Você está na página 1de 3

Português – 8.

º Data:
Teste de verificação da leitura – Aquilo que os olhos veem ou o Adamastor
Ano
Assinatura do/a E.E.:
Aluno: Turma: N.º

A. Assinala as afirmações com V (verdadeira) ou F (falsa):


1. A obra referida pertence ao modo narrativo. ___
2. A obra foi escrita por Mestre João, cirurgião de D. Manuel I, no séc. XVI. ___
3. O seu título aponta para a alternância entre a realidade e a ficção. ___
4. Uma das personagens da peça está anunciada no título da obra. ___
5. Todas as personagens da peça fazem parte da realidade histórica. ___
6. Tal como era hábito na Idade Média, a peça é escrita em verso. ___
7. A peça retrata a vida a bordo das caravelas durante os Descobrimentos. ___
8. O autor da peça reproduz as viagens que fez ao Brasil e ao Oriente. ___
9. Na ação da peça são intercalados três tempos diferentes. ___
10. O Adamastor é a figura lendária que representa as adversidades. ___

B. Assinala com X as afirmações que correspondem a informações da peça.


1. O Adamastor era um monstro temido por todos os marinheiros. ___
2. Quase todos os que partiam voltavam ricos. ___
3. Sendo homem da ciência, Mestre João reconhecia que havia muito por conhecer
e por explicar. ___
4. As frotas tinham por hábito fazer aguada na Baía de Santa Helena. ___
5. Ao passar pelo Cabo Tormentoso, Manuel comprovou que existiam homens com
cabeça de cão.___
6. Ao partirem nas viagens, os marinheiros deixavam o reino despovoado. ___
7. Em terras de Portugal, as famílias viviam seguras e satisfeitas. ___
8. Nas naus, recorria-se a relógios de sol para marcar o tempo. ___
9. As provações e doenças faziam com que os marinheiros delirassem. ___
10. A bordo, costumavam encenar-se espetáculos para passar o tempo. ___
A obra Aquilo que os olhos veem ou o Adamastor  mistura com mestria  factos históricos com
ficção. Aliás, a obra retrata uma história relatada por uma personagem histórica Mestre João. Este
foi um físico e cirurgião no reinado de D. Manuel. 
O enredo tem início com um monólogo de Mestre João que, após longos anos no Oriente,
regressa a Portugal. Em determinado ponto da viagem de regresso, ao passar o Cabo da Boa
Esperança, mais precisamente Angra de S. Brás, recorda acontecimentos que aí testemunhara
muitos anos antes. É dessa forma que Mestre João começa a narrar as suas memórias desse
tempo, quando, na nau em que regressava da Índia, recolheu, nesse mesmo local, um náufrago,
Manuel.
Manuel é o protagonista da obra e, contrariamente a Mestre João, é uma personagem ficcional
que conta também ele uma história fantástica e terrível, passada num momento anterior às
próprias memórias de Mestre João. 
Desta forma, conclui-se que a ação centra-se em três tempos distintos: o presente
(correspondente à viagem de regresso de Mestre João), o perfeito (o tempo das memórias de
Mestre João) e o mais-que-perfeito (relativo às recordações de Manuel). 
Na Cena 1, apresenta-se o narrador da ação, que inicia um monólogo, afirmando que o seu
“coração está cheio de memórias e melancolias”. Desta forma introduz a memória do momento
em que recolheu Manuel, dado quase como morto. Assim, simultaneamente apresentam-se os
antecedentes da ação presente e as personagens principais. Sucedem-se, então,  os
acontecimentos que representam a ação central da peça: o encontro do náufrago e o relato da
sua história (cena 2 até à cena 13). A cena 14 corresponde ao desenlace da ação. 
Os episódios relatados a partir entre as cena 2 e 4 surgem no tempo presente por encaixe. É no
Tempo do Perfeito (que se inicia na cena 2)  que o leitor acede às memórias de Mestre João,
quando este conta a história de um náufrago recolhido pelos seus marinheiros. Na cena 4,
retoma-se o tempo presente, quando Mestre João abandona as deambulações pelas suas
lembranças e ele próprio duvida da veracidade dos acontecimentos que recordara anteriormente.
Não compreende como, sendo ele um homem da ciência, poderia acreditar numa história
fantástica como o encontro com o Adamastor relatado por Manuel. Já na cena 5, retoma-se o
tempo da memória de Mestre João (Tempo do Perfeito), quando Manuel já mais recuperado,
consegue ter forças para contar o que lhe acontecera. Neste ponto faz referência ao seu encontro
com o Adamastor, apelidando-o de "Demónio" e "Avantesma", dizendo que as naus onde
seguiam os seus companheiros foram "atirados pelo mar como bocados de papel” com o objetivo
de o atingir. 
Na cena 6, o leitor pode aceder às memórias de Manuel – “ Tempo do mais-que-perfeito” , que
surge por encaixe. Então, Manuel inicia a narração de como seguiu as pisadas de seu pai, que
integrara a frota de Bartolomeu Dias aquando da passagem do Cabo da Boa Esperança. Explica
também que o sonho que tivera, em que salvava o seu próprio pai das garras de Adamastor, o
arrastara para aquela situação em que se encontrava. 
PERSONAGENS
Mestre João é um homem das ciências, dominado pela racionalidade. O episódio narrado por
Manuel fá-lo duvidar do seu pensamento racional, porque, segundo a sua forma de pensar,
figuras como a do Adamastor não existem. No entanto, estas dúvidas não o impedem de sentir
curiosidade sobre aquele ser fantástico, chegando mesmo, na cena 12, a considerar a Avantesma
como uma criatura natural de Deus. 
Manuel é um adolescente, segundo a sinopse da obra, com  14/15 anos que vive com a mãe e a
irmã Ana em Massarelos, nos arredores do Porto. O pai partiu no passado na frota de Bartolomeu
Dias, e Manuel já estava assim familiarizado com a vida no mar. Um dia sonha que o pai é
atacado pelo Adamastor. Nesse sonho revelador e premonitório, Manuel enfrenta o monstro,
laçando-se à água para salvar o seu pai e vence-o. O seu sonho acaba por se tornar realidade,
como se pode verificar na fala do pai, acabado de regressar da sua viagem: “ Por pouco morria eu
ali! (…) Salvou-me o meu Anjo da Guarda…”. 
Posto isto, Manuel convence-se que o monstro quererá vingança. Algum tempo mais tarde,
embarca na armada de Pedro Álvares Carbral, que acaba por naufragar ao lago do Cabo das
Tormentas. Com a certeza que o Adamastor o procura, acaba também ele por naufragar, mas
sobrevive, embora bastante ferido.
Manuel é, desta forma, uma personagem comum, sem nenhum traço de excecionalidade. O facto
de sobreviver ao naufrágio transforma-o num herói, pos é o único que sobrevive da sua armada. 
A figura de Adamastor é de extrema importância na ação, omnipresente em toda a obra, sem
nenhuma vez aparecer fisicamente. Esta figura disforme é referida logo no título da obra,
introduzida através de uma conunção subordinativa disjuntiva (ou). Esta expressa exactamente a
ideia de alternativa, ou seja, o que vemos ("Naquilo que os olhos veem") corresponde à realidade,
enquanto a figura do Adamastor corresponde ao irreal e inexplicável. Assim, o Homem tem
sempre a oportunidade de acreditar na realidade ou aceitar o inexplicável. 

Você também pode gostar