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O PAINEL DE COMPANHEIRO

(Ir.’. Reinaldo Vitelli Macedo, Or. de São Paulo, 09/10/2003)

O Painel do Grau de Companheiro, como o do Grau de Aprendiz, não


passa de um “estandarte” ou quadro, onde são gravados os símbolos
apropriados à Loja de Companheiros.

O Painel mais antigo que se conhece que foi publicado, era um Painel
Misto -- Aprendiz e Companheiro --, como eram praticados esses dois Graus. Esse
Painel se reveste de um interesse muito grande, porque ele revela uma parte da
História da Maçonaria praticada até então; um lado ainda muito obscuro entre
nós, sobre os verdadeiros Símbolos Maçônicos.

Os Painéis do lr.’. John Harris, pintados em 1823, são, ainda, hoje,


usados sem distinção por quase todos os Ritos. O lr.’. John Harris fez aqueles
Painéis para o Rito Inglês de Emulação; e esse Rito tem características próprias,
tem lendas e tradições diferentes e divergentes de outros Ritos.

Os compiladores de Rituais têm sido infelizes ao usar os mesmos


Painéis para os diversos Ritos sem a devida adaptação do desenho.

As Luminárias, por exemplo, SOL e LUA, não podem ocupar os mesmos


lugares no Retábulo, nos Ritos de York e Escocês. Os Oficiais nesses Ritos
ocupam lugares diferentes e às vezes, inversos, como é o caso dos Secretários, já
não falando dos Oradores (que o Rito de York não possui).

O Rito de York ou Emulação, na Inglaterra, ainda dá um valor todo


especial a esses Painéis, que eles chamam de Tábua de Traçar, ou “Trancing
Board”.

Não se sabe porque existem Três Painéis no Ritual do Rito Escocês, do


Segundo Grau.
No Painel de Companheiro, estão os Símbolos dos dois primeiros
Graus: Aprendiz e Companheiro, ou seja, a Estrela Flamejante; a Letra “G”; a
Trolha; o Globo e a Pedra de Afiar.

No Painel Alegórico, vamos destacar a Fonte de Água Corrente e a


Espiga, as Duas Colunas Vestibulares, a Escada em Caracol e a Câmara do Meio.

No Painel da Loja de Companheiro, destacaremos as Sete Artes e


Ciências Liberais e as Cinco Nobres Ordens de Arquitetura; do Painel Simbólico
as Luminárias - SOL e LUA.

Se uma Bandeira Nacional é a representação simbólica de seu País, o


Painel Simbólico, ou simplesmente Painel, é a representação da Maçonaria. Uma
Loja não está completa, se no assoalho de seu Templo não estiver um Painel,
pintado, desenhado ou apenas Riscado no chão.

O que marcava a Reunião de Maçons nos tempos primitivos da


Maçonaria era, primeiramente, um desenho a giz ou carvão, das ferramentas dos
Maçons Operativos e das Ruínas do Templo do Rei Salomão, tais como, as
Colunas e o Pórtico do Templo.

Durante muitos séculos isso aconteceu, até que, para facilitar as coisas
e evitar atritos com os proprietários das Tavernas (pois os desenhos feitos sobre
o assoalho acabavam por riscá-lo), foi estudada a possibilidade de passar para
uma Lona, em forma de um pequeno tapete onde se desenhasse aqueles Símbolos
em caráter permanente.

A cada Reunião, um Irmão era responsável e levava o tapete e, antes de


iniciar-se os trabalhos, estendia-o no centro da Loja e, em torno desse tapete, se
desenrolava a Reunião do dia. Sem sua presença, não havia Reunião.

Nos Estados Unidos da América, face a grande expressão numérica e


econômica, existem muitos Templos específicos a cada grupo de Graus. Nós nos
contentamos, em “ver” no Painel o que deveria existir para o desenvolvimento
ritualístico do Grau 2.

O “Painel” não é uniforme, pois em algumas Lojas vem simplificado. No


primeiro plano vem o pórtico de um Templo com as suas duas Colunas “B” e “J”,
suportando nos seus capitéis, as romãs; as Colunas encontram-se sobre o
Pavimento de Mosaicos e logo após as Colunas inicia a Escada com sete degraus
que findam à Porta do Templo.

No resto do Painel, combinados artisticamente, os símbolos do Grau: o


Esquadro com suas extremidades ou braços voltados para o Leste; um Malhete e
uma Prancheta com figuras geométricas; Nível, Prumo, Pedra Cúbica, Estrela
Flamígera, Pedra Bruta, Régua de 24 polegadas e Trolha.

O Painel é circundado por um cordão com nove nós eqüidistantes.

Os sete degraus são as artes liberais: Gramática, Retórica, Lógica,


Aritmética, Geometria, Música e Astronomia.

A Gramática, que ensina através de regras próprias a linguagem, o


expressar das Idéias.

A Retórica, que adorna e embeleza a palavra, criando um estilo


individual.

A Lógica, para formar juízos e concepções exatas de todas as coisas.

A Aritmética, que empresta valor verdadeiro aos números a fim de não


errar nos cálculos.

A Geometria, que proporciona o conhecimento das proporções e


dimensões dos corpos.

A Música, que dá a doçura e harmonia aos sons, com reflexos gratos


ao coração e sentimento.
A Astronomia, que ensina e demonstra a ordem e o equilíbrio perfeito
do Firmamento.

Dos diversos Rituais que possuímos e também das diversas


Obediências, nem todos exageram em número de Painéis:

- no Ritual do Rito de York, publicado em 1975 pelo Grande Oriente de


São Paulo, só apresenta um Painel, o Painel Alegórico, desenhado pelo Ir.’. John
Harris, 1823;

- no Ritual do Rito Brasileiro, publicado pelo Grande Oriente do Brasil


em 1972, traz dois Painéis, um com o título de Síntese Simbólica do Grau de
Companheiro o outro, o Painel Simbólico do Grau de Companheiro;

- no Ritual do Rito Moderno, editado pelo Grande Oriente de São Paulo,


em 1976, traz dois Painéis: o Painel Simbólico do Segundo Grau e o Painel
Alegórico, do Ir.’. Harris;

- no Ritual do Rito Adonhiramita, publicado elo Grande Oriente do


Brasil, em 1934, traz três Painéis: o Painel Alegórico, o Painel Simbólico e o Painel
da Loja de Companheiro;

- no Ritual do Rito Escocês, editado pelo Grande Oriente de São Paulo,


traz os três painéis: o Painel Alegórico, o Painel Simbólico e o Painel da Loja de
Companheiro;

- no Ritual do Rito de Schoroeder, de 1957 não traz nenhum Painel, já


no Ritual da Grande Loja do Rio Grande do Sul, editado em 1988, traz um Painel
próprio do Rito, completamente diferente dos demais.

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Bibliografia:
- A Simbólica Maçônica – Jules Boucher
- Caderno de Estudos Maçônicos – Assis Carvalho
- Artigos Publicados por Jellis Carvalho

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