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SÓLIDOS II
ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ
Diretor Geral | Valdir Carrenho Junior
“
A Faculdade Católica Paulista tem por missão exercer uma
ação integrada de suas atividades educacionais, visando à
geração, sistematização e disseminação do conhecimento,
para formar profissionais empreendedores que promovam
a transformação e o desenvolvimento social, econômico e
cultural da comunidade em que está inserida.
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www.uca.edu.br
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma
sem autorização. Todos os gráficos, tabelas e elementos são creditados à autoria,
salvo quando indicada a referência, sendo de inteira responsabilidade da autoria a
emissão de conceitos.
ESTÁTICA E MECÂNICA DOS
SÓLIDOS II
ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ
SUMÁRIO
AULA 01 PROPRIEDADES DA SEÇÃO I 05
AULA 15 TORÇÃO 91
AULA 16 FLAMBAGEM 95
ESTÁTICA E MECÂNICA DOS
SÓLIDOS II
ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ
INTRODUÇÃO
Neste livro vamos dar continuidade aos nossos estudos de estática e mecânica dos
sólidos. No primeiro livro foi abordado questões básicas a respeito do assunto e agora
vamos aprofundar um pouco mais.
Neste livro usaremos mais o cálculo diferencial e integral para algumas demonstrações e
por esta razão é bom você relembrar alguns conceitos de equações diferenciais, derivadas
e antiderivadas.
O objetivo aqui, como sempre, é lhe dar capacidade para leituras aprofundadas quando
isto for necessário em sua vida acadêmica e profissional. Não se esqueça de no final de
cada capítulo ler o mesmo tema em outras fontes.
Use as fontes que a sua instituição de ensino possui por meio da biblioteca virtual. É
fundamental esta leitura a mais.
Não me estenderei muito aqui, vamos direto aos estudos.
AULA 1
PROPRIEDADES DA SEÇÃO I
É necessário ler? Comecei aqui com esta pergunta porque ela é chave para seu aprendizado.
Siga o que indicarei aqui e aprenderá de fato o conteúdo da disciplina. Não existe curso
superior sem muita leitura, dedicação e prática (resolução de problemas).
Neste curso vamos nos aprofundar, ou seja, tudo o que foi passado no curso anterior será
utilizado aqui. Eu já fui aluno e, portanto, indicarei a vocês aonde procurar os conteúdos em
algumas fontes. Aqui tentarei ser o mais didático e simples possível, sem perder formalidades
necessárias.
Vamos ao que interessa de fato. O que você deve fazer em tópicos.
O primeiro passo para aplicar todos os nossos conhecimentos para as mais diversas seções
geométricas é dominar o conceito de centro de gravidade. O primeiro passo é reconhecer
que existem as mais diversas seções geométricas nas estruturas com os mais diversos
materiais (madeira, aço, concreto armado, concreto protendido...).
Para ficar bem claro o porquê de nos aprofundarmos nas seções vou apresentar aqui
para vocês algumas buscas obrigatórias que você deve fazer no google. Busque pelos
tópicos abaixo em imagens.
• vigas I longarinas (com esta busca verá vigas em formato de I)
• vigas U (aqui encontrará principalmente perfis metálicos)
• vigas U enrijecido (outro tipo de perfil metálico)
• balanço sucessivos pontes (seções vazadas)
• https://www.youtube.com/watch?v=o4M9cuDDkpI (link para o vídeo de uma ponte
sendo construída com uma seção vazada)
Na Figura 1 temos a representação de seções que podemos encontrar nas mais diversas
áreas das engenharias.
Figura 1 - Exemplo de seções utilizadas nas mais diversas áreas. Fonte: do próprio autor
1.2.1 Teoria
Na Figura 2 temos uma seção em formato de “I”. Imaginemos ela constituída do mesmo
material, ou seja, toda ela de madeira ou aço ou concreto ou qualquer outro. Sendo assim,
sabemos intuitivamente que ela ficará em equilíbrio se apoiarmos ela em sua região central.
Imagine algo com o formato mostrado na Figura 2 sendo equilibrado na ponta de seu dedo.
Figura 2 - Seção em formato de I com a representação de seu centro de gravidade. Fonte: do próprio autor
Figura 3 - Força peso referente a um determinado ponto de uma forma geométrica qualquer. Fonte: do próprio autor
A fórmula acima está dizendo que existe um momento calculado com um braço de alavanca
x e o peso total do objeto da Figura 3 e ele equivale à somatória dos momentos de todos
os infinitos pontos e seus respectivos pesos. A mesma relação vale para momentos em x.
∑ Mx = yP=∑ yi Pi
∑ Mx= yP =∫ y ΔP
∑ My= xP =∫ x ΔP
Portanto, o centro de gravidade pode ser dado pela resolução da seguinte expressão.
O único problema é que não é fácil resolver essa equação para x e y toda hora. Portanto,
vamos modificar a variável peso para quando o objeto inteiro for constituído do mesmo
material.
Em física podemos escrever o peso com a seguinte expressão.
Peso=peso específico.espessura.área
P=γ.t.A
1.3 Exercício 1
Vamos resolver as sentenças acima de forma prática dividindo a seção em três áreas
conforme a Figura 4 e ao invés de desenvolver as integrais vamos usar a somatória. Lembre-
se que o conceito de integral definida vem de somatória.
Talvez você tenha ficado em dúvida da onde vem os valores 30,310 e 590. Eles são
respectivamente as cotas dos centros de gravidade da Área 1, Área 2 e Área 3 em y.
A Área 1 tem uma altura de 60mm, portanto, seu centro de gravidade em y está na cota
30mm em relação ao eixo coordenado.
A Área 2 tem uma cota de 500mm em y, seu centro de gravidade é no meio em 250mm.
Porém, 250mm deve ser somado com 60mm, visto que 310mm é a distancia em y do eixo
até o centro de gravidade da Área 2.
A Área 3 tem uma cota de 60mm em y, seu centro de gravidade é no meio em 30mm.
Porém, 30mm deve ser somado com 60mm da Área 1 mais 500mm da Área 2, visto que
590mm é a distância em y do eixo até o centro de gravidade da Área 3.
Usando o mesmo raciocínio para x teremos a expressão abaixo.
x=300mm
y=310mm
A resposta já era esperada, pois os valores apontam para o centro da seção. Isto acontece
em seções simétricas. Independentemente de onde você colocará o eixo a resposta neste
caso sempre apontará para o meio da seção.
1.4 Exercício 2
Figura 6 - Seção desenhada em escala com a resposta indicada. Fonte: do Próprio autor
No livro “Mecânica Vetorial para Engenheiros” (BEER; JOHNSTON JR.; CORNWELL, 2012)
encontrará mais sobre o assunto.
AULA 2
PROPRIEDADES DA SEÇÃO II
Este tópico começará com uma breve revisão visto que a propriedade mencionada aqui
já foi introduzida em Estática e Mecânica dos Sólidos I. O primeiro ponto da revisão será o
Momento Estático ou Momento de Primeira Ordem.
Vamos as duas fórmulas para lembrarmos do que se trata.
Perceba que as integrais acima são parte da teoria para encontrarmos o centro de gravidade
(Olhe a aula anterior !). Essa relação possui o nome de momento, pois a fórmula acima
vem da força peso e nela está embutido um braço de alavanca e uma força. Nós usamos
a relação acima na disciplina anterior para encontrarmos os esforços cortantes que podem
acontecer em um elemento estrutural.
Outra aplicação interessante para o momento estático é a respeito da simetria do objeto
estudado, no nosso caso seções estruturais. Se o centro de gravidade da seção estiver
no mesmo ponto que o eixo coordenado o momento estático será zero. Para testar esta
afirmação, faça o exercício 1 da aula anterior com o eixo coordenado no centro da seção.
Para entendermos mais uma vez o que é o momento de inércia ou momento de segunda
ordem temos que falar um pouco sobre flexão. Na Figura 7 existe um exemplo de flexão,
uma viga com uma carga concentrada normal ao eixo da própria viga.
Na flexão de uma viga existe uma tendência de uma parte ser tracionada e a outra
comprimida. A própria deformação da viga evidencia este fenômeno. A compressão e a
tração tendem a aumentar linearmente em relação ao centro de gravidade da viga, ou seja,
quanto mais longe do centro de gravidade maior será o esforço de tração e compressão.
Na Figura 8 podemos ver este aumento de esforços em relação a uma seção retangular
flexionada em relação a seus dois eixos de simetria.
Figura 8 - Efeito da flexão em uma peça de seção retangular. Fonte: do Próprio autor
Figura 9 - Exemplo dos diferenciais de força e área em uma seção I. Fonte: Beer, Johnston Jr e Cornwell (2012)
dF=kydA
F=k∫ ydA
Se quisermos encontrar o momento fletor devemos multiplicar por “y” dos dois lados da
equação.
M=k ∫ y²dA
Ix=∫ y²dA
Quanto maior o valor do momento de inércia, maior é a capacidade da seção gerar reações
naquele sentido e, portanto, maior será a dificuldade da peça se flexionar perante ao eixo
escolhido.
2.3 Exercício 1
Vamos agora demonstrar a fórmula que utilizamos no curso anterior. Momento de Inércia
para seções retangulares. Compreenda o raciocínio apresentado na Figura 10.
Figura 10 - Seção retangular com suas cotas, eixo coordenado e um diferencial de área. Fonte: do Próprio autor
Ix=∫ y²dA
dA=b.dy
Resolver a integral apresentada no item anterior nem sempre é fácil, por esta razão podemos
utilizar o teorema dos eixos paralelos para seções mais complexas.
A demonstração deste teorema vem da própria aplicação da integral e sua fórmula final
está logo abaixo.
I = I + Ad²
2.5 Exercício 2
O primeiro passo é dividir a seção em áreas nas quais conseguimos aplicar a fórmula
conhecida da inércia do item 2.3 conforme a Figura 12. Cada área terá seu eixo ao centro.
Figura 12 - Seção do exercício dividida em áreas na qual cada uma delas possui seu eixo coordenado coincidindo com seu respectivo centro de gravidade. Fonte: do próprio
autor
Vamos começar com a área 2 que é a mais fácil. O eixo coordenado da área 2 é o mesmo
da seção completa. Isto significa que devemos apenas calcular a inércia da área dois e
depois somá-la aos outros procedimentos. Vamos fazer em centímetros para que o número
não fique muito grande.
Para a área 1 e 3 o procedimento é o mesmo, sendo que nos dois casos utilizamos o
teorema dos eixos paralelos.
I = I + Ad²
A inércia total da seção em relação ao eixo x será dada pela seguinte conta.
Ix=52083,33+2.283320,00=618723,33cm4
Em y as contas serão mais fáceis visto que o eixo y de cada uma das áreas coincide
com o eixo y da seção como um todo. Basta calcular todas as inércias separadamente e
depois somá-las.
Iy=520,83+2.108000,00=216520,83cm4
AULA 3
PROPRIEDADES DA SEÇÃO III
Nesta aula vamos iniciar um estudo um pouco mais aprofundado sobre as propriedades
das seções. Começaremos aqui com o conceito de produto de inércia que é fundamental
para compreendermos o próximo tópico. Por definição o produto de inércia é dado pela
seguinte expressão.
Ixy=∫ xydA
Ixy=Produto de Inércia
x=coordenada x de um diferencial de área
y=coordenada y de um diferencial de área
dA=diferencial de área
Graficamente ficamos com a Figura 13. A primeira percepção nossa deve ser que o produto
de inércia poderá apresentar valores negativos. A segunda percepção nossa é quando o
eixo coordenado coincide com um ou mais eixos de simetria resultando em um produto de
inércia igual a zero, pois tudo que é positivo se anula com tudo que é negativo.
Aqui devemos lembrar que o teorema dos eixos paralelos ainda se aplicam e a fórmula
é análoga a da aula anterior.
Ixy= Ixy + x . y . A
Vamos agora usar tudo o que sabemos e estender nosso raciocínio para conseguirmos
calcular as propriedades apresentadas em qualquer eixo escolhido. Isto significa que vamos
poder trabalhar com a seção de uma viga em qualquer posição.
Na Figura 14 encontramos um exemplo de uma seção rotacionada. A ideia aqui é apresentar
para vocês como calcular as novas inércias I_u,I_v e I_uv.
Em termos físicos seriam as dificuldades da peça rotacionar sobre o eixo u e v, além de
calcular a sua distribuição espacial com o produto de inércia.
Na prática agora será possível fazer um projeto de uma estrutura em qualquer posição
espacial.
Para encontrar as novas propriedades da seção vamos utilizar a Figura 15 com as relações
geométricas entre o eixo coordenado antigo e o novo eixo coordenado.
A partir da Figura 15 é possível encontrarmos as relações matemáticas entre os eixos
antigos (x,y) e novos (u,v) para a posição do diferencial de área.
Figura 14 - Seção rotacionada com seus novos eixos u e v. Fonte: do Próprio autor
U = x.cos(θ) + y.sen(θ)
V = y.cos(θ) - x.sen(θ)
As expressões acima apesar de úteis não são muito intuitivas para usar, por esta razão
podemos usar as relações trigonométricas para ajustá-las da seguinte forma.
Ainda é possível ajustar mais as equações acima para buscarmos valores interessantes de
uma seção. As equações Iu e Iv são equações paramétricas de uma circunferência. Sabendo
disso, podemos adaptar as equações para encontrarmos todas as inércias com a rotação
dos eixos possíveis de forma gráfica.
A equação para encontrar a maior e a menor inércia e o ângulo de inclinação estão abaixo.
A representação gráfica está na Figura 16.
Figura 16 - Círculo de Mohr para momentos de inércia e produto de inércia. Fonte: do Próprio autor
Por meio gráfico representado pela Figura 16 é possível encontrar todos os momentos
de inércia de um dos eixos e o produto de inércia. Cada ponto da circunferência é um par
ordenado (Iu, Iuv). Chamamos de eixos principais de inércia aqueles em que temos a inércia
máxima e mínima.
3.3 Exercício
Iytotal = 90572,90cm4
Ixy = Ixy +x . y . A
O próximo passo é encontrar qual o ângulo que devemos rotacionar nosso elemento para
encontrar os eixos principais de inércia.
É sobre os novos eixos que estão a maior e a menor inércia. A Figura 19 representa os
eixos encontrados.
Figura 19 - Eixos onde se encontram a maior e menor inércia. Fonte: do Próprio autor
Imáx = 355537,72cm4
Imín = 33576,84cm4
No livro “Mecânica Vetorial para Engenheiros” (BEER; JOHNSTON JR.; CORNWELL, 2012)
encontrará mais sobre o assunto.
AULA 4
ESFORÇOS EM VIGAS
No curso anterior já abordamos as vigas. Elas podem ser simplificadas para elementos de
barra cuja ação pode incidir tanto normal ao eixo da viga como na própria direção do eixo.
Na Figura 20 temos a representação de uma viga com os dois tipos de carregamento. O
carregamento distribuído ao longo da viga está no eixo do centro de gravidade de seção e
o carregamento concentrado está sobre o centro de gravidade da seção.
Figura 20 - Representação de uma viga e seus possíveis carregamentos. Fonte: do Próprio autor
É claro que não vamos trabalhar toda hora com um desenho dessa maneira e é por esta
razão que fazemos um esquema estático com as simbologias que vimos no curso anterior.
A Figura 21 apresenta a nossa representação simplificada do problema.
Você deve ter percebido que apareceram alguns elementos na nossa representação.
Apareceu as vinculações nas extremidades da viga. Do lado esquerdo o símbolo de apoio fixo
e do lado direito o símbolo de apoio móvel. Apareceu, também, os valores do carregamento
distribuído e do concentrado.
No nome da Figura 21 está escrito isostática, aqui temos que lembrar que as estruturas
podem ser hipostáticas, isostáticas e hiperestáticas. A estrutura isostática é aquela que
podemos resolver com as equações básicas da estática fazendo somatório de forças e
Se a viga acima está sujeita a ações podemos representar os esforços atuantes em suas
seções. Para isto precisamos relembrar os principais esforços e suas convenções de sinais.
Na Figura 22 temos a representação da tração, compressão e do esforço cortante.
Figura 22 - Esforços de tração compressão e sua convenção de sinais. Fonte: do Próprio autor
Começaremos neste tópico com o cálculo das reações da viga da Figura 21. Vamos
supor que ela possua 3m de comprimento. Para realizar os cálculos vamos adotar algumas
regras de sinais.
∑ FH = 0
-Ha - 5kN = 0
Ha = -5kN
∑M=0
-Vb.3m + 10kN/m.3m.1,5m = 0
-Vb.3m = -10kN/m.3m.1,5m
∑ FV = 0
Va + Vb - 10kn/m.3m = 0
Va + 15kN - 30kN = 0
Va = 15kN
O método prático para fazer os diagramas nas estruturas consiste em quebrar a estrutura
em partes e ir analisando trecho a trecho.
Vamos começar analisando os esforços normais de tração e compressão. Olhando a
Figura 26 percebemos que não importa onde cortamos a viga, sempre ela estará sendo
comprimida com 5kN. Isto quer dizer que o diagrama de esforços normais será constante
e apresentará valor igual a -5kN.
Para o esforço cortante devemos calcular nos pontos de corte da seção, conforme as
expressões abaixo.
Figura 26 - Viga seccionada no meio e a um quarto da extremidade à direita. Fonte: do Próprio autor
Faltou os cálculos referentes aos esforços de momento fletor. Vamos seguir o mesmo
raciocínio. Fazer o cálculo para as seções que foram cortadas. Convém aqui adotar negativo
para baixo.
Percebam que agora o gráfico não poderá ser uma linha inclinada visto que 8,43 não é a
metade de 11,25. Neste caso, se você fizer mais cortes na viga vai perceber que o gráfico
será uma função do segundo grau.
Podemos aqui escrever uma regra, quando o carregamento for constante, a cortante será
do primeiro grau e o momento fletor será do segundo grau.
Na Figura 27 temos os diagramas de esforços normais e cortantes.
Figura 27 - Resposta gráfica para os diagramas de esforço normal e esforço cortante. Fonte: do Próprio autor
Figura 28 - Resposta gráfica para o diagrama do momento fletor. Fonte: do Próprio autor
Figura 29 - Relação entre carregamento e esforço cortante. Fonte: Beer, Johnston Jr e Cornwell (2012)
Figura 30 - Relação entre cortante e momento fletor. Fonte: Beer, Johnston Jr e Cornwell (2012)
V - (V + ΔV) - wΔx = 0
ΔV= -wΔx
dV= -wdx
∫ dV = ∫ -wdx
V= -wx + c
15 = -w.0 + c
15 = c
V = -10x + 15
Se você testar a equação da cortante de x igual a zero até x igual a três metros verá que
os resultados batem com o diagrama da cortante encontrado anteriormente.
Usando a segunda relação
Se você testar a equação do momento de x igual a zero até x igual a três metros verá
que os resultados batem com o diagrama do momento fletor encontrado anteriormente.
No livro "Resistência dos materiais” (HIBBELER, 2009) encontrará mais sobre o assunto.
AULA 5
FLEXÃO NORMAL SIMPLES
Figura 32 - Resumo das tensões devido a esforços normais e a esforços cortantes. Fonte: do Próprio autor
Faltou falar agora das tensões que surgem devido ao momento fletor. Quando a seção
estrutural está sob o efeito de momento fletor podem surgir tensões de compressão e tração
ao mesmo tempo. Isto significa que existe uma tendência de uma região estar tracionada
e a outra comprimida.
Na Figura 33 temos o exemplo das tensões geradas na flexão.
• Tensão normal
σ= ±
M = Momento fletor;
I = momento de inércia relativo ao eixo da flexão
y = cota do ponto onde as tensões são nulas até o ponto estudado
• Tensão de cisalhamento
Ƭ = tensão de cisalhamento
V = esforço cortante
Q = momento estático ou de primeira ordem
t = espessura da seção
Anote isso
As demonstrações das fórmulas acima estão na bibliografia indicada. É claro que você
pode buscar a demonstração das fórmulas acima em qualquer livro de mecânica dos
sólidos ou resistência dos materiais, porém vou indicar um que particularmente gosto.
"Mecânica dos Materiais” (GERE; GOODNO, 2017)
5.2 Exercício
Vamos começar com as reações de apoio. Não haverá esforço horizontal, pois não existe
nenhuma solicitação horizontal. A Viga do exercício é totalmente simétrica, ou seja, metade
do esforço vertical total reagirá em cada um dos apoios com sentido para cima. As reações
estão dadas na Figura 35. Utilize as fórmulas para treinar.
Em relação aos diagramas podemos afirmar que não haverá diagrama referente à
compressão e nem à tração. Os dois únicos diagramas existentes são o de esforço cortante
e o de momento fletor.
Neste caso acontece algo muito interessante, vejam que no trecho central da viga o
esforço cortante é zero e o momento fletor é constante. Esta situação é muito utilizada em
laboratórios quando desejamos estudar o comportamento de uma viga submetida apenas
ao momento fletor.
Calcularemos agora o momento de inércia da viga relativa ao eixo da flexão. Neste exercício
imaginemos a situação convencional para uma viga. Maior dimensão na vertical.
Figura 37 - Representação das tensões máximas de compressão e tração nas extremidades da seção. Fonte: do Próprio autor
No livro "Resistência dos materiais” (HIBBELER, 2009) encontrará mais sobre o assunto.
AULA 6
FLEXÃO NORMAL COMPOSTA
6.1 Exercício
Sim, esta aula já começa com um exercício e nela vamos utilizar tudo o que vimos até
agora. Percebam que o nome da aula possui a palavra composta. Esta palavra acrescenta
alguma coisa aos nossos problemas.
A diferença da flexão normal composta é o acréscimo de forças concentradas na seção
do nosso problema. A força normal na seção influencia principalmente na distribuição das
tensões normais do nosso problema.
O exercício está representado na Figura 38 e nele nós vamos encontrar as seções mais
tracionadas e mais comprimidas.
A próxima etapa é fazer os diagramas de esforço normal, cortante e momento fletor. Como
temos um carregamento constante, o diagrama de esforço cortante será do primeiro grau
e o de momento fletor será do segundo grau.
= -w
V = -wx + c
12 = -w.0 + c
12 = c
V = -3x + 12
= -3x + 12
M= - + 12.x + C
-24 = - + 12.0 + C
M= - + 12.x - 24
Figura 40 - Diagramas de esforço normal, cortante e momento fletor. Fonte: do Próprio autor
Agora partiremos para o estudo das seções, começando com o centro geométrico. Para
isso, vamos adotar o eixo conforme a Figura 41.
Figura 41 - Eixo coordenado para o cálculo do centro geométrico. Fonte: do Próprio autor
I = I + Ad²
Itotal = 33750 + (15.30)(27,12 - 15)² + 9843,75 + (15.35)(37,5 - 27,12)²
Itotal = 99852,48 + 66409,56 = 166262,04cm4
Finalmente temos todas as informações da seção e dos esforços atuantes. Vamos agora
trabalhar com as tensões e descobrir qual é a diferença da flexão normal simples para a
flexão normal composta.
O primeiro passo consiste em encontrar as tensões máximas de tração e compressão
utilizando o centro geométrico como referência.
σ= +0,253kN/cm² = 2,53mPa
σ = -0,397kN/cm² = 3,97mPa
As tensões de tração e compressão não são mais iguais, por causa do formato da seção e
também por causa do esforço normal. O nome deste fenômeno é flexão composta justamente
por causa da interferência do esforço normal.
A região onde a tensão é igual a zero não coincide com o centro geométrico da seção.
Neste caso, devido à intensidade dos esforços o centro geométrico ficou bem próximo da
região onde as tensões valem zero.
A região onde as tensões normais valem zero é formada por uma linha. Esta linha recebe
o nome de linha neutra. Para calcular sua posição basta fazer a equação das tensões igual
a zero.
0= +
y = 0,35cm
Figura 43 - Diagrama da distribuição das tensões na seção da viga. Fonte: do Próprio autor
O ponto do diagrama onde a tensão é igual a zero está localizado a 0,35 cm do centro
geométrico da seção.
Supondo a mesma situação, porém com um esforço normal de 500kN ficaríamos com
os seguintes valores.
σ=+
σ = -0,255kN/cm² = -2,55mPa
σ=-
σ = -0,904kN/cm² = -9,04mPa
0= +
y = 35,52cm
Figura 44 - Situação da seção para uma força normal de 500kN. Fonte: do Próprio autor
No livro "Resistência dos materiais” (HIBBELER, 2009) encontrará mais sobre o assunto.
AULA 7
FLEXÃO OBLÍQUA
7.1 Exercício
Assim como fizemos na aula anterior, iremos começar pela resolução de um exercício.
Vamos utilizar a mesma seção da aula anterior. A diferença aqui será os esforços atuantes.
A flexão oblíqua acontece quando o ou os momentos fletores não coincidem com os
eixos principais de inércia. Vamos olhar a Figura 45.
Olhando a Figura 42 percebemos que o vetor momento fletor não coincide com o eixo
x e nem com o eixo y, sendo os dois os eixos principais de inércia. O momento de inércia
relativo ao eixo x é o maior momento de inércia da seção e o relativo ao eixo y é o menor
momento de inércia. Portanto, é sobre eles que vamos decompor o momento fletor.
Se a sessão fosse assimétrica o primeiro passo seria encontrar os eixos principais de
inércia de acordo com as primeiras aulas do curso e o segundo passo seria decompor o
momento fletor sobre os eixos encontrados.
cos(30º)=
Mx = 20kNm.cos(30º) = 17,32kNm
sen(30º)=
My = 20kNm.sen(30º) = 10kNm
Agora podemos aplicar a fórmula das tensões normais devido à flexão. A fórmula mais
geral possível adaptada para o caso acima está logo abaixo.
Como na nossa situação não existe esforço normal ficaremos com a seguinte equação.
O momento de inércia em torno do eixo x para esta seção já foi calculado nas aulas
anteriores.
Ix = 166262,04cm4
Falta apenas o momento de inércia relativo ao eixo y. Dividindo a Seção T em dois retângulos
ficamos com as seguintes fórmulas.
Neste caso não é necessário transportar eixos, pois eles já estão alinhados com o centro
de gravidade.
Iy = 62031,25cm4
Agora que possuímos os valores dos momentos de inércia, vamos para o cálculo das
tensões normais causadas pelos momentos fletores.
Vamos procurar primeiro a máxima tensão de compressão. Para isto vamos usar o auxílio
da Figura 47 e a regra da mão direita.
σ=±
σ= -
σ = -0,47kN/cm² = 4,7mPa
Usando do mesmo raciocínio para a região mais tracionada ficaremos com a seguinte
sentença.
σ=±
σ=+
σ = +0,40kN/cm² = 4mPa
Por fim, vamos buscar a posição da linha neutra, pois agora ela não está alinhada com
os eixos principais de inércia. A linha neutra consiste na reunião de pontos onde a tensão
vale zero. Uma maneira fácil de encontrá-la é por substituição.
σ=±
0=±
y = 0 (quando x =0, y=0)
σ=±
0= +
y = -15,47cm (quando x =0, y=0)
Figura 49 - Regiões tracionadas e comprimidas divididas pela linha neutra. Fonte: do próprio autor
No livro "Resistência dos materiais” (ASSAN, 2010) encontrará mais sobre o assunto.
AULA 8
ESTADO PLANO DE TENSÕES
Nesta aula iremos desenvolver melhor nossas habilidades de lidar com as tensões em um
determinado elemento estrutural. Para isso vamos utilizar o elemento qualquer da Figura 50.
Na Figura 50 você deve imaginar um elemento tridimensional qualquer, pode ser uma
viga, pilar, um elemento de máquina. Neste elemento podemos pegar um pequeno pedaço
representado pelas dimensões dx, dy e dz. Percebam que o pedaço recortado do desenho
poderá possuir uma, duas ou três dimensões.
Para começarmos o nosso estudo vamos pensar sobre o elemento mais representativo
possível, o de três dimensões. Na Figura 51 temos um elemento em três dimensões com
todas as possíveis tensões atuantes. Aqui vale lembrar que as tensões ocorrem devido aos
esforços normais, cortantes, momentos fletores e momentos torçores já estudados neste
livro e no anterior.
Figura 51 - Estado genérico de tensões para três dimensões. Fonte: do Próprio autor
Percebam que de forma genérica temos três tensões por fase, uma normal e duas de
cisalhamento. Para se localizar nas tensões de cisalhamento você deve primeiro pensar em
qual face ela está e depois qual a sua direção.
• Ƭxy está em um plano normal ao eixo x e na direção y, conforme Figura 48.
Trabalhar com este estado de tensões nos proporciona informações muito importantes
sobre as nossas estruturas, porém não é algo muito simples. Por esta razão, em muitos
dos problemas estruturais é possível trabalhar no estado plano de tensões. Isto significa
simplificar o problema para uma vista ortogonal, conforme a Figura 49.
Por mais que o estado plano de tensões seja uma abordagem simplificada em relação
ao estado triplo de tensões, ainda é muito útil para a resolução de inúmeros problemas.
Na Figura 52 temos dois infinitesimais de um elemento estrutural, os dois são equivalentes
porque Ƭxy = Ƭyx. Eles são iguais em decorrência da condição de estaticidade do elemento,
ou seja, somatório de forças e momentos devem ser zero para o elemento não apresentar
movimentos.
O que vamos desenvolver aqui neste item é análogo ao que fizemos na Aula 2 com os
momentos de inércia. Estudaremos as tensões para qualquer posição e encontraremos as
tensões máximas e mínimas normais e de cisalhamento. Para isto utilizaremos o auxílio da
Figura 53.
Na Figura 50 você encontrará as tensões normais, de cisalhamento e os eixos (x,y) e os
eixos (x’,y’). A ideia aqui é rotacionar os eixos (x,y) para os eixos (x’,y’) de forma a encontrarmos
as tensões normais e de cisalhamento na face inclinada de área igual a ΔA.
Este procedimento é importante porque conseguimos através dele encontrar as tensões
normais e de cisalhamento em qualquer inclinação do nosso diferencial. Consequentemente
encontraremos também as tensões máximas e mínimas e em qual direção elas estão.
O procedimento de cálculo apesar de trabalhoso é bem simples. Ele consiste em aplicar
as equações básicas da estática, nas novas direções x’ e y’.
∑ forças x' = 0
∑ forças y' = 0
Figura 53 - Demonstração da fórmula para mudança de coordenadas das tensões. Fonte: Beer e Johnston (1995)
O trabalho aqui é apenas na decomposição das forças. Lembrando que tensão pode ser
escrita como uma relação de força sobre a área. Para o cálculo da somatória das forças
devemos decompor cada uma das forças σx ΔAcos(θ),σy ΔAsen(θ),Ƭxy ΔAcos(θ) e Ƭxy ΔAsen(θ)
nas duas direções x’ e y’ usando os nossos conhecimentos de trigonometria. Fazendo isso
chegará nas seguintes equações.
∑ forças x' = 0
σx' ΔA - σx ΔAcos(θ)cos(θ) - σy ΔAsen(θ)sen(θ) - Ƭxy ΔAcos(θ)sen(θ) - Ƭxy ΔAsen(θ)cos(θ) = 0
∑ forças y' = 0
Ƭx'y' ΔA - σx ΔAcos(θ)sen(θ) - σy ΔAsen(θ)cos(θ) - Ƭxy ΔAcos(θ)cos(θ) + Ƭxy ΔAsen(θ)sen(θ) = 0
Dividindo tudo por ΔA, isolando σx' e Ƭx'y' e usando as relações básicas de trigonometria
podemos simplificar todo o nosso problema para as fórmulas finais.
σmáx,mín =
tg(2θ) = (ângulo que devemos rotacionar para obter as tensões máximas e mínimas
normais).
8.3 Exercício
tg(2θ) = = 1,32258
2θ = 52,91º
θ = 26,45º
σmáx,mín =
σmáx,mín =
σmáx = 71,4mPa
σmin = -31,4mPa
Para desenhar o círculo de Mohr para o exercício precisamos saber uma regra de sinal
básica. Tensões de cisalhamento que tendem a girar nosso elemento no sentido horário
ficaram acima do eixo das tensões normais. Tensões de cisalhamento que tendem a girar
nosso elemento no sentido anti-horário ficaram abaixo do eixo das tensões normais.
Na Figura 57 podemos ver a resposta pelo círculo de Mohr. Para desenhá-la basta usar
seus conhecimentos de circunferência.
No livro "Resistência dos materiais” (ASSAN, 2010) encontrará mais sobre o assunto.
AULA 9
ESTADO PLANO DE DEFORMAÇÕES
Vimos até aqui muito sobre tensões e agora chegou a hora de revisar um pouco sobre as
deformações. A deformação acontece quando um corpo está submetido a algum esforço
diretamente ou indiretamente que causa uma modificação nas posições relativas das
partículas que compõem o próprio corpo.
Se pegarmos um elemento de máquina que está submetido a carregamentos dos mais
diversos tipos ele apresentará deslocamento relativo entre suas partículas, mesmo que
imperceptíveis a olho nu. Outro exemplo interessante é quando um dos pilares de uma
edificação afunda no solo em fenômeno que chamamos de recalque. Este movimento em
apenas um dos pilares gera deformações ao longo da estrutura.
Uma das relações mais importantes para a mecânica dos sólidos é a relação entre tensão
e deformação que pode ser medida em laboratório por meio de ensaios mecânicos. Dois
ensaios muito comuns são o de compressão e o de tração.
Quando submetemos um corpo a um esforço de tração ele tende a ter deformações
longitudinais no sentido de aumentar o próprio corpo. Quando submetemos um corpo a um
esforço de compressão ele tende a ter deformações longitudinais no sentido de diminuir o
próprio tamanho. Na Figura 58 temos boas representações desses fenômenos.
σ = E.ε
Ƭxy = Gγxy
Figura 60 - Elemento plano que apresenta distorção (γxy). Fonte: do Próprio autor
εx =
ν=-
Esta relação é muito útil, pois relaciona deformações longitudinais em uma direção com
deformações longitudinais em outra direção. Dado isto podemos escrever uma relação entre
tudo o que vimos aqui pela seguinte fórmula.
G=
tg(2θ) =
Percebam que as fórmulas são bem parecidas com as da aula anterior, inclusive a última
relativa ao ângulo onde acontecem as deformações específicas normais máximas e mínimas.
9.4 Exercício
εx = = 0,0004 ou 400u
= 200u
Se optarmos fazer pelo círculo de Mohr temos que encontrar o centro da circunferência
e pelas coordenadas.
As relações acima são análogas às da aula anterior para encontrarmos as tensões máximas
e mínimas. Aqui ainda vale a mesma convenção de sinal giro horário fica acima no círculo
de Mohr e giro anti-horário fica abaixo no círculo de Mohr.
AULA 10
CRITÉRIOS DE RESISTÊNCIA
10.1 Introdução
Para ficar claro o que eu quis dizer vou dar um exemplo simbólico. Se uma estrutura
estiver sujeita a um esforço de 200 kN de carregamento real atuante, projetamos ela como
se estivesse recebendo na verdade 280 kN. Se a mesma estrutura possui tensões críticas
no valor de 500 Mpa real (testada em laboratório), projetamos ela como se seu limite crítico
fosse de 370 Mpa. Os números aqui são apenas exemplos hipotéticos.
Percebam que damos margem de segurança, isto é proposital, pois se a estrutura aguenta
500mPa e projetamos ela no limite, qualquer interferência no sistema levará nosso projeto
ao colapso.
É claro que vocês terão um contato maior com este tema em disciplinas específicas de
projeto. Aqui nesta aula nós vamos lidar com alguns mecanismos de ruptura teóricos. Em
específico materiais dúcteis e frágeis em aço. O aço foi escolhido aqui propositalmente por
ser homogêneo e isotrópico. Ou seja, apresenta as mesmas propriedades mecânicas em
todas as direções.
O primeiro passo aqui é compreender o que é um material dúctil. O material dúctil possui
um patamar de escoamento. A tensão sobre em um determinado limite não aumenta, porém
sua deformação continua aumentando. Na Figura 65 podemos ver pelo gráfico de tensão x
deformação de um ensaio de tração este patamar de escoamento.
Figura 65 - Gráfico de tensão x deformação com suas regiões. Fonte: do Próprio autor
Você deve lembrar que o cisalhamento máximo acontece no ponto referente ao centro
da circunferência no eixo das tensões normais, ou seja, nas extremidades superior e inferior
do círculo de Mohr. Se olhar no círculo de Mohr da aula anterior vamos ter duas situações
possíveis, as duas tensões principais com o mesmo sinal e as duas tensões principais com
sinais diferentes gerando as respectivas fórmulas.
Outro critério importante aqui é a máxima energia de distorção desenvolvido por Richard
von Mises. Este método não será demonstrado aqui. Ele diz basicamente que o material
entrará em escoamento se a máxima energia de distorção for maior que a energia de distorção
necessária para o escoamento por unidade de volume do material. Na prática podemos
representar pela expressão abaixo.
Energia máxima de distorção < Energia necessária para entrar em regime plástico
Graficamente a relação acima é representada pela Figura 67. Este critério é dado por uma
elipse. Ele é menos conservador que o critério da máxima tensão de escoamento porque ele
permite tensões maiores. Podemos fazer esta comparação pela Figura 68.
Os materiais frágeis são aqueles que apresentam a ruptura de maneira mais brusca, ou
seja, não há grandes deformações se comparado a materiais dúcteis.
O primeiro critério que vamos abordar aqui é o da máxima tensão normal ou critério de
Coulomb. Este critério é bem simples de entender. O material possui uma tensão última, ou
seja, ele rompe quando a tensão chega a um determinado valor no ensaio de tração. Neste
caso basta não deixarmos chegar a esta tensão.
O último critério que vamos comentar aqui é o critério de Mohr. Este critério utiliza o
máximo de ensaios que conseguimos para atingir a precisão adequada ao objeto de estudo.
Ele consiste em fazer o círculo de Mohr para cada um dos estados de tensão onde ocorreu
a ruptura do material. Se no seu projeto, o estado de tensão no qual o material está exposto
for representado por um círculo de Mohr interno aos obtidos no ensaio, o material estará
seguro. Na Figura 70 temos a representação de uma situação possível.
AULA 11
CRITÉRIOS DE RESISTÊNCIA II
11.1 Exercício
Nesta aula vamos focar em apenas um exercício que funcionará como revisão e aplicação
do que foi explicado nas aulas anteriores. A grande questão abordada aqui será como aplicar
os critérios de ruptura para materiais dúcteis. Pretendo nesta aula ir comentando passo a
passo a linha de raciocínio.
O primeiro passo aqui é imaginar que em um elemento estrutural existe um estado plano
de tensões que possa ser representado conforme a Figura 71
Para encontrarmos todas as respostas que necessitamos, temos que fazer primeiramente
o círculo de Mohr. Nele encontraremos as tensões máximas e mínimas normais e também
a máxima tensão de cisalhamento.
As fórmulas que podemos utilizar aqui estão resumidas abaixo.
σmáx,mín =
tg(2θ) =
σmáx =
tensãoraio = = 87,46mPa
tg(2θ) = = 27 rad
2θ = 30,96º
Com as informações acima se torna possível traçar o círculo de Mohr. Vamos lembrar uma
regra básica para as tensões cisalhantes. Se ela tende a girar o ponto no sentido anti-horário
será representada na metade de baixo, se tende a girar no sentido horário será representada
na metade de cima do círculo. Na Figura 72 estão todas as informações do círculo de Mohr.
Agora que já possuímos todos os dados necessários vamos aplicar este critério. O primeiro
e único passo é compararmos a máxima tensão de cisalhamento com metade da tensão
de escoamento.
Por este critério o aço não entrará em escoamento devido à máxima tensão de cisalhamento.
Podemos ainda medir o coeficiente de segurança fazendo a seguinte relação.
No livro "Mecânica técnica e resistência dos materiais” (MELCONIAN, S., 2018) encontrará
mais sobre o assunto.
AULA 12
LINHA ELÁSTICA I
Nesta aula iremos entrar mais a fundo em questões já apresentadas e prosseguiremos para
a análise das flechas. Já vimos critérios de resistência baseados em tensões máximas, porém
para o projeto devemos nos preocupar também com as deformações máximas admissíveis.
É possível projetar uma viga que apresenta deformações relativamente grandes, porém
muitas vezes isso gera inconvenientes. Na construção civil, por exemplo, não queremos
uma casa que apresenta grandes deformações quando as pessoas estão em cima da laje.
Isto também é válido para muitos elementos de máquina. Você deve estar se perguntando,
existe alguma situação que é admissível grandes deformações? Sim, em muitas situações.
Um exemplo simples é uma varinha de pescar profissional.
Para começarmos o nosso raciocínio vamos imaginar uma barra sujeita apenas ao
momento fletor conforme a Figura 73.
Figura 73 - Situação antes da aplicação do momento fletor e situação depois da aplicação do momento fletor. Fonte: do Próprio autor
Olhando a Figura 70 fica nítido que na flexão a linha AB diminui e a linha A’B’ aumenta.
Isto já sabíamos, mas agora vamos escrever de forma mais formal. Aqui só temos o estado
uniaxial de tensões, pois como estamos falando de uma flexão pura, só existirá a tensão em
(σx) No caso acima devemos lembrar que estamos falando de tração abaixo da linha neutra
e compressão acima da linha neutra.
Agora vamos formalizar com cálculos a partir da Figura 74.
L = P.θ
Lab = (P - y).θ
εx =
εmáx =
εx = .εmáx
Agora vamos utilizar nossos conhecimentos anteriores para ajustar o que descobrimos
em função das tensões.
σx = E.εx
E.εx = E. .εmáx
σx = .E.εmáx
σx = .σmáx
∫ σx dA = ∫ .σmáx = - ∫ ydA = 0
∫ -yσx dA = Momento
∫ -yσx dA = ∫ -y .σmáx = ∫ y²dA = M
∫ y²dA = momento de inércia
σmáx =
εmáx =
= curvatura
εmáx =
Ficaremos com uma das relações mais importantes. A curvatura é dada pelo momento
fletor dividido pelo módulo de elasticidade vezes o momento de inércia.
A grande questão é que não vamos trabalhar com , pois não faz sentido. Queremos
trabalhar com deformação em y por comprimento x, conforme a Figura 71 já mostrada
anteriormente. Na matemática a equação geométrica da curvatura pode ser dada da seguinte
maneira.
Nos problemas convencionais de engenharia a relação abaixo vale zero porque estamos
pensando em pequenas deformações (Não é o caso da varinha de pescar profissional).
²=0 equivale ao ângulo e estamos falando de ângulos pequenos
Finalmente encontramos a nossa última equação que vamos aplicar na próxima aula.
AULA 13
LINHA ELÁSTICA II
M(x) = ?
O passo a passo está representado na Figura 77 e com ele podemos chegar na seguinte
equação do momento fletor em função de x.
M(x) = F(L - x)
Vamos olhar para a esquerda também, pois apesar da solução ser a mesma encontraremos
outras dificuldades pelo caminho. Na Figura 78 temos representado o procedimento à
esquerda.
M(x) = +FL - Fx
M(x) = F(L-x)
Figura 79 - Procedimento para montagem da equação dos momentos. Fonte: do Próprio autor
Agora devemos encontrar C1e C2 com a aplicação das condições de contorno. Usaremos
primeiro a equação do giro, pois sabemos que o giro é igual a zero quando x vale zero. Isto
ocorre porque o engaste trava o giro no ponto x = 0. Olhe na Figura 72 para lembrar.
0 = C1
Por fim utilizaremos mais uma condição de contorno, porém na equação da flecha. Quando
x vale 0, não existe deformação vertical no engaste.
0 = C2
Vamos ajustar a fórmula para encontrarmos a flecha máxima. Ela acontece quando x
for igual a L.
AULA 14
VIGAS HIPERESTÁTICAS E A LINHA
ELÁSTICA
Antes de resolver um exercício com uma viga hiperestática vamos relembrar um pouco
sobre o assunto. Aqui temos que lembrar de três situações possíveis: estruturas hipostáticas,
estruturas isostáticas e estruturas hiperestáticas.
Podemos fazer um cálculo simples para verificar essas condições, mas para isto temos
que fazer algumas definições.
• BG - Número de barras gerais. Barras gerais são aquelas que recebem qualquer tipo
de carregamento.
• BE - Número de barras simples existentes, incluindo das vinculações.
BN = 2.NBS + 3.BG
BN = BE = estrutura isostática
BN > BE = estrutura hiperestática
BN < BE = estrutura hipostática
Agora já podemos resolver um problema hiperestático pela linha elástica. Vamos resolver
o problema representado na Figura 82.
O primeiro passo aqui é gerar esquemas estáticos equivalentes conforme a Figura 83.
Supondo que a viga acima possui comprimento igual a L medido da esquerda para a
direita podemos dizer que o somatório da deformação vertical na extrema direita vale zero.
Sabemos pela aula anterior a fórmula da máxima deformação vertical para uma viga em
balanço com carga concentrada em sua extremidade.
Caso você faça uma consulta ou resolva do zero utilizando o procedimento da aula
passada encontrará a fórmula da máxima deformação vertical para uma viga em balanço
com carregamento distribuído.
y(L) = PL4
0=-
= Vb
Va = PL -
Va =
Ma = PL - .L
Ma =
Ma =
Ma =
Figura 84 - Reações de apoio obtidas a partir da linha elástica em uma viga hiperestática.Fonte: do Próprio autor
No livro “Mecânica Vetorial para Engenheiros” (BEER; JOHNSTON JR.; CORNWELL, 2012)
encontrará mais sobre o assunto.
AULA 15
TORÇÃO
15.1 Revisão
No livro anterior, estudamos os conceitos básicos a respeito da torção e aqui vamos nos
aprofundar um pouco mais. Na Figura 85 temos um exemplo da torção.
Na Figura 86 podemos ver como as tensões ficam distribuídas ao longo da seção circular.
Devemos lembrar aqui que as tensões desenvolvidas ao longo de eixos circulares são tensões
de cisalhamento e as deformações são distorções.
O melhor exemplo aqui é você enrolar um papel em forma de cilindro e torcer o mesmo
conforme Figura 86. Fazendo o movimento perceberá que existe uma tendência de raspagem
entre uma superfície e outra do papel.
Devemos lembrar aqui as fórmulas básicas da torção.
Ƭmáx =
Ƭmáx =
J=
Com essas duas relações já podemos resolver alguns problemas básicos. Porém, isto já
foi feito no livro anterior e no próximo item vamos desenvolver um exercício que engloba
mais detalhes.
Como exemplo, vamos utilizar a estrutura da Figura 84. Nela temos um eixo cilíndrico com
diferentes diâmetros sujeito à ação de vários momentos de torção. Na mesma Figura 87 já
foi feita a representação dos vetores, lembrando que o sentido do vetor pode ser facilmente
entendido com a regra da mão direita, basta apontar o polegar no sentido do vetor que o
movimento de giro da mão coincidirá com o giro representado na imagem.
Figura 87 - Eixo cilíndrico com diferentes espessuras sujeito a momentos de torção. Fonte: do Próprio autor
∑ Mt = 0
Os vetores com sentido à direita serão positivos e a nossa equação ficará da seguinte
maneira.
Mta - 40 + 30 + 20 - 5 =0
Mta = -5kN.m
Este valor negativo encontrado significa que o sentido adotado para a reação no engaste
estava equivocado. O sentido correto é para a esquerda e não para a direita. Com base
nessas informações podemos traçar o diagrama de momento torçor.
O procedimento para fazer o diagrama de momento torçor é o mesmo que sempre usamos.
Basta ir cortando a estrutura trecho a trecho e calcular o momento torçor baseado no corte.
Vale lembrar que podemos olhar à esquerda ou à direita do corte. Na Figura 88 consta o
procedimento de análise para algumas regiões de corte. O sentido aqui para ser positivo é
girar a seção da estrutura no sentido horário.
Com estes dados do diagrama é possível aplicar as fórmulas apresentadas para a tensão
máxima de cisalhamento em qualquer trecho da nossa viga em balanço. Isto ficará de desafio
para você revisar. Basta aplicar as fórmulas tomando cuidado com as unidades.
No livro "Resistência dos materiais” (HIBBELER, 2009) encontrará mais sobre o assunto.
AULA 16
FLAMBAGEM
16.1 Revisão
Vamos fazer uma aplicação para refletirmos sobre a flambagem em três dimensões. Na
Figura 93 temos um esquema estático no qual o pilar que está em azul apresenta diferentes
vinculações para os planos xz e yz, sendo o eixo z na direção vertical.
Para refletirmos sobre este problema de projeto, vamos adotar alguns dados abaixo.
Comprimento da barra = L = 3m
Ix = 17393cm4
Iy = 1267cm4
E = 20000kN/cm2
Área da seção = 62cm²
Figura 94- Esquema estático equivalente para os dois planos da estrutura. Fonte: do Próprio autor
Primeiro passo para o nosso estudo é verificar a flambagem tanto para o plano xz quanto
para o plano yz do pilar em aço mostrado na Figura 90.
Os cálculos acima foram feitos conforme a posição indicada do pilar na Figura 95. Agora
vamos imaginar o pilar rotacionado na outra posição para ver o que acontece com a força
crítica de flambagem.
Uma das questões mais importantes aqui é qual das duas opções apresentadas é a mais
resistente em termos de flambagem? A segunda opção porque a menor carga crítica de
flambagem dela é de 567,1 toneladas e é maior que 69 toneladas. Para treinar você poderá
continuar os cálculos para o índice de esbeltez.
No livro "Resistência dos materiais” (HIBBELER, 2009) encontrará mais sobre o assunto.
CONCLUSÃO
Chegamos ao fim do nosso curso de estática e mecânica dos sólidos, porém isto não
significa que seus estudos chegaram ao fim sobre o assunto. Dependendo da sua futura
área de atuação, sempre precisará se aprofundar ou relembrar o conteúdo passado aqui.
Ao final dos cursos de estática e mecânica dos sólidos 1 e 2 conseguimos entender alguns
dos conceitos fundamentais aqui listados.
• Forças concentradas e distribuídas
• Propriedades das seções
• Esquemas estáticos
• Vinculações
• Diagramas de esforços solicitantes
• Tensões normais e cisalhantes
• Deformações
• Flambagem
• Torção
• Critérios de ruptura
Estes conceitos são fundamentais para que consiga avançar em seus conhecimentos
sobre o assunto tanto para seguir carreira mais técnica ou científica.
ELEMENTOS COMPLEMENTARES
LIVRO
FILME
WEB
REFERÊNCIAS
MERIAM, J. L.; KAIGE, L. G. Mecânica para engenharia: Estática. 7. ed. LTC, 2017.
407 p.
BEER, F. P.; JOHNSTON, E. R. Resistência dos materiais. 3. ed. Pearson, 1996. 1280 p.
MELCONIAN, S. Mecânica técnica e resistência dos materiais. 20. ed. Livros técnicos,
2018. 477 p.
NASH, W.; POTTER, M. C. Resistência dos materiais. 5. ed. Bookman, 2014. 200 p.