Você está na página 1de 2

FICHA DE TRABALHO / QUESTÕES-AULA 11.

o ano

MÓDULO 6
Unidade 4 – Portugal, uma sociedade capitalista dependente

As dificuldades do regime monárquico


DOCUMENTO

Primeiro Discurso da Coroa proferido pelo rei D. Manuel II, na abertura do Parlamento
29 de abril de 1908

DIGNOS PARES DO REINO E SENHORES DEPUTADOS DA NAÇÃO PORTUGUESA


O mesmo sentimento humano e cívico une a todos neste momento e neste recinto – a dor que
revive o falecimento crudelíssimo de meu pai e irmão, do nosso rei e príncipe.
Não me cabe tecer louvor à memória do monarca extinto, nem tão pouco à esperança posta
5 naquele que lhe herdaria tradições e nome. Invoco esse passo tremendo de martírio neste
primeiro encontro da Coroa e do parlamento como sinal de aliança que empenhe a todos na paz
e no progresso da nacionalidade. […] Essa nunca vista fatalidade me fez subir ao trono no
cumprimento de um dever dinástico e nacional. […] Reinarei, afirmo-o, como manda a lei.
Tudo nos permite afirmar que é segura a situação de Portugal na política externa. […] No tocante
10 à política interna, transpôs-se uma crise que é importante liquidar; promulgaram-se providências
de caráter legislativo, algumas das quais o meu Governo entendeu, no uso das suas faculdades,
dever sem demora revogar, restabelecendo a normalidade dos direitos individuais; o vosso
livre--exame discriminará o que nesses decretos de caráter ditatorial mereça ou careça
conservar-se como lei.
15 Outra obra de momento e de futuro se impõe: a revisão da Carta Constitucional. […] Julga o meu
Governo traduzir um sentimento imperioso no ânimo dos cidadãos portugueses, proclamando a
oportunidade de introduzir modificações convenientes nas normas que regulam o exercício do
poder e determinando-se a forma mais adequada ao funcionamento estável e harmonioso da
vida pública. […] Eis os pontos cardeais do trabalho parlamentar que poderão condensar-se num
20 único objetivo: lançar com segurança e êxito as bases políticas do novo reinado. […]
Tem procurado o meu governo cumprir escrupulosamente os preceitos legais: e assim, na época
fixada, se realizaram as eleições gerais dos Senhores Deputados da Nação, com plena liberdade
em todo o país e absoluta ordem, apenas perturbada em algumas assembleias da capital por
incidentes cujas dolorosas consequências profundamente lamentamos 1. […]
25 Empenha-se o meu governo em que a nação prossiga no seu desenvolvimento material e
económico, e para o conseguir vos proporá diferentes medidas tendentes a melhorar as
condições do Tesouro2, sem sobrecarregar o contribuinte […] de que deverá resultar diminuição
da despesa.
Com o mesmo intuito vos serão apresentadas as bases de um novo contrato com o Banco de
30 Portugal, que permitirá reduzir os gastos do Estado sem prejuízo dos legítimos interesses
daquele estabelecimento de crédito, que merece os nossos maiores louvores pela forma como
tem auxiliado o Tesouro nas suas crises financeiras. […] Assegurar-se-á o cumprimento rigoroso
de todas as disposições legais para a justa aplicação dos dinheiros públicos às despesas
legalmente votadas. […]
35 Propostas referentes […] às questões mais importantes do império colonial, padrão das nossas
glórias, fonte de riquezas, e penhor da nossa independência serão submetidas à vossa
consideração. […]
DIGNOS PARES DO REINO E SENHORES DEPUTADOS DA NAÇÃO PORTUGUESA
A vida dos parlamentos reside, por sua natureza, no embate e discussão de opiniões diversas
Um novo Tempo da História, 11.o ano, Célia Pinto do Couto, Maria Antónia Monterroso Rosas
40 […]. A finalidade parlamentar consiste em compor todas essas forças em uma só resultante – as
conveniências públicas. […] Subordinado tudo ao bem imediato da Pátria, bela e duradoura será
a obra do parlamento – é essa obra que o país e o chefe de Estado esperam desta alta
Assembleia. […]
Que no nosso coração de patriotas se avive, mais do que nunca, a fé pelo futuro de Portugal.
45 Nesse nobre sentimento se estreitam o rei e o povo português.
Está aberta a sessão.

(Texto adaptado)

1. Refere-se ao confronto ocorrido na assembleia de voto da Igreja de São Domingos, entre eleitores adeptos do
republicanismo e a guarda municipal, do qual resultaram 14 mortos e 100 feridos.

2. Finanças públicas.

1. Identifique o “monarca extinto” a quem D. Manuel se refere na linha 4.

2. Segundo D. Manuel, impunha-se rever a Carta Constitucional (linha 15) ”Outra obra de momento e de
futuro se impõe: a revisão da Carta Constitucional.”
Apresente um argumento invocado pelo monarca para sustentar tal afirmação.

3. O sistema corrente de “exercício do poder” (linhas 17 e 18) que vigorava desde meados do século XIX
ficou conhecido por
(A) rotativismo partidário.
(B) monarquia partidária.
(C) protecionismo.
(D) fontismo.

4. Associe os excertos do documento que constam da coluna A às situações históricas que lhes
correspondem na coluna B.
Escreva, na folha de respostas, as letras e os números correspondentes.

Coluna A Coluna B

(A) “[…] falecimento crudelíssimo de 1. Revolução de 31 de Janeiro


meu pai e irmão” (linha 3)
2. Regicídio
(B) “[…] decretos de caráter
ditatorial” (linha 13) 3. Governo de João Franco

(C) “[…] pela forma como tem 4. Epidemia de febre tifoide


auxiliado o Tesouro nas suas
crises financeiras” (linhas 31 e 32) 5. Défice orçamental

5. Transcreva um excerto do discurso que evidencie a determinação de D. Manuel em reinar “como manda
a lei” (linha 8).

6. Explicite dois dos fatores que concorreram para a crise do regime monárquico.
Pelo menos um dos fatores deve estar articulado com informação contida no documento.
Um novo Tempo da História, 11.o ano, Célia Pinto do Couto, Maria Antónia Monterroso Rosas

Você também pode gostar