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VISCOSÍMETRO DE STOKES

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Ao realizar o estudo de fluidos, características como temperatura e pressão,


devem ser levadas em conta para compreender o comportamento mecânico desse
fluido. Outra propriedade importante para o entendimento da mecânica dos fluidos é a
viscosidade.

A viscosidade pode ser considerada uma grandeza que define o quanto um fluido
resiste ao escoamento. Em outras palavras, ela determina o quanto um determinado
fluido é deformado quando sobre ele é aplicada uma tensão de cisalhamento. Quando
a viscosidade de um fluido é constante para diferentes tensões de cisalhamento e seu
valor não varia durante o tempo, o material em questão pode ser chamado de fluido
newtoniano. Esta nomenclatura é devida a lei de Newton da viscosidade, que pode ser
observada na equação 1.

𝛿𝑢
𝜏=𝜇 (1)
𝛿𝑦

Onde:

𝜏 é a tensão de cisalhamento, dada em 𝑁⁄𝑚2 .

𝜇 é o coeficiente de viscosidade, também conhecido como viscosidade dinâmica ou


viscosidade absoluta. As principais unidades utilizadas para apresentar essa grandeza
são: 𝑘𝑔⁄𝑚 · 𝑠, 𝑁𝑠⁄𝑚2 ou 𝑃𝑎 · 𝑠.

𝛿𝑢
é o gradiente da velocidade, encontrado ao derivar o perfil da velocidade em função
𝛿𝑦

de y.

A viscosidade absoluta dos fluidos (líquidos ou gasosos) pode ser observada ao


consideramos que andar através do ar é uma tarefa fácil quando comparada com a tarefa
de andar imerso na água por exemplo. Isso é devido a viscosidade da água ser 55 vezes
maior do que a do ar. Quando um óleo do tipo SAE 30 é analisado, que é 300 vezes mais

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viscoso que a água, e a glicerina que é 5 vezes mais viscosa que o óleo SAE 30, é possível
começar a observar a ampla gama de viscosidades que os fluidos podem possuir.

Existem algumas grandezas que influenciam a viscosidade de um componente,


como a pressão e a temperatura. A pressão possui uma influência que, na maioria dos
casos, pode ser desprezada. Utilizando a viscosidade do ar como exemplo, um aumento
de 1 para 50 atm na pressão do ar vai ocasionar um aumento na viscosidade do ar em
apenas 10%.

Figura 1 – Relação entre viscosidade absoluta e temperatura para diversos fluidos

Já a temperatura possui uma influência considerável na viscosidade de um fluido,


de forma geral, como pode ser observado na figura 1, com o aumento da temperatura
os líquidos possuem a tendência de reduzir sua viscosidade, aumentando sua fluidez,
como pode ser observado no comportamento da água, glicerina e outros líquidos. Em
relação aos gases é possível observar que ocorre um aumento discreto na viscosidade
absoluta com o aumento da temperatura.

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Em diversas aplicações na mecânica dos fluidos e na transferência de calor, é


utilizada a razão entre a viscosidade absoluta e a densidade do componente, que é
conhecida como viscosidade cinemática. A equação 2 apresenta como esta grandeza é
encontrada.

𝜇
𝜐= (2)
𝜌

Onde a densidade é dada em 𝑘𝑔⁄𝑚3 e a unidade da viscosidade cinemática é o


υ que é dado em 𝑚2 ⁄𝑠. Em diversas literaturas também é utilizado o stoke (1 stoke = 1
𝑐𝑚2 ⁄𝑠 = 0,00001 𝑚2 ⁄𝑠). A tabela 1 exibe alguns dados de viscosidade de diferentes
fluidos.

Tabela 1 – Viscosidade dinâmica e cinemática de oito fluidos a 1 atm e 20 °C.

1. NÚMERO DE REYNOLDS

Quando um meio flui em torno de um objeto, como é o caso dos experimentos


deste laboratório virtual, onde uma esfera cai em queda livre através de um fluido, é
importante determinar como ocorre o escoamento do fluido em torno do objeto. Esse
escoamento pode ser classificado como laminar ou turbulento.

No escoamento laminar, as linhas de corrente individuais não são interrompidas


e flui em torno do objeto. No caso de um escoamento turbulento, as linhas de corrente
são interrompidas e redemoinhos são gerados, esse fenômeno produz considerável
resistência de atrito.

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O comportamento referido anteriormente pode ser observado na figura 2.

Figura 2 – Comportamento das linhas de corrente em torno de um objeto.

O número de Reynolds (𝑅𝑒) é um valor adimensional que pode ser utilizado


para estimar o tipo de escoamento em determinadas condições. Ele pode ser
encontrado através da equação 3.
𝑉.𝑑
𝑅𝑒 = (3)
𝜐

Onde:

𝑉 é a velocidade do escoamento (m/s);

𝑑 é o diâmetro da esfera (m);

𝜐 é a viscosidade cinemática do fluido (m²/s);

Para Número de Reynolds acima do valor crítico 𝑅𝑒 ≌ 2300, o escoamento


passa a ser turbulento e abaixo dele, o escoamento é laminar.

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2. FORÇA DE ARRASTO

Quando um objetivo entra em queda livre através de um fluido, uma força de


arrasto (𝐹𝑑 ) atua no objeto, devido à viscosidade do meio. O sentido da força é sempre
oposto à do escoamento e seu módulo pode ser obtido pela equação 4.

𝜌
𝐹𝑑 = 2 . 𝑉 2 . 𝐴. 𝑐𝑑 (4)

Onde:

𝜌 é a densidade do fluido (kg/m3);

𝑉é a velocidade do escoamento(m/s);

𝐴 é a máxima seção transversal do objeto (m²);

𝑐𝑑 é o coeficiente de atrito, relacionado à forma do objeto.

O coeficiente de atrito é adimensional. Para uma esfera, seu valor é de


aproximadamente 0,4. A equação 4 só se aplica para escoamentos laminares. No
entanto, ela pode ser usada com boa aproximação para escoamentos pouco
turbulentos.

3. LEI DE STOKES

Figura 3 – Forças atuantes na esfera.

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Ao analisar uma esfera que se encontra, imersa em um fluido newtoniano e em


queda livre, como é representada na figura 3, existe um momento no qual a velocidade
de queda se torna constante, também conhecida como velocidade terminal. Nesta
condição o equilíbrio das forças é dado por:

𝑃 = 𝐹𝑑 + 𝐸 (4)

Onde:

𝑃 é a força peso da esfera (𝑘𝑔 · 𝑚⁄𝑠 2 ).

𝐹𝑑 é a força de arrasto sobre a esfera (𝑘𝑔 · 𝑚⁄𝑠 2 ).

𝐸 é o empuxo sobre a esfera (𝑘𝑔 · 𝑚⁄𝑠 2 ).

O matemático e físico irlândes, George Gabriel Stokes, resolveu as equações de


Navier-Stokes para este caso específico, onde uma esfera que se encontra em
velocidade terminal e possui número de Reynolds bastante baixo (𝑅𝑒 ≤ 1),
encontrando de forma analítica que a força de arraste é dada pela equação 5. Essa
equação também é conhecida como Lei de Stokes.

𝐹𝑑 = 6𝜋𝜇𝑉𝑟 (5)

Onde:
2
𝐹𝑑 é a força de arrasto sobre a esfera (𝑘𝑔 · 𝑚⁄𝑠 ).

𝜇 é a viscosidade dinâmica (𝑘𝑔⁄𝑚 · 𝑠).

𝑉 é a velocidade do escoamento (m/s).

𝑟 é o raio da esfera (m).

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A equação (5) pode ser substituída na equação (4) obtendo a seguinte expressão,
onde 𝑔 é a gravidade, 𝜌𝑓𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜 é a densidade do fluido e 𝜌𝑒𝑠𝑓𝑒𝑟𝑎 é a densidade da esfera,
ambos em 𝑘𝑔⁄𝑚3 .

4 4
𝑃 = 𝐹𝑑 + 𝐸 ∴ 𝜌𝑒𝑠𝑓𝑒𝑟𝑎 𝜋𝑟 3 𝑔 = 6𝜋𝜇𝑉𝑟 + 𝜌𝑓𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜 𝜋𝑟 3 𝑔
3 3

4 4
𝜌𝑒𝑠𝑓𝑒𝑟𝑎 𝜋𝑅 3 𝑔 − 𝜌𝑓𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜 𝜋𝑅 3 𝑔 = 6𝜋𝜇𝑉𝑟
3 3

4 3
𝜋𝑟 𝑔(𝜌𝑒𝑠𝑓𝑒𝑟𝑎 − 𝜌𝑓𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜 ) = 6𝜋𝜇𝑉𝑟
3

4 3
𝜋𝑟 𝑔(𝜌𝑒𝑠𝑓𝑒𝑟𝑎 − 𝜌𝑓𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜 )
𝜇=3
6𝜋𝑉𝑟

2𝑟 2 𝑔(𝜌𝑒𝑠𝑓𝑒𝑟𝑎 − 𝜌𝑓𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜 )
𝜇= (6)
9𝑉

Em relação a velocidade do escoamento (V), são necessárias que algumas


considerações sejam realizadas. Devido ao fato das dimensões transversais do tubo que
contém o fluido não serem infinitas, a velocidade será afetada. Para que seja aplicada
uma correção adequada, deve ser utilizada a correção de Ladenburg, que apresenta
resultados satisfatórios quando r/R < 0,2 e r<<H onde: H é a altura da coluna do fluido,
r é o raio da esfera utilizada e R é o raio interno do tubo de acrílico em metros.

𝜆1 = 1 + 2,4 × (𝑟⁄𝑅 ) (7)

Esta correção deve ser multiplicada pela velocidade V, obtendo a velocidade


corrigida.

𝑉𝑐𝑜𝑟𝑟 = [1 + 2,4 × (𝑟⁄𝑅 )] × 𝑉 (8)

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Substituindo a velocidade corrigida exibida na equação 8, na equação 6,


obtemos:

2𝑟 2 𝑔(𝜌𝑒𝑠𝑓𝑒𝑟𝑎 − 𝜌𝑓𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜 )
𝜇= (9)
9[1 + 2,4(𝑟⁄𝑅 )]𝑉

Com isso, para sistemas que atendem as condições anteriormente apresentadas,


é possível encontrar a viscosidade dinâmica.

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