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Faculdade de Comunicação
Departamento de Audiovisuais e Publicidade
Oficina Básica de Audiovisual
Professor David R. L. Pennington
Tatiana Tenuto
Deslocar o aparelho de filmagem ao longo de uma mesma cena mostrou a criação de uma
nova ferramenta de trabalho dos diretores: a câmera. Assim, em 1896, veio espontaneamente o
travelling. Uma das grandes evoluções cinematográficas da época foi quando a câmera deixou de
apenas registrar acontecimentos para se tornar ativa nos filmes, isto é, ser capaz de transmitir um
ponto de vista. Nesse aspecto há a câmera subjetiva e o olhar face à câmera, entre outros. Mais
tarde, quando a influência do teatro cessar, o fato de o ator se dirigir diretamente à câmera irá
atingir o espectador com um efeito muito dramático.
Com a evolução desse equipamento, haverá a preocupação com a composição da imagem,
daí haverá todo um aperfeiçoamento técnico dos enquadramentos, de modo que o diretor organize o
fragmento de realidade a ser mostrado na tela. Além disso, haverá a escolha de planos, para se
encontrar a comodidade da percepção, para se determinar o plano que traz maior clareza à narrativa.
Outro fator que pode modificar a significação do trabalho é o ângulo de filmagem, que pode dar a
impressão de superioridade ou exaltação à personagem (contra-plongé) ou inferiorizá-la (plongé), e
transmitir pontos de vista, subjetivos e objetivos, que podem interferir no outro. Além dos
posicionamentos da câmera, há também os movimentos: acompanhar personagens, descrever um
espaço, realçar personagens ou objetos, expressar o ponto de vista de um personagem, etc. Esses
movimentos podem descrever e dramatizar a cena; em alguns filmes, o movimento também pode
adquirir valor rítmico ou de penetração (em determinado espaço, por exemplo). O autor distingue
ainda três tipos de movimentos: o travelling, a panorâmica e a trajetória.
Os elementos são chamados de não-específicos por serem utilizados por outras artes além da
cinematográfica, como a pintura e o teatro. O primeiro elemento a ser discutido no livro é a
iluminação, fator decisivo para a criação da expressividade da imagem. Atualmente, preza-se por
uma iluminação realista, evitando-se o uso exagerado de luz. No entanto, é preferível uma
iluminação artificial a uma iluminação natural mas deficiente. Surgem também as sombras de
efeito, muito usadas no Expressionismo e que colaboram com a definição do contorno dos objetos e
com a profundidade espacial.
Outro elemento que se destaca num filme é o vestuário, que evidencia gestos e atitudes dos
personagens, traços de expressão e personalidade. No cinema, definem-se três tipos de vestuário:
realista, para-realista e simbólico, que se diferenciam de acordo com o uso, por harmonia ou
contraste com o cenário. O cenário, aliás, também é um elemento não-específico, mais importante
no cinema que no teatro, e que compreende tanto as paisagens naturais quanto as produções de
estúdio. Constroem-se cenários devido à verossimilhança histórica, a uma questão de economia ou
com o desejo de acentuar-se o simbolismo e a significação da filmagem. Dentre as concepções
gerais do cenário encontra-se a realista, a impressionista e a expressionista. De qualquer maneira, o
cenário desempenha quase sempre um papel de contraponto com a tonalidade moral ou psicológica
da ação.
O elemento fílmico citado no livro que é encontrado em outros elementos é a cor, que
provoca sensações e interpretações nos espectadores. Esse elemento merece atenção especial, pois
por longo tempo o cinema era filmado em preto-e-branco, e até hoje há problemas relacionados com
a conservação da cor nas fitas. Além disso, há os problemas estéticos da cor, relacionados ao seu
poder decorativo e quando ele pode ser explorado, como em comédias, e evitado, como em cenas
violentas. Por fim, não há como ignorar o desempenho dos atores. No cinema, em geral, a câmera se
encarrega de evidenciar a melhor expressão para a cena, revelando-a sob o melhor o ângulo, em
primeiro plano. Vale lembrar que as atuações no cinema e no teatro são bem diferentes, pois as
exigências das performances em relação ao espectador – e no caso do cinema, também em relação à
câmera – são diferenciadas.