inciso X)
EXCEÇÕES
Princípio da supremacia do
interesse público

LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita
e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos
de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei;
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão
comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à
pessoa por ele indicada;
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de
permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de
advogado;

(1) Além das possibilidades de prisão do inciso LXI, o art. 136, §3º, I, da CF
admite prisão por crime contra o Estado na vigência do estado de defesa.
(2) O inciso LXIII nos traz o direito ao silêncio, um dos desdobramentos do
conhecido princípio da não auto incriminação, que perdura ao longo de
todo o processo penal. Vale dizer, ninguém é obrigado a se incriminar ou a
produzir provas contra si, tampouco pode ser coagido por qualquer meio para
que o faça.
Apenas de forma livre e consciente pode o indivíduo se auto incriminar,
restando ao Estado, quando muito, a possibilidade de fornecer incentivos para
que, de forma voluntária, o réu preste algum tipo de colaboração, seja na fase
investigatória, seja na fase processual.

LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou
por seu interrogatório policial;
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade
judiciária;
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir
a liberdade provisória, com ou sem fiança;
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo
inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do
depositário infiel;

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(1) É vedado o anonimato da autoridade responsável pela prisão ou


interrogatório policial de qualquer cidadão. A medida prevista no inciso LXIV
visa a coibir os chamados abusos de autoridade, possibilitando o controle dos
atos praticados.
(2) Quanto ao inciso LXV, muito embora a norma fale em “relaxamento”, seu
real sentido é o de “anulação”. Assim, tomando conhecimento da ilegalidade
da prisão, por falta de observância às normas pertinentes, o magistrado deve
torná-la sem efeito, libertando o indivíduo.
(3) No que diz com o inciso LXVI, a Constituição Federal objetivou privilegiar a
liberdade provisória do acusado.
Assim, caso o magistrado constate que este pode responder ao processo
em liberdade, com ou sem o pagamento de fiança, deve resguardar seu
status libertatis.
(4) Depositário infiel é aquele indivíduo que detinha a guarda (necessária ou
voluntária) de determinada coisa e não a restituiu quando exigido, estando
sujeito à prisão e ressarcimento de prejuízos (Código Civil, art. 652).
Vamos antecipar um pouco a matéria (neste ponto, o candidato não
precisa ainda se preocupar em fixar detalhes).
Por expressa lógica constitucional (vide o art. 5º, §3º e art. 84, VIII), os
tratados, convenções e demais atos internacionais ingressam no ordenamento
jurídico brasileiro por um processo de internalização.
A internalização é o processo apto a “adaptar”, do ponto de vista
jurídico formal, uma norma externa ao nosso ordenamento, tornando-a apta a
existir e vigorar como todas as demais normas produzidas internamente.
É um tipo de transformação para que o tratado, convenção ou qualquer
outro ato internacional possa, na prática, se transformar em uma norma
interna.
Especificamente no que diz com tratados e convenções que versam
sobre direitos humanos, quando há a internalização, a norma pode adquirir
diferentes status hierárquicos, a depender do rito seguido. Segundo o STF (RE
466.343/SP):

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Tratado e convenção que versa sobre direitos


humanos aprovado segundo o rito do art.
5º, § 3º
Status constitucional (equivale às
emendas constitucionais)

Tratado e convenção que versa sobre direitos


humanos aprovado em rito ordinário de
internalização
Status supralegal (abaixo da Constituição,
porém acima da legislação
infraconstitucional)

Mas o que isso tem a ver com o inciso LXVII?


Ocorre que desde 1992 o Brasil é signatário do famoso Pacto de San
José da Costa (Convenção Americana sobre Direitos Humanos), que inadmite
a prisão civil do depositário infiel.
Uma vez que o acordo foi internalizado com status supralegal, toda a
legislação de mesma hierarquia que regulamenta essa modalidade de prisão
deixou de ser aplicável. E já que a norma constitucional é de eficácia limitada,
ou seja, dependia de regulamentação por lei, agora ela está “oca”. Nas
palavras do Ministro Gilmar Mendes:
[...] a previsão constitucional da prisão civil do depositário infiel (art.
5º, inciso LXVII) não foi revogada [...], mas deixou de ter
aplicabilidade diante do efeito paralisante desses tratados em relação
à legislação infraconstitucional que disciplina a matéria [...]

26- (FCC / Analista Judiciário do TRE – SP / Área


Judiciária / 2012) Suponha que, num processo judicial, após a constatação
do desaparecimento injustificado de bem que estava sob a guarda de
depositário judicial, o magistrado decretou a prisão civil do depositário.
Considerando a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal sobre a matéria, a
prisão civil foi decretada:
a) regularmente, uma vez que a essa pena está sujeito apenas o depositário
judicial, e não o contratual.
b) regularmente, uma vez que a essa pena está sujeito o depositário infiel,
qualquer que seja a modalidade do depósito.
c) irregularmente, uma vez que a pena somente pode ser aplicada ao
depositário infiel que assuma contratualmente o ônus da guarda do bem.
d) irregularmente, uma vez que é ilícita a prisão civil de depositário infiel,
qualquer que seja a modalidade do depósito.

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e) irregularmente, uma vez que é inconstitucional a prisão civil por dívida,
qualquer que seja seu fundamento.
Resolução: Alternativa D. Atentem que o enunciado pede a jurisprudência do
STF e não a literalidade da Constituição.
Estritamente falando, a prisão do depositário infiel continua prevista no
texto constitucional.
Porém, toda a legislação infraconstitucional que regulava a matéria está
com sua eficácia suspensa.

5.8 – O habeas corpus

O habeas corpus é um dos writs ou remédios constitucionais.


Os writs são instrumentos, na forma de ações judiciais, que se prestam
a garantir o devido usufruto dos direitos fundamentais, sua proteção ou
reparação. Compõem, pois, o gênero das garantias constitucionais.
Vejamos quais são os writs que encontramos na CF/88.

Habeas corpus

Mandado de
segurança
(indivudal e Habeas data
coletivo) Remédios
constitucionais
(writs)

Mandado de
injunção
(individual e Ação Popular
coletivo)

Antes de prosseguir, vamos esclarecer um aspecto terminológico que


será útil também para o estudo de todos os remédios constitucionais.

Impetrante (legitimado ativo) É o autor da ação.


Paciente É o indivíduo a ser beneficiado pela ação.
Coator (impetrado) É o sujeito contra o qual se impetra a
ação.

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LXVIII - conceder-se-á "habeas-corpus" sempre que alguém sofrer ou se
achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de
locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;

O habeas corpus é ação penal de caráter sumaríssimo. Por isso,


inadmite dilação probatória (produção de provas), algo que demanda tempo.
Ademais, segue formalidades bastante simples. Por exemplo, pode ser escrito
à mão e dispensa a representação por advogado.

É o mais antigo dos remédios e sua origem histórica remonta à


Inglaterra dos séculos XI e XII, em particular ao contexto da Magna Carta
inglesa de 1215, imposta pela nobreza britânica ao rei João Sem Terra, como
forma de conter o absolutismo monárquico.
Naquele documento já se previa:
39 – Nenhum homem livre será detido ou aprisionado, ou privado de
seus direitos ou bens, ou declarado fora da lei, ou exilado, ou
despojado, de algum modo, de sua condição; nem procederemos com
força contra ele, ou mandaremos outros fazê-lo, a não ser mediante o
legítimo julgamento de seus iguais e de acordo com a lei da terra.

Como modo de assegurar a liberdade de locomoção, tida como um dos


direitos fundamentais mais essenciais de qualquer ser humano, previa-se o
writ of habeas corpus ad subjiciendum, medida que ao longo dos séculos
consolidou-se e disseminou-se por diversas outras constituições nos países
ocidentais.

Pois bem, vamos esquematizar as características centrais do writ:

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Proteção ou restauração da liberdade de


Objeto e objetivo
locomoção

Qualquer pessoa física (nacional ou


estrangeira) ou jurídica (em pouquíssimas
Impetrante
circunstâncias). Pode também ser concedido
de ofício por juiz ou tribunal.

Paciente Pessoa física (nacional ou estrangeira)

Pessoa ou entidade, pública ou privada,


Coator
H cujo ato é ativo ou omissivo (HC 95.563)
a
b Competência para Varia em função da pessoa ou entidade
e julgar coatora ou em função do paciente
a
s - Punições disciplinares militares (CF/88, art.
142, §2º)
c - Penas de multa (Súmula 693)
o
- Procedimentos judiciais em que não se
r discute, nem indiretamente, a liberdade de ir
p e vir (HC 90.378/MS)
u Não é cabível
para questionar - Sequência de Processo Administrativo
s
(dentre outros) Disciplinar (HC 100.664/DF)
- Suspensão de direitos políticos (REsp
19.663/SP)
- Dilação probatória (HC 68.397-5/DF)
- Perda de patente ou de função pública
(Súmula 694)

Admite liminar? Sim

É ação gratuita e imune de taxas (art. 5º,


Outros aspectos
LXXVII)

É importantíssimo que o candidato fixe que a razão de ser do writ é


agir preventiva ou repressivamente contra ato que ameace ou restrinja
a liberdade de locomoção. Esse é o macete do habeas corpus.
Assim é que, por exemplo, o remédio é “medida idônea para impugnar
decisão judicial que autoriza a quebra de sigilos fiscal e bancário em
procedimento criminal, haja vista a possibilidade destes resultarem em
constrangimento à liberdade do investigado”. (AI 573623 QO/RJ, Rel.
Min. Gilmar Mendes, DJ de 31.10.2006).

E professor... O que é liminar?


Liminar é uma ordem judicial proferida prontamente, antes de julgado o
mérito da ação, por meio de juízo sumário, porém não definitivo.

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Antes de julgar o mérito da causa, o juiz pode conceder a liminar para
conceder a tutela provisória do direito pleiteado ou em disputa a uma das
partes.
Para que uma liminar seja concedida são necessários dois
pressupostos: a plausibilidade jurídica do pedido (fumus boni juris –
“fumaça de bom direito”) e o risco de dano irreparável ou de difícil reparação
em razão da demora na decisão judicial definitiva (periculum in mora).
Mas atenção! A concessão de uma liminar não impede que a decisão
judicial definitiva (de mérito), mesmo que proferida pelo mesmo juiz que
concedeu a liminar, seja contrária ao impetrante, ou então que a liminar seja
revogada ou cassada ainda antes de ser julgado o mérito da causa.

5.9 – O mandado de segurança

LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido


e certo, não amparado por "habeas-corpus" ou "habeas-data", quando
o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade
pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do
Poder Público;
LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
a) partido político com representação no Congresso Nacional;
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente
constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos
interesses de seus membros ou associados;

O âmbito do mandado de segurança é definido residualmente, pois


somente caberá seu ajuizamento quando o direito líquido e certo a ser
protegido não for amparado por habeas corpus ou habeas data.
Ao contrário do habeas corpus que é ação de natureza penal, o
mandado de segurança é ação de natureza civil, ainda que ajuizada
contra ato do juízo criminal.
Mas as diferenças não param por aí.
No habeas corpus, a pessoa ou entidade coatora não é necessariamente
pública ou revestida de atribuições do Poder Público (pensem numa clínica
particular de reabilitação que impede a saída de um paciente enquanto este
não quitar o tratamento). Já no mandado de segurança esse é um dos
elementos exigidos para a procedência da ação.
Ok, e o objeto? Também é distinto.

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Porém, antes de esquematizarmos os demais aspectos do writ, vamos
trazer uma definição nuclear para os estudos.
Direito líquido e É aquele que pode ser provado de imediato (não
certo necessita dilação probatória) e se sustenta em fatos
sobre os quais inexiste incerteza.

27- (ESAF / Analista de Planejamento e Orçamento


do MPOG / 2010 / Adaptada) Julgue a assertiva a seguir:
O mandado de segurança é ação voltada para fins cíveis, não constituindo
instrumento adequado para defesa de direito líquido e certo no âmbito do
processo penal.
Resolução: Errada. O mandado de segurança se presta justamente à
proteção de direito líquido e certo, inclusive no âmbito de processo penal.
Seria o caso, por exemplo, de medida para restituição de coisas apreendidas
ou para assegurar a permanência de mãe presidiária com filho lactante (vide o
art. 5º, L, da CF/88).

Tratemos agora de cada modalidade.

5.9.1 – Mandado de segurança individual


Tanto o mandado de segurança individual quanto o coletivo estão
regulamentados pela Lei nº 12.016/09.
Como regra, o direito de requerer mandado de segurança se extingue
decorridos 120 dias, contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado.
Ou seja, a partir de tomar conhecimento da violação ou iminência de
violação de direito líquido e certo, o impetrante terá esse prazo para impetrar
o MS contra a autoridade coatora.
Além disso, o referido diploma legal nos traz outras disposições que
sintetizamos a seguir.

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Proteção, preventiva ou repressiva, de direito


Objeto e
líquido e certo, desde que não amparado por
objetivo
habeas corpus ou habeas data

M - pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou


a estrangeiras
n - universalidades reconhecidas por lei e que
d tenham capacidade processual, mesmo sem
a Impetrante personalidade jurídica (ex.: o espólio, a sociedade
d de fato etc.)
o - alguns órgãos públicos
- o Ministério Público
d
e Paciente O detentor do referido direito

s
Autoridade pública ou agente de pessoa jurídica
e Coator
no exercício de atribuições do Poder Público
g
u
r Competência Varia em função da pessoa ou entidade coatora e
para julgar sua sede (federal, estadual, distrital ou municipal)
a
n
- ato do qual caiba recurso administrativo com
ç efeito suspensivo, independentemente de caução;
a
- decisão judicial da qual caiba recurso com efeito
suspensivo;
i
– decisão judicial transitada em julgado (STF -
n Não será Súmula nº 268).
d concedido - lei em tese (geral e abstrata), exceto se
i contra produtora de efeitos concretos (STF - Súmula nº
v 266)
i - atos de gestão comercial praticados pelos
d administradores de empresas públicas, de
u sociedade de economia mista e de
a concessionárias de serviço público
l
Admite
Como regra, sim!
liminar?

Não é ação gratuita ou imune de taxas


Outros Como regra, o prazo para impetração do mandado
aspectos de segurança é de cento e vinte dias, contados
da ciência, pelo interessado, do ato impugnado
(art. 23).

É vedada a concessão de medida liminar que tenha por objeto (Lei 12.016/09,
art. 7º, § 2º):
a) a compensação de créditos tributários;
b) a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior;
c) a reclassificação ou equiparação de servidores públicos;
d) a concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou pagamento de qualquer
natureza.

Vejamos mais alguns entendimentos sumulado sobre o writ.

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STF – Súmula nº 101 – O mandado de segurança não substitui a ação
popular.
STJ – Súmula nº 213 – O mandado de segurança constitui ação
adequada para a declaração do direito à compensação tributária.
STJ – Súmula nº 460 – É incabível o mandado de segurança para
convalidar a compensação tributária realizada pelo contribuinte.

5.9.2 – Mandado de segurança coletivo


Essencialmente, as diferenças entre o mandado de segurança coletivo e
o mandado de segurança individual se concentram nos elementos “objeto” e
“impetrantes”. Vamos, pois, analisá-los à luz da Lei nº 12.016/09.
(i) Objeto
Os direitos líquidos e certos protegidos pelo mandado de segurança
coletivo podem ser:
I - coletivos os transindividuais, de natureza indivisível, de que seja titular
grupo ou categoria de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por
uma relação jurídica básica;
II - individuais homogêneos são direitos acidentalmente coletivos, de
origem comum. Por exemplo, os direitos dos consumidores que adquiriram
determinado modelo de automóvel ou de eletrodoméstico com um defeito de
fabricação.
(ii) Impetrantes (legitimação ativa)

Partido político Defesa de interesses legítimos relativos a


com seus integrantes ou à finalidade partidária
representação A representação se configura mesm com
no Congresso apens 1 membro em qualquer das Casas
Nacional (ver ADI 2.060-MC/RJ)

Defesa de direitos líquidos e certos da


Organização totalidade, ou de parte, dos seus membros
sindical e ou associados, na forma dos seus
Impetrantes
entidade de estatutos e desde que pertinentes às suas
classe finalidades, dispensada, para tanto,
autorização especial
O mesmo que as organizações sindicais e
entidades de classes. No entanto, é
Associação obrigatório que as associações (e
somente elas) estejam constituídas há
pelo menos 1 ano

A jurisprudência da Corte Maior entende que a impetração de mandado


de segurança coletivo por entidade de classe em favor dos associados
independe da autorização destes (Súmula 629).

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Ainda nesse sentido, o STF também admite que a entidade de classe
tem legitimação para o mandado de segurança ainda quando a pretensão
veiculada interesse apenas a uma parte da respectiva categoria (Súmula 630).

28- (CESPE / Técnico Federal de Controle Externo do


TCU / 2015) Julgue o item subsequente.
O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido político que
tenha representação no Congresso Nacional.
Resolução: Correto.
O MS coletivo pode ser impetrado por partido político com
representação no Congresso Nacional, bastando, para se configurar essa
representação, a existência de um único parlamentar na Câmara dos
Deputados ou no Senado Federal, filiado ao partido.

5.10 – O mandado de injunção (individual e coletivo)

LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma


regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades
constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à
cidadania;

Apesar da CF/88 não falar expressamente em mandado de injunção


coletivo, o STF coleciona julgados (MI 73/DF, MI 361/RJ, MI 472/DF, dentre
outros) em que admite, por analogia, como impetrantes (legitimados ativos)
do MI coletivo, o rol do inciso LXX.
Vejamos os aspectos gerais do writ:

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Viabilizar o exercício de direito e liberdades
Objeto e
constitucionais e das prerrogativas inerentes à
objetivo
nacionalidade, à soberania e à cidadania
Mandado de injunção individual:
M
a - Pessoa física ou jurídica titular dos direitos e
liberdades
n
d Mandado de injunção coletivo:
a Impetrante - Partido político com representação no Congresso
d Nacional;
o - Organização sindical e entidade de classe;
- Associação que esteja constituída há pelo menos
d 1 ano
e
Paciente O titular dos referidos direitos e liberdades
i
n
Poder, órgão, entidade ou autoridade
j
Coator competente para regulamentar a norma de eficácia
u limitada
n
ç Varia em função da pessoa ou entidade coatora,
ã Competência
podendo ser de competência do STF, STJ ou TJs
o para julgar
locais

Admite
Não
liminar?

Outros
Não é ação gratuita ou imune de taxas
aspectos

O mandado de injunção (MI) é uma ferramenta que tem por objetivo


combater a inefetividade das normas constitucionais de eficácia limitada
(que precisam de regulamentação infraconstitucional para a produção plena de
efeitos).
A omissão pode ser parcial ou total. O importante é averiguar se o
usufruto de determinados direitos e liberdades – que o constituinte desejou
que o Estado brasileiro incorporasse – está sendo obstado pela falta de
integração legislativa, pela falta de produção de normas que deveriam ser
produzidas para aquele direito.
Este é o macete do writ.

Cumpre ainda destacar os efeitos da decisão. Este é um tópico de


remota chance de incidência, porém ajuda na compreensão do writ.
Lenza (2012) nos esclarece que a jurisprudência e a doutrina em torno
do assunto têm adotado historicamente os seguintes posicionamentos:

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Geral
Concretista Direta
Posição Individual
Não
Intermediária
concretista

“Professor, mais um esquema para memorizar!?”


Calma... Não é necessário memorizar.

Vamos pensar da seguinte forma: em termos de efeitos práticos, na


posição não concretista a decisão decreta a mora da autoridade omissa,
podendo ou não definir-lhe um prazo para que esta produza as normas
necessárias.
Por outro lado, a posição concretista geral, viabiliza que o Judiciário
“legisle” no caso concreto até que o agente legislativo suprima as lacunas
existentes por falta de norma.
No meio do caminho estão os demais.

POSIÇÃO CONCRETISTA GERAL


A decisão judicial “cria” o direito pleiteado, com efeitos erga omnes,
enquanto não houver integração ("feitura") legislativa.

POSIÇÃO CONCRETISTA INDIVIDUAL DIRETA


A decisão judicial “cria” o direito pleiteado, mas apenas para o paciente
(efeitos inter partes), enquanto não houver integração legislativa.

POSIÇÃO CONCRETISTA INDIVIDUAL INTERMEDIÁRIA


A decisão judicial apenas reconhece a inércia e fixa um prazo para a
integração da norma.

POSIÇÃO NÃO CONCRETISTA

A decisão judicial se limita a decretar a mora do poder público omisso.

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Nos seus posicionamentos mais recentes (vide MI 712/PA), o STF


adotou a via concretista geral!
Mandado de injunção. Art. 5º, LXXI da Constituição do Brasil. Concessão
de efetividade à norma veiculada pelo artigo 37, inciso VII, da
Constituição do Brasil. Legitimidade ativa de entidade sindical. Greve
dos trabalhadores em geral [art. 9º da Constituição do Brasil]. Aplicação
da lei federal n. 7.783/89 à greve no serviço público até que sobrevenha
lei regulamentadora. Parâmetros concernentes ao exercício do direito de
greve pelos servidores públicos definidos por esta corte. Continuidade
do serviço público. Greve no serviço público. Alteração de entendimento
anterior quanto à substância do mandado de injunção. Prevalência do
interesse social. Insubsistência do argumento segundo o qual
dar-se-ia ofensa à independência e harmonia entre os Poderes
[art. 2º da Constituição do Brasil] e à separação dos Poderes [art.
60, § 4º, III, da Constituição do Brasil]. Incumbe ao Poder Judiciário
produzir a norma suficiente para tornar viável o exercício do
direito de greve dos servidores públicos, consagrado no artigo
37, VII, da Constituição do Brasil.

29- (CESPE / Advogado da União / 2015) No que se


refere a ações constitucionais, julgue o item subsequente.
De acordo com o atual entendimento do STF, a decisão proferida em mandado
de injunção pode levar à concretização da norma constitucional despida de
plena eficácia, no tocante ao exercício dos direitos e das liberdades
constitucionais e das prerrogativas relacionadas à nacionalidade, à soberania e
à cidadania.
Resolução: Correto. Em recentes julgados, o STF tem adotado a posição
concretista geral e utilizado o mandado de injunção para concretizar a norma.
Também, já se valeu de aplicação analógica para suprir a omissão legislativa,
como no caso do MI 607/ES, que supriu omissão quanto à lei de greve dos
servidores públicos aplicando-lhes a lei geral de greve.

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5.11 – O habeas data

LXXII - conceder-se-á "habeas-data":


a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do
impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades
governamentais ou de caráter público;
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por
processo sigiloso, judicial ou administrativo;

O habeas data surgiu no Brasil, pois, até algumas décadas atrás, os


órgãos públicos ligados à segurança nacional tinham registros de dados
pessoais (verdadeiros dossiês) de diversas pessoas. Isso não raro era utilizado
para todo tipo de perseguição pessoal, inclusive desprovida de lastro em
qualquer processo legal.
Com a redemocratização, os constituintes entenderam por bem
disponibilizar aos cidadãos uma ação que os permitisse acessar tais registros
e, eventualmente, promover sua retificação. Nesse contexto “nasceu” o
habeas data.

Apesar do inciso XXXIII do artigo 5º assegurar o direito à informação de


interesse particular ou de interesse coletivo, ele não se confunde com a
informação protegida pelo habeas data, que é sempre relativa à
pessoa do impetrante (HD 87-AgR/DF).
O direito à informação que se exerce naquele inciso é mais
amplo que o exercido por meio de habeas data e pode dizer respeito a
diversos conteúdos, porém não se refere a dados sobre a própria pessoa do
impetrante.

Outro importante aspecto concerne ao escopo de atuação do habeas


data em face do mandado de segurança.
Vamos rever aquele writ:
LXIX – conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito
líquido e certo, não amparado por “habeas-corpus” ou “habeas-
data“, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for
autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de
atribuições do Poder Público;

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Verifica-se que o direito à informação também pode ser exercido via
mandado de segurança, desde que diga respeito a diversos conteúdos e não
se refira a dados sobre a própria pessoa do impetrante que podem ser
obtidos/retificados via habeas data.
Assim, por exemplo, para a proteção genérica do direito líquido e
certo de receber informações de interesse pessoal ou coletivo de
órgãos públicos, o remédio adequado é o mandado de segurança!

30- (CESPE/ Analista Judiciário do TJ – DFT / 2015)


Julgue o item a seguir, a respeito dos direitos e garantias fundamentais.
O habeas data não é meio de solicitação e obtenção de informações de
terceiros, uma vez que tem como objetivo assegurar o conhecimento de
informações relativas ao próprio impetrante.
Resolução: Correto! O writ é personalíssimo, ou seja, somente poderá ser
impetrada pelo titular das informações.

31- (CESPE / Escrivão de Polícia da Polícia Civil – PE


/ 2016) Uma autoridade pública de determinado estado da Federação negou-
se a emitir certidão com informações necessárias à defesa de direito de
determinado cidadão. A informação requerida não era sigilosa e o referido
cidadão havia demonstrado os fins e as razões de seu pedido. Nessa situação
hipotética, o remédio constitucional apropriado para impugnar a negativa
estatal é o(a):
a) ação popular.
b) mandado de segurança.
c) habeas data.
d) habeas corpus.
e) mandado de injunção.
Resolução: Alternativa B.
Ficamos entendidos? No caso em questão o que houve foi uma obstação
ao direito líquido e certo de obter certidão. Por isso, o remédio adequado ao
caso é o mandado de segurança, não o habeas data.

Voltemos então ao exame do habeas data.

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- Assegurar o conhecimento de informações


relativas à pessoa do impetrante, constantes de
Objeto e registros ou bancos de dados de entidades
objetivo governamentais ou de caráter público;
- Retificar de dados, quando não se prefira fazê-lo
por processo sigiloso, judicial ou administrativo;

H
a Qualquer pessoa física ou jurídica de cuja
Impetrante
b informação se trate
e
a Paciente O impetrante
s

d Entidade pública ou privada na qual estejam


Coator
registrados os dados
a
t
a Competência
STF, STJ, TRFs e juízes federais
para julgar

Admite
Não
liminar?

Outros
É ação gratuita e imune de taxas
aspectos

Por ora, não se preocupem em conhecer detalhadamente os órgãos do


Judiciário competentes para julgar os writs. Quando estudarmos e
esquematizarmos esse Poder, retornaremos a este ponto.

5.12 – A ação popular

LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que
vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado
participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio
histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas
judiciais e do ônus da sucumbência;

A ação popular é uma ação civil regulada pela Lei nº 4.717/1965.

O impetrante é qualquer cidadão. Pessoa jurídica não é cidadão, logo,


não pode propor ação popular (STF – Súmula 365).

Observe-se que a CF/88 não aduz ser necessário ao cidadão estar na


plenitude dos direitos políticos. Quando aborda o writ e fala em cidadão, trata

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de indivíduo em gozo dos direitos civis e políticos, sendo que a prova da
cidadania será feita com simples a apresentação do título eleitoral (art. 1º,
§3º da Lei nº 4.717/1965).
Conclui-se, pois, que para ingressar com uma ação popular o indivíduo
deve ter capacidade eleitoral ativa mas não necessariamente a passiva
(conceito a ser estudado futuramente). Deste modo, um analfabeto ou
inalistável, em tese, pode apresentar uma ação popular.

Lembrando que o cidadão (qualquer que seja) não propõe diretamente a


ação, mas o faz por meio de advogado devidamente constituído.
De todos os writs estudados apenas o habeas corpus dispensa a
impetração por meio de advogado. Nos demais prevalece a regra geral de
processo que estabelece como pressuposto para a prática de atos processuais
em juízo a capacidade postulatória da parte, em outros termos, esta não age
diretamente no processo mas sim representada por algum agente que seja
legalmente revestido de tal capacidade, de regra, o advogado devidamente
inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil.

Destaque-se também que a capacidade eleitoral ativa é facultativa para


pessoa física que tenha mais que dezesseis e menos que dezoito anos. Assim,
sendo detentor de título de eleitor, não há impedimento legal para que um
indivíduo menor de idade, com dezesseis ou dezessete anos, proponha a ação.

Passemos a analisar outros aspectos da ação:

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Anular o ato lesivo à moralidade administrativa,


Objeto e ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e
objetivo cultural (CF/88) e reparar o dano (Lei nº
4.717/65).

A
ç Impetrante Qualquer cidadão (brasileiro nato ou naturalizado)
ã
o
Paciente O impetrante
p
o Pessoas físicas ou jurídicas que pratiquem ou se
Coator
p beneficiem do ato lesivo (ou potencialmente lesivo)
u
l Competência
a STF e juízes de 1º grau
para julgar
r
Admite
Sim
liminar?

É ação gratuita e imune de taxas, salvo


Outros comprovada má-fé
aspectos O prazo prescricional da ação civil pública é de 5
anos, ressalvada ação de ressarcimento ao erário

Como se nota, a ação assume caráter preventivo ou repressivo, de


acordo com o momento de controle.

Por falar nisso, a ação popular, assim como a ação civil pública, muito
embora possa servir ao controle incidental de leis ou atos normativos, não
é sucedânea (substituta) da ADI genérica (ADI 769-MC/MA)!
No mais, destacamos que, embora o Ministério Público não possa
propor ação popular (não confundir com ação civil pública), desempenha
importante papel no curso da ação, cabendo-lhe (Lei nº 4.717/65), por
exemplo:
 Acompanhar a ação como fiscal da lei (art. 6, §4º);
 Promover a responsabilidade, civil ou criminal dos réus, se for o caso
(ibdem);
 Substituir o autor da ação em caso de desistência (art. 9º);
 Recorrer das sentenças e decisões proferidas contra o autor da ação
(art. 19, §2º).

32- (CESPE / Analista Técnico Legislativo do MPOG /


2015) Acerca dos princípios fundamentais e dos direitos e deveres individuais
e coletivos, julgue o item a seguir.
A ação popular deve ser proposta somente por partido político com
representação no Congresso Nacional.

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Resolução: Errado. A ação popular, instrumento de tutela da moralidade
pública, pode ser proposta por qualquer cidadão (nos termos da CF/88, o
indivíduo que está no gozo de seus direitos políticos).

33- (CESPE/ Auditor da FUB / 2015) Julgue o item


subsecutivo, acerca dos direitos e deveres individuais e coletivos, dos direitos
sociais, dos direitos de nacionalidade, dos direitos políticos e dos partidos
políticos.
A ação popular — pertencente à categoria dos direitos políticos do cidadão — é
um remédio constitucional que se manifesta como exercício da soberania
popular e como instrumento da democracia direta.
Resolução: Correto. Assim como o voto, a iniciativa popular, o plebiscito e o
referendo.

5.13 – A ação civil pública

Hora de dar um salto no texto constitucional.


Vejamos o que dispõe a Constituição a respeito de uma das funções do
Ministério Público.

Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: [...]


III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do
patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses
difusos e coletivos; [...]
§ 1º - A legitimação do Ministério Público para as ações civis previstas
neste artigo não impede a de terceiros, nas mesmas hipóteses, segundo
o disposto nesta Constituição e na lei. [...]

O que são direitos difusos e coletivos?

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Titulares são indeterminados e Titulares são indeterminados,


indetermináveis porém determináveis

Direitos coletivos
Exemplo: No caso da poluição Exemplo: No caso de um defeito
Direitos difusos
dos rios de uma cidade, causada mecânico de uma marca de
por lançamento de esgoto in automóvel, de determinado ano
natura por uma grande indústria de fabricação, o direito é
da região, todos os moradores da coletivo, mas os sujeitos são
região, de forma indeterminada e determináveis (os adquirentes
indeterminável, têm seu direito do veículo).
ao meio ambiente violado. São
direitos que mesmo atingindo
alguém em particular, alcançam
praticamente todos.

O diploma legal que regulamenta este writ é a Lei nº 7.347/1985, e é a


partir dele que traçaremos um panorama da ação.

Tutelar, dentre outros interesses difusos e coletivos


(rol não taxativo), ações relacionadas:
- ao meio ambiente;
Objeto e - ao consumidor;
objetivo - a bens e direitos de valor artístico, estético,
histórico, turístico e paisagístico;
- à ordem econônima;
- à ordem urbanística.
A
ç - o Ministério Público;
ã - a Defensoria Pública;
o - a União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios;
c - a autarquia, empresa pública, fundação ou
i Legitimados
sociedade de economia mista;
v ativos
- a associação que, concomitantemente:
i
l a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos
termos da lei civil;
p b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a
ú proteção aos objetos acima relacionados.
b
l Legitimados Pessoas físicas ou jurídicas que lesionem ou
i passivos ameaçem lesionar os bens tutelados
c
a Competência
O foro do local onde ocorrer o dano
para julgar

Admite
Sim
liminar?
Pretensões que envolvam:
- tributos e contribuições previdenciárias;
Não é - o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS
cabível para ou outros fundos de natureza institucional cujos
beneficiários podem ser individualmente
determinados

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34- (CESPE/ Titular de Serviços de Notas e de


Registros TJ – SE / 2014 / Adaptada) Julgue o item a seguir.
A CF estabelece um rol exemplificativo de funções institucionais do MP, como,
por exemplo, a função de promover, privativamente, a ação civil pública, na
forma da lei.
Resolução: Errado. O Ministério Público não é o único legitimado ativo que
pode promover a ação civil pública.

Concluindo o art. 5º

LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que


comprovarem insuficiência de recursos;

(1) É com base neste comando que o art. 134, caput, define a Defensoria
Pública como instituição essencial à função jurisdicional do Estado.
(2) Nesse diapasão, e uma vez que inexiste segregação por parte do texto da
CF/88, o STF (AgRg no RE 192.715/SP e AI 716294 ED / MG) admite a
assistência jurídica tanto para pessoa física como para pessoa jurídica.

LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que
ficar preso além do tempo fixado na sentença;

(1) O STF entende que se trata de responsabilidade civil objetiva (RE


505.393/PE), ou seja, independe de dolo ou culpa.

LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei:


a) o registro civil de nascimento;
b) a certidão de óbito;

LXXVII - são gratuitas as ações de "habeas-corpus" e "habeas-data", e,


na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania.

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LXXVIII – a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a
razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua
tramitação.

(1) Aqui temos o princípio da celeridade processual. Cabe sublinhar que


não há fórmula aritmética para definir o que é excesso de prazo (HC
97.461/RJ), devendo tal apreciação ser feita caso a caso.

§ 1º - As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm


aplicação imediata.

(1) Vamos relembrar a distinção entre os três conceitos abaixo:

• Amplitude legal da produção de efeitos da


norma. Quanto mais eficaz a norma, mais
Eficácia
plena a geração dos seus efeitos jurídicos
pretendidos.

• Temporalidade legal da produção de


efeitos da norma. Vale dizer, em que
Aplicação
momento a norma está apta a produzir
efeitos concretos.

• Instrumentalidade legal da produção de


efeitos da norma. A norma por si só pode
Aplicabilidade
produzir todos seus efeitos ou depende de
outra(s)?

Pois então.
O ânimo do parágrafo acima é o de conferir maior imediatismo possível
à aplicação dos direitos e garantias fundamentais.
Na falta de regulamentação infraconstitucional, por exemplo, os Poderes
públicos não poderão ficar inertes e, em última análise, medidas como o
mandado de injunção e a ADO poderão ser acionadas.

§ 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem


outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos
tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.

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(1) Todo o rol analisado até agora é exemplificativo (numerus apertus) e não
taxativo (numerus clausus).

§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que


forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por
três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às
emendas constitucionais.

(1) O procedimento delineado no art. 5º, §3º, é exatamente o mesmo


presente no art. 60, §2º, que versa sobre o diploma das emendas
constitucionais!
Deve-se ter atenção uma vez que a regra acima confere status de
emenda à Constituição apenas para os tratados e convenções internacionais
sobre direitos humanos.
Por seu turno, os tratados e convenções internacionais subscritos pelo
Brasil que não sigam o supracitado rito em sua internalização possuem status
supralegal, vale dizer, são hierarquicamente um patamar superiores às leis, de
conformidade com o entendimento jurisprudencial e doutrinário majoritário.
Por seu turno, os demais tratados e convenções internacionais sobre
outros temas, quando internalizados, de regra possuem o mesmo status
hierárquico das leis.
(2) Lembram-se que dissemos previamente que o Brasil adota o critério
formal de definição do que é ou não constitucional?
Pois bem. Com o advento da emenda constitucional nº 45/2004 (que
inseriu o §3º ao art. 5º da CF), alguns autores afirmam que o Brasil adota um
critério misto nessa definição, já que §3º determina que a norma é
constitucional tanto por razões de seu conteúdo, quanto pelo rito
procedimental legislativo de que deriva.

35- (FGV / Auditor Substituto do TCE – RJ / 2015)


Considerando a sistemática de incorporação, na ordem jurídica interna, dos
tratados internacionais de proteção dos direitos humanos, bem como a
posição que podem ocupar no escalonamento das normas, é correto afirmar,
de acordo com o entendimento prevalecente no âmbito do Supremo Tribunal
Federal, que:
a) sempre terão natureza supralegal, mas infraconstitucional;

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b) podem ter natureza infralegal ou constitucional;
c) sempre terão natureza legal e infraconstitucional;
d) podem ter natureza supralegal ou constitucional;
e) sempre terão natureza constitucional.
Resolução: Alternativa D. Vamos relembrar?

Tratado e convenção que versa sobre direitos


humanos aprovado segundo o rito do art.
5º, § 3º
Status constitucional (equivale às
emendas constitucionais)

Tratado e convenção que versa sobre direitos


humanos aprovado em rito ordinário de
internalização
Status supralegal (abaixo da Constituição,
porém acima da legislação
infraconstitucional)

§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja


criação tenha manifestado adesão.

(1) Este parágrafo dificilmente é cobrado para além da literalidade, uma vez
que envolto por certas controvérsias jurídicas.
Há um tratado internacional (o chamado Estatuto de Roma) que foi
internalizado no Brasil – por meio do decreto nº 4.388 de 2002 – e instituiu o
Tribunal Penal Internacional, que, para o STF, atua como jurisdição
complementar a dos Estados nacionais (Pet 4.625).
E que tipo de controvérsias seriam essas?
O Estatuto de Roma admite, por exemplo, a pena de prisão perpétua, o
que vai totalmente à contramão do art. 5º, XLVII, “b” da nossa Constituição
Federal.

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6- Questões Comentadas

36- (CESPE / Analista Judiciário do TRE – MT / 2015) No que se refere


aos princípios fundamentais estabelecidos na Constituição Federal de 1988
(CF), assinale a opção correta.
a) O princípio da construção de uma sociedade livre, justa e solidária está
contemplado na CF de forma implícita.
b) Em decorrência do princípio da defesa da paz e da resolução pacífica dos
conflitos, o Brasil é proibido de participar de qualquer guerra externa,
devendo-se posicionar como país neutro em conflitos bélicos.
c) Conforme o princípio da democracia representativa, explicitamente previsto
na CF, todo o poder emana do povo, e seu exercício ocorre exclusivamente
por meio dos representantes eleitos.
d) Os Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, são o
Executivo, o Judiciário, o Ministério Público e o Legislativo.
e) A integração econômica, política, social e cultural dos povos da América
Latina, com a finalidade de constituir uma comunidade latino-americana de
nações, constitui um princípio fundamental da República brasileira.
Resolução: Alternativa E. É o disposto no art. 4.º, parágrafo único, da CF/88.
Vejamos as demais.
a) O princípio da construção de uma sociedade livre, justa e solidária está
contemplado na CF de forma implícita explícita.
b) Em decorrência do princípio da defesa da paz e da resolução pacífica dos
conflitos, o Brasil é proibido de participar de qualquer guerra externa,
devendo-se posicionar como país neutro em conflitos bélicos Errado. O Brasil
deve prezar pela pacificidade. No entanto, em casos extremos, como o de
agressão armada estrangeira, a própria CF/88 (vide art. 84, XIX) prevê a
declaração de guerra.
c) Conforme o princípio da democracia representativa, explicitamente previsto
na CF, todo o poder emana do povo, e seu exercício ocorre exclusivamente
por meio dos representantes eleitos e, nos termos da lei, diretamente,
mediante plebiscito, referendo e iniciativa popular.
d) Os Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, são o
Executivo, o Judiciário, o Ministério Público e o Legislativo.

37- (CESPE / Analista Legislativo da Câmara dos Deputados / 2014)


A respeito de princípios fundamentais e de direitos e garantias fundamentais,
julgue o próximo item.

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Historicamente, os direitos fundamentais de primeira dimensão pressupõem
dever de abstenção pelo Estado, ao contrário dos direitos fundamentais de
segunda dimensão, que exigem, para sua concretização, prestações estatais
positivas.
Resolução: Correto! Os direitos de primeira dimensão (liberdade) se
traduzem em prestações negativas por parte do Estado, ou seja, este deixa de
agir de forma absolutista em relação ao indivíduo, lhe permitindo usufruir do
direito à vida, à liberdade e à propriedade.
Já os direitos de segunda dimensão (igualdade) se traduzem em
prestações positivas por parte do Estado, de forma que este deve prover ao
indivíduo e à sociedade diversos direitos de natureza social.

38- (ESAF / Especialista em Políticas Públicas e Gestão


Governamental / 2013 / Adaptada) Assinale a opção correta.
a) Conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal, a Constituição em
vigência não assegura inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade ao estrangeiro em trânsito pelo
território nacional.
b) Conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal, a Constituição em
vigência não assegura inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade ao estrangeiro que não possua
domicílio no país.
c) Conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal, a Constituição
garante acesso à justiça gratuita às pessoas jurídicas.
d) Pessoas jurídicas são beneficiárias de direitos e garantias fundamentais,
exceto direitos e deveres individuais.
e) Direitos enunciados e garantidos pela Constituição são de brasileiros,
pessoas físicas e jurídicas e de estrangeiros, exceto aqueles em trânsito pelo
território nacional.
Resolução: Alternativa C. Como ressaltamos previamente, o STF possui
diversos julgados em que admite acesso à justiça gratuita às PJ desde que
comprovem a impossibilidade de arcarem com os encargos processuais, sem
comprometer a existência da entidade.
O problema nas alternativas “A”, “B” e “E” é que o entendimento da
Corte Maior é bastante expansivo quanto ao tema. Ou seja, admite-se a
extensão de direitos e garantias individuais aos estrangeiros que estiverem em
território nacional, ainda que em trânsito (como os turistas) e que não
possuam vínculos jurídicos com o Estado brasileiro (como a posse de bens em
território nacional, por exemplo).

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Por fim, a alternativa “D” complementa o entendimento acima. Nossas
cortes superiores (STF e STJ) admitem a incorporação de muitos direitos (e
deveres) individuais às pessoas jurídicas. Além do supracitado, outro exemplo
vem do STJ, que admite que pessoa jurídica pode sofrer dano moral (Súmula
227).

39- (CESPE / Técnico Judiciário do TJ – CE / 2014) No que diz respeito


aos direitos e deveres individuais e coletivos, assinale a opção correta.
a) É assegurado o direito à indenização por dano moral no caso de violação da
intimidade.
b) É vedada a prestação de assistência religiosa nas entidades militares de
internação coletiva.
c) É livre a manifestação do pensamento, contudo, em passeatas o anonimato
é permitido.
d) Tolera-se a tortura realizada por policial a fim de se evitar perecimento de
direitos alheios.
e) Ninguém será privado de direitos por motivo de convicção filosófica,
mesmo invocando-a para eximir-se de obrigação legal a todos imposta.
Resolução: Alternativa A. É a literalidade do art. 5.º, X: são invioláveis a
intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o
direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.
As demais erram na literalidade. Vejamos:
b) É vedada é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência
religiosa nas entidades militares de internação coletiva.
c) É livre a manifestação do pensamento, contudo, em passeatas o anonimato
é permitido vedado o anonimato.
d) Tolera-se a tortura realizada por policial a fim de se evitar perecimento de
direitos alheios ninguém será submetido a tortura nem a tratamento
desumano ou degradante.
e) Ninguém será privado de direitos por motivo de convicção filosófica,
mesmo salvo invocando-a para eximir-se de obrigação legal a todos imposta.

40- (CESPE / Titular de Serviços de Notas e de Registros TJ – BA /


2013) Considerando as normas constitucionais sobre direitos e garantias
fundamentais, assinale a opção correta.
a) A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou
para prestar socorro, ou, durante o dia ou à noite, por determinação judicial.

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b) Todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao
público, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para
o mesmo local e mediante prévia permissão da autoridade competente.
c) A pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada
pela família, não será objeto de penhora, salvo se para pagamento de débitos
decorrentes de sua atividade produtiva.
d) É assegurado, nos termos da lei, aos criadores, aos intérpretes e às
respectivas representações sindicais e associativas o direito de fiscalização do
aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que participarem.
e) É livre a manifestação do pensamento, permitido o anonimato.
Resolução: Alternativa D. É o disposto no art. 5.º, XXVIII, da CF/88.
Vamos destacar os erros.
a) A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou
para prestar socorro, ou, durante o dia ou à noite, por determinação judicial.
b) Todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao
público, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para
o mesmo local e mediante prévia permissão da prévio aviso à autoridade
competente.
c) A pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada
pela família, não será objeto de penhora, salvo se nem para pagamento de
débitos decorrentes de sua atividade produtiva.
e) É livre a manifestação do pensamento, permitido vedado o anonimato.

41- (FCC / Técnico Judiciário do TRF da 3ª Região / 2016) Sobre o


disposto nos incisos do art. 5º da Constituição Federal, é incorreto afirmar
que é:
a) livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, desde que
atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer.
b) permitido se reunir pacificamente, sem armas, em locais abertos ao
público, independentemente de autorização ou prévio aviso, desde que a
iniciativa não frustre outra reunião anteriormente convocada para o mesmo
local.
c) livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de
comunicação, independentemente de censura ou licença.
d) assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nos
estabelecimentos penitenciários.
e) livre a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas,
independentemente de autorização, sendo vedada a interferência estatal em
seu funcionamento.

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Resolução: Alternativa B. Ocorre que é exigido prévio aviso à autoridade
competente. Assim, por exemplo, uma passeata por algumas ruas precisa ser
comunicada aos órgãos públicos competentes, até para que sejam tomadas
medidas relativas ao trânsito, segurança etc.

42- (CESPE / Analista Judiciário do TRT da 8ª Região / 2013 /


Adaptada) Acerca dos princípios fundamentais da CF e da aplicabilidade das
normas constitucionais, assinale a opção correta.
a) De acordo com a CF, a soberania popular no Brasil é exercida por meio de
um modelo de democracia semidireta ou participativa.
b) Ao estabelecer que os poderes são independentes entre si, a CF instituiu o
sistema de pesos e contrapesos, em que o exercício de cada poder constituído
se dá de forma exclusiva, a fim de garantir independência e assegurar o
princípio da separação dos poderes.
c) Preocupado com o avanço das atividades de grupos extremistas e com a
intenção de proteger a população, o constituinte originário alçou o repúdio ao
terrorismo a objetivo fundamental da República Federativa do Brasil.
d) A forma de Estado adotada pela CF é a Federação, que se embasa na
descentralização política, isto é, na soberania dos estados-membros, que
possuem capacidade de se auto-organizarem por meio de suas próprias
constituições.
Resolução: Alternativa A. Logo no art. 1.º, da CF/88 vimos que todo o poder
emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou
diretamente, nos termos desta Constituição.
O problema da alternativa “B” é que cada Poder, além de uma função
típica, também exerce uma função atípica.
Já a opção “C” erra, pois, o repúdio ao terrorismo é princípio da
República Federativa do Brasil em suas relações internacionais.
Por fim, a opção “D” erra uma vez que os Estados-membros (assim
como a União, o DF e os Municípios) são dotados de autonomia. A soberania é
apenas da República Federativa do Brasil.

43- (FCC / Analista em Planejamento Orçamento e Finanças Públicas


– SP / 2010) No que se refere à inviolabilidade da intimidade, da vida
privada, da honra e da imagem das pessoas é certo que:
a) a dor sofrida com a perda de ente familiar não é indenizável por danos
morais, porque esta se restringe aos casos de violação à honra e à imagem.
b) a indenização, na hipótese de violação da honra e da intimidade, não
responde cumulativamente por danos morais e materiais.

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c) a condenação por danos morais face à divulgação indevida de imagem,
exige a ocorrência de ofensa à reputação da pessoa.
d) o Estado também responde por atos ofensivos (morais) praticados pelos
agentes públicos no exercício de suas funções.
e) as pessoas jurídicas, por serem distintas das pessoas físicas, têm direito a
indenização por danos materiais, mas não por danos morais.
Resolução: Alternativa D. Questão de nível mais elevado.
O STF possui entendimento (por exemplo, RE 387.014-AgR/SP) de que
o dano moral indenizável afeta a dimensão de afeição da vítima, agredindo
seus valores, humilhando-a, ou causando-lhe dor.
Em relação ao item “B”, vamos lembrar a jurisprudência do Superior
Tribunal de Justiça (Súmula 37) que entende cumuláveis as indenizações por
dano material e dano moral oriundos do mesmo fato.
O “C” é respondível pela jurisprudência do STF (vide RE 215.984/RJ),
que entende que mesmo não havendo ofensa (basta, por exemplo, publicação
não autorizada de imagem), é cabível indenização por danos morais.
O “E”, por sua vez, recai na Súmula 227 do STJ que entende que a
pessoa jurídica pode sofrer dano moral.

44- (CESPE / Técnico Judiciário do TJ – CE / 2014) No que se refere


aos direitos e deveres individuais e coletivos e às garantias fundamentais
previstos na CF, assinale a opção correta.
a) A publicidade dos atos processuais é restrita às partes e aos seus
advogados.
b) A todos os cidadãos é gratuita a ação de habeas data.
c) O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado sempre que alguém
sofrer violência em sua liberdade de locomoção.
d) A prisão ilegal só será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária
quando decorrente de prova ilícita.
e) Os presos federais não têm direito à identificação dos responsáveis por sua
prisão.
Resolução: Alternativa B. É o que dispõe o art. 5.º, LXXVII da CF/88.
A opção “A” erra uma vez que a publicidade dos atos processuais, como
regra, não é restrita às partes e aos seus advogados, pois é possível a
consulta aos autos do processo por terceiro, mesmo que não seja advogado. A
lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da
intimidade ou o interesse social o exigirem.
Já a alternativa “C” é errada pois o writ aplicável sempre que alguém
sofrer violência em sua liberdade de locomoção é o habeas corpus.

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A “D” erra haja vista que a prisão ilegal será imediatamente relaxada
pela autoridade judiciária independentemente de qualquer outro fator.
Por fim, a “E” erra uma vez que todos os presos têm direito à
identificação dos responsáveis por sua prisão.

45- (CESPE / Juiz Substituto do TJ – PB / 2015 / Adaptada) Em cada


uma das opções seguintes é apresentada uma situação hipotética seguida de
assertiva a ser julgada. Assinale a opção que apresenta a assertiva correta
com base na jurisprudência do STF a respeito da tutela constitucional das
liberdades.
a) Pedro impetrou habeas corpus para afastar decisão judicial que lhe
impusera a pena acessória de perda da função pública. Nessa situação, o
magistrado deverá reconhecer o cabimento do habeas corpus, que constitui
instrumento apto a questionar a aplicação de pena acessória.
b) Após a impetração de mandado de injunção, pendente de julgamento, o
diploma legal objeto da reclamação foi promulgado. Nessa situação, a ação
não estará prejudicada por ser possível, na via processual, discutir pretensão
do interessado de sanar a lacuna normativa no período pretérito à edição da
lei regulamentadora.
c) Determinada organização sindical impetrou mandado de segurança coletivo
para defesa de interesse de parte da categoria de profissionais a ela
vinculados. Nessa situação, o magistrado deverá reconhecer a ilegitimidade
ativa ad causam, pois além da pertinência temática entre o objeto da
impetração e o vínculo associativo, é imprescindível, para o conhecimento do
remédio constitucional, que a pretensão veiculada interesse a toda a categoria
ligada à organização sindical.
d) Uma empresa impetrou habeas data para obter vista dos autos de
representação, na qual fora citada, apresentada por terceiro perante a corte
de contas do estado. Nessa situação, à luz do entendimento do STF, o
magistrado não deverá admitir a ação, já que o habeas data não se revela
meio idôneo para obter vista de processo administrativo.
Resolução: Alternativa D. O habeas data tem como finalidade assegurar o
conhecimento de informações constantes de registros ou banco de dados e
ensejar sua retificação, ou de possibilitar a anotação de explicações nos
assentamentos do interessado. A ação de habeas data visa à proteção da
privacidade do indivíduo contra abuso no registro e/ou revelação de dados
pessoais falsos ou equivocados e não se revela meio idôneo para se obter
vista de processo administrativo.
Já a alternativa “A” erra uma vez que a teor da Súmula 694 do STF não
cabe habeas corpus contra a imposição da pena de exclusão de militar ou de
perda de patente ou de função pública. Não se admite a impetração de habeas

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corpus como substituto de revisão criminal, salvo nas hipóteses de manifesta
ilegalidade ou abuso de poder.
A alternativa “B” também erra, pois, a edição do diploma reclamado
pela Constituição leva à perda de objeto do mandado de injunção. Afinal, se a
norma regulamentadora foi editada, a ação perde seu escopo.
A opção “C”, por sua vez, erra em face do teor das Súmulas 629 e 630
do STF, a impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de
classe em favor dos associados independe da autorização destes, além disso,
a entidade de classe tem legitimação para o mandado de segurança ainda
quando a pretensão vinculada interesse apenas a uma parte da respectiva
categoria.

46- (CESPE / Analista – INCA / 2010 / Adaptada) Julgue o item


abaixo.
A livre iniciativa está entre os fundamentos da República Federativa do Brasil
inseridos na CF, o que denota a opção do constituinte originário por uma
economia de mercado capitalista.
Resolução: Correto. Como é sabido, o capitalismo é um sistema econômico
baseado no livre mercado e na propriedade privada dos meios de produção.
Trata-se da opção feita pelo constituinte originário, que se explicita em
diversos pontos do texto constitucional, como quando são apresentados os
fundamentos da República Federativa do Brasil.

47- (CESPE / Analista Judiciário TJ – SE / 2014) Julgue os itens a


seguir, a respeito da teoria dos direitos fundamentais e dos princípios
fundamentais na Constituição Federal de 1988 (CF).
A historicidade, como característica dos direitos fundamentais, proclama que
seu conteúdo se modifica e se desenvolve de acordo com o lugar e o tempo.
Por isso, os direitos fundamentais podem surgir e se transformar.
Resolução: Correto. Lembremos novamente que os direitos fundamentais
não são absolutos, mas sim relativos, o que implica fazerem sentido e terem
determinado valor não apenas a depender do caso, mas também do contexto
histórico, num movimento inserto naquele das dimensões de direitos
fundamentais. Os direitos podem, assim, surgir em certa época e evoluir no
tempo, assumindo menor ou maior relevância e alcance.

48- (CESPE / Analista Judiciário – STJ / 2018) A respeito dos direitos e


garantias fundamentais, julgue o item que se segue, tendo como referência a
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal.

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O rol dos direitos fundamentais previsto na Constituição Federal de 1988 é
taxativo, isto é, o Brasil adota um sistema fechado de direitos fundamentais.
Resolução: Errado. O rol dos direitos fundamentais previsto na Constituição
Federal de 1988 é exemplificativo, não se esgota no texto ali escrito. Como a
própria CF/88 estabelece (art. 5º, §2º), os direitos e garantias nela expressos
não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados,
ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja
parte.

49- (CESPE / Auditor – FUB / 2015) No que concerne aos direitos e às


garantias fundamentais, julgue o item que se segue.
A ilimitabilidade é uma característica dos direitos fundamentais consagrados
na CF, pois esses são absolutos e, diante de casos concretos, devem ser
interpretados com base na regra da máxima observância dos direitos
envolvidos.
Resolução: Errado. Os direitos e garantias individuais não têm caráter
absoluto, não são ilimitados, mas sim limitados e relativos.
Essa limitação pode advir da própria Constituição Federal e das leis que dela
extraiam seu fundamento de validade, bem como pelo juiz, no caso concreto,
mediante um juízo de ponderação e valoração.

50- (CESPE / Defensor Público Estadual da DPE – PE / 2018) As


medidas de discriminação reversa que, com o objetivo de proteger grupos
historicamente discriminados ou vulneráveis, promovem políticas
compensatórias focais são denominadas:
a) liberdade de consciência.
b) ações afirmativas.
c) movimentos raciais.
d) segregação positiva.
e) igualdades materiais.
Resolução: Alternativa B. Para o STF, a desequiparação ou discriminação
reversa pode ser promovida por meio de políticas de ações afirmativas, em
consonância com o princípio da isonomia. Elas se fundam na necessidade de
superar formas de discriminação ainda existentes na sociedade brasileira, e de
garantir a igualdade material entre os cidadãos, por meio da distribuição mais
equitativa de bens sociais e da promoção e reconhecimento de parcelas da
população historicamente segregadas.

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51- (CESPE / Defensor Público Federal – DPU / 2017) A respeito da
teoria e do regime jurídico dos direitos fundamentais, julgue o item que se
segue à luz das disposições da CF.
Os direitos fundamentais individuais incluem o direito à intimidade, o direito
ao devido processo legal e o direito de greve.
Resolução: Errado. Dos direitos acima elencados, o direito de greve é direito
fundamental social, ou, simplesmente, direito social. Vale dizer, é direito
destinado primariamente a grupos e coletividades e não ao indivíduo
isoladamente considerado.

52- (CESPE / Analista de Gestão do TCE – PE / 2017) Acerca dos


princípios fundamentais e dos direitos e deveres individuais e coletivos, julgue
o item a seguir.
A liberdade para o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão está
condicionada ao atendimento das qualificações profissionais estabelecidas por
lei, mas nem todos os ofícios ou profissões, para serem exercidos, estarão
sujeitos à existência de lei.
Resolução: Correto. Embora enquadrada no âmbito da nossa disciplina, a
questão acima é essencialmente lógica.
Com efeito, nem todos os ofícios ou profissões, para serem exercidos,
estarão sujeitos à existência de lei. A regra geral, a priori, é a liberdade.
Todavia, se o poder público tiver a intenção de condicionar o exercício
de determinados ofícios ou profissões a certas exigências (como as relativas à
qualificação profissional), e se tais exigências forem estabelecidas mediante
lei, respeitando as diretrizes constitucionais, a liberdade, nesses casos
específicos, estará condicionada.

53- (CESPE / Procurador do Município de Fortaleza – CE / 2017)


Acerca dos remédios constitucionais, julgue o próximo item.
Pessoa jurídica pode impetrar habeas corpus.
Resolução: Correto. Conforme dispõe o Código de Processo Penal, o habeas
corpus poderá ser impetrado por qualquer pessoa, em seu favor ou de outrem,
bem como pelo Ministério Público. Pessoa aqui, é a pessoa física ou jurídica.
No segundo caso, porém, destaque-se que a pessoa jurídica não pode
figurar como paciente de habeas corpus, pois jamais estará em jogo a sua
liberdade de ir e vir, objeto que esse writ visa a proteger.

54- (CESPE / Técnico Administrativo – ANVISA / 2016) Com relação


aos direitos e garantias fundamentais, julgue o item que se segue. Situação

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hipotética: Um servidor público federal ofereceu representação ao Ministério
Público contra o presidente de uma grande empresa que lhe havia oferecido
quantia indevida, a fim de obter favorecimento em um processo
administrativo. O servidor apresentou como prova uma conversa telefônica
por ele gravada. Assertiva: Nessa situação, em que pese a inexistência de
autorização judicial, tal prova será considerada lícita.
Resolução: Correto. A jurisprudência do STF é pacífica no sentido de que, por
mais que a obtenção de provas de forma ilícita ou não autorizada tenda a
ensejar vício nos demais aspectos do processo que delas dependam ou
derivem, é lícita a gravação de conversa telefônica feita por um dos
interlocutores, ou com sua autorização, sem ciência do outro, quando há
investida criminosa deste último, o que é semelhante a uma legítima defesa,
como no caso em apreço.

55- (CESPE / Juiz Substituto do TJ – DFT / 2016 / Adaptada) Com


relação aos direitos e garantias fundamentais, julgue o item que se segue.
O gozo da titularidade de direitos fundamentais pelos brasileiros depende da
efetiva residência em território nacional.
Resolução: Errado.
O gozo da titularidade de direitos fundamentais por parte dos brasileiros
sujeita-se exclusivamente ao vínculo jurídico da nacionalidade, isto é, os
brasileiros natos e naturalizados (estes, com algumas poucas ressalvas), ainda
que não estejam residindo em território nacional podem gozar de diversos
direitos fundamentais que não dependam de sua localização física.
Exemplificativamente, os cidadãos brasileiros que possuem domicílio eleitoral
no exterior podem exercer o voto nas eleições para Presidente e Vice-
Presidente da República.

56- (CESPE / Analista Judiciário – STJ / 2015) Julgue o próximo item à


luz da CF.
Como regra, não se admite a privação de liberdade de locomoção em razão de
dívidas.
Resolução: Correto.
De conformidade com a redação constitucional, não haverá prisão civil
por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e
inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel.
Como vimos, em relação ao depositário infiel, desde 1992 o Brasil é
signatário do famoso Pacto de San José da Costa, que inadmite sua prisão
civil. E uma vez que o acordo foi internalizado com status supralegal, toda a

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legislação de mesma hierarquia que regulamenta essa modalidade de prisão
deixou de ser aplicável.
Assim, atualmente, admite-se a prisão civil apenas no caso de
inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia (os famosos
casos de dívidas de pensão alimentícia). Trata-se, pois, de medida excepcional
no nosso ordenamento jurídico. A regra é a não admissão da privação de
liberdade de locomoção em razão de dívidas.

7- Lista de Exercícios

1- (CESPE / Polícia Federal – Conhecimentos Básicos / 2014) No


que se refere aos princípios fundamentais e à organização do Estado
brasileiro, julgue o próximo item.
O estabelecimento pela CF de que todo o poder emana do povo, que o exerce
por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos seus termos,
evidencia a adoção da democracia semidireta ou participativa.

2- (CESPE / Técnico Judiciário do TRT da 8ª Região 2016) Constitui


objetivo fundamental da República Federativa do Brasil:
a) a independência nacional.
b) a solução pacífica de conflitos.
c) a autodeterminação dos povos.
d) a construção de uma sociedade livre, justa e solidária.
e) a cooperação entre os povos para o progresso da humanidade.

3- (FCC / Técnico Judiciário do TRT da 23ª Região / 2016) Ao dispor


sobre os Princípios Fundamentais da República Federativa do Brasil, a
Constituição prevê, expressamente, como (1) fundamento, (2) objetivo e (3)
princípio de relações internacionais da República:
a) (1) Fundamento - a soberania
(2) Objetivo - a construção de uma sociedade livre, justa e igualitária
(3) Princípio de relações internacionais da República - a solução dos conflitos
pela arbitragem
b) (1) Fundamento - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa
(2) Objetivo - a garantia do desenvolvimento nacional

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(3) Princípio de relações internacionais da República - a cooperação entre os
povos para o progresso da humanidade
c) (1) Fundamento - a cidadania
(2) Objetivo - a promoção de formas alternativas de geração de energia
(3) Princípio de relações internacionais da República - a independência
nacional
d) (1) Fundamento - a dignidade da pessoa humana
(2) Objetivo - a proteção da infância e da juventude
(3) Princípio de relações internacionais da República - a concessão de asilo
político
e) (1) Fundamento - o parlamentarismo
(2) Objetivo - a construção de uma sociedade livre, justa e igualitária
(3) Princípio de relações internacionais da República - a defesa da paz.

4- (CESPE / Analista Judiciário do TRT da 8ª Região / 2016)


Assinale a opção correta a respeito dos princípios fundamentais na
Constituição Federal de 1988 (CF).
a) A dignidade da pessoa humana é conceito eminentemente ético-filosófico,
insuscetível de detalhada qualificação normativa, de modo que de sua
previsão na Constituição não resulta grande eficácia jurídica, em razão de seu
conteúdo abstrato.
b) O valor social do trabalho possui como traço caracterizador primordial e
principal a liberdade de escolha profissional, correspondendo à opção pelo
modelo capitalista de produção.
c) A valorização social do trabalho e da livre-iniciativa não alcança,
indiscriminadamente, quaisquer manifestações, mas apenas atividades
econômicas capazes de impulsionar o desenvolvimento nacional.
d) O conceito atual de soberania exprime o autorreconhecimento do Estado
como sujeito de direito internacional, mas não engloba os conceitos de
abertura, cooperação e integração.
e) A cidadania envolve não só prerrogativas que viabilizem o poder do cidadão
de influenciar as decisões políticas, mas também a obrigação de respeitar tais
decisões, ainda que delas discorde.

5- (CESPE / Analista Legislativo da Câmara dos Deputados / 2014)


Acerca dos direitos e garantias fundamentais e dos princípios constitucionais,
julgue os itens subsequentes.

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A República Federativa do Brasil, constituída como Estado democrático de
direito, visa garantir o pleno exercício dos direitos e garantias fundamentais,
incluindo-se, entre seus fundamentos, a cidadania e a dignidade da pessoa
humana.

6- (CESPE / Procurador do MP junto ao TCU / 2004) No que se refere


à aplicação e à interpretação das normas de direitos fundamentais, julgue o
item subsequente.
Na concepção liberal-burguesa, os direitos fundamentais são oponíveis apenas
contra o Estado, uma vez que eles existem essencialmente para assegurar aos
indivíduos um espaço de liberdade e autonomia contra a ingerência indevida
do poder público. Logo, tal concepção não agasalha a tese da eficácia dos
direitos fundamentais no âmbito das relações interprivadas.

7- (CESPE / Notário e Registrador – TJ RR / 2013 / Adaptada)


Considerando a supremacia das normas constitucionais, a hermenêutica
constitucional e as normas veiculadoras de direitos e garantias fundamentais,
sociais e econômicas, julgue a afirmativa a seguir.
Os direitos de segunda geração destinam-se ao gênero humano, como valores
supremos de sua existencialidade concreta.

8- (CESPE / Técnico Judiciário do TRE – PI / 2016 / Adaptada) A


respeito dos direitos e das garantias fundamentais, julgue o item abaixo.
O direito ao meio ambiente equilibrado e o direito à autodeterminação dos
povos são exemplos de direitos classificados como de segunda geração.

9- (CESPE / Técnico Judiciário do TRE – PI / 2016 / Adaptada) A


respeito dos direitos e das garantias fundamentais, julgue o item abaixo.
Os direitos sociais, econômicos e culturais são, atualmente, classificados como
direitos fundamentais de terceira geração.

10- (CESPE / Auditor Federal de Controle Externo / Área de Apoio


Técnico e Administrativo / 2011) Acerca dos direitos e garantias
fundamentais, julgue o item seguinte.
O exercício dos direitos e garantias fundamentais está sujeito aos prazos
prescricionais previstos na CF e no Código Civil brasileiro.

11- (FGV / Auditor Fiscal Tributário da Receita Municipal de Cuiabá –


MT / 2015 / Adaptada) Julgue a assertiva a seguir.

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Os direitos e garantias fundamentais são inalienáveis e indisponíveis.

12- (CESPE / Técnico Judiciário do TJ – SE / 2014) Acerca dos direitos


fundamentais e do conceito e da classificação das constituições, julgue o item
a seguir.
Os direitos fundamentais têm o condão de restringir a atuação estatal e
impõem um dever de abstenção, mas não de prestação.

13- (FCC / Analista do CNMP / 2015) Em relação à eficácia e


aplicabilidade das normas constitucionais, é correto afirmar:
a) As normas constitucionais de aplicabilidade direta, imediata e integral, que
admitem norma infraconstitucional posterior restringindo seu âmbito de
atuação, são de eficácia plena.
b) As normas constitucionais de aplicabilidade diferida e mediata, que não são
dotadas de eficácia jurídica e não vinculam o legislador infraconstitucional aos
seus vetores, são de eficácia contida.
c) As normas constitucionais de aplicabilidade direta, imediata e integral, por
não admitirem que norma infraconstitucional posterior restrinja seu âmbito de
atuação, são de eficácia contida.
d) As normas constitucionais que traçam esquemas gerais de estruturação de
órgãos, entidades ou institutos, são de eficácia plena.
e) As normas constitucionais declaratórias de princípios programáticos, que
veiculam programas a serem implementados pelo Poder Público para
concretização dos fins sociais, são de eficácia limitada.

14- (CESPE / STJ – Conhecimentos Básicos / 2015) Julgue o item


seguinte, acerca dos direitos e garantias fundamentais da República
Federativa do Brasil.
Ações afirmativas são mecanismos que visam viabilizar uma isonomia material
em detrimento de uma isonomia formal por meio do incremento de
oportunidades para determinados segmentos.

15- (CESPE / Técnico do Seguro Social – INSS / 2016) A respeito dos


direitos fundamentais, julgue o item a seguir.
O direito à vida desdobra-se na obrigação do Estado de garantir à pessoa o
direito de continuar viva e de proporcionar-lhe condições de vida digna.

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16- (CESPE / Técnico do Seguro Social – INSS / 2016) A respeito dos
direitos fundamentais, julgue o item a seguir.
Em decorrência do princípio da igualdade, é vedado ao legislador elaborar
norma que dê tratamento distinto a pessoas diversas.

17- (CESPE / Técnico da DPU / 2016) Acerca dos direitos e garantias


fundamentais, de acordo com o disposto na Constituição Federal de 1988 (CF),
julgue o próximo item.
A CF assegura a liberdade de pensamento, mas veda o anonimato, uma vez
que o conhecimento da autoria torna possível a utilização do direito de
resposta.

18- (CESPE / Promotor de Justiça Substituto do MPE – RR / 2017 /


Adaptada) Julgue o item a seguir.
Segundo entendimento do STF, a CF permite a manifestação pública pela
descriminalização de determinados tipos penais sem que se configure apologia
ao crime.

19- (CESPE / Técnico Municipal de Controle Interno da CGM de João


Pessoa – PB / 2018) Acerca dos princípios, fundamentos e objetivos da
Constituição Federal de 1988 (CF), julgue o item a seguir.
Os direitos e as garantias fundamentais constitucionais estendem-se aos
estrangeiros em trânsito no território nacional, mas não às pessoas jurídicas,
por falta de previsão constitucional expressa.

20- (CESPE / Técnico de Administração Pública do TC – DF / 2014)


Com base nas normas constitucionais relativas aos direitos e garantias
fundamentais e na jurisprudência do STF acerca dessa matéria, julgue o
próximo item.
Embora a casa seja asilo inviolável do indivíduo, em caso de flagrante delito, é
permitido nela entrar, durante o dia ou à noite, ainda que não haja
consentimento do morador ou determinação judicial para tanto.

21- (CESPE / Analista Legislativo da Câmara dos Deputados / 2014)


Julgue o item seguinte, relativo aos direitos e garantias fundamentais.
Se o poder público tiver a intenção de condicionar o exercício de determinada
profissão a certas exigências, e se tais exigências forem estabelecidas
mediante lei formal, elas serão constitucionais, pois o Estado tem

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discricionariedade para eleger as restrições que entenda cabíveis para todos
os ofícios ou profissões, desde que o faça por lei federal.

22- (CESPE/ Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão –


Todos os cargos / 2013) A respeito dos direitos e garantias fundamentais,
julgue o item subsequente.
A passeata pacífica, sem armas, realizada em local público, é protegida pelo
direito constitucional à liberdade de reunião, porém está condicionada à prévia
autorização da autoridade competente, de modo a não frustrar outra reunião
anteriormente convocada para o mesmo local.

23- (CESPE/ Técnico Judiciário do TJ – DFT / 2015) A respeito das


associações, julgue o item subsequente à luz das disposições da CF.
A atuação das associações na defesa de seus associados em mandado de
segurança coletivo independe de autorização.

24- (FCC / Oficial de Defensoria Pública – SP / 2013) Considere os


seguintes crimes:
I. Tortura.
II. Terrorismo.
III. Racismo.
IV. Ação de grupos armados (civis ou militares) contra a ordem constitucional
e o Estado Democrático.
Nos termos da Constituição Federal brasileira, detêm as características de
“inafiançável e imprescritível” os crimes descritos em:
a) II e III, apenas.
b) I, III e IV, apenas.
c) III e IV, apenas.
d) I e IV, apenas.
e) I, II, III e IV.

25- (FCC / Técnico Judiciário do TRE – AP / 2015) Em determinado


processo administrativo disciplinar, o servidor acusado promoveu sua defesa
pessoalmente, mediante manifestação e produção de provas nos autos, sem
que, no entanto, tenha sido assistido tecnicamente por advogado, embora lhe
tenha sido facultado constituir um. Nesta hipótese, considerando não estar

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prevista, em lei aplicável ao processo em questão, a obrigatoriedade de
assistência por advogado,
a) há violação à garantia constitucional do devido processo legal, assegurado
expressamente aos litigantes em processo administrativo.
b) há violação às garantias constitucionais do contraditório e da ampla defesa,
asseguradas expressamente aos litigantes em processo administrativo.
c) há violação à garantia constitucional do advogado como indispensável à
administração da justiça.
d) há violação aos princípios constitucionais da legalidade e impessoalidade da
Administração pública.
e) não há ofensa à Constituição da República.

26- (FCC / Analista Judiciário do TRE – SP / Área Judiciária / 2012)


Suponha que, num processo judicial, após a constatação do desaparecimento
injustificado de bem que estava sob a guarda de depositário judicial, o
magistrado decretou a prisão civil do depositário.
Considerando a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal sobre a matéria, a
prisão civil foi decretada:
a) regularmente, uma vez que a essa pena está sujeito apenas o depositário
judicial, e não o contratual.
b) regularmente, uma vez que a essa pena está sujeito o depositário infiel,
qualquer que seja a modalidade do depósito.
c) irregularmente, uma vez que a pena somente pode ser aplicada ao
depositário infiel que assuma contratualmente o ônus da guarda do bem.
d) irregularmente, uma vez que é ilícita a prisão civil de depositário infiel,
qualquer que seja a modalidade do depósito.
e) irregularmente, uma vez que é inconstitucional a prisão civil por dívida,
qualquer que seja seu fundamento.

27- (ESAF / Analista de Planejamento e Orçamento do MPOG / 2010


/ Adaptada) Julgue a assertiva a seguir:
O mandado de segurança é ação voltada para fins cíveis, não constituindo
instrumento adequado para defesa de direito líquido e certo no âmbito do
processo penal.

28- (CESPE / Técnico Federal de Controle Externo do TCU / 2015)


Julgue o item subsequente.

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O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido político que
tenha representação no Congresso Nacional.

29- (CESPE / Advogado da União / 2015) No que se refere a ações


constitucionais, julgue o item subsequente.
De acordo com o atual entendimento do STF, a decisão proferida em mandado
de injunção pode levar à concretização da norma constitucional despida de
plena eficácia, no tocante ao exercício dos direitos e das liberdades
constitucionais e das prerrogativas relacionadas à nacionalidade, à soberania e
à cidadania.

30- (CESPE/ Analista Judiciário do TJ – DFT / 2015) Julgue o item a


seguir, a respeito dos direitos e garantias fundamentais.
O habeas data não é meio de solicitação e obtenção de informações de
terceiros, uma vez que tem como objetivo assegurar o conhecimento de
informações relativas ao próprio impetrante.

31- (CESPE / Escrivão de Polícia da Polícia Civil – PE / 2016) Uma


autoridade pública de determinado estado da Federação negou-se a emitir
certidão com informações necessárias à defesa de direito de determinado
cidadão. A informação requerida não era sigilosa e o referido cidadão havia
demonstrado os fins e as razões de seu pedido. Nessa situação hipotética, o
remédio constitucional apropriado para impugnar a negativa estatal é o(a):
a) ação popular.
b) mandado de segurança.
c) habeas data.
d) habeas corpus.
e) mandado de injunção.

32- (CESPE / Analista Técnico Legislativo do MPOG / 2015) Acerca


dos princípios fundamentais e dos direitos e deveres individuais e coletivos,
julgue o item a seguir.
A ação popular deve ser proposta somente por partido político com
representação no Congresso Nacional.

33- (CESPE/ Auditor da FUB / 2015) Julgue o item subsecutivo, acerca


dos direitos e deveres individuais e coletivos, dos direitos sociais, dos direitos
de nacionalidade, dos direitos políticos e dos partidos políticos.

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A ação popular — pertencente à categoria dos direitos políticos do cidadão — é
um remédio constitucional que se manifesta como exercício da soberania
popular e como instrumento da democracia direta.

34- (CESPE/ Titular de Serviços de Notas e de Registros TJ – SE /


2014 / Adaptada) Julgue o item a seguir.
A CF estabelece um rol exemplificativo de funções institucionais do MP, como,
por exemplo, a função de promover, privativamente, a ação civil pública, na
forma da lei.

35- (FGV / Auditor Substituto do TCE – RJ / 2015) Considerando a


sistemática de incorporação, na ordem jurídica interna, dos tratados
internacionais de proteção dos direitos humanos, bem como a posição que
podem ocupar no escalonamento das normas, é correto afirmar, de acordo
com o entendimento prevalecente no âmbito do Supremo Tribunal Federal,
que:
a) sempre terão natureza supralegal, mas infraconstitucional;
b) podem ter natureza infralegal ou constitucional;
c) sempre terão natureza legal e infraconstitucional;
d) podem ter natureza supralegal ou constitucional;
e) sempre terão natureza constitucional.

36- (CESPE / Analista Judiciário do TRE – MT / 2015) No que se refere


aos princípios fundamentais estabelecidos na Constituição Federal de 1988
(CF), assinale a opção correta.
a) O princípio da construção de uma sociedade livre, justa e solidária está
contemplado na CF de forma implícita.
b) Em decorrência do princípio da defesa da paz e da resolução pacífica dos
conflitos, o Brasil é proibido de participar de qualquer guerra externa,
devendo-se posicionar como país neutro em conflitos bélicos.
c) Conforme o princípio da democracia representativa, explicitamente previsto
na CF, todo o poder emana do povo, e seu exercício ocorre exclusivamente
por meio dos representantes eleitos.
d) Os Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, são o
Executivo, o Judiciário, o Ministério Público e o Legislativo.
e) A integração econômica, política, social e cultural dos povos da América
Latina, com a finalidade de constituir uma comunidade latino-americana de
nações, constitui um princípio fundamental da República brasileira.

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37- (CESPE / Analista Legislativo da Câmara dos Deputados / 2014)
A respeito de princípios fundamentais e de direitos e garantias fundamentais,
julgue o próximo item.
Historicamente, os direitos fundamentais de primeira dimensão pressupõem
dever de abstenção pelo Estado, ao contrário dos direitos fundamentais de
segunda dimensão, que exigem, para sua concretização, prestações estatais
positivas.

38- (ESAF / Especialista em Políticas Públicas e Gestão


Governamental / 2013 / Adaptada) Assinale a opção correta.
a) Conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal, a Constituição em
vigência não assegura inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade ao estrangeiro em trânsito pelo
território nacional.
b) Conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal, a Constituição em
vigência não assegura inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade ao estrangeiro que não possua
domicílio no país.
c) Conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal, a Constituição
garante acesso à justiça gratuita às pessoas jurídicas.
d) Pessoas jurídicas são beneficiárias de direitos e garantias fundamentais,
exceto direitos e deveres individuais.
e) Direitos enunciados e garantidos pela Constituição são de brasileiros,
pessoas físicas e jurídicas e de estrangeiros, exceto aqueles em trânsito pelo
território nacional.

39- (CESPE / Técnico Judiciário do TJ – CE / 2014) No que diz respeito


aos direitos e deveres individuais e coletivos, assinale a opção correta.
a) É assegurado o direito à indenização por dano moral no caso de violação da
intimidade.
b) É vedada a prestação de assistência religiosa nas entidades militares de
internação coletiva.
c) É livre a manifestação do pensamento, contudo, em passeatas o anonimato
é permitido.
d) Tolera-se a tortura realizada por policial a fim de se evitar perecimento de
direitos alheios.
e) Ninguém será privado de direitos por motivo de convicção filosófica,
mesmo invocando-a para eximir-se de obrigação legal a todos imposta.

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40- (CESPE / Titular de Serviços de Notas e de Registros TJ – BA /
2013) Considerando as normas constitucionais sobre direitos e garantias
fundamentais, assinale a opção correta.
a) A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou
para prestar socorro, ou, durante o dia ou à noite, por determinação judicial.
b) Todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao
público, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para
o mesmo local e mediante prévia permissão da autoridade competente.
c) A pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada
pela família, não será objeto de penhora, salvo se para pagamento de débitos
decorrentes de sua atividade produtiva.
d) É assegurado, nos termos da lei, aos criadores, aos intérpretes e às
respectivas representações sindicais e associativas o direito de fiscalização do
aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que participarem.
e) É livre a manifestação do pensamento, permitido o anonimato.

41- (FCC / Técnico Judiciário do TRF da 3ª Região / 2016) Sobre o


disposto nos incisos do art. 5º da Constituição Federal, é incorreto afirmar
que é:
a) livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, desde que
atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer.
b) permitido se reunir pacificamente, sem armas, em locais abertos ao
público, independentemente de autorização ou prévio aviso, desde que a
iniciativa não frustre outra reunião anteriormente convocada para o mesmo
local.
c) livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de
comunicação, independentemente de censura ou licença.
d) assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nos
estabelecimentos penitenciários.
e) livre a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas,
independentemente de autorização, sendo vedada a interferência estatal em
seu funcionamento.

42- (CESPE / Analista Judiciário do TRT da 8ª Região / 2013 /


Adaptada) Acerca dos princípios fundamentais da CF e da aplicabilidade das
normas constitucionais, assinale a opção correta.
a) De acordo com a CF, a soberania popular no Brasil é exercida por meio de
um modelo de democracia semidireta ou participativa.
b) Ao estabelecer que os poderes são independentes entre si, a CF instituiu o
sistema de pesos e contrapesos, em que o exercício de cada poder constituído

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se dá de forma exclusiva, a fim de garantir independência e assegurar o
princípio da separação dos poderes.
c) Preocupado com o avanço das atividades de grupos extremistas e com a
intenção de proteger a população, o constituinte originário alçou o repúdio ao
terrorismo a objetivo fundamental da República Federativa do Brasil.
d) A forma de Estado adotada pela CF é a Federação, que se embasa na
descentralização política, isto é, na soberania dos estados-membros, que
possuem capacidade de se auto-organizarem por meio de suas próprias
constituições.

43- (FCC / Analista em Planejamento Orçamento e Finanças Públicas


– SP / 2010) No que se refere à inviolabilidade da intimidade, da vida
privada, da honra e da imagem das pessoas é certo que:
a) a dor sofrida com a perda de ente familiar não é indenizável por danos
morais, porque esta se restringe aos casos de violação à honra e à imagem.
b) a indenização, na hipótese de violação da honra e da intimidade, não
responde cumulativamente por danos morais e materiais.
c) a condenação por danos morais face à divulgação indevida de imagem,
exige a ocorrência de ofensa à reputação da pessoa.
d) o Estado também responde por atos ofensivos (morais) praticados pelos
agentes públicos no exercício de suas funções.
e) as pessoas jurídicas, por serem distintas das pessoas físicas, têm direito a
indenização por danos materiais, mas não por danos morais.

44- (CESPE / Técnico Judiciário do TJ – CE / 2014) No que se refere


aos direitos e deveres individuais e coletivos e às garantias fundamentais
previstos na CF, assinale a opção correta.
a) A publicidade dos atos processuais é restrita às partes e aos seus
advogados.
b) A todos os cidadãos é gratuita a ação de habeas data.
c) O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado sempre que alguém
sofrer violência em sua liberdade de locomoção.
d) A prisão ilegal só será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária
quando decorrente de prova ilícita.
e) Os presos federais não têm direito à identificação dos responsáveis por sua
prisão.

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45- (CESPE / Juiz Substituto do TJ – PB / 2015 / Adaptada) Em cada
uma das opções seguintes é apresentada uma situação hipotética seguida de
assertiva a ser julgada. Assinale a opção que apresenta a assertiva correta
com base na jurisprudência do STF a respeito da tutela constitucional das
liberdades.
a) Pedro impetrou habeas corpus para afastar decisão judicial que lhe
impusera a pena acessória de perda da função pública. Nessa situação, o
magistrado deverá reconhecer o cabimento do habeas corpus, que constitui
instrumento apto a questionar a aplicação de pena acessória.
b) Após a impetração de mandado de injunção, pendente de julgamento, o
diploma legal objeto da reclamação foi promulgado. Nessa situação, a ação
não estará prejudicada por ser possível, na via processual, discutir pretensão
do interessado de sanar a lacuna normativa no período pretérito à edição da
lei regulamentadora.
c) Determinada organização sindical impetrou mandado de segurança coletivo
para defesa de interesse de parte da categoria de profissionais a ela
vinculados. Nessa situação, o magistrado deverá reconhecer a ilegitimidade
ativa ad causam, pois além da pertinência temática entre o objeto da
impetração e o vínculo associativo, é imprescindível, para o conhecimento do
remédio constitucional, que a pretensão veiculada interesse a toda a categoria
ligada à organização sindical.
d) Uma empresa impetrou habeas data para obter vista dos autos de
representação, na qual fora citada, apresentada por terceiro perante a corte
de contas do estado. Nessa situação, à luz do entendimento do STF, o
magistrado não deverá admitir a ação, já que o habeas data não se revela
meio idôneo para obter vista de processo administrativo.

46- (CESPE / Analista – INCA / 2010 / Adaptada) Julgue o item


abaixo.
A livre iniciativa está entre os fundamentos da República Federativa do Brasil
inseridos na CF, o que denota a opção do constituinte originário por uma
economia de mercado capitalista.

47- (CESPE / Analista Judiciário TJ – SE / 2014) Julgue os itens a


seguir, a respeito da teoria dos direitos fundamentais e dos princípios
fundamentais na Constituição Federal de 1988 (CF).
A historicidade, como característica dos direitos fundamentais, proclama que
seu conteúdo se modifica e se desenvolve de acordo com o lugar e o tempo.
Por isso, os direitos fundamentais podem surgir e se transformar.

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48- (CESPE / Analista Judiciário – STJ / 2018) A respeito dos direitos e
garantias fundamentais, julgue o item que se segue, tendo como referência a
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal.
O rol dos direitos fundamentais previsto na Constituição Federal de 1988 é
taxativo, isto é, o Brasil adota um sistema fechado de direitos fundamentais.

49- (CESPE / Auditor – FUB / 2015) No que concerne aos direitos e às


garantias fundamentais, julgue o item que se segue.
A ilimitabilidade é uma característica dos direitos fundamentais consagrados
na CF, pois esses são absolutos e, diante de casos concretos, devem ser
interpretados com base na regra da máxima observância dos direitos
envolvidos.

50- (CESPE / Defensor Público Estadual da DPE – PE / 2018) As


medidas de discriminação reversa que, com o objetivo de proteger grupos
historicamente discriminados ou vulneráveis, promovem políticas
compensatórias focais são denominadas:
a) liberdade de consciência.
b) ações afirmativas.
c) movimentos raciais.
d) segregação positiva.
e) igualdades materiais.

51- (CESPE / Defensor Público Federal – DPU / 2017) A respeito da


teoria e do regime jurídico dos direitos fundamentais, julgue o item que se
segue à luz das disposições da CF.
Os direitos fundamentais individuais incluem o direito à intimidade, o direito
ao devido processo legal e o direito de greve.

52- (CESPE / Analista de Gestão do TCE – PE / 2017) Acerca dos


princípios fundamentais e dos direitos e deveres individuais e coletivos, julgue
o item a seguir.
A liberdade para o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão está
condicionada ao atendimento das qualificações profissionais estabelecidas por
lei, mas nem todos os ofícios ou profissões, para serem exercidos, estarão
sujeitos à existência de lei.

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53- (CESPE / Procurador do Município de Fortaleza – CE / 2017)
Acerca dos remédios constitucionais, julgue o próximo item.
Pessoa jurídica pode impetrar habeas corpus.

54- (CESPE / Técnico Administrativo – ANVISA / 2016) Com relação


aos direitos e garantias fundamentais, julgue o item que se segue. Situação
hipotética: Um servidor público federal ofereceu representação ao Ministério
Público contra o presidente de uma grande empresa que lhe havia oferecido
quantia indevida, a fim de obter favorecimento em um processo
administrativo. O servidor apresentou como prova uma conversa telefônica
por ele gravada. Assertiva: Nessa situação, em que pese a inexistência de
autorização judicial, tal prova será considerada lícita.

55- (CESPE / Juiz Substituto do TJ – DFT / 2016 / Adaptada) Com


relação aos direitos e garantias fundamentais, julgue o item que se segue.
O gozo da titularidade de direitos fundamentais pelos brasileiros depende da
efetiva residência em território nacional.

56- (CESPE / Analista Judiciário – STJ / 2015) Julgue o próximo item à


luz da CF.
Como regra, não se admite a privação de liberdade de locomoção em razão de
dívidas.

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8- Gabarito

1 Correto 21 Errado 41 B
2 D 22 Errado 42 A
3 B 23 Correto 43 D
4 E 24 C 44 B
5 Correto 25 E 45 D
6 Correta 26 D 46 Correto
7 Errada 27 Errada 47 Correto
8 Errado 28 Correto 48 Errado
9 Errado 29 Correto 49 Errado
10 Errado 30 Correto 50 B
11 Correta 31 B 51 Errado
12 Errado 32 Errado 52 Correto
13 E 33 Correto 53 Correto
14 Correto 34 Errado 54 Correto
15 Correto 35 D 55 Errado
16 Errado 36 E 56 Correto
17 Correto 37 Correto
18 Correto 38 C
19 Errado 39 A
20 Correto 40 D

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9- Referencial Bibliográfico

CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional e teoria da


Constituição. 6. ed. Coimbra: Almedina, 1993.
DE CICCO, Cláudio; GONZAGA, Álvaro de Azevedo. Teoria geral do estado e
ciência política. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008.
FARIAS NETO, Pedro Sabino de. Ciência política: Enfoque integral avançado.
São Paulo: Atlas, 2011.
KELSEN, Hans. Teoria pura do Direito. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes,
1998.
LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 16. ed. São Paulo:
Saraiva, 2012.
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo. 12. ed.
São Paulo: Malheiros, 2000.
MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito
Constitucional. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 25. ed.
São Paulo: Malheiros, 2005.

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