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PC-PB

Perito Oficial Criminal - Área Geral

1. Locais de crime: conceituação e classificação. 1.1 Isolamento e preservação de local de


crime. 1.2 Levantamentos dos locais de crime contra a pessoa e contra o patrimônio. ........... 1
1.3 Padrões de busca de vestígios. 1.4 Documentação do local. 1.5 Locais de morte violenta:
Local de morte por arma de fogo; Local de morte por instrumentos contundentes, cortantes,
perfurantes ou mistos; Local de Acidente de transito e Local de morte provocada por asfixia. 1
1.6 Perinecroscopia. ........................................................................................................... 8
1.7 Reprodução Simulada. .................................................................................................. 8
2. Documentoscopia Forense: conceito e histórico com três ciclos (empirismo romântico,
empirismo científico e sinceridade técnico- científica). 2.1 Conceito de documento e seu aspecto
jurídico. 2.2 Nomenclatura técnica dos documentos. 2.3 Adulterações mais comuns. 2.4
Perícias documentoscópica. 2.5 Grafoscopia: origem etimológica e conceito. 2.6 Princípios
fundamentais e leis do grafismo. 2.7 Gesto gráfico. 2.8 Falsificações. 2.9 A perícia grafoscópica.
2.10 Colheita de padrões. ...................................................................................................... 10
2.11 Decreto Federal 9.278/18 (Regulamenta a Lei nº 7.116, de 29 de agosto de 1983, que
assegura validade nacional às Carteiras de Identidade e regula sua expedição). ................. 25
3. Balística Forense. 3.1 Armas de fogo: conceito e classificação. 3.2 Cartucho de munição
de arma de fogo: conceito e divisão. 3.3 Identificação das armas de fogo. 3.4 Distância e efeitos
dos tiros. 3.5 Incapacitação balística. 3.6 Tiro acidental, tiro involuntário e acidente de tiro. 3.7
Exames periciais em balística. ............................................................................................... 31
4. Papiloscopia Forense: conceito e divisão. 4.1 Postulação da papiloscopia: perenidade,
imutabilidade, variabilidade e classificabilidade. 4.2 Dactiloscopia: conceito, desenho digital,
impressão digital, componentes de uma impressão digital, classificação das impressões digitais
(tipos fundamentais e tipos especiais). 4.3 Levantamento papiloscópico em local de crime. 4.4
Pontos característicos e o confronto papiloscópico. 4.5 Poroscopia. ...................................... 45

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1. Locais de crime: conceituação e classificação. 1.1 Isolamento e preservação
de local de crime. 1.2 Levantamentos dos locais de crime contra a pessoa e
contra o patrimônio.

Prezado(a) candidato(a), esse assunto foi estudado na matéria: Criminalística, tópico: 12. Locais de
Crime: definição e classificação. 13. Isolamento e preservação de locais de crime.

1.3 Padrões de busca de vestígios. 1.4 Documentação do local. 1.5 Locais de


morte violenta: Local de morte por arma de fogo; Local de morte por instrumentos
contundentes, cortantes, perfurantes ou mistos; Local de Acidente de transito e
Local de morte provocada por asfixia.

Normalmente, o local de morte é chamado de local do crime. Mas, nem sempre o local de uma morte
é necessariamente o local de um crime.
Além das mortes criminosas, há também as mortes acidentais, naturais e oriundas de suicídios, e
nessas hipóteses não dá para se falar em crimes.
Segundo o ilustre doutrinador Odon Ramos Maranhão: A conceituação precisa ser ampla, pois ao
tempo do inquérito é possível que não se disponha de elementos para estabelecer clara distinção entre
crime, acidente, simulação e autolesões ou similares. Além disso, em certos casos pouco frequentes,
porém exequíveis, trata-se de crime impossível (provocar lesões mortais num cadáver, p. ex.).
Somente o estudo e análise cuidadosa dos indícios irá dizer se se trata de um homicídio, um suicídio,
um acidente, etc. Logo, só se irá falar de “crime” a posteriori.
O exame do local da morte, poderá ser denominado também de exame do local do fato, sugestão dada
por Genival Veloso de França, ou perinecroscopia, expressão utilizada por Oscar Freire.

O Código de Processo Penal determina no artigo 6º, inciso I, à autoridade policial, ante o pronto
conhecimento da ocorrência de uma infração penal, dirigir-se ao local, providenciando para que não se
altere o estado de conservação das coisas.
O perito deverá proceder ao exame minucioso e circunstância do local, referindo:
a) posição e situação do cadáver que deverão ser fotografados;
b) a distância em que o cadáver se encontra de elementos de ordem material relacionados com o
evento, como a arma de fogo, o agente contundente ativo, a impressão deixada pela marca do projétil,
as manchas de sangue etc;
c) a presença de pegadas, impressão digital, vestígios de luta etc.
O local de morte, para perícia, tanto poderá ser interno ou fechado (quarto, banheiro, sala etc), ou
externo ou aberto (estrada, campos, matas).
Assim, a preservação do local, a elaboração das perícias através dos laudos periciais e a descrição
minuciosa daquilo que foi observado podem representar a chave conclusiva de casos aparentemente sem
solução.
Geralmente o laudo vem instruído com fotos, facilitando o titular da futura ação penal quanto a
visualização do local tal como foi encontrado.
Em síntese, vislumbra-se que os peritos criminais têm atribuição para exame do local e instrumentos
do crime, devendo efetuar o exame perinecroscópico para orientação de seus trabalhos, fotografando o
corpo na posição em que for encontrado, bem como todas as lesões externas e vestígios deixados no
local do crime, em obediência ao art. 164 do Código de Processo Penal.
Cabe destacar aqui que não deve ser confundido o exame perinecroscópico com a necropsia, que é
realizado por médico legista e exame do corpo em seu exterior e interior.

Exame de Local

É a fase que precede o levantamento. Pode ser encontrado protegido ou não, deve ser
cuidadosamente e minuciosamente examinado, pois os vestígios e indícios aparentemente inúteis
poderão constituir-se em fator de sucesso determinante para elucidação do crime.
Exame de Local: Local é área onde se deu o fato, que tenha deixado vestígios, tecnicamente,
conduzem a descoberta do autor; Le Moyne Snyder acha que, “se uma investigação sobre homicídio

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terminar em fracasso, a causa é o exame inadequado do local”; Outros opinam serem os primeiros
minutos de investigação em um local, decisivo para a determinação, com segurança, de êxito ou fracasso
da investigação.
O exame de um local de morte qualquer se divide em duas etapas: o exame do local propriamente
dito e os exames laboratoriais.
Aspectos a serem observados no local
- Não violado e devidamente protegido;
- Violado, alterado ou modificado, depois da ação criminosa;
Outro, que além da área propriamente dita, se completa com outros com os quais tenham conexão.
No primeiro caso são chamados de idôneos; no segundo caso inidôneos; no terceiro caso
relacionados.

Morte violenta (homicídio, suicídio, acidente);

Um dos objetivos principais da Tanatologia médico legal é estabelecer o diagnóstico da causa jurídica
de morte na busca de determinar as hipóteses de homicídio, suicídio ou acidente. A violência do latim
violentia e vis, força, é um fenômeno no qual interveio a força externa como causa desencadeante.
Cada uma destas mortes que se atribuem a homicídio, suicídio ou acidentes apresenta
particularidades, embora, por vezes, seja difícil estabelecer diferença precisa entre formas próximas. As
características das lesões nem sempre permitem distinção clara entre as diferentes naturezas jurídicas.
1) Homicídio: É a morte voluntária (dolosa) ou involuntária (culposa) de alguém realizada por outrem.
À lei não importa seja a vítima monstro, inviável, demente, incapaz, agonizante; exige-se, naturalmente,
que esteja viva ao sofrer por parte do agente a agressão homicida, pois o objeto jurídico que a lei tutela
é a vida, bem inestimável inerente ao homem, quaisquer que sejam suas condições biopsíquicas,
transitórias (vida intrauterina), momentâneas (sono) ou permanentes (idade, sexo, raça, inteligência etc),
independentemente de suas condições jurídicas.
Causas principais do homicídio:
- fase aguda da embriaguez;
- as questões passionais,
- a doença mental e as anormalidades psíquicas;
- o jogo;
- a vingança;
- a política;
- a religião;
- a miséria e a marginalidade.

Ação pericial: No homicídio doloso o perito esclarecerá à justiça:


- o nexo causal entre a agressão alegada e o evento morte;
- qual o meio empregado;
- o estado mental do homicida;
- sua periculosidade;
- se se trata de embriaguez fortuita ou preordenada;
- se foi cometido mediante emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso
ou cruel;
- se foi cometido sob violenta emoção;
- a idade do agente;

Ação pericial: No homicídio doloso o perito esclarecerá à Justiça:


- a atitude da vítima;
- a execução de certos atos pela vítima, após o ferimento mortal;
- a mudança de posição, dolosa ou acidental, da vítima;
- as lesões encontradas na vítima provocadas pelo agente, no propósito de subjugá-la;
- a sede, forma e o número dos ferimentos no cadáver;
- sendo o agente silvícola, o seu grau de adaptabilidade ao meio;
- o exame do local do crime.

2) Suicídio: (sui. a si próprio; caedere. cortar, matar). É a deserção voluntária da própria vida; é a
morte, por vontade e sem constrangimento, de si próprio.

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A conceituação dessa modalidade jurídica de morte exige dois elementos: um, subjetivo, o desejo de
morrer; outro, objetivo, o resultado morte. Exclui-se do conceito de suicídio os que morreram no
cumprimento do dever.
Embora o suicídio não seja ato ilícito, o art. 122 do CP pune o induzimento, a instigação ou o auxílio
físico, material ou moral, mesmo por motivos altruísticos, para que o potencialmente suicida realize seu
intento.
Os suicidas podem ser considerados impulsivos - nos quais influi uma explosão do momento – ou
premeditados - em que agem a sugestão, o temperamento e a vaidade.

3) Morte acidental:É a causa jurídica da morte representada por acidentes aeroviários, ferroviários,
marítimos e, em sua maioria, pelo tráfego, pela velocidade dos veículos, pelo despreparo psicológico dos
motoristas ou pelo estado de embriaguez, pela imprevidência e imprudência dos pedestres, pelo
obsoletismo de algumas estradas, pela deficiência no policiamento rodoviário, pelas ruas estreitas e mal
iluminadas.
Obs.: Diagnóstico diferencial da causa jurídica da morte consoante o meio empregado:
- lesões por instrumentos cortantes: comuns no suicídio e no homicídio e só excepcionalmente no
acidente;
- lesões por instrumentos contundentes: comuns no homicídio, suicídio e acidentes;
- lesões por instrumentos corto-contundentes: comuns nos casos de homicídio e, excepcionalmente,
nos acidentes;
- lesões por instrumentos perfurantes: comuns em homicídios e raras em suicídios e acidentes;
- lesões por instrumentos perfuro cortantes: comuns em homicídio e raros em suicídios e acidentes;
- lesões por instrumentos perfuro contundentes: comuns em homicídio e suicídio e raras em casos de
morte acidental;
- esmagamentos: comuns nos acidentes;
- precipitação: comum no suicídio e no homicídio; só raramente é acidental;
- enforcamento: comum em casos de suicídio e raro no homicídio; é rarissimamente acidental;
- estrangulamento: comum em casos de homicídio, é excepcional no suicídio e nos acidentes;
- sufocação: comum nos acidentes e no suicídio é raro em homicídios;
- afogamento: comum nos acidentes e suicídio é raro em homicídios;
- envenenamento: comum em casos de suicídio é menos frequente no homicídio e acidente.

Local de morte por arma de fogo

Em locais que ocorreram disparos de arma de fogo (DIAF) contra imóveis, a presença da Polícia Civil
ou autoridade, limita-se aos casos de maior repercussão. O isolamento e preservação do local até que
os peritos cheguem ao local do crime, compete aos policiais militares.
Contudo, o aumento da quantidade de locais de DAF, somados as questões técnicas, que são a
luminosidade e extensão da cena do crime, além de hipóteses de ordem operacional.
Nesses tipos de locais são solicitados mais de um atendimento no mesmo momento, forçando o corpo
pericial do plantão do DC a constituir prioridades de atendimento. O atendimento de morte tem prioridade
quando comparado aos locais de DAF, dessa maneira, o DAF pode ser atendido no dia seguinte ou três
dias após a solicitação.
Desta maneira, a manutenção de policiais militares isolando o local, além de se tornar uma tarefa difícil,
exclui estes profissionais do policiamento ostensivo. O policial orienta para que o local do crime fique
preservado.
Em caso de disparo de arma de fogo contra um veículo, este será levado ao Depósitos de Veículos
Apreendidos (DVA) ou para os pátios das Delegacias de Polícia do Estado, ficando retido até que a perícia
seja feita.
O atendimento, quando o veículo é recolhido para um depósito da Capital ou da região metropolitana,
é feito pelas equipes do plantão do DC, seguindo os mesmos critérios para os atendimentos aos locais
de DAF em imóveis.
O isolamento, nos caso de veículos, compete aos funcionários do DVA ou dos policiais de plantão da
delegacia em cujo pátio o veículo está retido.
Alguns veículos atingidos por DAF, notadamente na Capital e na região metropolitana, ficam sob a
guarda de seus proprietários, os quais deverão conduzi-los até o Departamento de Criminalística, a fim
de ser efetuada a perícia. Nestes casos, o proprietário deverá apresentar um ofício de encaminhamento
do veículo, expedido pela delegacia solicitante, no qual a autoridade policial, se achar apropriada, poderá

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formular quesitos aos peritos. Este tipo de atendimento é realizado pelo DC exclusivamente no horário de
expediente.

Local de morte por instrumentos contundentes, cortantes, perfurantes ou mistos

Antes de tratarmos sobre cada um desses instrumentos, façamos uma breve classificação sobre cada
instrumento. Os instrumentos cortantes; perfurantes e os contundentes são classificados em agentes
mecânicos externos simples.
Por sua vez, os instrumentos cortocontundentes, perfurocontundentes e os perfurocortantes são
classificados em agentes mecânicos externos compostos ou mistos.

Instrumentos cortantes São instrumentos leves e fáceis de manipular, que todos podem ter acesso.
É necessário que seja leve e afiado para que não cause contusão.
Ex. Lâmina de barbear, faca, bisturi, canivete, lâmina de cortar papel, tesoura aberta, vidro de garrafa
quebrada, cerol. Há que se falar em ponta neste tipo de instrumento.
Para que o agressor produza uma lesão cortante é preciso apenas o uso do gume, devendo ter
pressão, deslizamento ou pressão.

Feridas produzidas pelos instrumentos cortantes:

- Quando atua de maneira perpendicular, a ferida é incisa. O médico ao usar o bisturi produz a ferida
chamada de incisão;
- Ao atuar de maneira oblíqua, extraindo um retalho, produzirá ferida incisa com retalho;
- Se o instrumento tira do corpo uma parte pendente, haverá uma ferida incisa mutilante (caso da
pessoa que fica sem mão, braço e dedo).

Nosso corpo é formado por três cavidades (crânio, tórax e abdômen), se tirarmos as cavidades, sobram
os apêndices (membros inferiores/abdominais, pés, artêlios, membros superior/torácicos).

- Se o instrumento atua na parte anterior (parte frontal) do pescoço, temos o esgorjamento, que é a
ferida mais comum;
- Quando o instrumento atua na nuca, temos a ferida incisa;
- Quando se separa a cabeça do corpo, temos a decapitação ou degolação.

Características da ferida:

- maior comprimento do que profundidade;


- por serem muitos leves e afiados, a borda das feridas é muito lisa e nítida. Porém existe uma exceção,
que ocorre nos locais onde fique a sobra de pele, pois ela traz um zigue-zague. Ao aparecer um zigue-
zaque na borda da lesão, temos que observar a região da lesão e observar a descrição do laudo para
apurar se a lâmina não está quebrada;
- afastamento de bordas;
- cauda de entrada mais profunda que a cauda de saída. A ferida incisa apresenta cauda de entrada e
cauda de saída que informam a direção do golpe.

Ao se utilizar uma tesoura, como instrumento cortante, ela inicia com uma forma de V.

Instrumento perfurante É o instrumento que vai perfurar, colocar a ponta em contato com o que se
visa perfurar, pode ser um golpe, perfuração.
Apresenta haste fina e inócua. Ao entrar na vítima no corpo da pessoa, afastam as fibras dos tecidos
(não corta). A ferida punctória só irá sangrar se entrar e ferir a parede de um vaso sanguíneo.
Como afasta as fibras dos tecidos e elas são alongadas, a ferida não é redonda, será alongada
dependendo da parte do corpo.
Em feridas produzidas por instrumentos perfurantes, os instrumentos não dão a sua forma à ferida. As
feridas punctórias não lembram os instrumentos, apenas o tipo de fibra de determinada região do corpo.

Exemplos: prego, taxinha, estaca de madeira/ferro/alumínio, agulha.

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As lesões produzidas pelos instrumentos perfurantes são as feridas punctórias, que podem ser
superficiais, penetrantes, empalação.
As feridas punctórias penetrantes ocorrem quando atinge uma das cavidades, haverá uma ferida
penetrante cavitárias (perfurou no crânio, tórax ou abdômen). Se atravessa o alvo, temos uma ferida
punctória penetrante cavitária transfixante. Caso atravesse o alvo e ester fora da cavidade, temos uma
ferida punctória penetrante não cavitária transfixante (ex. Ferida causada no lóbulo para colocar o brinco).

A ferida conhecida como empalação é aquela que ocorre quando o instrumento perfurante é
introduzido no ânus, períneo e vagina. A ferida produzida no ouvido é a trepanação.

Características da ferida de filhos e langer

Essas feridas são referentes as feridas punctórias:


- em uma mesma região, a direção da lesão é sempre a mesma. A pessoa que for ferida numa mesma
região, a direção será sempre a mesma. Quem dá a direção da ferida é a fibra, ela será produzida por
um instrumento perfurante, é achatada, alongada como se tivesse sido produzida por um instrumento
perfurocortante de dois gumes.
Onde existir cruzamento de fibras a ferida toma o aspecto de figura geométrica.

Instrumentos contundentes São instrumentos simples e variam ao infinito. Justifica a afirmação de


que os agentes mecânicos externos variam ao infinito.

Esses instrumentos se classificam em:


- órgãos naturais de defesa e ataque do homem e dos animais (garras de animais, peso da terra,
chifres);
- instrumentos usuais – que são cos construídos para bater (bomba, soco inglês);
- instrumentos ocasionais (martelo, tijolo)
As ações ativas e passivas são diferentes para este tipo de instrumento.
Ação ativa é quando o instrumento vai em direção ao alvo. Na ação passiva o alvo vai em direção ao
instrumento.

Contusões em geral:

a. Eritema – é lesão leve (enquadrada no direito penal como vias de fato) que impossibilita o exame
de corpo de delito, pois desparece com facilidade. O eritema é o afluxo de sangue na região traumatizada.
São as marcas roxas que ocorrem com bofetões.
b. Edema – é uma lesão mais grave. Na região traumatizada, a parede dos vasos sanguíneos, fica
pressionada, permitindo que a parte líquida do sangue saia. O plasma do sangue, ao sair dos vasos, fica
no local da região traumatizada, não apresenta cor no local. É um soco, por ser mais forte que os bofetões.
c. Equimose – arrebentamento da parede dos vasos com saída do sangue e infiltração do sangue nas
malhas do tecido. Tem cor, mas não tem volume.
d. Hematoma – arrebentamento da parede dos vasos; saída do sangue dos vasos e infiltração do
sangue nas malhas do tecido, o sangue fica coagulado e tem cor e volume.
e. Bossa linfática – quando o edema é produzido no couro cabeludo. É lesão periférica/externa.
g. Bossa sanguínea – equimose e hematoma causados no couro cabeludo.

Quando a lesão não fica no couro cabeludo, temos edema cerebral/equimose cerebral/hematoma
cerebral: traumatismo crânio cerebral (tanto faz se é edema, equimose ou hematoma. Qualquer um deles
é traumatismo crânio-encefálico).
Essas feridas devem ter pelo menos 3 cm de diâmetro, no começo vai ficar vermelho intenso, entre o
3º e 6º dias fica azulado e do 7º ao 12º dia fica esverdeada, ficando amarelada do 13º ao 20º dia.
A ferida lacerocontusa é aquela lesão que advém em decorrência de uma contusão extremamente
intensa. Aumenta-se tanto que não houve apenas ruptura, mas sim, arrebenta-se os tegumentos.
São feridas irregulares (obtusas); possui infiltração sanguínea; no meio da lesão temos falta de tecido;
mortificação de tecido (precisará da cicatrização por segunda intenção).
É produzida por instrumento contundente redondo, se for instrumento redondo no lugar de osso
arredondado, será produzida uma ferida linear.
A ferida lacerocontusa por compressão ou tração é uma ferida irregular muito machucada, com
infiltração sanguínea e com perda de tecido, cuja cicatrização se dá por segundo plano. A ferida

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lacerocontusa por arrebentamento é linear/lisa, parecida com à ferida incisa, porém apresentando sinais
de contusão, como hematomas e equimoses.
A luxação é a perda da relação articular normal. Atualmente está se tornando uma lesão corporal de
natureza grave.
A entorse também ocorre na articulação e pode arrebentar os ligamentos. Ocorre nas articulações
quando o osso da articulação tem um movimento muito extenso, atingindo os ligamentos.
As fraturas se dão por compreensão, flexão ou torção.
A Flexão são duas forças contusivas forçando o osso a vergar.
Torção é quando uma extremidade está presa e a outra parte é obrigada a virar (ocorre nos ossos
longos).
Ruptura de órgãos internos: ocorre nos casos de grandes contusões (grandes quedas; grandes
compressões; grandes velocidades).
Quando um corpo cai de lugares altos, o corpo ganha velocidade, da mesma maneira que os órgãos.
Devido a isso, haverá ruptura de órgãos internos, pois estes órgãos bateram na parte interna do corpo,
arrebentando, sem que ocorra a ruptura da parede abdominal.
Se houver o rompimento da parede abdominal, o perito deve saber se existiu ruptura de órgãos de fora
para dentro ou de dentro para fora.
Se ocorrer esquírola óssea – o osso pode ter várias fraturas em si. Os pequenos pedaços do osso
entram nos órgãos, rompendo-os.
As escoriações tem sete túnicas bem finas e a última camada é formada por células epiletais que
confere renovação contínua da pele. Após essa última túnica tem início a segunda parte da pelo,
composta por duas túnicas.
Na epiderme não há circulação vermelha. Ao ferimos esta epiderme, mesmo em qualquer dessas sete
túnicas, não existirá sangramento, pois só temos a circulação branca (circulação linfática).
Na derme, que é a segunda parte da nossa pele, temos os primeiros vasos capilares.

Escoriações no vivo:

i. Escoriação Típica – linfa. Mais ou menos 24 horas. Seca. Crosta serosa.

Quando o instrumento/corpo contundente atinge de raspão, arrancam a epiderme, deixando a derme


intacta. Não sangra. Só sai linfa.

Depois de 24 horas, a linfa seca, formando uma crosta serosa, para pigmentar novamente a pele.

Locais de morte provoca por asfixia

As mortes provocadas por asfixia se dão quando ocorre sulco no pescoço, de modo que sua
caracterização demonstrará se é caso de enforcamento, esganadura, estrangulamento.
Asfixias provocadas por constrição do pescoço
As asfixias causadas por enforcamento, estrangulamento ou esganadura, são encontradas lesões
cutâneas características no pescoço da vítima, que permitem individualizar o modo da morte. Essas
marcas podem ser produzidas pelo agente causador (sulcos, equimoses) como pela própria vítima
(marcas ungueais), ao tentar se libertar.
Luxações e fraturas nas vértebras cervicais não aparecem muito nos casos de enforcamento, e são
extremamente raras nos casos de estrangulamento e esganadura. Quando o estrangulamento se
processa com a utilização do antebraço do homicida (golpe vulgarmente conhecido como “gravata”)
podem ser constatadas escoriações e contusões no topo dos ombros da vítima.
Em alguns casos, entretanto, os achados necroscópicos externos podem ser muito tênues, dificultando
o diagnóstico das asfixias por constrição do pescoço. Em muitos casos as lesões não aparentes no dia
da morte podem aparecer no dia posterior, quando a pele começa a ressecar e ganhar maior
transparência.

Tipos de asfixias

Enforcamento: via de regra, ocorre de cima para baixo, é único, oblíquo e se interrompe com o nível
do nó, que se produz com concentração da força e mantém a constrição. Nos casos em que o instrumento
constritor tem menor espessura, os sulcos se tornam mais profundos.

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Os enforcados estão no polo ativo, na grande parte dos casos, pois é considerado de etiologia suicida.
Alguns caracteres são encontrados como, presença de fezes, urina e líquido semianal. Quando em
fase de agonia, constata-se processos convulsivos.
Os que se suicidam dessa forma, apresentam contusões nos cotovelos, joelhos e partes mais altas do
rosto, como queixo, nariz, em virtude da sua localização, já que há uma irregularidade de localização.
Esganadura: “nos casos de esganadura não aparecem sinais externos de compressão, como sulcos,
mas são observadas no pescoço escoriações e esquimoses produzidas pela pressão violenta dos dedos
e unhas, na face anterior e nas laterais. Nesses casos, o exame minucioso do cadáver é fundamental
pois as lesões podem ser discretas.” 1
Estrangulamento: o sulco pode ou não ser único, sendo na maioria das vezes feito de modo horizontal
em relação ao pescoço ou oblíquo, não apresentando-se com interrupções.
Ocorre em grande parte, nos casos de homicídio.

Questões

01. (FUNCAB - PC-RO - Delegado de Polícia). Assinale a afirmativa INCORRETA com respeito às
asfixias.
(A) Por constrição do pescoço pelas mãos: estrangulamento.
(B) Em ambientes por gases irrespiráveis: confinamento, asfixia por monóxido de carbono e asfixia por
outros vícios de ambiente.
(C) Por constrição passiva do pescoço, exercida pelo peso do corpo: enforcamento.
(D) Por obstrução dos orifícios ou condutos respiratórios: sufocações diretas ou indiretas.
(E) Por transformação do meio gasoso em meio líquido: afogamento.

02. (FUNCAB - PC-RO - Médico Legista). O sinal de Lichtenberg é uma característica que pode ser
encontrada nas mortes por:
(A) asfixia.
(B) afogamento.
(C) eletroplessão.
(D) soterramento.
(E) fulminação.

03. (UEP/Odonto-legista/PC-PIAUI). Em relação aos traumatismos cranianos, eles podem ser abertos
e fechados. As fraturas cranianas em mapa mundi, provocadas pela queda de um tijolo, por exemplo, são
causadas por quais instrumentos?
(A) Perfurocortantes.
(B) Contundentes.
(C) Cortantes.
(D) Perfurantes.
(E) Perfurocontundentes.

04. (UNIVERSA/Perito Criminal/Odontologia/PCDF). Durante um desentendimento, Pedro agrediu


João com um cassetete no rosto. João, em decorrência dessa agressão, caiu sobre o corte de um
machado que estava no chão. Ainda insatisfeito com o resultado, Pedro sacou uma navalha e desferiu
três golpes em João, um no rosto e outros dois no abdômen. Finalizando a agressão, deu uma mordida
na orelha esquerda de João. Nesse caso, os instrumentos de agressão utilizados por Pedro, na ordem
de ocorrência no texto, são classificados, respectiva mente, como
(A) contuso, cortocontuso, cortante e cortante.
(B) contundente, cortocontundente, cortante e perfurocortante.
(C) contuso, cortocontundente, perfurocortante e cortante.
(D) contundente, cortante, perfurocortante e cortocontundente.
(E) contundente, cortocontundente, cortante e cortocontundente.

05. (ACADEPOL/ESCRIVÃO PCMG). Diante de uma ferida linear, com regularidade de suas bordas,
associada a abundante hemorragia, predominância do comprimento sobre a profundidade e
apresentando cauda de escoriação, pode-se afirmar que a lesão foi produzida por instrumento:
(A) Cortocontundente.

1 Domingos Toccheto e Alberi Espindula, Criminalísitica: Procedimentos e Metodologias, 3ª edição, editora Millennium, 2015, página 25.

7
1690547 E-book gerado especialmente para BRUNO LIMA BEZERRA
(B) Contundente.
(C) Perfurante.
(D) Cortante.

06. É instrumento contundente:


(A) Bastão de beisebol
(B) Navalha
(C) Facas
(D) Pregos

07. (UNIVERSA/Perito Criminal- Odontologia/PCDF). Acerca da localização, as lesões contusas


superficiais são
(A) rubefação, edema traumático, bossas linfáticas e sanguíneas, rotura visceral e esmagamento.
(B) escoriação, rubefação, hematoma, equimose e esmagamento.
(C) escoriação, rubefação, edema traumático, bossas linfáticas e sanguíneas, equimose e
esmagamento.
(D) escoriações, rubefação, edema traumático, bossas linfáticas e sanguíneas, hematoma e equimose.
(E) escoriações, rubefação, edema traumático, bossas linfáticas e sanguíneas, hematoma, equimose
e esmagamento

Gabarito

01. A/ 02. E/ 03. B/ 04. E/ 05. D/ 06. A/ 07. D.

1.6 Perinecroscopia.

Perinecroscopia2

A perinecroscopia é um exame (perícia criminal) realizado pelo perito criminal em locais de morte.
Nesta espécie de exame, o perito realiza uma inspeção geral do local em que ocorreu o óbito, além da
inspeção meramente externa do cadáver. Não é realizado por médico-legista, e sim por perito criminal.
Nos termos do artigo 169 do Código de Processo Penal, a realização da perinecroscopia deve ocorrer
nas seguintes condições:

Art. 169. Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a infração, a autoridade
providenciará imediatamente para que não se altere o estado das coisas até a chegada dos peritos, que
poderão instruir seus laudos com fotografias, desenhos ou esquemas elucidativos.
É importante destacar que a alteração do local do fato não impede a realização do exame, porém os
peritos deverão registar as respectivas alterações encontradas e suas consequências para a dinâmica
dos fatos.
Nesse sentido dispõe o parágrafo único do artigo 169 do Código de Processo Penal. Vejamos:

Art. 169. Parágrafo único. Os peritos registrarão, no laudo, as alterações do estado das coisas e
discutirão, no relatório, as consequências dessas alterações na dinâmica dos fatos.

1.7 Reprodução Simulada

Prevê o art. 7.º do Código de Processo Penal, que a autoridade policial poderá proceder à reprodução
simulada dos fatos, desde que esta não contrarie a moralidade ou a ordem pública. 3

2
Furtado Paulo, Neves, Pedro Henrique. Medicina Legal, editora: JusPodium, 2ª edição, 2020.
3
Direito processual penal esquematizado / Alexandre Cebrian Araújo Reis e Victor Eduardo Rios Gonçalves ; coordenador Pedro Lenza. – São Paulo : Saraiva,
2012

8
1690547 E-book gerado especialmente para BRUNO LIMA BEZERRA
Trata-se da reconstituição do crime, feita, se possível, com a colaboração do réu, da vítima e de
eventuais testemunhas, cujo objetivo é constatar a plausibilidade das versões trazidas aos autos,
identificando-se a forma provável de como o crime foi praticado.
Esta diligência é importante fonte de prova, sobretudo no caso de crimes com violência à pessoa,
podendo ser realizada no curso do inquérito policial a partir da própria iniciativa do delegado de polícia,
ou por meio de requisição do Ministério Público, ou ainda a requerimento dos interessados (investigado
e ofendido). Veja-se que o art. 14 do CPP expressamente dispõe que o ofendido, ou seu representante
legal, e o indiciado poderão requerer qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade.
Embora silente o Código de Processo Penal, nada obsta que a reprodução simulada dos
acontecimentos seja efetivada, também, no curso do processo e até mesmo durante os julgamentos pelo
júri, ordenada pelo juiz a requerimento das partes ou mediante provocação dos jurados.
O réu não está obrigado a fazer parte do ato, quer dizer, a dele participar. Neste sentido, há muito
tempo está consolidado o entendimento do STF, decidindo que “aquele que sofre persecução penal
instaurada pelo Estado tem, dentre outras prerrogativas básicas (...) o direito de se recusar a participar,
ativa ou passivamente, de procedimentos probatórios que lhe possam afetar a esfera jurídica, tais como
a reprodução simulada (reconstituição) do evento delituoso e o fornecimento de padrões gráficos ou de
padrões vocais para efeito de perícia criminal”.
Discute-se quanto à necessidade de intimação do investigado ou de seu advogado para acompanhar
a diligência quando realizada na fase do inquérito. Há duas correntes a respeito, alguns entendendo
necessária essa intimação, sob pena de afronta à garantia constitucional da ampla defesa, enquanto
outros, opostamente, sustentam ser dispensável essa comunicação, pois a fase das investigações
policiais não se pauta pelos princípios do contraditório e da ampla defesa. Compartilhamos desta última
posição. É claro que, se determinada a reprodução simulada por ordem do juiz no curso do processo, a
intimação da defesa é condição imprescindível para a validade da prova, já que, nessa etapa, as garantias
do contraditório e da ampla defesa vigoram em sua plenitude.
Observe-se que reconstituição é providência que não se confunde com levantamento do local do fato.
A primeira, prevista no art. 7.º do CPP, importa em reproduzir, mediante simulação, a forma como ocorreu
o crime, com participação dos próprios envolvidos ou utilização de terceiros em representação a eles. Já
o segundo, contemplado nos arts. 6.º, I, 164 e 169 do CPP, consiste no exame do lugar onde foi praticada
a infração penal, extraindo-se fotografias, realizando-se desenhos e produzindo-se esquemas
elucidativos desse local.
Relevante mencionar que a reconstituição deve ser realizada com vistas a reproduzir a sequência de
atos e fatos que fizeram parte da prática delituosa. Destarte, se o crime não possui um iter criminis
relativamente complexo, não se justifica a simulação. É o caso, por exemplo, de ter sido localizada na
casa do agente, em operação de busca e apreensão, determinada quantidade de droga, sendo ele preso
em flagrante. Nesta hipótese, tratando-se o delito em questão de crime permanente, aferível de plano,
não há qualquer razão de ordem prática ou de interesse processual que justifique a sua reprodução, a
menos que se queira reconstituir o momento da prisão em flagrante, para o que, evidentemente, não se
presta a medida do art. 7.º do CPP, que tem em vista a conduta delitiva em si.
Note-se, por fim, que a reprodução simulada é vedada quando importar em ofensa à moralidade, como,
por exemplo, a reconstituição de crime contra a dignidade sexual, ou em ofensa à ordem pública, como
a reconstituição de um homicídio, com utilização da pessoa do réu, em localidade interiorana na qual a
população ainda se encontre extremamente revoltada em face do crime praticado.

Questão

01. (PC/MS - Delegado de Polícia - FAPEC) Assinale a alternativa que preenche corretamente a
lacuna do texto abaixo:
Para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada de determinado modo, a autoridade
policial poderá proceder à ________________________, desde que esta não contrarie a moralidade ou
a ordem pública.
(A) juntada de documentos.
(B) visita ao local dos fatos.
(C) oitiva das partes.
(D) perícia nos objetos.
(E) reprodução simulada dos fatos.

9
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Gabarito

01.E

Comentário

01. Resposta: E
Art. 7º, CPP Para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada de determinado modo, a
autoridade policial poderá proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não contrarie a
moralidade ou a ordem pública

2. Documentoscopia Forense: conceito e histórico com três ciclos (empirismo


romântico, empirismo científico e sinceridade técnico- científica). 2.1 Conceito de
documento e seu aspecto jurídico. 2.2 Nomenclatura técnica dos documentos.
2.3 Adulterações mais comuns. 2.4 Perícias documentoscópica. 2.5 Grafoscopia:
origem etimológica e conceito. 2.6 Princípios fundamentais e leis do grafismo.
2.7 Gesto gráfico. 2.8 Falsificações. 2.9 A perícia grafoscópica. 2.10 Colheita de
padrões.

Documentoscopia

A Documentoscopia, conhecida nos países de língua espanhola como Documentología e nos de língua
inglesa como Questioned Documents Examination, é a disciplina que estuda, analisa e investiga,
mediante metodologia e instrumental adequados, todo tipo de documento, com o objetivo de determinar
sua autenticidade ou falsidade, neste caso, verificar em que consiste, bem como identificar as possíveis
alterações e/ou manipulações sofridas.4
Para esses fins, o documento pode ser entendido como “qualquer material que contenha marcas,
símbolos ou lançamentos que tenham algum significado ou transmitam alguma mensagem ou
informação”.
Por ter como objeto de estudo algo tão abrangente como um documento, a Documentoscopia pode
estar presente em diversos tipos de investigação, como crime organizado (por exemplo, tráfico de
pessoas e de entorpecentes e imigração ilegal), crimes fazendários, financeiros, previdenciários e
ambientais. Por suas características, “é eminentemente interdisciplinar, envolvendo técnicas de diversas
áreas de conhecimento, como Química, Informática, Física, Neurofisiologia, Artes Gráficas, além de
metodologias específicas desenvolvidas por profissionais ao longo dos anos” (LIMA & MORAIS, 2012).

Didaticamente, a Documentoscopia costuma ser dividida em três grandes áreas:


• Grafoscopia – estudo dos manuscritos, incluindo assinaturas, buscando determinar sua autenticidade
ou autoria;
• Mecanografia – estudo dos documentos impressos, seja por meio mecânico (como máquinas de
escrever), seja por meio digital (como faxes e impressoras jato de tinta ou laser), inclusive carimbados;
• Documentos de segurança – estudo sobre documentos de segurança, como moeda, documentos de
identidade, passaportes, etc.

O exame documentoscópico também pode ser realizado sob outros aspectos do documento, como
seu substrato (natural, como o papel, ou sintético, como o polímero), as matérias-primas empregadas na
sua produção (como as tintas, pigmentos e laminados), a existência de alterações (como rasuras e
montagens), de marcas latentes e de eventuais danos (como por fogo, água ou rasgos).

Segundo a ONU (UNITED, 2010), o exame de documentos tem a finalidade de:


• Detectar documentos alterados ou contrafeitos e determinar os métodos utilizados para alterações
e contrafações;
• Verificar a autenticidade de elementos de segurança;
• Verificar a autenticidade de documentos por meio de comparação com padrões conhecidos;
• Identificar a autoria de assinaturas;
• Prestar assessoramento para a criação de novos dispositivos de segurança;

4
https://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/11418/Dissertacao%20Narumi.pdf

10
1690547 E-book gerado especialmente para BRUNO LIMA BEZERRA
• Fornecer informação de inteligência;
• Obter outra informação relevante relativa ao documento.

De acordo ainda com o Scientific Working Group for Forensic Document Examination (SWGDOC,
2013), entidade que tem por objetivo reunir examinadores forenses de documentos e que, até 2010,
publicava seus normativos via ASTM8 (American Societyfor Testing and Materials), o exame forense de
documentos não envolve o estudo de personalidades ou de perfis psicológicos por meio da escrita
manual, diferenciando assim a Grafoscopia da chamada grafologia.
Para a concretização de seus propósitos, a perícia documentoscópica tem que se valer de seu principal
recurso: o perito documentoscópico.

Histórico e Ciclos5
Desde a antiguidade, os reis recebiam de outros reinos mensageiros ou arautos que se identificavam
apresentando seu “Diploma”, que eram concedidos pelos reis a algumas pessoas como reconhecimento
ou mérito. Com este título os emissários tinham o direito de se hospedar nestes reinos, segundo uma
norma vigente chamada “direito das gentes”. Todavia não demorou para que se percebessem que haviam
diplomas falsos. Os reis nomearam pessoas que eram consideradas de grande saber para analisarem
estes diplomas, com o intuito de comprovar sua autenticidade ou não. Neste momento surgi a
“diplomacia”, exercida pelos então chamados “diplomatas”. No entanto a chamada “Diplomacia”
apresentou uma alteração durante a sua história e atualmente está vinculada “às relações internacionais,
com ligação aos cargos de embaixadores, ministros ou representantes plenipotenciários, ou “diplomatas”,
passando os “diplomas” receberem a denominação de “credenciais” (DEL PICCHIA FILHO, DEL
PICCHIA, C.; DEL PICCHIA, A., 2005, p.38).
As perícias, na antiguidade, tinham como objetivo revelar a “falsidade de documentos, ou a autoria de
uma escrita”, procurando de modo primitivo e intuitivo encontrar indícios de fraude, sem embasamento
científico, utilizando-se de fantasias e crenças. “Foi a fase do “empirismo romântico”, que percorreu
séculos até o início do atual”. Decorrendo sucessivos erros judiciais, gerando desconfiança quanto às
provas apresentadas, culminando com a tragédia de Dreyfus3, cujo a consequência foi o enfraquecimento
da perícia gráfica (DEL PICCHIA FILHO, DEL PICCHIA, C.; DEL PICCHIA, A., 2005, p.40).
A perícia de documentos, também intitulada “perícia gráfica”, passa a não dispor mais de confiança e
credibilidade perante a sociedade. Para que pudessem restabelecê-la, passaram a testar novos métodos
e processos. E é neste período que as ciências, como física e química, começaram a se desenvolver,
juntamente com a fotografia, auxiliando a perícia gráfica, procurando dessa maneira recuperar a
confiabilidade. Passaram a utilizar em seus laudos e informes periciais o rebuscamento no vocabulário,
utilizavam microscópicos, recursos químicos e de fotografia, com o intuito de valorizar e impressionar,
pois o interesse era resgatar a credibilidade e causar admiração. Desta forma se conclui a segunda fase
da perícia chamada “empirismo científico”, o destaque deste período é a utilização da linguagem técnico-
científica (bordões). Em seguida inicia-se um novo período, completando o ciclo de especialidades da
perícia, chamada sinceridade técnica-científica que utiliza mais metodologia e técnicas e não a
subjetividade tão presente em outros períodos (DEL PICCHIA FILHO, DEL PICCHIA, C.; DEL PICCHIA,
A., 2005).

Entre o empirismo romântico e a sinceridade técnico-científico aconteceram alguns momentos em que


não conseguiram identificar os métodos utilizados ou como chegaram as resoluções documentoscópicas,
uma vez que apresentavam inconsistência nas conclusões periciais, destaca assim Del Picchia Filho, Del
Picchia, C., Del Picchia A. (2005):
a) A mais antiga fraude que se tem notícia foi mencionada por Champollion, que apontou alterações
em hieróglifos murais egípcios, deliberado pelos reis com o intuito de se vingarem das derrotas sofridas;
b) Títus possuía uma grande habilidade na falsificação, revela Suetônio, podendo ser considerado o
maior falsário do seu tempo. Somente foi descoberto por ele mesmo confessar a fraude;
c) No ano de 88 foi referida, a primeira perícia formalmente relatada, a Quintiliano que prescreve em
“Institutio Oratoria” regulamenta orientações que podem ser seguidas pelos peritos;
d) Justiniano4, no ano de 539, na novela 73, cita erro judicial realizado por peritos, quando ele mesmo
anteriormente, na novela 49, não acreditava que pudesse resolver uma perícia apenas com análise da
escrita;
e) No direito Romano “Lex Cornelia de Falsis” é considerada a primeira menção sobre falsificação,
referindo-se a salvaguarda do testemunho, relatando a fraude sobre sigilo;

5
http://www.ccsa.ufpb.br/arqv/contents/documentos/221VeronicaGiladeAmorimBorges.pdf

11
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f) Foi através da Lei Cornelia, regimentada pelos jurisconsultos, aumentando a elaboração de
diversos documentos, que foi reconhecido o crime de falsidade, “gravius et detestabilius homicidio et
benefício”.

O perito documentoscópico
O perito que tem como atividade principal o exame de documentos é denominado, aqui no Brasil, de
perito documentoscópico. A denominação internacional mais difundida é forensic document examiner ou,
simplesmente, FDE. Nos países de língua espanhola são utilizados termos como perito en
documentología e perito grafocrítico ou perito calígrafo, nos casos de especialistas em grafoscopia (para
este caso, há o termo em inglês forensic handwriting examiner, FHE).

Segundo a ASTM (AMERICAN, 2009), o perito em documentos faz exames científicos, comparações
e análises de documentos visando:
• Estabelecer a autenticidade ou inautenticidade, ou de determinar a contrafação e revelar
alterações;
• Identificar ou eliminar pessoas como fonte de manuscritos;
• Identificar ou eliminar fontes de impressos em máquinas de escrever ou outras impressões ou
marcas;
• Escrever relatórios e prestar testemunho, quando necessário, para auxiliar os usuários dos
serviços periciais a entender o exposto pelo examinador.

De acordo ainda com o SWGDOC, outra atribuição do perito seria a de manter ou restaurar a
legibilidade do documento.

Assim como os laboratórios, também os peritos podem ser certificados. Em alguns países, inclusive,
a certificação é um pré-requisito essencial para a atuação do perito, como os Estados Unidos. Há também
algumas instituições que aplicam os testes de proficiência, como a European Network of Forensic
Sciences Institutes (ENFSI) da Europa, o Skill-Task Training Assessment & Research Inc. (ST2AR) dos
Estados Unidos e o Forensic Expertise Profiling Laboratory (FELP) da Universidade de La Trobe na
Austrália.
De acordo com a Lei nº 9.266/1996, artigo 2º, “o ingresso nos cargos da Carreira Policial Federal far-
se-á mediante concurso público, exigido o curso superior completo, em nível de graduação”. Dessa forma,
o perito documentoscópico da PF é um Perito Criminal Federal aprovado via concurso público em uma
das dezoito áreas de conhecimento elencadas pela Portaria nº 119/2012-DITEC. Assim como não há área
específica de concurso para esse profissional, também não há graduação específica.

A seleção dos peritos que irão atuar na Documentoscopia se dá internamente, às vezes de maneira
voluntária, outras vezes por imposição da demanda de serviço, e sempre implicando no deslocamento de
um servidor da sua área de origem, mesmo que de forma parcial.

Visto que a Documentoscopia não possui um curso de graduação específico no qual se apoiar dada a
sua interdisciplinaridade, todos os conhecimentos técnicos, metodologias e procedimentos aplicados à
área, ou seja, as competências técnicas, são transmitidos dentro da própria instituição. Mesmo que o
perito já disponha de sólidos conhecimentos em Química ou Física, sua aplicação específica ao estudo
de documentos vai ser aprendida in house.
Essa situação demanda um grande esforço institucional para que os PCFs recebam uma carga de
treinamento durante o Curso de Formação Profissional (CFP) que os permitam executar exames nas suas
unidades de lotação. Ao mesmo tempo, cria-se o paradigma de que, de todos os alunos peritos em curso
na ANP, não se sabe ao certo quantos e quais irão, de fato, atuar na perícia documentoscópica.

A importância da grafoscopia para a identificação de fraudes em documentos6

A busca pela verdade foi à diretiva de vida de muitos homens, e por vezes, resultava em momentos
de desilusão. Todavia, extremamente gratificante é quando a busca pelo verdadeiro, do real, é concluída
através de fundamentos técnicos e científicos. Dessa forma, cremos, sem dúvidas, que ela é a mais fiel
cópia da verdade (FALAT, 2013).

6
https://oswaldocruz.br/revista_academica/content/pdf/Edicao_14_DOMINGUES_Ana_Carolina_Alves_-_TELLES_Virginia_Lucia_Camargo_Nardy.pdf

12
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A documetoscopia tem feito da escrita, um meio de prova para o mundo jurídico, procurando determinar
a autenticidade do documento, quem foi o seu autor e os meios empregados (MENDES, 2010).

Esse artigo tem o propósito de abordar conceitos e elementos do grafismo, de forma a assegurar que
a utilização correta desse conhecimento técnico, revelará se a peça questionada é autêntica ou falsa
(MONTEIRO, 2008).

Adiante serão discorridos os procedimentos indevidos realizados na fraude documental, tal abordagem
irá auxiliar aqueles que comprometidos com a ética e a moral, se propõe a exercer a função de perito
grafotécnico. Falat (2013) fez questão de citar as palavras de Abraham Lincoln: “Aquele que compreender
que não poderá ser um perito honesto, seja honesto, não seja perito”.

Grafoscopia
Grafoscopia é a parte da documentoscopia que estuda as escritas com a finalidade de verificar se são
autênticas ou não e determinar a autoria quando desconhecida. Essa especialidade possui diversas
denominações: grafoscopia, grafística, grafotécnica, grafotecnia e perícia gráfica (MENDES, 2010).

“A palavra grafoscopia é originária do grego (graf(o) + scop + ia) que se refere ao exame minucioso da
grafia, ou seja, a análise que objetiva o reconhecimento de uma grafia, utilizando-se, para isso, das
técnicas comparativas dos aspectos da letra” (FALAT, 2013).

A Grafoscopia tem sido conceituada como a disciplina de espírito policial que visa esclarecer questões
criminais, mas no entender de Gomide (2000) a sua aplicação é mais ampla, abrangendo outras áreas,
tais como o Direito, as Artes, a História, a Medicina, a Administração de Empresas e a Informática.
Analisando todas essas utilizações é possível constatar que o objetivo da disciplina é averiguar
determinadas características da escrita que compõe um documento.

“Ordinariamente, os exames visam solucionar questões especificas, como por exemplo, a


determinação do autor ou autores do documento (Quem?), a data de sua elaboração (Quando?), o local
e a forma de sua preparação (Onde? Como?) e o real significado do seu conteúdo (Por quê?), ou seja,
descobrir a origem do documento” (GOMIDE, 2000).

Perícia grafotécnica

“O grafismo é individual e inconfundível. Este é o princípio fundamental, presidindo a todos os trabalhos


grafotécnicos” (DEL PICCHIA, 2005).

Na definição de Mendes (2010) a escrita é um gesto gráfico psicossomático, que inclui elementos que
individualizam o punho escritor, pois é a expressão muscular do centro nervoso do cérebro.

A principal base do exame grafotécnico é a qualidade do traçado e os elementos objetivos da escrita,


que foram divididos em: de ordem geral e natureza genética (TELLES, 2010).

Qualidade do traçado
O traçado é um conjunto de traços que formam uma escrita, sendo resultante de duas forças, vertical
e lateral. A força vertical é a pressão do instrumento escrevente, e a força lateral é a velocidade do
movimento no suporte. Portanto o traçado é o registro do movimento que forma um lançamento gráfico,
ele não pode ser medido, mas é avaliado de acordo com o seu aspecto, se o mesmo é espontâneo ou
artificial. Um traçado espontâneo é lançado naturalmente, é escorreito e pode apresentar espessura
variável, pois o traçado não possui a mesma espessura ao longo do desenvolvimento, ele varia em traços
finos e grossos. Já o traçado artificial, apresenta trêmulos, morosidade, paradas anormais do instrumento
escrevente, indecisão (D’ÁLMEIDA, 2015).

13
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Figura 1 Assinatura lançada com espontaneidade. Fonte: FALAT (2013)

Figura 2 Assinatura com alterações na espontaneidade, conforme apontadas. Fonte: FALLAT (2013)

Elementos de ordem geral


Nos elementos de ordem geral do grafismo temos os subjetivos e objetivos. Os elementos subjetivos
são aqueles no qual não é possível demonstra-los concretamente, embora eles sejam sentidos pelo
examinador. Os elementos mais apontados pelos especialistas são: ritmo da escrita, velocidade,
habilidade do punho e dinamismo gráfico (MENDES, 2010).
Os elementos objetivos do grafismo, ao contrário dos subjetivos, podem ser medidos, analisados e
ilustrados. São elementos objetivos: calibre, inclinação axial, espaçamentos gráficos, andamento gráfico,
alinhamentos gráficos, valores angulares e curvilíneos. Segundo Mendes (2010), os elementos objetivos
não são identificadores, embora possa revelar hábitos inconscientes do escritor, que o falsário não
reproduz nas falsificações.

14
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Figura 3 Elementos de ordem geral objetivos do grafismo. Fonte: MENDES (2010)

Elementos de natureza genética


De acordo com D’Almeida (2015) os elementos de natureza genética são de elevada importância para
à análise da escrita, pois eles que estabelecem a conclusão da perícia, seja de uma autenticidade ou
falsidade gráfica. Esses elementos são formados por aspectos dinâmicos da escrita, e responsáveis pela
forma durante a construção do traço, registrando elementos específicos de cada punho escritor. Cada
punho tem as suas características gráficas produzidas por impulsos cerebrais. Esses elementos são
representados por ataques, remates, ligações, traços e maneirismos gráficos.
Ao periciar a grafia, o perito deve, principalmente, atentar-se à formação dos pontos de ataques e
remates dos traços, aos efeitos dos traços ornamentais, às construções das letras maiúsculas e
minúsculas, às construções das letras que possuem formato em lançadas (como: “l”, “g”) ou em hastes
(como: “h”, “t”), às ligações entre as letras, aos movimentos curvos ou de vai e vem reto, provocando
acúmulo de tinta, e aos maneirismos, como, a forma de pingar a letra “i”, as alturas e posições das letras,
os traços e pontos, a presenças de pontos finais, a angulação dos traços, entre outros (D’ÁLMEIDA,
2015).

Peças padrão e questionada


De acordo com Monteiro (2008) a peça padrão consiste em assinaturas autênticas em documentos
que indicam credibilidade, por exemplo, cédulas de identidade, para que o examinador possa utilizá-la
como base de comparação. É recomendado dispor do maior número possível de padrões, sendo
necessário no mínimo três padrões, para identificar elementos da grafia que se repetem ou não na peça
questionada.

Gomide (2000) ressalta os requisitos são importantes nos padrões de confronto. A autenticidade,
requisito essencial para o exame, a adequabilidade, como a qualidade do papel e a utilização do mesmo
instrumento escrevente, a contemporaneidade, procurando não exceder o prazo de dois anos da peça
questionada, e a quantidade, quanto maior o número de padrões melhor para a perícia.

Quanto à peça questionada, trata-se do grafismo colocado sob suspeita, que deverá ser periciado,
para determinar sua autenticidade ou não (MONTEIRO, 2008).

15
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Fraude documental
No entender do professor Gomide (2000) as fraudes documentais em escritas ocorrem indevidamente,
durante ou após a escrita, e são classificadas de acordo com o procedimento utilizado pelo falsário.
Revisaremos os processos de falsificações em escritas, evidenciando as suas principais características.

Falsificação sem imitação


Segundo Falat (2003) a falsificação sem imitação ocorre nos casos em que a vítima perde ou tem o
seu talão de cheques furtado. Dessa forma o falsário só possui o nome da vítima contido no documento,
sem um padrão de assinatura para se basear. Desconhecendo os padrões gráficos da vítima, o falsário
escreve o nome do proprietário do documento com o seu próprio grafismo. Esse tipo de falsificação é
facilmente identificado. Com uma simples visualização será possível observar que a peça questionada
possui gênese conflitante com a da vítima.

Figura 4 Imagens de trechos da peça com falsificação sem imitação e da peça padrão. Fonte: D'ALMEIDA (2015)

Falsificação de memória
Na percepção de Mendes (2010) a falsificação de memória é aquela em que o falsário memoriza
determinada escrita ou assinatura autêntica de sua vítima, procurando reproduzi-la sem os padrões
gráficos no momento da falsificação. No entanto a memória só guardará os aspectos gerais do grafismo,
gestos mais aparentes, como as letras iniciais e traços ornamentais que arrematam as assinaturas, mas
não o conjunto todo.
A comparação da falsificação com os padrões revela uma divergência nas características genéticas
da escrita. É necessária uma análise mais cuidadosa no confronto da peça para evidenciar uma mistura
de grafias razoavelmente bem imitada com outras totalmente diferentes da escrita da vítima (MENDES,
2010).

Figura 5 Imagens de padrão de confronto e peça de exame com falsificação de memória. Fonte: GOMIDE (2000)

Imitação servil
Aos ensinamentos de Falat (2003) a imitação servil é a falsificação com o modelo à vista, realizada por
cópia de um padrão disponível. Durante a cópia o falsário é sujeito a pausar sua escrita para olhar o
modelo novamente, o que resulta em paradas no traçado.
A análise deste tipo de fraude pode se tornar dificultosa, quando o falsário esforçar-se a melhorar o
lançamento por meios de retoques. Todavia, um perito grafotécnico, dispondo de seus conhecimentos,
identificará os antagonismos gráficos. Por mais que a peça questionada apresente uma semelhança
formal, será evidente na escrita o traçado moroso, a gênese conflitante e as paradas do traço.

16
1690547 E-book gerado especialmente para BRUNO LIMA BEZERRA
Figura 6 Imagens de padrão e peça de exame com falsificação de imitação servil. Fonte: GOMIDE (2000)

Falsificações exercitadas
No entender de Silva (2013) as falsificações exercitadas também são realizadas com o modelo à vista.
Contudo a falsificação só ocorrerá depois de treinar exaustivamente, até que seja possível reproduzi-lo
automaticamente, sem o modelo. O resultado final é uma escrita com aspecto formal compatível com o
modelo, sem apresentar traçado moroso e pressão excessiva da caneta.
Embora essa técnica produza uma escrita com características do modelo, ao realizar uma perícia
grafoscópica será notada uma discrepância nos elementos genéticos. Pois a diferença em relação à
escrita modelo será mais frequentes em características pouco perceptíveis ao falsificador.

Decalques
As falsificações por decalque, na percepção de Silva (2013), são bem características, e podem ser
feitas de modo direto ou indireto. Essas imitações são semelhantes às falsificações servis, onde nota-se
grande semelhança formal com o modelo, porém apresenta divergências nos elementos de natureza
genética.
“No decalque direto, a fraude é realizada por transparência diretamente no papel, sem qualquer esboço
prévio. No decalque indireto, a fraude é realizada indiretamente, através de debuxo feito à ponta seca por
carbono (ex.: papel-carbono), transferindo o traçado da assinatura ao documento para depois recobrir o
debuxo com o instrumento escrevente” (D’ÁLMEIDA, 2015).
Ao analisar uma falsificação por decalque, Silva (2013) ressalta que a grande semelhança formal com
o modelo, não esconde o traçado lento, os trêmulos, a parada do instrumento escrevente e a gênese
conflitante. O atrativo desse método para os falsários, é que uma vez provada a falsificação, não é
possível determinar a autoria.

Figura 7 Imagens de padrão de confronto e peça de exame com falsificação por decalque. Fonte: GOMIDE (2000)

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Falsificação por recorte
A falsificação por recorte consiste na montagem de um texto com letras retiradas de um manuscrito
autêntico. Após a montagem dessas letras é realizado o processo de decalque direto, criando o
documento definitivo. Ao analisar um documento que sofreu falsificação por recorte, um perito
grafotécnico irá notar a presença de trêmulos, indecisões, paradas anormais, retoques, desigualdade do
calibre das letras, modificação da inclinação axial, e características da falsificação por decalque, devido
à justaposição dos recortes em outra folha de papel (MENDES, 2010).

Falsificação ideológica
Esse tipo de falsificação raramente é realizado, no entender de Gomide (2000), trata-se de uma fraude
refinada onde o falsário aproveita da ingenuidade da vítima. Fraudes desse tipo costumam ocorrer em
cheques assinados em branco, ou em um papel que já contenha uma assinatura.

“A Grafoscopia pode auxiliar na apuração desse tipo de fraude através dos exames do comportamento
do texto (reflexos de evitamento), anacronismos e prioridades de lançamentos (cruzamentos de traços).
Porém, nem sempre tais exames permitem o desvendar esse tipo de fraude, que na realidade não é uma
fraude documental, mas uma fraude intelectual” (GOMIDE, 2000).

Assinatura à mão guiada


Diferente dos outros tipos de fraude, a assinatura à mão guiada, pode ou não ser realizada de má-fé.
Mendes (2010) explica que essa fraude pode ocorrer quando um indivíduo se encontra paralítico e ao seu
pedido, terceiros guiam sua mão para escrever. O resultado é uma escrita com características da mão-
guia, apresentando um lançamento arrastado, com indecisões e trêmulos. Outro caso é o de um indivíduo
impossibilitado de escrever, que ao pedir ajuda de terceiros, apresentará um traçado com evidentes
conflitos do gesto gráfico da mão-guia com a mão guiada. Por fim, se um terceiro guia a mão de um
indivíduo contra a sua vontade, temos um traçado descontrolado, deformado devido à luta de dois punhos
escreventes. Independente da forma como a assinatura à mão guiada ocorrer, ela sempre será
considerada uma falsificação.

As autenticidades
O nobre escritor Mendes (2010) explica que é um erro acreditar que a fraude documental só ocorre
por meio de falsificações e alterações, e faz menção aos quatro tipos de fraudes de autenticidade,
realizadas com documentos que apresentam assinaturas legítimas. Essas fraudes são: autofalsificação,
simulação de falso, transplante da escrita e negativa de autenticidade.

Autofalsificação
“A autofalsificação consiste na introdução de disfarces no lançamento da própria assinatura” (GOMIDE,
2000).

Segundo Mendes (2010) o falsário lança a sua assinatura com algumas modificações, reduzindo a
velocidade do lançamento, alterando o calibre das letras, deformando alguns caracteres, mudando a
direção da inclinação axial e introduzindo trêmulos, para no futuro acusar essa assinatura de falsa. Os
elementos formais citados podem sofrer algumas alterações, mas ao analisar a assinatura o perito irá
constatar a semelhança nos elementos de natureza genética, concluindo tratar-se de uma assinatura
autêntica.

Simulação de falso
Monteiro (2008) explica que a simulação de falso, diferente da autofalsificação, ocorre quando o
falsário lança a sua assinatura para depois acrescentar vícios, como, emendas, tremores, retoques, e
assim, no futuro, questionar a autenticidade do documento. Dessa forma, ao analisar essa assinatura fica
evidente a semelhança das características gráficas produzidas por impulsos cerebrais, ou seja, os
elementos de natureza genética.
Uma assinatura pode ser retocada sem a intenção da simulação de falso, mas nesse caso, ao corrigir
uma falha o escritor faria de forma aparente. Um falsário procura fazer retoques cuidadosamente, de
forma que não sejam percebidos. É o examinador que deverá decidir se os retoques possuem
características de fraudes (MENDES, 2010).

Transplante de escrita

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De acordo com Mendes (2010) o transplante de escrita consiste em descolar o selo de um documento
com o trecho de uma assinatura autêntica para reaproveita-lo em outro documento com o texto que lhe é
de interesse, acrescentando apenas o início e final da assinatura. O resultado da perícia irá apresentar
uma assinatura verdadeira no corpo do selo, mas também comprovará o transplante realizado pelo
falsário, uma vez que, os traços acrescentado no início e final não mostram solução de continuidade com
a assinatura do selo. Será possível analisar a diferença de tinta do instrumento escrevente nos traços
acrescidos, devido à diferença de fluorescência apresentada em um exame sob os efeitos dos raios
violetas. O selo deverá ser destacado cuidadosamente para o estudo do seu dorso, que pode revelar o
uso de uma cola diferente, ou pequenos retalhos do documento primitivo que pode ficar aderido.

Negativa de autenticidade
Ainda com os ensinamentos de Mendes (2010), a negativa de autenticidade ocorre quando, o escritor
assina um documento e depois alega falsidade para fugir da responsabilidade. Ao examinar a assinatura
será encontrada total semelhança nos elementos formais e nos elementos de natureza genética. No
entanto pode ocorrer que o escritor negue a autenticidade do documento como vítima da modalidade de
falsificação ideológica, já abordada anteriormente.

A perícia grafotécnica tem como base da análise, a coincidência dos elementos genéticos da escrita,
os elementos de ordem formal são analisados apenas para reforçar a conclusão (MENDES, 2010).
As falsificações podem ser realizadas de diferentes formas, por falsificação sem imitação, quando o
falsário lança o nome da vítima sem se preocupar em reproduzir uma assinatura parecida com a autêntica,
ou por falsificação de memória, quando o falsário guarda na memória a assinatura da vítima para depois
reproduzi-la, ou por falsificação servil, quando o falsário reproduz uma assinatura com um modelo à vista,
ou por falsificação por decalque, quando a assinatura é reproduzida vista por transparência ou por
debuxo, ou por falsificação exercitada, quando o falsário treina a cópia da assinatura da vítima para depois
reproduzi-la sem a necessidade do modelo à vista (D’ÁLMEIDA, 2015).
A falsificação por recorte é a montagem de texto com recortes de letras da vítima. Por fim, a assinatura
à mão guiada pode ou não ser realizada de má-fé nos casos em que a mão está inerte, ou quando a mão
é ajustada, ou forçada (MENDES, 2010).
É importante ressaltar que são consideradas autênticas as assinaturas no caso de negativa de
autenticidade, em que a pessoa nega a própria assinatura, ou na falsificação ideológica, onde assinaturas
autênticas são lançadas em documentos “em branco”, ou no caso de autofalsificação, quando a pessoa
lança a sua assinatura com disfarce, ou quando ocorre a simulação de falso, onde a pessoa modifica a
própria assinatura por meio de retoques, ou no caso de transplante de escrita, quando é reaproveitada
parte da assinatura autêntica em que o falsário acrescenta trechos iniciais e finais (D’ÁLMEIDA, 2015).
Revisando os vários métodos de fraude documental, fica claro que é impossível ocorrer à falsificação
perfeita, uma vez que, a escrita é um gesto psicossomático individual de cada punho. O falsário, já possui
o seu gesto gráfico e ao tentar reproduzir uma assinatura de outrem, estará criando um choque entre
esforço consciente, reproduzindo as formas do modelo, e o subconsciente, a movimentação do próprio
punho. E nessa luta, ainda que não fique evidente para ele, é o subconsciente que irá prevalecer ao longo
prazo (MENDES, 2010).

Norma de perícias grafoscópicas e digitais7

I - PERÍCIAS GRAFOSCÓPICAS
I.1 - DEFINIÇÕES E TERMINOLOGIAS:

Para efeito desta Norma, aplicam-se as seguintes definições e terminologias:


I.1.1 - Grafoscopia: é a disciplina que tem o objetivo de determinar a origem e características do
Documento Gráfico, do Registro Gráfico e Registro Digital.
I.1.2 - Documento Gráfico: é o suporte que contém um registro gráfico, gerado por um instrumento
escrevente.
I.1.3 - Suporte: é o local físico de um registro gráfico (paredes rochosas, tabletes de barro, tecidos,
papiros, pergaminhos, papel, telas etc.).

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https://www.ibape-sp.org.br/adm/upload/uploads/1608314202-Norma%20de%20Pericias%20Grafoscopicas%20e%20Digitais.pdf

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I.1.4 - Registro gráfico: transmite uma ideia, pensamento, conhecimento, entendimento,
especificidades locais, costumes temporais e caraterísticas do punho periciado, utilizando-se de símbolos
ou caracteres expressos por meio de um instrumento escrevente em um suporte.
I.1.5 - Registro Digital: Imagem obtida artificialmente de um Registro Gráfico.
I.1.6 - A Grafoscopia também possui outras denominações, tais como: Grafística, Grafotécnica,
Grafocrítica, Grafotecnia, Perícia Gráfica, perícia Caligráfica, Perícia Grafotécnica, Documentologia,
Documentoscopia e Grafodocumentoscopia.
I.1.7 - Perícia Grafoscópica: exame especializado e técnico que objetiva determinar de forma
conclusiva a origem e características do Documento e do Registro Gráfico.

I.2 - CLASSIFICAÇÃO DAS PERÍCIAS GRAFOSCÓPICAS QUANTO À SUA NATUREZA


I.2.1 - Documentos gráficos em geral, destacando-se os seguintes:
a) Suportes com registros gráficos manuscritos (diretos);
b) Suportes com registros gráficos impressos (indiretos);
c) Suportes com registros gráficos manuscritos e impressos (mistos).

I.2.2 - Tipos de Grafismos:


a) Assinaturas;
b) Rubricas;
c) Textos cursivos;
d) Escritos em letras de forma;
e) Pictogramas;
f) Criptogramas;
g) Digitalizados;
h) Certificados;
i) Biométricos;
j) Outros.

I.3 – CRITÉRIO E METODOLOGIA:


I.3.1 - Critério:
O critério utilizado para elaboração de laudos de grafoscopia baseia-se na análise comparativa do
documento questionado em relação ao padrão técnico devidamente selecionado e deve-se periciar os
seguintes aspectos:
- Morfológicos;
- Grafométricos;
- Grafocinéticos;
- Grafogeométricos;
- Outros.

A análise comparativa, ainda consiste em exames individuais e conjuntos, de todos os documentos


periciados, para a apuração das convergências e divergências gráficas, que, devidamente interpretadas,
fornecem os dados técnicos sobre a origem documental.

Assim, os critérios se dividem em dois grupos característicos que:


a) Permitem medições, tais como: inclinação axial, calibre, trajetória, espaçamentos e alinhamentos
gráficos, ângulos, proporções etc.
b) Envolvem observações sobre habilidade do punho, qualidade do traçado, velocidade de execução,
ritmo, cadência, espontaneidade etc.

I.3.2 - Metodologia:
A metodologia a ser empregada consiste no desenvolvimento dos seguintes itens:
- Minuciosos exames do documento questionado;
- Minuciosos exames dos padrões de confronto;
- Cotejos entre documento questionado e respectivos paradigmas;
- Utilização de aparelhamento e softwares especializados;
- Determinação das convergências e divergências;
- Coordenação dos dados técnicos apurados;
- Preparação das ilustrações;
- Elaboração do laudo, considerando os tópicos essenciais.

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1690547 E-book gerado especialmente para BRUNO LIMA BEZERRA
Consoante o desenvolvimento dos itens abordados acima, a perícia Grafoscópica deverá ser planejada
conforme o tipo de documento questionado e considerando os parâmetros do objetivo pericial.

I.4 – EXAMES DO DOCUMENTO QUESTIONADO:


Deve-se analisar os particulares técnicos do documento questionado, recomendando-se, verificar os
seguintes itens:

I.4.1 – Especificações
– Suportes;
– Registros gráficos;
– Tintas;
– Instrumentos escreventes;

I.4.2 – Condições Físicas com verificação da existência de:


– Marcas, Manchas e Sujidades;
– Alterações (acréscimos, rasuras, lavagens químicas e recortes);
– Dobras;
– Amassamentos;
– Colagens;
– Queimaduras;
– Borrões;
– Recobrimentos;
– Enrugamentos;
– Perturbações.

I.4.3 – Idiografismos
Devem ser efetuados os levantamentos, com anotações e interpretações, dos elementos técnicos,
mínimos gráficos e demais aspectos que possibilitem determinar o máximo de características originais e
particulares dos registros gráficos de idiografismos do documento.

I.4.4 – Observação
Para realização de Perícias grafoscópicas de assinaturas manuscritas em documentos
digitalizados/xerocopiados, as imagens capturadas e reproduzidas passam a ser compostas de “pixels”
em tela ou suporte e não mais tinta contínua sobre o suporte. Assim, pode passar a existir redução de
nitidez principalmente em digitalizações de cópias. Em casos onde a nitidez não está prejudicada de
forma definitiva e que apresenta possibilidade de verificação de elementos técnicos, existem condições
de apontamento de falsidade da assinatura.

Com a digitalização, torna-se impossível a verificação de vestígios de eventuais alterações existentes


nos originais ou de montagens fraudulentas. Portanto em documentos apresentados em cópias (não
originais), é viável a análise da imagem assinatura, todavia sem se legitimar o documento.

I.5. EXAMES DOS PARADIGMAS


Recomendam-se minuciosas análises dos paradigmas, visando determinar os requisitos essenciais,
consignados pela autenticidade, quantidade, contemporaneidade e adequabilidade, bem como proceder
à devida avaliação técnica para a aceitação, ou não, do material comparativo.
Os exames das particularidades técnicas dos padrões são os mesmos das peças de exame.

I.5. COLETA DE PADRÕES GRAFOSCÓPICOS


É de competência do perito determinar a quantidade de repetições de execução da assinatura, rubrica,
escritas e outros além de diligências necessárias para a resolução da controvérsia, devidamente
consubstanciada.
O local da coleta de padrões grafoscópicos é determinado pelo perito, excetuando-se situações em
que há expressa determinação distinta do Juízo, no caso de perícias judiciais.
Quando houver Assistente Técnico, Patronos ou Tutor, estes devem apresentar toda documentação
solicitada pelo perito e auxiliá-lo sempre para a resolução da controvérsia, ficando a critério destes o
acompanhamento das diligências do perito.
No caso de pessoas falecidas e/ou incapazes, a coleta de material gráfico fica prejudicada e, portanto,
é de responsabilidade de seus inventariantes, herdeiros, representantes, advogados ou quem de direito,

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apresentar material necessário para a realização da perícia. O material referenciado trata-se de
documentos originais que constem a assinatura e/ou escrita do periciado.
O perito deve acompanhar todo o processo e garantir que as peças são provenientes de origens
autênticas e fidedignas (origem certa).
Recomenda-se, ainda, ao perito:
a) Agendamento da sessão de coleta, com tempo mínimo conforme os artigos dispostos no CPC,
observadas as questões regionais;
b) Preparação prévia para coletar as peças;
c) Seguir normas e condutas disciplinares;
d) Determinar sobre a produção de vídeos e fotos no local;
e) Observar os suportes e instrumentos para testes;
f) Que adeque a coleta para que, desde que conhecidas, serem produzidas em condições semelhantes
da(s) peça(s) questionada(s);
g) Que se atente ao interstício entre paradigma e padrões, correlacionando-o à possível perda de
habilidades do periciando.

I.6. CONFRONTAÇÕES GRAFOSCÓPICAS


Os exames comparativos dos grafismos devem abranger os elementos de ordem genéricas e
genéticas da escrita, que são os seguintes:

GENÉRICOS:
Calibre, espaçamento gráfico, comportamento de pauta e de base, proporcionalidade, valores
angulares e curvilíneos, inclinação axial.

GENÉTICOS:
Quanto à dinâmica: pressão e progressão.
Quanto à trajetória: momentos gráficos, andamento gráfico, ataque, remate, desenvolvimento,
mínimos gráficos e idiografismos.
As convergências e divergências devem ser devidamente anotadas e interpretadas, sendo
recomendado utilizar todas as ferramentas, inclusive recursos computacionais, para tais anotações.

I.8. APARELHAMENTO GRAFOSCÓPICO


A utilização e seleção do aparelhamento necessário aos exames dependem do objetivo da perícia,
recomendando-se fazer essa análise com base no seguinte rol:
- Ópticos:
lupas manuais e de mesa, microscópios binoculares, Lentes “macro” para equipamentos eletrônicos e
documentoscópio etc.

- Iluminação: Negatoscópio, luminária ultravioleta, luminária fluorescente, luminária incandescente com


foco regulável, luminária dicroica etc.
- Medição: manual, gabaritos quadriculados, gabaritos verticais milimetrados, réguas e esquadros
milimetrados, transferidor etc.
- Laboratorial: balança analítica, micrômetro, espectrômetros, Aparelhos de Schopper, Sheffield,
Gurley, Mullen, Elmendorf, Kohler-Molin, Hunter, espectrômetros e demais aparelhos que possam
contribuir para a excelência do trabalho.
- Recursos computacionais: softwares computacionais de imagem.

I.9 DETERMINAÇÃO DAS CONVERGÊNCIAS E DIVERGÊNCIAS GRÁFICAS


É recomendável adotar as seguintes medidas durante a realização da análise:
a) estabelecer um roteiro prévio com a sequência dos procedimentos;
b) realizar todos os tipos de exames;
c) anotar por escrito todos os resultados apurados;
d) interromper periodicamente os exames oculares para descansar a vista e anotar resultados parciais;
e) executar ampliações das imagens das particularidades mais expressivas para confirmar os exames
oculares;
f) refazer os exames após a coordenação das conclusões, para confirmar os resultados.

As determinações das convergências e divergências grafoscópicas possibilitam ao perito estabelecer


a origem do documento, sabendo-se que essas conclusões podem advir de dois processos:

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1º) Constatação dos elementos materiais dos suportes e registros gráficos da peça pericianda, sendo
aplicado estudos com ênfase nas conclusões dos exames das especificações e condições físicas.
2º) Interpretação dos elementos técnicos genéricos e genéticos nos documentos confrontados,
obtendo-se as conclusões necessárias relativas à imagem caligráfica.
As conclusões do processo de constatação são obtidas diretamente dos resultados dos exames,
enquanto aquelas do processo de interpretação decorrem da análise crítica dos cotejos, sendo
desenvolvida com o uso de raciocínios lógicos, que devem ser devidamente fundamentados.

I.10. ILUSTRAÇÕES GRAFOSCÓPICAS


As divergências e convergências grafoscópicas devem ser devidamente ilustradas e explicitadas com
devidos assinalamentos.
Desenhos, croquis, fotografias, bem como cópias e outras formas de ilustração são necessárias.

I.11. TÓPICOS ESSENCIAIS DO LAUDO


– Identificação dos interessados, partes ou demandantes;
– Descrição Técnica do Documento Questionado;
– Objetivo e finalidade do trabalho;
– Escopo Pericial;
– Data e local da Diligência/Coleta, quando houver;
– Descrição dos Paradigmas;
– Descrição da Metodologia dos Trabalhos;
– Relatório com as ilustrações;
– Fundamentação;
– Conclusão;
– Respostas aos quesitos (quando houver);
– Encerramento.

II -PERÍCIAS DIGITAIS
II.1. CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
As falsidades e fraudes em documentos não se restringem aos ditos “físicos”, pois com o advento e
popularização da tecnologia da informação, surgiu e se tornaram crescentes as alterações cometidas nos
meios digitais, demandando do Perito, o conhecimento destas novas tecnologias.
Assim, a Perícia Digital tem como objetivo a busca e análise de Vestígios Digitais, muitas vezes
também chamados de evidências, que são informações de valor probatório armazenadas ou que foram
transmitidas por meio virtual, podendo ser: planilhas eletrônicas, documentos de processadores de texto,
mensagens eletrônicas, fotos, vídeos, desenhos, arquivos gerais de sistema operacional de
computadores e tantos outros, que podem ser encontrados em:
a) Mídias de armazenamento computacional tais como: discos rígidos (HD’s e SSD’s), pendrives,
cartões de memória etc. contidos ou não em dispositivos computacionais;
b) Dispositivos computacionais portáteis e de Telefonia Móvel, tais como: tablets e smartphones;
c) Local de informática, onde estão instalados dispositivos computacionais.
d) Documentos e arquivos digitais
Destarte, as diretrizes deste item da Norma têm como objetivo precípuo garantir a integridade dos
vestígios digitais a serem coletados e interpretados pelo Perito.

II.2. DEFINIÇÕES E TERMINOLOGIAS


II.2.1 Análise “Live”: análise realizada diretamente em dispositivos computacionais com seu sistema
operacional em funcionamento (ligado).
II.2.2 Análise “Post-mortem”: análise realizada na cópia do material duplicado.
II.2.3 Arquivos de “Logs”: arquivos que registram eventos relevantes em um sistema operacional ou
programa de computador.
II.2.4 Artefatos Digitais: vestígios deixados a partir de alguma ação direta ou indireta em um sistema
operacional ou programa de computador e podem ser: arquivos de logs, arquivos de imagem, arquivos
de planilha eletrônica, entre outros.
II.2.5 Cadeia de Custódia: conjunto de procedimentos usados para manter e documentar a história
cronológica de um dado vestígio para rastrear sua posse e manuseio, desde sua identificação e coleta,
até o seu descarte ou devolução.

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II.2.6 Cálculo de “Hash”: autenticador unidirecional que utiliza uma função matemática, cujo resultado
é um dado valor fixo gerado por uma variável de entrada de tamanho arbitrária. É usado para verificar se
um ou mais arquivos de computador são iguais.
II.2.7 Cópia “bit-a-bit”: cópia (duplicação) exata de uma mídia de armazenamento computacional
(imagem forense).
II.2.8 Dispositivos Computacionais: qualquer elemento eletrônico que possua um microprocessador ou
micro controlador e memória volátil e não volátil. São os computadores, servidores e quando portáteis
tablets, celulares, laptops / notebooks, smartwatches, smartphones entre outros.
II.2.9 Ferramentas Computacionais Forenses: programas de computador (softwares) destinados a
buscar, copiar, coletar e analisar informações de dispositivos informáticos, com o objetivo de auxiliar o
Perito a interpretar vestígios digitais.
II.2.10 HD: do inglês “hard disk”. Componente interno dos dispositivos computacionais que armazena
seus dados mesmo quando desligado, sendo tradicionalmente, discos magnéticos.
II.2.11 Nuvem: refere-se a datacenter (conjunto de dispositivos informáticos de grande porte) que
armazenam os dados de seus usuários.
II.2.12 SSD: do inglês Solid State Drive. Mídia de armazenamento computacional mais recente que
armazena seus dados em “chips” de memória ao invés dos antigos HD’s que utilizavam discos
magnéticos.
II.2.13 Perícia Digital: Trata-se de busca e análise de vestígios digitais encontrados em mídias de
armazenamento computacional.
II.2.14 : Vestígios ou evidências digitais: informações de valor probatório armazenadas ou que foram
transmitidas por meio digital, podendo ser planilhas eletrônicas, documentos de processadores de texto,
mensagens eletrônicas, fotos, vídeos, desenhos, arquivos gerais de sistema operacional de
computadores entre tantos outros.

II.3. PROCEDIMENTOS
II.3.1. Coleta e Armazenamento
A coleta tem como objetivo garantir que os vestígios digitais, objetos de estudo, sejam obtidos pelo
Perito de maneira a preservar o seu valor probatório.
Assim, deve-se buscar, antecipadamente, a maior quantidade possível de informações sobre os itens
periciados, como: descrição técnica detalhada, quantidade de dispositivos no local de informática,
tamanho das mídias de armazenamento computacional, sistema operacional, fabricante etc. para definir
a melhor estratégia para a coleta.
No momento da diligência, no local de informática, o Perito deve coletar todos os elementos possíveis
para obter os Vestígios Digitais, verificando, ainda, se há informações na “Nuvem” que possam ser
relevantes, sempre se atentando e utilizando de todas as medidas legais cabíveis.
Vestígios digitais são, por sua natureza, voláteis, portanto, deve-se verificar todos os dispositivos
computacionais. Para equipamentos encontrados ligados avalia-se a necessidade de empregar técnicas
de análise Live (“a quente”) ou se tal aparelho pode ser desligado. Para aqueles encontrados inativos,
recomenda-se a análise post-mortem.
Após a aquisição, realiza-se, então, a identificação de cada item coletado e o acondicionamento em
embalagens que garantam a integridade da cadeia de custódia.
Nesta fase, é realizada a duplicação lógica das informações coletadas, contidas nas mídias de
armazenamento computacional, garantindo-se que os dados originais não são modificados, utilizando
ferramentas forenses que “leem” as mídias originais sem alterá-las e realizam a cópia fiel (bit-a-bit) que
será usada na Extração (imagem forense). Recomenda-se a utilização de um processo de verificação
comparando os dados da mídia original com a sua cópia, garantindo assim, que são idênticas. Também,
deve-se manter a integridade física e lógica de todos os itens coletados.

II.3.2. Extração
O Perito deverá utilizar ferramentas computacionais adequadas para extrair os dados contidos na
Duplicação do Material Lógico Coletado, que realizam a organização dos artefatos digitais e facilitam a
visualização e análise das informações com o objetivo de colher os vestígios digitais desejados.

II.4. TÓPICOS ESSENCIAIS DO LAUDO


- Preâmbulo: Trecho preliminar onde são qualificadas as informações sobre o caso;
- Objetivo e finalidade da Perícia;

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- Descrição do Material Obtido e Analisado: Detalhamento dos materiais colhidos em diligência,
especificando as características que os tornam únicos: descrição técnica, número de série, tamanho de
armazenamento, fabricante etc.
- Considerações técnico-periciais: Especificar as técnicas, leis, normas e ferramentas para aduzir o
processo executado na Perícia, a fim de respeitar os princípios científicos de confiabilidade, repetibilidade
e reprodutibilidade;
- Descrição completa da Diligência e constatações;
- Conclusão e constatações finais;
- Respostas aos Quesitos (quando aplicável);
- Encerramento;
- Anexos: Ilustração Gráfica, fotos, mapas entre outros e Anexos Digitais, como artefatos ou vestígios
digitais que o Perito necessite acostar, podendo ser gravados em mídias óticas (CD ou DVD) ou quando
possível em site confiável de compartilhamento de arquivos. Recomenda- se utilizar autenticador
unidirecional para cada arquivo colhido e para todo o conteúdo do Anexo, garantindo a integridade da
informação, sendo que o resultado e o algoritmo de conversão devem ser apontados no item
Encerramento.

Questão

01. (PC/DF - Perito Criminal - Verificação de Aprendizagem) Os padrões utilizados nos exames
grafoscópicos deverão atender aos seguintes requisitos:
(A) autenticidade, adequabilidade, quantidade e contemporaneidade.
(B) legitimidade, conformidade, numerabilidade e desigualdade.
(C) quantidade, contemporaneidade, loquacidade e estanqueidade.
(D) individualidade, profundidade, oportunidade e territorialidade.
(E) materialidade, desigualdade, paternidade e quantidade.

Gabarito

01.A

Comentário

01. Resposta: A
Gomide (2000) ressalta os requisitos são importantes nos padrões de confronto. A autenticidade,
requisito essencial para o exame, a adequabilidade, como a qualidade do papel e a utilização do mesmo
instrumento escrevente, a contemporaneidade, procurando não exceder o prazo de dois anos da peça
questionada, e a quantidade, quanto maior o número de padrões melhor para a perícia.

2.11 Decreto Federal 9.278/18 (Regulamenta a Lei nº 7.116, de 29 de agosto de


1983, que assegura validade nacional às Carteiras de Identidade e regula sua
expedição).

DECRETO Nº 9.278, DE 5 DE FEVEREIRO DE 20188

Regulamenta a Lei nº 7.116, de 29 de agosto de 1983, que assegura validade nacional às Carteiras
de Identidade e regula sua expedição.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA , no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, caput , inciso IV, da
Constituição, e tendo em vista o disposto na Lei nº 7.116, de 29 de agosto de 1983, na Lei nº 9.049, de
18 de maio de 1995, e na Lei nº 13.444, de 11 de maio de 2017,

DECRETA :

8
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Decreto/D9278.htm#art23, acesso em: 16/10/2021.

25
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Âmbito de aplicação

Art. 1º Este Decreto regulamenta a Lei nº 7.116, de 29 de agosto de 1983 , para estabelecer os
procedimentos e os requisitos para a emissão de Carteira de Identidade por órgãos de identificação dos
Estados e do Distrito Federal.

Validade documental

Art. 2º A Carteira de Identidade tem fé pública e validade em todo o território nacional.

Documentos exigidos para emissão

Art. 3º Para a expedição da Carteira de Identidade, será exigido do requerente a apresentação somente
da certidão de nascimento ou de casamento.
§ 1º Na hipótese de o nome do requerente ter sido alterado em consequência de matrimônio, ele
apresentará a certidão de casamento.
§ 2º O brasileiro naturalizado apresentará o ato de naturalização publicado no Diário Oficial da União.
§ 3º O português beneficiado pelo disposto no § 1º do art. 12 da Constituição fará prova da condição
mediante a apresentação do ato de outorga de igualdade de direitos e obrigações civis e de gozo dos
direitos políticos no Brasil publicado no Diário Oficial da União.
§ 4º A expedição de segunda via da Carteira de Identidade será efetuada mediante simples solicitação
do interessado, vedada a formulação de exigências não previstas neste Decreto.

Gratuidade da emissão

Art. 4º É gratuita a primeira emissão da Carteira de Identidade.

Informações essenciais

Art. 5º A Carteira de Identidade conterá:


I - as Armas da República Federativa do Brasil e a inscrição “República Federativa do Brasil”;
II - a identificação da unidade da Federação que a emitiu;
III - a identificação do órgão expedidor;
IV - o número do registro geral no órgão emitente e o local e a data da expedição;
V - o nome, a filiação e o local e a data de nascimento do identificado;
VI - o número único da matrícula de nascimento ou, se não houver, de forma resumida, a comarca, o
cartório, o livro, a folha e o número do registro de nascimento;
VII - fotografia, no formato 3x4cm, a assinatura e a impressão digital do polegar direito do identificado;
VIII - a assinatura do dirigente do órgão expedidor; e
IX - a expressão “Válida em todo o território nacional”.
§ 1º Poderá ser utilizado pelo órgão de identificação como o número do registro geral de que trata o
inciso IV do caput o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas do Ministério da Fazenda -
CPF.
§ 2º A matrícula de que trata o inciso VI do caput seguirá os padrões constantes de provimento do
Conselho Nacional de Justiça.
§ 3º A conferência dos dados de que trata o inciso VI do caput poderá ser realizada pelo órgão de
identificação junto: (Redação dada pelo Decreto nº 9.376, de 2018)
I - à Central Nacional de Informações do Registro Civil - CRC Nacional, por meio de credenciamento,
acordo ou convênio; e (Incluído pelo Decreto nº 9.376, de 2018)
II - ao Sistema Nacional de Informações de Registro Civil - SIRC, independentemente de convênio.
(Incluído pelo Decreto nº 9.376, de 2018)
§ 4º Para os fins do disposto no inciso VII do caput , padrões biométricos seguirão as recomendações
do Comitê Gestor da Identificação Civil Nacional - ICN.

Informações do CPF

Art. 6º Será incorporado, de ofício, à Carteira de Identidade, o número de inscrição no CPF sempre
que o órgão de identificação tiver acesso a documento comprobatório ou à base de dados administrada
pela Secretaria da Receita Federal do Brasil do Ministério da Fazenda.

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1690547 E-book gerado especialmente para BRUNO LIMA BEZERRA
§ 1º A incorporação do número de inscrição no CPF à Carteira de Identidade será precedida de
consulta e validação com a base de dados administrada pela Secretaria da Receita Federal do Brasil do
Ministério da Fazenda.
§ 2º Na hipótese de o requerente da Carteira de Identidade não estar inscrito no CPF, o órgão de
identificação realizará a sua inscrição, caso tenha integração com a base de dados da Secretaria da
Receita Federal do Brasil do Ministério Fazenda.

Verificação do DNI

Art. 7º Na expedição da Carteira de Identidade será realizada a validação biométrica com a Base de
Dados da ICN para aferir a conformidade com o Documento Nacional de Identificação - DNI.
Parágrafo único. O disposto no caput e no inciso I do § 1º do art. 8º está condicionado à existência de
compartilhamento de dados entre o órgão de identificação e o Tribunal Superior Eleitoral.

Informações incluídas a pedido

Art. 8º Será incluído na Carteira de Identidade, mediante requerimento:


I - o número do DNI;
II - o Número de Identificação Social - NIS, o número no Programa de Integração Social - PIS ou o
número no Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público - PASEP;
III - o número do Cartão Nacional de Saúde;
IV - o número do Título de Eleitor;
V - o número do documento de identidade profissional expedido por órgão ou entidade legalmente
autorizado;
VI - o número da Carteira de Trabalho e Previdência Social;
VII - o número da Carteira Nacional de Habilitação;
VIII - o número do Certificado Militar;
IX - o tipo sanguíneo e o fator Rh;
X - as condições específicas de saúde cuja divulgação possa contribuir para preservar a saúde ou
salvar a vida do titular; e
XI - o nome social.
§ 1º A comprovação das informações de que tratam os incisos I a VIII do caput será feita por meio,
respectivamente:
I - da validação biométrica com a base de dados da ICN;
II - dos cartões de inscrição no NIS, no PIS ou no PASEP;
III - do Cartão Nacional de Saúde;
IV - do Título de Eleitor;
V - do documento de identidade profissional expedido por órgão ou entidade legalmente autorizado;
VI - da Carteira de Trabalho e Previdência Social;
VII - da Carteira Nacional de Habilitação;
VIII - do Certificado Militar;
IX - do resultado de exame laboratorial; e
X - do atestado médico ou documento oficial que comprove a vulnerabilidade ou a condição particular
de saúde que se deseje preservar, nos termos do inciso X do caput .
§ 2º Em substituição aos documentos de que tratam os incisos I a VIII do caput , será aceita a
apresentação de documento de identidade válido para todos os fins legais do qual constem as
informações a serem comprovadas.
§ 3º A comprovação pelo interessado das informações de que tratam os incisos II a X do caput será
dispensada na hipótese do órgão de identificação ter acesso às informações por meio de base eletrônica
de dados de órgão ou entidade públicos.
§ 4º O nome social de que trata o inciso XI do caput :
I - será incluído:
a) mediante requerimento escrito do interessado;
b) com a expressão “nome social”;
c) sem prejuízo da menção ao nome do registro civil no verso da Carteira de Identidade; e
d) sem a exigência de documentação comprobatória; e
II - poderá ser excluído por meio de requerimento escrito do interessado.
§ 5º O requerimento de que trata a alínea “a” do inciso I do § 4º será arquivado no órgão de
identificação, juntamente com o histórico de alterações do nome social.

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1690547 E-book gerado especialmente para BRUNO LIMA BEZERRA
Apresentação dos documentos mencionados na Carteira de Identidade

Art. 9º A Carteira de Identidade fará prova de todos os dados nela incluídos e dispensará a
apresentação dos documentos que nela tenham sido mencionados.

Apresentação dos documentos por cópia autenticada

Art. 10. A apresentação dos documentos de que trata o caput e o § 1º do art. 3º poderá ser feita por
meio de cópia autenticada.

Modelo da Carteira de Identidade

Art. 11. A Carteira de Identidade será emitida em cartão ou em papel.


Parágrafo único. É facultada ao órgão de identificação a expedição da Carteira de Identidade em meio
eletrônico, sem prejuízo da expedição em meio físico.

Requisitos da Carteira de Identidade em papel

Art. 12. A Carteira de Identidade em papel será confeccionada nas dimensões 96x65mm em papel
filigranado com fibras invisíveis reagentes à luz ultravioleta, preferencialmente em formulário plano,
impressa em talho doce e offset .

Art. 13. A Carteira de Identidade em papel conterá as seguintes características de segurança:


I - tarja em talho doce que:
a) será impressa em duas tonalidades da cor verde (calcografia em duas cores);
b) conterá a imagem latente com a palavra “Brasil” em ambos os lados;
c) conterá faixa de microletra negativa, contornando internamente a tarja, com a expressão
“CARTEIRA DE IDENTIDADE” grafada em letras maiúsculas;
d) conterá faixa de microletra positiva, contornando externamente a tarja, com a expressão
“CARTEIRA DE IDENTIDADE” grafada em letras maiúsculas; e
e) conterá os seguintes textos incorporados, conforme o disposto no modelo que consta do Anexo ,
grafados em letras maiúsculas:
1. REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL;
2. CARTEIRA DE IDENTIDADE;
3. LEI Nº 7.116, DE 29 DE AGOSTO DE 1983 ; e
4. VÁLIDA EM TODO TERRITÓRIO NACIONAL;
II - no anverso, fundo numismático, impresso em offset , contendo efeito íris e geométrico e as Armas
da República Federativa do Brasil, impressos com tinta invisível reativa à fonte de luz ultravioleta;
III - no verso, fundo numismático com o nome da unidade da Federação e a imagem do seu brasão;
IV - perfuração mecânica da sigla do órgão de identificação sobre a fotografia do titular, quando for o
caso;
V - numeração tipográfica, sequencial, no verso ou em código de barras;
VI - código de barras bidimensional, no padrão QR Code , gerado a partir de algoritmo específico do
órgão de identificação; e
VII - película com a imagem das Armas da República Federativa do Brasil com tinta invisível reativa à
fonte de luz ultravioleta.
Parágrafo único. O código de barras bidimensional de que trata o inciso VI do caput permitirá a consulta
da validade do documento em sistema próprio ou diretamente em sítio eletrônico oficial do órgão
expedidor.

Carteira de Identidade em cartão

Art. 14. A Carteira de Identidade em cartão terá as seguintes características de segurança:


I - substrato polimérico em policarbonato, na dimensão 85,6x54 mm, que conterá microchip de
aproximação;
II - no anverso: (Redação dada pelo Decreto nº 9.577, de 2018)
a) tarja em guilhoche eletrônico contendo microletras com a expressão “CARTEIRA DE IDENTIDADE”
grafada em letras maiúsculas;

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1690547 E-book gerado especialmente para BRUNO LIMA BEZERRA
b) tarja contendo a expressão “REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL” grafada em letras maiúsculas;
c) fundo numismático contendo as Armas da República Federativa do Brasil;
d) imagem fantasma com a fotografia do titular localizada no canto superior direito;
e) fundo com tinta invisível reativa à fonte de luz ultravioleta contendo as Armas da República
República Federativa do Brasil; e
f) fundo numismático com o nome e a imagem do brasão da unidade da Federação; e
II - no verso:
III - no verso: (Redação dada pelo Decreto nº 9.577, de 2018)
a) fundo numismático contendo as Armas da República República Federativa do Brasil;
b) tarja em guilhoche eletrônico contendo microletras com os seguintes textos incorporados, conforme
o disposto no modelo que consta do Anexo , grafados em letras maiúsculas:

1. “CARTEIRA DE IDENTIDADE”;

2. “ LEI Nº 7.116, DE 29 DE AGOSTO DE 1983 ”; e

3. “VÁLIDA EM TODO TERRITÓRIO NACIONAL”;

c) relevo tátil com o Selo da República; (Redação dada pelo Decreto nº 9.577, de 2018)
d) fundo com tinta invisível reativa à fonte de luz ultravioleta, que conterá as Armas da República
Federativa do Brasil; e
e) código de barras, nos termos do disposto no parágrafo único do art. 13.

Carteira de Identidade em meio eletrônico

Art. 15. A Carteira de Identidade em meio eletrônico:


I - atenderá aos requisitos de segurança, integridade, validade jurídica e interoperabilidade, nos termos
das recomendações do Comitê Gestor da ICN; e
II - permitirá a checagem dos dados pelas autoridades públicas com ou sem conexão à internet.

Obrigação dos modelos deste Decreto

Art. 16. Os órgãos de identificação não poderão utilizar padrões de Carteira de Identidade que não
atenda a todos os requisitos estabelecidos neste Decreto.
Parágrafo único. O Comitê Gestor da ICN formulará recomendações complementares ao padrões
estabelecidos neste Decreto.

Aprovação dos modelos de Carteira de Identidade

Art. 17. Os modelos de Carteira de Identidade em papel e em cartão são os constantes do Anexo .
Parágrafo único. Compete ao Comitê Gestor de ICN aprovar o modelo da Carteira de Identidade em
meio eletrônico.

Validade da Carteira de Identidade

Art. 18. A Carteira de Identidade terá validade por prazo indeterminado.

Art. 19. A Carteira de Identidade poderá ter a validade negada pela:


I - alteração dos dados nela contidos, quanto ao ponto específico;
II - existência de danos no meio físico que comprometam a verificação da autenticidade;
III - alteração das características físicas do titular que gere dúvida fundada sobre a identidade; ou
IV - mudança significativa no gesto gráfico da assinatura.
Parágrafo único. Se o titular for pessoa enferma ou idosa, não poderá ser negada a validade de
Carteira de Identidade com fundamento nos incisos III e IV do caput .

Art. 20. O português beneficiado pelo disposto no § 1º do art. 12 da Constituição que perder essa
condição e o brasileiro que perder a nacionalidade, conforme o disposto no § 4º do art. 12 da Constituição
, terão a Carteira de Identidade recolhida pela polícia federal e encaminhada ao órgão de identificação
expedidor para cancelamento.

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1690547 E-book gerado especialmente para BRUNO LIMA BEZERRA
Disposições transitórias

Art. 21. A partir de 1º de março de 2022, os órgãos de identificação estarão obrigados a adotar os
padrões de Carteira de Identidade estabelecidos neste Decreto. (Redação dada pelo Decreto nº
10.636, de 2021)

Art. 22. Permanecem válidas as Carteiras de Identidade expedidas de acordo com os padrões
anteriores a este Decreto.

Revogações

Art. 23. Ficam revogados:

I - o Decreto nº 89.250, de 27 de dezembro de 1983 ;


II - o Decreto nº 89.721, de 30 de maio de 1984 ; e
III - o Decreto nº 2.170, de 4 de março de 1997 .

Vigência

Art. 24. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 5 de fevereiro de 2018; 197º da Independência e 130º da República.

MICHEL TEMER

Questões

01. (PEFOCE - Auxiliar de Perícia - IDECAN/2021) A respeito da carteira de identidade em cartão,


segundo o Decreto 9.278/2018, analise as afirmativas a seguir:
I. Deve trazer no verso relevo tátil com as Armas da República Federativa do Brasil. Il. Deve trazer no
anverso fundo numismático contendo as Armas da República Federativa do Brasil. IIl. Deve trazer no
anverso imagem fantasma com a fotografia do titular localizada no canto superior direito.
Assinale
(A) se apenas as afirmativas I e Il estiverem corretas.
(B) se apenas as afirmativas I e III estiverem corretas.
(C) se apenas as afirmativas Il e III estiverem corretas.
(D) se nenhuma afirmativa estiver correta.
(E) se todas as afirmativas estiverem corretas.

02. (PEFOCE - Auxiliar de Perícia - IDECAN/2021) A respeito da nova Carteira de Identidade,


conforme o Decreto 9.278/2018, assinale a afirmativa INCORRETA.
(A) A partir de 1º. de março de 2022, os órgãos de identificação estarão obrigados a adotar os padrões
de Carteira de Identidade estabelecidos no Decreto.
(B) Permanecem válidas as Carteiras de Identidade expedidas de acordo com os padrões anteriores
ao Decreto.
(C) Se o titular for pessoa enferma ou idosa, não poderá ser negada a validade de Carteira de
Identidade com fundamento na mudança significativa no gesto gráfico da assinatura.
(D) Os órgãos de identificação estaduais poderão utilizar padrões de Carteira de Identidade próprios,
desde que atendam aos principais requisitos estabelecidos no Decreto.
(E) A Carteira de Identidade em meio eletrônico permitirá a checagem dos dados pelas autoridades
públicas com ou sem conexão à internet.

Gabarito

01.C / 02.D

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1690547 E-book gerado especialmente para BRUNO LIMA BEZERRA
Comentários

01. Resposta: C
Art. 14. A Carteira de Identidade em cartão terá as seguintes características de segurança:
I - substrato polimérico em policarbonato, na dimensão 85,6x54 mm, que conterá microchip de
aproximação;
II - no anverso: (Redação dada pelo Decreto nº 9.577, de 2018)
a) tarja em guilhoche eletrônico contendo microletras com a expressão “CARTEIRA DE IDENTIDADE”
grafada em letras maiúsculas;
b) tarja contendo a expressão “REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL” grafada em letras maiúsculas;
c) fundo numismático contendo as Armas da República Federativa do Brasil;
d) imagem fantasma com a fotografia do titular localizada no canto superior direito;

02. Resposta: D
Art. 16. Os órgãos de identificação não poderão utilizar padrões de Carteira de Identidade que não
atenda a todos os requisitos estabelecidos neste Decreto.

3. Balística Forense. 3.1 Armas de fogo: conceito e classificação. 3.2 Cartucho de


munição de arma de fogo: conceito e divisão. 3.3 Identificação das armas de fogo.
3.4 Distância e efeitos dos tiros. 3.5 Incapacitação balística. 3.6 Tiro acidental, tiro
involuntário e acidente de tiro. 3.7 Exames periciais em balística.

BALÍSTICA FORENSE

Quando falamos em balística, devemos ter me mente a segurança pessoal do perito e das pessoas
que estiverem ao redor. Portanto, toda arma deve estar desmuniciada.
Feito o desmuniciamento da arma, dá-se início aos primeiros testes, que, de acordo com o tipo de
arma, terão uma sequência determinada. Se o resultado do teste de eficiência for negativo, o perito irá
identificar a causa da ineficiência.
A Balística Forense é a disciplina que integra a Criminalística, seu estudo está voltado às armas de
fogo, munição e efeitos causados pelos tiros.
A identificação da arma de fogo divide-se em direta e indireta.

Identificação direta

São realizados estudos na própria arma e será feita sua identificação na própria arma;

Identificação indireta

São realizados estudos comparativos e a partir deles, consegue-se identificar a arma.


Dentre os exames realizados, apurar-se-á se o tiro foi ou não acidental, com a comparação de projéteis
e marcas de cartuchos, com exames que determinem a distância do tiro e sua trajetória.
A Balística Interna: compreende os fenômenos que ocorrem dentro do cano de uma arma de fogo
durante o seu disparo.
Balística Intermediária: estuda os mecanismos das armas de fogo e a técnica do tiro, com a
deflagração da pólvora dos cartuchos no seu interior até o caminho percorrido para sair do cano da arma.
Os gases da queima saem do cano a uma velocidade maior que a do projétil, envolvendo-o. Se houver
uma falha na boca do cano, haverá um gravoso efeito na precisão do tiro, sendo o projétil
consideravelmente desviado.
Balística Terminal: refere-se ao estudo da interação entre os vários gêneros de projéteis e seus alvos.
Por sua vez, estes se classificam em alvos duros e moles, conforme a dificuldade de penetração.
São os aparelhos que atuam na boca do cano: tapa-chamas, silenciadores e afins.
Silenciador: é basicamente um tubo com várias câmaras separadas de maneira que os gases, porque
viajam mais rápido que o projétil, percam a velocidade nessas câmaras antes de chegarem ao fim co m
uma velocidade que se quer menor quanto possível

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1690547 E-book gerado especialmente para BRUNO LIMA BEZERRA
Tapa-chamas: são dispositivos que tem a função de reduzir o tamanho e intensidade da chama à
boca. Existem também uma espécie de "travões" (muzzle-brake) e compensadores que projetam os
gases de modo a contrariarem o recuo, ou salto vertical da arma respectivamente.
A Balística Externa: estuda as forças que atuam nos projéteis e correspondentes movimentos destes
durante a sua travessia da atmosfera, desde que não sofram influências dos gases do propulsante, o
confronto com o alvo. Serão analisados o movimento, velocidade do projétil, ação da gravidade.
Para que seja dado início ao exame balístico, será necessária a identificação da arma de fogo que
originou o tiro de projétil, esta identificação se faz com uma comparação entre projéteis e estojos.
Serão realizados exames macro e microcomparativos, para que preencham alguns requisitos que
permitam a identificação das armas de fogo, como por exemplo: autenticidade, adequabilidade,
contemporaneidade e quantidade. Para assegurar maior certeza serão refeitas as condições do fato que
originou o projétil ou estojo objetos do exame.
Além dessas características, devem ter a mesma forma quanto à ogiva (ponta) e à base. As formas
mais comuns de projetis são:
- côncava-ogival, com base côncava e plana;
- canto vivo, com base côncava;
- semicanto vivo, com base côncava e plana;
- ponta oca, com base côncava;
-pontiagudos, com base plana.

Instrumento Perfurocontundente: É o agente traumático que quando atua sobre o corpo, perfura-o
e contunde simultaneamente. Os instrumentos que causam esse efeito são os projéteis de arma de fogo.
Arma de fogo: São peças constituídas por dois ou mais canos, aberto em uma das extremidades e
fechado parcialmente na parte traseira, local onde se coloca o projétil.

Classificação

- Quanto à dimensão: portáteis, semiportáteis e não portáteis.


- Quanto ao modo de carregar: Antecarga e Retrocarga.
- Quanto ao modo de percussão: Perdeneira e Espoleta.
- Quanto ao calibre:

A munição será composta de cinco partes

- Estojo ou cápsula: é um receptáculo feito de latão ou papelão prensado, em forma cilíndrica,


contendo os demais elementos da munição.
- Espoleta: é a parte do cartucho destinada a inflamar a carga. É formada de fulminato de mercúrio,
de sulfeto de antimônio e de nitrato de bário.
- Bucha: É um disco de feltro, cartão, couro, borracha, cortiça ou metal, que se separa a pólvora do
projétil.
- Pólvora: mistura explosiva de nitrato de potássio, carvão e enxofre, que se deflagra através de
chama, faísca ou filamento incandescente. Existem dois tipos de pólvora, a negra e a branca. A branca
não tem fumaça e produzem de 800 a 900 cm cúbicos.
- Projétil: É o verdadeiro instrumento perfurocontundente, quase sempre de chumbo nu ou revestido
de níquel ou qualquer outra liga metálica. Os mais antigos eram esféricos. Os mais modernos são
cilíndricosogivais.

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1690547 E-book gerado especialmente para BRUNO LIMA BEZERRA
O projétil desloca-se da arma devido à combustão da pólvora e ao ganhar movimento de rotação
propulsoa, atinge o alvo atuam por pressão, com o rompimento e afastamento das fibras. O alvo será
atingido por compressão de gases que acompanham o projétil. A lesão completa por projétil de arma de
fogo é constituída por três partes, quais sejam: Orifício de entrada, Trajeto e Orifício de saída.

Orifício de Entrada: (elementos)

Zona ou orla de contusão: A epiderme se rompe primeiro, formando uma orla escoriada ao redor do
ponto de impacto, denominada, também denominada de orla de escoriação. 9
Aréola equimótica : zona superficial e difusa devido a hemorragias que decorrem de pequenos vasos
localizados próximos ao ferimento, com cor violácea.
Zona de compressão de gases: depressão da pele, decorrente da ação mecânica da coluna de gases
que segue o projétil nos tiros à queima roupa.
- Orla de Enxugo: trata-se de uma zona com proximidade no orifício, a cor é quase sempre escura,
por ter se adaptado às faces da bala, limpando-as de qualquer resíduo de pólvora que existir.
- Zona de tatuagem: formada por partículas de carvão (pólvora combusta) e de grânulos de pólvora
incombusta, que ficam em torno do orifício de entrada.
- Zona de chamuscamento: formada pelos grânulos de fuligem que resultam da combustão, sua
eficácia pode levar a queimadura dos pelos e pele da vítima.
- Zona de esfumaçamento: causa lesões superficiais, pois é formada por grânulos de fuligem
resultantes da combustão que ficam ao redor do orifício de entrada.

Distância do tiro10

Os tiros são classificados como encostado, próximo e distante, apresentando as seguintes


características:

Encostado Próximo Distante


Orifício irregular ou Orifício regular, menor que o Orifício regular, menor que o
estrelado, maior que o projétil. projétil. projétil.

Formação de câmara de Presença de orlas e zonas, Presença de orlas e


mira. Tatuagem discreta ou especialmente tatuagem e ausência de zonas
ausente esfumaçamento.

Lesão de pressão Tamanho das zonas permite Difícil avaliar a distância.


avaliar a distância

Orifício de saída: realizado de maneira irregular ou dilacerado, maior que o orifício de entrada,
apresenta maior sangramento, ausência de orlas, zonas e halos, bordos evertidos. 11

9 http://jus.com.br/artigos/31596/balistica-forense-e-lesoes-por-projeteis#ixzz3k0uNxMyy
10 http://jus.com.br/artigos/31596/balistica-forense-e-lesoes-por-projeteis
11 Peterson, 2008.

33
1690547 E-book gerado especialmente para BRUNO LIMA BEZERRA
12

As lesões por instrumentos perfurocontundente, além da imagem acima, compreende o exame das
vestes e objetos relacionados a lesões causadas no corpo da vítima. As lesões podem fornecer os dados
para evidenciar a natureza e até mesmo a origem dos ferimentos.
As lesões causadas por instrumentos perfurocontusos podem causar a morte, perda da função ou
ainda deformidade local. O agravamento da situação se dará pelo tipo de arma utilizado, quantidade de
tiros disparados, idade e condições de saúde da vítima, o tempo de espera entre o momento do “acidente”
e os primeiros atendimentos.

Entendimento do STJ sobre a balística:

Segundo o ST] é causa de nulidade a edição da sentença de pronúncia na pendência da juntada de


perícia balística requerida e deferida pelo juiz. (STJ. HC 46143 / PE HABEAS CORPUS 2005/0121649-
5).
Também, segundo o STJ, o magistrado deve decidir a respeito da realização, ou não, das diligências
requeridas, como o exame de balística, de acordo com a necessidade ou conveniência para o
processo, sem que isso importe em cerceamento do direito de defesa (RSTJ 59/17).

Abaixo, seguem os testes por tipo de arma, sendo que os mais frequentes são revólveres, pistolas,
carabinas, espingardas, entre outros...

Revólveres O revólver é o tipo de arma periciado nos exames, que deverá ser testado e examinado
cuidadosamente. Quando tiver certeza que a arma já está desmuniciada e que o fato já foi confirmado,
outros pontos devem ser avaliados:
- examinar o funcionamento do botão do ferrolho;
- examinar o extrator do tambor, a coroa e a haste central;
- verificar se o calço da haste do extrator está em condições normais de funcionamento e a haste
rosqueada no tambor;
- analisar se o tambor está ajustado na mortagem e se o retém do tambor está ajustado.
- examinar o alojamento do percutor para constatar se há desgastes ou modificação no seu formato
circular;

12 www.malthus.com.br

34
1690547 E-book gerado especialmente para BRUNO LIMA BEZERRA
- testar o mecanismo de engatilhamento, acionar o gatilho e efetuar disparos contínuos.

Os testes de disparo sem munição devem ser repetidos, com o cano da arma apontado em diferentes
ângulos, notando se o tambor continua girando normalmente. Caso isso não aconteça, a mola do impulsor
do tambor estará ausente ou deslocada.
Outro cuidado que o perito deve ter é em examinar a integridade do cano, do tambor e das demais
peças externas da arma. Outro cuidado que se deve ter é em examinar o interior do cano da arma antes
de serem efetuados os testes de tiro, pois caso fique algum projétil, no interior do cano, poderá acontecer
um acidente.
Quando os testes forem feitos, o tambor da arma deverá ser municiado, de preferência na totalidade
de sua capacidade. Caso isso não seja possível, por questões econômicas, deve-se desmuniciar as
câmaras do tambor, alternadamente, para permitir o giro completo do tambor.
As séries de tiros devem acontecer em ações simples, com o prévio recuo do cão na posição de
engatihado, seguido do acionamento do gatilho e em ação dupla, pelo acionamento do gatilho que
colocará o mecanismo de tiro em funcionamento.
Na pistola é indispensável o uso de munição real nos testes, tendo em vista que se trata de uma arma
de repetição, onde todas as peças envolvidas deverão ser examinadas, de modo, que deve-se examinar
com o seu carregador ou substituindo-o por outro parecido ao carregador original.
Casos de armas longas: espingardas, pistolas de caça, carabinas, mosquetões e fuzis No caso
destas armas é importante se verificar, assim como no caso das armas curtas, os mecanismos de tiro e
segurança, testando o seu carregador, se existir. O exame de canos é indispensável pelas razões já
mencionadas.
Vale ressaltar que o interior dos canos de qualquer arma, antes de serem feitos os testes, precisam
ser examinados. Em determinadas armas, o funcionamento é simples e são dotadas de ferrolho. Os testes
de funcionamento, importam o uso de munição real, principalmente para as armas de repetição.
Garruchas e pistolas de tiro unitário Esse tipo de arma tem ação simples, como por exemplo o usos
de espingardas desprovidas de carregador e dos pistolões, porém devem ser examinados os mecanismos
de tiro e segurança, mesmo que seja rudimentar, representado por um entalhe de armar ou um calço,
que se desgasta com o uso da arma.
Para o caso das armas de cano basculante, estas são municiadas diretamente na câmara do cano e
possuem extrator de estojo, que deve ser examinado.
Um outro ponto importante nas armas de ação simples é o calço de engatilhamento, que pode
desgastar-se com o uso, prejudicando o seu funcionamento, causando inclusive um acidente de tiro, com
a liberação do cão, após o seu recuo manual. Deste modo, cumpre-nos lembrar que as armas de ação
simples, depois do seu municiamento, deverão estar sempre apontadas no sentido da caixa de tiro ou do
alvo apontado, sob a possibilidade de acontecer um acidente de tiro.
Submetralhadoras e metralhadoras São armas de repetição automática, portanto, requer cuidado
dobrado quando manuseadas.
O ferrolho, por diversas vezes, permanece afastado da base do cartucho, quando a arma fica
engatilhada, por ter o percutor fixo na culatra. Quanto ao carregador, esse deve ser examinado e os testes
realizados com munição real, para que se possa avaliar o tiro intermitente e o tiro em rajada, sendo que
este último em alguns modelos, demonstra-se com rajadas de três ou cinco tiros.

A coronha é retrátil, conferindo maior firmeza para a realização de tiros. A sala de tiro precisa ter uma
caixa de coleta de padrões específica para tiros com esse tipo de arma, sendo indicado o uso de linha de
tiro fechada, sendo que as caixas de tiro são de algodão ou gelatina balística, além de água ou glicose.

Quando qualquer tipo de arma puder ofender a integridade física de quem vai fazer os testes, seja por
desajustes ou folgas de peças, recomenda-se o uso de estojos espoletados.

PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO (POP)

PERÍCIA CRIMINAL

POP nº 1.1 - BALÍSTICA FORENSE EXAME DE EFICIÊNCIA EM MUNIÇÃO

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FINALIDADE: PÚBLICO ALVO:

Proporcionar ao Perito Criminal examinador a Peritos Criminais que trabalham nas seções
orientação para realizar testes experimentais, de balística forense.
com segurança, em munições para armas de
fogo de natureza distintas (fogo central e
periférico), para a confecção do Laudo Pericial de
Eficiência em Munição para Arma de Fogo.

Abreviaturas e siglas

EPI: Equipamento de Proteção Individual

Resultados esperados

Maior confiabilidade aos exames de eficiência em munição para armas de fogo.

Material

Locais e ou equipamentos nos quais podem ser feitos os testes de eficiência em munição
• Caixa de algodão
• Caixa de areia
• Estande de tiro ou local aberto onde possa ser possível fazer o disparo com segurança
• Pneus com areia
• Sacos de areia
• Tanque com água

Material para os testes de eficiência em munição


• Arma de fogo encaminhada junto com o(s) cartucho(s) ou arma de fogo disponível, de calibre
compatível, na seção de balística forense e que esteja comprovadamente em boas condições de
produção de tiros eficientes; e ou
• Dispositivo de percussão, ou "provete'; de vários calibres nominais para os testes quando não houver
uma arma de calibre nominal compatível com o calibre nominal do cartucho a ser examinado, quando
houver possibilidade de risco ao atirador, bem como quando houver possibilidade de risco de dano ao
armamento.

Material de apoio para os testes


•Balança digital

•Cadinhos cerâmicos onde a pólvora possa ser queimada

•Cronógrafo

•Dispositivo de percussão

•Estativa e ou mesa com morsa

•Lupas

•Máquina fotográfica ou equipamento de obtenção de imagem digital

•Paquímetro

•Provete

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Material de EPI
• Abafadores de ouvido
• Jalecos
• Luvas
• Máscaras
• Óculos de proteção
• Protetores auriculares

Material para a desmontagem da munição ~

• Alicates
• Chave inglesa
• Chaves de fenda
• Estopas ou flanelas
• Martelo
• Martelo de inércia

Procedimentos

Do recebimento do material
• Se o cartucho recebido apresentar material biológico ou papiloscópico aderido, um equipamento de
proteção adequado deverá ser utilizado ao manuseá-lo ou o material ser encaminhado ao laboratório de
biologia ou papiloscopia para exames prévios ao de eficiência de munição.
• Antes de realizar o teste de eficiência no cartucho deverá ser efetuada uma inspeção externa para
verificar se todos os elementos componentes da munição encontram-se íntegros.
• Descrever o cartucho e fotografá-lo, se o perito julgar necessário.

Da descrição
•Os cartuchos deverão ser separados por seus calibres nominais.

•Para cada calibre nominal, os cartuchos deverão ser separados em cartuchos de origem nacional e
de origem estrangeira.

• Para cada grupo de origem assim formado, os cartuchos deverão ser separados conforme o
fabricante.
• Dentro de cada grupo de fabricante, caso o perito criminal julgue conveniente, os cartuchos poderão
ser subsequentemente separados conforme características marcantes como por exemplo: tipo de ponta
de projétil ou função a que se presta.
A descrição dos cartuchos de cada grupo deverá conter, no mínimo, as seguintes características:
A - Quantidade
B - Calibre nominal
C - Fabricante e país de origem- quando avaliável D - Características da cápsula de espoletamento E
- Características do estojo
F - Tipo de projétil
G - Número de lote (quando existir) H - Estado de conservação
I - Se é original de fábrica ou se apresenta sinais de recarga.
• Na descrição da cápsula de espoletamento deverão ser citados coloração, caracteres estampados e
presença ou não de marca de percussão.
• Na descrição do tipo de projétil para cartuchos de armas de alma lisa, deverá ser especificado se o
cartucho apresenta projétil úníeo ou múltiplos e, no caso de projéteis múltiplos, qual o tipo e características
deles.
• Caso o perito criminal considere necessário, outras características físicas poderão ser incluídas, tais
como dimensões, coloração e massa.
• Deverá ser efetuado, caso o perito julgar necessário, o registro fotográfico de todos os cartuchos
recebidos, o qual deve ser inserido no laudo de perícia criminal juntamente com as características listadas
na descrição do material.
• Cada cartucho recebido deverá constar, caso o perito julgar necessário, ao menos uma fotografia
com escala indicativa de dimensão.

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1690547 E-book gerado especialmente para BRUNO LIMA BEZERRA
• Caso o perito julgar necessário, haverá imagens em detalhes de todas as inscrições e símbolos que
forem necessárias para individualização do cartucho, como estampa da base, inscrições no estojo e
número de lote.
• Caso seja solicitado determinar se o cartucho é de uso permitido ou de uso restrito, isso deverá ser
feito em conformidade com a legislação vigente, que deverá ser citada no laudo de perícia criminal, em
laudo complementar.

Do exame
• Efetuar uma inspeção externa para verificar se todos os elementos componentes da munição
encontram-se íntegros antes de realizar o teste de eficiência no cartucho.
•Descrever o cartucho e se possível, fotografá-lo.

•Efetuar o teste de eficiência de cartucho inserindo o cartucho questionado na câmara de combustão


e acionar o sistema de disparo da arma com o cano ou provete na horizontal ou levemente inclinado em
direção a um pára-balas ou local assemelhado.

• Efetuar, se possível, para este teste de tiro a medição dos valores de velocidade com a utilização de
um cronógrafo.
• Encaminhar ao laboratório de biologia ou papiloscopia para exames prévios ao de eficiência de
munição se o cartucho recebido apresentar material biológico ou papiloscópico aderido.
•Manusear o cartucho utizando-se equipamento de proteção adequado.

•Efetuar o exame de eficiência por meio de desmontagern, caso o cartucho questionado não esteja
em perfeitas condições de uso; apresente sinais de que tenha sido recarregado; ou apresente qualquer
defeito que comprometa sua integridade ou do examinador.

• Efetuar a verificação da eficiência da combustão da pólvora e detonação da mistura iniciadora.


• Efetuar o teste, em último caso, mediante a inserção do cartucho na câmara de combustão e
acionamento remoto da tecla do gatilho.
• Manter o cano da arma ou provete apontado para um local seguro por pelo menos dez segundos,
caso haja percussão da cápsula de espoletamento e não haja deflagração do propelente.
• Retirar o cartucho após esse intervalo de tempo, verificar o mecanismo de disparo e se o cano
continua desobstruído.
• Repetir por mais quatro vezes, totalizando cinco acionamentos do sistema de disparo com o mesmo
cartucho, enquanto não houver deflagração.

Do resultado
• Se em qualquer tentativa ocorrer a deflagração, o resultado do teste de eficiência do cartucho será
positivo.
• Se em nenhuma tentativa ocorrer deflagração do cartucho e o teste estiver sendo realizado com
arma/provete previamente testado e eficiente para realizar disparo, o resultado do teste de eficiência do
cartucho será negativo.
• O resultado do teste de eficiência do cartucho será negativo se em nenhuma tentativa ocorrer a
detonação da mistura iniciadora da espoleta na percussão, em cartuchos espoletados e o teste estiver
sendo realizado em dispositivo de percussão previamente testado e eficiente para este fim.
• Após realizar os testes do parágrafo anterior com todos os cartuchos questionados amostrados,
deverá ser consignado no laudo pericial quantos cartuchos foram eficientes para disparo e quantos não
foram.
• Se ao término dos testes de todos os cartuchos amostrados nenhum houver deflagrado, e o teste
não estiver sendo realizado com arma ou provete previamente testado, o perito criminal poderá concluir
que o conjunto arma e cartuchos questionados não é eficiente.
• Se o cartucho vier acompanhado de uma arma de fogo, todos os procedimentos acima deverão ser
executados e constados em Laudo Pericial.
• Nenhum estojo decorrente do teste de eficiência de munição para arma de fogo deverá retornar para
a autoridade requisitante da perícia. Todo o material remanescente deverá ser destruído/descartado ou
catalogado e arquivado, quando for o caso.

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1690547 E-book gerado especialmente para BRUNO LIMA BEZERRA
• Cabe ao perito criminal responsável pelos exames determinar a quantidade máxima de cartuchos a
serem submetidos ao teste de eficiência, podendo inclusive, ao seu critério, submeter todos os cartuchos
questionados ao teste de eficiência.
• Quando em ensaios por amostragem, esta deve ser representativa do total de cartuchos e justificada
pela ABNT.
• Como referência, a quantidade mínima de cartuchos a serem submetidos ao teste de eficiência
deverá ser uma amostragem representativa do total, feita em conformidade com a norma NBR 5426, de
janeiro de 1985, da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, cujos coeficientes são
representados na tabela a seguir:

TAMANHO DO LOTE TAMANHO DA AMOSTRA


(Nº DE CARTUCHOS COM CARACTERÍSTICAS (Nº MÍNIMO DE CARTUCHOS A
SEMELHANTES) TESTAR)
2a8 2
9 a 15 3
16 a 25 5
26 a 50 8
51 a 90 13
91 a 150 20
151 a 280 32
281 a 500 50
501 a 1200 80
1201 a 3200 125
3201 a 10000 200
10001 a 35000 315
35001 a 150000 500
150001 a 500000 800
Acima de 500000 1250

• Explicitar no laudo de perícia criminal a quantidade de cartuchos submetidos ao teste de eficiência,


os métodos e as técnicas adotadas e, se for o caso, ser complementado por referência bibliográfica.

Pontos críticos

Relativo à segurança
• Observar as regras de segurança relacionadas ao manejo de armas de fogo e cartuchos durante os
exames de eficiência em munição.
• Efetuar o teste de eficiência de cartucho questionado em estande de tiro com a presença de no
mínimo mais uma pessoa além da que manuseia a arma ou provete.
• Efetuar o teste de eficiência em área aberta e erma, desde que os disparos sejam efetuados contra
pára-balas ou assemelhado que garanta a retenção dos projéteis expelidos, na impossibilidade de ser
efetuado em estande de tiro.
• Quando da utilização de dispositivo de percussão, efetuar o teste de eficiência em cartuchos espoleta
dos, verificando a detonação da mistura iniciadora por percussão e a eficácia da deflagração do
propelente através da desmontagem e constatação da eficiência da combustão da pólvora.
•Utilizar equipamentos de proteção individual durante o teste de eficiência.

•Efetuar o teste de eficiência com arma de fogo ou provete de calibre nominal compatível com o do
cartucho questionado e que tenha sido previamente testado e esteja eficiente para efetuar disparo.

• Efetuar o teste de eficiência, na ausência de arma ou provete para testes, com arma questionada de
calibre nominal compatível com o do cartucho questionado.
• Efetuar o teste de eficiência, em se tratando de cartucho recarregado, em último caso, por meio de
acionamento remoto do gatilho, como medida de segurança contra incidentes e acidentes de tiro.

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Relativo ao exame
• Testar em tiro cartucho picotado (com tênue picote excêntrico ou central, porém incapaz de detonar
a espoleta) e constar a alteração em Laudo.
• Não testar em tiro os cartuchos com marca de percussão mais profunda (picotados fortemente).
• Cartuchos picotados fortemente servem de prova material da intenção do tiro, como prova em exame
microcomparativo, dependendo das características do percutor.
• Cartuchos picotados fortemente são devolvidos ao requisitante, para serem objetos de exame de
outras perícias.

Estrutura básica do laudo

Preâmbulo
Constar data da solicitação do exame, requerente, os peritos designados, o diretor da Instituição, os
documentos de solicitação dos exames.

Histórico
Dados constantes na requisição de exames.

Descrição do material recebido


Características gerais do material encaminhado, quantidade, tipo, classificação.

Objetivo da perícia
Avaliar a eficiência das munições para armas de fogo e ou resposta aos quesitos formulados.

Exames periciais realizados


Exames de eficiência em munição para arma de fogo e descrição dos eventos ocorridos nos testes.

Respostas a quesitos
De acordo com o formulado ou os de praxe já existentes nos exames rotineiros.

Conclusões
De acordo com os ensaios realizados.

Encerramento ou fecho
Data, local e assinatura onde foi realizada a perícia. 6.9. Anexos
Fotografias, gráficos, tabelas, documentos encaminhados, planilhas

Incapacitação Balística13

Quando abordamos o tema de incapacitação por arma de fogo, o cerne da questão é a teoria da
incapacitação. Não obstante é importante saber que a principal relação é a do projétil com o meio em que
ele atinge, portanto, a teoria da velocidade da incapacitação.

Neste ínterim, é sabido que para se incapacitar um corpo por meio de um disparo, é necessária a
entrada de diversos fatos em discussão, dentre eles, variáveis psicológicas, fisiológicas, letalidades de
calibres e armas em questão.
De acordo com SWEENEY, existem duas formas de incapacitação imediata, seja ela por disparo no
famigerado “T da morte”, ou na linguagem técnica, sistema nervoso central onde se denomina como
tronco encefálico, ou a coluna cervical alta do agressor.
Não obstante, há a possibilidade de a cadência e o agrupamento dos disparos em locais altamente
vascularizados, causem um sangramento massivo que faça com que a pressão sanguínea caia de
maneira abrupta que o choque hipovolêmico onere a incapacitação do cidadão infrator.
Talvez aí, seja o cerne da questão em discussão, falando de combates urbanos, principalmente para
os cidadãos civis que portam armas curtas, ou seja, de baixa energia, visto que, em um confronto um
operador treinado possa desperdiçar até 87% dos seus disparos, é absolutamente dificultoso que se
acerte um único disparo na cabeça para que assim se cesse a agressão imediatamente.

13 https://www.academiadearmas.com/balistica-terminal-um-pequeno-apanhado-sobre-o-assunto/

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1690547 E-book gerado especialmente para BRUNO LIMA BEZERRA
Incidente ou acidente de tiro e o tiro acidental

Em consequência de um tiro que causa uma morte, é comum que os órgãos de informações, antes da
realização da perícia, informem que a morte ocorreu em decorrência de um acidente de tiro ou de um tiro
acidental.
Não obstante a falta de preocupação em saber a definição correta, por parte do que se veicula na
imprensa, partindo de alguns profissionais, faz com que não ao cidadão comum que é leigo neste assunto,
mas aos profissionais ligados diretamente a esta matéria, a ter um entendimento equivocado.
A exposição e distinção de incidente de tiro, acidente de tiro e tiro acidental compreende de tal
importância nos casos de morte ou lesão corporal. E dentro de nossas funções quer em Unidades
Prisionais, ou em locais diversos delas, em serviço ou fora dele, trás a importância e ser exposta.
Sendo desta forma, os conceitos elencados a seguir os quais tentarei enunciar, os aspectos técnicos,
por parte do servidor em serviço ou fora dele, o qual esta portando ou usando uma arma de fogo.

Incidente de tiro
O “incidente de tiro” ocorre quando se produz uma interrupção dos tiros sem danos materiais e/ou
pessoais, por motivo independente da vontade do atirador. (TOCCHETTO – Domingos. Balística Forence
– Aspectos Técnicos e Jurídicos- 6ª edição 2011)
E em alguns casos devido à situação o incidente de tiro tem de ser investigado, por exemplo:
Em uma situação hipotética em que um AEVP, ao efetuar uma pronta resposta em uma tentativa de
arrebatamento em sua Unidade Prisional, por indivíduos armados.

Desta forma necessita por estrito cumprimento do dever legal (evitar fuga e arrebatamento), e legitima
defesa, revidar a agressão sofrida contra os agressores para detê-los, e ao ser atacado quando fazendo
uso de sua arma de fogo, e nesta ocorre um incidente de tiro, impedindo a produção de tiros.

Em consequência deste incidente de tiro na arma do AEVP, o agressor podendo e conseguindo, atira
no AEVP, levando-o a óbito ou ferindo-o. Ressalto que nestes casos é de suma importância que se
examine a arma do AEVP, para verificar qual a causa do incidente, e caso seja possível determiná-la,
para que se apure o porquê, da arma no momento em que mais precisou não correspondeu, quer sejam
por falta de diversas situações as quais elenca o Dr. Domingos Tocchetto:

Incidentes de tiros mais comuns nos revólveres.


– falha na percussão ou na extração;
-tambor duro ao girar ou não gira ao ser acionado o gatilho;
– Posicionamento incorreto do tambor;
– Gatilho, não retorna a sua posição inicial;
– Não funciona em ação simples ou ação dupla.

Incidentes de tiros mais comuns nas pistolas.


– falha na alimentação, ejeção extração;
– falha na percussão;
– Ferrolho não permanece aberto após o último tiro.

Algum dos itens relatados acima poderá ser evitado por manutenção periódica de acordo com a
situação e uso do armamento, condições das peças internas, munições com tempo de utilização
expiradas ou mal conservadas, etc…

Acidente de tiro
O acidente de tiro acontece quando se produz uma interrupção dos tiros com danos de qualquer
natureza, materiais e/ou pessoais. (TOCCHETTO – Domingos. Balística Forence – Aspectos Técnicos e
Jurídicos- 6ª edição 2011)

E as determinantes do acidente de tiro se dão por varias causas, e dependem de fatores como a origem
da arma, tipos de munições e principalmente pelo atirador.
Quando a arma é produzida com material inadequado ou este mesmo não sofreu a têmpera necessária
nas partes específicas para suportar a pressão produzida pela expansão dos gazes, oriundos pela
deflagração do cartucho para ela especificado, por ocasião do tiro, a responsabilidade será do fabricante

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1690547 E-book gerado especialmente para BRUNO LIMA BEZERRA
da arma. E nestes casos há a necessidade de uma maior e melhor avaliação do produto adquirido da
indústria.
Por isso, o fabricante deve sempre indicar, no cano, na armação ou em outro local da arma, por meio
de gravações, qual é o cartucho que deve ser usado corretamente na arma, ex. .38 SPECIAL, .380 AUTO,
12 GA, etc.
E com a causa de Acidente de Tiro, deve ser investigada apurada por exame pericial, a titulo de saber
o fator que deu origem ao ocorrido.

Tiro acidental
Em casos de óbito ou de lesão corporal grave, em que a determinante seja o projétil expelido por arma
de fogo, o que poderá acorrer, o causador terá como alegação de que a arma disparou acidentalmente,
procurando-se, com isso, desvincular o fato de qualquer ideia de dolo ou culpa.
É de suma importância diferenciar entre disparo acidental e tiro acidental, pois “Disparar é colocar o
mecanismo de disparo da arma em movimento. E, para que um disparo acidental produza um tiro
acidental, é necessário que ocorra a detonação e deflagração de um cartucho e a projeção de um projétil
através do cano da arma” (TOCCHETTO – Domingos. Balística Forence – Aspectos Técnicos e Jurídicos-
6ª edição 2011), ou seja, a ponta deste projétil atinja a um local ou alguém, sendo que nem toda a vez
em que efetua um disparo dá origem a um tiro, mas toda vez em que haja um tiro é oriunda do disparo
do mecanismo da arma.
Esclareça-se que o tiro acidental na conceituação criminalística, que é a única aceitável em Balística
Forense, corresponde àquele disparo eficaz produzido por uma arma, a qual não teve como causa
determinante o acionamento normal, intencional ou não, do mecanismo de disparo da mesma, ou seja,
devido a defeitos ou falta do mecanismo de segurança da arma.

Glossário

Alma: porção interna do cano de arma de fogo. Pode ser lisa ou raiada.
Arma de fogo: arma que arremessa projéteis por meio da força expansiva dos gases resultantes da
combustão de um propelente.
Arma questionada: arma submetida a exame.
Calibre nominal: medida designativa de um tipo particular de cartucho e também referência indicativa
da arma de fogo para qual o cartucho foi originalmente produzido.
Cano de alma lisa: cano de arma de fogo desprovido de raiamento.
Cano de alma raiada: cano de arma de fogo que apresenta raiamento.
Cápsula de espoletamento: recipiente metálico que contém a mistura iniciadora (carga de
inflamação), a qual é montada em alojamento próprio localizado no centro da base dos estojos de munição
de fogo central.
Cartucho questionado: munição submetida.a exame.
Cartucho: é uma unidade de munição completa, compreendendo o conjunto do projétil e os demais
componentes necessários para arremessá-Io durante o disparo.
Cavado: ver raiamento.
Dispositivo de percussão: qualquer conjunto de peças que adapte cartuchos espoletados e que
permita a percussão da espoleta dos mesmos.
Equipamento de proteção individual: destina-se a proteger a integridade física do trabalhador
durante a atividade de trabalho.
Estojo: é o invólucro e suporte dos demais elementos de munição.
Munição: para fins desde POP, munição é o nome genérico para cartuchos de arma de fogo.
Número de série: elemento mais importante na identificação individual de uma arma de fogo.
Projétil: é a parte do cartucho projetado para ser expelido pelo cano da arma.
Propelente ou carga de projeção: substância (pólvora) responsável por impulsionar o projétil por
meio da expansão dos gases advindos de sua combustão.
Provete: Equipamento que testa cartuchos completos em tiros, com objetivo de mensurar a velocidade
e pressão gerada no tiro.
Raiamento: sequência de sulcos em formato helicoidal presente na porção interna do cano de alguns
tipos de arma de fogo. Os sulcos recebem o nome de raias, enquanto que o intervalo entre eles, o nome
de cheios. Também se diz da impressão que esse padrão realiza no projetil quando de sua passagem
através do interior do cano da arma, no qual os sulcos (produzidos pelos cheios) são denominados
cavados e o intervalo entre eles, ressaltos. Se tal raiamento (helicoidal) impingir ao projetil uma rotação
em sentido horário, do ponto de vista do atirador, será dito dextrogiro, caso contrário, sinistrogiro.

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1690547 E-book gerado especialmente para BRUNO LIMA BEZERRA
Ressalto: ver raiamento
Teste de eficiência: efetuar, com a arma, uma série de tiros com o objetivo de observar a ocorrência
de incidentes e defeitos imputáveis à arma.

Anexo

Anexo A – Fluxograma

Fonte: http://www.politec.mt.gov.br/UserFiles/file/Documentos/POPS_DE_PERICIA_-_VERSAO_PARA_INTERNET.pdf

Questões

01. (SPTC/GO - Médico Legista de 3º Classe – FUNIVERSA). A Balística, ao estudar os projéteis de


arma de fogo, englobando o seu movimento, as forças envolvidas na sua impulsão, a trajetória e os efeitos
finais, pode ser dividida em Balística interna, externa e terminal. Tal estudo fornece elementos importantes
para a análise pericial do corpo de delito, notadamente na avaliação dos efeitos produzidos pelos projéteis
de alta energia. Com relação a esse assunto, assinale a alternativa correta.
(A) A Balística interna, ao estudar a estrutura e os mecanismos das armas, bem como a composição
da munição a ser empregada, apresenta relação direta com o conhecimento dos efeitos produzidos pelo
arrasto, pelo coeficiente balístico e pela estabilidade dos projéteis de alta energia.
(B) O deslocamento dos tecidos no corpo humano, quando são percutidos por projéteis de alta energia,
resulta na formação das ondas de choque, que são diretamente responsáveis pelo poder lesivo desses
projéteis.

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(C) A análise do orifício de saída de um projétil de arma de fogo de alta energia não apresenta relação
com os estudos de Balística externa, uma vez que suas características são influenciadas pelo
comportamento do projétil a partir do momento em que atinge o corpo da vítima.
(D) A Balística terminal estuda os efeitos e as lesões provocadas pelos projéteis de arma de fogo no
ser humano, apresentando grande interesse ao médico-legista.
(E) Estudos de Balística externa, envolvendo a trajetória, os movimentos, os fatores que interferem na
estabilidade, na direção e no alcance dos projéteis, permitiram que se comprovasse que projéteis de alta
e média energia se comportam de maneira idêntica e, com isso, determinam feridas perfurocontusas
semelhantes.

02. (SECTEC/GO - Perito Criminal – FUNIVERSA). A doutrina criminalística estabelece que balística
forense
(A) é uma disciplina integrante da criminalística, que estuda as armas de fogo, sua munição e os efeitos
dos tiros por elas produzidos, sempre que tiverem uma relação direta ou indireta com infrações penais,
visando esclarecer e provar sua ocorrência.
(B) não é uma disciplina integrante da criminalística, pois somente está ligada ao estudo das armas de
fogo, suas munições e os efeitos dos tiros por elas produzidos.
(C) tem por finalidade o estudo das armas de fogo, sua munição e os efeitos dos tiros por elas
produzidos, visando à melhoria do desenvolvimento dos armamentos.
(D) não tem por objetivo servir como meio de prova, já que a condenação de um acusado de ter
cometido uma infração penal com arma de fogo independe das perícias realizadas nesta.
(E) tem por objetivo desenvolver técnicas que permitam às indústrias fabricantes de munição e armas
de fogo um melhor aproveitamento das características da queima da pólvora.

03. (PC/SP - Médico Legista – VUNESP). Na balística forense, os elementos utilizados na


identificação direta da arma de fogo são:
(A) tipo, calibre, deformidade impressa no estojo.
(B) brasões, número de série e deformidade do estojo.
(C) fabricante, deformidade da espoleta, calibre.
(D) escudos, tipo, deformidade na espoleta.
(E) tipo, calibre, número de série.

Gabarito

01.D/ 02.A/ 03.E.

Comentários

01. Resposta: D
Balística Terminal: refere-se ao estudo da interação entre os vários gêneros de projéteis e seus alvos.
Por sua vez, estes se classificam em alvos duros e moles, conforme a dificuldade de penetração.

02. Resposta: A
A Balística Forense é a disciplina que integra a Criminalística, seu estudo está voltado às armas de
fogo, munição e efeitos causados pelos tiros.

03. Resposta: E
Através da identificação direta ou imediata, o exame é feito na própria arma, ou seja, das suas
características e peculiaridades distintivas.

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4. Papiloscopia Forense: conceito e divisão. 4.1 Postulação da papiloscopia:
perenidade, imutabilidade, variabilidade e classificabilidade. 4.2 Dactiloscopia:
conceito, desenho digital, impressão digital, componentes de uma impressão
digital, classificação das impressões digitais (tipos fundamentais e tipos
especiais). 4.3 Levantamento papiloscópico em local de crime. 4.4 Pontos
característicos e o confronto papiloscópico. 4.5 Poroscopia.

Datiloscopia ou papiloscopia é o processo de identificação humana por meio das impressões digitais,
normalmente utilizado para fins judiciários. Esta área do conhecimento estuda as papilas dérmicas
(saliências da pele) existentes na palma das mãos e na planta dos pés, também conhecida como o estudo
das impressões digitais.1415
A papila é uma pequena bolsa de formação neurovascular, que pode conter vasos sanguíneos ou
corpúsculos do tato, que se projeta a partir da parte mais profunda da pele, a derme, formando relevos
irregulares na camada mais superficial, a epiderme, servindo ainda para aumentar a aderência entre estas
duas camadas. Quando esses relevos têm a forma de uma montanha são chamados de cristas papilares,
e, como consequência, aparecem impressos quando eles são entintados; quando os relevos se
assemelham a um vale são chamados de sulcos interpapilares. A papila tem formação cônica e varia em
número, direção, dimensão e forma.
Papilas dérmicas são saliências presentes na camada dérmica da pele, mais precisamente na camada
papilar da derme. Ela é composta de fibroblastos especializados localizados na base do folículo, as
células que recobrem a papila formam a raiz do pelo, supõe-se que controla o número de células da
matriz. Servem para aumentar a área de contato entre a derme e a epiderme. São irrigadas por vasos e
veias, e contêm também receptores sensoriais. As impressões digitais resultam destas saliências.
O vocábulo Datiloscopia passou a ser usado mundialmente principalmente nos países latinos, como
França, Bélgica, Luxemburgo e Romênia que adotaram “Dactiloscopie”, na Itália “Dattiloscopia”, na
Alemanha “Daktiloskopie”, porém os países anglo-saxões ainda optam pelo termo “Fingerprint”, como na
Inglaterra e Estados Unidos. Já o termo “Datilograma”, extremamente usado nos meios técnicos-
científicos, foi proposto por Olóriz, que no Congresso de Ciências Médicas celebrado em Zaragoza em
1908, afirmou que “a parte de nosso corpo mais forte é exatamente a que conserva sua invariabilidade e
que oferece maior diversidade entre as espécies, é a rede papilar dos dedos e das mãos, e estes
desenhos à maneira de filigranas, que tantas vezes temos contemplado com indiferença, deveriam nos
interessar mais porque constituem o selo mais particular e característico para estabelecer nossa
identidade”, ou ainda “a polpa de um dedo contém mais características distintivas que o rosto de um
homem e quem sabe tantos como o corpo inteiro”.
Para Reyna Almandos, apesar da definição clássica, Datiloscopia “é a ciência da identidade”. Juan
Vucetich a definiu como a “ciência que se propõe à identificação da pessoa fisicamente, considerada por
meio das impressões físicas dos desenhos formados pelas cristas papilares nas polpas dos dedos das
mãos”.
De todas as definições a mais técnica parece ser a de Andrés B. Mogrovejo R. (1948) ao definir
Datiloscopia como a “ciência que obtém a identificação das pessoas por meio do estudo das linhas
salientes na polpa dos dedos das mãos, chamadas cristas papilares”. Mora Ruiz a define como
“procedimento técnico que tem por objetivo o estudo dos desenhos digitais, com o fim de identificar as
pessoas”.
Antônio Houaiss ao defini-la como “o estudo ou identificação das impressões digitais, especialmente
com finalidade criminológica”, comete um grande equívoco. Historicamente vimos que a grande vantagem
do método datiloscópico é justamente sua aplicação à população civil. Nesse sentido, Aurélio Buarque de
Holanda foi mais técnico e menos preconceituoso ao definir a Datiloscopia como o “sistema de
identificação por meio das impressões digitais”.

Papiloscopia e Podoscopia

A papiloscopia, na verdade, abrange uma área de estudo maior, incluindo além da datiloscopia,
também a quiroscopia (identificação das impressões das palmas das mãos), a podoscopia (identificação

14 http://gizmodo.uol.com.br/novo-metodo-de-analise-de-impressoes-digitais-usa-pequenos-padroes-de-suor/
15 http://www.quimica.net/emiliano/artigos/2006dez_forense1.pdf

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das impressões das plantas dos pés), a poroscopia (identificação dos poros da epiderme) e a critascopia
(identificação das cristas papilares). Papiloscopista é o nome dado ao profissional da papiloscopia.
Em outras línguas, o termo "papiloscopia" não é utilizado nem tem equivalente direto.

Quiroscopia

É o processo de identificação humana por meio das impressões da palma da mão, classificada em
três regiões: tênar, hipotênar e superior.

Princípios Fundamentais16

Os princípios científicos que motivaram que se reconhecesse a Papiloscopia como ciência são:
- Perenidade: trata-se da característica de imperecibilidade que os desenhos papilares têm de
manifestarem-se entre o quarto e o sexto mês de vida intrauterina até a completa putrefação cadavérica.
Alguns autores após examinarem múmias puderam comprovar que as impressões digitais continuam
existindo por milhares de anos;
- Imutabilidade: os desenhos papilares não mudam durante toda a vida do ser humano, conservando-
se idênticos a si mesmos, o que os tornam imutáveis;
- Variabilidade: é a propriedade dos desenhos papilares de variarem de pessoa para pessoa, não se
repetindo. Nem mesmo na mesma pessoa é possível encontrar impressões papilares semelhantes.
Balthazard para efetuar seus cálculos pressupôs que a impressão digital fosse dividida em 100 partes,
e que em cada uma delas pudesse ocorrer 4 pontos característicos: fim de linha superior, fim de linha
inferior, bifurcação e convergência, que em sua opinião possuíam as qualidades fundamentais de
“implicidad, invariabilidad y frecuencia”17 necessárias para afirmação de uma identidade.
Para Barberá e Turégano (1988, p. 234) a sustentação científica de Balthazar “tem sua origem em uma
razão hipotética de simultaneidades morfológicas-topográficas destes 4 pontos nas impressões digitais”.
O cálculo de Balthazard tem a seguinte metodologia18:
- Divida o datilograma em 100 partes;
- Suponha uma base 4, significando os 4 pontos característicos citados anteriormente, que podem
ocorrer em cada uma destas 100 partes (expoente);
- Suponha que exista n concomitâncias entre 2 impressões digitais. O número total de impressões
digitais que mostram estas n particulares comuns é igual ao número de combinações dos 4 pontos (100
– n) por (100 – n), ou seja An(100 – n) ou ainda 4100 – n.
Em outras palavras podemos dizer que haverá 2 impressões digitais tendo n particularidades comuns
cada vez que se examinar 4n impressões digitais. Como cada pessoa possui 10 dedos, a probabilidade
de haver n particularidades comuns com uma impressão digital descoberta em local de crime é de (4
n)/10 pessoas.
- Universalidade: todo ser humano possui impressões papilares. Como exceção, que serve para
comprovar a regra, podemos citar o caso da Queratodermia, que segundo Barberá e Turégano trata-se
de uma enfermidade cutânea caracterizada por uma proliferação da camada córnea da epiderme em
formas de escamas, lâminas ou de papilomas (verruga, calos). O excesso de queratina preenche os
espaços dos sulcos interpapilares ultrapassando as cristas, ao cobri-las impede sua leitura.
De acordo com Cajal e Tello “a formação superficial da epiderme córnea consta de células achatadas
à maneira de escamas e é constituída, em grande parte, por queratina (proteína insolúvel encontrada nas
unhas, pele, cabelo”.
A queratodermia é conhecida também como “o mal de Meleda” e foi estudada por Marañón 19 e Gay
Prieto20, permanece por toda vida e não tende a melhorar. Tem caráter hereditário e estreita relação com
a ictiologia (estudo dos peixes). Fuhs-Kumer21 define da mesma forma e acrescenta que a camada córnea
atinge vários milímetros. Israel Castellanos22, cita o caso de uma moça em que não foi possível coletar
suas impressões digitais nem a de seus pais e avós. Relata também o caso de um policial japonês, que
igual à sua mãe, não tinha impressões digitais nas mãos e nem nos pés.
Segundo Marion Carey, a doença é autoidentificativa, não preocupando o fato de não possuírem as
impressões digitais. Pode ser decorrente de causas traumáticas, tóxicas (uso de arsênio), infecciosas

16 http://www.institutodeidentificacao.pr.gov.br/arquivos/File/forum/historico_processos.pdf
17 (Barberá & Turégano, 1988, p. 234).
18 (Barberá & Turégano, 1988, ps. 233 e 234)
19 Manual de Diagnóstico Etiológico, 3ª. Edição, apud Barberá & Turégano.
20 Dermatologia, 1942, apud Barberá & Turégano.
21 Dermatologia, 1945, apud Barberá & Turégano.
22 Dermapapiloscopia Clínica, Cuba, 1953, apud Barberá & Turégano.

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(blenorragia, sífilis) ou endócrinas (climatério). O nome “mau de Meleda” deve-se à frequência com que
o Dr. Brocq descobriu ocorrer na Ilha de Meleda, no mar Adriático.
- Classificabilidade: os desenhos digitais podem ser facilmente classificados em tipo e subtipo por
meio de códigos, formando a Fórmula Datiloscópica, e posteriormente serem arquivados, o que possibilita
que sejam recuperados para a realização de confrontos com outros desenhos, podendo assim afirmar se
tratam dos mesmos ou não;
- Praticidade: a obtenção das impressões digitais é simples, rápida e de baixo custo.
Perceba que os dois últimos princípios, classificabilidade e praticidade, estão afetos quase que
praticamente apenas à Datiloscopia e não deveriam, em tese, ser aplicados à Papiloscopia. Poderíamos
aceitar, com certa reserva, a praticidade como característica da Papiloscopia, mas não, com certeza, a
classificabilidade, assunto este que até hoje nenhum estudioso conseguiu implantar em qualquer arquivo,
como, por exemplo, classificar as impressões palmares ou podoscópicas de forma exequível e que
trouxesse eficiência aos organismos policiais.
A respeito desses postulados, o professor Carlos Kehdy acrescenta mais dois deles: a
“inalterabilidade” e a “inimitabilidade”, esclarecendo que eles não são consenso entre os estudiosos. A
inalterabilidade “surgiu como consequência da suposta alteração dos datilogramas, em decorrência de
certas enfermidades ou de estigmas profissionais”, porém está associada intimamente à definição de
imutabilidade.
Já o postulado da inimitabilidade é fruto de “estudos sobre a possibilidade de se falsificar uma
impressão papilar, com fins criminosos, tendo-se em vista, principalmente, lançar a culpa sobre um
terceiro”. Àquela época, 1962, Kehdy23 já nos esclarecia que “experiências a respeito parecem não ter
conduzido a resultados muito satisfatórios”, ou seja, os estudiosos da área não podiam afirmar que os
datilogramas são inimitáveis, pois do ponto de vista da Documentoscopia e da Grafotecnia “a própria
reprodução fotográfica de uma impressão papilar, em princípio, constitui uma falsificação”; e acrescenta
a experiência realizada por dois pesquisadores na Escola de Polícia do Estado de São Paulo, Pedro João
Alberto Kliamca e Clovis Scalabrin, alunos do Curso de Pesquisadores Datiloscópicos, onde Kedhy
conclui que “Na realidade, conseguiram verificar a possibilidade de se falsificar um datilograma. Mas, ao
mesmo tempo, notaram os detalhes técnicos capazes de permitir a elucidação do fato, além de
observarem as possibilidades da polícia de investigações, num caso desta natureza”.

Dermatoglifia

Harold Cummins é reconhecido mundialmente como o “Pai da Dermatoglifia”, termo este utilizado para
descrever o estudo científico das cristas papilares encontradas nos dedos, nas palmas das mãos e nas
plantas dos pés, transformando assim o termo “Datiloscopia” definitivamente em uma ciência médico
genética e biológica.
Cummins estudou praticamente todos os aspectos antropológicos, genéticos e embriológicos das
impressões digitais, inclusive a má-formação das mãos com 2 a 7 dedos. Baseado em trabalhos de vários
antecessores, desenvolveu várias pesquisas originais, dentre as quais se destaca o diagnóstico da
Síndrome de Down, em 1936, fazendo uma ligação genética entre esta doença e a presença da Dobra
dos Símios (Simian Crease), e o fato de possuírem apenas uma prega de flexão no quinto dedo. A Dobra
dos Símios não está associada unicamente à ocorrência da Síndrome de Down, mas também à Síndrome
de Aarskog ou síndrome alcoólica fetal, e ocorre a cada 30 pessoas normais, caracterizada apenas por
uma dobra palmar, enquanto o comum seriam duas.
Pessoas afetadas pela Síndrome de Down possuem mãos largas e curtas, com dedos curtos e
grossos, e tendem a ter menos assimetria entre as mãos esquerda e direita e, ainda, possuem
3 − 3333 3 − 3323
praticamente apenas dois conjuntos de fórmulas datiloscópicas: ou , com as Presilhas
2 − 2222 2 − 2232
tendo propensão de serem extremamente verticalizadas. São encontrados poucos casos de Arco,
Verticilo, ou Presilhas Externas na mão esquerda ou Presilha Interna na mão direita. Outro fator marcante
é que a região tênar geralmente é pequena ou ausente enquanto que a hipotênar é extremamente larga
(Sarpal, 2002).
A pele possui a capacidade para formar cristas, mas seus alinhamentos são responsabilidade das
tensões causadas pelo crescimento, assim como os alinhamentos da areia se devam aos movimentos do
vento e das ondas da praia. As formações de cristas em um feto normal localizam-se diferenciadamente,
dependendo de seu crescimento, cada uma sendo responsável pela produção de uma das configurações

23 Kehdy, C. (1962). Papiloscopia: Iimpressões digitais, impressões palmares, impressões plantares. São Paulo, SP: Serviço Gráfico da Secretaria da Segurança

Pública.

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locais contidas no plano morfológico do dermatóglifo. Se uma dessas configurações não desaparecer
completamente antes do tempo de formação da crista, sua presença determina uma área de discreta
configuração”.
Com base nos estudos de Cummins recentemente chegou-se à conclusão que:
- o Prolapso de Válvula Mitral, uma forma de doença do coração, está associado a uma ocorrência
muito alta de Arcos;
- Câncer de Peito está associado a uma alta incidência de Verticilo.
Foram encontradas mais correlações entre as doenças de origem genéticas, porém também foram
observados relacionamentos entre as impressões digitais e o Mal de Alzheimer, Tuberculose, Diabetes,
Câncer, doenças de origem psicológicas. Ângulos inusitados de ATD em combinação com outras
anomalias estatísticas são comuns em várias formas de retardo, tais como, esquizofrenia, crianças com
mal comportamento, autismo, depressão maníaca, timidez excessiva, retardamento, alcoolismo etc.
Alguns psiquiatras forenses sugerem inclusive que devem ser assinalados em seus laudos, sempre que
houver, os estigmas físicos, dentre esses a inversão da fórmula digital.
Antropologicamente, os datilogramas têm sido usados para determinar a origem de vários tipos de
grupos, como por exemplo, ao determinar que os habitantes originais das Ilhas do Pacífico emigraram da
Ásia e não da América do Sul, conforme os estudos de Thor Heyerdahl. Até recentemente, quando o teste
de DNA ainda não era usual, o método cientificamente mais aceitável, para determinar se gêmeos vieram
do mesmo ovo ou não, era o teste das impressões digitais.

Quiroscopia

O termo “Quiroscopia” foi também criado pelo espanhol Florentino Santamaría Beltrán em 1952. Esse
termo transcendeu a Espanha, assim como seus derivados Quirograma, Quirotecnia e Quiroscopista, que
designa a análise das cristas nas impressões palmares. Mas foi Harris Hawthorne Wilder, com estudos
em 1903, que primeiro classificou a região superior da palma das mãos. Outros estudos genéticos foram
feitos em 1924 pelo norueguês Kristine Bonnevie.

Poroscopia24
É a ciência que trata da identificação humana através dos poros encontrados nas cristas papilares.
Em papiloscopia, os desenhos formados pelos poros nos papilogramas (fig.18), servem como meio
complementar e seguro para estabelecer a identidade, quando o número de pontos característicos
encontrados em uma impressão ou fragmento de impressão papilar for insuficiente, pois também
possuem as mesmas propriedades que as papilas dérmicas – perenidade, imutabilidade e variabilidade.

Na poroscopia, estuda-se:
O número – varia segundo a distância de um para outro orifício (poro), de 9 a 18 por mm2.
Posição – localiza-se na parte central e periférica das cristas papilares.
Dimensões – variam em regra de 80 a 250 micromilímetros

Forma – os poros apresentam as seguintes configurações: circular, oval, estrelário e triangular.


O exame de confronto consiste na tomada das mensurações com a ajuda de um compasso, a fim de
obter-se todas as medidas necessárias além do levantamento da forma e localização do poro nas peças
negativas das fotografias ampliadas 45 vezes. As cristas aumentam 10 a 15 mm de largura e os orifícios
sudoríparos surgem nítidos, discerníveis nas suas minudências, no diâmetro de seis a oito milímetros.

Podoscopia

A Podoscopia, termo proposto por Israel Castellanos, foi primeiramente utilizada por Wilder e Bert
Wentworth, em 1918, para identificar recém-nascidos numa maternidade em Chicago.
Temos outros autores que trataram da Podoscopia aplicada aos recém-nascidos, como por exemplo,
Flamini, Sabattini, Timmer, Bergglas, Egaz Monis no Brasil, Orrego Gautier no Chile, Mary Hamilton nos
Estados Unidos e Fernando Pozo, em 1914, na Argentina.
A ideia era que a identificação podoscópica deveria ser efetuada em uma ficha nas primeiras horas do
nascimento, antes que se procedesse ao corte do cordão umbilical, assim como as impressões digitais
dos polegares da mãe da criança.

24 http://www.papiloscopia.com.br/estudo_das_papilas.html

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“Pelmatoscopia” é um termo proposto pelo argentino Carlos A. Urquijo que o definiu como “ciência que
estuda a coleta, classificação, arquivamento e confrontação das impressões plantares e qualquer outra
questão teórica ou prática que do conhecimento das mesmas se derive”. Luis Gómez Suárez propôs
também o termo “Plantograma”.
Embora muito popular nas maternidades americanas, a Podoscopia, devido à dificuldade de obtenção
dos podogramas, limita-se à identificação de recém-nascidos, mesmo sabendo-se de suas características
cientificamente comprovadas no processo de identificação.
Assim a Datiloscopia, além dos três princípios fundamentais que norteavam tanto a Quiroscopia como
a Podoscopia (perenidade, imutabilidade e variabilidade) possui ainda outros dois fundamentos
extremamente úteis para a ciência da identificação: a praticidade e a classificabilidade.

Sistema Datiloscópico de Vucetich

Primeiramente, Vucetich nomeou seu procedimento de “Icnofalangometría” ou “Método Galtoneano”,


onde dividia os datilogramas em 101 grandes grupos, assim como constava na sistemática de Galton.
Ao aprofundar seus estudos reduziu seus grupos a apenas 4 tipos fundamentais, similarmente a
Galton, aos quais denominou: Arco (1), Presilha Interna (2), Presilha Externa (2) e Verticilo (4), criando o
Sistema Datiloscópico Argentino.

Uma pergunta que sempre é feita e poucos estudiosos respondem é acerca do por que Vucetich
utilizou esta nomenclatura.
Antes de respondermos a pergunta sobre a origem dos nomes, é importante que entendamos a origem
das impressões digitais, e para isso Bridges explica que, desde milhões de anos atrás, “a sobrevivência
de cada animal dependia dele reconhecer os rastros deixados por seus amigos ou inimigos”, desde que
minúsculas formas de vida deixaram a água e passaram a se mover sobre a terra.
Assim os pés dos animais que andam no chão logo desenvolveram blocos para apoiar seu peso e
acolchoar seus passos, e em alguns mamíferos esses blocos criaram pequenos agrupamentos, verrugas
epidérmicas “que se organizaram circularmente ao redor de um ápice elevado, e em cada uma delas
abriu-se uma minúscula glândula de suor.

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Essas verrugas tenderam a se fundir, formando linhas transversais através do bloco, criando uma
superfície de atrito que prevenia os deslizamentos. Dobras da pele cercaram os blocos, criando uma leve
depressão, e onde essas dobras se encontraram formou-se um delta.
Como escalar árvores para se alimentar tornou-se um hábito, parte da existência da espécie, os
agrupamentos de verrugas nesses blocos foram pouco a pouco se aplainando, e um padrão apareceu.
Esse achatamento reduziu a impressão que se tinha de uma terceira dimensão, como se estando em alto
relevo, tornando-o mais parecido com um desenho”.
Para Bridges25, “a sobrevivência passou a depender cada vez mais da certeza com que se pegavam
as coisas e os padrões das cristas papilares começaram a se formar proporcionalmente ao tamanho do
animal. A superfície inteira de atrito foi coberta por elevações, mas ao invés de irem de um lado para o
outro, elas mantiveram a direção das dobras que originalmente cercavam os blocos, assumindo a forma
de um verticilo, proporcionando o máximo de tração para uma determinada superfície. Indubitavelmente
as mãos e pés de aborígines tiveram essa mesma aparência. Porém, nos grandes macacos e no homem
primitivo, o peso do corpo transformou-se em um obstáculo muito grande para se continuar escalando as
árvores; assim as superfícies de atrito deixaram de ser uma parte tão importante. Os verticilos
começaram, então, a se transformar em outras formas, laços e arcos”.
Tais fatos sustentam a afirmação de Barberá e Turégano26 de que “As formas vão se simplificando, de
uma mais primitiva a outra mais recente, à medida que as gerações humanas necessitam de menos
trabalho rude e preensor (pegar objetos)”.
Perceba que, conforme demonstrado na tabela abaixo – Comparação entre a incidência de arco
verticilo em ambas as mãos, a prova de que os verticilos estão mais associados à característica de
preensão está ao constatar-se que eles são mais frequentes na mão direita e menos na mão esquerda,
ocorrendo o oposto com os arcos.

Dedos Arco (%) Verticilo (%)


Polegar Direito 3,16 50,44
Indicador Direito 15,42 34,02
Médio Direito 8,54 19,06
Anular Direito 3,05 47,72
Mínimo Direito 2,75 16,43
Polegar Esquerdo 5,54 41,16
Indicador Esquerdo 16,93 31,22
Médio Esquerdo 11,58 19,84
Anular Esquerdo 4,2 38,59
Mínimo Esquerdo 3,85 13,14
Tabela – Comparação entre a incidência de arco verticilo em ambas as mãos

Assim vemos que a mão direita trabalha mais que a esquerda, assim, nela ocorre mais vezes verticilos,
enquanto que na mão esquerda ocorrem mais arcos.
Outro fator preponderante para essa afirmativa está no fato de ser nos dedos mínimos, justamente os
que têm menor atividade de agarramento, que há menor incidência de Verticilo.
Nas mãos e pés do homem moderno, evoluindo desde tempos remotos, as papilas dérmicas ainda
proveem o atrito necessário para aumentar a segurança no contato com outros objetos. Elas fortalecem
a estrutura dérmica e facilitam o processo de transpiração, além de terem a função de ajudar na
sensibilidade do toque.
Quanto aos nomes, arco se deve à forma abaulada das linhas que forma este tipo de datilograma, o
mesmo ocorrendo com verticilo, proveniente do inglês “Whorl” e do espanhol “Espira” ou “Torvellino”,
espiral, arredondado, circular. A grande dúvida fica por conta dos tipos Presilha Interna e Externa.
O termo presilha vem do espanhol “presilla” e do inglês “loop”, que significa laçada, volta. Mas por que
interna e externa? Os vocábulos, interna e externa, seguem o raciocínio de Galton e Henry, que definiram
seus tipos como “Radial” e “Ulnar” Loop. Para diferenciar dos nomes em inglês, Vucetich preferiu adotar
a posição destes ossos em relação à mão humana, tomando por base a localização do ápice da laçada,
e não a direção da sua abertura (radial como externa e ulnar como interna), tendo estes pontos como
fixos e não variáveis, independentemente da mão em que ocorram, ao contrário do proposto pelo sistema
Henry. O mais engraçado nessa definição de Vucetich é que seu raciocínio só vale do ponto de vista da
mão direita, pois, da perspectiva da mão esquerda, essas definições se invertem, e aí a lógica de Henry
parece ser mais racional.
25 Bridges, B.C. (1942). Practical fingerprinting. New York, EUA: Funk & Wagnalls Company.
26 Barberá, F. A. & Turégano, J. V. de L. y. (1988). Policía científica, Volume I. 3ª. Edição. Valencia, Espanha: Tirant Lo Blanch.

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Entretanto, a partir do momento em que a coleta e o arquivamento dos dedos nas planilhas
datiloscópicas são feitos pela “ordem natural”, dos polegares para os mínimos, sendo dividida em mão
direita, parte superior, e mão esquerda, parte inferior, a ideia de Vucetich volta a ser muito mais eficiente,
principalmente pelo fato de não ser preciso saber de qual mão se trata o datilograma, o que é impossível
pelo sistema Henry.
Uma melhor solução para evitar essa confusão de nomenclatura foi proposta por Olóriz e adotada
pelos espanhóis, mudando o ponto de vista do núcleo do desenho para a posição dos deltas. Os nomes
adotados foram “Sinistrodeltos”, para Presilha Externa, delta à esquerda do núcleo, e “Dextrodelta”, delta
à direita do núcleo, para Presilha Interna. Perceba que esses nomes têm vantagens mnemônicas sobre
os propostos por Galton-Henry e Vucetich.
O modelo da ficha decadactilar de Vucetich, onde as impressões digitais são impressas, consistia
numa folha de papel de 20 x 9 cm, dividida em 2 partes, sendo que na inferior ficariam os dedos da mão
direita e na superior a mão esquerda, dos polegares aos mínimos, dispensando o uso das simultâneas.
Originalmente a ficha reservava as seguintes dimensões para os dedos27:
- Polegares: 35 mm;
- Indicadores: 30 mm;
- Médios: 30 mm;
- Anulares: 30 mm;
- Mínimos: 25 mm.
Atualmente usamos praticamente a mesma ficha, apenas com o detalhe que invertemos a posição das
mãos, a direita é a superior e a esquerda a inferior, e, em seu verso, coletamos as impressões dos dez
dedos simultaneamente.
A originalidade do Sistema Vucetich está em:
- Redigir e ler a fórmula datiloscópica do polegar direito até o mínimo esquerdo, em sequência, ao
contrário de Henry que coletava as impressões em ordem, mas não as lia da mesma forma;
- Simbolizar os polegares com letras e os outros dedos com números;
- Representar as presilhas com 2 ou 3, considerando-as 2 tipos distintos, ao contrário de Galton que
as tratava em relação aos ossos da mão (rádio e cúbito). O sentido radial é do polegar para o mínimo e
o sentido cubital é o oposto;
- Escrever os símbolos dos tipos fundamentais no canto superior direito dos respectivos dedos
(atualmente esta notação é feita no canto superior esquerdo);
- Criou a canaleta para a tomada de impressões digitais (segundo Piédrola algo totalmente
desnecessário);
- Chamou de “Serie” e “Sección” à semifórmula da mão direita e esquerda, respectivamente.
“Fundamental” à letra inicial do polegar direito e aos dedos restantes de “Divisiones”. “Subclasificación” à
letra inicial do polegar esquerdo e “Subdivisiones” aos dedos restantes.

Um dos críticos de Vucetich, Piédrola afirma que o uso da canaleta é “nocivo e totalmente
desnecessário”. E é dessa “tolice” que herdamos até hoje o termo “fundamental”, quando na verdade
Vucetich só o aplicava ao datilograma encontrado no polegar direito, mas que nos parece corretamente
ser aplicado para todos os dedos. Associado ao fato de que, em 24 de fevereiro de 1910, o Poder
Executivo na Argentina decretaria a obrigatoriedade da aposição do polegar direito em seus títulos de
cidadania, advém daí até os dias atuais o equívoco histórico do excesso de valor aplicado aos polegares,
e principalmente ao direito, em menosprezo aos outros dedos, principalmente os indicadores.
O método começou a ser aplicado em 1º de setembro de 1891 com o registro das impressões digitais
de 23 delinquentes e tinha como objetivo individualizá-los. O primeiro deles a ser cadastrado foi Julio
Torres, vulgo “SaltaParedes”28. Em dezembro deste mesmo ano identificou 7 pessoas dentre 645
criminosos.
Em 1892, seu sistema datiloscópico foi estendido às penitenciárias de Mercedes, San Nicolas e Sierra
Chica. De 393 aspirantes ao cargo policial, 11 tinham antecedentes criminais. No mesmo ano, Vucetich
coleta impressões digitais de 1.462 pessoas, sendo que 78 delas foram identificadas com antecedentes
e um com nome falso.
Em 14 de setembro de 1895, na cidade de La Plata, Vucetich pessoalmente faz a primeira identificação
necroscópica de um cadáver que havia se suicidado com um corte na garganta provocado por uma
navalha. Confrontando apenas as impressões digitais da mão direita, tendo em vista o estado de
decomposição do corpo, com as fichas que tinha obtido na cadeia de Sierra Chica dois anos antes e que

27 Kehdy, C. (1962). Papiloscopia: Iimpressões digitais, impressões palmares, impressões plantares. São Paulo, SP: Serviço Gráfico da Secretaria da Segurança

Pública.
28 BARBERÁ, F. A. & Turégano, J. V. de L. y. (1988). Policía científica, Volume I. 3ª. Edição. Valencia, Espanha: Tirant Lo Blanch.

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guardava em seus arquivos, conseguiu identificar o suicida como Carlos Casali 29. Em 6 de dezembro de
1896, na mesma cidade, em uma cena de crime onde foi assassinado Abdón Rivas, impressões digitais
foram encontradas e identificadas como sendo Audifrásio González, o autor do crime.
A contribuição positiva desse procedimento nas investigações policiais, devido à sua grande
simplicidade e eficiência, levou o governo argentino a adotá-lo em suas cédulas de identidade, pois se
comprovou ser muito mais eficaz que todos os métodos anteriores. Em 6 de novembro de 1895, é adotado
oficialmente pela Polícia de La Plata e, em 1º de janeiro de 1896, abandona-se definitivamente a
identificação utilizada pelo sistema antropométrico de Bertillon. Um ano após é batizado de “Sistema
Datiloscópico Argentino”.
Os livros e artigos de Vucetich serviam para reproduzir a evolução de seus pensamentos e estudos,
assim ao reunir um farto material submeteu-os ao Segundo Congresso Científico Latino-Americano, em
março de 1901 na cidade de Montevidéu. Uma das decisões desse Congresso foi a de sugerir aos países
latino-americanos que adotassem as impressões digitais como “meio individualizador insuperável”. A
partir daí, difundiu-se por todo o mundo como técnica identificadora, sendo cunhada por Lacassagne a
expressão “Vucetismo”, a ponto de ser considerada por Reyna Almandos “por sua inquestionável eficácia,
perfeito em sua aplicação matemática”. Vários órgãos de diferentes países, principalmente os de língua
não anglo-saxônica, como a França (1903), Itália (1906), Espanha (1907), Chile, México (1920), Noruega,
Japão, Bélgica, Tchecolosváquia, Alemanha, passam a adotá-lo.
Em 1912, o Brasil adotaria este sistema em todo território nacional e Vucetich faria várias viagens de
estudo pelo mundo, com o objetivo de saber como cada país estava desenvolvendo a técnica de
identificação.
De volta à Argentina, ocupou-se com a redação de um Projeto de Lei para a criação do Registro Geral
das Pessoas, na Província de Buenos Aires, promulgada em 20 de julho de 1916, porém, para sua
tristeza, o projeto foi abortado dez meses depois de começado, em 28 de maio de 1917. Nesta lei, no
artigo 4º, Inciso 10, Letra B, estabelecia a obrigatoriedade da identificação dos recém-nascidos pelo
método datiloscópico. A afirmativa de que esse projeto seria o “primeiro de sua espécie” não condiz com
a realidade, pois tal proposta já havia sido feita na Espanha, em 1911, por Federico Olóriz Aguilera.
É importante ressaltar que até hoje não é possível fazer este tipo de coleta de forma satisfatória, pois
os equipamentos, por mais avançados que estejam, não possuem tecnologia suficiente para conseguir
capturar estas impressões digitais de forma nítida e que possibilitem aos técnicos uma análise eficiente.
O que conseguimos são apenas borrões que de nada ajudam no estabelecimento de uma identidade.
No Brasil, a ideia proposta para solução de semelhantes problemas, antevistos por Vucetich, foram
primeiramente discutidas em 1934 no I Congresso Brasileiro de Identificação, que conclui pela
identificação das crianças apenas em sua idade escolar, ao se matricular pela primeira vez em um
estabelecimento de ensino.

Identificação policial

Ocorre a identificação policial, a partir da comparação entre a impressão digital encontrada no “local
do crime” ou no “objeto do crime” com a impressão digital do suspeito ou das impressões existente nos
bancos de dados do Instituto de Identificação da Polícia.
Os responsáveis pela tarefa de comparar e classificar as impressões digitais coletadas e elaborar um
laudo são denominados de papiloscopistas.

Identificação de Pessoas para Fins Civis

Além da tomada de impressões em locais de crime, mais importante é a coleta de impressões da


pessoa em momentos de realização de documentos civis. É nesse momento em que se dará origem aos
arquivos do Instituto de Identificação e, no caso de ocorrência de um crime, posteriormente serão
comparados com as impressões digitais colhidas no local do fato.
A tomada de impressão digital de pessoa viva é realizada por um pesquisador/funcionário que porta
uma série de instrumentos. Basicamente utiliza-se de: tinta apropriada, um rolo, um suporte e um
impresso onde ficará marcado o entitamento dos dedos. Após a aplicação da tinta nos dedos, será retirado
o excesso, posteriormente pressionando os dedos contra o impresso.
Por primeiro é retirado a impressão digital do polegar e posteriormente dos demais dedos. Em seguida
são coletadas impressões dos dedos em conjunto, o que propicia uma segurança maior, tendo em vista
que haverá duas impressões de cada um dos dedos.

29 SAPPIETRO, E.L. (2000). El sistema dactiloscopico argentino. Studia Croatica, Número 141.

52
1690547 E-book gerado especialmente para BRUNO LIMA BEZERRA
Identificação de pessoa morta

Quando é necessário realizar a tomada de impressões de pessoa morte, nesse caso, a identificação
feita pelas impressões digitais é utilizada para estabelecer a identidade de um cadáver, ou confirmá -la,
sendo fundamental à identificação de vítimas de homicídio para investigações criminais. Deve-se
observar, por primeiro, quando a morte ocorreu. Se o óbito ocorreu recentemente, não há qualquer
dificuldade na realização da retirada das impressões digitais, basta que seja realizada da mesma forma
em que é feito com pessoas ainda com vida.
Porém, com o passar dos tempos o corpo entra em decomposição, os cadáveres são encontrados em
avançado estágio de putrefação, mumificados, ou carbonizados e, por conseguinte, são necessárias
técnicas laboratoriais visando a recuperação do tecido degradado. O objetivo é acessar o padrão de
cristas de fricção da epiderme, ou de papilas dérmicas da derme, ambos podendo ser utilizados para fins
de identificação. Dependendo das condições em que se encontrar o corpo surgem três espécies de
dificuldades:
a) Rigidez cadavérica;
b) Excessivo amolecimento dos tecidos;
c) Inicio de putrefação;
No caso da rigidez cadavérica, não há qualquer problema para que sejam retiradas as impressões
digitais, o principal óbice seria sua execução, tendo em vista a “paralisia” em que o corpo se encontra.
O amolecimento excessivo dos tecidos ocorre, por exemplo, nos corpos dos afogados. É necessário
que o pesquisador tenha bastante cuidado em limpar os dedos do cadáver com um pouco de álcool e em
seguida aplicar a tinta. Em alguns casos de emurchecimento mais avançado se faz necessário a injeção
subdérmica de um líquido inerte, como parafina ou a glicerina, com finalidade de devolver a conformação
da extremidade digital e permitir a coleta de impressões.
Quando a coleta de impressões digitais tem que ser feita em corpos em estágio avançado de
decomposição, é necessária a retirada da luva cadavérica, ou seja, a pele que recobre os dedos da mão
do cadáver. Corta-se transversalmente a pele do dedo alcançando com o corte a área de um anel, depois,
essa pele é arrancada como um preservativo; Após isso, o pesquisador veste esta pele do cadáver sobre
sua própria mão, previamente protegida por uma luva de borracha, e, então, é feita a coleta das
impressões digitais.

Desenhos papilares

A pele possui duas camadas, a primeira, denominada epiderme, encontra-se localizada na parte mais
superficial, e a derme, mais profunda.
As cristas papilares são as circunvoluções da epiderme que, conforme elucida Eduardo Roberto
Alcantara Del-Campo, são circunvoluções da epiderme que se estendem sobre as cadeias paralelas de
glândulas, terminais nervosos e vasculares existentes na derme.
Quando se toca numa superfície são deixados resíduos de gordura, suor, aminoácidos e proteínas.
São esses resíduos que permitem obter as impressões digitais. As impressões digitais são depositadas
nas superfícies de uma forma mais ou menos contínua de acordo com a morfologia das cristas e contêm
uma grande variedade de químicos. A espessura dos resíduos que são depositados nas superfícies é de
apenas poucos micrómetros, e após um período de 1-2 meses ocorre secagem e evaporação dos
químicos presentes.

Terminologia

O desenho papilar é o desenho deixado pela impressão da crista papilar sobre um objeto, que dará
origem à impressão digital. Tais impressões podem ser: visíveis, moldadas e latentes.
Visíveis são as impressões papilares deixadas com tinta, graxa, óleo, sangue, ou qualquer outro
produto que apresente certa pigmentação e seja facilmente visualizado a olho nu.
Moldadas são as impressões deixadas sobre suportes que possuam consistência pastosa e acabe
por “moldar” o formato da crista papilar tal como ela é, tais substancias podem ser o sabão, cera, pomada,
etc.
Latentes são as impressões que não podem ser visualizadas a olho nu, ou seja, é necessário que o
pesquisador use aparatos para auxiliá-lo na descoberta de tal impressão deixada por dedos limpos.
De entre os três tipos de impressões possíveis de encontrar em locais de crime, as marcas latentes
são as mais comuns e as mais problemáticas. A aplicação de técnicas ópticas, químicas, físicas e físico-

53
1690547 E-book gerado especialmente para BRUNO LIMA BEZERRA
químicas é necessária para a sua visualização. Os vestígios lofoscópicos são frequentemente
encontrados fragmentados, distorcidos, manchados, o que dificulta a sua visualização. Tem de se ter em
conta que são muitos os fatores que influenciam a qualidade da impressão digital latente (elasticidade da
pele, pressão exercida, natureza da superfície, etc.), fazendo com que esta seja diferente da impressão
digital padrão depositada sob condições controladas para efeitos comparativos.

Especificações do Sistema

O Sistema decadactilar de Vucetich se baseia na identificação utilizando as impressões de todos os


dedos de ambas as mãos.

Principais Elementos das Impressões Digitais


- Cristas papilares (linhas pretas);
- Sulcos papilares (linhas brancas);
- Deltas (utilizados para a classificação dos vários desenhos);
- Pontos característicos (ponto, ilhota, cortada etc).

Uma Impressão Digital apresenta Três Sistemas de Linhas


a) Sistema Basal ou basilar: corresponde ao conjunto de linhas paralelas ao sulco que separa a
segunda e a terceira falanges. No polegar é o da primeira e terceira falanges;
b) Sistema marginal: conjunto de linhas das bordas de impressão;
c) Sistema central ou nuclear: conjunto de linhas entre os dois anteriores.

Na existência de ponto(s) de confluência entre os três sistemas cria-se uma figura típica denominada
delta ou trirrádio (pequeno ângulo ou triangulo formado pelo encontro das linhas).
A presença de um, dois ou nenhum delta na impressão digital estabelece os 4 padrões do Sistema
Dactiloscópico de Vucetich.
- Verticilo: ter dois deltas, um de cada lado;
- Presilha Externa: ter um delta, à esquerda do observador;
- Presilha Interna: ter um delta, à direita do observador;
- Arco: não ter delta.

Para fins de classificação, essas quatro formas fundamentais se designam pelas letras (V,E,I,A)
quando se encontram no polegar, e por números (de 1 a 4), quando se encontram em qualquer um dos
outros dedos:
- V (Verticilo) = 4 (dois deltas);
- E (Presilha Externa) = 3 (um delta à esquerda);
- I (Presilha Interna) = 2 (um delta à direita);
- A (Arco) = 1 (adéltico: sem deltas).

Algumas situações especiais, recebem notações próprias:


- Dedos amputados (0);
- Dedos defeituosos ou com cicatriz que impede a classificação (X).

54
1690547 E-book gerado especialmente para BRUNO LIMA BEZERRA
Fórmula Dactiloscópica

Conhecida também como individual dactiloscópica. É uma fórmula empregada para arquivamento dos
achados obtidos a partir da tomada e classificação das impressões digitais de um indivíduo. Nessa
fórmula, os dedos da mão direita constituem a série, e os dedos da mão direita, a seção. O polegar da
série é denominado fundamental, e os demais dedos constituem a divisão.

Estrutura da Fórmula

a) Numerador (série):
- dedos da mão direita;
- começando pelo polegar (representado por uma letra);
- demais dedos (indicador, médio, anular e mínimo): representados por números.

b) Denominador (secção):
- os dedos da mão esquerda;
- na mesma sequência da mão direita.

Exemplo de uma fórmula dactiloscópica:

Série: V - 3243
Seção: I - 2131

Anomalias

São defeitos dos dedos, os quais podem ser congênitos ou adquiridos; os primeiros já nascem com o
indivíduo e os últimos são adquiridos no decorrer da existência. Chamamos a atenção para diferença
entre desenho anômalo e anomalia.
Desenho Anômalo: convencionou-se designar os tipos especiais como desenhos anômalos, isto é,
os seus núcleos apresentam características anormais, diferentes dos tipos fundamentais preconizados
por Vucetich.
Anomalias: são apenas defeitos dos dedos, podendo apresentar desenhos digitais perfeitos.
Apresentaremos, a seguir, um exemplo da anomalia mais comum, a hiperdatilia. Esta anomalia consiste
na presença de dedos em número superior ao normal.

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1690547 E-book gerado especialmente para BRUNO LIMA BEZERRA
Os indivíduos portadores de hiperdatilia costumam submeter-se a uma intervenção cirúrgica para
extração dos dedos anormais. Neste caso, ficará com as mãos normais, porém, com uma cicatriz que
deverá ser anotada pelo identificador, na respectiva ficha de identidade. Além da hiperdatilia, existem
outras anomalias congênitas, tais como: a hipodatilia (números de dedos inferior ao normal), a sindatilia
(dedos ligados pela pele ou pelos ossos), a agenésia total (a não formação dos dedos), etc. Dentre as
anomalias não congênitas podemos citar a microdatilia (diminuição do volume do dedo) e a macrodatilia
(aumento anormal do volume digital), etc.

Em resumo:

Anomalias Congênitas
- Hiperdatilia;
- Hipodatilia;
- Sindatilia;
- Agenésia total.

Anomalias não Congênitas


- Macrodatilia;
- Microdatilia.

Deve-se anotar essas anomalias nas ID (tiradas em duplicata), para a orientação do datiloscopista,
pois constituem as únicas exceções à classificação normal, sendo arquivadas em arquivos especial.
Quando o desenho papilar for impossível de classificação, deformado por cicatrizes e nas
malformações escreve-se X; e na falta parcial ou total do dedo, 0 (zero).

Pontos Característicos

São os acidentes encontrados nas cristas papilares e os elementos individualizadores da impressão


digital.
A evidenciação de 12 pontos característicos permite o estabelecimento da identidade de uma pessoa
(Brasil).

56
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A leitura da impressão digital se faz em sentido horário, sendo iniciada a análise na posição 12 h.

1 – Forquilha (Vucet); 12 – Tridente (Vuc);


2 – Confluência (Álv.Plac.)
13 – Eme (Éboli);
Torq. (Vucet);
3 – Dupla bifurcação
14 – Cicatriz de corte;
(R. Dambolena);
4 – Ilhota (Vucet); 15 – Laguna (Almandos);
5 – Encarne (Éboli); 16 – Pontos;
6 – Linha Interrompida (Vucet); 18 – Empalme (Vuc);
7 – Bifurcação (Vucet); 19 – Arpão (Vuc);
8 – Cortada (Vucet); 20 – Ponto (Vuc);
9 e 17 – Deltas; 21 – Começo de linha;
10 - Encerro (Vucet); 22 – Fim de linha;
11 – Emboque (Éboli); 23 – Desvio (Éboli);
24 – C/púst

Fases de um Processo de Identificação

1ª registro
Dados prévios - planilha dactiloscópica (Instituto de Identificação)

2ª Registro
Planilha dactiloscópica obtida quando do levantamento pericial ou impressão digital deixada em local
de crime (exame de local de crime, necroscópico).

3ª Comparação
Busca de pontos característicos correspondentes (planilha do Instituto de Identificação com impressão
digital deixada no local dos fatos ou coletada do cadáver).

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Tipos de Impressão Digital

1. Moldada: impressão se faz sobre superfícies plásticas, tornando a impressão em relevo.


2. Latentes: para ficar evidente, a impressão precisa ser revelada com reveladores próprios (carbonato
de chumbo, negro de fumo e outros métodos mais modernos)
3. Reveladas ou normais: a impressão impregnada de qualquer sujidade (gordura, sangue, tinta,
graxa, carvão etc.) marca a superfície de contato.

Composição Química30

Técnicas para Revelação de Digitais


Os profissionais em datiloscopia são chamados de papiloscopistas, os quais têm a responsabilidade
de realizar os trabalhos de pesquisa nos arquivos datiloscópicos e comparar com as impressões digitais
em questão. É uma tarefa que exige muita calma e paciência, experiência e, sobretudo, que o desenho
da impressão digital seja o melhor possível. Existem diversas técnicas para coleta de fragmentos
papilares no local do crime. É ai que aparece um pouco mais de química no processo.
A perícia, quando entra na cena de um crime, observa vários aspectos. No que diz respeito ao assunto
do artigo, a observação de objetos deslocados da sua posição original pode revelar vestígios papilares
nos objetos que apresentam superfície lisa ou polida. A estes vestígios se dá o nome de Impressões
Papilares Latentes, doravante IPL, que podem confirmar ou descartar a dúvida de quem estava na cena
do crime.
Há basicamente dois tipos de IPL: as visíveis e as ocultas. As visíveis podem ser observadas se a mão
que as formou estava suja de tinta ou sangue. Já as ocultas são resultado dos vestígios de suor que o
dedo deixou em um determinado local. Aliado ao fato de que, quando a pessoa está fazendo um ato ilícito,
via de regra, a transpiração aumenta, transformar estas IPL ocultas em visíveis acaba sendo um processo
de grande importância nas investigações.

Glândulas Compostos Inorgânicos Compostos Orgânicos


Aminoácidos
Cloretos
Ureia
Íons metálicos
Ácido lático
Amônia
Sudoríparas Açúcares
Sulfatos
Creatinina
Fosfatos
Colina
Água
Ácido úrico
Ácidos graxos
Glicerídeos
Sebáceas
Hidrocarbonetos
Álcoois
Proteínas
Apócrinas Ferro Carboidratos
Colesterol
Tabela 1 – Relação entre as glândulas e os compostos excretados no suor humano.

Saber escolher a técnica se torna importante na medida em que, se algo der errado, uma técnica pode
não só ser ineficiente como também destruir uma IPL. O perito tem uma centena de técnicas possíveis,
aplicáveis em situações genéricas e específicas. Antes de analisar as técnicas, é importante ter uma idéia
da composição química de uma impressão digital. A Tabela 1 relaciona as principais substâncias
presentes no suor humano e as glândulas que as excretam.

Técnica do Pó

Sendo a mais utilizada entre os peritos, a técnica do pó nasceu juntamente com a observação das
impressões e sua utilização remota ao século dezenove e continua até hoje. É usada quando as IPL
localizam-se em superfícies que possibilitam o decalque da impressão, ou seja, superfícies lisas, não
rugosas e não adsorventes31 (veja Figura 3). A técnica do pó está baseada nas características físicas e
químicas do pó, do tipo de instrumento aplicador e, principalmente, no cuidado e habilidade de quem

30 http://www.quimica.net/emiliano/artigos/2006dez_forense1.pdf
31 A adsorção é um fenômeno caracterizado pela fixação de moléculas de uma substância (o adsorvato) na superfície de outra substância (o adsorvente).

58
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executa a atividade – vale lembrar que as cerdas do pincel podem danificar a IPL. Além dos pincéis, a
técnica também pode ser realizada com spray de aerossol ou através de um aparato eletrostático.

Figura 3 – Ilustração da utilização da técnica do pó na revelação de IPL.

Quando a impressão digital é recente, a água é o principal composto no qual as partículas de pó


aderem. À medida que o tempo passa, os compostos oleosos, gordurosos ou sebáceos são os mais
importantes. Esta interação entre os compostos da impressão e o pó é de caráter elétrico, tipicamente
forças de van der Waals e ligações de hidrogênio. A Tabela 2 relaciona alguns poucos tipos de pós
usados na revelação de IPL.

Pós Pretos
Óxido de ferro 50%
Pó óxido de ferro Resina 25%
Negro-de-fumo 25%
Dióxido de manganês 45%
Óxido de ferro 25%
Pó dióxido de manganês
Negro-de-fumo 25%
Resina 5%
Negro-de-fumo 60%
Pó negro-de-fumo Resina 25%
Terra de Fuller 15%
Pós Brancos
Óxido de titânio 60%
Pó óxido de titânio Talco 20%
Caulin 20%
Carbonato de chumbo 80%
Goma arábica 15%
Pó carbonato de chumbo
Alumínio em pó 3%
Negro-de-fumo 2%
Tabela 2 – Pós utilizados na revelação de IPL.

O uso de um tipo de pó em detrimento dos demais ocorre, principalmente, devido à superfície em que
se encontra a IPL, às condições climáticas – principalmente a umidade – e a experiência do perito. É por
isto que existe uma variedade enorme de pós, muito maior que as apresentadas aqui, pois as condições
do local em que se encontra a impressão podem ser muito diversificadas.
O uso de pós pode ser prejudicial à saúde do perito. Devido a isto, na década de 80 foram
desenvolvidos pós orgânicos. Exemplo destes pós encontra-se no trabalho de Kerr, Haque e Westland,
no qual são descritos procedimentos para produção. Um deles seria dissolver 1 g de brometo de potássio
em vinte e cinco mililitros de água destilada. Em seguida, lentamente, dissolvesse trinta e cinco gramas
de amido de milho na solução aquosa de brometo de potássio. Esta mistura é deixada secar por setes
dias e após é reduzida a pó. Este, por sua vez, é conservado em um recipiente contento sulfato de cálcio
anidro como dessecante.

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Vapor de Iodo

O iodo tem como característica a sublimação, ou seja, passagem do estado sólido diretamente para o
estado vapor. Para esta mudança de estado, o iodo precisa absorver calor. Este calor pode ser, por
exemplo, o do ar que expiramos ou até mesmo o calor de nossas mãos direcionado sobre os cristais. Seu
vapor tem coloração acastanhada e, quando em contato com a IPL, forma um produto de coloração
marrom amarelada. O vapor interage com a IPL através de uma absorção física, não havendo reação
química.
Esta técnica é utilizada geralmente quando a IPL encontra-se em objetos pequenos. Colocando-se o
material a ser examinado junto com os cristais em um saco plástico selado, após agitação é gerado calor
suficiente para a sublimação dos cristais. Uma vantagem que esta técnica tem em relação às demais,
como a do pó, é que ela pode ser utilizada antes de outras sem danificar a IPL. A destruição da IPL pode
ocorrer após o uso de um produto fixador que evita os cristais de iodo sublimarem novamente da
impressão digital.

Nitrato de Prata

Utilizada desde 1891, a técnica baseia-se na reação entre nitrato de prata com os íons cloretos
presentes na impressão digital. A superfície de interesse é imersa em uma cuba contendo solução 5 %
de nitrato de prata (AgNO3(aq)) durante aproximadamente trinta segundos. O produto desta reação, cloreto
de prata, é de considerável insolubilidade em água à temperatura ambiente. A equação genérica que
descreve a reação pode ser vista na Figura 4.

Figura 4 – Equação que descreve a reação entre o nitrato de prata e os cloretos presentes na digital.

Com exceção dos cloretos de prata, mercúrio e chumbo, todos os outros são solúveis em água. É
exatamente uma destas exceções, o cloreto de prata, que permite a visualização da IPL. Na figura acima,
“XCl(aq)” representa qualquer sal de cloro – excetuando os já mencionados –, como o cloreto de sódio
dissolvido [NaCl(aq)].
Deve-se deixar a superfície contendo a IPL secar em uma câmara escura. Após isto, ela é exposta à
luz solar o tempo necessário para que o íon prata seja reduzido à prata metálica, revelando a IPL sob um
fundo negro. A impressão digital revelada deve ser fotografada rapidamente antes que toda a superfície
escureça. Contudo, a impressão pode ser preservada quando guardada em um local escuro ou quando
tratada com solução de tiossulfato de sódio a 10 %, semelhante com o que ocorre no processo fotográfico.

Ninidrina

Em 1913, Ruhemann descobriu, por engano, a ninidrina (veja Figura 5). Ele constatou que os alfa
aminoácidos, os polipeptídios e as proteínas formavam produtos coloridos ao reagirem com ela. Ao longo
dos anos, a ninidrina tornou-se um reagente comum em testes clínicos e, com a introdução das técnicas
cromatográficas nos anos 40, passou a ser usada rotineiramente para localizar aminoácidos nos
cromatogramas.
Contudo, somente nos anos 50 que seu potencial forense foi descoberto.

Figura 5 – Representação no plano da molécula de ninidrina.

Aminoácidos fazem parte de um grupo de compostos orgânicos que possuem função mista. A ninidrina
tem uma afinidade muito grande por este tipo de estrutura química. Inclusive existem técnicas em que,
juntamente com a ninidrina, são adicionadas enzimas que promovem a “quebra” de proteínas em
aminoácidos, a fim de aumentar a quantidade de reagentes e, assim, tornar a revelação da IPL mais

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intensa. O mecanismo genérico que descreve a formação do produto cor púrpura pode ser visto na Figura
6.

Figura 6 - Mecanismo da reação de um aminoácido com a ninidrina para formação de um produto colorido.

Geralmente a proporção da solução usada é de 0,5 g de ninidrina para 30 mL de etanol. Posteriormente


esta mistura é armazenada em um recipiente que permite a pulverização sobre a IPL. O líquido deve ser
borrifado de longe (cerca de 15 cm). Esperam-se alguns instantes até que o solvente evapore e, então,
borrifa-se novamente, quantas vezes for necessário.

Figura 7 – Impressões digitais reveladas com solução de ninidrina em papel.

O desenho da impressão digital somente aparecerá quando a superfície ficar totalmente seca. Isto
pode levar horas na temperatura ambiente, mas pode-se fazer isto em fornos que propiciem temperaturas
da ordem de 50-70°C. Na Figura 7 podemos ver um exemplo de revelação de IPL em um papel.

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Figura 8 – Diferentes resultados de IPL reveladas por soluções de ninidrina com diferentes solventes.

O grande segredo da solução de ninidrina é o solvente. Na Figura 8 vemos as diferenças entre IPL
reveladas com diferentes soluções a base de ninidrina. No lado “a”, esquerda, temos a revelação com um
solvente comercial e a direita com éter de petróleo. No lado ‘b’, esquerda, temos novamente um solvente
comercial e a direita o CFC-113. Nota-se que o solvente comercial, uma mistura de vários outros
solventes, dá resultados bem mais nítidos do que os outros solventes citados.

Os Análogos da Ninidrina

Com o desenvolvimento do laser, Menzel e Almog compararam os análogos da ninidrina com a reação
ninidina/cloreto de zinco, que produzia a benzo[f]ninidrina. Após tratamento com laser de neodímio, o
composto revelava uma coloração avermelhada. Posteriormente desenvolveu-se a DFO
(diazafluorenona) e a 5-metoxininidrina. Na Figura 9 podemos ver as estruturas dos compostos análogos

Figura 9 – Estruturas da (esq. para dir.): benzo[f]ninidrina; 5-metoxininidrina e diazafluorenona (DFO)

A solução de DFO é feita misturando-se 50 mg do reagente com 4 mL de metanol e 2 mL de ácido


acético glacial. Após dissolução da DFO, dilui-se a solução em 100 mL de freon. A DFO possui dez vezes
mais capacidade de revelação de IPL em papel do que a solução de ninidrina.

Sobre o Sequestro da Criança

Em 1993, nos EUA, uma criança foi sequestrada e, de forma bastante feliz, posteriormente acabou
escapando dos raptores. Dias depois, a criança foi capaz de identificar o carro no qual tinha sido
transportada. Quando os policiais recuperaram o carro, no entanto, os peritos foram incapazes de
encontrar qualquer vestígio das impressões digitais da criança. Era como se criança estivesse inventado
tudo aquilo e nunca estivesse outrora dentro do automóvel.
Este fato fez com que os peritos testassem a revelação de digitais de uma criança em comparação às
de um adulto. Conseguiram concluir, por exemplo, que as digitais produzidas pelo contato dos dedos de
uma criança em um copo plástico desapareciam mais rapidamente do que o mesmo contato feito por um
adulto, nas mesmas condições de temperatura. Embora o criminoso estivesse praticamente condenado,
uma explicação mais científica para este fenômeno estava por vir. Foi quando os peritos resolveram
utilizar técnicas analíticas como a cromatografia gasosa e espectrometria de massa (CGMS), as quais
revelaram resultados surpreendentes.
Os compostos identificados em impressões de adultos possuíam, em média, cerca de 32 átomos de
carbono (Ex: C15H31CO2C16H33), ao passo que os extraídos de crianças possuíam uma massa molecular
menor, com cerca da metade de carbonos (Ex: C12H25CO2H). As interações intermoleculares que explicam
a volatilidade destas substâncias são as conhecidas dispersões de London. Como estas forças
intensificam-se com o aumento da massa molar e da superfície molecular, as impressões digitais de
crianças tendem a ser mais voláteis e podem desaparecer em questões de horas em um ambiente quente.

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Por este motivo, concluiu-se que as impressões digitais da criança simplesmente desapareceram do
carro.
Outro aspecto importante é o fato de que os óleos presentes nas impressões digitais não são
provenientes do dedo, mas da oleosidade segregada por glândulas da face. Esta oleosidade então se
deposita na superfície do dedo toda vez que a pessoa toca a face com as mãos. Como a oleosidade
muda conforme a fase da vida da pessoa, isto também ajudou a esclarecer o caso.

Suor e Digitais

Criaturas suadas que são, os seres humanos deixam pequenas impressões em todas as coisas que
tocam. E as impressões duram: os restos secos de suor em um papel com dez anos de idade ainda
consegue refletir o padrão dos poros dos seus dedos hoje, de acordo com Jong-Man Kim, da Universidade
Hanyang, na Coreia do Sul. Apenas 20 ou 40 poros podem ser usados para identificar uma pessoa.
A equipe de Kim encontrou uma maneira simples de criar mapas precisos de poros de suor com um
polímero que muda de cor em contato com a água. Pressione um dedo suavemente em uma película
revestida por um polímero azul, e pontos vermelhos de suor aparecerão imediatamente. Esse mapa pode
então ser comparado com fragmentos de impressões digitais que talvez sejam pequenos demais para ser
analisado de maneira tradicional.

“Infelizmente, essas imagens de poros muitas vezes são negligenciadas pelo fato de tecnologias mais
rápidas, confiáveis e acessíveis de mapeamento dos poros dos dedos ainda não foram desenvolvidas”,
escrevem os autores no artigo. Dos três níveis de recursos de impressões digitais mostrados abaixo, os
modelos estatísticos tendem a se prender nos dois primeiros.
Criaturas suadas que são, os seres humanos deixam pequenas impressões em todas as coisas que
tocam. E as impressões duram: os restos secos de suor em um papel com dez anos de idade ainda
consegue refletir o padrão dos poros dos seus dedos hoje, de acordo com Jong-Man Kim, da Universidade
Hanyang, na Coreia do Sul. Apenas 20 ou 40 poros podem ser usados para identificar uma pessoa.
A equipe de Kim encontrou uma maneira simples de criar mapas precisos de poros de suor com um
polímero que muda de cor em contato com a água. Pressione um dedo suavemente em uma película
revestida por um polímero azul, e pontos vermelhos de suor aparecerão imediatamente. Esse mapa pode
então ser comparado com fragmentos de impressões digitais que talvez sejam pequenos demais para ser
analisado de maneira tradicional.
“Infelizmente, essas imagens de poros muitas vezes são negligenciadas pelo fato de tecnologias mais
rápidas, confiáveis e acessíveis de mapeamento dos poros dos dedos ainda não foram desenvolvidas”.

Impressões Plantares e Palmares

Com a finalidade de identificação a coleta de impressões plantares, podemos dividir a planta dos pés
em cinco regiões, a saber:
1- região do grande artelho (dedão);
2- região do segundo ao quinto artelho;
3- região fibular (fíbula), lado externo do pé;
4- região tibial, lado interno (arco do pé);
5- região do calcanhar.
Questões

01. (ITEP/RN - Agente de Necrópsia - INSTITUTO AOCP/2018). Com base na seguinte situação
hipotética, responda a questão.
Durante um levantamento de local de homicídio, o cadáver de uma mulher foi encontrado em uma
varanda ao lado de uma mesa. A morte, aparentemente, ocorreu por asfixia por constrição do pescoço
na modalidade esganadura. Sobre a mesa havia uma garrafa de vinho parcialmente consumida e duas
taças, uma das quais estava com manchas de batom.
É provável que impressões dígito-papilares estejam presentes na superfícies externa da garrafa e das
taças. Sobre o levantamento papiloscópico nesses objetos, assinale a alternativa correta.
(A) Sendo a superfície desses objetos porosa, o ideal seria revelar tais impressões utilizando ninidrina.
(B) Pós reveladores e aplicadores, como pincéis, mostrariam-se adequados para a revelação desses
vestígios.

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(C) As impressões dígito-papilares nessas superfícies, se presentes, serão visíveis, não carecendo de
revelação de qualquer natureza para levantamento e análise.
(D) Apesar de amplamente utilizadas no levantamento de impressões reveladas, fitas adesivas devem
ser evitadas, pois resultam em impressões deformadas e inanalisáveis.
(E) É importante coletar as impressões digitais da vítima para exclusão, sendo os ésteres de
cianoacrilato os compostos mais adequados para esse fim.

02. (IGP/SC - Papiloscopista - IESES/2017). As impressões datiloscópicas são basicamente de três


tipos. Assinale a alternativa que melhor relaciona o tipo de impressão com um exemplo corretamente:
(A) A marca em relevo deixada pelo dedo sobre uma superfície moldável (p.ex. massa plástica) é uma
impressão moldada.
(B) A marca de dedo sujo de tinta sobre uma superfície rígida, lisa e limpa é uma impressão latente.
(C) A marca deixada pelo dedo sobre uma superfície suja de poeira, visível, é uma impressão do tipo
latente.
(D) A marca não visível, deixada pelo dedo sobre uma superfície limpa, revelada após o uso de
substâncias apropriadas é uma impressão do tipo revelada.

03. (POLÍCIA CIENTÍFICA/PE - Perito Papiloscopista - CESPE/2016). Considerando que a utilização


das impressões datiloscópicas atende aos fundamentos, também denominados requisitos técnicos,
necessários para que um método de identificação seja aceitável, assinale a opção que se relaciona
corretamente ao requisito praticabilidade.
(A) A identificação por meio das impressões datiloscópicas permite a aplicação de sistemas de
classificação, o arquivamento das impressões digitais e a sua posterior localização.
(B) Uma impressão digital é única e diferente das impressões de todos os outros indivíduos.
(C) A impressão digital não se altera e não sofre a ação de fatores endógenos ou exógenos.
(D) A impressão digital resiste à ação do tempo.
(E) A utilização das impressões datiloscópicas é uma técnica de baixo custo e de fácil execução.

04. (POLÍCIA CIENTÍFICA/PE - Médico Legista - CESPE/2016). No método papiloscópico de


identificação,
(A) apenas gêmeos univitelinos apresentam idênticas impressões digitais.
(B) o reconhecimento dos parentescos e das linhagens familiares é realizado por meio de imagens
datiloscópicas.
(C) o sistema dactiloscópico, quando procedido na forma decadactilar, especialmente para fins de
investigação criminal, apresenta maior precisão.
(D) exclui-se o requisito da classificabilidade, pois é impossível classificar, de forma organizada, tantas
variedades de desenhos e recuperar um número expressivo de amostras.
(E) as impressões digitais, por serem resultantes de fenômenos biológicos, são consideradas mutáveis
ao longo da vida.

05. (PC/DF - Papiloscopista Policial - FUNIVERSA) Quanto aos métodos de identificação, assinale
a alternativa correta.
(A) A bertilhonagem tem por base a associação de várias medidas do esqueleto com sinais particulares
e com as impressões digitais, servindo para identificar, com igual precisão, crianças, jovens e adultos.
(B) A datiloscopia preenche todos os requisitos de um processo infalível de identificação, isto é,
imutabilidade e classificabilidade.
(C) A fotografia sinalética apresenta grande relevância como método isolado de identificação devido à
unicidade e classificabilidade.
(D) O retrato falado e a fotografia sinalética são processos de identificação criminal considerados
científicos.
(E) Identidade é o conjunto de caracteres físicos, funcionais e psíquicos, natos ou adquiridos, porém
permanentes, que torna uma pessoa diferente das demais e idêntica a si mesma.

06. (PC/SP - Investigador de Polícia - VUNESP) A alternativa que completa, corretamente, a lacuna
da frase é:
A ________é uma técnica de identificação de criminosos, desenvolvida em 1882 por Alphonse
Bertillon, a qual consiste em registro de medidas corporais, bem como demais marcas pessoais do
criminoso, tais como tatuagens, cicatrizes ou marcas de nascença, para o fim de auxiliar na identificação
criminal.

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(A) papiloscopia forense.
(B) antropologia criminal.
(C) datiloscopia forense.
(D) criminalística forense.
(E) antropometria criminal.

07. (PC/SP - Auxiliar de Necropsia - VUNESP) Assinale a alternativa correta.


(A) A papiloscopia compreende a datiloscopia, a quiroscopia e a podoscopia.
(B) Papiloscopia é o estudo das impressões digitais.
C) O desenho das polpas digitais modifica-se ao longo da vida de um indivíduo.
(D) Datiloscopia é o mesmo que papiloscopia.
(E) Gêmeos idênticos (univitelinos) possuem impressões digitais idênticas.

08. (PC/TO - Papiloscopista - Aroeira). É um tipo de trabalho pericial que busca a identificação das
pessoas mediante estudo das impressões existentes na derme (pele), especialmente nos dedos, nas
mãos, nos pés e na língua. Essa técnica de perícia denomina-se
(A) entomoloscopia.
(B) dermoscopia.
(C) peleoscopia.
(D) papiloscopia

09. (PC/SP - Auxiliar de Necropsia - VUNESP). Assinale a alternativa correta.


(A) A papiloscopia compreende a datiloscopia, a quiroscopia e a podoscopia.
(B) Papiloscopia é o estudo das impressões digitais.
(C) O desenho das polpas digitais modifica-se ao longo da vida de um indivíduo.
(D) Datiloscopia é o mesmo que papiloscopia.
(E) Gêmeos idênticos (univitelinos) possuem impressões digitais idênticas.

10. (Polícia Federal -Papiloscopista - CESP) Impressões datiloscópicas são pouco sensíveis à
temperatura, motivo pelo qual persistem por longos períodos na cena de um crime, sem perda significativa
de qualidade.
( ) Certo ( ) Errado

Gabarito

01.B / 02.A/ 03.E / 04.C / 05.E / 06.E / 07.A / 08.D / 09.A / 10.errado

Comentários

01. Resposta: B
A técnica do pó está baseada nas características físicas e químicas do pó, do tipo de instrumento
aplicador e, principalmente, no cuidado e habilidade de quem executa a atividade – vale lembrar que as
cerdas do pincel podem danificar a IPL. Além dos pincéis, a técnica também pode ser realizada com spray
de aerossol ou através de um aparato eletrostático.

02. Resposta: A
Dentre os tipos de impressão digital, destaca-se a moldada que se faz sobre superfícies plásticas,
tornando a impressão em relevo.

03. Resposta: E
Dentre os princípios científicos que motivaram que se reconhecesse a Papiloscopia como ciência é a
praticidade, que trata da obtenção das impressões digitais é simples, rápida e de baixo custo.

04. Resposta: C
O Sistema decadactilar de Vucetich se baseia na identificação utilizando as impressões de todos os
dedos de ambas as mãos, principais elementos das impressões digitais

05. Resposta: E
Elementos Sinaléticos – Identidade:

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São determinados caracteres físicos que não mudam durante a vida da pessoa.
Abarcando as digitais das poupas dos dedos (impressões digitais = datilograma), a estatura do
indivíduo, suas características como cor da pele, dos olhos, cor da barba/bigode dentre outros detalhes
importantes para a identificação.
A) Antropometria é o sistema do francês Aphonse Bertillon, foi muito usado desde sua criação na
metade do século XIX, que consiste na medição de diversas partes do corpo, apesar de ultrapassado,
ainda se usa alguma coisa dessa técnica.
B) Albodatilograma é um problema que o indivíduo tem nas digitais, essas aparecem com ranhuras
(traços), pode ser decorrente de idade, alergia, dentre outros motivos.
C) Muita gente deve ter marcado essa, porém a impressão digital está abarcada nos elementos
sinaléticos.
E) Bertilhonagem (ou Bertiolagem) é o mesmo que método antropométrico ou sistema de Bertillon.

06. Resposta: E
As teorias engenhosas de Lombroso desenvolveram-se a partir da antropometria que surgiu após a
publicação de Origem das Espécies de Charles Darwin em 1859. Os entusiastas da entropometria
passavam o tempo tomando medidas do corpo dos seres humanos, em especial de esqueletos, com a
esperança de apoiar – ou refutar – as teorias de Darwin sobre a evolução da humanidade. Um desses
entusiastas que aplicou os princípios da antropometria para a prática da investigação criminal foi Alphonse
Beertillon.

07. Resposta: A
A Papiloscopia Forense é uma disciplina, integrante da criminalística, que objetiva a identificação
humana através de impressões digitais - datiloscopia, bem como a quiroscopia e a podoscopia.
Os exames podem ser realizados em impressões digitais de documentos oficiais (Carteiras de
Identidade, Carteiras de Trabalho, Passaportes, Processos Criminais, etc.), provenientes de
levantamento de fragmentos papilares coletados em locais de crime e/ou em objetos envolvidos em
operações delituosas (facas, revolveres, cartas anônimas, etc.)

08. Resposta: D
Papiloscopia é o processo de identificação humana por meio das impressões digitais, normalmente
utilizado para fins judiciários. Esta área do conhecimento estuda as papilas dérmicas (saliências da pele)
existentes na palma das mãos e na planta dos pés, também conhecida como o estudo das impressões
digitais.

09. Resposta: A
A Papiloscopia Forense é uma disciplina, integrante da criminalística, que objetiva a identificação
humana através de impressões digitais (datiloscopia), palmares (quiroscopia --> o macete é lembrar da
"quiromancia", que é a leitura de mãos) e plantares (podoscopia --> o macete é lembrar do profissional
podólogo, que cuida dos pés) utilizando métodos técnico-científicos.
Os exames podem ser realizados em impressões digitais de documentos oficiais (Carteiras de
Identidade, Carteiras de Trabalho, Passaportes, Processos Criminais, etc.), provenientes de
levantamento de fragmentos papilares coletados em locais de crime e/ou em objetos envolvidos em
operações delituosas (facas, revolveres, cartas anônimas, etc.)

10. Resposta: errado


Se houver um clima quente e seco, por exemplo, pode-se notar que a impressão digital “desaparece”,
"evapora" mais rápido do que num clima frio ou úmido. São compostas basicamente de água, gordura e
sais minerais, isto é, são suscetíveis à evaporação. Logo, gabarito errado.

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