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Aug∴ e Resp∴ Gr∴ Ben∴ e Gr∴ Benf∴ Loj∴ Simb∴

União Escosseza nº 105


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Visto

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Pedro Fernandes Neto – M.˙. M.˙.


CIM 243.770 – 1º Vig.˙.

O NÚMERO CINCO

Comp.˙. M.˙. Leonardi Santos de Abreu

Data da Iniciação – 28/11/2018


Data da Elevação – 05/02/2020

Comp.˙. M.˙. LEONARDI SANTOS DE ABREU Pá gina


1
Nenhum símbolo é tão importante e significante para tantas culturas, povos, religiões e
filosofias diferentes quanto o número cinco. A raça humana, desde os primórdios, mantém uma
relação de estrita familiaridade com esse número, principalmente por ser parte constante de
nossa anatomia. Não por coincidência, a Maçonaria guarda íntima relação com o número cinco,
estando associado ao grau de Comp⸫ M⸫ tanto simbólica quanto elementarmente.

As primeiras impressões sobre o número cinco e sua simbologia remontam culturas


antigas e milenares como é o caso da Grécia, onde há mais de 2.300 anos, os membros da
escola peripatética relacionavam a existência da matéria a 5 elementos fundamentais, em sendo
o ar, o fogo, a água, a terra e o éter – que para Aristóteles, este quinto elemento (ou quinta
essência natural) consistia em uma substância etérea, que compunha os corpos celestes e os
impedia de cair do firmamento. Semelhante entendimento extrai-se do budismo, que trata a
natureza como sendo composta por 5 elementos primordiais: água, fogo, ar, terra e vazio.
Assim como os gregos, os indianos acreditavam em uma quinta essência, responsável pela
formação dos corpos celestes. E iam além, pois ao contrário da acepção de ausência absoluta de
substância, o vazio compreendia a inércia necessária à formação de todas as coisas,
constituindo-se na energia espiritual inextinguível, inexpugnável, pura, passiva e originária,
que compõe tudo o que existe.

A filosofia japonesa trata de 5 elementos primordiais na natureza, e a exemplo do


budismo, identifica “o vazio” (sora) como sendo a energia pura, classificando-a também como
éter1 (de natureza etérea). O vazio representa “o espirito das coisas”, bem como “o
pensamento”, “a energia criativa” e “a capacidade de comunicação”, mas também caracteriza a
energia invisível (vazia) responsável pela existência de todos os seres, cuja função é a de criar e
sustentar a vida. Nas artes marciais japonesas, os guerreiros mais experientes e evoluídos usam
o ki (energia quintessencial, espiritual) como forma de potencializar os resultados de sua arte,
dominando assim não só o corpo e as coisas materiais, mas a mente e o espírito. Tal definição
guarda íntima relação com a Ayurveda2, terapia milenar hindu que atua principalmente sobre as
energias, canalizadas e transmitidas pelo corpo humano através dos chakras, que são pontos de
absorção e administração das energias do duplo etérico 3. No hinduísmo, o quinto chakra
(Vishuddha) situado no pescoço, especificamente na base da região laríngea, é responsável pela
comunicação, pela expressividade e pela concretização de resultados. Também representa o
éter, enquanto quinto elemento da matéria (akasha).

1
Fluído cósmico condutor da luz e do calor através do espaço.
2
Ayurveda, em sânscrito, significa “Ciência da Vida”.
3
Também chamado de Corpo Sutil; cópia energética do corpo físico, conectando-o ao espírito; perispírito.
Comp.˙. M.˙. LEONARDI SANTOS DE ABREU Pá gina
2
Os egípcios, por sua vez, acreditavam que a alma era formado por 5 partes: ren (nome),
ba (alma), ka (duplo etérico), sheut (sombra) e ib (coração).

Para outra cultura igualmente milenar, o judaísmo também tem o número cinco
(hamisha – ‫ ) ֲח ִמ ָׁשה‬cercado de significados e mistérios. No alfabeto hebraico, a quinta letra ‫ה‬
(he), é, em relação à sua posição no alfabeto, a primeira consoante do impronunciável nome
sagrado de Yehovah (‫)יהוה‬. No judaísmo, há 5 livros sagrados escritos por Moshe (Moisés), que
são: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômios4. Yehovah legou aos homens 10
mandamentos, inscrevendo-os em duas tábuas de pedra, cada qual com cinco instruções
distintas, lançando as bases para a Lei Mosaica. Todas as medidas do Templo de Salomão eram
múltiplas de 5, e realizadas em “côvados reais” – sistema de medição do antigo Egito em que 1
côvado real equivalia a 50 centímetros atuais – e desta forma o 5 é associado à arquitetura
sagrada. Uma das mais importantes simbologias para o número 5 na cultura judaica extrai-se
também da Torá, e marca alguns aspectos da criação. No Livro da Criação (Gênesis), por
exemplo, em seu capítulo primeiro, versículo 9, podemos ler que Yehovah e as demais
entidades imbuídas da criação, “construíram” o Éden com um rio principal, de onde saiam
quatro braços, em sendo o primeiro o rio Pisom, o Giom era o segundo, e os rios Tigre e
Eufrates, os outros.

Contudo é no processo de criação do homem, no Livro da Criação entre os versículos 6


e 8, que se distinguem os elementos compartilhados por grande parte das culturas antigas.
Insere o versículo 6 em diante, com meus destaques, que uma neblina5 subia da terra, e regava
toda a superfície do solo. Então formou o Senhor Deus ao homem do pó da terra, e lhe soprou
nas narinas o fôlego da vida, e o homem passou a ser alma vivente. Assim, observa-se que já
no início do primeiro livro do Pentateuco, Moshe descreve os cinco elementos primordiais no
processo mítico de criação do homem, estando presentes a água, o ar, o fogo (na composição da
neblina) e a terra expressos no texto, enquanto a anima, o espírito ou a energia quintessencial,
jaz simbolizada pelo fôlego da vida. Em sendo o homem, imagem e semelhança de Deus e dos
seus iguais, seria Deus não só formado pela quintessência que anima todos os seres, como
também, fonte inesgotável dessa energia primordial, com a qual elaborou a Terra e os planos
celestes.

4
Conhecidos como o Pentateuco, que significa “cinco rolos”, em hebraico.
5
Resultado da condensação da água, após o processo de evaporação provocado pelo calor (interação dos elementos
água + fogo)
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3
Na Kabbalah6, a quinta sephirot7 é Guevurah (ou Gueburah) e está disposta na metade
do Pilar da Severidade da Árvore da Vida. Simboliza a Força e é representada no alfabeto
hebraico pela 5ª letra ‫( ה‬he), que expressa a “força divina”.

Para os alquimistas, a “quinta essência” era o elemento primordial e originário de onde


derivariam os demais elementos. Sua obtenção e manipulação eram necessárias para o
conseguimento da Pedra Filosofal8. Esotericamente, além do 5 estar associado ao éter, à
quintessência – como sendo o hálito divino que anima todos os seres viventes (espírito), é
considerado como a representação do homem simbolizado pelo pentagrama (estrela de cinco
pontas), que dentre muitos significados, aduz à prevalência do espírito (quintessência) sobre a
matéria (demais elementos), pois se formaria de “Quatro (elementos) pela adição de Um”
(dominante – o espírito). O pentagrama, um dos mais antigos talismãs de proteção espiritual,
também significa força, evolução, liberdade, movimento.

Todos os grandes marcos temporais são classificados por múltiplos de 5: quinquênio,


década, século, milênio. Existem 5 reinos naturais: monera, protista, fungi, plantae e animal.
Possuímos 5 sentidos corpóreos: visão, olfato, audição, paladar e tato. Conforme visto acima,
há, pela filosofia clássica e por diversas culturas, 5 elementos da matéria: água, terra, fogo, ar e
éter. A ciência moderna identifica 5 forças da natureza: Força Nuclear Fraca, Força Nuclear
Forte, Gravidade, Eletromagnetismo e Interação de Múons (teoria incipiente).

Uma das representações clássicas do número 5 importa ao Grau de Comp⸫ M⸫ e à


Maçonaria, lato sensu. A comunicação e a arte da retórica, representados por este número e
simbolizados também pelo pentagrama simples, são instruções que devem ser apreendidas e
praticadas pelo aspirante ao Grau de M⸫ pois é através da palavra falada e das demais Artes
Liberais, que o Companheiro irá aperfeiçoar-se nas Artes Reales, refinando o desbaste de sua
Pedra Cúbica. O pentagrama simples simboliza o homem não iniciado, que não pode retirar do
depositório etéreo a energia necessária para alcançar a iluminação e a perfeição através do
áureo ofício.

São 5 as viagens pelas quais o então Apr⸫ M⸫ será examinado, no que cerne ao
manuseio dos instrumentos a serem utilizados em seu labor no 2º Grau, aperfeiçoando a prática

6
Vertente mística do judaísmo.
7
Significa “números” em hebraico. As Sephirot são as potências pelas quais Ein Sof manifestou sua Vontade na
criação do universo visível. Por sua vez, Ein Sof é o nome cabalístico de Deus enquanto deidade criadora dos
mundos e de si mesma, antes da autodeterminação em “Eu Sou”, pautando a singularidade existencial na
manifestação durante o processo de formação de tudo o que existe.
8
Elemento responsável pela transmutação de qualquer metal inferior em ouro puro. Seu significado esotérico
denota “elevação do espirito e da consciência”.
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4
no lapidar de sua Pedra Cúbica e na nova fase de sua carreira maçônica, demonstrando, desta
forma, o bom uso das faculdades da alma no exercício das suas funções. Cinco são as
faculdades da alma que ensejarão constante avaliação do Comp ⸫ M⸫ pelos MM⸫ da oficina, a
fim de observarem no aspirante, o exercício das Virtudes por meio de sua busca e
conhecimento da Verdade: o Pensamento, a Consciência, a Inteligência, a Vontade e o Livre
Arbítrio. Os degraus simbólicos que devem ser galgados pelo Comp⸫ M⸫ para chegar-se ao
Trono do Prim⸫ Vig⸫ são no total de 5, e correspondem aos elementos da natureza bem como as
experiências das provas iniciáticas, sendo representadas por cores. A (1) primeira é o preto,
representando o elemento terra; a (2) segunda é azul, representando o elemento ar; a (3) terceira
é a branca, e representa a água; a (4) quarta é vermelha e corresponde ao fogo; por fim, a (5)
quinta é a incolor, policrômica ou prismática, representando o quinto elemento da matéria – a
quintessência.

Assim como no hinduísmo, o número 5 representa a comunicação, a expressividade e a


arte de falar, que devem ser estudadas e praticadas pelo Comp ⸫ M⸫ àquilo que vaticinam as
artes do Trivium. No entanto, em análise à simbologia histórico-esotérica que encerra os
mistérios do “cinco” na filosofia maçônica, e considerando a relação das referências bíblicas,
históricas, científicas, filosóficas e dos signos impressos em sua iconografia, poderíamos
associá-lo à arquitetura sagrada do Templo de Salomão; ao éter, enquanto quinta parte a
complementar os elementos presentes na formação do(s) universo(s) e do(s) plano(s) físico(s);
a representação mística do pentagrama enquanto símbolo do homem e do Comp⸫ M⸫ – seja
como profano, seja como iniciado porquanto um mero aspirante aos segredos da vida e da
existência, ou como ser iluminado pela autoconsciência adquirida pela busca da Verdade Real.
Mais do que isto, o 5 representa algo ainda mais profundo, complexo, completo: a unidade
cercada pela dualidade existencial. É a essência do Princípio Criador no espírito humano; a
quintessência, a energia primitiva, pura, inexpugnável, inextinguível e universal, que compõe o
homem não só como um reflexo da Criação divina, mas, quintessencialmente, como imagem e
semelhança do próprio Criador, e portanto, a representação energética e infinitesimal de Ein
Sof. O número 5 representa maçonicamente o homem, mas enquanto partícula do espírito de
Deus antes de ser deus, o espelho de Demiurgo antes de reduzir-se a Verbo – a essência do Ser
antes do Eu Sou.

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Leonardi Santos de Abreu – Comp.˙. M.˙.
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Referências bibliográficas

1. Bíblia Sagrada Cristã – edição revista e corrigida.


2. Ritual – 2º Grau – Companheiro Maçom – REAA – GOB (2009)
3. Os Segredos do Companheiro Maçom (Maxell Egens Egens)
4. Bhagavad Gita Como Ele É (A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada)
5. Tao Te Ching – O Livro do Caminho (Lao Tsé)
6. O Zohar (Rav Michael Laitman)
7. Iniciação ao Hermetismo (Franz Bardon)
8. A Chave dos Grandes Mistérios (Eliphas Levi)
9. Dogma e Ritual da Alta Magia (Eliphas Levi)
10. Curso Esotérico de Cabala (Samuel Aun Weor)
11. Simbolismo dos números na Maçonaria – O número Cinco
(https://www.freemason.pt/simbolismo-dos-numeros-na-maconaria-o-numero-cinco/)
12. O Número 5 na Maçonaria (http://virtudemaconica.blogspot.com/2015/12/o-numero-5-
na-maconaria.html)
13. O Significado do Pentagrama – Uma Interpretação Esotérica da “Estrela de Cinco
Pontas” (https://www.freemason.pt/o-significado-do-pentagrama-uma-interpretacao-
esoterica-da-estrela-de-cinco-pontas/)
14. A Quinta Essência (https://www.trabalhosfeitos.com/ensaios/a-Quinta-Ess
%C3%AAncia/57058476.html)
15. Os Segredos da Guimátria (http://www.morasha.com.br/misticismo/os-segredos-da-
guimatria.html)
16. Os 5 elementos do Yoga e Ayurveda (https://yogateria.com.br/os-5-elementos-do-yoga-
e-do-ayurveda/)

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