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Biblioteca - 2013/14

Atividade de leitura
3º Ciclo – 9º ANO
“O Fantasma de Canterville” – Oscar Wilde

Ficha de Leitura

Nome____________________________________________________Nº________Turma_______

Depois de teres lido o primeiro capítulo do conto “O Fantasma de Canterville”, de Óscar Wilde,
preenche a seguinte ficha:
1. Quem comprou Canterville Chase foi: a. o Sr. Otis. ; b. Lorde Canterville.; c. um fantasma.
2. Canterville Chase fica situado em: a. EUA; b. Escócia; c. Inglaterra.
3. Lorde Canterville é um: a. Homem de negócios americano; b. proprietário rural escocês; c.
aristocrata inglês.
4. A família Otis é constituída por: a. Um casal e um filho; b. um casal e três filhos; c. um casal e quatro
filhos.
5. Os Otis instalam-se em Canterville Chase: a. Na primavera; b. no verão; c. no outono.
6. Podemos dividir o capítulo que acabaste de ler em três partes:
1ª – até “Mas deve, no entanto, lembrar-se de que eu o avisei”.( l.43)
2ª – até “Eram rapazes encantadores… os únicos republicanos da família”. (l. 80)
3ª – até ao fim
Dá um título a cada parte.
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7. Porque é que toda a gente achava que era um disparate a família Otis comprar Canterville Chase?
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8. Consideras que Lorde Canterville foi honesto quando negociou com o ministro americano a venda da
propriedade? Porquê?
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9. Identifica a frase do Sr. Otis que alude à modernidade e ao materialismo dos Estados Unidos.
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10. Refere o que é que a Sra. Otis viu no chão da biblioteca e qual a explicação dada pela governanta
para justificar o sucedido.
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Bom trabalho!

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Correção da Ficha de leitura

1.
Quem comprou Canterville Chase foi: a. o Sr. Otis. ; b. Lorde Canterville.; c. um fantasma
2.
Canterville Chase fica situado em: a. EUA; b. Escócia; d. Inglaterra.
3.
Lorde Canterville é um: a. Homem de negócios americano; b. proprietário rural escocês; c. aristocrata inglês.
4.
A família Otis é constituída por: a. Um casal e um filho; b. um casal e três filhos; c. um casal e quatro filhos.
5.
Os Otis instalam-se em Canterville Chase: a. Na primavera; b. no verão; c. no outono.
6.
Podemos dividir o capítulo que acabaste de ler em três partes:

1ª- até “Mas deve, no entanto, lembrar-se de que eu o avisei” l.43)


2ª – até “Eram rapazes encantadores… os únicos republicanos da família”. (l. 80)
3ª –até ao fim
Dá um título a cada parte. (Resposta pessoal)

7.
Porque é que toda a gente achava que era um disparate a família Otis comprar Canterville Chase?

R: As pessoas consideravam um disparate, pois todos sabiam que a casa estava assombrada.

8.
Consideras que Lorde Canterville foi honesto quando negociou com o ministro americano a venda da
propriedade? Porquê?

R: Lorde Canterville foi honesto, pois fez questão de alertar a família para o facto de a casa se encontrar
assombrada.

9.
Identifica a frase do Sr. Otis que alude à modernidade e ao materialismo dos Estados Unidos.

R: “Sou de um país moderno, onde temos tudo o que o dinheiro pode comprar” (l.24-25)

10.
Refere o que é que a Sra. Otis viu no chão da biblioteca e qual a explicação dada pela governanta para
justificar o sucedido.

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WILDE, Oscar - O fantasma de Canterville.
4. Apresentação do autor

O escritor desta história, Oscar Wilde, nasceu em Dublin, na Irlanda, em 1854 e morreu em
Paris, em 1900. Muitas das histórias, peças de teatro e poemas que Oscar Wilde escreveu continuam a
conquistar leitores em todo o mundo.

5. Comentário acerca do livro

Trata-se de um conto literário, tal como é definido no manual de Português do 9.º ano: uma narrativa
simples, com uma extensão reduzida (por comparação com o “romance”) e um número restrito de personagens (p. 63).

De acordo com o título do conto, parece ser o retrato de uma personagem,  a personagem principal que é
o Fantasma de Canterville, pois é à volta dele que gira toda a ação (definição de personagem tirada do manual, p. 62).
Todavia, de acordo com a minha leitura, vou defender que a personagem central é a família americana.

Em primeiro lugar, gostaria de sintetizar a ação, mas sem esgotar o assunto. Quando o diplomata americano
Hiram B. Otis compra o antigo casarão a Lord Canterville, as pessoas tentam avisá-lo de que corre perigo.  Todos sabem
que o castelo está assombrado por uma alma do outro mundo, o famoso fantasma de Canterville – o fantasma de Sir
Simon de Canterville que, em 1665, assassinara a própria esposa.

Todavia, o Sr. Otis e a sua família americana não acreditam em fantasmas ou parecem não se importar de
partilhar a sua nova casa com um fantasma. Tudo é divertido, até quando limpam todos os dias a misteriosa mancha de
sangue no chão da biblioteca e ela aparece de novo no mesmo lugar na manhã seguinte.

Nesta história, o fantasma vê o feitiço virar-se contra o feiticeiro: na casa em que habitava e há muito tempo
assombrava tudo e todos, ele é que passa a ser aterrorizado pelos seus novos proprietários. O fantasma torna-se cada vez
mais infeliz. Embora tente várias aparições posteriores, estas correspondem a sucessivos falhanços. Apesar de ser sua
obrigação assombrar o casarão, os dois irmãos gémeos pregam-lhe terríveis partidas, sem medo algum.

Passo de seguida à identificação das personagens, com destaque para a família americana.

Existem duas famílias: a dos Otis, americana, e a dos Canterville, inglesa. A primeira é mais numerosa e com
mais pessoas “vivas”. É composta pelo pai – Hiram B. Otis, o senhor Otis, ou também designado como “o diplomata
americano”, “o americano”, “o americano e a família”, “o diplomata”. É ele que compra a casa e que conduz a família
para viver nela; a mãe –  Lucretia R. Tappan, a senhora Otis, também designada como “a esposa do diplomata”, “a
americana”. O casal tem quatro filhos: Washington Otis,  “o filho mais velho”; “Miss Virginia E. Otis”, a filha e irmã mais
velha; e os dois irmãos mais novos: “os gémeos”, ironicamente descritos como “rapazes simpaticíssimos”.

A segunda família, com quem irá interagir a primeira, é a dos Canterville e esta surge enquadrada ou mesmo
encarcerada no casarão ou castelo assombrado. São mais os mortos que os vivos. O mais antigo de que se tem
conhecimento é Sir Simon de Canterville, que assassinara a mulher, vivera mais nove anos após esse acontecimento
macabro e acabara por desaparecer misteriosamente (não se sabe do corpo, mas alma vagueia no castelo). É ele o
Fantasma de Canterville, ou melhor, a sua “alma penada”. Lady Eleanore de Canterville era a sua esposa, assassinada em
1575. Fala-se de passagem da Duquesa de Bolton, tia-avó de Lorde Canterville, mas é este último descendente que –
depois do fantasma –  assume maior relevo.  Lorde de Canterville pertence à “aristocracia britânica”, ao “Mundo Velho”, 
e é ele quem vende a mansão, com o fantasma da família lá dentro, ao Sr. Otis.

Se Lorde de Canterville é um elemento de ligação entre as duas famílias, também a Sra. Umney, “uma criada
velha” ou governanta, estabelece a ponte entre ambas. Todavia, ela é agoirenta e assustadora. Em absoluto contraste
com esta personagem secundária (de acordo com o manual, p. 62) que se confunde com o inquietação do castelo e o
fantasma dos Canterville, temos “o moço duque de Chesire”. Ele é jovem, saudável, corajoso e representa o amor em
relação a Miss Virginia. Ele é do “Mundo Velho”, pois é um aristocrata inglês; ela é do “Mundo Novo”, uma jovem
americana. Ao casarem no final da história talvez esse fato represente a união dos dois mundos, das duas culturas.

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Agora ser-me-á mais fácil defender porque é que considero que a personagem central é a família americana.
Argumentarei com razões simples.

1.     Quem compra e vai viver no castelo dos Canterville são os americanos;


2.     O conto começa com a compra do casarão pelo pai e termina com o casamento da filha, duas
gerações em continuidade;
3.     Quem sai “derrotado” das assombrações é o velho fantasma dos Canterville;
4.     Quem fica com as joias (herança) dos Canterville é Virginia;
5.     Quem enfrenta os obstáculos ou desafios, ultrapassando-os, é a família americana;
6.     Quem “morre” (passa para outra dimensão) é o fantasma; Virginia (sobre)vive e vive o amor,
também através do casamento.

Se, de acordo com o manual referido, a personagem secundária “tem um papel de menor relevo, auxiliando a
personagem principal”, tanto podemos dizer que Miss Virginia ajudou o Fantasma a conseguir o desejado descanso
como podemos dizer que o foi o fantasma que possibilitou a Miss Viriginia a ultrapassagem dos seus medos. Esta
pertence à família americana, ao mundo novo; ela vem viver na mansão, cresce interiormente e casa-se. A história
termina com ela. Ao casar com o duque de Chesire no final da história, como dissemos, talvez esse fato represente a
união dos dois mundos, das duas culturas, do masculino e do feminino, a unidade, a harmonia.
Citação da obra que considerei interessante:

“Quando chegar a rapariga


E com os seus puros lábios diga
Certa oração, que as pedras faz
Chorar de pena, então, então,
Silêncio e amor do Céu virão
E Canterville terá paz.”[1]

6. Apreciação pessoal da obra

Há duas ideias de que gostei quando reli o conto.

1. Uma é a do cómico experimentado durante a leitura e que resulta do contraste entre o que o autor chama de
“Velho Mundo” (a Europa, a Inglaterra) e o “Novo Mundo” (os Estados Unidos da América). Enquanto o velho mundo é
caraterizado por um casarão antigo e fantasmagórico que representa a velha e afetada aristocracia inglesa (a família dos
Canterville, incluindo o fantasma de um assassino), o novo mundo está associado ao “novo”, à coragem e ousadia de
uma família que viaja para um novo continente e inicia uma nova vida (a família do Sr. Otis, relacionada também com os
“empresários americanos”).
Divertimo-nos constantemente com a reação de uma família americana, oriunda de “um país onde se adquire
tudo com dinheiro”, materialista e prática, que, em vez de ser vítima de um fantasma, lhe prega partidas e não mostra o
menor temor –  já no final da ação, Miss Virgínia até o ajuda a conseguir deixar o seu caminho penoso e a atingir o
descanso tão desejado. As leis da natureza (a racionalidade, a ciência) opõem-se à espiritualidade da aristocracia (o
irracional, a convenção do “sangue azul”). Acreditar em fantasmas ou não acreditar em fantasmas? Ter medo ou ter
coragem? Viver uma vida saudável e plena ou viver aterrorizado e doente? Oscar Wilde é irlandês e tanto parece
caricaturar o modo de ser americano como o modo de ser da aristocracia inglesa – assunto da sua história fantástica,
de fantasmas.

2. Outra ideia implica uma leitura diferente do conto, a um nível mais profundo. O castelo dos Canterville e
todos os fantasmas que nele habitam representam os medos, os obstáculos que o ser humano ainda jovem tem de
enfrentar e ultrapassar para conquistar a  vida adulta. Quem protagoniza essa passagem da juventude à idade adulta é
Miss Virginia. Ela, tal como a família, saiu do conforto e segurança da anterior casa para entrar no desconhecido do
casarão dos Canterville; ela passeia com o namorado e rompe a roupa que levava vestida e, no seguimento dessa
ocorrência, conversa com o fantasma; ela comove-se com a história do fantasma de Canterville e decide ajudá-lo. No
final, o funeral condigno de Sir Simon de Canterville (o corpo da alma penada) contrasta com o casamento de Mr.
Virginia com o duque de Chesire: é preciso a morte para haver o amor, é preciso “enterrar” os fantasmas para viver
plenamente a vida!

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“A História de Um Fantasma com Medo"

Uma família americana chega ao Castelo de Canterville e o fantasma residente deixa de assustar
para passar ele a ter medo. Muito medo.  (texto de  Diego Armés dos Santos)

Na Primavera de 1890, o diplomata americano Hiram B. Otis chega a Inglaterra e decide comprar o
Castelo de Canterville, nos arredores de Ascott.
Lord Canterville, o honesto proprietário do castelo - que há várias gerações pertence à família -,
adverte o comprador para a existência de um eventual obstáculo ao negócio: o lugar está
assombrado.
E é com este aviso que Oscar Wilde, autor do conto "O Fantasma dos Canterville", inicia a narrativa.
O senhor Otis, um portento de obstinação e pragmatismo, não aceita o aviso da existência de uma
alma penada, vagueando pelas paredes e vãos de escada da propriedade desejada. Aliás, a resposta
de Otis a Lord Canterville não se faz esperar e surge tão curiosa quanto arrogante: "Compro o
castelo com todo o seu recheio, incluindo o fantasma", ao que acrescenta, indelicadamente, "venho
de um país onde se adquire tudo com dinheiro".
Neste momento, ficam desenhados traços que serão altamente vincados ao longo do conto: a
oposição entre o conservadorismo da cultura aristocrática britânica, e a nova cultura americana que,
do outro lado do Atlântico, rejeita a monarquia, os títulos de nobreza e as crenças tradicionais,
enveredando pelo pragmatismo republicano, que aprecia a inovação, o progresso e a saúde da
economia.
Esta oposição é exposta por Wilde em peripécias divertidas e frases das personagens. Há, por vezes,
situações que roçam o ridículo, especialmente em relação aos americanos, vistos por Wilde como
uns burgueses novos-ricos. E há, ainda, uma passagem que ilustra a vacuidade com que o autor
caracteriza os britânicos e os americanos: quando descreve a Sra. Otis, mulher do diplomata, diz que
esta "parecia quase inglesa, e aí estava um excelente motivo para se dizer que temos [a Inglaterra],
hoje, tudo em comum com a América, excepto, é claro, o idioma".
Partindo desta oposição, Wilde conduz uma história simples. O fantasma de Canterville habita um
castelo (este é o castigo pelo mal que cometeu há mais de 300 anos), mas não desdenha a vida que
leva. Pode-se até dizer que sente um certo prazer em horrorizar as pessoas - em casos extremos,
provocar-lhes sustos que levem à loucura ou à morte.
O fantasma de Canterville é inglês e, portanto, tem requinte, chegando a pontos de encenar
situações e encarnar diferentes personagens. Porém, quando Hiram B. Otis compra o castelo e
decide habitá-lo com a sua família (a mulher, o filho mais velho Washington, os dois terríveis
gémeos e a filha Virgínia), a alma penada vê-se impedida de manter o modo de vida - se é que se
pode dizer que um fantasma tem vida.
Com o avançar da narrativa, assiste-se ao triste declínio do fantasma, que chega ao cúmulo de ter
medo de... tentar assustar. Passa, então, a habitar uma divisão recôndita do castelo, recusando-se a
aparecer todas as noites. Cada vez mais humilhado, tanto pela indiferença que os Otis lhe dedicam
como pelas partidas que os gémeos lhe pregam, o fantasma passa a ansiar pelo descanso eterno, que
não chega enquanto não se cumprir determinada profecia.
É aqui que Virgínia Otis, que é pura e tem bom coração, irá desempenhar um papel fundamental. E
só então o leitor poderá compreender como é triste a vida de um fantasma que paga pelos seus
pecados e que pecados são estes...
Em "O Fantasma dos Canterville", Oscar Wilde faz uso de certos traços que caracterizam a sua
escrita, como o humor, a sátira e os ambientes sombrios com alusões ao sobrenatural.

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