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HISTÓRIA DA ASTRONOMIA

Cronologia

Gilberto Henrique Buchmann


Introdução

Esta cronologia apresenta os principais fatos que, desde antes da invenção da escrita até
nossos dias, fazem a história da astronomia (e, mais recentemente, também da
astronáutica).
A partir da presente versão, este trabalho passa a se chamar “História da Astronomia”
(antes era “Seis Mil Anos de História do Céu”). A mudança de nome justifica-se por um
duplo motivo. Inicialmente, a “História da Astronomia” tem agora dimensões que permitem
compará-la com livros de história respeitáveis. Com a contínua inserção de fatos, tanto
atuais quanto passados, cada versão tem sido ampliada em dezenas de páginas, o que ocorre
de novo em 2013. Este ano, os fatos “novos” incluídos referem-se sobretudo a: disco de
Nebra (c. 1600 a.C., Galileu Galilei (1590, 1623, 1632, 1633, 1638), Operação paperclip
(1945), Guerra Fria (1947), corrida espacial (1957-1975) e diversos acontecimentos de
2011 e 2012. Ademais, com as referências ao círculo de Goseck (c. 4900 a.C.) agora
incluídas, este trabalho passa a abranger sete mil anos de história do céu.
Apesar de não ser um livro no sentido estrito, pois não foi formalmente editado e não está à
venda, “História da Astronomia” é um trabalho em nível profissional.
O autor, autodidata em astronomia há mais de três décadas, realizou uma pesquisa
extremamente cuidadosa, escreveu com atenção cada palavra, a fim de atingir a precisão de
linguagem exigida nos textos científicos sérios.
Não obstante ser uma cronologia, não se trata de uma simples enumeração de fatos: eles são
explicados, embora sumariamente. Considerações detalhadas acerca de determinados
tópicos extrapolariam os objetivos deste trabalho, mas ele é um guia seguro e confiável
para quem pretender conhecer a história da astronomia. As bases estão aqui, podendo servir
de pontos de partida para pesquisas mais aprofundadas.
Além disso, termos técnicos ou próprios do jargão astronômico são explicados sempre que
necessário, a fim de que também leigos possam ler e, muito mais importante, compreender
este trabalho. Afinal, se o objetivo é divulgar a astronomia, não se pode, sob nenhuma
hipótese, utilizar linguagem restrita ao nível acadêmico. A solução adotada é, portanto,
utilizar, sim, termos técnicos, mas torná-los compreensíveis a todos.
No que concerne ao conteúdo, esta versão não apresenta alterações. Com o intuito de evitar
repetições enfadonhas e tendo em vista manter esta exposição dentro de limites razoáveis,
observa-se sempre o critério do interesse histórico ou científico, incluindo-se somente os
acontecimentos que trazem novidades e contribuem, efetivamente, para a evolução do
pensamento humano e da tecnologia no que concerne à ciência dos astros. Ficam de fora,
por esse critério, os inúmeros objetos celestes (galáxias, estrelas, cometas, asteroides,
exoplanetas...) descobertos todos os anos, a não ser que a descoberta signifique algo novo
ou, por alguma razão, esteja revestida de importância especial. Estão excluídos, pelo
mesmo motivo, os milhares de satélites (de telecomunicações, militares, de estudo do
clima, etc.) lançados nas últimas décadas, exceção feita àqueles cujo papel é relevante.
Ademais, considerando-se que a intenção aqui é ressaltar os fatos, não os cientistas, estão
ausentes desta cronologia referências diretas às datas de nascimento ou de morte dos
pesquisadores. Contudo, sendo essas informações importantes para uma melhor
compreensão e contextualização dos acontecimentos apresentados, elas são colocadas,
sempre que possível, entre parênteses.
Embora o tema tratado aqui seja astronomia, descobertas muito relevantes em outros
campos científicos (física e química, por exemplo) podem ser abordadas, desde que
contribuam para aprimorar o conhecimento astronômico humano. Um exemplo é a
antimatéria, essencial para compreender a estrutura e a dinâmica do Universo. E registre-se
que a astronomia e a física estão tão ligadas que denomina-se astrofísica ao estudo do
Universo em todos os seus aspectos.
Informamos que esta cronologia continuará sendo constantemente atualizada: uma nova
versão estará disponível no final de cada ano. Seu único objetivo é divulgar a astronomia
entre aqueles que apreciam essa ciência. Assim sendo, a distribuição é totalmente livre,
desde que gratuita e desde que sejam mantidos o nome do autor e as fontes de pesquisa
colocadas no final.
Considerando que o autor não tem site pessoal nem o menor desejo de criar um, solicita-se
a quem puder ou quiser colaborar que coloque este trabalho na internet. E tanto melhor se
forem vários os sites, pois assim “História da Astronomia” poderá chegar a mais e mais
pessoas, o que é, em essência, a intenção do autor.
Agradecimentos a quem divulgar.

Gilberto Henrique Buchmann


História da Astronomia

Cronologia

Gilberto Henrique Buchmann

c. 4900 a.C. - Construção do círculo de Goseck, uma estrutura megalítica situada na


localidade de Goseck, distrito de Burgenlandkreis, Estado da Alta Saxônia (Sachsen-
Anhalt), Alemanha. Trata-se de um conjunto de fossos concêntricos com 75m de extensão e
dois anéis de paliçadas com portões colocados em lugares alinhados com o nascer e o pôr
do sol nos dias de solstício. É a mais antiga estrutura conhecida com alinhamentos
astronômicos desse tipo. Pensa-se que tenha sido utilizado por aproximadamente dois
séculos e abandonado depois, embora não se conheçam os motivos desse abandono. Supõe-
se que servia para acompanhar o curso do sol ao longo do ano, com o objetivo de elaborar
calendários lunares simples. Escavações revelam a existência de fogueiras rituais, ossos de
animais e humanos, bem como um esqueleto sem cabeça nas proximidades de um dos
portões, o que costuma ser interpretado como traços de sacrifícios humanos ou de ritos
fúnebres.
Ao longo dos séculos posteriores, são construídas outras estruturas com alinhamentos
semelhantes na Europa Central, em regiões adjacentes aos rios Elba e Danúbio.
Descoberto em 1991 a partir de fotografias aéreas, o Círculo de Goseck é aberto ao público
em 21 de dezembro (solstício de inverno) de 2005.

Quinto milênio a.C. – Os círculos de pedra de Nabta Playa (localizados no deserto da


Núbia, 800km ao sul do atual Cairo) demonstram a importância da astronomia na vida
religiosa da antiga civilização egípcia. Pesquisas modernas sugerem que podem ter
constituído um calendário pré-histórico, marcando o solstício de verão. Outros estudiosos
acreditam ter existido neles um alinhamento com estrelas da constelação de Órion
conforme apareciam na configuração celeste da época.

3761 a.C. (7 de outubro) – Esta é, para os judeus, a data da criação do mundo, sendo o
calendário judaico (ou hebraico) contado a partir de então, embora tenha sido criado e
adotado muito tempo depois, tendo a versão definitiva sido estabelecida no século IV d.C.
O ano civil judaico tem de 353 a 355 dias, divididos em 12 meses lunares (os meses
começam sempre na Lua nova). Para ajustar esse calendário ao ano solar, intercala-se um
mês suplementar nos anos 3º, 6º, 8º, 11º, 14º, 17º e 19º ao longo de 19 anos. Há, assim, um
total de 383 a 385 dias no ano da intercalação.
Os meses são tishrei, jeshván, kislev, tevet, shevat, adar, nisán, iyar, siván, tamuz, av e elul.

C. 3500 a.C. – Surgem no Egito os relógios de sol, primeiros instrumentos humanos


capazes de dividir o dia em partes. Um tipo de relógio de sol encontrado consiste de uma
longa haste vertical marcada e uma barra horizontal no topo, a qual projeta sombra sobre as
marcas da haste. É orientado para leste pela manhã e voltado para oeste ao meio-dia.
Por esta mesma época são construídos os primeiros obeliscos, monumentos alongados de
pedra em forma de pilar, quadrados na base e afunilados no topo, que também indicam a
passagem do tempo projetando sombra sobre marcas especialmente colocadas; permitem
também saber se é manhã ou tarde, bem como determinar os solstícios de inverno e de
verão.

3114 a.C.(11 de agosto) – Data mítica a partir da qual é computado o calendário maia.
Trata-se, na verdade, de um calendário sagrado (tzolkin ou Tzolk'in) de 260 dias (dia =
k'in), divididos em 13 ciclos (um ciclo = winal ou uinal) de 20 dias, e um calendário civil
(haab) de 365 dias, divididos em 18 meses de 20 dias mais cinco dias adicionais (wayeb ou
uayeb). O calendário sagrado é utilizado para celebrar cerimônias religiosas, prever a
chegada e a duração dos períodos de chuva, determinar os períodos de caça e pesca,
prognosticar o destino das pessoas.
A cada 18.980 dias (aproximadamente 52 anos solares), ambos os calendários coincidem
(18.980 é o mínimo múltiplo comum de 260 e 365), fechando um ciclo denominado ciclo
calendárico ou roda calendárica.
Para períodos de tempo superiores a 52 anos, alguns povos da América Central (maias
incluídos) usam a contagem longa, um calendário vigesimal não repetitivo cujas datas são
escritas com números de 1 a 20 (ou 1 a 18) separados por pontos. Esses números
correspondem aos períodos da contagem longa: 20 k'ins (dias) = 1 winal; 18 winals = 1 tun;
20 tuns = 1 k'atun; 20 k'atuns = 1 b'ak'tun; 20 b'ak'tuns = 1 piktun.
Em 21 de dezembro de 2012, tem início um novo b'ak'tun (13.0.0.0.0), o que leva algumas
seitas e muitos indivíduos a prognosticar o fim do mundo, com significativa cobertura da
mídia. O próximo ciclo completo da contagem longa, com mudança de piktun (1.0.0.0.0.0),
terá início em 13 de outubro de 4722.

3000 a.C. – Está em vigor no Egito um calendário com 365 dias. Mas o ano propriamente
tem apenas 12 meses de 30 dias (360 dias) divididos em três quadrimestres correspondentes
às três estações regidas pelo Nilo: Cheia, Plantio e Colheita. No fim do 12º mês, são
acrescentados cinco dias suplementares que não entram no cômputo oficial dos dias. Esse é
um calendário solar (o primeiro de que se tem notícia), e o mês nele não mantém sincronia
com as fases da Lua.
A necessidade de elaborar calendários deve-se à descoberta da agricultura: é preciso ser
capaz de estabelecer o tempo certo para o plantio e a colheita.

Terceiro milênio a.C. – Na Mesopotâmia, os sumérios inventam o sistema numérico de


base sexagesimal (usado, por exemplo, para dividir uma hora em 60 minutos e umminuto
em 60 segundos) e a divisão do círculo em 360 graus, cada um deles dividido, por sua vez,
em 60 minutos.

Terceiro milênio a.C. – O alinhamento preciso das pirâmides com a estrela polar, que então
era Thuban, estrela de brilho fraco da constelação do Dragão distante da Terra 305 anos-
luz, demonstra a elevada habilidade dos egípcios para observar o céu. (Para mais
informações sobre a estrela polar, ver 2008, 4 de fevereiro.) Alguns templos também têm
alinhamentos especiais, como o de Amon-Rá em Karnak, alinhado com o nascer do sol no
meio do inverno: nessa época do ano, os primeiros raios solares do dia seguem
precisamente ao longo de um corredor.

2636 a.C. (15 de fevereiro) – Data a partir da qual começa a contagem do tempo no
calendário chinês. Trata-se de um calendário lunissolar. Cada ano tem doze lunações, num
total de 354 dias. Para que não se perca a sincronia com o ciclo solar (de 365,25 dias), a
cada oito anos são acrescentados noventa dias (aproximadamente três lunações). Os anos
começam sempre em uma lua nova, entre 21 de janeiro e 20 de fevereiro. Considerando um
ciclo de doze anos, cada ano é dedicado a um animal: "shu" ? (rato), "neo" (boi), "hu"
(tigre), "tu" (coelho), "long" (dragão), "she" (serpente), "ma" (cavalo), "yang" (carneiro),
"rou" (macaco), "di" (galo), "gou" (cão), "zhu" (porco).

2317 a.C. – Primeiro registro conhecido da passagem de um cometa, que se encontra nos
anais astronômicos chineses.

c. 2000 a.C. – Os chineses descobrem que Júpiter leva cerca de 12 anos para completar uma
órbita ao redor do Sol (valor correto: 11,86 anos).

Segundo milênio a.C. – A ideia de um Sistema Solar heliocêntrico é possivelmente


sugerida pela primeira vez na literatura védica da antiga Índia, que com frequência faz
referência ao Sol como o “centro das esferas”.

Segundo milênio a.C. – Astrônomos babilônios identificam os planetas interiores Mercúrio


e Vênus, e os planetas exteriores Marte, Júpiter e Saturno, que permanecem os únicos
planetas conhecidos até a descoberta de Urano, no final do século XVIII.

Segundo milênio a.C. – Alguns rituais de bruxarias e encantamentos praticados pelos


sumérios fazem referência à crença daquele povo na existência de vários céus e várias
Terras.

c. 1930 a.C. – Termina a construção de Stonehenge (cuja última fase de edificação tem
início por volta de 2280 a.C.), possível observatório astronômico megalítico, localizado no
condado de Wiltshire, 13km ao norte de Salisbury, na Inglaterra, onde supõe-se terem sido
feitas observações do Sol e da Lua. Stonehenge, formado por grandes blocos distribuídos
em quatro circunferências concêntricas, é um local envolto em mistério, não tendo ainda
sido definida a sua finalidade principal. As três teorias mais aceitas apontam-no como
observatório astronômico, templo ou monumento funerário.

Século XVII a.C. – Período provável da elaboração, pelos babilônios, da Tábua de Vênus
de Ammisaduqa, o primeiro registro disponível do reconhecimento de que os fenômenos
astronômicos são periódicos e podem ser previstos matematicamente. Trata-se de um
retângulo de argila com 17,14 x 9,2cm e espessura de 2,22cm, em que estão registradas as
observações, ao longo de 21 anos, dos últimos momentos de visibilidade de Vênus no
horizonte antes ou depois do nascer ou do pôr do sol (nascer e pôr helíaco de Vênus). O
nome deve-se ao fato de ter sido compilada no governo de Ammisaduqa ou Ammizaduga),
quarto rei depois de Hamurábi.
c. 1600 a.C. - É fabricado o disco de Nebra (ou disco celeste de Nebra), a mais antiga
representação do firmamento (abóbada celeste) que se conhece. Trata-se de uma placa de
bronze com aplicações em ouro, quase esférica (32 x 31cm), espessura que aumenta da
borda (1,5mm) para o centro (4,5mm), arqueada e ligeiramente côncava, com peso de
2,050kg. O disco representa o Sol, a Lua e estrelas, entre as quais estão, segundo alguns
astrônomos, as Plêiades. Os ângulos entre o nascer e o pôr do sol são compatíveis com
aqueles observados entre os solstícios de verão e de inverno na latitude em que foi
confeccionado, o que pressupõe conhecimentos astronômicos avançados. De acordo com o
astrônomo alemão Wolfhard Schlosser, da Universidade Ruhr de Bochum, os europeus da
Idade do Bronze já sabiam o que os babilônios descreveriam mil anos mais tarde.
Encontrado em 1999 durante uma escavação ilegal e vendido no mercado negro (o que
rendeu uma condenação judicial aos descobridores, Henry Westphal and Mario Renner), o
disco está atualmente no Landesmuseum für Vorgeschichte (Museu do Estado para a Pré-
História), em Halle, Alemanha. O nome pelo qual é conhecido deve-se ao local do
descobrimento: Monte Mittelberg, , perto de Nebra, no Estado alemão da Alta Saxônia
(Sachsen-Anhalt).
Em junho de 2013, o disco de Nebra é incluído pela UNESCO no programa Memória do
Mundo.

Século XVI a.C. – Descrição mais antiga conhecida de um relógio de água, encontrada no
túmulo do oficial egípcio Amenemhet, indicado como inventor do instrumento. O relógio
de água, que os gregos mais tarde chamarão de clepsidra, funciona por meio do escoamento
de água de um recipiente com pequenos orifícios no fundo. Marcas nas laterais do
recipiente permitem saber o tempo transcorrido quando a superfície da água está nivelada
com elas. Os relógios de água são um grande avanço em relação aos relógios de sol, porque
marcam o tempo também durante a noite e os dias nublados.
Há ainda as ampulhetas, que usam areia em vez de água.

1361 a.C. – Os anais astronômicos chineses registram a observação de um eclipse solar, o


primeiro a ser documentado por qualquer povo de que se tem notícia.
Ocorre um eclipse solar quando a Lua passa entre o Sol e a Terra e bloqueia a luz solar,
total ou parcialmente. Isso só pode acontecer na lua nova, quando o Sol e a Lua estão em
conjunção conforme vistos da Terra. Um eclipse solar pode ser total, parcial ou anular.
Um eclipse lunar, por outro lado, ocorre quando a Terra passa entre o Sol e a Lua,
impedindo que a luz da estrela chegue ao satélite. Isso pode acontecer apenas quando Sol,
terra e Lua estão alinhados, com a Terra no meio. Um eclipse lunar pode ocorrer apenas em
noites de lua cheia. Contrariamente ao eclipse solar, que é visível apenas ao longo de uma
área relativamente pequena do globo terrestre, um eclipse lunar pode ser visto de qualquer
lugar do mundo onde seja noite. Um eclipse lunar dura algumas horas, enquanto um eclipse
solar dura apenas alguns minutos, devido ao pequeno tamanho da sombra da Lua. Um
eclipse lunar pode, diferentemente de um eclipse solar, ser observado sem proteção para os
olhos ou qualquer outra precaução.

Século VIII a.C. – Na Babilônia, durante o reinado de Nabonassar (747-734 a.C.), o


registro sistemático de fenômenos considerados como mau agouro em diários astronômicos
permite que seja descoberto o Saros, intervalo de 323 meses sinódicos, ou 6.585,321 dias
(18 anos, 11 dias e 8 horas), após o qual a Terra, o Sol e a Lua retornam, aproximadamente,
às mesmas posições relativas. Isso permite prever eclipses do Sol e da Lua: um saro depois
de um eclipse, outro eclipse idêntico, ou quase idêntico, ocorre, configurando uma espécie
de ciclo de eclipses.

Século VIII a.C. – Na Ilíada e na Odisseia, de Homero (os mais antigos exemplos da
literatura grega que se conhecem), são mencionadas as constelações do Cocheiro, de Órion
e da Ursa Maior, os aglomerados estelares das Plêiades e das Híades e a estrela Sirius.

753 a.C. – Segundo a lenda, Rômulo e Remo (filhos de Rhea Silvia, filha de Numitor, rei
de Alba Longa) fundam a cidade de Roma, iniciando-se, então, o calendário Romano.
Conforme esse calendário, o ano civil consta de 304 dias divididos em 10 meses, dos quais
seis têm 30 dias e quatro, 31. Março é o primeiro mês do ano, seguindo-se Abril, Maio,
Junho, quintilis, sextilis, Setembro, Outubro, Novembro e Dezembro.

Possivelmente 713 a.C. – Numa Pompílio, o segundo rei de Roma (717-673 a.C.), introduz
os meses de Janeiro e Fevereiro no calendário Romano e, desse modo, o ano civil passa a
ter 355 dias, começando em Março e terminando em Fevereiro.

700 a.C. – Os chineses já têm registros com anotações precisas sobre meteoritos e cometas.

Século VII a.C. – Época provável em que os babilônios dividem o zodíaco (Kyklos
zokiakos, do grego, que significa círculo de animais) em um círculo com doze divisões de
trinta graus cada uma, ao longo da eclíptica, que é a trajetória aparente do Sol entre as
estrelas conforme vista da Terra. Ao longo de um ano, o Sol (visto da Terra) passa pelas
constelações que, na esfera celeste, correspondem ao zodíaco. Na época do estabelecimento
do zodíaco pelos babilônios, as constelações zodiacais são doze (correspondentes, na
astrologia, aos doze signos); atualmente, com o rearranjo dos limites das constelações, este
número sobe para treze (entre Escorpião e Sagitário, o Sol passa também pelo Serpentário).
É importante observar, portanto, que as datas dos signos astrológicos do zodíaco não
correspondem exatamente às datas em que o Sol passa pelas constelações zodiacais.

613 a.C. (julho) – A passagem de um cometa, possivelmente o Halley, é registrada pelos


anais astronômicos chineses.

Século VI a.C. – O filósofo grego Tales de Mileto (624-546 a.C.) introduz na Grécia os
fundamentos da geometria e da astronomia, trazidos do Egito. Pensa que a Terra é um disco
plano em uma vasta extensão de água que, para ele, é considerada como substância
primordial do Universo.

Século VI a.C. – O filósofo grego Anaximandro de Mileto (610-546 a.C.) concebe os astros
(planetas, Sol, Lua, estrelas fixas) como sendo rodas de fogo girando em torno da Terra,
considerada como um cilindro que flutua no ar, sem nada a suportá-la, e cuja altura
corresponde a um terço de seu diâmetro. Embora rudimentar, este é o primeiro modelo
mecânico do Universo que se conhece. Anaximandro também é o primeiro a considerar o
Universo eterno (sem começo ou fim) e infinito em extensão.
Século VI a.C. – O filósofo grego Anaxímenes de Mileto (585-528 a.C.), discípulo de
Anaximandro, concebe a Terra e todos os corpos celestes como sendo feitos de ar. Acredita
que, à medida que a densidade do ar muda, outros elementos vão sendo formados: ar mais
rarefeito produz fogo, enquanto ar mais denso gera vento e depois, sucessivamente, água,
terra e pedra. Anaxímenes é o primeiro a apresentar a ideia de que as estrelas são fixas,
presas a esferas cristalinas que giram em torno da Terra.

Século VI a.C. – O filósofo e matemático grego Pitágoras de Samos (c. 570-c. 495 a.C.)
acredita na esfericidade da Terra, da Lua e de outros corpos celestes. Estuda os movimentos
dos planetas. Ensina que o número é a essência de todas as coisas e postula que os
movimentos dos corpos celestes obedecem a escalas harmônicas, como as notas musicais.
Parece haver sido o primeiro a reconhecer que a estrela matutina (Hesperus) e a estrela
vespertina (Phosphorus) são o mesmo planeta: Vênus. Alguns estudiosos atribuem a ele
uma constatação análoga ao determinar que Apolo (corpo celeste visível pela manhã) e
Hermes (visível à tarde) são o mesmo astro: Mercúrio.
Os seguidores de Pitágoras exercem grande influência no desenvolvimento da astronomia
grega clássica.

Século VI a.C. – O filósofo grego Xenófanes (570-475 a.C.) acredita que a Terra é plana,
que o Sol é novo a cada dia e que os corpos celestes (exceto a Lua) são constituídos de
aglomerados de fogo.

585 a.C. (28 de maio) – Eclipse do Sol previsto, segundo a tradição, por Tales de Mileto.
Trata-se da primeira referência conhecida à previsão de um eclipse solar.

Século V a.C. – O filósofo grego Anaxágoras (c. 500-428 a.C.) ensina que “O Sol é pelo
menos tão grande quanto o Peloponeso”. Postula que a Lua é parecida com a Terra e tem
montanhas, planícies e vales. Explica os eclipses lunares como sendo causados pela sombra
da Terra. Por suas ideias, é acusado de impiedade (ateísmo) e condenado à morte. Contudo,
por influência de Péricles, a condenação é convertida em exílio em Lâmpsaco, colônia de
Mileto, onde permanece até o fim da vida.

Século V a.C. – O filósofo grego Filolau de Tarento – ou de Crotona – (470-385 a.C.) é o


primeiro a sugerir que a Terra não é o centro do universo. Ele elabora a hipótese da
existência de um fogo central representando o centro de seu Universo esférico. Esse fogo
de Héstia (Héstia era a Deusa da lareira sagrada, nas casas e nos edifícios públicos) é
invisível, pois está sempre encoberto pelo Sol. Além do mais, ele é envolvido por dez
esferas concêntricas representando, respectivamente: Terra, Sol, Lua, Mercúrio, Vênus,
Marte, Júpiter, Saturno, antiTerra (antichthon – planeta sempre oculto para os terráqueos e
situado do outro lado do Sol) e estrelas. Para Filolau, o Sol (visível) é um reflexo do fogo
central (invisível), e cada uma dessas esferas gira de oeste para leste, completando uma
revolução no período correspondente ao do astro que ela representa.

Século V a.C. – O filósofo grego Demócrito (460-370 a.C.) postula que a Terra é redonda e
que a Via Láctea é composta de estrelas distantes. acredita também haver montanhas
elevadas e vales profundos na Lua. Atomista, concebe a matéria como sendo formada por
pequenas partículas indivisíveis e indestrutíveis (os átomos) que podem se unir para formar
corpos maiores.

Século V a.C. – É compilado o “Gan Shi Xing Jing”, o mais antigo catálogo estelar chinês
que se conhece.

432 a.C. – O astrônomo e matemático grego Meton de Atenas propõe um ciclo (ciclo de
Meton, ciclo metônico) segundo o qual 19 anos solares (6.240 dias) correspondem a 235
meses lunares. Isso significa que, aproximadamente a cada 19 anos, as fases da Lua se
repetem.

413 A.C. (27 de agosto) – Um eclipse lunar causa pânico em uma frota de Atenas e assim
afeta o resultado de uma batalha na Guerra do Peloponeso. Os atenienses estão prontos a
mover suas forças de Siracusa quando a Lua é eclipsada. Os soldados e marinheiros ficam
assustados por este presságio celeste e relutam em partir. O comandante Nícias consulta o
oráculo e adia a partida por 27 dias. Esta demora dá uma vantagem a seus inimigos de
Siracusa, que então derrotam toda a frota e o exército ateniense e matam Nícias.

Século IV a.C. – O filósofo grego Platão (427-347 a.C.) assenta as bases conceituais sobre
as quais se fundamentam os estudos astronômicos durante muitos séculos, sendo as
principais: 1. A Terra, que é esférica, é imóvel e está no centro do Universo (geoestatismo e
geocentrismo). 2. Todos os movimentos dos astros devem ser circulares e uniformes. 3. Os
astros não podem ter outro movimento ou mudança fora desse movimento circular
(imutabilidade do céu). Em seus diálogos “Timaeus”, “Phaedo”, “República” e “Epinomis”,
argumenta que a Terra, em sua imobilidade absoluta, é envolvida por quatro capas
esféricas, sendo a primeira, de espessura igual a dois raios terrestres, composta do elemento
água, e a segunda, composta do elemento ar, com a espessura de cinco raios terrestres e
constituindo a atmosfera. Em seguida, há uma camada do elemento fogo, de dez raios
terrestres, tendo em sua parte superior a quarta capa esférica, na qual se encontram as
estrelas. Os sete astros então considerados planetas (Lua, Sol, Mercúrio, Vênus, Marte,
Júpiter e Saturno) evoluem entre a atmosfera e as estrelas.

Século IV a.C. – O astrônomo e matemático grego Eudóxio de Cnido (408-355 a.C.),


discípulo de Platão, formula um modelo planetário segundo o qual, basicamente, o
movimento dos astros no Universo é consequência de um conjunto de 27 esferas
homocêntricas à Terra, seguindo o esquema: quatro para cada um dos planetas (Mercúrio,
Vênus, Marte, Júpiter e Saturno), três para o Sol, três para a Lua e uma para as estrelas
fixas. Essas esferas são assim distribuídas: o planeta se encontra fixo no equador de uma
esfera que gira em torno da Terra. Por sua vez, os polos dessa esfera são deslocados por
uma segunda esfera que gira em torno de um eixo normal ao plano da eclíptica. Uma
terceira esfera, exterior às duas antecedentes, dá o movimento do planeta em relação ao céu
das estrelas fixas. Por fim, uma quarta esfera é necessária (no caso dos planetas
propriamente ditos, para explicar o seu movimento retrógrado, isto é, o movimento no qual
o planeta, no céu das estrelas fixas, se move num determinado sentido até um “ponto
estacionário”; depois, volta no sentido oposto até outro “ponto estacionário”, retornando
então ao primeiro sentido, e assim por diante, formando laços (cúspides). É oportuno
registrar que Eudóxio inventa a curva hipópede (resultante da intersecção de uma esfera
com um cilindro) com o objetivo de explicar esse modelo planetário. Esta é a primeira
teoria geocêntrica de que se tem registro.
Eudóxio é o primeiro a fixar a duração do ano em 365 dias e 6 horas.
Ele também compila (386 a.C.) um elenco das 47 estrelas mais brilhantes do céu,
denominando-as conforme a posição que assumem na respectiva constelação. Por exemplo,
Eudóxio escreve: “A estrela pequena do lado esquerdo da Águia”, “O joelho esquerdo de
Ofiúco”, “A estrela no meio da cintura de Órion” e assim por diante.) um elenco das 47
estrelas mais brilhantes do céu, denominando-as conforme a posição que assumem na
respectiva constelação. Por exemplo, ele escreve: “A estrela pequena do lado esquerdo da
Águia”, “O joelho esquerdo de Ofiúco”, “A estrela no meio da cintura de Órion” e assim
por diante.

Século IV a.C. – O filósofo grego Hicetas de Siracusa (c. 400-335 a.C.) modifica o sistema
de Filolau, postulando um movimento de rotação diurna da Terra em torno de seu eixo.

Século IV a.C. – O astrônomo babilônio Kidinnu (morto c. 330 a.C.) talvez tenha
descoberto a precessão dos equinócios, decorrente de uma ligeira rotação do eixo da Terra.
O equinócio representa o ponto de intersecção da eclíptica (trajetória aparente do Sol entre
as estrelas) com o equador celeste (círculo na esfera celeste que coincide com o equador
terrestre), no qual os dias e as noites têm a mesma duração.

Século IV a.C. – O grego Heráclides do Ponto (c. 390-c. 310 a.C.) propõe que a Terra gira
em 24 horas, de oeste para leste, sobre seu próprio eixo, e que Vênus e Mercúrio orbitam o
Sol, e não a Terra. Este é um modelo geo-heliocêntrico que será retomado, no século XVI,
por Tycho Brahe.

Século IV a.C. – O filósofo grego Aristóteles de Estagira (384-322 a.C.) apresenta a mais
influente de todas as teorias astronômicas gregas, que seria considerada verdadeira por
quase dois mil anos. Segundo essa teoria, o Universo está dividido em dois estratos, um
sublunar (ou infralunar) e outro extralunar (ou supralunar, ou ainda translunar). Na região
abaixo da Lua ocorrem mudanças, estando as coisas e os seres vivos sujeitos à morte e à
degeneração. Aí se encontram os cometas, que não passam de fenômenos atmosféricos,
visíveis em forma de estrelas cadentes. A outra região estende-se para além da Lua, e nela
nada jamais se transforma ou perece. Disso decorre que os planetas e as estrelas fixas
pertencentes à região extralunar são regidos por leis distintas das que se aplicam à Terra e
aos cometas. Essa região está permeada pelo éter, substãncia de caráter leve que não está
sujeita a nenhum tipo de mudança (de temperatura ou de umidade, por exemplo) e para a
qual o único movimento natural possível é o circular, porque o círculo representa a
perfeição. A imutabilidade do éter se contrapõe à instabilidade dos quatro elementos
existentes no mundo sublunar (terra, água, ar e fogo), e Aristóteles o considera, por isso, o
quinto elemento, ou quintessência (diz-se também quinta-essência).
Aristóteles formula ainda outros conceitos em astronomia. Sustenta que as fases lunares
dependem de quanto da parte da face da Lua iluminada pelo Sol está voltada para a Terra.
Explica também os eclipses: um eclipse solar ocorre quando a Lua passa entre a Terra e o
Sol; um eclipse lunar ocorre quando a Lua entra na sombra da Terra. Aristóteles argumenta
a favor da esfericidade terrestre, já que a sombra da Terra na Lua durante um eclipse lunar é
sempre arredondada. Aperfeiçoa a teoria das esferas concêntricas de Eudóxio de Cnido,
acrescentando-lhe outras esferas homocêntricas, perfazendo um total de 56. Ele admite
ainda que além da esfera das estrelas fixas existe o Primum Mobile (Primeiro Móvel),
acionado por Deus, o motor primordial e imóvel, e que além dele não há nem movimento,
nem tempo e nem lugar. No tomo II do seu livro “De Caelo” (Dos Céus), propõe que “o
Universo é finito e esférico, ou não terá centro e não pode se mover”.

Século IV a.C. – O astrônomo grego Calipo de Cízico (c. 370-c. 300 a.C.), aluno de
Eudóxio, aperfeiçoa o modelo de seu mestre, adicionando mais sete esferas (duas para o
Sol, duas para a Lua, uma para Mercúrio, uma para Vênus e uma para Marte), com o
objetivo de explicar os complicados movimentos de Mercúrio e de Vênus, já que estes têm
um afastamento limitado em relação ao Sol.
Ele também propõe uma pequena alteração no ciclo de Meton: segundo este modelo (ciclo
de Calipo), a repetição das fases lunares ocorre a cada 76 anos (quatro ciclos de Meton)
menos um dia. Contudo, cálculos modernos permitem afirmar que, enquanto o ciclo de
Meton tem um erro de cinco minutos para mais na duração de um ano solar, o erro do ciclo
de calipo é de onze minutos para menos, sendo, portanto, menos acurado.

Século IV a.C. – O chinês Shi Shen faz o primeiro registro conhecido de manchas solares,
que ele interpreta como sendo eclipses que se originam no centro do Sol e se deslocam para
as regiões periféricas. Embora esteja errado, Shi reconhece as manchas pelo que são:
fenômenos solares.
Mancha solar é uma região do Sol com temperatura mais baixa que a das áreas
circunvizinhas e com intensa atividade magnética. Uma mancha solar típica consiste em
uma região central escura (umbra) rodeada por uma área mais clara (penumbra). Uma única
mancha pode medir 12.000km (quase o diâmetro da Terra), mas um grupo de manchas
chega a alcançar 120.000km ou mais.

Século IV a.C. – O grego Píteas (c. 350-c. 280 a.C.) é o primeiro a observar que as marés
são causadas pela Lua.

365 a.C. – O astrônomo chinês Gan De parece haver observado o satélite Ganimedes do
planeta Júpiter. Acredita-se ter sido ele também o primeiro astrônomo cujo nome se
conhece a compilar um catálogo estelar.

365 a.C. – Aristóteles observa uma ocultação de Marte pela Lua e deduz que o Planeta
Vermelho está mais distante da Terra que nosso satélite.
Ocorre uma ocultação quando um corpo celeste é temporariamente escondido por outro,
que se interpõe entre o primeiro e oobservador. Numa ocultação, o objeto maior (conforme
visto da Terra) passa na frente do menor, ocultando-o completamente. É o contrário do
trânsito, fenômeno em que um objeto menor passa na frente do maior e causa neste uma
diminuição de brilho transitória.

Século III a.C. – Os gregos Aristilo (morto c. 260 a.C.) e Timocáris (c. 320-c. 260 a.C.)
elaboram um dos primeiros catálogos estelares que se conhecem, utilizado posteriormente
por Hiparco para estabelecer a precessão dos equinócios.

Século III a.C. – O astrônomo grego Aristarco de Samos (310-230 a.C.) é o primeiro a
propor (c. 260 a.C.) que a Terra se move em volta do Sol (heliocentrismo), antecipando
Copérnico em mais de 1.700 anos. No entanto, para defender seu modelo, tem de fazer duas
suposições. A primeira delas é no sentido de justificar por que as estrelas parecem fixas,
isto é, por que suas posições aparentes não mudam em consequência do movimento da
Terra em torno do Sol. Essa imobilidade, afirma Aristarco, decorre da imensa distância em
que se encontram as estrelas em relação à Terra. A sua segunda suposição não é original, já
que havia sido considerada por Heráclides do Ponto, qual seja, a rotação da Terra em torno
de seu eixo.
Ademais, desenvolve um método para determinar as distâncias do Sol e da Lua à Terra e
mede os tamanhos relativos da Terra, do Sol e da Lua. Chega à conclusão de que a
distância Terra-Sol é de 8 milhões de km (valor correto: 149,6 milhões de km) e que a
relação entre os diâmetros da Lua e do Sol é de 1/20 (valor correto: 1/400). Aristarco
conclui ainda que as relações entre os diâmetros Lua-Terra e Terra-Sol valem,
respectivamente, 1/3 e 1/7 (valores corretos: 1/3,67 e 1/109).

Século III a.C. – Astrônomos babilônios desenvolvem modelos matemáticos que lhes
permitem prever o movimento dos planetas diretamente, sem recorrer ao registro de
observações passadas.
A astronomia babilônia exerce influência direta sobre as posteriores realizações
astronômicas grega e helenística, da Índia clássica, da Síria, de Bizâncio, islâmica, da Ásia
Central e da Europa Ocidental.

Século III a.C. – O grego Eratóstenes de Cirene (276-194 a.C.), diretor da Biblioteca de
Alexandria de 236 a.C. até sua morte, é o primeiro a tentar medir (c. 240 a.C.) o diâmetro
da Terra, determinando que a distância entre Alexandria e Siena (hoje Assuã, Egito) é
pouco superior a 7° e que, levando em conta que um círculo completo mede 360°, a
distância entre essas duas cidades corresponde a aproximadamente 1/50 da circunferência
total da Terra, redutível depois ao diâmetro mediante a divisão pelo valor numérico de “pi”
(3,141592653...). A circunferência terrestre calculada por Eratóstenes é de 39.690km (valor
correto: 40.075km).
Ademais, Eratóstenes provavelmente é o primeiro a construir (c. 255 a.C.) uma esfera
armilar, modelo da esfera celeste concebido para mostrar o movimento aparente das
estrelas ao redor da Terra (muitos séculos mais tarde, também ao redor do Sol). O nome
vem do latim armilla (círculo, bracelete), uma vez que o instrumento é composto por
diversos círculos graduados que mostram a eclíptica, o equador, os meridianos e os
paralelos astronômicos. As esferas armilares são empregadas sobretudo no ensino de
astronomia.

Século III a.C. – O matemático grego Apolônio de Perga (262-190 a.C.) explica o
movimento dos planetas no céu das estrelas fixas, usando para isso o sistema epiciclo-
deferente, sistema em que o centro de um círculo menor (epiciclo) se desloca ao longo de
um círculo maior (deferente). O epiciclo representa o movimento circular do planeta, e o
deferente é um círculo em cujo centro situa-se o astro em torno do qual orbita o planeta.

c. 275 a.C. – O grego Arato (310-240 a.C.), nascido na Cilícia, conclui “Fenômenos”, um
dos poemas didáticos mais importantes do período helenístico. Em 1.154 versos
hexâmetros, “Fenômenos” descreve o firmamento e as constelações então conhecidas.
Séculos mais tarde, diversas traduções são feitas para o latim, destacando-se as de Cícero,
Varrão e Ovídio.

240 a.C. – Anais chineses fornecem detalhada descrição da passagem de um cometa. Não é
certo que as observações se refiram ao cometa Halley, mas, segundo cálculos modernos, ele
passa pela Terra em maio.

238 a.C. – Ptolomeu III (faraó de 246 a 222 a.C.) tenta adicionar ao calendário egípcio um
dia a cada quatro anos, mas essa medida não chega a ser implementada.

Século II a.C. – O filósofo e astrônomo babilônio Seleuco da Selêucia (c. 190-c. 150 a.C.)
ensina a teoria heliocêntrica de Aristarco de Samos e estuda os movimentos dos planetas de
acordo com esse modelo. Segundo o geógrafo grego Estrabão (c. 63 a.C.-c. 24 d.C.),
Seleuco é o primeiro a afirmar que o universo é infinito, que as marés se devem à atração
exercida pela Lua e que a altura das marés depende da posição da Lua relativamente ao Sol.

Século II a.C. – O grego Hiparco de Niceia (c. 190-c. 120 a.C.), considerado o maior
astrônomo da era pré-cristã, constrói um observatório na ilha de Rodes, onde faz
observações durante o período compreendido entre 162 e 127 a.C. Suas observações lhe
permitem compilar (c. 135 a.C.) um catálogo com a posição no céu e a “grandeza” (hoje
magnitude) de 850 estrelas, especificando, dessa forma, o seu brilho aparente. As estrelas
estão classificadas em seis “grandezas”, correspondendo a 1ª às mais brilhantes e a 6ª
àquelas que estão no limite da visibilidade do olho humano. Constrói também um globo
celeste, representando as constelações conforme observadas por ele. Além disso, é atribuída
a Hiparco (embora essa atribuição seja controversa) a descoberta (147-127 a.C.) da
precessão dos equinócios, mudança lenta e gradual na orientação do eixo de rotação da
Terra que faz com que a posição que indica o eixo da Terra na esfera celeste se desloque ao
redor do polo da eclíptica, traçando um cone e percorrendo uma circunferência completa a
cada 25.772 anos. Calcula que a Lua está à distância de 59 raios terrestres (o valor correto é
60,3). Determina a duração do ano com uma margem de erro de 6 minutos. Desenvolve os
cálculos mais acurados até então para prever eclipses solares e lunares. Inventa o astrolábio
(c. 150 a.C.), instrumento astronômico que mede a posição de um astro em relação ao
horizonte. Com isso, é o primeiro a medir latitudes geográficas e a passagem do tempo
(hora local) por meio da observação de estrelas. É também o primeiro a determinar com
rigor matemático latitudes e longitudes de lugares na Terra.

Século II a.C. – Aglaonike, citada como a primeira astrônoma da Grécia, é tida como
feiticeira por sua “habilidade em fazer a Lua desaparecer do céu”, o que sugere ser ela
capaz de prever eclipses lunares.

163 a.C. – O cometa Halley deve ter passado pelo periélio (ponto de maior aproximação ao
Sol) em 5 de outubro, e os astrônomos chineses assinalam um cometa nesse período.

Século I a.C. – O filósofo romano Lucrécio (c. 99-c. 55 a.C.), em sua obra “De Rerum
Natura” (“Sobre a Natureza das Coisas”), postula que o Universo não foi criado por um ser
supremo, mas pela mistura de partículas elementares existentes desde sempre, governadas
por algumas leis simples. O Universo de Lucrécio é infinito, preenchido por um número
infinito de átomos.
87 a.C. – Observa-se na China um cometa, que parece ser o mesmo a que o naturalista e
escritor romano Plínio, o Velho (23-79), faz alusão neste texto: “O cometa é um astro
terrível e um sinal de derramamento de sangue. Já tivemos exemplo disso nas desordens
civis sob o consulado de Otávio”. Provavelmente, trata-se do cometa Halley, cujo periélio,
segundo cálculos modernos, ocorre em agosto.

87 a.C. – Data provável da construção do mecanismo de Anticitera, uma espécie de


calculadora mecânica concebida para determinar a posição do Sol, da Lua, de Mercúrio, de
Vênus e talvez dos três outros planetas então conhecidos (Marte, Júpiter e Saturno). Mostra
as fases lunares e permite até mesmo prever eclipses. É tão complexo que apenas na Idade
Média é possível reproduzir instrumentos tecnologicamente comparáveis. O nome deriva
da ilha grega de Citera, nas proximidades da qual é descoberto (1901) em meio aos restos
de um naufrágio.

46 a.C. – Júlio César (100-44 a.C.) adota um novo calendário, que fica conhecido como
calendário juliano, para cuja elaboração consulta o astrônomo Sosígenes de Alexandria. O
ano passa a ter 365 dias e 6 horas, iniciando-se em 1º de janeiro (antes começava em 1º de
março). Embora o ano civil continue com 365 dias, o novo calendário institui, a cada 4
anos, o ano bissexto, de 366 dias, para recuperar as 6 horas perdidas todos os anos. Os
meses, como os atuais, têm 30 ou 31 dias, menos o mês de fevereiro, com apenas 28 ou 29
dias, quando o ano é bissexto. Para corrigir o atraso acumulado ao longo dos séculos,
Sosígenes acrescenta 90 dias ao ano 46 a.C., que teve 15 meses e 445 dias. Em 44 a.C., por
ordem do General e Cônsul romano Marco Antônio(81-30 a.C.), o mês Quintilis passa a ser
chamado de Julius (Julho) em homenagem a Júlio César. Em 8 a.C., por ordem do Senado
romano, o mês Sextilis passa a ser chamado de Augustus (Agosto) em homenagem a
Otávio Augusto (63 a.C.-14 d.C.), o primeiro imperador de Roma.

44 a.C. (julho) – Um cometa muito brilhante (formalmente, C/43 K1) aparece nos céus de
Roma por uma semana e se torna um dos cometas mais famosos de toda a Antiguidade. Os
romanos interpretam-no como sinal da deificação de Júlio César, cuja morte ocorrera
quatro meses antes. Atinge a magnitude -4 e chega a ser visível durante o dia. É também
conhecido como Cometa César ou Grande Cometa de 44 a.C.

28 a.C. – Primeiros registros detalhados conhecidos de observações de manchas solares,


feitas por astrônomos chineses, que provavelmente puderam ver os maiores grupos de
manchas quando a luz do sol foi filtrada pela poeira deslocada pelo vento nos desertos da
Ásia Central.

12 a.C. – Passagem do cometa Halley (periélio em 10 de outubro). A “História de Roma”,


de Dion Cássio (c. 155-c. 235), registra: “Antes da morte de Agripa, viu-se um cometa
pairando durante muitos dias sobre a cidade de Roma; ele apareceu em seguida
transformado em muitas pequenas tochas”. O mesmo cometa é observado na China, de
agosto a outubro, e as observações, bem detalhadas, não deixam dúvidas quanto a ser o
cometa Halley. A proximidade desta passagem com a época atribuída pela Bíblia ao
nascimento de Cristo faz com que o cometa Halley seja identificado, por vezes, com a
Estrela de Belém, a qual, segundo o evangelista Mateus (capítulo 2, versículos 1 e 2), guiou
os reis magos até Jesus. “Tendo nascido Jesus na cidade de Belém, na Judeia, no tempo do
rei Herodes, alguns magos do Oriente chegaram a Jerusalém, e perguntaram: “Onde está o
recém-nascido rei dos judeus? Nós vimos a sua estrela no Oriente, e viemos para prestar-
lhe homenagem.””

4 a.C. (12 de março) – Ocorre um eclipse da Lua e, alguns dias depois, de acordo com o
historiador judeu Flávio Josefo (37-c. 100), morre Herodes, o Grande (nascido por volta de
73 a.C. e rei da Judeia desde 37 a.C.). O fato de Herodes estar, segundo a Bíblia, ainda vivo
quando Jesus nasceu é um dos principais argumentos utilizados para apontar erros na
contagem dos anos da era cristã. Investigadores modernos situam o nascimento de Cristo
entre os anos 7 e 4 a.C.

Século I d.C. – O filósofo romano Sêneca (c. 4 a.C.-65 d.C.), rejeitando a explicação
“atmosférica” dada por Aristóteles acerca dos cometas, propõe uma atitude realmente
científica frente ao problema das “estrelas de cabeleira”. Ele salienta a necessidade de se
compilar todos os aparecimentos de cometas e chega a levantar a hipótese de que estes
possam retornar periodicamente.

Século I – O historiador e biógrafo grego Plutarco (46-120) sugere que na Lua existem
reentrâncias onde a luz do Sol jamais chega e que as manchas visíveis em sua superfície são
resultantes de sombras de rios ou de abismos profundos. Também cogita a possibilidade de
o satélite ser habitado.

66 – Em “A Guerra dos Hebreus contra os Romanos”, o historiador judeu Flávio Josefo


escreve: “Aquele povo infeliz... fechou os olhos e cobriu os ouvidos para não ver nem ouvir
os sinais seguros pelos quais Deus havia predito sua ruína. Citarei alguns desses sinais e
dessas predições: um cometa, do tipo chamado Xiphias, porque sua cauda parece
representar a lâmina de uma espada, foi visto sobre Jerusalém durante um ano inteiro...” Os
judeus se rebelam contra os romanos em 66 e Jerusalém é destruída em 70. Os chineses
também observam um cometa entre os meses de fevereiro e março. Segundo cálculos
atuais, o Halley passa pelo periélio em 25 de janeiro.

Século II – O grego Cláudio Ptolomeu (c. 90- c. 168), último grande astrônomo da
Antiguidade, compila (127-151) um volume sobre astronomia, dividido em treze seções ou
livros (152 páginas numa edição impressa de 1515), conhecido como o “Almagesto”
(“grande Tratado”, em árabe), que é a maior fonte de conhecimento astronômico na Grécia
e um dos textos científicos mais influentes de todos os tempos. Nessa obra, Ptolomeu inclui
um catálogo de estrelas baseado nos trabalhos de Hiparco; lista 48 constelações, cujos
nomes prevalecem até hoje; descreve e aperfeiçoa os instrumentos usados pelos
astrônomos, tendo, inclusive, no livro quinto do “Almagesto”, demonstrado como se
constrói e usa um astrolábio; faz também uma descrição matemática detalhada dos
movimentos do Sol e da Lua, o que lhe permite calcular com maior precisão as datas dos
futuros eclipses solares e lunares.
O conteúdo principal dos treze livros do “Almagesto” é o seguinte:
I – sumário da teoria cosmológica de Aristóteles, com um firmamento de forma esférica, no
centro do qual está a Terra, esférica e imóvel, em torno do qual orbitam os planetas e as
estrelas fixas;
II – nascer e pôr de objetos celestes, duração da luz do dia, determinação da latitude, pontos
onde o sol está a pino, sombras projetadas pelo sol durante os equinócios e os solstícios;
III – duração do ano e movimento do Sol; Ptolomeu explica a descoberta da precessão dos
equinócios por Hiparco e introduz a teoria dos epiciclos;
IV e V – movimento da Lua, paralaxe lunar, tamanho e distância do Sol e da Lua em
relação à Terra;
VI – eclipses solares e lunares;
VII e VIII – movimentos das estrelas fixas (são fixas apenas em relação à Terra), incluindo
precessão dos equinócios; catálogo com 1.022 estrelas, nos moldes do catálogo de Hiparco;
IX – modelos para os cinco planetas visíveis a olho nu e movimento de Mercúrio;
X – movimentos de Vênus e de Marte;
XI – movimentos de Júpiter e de Saturno;
XII – estações do ano e movimentos retrógrados dos planetas;
XIII – movimentos de latitude, ou seja, desvio dos planetas em relação à eclíptica.
A cosmologia do “Almagesto” compreende cinco pontos principais: a região celeste é
esférica e se move como uma esfera; a Terra é uma esfera; a Terra está no centro do
universo; a Terra, em relação à distância das estrelas fixas, não tem dimensões
significativas e deve ser considerada como um ponto matemático; a Terra não se move.
A contribuição mais importante de Ptolomeu é uma representação geométrica do Sistema
Solar, geocêntrica, com círculos e epiciclos, que permite predizer o movimento dos
planetas com considerável precisão e que é usada até o Renascimento, no século XVI.

141 – O único registro desta passagem do cometa Halley está nos anais astronômicos
chineses. Data do periélio, segundo cálculos modernos: 22 de março.

185 (7 de dezembro) – Primeiro registro conhecido de uma supernova (SN 185), feito nos
Anais Astrológicos chineses do Houhanshu. Localizada na constelação do Compasso, a
aproximadamente 9.100 anos-luz da Terra, permanece visível por oito meses e atinge a
magnitude aparente -7.
Em astronomia, magnitude aparente é uma escala para representar numericamente o brilho
de um astro conforme é visto da Terra, enquanto magnitude absoluta refere-se ao brilho que
teria um astro à distância-padrão de 10 parcecs (32,6 anos-luz).
Um ano-luz é a distância percorrida pela luz no vácuo, durante um ano juliano, à
velocidade de 299.792,458km/s, ou seja, 9.460.730.472.580,8km (em geral, arredondado
para 9,461 trilhões de km).

218 – Os chineses observam a passagem do cometa Halley a partir de 14 de abril (periélio


provável: 17 de maio). Dion Cássio escreve: “Pouco antes da morte do imperador
Macrinus, uma estrela, que por muitas noites estendeu sua cauda do Ocidente ao Oriente,
causou grande medo”. Macrinus morreu em junho de 218.

295 – O cometa Halley é observado em maio pelos chineses. Data provável do periélio: 20
de abril.

325 – O primeiro Concílio de Niceia (atual Iznik, província de Bursa, Turquia) estabelece
que a Páscoa deve ser celebrada por todos os cristãos no mesmo domingo, mas não
determina uma fórmula precisa para calcular a data. Após vários séculos de controvérsias e
disputas, a data para a celebração da Páscoa é finalmente determinada como sendo o
primeiro domingo depois do início da primeira lua cheia do equinócio da primavera para o
hemisfério norte (outono para o hemisfério sul), que a Igreja considera ocorrer em 21 de
março (embora muitas vezes ocorra em 20 de março). Dessa forma, a data da Páscoa varia
entre 22 de março e 25 de abril.
Essa questão tem dupla importância. Primeiramente, a partir da data da Páscoa são
determinadas as datas de diversas festas ou feriados móveis: carnaval (sete semanas antes),
Pentecostes (sete domingos depois), Corpus Christi (sessenta dias depois). Ademais, é o
fato de o calendário juliano então em vigor apresentar uma discrepância (para mais) de
aproximadamente três dias a cada quatro séculos, o que provoca desajustes na data da
Páscoa, que vai determinar, no século XVI, a reforma que resultará no calendário
gregoriano.

363 (27 de junho) – Ocorre o mais longo eclipse solar já observado, com duração de sete
minutos e 24 segundos.

374 – Os chineses registram a presença de um cometa, visível de março a maio. A


passagem do Halley pelo periélio, conforme cálculos modernos, ocorre em 16 de fevereiro.

393 – Os chineses registram uma supernova (SN 393), visível por cerca de oito meses na
constelação de Escorpião. A magnitude mínima é -1, e a distância à Terra é estimada em
3.000 anos-luz.

Século V – O romano Macrobius Ambrosius Theodosius (395-423) atribui aos egípcios a


teoria planetária segundo a qual a Terra gira em torno do próprio eixo e os planetas internos
(Mercúrio e Vênus) giram em torno do Sol, o qual, por sua vez, orbita a Terra. Tycho Brahe
apresentará um sistema muito semelhante no século XVI.

451 – Um cometa é observado na China, nas constelações de Leão e de Virgem. No


Ocidente, é visto de junho a agosto (periélio: 27 de junho), e muitos autores relacionam seu
aparecimento com a vitória do general romano Aécio sobre Átila, ocorrida na Batalha dos
Campos Catalaúnicos (20 de junho de 451). Este cometa deve ter sido o Halley.

499 – O matemático e astrônomo indiano Aryabhata (476-550) usa um modelo geocêntrico


para afirmar que o período orbital de Júpiter em torno da Terra é de 4.332,272 dias. Na
verdade, o período orbital de Júpiter em torno do Sol é de 4.332,59 dias.
Ele também afirma que "A esfera das estrelas fixas é estacionária e a Terra, realizando uma
revolução, produz o nascimento e o ocaso diário das estrelas e dos planetas".

Século VI – O bispo francês Gregório de Tours (c. 538-593) utiliza os escritos do romano
Marciano Capella (século V) para desenvolver um método que permite aos monges
determinar o tempo das orações noturnas por meio da observação das estrelas.

c. 525 – O monge Dionísio Exíguo (c. 470-c. 544) reorganiza a contagem dos anos, cujo
marco inicial deixa de ser a fundação de Roma. Ele estabelece que o ano 1 é o do
nascimento de Jesus Cristo (não existe ano 0), mas comete erros nos cálculos, pois os
historiadores modernos acreditam que Jesus nasceu entre os anos 7 e 4 a.C. Ele também
introduz, para assinalar o período posterior ao nascimento de Cristo, a expressão A.D.,
“Anno Domini” (Ano do Senhor).

530 – Esta passagem do cometa Halley é observada na China e em Constantinopla, onde,


segundo o astrônomo francês Alexandre Guy Pingré (1711-1796), “viu-se do lado do
Ocidente, durante 20 dias, um cometa muito grande e assustador estendendo seus raios em
direção à parte mais elevada do céu”. Data provável do periélio: 27 de setembro.

607 – Dois cometas aparecem e são observados na China, um em fevereiro e outro em abril.
Á época em que surge o segundo coincide com a de uma passagem calculada do cometa
Halley (periélio em 7 de março).

622 (16 de julho) – A fuga de Maomé de Medina (Hégira) constitui o ponto de partida do
calendário islâmico, ou muçulmano. É um calendário lunar, com ciclos de trinta anos (360
lunações) divididos em dezenove anos de 354 dias e onze anos de 355 dias. Em média, 33
anos do calendário islâmico equivalem a 32 anos do calendário gregoriano.
Os meses são nuharram, safar, rabi al-awwal, raby al-thaany, jumaada al-awal, jumaada al-
thaany, rajab, sha'aban, ramadan, shawwal, dhu al-qidah e dhu al-hija.

628 – o astrônomo e matemático hindu Brahmagupta (598-668) publica


“Brahmasphutasiddhanta”, livro em versos sobre Astronomia, com dois capítulos dedicados
à matemática. Nessa obra, há a afirmação de que a Terra e as regiões celestes são esféricas
e que a Terra se move. Brahmagupta também apresenta métodos para calcular conjunções e
eclipses.
Ocorre uma conjunção quando dois astros, observados a partir da Terra, estão na mesma
longitude celeste, o que faz com que pareçam próximos um do outro no céu. Convém
assinalar que conjunção tripla não é uma conjunção de três astros, mas três conjunções
sucessivas de dois astros num curto espaço de tempo.

684 – O historiador chinês Ma-Toan-Lin menciona um cometa observado em setembro e


outubro. Anotações japonesas confirmam tais aparecimentos.
Passagem do Halley pelo periélio, conforme cálculos modernos: 2 de outubro.

687 – Os chineses fazem o primeiro registro conhecido de uma "chuva de meteoros",


fenômeno que consiste na entrada de um grupo de partículas na atmosfera terrestre,
observadas numa mesma região do céu. Essas partículas são constituídas de materiais
perdidos por cometas (e, em menor escala) asteroides, quando passam perto do Sol.
A Terra cruza anualmente regiões onde tais partículas existem em número considerável,
resultando em chuvas regulares de meteoros, cujos nomes são derivados das constelações
em que são visíveis. As principais chuvas de meteoros são Perseidas (agosto), Oriônidas
(outubro), Leônidas (novembro) e Gemínidas (dezembro).
Convém fazer aqui uma distinção:
- meteoroide – corpo menor do Sistema Solar (fragmento de cometa ou asteroide, rocha
ejetada por planeta ou satélite) cujo tamanho varia de milímetros a dezenas de metros;
- meteorito – meteoroide que não se desintegra completamente ao entrar na atmosfera de
um planeta e alcança a superfície. Os meteoritos que caem na Terra variam de partículas
milimétricas a objetos com algumas toneladas;
- meteoro – fenômeno luminoso que ocorre quando um meteoroide atravessa a atmosfera da
Terra. Na cultura popular, os meteoros são chamados de “estrelas cadentes”.

Século VIII – O monge e erudito inglês Alcuíno de York (c. 735-804), ao dirigir em Paris a
reforma educacional proposta pelo imperador franco-alemão Carlos Magno (742-814),
defende a ideia de um modelo geo-heliocêntrico para o Sistema Solar, nos moldes do que
havia sido proposto por Heráclides do Ponto.

723 – O monge inglês Beda, o Venerável (c. 673-735), termina “De temporum ratione”
(Sobre o cálculo do tempo”), um texto influente que fornece aos religiosos os
conhecimentos astronômicos práticos necessários para calcular a data da Páscoa. Essa obra
constitui parte importante da educação dos clérigos até bem depois do surgimento das
primeiras universidades, no século XII.

760 – “No vigésimo ano do reinado de Constantino”, escreve Alexandre Guy Pingré, “um
cometa muito brilhante, semelhante a uma barra de ferro incandescente, apareceu durante
três dias do lado do Oriente, e em seguida durante 21 dias no Ocidente”. Os registros dos
chineses não deixam dúvidas: trata-se do cometa Halley.
Periélio provável: 20 de maio.

Século IX – Sob o patrocínio do califa al-Mamun (786-833), tem início a observação


astronômica sistemática entre os árabes. Em vários observatórios, de Bagdá a Damasco, são
realizadas observações detalhadas do Sol, da Lua e dos planetas.

Século IX – Técnicas rudimentares para determinar as posições dos planetas circulam na


Europa ocidental. Estudiosos da época reconhecem que elas contêm falhas, mas textos
descrevendo essas técnicas continuam sendo copiados, o que reflete interesse nos
movimentos dos planetas e no seu significado astrológico.

807 (17 de março) – O monge beneditino Adelmus observa uma grande mancha solar,
visível durante oito dias. Ele pensa estar vendo um trânsito de Mercúrio.

809 - Astrônomos reunidos por Carlos Magno (742-814) na sua corte em Aachen
(Alemanha) dão início à elaboração de um compêndio astronômico conhecido como
“Compilação de Aachen de 809-812” ou “Manual de 809”. Os astrônomos são
encarregados de fazer uma revisão dos conhecimentos contemporâneos sobre o céu, mas o
verdadeiro objetivo do rei é cristianizar o que considera uma tradição científica “pagã”.
Para isso, a estratégia utilizada é manter tanto quanto possível os textos dos autores
clássicos, mas com o cuidado de alterar alguns detalhes que causam preocupação à doutrina
cristã do início da Idade Média.
Um dos principais autores do compêndio é (Santo) Adelardo de Corbie (751-827), primo de
Carlos Magno, que contribui com dois textos: “De ordine ac positione stellarum in signis”,
um catálogo com 42 das 48 constelações listadas por Ptolomeu, e “Excerptum de
astrologia”, um resumo do poema “Fenômenos”, de Arato.

c. 820 – O persa al-Khwarizmi (c. 780-c. 850) escreve “Zij al-Sindh”, primeira obra
significativa da astronomia islâmica. Contém tabelas dos movimentos do Sol, da lua e dos
cinco planetas então conhecidos.
O livro é importante porque introduz conceitos ptolomaicos na ciência islâmica e assinala
um ponto decisivo na astronomia daquele povo. Até aqui, os astrônomos muçulmanos se
limitam a conhecimentos superficiais, traduzindo obras e aprendendo o que já havia sido
descoberto por outros. O trabalho de Al-Khwarizmi marca o começo da utilização de
métodos próprios de estudo e de cálculo.

c. 833 – O persa al-Farghani, conhecido no Ocidente como Alfraganus, escreve “Kitab fi


Jawani”, (“Um compêndio da Ciência das Estrelas”), que fornece um resumo do
“Almagesto” e faz correções nos valores obtidos por Ptolomeu com base em descobertas de
astrônomos árabes anteriores. O livro circula amplamente no Islão e é traduzido para latim
no século XII. É popular na Europa até a metade do século XV.

837 – A passagem do Halley desse ano é bem próxima do Sol (periélio em 28 de fevereiro)
e dela encontramos vários registros (devidos, provavelmente, a seu grande esplendor), tanto
nos anais chineses como em numerosos textos ocidentais, que o assinalam entre 11 de abril
e 7 de maio. Cálculos modernos indicam que o Halley passa a 5,1 milhões de km da Terra,
a menor distância entre todas as passagens observadas. A cauda pode ter-se estendido ao
longo de 90° no céu, mas não há registro astronômico desse fato.

871 – Mercúrio chega a 77,3 milhões de km da Terra, a menor distância em


aproximadamente 41.000 anos.

Final do século IX e início do século X – O astrônomo árabe Abu-Abdullah Muhammad


ibn Jabir al-Battani, conhecido como Albatênio (c. 858-929), constrói novos instrumentos
astronômicos e melhora os existentes, tais como relógio de sol, esfera armilar e quadrante
mural (quarto de círculo graduado utilizado para medir a altura dos astros em relação ao
horizonte). Com eles, obtém melhores resultados que os de Ptolomeu, estabelecendo a
posição correta do afélio terrestre (ponto mais distante do Sol) e obtendo valores mais
precisos para o ano solar (erro de 2min22s para menos), para as estações e para a inclinação
da eclíptica. Algumas medições que realiza são superiores às obtidas por Copérnico seis
séculos mais tarde.

Século X – O francês Gerbert de Aurillac (c. 946-1003), papa Silvestre II a partir de 999, é
um dos estudiosos europeus que viajam para a espanha e a Sicília (ambas sob dominação
islâmica) à procura dos conhecimentos astronômicos dos povos de língua árabe de que
ouvem falar. Lá os estudiosos encontram métodos práticos para contagem de tempo,
cálculo de calendários e utilização do astrolábio. Jerbert reintroduz na Europa a esfera
armilar, desaparecida do velho continente desde o final da era greco-romana. Além disso,
divulga a astronomia e escreve diversos livros sobre o tema voltados para estudantes.

912 – Pingré escreve: “Sob o reinado do imperador Alexandre de Constantinopla, que


durou de 11 de maio de 911 a 7 de junho de 912, viu-se por quinze dias um cometa no
Ocidente. Chamaram-no de Xiphias, pois tinha a forma de uma espada”. Nesse caso, as
observações chinesas e japonesas são contraditórias e por isso é difícil uma clara
identificação com o cometa Halley, embora o periélio desta passagem seja calculado como
tendo ocorrido em 18 de julho.
964 – O astrônomo persa Abd Al-Rahman Al-Sufi (903-986) estabelece o “livro das
estrelas fixas”, que permite à astronomia moderna úteis comparações para a pesquisa das
variações de brilho das estrelas. Os nomes árabes de algumas delas, dados por ele, ainda
hoje permanecem: Aldebaran, Altair, Betelgeuse, Rigel... Neste livro, Al-Sufi faz o
primeiro registro conhecido da Grande Nuvem de Magalhães e da galáxia de Andrômeda.
São as primeiras galáxias (excluída a Via Láctea) observadas a partir da Terra.

989 – A passagem do Halley é relatada tanto na Europa quanto na China. Os textos


chineses falam de dois cometas. O periélio do Halley, segundo cálculos modernos, ocorre
em 5 de setembro.

Século XI – O astrônomo árabe Abu Ali al-Hasan Ibn Al-Haytham (965-1040), conhecido
no Ocidente como Alhazen ou Alhacen, publica "Sobre A Luz da Lua", obra em que faz
estudos sistemáticos do satélite da Terra, aplicando pela primeira vez matemática
astronômica ao estudo da física.
No livro “Al-Shuku ala Batlamyus” ("Dúvidas sobre Ptolomeu"), publicado em algum
momento entre 1025 e 1028, critica vários aspectos da cosmologia do autor do Almagesto.
Considera absurdo o fato de Ptolomeu ter tentado explicar movimentos reais dos corpos
celestes com pontos, linhas e círculos matemáticos imaginários. Contudo, mantém o
modelo geocêntrico da cosmologia ptolomaica.
Em "Sobre a Via Láctea, postula que, contrariamente ao que Afirma Aristóteles, a Via
Láctea não é um fenômeno atmosférico, mas está distante da Terra.
Alhazen é um dos primeiros a desenvolver o método científico experimental em que se
baseia a ciência moderna. Distingue a astrologia da astronomia e condena a utilização de
teorias exclusivamente empíricas para explicar descobertas científicas.

Século XI – O médico e filósofo persa Abu-Ali al-Husain ibn Abdullah Ibn Sina, conhecido
como Avicena (980-1037), critica o conceito aristotélico de que a luz das estrelas provém
do Sol e defende a hipótese de que todos os corpos celestes têm luz própria.

Século XI - Hermann de Reichenau (1013-1054) escreve em latim sobre fabrico e usos do


astrolábio, e Walcher de Malvern utiliza o astrolábio para observar o tempo dos eclipses, a
fim de verificar a precisão dos cálculos da data da Páscoa.

1006 (30 de abril) – Terceiro registro de supernova (SN 1006)observada na Via Láctea, na
constelação do Lobo (as anteriores foram as supernovas de 185 e de 393). Os chineses
afirmam tê-la avistado durante mais de dois anos. Distante 7.200 anos-luz, chega a atingir a
magnitude aparente -7,5, sendo a estrela mais brilhante já observada a olho nu.

1032 (24 de maio) – O astrônomo, médico e filósofo Avicena (c. 980-1037) faz o primeiro
registro conhecido de um trânsito de Vênus. Ele conclui que Vênus está mais perto da Terra
que o Sol e estabelece que, pelo menos às vezes, a órbita de Vênus é interna à da Terra
relativamente ao Sol.
Alguns estudiosos modernos põem em dúvida o fato de Avicena ter tido condições de
visibilidade para observar este trânsito.
Trânsito de Vênus é a passagem deste planeta entre a Terra e o Sol, ocultando uma pequena
parte do disco solar. O efeito é semelhante ao de um eclipse do Sol pela Lua, mas em
menor escala, devido à distância muito maior do planeta em relação à Terra, comparada
com a do nosso satélite. Para que um trânsito desse tipo ocorra, é necessário que Vênus, O
Sol e a Terra estejam alinhados.
Os trânsitos de Vênus se repetem em ciclos de 243 anos. Ocorrem aos pares, com intervalo
de oito anos, e cada par separado do seguinte por 121,5 ou 129,5 anos. Atualmente,
ocorrem em junho ou em dezembro (essa configuração muda ao longo de uma escala de
milhares de anos).

1054 (4 de julho) - Os anais astronômicos chineses registram o aparecimento, na


constelação do Touro, de uma supernova tão brilhante (magnitude aparente -6) que é visível
de dia (durante 23 dias) e pode ser vista no céu noturno por 653 dias (até abril de 1056).
Essa supernova dá origem à nebulosa do Caranguejo, que tem 11 anos-luz (104 trilhões de
km) de diâmetro e está distante de nós 6.500 anos-luz. Também é observada por
astrônomos árabes, coreanos e japoneses.

1066 – Em abril, um grande cometa aparece na Europa e é considerado o anúncio e a causa


da morte do rei anglo-saxão Haroldo II (ocorrida em 14 de outubro, na Batalha de
Hastings), conforme foi perpetuado na célebre tapeçaria de Bayeux. Nesse trabalho,
encontra-se a primeira representação gráfica de um cometa, observado com terror por um
grupo de pessoas. A passagem do Halley é seguida e registrada com precisão na China,
com periélio em 20 de março. Registros da época afirmam ter o cometa atingido magnitude
aparente quatro vezes superior à de Vênus.

1074 – O poeta, matemático e astrônomo persa Omar Khayyam (1048-1131) monta um


observatório e conduz trabalhos visando a compilar tabelas astronômicas, tendo também
contribuído para a reforma do calendário Persa. Ademais, ele calcula a duração do ano
como sendo de 365,24219858156 dias, valor preciso até a sexta casa decimal.

Século XII – Estudiosos continuam viajando para a Espanha e a Sicília à procura de textos
astronômicos e astrológicos mais completos, que eles traduzem do árabe e do grego para o
latim, aumentando assim o conhecimento sobre astronomia na Europa ocidental. A chegada
desses “novos” textos coincide com o desenvolvimento das universidades na Europa
medieval, onde encontram ambiente propício para divulgação.

1106 (2 de fevereiro) – Um grande cometa (formalmente denominado X/1106 C1) torna-se


visível, sendo a passagem registrada na Europa (País de Gales e Inglaterra) e na Ásia
(Coreia, Japão e China). É observado até a metade de março.

1129 – O monge e cronista inglês John de Worcester (morto c. 1140) descreve observações
de manchas solares.

1145 – As observações chinesas assinalam um cometa visível de abril a junho. Na Europa,


o astro é observado por um longo período a partir de maio. Uma passagem do Halley ocorre
nesse ano, com periélio em 18 de abril.

c. 1150 – O italiano Geraldo de Cremona (c. 1114-1187) traduz o “Almagesto”, de


Ptolomeu, do árabe para o latim, o que leva a Igreja Católica a adotar o livro como um
"texto aprovado".
Praticamente desconhecido no Ocidente nesta época, O “Almagesto” havia sido traduzido
para o árabe a partir do século IX, sendo Sahl ibn Bishr (c. 786-c. 845) considerado o
primeiro tradutor.
A tradução de Cremona possibilita a “redescoberta” do “Almagesto” na Europa.

1178 (18 de junho) – Monges ingleses afirmam ter visto uma explosão na Lua, descrita em
uma crônica por Gervase de Canterbury (1141-1210).

1181 (agosto) – Os chineses e os japoneses registram uma supernova na constelação de


Cassiopeia, que permanece visível durante 185 dias. A magnitude mínima é -1, e a
distância à Terra é estimada em 25.000 anos-luz.

1222 – A passagem de um cometa é registrada na China e na Europa entre setembro e


outubro. As interpretações ocidentais associam-no à morte, em 1223, do rei francês Filipe II
(n. 1165). Esse cometa é, possivelmente, o Halley, cujo periélio ocorre em 28 de setembro.

c. 1230 – O monge (provavelmente inglês, talvez escocês ou irlandês) Johannes de


Sacrobosco (c. 1195-c. 1256) publica “Tractatus de Sphaera” (Tratado sobre a Esfera”),
livro em quatro capítulos que apresenta elementos básicos de astronomia: conceito de
esfera, aplicado inclusive à Terra, movimentos planetários, causas dos eclipses... Inspirado
em grande parte no “Almagesto”, de Ptolomeu, e acrescentando ideias da astronomia árabe,
torna-se uma das obras mais influentes na Europa antes de Nicolau Copérnico e livro de
leitura de todas as universidades importantes da Europa ocidental pelos quatro séculos
seguintes.

1235 – No livro “De Anni Ratione”, Johannes de Sacrobosco faz críticas ao calendário
juliano, afirmando que há nele um erro de dez dias em relação ao tempo solar real e que
algum tipo de correção precisa ser feito. Embora não faça sugestões para corrigir esse erro
de dez dias já acumulado, propõe que, no futuro, um dia passe a ser eliminado do
calendário a cada 288 anos.
Neste livro, Sacrobosco divulga a informação falsa de que o imperador romano Augusto
tirou um dia de fevereiro e o incorporou ao mês que leva seu nome (Augustus) para que
este mês não tivesse menos dias que aquele que homenageia Júlio César (Iulius).

1252 – São publicadas, com o patrocínio do rei de Castela e Leão Afonso X (1221-1284),
as chamadas "Tabuas Afonsinas”, que apresentam cálculos para as posições do Sol, da Lua
e dos planetas em relação às estrelas fixas a partir de 1º de janeiro desse ano. Constituem
uma revisão e uma melhoria das tabelas Ptolomaicas, tendo sido as melhores tabelas afins
disponíveis durante a Idade Média e não são substituídas durante mais de três séculos. Os
dados astronômicos acerca da posição e do movimento dos planetas contidos nessas tábuas
são compilados em Toledo por aproximadamente cinquenta astrônomos, reunidos pelo rei
para esse fim.

1259 – O filósofo, matemático e astrônomo persa Nasir ad-Din at-Tusi (1201-1274)


termina, com a ajuda de astrônomos chineses, um observatório construído em Maragheh
(Irã). O observatório conta com vários instrumentos, destacando-se um quadrante mural de
4m feito de cobre e um quadrante de azimute inventado por ele mesmo. Usando com
precisão os movimentos planetários, ele modifica o modelo do sistema planetário de
Ptolomeu, baseado em princípios mecânicos. O observatório e sua biblioteca se tornam um
centro para um largo alcance de trabalho em ciência, matemática e filosofia.
Nasir ad-Din at-Tusi afirma que a Via Láctea é formada por um grande número de estrelas
bastante próximas entre si e a distância em relação à Terra confere o aspecto leitoso com
que é vista. Isso será confirmado em 1610 por Galileu Galilei, no livro “Sidereus Nuncius”.

1264 (julho) – Um cometa muito brilhante (formalmente, C/1264 N1) aparece na Europa e
permanece visível até o começo de outubro. Durante o período de maior esplendor (final de
agosto e início de setembro), pode ser visto durante o dia (pela manhã).
Cronistas da época relatam vários eventos significativos ocorridos na Europa nesse tempo e
relacionam o surgimento do cometa especialmente à morte do papa Urbano IV (n. c. 1195),
que teria se sentido doente no mesmo dia em que o astro foi visto pela primeira vez e
morrrido no dia em que ele desapareceu: 2 de outubro. Há registros dizendo que “o
prodígio de uma estrela cabeluda” trouxe a doença do papa e saiu sorrateiramente depois da
conclusão do trabalho.

1301 – Vários historiadores relatam a passagem, entre setembro e outubro, de um cometa


muito luminoso, que é visto por seis semanas. Provavelmente, essa passagem do cometa
Halley (com periélio em 25 de outubro) inspira o pintor Giotto di Bondone (1267-1337)
quando retrata o astro em seu afresco Adoração dos Reis Magos, de 1304.

1330 – O matemático e astrônomo judeu francês Levi Ben Gerson (1288-1344) constrói o
instrumento denominado balestilha ou "bastão de Jacob", com o objetivo de determinar
ângulos para utilização em navegação. O ângulo entre o horizonte e o Sol permite calcular a
latitude em que determinado navio está; o ângulo entre o horizonte e a Estrela Polar
possibilita aos marinheiros orientar-se durante a noite. O ângulo entre o topo e a base de um
objeto fornece uma referência para calcular a distância do objeto em questão.
Alguns estudiosos atribuem a invenção da balestilha ao também judeu francês Jacob ben
Machir ibn Tibbon (c. 1236-c. 1304).
Posteriormente, a balestilha é substituída pelo sextante, cujos resultados são mais precisos.

1377 – No “Livre du ciel et du monde” (Livro do Céu E do Mundo), o francês Nicole


d’Oresme (c. 1320-1385), bispo de Liseux, afirma que nem as Escrituras Sagradas nem os
argumentos físicos contra o movimento da Terra são conclusivos e invoca a simplicidade a
favor da teoria de que é a Terra que se move, e não o céu. Contudo, ele conclui: “Todo
mundo sustenta, e eu mesmo acredito, que o céu se move, não a Terra; porque Deus criou o
mundo, que não deve se mover”.

1378 – Embora seguida tanto na Europa quanto na China por seis semanas, essa passagem
do cometa Halley não é tão brilhante quanto a anterior. O periélio ocorre em 10 de
novembro.

1424 – O astrônomo e matemático mongol Ulugh Beg (1394-1449) inicia a construção


(terminada cinco anos depois) de um observatório em Samarcanda (no atual Uzbequistão).
Em suas observações, ele descobre vários erros nos cômputos de Ptolomeu, cujas figuras
ainda estavam sendo usadas, e também nos cálculos dos árabes. Seu catálogo estelar de 994
estrelas (1437) é considerado o melhor em todo o período que vai de Ptolomeu (século II) a
Brahe (século XVI).
Ulugh Beg é decapitado por seu filho mais velho, 'Abd al-Latif, e depois disso o
observatório cai em ruínas. Escrito em árabe, seu trabalho não é lido pela geração
subsequente de astrônomos do mundo. Quando suas tabelas são traduzidas para o latim com
o título "Tabulae longitudinis et latitudinis stellarum fixarum ex observatione Ulugbeighi" e
editadas em Oxford por Thomas Hyde, em 1665, suas observações pré-telescópicas estão
ultrapassadas.

1440 – o astrônomo, matemático e filósofo alemão, Cardeal Nicolau de Cusa (1401-1464),


publica o livro "De Docta Ignorantia" (Sobre A Douta Ignorância), no qual afirma que a
Terra gira em torno de seu eixo e em torno do Sol, que o Universo é infinito e que as
estrelas são outros sóis com planetas habitados. Há ainda nesse livro uma ideia
revolucionária: o princípio cosmológico segundo o qual o observador verá o Universo girar
em torno de si em qualquer parte dele em que esteja, isto é, no Sol, na Terra, na Lua, em
qualquer planeta ou mesmo estrela. Ou seja, o Universo não tem um centro propriamente
dito, estando o centro do Universo em qualquer lugar.

1456 – O aparecimento do cometa Halley desse ano ocorre em junho (periélio no dia 9), e o
cometa se encontra em posição tal que seu esplendor é extraordinário. As observações são
numerosas. Alguns afirmam que o papa Calisto III (1378-1458) pediu a todos os cristãos
que orassem para afastar o cometa.

1471 – É inaugurado, em Nuremberg, o primeiro observatório astronômico da Europa. O


astrônomo e matemático alemão Johannes Müller von Königsberg, mais conhecido como
Regiomontano (1436-1476), responde não apenas por sua construção, mas também pela
equipagem do edifício com instrumentos desenhados por ele próprio.

1475 – O papa Sixto IV (1414-1484) pede a Regiomontano para efetuar estudos sobre a
reforma do calendário, mas o astrônomo alemão morre no ano seguinte, sem realizar a
tarefa.

1478 – O judeu espanhol Abraham Zacuto (1452-c. 1515) conclui “O Grande Livro”,
tratado astronômico escrito em hebraico, composto de 65 tabelas detalhadas (efemérides),
computadas a partir de 1473. Em 1496, uma tradução em latim é publicada em Portugal
com o título “Tabulae tabularum Celestium motuum sive Almanach perpetuum”.
Zacuto também inventa um novo tipo de astrolábio, apropriado para medir latitudes em
alto-mar, por ser de operação mais simples.
Tanto o livro como o astrolábio contribuem para melhorar significativamente a precisão das
medições feitas pelos navegantes durante as viagens oceânicas. Em 1497, Vasco da Gama
(1469-1524) leva ambos em sua primeira viagem às Índias.
Em astronomia, efemérides são tabelas de valores que fornecem a posição de determinados
astros no céu durante um tempo dado. Podem ser usadas na previsão de eclipses,
conjunções, fases da Lua, etc. Contemporaneamente, as efemérides para o Sistema Solar
são essenciais no cálculo das rotas que as naves espaciais devem seguir.

1492 (16 de novembro) – Um meteorito de 140kg cai em Ensisheim, na Alsácia, e é


colocado na igreja local, onde é conservado até hoje. Trata-se do primeiro registro “oficial”
da queda de um meteorito.

1499 - O navegador espanhol Vicente Yáñez Pinzón (c. 1462-c. 1514) observa a Nebulosa
do Saco de Carvão, a mais proeminente nebulosa escura de todo o céu, facilmente visível a
olho nu, situada na constelação do Cruzeiro do Sul, a aproximadamente 600 anos-luz da
Terra. Com diâmetro compreendido entre 30 e 35 anos-luz (280 e 330 trilhões de km), é
conhecida desde a pré-história no hemisfério sul e tem papel importante em várias culturas
aborígenes australianas. Os incas chamavam esta nebulosa de Yutu, em alusão a um
pássaro característico da região andina.

1500 (28 de abril) – Um integrante da esquadra de Pedro Álvares Cabral, João Meneslau,
conhecido como "Mestre João" e que acompanha a frota na condição de "cirurgião e
físico", envia ao rei Português D. Manuel I (1469-1521), por intermédio de Gaspar de
Lemos, uma carta na qual faz referência a suas atividades astronômicas no novo mundo.
Refere-se, na mencionada missiva, à "Cruz", nome pelo qual era conhecido o Cruzeiro do
Sul, já observado por Hiparco e por Ptolomeu, que o consideravam parte da constelação do
Centauro. Na "Cruz", Mestre João assinala o fato de que suas "Guardas", as estrelas alfa e
gama, apontam na direção do polo sul celeste, tal qual as "Guardas" ou "Ponteiros" da
Grande Ursa em relação ao polo norte celeste. Talvez por querer comparar em excesso é
que Mestre João escreve ter visto uma estrela "pequena" e "muito clara", réplica austral da
"Polaris" boreal. Mestre João observa ainda as principais estrelas da constelação do
Centauro, do Triângulo (alfa, beta e delta) e do Pavão (beta, gama e delta). Bastante curioso
é que, em sua carta, não tenha Mestre João feito qualquer menção a objetos já conhecidos
de observadores dos céus austrais e que não têm equivalente no hemisfério norte, como as
Nuvens de Magalhães, e que nenhuma palavra tenha dedicado ao "Saco de Carvão",
nebulosa escura tão nítida no Cruzeiro do Sul.

1501 – O indiano Nilakantha Somayaji (1444-1544) conclui “Tantrasamgraha”, uma das


obras mais importantes de toda a astronomia da Índia. Escrito em versos e em sânscrito, o
livro (oito capítulos) apresenta uma síntese do conhecimento astronômico indiano então
disponível. Ademais, propõe um modelo geo-heliocêntrico do Sistema Solar igual ao que
Tycho Brahe apresentará no final do século XVI, em que os planetas (com exceção da
Terra) giram em torno do Sol e todos juntos (o Sol inclusive) orbitam a Terra.

1514 – O astrônomo polonês Nicolau Copérnico (1473-1543) apresenta, pela primeira vez,
sua teoria heliocêntrica no livro “Commentariolus” (Pequenos Comentários) (40 páginas),
que circula apenas entre seus amigos. Escrito provavelmente a partir de 1506, é uma síntese
do livro que, três décadas mais tarde, será publicado como “De Revolutionibus Orbium
Coelestium”.

1521 (janeiro) – O veneziano Antonio Pigafetta (c. 1491-c. 1534), integrante da expedição
dO navegador português Fernão de Magalhães (1480-1521) observa as hoje chamadas
Nuvens de Magalhães, duas galáxias-satélites da Via Láctea, durante a primeira viagem
bem-sucedida de circum-navegação da Terra.
A Grande Nuvem de Magalhães, localizada nas constelações de Monte Mesa e Dourado, é
a quarta maior galáxia do Grupo local, depois de Andrômeda (M31), Via Láctea e
Triângulo (M33). Tem massa total equivalente a 10 bilhões de massas solares, está a
163.000 anos-luz da Terra e apresenta magnitude aparente 0,9.
A Pequena Nuvem de Magalhães, bem menor, é formada por algumas centenas de milhões
de estrelas (A Via Láctea contém entre 200 e 400 bilhões). Localiza-se na constelação de
Tucano, dista da Terra cerca de 200.000 anos-luz e apresenta magnitude aparente 2,7.

1524 – O astrônomo germânico Petrus Apianus (1495-1552) publica “Cosmographicus


líber”. Apesar de ter pouco conteúdo original, baseando-se sobretudo na cosmologia de
Ptolomeu, é uma obra popular até o final do século XVI, com pelo menos trinta edições em
catorze línguas. Ricamente ilustrado, ensina técnicas de navegação com utilização de
instrumentos e matemática.

1528 – Primeiro registro conhecido, em língua inglesa, da expressão “blue moon” (“lua
azul”), feito Num panfleto que ataca o clero. Originalmente, lua azul era a terceira lua cheia
de uma estação do ano com quatro plenilúnios. Atualmente, lua azul é a segunda lua cheia
de um mesmo mês, fenômeno que ocorre sete vezes a cada dezenove anos.

1531 – Durante esta passagem do cometa Halley, cujo periélio ocorre em 26 de agosto,
Petrus Apianus observa que as caudas dos cometas estão sempre voltadas para a direção
oposta à do Sol.
Os conhecimentos hoje disponíveis permitem explicar esse fenômeno. Quando estão
distantes do Sol, os cometas não têm cauda. À medida que se aproximam da estrela, o vento
solar, emissão contínua de partículas eletricamente carregadas provenientes da coroa,
empurra para trás parte da poeira e dos gases (coma ou cabeleira) que envolvem o núcleo
cometário, formando a cauda. O processo inverso se dá quando, depois de passarem pelo
periélio, os cometas se afastam do Sol: o vento solar empurra na direção dos cometas os
gases e poeira que eles arrastam consigo, os quais voltam a se juntar ao núcleo, e então a
cauda desaparece. As caudas dos cometas são, portanto, fenômenos cíclicos.

1533 - O humanista e teólogo alemão Johann Albrecht Widmannstetter (1506-1557)


profere em Roma uma série de conferências em que resume a teoria heliocêntrica de
Copérnico contida nos “Commentariolus”. As conferências são ouvidas com interesse pelo
Papa Clemente VII (1478-1534) e diversos cardeais da Igreja Católica.

1536 – O italiano Marcellus Stellatus Palingenius (c. 1500-c. 1543) publica em Veneza, sob
o pseudônimo Pier Angelo Manzolli, "Zodiacus Vitae", poema em latim composto de doze
livros, cada um dedicado a um signo do zodíaco. Nessa obra, Palingenius afirma que o
Universo é infinito.

1536 (1º de novembro) – O alemão Nikolaus von Schönberg (1472-1537), arcebispo de


Cápua, escreve uma carta a Nicolau Copérnico, encorajando-o a publicar uma versão
completa da teoria heliocêntrica parcialmente formulada nos “Commentariolus”. Acarta é
incluída por Copérnico no livro “De revolutionibus orbium coelestium”, publicado em
1543.
1540 – Petrus Apianus publica, em Ingolstadt, "Astronomicum Caesareum", que dedica ao
imperador Carlos V (1500-1558). É uma edição ilustrada da concepção cosmológica de
Ptolomeu, constituindo-se num dos trabalhos mais importantes antes do aparecimento da
obra de Copérnico.

1543 – Nicolau Copérnico (1473-1543) publica, editado em Nuremberg por Johannes


Petreius, com tiragem inicial de quatrocentos exemplares e com a decisiva colaboração do
matemático e astrônomo austríaco Georg Joachim von Lauchen, Rheticus (1514-1576), “De
Revolutionibus Orbium Coelestium” (“Sobre as Revoluções dos Orbes Celestes”) (405
páginas), um dos livros mais importantes da história da ciência (escrito, provavelmente,
entre 1506 e 1530). Nele, o astrônomo polonês propõe o heliocentrismo, que coloca o Sol
no centro do Sistema Solar, contrariando o geocentrismo de Aristóteles e de Ptolomeu, e
simplifica a compreensão dos movimentos planetários.
O conteúdo dos seis livros (ou partes) em que está dividido o “De revolutionibus orbium
coelestium” é, em essência, o seguinte:
I – visão geral da teoria heliocêntrica e exposição resumida da cosmologia de Copérnico
(capítulos 1 a 11), introdução básica à matemática trigonométrica (capítulos 11 a 14);
II – descrição teórica do princípio da astronomia esférica e uma lista de estrelas, bases para
os argumentos desenvolvidos nos livros seguintes;
III – movimentos aparentes do Sol e fenômenos correlatos;
IV – descrição da Lua, de seus movimentos orbitais e de fenômenos correlatos;
V e VI – exposição propriamente dita do novo sistema e explicações sobre como calcular
posições de objetos astronômicos com base no modelo heliocêntrico.
O universo copernicano é formado por oito esferas. A mais externa compreende estrelas
fixas imóveis, com o Sol imóvel no centro. Os planetas conhecidos orbitam o Sol, cada um
na sua esfera. A lua também tem uma esfera própria, mas orbita a Terra. O que aparenta ser
a revolução diária do Sol e das estrelas fixas ao redor da Terra é, na verdade, a rotação da
Terra em torno do próprio eixo.
A obra inclui cinco postulados que caracterizam o modelo heliocêntrico copernicano: 1. O
princípio metafísico básico é o da perfeição do movimento circular; 2. O centro da Terra
não é o centro do Universo, mas apenas o centro da esfera lunar; 3. O centro do mundo é
Próximo do Sol; 4. É a Terra, e não a esfera das estrelas fixas, que gira em torno de seu
eixo a cada 24 horas; 5. A distância Terra-Sol é muito menor do que a distância Sol-estrelas
fixas.
Numa tentativa de diminuir a controvérsia acerca da obra, o teólogo luterano alemão
Andreas Osiander (1498-1552), encarregado de supervisionar a impressão e a publicação,
inclui um prefácio escrito por ele, mas não assinado, no qual afirma que o sistema
copernicano é uma ferramenta matemática para auxiliar na elaboração de cálculos
astronômicos, não uma tentativa de declarar a verdade. Muitos leitores da época pensam
que Copérnico trata o heliocentrismo como hipótese, o que diminui consideravelmente o
número e a força das críticas dirigidas ao livro. A linguagem extremamente técnica, difícil
até mesmo para astrônomos experientes do século XVI, também contribui para reduzir o
impacto imediato da obra. É necessário esperar pelo trabalho de Galileu Galilei, décadas
mais tarde, para que “De revolutionibus orbium coelestium” tenha sua importância
plenamente compreendida.
As ideias copernicanas abrem o caminho para o início do desenvolvimento da moderna
ciência dos astros, contribuindo decisivamente para separar a astronomia da astrologia e da
teologia.
Juntamente com “De Humani Corporis Fabrica” (Da Organização do Corpo Humano), do
holandês Andreas Vesalius (1514-1564), tratado de anatomia publicado também em 1543,
“De revolutionibus orbium coelestium” marca o início do que muitos historiadores chamam
de “Revolução Científica”, período caracterizado pelo importante desenvolvimento em
matemática, física, astronomia, medicina, biologia e química, e que dá origem à ciência
moderna.
A fase final da Revolução Científica é o Iluminismo, movimento intelectual e cultural
europeu com o objetivo declarado de “dissipar as trevas da humanidade por meio das luzes
da razão”.

1549 – O teólogo alemão Philipp Melanchthon (1497-1563), principal colaborador de


Martinho Lutero (1483-1546), critica Copérnico por escrito. Aponta o aparente conflito
entre a teoria heliocêntrica e as Escrituras Sagradas e postula que “medidas severas devem
ser adotadas para conter a impiedade dos copernicanos”.

1551 – o matemático alemão Erasmus Reinhold (1511-1553) publica, com base no modelo
copernicano, novas tabelas astronômicas – as chamadas prutênicas ou prussianas (“Tabulae
prutenicae“, em latim) –, superiores às alfonsinas, que haviam sido publicadas em 1252.

1556 (fevereiro) Um cometa muito brilhante (formalmente, C/1556 D1) aparece na Europa.
O diâmetro aparente é igual à metade do da Lua, e a cauda é descrita como “a chama de
uma tocha agitada pelo vento”.
A trajetória do cometa é observada por Paul Fabricius (1529-1589), um físico e matemático
da corte de Carlos V (1500-1558), imperador do Sacro Império Romano Germânico
(1519-1556).
Este cometa é conhecido como Cometa de Carlos V. Ao avistá-lo pela primeira vez, o
imperador fica horrorizado e fala: “Por meio deste sinal terrível, o meu destino me chama”.
O monarca, que já considerava seriamente a possibilidade de deixar o governo, toma o
aparecimento do cometa como um sinal divino e se retira para o mosteiro de Yuste,
localizado na atual Província de cáceres, Espanha.
O frei dominicano português Gaspar da Cruz (morto em 1570) relaciona o aparecimento do
cometa ao terremoto catastrófico ocorrido em 23 de janeiro deste mesmo ano em Shaanxi,
na China, o mais mortífero de todos os tempos: entre 820.000 e 830.000 vítimas fatais. Em
um livro de 1569, ele se pergunta se o cometa não teria sido um sinal de calamidade para o
mundo inteiro, e não apenas para a China, e se não poderia ser uma indicação do
nascimento do Anticristo.
Alguns estudiosos sugerem que o cometa de 1556 é o mesmo de 1264. Contudo, nada
comprova essa hipótese.

1561 – O Observatório de Kassel (Alemanha) é erguido por ordem do conde Guilherme IV


e funciona ativamente por mais de trinta anos, durante os quais são acumulados numerosos
registros sobre planetas.

1563 – O Concílio de Trento (1545-1563) aprova um decreto determinando a correção do


erro (de dez dias) acumulado pelo calendário juliano ao longo dos séculos, a fim de restituir
à normalidade a fixação da data da Páscoa.

1568 – O papa Pio V (1504-1572) manda publicar um novo Breviário tentando ajustar as
tabelas lunares e o sistema de anos bissextos, pois havia uma diferença de dez dias entre os
anos trópico e juliano, o que interferia na data da Páscoa.

1570 – O Papa Pio V manda publicar um novo Missal tentando, mais uma vez, ajustar as
tabelas lunares e o sistema de anos bissextos.

1570 (15 de fevereiro) – Ocorre uma ocultação de Júpiter por Vênus.

1572 – É inaugurado o Observatório do Colégio Romano, onde o astrônomo e jesuíta


alemão Christopher Clavius (1538-1612) inicia observações regulares.

1572 (11 de novembro) – O astrônomo dinamarquês Tycho Brahe (1546-1601) observa


uma “estrela nova”. Ele havia descoberto uma supernova, que hoje tem o seu nome, na
constelação de Cassiopeia. Oficialmente SN 1572, está distante aproximadamente 8.000
anos-luz e, no momento de brilho máximo, atinge a magnitude -4.
Embora tenha feito as observações mais acuradas dessa supernova, Brahe não é o único e
nem mesmo o primeiro a registrá-la. A estrela também é vista por Wolfgang Schuler,
Thomas Digges (1546-1595), John Dee (1527-1608), Francesco Maurolico (1494-1575) e
Cornelius Gemma (1535-1578), entre outros.
Na Inglaterra, a rainha Elizabeth I (1533-1603) chama o matemático e astrólogo Thomas
Allen (1542-1632) “para ouvir o parecer dele acerca da nova estrela que apareceu em
Cassiopeia”.
Esta supernova é um evento de extraordinária importância na história da astronomia: leva à
revisão de modelos cosmológicos antigos e demonstra a necessidade de produzir catálogos
estelares mais acurados e, consequentemente, instrumentos de observação mais precisos.

1573 – Tycho Brahe publica o livro intitulado "De Nova Stella", (“Sobre A Estrela Nova”)
para registrar a observação por ele feita, no ano anterior, acerca da existência de uma nova
estrela nos céus. Em vista desse livro, eventos assim ficam conhecidos como "novas". Ao
analisar suas próprias medidas e compará-las com as de outros observadores europeus,
como as de Thomas Digges, Tycho Brahe descobre que essa “nova” estrela está muito além
da Lua, indicando, portanto, um rompimento com a tradição aristotélica, segundo a qual tal
objeto deveria estar na esfera sublunar, já que o céu era imutável. Registre-se que Tycho
Brahe recusa o modelo de Copérnico porque ele contradiz a Bíblia e, também, porque não
se observam paralaxes anuais das estrelas (diferenças na posição aparente de uma estrela
vista de dois lugares distintos), uma consequência natural desse modelo.
Em astronomia, “nova” é uma explosão termonuclear causada pela acumulação de
hidrogênio na superfície de uma anã branca. Esse fenômeno é tão luminoso que estrelas
invisíveis a olho nu passam a ser observáveis e aparecem como um brilho repentino no céu.
Brahe pensa tratar-se de uma “estrela nova”, daí o nome. Na verdade, as novas são muito
velhas, estrelas prestes a completar seu ciclo de existência. Os astrônomos estimam que
cerca de quarenta novas surgem por ano na Via Láctea.
Supernovas são explosões mais violentas que as novas, podendo atingir magnitudes
absolutas bilhões de vezes superiores à do Sol. São eventos bem mais raros: estima-se que
ocorra um deles a cada cinquenta anos na Via Láctea.

1576 – O astrônomo inglês Thomas Digges (1546-1595), o Primeiro a romper com a ideia
das esferas fixas de Ptolomeu, considerando-os objetos a diferentes distâncias mas
uniformemente distribuídos no espaço, decide escrever e anexar um suplemento a uma obra
de seu pai, Leonard Digges (1520-1559), intitulada “Prognostication Everlasting”. O
suplemento, escrito para divulgar a teoria heliocêntrica de Copérnico, da qual Thomas
Digges é um dos mais apaixonados defensores na Inglaterra, intitula-se “A Perfit
Description of the Coelestial Orbits” (Uma descrição Completa das Esferas Celestes) e
acaba se tornando um dos trabalhos científicos mais populares na Inglaterra da época, a
ponto de merecer pelo menos sete edições entre 1586 e 1605. A remoção das esferas fixas,
indicando que as estrelas não se acham sempre à mesma distância do Sol, mas se
distribuem pelo espaço infinito, constitui uma ruptura radical, que salta de um Universo
medieval, finito, para o Cosmo infinito e uniformemente povoado de estrelas. Efetua-se,
dessa maneira, decorridos apenas trinta anos da revolução copernicana, outra revolução,
que abre caminho às modernas concepções do Universo.

1576 (8 de agosto) – Tycho Brahe começa a construção do mais importante observatório da


era pré-telescópica, chamado Uraniborg (Castelo dos Céus), na ilha de Hven (Suécia). Oito
anos mais tarde, Brahe conclui um segundo edifício com dependências subterrâneas, que
visam a proteger os instrumentos contra a ação dos ventos da ilha.

1577 (13 de novembro) – Tycho Brahe observa um cometa (oficialmente, C/1577 V1),
visível durante vários meses, e usa a paralaxe para provar (por meio da medida da distância
à Terra) que os cometas são objetos distantes e não fenômenos atmosféricos, como
postulara Aristóteles. Ao atribuir a esses astros uma órbita elíptica (ovalada), Brahe
contraria o pensamento dominante desde a Antiguidade, pois supunha-se até então que as
órbitas dos corpos celestes deveriam, necessariamente, ser circulares, a forma mais perfeita,
e a perfeição caracterizaria a região extralunar.

1582 (24 de fevereiro) – o papa Gregório XIII (1502-1585), assessorado principalmente por
Christopher Clavius (1538-1612), decreta, por meio da bula “Inter Gravissimas”, a reforma
do calendário juliano. Cria assim o calendário gregoriano, que vigora até hoje. O novo
calendário suprime 10 dias do ano de 1582, saltando imediatamente do dia 4 de outubro
(quinta-feira) para o dia 15 (sexta-feira) do mesmo mês. Ainda segundo as reformas
instituídas por Gregório XIII, convenciona-se que só são bissextos os anos divisíveis por 4.
Adota-se, no entanto, um critério especial para os anos de final de século: são bissextos
apenas aqueles cujas centenas são divisíveis por 4 (1600, 2000). O ano de 1900, por
exemplo, não foi bissexto, porque 19 não é divisível por 4; já o ano 2000 foi bissexto,
porque 20 é divisível por 4.
O calendário gregoriano é proposto num momento de grandes conflitos de ordem religiosa.
Assim, de início, é aceito apenas nos países católicos: Itália, Espanha, Portugal (incluindo o
Brasil), Polônia, França, Bélgica e Luxemburgo. Nos demais países, vai sendo adotado com
o tempo.

1584 – A Áustria e partes da Suíça adotam o calendário gregoriano.


1584 – O monge dominicano e filósofo italiano Giordano Bruno (1548-1600), o primeiro a
idealizar uma verdadeira construção cosmológica, indo muito além das limitações de
Copérnico e lançando as bases da moderna concepção do Universo, em seu diálogo
intitulado “De L’Infinito Universo et Mondi” (“Do Infinito Universo e Mundos”), escreve:
“Uno, portanto, é o céu, o espaço imenso, o âmago, o continente universal, a eterna região
onde tudo se move. Ali se encontram inumeráveis estrelas, astros, globos, sóis e terras, que,
infinitos, argumentam racionalmente entre si. O Universo, imenso e infinito, é o composto
resultante de tal espaço e de tantos corpos”. Nessa mesma obra, ao discorrer sobre os sóis e
os mundos que povoam o Universo, esforçando-se por não permanecer num nível
demasiadamente abstrato, Giordano Bruno se pergunta se tais sóis seriam visíveis de
alguma forma. A resposta, um pouco indecisa, demonstra ter ele intuído que os outros sóis
não poderiam ser senão estrelas. Esse é um ponto fundamental na história do pensamento
científico: pela primeira vez se considera a natureza física das estrelas, vistas como astros
semelhantes ao Sol, apenas diferentes entre si em termos de brilho aparente, devido às
diferentes distâncias a que se encontram da Terra.

1587 – Tycho Brahe propõe para o Sistema Solar um modelo híbrido, com características
heliocêntricas e geocêntricas. Segundo esse modelo, os planetas então conhecidos
(Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno) giram em torno do Sol, e todos juntos,
incluindo o Sol, orbitam a Terra. Sendo Brahe um cientista eminente e tendo convicções
religiosas bastante arraigadas, esta é a fórmula que ele encontra para conciliar o
geocentrismo bíblico, defendido pela Igreja católica, com o heliocentrismo, cuja realidade
se torna cada vez mais evidente à medida que os seus estudos em astronomia progridem

1587 – A Hungria adota o calendário gregoriano.

1590 - O astrônomo, físico e matemático italiano Galileu Galilei (1564-1642) redige De


Motu (Sobre O Movimento), trabalho que, embora jamais publicado pelo cientista, é de
importância capital para o desenvolvimento da ciência. Nele, Galileu propõe que um corpo
em queda se desloca com velocidade uniformemente acelerada, independentemente de sua
massa, o que contraria o princípio aristotélico segundo o qual a velocidade com que um
corpo cai é proporcional ao seu peso. Não obstante o cientista ter feito grande número de
experimentos usando vários tipos de materiais, inclinações e distâncias percorridas, a
maioria dos historiadores acredita que os chamados experimentos de Pisa, segundo os quais
ele teria lançado esferas do mesmo material, mas de massas diferentes, do alto da torre
inclinada de Pisa, demonstrando que sempre tocavam o solo ao mesmo tempo, são apenas
imaginários, mesmo tendo sido descritos em biografias do cientista elaboradas pelo filho,
Vincenzo Galilei (1606-1649), e pelo discípulo Vincenzo Viviani (1622-1703). Galileu
também conclui que os objetos mantêm suas velocidades a menos que alguma força os
perturbe, ideia oposta à de Aristóteles, então tida como verdade inquestionável, de acordo
com a qual os objetos tendem a permanecer em repouso a menos que alguma força atue
sobre eles. Embora hipóteses sobre a inércia tenham sido formuladas anteriormente em
termos filosóficos, esta é a primeira vez que elas são expressas em termos matemáticos e
verificadas experimentalmente. O princípio da inércia de Galileu estabelece: “Um corpo se
movendo numa superfície plana continuará na mesma direção, em velocidade constante, a
não ser que seja perturbado”. Este princípio é posteriormente incorporado às leis do
movimento de Newton (primeira lei).
É o início da gradual perda de credibilidade do geocentrismo de Aristóteles, vigente durante
mil e novecentos anos. Embora Copérnico tenha proposto (1543) um modelo heliocêntrico
para o Sistema Solar, é com Galileu que o heliocentrismo ganha força e se impõe,
transformando radicalmente, para melhor, a compreensão humana do Universo.

1590 (13 de outubro) – Ocorre a única ocultação registrada de Marte por Vênus, observada,
em Heidelberg, pelo astrônomo e físico alemão Michael Maestlin (1550-1631), o mentor de
Johannes Kepler.

1596 – No livro intitulado "Precursor dos Tratados Cosmográficos, contendo o Mistério


Cósmico das admiráveis proporções entre as órbitas celestes e as verdadeiras e corretas
razões dos seus Números, Grandezas e Movimentos Periódicos”, conhecido popularmente
apenas como “Mistério Cosmográfico”, o astrônomo alemão Johannes Kepler (1571-1630)
publica os primeiros resultados de seu modelo planetário, baseado no sistema copernicano.

1596 (3 de agosto) – É descoberta a primeira variação de brilho numa estrela (excluídas as


novas e supernovas), ômicron Ceti, mais conhecida como Mira Ceti, pelo pastor protestante
e astrônomo alemão David Fabricius (1564-1617). Fabricius pensa tratar-se de uma “nova”;
em 1638, o astrônomo frísio Johannes Holwarda (1618-1651) compreende que a variação
de brilho é cíclica. ômicron Ceti é considerada, portanto, a primeira estrela variável
descoberta.
Distante cerca de 420 anos-luz, seu brilho varia entre as magnitudes 2,0 e 10,1,
completando um ciclo em aproximadamente 332 dias.
Uma estrela cujo brilho varia contradiz o dogma aristotélico da imutabilidade e da
incorruptibilidade do céu. Essa é mais uma descoberta que contribui para a progressiva
perda de credibilidade do modelo geocêntrico.
Segundo conceitos modernos, estrelas variáveis são estrelas cuja luminosidade apresenta
variações ao longo do tempo. Dividem-se, inicialmente, em intrínsecas (aquelas cuja
variação se deve a alterações das propriedades físicas da estrela) e extrínsecas (cuja
variação no brilho resulta de fatores externos).
Simplificadamente, as variáveis intrínsecas subdividem-se em três categorias:
- pulsantes – as dimensões do astro aumentam e diminuem como parte de um processo
evolutivo natural;
- eruptivas – ocorrem erupções em suas superfícies, como labaredas e ejeções de matéria;
- cataclísmicas – apresentam mudanças extraordinariamente significativas em suas
propriedades físicas (novas e supernovas).
As variáveis extrínsicas, por sua vez, classificam-se em dois grupos básicos:
- binárias eclipsantes – estrelas duplas em que, conforme vistas da Terra, um componente
passa diante do outro e o eclipsa, causando diminuição temporária do brilho estelar;
- rotacionais – apresentam grandes manchas na superfície ou então, devido a uma
velocidade de rotação extremamente elevada, têm formato ligeiramente elíptico.

1598 – Na obra “Astronomiae INstauratae Mechanica”, Tycho Brahe substitui o cattálogo


de estrelas de Ptolomeu, ainda em uso, por um novo catálogo, baseado totalmente em
observações independentes.

1600 – O físico inglês William Gilbert (1544-1603) publica "De Magnete", livro em que
afirma ser a Terra um imenso ímã e defende a infinitude do Universo.
Neste livro estão assentadas as bases para futuras teorias sobre magnetismo e eletricidade.

1600 (17 de fevereiro) – Depois de mais de sete anos de prisão (desde maio de 1592) e de
um longo julgamento, Giordano Bruno é Condenado pela Inquisição por heresia e
queimado vivo no Campo de' Fiori, em Roma.
Três anos depois, todos os livros dele são colocados no “Index Librorum Prohibitorum”
(relação de obras proibidas pela Igreja Católica), criado em 1559 pela Inquisição.

1603 (1º de setembro) – O astrônomo alemão Johann Bayer (1572-1625) publica


“Uranometria”, primeiro atlas de toda a esfera celeste. Neste trabalho, introduz a
designação das estrelas pela sua constelação e por letras gregas na ordem aproximada de
brilho aparente, como, por exemplo, Alfa Centauri. Essa forma de designação estelar é
usada até hoje.
É importante ressaltar que este texto aparece ainda antes da introdução do telescópio na
Astronomia, que só ocorre em 1609.

1604 (9 de outubro) – a supernova de Johannes Kepler (oficialmente, SN 1604) é observada


na constelação de Ofiúco. Distante cerca de 20.000 anos-luz da Terra, atinge a magnitude
-2,5 e permanece visível por dezoito meses (inclusive durante o dia, ao longo de três
semanas).
Esta é a última supernova observada a olho nu na Via Láctea até hoje.

1607 – Johannes Kepler e Christian Longomontanus (1562-1647, um dinamarquês


discípulo de Tycho Brahe, observam a passagem do cometa Halley, cujo periélio ocorre em
27 de outubro.

1608 (2 de outubro) – O fabricante de lentes e promotor de espetáculos holandês nascido na


Alemanha Hans Lippershey (1570-1619) tenta patentear um telescópio refrator óptico. Mas
a patente não é concedida, porque outros dois fabricantes de lentes holandeses disputam a
primazia da invenção: Zacharias Janssen (nascido entre 1580 e 1588, morto entre 1632 e
1638) e Jacob Metius (nascido depois de 1571, morto entre 1624 e 1631). A questão dos
créditos pela invenção do telescópio permanece controversa.

1609 – Johannes Kepler, usando as observações de Tycho Brahe, estabelece, no livro


“Astronomia Nova”, suas duas primeiras leis empíricas do movimento planetário: 1. Os
planetas descrevem órbitas elípticas, com o Sol num dos focos. 2. O raio vetor que liga um
planeta ao Sol descreve áreas iguais em tempos iguais. A primeira lei de Kepler desfaz a
crença no movimento circular dos planetas, vigente desde a Antiguidade, por estar o círculo
relacionado à perfeição.

1609 (maio) – Galileu Galilei constrói o primeiro telescópio refrator óptico astronômico
(perspicillum). Trata-se de uma modesta luneta, formada por duas lentes, uma côncava e a
outra convexa, unidas por um tubo de chumbo, capaz de aumentar três vezes os objetos
focados. No entanto, o progresso é rápido, a ponto de, no ano seguinte, Galileu dispor de
um telescópio com capacidade de 33 aumentos.
A partir da utilização destes instrumentos ópticos, tem início a astronomia moderna. O olho
humano deixa de ser o único meio disponível para observar o céu, passando a receber o
auxílio de telescópios cada vez mais potentes.

1609 (26 de julho) – O matemático e astrônomo inglês Thomas Harriot (1560-1621) é o


primeiro a fazer desenhos da Lua com o auxílio de um telescópio, antecipando-se a Galileu
Galilei em vários meses. Esses desenhos, contudo, são publicados apenas muitos anos
depois da morte do autor.

1609 (agosto) – Utilizando seu telescópio, Galileu Galilei observa que a Lua possui vales,
montanhas, "mares" e "oceanos".

1610 – Galileu Galilei vê os anéis de Saturno, mas não reconhece que são anéis. Além
disso, ele observa as crateras da Lua, distingue as fases de Vênus e descobre que a Via
Láctea é formada por estrelas. Com isso, Galileu dá início ao principal ramo da astronomia
atual, a astrofísica (estudo da física do universo, incluindo as propriedades físicas dos
objetos astronômicos, as interações entre eles e a dinâmica que os envolve).

1610 (7 de janeiro) – Galileu Galilei redige sua primeira carta descrevendo as observações
telescópicas das crateras e superfície da Lua feitas por ele usando sua luneta com 20
aumentos. Ele escreve: “... é visto que a Lua não é evidentemente plana, lisa e de superfície
regular, como acredita um grande número de pessoas, mas, pelo contrário, é áspera e
desigual. Em resumo, ela está cheia de proeminências e cavidades semelhantes, mas muito
maiores, que as montanhas e vales esparramados em cima da superfície da Terra”.

1610 (7 de Janeiro) – Galileu Galilei descobre dois dos quatro grandes satélites de Júpiter
hoje conhecidos como “galileanos”: Ganimedes e Calisto.
Ganimedes – Diâmetro: 5.268,4km (superior ao de Mercúrio) (é o maior satélite do
Sistema Solar); período orbital: 7,154 dias; distância média do planeta: 1.070.400km;
Superfície: 87 milhões de km2; volume: 76 bilhões de km3; massa: 148,19 quintilhões de
toneladas (45% da de Mercúrio, 2,02 vezes a massa da Lua) (é o satélite de maior massa do
Sistema Solar); densidade: 1,936g/cm3; gravidade: 0,146 G (a gravidade da Terra é de 1
G); magnitude aparente: 4,61.
É o único satélite do Sistema Solar em que se conhece a existência de uma magnetosfera.
Tem uma atmosfera tênue, na qual estão presentes oxigênio molecular e ozônio. Acredita-
se que exista um oceano de água salgada 200km abaixo da superfície.
Calisto – Diâmetro: 4.820,6km (segundo maior satélite de Júpiter e terceiro de todo o
Sistema Solar); período orbital: 16,689 dias; distância média do planeta: 1.882.700km;
superfície: 73 milhões de km2; volume: 59 bilhões de km3; massa: 107,5 quintilhões de
toneladas; densidade: 1,834g/cm3; gravidade: 0,126 G; magnitude aparente: 5,65.
Tem uma atmosfera muito tênue, com presença de dióxido de carbono e provavelmente
oxigênio molecular. É possível que haja um oceano a profundidades superiores a 100km. É
um dos corpos celestes com mais crateras de todo o Sistema Solar.

1610 (8 de janeiro) - Galileu Galilei compreende que uma "terceira lua" vista na noite
anterior era, na verdade, a luz combinada de dois satélites: Io e Europa.
Io – Diâmetro: 3.660 x 3.637,4 x 3.630,6km (quarto maior satélite do Sistema Solar);
período orbital: 1,769 dia; distância média do planeta: 421.700km (é a mais interna das luas
“galileanas”); superfície: 41,910 milhões de km2; volume: 25,3 bilhões de km3; massa:
89,319 quintilhões de toneladas; densidade: 3,528g/cm3 (é o satélite mais denso do Sistema
Solar); gravidade: 0,183 G; magnitude aparente: 5,02.
Com 425 vulcões conhecidos, é o corpo celeste geologicamente mais ativo do Sistema
Solar. Os vulcões renovam a superfície constantemente, o que explica a quase ausência de
crateras de impacto. Possui altas montanhas, algumas com altitude superior à do Monte
Everest. Io tem uma atmosfera muito tênue, cujo componente principal é dióxido de
enxofre.
Europa – Diâmetro: 3.131,6km (o menor dos “galileanos” e o sexto em tamanho do Sistema
Solar); período orbital: 3,551 dias; distância média do planeta: 670.900km; superfície: 30,9
milhões de km2; volume: 15,93 bilhões de km3; massa: 47,998 quintilhões de toneladas;
densidade: 3,01g/cm3; gravidade: 0,134 G; magnitude aparente: 5,29.
Europa é um dos satélites mais planos do sistema Solar, o que indica atividade geológica
recente. Acredita-se que haja um oceano sob a superfície. O principal componente da
atmosfera, muito tênue, é oxigênio molecular.

1610 (13 de janeiro) Galileu Galilei vê ao mesmo tempo, pela primeira vez, os quatro
satélites recém-descobertos.
Ele denomina essas luas jovianas de “Estrelas medicianas”, em homenagem a Cósimo II de
Medici (1590-1621), o quarto grão-duque da Toscana. Simon Marius
(1573-1624), astrônomo alemão que dá a estes quatro satélites os nomes pelos quais são
hoje conhecidos, afirma tê-los observado antes de Galileu, mas a “paternidade” de tal
descoberta jamais lhe foi oficialmente atribuída.
Trata-se dos primeiros corpos celestes até então observados girando ao redor de outro
planeta, o que constitui um grande argumento a favor do heliocentrismo, pois a Terra perde
o “status” de único corpo celeste ao redor do qual orbitam satélites.

1610 (março) – Galileu Galilei publica, em Veneza, editado por Tommaso Baglioni e com
tiragem inicial de quinhentos exemplares, “Sidereus Nuncius” (“Mensageiro Sideral”) e
comunica ao mundo as revolucionárias descobertas que acabara de fazer graças à sua
pequena luneta. É um dos livros mais importantes e influentes de todos os tempos, o
primeiro tratado científico escrito com base em observações telescópicas. Poucos meses
antes, no auge de uma frenética atividade de observação, Galileu escrevera: “Sou
infinitamente grato a Deus, que teve a bondade de fazer de mim o primeiro e o único
observador de coisas admiráveis e que por séculos permaneceram ocultas”.
“Sidereus Nuncius” está dividido em quatro partes, dedicadas, respectivamente, à Lua, às
estrelas, à Via Láctea e aos satélites de Júpiter descobertos dois meses antes.
No que se refere à Lua, Galileu postula que a superfície é irregular e que o satélite tem
montanhas com altitudes superiores a 6.000m, o que contraria a teoria aristotélica da
esfericidade perfeita dos corpos celestes que não a Terra.
O italiano afirma que, com o telescópio, é possível ver ao menos dez vezes mais estrelas
que a olho nu e faz desenhos do cinturão de Órion e das Plêiades de acordo com o que
observa. Sustenta também que é capaz de ver estrelas de 12ª magnitude, seis magnitudes
mais débeis que as que estão no limite da visibilidade humana à vista desarmada.
Outra revelação surpreendente é a de que a Via Láctea, ao contrário do que se pensava, não
é um objeto contínuo e nebuloso, mas está formada por miríades de estrelas, muito distantes
e fracas para serem distinguidas a olho nu, mas perfeitamente visíveis com o telescópio.
Por fim, Galileu oferece uma série de ilustrações e de registros meticulosos das observações
das luas de Júpiter feitas entre o final de janeiro e o início de março.
A repercussão de “Sidereus Nuncius” é enorme. Ensinamentos tidos como inquestionáveis
havia séculos são postos em dúvida, obrigando a uma revisão geral dos conhecimentos
sobre Astronomia e sobre a estrutura do universo.

1610 (depois de março) – Num trabalho intitulado “Dissertatio cum Muncio Sidereo”
(“Conversação com O Mensageiro Sideral”), Johannes Kepler usa o fato de que o céu é
escuro à noite como argumento para provar que o Universo é finito, como que encerrado
por uma parede cósmica escura, rejeitando com veemência a ideia de um Universo infinito
recoberto de estrelas, que nessa época estava ganhando vários adeptos, principalmente
depois da comprovação, por Galileu Galilei, de que a Via Láctea é composta de uma
miríade de estrelas. É a primeira formulação daquilo que mais tarde será conhecido como
paradoxo de Olbers.

1610 (setembro) - Galileu Galilei observa Marte, sugerindo, de forma correta, que o planeta
não é perfeitamente esférico, embora não lhe seja possível distinguir detalhes da superfície.

1610 (último trimestre) –Thomas Harriot apresenta os primeiros diagramas sobre as


manchas solares.
Ele também sustenta que as leis de Kepler enunciadas em 1609 são válidas para os cometas,
defendendo a ideia de que estes astros orbitam o Sol.

1610 (26 de novembro) – O astrônomo francês Nicholas-Claude Peiresc (1580-1637)


descobre a primeira nebulosa gasosa, difusa e brilhante, que é hoje conhecida como
nebulosa de Órion (M 42), em torno da estrela Theta Orionis.
Situada a aproximadamente 1350 anos-luz da Terra, é visível a olho nu (magnitude 4) e tem
diâmetro estimado de 24 anos-luz (227 trilhões de km). Nela se encontra o aglomerado
estelar do Trapézio.

1611 (1º de janeiro) – numa carta dirigida a Giuliano de Médici (1469-1516), Galileu
Galilei dá conhecimento de suas observações sobre as fases de Vênus, o que é mais um
indício a favor do heliocentrismo. O raciocínio de Galileu é o seguinte: De acordo com o
geocentrismo, Vênus, assim como todos os planetas e o Sol, gira em torno da Terra.
Considerando que Vênus está mais próximo da Terra do que o Sol, ele permanece
invariavelmente entre estes dois astros. Dependendo do ângulo em que esteja para um
observador aqui na Terra, Vênus pode ser visto ou não, resultando daí que só existem as
fases crescente (quando é visível) e nova (quando não é). No modelo heliocêntrico, todos os
planetas, inclusive a Terra, giram em torno do Sol e, considerando que Vênus está a uma
distância solar menor do que a terrestre, leva menos tempo para completar uma órbita. Por
isso, a cada movimento de translação, ultrapassa o nosso planeta, estando às vezes do
mesmo lado do Sol que a Terra e às vezes do lado oposto, quando pode ser visto com maior
nitidez e atinge a fase cheia. Então, se Vênus tem as quatro fases, como acaba de constatar,
e não apenas duas, conforme propõem os aristotélicos, isso significa que ele gira ao redor
do Sol, e não em torno da Terra.

1611 (14 de abril) – O matemático grego Giovanni Demisiani (morto em 1614) emprega
pela primeira vez a palavra "telescópio", numa festa oferecida pelo Príncipe italiano
Federico Cesi (1585-1630). O termo deriva do grego tele (longe) e skopein (ver).

1611 (13 de junho) – O Astrônomo holandês Johannes Fabricius (1587-1616), filho de


David Fabricius, é o primeiro cientista a publicar informação sobre observações de
manchas solares, em seu “Narração de Manchas Observadas no Sol e a Rotação Aparente
delas com o Sol”.

1612 – Galileu Galilei começa a observar Mercúrio, e dos seus escritos deduz-se que ele
está convencido de que esse planeta tem fases, embora seu instrumento não lhe permita
observá-las diretamente.

1612 (5 de janeiro) – O jesuíta alemão Christopher Scheiner (c. 1573-1650) publica as


“Cartas de Apelles”, nas quais expõe o resultado das observações que fizera, a partir do ano
anterior, de manchas solares, atribuindo-as à sombra projetada no Sol por pequenos corpos
opacos que, segundo ele, orbitam a estrela. Portanto, para Scheiner, as tais manchas são
apenas uma ilusão de óptica.
Este livro dá início a uma violenta polêmica com Galileu Galilei.

1612 (15 de dezembro) – Simon Marius é o primeiro europeu a observar a Galáxia de


Andrômeda (M31), localizada na constelação homônima, distante aproximadamente 2,54
milhões de anos-luz (24 quintilhões de km) e maior galáxia do Grupo Local (diâmetro de
220.000 anos-luz), do qual faz parte a Via Láctea. Segundo estimativas recentes,
Andrômeda contem 1 trilhão de estrelas e possui massa equivalente a 710 bilhões de sóis.
Com magnitude aparente de 3,4, as partes centrais da galáxia são visíveis a olho nu em
noites sem lua. Tal como a Via Láctea, a galáxia de Andrômeda é do tipo espiral.

1612 (28 de dezembro) – Galileu Galilei registra a observação de um astro luminoso que,
mais de três séculos depois (1980), é identificado por astrônomos estadunidenses como
sendo Netuno. Outra observação semelhante é registrada em 27 de janeiro de 1613.

1613 (abril) – Galileu Galilei publica o livro “Istoria E Dimostrazione Intorno alle Macchie
Solare” (“História e Demonstração em Torno das Manchas Solares”), no qual observações
das manchas solares são utilizadas com o objetivo de provar a existência da rotação do Sol.
Ele assume assim, publicamente, o sistema heliocêntrico de Nicolau Copérnico. Trata-se de
uma resposta ao livro de Christopher Scheiner, acirrando uma polêmica que durará anos.
Uma novidade em relação a esta obra é que ela está escrita em italiano, e não em latim,
como era costume na época. Segundo Galileu, ele pretende que o livro possa ser lido pelas
pessoas comuns, não ficando restrito a letrados que sabem latim. A partir daí, escreverá em
italiano todas as suas obras.
No final desse mesmo ano, em carta ao discípulo Benedetto Castelli (1578-1643), afirma
que o caráter alegórico das Sagradas Escrituras não autoriza conclusões sérias, visto serem
destituídas de qualquer teor científico.

1614 – Simon Marius publica "Mundus Iovialis", descrevendo o planeta Júpiter e suas luas.
Na obra, afirma ter descoberto as quatro maiores luas de Júpiter dias antes de Galileu,
dando início a uma disputa com o cientista italiano.
Neste livro, Marius dá a esses satélites seus nomes atuais: Calisto, Europa, Ganimedes e Io.
Todos são personagens da mitologia grega e têm envolvimento sexual com Zeus (Júpiter).
Calisto - ninfa do cortejo da virgem Ártemis, é seduzida por zeus, que toma para isso a
forma de Ártemis. Ela tem um filho, Árcade. Depois de muitas peripécias, Calisto e Árcade
são colocados por zeus no céu, formando as constelações da Ursa Maior e da Ursa menor.
Europa – Filha de Agenor, rei da Fenícia, é uma jovem de beleza singular. Zeus disfarça-se
de touro branco, rapta Europa e a leva para Creta, onde tem três filhos com ela: Minos,
Radamante e Sarpédon.
Ganimedes – Filho de Trós, rei da Tróade. Zeus se apaixona por ele e envia uma águia para
raptálo e levá-lo ao Olimpo, onde faz dele copeiro real, encarregado de servir néctar a zeus.
Io – Sacerdotisa de Hera, é seduzida por Zeus. Como vingança, Hera (esposa de Zeus)
manda atrás de Io um moscardo, que a pica sem cessar e a obriga a fugir pelo mundo,
cruzando mares e continentes. No Egito, Zeus e Io têm um filho: Épato.
A astronomia se utiliza largamente da mitologia para dar nomes a corpos celestes.
Originariamente, os nomes eram retirados das mitologias grega e romana, mas hoje em dia
são muitos os povos que emprestam seus seres mitológicos para nomear astros.

1615 – Galileu Galilei escreve a Carta à Grã-Duquesa Cristina, dirigida a Cristina de


Lorena (1565-1636) viúva de Ferdinando I de Medici (1549-1609), Grão-Duque da
Toscana (1587-1609). A carta, na verdade um ensaio, faz considerações acerca da relação
entre as descobertas do autor sobre o heliocentrismo e as Escrituras Sagradas. Galileu
afirma que, sempre que uma observação astronômica discordar de uma passagem bíblica,
deve-se revisar a interpretação daquele trecho das Sagradas Escrituras, pois é provável que
os homens tenham analisado equivocadamente o que Deus lhes quis dizer. Argumenta que,
se Deus houvesse pretendido ensinar Astronomia por meio das Sagradas Escrituras, o teria
feito. Como não o fez, cabe aos homens desvendar o Universo e interpretar-lhe a estrutura
de acordo com a razão. Ele escreve ainda: “Eu afirmo que o Sol está localizado no centro
das revoluções dos orbes celestes e não se move, enquanto a Terra gira em torno de si
mesma e do Sol. Além disso, eu sustento este ponto de vista não apenas refutando os
argumentos de Ptolomeu e de Aristóteles, mas também produzindo muitos que comprovam
o oposto, especialmente alguns relativos a efeitos físicos cujas causas provavelmente não
podem ser determinadas de outra maneira, bem como inúmeras descobertas astronômicas.
Essas descobertas contestam claramente o sistema ptolomaico e concordam de modo
admirável com esta outra posição, e a confirmam”.
A Carta à Grã-Duquesa Cristina é decisiva para a condenação do heliocentrismo pela Igreja
Católica, no ano seguinte.

1616 – A repercussão das declarações de Galileu sobre o heliocentrismo é tão violenta, e os


ânimos se exaltam a tal ponto que culminam com a inclusão do “De revolutionibus orbium
coelestium”, de Copérnico, no “Index Librorum Proibitorum”. Algumas passagens bíblicas
são apontadas como "provas" contra o heliocentrismo, estando a mais citada delas em
Josué, capítulo 10, versículos 12 e 13: "No dia em que Javé entregou os amorreus aos
israelitas, Josué falou a Javé e disse na presença de Israel: "Sol, detenha-se em Gabaon! E
você, lua, no vale de Aialon!" E o sol se deteve e a lua ficou parada, até que o povo se
vingou dos inimigos. No Livro do Justo está escrito assim: "O sol ficou parado no meio do
céu e um dia inteiro ficou sem ocaso".
Outras passagens bíblicas usadas para argumentar que a Terra é o centro do Universo:
Salmo 93, 1: “Javé é Rei, vestido de majestade, Javé está vestido e envolto em poder: o
mundo está firme e jamais tremerá”.
Salmo 96, 10: “Digam às nações: Javé é Rei! Ele firmou o mundo, que jamais tremerá. Ele
governa os povos com retidão”.
Salmo 104, 5: “Assentaste a terra sobre suas bases, inabalável para sempre e eternamente”.
I Crônicas, 16, 30: “Terra inteira, trema na presença de Javé! Ele firmou o mundo, que
jamais tremerá”.
Eclesiastes 1, 4 e 5: “Geração vai, geração vem, e a terra permanece sempre a mesma. O sol
se levanta, o sol se põe, voltando depressa para o lugar de onde novamente se levantará”.
Em 25 de fevereiro, o cardeal Roberto Bellarmino (1542-1621) intima Galileu Galilei a
renunciar à sua afirmação de que a Terra gira em torno do Sol. Ele fica proibido de discutir
o heliocentrismo.
Em 5 de março, A teoria de Copérnico é condenada oficialmente pela Igreja. A proposição
segundo a qual o Sol é o centro imóvel do Universo é declarada falsa, filosoficamente
absurda e formalmente herética por uma comissão do Santo Ofício presidida pelo cardeal
Bellarmino. O livro de Copérnico, apesar de ser incluído no Index, não é proibido de todo,
ordenando-se a elaboração de uma nova edição com a supressão de passagens consideradas
contrárias à fé católica.

1616 – O astrônomo e jesuíta italiano Niccolò Zucchi (1586-1670) substitui a lente de um


telescópio refrator por um espelho parabólico de bronze, mas não obtém bons resultados. É
a primeira tentativa conhecida de construir um telescópio refletor, que Zucchi relata no
livro “Optica philosophia experimentalis et ratione a fundamentis constituta", publicado em
1652.

1618 – O jesuíta e geômetra suíço Johann Baptist Cysat (1587-1657), discípulo do também
jesuíta Orazio Grassi (1583-1654), é o primeiro a estudar um cometa com um telescópio e
fornece a primeira descrição conhecida do núcleo e da coma de um cometa.
Instaura-se uma polêmica acerca dos cometas, tendo de um dos lados Galileu Galilei e do
outro Johannes Kepler e Orazio Grassi. Enquanto o cientista italiano defende a concepção
aristotélica da origem atmosférica, o astrônomo alemão e o religioso sustentam,
corretamente, que os cometas são corpos celestes e pertencem à região extralunar.

1618 – Johannes Kepler, em seu tratado “Epitome Astronomiae Copernicae” (“Síntese da


Astronomia de Copérnico”), fornece uma representação do Universo, segundo a visão de
Giordano Bruno, por meio de uma ilustração na qual as estrelas se distribuem
uniformemente sobre um fundo escuro, e uma letra M, próxima de uma estrela qualquer,
indica a posição não privilegiada do Sol, do nosso mundo (daí a letra M).

1618 (20 de julho) – Plutão atinge o afélio, de acordo com cálculos modernos. Contudo,
somente três séculos mais tarde (1930), o astro é oficialmente descoberto.

1619 – Johannes Kepler publica “Harmonices Mundi (“Harmonia do Mundo”) e postula um


vento solar para explicar a direção das caudas dos cometas. Ele também estabelece (no
quinto e último capítulo) a sua terceira lei empírica do movimento planetário: os quadrados
dos períodos de revolução são proporcionais aos cubos das distâncias médias do Sol aos
planetas. Isso significa que, quanto mais afastado um planeta está da estrela em torno da
qual gira, menor é sua velocidade de translação. Ademais, essa lei kepleriana permite,
conhecendo-se o período de translação, estabelecer a distância a que um planeta orbita uma
estrela.
Considerando que a força de gravidade depende da massa dos corpos e da distância a que
estão um do outro, a terceira lei de Kepler será decisiva para a descoberta, várias décadas
mais tarde, da Lei da Gravitação Universal.

1620 – Uma versão revisada do “De revolutionibus orbium coelestium” é formalmente


aprovada pela Igreja. Nove frases que apresentavam o sistema heliocêntrico como correto
são omitidas ou modificadas.

1621 – O astrônomo e padre francês Pierre Gassendi (1592-1655) descreve as auroras


boreais, cunhando também o nome do evento. Trata-se de um fenômeno óptico composto
de um brilho observado nos céus noturnos nas regiões polares, em decorrência do impacto
de partículas de vento solar e da poeira espacial encontrada na via láctea com a alta
atmosfera da Terra, canalizadas pelo campo magnético terrestre. As auroras boreais
ocorrem no hemisfério norte, dando-se aos fenômenos equivalentes do hemisfério sul o
nome de auroras austrais.
Genericamente, fala-se em auroras polares, observadas também em outros planetas do
Sistema Solar (Vênus, Marte, Júpiter e Saturno).

1623 (outubro) – Galileu Galilei publica “Il Saggiatore” (“O Ensaiador”), obra na qual
demonstra que as observações astronômicas estão mais de acordo com o heliocentrismo e
elabora um argumento que se torna famoso: “A Filosofia, isto é, a Física, está escrita neste
grande livro – refiro-me ao Universo –, que está sempre aberto ao nosso olhar atento, mas
que não pode ser entendido, a menos que antes aprendamos a compreender a linguagem e a
interpretar os símbolos em que está redigido. Ele está escrito na linguagem da Matemática,
e os seus símbolos são triângulos, círculos e outras figuras geométricas, sem as quais é
humanamente impossível entender uma só palavra. Sem elas, caminhamos a esmo num
labirinto escuro. A Matemática é, em suma, a linguagem de Deus”. Contudo, o principal
objetivo de Galileu é ridicularizar as ideias sobre os cometas defendidas pelo jesuíta Orazio
Grassi. Grassi argumenta, corretamente, que os cometas estão mais distantes da Terra do
que a Lua, enquanto Galileu, equivocadamente, concorda com Aristóteles, que afirma
serem eles uma ilusão de óptica, um fenômeno atmosférico. O tom de Galileu é tão
desmedidamente sarcástico qe o cientista faz muitos inimigos entre os jesuítas.

1624 – Numa carta dirigida a Francesco Ingoli (1578-1649), um estudioso de Ravenna


(Itália), Galileu Galilei escreve: “As estrelas fixas, senhor Ingoli, brilham por si mesmas,
como já provei anteriormente, e, portanto, nada lhes falta para poderem ser chamadas sóis”.
Galileu concorda, pois, com as ideias acerca das estrelas defendidas quatro décadas antes
por Giordano Bruno.

1627 – Johannes Kepler publica seu último trabalho: "Tabelas Rodolfinas", em homenagem
ao Imperador do Sacro Império Romano Germânico Rodolfo II (1552-1612) e dedicadas à
memória de Tycho Brahe, as quais contêm as observações de Tycho e dele próprio sobre o
movimento dos planetas. Em sua confecção, Kepler utiliza um novo método de cálculo
matemático (os logaritmos) inventado pelo matemático escocês John Napier (1550-1617),
em 1614.

1627 – Johannes Kepler faz a primeira previsão conhecida de um trânsito de Vênus, para o
ano de 1631 (o fenômeno ocorre em 7 de dezembro). Contudo, os conhecimentos de que
dispõe não permitem prever que o evento não será visível da maior parte da Europa, e
consequentemente ninguém é capaz de usar os cálculos de Kepler para observar o trânsito.
Ele também prevê um trânsito de Mercúrio, que é observado quatro anos mais tarde.

1631 (7 de novembro) – Pierre Gassendi faz a primeira observação de um trânsito de


Mercúrio, o qual havia sido previsto por Kepler.
Ocorre um trânsito quando um planeta, visível da Terra, passa entre esta e o Sol, ocultando
parte do disco solar. É semelhante a um eclipse, e os três corpos celestes (Terra, planeta e
Sol) precisam estar alinhados. Pode haver apenas trânsitos de Mercúrio e de Vênus, os
únicos planetas internos à órbita terrestre.
Trânsitos de Mercúrio ocorrem em maio e em novembro, com a frequência de treze ou
catorze por século.

1632 (fevereiro) – Galileu Galilei publica, em Florença, “Dialogo sopra I Due Massimi
Sistemi del Mondo” (“Diálogo sobre os Dois Máximos Sistemas do Mundo”), com clara
inclinação pelo heliocentrismo, o que contraria uma recomendação expressa do papa
Urbano VIII (1568-1644), que havia condicionado a autorização para a publicação da obra
a um tratamento igualitário entre os modelos geocêntrico e heliocêntrico. A violação dessa
recomendação papal provoca a abertura de um processo da Inquisição contra o cientista.
No livro, três personagens dialogam, em quatro jornadas, correspondendo cada uma delas a
um dia de discussão, sobre os dois máximos sistemas do mundo. Salviati defende o modelo
copernicano e expõe as próprias opiniões de Galileu. Simplício representa a corrente
oposta, o modelo de Aristóteles. A capacidade argumentativa dele está bastante abaixo da
de Salviati, sendo amplamente superado por ele nas discussões. Sagredo é o mediador,
aquele a quem cabe conduzir a discussão, mas que nem sempre permanece neutro,
apoiando por vezes o heliocentrismo.
Na primeira jornada, discute-se a concepção aristotélica do mundo. Aos pontos de vista de
Simplício, Salviati contrapõe argumentos fornecidos por observações de Galileo, querendo
demonstrar que as leis da Física são as mesmas em nosso planeta e fora dele. Na jornada
seguinte, abordam-se princípios aristotélicos contrários ao movimento da Terra. E Salviati,
usando todos os conhecimentos acumulados por Galileo durante suas inúmeras experiências
com objetos em movimento, sustenta que as teses antigas não fazem sentido. Na terceira
jornada, o tema é o céu de acordo com Aristóteles e Copérnico. Essas três jornadas são
preparatórias para a última, a principal, em que Galileu volta à sua teoria das marés para
tentar provar o movimento da Terra. Urbano VIII sente-se traído, pois Galileu coloca para
defender os argumentos caros ao papa um personagem que, além de se chamar Simplício, é
de longe o menos inteligente e capaz dos três que sustentam o Diálogo.
O livro é proibido em agosto. Em setembro, Galileu é intimado a comparecer perante o
Santo Ofício. Ele envia atestados médicos declarando sérios problemas de saúde, mas são
todos recusados. Por fim, apresenta-se em Roma em fevereiro de 1633. Em abril ocorre a
primeira das três sessões em que o caso Galileu é julgado.

1632 (agosto) – É decidida a construção do Observatório de Leiden (Sterrewacht Leiden,


em holandês, nos Países Baixos, inaugurado no ano seguinte. É o primeiro observatório
importante da era pós-telescópica e o mais antigo atualmente em funcionamento.

1633 (22 de junho) - Diante do Santo Ofício, Galileu Galilei, temendo o agravamento da
sua situação e para evitar uma condenação por heresia (o que poderia significar a morte na
fogueira)se vê obrigado a abjurar (voltar atrás e negar tudo o que escrevera). É considerado
“gravemente suspeito de heresia” por defender a opinião de que o Sol está imóvel no centro
do Universo, de que a Terra não está nesse centro e se move e de que é possível manter
uma opinião mesmo depois de ela ter sido declarada contrária às Sagradas Escrituras.
também é condenado à prisão, pena comutada no dia seguinte para prisão domiciliar pelo
resto da vida. Após passar um período com o arcebispo de Siena, Ascanio Piccolomini
(1590-1671), um fervoroso admirador que o trata muito bem, Galileu é autorizado a voltar a
Il Gioiello, uma vila que possui em Arcetri, região adjacente a Florença, onde reside até a
morte (8 de janeiro de 1642). Ele também recebe a ordem de ler uma vez por semana,
durante três anos, os sete salmos Penitenciais (salmos 6, 32, 38, 51, 102, 130 e 143), tarefa
que, com permissão eclesiástica, a princípio é assumida pela filha Virginia (1600-1634),
freira (Irmã Maria Celeste), do convento de São Mateus, localizado a curta distância (uns
cem metros) de Il Gioiello.
O “Diálogo sobre os Dois Máximos Sistemas do Mundo” é colocado no Index, de onde só
será retirado dois séculos mais tarde. Todas as obras de Galileu são proibidas, sejam elas
passadas ou futuras, mas ele viola a proibição cinco anos depois.
De acordo com uma história amplamente difundida, após abjurar a teoria de que a Terra se
move em torno do Sol, Galileu teria murmurado: “Eppur si muove” (“E no entanto se
move”). Contudo, essa história começa a circular apenas um século depois da morte do
cientista, e não há evidência de que ele tenha dito algo similar.
A condenação de Galileu Galilei pela Inquisição repercute enormemente, a ponto de ser
ainda hoje o tema de livros, documentários e filmes. A Igreja Católica se retrata
oficialmente em 1992.

1634 – É publicado, postumamente, o livro "Somnium sive opus postumum de astronomia


lunari", de Johannes Kepler, que relata uma viagem à Lua feita pelo adolescente Duracotus,
personagem central da narrativa e uma projeção literária do próprio autor. Mescla de
autobiografia e de ficção, o livro é considerado precursor e inspirador da futura novela de
aventuras siderais.

1635 – O “Diálogo sobre os Dois Máximos Sistemas do Mundo” é traduzido para latim,
com o título “Systema cosmicum”, pelo filólogo e astrônomo alemão Matthias Bernegger
(1582-1640), e circula clandestinamente na Europa.

1637 – É inaugurado o Observatório de Copenhague, sob a direção de Christian


Longomontanus.

1638 - Galileu Galilei publica “Discorsi e dimostrazioni matematiche, intorno a due nuove
scienze” (“Discursos e demonstrações matemáticas, sobre duas novas ciências”), livro em
que retoma grande parte do trabalho realizado ao longo da vida (incluindo o estudo da
queda dos corpos). Depois de fracassadas as tentativas de publicação na França, na
Alemanha e na Polônia, a impressão é realizada por Lodewijk Elzevir, um editor de Leiden,
nos Países Baixos, onde a Inquisição tem pouca força. Na obra, Galileu estabelece os
fundamentos da mecânica, praticamente pondo fim à física aristotélica. É uma espécie de
testamento científico, que muitos consideram o livro mais lúcido de Galileu.

1638 – É publicado (postumamente) “The Man in the Moon” (O homem na Lua), do bispo
inglês Francis Godwin (1562-1633). Juntamente com “Somnium sive opus posthumum de
astronomia lunaris”, de Kepler, é considerado um dos primeiros livros de ficção científica.
O enredo gira em torno de uma viagem do protagonista, Domingo Gonsales, à Lua, onde
ele encontra cristãos de elevada estatura que vivem felizes e livres de preocupações numa
espécie de paraíso pastoral. No prólogo, Gonsales afirma não ser uma viagem à Lua mais
fantástica do que era uma viagem à América em tempos passados.

1639 – O astrônomo e jesuíta italiano Zupus – Giovanni Battista Zupi (c. 1590-1650) –
consegue distinguir as fases de Mercúrio, demonstrando conclusivamente que este planeta
orbita o Sol.

1639 (28 de setembro) – O astrônomo e naturalista alemão George Marcgrave (1601-1644)


inaugura, numa das torres do palácio de Friburgo, que Maurício de Nassau (1604-1679)
fizera construir na Ilha de Antônio Vaz (Pernambuco), um observatório astronômico, o
primeiro do Novo Mundo e do hemisfério austral. Aí são igualmente feitas as primeiras
observações astronômicas e meteorológicas sistemáticas do Novo Continente.

1639 (4 de dezembro) – Primeiro registro conhecido de um trânsito de Vênus na Europa,


realizado pelos astrônomos ingleses Jeremiah Horrocks (1618-1641) e William Crabtree
(1610-1644). Horrocks é o primeiro a compreender que os trânsitos de Vênus ocorrem em
pares, com oito anos de intervalo, e, baseado nas observações que realiza, calcula que a
distância entre a Terra e o Sol é de 95,6 milhões de km. Embora muito distante do valor
real (149,6 milhões de km), é a estimativa mais precisa realizada até este momento. Os
registros das observações de Horrocks são publicados em 1661.

1640 (13 de novembro) – Primeiro eclipse da Lua cientificamente acompanhado no novo


mundo, registrado por George Marcgrave a partir de observações feitas no Brasil.

1641 – O astrônomo alemão de origem polonesa Johann Hevelius (1611-1687) inaugura um


observatório (denominado Stellaburgum – “Castelo das Estrelas”) em sua própria casa, em
Danzig, equipando-o com um quadrante azimutal de 1,5m de raio, além de um sextante de
1,8m.

1643 - O físico e matemático italiano Evangelista Torricelli (1608-1647) inventa o


barômetro, instrumento utilizado para medir a pressão atmosférica, que pode ser definida
como a força, por unidade de área, exercida pelo ar contra uma superfície. A pressão
atmosférica ao nível do mar (1 atm) é de 101,325 quilopascais (kPa), o que equivale a uma
densidade do ar de 1,225kg/m3; ela diminui com a altitude, sendo de 33,597 kPa
(0,406kg/m3 a 8.848m, o que corresponde ao pico do Monte Everest, o ponto mais alto da
Terra. A variação da pressão atmosférica implica também uma variação proporcional do
ponto de fusão e de ebulição dos elementos químicos. A água, por exemplo, que ferve a
100°c ao nível do mar, atinge o ponto de ebulição a 71°c no topo do Everest.
1643 (9 de janeiro) – O jesuíta italiano Giovanni Battista Riccioli (1598-1671) é o primeiro
a informar o fenômeno conhecido como Luz Pálida de Vênus (em inglês, ashen light).
Trata-se de uma luminescência lânguida no lado noturno do planeta, semelhante ao brilho
da Terra na Lua, embora não tão luminoso. A Luz pálida é observada quando Vênus é visto
à noite e a face escura do planeta está voltada para a Terra. Estudos são mais tarde tentados
por algumas missões espaciais, inclusive pelas sondas Pioneer e pelas sondas russas Venera
11 e 12. O fenômeno ainda permanece esporádico e a explicação, duvidosa.

1644 – Johann Hevelius confirma as fases de Mercúrio observadas cinco anos antes por
Zupus.

1644 – O filósofo e matemático francês René Descartes (1596-1650) aventa a hipótese de


que o Sol, os planetas e os satélites originaram-se a partir de uma nebulosa primordial. Ele
também apresenta, em seu livro “Principia philosophiae” (“Princípios de Filosofia”), a ideia
da infinitude do Universo, por não se poder pensar sobre um limite para a sua extensão. Na
mesma obra, ele afirma que o espaço é a extensão do que se move em torno dos corpos,
como também rejeita a existência do átomo, já que podemos pensar em dividir a matéria
ilimitadamente. Rejeita também a ideia de vácuo, ao considerar o espaço como um
"plenum", cheio de matéria da mesma espécie e em movimento, movimento esse dado
inicialmente por Deus. Como não admite a ideia de força de atração a distância, e
considerando que a interação de sistemas físicos só pode ocorrer por contato, Descartes é
levado ao conceito de éter – o seu "plenum" – e, em consequência, formula a teoria dos
vórtices para explicar a gravitação.

1645 – o cartógrafo e astrônomo holandês Michael Florent van Langren (1598-1675)


elabora o primeiro mapa conhecido da Lua.

1647 – Johann Hevelius publica “Selenographia, sive Lunae descriptio” (“Selenografia, Ou


Uma Descrição da Lua”), obra pela qual é considerado o fundador da topografia lunar ou
selenografia.

1650 – Giovanni Battista Riccioli é o primeiro a observar uma estrela dupla (ou binária):
Mizar-Alcor, na constelação da Ursa Maior. Hoje sabe-se que se trata de um sistema estelar
múltiplo, com pelo menos seis componentes (Mizar é quádrupla, e Alcor, dupla). Mizar
está distante 82,8 anos-luz da Terra; Alcor, 81,7 anos-luz.
Estrelas binárias são sistemas estelares formados por duas estrelas que orbitam em torno de
um centro de massas comum (baricentro). Existem também sistemas múltiplos, compostos
de mais de cinco estrelas. Pesquisas recentes revelam que grande número de estrelas faz
parte de sistemas binários e múltiplos, o que torna cada vez mais importante o estudo deles
em astronomia.
Outro fator relevante é que o estudo das órbitas das estrelas binárias permite calcular as
massas individuais dos componentes e, consequentemente, parâmetros estelares como raio
e densidade.

1651 – É editado postumamente o livro "De Mundo nostro Sublunari Philosophia Nova",
de William Gilbert, no qual o cientista defende a rotação da Terra, nega a existência de uma
esfera de estrelas fixas e nega, também, a finitude do Universo.

1651 - Giovanni Battista Riccioli publica "Almagestum novum", ("Novo Almagesto"), obra
enciclopédica em dois volumes, com mais de 1.500 páginas no total, que se torna referência
para os astrônomos de seu tempo. Dividido em dez "livros", contempla quase todos os
temas estudados na astronomia do século XVII.
No quarto "livro" do "Almagestum Novum", Riccioli inclui um mapa da Lua, com
observações de seu aluno Francesco Maria Grimaldi (1618-1663), em que são dados às
montanhas lunares nomes de formações terrestres (Apeninos, Alpes, Cárpatos...), e as
crateras mais notáveis recebem nomes de astrônomos famosos anteriores a ele e
contemporâneos. Os “mares” recebem denominações meteorológicas ou abstratas (Mar da
Serenidade, da Fecundidade, da Tempestade, dos Humores...). Este sistema perdura até hoje
e continua servindo de modelo para a nomenclatura da topografia lunar.

1654 – O siciliano Giovan (Giovanni) Battista Hodierna (1597-1660) publica o primeiro


catálogo de nebulosas, relacionando 41 objetos e tentando dar-lhes classificações em
termos de fundamentação estelar.
Este trabalho é realizado nos moldes do posterior “Catálogo Messier”, mas não desperta
grande interesse entre os cientistas da época.

1654 – O religioso irlandês James Ussher (1581-1656), Arcebispo de Armagh, após o


exame de fontes históricas antigas e das Escrituras Sagradas, conclui que o mundo foi
criado às 9h da manhã do dia 26 de Outubro de 4004 a.C.

1655 (25 de março) – O astrônomo holandês Christiaan Huygens (1629-1695) descobre


Titã, primeiro satélite conhecido de Saturno. Ele o chama simplesmente de “Saturni Luna”
(ou “Luna Saturni”), forma latina de “Lua de Saturno”. O nome Titã é dado apenas em
1847.
DDiâmetro: 5.152km (superior ao de Mercúrio) (é o maior satélite de Saturno e o segundo
maior satélite do Sistema Solar); período orbital: 15,945 dias; distância média do planeta:
1.221.870km; superfície: 83 milhões de km2; volume: 71,6 bilhões de km3; massa: 134,52
quintilhões de toneladas (41% da massa de Mercúrio); densidade: 1,88g/cm3; gravidade:
0,14 G; magnitude aparente: 7,9.
É o único satélite do Sistema Solar com uma atmosfera densa, sendo o nitrogênio o
componente principal. A superfície é geologicamente jovem: embora existam algumas
montanhas, é bastante plana e não tem muitas crateras de impacto.

1656 – Christiaan Huygens identifica os anéis A e B de Saturno como sendo anéis e


descobre formações estelares na nebulosa de Órion. Ademais, é o primeiro a observar
sulcos na superfície de Marte.

1657 – Christiaan Huygens patenteia o primeiro relógio de pêndulo, que desenvolve para
satisfazer a necessidade de uma medida exata de tempo ao longo de suas observações dos
céus.

1659 – Christiaan Huygens observa a mancha escura hoje conhecida como Syrtis Major, o
primeiro detalhe da superfície marciana a ser identificado. Trata-se de um planalto com
1.500 x 1.000km, localizado no hemisfério norte marciano, próximo ao equador.

1663 – no livro “Optica Promota”, o matemático e físico teórico escocês James Gregory
(1638-1675) propõe a construção de um telescópio refletor óptico.
Ademais, ele sugere que observações de um trânsito de Mercúrio, feitas a partir de diversos
locais da Terra bastante afastados entre si, poderiam ser usadas para determinar a paralaxe
solar e, a partir dela, a unidade astronômica, ou seja, a distância entre o nosso planeta e o
Sol.

1664 (maio) – O inglês Robert Hooke (1635-1703) registra uma mancha em Júpiter, por
muito tempo considerada a Grande Mancha Vermelha, região anticiclônica (sistema de alta
pressão) localizada no hemisfério sul do planeta. Contudo, estudos posteriores sugerem que
a estrutura avistada por Hooke estava, na verdade, no hemisfério norte.
No ano seguinte, Giovanni Domenico Cassini faz uma descrição que se refere,
inquestionavelmente, à Grande Mancha Vermelha.

1665 – O astrônomo francês de origem italiana Giovanni Domenico (ou Jean-Dominique)


Cassini (1625-1712) determina as velocidades rotacionais de Júpiter e de Vênus.

1665 – O astrônomo amador alemão Johann Abraham Ihle (1627-1699) descobre o


primeiro aglomerado globular, M22, em Sagittário. Dista da Terra 10.600 anos-luz e
contém pelo menos 70.000 estrelas.
Aglomerados globulares são grupos estelares com forma aproximadamente esférica, com
dimensões médias de cem anos-luz, em cujo interior há grande concentração de estrelas
antigas (podem ser até centenas de milhares). Em geral, estão localizados longe do centro
da Galáxia, havendo mesmo aglomerados globulares extragalácticos. Conhecem-se cerca
de 150 aglomerados globulares na Via Láctea.
Além dos aglomerados globulares, existem os aglomerados abertos, grupos com alguns
milhares de estrelas formadas todas na mesma nuvem molecular gigante. A atração
gravitacional entre as estrelas é fraca, podendo os aglomerados abertos ser rompidos caso
se aproximem demais de outros aglomerados ou de nuvens de gás. Pode ainda haver a
“perda” de estrelas, que então passam a ser solitárias. Essa fraca atração gravitacional faz
com que aglomerados abertos existam durante poucas centenas de milhões de anos, ao
contrário dos aglomerados globulares, que podem sobreviver por muitos milhões de anos.
Conhecem-se mais de 1.100 aglomerados abertos na Via Láctea.
Registre-se que a noção de aglomerados estelares com atração gravitacional entre as
estrelas ainda vai demorar um século; terá início com o trabalho de John Michell, em 1767.

1665 – Giovanni Battista Riccioli publica “Astronomia Reformata”, obra de mais de 700
páginas em que são retomados, e às vezes atualizados, temas do “Almagestum Novum”. O
autor discute detalhadamente as mudanças na aparência de Saturno ao longo de sua órbita
e, na parte dedicada a Júpiter, existe o registro da observação de uma mancha
(provavelmente a Grande Mancha Vermelha) feita pelo abade Leander Bandtius, em 1632.

1666 –Giovanni Domenico Cassini determina o período de rotação de Marte, concluindo


que é de 24h40min (valor real: 24h37min22,7s).
Assinala também a presença de calotas polares em Marte, supondo serem formadas por
neve.

1668 – O físico, matemático e astrônomo inglês Isaac Newton (1642-1727) descobre que,
fazendo-se um feixe de luz branca atravessar um prisma de vidro, obtém-se sua
decomposição nas sete cores do espectro visível (as mesmas do arco-íris): vermelho,
laranja, amarelo, verde, azul, anil e violeta. O princípio físico em que se baseia a
decomposição da luz é a refração: ao atravessar a superfície de separação entre dois meios
transparentes, de índices de refração diferentes, o feixe luminoso sofre um desvio
proporcional ao comprimento de onda da luz.

1668 – Isaac Newton constrói o primeiro telescópio refletor óptico, baseado parcialmente
em um desenho criado, em 1663, por James Gregory.
Os telescópios refletores utilizam espelhos para focalizar a luz e formar imagens. Os
telescópios que fazem isso com lentes são chamados refratores.

1668 – O astrônomo italiano Geminiano Montanari (1633-1687) descobre a primeira


binária eclipsante: Algol, beta de Perseu. Distante 93 anos-luz, sabe-se hoje que se trata, na
verdade, de um sistema triplo.
Binárias eclipsantes são duplas de estrelas em que o plano de órbita de ambas se aproxima
de tal forma da linha de visão do observador que as componentes passam por eclipses
mútuos. São estrelas variáveis, não porque a luz de cada uma varie, mas por causa do
movimento eclipsante.

1670 – O astrônomo francês Jean Picard (1620-1682) mede o raio da Terra com uma
precisão sem precedentes, obtendo o valor de 6.328,9km (valor correto do raio polar:
6.356,8km). Essa medição mais precisa é usada por Newton no aperfeiçoamento da sua lei
da gravitação universal.

1671 – Entra em atividade o Observatório de Paris, cuja construção, idealizada por Jean-
Baptiste Colbert (1619-1683) e promovida por Luís XIV (1638-1715), havia tido início em
1667. Por mais de um século (até 1793), o observatório é dirigido pela família Cassini, que
faz dele um dos principais centros de estudos astronômicos do mundo.

1671 (25 de outubro) – É descoberto o satélite Jápeto, segundo conhecido de Saturno, por
Giovanni Domenico Cassini.
Diâmetro: 1.492 x 1.492 x 1.424,8km (terceiro maior satélite de Saturno e décimo primeiro
do Sistema Solar); período orbital: 79,321 dias; distância média do planeta: 3.560.820km;
massa: 1,806 quintilhão de toneladas; densidade: 1,88g/cm3.
O período de rotação, igual ao período orbital (rotação síncrona), é o maior dentre as luas
de Saturno.

1672 – Jean Richter e Giovanni Cassini medem a distância da Terra ao Sol e chegam ao
valor de 138.370.000km, mais de 11.000.000 de km abaixo do valor real (149.600.000km).

1672 – O padre francês Laurent Cassegrain (1629-1693) desenvolve o modelo de


telescópios que leva o seu nome. Trata-se de uma combinação óptica formada por um
espelho primário parabólico côncavo e um espelho secundário hiperbólico convexo, cujo
resultado é a captação da luz de forma mais eficiente, o que melhora a qualidade das
imagens.

1672 (23 de dezembro) – Giovanni Cassini descobre Reia, terceiro satélite conhecido de
Saturno.
Diâmetro: 1.532,4 x 1.525,6 x 1.524,4km (segundo maior de Saturno); período orbital:
4,518 dias; distância média do planeta: 527.108km; massa: 2,306 quintilhões de toneladas;
densidade: 2,236g/cm3.

1675 – O astrônomo dinamarquês Ole Römer (1644-1710) usa a mecânica orbital dos
satélites de Júpiter para estimar que a velocidade da luz é de cerca de 227.000km/s (valor
real: 299.792,458km/s).

1675 – Giovanni Cassini verifica que, entre os anéis A e B (mais interno) de Saturno há um
vazio, que recebe o nome de “divisão de Cassini”.

1675 (22 de junho) – É fundado o Royal Greenwich Observatory (Observatório Real de


Greenwich), com o intuito específico de aperfeiçoar instrumentos e desenvolver novos
métodos para a determinação das posições geográficas para a navegação. Projetado por Sir
Christopher Wren (1632-1723), sua construção termina no ano seguinte, sendo John
Flamsteed (1646-1719) nomeado primeiro astrônomo real, cargo que ocupará até o fim da
vida.

1679 – O astrônomo inglês Edmond Halley (1656-1742) publica “Catalogus Stellarum


Australium”, um catálogo de 341 estrelas do hemisfério sul, o primeiro levantamento
sistemático do céu desse hemisfério.

1680 (14 de novembro) – O astrônomo alemão Gottfried Kirch (1639-1710) descobre


C/1680 V1, um dos mais brilhantes cometas do século XVII (segundo alguns, visível
durante o dia) e o primeiro a ser identificado por telescópio. Conhecido também como
Grande Cometa de 1680 ou Cometa de Kirch, passa a 60 milhões de km da Terra em 30 de
novembro. Alcança o periélio (a apenas 898.000km) em 18 de dezembro e, onze dias mais
tarde, atinge o brilho máximo. A última observação ocorre em 19 de março de 1681.
Este cometa é famoso por ter sido utilizado por Isaac Newton para testar e verificar as leis
do movimento planetário de Kepler, fundamentais para a elaboração da sua teoria da
gravitação universal.

1682 – Edmond Halley observa e calcula a órbita do cometa que mais tarde levará seu
nome. O periélio ocorre em 15 de setembro.

1684 (21 de março) – Giovanni Cassini descobre Tétis e Dione, quarto e quinto satélites
conhecidos de Saturno.
Tétis – Diâmetro: 1.076,8 x 1.057,4 x 1.052,6km; período orbital: 1,887 dia; distância
média do planeta: 294.619km; massa: 617,4 quatrilhões de toneladas; densidade:
0,984g/cm3.
Dione – Diâmetro: 1.128,8 x 1.122,6 x 1.119,2km; período orbital: 2,736 dias; distância
média do planeta: 377.396km; massa: 1,095 quintilhão de toneladas; densidade:
1,478g/cm3.

1687 (5 de julho) – Isaac Newton publica “Philosophiae Naturalis Principia Mathematica”


(“Princípios Matemáticos da Filosofia Natural”), em três volumes, esboçando as leis da
mecânica e a lei da gravidade (ou da gravitação universal), concebida a partir de 1666,
segundo a qual a força de atração entre dois corpos é proporcional ao produto de suas
massas e inversamente proporcional ao quadrado da distância que os separa. As três leis da
mecânica de Newton são: 1. princípio da inércia: um corpo que esteja em movimento ou em
repouso tende a manter seu estado inicial. 2. Princípio fundamental da mecânica: a
resultante das forças que agem num corpo é igual ao produto de sua massa pela aceleração
adquirida. 3. lei de ação e reação: Para toda força aplicada existe outra de mesmo módulo,
mesma direção e sentido oposto. Trata-se de um dos livros mais importantes e influentes de
toda a história da ciência.
Newton rompe assim, definitivamente, com a concepção de mundo vigente desde a
Antiguidade. A partir daí, as mesmas leis da mecânica passam a reger tanto os fenômenos
terrestres como os do céu, e o Cosmo deixa de ser fechado – como acreditavam os gregos –
para se estender até o infinito.

1690 – Christiaan Huygens publica “Traité de la lumière” (“Tratado da Luz”), em que


formula a teoria ondulatória da propagação da luz, elaborando o "princípio de Huygens", no
qual expõe sua concepção da luz como onda de energia que se propaga no espaço, teoria
que é posteriormente desenvolvida pelo físico francês Augustin Fresnel (1788-1827).

1690 – Giovanni Cassini percebe que a rotação da atmosfera superior de Júpiter não é
constante em todos os seus pontos (rotação diferencial). A rotação da região polar da
atmosfera do planeta é aproximadamente cinco minutos mais demorada do que a da região
equatorial.

1690 – Elizabeth Hevelius (nascida Koopmann) (1647-1693), segunda esposa de Johann


Hevelius (1611-1687), publica “Prodromus astronomiae”, catálogo de 1.564 estrelas
elaborado conjuntamente com o marido. Elizabeth é uma das primeiras mulheres a exercer
a astronomia.

1690 - John Flamsteed observa Urano pelo menos seis vezes, mas não reconhece o astro
como planeta e o cataloga como sendo a estrela 34 Tauri.

1698 – Publicação póstuma de “Cosmotheoros”, obra de Christiaan Huygens, na qual o


astrônomo holandês expõe sua crença na vida extraterrestre, manifestando a opinião de que
a vida em outros planetas deve ser igual à existente na Terra. Ele acredita que a presença de
água líquida é essencial à vida e postula que as propriedades da água devem variar de
planeta para planeta, uma vez que a água encontrada na Terra congelaria em Júpiter e
evaporaria em Vênus, e Huygens defende a existência de vida em ambos os planetas.
Consciente de que suas ideias seriam vistas como contrárias à Bíblia, ele não permite a
publicação do livro, a não ser postumamente.

1700 – A Alemanha, a Holanda e a Dinamarca (incluindo a Noruega) adotam o calendário


gregoriano.
1704 – Isaac Newton publica "Opticks", a sua obra mais importante sobre óptica, na qual
expõe suas teorias anteriores e suas ideias acerca da natureza corpuscular da luz,
apresentando também um estudo detalhado sobre fenômenos como refração, reflexão e
dispersão luminosa.

1704 – O astrônomo e matemático franco-italiano Giacomo Filippo (ou Jacques Philippe)


Maraldi (1665-1729) faz um estudo sistemático da calota polar sul de Marte e percebe que
ela sofre variações durante a rotação do planeta, indicando que não coincide exatamente
com o polo sul marciano. Ele também observa que a calota muda de tamanho ao longo do
tempo.

1705 – Edmond Halley publica “Synopsis Astronomia Cometicae”, em que descreve 24


cometas (cujas aparições foram observadas entre 1337 e 1698). Neste livro, utilizando as
leis de Newton para estudar as perturbações gravitacionais que Júpiter e Saturno podem
provocar nas órbitas cometárias, calcula corretamente o período do cometa que mais tarde
levará seu nome como sendo de aproximadamente 76 anos. Suas reaparições (1758 e 1835)
confirmam os Cálculos do astrônomo.
De fato, quando um cometa passa perto de Júpiter ou de Saturno, as perturbações
gravitacionais resultantes podem alterar significativamente o período orbital do astro.

1711 - A Sociedade de Ciências (Societät der Wissenschaften) de Berlim cria um pequeno


observattório que, mais tarde, dará origem ao Observatório de Berlim (Berliner Sternwarte),
onde Galle observará Netuno pela primeira vez.

1715 – Edmond Halleycalcula a trajetória da sombra de um eclipse solar.

1716 – Edmond Halley sugere, num ensaio publicado pelo Philosophical Transactions of
the Royal Society, que trânsitos de Vênus são melhores que trânsitos de Mercúrio para
determinar a paralaxe solar e a distância Terra-Sol e que astrônomos deveriam ser enviados
a diversas partes do mundo para estudar o fenômeno.

1718 – Edmond Halley descobre o “movimento próprio” das estrelas, que se caracteriza
pelo movimento angular, ao longo do tempo, em relação a um observador terrestre. Ele faz
essa descoberta ao notar que algumas estrelas haviam mudado de posição, ao comparar suas
localizações recentes com as antigas medidas tomadas por Hiparco: Sirius, Arcturus e
Aldebaran estavam meio grau distantes do lugar apontado pelo grego cerca de 1.850 anos
antes.
O movimento próprio é medido em segundos de arco por ano (3.600 segundos de arco = 1
grau). A Estrela de Barnard tem o maior movimento próprio dentre todas as estrelas: 10,3
segundos de arco por ano. Numa escala longa de tempo, as estrelas podem inclusive mudar
de constelação (ver 1992).

1718 – Todas as obras de Galileu Galilei, com exceção do “Diálogo sobre os Dois
Máximos Sistemas do Mundo”, são publicadas em Florença, com autorização do Santo
Ofício.
1720 – Edmond Halleypropõe uma forma primitiva do paradoxo de Olbers.

1724 – Daniel Gabriel Fahrenheit (1686-1736), físico e químico germânico, inventa uma
escala uniforme de leitura da temperatura, utilizada até os dias de hoje nos países anglo-
saxões, em que a temperatura de congelamento da água ou fusão do gelo à pressão de uma
atmosfera está a 32°F (0°C) e a de ebulição, ponto máximo, a 212°F (100°C).

1725 – É publicada postumamente a “Historia Coelestis Britannica”, em três volumes,


principal obra de John Flamsteed (1646-1719), terminada por seus assistentes e ditada por
sua esposa, Margaret. Os dois primeiros volumes contêm os resultados de todas as suas
observações, e o terceiro é um catálogo de 2.935 estrelas.

1728 – O astrônomo inglês James Bradley (1693-1762) anuncia a descoberta da aberração


da luz estelar, uma leve mudança aparente nas posições das estrelas causada pelo
movimento anual da Terra.

1731 – O astrônomo inglês John Bevis (c. 1693-1771) descobre o primeiro resto de
supernova, a nebulosa do Caranguejo (M1), originada a partir da supernova de 1054.
Contudo, a ligação entre nebulosa e supernova será identificada apenas no século XX.

1731 – No livro “ Cosmologia generalis”, o filósofo alemão Christian Wolff (1679-1754)


emprega pela primeira vezz a palavra “cosmologia”.
Cosmologia é o estudo da origem e do possível destino do Universo. Pode ser dividida em
cosmologia física e cosmologia religiosa (ou mitológica). Cosmologia física é o estudo
acadêmico e científico da origem, evolução, estrutura, dinâmica e do destino do Universo,
bem como das leis naturais que o mantêm em ordem. Cosmologia religiosa é um conjunto
de crenças baseadas na literatura histórica, mitológica, religiosa e esotérica e em tradições
de criação e de escatologia. Cosmologia é, em suma, o estudo do Universo como um todo.

1733 – É eliminado o maior defeito dos telescópios refratores, a aberração cromática


(dispersão produzida por lentes que possuem diferentes índices de refração para diversos
comprimentos de onda luminosa), quando o britânico Chester Moor Hall (1703-1771)
obtém objetivas acromáticas, combinando diversas lentes.

1734 - No livro (três volumes) "Opera Philosophica et Mineralia" ("Obras Filosóficas e


Mineralógicas"), o sueco Emanuel Swedenborg (1688-1772) propõe a primeira hipótese de
origem nebular para o Sistema Solar, o qual teria se formado com partículas se projetando
do sol em espirais e se juntando para formar os planetas.

1736 – Chega ao Brasil (Estado do Pará) uma equipe de cientistas franceses, da qual faz
parte Charles Marie de La Condamine (1701-1774), nomeada pela Academia de Ciências
de Paris para determinar, no equador terrestre, um arco de meridiano, incumbência que
outra comissão equivalente, chefiada por Pierre Louis Maupertuis (1698-1759) e
trabalhando a 70° de latitude norte, trata também de fazer para fins comparativos. Estes
cientistas conseguem, por tal processo, demonstrar o achatamento polar da Terra.

1737 (28 de maio) – John Bevis registra a única ocultação de Mercúrio por Vênus visível
da Terra historicamente observada. O próximo fenômeno semelhante ocorrerá em 2133.

1741 – Cai, no Japão, um meteorito que é venerado por 150 anos. Os japoneses veem nele a
bela imagem de uma pedra caída do jardim da deusa Shokuyo, situado às margens do
grande rio celeste (a Via Láctea).

1741 – Galileu Galilei é "reabilitado" pelo Papa Bento XIV (1675-1758) mediante a
concessão do "Imprimatur", uma declaração oficial da Igreja Católica na qual se afirma que
determinada obra literária ou similar não é contrária às doutrinas da Igreja e que constitui
uma boa leitura para qualquer pessoa de fé católica. É permitida a publicação de todas as
obras científicas de Galileu, incluindo uma versão levemente censurada do “Diálogo sobre
os Dois Máximos Sistemas do Mundo”.

1742 – Anders Celsius (1701-1744), astrônomo sueco, Idealiza uma escala de termometria
na qual o ponto de fusão do gelo marca o 0 e o ponto de ebulição da água o 100. Uma vez
marcadas estas duas temperaturas, a distância existente entre ambos os pontos divide-se em
100 partes. Cada uma destas divisões é um grau Celsius (°C) de temperatura. Esta escala
recebe o nome de escala centígrada.

1744 (1º de março) – O Grande Cometa de 1744, oficialmente denominado C/1743 X1,
descoberto (29 de novembro de 1743) por Jan de Munck e observado independentemente (9
de dezembro) pelo holandês Dirk Klinkenberg (1709-1799) e (13 de dezembro) pelo suíço
Jean-Philippe de Chéseaux (1718-1751), chega ao periélio, à distância de 33.300.000km do
Sol. Visível a olho nu por vários meses, atinge a magnitude aparente -7. Pouco depois do
periélio, um “leque” de seis caudas do cometa é observado no céu, o que configura um
fenômeno bastante raro. A última observação ocorre em 22 de abril.
Charles Messier, então com treze anos, observa o cometa, que causa nele uma profunda
impressão.

1744 – O astrônomo suíço Jean-Phillipe de Cheseaux (1718-1751) propõe uma forma


primitiva do paradoxo de Olbers.

1748 (14 de fevereiro) – James Bradley anuncia a descoberta da nutação da Terra, oscilação
periódica do eixo de rotação terrestre ao redor de sua posição média na esfera celeste,
causada pela força exercida sobre o nosso planeta pela atração gravitacional entre o Sol e a
Lua. A nutação provoca um ligeiro desvio no ângulo de inclinação da Terra em relação ao
Sol, sendo semelhante ao movimento de um pião que perde força e está prestes a cair.
O ciclo de oscilações de uma nutação terrestre demora 18,6 anos. Na verdade, Bradley
havia descoberto o fenômeno quase duas décadas antes, mas esperou que se completasse
um ciclo para ter certeza da sua descoberta.

1749 – O astrônomo francês Guillaume Le Gentil (1725-1792) descobre a primeira galáxia


visível apenas com o telescópio (magnitude 8,08): M32. Trata-se de uma galáxia anã
elíptica, distante 2,49 milhões de anos-luz, satélite da Galáxia de Andrômeda (M31). O
diâmetro estimado de M32 é de “apenas” 6.500 anos-luz.
1750 – O matemático inglês e construtor de instrumentos científicos Thomas Wright
(1711-1786) publica um tratado intitulado “An Original Theory on New Hypothesis of the
Universe” (“Uma Teoria Original sobre Novas Hipóteses do Universo”), no qual tenta, pela
primeira vez, explicar a presença da Via Láctea em nossa Galáxia, vista como um dos
infinitos sistemas que povoam o espaço. Via Láctea, neste caso, é a faixa leitosa que
atravessa o céu, formando o plano horizontal do nosso sistema galáctico. Contudo, essse
aspecto “lácteo”, de onde vem o nome da Galáxia, é apenas ilusão de óptica, pois
desaparece se o céu for observado com um simples binóculo.

1752 (2 de setembro) – A Inglaterra e a Irlanda adotam o calendário gregoriano. Neste


mesmo mês, também o Canadá o adota.

1753 – O jesuíta e astrônomo croata Rudjer Josip Boscovich (1711-1787) descobre a


ausência de atmosfera na Lua.

1753 – A Suécia (que então incluía o território da atual Finlândia) adota o calendário
gregoriano.

1755 – O filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804) publica “Allgemeine


Naturgeschichte und Theorie des Himmels” (“História Geral da Natureza e Teoria do
Céu”), obra na qual imagina as nebulosas como outras vias lácteas, cada uma formada por
miríades de estrelas, distribuídas de modo a formar uma estrutura achatada, como um disco.
Tais estruturas girariam em torno de um ponto central, do mesmo modo que os planetas
giram em torno do Sol. Kant afirma ainda que as manchas elípticas visíveis no céu (as
nebulosas) “são mundos iguais ao nosso, a Via Láctea”. A concepção kantiana não se limita
à natureza desses sistemas, mas mostra-se muito mais ampla. Abrange mesmo a ordenação
de todo o Universo, ao afirmar que as galáxias se agrupam entre si em outros sistemas (hoje
dizemos “aglomerados de galáxias”). Esses agrupamentos, por sua vez, formam novos
conjuntos (os “superaglomerados de galáxias”, na terminologia atual), e assim por diante.

1758 – A censura à publicação de livros defendendo o heliocentrismo é retirada do


“Index Librorum Proibitorum”, à exceção do “Diálogo sobre os Dois Máximos Sistemas do
Mundo”, de Galileu, e da obra “De Revolutionibus Orbium Coelestium”, de Copérnico.

1758 – Rudjer Josip Boscovich desenvolve sua teoria de forças, na qual a gravidade pode
ser repulsiva a pequenas distâncias. De acordo com ele, estranhos corpos com essas
características, similares a "buracos brancos", podem existir, não sendo possível a outros
corpos atingir suas superfícies.

1758 (25 de dezembro) – O astrônomo amador e fazendeiro alemão Johann Palitzsch


(1723-1788) é o primeiro a observar o retorno do cometa Halley, conforme havia sido
previsto pelo astrônomo inglês (o periélio ocorre em 13 de março de 1759). É o primeiro
cometa a ter sua periodicidade comprovada (por isso, o nome oficial é 1P/Halley). É o
francês Nicolas de Lacaille (1813-1862) quem sugere dar o nome de Halley ao cometa.
Cometas periódicos são aqueles que têm período orbital inferior a 200 anos, o que se
indica, na nomenclatura oficial, pela anteposição daletra P ao nome. Os cometas não
periódicos aparecem, em geral, uma única vez, sendo essa característica assinalada pela
letra C. Aos cometas extintos, ou seja, àqueles destruídos ou fragmentados numa passagem
pelo periélio, reserva-se a inicial D.

1761 (6 de junho) – Ocorre um trânsito de Vênus, observado por várias expedições


enviadas a diversas partes do mundo (Sibéria, Noruega, Madagáscar...), conforme sugestão
feita por Edmond Halley em 1716. Trata-se da primeira grande colaboração científica
internacional, com o objetivo de calcular a paralaxe solar e a distância Terra-Sol. Estima-se
que 120 cientistas observaram o evento a partir de 62 localidades diferentes.
Durante este trânsito, o escritor e cientista russo Mikhail Lomonosov (1711-1765) obtém a
primeira evidência de que Vênus possui uma atmosfera.

1763 – Publicação póstuma de “Coelum Australe Stelliferum”, catálogo elaborado pelo


francês Nicolas Louis de Lacaille (1713-1762). Contém quase 10.000 estrelas visíveis no
hemisfério sul, além de 42 objetos nebulares (nebulosas e aglomerados estelares). Inclui
ainda a descrição de catorze novas constelações.

1764 – O astrônomo francês Charles Messier (1730-1817) descobre a primeira nebulosa


planetária, a nebulosa Dumbbell (M27). Com diâmetro de 2,9 anos-luz (27 trilhões de km),
localiza-se na constelação da Raposa, a 1.360 anos-luz da Terra.
Nebulosas planetárias são objetos constituidos por um invólucro brilhante de gases e
plasma, formados por certos tipos de estrelas no período final do seu ciclo de vida. Não
estão de todo relacionadas com planetas; o seu nome é originário de uma suposta similitude
de aparência com planetas gigantes gasosos.
Têm um período de existência pequeno (dezenas de milhares de anos) quando comparado
com o tempo de vida típico das estrelas (vários bilhões de anos). As nebulosas planetárias
desempenham um papel importante na evolução química das galáxias, libertando material
para o meio interestelar, enriquecendo-o com elementos pesados e outros produtos de
nucleossíntese (carbono, nitrogênio, oxigênio e cálcio). A associação desses objetos com
planetas (1779) é de autoria do astrônomo francês Antoine Darquier ou D'Arquier de
Pellepoix (1718-1802), mas a expressão "nebulosa planetária" é cunhada (1784) por
William Herschel.

1764 – O astrônomo francês Joseph Jérôme Lalande (1732-1807) publica o “Traité


d’astronomie” (“Tratado de Astronomia”), tabelas das posições planetárias que são
consideradas as melhores disponíveis para o resto do século XVIII.

1766 – O físico e químico inglês Henry Cavendish (1731-1810) descobre o hidrogênio e


constata que esse gás é mais leve do que o ar.

1766 – O matemático alemão Johann Daniel Titius (1729-1796) descobre uma curiosa
relação matemática entre as distâncias a que os planetas então conhecidos orbitam o Sol. Se
se tomar a progressão geométrica 0, 3, 6, 12, 24, 48 e 96, em que cada número, depois do 3,
é o dobro do anterior, e se se somar 4 a cada elemento da sucessão, obtém-se 4, 7, 10, etc.,
até alcançar 100. Esta última sequência numérica, dividida por 10, reproduz com grande
precisão a distância relativa, em unidades astronômicas (uma unidade astronômica equivale
aproximadamente à distância entre o Sol e a Terra), a que os planetas se encontram do Sol,
com Mercúrio à distância 0,4 e Saturno, o planeta mais longínquo que então se conhecia, à
distância 10. Titius prevê, então, a existência de um objeto astronômico importante entre
Marte e Júpiter, à distância de 2,8 unidades astronômicas do Sol.
Outro alemão, Johann Elert Bode (1747-1826), passa a divulgar (a partir de 1672) essa
relação numérica, que se torna conhecida como “Lei de Titius-Bode”.

1767 - O geólogo e naturalista inglês John Michell (1724-1793) calcula que a probabilidade
de um único grupo estelar como as Plêiades ser o resultado de um alinhamento casual é de
1 em 496.000. A partir daí, os astrônomos compreendem que muitas estrelas fazem parte de
grupos de milhares de componentes gravitacionalmente ligados, denominados aglomerados
estelares.
As Plêiades (M45) são um aglomerado estelar aberto localizado na constelação do Touro, a
cerca de 390 anos-luz da Terra. O diâmetro estimado é de 16 anos-luz (aproximadamente
150 trilhões de km), e calcula-se que a massa total seja equivalente a 800 massas solares. O
aglomerado é formado por pelo menos mil estrelas, mas esse número deve ser
consideravelmente maior, visto essa cifra não incluir componentes individuais de estrelas
binárias.

1767 o Observatório REal de Greenwich começa a publicar O Almanaque Náutico, que


estabelece a longitude de Greenwich como a linha-base para cálculos de tempo.

1769 – O padre Bachelay apresenta à Academia Real de Ciências de Paris um pedaço de


pedra com incrustações. Bachelay testemunhara, um ano antes, a queda desse objeto no céu
de Lucé e enriquece sua descrição com detalhes. A Academia nomeia uma comissão,
incumbindo-a de esclarecer todos os casos de pedras que caíam do céu. No entanto, as
conclusões obtidas (a crosta de fusão do meteorito de Lucé fora produzida pela vitrificação
induzida por um raio) servem apenas para retardar a compreensão do fenômeno.

1769 (3 e 4 de junho) – Ocorre um trânsito de Vênus, observado em diversas partes do


mundo, entre as quais Baía de Hudson (Canadá), Taiti (Polinésia Francesa), Noruega, São
Petersburgo e mais oito localidades do império russo e Filadélfia... Destacam-se as
observações feitas a partir do Taiti, durante a primeira viagem de James Cook (1728-1779)
ao Pacífico, tendo o navegador inglês iniciado posteriormente a exploração da nOva
Zelândia e da Austrália.
É interessante registrar a história singular do francês Guillaume Le Gentil (1825-1892). Em
março de 1860, ele parte de Paris com destino a Pondicherry, uma colônia francesa na atual
Índia, de onde pretende observar o trânsito de Vênus do ano seguinte. Contudo, devido à
Guerra dos Sete Anos (1756-1763) entre Inglaterra e França, apenas um ano depois de ter
saído de casa consegue um navio para levá-lo a Pondicherry. Passa cinco semanas à deriva
por causa de ventos desfavoráveis e, ao chegar, descobre que a cidade está em mãos
inglesas, e não lhe é permitido desembarcar. Quando o trânsito acontece, em 6 de junho de
1761, o céu está límpido, mas Le Gentil não pode fazer observações em alto-mar.
Decide permanecer na Ásia e esperar pelo próximo trânsito, oito anos mais tarde. Quer
observá-lo das Filipinas, mas não obtém autorização, e então volta a Pondicherry (de novo
sob controle francês), onde chega em março de 1768 e constrói um observatório. Depois de
mais de um mês de bom tempo, em 4 de junho de 1769, dia do trânsito, o céu fica nublado,
e ele não consegue ver nada.
A viagem de volta para casa é atrasada por um surto de disenteria e, depois, por uma parada
involuntária nas ilhas Reunião, em decorrência de uma tempestade. Consegue sair de lá
num navio espanhol e, de volta a Paris (outubro de 1771), descobre que havia sido
declarado morto, seus bens foram distribuídos aos herdeiros, a esposa voltara a se casar e
não fazia mais parte da Academia de Ciências da França. São necessários um longo
processo judicial e a intervenção do rei para que a vida de Le Gentil volte à normalidade.

1771 - Charles Messier publica a primeira versão do "Catalogue des Nébuleuses et des
amas d'Étoiles, que l'on découvre parmi les Étoiles fixes sur l'horizon de Paris" (“Catálogo
de Nebulosas e Aglomerados Estelares que se Observam entre as Estrelas Fixas sobre
o Horizonte de Paris”), simplificadamente conhecido como “Catálogo Messier”, com 45
objetos nebulosos, cuja denominação ainda se encontra em uso, sendo representada por
uma letra M (de Messier) seguida, sem espaço, por um número (por exemplo, M31, M42).
Nos anos seguintes, Messier adiciona novos objetos ao catálogo, até chegar a 103.
Posteriormente, entre 1921 e 1966, astrônomos identificam outros sete objetos nebulosos
observados por Messier e seu assistente Pierre Méchain (1744-1804), mas não catalogados.
Estes objetos fazem parte, atualmente, do Catálogo Messier, o que eleva o seu número para
110.

1772 – O matemático francês de origem italiana Joseph-Louis Lagrange (1736-1813)


sugere que existem cinco pontos na órbita da Terra nos quais os efeitos da gravidade do
planeta se anulam em relação ao Sol (situam-se a 1.500.000km da Terra). Dois dos pontos
de Lagrange (L4 e L5) são considerados estáveis, uma vez que qualquer material que lá se
encontre só pode ser libertado por colisão ou outro tipo de evento catastrófico.
Também existem pontos de Lagrange nos locais onde os efeitos gravitacionais da Terra e
da Lua se anulam reciprocamente. Eles estão a 60.000km do nosso planeta.
Pontos de Lagrange são, em suma, pontos em que o efeito gravitacional entre dois corpos
(O Sol e um planeta, um planeta e um satélite) é nulo em relação a um terceiro (um
asteroide, uma nave ou um telescópio espacial, etc.). Nos pontos de Lagrange de diversos
planetas serão descobertos, mais tarde, asteroides troianos.

1774 (1º de agosto) – Joseph Priestley (1733-1804), ministro presbiteriano e químico


britânico, identifica um gás que ele chama de "dephlogisticated air", posteriormente
denominado de oxigênio.

1778 – Charles Messier descobre M54, que hoje é sabido ser o primeiro aglomerado
globular extragaláctico identificado. Distante 87.000 anos-luz e com diâmetro de 306 anos-
luz (2,9 quatrilhões de km), pertence à vizinha Galáxia Anã Elíptica de Sagitário.

1778 – No livro “Les époques de la nature”, O naturalista francês Georges Louis Leclerc,
Conde de Buffon (1707-1788), formula uma teoria segundo a qual um corpo massivo (que
Buffon acredita ser um cometa) aproximou-se do Sol, arrancando-lhe o material que depois
se condensou nos planetas. Ele também sustenta que a Terra surgiu muito antes de 4004
a.C., data estabelecida pelo arcebispo James Ussher (1654). Com base em experiências de
laboratório, ele estima a idade do nosso planeta em 75.000 anos, tendo sido severamente
criticado por isso, inclusive por integrantes da Sorbonne.
O valor atualmente aceito para a idade da Terra é 4,54 bilhões de anos.
1779 (janeiro) – Antoine Darquier descobre a nebulosa do Anel (M57) e pela primeira vez
compara uma nebulosa planetária com planetas. Esta nebulosa, distante 2.300 anos-luz e
localizada na constelação da Lira, tem um diâmetro de 2,6 anos-luz (24,5 trilhões de km).

1780 – O governo imperial lusitano cria o Observatório Astronômico do Rio de Janeiro,


que passa a funcionar apartir de uma missão científica oficial dirigida pelo cosmógrafo
português Bento Sanches d’Orta (1739-1795).

1781 – Charles Messier e Pierre Méchain descobrem o aglomerado de galáxias de Virgem


(Virgo), que eles supõem ser um aglomerado de nebulosas. Com seu centro distante 53,8
milhões de anos-luz da Terra, este aglomerado é formado por pelo menos 1.300 (talvez
mais de 2.000) galáxias, com massa total estimada em 1,2 quatrilhão de sóis.
O principal componente do aglomerado de Virgem é M87, galáxia supergigante elíptica
com diâmetro estimado de 980.000 anos-luz e distância da Terra calculada em 53,5 milhões
de anos-luz

1781 (13 de março) – O astrônomo inglês de origem alemã William Herschel (1738-1822)
descobre Urano durante um levantamento, feito com telescópio, do céu do hemisfério norte.
Herschel pensa tratar-se de uma estrela e dá ao astro o nome de “Georgium Sidus” (Estrela
de Jorge), em homenagem a Jorge III (1738-1820), rei da Grã-Bretanha (1760-1801) e
posteriormente do Reino Unido (1801-1820). A confirmação de que é um planeta ocorre
em 1783, e o nome Urano é oficialmente adotado a partir de 1850. É o primeiro planeta
descoberto depois da invenção do telescópio. Os seis planetas visíveis a olho nu já eram
identificados como astros diferentes das estrelas pelo menos desde o segundo milênio a.C.
Com diâmetro de 51.118 x 49.946km e volume de 68,33 trilhões de km3 (63,086 vezes
superior ao terrestre), Urano é o terceiro maior planeta do Sistema Solar. Tem massa de
86,810 sextilhões de toneladas (14,536 massas terrestres), e a área da superfície é de 8,116
bilhões de km2 (15,91 superfícies da Terra). É o sétimo planeta a partir do Sol, que orbita a
uma distância média de 2.876.679.082km (varia entre 2.748.938.461 e 3.004.419.704km).
Leva 30.799,095 dias terrestres (84,323 anos), ou 42.718 dias uranianos, à velocidade
média de 24.500km/h, para girar em torno do Sol, e 17h14min24s para completar uma
rotação. A densidade é de 1,27g/cm3, a gravidade equivale a 88,6% da terrestre, e a
velocidade de escape (velocidade necessária para libertar-se de um campo gravitacional) é
de 21,3km/s. A menor temperatura já registrada em Urano é de -224°C, o que faz dele o
planeta mais frio do Sistema Solar. Os principais componentes da atmosfera são hidrogênio
(82%), hélio (15%) e metano (2%). A magnitude aparente varia entre 5,3 e 5,9. O planeta
tem 27 satélites conhecidos.
Na mitologia, Urano é o deus grego que personifica o Céu, gerado espontaneamente por
Gaia (ou Geia) (a Terra), com quem tem grande quantidade de filhos: os titãs, os Ciclopes e
os Hecatonquiros (seres gigantes de 50 cabeças e 100 braços).
1781 (depois de março) – O astrônomo, físico e matemático russo de origem sueca Anders
Johan Lexell (1740-1784) é o primeiro a identificar Urano como planeta e, com base nos
dados sobre o astro de que dispõe, sugere haver perturbações orbitais que podem ser
explicadas pela presença de outros planetas ainda desconhecidos (mas ele não faz nenhum
cálculo concreto sobre Netuno). Ademais, com base em cômputos de órbitas dos cometas,
ele sugere que o Sistema Solar pode ter diâmetro de cem unidades astronômicas (14,6
bilhões de km), ou até mais.
1782 – William Herschel apresenta à Royal Society um catálogo com as posições relativas
de 269 sistemas estelares binários e múltiplos, observados por ele a partir de outubro de
1779. Outro catálogo, com 434 sistemas estelares binários e múltiplos, é apresentado em
1784. Haverá ainda um terceiro, com 145 dessas estrelas (1821).

1783 – O astrônomo, padre e geógrafo naval francês Alexandre Guy Pingré (1711-1796)
publica “Cométographie”, ou “Traité historique et théorique des comètes”, com alusão a
um grande número de passagens desses astros e as reações que despertavam no povo e nos
estudiosos.

1783 (31 de janeiro) – William Herschell descobre 40 Eridani B e 40 Eridani C, estrelas


situadas a 16,45 anos-luz da Terra. No século XX, 40 Eridani B é identificada como a
primeira anã branca conhecida.
Anãs brancas são remanescentes estelares, formadas quando estrelas de massa menor que 9
ou 10 vezes a solar esgotam o seu combustível nuclear. É uma etapa evolutiva (posterior à
de gigante vermelha) pela qual passarão 97% das estrelas que conhecemos, inclusive o Sol.
As anãs brancas são estrelas extremamente densas (densidade estimada entre 1 e 10
toneladas por centímetro cúbico) compostas basicamente por carbono e oxigênio, que são
os resíduos da fusão do hélio.

1783 (27 de novembro) – Numa sessão da Royal Society, O inglês John Michell postula a
existência de objetos astronômicos cuja velocidade de escape (velocidade necessária para
sair de um campo gravitacional) é superior à da luz, o que mais tarde passa a ser conhecido
como “buraco negro”.

1784 – É encontrado, 35km a noroeste de Monte Santo, na Bahia, por um garoto chamado
Bernardino da Motta Botelho, o Bendengó, o maior meteorito já achado no Brasil, com
2,20m x 1,45m x 58cm e 5.360kg, conservado, desde 1888, no Museu Nacional do Rio de
Janeiro. Na língua dos índios quiriris, da Bahia, Bendengó significa “vindo do céu”.

1784 – O astrônomo inglês Edward Piggot (1753-1825) descobre Eta Aquilae, a primeira
estrela variável Cefeida conhecida, cuja magnitude aparente varia entre 3,5 e 4,4 ao longo
de um período de 7,177 dias. Dista da Terra aproximadamente 1.200 anos-luz.

1784 – John Goodricke descobre delta Cephei, protótipo da categoria estelar das variáveis
cefeidas. Trata-se de um sistema binário distante 891 anos-luz, cuja magnitude aparente
varia entre 3,48 e 4,37 ao longo de um período de 5,336 dias.
Cefeidas são estrelas gigantes ou supergigantes cujo brilho varia com regularidade e de
forma previsível, sendo um importante referencial na medição de distâncias estelares.

1784 – Após observar a passagem de duas estrelas fracas por trás de Marte sem que o
brilho delas tenha sofrido alterações significativas, William Herschel conclui,
acertadamente, que a atmosfera marciana é pouco espessa e tem densidade bastante inferior
à terrestre.

1785 – William Herschel elabora um modelo de sistema estelar galáctico no qual o Sol
ocupa o centro da Via Láctea. Essa concepção cosmológica é conhecida como
“galactocentrismo”.

1786 – William Herschel publica o “Catalogue of One Thousand New Nebulae and
Clusters of Stars” (“Catálogo de Mil Novas Nebulosas E Aglomerados Estelares”),
primeiros resultados de uma pesquisa sistemática (iniciada em 1782) de objetos não
estelares do “céu profundo”, que ele define como “nebulosas”. Nebulosa é, então, o termo
genérico usado para qualquer objeto astronômico difuso, inclusive galáxias, termo que
permanece em vigor até Edwin Hubble constatar (1924) que estas últimas não fazem parte
da Via Láctea. Herschel agrupa os objetos que descobre em oito classes, elaboradas
combinando diferentes aspectos de extensão e luminosidade. Ele publica ainda dois
catálogos semelhantes, um com mil objetos (1789) e outro com quinhentos (1802).

1786 – É construído o primeiro observatório australiano, perto da atual cidade de Sydney.

1787 – Caroline Herschel (1750-1848), irmã de William Herschel, passa a receber, por
determinação do rei inglês Jorge III, um salário anual de 50 libras, sendo nomeada
assistente de William, então astrônomo real. É a primeira mulher a exercer a astronomia
profissionalmente.

1787 (11 de janeiro) – William Herschel descobre Titânia e Oberon, primeiros satélites
conhecidos de Urano.
Titânia – Diâmetro: 1.577km; período orbital: 8,706 dias; distância média do planeta:
435.910km; massa: 3,527 quintilhões de toneladas; densidade: 1,711g/cm3.
Oberon – Diâmetro: 1.523km; período orbital: 13,463 dias; distância média do planeta:
583.520km; massa: 3,014 quintilhões de toneladas: densidade: 1,63g/cm3.
Os nomes das luas de Urano são tirados de personagens das obras dos ingleses William
Shakespeare (1564-1616) e Alexander Pope (1688-1744).

1788 – Joseph-Louis Lagrange publica “Mécanique Analytique” (dois volumes). É o


tratado mais abrangente sobre mecânica clássica desde Isaac Newton e estabelece os
fundamentos para o desenvolvimento da física matemática no século XIX.

1789 (22 de fevereiro) – Em suas anotações, William Herschel diz ter suspeitas de que há
um anel em torno de Urano. Não se sabe se os instrumentos de que dispunha lhe permitiram
observá-los, mas anéis orbitando Urano serão descobertos em 1977.

1789 (28 de agosto) – Na noite em que estreia seu telescópio óptico refletor, o maior que o
mundo havia visto até então, com 1,20m de diâmetro, William Herschel descobre Encélado,
sexto satélite conhecido de Saturno.
Diâmetro: 513,2 x 502,8 x 496,6km; período orbital: 1,370 dia; distância média do planeta:
237.948km; massa: 108 quatrilhões de toneladas; densidade: 1,61g/cm3.

1789 (17 de setembro) – William Herschel descobre Mimas, sétimo satélite conhecido de
Saturno.
Diâmetro: 415,6 x 393,4 x 381,2km; período orbital: 0,942 dia; distância média do planeta:
185.520km; massa: 37,49 quatrilhões de toneladas; densidade: 1,179g/cm3.
1790 (17 de dezembro) – É descoberta, na Cidade do México, uma pedra contendo o
calendário asteca. Com 3,7m de diâmetro e pesando 24t, a "Pedra do Sol" contém símbolos
astronômicos esculpidos em uma superfície em formato de disco. Baseada nos movimentos
das estrelas, reflete o conhecimento dos astecas de astronomia e matemática.
Atualmente, está exposta no Museu Nacional de Antropologia, na Cidade do México.

1791 – No poema "The Economy of Vegetation", o médico inglês Erasmus Darwin


(1731-1802), avô de Charles Darwin (1809-1882), apresenta a primeira descrição
conhecida de um Universo que se expande e se contrai ciclicamente.

1791 – O astrônomo alemão Johann Hieronymos Schröter (1745-1816) publica


“Selenotopographische Fragmente zur genauern Kenntnisse der Mondfläche” (“Fragmentos
Selenotopográficos de Conhecimentos Exatos da Superfície da Lua”), um importante
estudo das informações sobre a topografia lunar então disponíveis.

1792 (22 de setembro) – Entra em vigor o Calendário Revolucionário Francês ou


Calendário republicano, instituído pela Convenção Nacional, durante a Revolução
Francesa, para simbolizar a ruptura com a ordem antiga. É um calendário solar composto de
12 meses de 30 dias, distribuídos em três semanas de dez dias (decâmeros ou décadas). Os
dias de cada década recebem os nomes de primidi, duodi, tridi, quartidi, quintidi, sextidi,
septidi, octidi, nonidi e decadi. O dia é dividido em 10 horas de 100 minutos, cada minuto
com 100 segundos. Aos 360 dias regulares acrescentam-se, anualmente, cinco dias
complementares, e um sexto a cada quadriênio, consagrados à celebração de festas
republicanas. O ano começa no equinócio de outono (22 de setembro, no hemisfério norte),
data da proclamação da República francesa, e os nomes dos meses são baseados nas
condições climáticas e agrícolas das estações na França – outono: Vindimiário, Brumário,
Frimário; inverno: Nivoso, Pluvioso, Ventoso; primavera: Germinal, Florial, Pradial; verão:
Messidor, Termidor, Frutidor.
Este calendário será suprimido em 1º de janeiro de 1806 por Napoleão Bonaparte
(1769-1821), que restabelece o calendário gregoriano.

1794 – Baseado em ampla documentação, publicada no livro “Über den Ursprung der von
Pallas gefundenen und anderer ihr ähnlicher Eisenmassen und über einige damit in
Verbindung stehende Naturerscheinungen” (“Sobre a Origem do Meteorito de Palas E
Outros Similares A Ele e Sobre Alguns Fenômenos Naturais Associados”), o físico alemão
Ernst Florens Friedrich Chladni (1756-1827) apresenta um trabalho que faz dele o primeiro
a reconhecer com exatidão a proveniência celeste dos meteoritos. O mérito de Chladni é ter
descrito, com extrema precisão e muito senso crítico, tanto as amostras encontradas como
as circunstâncias da queda e da descoberta. Sua descrição, muito convincente, facilita a
queda do tabu segundo o qual nada de muito sólido poderia cair do céu.

1795 (8 e 10 de maio) – Jérôme Lalande observa o planeta Netuno e o cataloga como


estrela.

1796 – O matemático e astrônomo francês Pierre-Simon Laplace (1749-1827) apresenta sua


“hipótese nebular” para a formação do Sistema Solar a partir de uma nebulosa de gás e
poeira que encerra um núcleo extremamente massivo a altas temperaturas e está em
rotação. Esta ideia, originalmente apresentada por Emanuel Swedenborg (1534) e
posteriormente ampliada por Immanuel Kant (1755), é desenvolvida por Laplace no livro
"du système du monde".
Segundo a descrição de Laplace (muito semelhante à de Kant), o Sistema Solar evoluiu a
partir de uma nuvem globular de gás incandescente girando em torno de seu centro de
massa. À medida que o gás esfriou, a massa se contraiu e diversos anéis foram se
desprendendo das margens da nuvem. Os anéis, por sua vez, esfriaram e se condensaram
nos planetas, sendo o Sol o núcleo central remanescente da nuvem. De acordo com essa
hipótese, os planetas exteriores são mais velhos que os interiores.

1798 – Henry Cavendish divulga a primeira medição, feita por ele, da constante
gravitacional, uma constante física fundamental que aparece na lei de gravitação universal
de Newton e é desenvolvida posteriormente na teoria da Relatividade geral de Einstein. Seu
valor expressa a atração gravitacional que se produz entre dois objetos pesando 1kg cada
um, separados por 1m de distância. Com isso, torna-se possível calcular a massa e a
densidade da Terra.
O valor da densidade média do planeta obtido por ele (5,448g/cm3) é bastante próximo do
correto (5,515g/cm3).

1798 – A Royal Society publica um catálogo, elaborado por Caroline Herschel, contendo
um índice com todas as observações de todas as estrelas feitas por John Flamsteed, uma
errata e uma lista de mais de 560 estrelas que não constam no catálogo original desse
astrônomo (publicado em 1725).

1800 – Os astrônomos alemães Johann Hieronymos Schröter (1745-1816) e Karl Ludwig


Harding (1765-1834) comunicam ter observado manchas características sobre a superfície
de Mercúrio, fornecendo a primeira base para a cartografia do planeta. Schröter estima,
erroneamente, que a rotação de Mercúrio é de cerca de 24 horas (valor correto: 58,646
dias).

1800 – William Herschel capta, com um termômetro, as radiações infravermelhas do Sol,


separando-as das radiações visíveis com a ajuda de um prisma.

1800 (setembro) – Reúne-se, na cidade alemã de Lilienthal, um grupo de 24 astrônomos,


liderado pelo barão alemão de origem húngara Franz Xaver von Zach (1754-1832) e
autodenominado Himmelspolizei (polícia celeste), tendo por objetivo iniciar a procura
sistemática de um suposto planeta que, de acordo com a “Lei de Titius-Bode”,
(aparentemente confirmada com a descoberta de Urano, em 1781), deveria existir entre
Marte e Júpiter. A cada astrônomo é atribuída uma região de 15 graus do zodíaco (24 x 15
= 360) para efetuar a busca. Do grupo fazem parte, entre outros, William Herschel, Charles
Messier, Johann Elert Bode, Nevil Maskelyne, Barnava Oriani e Heinrich Olbers.

1801 - Johann Elert Bode publica Uranographia, atlas celeste que tem o duplo objetivo de
representar as posições de estrelas e outros objetos com precisão científica e fazer uma
interpretação artística das figuras das constelações. Uranographia marca o clímax de uma
tendência a retratar artisticamente as constelações. A partir daí, as figuras vão se tornando
cada vez mais raras nos mapas astronômicos, até desaparecerem por completo.

1801 (1º de janeiro) – O astrônomo e jesuíta italiano Giuseppe Piazzi (1746-1826),


trabalhando no Observatório de Palermo, descobre, na constelação de Touro, um objeto
situado entre as órbitas de Marte e de Júpiter, batizado de 1 Ceres, exatamente no local
onde a chamada “Lei de Titius-Bode” previa a existência de um quinto planeta. Essa
descoberta causa euforia no meio científico, pois acredita-se verdadeiramente tratar-se do
quinto planeta em ordem de distância do Sol. Mais tarde, quando outros objetos são
encontrados nas cercanias, compreende-se que a faixa situada entre as órbitas de Marte e de
Júpiter contém uma série de pequenos corpos celestes, a que William Herschel dá o nome
de asteroides. Hoje Ceres é classificado como planeta anão.
Com diâmetro de 974,6 x 909,4km, Ceres orbita o Sol, à velocidade média de 64.375km/h,
em 1.679,67 dias (4,60 anos); à distância média de 413.690.604km (varia entre
380.995.855 e 446.669.320km) e completa uma rotação em 9h4min27s. A massa é de 943
quatrilhões de toneladas, e a densidade, de 2,077g/cm3. A magnitude aparente varia entre
6,7 e 9,32.
Ceres é o nome latino de Deméter, deusa grega da terra cultivada, das colheitas e das
estações do ano.

1801 (31 de dezembro) – Graças aos cálculos efetuados pelo matemático alemão Karl
Friedrich Gauss (1777-1855), que havia inventado um procedimento conhecido como
“método dos mínimos quadrados” e que permite combinar observações e, com base nelas,
estimar os parâmetros de uma função (neste caso, uma órbita), o barão Franz Xaver von
Zach consegue reencontrar Ceres, cuja trajetória no espaço se perdera logo depois da
descoberta de Piazzi.

1802 – O físico inglês William Hyde Wollaston (1766-1828) faz um feixe de luz branca
atravessar um prisma de vidro, colocando à frente do prisma uma placa com uma pequena
fenda vertical. Nasce o primeiro espectroscópio rudimentar, que permite a ele observar
linhas escuras no espectro do Sol.
Este estudo será retomado e ampliado por Joseph von Fraunhofer em 1814.

1802 – O diâmetro de Ceres é estimado em 260km (o valor correto gira em torno de


975km), o que faz os astrônomos compreenderem que não se trata de um planeta, mas sim
de uma nova classe de objetos, a que William Herschel dá o nome de asteroides.

1802 (28 de março) – O médico e astrônomo alemão Heinrich Wilhelm Olbers (1758-1840)
descobre o asteroide 2 Palas. É o segundo asteroide do Sistema Solar em diâmetro (depois
de Ceres), embora tenha menos massa que Vesta.
Diâmetro: 582 x 556 x 500km; período orbital: 1.686,044 dias (4,62 anos). Distância média
do Sol: 414.737.000km; massa: 210 quatrilhões de toneladas; densidade: 2,8g/cm3;
rotação: 7h48min47s; magnitude aparente: de 6,4 a 10,6.
Influenciado pela crença na Lei de Titius-Bode, Olbers sugere que Ceres e Palas poderiam
ser fragmentos de um planeta que se desintegrou há milhões de anos, devido a uma
explosão interna ou ao impacto de um cometa. Contudo, em razão da pequena massa total
do cinturão de asteroides (4% da massa da Lua) e das diferenças de composição química
apresentadas por esses objetos, difíceis de explicar caso tivessem alguma vez sido parte de
um planeta único, atualmente os astrônomos creem que jamais um planeta se formou
naquela região do Sistema Solar, possivelmente devido às perturbações gravitacionais de
Júpiter.

1802 (6 de maio) – William Herschel propõe o termo “asteroide (do grego “asteroeidés”,
“semelhante a estrela”) para designar Ceres e Palas. Ele escreve: “Como nem a
denominação de planetas nem a de cometas pode aplicar-se a essas duas estrelas, devemos
distingui-las por um novo nome. Parecem pequenas estrelas, e é difícil distingui-las destas.
Por sua aparência asteroidal, se me permitem essa expressão, sugiro adotar esse nome e
chamá-las asteroides”.

1803 – William Herschel publica “Account of the Changes that have happened, during the
last Twenty-five Years, in the relative Situation of Double-stars” (“Cômputo das Mudanças
Que Ocorreram, nos Últimos Vinte E Cinco Anos, na Situação Relativa de Estrelas
duplas”). Neste trabalho, com base em mudanças observadas nas posições relativas de
estrelas integrantes de sistemas binários e múltiplos que não podem ser atribuídas à órbita
da Terra, ele argumenta (corretamente) que essas estrelas podem estar gravitacionalmente
ligadas e constituir sistemas siderais “físicos”, e não apenas “aparentes”, contrariando o
pensamento dominante na época.
No total, Herschel descobre mais de oitocentos sistemas estelares binários e múltiplos,
quase todos “físicos”. O trabalho teórico e observacional realizado por ele constitui a base
da moderna astronomia das estrelas binárias.

1803 (26 de abril) – Uma chuva de meteoritos, oriunda do estilhaçamento de um único


bólido, cai em L’Aigle, na França. Trata-se de um evento excepcional: são recuperados
mais de 2.000 fragmentos. Toda a comunidade científica desperta com o acontecimento. A
Academia de Ciências da França apoiara, até então, os resultados da comissão de 1769 –
não obstante os dezoito eventos registrados na Europa, naqueles anos. Forçada pelas novas
evidências a reconsiderar a questão, a Academia nomeia nova comissão, chefiada pelo
físico francês Jean-Batiste Biot (1774-1862), para investigar as pedras de L’Aigle. Esse
evento, esclarecido com a contribuição fundamental de Biot, não deixa lugar a dúvidas. Em
seu relatório à Academia, a comissão conclui que as pedras de L’Aigle, e igualmente todas
as recolhidas em condições análogas, têm proveniência cósmica. Nasce então, oficialmente,
a ciência dos meteoritos, reconhecendo-se que os pesquisadores estavam lidando com
amostras de material não terrestre.

1804 (2 de setembro) – O alemão Karl Ludwig Harding (1765-1834) descobre o asteroide 3


Juno.
Diâmetro: 320 x 267 x 200km; período orbital: 1.595,4 dias (4,37 anos); distância média do
Sol: 399.725.000km; massa: 26,7 quatrilhões de toneladas; densidade: 2,98g/cm3; rotação:
7h13min; magnitude aparente: de 7,4 a 11,55.

1807 (29 de março) – Heinrich Olbers descobre 4 Vesta, único asteroide visível a olho nu
(a magnitude aparente chega a 5,1).
Diâmetro: 572,6 x 557,2 x 446,4km; período orbital: 1.325,15 dias (3,63 anos); distância
média do Sol: 353.268.000km; massa: 267 quatrilhões de toneladas; densidade: 3,42g/cm3;
rotação: 5h21min.
1809 – O Observatório Astronômico do Rio de Janeiro muda-se para a Academia Real
Militar com o propósito de atender a necessidades de navegação e conduzir estudos
geográficos, geodésicos e astronômicos.

1809 – O francês Honoré Flaugergues (1755-c. 1835) observa “nuvens amarelas” na


superfície de Marte. São os primeiros registros conhecidos de tempestades de poeira no
planeta.
Alguns estudiosos colocam em dúvida essas observações, sob a alegação de que o
telescópio utilizado por ele não teria resolução suficiente.

1810 – É erguido, a mando de Frederico Guilherme III (1770-1840), rei da Prússia, o


Observatório de Koennigsberg, que tem como um de seus diretores Friedrich Wilhelm
Bessel (1784-1846).

1811 – A Imprensa Régia brasileira imprime sua primeira publicação astronômica: as


Efemérides Náuticas, calculadas para o meridiano do Rio de Janeiro.

1811 (setembro) – O chamado Grande Cometa de 1811, descoberto em 25 de março pelo


astrônomo francês Honoré Flaugergues (1755-c. 1835), chega ao periélio. O astro, que
permanece visível durante 260 dias, atinge seu brilho máximo em outubro, e o escritor
russo Lev (Liev) Tolstói (1828-1910), numa cena de “Guerra e Paz”, descreve o
personagem Pedro observando este cometa.

1814 – O físico alemão Joseph von Fraunhofer (1787-1826) constrói um espectroscópio


aperfeiçoado e estuda sistematicamente as linhas escuras no espectro solar. O instrumento
apresenta uma fenda de duas lunetas; uma faz com que os raios componentes do feixe
luminoso incidam paralelamente sobre o prisma e a outra recolhe os feixes refratados e os
focaliza numa tela. Utilizando um feixe de luz solar, ele descobre as primeiras 574 linhas
do espectro do Sol, que passam a ser conhecidas como “raias de Fraunhofer” ou “de
absorção”.
Estudando os espectros da Lua e dos planetas, Fraunhofer constata que são idênticos ao do
Sol e demonstra que esses astros apenas refletem a luz solar, conforme sugerido por Galileu
Galilei dois séculos antes.

1815 – Manuel Ferreira de Araujo, professor da Academia Real Militar, que com o tempo
se transforma em escola politécnica, publica o primeiro livro de astronomia no Brasil:
“Elementos de Geodésia”. No ano seguinte, surge outra publicação do mesmo autor:
“Elementos de Astronomia”.

1819 – O astrônomo alemão Johann Franz Encke (1791-1865) publica em Correspondance


astronomique a descoberta de que o cometa observado em 1786 por Pierre Méchain é
periódico, tendo sido registrado também em 1796 e 1805. É o segundo cometa periódico
identificado, recebendo a designação oficial 2P/Encke. É o cometa de menor período
conhecido, completando uma órbita a cada 3,3 anos. O diâmetro do núcleo é de 4,8km.
Atualmente, conhecem-se cerca de quinhentos cometas periódicos.
1820 – É fundada a Astronomical Society of London, mais tarde Royal Astronomical
Society (RAS). O primeiro presidente é William Herschel.

1821 – O astrônomo francês Alexis Bouvard (1767-1843) detecta irregularidades na órbita


de Urano, o que dá início à busca por Netuno.

1821 – É fundada, pelo astrônomo alemão Heinrich Christian Schumacher (1780-1850), e


com o patrocínio de Cristiano VIII (1786-1848), rei da Dinamarca (1839-1848), a revista
Astronomische Nachrichten (Notas Astronômicas), que afirma ser a mais antiga publicação
sobre astronomia ainda editada. Atualmente, é especializada em física solar, astronomia
extragaláctica, cosmologia, geofísica, bem como na instrumentação destes campos.

1822 – O papa Pio VII (1742-1823) aprova um decreto da Sagrada Congregação da


Inquisição (hoje Congregação para a Doutrina da Fé) mediante o qual a Igreja Católica
admite oficialmente que a Terra gira ao redor do Sol, pondo fim à proibição de ensinar a
teoria heliocêntrica de Copérnico.

1823 (29 de dezembro - Nell de Bréauté descobre um cometa (formalmente, C/1823 Y1),
também observado no dia seguinte, independentemente, por Jean-Louis Pons e Wilhelm
von Biela, alternativamente denominado Grande Cometa de 1823 ou Bréauté-Pons. Visível
a olho nu, tem a particularidade de possuir duas caudas. Pons é o último astrônomo a
observá-lo, em 1º de abril.

1824 – O astrônomo e astrofísico alemão Franz von Gruithuisen (1774-1852) explica a


formação das crateras lunares como o resultado de impactos de meteoritos.
Para explicar o brilho observado em Vênus, ele propõe que as selvas naquele planeta
crescem mais rapidamente do que no Brasil, devido à maior proximidade em relação ao
Sol, e que em consequência os venusianos celebram muitos festivais do fogo.

1824 – O físico e matemático francês Jean-Baptiste Joseph Fourier (1768-1830) sugere que
a atmosfera terrestre retém parte do calor recebido do Sol, como se estivesse debaixo de um
cristal, a exemplo do que acontece numa estufa. É a primeira referência ao fenômeno que,
posteriormente, passa a ser conhecido como “efeito estufa”.

1825 – Pierre-Simon Laplace publica o último dos cinco volumes de sua obra “Mécanique
Céleste” (os dois primeiros são de 1799), em que completa o seu estudo da gravitação, da
estabilidade do Sistema Solar, das marés, da precessão dos equinócios, da libração da Lua e
dos anéis de Saturno.

1826 – Heinrich Olbers reformula o paradoxo proposto por ele em 1823 e que leva seu
nome, embora ele não tenha sido, nem de longe, o primeiro a propô-lo. O paradoxo de
Olbers pode ser assim resumido: se o Universo é infinito, possuindo um número infinito de
estrelas luminosas, uniformemente distribuídas, o céu deveria ser inteiramente luminoso
porque haveria estrelas em qualquer direção. A escuridão do céu noturno, portanto,
contradiz a noção de Universo infinito e estático.

1827 – No livro “Mémoire sur les orbites des étoiles doubles and Sur la détermination des
orbites que décrivent autour de leur centre de gravité deux étoiles très rapprochées l'une de
l'autre”, o francês Félix Savary (1797-1841) é o primeiro a utilizar a observação de estrelas
binárias para calcular as órbitas individuais dos componentes do sistema. Ele aplica o seu
método à estrela Xi Ursae Majoris, sistema composto de duas estrelas amarelas, distantes
entre si 1,5 bilhão de km, que orbitam em torno uma da outra em 59,84 anos. A distância à
Terra é de 29 anos-luz.

1827 (15 de outubro) – É criado, por decreto do imperador D. Pedro I (1798-1834), o


Observatório Astronômico, hoje Observatório Nacional (ON), instalado no torreão da
Escola Militar, na cidade do Rio de Janeiro, tendo como primeiro diretor o professor de
matemática Pedro de Alcântara Bellegarde. Os objetivos iniciais são orientar os estudos
geográficos do território brasileiro e de ensino da navegação. Hoje o Observatório Nacional
é responsável pela geração e divulgação da Hora Legal Brasileira e por diversas pesquisas e
estudos em Astronomia, Astrofísica e Geofísica, possuindo cursos de pós-graduação com
mestrado e doutorado nas duas áreas.
O Observatório Nacional é o mais antigo centro astronômico em funcionamento da
América do Sul.

1828 – Caroline Herschel recebe a medalha de ouro da Royal Astronomical Society por
seus trabalhos em astronomia. É a primeira mulher a receber essa distinção. A segunda será
a estadunidense Vera Rubin, em 1996.

1829 – Os britânicos organizam o Observatório do Cabo da Boa Esperança, em


complemento ao de Greenwich.

1830 (6 de dezembro) – É criado o Observatório Naval dos Estados Unidos (EUA), em


Washington. Em 1842, torna-se observatório nacional.
A partir de 1974, uma casa situada no terreno adjacente ao observatório, antes ocupada pelo
superintendente da instituição, passa a ser a residência oficial do vice-presidente dos EUA.

1831 – Surge o primeiro observatório universitário dos EUA, na Universidade da Carolina


do Norte.

1831 – Por decreto de Guilherme IV (1765-1837), rei do Reino Unido (1830-1837), a


Astronomical Society of London torna-se a Royal Astronomical Society. Os membros
dessa instituição são conhecidos como “fellows” (companheiros).
Atualmente, é a organização britânica integrante da União Astronômica Internacional.

1832 – O escocês David Brewster (1781-1868) mostra que gases frios produzem linhas de
absorção escuras nos espectros contínuos.

1835 – O “Diálogo sobre os Dois Máximos Sistemas do Mundo” e o “De Revolutionibus


Orbium Coelestium” são retirados do “Index Librorum Proibitorum”. Com isso, desaparece
toda a oposição oficial da Igreja ao heliocentrismo.

1835 – Cientistas iniciam o estudo físico do cometa Halley. Trabalhando no Observatório


de Yale, o naturalista Denison Olmsted (1791-1859) e o matemático Elias Loomis
(1811-1839) são os primeiros estadunidenses a observá-lo.
O periélio ocorre em 16 de novembro.

1835 – Caroline Herschel (1750-1848) e a escritora científica escocesa Mary Somerville


(1780-1872) tornam-se as primeiras mulheres admitidas na Royal Astronomical Society.

1836 – O alemão Friedrich Wilhelm Bessel (1784-1846), após ter observado jatos de vapor
durante a aparição do Halley em 1835, sugere que a força do material ejetado pode ser
suficiente para alterar significativamente a órbita de um cometa.

1836 – O banqueiro e astrônomo amador alemão Wilhelm Beer (1797-1850), junto com
Johann Heinrich von Mädler (1794-1874), prepara o mapa mais completo da Lua de seu
tempo, o “Mappa Selenographica”. Primeiro mapa lunar a ser dividido em quadrantes,
contém uma representação detalhada da face da Lua voltada para a Terra.

1836 (15 de maio) – O astrônomo inglês Francis Baily (1774-1844) observa as "Contas de
Baily" durante um eclipse solar anular. A vívida descrição dele desperta novo interesse no
estudo de eclipses.
As Contas de Baily são os pontos luminosos de luz que aparecem na extremidade ao redor
da Lua durante um eclipse Solar. As contas são criadas por luz do Sol que atravessa os
vales da lua. A última conta é a mais luminosa e se assemelha a um brilhante anel de
diamantes.

1837 – Johann Franz Encke descobre, no interior do anel A de Saturno, uma lacuna muito
tênue, que recebe seu nome.

1837 – O astrônomo russo de origem alemã Friedrich Georg Wilhelm von Struve
(1793-1864) publica “Stellarum duplicium et multiplicium mensurae micrometricae”,
trabalho em que apresenta medições micrométricas das variações nas posições de 2.814
estrelas binárias entre 1824 e 1837). As estrelas binárias orbitam reciprocamente os centros
de massa (baricentros) uma da outra e, por isso, mudam lentamente de posição ao longo dos
anos.

1838 – Friedrich Wilhelm Bessel mede as primeiras paralaxes estelares, refutando um dos
mais antigos argumentos contrários ao heliocentrismo. A primeira estrela que tem sua
distância à terra medida é 61 Cygni. O valor obtido por Bessel é 10,4 anos-luz, bastante
próximo do atualmente aceito: 11,41 anos-luz (108 trilhões de km). Hoje sabe-se que 61
Cygni é uma estrela binária (dupla).

1839 – É criado o Observatório de Harvard, graças a uma coleta organizada entre a


população local, que soma 3.000 dólares. Seu primeiro diretor, William Cranch Bond
(1789-1859), mediante a instalação de instrumentos de sua propriedade, estuda as manchas
solares, os planetas, a nebulosa de Órion e a de Andrômeda.

1839 – O escritor estadunidense Edgar Allan Poe (1809-1849) publica o primeiro conto de
ficção científica sobre cometas. Em "A Palestra de Eiros e Charmion", do livro “Novas
Histórias Extraordinárias”, encontra-se a descrição da destruição da Terra por um cometa,
relatada pela alma de uma das vítimas depois de sua chegada ao céu.

1839 – Friedrich Georg Wilhelm von Struve funda o Observatório de Pulkovo, localizado
ao sul de São Petersburgo, que se destaca rapidamente e chega a ser um dos melhores do
mundo.

1839 (9 de janeiro) – o processo de fotografia de daguerreótipo, inventado pelo francês


Louis Daguerre (1787-1851), é anunciado na Academia francesa de Ciências.
Ele tenta fotografar a Lua, mas a imagem produzida não passa de um borrão.

1840 – Dominique François Arago (1786-1853), astrônomo francês, descobre a cromosfera


solar, camada localizada acima da fotosfera e abaixo da coroa, com aproximadamente
2.000km de profundidade e composta, essencialmente, de hidrogênio ionizado, hélio e
cálcio. A densidade da cromosfera é extremamente baixa: 10.000 vezes menor que a da
fotosfera e 100 milhões de vezes inferior à da atmosfera terrestre. Por isso, é visível a olho
nu apenas durante eclipses totais do Sol. De dentro para fora, a temperatura diminui de
5.700°C até um mínimo de 3.500°C, quando volta a aumentar, atingindo 35.000°C no
limite com a coroa.

1840 - Johann Heinrich von Mädler publica, em colaboração com Wilhelm Beer, o
primeiro mapa de Marte, resultado de dez anos de estudos. O ponto de referência utilizado
por eles, posteriormente batizado de Sinus Meridiani, é hoje o meridiano zero da
cartografia marciana. Mädler e Beer não atribuem nomes às características da superfície,
que são indicadas apenas por letras, sendo Sinus Meridiani indicado pela letra A.

1840 (23 de março) – O químico e botânico estadunidense de origem inglesa John William
Draper (1811-1882) é o primeiro a obter uma fotografia astronômica (astrofotografia) e
fotografa a Lua.

1842 – O físico alemão Julius Robert von Mayer (1814-1878) formula o princípio da
conservação da energia, segundo o qual a energia não pode ser criada do nada nem
destruída, mas apenas transformada.

1842 – No livro "Über das farbige Licht der Doppelsterne" (“Sobre a Luz Colorida das
Estrelas Duplas”), o físico, matemático e astrônomo austríaco Christian Johann Doppler
(1803-1853) formula as bases do "efeito Doppler", utilizado na acústica e na astronomia: a
cor de um corpo luminoso, do mesmo modo que a altura do som de uma fonte sonora, deve
mudar em virtude do movimento relativo do corpo e do observador. Esse efeito é utilizado
para determinar o afastamento (desvio do espectro para o vermelho) ou a aproximação
(desvio para o azul) de um corpo celeste ou de um sistema galáctico relativamente à Terra.
É por meio dele que, posteriormente, Edwin Hubble descobre que o Universo continua se
expandindo.

1843 – O matemático e astrônomo britânico John Couch Adams (1819-1892) prevê a


existência e a localização de Netuno a partir de irregularidades na órbita de Urano.

1843 – O astrônomo amador alemão Samuel Heinrich Schwabe (1789-1875) constata que o
número de manchas na fotosfera solar sofre variações periódicas, completando um ciclo em
aproximadamente dez anos (periodicidade posteriormente corrigida para onze anos).

1843 – O astrônomo prussiano Friedrich Argelander (1799-1875) publica "Neue


Uranometrie” ("Uranometria Nova"), um atlas de estrelas que podem ser observadas a olho
nu.

1843 (5 de fevereiro) – É descoberto um grande cometa (C/1843 D1 ou 1843 I), cujo


periélio (27 de fevereiro) é o mais próximo observado até então: menos de 830.000km. Em
março, torna-se extremamente brilhante, atingindo o ponto de maior proximidade com a
Terra no dia 6.

1844 – Friedrich Bessel explica os movmentos oscilantes de Sirius e de Procyon, sugerindo


que essas estrelas têm companheiras de baixa luminosidade. Isso será confirmado em 1862
e 1896, respectivamente.

1845 – William Parsons, astrônomo irlandês mais conhecido como Lord Rosse (1800-
1867) termina o telescópio refletor óptico de 1,83m do Birr Castle, localizado em
Parsonstown, Irlanda. Nesse mesmo ano, observa uma “nebulosa” com uma estranha forma
espiral. Ele havia descoberto a natureza espiral da galáxia M51. Mais tarde ele nota a
mesma forma espiral em M99 e em mais 13 “nebulosas” que passam então a ser conhecidas
como “nebulosas espirais” e que hoje sabemos serem galáxias espirais.

1845 – Na obra “Kosmos” (cinco volumes), o naturalista alemão Friedrich Alexander von
Humboldt (1769-1859) introduz a expressão “Universo-ilha”, para designar sistemas
estelares análogos ao nosso. À concepção da natureza extragaláctica das nebulosas se opõe
outra, segundo a qual o Universo não passa de uma gigantesca Via Láctea, sendo as
nebulosas nada mais que objetos pequenos aí contidos. O confronto entre essas duas
concepções cosmológicas é conhecido como “Grande Debate”.

1845 (2 de abril) – Hippolyte Fizeau e Léon Foucault obtêm a primeira fotografia do Sol.

1846 – Um decreto altera o nome do Observatório Astronômico do Rio de Janeiro para


Imperial Observatório.

1846 – Durante sua aproximação do Sol, o cometa 3D/Biela, registrado pela primeira vez
pelo astrônomo francês Jacques Laibats-Montaigne (1716-1788), em 8 de março de 1772, e
identificado como periódico pelo militar austríaco Wilhelm Von Biela (1682-1756), em 27
de fevereiro de 1826, desintegra-se em duas partes. Na passagem seguinte (1852), ambos os
fragmentos são vistos a 2.400.000km um do outro, e vestígios do que fora outrora o cometa
só voltam a ser observados em 27 de novembro de 1872, sob a forma de chuva de meteoros
(3.000 por hora), a que se dá o nome de “Andromedídeos” ou "Bielídeos".

1846 (21 de março) – O astrônomo francês Frédéric Petit (1810-1865) observa o que pensa
ser um segundo satélite natural da Terra numa órbita elíptica (3.570 x 11,4km) em torno do
nosso planeta, com período orbital de 2h44min.
A ideia de uma segunda Lua terrestre torna-se popular com o livro “Autour de la Lune”
(“Ao Redor da Lua”), do escritor francês Júlio Verne (1828-1905), publicado em 1870, em
que esse suposto satélite é parte importante do enredo.
Ao longo dos séculos XIX e XX, vários cientistas afirmam ter observado outras “luas” em
torno da Terra, mas a existência de tais corpos celestes nunca foi confirmada.

1846 (1º de junho) - O astrônomo francês Urbain Le Verrier (1811-1877), a exemplo do


que fizera John Couch Adams, prevê a existência e a localização de Netuno a partir de
irregularidades na órbita de Urano. Em 31 de agosto, ele apresenta previsões ainda mais
detalhadas, incluindo trajetória orbital e massa prováveis do objeto.

1846 (23 de setembro) – Com base nos cálculos orbitais feitos por John Couch Adams e,
sobretudo, por Urbain Le Verrier, os astrônomos alemães Johann Gottfried Galle
(1812-1910) e seu assistente Heinrich Louis D'Arrest (1822-1875), ambos do Observatório
de Berlim, localizam o planeta Netuno, na constelação de Aquário, a menos de um grau da
posição prevista matematicamente por Lê Verrier.
Este é um momento capital para a ciência do século XIX: é a confirmação da teoria
gravitacional de Newton.
Deve-se a Le Verrier o nome dado ao planeta.
Netuno é o mais longínquo dos oito planetas do Sistema Solar, orbitando o Sol a uma
distância que varia entre 4.452.940.833 e 4.553.946.490km, numa média de
4.503.443.661km. É o menor dos “planetas gasosos” (os outros são Júpiter, Saturno e
Urano), com diâmetro de 49.528 x 48.682km e área superficial de 7.640.800.000km2
(equivalente a 14,98 superfícies terrestres). Ocupa um volume de 62,54 trilhões de km3
(57,74 vezes superior ao terrestre) e tem massa de 102,43 sextilhões de toneladas (o que
equivale a 17,147 massas da Terra), resultando numa densidade de 1,638g/cm3. A
gravidade é 14% superior à terrestre, e a velocidade de escape é de 23,5km/s. Completa
uma órbita em torno do Sol, à velocidade média de 19.550km/h, em 60.190 dias terrestres
(164,79 anos), ou 89.666 dias netunianos, e leva 16h6min36s para girar em torno de si
mesmo. A temperatura pode chegar a -218° (um pouco superior à de Urano). Os principais
componentes da atmosfera são hidrogênio (79%), hélio (19%) e metano (1,5%). A
magnitude aparente varia entre 7,78 e 8,0. Tem catorze satélites conhecidos.
Netuno é o nome latino de Posídon (ou Poseidon, ou, ainda, Possêidon, deus supremo do
mar.

1846 (10 de outubro) – William Lassell (1799-1880), astrônomo amador inglês, descobre
Tritão, primeiro satélite conhecido de Netuno.
Diâmetro: 2.707km; período orbital: 5,877 dias; distância média do planeta: 354.759km;
massa: 21,4 quintilhões de toneladas; densidade: 2,061g/cm3; magnitude aparente: 13,47.

1847 – O matemático, astrônomo e fotógrafo inglês John Herschel (1792-1871), filho


(único) de William Herschel, publica “Results of Astronomical Observations made at the
Cape of Good Hope” (“Resultados de Observações Astronônicas Feitas no cabo da Boa
Esperança”), obra em que dá aos sete satélites de Saturno então conhecidos os seus nomes
atuais: Mimas, Encélado, Tétis, Dione, Reia, Titã e Jápeto.
Todos esses nomes têm origem mitológica.
Dos primeiros filhos de Urano (o céu personificado) e de Gaia, ou Geia (a Terra), seis são
do sexo masculino (os titãs, entre os quais está Jápeto) e seis são do sexo feminino (as
titânides, entre as quais estão reia e Tétis). Cronos (Saturno para os romanos) é um dos
titãs, o mais jovem dos doze. Quando Zeus vence os titãs, liderados por Cronos, numa luta
chamada Titanomaquia, os deuses olímpicos assumem o poder.
Encélado e Mimas são gigantes, filhos de Gaia, nascidos a partir do sangue jorrado na
castração de Urano por seu filho Cronos.
Dione é uma divindade da primeira geração, uma oceânide, filha do titã Oceano e da
titânide Tétis.

1847 – John William Draper observa que sólidos quentes emitem luz em espectros
contínuos enquanto gases quentes produzem espectros de linha.

1847 – Num trabalho intitulado “Études d'Astronomie Stellaire: Sur la voie lactee et sur la
distance des etoiles fixes”, Friedrich Georg Wilhelm von Struve é um dos primeiros
astrônomos a identificar os efeitos da extinção estelar, embora não seja capaz de explicá-
los. O fenômeno será descrito apenas em 1930, por Robert Trumpler.

1848 – O francês Hippolyte Fizeau (1819-1896) Faz as primeiras experiências com o


"efeito Doppler", utilizando as raias de Fraunhofer como linhas de referência para
determinar os deslocamentos das estrelas na direção da Terra, com o objetivo de medir suas
velocidades radiais. Por isso hoje o fenômeno tem o nome de "efeito Doppler-Fizeau".

1848 – Edgar Allan Poe oferece a primeira solução plausível do paradoxo de Olbers em
"Eureka: A Prose Poem", ensaio que também sugere a expansão e o colapso do Universo.

1848 - O físico e engenheiro irlandês William Thompson, Lorde Kelvin (1824-1907),


desenvolve uma escala de temperaturas que, diferentemente das escalas de Celsius e de
Fahrenheit, não parte do ponto de fusão da água, mas sim do zero absoluto, isto é, a menor
temperatura a que se pode chegar, caracterizada pela ausência total de qualquer energia
térmica, determinada em laboratório como sendo equivalente a -273,15°c. Para obter o
valor de uma temperatura em graus Kelvin (K), basta acrescentar 273 ao seu equivalente
em graus Celsius. Por exemplo, nesta escala, o ponto de fusão da água, à pressão
atmosférica do nível do mar, é de (0+273) 273 K, e o seu ponto de ebulição é de (100+273)
373 K.

1848 (19 de setembro) – Ocorre a descoberta do satélite Hipérion, oitavo conhecido de


Saturno, feita simultaneamente pelos estadunidenses William Cranch Bond (1789-1859) e
seu filho George Phillips Bond (1825-1865) e pelo inglês William Lassell (1799-1880).
Diâmetro: 360,2 x 266 x 205,4km; período orbital: 21,276 dias; distância média do planeta:
1.481.009km; massa: 5,62 quatrilhões de toneladas; densidade: 0,544g/cm3.

1849 (12 de abril) – O astrônomo italiano Annibale de Gasparis (1819-1892) descobre 10


Hígia, quarto maior objeto do cinturão de asteroides.
Diâmetro: 530 - 407 x 370km; período orbital: 2.031,01 dias (5,56 anos); distância média
do Sol: 469.580.000km; Massa: 86,7 quatrilhões de toneladas; densidade: 2,08g/cm3;
rotação: 27h37min.
Ceres, Pallas, Vesta e Hígia são por vezes chamados de “os quatro grandes”.
1850 – William Cranch Bond (1789-1859) e William Rutter Dawes (1799-1868) –
trabalhando nos EUA e na Grã-Bretanha, respectivamente, e sem estarem em contato –
anunciam, com poucos dias de diferença, a descoberta de um terceiro anel de Saturno,
localizado entre os dois já conhecidos. O anel C é tão transparente que se pode ver o perfil
de Saturno através dele, sendo por isso conhecido como “anel de crepe”.

1850 – O astrônomo francês Édouard Albert Roche (1820-1883) descobre que existe uma
distância mínima do centro de Saturno – hoje conhecida como “limite de Roche” – abaixo
da qual nenhum satélite fluido pode permanecer inteiro, reforçando com isso a hipótese de
os anéis do planeta serem formados por material orbitante desagregado.

1850 – O sétimo planeta em ordem de afastamento do Sol passa a se chamar Urano, nome
sugerido, muitos anos antes, por Johann Elert Bode. Mantém-se, dessa forma, a tradição de
dar aos planetas nomes derivados da mitologia greco-romana.

1850 (16 e 17 de julho) O astrônomo William Cranch Bond (1789-1859) e o


daguerreotipista John Adams Whipple (1822-1891) tiram, no Harvard College Observatory,
as primeiras fotografias de uma estrela que não o Sol: Vega, alfa de Lira. Trata-se de uma
estrela com diâmetro pouco superior ao dobro do solar e 2,13 vezes mais massiva que a
nossa estrela. Está distante da Terra 25 anos-luz. Vega já foi (c. 12000 a.C.), e será de novo
(ano 13727), a Estrela Polar.

1850 (16 de dezembro) – Vênus chega a 39.514.827km da Terra. Outra aproximação


semelhante ocorrerá somente em 2101, quando o planeta chegará à distância de
39.541.578km.

1851 (28 de julho) – Durante um eclipse total do Sol, um daguerreotipista de Caliningrado


(Rússia) chamado Berkowski (o primeiro nome jamais é publicado) Obtém a primeira
fotografia da coroa solar, Uma espécie de “atmosfera de plasma” (existente também em
outras estrelas) que se estende por milhões de km no espaço. A temperatura é elevada,
podendo chegar a alguns milhões de graus. Contudo, como a densidade é extremamente
baixa (aproximadamente 1 trilhão de vezes menor que a da fotosfera), a sensação térmica é
muitíssimo inferior a esse valor.

1851 (24 de outubro) – São descobertos o terceiro e o quarto satélites de Urano, Ariel e
Umbriel, por William Lassell.
Ariel – Diâmetro: 1.162,2 x 1.155,8 x 1.155,4km; período orbital: 2,520 dias; distância
média do planeta: 191.020km; massa: 1,353 quintilhão de toneladas; densidade: 1,66g/cm3.
Umbriel – Diâmetro: 1.169km; período orbital: 4,144 dias; distância média do planeta:
266.000km; massa: 1,172 quintilhão de toneladas: densidade: 1,39g/cm3.

1852 – John Herschel dá aos quatro satélites de Urano então conhecidos (Titânia, Oberon,
Ariel e Umbriel) os seus nomes atuais.

1852 (6 de abril) – O físico, astrônomo e explorador irlandês Edward Sabine (1788-1883)


postula que o ciclo de onze anos das manchas solares é “absolutamente idêntico” ao ciclo
de onze anos do campo geomagnético. Isso significa que as perturbações ocorridas na
superfície do Sol afetam o campo magnético da Terra.

1852-1859 – Os alemães Friedrich Argelander (1799-1875), Adalbert Krüger (1832-1896)


e Eduard Schönfeld (1828-1891) publicam “Bonner Durchmusterung”, último mapa estelar
elaborado sem o uso da fotografia. Este catálogo assinala o brilho e a posição de mais de
324.000 estrelas, visíveis sobretudo no hemisfério norte.

1853 – No ensaio “Of the Plurality of Worlds” (“Da Pluralidade dos Mundos”, o filósofo e
padre anglicano inglês William Whewell (1794-1866), cético ou no mínimo cauteloso
quanto à existência de vida extraterrestre, lembra o conjunto de condições necessárias para
o desenvolvimento da vida – luz, temperatura, pressão, água, etc. –, que formam a chamada
“zona de habitabilidade”. Muito próximos do Sol, planetas como Vênus e Mercúrio
estariam fora dessa zona, acontecendo o mesmo com Saturno, Urano e Netuno,
excessivamente distantes.

1854 - O médico e físico alemão Hermann von Helmholtz (1821-1894) propõe


(incorretamente) a contração gravitacional como a fonte de energia para o Sol.

1854 (10 de junho) – O matemático alemão Georg Friedrich Bernhard Riemann (1826-
1866) propõe que o espaço é curvo. Ele sugere que todas as leis físicas ficam mais simples
quando expressas em dimensões mais altas. Einstein, em 1916, usando o trabalho de
Rieman em sua teoria da Relatividade Geral, incorpora o tempo como a quarta dimensão.

1856 - O astrônomo britânico Norman Robert Pogson (1829-1891) propõe uma escala de
magnitudes estelares (vigente até hoje) segundo a qual uma estrela de primeira magnitude é
cem vezes mais brilhante que uma de sexta magnitude (cujo brilho está no limite de
visibilidade do olho humano). Portanto, uma estrela de primeira magnitude é 2,512 (raiz
quinta de 100) vezes mais brilhante que uma de segunda, que por sua vez é 2,512 vezes
mais brilhante que uma de terceira, e assim sucessivamente. As magnitudes das estrelas de
maior brilho são expressas em números negativos (a de Sirius, por exemplo, é -1,46).
Ressalte-se que esta escala refere-se à magnitude aparente, ou seja, o brilho que a estrela
apresenta conforme é vista da Terra. Existem ainda dois outros tipos de magnitude:
- absoluta – aquela que uma estrela teria se estivesse a uma distância padrão de 10 parsecs
(32,6 anos-luz), sem qualquer absorção de luminosidade;
- bolométrica – quando não se leva em conta apenas a radiação visível, mas sim toda a
radiação produzida por uma estrela (raios gama, raios X, ultravioleta, luz visível,
infravermelho, ondas de rádio).

1858 (28 de setembro) – O cometa Donati, descoberto neste mesmo ano por Giovanni
Batista Donati (1826-1873), torna-se o primeiro astro celeste desse tipo a ser fotografado.
Trata-se de um cometa luminoso, com uma cauda de pó espetacularmente encurvada e duas
caudas finas de gás. Sua imagem é capturada pelo fotógrafo comercial inglês William
Usherwood.

1859 – Surge a explicação para o mistério das linhas escuras do espectro solar, quando
Robert W. Bundsen (1811-1899), químico e físico alemão, e Gustav R. Kirchhoff
(1824-1887), físico alemão, descobrem as bases experimentais para a interpretação dos
espectros das substâncias químicas. Concluem que cada elemento químico tem seu espectro
próprio, uma espécie de “assinatura”. Aplicando o método que acabam de desenvolver ao
espectro do Sol, encontram sódio, cálcio, magnésio e ferro, concluindo que nossa estrela é
formada pelos mesmos elementos químicos existentes na Terra, o que constitui um achado
científico de grande importância. Posteriormente, constata-se que o mesmo vale para as
demais estrelas.

1859 – O físico escocês James Clerk Maxwell (1831-1879) ganha o Prêmio Adams
oferecido (1857) pela Universidade de Cambridge ao pesquisador capaz de explicar a
estrutura e os movimentos dos anéis de Saturno. Descartando matematicamente a hipótese
do anel fluido, ele passa a estudar com maior profundidade a teoria do anel desagregado,
formado por pequenos corpos orbitantes e independentes. Maxwell chega à conclusão de
que aquilo que existe ao redor de Saturno é um sistema composto por anéis finos e
concêntricos, com raios diferentes, cada um com sua velocidade de revolução, sem
intercâmbio de partículas. O ensaio em que ele apresenta este modelo intitula-se “On the
stability of Saturn's rings” (“Sobre a estabilidade dos anéis de Saturno”).

1859 – O físico britânico John Tyndall (1820-1893) descobre que o dióxido de carbono, o
metano e o vapor de água bloqueiam a radiação infravermelha. É mais uma etapa na
compreensão do efeito estufa.

1859 (setembro) - Na tentativa de justificar características da órbita de Mercúrio que não


podem ser explicadas com base nas leis de Newton, Urbain Lê Verrier propõe a existência,
entre Mercúrio e o Sol, de um planeta, a que é dado o nome de Vulcano. Nos anos
seguintes, astrônomos mobilizam-se para encontrá-lo, o que jamais ocorre.

1859 (1º de setembro) – Os astrônomos amadores ingleses Richard Carrington (1826-1875)


e Richard Hodgson (1804-1872) descobrem, independentemente, os “flares” solares.
Flares são erupções de gás súbitas e violentas, com grande liberação de energia, que
ocorrem na superfície das estrelas. Nuvens de íons, elétrons livres e átomos são lançadas ao
espaço durante o fenômeno, que pode durar de alguns minutos a dezenas de minutos.
Radiação ultravioleta e raios X liberados pelos flares solares podem afetar a ionosfera da
Terra e interromper comunicações via rádio a longas distâncias. A frequência dos flares
solares vai de vários por dia a um por semana, conforme o Sol está mais ativo ou mais
calmo ao longo de um ciclo de onze anos.

1860 (18 de julho) – Primeiro eclipse solar em que se utiliza a fotografia astronômica para
estudos. As fotos facilitam a descoberta de que os jatos de gás incandescente conhecidos
como proeminências surgem da superfície solar e não externamente a ela, conforme se
acreditava na época.

1861 – O astrônomo alemão Friedrich Gustav Spörer (1822-1895) descobre a variação das
latitudes das manchas solares durante um ciclo do Sol, fenômeno conhecido como “lei de
Spörer”.

1861 – O químico e astrônomo britânico Warren De la Rue (1815-1889) dá início a um


estudo detalhado do Sol por meio da fotografia.
1861 (13 de maio) – O astrônomo australiano John Debbutt (1834-1916) descobre um
grande cometa (C/1861 J1), visível a olho nu por aproximadamente três meses. Ao longo de
dois dias, durante a aproximação máxima com a Terra (19.900.000km), que ocorre em 30
de junho, nosso planeta fica dentro da cauda do cometa, e jatos de matéria convergindo
para o núcleo podem ser vistos.
1862 – no sul da França, o observatório de Marselha implanta o primeiro telescópio refletor
moderno, com um espelho em vidro metalizado, feito pelo físico Léon Foucault
(1819-1868).

1862 – O astrônomo sueco Anders Jonas Angström (1814-1874) descobre a presença de


hidrogênio na atmosfera solar.

1862 – Analisando as linhas espectrais do Sol e comparando-as às de outras estrelas, o


astrônomo e jesuíta italiano Angelo Secchi (1818-1878) determina que o Sol é uma estrela
igual às outras.
Estrela de tipo espectral (ver 1943) G2 V (amarela), com temperatura superficial de 5.500°c
e temperatura central de 15,7 milhões de °C, o Sol é, tecnicamente, de quinta magnitude,
com magnitude aparente (como é visto da Terra) -26,74 e magnitude absoluta (que teria se
estivesse à distância-padrão de dez parsecs – 308 trilhões de km) +4,83. Situado a
aproximadamente 26.000 anos-luz do centro da Via Láctea (cerca de 250 quatrilhões de
km), o Sol leva entre 225 e 250 milhões de anos, à velocidade estimada de 220km/s, para
completar uma órbita ao redor da região central da Galáxia. O período de rotação varia
entre 25,05 dias (7.189km/h), no equador, e 34,3 dias, nos polos. Com diâmetro de
1.392.684km (109 vezes o da Terra), área superficial de 6,088 trilhões de km2 (11.990
superfícies terrestres) e ocupando um volume de 1,412 quintilhão de km3 (1.300.000 vezes
o volume terrestre), o Sol tem massa de 1,989 octilhão (um octilhão = 1 seguido de 27
zeros) de toneladas, o que equivale a 332.946 vezes a massa da Terra e 99,86% de toda a
massa do Sistema Solar e resulta numa densidade média de 1,408g/cm3. A gravidade solar
é 27,94 vezes a terrestre (uma pessoa pesando 70kg na Terra pesaria, no Sol, 1.955,8kg), e
a velocidade de escape (velocidade necessária para libertar-se de um campo gravitacional) é
de 617,7km/s, 55 vezes a da Terra. Os principais elementos componentes do Sol são
hidrogênio (73,46%), hélio (24,85%) e oxigênio (0.77%). A cada segundo, o Sol
transforma cerca de 620 milhões de toneladas de hidrogênio em hélio.

1862 – O astrônomo holandês Frederik Kaiser (1808-1872) calcula a rotação de Marte em


24h37min22,6s. A diferença em relação ao valor atualmente aceito (24h37min22,6848s) é
de menos de um décimo de segundo.

1862 – Começam a ser publicadas as Efemérides Astronômicas, do Imperial Observatório


do Rio de Janeiro. A publicação é interrompida em 1870.

1862 (31 de janeiro) – O estadunidense Alvan Clark (1804-1887), astrônomo e fabricante


de telescópios, identifica Sirius B, confirmando as previsões de sua existência, feitas em
1844 por Friedrich Bessel.
Sirius, localizada na constelação do Cão Maior, é a estrela mais brilhante do céu noturno,
com magnitude aparente -1,46. Contudo, esse brilho forte deve-se à proximidade em
relação às demais estrelas (está a 8,6 anos-luz), já que a luminosidade de Sirius A é 25,4
vezes superior à solar, o que é pouco se comparada às luminosidades de grande número de
estrelas da Via Láctea. A estrela principal do sistema, Sirius A, tem massa equivalente a
2,02 sóis e diâmetro de 2.380.000km. Sirius B, bem mais modesta, é uma anã branca com
diâmetro de 11.700km, massa equivalente a 98% da solar, luminosidade igual a 2,6% da do
Sol e magnitude aparente 8,30. A distância entre ambas as estrelas varia entre 1,2 e 4,7
bilhões de km, e o período orbital é de 50,9 anos.

1863 – Anders Jonas Angstrom publica seu mapa do espectro solar com a identificação das
linhas que correspondem aos elementos químicos.

1863 – Enquanto registra alterações nas posições de manchas solares, Richard Carrington
descobre a natureza diferencial da rotação solar. O período de rotação do Sol, devido à sua
natureza gasosa, varia de acordo com a latitude, indo de 25,05 dias no equador até 34,3 dias
nos polos.

1863 – É fundada, em Heidelberg, na Alemanha, a Astronomische Gesellschaft (Sociedade


Astronômica), segunda organização do gênero no mundo, depois da Royal Astronomical
Society.

1863 – Ângelo Secchi produz algumas das primeiras ilustrações coloridas de Marte,
atribuindo às características da superfície nomes de exploradores famosos.

1864 – John Herschel publica o “General Catalogue of Nebulae and Clusters of Stars”
(Catálogo Geral de Nebulosas e Aglomerados de Estrelas”), conhecido como GC, com
5.079 objetos “nebulosos”. Fazem parte do catálogo os 2.500 objetos descobertos pelo pai,
William Herschel, onze observados pela tia Caroline e 1.754 avistados por ele.

1864 – O astrônomo inglês William Huggins (1824-1910) estuda o espectro da nebulosa de


Órion e mostra que ela é uma nuvem de gás. Um dos primeiros astrônomos a utilizar o
espectroscópio para estudar a natureza física dos astros, Huggins assinala a coexistência de
dois tipos de “nebulosas”: as formadas por estrelas e as constituídas por material difuso.
É a primeira distinção entre galáxias (como Andrômeda), cujas linhas espectrais são
semelhantes às das estrelas, e nebulosas (como Órion), cujas linhas espectrais são
características de gás.

1864 (5 de agosto) – Giovanni Batista Donati descobre, estudando o cometa Tempel II, que
os espectros desses astros contém linhas de emissão, um dos dois tipos de linhas espectrais
existentes (o outro são as linhas de absorção). As linhas espectrais são Finas linhas vistas
quando a luz de um objeto se divide em seus componentes de comprimento de onda ou
espectro e cujo estudo denomina-se espectroscopia. Como são diferentes para cada
elemento, o estudo das linhas espectrais permite estabelecer a composição química de um
astro ou de material interestelar analisado.

1865 –Júlio Verne publica “De la Terre à la Lune” (“Da Terra à Lua”), obra de ficção em
que um grupo de homens viaja até o satélite natural terrestre num gigantesco canhão.
Curioso observar que o canhão é lançado da Flórida, local de onde partem hoje os veículos
espaciais estadunidenses.

1865 – O astrônomo francês Emmanuel Liais (1826-1900), trabalhando no Brasil,


argumenta que as manchas escuras de Marte são o resultado da presença de vegetação.

1866 – Giovanni Schiaparelli (1835-1910), astrônomo italiano, propõe, corretamente, que


as “chuvas” de meteoros ocorrem quando a Terra passa através da órbita de um cometa que
deixou restos ao longo de sua trajetória.

1866 – O astrônomo estadunidense Daniel Kirkwood (1814-1895) descobre que, no


cinturão de asteroides, há regiões vazias em que estes corpos celestes não conseguem
estabelecer órbitas estáveis (devido a perturbações gravitacionais de Júpiter), conhecidas
como “lacunas de Kirkwood”.

1866 – Angelo Secchi propõe a primeira classificação espectral das estrelas, dividindo os
espectros em três classes, de acordo com a cor: I, estrelas azuis e brancas; II, amarelas; III,
laranja e vermelhas.
Em 1868, ele acrescenta a classe IV, formada por estrelas de carbono.
Em 1877, ele propõe uma quinta classe, formada por estrelas peculiares.
A classificação espectral de Ângelo Secchi será gradualmente substituída, a partir do final
dos anos 1890, pela de Harvard.

1866 – William Huggins faz as primeiras observações espectroscópicas de uma estrela


“nova” e descobre linhas de hidrogênio no espectro de T Coronae Borealis. Ele propõe uma
explosão cataclísmica como a causa do espectro observado e consegue atrair a atenção dos
astrônomos para o estudo dessas estrelas.

1867 – O astrônomo inglês Richard Anthony Proctor (1837-1888) elabora um mapa da


superfície de Marte que mostra continentes, mares, baías e outras características
geográficas, mas não distingue canais, como faz Schiaparelli mais tarde.

1867 – Anders Jonas Angström é o primeiro a examinar o espectro das auroras boreais.

1867 – Os astrônomos franceses Charles Wolf (1827-1918) e Georges Rayet (1839-1906)


descobrem, espectroscopicamente, uma classe de estrelas denominada Wolf-Rayet. Trata-se
de estrelas quentes (30.000°C a 200.000°C) e massivas (mais de 20 massas solares no
início), que perdem rapidamente sua matéria constituinte em razão de ventos estelares
muito fortes (2.000km/s).

1867 – Devido ao grande número de asteroides descobertos, é adotada uma nomenclatura


para designá-los, a qual consiste em um nome próprio precedido de um número entre
parênteses, em ordem de descobrimento. Assim, temos (1) Ceres, (2) Palas, (3) Juno, (4)
Vesta, etc. Essa nomenclatura continua em vigor, sendo hoje opcional o uso dos parênteses.

1868 – Anders Jonas Angström publica sua extensa pesquisa do espectro solar no trabalho
clássico “Recherches sur le spectre solaire” (“Pesquisas sobre O Espectro Solar”), com
medidas detalhadas de mais de 1.000 linhas espectrais.
1868 – Confirma-se a hipótese de que a coroa solar é um invólucro gasoso, graças ao
primeiro estudo espectroscópico de uma proeminência, realizado pelo francês Pierre Jules
César Janssen (1824-1907).
Proeminências (ou protuberâncias) solares são estruturas enormes e brilhantes que
se destacam da superfície do Sol, geralmente em forma de laço. As proeminências
partem da superfície e se estendem até a Coroa solar. Atingem milhares de km de altura (a
maior já registrada chegou a 800.000km) e ejetam material solar no espaço a velocidades
que podem ultrapassar os 1.000km/s. Duram de alguns dias a vários meses.

1868 (18 de agosto) – O astrônomo francês Pierre Jules César Janssen (1824-1907) e o
astrônomo britânico Norman Lockyer (1836-1920) descobrem uma linha amarela não
identificada nos espectros das proeminências solares e sugerem que ela é proveniente de
um novo elemento, que eles chamam de “hélio”.

1869 (7 de agosto) – Um espectro completo da coroa solar é obtido, durante um eclipse,


pelo estadunidense Charles Augustus Young (1834-1908).

1870 – É criado o Observatório Nacional de Córdoba, o primeiro da Argentina.

1871 – o astrônomo e físico alemão Hermann Karl Vogel (1841-1907) aplica o efeito
Doppler na determinação da velocidade de rotação do Sol.

1872 – O estadunidense Henry Draper (1837-1882), filho de John William Draper, inventa
a fotografia espectral astronômica. Ele obtém o primeiro espectrograma (foto de um
espectro) de uma estrela: Vega (Alfa de Lira), em que são visíveis linhas de absorção.

1873 – James Clerk Maxwell publica “A Treatise on Electricity and Magnetism” (“Um
tratado sobre Eletricidade E Magnetismo”), em que descreve a sua teoria sobre a natureza
eletromagnética da luz, na qual vinha trabalhando havia vários anos, segundo a qual a luz
constitui-se de campos elétricos e magnéticos oscilantes, que se propagam juntos no
espaço, à velocidade aproximada de 300.000km/s, sob a forma de ondas. A teoria é
matematicamente descrita nas quatro equações de Maxwell, as quais expressam,
respectivamente, como cargas elétricas produzem campos elétricos (Lei de Gauss), a
ausência experimental de cargas magnéticas, como corrente elétrica produz campo
magnético (Lei de Ampère), e como variações de campo magnético produzem campos
elétricos (Lei da indução, de Faraday).

1873 – O Japão adota o calendário gregoriano.

1873 – O astrônomo francês Camille Flammarion (1842-1925) atribui a cor vermelha de


Marte a uma possível vegetação.

1873 – Daniel Kirkwood apresenta uma lista, extraída de várias fontes, de antigos
acontecimentos envolvendo quedas de meteoritos.

1873 – Richard Anthony Proctor é o primeiro a sugerir que as crateras lunares são o
resultado de impactos de meteoritos e não de ação vulcânica, como tinha sido anteriormente
pensado.

1874 (9 de dezembro) – Ocorre um trânsito de Vênus (duração de 4h37min). Dezenas de


expedições (oficiais e privadas) são enviadas a diversas partes do mundo para observá-lo.

1875 – O Egito adota o calendário gregoriano.

1876 – William Kingdon Clifford (1845-1879), matemático inglês, escreve “Sobre A


Teoria Espacial da Matéria”, cuja ideia tem papel fundamental na Teoria Geral da
Relatividade de Einstein. Segundo esse postulado, o movimento da matéria pode dever-se a
variações na geometria do espaço.

1876 – O inglês William Huggins (1824-1910) e sua esposa, a irlandesa Margaret Lindsay
Huggins (1848-1915) são os primeiros a utilizar chapas fotográficas secas em astronomia,
ao efetuarem registros dos espectros de objetos astronômicos.
Embora a astrofotografia seja empregada há já quatro décadas, esse avanço tecnológico
constitui uma verdadeira revolução, porque torna possível o uso profissional da fotografia
no estudo dos astros. A chapa seca aumenta consideravelmente o tempo de exposição
possível (antes limitado ao período em que as chapas permanecem úmidas), o que é
fundamental no registro de imagens mais detalhadas e de melhor qualidade.

1877 – Tem início a polêmica acerca dos canais marcianos. O astrônomo italiano Giovanni
Virginio Schiaparelli (1835-1910) elabora um minucioso mapa de Marte, propondo nova
nomenclatura para as várias regiões caracterizadas por diferentes valores de albedo (relação
entre a luz refletida pela superfície de um planeta e a que este recebe do Sol. Nos mapas de
Schiaparelli, aparecem numerosas estruturas lineares, que ele denomina “canais” e que, por
anos seguidos, provocam muita discussão: uns afirmam serem características naturais,
outros defendem a tese de que se trata de estruturas artificiais construídas pelos habitantes
de Marte. Por algum tempo, prevalece a segunda hipótese, sobretudo nos países de língua
inglesa, uma vez que a palavra “canali” usada por Schiaparelli é traduzida em inglês por
“canals”, que significa “canais artificiais” (o termo para “canais naturais” é “channels”). O
desejo comum a toda a humanidade de não se sentir sozinha no Universo sobrepõe-se a
esse possível erro de tradução, e cada nova observação “reforça” a existência de marcianos.
A hipótese dos canais de Marte só é abandonada na segunda década do século XX.

1877 (12 e 18 de agosto) – O astrônomo estadunidense Asaph Hall (1829-1907) descobre,


respectivamente, Deimos e Fobos, os dois satélites conhecidos de Marte.
Deimos – Diâmetro: 15 x 12,2 x 10,4km; período orbital: 1,262 dia; distância média do
planeta: 23.460km; massa: 1,48 trilhão de toneladas; densidade: 1,471g/cm3.
Fobos – Diâmetro: 26,8 x 22,4 x 18,4km; período orbital: 0,319 dia (7h39min); distância
média do planeta: 9.377,2km (menor distância conhecida entre um planeta do Sistema Solar
e um satélite); massa: 10,72 trilhões de toneladas; densidade: 1,887g/cm3.
Fobos está tão próximo de Marte que o seu período orbital é menor que o período de
rotação do planeta. Como resultado, um hipotético observador colocado na superfície
marciana veria Fobos nascer a oeste, mover-se rapidamente pelo céu (4h15min, ou menos)
e se pôr a leste. Esse fenômeno ocorre, em média, duas vezes a cada dia marciano, uma vez
que o ciclo completo dura 11h06min. As forças de maré de Marte estão diminuindo o raio
orbital de Fobos, que se aproxima do planeta cerca de 20m por século. Estima-se que, em
11 milhões de anos, o satélite se choque com o planeta ou, mais provavelmente, seja
fragmentado, formando um sistema de anéis.

1878 – O físico holandês Hendrik Antoon Lorentz (1853-1928) publica um trabalho em que
relaciona a velocidade da luz em um meio com a sua densidade e composição.

1878 – O astrônomo inglês George Darwin (1845-1912), filho de Charles Darwin, formula
uma das primeiras teorias para explicar o aparecimento da Lua, baseada num mecanismo de
fissão. Essa teoria considera que, no início, a Terra e a Lua constituíam um único corpo
celeste. Segundo Darwin, a protoTerra girava em torno de seu eixo com altíssima
velocidade, suficiente para fazer com que seu corpo se alongasse e assumisse a forma de
uma pera. O rompimento e a expulsão do material existente nessa saliência teriam
originado a Lua.

1879 – O físico austríaco Josef Stefan (1835-1893) formula a lei de estados da energia
radiante de um corpo negro – objeto teórico que absorve toda a radiação que cai sobre ele.
Sua lei é um dos primeiros passos importantes para a compreensão da radiação de corpo
negro.

1880 – O astrônomo estadunidense Samuel Pierpont Langley (1834-1906) aperfeiçoa um


medidor de radiação, que depois passa a ser chamado de “bolômetro”.

1880 (30 de setembro) – Henry Draper obtém a primeira fotografia da Nebulosa de Órion
(M42).

1881 – William Huggins (1824-1910) e Henry Draper (1837-1882) introduzem a técnica de


análise do espectro da luz emitida pelos cometas, abrindo caminho para a identificação de
seus elementos constituintes.

1882 (1º de setembro) – Um grande cometa (C/1882 R1) aparece, sendo já visível a olho nu
no momento da descoberta. Em 17 de setembro, atinge o periélio, podendo ser visto durante
o dia. Permanece visível a olho nu até fevereiro de 1883.

1882 (6 de dezembro) – Ocorre um trânsito de Vênus, o primeiro registrado em fotografias,


que são destaque na imprensa de todo o mundo.

1883 – O astrônomo amador inglês Andrew Ainslie Common (1841-1903) utiliza chapas
fotográficas secas para obter várias imagens das mesmas nebulosas com um tempo de
exposição superior a 60 minutos. Essas imagens mostram, pela primeira vez, estrelas fracas
demais para serem captadas pelo olho humano. A observação do céu já não depende mais
das noites límpidas e dos momentos em que os astrônomos estão ao telescópio. As imagens
podem agora ser armazenadas e analizadas mais tarde, havendo sempre a possibilidade de
se descobrir algo que escapou ao observador no primeiro momento.
A partir daí, a astrofotografia começa a ser empregada em larga escala.
Contudo, se por um lado as fotografias com longo tempo de exposição trazem avanços
extraordinários, por outro lado é preciso resolver problemas técnicos. É necessário construir
telescópios suficientemente rígidos para não perderem o foco durante as exposições e
encontrar maneiras de fazê-los apontar sempre para o mesmo objeto por longos períodos.
Como a Terra está em constante rotação, os telescópios devem girar permanentemente no
sentido oposto para seguir o movimento aparente das estrelas. Esse controle, manual a
princípio (dependente, portanto, da habilidade do controlador), é hoje totalmente
automatizado e está a cargo de computadores.

1884 – O belga Luis Cruls (1848-1908), diretor do Imperial Observatório, representa o


Brasil na Conferência de Washington em que se adota o meridiano de Greenwich como
meridiano inicial de referência para longitudes e hora internacional (o que ocorre a 13 de
outubro).

1885 – É publicado o primeiro volume do Anuário (continuação das Efemérides


Astronômicas) do então Imperial Observatório do Rio de Janeiro (hoje Observatório
Nacional). Esta publicação continua sendo editada até hoje.

1885 (19 de agosto) – O astrônomo amador irlandês Isaac Ward descobre S Andromedae
(ou SN 1885A), primeira (e até agora única) supernova observada na galáxia de
Andrômeda e a primeira supernova localizada fora da Via Láctea. Distante 2,6 milhões de
anos-luz e atingindo a magnitude 6, é observada no dia seguinte, independentemente, pelo
astrônomo alemão Ernst Hartwig (1851-1923).

1886 – O físico alemão Heinrich Hertz (1857-1894) produz e detecta ondas


eletromagnéticas, do tipo que mais tarde seria chamado “rádio”.

1886 – Luis Cruls lança a Revista do Imperial Observatório, de publicação mensal. É a


primeira revista exclusivamente científica produzida no Brasil. A impressão é interrompida
em 1891.

1887 – Os físicos estadunidenses Albert Abraham Michelson (1852-1931) e Edward


Williams Morley (1838-1923) realizam uma série de complexos experimentos cujo objetivo
é demonstrar a influência do éter sobre o deslocamento da luz. Considerado desde a
Antiguidade como substância extremamente leve que ocupa todos os espaços vazios do
Universo e serve como meio de propagação da luz, assim como a água e o ar permitem a
propagação do som, o éter é também chamado de quintessência (ou quinta-essência), sendo
característico da região translunar de Aristóteles, em oposição aos quatro elementos (terra,
água, ar e fogo) que existem na região sublunar. Para surpresa dos cientistas, nenhum
vestígio da influência do éter é encontrado, o que leva a comunidade científica a rejeitar a
existência dessa substância.
A principal consequência desses experimentos é a formulação do princípio de que a
velocidade da luz no espaço é sempre a mesma, independentemente de qualquer
movimento da fonte de emissão ou do observador, princípio este que serve de base à teoria
da relatividade especial, enunciada dezoito anos mais tarde por Albert Einstein.

1887 – Camille Flammarion funda a Société Astronomique de France.


1887 – Isaac Roberts (1829-1904), um amador inglês pioneiro da fotografia astronômica,
descobre a estrutura em espiral de Andrômeda e a presença de dois sistemas-satélites.

1887 (abril) – Ocorre em Paris uma conferência astronômica, cujo objetivo é estabelecer as
bases para a compilação de um Atlas fotográfico celeste. Denominado Carte du Ciel (Mapa
do Céu) e iniciado sob a coordenação de Amedée Mouchez (1821-1892), diretor do
Observatório de Paris, trata-se de um vasto projeto internacional de mapeamento estelar
sem precedentes, do qual participam vinte observatórios de diversos países, cujo objetivo é
catalogar e determinar as posições de milhões de estrelas, até a 12ª magnitude. Devido à
extensão do projeto e aos custos elevados, os objetivos são apenas parcialmente alcançados.

1888 – O astrônomo dinamarquês Johan Ludvig Emil Dreyer (1852-1926). compila o “New
General Catalogue of Nebulae and Clusters of Stars” (“Novo Catálogo Geral de Nebulosas
e Agrupamentos de Estrelas”), (NGC), inicialmente com 7.840 objetos. Esse catálogo
contém todo tipo de objetos do céu profundo (galáxias, nebulosas, aglomerados estelares), e
as iniciais NGC são ainda amlamente utilizadas em nossos dias.
Posteriormente, Dreyer publica dois suplementos (1895 e 1908), adicionando 5.386 objetos
ao catálogo.

1888 – Henry Augustus Rowland (1848-1901), físico estadunidense, publica um atlas do


espectro solar.

1889 (7 de fevereiro) – É fundada a Astronomical Society of the Pacific, Em São Francisco,


Califórnia, EUA. Atualmente, conta com membros em mais de quarenta países.

1890 –Após a proclamação da República no ano anterior, o Imperial Observatório do Rio


de Janeiro passa a se chamar Observatório do Rio de Janeiro e fica subordinado ao
Ministério da Guerra.

1891 –O papa Leão XIII (1810-1903) refunda o Observatório do Vaticano (Specola


Vaticana), para mostrar que "a Igreja e seus pastores não se opõem à ciência autêntica e
sólida, tanto a humana como a divina, mas a abraça, a impulsiona e a promove com a mais
completa dedicação". As palavras de Leão XIII vêm após as várias negações da Igreja sobre
descobertas científicas, entre elas as astronômicas, como a translação da Terra ao redor do
Sol.

1891 – O físico britânico John Henry Poynting (1852-1914) determina a densidade média
da Terra: 5,5g/cm3.

1892 – O astrônomo estadunidense George Ellery Hale (1868-1938) inventa o


espectroheliógrafo, um aparelho que permite fotografar o Sol na luz de um elemento
apenas, ou seja, na luz de uma única cor espectral. Isso implica analisar somente as linhas
mais intensas e características da radiação cromosférica.

1892 – Camille Flammarion publica “La planète Mars et ses conditions d'habitabilité” (“O
planeta Marte e suas condições de habitabilidade”), obra em que escreve sobre os canais de
Marte e argumenta que uma raça inteligente poderia usá-los para distribuir água num
mundo marciano próximo da morte. Acredita na existência dos habitantes de Marte,
sugerindo que eles poderiam ser mais avançados que os seres humanos.

1892 (9 de setembro) – É descoberto Amalteia, quinto satélite conhecido de Júpiter, pelo


astrônomo estadunidense Edward Emerson Barnard (1857-1923). É o primeiro satélite
descoberto em Júpiter depois dos quatro avistados por Galileu Galilei em 1610.
Diâmetro: 250 x 146 x 128km; período orbital: 0,498 dia (11h57min); distância média do
planeta: 181.365km; massa: 2,08 quatrilhões de toneladas; densidade: 0,857g/cm3.

1894 – O milionário e astrônomo amador estadunidense Percival Lowell (1855-1916) funda


em Flagstaff, no Arizona, um observatório particular, que leva seu nome, dedicado
essencialmente a tentar provar a existência dos canais de Marte e de um planeta para além
da órbita de Netuno.

1895 - Os astrônomos estadunidenses James Edward Keeler (1857-1900) e William


Wallace Campbell (1862-1938) deduzem as velocidades das partículas dos anéis de Saturno
a partir do seu deslocamento Doppler e descobrem que os anéis giram em torno do planeta
com velocidade diferente daquela da atmosfera. Além disso, concluem que as partes
internas dos anéis giram mais depressa que as externas. É a comprovação do modelo de
James Clerk Maxwell, segundo o qual os anéis de Saturno estão compostos de miríades de
partículas com órbitas independentes ao redor do planeta.

1895 – O termo “multiverso” é utilizado pela primeira vez, cunhado pelo psicólogo e
filósofo estadunidense William James (1842-1910). De acordo com as várias teorias
existentes sobre o multiverso, o universo em que vivemos é apenas um dentre muitos, cada
qual podendo ter leis diferentes e propriedades variadas. As teorias sobre multiverso
diferem bastante entre si, não havendo evidências científicas importantes que as apoiem.
Por vezes, fala-se também em “universos paralelos”.

1895 (8 de novembro) – O físico alemão Wilhelm Conrad Röntgen (1845-1923) descobre


os raios X, que décadas mais tarde passam a ter ampla aplicação na astronomia, permitindo
o estudo de radiações eletromagnéticas emitidas nos comprimentos de onda que os
caracterizam.

1896 – Pierre Jules Janssen faz o primeiro registro fotográfico dos “grânulos” da fotosfera
solar. Trata-se de zonas de convecção, de cujo centro é ejetado gás quente, proveniente do
interior do Sol, e em cujas bordas este mesmo gás, resfriado pela menor temperatura da
fotosfera em relação às zonas internas solares, volta a cair. Os grânulos são fenômenos
temporários, que duram minutos, e o gás ejetado atinge alturas de várias centenas de km.

1896 - O físico e químico sueco Svante August Arrhenius (1859-1927) calcula como o
dióxido de carbono atmosférico intercepta a radiação infravermelha que a Terra emite ao
espaço e conclui que a duplicação da quantidade desse gás na atmosfera aumentaria a
temperatura média do planeta em 5 ou 6°C. Determina também que, num planeta mais
quente, é maior a evaporação da água dos oceanos, provocando a elevação da concentração
de vapor de água na atmosfera, o que resulta num bloqueio ainda maior da radiação
infravermelha.
Trata-se do efeito estufa, fenômeno também existente em outros planetas e exoplanetas. No
Sistema Solar, é particularmente relevante em Vênus, fazendo com que a temperatura
daquele planeta seja superior à de Mercúrio, apesar de este último estar mais perto do Sol.

1896 – Usando dados obtidos durante as observações dos trânsitos de Vênus de 1874 e
1882, o astrônomo e matemático canadense naturalizado estadunidense Simon Newcomb
(1835-1909) calcula que a distância Terra-Sol é de 149.189.036km (valor correto:
149.597.887,5km).

1897 – O físico britânico Joseph John Thompson (1856-1940) descobre o elétron, partícula
atômica elementar e estável, que circunda o núcleo do átomo e tem carga negativa.

1897 (21 de outubro) – É inaugurado em Williams Bay, Wisconsin, nos EUA, a 58m acima
do lago Geneva e a 334m acima do nível do mar, o telescópio refrator de Yerks, cuja
objetiva tem 1,01m de diâmetro, o que faz dele o maior do mundo em sua categoria na
época.

1898 – O físico alemão Wilhelm Wien (1864-1928) identifica uma partícula positiva igual
em massa à do átomo de hidrogênio. Com este trabalho, ele fundamenta a espectrometria de
massa.

1898 – Publicação de “The War of the Worlds” (“A Guerra dos Mundos”), de H. G. Wells
(1866-1946), obra ficcional (303 páginas) que descreve a invasão de Londres e arredores
por marcianos inteligentes, que possuem armas altamente letais e, uma vez aqui na Terra,
alimentam-se de sangue humano. Causam grande destruição e parecem invencíveis, mas
acabam morrendo devido a bactérias contra as quais não têm imunidade. É um dos livros de
ficção científica mais populares, comentados e influentes de todos os tempos, dando origem
a vários filmes, uma série de televisão e programas para o rádio, além de servir de
inspiração para diversos livros do gênero.

1898 (13 de agosto) – O asteroide 433 Eros é descoberto pelo astrônomo alemão Carl
Gustav Witt (1866-1946), do Observatório Urania, em Berlim. Mais de um século depois,
torna-se o primeiro asteroide em cuja superfície pousa uma sonda espacial (Near-
Shoemaker).
Diâmetro: 34 x 11,2 x 11,2km. Período orbital: 643,219 dias (1,76 ano); distância média do
Sol: 218.155.000km; massa: 6,69 trilhões de toneladas; densidade: 2,67g/cm3; rotação:
5h16min.

1899 (17 de março) – O astrônomo estadunidense William Henry Pickering (1858-1938)


descobre Febe, nono satélite conhecido de Saturno, a partir de fotografias tiradas por ele em
16 de agosto de 1898. É a primeira lua de movimento retrógrado descoberta no Sistema
Solar.
Movimento retrógrado é aquele realizado por um corpo no sentido leste-oeste, oposto ao do
movimento normal dos planetas.
Febe – Diâmetro: 218,8 x 217 x 203,6km; período orbital: 550,565 dias (1,51 ano);
distância média do planeta: 12.955.759km; massa: 829 trilhões de toneladas; densidade:
1,638g/cm3.
1899 (6 de setembro) – É fundada a Astronomical and Astrophysical Society of America,
hoje denominada American Astronomical Society (AAS), com sede em Washington.

1900 – O físico teórico alemão Max Planck (1858-1947) introduz o conceito fundamental
de quantum de luz, ou fóton. Segundo ele, a luz não é emitida de modo contínuo, mas em
"rajadas" descontínuas de fótons. Para Planck, esses são os entes físicos elementares que
constituem a luz, e parâmetros tipicamente ondulatórios, como a frequência e o
comprimento de onda, os caracterizam.
Esta é a teoria quântica, que revoluciona a compreensão humana dos processos atômicos e
subatômicos. É uma das descobertas mais importantes para a física do século XX.

1900 – O geólogo irlandês Richard Dixon Oldham (1858-1936) consegue identificar as


ondas primárias (longitudinais) e secundárias (transversais) num sismograma terrestre.

1900 – Svante Arrhenius formula a teoria da Panspermia, ideia de que a vida pulsa em todo
o Universo e é transportada pela pressão de radiação das estrelas como sementes levadas
pelo vento para germinar em ambientes apropriados. Segundo essa hipótese, a vida na Terra
poderia ter origem extraterrestre, trazida, por exemplo, na cauda de um cometa.

1901 – Wilhelm Conrad Röntgen recebe o Prêmio Nobel de Física pela descoberta dos
raios X.
Este é o primeiro ano em que é atribuído o Prêmio Nobel, instituído em testamento, em 27
de novembro de 1895, pelo químico e engenheiro sueco Alfred Nobel (1833-1896).

1902 O meteorologista francês Leon-Philippe Teisserenc de Bort


(1855-1913) descobre a estratosfera, segunda região atmosférica a partir do solo.
A atmosfera da Terra divide-se em cinco camadas principais:
1. Troposfera – Estende-se desde o nível do mar até uma altitude que varia entre 9km (nos
polos) e 17km (no equador). Contém aproximadamente 80% de toda a massa da atmosfera.
A principal fonte de calor é a radiação infravermelha emitida pela Terra, e assim a
temperatura diminui com a altitude (os picos das montanhas altas são gelados. O limite
superior da troposfera é a tropopausa.
2. Estratosfera – Vai da tropopausa até aproximadamente 50km. A temperatura aumenta
com a altitude, devido à absorção dos raios ultravioleta pela camada de ozônio. Na
estratopausa (50-55km), a pressão atmosférica equivale a um milésimo da pressão ao nível
do mar. A estratosfera é relativamente estável, não tem nuvens e apresenta índices bastante
baixos de umidade. Por isso, muitos aviões voam na baixa estratosfera.
3. Mesosfera – Estende-se da estratopausa até 80-85km. É nesta camada que a maioria dos
meteoroides é queimada por atrito ao ingressar na atmosfera. A temperatura decresce com a
altitude, e a mesopausa é a mais fria das regiões atmosféricas: média de -80°C, podendo
chegar a -100°C. A tais temperaturas, o vapor de água congela e forma as chamadas nuvens
noctiluzentes (ou nuvens mesosféricas polares).
4. Termosfera – Estende-se até uma altitude que varia entre 500km e 1.000km, dependendo
da atividade do Sol. Devido à absorção de radiação solar altamente energética pelo
oxigênio residual ainda presente, a temperatura pode atingir 1.500°C. Contudo, o ar é tão
rarefeito que não há moléculas suficientes para importantes transferências de calor, e a
sensação térmica é inferior a 0°C.
5. Exosfera – A mais externa das regiões atmosféricas, confundindo-se com o meio
interplanetário. É composta sobretudo de hidrogênio e hélio. A densidade de moléculas é
tão baixa que ocorrem poucas colisões.

1902 – O francês Georges Mélies (1861-1938), um dos pioneiros do cinema, realiza


“Voyage dans la Lune” (“Viagem à Lua”), um dos primeiros filmes de ficção científica,
que narra uma viagem ao satélite natural da Terra.

1903 - William Henry Pickering publica um atlas fotográfico da Lua.

1903 – O cientista russo Konstantin Eduardovich Tsiolkovsky (1857-1935) publica "A


Exploração do Espaço com Equipamentos Reativos", que descreve como os foguetes
espaciais poderiam queimar hidrogênio e oxigênio líquido, um princípio utilizado até hoje.

1904 – O astrônomo inglês Edward Walter Maunde (1851-1928) rrepresenta graficamente


o primeiro “diagrama borboleta”, indicando a evolução temporal das manchas solares em
latitude ao longo de um ciclo de onze anos. A forma do traçado em direção ao equador
solar lembra as asas de uma borboleta.

1904 – O astrônomo inglês William Ward constata que somente 35 amostras de meteoritos
caídos antes de 1800 são conservadas nas coleções de todo o mundo.

1904 – O astrônomo alemão Johannes Franz Hartmann (1865-1936) descobre a existência,


no espaço interestelar, de átomos que não pertencem às atmosferas das estrelas que
observa. Ao estudar Mintaka (Delta Orionis), distante aproximadamente 900 anos-luz, ele
percebe que parte do cálcio do espectro é absorvido em algum lugar do espaço entre essa
estrela e a Terra. É a primeira detecção do que mais tarde será identificado como meio
interestelar.
Em astronomia, meio interestelar é o material existente no espaço entre os sistemas
estelares de uma galáxia. Compõe-se de gás (na forma de íons, átomos e moléculas), poeira
e raios cósmicos. A energia que ocupa esse mesmo espaço, na forma de radiação
eletromagnética, é o campo de radiação interestelar.

1904 (20 de dezembro) – É fundado o Observatório Solar de Monte Wilson (1.742m de


altitude), localizado na Califórnia, onde Edwin Hubble faz suas descobertas sobre a
expansão do Universo.

1905 (6 de jameiro) – O astrônomo estadunidense Charles Dillon Perrine (1867-1951)


anuncia a descoberta, realizada a partir de imagens feitas em 3 de dezembro de 1904, de
Himalia, sexto satélite conhecido de Júpiter.
Diâmetro: 170km; período orbital: 250,56 dias; distância média do planeta: 11.460.000km;
massa: 6,7 quatrilhões de toneladas; densidade: 2,6 g/cm3.

1905 (27 de fevereiro) – Charles Dillon Perrine publica a descoberta de Elara, sétimo
satélite conhecido de Júpiter.
Diâmetro: 86km; período orbital: 259,64 dias; distância média do planeta: 11.740.000km;
massa: 870 trilhões de toneladas; densidade: 2,6g/cm3.

1905 (26 de setembro) – O físico alemão Albert Einstein (1879-1955) publica na revista
Annalen der Physik o artigo "Zur Elektrodynamik bewegter Körper" (“Sobre a
eletrodinâmica dos corpos em movimento”), em que formula a teoria da relatividade
Especial (ou restrita). Esta teoria propõe que a velocidade da luz no vácuo é constante,
independente da velocidade da fonte, que a massa depende da velocidade, que há dilatação
do tempo durante movimento em alta velocidade, que massa e energia são equivalentes e
que nenhuma informação ou matéria pode se mover mais rápido do que a luz. A teoria é
especial somente porque está restrita ao caso em que os campos gravitacionais são
pequenos, ou desprezíveis. É nesta teoria que aparece a famosa equação relacionando
massa e energia: E = mc2, onde E representa a energia, m, a massa, e c2, a velocidade da
luz ao quadrado.
A teoria da relatividade revoluciona a compreensão humana do tempo e do espaço e,
juntamente com a teoria quântica, de Max Planck, constitui uma das teorias fundamentais
da física do século XX.

1906 – O astrofísico inglês Arthur Eddington (1882-1944) começa o seu estudo estatístico
dos movimentos estelares.

1906 – Com base em observações de Netuno feitas na segunda metade do século XIX, de
acordo com as quais perturbações na órbita de Urano indicavam a presença de mais um
planeta no Sistema Solar, Percival Lowell dá início a um amplo projeto visando a encontrar
este astro, que ele denomina “planeta X”.
A busca terminará em 1930, com a descoberta de Plutão.

1906 (22 de fevereiro) – O astrônomo alemão Max Wolf (1863-1932) descobre o primeiro
asteroide troiano, 588 Aquiles.
Asteroides troianos são grupos de objetos localizados em pontos de órbita estável previstos
por Lagrange, grupos estes que precedem ou seguem um planeta (no caso em questão,
Júpiter), ou um satélite, formando com este corpo celeste e o Sol um triângulo equilátero.
Os nomes destes asteroides são todos tirados de personagens da Guerra de Troia.
Aquiles – Diâmetro: 135,5km; período orbital: 4.320,083 dias (11,83 anos); distância média
do Sol: 776.669.000km.

1908 – George Ellery Hale descobre a separação Zeeman das linhas espectrais provenientes
de manchas solares, mostrando com isso que elas devem ser intensamente magnéticas.

1908 – O astrônomo espanhol Josep Comas y Sola (1868-1937) observa o escurecimento


das bordas de Titã e conclui, acertadamente, que o satélite tem atmosfera.
O escurecimento das bordas (limb darkening, em inglês) de um astro indica que a luz
refletida por essas regiões percorre um caminho mais longo do que aquela proveniente de
zonas centrais.

1908 (27 de janeiro) – O astrônomo inglês de origem belga Philibert Jacques Melotte
(1880-1961) descobre Pasífae, oitavo satélite conhecido de Júpiter.
Diâmetro: 60km; período orbital: 764,086 dias (2,09 anos); distância média do planeta:
24.094.770km; massa: 300 trilhões de toneladas; densidade: 2,6g/cm3.

1908 (30 de junho) - Um grande bólido, ao entrar na atmosfera, causa na localidade hoje
denominada Krasnoyarsk Krai, na Sibéria, próximo do rio Podkamennaya Tunguska, uma
tremenda explosão, que ocorre às 7h14min, hora local (22h14min de 29 de junho, hora de
Brasília). A onda de choque (5 graus na escala Richter) quebra vidraças a centenas de km
de distância e devasta cerca de 2.150km2 de floresta fechada, derrubando aproximadamente
80 milhões de árvores. O estrondo, conhecido como “evento de Tunguska”, é ouvido a
milhares de km, e a perturbação atmosférica ligada ao evento se faz sentir em todo o globo.
Embora não se saiba ao certo a causa do fenômeno, a teoria mais aceita afirma tratar-se da
explosão de um fragmento de meteoroide ou de cometa com algumas dezenas de metros
(algumas estimativas sugerem 100m) de diâmetro, a uma altitude compreendida entre 5 e
10km.
É a maior explosão já registrada na atmosfera da Terra, tendo liberado energia cerca de mil
vezes superior à da bomba atômica posteriormente (1945) lançada sobre Hiroshima.
Ao longo do século seguinte, aproximadamente mil artigos científicos (a maioria em russo)
acerca do evento de Tunguska são publicados.

1909 – O astrônomo inglês John Evershed (1864-1956) descobre o efeito Evershed:


movimento horizontal dos gases externos dos centros de manchas solares.

1909 (1º de janeiro) – astrônomos de Londres indicam a existência de um planeta para além
de Netuno.

1909 (16 de janeiro) – Um grupo de exploradores britânicos liderado por Ernest Shackleton
(1874-1922) encontra o Polo Magnético Sul da Terra.

1909 (20 de agosto) – O Observatório de Yerkes tira a fotografia mais antiga conhecida de
Plutão. Contudo, o astro só será identificado nesta imagem muitos anos mais tarde.
Atualmente, conhecem-se dezesseis imagens de Plutão anteriores ao descobrimento oficial
(1930).

1909 (outubro) – Estudando um terremoto com epicentro nos Bálcãs, o astrônomo croata
Andrija Mohorovicic (1857-1936) conclui que há descontinuidade em termos de densidade
e de composição entre uma camada superficial da Terra, a crosta, e outra inferior, o manto.

1909 (18 de novembro) – O Decreto nº 7.672 cria a Diretoria de Meteorologia e


Astronomia (vinculada ao Ministério da Agricultura), à qual fica subordinado o
Observatório Nacional, como passa a se chamar o Observatório do Rio de Janeiro (então
formalmente extinto).

1910 – É observado o espectro de 40 Eridani B, distante 16,45 anos-luz, a primeira anã


branca identificada.
Anãs brancas são estrelas em estágio final de evolução, de pequena massa e altíssima
densidade (de uma a dez toneladas por centímetro cúbico). Simplificadamente, têm massa
comparável à do Sol e volume comparável ao da Terra.
1910 – O astrônomo dinamarquês Ejnar Hertzsprung (1873-1967) e o estadunidense Henry
Norris Russell (1877-1957) demonstram esquematicamente que existe uma relação direta
entre a luminosidade (magnitude absoluta) e o espectro (cor) das estrelas. Trata-se do
“diagrama H-R” ou “diagrama cor-magnitude”.
Esse diagrama desempenhará um papel importante na compreensão da evolução estelar.

1910 (12 de janeiro) – Um grande cometa, oficialmente denominado C/1910 A1, é visto por
vários observadores de diversos países. A aparição é espetacular e, ao ser registrado pela
primeira vez, o cometa já é visível a olho nu. O periélio (19.350.000km) é atingido cinco
dias mais tarde e, pouco depois, a luminosidade ultrapassa a de Vênus, fazendo desse astro,
observável durante o dia, um dos mais brilhantes cometas do século XX.

1910 (20 de abril) - O Cometa Halley atinge o periélio, numa passagem exaustivamente
estudada, com instrumentos e a olho nu. A superstição gera grande medo do "fim do
mundo". Os cientistas seguem o Cometa desde o seu aparecimento nas regiões mais
internas do Sistema Solar. Com potentes telescópios, é possível estudar o núcleo. Datam
dessa ocasião as primeiras fotografias e as primeiras análises espectroscópicas do astro.
É curioso o caso do escritor satírico estadunidense Samuel Clemens, conhecido pelo
pseudônimo Mark Twain. Nascido em 30 de novembro de 1835, duas semanas depois do
periélio anterior do Cometa Halley, ele escreve em sua autobiografia, publicada em 1909:
“Eu vim com o Cometa Halley em 1835. Ele voltará no próximo ano, e eu espero ir com
ele. Será o maior desapontamento da minha vida se eu não for embora com o Cometa
Halley”. Mark Twain morre em 21 de abril de 1910, um dia depois do periélio do Halley.

1910 (18 de maio) - Ocorre a maior aproximação do Halley ao nosso planeta nesta
aparição: 22 milhões de km, e a Terra passa por dentro da cauda do Cometa. Após a
descoberta, feita espectroscopicamente, de cianogênio (um gás tóxico) na cauda do Halley,
Camille Flammarion havia afirmado que, na passagem da Terra por essa região, o gás
impregnaria a atmosfera e possivelmente eliminaria a vida do planeta. A divulgação de
especulações sensacionalistas como essa faz com que muitas pessoas, em pânico, comprem
de charlatães, entre outras coisas, máscaras antigás, pílulas e guarda-chuvas anticometa. Na
realidade, o gás é tão difuso que nenhum efeito maléfico ocorre com a Terra devido à sua
passagem pela cauda do Cometa.

1911 – O neozelandês Ernest Rutherford (1871-1937), utilizando os fenômenos radiativos


no estudo da estrutura atômica, descobre que o átomo não é uma esfera maciça, mas sim
formada por uma região central, o núcleo, e uma região externa a este, a eletrosfera. No
núcleo atômico estão as partículas positivas, os prótons, e na eletrosfera, as partículas
negativas, os elétrons. Considerando que os elétrons giram em torno de um centro, assim
como os planetas giram ao redor das estrelas, a concepção atômica de Rutherford é por
vezes denominada “modelo planetário”.
Os nêutrons, também integrantes do núcleo, só serão descobertos em 1932.

1912 – A astrônoma estadunidense Henrietta Swan Leavitt (1868-1921), estudando (desde


1908) a Pequena Nuvem de Magalhães, descobre a relação período-luminosidade das
Cefeidas. Como todos os corpos celestes nesta nuvem estão quase à mesma distância da
Terra, ela compara o tempo de duração dos ciclos das estrelas variáveis com relação ao seu
brilho e chega à conclusão de que as cefeidas variam regularmente e podem fornecer
indicações confiáveis acerca da distância a que estão. Mais tarde, Edwin Hubble utiliza os
dados de Leavitt para calcular a distância até as galáxias próximas e lança o debate sobre se
estas nebulosas espirais são aglomerados de poeira dentro da Via Láctea ou verdadeiras
galáxias à parte.

1912 – A astrônoma estadunidense Annie Jump Cannon (1863-1941) estabelece a forma


definitiva da classificação estelar de Harvard, cuja elaboração havia sido iniciada nos anos
1890 no Harvard College Observatory.
As estrelas são divididas em sete classes indicativas de cor (e de temperatura, das mais
quentes às mais frias), usadas ainda hoje: O, azuis; B, branco-azuladas; A, brancas; F,
branco-amareladas; G, amarelas; K, laranja; M, vermelhas.
É importante registrar que essas cores são aparentes e descrevem a coloração de
determinada estrela quando vista a olho nu contra um fundo celeste escuro (céu noturno).

1912 – A China adota o calendário gregoriano.

1912 – O astrônomo estadunidense Vesto Melvin Slipher (1875-1969) descobre que as


linhas espectrais das estrelas na Galáxia de Andrômeda (M31) mostram um enorme
deslocamento para o azul, indicando que esta galáxia está se aproximando do Sol, a uma
velocidade que ele calcula em 300km/s (valor atualmente aceito: 111km/s). Andrômeda
deve se chocar com a Via Láctea dentro de 4 ou 5 bilhões de anos. Slipher inicia então um
trabalho sistemático que leva duas décadas, demonstrando que, das 41 galáxias por ele
estudadas, a maioria apresenta deslocamento espectral para o vermelho, indicando que as
galáxias estão se afastando de nós. Slipher descobre que quanto mais fraca a galáxia, e
portanto mais distante, maior é o deslocamento para o vermelho (velocidade de afastamento
ou de recessão) de seu espectro.
É a descoberta do desvio para o vermelho (redshift) das galáxias, que Edwin Hubble
utilizará na elaboração do modelo da expansão do Universo.

1912 (6 de janeiro) – Aparecem as primeiras publicações acerca da evolução continental da


Terra, elaboradas pelo astrônomo, geofísico e meteorologista alemão Alfred Wegener
(1880-1930), o pioneiro da moderna teoria da deriva dos continentes.
Segundo essa teoria, posteriormente confirmada, os continentes atuais constituíram um dia
uma massa única (Pangeia), rodeada por um único oceano (Pantalassa), que se fragmentou
após um processo de ruptura. Considerando que os continentes flutuam no magma, a
configuração que assumem varia ao longo de escalas de milhões de anos. Wegener
desenvolve esse argumento com base na complementaridade que observa entre diversos
continentes. Ele imagina, por exemplo, que As costas ocidental da África e oriental da
América do Sul poderiam “se encaixar”.
A teoria da deriva dos continentes levará, décadas mais tarde, à descoberta das placas
tectônicas.

1912 (7 de agosto) – O físico austríaco Victor Franz Hess (1883-1964) descobre, a bordo de
um balão, que partículas carregadas, principalmente prótons, chamadas de raios cósmicos,
altamente energéticas, atingem a Terra vindas do espaço e são produzidas de alguma forma
pelos processos mais energéticos no Universo, com energias trilhões de vezes maiores do
que se pode obter em nossos laboratórios, e mesmo muito maiores do que as estrelas podem
gerar.

1912 (dezembro) – A Albânia adota o calendário gregoriano.

1913 – Aplicando a teoria quântica formulada por Max Planck ao modelo atômico de
Rutherford, o físico dinamarquês Niels Bohr (1885-1962) elabora uma nova teoria, na qual
Conclui que os elétrons dos átomos não emitem radiações enquanto permanecem numa
mesma órbita, mas somente ao se deslocarem de um nível mais energético (órbita mais
distante do núcleo) a outro de menor energia (órbita menos distante). A teoria quântica lhe
permite formular essa concepção de modo mais preciso: as órbitas não se localizam a
quaisquer distâncias do núcleo; ao contrário, apenas algumas órbitas são possíveis, cada
uma delas correspondendo a um nível bem definido de energia do elétron. A transição de
uma órbita a outra não é gradativa, mas se faz por “saltos”: ao absorver energia, o elétron
salta para uma órbita mais externa; ao emiti-la (na forma de um fóton), passa para outra
mais interna.

1913 - O explorador e físico norueguês Kristian Birkeland (1867-1917)


é o primeiro a predizer que o espaço não é apenas um plasma, mas que contém matéria não
visível pelos meios tradicionais. Ele escreve: “Parece uma consequência natural, do nosso
ponto de vista, supor que o espaço inteiro está cheio de elétrons e de íons de todo tipo.
Supomos que cada sistema estelar em evolução lança corpúsculos elétricos ao espaço.
Parece, portanto, razoável pensar que a maior parte da massa do Universo se encontra, não
em sistemas solares ou nebulosas, mas no espaço “vazio”.

1913 – É usado pela primeira vez o termo "parsec", surgido da contração das palavras
"paralax" (paralaxe) e "second" (segundo. Trata-se de uma unidade de medida astronômica,
equivalente à distância do Sol a um objeto cuja paralaxe anual média vale um segundo de
arco, isto é, 3,26 anos-luz, ou 206.265 unidades astronômicas (30,857 trilhões de km).
Segundo Frank Watson Dyson, a palavra "parsec" é cunhada pelo astrônomo e sismologista
britânico Herbert Hall Turner (1861-1930).

1913 – Os físicos franceses Charles Fabry (1867-1945) e Henri Buisson (1873-1944)


descobrem a ozonosfera terrestre, camada de ozônio situada sobretudo na baixa
estratosfera, entre as altitudes aproximadas de 20km e 40km (a espessura varia sazonal e
geograficamente), que contém 90% do ozônio presente na atmosfera terrestre e absorve
entre 97% e 99% dos raios ultravioleta de alta frequência provenientes do Sol, que são
potencialmente perigosos para os seres vivos terrestres.

1914 (17 de setembro) – O astrônomo estadunidense Seth Barnes Nicholson (1891-1963)


anuncia a descoberta (imagens feitas em 21 de julho) de Sinope, nono satélite conhecido de
Júpiter.
Diâmetro: 38km; período orbital: 724,1 dias (1,95 ano); distância média do planeta:
23.540.000km; massa: 75 trilhões de toneladas; densidade: 2,6g/cm3.

1915 – O astrônomo escocês Robert Thorburn Ayton Innes (1861-1933) descobre Proxima
Centauri, situada à distância de 4,243 anos-luz (40,16 trilhões de km), o que faz dela a
estrela mais próxima da Terra, depois do Sol. Trata-se de uma anã vermelha de magnitude
aparente 11,05, integrante de um sistema triplo e distante 2,24 trilhões de km de Alfa
Centauri A e Alfa Centauri B, os outros dois componentes do sistema.
Alfa Centauri A, principal componente do sistema, é ligeiramente maior que o Sol (1,23
raio solar), 10% mais massiva e 52% mais luminosa. O tipo espectral é igual ao do Sol: G2
V, o que indica tratar-se de uma estrela amarelada. A magnitude aparente é 0,01, sendo
Alfa Centauri A a terceira estrela mais brilhante conforme vista da Terra, depois de Sirius e
de Canopus.
Alfa Centauri B tem 86,5% do raio, 90,7% da massa e 50% da luminosidade do Sol. É uma
estrela alaranjada (tipo espectral K1 v) de magnitude aparente 1,33.
Alfa Centauri A e B orbitam o baricentro (centro de massa comum) em 79,91 anos e estão
separadas uma da outra por uma distância que varia entre 1,67 bilhão de km (pouco
superior à distância média Sol-Saturno) e 5,3 bilhões de km (pouco inferior à distância
média Sol-Plutão).

1915 – O astrônomo estadunidense de origem síria Walter Sydney Adams (1876-1956)


vence o obstáculo representado pela intensa luminosidade de Sirius A e consegue registrar
o espectro de Sirius B. Trata-se de uma anã branca.

1915 – A Royal Astronomical Society passa a admitir mulheres em seus quadros.

1915 (19 de março) – O Observatório de Flagstaff obtém duas imagens tênues de Plutão,
mas o astro não é reconhecido como sendo o planeta procurado desde 1906.

1915 (novembro) – Albert Einstein apresenta na Academia Prussiana de Ciências as


equações hoje conhecidas como equações de campo de Einstein. Elas especificam como a
geometria do espaço-tempo é influenciada pela matéria presente e constituem o cerne da
teoria da relatividade geral, formulada por completo no ano seguinte.

1915 (22 de dezembro) – Numa carta enviada a Albert Einstein, o físico e astrônomo
alemão Karl Schwarzschild (1873-1916) descreve as soluções específicas que encontra para
as equações einsteinianas do campo gravitacional, dando início à teoria moderna dos
buracos negros. Ele evidencia a existência de um limite no espaço e no tempo que
impossibilita obter-se do exterior qualquer informação a respeito do que acontece além
dele. Esse limite recebe o nome de “horizonte de eventos” e aplica-se às grandes massas
quando estas se encontram particularmente comprimidas.

1916 - Albert Einstein propõe a teoria da relatividade geral, uma teoria do campo
gravitacional e dos sistemas de referência em geral. O nome refere-se ao fato de ser uma
generalização da teoria da relatividade restrita, de 1905. Os princípios fundamentais
introduzidos nesta generalização são o Princípio da Equivalência, que descreve a aceleração
e a gravidade como aspectos distintos da mesma realidade, a noção de curvatura do espaço-
tempo e o Princípio geral de Covariância (as leis da Física devem assumir as mesmas
formas matemáticas em todos os sistemas de referência).
Embora difira pouco da teoria da gravitação de Isaac Newton na Terra, resulta bastante
diferente em grandes dimensões e grandes massas, como o Universo. A teoria da
relatividade geral é universal no sentido de ser válida mesmo nos casos em que os campos
gravitacionais não são desprezíveis. Trata-se, na verdade, da teoria da gravitação,
descrevendo a gravidade como a ação das massas nas propriedades do espaço e do tempo,
que afeta o movimento dos corpos e outras propriedades físicas. Enquanto na teoria de
Newton o espaço é rígido, descrito pela geometria Euclidiana, na relatividade geral o
espaço-tempo é distorcido pela presença da matéria que ele contém.

1916 – O teórico alemão Ludwig Flamm (1885-1964) encontra nas equações de Einstein
indicações da existência de atalhos entre um ponto e outro do espaço-tempo grandes e
estáveis o suficiente para permitir viagens interestelares, popularmente conhecidos como
“buracos de minhoca”, ou “buracos de verme”. Partindo da ideia de que é possível curvar o
espaço, o cientista Considera a possibilidade de curvaturas produzidas em distantes regiões
se tocarem, criando um atalho.
Esse conceito é desenvolvido mais detalhadamente pelo matemático e físico teórico alemão
Hermann Weyl (1885-1955), em 1921.
O nome acadêmico é ponte de Einstein-Rosen, derivado da publicação, em 1935, de um
trabalho em qe o tema é abordado, realizada pelo físico estadunidense de ascendência
judaica Nathan Rosen (1909-1995), assistente de Albert Einstein no Institute for Advanced
Study (Princeton, Nova Jersey).
Registre-se que não há evidência observacional dos “buracos de minhoca”, que
permanecem em nível teórico.

1916 – Edward Emerson Barnard calcula o movimento próprio (10,3 segundos de arco por
ano) da estrela que passa a levar seu nome, a segunda mais próxima da Terra (5,98 anos-
luz, 56,57 trilhões de km), depois do sistema triplo de Alfa Centauri. Trata-se de uma anã
vermelha situada na constelação de Ofiúco. Estimativas posteriores atribuem à Estrela de
Barnard diâmetro de 275.000km e massa equivalente a 14% da solar.

1916 – Kristian Birkeland é o primeiro a predizer, corretamente, que, “do ponto de vista
físico, é muito provável que os raios solares não sejam exclusivamente negativos ou
positivos, mas de ambos os tipos”. Isto quer dizer que o vento solar é formado por elétrons
negativos e íons positivos.

1917 – Albert Einstein publica seu artigo histórico sobre cosmologia, "Kosmologische
Betrachtungen Zur Allgemeinen Relativitätstheorie" (Considerações Cosmológicas sobre a
Teoria da Relatividade), construindo um modelo esférico do Universo. Como as equações
da Relatividade Geral não levam diretamente a um Universo estático de raio finito, mesma
dificuldade encontrada com a teoria de Newton, Einstein modifica suas equações,
introduzindo a famosa constante cosmológica, para obter um Universo estático, já que ele
não tem nenhuma razão para supor que o Universo esteja se expandindo ou contraindo. A
constante cosmológica age como uma força repulsiva que previne o colapso do Universo
pela atração gravitacional.

1917 (a partir de ) – O astrônomo, físico e matemático holandês Willem de Sitter


(1872-1934) desenvolve um modelo cosmológico (universo de de
Sitter) em que não há matéria mas há movimento, oposto, portanto, ao modelo de Einstein,
com matéria mas estático. Nele, o próprio espaço se expande, e dois objetos (grãos de
poeira, estrelas...) colocados em dois pontos diferentes do espaço se afastam um do outro
com velocidade proporcional à distância entre eles.
Pesquisas posteriores mostram que os modelos cosmológicos de Einstein e de de Siter são,
na verdade, complementares.

1917 – o telescópio refletor óptico de 2,54m de Monte Wilson entra em operação,


localizado em Monte Wilson, Califórnia.

1917 - O físico e astrônomo britânico James Jeans (1877-1946) aventa a hipótese de que os
planetas do Sistema Solar se formaram a partir de material arrancado, por força de maré, do
Sol e de outra estrela, durante uma aproximação entre ambas. Posteriormente, trabalhos do
britânico Harold Jeffreys (1891-1989) e do americano Henry Norris Russell (1877-1957)
demonstram a inviabilidade dessa teoria.

1917 – A Bulgária adota o calendário gregoriano.

1917 (julho) – Astrônomos do Observatório de Monte Wilson descobrem uma “nova” na


galáxia espiral NGC 6946; outras “novas” são descobertas por Heber Doust Curtis
(1872-1942), da equipe do Observatório de Lick. Recorrendo-se à simples hipótese de que
essas estrelas, cujo brilho aumenta substancialmente, possuem a mesma natureza e a mesma
luminosidade intrínseca daquelas que aparecem na Via Láctea, é possível perceber que as
galáxias espirais devem estar muito distantes e, portanto, atingir enormes dimensões.

1918 – O astrônomo estadunidense Harlow Shapley (1885-1972) demonstra que os


aglomerados globulares circundam a nossa galáxia como um halo e não estão centrados em
volta da Terra. Ele realiza cálculos das dimensões da Via Láctea, atribuindo-lhe um
diâmetro de 230.000 anos-luz, aproximadamente o dobro do valor atualmente aceito (entre
100.000 e 120.000 anos-luz). Estabelece ainda que o Sol se encontra a cerca de 30.000 anos
luz do centro galáctico (valor atualmente aceito: 26.000 anos-luz), o que significa que está
mais próximo da borda do que da região central.
A Via Láctea, galáxia espiral barrada, apresenta espessura de 1.000 anos-luz (12.000 anos-
luz, incluindo o disco de gás que a rodeia). Tem massa total de pelo menos 700 bilhões de
massas solares (algumas estimativas indicam valores entre 1 e 1,5 trilhão) e contém de 100
a 400 bilhões de estrelas (o total depende do número de estrelas de pequena massa, ou
estrelas anãs, as mais comuns no Universo, difíceis de detectar a distâncias superiores a 300
anos-luz). É a segunda maior galáxia do Grupo Local, depois de Andrômeda (M31).

1918 – Max Planck recebe o Prêmio Nobel de Física pela descoberta da energia quântica.

1918 – A Rússia adota o calendário gregoriano.

1919 – É fundada a União Astronômica Internacional (UAI, ou IAU – International


Astronomical Union -, na sigla em inglês). Essa organização tem como missão promover a
ciência da astronomia em todos os seus aspectos através de cooperação internacional. É a
autoridade internacionalmente reconhecida com poder para atribuir designações a corpos
celestes e a quaisquer aspectos de sua superfície. As atividades educacionais e relativas à
ciência da UAI estão organizadas em 11 divisões científicas e, através delas, em 40
comissões mais especializadas, que cobrem todos os aspectos da astronomia. As divisões
científicas são: Astronomia Fundamental, Sol e Heliosfera, Ciências Planetárias, Estrelas,
Estrelas Variáveis, Matéria Interestelar, Via Láctea, Galáxias e Universo, Espectroscopia,
Radioastronomia e Física de Altas Energias e Técnicas Espaciais. A política de longo termo
da UAI é definida por uma Assembleia Geral (trienal) e implementada por um Comitê
Executivo. O ponto focal de suas atividades é o IAU Secretariat (permanente), localizado
no Institut d’Astrophysique, em Paris, França.

1919 – O professor, físico e inventor estadunidense Robert Hutchings Goddard


(1882-1945) publica “A Method of Reaching Extreme Altitudes” (“Um Método para
Atingir Altitudes Extremas”), livro considerado um dos trabalhos pioneiros na ciência dos
foguetes. Nele, Goddard descreve suas teorias matemáticas para voos de foguetes e seus
experimentos com foguetes de combustível sólido. No final da obra, o autor discute os
possíveis usos dos foguetes, não apenas para alcançar a alta atmosfera, mas para escapar do
campo gravitacional terrestre. Ele considera mesmo a possibilidade de lançar um foguete
para a Lua.
Goddard é fortemente criticado por grande parte da imprensa, e em 13 de janeiro de 1920 o
The New York Times publica um artigo ridicularizando a proposta de enviar um foguete à
Lua e dizendo ser impossível umfoguete funcionar no vácuo. Em 17 de julho de 1969, um
dia depois do lançamento da Apollo 11, o jornal publica um pequeno artigo a título de
correção, no qual lamenta o erro de 1920.

1919 – A Romênia adota o calendário gregoriano.

1919 (29 de maio) – Ocorre um famoso eclipse total do Sol, cuja observação permite
confirmar a previsão da Teoria da Relatividade sobre o desvio dos raios luminosos na
presença de campos gravitacionais. Organiza-se uma expedição ao Brasil (Sobral, Ceará),
coordenada pelo inglês Andrew Claude de la Cherois Crommelin (1865-1939), a qual
retorna à Europa com 7 fotografias boas. Medindo a distância entre as estrelas à esquerda e
à direita do Sol durante o eclipse, quando elas estão visíveis pelo curto espaço de tempo
que ele dura (6min51s), e comparando com medidas das mesmas estrelas obtidas 6 meses
antes, quando elas eram visíveis à noite, o chefe internacional deste estudo, o astrofísico
inglês Sir Arthur Stanley Eddington (1882-1944), que fotografa o fenômeno a partir de São
Tomé e Príncipe, na África, observa que as estrelas parecem mais distantes umas das outras
durante o eclipse. Isto implica que os raios de luz destas estrelas são desviados pelo campo
gravitacional do Sol, como predito por Einstein. Tais desvios são o que se chama em
astronomia de “lentes gravitacionais”.
Os resultados dessa pesquisa fazem de Albert Einstein uma celebridade mundial.

1920 – É descoberto em Otjozondjupa, nas vizinhanças de Grootfontein, na Namíbia, o


maior meteorito conhecido, o Hoba, uma rocha com peso estimado de 59t composta de
ferro (84%) e níquel (16%). Mede 2,7 x 2,7 x 0,9m.

1920 (26 de abril) – A discussão entre os astrônomos sobre a natureza das nebulosas torna-
se tão intensa que a Academia Nacional de Ciências de Washington decide formalizá-la,
convidando Harlow Shapley (1885-1972) e Heber Curtis (1872-1942) – os dois maiores
representantes das tendências antagônicas – para um debate, que seria assistido pelos mais
ilustres astrônomos da época. Shapley considera as espirais como parte integrante da nossa
galáxia; Curtis permanece fiel à ideia dos Universos-ilha. Desse modo, depois de quase um
século e meio, encerra-se o Grande Debate, iniciado por William Herschel no final do
século XVIII. Sua conclusão evidencia a genialidade das intuições de Wright e de Kant
sobre os Universos-ilha, noção “intuitiva” à qual sucessivas gerações de pesquisadores se
apegaram. A partir de 1920, entretanto, surgem provas rigorosamente científicas de sua
validade. Para muitos astrônomos, a natureza das “nebulosas espiraladas” se apresentava
ainda incerta antes daquele ano. Depois do confronto, porém, torna-se clara para todos:
Curtis vence o debate.
Compreende-se que a Via Láctea é apenas uma de muitas galáxias que compõem o
Universo. É o início da astronomia extragaláctica.
Surge uma distinção clara entre galáxias e nebulosas (ambos objetos difusos quando vistos
da Terra), termos até então muitas vezes usados como sinônimos.
Galáxias são sistemas massivos constituídos por componentes gravitacionalmente unidos:
estrelas, gás, poeira e matéria escura. Podem ter de 100 milhões a 100 trilhões de estrelas.
Os diâmetros variam entre poucos milhares e centenas de milhares de anos-luz, e as
distâncias entre elas vão de dezenas de milhares a milhões de anos-luz. Dentro das galáxias
há aglomerados estelares, nuvens moleculares e, no centro de muitas delas, buracos negros.
Nebulosas são nuvens interestelares de poeira, hidrogênio, hélio e outros gases ionizados.
No interior de muitas delas se formam estrelas e planetas. Situam-se dentro das galáxias, e
os diâmetros são da ordem de alguns anos-luz.

1920 (13 de dezembro) – O astrônomo estadunidense Francis Gladheim Pease


(1881-1938) faz a primeira determinação do diâmetro de uma estrela (Betelgeuse, alfa de
Órion, distante 640 anos-luz) com o uso do interferômetro, no Observatório de Monte
Wilson. O valor por ele obtido é de 400 milhões de km (valor atualmente aceito: 1,3 bilhão
de km).

1922 – O matemático russo Alexander Friedmann (1888-1925) encontra uma solução para
as equações de campo de Einstein que sugere uma expansão geral do espaço.

1922 – Ocorre em Roma, Itália, a primeira assembleia geral da UAI.

1922 – A UAI adota como oficial o Central Bureau for Astronomical Telegrams (CBAT),
fundado pela Astronomische Gesellschaft, em 1882, em Kiel, na Alemanha, e funcionando,
desde a segunda metade da década de 1910, no Observatório de Østervold, na Dinamarca, a
cargo da Universidade de Copenhague. A instituição passa a ser o organismo internacional
responsável pela catalogação e identificação de eventos astronómicos recentemente
descobertos. O CBAT reúne e distribui informações sobre cometas, satélites naturais,
novas, supernovas e outros eventos astronômicos recentes. Também estabelece a prioridade
das descobertas (a quem devem ser creditadas) e atribui designações provisórias e nomes a
novos objetos. Ademais, distribui as circulares da UAI, as quais, desde meados da década
de 1980, também estão disponíveis em meio eletrônico.

1922 – O astrônomo estadunidense de origem holandesa Willem Luyten (1899-1994)


utiliza pela primeira vez o termo “anã branca” para se referir a estrelas semelhantes a Sirius
B. Essa denominação deve-se ao fato de a temperatura de todas as estrelas desse tipo então
conhecidas girar em torno de 10.000°C, correspondendo à classe espectral A, constituída
por estrelas de cor branca. Hoje, contudo, sabe-se que a temperatura dessas estrelas pode
variar entre 3.000°C e 20.000°C, com as cores variando do vermelho ao azul. Isso significa,
portanto, que nem todas as anãs brancas são efetivamente brancas.

1922 – Na gestão de Henrique Charles Morize (1860-1930), o Observatório Nacional é


transferido do então Morro do Castelo, agora Esplanada do Castelo, para o Morro de São
Januário, no atual Bairro de São Cristóvão (Rio de Janeiro), onde está até hoje.

1922 (22 de outubro) – É publicada a primeira Circular da UAI.

1923 – Todos os países aderem ao calendário gregoriano, pelo menos para regular o ano
civil.

1923 (junho) – O físico romeno Hermann oberth (1894-1989) publica “Die Rakete zu den
Planetenräumen” (“O Foguete Ao Espaço Planetário”), livro em que descreve como um
telescópio poderia ser colocado em órbita terrestre por meio de um foguete. Ele também
cunha a expressão "estação espacial" para descrever uma estrutura que serviria como ponto
de partida para viagens à Lua e a Marte.

1924 – Arthur Eddington desenvolve a relação massa-luminosidade para as estrelas da


sequência principal, ou seja, aquelas que realizam fusão de hidrogênio em hélio no interior
de seus núcleos.

1924 (maio) – É fundada, na União Soviética (URSS), a Sociedade para estudos de Viagens
Interplanetárias. Entre os membros estão cientistas importantes da época, como Konstantin
Tsiolkovsky, Friedrich Zander e Yuri Kondratyuk. A sociedade é dissolvida no ano
seguinte.

1924 (23 de outubro) – O astrônomo estadunidense de origem alemã Walter Baade


(1893-1960) descobre 1036 Ganymed, o maior asteroide próximo da Terra (near-Earth
asteroid) do Sistema Solar.
Diâmetro: 34km; período orbital: 1.586,202 dias (4,34 anos); distância média do sol:
398.198.000km; massa: 167 trilhões de toneladas; densidade: 7,9g/cm3; rotação: 10,31h.
São classificados como asteroides próximos da Terra aqueles cuja distância mínima do sol
é inferior a 1,3 unidade astronômica (195 milhões de km).

1924 (23 de novembro) – O astrônomo estadunidense Edwin Powell Hubble (1889-1953)


publica no The New York Times os resultados das medições por ele efetuadas no ano
anterior. Ao determinar, com o auxílio de variáveis cefeidas, a distância a que estão da
Terra M31 (Andrômeda) e M33 (Triângulo), ele conclui que se trata de sistemas estelares
semelhantes à Via Láctea e que estão localizados fora dela. A relutância de Hubble em
publicar suas conclusões deve-se ao fato de estarem em franca contradição com as
medições tomadas, em 1916, pelo astrônomo holandês Adriaan van Maanen (1884-1946),
então tidas em alta conta no meio científico. Com a constatação de que estão corretas as
medições efetuadas por Hubble, fica provada a natureza extragaláctica das nebulosas em
espiral.
1925 – A astrônoma anglo-americana Cecília Payne (1900-1979) estabelece que o
hidrogênio é o elemento químico mais abundante na composição das estrelas.

1925 (9 de maio) – O físico alemão Albert Einstein visita o Observatório Nacional (Rio de
Janeiro).

1926 – O sismólogo alemão Beno Gutenberg (1889-1960) descobre, no manto terrestre,


uma zona de baixa velocidade de ondas sísmicas, a cerca de 100km de profundidade e com
espessura de quase 100km. Essa camada recebe a denominação de “astenosfera”.
Sua existência passa a ser definitivamente aceita apenas depois da análise das ondas
sísmicas do grande terremoto ocorrido no Chile em 22 de maio de 1960
(o mais forte alguma vez registrado, de magnitude 9,5).

1926 – No artigo “The Internal Constitution of the Stars” (“A Constituição Interna das
Estrelas”), Arthur Eddington sugere que o calor do Sol provém de um "reator nuclear"
interno.

1926 – O físico estadunidense de origem polonesa Albert Michelson (1852-1931) mede


com precisão a velocidade da luz, concluindo que ela é de 299.796+-4km/s. O valor aceito
atualmente é de 299.792,458km/s.
De acordo com a definição da UAI, ano-luz é a distância percorrida pela luz, no vácuo, ao
longo de um ano juliano (exatamente 365,25 dias, ou 31.557.600 segundos), o que
corresponde a 9.460.730.472.580,8km.

1926 (16 de março) – Primeiro voo de foguete propelido a combustível líquido (gasolina e
oxigênio), construído por Robert Goddard e lançado em Auburn, Massachusetts.

1927 – O padre e cosmólogo belga Georges-Henri Édouard Lemaître (1894-1966) é o


primeiro a propor a teoria da expansão do Universo, dois anos antes de Edwin Hubble. Ele
também sugere o que mais tarde será denominado Big Bang. Lemaître imagina que toda a
matéria esteja concentrada no que ele chama de átomo primordial e que este átomo se
partiu em incontáveis pedaços, cada um se fragmentando sempre mais, até formar os
átomos presentes no Universo, numa enorme fissão nuclear.
Contudo, o artigo em que expõe sua teoria, “Un Univers homogène de masse constante et
de rayon croissant rendant compte de la vitesse radiale des nébuleuses extragalactiques”
(“Um universo homogêneo de massa constante e raio crescente considerando a velocidade
radial das nebulosas extragalácticas”), publicado no periódico Annales de la Société
Scientifique de Bruxelles, permanece obscuro e ignorado pela comunidade científica
internacional, o que só se modifica com uma tradução parcial para inglês, em 1931.

1927 – O astrônomo estadunidense Ira Sprague Bowen (1898-1973) explica as linhas


espectrais não identificadas provenientes do espaço como linhas de transição proibidas. Ele
constata que essas linhas são emitidas por oxigênio ionizado. Com isso, fica descartada a
existência do “nebúlio”, elemento químico hipotético que, desde os anos 1860, era tido
como responsável por linhas espectrais não identificadas e que se pensava existir apenas no
espaço, não na Terra.
1927 – Têm início as atividades do Instituto Astronômico e Geofísico da Universidade de
São Paulo (USP).

1927 – O astrônomo holandês Jan Hendrik Oort (1900-1992) analisa movimentos de


estrelas distantes, encontrando evidências de uma rotação diferencial, e funda a teoria
matemática da estrutura galáctica.

1927 – O geólogo inglês Arthur Holmes (1890-1965), pioneiro no uso dos elementos
radioativos para datar as rochas, propõe um mecanismo capaz de explicar o movimento dos
continentes. Quando decaem, os elementos radioativos existentes no interior da Terra
produzem calor e aquecem o manto. Essa camada constitui um meio sólido para a pesquisa
sísmica, pois as ondas secundárias propagam-se em seu interior. Num período de milhares
de anos, porém, o manto comporta-se como um fluido extremamente viscoso, capaz de
transportar por convecção o calor do centro para a superfície. No fenômeno físico da
convecção, as porções quentes do fluido ficam ainda mais quentes e tendem a subir,
enquanto suas partes frias afundam. Se a diferença de temperatura for suficiente, cria-se
uma circulação ordenada, com a formação de células de convecção. Holmes afirma que
esse mecanismo é capaz de deslocar os continentes, assim como as correntes marítimas
fazem com os “icebergs”.

1927 – O climatologista e geofísico austríaco Victor Conrad (1876-1962) verifica a


existência de uma descontinuidade entre a parte superior e a parte inferior da crosta
terrestre continental, conhecida hoje como descontinuidade de Conrad.

1927 - No livro “A Conquista do Espaço Interplanetário” (72 páginas), o ucraniano Yuri


Kondratyuk (1897-1942) aborda a trajetória de foguetes e as condições de habitação no
espaço. Sugere também a utilização da assistência gravitacional para acelerar a velocidade
de uma nave espacial.

1927 – O estudante holandês Cyprianus Annius van den Bosch calcula a massa de Marte
com um erro de 0,2%. Ele usa os movimentos dos satélites marcianos para chegar a esse
valor.

1927 (5 de junho) - É fundada (Breslau, Alemanha), a “ Verein für Raumschiffahrt”


(Sociedade para viagens espaciais), organização amadora que chega a contar com
aproximadamente quinhentos membros. Realiza experimentos com foguetes, tendo um
deles, da série Repulsor, atingido altitude superior a 1km (primavera de 1932).
A organização é dissolvida em 1933.

1927 (15 de dezembro) – O cometa Skjellerup-Maristany (formalmente, C/1927 X1),


descoberto (6 de dezembro) pelo astrônomo amador austríaco John Francis Skjellerup
(1875-1952) e pelo argentino Edmundo Maristany, chega ao periélio e pode ser visto
durante o dia. Destaca-se por sua coloração fortemente amarela, causada pela emissão de
átomos de sódio. Permanece visível a olho nu por 32 noites.

1928 – O físico teórico britânico Paul Dirac (1902-1984) formula a equação que leva o seu
nome (equação de Dirac), a qual descreve o comportamento do elétron e permite ao
cientista predizer a existência do pósitron, a antipartícula do elétron. Com esse trabalho,
tem início o estudo teórico da antimatéria.
Antimatéria é, em Física de partículas, a extensão do conceito de antipartículas à matéria. A
antimatéria está, portanto, composta de antipartículas, enquanto a matéria é composta de
partículas. Por exemplo, um antielétron (elétron com carga positiva, ou pósitron) e um
antipróton (próton com carga negativa) poderiam formar um átomo de antimatéria, da
mesma maneira como um elétron e um próton formam um átomo de hidrogênio. Segundo
os modelos teóricos, o contato de matéria e antimatéria leva à aniquilação de ambas, dando
lugar a fótons de alta energia (raios gama) e a outros pares partícula-antipartícula.

1928 – O astrônomo inglês William Hunter McCrea (1904-1999) descobre que


aproximadamente três quartos da massa do Sol são formados por hidrogênio e cerca de um
quarto é composto por hélio, com mais ou menos 1% de outros elementos. Até então,
muitos pensavam que o Sol era constituído essencialmente de ferro. A partir dessa
descoberta, torna-se claro que o hidrogênio é o principal elemento constituinte da maioria
das estrelas.
É a confirmação dos resultados obtidos três anos antes por Cecília Payne.

1928 (final do ano) – o engenheiro áustro-húngaro de etnia eslovena Herman Potocnik


(1892-1929) publica, sob o pseudônimo Hermann Noordung, o livro “Das Problem der
Befahrung des Weltraums - der Raketen-Motor” (“O Problema da Viagem Espacial – O
Motor de Foguete”), um clássico da história dos voos espaciais. Em 188 páginas e
aproximadamente cem ilustrações feitas à mão, Potocnik sugere a presença humana
permanente no espaço e faz o desenho detalhado (o mais antigo que se conhece) de uma
estação espacial. Ele também concebe as vantagens de observar a superfície terrestre a
partir de uma nave em órbita, para fins pacíficos e militares, e descreve como as condições
especiais do espaço podem ser úteis para a realização de experimentos científicos.
Por motivos não esclarecidos (provavelmente de ordem comercial), o editor (Richard Carl
Schmidt) imprime 1929 como ano de publicação, o que faz com que às vezes esta seja,
erroneamente, apontada como adata de lançamento da obra.

1929 – Edwin Hubble verifica que a velocidade de afastamento (deslocamento para o


vermelho) das galáxias é proporcional à distância entre elas, demonstrando que o Universo
está em expansão e criando a “constante de Hubble”.
Essa constante mede o aumento da velocidade de recessão das galáxias à medida que se
distanciam. O valor é objeto de debate desde o seu enunciado, e os parâmetros propostos
variam consideravelmente ao longo do tempo. As medidas mais recentes (março de 2013)
sugerem valores em torno de 67, o que significa que a velocidade a que as galáxias se
afastam umas das outras aumenta aproximadamente 67km por segundo para cada
megaparsec (3,26 milhões de anos-luz) de aumento na distância entre elas.

1929 – O estadunidense George Antonovich Gamow (1904-1968) propõe a fusão do


hidrogênio como a fonte de energia das estrelas.

1929 – Henry Norris Russell conduz os primeiros estudos espectroscópicos para determinar
a composição química do Sol.
1929 – O astrônomo e fabricante de instrumentos ópticos Bernhard Voldemar Schmidt
(1879-1935) inventa um novo sistema de espelhos para telescópios refletores que supera os
problemas anteriores de aberração da imagem. Tais instrumentos são conhecidos como
telescópios Schmidt. Para conseguir isso, ele instala uma lente corretora à frente do espelho
de um telescópio refletor e obtém excelentes resultados. Seu sistema combina, portanto, os
princípios de refração com os de reflexão, dando origem aos instrumentos mistos.

1929 (abril) – O astrônomo estadunidense Clyde Tombaugh (1906-1997) começa a


procurar sistematicamente Plutão. Antes que Tombaugh nascesse, Percival Lowell havia
lançado uma busca por Plutão (que ele chama de planeta X), um nono planeta cuja
gravidade explicaria as divergências nas posições de Urano e Netuno. Lowell não consegue
encontrar o planeta, e em seu testamento decreta que a caça deve continuar.

1929 (15 de outubro - Estreia do filme “Frau im Mond” (A mulher na Lua), com direção,
produção e roteiro do austríaco Fritz Lang (1890-1976). Considerado por alguns como um
dos primeiros filmes "sérios" de ficção científica, mostra pela primeira vez ao público uma
viagem em foguete, incluindo o uso de um foguete de múltiplos estágios. É também citado
como a primeira ocorrência de uma contagem regressiva (de 10 a 0) antes do lançamento de
um foguete.

1930 – O astrônomo estadunidense de origem suíça Robert Trumpler (1886-1956) descobre


e calcula a absorção da luz por poeira interestelar, comparando os tamanhos angulares e
brilhos de aglomerados globulares.
Este fenômeno, conhecido em astronomia como “extinção”, pode ser definido como a
absorção e a dispersão da radiação eletromagnética pela matéria (poeira e gás) entre um
objeto astronômico emissor e um observador. Embora a quantidade de poeira e gás
existente no espaço interestelar e intergaláctico seja muito pequena, pode produzir uma
redução significativa no brilho de um objeto celeste ao longo de distâncias grandes, da
ordem de milhões de anos-luz.
Para um observador colocado na Terra, a extinção pode ser causada pelo meio interestelar,
pela atmosfera terrestre ou por poeira estelar em torno de um objeto observado. A extinção
atmosférica é muito forte em alguns comprimentos de onda, como raios X, ultravioleta e
infravermelho, o que torna necessário colocar observatórios no espaço para estudar essas
faixas da radiação eletromagnética. Outro efeito digno de nota é uma atenuação bem mais
pronunciada da luz azul do que da luz vermelha, o que faz com que objetos observados a
partir da Terra apareçam mais avermelhados do que são na realidade.
A compreensão desse fenômeno é de importância capital, porque torna possível, pela
primeira vez, fazer estimativas verdadeiramente confiáveis das escalas de distância no
Universo.

1930 – O astrônomo francês Bernard-Ferdinand Lyot (1897-1952) inventa o coronógrafo,


instrumento que permite a observação da coroa solar quando o Sol não está em eclipse.

1930 – O astrônomo grego radicado na França Eugène Antoniadi (1870-1944) publica “La
Planète Mars” (“O Planeta Marte”), um tratado que se torna clássico na história das
pesquisas sobre Marte, em que ele escreve: “Ninguém jamais observou canais de verdade
em Marte, e as linhas mais ou menos retilíneas de Schiaparelli não existem nem como
canais nem como formas geométricas. O local onde eles teriam sido observados
corresponde a uma superfície com estrias irregulares manchadas, zonas de reflexão não
uniformes, terrenos descontínuos ou talvez margens esverdeadas de um lago de morfologia
complexa”. Observando os detalhes da superfície marciana com um dos refratores mais
aperfeiçoados da época, Antoniadi dá o golpe de misericórdia nos canais.
Três décadas mais tarde, a União Astronômica Internacional torna oficiais 128 nomes de
características da superfície marciana dados por Antoniadi num mapa incluído neste livro.
É o início da nomenclatura oficial para o relevo de Marte.

1930 – A UAI adota a proposta do astrônomo belga Eugène Delporte (1882-1955) e fixa
em 88 o número das constelações. São elas: Águia, Altar, Andrômeda, Aquário, Áries (ou
Carneiro), Ave do Paraíso, Baleia, Boieiro, Buril (do Escultor), Bússola, Cabeleira de
Berenice, Cães de Caça, Camaleão, Câncer (ou Caranguejo), Cão Maior, Cão Menor,
Capricórnio, Carena (ou Quilha), Cassiopeia, Cefeu, Centauro, Cisne, Cocheiro, Compasso,
Coroa Austral, Coroa Boreal, Corvo, Cruzeiro do Sul, Delfim, Dourado, Dragão, Erídano,
Escorpião, Escudo (de Sobieski), Escultor, Fênix, Flecha, Forno Químico, Gêmeos, Girafa,
Grou, Hércules, Hidra Fêmea, Hidra Macho, Índio, Lagarto, Leão, Leão Menor, Lebre,
Libra (ou Balança), Lince, Lira, Lobo, Máquina Pneumática, Microscópio, Monte Mesa,
Mosca, Ofiúco (ou Serpentário), Oitante, Órion, Pavão, Pégaso, Peixe Austral, Peixes,
Peixe Voador, Pequena Raposa, Pequeno Cavalo, Perseu, Pintor, Pomba (de Noé), Popa (da
nave Argos), Régua, Relógio, Retículo, Sagitário, Serpente (dividida em Cabeça e Cauda),
Sextante, Taça, Telescópio, Touro, Triângulo, Triângulo Austral, Tucano, Unicórnio, Ursa
Maior, Ursa Menor, Vela e Virgem.
Registre-se que constelações são regiões celestes conforme vistas da Terra e não refletem,
obrigatoriamente, a posição real ocupada pelos astros. Dois objetos astronômicos muito
distantes entre si pertencem à mesma constelação se, para um observador terrestre,
parecerem próximos um do outro no céu. As constelações não são, portanto, indicadores de
distância.
Além das constelações, existem agrupamentos estelares que, vistos da Terra, parecem
formar figuras, mas que não são reconhecidos oficialmente pela comunidade astronômica.
A esses agrupamentos, cujas estrelas não estão gravitacionalmente ligadas e podem
pertencer a constelações diferentes, dá-se o nome de asterismos.
Três exemplos de asterismos:
- Grande Carro, na constelação da Ursa maior, formado pelas estrelas Dubhe, Merak,
Phecda, Megrez, Alioth, Mizar e Benetnasch;
- Diamante de Virgem: Arcturo, Espiga, Denébola e Cor Caroli;
- Três Marias: Mintaka, Alnilan e Alnitaka, que formam o cinturão de Órion.

1930 – O físico indiano naturalizado estadunidense Subrahmanyan Chandrasekhar


(1910-1995) descobre e calcula o limite que leva seu nome, o qual representa a máxima
massa possível para uma estrela do tipo anã branca (um dos estágios finais das estrelas que
consumiram toda a sua energia) suportada pela pressão da degeneração de elétrons, e é de
2,864 octiliões de toneladas, cerca de 1,44 vez a massa do Sol. Acima desse limite, a anã
branca entra em colapso, devido ao efeito da gravidade, e dá origem a uma estrela de
neutros ou a um buraco negro.

1930 (21 de janeiro) – Clyde William Tombaugh fotografa Plutão, mas não o identifica
ainda como planeta. Outras fotografias são tiradas nos dias 23 e 29.

1930 (18 de fevereiro) – Clyde William Tombaugh descobre Plutão, então considerado o
nono planeta do Sistema Solar, utilizando o telescópio refrator de 33cm do Lowell
Observatory, em Flagstaff, no Arizona.
Plutão tem diâmetro estimado de 2.306km e área superficial de 16,65 milhões de km2
(3,3% da terrestre). Ocupa um volume de 6,39 bilhões de km3 (0,59% do volume da Terra)
e tem massa de 13,05 quintilhões de toneladas (0,21% da terrestre), o que resulta numa
densidade de 2,03g/km3. A força de gravidade equivale a 6,7% da terrestre, e a velocidade
de escape é de 1,229km/s. A temperatura varia entre -240°C e -218°C. orbita o Sol à
distância média de 5,874 bilhões de km (varia entre 4,437 e 7,311 bilhões de km),
completando uma órbita, à velocidade média de 16.800km/h, em 90.613,305 dias terrestres
(248,09 anos), ou 14.164,4 dias plutonianos. O período de rotação é de 6d9h17min36s, à
velocidade de 47,18km/h. Os principais componentes da atmosfera são nitrogênio, metano
e monóxido de carbono. A magnitude aparente varia entre 13,65 e 16,3, sendo a média
15,1. Tem cinco satélites conhecidos.
Plutão é o nome latino de Hades, deus grego do submundo e das riquezas dos mortos.

1930 (depois de fevereiro) – O astrônomo estadunidense Frederick C. Leonard (1896-1960)


sugere que Plutão, recentemente descoberto, pode ser o primeiro de uma série de astros
encontrados com órbitas além de Netuno. Seis décadas mais tarde, essa suposição será
confirmada com a descoberta dos primeiros objetos conhecidos do cinturão de Kuiper.

1930 (24 de março) – Plutão é oficialmente batizado, tendo o nome sido sugerido por
Venetia Phair (nascida BurneyThe) (1918-2009), uma menina de onze anos vivendo em
Oxford. Esta decisão é anunciada em 1º de maio.

1930 (10 de maio) – o primeiro planetário é aberto ao público nos EUA, o Planetário de
Adler, em Chicago, Illinois.

1931 – O astrônomo alemão Otto Hermann Leopold Heckmann (1901-1983) afirma que a
matéria é, sob alguma circunstância, homogeneamente distribuída ao longo do Universo e é
isotrópica, isto é, tem propriedades idênticas em toda direção).

1932 – O físico inglês James Chadwick (1891-1974) descobre o nêutron, partícula atônica
com carga elétrica nula, que compõe, juntamente com o próton, o núcleo do átomo.
Em 1935, ele recebe o Prêmio Nobel de Física por essa descoberta.

1932 – Estudando as perturbações e as interferências verificadas durante as transmissões


radiofônicas, o físico e engenheiro estadunidense Karl Jansky (1905-1950) descobre que
parte dessas perturbações se deve a radiações cósmicas que atingem regularmente a Terra e
conclui que a fonte contínua dessas radiações deve estar situada na direção da constelação
de Sagitário, a mesma em que se encontra o centro da Via Láctea. Trata-se das ondas de
rádio, cujo estudo sistemático dá origem à radioastronomia.

1932 – Ao estudar o destino de uma estrela massiva após o esgotamento de todo o seu
combustível nuclear, o físico e matemático azerbaijano Lev Davidovich Landau
(1908-1968) chega à conclusão de que, na fase de resíduo estelar, a matéria se encontra
num estado de elevada densidade, composta basicamente por nêutrons.
Este trabalho levará à formulação do conceito de estrela de nêutrons.

1932 – Harlow Shapley (1885-1972) e Adelaide Ames (1900-1932) publicam um


levantamento das galáxias com brilho superior à 13ª magnitude, conhecido mais tarde como
“Catálogo Shapley-Ames”.

1932 – O astrônomo estoniano Ernst Öpik (1893-1985) postula que os cometas de longo
período têm origem numa nuvem localizada nos confins do Sistema Solar. Essa região é
hoje conhecida como Nuvem de Oort.

1933 – O astrônomo suíço Fritz Zwicky (1898-1974) postula a existência da matéria escura.
Esta é a matéria suplementar necessária para explicar as curvas de rotação das galáxias e as
velocidades registradas das galáxias em aglomerados, maiores que as explicáveis através da
matéria observável, chamada matéria luminosa (ou matéria visível). Zwicky, trabalhando
nos EUA, observando que as velocidades das galáxias em aglomerados são muito maiores
do que o esperado, calcula que a massa do aglomerado deve ser pelo menos dez vezes
maior do que a massa da matéria visível no próprio aglomerado, isto é, da massa em
estrelas e gás pertencentes às galáxias.
Numa definição contemporânea, matéria escura é a matéria hipotética de composição
desconhecida que não emite ou reflete radiação eletromagnética suficiente para ser
observada diretamente com os meios técnicos atuais, mas cuja existência pode ser deduzida
a partir dos efeitos gravitacionais que causa na matéria visível (estrelas e galáxias, por
exemplo). É importante observar que não se deve confundir matéria escura com energia
escura, conceito elaborado bem mais tarde (1998). Com base na observação de estruturas
maiores do que galáxias, acredita-se que a matéria escura constitui 86% da matéria e 26%
da massa-energia do Universo.

1933 –Walter Baade sugere, juntamente com Fritz Zwicky, que as supernovas poderiam ser
criadas pelo colapso de estrelas normais para estrelas de nêutrons e são, portanto, uma
categoria à parte de objetos astronômicos.
Uma estrela de nêutrons típica tem massa compreendida entre 1,4 e 3,2 massas solares e
diâmetro de aproximadamente 24km, o que resulta em densidades que variam de 370 a 590
trilhões de toneladas por centímetro cúbico, ou seja, 260 a 410 trilhões de vezes superiores
à do Sol. Isso equivale a comprimir a massa de um Boeing 747 ao tamanho de um pequeno
grão de areia. Uma colher de chá da matéria de uma estrela de nêutrons tem massa de 5,5
bilhões de toneladas. A força de gravidade resultante é pelo menos 100 trilhões de vezes
superior à terrestre, e a velocidade de escape é de 100.000km/s, um terço da velocidade da
luz.

1933 – Bernard-Ferdinand Lyot inventa o filtro de Lyot, formado por uma série de lâminas
de quartzo separadas por polarizadores e analisadores, a fim de ser possível isolar a luz de
um comprimento de onda determinado; permite a observação das protuberâncias e da coroa
solar pelo isolamento de uma de suas raias de emissão.

1933 – É fundada a Meteoritical Society, organização sem fins lucrativos cujo objetivo é
promover a pesquisa e a educação em ciência planetária, com ênfase em meteoritos e outros
materiais extraterrestres. Além de meteoritos, o interesse da organização abrange poeira
cósmica, asteroides, cometas, satélites naturais, planetas, impactos e a origem do Sistema
Solar.

1933 (17 de agosto) – A URSS lança seu primeiro foguete de propelente líquido (Gird 9),
com a importante colaboração do engenheiro russo Sergey Pavlovich Korolev (1907-1966).
O artefato alcança 400m de altitude.

1933 (13 de outubro) – É fundada a British Interplanetary Society, organização sem fins
lucrativos com sede em Londres.

1934 – O físico estadunidense Richard Tolman (1881-1948) mostra que a radiação de corpo
negro em um Universo que se expande esfria mas permanece térmica.

1935 – Nicolas Stoyco (1884-1973) confirma a existência de flutuações no movimento de


rotação da Terra, causadas pelo movimento lunar.

1935 (14 de maio) – É inaugurado o Griffith Observatory, em Los Angeles, Califórnia.

1936 – o telescópio refletor óptico Schmidt de 46cm de Palomar entra em operação,


localizado em Palomar, Califórnia.

1936 – No livro "The Realm of the Nebulae" (O Reino das Nebulosas), Edwin Hubble
apresenta uma classificação morfológica das galáxias, representada num diagrama que se
torna conhecido como "forquilha de Hubble". As galáxias estão divididas em espirais,
espirais barradas, elípticas, lenticulares e irregulares, com diversas subcategorias.
Nesta obra Hubble formula o conceito de Grupo Local, ainda em vigor para fazer referência
ao aglomerado galáctico ao qual pertence a Via Láctea. Com pelo menos 54 galáxias
conhecidas (Hubble inclui doze), o Grupo Local tem 10 milhões de anos-luz de diâmetro e
pertence ao superaglomerado de Virgem. Os principais componentes do Grupo Local são
Andrômeda (M31), Via Láctea, Triângulo (M33) e as Nuvens de Magalhães.

1936 – Raimond Arthur Lyttleton (1911-1995), matemático e físico teórico inglês,


apresenta a hipótese de Plutão ter sido, até um período relativamente recente, um satélite de
Netuno.

1936 – A sismóloga dinamarquesa Inge Lehmann (1888-1993) interpreta algumas


observações anômalas das ondas primárias como indício da presença, no centro da Terra,
de um núcleo provavelmente sólido, envolvido por uma parte líquida.
O núcleo interno sólido da Terra, cuja existência é posteriormente confirmada, ocupa o
centro do planeta e está rodeado por um núcleo externo líquido. Tem raio de
aproximadamente 1.220km (situa-se entre 5.150 e 6.370km de profundidade) e compõe-se
essencialmente de uma liga de ferro (80%) e níquel. A densidade elevada (de 12,8 a
13,1g/cm3) sugere também a presença de outros metais pesados, como ouro e platina. A
temperatura estimada é de 6.000°C, bastante próxima à da superfície do Sol.
O núcleo externo tem aproximadamente 2.260km de espessura (estende-se desde 2.890 até
5.150km de profundidade) e também é composto de ferro e níquel, mas em estado líquido.
Oxigênio e enxofre também estão presentes, e a densidade vai de 9,9 a 12,2g/cm3. A
temperatura é de 4.400°C nas regiões exteriores, podendo ultrapassar 5.000°C no limite
com o núcleo interno.
Em torno do núcleo externo está o manto, camada altamente viscosa que vai desde a crosta
até aproximadamente 2.890km de profundidade. A composição é bastante variada, e os
diversos minerais presentes agrupam-se em camadas mais ou menos definidas. A
temperatura vai de 500°c, nas regiões superiores, até mais de 4.000°C, no limite com o
núcleo externo. A densidade está compreendida entre 3,4 e 5,6g/cm3.
A camada mais externa é a crosta, cuja espessura varia de 5 ou 6km, sob o fundo dos
oceanos, até 30 ou 35km, nas regiões continentais. Ao conjunto formado pela crosta e a
parte superior do manto (até 60km de profundidade) dá-se o nome de litosfera. A litosfera
está dividida em placas tectônicas, segmentos rígidos que flutuam sobre o manto e se
deslocam lentamente. Terremotos, atividade vulcânica e formação de montanhas são
fenômenos característicos de regiões limítrofes entre placas tectônicas. A densidade da
crosta vai de 2,2 a 2,9g/cm3.

1936 – Os estadunidenses Victor Franz Hess (1883-1964), de origem austríaca, e Carl


David Anderson (1905-1991) recebem o Prêmio Nobel de Física, o primeiro por seus
estudos acerca dos raios cósmicos e o segundo pela descoberta (1932) do pósitron, partícula
subatômica que tem a mesma carga elétrica de um próton e a mesma massa de um elétron.

1938 – O físico estadunidense de origem alemã Hans Albrecht Bethe (1906-2005) conclui
que as elevadíssimas temperaturas e pressões existentes no centro do Sol podem fazer com
que quatro núcleos de hidrogênio (ou seja, quatro prótons) se fundam para formar um único
núcleo de hélio. Como a massa total dos quatro prótons equivale a 4,0325 unidades de
massa atômica, e a de um núcleo de hélio a 4,0039, a reação libera uma energia
correspondente a 0,0286 (ou seja, 0,7% da massa em questão).

1938 – O físico francês Pierre Victor Auger (1899-1993) é o primeiro a observar as faíscas
produzidas na atmosfera terrestre pela interação entre a região atmosférica e os raios
cósmicos.

1938 – Walter Baade é o primeiro a identificar uma nebulosa como sendo o resto de uma
supernova ao estabelecer que a Nebulosa do Caranguejo é formada pelos resíduos da
supernova de 1054. Posteriormente, muitos restos de supernovas são identificados.

1938 (6 de julho) – Seth Barnes Nicholson Descobre Lisiteia, décimo satélite conhecido de
Júpiter.
Diâmetro: 36km; período orbital: 259,20 dias; distância média do planeta: 11.720.000km;
massa: 63 trilhões de toneladas; densidade: 2,6g/cm3.

1938 (30 de julho) – Seth Barnes Nicholson descobre Carme, décimo primeiro satélite
conhecido de Júpiter.
Diâmetro: 46km; período orbital: 702,28 dias (2,045 anos); distância média do planeta:
23.400.000km; massa: 130 trilhões de toneladas; densidade: 2,6g/cm3.
1938 (30 de outubro) – O cineasta estadunidense Orson Welles (1915-1985) realiza, na
rádio CBS (Columbia Broadcasting System), uma dramatização intitulada A Guerra dos
Mundos, baseada no livro homônimo publicado, em 1898, por H. G. Welles (1866-1946).
A obra descreve uma invasão da Terra por marcianos, e a dramatização causa pânico entre
a população estadunidense, pois a crença na existência de vida em Marte faz muitas pessoas
acreditarem na veracidade da história transmitida pelo rádio.

1939 – O químico alemão Otto Hahn (1879-1968), a física sueca de origem austríaca Lise
Meitner (1878-1968) e o químico alemão Fritz Strassmann (1902-1980) descobrem a fissão
nuclear: quando um núcleo de urânio absorve um nêutron, ele pode ser “sacudido” até o
ponto em que ele se divide em dois fragmentos de tamanhos comparáveis, liberando uma
grande quantidade de energia.

1939 – O astrônomo estadunidense de origem alemã Rupert Wildt (1905-1976) nota a


importância do ion negativo de hidrogênio para a opacidade estelar.

1939 – O físico estadunidense Julius Robert Oppenheimer (1904-1967) e seu discípulo


George Michael Volkoff (1914-2000), físico canadense, estabelecem que a dimensão
máxima de uma estrela de nêutrons não ultrapassa algumas dezenas de km.

1939 – Bernard-Ferdinand Lyot faz a primeira imagem em movimento das proeminências


solares.

1939 – Estudos realizados pelo radioastrônomo estadunidense Grote Reber (1911-2002)


confirmam os resultados obtidos em 1932 por Karl Jansky acerca da proveniência cósmica
das ondas de rádio que interferem nas telecomunicações terrestres.

1939 (30 de abril) – É produzida a primeira energia elétrica gerada por raios cósmicos, no
Planetário de Hayden, Cidade de Nova Iorque.

1941 – O astrônomo canadense Andrew McKellar (1910-1960) usa a excitação das linhas
do dubleto CN para medir que a “temperatura efetiva do espaço” é de cerca de 2,3 K.

1941 – O astrônomo alemão Rudolph Minkowski (1895-1976) propõe a primeira


classificação das estrelas supernovas. Ele as divide em dois tipos: I, quando não há linhas
de hidrogênio no espectro; e II, quando essas linhas aparecem.
Essas classes continuam sendo utilizadas.

1942 – Jan Julius Duyvendak (1889-1954), Nicholas Mayall (1906-1993) e Jan Oort
(1900-1992) confirmam que a Nebulosa do Caranguejo é um resto da supernova 1054
(observada pelos astrônomos chineses), conforme sugerido quatro anos antes por Walter
Baade.

1942 – O engenheiro estadunidense George Clark Southworth (1890-1972) e o astrofísico e


radioastrônomo inglês James Stanley Hey (1909-2000) descobrem que o Sol também é uma
fonte de ondas de rádio e são os primeiros a registrá-las.
1942 (3 de outubro) - Um foguete militar alemão V-2 (Vergeltungswaffe 2) é o primeiro
artefato humano a chegar ao espaço sideral, atingindo a altitude de 100km. A partir de
setembro de 1944, mais de 3.000 desses foguetes são lançados pela Wehrmacht contra
alvos aliados, principalmente Londres e, mais tarde, Antuérpia e Liège (Vergeltungswaffe
= arma de retribuição ou arma de retaliação).
Depois da guerra, os governos estadunidense, soviético e britânico passam a ter acesso à
tecnologia dos foguetes V-2 e aos cientistas alemães que os desenvolvem.
Com 1,65m de diâmetro, 14m de comprimento e pesando 12,5t, O V-2 é o progenitor de
todos os foguetes modernos, inclusive aqueles posteriormente usados nos programas
espaciais dos EUA e da URSS.

1943 – O astrônomo estadunidense Carl Keenan Seyfert (1911-1960) identifica 6 galáxias


espirais com linhas de emissão incomumente largas, conhecidas como "galáxias Seyfert",
as quais têm núcleos ativos em seus centros e fornecem ligação entre as galáxias normais e
os quasares.

1943 – Os estadunidenses William Wilson Morgan (1906-1994), Philip Childs Keenan


(1908-2000) e Edith Kellman (1911-2007), do Observatório de Yerkes, apresentam a
classificação estelar atualmente em vigor, conhecida como classificação espectral de yerkes
ou sistema MKK, das iniciais dos autores.
É complementar à classificação de Harvard e acrescenta duas informações: um número
arábico de 0 a 9 indicando o grau de transição de uma classe à seguinte e um número
romano de I a VII indicando as dimensões das estrelas: I, supergigantes; II, gigantes
brilhantes; III, gigantes (gigantes “normais”); IV, subgigantes; V, estrelas da sequência
principal (ou anãs); VI, subanãs; VII, anãs brancas. Assim, a classificação G2V do Sol
significa que se trata de uma estrela amarela (G), mais próxima da própria classe G (2) do
que da classe seguinte, K, e pertencente à sequência principal (V).

1944 – O astrônomo holandês Hendrik (Henk) Christoffer van de Hulst (1918-2000) prevê
a linha hiperfina de 21cm do hidrogênio interestelar neutro.

1944 – A teoria da nebulosa primordial formadora do Sol e dos planetas é retomada


quando, com base em novos dados sobre a composição solar, o físico alemão Carl Friedrich
von Weizsäcker (1912-2007) sugere que a nebulosa teria massa muito maior que a dos
planetas e que, submetida a um processo de turbilhonamento interno, promoveria a
condensação desses corpos celestes.

1944 – O astrônomo soviético Otto Schmidt (1891-1956) propõe a teoria da nuvem


interestelar para a formação do sistema Solar. Segundo essa teoria, o Sol já formado teria
atravessado uma densa nuvem interestelar e emergido envolto em uma nuvem de gás e
poeira, de onde teriam se formado os planetas. Contudo, trabalhos posteriores do também
soviético Victor Safronov (1917-1999) demonstram que o tempo necessário para a
formação dos planetas a partir de um envoltório tão difuso seria superior à idade do Sistema
Solar.

1944 – Grote Reber, compilador do primeiro radiomapa do céu, escreve: “A fonte mais
intensa está na constelação de Sagitário; outras menores se acham no Cisne, em Cassiopeia,
no Cão Maior, na Popa e em Perseu”. Pela primeira vez na história, o homem “vê” o céu
através de uma janela diferente da tradicional, tendo a possibilidade de descobrir fatos
novos e inesperados.

1944 – O astrônomo estadunidense de origem holandesa Gerard Peter Kuiper


(1905-1973) detecta metano no espectro de Titã, evidenciando a presença de uma atmosfera
naquele satélite de Saturno.

1945 (19 de julho) – Após a rendição da alemanha (2 de maio) e o fim da Segunda Guerra
Mundial na Europa, tem início a Operação Paperclip (originalmente Operação Overcast),
recrutamento de cientistas da Alemanha nazista para trabalhar nos EUA. Um dos objetivos
da Operação Paperclip é impedir que a URSS, o Reino Unido e a própria Alemanha
(Ocidental e Oriental) tenham acesso ao conhecimento científico germânico. O Presidente
Harry Truman (1884-1972) determina expressamente que não sejam recrutados membros
do Partido Nazista nem apoiadores ativos do regime, mas, como isso excluiria os principais
cientistas identificados pelo serviço secreto, uma organização das Forças Armadas
estadunidenses (Joint Intelligence Objectives Agency) elabora perfis biográficos falsos e
laborais para torná-los aptos a entrar legalmente nos EUA.
Ao longo de 1945 e dos anos seguintes, são trazidos ao país mais de mil cientistas (as cifras
variam muito) e seus familiares. O mais eminente deles é Wernher von Braun (1912-1977),
principal artífice dos foguetes V-2 e, posteriormente, principal desenvolvedor dos foguetes
Saturno V, que levam as naves Apollo à Lua. Von Braun é considerado por muitos o mais
importante cientista de foguetes de todos os tempos.
Os soviéticos também fazem uma operação similar, mas em escala bem menor. Trata-se da
Operação Osoaviakhim (nome às vezes transliterado como “Ossavakim”).

1945 (outubro) – O escritor britânico Arthur C. Clarke (1917-2008) publica, na revista


Wireless World, um artigo científico intitulado "Can Rocket Stations Give Worldwide
Radio Coverage?", no qual lança o conceito de satélite geoestacionário como futura
ferramenta para desenvolver as telecomunicações.
Um satélite é geoestacionário quando está em órbita a uma altitude de 35.786km (em que as
forças centrífuga e centrípeta da Terra se anulam reciprocamente), o que faz com que seu
período orbital seja equivalente ao da rotação terrestre, permanecendo o satélite parado
sobre um ponto determinado do planeta (na maioria das vezes, o equador), característica
que permite o seu emprego nas telecomunicações e para observar regiões específicas da
Terra.

1946 – O astrônomo estadunidense Lyman Spitzer (1914-1997) escreve um documento


intitulado “Vantagens astronômicas de um observatório extraterrestre”. Ele observa as duas
grandes vantagens oferecidas por um observatório espacial relativamente aos telescópios
terrestres: em primeiro lugar, a resolução óptica (distância mínima de separação entre
objetos na qual eles permaneçam claramente distintos) estaria limitada apenas por difração,
em oposição aos efeitos da turbulência da atmosfera, que provocam o cintilamento das
estrelas, conhecido entre astrônomos como "visão". A segunda grande vantagem seria a
possibilidade de observar luz infravermelha e ultravioleta, em grande parte absorvidas pela
atmosfera.
1946 – Com o desenvolvimento da radioastronomia, consolida-se o conceito de “coroa
solar muito quente”, com temperatura da ordem de alguns milhões de graus.

1946 – É criada a NIVR (Nederlands Instituut voor Vliegtuigontwikkeling en Ruimtevaart),


Agência Holandesa para Programas Aeroespaciais. fundada pelo governo holandês, Ela é
uma organização semi-governamental que não visa a lucros e cujo objetivo geral é
promover as atividades da indústria aeroespacial na Holanda.

1946 (10 de janeiro) – a equipe do U.S. Army Project Diana lança sinais de radar refletidos
à superfície da Lua. Uma pulsação de 180 ondas de ciclo com duração de 0,25 segundo é
irradiada pelo Army Signal Corps do Evans Signal Laboratories, Belmar, Nova Jersey. O
eco é recebido 2.4 segundos depois. O evento prova que as ondas de rádio podem penetrar a
atmosfera da Terra.

1946 (24 de outubro) – São tiradas as primeiras fotos da Terra a partir do espaço. Um grupo
de cientistas e militares estadunidenses da base de White Sands, Novo México, acopla uma
câmera de 35mm a um foguete alemão V-2, que atinge pouco mais de 100km de altitude. A
câmera cai e fica em pedaços, mas o filme é preservado, protegido dentro de uma caixa de
aço. A qualidade das fotos é ruim: são granuladas, em tom cinzento e pouco nítidas.

1947 - Tem início a Guerra Fria, que pode ser simplificadamente definida como uma luta
ideológica entre capitalismo (EUA) e comunismo (URSS). É um período de constante
conflito político, tensão militar, competição econômicae tecnológica. A tensão militar dá
origem a uma corrida armamentista, com o desenvolvimento de armas nucleares por ambas
as partes. A competição tecnológica gera a corrida espacial, vista pelos dois lados como
necessária à segurança nacional e uma chance de demonstrar superioridade em relação ao
regime político do adversário. A corrida espacial é, portanto, consequência direta da Guerra
Fria. Esta termina com a dissolução da URSS, em 1991.

1947 – O físico britânico Bernard Lovell (1913-2012), juntamente com seu grupo, completa
o radiotelescópio não dirigível de 66,45m em Jodrell Bank.

1947 – Gerard Peter Kuiper identifica dióxido carbônico na atmosfera de Marte e


estabelece que a proporção é significativamente maior do que na Terra.

1947 – É fundado, na Universidade de Cincinnati, o Minor Planet Center, sob a direção de


Paul Herget (1908-1981). Posteriormente (1978), transfere-se para o Smithsonian
Astrophysical Observatory, onde opera atualmente. É a organização oficialmente
responsável por reunir informações acerca de planetas menores (asteroides) e cometas,
calculando suas órbitas e publicando os resultados por meio de circulares.

1947 (20 de fevereiro) – Moscas são enviadas ao espaço a bordo de um foguete V-2
lançado pelos EUA. O objetivo é testar os efeitos da exposição à radiação em altitudes
elevadas. O foguete chega a 109km da superfície em 3min10s. Então é ejetada uma
cápsula, que cai de paraquedas. As moscas (primeiros animais mandados ao espaço) são
recuperadas vivas.
1947 (outubro) – O inglês Edward Victor Appleton (1892-1965) é anunciado como
ganhador do Prêmio Nobel de Física por suas contribuições para o conhecimento da
ionosfera, que levam ao desenvolvimento do radar.
A ionosfera é uma região da atmosfera superior, que vai de 85km a 600km de altitude e
compreende porções da mesosfera, termosfera e exosfera, permanentemente ionizada pela
radiação solar.. Tem importância prática considerável, porque influencia a propagação de
ondas de rádio a grandes distâncias na Terra.
Outros corpos do Sistema Solar também têm ionosfera, como Vênus, Urano e Titã.

1948 – Os estadunidenses George Antonovich Gamow (1904-1968), físico de origem russa,


Ralph Alpher (1921-2007) e Robert Herman (1914-1997) preveem que um Universo com
Big Bang terá um fundo de micro-ondas cósmico de corpo negro com temperatura de cerca
de 5 graus Kelvin. Eles sugerem para o Big Bang um modelo com início oposto ao de
Lemaître – fusão nuclear. Examinam a síntese de elementos em um Universo que está
rapidamente se expandindo e esfriando e sugerem que os elementos foram produzidos por
captura de nêutrons rápida. Sugerem também que a proporção de hidrogênio e hélio
observável no Universo é compatível com a teoria do Big Bang.

1948 – O matemático anglo-austríaco Hermann Bondi (1919-2005), o astrofísico austríaco


Thomas Gold (1920-2004) e o matemático e astrônomo inglês Fred Hoyle (1915-2001)
propõem cosmologias do estado estacionário baseadas no princípio cosmológico perfeito.
São hipóteses opostas ao Big Bang e propõem um Universo estacionário, em que a matéria
é constantemente criada: se as galáxias se afastam umas das outras, matéria continuará
surgindo para preencher os espaços vazios, algo semelhante à correnteza de um rio.

1948 – O radioastrônomo australiano de origem inglesa John Gatenby Bolton (1922-1993)


sugere que uma fonte de rádio na constelação do Touro nada mais é do que a nebulosa do
Caranguejo, um dos objetos mais fascinantes da Galáxia.

1948 – É publicada pela Academia de Ciências da URSS a primeira edição do Catálogo


Geral de Estrelas Variáveis, contendo 10.820 objetos. Várias edições são publicadas
posteriormente, e a mais recente está disponível na internet.

1948 (16 de fevereiro) – Gerard Peter Kuiper descobre Miranda, quinto satélite conhecido
de Urano.
Diâmetro: 480 x 468,4 x 465,8km; período orbital: 1,413 dia; distância média do planeta:
129.390km; massa: 65,9 quatrilhões de toneladas; densidade: 1,20g/cm3.

1948 (3 de junho) – O telescópio refletor de 5,08m do Observatório Palomar, na Califórnia,


recebe o nome de Hale, em homenagem a George Ellery Hale, que o concebeu, projetou e
promoveu, mas morreu (1938) antes que fosse completado. O primeiro estudo com esse
instrumento ocorre em 1º de fevereiro de 1949, com observações da constelação de
Cabeleira de Berenice.

1949 – Dois telescópios entram em operação em Palomar, na Califórnia: o telescópio


refletor óptico Schmidt de 1,2m e o telescópio refletor óptico Schmidt de 5,08m.
1949 – O estadunidense Herbert Friedman (1916-2000) detecta raios X solares.

1949 – J. G. Bolton, G. J. Stanley e O. B. Slee identificam NGC 4486 (M87) e NGC 5128
como radiofontes extragalácticas.

1949 (9 de fevereiro) – É criado o primeiro Departamento de Medicina Espacial,


estabelecido na United States Air Force School of Aviation Medicine, em Randolph Field,
Texas.

1949 (28 de março) – Durante uma entrevista na rádio BBC, de Londres, Fred Hoyle usa,
pela primeira vez, o termo “Big Bang” para se referir a essa teoria da origem do Universo,
que ele contestava. O termo passa à história como tendo sido dito de forma pejorativa, mas
Hoyle nega, afirmando ter utilizado uma figura de linguagem para facilitar a compreensão
dos ouvintes.

1949 (1º de maio) – Gerard Peter Kuiper descobre Nereida, segundo satélite conhecido de
Netuno.
Diâmetro: 340km; período orbital: 360,136 dias; distância média do planeta: 5.513.787km;
massa: 31 quatrilhões de toneladas; densidade: 1,5g/cm3.

1949 (10 de maio) – É montado o primeiro planetário estadunidense em uma universidade


aberta, Chapel Hill, na Carolina do Norte.

1949 (14 de junho) - Albert II é o primeiro macaco no espaço, a bordo de umfoguete V-2
lançado pelos EUA. O foguete atinge 134km, e o macaco morre após uma falha do
paraquedas da cápsula que deveria trazê-lo de volta.

1950 – Jan Hendrik Oort sugere a existência de uma nuvem cometária, mais tarde chamada
de “nuvem de Oort”. Trata-se de vasta região que envolve o Sistema Solar, à distância
estimada de um ano-luz, na qual há grande quantidade de poeira e bilhões de núcleos
cometários. Os astrônomos acreditam que muitos dos cometas que ingressam no Sistema
Solar, sobretudo aqueles de longo período, têm origem nesta nuvem, de onde são expulsos
por perturbações gravitacionais.

1950 – O astrônomo estadunidense Fred Laurence Whipple (1906-2004) afirma que o


núcleo dos cometas não passa de “uma bola de gelo sujo”, ou seja, compõe-se
principalmente de gelo misturado com matéria rochosa pulverizada.

1951 – Gerard Peter Kuiper defende a existência de um “reservatório” de cometas, em


forma de anel, a uma distância de 40 a 100 unidades astronômicas do Sol (valor atualmente
aceito: 30 a 50 unidades astronômicas). Essa região é hoje denominada de “cinturão de
Kuiper”.
O cinturão de Kuiper é semelhante ao cinturão de asteroides, mas é vinte vezes mais
extenso e de vinte a duzentas vezes mais massivo. Enquanto os objetos do cinturão de
asteroides são formados essencialmente de rochas e metais, os componentes do cinturão de
Kuiper são compostos sobretudo por substâncias voláteis congeladas, tais como metano,
amônia e água. Conhecem-se mais de mil objetos do cinturão de Kuiper, e acredita-se que
existam na região pelo menos cem mil corpos com diâmetro de 100km ou mais. Plutão é o
maior astro conhecido do cinturão de Kuiper, onde estão ainda outros dois planetas anões:
Haumea e Makemake.

1951 – o astrônomo estadunidense William Wilson Morgan (1906-1994) apresenta a


primeira evidência de que a Via Láctea tem braços espirais.

1951 – O astrônomo estadunidense Harold Delos Babcock (1882-1968), juntamente com


seu filho, Horace (1912-2003), inventa o magnetógrafo solar para observação detalhada do
campo magnético do Sol. Com seu Babcocks, mede a distribuição dos campos magnéticos
em cima da superfície solar com precisão sem precedente e descobre magneticamente
estrelas variáveis.

1951 – Tem início uma renovação quase completa dos equipamentos do Observatório
Nacional, quando se introduzem aparelhos eletrônicos e o uso da técnica de exposição
fotográfica múltipla.

1951 – Levando em conta a descoberta feita pelo astrônomo holandês Henk Van de Hulst
de que o hidrogênio é capaz de emitir radiação no comprimento de onda de 21cm, Ewen e
Purcell, em Harvard (EUA), e Oort, Van de Hulst e colaboradores, em Leiden (Holanda),
descobrem a “linha espectral de radiofrequência” do hidrogênio.

1951 (28 de setembro) – Seth Barnes Nicholson descobre Ananque, décimo segundo
satélite conhecido de Júpiter.
Diâmetro: 28km; período orbital: 610,45 dias (1,68 ano); distância média do planeta:
21.280.000km; massa: 30 trilhões de toneladas; densidade: 2,6g/cm3.

1952 – Durante a assembleia da UAI em Roma, Walter Baade anuncia importantes


descobertas feitas em anos anteriores. A constante falta de energia elétrica ao longo da
Segunda Guerra Mundial diminui a poluição luminosa nas imediações do Observatório de
Monte Wilson, na Califórnia, permitindo-lhe estudar, pela primeira vez, estrelas da galáxia
de Andrômeda. Percebe que estrelas azuis, jovens e pobres em elementos pesados (que ele
chama de população I), existem no disco da galáxia, mas não no halo, onde predominam
estrelas vermelhas, velhas e ricas em elementos pesados (população II). Conclui daí que a
formação estelar é muito mais frequente nas zonas periféricas das galáxias.
Ademais, as mesmas observações permitem-lhe identificar dois tipos de cefeidas, estrelas
variáveis usadas para determinar distâncias de corpos celestes em relação à Terra. Com
base nessa descoberta, determina com mais precisão a distância de Andrômeda e conclui
que o tamanho do Universo conhecido é o dobro daquele estabelecido por Hubble em 1929.

1953 – O geoquímico estadunidense Clair Cameron Patterson (1922-1995) faz a primeira


medida precisa da idade da Terra: 4,55 bilhões de anos.

1953 – O astrônomo francês Gérard de Vaucouleurs (1918-1995) descobre que as galáxias


situadas num raio de aproximadamente 200 milhões de anos-luz do Aglomerado de Virgem
estão confinadas no disco de um aglomerado supergigante.
1953 (14 de maio) – O químico e biólogo estadunidense Stanley L. Miller (1920-2007)
consegue simular as condições que seriam as da atmosfera primitiva da Terra, obtendo uma
mistura de aminoácidos. Sua descoberta marca o começo do estudo moderno para entender
a origem da vida na Terra.

1954 (30 de novembro) – Em Sylacauga, Alabama, um meteorito de 3,9kg quebra um


telhado e atinge Elizabeth Hodges dentro da sala de estar. Ela sofre uma contusão séria.

1955 – Kenneth Linn Franklin (1923-2007) e Bernard F. Burke, astrônomos da Fundação


Carnegie em Washington, descobrem que Júpiter emite ondas de rádio, que parecem ser
estouros pequenos de estática, semelhantes aos produzidos por temporais em receptores de
rádio convencionais. A surpreendente descoberta é feita por completa casualidade enquanto
eles estão esquadrinhando o céu para ruídos de galáxias de rádio. É a primeira descoberta
desse tipo em planetas do Sistema Solar.

1955 – O Observatório Nacional estabelece 30 estações magnéticas e distribui pelo Brasil


uma rede de 3.000 estações gravimétricas, o que o coloca, durante muito tempo, na
liderança das pesquisas astronômicas brasileiras.

1955 – O físico italiano Emilio Segrè (1905-1989) e o físico estadunidense Owen


Chamberlain (1920-2006), trabalhando na universidade de Berkeley, descobrem o
antipróton e o antinêutron, antipartículas previstas com base na Equação de Dirac. Por essa
descoberta, ambos são laureados com o Prêmio Nobel de Física de 1959.

1955 (29 de julho) - James C. Hagerty (1909-1981), porta-voz da Casa branca, anuncia que
os EUA pretendem lançar “pequenos satélites para orbitar a Terra” entre 1º de julho de
1957 e 31 de dezembro de 1958, como parte da contribuição do país para o Ano Geofísico
Internacional.
Em 2 de agosto, durante o sexto congresso da Fédération Aéronautique Internationale
(Copenhague, Dinamarca), o físico soviético Leonid I. Sedov (1907-1999) anuncia, numa
entrevista a repórteres de diversos países, a intenção da URSS de também lançar um satélite
“num futuro próximo”.

1955 (30 de agosto) – Sergei korolev (1907-1966), cientista responsável pelo programa
espacial soviético, convence a Academia de Ciências da Rússia a criar uma comissão com o
objetivo de lançar antes dos EUA um artefato à órbita da Terra. Ficam estabelecidas as
bases para a corrida espacial, cujo início ocorre com o lançamento, pela URSS, do Sputnik
(outubro de 1957).

1956 – Lyman Spitzer prevê gás coronal em torno da Via Láctea.

1956 – Herbert Friedman detecta evidência de raios X extrassolares.

1956 – Os Astrofísicos britânicos Margaret Burbidge (nascida Peachey) e Geoffrey


Burbidge (1925-2010) descobrem, em conjunto com William Fowler (1911-1995) e Fred
Hoyle, que há a formação, através de fusão, de elementos mais pesados do que o hidrogênio
nas estrelas. Esta afirmação contradiz a teoria anterior de que todos os elementos teriam
sido criados durante o Big Bang.

1956 (23 de abril) – É fundada a Associação Brasileira de Astronomia (Rio de Janeiro).

1956 (20 de julho) - Clyde Cowan (1919-1974), Frederick Reines (1918-1998), F. B.


Harrison, H. W. Kruse e A. D. McGuir comprovam, em artigos publicados na revista
Science, a existência dos neutrinos, partículas subatômicas elementares que viajam a
velocidades próximas à da luz, não têm carga elétrica, são capazes de passar através da
matéria comum sem sofrer alterações (sendo, por isso, de detecção muito difícil) e possuem
massa diminuta (até 1999, pensava-se que não tivessem massa alguma). Os neutrinos
haviam sido previstos teoricamente (1930) pelo físico austríaco Wolfgang Pauli
(1900-1958).

1956 (8 de outubro) – A China abre seu primeiro centro de pesquisa de mísseis e foguetes,
o "Instituto Número 5", subordinado ao Ministério da Defesa e dirigido por Qian Xueshen
(1911-2009), um cientista chinês formado nos EUA.

1957 – É criada a Associação de Universidades para Pesquisa em Astronomia (AURA),


desenvolvida por um grupo de universidades estadunidenses. Trata-se de um consórcio de
universidades e outras instituições educacionais que não visam a lucro e cujo objetivo é
operar observatórios astronômicos de alta qualidade.

1957 (1º de julho) – Tem início o Ano Geofísico Internacional (vai até 31 de dezembro de
1958), um projeto científico internacional que conta com a participação de 67 países e
marca o fim (após a morte de Stálin, em 5 de março de 1953) de um longo período durante
o qual o intercâmbio científico entre Ocidente e Oriente esteve seriamente prejudicado. O
projeto engloba onze campos científicos ligados à Terra, entre os quais raios cósmicos,
geomagnetismo, gravidade e atividade solar.

1957 (21 de agosto) – A URSS lança o primeiro projétil balístico intercontinental. Essa
tecnologia é empregada, poucas semanas mais tarde, para enviar o primeiro Sputnik ao
espaço.

1957 (4 de outubro) – é lançado (16h28min34s de Brasília) o primeiro satélite artificial da


Terra, o Sputnik 1, do Cosmódromo de Baikonur (base de lançamento de foguetes da
URSS), no Cazaquistão. Trata-se de uma esfera metálica revestida de alumínio polido,
altamente reflexivo, com 58cm de diâmetro e pesando 83,6kg, que dá 1.440 voltas em torno
da Terra, à razão de 96,2 minutos por órbita, durante três meses, queimando no momento
da reentrada na atmosfera (4 de janeiro de 1958). A distância percorrida é de
aproximadamente 70 milhões de km.
É dotado de dois radiotransmissores com 4 antenas externas, transmitindo nas frequências
de 20,005 e 40,002 MHz, que podem ser captadas por radioamadores do mundo inteiro, o
que contribui para conferir grande notoriedade à URSS. Os sinais continuam até 26 de
outubro (22 dias), quando as baterias de transmissão se esgotam.
Embora sem função específica, o Sputnik 1 fornece informações úteis à URSS: parâmetros
de densidade da alta atmosfera podem ser deduzidos a partir da resistência oferecida ao
deslocamento do satélite, e a propagação dos sinais de rádio permite fazer estudos da
ionosfera.
Sputnik, em russo, significa “satélite” ou “companheiro”.
Este acontecimento provoca uma corrida pela conquista do espaço entre a URSS e os EUA,
que termina com a missão conjunta da Apollo 18 e da Soyuz 19 (1975).

1957 (depois de 4 de outubro) – Tem início nos EUA uma forte reação ao sucesso do
lançamento do Sputnik 1. Embora o satélite soviético seja inofensivo, os estadunidenses
veem no evento uma ameaça; o mesmo foguete que levou o Sputnik ao espaço pode
transportar ogivas nucleares a qualquer ponto da Terra em questão de minutos. A reação é
ampla e abrangente, incluindo a criação de uma agência para projetos avançados de defesa
(Defense Advanced Research Projects Agency, ou DARPA.) e da NASA (National
Aeronautics and Space Administration). Além disso, bilhões de dólares são aplicados em
programas de educação, visando à formação de cientistas e técnicos.

1957 (3 de novembro) – é lançado o Sputnik 2 (508,3kg), o segundo satélite a ser colocado


em órbita terrestre e o segundo da URSS. Nele viaja o primeiro ser vivo maior que um
micróbio a orbitar a Terra, uma cadela terrier (6kg) inicialmente chamada Kudryavka e
mais tarde Laika, que morre poucas horas após o lançamento (o esperado era dez dias)
devido ao calor excessivo e ao estresse.
O Sputnik 2 detecta a radiação dos cinturões de Van Allen, mas os soviéticos não são
capazes de identificá-la.
A reentrada na atmosfera ocorre em 14 de abril de 1958, 162 dias e aproximadamente 2.000
órbitas depois do início da missão.

1957 (6 de dezembro) – Falha a primeira tentativa dos EUA de lançar um satélite ao


espaço. Dois segundos após a decolagem, o foguete que transporta o Vanguard TV3
(1,36kg, 15,2cm) perde impulso e cai. A subsequente ruptura do tanque de combustível
causa a explosão do foguete e a perda do satélite. A cerimônia de lançamento, ocorrida no
Cabo Canaveral (Flórida), é transmitida ao vivo pela televisão, e o fracasso, que provoca
forte reação da mídia, é considerado um embaraço internacional para os EUA e explorado
pela URSS, rival dos estadunidenses na incipiente corrida espacial.

1958 – Evry Schatzman (1920-2010), Kent Harrison, Masami Wakano e John Wheeler
(1911-2008) mostram que as anãs brancas são instáveis em relação ao decaimento beta
inverso.
O decaimento beta é uma das três formas de energia de decaimento ou de desintegração (as
outras são alfa e gama), aquela liberada por um decaimento nuclear. Portanto, a energia de
decaimento é a diferença de energia existente entre as partículas iniciais e finais de um
processo de desintegração nuclear.

1958 – O físico estadunidense Eugene Parker demonstra que a coroa solar, caracterizada
por temperaturas acima de 1 milhão de °C, não pode se comportar como um fluido estático.
A essa temperatura, o gás que compõe a coroa solar deve se encontrar num estado de
contínua e violenta evaporação. Isso implica um fluxo de partículas com densidade próxima
de dez átomos por centímetro cúbico e cuja velocidade, nas proximidades da Terra, alcança
de 400 a 800km/s. Trata-se do vento solar.
1958 – Tendo como base a curva de luz, o astrônomo russo Boris Vassilievich Kukarkin
(1909-1977) propõe a divisão das estrelas variáveis em três classes principais: pulsantes,
eruptivas e eclipsantes.

1958 O astrônomo estadunidense George Ogden Abell (1927-1983) publica um catálogo


com 2.712 aglomerados de galáxias visíveis no hemisfério norte. Em 1989, um
complemento contendo 1.361 objetos visíveis no hemisfério sul é publicado. O Catálogo
Abell compõe-se, portanto, de 4.073 aglomerados de galáxias visíveis em todo o céu.
Aglomerados de galáxias são os maiores objetos gravitacionalmente ligados do Universo.
Embora diversos aglomerados de galáxias próximos muitas vezes sejam considerados como
pertencendo a superaglomerados de galáxias, não existe atração gravitacional entre um
aglomerado de galáxias e o seu vizinho.
Os aglomerados de galáxias típicos compreendem de cinquenta a mil galáxias, gás
intergaláctico e matéria escura, têm massa entre 100 trilhões e 1 quatrilhão de massas
solares e diãmetro entre 7 milhões e 33 milhões de anos-luz. Contudo, esses são apenas
valores médios, podendo haver aglomerados de galáxias maiores ou menores.

1958 (31 de janeiro) – É lançado o Explorer 1 (13,97kg), primeiro satélite estadunidense. É


a reação dos EUA ao envio para o espaço do Sputnik, marcando a entrada do país na
corrida espacial. Suas imagens são decisivas para a descoberta dos cinturões de Van Allen.
A missão dura 111 dias (até 23 de maio), e a reentrada na atmosfera, acima do oceano
Pacífico, ocorre em 31 de março de 1970, depois de mais de 58.000 órbitas.
O Explorer 1 faz as primeiras medições da magnetosfera terrestre, região que envolve a
Terra e desvia a maior parte do vento solar, formando um escudo protetor contra as
partículas altamente energéticas provenientes do Sol. Estende-se desde 500 até 60.000km
da superfície da Terra e contém grande parte da exosfera (camada externa da atmosfera).
Mercúrio, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno também têm magnetosfera.

1958 (17 de março) - É lançado o Vanguard 1 (1,47kg), segundo satélite estadunidense e


quarto colocado em órbita. É o primeiro artefato espacial humano alimentado por energia
solar.
Os sinais de rádio transmitidos pelo Vanguard 1 permitem determinar que a Terra não é
perfeitamente esférica, o que torna possível a elaboração de mapas mais precisos. O estudo
da trajetória orbital seguida pelo sátélite possibilita a obtenção de dados acerca da dinâmica
e da densidade das camadas superiores da atmosfera.
Embora tenha deixado de enviar sinais à Terra em maio de 1964, permanece ainda em
órbita (já completou mais de 200.000 voltas em torno do planeta), sendo o satélite mais
antigo ainda no espaço.

1958 (19 de março) – É aberto o primeiro planetário da Inglaterra no mme Tussaud, em


Londres.

1958 (1º de maio) – Um grupo de pesquisadores dirigido pelo físico estadunidense James
Van Allen (1914-2006) descobre o que hoje se conhece como “cinturões de Van Allen”,
formados por duas faixas de partículas atômicas, carregadas e muito energéticas, que
permanecem presas ao longo das linhas de força mais internas do campo magnético
terrestre. Trata-se de duas regiões, dentro da magnetosfera, onde as partículas que chegam à
Terra – trazidas pelo vento solar ou pelas radiações cósmicas em geral – se concentram. Ao
atingirem o campo magnético terrestre, seu movimento se altera, e elas entram numa
trajetória espiralada. O resultado é a formação de dois verdadeiros escudos protetores, que
impedem a radiação de atingir a Terra de maneira direta e frontal, o que seria extremamente
perigoso para o ser humano. Atuando como enormes filtros, os cinturões deixam passar
apenas uma pequena parcela da energia total que chega ao nosso planeta.

1958 (15 de maio) - É lançada a sonda soviética Sputnik 3, destinada a estudar a atmosfera
superior da Terra e a radiação que envolve o planeta. Com massa de 1.327kg, tem objetivos
essencialmente científicos e transporta doze instrumentos, os quais obtêm dados sobre
pressão e composição da atmosfera superior, concentração de partículas carregadas, fótons
e núcleos pesados em raios cósmicos, campos magnético e eletrostático e micrometeoritos.
A missão dura 692 dias, e a reentrada ocorre em 6 de abril de 1960 (aproximadamente
10.000 órbitas).

1958 (29 de julho) – O presidente estadunidense Dwight D. Eisenhower (1890-1969) assina


o “National Aeronautics and Space Act”, pelo qual é criada a NASA (National Aeronautics
and Space Administration), a agência espacial estadunidense, com sede em Washington,
D.C. Ela é responsável pela pesquisa e pelo desenvolvimento de tecnologias e programas
de exploração espacial.
As operações começam efetivamente em 1º de outubro.

1958 (18 de outubro) – É fundada a Liga Latino-Americana de Astronomia (LLADA), em


Lima, no Peru, depois transformada na Liga Ibero-Americana de Astronomia (LIADA).

1958 (2 e 3 de novembro) – O astrofísico russo Nikolai Aleksandrovich Kozyrev


(1908-1983) observa uma erupção vulcânica na cratera lunar Alphonsus com o auxílio de
um espectroscópio adaptado a um telescópio.

1959 – Harold Babcock anuncia que o Sol inverte sua polaridade magnética
periodicamente.

1959 (2 de janeiro) – É lançada a sonda soviética Luna 1, primeira astronave a atingir a


velocidade de escape e deixar a órbita da Terra. Deveria se chocar com a Lua, mas
sobrevoa o satélite (4 de janeiro) à distância de 5.995km e torna-se o primeiro artefato
humano a entrar em órbita solar (está entre a Terra e Marte.
Medições feitas pela sonda fornecem informações acerca dos cinturões de Van Allen e do
espaço sideral. São feitas também as primeiras observações diretas do vento solar.

1959 (1º de março) - É inaugurado o Centro de Voos Espaciais Goddard, Centro de


pesquisas e projetos da NASA, construído na cidade de Greenbelt, Maryland, especializado
em tecnologia de satélites. Este Centro desenvolve os satélites Explorer, Landsat e outros
satélites de comunicação e meteorológicos.

1959 (3 de março) – É lançada a Pioneer 4, que passa a 60.000km da Lua (4 de março) e se


torna a primeira nave estadunidense a ser colocada em órbita solar.
1959 (9 de abril) – A Nasa anuncia a seleção dos primeiros sete astronautas da América
para o projeto Mercury: Scott Carpenter, Gordon Cooper, John Glenn, Gus Grissom, Walter
(Wally) Schirra, Alan Shepard e Donald Slayton. Eles ficam conhecidos como os "Mercury
7" ou "7 originais".

1959 (28 de maio) – Primeiros primatas a voltar com vida do espaço: os macacos Able e
Baker completam um voo de dezesseis minutos a bordo de um foguete Jupiter IRBM AM-
18. Os macacos atingem a altitude de 579km e são resgatados após a aterrissagem.

1959 (7 de agosto) – É lançado o satélite estadunidense Explorer 6, que transmite as


primeiras fotografias da Terra tiradas em órbita. São realizados estudos sobre
geomagnetismo e sobre a propagação das ondas de rádio na atmosfera superior. Os
instrumentos a bordo coletam 827 horas de dados digitais e 23 horas de dados analógicos.
A missão dura sessenta dias (até 6 de outubro), e a reentrada na atmosfera acontece em 1º
de julho de 1961.

1959 (14 de setembro) – A sonda soviética Luna 2, de 390,2kg, lançada no dia 12, torna-se
o primeiro engenho humano a se chocar com a Lua, na região do Mar da Serenidade,
próximo à cratera Aristides. Trata-se do primeiro impacto de um artefato humano contra a
superfície de outro corpo celeste.

1959 (4 de outubro) – É lançada a sonda soviética Luna 3, primeiro artefato humano a


contornar a Lua e a obter imagens (7 de outubro) do lado oculto do satélite. As 29
fotografias, tiradas a distâncias que variam entre 63.500km e 66.700km, despertam
interesse mundial ao serem divulgadas. As imagens mostram terrenos montanhosos,
diferentes do relevo da face visível, e apenas duas regiões escuras e mais baixas,
denominadas Mare Moscovrae (Mar de Moscou) e Mare Desiderii (Mar do Desejo).
Além disso, a Luna 3 realiza (6 de outubro) um sobrevoo do polo norte da Lua, a uma
altitude de 6.200km.

1959 (1º de dezembro) – É feita a primeira fotografia colorida da Terra vista do espaço. A
imagem é obtida a partir de uma câmera instalada no nariz de um míssil Thor lançado do
Cabo Canaveral, Flórida.

1960 – O físico estadunidense Sheldon Glashow desenvolve a teoria eletrofraca, uma


maneira de combinar eletromagnetismo e força nuclear fraca, duas das quatro forças
fundamentais graças às quais todas as partículas interagem (as outras são a gravidade e a
força nuclear forte. Essas forças regulam todas as interações existentes, desde colisões
galácticas até quarks movendo-se dentro de prótons ou nêutrons.
Esse é o primeiro passo para a posterior formulação do modelo padrão de física de
partículas, a descrição mais completa do mundo subatômico de que a ciência dispõe.

1960 – O físico britânico Martin Ryle (1918-1984) testa a síntese de abertura (ou
interferometria) usando a rotação da Terra. A interferometria consiste em combinar a luz
proveniente de diferentes receptores (telescópios ou antenas de rádio) para obter uma
imagem de maior resolução, sendo utilizada sobretudo na radioastronomia.
1960 – O radiotelescópio com 27m de diâmetro de Owens Valley começa a sua operação,
localizado em Big Pine, Califórnia.

1960 – O físico estadunidense John Reynolds (1923-2000) estabelece a idade do Sistema


Solar em 4.950.000.000 de anos.

1960 – O geólogo estadunidense Harry Hammond Hess (1906-1969) retoma o modelo de


Arthur Holmes e propõe uma teoria segundo a qual a deriva dos continentes resulta da
expansão das plataformas oceânicas.

1960 – A UAI estabelece a primeira nomenclatura oficial para características topográficas


de Marte, ao adotar 128 nomes retirados do mapa publicado em 1930 por Eugène
Antoniadi.

1960 – O inglês William Hunter McCrea (1904-1999) Propõe uma teoria segundo a qual o
Sol e os planetas se formaram individualmente a partir da matéria de uma mesma nuvem,
tendo os planetas sido posteriormente capturados pela força gravitacional superior do Sol.

1960 (11 de março) – É lançada a sonda estadunidense Pioneer 5, cuja missão é realizar a
primeira cartografia do campo magnético interplanetário entre a Terra e Vênus. Também
efetua o estudo de partículas provenientes de erupções solares e investiga aionização da
região interplanetária. Chega a comunicar-se com a Terra (26 de junho) à distância de 36,2
milhões de km, um recorde para a época.
O último contato ocorre em 26 de junho.

1960 (1º de abril) – É lançado do Cabo Kennedy, Flórida, o primeiro satélite de observação
do tempo, Tiros I. Permanece operacional por 78 dias e envia 22.952 imagens.

1960 (11 de abril)– Tem início a radiopesquisa por civilizações extraterrestres, levada a
efeito pelo astrônomo estadunidense Frank Drake – Projeto Ozma.

1960 (13 de abril) – O primeiro satélite de navegação estadunidense, o Transit-1B, é


lançado do Cabo Canaveral, Flórida, por um foguete Thor-Ablestar. Permanece operacional
até 1996.

1960 (15 de maio) – É lançada a sonda soviética Korabl-Sputnik 1, ou Sputnik 4, a primeira


de uma série de espaçonaves utilizadas para investigar a possibilidade de voos espaciais
tripulados. Tem massa de 1.377kg e carrega instrumentos científicos, um sistema de
televisão e uma cabine de suporte biológico, com o manequim de um homem. Uma falha
nos retrofoguetes dirige a sonda para a direção errada, fazendo com que entre numa órbita
bem mais alta do que o previsto.
A reentrada na atmosfera ocorre de forma não controlada, em 5 de setembro de 1962.

1960 (julho) – A Nasa anuncia sua intenção de colocar astronautas na órbita da Lua, já após
o Projeto Mercury. No entanto, o discurso proferido em 1961 pelo presidente Kennedy
muda o foco do programa espacial dos EUA para o objetivo de pousar uma nave tripulada
na superfície da Lua antes do fim da década de 1960. Ao contrário dos dois outros projetos
concebidos para manobras na órbita terrestre (o Mercury, com uma nave desenhada para
um tripulante, e o Gemini, projetado para dois ocupantes), o Apollo possui uma nave com
capacidade para três astronautas, tornando possível atingir órbita lunar e fazer descer um
Módulo (designado Módulo Lunar) na superfície da Lua e assegurar o regresso à Terra. Os
objetivos do projeto Apollo são: estabelecer a tecnologia para viabilizar os interesses dos
EUA no espaço; obter proeminência no espaço para os EUA; Desenvolver um programa de
exploração científica da Lua; Desenvolver as capacidades do homem para trabalhar no
ambiente lunar. Dos 18 veículos Apollo, 11 são tripulados e 6 pousam na Lua, colocando
na superfície do satélite um total de 12 astronautas.

1960 (19 de agosto) – É lançado o Korabl-Sputnik 2, ou Sputnik 5 (4.600kg), levando as


cadelas Belka e Strelka, quarenta camundongos, dois ratos e diversas plantas, além de uma
câmera de TV que faz imagens dos animais. A espaçonave retorna à Terra no dia seguinte
e, diferentemente do que aconteceu com a cadela Laika, do Sputnik II, todos os animais são
recolhidos a salvo. A missão testa a possibilidade de enviar seres vivos ao espaço e fazer
com que retornem em segurança. São estudadas as reações dos animais à ausência da
gravidade.
Os estudos realizados servem de parâmetro para a Vostok 1, missão que levará o primeiro
homem ao espaço. Devido ao fato de um dos cães ter passado mal durante a quarta órbita
da Korabl-Sputnik 2, fica estabelecido que o primeiro ser humano a ir ao espaço
completará, no máximo, três órbitas.

1960 (24 de outubro) – Um curto-circuito num dos motores de um foguete R-16 provoca
um incêndio nos tanques de combustível, seguido de uma violenta explosão que mata
muitos oficiais soviéticos de alta patente e pessoal técnico (os números informados variam
de 72 a 150). Os mais próximos do local da explosão (ocorrida em Baikonur) são
carbonizados; outros morrem queimados ou envenenados por fumaça tóxica.
O acidente fica conhecido como “catástrofe Nedelin”, do nome do marechal Mitrofan
Nedelin (n. 1902), chefe do programa que desenvolve os foguetes R-16 e mísseis
homônimos, carbonizado no desastre.
Apesar da violência da explosão, os fatos são mantidos secretos pelo governo soviético por
quase três décadas. A versão oficial é a de que Nedelin e os demais oficiais morreram num
acidente aéreo. Apesar de diversas especulações levantadas a respeito, a verdade é
confirmada apenas em 16 de abril de 1989, quando uma reportagem sobre o acidente
aparece na revista semanal Ogoniok.

1960 (dezembro) – Os astrônomos estadunidenses Thomas Mathews e Allan Sandage


(1926-2010) anunciam a descoberta da fonte de rádio 3C 48, o primeiro quasar (abreviatura
da expressão inglesa “quasi stellar objects”, objetos quase estelares, cunhada pelo
astrofísico estadunidense de origem chinesa Hong-Yee Chiu). Quasares são objetos de
extrema luminosidade encontrados nos confins do Universo conhecido, mais precisamente
a partir de 2 bilhões de anos-luz da Terra (a grande maioria dos quasares, entretanto, está a
mais de 10 bilhões de anos-luz). Acredita-se que sejam núcleos ativos de galáxias jovens ou
em formação.

1961 – Harold Babcock propõe a teoria de manchas solares com espiralamento magnético.
1961 (12 de fevereiro) – É lançada a sonda soviética Venera 1, a primeira missão
interplanetária. É a primeira espaçonave a registrar partículas do vento solar no meio
interplanetário e também a primeira programada para realizar correções de rota durante o
voo. Contudo, não consegue atingir Vênus: em 19 de maio, passa a 100.000km do planeta e
entra em órbita solar.
Meio interplanetário (ou espaço interplanetário) é o material que preenche o Sistema Solar,
através do qual se movem os corpos celestes maiores (planetas, asteroides, cometas). O
meio interplanetário inclui poeira interplanetária, raios cósmicos e plasma quente do vento
solar. Estende-se até a heliopausa, e a densidade diminui à medida que a distância do Sol
aumenta.

1961 (23 de março) – O cosmonauta Valentin Bondarenko (n. 1937) morre dezesseis horas
depois de ter sofrido queimaduras de terceiro grau no interior de uma câmara de testes
enquanto treinava para missões espaciais soviéticas. Selecionado para o Programa Vostok,
o desaparecimento de Bondarenko permanece um mistério até 1986, quando o jornal
Izvestia publica um artigo, escrito por Yaroslav Golovanov, relatando o acidente.

1961 (12 de abril) – O piloto da Força Aérea soviética Yuri Alexeievitch Gagárin
(1934-1968) é o primeiro homem no espaço, em um voo orbital de 108 minutos (das
9h07min às 10h55min, hora local, 3h07min às 4h55min de Brasília), a bordo da nave
Vostok 1. A missão é completamente automatizada, sendo o cosmonauta russo pouco mais
que um espectador. A nave, de 4.725kg, completa uma única órbita, com perigeu (ponto
mais próximo da Terra) de 169km e apogeu (ponto mais distante da Terra) de 329km.
Considerando que a Vostok não é capaz de pousar suavemente, a uma altura de
aproximadamente 7.000m, Gagárin é ejetado da nave, completando a volta à Terra num
paraquedas. Ele pousa na pradaria do "koljoz" (fazenda estatal) Caminho de Lênin, na
aldeia de Smelovka, região de Saratov, a quase 400km do local onde era esperado pelas
brigadas de resgate.
Devido ao caráter altamente secreto do programa espacial soviético, muitos detalhes da
missão Vostok são divulgados apenas anos mais tarde, e diversas informações
originalmente passadas à imprensa revelam-se falsas. Um exemplo é o pouso de Gagárin.
De acordo com as regras da Federação Astronáutica Internacional então vigentes, para que
a missão Vostok 1 fosse considerada võo espacial, o cosmonauta teria de tocar o solo
dentro da nave. O governo soviético força Gagárin a mentir em conferências de imprensa, e
o voo é certificado. Apenas em 1971 a URSS admite que ele foi ejetado da Vostok e
aterrissou num paraquedas.
Vostok, em russo, significa “oriente” ou “leste”.
Esta data marca o centenário do início da Guerra Civil estadunidense, que durou de 12 de
abril de 1861 a 9 de abril de 1865.
A Terra é o maior dos “planetas terrestres” (os outros são Mercúrio, Vênus e Marte) e o
quinto em ordem de tamanho do Sistema Solar. Ocupa um volume de 1 trilhão, 083
bilhões, 207 milhões e trezentos mil km3 e tem um diâmetro equatorial (medido ao longo
da linha do equador) de 12.756,274km e um diâmetro polar (de um polo ao outro) de
12.713,504km. Ocupa o terceiro lugar em ordem de afastamento do Sol, que orbita à
distância média de 149.597.887,5km (varia entre 147.098.074 e 152.097.701km. Completa
uma órbita em 365d5h48min45,97s, à velocidade média de 107.218km/h. Tem uma
superfície total de 510.072.000km2, dos quais 148.940.000km2 (29,2%) são ocupados por
terras emersas e 361.132.000km2 (70,8%) por água. A velocidade de escape é de
11,186km/s. A Terra tem massa total de cinco sextilhões, 973 quintilhões e seiscentos
quatrilhões de toneladas e está composta principalmente por ferro (32,1%), oxigênio
(30,1%), silício (15,1%), magnésio (13,9%) e enxofre (2,9%). A temperatura varia entre
-94,7°C e +57,8°C, com média de 14°C. Os principais componentes da atmosfera, cuja
massa total é de 5,148 quatrilhões de toneladas, são nitrogênio (78,08%), oxigênio
(20,95%), argônio (0,93%) e dióxido de carbono (0,038%). A idade terrestre estimada é de
4,54 bilhões de anos.
Terra é o nome latino de Gaia (ou Geia), segunda divindade grega primordial, nascida
depois de Caos. Sozinha, gera Urano, Pontos e as montanhas, sendo cultuada por muitos
povos primitivos como “deusa mãe” ou “mãe Terra”.

1961 (5 de maio) – Ocorre o voo da espaçonave Freedom 7, pertencente à missão Mercury-


Redstone 3, primeiro voo tripulado do projeto Mercury e de todo o programa espacial dos
EUA. O piloto, Alan Shepard (1923-1998), é o primeiro estadunidense a ir ao espaço, numa
viagem suborbital de 15min28s (9h34min a 9h49min, orário local(. Shepard é o primeiro
ser humano a exercer algum controle manual sobre uma nave no espaço. A sonda pesa
1.830kg, a altitude máxima é 187,5km, e a distância percorrida, 488km.

1961 (21 de julho) – Ocorre o voo da sonda Liberty Bell 7 (missão Mercury-Redstone 4), a
segunda tripulada do projeto Mercury, também suborbital, pilotada por Virgil Grisson
(1926-1967).
Massa: 1.286kg; duração da missão: 15min37s; apogeu, 190,39km; distância percorrida:
486,15km.

1961 (3 de agosto) – Tem início o programa espacial brasileiro. O Presidente Jânio da Silva
Quadros (1908-1992) assina o Decreto Nº 51.133, criando o Grupo de Organização da
Comissão Nacional de Atividades Espaciais (GOCNAE), com sede em São José dos
Campos, São Paulo. Seus pesquisadores participam de projetos internacionais nas áreas de
astronomia, geodésia, geomagnetismo e meteorologia. Em abril de 1971, o GOCNAE é
substituído pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

1961 (6 de Agosto) - A Vostok 2 (4.731kg) é lançada pela URSS com o cosmonauta


Gherman Titov (1935-2000), o quarto homem no espaço e o primeiro a protagonizar uma
missão longa (25h18min e 17 órbitas em torno da Terra). É o primeiro astronauta a sentir
enjoo e a dormir no espaço. E também é o primeiro a tirar fotografias em órbita do nosso
planeta. São três fotos, que mostram um planeta Terra de cor azul, coberto de nuvens
brancas, sobre um fundo negro; um tímido amanhecer e uma imagem do guichê a partir do
qual o cosmonauta soviético fotografa.

1961 (23 de agosto) - É lançada a sonda estadunidense Ranger 1, cujos objetivos são testar,
a partir da órbita terrestre, os diversos componentes necessários a futuras missões lunares e
interplanetárias e estudar a natureza das partículas e dos campos interplanetários. Contudo,
os resultados obtidos ficam muito aquém da expectativa. O mesmo ocorre com a Ranger 2
(18 a 20 de novembro de 1961).
A reentrada ocorre em 30 de agosto.
Massa: 306kg; órbitas; 110; apogeu: 446km; perigeu: 179km.
1961 (7 de dezembro) – A NASA anuncia o Projeto Gemini (originalmente denominado
Mercury Mark II). O nome (atribuído em 3 de janeiro de 1962), do latim gemini (gêmeos),
deve-se ao fato de as missões serem desenhadas para dois astronautas. As sondas Gemini,
embora anunciadas depois das Apollo, são projetadas para servir de intermediárias entre
estas e as naves Mercury. O objetivo principal do Projeto Gemini é realizar missões com
duração ao menos equivalente àquela prevista para uma viagem tripulada de ida e volta à
Lua.

1961 (19 de dezembro) – É criado o CNES (Centre National d’Études Spatiales – Centro
Nacional de Estudos Espaciais), a Agência Espacial Francesa. Seu papel é propor ao
governo francês diretivas no que diz respeito à política espacial e realizar, com os seus
parceiros industriais, esses programas.

1962 – Riccardo Giacconi, Herbert Gursky (1930-2006), Frank Paolini e Bruno Rossi
(1905-1993) formalmente descobrem o fundo de raios X.

1962 – surge um relatório da Academia Nacional de Ciências (EUA) recomendando o


desenvolvimento de um telescópio espacial como parte integrante do programa espacial do
país.

1962 (26 de janeiro) - É lançada a Ranger 3, primeira sonda estadunidense destinada a se


chocar com a Lua. Contudo, devido a uma falha do foguete Atlas-Agena B, erra o alvo e
passa a 35.793km do satélite em 28 de janeiro. A nave, de 329,8kg, está agora em órbita
solar.

1962 (20 de fevereiro) – ocorre o voo da sonda Friendship 7 (missão Mercury-Atlas 6), a
terceira tripulada do projeto Mercury, pilotada por John Glenn (n. 1921). É o primeiro voo
orbital estadunidense, com duração de 4h55min23s e três órbitas completadas. A reentrada
é tensa, porque sensores indicam (falsamente, sabe-se depois) que há problemas com o
escudo térmico.
Massa: 1.224,7kg; apogeu, 265km; perigeu: 159km; distância percorrida: 121.794km.

1962 (7 de março) – A NASA lança o OSO 1 (Orbiting Solar Observatory), primeiro


observatório solar colocado em órbita. Mais oito satélites compõe esta série, lançada entre
1962 e 1975.

1962 (26 de abril) – A Ranger 4, lançada no dia 23, torna-se a primeira sonda estadunidense
a atingir outro corpo celeste: choca-se contra a superfície do lado oculto da Lua. Contudo,
devido a diversas falhas, não transmite nenhum dado científico.
Duração da missão: 64h; massa: 331,1kg.

1962 (24 de maio) – Ocorre o voo da sonda Aurora 7 (missão Mercury-Atlas 7), a quarta
tripulada (segunda orbital) do projeto Mercury, pilotada por Scott Carpenter (1925-2013).
Massa: 1.350kg; duração da missão: 4h56min05s; órbitas: 3; apogeu: 260km; perigeu:
154km; distância percorrida: 122.344km.
1962 (junho) – Cientistas liderados por Vladimir Kotelnikov (1908-2005), da Academia de
Ciências da URSS, são os primeiros a enviar sinais de radar a Mercúrio e recebê-los de
volta, dando início à observação por radar do planeta.

1962 (12 de junho) – Um foguete da série Aerobee 150 leva um revelador de raios X a
230km de altitude. Tendo funcionado perfeitamente durante 350 segundos, esse
equipamento revela uma intensa fonte de raios X na constelação de Escorpião, provando,
assim, que também essa radiação eletromagnética pode ter proveniência extraterrestre.

1962 (22 de junho) – É lançada a Mariner 1, primeira sonda interplanetária estadunidense,


que falha e acaba no fundo do Oceano Atlântico. Essa primeira missão fracassa, mas sete
das dez Mariner obtêm sucesso, realizando missões em Mercúrio, Vênus e Marte.

1962 (10 de julho) – Os EUA iniciam a exploração econômica do espaço lançando o


Telstar, primeiro satélite para telecomunicações.

1962 (11 e 12 de agosto) – São lançadas as sondas soviéticas Vostok 3 e Vostok 4,


tripuladas, respectivamente, por Andrian Nikolayev (1929-2004) e Pavel Popovich
(1930-2009). É o primeiro voo espacial conjunto da História, cujo objetivo principal é
verificar o funcionamento do corpo humano em condições de ausência de peso. São
monitorados o estado físico e mental dos cosmonautas, os sinais vitais, a capacidade de
responder a comandos do controle em terra, a fala e o sono. As sondas chegam a 6,5km
uma da outra, tendo havido experimentos de comunicação via rádio (os primeiros no
espaço) entre ambas as naves.
O retorno ocorre no dia 15.
Vostok 3 - Massa: 4.722kg; Duração da missão: 3d22h28min; órbitas: 64; apogeu: 218km;
perigeu: 166km.
Vostok 4 - Massa: 4.728kg; duração da missão: 2d22h56min; órbitas: 48; apogeu: 211km;
perigeu: 159km.

1962 (12 de setembro) – O Presidente estadunidense John Fitzgerard Kennedy (1917-1963)


lança os EUA em uma jornada para a conquista da Lua (confirmando o pronunciamento
feito perante o Congresso em 25 de maio de 1961). Em seu famoso discurso proferido na
Universidade Rice (Houston, Texas), ele lança o desafio de “enviar homens à Lua e
retorná-los a salvo” antes que a década termine. E Kennedy diz ainda: “Nós decidimos ir à
Lua. Nós decidimos ir à Lua nesta década e fazer as outras coisas, não porque elas são
fáceis, mas porque elas são difíceis”.

1962 (3 de outubro) – Ocorre o voo da sonda Sigma 7 (missão Mercury-Atlas 8), a quinta
tripulada do projeto Mercury, pilotada por Walter Schirra (1923-2007). O objetivo principal
é testar a capacidade das espaçonaves Mercury de realizar uma missão de longa duração.
Massa: 1.374kg; duração da missão: 9h13min15s; órbitas: 6; apogeu: 283km; perigeu:
161,01km.

1962 (5 de outubro) – Ocorre a convenção que estabelece o Observatório Europeu do Sul


(ESO – European Southern Observatory -, na sigla em inglês). Trata-se de uma organização
cujo objetivo é fornecer equipamentos e dar acesso ao céu do hemisfério sul a astrônomos
da Europa. Até este momento, todos os grandes telescópios estão localizados no hemisfério
norte. Ademais, algumas regiões importantes da esfera celeste, como a parte central da Via
Láctea e as Nuvens de Magalhães, são visíveis apenas a partir do hemisfério sul.
Os primeiros membros da organização são Bélgica, Alemanha, França, Países Baixos e
Suécia. Nos anos seguintes, mais nove países aderem: Dinamarca (1967), Suíça (1981),
Itália (1982), Portugal (2000), Reino unido (2002), Finlândia (2004), Espanha (2006),
República Tcheca (2007), Áustria (2008).

1962 (18 de outubro) – Lançamento da Ranger 5, sonda estadunidense que deveria se


chocar contra a superfície da Lua, mas erra o alvo e passa (21 de outubro) a 725km do
satélite. Está agora em órbita solar.
Duração da missão: 64h; massa: 342,5kg.

1962 (1º de novembro) – Depois de diversos lançamentos fracassados, a URSS consegue


fazer com que a sonda Marte 1 deixe a órbita terrestre. Contudo, perde contato com a Terra
a 21 de março de 1963, antes de chegar ao ponto de menor distância do planeta vermelho.

1962 (19 e 24 de novembro) – Duas radiomensagens em código Morse contendo as


palavras russas para “paz (dia 19) e para “Lênin” e “URSS” (dia 24) são enviadas na
direção de Vênus. Trata-se das primeiras transmissões via rádio feitas pelo homem para
civilizações extraterrestres. As mensagens dirigem-se agora para a estrela HD131336,
localizada na constelação de Libra.

1962 (14 de Dezembro) – A Mariner 2, lançada em 27 de agosto, torna-se a primeira sonda


a realizar com êxito uma viagem interplanetária, conseguindo uma passagem bem sucedida
por Vênus, a uma distância de 34.773km. Transmite informações que ajudam a confirmar
que Vênus é um astro muito quente (425°C, - sabe-se hoje que chega a 480°C), com uma
atmosfera coberta de nuvens compostas basicamente de dióxido de carbono.
Depois de sobrevoar vênus, a Mariner 2 entra em órbita solar.
O último contato com a Terra ocorre em 3 de janeiro de 1963.
Massa: 202,8kg; duração da missão: 129 dias.

1963 – É inaugurado o radiotelescópio de Arecibo, nas montanhas da cidade de mesmo


nome, ao norte da ilha caribenha de Porto Rico. Trata-se de uma antena em forma de prato,
de 305m de diâmetro, com um receptor suspenso a 137m de altura em uma plataforma
móvel de 900t e superfície coletora de 73.000m2. A máquina recebe sinais de rádio de
corpos celestes, e o receptor as processa e esquadrinha ou faz mapas de partes do Universo
inacessíveis aos telescópios ópticos.

1963 – Fred Hoyle (1915-2001) e William Fowler (1911-1995) concebem a ideia de


estrelas supermassivas.

1963 – Fred Hoyle e Jayant Narlikar mostram que a teoria do estado estacionário pode
explicar a isotropia do Universo, porque afastamentos da isotropia e homogeneidade
decaem espontaneamente no tempo.

1963 – Os oceanógrafos britânicos Frederick Vine e Drummond Matthews (1931-1997)


sugerem que o magma basáltico é continuamente expulso do centro das cordilheiras meso-
oceânicas e que o material em processo de resfriamento magnetiza-se na direção do campo
magnético terrestre. As novas rochas são expulsas de modo regular para as duas vertentes
das cordilheiras, enquanto o magma novo sobe à superfície, repetindo o ciclo.

1963 – O astrofísico indiano Shiv Kumar é o primeiro a estudar, do ponto de vista teórico, a
evolução e as propriedades de corpos celestes com massas muito inferiores às das estrelas
então conhecidas. Os objetos desses estudos, chamados por Kumar de anãs negras,
correspondem ao que hoje denominamos anãs marrons (nome proposto em 1975).

1963 (14 de fevereiro) – Os EUA lançam o Syncom-1, primeiro satélite em órbita


geoestacionária (cerca de 36.000km de altitude, o que o faz mirar sempre um mesmo ponto
na superfície terrestre).

1963 (5 de abril) – A sonda soviética Luna 4 (1.422kg), lançada no dia 2, passa a 8336,2km
da Lua.

1963 (15 e 16 de maio) – ocorre o voo da sonda Faith 7 (missão Mercury-Atlas 9), sexta e
última tripulada do projeto Mercury, pilotada por Gordon Cooper (1927-2004). É o voo
mais longo da série Mercury, com duração de 34h19min49s e 22 órbitas completadas.
Massa: 1.360kg; apogeu: 267km; perigeu: 161km; distância percorrida: 878.971km.

1963 (14 e 16 de junho) – São lançadas as sondas soviéticas Vostok 5 e Vostok 6,


tripuladas, respectivamente, por Valery Bykovsky e Valentina Tereshkova, a primeira
mulher no espaço. O voo é conjunto, tendo sido usado para comparar os efeitos do
ambiente espacial nos organismos de homens e mulheres. As duas naves chegam a 6,5km
uma da outra, permitindo comunicação via rádio.
Bykovsky deveria permanecer oito dias no espaço, mas, devido ao aumento da atividade
solar, é trazido de volta no quinto dia; mesmo assim, esse voo marca o recorde de
permanência em órbita para uma missão com apenas um tripulante.
Tereshkova tira fotografias do horizonte, as quais são usadas mais tarde para identificar
aerossol na atmosfera.
São as últimas missões da série Vostok.
O retorno ocorre em 19 de junho.
Vostok 5 - Massa: 4.720kg; duração da missão: 4d23h07min; órbitas: 82; apogeu: 131km;
perigeu: 130km.
Vostok 6 - Massa: 4.713kg; duração da missão: 2d22h50min; órbitas: 48; apogeu: 230km;
perigeu: 181km.
Depois deste voo, pressões políticas devidas ao desenvolvimento do Projeto Gemini nos
EUA e às promessas estadunidenses de feitos espaciais ainda não realizados na URSS
forçam Sergei Korolev a modificar os rumos do programa espacial soviético. As naves
Vostok, consideradas ultrapassadas, são deixadas de lado (apesar de haver quatro delas em
fabricação), e o foco passa a ser o desenvolvimento de sondas com capacidade para mais de
um tripulante e missões de maior duração, a fim de não perder a vantagem obtida até o
momento sobre os EUA.

1963 (19 de julho e 22 de agosto) – O piloto Joseph (“Joe”) Walker (1921-1966) realiza os
dois voos do avião-foguete estadunidense X-15 que excedem a altitude de 100km
(considerada pela Fédération Aéronautique Internationale como a fronteira com o espaço
exterior): são os voos 90 (106km) e 91 (108km).

1963 (20 de setembro) – Em discurso durante a Assembleia Geral das Nações unidas, o
presidente estadunidense, John Kennedy (1917-1963), propõe que os EUA e a URSS
juntem forças e cooperem no esforço para chegar à Lua. O Secretário-geral do PC
soviético, Nikita Khrushchov (ou Khrushchev) (1894-1971), após uma rejeição inicial,
dispõe-se a aceitar a proposta, mas Kennedy é assassinado (22 de novembro), e as
conversações com o sucessor, Lyndon Johnson (1908-1973) não avançam.

1963 (3 de novembro) – Primeiro casamento entre pessoas que viajaram ao espaço:


Andrian Nikolayev (Vostok 3) e Valentina Tereshkhova (Vostok 6). Nikita Khrushchov e
membros destacados do governo e do programa espacial soviético assistem à cerimônia.
Em 8 de junho de 1964, nasce Elena Andrianovna Nikolaeva-Tereshkova, primeira pessoa
com pai e mãe cosmonautas (ou astronautas).
O casal se divorcia em 1982.

1963 (15 de novembro) – O Chile é escolhido como local das instalações do Observatório
Europeu do Sul. A República da África do Sul havia sido a primeira escolha, mas oito anos
de investigação demonstram que as condições atmosféricas dos Andes sul-americanos são
mais propícias para observações astronômicas. O ESO é conhecido por construir e operar
alguns dos telescópios mais potentes e tecnologicamente mais avançados do mundo.

1964 – Fred Hoyle e Roger Tayler (1929-1997) chamam a atenção para o fato de que a
abundância primordial de hélio no Universo depende do número de neutrinos.

1964 – É fundada por dezoito países a INTELSAT – International Telecommunications


Satellite Organization (Organização Internacional de Satélites de Telecomunicação).

1964 – Edwin Ernest Salpeter (1924-2008) e Yakov Borisovich Zel'dovich (1914-1987)


propõem a teoria de que os quasares são na verdade galáxias ativas e não apenas objetos
associados a estas galáxias. Embora esta teoria seja a mais aceita, já foram encontrados
quasares dispersos, isto é, sem galáxias próximas, sugerindo que a relação entre os quasares
e as galáxias não é obrigatória e que não se trata de um único objeto.

1964 – O físico e cientista planetário britânico Michael Mark Woolfson propõe uma teoria
de captura para a formação do Sistema Solar. De acordo com esse modelo, interações
devidas à maré entre o Sol e uma protoestrela de baixa densidade teriam resultado na
formação dos planetas a partir de material arrancado do outro astro pela gravidade solar.
Entretanto, essa teoria pressupõe diferenças muito maiores entre as idades do Sol e dos
planetas do que aquelas efetivamente observadas.

1964 (2 de abril) – É lançada a sonda soviética Zond 1, com destino a Vênus. Contudo,
perde contato com a Terra em 14 de maio. Em 14 de julho, passa a 100.000km do planeta
vizinho.
1964 (8 a 12 de abril) – Missão da sonda estadunidense Gemini 1 (não tripulada), a
primeira da série Gemini, desenhada para transportar dois astronautas. Os objetivos da
missão são testar a integridade estrutural das espaçonaves Gemini e o sistema de
comunicações, além de possibilitar treinamento aos controladores em terra para futuras
missões tripuladas.
Massa: 3.187kg; duração da missão: 3d23h; órbitas: 64; distância percorrida: 2.789.864km.

1964 (19 de julho) – Um foguete transportando ratos albinos é lançado com sucesso em
Gangde, na província chinesa de Anhui.

1964 (31 de julho) – A Ranger 7, lançada no dia 28, torna-se a primeira sonda
estadunidense a enviar imagens da Lua para a Terra. São 4.308 fotografias de excelente
qualidade, tiradas nos 17 minutos anteriores ao choque (intencional) com a superfície.
É o primeiro voo totalmente bem-sucedido do programa Ranger.
Massa: 365,7kg; duração da missão: 65h30min.

1964 (agosto a novembro) – Três equipes compostas ao todo por seis cientistas
desenvolvem, independentemente uma da outra, uma teoria segundo a qual existe um
campo de força que permeia todo o Universo, o qual desacelera a energia e,
consequentemente, permite que a maioria das partículas subatômicas (exceções são fótons e
glúons) adquiram massa. Os físicos envolvidos na elaboração da teoria são osbelgas Robert
Brout (1928-2011) e François Englert, os britânicos Peter Higgs e Tom Kibble e os
estadunidenses Gerald Guralnik e Carl Richard Hagen. A partícula que desencadeia a
desaceleração da energia e dá origem a toda matéria que existe no universo recebe o nome
de bóson de Higgs.

1964 (12 de outubro) – A sonda soviética Voskhod 1 torna-se a primeira nave a ir ao


espaço com mais de uma pessoa a bordo. A tripulação é composta pelos cosmonautas
Vladimir Komarov (1927-1967) – piloto –, Konstantin Feoktistov (1926-2009) –
engenheiro – e Boris Yegorov (1937-1994)– médico. Esta missão, a primeira em que os
tripulantes não usam traje espacial, é filmada e tem cenas transmitidas pela televisão. Em
russo, voskhod significa “nascer do sol”.
Massa: 5.320kg; duração da missão: 34h17min03s; órbitas: 16; apogeu: 336km; perigeu:
178km.

1964 (14 de outubro) – O Partido Comunista da URSS depõe Nikita Khrushchov e o


substitui por Leonid Brejnev (1906-1982). Novas mudanças políticas: o Programa Voskhod
é encerrado (a missão da Voskhod 2 é mantida, mas as duas seguintes, em fase de
planejamento, são canceladas), e a URSS passa a se concentrar na corrida para levar um ser
humano à Lua.

1964 (5 de novembro) – É lançada a sonda estadunidense Mariner 3 (260,8kg). perde-se ao


entrar no meio interplanetário por falha do mecanismo de ejeção de seu escudo protetor.
Impossibilitada de alimentar seus painéis com energia solar, a sonda deixa de transmitir
quando suas baterias se esgotam. Está agora em órbita solar. Sua missão original era voar
ao redor de Marte com a Mariner 4.
1964 (30 de novembro) – É lançada a sonda soviética Zond 2, com destino a Marte.
Contudo, perde contato com a Terra no começo de maio de 1965. Supõe-se que tenha
passado a 1.500km do planeta vermelho em 6 de agosto.

1965 – Arno Allan Penzias e Robert Anton Wilson, com a colaboração de Bernie Burke,
Robert Henry Dicke (1916-1997) e James Peebles descobrem a radiação de fundo de
micro-ondas cósmica, que é o sinal eletromagnético remanescente do Big Bang e
proveniente das regiões mais distantes do Universo e que havia sido predita em 1948 por
Ralph Asher Alpher e Robert Herman, associados de George Gamow, como a radiação
remanescente do estado quente em que o Universo se encontrava quando se formou. A
radiação cósmica de fundo é um espectro térmico de radiação de corpo negro de 2,725
kelvin que preenche o Universo. Ela tem uma frequência de pico de 160,4GHz, o que
corresponde a um comprimento de onda de 1,9mm.

1965 – Têm início atividades regulares de pesquisa no Observatório de Cerro Tololo,


localizado no deserto de Atacama, norte do Chile, a 2.200m de altitude.

1965 – O radiotelescópio de 40m de Owens Valley inicia sua operação, localizado em Big
Pine, Califórnia.

1965 – Martin Rees e Dennis Sciama (1926-1999) analisam dados da contagem de fontes
quasar e descobrem que a densidade de quasares aumenta com o deslocamento para o
vermelho.

1965 – O astrônomo britânico Edward Robert Harrison (1919-2007) propõe a solução


atualmente aceita para o paradoxo de Olbers: Como o Universo tem uma idade finita, e a
luz tem uma velocidade finita, a luz das estrelas mais distantes ainda não teve tempo de
chegar até nós. Portanto, o Universo que enxergamos é limitado no espaço, por ser finito no
tempo. A escuridão da noite é uma prova de que o Universo teve um início.

1965 – Lyman Spitzer é indicado como dirigente do comitê para a definição de objetivos
científicos para um telescópio espacial de grandes dimensões.

1965 – C. J. Cohen e E. C. Hubbard reconstroem em computador as órbitas dos quatro


planetas externos e de Plutão nos últimos 120.000 anos, levando em conta todas as
perturbações recíprocas. No que diz respeito a Plutão e a encontros com Netuno, o
resultado é que não se verificaram passagens próximas: a distância entre os dois astros
jamais esteve abaixo de 18 unidades astronômicas, muito maior do que a aproximação de
todos os planetas “contíguos”.

1965 – Os estadunidenses Gordon Pettengill e R. Dyce, utilizando o radiotelescópio do


Observatório de Arecibo, em Porto Rico, determinam, de modo conclusivo, que o período
de rotação de Mercúrio é de aproximadamente 59 dias terrestres, e não de 88 dias, como se
acreditava então.

1965 – Duas equipes trabalhando independentemente, lideradas por Antonino Zichichi, do


Acelerador Próton-Síncroton, do CERN, e Leon Lederman, do acelerador AGS
(Alternating Gradient Synchrotron), do Laboratório Nacional de Brookhaven, em Nova
Iorque, conseguem criar, cada uma, um antideutério, átomo formado por um antipróton e
um antinêutron. É a primeira vez que o homem obtém antimatéria, durante uma pequena
fração de segundo.

1965 (19 de janeiro) – Missão da Gemini 2 (suborbital e não tripulada), cujo objetivo é
testar o sistema de proteção térmica da nave. Os resultados são satisfatórios, e a NASA
decide que a próxima Gemini será tripulada.
Duração da missão: 0h18min16s; altitude máxima: 171,2km; distância percorrida:
3.422,4km.

1965 (17 de fevereiro) – É lançada a sonda estadunidense Ranger 8, programada para


colidir com a Lua e obter imagens de alta resolução nos minutos antecedentes ao impacto.
São tiradas 7.137 fotografias de boa qualidade nos 23 minutos anteriores ao choque, que
ocorre em 20 de fevereiro.
Massa: 367kg; duração da missão: 65h.

1965 (18 de março) – É lançada ao espaço a Voskhod 2, levando a bordo os cosmonautas


Pavel Belyayev (1925-1970) – comandante - e Aleksey Leonov - piloto. No final da
primeira órbita, Leonov deixa a astronave pela entrada de ar. Ele é o primeiro homem a sair
de uma nave no espaço. Enquanto executa seu “passeio extraveicular”, realiza movimentos
físicos e de locomoção fora da astronave durante 12min09s. Contudo, o traje espacial de
Leonov expande-se no vácuo, impedindo-o de voltar à nave. Para conseguir retornar, ele é
obrigado a fazer uma descompressão parcial do traje, procedimento de grande risco, que
pode ser fatal. Mais três problemas ocorrem: 1. O sistema de controle da Vostok eleva
automaticamente o nível de oxigênio puro da cabine para 45%, o que precisa ser
solucionado antes da reentrada. 2. O compartimento de instrumentos não se solta do
paraquedas, como deveria, fazendo com que a sonda efetue uma descida bastante instável.
3. O acionamento no tempo errado de um retrofoguete (motor de foguete utilizado para
desacelerar um veículo espacial) faz com que a Voskhod pouse 386km distante do lugar
previsto. Antes de serem resgatados, os cosmonautas passam duas noites na floresta e
enfrentam temperaturas de -30°C.
Esta é a última missão da série Voskhod.
Massa: 5.682kg; duração da missão: 26h2min17s; órbitas: 17; apogeu: 475km; perigeu:
167km.
Apesar das dificuldades enfrentadas ao longo da missão, este é o auge do programa espacial
soviético. A partir daí, os EUA começam a ganhar terreno.

1965 (23 de março) – Ocorre a missão da Gemini 3, apelidada de “Molly Brown”, primeira
sonda tripulada do projeto Gemini. A tripulação é formada por Virgil Grisson (1926-1967)
- Comandante - e John Young – Piloto. É a primeira vez que os EUA enviam ao espaço
dois astronautas ao mesmo tempo. O objetivo principal é fazer testes de manobra em
ambiente espacial, e a Gemini 3 é a primeira espaçonave tripulada a modificar a própria
órbita.
Massa: 3.236,9kg; duração da missão: 4h52min31s; órbitas: 3; apogeu: 224,2km; perigeu:
161,2km; distância percorrida: 128.748km.
1965 (24 de março) – A Ranger 9, lançada no dia 21, choca-se contra a superfície da Lua.
São feitas 5.814 fotografias de boa qualidade antes do impacto. Os objetivos são atingidos.
Esta é a última missão do programa Ranger.
Massa: 367kg; duração da missão: 64h30min.

1965 (12 de maio) – A sonda soviética Luna 5 (1.474kg), lançada no dia 9, choca-se contra
a superfície lunar. O objetivo era pousar no satélite.

1965 (3 a 7 de junho) – Missão da Gemini 4, tripulada por James McDivitt - Comandante -


e Edward White (1930-1967) – Piloto. Ainda no dia 3, durante a terceira órbita, White
torna-se o primeiro estadunidense a realizar uma atividade extraveicular: faz uma
caminhada espacial de 22 minutos. A missão é planejada para permanecer vários dias no
espaço, tendo por objetivo avaliar a resistência humana a períodos mais prolongados de
ausência de gravidade.
Massa: 3.570kg; duração da missão: 4d01h56min12s; órbitas: 66; perigeu: 283km; apogeu:
161km; distância percorrida: 2.590.600km.

1965 (11 de junho) – A sonda soviética Luna 6, lançada no dia 8, passa a 159.612,8km da
Lua e entra em órbita solar. O objetivo era pousar no satélite.

1965 (14 de julho) – A sonda estadunidense Mariner 4, lançada em 28 de novembro de


1964, chega a Marte, sobrevoando o planeta a uma distância de 9.920km e obtendo as
primeiras imagens em close da superfície marciana (22 ao todo). A sonda encontra uma
atmosfera muito mais tênue do que se pensava anteriormente e composta sobretudo de
anidrido carbônico. Muitos cientistas concluem dessa varredura preliminar que Marte é um
mundo “morto”, tanto biológica quanto geologicamente. Tal impressão é revista em
missões posteriores.
O último contato com a Terra ocorre em 21 de dezembro de 1967, e a nave está agora em
órbita heliocêntrica.

1965 (20 de julho) – A sonda soviética Zond 3, lançada no dia 18, passa a 9.200km da Lua
e obtém 23 fotografias de boa qualidade do satélite, cobrindo 19 milhões de km2 da
superfície.

1965 (21 a 29 de agosto) – Missão da Gemini 5, tripulada por Gordon Cooper


(1927-2004) - Comandante - e Charles Conrad (1930-1999) – Piloto. Pela primeira vez, são
usadas células combustíveis como energia para as naves Gemini, antes movidas a bateria.
Isso permite quase dobrar o tempo de permanência no espaço em relação à missão anterior,
atingindo 7d22h55min14s (120 órbitas), período considerado suficiente, pelos cientistas e
técnicos da NASA, para uma viagem de ida e volta à Lua. Centenas de fotografias em alta
definição da Terra são tiradas para o Departamento de Defesa dos EUA. Gordon Cooper,
que havia sido piloto da Faith 7, última missão do projeto Mercury, torna-se a primeira
pessoa a ir pela segunda vez ao espaço.
Massa: 3.605kg; distância percorrida: 5.242.682km.

1965 (7 de outubro) – A sonda soviética Luna 7 (1.504kg), lançada no dia 4, choca-se


contra a superfície da Lua. O objetivo era um pouso no satélite.
1965 (11 de outubro) – É inaugurado o centro de lançamento de foguetes de Barreira do
Inferno, no Rio Grande do Norte, primeiro local do Brasil a dispor de infraestrutura para
esse fim.

1965 (18 de outubro) - O cometa Ikeya-Seki (formalmente, C/1965 S1), descoberto (18 de
setembro) pelos astrônomos japoneses Kaoru Ikeya e Tsutomu Seki, atinge a magnitude -10
e aparece como um dos cometas mais brilhantes observados nos últimos mil anos. Visível
durante o dia ao lado do Sol, há referências a ele como o Grande Cometa de 1965.
O astro se fragmenta em três partes após a passagem pelo periélio, quando chega a
450.000km do Sol.

1965 (4 a 18 de dezembro) – Missão da Gemini 7 (lançada antes da Gemini 6-A), tripulada


por Frank Borman - Comandante - e James Lovell – Piloto. É a mais longa missão do
programa espacial estadunidense até o início do projeto Skylab, na década de 1970, tendo
durado 13d18h35min01s (206 órbitas).
Massa: 3.670kg; distância percorrida: 9.030.000km.

1965 (6 de dezembro) – A sonda soviética Luna 8 (1.550kg), lançada no dia 3, choca-se


contra a superfície da Lua. O objetivo era realizar um pouso no satélite.

1965 (15 e 16 de dezembro) – Missão da Gemini 6-A, tripulada por Walter Schirra
(1923-2007) - Comandante - e Thomas (Tom) Stafford – Piloto. A Gemini 6-A é a
substituta da Gemini 6, missão cancelada depois da explosão do veículo Agena com o qual
deveria se encontrar no espaço. Durante a 4ª órbita da Gemini 6-A, ela inicia com a Gemini
7 o primeiro encontro de duas naves estadunidenses no espaço, que dura 4h30min, tendo a
aproximação máxima sido de 30cm. Esta é a primeira missão cujo pouso é transmitido ao
vivo, via satélite, pela televisão.
Massa: 3.546kg; duração da missão: 25h51min24s; órbitas: 16; distância percorrida:
694.415km.

1965 (16 de dezembro) – É lançada a Pioneer 6, a primeira de quatro sondas (massas entre
138kg e 147kg) colocadas em órbitas heliocêntricas desenhadas para, em conjunto, realizar
medições contínuas do ambiente interplanetário a partir de pontos do espaço distantes entre
si. As medições incluem vento solar, campo magnético solar, raios cósmicos, fenômenos
magnéticos e de partículas em larga escala e campos interplanetários diversos. Formam a
primeira rede de estudos a partir do espaço de eventos envolvendo o Sol e fornecem
informações práticas acerca de tempestades solares, que influem nas telecomunicações e
nos sistemas de energia terrestres. As outras sondas, Pioneer 7, 8 e 9, são lançadas,
respectivamente, em 17 de agosto de 1966, 13 de dezembro de 1967 e 8 de novembro de
1968.
O último contato ocorre com a Pioneer 6, em 8 de dezembro de 2000.

1966 – Jim Peebles mostra que o Big Bang quente prevê a abundância correta de hélio.

1966 – É identificada a primeira fonte extragaláctica de raios X, localizada na galáxia M87.


1966 (3 de fevereiro) – Três dias depois de sua partida, a sonda soviética não tripulada
Luna 9 pousa com segurança no Oceano das Tempestades, na borda ocidental da Lua. É a
primeira descida suave em outro corpo celeste, abrindo caminho para as viagens tripuladas
para o satélite natural da Terra, já que a alunissagem mostra que a superfície lunar não é
uma areia movediça parda e insegura para pousos. O equipamento fotográfico da Luna 9
permite a tomada de 27 imagens (as primeiras feitas a partir da superfície de outro corpo
celeste), inclusive visões panorâmicas e visões mais íntimas das rochas próximas, imagens
essas enviadas para a Terra até 6 de fevereiro, quando as baterias terminam e o contato com
a sonda é perdido.
Massa: 1.580kg.

1966 (3 de fevereiro) – Os EUA lançam seu primeiro satélite meteorológico, o Essa-1, que
permanece operacional até 6 de outubro.

1966 (27 de fevereiro) A sonda soviética Venera 2, lançada em 12 de novembro de 1965,


sobrevoa Vênus à distância de 24.000km, mas não consegue transmitir informações
científicas.

1966 (1º de março) – A sonda soviética Venera 3, lançada em 16 de novembro de 1965,


choca-se contra a superfície venusiana. É o primeiro impacto de uma sonda na superfície de
outro planeta.

1966 (15 e 16 de março) – Missão da Gemini 8, tripulada por Neil Armstrong (1930-2012)
- Comandante - e David Scott – Piloto. Esta nave realiza a primeira acoplagem em órbita da
História, conectando-se a um veículo Agena. Após a acoplagem, ocorre a avaria de um
propulsor, fazendo com que a sonda gire ao redor de si mesma descontroladamente. A
Gemini 8 faz então o primeiro pouso de emergência da era espacial, amerissando no
Oceano Pacífico (e não no Atlântico, como estava previsto), sendo resgatada por
paraquedistas. A missão dura apenas 10h41min26s (6 órbitas).
Massa: 3.789kg; distância percorrida: 293.206km.

1966 (3 de abril) – A sonda soviética Luna 10, lançada em 31 de março, entra em órbita
lunar, à distância de 350km, e se torna o primeiro satélite artificial a orbitar outro corpo
celeste que não a Terra. Completa 485 órbitas em dois meses.

1966 (8 de abril) – É lançado o primeiro Orbiting Astronomical Observatory (OAO-1), da


NASA. Carrega instrumentos para fazer observações em ultravioleta, raios X e raios gama.
As baterias apresentam falhas após três dias, terminando a missão. Mais três serão lançados
posteriormente.

1966 (2 de junho) – Pousa no Oceanus Procellarum (Mar das Tormentas) a Surveyor 1,


lançada em 30 de maio, primeira sonda de uma série cujo objetivo consiste em enviar
espaçonaves não tripuladas para a Lua, com alunissagem suave e sem retorno. Transmite
11.237 imagens da Lua, e o último contato ocorre em 14 de julho.
O projeto Surveyor é preparatório para as missões Apollo, pois testa equipamentos e analisa
a superfície lunar.
1966 (3 a 6 de junho) – Missão da Gemini 9, tripulada por Thomas Stafford - Comandante -
e Eugene Cernan – Piloto. Os objetivos principais são realizar encontros em órbita com um
veículo Agena e atividades extraveiculares, feitas por Eugene Cernan (2h07min), com
resultados insatisfatórios. Esta é a primeira missão espacial cuja tripulação é composta de
astronautas reservas, já que os tripulantes titulares, Elliot See e Charles Bassett, morreram
num acidente de avião três meses antes.
Massa: 3.750kg; duração da missão: 3d00h20min50s; órbitas: 47.

1966 (1º de julho) – É lançado o satélite estadunidense Explorer 33, originalmente


planejado para orbitar a Lua, mas depois, devido a problemas na trajetória em direção ao
satélite, redirecionado para uma órbita terrestre excêntrica, com perigeu de 265.679km e
apogeu de 480.762km (além da órbita da Lua). O satélite consegue obter informações sobre
vento solar, plasma interplanetário e raios X solares.
A missão dura até 21 de setembro de 1971.

1966 (18 a 21 de julho) – Missão da Gemini 10, tripulada por John Young - Comandante -
e Michael Collins – Piloto. É a primeira a realizar dois encontros em órbita com veículos
Agena e utilizar-se dos sistemas propulsores deste lançador de espaçonaves para alterar sua
órbita. Michael Collins realiza a primeira caminhada espacial entre duas naves diferentes,
para recolher um painel coletor de poeira cósmica instalado na lateral do veículo Agena que
deveria ter se encontrado com a Gemini 8. Os astronautas também testam novos sistemas
de navegação manual através das estrelas. Estabelecem também que a radiação a altitudes
elevadas não constitui um problema sério.
Massa: 3.762,6kg; duração da missão: 2d22h46min39s; órbitas: 43; perigeu: 159,9km;
apogeu: 168,9km.

1966 (10 de agosto) – É lançada a sonda estadunidense Lunar Orbiter 1, cujo objetivo
principal é fotografar regiões pouco acidentadas do relevo da Lua para procurar por locais
seguros para o pouso de futuras missões Surveyor e Apollo. São obtidas 42 imagens em alta
resolução e 187 imagens em resolução média, cobrindo mais de 5 milhões de km2 da
superfície. Em 23 de agosto, a Lunar Orbiter 1 capta as duas primeiras imagens da Terra
obtidas a partir da órbita da Lua. Elas mostram a Terra emergindo por trás do satélite, bem
como detalhes da superfície lunar.
Massa: 385,6kg; duração da missão: 80 dias (até 29 de outubro, quando se choca com o
lado oculto da Lua); órbitas: 577; perilúnio (ponto mais próximo da Lua): 40,5km; apolúnio
(ponto mais distante da Lua): 1.866,8km.

1966 (27 de agosto) – A Luna 11, lançada em 24 de agosto, é inserida numa órbita com
perilúnio de 1.898km e apolúnio de 2.931km. A sonda estuda a composição química e
anomalias gravitacionais. Além disso, tira as primeiras fotografias da superfície do satélite
a partir da órbita lunar e envia à Terra 137 radiotransmissões.
Massa: 1.640kg; duração da missão: 38 dias (até 1º de outubro); órbitas: 277.

1966 (8 de setembro) – Tem início a série de televisão Jornada nas Estrelas (Star Trek) que
atrai muitas pessoas para as ciências naturais, em especial para a Astronomia. A série
original é constituída de três temporadas e 79 episódios.
1966 (12 a 15 de setembro) – Missão da Gemini 11, tripulada por Charles Conrad
(1930-1999) - Comandante - e Richard Gordon – Piloto. É estabelecido o recorde de
altitude de uma nave Gemini em órbita: 1.369km. Gordon realiza duas atividades
extraveiculares (33min e 2h08min). a missão Gemini 11 é a primeira a ter uma reentrada
controlada completamente por computadores, fazendo com que a cápsula amerisse apenas
4,5km fora do ponto de descida designado.
Massa: 3.798kg; duração da missão: 2d23h17min09s; órbitas: 44.

1966 (23 de setembro) – A Surveyor 2, lançada no dia 20, choca-se contra a superfície da
Lua perto da cratera Copérnico. A missão fracassa, porque não consegue uma alunissagem
suave.
Massa: 292kg; duração da missão: 62h46min.

1966 (25 de outubro) – A Luna 12, lançada no dia 22, entra em órbita lunar. Envia
fotografias e realiza 302 radiotransmissões.
Massa: 1.620kg; duração da missão: 89 dias (até 19 de janeiro de 1967); órbitas: 602;
perilúnio: 1.871km; apolúnio: 2.938km.

1966 (6 de novembro) – É lançada a Lunar Orbiter 2, cujo objetivo principal é fotografar


terrenos lisos para a futura alunissagem das missões Surveyor e Apollo. São obtidas 609
imagens em alta resolução e 208 imagens em resolução média. Três impactos de
micrometeoritos são registrados.
Massa: 385,6kg; duração da missão: 339 dias (até 11 de outubro de 1967, quando a nave se
choca com o solo lunar); órbitas: 2.346; perilúnio: 52km; apolúnio: 1.850km.

1966 (11 a 15 de novembro) – Missão da Gemini 12, última espaçonave desta série,
tripulada por James Lovell - Comandante - e Edwin Aldrin – Piloto. Ocorre uma acoplagem
com um veículo Agena, feita manualmente. Aldrin passa 5h30min (2h29min, 2h06min,
0h55min) fora da nave, o período mais prolongado de atividades extraveiculares do projeto
Gemini. Fica demonstrado que é possível trabalhar fora de uma espaçonave (até aí, as
atividades extraveiculares haviam se limitado a passeios).
Catorze experimentos científicos são realizados.
Massa: 3.762,1kg; duração da missão: 3d22h34min31s; órbitas: 59.
O programa espacial estadunidense seguinte é o Apollo.

1966 (15 de dezembro) – O astrônomo e aeronauta francês Audouin Dollfus (1924-2010)


Descobre Jânus, décimo satélite conhecido de Saturno.
Diâmetro: 203 x 185 x 152.6km; período orbital: 0,695 dia; distância média do planeta:
151.460km; massa: 1,897 quatrilhão de toneladas; densidade: 0,63g/cm3.

1967 – O estadunidense Steven Weinberg e o paquistanês Abdus Salam (1926-1996)


incorporam o mecanismo de Higgs à teoria eletrofraca de Sheldon Glashow e formulam o
modelo padrão da física de partículas. Mais tarde (1972-1974), quando é confirmada a
existência dos quarks (constituintes básicos da matéria que formam os prótons e os
nêutrons), o modelo padrão sobressai e se impõe entre as demais teorias existentes para
explicar o mundo subatômico. Ele engloba o eletromagnetismo, a força nuclear forte e a
força nuclear fraca, três das quatro forças fundamentais que regulam a interação das
partículas (está excluída apenas a gravidade).
Por esse trabalho, Weinberg, Salam e Glashow recebem o Prêmio Nobel de Física de 1979.

1967 – O físico estadunidense John Wheeler (1911-2008) utiliza, pela primeira vez, o
termo “buraco negro” (“black hole”).

1967 (27 de janeiro) – Um Incêndio destrói, no solo, a nave Apollo 1, matando 3


astronautas em seu interior: Virgil Ivan Grissom (n. 1926), Edward Higgins White II (1930)
e Roger Bruce Chaffee (1935). A missão passa a se chamar Apollo 1 em homenagem
póstuma às vítimas do primeiro grande desastre do programa espacial estadunidense. Como
resultado desse acidente, toda a programação do projeto Apollo é atrasada em quase 21
meses. Durante esse período, os engenheiros da NASA modificam completamente a cabine
do módulo de comando. Cerca de 1.300 alterações são feitas.

1967 (5 de fevereiro) – É lançada a Lunar Orbiter 3, cujo objetivo principal é fotografar


locais de pouso seguro para missões Surveyor e Apollo. São feitas 477 imagens em alta
resolução e 149 imagens em resolução média. O local de pouso da Sorveyor 1 é
fotografado.
Massa: 385,6kg; duração da missão: 246 dias (até 9 de outubro, quando a nave se choca
com a superfície); órbitas: 1.702.

1967 (20 de abril) – A Surveyor 3, lançada no dia 17, pousa no Oceanus Procellarum. É a
segunda nave estadunidense a fazer uma alunissagem suave. Envia 6.315 imagens de TV
para a Terra.
Massa: 302kg; duração da missão: 65h.

1967 (23 e 24 de abril) – Missão da sonda soviética Soyuz 1, tripulada por Vladimir
Komarov (1927-1967), primeiro soviético a ir pela segunda vez ao espaço. É o primeiro
voo da URSS depois da Voskhod 2 (março de 1965) e o primeiro depois da morte de Sergei
Korolev (14 de janeiro de 1966), responsável pelo programa espacial do país. O objetivo
era uma acoplagem com a Soyuz 2 e a passagem de tripulantes de uma nave para a outra no
espaço, mas a missão termina com a morte do cosmonauta, a primeira da era espacial a
ocorrer durante um voo. Antes da missão, engenheiros espaciais reportam 203 falhas
estruturais, mas são ignorados por Leonid Brejnev, que pretende realizar feitos espaciais
para celebrar o aniversário de Lênin (22 de abril) e os 50 anos da Revolução Russa (1917).
Yuri Gagárin, o tripulante reserva, ciente do desastre iminente e amigo de Komarov,
oferece-se para substituí-lo, na esperança de que a missão seja cancelada (Gagárin é
considerado um herói nacional), mas tudo é em vão.
Os problemas começam logo depois da decolagem, quando a falha de um painel solar (que
não abre) reduz significativamente o suprimento de energia da nave. A seguir, o mau
funcionamento do sistema de navegação torna difícil manobrar a sonda. Na décima terceira
órbita, uma pane inutiliza o sistema automático de estabilização, e o sistema manual
funciona apenas parcialmente. Os objetivos da Soyuz 2 são então modificados, passando a
incluir o conserto do painel solar da Soyuz 1, mas uma violenta tempestade na noite de 23
de abril danifica o sistema elétrico do Cosmódromo de Baikonur, impedindo o lançamento.
Diante das dificuldades, o controle de voo decide abortar a missão da Soyuz 1, e tem início
a reentrada. Por problemas na estrutura da sonda, o paraquedas principal não desencaixa
como deveria e, consequentemente, não abre. Komarov abre o paraquedas reserva, mas ele
fica enroscado no paraquedas de desaceleração (parte do paraquedas principal), e a nave
toca o solo a 140km/h. Komarov morre no impacto. Depois da queda, ocorre uma explosão,
e a nave é totalmente destruída pelo fogo.
Em meados da década de 1970, começa a circular a história de que Komarov, durante a
descida, amaldiçoou quem o colocou na Soyuz, conversou com a esposa e chorou. Diz-se
também que tudo foi gravado por uma estação de escuta da Agência Nacional de Segurança
dos EUA localizada perto de Istambul. Não existe confirmação oficial, mas são muitos os
que defendem que esses fatos realmente ocorreram.
Soyuz – Massa: 6.450kg; órbitas: 18; perigeu: 197km; apogeu: 223km; duração da missão:
1d2h47min52s.
Este acidente atrasa os voos das naves Soyuz em dezoito meses.
As naves Soyuz (“união”, em russo) têm capacidade para transportar três astronautas e são
sucessoras das sondas Vostok e Voskhod. São formadas por três compartimentos: módulo
de serviço, módulo orbital e cápsula de reentrada. Com o tempo, mais quatro versões das
naves Soyuz são desenvolvidas: T, TM, TMA e TMA-M.

1967 (4 de maio) – É lançada a Lunar Orbiter 4, cujo objetivo principal é fazer um estudo
fotográfico sistemático do relevo lunar, a fim de entender melhor a natureza das formações
selenográficas e determinar regiões de interesse científico para futuras missões orbitais ou
de pouso. São feitas 419 imagens em alta resolução e 127 em resolução média, cobrindo
99% do lado visível da Lua.
Massa: 385,6kg: duração da missão: 180 dias (até 31 de outubro, quando se choca com a
superfície); órbitas: 360; perilúnio: 2.706km; apolúnio: 6.111km.

1967 (30 de junho) – O Major Robert Lawrence (1935-1967) torna-se o primeiro


estadunidense negro a entrar no programa espacial dos EUA.

1967 (2 de julho) – Os satélites estadunidenses Vela 3 e Vela 4, desenhados para detectar


radiações gama provenientes de supostas experiências nucleares soviéticas no espaço,
registram a primeira erupção de raios gama observada pelo homem.
Erupção de raios gama (GRB – gamma-ray burst -, na sigla em inglês) é um flash de raios
gama associado a explosões extremamente energéticas em galáxias distantes (bilhões de
anos-luz). É o fenômeno eletromagnético mais luminoso do Universo e pode durar desde
nanossegundos até uma hora, sendo alguns segundos a duração mais comum. Estima-se que
uma única erupção de raios gama pode produzir a mesma quantidade de energia que o Sol
produz em 10 bilhões de anos. São eventos bastante raros: ocorrem apenas alguns por
galáxia a cada milhão de anos.

1967 (17 de julho) – A Surveyor 4, lançada no dia 14, impacta próximo ao Sinus Medii. A
meta da missão (uma alunissagem suave) não é alcançada.
Massa: 283kg; duração da missão: 65h.

1967 (19 de julho) – É lançado o satélite estadunidense Explorer 35, destinado a realizar
estudos, a partir de uma órbita lunar fortemente elíptica, do plasma e campo magnético
interplanetários, de partículas energéticas e dos raios X solares.
Massa: 104,3kg; duração da missão: 2.167 dias (até 24 de junho de 1973; órbitas:
aproximadamente 9.500; perilúnio: 764km; apolúnio: 7.886km.

1967 (1º de agosto) – É lançada a Lunar Orbiter 5 (última da série), desenhada para estudar
mais detalhadamente possíveis locais de pouso de missões Surveyor e Apollo e também
regiões ainda não fotografadas do lado oculto da Lua. São feitas 633 imagens em alta
resolução e 211 imagens emresolução média. No total, as imagens obtidas pelas cinco
missões Lunar Orbiter cobrem 99% de toda a superfície da Lua.
Massa: 385,6kg; duração da missão: 183 dias (até 31 de janeiro de 1968, quando se choca
com a superfície); órbitas: 1.380; perilúnio: 194,5km; apolúnio: 6.023km.

1967 (11 de setembro) – A Surveyor 5, lançada no dia 8, pousa no Mare Tranquillitatis


(Mar da Tranquilidade). Uma análise química bastante simplficada permite determinar que
o solo lunar é composto por rocha basáltica. São transmitidas 19.049 imagens da Lua.
Massa: 303kg; duração da missão: 84 dias (até 1º de dezembro).

1967 (outubro) - Hans Albrecht Bethe (1906-2005) é anunciado como ganhador do Prêmio
Nobel de Física por ter proposto (1938) que as estrelas utilizam a fusão como fonte de
energia.

1967 (10 de outubro) – Entra em vigor o Tratado do Espaço Exterior, formalmente Tratado
sobre os Princípios Que Regem as Atividades dos Estados na Exploração e Utilização do
Espaço Exterior, Incluindo a Lua e Outros Corpos Celestes, que constitui a base da
legislação internacional sobre o espaço. Assinado inicialmente por EUA, união Soviética e
Reino Unido em 27 de janeiro de 1967, é ratificado hoje por cerca de cem países.
Este tratado estabelece que o espaço pode ser explorado por qualquer nação e não está
sujeito a reivindicações de soberania nacional. Proíbe também o emprego de armas
nucleares no espaço, mas essa proibição não se estende às armas convencionais.

1967 (18 de outubro) – A Venera 4 (1.106kg), lançada em 12 de junho, chega a Vênus e


efetua a primeira análise do ambiente de outro planeta, bem como a primeira análise da
atmosfera venusiana, descobrindo ser ela composta sobretudo de dióxido de carbono, com
quantidades reduzidas de nitrogênio e dióxido de enxofre. Também são obtidas medidas de
temperatura e pressão atmosférica, ambas elevadas. A espaçonave demonstra ainda que
Vênus tem um campo magnético fraco (3.000 vezes mais fraco que o terrestre) e sem
radiação. A uma altitude pouco inferior a 52km, abre-se um paraquedas, guiando a Venera
4 para a primeira descida de uma nave espacial em outro planeta, embora não haja
transmissão de dados a partir da superfície (a sonda provavelmente é destruída antes de
chegar ao solo).
Com diâmetro de 12.103,6km, Vênus é o planeta do Sistema Solar de dimensões mais
parecidas com as da Terra. Ocupa um volume de 938 milhões de km3 (85,7% do terrestre),
a área da superfície é de 460 milhões de km2 (90,2% da área da Terra) e tem massa de
4,868 sextilhões de toneladas (81,5% da terrestre). A densidade venusiana é de 5,204g/cm3,
a gravidade equivale a 90,4% da terrestre e a velocidade de escape é de 10,46km/s. O
planeta situa-se à distância média do Sol de 108.208.930km (varia entre 107.476.259 e
108.942.109km), e é o planeta com menor excentricidade orbital (0,0068), isto é, aquele
cuja órbita menos se desvia da distância solar média (a excentricidade da Terra é de
0,0167). Vênus tem a velocidade de rotação mais baixa do Sistema Solar (6,52km/h) e leva
mais tempo para girar em torno de si mesmo (243d0h27min) do que para completar, à
velocidade média de 126.000km/h, uma órbita em torno do Sol (224,701 dias terrestres -
0,615 ano) ou 0,92 dia venusiano. Vênus é o objeto mais brilhante do céu noturno depois da
Lua, podendo atingir a magnitude aparente -4,6. Apesar de ser o segundo em distância do
Sol, é o mais quente dos planetas (temperaturas superficiais superiores a 460°C), em razão
de possuir a atmosfera mais densa do Sistema Solar (a massa total é de 480 quatrilhões de
toneladas, e a pressão, 93 vezes superior à da terrestre), composta sobretudo de dióxido de
carbono (96,5%), seguindo-se nitrogênio (3%) e dióxido de enxofre (0,015%). O planeta
não tem satélites.
Vênus é o nome latino de Afrodite, deusa grega do amor e da beleza.

1967 (19 de outubro) – A Mariner 5 (244,9kg), lançada em 14 de junho, sobrevoa Vênus a


uma altitude de 3.990km. Obtém dados por radio-ocultação que ajudam a compreender as
medidas de temperatura e pressão feitas no dia anterior pela Venera 4. A partir deste
momento, não há mais dúvidas de que Vênus é extremamente quente e tem uma atmosfera
mais densa do que se esperava. A missão da Mariner 5 termina em novembro.

1967 (30 de outubro) – As sondas soviéticas Kosmos 186 e Kosmos 188 (cada uma
pesando 6.530kg) realizam o primeiro acoplamento completamente automatizado da
história da exploração espacial. Após voarem acopladas durante 3h30min, são separadas
por controle remoto e pousam suavemente em pontos diferentes da URSS.

1967 (9 de novembro) – Missão da Apollo 4, a primeira impulsionada por um Saturno V, o


maior foguete já construído, com altura de 110,6m, diâmetro de 10,1m, massa de 3.039t,
três estágios e onze motores. Em 8h36min, a Apollo 4 completa três órbitas, com perigeu
de 183km e apogeu de 188km.

1967 (10 de novembro) – A Surveyor 6, lançada no dia 7, pousa no Sinus Medii. São
transmitidas à Terra 30.027 imagens da Lua.
Massa: 299,6kg; duração da missão: 17 dias (até 24 de novembro).

1967 (28 de novembro) – A estudante britânica Jocelyn Bell descobre CP 1919


(posteriormente PSR B1919+21), o primeiro pulsar. Esta fonte extraterrestre de rádio
pulsante, localizada na constelação da Raposa, é observada no Mullard Radio Astronomy
Observatory, Cambridge University, Inglaterra, com o auxílio de um telescópio de rádio
especial, large array, de 2.048 antenas que cobrem uma área de 4,4 acres. A descoberta
destes objetos fascinantes abre novos horizontes a estudos tão diversos como o quantum,
fluidos degenerados, gravidade relativística e campos magnéticos interestelares.

1967 (24 de dezembro) – A Luna 13, lançada em 21 de dezembro, pousa no Oceanus


Procellarum. Com massa total de 1.620kg e módulo de descida de 113kg, a sonda carrega
instrumentos para medir a força necessária para penetrar o solo lunar e a densidade do
regolito (poeira) superficial. A temperatura no local do pouso é de 117°C, e os níveis de
radiação estão dentro dos limites suportados por seres humanos. A Luna 13 envia cinco
panoramas lunares, mostrando terrenos mais lisos do que aqueles registrados pela Luna 9.
A missão termina em 28 de dezembro.
1968 – O astrofísico austríaco Thomas Gold (1920-2004) propõe que os pulsares são
estrelas de nêutrons.

1968 - Paul M. Muller e William L. Sjogren descobrem na Lua concentrações de massa


(mascons), ou seja, regiões da crosta de um planeta ou satélite com anomalias
gravitacionais fortemente positivas. As concentrações de massa lunares são intensas o
suficiente para alterar gravitacionalmente a trajetória de sondas espaciais que orbitam o
satélite.

1968 (10 de janeiro) – a sonda Surveyor 7, lançada em 7 de janeiro, faz uma alunissagem
suave próximo à cratera Tycho e marca o fim da série estadunidense de explorações não
tripuladas na superfície lunar. São transmitidas 21.091 imagens da Lua para a Terra.
Massa: 305,7kg; duração da missão: 44 dias (até 20 de fevereiro).

1968 (9 de fevereiro) – O radioastrônomo estadunidense Antony Hewish publica a notícia


da descoberta de um novo tipo de objeto estelar – o “pulsar” (da expressão inglesa
“pulsating radio source”, fonte de rádio pulsante). Em junho de 1967, Jocelyn S. Bell, uma
astrônoma de sua equipe, começa a observar sinais peculiares nos traços obtidos com o
radiotelescópio do Observatório de Mullard, em Cambridge (Grã-Bretanha) – certos
impulsos que se repetiam, a curtos intervalos, com surpreendente regularidade. Em
novembro, esses sinais são reconhecidos como provenientes de uma nova classe de corpos
celestes. O primeiro pulsar é identificado pela sigla CP 1919, substituída posteriormente
pela denominação definitiva PSR 1919-21 (os números indicam as coordenadas equatoriais
do objeto). Encontra-se na constelação da Raposa, em plena Via Láctea. Seu período – ou
seja, o intervalo entre dois impulsos – é de apenas 1,33730115 segundo, mantendo-se
constante com extraordinária precisão.

1968 (2 de março) – É lançada a sonda soviética Zond 4, programada para estudar as


condições de voo no entorno da Terra e, depois, sobrevoar a Lua. Contudo, uma reentrada
na atmosfera (provavelmente não intencional) provoca a destruição da nave.

1968 (10 de abril) – A Luna 14, lançada em 7 de abril, é inserida na órbita lunar. O
principal objetivo da missão é estudar a estabilidade dos sistemas de radiocomunicação em
diferentes posições orbitais. Os instrumentos a bordo também obtêm dados acerca da
interação entre as massas lunar e terrestre, do campo gravitacional e do movimento da lua.
Massa: 1.700kg; duração da missão: 8 dias.

1968 (15 de setembro) – É lançada a sonda soviética Zond 5, a primeira a dar uma volta ao
redor da Lua (18 de setembro) e depois retornar à Terra (21 de setembro), amerissando no
Oceano Índico. Durante a órbita lunar, a menor distância atingida é de 1.950km. São tiradas
várias fotografias de boa qualidade da Terra, à distância de 90.000km. A bordo viajam duas
tartarugas terrestres, moscas, vermes, plantas, sementes e bactérias. Todas essas criaturas
são resgatadas com vida, provando que é possível para os seres vivos ir até as imediações
lunares e voltar sãos e salvos.
O sucesso da Zond 5 marca um avanço importante da URSS na corrida espacial.

1968 (11 de outubro) – É lançada a Apollo 7, primeira nave tripulada do projeto Apollo. Os
três astronautas escalados são Walter M. Schirra, Jr. (1923-2007) – comandante –, Donn F.
Eisele (1930-1987) e Walter Cunningham. Com este voo, Walter Schirra torna-se o único
astronauta da história a participar de voos dos Projetos Mercury, Gemini e Apollo. A
missão consiste em diversas atividades em órbita da Terra para testar o Módulo de
Comando e Serviço. O retorno ocorre em 22 de outubro.
Massa: 16.519kg; órbitas terrestres: 163; duração da missão: 10d20h09min.

1968 (26 a 30 de outubro) – Missão da Soyuz 3, tripulada por Georgy Beregovoy


(1921-1995). O objetivo principal, a acoplagem com a não tripulada Soyuz 2 (missão de 25
a 28 de outubro), não é alcançado (duas tentativas fracassam). Beregovoy passa dois dias
fazendo observações topográficas e meteorológicas. O interior da nave Soyuz é mostrado
pela televisão russa.
Massa: 6.575kg; órbitas: 81; perigeu: 183km; apogeu: 205km; duração da missão:
3d22h50min45s.

1968 (14 de novembro) – A Zond 6, lançada em 10 de novembro, sobrevoa a lua à distância


de 2.420km. Fotografias de ambos os lados do satélite são obtidas, mas são quase todas
perdidas, pois um defeito do paraquedas (abre cedo demais) no momento da reentrada faz
com que a nave se espatife no solo soviético.

1968 (7 de dezembro) – É lançado o satélite estadunidense OAO-2, que transporta onze


telescópios para observações em ultravioleta. Realiza diversas descobertas, entre as quais a
de que os cometas estão rodeados por halos de hidrogênio com centenas de milhares de km
de extensão e a de que o brilho das estrelas novas frequentemente aumenta no ultravioleta à
medida que diminui na luz visível.
As missões OAO comprovam o papel fundamental que as observações baseadas no espaço
podem desempenhar na astronomia. Esta missão termina em janeiro de 1973.

1968 (21 de dezembro) – É lançada a Apollo 8, primeira missão do projeto a levar homens
à Lua. Os astronautas Frank Borman – comandante -, James A. Lovell, Jr. e William A.
Anders não pousam no solo lunar mas, na noite de 24 de dezembro, eles se tornam os
primeiros homens a circum-navegar a Lua (e a ver a face oculta do satélite), enviando fotos
inéditas do solo lunar. Além disso, eles são os primeiros astronautas a abandonar a órbita da
Terra e estar sob a influência gravitacional de outro corpo celeste. Durante a nona órbita em
torno da Lua, os astronautas fazem uma transmissão de TV natalina em que lêem os dez
primeiros versículos do Gênesis. Este programa bate recordes de audiência para a época,
tendo sido visto (ao vivo ou em retransmissões posteriores) por um quarto da população
mundial. Os astronautas registram o “nascer da Terra” a partir da Lua, e esta imagem é
escolhida pela revista Life como uma das cem fotografias que mudaram o mundo. Ao todo,
são tiradas 700 fotografias da Lua e 150 da Terra.
O retorno se dá em 27 de dezembro.
Massa total: 28.870kg; massa do módulo lunar: 9.000kg; órbitas lunares: 10; tempo em
órbita lunar: 20h10min; duração da missão: 6d3h0min.

1969 – É fundado o Observatório de Las Campanas, localizado no Chile e operado pela


Instituição Carnegie, de Washington.
1969 – David Staelin, E. C. Reifenstein, William Cocke, Mike Disney e Donald Taylor
descobrem o pulsar da nebulosa do Caranguejo, conectando, deste modo, supernovas,
estrelas de nêutrons e pulsares.

1969 – Observações telescópicas de Júpiter feitas a partir de um jato da Nasa mostram que
o planeta irradia uma quantidade de calor maior do que a recebida do Sol, pressupondo a
existência de uma fonte interna de energia e reforçando os argumentos daqueles que
afirmam ser Júpiter uma “estrela que não deu certo”.

1969 – É descoberto o anel D de Saturno, ainda mais interno e transparente que os três até
então conhecidos.

1969 – O biólogo britânico James Lovelock apresenta a "hipótese de Gaia" (nome da deusa
grega que representa a Terra), a qual sustenta que o nosso planeta, em sua totalidade, deve
ser considerado como um organismo vivo e que os processos biológicos estabilizam o meio
ambiente.

1969 – É encontrado, na Lua, o “Bench Crater”, primeiro meteorito descoberto num corpo
celeste que não seja a Terra.

1969 – A NASA estabelece o Programa Internacional de Patrulha Planetária (International


Planetary Patrol Program), que consiste numa rede de seis observatórios astronômicos que
se propõem coletar imagens ininterruptas de características atmosféricas em larga escala e
das superfícies dos planetas. As atividades são coordenadas por William A. Baum, do
Observatório Lowell. Em Marte, o programa monitora nuvens e tempestades de poeira,
bem como flutuações sazonais do clima; em Júpiter, mudanças na atmosfera, incluindo a
Grande Mancha Vermelha; em Vênus, os movimentos da cobertura de nuvens.

1969 (16 de janeiro) – Ocorre a primeira acoplagem (“docking”) de duas astronaves


tripuladas, entre as naves soviéticas Soyuz 4 e Soyuz 5. As astronaves formam a primeira
“plataforma espacial” do mundo com uma tripulação de quatro cosmonautas. Elas
permanecem ligadas por 4h35min – três órbitas da Terra. Os engenheiros de voo Yevgeny
Khrunov (1933-2000) e Aleksei Yeliseyev, lançados ao espaço a bordo da Soyuz 5 (missão
de 15 a 18 de janeiro), voltam para a Terra na Soyuz 4 (14 a 17 de janeiro), protagonizando
a primeira transferência de tripulantes entre duas astronaves. Os comandantes de cada
missão permanecem nas respectivas naves: Vladimir Shatalov, Soyuz 4, e Boris Volynov,
Soyuz 5. As manobras de acoplagem haviam sido antes treinadas por duas vezes – em 1967
e 1968 – entre naves Soyuz sob controle completamente automático.
Soyuz 4 - Massa: 6.625kg; duração da missão: 2d23h20min47s (14 a 17 de janeiro);
órbitas: 48; perigeu: 213km; apogeu: 224km.
Soyuz 5 - Massa: 6.585kg; duração da missão: 3d00h54min15s (15 a 18 de janeiro);
órbitas: 49; perigeu: 196km; apogeu: 212km.

1969 (20 de janeiro) – Astrônomos da Universidade do Arizona estabelecem a primeira


identificação óptica de um pulsar.

1969 (fevereiro) – A Nasa lança um programa de exploração voltado para os planetas


gigantes do Sistema Solar, cujo projeto mínimo contempla os seguintes objetivos:
exploração do meio interplanetário além da órbita de Marte; estudo da região da faixa dos
asteroides, com a finalidade de estabelecer os possíveis riscos de uma missão para os
planetas exteriores a ela; exploração do ambiente jupiteriano, incluindo a região mais
interna da magnetosfera do planeta. Desse programa resultam as missões Pioneer 10,
Pioneer 11, Voyager 1 e Voyager 2.

1969 (8 de fevereiro) – Um meteorito pesando mais de uma tonelada é recuperado em


Chihuahua, México.

1969 (21 de fevereiro) – Falha a primeira tentativa de lançamento do foguete soviético N-1,
o maior alguma vez construído pela URSS: cinco estágios, diâmetro de 17m, altura de
105m, massa de 2.735t. Devido à ruptura de uma tubulação de gás, o foguete pega fogo e
explode a 12,2km de altitude, 69 segundos após o lançamento.
Desenhado para ser um concorrente do foguete estadunidense Saturno V, o N-1 deveria ser
capaz de colocar cargas pesadas em órbita terrestre.
As três tentativas de lançamento seguintes também falham.

1969 (3 de março) – É lançada a Apollo 9, que tem como principal objetivo testar o sistema
de navegação e, principalmente, o Módulo Lunar Spider (Aranha), em órbita da Terra. São
feitas várias manobras de separação e acoplamento com os módulos lunar e de comando,
tarefa essencial numa futura missão à Lua. A tripulação é formada pelos astronautas James
McDivitt – comandante -, David Scott - piloto do módulo de comando - e Russell
Schweickart - piloto do módulo lunar. Esta é a primeira missão do projeto que decola
completa, com suas três partes: Módulo de Comando, Módulo de Serviço (cujo conjunto é
chamado de Módulo de Comando e Serviço Apollo) e Módulo Lunar. Nesta missão, o
módulo de comando se chama Gumdrop (bala de goma).
O retorno se dá no dia 13 de março.
Massa total: 41.376kg; massa do módulo lunar: 14.575kg; órbitas terrestres: 151; duração
da missão: 10d1h0min.

1969 (25 de março) – É inaugurado o Observatório La Silla, situado na montanha de


mesmo nome, a 2400m de altitude, na extremidade sul do deserto de Atacama, no Chile.

1969 (16 e 17 de maio) – As sondas soviéticas Venera 5 e Venera 6, lançadas,


respectivamente, em 5 e 10 de janeiro, penetram na atmosfera do hemisfério escuro de
Vênus. Ambas liberam uma cápsula de 405kg (a massa total de cada sonda é de 1.130kg)
com instrumentos científicos, que coletam dados durante 53min (Venera 5) e 51min
(Venera 6). são feitas medições até a altitude de 17km.

1969 (18 de maio) – É lançada a Apollo 10, planejada para testar o módulo lunar (Snoopy),
que pela primeira vez é completamente funcional, em órbita ao redor da Lua. Chega a uma
distância de 14,4km do satélite (23 de maio), sem, entretanto, pousar. São testados todos os
procedimentos e componentes de um pouso na Lua. O módulo de comando chama-se
Charlie Brown. A Apollo 10 faz a primeira transmissão em cores ao vivo do espaço. A
tripulação é composta por Thomas P. Stafford – comandante -, John W. Young – piloto do
módulo de comando - e Eugene A. Cernan – piloto do módulo lunar. Estes são os
astronautas que, em toda a história das viagens espaciais, mais se distanciaram de casa:
408.950km do centro de controle em Houston, Texas.
Durante o retorno, que ocorre em 26 de maio, a Apollo 10 atinge o recorde de velocidade
de uma missão tripulada: 39.897km/h. A amerissagem ocorre no Pacífico norte.
Massa total: 42.771kg; massa do módulo lunar: 13.941kg; tempo em órbita lunar:
2d13h37min23s; duração da missão: 8d0h3min23s.

1969 (3 de julho) – Na segunda tentativa de lançamento de um foguete soviético N-1, uma


falha numa bomba de combustível faz com que sejam automaticamente desligados 29 dos
30 motores. O foguete cai e explode 23 segundos após o desligamento dos motores,
causando também a destruição da torre de lançamento.
O complexo de lançamentos destruído é fotografado por satélites estadunidenses, o que
causa a divulgação da notícia de que a URSS está construindo um foguete lunar.
A reconstrução do complexo leva dezoito meses, adiando a tentativa de lançamento
seguinte.
Mais duas tentativas de lançar um foguete N-1 fracassam (26 de junho de 1971 e 23 de
novembro de 1972), levando ao cancelamento do projeto (maio de 1974).
O governo soviético mantém secreto o programa dos foguetes N-1 até 1989, quando as
primeiras informações são publicadas.

1969 (16 de julho) – É lançada (10h32min de Brasília), a partir do Cabo Canaveral, a


Apollo 11, primeira missão tripulada a pousar na Lua. Compõem a tripulação os
astronautas Neil Armstrong (1930-2012) – comandante –, Edwin Aldrin – piloto do módulo
lunar – e Michael Collins – piloto do módulo de comando. O Módulo de Comando recebe o
nome de Columbia, e o Módulo Lunar, de Eagle (Águia). Aproximadamente 850
jornalistas, de 55 países e falando 33 línguas, registram o evento.

1969 (20 de julho) – A Apollo 11 pousa na Lua (17h17min40s de Brasília), num local
denominado Mar da Tranquilidade, uma grande área plana, formada de lava basáltica
solidificada, na linha equatorial da face brilhante do satélite. Nos últimos 150m, Armstrong
assume o controle manual da descida, pousando quando restam 25 segundos de
combustível. Às 23h56min15s (hora de Brasília), Neil Armstrong, de 38 anos, torna-se o
primeiro ser humano a pisar na superfície da Lua e pronuncia a frase mais épica da Era
Espacial: “Este é um pequeno passo para o Homem... mas um grande salto para a
Humanidade”. Pelo menos 600 milhões de pessoas do mundo inteiro assistem a este evento,
transmitido ao vivo pela televisão. Edwin Aldrin junta-se a Armstrong na superfície 15min
depois e, durante as 2h37min seguintes, os astronautas examinam o Módulo Lunar, montam
e colocam para funcionar a câmera de TV, hasteiam a bandeira estadunidense e batem
continência, instalam instrumentos científicos (entre eles um sismógrafo e um retrorrefletor
para experimentos de radar), dão pulos como cangurus, experimentando a baixa gravidade
lunar, tiram cerca de 100 fotografias, coletam amostras do solo e falam ao vivo com o
Presidente dos EUA, Richard Nixon (1913-1994). Além disso, os astronautas deixam na
Lua uma placa, assinada por eles e pelo presidente Nixon, onde se lê: Here Men From
Planet Earth First Set Foot Upon The Moon. July 1969 A.D. We Came In Peace For All
Mankind. (“Aqui os homens do planeta Terra pisaram pela primeira vez na Lua. Julho de
1969. Viemos em paz, em nome de toda a humanidade.”)
Com diâmetro de 3.476,28 x 3.471,94km, área superficial de 37,93 milhões de km2 (7,4%
da terrestre) e localizada à distância média de 384.403km (varia entre 363.104 e
405.696km) da Terra, que orbita à velocidade média de 3.680km/h, a Lua é o quinto satélite
do Sistema Solar em ordem de tamanho. Como acontece com boa parte dos satélites do
nosso sistema planetário, a Lua tem rotação síncrona, isto é, leva exatamente o mesmo
tempo para completar uma órbita em torno da Terra e girar ao redor de si mesma:
27d7h43min. Ocupa um volume de 21,95 bilhões de km3 (2% do terrestre) e tem massa de
73,47 quintilhões de toneladas (1,2% da massa da Terra), o que resulta numa densidade de
3,346g/cm3. A gravidade superficial equivale a 16,54% da terrestre (uma pessoa pesando
70kg na Terra pesaria, na Lua, 11,58kg), e a velocidade de escape é de 2,38km/s. A
temperatura varia entre -200°C e +120°C. A Lua é o objeto mais brilhante do céu noturno:
a magnitude aparente varia entre -12,9 e -2,5.

1969 (21 de julho) – Enquanto os astronautas da Apollo 11 ainda estão na Lua, a sonda
soviética Luna 15 (5.600kg), lançada no dia 13, depois de ter completado 52 órbitas
lunares, choca-se contra a superfície do satélite, no Mar das Crises (Mare Crisium).
É um dos primeiros momentos de cooperação no espaço, uma vez que os russos divulgam o
plano de voo da Luna 15, para afastar qualquer possibilidade de colisão com a Apollo 11.

1969 (21 de julho) - Depois do reacoplamento com o módulo de comando e o retorno dos
astronautas à Apollo para a viagem de volta, o módulo lunar Eagle (15.095kg) é deixado
para trás, em órbita em torno da Lua. Conforme previsões da Nasa, ele deve ter caído na
superfície alguns meses depois. Os módulos seguintes também serão deixados em órbita
lunar.

1969 (24 de julho) – A Apollo 11 retorna à Terra. A amerissagem se dá no Pacífico norte, a


24km do navio de resgate USS Hornet. No dia 23, a tripulação da Apollo havia feito uma
transmissão para a televisão a partir do espaço. Por serem desconhecidos os efeitos de uma
viagem à Lua, os astronautas passam 21 dias em quarentena.
Massa total: 43.895kg; massa do módulo lunar: 15.095kg; tempo de atividade extraveicular
na superfície da Lua: 2h36min40s; tempo total de permanência na superfície lunar:
21h31min20s; massa trazida da Lua: 21,55kg; órbitas lunares: 30; tempo em órbita lunar:
2d11h30min25,77s; duração da missão: 8d3h18min35s.
Na edição de outubro de 1970 da revista Guideposts , Aldrin (membro da Igreja
Presbiteriana) declara que, antes de sair do módulo lunar, comungou a partir de um “kit”
preparado pelo pastor da sua igreja, reverendo Dean Woodruff. A celebração eucarística é
privada porque, naquele momento, a NASA estava respondendo a uma ação judicial
impetrada por Madalyn Murray O’Hair (1919-1995), fundadora e presidente do grupo
American Atheists (Americanos Ateus). O processo, movido depois da leitura dos
versículos iniciais do Gênesis pelos tripulantes da Apollo 8, postula que os astronautas se
abstenham de transmitir atividades religiosas enquanto estiverem no espaço. O caso acaba
sendo rejeitado pela Suprema Corte dos EUA.

1969 (31 de julho) – A Mariner 6, lançada em 24 de fevereiro, chega a Marte, com uma
aproximação máxima de 3431km. Envia imagens, num total de 75, principalmente da
região equatorial. Analisa a atmosfera, a superfície e envia fotos de Fobos.

1969 (final de julho) – Tem início o Lunar Laser Ranging Experiment, que consiste em
medir a distância Terra-Lua por meio de raios laser enviados ao satélite e devolvidos pelos
retrorrefletores deixados na superfície lunar por missões Apollo (11, 14 e 15). Os veículos
lunares soviéticos Lunokhod 1 e Lunokhod 2 também estão dotados de retrorrefletores. As
medições continuam ao longo das décadas seguintes, e constata-se que a Lua se afasta da
Terra 3,8cm por ano.

1969 (5 de agosto) – A Mariner 7, lançada em 27 de março, chega a Marte, com uma


aproximação máxima de 3430km. Envia 123 fotos e faz estudos semelhantes aos da
Mariner 6. Perde temporariamente contato com a Terra poucos dias antes da chegada a
Marte, provavelmente devido à fuga de gás de uma das baterias (que depois falha em
definitivo).
As sondas Mariner 6 e Mariner 7 são idênticas, pesando cada uma 411,8kg.

1969 (7 a 14 de agosto) – Missão da Zond 7, que tira fotografias da Terra (9 de agosto),


sobrevoa a Lua (11 de agosto) à distância de 1984,6km e faz um pouso suave ao sul de
Kustanai, no Casaquistão.

1969 (15 de agosto)- É criada a Indian Space Research Organisation (ISRO), a agência
espacial da Índia, com sede em Bangalore.

1969 (14 e 15 de outubro) – Três espaçonaves e sete cosmonautas realizam uma missão
conjunta no espaço. As tentativas de acoplagem e transferência de tripulantes falham, mas
diversos experimentos são realizados
Soyuz 6 (missão de 11 a 16 de outubro): tripulada por Georgi Shonin (1935-1997) –
comandante – e Valeri Kubasov – engenheiro de voo.
Soyuz 7 (12 a 17 de outubro): Anatoly Filipchenko – comandante -, Vladislav Volkov
(1935-1971) – engenheiro de voo – e Viktor Gorbatko – engenheiro de pesquisa.
Soyuz 8 (13 a 18 de outubro): Vladimir Shatalov – comandante – e Aleksei Yeliseyev –
engenheiro de voo.

1969 (14 de novembro) – É lançada a Apollo 12, segunda missão tripulada a descer na Lua
e a primeira a fazer um pouso num ponto pré-determinado da superfície, a fim de resgatar
partes de uma sonda não tripulada enviada dois anos antes, a Surveyor III, e trazê-las de
volta à Terra, para estudos do efeito da permanência em ambiente lunar sobre o material
empregado no artefato. O Módulo de comando chama-se Yankee Clipper e o Módulo lunar,
Intrepid. A tripulação é formada por Charles Conrad (1930-1999) – comandante –, Alan
Bean – piloto do módulo lunar – e Richard Gordon – piloto do módulo de comando.
O lançamento ocorre em meio a uma tempestade, e dois raios atingem o foguete Saturno V,
que transporta a sonda, 36,5 e 52 segundos após a decolagem. Verifica-se uma pane
temporária em grande parte da instrumentação, mas a missão prossegue normalmente.

1969 (19 de novembro) – A Apollo 12 pousa no Oceano das Tormentas, cerca de 1.500km
a oeste do Mar da Tranquilidade, local da alunissagem anterior. O pouso ocorre a 185m do
local onde está a Surveyor 3. Os astronautas coletam rochas e instalam instrumentos para a
observação, a longo prazo, de atividades sísmicas, vento solar e campo magnético.
Quando os astronautas deixam a Lua, o sismógrafo recentemente instalado capta a vibração
da decolagem por mais de uma hora.
1969 (24 de novembro) – A Apollo 12 retorna à Terra. A amerissagem ocorre no Oceano
Pacífico, 800km a leste de Samoa. No momento do impacto com a água, uma câmera de
16cm sai do local onde é armazenada e atinge Alan Bean na testa, deixando-o inconsciente
por alguns instantes.
Massa total: 44.073kg; massa do módulo lunar: 15.235kg; tempo total das duas atividades
extraveiculares na superfície da Lua: 7h45min18s; tempo de permanência na superfície
lunar: 31h31min11,6s; massa trazida da Lua: 34,35kg; órbitas lunares: 45; tempo em órbita
lunar: 3d16h58min11,52s; duração da missão: 10d4h36min24s.
O fracasso dos foguetes N-1 e o sucesso de mais esta missão Apollo fazem com que os
soviéticos desistam de tentar enviar naves tripuladas à Lua.

1970 – Arno Penzias e Robert Wilson encontram monóxido de carbono interestelar.

1970 – George Carruthers observa hidrogênio molecular no espaço.

1970 – Roger Ulrich, John Leibacher e Robert Stein deduzem, a partir de modelos solares
teóricos, que o interior do Sol pode agir como uma cavidade acústica ressonante.

1970 (11 de fevereiro) – É lançado o Osumi (24kg), o primeiro satélite artificial japonês.
A reentrada na atmosfera ocorre em 2 de agosto de 2003.

1970 (11 de abril) – É lançada a Apollo 13, terceira missão tripulada do projeto, que não
consegue pousar na Lua devido a um acidente durante a viagem de ida. A tripulação é
composta por James Lowell – comandante –, Fred Haise – piloto do módulo lunar – e John
Swigert (1931-1982) – piloto do módulo de comando. O módulo lunar chama-se Aquarius,
e o módulo de comando, Odissey. Na noite de 13 de abril, quando a espaçonave está a
321.860km da Terra, ocorre a explosão de um tanque de oxigênio do módulo de serviço,
causada, segundo os resultados de investigações posteriores da Nasa, por uma mudança de
voltagem dos suprimentos de energia da Apollo, feita pelos projetistas do tanque da nave,
sem o respectivo reforço da ventoinha de resfriamento do motor. Com o módulo de serviço
e também o módulo de comando inutilizados, os astronautas são obrigados a se transferir
para o módulo lunar, no qual iniciam o retorno à Terra e onde são submetidos a um
rigoroso racionamento de eletricidade, de alimentos e de água. Contudo, a viagem de volta
é bem-sucedida e, no dia 17 de abril, cansados, molhados, famintos, desidratados e com
frio, eles conseguem amerissar em segurança no Pacífico sul, a sudeste de Samoa.
Massa total: 43.982kg; massa do módulo lunar: 15.192kg; aproximação máxima da Lua:
254,3km (14 de abril); duração da missão: 5d22h54min41s.

1970 (24 de abril) – A China se torna o quinto país do mundo a lançar um satélite em
órbita, o DFH-1, impulsionado por um foguete "Longa Marcha" e destinado à
experimentação científica.

1970 (1º a 19 de junho) – Missão da Soyuz 9, tripulada por Andrian Nikolayev (1929-2004)
– comandante – e Vitaly Sevastyanov (1935-2010) – engenheiro de voo, que quebra o
recorde de permanência no espaço (17d16h58min55s), então pertencente à Gemini 7. A
missão (288 órbitas completadas) abre caminho para tripulações residentes nas estações
Salyut, investigando os efeitos nos tripulantes da ausência de gravidade por períodos mais
prolongados e avaliando o trabalho que os cosmonautas são capazes de realizar no espaço,
quer individualmente quer em equipe. Eles conduzem vários experimentos fisiológicos e
biomédicos neles mesmos e testam as implicações sociais de uma convivência prolongada
num espaço reduzido. Os cosmonautas mantêm contato audiovisual com familiares,
assistem a jogos da Copa do mundo de futebol, jogam xadrez com controladores da missão
em solo (é a primeira vez que uma partida de xadrez acontece entre um jogador no espaço e
outro em terra) e votam numas eleições minoritárias soviéticas.
Quando retornam à terra, os cosmonautas estão consideravelmente enfraquecidos, sendo
precisos cerca de dez dias para que eles se recuperem totalmente. A reação do corpo
humano à prolongada falta de gravidade demonstra que é estritamente necessário fazer
exercícios físicos em órbita, o que os tripulantes da soyuz não haviam feito adequadamente.

1970 (24 de setembro) – A sonda soviética Luna 16, lançada em 12 de setembro (inserção
orbital em 17 de setembro, 36 órbitas completadas e alunissagem em 20 de setembro),
retorna à Terra trazendo 101g de basalto lunar, primeira amostra do solo da Lua trazida de
volta à Terra por uma espaçonave de forma totalmente automatizada.
Massa: 5.600kg.

1970 (20 a 27 de outubro) – Missão da Zond 8, que sobrevoa a Lua (24 de outubro) e, ao
reentrar na atmosfera, cai no oceano Índico.

1970 (17 de novembro) – A sonda soviética Luna 17, lançada em 10 de novembro, pousa
na Lua transportando o Lunokhod 1, primeiro veículo lunar, com oito rodas e 756kg. Ao
longo de 322 dias (até 4 de outubro de 1971), o Lunokhod 1 percorre 10,54km, envia à
Terra mais de 20.000 imagens de TV e 206 panoramas em alta resolução, faz 25 análises do
solo e perfura a superfície lunar em quinhentos lugares.
A massa total da sonda é de 5.700kg.

1970 (12 de dezembro) – É lançado o Uhuru (ou Small Astronomy Satellite 1, SAS-1),
observatório espacial estadunidense, o primeiro projetado para fazer observações
especificamente em raios X. Realiza o primeiro levantamento compreensível de todo o céu
nesse comprimento de onda. Descobre diversas fontes extragalácticas de raios X e permite
produzir um catálogo com 339 objetos.
Uhuru significa “liberdade” em suaíle, nome dado em homenagem ao Quênia, país de onde
é lançado.
A missão termina em março de 1973.

1970 (15 de dezembro) – A sonda soviética Venera 7, lançada em 17 de agosto, é a


primeira a enviar dados da superfície de outro planeta (Vênus) É ainda a primeira a medir
diretamente a temperatura na superfície daquele mundo (460°C) e também sua pressão
atmosférica (equivalente a mais de noventa vezes a terrestre). Sobrevive durante 35
minutos, sendo depois inutilizada pela pressão e pelo calor venusianos. Os radares da
Venera 7 registram ventos de mais de 100km/h.
Massa: 1.180kg.

1971 – O britânico Martin Rees propõe que algumas galáxias, como a Via Láctea, têm em
seu centro buracos negros supermassivos, ou seja, com massa da ordem de milhões de
vezes superior à solar.

1971 (31 de janeiro) – É lançada a Apollo 14, terceira missão da série a pousar na Lua,
tendo a delicada tarefa de recomeçar as viagens espaciais tripuladas após o acidente
ocorrido com a Apollo 13. A tripulação é composta por Alan Shepard (1923-1998) –
comandante –, Edgar Mitchell – piloto do módulo lunar – e Stuart Roosa (1933-1994) –
piloto do módulo de comando. O Módulo de Comando chama-se Kitty Hawk e o Módulo
Lunar, Antares.

1971 (5 de fevereiro) – A Apollo 14 pousa em Fra Mauro, uma região repleta de crateras e
ondulada, o que faz com que o Antares fique inclinado 8° durante sua estada na Lua. O
principal objetivo da missão (originalmente atribuída à Apollo 13) é chegar a pé à cratera
Cone, localizada numa região elevada em relação ao local do pouso, visando testar a
capacidade de caminhar na superfície lunar em regiões não planas. O objetivo não é
plenamente alcançado: os astronautas param pouco antes de atingir a borda da cratera.
Nessa missão, Alan Shepard dá com sucesso tacadas em duas bolas de golfe.
Os astronautas deixam na Lua um pacote contendo a Bíblia em microfilme e o primeiro
versículo do Gênesis em dezesseis línguas.
Roosa leva centenas de sementes de diversas espécies, as quais são plantadas depois do
retorno e dão origem às chamadas “árvores da Lua”.

1971 (9 de fevereiro) – A Apollo 14 retorna à Terra.


Massa total: 44.504kg; massa do módulo lunar: 15.264kg; tempo total das duas atividades
extraveiculares na superfície da Lua: 9h22min31s; tempo de permanência na superfície
lunar: 1d9h30min29s; órbitas lunares: 34; massa trazida da Lua: 42,28kg; tempo em órbita
lunar: 2d18h35min39s; duração da missão: 9d0h1min58s.

1971 (2 de abril) – É criado o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), cuja sede
está localizada em São José dos Campos, São Paulo. Os objetivos do INPE são promover e
executar estudos, pesquisas científicas, desenvolvimento tecnológico e capacitação de
recursos humanos, nos campos da Ciência Espacial e da Atmosfera, das Aplicações
Espaciais, da Meteorologia e da Engenharia e Tecnologia Espacial, bem como em domínios
correlatos, conforme as políticas e diretrizes definidas pelo Ministério da Ciência e
Tecnologia. As atividades atualmente desenvolvidas pelo INPE buscam demonstrar que a
utilização da ciência e da tecnologia espacial pode influir na qualidade de vida da
população brasileira e no desenvolvimento do País.

1971 (19 de abril) – É lançada a Salyut 1, primeira estação orbital soviética e primeira
estação espacial construída pelo homem. É formada de três compartimentos pressurizados:
o de transferência, onde são acopladas as naves Soyuz, o principal, onde vive a tripulação, e
outro contendo os equipamentos de controle e comunicações, a fonte de energia, o sistema
de suporte de vida e outros equipamentos auxiliares. Há um quarto compartimento,
despressurizado, com as instalações do motor e equipamentos de controle associados. A
Salyut tem baterias químicas, suprimentos reservas de água e oxigênio e sistemas de
regeneração. A energia é fornecida por dois pares de painéis solares.
Em russo, Salyut significa “saudação”.
1971 (23 a 25 de abril) – Missão da Soyuz 10, a primeira a ser enviada a uma estação
espacial. O acoplamento com a Salyut 1 ocorre, mas não há condições seguras para os
cosmonautas entrarem na estação. A tripulação é formada por Vladimir Shatalov –
comandante -, Aleksei Yeliseyev – engenheiro de voo – e Nikolai Rukavishnikov
(1932-2002) – engenheiro de teste.

1971 (junho) – O observatório espacial Orion 1 (170kg e espelho primário de 28cm) é


instalado na Salyut 1, programado para fazer estudos espectroscópicos de estrelas em
ultravioleta. O cosmonauta Viktor Patsayev, que faz as observações, é o primeiro ser
humano a operar um telescópio a partir do espaço, fora da atmosfera terrestre.

1971 (30 de junho) – A despressurização da Soyuz 11 (lançada em 6 de junho) durante os


preparativos para o retorno à Terra mata os cosmonautas Georgy Dobrovolsky (n. 1928),
Vladislav Volkov (1935) e Viktor Patsayev (1933), que haviam cumprido uma missão de
23d18 h21 min43s em órbita (e 22 dias de acoplamento à Salyut, de 7 a 29 de junho). Eles
protagonizam a primeira ocupação humana de uma estação orbital, a pioneira Salyut 1, e
batem o recorde de permanência no espaço para a época (383 órbitas completadas). Eles
constituem a única tripulação da Salyut 1.
O pouso parece normal, mas, quando a equipe em terra abre a cápsula, encontra os três
cosmonautas mortos. Investigações posteriores concluem que a despressurização teve início
a uma altitude de 168km e foi fatal em segundos. A causa apontada é uma válvula de
ventilação localizada entre o módulo orbital e o módulo de descida.
Os cosmonautas são homenageados com um funeral de Estado e enterrados na Necrópole
da Muralha do Kremlin, na Praça Vermelha, em Moscou, próximo aos restos mortais de
yuri Gagárin (vítima de um acidente de avião em 27 de março de 1968). O astronauta
estadunidense Tom Stafford é uma das pessoas que carregam os caixões. O Presidente
Nixon divulga uma nota oficial de condolências.
Este acidente faz com que sejam adotadas diversas modificações nas naves Soyuz. A
missão Soyuz seguinte é lançada apenas 27 meses depois, em setembro de 1973.

1971 (26 de julho) – É lançada a Apollo 15, quarta missão da série a pousar na Lua e a
primeira a utilizar um veículo lunar (popularmente conhecido como “jipe lunar”). A
tripulação é formada por David Scott – comandante –, James Irwin (1930-1991) – piloto do
módulo lunar – e Alfred Worden – piloto do módulo de comando. O Módulo de Comando
denomina-se Endeavour e o Módulo Lunar, Falcon.

1971 (30 de julho) – A Apollo 15 pousa em Hadley Rille, uma área de grande interesse do
ponto de vista geológico, localizada na orla do Mare Imbrium (Oceano das Chuvas), num
pequeno vale rodeado por altas montanhas. O veículo lunar, de quatro rodas (todas com
tração elétrica), desmontável e pesando 209kg, dá aos astronautas considerável mobilidade,
permitindo-lhes realizar passeios de vários quilômetros. Veículos semelhantes serão
utilizados nas duas missões Apollo seguintes.
Durante a segunda atividade extraveicular, os astronautas coletam uma rocha que se torna
famosa e passa a ser conhecida como Genesis Rock. Análises subsequentes atribuem a ela a
idade de 4,5 bilhões de anos, o que faz dela um componente da crosta primária da Lua.
Nesta missão também é coletado o Hadley Rille, pequeno meteorito com pouco mais de
1mm e peso de 3mg.
No final da terceira atividade extraveicular, David Scott executa um experimento: para
comprovar a teoria da queda dos corpos, de Galileu Galilei, ele deixa cair simultaneamente
um martelo e uma pluma, constatando que, na ausência de ar, ambos chegam juntos ao
solo.
Antes de deixar a Lua, quando os três astronautas estão em órbita lunar, um pequeno
subsatélite é liberado. O objetivo é fazer medições da gravidade, do campo magnético e do
plasma existentes na Lua e no entorno. As medições ocorrem até janeiro de 1973.
Um subsatélite semelhante será liberado pela Apollo 16.

1971 (7 de agosto) – A Apollo 15 volta à Terra. Durante o voo de retorno, Alfred Worden
torna-se o primeiro homem a executar uma atividade extravveicular no espaço profundo.
Massa total: 46.943kg; massa do módulo lunar: 16.600kg; tempo total das três atividades
extraveiculares na superfície da Lua: 18h34min46s; tempo de permanência na superfície
lunar: 2d18h54min53s; massa trazida da Lua: 77kg; tempo em órbita lunar: 6d1h12min41s;
órbitas lunares: 74; duração da missão: 12d7h11min53s.
A publicidade negativa da missão fica por conta de 398 selos comemorativos que os
astronautas levam sem autorização, com a intenção de vender ao menos uma centena deles
depois do retorno. A divulgação do fato pela mídia provoca uma reação amplamente
desfavorável por parte do público.

1971 (2 de setembro) –Lançamento da Luna 18 (5.750kg). No dia 7 de setembro, é inserida


em órbita lunar e, depois de 54 órbitas e 85 sessões de comunicação com o controle em
Terra, dirigida para pousar no satélite. O pouso ocorre em 11 de setembro, num terreno
montanhoso perto do Mare Fecunditatis (Mar da Fertilidade). O contato com a Terra é
perdido imediatamente.

1971 (3 de outubro) – A Luna 19, lançada em 28 de setembro, é inserida na órbita da Lua.


Estuda o campo gravitacional do satélite e as concentrações de massas em determinados
locais. Faz imagens panorâmicas de regiões montanhosas compreendidas entre 30° e 60° de
latitude sul e 20° e 80° de longitude leste.
Massa: 5.700kg; duração da missão: 388 dias (até 20 de outubro de 1972); órbitas: 4.315.

1971 (11 de outubro) – A Salyut 1 faz uma reentrada controlada na atmosfera terrestre,
caindo no Oceano Pacífico.
Massa: 18.900kg; comprimento: 15,8m; diâmetro máximo: 4,15m; volume pressurizado:
90m3; dias em órbita: 175; dias ocupada: 22; perigeu: 200km; apogeu: 220km; órbitas
terrestres: 2.929; distância percorrida: 118.602.524km.

1971 (14 de novembro) – A sonda estadunidense Mariner 9 (558,8kg), lançada em 30 de


maio, torna-se o primeiro engenho espacial a operar ao redor de outro planeta: Marte.
Durante 349 dias (até 27 de outubro de 1972), transmite 7.329 imagens de Marte, cobrindo
a totalidade da superfície e obtendo informações sobre o Planeta Vermelho que nenhuma
outra sonda antes havia conseguido. Revela grandes vulcões na superfície marciana (entre
os quais o Monte Olimpo, o maior de todo o Sistema Solar, com 22km de altura), bem
como gigantescos cânions (como o Valles Marineris, com 4.020km de comprimento,
200km de largura e regiões com mais de 7km de profundidade) e indícios de que já houve
água na superfície do planeta. A sonda também obtém as primeiras imagens em close das
duas pequenas luas de Marte, Fobos e Deimos.
Marte é, do ponto de vista climático, o planeta mais parecido com a Terra: tem um ciclo de
estações e um período de rotação (24h37min22,6846s)semelhantes aos terrestres, sendo o
alvo mais frequente de missões interplanetárias. A temperatura varia entre -170°C, nas
regiões polares, e mais de 20°C, no equador, durante o verão marciano. Com diâmetro de
6.792,4 x 6.752,4km, é o sétimo planeta em tamanho e o quarto a partir do Sol, que orbita à
distância média de 227.939.100km (varia entre 206.669.000 e 249.209.300km), demorando
686,971 dias terrestres (1,88 ano), ou 668,599 dias marcianos, para completar uma órbita, à
velocidade média de 86.675km/h. A área da superfície é de 144.798.500km2 (28,4% da
área da Terra), o volume é de 163,18 bilhões de km3 (15,1% do terrestre) e a massa é de
641,85 quintilhões de toneladas (10,7% da massa da Terra). A densidade de Marte é de
3,934g/cm3, a gravidade equivale a 37,6% da terrestre e a velocidade de escape é de
5,027km/s. A atmosfera marciana é tênue, sendo composta sobretudo por dióxido de
carbono (95,72%), nitrogênio (2,7%), argônio (1,6%) e oxigênio (0,2%). A magnitude
aparente varia entre -2,9 e +1,8. O planeta tem dois satélites.
Marte é o nome latino de Ares, deus grego da guerra e da agricultura. A cor avermelhada
do planeta talvez tenha sido a responsável pela sua associação à divindade guerreira (que
lembra sangue).

1971 (27 de novembro) – A sonda soviética Marte 2, lançada em 19 de maio, é inserida na


órbita marciana. A nave é formada por um módulo de descida (358kg) e um módulo orbital
(2.265kg). O módulo de descida falha e choca-se contra Marte, sendo o primeiro objeto de
fabricação humana a atingir a superfície daquele planeta. O módulo orbital transmite (até
22 de agosto de 1972) dados sobre atmosfera, superfície, magnetosfera, gravidade e
temperatura. Fotografa montanhas e detecta a presença de hidrogênio e oxigênio nas partes
altas da atmosfera. Completa 362 órbitas até o fim da missão.

1971 (2 de dezembro) – A sonda soviética Marte 3 (idêntica à Marte 2), lançada em 28 de


maio, realiza o primeiro pouso perfeito em Marte. O módulo de descida falha depois de
transmitir dados durante 14,5 segundos. O módulo orbital Faz medidas (até 22 de agosto de
1972) de temperatura da superfície, da gravidade e da composição atmosférica. Completa
apenas 20 órbitas: a trajetória orbital da Marte 3 é bem mais elíptica (211.400 x 1.500km)
do que a da Marte 2 (24.940 x 1.380km).
Juntas, as duas sondas fazem imagens de altas montanhas, detectam hidrogênio atômico e
oxigênio na alta atmosfera, temperaturas superficiais entre -110°C e +13°C, concentrações
de vapor de água 5.000 vezes inferiores às da atmosfera terrestre e grãos de tempestades de
areia a altitudes de até 7km.

1972 – o físico teórico israelense Jacob Bekenstein sugere que buracos negros têm entropia
proporcional à área de suas superfícies devido aos efeitos da perda de informação.
Entropia é uma grandeza termodinâmica relativa à desordem, que mede a parte da energia
que não pode ser transformada em trabalho.

1972 – James Bardeen, Brandon Carter e Stephen Hawking propõem 4 leis da mecânica de
buraco negro em analogia com as leis da termodinâmica.
1972 (5 de janeiro) – O Presidente Richard Nixon anuncia formalmente o programa dos
ônibus espaciais (Space Shuttle program) dos EUA. O objetivo declarado é “transformar a
fronteira do espaço [...] num território familiar, facilmente acessível ao esforço humano”. A
ideia é realizar até cinquenta lançamentos por ano, com a esperança de diminuir o custo por
missão.
O número de lançamentos, porém, fica extremamente aquém do imaginado.

1972 (14 a 25 de fevereiro) – Missão da Luna 20. Após a inserção orbital (18 de fevereiro)
e 36 órbitas completadas, pousa (21 de fevereiro) nas montanhas Apollonius, perto do Mar
da Fertilidade. No dia 22, uma cápsula contendo 55g de partículas rochosas lunares começa
a viagem de volta, pousando 40km ao norte de Dzhezkazgan, no Casaquistão. A cápsula é
recuperada em 26 de fevereiro.

1972 (2 de março) – É lançada, com destino a Júpiter, a sonda estadunidense Pioneer 10,
primeiro artefato humano enviado às regiões exteriores do Sistema Solar. Em sua fase
interplanetária (antes e depois da passagem por Júpiter), os objetivos da missão são:
Mapear o campo magnético do meio interplanetário; Verificar as alterações do vento solar
ao longo das diversas distâncias analisadas; Medir os raios cósmicos originários do Sistema
Solar e de fora dele; Estudar as interações entre o campo magnético interplanetário, o vento
solar e os raios cósmicos; Estudar a heliosfera (região sob a influência do vento solar e do
campo magnético do Sol); Medir as quantidades de hidrogênio não ionizado no meio
interplanetário; Medir as quantidades de partículas; Estudar o cinturão de asteroides. A fase
joviana da missão tem por objetivos: Mapear o campo magnético de Júpiter; Mapear as
energias dos prótons e dos elétrons ao longo da trajetória da sonda pelo sistema; Verificar a
existência de auroras; Obter informação sobre as causas para as ondas de rádio de Júpiter;
Mapear a interação entre o campo magnético joviano e o vento solar; Medir a temperatura
da atmosfera de Júpiter; Determinar a composição e a estrutura das altas camadas da
atmosfera do planeta; Medir a estrutura térmica daquele astro; Obter imagens do sistema;
Sondar a atmosfera de Júpiter com ondas de rádio na altura da ocultação e Realizar o
mesmo em Io; Investigar as características físicas e químicas dos satélites de Júpiter;
Calcular com maior precisão as massas de Júpiter e dos quatro maiores satélites; Fornecer
informação mais precisa para o cálculo das efemérides dos principais corpos do sistema. A
Pioneer 10, assim como sua gêmea Pioneer 11, tem massa de 258kg e está equipada com
dois magnetômetros, um analisador de plasma, um detector de radiação capturada, um
radiômetro de infravermelhos, um sensor para a detecção de asteroides e uma placa sensora
de impactos de meteoritos, um telescópio de raios cósmicos e outros instrumentos para
captação de imagens.
Ambas as sondas carregam uma placa dourada (22,9 x 15,2cm) com as figuras de um
homem e uma mulher nus e uma série de símbolos que remetem à origem das naves, para o
caso de algum dia serem interceptadas por extraterrestres inteligentes.

1972 (16 de abril) – É lançada a Apollo 16, quinta missão tripulada do projeto a pousar na
Lua. A tripulação é formada por John Young – comandante –, Charles Duke Jr. – piloto do
módulo lunar – e Thomas Mattingly – piloto do módulo de comando. O Módulo de
Comando chama-se Casper e o Módulo Lunar, Orion.

1972 (20 de abril) – A Apollo 16 pousa na Lua, na região de Descartes, uma área
puramente montanhosa. Os astronautas percorrem 26,7km no veículo lunar incluído nesta
missão.

1972 (27 de abril) – Retorno da Apollo 16 à Terra.


Massa total: 47.014kg; massa do módulo lunar: 16.660kg; tempo total das três atividades
extraveiculares na superfície da Lua: 20h14min14s; tempo de permanência na superfície
lunar: 2d23h2min13s; massa trazida da Lua: 95,71kg; tempo em órbita lunar:
5d5h49min32s; órbitas lunares: 64; duração da missão: 11d1h51min5s.

1972 (15 de julho) – A Pioneer 10 torna-se a primeira nave espacial a atingir o cinturão de
asteroides.

1972 (22 de julho) – A sonda soviética Venera 8, lançada em 27 de março, pousa


suavemente no hemisfério iluminado de Vênus, sobrevivendo por 50min11s. As medições
fotométricas mostram que a luminosidade na superfície é suficiente para fotografias,
podendo ser comparada à de um dia nublado na terra, com visibilidade de 1km. Outro
aspecto a destacar é que as nuvens que cobrem o planeta deixam de existir a uma altitude
considerável, e a atmosfera é significativamente mais límpida desde esses pontos até o solo.
Massa total: 1.180kg; massa do módulo de descida: 495kg.

1972 (21 de agosto) – É lançado o satélite estadunidense OAO-3, último e mais bem-
sucedido da série. Depois do lançamento, passa a se chamar Copérnico, para celebrar os
quinhentos anos do nascimento do cientista polonês. Obtém espectros em alta resolução de
centenas de estrelas e faz observações detalhadas em raios X. Descobre vários pulsares de
longo período, com tempos de rotação de vários minutos, em lugar dos tradicionais
segundos (ou até menos de 1 segundo).
Permanece operacional até fevereiro de 1981.

1972 (15 de novembro) – É lançado o Small Astronomy Satellite 2, ou SAS 2 (EUA), que
realiza o primeiro estudo sistemático do céu em raios gama.
Dados são transmitidos à Terra até 8 de junho de 1973.

1972 (7 de dezembro) – É lançada a Apollo 17, sexta e última missão tripulada do projeto
Apollo para a Lua. A tripulação é formada por Eugene Cernan – comandante –, Harrison
Schmitt – piloto do módulo lunar – e Ronald Evans (1933-1990) – piloto do módulo de
comando. O Módulo de Comando chama-se America e O Módulo Lunar, Challenger.
É o primeiro lançamento noturno de uma nave tripulada estadunidense e o último
lançamento de um foguete Saturno V em missões com tripulantes.
Pouco mais de cinco horas após o lançamento, e a aproximadamente 45.000km do nosso
planeta, é tirada a famosa foto “A Bolinha Azul” (The Blue Marble), em que aparece o
disco azulado da Terra de forma nítida. Trata-se de uma das fotografias mais divulgadas de
todos os tempos e tem um impacto muito grande para o aparecimento de uma cultura
ecológica nos anos seguintes.

1972 (11 de dezembro) – A Apollo 17 pousa na Lua, na região de Taurus-Littrow, um vale


cercado de montanhas no limite do Mar da Serenidade. Nessa missão, Schmitt e Cernan
andam 35,9km com o veículo lunar, batendo o recorde de distância percorrida por uma
tripulação na superfície do satélite terrestre durante o Projeto Apollo. Schmitt é o primeiro
cientista (geólogo) a viajar para a Lua para pesquisar seu solo. Uma das descobertas
científicas da Apollo 17 é a existência de solo cor de laranja na Lua. Os astronautas deixam
na Lua uma placa que diz: Here Man completed his first exploration of the Moon,
December 1972 A.D. May the spirit of peace in which we came be reflected in the lives of
all mankind. (“Aqui homens completaram sua primeira exploração da Lua, dezembro de
1972. Possa o espírito de paz no qual viemos refletir-se nas vidas de toda a humanidade.”)

1972 (19 de dezembro) – A Apollo 17 retorna à Terra, encerrando o ciclo de missões


tripuladas à Lua deste projeto.
Massa total: 47.012kg; massa do módulo lunar: 16.658kg; tempo total das três atividades
extraveiculares na superfície da Lua: 22h3min57s; tempo de permanência na superfície
lunar: 3d2h59min40s; massa trazida da Lua: 110,52kg; tempo em órbita lunar:
6d3h43min37s; órbitas lunares: 75; duração da missão: 12d13h51min59s.
No total, as seis missões Apollo trazem da Lua 381,7kg de material: cerca de 2.000 pedras,
cem amostras de terreno, milhares de pedregulhos.
A fase seguinte do programa espacial estadunidense é a Skylab.

1973 – Jeremiah Ostriker e James Peebles descobrem que a quantidade de matéria visível
nos discos das galáxias espirais típicas não é suficiente para a gravitação Newtoniana
impedir os discos de se romperem violentamente ou mudarem drasticamente de forma.

1973 – Por meio de medições do campo magnético interplanetário durante três períodos de
rotação solar (cada um deles de 27 dias), descobre-se que ele pode orientar-se tanto na
direção do Sol quanto na trajetória oposta. Essa característica significa que no meio
interplanetário se formam, no curso de uma rotação solar, de dois a seis setores onde o
campo magnético se mostra alternadamente positivo (orientado para o exterior) e negativo
(orientado para o Sol).

1973 - Elizabeth Chesley Baity utiliza, pela primeira vez, o termo arqueoastronomia, ramo
do conhecimento que estuda a maneira pela qual povos do passado entendiam os
fenômenos celestes e o papel desempenhado pelo estudo do céu nas diversas culturas
populares antigas.

1973 (8 de janeiro) – É lançada a Luna 21. Após a inserção orbital (12 de janeiro) e 40
órbitas, pousa (15 de janeiro) na cratera Le Monnier, entre o Mar da Serenidade e as
montanhas Taurus. Os objetivos principais são realizar imagens da superfície e testar os
níveis de luminosidade, a fim de determinar as condições de visibilidade para observações
astronõmicas feitas a partir da Lua.
A Luna 21 carrega o veículo de exploração Lunokhod 2 (840kg), que, até 9 de maio, realiza
80.000 imagens de televisão, tira 86 fotos panorâmicas, faz centenas de análises químicas e
mecânicas do solo e viaja 37km pela superfície lunar.
Massa: 5.950kg; duração da missão: 146 dias (até 3 de junho de 1973).

1973 (fevereiro) – A União Astronômica Internacional realiza em Varsóvia, Polônia, uma


assembleia extraordinária para celebrar os quinhentos anos de nascimento de Nicolau
Copérnico. O evento é polêmico, já que pouco antes, nesse mesmo ano, havia ocorrido a
assembleia ordinária da UAI, realizada na Austrália.
Durante esse evento anterior, é criado o Working Group for Planetary System
Nomenclature (WGPSN), com o objetivo de padronizar a nomenclatura utilizada em todos
os corpos celestes do Sistema Solar.

1973 (15 de fevereiro) – A Pioneer 10 sai da faixa de asteroides sem ter sofrido qualquer
dano, comprovando assim a inexistência da temida concentração de poeira cósmica naquela
região.

1973 (3 de abril) – É lançada a estação espacial Salyut 2. Embora oficialmente incluída


entre as missões civis Salyut, na verdade faz parte do Almaz (diamante, em russo),
programa soviético que envia estações espaciais de reconhecimento de natureza puramente
militar. Treze dias após o lançamento, a Salyut 2 começa a sofrer um processo de
despressurização, e o controle de altitude apresenta falhas.
A reentrada na atmosfera ocorre em 28 de maio, sem que tenha sido ocupada.
Massa: 18.900kg; comprimento: 14,55m; diâmetro máximo: 4,15m; volume pressurizado:
90m3; dias em órbita: 54; órbitas terrestres: 866; distância percorrida: 35.163.530km.

1973 (5 de abril) – É lançada a sonda estadunidense Pioneer 11, com destino a Júpiter e
Saturno.

1973 (11 de maio) – É lançada uma estação espacial soviética do Programa Salyut. Uma
falha do sistema de controle de voo faz com que todo o combustível seja queimado antes de
a nave atingir a órbita prevista, e ela queima ao reentrar na atmosfera, em 22 de maio.
Esta estação deveria se chamar Salyut 3, mas, devido à falha, e como já havia sido
detectada por radares ocidentais, recebe o nome de Kosmos 557.

1973 (14 de maio) – É lançada, pelos EUA, a Estação Espacial Skylab, composta de cinco
partes: um telescópio (ATM); um adaptador para acoplagem múltipla (MDA); um módulo
selado (AM); uma unidade de instrumentos (IU); e um espaço de trabalho orbital (OWS).

1973 (25 de maio a 22 de junho) – Missão da Skylab 2, que leva os primeiros tripulantes à
estação espacial Skylab, sendo eles Charles Conrad (1930-1999) - Comandante -, Paul
Weitz - Piloto - e Joseph Kerwin - Cientista. A principal tarefa dessa tripulação é reparar a
Skylab: a proteção contra meteoritos e raios solares e as placas de captação de energia solar
haviam sido destruídas durante a decolagem, e o painel solar principal estava travado. Os
reparos (os primeiros numa estação em órbita) são realizados com sucesso ao longo de três
atividades extraveiculares (5h41min no total). Os astronautas realizam experimentos
médicos (392 horas de experimentos ao todo), além de colher informações sobre o Sol
(29.000 imagens) e a Terra. Eles dobram o recorde de permanência no espaço, até então
pertencente aos tripulantes da Gemini 7. Esta é a primeira tripulação de uma estação
espacial a voltar com vida (os ocupantes da Salyut 1 haviam morrido durante o regresso à
Terra).
Massa: 19.979kg; duração da missão: 28d00h49min49s; órbitas terrestres: 404; apogeu:
438km; perigeu: 428km; distância percorrida: 18.536.730,9km.

1973 (15 de junho) – O satélite estadunidense Explorer 49 (328kg), lançado em 10 de


junho, entra em órbita lunar. Durante dois anos (até junho de 1975), realiza medições
radioastronômicas dos planetas do Sistema Solar, do Sol e da Galáxia. O último contato
com a terra ocorre em agosto de 1977.
A próxima missão lunar estadunidense será a Clementine (1994).

1973 (28 de julho a 25 de setembro) - Missão da Skylab 3, que leva à estação homônima a
segunda tripulação, composta por Alan Bean - Comandante -, Jack Lousma - Piloto - e
Owen Garriott - cientista. São realizadas muitas experiências científicas, destacando-se:
estudo da saúde dental, adaptação psicológica humana ao espaço, estudo de cobaias de
laboratório e de características de células do pulmão humano na microgravidade. São
realizadas três atividades extraveiculares, num total de 13h43min, durante as quais ocorre a
instalação de protetores solares contra micrometeoritos.
Massa: 20.021kg; duração da missão: 59d11h9min01s; órbitas terrestres: 858; distância
percorrida: 39.400.000km.

1973 (27 a 29 de setembro) – Missão da Soyuz 12, primeiro voo tripulado da URSS depois
da morte dos três cosmonautas da Soyuz 11 (junho de 1971). A Soyuz 12 é tripulada por
Vasili Lazarev (1928-1990) - comandante – e Oleg Makarov (1933-2003) - engenheiro de
voo. A capacidade da cáppsula é reduzida de três para dois tripulantes, a fim de que os
cosmonautas possam usar trajes espaciais no lançamento, na reentrada e durante as
acoplagens (a próxima missão Soyuz com três tripulantes é a Soyuz T-3 - 27 de novembro a
10 de dezembro de 1980). O objetivo da missão era a acoplagem com uma estação Salyut,
mas as falhas recentes da Salyut 2 e da Cosmos 557 permitem apenas orbitar a Terra. A
nave não tem painéis solares, sendo a energia fornecida por baterias, o que reduz
significativamente o tempo possível da missão.
A Soyuz 12 completa 31 órbitas em 1d23h15min32s.

1973 (3 de novembro) – É lançada a sonda estadunidense Mariner 10, (474kg)com destino


a Mercúrio. É a primeira espaçonave a visitar dois planetas (Vênus e Mercúrio) e também a
primeira a utilizar a força gravitacional de um planeta (Vênus) para ganhar velocidade e se
dirigir a outro corpo celeste (Mercúrio). Os objetivos da missão são estudar as
características físicas, a atmosfera e o ambiente de Vênus e de Mercúrio, bem como fazer
levantamentos acerca do meio interplanetário.
É a última sonda da série Mariner.

1973 (16 de novembro) - É lançada a Skylab 4, que leva à estação homônima a sua terceira
e última tripulação, composta por Gerald Carr - Comandante -, William Pogue - Piloto - e
Edward Gibson – Cientista. É a primeira missão espacial a fazer (13 de dezembro)
observações em órbita de um cometa (Kohoutek). Ocorrem quatro atividades
extraveiculares, num total de 16h22min. São feitas mais de 75.000 imagens da Terra e do
Sol.
O retorno à Terra ocorre em 8 de fevereiro de 1974. Mais um recorde de permanência no
espaço é batido.
Massa: 20.847kg; duração da missão: 84d01h15min30s; órbitas terrestres: 1.214; distância
percorrida: 55.500.000km.

1973 (26 de novembro) – A uma distância de 6,4 milhões de km de Júpiter, tem início a
missão científica propriamente dita da Pioneer 10. No dia seguinte, a sonda penetra na
magnetosfera do planeta.

1973 (3 de dezembro) – A Pioneer 10 passa por Calisto (à distância de 1.392.300km),


Ganimedes (446.250km), Europa (321.000km) e Io (357.000km).

1973 (4 de dezembro) – A Pioneer 10 chega a 130.000km da atmosfera externa de Júpiter,


o ponto de aproximação máxima. Mais de 500 imagens são enviadas. Esta sonda é a
primeira a fazer imagens do planeta.
Com diâmetro de 142.984 x 133.708km, Júpiter é o maior planeta do Sistema Solar e o
quinto a partir do Sol, que orbita a uma distância média de 778.547.200km (varia entre
740.573.600 e 816.520.800km). Demora 4.332,59 dias terrestres (11,862 anos), ou 10.475,8
dias jupiterianos, para completar uma órbita, à velocidade média de 47.050km/h. Tem a
velocidade rotacional mais rápida do Sistema Solar: gira em torno de si mesmo a
45.300km/h (27,05 vezes maior que a da Terra, que é de 1.674,4km/h) e completa uma
rotação em 9h55min, a mais rápida, inclusive, em números absolutos, apesar das dimensões
consideravelmente menores dos demais planetas. Júpiter ocupa um volume de 1 quatrilhão,
431 trilhões e 280 bilhões de km3 (1.321,3 volumes terrestres), tem massa de 1 septilhão,
898 sextilhões e seiscentos quintilhões de toneladas, o que equivale a 317,8 massas da
Terra ou 71% da massa de todos os planetas do Sistema Solar somados. A densidade
joviana é de 1,326g/cm3, e a área da superfície, de 62 bilhões, 179 milhões e seiscentos mil
km2, o que corresponde a 121,9 superfícies terrestres. A força de gravidade é 2,528 vezes
superior à terrestre (uma pessoa pesando 70kg na Terra pesaria, em Júpiter, 176,97kg), e a
velocidade de escape é de 59,5km/s (5,32 vezes superior à do nosso planeta. Os principais
componentes da atmosfera são hidrogênio (89%) e hélio (10%). A magnitude aparente
varia entre -2,9 e -1,6. Tem 67 satélites conhecidos.
Júpiter é o nome latino de Zeus, deus grego do Céu e da Terra, o senhor do Olimpo, o deus
supremo.

1973 (18 a 26 de dezembro) – Missão da Soyuz 13, tripulada por Pyotr Klimuk –
comandante – e Valentin Lebedev – engenheiro de voo. A nave é especialmente modificada
para transportar o observatório espacial Orion 2 (240kg, espelho primário de 30cm), que
estuda milhares de estrelas em ultravioleta e faz observações do cometa Kohoutek. O Orion
2 volta à Terra com a Soyuz.

1974 – Tem início o Programa Buran (Tempestade de Neve), a resposta da URSS ao


programa dos ônibus espaciais dos EUA. Na opinião dos oficiais soviéticos, a capacidade
anunciada dos ônibus espaciais de levar ao espaço 30t de carga e trazer de volta 15t indica
que um dos seus principais objetivos é colocar em órbita armas laser experimentais,
capazes de destruir mísseis inimigos de uma distância de milhares de km. Para eles, tais
armas podem ser efetivamente testadas apenas em ambiente espacial e, a fim de diminuir o
custo e o tempo de desenvolvimento, é necessário trazê-las regularmente de volta à Terra
para modificações e aperfeiçoamentos. Os militares soviéticos temem também que o ônibus
espacial estadunidense possa fazer mergulhos na atmosfera e lançar bombas sobre Moscou.
Nos anos seguintes, o Programa Buram transforma-se no maior e mais caro projeto da
história da exploração espacial soviética.
1974 – Os estadunidenses Russell Alan Hulse e Joseph Hooton Taylor, Jr. Descobrem o
primeiro pulsar binário conhecido. Denominado PSR B1913+16, está localizado na
constelação da Águia, a 21.000 anos-luz da Terra, e completa uma rotação em 59
milissegundos (milésimos de segundo).
A descoberta desse tipo de pulsar abre novas possibilidades para o estudo da gravitação.
Por isso, Hulse e Taylor são os ganhadores do Prêmio Nobel de Física de 1993.

1974 – Robert Wagoner, William Fowler e Fred Hoyle mostram que o Big Bang quente
prevê as abundâncias corretas de deutério e lítio.

1974 – O físico teórico inglês Stephen Hawking calcula que buracos negros devem
termicamente criar ou emitir partículas subatômicas, conhecidas como "radiação Hawking”.

1974 (5 de fevereiro) – A sonda estadunidense Mariner 10 obtém as primeiras imagens em


close da atmosfera de Vênus em ultravioleta, feitas a uma distância mínima de 5.768km da
superfície, revelando detalhes ainda desconhecidos da cobertura de nuvens e mostrando,
além disso, que todo o sistema de nuvens faz uma volta completa em torno do planeta a
cada quatro dias terrestres. A sonda detecta também um campo magnético muito tênue.
Nesta missão ocorre a primeira assistência gravitacional da história: a Mariner 10 usa a
gravidade de Vênus para ganhar velocidade em sua viagem a Mercúrio.

1974 (10 de fevereiro) – A sonda soviética Marte 4, lançada em 21 de julho de 1973, não
consegue entrar em órbita marciana e passa a 2.000km do planeta. Transmite alguns dados
de radio-ocultação, a primeira detecção da ionosfera durante a noite marciana.

1974 (12 de fevereiro) – A Marte 5, lançada em 25 de julho de 1973, é inserida numa órbita
marciana fortemente elíptica (1.755 x 32.555km) e período orbital (24h53min) quase igual
ao de rotação do planeta. Cerca de 60 imagens são colhidas ao longo de 22 órbitas,
incluindo a área ao sul do Valles Marineris.

1974 (13 e 15 de fevereiro) - Bruce Balick e Robert Brown descobrem Sagittarius A*, uma
fonte de rádio brilhante e muito compacta localizada no centro da Via Láctea. Faz parte de
um objeto astronômico maior denominado Sagittarius A. Acredita-se que Sagittarius A*
abriga um buraco negro supermassivo, como acontece no centro da maioria das galáxias
espirais e elípticas. Cálculos feitos por diferentes equipes situam a massa desse buraco
negro entre 4,1 e 4,3 milhões de massas solares.

1974 (9 de março) – A Marte 7 (últma da série), lançada em 9 de agosto de 1973, não


consegue entrar em órbita marciana e passa a 1.300km do planeta.

1974 (12 de março) – A Marte 6, lançada em 5 de agosto de 1973, entra na atmosfera


marciana, mas perde contato antes de chegar à superfície. Contudo, transmite durante 224
segundos. São os primeiros dados coletados a partir da atmosfera de Marte.

1974 (27 de março) – Dois dias antes de a Mariner 10 sobrevoar Mercúrio, instrumentos
terrestres detectam a presença de quantidades anormais de radiação ultravioleta nas
proximidades do planeta. Alguns astrônomos sugerem a hipótese de se tratar de um satélite,
sobretudo porque a velocidade estimada do objeto é de 4km/s, compatível com uma suposta
lua girando em torno de Mercúrio. A radiação desaparece no dia seguinte, sendo novamente
detectada em 31 de março. Investigações posteriores apontam a estrela 31 Crateris como a
origem provável dessa radiação.
O satélite de Mercúrio não existe, mas descobre-se que, ao contrário do que se pensava, a
radiação ultravioleta não é totalmente absorvida pelo meio interestelar.

1974 (29 de março) – A Mariner 10 sobrevoa Mercúrio pela primeira vez, à distância de
704km, e faz as primeiras imagens (poucas) do planeta.
Com diâmetro de 4.879,4km e ocupando um volume de 60,83 bilhões de km3 (5,4% do da
Terra), Mercúrio é o planeta mais próximo do Sol e o menor do Sistema Solar. A área da
superfície é de 74,8 milhões de km2 (14,7% da terrestre). Tem massa de 330,22 quintilhões
de toneladas (5,5% da massa da Terra) e densidade média de 5,427g/cm3 (segundo mais
denso do Sistema Solar, depois da Terra). Gira em torno do Sol, à distância média de
57.909.100km (varia entre 46.001.200 e 69.816.900km), em 87,969 dias terrestres (0,241
ano), ou 1,5 dia mercuriano, à velocidade média de 172.300km/h. Completa uma rotação
(10,892km/h) em 58d15h30min. Tem a gravidade mais fraca de todos os planetas,
equivalente a 37% da terrestre, o que faz com que a velocidade de escape também seja a
mais baixa: 4,25km/s. De todos os planetas que orbitam o Sol, Mercúrio é aquele que tem
maior amplitude térmica: a temperatura oscila entre -190°C (à noite) e 430°C (durante o
dia). A atmosfera mercuriana é muito tênue e está composta sobretudo por oxigênio
molecular (42%), sódio (29%), hidrogênio (22%) e hélio (6%). Por estar muito próximo do
Sol, Mercúrio pode ser visto apenas ao amanhecer e ao entardecer, e a magnitude aparente
varia entre -2,6 e +5,7. O planeta não tem satélites.
Mercúrio é o nome latino de Hermes, deus grego dos viajantes e dos comerciantes. Muito
veloz, era também mensageiro do Olimpo, sendo esta uma possível razão para o seu nome
ter sido dado ao planeta, o mais rápido dentre os astros que orbitam o Sol.

1974 (16 de abril) – É fundada a Sociedade Astronômica Brasileira (SAB), localizada em


São Paulo. Segundo o seu estatuto, suas tarefas são: Congregar os astrônomos do Brasil;
Zelar pela liberdade de ensino e pesquisa; Zelar pelos interesses e direitos dos astrônomos;
Zelar pelo prestígio da ciência do País; Estimular as pesquisas e o ensino de astronomia no
País; Manter contato com institutos e sociedades correlatas no País e no exterior; Promover
reuniões científicas, congressos especializados, cursos e conferências.

1974 (19 de abril) – A Pioneer 11 conclui a travessia do cinturão de asteroides.

1974 (2 de junho) – A Luna 22, lançada em 29 de maio, é inserida na órbita da Lua. Faz
experiências com mudanças de curso em órbita. É a última missão orbital enviada à Lua
pela União soviética ou pela Rússia.
Massa: 5.700kg; duração da missão: 521 dias (até 1º de novembro de 1975); órbitas: 3.875.

1974 (25 de junho) – É lançada a estação espacial Salyut 3, integrante do programa militar
soviético Almaz. A bordo está um telescópio bastante potente, utilizado em observações
terrestres de reconhecimento.
A Soyuz 14 (missão de 3 a 19 de julho), tripulada por Pavel Popovich (1930-2009) –
comandante – e Yuri Artyukhin (1930-1998) – engenheiro de voo – é a única a se acoplar à
Salyut 3 e a primeira missão bem-sucedida da URSS a uma estação espacial.
A Soyuz 15 (26 a 28 de agosto), tripulada por Gennadi Sarafanov (1942-2005) –
comandante – e Lev Dyomin (1926-1998) – engenheiro de voo -, não consegue se acoplar e
volta à Terra.
A reentrada (sobre o Oceano Pacífico) ocorre em 24 de janeiro de 1975.
Massa: 18.900kg; comprimento: 14,55m; fiâmetro máximo: 4,15m; volume pressurizado:
90m3; dias em órbita: 213; dias ocupada: 15.

1974 (21 de setembro) – A Mariner 10 sobrevoa Mercúrio pela segunda vez, à distância de
48.069km. Nesta passagem, assim como na seguinte, obtém-se um conjunto de imagens
(mais de 2.800 ao todo) detalhadas do planeta, mas que, devido à geometria da órbita,
apenas permite a observação de menos de metade da superfície total.

1974 (14 de setembro) – O astrônomo estadunidense Charles T. Kowal


(1940-2011)descobre Leda, décimo terceiro satélite conhecido de Júpiter.
Diâmetro: 20km; período orbital: 240,92 dias (0,65 ano); distância média do planeta:
11.160.000km; massa: 11 trilhões de toneladas; densidade: 2,6g/cm3.

1974 (28 de outubro) – Lançamento da Luna 23 (5.800kg). Depois da inserção orbital (2 de


novembro) e de 48 órbitas, pousa (6 de novembro) na porção sul do Mare Crisium (Mar das
Crises). Uma cápsula com material lunar deveria voltar à Terra, mas a nave é danificada no
momento do pouso.
O último contato com a Terra ocorre em 11 de novembro.

1974 (outubro) - O astrofísico britânico Antony Hewish é anunciado como ganhador do


Prêmio Nobel de Física (o primeiro a ser concedido a um astrônomo observacional) por ter
participado da descoberta dos pulsares (1967), feita essencialmente por Jocelyn Bell. O fato
de Bell não ter recebido também o prêmio causa grande polêmica, sendo Fred Hoyle um
dos maiores críticos.

1974 (2 de dezembro) – A Pioneer 11 sobrevoa Calisto (à distância de 786.500km) e


Ganimedes (692.300km).

1974 (3 de dezembro) – A Pioneer 11 alcança o ponto máximo de aproximação de Júpiter:


34.000km.
No mesmo dia, passa por Io (314.000km), Europa (586.700km) e Amalteia (127.500km).

1974 (10 de dezembro) – É lançada a sonda Helios-A, uma cooperação entre a NASA e a
Alemanha Ocidental, cujo objetivo é estudar o Sol e o ambiente que o cerca. Estabelece a
maior velocidade já atingida por uma sonda espacial: 252.792km/h, feito que será
posteriormente repetido pela Helios-B.
Massa: 370kg; duração da missão: 16 de janeiro de 1975 a 18 de fevereiro de 1985.

1974 (26 de dezembro) – É lançada a Salyut 4, estação espacial soviética com finalidades
civis. Entre os instrumentos a bordo estão detectores de raios X e três telescópios.

1975 – investigadores do Instituto de Ciências Planetárias de Tucson e do Instituto


Harvard-Smithsonian de Astrofísica propõe a teoria do Big Splash, a qual postula a
formação da Lua através do impacto de um planeta desaparecido, conhecido como Theia,
com a Terra.

1975 – São feitos os primeiros testes de um protótipo de veículo espacial reutilizável (space
shuttle), acoplado a um avião Boeing adaptado a experimentos de voo a grande altitude. O
objetivo é testar a aerodinâmica e a dirigibilidade do Ônibus Espacial.

1975 – A astrônoma estadunidense Jill Tarter propõe a denominação anãs marrons para os
corpos celestes batizados de anãs negras por Shiv Kumar na década de 1960. Trata-se de
objetos com massa subestelar, incapazes, portanto, de manter reações contínuas de fusão de
hidrogênio em seus núcleos. Acredita-se que a massa das anãs marrons esteja
compreendida entre 13 e 75-80 massas jupiterianas. Esses astros são por vezes chamados de
estrelas fracassadas, porque, por um lado, são compostas dos mesmos materiais que estrelas
como o Sol, mas têm massa insuficiente para brilhar, e, de outra parte, assemelham-se a
planetas gigantes gasosos, como Júpiter. São, pois, uma espécie de elo entre estrelas e
planetas.

1975 (11 de janeiro a 9 de fevereiro) – Missão da Soyuz 17, a primeira das duas missões de
longa duração enviadas à Salyut 4. Os tripulantes são Aleksei Gubarev – comandante – e
Georgi Grechko – engenheiro de voo.

1975 (16 de março) – A Mariner 10 sobrevoa Mercúrio pela terceira e última vez, à
distância de 327km.
Ao longo dos três sobrevoos, a sonda faz as únicas imagens até então obtidas da superfície
mercuriana, revelando algumas semelhanças com a lunar. Descobre que o planeta tem uma
atmosfera tênue, um campo magnético e um grande núcleo rico em ferro.

1975 (24 de março) – A Mariner 10 perde contato com a Terra, e encerra-se assim a missão
e o programa homônimo. A sonda está hoje em órbita solar.

1975 (7 de maio) – É lançado o Small Astronomy Satellite 3, ou SAS-3 (EUA), que realiza
importantes estudos do céu em raios X. Entre outras descobertas, identifica a ligação entre
fontes de raios X e estrelas de nêutrons binárias, determina que a frequência de fontes de
raios X aumenta em regiões próximas ao centro de aglomerados globulares e estabelece as
posições de grande número de objetos que emitem em raios X.
Permanece operacional até abril de 1979.

1975 (24 de maio a 26 de julho) – Missão da Soyuz 18, a segunda de longa duração à
Salyut 4, que estabelece o recorde soviético de permanência no espaço até então: 63 dias.
Os cosmonautas substituem ou consertam diversos equipamentos. Realizam também
experimentos com plantas, insetos e experimentos médicos. São enviadas à Terra cerca de
2.000 fotografias da Terra e 600 do Sol.
A tripulação é formada por Pyotr Klimuk – comandante – e Vitali Sevastyanov
(1935-2010), engenheiro de voo.

1975 (31 de maio) – É oficialmente criada, com sede em Paris, a Agência Espacial
Europeia (ESA – European Space Agency -, na sigla em inglês; em alemão, Europäische
Weltraumorganisation; em francês, Agence spatiale européenne). São dez os países
fundadores: Alemanha, Bélgica, Dinamarca, Espanha, França, Itália, Países Baixos, Reino
unido, Suécia e Suíça. Posteriormente, mais dez nações aderem à ESA: Irlanda (1980),
Áustria (1986), Noruega (1986), Finlândia (1995), Portugal (2000), Grécia (2005),
Luxemburgo (2005), República Tcheca (2008), Romênia (2011), Polônia (2012).
O Canadá é membro associado desde 1979.

1975 (8 e 14 de junho) – São lançadas, com destino a Vênus, as sondas soviéticas Venera 9
e Venera 10, cada uma formada por um módulo orbital e um módulo de descida. A Venera
9 tem massa total de 9.936kg, e a Venera 10, de 5.033kg.

1975 (17 a 19 de julho) – Missão conjunta de uma nave Apollo (por vezes denominada
Apollo 18) e uma nave Soyuz (Soyuz 19), a primeira cooperação efetiva entre EUA e
URSS no espaço. Durante as 44 horas em que permanecem acopladas, os comandantes
Stafford e Leonov trocam um aperto de mãos histórico, e os tripulantes das duas naves
trocam bandeiras e presentes (incluindo sementes posteriormente plantadas em ambos os
países), realizam experimentos científicos conjuntos, visitam as naves uns dos outros, falam
inglês e russo e fazem refeições em comum.
NO dia 18, o presidente estadunidense Gerald Ford (1913-2006) fala aos tripulantes de
ambas as naves.
Depois do desacoplamento, a Apollo manobra de modo a causar um eclipse artificial do
Sol, para que os cosmonautas da Soyuz possam tirar fotografias da coroa solar.
Apollo (missão de 15 a 24 de julho - 9d01h28min) – Tripulantes: Thomas P. Stafford –
comandante -, Vance D. Brand – piloto do módulo de comando – e Donald K. Slayton
(1924-1993) – piloto do módulo de acoplamento; massa: 16.768kg; órbitas: 148; perigeu:
217km; apogeu: 231km; distância percorrida: 5.990.000km.
É a última missão Apollo, e a última missão tripulada estadunidense até o primeiro voo de
um ônibus espacial (1981).
Soyuz (missão de 15 a 21 de julho - 5d22h30min); tripulação: Alexei Leonov – comandante
– e Valeri Kubasov – engenheiro de voo; massa: 6.790kg; órbitas: 96; perigeu: 218km;
apogeu: 231km; distância percorrida: 3.900.000km.
É o fim da corrida espacial, iniciada com o lançamento do Sputnik 1 (1957).

1975 (9 de agosto) – É lançado o Cos-B, primeiro satélite da ESA, cujo objetivo é estudar o
céu em raios gama. O Cos-B descobre cerca de 25 fontes de raios gama e produz um mapa
da Via Láctea nesse comprimento de onda.
A missão termina em 25 de abril de 1982.

1975 (20 de agosto) – É lançada, do Cabo Canaveral, acoplada a um foguete Titã, a sonda
estadunidense Viking 1, com destino a Marte. Compõe-se de um módulo orbital (883kg) e
um módulo de descida (572kg).

1975 (9 de setembro) – É lançada a sonda estadunidense Viking 2, com destino a Marte. É


idêntica à Viking 1, formada por um módulo orbital e um módulo de descida.

1975 (20 de outubro) – A sonda soviética Venera 9 é inserida na órbita de Vênus, sendo a
primeira a orbitar aquele planeta. Dados são transmitidos até 25 de dezembro.

1975 (22 de outubro) – O módulo de descida da Venera 9 pousa, permanece operacional


por 53 minutos e transmite as primeiras fotografias da superfície de outro planeta: Vênus.
Entre os dados coletados, destacam-se nuvens com 30 a 40km de espessura com as zonas
inferiores a altitudes entre 30 e 35km, pressão atmosférica equivalente a noventa vezes a da
Terra, temperatura superficial de 485°C e luminosidade superficial comparável à de
latitudes médias terrestres num dia nublado de verão. A Venera 9 é a primeira espaçonave a
transmitir imagens em preto e branco da superfície de Vênus, mostrando sombras, ar sem
sinais aparentes de poeira e rochas de 30 a 40cm em que não se observam marcas de
erosão.

1975 (23 de outubro) – A Venera 10 é inserida na órbita de Vênus.

1975 (25 de outubro) – O módulo de descida da Venera 10 pousa a 2.200km da Venera 9 e


realiza coleta de dados durante 65 minutos. São detectados ventos a 12,6km/h.

1975 (26 de novembro) – A China lança seu primeiro satélite recuperável, que volta à Terra
três dias depois, e se transforma no terceiro país do mundo a conseguir esta façanha.

1976 – É inaugurado o observatório russo Zelenchukskaya, localizado no monte Pastukhov,


ao norte do Cáucaso. depois de anos de "domínio" do grande telescópio estadunidense de
monte Palomar, o telescópio de Zelenchukskaya passa a ser o maior do mundo, com um
espelho de 6m de diâmetro e 65cm de espessura.

1976 – Sandra Faber e Robert Jackson descobrem a relação Faber-Jackson entre a


luminosidade de uma galáxia elíptica e a velocidade de dispersão em seu centro.

1976 (15 de janeiro) – É lançada a sonda Helios-B, com o objetivo de estudar o Sol e o
entorno. Em 17 de abril, a Helios-B chega a 43.432.000km do Sol, recorde de aproximação
que se mantém até hoje.
Massa: 370kg; duração da missão: 21 de julho de 1976 a 23 de dezembro de 1979.

1976 (19 de junho) – O módulo orbital da Viking 1 é inserido com sucesso numa órbita
marciana com periastro (ponto mais próximo do planeta) de 320km e apoastro (ponto mais
distante do planeta) de 56.000km.

1976 (22 de junho) – É lançada a Salyut 5, última das três estações espaciais integrantes do
programa militar soviético Almaz.
Duas naves se acoplam à Salyut 5: A Soyuz 21 (missão de 6 de julho a 24 de agosto),
tripulada por Boris Volynov – comandante – e Vitaly Zholobov – engenheiro de voo -, que
volta à Terra antes do previsto, por razões nunca totalmente esclarecidas, e a Soyuz 24 (7 a
25 de fevereiro de 1977), tripulada por Viktor Gorbatko – comandante – e Yuri Glazkov
(1939-2008) – engenheiro de voo -, a última puramente militar a uma estação espacial
soviética.
A reentrada ocorre em 8 de agosto de 1977.
Massa: 19.000kg; comprimento: 14,55m; diâmetro: 4,15m; volume pressurizado: 90m3;
dias em órbita: 412; dias ocupada: 67; órbitas terrestres: 6.666; distância percorrida:
270.409.616km.

1976 (20 de julho) – O módulo de descida da Viking 1 pousa nas encostas ocidentais de
Chryse Planitia. Logo começa sua procura de microorganismos marcianos e envia para a
Terra imagens em cores do cenário à sua volta. É através delas que os cientistas veem que o
céu de Marte tem uma cor rosada, e não azul-escura, como eles pensavam anteriormente. (a
cor rosa observada é o reflexo da luz solar nas partículas de poeira avermelhadas da
atmosfera rarefeita). O módulo desce num local de areia vermelha e rochas soltas, que se
estende até onde suas câmeras podem alcançar.
É a primeira sonda estadunidense enviada para pousar em Marte e a primeira nave a
concluir com sucesso uma missão em solo marciano.

1976 (25 de julho) – A Viking 1 fotografa uma formação rochosa na região marciana de
Cydonia, na qual muitos julgam ver um rosto humano esculpido artificialmente. Surgem
especulações sobre vida em Marte e acerca de segredos descobertos e não revelados pela
Nasa.

1976 (7 de agosto) – O módulo orbital da Viking 2 é inserido numa órbita marciana com
periastro de 302km e apoastro de 33.176km.

1976 (9 a 22 de agosto) – Missão da Luna 24, a última da série, que é a terceira (depois das
Lunas 16 e 20) a trazer material da superfície da Lua (170g), retirado do Mar da Crise. A
inserção orbital ocorre em 14 de agosto. No dia 18, após 48 órbitas, a sonda pousa na Lua.
Um dia mais tarde, começa o retorno à Terra. É a última sonda lunar lançada pela URSS.
A próxima nave a executar um pouso suave na Lua é a chinesa Chang’e 3, em 14 de
dezembro de 2013.

1976 (3 de setembro) – O módulo de descida da Viking 2 pousa em Utopia Planitia. Devido


a um erro de interpretação de imagens de radar, o módulo pousa com um dos pés sobre uma
rocha, com uma inclinação de 8,2 graus. Realiza basicamente as mesmas tarefas da sonda
anterior, exceto que desta vez o sismômetro funciona, registrando um tremor de terra no
planeta.

1977 – No livro “The Dragons of Éden” (“Os Dragões do Éden”), o divulgador científico e
astrônomo estadunidense Carl Sagan (1934-1996) apresenta o conceito de calendário
cósmico, escala em que todo o tempo de existência do universo é colocado num único ano.
O objetivo do cientista é demonstrar quão vasta é, em termos cronológicos, a história do
Cosmos. Os dados mais recentes de que dispomos indicam que o Universo foi formado há
13,8 bilhões de anos; assim, um segundo do calendário cósmico corresponde a 437 anos da
história do Universo. As vidas humanas mais longas duram por volta de 25 centésimos de
segundo (mais ou menos o tempo de um piscar de olhos).
Algumas datas importantes do calendário cósmico são: 01/01, 0h00min: Big Bang; 11/05:
formação da Via Láctea; 1º/09: formação do Sol (logo seguida da formação dos planetas e
da Lua); 16/09: rochas terrestres mais antigas; 21/09: vida primitiva na Terra
(procariontes); 12/10: fotossíntese; 29/10: oxigenação da atmosfera; 8 /11: células
complexas (eucariontes); 5/12: vida pluricelular: 14/12: animais simples (artrópodes,
aracnídeos); 18/12: peixes e protoanfíbios; 20/12: plantas terrestres; 21/12: insetos e
sementes; 22/12: anfíbios; 23/12: répteis; 26/12: mamíferos; 27/12; aves; 28/12: flores;
30/12: extinção dos dinossauros, surgimento dos primatas; 31/12: 14h24min, hominídeos;
22h24min, humanos primitivos, instrumentos de pedra; 23h44min, controle do fogo;
23h52min, humanos modernos; 23h55min, início da última glaciação; 23h59min32s,
agricultura; 23h59min47s, surgimento da escrita (fim da Pré-História, início da História);
23h59min55s, cristianismo.

1977 (fevereiro) – R. Brent Tully e J. Richard Fisher descobrem a relação Tully-Fischer


entre a luminosidade de uma galáxia espiral isolada e a velocidade da parte achatada de sua
curva de rotação, relação esta que permite determinar distâncias de galáxias à Terra.

1977 (3 de fevereiro) – Ocorre a reentrada da Salyut 4 na atmosfera.


Massa: 18.900kg; comprimento: 15,8m; diâmetro máximo: 4,15m; volume pressurizado:
90m3; dias em órbita: 770; dias ocupada: 92; órbitas terrestres: 12.444; distância
percorrida: 504.772.660km.

1977 (18 de fevereiro) – O primeiro protótipo de ônibus espacial, o Enterprise, realiza o


primeiro teste, preso ao topo de um gigantesco jato 747. Inicialmente a nave é denominada
Constitution, porém os espectadores de televisão fãs de ficção científica da série Star Trek
começam uma campanha de assinaturas, enviadas à Casa Branca, para que o veículo seja
rebatizado como Enterprise.

1977 (10 de março) - James L. Elliot (1943-2011), Edward W. Dunham e Douglas J. Mink
descobrem cinco anéis em torno de Urano (posteriormente, encontram mais quatro). A
descoberta é casual, uma vez que o verdadeiro objetivo da investigação, feita no Kuiper
Airborne Observatory, é observar a ocultação da estrela SAO 158687 por Urano, para
estudar a atmosfera do planeta.
Hoje conhecem-se 13 anéis de Urano.

1977 (25 de maio) - É lançado o filme “Star Wars” (“Guerra nas Estrelas”), escrito e
dirigido pelo cineasta estadunidense George Lucas. Vencedor de seis Oscars e com mais
quatro indicações, é considerado por muitos um dos filmes mais influentes da história do
cinema. Com o posterior lançamento da continuação da saga, o filme original recebe, em
1981, o subtítulo “Episódio IV: Uma Nova Esperança”. “Guerra nas Estrelas” serve de
inspiração para muitos filmes e livros de ficção científica.

1977 (20 de agosto) – É lançada a sonda estadunidense Voyager 2 (antes da Voyager 1),
com destino a Júpiter, Saturno, Urano e Netuno.

1977 (5 de setembro) – É lançada a sonda estadunidense Voyager 1, que explora Júpiter e


Saturno. Assim como sua gêmea, a Voyager 2, a sonda pesa 721,9kg e é equipada com um
detector de raios cósmicos, um magnetômetro, um detector de ondas de plasma, um
detector de partículas de baixa energia, um espectrômetro de ondas ultravioleta e um
detector de ventos solares. Para o caso de serem algum dia interceptadas por alienígenas,
ambas as naves carregam um disco (e a respectiva agulha) de cobre revestido a ouro,
contendo uma apresentação da raça humana, com 116 imagens (entre as quais está a
Grande Muralha da China), 35 sons naturais (vento, pássaros, água, canto de baleia, criança
chorando...), saudações em 56 línguas (incluindo português e esperanto) e música (Mozart e
Beethoven, entre outros). O material contido nesses discos é selecionado por uma equipe
liderada por Carl Sagan.

1977 (29 de setembro) – É lançada a estação espacial soviética Salyut 6, que apresenta
vários avanços em relação às Salyuts anteriores. O principal deles é um segundo ponto de
acoplamento, o que permite missões regulares de naves Progress de reabastecimento. Com
isso, torna-se possível passar de visitas de curta duração a expedições bem mais longas,
marcando o começo da transição para estações espaciais multimodulares de pesquisa de
longo período.
Ademais, a Salyut 6 conta com um novo sistema de propulsão e com um telescópio
multiespectral capaz de fazer observações em vários comprimentos de onda.
Ao longo de cinco anos, vários recordes de permanência no espaço são quebrados. Além de
russos, a estação hospeda cosmonautas de Hungria, Polônia, Romênia, Cuba, Mongólia,
Vietnam e Alemanha Oriental. Doze naves Progress de carga entregam mais de 20t de
equipamento, suprimentos e combustível.

1977 (9 a 11 de outubro) – Missão da Soyuz 25, tripulada por Vladimir Kovalyonok –


comandante – e Valery Ryumin – engenheiro de voo. Deveria ser a primeira missão à
Salyut 6, mas os tripulantes (nenhum dos quais havia estado antes no espaço) não
conseguem realizar a acoplagem, havendo falhado cinco vezes. Com pouco combustível e
baterias com carga reduzida, eles voltam para a Terra.
Os soviéticos estabelecem então uma regra segundo a qual as missões tripuladas futuras
devem incluir ao menos uma pessoa que já tenha ido ao espaço. Esta regra é observada até
1994 (Soyuz TM-19).

1977 (18 de outubro) – Charles T. Kowal (1940-2011) descobre 2060 Quíron (ou Chiron),
primeiro componente conhecido de um grupo de objetos com órbitas entre Saturno e Urano
chamados Centauros, por apresentarem características tanto de cometa como de asteroide
(centauros são criaturas da mitologia grega com torso e cabeça humanos e corpo de cavalo).
O nome refere-se a Quíron, centauro famoso por seus conhecimentos e habilidade em
medicina.
Diâmetro: 233km; período orbital: 18.539 dias (50,76 anos); distância média do Sol: 2,051
bilhões de km (varia entre 1,273 e 2,826 bilhões de km).
De acordo com estimativas modernas, existem no Sistema Solar 44.000 centauros com
diâmetro superior a 1km.

1977 (11 de dezembro) – Os cosmonautas Yuri Romanenko e Georgi Grechko chegam à


Salyut 6 a bordo da Soyuz 26 (lançada no dia anterior) e formam a primeira tripulação
residente da estação. Eles voltam à Terra na Soyuz 27, que aterrissa em 26 de março de
1978.

1977 (19 de dezembro) – A Voyager 1, lançada numa trajetória mais direta, ultrapassa a
Voyager 2.

1978 – A astrônoma estadunidense Sandra Faber publicA um trabalho no qual mostra que a
velocidade de rotação de galáxias espirais corresponde a uma concentração de massa maior
do que a inferida por observações da luz emitida pela galáxia. Essa discrepância fica
conhecida como O problema da massa faltante.

1978 – Vera Rubin, Kent Ford, N. Thonnard e Albert Bosma medem as curvas de rotação
de várias galáxias espirais e encontram desvios importantes relativamente ao que é previsto
pela gravitação Newtoniana de estrelas visíveis. Esse fenômeno fica conhecido como
“problema da rotação galáctica”.

1978 (20 de janeiro) – É lançada, por um foguete Soyuz-U, a Progress 1, nave descartável
de carga russa (capacidade para 2.300kg) desenhada para levar suprimentos às estações
Salyut. Após permanecer acoplada por quinze dias (22 de janeiro a 6 de fevereiro),
desintegra-se ao reentrar na atmosfera, dois dias depois. Com algumas modificações, as
naves Progress (posteriormente adaptadas para servir a Mir e a ISS) continuam sendo
utilizadas.

1978 (26 de janeiro) – É lançado o International Ultraviolet Explorer (IUE), uma missão
conjunta da NASA e da ESA. Com massa de 672kg, é colocado numa órbita
geoestacionária com perigeu de 26.000km e apogeu de 42.000km. É o primeiro
observatório espacial a ser operado em tempo real a partir de estações de controle na Terra.
Durante os dezoito anos em que permanece ativo (até setembro de 1996), realiza mais de
104.000 observações, que incluem desde corpos do Sistema Solar até quasares distantes.
Entre os principais resultados científicos estão os primeiros estudos em larga escala dos
ventos interestelares, medições acuradas da maneira como a poeira interestelar absorve a
luz e observações da supernova SN 1987ª que colocam em causa alguns pontos da teoria da
evolução das estrelas.

1978 (2 a 10 de março) – Vladimír Remek, da Tchecoslováquia, tripulante da Soyuz 28,


visita a Salyut 6 e se torna o primeiro homem que não é soviético nem estadunidense a ir ao
espaço. Em 2004, com a entrada da República Tcheca na União Europeia, ele passa a ser
considerado o primeiro astronauta da Europa.
A ida de Remek ao espaço é proporcionada pelo Interkosmos, programa da URSS iniciado
em abril de 1967 e concebido para possibilitar a cooperação de integrantes das forças
armadas de países aliados (sobretudo do Pacto de Varsóvia) em missões espaciais
tripuladas e não tripuladas. Até 1998, catorze cosmonautas não soviéticos de treze países
são levados ao espaço por naves Soyuz.
O outro tripulante da Soyuz 28 é o comandante Aleksei Gubarev.

1978 (22 de junho) – É descoberto Caronte, primeiro satélite conhecido de Plutão, pelo
astrônomo estadunidense James Christy, do Naval Observatory, em Flagstaff, Arizona.
Com diâmetro de 1.207km, massa de 1,52 quintilhão de toneladas, densidade de 1,65g/cm3
e orbitando Plutão à distância média de 19.571km, Caronte tem uma característica única no
Sistema Solar: uma rotação duplamente síncrona, ou seja, além de girar em torno de si
mesmo e de Plutão exatamente no mesmo espaço de tempo, esse tempo ainda é igual ao da
rotação plutoniana: 6d9h17min36s. Disso resulta que Caronte apresenta sempre a mesma
face a Plutão, e sempre ao mesmo hemisfério. Um hipotético observador colocado na
superfície de Plutão veria Caronte o tempo inteiro (jamais se poria) se estivesse no
hemisfério acima do qual o satélite orbita, ou então nunca o veria, caso estivesse no
hemisfério oposto.
A descoberta de Caronte permite, pela primeira vez, medir a massa de Plutão
(aproximadamente 0,2% da terrestre). As estimativas vinham diminuindo ao longo do
século (em 1931, pensava-se que a massa plutoniana era igual à da Terra), e a compreensão
das reais dimensões do astro faz com que alguns cientistas comecem a observar mais
atentamente as diferenças entre Plutão e os demais planetas do Sistema Solar.

1978 (25 de julho) – Terminam as operações do módulo orbital da Viking 2, tendo sido
completadas 706 órbitas marcianas e enviadas à Terra quase 16.000 imagens.

1978 (12 de agosto) – É lançada a sonda estadunidense International Sun-Earth Explorer 3


(ISEE-3), com o objetivo de estudar a interação entre o campo magnético terrestre e o vento
solar. Com massa de 390kg, é o primeiro artefato humano a ser colocado em órbita num
dos pontos de Lagrange (L1), regiões caracterizadas pelo equilíbrio gravitacional entre dois
corpos (neste caso, o Sol e a Terra), onde as forças recíprocas de ambos se anulam. Mais
tarde (10 de junho de 1982), a sonda é rebatizada como International Cometary Explorer
(ICE), cujo objetivo primário é investigar a interação entre o vento solar e a atmosfera de
um cometa.

1978 (outubro) - Arno Penzias e Robert Wilson são anunciados como ganhadores do
prêmio Nobel de Física por terem descoberto (1965) a radiação cósmica de fundo,
remanescente do Big Bang.

1978 (outubro) – Stephen M. Larson e John W. Fountain preconizam a existência de


Epimeteu, décimo primeiro satélite conhecido de Saturno originalmente observado, em 18
de dezembro de 1966, por Richard Walker, mas então confundido com Jânus. A existência
de Epimeteu é confirmada em 6 de março de 1980, graças a imagens feitas em 26 de
fevereiro pela Voyager 1, e os três cientistas passam a compartilhar oficialmente a
descoberta.
Diâmetro: 129,8 x 114 x 106,2km; período orbital: 0,694 dia; distância média do planeta:
151.410km; massa: 526,6 trilhões de toneladas; densidade: 0,64g/cm3.

1978 (4 de dezembro) – A sonda estadunidense Pioneer Venus 1 (ou Pioneer Venus


Orbiter), lançada em 20 de maio, é inserida na órbita venusiana. A nave carrega grande
variedade de instrumentos e experimentos: um fotopolarímetro de nuvens para medir a
distribuição vertical das nuvens, similar ao fotopolarímetro de imagens da Pioneer 10 e da
Pioneer 11; um radar mapeador para determinar topografia e características da superfície;
um radiômetro infravermelho para medir emissões infravermelhas da atmosfera; um
espectrômetro ultravioleta para medir emissões ultravioleta e dispersas da atmosfera; um
espectrômetro de massa neutra para determinar a composição da atmosfera superior; um
analizador de plasma para medir propriedades do vento solar; um magnetômetro para
caracterizar o campo magnético em volta de Vênus; um detector de campo elétrico para
estudar o vento solar e suas interações; uma sonda de temperatura de elétrons para estudar
as propriedades termais da ionosfera; um espectrômetro de massa de íons para caracterizar
a população de íons da ionosfera; um analisador de partículas carregadas para estudar
partículas ionosféricas; dois experimentos científicos de rádio para determinar o campo
gravitacional de Vênus; um experimento de ocultações de rádio para caracterizar a
atmosfera; um experimento de arrasto atmosférico para estudar a atmosfera superior; um
experimento de ciência atmosférica de rádio e turbulência do vento solar; Um detector de
erupções de raios gama. A Pioneer Venus 1 permanece operacional até agosto de 1992, e o
primeiro mapa topográfico total da superfície de Vênus é construído com base nos dados de
altimetria fornecidos pelo radar da sonda. Em 1986, realiza estudos do Halley durante a
passagem do cometa.

1978 (9 de dezembro) – A Pioneer Venus 2 (ou Pioneer Venus Multiprobe), lançada em 8


de agosto, entra na atmosfera venusiana e inicia a descida. A missão é composta de um
ônibus que carrega uma sonda grande (315kg) e três sondas pequenas (90kg cada),
programadas para transmitir dados até serem destruídas pelo calor do atrito atmosférico. Os
objetivos são determinar a estrutura e a composição da atmosfera venusiana desde as
camadas superiores até a superfície, a natureza e a composição das nuvens e características
da circulação atmosférica. As três sondas menores recebem nomes de acordo com as zonas
do planeta onde descem: Norte (altas latitudes norte), Dia (hemisfério iluminado) e Noite
(hemisfério escuro). As quatro sondas chegam à superfície, mas apenas a sonda dia
continua transmitindo dados (por mais de uma hora) depois do impacto.

1978 (21 de dezembro) – A sonda soviética Venera 12 (4.940kg), lançada em 14 de


setembro, pousa em Vênus e transmite dados durante 110 minutos. São registradas
descargas elétricas, possivelmente atribuíveis a um raio, e evidências de trovões. É
encontrado também monóxido de carbono a baixa altitude.

1978 (25 de dezembro) – A sonda soviética Venera 11 (4.940kg), lançada em 9 de


setembro, pousa em Vênus e transmite dados durante 95 minutos. Assim como a Venera
12, também detecta raios e trovões. Os sistemas de imagem falham.

1979 – Dois telescópios entram em operação em Mauna Kea, no Havaí: o telescópio


refletor infravermelho de 3,81m UKIRT e o telescópio refletor óptico de 3,55m Canada-
France-Hawaii.

1979 – O estadunidense Brian G. Marsden (1937-2010) publica um compêndio em que são


relatados os aparecimentos de 1.027 cometas, observados no período compreendido entre
os primeiros documentos disponíveis (os anais astronômicos chineses) e o ano de 1978.
Essas passagens se referem a 658 cometas diferentes, 113 dos quais têm um período
inferior a 200 anos. Destes, 72 foram observados pelo menos duas vezes. Os outros 545
cometas eram de longo período; sua órbita foi calculada com base na única passagem
registrada. 285 pareciam mover-se ao longo de uma parábola; 162 descreviam uma elipse; e
98, uma hipérbole.

1979 – Peter Goldreich e Scott Tremaine propõem a ideia de satélites pastores para explicar
por que os anéis de Urano são tão estreitos. Trata-se de pequenos satélites que têm sua
órbita próxima a anéis planetários e confinam estes anéis através de interações
gravitacionais.
satélite pastor é uma lua de um planeta que está em órbita lado a lado com um anel daquele
planeta. A força gravitacional do satélite confina o anel, dando a ele uma borda nítida.
Satélites pastores existem também em Saturno e Netuno.

1979 (6 de janeiro) – A Voyager 1 começa a fase de observação de Júpiter.

1979 (7 de fevereiro) –Plutão passa a estar, por vinte anos (até 11 de fevereiro de 1999),
mais próximo do Sol do que Netuno. Isso ocorre uma vez em cada translação de Plutão
(248 anos), pois a órbita deste planeta anão é tão elíptica que o leva a uma distância ao Sol
inferior à de Netuno.

1979 (5 de março) – A Voyager 1 chega ao ponto de maior aproximação com Júpiter:


348.890km. No mesmo dia, passa por Amalteia (420.200km), Io (20.570km) e Europa
(733.760km). Durante a missão, obtém 19.000 fotografias, num período que vai até abril. A
maior parte das observações acerca das luas, dos anéis, do campo magnético e das
condições de radiação é realizada durante as 48 horas de máxima aproximação. Também
efetua um detalhado estudo da Grande Mancha Vermelha.

1979 (6 de março) – A Voyager 1 passa por Ganimedes (114.710km) e Calisto


(126.400km).

1979 (7 de março) – É anunciada a descoberta, feita três dias antes graças às imagens
transmitidas pela Voyager 1, de um tênue anel em torno de Júpiter, o qual faz parte de um
sistema de anéis de partículas sólidas que circunda o planeta na região equatorial.

1979 (8 de março) – É anunciada a descoberta de atividade vulcânica em Io, satélite de


Júpiter. Io é o primeiro astro do Sistema Solar, com exceção da Terra, onde se descobrem
vulcões ativos. Hoje sabe-se que os satélites Encélado (de Saturno) e Tritão (de Netuno)
também apresentam atividade vulcânica, chamada pelos astrônomos de criovulcanismo (por
se tratar de mundos gelados). No momento de sua passagem, a Voyager 1 consegue
observar nove vulcões ativos em Io, mas atualmente conhecemos centenas deles
(estimativas giram em torno de quatrocentos).

1979 (13 de abril) – A Voyager 1 termina a fase de observação de Júpiter.

1979 (25 de abril) – A Voyager 2 começa a fase de observação de Júpiter.

1979 (8 de julho) – A Voyager 2 sobrevoa Calisto à distância de 214.930km. O satélite


mostra uma crosta de gelo antiga, com muitas crateras remanescentes de grandes impactos.

1979 (9 de julho) – A Voyager 2 chega ao ponto de maior aproximação com Júpiter:


721.670km. No mesmo dia, passa por Ganimedes (62.130km), Europa (205.720km),
Amalteia (558.370km) e Io (1.129.900km). São fotografados com mais detalhes o sistema
de anéis de Júpiter e os vulcões de Io. As câmeras da nave revelam uma atmosfera de
hidrogênio e hélio cujas nuvens apresentam uma dinâmica muito mais complexa do que se
imaginava, incluindo relâmpagos e auroras. Também é confirmada a hipótese de que
Júpiter emite muito mais energia do que recebe, o que poderia justificar uma atividade
atmosférica tão intensa que permite a formação de fenômenos como a Grande Mancha
Vermelha.
Imagens da Voyager 2 revelam que as longas séries de estrias descobertas em Europa pela
Voyager 1 são fraturas em uma crosta de gelo que pode abrigar um oceano interior.
Ganimedes apresenta dois tipos bem diferentes de terreno, um coberto de crateras e o outro
estriado, sugerindo que a crosta gelada do satélite pode ter sofrido fenômenos tectônicos.

1979 (11 de julho) – ocorre a reentrada controlada da estação espacial Skylab na atmosfera
terrestre. Ela cai no Oceano Índico, nas proximidades da cidade australiana de Perth.
Fragmentos atingem a costa, e a cidade de Esperance, a título de brincadeira, multa a
NASA em 400 dólares australianos por jogar lixo em local público. A multa é paga em
abril de 2009.
Massa: 77.088kg; comprimento: 26,3m; largura: 17m; altura: 7,4m; espaço pressurizado:
319,8m3; dias em órbita: 2.249; dias ocupada: 171; órbitas terrestres: 34.981; distância
percorrida: 1,4 bilhão de km.

1979 (5 de agosto) – A Voyager 2 termina a fase de observação de Júpiter.

1979 (29 de agosto) – A Pioneer 11 sobrevoa Jápeto (à distância de 1.032.535km) e Febe


(13.713.574km).

1979 (31 de agosto) – A Pioneer 11 sobrevoa Hipérion à distância de 666.153km.

1979 (1º de setembro) – A Pioneer 11 chega ao ponto de máxima aproximação com


Saturno (21.000km das camadas exteriores de nuvens), torna-se a primeira sonda espacial a
visitar aquele mundo e tira as primeiras fotografias a curta distância do planeta.
No mesmo dia, sobrevoa Epimeteu (6.676km), Atlas (45.960km), Dione (291.556km),
Mimas (104.263km), Jânus (228.988km), Tétis (329.197km), Encélado (222.027km),
Calipso (109.916km) e Reia (345.303km).
Com diâmetro de 120.536 x 108.728km, Saturno é o segundo planeta em ordem de
tamanho e o sexto a partir do Sol, que orbita à distância média de 1.433.449.370km (varia
entre 1.353.572.956 e 1.513.325.783km), completando uma órbita, à velocidade média de
34.900km/h, em 10.759,22 dias terrestres (29,471 anos), ou 24.491,07 dias saturnianos. O
planeta ocupa um volume de 827,13 trilhões de km3 (763,59 vezes o terrestre) e tem massa
de 568,46 sextilhões de toneladas (95,152 vezes a da Terra. A área da superfície é de 42,7
bilhões de km2 (83,7 superfícies terrestres). A gravidade equivale a 91,4% da terrestre, e a
velocidade de escape é de 35,5km/s. Saturno tem o maior achatamento polar entre todos os
planetas, igual a 9,8% (o da Terra é de 0,33%), e possui também a menor densidade:
0,687g/cm3 (inferior à da água, o que significa que o planeta flutuaria se pudesse ser
colocado sobre um oceano como os terrestres); o planeta mais denso é a Terra (5,515g/cm3.
A rotação de Saturno, cujo período atualmente é de 10h39min24s, apresenta um mistério
que intriga os cientistas: sua velocidade parece variar rapidamente, visto ter sido
considerável a diferença (seis minutos) entre os valores obtidos com as medições efetuadas
pelas sondas Voyager e Cassini. Os principais componentes da atmosfera são hidrogênio
(96%), hélio (3%) e metano (0,4%). A magnitude aparente varia entre -0,24 e +1,47. Tem
62 satélites confirmados, e há mais de 150 pequenos corpos candidatos a satélites.
Saturno é o nome latino de Cronos, o mais jovem dos titãs, filho de Urano e de Gaia.
Divindade suprema da segunda geração de deuses da mitologia grega, reinava
tiranicamente, até ser destronado por seu filho Zeus.
1979 (2 de setembro) – APioneer 11 sobrevoa Titã à distância de 362.962km.

1979 (23 de novembro) –Com base na análise de imagens da Voyager 2 feitas em 8 de


julho, David C. Jewitt e G. Edward Danielson Anunciam a descoberta de Adrasteia, décimo
quarto satélite conhecido de Júpiter.
Diâmetro: 20 x 16 x 14km; período orbital: 0,298 dia; distância média do planeta:
129.000km; massa: 2 trilhões de toneladas; densidade: 0,86g/cm3.

1979 (19 de dezembro) – É lançada a sonda não tripulada Soyuz T-1, a primeira da nova
geração Soyuz da série T. No mesmo dia, acopla-se automaticamente à Salyut 6, onde
permanece até 23 de março de 1980, voltando em seguida à Terra e sendo recolhida dois
dias depois.
A Soyuz T (com “T” significando “transportny”, transporte) apresenta melhorias no sistema
de acoplamento, um novo módulo de serviço, painéis solares (inexistentes na Soyuz),
capacidade para mais combustível e maior comodidade para os tripulantes.

1979 (24 de dezembro) – Ocorre o lançamento inaugural do Ariane, o primeiro foguete


espacial europeu.

1980 – Um grupo de pesquisadores estadunidenses descobre uma quantidade anômala de


irídio (elemento raro na Terra) nas camadas de sedimentos marinhos e aventa a hipótese de
que a extinção dos dinossauros, há cerca de 65 milhões de anos, tenha sido causada pelo
impacto, sobre a Terra, de um enorme meteorito ou de um asteroide.

1980 (14 de fevereiro) – É lançado o SolarMax (Solar Maximum Mission), satélite


estadunidense (2.315kg) projetado para estudar os fenômenos luminosos do Sol. Em 1984,
é reparado no espaço pelos tripulantes do ônibus espacial Challenger (STS-41-C). A partir
de 1987, descobre dez cometas rasantes.
O SolarMax permanece operacional até 2 de dezembro de 1989.

1980 (1º de março) – P. Laques e J. Lecacheux descobrem Helena, décimo segundo satélite
conhecido de Saturno.
Diâmetro: 43,4 x 38,2 x 26km; período orbital: 2,736 dias; distância média do planeta:
377.396km.

1980 (18 de março) – Cinquenta técnicos morrem no centro espacial Plesetsk, Rússia,
depois da explosão de um propulsor que estava sendo abastecido. O incidente só é relatado
em 1989.

1980 (8 de abril) – Imagens das sondas Voyager possibilitam a descoberta de Telesto,


décimo terceiro satélite conhecido de Saturno.
Com diâmetro de 32,6 x 23,6 x 20km, Telesto orbita Saturno à mesma distância média
(294.619km) e no mesmo período (1,888 dia) que Calipso, cuja descoberta é anunciada em
31 de julho.

1980 (10 de abril) – Os cosmonautas Leonid Popov e Valery Ryumin chegam à Salyut 6 a
bordo da Soyuz 35, lançada no dia anterior, e formam a tripulação com permanência mais
longa na estação: ficam no espaço 185 dias. Em 19 de julho, durante a cerimônia de
abertura dos Jogos Olímpicos de Moscou, participam de uma transmissão ao vivo:
aparecem no placar eletrônico e suas vozes são reproduzidas pelos alto-falantes do Estádio
Olímpico. Voltam à Terra na Soyuz 37, em 11 de outubro.

1980 (11 de abril) – Devido a uma falha das baterias, terminam as operações do módulo de
descida da Viking 2, após 1.281 dias marcianos.

1980 (28 de abril) Com base na análise de imagens da Voyager 1 feitas em 5 de março de
1979, Stephen P. Synnott anuncia a descoberta de Tebe, décimo quinto satélite conhecido
de Júpiter.
Diâmetro: 116 x 98 x 84km; período orbital: 0,675 dia; distância média do planeta:
221,889km; massa: 430 trilhões de toneladas; densidade: 0,86g/cm3.

1980 (31 de julho) – Uma equipe liderada por D. Pascu descobre Calipso (fotografado em
13 de março), décimo quarto satélite conhecido de Saturno.
Diâmetro: 30 x 23 x 14km; período orbital: 1,888 dia; distância média do planeta:
294.619km.

1980 (17 de agosto) – São encerradas as operações do módulo orbital da Viking 1, tendo
sido completadas 1.485 órbitas.

1980 (22 de agosto) – A Voyager 1 começa a fase de observação de Saturno.

1980 (26 de agosto) –Com base na análise de imagens da Voyager 1 feitas em 4 de março
de 1979, Stephen P. Synnott publica a descoberta de Métis, décimo sexto satélite conhecido
de Júpiter.
Diâmetro: 60 x 40 x 34km; período orbital: 0,295 dia; distância média do planeta:
128.000km; massa: 36 trilhões de toneladas: densidade: 0,86g/cm3.

1980 (28 de setembro) – Estreia a série de televisão Cosmos, composta de treze episódios
com duração de uma hora cada, escrita por Carl Sagan, sua esposa, Ann Druyan, e Steven
Soter, e apresentada por Sagan. Filmada, ao longo de 3 anos, em 40 localidades de 12
países, e assistida por mais de 600 milhões de pessoas em todo o mundo, a série Cosmos é
um dos maiores êxitos da história da divulgação científica.
Os episódios são: 01. Os Limites do Oceano Cósmico (The Shores of the Cosmic Ocean);
02. As Origens da Vida (One Voice in the Cosmic Fugue); 03. A Harmonia dos Mundos
(The Harmony of the Worlds); 04. Céu e Inferno (Heaven and Hell); 05. Os Segredos de
Marte (Blues for a Red Planet); 06. Histórias de Viajantes (Travellers’ Tales); 07. A
Espinha Dorsal da Noite (The Backbone of Night); 08. Viagens no Espaço e no Tempo
(Travels in Space and Time); 09. A Vida das Estrelas (The Lives of Stars); 10. O Limiar da
Eternidade (The Edge of Forever); 11. A Persistência da Memória (The Persistence of
Memory); 12. Enciclopédia Galáctica (Encyclopaedia Galactica); 13. Quem Pode Salvar a
Terra? (Who Speaks for Earth?).
Ainda no mesmo ano, é publicado o livro homônimo.
1980 (outubro) - A partir de imagens da Voyager 1, são descobertos, por Richard J. Terrile
e Stewart A. Collins, os satélites de Saturno Atlas, Pandora e Prometeu, passando a ser 17 o
número de luas conhecidas daquele planeta.
Atlas - Diâmetro: 40,8 x 35,4 x 18,8km; período orbital: 0,602 dia; distância média do
planeta: 137.670km; massa: 6,6 trilhões de toneladas; densidade: 0,46g/cm3.
Pandora - Diâmetro: 104 x 81 x 64km; período orbital: 0,628 dia; distância média do
planeta: 141.720km; massa: 137,1 trilhões de toneladas; densidade: 0,49g/cm3.
Prometeu - Diâmetro: 135,6 x 79,4 x 59,4km; período orbital: 0,613 dia; distância média do
planeta: 139.380km; massa: 159,5 trilhões de toneladas; densidade: 0,48g/cm3.

1980 (10 de outubro) – É inaugurado o Very Large Array (VLA), radiotelescópio


localizado na planície de San Augustin, norte de Socorro, Novo México, com uma
formação em "Y" na qual são dispostas as diversas antenas de recepção.

1980 (12 de novembro) – A Voyager 1 chega ao ponto de maior aproximação com Saturno:
184.300km. No mesmo dia, passa por Titã (6.490km) e Tétis (415.670km). Descobre
estruturas complexas no sistema de anéis do planeta e obtém dados acerca da atmosfera de
Titã. A fim de estudar mais detidamente a atmosfera de Titã, os controladores da missão
decidem realizar outro sobrevoo, o que impede a Voyager 1 de se dirigir a Urano e Netuno.
Assim, ela é colocada numa rota que a leva para fora do Sistema Solar.

1980 (13 de novembro) – A Voyager 1 passa por Mimas (88.440km), Encélado


(202.040km), Reia (73.980km) e Hipérion (880.440km).

1980 (13 de dezembro) – A Voyager 1 termina a fase de observação de Saturno.

1981 - A NASA recupera dados de 1978, que mostram um cometa colidindo com o Sol.

1981 – O físico e cosmologista estadunidense Alan Guth propõe a teoria da inflação


cósmica, de acordo com a qual o Universo passou, nos instantes iniciais (10 a 33 segundos,
conforme cálculos posteriores), por um período de expansão ultrarrápida e exponencial.
Pesquisas subsequentes encontram evidências favoráveis, e a inflação cósmica é hoje
considerada como parte do modelo cosmológico padrão de Big Bang quente. Esta teoria
resolve o chamado “problema do horizonte”, que consiste em determinar por que o
Universo parece estatisticamente homogêneo e isotrópico de acordo com o princípio
cosmológico. A explicação é o equilíbrio térmico das moléculas, inexistente num modelo
de Big Bang sem inflação cósmica.

1981 (12 de abril) – Ocorre o voo inaugural do Columbia (STS-1), o primeiro dos cinco
ônibus espaciais construídos pelos EUA. A tripulação é composta por John W. Young –
comandante – e Robert Crippen – piloto. O retorno ocorre em 14 de abril, tendo a missão
durado 2d6h21min e realizado 37 órbitas em torno da Terra, percorrendo uma distância de
1.728.000km.
Os ônibus espaciais são veículos tripulados reutilizáveis, sucessores das naves Apollo,
empregadas em viagens que levaram astronautas à Lua. O programa dos ônibus espaciais
estadunidenses chama-se oficialmente Space Transportation System, daí as iniciais STS
(seguidas de um número) com que são designados os voos.
O Columbia recebe este nome em homenagem a um barco que em 1792 passou pelos
perigosos bancos de areia na boca de um rio e chegou ao que hoje é a British Columbia, no
Canadá, na fronteira de Washington-Oregon, nos EUA.
A data de 12 de abril de 1981 marca o vigésimo aniversário do voo de Yuri Gagárin, o
primeiro homem no espaço.

1981 (24 de maio) – Harold J. Reitsema, William B. Hubbard, Larry A. Lebofsky e David
J. Tholen descobrem Larissa, terceiro satélite conhecido de Netuno.
Diâmetro: 216 x 204 x 168km; período orbital: 0,555 dia; distância média do planeta:
73.548km; massa: 4,2 quatrilhões de toneladas; densidade: 1,2g/cm3.

1981 (5 de junho) – A Voyager 2 começa a fase de observação de Saturno.

1981 (22 de agosto) – A Voyager 2 sobrevoa Jápeto à distância de 908.680km.

1981 (25 de agosto) – A Voyager 2 passa por Hipérion (431.370km), Titã (666.190km) e
Helena (314.090km).

1981 (26 de agosto) – A Voyager 2 chega ao ponto de maior aproximação com Saturno:
161.000km. No mesmo dia, passa por Dione (502.310km), Calipso (151.590km), Mimas
(309.930km), Pandora (107.000km), Atlas (287.000km), Encélado (87.010km), (Jânus
(223.000km), Epimeteu (147.000km), Telesto (270.000km), Tétis (93.010km) e Reia
(645.260km). As investigações concentram-se sobretudo nas camadas superiores da
atmosfera do planeta. São registrados ventos de 1.800km/h, superados em velocidade no
Sistema Solar apenas pelos ventos de Netuno.

1981 (4 de setembro) – A Voyager 2 sobrevoa Febe à distância de 2.075.640km.

1981 (25 de setembro) – A Voyager 2 termina a fase de observação de Saturno.

1981 (12 a 14 de novembro) – Missão do Columbia (STS-2), tripulado por Joe Engle –
comandante – e Richard Truly – piloto. É a primeira vez que um veículo espacial tripulado
volta ao espaço para uma segunda missão. São completadas 37 órbitas em 2d6h13min12s, e
a distância percorrida é de 1.730.000km.

1982 – Com base em informações fornecidas pelas duas missões Voyager, a UAI atribui
nomes a 22 estruturas geológicas de Encélado, nomes esses retirados de personagens e de
lugares mencionados nas lendas árabes das Mil e uma noites.

1982 (janeiro) Durante uma expedição à Antártida, o montanhista estadunidense John


Schutt encontra um meteorito pouco usual. O meteorito é enviado a Washington, onde
Brian Harold Mason (1917-2009), geoquímico do Instituto Smithsonian, reconhece tratar-
se de objeto diferente de todos até então encontrados, cujo material é muito semelhante a
algumas rochas trazidas da Lua pelo Programa Apollo. Batizado de Allan Hills 81005, é
considerado o primeiro meteorito de proveniência lunar descoberto na Terra.

1982 (1º de março) – A sonda soviética Venera 13 (760kg), lançada em 30 de outubro de


1981, envia as primeiras fotos coloridas de Vênus e imagens panorâmicas da superfície do
planeta. A sonda sobrevive por 127 minutos num ambiente com temperatura de 457°C e
pressão de 89 atmosferas terrestres.

1982 (5 de março) – A sonda soviética Venera 14 (760kg), lançada em 4 de novembro de


1981, pousa em Vênus (950km a sudoeste da Venera 13) e envia imagens panorâmicas do
planeta. Também analisa uma amostra do solo venusiano, composta de basalto. A sonda
sobrevive por 57 minutos num ambiente com temperatura de 465°C e pressão de 94
atmosferas terrestres.

1982 (10 de março) – Ocorre um "syzygy", quando todos os oito planetas e também Plutão
se alinham no mesmo lado do Sol. Nesta data os planetas estão esparramados pelo céu a
mais de 98°.

1982 (19 de abril) – É lançada a Salyut 7, última estação espacial desse programa soviético.
É praticamente igual à Salyut 6, pensada para permitir missões de longa duração.

1982 (13 de Maio) – Os cosmonautas soviéticos Anatoli Berezovoy e Valentin Lebedev, a


bordo da Soyuz T-5, chegam à Salyut 7 e tornam-se os primeiros tripulantes dessa estação
espacial. Ficam lá por 211 dias (até 10 de dezembro) e voltam para a Terra na Soyuz T-7.

1982 (29 de julho) – Ocorre a reentrada da Salyut 6 na atmosfera terrestre.


Entre 1977 e 1982, a estação é visitada por seis tripulações de longa e dez tripulações de
curta duração.
Massa: 19.824kg; comprimento: 15,8m; diâmetro: 4,15m; espaço habitável: 90m3; dias em
órbita: 1.764; dias ocupada: 683; órbitas terrestres: 28.024; distância percorrida:
1.136.861.930km.

1982 (agosto) – Num manifesto divulgado no final da assembleia geral da União


Astronômica Internacional, realizada na Grécia, cientistas de renome – como o astrofísico
soviético Iosif Shklovsky (1916-1985), o prêmio Nobel de Química Linus Pauling
(1901-1994) e o astrônomo estadunidense Carl Sagan (1934-1996), autor do livro e da série
de televisão Cosmos– aceitam fazer parte de uma comissão dedicada à busca de sinais de
vida no espaço cósmico. Pela primeira vez, uma entidade científica – a UAI – apoia a
realização de pesquisas para tentar comprovar a existência de seres extraterrestres.

1982 (16 de outubro) – Os astrônomos estadunidenses David Jewitt e Edward Danielson,


trabalhando no Monte Palomar, avistam o cometa Halley, que se aproxima do periélio,
alcançado em fevereiro de 1986.

1982 (11 de novembro) – O módulo de descida da Viking 1 perde contato com a Terra,
devido a um comando equivocado enviado desde o centro de controle da NASA. A missão
dura ao todo 2.306 dias (ou 2.245 dias marcianos).

1983 – É criada a Agência Espacial de Israel (ISA - Israel Space Agency -, na sigla em
inglês; em hebraico, Sochnut HeHalal HaYisraelit).
1983 (25 de janeiro) – É lançado o IRAS (Infrared Astronomical Satellite), missão conjunta
dos EUA, Grã-Bretanha e Países Baixos, que inaugura a astronomia espacial no
infravermelho, realizando um sensível levantamento do céu nesta região do espectro
eletromagnético. Com massa de 1.083kg e operando numa órbita polar a 900km de altitude,
permanece ativo até 22 de novembro de 1983, tendo mapeado 250.000 fontes de
infravermelho, cobrindo 96% do céu. Os dados do IRAS também revelam a existência de
material sólido em torno das estrelas Vega e Fomalhaut. Ademais, o telescópio permite a
descoberta de três asteroides e seis cometas.

1983 (23 de março) – É lançado pela URSS o Astron, maior telescópio ultravioleta da
época, colocado numa órbita com Apogeu de 115.000km. Entre as principais observações
realizadas, destacam-se a do cometa Halley (dezembro de 1985) e a da supernova SN 1987ª
(4 a 12 de março de 1987).
Permanece operacional até 1989.

1983 (4 a 9 de abril) – Primeiro voo do ônibus espacial Challenger (STS-6), com o objetivo
de lançar o primeiro satélite de comunicações da série Tracking and Data Relay Satellite
(TDRS). A tripulação é formada por Paul Weitz - Comandante -, Karol Bobko - Piloto -,
Donald Peterson e Story Musgrave.
Nesta mssão, ocorre a primeira atividade extraveicular realizada por uma tripulação de
ônibus espacial, com duração de 4h10min.

1983 (26 de maio) – Entra em operação o Exosat, primeiro observatório de raios X da ESA,
que permanece ativo até 9 de abril de 1986, realizando 1780 observações na banda de raios
X de um grupo bastante variado de objetos astronômicos.

1983 (13 de junho) – A nave Pioner 10 cruza a órbita de Plutão, então considerado o limite
externo do Sistema Solar.

1983 (18 a 24 de junho) – Missão do Challenger (STS-7), na qual viaja Sally Ride
(1951-2012), primeira mulher estadunidense a ir ao espaço. Os demais tripulantes são
Robert Crippen - comandante -, Frederick Hauck - piloto -, John Fabian e Norman Thagard.
Durante a missão, vários satélites são lançados.

1983 (30 de agosto a 5 de setembro) – Missão do Challenger (STS-8), que marca a primeira
decolagem e a primeira aterrissagem noturnas de um ônibus espacial. A tripulação é
formada por Richard Truly - Comandante -, Daniel Brandenstein - Piloto -, Dale Gardner,
Guion Bluford e William Thornton. Bluford é o primeiro negro a ir ao espaço.

1983 (outubro) - O astrônomo indiano Subrahmanyan Chandrasekhar (1910-1995) é


anunciado como ganhador do Prêmio Nobel de Física pelos seus importantes trabalhos
sobre a teoria da evolução das estrelas.
Também recebe o prêmio o estadunidense William Alfred Fowler (1911-1995), por seus
estudos acerca da importância das reações nucleares das estrelas para a formação dos
elementos químicos no universo.

1983 (10 e 11 de outubro) – As sondas soviéticas Venera 15 e Venera 16, lançadas,


respectivamente, em 2 e 7 de junho, chegam a Vênus e produzem um mapa do hemisfério
norte do planeta. São idênticas, compostas exclusivamente de módulos orbitais e com
massa de 4.000kg. Estas são as últimas missões da série Venera.
As sondas Venera conseguem, ao longo de 22 anos (1961-1983), resultados importantes
para a história da exploração espacial, destacando-se as seguintes realizações: primeiros
artefatos humanos a pousar suavemente em outro planeta e conseguir transmitir
informações durante certo tempo; primeiras máquinas criadas pelo homem a entrar na
atmosfera de outro planeta que não a Terra; primeiras naves a fotografar e enviar à Terra
imagens de outro planeta; primeiras sondas a realizar o mapeamento em radar da superfície
de um planeta.

1983 (28 de novembro a 8 de dezembro) – Missão do Columbia (STS-9), a primeira


inteiramente dedicada ao Spacelab, laboratório reutilizável levado ao espaço em 25 voos
dos ônibus espaciais, construído para realizar pesquisas científicas em microgravidade na
órbita terrestre. O Spacelab é formado por diversos componentes, que podem ser montados
em configurações variáveis, de acordo com os objetivos das experiências científicas
desenvolvidas. É utilizado até 1998. A partir daí, a tecnologia do laboratório começa a ser
transferida para a Estação Espacial Internacional, cujo primeiro módulo é lançado naquele
ano.
Esta é a primeira missão de um ônibus espacial com mais de cinco tripulantes: John Young
- Comandante -, Brewster Shaw - Piloto -, Owen Garriott, Robert Parker, Ulf Merbold e
Byron Lichtenberg.

1984 – Um artigo publicado na Nature, assinado por R. A. Muller, Piet Hut e Mark Davis,
propõe a hipótese de o Sol ser uma estrela binária, com uma companheira pequena e escura,
centenas, dezenas ou milhares de vezes mais distante que Plutão. Posteriormente, especula-
se que essa companheira poderia ser uma anã marrom ou uma anã vermelha, distante de 1 a
2 anos-luz do Sol. Trata-se de uma tentativa de explicar os intervalos mais ou menos
regulares em que ocorrem extinções em massa na Terra, sugeridos pouco antes pelos
paleontólogos David Raup e Jack Sepkoski. A cada intervalo de 26 ou 27 milhões de anos,
a estrela se aproximaria o suficiente do Sol para causar perturbações na nuvem de Oort, as
quais fariam com que grande número de cometas fossem empurrados para as regiões
interiores do Sistema Solar, aumentando a probabilidade de colisões com a Terra. Esse
astro hipotético recebe o nome de Nêmesis, deusa grega da vingança.
A questão permanece em aberto, mas a existência de Nêmesis é rejeitada pela maioria dos
astrônomos.

1984 – É fundado, na Califórnia, EUA, o Instituto SETI, uma organização privada e sem
fins lucrativos cujo objetivo é explorar, entender e explicar a origem, a natureza e a
prevalência da vida no universo. SETI é a sigla para "search for extraterrestrial
intelligence" (“Busca por Inteligência Extraterrestre”), e o instituto tem duas linhas
principais de atividades: 1. utilização de radiotelescópios e telescópios ópticos para
procurar por sinais intencionalmente emitidos por seres extraterrestres; 2. pesquisa sobre
planetas extrassolares, condições para a existência de vida em Marte e outros objetos do
Sistema Solar e zonas de habitabilidade dentro da Via Láctea.

1984 (7 de fevereiro) – Primeira “caminhada” no espaço sem o uso de cabos, feita pelo
astronauta estadunidense Bruce McCandless, durante uma missão do Challenger
(STS-41-B). Os demais integrantes da tripulação são Vance Brand - Comandante -, Robert
Gibson - Piloto -, Ronald McNair (1950-1986) e Robert Stewart.
De 1984 até a explosão do Challenger, o número das missões não é sequencial, isto é, não
corresponde à ordem dos voos. A STS-41-B é a décima do programa dos ônibus espaciais,
vindo após a STS-9. A sequência é retomada depois do acidente com o Challenger, a partir
da STS-26. Contudo, como o número da missão é atribuído no agendamento, e não no
lançamento, a numeração das missões não segue uma ordem rigorosamente cronológica.

1984 (8 de fevereiro) – Chega à Salyut 7, transportada pela Soyuz T-10, a terceira


tripulação, formada por Leonid Kizim (1941-2010), Vladimir Solovyov e Oleg Atkov, cujo
período de permanência é de 237 dias (até 2 de outubro), o mais longo da estação. Eles
voltam à terra na Soyuz T-11.

1984 (11 de abril) – Astronautas do Challenger (STS-41-C) completam o primeiro conserto


de satélite no espaço. George Nelson e James Van Hoften recuperam o satélite defeituoso
SolarMax. Os demais tripulantes são rRobert Crippen - comandante -, Francis Scobee
(1939-1986) - piloto – e Terry Hart.

1984 (25 de julho) – A cosmonauta soviética Svetlana Savitskaya torna-se a primeira


mulher a caminhar no espaço em uma experiência de 3h35min fora da plataforma espacial
Salyut Sete. Ela havia sido a segunda mulher a ir ao espaço em 1982, sete meses antes de
Sally Ride (1951-2012), a primeira astronauta estadunidense, fazer uma viagem espacial.

1984 (30 de agosto a 5 de setembro) – Primeiro voo do ônibus espacial Discovery


(STS-41-D), durante o qual são lançados três satélites de comunicação. A tripulação é
composta por Henry Hartsfield, Jr. - Comandante -, Michael Coats – Piloto-, Judith Resnik
(1949-1986), Steven Hawley, Richard Mullane e Charles Walker.
O nome é uma homenagem ao RRS Discovery (Royal Research Ship Discovery) último
barco de madeira de tres mastros construído no Reino Unido, empregado por Robert Falcon
Scott (1868-1912) na primeira de suas duas viagens de exploração à Antártida (1901-1904).

1984 (5 a 13 de outubro) – Missão do Challenger (STS-41-G), primeiro voo de um ônibus


espacial com duas mulheres na tripulação - Sally Ride (1951-2012) e Kathryn Sullivan – e
o primeiro com sete tripulantes, sendo os demais Robert Crippen - comandante -, Jon
McBride - piloto -, David Leestma, Marc Garneau - primeiro canadense no espaço – e Paul
Scully-Power.
Em 11 de outubro, Sullivan torna-se a primeira mulher estadunidense a realizar uma
atividade extraveicular (3h29min).

1984 (15 e 21 de dezembro) – São lançadas, respectivamente, as sondas soviéticas Vega 1 e


Vega 2 (4.920kg cada uma), com destino ao cometa Halley. O nome VeGa é decorrente da
contração das palavras Venera e Gallei, termos em russo para Vênus e Halley,
respectivamente. como instrumentos científicos, são dotadas de câmeras teleobjetiva e
grande angular, espectrômetros de três faixas, magnetômetros, sonda para o plasma e uma
antena direcional tipo cônica.
1985 – É inaugurado (Morro de São Januário, Rio de Janeiro) o Museu de Astronomia e
Ciências Afins (MAST), uma instituição pública federal que trabalha com a história
científica e tecnológica do Brasil, ao mesmo tempo em que promove e estuda a divulgação
e a educação em ciências.
Embora não esteja oficialmente vinculado ao Observatório Nacional, o MAST é
responsável pela guarda do acervo histórico daquela instituição, que inclui centenas de
instrumentos astronômicos.

1985 (7 de janeiro) – É lançada a sonda japonesa Sakigake (pioneiro), com destino ao


cometa Halley. Com massa de 138,1kg, transporta instrumentos científicos destinados a
medir o espectro do plasma, os íons do vento solar e o campo magnético interplanetário. É
a primeira espaçonave japonesa a deixar as imediações da Terra.

1985 (junho) – É oficialmente inaugurado o Observatório de Roque de los Muchachos,


numa cerimônia que conta com a presença do rei Juan Carlos e da rainha Sofia, da Espanha,
além de sete chefes de Estado europeus. Contudo, o Observatório já operava havia seis
anos, desde a instalação, em 1979, do telescópio Isaac Newton, vindo da Inglaterra.
Localizado no município de Garafía, em La Palma, uma das Ilhas Canárias, na Espanha,
Roque de Los Muchachos está situado a 2.396m de altitude e possui a maior concentração
de telescópios do Hemisfério Norte. É Administrado pelo Instituto de Astrofísica das
Canárias (IAC), situado na ilha de Tenerife.

1985 (11 e 15 de junho) – As sondas VeGa 1 e Vega 2 chegam a Vênus no seu caminho
para o cometa Halley. Cada uma Libera um aterrissador semelhante àqueles das sondas
Venera e um balão atmosférico para pesquisar as nuvens de Vênus. O balão flutua na
atmosfera durante cerca de 48h a uma altitude de 54km.

1985 (2 de julho) – É lançada a sonda Giotto (582,7kg), da ESA, levada ao espaço por um
foguete Ariane-1, com destino ao cometa Halley. Recebe este nome em homenagem a um
pintor da época medieval, Giotto di Bondone (1267-1337). Ele havia observado o cometa
em 1301, e este fato o inspirou a incluir o astro na sua pintura sobre a história do Natal, um
afresco denominado Adoração dos Reis Magos. Os objetivos da Missão são: Obter fotos
coloridas do núcleo do cometa; Determinar os elementos químicos e os componentes
isotópicos da cauda do cometa e de suas moléculas formadoras; Caracterizar os
componentes físicos e químicos dos processos que ocorrem na atmosfera do cometa e na
sua ionosfera; Determinar os elementos e a composição isotópica das partículas de sua
Cauda; Medir a produção total do gás, do fluxo e do tamanho das partículas, a relação entre
a produção de gás e de partículas; Investigar o fluxo de plasma, sob o ponto de vista
macroscópico, resultado da interação entre o cometa e o Sol. A Giotto carrega dez
equipamentos: Uma câmera teleobjetiva, três espectrômetros, de massa, de nêutrons e de
íons. Vários detectores de partículas, um fotopolimerizador e um conjunto de experimentos
para a análise do plasma.

1985 (18 de agosto) – É lançada a sonda japonesa Suisei (cometa), segunda missão
nipônica enviada para pesquisar o cometa Halley, inicialmente batizada de Planet-A. Tem
massa de 139,5kg e possui um sistema de processamento de imagem para a radiação
ultravioleta e um instrumento científico de medição do vento solar. Tal como a Sakigake,
esta sonda é feita para testar as tecnologias japonesas para missões em espaço profundo,
incluindo comunicações, controle de altitude e a obtenção de dados científicos. O principal
objetivo da missão é a obtenção de imagens em ultravioleta da enorme nuvem de átomos de
hidrogênio que envolve o núcleo do cometa e de sua grande cauda de cerca de 20 milhões
de km de extensão. Fotos são tiradas nos trinta dias anteriores e trinta dias posteriores à
passagem do cometa sobre o plano da eclíptica. São medidos parâmetros do vento solar
durante um período muito mais longo de tempo do que aquele obtido pela Sakigake.

1985 (11 de setembro) – A sonda International Cometary Explorer (ICE) torna-se a


primeira a visitar um cometa, ao passar por dentro da cauda do 21P/Giacobini-Zinner, a
7.800km do núcleo. Devido à sua missão original (estudar a interação entre o campo
magnético terrestre e o vento solar), não possui câmeras, mas carrega instrumentos para
medir partículas energéticas, ondas, plasmas e campos.
O cometa, descoberto (20 de dezembro de 1900) pelo francês Michel Giacobini
(1873-1938), e reencontrado, duas passagens mais tarde, em 23 de outubro de 1913, pelo
alemão Ernst Zinner (1886-1970), tem núcleo com diâmetro estimado de 2km.

1985 (3 a 7 de outubro) – Primeiro voo do ônibus espacial Atlantis (STS-51-J), que


transporta uma carga não revelada para o Departamento de Defesa dos EUA. A tripulação é
constituída por Karol Bobko - Comandante -, Ronald Grabe – Piloto-, David Hilmers,
Robert Stewart e William Pailes.
O nome é uma homenagem ao R/V Atlantis, primeiro navio a realizar pesquisas para o
Instituto Oceanográfico de Woods Hole, nos EUA.

1985 (30 de outubro a 6 de novembro) – Missão do Challenger (STS-61-A), dedicada ao


Spacelab. É o último voo bem-sucedido do Challenger e a única missão de um ônibus
espacial com mais de sete tripulantes: Henry Hartsfield - Comandante -, Steven Nagel -
Piloto-, Bonnie Dunbar, James Buchli, Guion Bluford, Reinhard Furrer (1940-1995), Ernst
Messerschmid e Wubbo Ockels (primeiro astronauta holandês).

1985 (4 de novembro) – A Voyager 2 começa a fase de observação de Urano.

1985 (8 de novembro) – Os estadunidenses Stephen Edberg e Charles Morris são os


primeiros a observar o Cometa Halley a olho nu na aparição de 1986.

1985 (30 de dezembro) – A partir de imagens da Voyager 2, Stephen P. Synnott descobre


Puck, sexto satélite conhecido de Urano.
Diâmetro: 162km; período orbital: 0,761 dia; distância média do planeta: 86.004km; massa:
2,9 quatrilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3.

1986 (3 de janeiro) – A partir de imagens da Voyager 2, Stephen P. Synnott descobre


Julieta e Pórcia, sétimo e oitavo satélites conhecidos de Urano.
Julieta – Diâmetro: 150 x 74km; período orbital: 0,493 dia; distância média do planeta:
64.358km; massa: 560 trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3.
Pórcia – Diâmetro: 156 x 126km; período orbital: 0,513 dia; distância média do planeta:
66.097km; massa: 1,7 quatrilhão de toneladas; densidade: 1,3g/cm3.
1986 (9 de janeiro) – A partir de imagens da Voyager 2, Stephen P. Synnott descobre
Créssida, nono satélite conhecido de Urano.
Diâmetro: 92 x 74km; período orbital: 0,464 dia; distância média do planeta: 61.767km;
massa: 340 trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3.

1986 (13 de janeiro) – A partir de imagens da Voyager 2, Stephen P. Synnott descobre


Desdêmona, Rosalinda e Belinda, passando a ser 12 o número de satélites conhecidos de
Urano.
Desdêmona – Diâmetro: 90 x 54km; período orbital: 0,474 dia; distância média do planeta:
62.658km; massa: 180 trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3.
Rosalinda – Diâmetro: 72km; período orbital: 0,558 dia; distância média do planeta:
69.927km; massa: 250 trilhões de km; densidade: 1,3g/cm3.
Belinda – Diâmetro: 128 x 64km; período orbital: 0,624 dia; distância média do planeta:
75.256km; massa: 360 trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3.

1986 (20 de janeiro) – A partir de imagens da Voyager 2, Richard J. Terrile descobre


Cordélia e Ofélia, décimo terceiro e décimo quarto satélites conhecidos de Urano.
Cordélia – Diâmetro: 50 x 36km; período orbital: 0,335 dia; distância média do planeta:
49.752km; massa: 44 trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3.
Ofélia – Diâmetro: 54 x 38km; período orbital: 0,376 dia; distância média do planeta:
53.763km; massa: 53 trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3.

1986 (23 de janeiro) – A partir de imagens da Voyager 2, Bradford A. Smith descobre


Bianca, décimo quinto satélite conhecido de Urano.
Diâmetro: 64 x 46km; período orbital: 0,435 dia; distância média do planeta: 59.165km;
massa: 92 trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3.

1986 (24 de janeiro) – A Voyager 2 chega ao ponto de maior aproximação com Urano:
81.593km. No mesmo dia, passa por Miranda (29.000km), Ariel (127.000km), umbriel
(325.000km), Titânia (365.200km) e Oberon (470.600km). Urano tem uma aparência
extremamente monocromática. Curiosamente, verifica-se que seu campo magnético é
completamente oblíquo em relação ao eixo rotacional (que já é extremamente oblíquo),
dando ao planeta uma magnetosfera peculiar. Canais gelados são observados em Ariel.
Miranda é uma bizarra colcha de retalhos de diferentes terrenos. Outro anel é observado.

1986 (28 de janeiro) – O ônibus espacial Challenger explode 73 segundos depois do


lançamento, em sua décima missão (STS-51L), matando os sete estadunidenses a bordo:
Francis R. Scobee (n. 1939) – comandante -, Michael J. Smith (1945) – piloto -, Judith A.
Resnik (1949), Ellison S. Onizuka (1946), Ronald E. McNair (1950), Gregory B. Jarvis
(1944) e Sharon Christa McAuliffe (1948). A professora Christa McAuliffe é a primeira
civil estadunidense a participar de um voo espacial e pretendia dar uma aula a partir do
espaço. A causa da explosão é atribuída à deterioração de um anel de vedação, acarretando
um defeito no tanque de combustível.
O acidente interrompe os voos dos ônibus espaciais por 32 meses. Um novo ônibus,
Endeavour, é construído para substituir o Challenger.
Tempo em atividade: dois anos, nove meses e 24 dias; Número de missões: 10; tripulantes:
60; tempo no espaço: 62d7h56min22s; órbitas terrestres: 995; distância percorrida:
41.518.538km; satélites lançados: 10; acoplagens à Mir: 0; acoplagens à ISS: 0.

1986 (9 de fevereiro) – O cometa Halley atinge o periélio: 88 milhões de km do Sol, entre


as órbitas de Mercúrio e de Vênus. A Terra e o cometa estão em lados opostos do Sol, o
que resulta nas piores condições de observação, nos últimos 2 mil anos, para um observador
terrestre. Ademais, a crescente poluição luminosa dos centros urbanos faz com que muitos
seres humanos não consigam ver o Halley.
A Pioneer-Vênus 1, em órbita venusiana, é posicionada para fazer medições do cometa
durante o periélio. O espectrômetro capta a perda de água do Halley num momento em que
observações a partir da Terra são difíceis.
O próximo periélio deste cometa ocorrerá em 28 de julho de 2061.

1986 (20 de fevereiro) – Um foguete de carga Proton-K, lançado do cosmódromo de


Baikonur, no Casaquistão, coloca em órbita o primeiro módulo da estação espacial Mir
(Paz, em russo). Nos anos seguintes, outros módulos vão sendo acrescentados (serão sete ao
todo). A Mir é concluída em 1996.

1986 (25 de fevereiro) – A Voyager 2 termina a fase de observação de Urano.

1986 (4 de março) – Chegam as primeiras imagens do Halley feitas pela Vega 1, que
servem de parâmetro para ajustar o encontro da Giotto com o cometa, permitindo que o
sobrevoo se dê a uma distância menor do que a anteriormente prevista. As imagens revelam
duas áreas brilhantes, inicialmente interpretadas como sendo um núcleo duplo, mas que na
verdade são dois jatos de matéria emitidos pelo Halley. As imagens também mostram que o
núcleo é escuro, e o espectrômetro infravermelho indica temperaturas de 300 a 400 K,
muito superiores às esperadas para um corpo gelado. A conclusão é de que o cometa tem
uma camada de matéria na superfície, cobrindo o núcleo de gelo.

1986 (6 de março) – Ocorre a maior aproximação da Vega 1 com o cometa Halley:


8.889km. São tiradas mais de 500 fotografias, enquanto a sonda passa pela nuvem de gás
que envolve a coma.

1986 (8 de março) – A Suisei atinge seu ponto de maior aproximação do cometa Halley:
152.400km.

1986 (9 de março) – Ocorre a maior aproximação da Vega 2 com o cometa Halley:


8.030km. Durante o encontro, a nave faz 700 imagens do cometa, com resolução melhor do
que a obtida pela sonda gêmea Vega 1, em parte devido à menor quantidade de poeira em
torno da coma naquele momento.

1986 (11 de março) – A sonda Sakigake atinge seu ponto de maior aproximação do cometa
Halley: 6,99 milhões de km.

1986 (14 de março) – A sonda Giotto passa a 596km do cometa Halley. A nave carrega 10
instrumentos, inclusive uma câmera multicor, e transmite informações até um pouco antes
de sua máxima aproximação, quando a transmissão é interrompida temporariamente. As
imagens mostram que apenas um décimo da superfície do núcleo está ativa, com três jatos
de gás observados no hemisfério iluminado pelo Sol. O material ejetado é composto de
água (80%), dióxido de carbono (10%), uma mistura de metano e amoníaco (2,5%) e traços
de outros hidrocarbonetos, sódio e ferro. O núcleo, irregular e poroso, revela-se mais preto
do que carvão, o que sugere uma cobertura espessa de poeira. Os grãos de poeira ejetados
são, em sua maioria, do tamanho de partículas de fumaça de cigarro, com massas
compreendidas entre 10 atogramas (quintilhonésimos de gramas) e 40 miligramas. Dois
tipos de poeira são observados, um contendo carbono, hidrogênio, nitrogênio e oxigênio, o
outro com cálcio, ferro, magnésio, silício e sódio. A proporção de elementos cometários
leves, excluído o nitrogênio (ou seja, hidrogênio, carbono, oxigênio) é a mesma do Sol, o
que significa que os constituintes do Halley estão entre os mais primitivos do Sistema
Solar. Os espectrômetros da sonda revelam ainda que o cometa tem uma superfície rica em
carbono.
A Giotto sofre sérios danos causados por choque com poeira de alta velocidade, durante a
passagem pelo cometa, mas, para surpresa dos próprios cientistas, sobrevive ao encontro
com o Halley. É colocada em hibernação logo depois, a fim de ser redirecionada,
posteriormente, para outro objetivo espacial.
Esta é a última das cinco missões que compõem a popularmente denominada “Armada
Halley”, formada, além da Giotto, por Vega 1, Vega 2, Sakigake e Suisei.

1986 (15 de março) – A Soyuz T-15, lançada no dia 13, chega à Mir, levando os primeiros
tripulantes daquela estação espacial: Leonid Kizim (1941-2010) - Comandante - e Vladimir
Solovyov - Engenheiro de voo. Em 5 de maio, ambos os cosmonautas partem para a Salyut
7, realizando a primeira transferência de pessoas entre duas estações orbitais da história,
numa viagem de 2.500km e 29 horas. Cinquenta dias mais tarde, em 25 de junho, depois de
terem realizado duas atividades extraveiculares, os dois russos iniciam a viagem de volta à
Mir, outra vez com duração de 29 horas. A aterrissagem ocorre em 16 de julho,
configurando uma missão com duração de 125 dias.

1986 (20 de março) – A sonda estadunidense Pioneer 7, lançada em 17 de agosto de 1966 e


posicionada em órbita heliocêntrica, passa a 12,3 milhões de km do Halley e monitora a
interação entre a cauda de hidrogênio do cometa e o vento solar.

1986 (final de março) – A sonda International Cometary Explorer passa por dentro da
cauda do cometa Halley, à distância mínima de 28 milhões de km do núcleo.
Esta é a última sonda a transmitir dados sobre o Halley. Uma missão do Challenger estava
programada para observar o cometa em março, mas, após o acidente de janeiro, o programa
dos ônibus espaciais é temporariamente interrompido.

1986 (11 de abril) – o Cometa Halley atinge seu ponto de maior aproximação da Terra
nesta passagem: 63 milhões de km. A menor distância alguma vez registrada entre o Halley
e a Terra ocorre em 10 de abril de 837: 5,1 milhões de km.
O Halley é, inquestionavelmente, o mais famoso e estudado dos cometas, com trinta
passagens registradas ao longo de 2.200 anos. Descreve uma órbita fortemente elíptica (em
média, a cada 75,3 anos), que o leva desde regiões internas a Vênus (88 milhões de km do
Sol) até zonas além de Netuno (5,250 bilhões de km). O núcleo, com diâmetro de 15 x 8 x
8km, completa uma rotação em 52,8h. O Halley tem densidade de 0,6g/cm3, e a massa é de
220 bilhões de toneladas (27 bilhões de vezes inferior à da Terra). A cada passagem pelo
periélio, parte dessa massa é perdida por evaporação causada pelo calor solar.

1986 (21 a 30 de maio) – Missão (não tripulada) da Soyuz TM-1, a primeira da série de
naves Soyuz Tm, cuja sigla significa “Transportny Modifitsirovannyi” (“Transporte
modificado”). Projetada para transportar astronautas entre a Terra e a Mir, a Soyuz TM
também é capaz de se acoplar à ISS. Em relação à Soyuz T, apresenta um novo e
melhorado sistema de acoplamento e de comunicações, além de incorporar paraquedas e
motores de aterrissagem integrados. Ademais, tem um casco mais resistente e um escudo
térmico mais leve.

1987 (23 de fevereiro) – Ian Shelton descobre a supernova 1987 A na Grande Nuvem de
Magalhães (constelação do Dourado). É a supernova mais luminosa descoberta no século
XX e a primeira visível a olho nu (magnitude aparente 3) desde 1604. Dista da Terra
aproximadamente 168.000 anos-luz.

1987 (22 a 29 de julho) – O sírio Muhammed Faris é o primeiro não soviético a visitar a
Mir. Ele parte a bordo da Soyuz TM03 e retorna à Terra na Soyuz TM02.

1987 (final do ano) Os americanos Alan Dressler, David Burnstein, Sandra Faber, Gary
Wegner, e os ingleses Roger Davis, Donald Lynden-Bell e Robert Terlevich, apelidados de
“Os Sete Samurais”, divulgam os resultados de uma pesquisa de quatro anos que leva à
descoberta do “Grande Atrator”, uma anomalia gravitacional no espaço intergaláctico
distante aproximadamente 250 milhões de anos-luz, na direção do superaglomerado de
Hidra-Centauro, que revela a existência de uma concentração localizada de massa
equivalente a dezenas de milhares de Vias Lácteas, observável pelo efeito causado nos
movimentos de galáxias e aglomerados de galáxias num raio de centenas de milhões de
anos-luz ao redor.
Nos anos seguintes, são divulgados trabalhos indicando que a massa e a influência do
Grande Atrator são menores do que se pensava. A questão permanece em aberto.

1988 – Martin Duncan, Thomas Quinn e Scott Tremaine sugerem que os cometas de curto
período vêm principalmente do cinturão de Kuiper e não da nuvem de Oort. Atualmente,
aceita-se que a região de onde provêm esses cometas é o disco disperso (descoberto em
1995).

1988 – Aproveitando a ocultação de uma estrela por Plutão, cientistas conseguem, pela
primeira vez, detectar a atmosfera do planeta anão, composta de nitrogênio, metano e
monóxido de carbono, em equilíbrio com nitrogênio sólido e gelos de monóxido de carbono
na superfície.

1988 (1º de janeiro) – É fundada a Agência Espacial Italiana (Agenzia Spaziale Italiana -
ASI), com a finalidade de promover, gerenciar e administrar programas italianos e de
colaboração multilateral com vários outros países no estudo científico do espaço.

1988 (1º de abril) – É publicado o livro “Uma Breve História do Tempo” (“A Brief History
of Time”), de Stephen Hawking, um dos maiores êxitos de divulgação científica das
últimas décadas: mais de 10 milhões de cópias vendidas e 237 semanas na lista de mais
vendidos do jornal londrino Sunday Times. Com o subtítulo “Do Big Bang Aos Buracos
Negros”, o objetivo da obra é explicar tópicos especializados de cosmologia ao público
leigo. A linguagem é simples, e nas 256 páginas aparece apenas uma equação: E = mc2.
Um filme homônimo é realizado em 1991, dirigido pelo estadunidense Errol Morris.
Contudo, o filme não é baseado no livro, mas na biografia de Stephen Hawking.

1988 (5 e 12 de julho) – São lançadas as sondas soviéticas Fobos 1 e Fobos 2, com destino
à lua marciana homônima. Cada uma das sondas pesa 2.600kg.

1988 (2 de setembro) – A Fobos 1 perde contato com a Terra devido a erros na execução da
sequência de comandos.

1988 (7 de setembro) – A China lança seu primeiro satélite meteorológico, o FY-1A, da


base de lançamento de Taiyuan, norte do país.

1988 (29 de setembro a 3 de outubro) – O Discovery volta ao espaço (STS-26), retomando


os voos dos ônibus espaciais (depois de 975 dias), interrompidos após a explosão do
Challenger, em janeiro de 1986. A tripulação é formada por Frederick Hauck - Comandante
-, Richard Covey - Piloto -, John (Mike) Lounge (1946-2011), George Nelson e David
Hilmers.

1988 (15 de novembro) – Ocorre o voo do único veículo reutilizável soviético a ir ao


espaço. Denominado Buran, pertence ao programa homônimo e é semelhante, em desenho
e em função, ao ônibus espacial estadunidense. O voo, completamente automatizado, dura
3h26min e completa duas órbitas.
O Programa Buran é cancelado em 1993.

1989 – Os astrônomos estadunidenses Margaret Geller e John Huchra (1948-2010)


descobrem a “Grande Muralha”, uma gigantesca estrutura com mais de 500 milhões de
anos-luz de extensão, 300 milhões de anos-luz de largura e 16 milhões de anos-luz de
espessura, composta por centenas de milhares de galáxias e distante da Terra cerca de 200
milhões de anos-luz.

1989 – Entra em operação o New Technology Telescope (NTT), localizado no


Observatório La Silla (Chile). Com espelho de 3,58m, é o primeiro a contar com a
tecnologia denominada “óptica ativa”, que ajusta automaticamente os espelhos durante as
observações, a fim de garantir a qualidade das imagens obtidas.
A óptica ativa é utilizada nos principais telescópios projetados atualmente.

1989 – Os russos Boris Chirikov (1928-2008) e Vitaly Vecheslavov analisam 46 aparições


do cometa Halley, a partir de registros históricos e simulações em computador. Esse estudo
mostra que a dinâmica do Halley é caótica e imprevisível numa escala longa de tempo. Os
cientistas também estimam o tempo de vida do cometa em 10 milhões de anos.
Trabalhos mais recentes sugerem que o Halley vai evaporar ou se separar em duas partes
nas próximas dezenas de milhares de anos, ou então será ejetado para fora do Sistema Solar
dentro de algumas centenas de milhares de anos.
1989 (29 de janeiro) – A sonda Fobos 2 entra com sucesso na órbita de Marte, chegando a
800km da lua homônima, mas uma perda súbita de energia provoca o encerramento da
missão.

1989 (1º de março) – É criada a Agência Espacial Canadense (CSA - Canadian Space
Agency -, na sigla em inglês; em francês, Agence spatiale canadienne), com sede em Saint-
Hubert, Quebec.

1989 (4 de maio) – É lançada, a bordo do Atlantis (STS-30), a sonda Magellan


(Magalhães), uma missão conjunta da NASA e da Agência Espacial Francesa, com destino
a Vênus, cujos objetivos principais são efetuar um levantamento cartográfico e uma análise
gravimétrica do planeta. O nome é uma homenagem ao navegante português Fernão de
Magalhães (1480-1521), o primeiro a circum-navegar a Terra.
Magellan (1.035kg)é a primeira sonda interplanetária a ser lançada a partir de um ônibus
espacial. A tripulação da missão é formada por David Walker (1944-2001) - Comandante -,
Ronald Grabe - Piloto -, Norman Thagard, Mary Cleave e Mark Lee.

1989 (16 de junho) – A partir de imagens da Voyager 2, Stephen P. Synnott descobre


Proteu, quarto satélite conhecido de Netuno. Trata-se da última lua de dimensões
consideráveis descoberta no Sistema Solar. Todos os satélites encontrados posteriormente
são pequenos, com diâmetro de poucos quilômetros, tendo grande parte deles sido
capturada pela força gravitacional dos planetas em torno dos quais giram.
Diâmetro: 424 x 396 x 390km; período orbital: 1,122 dia; distância média do planeta:
117.647km; massa: 44 quatrilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3.

1989 (28 de julho) – A partir de imagens da Voyager 2, Stephen P. Synnott descobre


Despina e Galateia, quinto e sexto satélites conhecidos de Netuno.
Despina – Diâmetro: 180 x 148 x 128km; período orbital: 0,334 dia; distância média do
planeta: 52.526km; massa: 2,1 quatrilhões de toneladas; densidade: 1,2g/cm3.
Galateia – Diâmetro: 204 x 184 x 144km; período orbital: 0,429 dia; distância média do
planeta: 61.953km; massa: 2,12 quatrilhões de toneladas: densidade: 0,75g/cm3.

1989 (8 de agosto) – É lançado o Hipparcos (High Precision Parallax Collecting Satellite),


primeira missão espacial da ESA com objetivo astrométrico: medir posições, distâncias,
movimentos, brilhos e cores de estrelas. Hipparcos mede essas variáveis para mais de
100.000 estrelas, obtendo resultados duzentas vezes superiores àqueles até então
disponíveis.
A missão permanece ativa até março de 1993.

1989 (22 de agosto) – A Voyager 2 revela o primeiro anel de Netuno. Hoje são conhecidos
cinco, que tem nomes de astrônomos cujos estudos estão ligados ao planeta. De dentro para
fora, são eles Galle, Le Verrier, Lassell, Arago e Adams. Os anéis de Netuno são tênues,
compostos essencialmente de poeira.

1989 (25 de agosto) – A Voyager 2 chega ao ponto de maior aproximação com Netuno:
4.850km. No mesmo dia, passa por Larissa (60.180km), Proteu (97.860km) e Tritão
(39.800km). Diferentemente de Urano, verifica-se que a atmosfera de Netuno é bastante
ativa, incluindo-se numerosas formações de nuvens e ventos de até 2.100km/h, os mais
velozes do Sistema Solar. Os arcos anelares observados são nódulos brilhantes em um dos
anéis.

1989 (8 de setembro) – Plutão atinge o periélio (4.437.000.000 de km do Sol). O próximo


periélio de Plutão ocorrerá em outubro de 2237.

1989 (18 de setembro) – Richard J. Terrile descobre Náiade e Talassa, sétimo e oitavo
satélites conhecidos de Netuno.
Náiade – Diâmetro: 96 x 60 x 52km; período orbital: 0,294 dia; distância média do planeta:
48.227km; massa: 190 trilhões de toneladas; densidade: 1,2g/cm3.
Talassa – Diâmetro: 108 x 100 x 52km; período orbital: 0,311 dia; distância média do
planeta: 50.075km; massa: 350 trilhões de toneladas; densidade: 1,2g/cm3.

1989 (2 de outubro) – A Voyager 2 termina a fase de observação de Netuno.

1989 (18 de outubro) – É lançada, pelo ônibus espacial Atlantis (STS-34), a sonda
estadunidense Galileo (2.380kg), com a finalidade de estudar Júpiter e suas luas. Entre os
instrumentos transportados estão: Sistema de detecção de poeira, Detector de partículas
energéticas, Espectrômetro ultravioleta, Contador de íons pesados, Magnetômetro,
Espectrômetro em infravermelho próximo, Subsistema de plasma, Fotopolarímetro
radiométrico e Sistema de medida de plasma.
A tripulação desta missão do Atlantis é composta por Donald Williams - Comandante -,
Michael McCulley - Piloto -, Franklin Chang-Diaz, Shannon Lucid e Ellen Baker.

1989 (18 de novembro) – É lançado o satélite estadunidense COBE (Cosmic Background


Explorer), dedicado à cosmologia. Seus objetivos são investigar a radiação cósmica de
fundo e fornecer medições capazes de auxiliar na compreensão da estrutura do Universo. O
trabalho do COBE contribui para consolidar a teoria do Big Bang.
O Cobe tem massa de 2.270kg, e a missão dura quatro anos.

1990 – As sondas Voyager 1 e Voyager 2 ultrapassam a órbita de Plutão, então considerado


o último planeta do Sistema Solar.

1990 (24 de janeiro) - É lançada a sonda Hiten (197,4kg)anteriormente denominada Muses


A, primeira missão lunar japonesa. Com ela, o Japão torna-se o terceiro país (depois de
URSS e EUA) a enviar uma nave à Lua. Em 19 de março, a sonda é inserida numa órbita
lunar fortemente elíptica (262 x 28.600km) e libera um orbitador menor, Hagoromo (12kg),
que falha e não transmite dados. Após completar dez órbitas, a Hiten é intencionalmente
levada a se chocar contra o solo da Lua (10 de abril de 1993).

1990 (9 de fevereiro) – A sonda Galileo sobrevoa Vênus, à distância de 16.106km, para


assistência gravitacional. Com isso, a velocidade da Galileo aumenta em 8.030km/h.

1990 (14 de fevereiro) – A Voyager 1 faz uma imagem do Sistema Solar conhecida como
“retrato de família” (“family portrait”) ou “retrato dos planetas”. Obtida a cerca de 6
Bilhões de km do Sol, mostra Vênus, a Terra, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. Mercúrio,
próximo demais do Sol, e Marte, muito tênue, não aparecem, assim como Plutão (ainda
considerado planeta), muito pequeno e distante. O Sol é visto como um diminuto ponto
luminoso no centro da imagem.

1990 (abril) – A sonda Giotto é reativada. Três dos instrumentos funcionam perfeitamente,
4 estão parcialmente danificados, mas em condições de uso; o restante, inclusive a câmera,
está inutilizado.

1990 (24 de abril) – É lançado, pelo ônibus espacial Discovery (STS-31), o Telescópio
Espacial Hubble, um projeto conjunto da NASA e da ESA. Com massa de 11.110kg,
espelho de 2,4m e colocado em órbita a uma altitude média de 559km, está concebido para
observar o céu em luz visível (posteriormente também em ultravioleta e infravermelho). É a
primeira missão da NASA pertencente aos Grandes Observatórios Espaciais (Great
Observatories Program), que consiste numa família de quatro Observatórios Orbitais,
composta também pelos telescópios Compton (raios gama), Chandra (raios X) e Spitzer
(infravermelho). Transporta cinco instrumentos científicos: câmera planetária de alcance
amplo, espectrógrafo de alta resolução Goddard, fotômetro de alta velocidade, câmera para
objetos débeis e espectrógrafo para objetos débeis. O nome é uma homenagem a Edwin
Powell Hubble (1889-1953).
A tripulação do Discovery é formada por Loren Shriver - Comandante -, Charles Bolden Jr.
- Piloto -, Steven Hawley, Bruce McCandless e Kathryn Sullivan.

1990 (20 de maio) – O Telescópio Espacial Hubble envia para a Terra sua primeira
fotografia do espaço, uma imagem de uma estrela dupla localizada a 1.260 anos-luz de
distância.

1990 (2 de julho) – A Giotto faz uma máxima aproximação com a Terra e é redirecionada
para um encontro bem sucedido com o cometa 26P/Grigg-Skjellerup, a 10 de julho de
1992.

1990 (16 de julho) – N. R. Showalter descobre Pã, décimo oitavo satélite conhecido de
Saturno.
Diâmetro: 34,4 x 31,4 x 20,8km; período orbital: 0,575 dia; distância média do planeta:
133.584km; massa: 4,95 trilhões de toneladas; densidade: 0,42g/cm3.

1990 (16 de julho) – A China testa o foguete lançador "Longa Marcha CZ-2E", projetado
para transportar naves espaciais tripuladas.

1990 (10 de agosto) – A sonda estadunidense Magellan, lançada em 4 de maio de 1989,


chega a Vênus. Sua missão primária é rastrear Vênus por radar, já que a superfície do
planeta é obscurecida por nuvens grossas de gás carbônico que a faz invisível para
instrumentos ópticos. Mapeia 99% da superfície venusiana em quatro anos. Depois de
concluído o mapeamento, a Magellan faz mapas globais do campo de gravidade de Vênus.

1990 (7 de setembro) – Parte de um foguete estadunidense Titan cai do guindaste e explode


na Base da Força Aérea Edwards, matando pelo menos uma pessoa.
1990 (6 de outubro) – É lançada, a bordo do Discovery (STS-41), a sonda europeia Ulysses
(370kg), com a missão de realizar explorações do Sol em altas latitudes, ou seja, nas
regiões dos polos solares. Entre os instrumentos transportados estão: antena de rádio,
antena de plasma, detectores de elétrons, íons, gás neutro, poeira, rayos cósmicos e raios X,
bem como dois magnetômetros.
O nome Ulysses é a tradução latina de Odisseu, protagonista da Odisseia, de Homero, que
também faz, a exemplo desta sonda, uma viagem bastante intrincada.
Os tripulantes do Discovery são Richard Richards - Comandante -, Robert Cabana - Piloto
-, William Shepherd, Bruce Melnicke Thomas Akers.

1991 (7 de fevereiro) – Ocorre a reentrada da Salyut 7 na atmosfera terrestre.


A estação recebe, ao todo, doze missões tripuladas (sendo seis de longa duração) e quinze
não tripuladas.
Massa: 19.824kg; comprimento: 16m; diâmetro: 4,15m; espaço habitável: 90m3; dias em
órbita: 3.216; dias ocupada: 816; órbitas terrestres: 51.917; distância percorrida:
2.106.297.129km.

1991 (5 de abril) – É lançado, a bordo do Atlantis (STS-37), o observatório espacial de


raios gama Compton, batizado inicialmente de Gamma Ray Observatory (GRO). O nome
do telescópio é uma homenagem a Arthur Holly Compton (1892-1962), o ganhador, em
1927, do Prêmio Nobel de Física, por seus estudos da dispersão dos fótons de alta energia
pelos elétrons, um processo fundamental nas técnicas de detecção dos raios gama. Com
massa de 17t, o telescópio é colocado numa órbita a 450km de altitude e permanece
operacional até junho de 2000.
A tripulação do Atlantis é formada por Steven Nagel - Comandante -, Kenneth Cameron -
Piloto -, Jerry Ross, Jay Apt e Linda Godwin.

1991 (18 de maio) – Helen Sharman torna-se a primeira britânica a ser lançada ao espaço,
com dois cosmonautas, a bordo da Soyuz TM-12, que se acopla à Mir. Ela volta à Terra na
Soyuz TM-11, em 26 de maio.

1991 (11 de julho) – Um eclipse total do Sol lança uma faixa escura que se estende por
14.500km, do Havaí até a América do Sul, e dura quase sete minutos em alguns lugares.
Esse fenômeno fica conhecido como "eclipse do século".

1991 (30 de agosto) – É lançado o observatório solar de raios X japonês Yohkoh (raio de
sol), inicialmente denominado Solar-A. Colocado numa órbita terrestre quase circular, o
Yohkoh estuda a coroa solar em detalhes ao longo dos dez anos seguintes (até 14 de
dezembro de 2001, quando deixa de funcionar).
Em 12 de setembro de 2005, é queimado ao reentrar na atmosfera, acima do sul da Ásia.

1991 (29 de outubro) – A sonda Galileu sobrevoa 951Gaspra à distância de 1.600km e


obtém as primeiras imagens detalhadas (57 ao todo) de um asteroide. As imagens feitas
pela Galileo cobrem 90% da superfície do astro.
Descoberto em 30 de julho de 1916 pelo astrônomo russo Grigory Nikolayevich Neujmin
(1886-1946), Gaspra tem diâmetro de 18,2 x 10,5 x 8,9km, período orbital de 1.199,647
dias (3,28 anos) e orbita o Sol à distância média de 330.544.000km.
1992 – O Governo da China anuncia que os voos tripulados são um de seus principais
projetos estatais, e cria o nome Shenzhou (Barco Divino) para os veículos espaciais desse
programa específico.

1992 – O satélite Cobe revela flutuações de intensidade da radiação de fundo a 3 K, origem


possível da formação das galáxias.

1992 – Devido ao movimento próprio das estrelas (descoberto em 1718 por Edmond
Halley), Rho Aquilae muda de constelação: passa da Águia para o Delfim. É a primeira vez
que isso acontece desde a confirmação da existência do movimento próprio.
Com magnitude aparente 4,94, Rho Aquilae dista da Terra cerca de 150 anos-luz.

1992 (22 de janeiro) – O astrônomo polonês Aleksander Wolszczan anuncia a descoberta


dos primeiros dois planetas encontrados fora do Sistema Solar (exoplanetas, ou planetas
extrassolares). Ambos orbitam o pulsar PSR B1257+12, localizado na constelação de
Virgem, a 980 anos-luz da Terra. PSR B1257+12B tem massa 3,9 vezes superior à da Terra
e completa uma órbita em 66,54 dias, à distância média de 54 milhões de km do pulsar.
PSR B1257+12C, com massa equivalente a 4,3 vezes a terrestre, completa uma órbita em
98,21 dias, à distância média de 68,5 milhões de km.
Este é um marco na história da astronomia. Fica comprovado que o Sol não é a única
estrela em torno da qual orbitam planetas. Tem início uma busca por exoplanetas, e nas
duas décadas seguintes são encontradas várias centenas deles.

1992 (8 de fevereiro) – A sonda Ulysses recebe impulso gravitacional de Júpiter e torna-se


a primeira a ser inserida numa órbita polar ao redor do Sol.

1992 (25 de fevereiro) – É criada, por um decreto do presidente Boris yeltsin (1931-2007),
a Agência Espacial Federal Russa (noye kosmicheskoye agentstvo Rossii), mais conhecida
como Roskosmos, derivada da antiga Agência Espacial e de Aviação Russa (Rossiyskoe
aviatsionno-kosmicheskoe agentstvo), extinta com o fim da URSS (26 de dezembro de
1991) e após a dissolução do então programa espacial soviético. A sede fica em Moscou.

1992 (7 a 16 de maio) – Primeiro voo do ônibus espacial Endeavour (STS-49), construído


para substituir o Challenger. A tripulação é formada por Daniel Brandenstein - Comandante
-, Kevin Chilton - Piloto -, Pierre Thuot, Kathryn Thornton, Richard Hieb, Thomas Akers e
Bruce Melnick. Thuot, Hieb e Akers realizam a primeira atividade extraveicular com três
astronautas, e também a mais longa até o momento (8h29min).
O nome é uma homenagem ao His Majesty’s Bark Endeavour, navio da Marinha Real
Britânica comandado por James Cook (1728-1779) na primeira das suas três viagens ao
Pacífico sul (1768-1771).

1992 (10 de julho) – A sonda Giotto obtém êxito em seu encontro com o cometa
26P/Grigg-Skjellerup, Chegando à máxima aproximação de 200km. Para esta nova jornada
de pesquisa, os equipamentos da sonda são ligados na noite de 9 de Julho, e os operadores
da missão ficam surpresos com a boa resposta que obtêm da nave. Mas não há imagens,
visto a câmera da Giotto ter sido danificada no encontro com o cometa Halley. O diâmetro
estimado do núcleo do Grigg-Skjellerup é de 2,6km. A descoberta deste cometa data de
1902, realizada pelo astrônomo neozelandês John Grigg (1838-1920. Em sua passagem
seguinte (1922), é redescoberto pelo australiano John Francis Skjellerup (1875-1952).
Resultados da Giotto: É a primeira missão de espaço profundo da Europa. É a primeira
sonda a encontrar de perto dois cometas. É a primeira missão de espaço profundo que faz
uso da assistência gravitacional para mudar seu curso de volta à Terra. Descobre o tamanho
e as características morfológicas do núcleo do cometa Halley. Consegue obter dados de um
cometa a uma pequena distância (200km do cometa Grigg-Skjellerup), algo nunca
conseguido anteriormente. Descobre uma crosta negra e jatos de gás brilhantes do núcleo
do Halley. Mede a dimensão, a composição e a velocidade das partículas de poeira de dois
Cometas. Mede a composição do gás produzido por dois cometas. Descobre ondas
magnéticas incomuns próximas ao cometa Grigg-Skjellerup.
A missão da Giotto é oficialmente encerrada em 23 de julho.

1992 (30 de agosto) – É descoberto, pelo astrônomo canadense David Jewitt e pela
astrônoma vietnamita Jane X. Luu, o primeiro objeto transnetuniano (que orbita além da
órbita de Netuno), denominado 1992 QB1 e ainda sem designação definitiva.
Com diâmetro de 160km, este astro orbita o Sol à distância média de 6,542 bilhões de km
(varia entre 6,115 e 6,970 bilhões de km), demorando 289,225 anos para completar uma
órbita, à velocidade média de 16.200km/h.
Este é também o primeiro corpo celeste encontrado no cinturão de Kuiper, uma região do
Sistema Solar que se estende de aproximadamente 30 a 50 unidades astronômicas (4,5 a 7,5
bilhões de km) do Sol, caracterizada, assim como o cinturão de asteroides, pela presença de
grande número de pequenos astros, chamados KBOs (Kuiper Belt Objects), numa
referência a Gerard Peter Kuiper, o proponente dessa região. Hoje conhecem-se mais de mil
componentes do cinturão de Kuiper, e estimativas sugerem que bem mais de 100.000
objetos (talvez centenas de milhares) devem existir nesta região, tendo ao menos 70.000
deles (talvez mais de 100.000) diâmetro superior a 100km. O cinturão de Kuiper é 20 vezes
mais extenso e de 20 a 200 vezes mais massivo do que o cinturão de asteroides.

1992 (31 de outubro) – Durante um discurso na Pontifícia Academia das Ciências, por
ocasião dos 350 anos da morte de Galileu Galilei, João Paulo II (1920-2005) afirma que
foram cometidos erros na forma como o processo contra o cientista foi conduzido e
reconhece “oficialmente” que a Terra não está imóvel. Dizendo que a fé não deve entrar
nunca em conflito com a razão, o Papa utiliza as palavras que o próprio Galileo empregou
em sua defesa: “As Escrituras nunca erram, mas os teólogos podem errar em sua
interpretação”. João Paulo II diz também que a Igreja lamenta que o caso de Galileu tenha
contribuído para um trágico e mútuo mal-entendido entre a religião e a ciência. Além disso,
qualifica o cientista de “físico genial” e “crente sincero”.

1993 – O telescópio refletor óptico-infravermelho de 10m Keck I entra em operação,


localizado em Mauna Kea, Havaí.

1993 (22 de abril) – É criada a Agência Espacial Chinesa (cnsa - China National Space
Administration -, na sigla em inglês), a agência espacial chinesa, com sede em Pequim.

1993 (30 de abril) – um astronauta recebe uma infusão de teste durante uma missão do
Columbia (STS-55). O Físico alemão Hans Schlegel tem uma solução salina à temperatura
corporal bombeada nele por uma agulha. A experiência fornece os meios para evitar a
desidratação e outros problemas espaciais comuns, como face inchada e pernas fracas.
Os demais tripulantes da missão (26 de abril a 6 de maio) são Steven Nagel – comandante -,
Terence Henricks – piloto -, Jerry Ross, Charles Precourt, Bernard Harris Jr. E Ulrich
Walter.

1993 (21 de agosto) – A sonda estadunidense Mars Observer (1.018kg), lançada em 25 de


setembro de 1992, perde contato com a Terra três dias antes de entrar na órbita de Marte.

1993 (28 de agosto) – A nave Galileo fotografa Dactyl, satélite do asteroide 243 Ida. É a
primeira vez que se observa uma lua orbitando um asteroide. Ida, descoberto em 29 de
setembro de 1884 pelo astrônomo austríaco Johann Palisa (1848-1925), tem diâmetro de
53,6 x 24,0 x 15,2km, com período orbital de 1.767,724 dias (4,84 anos) e dista do Sol, em
média, 428.025.000km (varia entre 408.207.000 e 447.843.000km. Sua lua, Dactyl, tem
diâmetro de 1,4km e orbita Ida em 1,54 dia, à distância de 108km.
Atualmente, conhecem-se mais de cem satélites de asteroides.

1993 (2 de setembro) – Formalmente, os EUA e a Rússia terminam décadas de competição


pela conquista do espaço em um acordo com o objetivo de construir uma plataforma
espacial.

1993 (outubro) - Os estadunidenses Russell Alan Hulse e Joseph Hooton Taylor Jr. São
anunciados como ganhadores do Prêmio Nobel de Física pela descoberta de um novo tipo
de pulsar, abrindo novas possibilidades no estudo da gravitação.

1993 (2 de dezembro) – É lançado o ônibus espacial Endeavour (STS-61), com o objetivo


de realizar a primeira missão de manutenção do telescópio Hubble, uma das mais
sofisticadas da astronáutica estadunidense, na qual são empregados mais de 100
instrumentos especializados. A tripulação é composta por Richard Covey - Comandante -,
Kenneth Bowersox - Piloto -, Story Musgrave, Kathryn Thornton, Claude Nicollier, Jeffrey
Hoffman e Thomas Akers.

1993 (4 de dezembro) – O suíço Claude Nicollier conduz a manobra de captura do Hubble,


a fim de colocá-lo dentro do compartimento de carga do Endeavour.

1993 (5 de dezembro) - É realizada a primeira das cinco caminhadas espaciais previstas.


Story Musgrave e Jeffrey Hoffman substituem dois giroscópios, duas unidades de controle
elétricas e oito fusíveis.

1993 (6 de dezembro - Thomas Akers e Kathryn Thornton substituem os dois painéis


solares do Hubble.

1993 (7 de dezembro) - Story Musgrave e Jeffrey Hoffman substituem a câmera planetária


de alcance amplo do Hubble por outra, mais moderna, especialmente na faixa ultravioleta,
que inclui seu próprio sistema de correção de aberração esférica. São também trocados os
dois magnetômetros, dispositivos que permitem ao telescópio orientar-se relativamente ao
campo magnético da Terra.

1993 (8 de dezembro) - Thomas Akers e Kathryn Thornton substituem o fotômetro de alta


velocidade do Hubble por um dispositivo denominado Costar (acrônimo para “Corrective
Optics Space Telescope Axial Replacement”), desenhado para corrigir um defeito de foco
que impedia o telescópio de operar com toda a sua capacidade.

1993 (10 de dezembro) – A primeira missão de reparos do telescópio Hubble é concluída


com sucesso. O Endeavour aterrissa no dia 13.

1994 – A Nasa lança o Programa Discovery, com a finalidade de desenvolver missões


espaciais num tempo menor e a um custo mais baixo. Para isso, estimula o
desenvolvimento de novas tecnologias e a participação de empresas privadas. As primeiras
missões planejadas e executadas pelo Programa Discovery são: NEAR, Mars Pathfinder,
Lunar Prospector, Stardust, Genesis, Contour, Messenger e Deep Impact.

1994 (25 de janeiro) – É lançada a sonda Clementine (227kg), uma missão conjunta da
Ballistic Missile Defense Organization e da NASA, para uma missão de mapeamento da
Lua com duração de 2 meses. A sonda tem como metas a obtenção de várias fotos em
diversos comprimentos de onda, que incluem a luz visível, o infravermelho e o ultravioleta,
a medição de altimetria a laser e a medição de partículas eletricamente carregadas. Os
instrumentos a bordo incluem formadores de imagens, do ultravioleta ao infravermelho
médio, inclusive um radar laser infravermelho formador de imagens com capacidade para
obter dados altimétricos para as latitudes médias da Lua.

1994 (3 a 11 de fevereiro) – Missão do Discovery (STS-60), dedicada ao Spacelab. A


tripulação é formada por Charles Bolden Jr. - Comandante -, Kenneth Reightler Jr. - Piloto
-, Jan Davis, Ronald Sega, Franklin Chang-Diaz e Sergei Krikalev. Krikalev é o primeiro
russo a viajar num ônibus espacial, dando início a um processo de cooperação que se
amplia ao longo do tempo.

1994 (10 de fevereiro) – É criada a Agência Espacial Brasileira (AEB), por meio da lei nº
8.854, sancionada pelo presidente Itamar Franco (1930-2011). A AEB, com sede em
Brasília e subordinada ao Ministério de Ciência e Tecnologia, tem por finalidade promover
o desenvolvimento das atividades espaciais brasileiras de forma descentralizada.

1994 (20 de fevereiro) – A sonda Clementine é inserida numa órbita lunar elíptica (2.162 x
4.594km). Até o final da missão (junho de 1994), completa 360 órbitas em torno do satélite.

1994 (maio) – O telescópio espacial Hubble fornece algumas evidências de que no núcleo
da galáxia M87 poderia estar um buraco negro supermassivo, equivalente a 3 bilhões de
massas solares. Essas evidências constituem um passo decisivo rumo à confirmação da
existência de buracos negros.

1994 (maio) – O físico teórico mexicano Miguel Alcubierre descreve a dobra espacial
(warp drive, em inglês), forma de viagem no espaço que, teoricamente, permite
deslocamentos acima da velocidade da luz sem violar a teoria da relatividade. pelo modelo,
uma fonte energética produz uma bolha ao redor da espaçonave. A bolha expande o espaço
na traseira, enquanto o contrai na frente, impulsionando a nave. Portanto, mudanças
provocadas no espaço-tempo gerariam forças capazes de deslocar a nave, enquanto para um
tripulante ela pareceria imóvel.
Alguns cientistas contemporâneos acreditam que, ao contrário do buraco de minhoca, outra
forma teórica de atalho entre duas regiões do espaço, a dobra espacial é viável e pode ser
usada. Até o momento, porém, continua sendo apenas uma teoria.

1994 (7 de maio) – A Clementine deveria ter sido enviada para fora da órbita lunar para um
encontro com o asteroide Geographos, mas uma falha impede que isso aconteça. Os
controladores de terra retomam o controle da nave.

1994 (16 a 22 de julho) – O cometa Shoemaker-Levy 9, Descoberto em 24 de março de


1993 por Eugene Shoemaker (1928-1997), sua esposa, Carolyn, e David Levy, dividido em
21 fragmentos (com dimensões entre algumas centenas de metros e 2km), choca-se contra o
hemisfério sul de Júpiter à velocidade aproximada de 216.000km/h. É a primeira vez que os
cientistas têm a oportunidade de ver, via telescópio, um evento como esse. A sonda Galileo,
que se aproxima de Júpiter, faz excelentes imagens do choque. Imagens também são feitas
pelo Hubble e pelas sondas Ulysses e Voyager 2.

1995 – Imagens realizadas pelo Hubble mostram que o asteroide 4 Vesta tem uma
superfície complexa, com uma geologia semelhante à dos planetas terrestres (como a Terra
ou Marte). Trata-se de um mundo surpreendentemente diversificado, com um manto
exposto, formado de lava antiga que fluiu de bacias de impacto.

1995 – O cometa 73P/Schwassmann-Wachmann, descoberto (2 de maio de 1930) pelos


astrônomos alemães Arnold Schwassmann (1870-1964) e Arno Arthur Wachmann
(1902-1990), começa a desintegrar-se, dividindo-se em cinco fragmentos. Desde março de
2006, pelo menos oito partes do astro são conhecidas, devendo fragmentar-se por completo,
a exemplo do que ocorreu com o cometa Biela no século XIX.

1995 – Astrônomos espanhóis descobrem Teide 1, a primeira anã marrom identificada.


Trata-se de uma estrela de magnitude aparente 17,76, massa equivalente a 5% da solar e
luminosidade mil vezes inferior à do Sol. Está localizada no aglomerado estelar das
Plêiades, na constelação de Touro, a 400 anos-luz da Terra.

1995 (3 a 11 de fevereiro) – Missão do Discovery (STS-63), preparatória para o primeiro


acoplamento de um ônibus espacial com a Mir. Eileen Collins torna-se a primeira mulher a
pilotar um ônibus espacial. Os demais integrantes da tripulação são James Wetherbee -
Comandante -, Michael Foale, Janice Voss (1956-2012), Bernard Harris e Vladimir Titov.

1995 (16 de março) Norman Thagard torna-se o primeiro estadunidense a visitar a Mir,
onde chega a bordo da Soyuz TM-21 (lançada dois dias antes). Retorna À Terra no Atlantis
(STS-71), em 7 de julho.

1995 (22 de março) – O cosmonauta Valeri Poliakov volta à Terra depois de 437 dias e 18
horas a bordo da Mir (desde 8 de janeiro de 1994), recorde de permanência que se mantém
até hoje.

1995 (27 de junho a 7 de julho) – Missão do Atlantis (STS-71), a primeira a realizar um


acoplamento com a Mir. A tripulação é composta por Robert Gibson - Comandante -,
Charles Precourt - Piloto -, Ellen Baker, Bonnie Dunbar e Gregory Harbaugh. Ocorre a
primeira troca de tripulantes num ônibus espacial: Anatoly Solovyev e Nikolai Budarin são
deixados na Mir, enquanto Norman Thagard, Vladimir Dezhurov e Gennady Strekalov, que
estavam na estação, são trazidos de volta à Terra. Esta missão também marca o centésimo
voo tripulado do programa espacial estadunidense.

1995 (6 de outubro) – Michel Mayor e Didier Queloz, do Observatório de Genebra,


anunciam na revista Nature a descoberta do primeiro planeta extrassolar orbitando uma
estrela da sequência principal (semelhante ao Sol), denominado 51 Pegasi b
(informalmente, é também chamado de Belerofonte). Localizado na constelação de Pégaso,
está a 50,9 anos-luz da Terra e completa uma volta ao redor de sua estrela, à velocidade de
490.000km/h, em 4,231 dias, à distância média de 7,89 milhões de km. A massa é
aproximadamente 150 vezes superior à da Terra, e a temperatura estimada é de 1.000°C.

1995 (15 de outubro) - A Astrônoma Arianna E. Gleason, do Projeto Spacewatch


(gerenciado pela Universidade do Arizona), descobre 48639 1995 TL8, primeiro objeto
identificado como pertencente ao disco disperso, uma região situada nos confins do Sistema
Solar povoada por corpos celestes gelados denominados SDOs (abreviatura, em inglês, para
"scattered disc objects", objetos do disco disperso). A porção interna do disco disperso
penetra nos domínios do cinturão de Kuiper, mas os limites externos prolongam-se para
muito além de cem unidades astronômicas.
O objeto 1995 TL8 tem diâmetro de 350 x 160km e orbita o Sol em 137.907 dias (377,57
anos), à distância média de 7,815 bilhões de km (varia entre 5,986 e 9,643 bilhões de km).
Possui um satélite, denominado S/2002 (48639) I, com diâmetro estimado de 160km e,
embora a órbita correta não tenha sido determinada, estava a apenas 420km de 1995 TL8
no momento da descoberta (9 de novembro de 2002).

1995 (15 de novembro) – Os controladores da Sakigake perdem contato com a sonda,


encerrando a curta fase de sua missão estendida, que pretendia observar o cometa Honda-
Mrkos-Pajdusakova em 3 de Fevereiro de 1996 e o cometa Giacobini-Zinner em 29 de
novembro de 1998.

1995 (17 de novembro) – É lançado o ISO (Infrared Space Observatory), telescópio da


ESA com massa de 2.498kg, colocado numa órbita geocêntrica fortemente elíptica
(1.000km x 70.600km). A missão obtém resultados relevantes: detecção de vapor de água
em regiões de formação estelar, nas vizinhanças de estrelas em estágios finais de evolução,
em fontes bastante próximas do centro galáctico, nas atmosferas de alguns planetas do
Sistema Solar e na Nebulosa de Órion; observação de formação planetária em torno de
estrelas velhas, em fase final de existência, contrariando a teoria de que planetas podem se
formar somente ao redor de estrelas jovens; primeira detecção dos estágios iniciais da
formação de uma estrela, com estudo detalhado do núcleo protoestelar L1689B; descoberta
de grandes quantidades de poeira cósmica em espaços intergalácticos, até então
considerados vazios; observação de diversos discos protoplanetários; estudo da composição
química de atmosferas de planetas do Sistema Solar.
O ISO permanece operacional até 8 de abril de 1998.

1995 (30 de novembro) – Últimos sinais recebidos da Pioneer 11.

1995 (2 de dezembro) – É lançado o SOHO (Solar and Heliospheric Observatory), missão


conjunta da ESA e da NASA projetada para estudar a estrutura interna do Sol, sua extensa
atmosfera mais externa e a origem do vento solar. Com massa de 1.850kg, opera a partir de
uma órbita heliocêntrica a 1,5 milhão de km da Terra. O legado científico do SOHO revela-
se importante. Pela primeira vez os cientistas têm uma visão ininterrupta do Sol, vendo as
mudanças que ocorrem em sua superfície e presenciando fenômenos jamais observados
anteriormente.

1995 (7 de dezembro) – Depois de viajar por 3,7 bilhões de km, durante um período de seis
anos, a sonda Galileo chega a Júpiter e se torna o primeiro artefato humano a orbitar aquele
planeta. Por um período de 57,6min, uma pequena sonda (339kg) que se desprende da
Galileo (a primeira a entrar na atmosfera de um planeta gasoso) atravessa as densas e ácidas
nuvens do planeta, transmitindo para a Terra dados sobre a composição química, a pressão,
a temperatura e a densidade atmosférica.

1995 (18 a 28 de dezembro) – Ocorre o experimento conhecido como Campo Profundo do


Hubble, cujo resultado é uma imagem, feita a partir de 342 exposições, tomadas
consecutiva e ininterruptamente pela Wide Field and Planetary Camera 2 desse telescópio
espacial, que mostra uma pequena região da constelação da Ursa Maior, com diâmetro de
144 segundos de arco, equivalente, em tamanho angular, a uma bola de tênis à distância de
100m. Dos aproximadamente 3.000 objetos visíveis, a maioria são galáxias, algumas das
quais estão entre as mais jovens e distantes que se conhecem. Trata-se de uma forte
evidência a favor do princípio cosmológico, que postula ser o Universo, a grande escala,
homogêneo. O Campo Profundo do Hubble é um estudo de referência, que dá origem, nos
anos seguintes, a várias centenas de artigos científicos.

1996 – Entra em operação, no Havaí, o telescópio Keck II. Ele forma, com o Keck I, um
conjunto que se converte no maior telescópio do mundo, arrebatando esse título ao
telescópio de Zelenchukskaya. ao invés de um único e gigantesco espelho, os telescópios de
Keck possuem 36 espelhos sextavados montados de forma a equivalerem a um espelho de
10m de diâmetro.

1996 (17 de fevereiro) – É lançada a sonda estadunidense Near Earth Asteroid


Rendezvouz-Shoemaker (NEAR-Shoemaker), batizada após a largada em homenagem a
Eugene Merle Shoemaker (1928-1997). Os objetivos científicos primários da NEAR são
recolher dados sobre propriedades, composição, mineralogia, morfologia, distribuição
interna da massa e campo magnético do asteroide Eros. Os objetivos secundários incluem
interações com o vento solar, possível atividade sugerida pela existência de poeira ou gás e
o estado da sua rotação. a nave carrega um espectrômetro de raios X/raios gamma, um
espectrógrafo de infravermelho, uma câmera multi-espectro equipada com um detector de
imagem CCD, um laser localizador e um magnetômetro. A sonda pesa 487kg.
1996 (7 de março) – São feitas as primeiras fotografias da superfície de Plutão, obtidas com
o telescópio Hubble.

1996 (23 de abril) – É lançado por um foguete Proton o Priroda (Natureza, em russo),
sétimo e último módulo pressurizado da Mir. O acoplamento ocorre três dias depois.

1996 (1º de maio) - A sonda Ulysses passa, inesperadamente, por dentro da cauda do
cometa Hyakutake, descoberto, em janeiro deste mesmo ano, pelo astrônomo amador
japonês Yuji Hyakutake (1950-2002). O diâmetro estimado do núcleo é de 2km.

1996 (4 de junho) – Uma falha no primeiro voo do foguete europeu Ariane 5 (que explode
antes de entrar em órbita devido a erros de software) causa a perda das sondas Cluster,
quatro naves que, em conjunto, deveriam estudar a magnetosfera terrestre. O prejuízo (na
época) é de mais de 370 milhões de dólares.
São construídas novas sondas Cluster, lançadas aos pares em 2000.

1996 (6 de agosto) – A Nasa afirma haver fortes evidências da presença de vestígios de


microorganismos, sob a forma de pequenos cristais com propriedades magnéticas, no
interior do meteorito ALH84001 (1,93kg), supostamente proveniente de Marte e
encontrado na Antártida em 27 de dezembro de 1984. Isso reacende uma vez mais a
polêmica em torno da existência de vida no planeta vermelho, havendo quem defenda
entusiasticamente essa possibilidade.
As evidências apontadas pela NASA são contestadas em maio de 2002.

1996 (7 de novembro) – É lançada a sonda estadunidense Mars Global Surveyor, marcando


o regresso de missões a Marte após quase duas décadas. Com massa de 1.030,5kg, a sonda
está equipada com seis instrumentos científicos: Uma câmera de alta resolução, um
espectrômetro de emissão térmica, um altímetro laser, um magnetômetro-refletômetro de
elétrons, um oscilador ultra-estável e um sistema de retransmissão rádio.

1996 (19 de novembro) – É lançada a sonda russa Marte 96, primeira missão interplanetária
da Rússia após a dissolução da União Soviética. O foguete que carrega a sonda levanta voo
com sucesso, mas ao entrar em órbita há uma falha, enviando a sonda (6.180kg) para uma
queda no Oceano Pacífico, entre a costa do Chile e a Ilha de Páscoa. Afunda com 27g de
plutônio radioativo, usado como fonte de energia.

1996 (4 de dezembro) – É lançada a sonda estadunidense Mars Pathfinder (264kg),


Levando a bordo um pequeno veículo de seis rodas, denominado Sojourner, capaz de se
deslocar autonomamente e tendo por objetivo analisar o solo marciano nas redondezas do
local de pouso. O Sojourner pesa 10,5kg, tem 62cm de comprimento, 47cm de largura e
30cm de altura.

1996 (4 de dezembro) - O presidente chileno, Eduardo Frei, e o rei sueco, Carlos XVI
Gustavo, inauguram, simbolicamente, o Observatório Paranal, operado pelo European
Southern Observatory (ESO) e localizado no Cerro Paranal, no deserto de Atacama, norte
do Chile, a 130km de Antofagasta e à altitude de 2.635 m.
1997 (17 de janeiro) – A sonda Galileo capta as primeiras imagens da lua Europa de
Júpiter.

1997 (11 a 21 de fevereiro) – Segunda missão de manutenção do telescópio Hubble,


realizada por astronautas do Discovery (STS-82), cuja tripulação é formada por Kenneth
Bowersox - Comandante -, Scott Horowitz - Piloto -, Mark Lee, Steven Hawley, Gregory
Harbaugh, Steven Smith e Joseph Tanner. São instalados dois novos instrumentos, um
Imageador Espectrográfico e uma Câmera Infravermelha e Espectrômetro para
MultiObjetos, os quais aumentam significativamente a gama de comprimentos de onda em
que o telescópio é capaz de operar. Além disso, outros equipamentos são trocados ou
removidos: Sensor Fino de Orientação, Kit de Reparo do Controle de Óptica Eletrônico,
Engrenagens de Controle de Posição e Dispositivo de Movimentação dos Painéis Solares.

1997 (23 de fevereiro) – Ocorre um incêndio a bordo da Mir, com duração de


aproximadamente 7 minutos, obrigando os tripulantes a usar máscaras. Os reparos aos
danos causados pelo fogo começam em abril, pois é necessário levar ferramentas da Terra.

1997 (28 de fevereiro) – O satélite italiano BeppoSax, lançado em 30 de abril de 1996,


detecta uma erupção de raios gama (GRB 970228) cuja análise permite determinar que
esses fenômenos têm origem extragaláctica, pondo fim a uma polêmica de três décadas. A
partir daí, aumenta significativamente a compreensão acerca da natureza das erupções de
raios gama.

1997 (1º de abril) – O cometa Hale-Bopp (formalmente, C/1995 O1), descoberto em 23 de


julho de 1995, independentemente, pelos estadunidenses Alan Hale e Thomas Bopp, chega
ao periélio. Este cometa permanece visível a olho nu durante 569 dias (de maio de 1996 a
dezembro de 1997), superando amplamente o Grande Cometa de 1811, observável por 260
dias. O brilho permanece mais intenso que a magnitude 0 durante oito semanas, tempo
jamais igualado por qualquer cometa de que se tenha registro.
O período orbital é calculado em 2.533 anos, com afélio a 55,47 bilhões de km. O diâmetro
do núcleo é estimado em 60km, e o período de rotação é de 11h46min.
O Hale-Bopp recebe ampla cobertura da mídia, e a Internet desempenha um papel-chave
para o enorme interesse despertado no público pelo cometa. Sites que mostram imagens do
astro atualizadas diariamente se tornam muito populares. E não faltam seitas radicais e
ufólogos, que levantam todo tipo de especulação e fazem lembrar tempos antigos, quando
cometas despertavam pânico na população. Em 26 de março, a polícia da Califórnia
encontra os corpos de 39 integrantes da seita Heaven's Gate, que haviam cometido suicídio
com a intenção de serem transportados para uma espaçonave que, acreditavam, seguia o
Hale-Bopp. Nancy Lieder, que diz manter contato com alienígenas por meio de um
implante colocado no cérebro dela, sustenta que o Hale-Bopp não passa de uma ficção,
concebida para distrair o povo da chegada iminente de "Nibiru" ou “Planeta X”, astro
gigantesco cuja aproximação modificará a rotação da Terra, causando um cataclismo
global.

1997 (29 de abril) – O astronauta estadunidense Jerry M. Linenger e o cosmonauta russo


Vasily Tsibliyev completam o primeiro passeio russo-americano no espaço, uma excursão
de 5h feita a partir da plataforma espacial russa Mir.
1997 (25 de junho) – A estação espacial russa Mir, transportando dois astronautas russos e
um estadunidense, colide com uma nave de carga Progress. A tripulação escapa da morte
por pouco, já que a nave fica temporariamente sem oxigênio.

1997 (27 de junho) – A sonda Near-Shoemaker sobrevoa, à distância de 1.200km, o


asteroide 253 Mathilde, descoberto em 12 de novembro de 1885 pelo astrônomo austríaco
Johann Palisa (1842-1925). São feitas mais de 500 imagens, cobrindo 60% da superfície, e
obtidos dados gravitacionais que permitem cálculos sobre a massa e as dimensões do
asteroide.
Diâmetro: 66 x 48 x 46km; distância média do Sol: 395.949.000km (varia entre
290.564.000 e 501.334.000km); período orbital: 1572,787 dias (4,31 anos).

1997 (4 de julho) – A sonda Mars Pathfinder pousa na planície de Ares Vallis, no


hemisfério norte de Marte. O local exato do pouso é batizado de "Memorial Carl Sagan",
em homenagem ao cientista e divulgador científico estadunidense (1934-1996). O robô
explorador Sojourner, que viaja a bordo da espaçonave, passeia pela superfície de Marte,
nos arredores da Mars Pathfinder (afastamento máximo de 12m), recolhendo informações
durante quase três meses terrestres. No total são obtidas 16.500 fotos a partir do módulo de
pouso e 550 imagens do Sojourner. O módulo de pouso também faz 8,5 milhões de
medições da atmosfera marciana, incluindo pressão, temperatura e velocidade do vento.
O último contato com a terra ocorre em 27 de setembro, e a missão é oficialmente
encerrada em 10 de março de 1998.

1997 (9 de julho) – A Lei HB 841, promulgada pelo Texas e assinada pelo governador
George W. Bush, dá aos astronautas residentes neste Estado estadunidense o direito de
votar a partir do espaço. O primeiro a exercer este direito de voto é, ainda em 1997, David
Wolf, que está a bordo da Mir.

1997 (6 de setembro) – Usando o telescópio Hale, Philip D. Nicholson, Brett J. Gladsman,


Joseph A. Burns e John J. Kavelaars descobrem Caliban e Sicorax, décimo sexto e décimo
sétimo satélites conhecidos de Urano.
Caliban – Diâmetro: 72km; período orbital: 579,3 dias (1,58 ano); distância média do
planeta: 14.462.000km; massa: 250 trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3.
Sicorax – Diâmetro: 150km; período orbital: 1.288,28 dias (3,53 anos); distância média do
planeta: 24.358.000km; massa: 2,3 quatrilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3.

1997 (12 de setembro) – A sonda Mars Global Surveyor é colocada em órbita ao redor de
Marte.

1997 (15 de outubro) – É lançada a missão Cassini-Huygens, projeto conjunto da Nasa e da


ESA, destinada a Saturno e suas luas. A nave compõe-se de dois elementos: A sonda
Cassine (2.523kg), construída pela NASA para orbitar Saturno, e a sonda Huygens, menor
(319kg), concebida pela ESA para pousar em Titã. Os objetivos da missão são os seguintes:
determinar a composição das superfícies e a história geológica dos satélites; determinar a
estrutura tridimensional e o comportamento dinâmico dos anéis; determinar a natureza e
origem do material escuro do hemisfério dianteiro de Jápeto; medir a estrutura
tridimensional e o comportamento dinâmico da magnetosfera; estudar o comportamento
dinâmico das nuvens de Saturno; estudar a vulnerabilidade temporal das nuvens e a
meteorologia de Titã; caracterizar a superfície de Titã a uma escala regional. A
instrumentação da Cassini é formada por um mapeador de RADAR, um sistema de imagem
CCD, um espectrômetro de mapeamento visível/infravermelho, um espectrômetro de
infravermelhos composto, um analisador de poeira cósmica, uma experiência de ondas de
rádio e plasma, um espectrômetro de plasma, um espectrômetro de imagens ultravioleta,
um instrumento de imagens de magnetosferas, um magnetômetro, um espectrômetro de
massa de íons e Telemetria para a antena de comunicações, assim como outros
transmissores especiais.

1997 (19 de novembro a 5 de dezembro) – Missão do Columbia (STS-87), cujo objetivo é


realizar experimentos em microgravidade e que leva ao espaço o primeiro astronauta
japonês, Takao Doi. Os demais tripulantes são Kevin Kregel - comandante -, Steven
Lindsey - piloto -, Winston Scott, Kalpana Chawla (1961-2003) e Leonid Kadeniuk.

1998 (janeiro) – Durante um congresso da Sociedade estadunidense de Astronomia,


cientistas da Universidade de Harvard e do Instituto Max Planck para Física Extraterrestre,
da Alemanha, apresentam um estudo no qual afirmam ter encontrado provas da existência
de um buraco negro no centro da Via Láctea.

1998 (9 de janeiro) – Duas equipes de cientistas em colaborações internacionais anunciam a


descoberta de que as galáxias estão acelerando e separando-se a velocidades cada vez mais
rápidas. Esta observação implica a existência de uma misteriosa propriedade do espaço de
autorrepulsão, proposta por Albert Einstein, a qual ele chamou de primeira constante
cosmológica.
Surge o conceito de energia escura (não confundir com matéria escura), forma hipotética de
matéria que estaria presente em todo o espaço, produzindo uma pressão negativa, com
tendência para aumentar a aceleração da expansão do Universo, resultando numa força
gravitacional repulsiva (antigravidade). No modelo cosmológico padrão, a energia escura
representa quase três quartas partes da energia-massa total do Universo. A expressão
“energia escura”, cunhada nesse mesmo ano por Michael Turner, é vaga e demonstra o
quão pouco sabemos sobre o assunto.
Esta descoberta dá aos estadunidenses Saul Perlmutter, Brian P. Schmidt (com
nacionalidade australiana) e Adam G. Riess o Prêmio Nobel de Física de 2011.

1998 (11 de janeiro) – A sonda estadunidense Lunar Prospector (158kg), lançada em 7 de


janeiro, entra em órbita lunar. A missão tem por objetivos mapear a composição da
superfície da Lua e possíveis depósitos de gelo nos polos, bem como efetuar medidas dos
campos gravitacional e magnético do satélite.

1998 (março) – A sonda Lunar Prospector revela fortes indícios da existência de água
congelada nos polos da Lua. As estimativas giram em torno de 3 bilhões de toneladas.

1998 (março) –Torna-se plenamente operacional o primeiro telescópio do projeto LINEAR


(Lincoln Near Earth Asteroid Research), uma colaboração da NASA, da Força Aérea dos
EUA e do Laboratório Lincoln do Massachusetts Institute of Technology para a descoberta
e o monitoramento sistemático de asteroides próximos à Terra. Novos telescópios são
posteriormente instalados, localizados todos nas proximidades de Socorro, Novo México,
EUA.
Nos anos seguintes, o LINEAR descobre mais de 200.000 asteroides (cerca de 2.500 deles
próximos da Terra) e centenas de cometas.

1998 (26 de abril) – Primeira passagem da Cassini pelo planeta Vênus para empurrão
gravitacional.

1998 (28 de maio) - O ESO libera as primeiras imagens captadas no Observatório Paranal.
Elas mostram a estrela Eta Carinae e são obtidas pelo telescópio Antu, primeiro dos quatro
instrumentos do Very Large Telescope (VLT) a entrar em operação.

1998 (3 de julho) – É lançada a Nozomi (Esperança), primeira sonda do Japão para outro
planeta. O objetivo da missão é investigar a atmosfera exterior de Marte e sua interação
com o vento solar, e os instrumentos a bordo estão programados para estudar: a estrutura, a
composição e a dinâmica da ionosfera marciana; os efeitos do vento solar; o escapamento
das partículas atmosféricas ao espaço; o campo magnético intrínseco; os efeitos do campo
magnético solar; a estrutura da magnetosfera; a existência de poeira na atmosfera e em
órbita em torno do planeta.
Contudo, a sonda (258kg) fracassa e não consegue realizar sua missão.

1998 (12 de agosto) – O programa estadunidense de foguetes Titan 4 é suspenso quando


um deles explode pouco depois do lançamento. É um dos desastres mais caros. O custo do
foguete e de sua carga de satélites militares é estimado em mais de 1 bilhão de dólares.

1998 (setembro) – Cientistas estadunidenses divulgam a descoberta, feita pela sonda


Galileo, de mais um anel (o terceiro conhecido) em torno de Júpiter.

1998 (24 de outubro) – É lançada a sonda estadunidense Deep Space 1 (373kg). É a


primeira de uma série de missões de pesquisa do espaço profundo e de órbita terrestre,
sendo parte de um programa da NASA denominado Discovery, que visa a experimentar
novas tecnologias no espaço. Seu objetivo principal é o de avaliar 12 novas tecnologias
durante a fase primária de sua missão. Tem bastante sucesso em sua empreitada e, na sua
fase estendida, encontra-se com o cometa Borrelly e obtém as melhores imagens deste astro
até o momento.

1998 (29 de outubro a 7 de novembro) – O astronauta estadunidense John Glenn retorna ao


espaço a bordo do Discovery (STS-95) e torna-se o homem mais velho a viajar ao cosmo
(77 anos). Nessa segunda viagem, ele completa 134 órbitas em torno da Terra.
Os demais integrantes da tripulação são Curtis Brown - Comandante -, Steven Lindsey -
Piloto -, Scott Parazynski, Pedro Duque, Stephen Robinson e Chiaki Mukai.

1998 (17 de novembro) – A Voyager 1 ultrapassa a Pioneer 10 e se torna a espaçonave


mais distante da Terra. Isso acontece quando as duas sondas estão a 10,4 bilhões de km do
nosso planeta.
1998 (20 de novembro) - Tem início a construção da Estação Espacial Internacional (ISS -
International Space Station -, na sigla em inglês), uma cooperação sem precedentes entre
diversos países, projetada para ser a maior estrutura já construída pelo homem no espaço.
Participam da construção as agências espaciais canadense, europeia (ESA), japonesa (futura
JAXA), russa (Roskosmos) e estadunidense (NASA).
Nesta data, um foguete Proton leva ao espaço o Zarya (nascente), primeiro módulo da ISS,
de fabricação russa. Conhecido também como bloco funcional de carga, o Zarya tem como
função armazenar a energia elétrica consumida na Estação, obtida a partir da energia
coletada pelos painéis solares. Ademais, serve ainda como depósito de equipamentos e
reservatório de combustíveis.
Nos anos seguintes, novos módulos vão sendo acrescentados, e hoje a ISS tem dimensões
sem paralelo para um artefato humano no espaço.
Massa: aproximadamente 450t; comprimento: 72,8m; largura: 108,5m; altura: 20m; volume
pressurizado: 837m3.
A ISS completa uma órbita em torno da Terra em 92,9min, à velocidade aproximada de
27.600km/h, com perigeu de 414km e apogeu de 419km.

1998 (4 a 15 de dezembro) – Missão do Endeavour (STS-88), cujo objetivo é levar ao


espaço o primeiro módulo estadunidense da ISS, denominado Unity, que, no dia 6, é
conectado ao Zarya. O Unity tem pontos de entrada, ou adaptadores de acoplamento
pressurizados (PMAs), que o ligam a outros módulos e a locais de acoplagem de naves de
reabastecimento. É o ponto de passagem entre os módulos de trabalho e de habitação, e os
recursos essenciais da Estação (controle ambiental, de dados, de líquidos, elétrico) são
distribuídos a partir deste módulo.
Esta é a primeira missão de um ônibus espacial à ISS (sem acoplamento), e a tripulação é
formada por rRobert D. Cabana – comandante -, Frederick W. Sturckow – piloto -, Jerry L.
Ross, Nancy J. Currie, James H. Newman e Sergei K. Krikalev.

1999 (janeiro) – É inaugurado o telescópio óptico infravermelho Subaru, com um espelho


de 8,3m de diâmetro, pré-fabricado no Japão e posteriormente transportado para Mauna
Kea, Havaí. Subaru é o nome japonês do aglomerado estelar aberto das Plêiades.

1999 (23 de janeiro) – A sonda NEAR obtém a primeira sequência de imagens da rotação
terrestre.

1999 (5 de fevereiro) – Um estudo de autoria do astrônomo estadunidense Robert Carlson,


publicado na revista Science, afirma que dados enviados pela sonda Galileo revelam a
existência, em Calisto, de uma tênue atmosfera, com cerca de 100km de altitude, composta
de gás carbônico.

1999 (7 de fevereiro) – É lançada a sonda estadunidense Stardust (Poeira de Estrelas), com


a finalidade de investigar o cometa Wild 2 e o asteroide Annefrank, além de recolher poeira
interestelar. Com massa de 300kg, é a primeira missão estadunidense dedicada única e
exclusivamente a explorar um cometa com o objetivo de retornar material extraterrestre de
regiões além da órbita da Lua. Para isso, conta com uma cápsula no interior da qual há um
coletor revestido de aerogel, um material à base de silício, com estrutura semelhante à de
uma esponja, em que predominam os espaços vazios. O objetivo é capturar a poeira,
fazendo com que fique presa ao aerogel, mesmo à alta velocidade em que se dá o encontro
da sonda com o cometa.

1999 (maio) – Pesquisadores da Nasa e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts


divulgam o primeiro conjunto completo de imagens tridimensionais de Marte, feitas a partir
de medições da sonda Mars Global Surveyor. O planeta tem vulcões altíssimos, montanhas
em que parece haver neve, vales profundos, platôs e planícies que lembram o contorno de
continentes e oceanos.

1999 (18 de maio) – A partir de imagens da Voyager 2, Erich Karkoschka descobre Perdita,
décimo oitavo satélite conhecido de Urano.
Diâmetro: 30km; período orbital: 0,638 dia; distância média do planeta: 152.834km; massa:
18 trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3.

1999 (27 de maio a 6 de junho) – Missão do Discovery (STS-96), o primeiro acoplamento


de um ônibus espacial à ISS. São entregues suprimentos e equipamentos para a Estação.
A Tripulação é formada por Kent Rominger - Comandante -, Rick Husband (1957-2003) -
Piloto -, Tamara Jernigan, Ellen Ochoa, Daniel Barry, Julie Payette e Valery Tokarev.

1999 (24 de junho) – Segunda passagem da Cassini pelo planeta Vênus para empurrão
gravitacional.

1999 (24 de junho) – É lançado o FUSE (Far Ultraviolet Spectroscopic Explorer), tendo por
objetivo explorar o Universo usando a técnica de espectroscopia de alta resolução na região
espectral do ultravioleta longínquo. É uma missão internacional que envolve EUA, Canadá
e França. Com massa de 1.600kg, opera numa órbita circular a 746km de altitude.
Permanece ativo até 12 de julho de 2007.

1999 (29 de junho) – É inaugurado o telescópio Gemini norte, com espelho de 8,1m,
localizado no Havaí. A primeira foto tirada é da região central da Via Láctea, na direção da
constelação de Sagitário.

1999 (9 de julho) – É revelado o texto do discurso fúnebre que Richard Nixon faria caso a
missão Apollo 11 falhasse e os astronautas (Neil Armstrong e Edwin Aldrin) tivessem de
ser deixados na Lua.

1999 (18 de julho) – John J. Kavelaars, Brett J. Gladsman, Matthew J. Holman, Jean-Marc
Petit e Hans Scholl descobrem Stefano, Próspero e Setebos, satélites de Urano, aumentando
para 21 o número de luas conhecidas daquele planeta.
Stefano – Diâmetro: 32km; período orbital: 677,37 dias (1,85 ano); distância média do
planeta: 16.008.000km; massa: 22 trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3.
Próspero – Diâmetro: 50km; período orbital: 1.978,29 dias (5,42 anos); distância média do
planeta: 33.012.000km; massa: 85 trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3.
Setebos – Diâmetro: 48km; período orbital: 2.225,21 dias (6,09 anos); distância média do
planeta: 34.816.000km; massa: 75 trilhões de km; densidade: 1,3g/cm3.

1999 (23 de julho) – É lançado, a bordo do Columbia (STS-93), o observatório de raios X


Chandra. É assim chamado em homenagem ao físico indiano Subrahmanyan
Chandrasekhar (1910-1995), um dos fundadores da astrofísica. Com massa de 4.790kg, é
colocado numa órbita terrestre de 133.000 x 16.000km.
A palavra “chandra” significa, em sânscrito, “lua” ou “luminoso”.
A tripulação do Columbia é formada por Eileen Collins – comandante -, Jeffrey Ashby –
piloto -, Steven Hawley, Catherine Coleman e Michel Tognini. Eileen Collins é a primeira
mulher a comandar um ônibus espacial.

1999 (28 de julho) - A sonda Deep Space 1 aproxima-se do asteroide 9969 Braille,
descoberto (27 de maio de 1992) por Eleanor F. Helin (1932-2009) e Kenneth J. Lawrence.
Durante esta aproximação, à distância de 26km, são obtidas fotos (de baixa qualidade) e
medidas as suas propriedades físicas básicas: composição mineral, tamanho, morfologia e
brilho.
A denominação do asteroide é uma homenagem ao professor francês Louis Braille
(1809-1852), criador do sistema de escrita para cegos que leva o seu nome.
Diâmetro: 2,1 x 1 x 1km; período orbital: 1.311,047 dias (3,59 anos: distância média do
Sol: 350.705.000km.

1999 (31 de julho) – A Lunar Prospector é deliberadamente levada a se chocar com a


superfície lunar, caindo na cratera Shoemaker, próxima do polo sul, numa tentativa
frustrada de detectar a presença de água.
O principal resultado da missão é a elaboração do primeiro mapa da composição química
de toda a superfície lunar.

1999 (18 de agosto) – A sonda Cassine sobrevoa a Terra, à distância mínima de 500km,
para emppurrão gravitacional.

1999 (23 de setembro) – A sonda estadunidense Mars Climate Orbiter, lançada em 11 de


dezembro de 1998, é destruída ao entrar na atmosfera de Marte. Investigações posteriores
determinam que a perda da sonda deve-se a erros nos comandos: enquanto a equipe de terra
utiliza o sistema anglo-saxão de medidas, a nave trabalha com o sistema métrico
internacional. Consequentemente, todas as correções de rota tentadas fracassam, fazendo
com que a sonda chegue a Marte a uma distância de 57km do planeta, em lugar dos
1.500km previstos, sendo destruída por fricção e superaquecimento na atmosfera marciana.
A Mars Climate Orbiter integra, juntamente com a Mars Polar Lander, o programa Mars
Surveyor 98, tendo por objetivo estudar as variações atmosféricas marcianas, em especial
relacionadas ao dióxido de carbono e à possível existência de água. A sonda (338kg), caso
colocada em órbita, também deveria retransmitir à Terra os dados obtidos no solo pela
Mars Polar Lander.

1999 (6 de outubro) – É Descoberto Caliroe, décimo sétimo satélite conhecido de Júpiter.


Diâmetro: 8,6km; período orbital: 758,77 dias (2,08 anos); distância média do planeta:
24.103.000km.

1999 (19 de novembro) – A China lança a Shenzhou 1, de caráter experimental, que volta
com sucesso (no dia seguinte) aos locais desertos da região autônoma da Mongólia Interior,
norte do país.
Massa: 7.600kg; duração da missão: 21h11min; órbitas: 14; perigeu: 185km; apogeu:
315km.

1999 (3 de dezembro) – A sonda estadunidense Mars Polar Lander, lançada em 3 de


janeiro, perde contato com a Terra cerca de 10 minutos antes do momento previsto para o
pouso em Marte, que deveria ocorrer a menos de 1.000km do polo sul do planeta. As
causas desse fracasso jamais são determinadas com precisão, sendo as mais prováveis a
falha do radar (que deveria determinar a posição da sonda relativamente ao planeta) ou do
motor de descida.
Junto com a Mars Polar Lander (290kg) viajam as duas microssondas (2,4kg cada uma) que
compõem a missão Deep Space 2, projetadas para ser os primeiros artefatos humanos a
peneetrar o solo de outro planeta. Denominadas Amundsen e Scott, em homenagem ao
norueguês Roald Amundsen (1872-1928) e ao inglês Robert Falcon Scott (1868-1912), os
primeiros exploradores a atingir o polo sul terrestre, estas sondas, a exemplo da Mars Polar
Lander, não enviam nenhum dado acerca de Marte.
Com a segunda espaçonave perdida em pouco mais de dois meses, fracassa completamente
o programa Mars Surveyor 98.

1999 (10 de dezembro) – É lançado, pela ESA, o telescópio espacial XMM-Newton (X-
Ray Multi-Mirror Mission - Newton). Programado para realizar observações em raios X,
tem como objetivo estudar o céu inteiro e descobrir grande número de fontes dessa radiação
eletromagnética. Com massa de 3.800kg, o telescópio é colocado numa órbita fortemente
elíptica de 7.000 x 114.000km.

1999 (19 a 27 de dezembro) – Terceira missão de manutenção do telescópio Hubble,


realizada por astronautas a bordo do Discovery (STS-103), cuja tripulação é composta por
Curtis Brown - Comandante -, Scott Kelly - Piloto -, Steven Smith, Michael Foale, John
Grunsfeld, Claude Nicollier e Jean-François Clervoy. São substituídos os seis giroscópios e
o computador de bordo, trocado por um vinte vezes mais rápido e memória seis vezes
maior, além de serem melhoradas a capacidade e a velocidade do sistema de transmissão de
dados à Terra. É trocado o isolamento externo, cuja função é proteger o Hubble do
ambiente inóspito do espaço.

2000 – Tem início o Sloan Digital Sky Survey (SDSS), o mais ambicioso levantamento
astronômico em andamento. quando concluído, fornecerá imagens ópticas cobrindo mais de
um quarto do céu e um mapa tridimensional com cerca de um milhão de galáxias e
quasares. À medida que o levantamento progride, os dados são liberados para a
comunidade científica (e para o público em geral) em incrementos anuais. O nome faz
referência à Alfred P. Sloan Foundation, um dos financiadores do projeto.

2000 (3 de janeiro) – Dados da Galileo revelam fortes evidências de que existe um oceano
abaixo da superfície gelada do satélite Europa, de Júpiter.

2000 (23 de janeiro) – A Cassini sobrevoa o asteroide 2685 Masursky à distância de


1.600.000km. As imagens transmitidas não são de boa qualidade. O nome do astro,
descoberto em 3 de maio de 1981 por Edward L. G. Bowell, é uma homenagem ao geólogo
e astrônomo estadunidense Harold Masursky (1922-1990), que trabalhou nas missões
Apollo e Viking.
Diâmetro: entre 15 e 20km; período orbital: 1.503,127 dias (4,12 anos); distância média do
Sol: 384.170.000km.

2000 (14 de fevereiro) – A sonda Near-Shoemaker entra em órbita ao redor do asteroide


433 Eros. É a primeira vez que um artefato humano orbita um asteroide.

2000 (10 de março) – Com base no mapeamento do subsolo de Marte feito pela Mars
Global Surveyor, cientistas da NASA afirmam ter descoberto antigos canais soterrados que,
há milhões de anos, podem ter transportado água na superfície do planeta.

2000 (abril) - Entra em operação o Kueyen, segundo dos quatro instrumentos que compõem
o VLT, localizado no Observatório Paranal, Chile.

2000 (6 de abril) – Pesquisadores do Colégio Imperial, em Londres, publicam na revista


Nature artigo no qual identificam a maior cauda de cometa já vista: pertence ao Hyakutake,
um dos maiores cometas a passar perto da Terra No século XX. Tem 570 milhões de km de
extensão, superando amplamente o recorde anterior, do Grande Cometa de 1843: 323
milhões de km.

2000 (6 de abril) – Chega à Mir, a bordo da Soyuz TM-30 (lançada no dia 4), a última
tripulação da estação espacial, formada pelos cosmonautas Sergei Zalyotin e Alexandr
Kaleri. O regresso à Terra ocorre em 16 de junho.

2000 (maio) – O satélite estadunidense Imager for Magnetosphere to Aurora Global


Exploration (IMAGE), lançado em 25 de março, realiza as primeiras imagens globais da
plasmosfera terrestre. A plasmosfera é uma parte interna da magnetosfera, que fica além da
última subdivisão da atmosfera e se estende por alguns milhares de km. É formada
basicamente por plasma, um gás altamente ionizado, composto de cargas positivas e
negativas em igual número e, portanto, globalmente neutro.

2000(5 de maio) – Ocorre uma conjunção dos cinco planetas mais luminosos do Sistema
Solar: Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno. Nada pode ser observado da Terra,
porque a linha formada pelos planetas está atrás do Sol e escondida em seu brilho. A última
conjunção semelhante acontecera em fevereiro de 1962 e não ocorrerá novamente até abril
de 2438.

2000 (19 a 29 de maio) – Missão do Atlantis (STS-101), que leva equipamentos à ISS e
realiza um conserto no módulo Zarya. É o primeiro voo de um ônibus espacial com cabine
de vidro.
Os tripulantes são James Halsell - Comandante -, Scott Horowitz - Piloto -, Mary Weber,
Jeffrey Williams, James Voss, Susan Helms e Yuri Usachev.

2000 (4 de junho) – O observatório espacial de raios gama Compton é desativado e se


desintegra ao ingressar, de forma controlada, na atmosfera. Seus fragmentos caem no
Oceano Pacífico.
2000 (7 de julho) – O telescópio Hubble capta imagens da desintegração, a 120 milhões de
km da Terra, do cometa C/1999 S4 (LINEAR), descoberto (27 de setembro de 1999) em
sua única aproximação do Sol. É a primeira vez que a morte de um cometa é registrada com
tantos detalhes.

2000 (12 de julho) – É lançado, por um foguete Proton, o módulo de serviço russo Zvezda
(estrela), o terceiro da ISS, que é acoplado ao Zarya no dia 26. Concebido originalmente
para ser o núcleo da projetada (e nunca construída) Mir 2, o Zvezda é o centro funcional e
estrutural da Rússia na ISS, fornecendo as primeiras habitações, além de sistemas de
comunicações, processamento de dados, controle de voo e propulsão. Com a incorporação
deste módulo, a ISS passa a ter condições de abrigar uma tripulação permanente.

2000 (16 de julho) – Ocorre o mais longo eclipse lunar do século XX, com duração de
1h47min1s.

2000 (16 de julho e 9 de agosto) – São lançadas, duas a duas, por foguetes Soyuz-Fregat, as
quatro sondas europeias (com participação da NASA) da missão Cluster 2 (1.200kg cada
uma), cujo objetivo é estudar a magnetosfera terrestre ao longo de um ciclo solar completo.
Pela primeira vez, é possível obter em três dimensões informações sobre como o vento
solar interage com a magnetosfera e afeta o ambiente espacial em torno da Terra e a
atmosfera do planeta, incluindo as auroras. As naves são idênticas, têm formato cilíndrico
(290 x 130cm) e operam numa órbita fortemente elíptica (25.480 x 124.870km), que
completam a cada 57 horas. Coletam os dados em variadas formações tetraédricas, e a
distância entre elas varia de 17km a 10.000km.
Posteriormente ao lançamento, as sondas recebem os nomes de Rumba, Tango, Salsa e
Samba.

2000 (22 de agosto) – É inaugurado, no Observatório Nacional de Radioastronomia dos


EUA, em West Virginia, na cidade de Pocahontas, o Green Bank Telescope. Com uma
superfície metálica de reflexão de 100 por 110m, o projeto do mecanismo permite ao
instrumento captar sinais a partir de uma altura de 5° acima do horizonte.

2000 (8 a 19 de setembro) – Missão do Atlantis (STS-106), cujo objetivo é instalar baterias


e cabos de comunicação, de energia e de dados, além de preparar o módulo Zvezda para a
chegada da primeira tripulação da ISS.
Os tripulantes do Atlantis são Terrence Wilcutt - Comandante -, Scott Altman - piloto -,
Daniel Burbank, Richard Mastracchio, Boris Morukov, Edward Lu e Yuri Malenchenko.

2000 (outubro) – Imagens da Galileo revelam a existência de nuvens de amônia congelada


em Io e também indicam que neva enxofre no satélite.

2000 (11 a 24 de outubro) – Missão do Discovery (STS-92), que marca o centésimo voo
dos ônibus espaciais. Os astronautas instalam na ISS o segmento Z1 (estrutura destinada a
receber os primeiros painéis solares), uma antena de comunicações, giroscópios e um porto
para acoplagem.
Os tripulantes são Brian Duffy - Comandante -, Pamela Melroy - Piloto -, Koichi Wakata,
Leroy Chiao, Peter Wisoff, Miguel (Michael) López-Alegría e William McArthur.
2000 (20 de outubro) – Um estudo publicado na revista Science, cuja principal autora é a
estadunidense Caitlin Griffith, afirma que são encontrados os primeiros indícios de que em
Titã chove metano, principal componente do gás natural.

2000 (25 de outubro) – São anunciados quatro satélites de Saturno (Paaliaq, Siarnaq,
Tarvos e Ymir), que passa a ter 22 luas conhecidas.
Paaliaq – Diâmetro: 22km; período orbital: 686,9 dias (1,88 ano); distância média do
planeta: 15.200.000km.
Siarnaq – Diâmetro: 40km; período orbital: 895,55 dias (2,45 anos); distância média do
planeta: 17.531.000km.
Tarvos – Diâmetro: 15km; período orbital: 926,2 dias (2,54 anos); distância média do
planeta: 17.983.000km.
Ymir – Diâmetro: 18km; período orbital; 1.315,14 dias (3,60 anos); distância média do
planeta: 23.040.000km.

2000 (2 de novembro) – Chega à ISS, a bordo da Soyuz TM-31, lançada em 31 de outubro,


a sua primeira tripulação (Expedição 1), composta pelo astronauta estadunidense William
Shepherd e pelos cosmonautas russos Yuri Gidzenko e Sergei Krikalev. A expedição
termina em 18 de março de 2001, e Eles voltam à Terra no Discovery (STS-102), três dias
mais tarde.

2000 (18 de novembro) – São anunciados dois satélites de Saturno (Ijiraq e Kiviuq), que
passa a ter 24 luas conhecidas.
Ijiraq – Diâmetro: 12km; período orbital: 451,4 dias (1,24 ano); distância média do planeta:
11.124.000km).
Kiviuq – Diâmetro: 16km; período orbital: 449,22 dias (1,23 ano); distância média do
planeta: 11.111.000km.

2000 (20 de novembro) – Temisto, satélite de Júpiter observado em 30 de setembro de 1975


por Charles Kowal (1940-2011) e Elizabeth Roemer, e posteriormente perdido, é
redescoberto por Scott S. Sheppard, David C. Jewitt, Yanga R. Fernández e Eugene A.
Magnier. O nome é oficialmente atribuído em 2001. É a décima oitava lua joviana
conhecida.
Diâmetro: 8km; período orbital: 129,827 dias; distância média do planeta: 7.391.650km;
massa: 689 bilhões de toneladas; densidade: 2,6g/cm3.

2000 (30 de novembro a 11 de dezembro) – Missão do Endeavour (STS-97), que instala os


primeiros painéis solares da ISS e prepara a chegada do módulo Destiny.
Os tripulantes são Brent Jett, Jr. - Comandante -, Michael Bloomfield - Piloto -, Joseph
Tanner, Carlos Noriega e Marc Garneau.

2000 (7 de dezembro) – São anunciados quatro satélites de Saturno (Erriapo, Mundilfari,


Skathi e Thrymr), que passa a ter 28 luas conhecidas.
Erriapo – Diâmetro: 10km; período orbital: 871,2 dias (2,38 anos); distância média do
planeta: 17.343.000km.
Mundilfari – Diâmetro: 5,6km; período orbital: 928,806 dias (2,54 anos); distância média
do planeta: 18.360.000km.
Skathi – Diâmetro: 6,4km; período orbital: 725,784 dias (1,99 ano); distância média do
planeta: 15.576.000km.
Thrymr – Diâmetro: 5,6km; período orbital: 1.120,809 dias (3,07 anos); distância média do
planeta: 20.810.000km.

2000 (19 de dezembro) – É anunciada a descoberta de Albiorix, vigésimo nono satélite


conhecido de Saturno.
Diâmetro: 32km; período orbital: 783 dias (2,14 anos); distância média do planeta:
16.182.000km.

2000 (22 de dezembro) – É anunciada a descoberta de Suttungr, trigésimo satélite


conhecido de Saturno.
Diãmetro: 5,6km; período orbital: 1.029,703 dias (2,82 anos); distância média do planeta:
19.667.000km.

2000 (30 de dezembro) – A Cassini passa pelo planeta Júpiter para empurrão gravitacional.
A sonda efetua diversas medições científicas e produz o retrato colorido global mais
detalhado de Júpiter: as características menores têm aproximadamente 60km de diâmetro.
A Cassini faz, ao todo, 26.000 imagens de Júpiter ao longo de alguns meses.

2001 (janeiro) – François Spite e Pascale Jablonka, utilizando o telescópio Hubble, são os
primeiros a observar estrelas individuais no centro de outra galáxia: Andrômeda.

2001 (5 de janeiro) – É anunciada a descoberta, feita no Observatório de Mauna Kea, no


Havaí, de dez satélites de Júpiter (fotografados entre 23 e 26 de novembro de 2000),
aumentando para 28 o número de luas jovianas conhecidas. Um deles, S/2000 J 11, não é
mais visto por uma década e chega a ser excluído da relação de luas jovianas, mas é
reencontrado em observações de 2010 e 2011. Os demais satélites descobertos são:
Caldene, Calique, Erinome, Harpalique, Isonoe, Jocasta, Megaclite, Praxidique e Taigete.
Caldene – Diâmetro: 3,8km; período orbital: 699,327 dias (1,91 ano); distância média do
planeta: 22.713.000km.
Calique – Diâmetro: 5,2km; período orbital: 721,021 dias (1,97 ano); distância média do
planeta: 23.181km.
Erinome – Diâmetro: 3,2km; período orbital: 711,965 dias (1,95 ano); distância média do
planeta: 22.986.000km.
Harpalique – Diâmetro: 4km; período orbital: 624,542 dias (1,71 ano); distância média do
planeta: 21.064.000km.
Isonoe – Diâmetro: 3,8km; período orbital: 751,647 dias (2,06 anos); distância média do
planeta: 23.833.000km.
Jocasta – Diâmetro: 5,2km; período orbital: 609,427 dias (1,67 ano); distância média do
planeta: 20.723.000km.
Megaclite – Diâmetro: 5,4km; período orbital: 792,438 dias (2,17 anos); distância média do
planeta: 24.687.000km.
Praxidique – Diâmetro: 7km; período orbital: 613,904 dias (1,68 ano); distância média do
planeta: 20.824.000km.
Taigete – Diâmetro: 5km; período orbital: 687,675 dias (1,88 ano); distância média do
planeta: 22.439.000km.
S/2000 J 11 – Diâmetro: 4km; período orbital: 274 dias; distância média do planeta:
12.100.000km.

2001 (9 de janeiro) – A Shenzhou 2 é lançada ao espaço, levando um macaco, um cachorro,


um coelho, seis camundongos, pequenos animais terrestres e aquáticos e 64 experimentos
científicos. aterrissa na Mongólia Interior (16 de janeiro). Não são divulgadas fotografias da
aterrissagem, o que levanta especulações acerca do sucesso da missão.
Massa: 7.400kg; duração da missão: 7d10h22min; órbitas: 117.

2001 (fevereiro) – Cientistas estadunidenses de diversas instituições afirmam que o impacto


de um corpo celeste contra a superfície da Terra foi responsável, há 250 milhões de anos,
por uma extinção em massa, eliminando 90% das criaturas marinhas, 70% das espécies
vertebradas terrestres e quase todas as formas vegetais. Segundo os pesquisadores, as
provas da ocorrência dessa catástrofe, que abriu caminho para o desenvolvimento dos
dinossauros, estão nas proporções anormais de isótopos de hélio e de argônio encontradas
no interior de rochas sedimentares descobertas no Japão, na China e na Hungria, mais
compatíveis com as verificadas nos condritos (comuns em meteoritos e asteroides) do que
com aquelas existentes na Terra em qualquer tempo.

2001 (7 a 20 de fevereiro) – Missão do Atlantis (STS-98), cujo objetivo principal é instalar


na ISS o módulo estadunidense Destiny, o quarto da Estação. Este módulo é a principal
estrutura estadunidense na ISS, e nele são feitas investigações científicas, destacando-se
oestudo de materiais, biotecnologia, engenharia, medicina e física em condições de
microgravidade.
A tripulação do Atlantis é composta por Kenneth Cockrell - Comandante -, Mark Polansky
- Piloto -, Robert Curbeam, Thomas Jones e Marsha Ivins.

2001 (12 de fevereiro) – A sonda Near-Shoemaker pousa no asteroide 433 Eros. É a


primeira vez que uma nave espacial chega à superfície desse tipo de corpo celeste.

2001 (28 de fevereiro) – A missão Near-Shoemaker é oficialmente encerrada.

2001 (23 de março) – A Mir volta para a Terra, após uma reentrada induzida em nossa
atmosfera. Os restos que não se desintegraram repousam no fundo do Oceano Pacífico, a
2.000km da Austrália. Construída para durar apenas cinco anos, a Mir permanece 15 anos
no espaço, a uma altitude média de 365km, realizando uma órbita a cada 91min54s,
completando 86.331 voltas em torno da Terra. Entre 1986 e 2000, São acopladas à Mir 39
naves tripuladas (1 Soyuz-T, 29 Soyuz-TM e 9 missões de ônibus espaciais). Torna-se um
exemplo de cooperação internacional, ao acolher astronautas de Eslovênia, Bulgária,
Afeganistão, Casaquistão, França, Japão, Reino Unido, Áustria, Alemanha, Canadá, EUA e
Síria. Entre cosmonautas russos e de outras nações, 104 pessoas estiveram a bordo da Mir.
Com a participação de outros 29 países, a estação abriga 24 programas espaciais
internacionais, e seus laboratórios testam diversos materiais e substâncias em experiências
impossíveis de serem feitas na Terra. Graças a essas pesquisas, é possível desenvolver
equipamentos médicos que tornam viável a sobrevivência humana durante longos períodos
sem gravidade. São realizados 14.000 experimentos científicos. São também realizadas 80
atividades extraveiculares, sendo a mais longa de 7h16min. O recorde de permanência em
órbita é de 437d18h, do cosmonauta russo Valeri Poliakov. A viagem mais curiosa, no
entanto, é a de Serguei Krikalev, que sai da Terra como cidadão soviético e regressa, após o
colapso da URSS, como cidadão russo.
Estatísticas adicionais – Massa: 124.340kg; espaço habitável: 350m3; total de dias em
órbita: 5.519; dias ocupada: 4.592; distância percorrida: 3.638.470.307km.

2001 (7 de abril) – É lançada a sonda estadunidense 2001 Mars Odyssey (376kg).


O nome é uma referência a “2001: Uma Odisseia no Espaço”, filme lançado em 1968,
dirigido por Stanley Kubrick (1928-1999) e baseado no livro homônimo de Arthur C.
Clarke (1917-2008).

2001 (19 de abril a 1º de maio) – Missão do Endeavour (STS-100), cujo objetivo principal
é iniciar a instalação, ativação e inspeção do braço robótico Canadarm, fundamental para o
prosseguimento da construção da ISS (a conclusão se dá na missão STS-111, do
Endeavour, em junho de 2002). Ademais, é instalada uma antena de comunicações de alta
frequência e são transferidos para a estação suprimentos variados.
A tripulação é formada por Kent Rominger - Comandante -, Jeffrey Ashby - Piloto -, Chris
Hadfield, Scott Parazynski, John Phillips, Umberto Guidoni e Yuri Lonchakov.
Chris Hadfield é o primeiro canadense a realizar uma atividade extraveicular.

2001 (28 de abril) – O bilionário estadunidense de origem italiana Dennis Tito, de 60 anos,
viaja à ISS a bordo da Soyuz TM-32 e se torna o primeiro turista espacial. O retorno à
Terra ocorre em 6 de maio, na Soyuz Tm-31, depois de 128 órbitas.

2001 (junho) - Entra em operação o Yepun, terceiro dos quatro instrumentos que compõem
o VLT, localizado no Observatório Paranal, Chile.

2001 (26 de junho) – O telescópio Hubble observa uma tempestade de areia se formando
em Hellas Planitia, em Marte. A tempestade cresce extraordinariamente e, no dia seguinte,
já é um evento global. Medições de sondas em órbita marciana estabelecem que o
fenômeno faz diminuir a temperatura da superfície e aumentar a temperatura da atmosfera
em 30°C.
Tempestades de areia em Marte podem durar um mês ou mais. Devido à baixa densidade da
atmosfera, são necessários ventos de 65km/h a 80km/h para fazer a poeira levantar da
superfície. Marte é bem mais seco e frio que a Terra e, por isso, a poeira fica suspensa no ar
por muito tempo (na Terra, é devolvida ao solo pela chuva). Devido à tempestade de areia
em questão, na estação marciana seguinte (uma estação em Marte dura quase meio ano
terrestre), a temperatura diurna no planeta ainda era 4°C inferior à média.

2001 (30 de junho) – É lançada a sonda estadunidense WMAP (Wilkinson Microwave


Anisotropy Probe), cujo objetivo é medir as variações da temperatura da radiação cósmica
de fundo, a fim de auxiliar nos testes das teorias acerca da natureza do Universo. Com
massa de 840kg, é colocada em órbita num dos pontos de Lagrange (L2), a 1,5 milhão de
km da Terra.
O nome desta sonda, sucessora do Cobe, é dado em homenagem a David Wilkinson
(1935-2002), um dos pioneiros no estudo da radiação resultante do Big Bang.
2001 (12 a 24 de julho) – Missão do Atlantis (STS-104), cujo objetivo é instalar na ISS o
módulo estadunidense Quest (Quest Joint Airlock). Trata-se de uma câmara de
descompressão, usada na preparação de atividades extraveiculares. Permite o uso de trajes
espaciais russos e estadunidenses. Antes do Quest, os russos utilizavam para este fim o
Zvezda, enquanto os estadunidenses só podiam realizar caminhadas no espaço se um
ônibus espacial estivesse acoplado à ISS.
Os tripulantes do Atlantis são Steven Lindsey - Comandante -, Charles Hobaugh - Piloto -,
Michael Gernhardt, Janet Kavandi e James Reilly.

2001 (agosto) - Entra em operação o Melipal, último dos quatro instrumentos que compõem
o Very Large Telescope (VLT), localizado no Observatório Paranal, Chile. O VLT é um
sistema composto por quatro telescópios refletores principais, cada um deles com espelho
de 8,2m, e quatro instrumentos auxiliares, com espelho de 1,8m. Cada um desses
telescópios é capaz de observar objetos de magnitude 30, ou seja, 4 bilhões de vezes menos
brilhantes do que aqueles observáveis a olho nu. Embora passem a maior parte do tempo
funcionando de forma independente, os quatro telescópios podem, com a ajuda do Very
Large Telescope Interferometer (VLTI), ser combinados interferometricamente, adquirindo
um poder de resolução equivalente ao de um telescópio com espelho de 16m, o que faz do
VLT o maior telescópio óptico do mundo.

2001 (8 de agosto) – É lançada a sonda estadunidense Genesis (494kg), cujo objetivo é


coletar amostras do vento solar e trazê-las de volta à Terra.

2001 (13 de agosto) – Matthew J. Holman, John J. Kavelaars, Dan Milisavljevic e Brett J.
Gladman descobrem dois satélites de Urano: Trínculo e Fernando. Passa a ser de 23 o
número de luas conhecidas do planeta.
Trínculo – Diâmetro: 18km; período orbital: 749,24 dias (2,05 anos); distância média do
planeta: 17.008.000km; massa: 3,9 trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3.
Fernando – Diâmetro: 20km; período orbital: 2.887,21 dias (7,90 anos); distância média do
laneta: 41.802.000km; massa: 5,4 trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3.

2001 (16 de agosto) – Os astrônomos estadunidenses Robin Canup e Erik Asphaug


publicam na revista Nature um artigo segundo o qual a Lua se originou de um impacto
ocorrido há 4,5 bilhões de anos entre a Terra, praticamente formada, e um corpo celeste
com dimensões comparáveis às de Marte.

2001 (14 de setembro) – É lançado para a ISS, por um foguete Soyuz-U, o módulo russo
Pirs (cais), também chamado de "Stikovochny Otsek 1" ou "SO-1" ("módulo de
acoplamento). O Pirs é um compartimento de embarque, ligado à escotilha Nadir do
módulo de serviço Zvezda. Serve como ponto de acoplagem para naves Soyuz TMA e
Progress e possui um despressurizador, utilizado para preparar caminhadas espaciais com
trajes russos.

2001 (22 de setembro) – A sonda Deep Space 1 encontra-se com o cometa 19P/Borrelly,
Descoberto em 28 de dezembro de 1904 pelo astrônomo francês Alphonse Louis Borrelly
(1842-1926), e envia uma série de dados científicos à Terra, incluindo revelações acerca do
núcleo e da cauda.
O diâmetro estimado do núcleo é de 8 x 4 x 4km.

2001 (24 de outubro) – A Mars Odyssey chega ao seu destino, tendo por objetivos: orbitar
Marte por pelo menos três anos para coletar dados sobre quais elementos químicos e
minerais predominam na superfície do planeta; obter informações sobre o risco potencial de
radiação para futura exploração humana; estudar o clima e ser um possível meio de
comunicação com sondas no solo.

2001 (30 de novembro) – Um estudo publicado na revista Science e assinado por Vladimir
Krasnopolsky e Paul Feldman, da Universidade Católica da América e da Universidade
Johns Hopkins, ambas nos EUA, revela a detecção, por parte do satélite estadunidense
Fuse, de hidrogênio molecular (H2) na alta atmosfera de Marte, o que pode indicar a
presença, no passado, de grandes quantidades de água no planeta.

2001 (7 de dezembro) – Um estudo conduzido por Michael Malin, Michael Caplinger e


Scott Davis, da Malin Space Science Systems (EUA), feito a partir de fotos tiradas pela
Mars Global Surveyor e publicado na revista Science, afirma que há diminuição da calota
polar sul de Marte, indicando aumento da temperatura global do planeta.

2001 (28 de dezembro) – A sonda Deep Space 1 é desativada.

2002 (18 de janeiro) – É inaugurado em Cerro Pachón, no Chile, o telescópio Gemini Sul.
Ele faz parte de um projeto que, como o nome indica, é gêmeo. Compreende um telescópio
instalado em Mauna Kea, no Havaí, para observar o hemisfério Norte (em operação desde
1999), e outro no Chile, para as estrelas do Sul.

2002 (1º a 12 de março) – Quarta missão de manutenção do telescópio Hubble, executada


pelo Columbia (STS-109), cujos tripulantes são Scott Altman - Comandante -,
Duane Carey - Piloto -, John Grunsfeld, Nancy Currie, James Newman, Richard Linnehan
e Michael Massimino. Os astronautas instalam um novo instrumento científico, a Máquina
Fotográfica para Pesquisa (Advanced Camera for Surveys, ACS), novos painéis solares,
uma nova Unidade de Controle de Força e um novo Sistema de refrigeração para a Câmera
de Multiobjetos Infravermelha e Espectrométrica. O Hubble é desligado (pela primeira vez)
durante 4h30min. O procedimento, bem sucedido, aumenta significativamente a potência
do telescópio.

2002 (17 de março) – São lançadas as sondas GRACE (Gravity Recovery and Climate
Experiment), missão conjunta da NASA e do Centro Aeroespacial Alemão (Deutsches
Zentrum für Luft- und Raumfahrt), cujo objetivo principal é fazer medições detalhadas do
campo gravitacional terrestre e, uma vez que a gravidade é determinada pela massa,
entender como a massa é distribuída pelo planeta e como essa distribuição varia ao longo
do tempo. Esses dados são importantes para estudar os oceanos, a geologia e o clima.
As medições são feitas por duas sondas gêneas (apelidadas de Tom e Jerry), cada uma
pesando 487kg, que orbitam a Terra a uma altitude de 500km e estão separadas uma da
outra aproximadamente 220km. À medida que orbitam o planeta, variações na distribuição
de massa provocam variações na velocidade das sondas (acelerações e desacelerações). A
medição dessas variações permite elaborar mapas do campo gravitacional da Terra. As
sondas GRACE são capazes de detectar variações de apenas 10 micra, equivalentes a um
décimo da espessura de um fio de cabelo humano.
Esses mesmos princípios são aplicados mais tarde (2011) na missão GRAIl, que faz um
mapa do campo gravitacional da Lua.

2002 (25 de março) – A China lança a Shenzhou 3, não tripulada, que orbita o planeta 107
vezes e retorna à Mongólia Interior em 1º de abril.

2002 (25 de abril) – Os físicos Paul Steinhardt (americano) e Neil Turok (inglês) publicam
na revista Science uma teoria segundo a qual o Universo se destrói e se refaz em implosões
e explosões separadas por trilhões de anos. Isso significa que o Big Bang não seria um
evento único, mas ocorreria ciclicamente.

2002 (maio) – Os astrônomos estadunidenses Edward Scott e David Barber publicam um


estudo refutando a presença de vestígios de processos orgânicos no interior de um
meteorito proveniente de Marte encontrado na Antártida, como haviam sugerido cientistas
da NASA em agosto de 1996. Segundo a dupla de astrônomos, os resultados por eles
obtidos "fornecem forte evidência de que a maioria dos grãos de magnetita no ALH 84001,
senão todos, são abiogênicos em origem e se formaram pelo calor do choque do meteorito".

2002 (maio) – Cientistas da Nasa e da Universidade do Arizona anunciam a descoberta,


feita a partir de imagens da Mars Odyssey, de grandes depósitos de gelo no subsolo dos
polos marcianos, alguns deles a apenas 1m da superfície.

2002 (maio) – A câmera infravermelha da Mars Odyssey obtém as primeiras fotos noturnas
do solo de Marte.

2002 (16 de maio) – São anunciados mais onze satélites de Júpiter (fotografados entre 9 e
11 de dezembro de 2001), aumentando o número das luas jovianas conhecidas para 39. São
eles: Aitne, Autonoe, Cale, Esponde, Euante, Euporia, Euridome, Hermipe, Ortósia, Pasite
e Tione.
Aitne – Diâmetro: 3km; período orbital: 679,641 dias (1,86 ano); distância média do
planeta: 22.285.000km.
Autonoe – Diâmetro: 4km; período orbital: 772,168 dias (2,11 anos); distância média do
planeta: 24.264.000km.
Cale – Diâmetro: 2km; período orbital: 685,324 dias (1,88 ano); distância média do planeta:
22.409.000km.
Esponde – Diâmetro: 2km; período orbital: 771,604 dias (2,11 anos); distância média do
planeta: 24.253.000km.
Euante – Diâmetro: 3km; período orbital: 598,093 dias (1,64 ano); distância média do
planeta: 20.465.000km.
Euporie – Diâmetro: 2km; período orbital: 538,780 dias (1,48 ano); distância média do
planeta: 19.088.000km.
Euridome – Diâmetro: 3km; período orbital: 723,359 dias (1,98 ano); distância média do
planeta: 23.231.000km.
Hermipe – Diâmetro: 4km; período orbital: 629,809 dias (1,72 ano); distância média do
planeta: 21.182.000km.
Ortósia – Diâmetro: 2km; período orbital: 602,619 dias (1,65 ano); distância média do
planeta: 20.568.000km.
Pasite – Diâmetro: 2km; período orbital: 727,933 dias (1,99 ano); distância média do
planeta: 23.307.000km.
Tione – Diâmetro: 4km; período orbital: 639,803 dias (1,75 ano); distância média do
planeta: 21.406.000km.

2002 (23 de maio) – O geólogo estadunidense Paul Schenk publica na revista Nature um
estudo afirmando que o satélite Europa tem um oceano sob uma camada de gelo com 19 a
25km de espessura. Sustenta ainda que Calisto e Ganimedes também possuem oceanos, sob
camadas de gelo de cerca de 80km.

2002 (julho) – Chega a cem o número de exoplanetas descobertos.

2002 (3 de julho) – É lançada a sonda estadunidense Contour (Comet NucleusTour),


destinada a explorar dois cometas (Encke e Schwassmann-Wachmann 3), com a
possibilidade de um terceiro (d’Arrest).
Contudo, em 15 de agosto a sonda perde definitivamente contato com a NASA.

2002 (19 de julho) – Os cientistas conseguem, depois de 14 anos, estudar a atmosfera de


Plutão, quando o planeta anão oculta a estrela P126A.

2002 (6 de agosto) – A Nasa anuncia, com base em análise de imagens de satélites, que a
Terra está mais larga do que o normal na região da linha do Equador e mais achatada nos
polos. Tal fenômeno ocorre devido a uma mudança no campo gravitacional.

2002 (13 de agosto) – Matthew J. Holman, John J Kavelaars, T. Grav, W. Fraser e Dan
Milisavljevic descobrem Laomedeia e Neso, nono e décimo satélites conhecidos de Netuno.
Laomedeia - Diâmetro: 84km; período orbital: 3.171,33 dias (8,68 anos); distância média
do planeta: 47.134.000km.
Neso - Diâmetro: 60km; período orbital: 9.740,73 dias (26,67 anos); distância média do
planeta: 49.285.000km.

2002 (14 de agosto) - Matthew J. Holman, John J Kavelaars, T. Grav, W. Fraser e Dan
Milisavljevic descobrem mais dois satélites de Netuno: Halimede e Sao. Passam a ser 12 as
luas conhecidas do planeta.
Halimede – Diâmetro: 62km; período orbital: 1.879,08 dias (5,14 anos); distância média do
planeta: 16.611.000km.
Sao – Diâmetro: 44km; período orbital: 2.912,72 dias (7,97 anos); distância média do
planeta: 22.228.000km.

2002 (15 de agosto) – A Contour perde, definitivamente, contato com a Nasa, seis semanas
após o lançamento.

2002 (10 de setembro) – É divulgada a informação de que o sucessor do telescópio Hubble,


com lançamento previsto para 2018, receberá o nome de James Webb (1906-1992),
segundo diretor da NASA (1961-1968), em cuja gestão foi desenvolvido o Programa
Apollo.

2002 (outubro) - O estadunidense Raymond Davis Jr. (1914-2006) e o japonês Masatoshi


Koshiba são anunciados como ganhadores do Prêmio Nobel de Física pelas contribuições à
Astrofísica, em particular pela detecção dos Neutrinos cósmicos. O Prêmio é atribuído
também ao físico italiano Riccardo Giacconi, pelas contribuições à Astrofísica que levaram
à descoberta dos Raios X cósmicos.

2002 (outubro) – A sonda Cassini obtém a primeira fotografia de Saturno e de Titã, tirada a
uma distância de 285 milhões de km.

2002 (17 de outubro) – É lançado o telescópio europeu Integral (International Gamma-Ray


Astrophysics Laboratory), que faz parte de um esforço para estudar os fenômenos espaciais
de maior energia, normalmente causados por astros como as supernovas, os buracos negros
e as estrelas de nêutrons. Os instrumentos a bordo do telescópio são capazes de detectar,
além de emissões de raios gama, também raios X. Com massa superior a 4.000kg, o
Integral opera numa órbita fortemente elíptica de 10.000 x 153.000km.

2002 (30 de outubro) – É lançada a Soyuz TMA-1, primeira missão da série de naves
Soyuz TMA, cuja sigla significa “Transportny Modifitsirovannyi Antropometricheskii”
(“Transporte Antropométrico Modificado”). As sondas Soyuz TMA são um redesenho
aprimorado das Soyuz TM, projetadas para levar astronautas à ISS e, sobretudo, para servir
de local de escape em caso de problemas na Estação. Para isso, incorporam algumas
modificações sugeridas pela NASA, visando à maior segurança dos ocupantes, incluindo o
aumento do espaço interno (o que permite que astronautas mais altos sejam tripulantes) e
um sistema melhorado de paraquedas.
Quando do lançamento, a tripulação da Soyuz TMA-1 é composta por Sergei Zalyotin -
Comandante -, Frank De Winne e Yuri Lonchakov. Ao longo da missão, ocorre o acidente
com o Columbia, que se desintegra ao reentrar na atmosfera. Com a subsequente
interrupção temporária dos voos dos ônibus espaciais, as naves Soyuz tornam-se o único
meio de transporte de astronautas entre a ISS e a Terra. Assim, a tripulação que retorna na
Soyuz TMA-1 não é a mesma do lançamento, estando formada por Nikolai Budarin -
Comandante -, Kenneth Bowersox e Donald Pettit. Pela primeira vez, astronautas
estadunidenses voltam para casa numa Soyuz.
Durante a aterrissagem, ocorrida em 4 de maio de 2003, a nave tem problemas, indo pousar
450km fora do local pré-determinado. A partir daí, todas as missões Soyuz passam a dispor
de um telefone por satélite, para permitir contato rápido com equipes de resgate em casos
de emergência.

2002 (31 de outubro) –Uma equipe liderada por Scott S. Sheppard descobre Arque,
quadragésimo satélite de Júpiter conhecido.
Diâmetro: 3km; período orbital: 746,185 dias (2,04 anos); distância média do planeta:
23.717km.

2002 (novembro) – Astrônomos do Observatório de Genebra conseguem medir o diâmetro


da estrela Proxima Centauri, concluindo ser ele sete vezes menor do que o do Sol. A
temperatura superficial encontrada equivale à metade da solar. A estrela tem massa
equivalente a 12,3% da solar (129 massas de Júpiter), o que resulta numa densidade de
56,8g/cm3. A luminosidade é aproximadamente 600 vezes inferior à do Sol.

2002 (2 de novembro) – A sonda Stardust sobrevoa o asteroide 5535 Annefrank, descoberto


(23 de fevereiro de 1942) pelo astrônomo alemão Karl Reinmuth
(1892-1979), à distância de 3.079km. O objetivo é praticar as técnicas de sobrevoo a serem
utilizadas na passagem pelo cometa Wild 2. O nome do asteroide, cujo diâmetro é de 6,6 x
5,0 x 3,4km, é uma homenagem a Anne Frank (1929-1945), alemã judia morta no campo
de concentração de Bergen-Belsen.

2002 (29 de dezembro) – É lançada a Shenzhou 4, com uma tecnologia que, segundo a
China, "já é suficiente para enviar um homem ao espaço". Volta com êxito em 5 de janeiro
de 2003, após completar 108 órbitas.

2003 (6 de janeiro) – É divulgada a descoberta de um anel de centenas de milhões de


estrelas que rodeiam a Via Láctea e poderiam ser restos do passado violento de nosso
sistema galáctico.

2003 (12 de janeiro) – É lançado o CHIPSat (Cosmic Hot Interstellar Plasma Spectrometer
satellite), pequeno satélite (64kg) estadunidense cujo objetivo principal é estudar o gás
quente do meio interestelar nas vizinhanças do Sol (até 300 anos-luz de distância). Ao
contrário do que se esperava, constata-se que as emissões em ultravioleta desse gás são
extremamente débeis, quase insignificantes.
Entre 3 de abril de 2006 e 5 de abril de 2008, o CHIPSat faz 1.458 observações do Sol.
A missão termina em 11 de abril de 2008. O satélite permanece em órbita terrestre.

2003 (16 de janeiro) – O Columbia é lançado, naquela que seria sua última missão (STS-
107). O objetivo desse voo do ônibus espacial é fazer diversos experimentos científicos,
sobretudo relativos à microgravidade.

2003 (23 de janeiro) – São captados, pela última vez, sinais transmitidos pela Pioneer 10, à
distância de 12 bilhões de km da Terra.

2003 (fevereiro) – Entra em operação o HARPS (High Accuracy Radial velocity Planet
Searcher - Pesquisador de Planetas por Velocidade Radial de Alta Precisão), espectrógrafo
instalado em 2002 no telescópio de 3,6m do Observatório La Silla. Nos anos seguintes, o
HARPS torna-se o maior descobridor de exoplanetas do mundo.
Em astronomia, velocidade radial é a velocidade com que um objeto se aproxima ou se
afasta de um observador.

2003 (1º de fevereiro) – Explode o ônibus espacial Columbia, sobre o céu do Texas, em sua
vigésima oitava missão, quando a tripulação retornava para a Terra após uma permanência
de 16 dias no espaço, causando a morte dos sete astronautas a bordo. O Controle de missão
perde contato com o ônibus espacial aproximadamente 16 minutos antes de sua chegada À
Flórida. A tripulação é composta por Rick Husband (n. 1957) - comandante -, William
McCool (1961) - piloto -, Dave Brown (1956), Laurel Clark (1961), Kalpana Chawla
(1961), Mike Anderson (1959) e Ilan Ramon (1954) – primeiro astronauta israelense a ir ao
espaço e representante da Agência Espacial de Israel.
Columbia - Tempo em atividade: 21 anos, oito meses e vinte dias; Número de missões: 28;
tripulantes: 160; tempo no espaço: 300d17h40min22s; órbitas terrestres: 4.808; distância
percorrida: 201.497.772km; satélites lançados: 8; acoplagens à Mir: 0; acoplagens à ISS: 0.
Em 26 de agosto de 2003, uma comissão oficial de treze membros apresenta um relatório
apontando como causa do acidente um pedaço de espuma isolante que se separou do tanque
externo de combustível do Columbia, 81,7s após o lançamento, o que comprometeu a
proteção térmica do ônibus espacial e, na reentrada, permitiu que ar superaquecido
penetrasse através do isolamento e progressivamente derretesse a estrutura de alumínio da
asa esquerda. Várias recomendações são feitas para os próximos voos dos ônibus espaciais,
que são retomados em julho de 2005.

2003 (11 de fevereiro) – Com base em dados obtidos pela sonda WMAP, cientistas da
NASA estimam a idade do Universo em 13,7 bilhões de anos, com uma margem de erro,
segundo eles, de 1%.
Este valor é corrigido para 13,798 bilhões de anos em março de 2013.

2003 (4 de março) – São anunciados sete satélites de Júpiter, que passa a ter 47 luas
conhecidas. Apenas três têm nomes definitivos: Aoede, Euquelade e Helique.
Aoede – Diâmetro: 4km; período orbital: 714,657 dias (1,96 ano); distância média do
planeta: 23.044.000km.
Euquelade – Diâmetro: 4km; período orbital: 735,2 dias (2,01 anos); distância média do
planeta: 23.484.000km.
Helique – Diâmetro: 4km; período orbital: 601,402 dias (1,65 ano); distância média do
planeta: 20,540.000km.
S/2003 J 2 – Diâmetro: 2km; período orbital: 981,55 dias (2,69 anos); distância média do
planeta: 29.540.000km.
S/2003 J 3 – Diâmetro: 2km; período orbital: 561,518 dias (1,54 ano); distância média do
planeta: 19.622.000km.
S/2003 J 4 – Diâmetro: 2km; período orbital: 739,294 dias (2,02 anos); distância média do
planeta: 23.571.000km.
S/2003 J 5 – Diâmetro: 4km; período orbital: 758,341 dias (2,08 anos); distância média do
planeta: 23.974.000km.

2003 (6 de março) – É anunciada a descoberta de Hegemone, quadragésimo oitavo satélite


conhecido de Júpiter.
Diâmetro: 3km; período orbital: 745,5 dias (2,04 anos); distância média do planeta:
23.703.000km.

2003 (7 de março) – São anunciados quatro satélites de Júpiter, que passa a ter 52 luas
conhecidas. Apenas Calicore tem nome definitivo.
Calicore – Diâmetro: 2km; período orbital: 717,806 dias (1,97 ano); distância média ao
planeta: 23.112.000km.
S/2003 J 9 – Diâmetro: 1km; período orbital: 752,839 dias (2,06 anos); distância média do
planeta: 23.858.000km.
S/2003 J 10 – Diâmetro: 2km; período orbital: 700,129 dias (1,92 ano); distância média do
planeta: 22.731.000km.
S/2003 J 12 – Diâmetro: 1km; período orbital: 489,72 dias (1,34 ano); distância média do
planeta: 17.883.000km.

2003 (2 de abril) – É anunciada a descoberta de Cilene, quinquagésimo terceiro satélite


conhecido de Júpiter.
Diãmetro: 2km; período orbital: 731,099 dias (2,00 anos); distância média do planeta:
23.396.000km.

2003 (3 de abril) – São anunciados quatro satélites de Júpiter, que passa a ter 57 luas
conhecidas. Apenas Core e Herse têm nomes definitivos.
Core – Diâmetro: 2km; período orbital: 723,720 dias (1,98 ano); distância media do
planeta: 23.239.000km.
Herse – Diâmetro: 2km; período orbital: 672,752 dias (1,84 ano); distância média do
planeta: 22.134.000km.
S/2003 J 15 – Diâmetro: 2km; período orbital: 699,676 dias (1,92 ano); distância média do
planeta: 22.721.000km.
S/2003 J 16 – Diâmetro: 2km; período orbital: 610,362 dias (1,67 ano); distância média do
planeta: 20.744.000km.

2003 (4 de abril) – É anunciada a descoberta de S/2003 J 18, quinquagésimo oitavo satélite


conhecido de Júpiter.
Diâmetro: 2km; período orbital: 569,728 dias (1,54 ano); distância média do planeta:
19.813.000km.

2003 (8 de abril) – É anunciada a descoberta de Narvi, trigésimo primeiro satélite


conhecido de Saturno.
Diâmetro: 6,6km; período orbital: 1.006,541 dias (2,76 anos); distância média do planeta:
19.371.000km.

2003 (12 de abril) – É anunciada a descoberta de S/2003 J 19, quinquagésimo nono satélite
conhecido de Júpiter.
Diâmetro: 2km. Período orbital: 699,125 dias (1,91 ano); distância média do planeta:
22.709.000km.

2003 (14 de abril) – É anunciada a descoberta de Carpo, sexagésimo satélite conhecido de


Júpiter.
Diâmetro: 3km; período orbital: 458,625 dia (1,26 ano); distância média do planeta:
17.145.000km.

2003 (28 de abril) – É lançada a missão estadunidense Galex (Galaxy Evolution Explorer),
equipada com lentes ultravioleta para medir a formação de 80% das estrelas surgidas desde
o Big Bang. Com massa de 280kg, opera numa órbita quase circular à altitude média de
697km.

2003 (8 de maio) – A Mars Global Surveyor mostra, pela primeira vez, imagens da Terra
vista de Marte. Trata-se de uma fotografia em que também é possível ver Júpiter (então
alinhado com a Terra) e suas grandes luas.

2003 (9 de maio) – É lançada a sonda japonesa (380kg) Hayabusa (falcão peregrino),


anteriormente chamada de Muses C, com destino ao asteroide 25143 Itokawa, descoberto
em 26 de setembro de 1998.
Diâmetro (inferior a 1km): 535 x 294 x 209m; período orbital: 556,355 dias (1,52 ano);
distância média do Sol: 198.044.000km.
O nome é uma homenagem a Hideo Itokawa (1912-1999), pioneiro do programa espacial
japonês, popularmente conhecido no Japão como “Doutor Foguete”.

2003 (29 de maio) – É anunciada a descoberta de Mnene, sexagésimo primeiro satélite


conhecido de Júpiter.
Diãmetro: 2km; período orbital: 640,769 dias (2,03 anos); distância média do planeta:
21.427.000km.

2003 (2 de junho) – É lançada, pela ESA, a Mars Express, primeira sonda interplanetária da
Europa. Compõe-se de um orbitador, a Mars Express propriamente dita (666kg), e de um
módulo de descida, denominado Beagle 2 (33,2kg).

2003 (10 de junho) – É lançado o Spirit, da NASA, veículo de 185kg e seis rodas
desenhado para percorrer a superfície de Marte e estudar o solo, as rochas e a composição
mineral do planeta à procura de vestígios de água.

2003 (7 de julho) – É lançado para Marte o Opportunity, veículo explorador da NASA


semelhante ao Spirit, com os mesmos objetivos.
O nome dos dois veículos exploradores é escolhido por estudantes durante um concurso
patrocinado pela NASA.

2003 (10 de agosto) – O russo Yuri Malenchenko torna-se a primeira pessoa a se casar no
espaço. Comandante da Expedição 7 da ISS (28 de abril a 27 de outubro de 2003), para
onde vai a bordo da Soyuz TMA-2, no momento da cerimônia Malenchenko está 386km
acima da Nova Zelândia, enquanto a noiva, Ekaterina Dmitrieva, está no Texas, onde
casamentos a distância são permitidos.

2003 (13 de agosto) – Matthew J. Holman, John J. Kavelaars, Dan Milisavljevic e Brett J.
Gladman descobrem Francisco, vigésimo quarto satélite conhecido de Urano.
Diâmetro: 22km; período orbital: 266,56 dias; distância média do planeta: 8.552.000km;
massa: 7,2 trilhões de toneladas: densidade: 1,3g/cm3.

2003 (22 de agosto) – Uma explosão destrói o Veículo Lançador de Satélite (VLS-1), na
base brasileira de Alcântara, no Estado do Maranhão. A causa do acidente de Alcântara,
segundo as conclusões de investigações posteriores, é a ignição espontânea de um dos
quatro motores do VLS-1, causada por centelha elétrica. A explosão destrói os
equipamentos e mata 21 pessoas da equipe do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA).

2003 (25 de agosto) – É lançado o telescópio espacial estadunidense Spitzer, inicialmente


chamado de Sirtf (Space Infrared Telescope Facility) e projetado para detectar radiações
emitidas no infravermelho. O nome atual (atribuído em 18 de dezembro de 2003) é uma
homenagem a Lyman Spitzer (1914-1997), astrofísico estadunidense, um dos primeiros
cientistas a sugerir a colocação de um telescópio no espaço. Com massa de 950kg, opera
numa órbita heliocêntrica com período de um ano.
É o último dos quatro integrantes do Programa dos Grandes Observatórios a ser lançado,
depois de Hubble, Compton e Chandra.

2003 (25 de agosto) – Mark R. Showalter e Jack J. Lissauer descobrem Cupido e Mab,
satélites de Urano, que passa a ter 26 luas conhecidas.
Cupido – Diâmetro: 36km; período orbital: 0,618 dia; distância média do planeta:
74.392km; massa: 3,8 trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3.
Mab – Diâmetro: 48km; período orbital: 0,923 dia; distância média do planeta: 97.736km;
massa: 10 trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3.

2003 (27 de agosto) – Às 6h51min, hora de Brasília, Marte chega ao ponto mais próximo
da Terra em quase 60.000 anos: 55,76 milhões de km de distância. A última vez que havia
ocorrido tamanha proximidade entre os planetas vizinhos foi em 12 de setembro de 57617
a.C. Naquela ocasião, Terra e Marte estiveram a 55,72 milhões de km, ou seja, 40.200km
mais perto do que em 2003. O fenômeno de aproximação só vai se repetir em 28 de agosto
de 2287.

2003 (29 de agosto) – Scott S. Sheppard e David C. Jewitt descobrem Margarete, vigésimo
sétimo satélite conhecido de Urano.
Diâmetro: 20km; período orbital: 1.687,01 dias (4,62 anos); distância média do planeta:
28.690.000km; massa: 5,5 trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3.

2003 (final de agosto) – Três telescópios do Observatório Paranal fazem imagens do Halley
quando a magnitude aparente do astro é 28,2. Trata-se do cometa mais distante e menos
brilhante fotografado até o momento. As observações são feitas com o objetivo de testar um
método para localizar objetos transnetunianos muito débeis.
Atualmente, o Halley é visível para os astrônomos em qualquer ponto de sua órbita.

2003 (3 de setembro) – Scott S. Sheppard, David C. Jewitt e J. Kleyna anunciam a


descoberta de Psámate, décimo terceiro satélite conhecido de Netuno.
Diâmetro: 38km; período orbital: 9.074,30 dias (24,84 anos); distância média do planeta:
48.096.000km.

2003 (21 de setembro) – a missão Galileu é intencionalmente encerrada, quando o orbitador


é enviado contra a densa atmosfera de Júpiter a 50km/s, para garantir que nenhuma lua
local seja contaminada com algum microrganismo da Terra.

2003 (27 de setembro) – É lançada a Smart-1, primeira sonda lunar da ESA, cujo objetivo é
estudar a formação e a composição mineralógica da Lua, além de verificar a existência ou
não de água no satélite. Trata-se de uma nova geração de sondas, e Smart quer dizer "small
missions for advanced research and technology" (pequenas missões para pesquisa e
tecnologia avançada). A nave, de 367kg, traz o lema "mais ciência por menos dinheiro".
Pela primeira vez, a ESA utiliza um sistema de propulsão iônica (ou helioelétrica),
alimentada por eletricidade gerada a partir de painéis solares e que reduz sensivelmente o
uso de combustível e permite melhor dirigibilidade da nave.

2003 (outubro) – Astrônomos trabalhando com o telescópio de Parkes, no sudoeste


australiano, localizam o primeiro sistema duplo de pulsares que se conhece, batizado de
"PSR J07037-3039A e PSR J0737-3039B", situado na constelação da Popa e distante entre
1.600 e 2.000 anos-luz.

2003 (1º de outubro) – É formada a JAXA, a Agência Espacial do Japão (literalmente,


Instituição Administrativa independente para Pesquisa Aeroespacial e Desenvolvimento),
com sede em Tóquio. A nova agência é o resultado da fusão de três organizações:
Laboratório Nacional de Aeroespaço do Japão (criado em 1955), Agência Nacional de
Desenvolvimento do Japão (1969) e Instituto do Espaço e de Ciência Astronáutica do Japão
(1981).

2003 (15 de outubro) – A China torna-se o terceiro país a colocar um homem no espaço,
depois da URSS e dos EUA. O astronauta (ou "taikonauta" – do mandarim “taikong”,
espaço) Yang Liwei, 38 anos, ex-piloto da força aérea, completa, a bordo da nave Shenzhou
5, 14 órbitas em 21h22min45s e retorna com segurança.

2003 (20 de outubro) – J. Richard Gott III e Mario Juric, da Universidade de Princeton, e
colegas, baseados em dados do "Sloan Digital Sky Survey", anunciam a descoberta da
"Grande Muralha Sloan" ("Sloan Great Wall"), a maior estrutura já catalogada no Universo
(recorde quebrado em janeiro de 2013), um gigantesco conjunto de galáxias com 1,37
bilhão de anos-luz de extensão, localizado a aproximadamente um bilhão de anos-luz da
Terra.

2003 (novembro) – Uma equipe de astrônomos franceses, italianos, britânicos e


australianos descobre a Galáxia Anã do Cão Maior, a mais próxima galáxia conhecida,
distante 25.000 anos-luz do Sistema Solar. Composta por aproximadamente 1 bilhão de
estrelas, com alta percentagem de gigantes vermelhas, acredita-se que esteja sendo
fragmentada pelo campo gravitacional da Via Láctea.

2003 (5 de novembro) – O SOHO registra a maior explosão solar já testemunhada pela


ciência. Vive-se o período de maior atividade do Sol desde o início da observação científica
do astro.

2003 (14 de novembro) - Michael Brown, Chad Trujillo e David Rabinowitz descobrem
Sedna (oficialmente, 90377 Sedna), o objeto mais distante já encontrado no Sistema Solar.
A órbita é fortemente elíptica (excentricidade de 0,853), como a de um cometa, e a
distância ao Sol varia entre 11,423 bilhões e 140,2 bilhões de km (distância média de
77,576 bilhões de km). A distância é tão grande que, para alguns astrônomos, trata-se do
primeiro objeto conhecido da região interna da Nuvem de Oort, embora ele seja
oficialmente classificado como pertencendo ao disco disperso. O período orbital é de
aproximadamente 11.400 anos, completado à velocidade média de 3.745km/h. Sedna está
se aproximando do Sol, com o próximo periélio previsto para 2076. O diâmetro é estimado
em 995km. A magnitude aparente é 21,8.
Sedna é uma das principais divindades do povo inuit. Vive no fundo do mar e reina sobre
os animais marinhos. A região onde habita Sedna é escura, como também é escuro o corpo
celeste que leva seu nome (em Sedna, a luz do Sol é um pontinho minúsculo e se confunde
com a de outras estrelas).

2003 (14 de dezembro) – A Nozomi sobrevoa Marte, depois de terem falhado os esforços
realizados para colocá-la em órbita. Desde o lançamento, cinco anos antes, a sonda havia
apresentado vários problemas, incluindo perda de combustível por defeito numa válvula,
falhas no sistema elétrico e danos causados por uma erupção solar.

2003 (25 de dezembro) – A Mars Express é colocada com sucesso na órbita de Marte,
tendo a missão por objetivos enviar imagens de alta resolução para estudo da topografia e
morfologia da superfície, elaborar um mapa mineralógico, estudar a composição da
atmosfera e servir como meio de comunicação para as demais naves em solo marciano.
A Beagle 2, que deveria pousar no planeta e transmitir dados por meio da Mars Express,
perde definitivamente contato com a Terra antes do início da sua missão.

2004 (janeiro) – Entra em operação o Observatório de raios cósmicos Pierre Auger, situado
em Malargüe, província de Mendoza, no oeste da Argentina. Batizado com o nome do
físico francês (1899-1993) que, em 1938, foi o primeiro a detectar as faíscas produzidas na
atmosfera terrestre por sua interação com os raios cósmicos, o Observatório está equipado
com 1.600 detectores de partículas e 24 telescópios, ocupando uma área de 3.000km2.

2004 (2 de janeiro) – A sonda Stardust chega ao Cometa Wild 2 (oficialmente, 81P/Wild),


descoberto (6 de janeiro de 1978) pelo astrônomo suíço Paul Wild, fotografa o núcleo
cometário com excelente resolução de imagem e colhe amostras de poeira para serem
trazidas de volta à Terra. A distância mínima entre a sonda e o núcleo do cometa (diâmetro
de 5,5 x 4,0 x 3,3km) é de 237km.

2004 (4 de janeiro) – O veículo explorador Spirit pousa com sucesso em Marte, numa
cratera denominada Gusev, cujo diâmetro é de 166km e o nome, uma homenagem ao
astrônomo russo Matvei Gusev (1826-1866).

2004 (6 de janeiro) – A Nasa divulga uma série de fotos coloridas tiradas pela câmera de
alta resolução do Spirit, as mais detalhadas imagens do solo marciano obtidas até esta data.

2004 (14 de janeiro) – O presidente estadunidense George W. Bush anuncia uma nova
política espacial para os EUA, denominada “Vision for Space Exploration” (Visão para a
Exploração do Espaço), conhecida também como programa Constellation. Entre os
principais objetivos estão: completar a ISS até 2010 (não concretizado); aposentar os
ônibus espaciais até 2010 (prazo posteriormente adiado para 2011); desenvolver a
espaçonave Orion até 2008 (não concretizado) e realizar a sua primeira missão tripulada até
2014; explorar a Lua com robôs a partir de 2008 (isso só ocorre no ano seguinte) e com
seres humanos em 2020; explorar Marte e outros destinos com missões automáticas e
tripuladas.
O programa Constellation, conforme proposto no governo Bush, é cancelado em fevereiro
de 2010.
2004 (23 de janeiro) – A ESA anuncia que imagens feitas pela Mars Express revelam a
presença de gelo no polo sul de Marte.

2004 (24 de janeiro) – O veículo explorador Opportunity pousa em Marte, na zona


conhecida como Meridianum Plani, no extremo oposto do ponto do planeta onde se
encontra seu módulo gêmeo, o Spirit.

2004 (24 de janeiro) – É anunciada a descoberta (a partir de imagens obtidas em 9 de


fevereiro de 2003) de Telxinoe, sexagésimo segundo satélite conhecido de Júpiter.
Diâmetro: 2km; período orbital: 597,607 dias (1,64 ano); distância média do planeta:
20.454.000km.

2004 (31 de janeiro) – É anunciada a descoberta (a partir de imagens feitas em 6 de


fevereiro de 2003) de S/2003 J 23, sexagésimo terceiro satélite conhecido de Júpiter.
Diâmetro: 2km; período orbital: 700,538 dias (1,92 ano); distância média do planeta:
22.740.000km.

2004 (6 de fevereiro) – A ESA dá como perdido o veículo britânico para exploração da


superfície de Marte Beagle 2, enviado a bordo da Mars Express.

2004 (6 de fevereiro) – A Mars Express entra em contato com o Spirit, transmitindo ordens
fornecidas a partir da Terra e enviando de volta dados colhidos pelo robô da NASA. É a
primeira vez que objetos espaciais da ESA e da Nasa mantêm contato em órbita e que uma
rede internacional de comunicações funciona em outro planeta.

2004 (10 de fevereiro) – Um estudo publicado na revista Icarus, coordenado pelos


astrônomos estadunidenses Bruce Fegley e Laura Schaefer, afirma que a "neve metálica" de
Vênus, descoberta em 1995 pela sonda Magellan, é composta principalmente de dióxido de
enxofre e de sulfeto de chumbo.

2004 (2 de março) – É lançada a sonda Europeia Rosetta, com o objetivo de estudar o


cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, descoberto (20 de setembro de 1969) por Klim
Ivanovich Churyamov e Svetlana Ivanovna Gerasimenco, cuja órbita está localizada entre
Júpiter e a Terra (a distância ao Sol varia entre 193 milhões e 856 milhões de km) e no qual
deverá pousar em novembro de 2014. A nave consiste em duas estruturas: o módulo orbital,
denominado Rosetta, e o módulo de pouso, chamado Philae. O nome da sonda é uma
homenagem à Pedra da Rosetta, pedra esta que auxiliou o entendimento dos hieróglifos
egípcios. O módulo de pouso recebe o nome de Philae, uma ilha no rio Nilo que contém um
obelisco, o qual também contribuiu para decifrar os hieróglifos. Os objetivos da missão são:
efetuar a Caracterização global do núcleo do cometa, com a determinação de suas
propriedades dinâmicas e de sua composição e morfologia; determinar as características
químicas, mineralógicas e isotópicas das composições voláteis e refratárias do núcleo
cometário; determinar as propriedades físicas e a inter-relação entre as substâncias voláteis
e refratárias do núcleo do cometa; estudar o desenvolvimento da atividade do cometa e os
processos que envolvem a sua camada superficial com o interior de sua cauda. (analisar a
interação entre a poeira e o gás); estudar as características globais deste cometa, suas
propriedades dinâmicas, morfologia e a composição de sua superfície.

2004 (19 de março) – Uma equipe de astrônomos liderada por Ben Bussey, da
Universidade Johns Hopkins, nos EUA, anuncia que há uma região com "picos de luz
eterna" na Lua, onde o sol nunca se põe.

2004 (23 de março) – A Mars Odyssey completa 10.000 órbitas ao redor do Planeta
Vermelho.

2004 (26 de março) – A equipe de cientistas da Cassini publica a primeira sequência de


imagens de Saturno mostrando nuvens a moverem-se a alta velocidade à volta do planeta.
Usando um filtro para ver melhor o vapor de água no topo da cobertura de nuvens densas,
movimentos nas regiões equatorial e sul são claramente visíveis.

2004 (8 de abril) – A primeira observação de longo prazo da dinâmica das nuvens da


atmosfera de Saturno é publicada por cientistas da missão Cassini. Um grupo de fotografias
mostra duas tempestades, nas latitudes sul, a aglomerarem-se durante o período de 19 a 20
de Março. Ambas as tempestades tinham um diâmetro de cerca de 1.000km antes de se
juntarem.

2004 (20 de abril) – É lançada a sonda estadunidense Gravity Probe B, criada para verificar
a veracidade da teoria da relatividade geral, de Albert Einstein. A nave transporta quatro
giroscópios sofisticados que compõem um sistema de referência espaço-temporal quase
perfeito. Com massa de 3.100kg, opera numa órbita polar a 642km da Terra.
A coleta de dados termina em 15 de agosto de 2005. A análise desses dados estende-se
pelos anos seguintes.

2004 (maio) – Imagens captadas pelo telescópio espacial Spitzer mostram, pela primeira
vez, o processo de nascimento das estrelas, envolvidas por poeira atmosférica, gás e
partículas de água congelada. Elas incluem mais de 300 estrelas formadas recentemente na
área chamada de RCW 49, distante 13.700 anos-luz da Terra, na constelação do Centauro.

2004 (18 de maio) – A Cassini entra no sistema de Saturno. O efeito gravitacional do


planeta começa a sobrepor-se à influência do Sol.

2004 (20 de maio) – É liberada a primeira imagem de Titã realizada pela Cassini, com
resolução superior à de qualquer fotografia tirada da Terra, feita quinze dias antes a 29,3
milhões de km.

2004 (1º de junho) – São descobertos, graças às imagens da Cassini, dois pequenos satélites
de Saturno, batizados posteriormente de Methone e Pallene. O anúncio da descoberta é
feito em 16 de agosto. Passam a ser 33 as luas conhecidas do planeta.
Methone – Diâmetro: 3km; período orbital: 1,001 dia; distância média do planeta:
194.440km; massa estimada: 7 bilhões de toneladas; densidade: desconhecida.
Pallene – Diâmetro: 2,9 x 2,8 x 2km; período orbital: 1,754 dia; distância média do planeta:
212.280km; massa estimada: 10 bilhões de toneladas: densidade: desconhecida.
2004 (8 de junho) – Ocorre um trânsito de Vênus, fenômeno não observado desde 1882. O
evento recebe boa cobertura da mídia, visto ser o primeiro deste tipo a ocorrer depois da
invenção da televisão e da internet.
O próximo ocorre em 5 e 6 de junho de 2012.

2004 (11 de junho) – A Cassini sobrevoa Febe, a 2.068km de distância. Todos os onze
instrumentos a bordo operam como esperado e todos os dados previstos são obtidos. Os
cientistas planejam usar os dados para criar mapas globais do satélite coberto de crateras e
para determinar sua composição, massa e densidade. Partes das superfícies craterizadas
mostram-se muito brilhantes, e crê-se que existe uma grande quantidade de gelo no estrato
imediatamente inferior à superfície.

2004 (21 de junho) – A nave SpaceShipOne realiza com êxito o primeiro voo privado ao
espaço. Mike Melvill, de 62 anos, é o primeiro astronauta a bordo de um veículo não
patrocinado com recursos públicos a alcançar os confins da atmosfera (atinge a altura de
100km). A missão é um projeto da empresa Scaled Composites, dirigida pelo projetista de
aeronáutica Burt Rutan e patrocinada pelo multimilionário Paul Allen, co-fundador da
Microsoft.

2004 (1º de julho) – A Cassini é inserida com sucesso na órbita de Saturno, numa manobra
que dura 96 minutos. É a primeira sonda a orbitar aquele mundo.

2004 (2 de julho) – Primeira passagem da Cassini por Titã, a uma distância de 339.000km.
Fotografias mostram nuvens consideradas como compostas de metano e características
interessantes da superfície.

2004 (3 de agosto) – É lançada a sonda estadunidense Messenger, destinada a realizar o


primeiro estudo integral de Mercúrio (A Mariner 10, trinta anos antes, havia efetuado um
levantamento parcial). A sonda (485kg) transporta sete instrumentos científicos e seu
objetivo é coletar informação acerca da composição e estrutura da crosta de Mercúrio, da
sua história geológica, da natureza de sua atmosfera e seus campos magnéticos, de seu
núcleo e de seus polos. MESSENGER é um acrônimo para MErcury Surface, Space
ENvironment, GEochemistry and Ranging (Superfície, Ambiente Espacial, Geoquímica e
Amplitude de Órbita de Mercúrio). Depois de sobrevoar o planeta três vezes (14 de janeiro
e 6 de outubro de 2008, 29 de setembro de 2009), a sonda é inserida na órbita mercuriana,
para uma missão primária de um ano, em 18 de março de 2011.

2004 (9 de agosto) – Com a descoberta de Remo, segundo satélite de 87 Sílvia, este se


torna o primeiro sistema triplo de asteroides conhecido. O outro satélite, Rômulo, havia
sido identificado em 18 de fevereiro de 2001. Rômulo e remo, fundadores lendários de
Roma (753 a.C.), são filhos de Reia Sílvia, a quem faz alusão o nome deste asteroide,
descoberto (16 de maio de 1866) por Norman Robert Pogson (1829-1891).
Sílvia – Diâmetro: 384 x 262 x 232km; período orbital: 2.381,697 dias (6,52 anos);
distância média do Sol: 522.137.000km.
Rômulo – Diâmetro: 18km; período orbital: 87h35min; distância média do asteroide:
1.356km.
Remo – Diâmetro: 7km; período orbital: 33h05min; distância média do asteroide: 706km.
2004 (8 de setembro) – Uma cápsula contendo partículas do vento solar (coletadas entre 3
de dezembro de 2001 e 1º de abril de 2004) é liberada na atmosfera pela sonda Genesis.
Contudo, o paraquedas falha, e a cápsula é freada unicamente pela resistência do ar, caindo,
à velocidade de 311km/h, na base militar estadunidense do deserto de Dugway, no Estado
de Utah. Com o impacto, a cápsula quebra, mas mesmo assim amostras do vento solar são
posteriormente recuperadas. Essas são as primeiras partículas de material extraterrestre não
originárias da Lua trazidas à Terra por uma nave espacial.

2004 (24 de outubro) – Imagens da Cassini permitem a descoberta de Polideuces, trigésimo


quarto satélite conhecido de Saturno.
Diâmetro: 3,5km; período orbital: 2,737 dias; distância média do planeta: 377.396km.

2004 (11 de novembro) – A ESA divulga imagens detalhadas da superfície de Fobos, feitas
com a câmera estereofônica de alta resolução da Mars Express, as quais mostram várias
crateras, que em alguns casos possuem materiais escuros perto do solo, em outros têm pó
residual e em outros, ainda, um dos materiais mais escuros do Sistema Solar.
Os nomes dos acidentes topográficos de Fobos originam-se de astrônomos que estudaram o
satélite e de pessoas e lugares das Viagens de Gulliver, do irlandês Jonathan Swift
(1667-1745). A principal estrutura de Fobos é a cratera de impacto Stickney, a qual, com
9km de diâmetro, ocupa uma parcela considerável da superfície do satélite. O nome é uma
alusão a Chloe Angeline Stickney Hall (1830-1892), esposa de Asaph Hall, descobridor de
Fobos.

2004 (15 de novembro) - A sonda Smart-1 entra em órbita lunar, treze meses e meio depois
do lançamento.

2004 (20 de novembro) – É lançado o observatório orbital estadunidense Swift, cujo


objetivo é estudar as erupções de raios gama, que constituem o fenômeno mais luminoso
conhecido do Universo e podem liberar em poucos minutos energia equivalente à emitida
pelo Sol em bilhões de anos. O nome do observatório (Swift significa "rápido", em inglês)
é uma referência à velocidade necessária para detectar e estudar essas explosões, que são de
curta duração (de um centésimo de segundo a alguns minutos). Com massa de 1.470kg,
opera numa órbita a 600km da Terra.

2004 (25 de dezembro) – A sonda Huygens se desprende da Cassini e inicia seu


deslocamento até Titã.

2004 (31 de dezembro) – A sonda Cassini sobrevoa Jápeto e descobre a maior estrutura
topográfica do satélite. Trata-se de uma extensa cadeia de montanhas, com 1.300km de
comprimento, 20km de largura e 13km de altura, localizada no hemisfério escuro (Cassini
Regio), paralelamente ao equador. Chega a erguer-se 20km acima das planícies adjacentes,
destacando-se de tal modo que distorce até mesmo a forma do satélite. Essa cadeia
montanhosa ainda não tem um nome oficial; por convenção, os nomes das características
do relevo de Jápeto são retirados de personagens e lugares do poema épico francês A
canção de Rolando.
2005 (janeiro) – O robô Opportunity encontra, em Marte, o “Heat Shield Rock”, o primeiro
meteorito descoberto em outro planeta e o terceiro fora da Terra (dois outros haviam sido
encontrados na Lua. Do tamanho de uma bola de basquete e composto de ferro (93%) e
níquel (7%), o objeto recebe da Meteoritical Society, em outubro, o nome oficial de
Meridiani Planum.
Posteriormente, o Opportunity encontra mais cinco meteoritos em Marte.

2005 (5 de janeiro) – Michael Brown, Chad Trujillo e David Rabinowitz descobrem o


objeto 2003 UB313, provisoriamente denominado "Xena" (hoje Éris), planeta anão que
orbita além de Plutão. Ele já havia sido registrado, de forma automática, no dia 21 de
outubro de 2003, vindo daí o nome provisório que recebeu, de acordo com os critérios
estabelecidos pela UAI. Suas dimensões fazem desse objeto candidato a ser considerado o
décimo planeta do Sistema Solar e, concomitantemente, acirram a polêmica em torno de
Plutão, reabrindo a discussão sobre se esse corpo celeste deve ou não continuar sendo
considerado um planeta.
Éris – Diâmetro: 2.326km; período orbital: 204.870 dias (560,90 anos); distância média do
Sol: 10,123 bilhões de km (varia entre 5,650 e 14,595 bilhões de km; massa: 16,7
quintilhões de toneladas (27% superior à de Plutão); densidade: 2,52g/cm3; rotação: 25,9h;
magnitude aparente: 18,7.
Éris tem um satélite conhecido: Disnomia.

2005 (10 de janeiro) – Um grupo internacional de astrônomos divulga a descoberta das três
maiores estrelas observadas até o momento, todas com diâmetro superior a 1,6 bilhão de
km. São elas: KW Sagitarii (a 9.800 anos luz de distância), V354 Cephei (a 9.000 anos luz)
e KY Cygni (5.200 anos luz).

2005 (12 de janeiro) – É lançada a sonda estadunidense Deep Impact (ou Impacto
Profundo) com destino ao cometa Tempel 1 (oficialmente, 9P/Tempel), Descoberto (3 de
abril de 1867) pelo astrônomo alemão Ernst Wilhelm Leberecht Tempel (1821-1889, que
circula entre as órbitas de Marte e de Júpiter. O objetivo da missão (sonda principal
pesando 650kg) é lançar um impactador (370kg) contra o cometa, observar a explosão e a
partir dela analisar os componentes químicos e físicos internos do astro.
Uma campanha publicitária denominada “Envie seu nome a um cometa”, realizada entre
maio de 2003 e janeiro de 2004, permite que os visitantes do site do JPL inscrevam seu
nome para ser colocado no impactador da sonda. Os 625.000 nomes inscritos são gravados
num CD, que é incorporado à missão.

2005 (14 de janeiro) – A sonda Huygens pousa com sucesso em Titã, depois de ter
atravessado a atmosfera do satélite de Saturno. Logo depois do pouso, durante 90 minutos,
envia as primeiras fotos de Titã à Cassini, que as retransmite à Terra. Este é o primeiro
pouso de uma astronave num satélite natural que não seja a Lua.

2005 (21 de janeiro) – Imagens da Huygens revelam que em Titã há chuva de metano
líquido tão frequente que é capaz de modelar a superfície do satélite com canais e lagos.

2005 (28 de janeiro) – Uma equipe de astrônomos coordenada por Jean-Loup Bertaux, do
Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS – França), Publica na revista Science Um
artigo afirmando que A presença de moléculas de óxido nítrico demonstra que existe luz na
noite marciana, segundo registros de instrumentos da sonda europeia Mars-Express.

2005 (fevereiro) – É anunciada a descoberta, pela Mars Express, de evidências de um mar


congelado logo abaixo da superfície de Marte, ao norte do equador do planeta, com uma
extensão de 900km.

2005 (2 de março) – A sonda Smart-1 inicia suas observações científicas da Lua.

2005 (4 de março) - A sonda Rosetta sobrevoa a Terra pela primeira vez, a uma altitude de
1.954,7km. Os campos magnéticos terrestre e lunar são usados para testar e calibrar os
instrumentos.

2005 (16 de março) – A Nasa divulga a descoberta de uma atmosfera em Encélado, que se
torna a segunda lua de Saturno (depois de Titã) a ter uma atmosfera conhecida.

2005 (abril) – A Mars Global Surveyor obtém, pela primeira vez, imagens de outras sondas
em órbita do mesmo planeta, fotografando a Mars Express e mais tarde a Mars Odyssey.

2005 (abril) – Astrônomos britânicos calculam que a "Grande Escuridão" – período de


escuridão total que se seguiu à explosão cósmica primordial – terminou depois de 200 a
500 milhões de anos, quando as primeiras estrelas nasceram de nuvens comprimidas de
hidrogênio.

2005 (16 de abril) – A Cassini detecta, na atmosfera superior de Titã, hidrocarbonetos


complexos, elementos básicos na formação da vida, contendo até sete átomos, bem como
hidrocarbonetos em que há nitrogênio.

2005 (20 de abril) – A NASA anuncia que, apesar da falha do paraquedas da cápsula da
sonda Genesis, amostras de íons de oxigênio provenientes do Sol são recuperadas,
permitindo a medição isotópica do oxigênio solar, que é o principal objetivo da missão.

2005 (4 de maio) – Scott S. Sheppard, David C. Jewitt, Jan Kleyna e Brian G. Marsden
(1937-2010) anunciam a descoberta de doze pequenos satélites de Saturno, fotografados
entre 12 de dezembro de 2004 e 9 de março de 2005. Oito deles têm nomes definitivos:
Aegir, Bebion, Bergelmir, Bestla, Farbaute, Fenrir, Fornjot e Hati. Com isso, passam a ser
46 as luas conhecidas do planeta.
Aegir – Diâmetro: 6km; período orbital: 1.025,908 dias (2,81 anos); distância média do
planeta: 19.618.000km.
Bebion – Diâmetro: 6km; período orbital: 820,130 dias (2,25 anos); distância média do
planeta: 16.898.000km.
Bergelmir – Diâmetro: 6km; período orbital: 1006,659 dias (2,76 anos); distância média do
planeta: 19.372.000km.
Bestla – Diâmetro: 7km; período orbital: 1.088 dias (2,98 anos); distância média do
planeta: 20.192.000km.
Farbaute – Diâmetro: 5km; período orbital: 1079,099 dias (2,94 anos); distância média do
planeta: 20.291.000km.
Fenrir – Diâmetro: 4km; período orbital: 1.260,35 dias (3,45 anos); distância média do
planeta: 22.454.000km.
Fornjot – Diâmetro: 6km; período orbital: 1.354 dias (3,71 anos); distância média do
planeta: 23.609.000km.
Hati – Diâmetro: 6km; período orbital: 1.080,099 dias (2,96 anos); distância média do
planeta: 20.303.000km.
S/2004 S 7 - Diâmetro: 6km; período orbital: 1.140,24 dias (3,12 anos); distância média do
planeta: 20.999.000km.
S/2004 S 12 – Diâmetro: 5km; período orbital: 1048,541 dias (2,87 anos); distância média
do planeta: 19.906.000km.
S/2004 S 13 - Diâmetro: 6km; período orbital: 905,848 dias (2,48 anos); distância média do
planeta: 18.056.000km.
S/2004 S 17 – Diâmetro: 4km; período orbital: 985,453 dias (2,70 anos); distância média
do planeta: 18.099.000km.

2005 (6 de maio) – Cientistas da Cassini descobrem Dafne, quadragésimo sétimo satélite


conhecido de Saturno.
Diâmetro: 8,6 x 8,2 x 6,4km; período orbital: 0,594 dia; distância média do planeta:
136.505,5km.

2005 (9 de maio) – O telescópio Swift detecta a primeira erupção de raios gama (GRB
050509b) de curta duração alguma vez observada (0,05 segundo).
GRB é a abreviatura inglesa para “gamma-ray burst”, erupção de raios gama.

2005 (15 de junho) – Imagens obtidas pelo telescópio Hubble permitem a descoberta de
mais dois satélites de Plutão, posteriormente batizados de Nix e Hydra. Esses nomes são
escolhidos, em parte, por corresponderem às iniciais da sonda New Horizons, lançada em
janeiro de 2006 para Plutão. Nix é a deusa grega da escuridão, e Hydra é a serpente de nove
cabeças que guarda o inferno.
Nix – Diâmetro: entre 46 e 137km; período orbital: 24,856 dias; distância média do planeta:
48.708km; massa: desconhecida; densidade: desconhecida.
Hydra – Diâmetro: entre 60 e 168km; período orbital: 38,206 dias; distância média do
planeta: 64.709km; massa: desconhecida; densidade: desconhecida.

2005 (4 de julho) – Após uma viagem de 173 dias e 429 milhões de km, o impactador da
Deep Impact (um projétil de cobre pesando 370kg)é lançado contra o cometa Tempel 1,
colidindo com ele à velocidade de 37.000km/h. O impacto produz energia equivalente à da
explosão de 5t de dinamite e faz aumentar o brilho do cometa em seis vezes. A 700km de
distância, a sonda registra o choque e envia as imagens para a Terra. Instrumentos a bordo
da Rosetta também fazem observações do impacto. Uma cratera é produzida, mas os
cientistas não podem vê-la por causa da nuvem de poeira que se forma. O impactador, que é
colocado na trajetória do Tempel 1 para ser atingido por ele, transmite até três segundos
antes do choque. Cerca de 4.500 imagens são enviadas pela Deep Impact para a Terra.
O telescópio Swift monitora o cometa depois da colisão e observa que material continua
sendo expulso durante os treze dias seguintes. No total, o impacto libera aproximadamente
5.000t de água e de 10.000 a 25.000t de poeira.
O núcleo do Tempel 1 tem diâmetro de 7,6 x 4,9km, e a massa estimada é de 75 bilhões de
toneladas.

2005 (26 de julho) – Dados da Cassini confirmam que há chuva em Titã, composta de
metano líquido e, em menores proporções, de nitrogênio.

2005 (9 de agosto) - O ônibus espacial Discovery (STS-114) aterrissa com sucesso na


Califórnia (e não na Flórida, como previsto), em meio a tensão e incertezas. Primeira
missão de um ônibus espacial depois (907 dias) da explosão do Columbia, em fevereiro de
2003, o Discovery tem problemas desde o lançamento, ocorrido de Cabo Canaveral a 26 de
julho, devido a fragmentos de espuma isolante desprendidos da superfície do depósito de
combustível externo que alimenta os foguetes propulsores na partida da nave. O ônibus
espacial permanece 9 dias (28 de julho a 6 de agosto) acoplado à ISS. Durante esse tempo,
os astronautas descarregam suprimentos, substituem um giroscópio e instalam uma pequena
plataforma externa.
A tripulação é composta por Eileen Collins - Comandante -, James Kelly - Piloto -, Soichi
Noguchi, Stephen Robinson, Andrew Thomas, Wendy Lawrence e Charles Camarda.
Apesar do êxito da missão, os voos tripulados da NASA continuam suspensos, até ser
encontrada uma solução para o problema da espuma isolante. A missão seguinte é a STS-
121 (Discovery, 4 a 17 de julho de 2006).

2005 (12 de agosto) – Pesquisadores estadunidenses liderados por Mark Thiemens


publicam na revista Science um estudo afirmando que O Sol já brilhava há mais de 4,5
bilhões de anos, quando a poeira e o gás ainda não tinham formado os planetas do Sistema
Solar. Para eles, trata-se da primeira evidência conclusiva de que o chamado protosSol
afetou o desenvolvimento do Sistema Solar ao emitir energia ultravioleta suficiente para
catalisar a formação de compostos orgânicos, água e outros elementos necessários à
evolução da vida na Terra.

2005 (12 de agosto) – É lançada a sonda estadunidense Mars Reconnaissance Orbiter


(MRO), que inclui entre seus objetivos determinar os melhores locais de pouso para futuras
missões a Marte e coletar dados geológicos e meteorológicos sobre o planeta. A nave
(2.180kg) carrega instrumentos para analisar a atmosfera, a superfície e o subsolo, a fim de
conhecer a forma como Marte foi mudando ao longo do tempo. Entre os instrumentos estão
a câmera telescópica de maior diâmetro já enviada para estudar um planeta, um
espectrômetro, projetado para identificar minerais relacionados à água em áreas do tamanho
de um campo de futebol, e um radar fornecido pela Agência Espacial Italiana que penetra
no solo e permite a detecção de camadas de rocha, gelo e, se houver, água.

2005 (10 de setembro) – É descoberto um satélite de 2003 UB313 (Éris), provisoriamente


designado de S/2005 (2003 UB313) 1, tendo recebido a a alcunha de Gabrielle, a
companheira de Xena na série televisiva Xena, A Princesa Guerreira. Mais tarde (setembro
de 2006), o astro recebe o nome oficial de Disnomia.
Diâmetro: entre 350 e 490km; período orbital: 15,774 dias: distância média de Éris:
37.350km; magnitude aparente: 23,1.

2005 (19 de setembro) – A Nasa anuncia sua intenção de colocar outra vez astronautas na
Lua, estando a primeira viagem tripulada desse novo programa prevista para 2018.
2005 (19 de setembro) – Uma colônia de vermes da seda mandada ao espaço pela Agência
Espacial da China retorna à Terra após uma viagem de 18 dias. Os animais são enviados
para que sejam estudados os processos de transformação da crisálida em verme e a
consequente produção de seda.

2005 (25 de setembro) – É oficialmente inaugurado o Atacama Pathfinder Experiment


(APEX), radiotelescópio localizado a 5.100m de altitude, no Observatório do Planalto de
Chajnantor, norte do Chile. Com antena principal de 12m, está projetado para fazer
observações nos comprimentos de onda de 0,2 a 1,5mm.

2005 (12 de outubro) – Segunda missão tripulada da China ao espaço. Os taikonautas Fei
Junlong e Nie Haisheng, a bordo da Shenzhou 6, permanecem 115h33min no espaço,
completam 75 órbitas e retornam à Terra no dia 16.

2005 (9 de novembro) – É lançada a Venus Express, primeira sonda europeia com destino a
Vênus, cuja missão principal é fazer um estudo a longo prazo da atmosfera daquele planeta.
A nave, de 1.270kg, transporta sete instrumentos científicos.

2005 (25 de novembro) – A sonda Hayabusa pousa no asteroide 25143 Itokawa, permanece
por cerca de trinta minutos e estuda a sua morfologia, rotação, topografia, cor, composição,
densidade e história. Consegue recolher duas amostras do solo do asteroide Itokawa, as
quais são enviadas à Terra dentro de uma pequena cápsula incorporada à nave
especialmente para esse fim. É a primeira vez que uma nave pousa num asteroide e deixa o
astro mais tarde (A NEAR-Shoemaker pousou em eros, mas permaneceu na superfície do
asteroide.
Neste momento, os resultados da Hayabusa são bastante incertos. Apesar de ter chegado às
proximidades de Itokawa em setembro, apenas dois meses depois consegue pousar, devido
a diversas dificuldades de manobra. Ademais, um pequeno módulo de pouso denominado
Minerva (10 x 12cm, 590g), que deveria pousar e ficar no asteroide, erra o alvo e perde-se
no espaço.

2006 (15 de janeiro) – A sonda Stardust libera na atmosfera terrestre uma cápsula (que
pousa no deserto de Utah) contendo milhares de grãos de poeira e de partículas, capturados
em janeiro de 2004 e provenientes do cometa Wild 2. É a primeira vez que amostras
originárias de um corpo celeste que não seja a Lua são trazidas para a Terra. As amostras da
Stardust incluem também poeira e partículas interestelares, fato sem precedentes na história
da astronomia.

2006 (19 de janeiro) – É lançada a sonda estadunidense New Horizons, com a finalidade
principal de caracterizar globalmente a geologia e a morfologia de Plutão e de Caronte,
além de mapear as suas superfícies. Objetivos secundários são estudar a atmosfera neutra
de Plutão e a sua taxa de fuga; estudar as variações da superfície e da atmosfera de Plutão e
de Caronte ao longo do tempo; obter imagens de alta definição em estéreo de determinadas
áreas de Plutão e de Caronte, para caracterizar a sua atmosfera superior, a ionosfera; estudar
a composição das partículas energéticas do meio ambiente e a sua interação com o vento
solar; procurar pela existência de alguma atmosfera em torno de Caronte; caracterizar a
ação das partículas energéticas entre Plutão e Caronte; procurar por satélites ainda não
descobertos (além de estudar os já conhecidos) e por possíveis anéis que envolvam Plutão e
Caronte. A New Horizons, de 478kg, carrega sete instrumentos científicos principais, bem
como uma pequena quantidade de cinzas de Clyde Tombaugh (1906-1997), descobridor de
Plutão. A sonda sobrevoará Plutão e Caronte em 14 de julho de 2015.

2006 (3 de fevereiro) – Um estudo publicado na revista Science afirma que o cometa


Tempel 1, alvo da sonda Deep Impact em julho de 2005, tem três trechos de gelo em sua
superfície. Pela primeira vez, gelo é localizado no núcleo de um cometa.

2006 (21 de fevereiro) – É lançado o satélite japonês Astro-F, desenvolvido em colaboração


com a ESA e posteriormente renomeado como "Akari (luz), com o objetivo de fazer um
levantamento do céu no infravermelho.

2006 (9 de março) – Cientistas da Nasa afirmam ter encontrado evidências da presença de


água líquida em Encélado, satélite de Saturno, vinda do interior e aflorando à superfície em
forma de jatos.

2006 (10 de março) – A sonda Mars Reconnaissance Orbiter entra com sucesso numa órbita
elíptica (3.806 x 47.972km) em torno de Marte.

2006 (13 de março) – A Nasa divulga resultados preliminares das análises do material
proveniente do cometa Wild 2 trazido à Terra pela Stardust. São encontrados vestígios de
temperaturas extremas, tanto baixas quanto elevadas. Os cometas revelam-se mais
complexos do que se pensava, não estando sua composição limitada a gelo, poeira e gás. Há
no Wild 2 elementos cuja formação requer altas temperaturas: cálcio, alumínio, titânio e
peridoto (rocha natural comum na areia de algumas praias, com elevada concentração de
ferro e de magnésio).

2006 (29 de março) – É lançada a Soyuz TMA-8, às 23h31min18s (hora de Brasília), que
transporta o primeiro brasileiro a ir ao espaço, o tenente-coronel da Força Aérea e
engenheiro aeronáutico Marcos César Pontes, de 43 anos, que também é o primeiro
lusófono e o primeiro sul-americano a ir ao espaço. Participam também da missão o
astronauta estadunidense Jeffrey Williams e o cosmonauta russo Pavel Vinogradov,
integrantes da Expedição 13 da ISS.
O retorno de Marcos à Terra ocorre em 8 de abril, a bordo da Soyuz TMA-7. Permanece no
espaço 9d21h17min e completa 155 órbitas.

2006 (7 de abril) – São liberadas as primeiras imagens em cores de Marte obtidas pela Mars
Reconnaissance Orbiter. As fotos mostram crateras, falésias e dunas formadas pelo vento
no hemisfério sul de Marte. Segundo os cientistas da NASA, a diversidade dos acidentes
geográficos mostra a importância que a água, o vento e impactos de meteoritos tiveram em
moldar a superfície do planeta.

2006 (7 de abril) - A New Horizons cruza a órbita de Marte.

2006 (11 de abril) – A Venus Express entra com sucesso na órbita venusiana. No dia
seguinte, o espectrômetro Virtis capta as primeiras imagens do polo sul do planeta. A 7 de
maio, tendo completado 16 voltas em torno de Vênus, a sonda atinge sua órbita operacional
definitiva. (250 x 66.000km)

2006 (11 de abril) – É lançado nos EUA um telescópio construído especialmente para
capturar possíveis sinais de luz transmitidos à Terra por extraterrestres. Financiado pela
Planetary Society, o equipamento é o primeiro a ser desenvolvido apenas para vasculhar o
céu à procura de luz emitida por alienígenas.

2006 (30 de abril) – O sistema de radar da Cassini detecta a região de Xanadu, em Titã,
descoberta em 1994 pelo telescópio Hubble, e constata que ela tem características
geológicas parecidas com as da Terra. No extremo oeste, há dunas escuras que se
transformam em um terreno cortado pelo que parecem ser redes fluviais, colinas e vales.
Esses canais fluem em direção a áreas mais escuras, que talvez sejam lagos.

2006 (início de maio) - A New Horizons entra no cinturão de asteroides.

2006 (5 de maio) – Um estudo publicado na revista Science afirma que em Titã existem
dunas semelhantes às dos desertos da Terra, com até 150m de altura e centenas de km de
extensão, não tendo sido possível, ainda, determinar de que material são compostas.

2006 (13 de junho) - A New Horizons passa a 101.867km do asteroide 132524 APL e o
fotografa.
Diâmetro: 2,3km; período orbital: 1.536,322 dias (4,21 anos); distância média do Sol: 390
milhões de km.

2006 (26 de junho) – Scott S. Sheppard, David C. Jewitt, Jan Kleyna e Brian G. Marsden
(1937-2010) anunciam a descoberta de nove satélites de Saturno, cujo número passa para
56. Sete deles têm nomes definitivos: Cari, Greip, Hyrrokkin, Jarnsaxa, Loge, Skoll e
Surtur.
Cari – Diâmetro: 7km; período orbital: 1243,71 dias (3,41 anos); distância média do
planeta: 22.305.100km.
Greip – Diâmetro: 6km; período orbital: 906,556 dias (2,48 anos); distância média do
planeta: 18.066.000km.
Hyrrokkin – Diâmetro: 8km; período orbital: 914,292 dias (2,50 anos); distância média do
planeta: 18.168.300km.
Jarnsaxa – Diâmetro: 6km; período orbital: 943,784 dias (2,58 anos); distância média do
planeta: 18.556.900km.
Loge – Diâmetro: 6km; período orbital: 1.314,364 dias (3,60 anos); distância média do
planeta: 23.142.000km.
Skoll – Diâmetro: 6km; período orbital: 869 dias (2,38 anos); distância média do planeta:
17.560.000km.
Surtur – Diâmetro: 6km; período orbital: 1238,575 dias (3,39 anos); distância média do
planeta: 22.243.600km.
S/2006 S 1 – Diâmetro: 6km; período orbital: 972,407 dias (2,66 anos); distância média do
planeta: 18.930.200km.
S/2006 S 3 – Diâmetro: 6km; período orbital: 1.142,366 dias (3,13 anos); distância média
do planeta: 21.076.300km.

2006 (4 a 17 de julho) – Missão do Discovery (STS-121), cuja finalidade principal é testar


os dispositivos de segurança incorporados aos ônibus espaciais depois da explosão do
Columbia (STS-107) e dos transtornos da missão anterior (STS-114), também realizada
pelo Discovery e concluída 329 dias antes.
O astronauta alemão Thomas Reiter é deixado na ISS, onde se junta a Pavel Vinogradov e
Jeffrey Williams, integrantes da Expedição 13 (1º de abril a 28 de setembro). Os demais
tripulantes são Steven Lindsey - Comandante -, Mark Kelly - Piloto -, Michael Fossum,
Piers Sellers, Lisa Nowak e Stephanie Wilson.
Entre os equipamentos levados para a ISS, destacam-se um freezer (de fabricação francesa)
capaz de atingir a temperatura de -80°C, um novo sistema de fornecimento de oxigênio e
uma bicicleta ergométrica.

2006 (22 de julho) – A Mars Express fotografa a formação rochosa da região marciana de
Cydonia, onde está localizado o famoso "rosto de Marte". As fotografias mostram uma
pequena elevação que sofreu erosão, ficando com um aspecto que lembra vagamente um
rosto humano. Contudo, a hipótese de se tratar de um rosto artificialmente esculpido perde
por completo o sentido.

2006 (15 de agosto) – A Voyager 1 chega a 100 unidades astronômicas (14,96 bilhões de
km) do Sol.

2006 (22 de agosto) – Uma resolução da UAI subdivide os então chamados planetas
menores em planetas anões e corpos pequenos do Sistema Solar (SMall Solar System
Bodies, SSSB, em inglês). Pela resolução, corpos pequenos do Sistema Solar são todos os
astros que giram em torno do Sol e que não são planetas, planetas anões ou satélites.
Portanto, pertencem a esta categoria asteroides, centauros, troianos, objetos transnetunianos
e cometas. Não está claro o status dos meteoroides, (menores corpos macroscópicos em
órbita solar) nem dos elementos microscópicos que orbitam o Sol, como poeira
interplanetária, partículas do vento solar e partículas de hidrogênio livre. A expressão
planetas menores pode continuar sendo usada, mas deve-se dar preferência à nova
nomenclatura.

2006 (23 de agosto) – A Nasa anuncia ser Orion o nome da série de veículos de exploração
tripulados projetados para substituir os ônibus espaciais e para transportar astronautas em
futuras missões à Lua.

2006 (24 de agosto) – A 26ª assembleia da UAI, reunida em Praga, na República Tcheca,
aprova pela primeira vez na história da astronomia uma definição para planeta. Segundo
essa definição, planeta é um corpo celeste que está na órbita de uma estrela, sem ser ele
mesmo uma estrela, que tem massa suficiente para que sua própria gravidade o molde numa
forma praticamente esférica e que tenha limpado os arredores de sua órbita. Com isso,
Plutão deixa de ser considerado um planeta, passando a ser incluído na categoria de objetos
criada na mesma assembleia e denominada de planetas anões. Ceres, até então considerado
asteroide, e 2003 UB313 (Xena, mais tarde Éris) também passam a ser classificados como
planetas anões.
2006 (30 de agosto) – A revista Nature publica quatro artigos nos quais astrônomos
afirmam ter acompanhado, pela primeira vez na história, a evolução de uma supernova em
todas as suas etapas. A explosão da supernova, batizada de "SN2006aj" e localizada na
constelação de Áries, a cerca de 440 milhões de anos-luz da Terra, tem início a 18 de
fevereiro de 2006.

2006 (setembro) – A sonda Cassini revela a ocorrência, nos polos de Titã, de chuva ou
nevascas de etano, substância que na Terra é um componente do gás natural.

2006 (1º de setembro) – A revista Science publica dados obtidos pelo impactador da sonda
Deep Impact que, a 4 de julho de 2005, atingiu o cometa Tempel 1. Os dados revelam que o
cometa está envolvido por poeira, como uma fina camada de neve fresca. De forma
inesperada, o Tempel 1 dá sinais de ter tido uma atividade geológica no passado, o que
prova que um cometa não é, como havia proposto Fred Whipple em 1950, uma massa de
neve suja.

2006 (3 de setembro) – A sonda Smart-1 é levada a chocar-se intencionalmente contra o


polo sul da Lua, após 2.889 órbitas completadas. A poeira resultante do impacto (observado
por telescópios terrestres) deve fornecer informações acerca dos elementos químicos
presentes no satélite.

2006 (9 de setembro) – O satélite chinês Shijian 8 é lançado ao espaço carregando 215kg de


sementes e fungos, que são expostos a nove tipos de radiações cósmicas e à
microgravidade. O satélite retorna à Terra no dia 24, e o Ministério da Agricultura da China
pretende utilizar os dados obtidos para desenvolver novos cultivos.

2006 (9 a 21 de setembro) – Missão do Atlantis (STS-115), cujo objetivo é retomar a


construção da ISS, interrompida desde a explosão do Columbia, em fevereiro de 2003. A
tripulação é formada por Brent W. Jett, Jr. - comandante -, Chris Ferguson - piloto -, Steven
MacLean, Daniel Burbank, Heidemarie Stefanyshyn-Piper e Joseph Tanner.

2006 (12 de setembro) – A Mars Reconnaissance Orbiter entra em órbita circular em torno
de Marte, o que lhe permite iniciar seus estudos do planeta.

2006 (13 de setembro) – O Centro de Planetas Menores, organização oficial que coleta
dados sobre asteroides e cometas, passa a considerar o planeta anão Plutão como sendo o
objeto 134340. Os três satélites de Plutão então conhecidos, Caronte, Nix e Hydra, são
considerados parte do mesmo sistema, mas não ganham números próprios: apenas passam a
ser identificados como 134340 I, II e III, respectivamente.

2006 (14 de setembro) – A UAI anuncia que o planeta anão 2003 UB313, conhecido
popularmente como "Xena", passa a se chamar oficialmente Éris, nome da deusa grega da
discórdia e do conflito. Sua lua, apelidada "Gabrielle", passa a ter a denominação oficial de
Disnomia, o demônio do caos e da anarquia, que na mitologia é filha de Éris. Éris recebe
esse nome porque a sua descoberta lança a discórdia entre os astrônomos quanto à definição
de um planeta e causa, indiretamente, a descida de estatuto de Plutão de "planeta" para
"planeta-anão".

2006 (14 de setembro) – Astrônomos do Centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica


afirmam ter descoberto um planeta gigante, batizado como HAT-P-1b, que é cerca de 30%
maior que Júpiter, mas cuja massa corresponde à metade da do maior planeta do Sistema
Solar. Gaspar Bakos, um dos cientistas envolvidos na descoberta, diz ter o planeta cerca de
25% da densidade da água, o que faz dele um objeto mais leve do que uma bola de cortiça
gigante. A estrela em torno da qual ele gira está localizada a 450 anos-luz da Terra, na
constelação do Lagarto.

2006 (18 de setembro) – A empresária de telecomunicações Anousheh Ansari, de 40 anos,


nascida no Irã e naturalizada estadunidense, torna-se a primeira mulher a viajar ao espaço
na condição de turista. Ela parte para a ISS na Soyuz TMA-9, ao lado do estadunidense
Michael Lopez-Alegria e do russo Mikhail Tyurin, para uma viagem de 11 dias. A volta à
Terra ocorre em 29 de setembro, na Soyuz TMA-8.

2006 (20 de setembro) – A Nasa anuncia a descoberta, feita pela Cassini, de um anel em
Saturno. As câmeras da sonda também revelam imagens de material gelado proveniente da
lua Encélado.

2006 (22 de setembro) – É lançada a sonda japonesa Hinode (nascer do sol), anteriormente
denominada Solar-B, cujo objetivo é estudar, a partir de uma órbita terrestre, as enormes
explosões que ocorrem na atmosfera do Sol, conhecidas como "chamas solares". Em apenas
alguns minutos, essas explosões liberam energia equivalente a milhões de bombas de
hidrogênio. A missão pretende obter informações sobre o campo magnético existente na
atmosfera solar e entender o mecanismo de ignição das explosões.
A massa da sonda é de 700kg.

2006 (27 de setembro) – Uma equipe de médicos franceses, composta de três cirurgiões e
dois anestesistas, chefiada por Domenique Martin, realiza, a bordo de um Airbus A300 G-
Zero especialmente adaptado, a primeira cirurgia da história em condições de ausência total
de gravidade feita num ser humano. O paciente, Philippe Sanchot, um voluntário de 46
anos anestesiado em terra, tem um cisto sebáceo removido do antebraço. O objetivo da
experiência é desenvolver tecnologias que permitam realizar cirurgias em astronautas no
espaço, em missões futuras.

2006 (3 de outubro) – Os astrofísicos estadunidenses John C. Mather e George F. Smoot


são os ganhadores do Prêmio Nobel de Física por suas pesquisas sobre a radiação de fundo
das micro-ondas cósmicas e a origem do Universo.

2006 (3 de outubro) – O cientista russo Oleg Korablev, do Instituto de Pesquisa Espacial da


Rússia, estabelece a idade de Marte como sendo de 4,65 bilhões de anos.

2006 (5 de outubro) – Cientistas da NASA e da Itália determinam, com o auxílio do


telescópio espacial Swift, que as partículas emitidas em forma de jatos pelos buracos negros
(descobertas na década de 1970) são compostas de próttons e de elétrons.
2006 (6 de outubro) – São apresentadas imagens da cratera Victoria, em Marte, feitas pelo
robô Opportunity. Essas fotografias representam uma das mais ricas fontes de informação
geológica sobre o planeta, por conta das camadas de rocha aparentes na encosta da cratera.

2006 (8 de outubro) – Um pequeno meteorito cai sobre uma casa de campo em Troidorf,
norte da Alemanha, causando um incêndio que deixa um idoso de 77 anos ferido no rosto e
nas mãos.

2006 (11 de outubro) – Mais dois anéis de Saturno, descobertos pela Cassini, são
anunciados pela Nasa.

2006 (19 de outubro) – A revista britânica Nature publica um estudo, realizado por
astrônomos estadunidenses liderados por Donald Campbell, do Instituto Smithsonian de
Washington, contestando a existência de grandes quantidades de gelo no polo sul da Lua,
conforme havia sido deduzido a partir de dados coletados pela sonda Clementine.

2006 (25 de outubro) – A Nasa lança a missão Stereo (Solar Terrestrial Relations
Observatories), formada por duas sondas, quase idênticas, cada uma pesando 620kg, cujo
objetivo é estudar as radiações produzidas pelas tempestades solares (mais especificamente,
a origem, a evolução e as consequências das explosões que ocorrem na coroa). Como as
sondas estão programadas para operar em órbitas opostas, pela primeira vez as medidas do
Sol e dos ventos solares serão tomadas em três dimensões.

2006 (final de outubro) - A New Horizons deixa o cinturão de asteroides.

2006 (novembro) – Com base em dados obtidos em três sobrevoos da Cassini realizados em
2005, a Uhnião Astronômica Internacional dá nomes a mais 35 estruturas geológicas de
Encélado, também retirados de personagens elugares mencionados nas Mil e uma noites.

2006 (5 de novembro) – A Nasa perde contato com a Mars Global Surveyor, dois dias antes
do décimo aniversário do lançamento da sonda. Em órbita marciana desde setembro de
1997, a sonda é dada como perdida no dia 21 de novembro.

2006 (9 de novembro) – Um grupo de cientistas, na maioria espanhóis, publica um trabalho


na revista Science, no qual sustenta que as estrelas mais evoluídas da Via Láctea são
altamente ricas em rubídio, o que confirma uma teoria de 40 anos sobre a existência desses
astros, que têm massa de quatro a oito vezes maior que a do Sol. Segundo esse estudo, tais
estrelas teriam "contaminado" a nebulosa da qual surgiu o Sistema Solar, o que poderia
ajudar a compreender a evolução química da galáxia.

2006 (22 de novembro) – O presidente mexicano Vicente Fox inaugura o Grande


Telescópio Milimétrico, GTM (ou LMT, Large Milimeter Telescope, na sigla em inglês),
construído a uma altitude de 4.580m, no pico do vulcão inativo Sierra Negra, no Estado de
Puebla, centro do México. Sua antena, de 50m – a maior do mundo –, é o resultado de um
esforço conjunto do Instituto Nacional de Astrofísica, Óptica e Eletrônica do México
(INAOE) e da Universidade de Massachusetts, dos EUA. Fabricado com projeto alemão, o
GTM é o radiotelescópio mais preciso do seu tipo desde o início de sua atividade plena
(2008), estando programado para estudar a composição de cometas, as atmosferas dos
planetas além do nosso Sistema Solar e as origens do Universo, indo desde a formação das
primeiras estrelas e galáxias à radiação cósmica de micro-ondas.

2006 (27 de novembro) – Uma equipe internacional de astrônomos anuncia, em Paris, ter
conseguido medir, pela primeira vez, o campo magnético de uma estrela ao redor da qual
gravita um dos cerca de 200 exoplanetas conhecidos. Situada a 50 anos-luz da Terra, a
estrela Tau Bootis tem um campo magnético de alguns gauss (unidade de medida de
indução magnética), apenas um pouco maior que o do sol, apesar de ter uma massa uma vez
e meia superior.

2006 (28 de novembro) - São liberadas as primeiras imagens de Plutão feitas pela New
Horizons. Devido à grande distância, são pouco nítidas.

2006 (29 de novembro) – São divulgadas as primeiras imagens da superfície de Marte


obtidas pela sonda Mars Reconnaissance Orbiter, cuja missão científica teve início em 7 de
novembro. As imagens mostram dunas intermináveis, algumas das quais cruzadas por
fendas que possivelmente se formaram durante o processo de descongelamento do dióxido
de carbono e da água pelo efeito dos raios solares. Também mostram crateras de impacto,
incluindo o "Endurance", percurso feito no início de 2006 pela sonda Opportunity.

2006 (4 de dezembro) – A Nasa anuncia que a Mars Reconnaissance Orbiter fotografou três
sondas na superfície de Marte: a Spirit e as duas Vikings.

2006 (4 de dezembro) – A Nasa anuncia que projeta construir, com cooperação


internacional, uma base ocupada de maneira permanente na Lua, provavelmente em um dos
polos do satélite.

2006 (6 de dezembro) - Um grupo internacional de astrônomos liderados por Suvi Gezari,


do Caltech (Instituto de Tecnologia da Califórnia) anunciam que imagens da sonda Galex
permitem à equipe assistir, pela primeira vez, "ao vivo" a todas as etapas da agonia de uma
estrela sugada por um buraco negro gigante, localizado a 4 bilhões de anos-luz da Terra.

2006 (6 de dezembro) – A Nasa anuncia a descoberta de evidências de que existe água


líquida em Marte na atualidade. Comparações entre imagens feitas pela Mars Global
Surveyor ao longo dos últimos anos demonstram a ocorrência de mudanças morfológicas
na superfície marciana nesse período, as quais podem ter sido causadas por água fluindo
por encostas de crateras.
Essa hipótese será contestada em fevereiro de 2008.

2006 (15 de dezembro) – A revista Science publica uma série de artigos, assinados por 183
astrônomos de diversos países, nos quais são colocadas em dúvida as teorias atualmente
aceitas acerca da origem do Sistema Solar. As amostras de poeira obtidas durante a
passagem da sonda Stardust pelo cometa Wild 2 e trazidas de volta à Terra demonstram,
contrariamente ao que se pensava, a existência nos cometas de minerais característicos das
regiões internas do Sistema Solar, indicando que, durante o processo de sua formação, deve
ter ocorrido interação entre os materiais das regiões interna e externa, o que não está de
acordo com as hipóteses formuladas até agora.

2006 (27 de dezembro) – É lançada de Baikonur, no Casaquistão, a missão espacial Corot,


desenvolvida sob a liderança da Agência Espacial Francesa (CNES) e envolvendo a
participação de mais cinco países (Alemanha, Áustria, Bélgica, Brasil e Espanha) e da
ESA. Os objetivos da missão são procurar planetas fora do Sistema Solar (exoplanetas) e
tentar compreender a sismologia estelar (asterossismologia ou asterosismologia), ou seja, o
estudo do interior das estrelas com base nas oscilações que ocorrem nelas. Com esse fim, o
Corot (630kg) está programado para medir variações na intensidade da luz desses corpos
celestes com uma precisão jamais alcançada que, aliada a longos períodos de medição em
cada região do céu, deve levar à detecção, pela primeira vez na história, de outros planetas
do tamanho da Terra e capazes de abrigar vida superior.
Corot é um acrônimo para “convecção, rotação e trânsitos planetários” (em francês,
“COnvection ROtation et Transits planétaires”; em inglês, “COnvection ROtation and
planetary Transits”).

2007 (4 de janeiro) – Cientistas europeus e estadunidenses confirmam, num artigo


publicado pela revista britânica Nature e com base em imagens obtidas em 22 de julho de
2006 pela sonda Cassini, a existência de lagos de metano no hemisfério norte de Titã.

2007 (8 de janeiro) – Uma equipe liderada por S. George Djorgovski, do Observatório


W.M. Keck, no Havaí, anuncia a descoberta do primeiro quasar triplo. Denominado LBQS
1429-008, localiza-se na constelação de Virgem e dista da Terra 10,5 bilhões de anos-luz.

2007 (10 de janeiro) – Astrônomos estadunidenses divulgam estudo segundo o qual


Andrômeda (M31), a maior galáxia do Grupo Local, é cinco vezes maior do que se
imaginava, tendo um diâmetro de, pelo menos, um milhão de anos-luz.

2007 (18 de janeiro) – O cometa McNaught, descoberto em 7 de agosto de 2006, na


Austrália, por Robert McNaught, após passar pelo periélio em 12 de janeiro, atinge sua
luminosidade máxima (magnitude –6) e pode ser visto a olho nu no hemisfério sul. Trata-se
do cometa mais brilhante em 41 anos, superado pelo Ikeya-Seki, visível durante o dia em
1965.

2007 (22 de janeiro) – A Índia torna-se o quarto país do mundo (depois de EUA, Rússia e
China) a trazer de volta, com sucesso, uma cápsula enviada ao espaço. O satélite, lançado
no dia 10 de janeiro, é dirigido, ao reentrar na atmosfera, para a Baía de Bengala, atingindo-
a a 36km/h.

2007 (fevereiro) – O espectrômetro de mapeamento visual e infravermelho a bordo da


Cassini obtém imagens de uma nuvem com cerca de 2.400km de diâmetro sobre o polo
norte de Titã. É possível que essa formação esteja diretamente relacionada aos lagos
descobertos em janeiro na superfície do satélite.

2007 (3 de fevereiro) – A sonda Ulysses faz uma passagem inesperada por dentro da cauda
do cometa McNaught, a 250 milhões de km do núcleo.
2007 (6 de fevereiro) – A sonda Opportunity completa 10km percorridos sobre o solo de
Marte.

2007 (16 de fevereiro) – Têm início as operações do South Pole Telescope (SPT),
telescópio de 10m de diâmetro localizado na estação estadunidense de Amundsen-Scott, na
Antártida, projetado para fazer observações em radiação submilimétrica.

2007 (17 de fevereiro) – A Nasa lança os cinco satélites que compõem a missão Themis
(cada um deles pesando 77kg), cujo objetivo é investigar as auroras boreais. Themis (Time
History of Events and Macroscale Interactions during Substorms) é a sigla em inglês para
Histórico de Eventos e Interações a Macroescala durante as Subtempestades, mas também o
nome da deusa grega da Justiça.
Mais tarde, dois dos cinco satélites (Themis B e Themis C) são enviados para uma órbita
lunar e passam a constituir a missão Artemis, acrônimo para “Acceleration, Reconnection,
Turbulence and Electrodynamics of the Moon’s Interaction with the Sun”. Os outros três
satélites permanecem na magnetosfera terrestre.

2007 (25 de fevereiro) - A sonda Rosetta chega a 250km de Marte, estuda o campo
magnético do planeta, faz diversas imagens e utiliza a gravidade marciana para modificar
sua rota.

2007 (28 de fevereiro) – A New Horizons passa por Júpiter e obtém impulso gravitacional,
aumentando sua velocidade de 70.000km/h para 84.000km/h. A aproximação máxima é de
2,3 milhões de km, e a sonda aproveita para fazer uma série de imagens do planeta, bem
como de suas principais luas. Nesta aproximação, a sonda observa relâmpagos nos polos
jovianos, O ciclo de vida das nuvens de amoníaco, aglomerados de rochas viajando através
dos fracos anéis que rodeiam o planeta, a estrutura dentro das erupções vulcânicas em Io e a
passagem de partículas carregadas, nunca estudadas antes, ao longo da cauda magnética de
Júpiter.

2007 (7 de março) – A Câmara dos Deputados do Novo México aprova uma resolução em
homenagem a Clyde Tombaugh, que por décadas morou neste Estado, a qual declara que
Plutão será sempre considerado planeta quando estiver sobre os céus do Novo México e
que 7 de março de 2007 deve ser considerado Dia do Planeta Plutão.
Em 2009, o Senado do Illinois aprova uma resolução semelhante, sob o argumento de que
aquele Estado estadunidense é a terra natal de Tombaugh.

2007 (26 de março) – Horst Bredekamp e William R. Shea apresentam em Pádua, Itália,
cinco páginas contendo desenhos da Lua feitos por Galileu Galilei, recentemente
descobertos e originalmente incluídos numa edição do "Sidereus Nuncius", obra publicada
em Veneza, em 1610.

2007 (abril) – São divulgados resultados de observações feitas pelo Akari, destacando-se o
estudo da evolução do material do meio interestelar através do ciclo de vida das estrelas, a
primeira detecção no infravermelho de um remanescente de supernova na Pequena Nuvem
de Magalhães, a confirmação de uma taxa elevada de perda de massa em estrelas gigantes
vermelhas jovens, o estudo do material à volta de um buraco negro no centro do núcleo
ativo de uma galáxia distante e uma visão da formação de galáxias ao longo da história do
Universo.

2007 (10 de abril) – O astrônomo estadunidense Travis Barman anuncia a detecção, pela
primeira vez na história, de vestígios de água na atmosfera de um planeta extrassolar, o
HD209458b, conhecido extraoficialmente como Osíris. Localizado na constelação de
Pégaso, a 154 anos-luz da Terra, este planeta, descoberto em 5 de novembro de 1999, orbita
a sua estrela em 3,525 dias, à distância média de 6,7 milhões de km.

2007 (12 de abril) – Um boletim da Nasa comunica a primeira observação, feita pelo
Chandra, do eclipse de um grande buraco negro por uma nuvem de gás incandescente. O
fenômeno, ocorrido na galáxia NGC 1365, a cerca de 60 milhões de anos-luz da Terra,
permite aos astrônomos estudar com maior profundidade os buracos negros supermassivos.

2007 (13 de abril) – Scott S. Sheppard, David C. Jewitt, Jan Kleyna e Brian G. Marsden
(1937-2010) descobrem Tarqeq, quinquagésimo sétimo satélite conhecido de Saturno.
Diâmetro: 7km; período orbital: 894,86 dias (2,45 anos); distãncia média do planeta:
17.900.000km.

2007 (23 de abril) – São liberadas as primeiras imagens tridimencionais do Sol, obtidas
pelas sondas Stereo.

2007 (24 de abril) – Cientistas suíços, franceses e portugueses, liderados por Stephen Udry,
do Observatório de Genebra, divulgam a descoberta do então considerado primeiro planeta
extrassolar com temperaturas similares às da Terra e capacidade de armazenar água,
potencialmente habitável, localizado na constelação de Libra e girando em torno da anã
vermelha Gliese 581, a 20,3 anos-luz (192 trilhões de km) da Terra. Diversos estudos
posteriores, contudo, contestam os dados iniciais, atribuindo ao exoplaneta temperaturas de
várias centenas de graus, comparáveis às de Vênus. Com 1,5 raio terrestre de diâmetro e
massa 5 vezes maior que a da Terra, é o menor exoplaneta descoberto até o momento
(recorde quebrado em abril de 2009) e completa uma órbita ao redor de sua estrela, à
distância média de 11 milhões de km, em treze dias, tendo recebido o nome de Gliese 581c.
O nome da estrela central desse sistema planetário deve-se ao astrônomo alemão Wilhelm
Gliese (1915-1993), conhecido pelo Catálogo das Estrelas Próximas, originalmente
publicado em 1957.

2007 (1º de maio) – São anunciadas mais duas luas de Saturno, cujo número sobe para 59.
S/2007 S 2 – Diâmetro: 6km; período orbital: 792,96 dias (2,17 anos); distância média do
planeta: 17.560.000km.
S/2007 S 3 – Diâmetro: 5km; período orbital: 1.100 dias (3,01 anos); distância média do
planeta: 20.518.500km.

2007 (2 de maio) – Cientistas estadunidenses anunciam a descoberta do exoplaneta mais


maciço encontrado até o momento, denominado HAT-P-2b. Distante 440 anos-luz da Terra
e situado na constelação de Hércules, o astro é ligeiramente maior que Júpiter (1,16 raio de
Júpiter), mas tem massa 8,65 vezes superior à joviana, o que resulta numa densidade de
12,5g/cm3.
Posteriormente, planetas mais densos são encontrados.

2007 (3 de maio) – É anunciada a detecção, feita pelo Spirit, de traços de uma erupção
vulcânica nas proximidades da planície Home Plate, em Marte. Segundo a Nasa, é a
primeira vez que se identifica naquele planeta, com alto grau de certeza, um depósito de
sedimentos provenientes de uma explosão vulcânica.

2007 (3 de maio) – O CNES anuncia a descoberta (1º de maio) do primeiro exoplaneta feita
pelo Corot. Batizado de CoRoT-1b (ou CoRoT-Exo-1b), o astro está a 1.560 anos-luz da
Terra e orbita, em 1,501 dia e à distância média de 37,4 milhões de km, Corot-1, uma anã
semelhante ao Sol, situada na constelação do Unicórnio. De temperatura elevada (1.600°C),
tem diâmetro de 208.000km e massa 30% superior à de Júpiter.

2007 (9 de maio) – O JPL informa que, com base em dados fornecidos pelo Spitzer,
astrônomos estadunidenses conseguem estabelecer, de forma inédita, o clima reinante em
dois exoplanetas: o HD189733b, localizado a 60 anos-luz da Terra, atingido por fortes
ventos (9.600km/h), e o HF149026b, distante 279 anos-luz, o mais quente encontrado até o
momento (mais de 2.000°C).

2007 (27 de maio) – O Brasil sai oficialmente do projeto de construção da ISS. Quase uma
década depois do lançamento do primeiro módulo, a Agência Espacial Brasileira ainda não
havia conseguido entregar nenhuma peça para a estação.

2007 (30 de maio) – Imagens da Cassini permitem a descoberta de Anthe, sexagésimo


satélite conhecido de Saturno.
Diâmetro: 2km; período orbital: 1,036 dia; distância média do planeta: 197.700km.

2007 (5 de junho) – Em sua viagem para Mercúrio, a sonda Messenger sobrevoa Vênus
(distância mínima de 313km), aproveitando a ocasião para testar instrumentos e efetuar
medições das nuvens do planeta.

2007 (7 de junho) – A Messenger e a Venus Express, trabalhando em conjunto, obtêm


fotografias com detalhes do relevo e da atmosfera de Vênus jamais vistos anteriormente.

2007 (14 de junho) – Uma equipe de astrônomos estadunidenses, liderada por Michael
Brown, anuncia que Éris tem massa 27% superior à de Plutão. Isso faz de Éris o maior
objeto encontrado no Sistema Solar desde a descoberta de Netuno, em 1846.

2007 (16 de junho) – A estadunidense Sunita Williams torna-se a mulher com mais tempo
de permanência contínua no espaço. Ao iniciar a volta para a Terra a bordo do Atlantis, três
dias depois, completa 191 dias na ISS.

2007 (3 de julho) – A missão da Deep Impact é estendida e muda de nome, passando a se


chamar Epoxi. Os novos objetivos são observar planetas extrassolares já descobertos e
sobrevoar (novembro de 2010) o cometa Hartley 2.
Também é estendida a missão da Stardust, que passa a se chamar New Exploration of
Tempel 1 (Next), cuja finalidade é sobrevoar (fevereiro de 2011) o cometa Tempel 1, já
visitado (julho de 2005) pela Deep Impact.

2007 (11 de julho) – Um estudo publicado na revista Nature afirma que uma equipe
internacional de astrônomos, utilizando imagens do Spitzer, detecta, pela primeira vez,
água (na forma de vapor, em grandes quantidades) na atmosfera de um exoplaneta, o HD
189733b, localizado na constelação da Pequena Raposa e distante 63 anos-luz da Terra.

2007 (23 de julho) – Astrônomos estadunidenses anunciam a descoberta de uma gigantesca


estrela, com massa 25 vezes superior à do Sol e luminosidade 500.000 vezes maior, rica em
oxigênio e em moléculas necessárias para o desenvolvimento de vida como a que
conhecemos na Terra. Batizada de VY Canis Majoris, a estrela localiza-se a 5.000 anos-luz
de distância, e ao seu redor há carbono, nitrogênio, fósforo e cloreto de sódio.

2007 (2 de agosto) – Astrônomos trabalhando no Observatório Roque de los Muchachos,


localizado na ilha de La Palma, calculam o número de estrelas visíveis a olho nu no céu
noturno: 8.479. Levando em conta que as estrelas visíveis em cada hemisfério são
diferentes, variando também de acordo com a época do ano, um observador situado num
ponto específico do planeta pode ver, no máximo, cerca de 2.500 desses astros.

2007 (4 de agosto) – É lançada a sonda estadunidense Phoenix, destinada a pousar no polo


norte de Marte. O principal objetivo da missão é procurar por água, supostamente existente
naquela região da superfície marciana. A nave, de 350kg, possui um braço robótico capaz
de escavar até uma profundidade de 50cm, estando programada para extrair amostras do
solo e analisá-las a fim de determinar sua composição. A Phoenix carrega um DVD
denominado "Visões de Marte", criado pela Sociedade Planetária em Pasadena, Califórnia.
Feito de vidro de sílica, para dar durabilidade, o DVD traz os nomes de cerca de 250 mil
pessoas de mais de setenta países, bem como exemplos da literatura, arte e música da Terra.

2007 (6 de agosto) – A Nasa anuncia a detecção, feita pelo Spitzer, de uma das maiores
colisões cósmicas já registradas. Trata-se da fusão de quatro galáxias de um grupo chamado
CL 0958 4702, situado a quase 5 bilhões de anos luz da Terra. O resultado previsto dessa
colisão é a formação de uma única galáxia, com massa 10 vezes superior à da Via Láctea.

2007 (7 de agosto) – Uma equipe internacional de astrônomos anuncia a descoberta de


TrES-4b, o maior exoplaneta encontrado até então, com tamanho 70% superior ao de
Júpiter (este recorde é quebrado em agosto de 2009 por Wasp-17b). O astro orbita a estrela
GSC02620-00648, localizada a 1.435 anos-luz da Terra, na constelação de Hércules.

2007 (8 a 21 de agosto) – Missão do Endeavour (STS-118), cujo objetivo é levar


componentes para a ISS e suprimentos para os ocupantes da estação. Os tripulantes do
ônibus espacial são Scott Kelly - comandante -, Charles Hobaugh - piloto -, Tracy
Caldwell, Richard Mastracchio, Dafydd Williams - Agência Espacial do Canadá -, Barbara
Morgan e Alvin Drew.
Barbara Morgan é a primeira pessoa legalmente habilitada para dar aulas a ir ao espaço. É o
que a NASA chama de “astronauta educador”.

2007 (15 de agosto) – A Nasa divulga a descoberta, feita pelo Galex, de um longo rastro, de
13 anos-luz de diâmetro, semelhante à cauda de um cometa, deixado pela estrela Mira, da
constelação de Cetus. É a primeira vez que se observa um rastro desse tipo vinculado a uma
estrela.

2007 (23 de agosto) – Os astrônomos Lawrence Rudnick, Shea Brown e Liliya R.


Williams, da Universidade de Minnesota, divulgam estudo no qual afirmam ter encontrado
um grande "buraco" no Universo, ou seja, uma região com 1 bilhão de anos-luz de
diâmetro, localizada nas proximidades da constelação de Erídano, em que não há qualquer
tipo de matéria. Embora as teorias cosmológicas prevejam a existência desses "vazios",
todos os modelos elaborados até o momento estabeleciam em 100 milhões de anos-luz o
limite de suas dimensões.

2007 (27 de agosto) – É lançado o Google Sky (incluído no Google Earth), aplicativo que
permite aos internautas realizar passeios virtuais pelo espaço, visualizar estrelas,
constelações e galáxias, seguir as órbitas dos planetas e satélites do Sistema Solar. As
imagens são fornecidas por sondas da NASA, pelo telescópio Hubble e pelo Sloan Digital
Sky Survey.

2007 (29 de agosto) – A Nasa divulga imagens, feitas pelo Spitzer, que registram o
surgimento do sistema estelar NGC 1333-IRAS 4B, localizado na constelação de Perseu e
distante 1.000 anos-luz da Terra, onde foi encontrado vapor de água suficiente para encher
cinco vezes os oceanos terrestres (nos oceanos terrestres há, no total, 1,3 quintilhão de
toneladas de água). Segundo a Agência espacial estadunidense, trata-se da primeira visão
direta da forma como a água, elemento crucial na formação de vida, começa a fazer parte
dos planetas, inclusive os rochosos como a Terra.

2007 (31 de agosto) – Um grupo de astrônomos estadunidenses liderado por Steven


Tomczyk publica na revista Science um artigo no qual informa a detecção, pela primeira
vez, de um tipo de onda de plasma na coroa solar que pode atingir temperaturas maiores do
que as encontradas na superfície da estrela. Essas ondas, previstas teoricamente pelo físico
sueco Hannes Olof Gösta Alfvén (1908-1995) e que levam seu nome, podem explicar, pelo
menos parcialmente, a grande diferença de temperatura existente entre a coroa (cerca de 1
milhão de °C) e a superfície do Sol (pouco menos de 6.000°C). Graças a essa previsão
teórica, Alfvén recebe o Prêmio Nobel de Física em 1970.

2007 (4 de setembro) – Na data em que a missão da Venus Express completa quinhentos


dias, a ESA divulga imagens enviadas pela sonda, as quais permitem concluir que a
estrutura da atmosfera venusiana é inconstante e muda com rapidez, de um dia para o outro.
Além disso, a meteorologia do planeta é muito variável, e a intensidade das turbulências
muda significativamente em curtos períodos.

2007 (14 de setembro) – É lançada a primeira sonda lunar japonesa, denominada Kaguya
(ou Selene – Selenological Engineering Explorer, em inglês). O objetivo da missão é
recopilar informação sobre a origem e composição da Lua, além de estudar a eventual
possibilidade de uma base humana permanente. A nave, de 2.914kg, carrega 13
instrumentos científicos destinados a colher informação sobre a superfície lunar, como
composição mineral, estrutura e geografia, além de obter dados sobre o campo
gravitacional e os vestígios do campo magnético. Programada para orbitar a Lua a uma
altitude de 100km, a sonda transporta dois pequenos satélites, Okina e Ouna (53kg cada
um). A função do Okina é manter a comunicação, via rádio, entre a Terra e a Selene quando
a sonda passa pelo lado oculto da Lua, enquanto o Ouna utiliza a interferometria para
ajudar a elaborar o mapa gravitacional do satélite.
O nome Kaguya refere-se a uma princesa lunar, personagem de um conto infantil japonês.

2007 (15 de setembro) – Um meteorito cai no povoado de Carancas, na província de


Chucuito, cerca de 1.300km ao sul de Lima, no Peru, abrindo uma cratera de 30m de
diâmetro e 6m de profundidade.

2007 (18 de setembro) – O JPL informa a descoberta, feita por um grupo internacional de
astrônomos, de que o polo sul de Netuno é a região mais quente do planeta. Devido ao
longo período de translação de Netuno (165 anos terrestres), as regiões polares recebem luz
solar de modo contínuo durante 82 anos, sendo possível que, dentro de aproximadamente
oito décadas, haja uma inversão térmica, passando o polo norte à condição de zona mais
quente.

2007 (21 de setembro) – A Nasa informa a descoberta, feita pela Mars Odyssey, de
evidências do que parecem ser sete cavernas, com diâmetros entre 100 e 250m, na encosta
do vulcão Arsia Mons, em Marte. Chamadas pelos cientistas de "sete irmãs", essas
estruturas constituem as primeiras entradas para regiões interiores de outro corpo celeste
encontradas até o momento.

2007 (27 de setembro) – É lançada a sonda estadunidense Dawn (Alvorada), com destino
ao asteroide Vesta e ao planeta anão Ceres. O principal objetivo da missão é procurar por
indícios acerca da origem do Sistema Solar, bem como comparar os elementos constituintes
de Vesta e de Ceres com os formadores dos planetas terrestres. Primeira nave programada
para viajar a dois corpos celestes diferentes e orbitá-los, a Dawn, de 1.240kg, usa um novo
sistema de propulsão: Em vez de foguetes propulsores que queimam combustíveis
químicos, emprega um trio de motores elétricos a energia solar, que ionizam e expelem gás
xenônio, o que deixa um rastro azul cintilante e proporciona grande economia de
combustível. A Dawn orbita Vesta de julho de 2011 a setembro de 2012, seguindo então
para Ceres, em cuja órbita permanecerá de fevereiro a julho de 2015.

2007 (outubro) – É anunciado que SN 2005ap é a supernova mais brilhante já observada,


duas vezes mais brilhante que SN 2006gy, então considerada a mais luminosa. Descoberta
em 3 de março de 2005 por Robert Quimby, SN 2005ap localiza-se a 4,7 bilhões de anos-
luz da Terra, na constelação da Cabeleira de Berenice.

2007 (5 de outubro) – A sonda japonesa Selene entra com sucesso na órbita da Lua.

2007 (10 de outubro) – São inaugurados, no norte da Califórnia, os primeiros 42 (de um


total previsto de 350) radiotelescópios do projeto ATA (Allen Telescope Array), cujo
objetivo é procurar por vida extraterrestre inteligente. Esse projeto é operado pelo Instituto
SETI e pelo laboratório de radioastronomia da Universidade da Califórnia.
2007 (17 de outubro) – Um artigo publicado pela revista Nature informa a descoberta, feita
por uma equipe internacional de astrônomos coordenada pelo estadunidense Jerome Orosz,
de um buraco negro com 15,7 massas solares, localizado na galáxia do Triângulo (M33), a
3 milhões de anos-luz da Terra. O achado é significativo, pois trata-se do maior buraco
negro já observado junto a uma estrela de grande massa e o primeiro conhecido num
sistema binário eclipsante.

2007 (19 de outubro) – A estadunidense Peggy Withson, de 47 anos, torna-se a primeira


mulher a assumir o comando da ISS.

2007 (23 e 24 de outubro) – Em apenas 42h, o brilho do cometa 17P/Holmes (descoberto


em 6 de novembro de 1892 pelo astrônomo inglês Edwin Holmes – 1842-1919) passa da
magnitude 17 para a magnitude 2,8, o que representa um aumento de quase 500.000 vezes.
Trata-se do maior aumento de brilho já registrado para um cometa, e os cientistas ainda não
têm explicação para o fenômeno.

2007 (23 de outubro a 7 de novembro) – Missão do Discovery (STS-120), cujo objetivo


principal é instalar na ISS o módulo estadunidense Harmony, fabricado na Itália. É um
conector de módulos, com funções semelhantes às do Unity. O Harmony é decisivo para
aumentar as dimensões da ISS, pois a ele são posteriormente conectados os módulos Kibo
(japonês) e Columbus (Europeu).
A tripulação é formada por Pamela Melroy - Comandante -, George Zamka - Piloto -, Scott
Parazynski, Stephanie Wilson, Douglas Wheelock, Paolo Nespoli, Daniel Tani – levado
para a ISS – e Clayton Anderson – trazido da ISS.

2007 (24 de outubro) – É lançada a Chang’E 1, primeira sonda lunar da China, que parte da
base de Xichang, na província de Sichuan, no sudoeste do país. Os objetivos da missão são
analisar a poeira da Lua e a distribuição dos elementos na superfície do satélite, além de
tirar fotografias em três dimensões. Este é o primeiro lançamento do programa espacial
chinês aberto ao público, sendo presenciado por mais de 2.000 espectadores. A nave
transporta 24 instrumentos e tem massa de 2.350kg.
Chang’E é, na mitologia chinesa, uma deusa que viajou à Lua e habita nela.

2007 (30 de outubro) – A Nasa divulga a descoberta, feita por uma equipe de astrônomos
liderada pela estadunidense Andrea Prestwich, do maior buraco negro observado até então,
com massa entre 24 e 33 vezes a do Sol, localizado na galáxia IC 10, a cerca de 1,8 milhão
de anos-luz da Terra.
Buracos negros muito maiores são observados posteriormente.

2007 (31 de outubro) – Um estudo publicado na revista Nature e dirigido por Antonio
Chrysostomou, da Universidade de Hertfordshire (Reino Unido), demonstra que o campo
magnético das estrelas que começam a se formar tem uma estrutura helicoidal.

2007 (5 de novembro) – A sonda chinesa Chang’E 1 entra com sucesso numa órbita
circular em torno da Lua, a uma altitude de 200km.

2007 (7 de novembro) – A Nasa anuncia a descoberta de um quinto planeta orbitando a


estrela 55 Cancri, o que configura o maior número de planetas extrassolares num único
sistema de que se tem notícia (recorde posteriormente quebrado pelo sistema planetário de
HD 10180). Localizado na constelação de Câncer e distante 41 anos-luz, este planeta tem
cerca de 45 vezes amassa da Terra e é o quarto a partir de sua estrela, a qual orbita, à
distância de 116,7 milhões de km, em 260 dias.

2007 (8 de novembro) – Um estudo realizado por 370 cientistas de 17 países (entre eles o
Brasil) e publicado na revista Science sustenta que os raios cósmicos, partículas com
grande concentração de energia e que se deslocam a velocidades próximas à da luz,
atingindo a Terra continuamente, são provavelmente originados de buracos negros gigantes
situados em galáxias vizinhas à Via Láctea. A origem desses raios é alvo de investigação há
décadas, e a compreensão de sua natureza, bem como dos mecanismos que determinam sua
aceleração, pode fornecer aos cientistas pistas na busca de explicação para a origem do
Universo.

2007 (13 de novembro) - A sonda Rosetta sobrevoa a Terra pela segunda vez. Cinco dias
antes, durante a aproximação, é confundida com um asteroide e chega a receber a
designação provisória 2007 VN84, cancelada assim que o equívoco é constatado.

2007 (15 a 27 de novembro) – Ocorre o primeiro dos três estágios do programa Marte-500,
cujo objetivo é simular uma viagem tripulada ao planeta vermelho. O experimento tem
lugar no Instituto de Problemas Biomédicos da Academia de Ciências da Rússia, em
Moscou. Durante essa primeira fase, são testados os equipamentos, as instalações e os
procedimentos operacionais de viagem. Os seis voluntários participantes (cinco homens e
uma mulher) são russos: Anton Artamonov, Oleg Artemyev, Alexander Kovalev, Dmitry
Perfilov, Sergei Ryazan e Marina Tugusheva.

2007 (21 de novembro) – Um estudo coordenado por Patrick Dufour, do departamento de


Astronomia da Universidade do Arizona, e publicado na revista Nature, informa a
descoberta de várias anãs brancas com atmosfera de carbono, algo nunca antes visto, o que
pode implicar a existência de uma nova categoria de estrelas.

2007 (7 de dezembro) – A revista Science publica, numa seção especial, dez artigos
contendo os primeiros resultados da missão da sonda japonesa Hinode. Destaca-se a
observação das ondas Alfvén, as quais, juntamente com a liberação de energia que ocorre
quando as linhas de campos magnéticos se cruzam e se reconectam, fornecem explicação
para as elevadas temperaturas da coroa solar relativamente à superfície. Ademais, são
observados diversos tipos de jatos de matéria em alta velocidade, provenientes das erupções
solares, que estão na origem do vento solar.

2007 (13 de dezembro) – Um estudo realizado por uma equipe internacional de astrônomos
liderada por Daniela Carollo, e publicado na revista Nature, conclui que a Via Láctea não é
composta por um único halo, mas por dois, que se movimentam em sentidos contrários e
têm velocidades, composições e histórias diferentes.

2007 (20 de dezembro) – Acolhendo uma proposição da Itália, a ONU declara 2009 Ano
Internacional da Astronomia, em comemoração aos 400 anos do primeiro uso astronômico
de um telescópio, por Galileu Galilei.

2008 (3 de janeiro) – De acordo com estudo publicado na revista Nature, uma equipe de
astrônomos do Instituto Max Planck de Astronomia, localizado em Heidelberg, Alemanha,
observa, pela primeira vez, a formação de um planeta no interior do disco de poeira e de
gás que envolve uma estrela jovem. Com massa 10 vezes superior à de Júpiter, o planeta
dista 6 milhões de km da sua estrela, TW Hydrae, localizada a 176 anos-luz da Terra, na
constelação de Hidra, ao redor da qual gira em 3,56 dias. Essa descoberta implica a
necessidade de revisão das teorias sobre o tempo de formação dos planetas.

2008 (14 de janeiro) – A sonda Messenger sobrevoa Mercúrio pela primeira vez, à distância
de 200km, tornando-se a segunda espaçonave (depois da Mariner 10) a passar por aquele
planeta. São feitas as primeiras imagens do hemisfério "oculto" de Mercúrio, ou seja, do
lado do planeta não fotografado pela Mariner 10 na década de 1970. As 1.213 imagens
obtidas pela Messenger neste primeiro sobrevoo permitem concluir que Mercúrio é menos
parecido com a Lua do que se pensava. Entre os acidentes geográficos descobertos,
destaca-se uma estrutura batizada de "Aranha", formada por mais de uma centena de
saliências com uma cratera de 40km de diâmetro no núcleo, diferente de qualquer forma de
relevo jamais observada em Mercúrio ou Na Lua. As imagens são liberadas pela Nasa em
30 de janeiro.

2008 (4 de fevereiro) – A Nasa transmite ao espaço, como parte das comemorações do seu
50º aniversário, a canção "Across the Universe", dos Beatles, composta por John Lennon
(1940-1980) e Paul McCartney. Os sinais, viajando à velocidade da luz, levarão 433 anos
para chegar a seu destino, a Estrela Polar.
Estrela polar é uma estrela visível a olho nu, aproximadamente alinhada com o eixo de
rotação da Terra, cuja posição aparente situa-se próximo de um dos polos celestes e
diretamente acima de um observador colocado num dos polos terrestres. Tradicionalmente,
estrela polar refere-se ao polo norte, uma vez que no polo sul não há uma estrela de
referência, sendo a orientação celeste, embora com menor eficiência, em geral obtida a
partir da constelação do Cruzeiro do Sul. Desde a Antiguidade, a estrela polar tem sido
usada para fins de navegação, tanto para encontrar a direção norte quanto para determinar a
latitude.
Devido à precessão dos equinócios e ao movimento próprio estelar, a estrela polar muda
com o tempo. Atualmente, essa posição é ocupada pela alfa da Ursa Menor (magnitude
aparente 1,97, massa 7,5 e raio 46 vezes superiores aos do Sol, luminosidade 2.200 vezes
maior que a solar). No período de construção das pirâmides egípcias, a estrela polar era
Thuban (constelação do Dragão). Por volta do ano 3000, a estrela polar será Gamma
Cephei. Em 5200, aproximadamente, será a vez de Iota Cephei. Deneb (alfa do Cisne) será
a mais próxima do polo norte em 10000. A alfa da Ursa menor voltará a ser a estrela polar
por volta do ano 27800.

2008 (7 a 20 de fevereiro) – Missão do Atlantis (STS-122), cujo objetivo é instalar na ISS o


módulo Columbus, primeira base permanente da Europa no espaço. Conectado à Estação
no dia 11, o Columbus permite aos europeus realizar experimentos científicos
independentemente dos demais parceiros envolvidos no projeto. Com isso, a Europa passa a
ser membro de pleno direito da ISS, juntamente com EUA e Rússia.
A tripulação da missão é constituída por Stephen Frick - Comandante -, Alan Poindexter
(1961-2012) - Piloto -, Leland Melvin, Rex Walheim, Hans Schlegel, Stanley Love,
Léopold Eyharts (que fica na ISS) e Daniel Tani (que volta da ISS).

2008 (13 de fevereiro) – A Nasa informa que observações da Cassini revelam a existência,
em Titã, de reservas de hidrocarbonetos superiores a todas as de petróleo e gás natural
conhecidas na Terra. Segundo cientistas do Laboratório de Físicas Aplicadas da
Universidade de Johns Hopkins, esses hidrocarbonetos caem do céu e formam grandes
depósitos em forma de lagos e dunas. A temperatura média em Titã é de -179°C e, em vez
de água, sua superfície está coberta por hidrocarbonetos na forma de metano e etano. Além
disso, suas dunas contêm um volume de materiais orgânicos centenas de vezes maior que as
reservas terrestres de carvão.

2008 (14 de fevereiro) – Astrônomos do Observatório de Arecibo, em Porto Rico,


anunciam que o asteroide 2001 SN263 (descoberto em 2001) é, na verdade, um sistema
triplo, o mais próximo da Terra já encontrado, distante 11 milhões de km.

2008 (15 de fevereiro) – Uma equipe de 70 cientistas de 11 países, liderada por Scott
Gaudi, da Universidade do Estado de Ohio, publica na revista Science a descoberta de um
sistema planetário que, em escala reduzida, é semelhante ao nosso. Trata-se de dois
planetas parecidos com Júpiter e Saturno, orbitando uma estrela distante cerca de 5.000
anos-luz. Esta é a primeira vez que um planeta com massa similar à de Júpiter é detectado
junto com planetas adicionais.

2008 (19 de fevereiro) – A Mars Reconnaissance Orbiter detecta, pela primeira vez,
avalanches de pó e gelo no polo norte de Marte. A informação é divulgada pela Nasa em 3
de março.

2008 (21 de fevereiro) – A revista estadunidense Astronomy and Astrophysics publica a


informação de que uma equipe internacional composta por 19 astrônomos detecta, graças às
imagens do telescópio CFHT (Canadá-França-Havaí), a maior estrutura de matéria escura
já observada no Universo, com pelo menos 270 milhões de anos-luz, superando
amplamente o recorde anterior, de aproximadamente 100 milhões de anos-luz.

2008 (27 de fevereiro) – É lançado o WorldWide Telescope, aplicativo da Microsoft que


permite aos internautas realizar passeios virtuais pelo espaço, visualizar imagens em vários
comprimentos de onda, simular eclipses, seguir órbitas de planetas e satélites. As imagens
são provenientes do Hubble e mais uma dezena de telescópios. Ademais, é possível
visualizar a configuração do Sistema Solar a partir de qualquer local e em qualquer tenpo
entre os anos 1 d.C. e 4000 d.C.

2008 (29 de fevereiro) – Um estudo publicado na revista Geology e liderado por Jon
Pelletier, da Universidade do Arizona, afirma não estar correta a tese, surgida em 2006 a
partir de imagens feitas pela Mars Global Surveyor, de que Marte poderia ter tido água
líquida em sua superfície nos últimos dez anos. De acordo com o estudo, novas imagens e
simulações computadorizadas indicam fortemente que um deslizamento de areia e cascalho
é a explicação mais provável para os depósitos brilhantes em valas, considerados
ultimamente como provas da existência de água nesses lugares.

2008 (7 de março) – A revista Science publica fotografias, tiradas em 2005 pela Cassini,
nas quais aparece um disco de escombros em torno de Reia, satélite de Saturno, podendo
tratar-se de anéis. Se essa hipótese for confirmada, Reia é a primeira lua do Sistema Solar
em torno da qual anéis são descobertos.

2008 (9 de março) – A ESA lança o Júlio Verne, primeiro cargueiro espacial europeu, cuja
tarefa é abastecer a ISS com alimentos, combustível e outras cargas. Trata-se de um veículo
automatizado e descartável: está concebido para, após permanecer por seis meses acoplado
à ISS, ser enviado de volta com lixo e carga já inútil para a Estação, queimando em sua
reentrada na atmosfera. É o primeiro da série ATV, Automated Transfer Vehicle (veículo
de transferência automatizado).
A acoplagem ocorre em 3 de abril.

2008 (19 de março) – O telescópio Swift detecta quatro erupções de raios gama num
mesmo dia, estabelecendo um recorde. Isso acontece novamente em 16 de março de 2010.

2008 (20 de março) – Um estudo liderado por Mark Swain e publicado na revista Nature
anuncia a detecção, feita pelo telescópio Hubble, da primeira molécula orgânica (de
metano) na atmosfera de um exoplaneta, o HD189733b, distante 63 anos-luz e situado na
constelação da Pequena Raposa.

2008 (15 de abril) – A Nasa anuncia a prorrogação, por mais dois anos, da missão da sonda
Cassini, originalmente programada para terminar em 30 de junho de 2008.

2008 (16 de abril) – Peggy Whitson, comandante da ISS, marca um novo recorde de
permanência acumulada no espaço para um astronauta americano, com 374 dias. O recorde
anterior pertencia a Michael Foale. O retorno à Terra ocorre no dia 19 de abril.

2008 (28 de abril) – A Índia lança dez satélites simultaneamente, recorde que ainda se
mantém. Oito desses satélites pertencem a empresas estrangeiras (Alemanha, Canadá,
Dinamarca, Holanda...). O evento é transmitido pela televisão local.

2008 (maio) - A ESA anuncia a descoberta, feita em 3 de fevereiro pelo Corot, de um


objeto celeste ainda não classificado, que parece ser algo entre uma anã marrom e um
planeta. Denominado COROT-Exo-3b (mais tarde Corot-3b), o astro é 1% maior que
Júpiter e tem 21,66 vezes a massa daquele planeta, o que resulta em uma densidade de
26,4g/cm3. Leva quatro dias e seis horas para orbitar (distância média de 8,5 milhões de
km) sua estrela, a qual é um pouco maior do que o Sol e localiza-se a 2.200 anos-luz, na
constelação da Águia.
Cientistas acreditam que podem ter encontrado, com a detecção do COROT-3b, o elo que
faltava entre estrelas e planetas.

2008 (21 de maio) – Um estudo publicado na revista Nature informa que cientistas da
Universidade de Princeton liderados por Alicia Soderberg, utilizando o telescópio Swift,
captam, pela primeira vez, o momento exato do nascimento de uma supernova, localizada a
90 milhões de anos-luz da Terra, na constelação de Lince.

2008 (25 de maio) – A sonda Phoenix torna-se a primeira a pousar numa região próxima ao
polo norte de Marte (Green Valley), após uma viagem de aproximadamente 680 milhões de
km. As primeiras 50 imagens são transmitidas duas horas depois do pouso, revelando uma
região inexplorada do planeta.

2008 (3 de junho) – Os astronautas Mike Fossum e Ronald Garan, a bordo do Discovery


(STS-124), dão início à instalação do o laboratório japonês Kibo (Esperança), o maior da
ISS, com 11m de comprimento, 14,5t de peso, duas janelas, um braço robótico e seu
próprio compartimento de pressurização. O Kibo conta com 23 plataformas para pesquisas
sobre medicina espacial, biologia, observações da Terra, produção de materiais,
biotecnologia e comunicações.
Os tripulantes da missão (31 de maio a 14 de junho) são Mark Kelly - Comandante -,
Kenneth Ham - Piloto -, Karen Nyberg, Ronald Garan Jr., Michael Fossum, Akihiko
Hoshide, Gregory Chamitoff (que fica na ISS) e Garrett Reisman (que volta da ISS).
A instalação é concluída pela STS-127, em julho de 2009.

2008 (3 de junho) – Robert Benjamin, astrônomo da Universidade de Wisconsin, afirma em


entrevista à imprensa que a Via Láctea tem apenas dois braços espirais, e não quatro, como
se pensava. Segundo ele, dados fornecidos pelo Spitzer confirmam a existência de Norma e
de Sagitário, ao passo que Scutum-Centauro e Perseu são reclassificados como braços
menores ou ramificações.
Essa teoria será contestada no início de 2009.

2008 (5 de junho) – Astrônomos britânicos e franceses, coordenados por Carl Murray,


publicam na revista Nature um artigo afirmando que colisões em grande escala ocorrem
quase que diariamente no anel F de Saturno, fenômeno sem paralelo em todo o Sistema
Solar. Ademais, são encontradas evidências de pequenas luas no núcleo do anel.

2008 (8 de junho) - A New Horizons cruza a órbita de Saturno. A órbita de Urano será
alcançada em 18 de março de 2011, e a de Netuno, em 1º de agosto de 2014.

2008 (11 de junho) – É lançado pela Nasa o telescópio Glast (do inglês "Gamma-Ray Large
Area Space Telescope", ou "grande telescópio espacial de raios gama"), cujo objetivo é
buscar indícios que expliquem os mecanismos de aceleração nos pulsares, os vestígios de
supernovas e os núcleos ativos das galáxias. O Glast é o sucessor do Observatório de Raios
Gama Compton, lançado em 1991 e desativado em 2000. Posteriormente (26 de agosto),
este telescópio, que opera numa órbita a 550km da Terra, é renomeado para Fermi, em
homenagem ao italiano Enrico Fermi (1901-1954), pioneiro no estudo da física de alta
energia.

2008 (11 de junho) – A UAI anuncia a decisão, tomada por seu Comitê Executivo reunido
em Oslo (Noruega) de adotar o nome plutoide para os astros com características
semelhantes às de Plutão. Pela definição adotada, plutoides são corpos celestes que orbitam
o Sol além de Netuno, têm forma esférica e não varreram objetos menores de suas órbitas.
Plutoides são, portanto, planetas anões transnetunianos. Plutão e Éris se encaixam nesta
categoria, não acontecendo o mesmo com Ceres.

2008 (20 de junho) – A Nasa anuncia a descoberta de gelo em Marte, feita pela Phoenix.

2008 (24 de junho) – Marcelo Magnasco, chefe do Laboratório de Física Matemática da


Universidade Rockefeller, e Constantino Baikouzis, do Observatório Astronômico de La
Plata, na Argentina, publicam no site da revista Proceedings of the National Academy of
Sciences um estudo estabelecendo em 16 de abril de 1178 a.C. o eclipse total do Sol
descrito por Homero na Odisseia ("O Sol pereceu do céu e tudo foi envolvido por uma aura
demoníaca"), visto por Ulisses no momento em que chega de volta à ilha de Ítaca, após
vinte anos de ausência.

2008 (26 de junho) – Três artigos publicados na Nature anunciam terem sido encontradas
evidências de que a grande planície lisa que cobre 40% da superfície de Marte, localizada
no hemisfério norte do planeta, é uma grande cratera, formada por um impacto com a força
de 10 bilhões de bombas de hidrogênio. Trata-se da maior cratera do Sistema Solar, uma
elipse com 10.500km de comprimento e 8.500km de largura (maior do que Ásia, Europa e
Oceania juntas), formada a partir da colisão de um objeto com diâmetro estimado de
2.000km.

2008 (julho) – Pequenas quantidades de água são encontradas dentro de rochas lunares de
origem vulcânica trazidas pela Apollo 15.

2008 (1º de julho) – É divulgada a informação de que o SOHO (Solar and Heliospheric
Observatory) atinge uma marca histórica, com a descoberta de seu cometa de número
1.500, o que representa quase a metade dos 3.300 cometas observados até a presente data.

2008 (3 de julho) – Cientistas estadunidenses da Universidade de Michigan publicam na


revista Science um estudo no qual afirmam ter determinado, graças a dados enviados pela
Messenger, a composição da atmosfera e da superfície de Mercúrio através da medição das
partículas carregadas em seu campo magnético. Segundo os autores do estudo, essa
atmosfera contém silicatos, sódio, enxofre e até vapor de água. Acredita-se que o vapor de
água tenha sido formado a partir de hidrogênio proveniente do vento solar e de oxigênio
oriundo dos minerais da crosta mercuriana.
Ainda em julho, é revelada a existência de uma série de vulcões inativos em Mercúrio.

2008 (3 de julho) – Cientistas liderados por René Breton, da Universidade McGill, de


Montreal, no Canadá, publicam na revista Science um estudo que confirma, mediante a
observação de um pulsar binário distante da Terra 1.700 anos-luz, a existência do efeito
cósmico denominado precessão, previsto por Albert Einstein na Teoria da Relatividade
Geral, segundo o qual, em um sistema de dois objetos de massas Muito grandes, como
esses pulsares observados, a força gravitacional de um, além de seu movimento de rotação,
modifica o eixo de rotação do outro.

2008 (3 de julho) – A partir de dados enviados pela Voyager 2, cientistas liderados por
Linghua Wang, da Universidade da Califórnia, publicam na revista Nature um artigo em
que afirmam não ser a forma do Sistema Solar arredondada, como se pensava, mas sim
assimétrica, pois é amassado pelo campo magnético interestelar. A heliosfera, bolha
formada pelo vento solar e que se estende além de Plutão, é empurrada de volta em direção
ao Sol pelo campo magnético interestelar, o que faz com que se deforme.

2008 (15 de julho) – Makemake torna-se oficialmente o quarto planeta anão do Sistema
Solar (depois de Ceres, Plutão e Éris).
Descoberto por Michael Brown, Chad Trujillo e David Rabinowitz em 31 de março de
2005, anunciado em 29 de julho do mesmo ano e conhecido como 2005 FY9 ou,
informalmente, "Coelhinho da Páscoa", esse objeto localiza-se no cinturão de Kuiper e não
possui satélites conhecidos.
Makemake é o nome do criador mítico da humanidade segundo os rapanui, nativos da ilha
de Páscoa.
Diâmetro: 1.502 x 1430km; período orbital: 113.183 dias (309,88 anos); distância média do
Sol: 6,850 bilhões de km (varia entre 5,760 e 7,940 bilhões de km; massa: 3 quintilhões de
toneladas; densidade: 1,7g/cm3; rotação: 7h46min; magnitude aparente: 16,7.

2008 (24 de julho) – A Nasa informa ter desvendado, graças a dados fornecidos pela missão
Themis, o mecanismo pelo qual se formam as auroras polares (boreais e austrais). Segundo
os cientistas da Agência, explosões de energia magnética, que ocorrem a um terço da
distância Terra-Lua, são responsáveis por esses fenômenos luminosos, de cores vivas, com
predominância do verde, e que se produzem nas regiões próximas aos polos. Um processo
de "reconexão" entre as cordas magnéticas gigantes que unem a Terra ao Sol e que
armazenam a energia dos ventos solares provoca essas tempestades de luzes polares. "A
reconexão magnética permite liberar a energia armazenada nessas cordas, dispersando
partículas eletrificadas para a atmosfera terrestre".

2008 (30 de julho) – Cientistas da Nasa confirmam a existência de etano líquido num dos
lagos de Titã descobertos pela Cassini. Isso faz de Titã o primeiro corpo do Sistema Solar,
excluída a Terra, em que é encontrado líquido na superfície.

2008 (31 de julho) – A Nasa divulga a comprovação da existência de água em Marte,


obtida em testes de laboratório realizados pela sonda Phoenix.

2008 (11 de agosto) – O telescópio Hubble completa 100 mil órbitas em torno da Terra.

2008 (11 de agosto) – A sonda Cassini localiza pontos dos quais surgem jatos de gelo na
superfície da lua Encélado de Saturno. Os gêiseres emanam de fendas com 300m de
profundidade, e em suas encostas há grandes depósitos de um material fino e blocos de gelo
que podem ser de vários metros, até do tamanho de uma casa.

2008 (14 a 16 de agosto) – Cientistas contrários e favoráveis à reclassificação de Plutão


como planeta anão se reúnem na Universidade Johns Hopkins para um encontro sobre a
definição de planeta adotada em 2006 pela UAI. Denominada “Grande Debate sobre
Planetas”, a conferência divulga um documento informando que os participantes não
haviam conseguido chegar a um consenso acerca da definição de planeta.

2008 (25 de agosto) A ESA anuncia a descoberta, feita pelo observatório astronômico
europeu XMM-Newton, do maior grupo de galáxias jamais visto, uma descoberta que pode
confirmar a existência da energia escura, supostamente responsável pela aceleração da
expansão do Universo. O grupo, batizado de 2XMM J083026+524133, tem massa mil
vezes superior à da Via Láctea e localiza-se a 7,7 bilhões de anos-luz da Terra.

2008 (27 de agosto) – Um estudo liderado por Louis Strigari, da Universidade da


Califórnia, e publicado na revista Nature, afirma que a massa mínima de uma galáxia
equivale a 10 milhões de massas solares.

2008 (5 de setembro) - A sonda Rosetta sobrevoa o asteroide 2867 Steins, descoberto em 4


de novembro de 1969 por Nikolai Chernyk (1931-2004), à distância de 800km. As imagens
transmitidas mostram que o astro é de cor cinza e tem conjuntos de até sete crateras. A
maior das crateras, com 2,1 km de diâmetro, recebe (11 de maio de 2012) o nome de
Diamond.
Diâmetro: 6,67 x 5,81 x 4,47km; período orbital: 1.326,736 dias (3,63 anos); distância
média do Sol: 353.495.000km.

2008 (10 de setembro) - Entra em funcionamento, para testes, o Grande Colisor de Hádrons
(LHC - Large Hadron Collider -, na sigla em inglês), o maior acelerador de partículas do
mundo, localizado no CERN (Conseil Européen pour la Recherche Nucléaire), perto da
cidade suíça de Genebra, na fronteira com a França. Com forma circular e perímetro de
27km, o LHC ocupa instalações subterrâneas )até 175m abaixo do solo) e é o mais
poderoso e complexo instrumento científico já construído, tendo como objetivo recriar,
mediante colisões induzidas de partículas, as condições que existiam no Universo
imediatamente após o Big Bang. Na construção colaboram mais de 10.000 cientistas e
engenheiros de mais de cem países, além de centenas de universidades e laboratórios. O
LHC conta com sete detectores, cada um projetado para um tipo específico de pesquisa. A
quantidade de informações geradas é de tal magnitude que a análise é feita por meio de uma
rede de mais de 170 centros de dados espalhados por 36 países.
Espera-se confirmar a existência do bóson de Higgs, única partícula elementar do modelo
padrão atualmente aceito pela Física ainda não observada, mas que representa a chave para
explicar a origem da massa das demais partículas elementares, prevista (1964) pelo físico
teórico britânico Peter Higgs.
A existência do bóson de Higgs é confirmada em 2012.

2008 (15 de setembro) - Cientistas da Universidade de Toronto anunciam ter fotografado,


pela primeira vez, utilizando o telescópio Gemini Norte, um planeta orbitando uma estrela
semelhante ao Sol, denominada 1RXS J160929.1-210524 e localizada a 500 anos-luz da
Terra. O planeta tem massa oito vezes superior à de Júpiter e está tão distante da estrela
(cerca de 50 bilhões de km) que ainda é necessário determinar se ambos os objetos
pertencem, efetivamente, ao mesmo sistema.

2008 (18 de setembro) – Haumea, membro do cinturão de Kuiper conhecido como 2003
EL61, torna-se oficialmente o quinto planeta anão do Sistema Solar. Descoberto por
Michael Brown em 28 de dezembro de 2004 e anunciado em 29 de julho de 2005, o astro
tem dois satélites, Hi’iaka e Namaka, e seu nome é uma homenagem à deusa havaiana do
nascimento e da fertilidade.
Haumea – Diâmetro estimado: 1.960 x 1.518 x 996km; período orbital: 103.468 dias
(283,28 anos); distância média do Sol: 6,452 bilhões de km (varia entre 5,194 e 7,710
bilhões de km; massa: 4 quintilhões de toneladas: densidade: 2,6g/cm3; rotação: 3h55min;
magnitude aparente: 17,3.
i’iaka – Diâmetro: 340km; período orbital: 49,12 dias; distância média de Haumea:
49.880km.
Namaka – Diâmetro estimado: 170km; período orbital: 18 dias: distância média de
Haumea: 25.657km.

2008 (25 de setembro) – É lançada a Shenzhou 7, terceira missão tripulada da China e a


primeira com três astronautas a bordo: Zhai Zhigang (comandante), Liu Boming e Jing
Haipeng, todos com 42 anos e membros do Partido Comunista.
Em 27 de setembro, Zhai Zhigang torna-se o primeiro chinês a realizar uma caminhada
espacial. O passeio dura 22min, e a China é o terceiro país (depois de URSS e EUA) a
realizar uma atividade extraveicular no espaço, durante a qual Zhai acena com uma
bandeira chinesa. O evento é transmitido ao vivo pela televisão da China, e duas câmeras
fornecem imagens panorâmicas.
No mesmo dia, o minissatélite Banxing (satélite companheiro), com massa de 40kg e
diâmetro de 40cm, é liberado, tendo como tarefas monitorar a Shenzhou (fotos da nave são
tiradas) e auxiliar no desenvolvimento da tecnologia necessária para futuras acoplagens
entre veículos espaciais chineses.
Em 28 de setembro, a Shenzhou 7 pousa na região autônoma da Mongólia Interior, no norte
da China, após passar 68h em órbita.

2008 (29 de setembro) – A Nasa divulga a detecção, pela Phoenix, de neve nas nuvens
marcianas, a cerca de 4km de altitude. Entretanto, os flocos evaporam antes de chegar à
superfície.

2008 (29 de setembro) - O cargueiro espacial Júlio Verne reingressa na atmosfera terrestre
e se desintegra, conforme previsto. O processo de desintegração é completado a 75km de
altitude, e destroços do cargueiro caem no oceano Pacífico. O êxito do Júlio Verne marca o
início de uma nova etapa no transporte de carga entre a Terra e a ISS.

2008 (6 de outubro) - A Messenger sobrevoa Mercúrio pela segunda vez, passa a 201km do
equador e fotografa regiões ainda inexploradas do planeta.

2008 (7 de outubro) - Um pequeno asteroide de forma alongada, denominado 2008 TC3,


com diâmetro de 2m x 5m e massa estimada de 80t, passa pela alta atmosfera da Terra,
desintegra-se 37km acima do Sudão e provoca uma bola de fogo visível no norte da África.
Segundo a NASA, é a primeira vez que um fenômeno assim é previsto e observado.

2008 (9 de outubro) – A Cassini passa a 25km de Encélado, o sobrevoo mais próximo de


um satélite já realizado, com o objetivo de estudar os jatos de gás e gelo que saem do polo
Sul do astro.

2008 (12 de outubro) – É lançada a Soyuz TMA-13, centésima missão tripulada do


programa Soyuz. A nave leva ao espaço dois integrantes da Expedição 18, o russo Yuri
Lonchakov e o estadunidense Michael Fincke, além de Richard Garriott (filho do ex-
astronauta Owen Garriot), turista espacial que retorna no dia 24 de outubro a bordo da
Soyuz TMA-12.
A aterrissagem da Soyuz TMA-13 ocorre em 8 de abril de 2009.

2008 (19 de outubro) - É lançada a sonda estadunidense de 110kg Ibex (Interstellar


Boundary Explorer, ou Explorador da Fronteira Interestelar), cujo objetivo é realizar, a
partir de uma órbita terrestre, a primeira cartografia dos confins do Sistema Solar, onde
começa, a mais de uma dezena de bilhões de km da Terra, o espaço interestelar. Trata-se de
uma zona de turbulências e campos magnéticos mesclados, onde as partículas dos ventos
solares quentes se chocam com as partículas interestelares de outras estrelas da Via Láctea.

2008 (21 de outubro) - Apesar de estar temporariamente parado devido a uma pane
(ocorrida em 19 de setembro), o LHC é oficialmente inaugurado.

2008 (22 de outubro) - É lançada a Chandrayaan-1, primeira missão lunar da Índia, com
duração prevista de dois anos (contudo, a missão termina depois de 312 dias). Entre os
objetivos da sonda (de 675kg) estão: examinar a distribuição mineral e química do satélite
natural da Terra e criar um atlas dimensional da superfície; procurar por gelo nos dois polos
da Lua; detectar hélio-3, bastante raro na Terra e que poderia ser usado como combustível
para alimentar reatores de fusão nuclear; mapear a abundância de elementos na crosta lunar
para ajudar a responder a questões importantes sobre a origem e a evolução do satélite. Há
onze instrumentos a bordo, entre os quais uma sonda de 30 quilos, programada para chegar
ao solo e examinar a superfície e a atmosfera lunares.
Chandrayaan significa "veículo lunar" em sânscrito.

2008 (24 de outubro) - Um grupo internacional de cientistas liderados por Eric Michel
publica na Science importantes observações feitas a partir de dados fornecidos pelo Corot.
Pela primeira vez são detectados, em estrelas fora do Sistema Solar, fenômenos de
oscilação e granulação semelhantes aos que ocorrem no Sol. As oscilações (sismos),
produzidas pelo movimento do plasma que constitui o interior estelar, geram e propagam
ondas ressonantes, que provocam alterações periódicas de diversas propriedades que
caracterizam a estrela e refletem o que se passa além da superfície. As granulações são
reflexos dos movimentos convectivos no interior do plasma, que também fornecem pistas
sobre a natureza do campo magnético da estrela e sobre o comportamento de seu interior. A
fotosfera solar apresenta grânulos brilhantes rodeados por contornos mais escuros, com
cerca de 700km de diâmetro. As estrelas estudadas pelo Corot são HD49933, HD181420 e
HD181906.

2008 (7 de novembro) – Cientistas japoneses, liderados por Makiko Ohtake, publicam na


revista Science um artigo no qual sustentam ser a atividade vulcânica na Lua bem mais
recente do que se pensava. Baseados em imagens da sonda Selene, eles afirmam haver
evidência de vulcões lunares ativos entre 1,5 e 2 milhões de anos atrás, enquanto os
modelos selenológicos tradicionais situam o fim de qualquer atividade vulcânica no satélite
da Terra há 3 bilhões de anos.

2008 (8 de novembro) – A Chandrayaan-1 é inserida com sucesso na órbita da Lua, a uma


altitude aproximada de 100km.

2008 (10 de novembro) - A NASA dá por encerrada a missão da Phoenix, após oito dias
sem comunicação com a nave.

2008 (13 de novembro) - É revelada a informação de que o americano Paul Kalas, da


Universidade de Berkeley, Califórnia, consegue captar, com uma câmera do telescópio
Hubble, as primeiras (duas) fotografias ópticas de um exoplaneta, denominado Fomalhaut
B. Com massa entre 5% e três vezes a de Júpiter, o exoplaneta orbita, à distância de
aproximadamente 17 bilhões de km e num período de 821 anos, a estrela Fomalhaut,
situada na constelação de Peixe Austral e distante da Terra 25 anos-luz.
Novas informações sobre o sistema planetário de Fomalhaut são divulgadas em abril de
2012.

2008 (13 de novembro) – Uma equipe internacional de astrônomos, liderada por Christian
Marois, do Instituto Herzberg de Astrofísica do Conselho Nacional de Pesquisas do
Canadá, anuncia as primeiras imagens diretas (em infravermelho) de um sistema múltiplo
de exoplanetas. Trata-se de três planetas orbitando a estrela
HR 8799, distante 130 anos-luz e localizada na constelação de Pégaso.

2008 (14 de novembro) - Uma pequena sonda se desprende da Chandrayaan-1 e é


propositadamente levada a se chocar contra o polo sul da Lua. A sonda filma a própria
descida e envia imagens para a Terra. A Índia é o quarto país (depois de URSS, EUA e
Japão) a ter uma nave tocando o solo lunar e uma bandeira na superfície do satélite.

2008 (16 de novembro) - O Endeavour (STS-126), lançado no dia 14, acopla-se à ISS para
dar início a reformas destinadas a permitir, a partir de 2009, que a tripulação do complexo
passe de três para seis astronautas. O ônibus espacial transporta mais dois dormitórios,
novas instalações para exercícios físicos, a primeira geladeira da estação, um segundo
banheiro e um aparelho para reciclar urina e transformá-la em água para consumo geral,
inclusive para beber. O aparelho tem capacidade de reciclar 6,8t de água potável por ano. A
tripulação do Endeavour é formada por Christopher Ferguson - Comandante -, Eric Boe –
Piloto -, Stephen Bowen, Heidemarie Stefanyshyn-Piper, Donald Pettit, Robert Kimbrough,
Sandra Magnus (levada para a ISS) e Gregory Chamitoff (trazido da ISS).
O retorno ocorre em 30 de novembro.

2008 (24 de novembro) – A NASA anuncia o início da preparação da missão Juno,


destinada a estudar Júpiter. O lançamento ocorre em agosto de 2011, e a chegada ao planeta
está prevista para 2016.

2008 (dezembro) – A NASA testa com sucesso a primeira rede de comunicação espacial
baseada na tecnologia da Internet. Por meio de um sistema chamado de Rede Tolerante a
Interrupções (DTN - delay-tolerant networking -, na sigla em inglês), cientistas conseguem
receber imagens da sonda Epoxi (situada a 33 milhões de km da Terra) e enviar arquivos de
volta. É o início da Internet interplanetária.

2008 (2 de dezembro - É divulgada a informação de que uma equipe liderada por Giovanna
Tinetti, do University College London, no Reino Unido, descobre, pela primeira vez,
dióxido de carbono na atmosfera de um exoplaneta, o HD 189733b, em cuja atmosfera já
havia sido descoberto (2007) vapor de água em grande quantidade.

2008 (18 de dezembro) – Cientistas liderados por Violette Impellizzeri, do Instituto Max
Planck de Radioastronomia, publicam na revista Nature um artigo relatando a descoberta,
feita com o auxílio do radiotelescópio Effelsberg, localizado na Alemanha, de água no
quasar MG J0414+0534, distante 11,1 bilhões de anos-luz da Terra. Isso significa que já
existia água mais de 6 bilhões de anos antes do surgimento do Sistema Solar e 2,7 bilhões
de anos depois do Big Bang.

2008 (27 de dezembro) – A China anuncia o início da construção de um dos maiores


radiotelescópios do mundo, denominado Fast (Five hundred meter Aperture Spherical
Telescope - Telescópio Esférico de 500m de Abertura). A inauguração está prevista para
2016, e espera-se que o instrumento seja capaz de captar entre 7.000 e 10.000 pulsares (os
maiores radiotelescópios atuais captam 1.700 dessas estrelas).

2008 (30 de dezembro) – A NASA divulga um relatório (quatrocentas páginas) afirmando


que os sete tripulantes do Comumbia souberam que iriam morrer quarenta segundos antes
de o ônibus espacial explodir, em fevereiro de 2003.

2009 – Ano Internacional da Astronomia, aprovado pela ONU para celebrar os


quatrocentos anos do primeiro registro do uso de um telescópio para fins astronômicos, por
Galileu Galilei. Sob a coordenação geral da União Astronômica Internacional, um grande
número de eventos ocorre ao longo do ano em diversas partes do mundo.

2009 (5 de janeiro) - Elizabeth Humphreys, do Centro Smithsonian-Harvard para


Astrofísica, anuncia, durante uma reunião da Sociedade Astronômica dos EUA, a
descoberta de três protoestrelas a poucos anos-luz do buraco negro existente no centro da
Via Láctea, algo até então considerado impossível em virtude da enorme força
gravitacional predominante naquela região, a qual deveria, de acordo com o modelo
galáctico atualmente aceito, desagregar as moléculas envolvidas na formação estelar.
Segundo a cientista, estas descobertas indicam que o gás molecular no centro da Galáxia
deve ser mais denso do que o calculado até agora.

2009 (5 de janeiro) – Uma equipe de pesquisadores do Observatório Nacional de Rádio e


Astronomia dos EUA e do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian apresenta na
Sociedade Americana de Astronomia um estudo no qual afirma que a Via Láctea tem 50%
mais massa do que se pensava e que gira em órbita a 965.600km/h, quase 161.000km mais
rápido que o valor tido como correto até então. Consequentemente, por ser mais veloz e
pesada, a Galáxia tem maior força gravitacional, sendo também maiores as possibilidades
de ocorrer a colisão prevista com Andrômeda, além do risco de choque com galáxias
menores. A equipe sugere ainda que a Via Láctea tem quatro braços em espiral, e não dois,
conforme estabelecido em junho de 2008 por Robert Benjamin.

2009 (15 e 16 de janeiro) – Ocorre em Paris, na sede da UNESCO, a cerimônia de abertura


do Ano Internacional da Astronomia, com a presença de aproximadamente novecentos
convidados (cientistas e autoridades) de mais de cem países. No Brasil, a cerimônia
acontece dia 20, no Planetário do Rio de Janeiro.

2009 (29 de janeiro) – Uma equipe de cientistas liderada por Gregory Laughlin, da
Universidade da Califórnia, emsSanta Cruz, publica na revista Nature a primeira
observação de mudança climática num planeta fora do Sistema Solar. O HD 80606b,
localizado na constelação da Ursa Maior e distante 190 anos-luz, tem massa quatro vezes
superior à de Júpiter e gira em torno de sua estrela em 111 dias. Quando atinge o periastro
(ponto de maior aproximação da estrela), a temperatura passa, em apenas 6h, de 525°c para
1.225°C, provocando ondas de choque na superfície possíveis de ser detectadas pelos
astrônomos.

2009 (3 de fevereiro) – O Irã coloca em órbita o seu primeiro satélite de fabricação própria,
denominado Omid (esperança). O evento marca o trigésimo aniversário da Revolução
Islâmica de 1979.

2009 (3 de fevereiro) – A ESA anuncia a descoberta do menor planeta rochoso encontrado


fora do Sistema Solar até esta data (recorde quebrado em janeiro de 2011). O astro,
denominado Corot-7b (anteriormente Corot-Exo-7b), tem diâmetro pouco superior a
20.100km (1,58 Terra) e orbita, em 20h49min e à distância média de 2,58 milhões de km,
uma estrela semelhante ao Sol, localizada na constelação do Unicórnio e distante 489 anos-
luz. A temperatura superficial é de 1.300 a 1.800°C.

2009 (10 de fevereiro) – Nove instituições científicas (seis estadunidenses, duas


australianas e uma sul-coreana) assinam um acordo para a construção e a operação do
Telescópio Gigante Magalhães (GMT, na sigla em inglês), que terá espelho principal de
24,5m (o maior atual, o Gran Telescopio Canarias, tem espelho de 10,4m), será localizado
em Las Campanas, nos Andes Chilenos, e poderá fazer observações em luz visível e
infravermelho. A inauguração está prevista para 2019.

2009 (10 de fevereiro) – Um satélite ainda operacional da companhia estadunidense Iridium


(Iridium 33, 560kg) e um satélite militar russo desativado (Kosmos 2251, 950kg) colidem,
no primeiro acidente do gênero da era espacial. O choque ocorre a 42.120km/h, 789km
acima da península Taymir, na Sibéria, e gera mais de mil destroços maiores que 10cm, a
maior parte dos quais deve ser queimada pela atmosfera.

2009 (12 de fevereiro) – O satélite Okina, enviado a bordo da sonda Selene, é levado a se
chocar propositadamente com o lado oculto da Lua, caindo próximo da cratera Mineur D.

2009 (13 de fevereiro) – Uma equipe internacional de pesquisadores, liderada pelo japonês
Hiroshi Araki, do Observatório astronômico nacional do Japão, publica na revista Science
um artigo descrevendo o mapa lunar mais detalhado já elaborado até esta data, com
precisão de 15km, obtido com o altímetro a laser a bordo da sonda Selene, o primeiro que
vai do polo norte ao polo sul do satélite, englobando tanto a face visível quanto o lado o
culto da Lua. O ponto mais alto fica a 11.000m de altitude, na bacia de Dririchlet-Jackson,
perto do equador, enquanto o ponto mais baixo fica no fundo da cratera Antoniadi, perto do
polo sul, a uma profundidade de 9km. O mapa também revela que a Lua tem pouca água e
mostra crateras jamais detectadas nos polos.
Um mapa ainda mais detalhado, feito pela Lunar Reconnaissance Orbiter, começa a ser
divulgado em dezembro de 2010.

2009 (15 de fevereiro) – Ocorre, no Vaticano, uma missa em homenagem a Galileu Galilei,
celebrada pelo arcebispo (mais tarde cardeal) Gianfranco Ravasi, presidente do Pontifício
Conselho para a Cultura. Com isso, a Santa Sé torna pública a aceitação do legado do
cientista dentro da doutrina católica.

2009 (17 de fevereiro) – A sonda Dawn sobrevoa Marte para assistência gravitacional, à
distância mínima de 549km, e fotografa uma região do noroeste do planeta com 55km de
diâmetro, na qual podem ser vstas formações rochosas repletas de crateras e cercadas de
névoa.

2009 (17 de fevereiro) – Um estudo publicado na revista Science revela a detecção, feita
em 16 de setembro de 2008 pelo telescópio Fermi, da mais poderosa explosão de raios
gama jamais observada, com potência equivalente à de 9.000 supernovas explodindo
simultaneamente, batizada de GRB 080916C, localizada na constelação de Carina e
ocorrida a 12,2 bilhões de anos-luz da Terra.

2009 (março) – Dom Gianfranco Ravasi apresenta o livro “Galileu e o Vaticano”, que
oferece, segundo suas palavras, “um julgamento objetivo por parte dos historiadores” para
compreender a relação entre este astrônomo e a Igreja.

2009 (março) – Começa a operar o University of Tokyo Atacama Observatory (TAO)


localizado no Planalto de Chajnantor, deserto de Atacama, Chile. Situado a uma altitude de
5.640m, é o observatório mais elevado do mundo.

2009 (1º de março) – Termina, dezesseis meses depois da entrada em órbita, a missão da
sonda chinesa Chang’e 1, que é intencionalmente levada a se chocar contra a superfície
lunar.

2009 (2 de março) – É divulgado um estudo liderado por Emmanuel Lellouch, do


Observatório Europeu do Sul, segundo o qual há grandes quantidades de metano na
atmosfera de Plutão, fazendo com que esta seja pelo menos 40°C mais quente do que a
superfície planetária. Isso significa que, ao contrário do que ocorre na Terra, em Plutão a
temperatura sobe com a altitude.

2009 (3 de março) – A astrônoma estadunidense Carolyn Porco anuncia a descoberta do


sexagésimo primeiro satélite conhecido de Saturno, localizado no anel G, denominado
Aegaeon e com diâmetro estimado de 0,5km. Orbita o planeta em 0,808 dia, à distância
média de 167.500km.

2009 (4 de março) – Os americanos Todd Boroson e Tod Lauer, do Observatório Nacional


de Astronomia dos EUA, divulgam na revista Nature a descoberta de dois buracos negros
orbitando um em torno do outro dentro da mesma galáxia (SDSS J1 53636.221 044127),
algo que jamais havia sido encontrado. Os buracos negros estão distantes entre si 3 trilhões
de km, possuem massa entre vinte e cinquenta vezes superior à do Sol, e o período orbital é
de aproximadamente cem anos.

2009 (7 de março) – É lançado o observatório espacial estadunidense Kepler, cujo objetivo


principal é procurar por planetas similares à Terra, potencialmente capazes de abrigar vida.
Durante a missão, programada para durar três anos e meio (depois estendida por mais
quatro anos), o Kepler deve monitorar mais de 150.000 estrelas das constelações de Lira e
do Cisne localizadas entre quinhentos e 3 mil anos-luz da Terra. Inserido numa órbita
heliocêntrica que segue a terrestre, o telescópio (1.052kg) jamais apontará na direção em
que está o Sol, o que atrapalharia a observação das estrelas. O método de observação é o do
trânsito, ou seja, o estudo da oscilação na luz de uma estrela causada quando um planeta
passar entre esta e o Kepler. Depois da detecção, pelo observatório espacial, de planetas
semelhantes à Terra localizados na chamada “zona de habitabilidade”, isto é, nem muito
próximos nem muito distantes de sua estrela, que não sejam quentes ou frios demais, os
telescópios Hubble e Spitzer serão capazes de efetuar observações mais meticulosas desses
astros. A missão Kepler é a mais ambiciosa tentativa até o momento de estabelecer, com
base em critérios exclusivamente científicos, se existe vida em planetas fora do Sistema
Solar. O nome é uma homenagem a Johannes Kepler (1571-1630), astrônomo alemão que,
na primeira década do século XVII, determinou serem elípticas, e não circulares, as órbitas
dos planetas.

2009 (15 a 28 de março) – Missão do Discovery (STS-119), com o objetivo de instalar o


último conjunto de painéis solares da ISS. A capacidade da estação é ampliada para seis
ocupantes. Os tripulantes do Discovery são Lee Archambault - Comandante -, Dominic
Antonelli - Piloto -, John Phillips, Steven Swanson, Joseph Acaba, Richard Arnold, Koichi
Wakata (que fica na ISS) e Sandra Magnus (que volta da ISS).

2009 (17 de março) – É lançada a sonda europeia GOCE - Gravity Field and Steady-State
Ocean Circulation Explorer (Explorador de campo gravitacional e de circulação oceânica
de estado estacionário) -, cujo objetivo é elaborar um mapa do campo gravitacional da
Terra. Com massa de 1.100kg, opera numa órbita quase circular a 270km de altitude (mais
baixa que o usual). Essa “proximidade” com a Terra permite aos três acelerômetros do
GOCE detectar pequenas variações na crosta e nos oceanos do planeta.

2009 (26 de março) – Um artigo publicado na revista Nature, cujo principal autor é Peter
Jenniskens, do Instituto Seti, na Califórnia, revela a recuperação de 47 fragmentos, do
tamanho de punhos ou ainda menores, do 2008 TC3 (com massa total de 4kg, primeiro
asteroide a ser identificado ainda no espaço, antes de se desintegrar na atmosfera. A
desintegração ocorreu em 7 de outubro de 2008, 37km acima do deserto da Núbia, no norte
do Sudão. Posteriormente à publicação deste artigo, novos fragmentos são encontrados,
chegando-se a recolher seiscentos deles, com massa total de 10,5kg.

2009 (28 de março) – o americano de origem húngara Charles Simonyi chega à ISS na
Soyuz TMA-14 e se torna o primeiro homem a viajar duas vezes ao espaço na condição de
turista (a primeira vez havia sido em abril de 2007, a bordo da Soyuz TMA-10). Ele retorna
à Terra em 8 de abril de 2009, a bordo da Soyuz TMA-13.
2009 (31 de março) – Seis voluntários, todos homens (quatro russos, um francês e um
alemão) dão início à parte prática (segunda fase) do projeto Marte-500, da Roskosmos e da
ESA, cujo objetivo é trancá-los num contêiner de metal (em Moscou) por 105 dias, numa
primeira simulação de viagem a Marte. A experiência pretende analisar as dificuldades
psicológicas do isolamento prolongado. Os voluntários ficam com sensores eletrônicos
atrelados ao corpo todo o tempo, sem comunicação com o mundo exterior e comendo
comida de bebê congelada e barras de cereais. Além disso, são submetidos a simulações de
emergências, incluindo o atraso de vinte minutos nas comunicações com o Centro de
Controle, conforme aconteceria se estivessem em Marte. Cada um tem direito a levar uma
pequena mala com objetos pessoais, livros e DVDs, mas, de forma geral, os aposentos são
extremamente funcionais, sem janelas, apertados e pouco ventilados. Os poucos objetos de
conforto incluem uma TV, uma chaleira e uma geladeira. Os voluntários podem deixar o
experimento a qualquer momento em que desejem, mas são desestimulados a fazê-lo, já
que uma desistência pode pôr em risco o projeto. Eles saem do isolamento em 14 de julho.
Os participantes do experimento são Oleg Artemyev, Alexei Baranov, Cyrille Fournier,
Oliver Knickel, Sergei Ryazansky e Alexei Shpakov.
Considerando que uma viagem de ida e volta ao planeta vermelho tem duração prevista de,
no mínimo, dois anos, outra experiência similar, com confinamento por 520 dias, começa
em 2010.

2009 (9 de abril) – Cientistas da Universidade de Calgary (Alberta, Canadá) divulgam os


resultados de medições detalhadas efetuadas com um instrumento chamado “Supra-
Thermal Ion Imager” (que mede a direção e a velocidade dos íons) e determinam que o
espaço começa 118km acima da superfície terrestre. A fronteira entre a Terra e o espaço
sideral é gradual e estende-se por dezenas de quilômetros. Por isso, não há uma delimitação
unânime, havendo outros pontos considerados como limites:
- A Fédération Aéronautique Internationale estabelece a linha de Kármán (altitude de
100km), fixada pelo físico e matemático estadunidense de origem húngara Theodore von
Kármán (1881-1963), como definição de trabalho para a fronteira entre aeronáutica e
astronáutica;
- Os EUA utilizam o termo “astronautas” para designar as pessoas que viajam até altitudes
superiores a 80km;
- o controle de missões da NASA considera a altitude de 122km como o ponto de reentrada
de uma espaçonave na atmosfera.

2009 (21 de abril) – É anunciada a descoberta do menor exoplaneta já encontrado (recorde


quebrado em janeiro de 2011), batizado de Gliese 581 E, com 1,9 massa terrestre,
superfície rochosa, temperatura elevada e aparentemente sem atmosfera. Localizado na
constelação de Libra, a 20,3 anos-luz da Terra, orbita a estrela Gliese 581 em 3,15 dias, à
distância média de 4,5 milhões de km. A descoberta deve-se à equipe liderada pelo suíço
Michel Mayor, tendo sido realizada por meio do instrumento Harps, do Observatório La
Silla, localizado no norte do Chile. É o quarto planeta encontrado em torno da estrela
Gliese 581.

2009 (27 de abril) – Uma equipe internacional de pesquisadores, liderada por Gerta Keller,
da Universidade Princeton, nos EUA, publica no Journal of the Geological Society um
artigo contestando a teoria, lançada em 1980, de que a queda do asteroide que causou a
cratera de Chicxulub, no México, com 180km de diâmetro, tenha sido a responsável pela
extinção massiva de animais e plantas, incluindo os dinossauros, ocorrida há 65 milhões de
anos. Segundo este artigo, o asteroide teria caído trezentos mil anos antes da extinção,
tendo esta sido causada por um grande número de erupções vulcânicas ocorridas na atual
Índia, as quais teriam liberado na atmosfera grandes quantidades de gases e poeira,
bloqueando a luz solar e causando um forte efeito estufa.

2009 (12 de maio) – Termina a fase de ajustes dos instrumentos do Kepler, e o telescópio
dá início à busca por planetas.

2009 (13 de maio) – O ônibus espacial Atlantis (STS-125), lançado no dia 11, aproxima-se
do Hubble com o objetivo de dar início à quinta (e última) missão de reparação e
modernização do telescópio, para a qual estão previstas cinco caminhadas espaciais. A
tripulação é composta pelo comandante Scott Altman, capitão aposentado da Marinha de
Guerra americana, o piloto Gregory Johnson e os especialistas Michael Good, John
Grunsfeld, Andrew Feustel, Megan McArth e Mike Massimino. O braço mecânico do
Atlantis, operado pela astronauta Megan McArth, captura o Hubble e o traz para dentro do
ônibus espacial.

2009 (14 de maio) – A ESA lança, a bordo de um foguete Ariane-5 e a partir da base de
Kourou, na Guiana francesa, os telescópios espaciais Herschel e Planck, destinados a
investigar a origem do Universo. Ambos estão programados para trabalhar numa órbita a
1,5 milhão de km da Terra, zona em que há equilíbrio entre as forças gravitacionais solar e
terrestre, onde chegam no final de junho. É o primeiro lançamento simultâneo de dois
observatórios espaciais.
O Herschel é o primeiro telescópio que cobre desde o infravermelho até a faixa
submicrométrica do espectro electromagnético e está dotado de um espelho de 3,5m, o
maior já fabricado para um observatório espacial, desenvolvido para coletar luz de objetos
muito distantes e pouco conhecidos, tais como galáxias recém-nascidas localizadas a
centenas de milhões de anos-luz de distância, e jogar esta luz sobre detectores que operam a
temperaturas próximas do zero absoluto. Seus objetivos são: Estudar a formação das
galáxias no início do Universo e a sua subsequente evolução; investigar a criação das
estrelas e de sua interação com o meio interestelar; observar a composição química da
atmosfera e da superfície de cometas, de planetas e de suas luas; examinar a química
molecular do Universo. Três instrumentos estão a bordo: PACS, uma câmera de média
resolução e um espectrômetro capaz de enxergar os comprimentos de ondas de 60 a 210
micrômetros; SPIRE, uma câmera e um espectrômetro sensível a comprimentos de ondas
de 200 a 670 micrômetros; HIFI, Um espectrômetro de alta resolução que combina a leitura
de ondas com frequência de 480 a 1250 e de 1410 a 1910GHz (correspondendo ao
comprimento de onda de 157 a 625 micrômetros). O nome é uma homenagem a William
Herschel (1738-1822), astrônomo britânico que, em 1800, descobriu os raios
infravermelhos.
A sonda Planck tem por objetivos estudar o nascimento do Universo por meio do exame da
radiação cósmica de fundo, constituída de micro-ondas, proveniente do Big Bang. A bordo
está um telescópio com espelho de 1,5m, cuja missão é captar radiação a ser examinada por
dois instrumentos: O Low Frequency Instrument (LFI), aparelho que consiste em 22
receptores que funcionam a -253 °C e devem trabalhar agrupados em quatro canais de
frequências, visando a captar frequências entre 30 e 100GHz, sendo os sinais resultantes
amplificados e convertidos em uma voltagem (diferença de potencial), dados a serem
enviados a um computador; e O High Frequency Instrument (HFI), aparelho composto de
52 detectores, os quais trabalham convertendo radiação em calor, cuja quantidade é medida
por um pequeno termômetro elétrico, e a temperatura anotada é convertida em dado de
computador. Ele deve operar a -273 °C e ser capaz de registrar variações de temperatura da
ordem de um milionésimo de grau. Este instrumento está programado para observar duas
vezes a totalidade da abóbada celeste e elaborar um mapa preciso deste raio difuso. O nome
da sonda é uma homenagem a Max Planck (1858-1947), astrônomo alemão que, em 1918,
ganhou o Prêmio Nobel de Física pela descoberta da energia quântica.

2009 (14 de maio) - John Grunsfeld e Drew Feustel substituem, no Hubble, uma câmera
(Wide Field Planetary Camera-2), que tem 16 anos, pela mais moderna Wide Field
Camera-3. A nova câmera é desenhada para observar o universo de maneira mais profunda,
em busca de sinais dos primeiros sistemas estelares e para estudar os planetas mais
próximos. Também trocam o computador científico, que apresenta problemas.

2009 (15 de maio) - Michael Good e Mike Massimino substituem os seis giroscópios do
Hubble, equipamentos que coordenam os movimentos do telescópio e fornecem dados que
ajudam a apontá-lo de maneira precisa para os alvos escolhidos. Efetuam igualmente a
troca do primeiro dos dois módulos de baterias, cada um dos quais pesa 205kg e contém
três baterias que fornecem energia elétrica para as operações do Hubble durante a porção
noturna de sua órbita, quando a sombra da Terra impede que a luz do sol chegue a seus
painéis solares.

2009 (16 de maio) - John Grunsfeld e Andrew Feustel instalam no Hubble um


Espectrógrafo de Origens Cósmicas, desenhado para detectar a luz de quasares distantes.
Com o instrumento, os cientistas esperam avançar no conhecimento de como as galáxias se
formaram ou como surgem e mudam os elementos químicos. O espectrógrafo substitui o
aparelho conhecido como Costar (sigla em inglês para Substituição Axial de Correção
Óptica), instalado em 1993 para corrigir um defeito de um dos espelhos do Hubble, que o
tornava míope. Também é reparada a Câmera Avançada para a Prospecção, equipamento
instalado em 2002, mas que sofreu um curto-circuito em 2004, impedindo o Hubble de
observar as galáxias mais distantes.

2009 (17 de maio) - Michael Massimino e Michael Good consertam o Space Telescope
Imaging Spectrograph (STIS), instalado em 1997 (e inativo desde 2004), utilizado pelo
hubble para obter informações sobre composição química, temperatura, pressão e
velocidade de corpos celestes, bem como para identificar buracos negros.

2009 (18 de maio) - John Grunsfeld e Andrew Feustel trocam o segundo módulo de
baterias e um dos três sensores rastreadores de estrelas do Hubble, que são usados para
fazer o telescópio mirar alvos celestes. Também instalam um novo sistema de orientação
FGS (Fine Guidance System)e dois escudos metálicos em torno dos instrumentos do
telescópio espacial, para ajudar a protegê-lo do ambiente inóspito do espaço. Com isso, fica
concluída a quinta (e última) missão de reparo e modernização do Hubble.
2009 (19 de maio) – O Hubble é recolocado em órbita, e os astronautas do Atlantis se
preparam para o retorno à Terra. O pouso ocorre no dia 24, na Califórnia.
É o último voo de um ônibus espacial que não está relacionado à montagem da ISS.

2009 (23 de maio) – O presidente estadunidense Barack Obama nomeia o astronauta


Charles Frank Bolden, Jr. Como administrador da NASA. A nomeação é ratificada pelo
Senado em 15 de julho, e ele toma posse dois dias depois. É o primeiro negro a ocupar o
posto.

2009 (26 a 30 de maio) –É realizado, em Florença, o congresso internacional de estudos “O


Caso Galileu. Uma releitura histórica, filosófica e teológica", organizado pelo Instituto
Stensen dos Jesuítas. A cerimônia de inauguração é realizada na Basílica da Santa Cruz,
onde está o túmulo do cientista, e o evento de encerramento tem lugar em Il Gioiello (A
Joia), sua última residência.

2009 (29 de maio) – A tripulação permanente da ISS é duplicada, passando a ser de seis
pessoas. O canadense Bob Thirsk, o russo Roman Romanenko e o belga Frank De Winne
chegam, a bordo da Soyuz TMA-15, para dividir o espaço com o russo Gennady Padalka, o
americano Michael Barratt e o japonês Koichi Wakata, que já ocupavam a base. pela
primeira vez, todos os parceiros da ISS (EUA, Rússia, Europa, Japão e Canadá) estão
representados simultaneamente na tripulação.

2009 (4 de junho) - Sébastien Rodriguez, da Universidade de Nantes, na França, e colegas


publicam na Nature um estudo demonstrando que as nuvens de Titã, resultantes da
condensação de etano e de metano, cobrem o satélite seguindo modelos climáticos, como
ocorre na Terra. Resultado dos dados obtidos pela Cassini a partir de 39 sobrevoos de titã,
ocorridos entre 2004 e 2007, o trabalho é também o primeiro a descrever evidências
observacionais de interação entre marés em Saturno e a atmosfera do satélite.

2009 (9 de junho) – Charles Townes, ganhador do Prêmio Nobel de Física em 1964, e


colegas apresentam, numa reunião da Sociedade Astronômica Americana, em Pasadena,
um estudo segundo o qual a supergigante vermelha Betelgeuse está encolhendo. O trabalho,
publicado também no The Astrophysical Journal Letters, afirma que o diâmetro da estrela
diminuiu aproximadamente 15% nos últimos quinze anos, embora o brilho não tenha
apresentado queda significativa. Até o momento, não há explicação para o fenômeno.

2009 (10 de junho) – A sonda Selene é intencionalmente levada a se chocar contra o polo
sul da Lua, encerrando a missão, cuja duração foi de quase 20 meses.

2009 (18 de junho) – São lançadas, a bordo de um foguete Atlas V, as sondas


estadunidenses Lunar Reconnaissance Orbiter, LRO (Orbitador de Reconhecimento Lunar),
e Lunar Crater Observation and Sensing Satellite, LCROSS (Satélite Sensor e de
Observação de Crateras Lunares), que constituem a primeira etapa do programa “Vision for
Space Exploration”, a preparação para a volta de astronautas dos EUA à Lua e para missões
tripuladas a Marte. A LRO (1.846kg) tem como objetivos principais cartografar a superfície
lunar com um grau de precisão sem precedentes, detectar possíveis locais de alunissagem
(para a volta de astronautas ao satélite), buscar a presença de gelo em crateras que
permanecem sempre na escuridão e obter outros dados precisos do solo e das radiações
cósmicas. A tarefa da LCROSS (621kg) é chocar-se com uma cratera que está
permanentemente na sombra (sem receber luz do Sol há, pelo menos, 2 bilhões de anos)
localizada próximo ao Polo Sul, onde emissões de hidrogênio detectadas previamente
podem assinalar a presença de gelo, a partir do qual poderia ser obtida água para uma futura
base habitada no satélite.

2009 (18 de junho) – Uma pesquisa liderada por Gaetano Di Achille, da universidade do
Colorado, e publicada na revista virtual Geophysical Research Letters, afirma terem sido
encontradas as primeiras provas conclusivas da existência, no passado, de um lago em
Marte. De acordo com o estudo, o lago existiu há 3,4 bilhões de anos, cobria uma superfície
de 200km2 e tinha profundidade máxima de 450m, tendo a água escavado um cânion de
quase 50km edepositado sedimentos que formaram um extenso delta.

2009 (19 de junho) – O Kepler transmite os primeiros dados científicos à Terra.

2009 (23 de junho) – A sonda Lunar Reconnaissance Orbiter é inserida com sucesso na
órbita da Lua.

2009 (24 de junho) - Jürgen Schmidt, da universidade alemã de Potsdam, e Nikolai


Brilliantov, da universidade britânica de Leicester, publicam na Nature um estudo
afirmando que á, sob a superfície do polo sul de encélado, a grande profundidade, um
oceano salgado, cuja concentração de cloreto de sódio pode ser tão elevada quanto a dos
oceanos terrestres. Encélado torna-se, assim, o quarto astro do Sistema Solar (depois de
Terra, Europa e Marte) em que a existência de água está confirmada.

2009 (30 de junho) – Termina oficialmente a missão da sonda Ulysses, lançada em outubro
de 1990.

2009 (julho) – O Vaticano reedita as atas do processo contra Galileu Galilei, num volume
intitulado “I ducomenti vaticani del processo di Galileo Galilei” (“Os documentos
vaticanos do Processo de Galileu Galilei”). Um dos objetivos dessa reedição é lembrar que
o papa Urbano VIII (1568-1644) nunca assinou a sentença de condenação de Galileu pela
Inquisição.

2009 (3 de julho) – O observatório espacial Planck é inserido na sua órbita definitiva, e a


temperatura dos instrumentos é ajustada para -273,05ºC (um décimo de grau acima do zero
absoluto), tornando o telescópio plenamente operacional.

2009 (4 de julho) O site científico Science Daily informa que pesquisadores da


Universidade de Michigan, liderados por Chris Ruf, anunciaram ter encontrado a primeira
prova direta da existência de descargas elétricas (raios) em Marte.

2009 (9 de julho) – A NASA e a ESA anunciam um acordo para realizar a prospecção


conjunta de Marte por meio da inclusão, nas futuras missões àquele planeta, de módulos de
aterrissagem e tecnologia para desenvolver “investigações de astrobiologia, geologia e
geofísica, com o objetivo de trazer amostras de Marte à Terra em 2020”.
A primeira dessas missões é a ExoMars (Exobiology on Mars).
Em 13 de fevereiro de 2012, devido a restrições orçamentárias, a NASA anuncia que não
dará continuidade a este projeto.

2009 (12 de julho) – A sonda Lunar Reconnaissance Orbiter sobrevoa o Mar da


Tranquilidade e faz imagens do módulo de pouso da Apollo 11. Equipamentos deixados na
Lua também são visíveis. O objetivo das imagens é demonstrar a veracidade do primeiro
pouso lunar, muitas vezes contestada ao longo das quatro décadas seguintes à missão.
Posteriormente, a LRO também fotografa os módulos de pouso e os vestígios deixados
pelas outras cinco espaçonaves Apollo a descer na Lua.

2009 (14 de julho) – A ESA divulga a conclusão do primeiro mapa do hemisfério sul de
Vênus, elaborado a partir de mais de mil imagens obtidas pelas câmeras de infravermelho
da sonda Venus Express entre maio de 2006 e dezembro de 2007. O mapa indica que, no
passado, o planeta teve um oceano e um sistema de placas tectônicas que deu lugar à
formação de continentes. Os trabalhos cartográficos são dirigidos pelo cientista alemão Nils
Müller.

2009 (15 a 31 de julho) – Missão do Endeavour (STS-127), cujo objetivo é finalizar a


instalação do módulo japonês Kibo, iniciada durante a STS-124 (junho de 2008). A
tripulação é composta por Mark Polansky - Comandante -, Douglas Hurley - Piloto -,
Christopher Cassidy, Thomas Marshburn, David Wolf, Julie Payette, Timothy Kopra (que
fica na ISS) e Koichi Wakata (que volta da ISS).

2009 (16 de julho) – A NASA apresenta vídeos restaurados da missão Apollo 11, feitos a
partir de imagens televisivas da rede CBS. O engenheiro Richard Nafzger admite que as
fitas originais foram perdidas, tendo sido apagadas, involuntariamente, para reutilização,
por motivos econômicos. A NASA informa ainda que os vídeos estarão disponíveis ao
público, na Internet, a partir de setembro.

2009 (21 de julho) – O JPL, da NASA, revela que um corpo celeste, possivelmente um
asteroide (dimensões estimadas de 500m), atingiu a atmosfera de Júpiter, nas proximidades
do polo sul do planeta. A descoberta do fenômeno (19 de julho) cabe ao astrônomo amador
australiano Anthony Wesley. No dia 23, são divulgadas imagens de alta nitidez do evento,
feitas pelo telescópio Hubble.

2009 (22 de julho) – Ocorre o mais longo eclipse total do Sol do século XXI, com duração
que chega a 6min39s. É visível num corredor de 200km de largura e 15.000km de
comprimento, atravessando Índia, Nepal, Butão, Bangladesh, Mianmar e China, alcançando
também as ilhas meridionais japonesas de Ryukyu. O próximo eclipse com duração
semelhante ocorrerá em 2132.

2009 (22 de julho) Cientistas do Southwest Research Institute de San Antonio, nos EUA,
publicam na Nature um estudo apresentando novas evidências da existência de água líquida
em Encélado. De acordo com eles, existem no satélite de Saturno amoníaco, vários
componentes orgânicos e deutério, um isótopo estável do hidrogênio abundante nos
oceanos da Terra.
2009 (24 de julho) – É inaugurado, na ilha de La Palma (arquipélago das Canárias,
Espanha), o GTC (Gran Telescópio Canarias), cuja lente, formada por 36 espelhos, tem
uma superfície de 10,4m (com potência igual à visão de 4 milhões de pupilas), o que faz
dele o maior telescópio óptico individual do mundo (o Very Large Telescope, localizado no
Chile, é maior quando os quatro telescópios que o compõem operam em conjunto. A
solenidade conta com a presença do rei Juan Carlos, da rainha Sofia e de cientistas da
Europa e dos EUA.

2009 (26 de julho) – Uma equipe de cientistas sob a liderança da astrônoma estadunidense
Carolyn Porco descobre o sexagésimo segundo satélite conhecido de Saturno, denominado
provisoriamente S/2009 S 1, que tem diâmetro de 400m e orbita o planeta à distância média
de 117.000km. O anúncio da descoberta é feito em 2 de novembro.

2009 (29 de julho) – Cientistas estadunidenses e britânicos calculam o tempo de rotação de


Saturno em 10h34min13s, mais de cinco minutos inferior ao oficialmente aceito
(10h39min24s).

2009 (29 de julho) – Fotografias divulgadas pelo Observatório de Paris indicam que a
estrela Betelgeuse tem uma cauda de gás do tamanho do Sistema Solar, bem como uma
gigantesca “bolha” que ferve em sua superfície.

2009 (3 a 14 de agosto) – Ocorre, no Rio de Janeiro, a 27ª assembleia geral da UAI, com a
participação de mais de 2.000 astrônomos de oitenta países. É a segunda vez que esta
reunião ocorre na América do Sul (a primeira foi em Buenos Ares, em 1991). A assembleia
seguinte tem lugar em Pequim, em 2012.

2009 (6 de agosto) – Durante uma conferência de imprensa, cientistas da NASA revelam


imagens, feitas pelo Kepler, do exoplaneta HAT-P-7b, descoberto em 6 de março de 2008,
localizado na constelação do Cisne, a pouco mais de 1.000 anos luz da Terra, com massa
80% superior à de Júpiter, temperatura de aproximadamente 2.700°C e período orbital de
2,204 dias. As imagens são de qualidade surpreendente, e, de acordo com a NASA, o
Kepler funciona suficientemente bem para detectar planetas parecidos com a Terra.

2009 (11 de agosto) – Cientistas britânicos, da universidade de Keele, anunciam a


descoberta de WASP-17b, o primeiro exoplaneta de órbita retrógrada que se conhece (ou
seja, gira em sentido contrário ao da estrela-mãe). Localizado na constelação de Escorpião,
a cerca de 1.000 anos-luz da terra, orbita a sua estrela em 3,75 dias. Com massa equivalente
a menos da metade da de Júpiter (0,49) e raio 90% superior, é um dos astros de menor
densidade que se conhece (em torno de 0,14g/cm3) e o maior exoplaneta em diâmetro
encontrado até o momento.

2009 (13 de agosto) – O telescópio Planck dá início à sua missão científica propriamente
dita e começa a realizar a primeira varredura completa do céu.

2009 (16 de agosto) – É anunciada, numa reunião da Sociedade Estadunidense de Química,


em Washington, a descoberta de que nas amostras de material do cometa Wild 2 coletadas
em janeiro de 2004 pela Stardust há glicina, um dos 20 aminoácidos conhecidos que
formam proteínas, as moléculas fundamentais da vida. De acordo com Jamie Elsila, do
Centro de Voo Espacial Goddard, da Nasa, “É a primeira vez que um aminoácido é
encontrado em um cometa. Esta descoberta apoia a teoria de que alguns dos ingredientes
básicos da vida se formaram no espaço e chegaram à Terra há muito tempo por meio de
impactos de meteoritos ou de cometas”.

2009 (26 de agosto) - Astrônomos da Universidade de Keele, no Reino Unido, publicam na


revista Nature um artigo sobre o recentemente descoberto exoplaneta WASP-18b, com
massa 10 vezes superior à de Júpiter, localizado na constelação de Fênix, a
aproximadamente 325 anos-luz da terra, que está tão próximo de sua estrela (3 milhões de
km) que leva menos de um dia (22h35min) para completar uma órbita. Segundo o estudo, o
astro sofre tantas deformações gravitacionais que descreve uma espiral para dentro, estando
prestes a ser engolido pela estrela-mãe.

2009 (28 de agosto) – Termina, 14 meses antes do previsto, a missão da Chandrayaan-1,


depois de a sonda ter perdido o contato com o centro de controle. Nos 312 dias de
operação, são completadas cerca de 3.000 órbitas lunares e feitas aproximadamente 70.000
imagens do satélite da terra. Segundo a Agência Espacial Indiana, 95% dos objetivos
propostos são atingidos.

2009 (setembro) – A UAI fixa o valor da unidade astronômica (que é aproximadamente,


mas não exatamente, igual à distância Terra-Sol) em 149.597.870.700m.

2009 (10 de setembro) – É lançado o HTV-1, primeiro veículo de carga do Japão, com
objetivos semelhantes aos do ATV europeu: levar suprimentos à ISS. Esta missão
transporta 4.500kg de suprimentos diversos, incluindo 1.200kg de alimentos.
Após permanecer 43 dias (17 de setembro a 30 de outubro) acoplado à ISS, desintegra-se
ao reentrar na atmosfera, conforme previsto, em 1º de novembro, carregando 1.624kg de
materiais descartados.
Esta é a primeira missão dos veículos de transferência japoneses, denominados H-II
Transfer Vehicle, ou Kounotori (cegonha do Oriente, ou cegonha branca). Com diâmetro de
4,4m, altura de 2,1m e comprimento de 10m, o veículo pesa 10,5t, tem 2,5m3 de espaço
pressurizado e pode transportar cargas de até 6t.

2009 (14 de setembro) – Durante um Congresso Europeu de Ciência Planetária, que ocorre
em Potsdam, Alemanha, uma equipe dirigida por Katsuhito Ohtsuka apresenta um estudo
segundo o qual o cometa 147P/Kushida-Muramatsu foi satélite de Júpiter de 1949 a 1961,
tendo completado duas órbitas. David Asher, da mesma equipe, assinala que os resultados
desse estudo “sugerem que os impactos sobre Júpiter e a captura de satélites temporários
podem acontecer mais assiduamente do que se pensava até agora".

2009 (18 de setembro) – São divulgados dados obtidos pelo “Diviner Lunar Radiometer
Experiment”, instrumento a bordo da Lunar Reconnaissance Orbiter que está fazendo um
mapeamento térmico da Lua, os quais indicam que regiões onde a luz do Sol jamais chega,
localizadas no interior do polo sul do satélite, estão entre os lugares mais frios do Sistema
Solar, com temperaturas que chegam a -238°C.
2009 (24 de setembro) – De acordo com um artigo publicado na revista Science, a análise
de dados fornecidos por três missões espaciais (Deep Impact, Cassini e Chandrayaan-1)
revela a existência de moléculas de água nos polos da Lua. As quantidades são pequenas,
não sendo suficientes para formar oceanos, lagos ou mesmo poças. Também são
encontradas moléculas de hidroxila, substância formada por um átomo de oxigênio e um
átomo de hidrogênio.

2009 (25 de setembro) – O jornal espanhol El País publica a notícia, dada pelo compatriota
Josep Maria Bosch, de que o asteroide 2009 ST19, de quase 1km de diâmetro, descoberto
por ele em 16 de setembro, chega a 600.000km da Terra, a menor distância já registrada
para este tipo de corpo celeste (recorde quebrado em fevereiro de 2011), seguindo uma
órbita paralela à do nosso planeta. De acordo com o astrônomo, uma aproximação ainda
maior está prevista para 2038.

2009 (29 de setembro) – A agência oficial chinesa Xinhua anuncia a conclusão do mapa de
mais alta resolução da Lua, cobrindo toda a superfície do satélite, elaborado com as
imagens feitas pela sonda Chang’e 1. A equipe que elabora o mapa é chefiada por Liu
Xianlin.

2009 (29 de setembro) – A sonda Messenger sobrevoa Mercúrio pela terceira e última vez,
à distância de 229km. Em 18 de março de 2011, ela entra em órbita em torno do planeta.

2009 (6 de outubro) – Cientistas da NASA anunciam a descoberta, feita com a ajuda de


uma câmera de infravermelho do telescópio Spitzer, do maior anel de Saturno já
encontrado, cuja parte mais densa está a 6 milhões de km do planeta, estendendo-se por
outros 12 milhões de km. Muito tênue, é formado por uma fina camada de gelo e por
partículas de poeira bastante difusas. O material que compõe o anel colide constantemente
com Jápeto, o que pode explicar o fato de um dos hemisférios do satélite ser claro e o outro
escuro, o que sempre intrigou os astrônomos.

2009 (9 de outubro) – Parte de um foguete (Centauro, segundo estágio do Atlas V),


pesando 2,2t, é lançada, à velocidade de 10.000km/h, contra a cratera Cabeus, localizada no
polo sul da Lua, na face oculta do satélite. O interior da cratera jamais recebe luz solar, e a
temperatura está próxima dos -240°C. O objetivo do impacto é levantar uma nuvem de
poeira e rochas lunares, cuja composição é imediatamente estudada pela sonda Lunar
Crater Observation and Sensing Satellite (LCROSS), que entra na nuvem e envia grande
quantidade de dados à Terra. Quatro minutos depois do foguete, a sonda também se espatifa
contra a superfície lunar. Com esse duplo impacto, a NASA pretende determinar se existe
água congelada no interior da cratera Cabeus.

2009 (11 de outubro) – o belga Frank De Winne torna-se o primeiro europeu a comandar a
ISS. Com a volta à Terra do russo Gennady Padalka, no comando desde abril, ele passa a
ser o primeiro não russo ou não estadunidense a assumir o posto, liderando a expedição 21
à estação espacial.

2009 (19 de outubro) – A ESO anuncia, durante a Conferência sobre Exoplanetas realizada
na cidade do Porto, em Portugal, a descoberta de 32 planetas extrassolares, feita pelo
telescópio Harps, situado em La Silla, no Chile. Com isso, passam a ser 403 os exoplanetas
conhecidos, 75 dos quais encontrados pelo Harps.

2009 (10 de novembro) – É lançado, no topo de uma nave Progress modificada


impulsionada por um foguete Soyuz-U, o minimódulo Poisk (pesquisa), primeira
contribuição significativa russa para a ISS desde 2001. Acoplado no dia 12 à escotilha
Zênite do módulo de serviço Zvezda, o Poisk é parecido com o Pirs, podendo ser utilizado
também para a acoplagem de naves Progress e Soyuz TMA. Ademais, dispõe de espaço
para experimentos científicos e está projetado para fornecer energia e pontos de conexão a
duas interfaces científicas externas, a serem desenvolvidas pela Academia Russa de
Ciências.

2009 (13 de novembro) – A NASA confirma a existência de água gelada no interior da


cratera Cabeus, localizada no polo sul da Lua. A quantidade de água encontrada é suficiente
para encher doze baldes. A descoberta é feita com base nos dados enviados pela LCROSS,
após o impacto com a superfície lunar ocorrido em 9 de outubro.

2009 (13 de novembro) – A sonda Rosetta passa pela Terra, para assistência gravitacional,
em sua viagem rumo ao cometa 67/P Churyumov-Gerasimenko. A distância mínima,
2.481km, é atingida sobre o Oceano Índico, ao sul da ilha de Java. O empurrão
gravitacional da Terra aumenta a velocidade da sonda de 13,3 para 16,8km/s.

2009 (20 de novembro) – O acelerador de partículas LHC volta a operar, após catorze
meses de inatividade.
As primeiras colisões de partículas ocorrem dois dias depois.

2009 (10 de dezembro) – É inaugurado o telescópio Vista (Visible and Infrared Survey
Telescope for Astronomy, ou Telescópio de Pesquisa em Luz Visível e Infravermelha para
Astronomia, construído por um consórcio de universidades britânicas e localizado no
Observatório Paranal, no deserto de Atacama, Chile. Com espelho de 4,1m de diâmetro, o
Vista opera em comprimentos de onda infravermelhos (com possibilidade de trabalhar
também em luz visível) e é o maior telescópio do mundo dedicado à cartografia do céu.

2009 (14 de dezembro) – É lançado o telescópio estadunidense Wise (Wide-Field Infrared


Survey Explorer, ou “Explorador de Levantamento Infravermelho de Campo Amplo”), cujo
objetivo é fazer um mapeamento do céu em infravermelho ao longo de dez meses. Com
massa de 750kg e colocado numa órbita a 525km de altitude, espera-se que o Wise
identifique asteroides e cometas nunca antes observados. No extremo oposto, deve
fotografar aglomerados galácticos distantes bilhões de anos-luz. Outro alvo de estudo são
as anãs marrons, objetos maiores e mais pesados do que planetas, mas que não têm massa
suficiente para dar início à transformação de hidrogênio em hélio, reação termonuclear
responsável pela luminosidade das estrelas nos estágios iniciais da sua existência.

2009 (17 de dezembro) – Cientistas do Instituto de Estudos Planetários de Berlim anunciam


a descoberta, em Titã, de um mar de metano líquido cuja superfície pode chegar a
400.000km2 (superior à do Mar Cáspio, que é de 371.000km2). Batizado de "Krake Mare",
está localizado no polo norte do satélite, tendo a descoberta sido feita por meio de imagens
da sonda Cassini.

2009 (29 de dezembro) – A New Horizons chega a um ponto a partir do qual está mais
próxima de Plutão do que da Terra.

2010 (2 de janeiro) – Um estudo coordenado por Junichi Haruyama, da agência espacial


japonesa, e publicado na revista Geophysical Research Letters, informa a descoberta, na
Lua, de uma “tubulação de lava”, uma estrutura cilíndrica com 80m de profundidade. Trata-
se de algo como uma “caverna vertical”, onde poderia ser montada uma base para futuros
astronautas.

2010 (4 de janeiro) – São anunciados os cinco primeiros exoplanetas descobertos pelo


telescópio Kepler, batizados de Kepler 4b, 5b, 6b, 7b e 8b. Todos estão muito próximos de
suas estrelas (períodos orbitais entre 3,2 e 4,9 dias) e são muito quentes (temperaturas entre
1.200 e 1.650°c). Kepler 7b é o mais incomum, apresentando densidade de 0,18g/cm3,
parecida com a do isopor.

2010 (5 de janeiro) – O astrônomo americano Jason Rowe anucia a descoberta, feita a partir
de dados do telescópio Kepler, de dois objetos que não pertencem a nenhuma classe de
corpos celestes já observados. São pequenos demais para serem estrelas (dimensões
parecidas com as de Júpiter) e quentes demais para serem planetas (temperaturas da ordem
de 14.400°C). Eles são mais quentes do que as estrelas em torno das quais giram,
característca jamais observada antes em um objeto astronômico.

2010 (12 de janeiro) – O telescópio Wise descobre seu primeiro asteroide, batizado de
2010 AB78. O astro tem cerca de 1km de diâmetro e órbita elíptica. Segundo a NASA,
apesar de se aproximar do Sol tanto quanto a Terra, o asteroide não oferece risco, pois não
há nenhuma aproximação prevista para os próximos séculos.

2010 (15 de janeiro) – Ocorre o mais longo eclipse anular do Sol do terceiro milênio, com
duração de 11 minutos e 8 segundos. Evento semelhante só voltará a acontecer em 23 de
dezembro de 3043. O fenômeno tem início na República Centro-Africana, passando depois
por Camarões, República Democrática do Congo, Uganda e Quênia. A seguir, é visível no
Oceano Índico (ponto de máxima escuridão) e então se dirige para as Ilhas Maldivas, Índia
e Sri Lanka. Os últimos países onde se pode observar o eclipse são Bangladesh, Myanmar e
China.
Eclipse anular é um eclipse parcial em que a Lua, por estar próxima do apogeu (ponto mais
distante da Terra), não consegue cobrir todo o disco solar (como acontece num eclipse
total), deixando visível um anel nas bordas desse disco.

2010 (1º de fevereiro) – Barack Obama apresenta a proposta de orçamento federal dos EUA
para o ano 2011, excluindo todos os fundos necessários ao programa Constellation. Isso
implica o cancelamento do programa e o estabelecimento de novas metas para a NASA.
Conforme anúncio feito posteriormente, a cápsula Orion é mantida, embora com
modificações em relação à proposta inicial.
2010 (3 de fevereiro) – A missão da sonda Cassini é prolongada mais uma vez, até 2017,
tempo do solstício de verão no hemisfério norte de Saturno. A previsão é de mais 155
órbitas em torno do planeta, 54 sobrevoos de Titã e onze de Encélado. Posteriormente, uma
aproximação maior com Titã modificará de tal maneira a trajetória da sonda que ela será
intencionalmente destruída na atmosfera de Saturno.

2010 (8 a 22 de fevereiro) – Missão do ônibus espacial Endeavour (STS-130), que instala


na ISS o Tranquility, módulo europeu fabricado na Itália. O Tranquility conta com um
mirante panorâmico (denominado Cupola), constituído por uma cúpula com seis janelas
laterais e uma superior, a qual confere uma visão de 360° da ISS e permite avistar a Terra a
qualquer momento.
Os tripulantes do Endeavour são George Zamka – comandante -, Terry Virts – piloto -,
Nicholas Patrick, Robert Behnken, Stephen Robinson e Kathryn Hire.

2010 (11 de fevereiro) – É lançado o Solar Dynamics Observatory (Observatório da


Dinâmica Solar), missão da NASA programada para observar O Sol, a partir de uma órbita
geoestacionária, por um período de, no mínimo, cinco anos e três meses (com possibilidade
de extensão para dez anos ou mais). O objetivo do SDO, que carrega três instrumentos, é
entender a influência do Sol sobre a Terra e espaço adjacente Por meio do estudo da
atmosfera solar, em escalas reduzidas de espaço e de tempo, e em vários comprimentos de
onda simultaneamente. A sonda está programada para investigar a origem e a estrutura do
campo magnético solar, como a energia magnética é convertida e liberada para a heliosfera
e o geoespaço (vento solar) e as variações da radiação do Sol.
O SDO é a primeira missão do programa Living With a Star (LWS) (Vivendo com uma
Estrela), gerenciado pela Divisão de Heliofísica da NASA, cujo propósito é estudar os
aspectos do sistema Sol-Terra que afetam diretamente a vida e a sociedade.

2010 (15 de fevereiro) – É divulgada a notícia de que, utilizando o Colisor Relativístico de


Íons Pesados (RHIC), um acelerador de partículas com 3,8km de comprimento e que está a
4m abaixo do chão em Upton, pertencente ao Laboratório Nacional de Brookhaven, do
Departamento de Energia dos EUA, em Nova Iorque, cientistas criam a temperatura mais
alta já obtida em laboratório: 4 trilhões de graus Celsius (este recorde é batido em
novembro de 2010). Segundo os pesquisadores, essa temperatura é elevada o suficiente
para desintegrar prótons e nêutrons e transformá-los na matéria que existiu milionésimos de
segundos depois do nascimento do Universo. Esse estudo pode ter aplicações de ordem
tecnológica, como, por exemplo, no campo da "spintrônica", que tem por objetivo
desenvolver peças de computador menores, mais rápidas e mais potentes.

2010 (1º de março) – Durante uma conferência sobre ciência planetária realizada no Texas,
cientistas da NASA informam a descoberta, feita pelo Mini-Sar, radar estadunidense
lançado a bordo da sonda indiana Chandrayaan-1, de depósitos de gelo em mais de 40
crateras do polo norte da Lua. Paul Spudis, do Instituto Lunar e Planetário de Houston,
calcula em pelo menos 600 milhões de toneladas a quantidade de gelo existente nessas
crateras.

2010 (2 de março) – Uma equipe de cientistas da NASA liderada por Richard Gross
anuncia que o terremoto de magnitude 8,8 ocorrido no Chile, no dia 27 de fevereiro,
deslocou o eixo da Terra em 8cm e diminuiu em 1,26 milionésimo de segundo o período de
rotação do planeta.

2010 (3 de março) – A Mars Express sobrevoa Fobos a 67km de distância. O objetivo


principal é fazer um mapa gravitacional do satélite e deduzir detalhes da sua estrutura
interna, a fim de investigar a hipótese, levantada em 2009, de que partes da lua marciana
são ocas.

2010 (17 de março) – São publicadas as primeiras fotografias feitas pelo telescópio Planck,
mostrando concentrações de poeira até uma distância de 500 anos-luz do Sol.

2010 (30 de março) – Cientistas responsáveis pelo LHC anunciam ter obtido colisões de
prótons cuja energia gerada é de 7 trilhões de eletronvolts (TeV), valor três vezes superior
ao máximo obtido antes por qualquer acelerador de partículas.

2010 (5 a 20 de abril) – Missão do Discovery (STS-131), último voo dos ônibus espaciais
com sete astronautas a bordo. O objetivo é levar 8t de equipamentos e provisões à ISS,
entre os quais estão um congelador adicional para preservar amostras das
experiências realizadas em microgravidade, uma reserva de amoníaco para o
sistema de refrigeração da estação e um mecanismo de exercícios que
permite medir a força muscular.
A tripulação é formada por Alan Poindexter (1961-2012) - comandante -, James Dutton -
piloto -, Richard Mastracchio, Dorothy M. Metcalf-Lindenburger, Stephanie Wilson,
Naoko Yamazaki e Clayton Anderson.
É a missão mais longa do Discovery (15d2h47min11s) e, pela primeira vez, quatro
mulheres se encontram no espaço.

2010 (7 de abril) – uma equipe liderada por Emmanuel Lellouch publica na revista
Astronomy & Astrophysics os resultados da primeira análise de infravermelho da atmosfera
de Tritão, realizada por pesquisadores do Observatório Europeu do Sul (ESO). A atmosfera
contém monóxido de carbono e metano e varia sazonalmente, condensando quando
aquecida.

2010 (13 de abril) – Durante o Royal Astronomical Society National Astronomy Meeting,
realizado na universidade de Glasgow, na Escócia, é anunciada a descoberta, feita por uma
equipe internacional de cientistas, de dois exoplanetas cujas órbitas se dão no sentido
oposto ao da rotação das estrelas de seus sistemas. Isso contraria a teoria vigente da
formação planetária, segundo a qual os planetas se originam em discos de gás e poeira que
giram em torno de estrelas jovens. Acreditava-se que os planetas formados nesse disco
sempre orbitassem em planos idênticos, girando na mesma direção da rotação da estrela,
como acontece no Sistema Solar.

2010 (13 de abril) – O telescópio Swift detecta a sua 500ª erupção de raios gama.

2010 (15 de abril) – Durante uma visita ao Centro Espacial Kennedy, o presidente
estadunidense Barack Obama propõe novas metas para a NASA, depois do cancelamento
do programa Constellation, anunciado em fevereiro. Entre as propostas estão o
desenvolvimento de uma cápsula Orion menor do que a inicialmente projetada, a ser
lançada por foguetes de companhias privadas à ISS, e o desenvolvimento de um lançador
pesado, destinado a missões tripuladas para além da órbita terrestre, capaz de levar, a partir
de 2025, seres humanos a um asteroide (antes de uma missão a Marte). O asteroide a ser
visitado ainda não está definido.

2010 (16 de abril) – Uma equipe de cientistas liderada por Suzanne Smrekar, do
Laboratório de Propulsão a Jato, na Califórnia, publica na revista Science um artigo
sugerindo que pode haver vulcões ativos em Vênus. Essa possibilidade é levantada por
dados coletados pelo Virtis, instrumento a bordo da Venus Express que analisa emissões
térmicas, segundo os quais há fluxos de lava jovem na superfície, cuja composição é
diferente daquela do material do entorno, o que pode ser sinal de atividade vulcânica.

2010 (29 de abril) – Dois estudos publicados na Nature, um deles com participação
brasileira, anunciam a detecção de evidências de água e de compostos orgânicos no
asteroide 24 Themis, descoberto (5 de abril de 1853) por Annibale de Gasparis
(1819-1892). Segundo os cientistas, toda a superfície do asteroide está coberta por uma fina
camada de gelo, e o material orgânico encontrado aparenta ser composto de cadeias
extensas e complexas de moléculas. De acordo com os pesquisadores, isso fortalece a teoria
de que água e compostos orgânicos originários de asteroides podem ter chegado à Terra há
bilhões de anos, tendo contribuído para o surgimento da vida no planeta.
Themis - Diâmetro: 198km; período orbital: 2.021 dias (5,54 anos); distância média do Sol:
468,1 milhões de km; rotação: 8h23min.

2010 (14 a 26 de maio) – Missão do ônibus espacial Atlantis (STS-132), cujo objetivo é
instalar na ISS um módulo científico russo, substituir as seis baterias que armazenam a
eletricidade gerada pelos painéis solares e transportar alimentos e equipamentos, entre os
quais estão uma antena de comunicação e peças para o braço robótico. No dia 18, o módulo
russo Rassvet (Aurora ou Amanhecer) é ligado ao topo do também módulo russo Zarya. No
Rassvet há um ponto de acoplamento para as naves Soyuz e Progress, encarregadas de
todas as viagens à ISS depois da retirada de circulação dos ônibus espaciais estadunidenses.
A tripulação do Atlantis é formada por Kenneth Ham - comandante -, Dominic "Tony"
Antonelli - piloto -, Garrett Reisman, Michael T. Good, Stephen G. Bowen e Piers Sellers.
No momento do pouso, esta é considerada a última missão do Atlantis. Posteriormente,
porém, com a extensão do programa dos ônibus espaciais até 2011, o Atlantis é
reincorporado à frota, sendo-lhe atribuído o último de todos os voos (STS-135).

2010 (20 de maio) – É lançada a sonda japonesa Akatsuki (Amanhecer), ou Planet C, ou


ainda Vênus Climate Orbiter (VCO), com destino a Vênus. Trata-se da primeira sonda
enviada pelo Japão a esse planeta e está programada para realizar um mapa tridimensional
da atmosfera daquele mundo (incluindo um estudo sobre a incidência de raios e outros
fenômenos elétricos), além de tentar confirmar a existência de vulcanismo na superfície
venusiana. Os dados recolhidos pela Akatsuki deverão complementar os obtidos pela Venus
Express, numa missão prevista para durar, no mínimo, dois anos.
O mesmo foguete lança ainda a sonda IKAROS (Interplanetary Kite-craft Accelerated by
Radiation Of the Sun), programada para sobrevoar Vênus e depois dirigir-se para uma
órbita solar. É a primeira nave espacial impulsionada por uma espécie de “vela solar”. Em
forma de disco, Ikaros está ligada a uma membrana com 196m2 de superfície, com textura
mais fina que a de um fio de cabelo e dotada de células capazes de gerar energia a partir da
pressão exercida pela luz do Sol. Esta tecnologia, que dispensa o uso de combustíveis
químicos, poderá ser usada, caso seja bem-sucedida, para prolongar a vida útil de satélites
em órbita geoestacionária. Entre os objetivos da missão está ainda o estudo de alguns
componentes do meio interplanetário, como o vento solar e a poeira cósmica.

2010 (20 de maio) – Imagens do Hubble mostram o exoplaneta Wasp-12b sendo


consumido por sua estrela. É a primeira vez que um evento desse tipo é observado de forma
tão nítida.
Descoberto em 1º de abril de 2008, distante 871 anos-luz e situado na constelação do
Cocheiro, Wasp-12b dista, em média, 3,43 milhões de km da estrela Wasp-12, que orbita
em 26,19 horas. Devido a essa grande proximidade, as forças de maré da estrela deformam
o planeta, dando-lhe o formato de ovo, e arrancam grandes quantidades de matéria da
atmosfera. Isso faz com que Wasp-12b seja um dos exoplanetas mais quentes já
encontrados, com temperaturas superficiais acima dos 2.200°C.

2010 (3 de junho) – Seis voluntários dão início à última fase do projeto Marte-500, da ESA,
durante os quais permanecem trancados numa cápsula por 520 dias (até 4 de novembro de
2011), com o objetivo de simular uma viagem a Marte, nos mesmos moldes do que foi
feito, durante 105 dias, de março a julho de 2009. A simulação compreende 250 dias para a
viagem de ida, trinta dias na superfície do planeta e 240 dias para o retorno. A rotina dos
participantes inclui trabalhos de manutenção, exercícios diários e problemas simulados, que
poderiam ocorrer em uma viagem real a Marte. A comida é enlatada (como a dos
astronautas), a comunicação pela Internet com familiares está sujeita a atrasos e quedas (aos
quais também estarão sujeitos futuros tripulantes ao planeta vermelho) e o banho só é
permitido a cada dez dias.
Os integrantes da equipe de voluntários são os russos Alexei Sitev – comandante -, Sukhrob
Kamolov – médico - e Aleksandr Suvorov – pesquisador -, o francês Romain Charles –
engenheiro de bordo -, o ítalo-colombiano Diego Urbina – pesquisador científico – e o
chinês Wang Yue – pesquisador científico.

2010 (3 de junho) – Ocorre um impacto na superfície de Júpiter, sendo o astrônomo amador


australiano Anthony Wesley o primeiro a divulgá-lo. Pelas características do evento, cujo
aumento de brilho correspondente dura 2 segundos, estima-se que o objeto causador do
impacto (provavelmente um asteroide ou um cometa) tenha diâmetro entre 8 e 13m. Em 20
de agosto de 2010, outro impacto é observado. E mais um ainda em 10 de setembro de
2012.
Pensa-se que diversos eventos como estes ocorram em Júpiter todos os anos.

2010 (4 de junho) – É lançado, com sucesso, o Falcon 9, foguete desenvolvido pela


empresa privada Spacex com o apoio da NASA. Seguindo a polí´tica da Casa Branca de
delegar à iniciativa privada a tarefa de transportar astronautas à ISS, o Falcon 9 carrega um
protótipo da cápsula Dragon, de 3,6m de diâmetro, que tem capacidade para abrigar até
quatro tripulantes e de levar materiais e equipamentos até a estação espacial.

2010 (8 de junho) – Um estudo liderado pelo geólogo Tais W. Dahl, do Niels Bohr
Institute, pertencente à Universidade de Copenhague, e publicado na revista Earth and
Planetary Science Letters, afirma que a Terra e a Lua podem ter se formado mais tarde do
que se acreditava, isto é, até 120 milhões de anos depois dos 4,537 bilhões de anos
atualmente estimados. A datação é realizada por meio da investigação do decaimento de
háfnio 182 em tungstênio 182, substância que permite determinar até que ponto se
misturaram, no processo de colisão que formou nosso planeta e nosso satélite, o ferro dos
núcleos e o material rochoso das superfícies.

2010 (10 de junho) – Segundo informações da Science, uma pesquisa liderada por
Sébastien Charnoz, da Universidade Paris Diderot, na França, feita com base em medições
da sonda Cassini, indica que sete dos satélites de Saturno se formaram recentemente, nos
últimos 10 milhões de anos. Considerando que este processo de formação provavelmente
continua ocorrendo, Saturno pode ainda estar produzindo luas.

2010 (13 de junho) Um estudo feito por Gaetano Di Achille e Brian Hynek, da
Universidade do Colorado, e publicado na Nature Geoscience, sugere que Marte teve, há
3,5 bilhões de anos, um ciclo hidrológico semelhante ao terrestre, com acumulação de água
nas regiões subterrâneas, formação de nuvens, chuva, rios e um oceano que cobria mais de
um terço da superfície do planeta. Segundo a pesquisa, este oceano tinha um volume de 124
milhões de km3 de água – menos de um décimo dos oceanos terrestres, mas o suficiente
para cobrir o planeta inteiro com uma camada de água de 500m.

2010 (13 de junho) – A sonda japonesa Hayabusa, que em 2005 pousou no asteroide 25143
Itokawa, volta à Terra e, como estava previsto, desintegra-se na atmosfera (na qual entra a
44.000km/h), liberando uma cápsula que aterrissa no deserto australiano. A cápsula, do
tamanho de uma bola de basquete, é recuperada no dia seguinte, mas, devido a inúmeros
problemas ao longo da missão, não há certeza de que ela efetivamente contenha amostras
provenientes do Itokawa. A Hayabusa é a primeira sonda espacial que retorna à Terra
depois de ter visitado um asteroide.

2010 (15 de junho) – É lançada a nave russa Soyuz TMA-19, centésimo voo tripulado à
ISS, numa missão de cinco meses. A tripulação é formada pelo russo Fyodor Yurchikhin -
Comandante – e pelos engenheiros de voo estadunidenses Douglas Wheelock e Shannon
Walker. A acoplagem à Estação Espacial ocorre no dia 18 de junho, e a aterrissagem, em
26 de novembro.

2010 (15 de junho) – É lançado o satélite francês Picard, programado para estudar a
radiação solar, determinar com precisão o diâmetro e a forma do Sol, estudar o interior da
estrela por meio da heliossismologia e investigar a influência solar no clima terrestre.
O nome é uma homenagem ao astrônomo francês Jean Picard (1620-1682), o primeiro a
obter medidas acuradas do diâmetro do Sol.

2010 (15 de junho) – Cientistas da missão Kepler divulgam dados preliminares de 156.000
estrelas observadas por esse telescópio espacial. Das estrelas pesquisadas, 706 apresentam
candidatos a exoplanetas, com dimensões que variam desde similares à Terra até maiores
que Júpiter.
2010 (23 de junho) – Um estudo liderado por Ignas Snellen, do observatório de Leiden, na
Holanda, e publicado na revista Nature, revela a descoberta de grandes tempestades no
exoplaneta HD 209458b (Osíris), com ventos cuja velocidade varia entre 5.000 e
10.000km/h. Temperaturas superficiais acima de 1.000°C também contribuem para tornar
extremamente rigoroso o clima deste astro.

2010 (1º de julho) – Cientistas estadunidenses publicam no Astrophysical Journal Letters


um estudo segundo o qual o Sistema Solar teve origem na explosão de uma supernova, há
4,6 bilhões de anos. De acordo com este modelo, a onda de choque liberada pela explosão
deu início ao colapso da nuvem molecular a partir da qual foram formados o Sol e os
planetas que o rodeiam.
Nuvem molecular é um tipo de nuvem interestelar cuja densidade e o tamanho permitem a
formação de moléculas, sobretudo hidrogênio molecular (H2).). Isso as diferencia de outras
regiões do meio interestelar, que contêm predominantemente gás ionizado.
As nuvens moleculares dividem-se em gigantes e pequenas.
Nuvens moleculares gigantes têm diâmetros entre 15 e 600 anos-luz e massas entre mil e 10
milhões de vezes a do Sol. A densidade média é de cem a mil partículas por centímetro
cúbico, comparada com uma partícula por centímetro cúbico das regiões adjacentes. As
partes mais densas denominam-se núcleos moleculares e atingem densidades entre 10 mil e
1 milhão de partículas por centímetro cúbico. Algumas são tão grandes que ocupam partes
significativas das constelações, sendo por isso referidas com os nomes das constelações
onde estão. Por exemplo, Nuvem Molecular de Órion, Nuvem Molecular de Touro.
As nuvens moleculares pequenas têm massas da ordem de algumas centenas de massas
solares e equivalem, aproximadamente, aos núcleos moleculares das nuvens moleculares
gigantes.

2010 (10 de julho) – A sonda Rosetta sobrevoa, à distância mínima de 3.160km, o asteroide
21 Lutetia, descoberto (15 de novembro de 1852) pelo astrônomo alemão Hermann
Goldschmidt (1802-1866). São feitas 462 imagens que cobrem aproxmadamente 50% da
superfície do astro, sobretudo do hemisfério norte. As imagens revelam 350 crateras, com
diâmetros entre 600m e 55km. Entre as crateras há escarpas e estrias, configurando uma
superfície bastante irregular.
Trata-se do maior asteroide já visitado por uma nave espacial (recorde quebrado em julho
de 2011, com a chegada da Dawn a Vesta), e Lutetia é o nome de uma cidade do Império
Romano localizada onde hoje é Paris.
Diâmetro: 121 x 101 x 75km; período orbital: 1.387,902 dias (3,80 anos); distância média
do Sol: 364.277.000km.

2010 (16 de julho) – A NASA informa a descoberta, feita graças a imagens do Hubble, de
uma cauda típica de cometas no exoplaneta HD 209458b (Osíris). A temperatura superficial
é tão elevada (mais de 1.000°C) que a atmosfera inteira é aquecida, o que faz com que até
elementos pesados (como carbono e silício) escapem, contribuindo para formar a cauda,
juntamente com os demais gases atmosféricos.
O HD 209458b está associado a diversos eventos importantes relacionados à pesquisa de
planetas extrassolares: primeiro exoplaneta a ser descoberto pelo método do trânsito
planetário; primeiro exoplaneta a ter uma atmosfera detectada; primeiro exoplaneta
conhecido em cuja atmosfera há hidrogênio, oxigênio e carbono; um dos dois primeiros
exoplanetas observados espectroscopicamente.

2010 (20 de julho) – Cientistas britânicos liderados por Paul Crowther, da Universidade de
Sheffield, anunciam a descoberta, feita graças a dados fornecidos pelo VLT e pelo Hubble,
da estrela de maior massa e maior luninosidade alguma vez observada. A estrela, batizada
de RMC 136a1, pertence ao aglomerado estelar RMC 136a, localizado na Grande Nuvem
de Magalhães (constelação do Dourado), a 165.000 anos-luz da Terra. A massa equivale a
265 massas solares, e a luminosidade é 8,7 milhões de vezes superior à do Sol.

2010 (26 de julho) – A NASA divulga o melhor e mais completo mapa de Marte já
produzido, elaborado a partir de 21.000 imagens obtidas pela câmera Themis da sonda
Mars Odyssey. Uma versão interativa do mapa é disponibilizada no site da agência espacial
estadunidense, o que permite ao público dar passeios virtuais pelo planeta vermelho.

2010 (19 de agosto) – A revista Science publica fotos da Lua tiradas pela Lunar
Reconnaissance Orbiter, as quais, segundo a NASA, comprovam que o diâmetro do nosso
satélite diminuiu 100m no último bilhão de anos. A explicação dada para esta redução de
tamanho é o resfriamento interno da Lua ao longo deste tempo.

2010 (24 de agosto) – Cientistas liderados por Christophe Lovis, da Universidade de


Genebra, anunciam a descoberta de pelo menos cinco planetas orbitando a estrela HD
10180, localizada a 127 anos-luz da Terra, na constelação de Hidra. Os planetas têm massas
entre 12 e 25 vezes a terrestre (comparáveis às de Urano e de Netuno), período orbital entre
6 e 600 dias terrestres e estão a distâncias da estrela que variam entre 9 e 210 milhões de
km.
Estudos posteriores confirmam um sexto planeta e apresentam evidência de mais um, o que
faz do sistema de HD 10180 o maior já encontrado, à exceção do solar, ultrapassando 55
Cancri (cinco planetas), o mais complexo conhecido até então.
Um novo estudo sobre o sistema planetário de HD 10180 é apresentado em abril de 2012.

2010 (25 de agosto) – Um estudo liderado por Petr Pravec, do Instituto Astronômico da
República Checa, e publicado na revista Nature, afirma que asteroides, quando têm
velocidades de rotação bastante elevadas, podem dividir-se em dois corpos que orbitam um
ao outro e, posteriormente, transformar-se em corpos celestes independentes. Segundo a
pesquisa, trata-se de um fenômeno bastante frequente no cinturão de asteroides do Sistema
Solar.

2010 (27 de agosto) – Uma equipe liderada por Jean-Louis Le Mouël, do Instituto de
Geofísica de Paris, publica no Geophysical Research Letters um estudo sugerindo que as
manchas solares (cuja frequência varia ao longo de um ciclo de aproximadamente onze
anos) podem ser um dos fatores responsáveis pela pequena flutuação (da ordem de
milissegundos) observada na duração dos dias terrestres. Os demais fatores seriam
mudanças nos ventos e nas correntes dos oceanos.

2010 (10 de setembro) - O filósofo Daniel Graham e o astrônomo Eric Hintz, da


Universidade Brigham Young, nos EUA, afirmam no site da revista New Scientist que
documentos gregos assinalam a passagem, entre 4 de junho e 25 de agosto de 466 a.C., de
um cometa brilhante, que pode ter sido o Halley. O registro confirmado mais antigo da
passagem deste cometa, feito pelos chineses, é do ano 240 a.C.

2010 (29 de setembro) – Uma equipe liderada por Steven Vogt, da Universidade da
Califórnia, em Santa Cruz, anuncia a descoberta de Gliese 581g, exoplaneta potencialmente
habitável, localizado a 20,3 anos-luz (192 trilhões de km) da Terra, na constelação de Libra.
É o sexto planeta encontrado em torno da anã vermelha Gliese 581, a qual orbita, à
distância média de 22 milhões de km, em 36,6 dias. A massa, entre 3,1 e 4,3 vezes a
terrestre, e o raio, entre 1,3 e 2 vezes o da Terra, indicam composição rochosa. A gravidade
estimada oscila de 1,1 a 1,7 vez a do nosso planeta, suficiente para manter uma atmosfera.
O planeta apresenta sempre a mesma face à estrela, o que acarreta uma grande variação de
temperatura entre a zona permanentemente iluminada e a zona sempre escura. A média de
temperatura calculada com base nos dados observados está entre -37 e -12°C, mas no
terminador (confluência entre a região iluminada e a região escura) é provável que haja
temperaturas semelhantes às terrestres. O conjunto das características deste planeta faz com
que seja grande a possibilidade de existência de água líquida na superfície, tornando-o
candidato a abrigar vida.
Este é o segundo planeta potencialmente habitável encontrado em torno de Gliese 581. O
outro, Gliese 581c, foi descoberto em abril de 2007.
Mais tarde, a existência de Gliese 581g (bem como a de Gliese 581f) é posta em dúvida por
Francesco Pepe, do Observatório de Genebra. Instaura-se a polêmica, e a questão
permanece em aberto. Atualmente, Gliese 581g é considerado exoplaneta não confirmado.

2010 (primeira semana de outubro) – O sistema de refrigeração de hidrogênio do telescópio


Wise se esgota, determinando o fim da missão principal. Até esta data, o WISE descobre
cerca de 33.500 asteroides e cometas. Ademais, aproximadamente 154.000 objetos do
Sistema Solar são observados.
a NASA dá início, então, a uma missão estendida de quatro meses, denominada "Near-
Earth Object WISE" (NEOWISE), cujo foco é observar asteroides e cometas próximos da
órbita da Terra utilizando a capacidade de detecção pós-criogênica do telescópio qe ainda
resta.

2010 (1º de outubro) – É lançada a sonda lunar chinesa Chang’e 2, cuja missão, com
duração de oito meses, tem como objetivo principal testar técnicas de alunissagem, a fim de
permitir o pouso na Lua da Chang’e 3. Além disso, a nave está programada para enviar à
Terra imagens em alta resolução da superfície do satélite.
A data escolhida para o lançamento é comemorativa ao 61º aniversário da revolução
comunista liderada por Mao Tse-Tung (1893-1976), que, em 1949, resultou na criação da
República Popular da China.

2010 (5 de outubro) – A Chang’e 2 é inserida com sucesso na órbita lunar, a uma distância
variável entre 16 e 100km. A colocação em órbita ocorre 112 horas após o lançamento,
bem menos que os 12 dias gastos pela Chang’e 1.

2010 (5 de outubro) – A NASA aprova a missão MAVEN, Mars Atmosphere and Volatile
EvolutioN (Atmosfera de Marte e Evolução Volátil), com previsão de lançamento em 2013
e entrada em órbita marciana em 2014. São quatro os objetivos principais: determinar o
papel desempenhado, ao longo do tempo, pela perda de materiais voláteis da atmosfera
marciana; determinar o estado atual da atmosfera superior, da ionosfera e da interação com
o vento solar; determinar a proporção atual de escapamento de gases neutros e de íons para
o espaço e os processos que os controlam; determinar a proporção de isótopos estáveis na
atmosfera de Marte.

2010 (7 de outubro) – É lançada à ISS a Soyuz TMA-01M, primeira sonda da nova série de
espaçonaves tripuladas russas, desenhada para substituir a Soyuz TMA, em uso desde 2002.
Entre as modificações implementadas, merecem destaque as seguintes: 36 peças são
redesenhadas; a massa é reduzida em 70kg; o sistema operacional de controle analógico
(Aragon), usado por mais de trinta anos, é substituído por um sistema digital (TsVM-101);
o consumo de energia torna-se menor; na estrutura da nave e nos painéis de instrumentos,
ligas de magnésio são substituídas por ligas de alumínio, de fabricação mais simples e
barata.
A tripulação da Soyuz TMA-01M é formada por Alexander Kaleri - Comandante -, Scott
Kelly - engenheiro de voo - e Oleg Skripochka - engenheiro de voo.
A aterrissagem ocorre em 16 de março de 2011.

2010 (22 de outubro) Uma equipe liderada pelo geólogo planetário Peter Schultz, da
Universidade Brown, nos EUA, publica na revista Science cinco artigos anunciando a
descoberta, na Lua, de água, gelo, mercúrio, monóxido de carbono, dióxido de carbono,
amônia e metais prateados (incluindo pequena quantidade de prata). Este achado deve-se ao
impacto da LCROSS na cratera Cabeus, ocorrido em outubro de 2009, que abriu na
superfície do satélite um buraco com 25 a 30m de diâmetro e fez levantar quase 2t de
fragmentos diversos, poeira e vapor.

2010 (27 de outubro) – A China anuncia o início da construção da sua própria estação
espacial, ainda sem denominação definida. A conclusão está prevista para 2020, e o
lançamento dos primeiros módulos pode ocorrer antes de 2016. As informações são da
agência oficial Xinhua.
Um módulo para testes, Tiangong-1, é lançado em setembro de 2011.

2010 (29 de outubro) – A revista Science publica os resultados do mais amplo censo
planetário já realizado, encomendado pela NASA à Universidade da Califórnia. Segundo o
estudo, uma em quatro estrelas similares ao Sol existentes na Via Láctea tem planetas de
tamanho próximo ao da Terra, o que situa o número destes planetas em vários bilhões.

2010 (3 e 16 de novembro) – A Messenger obtém 34 imagens posteriormente combinadas


para produzir um retrato do Sistema Solar, complementar àquele feito pela Voyager 1 em
fevereiro de 1990. Aparecem seis planetas (ficam de fora Urano e Netuno), a Lua, os quatro
satélites galileanos de Júpiter e parte da Via Láctea.

2010 (4 de novembro) – A sonda Epoxi sobrevoa, à distância de 700km e à velocidade de


44.300km/h, o cometa Hartley 2 (oficialmente, 103P/Hartley), descoberto (15 de março de
1986) pelo estadunidense Malcolm Hartley. O cometa havia atingido a maior proximidade
da Terra (18.000.000 de km) em 20 de outubro, e o periélio em 28 de outubro. A passagem
da Epoxi revela um astro mais ativo do que se esperava. O núcleo, em forma de amendoim,
tem um comprimento de 2,25km e período de rotação de 18h. A massa do cometa é
estimada em 300 milhões de toneladas.

2010 (7 de novembro) – O LHC começa a provocar a colisão de átomos pesados (chumbo),


indo além da tradicional colisão de prótons, e gera temperaturas de 10 trilhões de graus
Celsius, um recorde para experimentos científicos.

2010 (9 de novembro) – É divulgada a descoberta, feita a partir de dados coletados pelo


Fermi, de duas bolhas com limites bem definidos e emissoras de raios gama que se
estendem por 25 mil anos-luz para o norte e para o sul do centro da Via Láctea e reúnem
uma energia equivalente a cem mil explosões de supernovas. Não se conhece a natureza ou
a origem das bolhas, mas imagina-se que possam ser remanescentes de uma erupção de um
buraco negro ou que são alimentadas por uma sucessão de nascimentos e mortes de estrelas
no interior da galáxia.

2010 (9 de novembro) – Astrônomos do Reino Unido anunciam a descoberta do primeiro


sistema planetário em torno de uma estrela binária já encontrado (sistema circumbinário).
Dois gigantes gasosos, um deles com massa equivalente a seis vezes a de Júpiter e período
de translação de 15,7 anos, e o outro com 1,6 massa joviana e período orbital de 7,75 anos,
orbitam NN Serpentis, sistema distante 1.670 anos-luz e constituído por uma anã vermelha
e uma anã branca que giram em torno uma da outra em 3h7min.

2010 (16 de novembro) – Num comunicado de imprensa, a JAXA anuncia que, das
aproximadamente 1.500 partículas rochosas (todas submilimétricas) encontradas no interior
da cápsula liberada pela Hayabusa em junho, a maioria pertence ao asteroide 25143
Itokawa. Segundo os cientistas, a composição desses materiais é mais semelhante à de
meteoritos primitivos do que de rochas encontradas na Terra.
Trata-se das primeiras amostras provenientes de um asteroide trazidas à Terra por uma nave
espacial.

2010 (17 de novembro) – Cientistas do LHC obtêm 38 átomos de anti-hidrogênio, que


conseguem preservar durante 172 milésimos de segundo.
Em maio de 2011, são obtidos resultados bastante superiores.

2010 (18 de novembro) - Pesquisadores do Instituto Max Planck de Astronomia liderados


por Johny Setiawan anunciam a descoberta do primeiro planeta conhecido com origem
extragaláctica. Denominado HIP 13044 b, o planeta está a 2.286 anos-luz da Terra e orbita
uma estrela pouco menos massiva que o Sol da constelação do Forno Químico (Fornax).
Tem massa 25% superior à de Júpiter e completa uma órbita em 16,2 dias, à distância
média de 17,35 milhões de km. Os pesquisadores acreditam que tanto o planeta quanto a
estrela sejam originários da corrente Helmi, grupo de estrelas que sobreviveu depois de sua
minigaláxia ser absorvida pela Via Láctea, há 9 bilhões de anos.
A descoberta é realizada a partir de dados do espectrógrafo FEROS, localizado no
Observatório La Silla (Chile).

2010 (26 de novembro) – A NASA anuncia a detecção, pela Cassini, de uma atmosfera
tênue (5 trilhões de vezes menos densa que a terrestre) em Reia, contendo oxigênio e
dióxido de carbono. Segundo os cientistas, esses elementos podem possibilitar reações
químicas complexas na superfície.

2010 (dezembro) – Tem início a tempestade mais longa já registrada em Saturno, com
duração superior a duzentos dias. Afeta uma área de 4 bilhões de km2 do hemisfério norte
e, nos momentos de maior intensidade, são detectados dez relâmpagos por segundo.
Imagens da tempestade são liberadas por cientistas da Cassini em 17 de novembro de 2011.

2010 (1º de dezembro) – Uma equipe liderada por Jacob Bean, do centro Harvard-
Smithsonian de Astrofísica, divulga os primeiros dados alguma vez obtidos acerca da
atmosfera de uma “superterra”, nome dado pelos astrônomos a exoplanetas com massas
superiores à da Terra, mas inferiores a dez massas terrestres. O GJ 1214 b, descoberto em
16 de dezembro de 2009 por David Charbonneau e colegas, pode ser coberto por água
(provavelmente em estado gasoso, devido à proximidade entre o exoplaneta e a estrela em
torno da qual gira) ou um exoplaneta rochoso em cuja atmosfera predomina o hidrogênio,
com nuvens altas ou neblina encobrindo o céu. Pelo estudo, fica afastada apossibilidade de
se tratar de um "miniNetuno", com um pequeno núcleo rochoso e uma atmosfera profunda
e rica em hidrogênio. Situado na constelação de Ofiúco e distante 42 anos-luz, o GJ 1214 b
é 2,6 vezes maior que a Terra e orbita a sua estrela, à distância média de 2,14 milhões de
km, em 38h. O ambiente não é propício à vida, uma vez que na atmosfera são registradas
temperaturas de 500°C.

2010 (2 de dezembro) - A NASA anuncia, numa coletiva de imprensa em Washington,


especialmente convocada, que uma bactéria denominada GFAJ-1, da família das
halomonadáceas, é capaz de sobreviver com arsênico no DNA, em lugar de fósforo. Até
este anúncio, o fósforo era considerado um dos seis elementos essenciais à vida, juntamente
com Carbono, hidrogênio, nitrogênio, oxigênio e enxofre. A pesquisa, coordenada por
Felisa Wolfe-Simon, do Instituto de Astrobiologia da Nasa e do Serviço Geológico dos
EUA, e realizada com bactérias que vivem no Lago Mono, na Califórnia, indica que devem
ser revistos os paradigmas atualmente associados à vida.
Contudo, este trabalho recebe, imediatamente, fortes críticas de grande parte da
comunidade científica e passa a ser questionado por diversos estudos a partir de janeiro de
2012.

2010 (2 de dezembro) – Um artigo publicado na Nature e escrito por Pieter van


Dokkum, da Universidade Yale, e Charlie Conroy, da Universidade Princeton, informa a
identificação de grande número de anãs vermelhas em oito galáxias elípticas massivas,
distantes entre 50 milhões e 300 milhões de anos-luz da Terra. Estrelas pequenas e de
pouco brilho, as anãs vermelhas só haviam sido identificadas, até agora, na Via Láctea e
galáxias vizinhas. O estudo sugere também que o número de anãs vermelhas em galáxias
elípticas é até 20 vezes maior que na Via Láctea, o que significa que no Universo existem
muito mais estrelas do que se pensava (segundo os cientistas, talvez até o triplo). Com isso,
estima-se que existam no Universo de 10 sextilhões a 1 septilhão de estrelas.

2010 (7 de dezembro) – A Akatsuki não consegue entrar na órbita de Vênus. É a segunda


tentativa japonesa de lançar uma sonda a outro planeta, e o segundo fracasso (a Nozomi
falhou em Marte). Em dezembro de 2016 ou janeiro de 2017, a Akatsuki estará numa
posição que permitirá nova tentativa.

2010 (8 de dezembro) – A sonda Ikaros sobrevoa Vênus à distância aproximada de


80.800km, completando com êxito a sua missão.

2010 (8 de dezembro) – A empresa Spacex lança, num voo de teste, a cápsula Dragon,
destinada a transportar cargas, e posteriormente também astronautas, à ISS. A cápsula
completa duas órbitas e realiza diversas manobras, pousando com sucesso no Oceano
Pacífico.

2010 (9 de dezembro) – Cientistas britânicos anunciam que Wasp-12b é o exoplaneta com a


mais alta concentração de carbono já encontrada. Wasp-12b é um gigante gasoso muito
quente (2.200°C), mas os cientistas esperam encontrar em breve planetas menores e
rochosos com altas concentrações de carbono. Em teoria, planetas assim podem ter rochas
formadas, não por silicatos, predominantes nas terrestres, mas por compostos à base de
carbono, como grafite e diamantes.

2010 (13 de dezembro) – Cientistas estadunidenses anunciam que a sonda Voyager 1,


distante da Terra 17,3 bilhões de km, chegou a um ponto onde a velocidade do vento solar é
zero. Nessa região, o vento solar já não se move mais para fora do Sistema Solar, e sim
lateralmente, indicando a proximidade da heliopausa, local que demarca a fronteira do
Sistema Solar e onde as partículas emanadas pelo Sol são definitivamente detidas pela
matéria interestelar. Ultrapassada a heliopausa, a Voyyager 1 estará fora do Sistema Solar.

2010 (14 de dezembro) É anunciada a descoberta de uma importante estrutura da superfície


de Titã, denominada Sotra Facula. Trata-se, provavelmente, de um criovulcão (vulcão
gelado), que consiste numa montanha cuja base mede 65km de diâmetro, com dois picos
(um de 1.000m e outro de 1.500m) e diversas crateras com até 1.500m de profundidade. De
acordo com Jeffrey Kargel, da Universidade do Arizona, esta é “de longe, a melhor
evidência de uma topografia vulcânica alguma vez documentada num satélite gelado”.

2010 (17 de dezembro) – É divulgada uma versão preliminar do mais preciso mapa
topográfico da Lua já elaborado, feito com base no instrumento Lola, altímetro a laser a
bordo da Lunar Reconnaissance Orbiter. Este mapa baseia-se em 3 bilhões de pontos de
informação da superfície lunar coletados pelo Lola, e nele estão representados, pela
primeira vez, aspectos topográficos do interior de crateras situadas nos polos da Lua.

2010 (26 de dezembro) – O estudante de Astronomia polonês Michal Kusiak identifica o


cometa de número 2.000 descoberto pelo Solar and Heliospheric Observatory (SOHo),
responsável pela descoberta de mais da metade de todos os cometas conhecidos.

2010 (29 de dezembro) – O Brasil adere ao Observatório Europeu do Sul e se torna o


primeiro (e até agora único) país de fora da Europa a fazer parte da organização.
A adesão depende ainda da ratificação do Congresso Nacional.
A ESA é constituída atualmente por dezenove membros de direito: Alemanha, Áustria,
Bélgica, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Grécia, Irlanda, Itália, Luxemburgo,
Noruega, Países Baixos, Portugal, Reino Unido, República Tcheca, Romênia, Suécia e
Suíça.

2011 (2 de janeiro) – A canadense Kathryn Aurora Gray torna-se, aos 10 anos de idade, a
pessoa mais jovem a descobrir uma supernova. A descoberta, feita em coautoria com o pai,
Paul Gray, e com o compatriota David J. Lane, é registrada pela Sociedade Real de
Astronomia do Canadá (RASC, na sigla em inglês) e confirmada, no dia seguinte, pelo
Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics, de Cambridge, Massachusetts. A supernova,
batizada de SN 2010lt, localiza-se na galáxia UGC 3378, na constelação da Girafa, a 240
milhões de anos-luz da Terra.

2011 (7 de janeiro) – Um estudo liderado por Renee Weber, da NASA, e publicado na


Science, indica que a Lua tem núcleo similar ao terrestre. Segundo a pesquisa, nosso
satélite tem um núcleo interior sólido, rico em ferro, com 277km de raio, rodeado por um
núcleo exterior, predominantemente composto de ferro líquido, com raio de 279km.
Ademais, são encontrados também traços de enxofre, o que concorda com estudos recentes
sobre o núcleo terrestre, que apontam a presença desse elemento químico, bem como de
oxigênio, em volta do núcleo central sólido.

2011 (10 de janeiro) – É confirmada a existência de Kepler-10b, o menor exoplaneta já


descoberto (recorde quebrado em dezembro de 2011), com raio equivalente a 1,4 raio
terrestre, e o primeiro indubitavelmente rochoso (densidade estimada de 8,8g/cm3). Situado
na constelação do Dragão, a 564 anos-luz da Terra, o Kepler-10b orbita a sua estrela em
20h06min, à distância média de 2.520.000km. A temperatura superficial gira em torno de
1.900°C.
A descoberta desse exoplaneta é particularmente significativa, porque demonstra a
capacidade do Telescópio Kepler para encontrar planetas rochosos, e por conseguinte
planetas parecidos com a Terra.

2011 (11 de janeiro) – Numa conferência em Paris, são divulgados resultados obtidos pelo
telescópio Planck após três varreduras completas do céu. Segundo os cientistas, as
descobertas compreendem 15.000 novos objetos celestes, incluindo trinta grupos de
galáxias.

2011 (1º de fevereiro) – A NASA anuncia que o NEOWISE descobriu muitos objetos no
Sistema Solar, inclusive 20 cometas. O telescópio Wise é posto em hibernação, havendo a
possibilidade de ele ser reativado algum dia.
Efetivamente, o Wise é reativado em setembro de 2013.

2011 (2 de fevereiro) – Cientistas do Kepler anunciam, em entrevista coletiva, os resultados


da análise dos dados obtidos pelo telescópio entre 2 de maio e 16 de setembro de 2009. São
encontrados 1.235 candidatos a planetas, que orbitam 997 estrelas. Embora sejam
oficialmente considerados candidatos, a probabilidade de serem efetivamente planetas é de
pelo menos 90%. Entre os planetas encontrados, há 68 aproximadamente do tamanho da
Terra, 288 superterras, 662 com dimensões comparáveis às de Netuno, 165 com tamanhos
semelhantes ao de Júpiter e 19 pelo menos duas vezes maiores que Júpiter. Desses planetas,
54 estão dentro da zona de habitabilidade, incluindo 5 com raios menores que 2 vezes o
terrestre. Aproximadamente 74% deles têm dimensões inferiores às de Netuno, o que indica
ser considerável o número de planetas pequenos orbitando outras estrelas.
Entre os sistemas planetários descobertos, destaca-se o de Kepler-11, uma estrela
semelhante ao Sol, pertencente à constelação do Cisne e distante aproximadamente 2.000
anos-luz, em torno da qual giram ao menos seis planetas. É o sistema planetário mais
compacto que se conhece: os cinco planetas interiores orbitam Kepler-11 a uma distância
menor do que a existente entre Mercúrio e o Sol; o planeta exterior ficaria, no Sistema
Solar, entre as órbitas de Mercúrio e de Vênus.

2011 (3 de fevereiro) – A revista Science publica um estudo, realizado graças a imagens da


Mars Reconnaissance Orbiter, analisadas por cientistas da Universidade de Tucson
(Arizona), segundo o qual as dunas do hemisfério norte de Marte apresentam movimentos
bruscos e gradativos, contrariamente ao que se acreditava. De acordo com os
pesquisadores, o movimento estacional de dióxido de carbono, que no inverno se congela e
na primavera volta a estar em estado gasoso, junto com rajadas de vento maiores do que se
pensava, são os dois responsáveis pelo fenômeno. Os movimentos das dunas chegam a
causar avalanches, rampas e barrancos de areia.

2011 (4 de fevereiro) – o asteroide 2011 CQ1 passa a 5.480km da Terra, um recorde de


aproximação, segundo a NASA. Descoberto por Richard A. Kowalski, o objeto tem 1,2m
de diâmetro.

2011 (6 de fevereiro) – As duas sondas Stereo, lançadas em 2006, atingem posições


exatamente opostas uma à outra em relação ao Sol. Com isso, produzem as primeiras
imagens (em 3D) da atividade solar em termos globais, abrangendo todas as regiões da
nossa estrela. As imagens revelam “uma esfera de plasma quente entrelaçada de forma
intrincada por campos magnéticos”, nas palavras de Angelos Vourtidas, integrante do
projeto Stereo. Com esses dados, é possível melhorar a previsão do comportamento das
atividades solares, informações muito importantes para empresas aéreas, companhias de
energia elétrica e operadores de satélites. Tempestades solares que se encaminham para
outros planetas também podem ser rastreadas, o que contribui para aumentar a margem de
segurança de missões a Mercúrio, Vênus, Marte e asteroides.

2011 (14 de fevereiro) Os seis voluntários do projeto Marte-500 simulam a primeira


caminhada no planeta vermelho. A simulação, que havia entrado na órbita marciana em 2
de fevereiro e realizado o pouso no dia 12, chega ao primeiro passeio no planeta, feito pelo
russo Alexander Smolevski e o italiano Diego Urbina. O evento é transmitido por um telão
colocado no Centro Russo de Controle de Voos Espaciais (TSOUP), em um subúrbio de
Moscou. Cientistas e jornalistas são convidados para assistir.

2011 (15 de fevereiro) – A sonda Stardust-Next sobrevoa o cometa Tempel 1, à distância de


181km, e realiza 72 imagens da aproximação. Esta é a primeira vez que um cometa é
visitado por duas sondas espaciais (A Deep Impact lançou um impactador contra o cometa
Tempel 1 em julho de 2005). Os objetivos da missão Stardust-Next são fazer imagens da
cratera deixada pela Deep Impact e estudar as alterações sofridas pelo Tempel 1 desde
2005, incluindo uma passagem do astro pelo periélio. Dessa vez é possível observar a
cratera, que tem cerca de 150m de diâmetro.
2011 (19 de fevereiro) – Cientistas do projeto Kepler estimam que na Via Láctea há pelo
menos 50 bilhões de planetas, 500 milhões deles na zona de habitabilidade. Segundo o
chefe de ciências da missão, William Borucki, os números são obtidos a partir dos
levantamentos feitos pelo Kepler no primeiro ano, numa pequena região do céu, e
estendidos depois a toda a Galáxia.

2011 (24 de fevereiro a 9 de março) – Missão do Discovery (STS-133), cujo objetivo é


levar suprimentos, um módulo e um robô para a ISS.
Em 1º de março, o módulo Leonardo, originalmente módulo de logística multifuncional,
utilizado em diversas missões anteriores para transportar suprimentos e agora adaptado para
se tornar um componente definitivo da estação, é acoplado à parte inferior do Unity,
primeiro segmento estadunidense da ISS. Leonardo, cujo nome é uma homenagem ao
italiano Leonardo da Vinci (1452-1519), é um módulo destinado a servir de espaço
pressurizado de armazenamento.
Um robô humanoide, chamado de Robonauta 2, passa a ser residente definitivo da estação.
Está programado para realizar diversas tarefas, inclusive serviços de limpeza.
A tripulação é formada por Steven Lindsey - Comandante -, Eric Boe - Piloto -, Benjamin
Drew, Michael Barratt, Stephen Bowen e Nicole Stott, todos astronautas veteranos.
Este é o último voo do Discovery, o mais utilizado dos cinco ônibus espaciais construídos
pela NASA. Com a reincorporação do Atlantis, é o primeiro da frota a se aposentar.
Tempo em atividade: 26 anos, seis meses e dez dias; número de missões: 39; tripulantes:
246; tempo no espaço: 365d12h53min34s; órbitas terrestres: 5.830; distância percorrida:
238.539.663km; satélites lançados: 31 (incluindo o telescópio Hubble); acoplagens à Mir:
1; acoplagens à ISS: 13.

2011 (11 de março) – O terremoto de magnitude 9,0 ocorrido nas proximidades de Sendai,
no Japão (15.883 mortos, 2.681 desaparecidos), move a ilha de Honshu 2,4m para leste,
diminui o período de rotação da Terra em 1,8 milionésimo de segundo (devido à
redistribuição da massa do planeta) e desloca o eixo terrestre entre 10cm e 25cm.

2011 (18 de março) – A Messenger torna-se a primeira sonda espacial a orbitar Mercúrio. O
período orbital é de 12 horas, e a distância ao planeta varia de 200km a 50.000km. Essa
trajetória eminentemente elíptica tem por objetivo evitar longas exposições às temperaturas
elevadas de Mercúrio. A missão da Messenger em órbita mercuriana tem duração prevista
de um ano.

2011 (18 de março) – A New Horizons cruza a órbita de Urano, cinco anos e dois meses
depois do lançamento. Comparativamente, a viagem da Voyager 1 levou oito anos e quatro
meses desde a Terra até Urano.

2011 (24 de março) – Termina oficialmente a missão da Stardust, segunda sonda (depois da
Giotto) a visitar dois cometas (Wild 2 e Tempel 1).

2011 (28 de março) – É observado, pelo telescópio Swift, numa galáxia não identificada da
Constelação do Dragão, distante 3,8 bilhões de anos-luz da terra, um fenômeno luminoso
de grandes proporções, batizado de Sw1644-57, que a princípio é interpretado como uma
erupção de raios gama. Contudo, o fenômeno persiste por semanas (erupções de raios gama
duram horas, no máximo), o que leva à busca de outra explicação.
Em 16 de junho, Andrew Levan, da Universidade de Warwick, e colegas, publicam na
Science a hipótese de tratar-se da absorção de uma estrela do tamanho do Sol por um
buraco negro 1 milhão de vezes maior, durante a qual 10% da massa dessa estrela teria sido
irradiada ao espaço, sobretudo na forma de raios X e gama. O evento, cem vezes mais
brilhante que qualquer erupção alguma vez vista num centro galáctico, atinge uma
intensidade sem precedentes na observação astronômica.

2011 (29 de março) – A NASA divulga a primeira imagem feita pela Messenger após entrar
na órbita de Mercúrio. A imagem, que mostra uma paisagem cinzenta, coberta por crateras,
é uma das 364 fotografias tiradas pela espaçonave em seis horas de observação.

2011 (4 de abril) – Começa oficialmente a missão da Messenger na órbita de Mercúrio.

2011 (6 de abril) - O Centro Nacional de Pesquisas Científicas (CNRS) da França publica


na edição digital da Nature um estudo afirmando que o manto de Marte esfria entre 30 e
40°C a cada milênio, bem menos que os 70 a 100°C verificados no manto terrestre no
mesmo período. Os resultados são obtidos com a reconstituição da evolução térmica do
planeta vermelho nos últimos 4.000 anos, feita pela análise da composição de rochas
vulcânicas observadas pela Mars Odyssey. A causa apontada para o esfriamento mais
rápido do manto da Terra é a influência das placas tectônicas. Em Marte, não se tem certeza
acerca da existência ou não de placas tectônicas; contudo, se existirem, são apenas duas,
enquanto na Terra há sete principais e diversas secundárias e terciárias.

2011 (7 de abril) – Cientistas da Universidade do Arizona anunciam a descoberta de que há


evidências da presença de água líquida no cometa Wild 2. Eles encontram sulfito de ferro e
de cobre que, obrigatoriamente, se formaram na presença de água. A descoberta quebra o
paradigma de que os cometas nunca atingem temperaturas capazes de derreter a matéria
congelada existente neles.

2011 (18 de abril) – O site NewScientist informa que um estudo patrocinado pela NASA, e
realizado pelo Wyle Engineering Group, demonstra que os analgésicos perdem
gradativamente efeito no espaço. Isso pode representar um problema para astronautas em
voos mais longos, como uma possível viagem a Marte, por exemplo. O principal fator
apontado para a degradação dos medicamentos é o alto nível de radiação ionizante existente
no espaço.

2011 (19 de abril) – É anunciada a descoberta, pelas sondas Stereo, de 122 binárias
eclipsantes. Além disso, as sondas Stereo também estudam centenas de estrelas variáveis, o
que é possível porque elas são capazes de observar as mesmas estrelas por períodos
superiores a vinte dias.

2011 (24 de abril) – Uma equipe formada por 584 cientistas, pertencentes a 54 instituições
de doze países (inclusive o Brasil), publica na seção Letters da revista Nature um estudo
descrevendo as primeiras observações e medições de anti-hélio-4, a antimatéria mais
pesada já produzida e detectada em laboratório. O experimento, realizado no Colisor
Relativístico de Íons Pesados (RHIC, na sigla em inglês), localizado nos EUA, é
importante, segundo os autores, para a observação de antimatéria no Universo e para a
compreensão de “aspectos essenciais da física nuclear, da astrofísica e da cosmologia”.

2011 (2 de maio) – Cientistas do Cern anunciam ter conseguido obter 309 átomos de anti-
hidrogênio e preservá-los durante mil segundos.

2011 (3 de maio) – A sonda Dawn obtém as primeiras imagens de Vesta e dá início à fase
de aproximação ao asteroide, que aparece nas fotografias como uma luz brilhante, cercado
de estrelas ao fundo.

2011 (4 de maio) – A NASA anuncia que a Gravity Probe B, lançada em 2004, confirmou a
teoria da relatividade geral, de Einstein. Conforme previsto, os quatro giroscópios da sonda
experimentaram mudanças mensuráveis na trajetória do seu movimento à medida que eram
atraídos pela gravidade da Terra. Trata-se da prova de que há alteração da curvatura
espaço-tempo em torno de um objeto celeste sob a ação da força de gravidade.

2011 (11 de maio) - O Centro Nacional de Pesquisas Científicas (CNRS) da França divulga
a comprovação, em laboratório, de que campos eletromagnéticos afetam a velocidade da
luz. No vazio absoluto, a luz viaja à velocidade constante de 299.792,458km/s, e a variação
detectada no estudo é de um bilionésimo de metro por segundo. Embora ínfima, essa
variação pode ajudar a melhorar a compreensão de como se dá a propagação luminosa no
Universo.

2011 (12 de maio) – Astrônomos liderados por Robin Wordworth e François Forget, do
Laboratório de Meteorologia Dinâmica (LMD) do Instituto Pierre Simon Laplace, de Paris,
publicam na revista científica The Astrophysical Journal Letters um estudo sugerindo a
hipótese de o exoplaneta Gliese 581d ser potencialmente habitável. Descoberto em 24 de
abril de 2007, Gliese 581d, a 20,3 anos-luz da Terra e situado na constelação de Libra, tem
massa equivalente a aproximadamente 7 massas terrestres e orbita a sua estrela, à distância
média de 32,7 milhões de km, em 66,87 dias. Originalmente considerado frio demais para
estar dentro da zona de habitabilidade (recebe da anã vermelha Gliese 581 30% da energia
que a Terra recebe do Sol), o exoplaneta pode ter, entretanto, temperaturas superficiais que
permitam a existência de água líquida, caso possua uma atmosfera rica em dióxido de
carbono, o que, de acordo com os autores do estudo, é bastante possível.

2011 (16 de maio a 1º de junho) – Missão do Endeavour (STS-134), cujo objetivo é


transportar um módulo logístico com diversos componentes para a ISS e instalar um
espectrômetro. A tripulação é formada por Mark Kelly - comandante -, Gregory Johnson -
piloto -, Michael Fincke, Greg Chamitoff, Andrew Feustel e Roberto Vittori.
No dia 19, os astronautas conectam no lado direito da parte externa da ISS o "Alpha
Magnetic Spectrometer-02" (AMS-02), detector de partículas cujo objetivo é procurar por
sinais de matéria escura, antimatéria e outros fenômenos que não podem ser captados por
telescópios comuns. O instrumento, de 6.787kg, é dotado de um ímã poderoso que filtra a
miríade de raios cósmicos de alta energia que chega até ele e posteriormente os conduz por
uma série de detectores capazes de identificar cargas elétricas, níveis de energia e outras
informações. Os dados, coletados 25.000 vezes por segundo, são processados por
computadores de bordo e depois reenviados à Terra. O AMS deve operar até o fim da vida
útil da estação espacial (dez anos ou mais).
No dia 21, o papa Bento XVI conversa por videoconferência, durante 20 minutos, com os
tripulantes da ISS. O evento é transmitido ao vivo pela TV, a partir da Biblioteca do
Vaticano.
Este é o último voo do ônibus espacial Endeavour.
Tempo em atividade: 19 anos e 25 dias; número de missões: 25; tripulantes: 148; tempo no
espaço: 296d3h18min35s; órbitas terrestres: 4.671; distância percorrida: 197.761.262km;
satélites lançados: 3; acoplagens à Mir: 1; acoplagens à ISS: 12.

2011 (18 de maio) – Uma equipe liderada por Takahiro Sumi, da Universidade de Osaka,
publica na Nature um estudo afirmando ter encontrado planetas que não parecem atraídos
por uma estrela e que flutuam solitários pelo espaço (algo como “planetas órfãos”). Dez
planetas com massas semelhantes à de Júpiter são encontrados numa varredura feita, ao
longo de dois anos, na Via Láctea, à procura de objetos com órbitas entre 10 e 500 unidades
astronômicas (1,5 e 75 bilhões de km) de uma estrela. Segundo os cientistas, pode haver
milhões (até bilhões) de planetas como esses na nossa galáxia. Esses resultados contrariam
a teoria da formação planetária, de acordo com a qual um planeta é formado a partir da
matéria de uma estrela e, obrigatoriamente, orbita em torno dela. O artigo levanta a
hipótese de que estes planetas distantes se libertaram da atração gravitacional estelar em
uma fase muito precoce. "Eles podem ter se formado em discos protoplanetários e,
subsequentemente, se dispersado no vazio ou em órbitas muito distantes", afirma Takahiro
Sumi.

2011 (23 de maio) – O LHC consegue obter 100 milhões de colisões por segundo, um
recorde para qualquer acelerador de partículas.

2011 (25 de maio) – A NASA desiste de tentar manter contato com o Spirit e dá por
encerrada a missão (não há comunicação desde 22 de março de 2010). Contudo, o saldo é
positivo: planejado para uma missão de noventa dias, o Spirit permanece ativo por seis anos
e dois meses (2.269 dias terrestres desde o pouso até o último contato) e percorre 7.730,5m
na superfície marciana.

2011 (25 de maio) – Durante o 218º encontro da Sociedade Americana de Astronomia


(Boston, EUA) astrônomos ligados a um projeto chamado 2MASS Redshift Survey
divulgam o mais completo mapa 3D do universo elaborado até o momento. O mapa
representa mais de 43.000 galáxias, localizadas a até 380 milhões de anos-luz do Sistema
Solar.

2011 (26 de maio) – A NASA anuncia a missão Osiris-Rex, primeira sonda estadunidense
programada para coletar material de um asteroide e trazê-lo de volta à Terra. Com
lançamento previsto para 2016, a nave deverá recolher, com um braço robótico, em 2020,
partículas do asteroide 1999 RQ36, que chegarão à Terra em 2023.
Com diâmetro de aproximadamente 560m, o 1999 RQ36 orbita o Sol, em 436,604 dias
(1,20 ano), à distância média de 168.450.000km.

2011 (1º de junho) – É confirmada a descoberta de mais duas luas de Júpiter, passando para
65 o número de satélites naturais conhecidos daquele planeta. Observados pela primeira vez
em 2010, os astros têm nomes provisórios.
S/2010 J 1 – Diâmetro: 2km; período orbital: 724,34 dias (1,98 ano); distância média do
planeta: 23.314.335km.
S/2010 J 2 – Diâmetro: 1km; período orbital: 588,82 dias (1,61 ano); distância média do
planeta: 20.307.150km.

2011 (8 de junho) – Entra em operação o VLT Survey Telescope (VST), localizado no


Observatório Paranal. Maior telescópio do mundo para observar o céu exclusivamente em
luz visível, o VST é um instrumento de rastreio de campo largo, com um campo de visão
duas vezes maior que a Lua Cheia.

2011 (8 de junho) – A Chang’e 2 completa sua missão lunar e parte para o ponto de
Lagrange L2, a 1,5 milhão de km da Terra, a fim de testar a rede chinesa de controle e
monitoramento de voos. Após 78 dias de viagem, a sonda atinge o objetivo proposto em 25
de agosto, fazendo da Agência Espacial Chinesa a terceira (depois da NASA e da eSA) a
colocar um artefato numa órbita lagrangeana. Ademais, é a primeira vez que uma sonda
atinge este ponto partindo da Lua, e a Chang’e 2 se torna a espaçonave da China que mais
se afasta da Terra.
Os primeiros dados depois da insersão na nova órbita são transmitidos em setembro.

2011 (10 de junho) – Cientistas estudando dados enviados pelas sondas Voyager notam
gigantescas bolhas magnéticas localizadas na heliosfera, região que marca a fronteira entre
o Sistema Solar e o espaço interestelar. Os cientistas acreditam que as bolhas se formam
quando o campo magnético do Sol sofre deformação nos limites do Sistema Solar.

2011 (18 de junho) – Três meses depois da inserção da Messenger na órbita de Mercúrio,
milhares de imagens enviadas pela sonda, as mais precisas do planeta feitas até o momento,
começam a ser examinadas. Análises químicas preliminares revelam uma quantidade
considerável de enxofre no solo, o que indica atividade vulcânica importante ao longo da
evolução de Mercúrio. As descobertas também incluem evidências de um campo magnético
e rajadas regulares de elétrons jorrando através da magnetosfera. "É quase um planeta novo,
nós nunca tivemos este tipo de dado antes", afirma o pesquisador-chefe Sean Solomon, do
Instituto Carnegie, de Washington.

2011 (21 de junho) – A NASA apresenta a imagem mais completa e precisa da Lua já
elaborada até o momento, obtida graças aos 192 terabytes de dados coletados pela Lunar
Reconnaissance Orbiter (isso equivale à capacidade de 41.000 DVDs). Para confeccionar a
imagem, são utilizadas as 4 bilhões de medições feitas pelo Lola (altímetro laser), cem
vezes mais que a soma das medições de todos os artefatos já enviados pela NASA ao
satélite. São utilizadas também as fotografias com detalhes nunca antes vistos de 5,7
milhões de km2 da superfície lunar transmitidas pela câmera LROC.

2011 (27 de junho) – O asteroide 2011 MD, descoberto em 22 de junho pelo Linear, passa a
12.000km da Terra. O objeto, com diâmetro entre 10m e 45m, orbita o Sol em 396d9h e
não representa ameaça alguma ao nosso planeta.

2011 (4 de julho) – O telescópio Hubble atinge a marca de 1 milhão de observações


espaciais. A milionésima observação é do planeta HAT-P-7b, um gigante gasoso (maior
que Júpiter) que orbita uma estrela mais quente que o Sol, à distância de 5.640.000km, em
2,205 dias. Descoberto em 6 de março de 2008, o planeta também é conhecido como
Kepler 2b e está a 1.044 anos-luz da Terra, na constelação do Cisne.

2011 (8 de julho) – Um estudo publicado na Science por Mikako Matsura, do


University College London, afirma que supernovas são grandes geradoras de poeira,
material presente em altas quantidades na composição dos planetas rochosos. Dados do
telescópio Herschel apontam que a explosão da SN1987A gerou poeira suficiente para
formar 200.000 planetas do tamanho da Terra. especula-se que a poeira se forma a partir da
condensação dos detritos gasosos que se expandem desde a explosão e então se esfriam.

2011 (8 a 21 de julho) – Missão do Atlantis (STS-135), cujo objetivo é transportar 4.318kg


de equipamentos e provisões à ISS, incluindo 1,1t de comida, suficiente para um ano. A
tripulação é formada por Christopher Ferguson - comandante -, Douglas Hurley - piloto -,
Sandra Magnus e Rex Walheim.
Este é o último voo do Atlantis.
Estatísticas – Período em atividade: 25 anos, nove meses e dezoito dias; número de
missões: 33; tripulantes: 191; tempo no espaço: 306d14h12min43s; órbitas terrestres:
4.848; distância percorrida: 202.673.974km; satélites lançados: 14; acoplagens à Mir: 7;
acoplagens à ISS: 12.
Com esta missão, encerra-se o programa dos ônibus espaciais dos EUA. Até que veículos
substitutos estejam disponíveis, os astronautas estadunidenses passam a depender das naves
russas Soyuz, ou da iniciativa privada, para ir ao espaço.
Estatísticas gerais dos ônibus espaciais – Período em atividade: trinta anos, três meses e
nove dias (11.057 dias); número de missões: 135 (Discovery, 39; Atlantis, 33; Columbia,
28; Endeavour, 25; Challenger, 10); tripulantes: 805; tempo no espaço: 1331d8h1min36s
(3,645 anos); órbitas terrestres: 21.152; distância percorrida: 881.991.209km (2.294 vezes a
distância Terra-Lua); satélites lançados: 66; acoplagens à Mir: 9; acoplagens à ISS: 37.

2011 (12 de julho) – Netuno completa a primeira órbita em torno do Sol desde que foi
descoberto, em 23 de setembro de 1846.

2011 (16 de julho) – Após uma viagem de 2,8 bilhões de km, a sonda Dawn é inserida na
órbita de Vesta, à distância média de 10.500km, para uma missão de um ano.

2011 (18 de julho) – É lançado o radiotelescópio russo RadioAstron (ou Spektr R),
posicionado numa órbita fortemente elíptica, com perigeu de 10.000km e apogeu de
390.000km. O principal objetivo da missão é estudar corpos celestes com ângulos de
resolução muito pequenos, da ordem de alguns milionésimos de arcossegundo. Dotado de
um refletor com 10m de diâmetro, o radioastron será capaz de trabalhar em conjunto com
radiotelescópios terrestres, por meio da interferometria. Com isso, espera-se imagens com
resolução mil vezes superior àquela proporcionada pelo Hubble. Os principais alvos de
observação do Spektr R são buracos negros, estrelas de nêutrons na Via Láctea, quasares e
pulsares. A missão tem duração prevista de, no mínimo, cinco anos.

2011 (20 de julho) É anunciada a descoberta do quarto satélite conhecido de Plutão,


provisoriamente denominado S/2011 P 1 (ou P4). A identificação é feita a partir de imagens
obtidas em 28 de junho pelo telescópio Hubble.
Diâmetro estimado: de 13 a 34km; período orbital: 32,1 dias; distância média do planeta:
59.000km.
Em julho de 2013, a UAI dá a este satélite o nome de Kerberos.

2011 (21 de julho) – A ESA divulga quatro imagens de Andrômeda com detalhes nunca
vistos antes, feitas pelo Hubble. As imagens mostram até mesmo estrelas individuais.

2011 (22 de julho) – Astrônomos liderados por Ofer Cohen (Centro de Astrofísica Harvard-
Smithsonian) publicam no Astrophysical Journal um trabalho em que afirmam que em
alguns exoplanetas as auroras polares são até mil vezes mais intensas do que na Terra. Isso
vale especialmente para astros do tipo a que os astrônomos se referem como “Júpiter
quente”. Trata-se de planetas com características semelhantes às de Júpiter, mas com
temperaturas superficiais elevadas, com órbitas muito próximas a suas estrelas (distâncias
iguais ou inferiores a 75 milhões de km). As auroras ocorrem quando partículas energéticas
das estrelas se chocam com os campos magnéticos dos planetas. Na Terra, o fenômeno é
visível apenas dos pólos (aurora boreal e aurora austral), mas os planetas do tipo Júpiter
quente estão tão perto de suas estrelas que a intensidade das partículas energéticas torna a
aurora visível também a partir do equador (aurora equatorial).

2011 (22 de julho) – É anunciada a descoberta do maior reservatório de água já encontrado


no universo, feita por astrônomos do Instituto Tecnológico da Califórnia (Caltech). A água
encontrada equivale a 140 trilhões de vezes a água existente em todos os oceanos da Terra
(ou seja, 180 octilhões de toneladas) e está em torno do quasar APM 08279+5255, distante
12 bilhões de anos-luz, na constelação do Lince.

2011 (26 de julho) – Cientistas da ESA anunciam ter encontrado, graças a dados do
telescópio Herschel, a explicação para a presença de água na alta atmosfera de Saturno,
registrada pela primeira vez em 1997. De acordo com os pesquisadores, a água provém de
Encélado, cujos gêiseres localizados nas proximidades do seu polo sul expulsam cerca de
250kg de vapor d’água por segundo. Conforme as primeiras análises, de 3% a 5% dessa
água chega a Saturno. Isso faz de Encélado o primeiro satélite conhecido a exercer
influência sobre a composição química do planeta em torno do qual gira.

2011 (28 de julho) – É publicada na Nature a descoberta do primeiro asteroide troiano da


Terra. Denominado 2010 TK7 e fotografado pelo WISE em outubro de 2010, o astro tem
aproximadamente 300m de diâmetro e atualmente está 60 graus à frente da Terra em sua
órbita solar.
Os asteroides troianos antecedem ou seguem um planeta ou satélite, localizando-se em
pontos estáveis de suas órbitas, previstos no século XVIII por Joseph Lagrange.

2011 (28 de julho) – O derretimento do gelo dos polos terrestres aumenta a quantidade de
massa no equador e provoca uma ligeira diminuição do achatamento polar da Terra, de
acordo com um estudo publicado por cientistas da Universidade do Colorado no
Geophysical Research Letters. Os pesquisadores estimam que Antártida e Groenlândia
perdem 382 bilhões de toneladas de gelo por ano, o que causa uma redistribuição da massa
terrestre e a modificação do campo gravitacional do planeta, que fica levemente mais
esférico (71 centímetros por década). Os dados para a pesquisa são fornecidos pelas sondas
GRACE. O estudo diz ainda que a massa da Terra vai se readequar com o tempo.

2011 (1º de agosto) – A ESA informa que o telescópio Herschel encontrou fortes
evidências da presença de moléculas de oxigênio (O2) na nebulosa de Órion.

2011 (1º de agosto) – A NASA divulga as primeiras imagens da superfície de Vesta, feitas
pela Dawn. A crosta é bastante diversificada, com canais na zona equatorial, pontos
luminosos, poços escuros e crateras repletas de listras brancas e pretas (o hemisfério norte
tem muito mais crateras que o hemisfério sul). Segundo cientistas da agência espacial, isso
revela um interior geologicamente ativo.

2011 (4 de agosto) – A NASA anuncia novas evidências de água líquida em Marte. De


acordo com a agência, dados da Mars Reconnaissance Orbiter mostram o que pode ser água
salgada escorrendo por encostas voltadas para o hemisfério sul marciano. Essa substância é
visível durante a primavera e o verão de Marte, desaparecendo no inverno.

2011 (5 de agosto) – É lançada a sonda estadunidense Juno, com destino a Júpiter. Os


objetivos são estudar a composição, o campo gravitacional, o campo magnético e a
magnetosfera polar do planeta, bem como tentar determinar como Júpiter se formou, se tem
um núcleo sólido, a quantidade de água na atmosfera profunda e como a massa é distribuída
pelo astro. Juno (3.625kg) também está programada para estudar os ventos jovianos, que
podem chegar a 600km/h.
Com chegada prevista para julho de 2016, a sonda será inserida numa órbita polar, a uma
distância mínima de 4.330km das nuvens superiores do planeta, em torno do qual deverá
dar 33 voltas antes de mergulhar intencionalmente na atmosfera (outubro de 2017).
A nave carrega uma placa em homenagem a Galileu Galilei (1564-1642), descobridor das
quatro primeiras luas jovianas conhecidas.
Juno é o nome latino de Hera, esposa de Zeus (Júpiter).

2011 (8 de agosto) – A NASA afirma ter encontrado provas de que meteoritos podem
conter estruturas de DNA geradas no espaço. Os resultados são obtidos por meio da análise
de doze meteoritos achados na Antártida e na Austrália. Essa descoberta significa que o
ambiente interno de alguns astros é capaz de abrigar moléculas biológicas essenciais.

2011 (23 de agosto) – A NASA divulga a descoberta, feita pelo Wise, da estrela mais fria já
encontrada. Batizada de WISE 1828+2650, ela tem temperatura superficial inicialmente
estimada em 25°C (inferior à do corpo humano), posteriormente corrigida para valores
entre 250 e 400°C, e é uma anã Y (as mais frias da família das anãs marrons). Até o
momento, o Wise já descobriu cem anãs marrons, das quais seis são da classe Y. Novas
descobertas são esperadas, uma vez que a imensa quantidade de dados transmitida pelo
telescópio ainda está sendo analisada.
Outra anã Y, a WISE 1541-2250, a princípio tem a distância da Terra avaliada em 9 anos-
luz, o que faria dela a sétima estrela mais próxima conhecida da Terra. Contudo, em 2013 o
cálculo da distância é revisado para 44 anos-luz.
2011 (24 de agosto) – O cargueiro russo Progress M-12M, que levava 3t de suprimentos
para a ISS, não consegue entrar em órbita e cai. O aciddente coloca em risco o futuro
imediato das missões tripuladas à ISS, já que, desde a aposentadoria dos ônibus espaciais
estadunidenses, o único meio de transporte tripulado para a estação são as naves Soyuz,
veículos similares aos cargueiros Progress, porém com espaço para astronautas.

2011 (24 de agosto) – Cientistas liderados por Peter Nugent, do laboratório


Lawrence Berkeley, nos EUA, descobrem uma supernova onze horas após a explosão. O
evento, denominado SN 2011fe, ocorre na galáxia M101, na constelação da Ursa Maior, a
21 milhões de anos-luz da Terra. Em 13 de setembro, a supernova atinge o brilho máximo,
com magnitude absoluta de -19, equivalente a 3,3 bilhões de sóis.
Essa detecção rápida, um recorde até o momento, proporciona uma oportunidade sem
precedentes de acompanhar a evolução de uma supernova quase a partir do início do
fenômeno.

2011 (25 de agosto) – Um estudo liderado por Matthew Bailes, da Universidade de


Tecnologia Swinburne, em Melbourne (Austrália), anuncia a descoberta do planeta mais
denso já encontrado (ao menos 23g/cm3), composto sobretudo por carbono (também há
oxigênio e outros elementos pesados). Com diâmetro de 55.000km, o PSR J1719-1438 b
está localizado na constelação da Serpente, a aproximadamente 3.900 anos-luz da Terra, e
orbita um pulsar, a cada 2h10min, à distância média de 600.000km (a órbita é tão estreita
que caberia dentro do Sol). A densidade do astro sugere a presença significativa de carbono
cristalino, o que faz com que seja informalmente chamado de “planeta de diamante”.

2011 (26 de agosto) – São publicados na Science seis artigos com estudos preliminares do
material coletado na superfície do asteroide Itokawa pela sonda Hayabusa. A composição é
semelhante à dos meteoritos condritos metálicos. Segundo os pesquisadores, o Itokawa
provavelmente é parte de um asteroide maior que se fragmentou há milhões de anos. A
superfície apresenta-se desgastada por impactos com meteoroides e, possivelmente, outros
asteroides.

2011 (1º de setembro) – Uma equipe liderada por Elisabetta Caffau, da Universidade de
Heidelberg (Alemanha), publica na Nature a descoberta de uma estrela composta quase
inteiramente por hidrogênio e hélio, com quantidades minúsculas de outros elementos
químicos. Chamada SDSS J102915+172927, essa estrela dista 4.000 anos-luz da Terra,
localiza-se na constelação de Leão, tem massa inferior à do Sol e provavelmente tem mais
de 13 bilhões de anos de idade. Um astro com tais características contraria a teoria de
formação estelar mais aceita, segundo a qual estrelas com pequena massa e baixa densidade
de metais não deveriam existir.
Em astronomia, metais são todos os elementos químicos mais pesados que o hidrogênio e o
hélio (que constituem a maioria absoluta da massa das estrelas). Daí deriva o conceito de
metalicidade estelar, usado astronomicamente para fazer referência à quantidade de
elementos químicos que não sejam hidrogênio e hélio presentes numa estrela.

2011 (1º de setembro) – O Conselho de Pesquisa Nacional dos EUA divulga um relatório
de 182 páginas indicando que o lixo espacial que orbita a Terra chegou a um nível crítico
para colisões, pondo em risco astronautas e satélites. Conforme a pesquisa, a quantidade de
detritos em órbita saltou de 9.949 objetos catalogados em dezembro de 2006 para 16.094
em julho de 2011.

2011 (6 de setembro) – A NASA apresenta uma série de imagens dos locais de pouso de
missões Apollo, feitas pela Lunar Reconnaissance Orbiter. Nas imagens, é possível ver
tanto os locais de alunissagem das missões Apollo 12, 14 e 17 quanto pegadas deixadas no
satélite pelos astronautas.

2011 (10 de setembro) – É lançada a missão estadunidense GRAIL (Gravity Recovery and
Interior Laboratory), cujjo objetivo é elaborar o mais completo mapa gravitacional da Lua
já produzido, a fim de determinar a estrutura interior do satélite. A missão é composta de
duas sondas (cada uma pesa 132,6kg), programadas para orbitar a Lua a uma distância
variável entre 175 e 225km uma da outra e realizar imagens em raios X. Segundo os
cientistas, compreender a composição e a estrutura do núcleo lunar ajudará a desvendar a
evolução não apenas do nosso satélite, mas também de outros astros rochosos.

2011 (12 de setembro) – Astrônomos liderados por Michel Mayor, da Universidade de


Genebra, anunciam a descoberta de mais de 50 exoplanetas, feita com o espectrógrafo
HARPS, situado em La Silla, no Chile. O HARPS é o descobridor de exoplanetas mais
bem-sucedido do mundo, tendo permitido a identificação, até o momento, de mais de 150
desses astros. Segundo os cientistas, as pesquisas do HARPS permitem deduzir que cerca
de 40% das estrelas semelhantes ao Sol possuem em órbita pelo menos um planeta de
massa menor que Saturno. Ademais, a maioria dos exoplanetas com massas da ordem de
Netuno ou menores parecem estar em sistemas que apresentam planetas múltiplos.
Dos exoplanetas ora anunciados, dezesseis são superterras e um está dentro da zona de
habitabilidade. Este, denominado HD 85512 b, pertence à constelação da Vela e dista da
Terra 36 anos-luz. Com massa de aproximadamente 3,6 massas terrestres e gravidade 1,4
vez a da Terra, o exoplaneta orbita a sua estrela, à distância média de 38,9 milhões de km,
em 54,43 dias. De acordo com as primeiras pesquisas, a temperatura nas camadas
superiores da atmosfera é de 25°C, o que faz dele um dos principais candidatos a abrigar
vida já encontrados.

2011 (14 de setembro) – A NASA divulga o desenho de um novo foguete capaz de lançar
voos espaciais tripulados para além da órbita terrestre baixa e, finalmente, até Marte. O
"Sistema de Lançamento Espacial" (ou SLS - Space Launch System –, na sigla em inglês),
com teste inicial previsto para 2017, será, de acordo com a NASA, o foguete mais potente
desde o Saturno V, que levou os astronautas estadunidenses à Lua, e poderá transportar
tripulações humanas numa cápsula denominada “Orion Multi-Purpose Crew Vehicle”.

2011 (15 de setembro) – Uma equipe liderada por Laurance Doyle, do Instituto Seti, da
Califórnia, anuncia a descoberta de Kepler-16b, o primeiro planeta circumbinário
identificado pela missão Kepler. Planetas circumbinários são aqueles que orbitam duas
estrelas, como o imaginário Tattoine, da série de filmes “Guerra nas Estrelas” (“Star Wars”.
Localizado na constelação do Cisne e distante aproximadamente 200 anos-luz, Kepler-16b
completa uma translação em 228,78 dias, à distância média de 105,43 milhões de km, tem
massa similar à de Saturno e temperatura superficial entre -100 e -70°C. As estrelas do
sistema binário Kepler-16, ambas menores que o Sol (massas de 69% e 20% da solar),
giram uma ao redor da outra em 41 dias.

2011 (23 de setembro) – Cientistas do experimento internacional “Opera” (Oscillation


Project with Emulsion-Racking Apparatus) divulgam os resultados de medições segundo as
quais neutrinos podem viajar a velocidades superiores à da luz. O experimento consiste no
envio de neutrinos desde as instalações do CERN, em Genebra, até o laboratório italiano de
Gran Sasso, a 733km de distância. De acordo com os cientistas, neutrinos fizeram esse
percurso 60 nanossegundos (bilionésimos de segundo) mais rápido do que feixes
luminosos, o que resulta numa velocidade 6km superior à da luz.
Se os resultados estiverem corretos, seránecessária uma revisão da teoria da relatividade,
pois a física atual considera a velocidade da luz como limite, acima da qual nada pode
viajar. O anúncio provoca polêmica, e os próprios pesquisadores do “Opera” solicitam
ajuda científica externa, a fim de verificar a exatidão das medições.
Em 2012, os resultados desse experimento passam a ser considerados equivocados.

2011 (24 de setembro) – O satélite UARS ( Upper Atmosphere Research Satellite), de 5,9t,
cai no Oceano Pacífico, a oeste do Canadá. Lançado em setembro de 1991 pelo Discovery
(STS-48) e desativado em 2005, o satélite fragmenta-se em 26 pedaços (o maior deles com
158,3kg) ao reentrar na atmosfera. A queda tem ampla cobertura da mídia e reabre a
discussão sobre os perigos do lixo espacial em órbita terrestre.

2011 (29 de setembro) – É lançado o Tiangong-1 (Palácio Celeste), módulo orbital


desenhado para servir de laboratório espacial e permitir experimentos visando à
construção da estação espacial da China, com conclusão prevista para 2020. O principal
objetivo deste módulo é testar, durante os dois anos em que deve permanecer em órbita, o
acoplamento com três naves, sendo a primeira delas a não tripulada Shenzhou 8. Se o
acoplamento for bem-sucedido, duas missões tripuladas estão previstas.
O Tiangong-1 tem massa de 8,5t, diâmetro de 3,35m, comprimento de 10,4m e espaço
pressurizado de 15m3. Estruturalmente, divide-se em duas seções principais: um módulo de
recursos, onde estão os painéis solares e o sistema de propulsão, e um módulo experimental
habitável. Este último está equipado com aparelhos para exercícios e duas estações para
dormir.

2011 (29 de setembro) – A NASA divulga os resultados de um censo de asteroides


próximos da Terra (órbitas até 195 milhões de km do Sol), realizado a partir de dados
obtidos pelo Wise. O número desses astros é menor do que o estimado. Há 911 asteroides
acima de 1.000m catalogados, contra 981 previstos. Nenhum deles cairá na Terra nos
próximos séculos, conforme os especialistas. No que se refere a asteroides entre 100m e
1.000m, há 19.000 catalogados, bem menos que os 35.000 previstos, embora a NASA
espere encontrar outros 15.000 nos dados ainda sob análise.

2011 (3 de outubro) - O telescópio ALMA (Atacama Large Millimeter/submillimeter


Array) entra em operação, localizado no planalto de Chajnantor, no norte do Chile, a uma
altitude de 5.059m. Apesar de, no momento, contar com apenas um terço das 66 antenas
de rádio previstas, com separações entre si de no máximo 125m, em vez dos
até 16km possíveis, o ALMA já é o melhor telescópio do seu tipo. A inauguração ocorre
em 2013.
2011 (4 de outubro) – Os estadunidenses Saul Perlmutter, Brian P. Schmidt (com
nacionalidade australiana) e Adam G. Riess são anunciados como ganhadores do Prêmio
Nobel de Física "pela descoberta da expansão acelerada do universo através da observação
de estrelas supernovas distantes", feita em 1998.
Essa expansão acelerada deve-se, acreditam os astrônomos, à energia escura.

2011 (4 de outubro) – A ESA aprova a missão solar Orbiter e o telescópio espacial Euclid.
A Solar Orbiter, com lançamento previsto para 2017, se aproximará do Sol como nenhuma
outra espaçonave no passado, tanto que deverá ser capaz de capturar partículas do vento
solar assim que elas saírem do astro.
O Euclid, a ser lançado em 2019, deverá realizar uma cartografia do Universo em larga
escala, com o objetivo de estudar a história da expansão e o crescimento da estrutura do
cosmo.

2011 (6 de outubro) – A ESA divulga a descoberta, feita pela Venus Express, de uma
camada de ozônio no planeta Vênus. De acordo com a agência, a detecção foi possível
porque o gás absorveu parte dos raios ultravioleta emitidos por algumas estrelas,
observadas a partir da atmosfera venusiana. A camada de ozônio em Vênus fica a uma
altitude de 100km, cerca de quatro vezes maior do que na atmosfera da Terra, e é de cem a
mil vezes menos densa. A concentração é estimada em 20% da terrestre.
A descoberta é importante porque acredita-se que o ozônio teve um papel fundamental na
origem da vida na Terra, uma vez que é composto por três átomos de oxigênio (O3), e a
quebra das moléculas contribuiu para aumentar a concentração desse elemento químico na
atmosfera do nosso planeta.

2011 (7 de outubro) – Cientistas europeus e estadunidenses anunciam a descoberta, feita


por meio da análise de dados do telescópio Herschel, de que no cometa Hartley 2 há água
semelhante à existente na Terra. Até esse momento, toda a água já encontrada em cometas
era do tipo “pesado”, com alta concentração de deutério. A água “leve” identificada no
Hartley 2 reforça a teoria de que parte da água dos oceanos terrestres é oriunda de
bombardeios de cometas ocorridos durante a formação do Sistema Solar.

2011 (13 de outubro) – A NASA divulga a descoberta, feita pela Dawn, de uma montanha
com 21km de altura localizada no polo sul de Vesta. É a segunda mais alta montanha
conhecida do Sistema Solar, atrás apenas do Monte Olimpo, em Marte.

2011 (19 de outubro) – Uma equipe liderada por Adam Kraus, da universidade do Havaí,
divulga as primeiras imagens já feitas de um planeta em formação em torno de uma estrela.
O astro, denominado LkCa 15 b, tem aproximadamente o tamanho de Júpiter.

2011 (21 de outubro) – Cientistas da missão Herschel anunciam a descoberta de um grande


reservatório de água (equivalente a milhares de oceanos terrestres) no disco em torno de
TW Hydrae, jovem estrela em fase final de formação, distante 176 anos-luz. Essa pesquisa
pode auxiliar na compreensão de como se origina a água existente em alguns planetas,
inclusive a Terra.
2011 (23 de outubro) – O satélite de raios X alemão Rosat (redução de “Röntgensatellit”),
de 2,4t, lançado em 1º de junho de 1990, reentra na atmosfera terrestre acima do Golfo de
Bengala, nordeste do Oceano Índico. Não há registro de fragmentos terem chegado à
superfície da Terra. É o segundo satélite, em um mês, que reingressa na atmosfera de forma
não controlada, fato que continua acirrando a discussão acerca dos perigos do lixo espacial.

2011 (26 de outubro) – Uma equipe internacional de astrônomos divulga os resultados de


observações (feitas em 26 locais diferentes, espalhados pela Terra) de uma ocultação estelar
de Éris, ocorrida em 6 de novembro de 2010. De acordo com os cientistas, o diâmetro
estimado do planeta anão é de 2.326km, bastante próximo do de Plutão, não sendo possível
saber qual dos dois astros tem dimensões maiores. Ainda segundo o estudo, a massa de Éris
é de 16,6 quintilhões de toneladas, e a densidade de 2,52g/cm3, o que sugere uma
composição predominantemente rochosa (85%), com quantidades pequenas de gelo (15%).
A superfície, altamente refletora, é provavelmente formada por uma mistura de gelo rico
em nitrogênio e metano gelado. A temperatura calculada é de, no máximo, -238°C para o
lado iluminado pelo Sol, e menor ainda para o hemisfério noturno do astro.

2011 (1º de novembro) – É lançada a nave não tripulada chinesa Shenzhou 8, com o
objetivo de realizar um acoplamento com o módulo de teste Tiangong-1, em órbita.
O acoplamento, que ocorre no dia seguinte, é o primeiro entre duas naves espaciais
chinesas e faz parte do programa de desenvolvimento da estação orbital da China.
Outro acoplamento bem-sucedido ocorre em 14 de novembro. No dia 17, a nave aterrissa
em Siziwang, no norte do país.

2011 (4 de novembro) – Os seis voluntários do projeto Marte 500 saem do isolamento,


concluindo uma missão de 520 dias. Os resultados dos experimentos realizados serão
levados em conta numa futura viagem a Marte.

2011 (8 de novembro) – É lançada a sonda russa Fobos-Grunt, cujo objetivo principal era
trazer 200g do solo do satélite marciano Fobos de volta à Terra. Contudo, ocorre uma falha
logo após o lançamento, e a nave entra em órbita terrestre. No dia 12, a missão é
extraoficialmente dada como perdida, fato confirmado dez dias mais tarde pela Roskosmos.
A bordo estava o satélite chinês Yinghuo-1, primeiro artefato interplanetário desenvolvido
pela China.

2011 (8 de novembro) – O asteroide 2005 YU55, descoberto por Robert S. McMillan em


28 de dezembro de 2005 e com diâmetro de 360m, passa a 324.900km da Terra.

2011 (14 de novembro) – É lançada a Soyuz TMA-22, tripulada por Anton Shkaplerov –
comandante -, Anatoli Ivanishin e Daniel C. Burbank. São os primeiros astronautas a ir ao
espaço após o encerramento do programa dos ônibus espaciais da NASA, em julho. É
também a retomada dos voos tripulados russos depois do acidente com o cargueiro Progress
M-12M, em agosto.
O acoplamento acontece em 16 de novembro, e a ISS volta a ter, durante alguns dias, seis
tripulantes.
A aterrissagem ocorre em 27 de abril de 2012.
2011 (18 de novembro) – Cientistas do experimento “Opera” divulgam os resultados de
novos testes feitos com neutrinos e confirmam os valores anunciados em setembro,
segundo os quais neutrinos podem viajar com velocidade ligeiramente superior à da luz.
Contudo, os resultados desse experimento são colocados em dúvida por cientistas do
próprio CERN em fevereiro de 2012.

2011 (18 de novembro) – A NASA divulga o maior e mais completo mapa da Lua
elaborado até o momento, obtido a partir de dados da Lunar Reconnaissance Orbiter. Uma
versão preliminar desse mapa havia sido divulgada em dezembro de 2010.

2011 (26 de novembro) – É lançada a missão estadunidense Mars Science Laboratory, cujo
objetivo é levar o veículo de exploração Curiosity à superfície de Marte. Maior e bem mais
pesado (900kg) que seus antecessores Opportunity e Spirit, o Curiosity carrega os
instrumentos (dez ao todo) tecnologicamente mais avançados já enviados ao planeta
vermelho, os quais estão programados para obter amostras do solo e analisá-las na tentativa
de determinar se Marte tem, ou alguma vez teve, ambiente propício à vida, mesmo que
microbiana.

2011 (5 de dezembro) – Cientistas da Missão Kepler divulgam, durante uma conferência de


imprensa, Os resultados das observações feitas até março de 2010. São anunciados 2.326
candidatos a exoplanetas, sendo 207 com dimensões similares às da Terra, 680 superterras,
1.181 com dimensões semelhantes às de Netuno, 203 equivalentes a Júpiter e 55 maiores
que Júpiter. Desses planetas, 48 estão na zona de habitabilidade (uma diminuição em
relação aos 54 anunciados em fevereiro de 2011, devido ao refinamento dos dados
observacionais).
Ademais, é anunciada a descoberta de Kepler-22b, primeiro exoplaneta localizado pela
missão Kepler na zona de habitabilidade de uma estrela semelhante ao Sol. Situado a 587
anos-luz da Terra, Kepler-22b tem raio 2,4 vezes superior ao terrestre e completa uma
órbita em torno de sua estrela, à distância de 127 milhões de km, em 289,9 dias.

2011 (5 de dezembro) – Pesquisadores liderados por Chung-Pei Ma, da Universidade da


Califórnia, publicam na Nature um artigo anunciando a descoberta dos dois maiores
buracos negros conhecidos até o momento, com quase 10 bilhões de massas solares,
localizados nas galáxias NGC 3842 e NGC 4889, a 270 milhões de anos-luz da Terra.

2011 (5 de dezembro) – A NASA informa que a Voyager 1 está na fronteira do Sistema


Solar e pode atingir o espaço interestelar em "alguns poucos meses ou anos". A Voyager 1
encontra-se a 17,9 bilhões de km da Terra.

2011 (8 de dezembro) – Durante a conferência da União Geofísica Americana, em San


Francisco, é divulgada a descoberta, feita pelo Opportunity, de um fino veio de gesso numa
rocha da beirada da cratera marciana Endeavour, que tem 154km de diâmetro. Como o
gesso geralmente se forma pelo fluxo de água dentro de rochas, esta observação é
considerada, pelos cientistas envolvidos, a evidência mais convincente já encontrada da
presença de água em Marte.

2011 (20 de dezembro) – Cientistas liderados por François Fressin, do Centro Harvard-
Smithsonian de Astrofísica, anunciam no site da Nature a descoberta dos dois primeiros
exoplanetas do tamanho da Terra conhecidos, ambos orbitando a estrela Kepler-20, de
massa ligeiramente inferior à solar, localizada na constelação de Lira, a 950 anos-luz. O
maior deles, Kepler-20f, tem raio 3% superior ao da Terra, temperatura superficial estimada
de 427°C e completa uma órbita, à distância de 16,1 milhões de km, em 19,5 dias. O outro,
Kepler-20e, tem raio 13% menor que o terrestre (inferior ao de Vênus), temperatura
superficial calculada em 760°C e orbita a sua estrela em 6,1 dias.
Um exoplaneta menor que Mercúrio é descoberto em fevereiro de 2013.

2011 (26 de dezembro) – Astrônomos liderados por Alan Stern, do Southwest Research
Institute (Texas, EUA), apresentam um estudo segundo o qual a superfície de Plutão pode
conter moléculas orgânicas complexas. Conforme os pesquisadores, o espectrógrafo de
origens cósmicas do telescópio Hubble permite observar que algumas substâncias na
superfície do planeta-anão estão absorvendo mais luz ultravioleta do que a quantidade
esperada, o que, de acordo com cientistas da NASA, pode dar pistas acerca da composição
química do astro. Para os autores do estudo, os compostos detectados possivelmente são
hidrocarbonetos complexos ou moléculas que contêm nitrogênio.

2011 (29 de dezembro) – Cientistas da NASA anunciam a descoberta de uma estrela que
gira a 1,6 milhão de km/h, a velocidade mais alta já encontrada. Batizada de VFTS 102,
localiza-se na Grande Nuvem de Magalhães, a 160.000 anos-luz da Terra. A estrela gira tão
depressa que seus polos são achatados, dando a ela um formato elíptico. Ademais, os
astrônomos observam também um disco de plasma quente que se projeta do centro da
estrela.

2011 (31 de dezembro) – A GRAIL-A é inserida com sucesso na órbita da Lua. No dia
seguinte, ocorre o mesmo com a GRAIL-B.
Posteriormente (17 de janeiro de 2012), as sondas são batizadas de Ebb e Flow,
respectivamente, nomes sugeridos por estudantes de uma escola primária de Montana,
vencedores de um concurso organizado pela NASA.
A missão propriamente dita começa em março de 2012.

2012 (9 de janeiro) - Astrônomos da Universidade da Columbia Britânica (UBC), no


Canadá, e da Universidade de Edimburgo, na Escócia, anunciam a criação do maior mapa
de matéria escura produzido até o momento, obtido a partir de dados de 10 milhões de
galáxias recolhidos por diversos telescópios. Para elaborar o mapa, os cientistas estudam
como a luz emitida pelas galáxias é distorcida ao passar por grandes grupos de matéria
escura em seu trajeto para a Terra.

2012 (11 de janeiro) – A NASA anuncia a descoberta do menor sistema planetário


encontrado até o momento, formado por três planetas provavelmente rochosos orbitando a
estrela KOI-961, uma anã vermelha com diâmetro seis vezes menor que o Sol localizada a
130 anos-luz da Terra, na constelação do Cisne.
A sigla KOI significa “Kepler Object of Interest” e aplica-se a estrelas observadas pelo
telescópio Kepler em torno das quais orbita pelo menos um planeta ou candidato aplaneta.

2012 (11 de janeiro) – Pesquisadores liderados por Arnaud Cassan, do Institut


d’Astrophysique de Paris, apresentam na reunião anual da Sociedade Astronômica
Americana (Austin, Texas) um estudo indicando que pode haver mais planetas do que
estrelas na Via Láctea. A pesquisa é o resultado da aplicação da técnica de microlentes
gravitacionais (pequenas distorções no espaço-tempo causadas pela presença de um corpo
de grande massa entre uma estrela e um observador), ao longo de seis anos, a registros
fotométricos de 100 milhões de estrelas, distantes entre 3.000 e 25.000 anos-luz da Terra.
Conforme osautores do trabalho, uma em cada seis estrelas estudadas possui um planeta
com massa semelhante à de Júpiter, metade tem planetas com a massa de Netuno e dois
terços tem superterras.

2012 (15 de janeiro) – Fragmentos da sonda russa Fobos-Grunt caem no Oceano Pacífico, a
oeste do Chile. A massa total da sonda é de 13,2t, mas a maior parte é destruída na
atmosfera e não chega à superfície.

2012 (27 de janeiro) – O asteroide 2012 BX34, de 8m de diâmetro, passa a 65.390km da


Terra, uma das passagens de asteroides mais próximas já registradas.

2012 (29 de janeiro) – São anunciados mais dois satélites de Júpiter, descobertos por Scott
Sheppard com base em imagens feitas em 27 de setembro de 2011. Passam a ser 67 os
satélites jovianos confirmados.
S/2011 J 1 – Diâmetro: 1km; período orbital: 582,22 dias (1,59 ano); distância média do
planeta: 20.155.290km.
S/2011 J 2 – Diâmetro: 1km; período orbital: 725,06 dias (1,99 ano); distância média do
planeta: 23.329.710km.

2012 (31 de janeiro) – O Astrophysics Journal publica uma série de estudos da nuvem de
gás interestelar onde o Sistema Solar se localiza (Nuvem Interestelar Local), incluindo o
primeiro mapa da região, feito pela sonda Ibex. Uma descoberta especialmente significativa
é a de que o Sistema Solar possui mais átomos de oxigênio do que a nuvem que o abriga.
Uma hipótese levantada é a de que o ambiente em que o Sol nasceu não é o mesmo que
circunda a estrela agora. Outra descoberta importante apresentada pelos estudos é que a
velocidade com que o Sistema Solar viaja pela Via Láctea é menor do que se pensava:
83.680km/h, e não 94.700km/h. Isso implica que a interação do Sol com a heliosfera é mais
fraca do que imaginavam os astrônomos.
A Nuvem interestelar Local é uma região com 30 anos-luz de diâmetro dentro da qual o Sol
está atualmente. Estima-se que o Sol tenha ingressado nela entre 44.000 e 150.000 anos
atrás e que deve permanecer no interior da nuvem mais 10.000 ou 20.000 anos. A
densidade média da região é de meio átomo por centímetro cúbico (a atmosfera da Terra
tem, ao nível do mar, 12 bilhões de átomos por centímetro cúbico). A Terra é protegida de
possíveis efeitos da Nuvem Interestelar Local pelo vento solar e pela magnetosfera do Sol.
A Nuvem Interestelar Local, por sua vez, está dentro da Bolha Local, região com 300 anos-
luz de diâmetro situada no braço Órion da Via Láctea.

2012 (31 de janeiro) - Um estudo liderado pela microbiologista Rosemary Redfield, da


universidade da Columbia Britânica (Vancouver, Canadá), descreve a análise feita no DNA
da bactéria GFAJ-1, na qual não foi encontrado arsênico. A conclusão é a de que a GFAJ-1
é apenas tolerante ao arsênico, mas não incorpora esse elemento químico ao DNA.
Outros estudos com as mesmas conclusões são posteriormente divulgados, e o trabalho
apresentado em 2010 por Felisa Wolfe-Simon perde sua credibilidade.

2012 (2 de fevereiro) – Cientistas do Instituto Carnegie anunciam a descoberta de GJ


667Cc, exoplaneta potencialmente habitável. O astro orbita a estrela Gliese 667C, anã
vermelha integrante de um sistema estelar triplo distante 22 anos-luz e localizado na
constelação do escorpião, completando uma translação em 28 dias, à distância média de
18,47 milhões de km. O exoplaneta é rochoso, tem massa 4,5 vezes superior à terrestre, e as
primeiras análises indicam que pode ter água líquida na superfície.
Conhecem-se ainda outros dois planetas orbitando Gliese 667C.
Em junho de 2013, é divulgada a descoberta de mais três planetas (possivelmente quatro)
em torno dessa estrela.

2012 (10 de fevereiro) – A ESA informa, com base em dados da Venus Express, que o
período de rotação de Vênus é seis minutos e trinta segundos mais longo do que se pensava.
Os cientistas chegam a essa conclusão porque alguns pontos da superfície venusiana não
estavam onde deveriam, de acordo com as medições efetuadas pela Magellan, as mais
recentes de que se dispunha antes das realizadas pela Venus Express.

2012 (10 de fevereiro) – A China divulga um mapa lunar completo, elaborado a partir de
dados da Chang’e 2, e afirma ser o mapa da Lua inteira em mais alta resolução já
produzido.

2012 (13 de fevereiro) – Primeiro lançamento do foguete VEgA (Vettore Europeo di


Generazione Avanzata), desenvolvido pela Agência Espacial Italiana e pela ESA. Este
foguete está desenhado para colocar pequenos satélites (até 2.500kg) em órbitas polares ou
de baixa altitude. Neste primeiro lançamento, nove deles são enviados ao espaço, incluindo
os primeiros satélites da Polônia, da Hungria e da Romênia.

2012 (21 de fevereiro) – Cientistas liderados por Zachory Berta, do Centro de Astrofísica
Harvard-Smithsonian, sugerem, a partir de dados da câmera infravermelha do Hubble, que
o exoplaneta GJ 1214b (descoberto em 16 de dezembro de 2009) pode ser uma superterra
composta predominantemente de água e rodeado por uma atmosfera fumegante. Distante 40
anos-luz e localizado na constelação de Ofiúco, o GJ 1214b tem temperatura superficial
estimada de 230°C e orbita a sua estrela (uma anã vermelha) em 37h56min, à distância
média de 2,14 milhões de km. O astro tem diâmetro 2,7 vezes o da Terra e massa 7 vezes
maior. De acordo com os pesquisadores, a densidade resultante, 1,87g/cm3, sugere a
presença de um núcleo formado por rocha (25%) e água (75%). Por isso, o GJ 1214b É
informalmente chamado de “planeta de água”. Este é o primeiro exoplaneta conhecido com
tais características.

2012 (22 de fevereiro) – O site da Science afirma que os resultados do experimento


“OPERA” segundo os quais neutrinos teriam viajado mais depressa que a luz podem ter
sido produzidos por problemas técnicos nos aparelhos. Essa informação é confirmada no
dia seguinte pelo porta-voz do CERN, James Gillies, que aponta duas falhas encontradas:
uma conexão defeituosa no cabo de fibra óptica que liga o relógio central ao GPS exterior e
um erro na frequência do oscilador do cronômetro interno do experimento. Depois de
reparados os defeitos, o experimento será repetido.
Em 16 de março, O CERN divulga um comunicado informando que os neutrinos não
viajam a velocidades superiores à da luz. Os valores anteriormente obtidos estavam
distorcidos devido a falhas nas instalações utilizadas pelo experimento OPERA.
Em 30 de março, o físico italiano Antonio Ereditato, coordenador do Opera, pede demissão.
Em 8 de junho, o CERN anuncia, em caráter definitivo, que os resultados das medições
estão errados E que o erro se deve, de fato, a falhas no equipamento.

2012 (22 de fevereiro) – Cientistas da NASA divulgam a descoberta, feita a partir de dados
do Chandra, de que o disco de gás quente em torno do buraco negro IGR J17091-3624,
distante 28.000 anos-luz, gera ventos de 32 milhões de km/h. esses ventos, que atingem 3%
da velocidade da luz, são, de longe, os mais rápidos já identificados.

2012 (29 de fevereiro) – Os estadunidenses Anne Hofmeister e Robert Criss (Washington


University, St. Louis, EUA) propõem um novo modelo para explicar a formação dos
planetas do Sistema Solar. De acordo com o modelo mais aceito, o da hipótese nebular, os
planetas se formaram depois do Sol, ao longo de milhões de anos, a partir de um disco de
gás que se agregou em torno da estrela. Hofmeister e Criss defendem que os planetas
nasceram ao mesmo tempo que o Sol, a partir de uma nuvem de gás fria. Para os autores,
este modelo pode explicar também a formação de planetas fora do Sistema Solar, uma vez
que, afirmam, o telescópio Hubble já detectou estrelas nascendo dentro de nuvens frias.

2012 (29 de fevereiro a 9 de setembro) – Ocorre nos Museus Capitolinos de Roma a


exposição “Lux in Arcana, L”Archivio Segreto Vaticano si rivela” (Luz nos enigmas, o
Arquivo Secreto Vaticano se revela), em que são exibidos, entre outros documentos, o
sumário do julgamento de Giordano Bruno (condenado à fogueira pela Inquisição em 1600)
e as atas do processo de Galileu Galilei (condenado a abjurar em 1633).

2012 (1º de março) – Uma equipe liderada por Michael Sterzik publica na Nature um artigo
descrevendo uma nova técnica para procurar por vida extraterrestre. Trata-se de observar a
radiação refletida por um exoplaneta e, a partir dela, tentar deduzir características do astro.
Os testes são feitos por meio da observação, com o Very Large Telescope, da radiação
terrestre refletida pela Lua, como se a Terra fosse um exoplaneta. Por meio da análise dessa
radiação, os cientistas são capazes de deduzir que a atmosfera terrestre é parcialmente
nublada, que parte da superfície se encontra coberta por oceanos e que existe vegetação.

2012 (2 de março) – Cientistas da Cassini anunciam ter encontrado íons de hidrogênio


molecular em Dione. A concentração é extremamente baixa (um íon a cada 11cm3),
equivalente à da atmosfera terrestre a uma altitude de 480km.

2012 (14 de março) – A NASA divulga o atlas e catálogo de todo o céu em infravermelho
feito com os dados obtidos pelo Wise. São mais de 500 milhões de objetos, incluindo
galáxias, estrelas e outros corpos celestes.

2012 (21 de março) - Durante a 43ª Conferência de Ciência Lunar e Planetária (Texas,
EUA), cientistas da Messenger divulgam dados obtidos pela sonda em um ano de missão. O
núcleo de Mercúrio comtém mais ferro do que se imaginava, e parte dele está em estado
líquido. Também é maior do que se esperava: estende-se por 2.030km, o que equivale a
83% do raio do planeta. Ademais, as quase 100 mil imagens e 4 milhões de medições de
Mercúrio feitas pela Messenger mostram que o planeta é mais plano que a Lua e tem mais
crateras do que qualquer componente conhecido do sistema Solar.

2012 (21 de março) – O United States Geological Survey publica o primeiro mapa
geológico completo de Io, elaborado por cientistas da Universidade do Estado do Arizona
(EUA) liderados por David Williams. O mapa, elaborado ao longo de seis anos a partir de
quatro mosaicos contendo imagens feitas pelas sondas Voyager e Galileo, representa 425
vulcões, correntes de lava e depósitos de plumas (cinzas) vulcânicas, entre outras estruturas
topográficas. A presença de tantos vulcões é explicada pelo aquecimento interno do satélite
devido a fortes perturbações gravitacionais: Europa e Ganimedes pressionam Io para fora
de sua órbita, mas o campo gravitacional de Júpiter, muito mais forte, o mantém no lugar.

2012 (27 de março) – Uma equipe internacional liderada por Xavier Bonfils (IPAG,
Observatoire des Sciences de l´Univers de Grenoble, França) divulga estimativas feitas com
o espectrógrafo HARPS, segundo as quais pode haver dezenas de bilhões de superterras
(planetas rochosos com massas até 10 vezes a terrestre) na Via Láctea e uma centena nas
vizinhanças imediatas do Sol (até 10 parsecs de distância). De acordo com os cientistas, os
estudos realizados com o HARPS indicam que 40% das anãs vermelhas (estrelas pequenas
e de baixa luminosidade) estão rodeadas por superterras. O número estimado de planetas é
tão elevado porque 80% das estrelas da Via Láctea são anãs vermelhas.

2012 (28 de março) – O site da NASA divulga a notícia de que jatos de água gelada foram
registrados em Encélado ao longo de diversos sobrevoos da Cassini. Conforme Carolyn
Porco, chefe da equipe de Imagens Científicas da sonda espacial, “Mais de 90 gêiseres de
todos os tamanhos estão emitindo vapor de água, partículas de gelo e componentes
orgânicos na superfície do Polo Sul de Encélado”. A cientista avalia que o satélite é um
lugar promissor para pesquisas em astrobiologia.

2012 (29 de março) - Jeff Bezos, o fundador da Amazon, anuncia ter encontrado no Oceano
Atlântico, a 4.300m de profundidade, os cinco motores utilizados no lançamento da Apollo
11. Ele informa também que sua equipe pretende trazer para a superfície pelo menos um
dos motores.
Peças de motores utilizados em missões Apollo são retiradas do mar em março de 2013.

2012 (29 de março) – É divulgada a mais detalhada imagem da Via Láctea já produzida,
com mais de 1 bilhão de estrelas, feita a partir da combinação de milhares de observações
separadas.

2012 (6 de abril) - Mikko Tuomi, da Universidade de Hertfordshire (Inglaterra), divulga um


estudo em que confirma a existência do sétimo planeta descoberto em torno de HD 10180 e
fornece evidências de mais dois. Se os dois planetas adicionais forem confirmados, HD
10180 será o maior sistema planetário conhecido, com nove planetas, maior inclusive que o
sistema Solar.

2012 (12 de abril) – São divulgados os primeiros resultados científicos do radiotelescópio


ALMA (Atacama Large Millimeter/submillimeter Array). Eles demonstram que os dois
planetas conhecidos orbitando Fomalhaut são maiores que Marte, mas não maiores que
algumas vezes o tamanho da Terra. Essas dimensões são bem menores do que as estimadas
em 2008, com base em fotografias feitas pelo Hubble.

2012 (12 de abril) – Pesquisadores do Laboratoire Univers et Théorie (França) divulgam a


primeira simulação em computador de todo o universo observável, desde o Big Bang até
nossos dias. A simulação permite acompanhar a evolução de 550 bilhões de partículas
individuais.

2012 (15 de abril) – A Chang’e 2 parte da órbita em L2 e começa uma missão ao asteroide
4179 Toutatis, que sobrevoa em 13 de dezembro.

2012 (18 de abril) – Astrônomos liderados por Christian Moni Bidin, do Departamento de
Astronomia da Universidade de Concepción (Chile), divulgam o estudo mais preciso até o
momento sobre os movimentos de estrelas na Via Láctea, feito com mais de quatrocentas
estrelas distantes até 13 mil anos-luz do Sol. O resultado mais significativo é a não detecção
de quantidades consideráveis de matéria escura na região galáctica onde está nossa estrela,
conforme preveem os modelos mais aceitos para explicar como se formam e giram as
galáxias.

2012 (24 de abril) – Um grupo de investidores bilionários, entre os quais estão Eric
Schmidt e Larry Page, executivos do Google, e o cineasta canadense James Cameron,
anuncia planos para desenvolver tecnologias com a finalidade de extrair metais preciosos e
minérios raros de asteroides em órbita próxima à da Terra. As pesquisas necessárias são
atribuídas a uma empresa chamada Planetary Resources, com sede em Bellevue,
Washington. A primeira etapa do projeto consiste em colocar em órbita, a partir de 2014,
uma rede de pequenos telescópios de baixo custo para observações terrestres e pesquisas
astronômicas.

2012 (1º de maio) – Cientistas da Universidade de Vanderbilt (EUA) publicam no


Astronomical Journal um estudo descrevendo 675 estrelas gigantes vermelhas encontradas
no espaço intergaláctico, as quais, de acordo com os pesquisadores, foram ejetadas da Via
Láctea na direção de Andrômeda. Os astrônomos chegam a essa conclusão porque a
metalicidade (proporção de elementos químicos diferentes de hidrogênio e hélio) das
estrelas em questão é alta, característica típica de estrelas situadas próximo dos núcleos
galácticos (aquelas localizadas em zonas periféricas costumam ter metalicidade baixa). Para
escapar à atração gravitacional galáctica, as estrelas precisam ser impulsionadas a
velocidades altíssimas, algo como 3 milhões de km/h. Os autores do estudo acreditam que o
buraco negro central da Via Láctea pode ter acelerado as estrelas o suficiente para elas
deixarem a galáxia. Mesmo viajando a velocidades tão altas, as estrelas levariam cerca de
15 milhões de anos para viajar do centro da Via Láctea até o espaço intergaláctico.

2012 (2 de maio) – A ESA anuncia a aprovação da missão Jupiter Icy Moon Explorer
(JUICE), cujo objetivo é estudar detalhadamente Júpiter e os satélites Calisto, Europa e
Ganimedes. O cronograma inicial prevê lançamento em 2022, com inserção orbital em
Júpiter (2030) e Ganimedes (2033).
2012 (10 de maio) – Cientistas coordenados por Chandra Wickramasinghe (Universidade
de Buckingham (Reino Unido) publicam na revista Astrophysics and Space Science um
artigo sugerindo que pode haver centenas de trilhões de planetas solitários (ou órfãos) na
Via Láctea. Esses planetas, que não orbitam estrelas e, portanto, não estão sujeitos a
campos gravitacionais estelares, circulam livremente pelo Universo e formam parte da
chamada “matéria invisível”: como não recebem iluminação constante de nenhuma estrela
e não emitem luz, não podem ser vistos.
Os cientistas calculam que um desses planetas passa pelo centro do Sistema Solar a cada 26
milhões de anos e defendem que, nessas passagens, eles incorporam em sua superfície
matéria de vida microbiana presente na poeira cósmica do nosso sistema estelar e espalham
esse material por toda a galáxia. Os planetas solitários seriam, pois, transportadores de vida.

2012 (11 de maio) – A NASA divulga resultados preliminares da missão da sonda Dawn
em Vesta, incluindo uma estimativa das dimensões do núcleo metálico do asteroide:
220km. Os cientistas da missão também acreditam que Vesta é “o último do seu tipo”, ou
seja, o único exemplo remanescente dos grandes planetoides que se juntaram para constituir
os planetas rochosos durante a formação do Sistema Solar.

2012 (11 de maio) – Dados da sonda Ibex indicam que, contrariamente ao que pensavam os
astrônomos, não existe uma onda de choque na fronteira entre o Sistema Solar e o meio
interestelar. De acordo com um estudo coordenado por David McComas (Southwest
Research Institute) e publicado na Science, a velocidade a que o Sol viaja em torno da Via
Láctea, 83.680km/h (11.000km/h inferior ao que se pensava) não é suficiente para gerar
uma onda de choque como as dos aviões supersônicos na Terra; em vez disso, dizem os
cientistas, o que acontece é semelhante a uma “onda de proa”, visível à frente de um navio
que avança pelo mar. Ademais, os dados da Ibex demonstram também que a pressão
magnética do meio interestelar é mais forte do que se calculava, o que exige velocidades
ainda maiores para gerar uma onda de choque.
Pesquisas elaboradas ao longo de décadas sempre consideraram uma onda de choque na
região e necessitam ser revistas. Esses novos resultados permitem calcular com mais
precisão a quantidade de raios cósmicos que entram no Sistema Solar.

2012 (25 de maio) – A cápsula reutilizável Dragon, lançada em 22 de maio por um foguete
Falcon 9, torna-se a primeira nave fabricada pela iniciativa privada a se acoplar à ISS (mais
precisamente, ao módulo Harmony), dando início a uma nova fase na exploração do
espaço. Desenvolvida pela Spacex (Space Exploration Technologies), empresa com sede
em Hawthorne, Califórnia, e fundada em 2002 pelo bilionário sul-africano naturalizado
estadunidense Elon Musk, a Dragon tem diâmetro de 3,7m, altura de 6,1m, massa de 4,2t e
capacidade para levar 3,31t e trazer de volta 2,5t de carga pressurizada. Esta é uma missão
experimental, de demonstração, que transporta 525kg de suprimentos (alimentos, água,
roupa, equipamentos) para a ISS.
Além disso, a empresa Celestis, que realiza enterros espaciais, lança num dos estágios do
foguete Falcon 9 cinzas de 308 pessoas, entre as quais estão Gene Roddenberry
(1921-1991), criador da série “Star Trek” (Jornada nas Estrelas), a segunda mulher dele,
Majel Barrett (1932-2008), o ator da série James Doohan (1920-2005) e o astronauta dos
Projetos Mercury e Gemini Gordon Cooper (1927-2004).
Em 31 de maio, a Dragon se separa da ISS com 600kg de carga a bordo e amerissa no
Oceano Pacífico, onde é resgatada por um navio da Spacex.

2012 (31 de maio) – A NASA anuncia em comunicado que dados do telescópio Hubble
permitem confirmar a previsão de que a Via Láctea e a galáxia de Andrômeda (M31) se
chocarão e formarão uma única galáxia. Dentro de 4 bilhões de anos, terá início a fusão das
duas galáxias, que deve durar aproximadamente 2 bilhões de anos. De acordo com o
modelo atual, as estrelas não se chocarão entre si nem serão destruídas, mas ocuparão novas
órbitas em torno do novo centro galáctico. Isso significa que também o Sol mudará de
lugar. De acordo com observações de zonas específicas da galáxia de Andrômeda feitas ao
longo de sete anos pelo Hubble, M31 está se aproximando da Via Láctea a 402.000km/h.
Tanto a Via Láctea quanto Andrômeda são galáxias espirais, mas simulações em
computador indicam que a nova galáxia resultante da fusão será elíptica.

2012 (5 e 6 de junho) – Ocorre um trânsito de Vênus (duração de 6h40min), que recebe a


maior cobertura midiática e científica alguma vez dedicada a este fenômeno.
Os sites da NASA e de diversos telescópios transmitem ao vivo o evento; a Universidade
do Havaí disponibiliza dois telões e oito telescópios para que turistas possam ver (da praia)
o fenõmeno em tempo real; Don Pettit faz observações e tira fotografias desde a ISS, e o
Solar Dynamics Observatory obtém imagens em alta definição a partir do espaço, a
36.000km da Terra.
O trânsito também proporciona a realização de diversas pesquisas: medição da diminuição
do brilho de uma estrela conhecida (o Sol) pelo trânsito de um planeta conhecido (Vênus),
com o objetivo de determinar com mais precisão as características de trânsitos de
exoplanetas, fundamentais na descoberta de outros sistemas planetários; medição do
diâmetro aparente de Vênus durante o trânsito e comparação com o diâmetro conhecido do
planeta, para aprimorar a determinação das dimensões dos exoplanetas encontrados;
observação da atmosfera de Vênus simultaneamente por telescópios baseados na Terra e
pela Venus express, com a finalidade de obter informações acerca da estrutura atmosférica
e do clima daquele planeta; estudos espectrográficos da atmosfera venusiana, bem
conhecida, cujos resultados serão empregados em estudos de atmosferas desconhecidas de
exoplanetas; utilização (pelo Hubble) da Lua como espelho para estudar a luz refletida por
Vênus e tentar determinar dessa forma a composição atmosférica do planeta, técnica que, se
bem-sucedida, pode ser empregada no estudo das atmosferas de exoplanetas.
O próximo trânsito de Vênus ocorrerá em 10 e 11 de dezembro de 2117.

2012 (11 de junho) - O Conselho Diretor do Observatório Europeu do Sul aprova o projeto
do European Extremely Large Telescope (E-ELT), a ser construído no Cerro Armazones,
norte do Chile, a 3.060m de altitude. Com espelho refletor principal de 39,3m, será o maior
telescópio óptico e infravermelho do mundo. O início das operações está previsto para
2022.

2012 (13 de junho) – A NASA lança o NuSTAR (Nuclear Spectroscopic Telescope Array),
primeiro telescópio espacial capaz de criar imagens cósmicas a partir de raios-X de alta
energia, do mesmo tipo que os utilizados para gerar imagens do esqueleto humano ou para
escanear bagagens nos aeroportos. Com massa de 350kg, colocado em órbita terrestre a
550km de altitude e com missão primária de dois anos, tem como objetivos principais
conduzir uma pesquisa detalhada de buracos negros de grande massa ( pelo menos 1 bilhão
de vezes a massa solar), entender como partículas são aceleradas a grandes velocidades em
galáxias ativas e entender como elementos são criados por explosões de estrelas massivas
através do estudo de remanescentes de supernovas.

2012 (14 de junho) – O asteroide 2012 LZ1, de 500m de diâmetro, passa a 5,4 milhões de
km da Terra. A descoberta cabe a Robert H. McNaught e colegas (Austrália), que o
observam pela primeira vez na noite de 10 para 11 de junho.

2012 (15 de junho) – A NASA anuncia que a Voyager 1 (distante 17,86 bilhões de km da
Terra) pode estar muito perto de atingir a heliopausa, região que marca o limite entre o
Sistema Solar e o espaço exterior. Ao longo de três anos (janeiro de 2009 a janeiro de
2012), a Voyager detecta um aumento de 25% na quantidade de partículas carregadas
provenientes do meio interestelar. A partir de 7 de maio de 2012, em apenas um mês o
aumento dos raios cósmicos galácticos captados é de 9%. Tendo em vista que essas
partículas costumam ser desviadas pelo vento solar no interior da heliosfera, os cientistas
acreditam ser provável que a Voyager 1 esteja saindo do Sistema Solar para entrar nos
domínios do espaço interestelar.

2012 (16 de junho) – É lançada a Shenzhou 9, quarta missão tripulada da China. Os


tripulantes são Liu Yang (33 anos, primeira mulher chinesa no espaço), Liu Wang e Jing
Haipeng (primeiro chinês a ir mais de uma vez ao espaço).
Em 18 de junho, a Shenzhou se acopla ao módulo espacial Tiangong-1, onde os taikonautas
realizam experimentos diversos.
Em 24 de junho, a Shenzhou é desacoplada do Tiangong e reacoplada manualmente, o que
constitui o principal objetivo da missão.
O banheiro e as instalações de cozinha utilizados pelos taikonautas ficam na Shenzhou, não
no Tiangong. Na Shenzhou também deve dormir um dos três tripulantes, uma vez que no
módulo orbital há apenas duas estações-dormitório.
O pouso ocorre em 29 de junho.

2012 (4 de julho) – Cientistas do CERN anunciam a descoberta de uma partícula


compatível com o bóson de Higgs, com margem de erro de 1 em 3.500.000. A descoberta é
o resultado da análise de 4 quatrilhões de choques de prótons realizados no LHC, captados
sobretudo pelo Atlas (A Toroidal LHC Apparatus) e o CMS (Compact Muon Solenoid),
dois dos sete experimentos do acelerador de partículas.
Previsto em 1964, entre outros, pelo britânico Peter Higgs, este bóson era a única partícula
elementar ainda não encontrada experimentalmente das 61 que compõem o Modelo Padrão,
a mais completa das teorias acerca do mundo subatômico. Segundo este modelo,
bilionésimos de segundo depois do Big Bang o universo inteiro media apenas alguns
centímetros e era formado por um plasma homogêneo, altamente energético, com
temperatura de 10 octilhões de graus. Esse plasma teria se expandido indefinidamente, não
fosse o surgimento de um campo de força (campo de Higgs) formado por bósons, os quais,
interagindo com outras partículas, produziram o processo de desaceleração da energia que
permitiu o surgimento de toda a matéria do universo e, mais tarde, da vida.
O bóson de Higgs é, portanto, fundamental para a existência do universo que conhecemos,
e a sua descoberta é considerada uma das principais realizações da ciência nas últimas
décadas.

2012 (5 de julho) – Cientistas europeus e estadunidenses liderados por Jörg Dietrich


(Universidade de Munique, Alemanha) publicam no site da Nature um estudo no qual
afirmam ter detectado um filamento com matéria escura (58 milhões de anos-luz de
extensão) ligando os aglomerados de galáxias Abell 222 e Abell 223, distantes 2,4 bilhões
de anos-luz da Terra. Os pesquisadores calculam a massa do filamento estudado em 65
trilhões de massas solares, com a matéria escura representando 80% desse total.

2012 (11 de julho) – É anunciada a descoberta de S/2012 P 1 (ou P5), quinto satélite
conhecido de Plutão. A identificação do astro é feita com base em nove conjuntos de
imagens obtidas entre 26 de junho e 9 de julho pela Wide Field Camera 3 do telescópio
Hubble.
Diãmetro: de 10 a 25km; período orbital: 20,2 dias; distância média do planeta: 42.000km.
Em julho de 2013, a UAI dá a este satélite o nome de Estige.

2012 (11 de julho) – Um estudo liderado por Sebastiano Cantalupo (Universidade da


Califórnia, Santa Cruz), e divulgado pelo ESO, anuncia a detecção de galáxias escuras,
objetos ricos em gás mas sem estrelas. Trata-se de galáxias do universo primordial que
deram origem às galáxias atuais, previstas teoricamente mas nunca observadas antes. A
descoberta, feita com o Very Large Telescope, é possível observando-se uma região com
raio de alguns milhões de anos-luz em torno do quasar HE 0109-3518, que ilumina os doze
objetos identificados. Os astrônomos estimam que a massa de uma galáxia escura é da
ordem de um bilhão de vezes a do Sol.

2012 (11 de julho) – O telescópio suborbital estadunidense High Resolution Coronal


Imager (Hi-C) é lançado a bordo de um foguete Black Brant e, durante um voo de dez
minutos, faz as melhores imagens já obtidas da coroa solar, cinco vezes mais nítidas do que
as então disponíveis. São 165 imagens em ultravioleta, que revelam regiões de atividade
intensa.

2012 (30 de julho) - Cientistas da Universidade Washington (St. Louis, EUA) publicam no
periódico Nature Geoscience um trabalho descrevendo trinta avalanches registradas pela
sonda Cassini em Jápeto. Com crateras e penhascos de até 19km de profundidade, o satélite
de Saturno tem uma topografia propícia a deslizamentos. O mais surpreendente é a
distância que os detritos de gelo percorrem durante as avalanches: pode chegar a 80km.

2012 (6 de agosto) – Depois de uma viagem de 253 dias e 563 milhões de km, o veículo
explorador Curiosity pousa na região de Aeolis Palus, na cratera Gale, em Marte.
Com 154km de diâmetro, a cratera Gale localiza-se no hemisfério sul marciano, próximo ao
equador do planeta. O nome é uma homenagem a Walter Frederick Gale (1865-1945),
banqueiro e astrônomo amador australiano.
Em 22 de agosto, a NASA anuncia que o local do pouso do Curiosity passa a se denominar
Ray Bradbury, em homenagem ao escritor estadunidense (1920-2012) que, em 1950,
publicou “As Crônicas Marcianas”, obra de ficção científica retratando a colonização de
Marte por seres humanos que abandonam uma Terra em conflito e devastada por armas
atômicas.
2012 (10 de agosto) – O estadunidense An Yin, da Universidade da Califórnia em Los
Angeles (UCLA), divulga um estudo segundo o qual Marte tem duas placas tectônicas, um
estágio primitivo em relação à Terra e que poderia ajudar a compreender a evolução do
nosso planeta. O Valles Marineris, mais longo e profundo conjunto de cânions do Sistema
Solar, estaria na zona limítrofe entre essas placas.

2012 (20 de agosto) – A NASA anuncia sua próxima missão a Marte. Denominada Insight
(Interior Exploration using Seismic Investigations, Geodesy and Heat Transport), a sonda
deverá estudar o interior do planeta vermelho para tentar entender por que Marte evoluiu de
maneira tão diferente da Terra. Espera-se que essa missão também permita compreender
melhor o interior dos dois outros planetas terrestres do Sistema Solar: Mercúrio e Vênus. O
cronograma prevê o lançamento para março de 2016 e o pouso para setembro do mesmo
ano.

2012 (20 a 31 de agosto) – Ocorre em Pequim (China) a 28ª Assembleia Geral da UAI, com
a participação de mais de 2.000 astrônomos. Os principais temas abordados são os avanços
na busca das origens do Universo e dos planetas similares à Terra.

2012 (25 de agosto) – A Voyager 1 sai da heliopausa e torna-se a primeira sonda espacial a
deixar o Sistema Solar. Contudo, esse fato é confirmado pela NASA apenas em 12 de
setembro de 2013.

2012 (29 de agosto) – Um estudo liderado por Jes Jørgensen (Instituto Niels Bohr,
Dinamarca), anuncia a descoberta, feita a partir de dados obtidos pelo Atacama Large
Millimeter/submillimeter Array (ALMA), de moléculas de glicoaldeído (C2H4O2), uma
forma simples de açúcar, em torno da estrela binária jovem IRAS 16293-2422, de massa
comparável à do Sol, localizada a 400 anos-luz da Terra, numa região de formação estelar
da constelação do Serpentário. O glicoaldeído já tinha sido observado anteriormente no
espaço interestelar, mas esta é a primeira vez que é descoberto tão perto de uma estrela do
tipo solar, a distâncias comparáveis à de Urano ao Sol. De acordo com Jørgensen, “esta
molécula é um dos ingredientes na formação do ácido ribonucleico (RNA), que, assim
como o DNA, é um dos ingredientes fundamentais para a vida”. Este achado demonstra que
os elementos essenciais para a vida se encontram no momento e lugar adequados para
poder existir nos planetas que se formam ao redor da estrela.

2012 (30 de agosto) – A NASA lança a missão Radiation Belt Storm Probes (RBSP),
composta de duas sondas (1.500kg no total) desenhadas para estudar a influência do Sol
sobre a Terra e os cinturões de Van Allen, duas camadas de partículas carregadas que
rodeiam o nosso planeta. Os cientistas pretendem conhecer melhor o ambiente espacial em
torno da Terra e encontrar formas de proteger os seres humanos e os equipamentos
eletrônicos das tempestades geomagnéticas.
Esta é a segunda missão do programa Living With a Star, cujo propósito é estudar como a
interação entre o Sol e a Terra afeta a vida e a sociedade. O programa teve início em 2010,
com o lançamento do Solar Dynamics Observatory.
Mais tarde, essas duas sondas passam a chamar-se Van Allen.
2012 (5 de setembro) – A sonda Dawn deixa a órbita de Vesta e inicia sua viagem para
Ceres, onde deverá chegar em fevereiro de 2015.

2012 (10 de setembro) – Cientistas liderados por Sean McMaho, da Universidade de


Aberdeen (Escócia) apresentam um modelo científico segundo o qual mais planetas do que
se pensava podem abrigar vida. De acordo com o estudo, não é necessário que um planeta
tenha água líquida na superfície para ser habitável. Os pesquisadores argumentam que água
subterrânea mantida em forma líquida por calor gerado pelo próprio planeta oferece
condições para a vida, ao menos microbiana.

2012 (11 de setembro) – Um estudo liderado por Paul Hayne, do Laboratório de Propulsão
a Jato (JPL, na sigla em inglês), da NASA, informa a detecção, pela Mars Reconnaissance
Orbiter, de uma nuvem de dióxido de carbono congelado (gelo seco) de 500km acima do
polo sul de Marte, suficientemente grande para que o material caia e fique acumulado na
superfície. Falta determinar ainda se a queda ocorre em forma de neve ou de geada, que
congela no solo.

2012 (14 de setembro) – Um estudo liderado por Sam Quinn, da Universidade do Estado da
Geórgia, em Atlanta, encontra as primeiras evidências de que planetas podem se formar e
sobreviver ao redor de estrelas semelhantes ao Sol que fazem parte de aglomerados
estelares. São anunciados dois planetas, Pr0201b e Pr0211b, gigantes gasosos que orbitam
estrelas separadas pertencentes ao aglomerado aberto Beehive (M44), conhecido como
Presépio, localizado na constelação de Câncer, a 577 anos-luz da Terra. Visível a olho nu
(magnitude aparente 3,7), é formado por cerca de mil estrelas que ocupam uma área com
diâmetro de 23 anos-luz.

2012 (17 de setembro) – Responsáveis pela missão GRAIL informam que, de acordo com
dados obtidos pelas sondas, a crosta da Lua é bem mais fina do que se imaginava.

2012 (20 de setembro) – Dois artigos publicados na Science, escritos por Thomas
Prettyman (cientista da missão Dawn) e Brett Denevi (Universidade Johns Hopkins),
sugerem que materiais voláteis (provavelmente água) preencheram um dia uma região do
equador de Vesta e que tiveram papel importante na formação da superfície e da geologia
atuais do asteroide.

2012 (24 de setembro) – Dados do Chandra (NASA), do Suzaku (JAXA) e do XMM-


Newton (ESA) indicam que a Via Láctea está rodeada por um halo com centenas de
milhares de anos-luz de extenssão e massa entre 10 bilhões e 60 bilhões de sóis,
comparável à massa de todas as estrelas da Galáxia somadas. Um trabalho sobre o tema,
liderado por Anjali Gupta, é publicado no The Astrophysical Journal.

2012 (27 de setembro) – Cientistas da Nasa afirmam que há indícios de que o local do
pouso do Curiosity já esteve coberto de água. Pedras arredondadas incrustadas nas rochas
são grandes demais para terem sido transportadas pelo vento e apresentam características
indicativas de terem estado um dia no leito de um rio.

2012 (7 a 22 de outubro) – Primeira missão comercial de reabastecimento da cápsula


Dragon (SpX-1) à ISS. A Dragon leva 454kg de equipamentos, incluindo material
necessário à realização de 166 experimentos científicos, e volta com 758kg de
equipamentos diversos, incluindo material de informática.
A Spassex tem contrato com a Nasa para doze missões de reabastecimento, ao custo de 1,6
bilhão de dólares.

2012 (14 de outubro) – Uma equipe liderada pela geóloga Yang Liu (Universidade do
Tennessee, EUA) publica na revista Nature Geoscience um artigo afirmando que a
superfície da Lua contém cristais com restos de água em seu interior. Os dados são obtidos
por meio da análise de amostras de rochas lunares trazidas pelas missões Apollo. Liu
acredita que íons de hidrogênio transportados pelo vento solar estão presentes na água
encontrada na Lua, e o mesmo pode acontecer em outros componentes do Sistema Solar.
Na Terra, esses íons são bloqueados pela atmosfera e pelo campo magnético.

2012 (15 de utubro) – Uma equipe liderada por Meg Schwamb, da universidade de Yale
(Connecticut, EUA), anuncia a descoberta do primeiro planeta em um sistema quádruplo de
estrelas. Denominado PH1, o planeta orbita duas estrelas em 138 dias, e as outras duas
integrantes do sistema estelar estão distantes cerca de 150 bilhões de km. O astro tem
aproximadamente seis vezes o tamanho da Terra e dista de nós cerca de 5.000 anos-luz.
Identificado inicialmente pelos astrônomos amadores estadunidenses Kian Jek e Robert
Gagliano, por meio do site Planethunters.org (daí o nome PH1), criado justamente para que
amadores possam encontrar exoplanetas, o objeto tem a existência posteriormente
confirmada por profissionais britânicos e estadunidenses, que fazem observações com os
telescópios Keck, localizados no monte Mauna Kea, Havaí.

2012 (16 de outubro) – É anunciada a descoberta de Alfa Centauri Bb, o exoplaneta mais
próximo da Terra (4,37 anos-luz) e o de menor massa (1,13 massa terrestre) orbitando uma
estrela semelhante ao Sol encontrado até o momento. Está fora da zona de habitabilidade de
Alfa Centauri B, em torno da qual completa uma órbita, à distância média de 6 milhões de
km (4% da distância Terra-Sol), em 3,236 dias (3d5h39min24,5s), com temperatura
superficial de 1.200°C (2,6 vezes a de Vênus).
O exoplaneta é encontrado, após quase quatro anos de pesquisas, por uma equipe liderada
por Xavier Dumusque (Observatório de Genebra, Suíça, e Centro de Astrofísica da
Universidade do Porto, Portugal), que publica um artigo científico sobre o tema no site da
Nature. A detecção é feita com a ajuda do espectrógrafo HARPS, localizado no
Observatório La Silla (Chile).
Essa descoberta é significativa, um avanço importante na busca de um planeta similar à
Terra nas vizinhanças do Sistema Solar.
Contudo, alguns astrônomos expressam ceticismo quanto à existência de Alfa Centauri Bb.
Em junho de 2013, surgem contestações importantes acerca da interpretação dada aos
dados que levaram ao anúncio da descoberta. A questão permanece em aberto, e novas
pesquisas estão em andamento.

2012 (19 de outubro) – A ESA anuncia a missão Cheops (CHaracterising ExOPlanets


Satellite), constituída de um telescópio espacial a ser lançado em 2017 e colocado numa
órbita a 800km da Terra. O objetivo principal é estudar a formação, as dimensões e a
composição de planetas extrassolares girando em torno de estrelas próximas e brilhantes.
2012 (24 de outubro) – Uma equipe liderada por Roberto Saito (Pontificia Universidad
Católica de Chile, Universidad de Valparaíso e The Milky Way Millennium Nucleus,
Chile) divulga o maior catálogo estelar da região central da Via Láctea já elaborado.
Compilado a partir de dados em infravermelho obtidos pelo telescópio Vista, o catálogo
contém aproximadamente 84 milhões de estrelas, dez vezes mais que os melhores estudos
anteriores da região.
O catálogo contém, no total, 137 milhões de objetos luminosos, mas 53 milhões deles são
tênues demais ou estão misturados com objetos adjacentes, não sendo possível efetuar
medições.

2012 (6 de novembro) – Uma equipe internacional liderada por David Sobral, da


universidade de Leiden (Holanda), publica no Monthly Notices of the Royal Astronomical
Society o estudo mais completo já realizado sobre o índice de formação estelar do
Universo. Segundo a pesquisa, o pico ocorreu há 11 bilhões de anos (2,8 bilhões de anos
depois do Big Bang), e metade de todas as estrelas produzidas até hoje no Universo surgiu
entre 11 bilhões e 9 bilhões de anos atrás. A taxa atual é 30 vezes menor, e o declínio deve
continuar. Contudo, ao contrário do que acontece em grande número de galáxias, na Via
Láctea as estrelas continuam surgindo a um ritmo bastante bom.
Um novo estudo sobre o período de formação estelar mais intensa da história do Universo é
divulgado em março de 2013.

2012 (21 de novembro) – Astrônomos liderados por José Luis Ortiz (Instituto de
Astrofísica de Andalucía, CSIC, Espanha) publicam na Nature os resultados de observações
do planeta anão Makemake realizadas a partir de três telescópios localizados no Chile:
Very Large Telescope (VLT), New Technology Telescope (NTT) e TRAPPIST. Os dados
são obtidos quando o astro sofre uma ocultação estelar. A maneira abrupta como
Makemake ressurge após passar por trás da estrela NOMAD 1181-023572 leva os cientistas
a concluir que, ao contrário do que se pensava, o planeta anão não tem uma atmosfera
significativa (como a de Plutão, por exemplo). Ademais, são refinadas as medições do
diâmetro (1.430km), da massa (3 quintilhões de toneladas), da densidade (1,7g/cm3) e do
albedo (0,77).

2012 (28 de novembro) – Astrônomos liderados por Remco van den Bosch (Instituto Max
Planck de Astronomia, Heidelberg, Alemanha) publicam na Nature a descoberta, feita com
o telescópio Hobby-Eberly (Texas, EUA), de um buraco negro supermassivo na galáxia
NGC 1277, a 220 milhões de anos-luz da Terra, na constelação de Perseu. O objeto tem
diâmetro de 100 bilhões de km e massa equivalente a 17 bilhões de vezes a do Sol, o que
corresponde a 14% de toda a massa estelar da galáxia, algo nunca antes visto (o normal é
até 0,1%).

2012 (28 de novembro) – Uma equipe internacional de astrônomos publica no The


Astrophysical Journal Letters um estudo anunciando a detecção, pela primeira vez, de grãos
macroscópicos (da ordem de milímetros) e monóxido de carbono gasoso em torno de uma
anã marrom, ingredientes necessários para a formação de planetas rochosos. Utilizando o
ALMA (Atacama Large Millimeter/submillimeter Array), os cientistas encontram o
material em torno de ISO-Oph 12, anã marrom localizada na constelação do Serpentário, a
400 anos-luz da Terra.
Até este momento, acreditava-se que planetas rochosos não poderiam se formar ao redor de
anãs marrons, conceito que passa a ser revisto.

2012 (29 de novembro) – A NASA informa a descoberta, pela Messenger, de fortes


evidências da existência de água em estado sólido em crateras do polo norte de Mercúrio.
Apesar de ser o segundo planeta mais quente do Sistema Solar, a inclinação do eixo de
rotação mercuriano faz com que muitas crateras polares nunca recebam calor do Sol e
tenham temperaturas comparáveis às das luas geladas de Júpiter. E em algumas dessas
crateras, especialmente numa denominada Prokofiev, medições indicam a presença de gelo,
bem como de materiais orgânicos semelhantes aos encontrados em alguns asteroides e
cometas. Observações feitas a partir de telescópios terrestres já haviam sugerido que há
gelo nos polos de Mercúrio, mas essa é a primeira vez que se encontram evidências
verdadeiramente consistentes.

2012 (3 de dezembro) – A NASA anuncia os resultados da primeira análise ampla de uma


amostra de solo marciano realizada pelo Curiosity. Na amostra, composta de areia descrita
por um dos cientistas da missão como “mais áspera do que farinha e mais fina do que
açúcar”, são encontrados dióxido de carbono, oxigênio e dióxido de enxofre, além de uma
quantidade significativa de água.

2012 (3 de dezembro) – Cientistas da NASA anunciam, em entrevista coletiva, que a


Voyager 1 chegou a uma região até agora desconhecida da heliosfera. Nessa região,
descrita como uma “autoestrada magnética”, a pressão do meio interestelar empurra de
volta o campo magnético solar, ao mesmo tempo em que partículas provenientes do meio
interestelar entram no Sistema Solar. Os cientistas acreditam que esta seja a última etapa na
viagem da sonda rumo ao espaço interestelar. Conforme os pesquisadores, a Voyager 1
(que neste momento está a 18,5 bilhões de km do Sol) deverá sair do Sistema Solar num
prazo de dois meses a dois anos.

2012 (3 de dezembro) – Um estudo liderado por Emmanuel Marcq, do Laboratoire


Atmosphères, Milieux, Observations Spatiales, na França, sugere que pode haver atividade
vulcânica em Vênus. Uma evidência apontada é que, nos últimos seis anos, observações da
Venus Express revelaram grande mudança na quantidade de dióxido de enxofre na
atmosfera venusiana. Ademais, apesar de esse gás existir na atmosfera de Vênus em
proporções muito superiores às encontradas na atmosfera terrestre, ele se concentra abaixo
do denso sistema de nuvens do planeta, sendo destruído ao ultrapassá-las e entrar em
contato com a radiação solar. E a Venus Express encontrou dióxido de enxofre acima das
nuvens venusianas, o que indica formação recente. Há diversos vulcões conhecidos na
superfície de Vênus, e os cientistas tentam estabelecer se estão ativos (ao menos alguns
deles) ou não.

2012 (5 de dezembro) – Três estudos sobre resultados da missão Grail são apresentados na
conferência anual da American Geophysical Union, em San Francisco, e publicados na
versão on-line da revista Science. A descoberta mais surpreendente é a de que a crosta lunar
foi quase totalmente (98%) pulverizada no passado por impactos de asteroides e cometas. A
existência desses impactos é conhecida há muito, mas não se sabia que tinham ocorrido em
tais proporções. Outra descoberta é a espessura da crosta lunar: de 34 a 43km, entre 6 e
12km menos do que indicavam as estimativas disponíveis. Daí resulta que a composição da
Lua é bastante parecida com a da Terra, o que reforça a teoria de que nosso satélite foi
formado a partir de material terrestre arrancado após um grande impacto nos primórdios do
Sistema Solar.

2012 (13 de dezembro) – A Chang'e 2 sobrevoa o asteroide 4179 Toutatis à distância de


3,2km. No mesmo dia, imagens do sobrevoo são publicadas on-line.
Descoberto em 4 de janeiro de 1989 pelo astrônomo francês Christian Pollas, o astro tem
diâmetro de 4,5 x 2,4 x 1,9km, período orbital de 1469,3 dias (4,02 anos) e orbita o Sol à
distância média de 378,3 milhões de km. A massa estimada é de 50 bilhões de toneladas.
É a primeira vez que uma sonda chega a um asteroide partindo de um ponto de Lagrange. E
é também o primeiro sobrevoo de um asteroide por uma espaçonave chinesa.

2012 (17 de dezembro) – As sondas GRAIL são levadas pela NASA a cair na superfície
lunar. O impacto ocorre a 6.050km/h numa montanha próxima do polo norte da Lua. Ebb é
a primeira sonda a cair, seguida 30 segundos depois pela sonda Flow.
O local do impacto passa a se chamar Sally Ride, em homenagem à primeira estadunidense
(1951-2012) a ir ao espaço.

2013 (7 de janeiro) – Durante encontro da Sociedade Astronômica Americana (Long


Beach, Califórnia), o astrônomo Christopher Burke anuncia a detecção, pelo Kepler, de
mais 461 candidatos a exoplanetas, grande parte deles de dimensões semelhantes às da
Terra ou um pouco superiores. Com isso, o número de exoplanetas em potencial
descobertos pelo Kepler passa para 2.740, orbitando 2.036 estrelas.
Entre os candidatos apresentados neste anúncio destaca-se KOI-172.02, exoplaneta 50%
maior que a Terra e que está na zona habitável de uma estrela semelhante ao Sol. Completa
uma órbita em 242 dias, à distância média de 113 milhões de km.
Outro estudo, também baseado em dados do Kepler e liderado por François Fressin (Centro
Harvard-Smithsonian para Astrofísica), sugere que uma em cada seis estrelas da Via Láctea
abriga ao menos um planeta com tamanho até 25% superior ao da Terra em órbitas mais
próximas que a de Mercúrio em torno do Sol. Caso estejam corretos, esses dados indicam
que em nossa galáxia existem pelo menos 17 bilhões de planetas comparáveis à Terra, com
possibilidade de existirem várias dezenas de bilhões.

2013 (7 de janeiro) – Cientistas da universidade da Pensilvânia liderados por Mathias


Basner e David Dinges publicam na revista PNAS um estudo indicando que missões
espaciais prolongadas podem afetar os padrões de sono dos astronautas. Eles chegam a essa
conclusão com base no comportamento dos seis voluntários que, de junho de 2010 a
novembro de 2011, participaram do Projeto Marte-500, simulando uma viagem de ida e
volta ao planeta vermelho. À medida que a simulação progride, os participantes tornam-se
cada vez mais sedentários e passam mais tempo dormindo, além de demonstrar uma série
de perturbações do sono e de performance. Os cientistas sugerem que, em futuras missões
prolongadas, sejam regulados os horários de sono e de atividade física, a fim de que os
astronautas não sejam desviados do ciclo biológico de 24 horas mantido na Terra. Sugerem,
ainda, que as naves simulem condições geofísicas terrestres, como exposição à luz solar.
2013 (8 de janeiro) – Durante encontro da Sociedade Astronômica Americana (Long
Beach, Califórnia), astrônomos da Universidade de Berkeley (Califórnia) sugerem que
Fomalhaut b pode ser um exocometa, e não um exoplaneta, como se pensava.
Exocometas são cometas localizados fora do Sistema Solar. Conforme os pesquisadores,
exocometas podem ser importantes para a compreensão do processo de formação de
planetas.
Outros seis exocometas são anunciados por astrônomos que utilizam o Observatório
McDonald, no Texas.
Passa para dez o número de exocometas conhecidos.

2013 (11 de janeiro) – Astrônomos chefiados por Roger Clowes, do Instituto Jeremiah
Horrocks, da Universidade de Central Lancashire (Grã-Bretanha), publicam no Monthly
Notices of the Royal Astronomical Society a descoberta da maior estrutura já observada no
Universo. Trata-se de um grande grupo de quasares (LQG - large quasar group -, na sigla
em inglês), formado por 73 quasares, com diâmetro mínimo de 1,4 bilhão de anos-luz, mas
superior a 4 bilhões de anos-luz no ponto de extensão máxima.
Até este momento, pensava-se que o diâmetro-limite para uma estrutura do Universo fosse
inferior a 1,5 bilhão de anos-luz.

2013 (16 de janeiro) – A NASA e a ESA anunciam um acordo para uma missão não
tripulada em torno da Lua, a ser realizada em 2017. O acordo prevê uma cooperação em
que o Veículo de Transferência Automática (ATV, na sigla em inglês), da Europa, será
modificado para se tornar um módulo de serviço da cápsula espacial estadunidense Orion,
proporcionando propulsão, eletricidade e controle térmico, assim como água e outros
víveres, aos astronautas que voarão a bordo da nave espacial.
A NASA também prevê uma segunda missão conjunta à órbita da Lua em 2021, dessa vez
tripulada.

2013 (22 de janeiro) - A empresa estadunidense Deep Space Industries anuncia a intenção
de lançar uma frota de sondas para pesquisar e explorar minerais e outros recursos de
asteroides próximos da Terra. O cronograma prevê o envio ao espaço, a partir de 2015, de
pequenas sondas de 25kg denominadas "FireFlies" (vaga-lumes) para avaliar, em missões
de duas a seis semanas, alvos potencialmente promissores para a exploração de minerais.
Numa segunda fase, com início previsto para 2016, a empresa pretende lançar sondas mais
pesadas, de 32kg, as "Dragonflies" (libélulas), capazes de alcançar um asteroide e trazer de
volta à Terra amostras de 27 a 68kg durante uma viagem de dois a quatro anos.

2013 (28 de janeiro) – O Irã lança ao espaço um macaco e o recupera vivo, num voo
suborbital, a bordo de uma cápsula de 285kg denominada Pishgam (Pioneira).
O lançamento é programado para coincidir com o “Mawlid”, dia em que alguns
muçulmanos celebram o nascimento de Maomé (como o calendário islâmico é lunar, a data
correspondente no calendário gregoriano varia de ano para ano).
Em 31 de janeiro, é publicado um vídeo completo da missão da cápsula Pishgam, desde
antes do lançamento até a aterrissagem com o macaco são e salvo.
O acontecimento gera preocupação no Ocidente, porque a tecnologia balística de longo
alcance usada para levar satélites iranianos até a órbita pode, em tese, ser usada para
despachar ogivas nucleares em mísseis de longo alcance. A polêmica acerca da verdadeira
natureza do programa nuclear do Irã se arrasta há anos.

2013 (6 de fevereiro) – Astrônomos do Centro de Astrofísica da Universidade de Harvard


(CfA) liderados por Courtney Dressing divulgam um estudo segundo o qual 6% das anãs
vermelhas (as estrelas mais frequentes na Via Láctea) têm planetas com tamanho
semelhante ao da Terra e potencialmente habitáveis. Conforme os autores do estudo, feito
com base em exoplanetas descobertos pelo Kepler, pode haver um “irmão da Terra” a 13
anos-luz do nosso planeta, distância bastante inferior à imaginada anteriormente. Os
cientistas dizem ainda que, uma vez que as estrelas anãs são mais longevas do que o Sol,
planetas habitados em torno delas, e a própria vida neles, poderiam ser mais antigos que a
Terra.

2013 (6 de fevereiro) – Cientistas liderados por Eran Ofek, do Instituto Weizmann (Israel),
publicam na Nature um trabalho descrevendo uma erupção numa estrela pouco mais de um
mês antes de ela explodir como supernova. Já se acreditava na existência dessas erupções,
mas esse é o primeiro registro. Utilizando dados do Palomar Transient Factory (PTF), que
busca por supernovas tipo II no céu, os pesquisadores descobrem que uma estrela distante
500 milhões de anos-luz, localizada na constelação de Hércules, ejetou ao espaço material
equivalente a cem massas solares, numa concha que se expandiu a 2.000km/s, quarenta dias
antes de se transformar na supernova SN2010mc.

2013 (9 de fevereiro) – O Curiosity completa a primeira perfuração de uma rocha marciana


(e de qualquer planeta do Sistema Solar). O buraco tem 1,6cm de largura e 6,4cm de
profundidade, e o material colhido é de coloração diferente daqela do solo de Marte.
A NASA dá a esta rocha o nome de John Klein, em memória do vice-gerente de projetos do
Mars Science Laboratory, morto em 2011.
Os resultados da análise dessas amostras são divulgados pela NASA em 12 de março.

2013 (14 de fevereiro) – O LHC é desligado para um longo período de manutenção.


Posteriormente, será preparado para produzir colisões a energias bem mais altas do que as
obtidas até o momento.
A previsão é de que seja religado em 2015.

2013 (15 de fevereiro) – Um asteroide de 10.000t e medindo entre 17 e 20m entra na


atmosfera terrestre a aproximadamente 66.960km/h e explode 23,3km acima de
Chelyabinsk (a leste dos Montes Urais, 210km ao sul de Yekaterimburgo, Rússia), gerando
grande número de fragmentos de meteoritos e uma onda de choque que danifica 7.200
construções em seis cidades e deixa 1.491 feridos (incluindo 311 crianças), sobretudo em
decorrência de estilhaços de vidros de janelas quebradas. Conforme autoridades russas, 112
pessoas são hospitalizadas, sendo duas em estado grave. A explosão ocorre às 9h20min
(hora local, 1h20min de Brasília) e libera energia equivalente à de 30 bombas atômicas de
Hiroshima, constituindo o maior impacto registrado na atmosfera desde o evento de
Tunguska, em 1908, e o primeiro evento desse tipo que resulta em um grande número de
feridos. A onda de choque, que chega à superfície pouco mais de dois minutos depois da
explosão, é registrada como um sismo de magnitude 2,7. O meteoroide gera um clarão mais
brilhante que o sol nascente. Logo após a onda de choque, serviços de telefonia celular são
interrompidos, e alarmes de automóveis começam a soar. As aulas são suspensas em
Chelyabinsk, principalmente por causa de vidraças quebradas (a temperatura na região
neste dia é de -15°C).
Ao longo dos meses seguintes, diversos fragmentos são encontrados, o maior deles com
4,74kg. Em 16 de outubro, um meteorito de 654kg é retirado do fundo do Lago Chebarkul
por mergulhadores russos. A análise desse meteorito permitirá determinar com mais
precisão a composição e as dimensões do asteroide que explodiu acima de Chelyabinsk.

2013 (15 de fevereiro) – O asteroide 2012 DA14, com 30m de diâmetro e pesando 40.000t,
passa a 27.743km da Terra, a maior aproximação já registrada para um objeto com essas
dimensões. O asteroide, descoberto em 23 de fevereiro de 2012 no Observatório La Sagra
(Granada, Espanha), chega à distância mínima da Terra (inferior àquela em que orbitam os
satélites geoestacionários) às 17h25min (hora de Brasília), e a influência gravitacional
terrestre reduz o período orbital do astro em torno do Sol de 368 dias para 317 dias. A
passagem não é visível a olho nu (magnitude aparente 7,2), e o melhor ponto de observação
é a Indonésia (o fenômeno também pode ser observado da Ásia continental, da Europa
Ocidental e da Austrália).
Contrariamente a algumas especulações, não há relação alguma entre a aproximação deste
asteroide e a explosão do meteoroide de Chelyabinsk, ocorrida dezesseis horas antes.
Em fevereiro de 2046, o 2012 DA14 passará a 2.100.000km da Terra, sendo esta a próxima
passagem do astro digna de nota.

2013 (20 de fevereiro) – É divulgada a descoberta de Kepler-37b, o menor exoplaneta já


encontrado, com diâmetro de 3.865km (inferior ao de Mercúrio) e massa um pouco
superior à da Lua. De acordo com a NASA, o planeta provavelmente não tem atmosfera. A
temperatura superficial é de 425°C, e supõe-se que a composição seja rochosa.
Completa uma órbita em torno de sua estrela, Kepler-37, anã amarela localizada na
constelação da Lira e distante 215 anos-luz, em 13,37 dias, à distância média de 15 milhões
de km.
Kepler-37b é o mais interno dos três planetas encontrados nesse sistema, e Kepler-37c
também é menor que a Terra (diâmetro de 9.500km).

2013 (25 de fevereiro) – É lançado o NEOSSat (Near Earth Object Surveillance Satellite,
“Satélite de Vigilância de Objetos Próximos à Terra”), telescópio dedicado especificamente
à busca de asteroides desenvolvido pela Agência Espacial do Canadá. Colocado numa
órbita a 800km de altitude, pode operar o dia inteiro (os telescópios terrestres são
operacionais apenas durante a noite). O NEOSSat está programado para detectar asteroides
com diâmetros a partir de algumas dezenas de metros, o que deixa de fora objetos como o
que atingiu a Rússia em 15 de fevereiro.

2013 (6 de março) – A sonda Messenger completa o mapeamento de 100% da superfície de


Mercúrio. Nos anos 1970, a Mariner 10 havia mapeado 45%.

2013 (8 de março) - Kevin Luhman (Pennsylvania State University) anuncia a descoberta


de WISE 1049-5319, sistema binário de anãs marrons localizado na constelação da Vela.
Distante 6,6 anos-luz, o sistema é o mais próximo da Terra encontrado desde 1916 (Estrela
de Barnard). Trata-se das anãs marrons mais próximas conhecidas. Os dois componentes
completam uma órbita em torno do baricentro em aproximadamente 25 anos e distam um
do outro cerca de 450 milhões de km.

2013 (12 de março) – São divulgados resultados da análise do material extraído da rocha
marciana Johm Klein, perfurada pelo Curiosity em fevereiro. Nas amostras existem
enxofre, nitrogênio, hidrogênio, oxigênio, fósforo e
carbono, ingredientes químicos essenciais para a vida. De acordo com a NASA, essa é uma
forte evidência de que Marte pode ter tido, no passado, condições para abrigar vida, ao
menos microbiana.

2013 (13 de março) – Ocorre a cerimônia de inauguração do ALMA ( Atacama Large


Millimeter/submillimeter Array), localizado a 5.059m de altitude no Planalto de
Chajnantor, no deserto de Atacama, 50km a leste da cidade de San Pedro de Atacama, norte
do Chile. A solenidade conta com a participação do presidente chileno, Sebastián Piñera, e
de autoridades de diversos países.
O ALMA é um gigantesco radiotelescópio formado por 66 antenas móveis, 54 com 7m e 12
com 12m de diâmetro, capazes de percorrer no deserto distâncias entre 150m e 16km,
possibilitando grande variedade de configurações interferométricas, que podem ser usadas
de acordo com as características das observações pretendidas. Cada antena é um bloco de
aço e fibra de carbono de 100t. As 66 antenas podem funcionar em conjunto, formando o
maior radiotelescópio em atividade no mundo, capaz de operar em comprimentos de onda
de 0,3 a 9,6mm.
O projeto ALMA é uma associação entre Europa, EUA, Canadá, Japão e Chile.

2013 (14 de março) – Uma equipe internacional liderada por Joaquin Vieira (California
Institute of Technology, EUA) publica na Nature e no Astrophysical Journal uma série de
artigos postulando que o período de formação estelar mais intensa da história do Universo
ocorreu há 12 bilhões de anos, 1 bilhão de anos mais cedo do que se pensava. Neste
trabalho, realizado a partir do estudo de 26 galáxias brilhantes de grande massa do
Universo primordial efetuado com a ajuda do radiotelescópio ALMA, é descrita também a
detecção de moléculas de água em pelo menos uma dessas galáxias, o que significa que já
existia água quando o Cosmos tinha 1,8 bilhão de anos ou menos.

2013 (14 de março) – A ESA e a Roskosmos assinam um acordo para o desenvolvimento


da missão ExoMars (Exobiology on Mars), que consistirá de duas sondas, a serem lançadas
em 2016 e 2018, para estudar Marte e trazer à Terra amostras do planeta.
A parceira inicial da ESA era a NASA, que deixou o projeto em fevereiro de 2012 devido a
restrições orçamentárias.

2013 (14 de março) – O CERN divulga um comunicado no qual afirma ser extremamente
elevada a possibilidade de que a partícula descoberta no LHC e anunciada em julho de
2012 seja, de fato, o bóson de Higgs.

2013 (20 de março) – Jeff Bezos, fundador da Amazon, anuncia ter recuperado do fundo do
Oceano Atlântico (4.267m de profundidade) grande número de componentes de motores
F-1 de foguetes Saturno V, utilizados para levar naves Apollo à Lua. Bezos acredita ter
conseguido recuperar, numa expedição de três semanas, peças suficientes para reconstruir
dois dos 65 motores F-1 lançados entre 1967 e 1973. O projeto original era retirar do mar
especificamente motores da Apollo 11, mas os números de série de grande parte das peças
já não existem, o que tornará muito difícil a identificação.
Em 25 de março, 11,34t de componentes de motores chegam ao Kansas Cosmosphere and
Space Center (Hutchinson, Kansas), onde serão submetidos a um cuidadoso processo de
restauração.
Em 19 de julho, a empresa Bezos Expeditions confirma que ao menos um dos motores
resgatados é da Apollo 11. A identificação é possível pelo número de série 2044,
encontrado abaixo de camadas de metal corroído.

2013 (21 de março) – Numa coletiva de imprensa em Paris, o diretor-geral da ESA, Jean-
Jacques Dordain, apresenta o primeiro mapa da radiação cósmica de fundo em micro-ondas
de todo o céu, elaborado a partir de dados fornecidos pelo telescópio espacial Planck. O
mapa mostra o Universo tal como ele era 380.000 anos depois do Big Bang, quando a
temperatura era de 3.000°C. Segundo os cientistas, antes disso a temperatura era tão
elevada que não havia emissão de fótons (partículas elementares constituintes da luz). O
mapa do Planck revela, portanto, traços fósseis da primeira luz surgida no Universo.
De acordo com os dados divulgados, o universo tem 13,798 bilhões de anos (50 milhões de
anos a mais do que se pensava) e contém 4,9% de matéria ordinária, 26,8% de matéria
escura e 68,3% de energia escura (os valores anteriormente aceitos eram, respectivamente,
4,5%, 22,7% e 72,8%). Também é revisto o valor para a constante de Hubble:
68,80km/s/megaparsec (valor anteriormente aceito: 74). Isso significa que, embora o
Universo esteja em expansão acelerada, a velocidade dessa expansão é um pouco menor do
que se supunha.
É oportuno registrar aqui outras propriedades do Universo observável, de acordo com os
conhecimentos cosmológicos mais recentes. Número estimado de galáxias: pelo menos 170
bilhões; diâmetro: 93 bilhões de anos-luz, ou 880 sextilhões de km (de acordo com a Teoria
da Relatividade, dois pontos muito distantes entre si podem se afastar a velocidades
superiores à da luz num espaço em expansão); volume: 360 Duovigintilhões de km3 (1
Duovigintilhão = 1 seguido de 69 zeros); massa: 3,35 Septendecilhões de kg (1
Septendecilhão = 1 seguido de 54 zeros); densidade média: 9,9 gramas de matéria por
quatrilhão de km3 (1 átomo de hidrogênio para cada 4m3); número total de átomos: 94
Quinquavigintilhões (1 Quinquavigintilhão = 1 seguido de 78 zeros).

2013 (22 de março) – Durante a 44ª Conferência de Ciência Lunar E Planetária, Anthony
Irving (University of Washington) anuncia a descoberta do primeiro meteorito originário de
Mercúrio, denominado Northwest Africa 7325 (NWA 7325). Trata-se de 35 fragmentos
pesando, no total, 345g, encontrados (2012) em Erfoud, Marrocos. Acredita-se que a idade
do material constituinte do meteorito seja de 4,56 bilhões de anos.

2013 (28 de março) – A Soyuz TMA-08M se acopla à ISS depois de um voo de menos de
seis horas (até agora eram necessários dois dias). O lançamento, de Baikonur
(Cazaquistão), ocorre às 17h43min (ora de Brasília), e a acoplagem, às 11h28min. Isso é
possível devido a melhorias tecnológicas nas naves Progress e Soyuz, que passam a
permitir a acoplagem depois de quatro órbitas em torno da Terra, quando antes eram
precisas 34 órbitas. O primeiro teste (bem-sucedido) dessa trajetória reduzida foi realizado
com a Progress M-16M, lançada em 1º de agosto de 2012. A redução do tempo de voo
também permite levar a bordo materiais biológicos para realizar experimentos na ISS, o que
as naves Soyuz não podiam fazer até então.
A tripulação é formada por dois russos e um estadunidense: Pavel Vinogradov -
comandante -, Alexander Misurkin - engenheiro de voo – e Christopher Cassidy -
engenheiro de voo. Eles fazem parte da Expedição 35 e se juntam ao canadense Chris
Hadfield, ao russo Roman Romanenko e ao estadunidense Tom Marshburn, que estão na
ISS.
A aterrissagem ocorre em 11 de setembro de 2013.

2013 (3 de abril) – Cientistas do CERN liderados por Samuel Ting publicam na Physical
Review Letters um artigo sugerindo que o Espectrômetro Magnético Alfa (AMS, na sigla
em inglês) pode ter encontrado os primeiros indícios diretos de matéria escura. O anúncio
se baseia na detecção de grande quantidade de pósitrons, partículas subatômicas com carga
positiva, a contraparte do elétron (por isso chamados também de antielétrons), compatíveis
com a aniquilação de partículas de matéria escura no espaço. Dos 25 bilhões de eventos de
raios cósmicos detectados pelo AMS, 6,8 milhões correspondem a elétrons e pósitrons.
Contudo, mais pesquisa será necessária para determinar se os pósitrons observados são
constituintes de matéria escura ou se têm outra origem.

2013 (10 de abril) – A NASA anuncia um projeto para rebocar um pequeno asteroide até a
órbita da Lua e enviar astronautas para estudá-lo ali. A agência espacial acredita que é
possível capturar um asteroide de 500t e trazê-lo para que possa ser estudado e
cientificamente explorado por humanos até 2025.

2013 (18 de abril) – Cientistas da missão Kepler publicam na Science um artigo divulgando
a descoberta de mais dois exoplanetas em zonas habitáveis. Kepler-62e e Kepler-62f são
dois dos cinco planetas conhecidos do sistema de Kepler-62, estrela da constelação de Lira,
menor e mais fria que o Sol, distante 1.200 anos-luz da Terra. Kepler-62e tem raio 61%
superior ao terrestre e completa uma órbita em 122,39 dias, à distância média de 64 milhões
de km da estrela. Kepler-62f, com raio equivalente a 1,41 raio terrestre, completa uma
órbita, à distância média de 107,4 milhões de km, em 267,3 dias. Segundo os cientistas, as
características dos dois exoplanetas permitem considerar a possibilidade de que sejam
rochosos e tenham água líquida na superfície.

2013 (22 de abril) - A empresa Mars One, fundada pelo holandês Bas Lansdorp com o
objetivo de estabelecer uma colônia humana permanente em Marte a partir de 2025, dá
início a um processo de seleção que, em diversas etapas, pretende escolher 24 pessoas para
serem enviadas, em equipes de quatro, com intervalos de dois anos, em viagens só de ida
para o planeta vermelho. Nessa primeira fase, cujos números são divulgados em 9 de
setembro, 202.586 voluntários se inscrevem, dos quais 10.289 são brasileiros. A Mars One
calcula que serão necessários 6 bilhões de dólares para financiar o projeto, dinheiro que a
empresa acredita poder obter por meio de doações, cotas de patrocínio e um reality show
que deverá transmitir a viagem e o estabelecimento dos colonos no planeta vizinho.
É grande o ceticismo da comunidade científica relativamente á viabilidade técnica do
empreendimento.

2013 (25 de abril) – uma equipe internacional de cientistas publica na Science um estudo
estabelecendo em 6.000°C (com margem de erro de 500°C) a temperatura do núcleo
interno sólido da Terra. Para chegar a esse valor, diversos experimentos e medições são
realizados no European Synchrotron Radiation Facility (França). De acordo com esse
trabalho, o núcleo interno da Terra é tão quente quanto a superfície do Sol e 1.000°C mais
quente do que se pensava. Esses valores são mais compatíveis com o campo magnético
terrestre, que é gerado a partir da rotação do planeta e da diferença de temperaturas do
núcleo e do manto
A pressão no centro da Terra é de 3,3 milhões de atmosferas.

2013 (29 de abril) – A ESA anuncia o fim da missão do telescópio espacial Herschel
(lançado em 14 de maio de 2009), devido ao esgotamento das reservas de hélio líquido,
necessário para refrigerar os seus instrumentos a -271°C, temperatura em que eram feitas as
observações. Entre os principais resultados da missão Herschel estão a observação em
detalhes nunca antes vistos dos processos de formação de estrelas e galáxias e a detecção de
água em quantidades significativas em várias regiões do Universo.
O telescópio espacial Herschel é colocado em órbita solar.

2013 (17 de maio) – A NASA anuncia o impacto de uma rocha de 30cm de diâmetro e
40kg contra a superfície da Lua, a uma velocidade ligeiramente superior a 90.000km/h. O
impacto, ocorrido em 17 de março, gera um clarão quase dez vezes mais brilhante do que
qualquer um dos mais de trezentos choques registrados desde o início, em 2005, do
monitoramento de choques de meteoritos na Lua realizado pela NASA. A agência espacial
estadunidense informa ainda que o fenômeno foi visível da Terra a olho nu.

2013 (30 de maio) – A revista Meteoritics & Planetary Science publica um artigo
confirmando a hipótese (levantada em 1928) de que os egípcios antigos usavam ferro
proveniente de meteoritos na confecção de joias. A análise de um colar de 5.300 anos
encontrado (1911) no cemitério de Gerzeh, 70km ao sul do Cairo, revela a presença de
estruturas de cristal existentes exclusivamente em meteoritos. Segundo os pesquisadores, o
colar foi fabricado mais de dois milênios antes das primeiras evidências do derretimento de
ferro, que datam do século VI a.C. Para isso, os egípcios martelaram um pedaço de ferro de
um meteorito até transformá-lo numa pequena placa, que depois foi embutida no colar.
De acordo com Joyce Tyldesley, egiptóloga da Universidade de Manchester, “O céu era
muito importante para os antigos egípcios, então algo que cai do céu era considerado um
presente dos deuses”. Isso confere às joias feitas com meteoritos um caráter sagrado.

2013 (30 de maio) – Pesquisadores liderados por Cary Zeitlin (Instituto de Pesquisas
Southwest, EUA) divulgam na Science um estudo afirmando que uma viagem a Marte
exporia os astronautas a uma quantidade de radiação próxima à que pode ser absorvida com
segurança ao longo da vida inteira. Os cientistas chegam a esta conclusão por meio da
análise da radiação recebida pelo Mars Science Laboratory durante os 253 dias de viagem
do Curiosity a Marte.

2013 (11 de junho) – É lançada a Shenzhou 10, quinta missão tripulada do programa
espacial da China e a terceira enviada ao módulo orbital Tiangong-1. A tripulação é
formada por Nie Haisheng – comandante -, Zhang Xiaoguang – piloto - e Wang Yaping –
segunda mulher chinesa no espaço.
Em 20 de junho, Wang Yaping dá uma aula de física para 60 milhões de crianças, com
experimentos que demonstram os efeitos da falta de gravidade no espaço.
A Shenzhou recebe ampla cobertura da imprensa oficial chinesa, e o presidente Xi Jinping
é filmado conversando com os taikonautas.
A aterrissagem ocorre em 26 de junho às 08h07min, hora local (23h07min do dia 25 em
Brasília), configurando a missão tripulada mais longa da China até o momento
(14d22h29min).
É a última missão de uma nave Shenzhou ao módulo orbital Tiangong-1.

2013 (18 de junho) – Astrônomos utilizando o telescópio Pan-STARRS-1 (Havaí)


descobrem o asteroide 2013 MZ5, com diâmetro de aproximadamente 300m. Este é um
objeto próximo da Terra, o de número 10.000 conhecido.
Objeto próximo da Terra (NEO - Near-Earth object -, na sigla em inglês) é um asteroide ou
cometa que orbita o Sol a distâncias inferiores a 195 milhões de km e que se aproxima da
Terra a 45 milhões de km ou menos. A NASA acredita que existam 25.000 deles com
diâmetro superior a 100m.

2013 (19 de junho) – Uma equipe liderada por Bernard Wood (universidade de Oxford)
publica na Nature um estudo sugerindo que a atmosfera de Marte era rica em oxigênio há 4
bilhões de anos (1,5 bilhão de anos antes de o gás surgir na atmosfera da Terra). De acordo
com os pesquisadores, isso explica a grande diferença de composição química entre
meteoritos marcianos que atingiram a Terra e rochas da superfície de Marte da cratera
Gusev, estudadas pelo Spirit. A quantidade de níquel nas rochas é inversamente
proporcional à quantidade de oxigênio na atmosfera, e os meteoritos marcianos analisados
até agora, com idades que variam entre 180 milhões e 1,4 bilhão de anos, têm cinco vezes
mais níquel que as rochas da cratera Gusev, muito mais antigas: pelo menos 3,7 bilhões de
anos.

2013 (20 de junho) – Uma equipe internacional liderada por Sebastian Hönig (University of
California Santa Barbara, EUA, e Christian-Albrechts-Universität zu Kiel, Alemanha),
publica no Astrophysical Journal um trabalho descrevendo a descoberta de que nem toda a
poeira ao redor de um buraco negro é sugada por ele. De acordo com os cientistas, quando
um buraco negro absorve poeira cósmica circundante, gera radiação que, além de aquecer a
poeira que está sendo sugada até temperaturas que vão de 700 a 1.000°C, produz um vento
frio que empurra parte dela para o meio interestelar. Não se conhece ainda o mecanismo
que produz esses dois efeitos contrários. A pesquisa é realizada com o auxílio do
Interferômetro do VLT (Very Large Telescope), utilizado para estudar o buraco negro
central de NGC 3783, galáxia da Constelação do Centauro que tem um núcleo ativo.

2013 (24 de junho) – A Agência Espacial Francesa (CNES) anuncia o fim da missão do
telescópio espacial Corot, cuja altitude da órbita será diminuída para que ele queime na
atmosfera superior. Uma falha nos computadores do telescópio, ocorrida em 2 de novembro
de 2012, torna impossível coletar mais dados observacionais. Ao longo de quase seis anos,
o Corot descobre diversos exoplanetas e ajuda os astrônomos a entender melhor a física das
estrelas, fornecendo detalhes inéditos sobre sismologia estelar.

2013 (25 de junho) – Astrônomos liderados por Guillem Anglada-Escudé (Universidade de


Göttingen, Alemanha) e Mikko Tuomi (Universidade de Hertfordshire, Reino Unido)
divulgam um estudo (a ser publicado no Astronomy & Astrophysics) estabelecendo que em
torno da estrela Gliese 667 C orbitam pelo menos seis (talvez sete) planetas (conheciam-se
três, anunciados em fevereiro de 2012). Dos planetas deste sistema, três (Gliese 667 Cc, Cf
e Ce) são superterras e estão na zona habitável. É a primeira vez que três planetas são
descobertos na zona habitável de uma estrela que não o Sol. Os resultados deste estudo são
obtidos analisando dados fornecidos pelo espectrógrafo HARPS, localizado no Chile.
Gliese 667 C é uma anã vermelha integrante de um sistema estelar triplo localizado a 22
anos-luz da terra, na constelação de Escorpião. Com cerca de um terço da massa do Sol e
luminosidade equivalente a 1,4% da solar, é o menor dos três componentes do sistema
Gliese 667.

2013 (27 de junho) – É lançada a sonda estadunidense IRIS (Interface Region Imaging
Spectrograph), com o objetivo de estudar, em ultravioleta, a atmosfera do Sol,
principalmente a cromosfera. A duração prevista da missão é de dois anos. Com massa de
183kg, a IRIS é colocada em órbita terrestre, com perigeu de 620km e apogeu de 670km.

2013 (2 de julho) – A União Astronõmica Internacional anuncia que Kerberos e Estige


passam a ser os nomes oficiais, respectivamente, do quarto e do quinto satélites de Plutão,
descobertos em 2011 e 2012. Os nomes são escolhidos por meio de uma votação on-line
com mais de 450.000 participantes organizada pelo Instituto Seti (Califórnia). O mais
votado, Vulcano, não é referendado pela UAI porque esta denominação não tem relação
mitológica com Plutão: está associada ao planeta hipotético que se pensava existir (século
XIX) entre Mercúrio e o Sol. Vulcano também é o planeta natal do personagem Spock, da
série Star Trek (Jornada nas Estrelas)Cérbero e Estige ficam em segundo e terceiro lugares
na votação.
Na mitologia grega, Cérbero é um cão de várias cabeças (usualmente três), com uma
serpente no lugar da cauda, guardião da porta do Hades (o inferno, morada subterrânea dos
mortos) para impedir que os vivos entrem e os mortos saiam. É capturado por Hércules no
último dos seus doze trabalhos. Como já existe um asteroide com o nome latino de Cérbero
(1865 Cerberus), a UAI adota na nomenclatura a forma grega: Kerberos.
Estige é um dos rios infernais, localizado no limite entre a Terra e o Hades. Estige é
também uma ninfa, filha de Oceano e de Tétis.

2013 (10 de julho) – A NASA divulga dados da sonda Ibex que revelam o registro de uma
“cauda” do Sistema Solar. Trata-se de um prolongamento da heliosfera (heliocauda)
causado pela junção de partículas emitidas pelo Sol com o fluxo gerado pelo deslocamento
da nossa estrela na Via Láctea. Essas partículas ficam para trás e formam o prolongamento,
que indica a direção do movimento solar na Galáxia.
Essa “cauda” era prevista teoricamente, mas só agora é observada.

2013 (15 de julho) Mark Showalter (SETI Institute) anuncia a descoberta, feita em 1º de
julho, do décimo quarto satélite conhecido de Netuno, que recebe o nome provisório de
S/2004 N 1.
Diâmetro estimado: 19km; período orbital: 0,936 dia (22h28min); distância média do
planeta: 105.283km.
É a menor das luas já identificadas de Netuno, e o brilho, muito fraco (magnitude aparente
26,5), é 100 milhões de vezes inferior ao das estrelas mais débeis visíveis a olho nu. A
descoberta é realizada a partir de imagens obtidas pelo telescópio Hubble entre 2004 e
2009.
Passa para 173 o número de satélites naturais conhecidos orbitando planetas do Sistema
Solar. Conhecem-se também oito satélites em torno de planetas anões.

2013 (17 de julho) – Astrônomos liderados por Stefan Gillessen (Instituto Max Planck de
Física Extraterrestre, Garching, Alemanha), divulgam os resultados de observações, feitas
com o Very Large Telescope, da passagem de uma nuvem de gás com várias vezes a massa
da Terra nas proximidades de Sagittarius A*, buraco negro localizado no centro da Via
Láctea. A nuvem, enormemente esticada pela força gravitacional do buraco negro, oferece
uma oportunidade sem precedentes de estudar a região central da nossa galáxia e o modo
como buracos negros interagem com a matéria em torno deles.

2013 (18 de julho) – Astrônomos liderados por Chunhua Qi (Harvard-Smithsonian Center


for Astrophysics, Cambridge, EUA) publicam na revista Science Express um artigo sobre a
primeira detecção de linhas de neve fora do Sistema Solar, a partir de dados do ALMA. Na
Terra, as linhas de neve se formam a altitudes elevadas, onde as temperaturas baixas
transformam a umidade do ar em neve (são visíveis nos picos das montanhas). as linhas de
neve espaciais se formam em regiões frias em torno de estrelas jovens, rodeadas por um
disco de poeira (no caso, TW Hydrae, Constelação da Hidra, distante 176 anos-luz). A
partir de certa distância da estrela, o calor emitido pelo astro diminui, fazendo com que
algumas substâncias no disco se congelem. Partindo da estrela em direção ao exterior, a
água é a primeira a congelar. Depois, com a diminuição da temperatura, também moléculas
mais complexas congelam: dióxido de carbono, metano, monóxido de carbono. Esses
diferentes tipos de neve desempenham um papel importante na formação dos planetas,
porque envolvem os grãos de poeira com uma camada exterior pegajosa, o que permite que
não se quebrem durante as colisões e constituam blocos maiores, os quais são componentes
essenciais de planetas e cometas.

2013 (2 de agosto) – Pesquisadores liderados por Ignacio Ferrin (Universidade de


Antioquia, Colômbia) anunciam a descoberta de um “cemitério” de cometas no Cinturão de
Asteroides. A descoberta é possível porque, nos últimos anos, doze cometas da região
voltaram à ativa, após terem permanecido adormecidos por milhares, talvez milhões de
anos. Por isso, os cientistas colombianos os chamam de “cometas de Lázaro”, em alusão ao
personagem bíblico ressuscitado por Jesus.
Diferentemente dos asteroides, que são objetos rochosos, os cometas são compostos por
uma mistura de gelo e poeira. Ao se aproximarem do Sol, o aumento do calor faz com que
gás e poeira se desprendam da superfície e sejam empurrados para trás pelo vento solar,
formando as caudas características dos cometas. Esses doze cometas que ressurgiram
tiveram suas órbitas desviadas pelo campo gravitacional de Júpiter, razão por que se
aproximaram do Sol.
Os cientistas acreditam que no Cinturão de Asteroides haja um número muito maior de
cometas temporariamente inativos.
Até agora, pensava-se que os cometas do Sistema Solar se originavam apenas no Cinturão
de Kuiper e na Nuvem de Oort.

2013 (3 de agosto) – O veículo de abastecimento japonês Kounotori 4 (ou HTV-4) é


lançado para a ISS, à qual se acopla em 9 de agosto. Transporta um total de 5,4t de
suprimentos diversos para a estação (sendo 3,9t de carga pressurizada).
Nesta missão está incluído Kirobo, o primeiro robô-astronauta do Japão. Com 34cm de
altura e pesando cerca de 1kg, é dotado de tecnologia de voz (fala japonês) e de
reconhecimento facial. Desenvolvido conjuntamente pela Universidade de Tóquio, a
Toyota Motor e a Dentsu (uma agência de publicidade), é projetado para navegar em
gravidade zero. O robô está programado para auxiliar em algumas tarefas o astronauta
Koichi Wakata, que viaja ao espaço em novembro a bordo de uma nave Soyuz e será o
primeiro comandante japonês da ISS. A ideia é testar até que ponto humanos e robôs
podem trabalhar juntos no espaço.
O nome Kirobo é uma junção das palavras “kibo”, que significa “esperança” em japonês, e
“robô”.

2013 (6 de agosto) – O Curiosity completa um ano em Marte, tendo encontrado sinais de


evidência de vida passada no planeta e coletado rochas marcianas para analisar.
Números do Curiosity neste primeiro ano – Dados enviados à Terra: 190 Gigabytes,
equivalentes à capacidade de 40.000 DVDs; imagens realizadas: 36.700 completas e 35.000
em miniatura; mais de 75.000 jatos de laser disparados, em 2.000 alvos diferentes; distância
percorrida no solo marciano: 1,6km.

2013 (8 de agosto) – Uma equipe internacional de astrônomos anuncia a descoberta de um


exoplaneta que desafia a teoria mais aceita sobre formação de planetas gigantes.
Denominado GJ 504b, o astro, aproximadamente do tamanho de Júpiter e com massa
quatro vezes maior, orbita uma estrela semelhante ao Sol da constelação de Virgem,
distante 57 anos-luz. Segundo a teoria de acreção de núcleo, planetas como Júpiter e GJ
504b se formam no disco de gás existente em torno de estrelas jovens como GJ 504, que
tem idade estimada de 160 milhões de anos. Colisões de cometas e asteroides formam um
núcleo que, ao atingir determinado tamanho, passa a atrair para si o gás desse disco e dá
origem a planetas. Contudo, essa teoria funciona apenas para distâncias da estrela inferiores
ou semelhantes à que separa Netuno do Sol (4,5 bilhões de km), mas o GJ 504b está 2
bilhões de km mais longe. A descoberta é realizada graças a dados do Telescópio Subaru,
localizado no Havaí.

2013 (15 de agosto) – A NASA anuncia que o telescópio Kepler não tem mais capacidade
para procurar por exoplanetas utilizando o método do trânsito planetário, como vinha
fazendo até o momento. Com a perda definitiva da segunda de suas quatro rodas de reação
(a primeira deixou de funcionar em julho de 2012, o Kepler já não é mais capaz de se
movimentar e apontar adequadamente para as estrelas, uma vez que para isso são
necessárias três rodas. Ao longo de três meses, desde 11 de maio, são feitas todas as
tentativas possíveis para recuperar uma das duas rodas danificadas, mas os esforços são
inúteis. A NASA tenta encontrar outras funções para o Kepler, tendo solicitado à
comunidade científica sugestões de usos para o telescópio.
Os dados coletados pelo Kepler desde 2009 continuarão sendo analisados pelos cientistas,
tarefa que levará anos para ser concluída. Até o momento, pode-se atribuir ao Kepler a
descoberta de 134 exoplanetas confirmados, orbitando 76 estrelas diferentes, além de 3.277
candidatos a exoplanetas. Esses números são muito superiores aos de qualquer outro
telescópio já utilizado para descobrir planetas fora do Sistema Solar.
2013 (21 de agosto) - A NASA anuncia a reativação do telescópio Wise para uma nova
missão de três anos, a começar em setembro. Os objetivos são procurar por asteroides cujas
órbitas podem levar a colisões com a Terra e identificar asteroides que possam ser
interceptados por uma nave espacial e redirecionados para orbitar a Lua, a fim de serem
diretamente estudados por astronautas.

2013 (29 de agosto) – Um estudo liderado por Mike Alexandersen e publicado na Science
identifica 2011 QF99 como o primeiro asteroide troiano conhecido de Urano. Descoberto
em 2011 durante uma pesquisa de objetos transnetunianos realizada com o telescópio
Canada-France-Hawaii, o asteroide tem aproximadamente 60km de diâmetro e é um
centauro capturado por Urano há algumas centenas de milhares de anos. Acredita-se que
dentro de aproximadamente 1 milhão de anos deixará a órbita do planeta e voltará a ser um
centauro. Trata-se, portanto, de um asteroide troiano temporário.

2013 (7 de setembro) – É lançada a sonda estadunidense LADEE - Lunar Atmosphere and


Dust Environment Explorer (Explorador de Atmosfera e Poeira Lunar) -, cujo objetivo é
estudar a tênue atmosfera da Lua (tão tênue que grande número de cientistas prefere chamá-
la de exosfera). Nessa região, as moléculas são tão esparsas que não interagem. Os
pesquisadores pretendem descobrir se existe poeira nas camadas superiores da exosfera
lunar, poeira essa que poderia ser a explicação para o aumento de brilho observado
no horizonte pouco antes do nascer do Sol por astronautas das missões Apollo, fenômeno
semelhante à aurora boreal, esboçado num caderno por Eugene Cernan, comandante da
Apollo 17.
A LADEE deve testar também um novo sistema de comunicação via laser com alta taxa de
transferência de dados, o qual, se bem-sucedido, pode melhorar em até seis vezes a
comunicação entre satélites e suas bases na Terra.
Com massa de 383kg, a LADEE tem uma missão planejada para durar cem dias após a
inserção na órbita lunar, que ocorre em 6 de outubro.
2013 (12 de setembro) – A NASA anuncia que a Voyager 1 saiu da heliopausa e entrou no
espaço interestelar em agosto de 2012, tornando-se o primeiro objeto fabricado pelo
homem a deixar o Sistema Solar. A data exata apontada é 25 de agosto, porque nesse dia
tem início um aumento durável na densidade das partículas energéticas captadas pela
sonda, o que indica que ela não está mais na região do espaço sob domínio do Sol.
Neste momento, a Voyager 1 está a quase 19 bilhões de km da Terra.

2013 (14 de setembro) – É lançado o satélite ultravioleta japonês Hisaki (340kg), cujo
objetivo é estudar as atmosferas e as magnetosferas dos planetas do Sistema Solar. É o
primeiro lançamento do programa de pequenos satélites científicos do Japão, levado a
efeito por um foguete Epsilon, que também voa pela primeira vez. O Hisaki, com missão
programada de um ano, opera numa órbita terrestre com perigeu de 950km e apogeu de
1.150km, completada em 106 minutos.
O nome Hisaki é adotado a partir do momento da correta inserção orbital. Antes, o satélite
era conhecido como SPRINT-A - Spectroscopic Planet Observatory for Recognition of
Integration of Atmosphere.

2013 (18 de setembro) – Ocorre o primeiro lançamento para a Estação Espacial


Internacional de uma cápsula de reabastecimento Cygnus (missão Cygnus Orb-D1),
desenvolvida pela empresa Orbital Sciences Corporation. É a segunda empresa privada
(depois da Spacex, com as naves Dragon) a lançar voos comerciais para a ISS (Commercial
Resupply Services Program). Esta é uma missão de demonstração, que leva
aproximadamente 590kg de provisões (incluindo alimentos e roupas) para a estação. A
Orbital Sciences tem contrato com a NASA para mais oito missões, a ocorrer até 2016. A
acoplagem ao módulo Harmony ocorre em 29 de setembro, com uma semana de atraso
devido a uma falha de software.
As naves Cygnus são lançadas por foguetes Antares, também desenvolvidos pela Orbital
Sciences.
Contrariamente às naves Dragon, que voltam à Terra depois de cada missão, as cápsulas
Cygnus estão programadas para se desintegrar no momento da reentrada na atmosfera.
Cygnus é a palavra em latim para “cisne”.
Em 23 de outubro, um dia depois de se desacoplar da ISS, a Cygnus (carregada com cerca
de 1t de material descartado) se desintegra sobre o Oceano Pacífico.

2013 (19 de setembro) – Dados divulgados pela NASA indicam que o Curiosity, em
diversas análises do solo de Marte, não encontrou metano. De acordo com os cientistas,
pode haver metano na atmosfera, mas em quantidade não superior a 1,3 parte por bilhão, o
que corresponde a um sexto do estimado com base em observações terrestres e de sondas
em órbita marciana. Como o metano é um sinal de atividade biológica, ficam
significativamente reduzidas (mas não descartadas) as possibilidades de encontrar formas
de vida em Marte (na Terra existem micróbios que não geram metano).

2013 (20 de setembro) – Um estudo liderado por Jay Strader (Michigan State University,
Lansing, EUA), e publicado no Astrophysical Journal Letters, descreve a galáxia mais
densa já encontrada na região do Universo onde vivemos. Denominada M60-UCD1, a
galáxia, localizada a 54 milhões de anos-luz da Terra, nas proximidades de M60
(constelação de Virgem), tem massa equivalente a 200 milhões de massas solares. O que
torna M60-UCD1 especial é que metade dessa massa está concentrada num núcleo com 180
anos-luz de diâmetro. A densidade estelar é 15.000 vezes maior (o que significa que as
estrelas estão 25 vezes mais próximas umas das outras) do que nas vizinhanças do Sol na
Via Láctea. Os dados são obtidos com ostelescópios Hubble e Chandra.

2013 (26 de setembro) – Um estudo liderado por Laurie Leshin (Instituto Politécnico
Rensselaer, EUA), e publicado na Science, apresenta dados da primeira análise de uma
amostra de solo marciano feita pelo Curiosity. São encontrados água (cerca de 2% do peso
da amostra), gás carbônico, oxigênio e dióxido de enxofre. A composição do solo é obtida
por meio do Analisador de Amostras em Marte (Sam - Sample Analysis at Mars -, na sigla
em inglês), que aquece o material a 835°C. A água encontrada está em estado sólido,
quimicamente ligada às partículas do solo, transformando-se em vapor ao ser aquecida. Um
processo semelhante poderia ser usado por astronautas para obter água em Marte.

2013 (30 de setembro) –Um grupo de pesquisadores liderado por Brice-Olivier Demory
(Massachussetts Institute of Technology, Cambridge, EUA) divulga a confecção do
primeiro mapa de nuvens de um exoplaneta. Utilizando dados dos telescópios Kepler e
Spitzer, os pesquisadores estudam a atmosfera de Kepler-7b e determinam que o exoplaneta
tem altas nuvens no lado oeste e céus claros a leste. Os cientistas observam também que,
contrariamente ao que acontece na Terra, a configuração climática desse mundo é bastante
estável.
Descoberto em 4 de janeiro de 2010 (um dos cinco primeiros exoplanetas identificados pelo
telescópio Kepler), o Kepler-7b localiza-se na constelação de Lira, tem 43% da massa de
Júpiter, raio 48% superior ao joviano, temperatura superficial de 1.540°C e orbita a sua
estrela, à distância média de 9 milhões de km, em 4,885 dias.

2013 (8 de outubro) - O britânico Peter Higgs e o belga François Englert são anunciados
como ganhadores do Prêmio Nobel de Física pela previsão teórica (1964) do bóson de
Higgs, cuja existência é descoberta (2012) pelo LHC e confirmada (2013) pelo CERN.
Última das 61 partículas do modelo padrão a ser encontrada, o bóson de Higgs é
fundamental para a física tal como a concebemos hoje. Se ele não existisse, muito do que
sabemos (ou supomos saber) sobre o mundo subatômico e sobre a própria matéria teria de
ser revisto.

2013 (9 de outubro) – Pesquisadores liderados por David Block (Universidade de


Witwatersrand Wits, Johannesburgo, África do Sul) divulgam a identificação do que
acreditam ser o primeiro fragmento de um cometa já encontrado na Terra. Há 28 milhões de
anos, um cometa ingressou na atmosfera da Terra acima da região que atualmente
corresponde ao sudoeste do Egito e, ao entrarem contato com o ar, explodiu. A onda de
calor (até 2.000°C) resultante da explosão, além de destruir todas as formas de vida em seu
caminho, transformou parte da areia do deserto em grande quantidade de cristais de silício
amarelo, que se espalharam por uma região de 6.000km2 do Saara. A peça central de um
pingente que representa um escaravelho, usado por Tutankhamon (faraó entre 1332 e 1323
a.C.), é feita a partir desse cristal.
A análise de uma pequena pedra preta (30g) encontrada (1996) por um geólogo egípcio
dentro de um cristal de silício amarelo da região mostra que ela é composta por 65% de
carbono, enquanto a média de carbono nos meteoritos é de 3%. São encontrados também
diamantes microscópicos, formados quando o carbono é submetido a temperatura e pressão
extremas. Segundo os cientistas, essa composição é compatível com a dos núcleos dos
cometas. Apesar de poeira rica em carbono já ter sido identificada no gelo dos polos e na
alta atmosfera, é a primeira vez que material não microscópico de origem provavelmente
cometária é encontrado na Terra.
O trabalho é publicado em novembro na revista Earth and Planetary Science Letters.

2013 (22 de outubro) - Passa de 1.000 o número de planetas descobertos fora do Sistema
Solar. Com o anúncio de mais onze exoplanetas identificados pelo projeto WASP, na
Europa, dois dos cinco principais catálogos de planetas extrassolares (the Extrasolar Planets
Encyclopedia e the Exoplanets Catalog) listam 1.010 desses objetos, descobertos em pouco
mais de duas décadas (desde 1992). Esse número deve aumentar significativamente nos
próximos anos, uma vez que o telescópio Kepler identificou milhares de objetos ainda
considerados candidatos a exoplanetas, à espera de confirmação. Os 1.010 exoplanetas
registrados até o momento orbitam 770 estrelas, das quais 169 abrigam sistemas múltiplos
(dois planetas ou mais).

2013 (23 de outubro) - A ESA anuncia o fim da missão do observatório espacial Planck,
lançado em maio de 2009. O principal feito científico do Planck é a elaboração do mais
completo mapa disponível da radiação cósmica de fundo em micro-ondas de todo o céu,
divulgado em 21 de março de 2013. O observatório está agora em órbita heliocêntrica.

2013 (23 de outubro) - Astrônomos liderados por Steven Finkelstein (Universidade do


Texas) e Dominik Riechers (Universidade Cornell, Nova Iorque) publicam na Nature a
descoberta de z8-GND-5296, a galáxia mais distante que se conhece. A luz recebida mostra
a galáxia como era há 13,1 bilhões de anos, o que significa que ela já existia quando o
Universo tinha apenas 700 milhões de anos, 5% da idade atual (13,8 bilhões de anos). Os
cálculos dos astrônomos indicam que atualmente a galáxia está a 30 bilhões de anos-luz da
Terra (de acordo com a Teoria da Relatividade, dois objetos muito distantes entre si podem
se afastar a velocidades superiores à da luz num Universo em expansão). As imagens que
servem de base para a pesquisa são do Hubble, e a distância da galáxia é medida pelo
espectrógrafo Mosfire , recentemente instalado no telescópio Keck (Havaí).
Os pesquisadores também conseguem determinar que z8-GND-5296 converte em estrelas,
a cada ano, matéria equivalente a 300 massas solares. Trata-se de uma taxa bastante alta se
comparada à da Via-láctea, que forma duas ou três estrelas por ano. Essa alta taxa de
formação estelar é compatível com o Universo primitivo, segundo os conhecimentos
cosmológicos atuais.

2013 (24 de outubro) - Duas equipes de astrônomos, uma da Universidade de Oxford


(Reino Unido) e outra da Universidade Cornell (Nova Iorque, EUA), divulgam trabalhos
sobre um sistema com sete exoplanetas ao redor da estrela KIC 11442793, distante 2.500
anos-luz. O conjunto, tal como o Sistema Solar, é formado por planetas rochosos na parte
interna e planetas gasosos no exterior. Contudo, é muito mais compacto que o nosso
sistema: o planeta mais externo fica a uma distância comparável à que separa a Terra do
Sol. Os períodos orbitais variam de sete a 330 dias. Os dois planetas internos têm tamanho
próximo ao da Terra. Seguem-se três superterras e dois gigantes gasosos.
Os dados para a pesquisa são obtidos com o Kepler.

2013 (30 de outubro) - Dois estudos publicados na Nature (um europeu e outro
estadunidense) fornecem novas informações sobre Kepler-78b, o primeiro exoplaneta
conhecido com massa, densidade, composição e tamanho semelhantes aos da Terra.
Descoberto em agosto por cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), o
Kepler-78b tem raio 20% superior ao terrestre, massa entre 69% e 86% maior que a da
Terra e temperatura superficial entre 2.000 e 2.800°C. A densidade, entre 5,3 e 5,6g/cm3, é
muito semelhante à da Terra (5,5g/cm3), o que indica composição de ferro e rocha. O
planeta está a apenas 1,5 milhão de km de sua estrela, Kepler-78, que orbita em 8h30min. O
sistema localiza-se a 700 anos-luz de nós, na constelação do Cisne.
Embora Kepler-78b seja inabitável, fica demonstrado que planetas muito parecidos com a
Terra existem. Continua a busca para encontrar um deles dentro da zona habitável de uma
estrela.

2013 (4 de novembro) - Cientistas da missão Kepler convocam uma conferência de


imprensa e anunciam a descoberta de mais centenas de candidatos a exoplanetas, elevando
o número total para 3.538 (647 dos quais com tamanho similar ao terrestre). Dos
candidatos, 104 estão em zonas habitáveis, e 10 deles têm tamanho semelhante ao da Terra.
William Borucki, pesquisador da Nasa trabalhando no Ames Research Center (Moffett
Field, Califórnia), afirma que há um ano inteiro de dados ainda por analisar, o que deve
elevar bastante o número de candidatos a exoplanetas encontrados pelo Kepler.
Neste mesmo dia, a revista PNAS publica um trabalho liderado por Erik Petigura
(universidade da Califórnia), o qual utiliza dados do Kepler para calcular que 22% das
estrelas parecidas com o Sol possuem planetas de tamanho semelhante ao da Terra dentro
de suas zonas habitáveis. Isso significa que pode haver 11 bilhões de planetas em zonas
habitáveis girando em torno de estrelas similares ao Sol apenas na Via Láctea. Se
incluirmos neste cômputo as anãs vermelhas, as estrelas mais comuns no Universo, o
número estimado de planetas de dimensões semelhantes às da Terra em zonas habitáveis de
estrelas da Via Láctea sobe para 40 bilhões. De acordo com os pesquisadores, o mais
próximo desses planetas pode estar a 12 anos-luz de distância.
Contudo, os cientistas alertam que o fato de um planeta estar na zona habitável não
significa necessariamente que ele tenha todas as condições para abrigar vida como a
conhecemos. Uma atmosfera muito fina ou composição química muito diferente da terrestre
podem tornar a vida inviável.

2013 (5 de novembro) - A Índia lança sua primeira missão a Marte, oficialmente


denominada Mars Orbiter Mission (MOM). Informalmente chamada de Mangalyaan
(veículo de Marte, em sânscrito), a sonda pesa 1.337kg e carrega cinco instrumentos para
estudar a superfície, a topografia e a atmosfera marcianas, sendo a busca por metano o
objetivo principal. O lançamento, transmitido ao vivo por canais de televisão locais, ocorre
a partir do Centro Espacial Satish Dhawan, situado em Sriharikota, no estado de Andhra
Pradesh, no sul do país.
Destacam-se a rapidez do desenvolvimento e o baixo custo da espaçonave. O lançamento
ocorre apenas quinze meses depois do anúncio do projeto pelo primeiro-ministro
Manmohan Singh, em 3 de agosto de 2012. O custo total da missão Mangalyaan, incluindo
instalações e pesquisas que podem ser aproveitadas em outros projetos da Agência Espacial
Indiana, é de 72 milhões de dólares. Em comparação, o custo do Mars Science Laboratory,
que transportou o veículo Curiosity a Marte, foi de 2,5 bilhões de dólares.
O cronograma prevê permanência na órbita da Terra até 1º de dezembro (o foguete usado
no lançamento da nave não é potente o bastante para levá-la diretamente ao espaço) e uma
posterior viagem de 297 dias, com chegada a Marte prevista para 24 de setembro de 2014,
depois de 400 milhões de km percorridos.
Até o momento, EUA, URSS e ESA conseguiram enviar missões bem-sucedidas a Marte.
Japão e China tentaram, mas não tiveram êxito.

2013 (7 de novembro) - É lançada a Soyuz TMA-11M, que leva ao espaço a tocha olímpica
dos Jogos de Inverno de Sóchi 2014. O casco da nave é decorado com o símbolo dos jogos,
que ocorrerão de 7 a 23 de fevereiro de 2014 na cidade de Sóchi, localizada na região de
Krai de Krasnodar, sudoeste da Rússia. A tripulação é formada pelo russo Mikhail Tyurin –
comandante -, o estadunidense Rick Mastracchio – engenheiro de voo - e o japonês Koichi
Wakata – engenheiro de voo.
A aterrissagem está prevista para maio de 2014.
Em 9 de novembro, os cosmonautas Serguei Ryazansky e Oleg Kotov fazem uma
caminhada espacial com a tocha apagada (por questões de segurança, ela não é acesa
enquanto permanece no espaço). Segundo o comitê organizador dos jogos, a pira de Sóchi
será acesa precisamente com esta tocha.
Em 11 de novembro, a tocha olímpica volta à Terra a bordo da Soyuz TMA-09M (lançada
à ISS em 28 de maio), tripulada pelo russo Fiodor Yurchikhin - comandante -, a
estadunidense Karen Nyberg (engenheira de voo) e o italiano Luca Parmitano (engenheiro
de voo).

2013 (7 de novembro) - São divulgadas três pesquisas (duas na Nature e uma na Science)
sobre o asteroide que explodiu nos céus de Chelyabinsk em fevereiro. Após analisar
centenas de imagens do evento feitas por câmeras das adjacências, os cientistas concluem
que o asteroide, com diâmetro de aproximadamente 19m, entrou na atmosfera a pouco
menos de 19km/s e, após se desgastar devido ao atrito com o ar, começou a se desintegrar a
uma altitude de 45km, explodindo numa bola de fogo, poeira e gás a 27km da superfície
(estimativas anteriores indicam 23,3km). A luz resultante da explosão superou em 30 vezes
o brilho do sol (que estava nascendo) e pôde ser vista a 100km de distância, causando
inclusive queimaduras. Apenas 4t da massa do asteroide (0,5% dototal) atingiram o solo na
forma de meteoritos. Danos a construções (sobretudo janelas quebradas) ocorreram até uma
distância de 90km da trajetória do objeto.
Os pesquisadores estimam ainda que quedas de meteoritos com mais de 10m de diâmetro
podem ser até dez vezes mais comuns do que se pensava, considerando que a maioria dos
impactos ocorre em regiões isoladas ou desabitadas, como os oceanos. De acordo com os
cálculos que realizam, eventos como o de Chelyabinsk podem ocorrer a cada trinta anos, e
não a cada 150 anos, frequência tida como provável até agora.
Os astrônomos acreditam que existem aproximadamente 20 milhões de asteroides com
diâmetros entre 10m e 20m, dos quais apenas cerca de quinhentos foram catalogados até o
momento.

2013 (7 de novembro) - Astrônomos liderados por David Jewitt (Departamento de Ciências


da Terra e do Espaço da Universidade da Califórnia) publicam no Astrophysical Journal
Letters um trabalho sobre um asteroide de seis caudas, algo nunca antes visto. Denominado
P/2013 P5, o asteroide de 480m foi descoberto (27 de agosto) com o telescópio Pan-
STARRS (Havaí) e fotografado (10 de setembro) pelo Hubble. Os cientistas acreditam que
as caudas se devem a emissões de poeira, possivelmente ocasionadas pelo aumento da
velocidade de rotação do astro. O fenômeno, contudo, precisa ser melhor estudado.
Calcula-se que nessas emissões o asteroide tenha perdido entre 100 e 1.000t de poeira, uma
pequena fração de sua massa total.

2013 (18 de novembro) - É lançada a sonda estadunidense Maven (Mars Atmosphere and
Volatile EvolutioN - (Evolução Atmosférica e Volátil de Marte), primeira espaçonave da
NASA desenhada para estudar a atmosfera superior do planeta, e não a superfície. Com
base em indícios encontrados por várias missões espaciais, os cientistas acreditam que, há
bilhões de anos, Marte tinha uma atmosfera densa e quente o suficiente para que na
superfície do planeta existisse água líquida na forma de rios e talvez até oceanos. Ao longo
de sua evolução, o planeta vermelho perdeu cerca de 99% da atmosfera, que escapou para o
espaço sideral. E são os motivos dessa perda que a Maven está programada para estudar.
Com massa de 2.454kg, a sonda tem chegada prevista para 22 de setembro de 2014, com
missão primária de um ano. Equipada com oito instrumentos científicos, a Maven deve
operar a maior parte do tempo numa órbita a 6.000km da superfície marciana, mas estão
projetadas cinco descidas até 125km, a fim de medir a compposição atmosférica em
diferentes níveis.

2013 (22 de novembro) - É lançada, a partir da base de Plesetsk (Rússia), a missão europeia
Swarm, cujo objetivo é fazer o estudo mais preciso até o momento do campo magnético da
Terra. A missão é composta de três sondas (massa total de 468kg) operando em órbitas
polares, duas a 460km de altitude e uma a 530km. Ao longo de quatro anos, a Swarm deve
fazer medições constantes e detalhadas dos sinais magnéticos emitidos pelo núcleo, o
manto, a crosta, os oceanos, a ionosfera e a magnetosfera da Terra. Espera-se compreender
por que o campo magnético terrestre, cuja intensidade varia enormemente numa escala de
séculos e milênios, está agora em fase de diminuição considerável (perdeu
aproximadamente 6% da intensidade nos últimos cem anos). De tempos em tempos, os
polos geomagnéticos norte e sul sofrem um processo de inversão e trocam de lugar. Essa
inversão geomagnética, que ocorre em períodos aparentemente aleatórios com intervalos
entre 100.000 e 50 milhões de anos (a média é de algumas centenas de milhares de anos),
permite aos cientistas estudar os movimentos dos continentes e das superfícies oceânicas ao
longo da história da Terra.
O estudo do campo magnético da Terra no passado denomina-se “paleomagnetismo”. À
técnica que permite a datação de rochas e sedimentos com base na alteração da direção do
campo magnético terrestre dá-se o nome de “magnetostratigrafia”.
O campo magnético é essencial à vida, porque protege a Terra da radiação cósmica e das
partículas carregadas oriundas do vento solar.

2013 (28 de novembro) - O cometa Ison (formalmente, C/2012 S1) desintegra-se ao atingir
o periélio (1.165.000km do Sol). Descoberto (21 de setembro de 2012) pelos russos Vitaly
Nevsky e Artyom Novichonok, trabalhando na International Scientific Optical Network
(ISON - daí o nome pelo qual fica conhecido) perto de Kislovodsk, Rússia, o cometa chega
a entusiasmar muitos astrônomos, alguns dos quais se referem a ele como o “cometa do
século”. De acordo com os cientistas, se sobrevivesse à passagem pelas cercanias do Sol, o
astro brilharia tanto que seria visível à luz do dia. A perspectiva de vir a se tornar um
cometa muito brilhante faz com que o Ison receba significativa cobertura da mídia. Desde a
descoberta até a desintegração, o Ison é observado por diversos astrônomos amadores,
telescópios em terra e mais de dez sondas espaciais. O diâmetro estimado do núcleo do
cometa é de 2km. No ponto de maior aproximação com o Sol, o Ison é submetido a uma
temperatura calculada em 2.700°C.

2013 (1º de dezembro) - É lançada a sonda chinesa Chang’e 3, cujo objetivo é pousar na
Lua. É o início da segunda fase do programa de exploração lunar da China (na primeira
fase, as sondas Chang’e 1 e Chang’e 2 orbitaram o satélite).
A Chang’e 3 é formada por um módulo de descida (1.200kg), dotado de sete instrumentos
científicos, e um veículo lunar de seis rodas (120kg), programado para explorar uma região
de 3km2 da superfície da Lua, a uma distância máxima de 10km da nave. O nome do
veículo lunar, Yutu (coelho de jade), é escolhido numa votação pela internet da qual
participam 3,4 milhões de pessoas. Na mitologia chinesa, yutu é um coelho branco que vive
na superfície lunar, e Chang’e é a deusa da Lua.
A duração prevista da missão é de três meses para o Yutu e de um ano para a Chang’e.
Fragmentos do foguete usado no lançamento da Chang’e 3 (feito a partir de Xichang, no
sudoeste da China) caem nove minutos depois, a 1.000km de distância, no distrito de
Suining, na província central de Hunan, e causam danos em duas casas. Não há vítimas.
Em 6 de dezembro, após 112 horas de voo, a Chang’e 3 é inserida na órbita da Lua.

2013 (9 de dezembro) - A NASA anuncia que o Curiosity descobriu evidências diretas da


existência, no passado, de um lago de água doce em Marte que pode ter abrigado vida. Em
amostras de rochas analisadas pelo Curiosity são encontrados traços de carbono,
hidrogênio, oxigênio, nitrogênio e enxofre, elementos que proporcionam, segundo os
pesquisadores, condições para vida microbiana básica. Na Terra, bactérias denominadas
quimiolitoautótrofas se desenvolvem em condições semelhantes: são encontradas em
cavernas ou debaixo do mar em fontes hidrotérmicas. Seis artigos descrevendo o achado
são publicados na Science.

2013 (9 de dezembro) - durante uma reunião da União Geofísica dos EUA, em São
Francisco (Califórnia), Paul Byrne (Carnegie Institution for Science, Washington)
apresenta um estudo segundo o qual o diâmetro de Mercúrio diminuiu 11km desde a
formação do planeta, há pouco mais de 4,5 bilhões de anos. Os cientistas chegam a essa
conclusão por meio da análise de escarpas lobulares, saliências curvadas parecidas com
rugas de maçãs desidratadas que se formam à medida que um astro se contrai devido ao
resfriamento interno. Estimativas anteriores trabalhavam com um encolhimento de 2 ou
3km.

2010 (10 de dezembro) - A Mars One anuncia a assinatura de contratos com as empresas
Lockheed Martin e Surrey Satellite Technology para o desenvolvimento de naves espaciais
a serem enviadas a Marte em 2018. O objetivo das naves é começar a preparação para a
chegada ao planeta de humanos residentes, a partir de 2025, numa viagem sem retorno
planejada para dar início à colonização do planeta vermelho.

2013 (11 de dezembro) - A NASA anuncia a descoberta, na crosta gelada de Europa,


satélite de Júpiter, de filossilicatos, minerais do grupo da argila frequentemente associados
a material orgânico.
No dia seguinte, é divulgado na Science um artigo com a informação de que imagens do
Hubble mostram jatos de vapor d’água jorrando do polo sul também de Europa (Jatos
semelhantes existem na lua Encélado, de Saturno. O estudo é liderado por Lorenz Roth, do
Instituto de Pesquisa do Sudoeste (EUA).
Europa é um corpo celeste coberto de gelo, e a maioria dos astrônomos acredita que há um
oceano de água líquida abaixo da superfície.

2013 (14 de dezembro) - A Chang’e 3 realiza um pouso suave na Lua, o primeiro em 37


anos (desde a soviética Luna 24, em 18 de agosto de 1976). Com isso, a China torna-se o
terceiro país (depois de EUA e URSS) a efetuar a descida controlada de uma nave no nosso
satélite. O local originalmente anunciado para o pouso é Sinus Iridum (Baía dos Arco-íris),
mas a Chang’e alunissa a leste, no Mare Imbrium (Mar das Chuvas), região com 1.145km
de diâmetro onde pousaram a Luna 17 (1970) e a Apollo 15 (1971). O veículo lunar Yutu
sai da Chang’e por uma rampa, conforme previsto, 7 horas e 23 minutos depois do pouso.
Embora não exista um acordo de cooperação formal entre a NASA e a Agência Espacial
Chinesa, os gases gerados pela queima de combustível durante as manobras para inserção
orbital e a poeira levantada no pouso da Chang’e constituem uma oportunidade para avaliar
o grau de precisão dos instrumentos da LADEE, sonda estadunidense que desde outubro
orbita a Lua para estudar a exosfera do satélite.
Em 16 de dezembro, a imprensa oficial da China celebra o “êxito total” da Chang’e. São
divulgadas fotos do Yutu e do módulo de pouso, tiradas reciprocamente.

2013 (19 de dezembro) - É lançado, da Guiana Francesa por um foguete russo Soyuz, o
observatório espacial europeu Gaia, cujo objetivo principal é compilar um catálogo em 3D
de 1 bilhão de objetos astronômicos, cada um dos quais monitorado setenta vezes ao longo
da missão, com duração prevista de cinco anos. Com massa de 2.029kg, o observatório
Gaia, sucessor do Hipparcos, está programado para operar no ponto de Lagrange L2, a 1,5
milhão de km da Terra. Além de elaborar o catálogo anteriormente referido, a missão Gaia
tem ainda outros objetivos: determinar a posição, a distância, parâmetros atmosféricos e o
movimento próprio anual de 1 bilhão de estrelas; medir parâmetros orbitais de pelo menos
mil planetas extrassolares; detectar o desvio da luz estelar pelo campo gravitacional do Sol,
conforme previsto pela teoria da relatividade; descobrir asteroides com órbitas localizadas
entre a Terra e o Sol, região difícil de monitorar a partir de telescópios terrestres; detectar
mais de 500.000 quasares.
Fontes de consulta

A pesquisa para a elaboração deste trabalho exigiu a leitura de milhares de páginas e a


consulta a muitas centenas de livros, artigos, notícias e sites. Vincular cada informação
apresentada à sua fonte de consulta (ou fontes, porque com frequência foram várias) seria
tão complexo e intrincado que se tornaria impraticável. Como escreve Orlando Neves em
seu “Dicionário da Origem das Palavras” (Leya, 2012), acerca de uma lista exaustiva de
fontes, “Para o leitor vulgar, tornar-se-ia desinteressante tal lista; para o especialista nada
traria de novo”. Dessa forma, mesmo consciente de que apenas colocar no final da
cronologia uma lista das principais fontes consultadas compromete a verificação dos fatos
registrados, o autor optou por esse formato, por questões de simplificação. Contudo, para
provar que a pesquisa é séria e extremamente cuidadosa, fica aqui um desafio: escolha o
leitor, aleatoriamente, algumas informações incluídas em “História da Astronomia” e
realize uma pesquisa. Constatará, então, o cuidado colocado em cada palavra, em cada
conceito formulado.
Como foi dito na introdução a este trabalho, o autor é autodidata em astronomia há mais de
três décadas. Ao longo desse tempo, acumulou experiência suficiente para distinguir entre
ciência e especulação, fatos e teorias. A “História da Astronomia” foi elaborada, portanto,
com o rigor científico inerente a trabalhos profissionais.
A seguir, a lista das principais fontes consultadas.

1. Fontes impressas

1.1. Livros

– Astronomia (coleção originalmente publicada em 46 fascículos, depois encadernados em


3 volumes). Rio de Janeiro: Riográfica, 1985-1986.
– Conhecer Universal (enciclopédia originalmente publicada em 145 fascículos, depois
encadernada em 13 volumes). São Paulo: Abril, 1981-1983.
- A dança do universo, de Marcelo Gleiser. Schwarcz: São Paulo, 1997.
– Dicionário Enciclopédico de Astronomia e Astronáutica, de Ronaldo Rogério de Freitas
Mourão. 2ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1995.
- Dicionário de Mitologia Grega e Romana, de Georges Hacquard. Edições ASA: Rio
Tinto, Portugal, 1990.
– La Revolución Científica de los Siglos XVI y XVII, de Antoni Baig e Montserrat
Agustench. Madri: Editorial Alhambra, 1987.
– Yo, Galileo, de Yves Chéraqui. Madri: Grupo Anaya, 1990.

1.2. Revistas

- Astronomy & Astrophysics


- Geology
- Icarus
– Nature
– Proceedings of the National Academy of Sciences
– Sciense
– Superinteressante.
– USA Weekend (EUA)
– Veja.

2. Fontes digitais

– Agência Fapesp: <http://www.agencia.fapesp.br/>.


Astro News (Notícias do Astronomy & Astrophysics, da Royal Astronomical Society, de
universidades, de diversas agências de notícias, da NASA, do ESO, etc.):
<http://cosmonovas.blogspot.com>
– BBC Brasil: <http://www.bbc.com.uk/portuguese/>.
- ESA (European Space Agency): <http://www.esa.int>.
ESO (European Southern Observatory: <http://www.eso.org/public/>
– Folha On-line: <http://www.folha.uol.com.br/>.
- NASA: <http://www.nasa.gov>.
- New Scientist: <http://www.newscientist.com>.
– Observatório da Universidade Federal de Minas Gerais – Notícias diárias de astronomia:
<http://www.observatorio.ufmg.br/noticias_diarias.htm >.
– Observatório Nacional: <http://www.on.br>.
– Sociedade Brasileira dos Amigos da Astronomia
<http://www.sbaa.com.br/cronologia.htm>.
– Supernovas – Boletim brasileiro de astronomia: <http://www.supernovas.cjb.net>.
– Terra - espaço – (Notícias sobre ciência das agências Efe, France Press, Associated Press
e Reuters, do The New York Times, etc.): http://noticias.terra.com.br/ciencia>.
– Uranometria Nova: <http://www.uranometrianova.pro.br/>.
- Veja.com: <http://veja.abril.com.br/ciencia>.
- Wikipedia, the free encyclopedia: <http://www.en.wikipedia.org>.
Também foram consultadas as Wikipédias em alemão, espanhol, francês, italiano e
português.

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