Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Prevencao e Controle de Riscos em Maquin
Prevencao e Controle de Riscos em Maquin
RISCOS EM MÁQUINAS,
EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES
BRASÍLIA-DF.
Elaboração
Produção
2
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................... 5
INTRODUÇÃO ......................................................................................................................................... 8
UNIDADE I ............................................................................................................................................. 10
MANUTENÇÃO ...................................................................................................................................... 10
Capítulo 1 .......................................................................................................................................... 10
Capítulo 2 .......................................................................................................................................... 14
UNIDADE II ............................................................................................................................................ 31
Capítulo 1 .......................................................................................................................................... 31
Capítulo 2 .......................................................................................................................................... 43
Capítulo 3 .......................................................................................................................................... 50
CAPÍTULO 1 ...................................................................................................................................... 60
Capítulo 2 .......................................................................................................................................... 70
UNIDADE IV ........................................................................................................................................... 86
CAPÍTULO 1 ...................................................................................................................................... 86
Capítulo 2 .......................................................................................................................................... 92
4
APRESENTAÇÃO
Caro aluno
Conselho Editorial
5
ORGANIZAÇÃO DO CADERNO
DE ESTUDOS E PESQUISA
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de
Estudos e Pesquisa.
Provocação
Para refletir
Praticando
6
Saiba mais
Sintetizando
7
INTRODUÇÃO
Este Caderno de Estudos e Pesquisa não pretende adentrar nas áreas de projetos
específicas de cada formação (civil, elétrica, mecânica etc.), pois são atribuições específicas
de cada profissional destas áreas. A proposta aqui é apresentar os principais pontos que
devem ser observados em um ambiente de trabalho para que seus projetos de
implantação/instalação e seus programas de manutenção contenham os requisitos mínimos
para garantir condições de segurança e saúde dos trabalhadores que ali irão trabalhar.
Objetivos
» Apresentar os conceitos de manutenção.
8
» Compreender a inserção da segurança do trabalho em projetos de leiaute dos
locais de produção.
9
UNIDADE I
MANUTENÇÃO
CAPÍTULO 1
Evolução e histórico da manutenção
A atividade de manutenção tem passado por inúmeras mudanças nas últimas décadas. Essa
“evolução” da atividade de manutenção se torna necessária para acompanhar o avanço nas
técnicas e nas tecnologias de produção e estas alterações têm ocorrido por diversos fatores,
principalmente: (i) projetos mais complexos, com o respectivo aumento do número e
diversidade dos itens que têm de ser mantidos; e (ii) novas técnicas de manutenção, com
novos enfoques sobre a organização da manutenção e suas responsabilidades.
O profissional de manutenção tem de reagir rápido a essas mudanças! Essa nova postura
inclui uma crescente conscientização de quanto uma falha de equipamento afeta a
segurança e o meio ambiente, uma maior conscientização da relação entre manutenção e
qualidade do produto, uma maior pressão para conseguir alta disponibilidade e confiabilidade
da instalação, ao mesmo tempo em que se busca a redução de custos. Essas alterações
estão exigindo novas atitudes, habilidades e competências dos profissionais da manutenção
e têm atingindo todos os setores da empresa.
A segunda geração dos sistemas de manutenção começa com a Segunda Guerra Mundial e
vai até meados dos anos 1960. A demanda por uma diversidade de produtos vai
10
aumentando de maneira considerável, ao mesmo tempo em que o contingente de mão de
obra industrial vai diminuindo sensivelmente. A “solução” encontrada foi o aumento da
mecanização da produção, com um consequente aumento da complexidade das instalações
industriais.
Fica cada vez mais evidente a necessidade de haver uma maior disponibilidade, bem como
uma maior confiabilidade, para se atingir uma maior produtividade. O setor industrial passa a
depender fortemente do bom funcionamento das suas máquinas e instalações, e se fortalece
a ideia de que as falhas dos equipamentos poderiam e deveriam ser evitadas, gerando o
conceito de manutenção preventiva.
11
Na terceira geração dos sistemas de manutenção, o conceito de
manutenção preditiva foi reforçado e a necessidade de interação entre as
fases de implantação de um sistema (projeto, fabricação, instalação e
manutenção) e a disponibilidade/confiabilidade tornaram-se mais
evidentes.
Na fase de projeto, o levantamento de dados deve incluir e envolver os usuários das fases
posteriores (operação e manutenção), os quais devem esclarecer quais as necessidades
reais para a realização de suas tarefas, com nível de detalhamento, pois as definições
realizadas na fase de projeto irão impactar diretamente nas demais fases, com
consequências no desempenho (confiabilidade, produtividade, qualidade do produto final,
segurança e preservação ambiental) e na economia (nível de custo-eficiência obtido)
(WOMACK, 1992).
12
As fases de manutenção e de operação terão por objetivo garantir a função dos
equipamentos, sistemas e instalações no decorrer de sua vida útil e a não degeneração do
desempenho. Nesta fase da existência, normalmente são detectadas as deficiências geradas
no projeto, na seleção de equipamentos e na instalação. Mesmo que se apliquem as mais
modernas técnicas, a manutenção encontrará dificuldades de desempenho de suas
atividades decorrentes de uma não interação entre as fases anteriores. A confiabilidade,
portanto, tenderá a permanecer num patamar inferior ao inicialmente previsto.
13
CAPÍTULO 2
Conceitos e tipos de manutenção
Os danos nas máquinas e nos equipamentos podem ser causados por inúmeros fatores, tais
como:
14
Para que essa análise possa ser benfeita, não basta apenas examinar a peça que gerou a
falha. É necessário efetuar um levantamento de todo o histórico da operação e manutenção
da máquina: como a falha ocorreu, quais os sintomas, se a falha já aconteceu em outra
ocasião, quanto tempo a máquina trabalhou desde a sua aquisição, quando foi realizada a
última reforma, quais os reparos já feitos na máquina, em quais condições de serviço ocorreu
a falha, quais foram os serviços executados anteriormente, quem era o operador da máquina
e por quanto tempo ele a operou.
Ou seja, o levantamento deverá ser o mais minucioso possível para que a causa da
ocorrência fique perfeitamente determinada. Portanto, as duas medidas principais dessa
análise são: (i) uma observação pessoal das condições gerais da máquina, e (ii) um exame
do seu dossiê (arquivo ou pasta).
O passo seguinte é diagnosticar o defeito e determinar sua localização, bem como decidir
sobre a necessidade de desmontagem da máquina. A desmontagem completa deve ser
evitada, pois: (i) os custos associados podem ser elevados, (ii) o tempo de desmontagem,
conserto e montagem pode ser expressivo, e (iii) pode comprometer a produção. Após a
localização do defeito e a determinação da desmontagem, o responsável pela manutenção
deverá colocar na bancada as peças interligadas, na posição de funcionamento.
A ocorrência de falhas é inevitável quando aparecem por causa do trabalho executado pela
máquina. Nesse aspecto, a manutenção restringe-se à observação do progresso do dano
para que se possa substituir a peça no momento mais adequado. Este é o procedimento
efetuado, por exemplo, com os dentes de uma escavadeira que vão se desgastando com o
tempo de uso.
» maior rendimento;
» menores custos;
Tipos de manutenção
A maneira pela qual é feita a intervenção em equipamentos, sistemas ou instalações
caracteriza os vários tipos de manutenção existentes. Há uma grande diversidade de
denominações para qualificar a atuação da manutenção, o que pode até provocar certa
confusão na caracterização dos tipos de manutenção. Segundo Tavares (1997), algumas
práticas básicas definem os tipos principais de manutenção.
15
» Manutenção corretiva não planejada;
» Manutenção preventiva;
» Manutenção preditiva;
» Manutenção detectiva;
» Engenharia de manutenção.
Manutenção corretiva
» Ocorrência da falha.
16
Manutenção corretiva não planejada é a correção da falha de maneira aleatória, sem
nenhum tipo de planejamento ou estratégia preliminar. Caracteriza-se pela atuação da
manutenção em fato já ocorrido, seja este uma falha ou um desempenho menor que o
esperado. Na maioria das vezes, não há nem procedimentos estabelecidos para realizar a
ação de manutenção, muito menos peças sobressalentes para uma operação mais rápida.
Em alguns casos, somente após a constatação fortuita da ocorrência da falha é que serão
definidas: (i) a compra do material necessário para a correção; (ii) o serviço a ser realizado, e
(iii) a definição do profissional para realizar este serviço.
É um tipo de manutenção que deveria ser abolido das práticas das empresas, pois
demonstra o desconhecimento e o “descontrole” do seu sistema de produção. Normalmente,
a manutenção corretiva não planejada implica custos mais elevados, pois a quebra
inesperada pode acarretar perdas de produção, perda da qualidade do produto e maiores
custos indiretos de manutenção.
Além disso, quebras aleatórias podem ter consequências bastante graves para um
equipamento, ou seja, a extensão dos danos pode ser maior. Em plantas industriais de
processo contínuo (petróleo, petroquímico, cimento etc.), interromper processamentos
críticos (com pressões, temperaturas, ou vazões elevadas) de forma abrupta para reparar
um determinado equipamento pode comprometer a qualidade de outros equipamentos que
vinham operando adequadamente, levando-os a colapsos após a partida ou a uma redução
da campanha da planta. Exemplo típico é o surgimento de vibração em grandes máquinas
que apresentavam funcionamento suave antes da ocorrência de um procedimento de
manutenção (KARDEC e NASCIF, 2001).
A decisão de se adotar uma política de manutenção corretiva planejada pode advir de vários
fatores:
17
» possibilidade de compatibilizar a necessidade da intervenção com os
interesses da produção, a partir de um melhor planejamento de serviços;
Manutenção preventiva
18
expectativa de gradação dos equipamentos. Há duas situações distintas na fase inicial de
operação.
Ao longo da vida útil de um equipamento, a falha entre duas intervenções preventivas não
pode ser descartada, fato este que implicará uma ação corretiva. Os seguintes fatores
devem ser levados em consideração para a adoção de uma política de manutenção
preventiva.
Ou seja, a manutenção preventiva será mais interessante para a empresa: (i) quanto maior
for a simplicidade na reposição; (ii) quanto mais altos forem os custos de falhas; (iii) quanto
mais prejudicarem a produção, e (iv) quanto maiores forem as implicações das falhas na
segurança pessoal e operacional.
19
A troca de óleo dos motores dos veículos é um exemplo de ação baseada na manutenção
preventiva. A troca do óleo deve ser realizada em intervalos estabelecidos de quilometragem
do veículo, independentemente do desempenho do motor. Atualmente, todos os veículos
trazem em seus manuais a recomendação de um plano de manutenção preventiva, com um
conjunto de ações que devem ser realizadas ao se atingir quilometragens estabelecidas ou
intervalos de tempo.
Toda e qualquer instalação industrial pode possuir um plano de manutenção preventiva, mas
cada instalação exige seu próprio plano de manutenção, pois cada plano é feito com base
em equipamentos e componentes da instalação, principalmente com base nos manuais dos
fabricantes dos equipamentos. Portanto, não deve ser aproveitado o plano de manutenção
de uma instalação em outra! No limite, podemos utilizar o plano de uma instalação como
base para iniciar o trabalho e, a partir dele, criar um plano adequado para a nova instalação
em questão.
Todo plano de manutenção preventiva deve ser de fácil entendimento e sempre deve existir
uma cópia nas salas de máquinas, em local acessível. O profissional responsável pela
operação da instalação deve ter o plano de manutenção sempre em mão, devendo seguir
rigorosamente todos os procedimentos e respeitar corretamente todos os intervalos de
tempo mencionados, para garantir que a instalação tenha uma vida útil maior sem
necessidade de paradas.
Manutenção preditiva
20
O objetivo de um sistema de manutenção preditiva é prevenir as falhas nos equipamentos ou
sistemas por meio de acompanhamento de parâmetros diversos, permitindo a operação
contínua do equipamento pelo maior tempo possível. A manutenção preditiva baseia-se em
predizer as condições dos equipamentos, privilegiando a disponibilidade à medida que não
promove a intervenção nos equipamentos ou sistemas, pois as medições e as verificações
são efetuadas com o equipamento produzindo.
» As falhas devem ser oriundas de causas que possam ser monitoradas e ter
sua progressão acompanhada (intensidade de corrente, vibração etc.).
Com a adoção de práticas de manutenção preditiva, a redução dos acidentes por falhas
“catastróficas” em equipamento tem sido significativa. A ocorrência de falhas não esperadas
também é reduzida, proporcionando, além do aumento de segurança pessoal e da
instalação, uma redução de paradas inesperadas da produção, as quais podem implicar
grandes prejuízos, dependendo do tipo de planta. Em relação à produção propriamente dita,
a manutenção preditiva é a que oferece melhores resultados, pois intervém o mínimo
possível na planta.
21
Os custos envolvidos na Manutenção Preditiva devem ser analisados por dois enfoques.
» Aumentar a produtividade.
A manutenção preditiva tem como base o conhecimento e análise dos fenômenos, o que
torna possível indicar, com antecedência, eventuais defeitos ou falhas em máquinas e
equipamentos. Após a análise do fenômeno, devem-se adotar dois procedimentos para
atacar os problemas detectados: estabelecer um diagnóstico e efetuar uma análise de
22
tendências. Portanto, a implantação de um sistema baseado em manutenção preditiva exige
a utilização de aparelhos adequados, capazes de registrar vários fenômenos, como:
» pressão;
» temperatura;
» desempenho;
» aceleração.
» melhoria da segurança;
Manutenção detectiva
23
A utilização de computadores digitais em instrumentação e controle de processo está cada
vez mais difundida nos mais diversos tipos de plantas industriais, principalmente devido ao
avanço tecnológico e à redução nos custos de aquisição. São sistemas de aquisição de
dados, Controladores Lógicos Programáveis – CLP, Sistemas Digitais de Controle
Distribuído – SDCD, multi-loops com computador supervisório e outra infinidade de
arquiteturas de controle somente possíveis com o advento do monitoramento do processo
por computadores.
Os sistemas de trip ou shut-down podem ser a última barreira entre a integridade e a falha.
Algumas máquinas, equipamentos, instalações e até mesmas plantas inteiras estão
protegidos contra falhas e suas consequências menores, maiores ou catastróficas por estes
sistemas. Eles são projetados para atuar automaticamente na iminência de desvios que
possam comprometer as máquinas, a produção, a segurança no seu aspecto global ou o
meio ambiente.
24
Se a confiabilidade do sistema não é alta, teremos um problema de disponibilidade a ele
associado, traduzido por excessivo número de paradas, não cumprimento da campanha
programada e outros.
Engenharia de manutenção
Uma empresa que ainda esteja adotando práticas de manutenção corretiva não planejada
terá um longo caminho a percorrer para praticar Engenharia de Manutenção. O maior
obstáculo a ser vencido estará na “cultura” que está sedimentada nos funcionários da própria
empresa.
25
paradigma. Entretanto, um salto muito mais significativo ocorre quando se adota a
Engenharia de Manutenção.
Quando a equipe de manutenção dessa planta passa a adotar a manutenção preditiva para o
acompanhamento do conjunto de redutores, estará auferindo ganhos sensíveis, com
melhores resultados globais. O número de intervenções cairá drasticamente, o consumo de
sobressalentes também e o número de homens-hora alocados a esses equipamentos,
consequentemente, também será reduzido. A manutenção preditiva permitirá alcançar a
máxima disponibilidade para a qual os equipamentos foram projetados, proporcionando
aumento de produção e de faturamento.
Quando a equipe de manutenção dessa planta estiver utilizando todos os dados que o
sistema de manutenção preditiva colhe e armazena para análises, estudos e proposição de
melhorias, ela estará praticando Engenharia de Manutenção, focada na sua melhoria
contínua.
Conforme exposto no início desta unidade, os diversos tipos de manutenção podem ser
considerados, também, como políticas de manutenção, desde que a sua aplicação seja o
26
resultado de uma definição gerencial ou política global da instalação, baseada em dados
técnico-econômicos.
Várias ferramentas disponíveis e adotadas hoje em dia têm em sua denominação a palavra
Manutenção. É importante observar que elas não são novos tipos de manutenção, mas
apenas ferramentas que permitem a aplicação dos seis tipos principais de manutenção.
Entre elas, destacam-se:
27
A partir da década de 1970, vários fatores econômico-sociais imprimiram ao mercado
exigências cada vez mais rigorosas, obrigando as empresas a serem mais competitivas para
sobreviver. Com isso, as empresas foram obrigadas a:
» eliminar desperdícios;
O TPM objetiva a eficácia da empresa por meio de maior qualificação das pessoas e
melhoramentos introduzidos nos equipamentos. Também prepara e desenvolve pessoas e
organizações aptas para conduzir as fábricas do futuro, dotadas de automação
(TAKAHASHI, 2000). Segundo os conceitos de TPM, se as pessoas forem desenvolvidas e
capacitadas, é possível promover as modificações nas máquinas e nos equipamentos.
Desse modo, o perfil dos empregados deve ser adequado por meio de
treinamento/capacitação de:
EXEMPLO
28
Para exemplificar, vamos analisar o programa de manutenção de um veículo utilizado como
táxi. Qual é a função que ele deve desempenhar? Em uma análise simples: realizar o
deslocamento de pessoas e cargas entre dois pontos distintos. Esta função pode ser
complexificada inserindo as questões de segurança, consumo (combustível, óleo, pneus etc.)
e tempo, nesta abordagem a função a desempenhar pode ser então definida como: realizar o
deslocamento de pessoas e cargas entre dois pontos distintos, com a maior segurança, no
menor tempo e com o menor gasto possíveis.
Para cumprir essa função, é necessário que o veículo cumpra algumas exigências. Nesta
lógica, quais são os itens que, obrigatoriamente, devem ser verificados para que o veículo
realize a tarefa para a qual está designado?
Outros itens do veículo também devem ser verificados, mas não há a necessidade de uma
rotina diária, como: suspensão, amortecedores, motor etc. Esses itens podem ser verificados
conforme recomendação do fabricante (a cada 10.000km ou a cada 2 anos, por exemplo).
Essas ações podem ser classificadas como de manutenção preventiva.
Uma questão que deve ser inserida no planejamento de manutenção diz respeito à
higienização do veículo, interna e externa. Para atender clientes de forma satisfatória, o
veículo deve estar com condições mínimas de limpeza! A rotina de limpeza (interna e
externa) deve ser estabelecida conforme a realidade do veículo, mas podemos recomendar
uma “inspeção” visual diária, uma limpeza interna a cada quatro dias e uma lavagem externa
a cada semana. Essas ações também podem ser classificadas como de manutenção
corretiva planejada.
29
O papel do Engenheiro de Segurança é entender como funciona a
estrutura de manutenção de sua empresa de forma a contribuir para que
ela trabalhe com um sistema baseado em Engenharia de Manutenção, o
qual, quando atingido, é baseado na melhoria contínua. Para tanto, é
fundamental conhecer as causas das falhas que geram acidentes no
trabalho e propor, juntamente com a equipe de projeto e de manutenção,
as melhores técnicas para que estas causas sejam eliminadas (quando
possível) ou controladas e minimizadas.
Os próprios programas de segurança e saúde a serem implantados nas
empresas, alguns inclusive obrigatórios pela legislação brasileira (PPRA,
PCMSO, PCMAT etc.) demandam sistemas de monitoramento, de
controle e de manutenção. Cabe ao Engenheiro de Segurança elaborar
esses programas e definir as respectivas ações de manutenção das
instalações, máquinas e equipamentos específicos da área de segurança
e saúde do trabalho, para garantir que os ambientes de trabalho sejam
salubres, impedindo a ocorrência de condições inseguras.
30
LEIAUTE – ARRANJO UNIDADE II
FÍSICO
CAPÍTULO 1
Considerações gerais
Na implantação de uma indústria, uma das questões estratégicas é a definição do local onde
ela será instalada. A localização da indústria pode ser analisada em duas etapas: a
macrorregional e microrregional.
Após finalizar a definição da localização da indústria, a próxima etapa é definir o arranjo mais
adequado de homens, equipamentos e materiais sobre essa determinada área física,
dispondo os elementos de forma a minimizar os transportes, eliminar os pontos críticos da
produção e suprimir as demoras desnecessárias entre várias atividades.
31
Entra-se, assim, na fase de elaboração do leiaute (layout em inglês, ou arranjo físico
segundo alguns autores) das instalações da empresa. Nesta fase, estabelece-se a posição
relativa entre as diversas áreas. Os modelos de fluxo e as inter-relações entre as diversas
áreas são visualizadas, tendo-se a percepção total do fluxo industrial, desde a entrada dos
insumos/matérias-primas até a saída dos produtos e rejeitos. Deve-se definir, então, a
localização de cada máquina, de cada posto de trabalho. Definir o leiaute/arranjo físico é
decidir onde colocar todas as instalações, máquinas, equipamentos e pessoal da produção.
O leiaute/arranjo físico é, portanto, uma das etapas finais da concepção do projeto de uma
indústria, e só pode ser elaborado depois que uma série de itens já está definida, como o
volume de produção e a seleção do equipamento produtivo. O principal foco do
leiaute/arranjo físico é interno à empresa, definindo e integrando os elementos produtivos.
Não é apenas uma disposição racional das máquinas, mas também, o estudo das condições
humanas de trabalho (iluminação, ventilação etc.), de corredores eficientes, de como evitar
controles desnecessários, de armários e de bancadas ao lado das máquinas, do meio de
transporte que será utilizado para movimentação das peças.
No entanto, numa grande indústria este procedimento não é tão simples, pois um simples
erro pode levar a sérios problemas na utilização dos locais, pode originar a demolição de
estruturas, paredes e até mesmo edifícios e, consequentemente, causar custos altíssimos no
rearranjo. Para evitar tudo isso, é necessário realizar um estudo, encontrando assim o
melhor planejamento de leiaute. Geralmente, os custos relativos ao planejamento de um
32
leiaute são muito inferiores aos custos relativos ao rearranjo de um leiaute defeituoso
(MUTHER, 1978). Existem vários tipos de leiautes e cada um deles se adapta a
determinadas características, sendo uns mais vantajosos que outros (TOMPKINS, 1996). No
planejamento do leiaute é necessário ter em conta todos os fatores (os materiais, a
maquinaria, o Homem, o movimento, a espera, o serviço, a construção e a mudança), de
forma a evitar que eles possam influenciar negativamente (MUTHER, 1955).
O leiaute/arranjo físico procura uma combinação ótima das instalações industriais e de tudo
que concorre para a produção, dentro de um espaço disponível. Visa a harmonizar e integrar
equipamento, mão de obra, material, áreas de movimentação, estocagem, administração,
mão de obra indireta, enfim todos os itens que possibilitam uma atividade industrial. Para
planejar o leiaute, é necessário estudar os padrões de fluxo nas estação de trabalho, nos
departamentos e entre os departamentos (TOMPKINS, 1996). Ao se elaborar, portanto, o
leiaute/arranjo físico deve-se procurar a disposição que melhor conjugue os equipamentos
com os homens e com as fases do processo ou serviços, de forma a permitir o máximo
rendimento dos fatores de produção, por meio da menor distância e no menor tempo
possível.
O arranjo físico de uma operação produtiva preocupa-se com a localização física dos
recursos de transformação. Colocado de uma forma simples, definir o leiaute/arranjo físico é
decidir onde colocar todas as instalações, máquinas e equipamentos e todo o pessoal da
produção. O leiaute/arranjo físico é uma das características mais evidentes de uma operação
produtiva que determina sua forma e aparência. É aquilo que a maioria de nós notaria em
primeiro lugar quando entrasse pela primeira vez em uma unidade de operação. Também
determina a maneira segundo a qual os recursos transformados – materiais, informação e
clientes – fluem por meio da operação.
33
arranjar algo fisicamente após termos uma quantidade preestabelecida de produtos e
determinar essa quantidade já é um dos problemas do Plant Layout.
Neste texto, utilizaremos a palavra leiaute de forma indistinta para nos referirmos ao conceito
de forma ampla e abrangente.
Assim como toda empresa tem um caráter dinâmico, o conceito do leiaute/arranjo físico
também é dinâmico. Basicamente, o leiaute/arranjo físico busca integrar material, mão de
obra e equipamento. A modificação de qualquer um deles pode tornar inadequado o
leiaute/arranjo físico existente. Dessa forma, é importante que o setor responsável pelo
leiaute/arranjo físico possua um sistema de informação adequado que forneça com a devida
antecedência as alterações a serem verificadas.
Os motivos que influenciam a variação destes três itens (material, mão de obra e
equipamento) podem ser inúmeros, complexos e inter-relacionados. Do ponto de vista
quantitativo, eles podem ser monitorados e verificados com base em diferentes
índices/indicadores da empresa. Do ponto de vista qualitativo, a análise pode ser efetuada
com uma inspeção nos próprios locais de produção. De forma a se verificar se um leiaute
necessita ou não de alterações, algumas questões devem ser respondidas, entre elas as
seguintes.
34
a atividade? A faixa demarcatória protege o trabalhador dos meios utilizados
para o manuseio de materiais?
As respostas a algumas destas perguntas podem indicar que a empresa alterou a sua
produção para a qual foi originalmente projetada, mas que não alterou as suas instalações
para acompanhar essas alterações na produção. Esse fato ocorre pelo esquecimento de que
a empresa tem um caráter dinâmico e não estático. Toda empresa é dimensionada para
produzir certa quantidade de um tipo de produto; alterações nesta quantidade ou no tipo de
produto pode levá-la a não operar em condições ótimas, que era a proposta no início da sua
operação. De uma solução ótima, ela passa para uma solução subótima, gerando,
consequentemente, condições inseguras nos ambientes de trabalho.
35
f. Reduzir os custos indiretos – Menos congestionamento e confusão; menos
manuseio (menor perda e danos de materiais etc.).
Para se conseguir os seus objetivos, o arranjo físico utiliza-se dos seguintes princípios
gerais, que devem ser obedecidos por todos os estudos.
Princípio da integração
As disposições das áreas e locais de trabalho devem obedecer às exigências das operações
de maneira que homens, materiais e equipamentos se movam em fluxo contínuo, organizado
e de acordo com a sequência lógica do processo de manufatura ou serviço. Esta abordagem
também evitará que percursos desnecessários sejam percorridos, atendendo
simultaneamente aos princípios anteriores (integração e mínima distância). Devem ser
evitados cruzamentos e retornos (entre fluxos de um mesmo processo e entre fluxos de
processos distintos) que causam interferência e congestionamentos. Deve-se, também,
eliminar obstáculos e interrupções, a fim de garantir melhores fluxos de materiais e
sequência de trabalho dentro da empresa.
36
Princípio da satisfação e segurança
Princípio da flexibilidade
Este é um princípio que, notadamente na atual condição de avanço tecnológico, deve ser
considerado criteriosamente pelo projetista de leiaute. São frequentes e rápidas as
necessidades de mudança do projeto do produto, mudanças de métodos e sistemas de
trabalho. A falta de atenção a essas alterações pode gerar na empresa: (i) o obsoletismo; (ii)
a proliferação de condições inseguras. No projeto do leiaute, deve-se considerar que as
empresas são dinâmicas e que as condições de produção irão mudar e que, portanto, o
leiaute deve ser de fácil mudança e deve-se adaptar facilmente às novas condições de
operação/produção.
Em função das variedades dos produtos e das quantidades, pode-se definir qual tipo de
processo deverá ser adotado: processo contínuo, processo em lotes, processo por projeto
etc. De posse das informações, devemos obter informações sobre o roteiro (ou processo)
segundo o qual o produto será fabricado ou o serviço será executado.
37
Os equipamentos e os postos de trabalho a serem utilizados dependem das operações de
transformação. Também a movimentação de materiais por meio das áreas depende do
roteiro ou sequência de operações. Portanto, as operações envolvidas no roteiro ou
processo e sua sequência são informações que devem ser obtidas.
Depois que o tipo de processo foi selecionado, o tipo básico de leiaute/arranjo físico deve ser
definido. O tipo de leiaute/arranjo físico é a forma geral do arranjo de recursos produtivos da
operação e é, em grande parte, determinado pelo tipo de produto, tipo de processo de
produção e volume de produção. Apesar de termos essa divisão teórica dos tipos de leiaute,
raramente, encontraremos em uma situação real um único tipo de leiaute. O que costuma
ocorrer são situações nas quais há uma mescla dos tipos clássicos.
Existem vários tipos de leiaute, pois cada um deles está adequado a determinadas
características, quantidades, diversidade e movimentações dos materiais dentro da fábrica
(CAMAROTTO, 1998). Os quatro tipos básicos de leiaute/arranjo físico dos quais a maioria
dos arranjos se derivam são:
O leiaute posicional (ou em inglês fixed product layout) caracteriza-se pelo fato de o material
permanecer parado enquanto os operadores, equipamentos e todos os outros produtos, se
movimentam à sua volta (CAMAROTTO, 1998).
Vantagens
38
» Maior flexibilidade.
Limitações
» Requer supervisão.
» Resulta num aumento do espaço de trabalho, bem como num melhor work-in-
process.
No leiaute linear (ou em inglês product layout), os equipamentos são dispostos de acordo
com uma determinada sequência de operações, ficando fixos, enquanto os materiais se
movem pelos vários equipamentos (CAMAROTTO, 1998). Ou seja, o leiaute linear tem uma
disposição fixa orientada para o produto. Os postos de trabalho (máquinas, bancadas) são
colocados na mesma sequência de operações que o produto sofrerá. O material passa de
estação em estação de trabalho até se transformar em produto acabado. É comum existir
uma máquina de cada tipo, exceto quando são necessárias máquinas em duplicata para
balancear a linha de produção. Quando o volume se torna muito grande, especialmente na
linha de montagem, ele é chamado de produção em massa. Esta é a solução ideal quando
se tem apenas um produto ou produtos similares, fabricados em grande quantidade e o
processo é relativamente simples. O tempo que o item gasta em cada estação ou lugar
fixado é balanceado. As linhas são ajustadas para operar na velocidade mais rápida
possível, independentemente das necessidades do sistema. O sistema não é flexível.
Vantagens
Limitações
» Requer um supervisor.
39
» É necessário investir em equipamento de alta qualidade (TOMPKINS, 1996).
No leiaute funcional (ou em inglês process layout) todas as operações cujo tipo de processo
de produção é semelhante são agrupadas, independentemente do produto processado
(CAMAROTTO, 1998, p. 68). Ou seja, no leiaute funcional, máquinas e ferramentas são
agrupadas funcionalmente de acordo com o tipo geral de processo de manufatura: tornos em
um departamento específico, furadeiras em outro departamento, injetoras de plástico em
outro departamento e assim por diante. Ou seja, as operações do mesmo tipo são agrupadas
no mesmo departamento e o material se movimenta por meio das áreas ou departamentos.
Esse tipo de arranjo é adotado geralmente quando há variedade nos produtos e pequena
demanda. É o caso de fabricação de tecidos e roupas, trabalho de tipografia, oficinas de
manutenção. Em virtude dos leiautes funcionais precisarem realizar uma grande variedade
de processos de manufatura, são necessários equipamentos de fabricação de uso genérico.
Trabalhadores devem ter nível técnico relativamente alto para realizar várias tarefas
diferentes. A vantagem desse tipo de leiaute é a sua capacidade de fazer uma variedade de
produtos. Cada peça diferente que requer sua própria sequência de operações pode ser
direcionada por meio dos respectivos departamentos na ordem apropriada. Os roteiros
operacionais são usados para controlar os movimentos de materiais. Empilhadeiras e
carrinhos manuais são utilizados para transportar materiais de uma máquina para outra.
Vantagens
» Supervisão especializada.
Limitações
» Aumenta work-in-process.
40
Arranjo celular ou de grupo
O leiaute em grupo (ou em inglês cellular layout) caracteriza-se por agrupar todas as
operações nas mesmas células de máquinas. Esse tipo é composto de células de produção
e montagem interligadas por um sistema de controle de material. Nas células, as operações
e os processos são agrupados de acordo com a sequência de produção que é necessária
para fazer um grupo de produtos. As máquinas na célula são todas, normalmente de ciclo
único e automático, sendo que elas podem completar o seu ciclo desligando
automaticamente. A célula normalmente inclui todos os processos necessários para uma
peça ou submontagem completa. Os pontos-chave desse tipo de arranjo são:
Limitações
» Requer um supervisor.
41
A implantação do arranjo físico celular
Quanto à implantação propriamente dita, alguns autores opinam que todos os componentes
devem ser codificados e, por meio de processamento em computador, pode-se encontrar as
melhores famílias de peças, sendo que a implantação pode ser feita por etapas. Outros
consideram que, como a fase de codificação é cara e demorada, é mais interessante a
implantação de células-piloto, para famílias de fácil definição e de alto nível de demanda,
mesmo antes de todas as peças estarem codificadas. Ressalte-se que é difícil mudar
qualquer sistema, em particular um sistema inteiro de produção. Deve-se considerar neste
processo um objetivo de longo prazo. A movimentação de máquinas pode ser difícil por
problemas de peso, sistemas hidráulicos, elétricos e pneumáticos a elas acoplados. Por isso,
alguns autores apontam como a estratégia mais adequada a conversão, em etapas, de
porções do sistema funcional para o arranjo em células, implicando a progressiva redefinição
do sistema de projeto/produção. É um processo de longo prazo.
42
CAPÍTULO 2
Fatores na elaboração do leiaute/arranjo físico
MATERIAL
Devem ser considerados todos os materiais que são processados e manipulados no setor:
matéria-prima, material em processo, produto final, embalagem etc. Devem ser estudados:
dimensões, pesos, quantidade, características físicas, químicas etc. O processo de produção
deve ser detalhado: tipos, sequência e tempos padrões das operações. Deve-se procurar:
43
MÁQUINAS
MÃO DE OBRA
Deve ser incluído todo o pessoal direto e indireto da fábrica, observando-se as áreas
necessárias para o desenvolvimento do trabalho de cada elemento. Deve-se:
44
MOVIMENTAÇÃO
Este é um dos principais fatores na elaboração do arranjo físico. Deverão ser analisados:
(i) percurso seguido pelo material, máquinas e pessoal com as especificações das
distâncias;
ARMAZENAMENTO
SERVIÇOS AUXILIARES
MUDANÇAS
45
EDIFÍCIO
Estudo do fluxo
Noções Preliminares
Em qualquer unidade fabril, de forma genérica, existem fluxos de: pessoas, material,
equipamentos, veículos (carros, ônibus, caminhões e trens). Cada tipo de fluxo é efetuado
para atender a finalidades específicas. As formas básicas de fluxo são:
» geral de edifícios;
» geral de departamentos;
» de seções de trabalho;
» de estações de trabalho.
No nível geral de edifícios, o fluxo da fábrica é estudado de maneira que seus diversos fluxos
internos se relacionem bem entre si e com o meio externo, obtendo-se como resposta a
localização dos diferentes edifícios internos à área da indústria.
46
e linha em W. Esta linha começa no ponto de entrada, na recepção do departamento, e
acaba no ponto de saída, na expedição do departamento (TOMPKINS, 1996).
Existem diversas técnicas para estudar o fluxo de uma indústria e possibilitar uma análise
mais acurada de como os materiais fluem de um departamento para outro, ou de uma seção
de trabalho para a outra. As principais técnicas são:
47
» carta De Para, utilizada quando se está analisando o fluxo de muitos produtos
com muitas peças, ou quando se deseja quantificar o fluxo que há entre uma
estação de trabalho e outra, ou entre departamentos;
» rede de grafo, tem as mesmas premissas que a carta de para, mas o objetivo
é determinar qual é o fluxo principal e definir todas as suas variáveis, para
depois definir os fluxos secundários adequando-os ao fluxo principal;
» Deve-se tomar todos os cuidados para evitar que o corpo humano atinja partes
de máquinas ao se movimentar, ou que partes móveis de máquinas atinjam o
ser humano ao se movimentarem.
48
» Deve-se estudar a posição do sol e sua variação ao longo do dia, de tal forma
que a luz direta não atinja nenhum posto de trabalho.
49
CAPÍTULO 3
Dimensionamento de áreas
A produção moderna tem vindo para mudar o espaço necessário na produção e nas áreas
de armazenagem. Assim, as necessidades do espaço têm reduzido, pois os produtos são
entregues em pequenas quantidades, as áreas de armazenagem foram descentralizadas.
São utilizados menos inventários, os leiautes são cada vez mais eficientes e as empresas,
menores (TOMPKINS, 1996).
É a área indispensável ao equipamento para que este possa executar perfeitamente e sem
limitações as suas operações de processamento. É facilmente obtido pela projeção das
amplitudes máximas de movimentação do equipamento sobre o plano horizontal. Deve ser
considerado o espaço para a alimentação das máquinas, o deslocamento de componentes
da máquina, o espaço necessário para a retirada da peça depois do processamento, a
colocação e a retirada de dispositivos etc.
50
Área para operador na operação
Vale ressaltar que em ambos os casos, deve-se analisar, ainda, os aspectos de segurança,
plena liberdade de movimentação, necessidade e dimensionamento de assentos para
operários, e alguns aspectos psicológicos envolvidos, como sensação de enclausuramento,
de falta de segurança ou semelhantes.
Deve-se estudar como será feita a entrada e a saída do operador no centro de produção.
Esse acesso deverá ser de tal forma a permitir livre movimentação com segurança e rapidez.
O centro de produção pode exigir alguns serviços de fábrica, tais como: água, iluminação,
ventilação, aquecimento, ar comprimido. Essas áreas devem se localizar de forma a não
52
prejudicar o seu bom desempenho. Convém lembrar que esses serviços geralmente estão
em posição fixa em relação ao equipamento e que não podem ocupar áreas vitais para o
processamento e movimentação. Deve-se, então: definir os serviços de fábrica que são
necessários; verificar como esses serviços são conduzidos ao centro de produção; levantar
as suas dimensões; e verificar o seu relacionamento com o centro de produção.
A Consolidação das Leis do Trabalho, em seu título II – das normas gerais de tutela do
trabalho, cap. V – Segurança e Higiene do trabalho, seções I a XXIII, estabelecem uma série
de determinações a serem obedecidas quando do dimensionamento.
53
que a superfície de gravitação é a superfície estática multiplicada pelo número de lados
utilizados pelo equipamento. A Superfície de Circulação é a área necessária para a
movimentação e o acesso ao centro de produção.
Em relação aos corredores, estes devem ser localizados de forma a permitir acesso a todos
os centros de produção. Devem ser, sempre que possível, linhas retas em quantidades
mínimas, de forma a não utilizar áreas vitais à produção. No dimensionamento de
corredores, deve ser previsto que este irá permitir a movimentação de pessoas, materiais,
equipamentos de transportes, acesso para segurança e para proteção contra incêndio.
Método Immer
É o método mais simples. Este método se baseia em fábricas cujas máquinas devem estar
distribuídas para que a produção seja o mais eficiente possível, percorrendo a menor
distância possível e no menor tempo, não havendo, entretanto, nenhuma preocupação com a
ergonomia, segurança ou satisfação no posto de trabalho. Este método pode ser aplicado a
qualquer problema que surja no leiaute e é constituído por três fases distintas (FRANCIS et
al., 1974).
54
» Descrever, detalhadamente, o problema, tendo em conta as variáveis e
utilizando recursos gráficos.
Método Apple
Neste método, para se obter o leiaute das instalações industriais, é necessário seguir um
conjunto de procedimentos que, independentemente do tipo de instalação, do tipo de
processo de produção ou do tamanho da fábrica, devem seguir os seguintes passos
(TOMPKINS, 1996).
55
Método Reed
O método de Reed utiliza a carta de planejamento de um leiaute, a qual possui uma série de
informação relativa à produção de cada parte do produto, bem como informação sobre a sua
armazenagem, o seu transporte, a ocupação da mão de obra e as condições de
movimentação (TOMPKINS et al., 1996). Para a realização do leiaute, é necessário ter em
conta os seguintes passos.
O procedimento é:
» elaborar o leiaute.
Este modelo de leiaute é linear e cumulativo, sendo conveniente eliminar os dados não
consistentes, pois o modelo trabalha com fluxos. O processo SLP pode ser utilizado de forma
sequencial para desenvolver o leiaute em blocos e, posteriormente, as alternativas mais
57
detalhadas. A transformação de um diagrama de relacionamento de espaços em várias
alternativas viáveis de leiaute não é um processo mecânico, sendo necessário julgamentos e
experiência no projeto (CAMAROTTO, 1998). O procedimento é:
A unidade que tiver o maior número de elos deve ser localizada na posição central, cercada
pelas demais unidades. Deve se procurar considerar os fluxos dos produtos para evitar
retornos.
58
Cada projetista utilizará critérios diferentes para definir o leiaute de uma
indústria e, ao final do trabalho, cada projetista terá um projeto de leiaute
diferente. A questão que fica é: Qual é o leiaute ideal de uma empresa?
Devemos lembrar que, como as empresas são dinâmicas, na verdade,
não há um leiaute ideal para a empresa, há, sim, o melhor leiaute para
aquele momento da empresa, nas situações existentes naquele
momento. O leiaute deve ser dinâmico e deve evoluir de acordo com as
mudanças ocorridas no processo de produção da empresa.
O papel do Engenheiro de Segurança é conhecer e entender quais foram
as premissas adotadas para a definição do leiaute da empresa. Com
base nessas informações, deve acompanhar, cotidianamente, as
mudanças que ocorrem no processo produtivo para ver quando essas
mudanças geram condições inseguras (riscos) nos ambientes de
trabalho. Desta forma, saberá como e quando solicitar alterações no
leiaute existente para eliminar ou minimizar os riscos gerados. Para tanto,
da mesma forma que na manutenção, é fundamental conhecer as
condições inseguras que geram acidentes no trabalho e propor,
juntamente com a equipe de projeto, as melhores técnicas para que o
leiaute elimine essas condições (quando possível) ou as controle.
59
SEGURANÇA NOS UNIDADE III
TRABALHOS EM
INSTALAÇÕES E
SERVIÇOS EM
ELETRICIDADE
CAPÍTULO 1
Considerações gerais
A presença dos riscos nos trabalhos em instalações e serviços em eletricidade exige que
tenhamos cuidados especiais na proteção ao trabalhador que interage com a eletricidade,
tornando necessária a existência de medidas de prevenção capazes de se contrapor ao
perigo inerente a energia elétrica.
60
A NR-10 limita-se a estabelecer alguns princípios gerais de segurança ou complementares
às normas técnicas brasileiras (normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas –
ABNT) específicas, deixando para norma técnica as prescrições específicas de instalações
elétricas. Entre as normas técnicas de instalações elétricas brasileiras que possuem relação
direta com a segurança do trabalhador, podemos citar, entre outras:
Do ponto de vista do nível de tensão, as normas aplicáveis podem ser divididas, conforme
exposto no Quadro 1.
61
Quadro 1. Normas Aplicáveis a serviços em eletricidade
750 KV
440 KV
230 KV
elétrica da geração de
69 KV energia aos centros
consumidores.
34,5 KV
15 KV
127/220 V
600 V
A energia elétrica não atinge os nossos sentidos, percebemos suas manifestações nas
atividades humanas como: aquecimento, iluminação, condicionamento de ar, transportes etc.
Em consequência dessa “invisibilidade”, o trabalhador é exposto a situações de risco
ignoradas ou mesmo subestimadas.
A passagem de corrente elétrica, por sua vez, em função do efeito “Joule”, é fonte de calor
que, nas proximidades de material combustível na presença do ar, pode gerar um princípio
de incêndio.
62
A evolução tecnológica não garante de imediato as aplicações de sistemas de controle dos
riscos a que estarão sujeitos os trabalhadores que interagirão com esses novos
equipamentos e processos, cabendo a todos que atuam direta ou indiretamente com as
instalações elétricas, sejam nos cargos diretivos ou operacionais, observar os procedimentos
relativos à prevenção de acidentes contidos na nova NR-10.
63
Figura 1.
* Elaboração própria
64
Figura 2.
O choque elétrico ocorre por uma súbita diferença de potencial submetida ao corpo humano,
forçando a passagem da corrente elétrica. Essa corrente circulará pelo corpo como em um
circuito elétrico qualquer.
65
humano é o fator preponderante que determina a gravidade do choque, sendo os choques
elétricos de maior gravidade aqueles em que a corrente elétrica passa pelo coração.
Da mesma forma que em circuito elétrico comum, o corpo humano está submetido às
mesmas propriedades elétricas: (i) resistência elétrica, (ii) voltagem, (iii) corrente. Dessa
forma, estão submetidos aos efeitos da passagem da corrente elétrica, a exemplo do efeito
Joule. Os mecanismos mais comuns de ocorrência do choque elétrico são:
a. Contato direto: ocorre pelo contato com o condutor vivo, isto é, com as fases
(A, B ou C) que alimentam os cabos ou barramentos da instalação;
b. Contato indireto: ocorre pelo contato com partes energizadas que não fazem
parte do circuito, mas que ficaram acidentalmente energizadas, por defeito ou
por falha de um sistema de proteção.
Efeitos
O choque elétrico pode ocasionar (i) contrações violentas dos músculos; (ii) a fibrilação
ventricular do coração; (iii) lesões térmicas e (iv) lesões não térmicas, podendo levar a óbito,
inclusive como efeito indireto (quedas e batidas etc.).
A morte por asfixia ocorre quando a intensidade da corrente elétrica é de valor elevado,
normalmente acima de 30 mA, e circular por um período de tempo relativamente pequeno,
normalmente por alguns minutos. Daí a necessidade de uma ação rápida, no sentido de
interromper a passagem da corrente elétrica pelo corpo. A morte por asfixia advém do fato
do diafragma da respiração se contrair (tetanização), cessando, assim, a respiração. Se não
for aplicada a respiração artificial dentro de um determinado intervalo de tempo, ocorrerão
sérias lesões cerebrais e possível morte.
66
desses efeitos, podemos ter queimaduras tanto superficiais (na pele) quanto profundas,
inclusive nos órgãos internos.
O choque elétrico também poderá causar simples contrações musculares, as quais, de uma
maneira indireta, poderão levar a pessoa a, involuntariamente, chocar-se com alguma
superfície sofrendo, assim, contusões ou mesmo uma queda, quando a vítima estiver em
local elevado. Uma grande parcela dos acidentes por choque elétrico conduz a lesões
provenientes de batidas e quedas. Os efeitos da corrente elétrica no corpo humano podem
ser visualizados na figura a seguir.
Figura 3.
Onde:
Quando se toca uma superfície condutora energizada, as queimaduras podem ser locais e
profundas atingindo até a parte óssea, ou por outro lado muito pequenas, deixando apenas
uma pequena “mancha branca na pele”. Em caso de sobrevir à morte, a definição das áreas
de contato é bastante importante, e deve ser verificada no exame necrológico, para
possibilitar a reconstrução, mais exata possível, do caminho percorrido pela corrente.
O arco elétrico caracteriza-se pelo fluxo de corrente elétrica através do ar, e geralmente é
produzido quando da conexão e desconexão de dispositivos elétricos e também em caso de
curto-circuito, provocando queimaduras de segundo ou terceiro grau. O arco elétrico possui
energia suficiente para queimar as roupas e provocar incêndios, emitindo vapores de
material ionizado e raios ultravioletas.
Campos eletromagnéticos
68
onde seu corpo sofre uma indução, estabelecendo um diferencial de potencial entre o
empregado e outros objetos inerentes às atividades.
A unidade de medida do campo magnético é o Ampére por Volt, Gaus ou Tesla cujo símbolo
é representado pela letra T.
Cuidados especiais devem ser tomados por trabalhadores ou pessoas que possuem em seu
corpo aparelhos eletrônicos, tais como marca-passo, aparelhos auditivos, entre outros, pois
seu funcionamento pode ser comprometido na presença de campos magnéticos intenso.
69
CAPÍTULO 2
Medidas de controle do risco elétrico
Desenergização
A desenergização pode ser definida como um conjunto de ações coordenadas,
sequenciadas e controladas, destinadas a garantir a efetiva ausência de tensão no circuito,
trecho ou ponto de trabalho, durante todo o tempo de intervenção e sob controle dos
trabalhadores envolvidos, conforme prevista no item 10.5.1 da Norma Regulamentadora no
10, do Ministério do Trabalho e Emprego.
Seccionamento
Impedimento de reenergização
70
O risco de energizar inadvertidamente o circuito é grande em atividades que envolvam
equipes diferentes, em que mais de um empregado estiver trabalhando. Nesse caso a
eliminação do risco é obtida pelo emprego de tantos bloqueios quantos forem necessários
para execução da atividade.
Dessa forma, o circuito será novamente energizado quando o último empregado concluir seu
serviço e destravar os bloqueios. Após a conclusão dos serviços, deverão ser adotados os
procedimentos de liberação específicos.
É a verificação da efetiva ausência de tensão nos condutores do circuito elétrico. Deve ser
feita com detectores testados antes e após a verificação da ausência de tensão, sendo
realizada por contato ou por aproximação e de acordo com procedimentos específicos.
Define-se zona controlada como, área em torno da parte condutora energizada, segregada,
acessível, de dimensões estabelecidas de acordo com nível de tensão, cuja aproximação só
é permitida a profissionais autorizados, como disposto no anexo II da Norma
Regulamentadora no 10. Podendo ser feito com anteparos, dupla isolação invólucros etc.
71
Instalação da sinalização de impedimento de
reenergização
» erros na manobra;
» descargas atmosféricas.
72
O aterramento pode ser definido como a ligação intencional à terra por meio da qual
correntes elétricas podem fluir. O aterramento pode ser o seguinte.
» Além disso, as figuras não devem ser vistas com conotação espacial restrita.
Note-se, neste particular, que, como uma mesma instalação pode eventualmente abranger
mais de uma edificação, as massas devem necessariamente compartilhar o mesmo eletrodo
de aterramento, se pertencentes a uma mesma edificação, mas podem, em princípio, estar
ligadas a eletrodos de aterramento distintos, se situadas em diferentes edificações, com
cada grupo de massas associado ao eletrodo de aterramento da edificação respectiva. Na
classificação dos esquemas de aterramento, é utilizada a seguinte simbologia.
73
» C = funções de neutro e de proteção combinadas em um único condutor
(condutor PEN).
Esquema TN
74
NOTA: As funções de neutro e de condutor de proteção são combinadas num
único condutor em parte dos esquemas.
Esquema TT
Esquema IT
75
» massas aterradas no mesmo eletrodo de aterramento da alimentação, se
existente.
Aterramento temporário
Para cada classe de tensão, existe um tipo de aterramento temporário. O mais usado em
trabalhos de manutenção ou instalação nas linhas de distribuição é um conjunto ou ‘Kit’
padrão composto pelos seguintes elementos:
76
» grampos condutores – para conexão do conjunto de aterramento com os
condutores e a terra;
Equipotencialização
É o procedimento que consiste na interligação de elementos especificados, visando a obter a
equipotencialidade necessária para os fins desejados. Todas as massas de uma instalação
devem estar ligadas a condutores de proteção. Em cada edificação, deve ser realizada uma
equipotencialização principal, em condições especificadas, e tantas equipotencializações
suplementares quantas forem necessárias.
Todas as massas da instalação situadas em uma mesma edificação devem estar vinculadas
à equipotencialização principal da edificação e, dessa forma, a um mesmo e único eletrodo
de aterramento. Isso sem prejuízo de equipotencializações adicionais que se façam
necessárias, para fins de proteção contra choques e/ou de compatibilidade eletromagnética.
Massas protegidas contra choques elétricos por um mesmo dispositivo, dentro das regras da
proteção por seccionamento automático da alimentação, devem estar vinculadas a um
mesmo eletrodo de aterramento, sem prejuízo de equipotencializações adicionais que se
façam necessárias, para fins de proteção contra choques e/ou de compatibilidade
eletromagnética. Todo circuito deve dispor de condutor de proteção, em toda sua extensão.
Cabe salientar que essas medidas de proteção requerem a coordenação entre o esquema
de aterramento adotado e as características dos condutores e dispositivos de proteção. O
seccionamento automático é de suma importância em relação a:
78
Dispositivos a corrente de fuga
Esse dispositivo tem por finalidade desligar da rede de fornecimento de energia elétrica o
equipamento ou a instalação que ele protege, na ocorrência de uma corrente de fuga que
exceda determinado valor, sua atuação deve ser rápida, menor do que 0,2 segundos (Ex.:
DDR), e deve desligar da rede de fornecimento de energia o equipamento ou instalação
elétrica que protege.
Figura 4.
79
a. SELV (do inglês “separated extra-low voltage”) – Sistema de extra baixa
tensão que é eletricamente separada da terra de outros sistemas de tal modo
que a ocorrência de uma única falta não resulta em risco de choque elétrico.
b. PELV (do inglês “protected extra-low voltage”) – Sistema de extra baixa tensão
que não é eletricamente separado da terra, mas que preenche, de modo
equivalente, todos os requisitos de um SELV.
Os circuitos SELV não têm qualquer ponto aterrado nem massas aterradas. Os circuitos
PELV podem ser aterrados ou ter massas aterradas. Dependendo da tensão nominal do
sistema SELV ou PELV e das condições de uso, a proteção básica é proporcionada por:
» limitação da tensão; ou
Assim, as partes vivas de um sistema SELV ou PELV não precisam necessariamente ser
inacessíveis, podendo dispensar isolação básica, barreira ou invólucro, no entanto, para
atendimento a este item deve atender as exigências mínimas da norma NBR-5410/2004.
Barreiras e invólucros
São dispositivos que impedem qualquer contato com partes energizadas das instalações
elétricas. São componentes que visam a impedir que pessoas ou animais toquem
acidentalmente as partes energizadas.
As barreiras têm de ser robustas, fixadas de forma segura e tenham durabilidade, tendo
como fator de referência o ambiente em que está inserido. Só poderão ser retiradas com
chaves ou ferramentas apropriadas e, também, como predisposição para uma segunda
barreira ou isolação que não possa ser retirada sem ajuda de chaves ou ferramentas
apropriadas.
80
Bloqueios e impedimentos
Bloqueio é a ação destinada a manter, por meios mecânicos, um dispositivo de manobra fixo
numa determinada posição, de forma a impedir uma ação não autorizada, em geral utilizam
cadeados.
Toda ação de bloqueio deve estar acompanhada de etiqueta de sinalização, com o nome do
profissional responsável, data, setor de trabalho e forma de comunicação. As empresas
devem possuir procedimentos padronizados do sistema de bloqueio, documentado e de
conhecimento de todos os trabalhadores, além de etiquetas, formulários e ordens
documentais próprios.
Obstáculos e anteparos
Os obstáculos são destinados a impedir o contato involuntário com partes vivas, mas não o
contato que pode resultar de uma ação deliberada e voluntária de ignorar ou contornar o
obstáculo. Os obstáculos devem impedir:
Os obstáculos podem ser removíveis sem auxílio de ferramenta ou chave, mas devem ser
fixados de forma a impedir qualquer remoção involuntária. As distâncias mínimas a serem
observadas nas passagens destinadas à operação e/ou manutenção são aquelas indicadas
na tabela abaixo e ilustradas na figura. Situação Distância
81
Fonte: adaptado de PROCOBRE (www.procobre.org)
Esses dispositivos devem ser bem acondicionados para evitar acúmulo de sujeira e umidade
que comprometam a isolação e possam torná-los condutivos. Também devem ser
inspecionados a cada uso e serem submetidos a testes elétricos anualmente.
Exemplos:
» Tapetes isolantes.
82
que permita uma confiabilidade maior do que aquela oferecida exclusivamente pelo
aterramento elétrico.
A proteção por isolação dupla ou reforçada é realizada, quando utilizamos uma segunda
isolação, para suplementar aquela normalmente utilizada, e para separar as partes vivas do
aparelho de suas partes metálicas. Para a proteção da isolação, geralmente, são prescritos
requisitos mais severos do que aqueles estabelecidos para a isolação funcional.
Entre a isolação funcional e a de proteção, pode ser usada uma camada de metal, que as
separe, totalmente ou em parte. Ambas as isolações, porém, podem ser diretamente
sobrepostas uma à outra. Neste caso, as isolações devem apresentar características tais
que a falha em uma delas não comprometa a proteção e não estenda à outra.
Como a grande maioria das causas de acidentes é devida aos defeitos nos cabos de
alimentação e suas ligações ao aparelho, um cuidado especial deve ser tomado com relação
a este ponto no caso da isolação dupla ou reforçada.
Deve ser realizada de tal forma que a probabilidade de transferência de tensões perigosas a
partes metálicas susceptíveis de serem tocadas, seja a menor possível.
O símbolo utilizado para identificar o tipo de proteção por isolação dupla ou reforçada em
equipamentos deve ser impresso de forma visível na superfície externa do equipamento.
83
Se, em espaços nos quais for prevista normalmente a presença ou a circulação de pessoas,
houver obstáculo (por exemplo, tela) limitando a mobilidade no plano horizontal, a
demarcação da zona de alcance normal deve ser feita a partir deste obstáculo.
Separação elétrica
Uma das medidas de proteção contra choques elétricos previstas na NBR- 5410/2004 é a
chamada "separação elétrica." Ao contrário da proteção por seccionamento automático da
alimentação, ela não se presta a uso generalizado. Pela própria natureza, é uma medida de
aplicação mais pontual, mas que despertou certa confusão entre os profissionais de
instalações.
Outra lembrança surge, pois, pelas disposições da norma, a(s) massa(s) do(s)
equipamento(s) alimentado(s) não deve(m) ser aterrada(s) e nem ligada(s) a massas de
outros circuitos e/ou a elementos condutivos estranhos à instalação – embora o documento
exija que as massas do circuito separado (portanto, quando a fonte de separação alimenta
mais de um equipamento) sejam interligadas por um condutor PE próprio, de
equipotencialização.
Exemplo de instalações que possuem separação elétrica são salas cirúrgicas de hospitais,
em que o sistema também é isolado, usando-se igualmente um transformador de separação,
mas todos os equipamentos por ele alimentados têm suas massas aterradas.
84
» na isolação entre o circuito separado e a terra;
O circuito separado constitui um sistema elétrico "ilhado". A segurança contra choques que
ele oferece se baseia na preservação dessas condições. Os transformadores de separação
utilizados na alimentação de salas cirúrgicas também se destinam a criar um sistema
isolado. Mas não é por ser o transformador de separação que seu emprego significa
necessariamente proteção por separação elétrica.
85
SEGURANÇA EM UNIDADE IV
CANTEIROS DE OBRAS
CAPÍTULO 1
Considerações gerais
86
importância da existência de programas de segurança específicos para cada
empreendimento (HINZE, 1997). Esses programas devem incluir os procedimentos
necessários para complementar a mera exigência legal, como: (i) a elaboração de
orçamentos relativos à segurança; (ii) os programas efetivos de treinamento da mão de obra;
(iii) os incentivos aos operários para a redução de acidentes; (iv) a colocação de metas
relativas ao desempenho em segurança do trabalho de cada obra; e (v) a coleta de
indicadores.
De acordo com Harper e Kohen (1998), as economias geradas pela implantação de um forte
programa de segurança superam os custos do programa. Nesse estudo de caso, a empresa
apresentava excelentes indicadores de segurança, adotando estratégias de gestão da
segurança no trabalho que enfatizavam (i) o envolvimento dos funcionários; (ii) a redução da
rotatividade da mão de obra; (iii) a implantação do programas 5S (manutenção da limpeza e
organização); (iv) a realização de reuniões semanais com as equipes de trabalho; (v) a
identificação de riscos nos postos de trabalho existentes antes do início dos serviços; e (vi) o
fornecimento de equipamentos de segurança.
87
conscientizados, a percepção de que ocorrem poucos acidentes e a percepção de que eles
são os principais culpados por eles, são reflexos da falta de treinamento e conscientização e
não coincidem com a realidade observada nas obras.
Este texto não pretende esgotar todos os temas referentes à segurança do trabalho em
canteiros de obras, vamos focar na inserção de requisitos de segurança do trabalho na fase
do projeto e na definição do escopo dos programas de segurança do trabalho nos canteiros.
Vale ressaltar que eles representam apenas uma pequena parcela dos diversos elementos
que interferem na gestão da segurança no trabalho em um canteiro de obras. Medidas
pontuais, desarticuladas e descoordenadas, implantadas para gerenciar a segurança não
são eficientes, efetivas ou eficazes e os períodos em que não ocorrerem acidentes
geralmente serão devidos muito mais a fatores circunstanciais do que a tomada de ações
preventivas
3. Fundações e estrutura.
4. Alvenaria e revestimentos.
Deve-se realizar uma avaliação completa de forma e evitar que faltem as informações
necessárias para a tomada de decisões durante as demais fases e em todas as etapas
da obra propriamente dita.
89
necessárias para a circulação, a administração, a estocagem de materiais e,
principalmente, as áreas de produção. Por exemplo: (i) o tipo de estrutura
(concreto usinado, pré-moldados, estrutura de aço etc.), (ii) o tipo de
argamassa (ensacada, pré-misturada ou feita na obra), (iii) o tipo de bloco de
alvenaria ou tipo de revestimento de fachadas.
d. detalhamento das instalações: após definir todo o arranjo físico do canteiro, deve-se
planejar a infraestrutura necessária ao funcionamento das instalações. Com base nos
padrões tecnológicos da empresa devem ser estabelecidos: (i) a quantidade e tipos de
90
mesas e cadeiras nos refeitórios; (ii) a quantidades e os tipos de armários nos
vestiários; (iii) as técnicas de armazenamento de cada material; (iv) o tipo de
pavimentação das vias de circulação de materiais e pessoas; (v) o local e a forma de
fixação das plataformas de proteção etc.
O leiaute já deve ser estudado a partir do momento em que estiver disponível o anteprojeto
arquitetônico do edifício. Contudo, nessa etapa ainda não há necessidade de dimensionar e
locar com precisão as instalações. A consideração do leiaute nesta etapa tem como principal
objetivo permitir que, na medida do possível, o projeto arquitetônico e os projetos
complementares possam considerar as necessidades do projeto do canteiro de obras. Tal
prática tende a evitar que o projeto do canteiro seja, como ocorre muitas vezes, uma mera
consequência das restrições impostas pelos projetos executivos.
Obviamente que as interferências do canteiro nos outros projetos não irão implicar mudanças
radicais na concepção inicial dos projetos. Embora as mudanças devam se limitar a
intervenções de pequeno impacto, elas podem ser fundamentais para a viabilização de um
leiaute eficiente. Entre os assuntos que podem ser objeto de intervenção podem ser citadas
a largura ou o dimensionamento de uma rampa para passagem de caminhões ou a
execução de um detalhe na fachada para viabilizar a colocação de uma grua.
91
CAPÍTULO 2
Os riscos e sua prevenção em cada etapa da
obra
Um canteiro de obras é, por definição, um local de risco. Algumas ações podem ser
implantadas, desde o início dos trabalhos, de forma a reduzir a exposição a estes riscos,
com a manutenção do canteiro limpo e organizado pelo seguinte.
IV. Os postos de trabalho devem ser mantidos limpos e organizados pelo próprio
operário que ali trabalha. Especialmente os próximos de corredores, rampas,
escadas, máquinas e equipamentos.
VIII. Todos os postos de trabalho, corredores e escadas devem ser mantidos com
níveis de iluminação adequada (natural e artificial).
92
Nas demolições, os riscos mais comuns são causados pelo seguinte.
VI. Quedas de pessoas entre diferentes níveis, pela falta de proteções (guarda-
corpo e fechamentos).
Desta forma, no desmonte de rochas pode ocorrer (i) uma explosão fora de controle, com um
consequente incêndio; (ii) um desmoronamento inesperado, com possível tombo de talude;
(iii) projeção de terra e rochas a distâncias maiores que as planejadas; (iv) danos a terceiros
causados pelas vibrações e quedas de materiais; (v) intoxicações causadas manuseio dos
explosivos ou pelos gases gerados na explosão.
Nas escavações, o risco de desabamentos de terra e/ou rochas é grande, causado pelo
seguinte.
93
I. Sobrecarga nas bordas da escavação – na falta de ensaios do solo não devem
ser depositados materiais nas bordas da escavação em uma distância igual ou
superior à profundidade escavada.
Nas escavações, além dos desabamentos e dos deslizamentos de terra e/ou rochas,
também podem ocorrer: (i) quedas de pessoas (da borda da escavação ou em mesmo nível
pelo estado das pistas de acesso e circulação); (ii) acidentes envolvendo máquinas (colisões,
atropelamentos etc.); (iii) riscos derivados de trabalhos realizados sob condições
meteorológicas adversas (temperatura, vento, chuva etc.); (iv) exposições diretas e indiretas
à eletricidade; e (v) contato com tubulações enterradas. Nas escavações profundas (como
tubulões), acidentes também podem ser gerados pela queda de objetos, pela asfixia ou pela
inundação no local. Vale lembrar que o controle de acesso ao canteiro de obras deve ser
uma preocupação constante para evitar riscos para terceiros.
Vale ressaltar que os serviços realizados em ambientes de trabalho com características tais
que possam ser considerados como locais confinados têm os mesmos riscos de uma
escavação, com possível agravamento pelo confinamento existente, que potencializa a
ocorrência de: (i) incêndio em materiais inflamáveis; (ii) explosão por presença de gases; (iii)
intoxicação ou asfixia pela presença de gases ou produtos químicos; (iv) lesões por resgates
mal planejados e executados.
94
I. Queda de materiais, como madeiras mal empilhadas, peças de madeira
durante as manobras de içamento e nos serviços de cimbramento e desforma.
III. Golpes em geral por objetos, como pancadas nas mãos durante a cravação de
pregos e perfuração nos pés por objetos pontiagudos.
Nos trabalhos com fôrmas é importante lembrar que: (i) as madeiras podem conter falhas
(nós etc.) que ofereçam riscos no seu manuseio; (ii) as peças têm certa flexibilidade,
podendo ocorrer flexões, torções e deslocamentos de peças; (iii) a disposição desorganizada
da madeira e, principalmente, do pó de serragem podem gerar focos de incêndio; e (iv) a
utilização de algumas máquinas pode gerar ruído excessivo.
Empilhar a madeira de modo a evitar o seu Retirar as peças de madeira da pilha sem
deslizamento, sendo a estabilidade da gerar o deslizamento das demais.
pilha o critério para limitar a sua altura.
Conservar a mesa das máquinas limpas, Retirar pregos e outros corpos estranhos
bem como toda a sua área de trabalho. da peça de madeira a ser trabalhada
95
Os serviços de montagem e instalação de armaduras de aço são, de certa forma,
similares aos executados com fôrmas de madeira, portanto, os riscos existentes são,
também similares, com as diferenças relativas ao material manuseado (aço ao invés de
madeira) e às máquinas e aos equipamentos utilizados (dobradeira de aço ao invés de serra
circular – máquina de solda e alicates ao invés de pregos e martelos). Portanto, além dos
riscos similares aos dos serviços de fôrmas, os riscos específicos nos trabalhos com
armações de aço são:
96
I. Quedas de materiais e de pessoas entre níveis diferentes, geralmente pela
ausência (ou instalação precária) de fechamentos provisórios/temporários nas
fachadas, nos andaimes (verticais e fachadeiros) e nos meios de transporte
(elevadores, escadas etc.).
VI. Eletrocussão.
Nas etapas de instalações (redes e especiais), aqueles riscos da realização das tarefas do
trabalho em local provisório, existentes nos demais serviços da obra até agora descritos,
mantêm-se (queda de materiais e de pessoas, eletrocussão, golpes/batidas por objetos etc.).
Entretanto, deve-se ressaltar que a falta de planejamento das tarefas a serem executadas
(como e onde começar, o plano de avanço do serviço a ser obedecido, como e onde
paralisar se for necessário e como e onde terminar) geralmente gera diversos problemas na
execução do serviço.
Especial atenção deve ser dada aos choques elétricos (eletrocussão), pois estão entre as
principais causas de acidentes graves em canteiros de obras, decorrentes de: (i) instalações
provisórias mal projetadas e instaladas, inclusive com a utilização de materiais de baixa
qualidade; (ii) ausência/falhas dos dispositivos de proteção coletiva (EPC), como
aterramentos, barreiras; (iii) ausência/falhas na sinalização e orientação dentro das áreas de
produção do canteiro. Um caso sistêmico em obras é a relação entre queda de pessoas e
choque elétrico: (i) ou a queda de uma pessoa sobre local energizado provoca um choque
elétrico; (ii) ou o choque elétrico provoca a queda de um trabalhador que estava executando
suas tarefas em altura.
Nos serviços finais (desmobilização, limpeza teste etc.), os riscos estão, principalmente,
ligados à ausência das instalações provisórias do canteiro juntamente com a “proibição” de
utilização das instalações permanentes da edificação construída, gerando algumas situações
de serviços completamente improvisados.
97
Os riscos e sua prevenção em máquinas,
equipamentos e ferramentas
A operação segura de qualquer máquina, equipamento ou ferramenta só pode ser feita por
pessoal qualificado. No trabalho com máquinas operatrizes, alguns procedimentos podem
aumentar o nível de segurança.
II. Não retirar as proteções das máquinas a não ser para limpá-las, lubrificá-las
ou repará-las, e elas devem ser imediatamente recolocadas após a realização
do serviço.
III. Não movimentar máquinas sem antes verificar se existe alguém trabalhando
em alguma de suas partes.
IV. Não deixar peças ou ferramentas nas proximidades das partes móveis das
máquinas e manter o piso ao seu redor livre de obstruções.
A operação de máquinas móveis gera diversos riscos, entre eles: (i) quedas de pessoas,
pela máquina ou pela carga; (ii) quedas de cargas/materiais; (iii) ruptura de cabos ou
ganchos; (iv) eletrocussões, geralmente por falhas no aterramento; (v) problemas na
máquina por condições meteorológicas adversas (ventos, chuva etc.); (vi) tombamento ou
afundamento por excesso de carga; (vii) atropelamentos e colisões nas máquinas que
realizam transporte horizontal, principalmente na marcha à ré; (viii) vibração; e (ix) ruído.
98
Grua O gancho deve ser dotado de trava de segurança.
A operação de máquinas fixas gera diversos riscos, entre eles: (i) cortes e amputações dos
membros superiores; (ii) descargas elétricas; (iii) projeção de partículas; (iv) agarramentos
pelas partes móveis; (v) incêndios; e (vi) ruídos. Toda máquina e equipamento devem (i) ter
a sua carcaça aterrada eletricamente se forem energizados; (ii) ser instalados em superfície
plana e resistente; (iii) ter as partes móveis e de transmissão protegidas por carcaças.
99
problemas.
100
Rebolo e estejam fora do centro.
Esmeris
Antes de utilizar o esmeril, fazê-lo girar até atingir plena velocidade.
(e escovas
Não ajustar a posição do apoio com o esmeril em movimento.
de aço)
Quando não usar o apoio (espera), manter a peça a ser esmerilhada um
pouco abaixo do nível do eixo do esmeril.
Para o uso seguro de uma ferramenta elétrica: (i) verificar se todas as ligações elétricas
estão feitas corretamente a fim de evitar curto-circuito, falta de fase, aquecimento e queima
de motores; (ii) verificar se há dupla isolação e se não há fios partidos ou mau contato nos
terminais; (iii) manter as ferramentas armazenadas no almoxarifado da obra; e (iv) não retirar
as ferramentas das tomadas de eletricidade com um puxão brusco no cabo de alimentação.
101
Dicas de segurança para serviços com ferramentas elétricas
Usar a ferramenta apropriada para o tipo Não usar ferramenta que apresente
de serviço superaquecimento, faiscamento ou choque
elétrico.
Não usar ferramentas elétricas molhadas, Usar luvas de borracha e estrado isolante
com as mãos ou o corpo molhados, nem ou tapete de borracha.
trabalhar em pisos úmidos.
Evitar que os fios ofereçam risco de causar Evitar que os fios entrem em contato com
tropeços e quedas. graxa, óleo, água, superfícies quentes e
substâncias químicas.
Não limpar, reparar, lubrificar ou ajustar a Não pendurar as ferramentas pelo fio de
ferramenta elétrica com o motor em alimentação elétrica.
movimento.
O uso de ferramenta manual implica cuidados especiais que variam de acordo com o tipo de
ferramenta e a natureza do trabalho a executar. Algumas recomendações gerais são: (i) a
ferramenta deve ser apropriada para o serviço e deve ser corretamente utilizada; (ii) não usar
ferramentas improvisadas, defeituosas, gastas ou deformadas; (iii) inspecionar as
ferramentas antes e depois do uso; (iv) não abandonar as ferramentas em locais
inadequados; (v) não arremessar ferramentas; e (vi) não carregar ferramentas no bolso,
transportá-las em caixas adequadas e guardá-las em gavetas, mantendo as partes cortantes
voltadas para baixo.
Martelos Não usar martelo com cabo rachado ou lascado, deformado ou com
rebarbas.
102
Assegurar que o martelo está firme no cabo.
Ao usar lima bastarda, segurá-la pelo cabo, com uma das mãos e ter
a outra mão protegida com luva.
Chaves de Não usar chaves de boca em porcas gastas, usar para isso o grifo.
boca
Não usar canos para aumentar o cabo da chave de boca.
103
Manter o rosto sempre acima do nível do trabalho.
Serras de Não usar serra que esteja com cabo rachado ou lascado.
mão
Manter os dentes da lâmina voltados para a frente, de forma que o
corte se faça nessa direção.
Nos trabalhos com cordas, os riscos mais comuns a serem evitados são: (i) diâmetro
inadequado; (ii) deterioração, emboloramento e fermentação da corda; (iii) cortes,
amassamentos, ataque de ácidos e abrasão; (iv) presença de nós; (v) falta de manutenção;
(vi) emendas e desfiamentos; (vii) aquecimentos e queimaduras; (viii) umidade; (ix)
armazenamento inadequado; (x) ataque de roedores; (xi) sobrecarga; (xii) contato com
graxas e produtos corrosivos; (xiii) contato com objetos pontiagudos; e (xiv) queda da carga.
Já na operação com eslingas, os riscos presentes a serem prevenidos são: (i) falta de trava
de segurança no gancho; (ii) sobrecarga; (iii) ruptura dos cabos, cordas ou correntes; (iv)
ângulos inadequados entre cabos; (v) nós nos cabos ou correntes; (vi) clipes colocados
inadequadamente; (vii) falta de inspeção periódica; e (viii) queda de carga.
O uso de redes deve ser precedido de estudo prévio para o correto dimensionamento e
seleção da proteção em função de: (i) altura da queda de pessoas e de materiais; (ii) do
tamanho e peso dos objetos; (iii) da máxima flecha em uso; (iv) dos pontos de ancoragem;
(v) do ambiente para instalação; e (vi) o tempo estimado de utilização da rede. Devem ser
tomadas precauções nas operações de montagem (transporte adequado), utilização (retirada
dos objetos caídos na rede e revisões após quedas de pessoas ou objetos grandes) e
desmontagem da rede (meios auxiliares para a desmontagem), bem como no seu
104
armazenamento e na manutenção, com a revisão dos elementos têxteis e metálicos – com
reparos e trocas sempre que necessários – proteção de todos os elementos contra
intempéries; e proteção contra luz, fontes de calor e umidade.
105
CAPÍTULO 3
O programa de condições e meio ambiente de
trabalho – PCMAT
Cabe ressaltar que, de conformidade com o item 18.3.3 da NR-18, a responsabilidade pela
elaboração, bem como pela implementação do PCMAT nos estabelecimentos é do
empregador ou condomínio. O PCMAT deve ser elaborado e executado por profissionais
legalmente habilitados na área de Segurança do Trabalho, no caso, Engenheiros do
Trabalho ou Técnicos de Segurança do Trabalho. Quanto à execução do PCMAT, ela é de
competência exclusiva do Engenheiro da obra.
106
O objetivo do PCMAT insere-se no contexto maior da Política de Segurança e Saúde
Ocupacional da empresa, que contempla: garantir um ambiente laboral saudável e seguro
para os trabalhadores preservando a sua saúde e integridade por meio do controle da
ocorrência de riscos ambientais existentes ou que venham a existir localmente; promover a
melhoria permanente dos ambientes de trabalho, visando a criar condições mais favoráveis
ao desempenho das atividades profissionais; difundir a mentalidade prevencionista entre
todos os níveis hierárquicos da empresa, gerando o comprometimento das pessoas
envolvidas com a aplicação, manutenção e melhoria de controle dos agentes ambientais.
As proteções coletivas são ações, equipamentos ou elementos que servem de barreira entre
o perigo e os operários. Numa visão ampla, são todas as medidas de segurança tomadas
numa obra para proteger uma ou mais pessoas. As proteções coletivas são classificadas em
três grupos.
O primeiro grupo não deveria ser objeto de estudo no PCMAT, pois todos os dispositivos de
proteção de uma máquina ou equipamento devem estar contidos nela e, portanto, precisam
ser exigidos pela empresa compradora (como, por exemplo, uma coifa protetora para a serra
circular). Entretanto, o programa deve contemplar a necessidade de verificação da existência
destas proteções nos equipamentos e nas máquinas a serem utilizados na obra.
Em diversas pesquisas foram identificados os custos que incidem na aquisição dos EPI e
EPC, manutenção de máquinas e equipamentos e palestras, demonstrando que os custos de
segurança do trabalho não são tão onerosos no orçamento da obra, ficando o custo de
implantação de um PCMAT entre 1,5% a 3,0% do custo global da obra.
108
seu funcionamento. Caso ocorra alguma situação anormal deverão ser registradas e
tomadas ações corretivas necessárias.
A sinalização pode ser feita por meio de sinal de (i) proibição, que proíbe um comportamento
que pode gerar risco; (ii) advertência, que adverte um risco; (iii) obrigação, que obriga um
comportamento específico; (iv) socorro ou salvamento, que indica saídas de emergência e
primeiros socorros; e (v) indicativo, que proporciona outras informações.
O memorial descritivo de segurança deve ser desenvolvido em duas partes: (i) a primeira
parte tratará do objetivo do programa, podendo ressaltar a importância da prevenção dos
riscos, visando à redução dos acidentes e incidentes que ocorrem dentro dos canteiros de
obra; (ii) a segunda parte será um memorial sobre condições e meio ambiente de trabalho,
em que irá apresentar as condições e o meio ambiente de trabalho nas atividades e
operações, assim como analisar os riscos provocados pela materialização das premissas
contidas no projeto e suas respectivas medidas preventivas.
109
4. Elaboração do Documento-Base, todos os levantamentos das etapas
anteriores são organizados e são especificadas as fases de produção da obra.
Devem ser definidas as técnicas e as instalações para eliminar e controlar os
riscos levantados e transformados em um programa, com ações, metas,
responsabilidades, cronogramas físico-financeiros etc.
Elementos do documento-base
1. Comunicação prévia à DRT (Delegacia Regional do Trabalho), com endereço
da obra, contratante, tipo de obra, duração, máximo de trabalhadores etc.
110
O processo de implantação do programa deve contemplar o seguinte.
O PCMAT não tem sido utilizado como um sistema de segurança na maioria das empresas,
mas é confeccionado apenas para que a empresa não receba multas do Ministério do
Trabalho e Emprego, isto devido as grandes deficiências que se apresentam desde a sua
elaboração até a sua implantação. Entre essas deficiências, Saurin (1997) destaca a:
111
PARA (NÃO) FINALIZAR
A melhor maneira de enfrentar essa problemática é a prevenção dos riscos que existem nos
processos da construção. O engenheiro de segurança deve buscar a inserção de requisitos
de segurança do trabalho na fase do projeto, com a definição do escopo dos programas de
segurança do trabalho nos canteiros.
Deve-se, portanto, dar maior atenção para o projeto e o planejamento das formas de
prevenção, visto que as decisões nestas etapas são fundamentais para o seu sucesso.
Medidas pontuais, desarticuladas e descoordenadas, implantadas para gerenciar a
segurança não são eficientes, efetivas ou eficazes e os períodos em que não ocorrerem
acidentes geralmente serão devidos muito mais a fatores circunstanciais do que a tomada de
ações preventivas.
Para tanto, deve-se ter na prevenção dos riscos a alternativa mais efetiva no combate aos
acidentes de trabalho na construção civil. É na busca da prevenção de acidentes que cresce
a tendência de adoção de medidas de cunho gerencial, ao invés de medida de caráter
apenas tecnológico. Deve-se considerar, ainda, que essas medidas possuem a vantagem de
serem, na maioria das vezes, mais eficazes e simples do que aquelas tomadas apenas como
forma de remediar um problema ocorrido. Destacam-se dentro deste escopo o PCMAT
desenvolvido no Brasil a partir de 1995 e o Plano Europeu publicado em 1996.
112
REFERÊNCIAS
BARROS, Benjamim Ferreira de (et al.). NR-10 Guia Prático de Análise e Aplicação. São
Paulo: Érica, 2010.
BLACK, J.T. O projeto da fábrica com futuro. Bookmann: Porto Alegre, 1998.
CAMAROTTO, João Alberto. Estudo das relações entre o projeto do edifício industrial e
a gestão da produção [Em linha]. São Paulo: Faculdade de arquitetura e urbanismo, 1998.
[Consult. 25 nov. 2011]. Tese para obtenção de grau de doutor. Disponível em:
<:http://www.simucad.dep.ufscar.br/dn_camarotto98.pdf>.
113
COUTO, Hudson de Araújo. Ergonomia aplicada ao trabalho. v. II. Ergo Editora Ltda.: Belo
Horizonte,1996.
FRANCIS, Richard L.; WHITE, John A. – Facility leiaute and location an analytical
approach. Englewood Cliffs: Prentice Hall, 1974. ISBN 978-0-13-299149-0.
GARCIA, Carlos Alberto. Plant Layout. 3.ed. São Paulo. FUNDACENTRO –FUNDUNESP,
1995.
HALES, H. Lee. Computer-aided facilities planning. Nova Iorque: Marcel Dekker, 1984.
ISBN 978-0-8247-8143-9
MUTHER, Richard. Practical Plant Lay Out. Nova Iorque: McGraw-hill, 1955.
MUTHER, Richard. Planejamento do Lay Out: Sistema SLP. São Paulo: Edgard Blücher,
1978.
114
SAURIN. T. A .; RIBEIRO. J. L. D. Segurança no Trabalho em um Canteiro de Obras:
Percepções dos Operários da Gerência. PRODUÇÃO. v. 10. no 1. p. 5-17. 2001
TOMPKINS, James A. et al. Facilities plaining. 2. ed. Nova Iorque: John Wiley & Sons,
1996. ISBN 978-0-471-00252-9.
115