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Cronologia
Esta cronologia apresenta os principais fatos que, desde antes da invenção da escrita até
nossos dias, fazem a história da astronomia (e, mais recentemente, também da
astronáutica).
A partir da presente versão, este trabalho passa a se chamar “História da Astronomia”
(antes era “Seis Mil Anos de História do Céu”). A mudança de nome justifica-se por um
duplo motivo. Inicialmente, a “História da Astronomia” tem agora dimensões que permitem
compará-la com livros de história respeitáveis. Com a contínua inserção de fatos, tanto
atuais quanto passados, cada versão tem sido ampliada em dezenas de páginas, o que ocorre
de novo em 2013. Este ano, os fatos “novos” incluídos referem-se sobretudo a: disco de
Nebra (c. 1600 a.C., Galileu Galilei (1590, 1623, 1632, 1633, 1638), Operação paperclip
(1945), Guerra Fria (1947), corrida espacial (1957-1975) e diversos acontecimentos de
2011 e 2012. Ademais, com as referências ao círculo de Goseck (c. 4900 a.C.) agora
incluídas, este trabalho passa a abranger sete mil anos de história do céu.
Apesar de não ser um livro no sentido estrito, pois não foi formalmente editado e não está à
venda, “História da Astronomia” é um trabalho em nível profissional.
O autor, autodidata em astronomia há mais de três décadas, realizou uma pesquisa
extremamente cuidadosa, escreveu com atenção cada palavra, a fim de atingir a precisão de
linguagem exigida nos textos científicos sérios.
Não obstante ser uma cronologia, não se trata de uma simples enumeração de fatos: eles são
explicados, embora sumariamente. Considerações detalhadas acerca de determinados
tópicos extrapolariam os objetivos deste trabalho, mas ele é um guia seguro e confiável
para quem pretender conhecer a história da astronomia. As bases estão aqui, podendo servir
de pontos de partida para pesquisas mais aprofundadas.
Além disso, termos técnicos ou próprios do jargão astronômico são explicados sempre que
necessário, a fim de que também leigos possam ler e, muito mais importante, compreender
este trabalho. Afinal, se o objetivo é divulgar a astronomia, não se pode, sob nenhuma
hipótese, utilizar linguagem restrita ao nível acadêmico. A solução adotada é, portanto,
utilizar, sim, termos técnicos, mas torná-los compreensíveis a todos.
No que concerne ao conteúdo, esta versão não apresenta alterações. Com o intuito de evitar
repetições enfadonhas e tendo em vista manter esta exposição dentro de limites razoáveis,
observa-se sempre o critério do interesse histórico ou científico, incluindo-se somente os
acontecimentos que trazem novidades e contribuem, efetivamente, para a evolução do
pensamento humano e da tecnologia no que concerne à ciência dos astros. Ficam de fora,
por esse critério, os inúmeros objetos celestes (galáxias, estrelas, cometas, asteroides,
exoplanetas...) descobertos todos os anos, a não ser que a descoberta signifique algo novo
ou, por alguma razão, esteja revestida de importância especial. Estão excluídos, pelo
mesmo motivo, os milhares de satélites (de telecomunicações, militares, de estudo do
clima, etc.) lançados nas últimas décadas, exceção feita àqueles cujo papel é relevante.
Ademais, considerando-se que a intenção aqui é ressaltar os fatos, não os cientistas, estão
ausentes desta cronologia referências diretas às datas de nascimento ou de morte dos
pesquisadores. Contudo, sendo essas informações importantes para uma melhor
compreensão e contextualização dos acontecimentos apresentados, elas são colocadas,
sempre que possível, entre parênteses.
Embora o tema tratado aqui seja astronomia, descobertas muito relevantes em outros
campos científicos (física e química, por exemplo) podem ser abordadas, desde que
contribuam para aprimorar o conhecimento astronômico humano. Um exemplo é a
antimatéria, essencial para compreender a estrutura e a dinâmica do Universo. E registre-se
que a astronomia e a física estão tão ligadas que denomina-se astrofísica ao estudo do
Universo em todos os seus aspectos.
Informamos que esta cronologia continuará sendo constantemente atualizada: uma nova
versão estará disponível no final de cada ano. Seu único objetivo é divulgar a astronomia
entre aqueles que apreciam essa ciência. Assim sendo, a distribuição é totalmente livre,
desde que gratuita e desde que sejam mantidos o nome do autor e as fontes de pesquisa
colocadas no final.
Considerando que o autor não tem site pessoal nem o menor desejo de criar um, solicita-se
a quem puder ou quiser colaborar que coloque este trabalho na internet. E tanto melhor se
forem vários os sites, pois assim “História da Astronomia” poderá chegar a mais e mais
pessoas, o que é, em essência, a intenção do autor.
Agradecimentos a quem divulgar.
Cronologia
3761 a.C. (7 de outubro) – Esta é, para os judeus, a data da criação do mundo, sendo o
calendário judaico (ou hebraico) contado a partir de então, embora tenha sido criado e
adotado muito tempo depois, tendo a versão definitiva sido estabelecida no século IV d.C.
O ano civil judaico tem de 353 a 355 dias, divididos em 12 meses lunares (os meses
começam sempre na Lua nova). Para ajustar esse calendário ao ano solar, intercala-se um
mês suplementar nos anos 3º, 6º, 8º, 11º, 14º, 17º e 19º ao longo de 19 anos. Há, assim, um
total de 383 a 385 dias no ano da intercalação.
Os meses são tishrei, jeshván, kislev, tevet, shevat, adar, nisán, iyar, siván, tamuz, av e elul.
3114 a.C.(11 de agosto) – Data mítica a partir da qual é computado o calendário maia.
Trata-se, na verdade, de um calendário sagrado (tzolkin ou Tzolk'in) de 260 dias (dia =
k'in), divididos em 13 ciclos (um ciclo = winal ou uinal) de 20 dias, e um calendário civil
(haab) de 365 dias, divididos em 18 meses de 20 dias mais cinco dias adicionais (wayeb ou
uayeb). O calendário sagrado é utilizado para celebrar cerimônias religiosas, prever a
chegada e a duração dos períodos de chuva, determinar os períodos de caça e pesca,
prognosticar o destino das pessoas.
A cada 18.980 dias (aproximadamente 52 anos solares), ambos os calendários coincidem
(18.980 é o mínimo múltiplo comum de 260 e 365), fechando um ciclo denominado ciclo
calendárico ou roda calendárica.
Para períodos de tempo superiores a 52 anos, alguns povos da América Central (maias
incluídos) usam a contagem longa, um calendário vigesimal não repetitivo cujas datas são
escritas com números de 1 a 20 (ou 1 a 18) separados por pontos. Esses números
correspondem aos períodos da contagem longa: 20 k'ins (dias) = 1 winal; 18 winals = 1 tun;
20 tuns = 1 k'atun; 20 k'atuns = 1 b'ak'tun; 20 b'ak'tuns = 1 piktun.
Em 21 de dezembro de 2012, tem início um novo b'ak'tun (13.0.0.0.0), o que leva algumas
seitas e muitos indivíduos a prognosticar o fim do mundo, com significativa cobertura da
mídia. O próximo ciclo completo da contagem longa, com mudança de piktun (1.0.0.0.0.0),
terá início em 13 de outubro de 4722.
3000 a.C. – Está em vigor no Egito um calendário com 365 dias. Mas o ano propriamente
tem apenas 12 meses de 30 dias (360 dias) divididos em três quadrimestres correspondentes
às três estações regidas pelo Nilo: Cheia, Plantio e Colheita. No fim do 12º mês, são
acrescentados cinco dias suplementares que não entram no cômputo oficial dos dias. Esse é
um calendário solar (o primeiro de que se tem notícia), e o mês nele não mantém sincronia
com as fases da Lua.
A necessidade de elaborar calendários deve-se à descoberta da agricultura: é preciso ser
capaz de estabelecer o tempo certo para o plantio e a colheita.
Terceiro milênio a.C. – O alinhamento preciso das pirâmides com a estrela polar, que então
era Thuban, estrela de brilho fraco da constelação do Dragão distante da Terra 305 anos-
luz, demonstra a elevada habilidade dos egípcios para observar o céu. (Para mais
informações sobre a estrela polar, ver 2008, 4 de fevereiro.) Alguns templos também têm
alinhamentos especiais, como o de Amon-Rá em Karnak, alinhado com o nascer do sol no
meio do inverno: nessa época do ano, os primeiros raios solares do dia seguem
precisamente ao longo de um corredor.
2636 a.C. (15 de fevereiro) – Data a partir da qual começa a contagem do tempo no
calendário chinês. Trata-se de um calendário lunissolar. Cada ano tem doze lunações, num
total de 354 dias. Para que não se perca a sincronia com o ciclo solar (de 365,25 dias), a
cada oito anos são acrescentados noventa dias (aproximadamente três lunações). Os anos
começam sempre em uma lua nova, entre 21 de janeiro e 20 de fevereiro. Considerando um
ciclo de doze anos, cada ano é dedicado a um animal: "shu" ? (rato), "neo" (boi), "hu"
(tigre), "tu" (coelho), "long" (dragão), "she" (serpente), "ma" (cavalo), "yang" (carneiro),
"rou" (macaco), "di" (galo), "gou" (cão), "zhu" (porco).
2317 a.C. – Primeiro registro conhecido da passagem de um cometa, que se encontra nos
anais astronômicos chineses.
c. 2000 a.C. – Os chineses descobrem que Júpiter leva cerca de 12 anos para completar uma
órbita ao redor do Sol (valor correto: 11,86 anos).
c. 1930 a.C. – Termina a construção de Stonehenge (cuja última fase de edificação tem
início por volta de 2280 a.C.), possível observatório astronômico megalítico, localizado no
condado de Wiltshire, 13km ao norte de Salisbury, na Inglaterra, onde supõe-se terem sido
feitas observações do Sol e da Lua. Stonehenge, formado por grandes blocos distribuídos
em quatro circunferências concêntricas, é um local envolto em mistério, não tendo ainda
sido definida a sua finalidade principal. As três teorias mais aceitas apontam-no como
observatório astronômico, templo ou monumento funerário.
Século XVII a.C. – Período provável da elaboração, pelos babilônios, da Tábua de Vênus
de Ammisaduqa, o primeiro registro disponível do reconhecimento de que os fenômenos
astronômicos são periódicos e podem ser previstos matematicamente. Trata-se de um
retângulo de argila com 17,14 x 9,2cm e espessura de 2,22cm, em que estão registradas as
observações, ao longo de 21 anos, dos últimos momentos de visibilidade de Vênus no
horizonte antes ou depois do nascer ou do pôr do sol (nascer e pôr helíaco de Vênus). O
nome deve-se ao fato de ter sido compilada no governo de Ammisaduqa ou Ammizaduga),
quarto rei depois de Hamurábi.
c. 1600 a.C. - É fabricado o disco de Nebra (ou disco celeste de Nebra), a mais antiga
representação do firmamento (abóbada celeste) que se conhece. Trata-se de uma placa de
bronze com aplicações em ouro, quase esférica (32 x 31cm), espessura que aumenta da
borda (1,5mm) para o centro (4,5mm), arqueada e ligeiramente côncava, com peso de
2,050kg. O disco representa o Sol, a Lua e estrelas, entre as quais estão, segundo alguns
astrônomos, as Plêiades. Os ângulos entre o nascer e o pôr do sol são compatíveis com
aqueles observados entre os solstícios de verão e de inverno na latitude em que foi
confeccionado, o que pressupõe conhecimentos astronômicos avançados. De acordo com o
astrônomo alemão Wolfhard Schlosser, da Universidade Ruhr de Bochum, os europeus da
Idade do Bronze já sabiam o que os babilônios descreveriam mil anos mais tarde.
Encontrado em 1999 durante uma escavação ilegal e vendido no mercado negro (o que
rendeu uma condenação judicial aos descobridores, Henry Westphal and Mario Renner), o
disco está atualmente no Landesmuseum für Vorgeschichte (Museu do Estado para a Pré-
História), em Halle, Alemanha. O nome pelo qual é conhecido deve-se ao local do
descobrimento: Monte Mittelberg, , perto de Nebra, no Estado alemão da Alta Saxônia
(Sachsen-Anhalt).
Em junho de 2013, o disco de Nebra é incluído pela UNESCO no programa Memória do
Mundo.
Século XVI a.C. – Descrição mais antiga conhecida de um relógio de água, encontrada no
túmulo do oficial egípcio Amenemhet, indicado como inventor do instrumento. O relógio
de água, que os gregos mais tarde chamarão de clepsidra, funciona por meio do escoamento
de água de um recipiente com pequenos orifícios no fundo. Marcas nas laterais do
recipiente permitem saber o tempo transcorrido quando a superfície da água está nivelada
com elas. Os relógios de água são um grande avanço em relação aos relógios de sol, porque
marcam o tempo também durante a noite e os dias nublados.
Há ainda as ampulhetas, que usam areia em vez de água.
Século VIII a.C. – Na Ilíada e na Odisseia, de Homero (os mais antigos exemplos da
literatura grega que se conhecem), são mencionadas as constelações do Cocheiro, de Órion
e da Ursa Maior, os aglomerados estelares das Plêiades e das Híades e a estrela Sirius.
753 a.C. – Segundo a lenda, Rômulo e Remo (filhos de Rhea Silvia, filha de Numitor, rei
de Alba Longa) fundam a cidade de Roma, iniciando-se, então, o calendário Romano.
Conforme esse calendário, o ano civil consta de 304 dias divididos em 10 meses, dos quais
seis têm 30 dias e quatro, 31. Março é o primeiro mês do ano, seguindo-se Abril, Maio,
Junho, quintilis, sextilis, Setembro, Outubro, Novembro e Dezembro.
Possivelmente 713 a.C. – Numa Pompílio, o segundo rei de Roma (717-673 a.C.), introduz
os meses de Janeiro e Fevereiro no calendário Romano e, desse modo, o ano civil passa a
ter 355 dias, começando em Março e terminando em Fevereiro.
700 a.C. – Os chineses já têm registros com anotações precisas sobre meteoritos e cometas.
Século VII a.C. – Época provável em que os babilônios dividem o zodíaco (Kyklos
zokiakos, do grego, que significa círculo de animais) em um círculo com doze divisões de
trinta graus cada uma, ao longo da eclíptica, que é a trajetória aparente do Sol entre as
estrelas conforme vista da Terra. Ao longo de um ano, o Sol (visto da Terra) passa pelas
constelações que, na esfera celeste, correspondem ao zodíaco. Na época do estabelecimento
do zodíaco pelos babilônios, as constelações zodiacais são doze (correspondentes, na
astrologia, aos doze signos); atualmente, com o rearranjo dos limites das constelações, este
número sobe para treze (entre Escorpião e Sagitário, o Sol passa também pelo Serpentário).
É importante observar, portanto, que as datas dos signos astrológicos do zodíaco não
correspondem exatamente às datas em que o Sol passa pelas constelações zodiacais.
Século VI a.C. – O filósofo grego Tales de Mileto (624-546 a.C.) introduz na Grécia os
fundamentos da geometria e da astronomia, trazidos do Egito. Pensa que a Terra é um disco
plano em uma vasta extensão de água que, para ele, é considerada como substância
primordial do Universo.
Século VI a.C. – O filósofo grego Anaximandro de Mileto (610-546 a.C.) concebe os astros
(planetas, Sol, Lua, estrelas fixas) como sendo rodas de fogo girando em torno da Terra,
considerada como um cilindro que flutua no ar, sem nada a suportá-la, e cuja altura
corresponde a um terço de seu diâmetro. Embora rudimentar, este é o primeiro modelo
mecânico do Universo que se conhece. Anaximandro também é o primeiro a considerar o
Universo eterno (sem começo ou fim) e infinito em extensão.
Século VI a.C. – O filósofo grego Anaxímenes de Mileto (585-528 a.C.), discípulo de
Anaximandro, concebe a Terra e todos os corpos celestes como sendo feitos de ar. Acredita
que, à medida que a densidade do ar muda, outros elementos vão sendo formados: ar mais
rarefeito produz fogo, enquanto ar mais denso gera vento e depois, sucessivamente, água,
terra e pedra. Anaxímenes é o primeiro a apresentar a ideia de que as estrelas são fixas,
presas a esferas cristalinas que giram em torno da Terra.
Século VI a.C. – O filósofo e matemático grego Pitágoras de Samos (c. 570-c. 495 a.C.)
acredita na esfericidade da Terra, da Lua e de outros corpos celestes. Estuda os movimentos
dos planetas. Ensina que o número é a essência de todas as coisas e postula que os
movimentos dos corpos celestes obedecem a escalas harmônicas, como as notas musicais.
Parece haver sido o primeiro a reconhecer que a estrela matutina (Hesperus) e a estrela
vespertina (Phosphorus) são o mesmo planeta: Vênus. Alguns estudiosos atribuem a ele
uma constatação análoga ao determinar que Apolo (corpo celeste visível pela manhã) e
Hermes (visível à tarde) são o mesmo astro: Mercúrio.
Os seguidores de Pitágoras exercem grande influência no desenvolvimento da astronomia
grega clássica.
Século VI a.C. – O filósofo grego Xenófanes (570-475 a.C.) acredita que a Terra é plana,
que o Sol é novo a cada dia e que os corpos celestes (exceto a Lua) são constituídos de
aglomerados de fogo.
585 a.C. (28 de maio) – Eclipse do Sol previsto, segundo a tradição, por Tales de Mileto.
Trata-se da primeira referência conhecida à previsão de um eclipse solar.
Século V a.C. – O filósofo grego Anaxágoras (c. 500-428 a.C.) ensina que “O Sol é pelo
menos tão grande quanto o Peloponeso”. Postula que a Lua é parecida com a Terra e tem
montanhas, planícies e vales. Explica os eclipses lunares como sendo causados pela sombra
da Terra. Por suas ideias, é acusado de impiedade (ateísmo) e condenado à morte. Contudo,
por influência de Péricles, a condenação é convertida em exílio em Lâmpsaco, colônia de
Mileto, onde permanece até o fim da vida.
Século V a.C. – O filósofo grego Demócrito (460-370 a.C.) postula que a Terra é redonda e
que a Via Láctea é composta de estrelas distantes. acredita também haver montanhas
elevadas e vales profundos na Lua. Atomista, concebe a matéria como sendo formada por
pequenas partículas indivisíveis e indestrutíveis (os átomos) que podem se unir para formar
corpos maiores.
Século V a.C. – É compilado o “Gan Shi Xing Jing”, o mais antigo catálogo estelar chinês
que se conhece.
432 a.C. – O astrônomo e matemático grego Meton de Atenas propõe um ciclo (ciclo de
Meton, ciclo metônico) segundo o qual 19 anos solares (6.240 dias) correspondem a 235
meses lunares. Isso significa que, aproximadamente a cada 19 anos, as fases da Lua se
repetem.
413 A.C. (27 de agosto) – Um eclipse lunar causa pânico em uma frota de Atenas e assim
afeta o resultado de uma batalha na Guerra do Peloponeso. Os atenienses estão prontos a
mover suas forças de Siracusa quando a Lua é eclipsada. Os soldados e marinheiros ficam
assustados por este presságio celeste e relutam em partir. O comandante Nícias consulta o
oráculo e adia a partida por 27 dias. Esta demora dá uma vantagem a seus inimigos de
Siracusa, que então derrotam toda a frota e o exército ateniense e matam Nícias.
Século IV a.C. – O filósofo grego Platão (427-347 a.C.) assenta as bases conceituais sobre
as quais se fundamentam os estudos astronômicos durante muitos séculos, sendo as
principais: 1. A Terra, que é esférica, é imóvel e está no centro do Universo (geoestatismo e
geocentrismo). 2. Todos os movimentos dos astros devem ser circulares e uniformes. 3. Os
astros não podem ter outro movimento ou mudança fora desse movimento circular
(imutabilidade do céu). Em seus diálogos “Timaeus”, “Phaedo”, “República” e “Epinomis”,
argumenta que a Terra, em sua imobilidade absoluta, é envolvida por quatro capas
esféricas, sendo a primeira, de espessura igual a dois raios terrestres, composta do elemento
água, e a segunda, composta do elemento ar, com a espessura de cinco raios terrestres e
constituindo a atmosfera. Em seguida, há uma camada do elemento fogo, de dez raios
terrestres, tendo em sua parte superior a quarta capa esférica, na qual se encontram as
estrelas. Os sete astros então considerados planetas (Lua, Sol, Mercúrio, Vênus, Marte,
Júpiter e Saturno) evoluem entre a atmosfera e as estrelas.
Século IV a.C. – O filósofo grego Hicetas de Siracusa (c. 400-335 a.C.) modifica o sistema
de Filolau, postulando um movimento de rotação diurna da Terra em torno de seu eixo.
Século IV a.C. – O astrônomo babilônio Kidinnu (morto c. 330 a.C.) talvez tenha
descoberto a precessão dos equinócios, decorrente de uma ligeira rotação do eixo da Terra.
O equinócio representa o ponto de intersecção da eclíptica (trajetória aparente do Sol entre
as estrelas) com o equador celeste (círculo na esfera celeste que coincide com o equador
terrestre), no qual os dias e as noites têm a mesma duração.
Século IV a.C. – O grego Heráclides do Ponto (c. 390-c. 310 a.C.) propõe que a Terra gira
em 24 horas, de oeste para leste, sobre seu próprio eixo, e que Vênus e Mercúrio orbitam o
Sol, e não a Terra. Este é um modelo geo-heliocêntrico que será retomado, no século XVI,
por Tycho Brahe.
Século IV a.C. – O filósofo grego Aristóteles de Estagira (384-322 a.C.) apresenta a mais
influente de todas as teorias astronômicas gregas, que seria considerada verdadeira por
quase dois mil anos. Segundo essa teoria, o Universo está dividido em dois estratos, um
sublunar (ou infralunar) e outro extralunar (ou supralunar, ou ainda translunar). Na região
abaixo da Lua ocorrem mudanças, estando as coisas e os seres vivos sujeitos à morte e à
degeneração. Aí se encontram os cometas, que não passam de fenômenos atmosféricos,
visíveis em forma de estrelas cadentes. A outra região estende-se para além da Lua, e nela
nada jamais se transforma ou perece. Disso decorre que os planetas e as estrelas fixas
pertencentes à região extralunar são regidos por leis distintas das que se aplicam à Terra e
aos cometas. Essa região está permeada pelo éter, substãncia de caráter leve que não está
sujeita a nenhum tipo de mudança (de temperatura ou de umidade, por exemplo) e para a
qual o único movimento natural possível é o circular, porque o círculo representa a
perfeição. A imutabilidade do éter se contrapõe à instabilidade dos quatro elementos
existentes no mundo sublunar (terra, água, ar e fogo), e Aristóteles o considera, por isso, o
quinto elemento, ou quintessência (diz-se também quinta-essência).
Aristóteles formula ainda outros conceitos em astronomia. Sustenta que as fases lunares
dependem de quanto da parte da face da Lua iluminada pelo Sol está voltada para a Terra.
Explica também os eclipses: um eclipse solar ocorre quando a Lua passa entre a Terra e o
Sol; um eclipse lunar ocorre quando a Lua entra na sombra da Terra. Aristóteles argumenta
a favor da esfericidade terrestre, já que a sombra da Terra na Lua durante um eclipse lunar é
sempre arredondada. Aperfeiçoa a teoria das esferas concêntricas de Eudóxio de Cnido,
acrescentando-lhe outras esferas homocêntricas, perfazendo um total de 56. Ele admite
ainda que além da esfera das estrelas fixas existe o Primum Mobile (Primeiro Móvel),
acionado por Deus, o motor primordial e imóvel, e que além dele não há nem movimento,
nem tempo e nem lugar. No tomo II do seu livro “De Caelo” (Dos Céus), propõe que “o
Universo é finito e esférico, ou não terá centro e não pode se mover”.
Século IV a.C. – O astrônomo grego Calipo de Cízico (c. 370-c. 300 a.C.), aluno de
Eudóxio, aperfeiçoa o modelo de seu mestre, adicionando mais sete esferas (duas para o
Sol, duas para a Lua, uma para Mercúrio, uma para Vênus e uma para Marte), com o
objetivo de explicar os complicados movimentos de Mercúrio e de Vênus, já que estes têm
um afastamento limitado em relação ao Sol.
Ele também propõe uma pequena alteração no ciclo de Meton: segundo este modelo (ciclo
de Calipo), a repetição das fases lunares ocorre a cada 76 anos (quatro ciclos de Meton)
menos um dia. Contudo, cálculos modernos permitem afirmar que, enquanto o ciclo de
Meton tem um erro de cinco minutos para mais na duração de um ano solar, o erro do ciclo
de calipo é de onze minutos para menos, sendo, portanto, menos acurado.
Século IV a.C. – O chinês Shi Shen faz o primeiro registro conhecido de manchas solares,
que ele interpreta como sendo eclipses que se originam no centro do Sol e se deslocam para
as regiões periféricas. Embora esteja errado, Shi reconhece as manchas pelo que são:
fenômenos solares.
Mancha solar é uma região do Sol com temperatura mais baixa que a das áreas
circunvizinhas e com intensa atividade magnética. Uma mancha solar típica consiste em
uma região central escura (umbra) rodeada por uma área mais clara (penumbra). Uma única
mancha pode medir 12.000km (quase o diâmetro da Terra), mas um grupo de manchas
chega a alcançar 120.000km ou mais.
Século IV a.C. – O grego Píteas (c. 350-c. 280 a.C.) é o primeiro a observar que as marés
são causadas pela Lua.
365 a.C. – O astrônomo chinês Gan De parece haver observado o satélite Ganimedes do
planeta Júpiter. Acredita-se ter sido ele também o primeiro astrônomo cujo nome se
conhece a compilar um catálogo estelar.
365 a.C. – Aristóteles observa uma ocultação de Marte pela Lua e deduz que o Planeta
Vermelho está mais distante da Terra que nosso satélite.
Ocorre uma ocultação quando um corpo celeste é temporariamente escondido por outro,
que se interpõe entre o primeiro e oobservador. Numa ocultação, o objeto maior (conforme
visto da Terra) passa na frente do menor, ocultando-o completamente. É o contrário do
trânsito, fenômeno em que um objeto menor passa na frente do maior e causa neste uma
diminuição de brilho transitória.
Século III a.C. – Os gregos Aristilo (morto c. 260 a.C.) e Timocáris (c. 320-c. 260 a.C.)
elaboram um dos primeiros catálogos estelares que se conhecem, utilizado posteriormente
por Hiparco para estabelecer a precessão dos equinócios.
Século III a.C. – O astrônomo grego Aristarco de Samos (310-230 a.C.) é o primeiro a
propor (c. 260 a.C.) que a Terra se move em volta do Sol (heliocentrismo), antecipando
Copérnico em mais de 1.700 anos. No entanto, para defender seu modelo, tem de fazer duas
suposições. A primeira delas é no sentido de justificar por que as estrelas parecem fixas,
isto é, por que suas posições aparentes não mudam em consequência do movimento da
Terra em torno do Sol. Essa imobilidade, afirma Aristarco, decorre da imensa distância em
que se encontram as estrelas em relação à Terra. A sua segunda suposição não é original, já
que havia sido considerada por Heráclides do Ponto, qual seja, a rotação da Terra em torno
de seu eixo.
Ademais, desenvolve um método para determinar as distâncias do Sol e da Lua à Terra e
mede os tamanhos relativos da Terra, do Sol e da Lua. Chega à conclusão de que a
distância Terra-Sol é de 8 milhões de km (valor correto: 149,6 milhões de km) e que a
relação entre os diâmetros da Lua e do Sol é de 1/20 (valor correto: 1/400). Aristarco
conclui ainda que as relações entre os diâmetros Lua-Terra e Terra-Sol valem,
respectivamente, 1/3 e 1/7 (valores corretos: 1/3,67 e 1/109).
Século III a.C. – Astrônomos babilônios desenvolvem modelos matemáticos que lhes
permitem prever o movimento dos planetas diretamente, sem recorrer ao registro de
observações passadas.
A astronomia babilônia exerce influência direta sobre as posteriores realizações
astronômicas grega e helenística, da Índia clássica, da Síria, de Bizâncio, islâmica, da Ásia
Central e da Europa Ocidental.
Século III a.C. – O grego Eratóstenes de Cirene (276-194 a.C.), diretor da Biblioteca de
Alexandria de 236 a.C. até sua morte, é o primeiro a tentar medir (c. 240 a.C.) o diâmetro
da Terra, determinando que a distância entre Alexandria e Siena (hoje Assuã, Egito) é
pouco superior a 7° e que, levando em conta que um círculo completo mede 360°, a
distância entre essas duas cidades corresponde a aproximadamente 1/50 da circunferência
total da Terra, redutível depois ao diâmetro mediante a divisão pelo valor numérico de “pi”
(3,141592653...). A circunferência terrestre calculada por Eratóstenes é de 39.690km (valor
correto: 40.075km).
Ademais, Eratóstenes provavelmente é o primeiro a construir (c. 255 a.C.) uma esfera
armilar, modelo da esfera celeste concebido para mostrar o movimento aparente das
estrelas ao redor da Terra (muitos séculos mais tarde, também ao redor do Sol). O nome
vem do latim armilla (círculo, bracelete), uma vez que o instrumento é composto por
diversos círculos graduados que mostram a eclíptica, o equador, os meridianos e os
paralelos astronômicos. As esferas armilares são empregadas sobretudo no ensino de
astronomia.
Século III a.C. – O matemático grego Apolônio de Perga (262-190 a.C.) explica o
movimento dos planetas no céu das estrelas fixas, usando para isso o sistema epiciclo-
deferente, sistema em que o centro de um círculo menor (epiciclo) se desloca ao longo de
um círculo maior (deferente). O epiciclo representa o movimento circular do planeta, e o
deferente é um círculo em cujo centro situa-se o astro em torno do qual orbita o planeta.
c. 275 a.C. – O grego Arato (310-240 a.C.), nascido na Cilícia, conclui “Fenômenos”, um
dos poemas didáticos mais importantes do período helenístico. Em 1.154 versos
hexâmetros, “Fenômenos” descreve o firmamento e as constelações então conhecidas.
Séculos mais tarde, diversas traduções são feitas para o latim, destacando-se as de Cícero,
Varrão e Ovídio.
240 a.C. – Anais chineses fornecem detalhada descrição da passagem de um cometa. Não é
certo que as observações se refiram ao cometa Halley, mas, segundo cálculos modernos, ele
passa pela Terra em maio.
238 a.C. – Ptolomeu III (faraó de 246 a 222 a.C.) tenta adicionar ao calendário egípcio um
dia a cada quatro anos, mas essa medida não chega a ser implementada.
Século II a.C. – O filósofo e astrônomo babilônio Seleuco da Selêucia (c. 190-c. 150 a.C.)
ensina a teoria heliocêntrica de Aristarco de Samos e estuda os movimentos dos planetas de
acordo com esse modelo. Segundo o geógrafo grego Estrabão (c. 63 a.C.-c. 24 d.C.),
Seleuco é o primeiro a afirmar que o universo é infinito, que as marés se devem à atração
exercida pela Lua e que a altura das marés depende da posição da Lua relativamente ao Sol.
Século II a.C. – O grego Hiparco de Niceia (c. 190-c. 120 a.C.), considerado o maior
astrônomo da era pré-cristã, constrói um observatório na ilha de Rodes, onde faz
observações durante o período compreendido entre 162 e 127 a.C. Suas observações lhe
permitem compilar (c. 135 a.C.) um catálogo com a posição no céu e a “grandeza” (hoje
magnitude) de 850 estrelas, especificando, dessa forma, o seu brilho aparente. As estrelas
estão classificadas em seis “grandezas”, correspondendo a 1ª às mais brilhantes e a 6ª
àquelas que estão no limite da visibilidade do olho humano. Constrói também um globo
celeste, representando as constelações conforme observadas por ele. Além disso, é atribuída
a Hiparco (embora essa atribuição seja controversa) a descoberta (147-127 a.C.) da
precessão dos equinócios, mudança lenta e gradual na orientação do eixo de rotação da
Terra que faz com que a posição que indica o eixo da Terra na esfera celeste se desloque ao
redor do polo da eclíptica, traçando um cone e percorrendo uma circunferência completa a
cada 25.772 anos. Calcula que a Lua está à distância de 59 raios terrestres (o valor correto é
60,3). Determina a duração do ano com uma margem de erro de 6 minutos. Desenvolve os
cálculos mais acurados até então para prever eclipses solares e lunares. Inventa o astrolábio
(c. 150 a.C.), instrumento astronômico que mede a posição de um astro em relação ao
horizonte. Com isso, é o primeiro a medir latitudes geográficas e a passagem do tempo
(hora local) por meio da observação de estrelas. É também o primeiro a determinar com
rigor matemático latitudes e longitudes de lugares na Terra.
Século II a.C. – Aglaonike, citada como a primeira astrônoma da Grécia, é tida como
feiticeira por sua “habilidade em fazer a Lua desaparecer do céu”, o que sugere ser ela
capaz de prever eclipses lunares.
163 a.C. – O cometa Halley deve ter passado pelo periélio (ponto de maior aproximação ao
Sol) em 5 de outubro, e os astrônomos chineses assinalam um cometa nesse período.
Século I a.C. – O filósofo romano Lucrécio (c. 99-c. 55 a.C.), em sua obra “De Rerum
Natura” (“Sobre a Natureza das Coisas”), postula que o Universo não foi criado por um ser
supremo, mas pela mistura de partículas elementares existentes desde sempre, governadas
por algumas leis simples. O Universo de Lucrécio é infinito, preenchido por um número
infinito de átomos.
87 a.C. – Observa-se na China um cometa, que parece ser o mesmo a que o naturalista e
escritor romano Plínio, o Velho (23-79), faz alusão neste texto: “O cometa é um astro
terrível e um sinal de derramamento de sangue. Já tivemos exemplo disso nas desordens
civis sob o consulado de Otávio”. Provavelmente, trata-se do cometa Halley, cujo periélio,
segundo cálculos modernos, ocorre em agosto.
46 a.C. – Júlio César (100-44 a.C.) adota um novo calendário, que fica conhecido como
calendário juliano, para cuja elaboração consulta o astrônomo Sosígenes de Alexandria. O
ano passa a ter 365 dias e 6 horas, iniciando-se em 1º de janeiro (antes começava em 1º de
março). Embora o ano civil continue com 365 dias, o novo calendário institui, a cada 4
anos, o ano bissexto, de 366 dias, para recuperar as 6 horas perdidas todos os anos. Os
meses, como os atuais, têm 30 ou 31 dias, menos o mês de fevereiro, com apenas 28 ou 29
dias, quando o ano é bissexto. Para corrigir o atraso acumulado ao longo dos séculos,
Sosígenes acrescenta 90 dias ao ano 46 a.C., que teve 15 meses e 445 dias. Em 44 a.C., por
ordem do General e Cônsul romano Marco Antônio(81-30 a.C.), o mês Quintilis passa a ser
chamado de Julius (Julho) em homenagem a Júlio César. Em 8 a.C., por ordem do Senado
romano, o mês Sextilis passa a ser chamado de Augustus (Agosto) em homenagem a
Otávio Augusto (63 a.C.-14 d.C.), o primeiro imperador de Roma.
44 a.C. (julho) – Um cometa muito brilhante (formalmente, C/43 K1) aparece nos céus de
Roma por uma semana e se torna um dos cometas mais famosos de toda a Antiguidade. Os
romanos interpretam-no como sinal da deificação de Júlio César, cuja morte ocorrera
quatro meses antes. Atinge a magnitude -4 e chega a ser visível durante o dia. É também
conhecido como Cometa César ou Grande Cometa de 44 a.C.
4 a.C. (12 de março) – Ocorre um eclipse da Lua e, alguns dias depois, de acordo com o
historiador judeu Flávio Josefo (37-c. 100), morre Herodes, o Grande (nascido por volta de
73 a.C. e rei da Judeia desde 37 a.C.). O fato de Herodes estar, segundo a Bíblia, ainda vivo
quando Jesus nasceu é um dos principais argumentos utilizados para apontar erros na
contagem dos anos da era cristã. Investigadores modernos situam o nascimento de Cristo
entre os anos 7 e 4 a.C.
Século I d.C. – O filósofo romano Sêneca (c. 4 a.C.-65 d.C.), rejeitando a explicação
“atmosférica” dada por Aristóteles acerca dos cometas, propõe uma atitude realmente
científica frente ao problema das “estrelas de cabeleira”. Ele salienta a necessidade de se
compilar todos os aparecimentos de cometas e chega a levantar a hipótese de que estes
possam retornar periodicamente.
Século I – O historiador e biógrafo grego Plutarco (46-120) sugere que na Lua existem
reentrâncias onde a luz do Sol jamais chega e que as manchas visíveis em sua superfície são
resultantes de sombras de rios ou de abismos profundos. Também cogita a possibilidade de
o satélite ser habitado.
Século II – O grego Cláudio Ptolomeu (c. 90- c. 168), último grande astrônomo da
Antiguidade, compila (127-151) um volume sobre astronomia, dividido em treze seções ou
livros (152 páginas numa edição impressa de 1515), conhecido como o “Almagesto”
(“grande Tratado”, em árabe), que é a maior fonte de conhecimento astronômico na Grécia
e um dos textos científicos mais influentes de todos os tempos. Nessa obra, Ptolomeu inclui
um catálogo de estrelas baseado nos trabalhos de Hiparco; lista 48 constelações, cujos
nomes prevalecem até hoje; descreve e aperfeiçoa os instrumentos usados pelos
astrônomos, tendo, inclusive, no livro quinto do “Almagesto”, demonstrado como se
constrói e usa um astrolábio; faz também uma descrição matemática detalhada dos
movimentos do Sol e da Lua, o que lhe permite calcular com maior precisão as datas dos
futuros eclipses solares e lunares.
O conteúdo principal dos treze livros do “Almagesto” é o seguinte:
I – sumário da teoria cosmológica de Aristóteles, com um firmamento de forma esférica, no
centro do qual está a Terra, esférica e imóvel, em torno do qual orbitam os planetas e as
estrelas fixas;
II – nascer e pôr de objetos celestes, duração da luz do dia, determinação da latitude, pontos
onde o sol está a pino, sombras projetadas pelo sol durante os equinócios e os solstícios;
III – duração do ano e movimento do Sol; Ptolomeu explica a descoberta da precessão dos
equinócios por Hiparco e introduz a teoria dos epiciclos;
IV e V – movimento da Lua, paralaxe lunar, tamanho e distância do Sol e da Lua em
relação à Terra;
VI – eclipses solares e lunares;
VII e VIII – movimentos das estrelas fixas (são fixas apenas em relação à Terra), incluindo
precessão dos equinócios; catálogo com 1.022 estrelas, nos moldes do catálogo de Hiparco;
IX – modelos para os cinco planetas visíveis a olho nu e movimento de Mercúrio;
X – movimentos de Vênus e de Marte;
XI – movimentos de Júpiter e de Saturno;
XII – estações do ano e movimentos retrógrados dos planetas;
XIII – movimentos de latitude, ou seja, desvio dos planetas em relação à eclíptica.
A cosmologia do “Almagesto” compreende cinco pontos principais: a região celeste é
esférica e se move como uma esfera; a Terra é uma esfera; a Terra está no centro do
universo; a Terra, em relação à distância das estrelas fixas, não tem dimensões
significativas e deve ser considerada como um ponto matemático; a Terra não se move.
A contribuição mais importante de Ptolomeu é uma representação geométrica do Sistema
Solar, geocêntrica, com círculos e epiciclos, que permite predizer o movimento dos
planetas com considerável precisão e que é usada até o Renascimento, no século XVI.
141 – O único registro desta passagem do cometa Halley está nos anais astronômicos
chineses. Data do periélio, segundo cálculos modernos: 22 de março.
185 (7 de dezembro) – Primeiro registro conhecido de uma supernova (SN 185), feito nos
Anais Astrológicos chineses do Houhanshu. Localizada na constelação do Compasso, a
aproximadamente 9.100 anos-luz da Terra, permanece visível por oito meses e atinge a
magnitude aparente -7.
Em astronomia, magnitude aparente é uma escala para representar numericamente o brilho
de um astro conforme é visto da Terra, enquanto magnitude absoluta refere-se ao brilho que
teria um astro à distância-padrão de 10 parcecs (32,6 anos-luz).
Um ano-luz é a distância percorrida pela luz no vácuo, durante um ano juliano, à
velocidade de 299.792,458km/s, ou seja, 9.460.730.472.580,8km (em geral, arredondado
para 9,461 trilhões de km).
295 – O cometa Halley é observado em maio pelos chineses. Data provável do periélio: 20
de abril.
325 – O primeiro Concílio de Niceia (atual Iznik, província de Bursa, Turquia) estabelece
que a Páscoa deve ser celebrada por todos os cristãos no mesmo domingo, mas não
determina uma fórmula precisa para calcular a data. Após vários séculos de controvérsias e
disputas, a data para a celebração da Páscoa é finalmente determinada como sendo o
primeiro domingo depois do início da primeira lua cheia do equinócio da primavera para o
hemisfério norte (outono para o hemisfério sul), que a Igreja considera ocorrer em 21 de
março (embora muitas vezes ocorra em 20 de março). Dessa forma, a data da Páscoa varia
entre 22 de março e 25 de abril.
Essa questão tem dupla importância. Primeiramente, a partir da data da Páscoa são
determinadas as datas de diversas festas ou feriados móveis: carnaval (sete semanas antes),
Pentecostes (sete domingos depois), Corpus Christi (sessenta dias depois). Ademais, é o
fato de o calendário juliano então em vigor apresentar uma discrepância (para mais) de
aproximadamente três dias a cada quatro séculos, o que provoca desajustes na data da
Páscoa, que vai determinar, no século XVI, a reforma que resultará no calendário
gregoriano.
363 (27 de junho) – Ocorre o mais longo eclipse solar já observado, com duração de sete
minutos e 24 segundos.
393 – Os chineses registram uma supernova (SN 393), visível por cerca de oito meses na
constelação de Escorpião. A magnitude mínima é -1, e a distância à Terra é estimada em
3.000 anos-luz.
Século VI – O bispo francês Gregório de Tours (c. 538-593) utiliza os escritos do romano
Marciano Capella (século V) para desenvolver um método que permite aos monges
determinar o tempo das orações noturnas por meio da observação das estrelas.
c. 525 – O monge Dionísio Exíguo (c. 470-c. 544) reorganiza a contagem dos anos, cujo
marco inicial deixa de ser a fundação de Roma. Ele estabelece que o ano 1 é o do
nascimento de Jesus Cristo (não existe ano 0), mas comete erros nos cálculos, pois os
historiadores modernos acreditam que Jesus nasceu entre os anos 7 e 4 a.C. Ele também
introduz, para assinalar o período posterior ao nascimento de Cristo, a expressão A.D.,
“Anno Domini” (Ano do Senhor).
607 – Dois cometas aparecem e são observados na China, um em fevereiro e outro em abril.
Á época em que surge o segundo coincide com a de uma passagem calculada do cometa
Halley (periélio em 7 de março).
622 (16 de julho) – A fuga de Maomé de Medina (Hégira) constitui o ponto de partida do
calendário islâmico, ou muçulmano. É um calendário lunar, com ciclos de trinta anos (360
lunações) divididos em dezenove anos de 354 dias e onze anos de 355 dias. Em média, 33
anos do calendário islâmico equivalem a 32 anos do calendário gregoriano.
Os meses são nuharram, safar, rabi al-awwal, raby al-thaany, jumaada al-awal, jumaada al-
thaany, rajab, sha'aban, ramadan, shawwal, dhu al-qidah e dhu al-hija.
Século VIII – O monge e erudito inglês Alcuíno de York (c. 735-804), ao dirigir em Paris a
reforma educacional proposta pelo imperador franco-alemão Carlos Magno (742-814),
defende a ideia de um modelo geo-heliocêntrico para o Sistema Solar, nos moldes do que
havia sido proposto por Heráclides do Ponto.
723 – O monge inglês Beda, o Venerável (c. 673-735), termina “De temporum ratione”
(Sobre o cálculo do tempo”), um texto influente que fornece aos religiosos os
conhecimentos astronômicos práticos necessários para calcular a data da Páscoa. Essa obra
constitui parte importante da educação dos clérigos até bem depois do surgimento das
primeiras universidades, no século XII.
760 – “No vigésimo ano do reinado de Constantino”, escreve Alexandre Guy Pingré, “um
cometa muito brilhante, semelhante a uma barra de ferro incandescente, apareceu durante
três dias do lado do Oriente, e em seguida durante 21 dias no Ocidente”. Os registros dos
chineses não deixam dúvidas: trata-se do cometa Halley.
Periélio provável: 20 de maio.
807 (17 de março) – O monge beneditino Adelmus observa uma grande mancha solar,
visível durante oito dias. Ele pensa estar vendo um trânsito de Mercúrio.
809 - Astrônomos reunidos por Carlos Magno (742-814) na sua corte em Aachen
(Alemanha) dão início à elaboração de um compêndio astronômico conhecido como
“Compilação de Aachen de 809-812” ou “Manual de 809”. Os astrônomos são
encarregados de fazer uma revisão dos conhecimentos contemporâneos sobre o céu, mas o
verdadeiro objetivo do rei é cristianizar o que considera uma tradição científica “pagã”.
Para isso, a estratégia utilizada é manter tanto quanto possível os textos dos autores
clássicos, mas com o cuidado de alterar alguns detalhes que causam preocupação à doutrina
cristã do início da Idade Média.
Um dos principais autores do compêndio é (Santo) Adelardo de Corbie (751-827), primo de
Carlos Magno, que contribui com dois textos: “De ordine ac positione stellarum in signis”,
um catálogo com 42 das 48 constelações listadas por Ptolomeu, e “Excerptum de
astrologia”, um resumo do poema “Fenômenos”, de Arato.
c. 820 – O persa al-Khwarizmi (c. 780-c. 850) escreve “Zij al-Sindh”, primeira obra
significativa da astronomia islâmica. Contém tabelas dos movimentos do Sol, da lua e dos
cinco planetas então conhecidos.
O livro é importante porque introduz conceitos ptolomaicos na ciência islâmica e assinala
um ponto decisivo na astronomia daquele povo. Até aqui, os astrônomos muçulmanos se
limitam a conhecimentos superficiais, traduzindo obras e aprendendo o que já havia sido
descoberto por outros. O trabalho de Al-Khwarizmi marca o começo da utilização de
métodos próprios de estudo e de cálculo.
837 – A passagem do Halley desse ano é bem próxima do Sol (periélio em 28 de fevereiro)
e dela encontramos vários registros (devidos, provavelmente, a seu grande esplendor), tanto
nos anais chineses como em numerosos textos ocidentais, que o assinalam entre 11 de abril
e 7 de maio. Cálculos modernos indicam que o Halley passa a 5,1 milhões de km da Terra,
a menor distância entre todas as passagens observadas. A cauda pode ter-se estendido ao
longo de 90° no céu, mas não há registro astronômico desse fato.
Século X – O francês Gerbert de Aurillac (c. 946-1003), papa Silvestre II a partir de 999, é
um dos estudiosos europeus que viajam para a espanha e a Sicília (ambas sob dominação
islâmica) à procura dos conhecimentos astronômicos dos povos de língua árabe de que
ouvem falar. Lá os estudiosos encontram métodos práticos para contagem de tempo,
cálculo de calendários e utilização do astrolábio. Jerbert reintroduz na Europa a esfera
armilar, desaparecida do velho continente desde o final da era greco-romana. Além disso,
divulga a astronomia e escreve diversos livros sobre o tema voltados para estudantes.
Século XI – O astrônomo árabe Abu Ali al-Hasan Ibn Al-Haytham (965-1040), conhecido
no Ocidente como Alhazen ou Alhacen, publica "Sobre A Luz da Lua", obra em que faz
estudos sistemáticos do satélite da Terra, aplicando pela primeira vez matemática
astronômica ao estudo da física.
No livro “Al-Shuku ala Batlamyus” ("Dúvidas sobre Ptolomeu"), publicado em algum
momento entre 1025 e 1028, critica vários aspectos da cosmologia do autor do Almagesto.
Considera absurdo o fato de Ptolomeu ter tentado explicar movimentos reais dos corpos
celestes com pontos, linhas e círculos matemáticos imaginários. Contudo, mantém o
modelo geocêntrico da cosmologia ptolomaica.
Em "Sobre a Via Láctea, postula que, contrariamente ao que Afirma Aristóteles, a Via
Láctea não é um fenômeno atmosférico, mas está distante da Terra.
Alhazen é um dos primeiros a desenvolver o método científico experimental em que se
baseia a ciência moderna. Distingue a astrologia da astronomia e condena a utilização de
teorias exclusivamente empíricas para explicar descobertas científicas.
Século XI – O médico e filósofo persa Abu-Ali al-Husain ibn Abdullah Ibn Sina, conhecido
como Avicena (980-1037), critica o conceito aristotélico de que a luz das estrelas provém
do Sol e defende a hipótese de que todos os corpos celestes têm luz própria.
1006 (30 de abril) – Terceiro registro de supernova (SN 1006)observada na Via Láctea, na
constelação do Lobo (as anteriores foram as supernovas de 185 e de 393). Os chineses
afirmam tê-la avistado durante mais de dois anos. Distante 7.200 anos-luz, chega a atingir a
magnitude aparente -7,5, sendo a estrela mais brilhante já observada a olho nu.
1032 (24 de maio) – O astrônomo, médico e filósofo Avicena (c. 980-1037) faz o primeiro
registro conhecido de um trânsito de Vênus. Ele conclui que Vênus está mais perto da Terra
que o Sol e estabelece que, pelo menos às vezes, a órbita de Vênus é interna à da Terra
relativamente ao Sol.
Alguns estudiosos modernos põem em dúvida o fato de Avicena ter tido condições de
visibilidade para observar este trânsito.
Trânsito de Vênus é a passagem deste planeta entre a Terra e o Sol, ocultando uma pequena
parte do disco solar. O efeito é semelhante ao de um eclipse do Sol pela Lua, mas em
menor escala, devido à distância muito maior do planeta em relação à Terra, comparada
com a do nosso satélite. Para que um trânsito desse tipo ocorra, é necessário que Vênus, O
Sol e a Terra estejam alinhados.
Os trânsitos de Vênus se repetem em ciclos de 243 anos. Ocorrem aos pares, com intervalo
de oito anos, e cada par separado do seguinte por 121,5 ou 129,5 anos. Atualmente,
ocorrem em junho ou em dezembro (essa configuração muda ao longo de uma escala de
milhares de anos).
Século XII – Estudiosos continuam viajando para a Espanha e a Sicília à procura de textos
astronômicos e astrológicos mais completos, que eles traduzem do árabe e do grego para o
latim, aumentando assim o conhecimento sobre astronomia na Europa ocidental. A chegada
desses “novos” textos coincide com o desenvolvimento das universidades na Europa
medieval, onde encontram ambiente propício para divulgação.
1129 – O monge e cronista inglês John de Worcester (morto c. 1140) descreve observações
de manchas solares.
1178 (18 de junho) – Monges ingleses afirmam ter visto uma explosão na Lua, descrita em
uma crônica por Gervase de Canterbury (1141-1210).
1235 – No livro “De Anni Ratione”, Johannes de Sacrobosco faz críticas ao calendário
juliano, afirmando que há nele um erro de dez dias em relação ao tempo solar real e que
algum tipo de correção precisa ser feito. Embora não faça sugestões para corrigir esse erro
de dez dias já acumulado, propõe que, no futuro, um dia passe a ser eliminado do
calendário a cada 288 anos.
Neste livro, Sacrobosco divulga a informação falsa de que o imperador romano Augusto
tirou um dia de fevereiro e o incorporou ao mês que leva seu nome (Augustus) para que
este mês não tivesse menos dias que aquele que homenageia Júlio César (Iulius).
1252 – São publicadas, com o patrocínio do rei de Castela e Leão Afonso X (1221-1284),
as chamadas "Tabuas Afonsinas”, que apresentam cálculos para as posições do Sol, da Lua
e dos planetas em relação às estrelas fixas a partir de 1º de janeiro desse ano. Constituem
uma revisão e uma melhoria das tabelas Ptolomaicas, tendo sido as melhores tabelas afins
disponíveis durante a Idade Média e não são substituídas durante mais de três séculos. Os
dados astronômicos acerca da posição e do movimento dos planetas contidos nessas tábuas
são compilados em Toledo por aproximadamente cinquenta astrônomos, reunidos pelo rei
para esse fim.
1264 (julho) – Um cometa muito brilhante (formalmente, C/1264 N1) aparece na Europa e
permanece visível até o começo de outubro. Durante o período de maior esplendor (final de
agosto e início de setembro), pode ser visto durante o dia (pela manhã).
Cronistas da época relatam vários eventos significativos ocorridos na Europa nesse tempo e
relacionam o surgimento do cometa especialmente à morte do papa Urbano IV (n. c. 1195),
que teria se sentido doente no mesmo dia em que o astro foi visto pela primeira vez e
morrrido no dia em que ele desapareceu: 2 de outubro. Há registros dizendo que “o
prodígio de uma estrela cabeluda” trouxe a doença do papa e saiu sorrateiramente depois da
conclusão do trabalho.
1330 – O matemático e astrônomo judeu francês Levi Ben Gerson (1288-1344) constrói o
instrumento denominado balestilha ou "bastão de Jacob", com o objetivo de determinar
ângulos para utilização em navegação. O ângulo entre o horizonte e o Sol permite calcular a
latitude em que determinado navio está; o ângulo entre o horizonte e a Estrela Polar
possibilita aos marinheiros orientar-se durante a noite. O ângulo entre o topo e a base de um
objeto fornece uma referência para calcular a distância do objeto em questão.
Alguns estudiosos atribuem a invenção da balestilha ao também judeu francês Jacob ben
Machir ibn Tibbon (c. 1236-c. 1304).
Posteriormente, a balestilha é substituída pelo sextante, cujos resultados são mais precisos.
1378 – Embora seguida tanto na Europa quanto na China por seis semanas, essa passagem
do cometa Halley não é tão brilhante quanto a anterior. O periélio ocorre em 10 de
novembro.
1456 – O aparecimento do cometa Halley desse ano ocorre em junho (periélio no dia 9), e o
cometa se encontra em posição tal que seu esplendor é extraordinário. As observações são
numerosas. Alguns afirmam que o papa Calisto III (1378-1458) pediu a todos os cristãos
que orassem para afastar o cometa.
1475 – O papa Sixto IV (1414-1484) pede a Regiomontano para efetuar estudos sobre a
reforma do calendário, mas o astrônomo alemão morre no ano seguinte, sem realizar a
tarefa.
1478 – O judeu espanhol Abraham Zacuto (1452-c. 1515) conclui “O Grande Livro”,
tratado astronômico escrito em hebraico, composto de 65 tabelas detalhadas (efemérides),
computadas a partir de 1473. Em 1496, uma tradução em latim é publicada em Portugal
com o título “Tabulae tabularum Celestium motuum sive Almanach perpetuum”.
Zacuto também inventa um novo tipo de astrolábio, apropriado para medir latitudes em
alto-mar, por ser de operação mais simples.
Tanto o livro como o astrolábio contribuem para melhorar significativamente a precisão das
medições feitas pelos navegantes durante as viagens oceânicas. Em 1497, Vasco da Gama
(1469-1524) leva ambos em sua primeira viagem às Índias.
Em astronomia, efemérides são tabelas de valores que fornecem a posição de determinados
astros no céu durante um tempo dado. Podem ser usadas na previsão de eclipses,
conjunções, fases da Lua, etc. Contemporaneamente, as efemérides para o Sistema Solar
são essenciais no cálculo das rotas que as naves espaciais devem seguir.
1499 - O navegador espanhol Vicente Yáñez Pinzón (c. 1462-c. 1514) observa a Nebulosa
do Saco de Carvão, a mais proeminente nebulosa escura de todo o céu, facilmente visível a
olho nu, situada na constelação do Cruzeiro do Sul, a aproximadamente 600 anos-luz da
Terra. Com diâmetro compreendido entre 30 e 35 anos-luz (280 e 330 trilhões de km), é
conhecida desde a pré-história no hemisfério sul e tem papel importante em várias culturas
aborígenes australianas. Os incas chamavam esta nebulosa de Yutu, em alusão a um
pássaro característico da região andina.
1500 (28 de abril) – Um integrante da esquadra de Pedro Álvares Cabral, João Meneslau,
conhecido como "Mestre João" e que acompanha a frota na condição de "cirurgião e
físico", envia ao rei Português D. Manuel I (1469-1521), por intermédio de Gaspar de
Lemos, uma carta na qual faz referência a suas atividades astronômicas no novo mundo.
Refere-se, na mencionada missiva, à "Cruz", nome pelo qual era conhecido o Cruzeiro do
Sul, já observado por Hiparco e por Ptolomeu, que o consideravam parte da constelação do
Centauro. Na "Cruz", Mestre João assinala o fato de que suas "Guardas", as estrelas alfa e
gama, apontam na direção do polo sul celeste, tal qual as "Guardas" ou "Ponteiros" da
Grande Ursa em relação ao polo norte celeste. Talvez por querer comparar em excesso é
que Mestre João escreve ter visto uma estrela "pequena" e "muito clara", réplica austral da
"Polaris" boreal. Mestre João observa ainda as principais estrelas da constelação do
Centauro, do Triângulo (alfa, beta e delta) e do Pavão (beta, gama e delta). Bastante curioso
é que, em sua carta, não tenha Mestre João feito qualquer menção a objetos já conhecidos
de observadores dos céus austrais e que não têm equivalente no hemisfério norte, como as
Nuvens de Magalhães, e que nenhuma palavra tenha dedicado ao "Saco de Carvão",
nebulosa escura tão nítida no Cruzeiro do Sul.
1514 – O astrônomo polonês Nicolau Copérnico (1473-1543) apresenta, pela primeira vez,
sua teoria heliocêntrica no livro “Commentariolus” (Pequenos Comentários) (40 páginas),
que circula apenas entre seus amigos. Escrito provavelmente a partir de 1506, é uma síntese
do livro que, três décadas mais tarde, será publicado como “De Revolutionibus Orbium
Coelestium”.
1521 (janeiro) – O veneziano Antonio Pigafetta (c. 1491-c. 1534), integrante da expedição
dO navegador português Fernão de Magalhães (1480-1521) observa as hoje chamadas
Nuvens de Magalhães, duas galáxias-satélites da Via Láctea, durante a primeira viagem
bem-sucedida de circum-navegação da Terra.
A Grande Nuvem de Magalhães, localizada nas constelações de Monte Mesa e Dourado, é
a quarta maior galáxia do Grupo local, depois de Andrômeda (M31), Via Láctea e
Triângulo (M33). Tem massa total equivalente a 10 bilhões de massas solares, está a
163.000 anos-luz da Terra e apresenta magnitude aparente 0,9.
A Pequena Nuvem de Magalhães, bem menor, é formada por algumas centenas de milhões
de estrelas (A Via Láctea contém entre 200 e 400 bilhões). Localiza-se na constelação de
Tucano, dista da Terra cerca de 200.000 anos-luz e apresenta magnitude aparente 2,7.
1528 – Primeiro registro conhecido, em língua inglesa, da expressão “blue moon” (“lua
azul”), feito Num panfleto que ataca o clero. Originalmente, lua azul era a terceira lua cheia
de uma estação do ano com quatro plenilúnios. Atualmente, lua azul é a segunda lua cheia
de um mesmo mês, fenômeno que ocorre sete vezes a cada dezenove anos.
1531 – Durante esta passagem do cometa Halley, cujo periélio ocorre em 26 de agosto,
Petrus Apianus observa que as caudas dos cometas estão sempre voltadas para a direção
oposta à do Sol.
Os conhecimentos hoje disponíveis permitem explicar esse fenômeno. Quando estão
distantes do Sol, os cometas não têm cauda. À medida que se aproximam da estrela, o vento
solar, emissão contínua de partículas eletricamente carregadas provenientes da coroa,
empurra para trás parte da poeira e dos gases (coma ou cabeleira) que envolvem o núcleo
cometário, formando a cauda. O processo inverso se dá quando, depois de passarem pelo
periélio, os cometas se afastam do Sol: o vento solar empurra na direção dos cometas os
gases e poeira que eles arrastam consigo, os quais voltam a se juntar ao núcleo, e então a
cauda desaparece. As caudas dos cometas são, portanto, fenômenos cíclicos.
1536 – O italiano Marcellus Stellatus Palingenius (c. 1500-c. 1543) publica em Veneza, sob
o pseudônimo Pier Angelo Manzolli, "Zodiacus Vitae", poema em latim composto de doze
livros, cada um dedicado a um signo do zodíaco. Nessa obra, Palingenius afirma que o
Universo é infinito.
1551 – o matemático alemão Erasmus Reinhold (1511-1553) publica, com base no modelo
copernicano, novas tabelas astronômicas – as chamadas prutênicas ou prussianas (“Tabulae
prutenicae“, em latim) –, superiores às alfonsinas, que haviam sido publicadas em 1252.
1556 (fevereiro) Um cometa muito brilhante (formalmente, C/1556 D1) aparece na Europa.
O diâmetro aparente é igual à metade do da Lua, e a cauda é descrita como “a chama de
uma tocha agitada pelo vento”.
A trajetória do cometa é observada por Paul Fabricius (1529-1589), um físico e matemático
da corte de Carlos V (1500-1558), imperador do Sacro Império Romano Germânico
(1519-1556).
Este cometa é conhecido como Cometa de Carlos V. Ao avistá-lo pela primeira vez, o
imperador fica horrorizado e fala: “Por meio deste sinal terrível, o meu destino me chama”.
O monarca, que já considerava seriamente a possibilidade de deixar o governo, toma o
aparecimento do cometa como um sinal divino e se retira para o mosteiro de Yuste,
localizado na atual Província de cáceres, Espanha.
O frei dominicano português Gaspar da Cruz (morto em 1570) relaciona o aparecimento do
cometa ao terremoto catastrófico ocorrido em 23 de janeiro deste mesmo ano em Shaanxi,
na China, o mais mortífero de todos os tempos: entre 820.000 e 830.000 vítimas fatais. Em
um livro de 1569, ele se pergunta se o cometa não teria sido um sinal de calamidade para o
mundo inteiro, e não apenas para a China, e se não poderia ser uma indicação do
nascimento do Anticristo.
Alguns estudiosos sugerem que o cometa de 1556 é o mesmo de 1264. Contudo, nada
comprova essa hipótese.
1568 – O papa Pio V (1504-1572) manda publicar um novo Breviário tentando ajustar as
tabelas lunares e o sistema de anos bissextos, pois havia uma diferença de dez dias entre os
anos trópico e juliano, o que interferia na data da Páscoa.
1570 – O Papa Pio V manda publicar um novo Missal tentando, mais uma vez, ajustar as
tabelas lunares e o sistema de anos bissextos.
1573 – Tycho Brahe publica o livro intitulado "De Nova Stella", (“Sobre A Estrela Nova”)
para registrar a observação por ele feita, no ano anterior, acerca da existência de uma nova
estrela nos céus. Em vista desse livro, eventos assim ficam conhecidos como "novas". Ao
analisar suas próprias medidas e compará-las com as de outros observadores europeus,
como as de Thomas Digges, Tycho Brahe descobre que essa “nova” estrela está muito além
da Lua, indicando, portanto, um rompimento com a tradição aristotélica, segundo a qual tal
objeto deveria estar na esfera sublunar, já que o céu era imutável. Registre-se que Tycho
Brahe recusa o modelo de Copérnico porque ele contradiz a Bíblia e, também, porque não
se observam paralaxes anuais das estrelas (diferenças na posição aparente de uma estrela
vista de dois lugares distintos), uma consequência natural desse modelo.
Em astronomia, “nova” é uma explosão termonuclear causada pela acumulação de
hidrogênio na superfície de uma anã branca. Esse fenômeno é tão luminoso que estrelas
invisíveis a olho nu passam a ser observáveis e aparecem como um brilho repentino no céu.
Brahe pensa tratar-se de uma “estrela nova”, daí o nome. Na verdade, as novas são muito
velhas, estrelas prestes a completar seu ciclo de existência. Os astrônomos estimam que
cerca de quarenta novas surgem por ano na Via Láctea.
Supernovas são explosões mais violentas que as novas, podendo atingir magnitudes
absolutas bilhões de vezes superiores à do Sol. São eventos bem mais raros: estima-se que
ocorra um deles a cada cinquenta anos na Via Láctea.
1576 – O astrônomo inglês Thomas Digges (1546-1595), o Primeiro a romper com a ideia
das esferas fixas de Ptolomeu, considerando-os objetos a diferentes distâncias mas
uniformemente distribuídos no espaço, decide escrever e anexar um suplemento a uma obra
de seu pai, Leonard Digges (1520-1559), intitulada “Prognostication Everlasting”. O
suplemento, escrito para divulgar a teoria heliocêntrica de Copérnico, da qual Thomas
Digges é um dos mais apaixonados defensores na Inglaterra, intitula-se “A Perfit
Description of the Coelestial Orbits” (Uma descrição Completa das Esferas Celestes) e
acaba se tornando um dos trabalhos científicos mais populares na Inglaterra da época, a
ponto de merecer pelo menos sete edições entre 1586 e 1605. A remoção das esferas fixas,
indicando que as estrelas não se acham sempre à mesma distância do Sol, mas se
distribuem pelo espaço infinito, constitui uma ruptura radical, que salta de um Universo
medieval, finito, para o Cosmo infinito e uniformemente povoado de estrelas. Efetua-se,
dessa maneira, decorridos apenas trinta anos da revolução copernicana, outra revolução,
que abre caminho às modernas concepções do Universo.
1577 (13 de novembro) – Tycho Brahe observa um cometa (oficialmente, C/1577 V1),
visível durante vários meses, e usa a paralaxe para provar (por meio da medida da distância
à Terra) que os cometas são objetos distantes e não fenômenos atmosféricos, como
postulara Aristóteles. Ao atribuir a esses astros uma órbita elíptica (ovalada), Brahe
contraria o pensamento dominante desde a Antiguidade, pois supunha-se até então que as
órbitas dos corpos celestes deveriam, necessariamente, ser circulares, a forma mais perfeita,
e a perfeição caracterizaria a região extralunar.
1582 (24 de fevereiro) – o papa Gregório XIII (1502-1585), assessorado principalmente por
Christopher Clavius (1538-1612), decreta, por meio da bula “Inter Gravissimas”, a reforma
do calendário juliano. Cria assim o calendário gregoriano, que vigora até hoje. O novo
calendário suprime 10 dias do ano de 1582, saltando imediatamente do dia 4 de outubro
(quinta-feira) para o dia 15 (sexta-feira) do mesmo mês. Ainda segundo as reformas
instituídas por Gregório XIII, convenciona-se que só são bissextos os anos divisíveis por 4.
Adota-se, no entanto, um critério especial para os anos de final de século: são bissextos
apenas aqueles cujas centenas são divisíveis por 4 (1600, 2000). O ano de 1900, por
exemplo, não foi bissexto, porque 19 não é divisível por 4; já o ano 2000 foi bissexto,
porque 20 é divisível por 4.
O calendário gregoriano é proposto num momento de grandes conflitos de ordem religiosa.
Assim, de início, é aceito apenas nos países católicos: Itália, Espanha, Portugal (incluindo o
Brasil), Polônia, França, Bélgica e Luxemburgo. Nos demais países, vai sendo adotado com
o tempo.
1587 – Tycho Brahe propõe para o Sistema Solar um modelo híbrido, com características
heliocêntricas e geocêntricas. Segundo esse modelo, os planetas então conhecidos
(Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno) giram em torno do Sol, e todos juntos,
incluindo o Sol, orbitam a Terra. Sendo Brahe um cientista eminente e tendo convicções
religiosas bastante arraigadas, esta é a fórmula que ele encontra para conciliar o
geocentrismo bíblico, defendido pela Igreja católica, com o heliocentrismo, cuja realidade
se torna cada vez mais evidente à medida que os seus estudos em astronomia progridem
1590 (13 de outubro) – Ocorre a única ocultação registrada de Marte por Vênus, observada,
em Heidelberg, pelo astrônomo e físico alemão Michael Maestlin (1550-1631), o mentor de
Johannes Kepler.
1600 – O físico inglês William Gilbert (1544-1603) publica "De Magnete", livro em que
afirma ser a Terra um imenso ímã e defende a infinitude do Universo.
Neste livro estão assentadas as bases para futuras teorias sobre magnetismo e eletricidade.
1600 (17 de fevereiro) – Depois de mais de sete anos de prisão (desde maio de 1592) e de
um longo julgamento, Giordano Bruno é Condenado pela Inquisição por heresia e
queimado vivo no Campo de' Fiori, em Roma.
Três anos depois, todos os livros dele são colocados no “Index Librorum Prohibitorum”
(relação de obras proibidas pela Igreja Católica), criado em 1559 pela Inquisição.
1609 (maio) – Galileu Galilei constrói o primeiro telescópio refrator óptico astronômico
(perspicillum). Trata-se de uma modesta luneta, formada por duas lentes, uma côncava e a
outra convexa, unidas por um tubo de chumbo, capaz de aumentar três vezes os objetos
focados. No entanto, o progresso é rápido, a ponto de, no ano seguinte, Galileu dispor de
um telescópio com capacidade de 33 aumentos.
A partir da utilização destes instrumentos ópticos, tem início a astronomia moderna. O olho
humano deixa de ser o único meio disponível para observar o céu, passando a receber o
auxílio de telescópios cada vez mais potentes.
1609 (agosto) – Utilizando seu telescópio, Galileu Galilei observa que a Lua possui vales,
montanhas, "mares" e "oceanos".
1610 – Galileu Galilei vê os anéis de Saturno, mas não reconhece que são anéis. Além
disso, ele observa as crateras da Lua, distingue as fases de Vênus e descobre que a Via
Láctea é formada por estrelas. Com isso, Galileu dá início ao principal ramo da astronomia
atual, a astrofísica (estudo da física do universo, incluindo as propriedades físicas dos
objetos astronômicos, as interações entre eles e a dinâmica que os envolve).
1610 (7 de janeiro) – Galileu Galilei redige sua primeira carta descrevendo as observações
telescópicas das crateras e superfície da Lua feitas por ele usando sua luneta com 20
aumentos. Ele escreve: “... é visto que a Lua não é evidentemente plana, lisa e de superfície
regular, como acredita um grande número de pessoas, mas, pelo contrário, é áspera e
desigual. Em resumo, ela está cheia de proeminências e cavidades semelhantes, mas muito
maiores, que as montanhas e vales esparramados em cima da superfície da Terra”.
1610 (7 de Janeiro) – Galileu Galilei descobre dois dos quatro grandes satélites de Júpiter
hoje conhecidos como “galileanos”: Ganimedes e Calisto.
Ganimedes – Diâmetro: 5.268,4km (superior ao de Mercúrio) (é o maior satélite do
Sistema Solar); período orbital: 7,154 dias; distância média do planeta: 1.070.400km;
Superfície: 87 milhões de km2; volume: 76 bilhões de km3; massa: 148,19 quintilhões de
toneladas (45% da de Mercúrio, 2,02 vezes a massa da Lua) (é o satélite de maior massa do
Sistema Solar); densidade: 1,936g/cm3; gravidade: 0,146 G (a gravidade da Terra é de 1
G); magnitude aparente: 4,61.
É o único satélite do Sistema Solar em que se conhece a existência de uma magnetosfera.
Tem uma atmosfera tênue, na qual estão presentes oxigênio molecular e ozônio. Acredita-
se que exista um oceano de água salgada 200km abaixo da superfície.
Calisto – Diâmetro: 4.820,6km (segundo maior satélite de Júpiter e terceiro de todo o
Sistema Solar); período orbital: 16,689 dias; distância média do planeta: 1.882.700km;
superfície: 73 milhões de km2; volume: 59 bilhões de km3; massa: 107,5 quintilhões de
toneladas; densidade: 1,834g/cm3; gravidade: 0,126 G; magnitude aparente: 5,65.
Tem uma atmosfera muito tênue, com presença de dióxido de carbono e provavelmente
oxigênio molecular. É possível que haja um oceano a profundidades superiores a 100km. É
um dos corpos celestes com mais crateras de todo o Sistema Solar.
1610 (8 de janeiro) - Galileu Galilei compreende que uma "terceira lua" vista na noite
anterior era, na verdade, a luz combinada de dois satélites: Io e Europa.
Io – Diâmetro: 3.660 x 3.637,4 x 3.630,6km (quarto maior satélite do Sistema Solar);
período orbital: 1,769 dia; distância média do planeta: 421.700km (é a mais interna das luas
“galileanas”); superfície: 41,910 milhões de km2; volume: 25,3 bilhões de km3; massa:
89,319 quintilhões de toneladas; densidade: 3,528g/cm3 (é o satélite mais denso do Sistema
Solar); gravidade: 0,183 G; magnitude aparente: 5,02.
Com 425 vulcões conhecidos, é o corpo celeste geologicamente mais ativo do Sistema
Solar. Os vulcões renovam a superfície constantemente, o que explica a quase ausência de
crateras de impacto. Possui altas montanhas, algumas com altitude superior à do Monte
Everest. Io tem uma atmosfera muito tênue, cujo componente principal é dióxido de
enxofre.
Europa – Diâmetro: 3.131,6km (o menor dos “galileanos” e o sexto em tamanho do Sistema
Solar); período orbital: 3,551 dias; distância média do planeta: 670.900km; superfície: 30,9
milhões de km2; volume: 15,93 bilhões de km3; massa: 47,998 quintilhões de toneladas;
densidade: 3,01g/cm3; gravidade: 0,134 G; magnitude aparente: 5,29.
Europa é um dos satélites mais planos do sistema Solar, o que indica atividade geológica
recente. Acredita-se que haja um oceano sob a superfície. O principal componente da
atmosfera, muito tênue, é oxigênio molecular.
1610 (13 de janeiro) Galileu Galilei vê ao mesmo tempo, pela primeira vez, os quatro
satélites recém-descobertos.
Ele denomina essas luas jovianas de “Estrelas medicianas”, em homenagem a Cósimo II de
Medici (1590-1621), o quarto grão-duque da Toscana. Simon Marius
(1573-1624), astrônomo alemão que dá a estes quatro satélites os nomes pelos quais são
hoje conhecidos, afirma tê-los observado antes de Galileu, mas a “paternidade” de tal
descoberta jamais lhe foi oficialmente atribuída.
Trata-se dos primeiros corpos celestes até então observados girando ao redor de outro
planeta, o que constitui um grande argumento a favor do heliocentrismo, pois a Terra perde
o “status” de único corpo celeste ao redor do qual orbitam satélites.
1610 (março) – Galileu Galilei publica, em Veneza, editado por Tommaso Baglioni e com
tiragem inicial de quinhentos exemplares, “Sidereus Nuncius” (“Mensageiro Sideral”) e
comunica ao mundo as revolucionárias descobertas que acabara de fazer graças à sua
pequena luneta. É um dos livros mais importantes e influentes de todos os tempos, o
primeiro tratado científico escrito com base em observações telescópicas. Poucos meses
antes, no auge de uma frenética atividade de observação, Galileu escrevera: “Sou
infinitamente grato a Deus, que teve a bondade de fazer de mim o primeiro e o único
observador de coisas admiráveis e que por séculos permaneceram ocultas”.
“Sidereus Nuncius” está dividido em quatro partes, dedicadas, respectivamente, à Lua, às
estrelas, à Via Láctea e aos satélites de Júpiter descobertos dois meses antes.
No que se refere à Lua, Galileu postula que a superfície é irregular e que o satélite tem
montanhas com altitudes superiores a 6.000m, o que contraria a teoria aristotélica da
esfericidade perfeita dos corpos celestes que não a Terra.
O italiano afirma que, com o telescópio, é possível ver ao menos dez vezes mais estrelas
que a olho nu e faz desenhos do cinturão de Órion e das Plêiades de acordo com o que
observa. Sustenta também que é capaz de ver estrelas de 12ª magnitude, seis magnitudes
mais débeis que as que estão no limite da visibilidade humana à vista desarmada.
Outra revelação surpreendente é a de que a Via Láctea, ao contrário do que se pensava, não
é um objeto contínuo e nebuloso, mas está formada por miríades de estrelas, muito distantes
e fracas para serem distinguidas a olho nu, mas perfeitamente visíveis com o telescópio.
Por fim, Galileu oferece uma série de ilustrações e de registros meticulosos das observações
das luas de Júpiter feitas entre o final de janeiro e o início de março.
A repercussão de “Sidereus Nuncius” é enorme. Ensinamentos tidos como inquestionáveis
havia séculos são postos em dúvida, obrigando a uma revisão geral dos conhecimentos
sobre Astronomia e sobre a estrutura do universo.
1610 (depois de março) – Num trabalho intitulado “Dissertatio cum Muncio Sidereo”
(“Conversação com O Mensageiro Sideral”), Johannes Kepler usa o fato de que o céu é
escuro à noite como argumento para provar que o Universo é finito, como que encerrado
por uma parede cósmica escura, rejeitando com veemência a ideia de um Universo infinito
recoberto de estrelas, que nessa época estava ganhando vários adeptos, principalmente
depois da comprovação, por Galileu Galilei, de que a Via Láctea é composta de uma
miríade de estrelas. É a primeira formulação daquilo que mais tarde será conhecido como
paradoxo de Olbers.
1610 (setembro) - Galileu Galilei observa Marte, sugerindo, de forma correta, que o planeta
não é perfeitamente esférico, embora não lhe seja possível distinguir detalhes da superfície.
1611 (1º de janeiro) – numa carta dirigida a Giuliano de Médici (1469-1516), Galileu
Galilei dá conhecimento de suas observações sobre as fases de Vênus, o que é mais um
indício a favor do heliocentrismo. O raciocínio de Galileu é o seguinte: De acordo com o
geocentrismo, Vênus, assim como todos os planetas e o Sol, gira em torno da Terra.
Considerando que Vênus está mais próximo da Terra do que o Sol, ele permanece
invariavelmente entre estes dois astros. Dependendo do ângulo em que esteja para um
observador aqui na Terra, Vênus pode ser visto ou não, resultando daí que só existem as
fases crescente (quando é visível) e nova (quando não é). No modelo heliocêntrico, todos os
planetas, inclusive a Terra, giram em torno do Sol e, considerando que Vênus está a uma
distância solar menor do que a terrestre, leva menos tempo para completar uma órbita. Por
isso, a cada movimento de translação, ultrapassa o nosso planeta, estando às vezes do
mesmo lado do Sol que a Terra e às vezes do lado oposto, quando pode ser visto com maior
nitidez e atinge a fase cheia. Então, se Vênus tem as quatro fases, como acaba de constatar,
e não apenas duas, conforme propõem os aristotélicos, isso significa que ele gira ao redor
do Sol, e não em torno da Terra.
1611 (14 de abril) – O matemático grego Giovanni Demisiani (morto em 1614) emprega
pela primeira vez a palavra "telescópio", numa festa oferecida pelo Príncipe italiano
Federico Cesi (1585-1630). O termo deriva do grego tele (longe) e skopein (ver).
1612 – Galileu Galilei começa a observar Mercúrio, e dos seus escritos deduz-se que ele
está convencido de que esse planeta tem fases, embora seu instrumento não lhe permita
observá-las diretamente.
1612 (28 de dezembro) – Galileu Galilei registra a observação de um astro luminoso que,
mais de três séculos depois (1980), é identificado por astrônomos estadunidenses como
sendo Netuno. Outra observação semelhante é registrada em 27 de janeiro de 1613.
1613 (abril) – Galileu Galilei publica o livro “Istoria E Dimostrazione Intorno alle Macchie
Solare” (“História e Demonstração em Torno das Manchas Solares”), no qual observações
das manchas solares são utilizadas com o objetivo de provar a existência da rotação do Sol.
Ele assume assim, publicamente, o sistema heliocêntrico de Nicolau Copérnico. Trata-se de
uma resposta ao livro de Christopher Scheiner, acirrando uma polêmica que durará anos.
Uma novidade em relação a esta obra é que ela está escrita em italiano, e não em latim,
como era costume na época. Segundo Galileu, ele pretende que o livro possa ser lido pelas
pessoas comuns, não ficando restrito a letrados que sabem latim. A partir daí, escreverá em
italiano todas as suas obras.
No final desse mesmo ano, em carta ao discípulo Benedetto Castelli (1578-1643), afirma
que o caráter alegórico das Sagradas Escrituras não autoriza conclusões sérias, visto serem
destituídas de qualquer teor científico.
1614 – Simon Marius publica "Mundus Iovialis", descrevendo o planeta Júpiter e suas luas.
Na obra, afirma ter descoberto as quatro maiores luas de Júpiter dias antes de Galileu,
dando início a uma disputa com o cientista italiano.
Neste livro, Marius dá a esses satélites seus nomes atuais: Calisto, Europa, Ganimedes e Io.
Todos são personagens da mitologia grega e têm envolvimento sexual com Zeus (Júpiter).
Calisto - ninfa do cortejo da virgem Ártemis, é seduzida por zeus, que toma para isso a
forma de Ártemis. Ela tem um filho, Árcade. Depois de muitas peripécias, Calisto e Árcade
são colocados por zeus no céu, formando as constelações da Ursa Maior e da Ursa menor.
Europa – Filha de Agenor, rei da Fenícia, é uma jovem de beleza singular. Zeus disfarça-se
de touro branco, rapta Europa e a leva para Creta, onde tem três filhos com ela: Minos,
Radamante e Sarpédon.
Ganimedes – Filho de Trós, rei da Tróade. Zeus se apaixona por ele e envia uma águia para
raptálo e levá-lo ao Olimpo, onde faz dele copeiro real, encarregado de servir néctar a zeus.
Io – Sacerdotisa de Hera, é seduzida por Zeus. Como vingança, Hera (esposa de Zeus)
manda atrás de Io um moscardo, que a pica sem cessar e a obriga a fugir pelo mundo,
cruzando mares e continentes. No Egito, Zeus e Io têm um filho: Épato.
A astronomia se utiliza largamente da mitologia para dar nomes a corpos celestes.
Originariamente, os nomes eram retirados das mitologias grega e romana, mas hoje em dia
são muitos os povos que emprestam seus seres mitológicos para nomear astros.
1618 – O jesuíta e geômetra suíço Johann Baptist Cysat (1587-1657), discípulo do também
jesuíta Orazio Grassi (1583-1654), é o primeiro a estudar um cometa com um telescópio e
fornece a primeira descrição conhecida do núcleo e da coma de um cometa.
Instaura-se uma polêmica acerca dos cometas, tendo de um dos lados Galileu Galilei e do
outro Johannes Kepler e Orazio Grassi. Enquanto o cientista italiano defende a concepção
aristotélica da origem atmosférica, o astrônomo alemão e o religioso sustentam,
corretamente, que os cometas são corpos celestes e pertencem à região extralunar.
1618 (20 de julho) – Plutão atinge o afélio, de acordo com cálculos modernos. Contudo,
somente três séculos mais tarde (1930), o astro é oficialmente descoberto.
1623 (outubro) – Galileu Galilei publica “Il Saggiatore” (“O Ensaiador”), obra na qual
demonstra que as observações astronômicas estão mais de acordo com o heliocentrismo e
elabora um argumento que se torna famoso: “A Filosofia, isto é, a Física, está escrita neste
grande livro – refiro-me ao Universo –, que está sempre aberto ao nosso olhar atento, mas
que não pode ser entendido, a menos que antes aprendamos a compreender a linguagem e a
interpretar os símbolos em que está redigido. Ele está escrito na linguagem da Matemática,
e os seus símbolos são triângulos, círculos e outras figuras geométricas, sem as quais é
humanamente impossível entender uma só palavra. Sem elas, caminhamos a esmo num
labirinto escuro. A Matemática é, em suma, a linguagem de Deus”. Contudo, o principal
objetivo de Galileu é ridicularizar as ideias sobre os cometas defendidas pelo jesuíta Orazio
Grassi. Grassi argumenta, corretamente, que os cometas estão mais distantes da Terra do
que a Lua, enquanto Galileu, equivocadamente, concorda com Aristóteles, que afirma
serem eles uma ilusão de óptica, um fenômeno atmosférico. O tom de Galileu é tão
desmedidamente sarcástico qe o cientista faz muitos inimigos entre os jesuítas.
1627 – Johannes Kepler publica seu último trabalho: "Tabelas Rodolfinas", em homenagem
ao Imperador do Sacro Império Romano Germânico Rodolfo II (1552-1612) e dedicadas à
memória de Tycho Brahe, as quais contêm as observações de Tycho e dele próprio sobre o
movimento dos planetas. Em sua confecção, Kepler utiliza um novo método de cálculo
matemático (os logaritmos) inventado pelo matemático escocês John Napier (1550-1617),
em 1614.
1627 – Johannes Kepler faz a primeira previsão conhecida de um trânsito de Vênus, para o
ano de 1631 (o fenômeno ocorre em 7 de dezembro). Contudo, os conhecimentos de que
dispõe não permitem prever que o evento não será visível da maior parte da Europa, e
consequentemente ninguém é capaz de usar os cálculos de Kepler para observar o trânsito.
Ele também prevê um trânsito de Mercúrio, que é observado quatro anos mais tarde.
1632 (fevereiro) – Galileu Galilei publica, em Florença, “Dialogo sopra I Due Massimi
Sistemi del Mondo” (“Diálogo sobre os Dois Máximos Sistemas do Mundo”), com clara
inclinação pelo heliocentrismo, o que contraria uma recomendação expressa do papa
Urbano VIII (1568-1644), que havia condicionado a autorização para a publicação da obra
a um tratamento igualitário entre os modelos geocêntrico e heliocêntrico. A violação dessa
recomendação papal provoca a abertura de um processo da Inquisição contra o cientista.
No livro, três personagens dialogam, em quatro jornadas, correspondendo cada uma delas a
um dia de discussão, sobre os dois máximos sistemas do mundo. Salviati defende o modelo
copernicano e expõe as próprias opiniões de Galileu. Simplício representa a corrente
oposta, o modelo de Aristóteles. A capacidade argumentativa dele está bastante abaixo da
de Salviati, sendo amplamente superado por ele nas discussões. Sagredo é o mediador,
aquele a quem cabe conduzir a discussão, mas que nem sempre permanece neutro,
apoiando por vezes o heliocentrismo.
Na primeira jornada, discute-se a concepção aristotélica do mundo. Aos pontos de vista de
Simplício, Salviati contrapõe argumentos fornecidos por observações de Galileo, querendo
demonstrar que as leis da Física são as mesmas em nosso planeta e fora dele. Na jornada
seguinte, abordam-se princípios aristotélicos contrários ao movimento da Terra. E Salviati,
usando todos os conhecimentos acumulados por Galileo durante suas inúmeras experiências
com objetos em movimento, sustenta que as teses antigas não fazem sentido. Na terceira
jornada, o tema é o céu de acordo com Aristóteles e Copérnico. Essas três jornadas são
preparatórias para a última, a principal, em que Galileu volta à sua teoria das marés para
tentar provar o movimento da Terra. Urbano VIII sente-se traído, pois Galileu coloca para
defender os argumentos caros ao papa um personagem que, além de se chamar Simplício, é
de longe o menos inteligente e capaz dos três que sustentam o Diálogo.
O livro é proibido em agosto. Em setembro, Galileu é intimado a comparecer perante o
Santo Ofício. Ele envia atestados médicos declarando sérios problemas de saúde, mas são
todos recusados. Por fim, apresenta-se em Roma em fevereiro de 1633. Em abril ocorre a
primeira das três sessões em que o caso Galileu é julgado.
1633 (22 de junho) - Diante do Santo Ofício, Galileu Galilei, temendo o agravamento da
sua situação e para evitar uma condenação por heresia (o que poderia significar a morte na
fogueira)se vê obrigado a abjurar (voltar atrás e negar tudo o que escrevera). É considerado
“gravemente suspeito de heresia” por defender a opinião de que o Sol está imóvel no centro
do Universo, de que a Terra não está nesse centro e se move e de que é possível manter
uma opinião mesmo depois de ela ter sido declarada contrária às Sagradas Escrituras.
também é condenado à prisão, pena comutada no dia seguinte para prisão domiciliar pelo
resto da vida. Após passar um período com o arcebispo de Siena, Ascanio Piccolomini
(1590-1671), um fervoroso admirador que o trata muito bem, Galileu é autorizado a voltar a
Il Gioiello, uma vila que possui em Arcetri, região adjacente a Florença, onde reside até a
morte (8 de janeiro de 1642). Ele também recebe a ordem de ler uma vez por semana,
durante três anos, os sete salmos Penitenciais (salmos 6, 32, 38, 51, 102, 130 e 143), tarefa
que, com permissão eclesiástica, a princípio é assumida pela filha Virginia (1600-1634),
freira (Irmã Maria Celeste), do convento de São Mateus, localizado a curta distância (uns
cem metros) de Il Gioiello.
O “Diálogo sobre os Dois Máximos Sistemas do Mundo” é colocado no Index, de onde só
será retirado dois séculos mais tarde. Todas as obras de Galileu são proibidas, sejam elas
passadas ou futuras, mas ele viola a proibição cinco anos depois.
De acordo com uma história amplamente difundida, após abjurar a teoria de que a Terra se
move em torno do Sol, Galileu teria murmurado: “Eppur si muove” (“E no entanto se
move”). Contudo, essa história começa a circular apenas um século depois da morte do
cientista, e não há evidência de que ele tenha dito algo similar.
A condenação de Galileu Galilei pela Inquisição repercute enormemente, a ponto de ser
ainda hoje o tema de livros, documentários e filmes. A Igreja Católica se retrata
oficialmente em 1992.
1635 – O “Diálogo sobre os Dois Máximos Sistemas do Mundo” é traduzido para latim,
com o título “Systema cosmicum”, pelo filólogo e astrônomo alemão Matthias Bernegger
(1582-1640), e circula clandestinamente na Europa.
1638 - Galileu Galilei publica “Discorsi e dimostrazioni matematiche, intorno a due nuove
scienze” (“Discursos e demonstrações matemáticas, sobre duas novas ciências”), livro em
que retoma grande parte do trabalho realizado ao longo da vida (incluindo o estudo da
queda dos corpos). Depois de fracassadas as tentativas de publicação na França, na
Alemanha e na Polônia, a impressão é realizada por Lodewijk Elzevir, um editor de Leiden,
nos Países Baixos, onde a Inquisição tem pouca força. Na obra, Galileu estabelece os
fundamentos da mecânica, praticamente pondo fim à física aristotélica. É uma espécie de
testamento científico, que muitos consideram o livro mais lúcido de Galileu.
1638 – É publicado (postumamente) “The Man in the Moon” (O homem na Lua), do bispo
inglês Francis Godwin (1562-1633). Juntamente com “Somnium sive opus posthumum de
astronomia lunaris”, de Kepler, é considerado um dos primeiros livros de ficção científica.
O enredo gira em torno de uma viagem do protagonista, Domingo Gonsales, à Lua, onde
ele encontra cristãos de elevada estatura que vivem felizes e livres de preocupações numa
espécie de paraíso pastoral. No prólogo, Gonsales afirma não ser uma viagem à Lua mais
fantástica do que era uma viagem à América em tempos passados.
1639 – O astrônomo e jesuíta italiano Zupus – Giovanni Battista Zupi (c. 1590-1650) –
consegue distinguir as fases de Mercúrio, demonstrando conclusivamente que este planeta
orbita o Sol.
1644 – Johann Hevelius confirma as fases de Mercúrio observadas cinco anos antes por
Zupus.
1650 – Giovanni Battista Riccioli é o primeiro a observar uma estrela dupla (ou binária):
Mizar-Alcor, na constelação da Ursa Maior. Hoje sabe-se que se trata de um sistema estelar
múltiplo, com pelo menos seis componentes (Mizar é quádrupla, e Alcor, dupla). Mizar
está distante 82,8 anos-luz da Terra; Alcor, 81,7 anos-luz.
Estrelas binárias são sistemas estelares formados por duas estrelas que orbitam em torno de
um centro de massas comum (baricentro). Existem também sistemas múltiplos, compostos
de mais de cinco estrelas. Pesquisas recentes revelam que grande número de estrelas faz
parte de sistemas binários e múltiplos, o que torna cada vez mais importante o estudo deles
em astronomia.
Outro fator relevante é que o estudo das órbitas das estrelas binárias permite calcular as
massas individuais dos componentes e, consequentemente, parâmetros estelares como raio
e densidade.
1651 – É editado postumamente o livro "De Mundo nostro Sublunari Philosophia Nova",
de William Gilbert, no qual o cientista defende a rotação da Terra, nega a existência de uma
esfera de estrelas fixas e nega, também, a finitude do Universo.
1651 - Giovanni Battista Riccioli publica "Almagestum novum", ("Novo Almagesto"), obra
enciclopédica em dois volumes, com mais de 1.500 páginas no total, que se torna referência
para os astrônomos de seu tempo. Dividido em dez "livros", contempla quase todos os
temas estudados na astronomia do século XVII.
No quarto "livro" do "Almagestum Novum", Riccioli inclui um mapa da Lua, com
observações de seu aluno Francesco Maria Grimaldi (1618-1663), em que são dados às
montanhas lunares nomes de formações terrestres (Apeninos, Alpes, Cárpatos...), e as
crateras mais notáveis recebem nomes de astrônomos famosos anteriores a ele e
contemporâneos. Os “mares” recebem denominações meteorológicas ou abstratas (Mar da
Serenidade, da Fecundidade, da Tempestade, dos Humores...). Este sistema perdura até hoje
e continua servindo de modelo para a nomenclatura da topografia lunar.
1657 – Christiaan Huygens patenteia o primeiro relógio de pêndulo, que desenvolve para
satisfazer a necessidade de uma medida exata de tempo ao longo de suas observações dos
céus.
1659 – Christiaan Huygens observa a mancha escura hoje conhecida como Syrtis Major, o
primeiro detalhe da superfície marciana a ser identificado. Trata-se de um planalto com
1.500 x 1.000km, localizado no hemisfério norte marciano, próximo ao equador.
1663 – no livro “Optica Promota”, o matemático e físico teórico escocês James Gregory
(1638-1675) propõe a construção de um telescópio refletor óptico.
Ademais, ele sugere que observações de um trânsito de Mercúrio, feitas a partir de diversos
locais da Terra bastante afastados entre si, poderiam ser usadas para determinar a paralaxe
solar e, a partir dela, a unidade astronômica, ou seja, a distância entre o nosso planeta e o
Sol.
1664 (maio) – O inglês Robert Hooke (1635-1703) registra uma mancha em Júpiter, por
muito tempo considerada a Grande Mancha Vermelha, região anticiclônica (sistema de alta
pressão) localizada no hemisfério sul do planeta. Contudo, estudos posteriores sugerem que
a estrutura avistada por Hooke estava, na verdade, no hemisfério norte.
No ano seguinte, Giovanni Domenico Cassini faz uma descrição que se refere,
inquestionavelmente, à Grande Mancha Vermelha.
1665 – Giovanni Battista Riccioli publica “Astronomia Reformata”, obra de mais de 700
páginas em que são retomados, e às vezes atualizados, temas do “Almagestum Novum”. O
autor discute detalhadamente as mudanças na aparência de Saturno ao longo de sua órbita
e, na parte dedicada a Júpiter, existe o registro da observação de uma mancha
(provavelmente a Grande Mancha Vermelha) feita pelo abade Leander Bandtius, em 1632.
1668 – O físico, matemático e astrônomo inglês Isaac Newton (1642-1727) descobre que,
fazendo-se um feixe de luz branca atravessar um prisma de vidro, obtém-se sua
decomposição nas sete cores do espectro visível (as mesmas do arco-íris): vermelho,
laranja, amarelo, verde, azul, anil e violeta. O princípio físico em que se baseia a
decomposição da luz é a refração: ao atravessar a superfície de separação entre dois meios
transparentes, de índices de refração diferentes, o feixe luminoso sofre um desvio
proporcional ao comprimento de onda da luz.
1668 – Isaac Newton constrói o primeiro telescópio refletor óptico, baseado parcialmente
em um desenho criado, em 1663, por James Gregory.
Os telescópios refletores utilizam espelhos para focalizar a luz e formar imagens. Os
telescópios que fazem isso com lentes são chamados refratores.
1670 – O astrônomo francês Jean Picard (1620-1682) mede o raio da Terra com uma
precisão sem precedentes, obtendo o valor de 6.328,9km (valor correto do raio polar:
6.356,8km). Essa medição mais precisa é usada por Newton no aperfeiçoamento da sua lei
da gravitação universal.
1671 – Entra em atividade o Observatório de Paris, cuja construção, idealizada por Jean-
Baptiste Colbert (1619-1683) e promovida por Luís XIV (1638-1715), havia tido início em
1667. Por mais de um século (até 1793), o observatório é dirigido pela família Cassini, que
faz dele um dos principais centros de estudos astronômicos do mundo.
1671 (25 de outubro) – É descoberto o satélite Jápeto, segundo conhecido de Saturno, por
Giovanni Domenico Cassini.
Diâmetro: 1.492 x 1.492 x 1.424,8km (terceiro maior satélite de Saturno e décimo primeiro
do Sistema Solar); período orbital: 79,321 dias; distância média do planeta: 3.560.820km;
massa: 1,806 quintilhão de toneladas; densidade: 1,88g/cm3.
O período de rotação, igual ao período orbital (rotação síncrona), é o maior dentre as luas
de Saturno.
1672 – Jean Richter e Giovanni Cassini medem a distância da Terra ao Sol e chegam ao
valor de 138.370.000km, mais de 11.000.000 de km abaixo do valor real (149.600.000km).
1672 (23 de dezembro) – Giovanni Cassini descobre Reia, terceiro satélite conhecido de
Saturno.
Diâmetro: 1.532,4 x 1.525,6 x 1.524,4km (segundo maior de Saturno); período orbital:
4,518 dias; distância média do planeta: 527.108km; massa: 2,306 quintilhões de toneladas;
densidade: 2,236g/cm3.
1675 – O astrônomo dinamarquês Ole Römer (1644-1710) usa a mecânica orbital dos
satélites de Júpiter para estimar que a velocidade da luz é de cerca de 227.000km/s (valor
real: 299.792,458km/s).
1675 – Giovanni Cassini verifica que, entre os anéis A e B (mais interno) de Saturno há um
vazio, que recebe o nome de “divisão de Cassini”.
1682 – Edmond Halley observa e calcula a órbita do cometa que mais tarde levará seu
nome. O periélio ocorre em 15 de setembro.
1684 (21 de março) – Giovanni Cassini descobre Tétis e Dione, quarto e quinto satélites
conhecidos de Saturno.
Tétis – Diâmetro: 1.076,8 x 1.057,4 x 1.052,6km; período orbital: 1,887 dia; distância
média do planeta: 294.619km; massa: 617,4 quatrilhões de toneladas; densidade:
0,984g/cm3.
Dione – Diâmetro: 1.128,8 x 1.122,6 x 1.119,2km; período orbital: 2,736 dias; distância
média do planeta: 377.396km; massa: 1,095 quintilhão de toneladas; densidade:
1,478g/cm3.
1690 – Giovanni Cassini percebe que a rotação da atmosfera superior de Júpiter não é
constante em todos os seus pontos (rotação diferencial). A rotação da região polar da
atmosfera do planeta é aproximadamente cinco minutos mais demorada do que a da região
equatorial.
1690 - John Flamsteed observa Urano pelo menos seis vezes, mas não reconhece o astro
como planeta e o cataloga como sendo a estrela 34 Tauri.
1716 – Edmond Halley sugere, num ensaio publicado pelo Philosophical Transactions of
the Royal Society, que trânsitos de Vênus são melhores que trânsitos de Mercúrio para
determinar a paralaxe solar e a distância Terra-Sol e que astrônomos deveriam ser enviados
a diversas partes do mundo para estudar o fenômeno.
1718 – Edmond Halley descobre o “movimento próprio” das estrelas, que se caracteriza
pelo movimento angular, ao longo do tempo, em relação a um observador terrestre. Ele faz
essa descoberta ao notar que algumas estrelas haviam mudado de posição, ao comparar suas
localizações recentes com as antigas medidas tomadas por Hiparco: Sirius, Arcturus e
Aldebaran estavam meio grau distantes do lugar apontado pelo grego cerca de 1.850 anos
antes.
O movimento próprio é medido em segundos de arco por ano (3.600 segundos de arco = 1
grau). A Estrela de Barnard tem o maior movimento próprio dentre todas as estrelas: 10,3
segundos de arco por ano. Numa escala longa de tempo, as estrelas podem inclusive mudar
de constelação (ver 1992).
1718 – Todas as obras de Galileu Galilei, com exceção do “Diálogo sobre os Dois
Máximos Sistemas do Mundo”, são publicadas em Florença, com autorização do Santo
Ofício.
1720 – Edmond Halleypropõe uma forma primitiva do paradoxo de Olbers.
1724 – Daniel Gabriel Fahrenheit (1686-1736), físico e químico germânico, inventa uma
escala uniforme de leitura da temperatura, utilizada até os dias de hoje nos países anglo-
saxões, em que a temperatura de congelamento da água ou fusão do gelo à pressão de uma
atmosfera está a 32°F (0°C) e a de ebulição, ponto máximo, a 212°F (100°C).
1731 – O astrônomo inglês John Bevis (c. 1693-1771) descobre o primeiro resto de
supernova, a nebulosa do Caranguejo (M1), originada a partir da supernova de 1054.
Contudo, a ligação entre nebulosa e supernova será identificada apenas no século XX.
1736 – Chega ao Brasil (Estado do Pará) uma equipe de cientistas franceses, da qual faz
parte Charles Marie de La Condamine (1701-1774), nomeada pela Academia de Ciências
de Paris para determinar, no equador terrestre, um arco de meridiano, incumbência que
outra comissão equivalente, chefiada por Pierre Louis Maupertuis (1698-1759) e
trabalhando a 70° de latitude norte, trata também de fazer para fins comparativos. Estes
cientistas conseguem, por tal processo, demonstrar o achatamento polar da Terra.
1737 (28 de maio) – John Bevis registra a única ocultação de Mercúrio por Vênus visível
da Terra historicamente observada. O próximo fenômeno semelhante ocorrerá em 2133.
1741 – Cai, no Japão, um meteorito que é venerado por 150 anos. Os japoneses veem nele a
bela imagem de uma pedra caída do jardim da deusa Shokuyo, situado às margens do
grande rio celeste (a Via Láctea).
1741 – Galileu Galilei é "reabilitado" pelo Papa Bento XIV (1675-1758) mediante a
concessão do "Imprimatur", uma declaração oficial da Igreja Católica na qual se afirma que
determinada obra literária ou similar não é contrária às doutrinas da Igreja e que constitui
uma boa leitura para qualquer pessoa de fé católica. É permitida a publicação de todas as
obras científicas de Galileu, incluindo uma versão levemente censurada do “Diálogo sobre
os Dois Máximos Sistemas do Mundo”.
1742 – Anders Celsius (1701-1744), astrônomo sueco, Idealiza uma escala de termometria
na qual o ponto de fusão do gelo marca o 0 e o ponto de ebulição da água o 100. Uma vez
marcadas estas duas temperaturas, a distância existente entre ambos os pontos divide-se em
100 partes. Cada uma destas divisões é um grau Celsius (°C) de temperatura. Esta escala
recebe o nome de escala centígrada.
1744 (1º de março) – O Grande Cometa de 1744, oficialmente denominado C/1743 X1,
descoberto (29 de novembro de 1743) por Jan de Munck e observado independentemente (9
de dezembro) pelo holandês Dirk Klinkenberg (1709-1799) e (13 de dezembro) pelo suíço
Jean-Philippe de Chéseaux (1718-1751), chega ao periélio, à distância de 33.300.000km do
Sol. Visível a olho nu por vários meses, atinge a magnitude aparente -7. Pouco depois do
periélio, um “leque” de seis caudas do cometa é observado no céu, o que configura um
fenômeno bastante raro. A última observação ocorre em 22 de abril.
Charles Messier, então com treze anos, observa o cometa, que causa nele uma profunda
impressão.
1748 (14 de fevereiro) – James Bradley anuncia a descoberta da nutação da Terra, oscilação
periódica do eixo de rotação terrestre ao redor de sua posição média na esfera celeste,
causada pela força exercida sobre o nosso planeta pela atração gravitacional entre o Sol e a
Lua. A nutação provoca um ligeiro desvio no ângulo de inclinação da Terra em relação ao
Sol, sendo semelhante ao movimento de um pião que perde força e está prestes a cair.
O ciclo de oscilações de uma nutação terrestre demora 18,6 anos. Na verdade, Bradley
havia descoberto o fenômeno quase duas décadas antes, mas esperou que se completasse
um ciclo para ter certeza da sua descoberta.
1753 – A Suécia (que então incluía o território da atual Finlândia) adota o calendário
gregoriano.
1758 – Rudjer Josip Boscovich desenvolve sua teoria de forças, na qual a gravidade pode
ser repulsiva a pequenas distâncias. De acordo com ele, estranhos corpos com essas
características, similares a "buracos brancos", podem existir, não sendo possível a outros
corpos atingir suas superfícies.
1766 – O matemático alemão Johann Daniel Titius (1729-1796) descobre uma curiosa
relação matemática entre as distâncias a que os planetas então conhecidos orbitam o Sol. Se
se tomar a progressão geométrica 0, 3, 6, 12, 24, 48 e 96, em que cada número, depois do 3,
é o dobro do anterior, e se se somar 4 a cada elemento da sucessão, obtém-se 4, 7, 10, etc.,
até alcançar 100. Esta última sequência numérica, dividida por 10, reproduz com grande
precisão a distância relativa, em unidades astronômicas (uma unidade astronômica equivale
aproximadamente à distância entre o Sol e a Terra), a que os planetas se encontram do Sol,
com Mercúrio à distância 0,4 e Saturno, o planeta mais longínquo que então se conhecia, à
distância 10. Titius prevê, então, a existência de um objeto astronômico importante entre
Marte e Júpiter, à distância de 2,8 unidades astronômicas do Sol.
Outro alemão, Johann Elert Bode (1747-1826), passa a divulgar (a partir de 1672) essa
relação numérica, que se torna conhecida como “Lei de Titius-Bode”.
1767 - O geólogo e naturalista inglês John Michell (1724-1793) calcula que a probabilidade
de um único grupo estelar como as Plêiades ser o resultado de um alinhamento casual é de
1 em 496.000. A partir daí, os astrônomos compreendem que muitas estrelas fazem parte de
grupos de milhares de componentes gravitacionalmente ligados, denominados aglomerados
estelares.
As Plêiades (M45) são um aglomerado estelar aberto localizado na constelação do Touro, a
cerca de 390 anos-luz da Terra. O diâmetro estimado é de 16 anos-luz (aproximadamente
150 trilhões de km), e calcula-se que a massa total seja equivalente a 800 massas solares. O
aglomerado é formado por pelo menos mil estrelas, mas esse número deve ser
consideravelmente maior, visto essa cifra não incluir componentes individuais de estrelas
binárias.
1771 - Charles Messier publica a primeira versão do "Catalogue des Nébuleuses et des
amas d'Étoiles, que l'on découvre parmi les Étoiles fixes sur l'horizon de Paris" (“Catálogo
de Nebulosas e Aglomerados Estelares que se Observam entre as Estrelas Fixas sobre
o Horizonte de Paris”), simplificadamente conhecido como “Catálogo Messier”, com 45
objetos nebulosos, cuja denominação ainda se encontra em uso, sendo representada por
uma letra M (de Messier) seguida, sem espaço, por um número (por exemplo, M31, M42).
Nos anos seguintes, Messier adiciona novos objetos ao catálogo, até chegar a 103.
Posteriormente, entre 1921 e 1966, astrônomos identificam outros sete objetos nebulosos
observados por Messier e seu assistente Pierre Méchain (1744-1804), mas não catalogados.
Estes objetos fazem parte, atualmente, do Catálogo Messier, o que eleva o seu número para
110.
1778 – Charles Messier descobre M54, que hoje é sabido ser o primeiro aglomerado
globular extragaláctico identificado. Distante 87.000 anos-luz e com diâmetro de 306 anos-
luz (2,9 quatrilhões de km), pertence à vizinha Galáxia Anã Elíptica de Sagitário.
1778 – No livro “Les époques de la nature”, O naturalista francês Georges Louis Leclerc,
Conde de Buffon (1707-1788), formula uma teoria segundo a qual um corpo massivo (que
Buffon acredita ser um cometa) aproximou-se do Sol, arrancando-lhe o material que depois
se condensou nos planetas. Ele também sustenta que a Terra surgiu muito antes de 4004
a.C., data estabelecida pelo arcebispo James Ussher (1654). Com base em experiências de
laboratório, ele estima a idade do nosso planeta em 75.000 anos, tendo sido severamente
criticado por isso, inclusive por integrantes da Sorbonne.
O valor atualmente aceito para a idade da Terra é 4,54 bilhões de anos.
1779 (janeiro) – Antoine Darquier descobre a nebulosa do Anel (M57) e pela primeira vez
compara uma nebulosa planetária com planetas. Esta nebulosa, distante 2.300 anos-luz e
localizada na constelação da Lira, tem um diâmetro de 2,6 anos-luz (24,5 trilhões de km).
1781 (13 de março) – O astrônomo inglês de origem alemã William Herschel (1738-1822)
descobre Urano durante um levantamento, feito com telescópio, do céu do hemisfério norte.
Herschel pensa tratar-se de uma estrela e dá ao astro o nome de “Georgium Sidus” (Estrela
de Jorge), em homenagem a Jorge III (1738-1820), rei da Grã-Bretanha (1760-1801) e
posteriormente do Reino Unido (1801-1820). A confirmação de que é um planeta ocorre
em 1783, e o nome Urano é oficialmente adotado a partir de 1850. É o primeiro planeta
descoberto depois da invenção do telescópio. Os seis planetas visíveis a olho nu já eram
identificados como astros diferentes das estrelas pelo menos desde o segundo milênio a.C.
Com diâmetro de 51.118 x 49.946km e volume de 68,33 trilhões de km3 (63,086 vezes
superior ao terrestre), Urano é o terceiro maior planeta do Sistema Solar. Tem massa de
86,810 sextilhões de toneladas (14,536 massas terrestres), e a área da superfície é de 8,116
bilhões de km2 (15,91 superfícies da Terra). É o sétimo planeta a partir do Sol, que orbita a
uma distância média de 2.876.679.082km (varia entre 2.748.938.461 e 3.004.419.704km).
Leva 30.799,095 dias terrestres (84,323 anos), ou 42.718 dias uranianos, à velocidade
média de 24.500km/h, para girar em torno do Sol, e 17h14min24s para completar uma
rotação. A densidade é de 1,27g/cm3, a gravidade equivale a 88,6% da terrestre, e a
velocidade de escape (velocidade necessária para libertar-se de um campo gravitacional) é
de 21,3km/s. A menor temperatura já registrada em Urano é de -224°C, o que faz dele o
planeta mais frio do Sistema Solar. Os principais componentes da atmosfera são hidrogênio
(82%), hélio (15%) e metano (2%). A magnitude aparente varia entre 5,3 e 5,9. O planeta
tem 27 satélites conhecidos.
Na mitologia, Urano é o deus grego que personifica o Céu, gerado espontaneamente por
Gaia (ou Geia) (a Terra), com quem tem grande quantidade de filhos: os titãs, os Ciclopes e
os Hecatonquiros (seres gigantes de 50 cabeças e 100 braços).
1781 (depois de março) – O astrônomo, físico e matemático russo de origem sueca Anders
Johan Lexell (1740-1784) é o primeiro a identificar Urano como planeta e, com base nos
dados sobre o astro de que dispõe, sugere haver perturbações orbitais que podem ser
explicadas pela presença de outros planetas ainda desconhecidos (mas ele não faz nenhum
cálculo concreto sobre Netuno). Ademais, com base em cômputos de órbitas dos cometas,
ele sugere que o Sistema Solar pode ter diâmetro de cem unidades astronômicas (14,6
bilhões de km), ou até mais.
1782 – William Herschel apresenta à Royal Society um catálogo com as posições relativas
de 269 sistemas estelares binários e múltiplos, observados por ele a partir de outubro de
1779. Outro catálogo, com 434 sistemas estelares binários e múltiplos, é apresentado em
1784. Haverá ainda um terceiro, com 145 dessas estrelas (1821).
1783 – O astrônomo, padre e geógrafo naval francês Alexandre Guy Pingré (1711-1796)
publica “Cométographie”, ou “Traité historique et théorique des comètes”, com alusão a
um grande número de passagens desses astros e as reações que despertavam no povo e nos
estudiosos.
1783 (27 de novembro) – Numa sessão da Royal Society, O inglês John Michell postula a
existência de objetos astronômicos cuja velocidade de escape (velocidade necessária para
sair de um campo gravitacional) é superior à da luz, o que mais tarde passa a ser conhecido
como “buraco negro”.
1784 – É encontrado, 35km a noroeste de Monte Santo, na Bahia, por um garoto chamado
Bernardino da Motta Botelho, o Bendengó, o maior meteorito já achado no Brasil, com
2,20m x 1,45m x 58cm e 5.360kg, conservado, desde 1888, no Museu Nacional do Rio de
Janeiro. Na língua dos índios quiriris, da Bahia, Bendengó significa “vindo do céu”.
1784 – O astrônomo inglês Edward Piggot (1753-1825) descobre Eta Aquilae, a primeira
estrela variável Cefeida conhecida, cuja magnitude aparente varia entre 3,5 e 4,4 ao longo
de um período de 7,177 dias. Dista da Terra aproximadamente 1.200 anos-luz.
1784 – John Goodricke descobre delta Cephei, protótipo da categoria estelar das variáveis
cefeidas. Trata-se de um sistema binário distante 891 anos-luz, cuja magnitude aparente
varia entre 3,48 e 4,37 ao longo de um período de 5,336 dias.
Cefeidas são estrelas gigantes ou supergigantes cujo brilho varia com regularidade e de
forma previsível, sendo um importante referencial na medição de distâncias estelares.
1784 – Após observar a passagem de duas estrelas fracas por trás de Marte sem que o
brilho delas tenha sofrido alterações significativas, William Herschel conclui,
acertadamente, que a atmosfera marciana é pouco espessa e tem densidade bastante inferior
à terrestre.
1785 – William Herschel elabora um modelo de sistema estelar galáctico no qual o Sol
ocupa o centro da Via Láctea. Essa concepção cosmológica é conhecida como
“galactocentrismo”.
1786 – William Herschel publica o “Catalogue of One Thousand New Nebulae and
Clusters of Stars” (“Catálogo de Mil Novas Nebulosas E Aglomerados Estelares”),
primeiros resultados de uma pesquisa sistemática (iniciada em 1782) de objetos não
estelares do “céu profundo”, que ele define como “nebulosas”. Nebulosa é, então, o termo
genérico usado para qualquer objeto astronômico difuso, inclusive galáxias, termo que
permanece em vigor até Edwin Hubble constatar (1924) que estas últimas não fazem parte
da Via Láctea. Herschel agrupa os objetos que descobre em oito classes, elaboradas
combinando diferentes aspectos de extensão e luminosidade. Ele publica ainda dois
catálogos semelhantes, um com mil objetos (1789) e outro com quinhentos (1802).
1787 – Caroline Herschel (1750-1848), irmã de William Herschel, passa a receber, por
determinação do rei inglês Jorge III, um salário anual de 50 libras, sendo nomeada
assistente de William, então astrônomo real. É a primeira mulher a exercer a astronomia
profissionalmente.
1787 (11 de janeiro) – William Herschel descobre Titânia e Oberon, primeiros satélites
conhecidos de Urano.
Titânia – Diâmetro: 1.577km; período orbital: 8,706 dias; distância média do planeta:
435.910km; massa: 3,527 quintilhões de toneladas; densidade: 1,711g/cm3.
Oberon – Diâmetro: 1.523km; período orbital: 13,463 dias; distância média do planeta:
583.520km; massa: 3,014 quintilhões de toneladas: densidade: 1,63g/cm3.
Os nomes das luas de Urano são tirados de personagens das obras dos ingleses William
Shakespeare (1564-1616) e Alexander Pope (1688-1744).
1789 (22 de fevereiro) – Em suas anotações, William Herschel diz ter suspeitas de que há
um anel em torno de Urano. Não se sabe se os instrumentos de que dispunha lhe permitiram
observá-los, mas anéis orbitando Urano serão descobertos em 1977.
1789 (28 de agosto) – Na noite em que estreia seu telescópio óptico refletor, o maior que o
mundo havia visto até então, com 1,20m de diâmetro, William Herschel descobre Encélado,
sexto satélite conhecido de Saturno.
Diâmetro: 513,2 x 502,8 x 496,6km; período orbital: 1,370 dia; distância média do planeta:
237.948km; massa: 108 quatrilhões de toneladas; densidade: 1,61g/cm3.
1789 (17 de setembro) – William Herschel descobre Mimas, sétimo satélite conhecido de
Saturno.
Diâmetro: 415,6 x 393,4 x 381,2km; período orbital: 0,942 dia; distância média do planeta:
185.520km; massa: 37,49 quatrilhões de toneladas; densidade: 1,179g/cm3.
1790 (17 de dezembro) – É descoberta, na Cidade do México, uma pedra contendo o
calendário asteca. Com 3,7m de diâmetro e pesando 24t, a "Pedra do Sol" contém símbolos
astronômicos esculpidos em uma superfície em formato de disco. Baseada nos movimentos
das estrelas, reflete o conhecimento dos astecas de astronomia e matemática.
Atualmente, está exposta no Museu Nacional de Antropologia, na Cidade do México.
1794 – Baseado em ampla documentação, publicada no livro “Über den Ursprung der von
Pallas gefundenen und anderer ihr ähnlicher Eisenmassen und über einige damit in
Verbindung stehende Naturerscheinungen” (“Sobre a Origem do Meteorito de Palas E
Outros Similares A Ele e Sobre Alguns Fenômenos Naturais Associados”), o físico alemão
Ernst Florens Friedrich Chladni (1756-1827) apresenta um trabalho que faz dele o primeiro
a reconhecer com exatidão a proveniência celeste dos meteoritos. O mérito de Chladni é ter
descrito, com extrema precisão e muito senso crítico, tanto as amostras encontradas como
as circunstâncias da queda e da descoberta. Sua descrição, muito convincente, facilita a
queda do tabu segundo o qual nada de muito sólido poderia cair do céu.
1798 – Henry Cavendish divulga a primeira medição, feita por ele, da constante
gravitacional, uma constante física fundamental que aparece na lei de gravitação universal
de Newton e é desenvolvida posteriormente na teoria da Relatividade geral de Einstein. Seu
valor expressa a atração gravitacional que se produz entre dois objetos pesando 1kg cada
um, separados por 1m de distância. Com isso, torna-se possível calcular a massa e a
densidade da Terra.
O valor da densidade média do planeta obtido por ele (5,448g/cm3) é bastante próximo do
correto (5,515g/cm3).
1798 – A Royal Society publica um catálogo, elaborado por Caroline Herschel, contendo
um índice com todas as observações de todas as estrelas feitas por John Flamsteed, uma
errata e uma lista de mais de 560 estrelas que não constam no catálogo original desse
astrônomo (publicado em 1725).
1801 - Johann Elert Bode publica Uranographia, atlas celeste que tem o duplo objetivo de
representar as posições de estrelas e outros objetos com precisão científica e fazer uma
interpretação artística das figuras das constelações. Uranographia marca o clímax de uma
tendência a retratar artisticamente as constelações. A partir daí, as figuras vão se tornando
cada vez mais raras nos mapas astronômicos, até desaparecerem por completo.
1801 (31 de dezembro) – Graças aos cálculos efetuados pelo matemático alemão Karl
Friedrich Gauss (1777-1855), que havia inventado um procedimento conhecido como
“método dos mínimos quadrados” e que permite combinar observações e, com base nelas,
estimar os parâmetros de uma função (neste caso, uma órbita), o barão Franz Xaver von
Zach consegue reencontrar Ceres, cuja trajetória no espaço se perdera logo depois da
descoberta de Piazzi.
1802 – O físico inglês William Hyde Wollaston (1766-1828) faz um feixe de luz branca
atravessar um prisma de vidro, colocando à frente do prisma uma placa com uma pequena
fenda vertical. Nasce o primeiro espectroscópio rudimentar, que permite a ele observar
linhas escuras no espectro do Sol.
Este estudo será retomado e ampliado por Joseph von Fraunhofer em 1814.
1802 (28 de março) – O médico e astrônomo alemão Heinrich Wilhelm Olbers (1758-1840)
descobre o asteroide 2 Palas. É o segundo asteroide do Sistema Solar em diâmetro (depois
de Ceres), embora tenha menos massa que Vesta.
Diâmetro: 582 x 556 x 500km; período orbital: 1.686,044 dias (4,62 anos). Distância média
do Sol: 414.737.000km; massa: 210 quatrilhões de toneladas; densidade: 2,8g/cm3;
rotação: 7h48min47s; magnitude aparente: de 6,4 a 10,6.
Influenciado pela crença na Lei de Titius-Bode, Olbers sugere que Ceres e Palas poderiam
ser fragmentos de um planeta que se desintegrou há milhões de anos, devido a uma
explosão interna ou ao impacto de um cometa. Contudo, em razão da pequena massa total
do cinturão de asteroides (4% da massa da Lua) e das diferenças de composição química
apresentadas por esses objetos, difíceis de explicar caso tivessem alguma vez sido parte de
um planeta único, atualmente os astrônomos creem que jamais um planeta se formou
naquela região do Sistema Solar, possivelmente devido às perturbações gravitacionais de
Júpiter.
1802 (6 de maio) – William Herschel propõe o termo “asteroide (do grego “asteroeidés”,
“semelhante a estrela”) para designar Ceres e Palas. Ele escreve: “Como nem a
denominação de planetas nem a de cometas pode aplicar-se a essas duas estrelas, devemos
distingui-las por um novo nome. Parecem pequenas estrelas, e é difícil distingui-las destas.
Por sua aparência asteroidal, se me permitem essa expressão, sugiro adotar esse nome e
chamá-las asteroides”.
1803 – William Herschel publica “Account of the Changes that have happened, during the
last Twenty-five Years, in the relative Situation of Double-stars” (“Cômputo das Mudanças
Que Ocorreram, nos Últimos Vinte E Cinco Anos, na Situação Relativa de Estrelas
duplas”). Neste trabalho, com base em mudanças observadas nas posições relativas de
estrelas integrantes de sistemas binários e múltiplos que não podem ser atribuídas à órbita
da Terra, ele argumenta (corretamente) que essas estrelas podem estar gravitacionalmente
ligadas e constituir sistemas siderais “físicos”, e não apenas “aparentes”, contrariando o
pensamento dominante na época.
No total, Herschel descobre mais de oitocentos sistemas estelares binários e múltiplos,
quase todos “físicos”. O trabalho teórico e observacional realizado por ele constitui a base
da moderna astronomia das estrelas binárias.
1807 (29 de março) – Heinrich Olbers descobre 4 Vesta, único asteroide visível a olho nu
(a magnitude aparente chega a 5,1).
Diâmetro: 572,6 x 557,2 x 446,4km; período orbital: 1.325,15 dias (3,63 anos); distância
média do Sol: 353.268.000km; massa: 267 quatrilhões de toneladas; densidade: 3,42g/cm3;
rotação: 5h21min.
1809 – O Observatório Astronômico do Rio de Janeiro muda-se para a Academia Real
Militar com o propósito de atender a necessidades de navegação e conduzir estudos
geográficos, geodésicos e astronômicos.
1815 – Manuel Ferreira de Araujo, professor da Academia Real Militar, que com o tempo
se transforma em escola politécnica, publica o primeiro livro de astronomia no Brasil:
“Elementos de Geodésia”. No ano seguinte, surge outra publicação do mesmo autor:
“Elementos de Astronomia”.
1823 (29 de dezembro - Nell de Bréauté descobre um cometa (formalmente, C/1823 Y1),
também observado no dia seguinte, independentemente, por Jean-Louis Pons e Wilhelm
von Biela, alternativamente denominado Grande Cometa de 1823 ou Bréauté-Pons. Visível
a olho nu, tem a particularidade de possuir duas caudas. Pons é o último astrônomo a
observá-lo, em 1º de abril.
1824 – O físico e matemático francês Jean-Baptiste Joseph Fourier (1768-1830) sugere que
a atmosfera terrestre retém parte do calor recebido do Sol, como se estivesse debaixo de um
cristal, a exemplo do que acontece numa estufa. É a primeira referência ao fenômeno que,
posteriormente, passa a ser conhecido como “efeito estufa”.
1825 – Pierre-Simon Laplace publica o último dos cinco volumes de sua obra “Mécanique
Céleste” (os dois primeiros são de 1799), em que completa o seu estudo da gravitação, da
estabilidade do Sistema Solar, das marés, da precessão dos equinócios, da libração da Lua e
dos anéis de Saturno.
1826 – Heinrich Olbers reformula o paradoxo proposto por ele em 1823 e que leva seu
nome, embora ele não tenha sido, nem de longe, o primeiro a propô-lo. O paradoxo de
Olbers pode ser assim resumido: se o Universo é infinito, possuindo um número infinito de
estrelas luminosas, uniformemente distribuídas, o céu deveria ser inteiramente luminoso
porque haveria estrelas em qualquer direção. A escuridão do céu noturno, portanto,
contradiz a noção de Universo infinito e estático.
1827 – No livro “Mémoire sur les orbites des étoiles doubles and Sur la détermination des
orbites que décrivent autour de leur centre de gravité deux étoiles très rapprochées l'une de
l'autre”, o francês Félix Savary (1797-1841) é o primeiro a utilizar a observação de estrelas
binárias para calcular as órbitas individuais dos componentes do sistema. Ele aplica o seu
método à estrela Xi Ursae Majoris, sistema composto de duas estrelas amarelas, distantes
entre si 1,5 bilhão de km, que orbitam em torno uma da outra em 59,84 anos. A distância à
Terra é de 29 anos-luz.
1828 – Caroline Herschel recebe a medalha de ouro da Royal Astronomical Society por
seus trabalhos em astronomia. É a primeira mulher a receber essa distinção. A segunda será
a estadunidense Vera Rubin, em 1996.
1832 – O escocês David Brewster (1781-1868) mostra que gases frios produzem linhas de
absorção escuras nos espectros contínuos.
1836 – O alemão Friedrich Wilhelm Bessel (1784-1846), após ter observado jatos de vapor
durante a aparição do Halley em 1835, sugere que a força do material ejetado pode ser
suficiente para alterar significativamente a órbita de um cometa.
1836 – O banqueiro e astrônomo amador alemão Wilhelm Beer (1797-1850), junto com
Johann Heinrich von Mädler (1794-1874), prepara o mapa mais completo da Lua de seu
tempo, o “Mappa Selenographica”. Primeiro mapa lunar a ser dividido em quadrantes,
contém uma representação detalhada da face da Lua voltada para a Terra.
1836 (15 de maio) – O astrônomo inglês Francis Baily (1774-1844) observa as "Contas de
Baily" durante um eclipse solar anular. A vívida descrição dele desperta novo interesse no
estudo de eclipses.
As Contas de Baily são os pontos luminosos de luz que aparecem na extremidade ao redor
da Lua durante um eclipse Solar. As contas são criadas por luz do Sol que atravessa os
vales da lua. A última conta é a mais luminosa e se assemelha a um brilhante anel de
diamantes.
1837 – Johann Franz Encke descobre, no interior do anel A de Saturno, uma lacuna muito
tênue, que recebe seu nome.
1837 – O astrônomo russo de origem alemã Friedrich Georg Wilhelm von Struve
(1793-1864) publica “Stellarum duplicium et multiplicium mensurae micrometricae”,
trabalho em que apresenta medições micrométricas das variações nas posições de 2.814
estrelas binárias entre 1824 e 1837). As estrelas binárias orbitam reciprocamente os centros
de massa (baricentros) uma da outra e, por isso, mudam lentamente de posição ao longo dos
anos.
1838 – Friedrich Wilhelm Bessel mede as primeiras paralaxes estelares, refutando um dos
mais antigos argumentos contrários ao heliocentrismo. A primeira estrela que tem sua
distância à terra medida é 61 Cygni. O valor obtido por Bessel é 10,4 anos-luz, bastante
próximo do atualmente aceito: 11,41 anos-luz (108 trilhões de km). Hoje sabe-se que 61
Cygni é uma estrela binária (dupla).
1839 – O escritor estadunidense Edgar Allan Poe (1809-1849) publica o primeiro conto de
ficção científica sobre cometas. Em "A Palestra de Eiros e Charmion", do livro “Novas
Histórias Extraordinárias”, encontra-se a descrição da destruição da Terra por um cometa,
relatada pela alma de uma das vítimas depois de sua chegada ao céu.
1839 – Friedrich Georg Wilhelm von Struve funda o Observatório de Pulkovo, localizado
ao sul de São Petersburgo, que se destaca rapidamente e chega a ser um dos melhores do
mundo.
1840 - Johann Heinrich von Mädler publica, em colaboração com Wilhelm Beer, o
primeiro mapa de Marte, resultado de dez anos de estudos. O ponto de referência utilizado
por eles, posteriormente batizado de Sinus Meridiani, é hoje o meridiano zero da
cartografia marciana. Mädler e Beer não atribuem nomes às características da superfície,
que são indicadas apenas por letras, sendo Sinus Meridiani indicado pela letra A.
1840 (23 de março) – O químico e botânico estadunidense de origem inglesa John William
Draper (1811-1882) é o primeiro a obter uma fotografia astronômica (astrofotografia) e
fotografa a Lua.
1842 – O físico alemão Julius Robert von Mayer (1814-1878) formula o princípio da
conservação da energia, segundo o qual a energia não pode ser criada do nada nem
destruída, mas apenas transformada.
1842 – No livro "Über das farbige Licht der Doppelsterne" (“Sobre a Luz Colorida das
Estrelas Duplas”), o físico, matemático e astrônomo austríaco Christian Johann Doppler
(1803-1853) formula as bases do "efeito Doppler", utilizado na acústica e na astronomia: a
cor de um corpo luminoso, do mesmo modo que a altura do som de uma fonte sonora, deve
mudar em virtude do movimento relativo do corpo e do observador. Esse efeito é utilizado
para determinar o afastamento (desvio do espectro para o vermelho) ou a aproximação
(desvio para o azul) de um corpo celeste ou de um sistema galáctico relativamente à Terra.
É por meio dele que, posteriormente, Edwin Hubble descobre que o Universo continua se
expandindo.
1843 – O astrônomo amador alemão Samuel Heinrich Schwabe (1789-1875) constata que o
número de manchas na fotosfera solar sofre variações periódicas, completando um ciclo em
aproximadamente dez anos (periodicidade posteriormente corrigida para onze anos).
1845 – William Parsons, astrônomo irlandês mais conhecido como Lord Rosse (1800-
1867) termina o telescópio refletor óptico de 1,83m do Birr Castle, localizado em
Parsonstown, Irlanda. Nesse mesmo ano, observa uma “nebulosa” com uma estranha forma
espiral. Ele havia descoberto a natureza espiral da galáxia M51. Mais tarde ele nota a
mesma forma espiral em M99 e em mais 13 “nebulosas” que passam então a ser conhecidas
como “nebulosas espirais” e que hoje sabemos serem galáxias espirais.
1845 – Na obra “Kosmos” (cinco volumes), o naturalista alemão Friedrich Alexander von
Humboldt (1769-1859) introduz a expressão “Universo-ilha”, para designar sistemas
estelares análogos ao nosso. À concepção da natureza extragaláctica das nebulosas se opõe
outra, segundo a qual o Universo não passa de uma gigantesca Via Láctea, sendo as
nebulosas nada mais que objetos pequenos aí contidos. O confronto entre essas duas
concepções cosmológicas é conhecido como “Grande Debate”.
1845 (2 de abril) – Hippolyte Fizeau e Léon Foucault obtêm a primeira fotografia do Sol.
1846 – Durante sua aproximação do Sol, o cometa 3D/Biela, registrado pela primeira vez
pelo astrônomo francês Jacques Laibats-Montaigne (1716-1788), em 8 de março de 1772, e
identificado como periódico pelo militar austríaco Wilhelm Von Biela (1682-1756), em 27
de fevereiro de 1826, desintegra-se em duas partes. Na passagem seguinte (1852), ambos os
fragmentos são vistos a 2.400.000km um do outro, e vestígios do que fora outrora o cometa
só voltam a ser observados em 27 de novembro de 1872, sob a forma de chuva de meteoros
(3.000 por hora), a que se dá o nome de “Andromedídeos” ou "Bielídeos".
1846 (21 de março) – O astrônomo francês Frédéric Petit (1810-1865) observa o que pensa
ser um segundo satélite natural da Terra numa órbita elíptica (3.570 x 11,4km) em torno do
nosso planeta, com período orbital de 2h44min.
A ideia de uma segunda Lua terrestre torna-se popular com o livro “Autour de la Lune”
(“Ao Redor da Lua”), do escritor francês Júlio Verne (1828-1905), publicado em 1870, em
que esse suposto satélite é parte importante do enredo.
Ao longo dos séculos XIX e XX, vários cientistas afirmam ter observado outras “luas” em
torno da Terra, mas a existência de tais corpos celestes nunca foi confirmada.
1846 (23 de setembro) – Com base nos cálculos orbitais feitos por John Couch Adams e,
sobretudo, por Urbain Le Verrier, os astrônomos alemães Johann Gottfried Galle
(1812-1910) e seu assistente Heinrich Louis D'Arrest (1822-1875), ambos do Observatório
de Berlim, localizam o planeta Netuno, na constelação de Aquário, a menos de um grau da
posição prevista matematicamente por Lê Verrier.
Este é um momento capital para a ciência do século XIX: é a confirmação da teoria
gravitacional de Newton.
Deve-se a Le Verrier o nome dado ao planeta.
Netuno é o mais longínquo dos oito planetas do Sistema Solar, orbitando o Sol a uma
distância que varia entre 4.452.940.833 e 4.553.946.490km, numa média de
4.503.443.661km. É o menor dos “planetas gasosos” (os outros são Júpiter, Saturno e
Urano), com diâmetro de 49.528 x 48.682km e área superficial de 7.640.800.000km2
(equivalente a 14,98 superfícies terrestres). Ocupa um volume de 62,54 trilhões de km3
(57,74 vezes superior ao terrestre) e tem massa de 102,43 sextilhões de toneladas (o que
equivale a 17,147 massas da Terra), resultando numa densidade de 1,638g/cm3. A
gravidade é 14% superior à terrestre, e a velocidade de escape é de 23,5km/s. Completa
uma órbita em torno do Sol, à velocidade média de 19.550km/h, em 60.190 dias terrestres
(164,79 anos), ou 89.666 dias netunianos, e leva 16h6min36s para girar em torno de si
mesmo. A temperatura pode chegar a -218° (um pouco superior à de Urano). Os principais
componentes da atmosfera são hidrogênio (79%), hélio (19%) e metano (1,5%). A
magnitude aparente varia entre 7,78 e 8,0. Tem catorze satélites conhecidos.
Netuno é o nome latino de Posídon (ou Poseidon, ou, ainda, Possêidon, deus supremo do
mar.
1846 (10 de outubro) – William Lassell (1799-1880), astrônomo amador inglês, descobre
Tritão, primeiro satélite conhecido de Netuno.
Diâmetro: 2.707km; período orbital: 5,877 dias; distância média do planeta: 354.759km;
massa: 21,4 quintilhões de toneladas; densidade: 2,061g/cm3; magnitude aparente: 13,47.
1847 – John William Draper observa que sólidos quentes emitem luz em espectros
contínuos enquanto gases quentes produzem espectros de linha.
1847 – Num trabalho intitulado “Études d'Astronomie Stellaire: Sur la voie lactee et sur la
distance des etoiles fixes”, Friedrich Georg Wilhelm von Struve é um dos primeiros
astrônomos a identificar os efeitos da extinção estelar, embora não seja capaz de explicá-
los. O fenômeno será descrito apenas em 1930, por Robert Trumpler.
1848 – Edgar Allan Poe oferece a primeira solução plausível do paradoxo de Olbers em
"Eureka: A Prose Poem", ensaio que também sugere a expansão e o colapso do Universo.
1850 – O astrônomo francês Édouard Albert Roche (1820-1883) descobre que existe uma
distância mínima do centro de Saturno – hoje conhecida como “limite de Roche” – abaixo
da qual nenhum satélite fluido pode permanecer inteiro, reforçando com isso a hipótese de
os anéis do planeta serem formados por material orbitante desagregado.
1850 – O sétimo planeta em ordem de afastamento do Sol passa a se chamar Urano, nome
sugerido, muitos anos antes, por Johann Elert Bode. Mantém-se, dessa forma, a tradição de
dar aos planetas nomes derivados da mitologia greco-romana.
1851 (24 de outubro) – São descobertos o terceiro e o quarto satélites de Urano, Ariel e
Umbriel, por William Lassell.
Ariel – Diâmetro: 1.162,2 x 1.155,8 x 1.155,4km; período orbital: 2,520 dias; distância
média do planeta: 191.020km; massa: 1,353 quintilhão de toneladas; densidade: 1,66g/cm3.
Umbriel – Diâmetro: 1.169km; período orbital: 4,144 dias; distância média do planeta:
266.000km; massa: 1,172 quintilhão de toneladas: densidade: 1,39g/cm3.
1852 – John Herschel dá aos quatro satélites de Urano então conhecidos (Titânia, Oberon,
Ariel e Umbriel) os seus nomes atuais.
1853 – No ensaio “Of the Plurality of Worlds” (“Da Pluralidade dos Mundos”, o filósofo e
padre anglicano inglês William Whewell (1794-1866), cético ou no mínimo cauteloso
quanto à existência de vida extraterrestre, lembra o conjunto de condições necessárias para
o desenvolvimento da vida – luz, temperatura, pressão, água, etc. –, que formam a chamada
“zona de habitabilidade”. Muito próximos do Sol, planetas como Vênus e Mercúrio
estariam fora dessa zona, acontecendo o mesmo com Saturno, Urano e Netuno,
excessivamente distantes.
1854 (10 de junho) – O matemático alemão Georg Friedrich Bernhard Riemann (1826-
1866) propõe que o espaço é curvo. Ele sugere que todas as leis físicas ficam mais simples
quando expressas em dimensões mais altas. Einstein, em 1916, usando o trabalho de
Rieman em sua teoria da Relatividade Geral, incorpora o tempo como a quarta dimensão.
1856 - O astrônomo britânico Norman Robert Pogson (1829-1891) propõe uma escala de
magnitudes estelares (vigente até hoje) segundo a qual uma estrela de primeira magnitude é
cem vezes mais brilhante que uma de sexta magnitude (cujo brilho está no limite de
visibilidade do olho humano). Portanto, uma estrela de primeira magnitude é 2,512 (raiz
quinta de 100) vezes mais brilhante que uma de segunda, que por sua vez é 2,512 vezes
mais brilhante que uma de terceira, e assim sucessivamente. As magnitudes das estrelas de
maior brilho são expressas em números negativos (a de Sirius, por exemplo, é -1,46).
Ressalte-se que esta escala refere-se à magnitude aparente, ou seja, o brilho que a estrela
apresenta conforme é vista da Terra. Existem ainda dois outros tipos de magnitude:
- absoluta – aquela que uma estrela teria se estivesse a uma distância padrão de 10 parsecs
(32,6 anos-luz), sem qualquer absorção de luminosidade;
- bolométrica – quando não se leva em conta apenas a radiação visível, mas sim toda a
radiação produzida por uma estrela (raios gama, raios X, ultravioleta, luz visível,
infravermelho, ondas de rádio).
1858 (28 de setembro) – O cometa Donati, descoberto neste mesmo ano por Giovanni
Batista Donati (1826-1873), torna-se o primeiro astro celeste desse tipo a ser fotografado.
Trata-se de um cometa luminoso, com uma cauda de pó espetacularmente encurvada e duas
caudas finas de gás. Sua imagem é capturada pelo fotógrafo comercial inglês William
Usherwood.
1859 – Surge a explicação para o mistério das linhas escuras do espectro solar, quando
Robert W. Bundsen (1811-1899), químico e físico alemão, e Gustav R. Kirchhoff
(1824-1887), físico alemão, descobrem as bases experimentais para a interpretação dos
espectros das substâncias químicas. Concluem que cada elemento químico tem seu espectro
próprio, uma espécie de “assinatura”. Aplicando o método que acabam de desenvolver ao
espectro do Sol, encontram sódio, cálcio, magnésio e ferro, concluindo que nossa estrela é
formada pelos mesmos elementos químicos existentes na Terra, o que constitui um achado
científico de grande importância. Posteriormente, constata-se que o mesmo vale para as
demais estrelas.
1859 – O físico escocês James Clerk Maxwell (1831-1879) ganha o Prêmio Adams
oferecido (1857) pela Universidade de Cambridge ao pesquisador capaz de explicar a
estrutura e os movimentos dos anéis de Saturno. Descartando matematicamente a hipótese
do anel fluido, ele passa a estudar com maior profundidade a teoria do anel desagregado,
formado por pequenos corpos orbitantes e independentes. Maxwell chega à conclusão de
que aquilo que existe ao redor de Saturno é um sistema composto por anéis finos e
concêntricos, com raios diferentes, cada um com sua velocidade de revolução, sem
intercâmbio de partículas. O ensaio em que ele apresenta este modelo intitula-se “On the
stability of Saturn's rings” (“Sobre a estabilidade dos anéis de Saturno”).
1859 – O físico britânico John Tyndall (1820-1893) descobre que o dióxido de carbono, o
metano e o vapor de água bloqueiam a radiação infravermelha. É mais uma etapa na
compreensão do efeito estufa.
1860 (18 de julho) – Primeiro eclipse solar em que se utiliza a fotografia astronômica para
estudos. As fotos facilitam a descoberta de que os jatos de gás incandescente conhecidos
como proeminências surgem da superfície solar e não externamente a ela, conforme se
acreditava na época.
1861 – O astrônomo alemão Friedrich Gustav Spörer (1822-1895) descobre a variação das
latitudes das manchas solares durante um ciclo do Sol, fenômeno conhecido como “lei de
Spörer”.
1863 – Anders Jonas Angstrom publica seu mapa do espectro solar com a identificação das
linhas que correspondem aos elementos químicos.
1863 – Enquanto registra alterações nas posições de manchas solares, Richard Carrington
descobre a natureza diferencial da rotação solar. O período de rotação do Sol, devido à sua
natureza gasosa, varia de acordo com a latitude, indo de 25,05 dias no equador até 34,3 dias
nos polos.
1863 – Ângelo Secchi produz algumas das primeiras ilustrações coloridas de Marte,
atribuindo às características da superfície nomes de exploradores famosos.
1864 – John Herschel publica o “General Catalogue of Nebulae and Clusters of Stars”
(Catálogo Geral de Nebulosas e Aglomerados de Estrelas”), conhecido como GC, com
5.079 objetos “nebulosos”. Fazem parte do catálogo os 2.500 objetos descobertos pelo pai,
William Herschel, onze observados pela tia Caroline e 1.754 avistados por ele.
1864 (5 de agosto) – Giovanni Batista Donati descobre, estudando o cometa Tempel II, que
os espectros desses astros contém linhas de emissão, um dos dois tipos de linhas espectrais
existentes (o outro são as linhas de absorção). As linhas espectrais são Finas linhas vistas
quando a luz de um objeto se divide em seus componentes de comprimento de onda ou
espectro e cujo estudo denomina-se espectroscopia. Como são diferentes para cada
elemento, o estudo das linhas espectrais permite estabelecer a composição química de um
astro ou de material interestelar analisado.
1865 –Júlio Verne publica “De la Terre à la Lune” (“Da Terra à Lua”), obra de ficção em
que um grupo de homens viaja até o satélite natural terrestre num gigantesco canhão.
Curioso observar que o canhão é lançado da Flórida, local de onde partem hoje os veículos
espaciais estadunidenses.
1866 – Angelo Secchi propõe a primeira classificação espectral das estrelas, dividindo os
espectros em três classes, de acordo com a cor: I, estrelas azuis e brancas; II, amarelas; III,
laranja e vermelhas.
Em 1868, ele acrescenta a classe IV, formada por estrelas de carbono.
Em 1877, ele propõe uma quinta classe, formada por estrelas peculiares.
A classificação espectral de Ângelo Secchi será gradualmente substituída, a partir do final
dos anos 1890, pela de Harvard.
1867 – Anders Jonas Angström é o primeiro a examinar o espectro das auroras boreais.
1868 – Anders Jonas Angström publica sua extensa pesquisa do espectro solar no trabalho
clássico “Recherches sur le spectre solaire” (“Pesquisas sobre O Espectro Solar”), com
medidas detalhadas de mais de 1.000 linhas espectrais.
1868 – Confirma-se a hipótese de que a coroa solar é um invólucro gasoso, graças ao
primeiro estudo espectroscópico de uma proeminência, realizado pelo francês Pierre Jules
César Janssen (1824-1907).
Proeminências (ou protuberâncias) solares são estruturas enormes e brilhantes que
se destacam da superfície do Sol, geralmente em forma de laço. As proeminências
partem da superfície e se estendem até a Coroa solar. Atingem milhares de km de altura (a
maior já registrada chegou a 800.000km) e ejetam material solar no espaço a velocidades
que podem ultrapassar os 1.000km/s. Duram de alguns dias a vários meses.
1868 (18 de agosto) – O astrônomo francês Pierre Jules César Janssen (1824-1907) e o
astrônomo britânico Norman Lockyer (1836-1920) descobrem uma linha amarela não
identificada nos espectros das proeminências solares e sugerem que ela é proveniente de
um novo elemento, que eles chamam de “hélio”.
1871 – o astrônomo e físico alemão Hermann Karl Vogel (1841-1907) aplica o efeito
Doppler na determinação da velocidade de rotação do Sol.
1872 – O estadunidense Henry Draper (1837-1882), filho de John William Draper, inventa
a fotografia espectral astronômica. Ele obtém o primeiro espectrograma (foto de um
espectro) de uma estrela: Vega (Alfa de Lira), em que são visíveis linhas de absorção.
1873 – James Clerk Maxwell publica “A Treatise on Electricity and Magnetism” (“Um
tratado sobre Eletricidade E Magnetismo”), em que descreve a sua teoria sobre a natureza
eletromagnética da luz, na qual vinha trabalhando havia vários anos, segundo a qual a luz
constitui-se de campos elétricos e magnéticos oscilantes, que se propagam juntos no
espaço, à velocidade aproximada de 300.000km/s, sob a forma de ondas. A teoria é
matematicamente descrita nas quatro equações de Maxwell, as quais expressam,
respectivamente, como cargas elétricas produzem campos elétricos (Lei de Gauss), a
ausência experimental de cargas magnéticas, como corrente elétrica produz campo
magnético (Lei de Ampère), e como variações de campo magnético produzem campos
elétricos (Lei da indução, de Faraday).
1873 – Daniel Kirkwood apresenta uma lista, extraída de várias fontes, de antigos
acontecimentos envolvendo quedas de meteoritos.
1873 – Richard Anthony Proctor é o primeiro a sugerir que as crateras lunares são o
resultado de impactos de meteoritos e não de ação vulcânica, como tinha sido anteriormente
pensado.
1876 – O inglês William Huggins (1824-1910) e sua esposa, a irlandesa Margaret Lindsay
Huggins (1848-1915) são os primeiros a utilizar chapas fotográficas secas em astronomia,
ao efetuarem registros dos espectros de objetos astronômicos.
Embora a astrofotografia seja empregada há já quatro décadas, esse avanço tecnológico
constitui uma verdadeira revolução, porque torna possível o uso profissional da fotografia
no estudo dos astros. A chapa seca aumenta consideravelmente o tempo de exposição
possível (antes limitado ao período em que as chapas permanecem úmidas), o que é
fundamental no registro de imagens mais detalhadas e de melhor qualidade.
1877 – Tem início a polêmica acerca dos canais marcianos. O astrônomo italiano Giovanni
Virginio Schiaparelli (1835-1910) elabora um minucioso mapa de Marte, propondo nova
nomenclatura para as várias regiões caracterizadas por diferentes valores de albedo (relação
entre a luz refletida pela superfície de um planeta e a que este recebe do Sol. Nos mapas de
Schiaparelli, aparecem numerosas estruturas lineares, que ele denomina “canais” e que, por
anos seguidos, provocam muita discussão: uns afirmam serem características naturais,
outros defendem a tese de que se trata de estruturas artificiais construídas pelos habitantes
de Marte. Por algum tempo, prevalece a segunda hipótese, sobretudo nos países de língua
inglesa, uma vez que a palavra “canali” usada por Schiaparelli é traduzida em inglês por
“canals”, que significa “canais artificiais” (o termo para “canais naturais” é “channels”). O
desejo comum a toda a humanidade de não se sentir sozinha no Universo sobrepõe-se a
esse possível erro de tradução, e cada nova observação “reforça” a existência de marcianos.
A hipótese dos canais de Marte só é abandonada na segunda década do século XX.
1878 – O físico holandês Hendrik Antoon Lorentz (1853-1928) publica um trabalho em que
relaciona a velocidade da luz em um meio com a sua densidade e composição.
1878 – O astrônomo inglês George Darwin (1845-1912), filho de Charles Darwin, formula
uma das primeiras teorias para explicar o aparecimento da Lua, baseada num mecanismo de
fissão. Essa teoria considera que, no início, a Terra e a Lua constituíam um único corpo
celeste. Segundo Darwin, a protoTerra girava em torno de seu eixo com altíssima
velocidade, suficiente para fazer com que seu corpo se alongasse e assumisse a forma de
uma pera. O rompimento e a expulsão do material existente nessa saliência teriam
originado a Lua.
1879 – O físico austríaco Josef Stefan (1835-1893) formula a lei de estados da energia
radiante de um corpo negro – objeto teórico que absorve toda a radiação que cai sobre ele.
Sua lei é um dos primeiros passos importantes para a compreensão da radiação de corpo
negro.
1880 (30 de setembro) – Henry Draper obtém a primeira fotografia da Nebulosa de Órion
(M42).
1882 (1º de setembro) – Um grande cometa (C/1882 R1) aparece, sendo já visível a olho nu
no momento da descoberta. Em 17 de setembro, atinge o periélio, podendo ser visto durante
o dia. Permanece visível a olho nu até fevereiro de 1883.
1883 – O astrônomo amador inglês Andrew Ainslie Common (1841-1903) utiliza chapas
fotográficas secas para obter várias imagens das mesmas nebulosas com um tempo de
exposição superior a 60 minutos. Essas imagens mostram, pela primeira vez, estrelas fracas
demais para serem captadas pelo olho humano. A observação do céu já não depende mais
das noites límpidas e dos momentos em que os astrônomos estão ao telescópio. As imagens
podem agora ser armazenadas e analizadas mais tarde, havendo sempre a possibilidade de
se descobrir algo que escapou ao observador no primeiro momento.
A partir daí, a astrofotografia começa a ser empregada em larga escala.
Contudo, se por um lado as fotografias com longo tempo de exposição trazem avanços
extraordinários, por outro lado é preciso resolver problemas técnicos. É necessário construir
telescópios suficientemente rígidos para não perderem o foco durante as exposições e
encontrar maneiras de fazê-los apontar sempre para o mesmo objeto por longos períodos.
Como a Terra está em constante rotação, os telescópios devem girar permanentemente no
sentido oposto para seguir o movimento aparente das estrelas. Esse controle, manual a
princípio (dependente, portanto, da habilidade do controlador), é hoje totalmente
automatizado e está a cargo de computadores.
1885 (19 de agosto) – O astrônomo amador irlandês Isaac Ward descobre S Andromedae
(ou SN 1885A), primeira (e até agora única) supernova observada na galáxia de
Andrômeda e a primeira supernova localizada fora da Via Láctea. Distante 2,6 milhões de
anos-luz e atingindo a magnitude 6, é observada no dia seguinte, independentemente, pelo
astrônomo alemão Ernst Hartwig (1851-1923).
1887 (abril) – Ocorre em Paris uma conferência astronômica, cujo objetivo é estabelecer as
bases para a compilação de um Atlas fotográfico celeste. Denominado Carte du Ciel (Mapa
do Céu) e iniciado sob a coordenação de Amedée Mouchez (1821-1892), diretor do
Observatório de Paris, trata-se de um vasto projeto internacional de mapeamento estelar
sem precedentes, do qual participam vinte observatórios de diversos países, cujo objetivo é
catalogar e determinar as posições de milhões de estrelas, até a 12ª magnitude. Devido à
extensão do projeto e aos custos elevados, os objetivos são apenas parcialmente alcançados.
1888 – O astrônomo dinamarquês Johan Ludvig Emil Dreyer (1852-1926). compila o “New
General Catalogue of Nebulae and Clusters of Stars” (“Novo Catálogo Geral de Nebulosas
e Agrupamentos de Estrelas”), (NGC), inicialmente com 7.840 objetos. Esse catálogo
contém todo tipo de objetos do céu profundo (galáxias, nebulosas, aglomerados estelares), e
as iniciais NGC são ainda amlamente utilizadas em nossos dias.
Posteriormente, Dreyer publica dois suplementos (1895 e 1908), adicionando 5.386 objetos
ao catálogo.
1891 – O físico britânico John Henry Poynting (1852-1914) determina a densidade média
da Terra: 5,5g/cm3.
1892 – Camille Flammarion publica “La planète Mars et ses conditions d'habitabilité” (“O
planeta Marte e suas condições de habitabilidade”), obra em que escreve sobre os canais de
Marte e argumenta que uma raça inteligente poderia usá-los para distribuir água num
mundo marciano próximo da morte. Acredita na existência dos habitantes de Marte,
sugerindo que eles poderiam ser mais avançados que os seres humanos.
1895 – O termo “multiverso” é utilizado pela primeira vez, cunhado pelo psicólogo e
filósofo estadunidense William James (1842-1910). De acordo com as várias teorias
existentes sobre o multiverso, o universo em que vivemos é apenas um dentre muitos, cada
qual podendo ter leis diferentes e propriedades variadas. As teorias sobre multiverso
diferem bastante entre si, não havendo evidências científicas importantes que as apoiem.
Por vezes, fala-se também em “universos paralelos”.
1896 – Pierre Jules Janssen faz o primeiro registro fotográfico dos “grânulos” da fotosfera
solar. Trata-se de zonas de convecção, de cujo centro é ejetado gás quente, proveniente do
interior do Sol, e em cujas bordas este mesmo gás, resfriado pela menor temperatura da
fotosfera em relação às zonas internas solares, volta a cair. Os grânulos são fenômenos
temporários, que duram minutos, e o gás ejetado atinge alturas de várias centenas de km.
1896 - O físico e químico sueco Svante August Arrhenius (1859-1927) calcula como o
dióxido de carbono atmosférico intercepta a radiação infravermelha que a Terra emite ao
espaço e conclui que a duplicação da quantidade desse gás na atmosfera aumentaria a
temperatura média do planeta em 5 ou 6°C. Determina também que, num planeta mais
quente, é maior a evaporação da água dos oceanos, provocando a elevação da concentração
de vapor de água na atmosfera, o que resulta num bloqueio ainda maior da radiação
infravermelha.
Trata-se do efeito estufa, fenômeno também existente em outros planetas e exoplanetas. No
Sistema Solar, é particularmente relevante em Vênus, fazendo com que a temperatura
daquele planeta seja superior à de Mercúrio, apesar de este último estar mais perto do Sol.
1896 – Usando dados obtidos durante as observações dos trânsitos de Vênus de 1874 e
1882, o astrônomo e matemático canadense naturalizado estadunidense Simon Newcomb
(1835-1909) calcula que a distância Terra-Sol é de 149.189.036km (valor correto:
149.597.887,5km).
1897 – O físico britânico Joseph John Thompson (1856-1940) descobre o elétron, partícula
atômica elementar e estável, que circunda o núcleo do átomo e tem carga negativa.
1897 (21 de outubro) – É inaugurado em Williams Bay, Wisconsin, nos EUA, a 58m acima
do lago Geneva e a 334m acima do nível do mar, o telescópio refrator de Yerks, cuja
objetiva tem 1,01m de diâmetro, o que faz dele o maior do mundo em sua categoria na
época.
1898 – O físico alemão Wilhelm Wien (1864-1928) identifica uma partícula positiva igual
em massa à do átomo de hidrogênio. Com este trabalho, ele fundamenta a espectrometria de
massa.
1898 – Publicação de “The War of the Worlds” (“A Guerra dos Mundos”), de H. G. Wells
(1866-1946), obra ficcional (303 páginas) que descreve a invasão de Londres e arredores
por marcianos inteligentes, que possuem armas altamente letais e, uma vez aqui na Terra,
alimentam-se de sangue humano. Causam grande destruição e parecem invencíveis, mas
acabam morrendo devido a bactérias contra as quais não têm imunidade. É um dos livros de
ficção científica mais populares, comentados e influentes de todos os tempos, dando origem
a vários filmes, uma série de televisão e programas para o rádio, além de servir de
inspiração para diversos livros do gênero.
1898 (13 de agosto) – O asteroide 433 Eros é descoberto pelo astrônomo alemão Carl
Gustav Witt (1866-1946), do Observatório Urania, em Berlim. Mais de um século depois,
torna-se o primeiro asteroide em cuja superfície pousa uma sonda espacial (Near-
Shoemaker).
Diâmetro: 34 x 11,2 x 11,2km. Período orbital: 643,219 dias (1,76 ano); distância média do
Sol: 218.155.000km; massa: 6,69 trilhões de toneladas; densidade: 2,67g/cm3; rotação:
5h16min.
1900 – O físico teórico alemão Max Planck (1858-1947) introduz o conceito fundamental
de quantum de luz, ou fóton. Segundo ele, a luz não é emitida de modo contínuo, mas em
"rajadas" descontínuas de fótons. Para Planck, esses são os entes físicos elementares que
constituem a luz, e parâmetros tipicamente ondulatórios, como a frequência e o
comprimento de onda, os caracterizam.
Esta é a teoria quântica, que revoluciona a compreensão humana dos processos atômicos e
subatômicos. É uma das descobertas mais importantes para a física do século XX.
1900 – Svante Arrhenius formula a teoria da Panspermia, ideia de que a vida pulsa em todo
o Universo e é transportada pela pressão de radiação das estrelas como sementes levadas
pelo vento para germinar em ambientes apropriados. Segundo essa hipótese, a vida na Terra
poderia ter origem extraterrestre, trazida, por exemplo, na cauda de um cometa.
1901 – Wilhelm Conrad Röntgen recebe o Prêmio Nobel de Física pela descoberta dos
raios X.
Este é o primeiro ano em que é atribuído o Prêmio Nobel, instituído em testamento, em 27
de novembro de 1895, pelo químico e engenheiro sueco Alfred Nobel (1833-1896).
1904 – O astrônomo inglês William Ward constata que somente 35 amostras de meteoritos
caídos antes de 1800 são conservadas nas coleções de todo o mundo.
1905 (27 de fevereiro) – Charles Dillon Perrine publica a descoberta de Elara, sétimo
satélite conhecido de Júpiter.
Diâmetro: 86km; período orbital: 259,64 dias; distância média do planeta: 11.740.000km;
massa: 870 trilhões de toneladas; densidade: 2,6g/cm3.
1905 (26 de setembro) – O físico alemão Albert Einstein (1879-1955) publica na revista
Annalen der Physik o artigo "Zur Elektrodynamik bewegter Körper" (“Sobre a
eletrodinâmica dos corpos em movimento”), em que formula a teoria da relatividade
Especial (ou restrita). Esta teoria propõe que a velocidade da luz no vácuo é constante,
independente da velocidade da fonte, que a massa depende da velocidade, que há dilatação
do tempo durante movimento em alta velocidade, que massa e energia são equivalentes e
que nenhuma informação ou matéria pode se mover mais rápido do que a luz. A teoria é
especial somente porque está restrita ao caso em que os campos gravitacionais são
pequenos, ou desprezíveis. É nesta teoria que aparece a famosa equação relacionando
massa e energia: E = mc2, onde E representa a energia, m, a massa, e c2, a velocidade da
luz ao quadrado.
A teoria da relatividade revoluciona a compreensão humana do tempo e do espaço e,
juntamente com a teoria quântica, de Max Planck, constitui uma das teorias fundamentais
da física do século XX.
1906 – O astrofísico inglês Arthur Eddington (1882-1944) começa o seu estudo estatístico
dos movimentos estelares.
1906 – Com base em observações de Netuno feitas na segunda metade do século XIX, de
acordo com as quais perturbações na órbita de Urano indicavam a presença de mais um
planeta no Sistema Solar, Percival Lowell dá início a um amplo projeto visando a encontrar
este astro, que ele denomina “planeta X”.
A busca terminará em 1930, com a descoberta de Plutão.
1906 (22 de fevereiro) – O astrônomo alemão Max Wolf (1863-1932) descobre o primeiro
asteroide troiano, 588 Aquiles.
Asteroides troianos são grupos de objetos localizados em pontos de órbita estável previstos
por Lagrange, grupos estes que precedem ou seguem um planeta (no caso em questão,
Júpiter), ou um satélite, formando com este corpo celeste e o Sol um triângulo equilátero.
Os nomes destes asteroides são todos tirados de personagens da Guerra de Troia.
Aquiles – Diâmetro: 135,5km; período orbital: 4.320,083 dias (11,83 anos); distância média
do Sol: 776.669.000km.
1908 – George Ellery Hale descobre a separação Zeeman das linhas espectrais provenientes
de manchas solares, mostrando com isso que elas devem ser intensamente magnéticas.
1908 (27 de janeiro) – O astrônomo inglês de origem belga Philibert Jacques Melotte
(1880-1961) descobre Pasífae, oitavo satélite conhecido de Júpiter.
Diâmetro: 60km; período orbital: 764,086 dias (2,09 anos); distância média do planeta:
24.094.770km; massa: 300 trilhões de toneladas; densidade: 2,6g/cm3.
1908 (30 de junho) - Um grande bólido, ao entrar na atmosfera, causa na localidade hoje
denominada Krasnoyarsk Krai, na Sibéria, próximo do rio Podkamennaya Tunguska, uma
tremenda explosão, que ocorre às 7h14min, hora local (22h14min de 29 de junho, hora de
Brasília). A onda de choque (5 graus na escala Richter) quebra vidraças a centenas de km
de distância e devasta cerca de 2.150km2 de floresta fechada, derrubando aproximadamente
80 milhões de árvores. O estrondo, conhecido como “evento de Tunguska”, é ouvido a
milhares de km, e a perturbação atmosférica ligada ao evento se faz sentir em todo o globo.
Embora não se saiba ao certo a causa do fenômeno, a teoria mais aceita afirma tratar-se da
explosão de um fragmento de meteoroide ou de cometa com algumas dezenas de metros
(algumas estimativas sugerem 100m) de diâmetro, a uma altitude compreendida entre 5 e
10km.
É a maior explosão já registrada na atmosfera da Terra, tendo liberado energia cerca de mil
vezes superior à da bomba atômica posteriormente (1945) lançada sobre Hiroshima.
Ao longo do século seguinte, aproximadamente mil artigos científicos (a maioria em russo)
acerca do evento de Tunguska são publicados.
1909 (1º de janeiro) – astrônomos de Londres indicam a existência de um planeta para além
de Netuno.
1909 (16 de janeiro) – Um grupo de exploradores britânicos liderado por Ernest Shackleton
(1874-1922) encontra o Polo Magnético Sul da Terra.
1909 (20 de agosto) – O Observatório de Yerkes tira a fotografia mais antiga conhecida de
Plutão. Contudo, o astro só será identificado nesta imagem muitos anos mais tarde.
Atualmente, conhecem-se dezesseis imagens de Plutão anteriores ao descobrimento oficial
(1930).
1909 (outubro) – Estudando um terremoto com epicentro nos Bálcãs, o astrônomo croata
Andrija Mohorovicic (1857-1936) conclui que há descontinuidade em termos de densidade
e de composição entre uma camada superficial da Terra, a crosta, e outra inferior, o manto.
1910 (12 de janeiro) – Um grande cometa, oficialmente denominado C/1910 A1, é visto por
vários observadores de diversos países. A aparição é espetacular e, ao ser registrado pela
primeira vez, o cometa já é visível a olho nu. O periélio (19.350.000km) é atingido cinco
dias mais tarde e, pouco depois, a luminosidade ultrapassa a de Vênus, fazendo desse astro,
observável durante o dia, um dos mais brilhantes cometas do século XX.
1910 (20 de abril) - O Cometa Halley atinge o periélio, numa passagem exaustivamente
estudada, com instrumentos e a olho nu. A superstição gera grande medo do "fim do
mundo". Os cientistas seguem o Cometa desde o seu aparecimento nas regiões mais
internas do Sistema Solar. Com potentes telescópios, é possível estudar o núcleo. Datam
dessa ocasião as primeiras fotografias e as primeiras análises espectroscópicas do astro.
É curioso o caso do escritor satírico estadunidense Samuel Clemens, conhecido pelo
pseudônimo Mark Twain. Nascido em 30 de novembro de 1835, duas semanas depois do
periélio anterior do Cometa Halley, ele escreve em sua autobiografia, publicada em 1909:
“Eu vim com o Cometa Halley em 1835. Ele voltará no próximo ano, e eu espero ir com
ele. Será o maior desapontamento da minha vida se eu não for embora com o Cometa
Halley”. Mark Twain morre em 21 de abril de 1910, um dia depois do periélio do Halley.
1910 (18 de maio) - Ocorre a maior aproximação do Halley ao nosso planeta nesta
aparição: 22 milhões de km, e a Terra passa por dentro da cauda do Cometa. Após a
descoberta, feita espectroscopicamente, de cianogênio (um gás tóxico) na cauda do Halley,
Camille Flammarion havia afirmado que, na passagem da Terra por essa região, o gás
impregnaria a atmosfera e possivelmente eliminaria a vida do planeta. A divulgação de
especulações sensacionalistas como essa faz com que muitas pessoas, em pânico, comprem
de charlatães, entre outras coisas, máscaras antigás, pílulas e guarda-chuvas anticometa. Na
realidade, o gás é tão difuso que nenhum efeito maléfico ocorre com a Terra devido à sua
passagem pela cauda do Cometa.
1912 (7 de agosto) – O físico austríaco Victor Franz Hess (1883-1964) descobre, a bordo de
um balão, que partículas carregadas, principalmente prótons, chamadas de raios cósmicos,
altamente energéticas, atingem a Terra vindas do espaço e são produzidas de alguma forma
pelos processos mais energéticos no Universo, com energias trilhões de vezes maiores do
que se pode obter em nossos laboratórios, e mesmo muito maiores do que as estrelas podem
gerar.
1913 – Aplicando a teoria quântica formulada por Max Planck ao modelo atômico de
Rutherford, o físico dinamarquês Niels Bohr (1885-1962) elabora uma nova teoria, na qual
Conclui que os elétrons dos átomos não emitem radiações enquanto permanecem numa
mesma órbita, mas somente ao se deslocarem de um nível mais energético (órbita mais
distante do núcleo) a outro de menor energia (órbita menos distante). A teoria quântica lhe
permite formular essa concepção de modo mais preciso: as órbitas não se localizam a
quaisquer distâncias do núcleo; ao contrário, apenas algumas órbitas são possíveis, cada
uma delas correspondendo a um nível bem definido de energia do elétron. A transição de
uma órbita a outra não é gradativa, mas se faz por “saltos”: ao absorver energia, o elétron
salta para uma órbita mais externa; ao emiti-la (na forma de um fóton), passa para outra
mais interna.
1913 – É usado pela primeira vez o termo "parsec", surgido da contração das palavras
"paralax" (paralaxe) e "second" (segundo. Trata-se de uma unidade de medida astronômica,
equivalente à distância do Sol a um objeto cuja paralaxe anual média vale um segundo de
arco, isto é, 3,26 anos-luz, ou 206.265 unidades astronômicas (30,857 trilhões de km).
Segundo Frank Watson Dyson, a palavra "parsec" é cunhada pelo astrônomo e sismologista
britânico Herbert Hall Turner (1861-1930).
1915 – O astrônomo escocês Robert Thorburn Ayton Innes (1861-1933) descobre Proxima
Centauri, situada à distância de 4,243 anos-luz (40,16 trilhões de km), o que faz dela a
estrela mais próxima da Terra, depois do Sol. Trata-se de uma anã vermelha de magnitude
aparente 11,05, integrante de um sistema triplo e distante 2,24 trilhões de km de Alfa
Centauri A e Alfa Centauri B, os outros dois componentes do sistema.
Alfa Centauri A, principal componente do sistema, é ligeiramente maior que o Sol (1,23
raio solar), 10% mais massiva e 52% mais luminosa. O tipo espectral é igual ao do Sol: G2
V, o que indica tratar-se de uma estrela amarelada. A magnitude aparente é 0,01, sendo
Alfa Centauri A a terceira estrela mais brilhante conforme vista da Terra, depois de Sirius e
de Canopus.
Alfa Centauri B tem 86,5% do raio, 90,7% da massa e 50% da luminosidade do Sol. É uma
estrela alaranjada (tipo espectral K1 v) de magnitude aparente 1,33.
Alfa Centauri A e B orbitam o baricentro (centro de massa comum) em 79,91 anos e estão
separadas uma da outra por uma distância que varia entre 1,67 bilhão de km (pouco
superior à distância média Sol-Saturno) e 5,3 bilhões de km (pouco inferior à distância
média Sol-Plutão).
1915 (19 de março) – O Observatório de Flagstaff obtém duas imagens tênues de Plutão,
mas o astro não é reconhecido como sendo o planeta procurado desde 1906.
1915 (22 de dezembro) – Numa carta enviada a Albert Einstein, o físico e astrônomo
alemão Karl Schwarzschild (1873-1916) descreve as soluções específicas que encontra para
as equações einsteinianas do campo gravitacional, dando início à teoria moderna dos
buracos negros. Ele evidencia a existência de um limite no espaço e no tempo que
impossibilita obter-se do exterior qualquer informação a respeito do que acontece além
dele. Esse limite recebe o nome de “horizonte de eventos” e aplica-se às grandes massas
quando estas se encontram particularmente comprimidas.
1916 - Albert Einstein propõe a teoria da relatividade geral, uma teoria do campo
gravitacional e dos sistemas de referência em geral. O nome refere-se ao fato de ser uma
generalização da teoria da relatividade restrita, de 1905. Os princípios fundamentais
introduzidos nesta generalização são o Princípio da Equivalência, que descreve a aceleração
e a gravidade como aspectos distintos da mesma realidade, a noção de curvatura do espaço-
tempo e o Princípio geral de Covariância (as leis da Física devem assumir as mesmas
formas matemáticas em todos os sistemas de referência).
Embora difira pouco da teoria da gravitação de Isaac Newton na Terra, resulta bastante
diferente em grandes dimensões e grandes massas, como o Universo. A teoria da
relatividade geral é universal no sentido de ser válida mesmo nos casos em que os campos
gravitacionais não são desprezíveis. Trata-se, na verdade, da teoria da gravitação,
descrevendo a gravidade como a ação das massas nas propriedades do espaço e do tempo,
que afeta o movimento dos corpos e outras propriedades físicas. Enquanto na teoria de
Newton o espaço é rígido, descrito pela geometria Euclidiana, na relatividade geral o
espaço-tempo é distorcido pela presença da matéria que ele contém.
1916 – O teórico alemão Ludwig Flamm (1885-1964) encontra nas equações de Einstein
indicações da existência de atalhos entre um ponto e outro do espaço-tempo grandes e
estáveis o suficiente para permitir viagens interestelares, popularmente conhecidos como
“buracos de minhoca”, ou “buracos de verme”. Partindo da ideia de que é possível curvar o
espaço, o cientista Considera a possibilidade de curvaturas produzidas em distantes regiões
se tocarem, criando um atalho.
Esse conceito é desenvolvido mais detalhadamente pelo matemático e físico teórico alemão
Hermann Weyl (1885-1955), em 1921.
O nome acadêmico é ponte de Einstein-Rosen, derivado da publicação, em 1935, de um
trabalho em qe o tema é abordado, realizada pelo físico estadunidense de ascendência
judaica Nathan Rosen (1909-1995), assistente de Albert Einstein no Institute for Advanced
Study (Princeton, Nova Jersey).
Registre-se que não há evidência observacional dos “buracos de minhoca”, que
permanecem em nível teórico.
1916 – Edward Emerson Barnard calcula o movimento próprio (10,3 segundos de arco por
ano) da estrela que passa a levar seu nome, a segunda mais próxima da Terra (5,98 anos-
luz, 56,57 trilhões de km), depois do sistema triplo de Alfa Centauri. Trata-se de uma anã
vermelha situada na constelação de Ofiúco. Estimativas posteriores atribuem à Estrela de
Barnard diâmetro de 275.000km e massa equivalente a 14% da solar.
1916 – Kristian Birkeland é o primeiro a predizer, corretamente, que, “do ponto de vista
físico, é muito provável que os raios solares não sejam exclusivamente negativos ou
positivos, mas de ambos os tipos”. Isto quer dizer que o vento solar é formado por elétrons
negativos e íons positivos.
1917 – Albert Einstein publica seu artigo histórico sobre cosmologia, "Kosmologische
Betrachtungen Zur Allgemeinen Relativitätstheorie" (Considerações Cosmológicas sobre a
Teoria da Relatividade), construindo um modelo esférico do Universo. Como as equações
da Relatividade Geral não levam diretamente a um Universo estático de raio finito, mesma
dificuldade encontrada com a teoria de Newton, Einstein modifica suas equações,
introduzindo a famosa constante cosmológica, para obter um Universo estático, já que ele
não tem nenhuma razão para supor que o Universo esteja se expandindo ou contraindo. A
constante cosmológica age como uma força repulsiva que previne o colapso do Universo
pela atração gravitacional.
1917 - O físico e astrônomo britânico James Jeans (1877-1946) aventa a hipótese de que os
planetas do Sistema Solar se formaram a partir de material arrancado, por força de maré, do
Sol e de outra estrela, durante uma aproximação entre ambas. Posteriormente, trabalhos do
britânico Harold Jeffreys (1891-1989) e do americano Henry Norris Russell (1877-1957)
demonstram a inviabilidade dessa teoria.
1918 – Max Planck recebe o Prêmio Nobel de Física pela descoberta da energia quântica.
1919 (29 de maio) – Ocorre um famoso eclipse total do Sol, cuja observação permite
confirmar a previsão da Teoria da Relatividade sobre o desvio dos raios luminosos na
presença de campos gravitacionais. Organiza-se uma expedição ao Brasil (Sobral, Ceará),
coordenada pelo inglês Andrew Claude de la Cherois Crommelin (1865-1939), a qual
retorna à Europa com 7 fotografias boas. Medindo a distância entre as estrelas à esquerda e
à direita do Sol durante o eclipse, quando elas estão visíveis pelo curto espaço de tempo
que ele dura (6min51s), e comparando com medidas das mesmas estrelas obtidas 6 meses
antes, quando elas eram visíveis à noite, o chefe internacional deste estudo, o astrofísico
inglês Sir Arthur Stanley Eddington (1882-1944), que fotografa o fenômeno a partir de São
Tomé e Príncipe, na África, observa que as estrelas parecem mais distantes umas das outras
durante o eclipse. Isto implica que os raios de luz destas estrelas são desviados pelo campo
gravitacional do Sol, como predito por Einstein. Tais desvios são o que se chama em
astronomia de “lentes gravitacionais”.
Os resultados dessa pesquisa fazem de Albert Einstein uma celebridade mundial.
1920 (26 de abril) – A discussão entre os astrônomos sobre a natureza das nebulosas torna-
se tão intensa que a Academia Nacional de Ciências de Washington decide formalizá-la,
convidando Harlow Shapley (1885-1972) e Heber Curtis (1872-1942) – os dois maiores
representantes das tendências antagônicas – para um debate, que seria assistido pelos mais
ilustres astrônomos da época. Shapley considera as espirais como parte integrante da nossa
galáxia; Curtis permanece fiel à ideia dos Universos-ilha. Desse modo, depois de quase um
século e meio, encerra-se o Grande Debate, iniciado por William Herschel no final do
século XVIII. Sua conclusão evidencia a genialidade das intuições de Wright e de Kant
sobre os Universos-ilha, noção “intuitiva” à qual sucessivas gerações de pesquisadores se
apegaram. A partir de 1920, entretanto, surgem provas rigorosamente científicas de sua
validade. Para muitos astrônomos, a natureza das “nebulosas espiraladas” se apresentava
ainda incerta antes daquele ano. Depois do confronto, porém, torna-se clara para todos:
Curtis vence o debate.
Compreende-se que a Via Láctea é apenas uma de muitas galáxias que compõem o
Universo. É o início da astronomia extragaláctica.
Surge uma distinção clara entre galáxias e nebulosas (ambos objetos difusos quando vistos
da Terra), termos até então muitas vezes usados como sinônimos.
Galáxias são sistemas massivos constituídos por componentes gravitacionalmente unidos:
estrelas, gás, poeira e matéria escura. Podem ter de 100 milhões a 100 trilhões de estrelas.
Os diâmetros variam entre poucos milhares e centenas de milhares de anos-luz, e as
distâncias entre elas vão de dezenas de milhares a milhões de anos-luz. Dentro das galáxias
há aglomerados estelares, nuvens moleculares e, no centro de muitas delas, buracos negros.
Nebulosas são nuvens interestelares de poeira, hidrogênio, hélio e outros gases ionizados.
No interior de muitas delas se formam estrelas e planetas. Situam-se dentro das galáxias, e
os diâmetros são da ordem de alguns anos-luz.
1922 – O matemático russo Alexander Friedmann (1888-1925) encontra uma solução para
as equações de campo de Einstein que sugere uma expansão geral do espaço.
1922 – A UAI adota como oficial o Central Bureau for Astronomical Telegrams (CBAT),
fundado pela Astronomische Gesellschaft, em 1882, em Kiel, na Alemanha, e funcionando,
desde a segunda metade da década de 1910, no Observatório de Østervold, na Dinamarca, a
cargo da Universidade de Copenhague. A instituição passa a ser o organismo internacional
responsável pela catalogação e identificação de eventos astronómicos recentemente
descobertos. O CBAT reúne e distribui informações sobre cometas, satélites naturais,
novas, supernovas e outros eventos astronômicos recentes. Também estabelece a prioridade
das descobertas (a quem devem ser creditadas) e atribui designações provisórias e nomes a
novos objetos. Ademais, distribui as circulares da UAI, as quais, desde meados da década
de 1980, também estão disponíveis em meio eletrônico.
1923 – Todos os países aderem ao calendário gregoriano, pelo menos para regular o ano
civil.
1923 (junho) – O físico romeno Hermann oberth (1894-1989) publica “Die Rakete zu den
Planetenräumen” (“O Foguete Ao Espaço Planetário”), livro em que descreve como um
telescópio poderia ser colocado em órbita terrestre por meio de um foguete. Ele também
cunha a expressão "estação espacial" para descrever uma estrutura que serviria como ponto
de partida para viagens à Lua e a Marte.
1924 (maio) – É fundada, na União Soviética (URSS), a Sociedade para estudos de Viagens
Interplanetárias. Entre os membros estão cientistas importantes da época, como Konstantin
Tsiolkovsky, Friedrich Zander e Yuri Kondratyuk. A sociedade é dissolvida no ano
seguinte.
1925 (9 de maio) – O físico alemão Albert Einstein visita o Observatório Nacional (Rio de
Janeiro).
1926 – No artigo “The Internal Constitution of the Stars” (“A Constituição Interna das
Estrelas”), Arthur Eddington sugere que o calor do Sol provém de um "reator nuclear"
interno.
1926 (16 de março) – Primeiro voo de foguete propelido a combustível líquido (gasolina e
oxigênio), construído por Robert Goddard e lançado em Auburn, Massachusetts.
1927 – O geólogo inglês Arthur Holmes (1890-1965), pioneiro no uso dos elementos
radioativos para datar as rochas, propõe um mecanismo capaz de explicar o movimento dos
continentes. Quando decaem, os elementos radioativos existentes no interior da Terra
produzem calor e aquecem o manto. Essa camada constitui um meio sólido para a pesquisa
sísmica, pois as ondas secundárias propagam-se em seu interior. Num período de milhares
de anos, porém, o manto comporta-se como um fluido extremamente viscoso, capaz de
transportar por convecção o calor do centro para a superfície. No fenômeno físico da
convecção, as porções quentes do fluido ficam ainda mais quentes e tendem a subir,
enquanto suas partes frias afundam. Se a diferença de temperatura for suficiente, cria-se
uma circulação ordenada, com a formação de células de convecção. Holmes afirma que
esse mecanismo é capaz de deslocar os continentes, assim como as correntes marítimas
fazem com os “icebergs”.
1927 – O estudante holandês Cyprianus Annius van den Bosch calcula a massa de Marte
com um erro de 0,2%. Ele usa os movimentos dos satélites marcianos para chegar a esse
valor.
1928 – O físico teórico britânico Paul Dirac (1902-1984) formula a equação que leva o seu
nome (equação de Dirac), a qual descreve o comportamento do elétron e permite ao
cientista predizer a existência do pósitron, a antipartícula do elétron. Com esse trabalho,
tem início o estudo teórico da antimatéria.
Antimatéria é, em Física de partículas, a extensão do conceito de antipartículas à matéria. A
antimatéria está, portanto, composta de antipartículas, enquanto a matéria é composta de
partículas. Por exemplo, um antielétron (elétron com carga positiva, ou pósitron) e um
antipróton (próton com carga negativa) poderiam formar um átomo de antimatéria, da
mesma maneira como um elétron e um próton formam um átomo de hidrogênio. Segundo
os modelos teóricos, o contato de matéria e antimatéria leva à aniquilação de ambas, dando
lugar a fótons de alta energia (raios gama) e a outros pares partícula-antipartícula.
1929 – Henry Norris Russell conduz os primeiros estudos espectroscópicos para determinar
a composição química do Sol.
1929 – O astrônomo e fabricante de instrumentos ópticos Bernhard Voldemar Schmidt
(1879-1935) inventa um novo sistema de espelhos para telescópios refletores que supera os
problemas anteriores de aberração da imagem. Tais instrumentos são conhecidos como
telescópios Schmidt. Para conseguir isso, ele instala uma lente corretora à frente do espelho
de um telescópio refletor e obtém excelentes resultados. Seu sistema combina, portanto, os
princípios de refração com os de reflexão, dando origem aos instrumentos mistos.
1929 (15 de outubro - Estreia do filme “Frau im Mond” (A mulher na Lua), com direção,
produção e roteiro do austríaco Fritz Lang (1890-1976). Considerado por alguns como um
dos primeiros filmes "sérios" de ficção científica, mostra pela primeira vez ao público uma
viagem em foguete, incluindo o uso de um foguete de múltiplos estágios. É também citado
como a primeira ocorrência de uma contagem regressiva (de 10 a 0) antes do lançamento de
um foguete.
1930 – O astrônomo grego radicado na França Eugène Antoniadi (1870-1944) publica “La
Planète Mars” (“O Planeta Marte”), um tratado que se torna clássico na história das
pesquisas sobre Marte, em que ele escreve: “Ninguém jamais observou canais de verdade
em Marte, e as linhas mais ou menos retilíneas de Schiaparelli não existem nem como
canais nem como formas geométricas. O local onde eles teriam sido observados
corresponde a uma superfície com estrias irregulares manchadas, zonas de reflexão não
uniformes, terrenos descontínuos ou talvez margens esverdeadas de um lago de morfologia
complexa”. Observando os detalhes da superfície marciana com um dos refratores mais
aperfeiçoados da época, Antoniadi dá o golpe de misericórdia nos canais.
Três décadas mais tarde, a União Astronômica Internacional torna oficiais 128 nomes de
características da superfície marciana dados por Antoniadi num mapa incluído neste livro.
É o início da nomenclatura oficial para o relevo de Marte.
1930 – A UAI adota a proposta do astrônomo belga Eugène Delporte (1882-1955) e fixa
em 88 o número das constelações. São elas: Águia, Altar, Andrômeda, Aquário, Áries (ou
Carneiro), Ave do Paraíso, Baleia, Boieiro, Buril (do Escultor), Bússola, Cabeleira de
Berenice, Cães de Caça, Camaleão, Câncer (ou Caranguejo), Cão Maior, Cão Menor,
Capricórnio, Carena (ou Quilha), Cassiopeia, Cefeu, Centauro, Cisne, Cocheiro, Compasso,
Coroa Austral, Coroa Boreal, Corvo, Cruzeiro do Sul, Delfim, Dourado, Dragão, Erídano,
Escorpião, Escudo (de Sobieski), Escultor, Fênix, Flecha, Forno Químico, Gêmeos, Girafa,
Grou, Hércules, Hidra Fêmea, Hidra Macho, Índio, Lagarto, Leão, Leão Menor, Lebre,
Libra (ou Balança), Lince, Lira, Lobo, Máquina Pneumática, Microscópio, Monte Mesa,
Mosca, Ofiúco (ou Serpentário), Oitante, Órion, Pavão, Pégaso, Peixe Austral, Peixes,
Peixe Voador, Pequena Raposa, Pequeno Cavalo, Perseu, Pintor, Pomba (de Noé), Popa (da
nave Argos), Régua, Relógio, Retículo, Sagitário, Serpente (dividida em Cabeça e Cauda),
Sextante, Taça, Telescópio, Touro, Triângulo, Triângulo Austral, Tucano, Unicórnio, Ursa
Maior, Ursa Menor, Vela e Virgem.
Registre-se que constelações são regiões celestes conforme vistas da Terra e não refletem,
obrigatoriamente, a posição real ocupada pelos astros. Dois objetos astronômicos muito
distantes entre si pertencem à mesma constelação se, para um observador terrestre,
parecerem próximos um do outro no céu. As constelações não são, portanto, indicadores de
distância.
Além das constelações, existem agrupamentos estelares que, vistos da Terra, parecem
formar figuras, mas que não são reconhecidos oficialmente pela comunidade astronômica.
A esses agrupamentos, cujas estrelas não estão gravitacionalmente ligadas e podem
pertencer a constelações diferentes, dá-se o nome de asterismos.
Três exemplos de asterismos:
- Grande Carro, na constelação da Ursa maior, formado pelas estrelas Dubhe, Merak,
Phecda, Megrez, Alioth, Mizar e Benetnasch;
- Diamante de Virgem: Arcturo, Espiga, Denébola e Cor Caroli;
- Três Marias: Mintaka, Alnilan e Alnitaka, que formam o cinturão de Órion.
1930 (21 de janeiro) – Clyde William Tombaugh fotografa Plutão, mas não o identifica
ainda como planeta. Outras fotografias são tiradas nos dias 23 e 29.
1930 (18 de fevereiro) – Clyde William Tombaugh descobre Plutão, então considerado o
nono planeta do Sistema Solar, utilizando o telescópio refrator de 33cm do Lowell
Observatory, em Flagstaff, no Arizona.
Plutão tem diâmetro estimado de 2.306km e área superficial de 16,65 milhões de km2
(3,3% da terrestre). Ocupa um volume de 6,39 bilhões de km3 (0,59% do volume da Terra)
e tem massa de 13,05 quintilhões de toneladas (0,21% da terrestre), o que resulta numa
densidade de 2,03g/km3. A força de gravidade equivale a 6,7% da terrestre, e a velocidade
de escape é de 1,229km/s. A temperatura varia entre -240°C e -218°C. orbita o Sol à
distância média de 5,874 bilhões de km (varia entre 4,437 e 7,311 bilhões de km),
completando uma órbita, à velocidade média de 16.800km/h, em 90.613,305 dias terrestres
(248,09 anos), ou 14.164,4 dias plutonianos. O período de rotação é de 6d9h17min36s, à
velocidade de 47,18km/h. Os principais componentes da atmosfera são nitrogênio, metano
e monóxido de carbono. A magnitude aparente varia entre 13,65 e 16,3, sendo a média
15,1. Tem cinco satélites conhecidos.
Plutão é o nome latino de Hades, deus grego do submundo e das riquezas dos mortos.
1930 (24 de março) – Plutão é oficialmente batizado, tendo o nome sido sugerido por
Venetia Phair (nascida BurneyThe) (1918-2009), uma menina de onze anos vivendo em
Oxford. Esta decisão é anunciada em 1º de maio.
1930 (10 de maio) – o primeiro planetário é aberto ao público nos EUA, o Planetário de
Adler, em Chicago, Illinois.
1931 – O astrônomo alemão Otto Hermann Leopold Heckmann (1901-1983) afirma que a
matéria é, sob alguma circunstância, homogeneamente distribuída ao longo do Universo e é
isotrópica, isto é, tem propriedades idênticas em toda direção).
1932 – O físico inglês James Chadwick (1891-1974) descobre o nêutron, partícula atônica
com carga elétrica nula, que compõe, juntamente com o próton, o núcleo do átomo.
Em 1935, ele recebe o Prêmio Nobel de Física por essa descoberta.
1932 – Ao estudar o destino de uma estrela massiva após o esgotamento de todo o seu
combustível nuclear, o físico e matemático azerbaijano Lev Davidovich Landau
(1908-1968) chega à conclusão de que, na fase de resíduo estelar, a matéria se encontra
num estado de elevada densidade, composta basicamente por nêutrons.
Este trabalho levará à formulação do conceito de estrela de nêutrons.
1932 – O astrônomo estoniano Ernst Öpik (1893-1985) postula que os cometas de longo
período têm origem numa nuvem localizada nos confins do Sistema Solar. Essa região é
hoje conhecida como Nuvem de Oort.
1933 – O astrônomo suíço Fritz Zwicky (1898-1974) postula a existência da matéria escura.
Esta é a matéria suplementar necessária para explicar as curvas de rotação das galáxias e as
velocidades registradas das galáxias em aglomerados, maiores que as explicáveis através da
matéria observável, chamada matéria luminosa (ou matéria visível). Zwicky, trabalhando
nos EUA, observando que as velocidades das galáxias em aglomerados são muito maiores
do que o esperado, calcula que a massa do aglomerado deve ser pelo menos dez vezes
maior do que a massa da matéria visível no próprio aglomerado, isto é, da massa em
estrelas e gás pertencentes às galáxias.
Numa definição contemporânea, matéria escura é a matéria hipotética de composição
desconhecida que não emite ou reflete radiação eletromagnética suficiente para ser
observada diretamente com os meios técnicos atuais, mas cuja existência pode ser deduzida
a partir dos efeitos gravitacionais que causa na matéria visível (estrelas e galáxias, por
exemplo). É importante observar que não se deve confundir matéria escura com energia
escura, conceito elaborado bem mais tarde (1998). Com base na observação de estruturas
maiores do que galáxias, acredita-se que a matéria escura constitui 86% da matéria e 26%
da massa-energia do Universo.
1933 –Walter Baade sugere, juntamente com Fritz Zwicky, que as supernovas poderiam ser
criadas pelo colapso de estrelas normais para estrelas de nêutrons e são, portanto, uma
categoria à parte de objetos astronômicos.
Uma estrela de nêutrons típica tem massa compreendida entre 1,4 e 3,2 massas solares e
diâmetro de aproximadamente 24km, o que resulta em densidades que variam de 370 a 590
trilhões de toneladas por centímetro cúbico, ou seja, 260 a 410 trilhões de vezes superiores
à do Sol. Isso equivale a comprimir a massa de um Boeing 747 ao tamanho de um pequeno
grão de areia. Uma colher de chá da matéria de uma estrela de nêutrons tem massa de 5,5
bilhões de toneladas. A força de gravidade resultante é pelo menos 100 trilhões de vezes
superior à terrestre, e a velocidade de escape é de 100.000km/s, um terço da velocidade da
luz.
1933 – Bernard-Ferdinand Lyot inventa o filtro de Lyot, formado por uma série de lâminas
de quartzo separadas por polarizadores e analisadores, a fim de ser possível isolar a luz de
um comprimento de onda determinado; permite a observação das protuberâncias e da coroa
solar pelo isolamento de uma de suas raias de emissão.
1933 – É fundada a Meteoritical Society, organização sem fins lucrativos cujo objetivo é
promover a pesquisa e a educação em ciência planetária, com ênfase em meteoritos e outros
materiais extraterrestres. Além de meteoritos, o interesse da organização abrange poeira
cósmica, asteroides, cometas, satélites naturais, planetas, impactos e a origem do Sistema
Solar.
1933 (17 de agosto) – A URSS lança seu primeiro foguete de propelente líquido (Gird 9),
com a importante colaboração do engenheiro russo Sergey Pavlovich Korolev (1907-1966).
O artefato alcança 400m de altitude.
1933 (13 de outubro) – É fundada a British Interplanetary Society, organização sem fins
lucrativos com sede em Londres.
1934 – O físico estadunidense Richard Tolman (1881-1948) mostra que a radiação de corpo
negro em um Universo que se expande esfria mas permanece térmica.
1936 – No livro "The Realm of the Nebulae" (O Reino das Nebulosas), Edwin Hubble
apresenta uma classificação morfológica das galáxias, representada num diagrama que se
torna conhecido como "forquilha de Hubble". As galáxias estão divididas em espirais,
espirais barradas, elípticas, lenticulares e irregulares, com diversas subcategorias.
Nesta obra Hubble formula o conceito de Grupo Local, ainda em vigor para fazer referência
ao aglomerado galáctico ao qual pertence a Via Láctea. Com pelo menos 54 galáxias
conhecidas (Hubble inclui doze), o Grupo Local tem 10 milhões de anos-luz de diâmetro e
pertence ao superaglomerado de Virgem. Os principais componentes do Grupo Local são
Andrômeda (M31), Via Láctea, Triângulo (M33) e as Nuvens de Magalhães.
1938 – O físico estadunidense de origem alemã Hans Albrecht Bethe (1906-2005) conclui
que as elevadíssimas temperaturas e pressões existentes no centro do Sol podem fazer com
que quatro núcleos de hidrogênio (ou seja, quatro prótons) se fundam para formar um único
núcleo de hélio. Como a massa total dos quatro prótons equivale a 4,0325 unidades de
massa atômica, e a de um núcleo de hélio a 4,0039, a reação libera uma energia
correspondente a 0,0286 (ou seja, 0,7% da massa em questão).
1938 – O físico francês Pierre Victor Auger (1899-1993) é o primeiro a observar as faíscas
produzidas na atmosfera terrestre pela interação entre a região atmosférica e os raios
cósmicos.
1938 – Walter Baade é o primeiro a identificar uma nebulosa como sendo o resto de uma
supernova ao estabelecer que a Nebulosa do Caranguejo é formada pelos resíduos da
supernova de 1054. Posteriormente, muitos restos de supernovas são identificados.
1938 (6 de julho) – Seth Barnes Nicholson Descobre Lisiteia, décimo satélite conhecido de
Júpiter.
Diâmetro: 36km; período orbital: 259,20 dias; distância média do planeta: 11.720.000km;
massa: 63 trilhões de toneladas; densidade: 2,6g/cm3.
1938 (30 de julho) – Seth Barnes Nicholson descobre Carme, décimo primeiro satélite
conhecido de Júpiter.
Diâmetro: 46km; período orbital: 702,28 dias (2,045 anos); distância média do planeta:
23.400.000km; massa: 130 trilhões de toneladas; densidade: 2,6g/cm3.
1938 (30 de outubro) – O cineasta estadunidense Orson Welles (1915-1985) realiza, na
rádio CBS (Columbia Broadcasting System), uma dramatização intitulada A Guerra dos
Mundos, baseada no livro homônimo publicado, em 1898, por H. G. Welles (1866-1946).
A obra descreve uma invasão da Terra por marcianos, e a dramatização causa pânico entre
a população estadunidense, pois a crença na existência de vida em Marte faz muitas pessoas
acreditarem na veracidade da história transmitida pelo rádio.
1939 – O químico alemão Otto Hahn (1879-1968), a física sueca de origem austríaca Lise
Meitner (1878-1968) e o químico alemão Fritz Strassmann (1902-1980) descobrem a fissão
nuclear: quando um núcleo de urânio absorve um nêutron, ele pode ser “sacudido” até o
ponto em que ele se divide em dois fragmentos de tamanhos comparáveis, liberando uma
grande quantidade de energia.
1939 (30 de abril) – É produzida a primeira energia elétrica gerada por raios cósmicos, no
Planetário de Hayden, Cidade de Nova Iorque.
1941 – O astrônomo canadense Andrew McKellar (1910-1960) usa a excitação das linhas
do dubleto CN para medir que a “temperatura efetiva do espaço” é de cerca de 2,3 K.
1942 – Jan Julius Duyvendak (1889-1954), Nicholas Mayall (1906-1993) e Jan Oort
(1900-1992) confirmam que a Nebulosa do Caranguejo é um resto da supernova 1054
(observada pelos astrônomos chineses), conforme sugerido quatro anos antes por Walter
Baade.
1944 – O astrônomo holandês Hendrik (Henk) Christoffer van de Hulst (1918-2000) prevê
a linha hiperfina de 21cm do hidrogênio interestelar neutro.
1944 – Grote Reber, compilador do primeiro radiomapa do céu, escreve: “A fonte mais
intensa está na constelação de Sagitário; outras menores se acham no Cisne, em Cassiopeia,
no Cão Maior, na Popa e em Perseu”. Pela primeira vez na história, o homem “vê” o céu
através de uma janela diferente da tradicional, tendo a possibilidade de descobrir fatos
novos e inesperados.
1945 (19 de julho) – Após a rendição da alemanha (2 de maio) e o fim da Segunda Guerra
Mundial na Europa, tem início a Operação Paperclip (originalmente Operação Overcast),
recrutamento de cientistas da Alemanha nazista para trabalhar nos EUA. Um dos objetivos
da Operação Paperclip é impedir que a URSS, o Reino Unido e a própria Alemanha
(Ocidental e Oriental) tenham acesso ao conhecimento científico germânico. O Presidente
Harry Truman (1884-1972) determina expressamente que não sejam recrutados membros
do Partido Nazista nem apoiadores ativos do regime, mas, como isso excluiria os principais
cientistas identificados pelo serviço secreto, uma organização das Forças Armadas
estadunidenses (Joint Intelligence Objectives Agency) elabora perfis biográficos falsos e
laborais para torná-los aptos a entrar legalmente nos EUA.
Ao longo de 1945 e dos anos seguintes, são trazidos ao país mais de mil cientistas (as cifras
variam muito) e seus familiares. O mais eminente deles é Wernher von Braun (1912-1977),
principal artífice dos foguetes V-2 e, posteriormente, principal desenvolvedor dos foguetes
Saturno V, que levam as naves Apollo à Lua. Von Braun é considerado por muitos o mais
importante cientista de foguetes de todos os tempos.
Os soviéticos também fazem uma operação similar, mas em escala bem menor. Trata-se da
Operação Osoaviakhim (nome às vezes transliterado como “Ossavakim”).
1946 (10 de janeiro) – a equipe do U.S. Army Project Diana lança sinais de radar refletidos
à superfície da Lua. Uma pulsação de 180 ondas de ciclo com duração de 0,25 segundo é
irradiada pelo Army Signal Corps do Evans Signal Laboratories, Belmar, Nova Jersey. O
eco é recebido 2.4 segundos depois. O evento prova que as ondas de rádio podem penetrar a
atmosfera da Terra.
1946 (24 de outubro) – São tiradas as primeiras fotos da Terra a partir do espaço. Um grupo
de cientistas e militares estadunidenses da base de White Sands, Novo México, acopla uma
câmera de 35mm a um foguete alemão V-2, que atinge pouco mais de 100km de altitude. A
câmera cai e fica em pedaços, mas o filme é preservado, protegido dentro de uma caixa de
aço. A qualidade das fotos é ruim: são granuladas, em tom cinzento e pouco nítidas.
1947 - Tem início a Guerra Fria, que pode ser simplificadamente definida como uma luta
ideológica entre capitalismo (EUA) e comunismo (URSS). É um período de constante
conflito político, tensão militar, competição econômicae tecnológica. A tensão militar dá
origem a uma corrida armamentista, com o desenvolvimento de armas nucleares por ambas
as partes. A competição tecnológica gera a corrida espacial, vista pelos dois lados como
necessária à segurança nacional e uma chance de demonstrar superioridade em relação ao
regime político do adversário. A corrida espacial é, portanto, consequência direta da Guerra
Fria. Esta termina com a dissolução da URSS, em 1991.
1947 – O físico britânico Bernard Lovell (1913-2012), juntamente com seu grupo, completa
o radiotelescópio não dirigível de 66,45m em Jodrell Bank.
1947 (20 de fevereiro) – Moscas são enviadas ao espaço a bordo de um foguete V-2
lançado pelos EUA. O objetivo é testar os efeitos da exposição à radiação em altitudes
elevadas. O foguete chega a 109km da superfície em 3min10s. Então é ejetada uma
cápsula, que cai de paraquedas. As moscas (primeiros animais mandados ao espaço) são
recuperadas vivas.
1947 (outubro) – O inglês Edward Victor Appleton (1892-1965) é anunciado como
ganhador do Prêmio Nobel de Física por suas contribuições para o conhecimento da
ionosfera, que levam ao desenvolvimento do radar.
A ionosfera é uma região da atmosfera superior, que vai de 85km a 600km de altitude e
compreende porções da mesosfera, termosfera e exosfera, permanentemente ionizada pela
radiação solar.. Tem importância prática considerável, porque influencia a propagação de
ondas de rádio a grandes distâncias na Terra.
Outros corpos do Sistema Solar também têm ionosfera, como Vênus, Urano e Titã.
1948 (16 de fevereiro) – Gerard Peter Kuiper descobre Miranda, quinto satélite conhecido
de Urano.
Diâmetro: 480 x 468,4 x 465,8km; período orbital: 1,413 dia; distância média do planeta:
129.390km; massa: 65,9 quatrilhões de toneladas; densidade: 1,20g/cm3.
1949 – J. G. Bolton, G. J. Stanley e O. B. Slee identificam NGC 4486 (M87) e NGC 5128
como radiofontes extragalácticas.
1949 (28 de março) – Durante uma entrevista na rádio BBC, de Londres, Fred Hoyle usa,
pela primeira vez, o termo “Big Bang” para se referir a essa teoria da origem do Universo,
que ele contestava. O termo passa à história como tendo sido dito de forma pejorativa, mas
Hoyle nega, afirmando ter utilizado uma figura de linguagem para facilitar a compreensão
dos ouvintes.
1949 (1º de maio) – Gerard Peter Kuiper descobre Nereida, segundo satélite conhecido de
Netuno.
Diâmetro: 340km; período orbital: 360,136 dias; distância média do planeta: 5.513.787km;
massa: 31 quatrilhões de toneladas; densidade: 1,5g/cm3.
1949 (14 de junho) - Albert II é o primeiro macaco no espaço, a bordo de umfoguete V-2
lançado pelos EUA. O foguete atinge 134km, e o macaco morre após uma falha do
paraquedas da cápsula que deveria trazê-lo de volta.
1950 – Jan Hendrik Oort sugere a existência de uma nuvem cometária, mais tarde chamada
de “nuvem de Oort”. Trata-se de vasta região que envolve o Sistema Solar, à distância
estimada de um ano-luz, na qual há grande quantidade de poeira e bilhões de núcleos
cometários. Os astrônomos acreditam que muitos dos cometas que ingressam no Sistema
Solar, sobretudo aqueles de longo período, têm origem nesta nuvem, de onde são expulsos
por perturbações gravitacionais.
1951 – Tem início uma renovação quase completa dos equipamentos do Observatório
Nacional, quando se introduzem aparelhos eletrônicos e o uso da técnica de exposição
fotográfica múltipla.
1951 – Levando em conta a descoberta feita pelo astrônomo holandês Henk Van de Hulst
de que o hidrogênio é capaz de emitir radiação no comprimento de onda de 21cm, Ewen e
Purcell, em Harvard (EUA), e Oort, Van de Hulst e colaboradores, em Leiden (Holanda),
descobrem a “linha espectral de radiofrequência” do hidrogênio.
1951 (28 de setembro) – Seth Barnes Nicholson descobre Ananque, décimo segundo
satélite conhecido de Júpiter.
Diâmetro: 28km; período orbital: 610,45 dias (1,68 ano); distância média do planeta:
21.280.000km; massa: 30 trilhões de toneladas; densidade: 2,6g/cm3.
1955 (29 de julho) - James C. Hagerty (1909-1981), porta-voz da Casa branca, anuncia que
os EUA pretendem lançar “pequenos satélites para orbitar a Terra” entre 1º de julho de
1957 e 31 de dezembro de 1958, como parte da contribuição do país para o Ano Geofísico
Internacional.
Em 2 de agosto, durante o sexto congresso da Fédération Aéronautique Internationale
(Copenhague, Dinamarca), o físico soviético Leonid I. Sedov (1907-1999) anuncia, numa
entrevista a repórteres de diversos países, a intenção da URSS de também lançar um satélite
“num futuro próximo”.
1955 (30 de agosto) – Sergei korolev (1907-1966), cientista responsável pelo programa
espacial soviético, convence a Academia de Ciências da Rússia a criar uma comissão com o
objetivo de lançar antes dos EUA um artefato à órbita da Terra. Ficam estabelecidas as
bases para a corrida espacial, cujo início ocorre com o lançamento, pela URSS, do Sputnik
(outubro de 1957).
1956 (8 de outubro) – A China abre seu primeiro centro de pesquisa de mísseis e foguetes,
o "Instituto Número 5", subordinado ao Ministério da Defesa e dirigido por Qian Xueshen
(1911-2009), um cientista chinês formado nos EUA.
1957 (1º de julho) – Tem início o Ano Geofísico Internacional (vai até 31 de dezembro de
1958), um projeto científico internacional que conta com a participação de 67 países e
marca o fim (após a morte de Stálin, em 5 de março de 1953) de um longo período durante
o qual o intercâmbio científico entre Ocidente e Oriente esteve seriamente prejudicado. O
projeto engloba onze campos científicos ligados à Terra, entre os quais raios cósmicos,
geomagnetismo, gravidade e atividade solar.
1957 (21 de agosto) – A URSS lança o primeiro projétil balístico intercontinental. Essa
tecnologia é empregada, poucas semanas mais tarde, para enviar o primeiro Sputnik ao
espaço.
1957 (depois de 4 de outubro) – Tem início nos EUA uma forte reação ao sucesso do
lançamento do Sputnik 1. Embora o satélite soviético seja inofensivo, os estadunidenses
veem no evento uma ameaça; o mesmo foguete que levou o Sputnik ao espaço pode
transportar ogivas nucleares a qualquer ponto da Terra em questão de minutos. A reação é
ampla e abrangente, incluindo a criação de uma agência para projetos avançados de defesa
(Defense Advanced Research Projects Agency, ou DARPA.) e da NASA (National
Aeronautics and Space Administration). Além disso, bilhões de dólares são aplicados em
programas de educação, visando à formação de cientistas e técnicos.
1958 – Evry Schatzman (1920-2010), Kent Harrison, Masami Wakano e John Wheeler
(1911-2008) mostram que as anãs brancas são instáveis em relação ao decaimento beta
inverso.
O decaimento beta é uma das três formas de energia de decaimento ou de desintegração (as
outras são alfa e gama), aquela liberada por um decaimento nuclear. Portanto, a energia de
decaimento é a diferença de energia existente entre as partículas iniciais e finais de um
processo de desintegração nuclear.
1958 – O físico estadunidense Eugene Parker demonstra que a coroa solar, caracterizada
por temperaturas acima de 1 milhão de °C, não pode se comportar como um fluido estático.
A essa temperatura, o gás que compõe a coroa solar deve se encontrar num estado de
contínua e violenta evaporação. Isso implica um fluxo de partículas com densidade próxima
de dez átomos por centímetro cúbico e cuja velocidade, nas proximidades da Terra, alcança
de 400 a 800km/s. Trata-se do vento solar.
1958 – Tendo como base a curva de luz, o astrônomo russo Boris Vassilievich Kukarkin
(1909-1977) propõe a divisão das estrelas variáveis em três classes principais: pulsantes,
eruptivas e eclipsantes.
1958 (1º de maio) – Um grupo de pesquisadores dirigido pelo físico estadunidense James
Van Allen (1914-2006) descobre o que hoje se conhece como “cinturões de Van Allen”,
formados por duas faixas de partículas atômicas, carregadas e muito energéticas, que
permanecem presas ao longo das linhas de força mais internas do campo magnético
terrestre. Trata-se de duas regiões, dentro da magnetosfera, onde as partículas que chegam à
Terra – trazidas pelo vento solar ou pelas radiações cósmicas em geral – se concentram. Ao
atingirem o campo magnético terrestre, seu movimento se altera, e elas entram numa
trajetória espiralada. O resultado é a formação de dois verdadeiros escudos protetores, que
impedem a radiação de atingir a Terra de maneira direta e frontal, o que seria extremamente
perigoso para o ser humano. Atuando como enormes filtros, os cinturões deixam passar
apenas uma pequena parcela da energia total que chega ao nosso planeta.
1958 (15 de maio) - É lançada a sonda soviética Sputnik 3, destinada a estudar a atmosfera
superior da Terra e a radiação que envolve o planeta. Com massa de 1.327kg, tem objetivos
essencialmente científicos e transporta doze instrumentos, os quais obtêm dados sobre
pressão e composição da atmosfera superior, concentração de partículas carregadas, fótons
e núcleos pesados em raios cósmicos, campos magnético e eletrostático e micrometeoritos.
A missão dura 692 dias, e a reentrada ocorre em 6 de abril de 1960 (aproximadamente
10.000 órbitas).
1959 – Harold Babcock anuncia que o Sol inverte sua polaridade magnética
periodicamente.
1959 (28 de maio) – Primeiros primatas a voltar com vida do espaço: os macacos Able e
Baker completam um voo de dezesseis minutos a bordo de um foguete Jupiter IRBM AM-
18. Os macacos atingem a altitude de 579km e são resgatados após a aterrissagem.
1959 (14 de setembro) – A sonda soviética Luna 2, de 390,2kg, lançada no dia 12, torna-se
o primeiro engenho humano a se chocar com a Lua, na região do Mar da Serenidade,
próximo à cratera Aristides. Trata-se do primeiro impacto de um artefato humano contra a
superfície de outro corpo celeste.
1959 (1º de dezembro) – É feita a primeira fotografia colorida da Terra vista do espaço. A
imagem é obtida a partir de uma câmera instalada no nariz de um míssil Thor lançado do
Cabo Canaveral, Flórida.
1960 – O físico britânico Martin Ryle (1918-1984) testa a síntese de abertura (ou
interferometria) usando a rotação da Terra. A interferometria consiste em combinar a luz
proveniente de diferentes receptores (telescópios ou antenas de rádio) para obter uma
imagem de maior resolução, sendo utilizada sobretudo na radioastronomia.
1960 – O radiotelescópio com 27m de diâmetro de Owens Valley começa a sua operação,
localizado em Big Pine, Califórnia.
1960 – O inglês William Hunter McCrea (1904-1999) Propõe uma teoria segundo a qual o
Sol e os planetas se formaram individualmente a partir da matéria de uma mesma nuvem,
tendo os planetas sido posteriormente capturados pela força gravitacional superior do Sol.
1960 (11 de março) – É lançada a sonda estadunidense Pioneer 5, cuja missão é realizar a
primeira cartografia do campo magnético interplanetário entre a Terra e Vênus. Também
efetua o estudo de partículas provenientes de erupções solares e investiga aionização da
região interplanetária. Chega a comunicar-se com a Terra (26 de junho) à distância de 36,2
milhões de km, um recorde para a época.
O último contato ocorre em 26 de junho.
1960 (1º de abril) – É lançado do Cabo Kennedy, Flórida, o primeiro satélite de observação
do tempo, Tiros I. Permanece operacional por 78 dias e envia 22.952 imagens.
1960 (11 de abril)– Tem início a radiopesquisa por civilizações extraterrestres, levada a
efeito pelo astrônomo estadunidense Frank Drake – Projeto Ozma.
1960 (julho) – A Nasa anuncia sua intenção de colocar astronautas na órbita da Lua, já após
o Projeto Mercury. No entanto, o discurso proferido em 1961 pelo presidente Kennedy
muda o foco do programa espacial dos EUA para o objetivo de pousar uma nave tripulada
na superfície da Lua antes do fim da década de 1960. Ao contrário dos dois outros projetos
concebidos para manobras na órbita terrestre (o Mercury, com uma nave desenhada para
um tripulante, e o Gemini, projetado para dois ocupantes), o Apollo possui uma nave com
capacidade para três astronautas, tornando possível atingir órbita lunar e fazer descer um
Módulo (designado Módulo Lunar) na superfície da Lua e assegurar o regresso à Terra. Os
objetivos do projeto Apollo são: estabelecer a tecnologia para viabilizar os interesses dos
EUA no espaço; obter proeminência no espaço para os EUA; Desenvolver um programa de
exploração científica da Lua; Desenvolver as capacidades do homem para trabalhar no
ambiente lunar. Dos 18 veículos Apollo, 11 são tripulados e 6 pousam na Lua, colocando
na superfície do satélite um total de 12 astronautas.
1960 (24 de outubro) – Um curto-circuito num dos motores de um foguete R-16 provoca
um incêndio nos tanques de combustível, seguido de uma violenta explosão que mata
muitos oficiais soviéticos de alta patente e pessoal técnico (os números informados variam
de 72 a 150). Os mais próximos do local da explosão (ocorrida em Baikonur) são
carbonizados; outros morrem queimados ou envenenados por fumaça tóxica.
O acidente fica conhecido como “catástrofe Nedelin”, do nome do marechal Mitrofan
Nedelin (n. 1902), chefe do programa que desenvolve os foguetes R-16 e mísseis
homônimos, carbonizado no desastre.
Apesar da violência da explosão, os fatos são mantidos secretos pelo governo soviético por
quase três décadas. A versão oficial é a de que Nedelin e os demais oficiais morreram num
acidente aéreo. Apesar de diversas especulações levantadas a respeito, a verdade é
confirmada apenas em 16 de abril de 1989, quando uma reportagem sobre o acidente
aparece na revista semanal Ogoniok.
1961 – Harold Babcock propõe a teoria de manchas solares com espiralamento magnético.
1961 (12 de fevereiro) – É lançada a sonda soviética Venera 1, a primeira missão
interplanetária. É a primeira espaçonave a registrar partículas do vento solar no meio
interplanetário e também a primeira programada para realizar correções de rota durante o
voo. Contudo, não consegue atingir Vênus: em 19 de maio, passa a 100.000km do planeta e
entra em órbita solar.
Meio interplanetário (ou espaço interplanetário) é o material que preenche o Sistema Solar,
através do qual se movem os corpos celestes maiores (planetas, asteroides, cometas). O
meio interplanetário inclui poeira interplanetária, raios cósmicos e plasma quente do vento
solar. Estende-se até a heliopausa, e a densidade diminui à medida que a distância do Sol
aumenta.
1961 (23 de março) – O cosmonauta Valentin Bondarenko (n. 1937) morre dezesseis horas
depois de ter sofrido queimaduras de terceiro grau no interior de uma câmara de testes
enquanto treinava para missões espaciais soviéticas. Selecionado para o Programa Vostok,
o desaparecimento de Bondarenko permanece um mistério até 1986, quando o jornal
Izvestia publica um artigo, escrito por Yaroslav Golovanov, relatando o acidente.
1961 (12 de abril) – O piloto da Força Aérea soviética Yuri Alexeievitch Gagárin
(1934-1968) é o primeiro homem no espaço, em um voo orbital de 108 minutos (das
9h07min às 10h55min, hora local, 3h07min às 4h55min de Brasília), a bordo da nave
Vostok 1. A missão é completamente automatizada, sendo o cosmonauta russo pouco mais
que um espectador. A nave, de 4.725kg, completa uma única órbita, com perigeu (ponto
mais próximo da Terra) de 169km e apogeu (ponto mais distante da Terra) de 329km.
Considerando que a Vostok não é capaz de pousar suavemente, a uma altura de
aproximadamente 7.000m, Gagárin é ejetado da nave, completando a volta à Terra num
paraquedas. Ele pousa na pradaria do "koljoz" (fazenda estatal) Caminho de Lênin, na
aldeia de Smelovka, região de Saratov, a quase 400km do local onde era esperado pelas
brigadas de resgate.
Devido ao caráter altamente secreto do programa espacial soviético, muitos detalhes da
missão Vostok são divulgados apenas anos mais tarde, e diversas informações
originalmente passadas à imprensa revelam-se falsas. Um exemplo é o pouso de Gagárin.
De acordo com as regras da Federação Astronáutica Internacional então vigentes, para que
a missão Vostok 1 fosse considerada võo espacial, o cosmonauta teria de tocar o solo
dentro da nave. O governo soviético força Gagárin a mentir em conferências de imprensa, e
o voo é certificado. Apenas em 1971 a URSS admite que ele foi ejetado da Vostok e
aterrissou num paraquedas.
Vostok, em russo, significa “oriente” ou “leste”.
Esta data marca o centenário do início da Guerra Civil estadunidense, que durou de 12 de
abril de 1861 a 9 de abril de 1865.
A Terra é o maior dos “planetas terrestres” (os outros são Mercúrio, Vênus e Marte) e o
quinto em ordem de tamanho do Sistema Solar. Ocupa um volume de 1 trilhão, 083
bilhões, 207 milhões e trezentos mil km3 e tem um diâmetro equatorial (medido ao longo
da linha do equador) de 12.756,274km e um diâmetro polar (de um polo ao outro) de
12.713,504km. Ocupa o terceiro lugar em ordem de afastamento do Sol, que orbita à
distância média de 149.597.887,5km (varia entre 147.098.074 e 152.097.701km. Completa
uma órbita em 365d5h48min45,97s, à velocidade média de 107.218km/h. Tem uma
superfície total de 510.072.000km2, dos quais 148.940.000km2 (29,2%) são ocupados por
terras emersas e 361.132.000km2 (70,8%) por água. A velocidade de escape é de
11,186km/s. A Terra tem massa total de cinco sextilhões, 973 quintilhões e seiscentos
quatrilhões de toneladas e está composta principalmente por ferro (32,1%), oxigênio
(30,1%), silício (15,1%), magnésio (13,9%) e enxofre (2,9%). A temperatura varia entre
-94,7°C e +57,8°C, com média de 14°C. Os principais componentes da atmosfera, cuja
massa total é de 5,148 quatrilhões de toneladas, são nitrogênio (78,08%), oxigênio
(20,95%), argônio (0,93%) e dióxido de carbono (0,038%). A idade terrestre estimada é de
4,54 bilhões de anos.
Terra é o nome latino de Gaia (ou Geia), segunda divindade grega primordial, nascida
depois de Caos. Sozinha, gera Urano, Pontos e as montanhas, sendo cultuada por muitos
povos primitivos como “deusa mãe” ou “mãe Terra”.
1961 (21 de julho) – Ocorre o voo da sonda Liberty Bell 7 (missão Mercury-Redstone 4), a
segunda tripulada do projeto Mercury, também suborbital, pilotada por Virgil Grisson
(1926-1967).
Massa: 1.286kg; duração da missão: 15min37s; apogeu, 190,39km; distância percorrida:
486,15km.
1961 (3 de agosto) – Tem início o programa espacial brasileiro. O Presidente Jânio da Silva
Quadros (1908-1992) assina o Decreto Nº 51.133, criando o Grupo de Organização da
Comissão Nacional de Atividades Espaciais (GOCNAE), com sede em São José dos
Campos, São Paulo. Seus pesquisadores participam de projetos internacionais nas áreas de
astronomia, geodésia, geomagnetismo e meteorologia. Em abril de 1971, o GOCNAE é
substituído pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
1961 (23 de agosto) - É lançada a sonda estadunidense Ranger 1, cujos objetivos são testar,
a partir da órbita terrestre, os diversos componentes necessários a futuras missões lunares e
interplanetárias e estudar a natureza das partículas e dos campos interplanetários. Contudo,
os resultados obtidos ficam muito aquém da expectativa. O mesmo ocorre com a Ranger 2
(18 a 20 de novembro de 1961).
A reentrada ocorre em 30 de agosto.
Massa: 306kg; órbitas; 110; apogeu: 446km; perigeu: 179km.
1961 (7 de dezembro) – A NASA anuncia o Projeto Gemini (originalmente denominado
Mercury Mark II). O nome (atribuído em 3 de janeiro de 1962), do latim gemini (gêmeos),
deve-se ao fato de as missões serem desenhadas para dois astronautas. As sondas Gemini,
embora anunciadas depois das Apollo, são projetadas para servir de intermediárias entre
estas e as naves Mercury. O objetivo principal do Projeto Gemini é realizar missões com
duração ao menos equivalente àquela prevista para uma viagem tripulada de ida e volta à
Lua.
1961 (19 de dezembro) – É criado o CNES (Centre National d’Études Spatiales – Centro
Nacional de Estudos Espaciais), a Agência Espacial Francesa. Seu papel é propor ao
governo francês diretivas no que diz respeito à política espacial e realizar, com os seus
parceiros industriais, esses programas.
1962 – Riccardo Giacconi, Herbert Gursky (1930-2006), Frank Paolini e Bruno Rossi
(1905-1993) formalmente descobrem o fundo de raios X.
1962 (20 de fevereiro) – ocorre o voo da sonda Friendship 7 (missão Mercury-Atlas 6), a
terceira tripulada do projeto Mercury, pilotada por John Glenn (n. 1921). É o primeiro voo
orbital estadunidense, com duração de 4h55min23s e três órbitas completadas. A reentrada
é tensa, porque sensores indicam (falsamente, sabe-se depois) que há problemas com o
escudo térmico.
Massa: 1.224,7kg; apogeu, 265km; perigeu: 159km; distância percorrida: 121.794km.
1962 (26 de abril) – A Ranger 4, lançada no dia 23, torna-se a primeira sonda estadunidense
a atingir outro corpo celeste: choca-se contra a superfície do lado oculto da Lua. Contudo,
devido a diversas falhas, não transmite nenhum dado científico.
Duração da missão: 64h; massa: 331,1kg.
1962 (24 de maio) – Ocorre o voo da sonda Aurora 7 (missão Mercury-Atlas 7), a quarta
tripulada (segunda orbital) do projeto Mercury, pilotada por Scott Carpenter (1925-2013).
Massa: 1.350kg; duração da missão: 4h56min05s; órbitas: 3; apogeu: 260km; perigeu:
154km; distância percorrida: 122.344km.
1962 (junho) – Cientistas liderados por Vladimir Kotelnikov (1908-2005), da Academia de
Ciências da URSS, são os primeiros a enviar sinais de radar a Mercúrio e recebê-los de
volta, dando início à observação por radar do planeta.
1962 (12 de junho) – Um foguete da série Aerobee 150 leva um revelador de raios X a
230km de altitude. Tendo funcionado perfeitamente durante 350 segundos, esse
equipamento revela uma intensa fonte de raios X na constelação de Escorpião, provando,
assim, que também essa radiação eletromagnética pode ter proveniência extraterrestre.
1962 (3 de outubro) – Ocorre o voo da sonda Sigma 7 (missão Mercury-Atlas 8), a quinta
tripulada do projeto Mercury, pilotada por Walter Schirra (1923-2007). O objetivo principal
é testar a capacidade das espaçonaves Mercury de realizar uma missão de longa duração.
Massa: 1.374kg; duração da missão: 9h13min15s; órbitas: 6; apogeu: 283km; perigeu:
161,01km.
1963 – Fred Hoyle e Jayant Narlikar mostram que a teoria do estado estacionário pode
explicar a isotropia do Universo, porque afastamentos da isotropia e homogeneidade
decaem espontaneamente no tempo.
1963 – O astrofísico indiano Shiv Kumar é o primeiro a estudar, do ponto de vista teórico, a
evolução e as propriedades de corpos celestes com massas muito inferiores às das estrelas
então conhecidas. Os objetos desses estudos, chamados por Kumar de anãs negras,
correspondem ao que hoje denominamos anãs marrons (nome proposto em 1975).
1963 (5 de abril) – A sonda soviética Luna 4 (1.422kg), lançada no dia 2, passa a 8336,2km
da Lua.
1963 (15 e 16 de maio) – ocorre o voo da sonda Faith 7 (missão Mercury-Atlas 9), sexta e
última tripulada do projeto Mercury, pilotada por Gordon Cooper (1927-2004). É o voo
mais longo da série Mercury, com duração de 34h19min49s e 22 órbitas completadas.
Massa: 1.360kg; apogeu: 267km; perigeu: 161km; distância percorrida: 878.971km.
1963 (19 de julho e 22 de agosto) – O piloto Joseph (“Joe”) Walker (1921-1966) realiza os
dois voos do avião-foguete estadunidense X-15 que excedem a altitude de 100km
(considerada pela Fédération Aéronautique Internationale como a fronteira com o espaço
exterior): são os voos 90 (106km) e 91 (108km).
1963 (20 de setembro) – Em discurso durante a Assembleia Geral das Nações unidas, o
presidente estadunidense, John Kennedy (1917-1963), propõe que os EUA e a URSS
juntem forças e cooperem no esforço para chegar à Lua. O Secretário-geral do PC
soviético, Nikita Khrushchov (ou Khrushchev) (1894-1971), após uma rejeição inicial,
dispõe-se a aceitar a proposta, mas Kennedy é assassinado (22 de novembro), e as
conversações com o sucessor, Lyndon Johnson (1908-1973) não avançam.
1963 (15 de novembro) – O Chile é escolhido como local das instalações do Observatório
Europeu do Sul. A República da África do Sul havia sido a primeira escolha, mas oito anos
de investigação demonstram que as condições atmosféricas dos Andes sul-americanos são
mais propícias para observações astronômicas. O ESO é conhecido por construir e operar
alguns dos telescópios mais potentes e tecnologicamente mais avançados do mundo.
1964 – Fred Hoyle e Roger Tayler (1929-1997) chamam a atenção para o fato de que a
abundância primordial de hélio no Universo depende do número de neutrinos.
1964 – O físico e cientista planetário britânico Michael Mark Woolfson propõe uma teoria
de captura para a formação do Sistema Solar. De acordo com esse modelo, interações
devidas à maré entre o Sol e uma protoestrela de baixa densidade teriam resultado na
formação dos planetas a partir de material arrancado do outro astro pela gravidade solar.
Entretanto, essa teoria pressupõe diferenças muito maiores entre as idades do Sol e dos
planetas do que aquelas efetivamente observadas.
1964 (2 de abril) – É lançada a sonda soviética Zond 1, com destino a Vênus. Contudo,
perde contato com a Terra em 14 de maio. Em 14 de julho, passa a 100.000km do planeta
vizinho.
1964 (8 a 12 de abril) – Missão da sonda estadunidense Gemini 1 (não tripulada), a
primeira da série Gemini, desenhada para transportar dois astronautas. Os objetivos da
missão são testar a integridade estrutural das espaçonaves Gemini e o sistema de
comunicações, além de possibilitar treinamento aos controladores em terra para futuras
missões tripuladas.
Massa: 3.187kg; duração da missão: 3d23h; órbitas: 64; distância percorrida: 2.789.864km.
1964 (19 de julho) – Um foguete transportando ratos albinos é lançado com sucesso em
Gangde, na província chinesa de Anhui.
1964 (31 de julho) – A Ranger 7, lançada no dia 28, torna-se a primeira sonda
estadunidense a enviar imagens da Lua para a Terra. São 4.308 fotografias de excelente
qualidade, tiradas nos 17 minutos anteriores ao choque (intencional) com a superfície.
É o primeiro voo totalmente bem-sucedido do programa Ranger.
Massa: 365,7kg; duração da missão: 65h30min.
1964 (agosto a novembro) – Três equipes compostas ao todo por seis cientistas
desenvolvem, independentemente uma da outra, uma teoria segundo a qual existe um
campo de força que permeia todo o Universo, o qual desacelera a energia e,
consequentemente, permite que a maioria das partículas subatômicas (exceções são fótons e
glúons) adquiram massa. Os físicos envolvidos na elaboração da teoria são osbelgas Robert
Brout (1928-2011) e François Englert, os britânicos Peter Higgs e Tom Kibble e os
estadunidenses Gerald Guralnik e Carl Richard Hagen. A partícula que desencadeia a
desaceleração da energia e dá origem a toda matéria que existe no universo recebe o nome
de bóson de Higgs.
1965 – Arno Allan Penzias e Robert Anton Wilson, com a colaboração de Bernie Burke,
Robert Henry Dicke (1916-1997) e James Peebles descobrem a radiação de fundo de
micro-ondas cósmica, que é o sinal eletromagnético remanescente do Big Bang e
proveniente das regiões mais distantes do Universo e que havia sido predita em 1948 por
Ralph Asher Alpher e Robert Herman, associados de George Gamow, como a radiação
remanescente do estado quente em que o Universo se encontrava quando se formou. A
radiação cósmica de fundo é um espectro térmico de radiação de corpo negro de 2,725
kelvin que preenche o Universo. Ela tem uma frequência de pico de 160,4GHz, o que
corresponde a um comprimento de onda de 1,9mm.
1965 – O radiotelescópio de 40m de Owens Valley inicia sua operação, localizado em Big
Pine, Califórnia.
1965 – Martin Rees e Dennis Sciama (1926-1999) analisam dados da contagem de fontes
quasar e descobrem que a densidade de quasares aumenta com o deslocamento para o
vermelho.
1965 – Lyman Spitzer é indicado como dirigente do comitê para a definição de objetivos
científicos para um telescópio espacial de grandes dimensões.
1965 (19 de janeiro) – Missão da Gemini 2 (suborbital e não tripulada), cujo objetivo é
testar o sistema de proteção térmica da nave. Os resultados são satisfatórios, e a NASA
decide que a próxima Gemini será tripulada.
Duração da missão: 0h18min16s; altitude máxima: 171,2km; distância percorrida:
3.422,4km.
1965 (23 de março) – Ocorre a missão da Gemini 3, apelidada de “Molly Brown”, primeira
sonda tripulada do projeto Gemini. A tripulação é formada por Virgil Grisson (1926-1967)
- Comandante - e John Young – Piloto. É a primeira vez que os EUA enviam ao espaço
dois astronautas ao mesmo tempo. O objetivo principal é fazer testes de manobra em
ambiente espacial, e a Gemini 3 é a primeira espaçonave tripulada a modificar a própria
órbita.
Massa: 3.236,9kg; duração da missão: 4h52min31s; órbitas: 3; apogeu: 224,2km; perigeu:
161,2km; distância percorrida: 128.748km.
1965 (24 de março) – A Ranger 9, lançada no dia 21, choca-se contra a superfície da Lua.
São feitas 5.814 fotografias de boa qualidade antes do impacto. Os objetivos são atingidos.
Esta é a última missão do programa Ranger.
Massa: 367kg; duração da missão: 64h30min.
1965 (12 de maio) – A sonda soviética Luna 5 (1.474kg), lançada no dia 9, choca-se contra
a superfície lunar. O objetivo era pousar no satélite.
1965 (11 de junho) – A sonda soviética Luna 6, lançada no dia 8, passa a 159.612,8km da
Lua e entra em órbita solar. O objetivo era pousar no satélite.
1965 (20 de julho) – A sonda soviética Zond 3, lançada no dia 18, passa a 9.200km da Lua
e obtém 23 fotografias de boa qualidade do satélite, cobrindo 19 milhões de km2 da
superfície.
1965 (18 de outubro) - O cometa Ikeya-Seki (formalmente, C/1965 S1), descoberto (18 de
setembro) pelos astrônomos japoneses Kaoru Ikeya e Tsutomu Seki, atinge a magnitude -10
e aparece como um dos cometas mais brilhantes observados nos últimos mil anos. Visível
durante o dia ao lado do Sol, há referências a ele como o Grande Cometa de 1965.
O astro se fragmenta em três partes após a passagem pelo periélio, quando chega a
450.000km do Sol.
1965 (15 e 16 de dezembro) – Missão da Gemini 6-A, tripulada por Walter Schirra
(1923-2007) - Comandante - e Thomas (Tom) Stafford – Piloto. A Gemini 6-A é a
substituta da Gemini 6, missão cancelada depois da explosão do veículo Agena com o qual
deveria se encontrar no espaço. Durante a 4ª órbita da Gemini 6-A, ela inicia com a Gemini
7 o primeiro encontro de duas naves estadunidenses no espaço, que dura 4h30min, tendo a
aproximação máxima sido de 30cm. Esta é a primeira missão cujo pouso é transmitido ao
vivo, via satélite, pela televisão.
Massa: 3.546kg; duração da missão: 25h51min24s; órbitas: 16; distância percorrida:
694.415km.
1965 (16 de dezembro) – É lançada a Pioneer 6, a primeira de quatro sondas (massas entre
138kg e 147kg) colocadas em órbitas heliocêntricas desenhadas para, em conjunto, realizar
medições contínuas do ambiente interplanetário a partir de pontos do espaço distantes entre
si. As medições incluem vento solar, campo magnético solar, raios cósmicos, fenômenos
magnéticos e de partículas em larga escala e campos interplanetários diversos. Formam a
primeira rede de estudos a partir do espaço de eventos envolvendo o Sol e fornecem
informações práticas acerca de tempestades solares, que influem nas telecomunicações e
nos sistemas de energia terrestres. As outras sondas, Pioneer 7, 8 e 9, são lançadas,
respectivamente, em 17 de agosto de 1966, 13 de dezembro de 1967 e 8 de novembro de
1968.
O último contato ocorre com a Pioneer 6, em 8 de dezembro de 2000.
1966 – Jim Peebles mostra que o Big Bang quente prevê a abundância correta de hélio.
1966 (3 de fevereiro) – Os EUA lançam seu primeiro satélite meteorológico, o Essa-1, que
permanece operacional até 6 de outubro.
1966 (15 e 16 de março) – Missão da Gemini 8, tripulada por Neil Armstrong (1930-2012)
- Comandante - e David Scott – Piloto. Esta nave realiza a primeira acoplagem em órbita da
História, conectando-se a um veículo Agena. Após a acoplagem, ocorre a avaria de um
propulsor, fazendo com que a sonda gire ao redor de si mesma descontroladamente. A
Gemini 8 faz então o primeiro pouso de emergência da era espacial, amerissando no
Oceano Pacífico (e não no Atlântico, como estava previsto), sendo resgatada por
paraquedistas. A missão dura apenas 10h41min26s (6 órbitas).
Massa: 3.789kg; distância percorrida: 293.206km.
1966 (3 de abril) – A sonda soviética Luna 10, lançada em 31 de março, entra em órbita
lunar, à distância de 350km, e se torna o primeiro satélite artificial a orbitar outro corpo
celeste que não a Terra. Completa 485 órbitas em dois meses.
1966 (18 a 21 de julho) – Missão da Gemini 10, tripulada por John Young - Comandante -
e Michael Collins – Piloto. É a primeira a realizar dois encontros em órbita com veículos
Agena e utilizar-se dos sistemas propulsores deste lançador de espaçonaves para alterar sua
órbita. Michael Collins realiza a primeira caminhada espacial entre duas naves diferentes,
para recolher um painel coletor de poeira cósmica instalado na lateral do veículo Agena que
deveria ter se encontrado com a Gemini 8. Os astronautas também testam novos sistemas
de navegação manual através das estrelas. Estabelecem também que a radiação a altitudes
elevadas não constitui um problema sério.
Massa: 3.762,6kg; duração da missão: 2d22h46min39s; órbitas: 43; perigeu: 159,9km;
apogeu: 168,9km.
1966 (10 de agosto) – É lançada a sonda estadunidense Lunar Orbiter 1, cujo objetivo
principal é fotografar regiões pouco acidentadas do relevo da Lua para procurar por locais
seguros para o pouso de futuras missões Surveyor e Apollo. São obtidas 42 imagens em alta
resolução e 187 imagens em resolução média, cobrindo mais de 5 milhões de km2 da
superfície. Em 23 de agosto, a Lunar Orbiter 1 capta as duas primeiras imagens da Terra
obtidas a partir da órbita da Lua. Elas mostram a Terra emergindo por trás do satélite, bem
como detalhes da superfície lunar.
Massa: 385,6kg; duração da missão: 80 dias (até 29 de outubro, quando se choca com o
lado oculto da Lua); órbitas: 577; perilúnio (ponto mais próximo da Lua): 40,5km; apolúnio
(ponto mais distante da Lua): 1.866,8km.
1966 (27 de agosto) – A Luna 11, lançada em 24 de agosto, é inserida numa órbita com
perilúnio de 1.898km e apolúnio de 2.931km. A sonda estuda a composição química e
anomalias gravitacionais. Além disso, tira as primeiras fotografias da superfície do satélite
a partir da órbita lunar e envia à Terra 137 radiotransmissões.
Massa: 1.640kg; duração da missão: 38 dias (até 1º de outubro); órbitas: 277.
1966 (8 de setembro) – Tem início a série de televisão Jornada nas Estrelas (Star Trek) que
atrai muitas pessoas para as ciências naturais, em especial para a Astronomia. A série
original é constituída de três temporadas e 79 episódios.
1966 (12 a 15 de setembro) – Missão da Gemini 11, tripulada por Charles Conrad
(1930-1999) - Comandante - e Richard Gordon – Piloto. É estabelecido o recorde de
altitude de uma nave Gemini em órbita: 1.369km. Gordon realiza duas atividades
extraveiculares (33min e 2h08min). a missão Gemini 11 é a primeira a ter uma reentrada
controlada completamente por computadores, fazendo com que a cápsula amerisse apenas
4,5km fora do ponto de descida designado.
Massa: 3.798kg; duração da missão: 2d23h17min09s; órbitas: 44.
1966 (23 de setembro) – A Surveyor 2, lançada no dia 20, choca-se contra a superfície da
Lua perto da cratera Copérnico. A missão fracassa, porque não consegue uma alunissagem
suave.
Massa: 292kg; duração da missão: 62h46min.
1966 (25 de outubro) – A Luna 12, lançada no dia 22, entra em órbita lunar. Envia
fotografias e realiza 302 radiotransmissões.
Massa: 1.620kg; duração da missão: 89 dias (até 19 de janeiro de 1967); órbitas: 602;
perilúnio: 1.871km; apolúnio: 2.938km.
1966 (11 a 15 de novembro) – Missão da Gemini 12, última espaçonave desta série,
tripulada por James Lovell - Comandante - e Edwin Aldrin – Piloto. Ocorre uma acoplagem
com um veículo Agena, feita manualmente. Aldrin passa 5h30min (2h29min, 2h06min,
0h55min) fora da nave, o período mais prolongado de atividades extraveiculares do projeto
Gemini. Fica demonstrado que é possível trabalhar fora de uma espaçonave (até aí, as
atividades extraveiculares haviam se limitado a passeios).
Catorze experimentos científicos são realizados.
Massa: 3.762,1kg; duração da missão: 3d22h34min31s; órbitas: 59.
O programa espacial estadunidense seguinte é o Apollo.
1967 – O físico estadunidense John Wheeler (1911-2008) utiliza, pela primeira vez, o
termo “buraco negro” (“black hole”).
1967 (20 de abril) – A Surveyor 3, lançada no dia 17, pousa no Oceanus Procellarum. É a
segunda nave estadunidense a fazer uma alunissagem suave. Envia 6.315 imagens de TV
para a Terra.
Massa: 302kg; duração da missão: 65h.
1967 (23 e 24 de abril) – Missão da sonda soviética Soyuz 1, tripulada por Vladimir
Komarov (1927-1967), primeiro soviético a ir pela segunda vez ao espaço. É o primeiro
voo da URSS depois da Voskhod 2 (março de 1965) e o primeiro depois da morte de Sergei
Korolev (14 de janeiro de 1966), responsável pelo programa espacial do país. O objetivo
era uma acoplagem com a Soyuz 2 e a passagem de tripulantes de uma nave para a outra no
espaço, mas a missão termina com a morte do cosmonauta, a primeira da era espacial a
ocorrer durante um voo. Antes da missão, engenheiros espaciais reportam 203 falhas
estruturais, mas são ignorados por Leonid Brejnev, que pretende realizar feitos espaciais
para celebrar o aniversário de Lênin (22 de abril) e os 50 anos da Revolução Russa (1917).
Yuri Gagárin, o tripulante reserva, ciente do desastre iminente e amigo de Komarov,
oferece-se para substituí-lo, na esperança de que a missão seja cancelada (Gagárin é
considerado um herói nacional), mas tudo é em vão.
Os problemas começam logo depois da decolagem, quando a falha de um painel solar (que
não abre) reduz significativamente o suprimento de energia da nave. A seguir, o mau
funcionamento do sistema de navegação torna difícil manobrar a sonda. Na décima terceira
órbita, uma pane inutiliza o sistema automático de estabilização, e o sistema manual
funciona apenas parcialmente. Os objetivos da Soyuz 2 são então modificados, passando a
incluir o conserto do painel solar da Soyuz 1, mas uma violenta tempestade na noite de 23
de abril danifica o sistema elétrico do Cosmódromo de Baikonur, impedindo o lançamento.
Diante das dificuldades, o controle de voo decide abortar a missão da Soyuz 1, e tem início
a reentrada. Por problemas na estrutura da sonda, o paraquedas principal não desencaixa
como deveria e, consequentemente, não abre. Komarov abre o paraquedas reserva, mas ele
fica enroscado no paraquedas de desaceleração (parte do paraquedas principal), e a nave
toca o solo a 140km/h. Komarov morre no impacto. Depois da queda, ocorre uma explosão,
e a nave é totalmente destruída pelo fogo.
Em meados da década de 1970, começa a circular a história de que Komarov, durante a
descida, amaldiçoou quem o colocou na Soyuz, conversou com a esposa e chorou. Diz-se
também que tudo foi gravado por uma estação de escuta da Agência Nacional de Segurança
dos EUA localizada perto de Istambul. Não existe confirmação oficial, mas são muitos os
que defendem que esses fatos realmente ocorreram.
Soyuz – Massa: 6.450kg; órbitas: 18; perigeu: 197km; apogeu: 223km; duração da missão:
1d2h47min52s.
Este acidente atrasa os voos das naves Soyuz em dezoito meses.
As naves Soyuz (“união”, em russo) têm capacidade para transportar três astronautas e são
sucessoras das sondas Vostok e Voskhod. São formadas por três compartimentos: módulo
de serviço, módulo orbital e cápsula de reentrada. Com o tempo, mais quatro versões das
naves Soyuz são desenvolvidas: T, TM, TMA e TMA-M.
1967 (4 de maio) – É lançada a Lunar Orbiter 4, cujo objetivo principal é fazer um estudo
fotográfico sistemático do relevo lunar, a fim de entender melhor a natureza das formações
selenográficas e determinar regiões de interesse científico para futuras missões orbitais ou
de pouso. São feitas 419 imagens em alta resolução e 127 em resolução média, cobrindo
99% do lado visível da Lua.
Massa: 385,6kg: duração da missão: 180 dias (até 31 de outubro, quando se choca com a
superfície); órbitas: 360; perilúnio: 2.706km; apolúnio: 6.111km.
1967 (17 de julho) – A Surveyor 4, lançada no dia 14, impacta próximo ao Sinus Medii. A
meta da missão (uma alunissagem suave) não é alcançada.
Massa: 283kg; duração da missão: 65h.
1967 (19 de julho) – É lançado o satélite estadunidense Explorer 35, destinado a realizar
estudos, a partir de uma órbita lunar fortemente elíptica, do plasma e campo magnético
interplanetários, de partículas energéticas e dos raios X solares.
Massa: 104,3kg; duração da missão: 2.167 dias (até 24 de junho de 1973; órbitas:
aproximadamente 9.500; perilúnio: 764km; apolúnio: 7.886km.
1967 (1º de agosto) – É lançada a Lunar Orbiter 5 (última da série), desenhada para estudar
mais detalhadamente possíveis locais de pouso de missões Surveyor e Apollo e também
regiões ainda não fotografadas do lado oculto da Lua. São feitas 633 imagens em alta
resolução e 211 imagens emresolução média. No total, as imagens obtidas pelas cinco
missões Lunar Orbiter cobrem 99% de toda a superfície da Lua.
Massa: 385,6kg; duração da missão: 183 dias (até 31 de janeiro de 1968, quando se choca
com a superfície); órbitas: 1.380; perilúnio: 194,5km; apolúnio: 6.023km.
1967 (outubro) - Hans Albrecht Bethe (1906-2005) é anunciado como ganhador do Prêmio
Nobel de Física por ter proposto (1938) que as estrelas utilizam a fusão como fonte de
energia.
1967 (10 de outubro) – Entra em vigor o Tratado do Espaço Exterior, formalmente Tratado
sobre os Princípios Que Regem as Atividades dos Estados na Exploração e Utilização do
Espaço Exterior, Incluindo a Lua e Outros Corpos Celestes, que constitui a base da
legislação internacional sobre o espaço. Assinado inicialmente por EUA, união Soviética e
Reino Unido em 27 de janeiro de 1967, é ratificado hoje por cerca de cem países.
Este tratado estabelece que o espaço pode ser explorado por qualquer nação e não está
sujeito a reivindicações de soberania nacional. Proíbe também o emprego de armas
nucleares no espaço, mas essa proibição não se estende às armas convencionais.
1967 (30 de outubro) – As sondas soviéticas Kosmos 186 e Kosmos 188 (cada uma
pesando 6.530kg) realizam o primeiro acoplamento completamente automatizado da
história da exploração espacial. Após voarem acopladas durante 3h30min, são separadas
por controle remoto e pousam suavemente em pontos diferentes da URSS.
1967 (10 de novembro) – A Surveyor 6, lançada no dia 7, pousa no Sinus Medii. São
transmitidas à Terra 30.027 imagens da Lua.
Massa: 299,6kg; duração da missão: 17 dias (até 24 de novembro).
1968 (10 de janeiro) – a sonda Surveyor 7, lançada em 7 de janeiro, faz uma alunissagem
suave próximo à cratera Tycho e marca o fim da série estadunidense de explorações não
tripuladas na superfície lunar. São transmitidas 21.091 imagens da Lua para a Terra.
Massa: 305,7kg; duração da missão: 44 dias (até 20 de fevereiro).
1968 (10 de abril) – A Luna 14, lançada em 7 de abril, é inserida na órbita lunar. O
principal objetivo da missão é estudar a estabilidade dos sistemas de radiocomunicação em
diferentes posições orbitais. Os instrumentos a bordo também obtêm dados acerca da
interação entre as massas lunar e terrestre, do campo gravitacional e do movimento da lua.
Massa: 1.700kg; duração da missão: 8 dias.
1968 (15 de setembro) – É lançada a sonda soviética Zond 5, a primeira a dar uma volta ao
redor da Lua (18 de setembro) e depois retornar à Terra (21 de setembro), amerissando no
Oceano Índico. Durante a órbita lunar, a menor distância atingida é de 1.950km. São tiradas
várias fotografias de boa qualidade da Terra, à distância de 90.000km. A bordo viajam duas
tartarugas terrestres, moscas, vermes, plantas, sementes e bactérias. Todas essas criaturas
são resgatadas com vida, provando que é possível para os seres vivos ir até as imediações
lunares e voltar sãos e salvos.
O sucesso da Zond 5 marca um avanço importante da URSS na corrida espacial.
1968 (11 de outubro) – É lançada a Apollo 7, primeira nave tripulada do projeto Apollo. Os
três astronautas escalados são Walter M. Schirra, Jr. (1923-2007) – comandante –, Donn F.
Eisele (1930-1987) e Walter Cunningham. Com este voo, Walter Schirra torna-se o único
astronauta da história a participar de voos dos Projetos Mercury, Gemini e Apollo. A
missão consiste em diversas atividades em órbita da Terra para testar o Módulo de
Comando e Serviço. O retorno ocorre em 22 de outubro.
Massa: 16.519kg; órbitas terrestres: 163; duração da missão: 10d20h09min.
1968 (21 de dezembro) – É lançada a Apollo 8, primeira missão do projeto a levar homens
à Lua. Os astronautas Frank Borman – comandante -, James A. Lovell, Jr. e William A.
Anders não pousam no solo lunar mas, na noite de 24 de dezembro, eles se tornam os
primeiros homens a circum-navegar a Lua (e a ver a face oculta do satélite), enviando fotos
inéditas do solo lunar. Além disso, eles são os primeiros astronautas a abandonar a órbita da
Terra e estar sob a influência gravitacional de outro corpo celeste. Durante a nona órbita em
torno da Lua, os astronautas fazem uma transmissão de TV natalina em que lêem os dez
primeiros versículos do Gênesis. Este programa bate recordes de audiência para a época,
tendo sido visto (ao vivo ou em retransmissões posteriores) por um quarto da população
mundial. Os astronautas registram o “nascer da Terra” a partir da Lua, e esta imagem é
escolhida pela revista Life como uma das cem fotografias que mudaram o mundo. Ao todo,
são tiradas 700 fotografias da Lua e 150 da Terra.
O retorno se dá em 27 de dezembro.
Massa total: 28.870kg; massa do módulo lunar: 9.000kg; órbitas lunares: 10; tempo em
órbita lunar: 20h10min; duração da missão: 6d3h0min.
1969 – Observações telescópicas de Júpiter feitas a partir de um jato da Nasa mostram que
o planeta irradia uma quantidade de calor maior do que a recebida do Sol, pressupondo a
existência de uma fonte interna de energia e reforçando os argumentos daqueles que
afirmam ser Júpiter uma “estrela que não deu certo”.
1969 – É descoberto o anel D de Saturno, ainda mais interno e transparente que os três até
então conhecidos.
1969 – O biólogo britânico James Lovelock apresenta a "hipótese de Gaia" (nome da deusa
grega que representa a Terra), a qual sustenta que o nosso planeta, em sua totalidade, deve
ser considerado como um organismo vivo e que os processos biológicos estabilizam o meio
ambiente.
1969 – É encontrado, na Lua, o “Bench Crater”, primeiro meteorito descoberto num corpo
celeste que não seja a Terra.
1969 (21 de fevereiro) – Falha a primeira tentativa de lançamento do foguete soviético N-1,
o maior alguma vez construído pela URSS: cinco estágios, diâmetro de 17m, altura de
105m, massa de 2.735t. Devido à ruptura de uma tubulação de gás, o foguete pega fogo e
explode a 12,2km de altitude, 69 segundos após o lançamento.
Desenhado para ser um concorrente do foguete estadunidense Saturno V, o N-1 deveria ser
capaz de colocar cargas pesadas em órbita terrestre.
As três tentativas de lançamento seguintes também falham.
1969 (3 de março) – É lançada a Apollo 9, que tem como principal objetivo testar o sistema
de navegação e, principalmente, o Módulo Lunar Spider (Aranha), em órbita da Terra. São
feitas várias manobras de separação e acoplamento com os módulos lunar e de comando,
tarefa essencial numa futura missão à Lua. A tripulação é formada pelos astronautas James
McDivitt – comandante -, David Scott - piloto do módulo de comando - e Russell
Schweickart - piloto do módulo lunar. Esta é a primeira missão do projeto que decola
completa, com suas três partes: Módulo de Comando, Módulo de Serviço (cujo conjunto é
chamado de Módulo de Comando e Serviço Apollo) e Módulo Lunar. Nesta missão, o
módulo de comando se chama Gumdrop (bala de goma).
O retorno se dá no dia 13 de março.
Massa total: 41.376kg; massa do módulo lunar: 14.575kg; órbitas terrestres: 151; duração
da missão: 10d1h0min.
1969 (18 de maio) – É lançada a Apollo 10, planejada para testar o módulo lunar (Snoopy),
que pela primeira vez é completamente funcional, em órbita ao redor da Lua. Chega a uma
distância de 14,4km do satélite (23 de maio), sem, entretanto, pousar. São testados todos os
procedimentos e componentes de um pouso na Lua. O módulo de comando chama-se
Charlie Brown. A Apollo 10 faz a primeira transmissão em cores ao vivo do espaço. A
tripulação é composta por Thomas P. Stafford – comandante -, John W. Young – piloto do
módulo de comando - e Eugene A. Cernan – piloto do módulo lunar. Estes são os
astronautas que, em toda a história das viagens espaciais, mais se distanciaram de casa:
408.950km do centro de controle em Houston, Texas.
Durante o retorno, que ocorre em 26 de maio, a Apollo 10 atinge o recorde de velocidade
de uma missão tripulada: 39.897km/h. A amerissagem ocorre no Pacífico norte.
Massa total: 42.771kg; massa do módulo lunar: 13.941kg; tempo em órbita lunar:
2d13h37min23s; duração da missão: 8d0h3min23s.
1969 (20 de julho) – A Apollo 11 pousa na Lua (17h17min40s de Brasília), num local
denominado Mar da Tranquilidade, uma grande área plana, formada de lava basáltica
solidificada, na linha equatorial da face brilhante do satélite. Nos últimos 150m, Armstrong
assume o controle manual da descida, pousando quando restam 25 segundos de
combustível. Às 23h56min15s (hora de Brasília), Neil Armstrong, de 38 anos, torna-se o
primeiro ser humano a pisar na superfície da Lua e pronuncia a frase mais épica da Era
Espacial: “Este é um pequeno passo para o Homem... mas um grande salto para a
Humanidade”. Pelo menos 600 milhões de pessoas do mundo inteiro assistem a este evento,
transmitido ao vivo pela televisão. Edwin Aldrin junta-se a Armstrong na superfície 15min
depois e, durante as 2h37min seguintes, os astronautas examinam o Módulo Lunar, montam
e colocam para funcionar a câmera de TV, hasteiam a bandeira estadunidense e batem
continência, instalam instrumentos científicos (entre eles um sismógrafo e um retrorrefletor
para experimentos de radar), dão pulos como cangurus, experimentando a baixa gravidade
lunar, tiram cerca de 100 fotografias, coletam amostras do solo e falam ao vivo com o
Presidente dos EUA, Richard Nixon (1913-1994). Além disso, os astronautas deixam na
Lua uma placa, assinada por eles e pelo presidente Nixon, onde se lê: Here Men From
Planet Earth First Set Foot Upon The Moon. July 1969 A.D. We Came In Peace For All
Mankind. (“Aqui os homens do planeta Terra pisaram pela primeira vez na Lua. Julho de
1969. Viemos em paz, em nome de toda a humanidade.”)
Com diâmetro de 3.476,28 x 3.471,94km, área superficial de 37,93 milhões de km2 (7,4%
da terrestre) e localizada à distância média de 384.403km (varia entre 363.104 e
405.696km) da Terra, que orbita à velocidade média de 3.680km/h, a Lua é o quinto satélite
do Sistema Solar em ordem de tamanho. Como acontece com boa parte dos satélites do
nosso sistema planetário, a Lua tem rotação síncrona, isto é, leva exatamente o mesmo
tempo para completar uma órbita em torno da Terra e girar ao redor de si mesma:
27d7h43min. Ocupa um volume de 21,95 bilhões de km3 (2% do terrestre) e tem massa de
73,47 quintilhões de toneladas (1,2% da massa da Terra), o que resulta numa densidade de
3,346g/cm3. A gravidade superficial equivale a 16,54% da terrestre (uma pessoa pesando
70kg na Terra pesaria, na Lua, 11,58kg), e a velocidade de escape é de 2,38km/s. A
temperatura varia entre -200°C e +120°C. A Lua é o objeto mais brilhante do céu noturno:
a magnitude aparente varia entre -12,9 e -2,5.
1969 (21 de julho) – Enquanto os astronautas da Apollo 11 ainda estão na Lua, a sonda
soviética Luna 15 (5.600kg), lançada no dia 13, depois de ter completado 52 órbitas
lunares, choca-se contra a superfície do satélite, no Mar das Crises (Mare Crisium).
É um dos primeiros momentos de cooperação no espaço, uma vez que os russos divulgam o
plano de voo da Luna 15, para afastar qualquer possibilidade de colisão com a Apollo 11.
1969 (21 de julho) - Depois do reacoplamento com o módulo de comando e o retorno dos
astronautas à Apollo para a viagem de volta, o módulo lunar Eagle (15.095kg) é deixado
para trás, em órbita em torno da Lua. Conforme previsões da Nasa, ele deve ter caído na
superfície alguns meses depois. Os módulos seguintes também serão deixados em órbita
lunar.
1969 (31 de julho) – A Mariner 6, lançada em 24 de fevereiro, chega a Marte, com uma
aproximação máxima de 3431km. Envia imagens, num total de 75, principalmente da
região equatorial. Analisa a atmosfera, a superfície e envia fotos de Fobos.
1969 (final de julho) – Tem início o Lunar Laser Ranging Experiment, que consiste em
medir a distância Terra-Lua por meio de raios laser enviados ao satélite e devolvidos pelos
retrorrefletores deixados na superfície lunar por missões Apollo (11, 14 e 15). Os veículos
lunares soviéticos Lunokhod 1 e Lunokhod 2 também estão dotados de retrorrefletores. As
medições continuam ao longo das décadas seguintes, e constata-se que a Lua se afasta da
Terra 3,8cm por ano.
1969 (15 de agosto)- É criada a Indian Space Research Organisation (ISRO), a agência
espacial da Índia, com sede em Bangalore.
1969 (14 e 15 de outubro) – Três espaçonaves e sete cosmonautas realizam uma missão
conjunta no espaço. As tentativas de acoplagem e transferência de tripulantes falham, mas
diversos experimentos são realizados
Soyuz 6 (missão de 11 a 16 de outubro): tripulada por Georgi Shonin (1935-1997) –
comandante – e Valeri Kubasov – engenheiro de voo.
Soyuz 7 (12 a 17 de outubro): Anatoly Filipchenko – comandante -, Vladislav Volkov
(1935-1971) – engenheiro de voo – e Viktor Gorbatko – engenheiro de pesquisa.
Soyuz 8 (13 a 18 de outubro): Vladimir Shatalov – comandante – e Aleksei Yeliseyev –
engenheiro de voo.
1969 (14 de novembro) – É lançada a Apollo 12, segunda missão tripulada a descer na Lua
e a primeira a fazer um pouso num ponto pré-determinado da superfície, a fim de resgatar
partes de uma sonda não tripulada enviada dois anos antes, a Surveyor III, e trazê-las de
volta à Terra, para estudos do efeito da permanência em ambiente lunar sobre o material
empregado no artefato. O Módulo de comando chama-se Yankee Clipper e o Módulo lunar,
Intrepid. A tripulação é formada por Charles Conrad (1930-1999) – comandante –, Alan
Bean – piloto do módulo lunar – e Richard Gordon – piloto do módulo de comando.
O lançamento ocorre em meio a uma tempestade, e dois raios atingem o foguete Saturno V,
que transporta a sonda, 36,5 e 52 segundos após a decolagem. Verifica-se uma pane
temporária em grande parte da instrumentação, mas a missão prossegue normalmente.
1969 (19 de novembro) – A Apollo 12 pousa no Oceano das Tormentas, cerca de 1.500km
a oeste do Mar da Tranquilidade, local da alunissagem anterior. O pouso ocorre a 185m do
local onde está a Surveyor 3. Os astronautas coletam rochas e instalam instrumentos para a
observação, a longo prazo, de atividades sísmicas, vento solar e campo magnético.
Quando os astronautas deixam a Lua, o sismógrafo recentemente instalado capta a vibração
da decolagem por mais de uma hora.
1969 (24 de novembro) – A Apollo 12 retorna à Terra. A amerissagem ocorre no Oceano
Pacífico, 800km a leste de Samoa. No momento do impacto com a água, uma câmera de
16cm sai do local onde é armazenada e atinge Alan Bean na testa, deixando-o inconsciente
por alguns instantes.
Massa total: 44.073kg; massa do módulo lunar: 15.235kg; tempo total das duas atividades
extraveiculares na superfície da Lua: 7h45min18s; tempo de permanência na superfície
lunar: 31h31min11,6s; massa trazida da Lua: 34,35kg; órbitas lunares: 45; tempo em órbita
lunar: 3d16h58min11,52s; duração da missão: 10d4h36min24s.
O fracasso dos foguetes N-1 e o sucesso de mais esta missão Apollo fazem com que os
soviéticos desistam de tentar enviar naves tripuladas à Lua.
1970 – Roger Ulrich, John Leibacher e Robert Stein deduzem, a partir de modelos solares
teóricos, que o interior do Sol pode agir como uma cavidade acústica ressonante.
1970 (11 de fevereiro) – É lançado o Osumi (24kg), o primeiro satélite artificial japonês.
A reentrada na atmosfera ocorre em 2 de agosto de 2003.
1970 (11 de abril) – É lançada a Apollo 13, terceira missão tripulada do projeto, que não
consegue pousar na Lua devido a um acidente durante a viagem de ida. A tripulação é
composta por James Lowell – comandante –, Fred Haise – piloto do módulo lunar – e John
Swigert (1931-1982) – piloto do módulo de comando. O módulo lunar chama-se Aquarius,
e o módulo de comando, Odissey. Na noite de 13 de abril, quando a espaçonave está a
321.860km da Terra, ocorre a explosão de um tanque de oxigênio do módulo de serviço,
causada, segundo os resultados de investigações posteriores da Nasa, por uma mudança de
voltagem dos suprimentos de energia da Apollo, feita pelos projetistas do tanque da nave,
sem o respectivo reforço da ventoinha de resfriamento do motor. Com o módulo de serviço
e também o módulo de comando inutilizados, os astronautas são obrigados a se transferir
para o módulo lunar, no qual iniciam o retorno à Terra e onde são submetidos a um
rigoroso racionamento de eletricidade, de alimentos e de água. Contudo, a viagem de volta
é bem-sucedida e, no dia 17 de abril, cansados, molhados, famintos, desidratados e com
frio, eles conseguem amerissar em segurança no Pacífico sul, a sudeste de Samoa.
Massa total: 43.982kg; massa do módulo lunar: 15.192kg; aproximação máxima da Lua:
254,3km (14 de abril); duração da missão: 5d22h54min41s.
1970 (24 de abril) – A China se torna o quinto país do mundo a lançar um satélite em
órbita, o DFH-1, impulsionado por um foguete "Longa Marcha" e destinado à
experimentação científica.
1970 (1º a 19 de junho) – Missão da Soyuz 9, tripulada por Andrian Nikolayev (1929-2004)
– comandante – e Vitaly Sevastyanov (1935-2010) – engenheiro de voo, que quebra o
recorde de permanência no espaço (17d16h58min55s), então pertencente à Gemini 7. A
missão (288 órbitas completadas) abre caminho para tripulações residentes nas estações
Salyut, investigando os efeitos nos tripulantes da ausência de gravidade por períodos mais
prolongados e avaliando o trabalho que os cosmonautas são capazes de realizar no espaço,
quer individualmente quer em equipe. Eles conduzem vários experimentos fisiológicos e
biomédicos neles mesmos e testam as implicações sociais de uma convivência prolongada
num espaço reduzido. Os cosmonautas mantêm contato audiovisual com familiares,
assistem a jogos da Copa do mundo de futebol, jogam xadrez com controladores da missão
em solo (é a primeira vez que uma partida de xadrez acontece entre um jogador no espaço e
outro em terra) e votam numas eleições minoritárias soviéticas.
Quando retornam à terra, os cosmonautas estão consideravelmente enfraquecidos, sendo
precisos cerca de dez dias para que eles se recuperem totalmente. A reação do corpo
humano à prolongada falta de gravidade demonstra que é estritamente necessário fazer
exercícios físicos em órbita, o que os tripulantes da soyuz não haviam feito adequadamente.
1970 (24 de setembro) – A sonda soviética Luna 16, lançada em 12 de setembro (inserção
orbital em 17 de setembro, 36 órbitas completadas e alunissagem em 20 de setembro),
retorna à Terra trazendo 101g de basalto lunar, primeira amostra do solo da Lua trazida de
volta à Terra por uma espaçonave de forma totalmente automatizada.
Massa: 5.600kg.
1970 (20 a 27 de outubro) – Missão da Zond 8, que sobrevoa a Lua (24 de outubro) e, ao
reentrar na atmosfera, cai no oceano Índico.
1970 (17 de novembro) – A sonda soviética Luna 17, lançada em 10 de novembro, pousa
na Lua transportando o Lunokhod 1, primeiro veículo lunar, com oito rodas e 756kg. Ao
longo de 322 dias (até 4 de outubro de 1971), o Lunokhod 1 percorre 10,54km, envia à
Terra mais de 20.000 imagens de TV e 206 panoramas em alta resolução, faz 25 análises do
solo e perfura a superfície lunar em quinhentos lugares.
A massa total da sonda é de 5.700kg.
1970 (12 de dezembro) – É lançado o Uhuru (ou Small Astronomy Satellite 1, SAS-1),
observatório espacial estadunidense, o primeiro projetado para fazer observações
especificamente em raios X. Realiza o primeiro levantamento compreensível de todo o céu
nesse comprimento de onda. Descobre diversas fontes extragalácticas de raios X e permite
produzir um catálogo com 339 objetos.
Uhuru significa “liberdade” em suaíle, nome dado em homenagem ao Quênia, país de onde
é lançado.
A missão termina em março de 1973.
1971 – O britânico Martin Rees propõe que algumas galáxias, como a Via Láctea, têm em
seu centro buracos negros supermassivos, ou seja, com massa da ordem de milhões de
vezes superior à solar.
1971 (31 de janeiro) – É lançada a Apollo 14, terceira missão da série a pousar na Lua,
tendo a delicada tarefa de recomeçar as viagens espaciais tripuladas após o acidente
ocorrido com a Apollo 13. A tripulação é composta por Alan Shepard (1923-1998) –
comandante –, Edgar Mitchell – piloto do módulo lunar – e Stuart Roosa (1933-1994) –
piloto do módulo de comando. O Módulo de Comando chama-se Kitty Hawk e o Módulo
Lunar, Antares.
1971 (5 de fevereiro) – A Apollo 14 pousa em Fra Mauro, uma região repleta de crateras e
ondulada, o que faz com que o Antares fique inclinado 8° durante sua estada na Lua. O
principal objetivo da missão (originalmente atribuída à Apollo 13) é chegar a pé à cratera
Cone, localizada numa região elevada em relação ao local do pouso, visando testar a
capacidade de caminhar na superfície lunar em regiões não planas. O objetivo não é
plenamente alcançado: os astronautas param pouco antes de atingir a borda da cratera.
Nessa missão, Alan Shepard dá com sucesso tacadas em duas bolas de golfe.
Os astronautas deixam na Lua um pacote contendo a Bíblia em microfilme e o primeiro
versículo do Gênesis em dezesseis línguas.
Roosa leva centenas de sementes de diversas espécies, as quais são plantadas depois do
retorno e dão origem às chamadas “árvores da Lua”.
1971 (2 de abril) – É criado o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), cuja sede
está localizada em São José dos Campos, São Paulo. Os objetivos do INPE são promover e
executar estudos, pesquisas científicas, desenvolvimento tecnológico e capacitação de
recursos humanos, nos campos da Ciência Espacial e da Atmosfera, das Aplicações
Espaciais, da Meteorologia e da Engenharia e Tecnologia Espacial, bem como em domínios
correlatos, conforme as políticas e diretrizes definidas pelo Ministério da Ciência e
Tecnologia. As atividades atualmente desenvolvidas pelo INPE buscam demonstrar que a
utilização da ciência e da tecnologia espacial pode influir na qualidade de vida da
população brasileira e no desenvolvimento do País.
1971 (19 de abril) – É lançada a Salyut 1, primeira estação orbital soviética e primeira
estação espacial construída pelo homem. É formada de três compartimentos pressurizados:
o de transferência, onde são acopladas as naves Soyuz, o principal, onde vive a tripulação, e
outro contendo os equipamentos de controle e comunicações, a fonte de energia, o sistema
de suporte de vida e outros equipamentos auxiliares. Há um quarto compartimento,
despressurizado, com as instalações do motor e equipamentos de controle associados. A
Salyut tem baterias químicas, suprimentos reservas de água e oxigênio e sistemas de
regeneração. A energia é fornecida por dois pares de painéis solares.
Em russo, Salyut significa “saudação”.
1971 (23 a 25 de abril) – Missão da Soyuz 10, a primeira a ser enviada a uma estação
espacial. O acoplamento com a Salyut 1 ocorre, mas não há condições seguras para os
cosmonautas entrarem na estação. A tripulação é formada por Vladimir Shatalov –
comandante -, Aleksei Yeliseyev – engenheiro de voo – e Nikolai Rukavishnikov
(1932-2002) – engenheiro de teste.
1971 (26 de julho) – É lançada a Apollo 15, quarta missão da série a pousar na Lua e a
primeira a utilizar um veículo lunar (popularmente conhecido como “jipe lunar”). A
tripulação é formada por David Scott – comandante –, James Irwin (1930-1991) – piloto do
módulo lunar – e Alfred Worden – piloto do módulo de comando. O Módulo de Comando
denomina-se Endeavour e o Módulo Lunar, Falcon.
1971 (30 de julho) – A Apollo 15 pousa em Hadley Rille, uma área de grande interesse do
ponto de vista geológico, localizada na orla do Mare Imbrium (Oceano das Chuvas), num
pequeno vale rodeado por altas montanhas. O veículo lunar, de quatro rodas (todas com
tração elétrica), desmontável e pesando 209kg, dá aos astronautas considerável mobilidade,
permitindo-lhes realizar passeios de vários quilômetros. Veículos semelhantes serão
utilizados nas duas missões Apollo seguintes.
Durante a segunda atividade extraveicular, os astronautas coletam uma rocha que se torna
famosa e passa a ser conhecida como Genesis Rock. Análises subsequentes atribuem a ela a
idade de 4,5 bilhões de anos, o que faz dela um componente da crosta primária da Lua.
Nesta missão também é coletado o Hadley Rille, pequeno meteorito com pouco mais de
1mm e peso de 3mg.
No final da terceira atividade extraveicular, David Scott executa um experimento: para
comprovar a teoria da queda dos corpos, de Galileu Galilei, ele deixa cair simultaneamente
um martelo e uma pluma, constatando que, na ausência de ar, ambos chegam juntos ao
solo.
Antes de deixar a Lua, quando os três astronautas estão em órbita lunar, um pequeno
subsatélite é liberado. O objetivo é fazer medições da gravidade, do campo magnético e do
plasma existentes na Lua e no entorno. As medições ocorrem até janeiro de 1973.
Um subsatélite semelhante será liberado pela Apollo 16.
1971 (7 de agosto) – A Apollo 15 volta à Terra. Durante o voo de retorno, Alfred Worden
torna-se o primeiro homem a executar uma atividade extravveicular no espaço profundo.
Massa total: 46.943kg; massa do módulo lunar: 16.600kg; tempo total das três atividades
extraveiculares na superfície da Lua: 18h34min46s; tempo de permanência na superfície
lunar: 2d18h54min53s; massa trazida da Lua: 77kg; tempo em órbita lunar: 6d1h12min41s;
órbitas lunares: 74; duração da missão: 12d7h11min53s.
A publicidade negativa da missão fica por conta de 398 selos comemorativos que os
astronautas levam sem autorização, com a intenção de vender ao menos uma centena deles
depois do retorno. A divulgação do fato pela mídia provoca uma reação amplamente
desfavorável por parte do público.
1971 (11 de outubro) – A Salyut 1 faz uma reentrada controlada na atmosfera terrestre,
caindo no Oceano Pacífico.
Massa: 18.900kg; comprimento: 15,8m; diâmetro máximo: 4,15m; volume pressurizado:
90m3; dias em órbita: 175; dias ocupada: 22; perigeu: 200km; apogeu: 220km; órbitas
terrestres: 2.929; distância percorrida: 118.602.524km.
1972 – o físico teórico israelense Jacob Bekenstein sugere que buracos negros têm entropia
proporcional à área de suas superfícies devido aos efeitos da perda de informação.
Entropia é uma grandeza termodinâmica relativa à desordem, que mede a parte da energia
que não pode ser transformada em trabalho.
1972 – James Bardeen, Brandon Carter e Stephen Hawking propõem 4 leis da mecânica de
buraco negro em analogia com as leis da termodinâmica.
1972 (5 de janeiro) – O Presidente Richard Nixon anuncia formalmente o programa dos
ônibus espaciais (Space Shuttle program) dos EUA. O objetivo declarado é “transformar a
fronteira do espaço [...] num território familiar, facilmente acessível ao esforço humano”. A
ideia é realizar até cinquenta lançamentos por ano, com a esperança de diminuir o custo por
missão.
O número de lançamentos, porém, fica extremamente aquém do imaginado.
1972 (14 a 25 de fevereiro) – Missão da Luna 20. Após a inserção orbital (18 de fevereiro)
e 36 órbitas completadas, pousa (21 de fevereiro) nas montanhas Apollonius, perto do Mar
da Fertilidade. No dia 22, uma cápsula contendo 55g de partículas rochosas lunares começa
a viagem de volta, pousando 40km ao norte de Dzhezkazgan, no Casaquistão. A cápsula é
recuperada em 26 de fevereiro.
1972 (2 de março) – É lançada, com destino a Júpiter, a sonda estadunidense Pioneer 10,
primeiro artefato humano enviado às regiões exteriores do Sistema Solar. Em sua fase
interplanetária (antes e depois da passagem por Júpiter), os objetivos da missão são:
Mapear o campo magnético do meio interplanetário; Verificar as alterações do vento solar
ao longo das diversas distâncias analisadas; Medir os raios cósmicos originários do Sistema
Solar e de fora dele; Estudar as interações entre o campo magnético interplanetário, o vento
solar e os raios cósmicos; Estudar a heliosfera (região sob a influência do vento solar e do
campo magnético do Sol); Medir as quantidades de hidrogênio não ionizado no meio
interplanetário; Medir as quantidades de partículas; Estudar o cinturão de asteroides. A fase
joviana da missão tem por objetivos: Mapear o campo magnético de Júpiter; Mapear as
energias dos prótons e dos elétrons ao longo da trajetória da sonda pelo sistema; Verificar a
existência de auroras; Obter informação sobre as causas para as ondas de rádio de Júpiter;
Mapear a interação entre o campo magnético joviano e o vento solar; Medir a temperatura
da atmosfera de Júpiter; Determinar a composição e a estrutura das altas camadas da
atmosfera do planeta; Medir a estrutura térmica daquele astro; Obter imagens do sistema;
Sondar a atmosfera de Júpiter com ondas de rádio na altura da ocultação e Realizar o
mesmo em Io; Investigar as características físicas e químicas dos satélites de Júpiter;
Calcular com maior precisão as massas de Júpiter e dos quatro maiores satélites; Fornecer
informação mais precisa para o cálculo das efemérides dos principais corpos do sistema. A
Pioneer 10, assim como sua gêmea Pioneer 11, tem massa de 258kg e está equipada com
dois magnetômetros, um analisador de plasma, um detector de radiação capturada, um
radiômetro de infravermelhos, um sensor para a detecção de asteroides e uma placa sensora
de impactos de meteoritos, um telescópio de raios cósmicos e outros instrumentos para
captação de imagens.
Ambas as sondas carregam uma placa dourada (22,9 x 15,2cm) com as figuras de um
homem e uma mulher nus e uma série de símbolos que remetem à origem das naves, para o
caso de algum dia serem interceptadas por extraterrestres inteligentes.
1972 (16 de abril) – É lançada a Apollo 16, quinta missão tripulada do projeto a pousar na
Lua. A tripulação é formada por John Young – comandante –, Charles Duke Jr. – piloto do
módulo lunar – e Thomas Mattingly – piloto do módulo de comando. O Módulo de
Comando chama-se Casper e o Módulo Lunar, Orion.
1972 (20 de abril) – A Apollo 16 pousa na Lua, na região de Descartes, uma área
puramente montanhosa. Os astronautas percorrem 26,7km no veículo lunar incluído nesta
missão.
1972 (15 de julho) – A Pioneer 10 torna-se a primeira nave espacial a atingir o cinturão de
asteroides.
1972 (21 de agosto) – É lançado o satélite estadunidense OAO-3, último e mais bem-
sucedido da série. Depois do lançamento, passa a se chamar Copérnico, para celebrar os
quinhentos anos do nascimento do cientista polonês. Obtém espectros em alta resolução de
centenas de estrelas e faz observações detalhadas em raios X. Descobre vários pulsares de
longo período, com tempos de rotação de vários minutos, em lugar dos tradicionais
segundos (ou até menos de 1 segundo).
Permanece operacional até fevereiro de 1981.
1972 (15 de novembro) – É lançado o Small Astronomy Satellite 2, ou SAS 2 (EUA), que
realiza o primeiro estudo sistemático do céu em raios gama.
Dados são transmitidos à Terra até 8 de junho de 1973.
1972 (7 de dezembro) – É lançada a Apollo 17, sexta e última missão tripulada do projeto
Apollo para a Lua. A tripulação é formada por Eugene Cernan – comandante –, Harrison
Schmitt – piloto do módulo lunar – e Ronald Evans (1933-1990) – piloto do módulo de
comando. O Módulo de Comando chama-se America e O Módulo Lunar, Challenger.
É o primeiro lançamento noturno de uma nave tripulada estadunidense e o último
lançamento de um foguete Saturno V em missões com tripulantes.
Pouco mais de cinco horas após o lançamento, e a aproximadamente 45.000km do nosso
planeta, é tirada a famosa foto “A Bolinha Azul” (The Blue Marble), em que aparece o
disco azulado da Terra de forma nítida. Trata-se de uma das fotografias mais divulgadas de
todos os tempos e tem um impacto muito grande para o aparecimento de uma cultura
ecológica nos anos seguintes.
1973 – Jeremiah Ostriker e James Peebles descobrem que a quantidade de matéria visível
nos discos das galáxias espirais típicas não é suficiente para a gravitação Newtoniana
impedir os discos de se romperem violentamente ou mudarem drasticamente de forma.
1973 – Por meio de medições do campo magnético interplanetário durante três períodos de
rotação solar (cada um deles de 27 dias), descobre-se que ele pode orientar-se tanto na
direção do Sol quanto na trajetória oposta. Essa característica significa que no meio
interplanetário se formam, no curso de uma rotação solar, de dois a seis setores onde o
campo magnético se mostra alternadamente positivo (orientado para o exterior) e negativo
(orientado para o Sol).
1973 - Elizabeth Chesley Baity utiliza, pela primeira vez, o termo arqueoastronomia, ramo
do conhecimento que estuda a maneira pela qual povos do passado entendiam os
fenômenos celestes e o papel desempenhado pelo estudo do céu nas diversas culturas
populares antigas.
1973 (8 de janeiro) – É lançada a Luna 21. Após a inserção orbital (12 de janeiro) e 40
órbitas, pousa (15 de janeiro) na cratera Le Monnier, entre o Mar da Serenidade e as
montanhas Taurus. Os objetivos principais são realizar imagens da superfície e testar os
níveis de luminosidade, a fim de determinar as condições de visibilidade para observações
astronõmicas feitas a partir da Lua.
A Luna 21 carrega o veículo de exploração Lunokhod 2 (840kg), que, até 9 de maio, realiza
80.000 imagens de televisão, tira 86 fotos panorâmicas, faz centenas de análises químicas e
mecânicas do solo e viaja 37km pela superfície lunar.
Massa: 5.950kg; duração da missão: 146 dias (até 3 de junho de 1973).
1973 (15 de fevereiro) – A Pioneer 10 sai da faixa de asteroides sem ter sofrido qualquer
dano, comprovando assim a inexistência da temida concentração de poeira cósmica naquela
região.
1973 (5 de abril) – É lançada a sonda estadunidense Pioneer 11, com destino a Júpiter e
Saturno.
1973 (11 de maio) – É lançada uma estação espacial soviética do Programa Salyut. Uma
falha do sistema de controle de voo faz com que todo o combustível seja queimado antes de
a nave atingir a órbita prevista, e ela queima ao reentrar na atmosfera, em 22 de maio.
Esta estação deveria se chamar Salyut 3, mas, devido à falha, e como já havia sido
detectada por radares ocidentais, recebe o nome de Kosmos 557.
1973 (14 de maio) – É lançada, pelos EUA, a Estação Espacial Skylab, composta de cinco
partes: um telescópio (ATM); um adaptador para acoplagem múltipla (MDA); um módulo
selado (AM); uma unidade de instrumentos (IU); e um espaço de trabalho orbital (OWS).
1973 (25 de maio a 22 de junho) – Missão da Skylab 2, que leva os primeiros tripulantes à
estação espacial Skylab, sendo eles Charles Conrad (1930-1999) - Comandante -, Paul
Weitz - Piloto - e Joseph Kerwin - Cientista. A principal tarefa dessa tripulação é reparar a
Skylab: a proteção contra meteoritos e raios solares e as placas de captação de energia solar
haviam sido destruídas durante a decolagem, e o painel solar principal estava travado. Os
reparos (os primeiros numa estação em órbita) são realizados com sucesso ao longo de três
atividades extraveiculares (5h41min no total). Os astronautas realizam experimentos
médicos (392 horas de experimentos ao todo), além de colher informações sobre o Sol
(29.000 imagens) e a Terra. Eles dobram o recorde de permanência no espaço, até então
pertencente aos tripulantes da Gemini 7. Esta é a primeira tripulação de uma estação
espacial a voltar com vida (os ocupantes da Salyut 1 haviam morrido durante o regresso à
Terra).
Massa: 19.979kg; duração da missão: 28d00h49min49s; órbitas terrestres: 404; apogeu:
438km; perigeu: 428km; distância percorrida: 18.536.730,9km.
1973 (28 de julho a 25 de setembro) - Missão da Skylab 3, que leva à estação homônima a
segunda tripulação, composta por Alan Bean - Comandante -, Jack Lousma - Piloto - e
Owen Garriott - cientista. São realizadas muitas experiências científicas, destacando-se:
estudo da saúde dental, adaptação psicológica humana ao espaço, estudo de cobaias de
laboratório e de características de células do pulmão humano na microgravidade. São
realizadas três atividades extraveiculares, num total de 13h43min, durante as quais ocorre a
instalação de protetores solares contra micrometeoritos.
Massa: 20.021kg; duração da missão: 59d11h9min01s; órbitas terrestres: 858; distância
percorrida: 39.400.000km.
1973 (27 a 29 de setembro) – Missão da Soyuz 12, primeiro voo tripulado da URSS depois
da morte dos três cosmonautas da Soyuz 11 (junho de 1971). A Soyuz 12 é tripulada por
Vasili Lazarev (1928-1990) - comandante – e Oleg Makarov (1933-2003) - engenheiro de
voo. A capacidade da cáppsula é reduzida de três para dois tripulantes, a fim de que os
cosmonautas possam usar trajes espaciais no lançamento, na reentrada e durante as
acoplagens (a próxima missão Soyuz com três tripulantes é a Soyuz T-3 - 27 de novembro a
10 de dezembro de 1980). O objetivo da missão era a acoplagem com uma estação Salyut,
mas as falhas recentes da Salyut 2 e da Cosmos 557 permitem apenas orbitar a Terra. A
nave não tem painéis solares, sendo a energia fornecida por baterias, o que reduz
significativamente o tempo possível da missão.
A Soyuz 12 completa 31 órbitas em 1d23h15min32s.
1973 (16 de novembro) - É lançada a Skylab 4, que leva à estação homônima a sua terceira
e última tripulação, composta por Gerald Carr - Comandante -, William Pogue - Piloto - e
Edward Gibson – Cientista. É a primeira missão espacial a fazer (13 de dezembro)
observações em órbita de um cometa (Kohoutek). Ocorrem quatro atividades
extraveiculares, num total de 16h22min. São feitas mais de 75.000 imagens da Terra e do
Sol.
O retorno à Terra ocorre em 8 de fevereiro de 1974. Mais um recorde de permanência no
espaço é batido.
Massa: 20.847kg; duração da missão: 84d01h15min30s; órbitas terrestres: 1.214; distância
percorrida: 55.500.000km.
1973 (26 de novembro) – A uma distância de 6,4 milhões de km de Júpiter, tem início a
missão científica propriamente dita da Pioneer 10. No dia seguinte, a sonda penetra na
magnetosfera do planeta.
1973 (18 a 26 de dezembro) – Missão da Soyuz 13, tripulada por Pyotr Klimuk –
comandante – e Valentin Lebedev – engenheiro de voo. A nave é especialmente modificada
para transportar o observatório espacial Orion 2 (240kg, espelho primário de 30cm), que
estuda milhares de estrelas em ultravioleta e faz observações do cometa Kohoutek. O Orion
2 volta à Terra com a Soyuz.
1974 – Robert Wagoner, William Fowler e Fred Hoyle mostram que o Big Bang quente
prevê as abundâncias corretas de deutério e lítio.
1974 – O físico teórico inglês Stephen Hawking calcula que buracos negros devem
termicamente criar ou emitir partículas subatômicas, conhecidas como "radiação Hawking”.
1974 (10 de fevereiro) – A sonda soviética Marte 4, lançada em 21 de julho de 1973, não
consegue entrar em órbita marciana e passa a 2.000km do planeta. Transmite alguns dados
de radio-ocultação, a primeira detecção da ionosfera durante a noite marciana.
1974 (12 de fevereiro) – A Marte 5, lançada em 25 de julho de 1973, é inserida numa órbita
marciana fortemente elíptica (1.755 x 32.555km) e período orbital (24h53min) quase igual
ao de rotação do planeta. Cerca de 60 imagens são colhidas ao longo de 22 órbitas,
incluindo a área ao sul do Valles Marineris.
1974 (13 e 15 de fevereiro) - Bruce Balick e Robert Brown descobrem Sagittarius A*, uma
fonte de rádio brilhante e muito compacta localizada no centro da Via Láctea. Faz parte de
um objeto astronômico maior denominado Sagittarius A. Acredita-se que Sagittarius A*
abriga um buraco negro supermassivo, como acontece no centro da maioria das galáxias
espirais e elípticas. Cálculos feitos por diferentes equipes situam a massa desse buraco
negro entre 4,1 e 4,3 milhões de massas solares.
1974 (27 de março) – Dois dias antes de a Mariner 10 sobrevoar Mercúrio, instrumentos
terrestres detectam a presença de quantidades anormais de radiação ultravioleta nas
proximidades do planeta. Alguns astrônomos sugerem a hipótese de se tratar de um satélite,
sobretudo porque a velocidade estimada do objeto é de 4km/s, compatível com uma suposta
lua girando em torno de Mercúrio. A radiação desaparece no dia seguinte, sendo novamente
detectada em 31 de março. Investigações posteriores apontam a estrela 31 Crateris como a
origem provável dessa radiação.
O satélite de Mercúrio não existe, mas descobre-se que, ao contrário do que se pensava, a
radiação ultravioleta não é totalmente absorvida pelo meio interestelar.
1974 (29 de março) – A Mariner 10 sobrevoa Mercúrio pela primeira vez, à distância de
704km, e faz as primeiras imagens (poucas) do planeta.
Com diâmetro de 4.879,4km e ocupando um volume de 60,83 bilhões de km3 (5,4% do da
Terra), Mercúrio é o planeta mais próximo do Sol e o menor do Sistema Solar. A área da
superfície é de 74,8 milhões de km2 (14,7% da terrestre). Tem massa de 330,22 quintilhões
de toneladas (5,5% da massa da Terra) e densidade média de 5,427g/cm3 (segundo mais
denso do Sistema Solar, depois da Terra). Gira em torno do Sol, à distância média de
57.909.100km (varia entre 46.001.200 e 69.816.900km), em 87,969 dias terrestres (0,241
ano), ou 1,5 dia mercuriano, à velocidade média de 172.300km/h. Completa uma rotação
(10,892km/h) em 58d15h30min. Tem a gravidade mais fraca de todos os planetas,
equivalente a 37% da terrestre, o que faz com que a velocidade de escape também seja a
mais baixa: 4,25km/s. De todos os planetas que orbitam o Sol, Mercúrio é aquele que tem
maior amplitude térmica: a temperatura oscila entre -190°C (à noite) e 430°C (durante o
dia). A atmosfera mercuriana é muito tênue e está composta sobretudo por oxigênio
molecular (42%), sódio (29%), hidrogênio (22%) e hélio (6%). Por estar muito próximo do
Sol, Mercúrio pode ser visto apenas ao amanhecer e ao entardecer, e a magnitude aparente
varia entre -2,6 e +5,7. O planeta não tem satélites.
Mercúrio é o nome latino de Hermes, deus grego dos viajantes e dos comerciantes. Muito
veloz, era também mensageiro do Olimpo, sendo esta uma possível razão para o seu nome
ter sido dado ao planeta, o mais rápido dentre os astros que orbitam o Sol.
1974 (2 de junho) – A Luna 22, lançada em 29 de maio, é inserida na órbita da Lua. Faz
experiências com mudanças de curso em órbita. É a última missão orbital enviada à Lua
pela União soviética ou pela Rússia.
Massa: 5.700kg; duração da missão: 521 dias (até 1º de novembro de 1975); órbitas: 3.875.
1974 (25 de junho) – É lançada a estação espacial Salyut 3, integrante do programa militar
soviético Almaz. A bordo está um telescópio bastante potente, utilizado em observações
terrestres de reconhecimento.
A Soyuz 14 (missão de 3 a 19 de julho), tripulada por Pavel Popovich (1930-2009) –
comandante – e Yuri Artyukhin (1930-1998) – engenheiro de voo – é a única a se acoplar à
Salyut 3 e a primeira missão bem-sucedida da URSS a uma estação espacial.
A Soyuz 15 (26 a 28 de agosto), tripulada por Gennadi Sarafanov (1942-2005) –
comandante – e Lev Dyomin (1926-1998) – engenheiro de voo -, não consegue se acoplar e
volta à Terra.
A reentrada (sobre o Oceano Pacífico) ocorre em 24 de janeiro de 1975.
Massa: 18.900kg; comprimento: 14,55m; fiâmetro máximo: 4,15m; volume pressurizado:
90m3; dias em órbita: 213; dias ocupada: 15.
1974 (21 de setembro) – A Mariner 10 sobrevoa Mercúrio pela segunda vez, à distância de
48.069km. Nesta passagem, assim como na seguinte, obtém-se um conjunto de imagens
(mais de 2.800 ao todo) detalhadas do planeta, mas que, devido à geometria da órbita,
apenas permite a observação de menos de metade da superfície total.
1974 (10 de dezembro) – É lançada a sonda Helios-A, uma cooperação entre a NASA e a
Alemanha Ocidental, cujo objetivo é estudar o Sol e o ambiente que o cerca. Estabelece a
maior velocidade já atingida por uma sonda espacial: 252.792km/h, feito que será
posteriormente repetido pela Helios-B.
Massa: 370kg; duração da missão: 16 de janeiro de 1975 a 18 de fevereiro de 1985.
1974 (26 de dezembro) – É lançada a Salyut 4, estação espacial soviética com finalidades
civis. Entre os instrumentos a bordo estão detectores de raios X e três telescópios.
1975 – São feitos os primeiros testes de um protótipo de veículo espacial reutilizável (space
shuttle), acoplado a um avião Boeing adaptado a experimentos de voo a grande altitude. O
objetivo é testar a aerodinâmica e a dirigibilidade do Ônibus Espacial.
1975 – A astrônoma estadunidense Jill Tarter propõe a denominação anãs marrons para os
corpos celestes batizados de anãs negras por Shiv Kumar na década de 1960. Trata-se de
objetos com massa subestelar, incapazes, portanto, de manter reações contínuas de fusão de
hidrogênio em seus núcleos. Acredita-se que a massa das anãs marrons esteja
compreendida entre 13 e 75-80 massas jupiterianas. Esses astros são por vezes chamados de
estrelas fracassadas, porque, por um lado, são compostas dos mesmos materiais que estrelas
como o Sol, mas têm massa insuficiente para brilhar, e, de outra parte, assemelham-se a
planetas gigantes gasosos, como Júpiter. São, pois, uma espécie de elo entre estrelas e
planetas.
1975 (11 de janeiro a 9 de fevereiro) – Missão da Soyuz 17, a primeira das duas missões de
longa duração enviadas à Salyut 4. Os tripulantes são Aleksei Gubarev – comandante – e
Georgi Grechko – engenheiro de voo.
1975 (16 de março) – A Mariner 10 sobrevoa Mercúrio pela terceira e última vez, à
distância de 327km.
Ao longo dos três sobrevoos, a sonda faz as únicas imagens até então obtidas da superfície
mercuriana, revelando algumas semelhanças com a lunar. Descobre que o planeta tem uma
atmosfera tênue, um campo magnético e um grande núcleo rico em ferro.
1975 (24 de março) – A Mariner 10 perde contato com a Terra, e encerra-se assim a missão
e o programa homônimo. A sonda está hoje em órbita solar.
1975 (7 de maio) – É lançado o Small Astronomy Satellite 3, ou SAS-3 (EUA), que realiza
importantes estudos do céu em raios X. Entre outras descobertas, identifica a ligação entre
fontes de raios X e estrelas de nêutrons binárias, determina que a frequência de fontes de
raios X aumenta em regiões próximas ao centro de aglomerados globulares e estabelece as
posições de grande número de objetos que emitem em raios X.
Permanece operacional até abril de 1979.
1975 (24 de maio a 26 de julho) – Missão da Soyuz 18, a segunda de longa duração à
Salyut 4, que estabelece o recorde soviético de permanência no espaço até então: 63 dias.
Os cosmonautas substituem ou consertam diversos equipamentos. Realizam também
experimentos com plantas, insetos e experimentos médicos. São enviadas à Terra cerca de
2.000 fotografias da Terra e 600 do Sol.
A tripulação é formada por Pyotr Klimuk – comandante – e Vitali Sevastyanov
(1935-2010), engenheiro de voo.
1975 (31 de maio) – É oficialmente criada, com sede em Paris, a Agência Espacial
Europeia (ESA – European Space Agency -, na sigla em inglês; em alemão, Europäische
Weltraumorganisation; em francês, Agence spatiale européenne). São dez os países
fundadores: Alemanha, Bélgica, Dinamarca, Espanha, França, Itália, Países Baixos, Reino
unido, Suécia e Suíça. Posteriormente, mais dez nações aderem à ESA: Irlanda (1980),
Áustria (1986), Noruega (1986), Finlândia (1995), Portugal (2000), Grécia (2005),
Luxemburgo (2005), República Tcheca (2008), Romênia (2011), Polônia (2012).
O Canadá é membro associado desde 1979.
1975 (8 e 14 de junho) – São lançadas, com destino a Vênus, as sondas soviéticas Venera 9
e Venera 10, cada uma formada por um módulo orbital e um módulo de descida. A Venera
9 tem massa total de 9.936kg, e a Venera 10, de 5.033kg.
1975 (17 a 19 de julho) – Missão conjunta de uma nave Apollo (por vezes denominada
Apollo 18) e uma nave Soyuz (Soyuz 19), a primeira cooperação efetiva entre EUA e
URSS no espaço. Durante as 44 horas em que permanecem acopladas, os comandantes
Stafford e Leonov trocam um aperto de mãos histórico, e os tripulantes das duas naves
trocam bandeiras e presentes (incluindo sementes posteriormente plantadas em ambos os
países), realizam experimentos científicos conjuntos, visitam as naves uns dos outros, falam
inglês e russo e fazem refeições em comum.
NO dia 18, o presidente estadunidense Gerald Ford (1913-2006) fala aos tripulantes de
ambas as naves.
Depois do desacoplamento, a Apollo manobra de modo a causar um eclipse artificial do
Sol, para que os cosmonautas da Soyuz possam tirar fotografias da coroa solar.
Apollo (missão de 15 a 24 de julho - 9d01h28min) – Tripulantes: Thomas P. Stafford –
comandante -, Vance D. Brand – piloto do módulo de comando – e Donald K. Slayton
(1924-1993) – piloto do módulo de acoplamento; massa: 16.768kg; órbitas: 148; perigeu:
217km; apogeu: 231km; distância percorrida: 5.990.000km.
É a última missão Apollo, e a última missão tripulada estadunidense até o primeiro voo de
um ônibus espacial (1981).
Soyuz (missão de 15 a 21 de julho - 5d22h30min); tripulação: Alexei Leonov – comandante
– e Valeri Kubasov – engenheiro de voo; massa: 6.790kg; órbitas: 96; perigeu: 218km;
apogeu: 231km; distância percorrida: 3.900.000km.
É o fim da corrida espacial, iniciada com o lançamento do Sputnik 1 (1957).
1975 (9 de agosto) – É lançado o Cos-B, primeiro satélite da ESA, cujo objetivo é estudar o
céu em raios gama. O Cos-B descobre cerca de 25 fontes de raios gama e produz um mapa
da Via Láctea nesse comprimento de onda.
A missão termina em 25 de abril de 1982.
1975 (20 de agosto) – É lançada, do Cabo Canaveral, acoplada a um foguete Titã, a sonda
estadunidense Viking 1, com destino a Marte. Compõe-se de um módulo orbital (883kg) e
um módulo de descida (572kg).
1975 (20 de outubro) – A sonda soviética Venera 9 é inserida na órbita de Vênus, sendo a
primeira a orbitar aquele planeta. Dados são transmitidos até 25 de dezembro.
1975 (26 de novembro) – A China lança seu primeiro satélite recuperável, que volta à Terra
três dias depois, e se transforma no terceiro país do mundo a conseguir esta façanha.
1976 (15 de janeiro) – É lançada a sonda Helios-B, com o objetivo de estudar o Sol e o
entorno. Em 17 de abril, a Helios-B chega a 43.432.000km do Sol, recorde de aproximação
que se mantém até hoje.
Massa: 370kg; duração da missão: 21 de julho de 1976 a 23 de dezembro de 1979.
1976 (19 de junho) – O módulo orbital da Viking 1 é inserido com sucesso numa órbita
marciana com periastro (ponto mais próximo do planeta) de 320km e apoastro (ponto mais
distante do planeta) de 56.000km.
1976 (22 de junho) – É lançada a Salyut 5, última das três estações espaciais integrantes do
programa militar soviético Almaz.
Duas naves se acoplam à Salyut 5: A Soyuz 21 (missão de 6 de julho a 24 de agosto),
tripulada por Boris Volynov – comandante – e Vitaly Zholobov – engenheiro de voo -, que
volta à Terra antes do previsto, por razões nunca totalmente esclarecidas, e a Soyuz 24 (7 a
25 de fevereiro de 1977), tripulada por Viktor Gorbatko – comandante – e Yuri Glazkov
(1939-2008) – engenheiro de voo -, a última puramente militar a uma estação espacial
soviética.
A reentrada ocorre em 8 de agosto de 1977.
Massa: 19.000kg; comprimento: 14,55m; diâmetro: 4,15m; volume pressurizado: 90m3;
dias em órbita: 412; dias ocupada: 67; órbitas terrestres: 6.666; distância percorrida:
270.409.616km.
1976 (20 de julho) – O módulo de descida da Viking 1 pousa nas encostas ocidentais de
Chryse Planitia. Logo começa sua procura de microorganismos marcianos e envia para a
Terra imagens em cores do cenário à sua volta. É através delas que os cientistas veem que o
céu de Marte tem uma cor rosada, e não azul-escura, como eles pensavam anteriormente. (a
cor rosa observada é o reflexo da luz solar nas partículas de poeira avermelhadas da
atmosfera rarefeita). O módulo desce num local de areia vermelha e rochas soltas, que se
estende até onde suas câmeras podem alcançar.
É a primeira sonda estadunidense enviada para pousar em Marte e a primeira nave a
concluir com sucesso uma missão em solo marciano.
1976 (25 de julho) – A Viking 1 fotografa uma formação rochosa na região marciana de
Cydonia, na qual muitos julgam ver um rosto humano esculpido artificialmente. Surgem
especulações sobre vida em Marte e acerca de segredos descobertos e não revelados pela
Nasa.
1976 (7 de agosto) – O módulo orbital da Viking 2 é inserido numa órbita marciana com
periastro de 302km e apoastro de 33.176km.
1976 (9 a 22 de agosto) – Missão da Luna 24, a última da série, que é a terceira (depois das
Lunas 16 e 20) a trazer material da superfície da Lua (170g), retirado do Mar da Crise. A
inserção orbital ocorre em 14 de agosto. No dia 18, após 48 órbitas, a sonda pousa na Lua.
Um dia mais tarde, começa o retorno à Terra. É a última sonda lunar lançada pela URSS.
A próxima nave a executar um pouso suave na Lua é a chinesa Chang’e 3, em 14 de
dezembro de 2013.
1977 – No livro “The Dragons of Éden” (“Os Dragões do Éden”), o divulgador científico e
astrônomo estadunidense Carl Sagan (1934-1996) apresenta o conceito de calendário
cósmico, escala em que todo o tempo de existência do universo é colocado num único ano.
O objetivo do cientista é demonstrar quão vasta é, em termos cronológicos, a história do
Cosmos. Os dados mais recentes de que dispomos indicam que o Universo foi formado há
13,8 bilhões de anos; assim, um segundo do calendário cósmico corresponde a 437 anos da
história do Universo. As vidas humanas mais longas duram por volta de 25 centésimos de
segundo (mais ou menos o tempo de um piscar de olhos).
Algumas datas importantes do calendário cósmico são: 01/01, 0h00min: Big Bang; 11/05:
formação da Via Láctea; 1º/09: formação do Sol (logo seguida da formação dos planetas e
da Lua); 16/09: rochas terrestres mais antigas; 21/09: vida primitiva na Terra
(procariontes); 12/10: fotossíntese; 29/10: oxigenação da atmosfera; 8 /11: células
complexas (eucariontes); 5/12: vida pluricelular: 14/12: animais simples (artrópodes,
aracnídeos); 18/12: peixes e protoanfíbios; 20/12: plantas terrestres; 21/12: insetos e
sementes; 22/12: anfíbios; 23/12: répteis; 26/12: mamíferos; 27/12; aves; 28/12: flores;
30/12: extinção dos dinossauros, surgimento dos primatas; 31/12: 14h24min, hominídeos;
22h24min, humanos primitivos, instrumentos de pedra; 23h44min, controle do fogo;
23h52min, humanos modernos; 23h55min, início da última glaciação; 23h59min32s,
agricultura; 23h59min47s, surgimento da escrita (fim da Pré-História, início da História);
23h59min55s, cristianismo.
1977 (10 de março) - James L. Elliot (1943-2011), Edward W. Dunham e Douglas J. Mink
descobrem cinco anéis em torno de Urano (posteriormente, encontram mais quatro). A
descoberta é casual, uma vez que o verdadeiro objetivo da investigação, feita no Kuiper
Airborne Observatory, é observar a ocultação da estrela SAO 158687 por Urano, para
estudar a atmosfera do planeta.
Hoje conhecem-se 13 anéis de Urano.
1977 (25 de maio) - É lançado o filme “Star Wars” (“Guerra nas Estrelas”), escrito e
dirigido pelo cineasta estadunidense George Lucas. Vencedor de seis Oscars e com mais
quatro indicações, é considerado por muitos um dos filmes mais influentes da história do
cinema. Com o posterior lançamento da continuação da saga, o filme original recebe, em
1981, o subtítulo “Episódio IV: Uma Nova Esperança”. “Guerra nas Estrelas” serve de
inspiração para muitos filmes e livros de ficção científica.
1977 (20 de agosto) – É lançada a sonda estadunidense Voyager 2 (antes da Voyager 1),
com destino a Júpiter, Saturno, Urano e Netuno.
1977 (29 de setembro) – É lançada a estação espacial soviética Salyut 6, que apresenta
vários avanços em relação às Salyuts anteriores. O principal deles é um segundo ponto de
acoplamento, o que permite missões regulares de naves Progress de reabastecimento. Com
isso, torna-se possível passar de visitas de curta duração a expedições bem mais longas,
marcando o começo da transição para estações espaciais multimodulares de pesquisa de
longo período.
Ademais, a Salyut 6 conta com um novo sistema de propulsão e com um telescópio
multiespectral capaz de fazer observações em vários comprimentos de onda.
Ao longo de cinco anos, vários recordes de permanência no espaço são quebrados. Além de
russos, a estação hospeda cosmonautas de Hungria, Polônia, Romênia, Cuba, Mongólia,
Vietnam e Alemanha Oriental. Doze naves Progress de carga entregam mais de 20t de
equipamento, suprimentos e combustível.
1977 (18 de outubro) – Charles T. Kowal (1940-2011) descobre 2060 Quíron (ou Chiron),
primeiro componente conhecido de um grupo de objetos com órbitas entre Saturno e Urano
chamados Centauros, por apresentarem características tanto de cometa como de asteroide
(centauros são criaturas da mitologia grega com torso e cabeça humanos e corpo de cavalo).
O nome refere-se a Quíron, centauro famoso por seus conhecimentos e habilidade em
medicina.
Diâmetro: 233km; período orbital: 18.539 dias (50,76 anos); distância média do Sol: 2,051
bilhões de km (varia entre 1,273 e 2,826 bilhões de km).
De acordo com estimativas modernas, existem no Sistema Solar 44.000 centauros com
diâmetro superior a 1km.
1977 (19 de dezembro) – A Voyager 1, lançada numa trajetória mais direta, ultrapassa a
Voyager 2.
1978 – A astrônoma estadunidense Sandra Faber publicA um trabalho no qual mostra que a
velocidade de rotação de galáxias espirais corresponde a uma concentração de massa maior
do que a inferida por observações da luz emitida pela galáxia. Essa discrepância fica
conhecida como O problema da massa faltante.
1978 – Vera Rubin, Kent Ford, N. Thonnard e Albert Bosma medem as curvas de rotação
de várias galáxias espirais e encontram desvios importantes relativamente ao que é previsto
pela gravitação Newtoniana de estrelas visíveis. Esse fenômeno fica conhecido como
“problema da rotação galáctica”.
1978 (20 de janeiro) – É lançada, por um foguete Soyuz-U, a Progress 1, nave descartável
de carga russa (capacidade para 2.300kg) desenhada para levar suprimentos às estações
Salyut. Após permanecer acoplada por quinze dias (22 de janeiro a 6 de fevereiro),
desintegra-se ao reentrar na atmosfera, dois dias depois. Com algumas modificações, as
naves Progress (posteriormente adaptadas para servir a Mir e a ISS) continuam sendo
utilizadas.
1978 (26 de janeiro) – É lançado o International Ultraviolet Explorer (IUE), uma missão
conjunta da NASA e da ESA. Com massa de 672kg, é colocado numa órbita
geoestacionária com perigeu de 26.000km e apogeu de 42.000km. É o primeiro
observatório espacial a ser operado em tempo real a partir de estações de controle na Terra.
Durante os dezoito anos em que permanece ativo (até setembro de 1996), realiza mais de
104.000 observações, que incluem desde corpos do Sistema Solar até quasares distantes.
Entre os principais resultados científicos estão os primeiros estudos em larga escala dos
ventos interestelares, medições acuradas da maneira como a poeira interestelar absorve a
luz e observações da supernova SN 1987ª que colocam em causa alguns pontos da teoria da
evolução das estrelas.
1978 (22 de junho) – É descoberto Caronte, primeiro satélite conhecido de Plutão, pelo
astrônomo estadunidense James Christy, do Naval Observatory, em Flagstaff, Arizona.
Com diâmetro de 1.207km, massa de 1,52 quintilhão de toneladas, densidade de 1,65g/cm3
e orbitando Plutão à distância média de 19.571km, Caronte tem uma característica única no
Sistema Solar: uma rotação duplamente síncrona, ou seja, além de girar em torno de si
mesmo e de Plutão exatamente no mesmo espaço de tempo, esse tempo ainda é igual ao da
rotação plutoniana: 6d9h17min36s. Disso resulta que Caronte apresenta sempre a mesma
face a Plutão, e sempre ao mesmo hemisfério. Um hipotético observador colocado na
superfície de Plutão veria Caronte o tempo inteiro (jamais se poria) se estivesse no
hemisfério acima do qual o satélite orbita, ou então nunca o veria, caso estivesse no
hemisfério oposto.
A descoberta de Caronte permite, pela primeira vez, medir a massa de Plutão
(aproximadamente 0,2% da terrestre). As estimativas vinham diminuindo ao longo do
século (em 1931, pensava-se que a massa plutoniana era igual à da Terra), e a compreensão
das reais dimensões do astro faz com que alguns cientistas comecem a observar mais
atentamente as diferenças entre Plutão e os demais planetas do Sistema Solar.
1978 (25 de julho) – Terminam as operações do módulo orbital da Viking 2, tendo sido
completadas 706 órbitas marcianas e enviadas à Terra quase 16.000 imagens.
1978 (outubro) - Arno Penzias e Robert Wilson são anunciados como ganhadores do
prêmio Nobel de Física por terem descoberto (1965) a radiação cósmica de fundo,
remanescente do Big Bang.
1979 – Peter Goldreich e Scott Tremaine propõem a ideia de satélites pastores para explicar
por que os anéis de Urano são tão estreitos. Trata-se de pequenos satélites que têm sua
órbita próxima a anéis planetários e confinam estes anéis através de interações
gravitacionais.
satélite pastor é uma lua de um planeta que está em órbita lado a lado com um anel daquele
planeta. A força gravitacional do satélite confina o anel, dando a ele uma borda nítida.
Satélites pastores existem também em Saturno e Netuno.
1979 (7 de fevereiro) –Plutão passa a estar, por vinte anos (até 11 de fevereiro de 1999),
mais próximo do Sol do que Netuno. Isso ocorre uma vez em cada translação de Plutão
(248 anos), pois a órbita deste planeta anão é tão elíptica que o leva a uma distância ao Sol
inferior à de Netuno.
1979 (7 de março) – É anunciada a descoberta, feita três dias antes graças às imagens
transmitidas pela Voyager 1, de um tênue anel em torno de Júpiter, o qual faz parte de um
sistema de anéis de partículas sólidas que circunda o planeta na região equatorial.
1979 (11 de julho) – ocorre a reentrada controlada da estação espacial Skylab na atmosfera
terrestre. Ela cai no Oceano Índico, nas proximidades da cidade australiana de Perth.
Fragmentos atingem a costa, e a cidade de Esperance, a título de brincadeira, multa a
NASA em 400 dólares australianos por jogar lixo em local público. A multa é paga em
abril de 2009.
Massa: 77.088kg; comprimento: 26,3m; largura: 17m; altura: 7,4m; espaço pressurizado:
319,8m3; dias em órbita: 2.249; dias ocupada: 171; órbitas terrestres: 34.981; distância
percorrida: 1,4 bilhão de km.
1979 (19 de dezembro) – É lançada a sonda não tripulada Soyuz T-1, a primeira da nova
geração Soyuz da série T. No mesmo dia, acopla-se automaticamente à Salyut 6, onde
permanece até 23 de março de 1980, voltando em seguida à Terra e sendo recolhida dois
dias depois.
A Soyuz T (com “T” significando “transportny”, transporte) apresenta melhorias no sistema
de acoplamento, um novo módulo de serviço, painéis solares (inexistentes na Soyuz),
capacidade para mais combustível e maior comodidade para os tripulantes.
1980 (1º de março) – P. Laques e J. Lecacheux descobrem Helena, décimo segundo satélite
conhecido de Saturno.
Diâmetro: 43,4 x 38,2 x 26km; período orbital: 2,736 dias; distância média do planeta:
377.396km.
1980 (18 de março) – Cinquenta técnicos morrem no centro espacial Plesetsk, Rússia,
depois da explosão de um propulsor que estava sendo abastecido. O incidente só é relatado
em 1989.
1980 (10 de abril) – Os cosmonautas Leonid Popov e Valery Ryumin chegam à Salyut 6 a
bordo da Soyuz 35, lançada no dia anterior, e formam a tripulação com permanência mais
longa na estação: ficam no espaço 185 dias. Em 19 de julho, durante a cerimônia de
abertura dos Jogos Olímpicos de Moscou, participam de uma transmissão ao vivo:
aparecem no placar eletrônico e suas vozes são reproduzidas pelos alto-falantes do Estádio
Olímpico. Voltam à Terra na Soyuz 37, em 11 de outubro.
1980 (11 de abril) – Devido a uma falha das baterias, terminam as operações do módulo de
descida da Viking 2, após 1.281 dias marcianos.
1980 (28 de abril) Com base na análise de imagens da Voyager 1 feitas em 5 de março de
1979, Stephen P. Synnott anuncia a descoberta de Tebe, décimo quinto satélite conhecido
de Júpiter.
Diâmetro: 116 x 98 x 84km; período orbital: 0,675 dia; distância média do planeta:
221,889km; massa: 430 trilhões de toneladas; densidade: 0,86g/cm3.
1980 (31 de julho) – Uma equipe liderada por D. Pascu descobre Calipso (fotografado em
13 de março), décimo quarto satélite conhecido de Saturno.
Diâmetro: 30 x 23 x 14km; período orbital: 1,888 dia; distância média do planeta:
294.619km.
1980 (17 de agosto) – São encerradas as operações do módulo orbital da Viking 1, tendo
sido completadas 1.485 órbitas.
1980 (26 de agosto) –Com base na análise de imagens da Voyager 1 feitas em 4 de março
de 1979, Stephen P. Synnott publica a descoberta de Métis, décimo sexto satélite conhecido
de Júpiter.
Diâmetro: 60 x 40 x 34km; período orbital: 0,295 dia; distância média do planeta:
128.000km; massa: 36 trilhões de toneladas: densidade: 0,86g/cm3.
1980 (28 de setembro) – Estreia a série de televisão Cosmos, composta de treze episódios
com duração de uma hora cada, escrita por Carl Sagan, sua esposa, Ann Druyan, e Steven
Soter, e apresentada por Sagan. Filmada, ao longo de 3 anos, em 40 localidades de 12
países, e assistida por mais de 600 milhões de pessoas em todo o mundo, a série Cosmos é
um dos maiores êxitos da história da divulgação científica.
Os episódios são: 01. Os Limites do Oceano Cósmico (The Shores of the Cosmic Ocean);
02. As Origens da Vida (One Voice in the Cosmic Fugue); 03. A Harmonia dos Mundos
(The Harmony of the Worlds); 04. Céu e Inferno (Heaven and Hell); 05. Os Segredos de
Marte (Blues for a Red Planet); 06. Histórias de Viajantes (Travellers’ Tales); 07. A
Espinha Dorsal da Noite (The Backbone of Night); 08. Viagens no Espaço e no Tempo
(Travels in Space and Time); 09. A Vida das Estrelas (The Lives of Stars); 10. O Limiar da
Eternidade (The Edge of Forever); 11. A Persistência da Memória (The Persistence of
Memory); 12. Enciclopédia Galáctica (Encyclopaedia Galactica); 13. Quem Pode Salvar a
Terra? (Who Speaks for Earth?).
Ainda no mesmo ano, é publicado o livro homônimo.
1980 (outubro) - A partir de imagens da Voyager 1, são descobertos, por Richard J. Terrile
e Stewart A. Collins, os satélites de Saturno Atlas, Pandora e Prometeu, passando a ser 17 o
número de luas conhecidas daquele planeta.
Atlas - Diâmetro: 40,8 x 35,4 x 18,8km; período orbital: 0,602 dia; distância média do
planeta: 137.670km; massa: 6,6 trilhões de toneladas; densidade: 0,46g/cm3.
Pandora - Diâmetro: 104 x 81 x 64km; período orbital: 0,628 dia; distância média do
planeta: 141.720km; massa: 137,1 trilhões de toneladas; densidade: 0,49g/cm3.
Prometeu - Diâmetro: 135,6 x 79,4 x 59,4km; período orbital: 0,613 dia; distância média do
planeta: 139.380km; massa: 159,5 trilhões de toneladas; densidade: 0,48g/cm3.
1980 (12 de novembro) – A Voyager 1 chega ao ponto de maior aproximação com Saturno:
184.300km. No mesmo dia, passa por Titã (6.490km) e Tétis (415.670km). Descobre
estruturas complexas no sistema de anéis do planeta e obtém dados acerca da atmosfera de
Titã. A fim de estudar mais detidamente a atmosfera de Titã, os controladores da missão
decidem realizar outro sobrevoo, o que impede a Voyager 1 de se dirigir a Urano e Netuno.
Assim, ela é colocada numa rota que a leva para fora do Sistema Solar.
1981 - A NASA recupera dados de 1978, que mostram um cometa colidindo com o Sol.
1981 (12 de abril) – Ocorre o voo inaugural do Columbia (STS-1), o primeiro dos cinco
ônibus espaciais construídos pelos EUA. A tripulação é composta por John W. Young –
comandante – e Robert Crippen – piloto. O retorno ocorre em 14 de abril, tendo a missão
durado 2d6h21min e realizado 37 órbitas em torno da Terra, percorrendo uma distância de
1.728.000km.
Os ônibus espaciais são veículos tripulados reutilizáveis, sucessores das naves Apollo,
empregadas em viagens que levaram astronautas à Lua. O programa dos ônibus espaciais
estadunidenses chama-se oficialmente Space Transportation System, daí as iniciais STS
(seguidas de um número) com que são designados os voos.
O Columbia recebe este nome em homenagem a um barco que em 1792 passou pelos
perigosos bancos de areia na boca de um rio e chegou ao que hoje é a British Columbia, no
Canadá, na fronteira de Washington-Oregon, nos EUA.
A data de 12 de abril de 1981 marca o vigésimo aniversário do voo de Yuri Gagárin, o
primeiro homem no espaço.
1981 (24 de maio) – Harold J. Reitsema, William B. Hubbard, Larry A. Lebofsky e David
J. Tholen descobrem Larissa, terceiro satélite conhecido de Netuno.
Diâmetro: 216 x 204 x 168km; período orbital: 0,555 dia; distância média do planeta:
73.548km; massa: 4,2 quatrilhões de toneladas; densidade: 1,2g/cm3.
1981 (25 de agosto) – A Voyager 2 passa por Hipérion (431.370km), Titã (666.190km) e
Helena (314.090km).
1981 (26 de agosto) – A Voyager 2 chega ao ponto de maior aproximação com Saturno:
161.000km. No mesmo dia, passa por Dione (502.310km), Calipso (151.590km), Mimas
(309.930km), Pandora (107.000km), Atlas (287.000km), Encélado (87.010km), (Jânus
(223.000km), Epimeteu (147.000km), Telesto (270.000km), Tétis (93.010km) e Reia
(645.260km). As investigações concentram-se sobretudo nas camadas superiores da
atmosfera do planeta. São registrados ventos de 1.800km/h, superados em velocidade no
Sistema Solar apenas pelos ventos de Netuno.
1981 (12 a 14 de novembro) – Missão do Columbia (STS-2), tripulado por Joe Engle –
comandante – e Richard Truly – piloto. É a primeira vez que um veículo espacial tripulado
volta ao espaço para uma segunda missão. São completadas 37 órbitas em 2d6h13min12s, e
a distância percorrida é de 1.730.000km.
1982 – Com base em informações fornecidas pelas duas missões Voyager, a UAI atribui
nomes a 22 estruturas geológicas de Encélado, nomes esses retirados de personagens e de
lugares mencionados nas lendas árabes das Mil e uma noites.
1982 (10 de março) – Ocorre um "syzygy", quando todos os oito planetas e também Plutão
se alinham no mesmo lado do Sol. Nesta data os planetas estão esparramados pelo céu a
mais de 98°.
1982 (19 de abril) – É lançada a Salyut 7, última estação espacial desse programa soviético.
É praticamente igual à Salyut 6, pensada para permitir missões de longa duração.
1982 (11 de novembro) – O módulo de descida da Viking 1 perde contato com a Terra,
devido a um comando equivocado enviado desde o centro de controle da NASA. A missão
dura ao todo 2.306 dias (ou 2.245 dias marcianos).
1983 – É criada a Agência Espacial de Israel (ISA - Israel Space Agency -, na sigla em
inglês; em hebraico, Sochnut HeHalal HaYisraelit).
1983 (25 de janeiro) – É lançado o IRAS (Infrared Astronomical Satellite), missão conjunta
dos EUA, Grã-Bretanha e Países Baixos, que inaugura a astronomia espacial no
infravermelho, realizando um sensível levantamento do céu nesta região do espectro
eletromagnético. Com massa de 1.083kg e operando numa órbita polar a 900km de altitude,
permanece ativo até 22 de novembro de 1983, tendo mapeado 250.000 fontes de
infravermelho, cobrindo 96% do céu. Os dados do IRAS também revelam a existência de
material sólido em torno das estrelas Vega e Fomalhaut. Ademais, o telescópio permite a
descoberta de três asteroides e seis cometas.
1983 (23 de março) – É lançado pela URSS o Astron, maior telescópio ultravioleta da
época, colocado numa órbita com Apogeu de 115.000km. Entre as principais observações
realizadas, destacam-se a do cometa Halley (dezembro de 1985) e a da supernova SN 1987ª
(4 a 12 de março de 1987).
Permanece operacional até 1989.
1983 (4 a 9 de abril) – Primeiro voo do ônibus espacial Challenger (STS-6), com o objetivo
de lançar o primeiro satélite de comunicações da série Tracking and Data Relay Satellite
(TDRS). A tripulação é formada por Paul Weitz - Comandante -, Karol Bobko - Piloto -,
Donald Peterson e Story Musgrave.
Nesta mssão, ocorre a primeira atividade extraveicular realizada por uma tripulação de
ônibus espacial, com duração de 4h10min.
1983 (26 de maio) – Entra em operação o Exosat, primeiro observatório de raios X da ESA,
que permanece ativo até 9 de abril de 1986, realizando 1780 observações na banda de raios
X de um grupo bastante variado de objetos astronômicos.
1983 (13 de junho) – A nave Pioner 10 cruza a órbita de Plutão, então considerado o limite
externo do Sistema Solar.
1983 (18 a 24 de junho) – Missão do Challenger (STS-7), na qual viaja Sally Ride
(1951-2012), primeira mulher estadunidense a ir ao espaço. Os demais tripulantes são
Robert Crippen - comandante -, Frederick Hauck - piloto -, John Fabian e Norman Thagard.
Durante a missão, vários satélites são lançados.
1983 (30 de agosto a 5 de setembro) – Missão do Challenger (STS-8), que marca a primeira
decolagem e a primeira aterrissagem noturnas de um ônibus espacial. A tripulação é
formada por Richard Truly - Comandante -, Daniel Brandenstein - Piloto -, Dale Gardner,
Guion Bluford e William Thornton. Bluford é o primeiro negro a ir ao espaço.
1984 – Um artigo publicado na Nature, assinado por R. A. Muller, Piet Hut e Mark Davis,
propõe a hipótese de o Sol ser uma estrela binária, com uma companheira pequena e escura,
centenas, dezenas ou milhares de vezes mais distante que Plutão. Posteriormente, especula-
se que essa companheira poderia ser uma anã marrom ou uma anã vermelha, distante de 1 a
2 anos-luz do Sol. Trata-se de uma tentativa de explicar os intervalos mais ou menos
regulares em que ocorrem extinções em massa na Terra, sugeridos pouco antes pelos
paleontólogos David Raup e Jack Sepkoski. A cada intervalo de 26 ou 27 milhões de anos,
a estrela se aproximaria o suficiente do Sol para causar perturbações na nuvem de Oort, as
quais fariam com que grande número de cometas fossem empurrados para as regiões
interiores do Sistema Solar, aumentando a probabilidade de colisões com a Terra. Esse
astro hipotético recebe o nome de Nêmesis, deusa grega da vingança.
A questão permanece em aberto, mas a existência de Nêmesis é rejeitada pela maioria dos
astrônomos.
1984 – É fundado, na Califórnia, EUA, o Instituto SETI, uma organização privada e sem
fins lucrativos cujo objetivo é explorar, entender e explicar a origem, a natureza e a
prevalência da vida no universo. SETI é a sigla para "search for extraterrestrial
intelligence" (“Busca por Inteligência Extraterrestre”), e o instituto tem duas linhas
principais de atividades: 1. utilização de radiotelescópios e telescópios ópticos para
procurar por sinais intencionalmente emitidos por seres extraterrestres; 2. pesquisa sobre
planetas extrassolares, condições para a existência de vida em Marte e outros objetos do
Sistema Solar e zonas de habitabilidade dentro da Via Láctea.
1984 (7 de fevereiro) – Primeira “caminhada” no espaço sem o uso de cabos, feita pelo
astronauta estadunidense Bruce McCandless, durante uma missão do Challenger
(STS-41-B). Os demais integrantes da tripulação são Vance Brand - Comandante -, Robert
Gibson - Piloto -, Ronald McNair (1950-1986) e Robert Stewart.
De 1984 até a explosão do Challenger, o número das missões não é sequencial, isto é, não
corresponde à ordem dos voos. A STS-41-B é a décima do programa dos ônibus espaciais,
vindo após a STS-9. A sequência é retomada depois do acidente com o Challenger, a partir
da STS-26. Contudo, como o número da missão é atribuído no agendamento, e não no
lançamento, a numeração das missões não segue uma ordem rigorosamente cronológica.
1985 (11 e 15 de junho) – As sondas VeGa 1 e Vega 2 chegam a Vênus no seu caminho
para o cometa Halley. Cada uma Libera um aterrissador semelhante àqueles das sondas
Venera e um balão atmosférico para pesquisar as nuvens de Vênus. O balão flutua na
atmosfera durante cerca de 48h a uma altitude de 54km.
1985 (2 de julho) – É lançada a sonda Giotto (582,7kg), da ESA, levada ao espaço por um
foguete Ariane-1, com destino ao cometa Halley. Recebe este nome em homenagem a um
pintor da época medieval, Giotto di Bondone (1267-1337). Ele havia observado o cometa
em 1301, e este fato o inspirou a incluir o astro na sua pintura sobre a história do Natal, um
afresco denominado Adoração dos Reis Magos. Os objetivos da Missão são: Obter fotos
coloridas do núcleo do cometa; Determinar os elementos químicos e os componentes
isotópicos da cauda do cometa e de suas moléculas formadoras; Caracterizar os
componentes físicos e químicos dos processos que ocorrem na atmosfera do cometa e na
sua ionosfera; Determinar os elementos e a composição isotópica das partículas de sua
Cauda; Medir a produção total do gás, do fluxo e do tamanho das partículas, a relação entre
a produção de gás e de partículas; Investigar o fluxo de plasma, sob o ponto de vista
macroscópico, resultado da interação entre o cometa e o Sol. A Giotto carrega dez
equipamentos: Uma câmera teleobjetiva, três espectrômetros, de massa, de nêutrons e de
íons. Vários detectores de partículas, um fotopolimerizador e um conjunto de experimentos
para a análise do plasma.
1985 (18 de agosto) – É lançada a sonda japonesa Suisei (cometa), segunda missão
nipônica enviada para pesquisar o cometa Halley, inicialmente batizada de Planet-A. Tem
massa de 139,5kg e possui um sistema de processamento de imagem para a radiação
ultravioleta e um instrumento científico de medição do vento solar. Tal como a Sakigake,
esta sonda é feita para testar as tecnologias japonesas para missões em espaço profundo,
incluindo comunicações, controle de altitude e a obtenção de dados científicos. O principal
objetivo da missão é a obtenção de imagens em ultravioleta da enorme nuvem de átomos de
hidrogênio que envolve o núcleo do cometa e de sua grande cauda de cerca de 20 milhões
de km de extensão. Fotos são tiradas nos trinta dias anteriores e trinta dias posteriores à
passagem do cometa sobre o plano da eclíptica. São medidos parâmetros do vento solar
durante um período muito mais longo de tempo do que aquele obtido pela Sakigake.
1986 (24 de janeiro) – A Voyager 2 chega ao ponto de maior aproximação com Urano:
81.593km. No mesmo dia, passa por Miranda (29.000km), Ariel (127.000km), umbriel
(325.000km), Titânia (365.200km) e Oberon (470.600km). Urano tem uma aparência
extremamente monocromática. Curiosamente, verifica-se que seu campo magnético é
completamente oblíquo em relação ao eixo rotacional (que já é extremamente oblíquo),
dando ao planeta uma magnetosfera peculiar. Canais gelados são observados em Ariel.
Miranda é uma bizarra colcha de retalhos de diferentes terrenos. Outro anel é observado.
1986 (4 de março) – Chegam as primeiras imagens do Halley feitas pela Vega 1, que
servem de parâmetro para ajustar o encontro da Giotto com o cometa, permitindo que o
sobrevoo se dê a uma distância menor do que a anteriormente prevista. As imagens revelam
duas áreas brilhantes, inicialmente interpretadas como sendo um núcleo duplo, mas que na
verdade são dois jatos de matéria emitidos pelo Halley. As imagens também mostram que o
núcleo é escuro, e o espectrômetro infravermelho indica temperaturas de 300 a 400 K,
muito superiores às esperadas para um corpo gelado. A conclusão é de que o cometa tem
uma camada de matéria na superfície, cobrindo o núcleo de gelo.
1986 (8 de março) – A Suisei atinge seu ponto de maior aproximação do cometa Halley:
152.400km.
1986 (11 de março) – A sonda Sakigake atinge seu ponto de maior aproximação do cometa
Halley: 6,99 milhões de km.
1986 (14 de março) – A sonda Giotto passa a 596km do cometa Halley. A nave carrega 10
instrumentos, inclusive uma câmera multicor, e transmite informações até um pouco antes
de sua máxima aproximação, quando a transmissão é interrompida temporariamente. As
imagens mostram que apenas um décimo da superfície do núcleo está ativa, com três jatos
de gás observados no hemisfério iluminado pelo Sol. O material ejetado é composto de
água (80%), dióxido de carbono (10%), uma mistura de metano e amoníaco (2,5%) e traços
de outros hidrocarbonetos, sódio e ferro. O núcleo, irregular e poroso, revela-se mais preto
do que carvão, o que sugere uma cobertura espessa de poeira. Os grãos de poeira ejetados
são, em sua maioria, do tamanho de partículas de fumaça de cigarro, com massas
compreendidas entre 10 atogramas (quintilhonésimos de gramas) e 40 miligramas. Dois
tipos de poeira são observados, um contendo carbono, hidrogênio, nitrogênio e oxigênio, o
outro com cálcio, ferro, magnésio, silício e sódio. A proporção de elementos cometários
leves, excluído o nitrogênio (ou seja, hidrogênio, carbono, oxigênio) é a mesma do Sol, o
que significa que os constituintes do Halley estão entre os mais primitivos do Sistema
Solar. Os espectrômetros da sonda revelam ainda que o cometa tem uma superfície rica em
carbono.
A Giotto sofre sérios danos causados por choque com poeira de alta velocidade, durante a
passagem pelo cometa, mas, para surpresa dos próprios cientistas, sobrevive ao encontro
com o Halley. É colocada em hibernação logo depois, a fim de ser redirecionada,
posteriormente, para outro objetivo espacial.
Esta é a última das cinco missões que compõem a popularmente denominada “Armada
Halley”, formada, além da Giotto, por Vega 1, Vega 2, Sakigake e Suisei.
1986 (15 de março) – A Soyuz T-15, lançada no dia 13, chega à Mir, levando os primeiros
tripulantes daquela estação espacial: Leonid Kizim (1941-2010) - Comandante - e Vladimir
Solovyov - Engenheiro de voo. Em 5 de maio, ambos os cosmonautas partem para a Salyut
7, realizando a primeira transferência de pessoas entre duas estações orbitais da história,
numa viagem de 2.500km e 29 horas. Cinquenta dias mais tarde, em 25 de junho, depois de
terem realizado duas atividades extraveiculares, os dois russos iniciam a viagem de volta à
Mir, outra vez com duração de 29 horas. A aterrissagem ocorre em 16 de julho,
configurando uma missão com duração de 125 dias.
1986 (final de março) – A sonda International Cometary Explorer passa por dentro da
cauda do cometa Halley, à distância mínima de 28 milhões de km do núcleo.
Esta é a última sonda a transmitir dados sobre o Halley. Uma missão do Challenger estava
programada para observar o cometa em março, mas, após o acidente de janeiro, o programa
dos ônibus espaciais é temporariamente interrompido.
1986 (11 de abril) – o Cometa Halley atinge seu ponto de maior aproximação da Terra
nesta passagem: 63 milhões de km. A menor distância alguma vez registrada entre o Halley
e a Terra ocorre em 10 de abril de 837: 5,1 milhões de km.
O Halley é, inquestionavelmente, o mais famoso e estudado dos cometas, com trinta
passagens registradas ao longo de 2.200 anos. Descreve uma órbita fortemente elíptica (em
média, a cada 75,3 anos), que o leva desde regiões internas a Vênus (88 milhões de km do
Sol) até zonas além de Netuno (5,250 bilhões de km). O núcleo, com diâmetro de 15 x 8 x
8km, completa uma rotação em 52,8h. O Halley tem densidade de 0,6g/cm3, e a massa é de
220 bilhões de toneladas (27 bilhões de vezes inferior à da Terra). A cada passagem pelo
periélio, parte dessa massa é perdida por evaporação causada pelo calor solar.
1986 (21 a 30 de maio) – Missão (não tripulada) da Soyuz TM-1, a primeira da série de
naves Soyuz Tm, cuja sigla significa “Transportny Modifitsirovannyi” (“Transporte
modificado”). Projetada para transportar astronautas entre a Terra e a Mir, a Soyuz TM
também é capaz de se acoplar à ISS. Em relação à Soyuz T, apresenta um novo e
melhorado sistema de acoplamento e de comunicações, além de incorporar paraquedas e
motores de aterrissagem integrados. Ademais, tem um casco mais resistente e um escudo
térmico mais leve.
1987 (23 de fevereiro) – Ian Shelton descobre a supernova 1987 A na Grande Nuvem de
Magalhães (constelação do Dourado). É a supernova mais luminosa descoberta no século
XX e a primeira visível a olho nu (magnitude aparente 3) desde 1604. Dista da Terra
aproximadamente 168.000 anos-luz.
1987 (22 a 29 de julho) – O sírio Muhammed Faris é o primeiro não soviético a visitar a
Mir. Ele parte a bordo da Soyuz TM03 e retorna à Terra na Soyuz TM02.
1987 (final do ano) Os americanos Alan Dressler, David Burnstein, Sandra Faber, Gary
Wegner, e os ingleses Roger Davis, Donald Lynden-Bell e Robert Terlevich, apelidados de
“Os Sete Samurais”, divulgam os resultados de uma pesquisa de quatro anos que leva à
descoberta do “Grande Atrator”, uma anomalia gravitacional no espaço intergaláctico
distante aproximadamente 250 milhões de anos-luz, na direção do superaglomerado de
Hidra-Centauro, que revela a existência de uma concentração localizada de massa
equivalente a dezenas de milhares de Vias Lácteas, observável pelo efeito causado nos
movimentos de galáxias e aglomerados de galáxias num raio de centenas de milhões de
anos-luz ao redor.
Nos anos seguintes, são divulgados trabalhos indicando que a massa e a influência do
Grande Atrator são menores do que se pensava. A questão permanece em aberto.
1988 – Martin Duncan, Thomas Quinn e Scott Tremaine sugerem que os cometas de curto
período vêm principalmente do cinturão de Kuiper e não da nuvem de Oort. Atualmente,
aceita-se que a região de onde provêm esses cometas é o disco disperso (descoberto em
1995).
1988 – Aproveitando a ocultação de uma estrela por Plutão, cientistas conseguem, pela
primeira vez, detectar a atmosfera do planeta anão, composta de nitrogênio, metano e
monóxido de carbono, em equilíbrio com nitrogênio sólido e gelos de monóxido de carbono
na superfície.
1988 (1º de janeiro) – É fundada a Agência Espacial Italiana (Agenzia Spaziale Italiana -
ASI), com a finalidade de promover, gerenciar e administrar programas italianos e de
colaboração multilateral com vários outros países no estudo científico do espaço.
1988 (1º de abril) – É publicado o livro “Uma Breve História do Tempo” (“A Brief History
of Time”), de Stephen Hawking, um dos maiores êxitos de divulgação científica das
últimas décadas: mais de 10 milhões de cópias vendidas e 237 semanas na lista de mais
vendidos do jornal londrino Sunday Times. Com o subtítulo “Do Big Bang Aos Buracos
Negros”, o objetivo da obra é explicar tópicos especializados de cosmologia ao público
leigo. A linguagem é simples, e nas 256 páginas aparece apenas uma equação: E = mc2.
Um filme homônimo é realizado em 1991, dirigido pelo estadunidense Errol Morris.
Contudo, o filme não é baseado no livro, mas na biografia de Stephen Hawking.
1988 (5 e 12 de julho) – São lançadas as sondas soviéticas Fobos 1 e Fobos 2, com destino
à lua marciana homônima. Cada uma das sondas pesa 2.600kg.
1988 (2 de setembro) – A Fobos 1 perde contato com a Terra devido a erros na execução da
sequência de comandos.
1989 (1º de março) – É criada a Agência Espacial Canadense (CSA - Canadian Space
Agency -, na sigla em inglês; em francês, Agence spatiale canadienne), com sede em Saint-
Hubert, Quebec.
1989 (22 de agosto) – A Voyager 2 revela o primeiro anel de Netuno. Hoje são conhecidos
cinco, que tem nomes de astrônomos cujos estudos estão ligados ao planeta. De dentro para
fora, são eles Galle, Le Verrier, Lassell, Arago e Adams. Os anéis de Netuno são tênues,
compostos essencialmente de poeira.
1989 (25 de agosto) – A Voyager 2 chega ao ponto de maior aproximação com Netuno:
4.850km. No mesmo dia, passa por Larissa (60.180km), Proteu (97.860km) e Tritão
(39.800km). Diferentemente de Urano, verifica-se que a atmosfera de Netuno é bastante
ativa, incluindo-se numerosas formações de nuvens e ventos de até 2.100km/h, os mais
velozes do Sistema Solar. Os arcos anelares observados são nódulos brilhantes em um dos
anéis.
1989 (18 de setembro) – Richard J. Terrile descobre Náiade e Talassa, sétimo e oitavo
satélites conhecidos de Netuno.
Náiade – Diâmetro: 96 x 60 x 52km; período orbital: 0,294 dia; distância média do planeta:
48.227km; massa: 190 trilhões de toneladas; densidade: 1,2g/cm3.
Talassa – Diâmetro: 108 x 100 x 52km; período orbital: 0,311 dia; distância média do
planeta: 50.075km; massa: 350 trilhões de toneladas; densidade: 1,2g/cm3.
1989 (18 de outubro) – É lançada, pelo ônibus espacial Atlantis (STS-34), a sonda
estadunidense Galileo (2.380kg), com a finalidade de estudar Júpiter e suas luas. Entre os
instrumentos transportados estão: Sistema de detecção de poeira, Detector de partículas
energéticas, Espectrômetro ultravioleta, Contador de íons pesados, Magnetômetro,
Espectrômetro em infravermelho próximo, Subsistema de plasma, Fotopolarímetro
radiométrico e Sistema de medida de plasma.
A tripulação desta missão do Atlantis é composta por Donald Williams - Comandante -,
Michael McCulley - Piloto -, Franklin Chang-Diaz, Shannon Lucid e Ellen Baker.
1990 (14 de fevereiro) – A Voyager 1 faz uma imagem do Sistema Solar conhecida como
“retrato de família” (“family portrait”) ou “retrato dos planetas”. Obtida a cerca de 6
Bilhões de km do Sol, mostra Vênus, a Terra, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. Mercúrio,
próximo demais do Sol, e Marte, muito tênue, não aparecem, assim como Plutão (ainda
considerado planeta), muito pequeno e distante. O Sol é visto como um diminuto ponto
luminoso no centro da imagem.
1990 (abril) – A sonda Giotto é reativada. Três dos instrumentos funcionam perfeitamente,
4 estão parcialmente danificados, mas em condições de uso; o restante, inclusive a câmera,
está inutilizado.
1990 (24 de abril) – É lançado, pelo ônibus espacial Discovery (STS-31), o Telescópio
Espacial Hubble, um projeto conjunto da NASA e da ESA. Com massa de 11.110kg,
espelho de 2,4m e colocado em órbita a uma altitude média de 559km, está concebido para
observar o céu em luz visível (posteriormente também em ultravioleta e infravermelho). É a
primeira missão da NASA pertencente aos Grandes Observatórios Espaciais (Great
Observatories Program), que consiste numa família de quatro Observatórios Orbitais,
composta também pelos telescópios Compton (raios gama), Chandra (raios X) e Spitzer
(infravermelho). Transporta cinco instrumentos científicos: câmera planetária de alcance
amplo, espectrógrafo de alta resolução Goddard, fotômetro de alta velocidade, câmera para
objetos débeis e espectrógrafo para objetos débeis. O nome é uma homenagem a Edwin
Powell Hubble (1889-1953).
A tripulação do Discovery é formada por Loren Shriver - Comandante -, Charles Bolden Jr.
- Piloto -, Steven Hawley, Bruce McCandless e Kathryn Sullivan.
1990 (20 de maio) – O Telescópio Espacial Hubble envia para a Terra sua primeira
fotografia do espaço, uma imagem de uma estrela dupla localizada a 1.260 anos-luz de
distância.
1990 (2 de julho) – A Giotto faz uma máxima aproximação com a Terra e é redirecionada
para um encontro bem sucedido com o cometa 26P/Grigg-Skjellerup, a 10 de julho de
1992.
1990 (16 de julho) – N. R. Showalter descobre Pã, décimo oitavo satélite conhecido de
Saturno.
Diâmetro: 34,4 x 31,4 x 20,8km; período orbital: 0,575 dia; distância média do planeta:
133.584km; massa: 4,95 trilhões de toneladas; densidade: 0,42g/cm3.
1990 (16 de julho) – A China testa o foguete lançador "Longa Marcha CZ-2E", projetado
para transportar naves espaciais tripuladas.
1991 (18 de maio) – Helen Sharman torna-se a primeira britânica a ser lançada ao espaço,
com dois cosmonautas, a bordo da Soyuz TM-12, que se acopla à Mir. Ela volta à Terra na
Soyuz TM-11, em 26 de maio.
1991 (11 de julho) – Um eclipse total do Sol lança uma faixa escura que se estende por
14.500km, do Havaí até a América do Sul, e dura quase sete minutos em alguns lugares.
Esse fenômeno fica conhecido como "eclipse do século".
1991 (30 de agosto) – É lançado o observatório solar de raios X japonês Yohkoh (raio de
sol), inicialmente denominado Solar-A. Colocado numa órbita terrestre quase circular, o
Yohkoh estuda a coroa solar em detalhes ao longo dos dez anos seguintes (até 14 de
dezembro de 2001, quando deixa de funcionar).
Em 12 de setembro de 2005, é queimado ao reentrar na atmosfera, acima do sul da Ásia.
1992 – Devido ao movimento próprio das estrelas (descoberto em 1718 por Edmond
Halley), Rho Aquilae muda de constelação: passa da Águia para o Delfim. É a primeira vez
que isso acontece desde a confirmação da existência do movimento próprio.
Com magnitude aparente 4,94, Rho Aquilae dista da Terra cerca de 150 anos-luz.
1992 (25 de fevereiro) – É criada, por um decreto do presidente Boris yeltsin (1931-2007),
a Agência Espacial Federal Russa (noye kosmicheskoye agentstvo Rossii), mais conhecida
como Roskosmos, derivada da antiga Agência Espacial e de Aviação Russa (Rossiyskoe
aviatsionno-kosmicheskoe agentstvo), extinta com o fim da URSS (26 de dezembro de
1991) e após a dissolução do então programa espacial soviético. A sede fica em Moscou.
1992 (10 de julho) – A sonda Giotto obtém êxito em seu encontro com o cometa
26P/Grigg-Skjellerup, Chegando à máxima aproximação de 200km. Para esta nova jornada
de pesquisa, os equipamentos da sonda são ligados na noite de 9 de Julho, e os operadores
da missão ficam surpresos com a boa resposta que obtêm da nave. Mas não há imagens,
visto a câmera da Giotto ter sido danificada no encontro com o cometa Halley. O diâmetro
estimado do núcleo do Grigg-Skjellerup é de 2,6km. A descoberta deste cometa data de
1902, realizada pelo astrônomo neozelandês John Grigg (1838-1920. Em sua passagem
seguinte (1922), é redescoberto pelo australiano John Francis Skjellerup (1875-1952).
Resultados da Giotto: É a primeira missão de espaço profundo da Europa. É a primeira
sonda a encontrar de perto dois cometas. É a primeira missão de espaço profundo que faz
uso da assistência gravitacional para mudar seu curso de volta à Terra. Descobre o tamanho
e as características morfológicas do núcleo do cometa Halley. Consegue obter dados de um
cometa a uma pequena distância (200km do cometa Grigg-Skjellerup), algo nunca
conseguido anteriormente. Descobre uma crosta negra e jatos de gás brilhantes do núcleo
do Halley. Mede a dimensão, a composição e a velocidade das partículas de poeira de dois
Cometas. Mede a composição do gás produzido por dois cometas. Descobre ondas
magnéticas incomuns próximas ao cometa Grigg-Skjellerup.
A missão da Giotto é oficialmente encerrada em 23 de julho.
1992 (30 de agosto) – É descoberto, pelo astrônomo canadense David Jewitt e pela
astrônoma vietnamita Jane X. Luu, o primeiro objeto transnetuniano (que orbita além da
órbita de Netuno), denominado 1992 QB1 e ainda sem designação definitiva.
Com diâmetro de 160km, este astro orbita o Sol à distância média de 6,542 bilhões de km
(varia entre 6,115 e 6,970 bilhões de km), demorando 289,225 anos para completar uma
órbita, à velocidade média de 16.200km/h.
Este é também o primeiro corpo celeste encontrado no cinturão de Kuiper, uma região do
Sistema Solar que se estende de aproximadamente 30 a 50 unidades astronômicas (4,5 a 7,5
bilhões de km) do Sol, caracterizada, assim como o cinturão de asteroides, pela presença de
grande número de pequenos astros, chamados KBOs (Kuiper Belt Objects), numa
referência a Gerard Peter Kuiper, o proponente dessa região. Hoje conhecem-se mais de mil
componentes do cinturão de Kuiper, e estimativas sugerem que bem mais de 100.000
objetos (talvez centenas de milhares) devem existir nesta região, tendo ao menos 70.000
deles (talvez mais de 100.000) diâmetro superior a 100km. O cinturão de Kuiper é 20 vezes
mais extenso e de 20 a 200 vezes mais massivo do que o cinturão de asteroides.
1992 (31 de outubro) – Durante um discurso na Pontifícia Academia das Ciências, por
ocasião dos 350 anos da morte de Galileu Galilei, João Paulo II (1920-2005) afirma que
foram cometidos erros na forma como o processo contra o cientista foi conduzido e
reconhece “oficialmente” que a Terra não está imóvel. Dizendo que a fé não deve entrar
nunca em conflito com a razão, o Papa utiliza as palavras que o próprio Galileo empregou
em sua defesa: “As Escrituras nunca erram, mas os teólogos podem errar em sua
interpretação”. João Paulo II diz também que a Igreja lamenta que o caso de Galileu tenha
contribuído para um trágico e mútuo mal-entendido entre a religião e a ciência. Além disso,
qualifica o cientista de “físico genial” e “crente sincero”.
1993 (22 de abril) – É criada a Agência Espacial Chinesa (cnsa - China National Space
Administration -, na sigla em inglês), a agência espacial chinesa, com sede em Pequim.
1993 (30 de abril) – um astronauta recebe uma infusão de teste durante uma missão do
Columbia (STS-55). O Físico alemão Hans Schlegel tem uma solução salina à temperatura
corporal bombeada nele por uma agulha. A experiência fornece os meios para evitar a
desidratação e outros problemas espaciais comuns, como face inchada e pernas fracas.
Os demais tripulantes da missão (26 de abril a 6 de maio) são Steven Nagel – comandante -,
Terence Henricks – piloto -, Jerry Ross, Charles Precourt, Bernard Harris Jr. E Ulrich
Walter.
1993 (28 de agosto) – A nave Galileo fotografa Dactyl, satélite do asteroide 243 Ida. É a
primeira vez que se observa uma lua orbitando um asteroide. Ida, descoberto em 29 de
setembro de 1884 pelo astrônomo austríaco Johann Palisa (1848-1925), tem diâmetro de
53,6 x 24,0 x 15,2km, com período orbital de 1.767,724 dias (4,84 anos) e dista do Sol, em
média, 428.025.000km (varia entre 408.207.000 e 447.843.000km. Sua lua, Dactyl, tem
diâmetro de 1,4km e orbita Ida em 1,54 dia, à distância de 108km.
Atualmente, conhecem-se mais de cem satélites de asteroides.
1993 (outubro) - Os estadunidenses Russell Alan Hulse e Joseph Hooton Taylor Jr. São
anunciados como ganhadores do Prêmio Nobel de Física pela descoberta de um novo tipo
de pulsar, abrindo novas possibilidades no estudo da gravitação.
1994 (25 de janeiro) – É lançada a sonda Clementine (227kg), uma missão conjunta da
Ballistic Missile Defense Organization e da NASA, para uma missão de mapeamento da
Lua com duração de 2 meses. A sonda tem como metas a obtenção de várias fotos em
diversos comprimentos de onda, que incluem a luz visível, o infravermelho e o ultravioleta,
a medição de altimetria a laser e a medição de partículas eletricamente carregadas. Os
instrumentos a bordo incluem formadores de imagens, do ultravioleta ao infravermelho
médio, inclusive um radar laser infravermelho formador de imagens com capacidade para
obter dados altimétricos para as latitudes médias da Lua.
1994 (10 de fevereiro) – É criada a Agência Espacial Brasileira (AEB), por meio da lei nº
8.854, sancionada pelo presidente Itamar Franco (1930-2011). A AEB, com sede em
Brasília e subordinada ao Ministério de Ciência e Tecnologia, tem por finalidade promover
o desenvolvimento das atividades espaciais brasileiras de forma descentralizada.
1994 (20 de fevereiro) – A sonda Clementine é inserida numa órbita lunar elíptica (2.162 x
4.594km). Até o final da missão (junho de 1994), completa 360 órbitas em torno do satélite.
1994 (maio) – O telescópio espacial Hubble fornece algumas evidências de que no núcleo
da galáxia M87 poderia estar um buraco negro supermassivo, equivalente a 3 bilhões de
massas solares. Essas evidências constituem um passo decisivo rumo à confirmação da
existência de buracos negros.
1994 (maio) – O físico teórico mexicano Miguel Alcubierre descreve a dobra espacial
(warp drive, em inglês), forma de viagem no espaço que, teoricamente, permite
deslocamentos acima da velocidade da luz sem violar a teoria da relatividade. pelo modelo,
uma fonte energética produz uma bolha ao redor da espaçonave. A bolha expande o espaço
na traseira, enquanto o contrai na frente, impulsionando a nave. Portanto, mudanças
provocadas no espaço-tempo gerariam forças capazes de deslocar a nave, enquanto para um
tripulante ela pareceria imóvel.
Alguns cientistas contemporâneos acreditam que, ao contrário do buraco de minhoca, outra
forma teórica de atalho entre duas regiões do espaço, a dobra espacial é viável e pode ser
usada. Até o momento, porém, continua sendo apenas uma teoria.
1994 (7 de maio) – A Clementine deveria ter sido enviada para fora da órbita lunar para um
encontro com o asteroide Geographos, mas uma falha impede que isso aconteça. Os
controladores de terra retomam o controle da nave.
1995 – Imagens realizadas pelo Hubble mostram que o asteroide 4 Vesta tem uma
superfície complexa, com uma geologia semelhante à dos planetas terrestres (como a Terra
ou Marte). Trata-se de um mundo surpreendentemente diversificado, com um manto
exposto, formado de lava antiga que fluiu de bacias de impacto.
1995 (16 de março) Norman Thagard torna-se o primeiro estadunidense a visitar a Mir,
onde chega a bordo da Soyuz TM-21 (lançada dois dias antes). Retorna À Terra no Atlantis
(STS-71), em 7 de julho.
1995 (22 de março) – O cosmonauta Valeri Poliakov volta à Terra depois de 437 dias e 18
horas a bordo da Mir (desde 8 de janeiro de 1994), recorde de permanência que se mantém
até hoje.
1995 (7 de dezembro) – Depois de viajar por 3,7 bilhões de km, durante um período de seis
anos, a sonda Galileo chega a Júpiter e se torna o primeiro artefato humano a orbitar aquele
planeta. Por um período de 57,6min, uma pequena sonda (339kg) que se desprende da
Galileo (a primeira a entrar na atmosfera de um planeta gasoso) atravessa as densas e ácidas
nuvens do planeta, transmitindo para a Terra dados sobre a composição química, a pressão,
a temperatura e a densidade atmosférica.
1996 – Entra em operação, no Havaí, o telescópio Keck II. Ele forma, com o Keck I, um
conjunto que se converte no maior telescópio do mundo, arrebatando esse título ao
telescópio de Zelenchukskaya. ao invés de um único e gigantesco espelho, os telescópios de
Keck possuem 36 espelhos sextavados montados de forma a equivalerem a um espelho de
10m de diâmetro.
1996 (23 de abril) – É lançado por um foguete Proton o Priroda (Natureza, em russo),
sétimo e último módulo pressurizado da Mir. O acoplamento ocorre três dias depois.
1996 (1º de maio) - A sonda Ulysses passa, inesperadamente, por dentro da cauda do
cometa Hyakutake, descoberto, em janeiro deste mesmo ano, pelo astrônomo amador
japonês Yuji Hyakutake (1950-2002). O diâmetro estimado do núcleo é de 2km.
1996 (4 de junho) – Uma falha no primeiro voo do foguete europeu Ariane 5 (que explode
antes de entrar em órbita devido a erros de software) causa a perda das sondas Cluster,
quatro naves que, em conjunto, deveriam estudar a magnetosfera terrestre. O prejuízo (na
época) é de mais de 370 milhões de dólares.
São construídas novas sondas Cluster, lançadas aos pares em 2000.
1996 (19 de novembro) – É lançada a sonda russa Marte 96, primeira missão interplanetária
da Rússia após a dissolução da União Soviética. O foguete que carrega a sonda levanta voo
com sucesso, mas ao entrar em órbita há uma falha, enviando a sonda (6.180kg) para uma
queda no Oceano Pacífico, entre a costa do Chile e a Ilha de Páscoa. Afunda com 27g de
plutônio radioativo, usado como fonte de energia.
1996 (4 de dezembro) - O presidente chileno, Eduardo Frei, e o rei sueco, Carlos XVI
Gustavo, inauguram, simbolicamente, o Observatório Paranal, operado pelo European
Southern Observatory (ESO) e localizado no Cerro Paranal, no deserto de Atacama, norte
do Chile, a 130km de Antofagasta e à altitude de 2.635 m.
1997 (17 de janeiro) – A sonda Galileo capta as primeiras imagens da lua Europa de
Júpiter.
1997 (9 de julho) – A Lei HB 841, promulgada pelo Texas e assinada pelo governador
George W. Bush, dá aos astronautas residentes neste Estado estadunidense o direito de
votar a partir do espaço. O primeiro a exercer este direito de voto é, ainda em 1997, David
Wolf, que está a bordo da Mir.
1997 (12 de setembro) – A sonda Mars Global Surveyor é colocada em órbita ao redor de
Marte.
1998 (março) – A sonda Lunar Prospector revela fortes indícios da existência de água
congelada nos polos da Lua. As estimativas giram em torno de 3 bilhões de toneladas.
1998 (26 de abril) – Primeira passagem da Cassini pelo planeta Vênus para empurrão
gravitacional.
1998 (28 de maio) - O ESO libera as primeiras imagens captadas no Observatório Paranal.
Elas mostram a estrela Eta Carinae e são obtidas pelo telescópio Antu, primeiro dos quatro
instrumentos do Very Large Telescope (VLT) a entrar em operação.
1998 (3 de julho) – É lançada a Nozomi (Esperança), primeira sonda do Japão para outro
planeta. O objetivo da missão é investigar a atmosfera exterior de Marte e sua interação
com o vento solar, e os instrumentos a bordo estão programados para estudar: a estrutura, a
composição e a dinâmica da ionosfera marciana; os efeitos do vento solar; o escapamento
das partículas atmosféricas ao espaço; o campo magnético intrínseco; os efeitos do campo
magnético solar; a estrutura da magnetosfera; a existência de poeira na atmosfera e em
órbita em torno do planeta.
Contudo, a sonda (258kg) fracassa e não consegue realizar sua missão.
1999 (23 de janeiro) – A sonda NEAR obtém a primeira sequência de imagens da rotação
terrestre.
1999 (18 de maio) – A partir de imagens da Voyager 2, Erich Karkoschka descobre Perdita,
décimo oitavo satélite conhecido de Urano.
Diâmetro: 30km; período orbital: 0,638 dia; distância média do planeta: 152.834km; massa:
18 trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3.
1999 (24 de junho) – Segunda passagem da Cassini pelo planeta Vênus para empurrão
gravitacional.
1999 (24 de junho) – É lançado o FUSE (Far Ultraviolet Spectroscopic Explorer), tendo por
objetivo explorar o Universo usando a técnica de espectroscopia de alta resolução na região
espectral do ultravioleta longínquo. É uma missão internacional que envolve EUA, Canadá
e França. Com massa de 1.600kg, opera numa órbita circular a 746km de altitude.
Permanece ativo até 12 de julho de 2007.
1999 (29 de junho) – É inaugurado o telescópio Gemini norte, com espelho de 8,1m,
localizado no Havaí. A primeira foto tirada é da região central da Via Láctea, na direção da
constelação de Sagitário.
1999 (9 de julho) – É revelado o texto do discurso fúnebre que Richard Nixon faria caso a
missão Apollo 11 falhasse e os astronautas (Neil Armstrong e Edwin Aldrin) tivessem de
ser deixados na Lua.
1999 (18 de julho) – John J. Kavelaars, Brett J. Gladsman, Matthew J. Holman, Jean-Marc
Petit e Hans Scholl descobrem Stefano, Próspero e Setebos, satélites de Urano, aumentando
para 21 o número de luas conhecidas daquele planeta.
Stefano – Diâmetro: 32km; período orbital: 677,37 dias (1,85 ano); distância média do
planeta: 16.008.000km; massa: 22 trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3.
Próspero – Diâmetro: 50km; período orbital: 1.978,29 dias (5,42 anos); distância média do
planeta: 33.012.000km; massa: 85 trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3.
Setebos – Diâmetro: 48km; período orbital: 2.225,21 dias (6,09 anos); distância média do
planeta: 34.816.000km; massa: 75 trilhões de km; densidade: 1,3g/cm3.
1999 (28 de julho) - A sonda Deep Space 1 aproxima-se do asteroide 9969 Braille,
descoberto (27 de maio de 1992) por Eleanor F. Helin (1932-2009) e Kenneth J. Lawrence.
Durante esta aproximação, à distância de 26km, são obtidas fotos (de baixa qualidade) e
medidas as suas propriedades físicas básicas: composição mineral, tamanho, morfologia e
brilho.
A denominação do asteroide é uma homenagem ao professor francês Louis Braille
(1809-1852), criador do sistema de escrita para cegos que leva o seu nome.
Diâmetro: 2,1 x 1 x 1km; período orbital: 1.311,047 dias (3,59 anos: distância média do
Sol: 350.705.000km.
1999 (18 de agosto) – A sonda Cassine sobrevoa a Terra, à distância mínima de 500km,
para emppurrão gravitacional.
1999 (19 de novembro) – A China lança a Shenzhou 1, de caráter experimental, que volta
com sucesso (no dia seguinte) aos locais desertos da região autônoma da Mongólia Interior,
norte do país.
Massa: 7.600kg; duração da missão: 21h11min; órbitas: 14; perigeu: 185km; apogeu:
315km.
1999 (10 de dezembro) – É lançado, pela ESA, o telescópio espacial XMM-Newton (X-
Ray Multi-Mirror Mission - Newton). Programado para realizar observações em raios X,
tem como objetivo estudar o céu inteiro e descobrir grande número de fontes dessa radiação
eletromagnética. Com massa de 3.800kg, o telescópio é colocado numa órbita fortemente
elíptica de 7.000 x 114.000km.
2000 – Tem início o Sloan Digital Sky Survey (SDSS), o mais ambicioso levantamento
astronômico em andamento. quando concluído, fornecerá imagens ópticas cobrindo mais de
um quarto do céu e um mapa tridimensional com cerca de um milhão de galáxias e
quasares. À medida que o levantamento progride, os dados são liberados para a
comunidade científica (e para o público em geral) em incrementos anuais. O nome faz
referência à Alfred P. Sloan Foundation, um dos financiadores do projeto.
2000 (3 de janeiro) – Dados da Galileo revelam fortes evidências de que existe um oceano
abaixo da superfície gelada do satélite Europa, de Júpiter.
2000 (10 de março) – Com base no mapeamento do subsolo de Marte feito pela Mars
Global Surveyor, cientistas da NASA afirmam ter descoberto antigos canais soterrados que,
há milhões de anos, podem ter transportado água na superfície do planeta.
2000 (abril) - Entra em operação o Kueyen, segundo dos quatro instrumentos que compõem
o VLT, localizado no Observatório Paranal, Chile.
2000 (6 de abril) – Chega à Mir, a bordo da Soyuz TM-30 (lançada no dia 4), a última
tripulação da estação espacial, formada pelos cosmonautas Sergei Zalyotin e Alexandr
Kaleri. O regresso à Terra ocorre em 16 de junho.
2000(5 de maio) – Ocorre uma conjunção dos cinco planetas mais luminosos do Sistema
Solar: Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno. Nada pode ser observado da Terra,
porque a linha formada pelos planetas está atrás do Sol e escondida em seu brilho. A última
conjunção semelhante acontecera em fevereiro de 1962 e não ocorrerá novamente até abril
de 2438.
2000 (19 a 29 de maio) – Missão do Atlantis (STS-101), que leva equipamentos à ISS e
realiza um conserto no módulo Zarya. É o primeiro voo de um ônibus espacial com cabine
de vidro.
Os tripulantes são James Halsell - Comandante -, Scott Horowitz - Piloto -, Mary Weber,
Jeffrey Williams, James Voss, Susan Helms e Yuri Usachev.
2000 (12 de julho) – É lançado, por um foguete Proton, o módulo de serviço russo Zvezda
(estrela), o terceiro da ISS, que é acoplado ao Zarya no dia 26. Concebido originalmente
para ser o núcleo da projetada (e nunca construída) Mir 2, o Zvezda é o centro funcional e
estrutural da Rússia na ISS, fornecendo as primeiras habitações, além de sistemas de
comunicações, processamento de dados, controle de voo e propulsão. Com a incorporação
deste módulo, a ISS passa a ter condições de abrigar uma tripulação permanente.
2000 (16 de julho) – Ocorre o mais longo eclipse lunar do século XX, com duração de
1h47min1s.
2000 (16 de julho e 9 de agosto) – São lançadas, duas a duas, por foguetes Soyuz-Fregat, as
quatro sondas europeias (com participação da NASA) da missão Cluster 2 (1.200kg cada
uma), cujo objetivo é estudar a magnetosfera terrestre ao longo de um ciclo solar completo.
Pela primeira vez, é possível obter em três dimensões informações sobre como o vento
solar interage com a magnetosfera e afeta o ambiente espacial em torno da Terra e a
atmosfera do planeta, incluindo as auroras. As naves são idênticas, têm formato cilíndrico
(290 x 130cm) e operam numa órbita fortemente elíptica (25.480 x 124.870km), que
completam a cada 57 horas. Coletam os dados em variadas formações tetraédricas, e a
distância entre elas varia de 17km a 10.000km.
Posteriormente ao lançamento, as sondas recebem os nomes de Rumba, Tango, Salsa e
Samba.
2000 (11 a 24 de outubro) – Missão do Discovery (STS-92), que marca o centésimo voo
dos ônibus espaciais. Os astronautas instalam na ISS o segmento Z1 (estrutura destinada a
receber os primeiros painéis solares), uma antena de comunicações, giroscópios e um porto
para acoplagem.
Os tripulantes são Brian Duffy - Comandante -, Pamela Melroy - Piloto -, Koichi Wakata,
Leroy Chiao, Peter Wisoff, Miguel (Michael) López-Alegría e William McArthur.
2000 (20 de outubro) – Um estudo publicado na revista Science, cuja principal autora é a
estadunidense Caitlin Griffith, afirma que são encontrados os primeiros indícios de que em
Titã chove metano, principal componente do gás natural.
2000 (25 de outubro) – São anunciados quatro satélites de Saturno (Paaliaq, Siarnaq,
Tarvos e Ymir), que passa a ter 22 luas conhecidas.
Paaliaq – Diâmetro: 22km; período orbital: 686,9 dias (1,88 ano); distância média do
planeta: 15.200.000km.
Siarnaq – Diâmetro: 40km; período orbital: 895,55 dias (2,45 anos); distância média do
planeta: 17.531.000km.
Tarvos – Diâmetro: 15km; período orbital: 926,2 dias (2,54 anos); distância média do
planeta: 17.983.000km.
Ymir – Diâmetro: 18km; período orbital; 1.315,14 dias (3,60 anos); distância média do
planeta: 23.040.000km.
2000 (18 de novembro) – São anunciados dois satélites de Saturno (Ijiraq e Kiviuq), que
passa a ter 24 luas conhecidas.
Ijiraq – Diâmetro: 12km; período orbital: 451,4 dias (1,24 ano); distância média do planeta:
11.124.000km).
Kiviuq – Diâmetro: 16km; período orbital: 449,22 dias (1,23 ano); distância média do
planeta: 11.111.000km.
2000 (30 de dezembro) – A Cassini passa pelo planeta Júpiter para empurrão gravitacional.
A sonda efetua diversas medições científicas e produz o retrato colorido global mais
detalhado de Júpiter: as características menores têm aproximadamente 60km de diâmetro.
A Cassini faz, ao todo, 26.000 imagens de Júpiter ao longo de alguns meses.
2001 (janeiro) – François Spite e Pascale Jablonka, utilizando o telescópio Hubble, são os
primeiros a observar estrelas individuais no centro de outra galáxia: Andrômeda.
2001 (23 de março) – A Mir volta para a Terra, após uma reentrada induzida em nossa
atmosfera. Os restos que não se desintegraram repousam no fundo do Oceano Pacífico, a
2.000km da Austrália. Construída para durar apenas cinco anos, a Mir permanece 15 anos
no espaço, a uma altitude média de 365km, realizando uma órbita a cada 91min54s,
completando 86.331 voltas em torno da Terra. Entre 1986 e 2000, São acopladas à Mir 39
naves tripuladas (1 Soyuz-T, 29 Soyuz-TM e 9 missões de ônibus espaciais). Torna-se um
exemplo de cooperação internacional, ao acolher astronautas de Eslovênia, Bulgária,
Afeganistão, Casaquistão, França, Japão, Reino Unido, Áustria, Alemanha, Canadá, EUA e
Síria. Entre cosmonautas russos e de outras nações, 104 pessoas estiveram a bordo da Mir.
Com a participação de outros 29 países, a estação abriga 24 programas espaciais
internacionais, e seus laboratórios testam diversos materiais e substâncias em experiências
impossíveis de serem feitas na Terra. Graças a essas pesquisas, é possível desenvolver
equipamentos médicos que tornam viável a sobrevivência humana durante longos períodos
sem gravidade. São realizados 14.000 experimentos científicos. São também realizadas 80
atividades extraveiculares, sendo a mais longa de 7h16min. O recorde de permanência em
órbita é de 437d18h, do cosmonauta russo Valeri Poliakov. A viagem mais curiosa, no
entanto, é a de Serguei Krikalev, que sai da Terra como cidadão soviético e regressa, após o
colapso da URSS, como cidadão russo.
Estatísticas adicionais – Massa: 124.340kg; espaço habitável: 350m3; total de dias em
órbita: 5.519; dias ocupada: 4.592; distância percorrida: 3.638.470.307km.
2001 (19 de abril a 1º de maio) – Missão do Endeavour (STS-100), cujo objetivo principal
é iniciar a instalação, ativação e inspeção do braço robótico Canadarm, fundamental para o
prosseguimento da construção da ISS (a conclusão se dá na missão STS-111, do
Endeavour, em junho de 2002). Ademais, é instalada uma antena de comunicações de alta
frequência e são transferidos para a estação suprimentos variados.
A tripulação é formada por Kent Rominger - Comandante -, Jeffrey Ashby - Piloto -, Chris
Hadfield, Scott Parazynski, John Phillips, Umberto Guidoni e Yuri Lonchakov.
Chris Hadfield é o primeiro canadense a realizar uma atividade extraveicular.
2001 (28 de abril) – O bilionário estadunidense de origem italiana Dennis Tito, de 60 anos,
viaja à ISS a bordo da Soyuz TM-32 e se torna o primeiro turista espacial. O retorno à
Terra ocorre em 6 de maio, na Soyuz Tm-31, depois de 128 órbitas.
2001 (junho) - Entra em operação o Yepun, terceiro dos quatro instrumentos que compõem
o VLT, localizado no Observatório Paranal, Chile.
2001 (26 de junho) – O telescópio Hubble observa uma tempestade de areia se formando
em Hellas Planitia, em Marte. A tempestade cresce extraordinariamente e, no dia seguinte,
já é um evento global. Medições de sondas em órbita marciana estabelecem que o
fenômeno faz diminuir a temperatura da superfície e aumentar a temperatura da atmosfera
em 30°C.
Tempestades de areia em Marte podem durar um mês ou mais. Devido à baixa densidade da
atmosfera, são necessários ventos de 65km/h a 80km/h para fazer a poeira levantar da
superfície. Marte é bem mais seco e frio que a Terra e, por isso, a poeira fica suspensa no ar
por muito tempo (na Terra, é devolvida ao solo pela chuva). Devido à tempestade de areia
em questão, na estação marciana seguinte (uma estação em Marte dura quase meio ano
terrestre), a temperatura diurna no planeta ainda era 4°C inferior à média.
2001 (agosto) - Entra em operação o Melipal, último dos quatro instrumentos que compõem
o Very Large Telescope (VLT), localizado no Observatório Paranal, Chile. O VLT é um
sistema composto por quatro telescópios refletores principais, cada um deles com espelho
de 8,2m, e quatro instrumentos auxiliares, com espelho de 1,8m. Cada um desses
telescópios é capaz de observar objetos de magnitude 30, ou seja, 4 bilhões de vezes menos
brilhantes do que aqueles observáveis a olho nu. Embora passem a maior parte do tempo
funcionando de forma independente, os quatro telescópios podem, com a ajuda do Very
Large Telescope Interferometer (VLTI), ser combinados interferometricamente, adquirindo
um poder de resolução equivalente ao de um telescópio com espelho de 16m, o que faz do
VLT o maior telescópio óptico do mundo.
2001 (13 de agosto) – Matthew J. Holman, John J. Kavelaars, Dan Milisavljevic e Brett J.
Gladman descobrem dois satélites de Urano: Trínculo e Fernando. Passa a ser de 23 o
número de luas conhecidas do planeta.
Trínculo – Diâmetro: 18km; período orbital: 749,24 dias (2,05 anos); distância média do
planeta: 17.008.000km; massa: 3,9 trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3.
Fernando – Diâmetro: 20km; período orbital: 2.887,21 dias (7,90 anos); distância média do
laneta: 41.802.000km; massa: 5,4 trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3.
2001 (14 de setembro) – É lançado para a ISS, por um foguete Soyuz-U, o módulo russo
Pirs (cais), também chamado de "Stikovochny Otsek 1" ou "SO-1" ("módulo de
acoplamento). O Pirs é um compartimento de embarque, ligado à escotilha Nadir do
módulo de serviço Zvezda. Serve como ponto de acoplagem para naves Soyuz TMA e
Progress e possui um despressurizador, utilizado para preparar caminhadas espaciais com
trajes russos.
2001 (22 de setembro) – A sonda Deep Space 1 encontra-se com o cometa 19P/Borrelly,
Descoberto em 28 de dezembro de 1904 pelo astrônomo francês Alphonse Louis Borrelly
(1842-1926), e envia uma série de dados científicos à Terra, incluindo revelações acerca do
núcleo e da cauda.
O diâmetro estimado do núcleo é de 8 x 4 x 4km.
2001 (24 de outubro) – A Mars Odyssey chega ao seu destino, tendo por objetivos: orbitar
Marte por pelo menos três anos para coletar dados sobre quais elementos químicos e
minerais predominam na superfície do planeta; obter informações sobre o risco potencial de
radiação para futura exploração humana; estudar o clima e ser um possível meio de
comunicação com sondas no solo.
2001 (30 de novembro) – Um estudo publicado na revista Science e assinado por Vladimir
Krasnopolsky e Paul Feldman, da Universidade Católica da América e da Universidade
Johns Hopkins, ambas nos EUA, revela a detecção, por parte do satélite estadunidense
Fuse, de hidrogênio molecular (H2) na alta atmosfera de Marte, o que pode indicar a
presença, no passado, de grandes quantidades de água no planeta.
2002 (18 de janeiro) – É inaugurado em Cerro Pachón, no Chile, o telescópio Gemini Sul.
Ele faz parte de um projeto que, como o nome indica, é gêmeo. Compreende um telescópio
instalado em Mauna Kea, no Havaí, para observar o hemisfério Norte (em operação desde
1999), e outro no Chile, para as estrelas do Sul.
2002 (17 de março) – São lançadas as sondas GRACE (Gravity Recovery and Climate
Experiment), missão conjunta da NASA e do Centro Aeroespacial Alemão (Deutsches
Zentrum für Luft- und Raumfahrt), cujo objetivo principal é fazer medições detalhadas do
campo gravitacional terrestre e, uma vez que a gravidade é determinada pela massa,
entender como a massa é distribuída pelo planeta e como essa distribuição varia ao longo
do tempo. Esses dados são importantes para estudar os oceanos, a geologia e o clima.
As medições são feitas por duas sondas gêneas (apelidadas de Tom e Jerry), cada uma
pesando 487kg, que orbitam a Terra a uma altitude de 500km e estão separadas uma da
outra aproximadamente 220km. À medida que orbitam o planeta, variações na distribuição
de massa provocam variações na velocidade das sondas (acelerações e desacelerações). A
medição dessas variações permite elaborar mapas do campo gravitacional da Terra. As
sondas GRACE são capazes de detectar variações de apenas 10 micra, equivalentes a um
décimo da espessura de um fio de cabelo humano.
Esses mesmos princípios são aplicados mais tarde (2011) na missão GRAIl, que faz um
mapa do campo gravitacional da Lua.
2002 (25 de março) – A China lança a Shenzhou 3, não tripulada, que orbita o planeta 107
vezes e retorna à Mongólia Interior em 1º de abril.
2002 (25 de abril) – Os físicos Paul Steinhardt (americano) e Neil Turok (inglês) publicam
na revista Science uma teoria segundo a qual o Universo se destrói e se refaz em implosões
e explosões separadas por trilhões de anos. Isso significa que o Big Bang não seria um
evento único, mas ocorreria ciclicamente.
2002 (maio) – A câmera infravermelha da Mars Odyssey obtém as primeiras fotos noturnas
do solo de Marte.
2002 (16 de maio) – São anunciados mais onze satélites de Júpiter (fotografados entre 9 e
11 de dezembro de 2001), aumentando o número das luas jovianas conhecidas para 39. São
eles: Aitne, Autonoe, Cale, Esponde, Euante, Euporia, Euridome, Hermipe, Ortósia, Pasite
e Tione.
Aitne – Diâmetro: 3km; período orbital: 679,641 dias (1,86 ano); distância média do
planeta: 22.285.000km.
Autonoe – Diâmetro: 4km; período orbital: 772,168 dias (2,11 anos); distância média do
planeta: 24.264.000km.
Cale – Diâmetro: 2km; período orbital: 685,324 dias (1,88 ano); distância média do planeta:
22.409.000km.
Esponde – Diâmetro: 2km; período orbital: 771,604 dias (2,11 anos); distância média do
planeta: 24.253.000km.
Euante – Diâmetro: 3km; período orbital: 598,093 dias (1,64 ano); distância média do
planeta: 20.465.000km.
Euporie – Diâmetro: 2km; período orbital: 538,780 dias (1,48 ano); distância média do
planeta: 19.088.000km.
Euridome – Diâmetro: 3km; período orbital: 723,359 dias (1,98 ano); distância média do
planeta: 23.231.000km.
Hermipe – Diâmetro: 4km; período orbital: 629,809 dias (1,72 ano); distância média do
planeta: 21.182.000km.
Ortósia – Diâmetro: 2km; período orbital: 602,619 dias (1,65 ano); distância média do
planeta: 20.568.000km.
Pasite – Diâmetro: 2km; período orbital: 727,933 dias (1,99 ano); distância média do
planeta: 23.307.000km.
Tione – Diâmetro: 4km; período orbital: 639,803 dias (1,75 ano); distância média do
planeta: 21.406.000km.
2002 (23 de maio) – O geólogo estadunidense Paul Schenk publica na revista Nature um
estudo afirmando que o satélite Europa tem um oceano sob uma camada de gelo com 19 a
25km de espessura. Sustenta ainda que Calisto e Ganimedes também possuem oceanos, sob
camadas de gelo de cerca de 80km.
2002 (6 de agosto) – A Nasa anuncia, com base em análise de imagens de satélites, que a
Terra está mais larga do que o normal na região da linha do Equador e mais achatada nos
polos. Tal fenômeno ocorre devido a uma mudança no campo gravitacional.
2002 (13 de agosto) – Matthew J. Holman, John J Kavelaars, T. Grav, W. Fraser e Dan
Milisavljevic descobrem Laomedeia e Neso, nono e décimo satélites conhecidos de Netuno.
Laomedeia - Diâmetro: 84km; período orbital: 3.171,33 dias (8,68 anos); distância média
do planeta: 47.134.000km.
Neso - Diâmetro: 60km; período orbital: 9.740,73 dias (26,67 anos); distância média do
planeta: 49.285.000km.
2002 (14 de agosto) - Matthew J. Holman, John J Kavelaars, T. Grav, W. Fraser e Dan
Milisavljevic descobrem mais dois satélites de Netuno: Halimede e Sao. Passam a ser 12 as
luas conhecidas do planeta.
Halimede – Diâmetro: 62km; período orbital: 1.879,08 dias (5,14 anos); distância média do
planeta: 16.611.000km.
Sao – Diâmetro: 44km; período orbital: 2.912,72 dias (7,97 anos); distância média do
planeta: 22.228.000km.
2002 (15 de agosto) – A Contour perde, definitivamente, contato com a Nasa, seis semanas
após o lançamento.
2002 (outubro) – A sonda Cassini obtém a primeira fotografia de Saturno e de Titã, tirada a
uma distância de 285 milhões de km.
2002 (30 de outubro) – É lançada a Soyuz TMA-1, primeira missão da série de naves
Soyuz TMA, cuja sigla significa “Transportny Modifitsirovannyi Antropometricheskii”
(“Transporte Antropométrico Modificado”). As sondas Soyuz TMA são um redesenho
aprimorado das Soyuz TM, projetadas para levar astronautas à ISS e, sobretudo, para servir
de local de escape em caso de problemas na Estação. Para isso, incorporam algumas
modificações sugeridas pela NASA, visando à maior segurança dos ocupantes, incluindo o
aumento do espaço interno (o que permite que astronautas mais altos sejam tripulantes) e
um sistema melhorado de paraquedas.
Quando do lançamento, a tripulação da Soyuz TMA-1 é composta por Sergei Zalyotin -
Comandante -, Frank De Winne e Yuri Lonchakov. Ao longo da missão, ocorre o acidente
com o Columbia, que se desintegra ao reentrar na atmosfera. Com a subsequente
interrupção temporária dos voos dos ônibus espaciais, as naves Soyuz tornam-se o único
meio de transporte de astronautas entre a ISS e a Terra. Assim, a tripulação que retorna na
Soyuz TMA-1 não é a mesma do lançamento, estando formada por Nikolai Budarin -
Comandante -, Kenneth Bowersox e Donald Pettit. Pela primeira vez, astronautas
estadunidenses voltam para casa numa Soyuz.
Durante a aterrissagem, ocorrida em 4 de maio de 2003, a nave tem problemas, indo pousar
450km fora do local pré-determinado. A partir daí, todas as missões Soyuz passam a dispor
de um telefone por satélite, para permitir contato rápido com equipes de resgate em casos
de emergência.
2002 (31 de outubro) –Uma equipe liderada por Scott S. Sheppard descobre Arque,
quadragésimo satélite de Júpiter conhecido.
Diâmetro: 3km; período orbital: 746,185 dias (2,04 anos); distância média do planeta:
23.717km.
2002 (29 de dezembro) – É lançada a Shenzhou 4, com uma tecnologia que, segundo a
China, "já é suficiente para enviar um homem ao espaço". Volta com êxito em 5 de janeiro
de 2003, após completar 108 órbitas.
2003 (12 de janeiro) – É lançado o CHIPSat (Cosmic Hot Interstellar Plasma Spectrometer
satellite), pequeno satélite (64kg) estadunidense cujo objetivo principal é estudar o gás
quente do meio interestelar nas vizinhanças do Sol (até 300 anos-luz de distância). Ao
contrário do que se esperava, constata-se que as emissões em ultravioleta desse gás são
extremamente débeis, quase insignificantes.
Entre 3 de abril de 2006 e 5 de abril de 2008, o CHIPSat faz 1.458 observações do Sol.
A missão termina em 11 de abril de 2008. O satélite permanece em órbita terrestre.
2003 (16 de janeiro) – O Columbia é lançado, naquela que seria sua última missão (STS-
107). O objetivo desse voo do ônibus espacial é fazer diversos experimentos científicos,
sobretudo relativos à microgravidade.
2003 (23 de janeiro) – São captados, pela última vez, sinais transmitidos pela Pioneer 10, à
distância de 12 bilhões de km da Terra.
2003 (fevereiro) – Entra em operação o HARPS (High Accuracy Radial velocity Planet
Searcher - Pesquisador de Planetas por Velocidade Radial de Alta Precisão), espectrógrafo
instalado em 2002 no telescópio de 3,6m do Observatório La Silla. Nos anos seguintes, o
HARPS torna-se o maior descobridor de exoplanetas do mundo.
Em astronomia, velocidade radial é a velocidade com que um objeto se aproxima ou se
afasta de um observador.
2003 (1º de fevereiro) – Explode o ônibus espacial Columbia, sobre o céu do Texas, em sua
vigésima oitava missão, quando a tripulação retornava para a Terra após uma permanência
de 16 dias no espaço, causando a morte dos sete astronautas a bordo. O Controle de missão
perde contato com o ônibus espacial aproximadamente 16 minutos antes de sua chegada À
Flórida. A tripulação é composta por Rick Husband (n. 1957) - comandante -, William
McCool (1961) - piloto -, Dave Brown (1956), Laurel Clark (1961), Kalpana Chawla
(1961), Mike Anderson (1959) e Ilan Ramon (1954) – primeiro astronauta israelense a ir ao
espaço e representante da Agência Espacial de Israel.
Columbia - Tempo em atividade: 21 anos, oito meses e vinte dias; Número de missões: 28;
tripulantes: 160; tempo no espaço: 300d17h40min22s; órbitas terrestres: 4.808; distância
percorrida: 201.497.772km; satélites lançados: 8; acoplagens à Mir: 0; acoplagens à ISS: 0.
Em 26 de agosto de 2003, uma comissão oficial de treze membros apresenta um relatório
apontando como causa do acidente um pedaço de espuma isolante que se separou do tanque
externo de combustível do Columbia, 81,7s após o lançamento, o que comprometeu a
proteção térmica do ônibus espacial e, na reentrada, permitiu que ar superaquecido
penetrasse através do isolamento e progressivamente derretesse a estrutura de alumínio da
asa esquerda. Várias recomendações são feitas para os próximos voos dos ônibus espaciais,
que são retomados em julho de 2005.
2003 (11 de fevereiro) – Com base em dados obtidos pela sonda WMAP, cientistas da
NASA estimam a idade do Universo em 13,7 bilhões de anos, com uma margem de erro,
segundo eles, de 1%.
Este valor é corrigido para 13,798 bilhões de anos em março de 2013.
2003 (4 de março) – São anunciados sete satélites de Júpiter, que passa a ter 47 luas
conhecidas. Apenas três têm nomes definitivos: Aoede, Euquelade e Helique.
Aoede – Diâmetro: 4km; período orbital: 714,657 dias (1,96 ano); distância média do
planeta: 23.044.000km.
Euquelade – Diâmetro: 4km; período orbital: 735,2 dias (2,01 anos); distância média do
planeta: 23.484.000km.
Helique – Diâmetro: 4km; período orbital: 601,402 dias (1,65 ano); distância média do
planeta: 20,540.000km.
S/2003 J 2 – Diâmetro: 2km; período orbital: 981,55 dias (2,69 anos); distância média do
planeta: 29.540.000km.
S/2003 J 3 – Diâmetro: 2km; período orbital: 561,518 dias (1,54 ano); distância média do
planeta: 19.622.000km.
S/2003 J 4 – Diâmetro: 2km; período orbital: 739,294 dias (2,02 anos); distância média do
planeta: 23.571.000km.
S/2003 J 5 – Diâmetro: 4km; período orbital: 758,341 dias (2,08 anos); distância média do
planeta: 23.974.000km.
2003 (7 de março) – São anunciados quatro satélites de Júpiter, que passa a ter 52 luas
conhecidas. Apenas Calicore tem nome definitivo.
Calicore – Diâmetro: 2km; período orbital: 717,806 dias (1,97 ano); distância média ao
planeta: 23.112.000km.
S/2003 J 9 – Diâmetro: 1km; período orbital: 752,839 dias (2,06 anos); distância média do
planeta: 23.858.000km.
S/2003 J 10 – Diâmetro: 2km; período orbital: 700,129 dias (1,92 ano); distância média do
planeta: 22.731.000km.
S/2003 J 12 – Diâmetro: 1km; período orbital: 489,72 dias (1,34 ano); distância média do
planeta: 17.883.000km.
2003 (3 de abril) – São anunciados quatro satélites de Júpiter, que passa a ter 57 luas
conhecidas. Apenas Core e Herse têm nomes definitivos.
Core – Diâmetro: 2km; período orbital: 723,720 dias (1,98 ano); distância media do
planeta: 23.239.000km.
Herse – Diâmetro: 2km; período orbital: 672,752 dias (1,84 ano); distância média do
planeta: 22.134.000km.
S/2003 J 15 – Diâmetro: 2km; período orbital: 699,676 dias (1,92 ano); distância média do
planeta: 22.721.000km.
S/2003 J 16 – Diâmetro: 2km; período orbital: 610,362 dias (1,67 ano); distância média do
planeta: 20.744.000km.
2003 (12 de abril) – É anunciada a descoberta de S/2003 J 19, quinquagésimo nono satélite
conhecido de Júpiter.
Diâmetro: 2km. Período orbital: 699,125 dias (1,91 ano); distância média do planeta:
22.709.000km.
2003 (28 de abril) – É lançada a missão estadunidense Galex (Galaxy Evolution Explorer),
equipada com lentes ultravioleta para medir a formação de 80% das estrelas surgidas desde
o Big Bang. Com massa de 280kg, opera numa órbita quase circular à altitude média de
697km.
2003 (8 de maio) – A Mars Global Surveyor mostra, pela primeira vez, imagens da Terra
vista de Marte. Trata-se de uma fotografia em que também é possível ver Júpiter (então
alinhado com a Terra) e suas grandes luas.
2003 (2 de junho) – É lançada, pela ESA, a Mars Express, primeira sonda interplanetária da
Europa. Compõe-se de um orbitador, a Mars Express propriamente dita (666kg), e de um
módulo de descida, denominado Beagle 2 (33,2kg).
2003 (10 de junho) – É lançado o Spirit, da NASA, veículo de 185kg e seis rodas
desenhado para percorrer a superfície de Marte e estudar o solo, as rochas e a composição
mineral do planeta à procura de vestígios de água.
2003 (10 de agosto) – O russo Yuri Malenchenko torna-se a primeira pessoa a se casar no
espaço. Comandante da Expedição 7 da ISS (28 de abril a 27 de outubro de 2003), para
onde vai a bordo da Soyuz TMA-2, no momento da cerimônia Malenchenko está 386km
acima da Nova Zelândia, enquanto a noiva, Ekaterina Dmitrieva, está no Texas, onde
casamentos a distância são permitidos.
2003 (13 de agosto) – Matthew J. Holman, John J. Kavelaars, Dan Milisavljevic e Brett J.
Gladman descobrem Francisco, vigésimo quarto satélite conhecido de Urano.
Diâmetro: 22km; período orbital: 266,56 dias; distância média do planeta: 8.552.000km;
massa: 7,2 trilhões de toneladas: densidade: 1,3g/cm3.
2003 (22 de agosto) – Uma explosão destrói o Veículo Lançador de Satélite (VLS-1), na
base brasileira de Alcântara, no Estado do Maranhão. A causa do acidente de Alcântara,
segundo as conclusões de investigações posteriores, é a ignição espontânea de um dos
quatro motores do VLS-1, causada por centelha elétrica. A explosão destrói os
equipamentos e mata 21 pessoas da equipe do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA).
2003 (25 de agosto) – Mark R. Showalter e Jack J. Lissauer descobrem Cupido e Mab,
satélites de Urano, que passa a ter 26 luas conhecidas.
Cupido – Diâmetro: 36km; período orbital: 0,618 dia; distância média do planeta:
74.392km; massa: 3,8 trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3.
Mab – Diâmetro: 48km; período orbital: 0,923 dia; distância média do planeta: 97.736km;
massa: 10 trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3.
2003 (27 de agosto) – Às 6h51min, hora de Brasília, Marte chega ao ponto mais próximo
da Terra em quase 60.000 anos: 55,76 milhões de km de distância. A última vez que havia
ocorrido tamanha proximidade entre os planetas vizinhos foi em 12 de setembro de 57617
a.C. Naquela ocasião, Terra e Marte estiveram a 55,72 milhões de km, ou seja, 40.200km
mais perto do que em 2003. O fenômeno de aproximação só vai se repetir em 28 de agosto
de 2287.
2003 (29 de agosto) – Scott S. Sheppard e David C. Jewitt descobrem Margarete, vigésimo
sétimo satélite conhecido de Urano.
Diâmetro: 20km; período orbital: 1.687,01 dias (4,62 anos); distância média do planeta:
28.690.000km; massa: 5,5 trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3.
2003 (final de agosto) – Três telescópios do Observatório Paranal fazem imagens do Halley
quando a magnitude aparente do astro é 28,2. Trata-se do cometa mais distante e menos
brilhante fotografado até o momento. As observações são feitas com o objetivo de testar um
método para localizar objetos transnetunianos muito débeis.
Atualmente, o Halley é visível para os astrônomos em qualquer ponto de sua órbita.
2003 (27 de setembro) – É lançada a Smart-1, primeira sonda lunar da ESA, cujo objetivo é
estudar a formação e a composição mineralógica da Lua, além de verificar a existência ou
não de água no satélite. Trata-se de uma nova geração de sondas, e Smart quer dizer "small
missions for advanced research and technology" (pequenas missões para pesquisa e
tecnologia avançada). A nave, de 367kg, traz o lema "mais ciência por menos dinheiro".
Pela primeira vez, a ESA utiliza um sistema de propulsão iônica (ou helioelétrica),
alimentada por eletricidade gerada a partir de painéis solares e que reduz sensivelmente o
uso de combustível e permite melhor dirigibilidade da nave.
2003 (15 de outubro) – A China torna-se o terceiro país a colocar um homem no espaço,
depois da URSS e dos EUA. O astronauta (ou "taikonauta" – do mandarim “taikong”,
espaço) Yang Liwei, 38 anos, ex-piloto da força aérea, completa, a bordo da nave Shenzhou
5, 14 órbitas em 21h22min45s e retorna com segurança.
2003 (20 de outubro) – J. Richard Gott III e Mario Juric, da Universidade de Princeton, e
colegas, baseados em dados do "Sloan Digital Sky Survey", anunciam a descoberta da
"Grande Muralha Sloan" ("Sloan Great Wall"), a maior estrutura já catalogada no Universo
(recorde quebrado em janeiro de 2013), um gigantesco conjunto de galáxias com 1,37
bilhão de anos-luz de extensão, localizado a aproximadamente um bilhão de anos-luz da
Terra.
2003 (14 de novembro) - Michael Brown, Chad Trujillo e David Rabinowitz descobrem
Sedna (oficialmente, 90377 Sedna), o objeto mais distante já encontrado no Sistema Solar.
A órbita é fortemente elíptica (excentricidade de 0,853), como a de um cometa, e a
distância ao Sol varia entre 11,423 bilhões e 140,2 bilhões de km (distância média de
77,576 bilhões de km). A distância é tão grande que, para alguns astrônomos, trata-se do
primeiro objeto conhecido da região interna da Nuvem de Oort, embora ele seja
oficialmente classificado como pertencendo ao disco disperso. O período orbital é de
aproximadamente 11.400 anos, completado à velocidade média de 3.745km/h. Sedna está
se aproximando do Sol, com o próximo periélio previsto para 2076. O diâmetro é estimado
em 995km. A magnitude aparente é 21,8.
Sedna é uma das principais divindades do povo inuit. Vive no fundo do mar e reina sobre
os animais marinhos. A região onde habita Sedna é escura, como também é escuro o corpo
celeste que leva seu nome (em Sedna, a luz do Sol é um pontinho minúsculo e se confunde
com a de outras estrelas).
2003 (14 de dezembro) – A Nozomi sobrevoa Marte, depois de terem falhado os esforços
realizados para colocá-la em órbita. Desde o lançamento, cinco anos antes, a sonda havia
apresentado vários problemas, incluindo perda de combustível por defeito numa válvula,
falhas no sistema elétrico e danos causados por uma erupção solar.
2003 (25 de dezembro) – A Mars Express é colocada com sucesso na órbita de Marte,
tendo a missão por objetivos enviar imagens de alta resolução para estudo da topografia e
morfologia da superfície, elaborar um mapa mineralógico, estudar a composição da
atmosfera e servir como meio de comunicação para as demais naves em solo marciano.
A Beagle 2, que deveria pousar no planeta e transmitir dados por meio da Mars Express,
perde definitivamente contato com a Terra antes do início da sua missão.
2004 (janeiro) – Entra em operação o Observatório de raios cósmicos Pierre Auger, situado
em Malargüe, província de Mendoza, no oeste da Argentina. Batizado com o nome do
físico francês (1899-1993) que, em 1938, foi o primeiro a detectar as faíscas produzidas na
atmosfera terrestre por sua interação com os raios cósmicos, o Observatório está equipado
com 1.600 detectores de partículas e 24 telescópios, ocupando uma área de 3.000km2.
2004 (4 de janeiro) – O veículo explorador Spirit pousa com sucesso em Marte, numa
cratera denominada Gusev, cujo diâmetro é de 166km e o nome, uma homenagem ao
astrônomo russo Matvei Gusev (1826-1866).
2004 (6 de janeiro) – A Nasa divulga uma série de fotos coloridas tiradas pela câmera de
alta resolução do Spirit, as mais detalhadas imagens do solo marciano obtidas até esta data.
2004 (14 de janeiro) – O presidente estadunidense George W. Bush anuncia uma nova
política espacial para os EUA, denominada “Vision for Space Exploration” (Visão para a
Exploração do Espaço), conhecida também como programa Constellation. Entre os
principais objetivos estão: completar a ISS até 2010 (não concretizado); aposentar os
ônibus espaciais até 2010 (prazo posteriormente adiado para 2011); desenvolver a
espaçonave Orion até 2008 (não concretizado) e realizar a sua primeira missão tripulada até
2014; explorar a Lua com robôs a partir de 2008 (isso só ocorre no ano seguinte) e com
seres humanos em 2020; explorar Marte e outros destinos com missões automáticas e
tripuladas.
O programa Constellation, conforme proposto no governo Bush, é cancelado em fevereiro
de 2010.
2004 (23 de janeiro) – A ESA anuncia que imagens feitas pela Mars Express revelam a
presença de gelo no polo sul de Marte.
2004 (6 de fevereiro) – A Mars Express entra em contato com o Spirit, transmitindo ordens
fornecidas a partir da Terra e enviando de volta dados colhidos pelo robô da NASA. É a
primeira vez que objetos espaciais da ESA e da Nasa mantêm contato em órbita e que uma
rede internacional de comunicações funciona em outro planeta.
2004 (19 de março) – Uma equipe de astrônomos liderada por Ben Bussey, da
Universidade Johns Hopkins, nos EUA, anuncia que há uma região com "picos de luz
eterna" na Lua, onde o sol nunca se põe.
2004 (23 de março) – A Mars Odyssey completa 10.000 órbitas ao redor do Planeta
Vermelho.
2004 (20 de abril) – É lançada a sonda estadunidense Gravity Probe B, criada para verificar
a veracidade da teoria da relatividade geral, de Albert Einstein. A nave transporta quatro
giroscópios sofisticados que compõem um sistema de referência espaço-temporal quase
perfeito. Com massa de 3.100kg, opera numa órbita polar a 642km da Terra.
A coleta de dados termina em 15 de agosto de 2005. A análise desses dados estende-se
pelos anos seguintes.
2004 (maio) – Imagens captadas pelo telescópio espacial Spitzer mostram, pela primeira
vez, o processo de nascimento das estrelas, envolvidas por poeira atmosférica, gás e
partículas de água congelada. Elas incluem mais de 300 estrelas formadas recentemente na
área chamada de RCW 49, distante 13.700 anos-luz da Terra, na constelação do Centauro.
2004 (20 de maio) – É liberada a primeira imagem de Titã realizada pela Cassini, com
resolução superior à de qualquer fotografia tirada da Terra, feita quinze dias antes a 29,3
milhões de km.
2004 (1º de junho) – São descobertos, graças às imagens da Cassini, dois pequenos satélites
de Saturno, batizados posteriormente de Methone e Pallene. O anúncio da descoberta é
feito em 16 de agosto. Passam a ser 33 as luas conhecidas do planeta.
Methone – Diâmetro: 3km; período orbital: 1,001 dia; distância média do planeta:
194.440km; massa estimada: 7 bilhões de toneladas; densidade: desconhecida.
Pallene – Diâmetro: 2,9 x 2,8 x 2km; período orbital: 1,754 dia; distância média do planeta:
212.280km; massa estimada: 10 bilhões de toneladas: densidade: desconhecida.
2004 (8 de junho) – Ocorre um trânsito de Vênus, fenômeno não observado desde 1882. O
evento recebe boa cobertura da mídia, visto ser o primeiro deste tipo a ocorrer depois da
invenção da televisão e da internet.
O próximo ocorre em 5 e 6 de junho de 2012.
2004 (11 de junho) – A Cassini sobrevoa Febe, a 2.068km de distância. Todos os onze
instrumentos a bordo operam como esperado e todos os dados previstos são obtidos. Os
cientistas planejam usar os dados para criar mapas globais do satélite coberto de crateras e
para determinar sua composição, massa e densidade. Partes das superfícies craterizadas
mostram-se muito brilhantes, e crê-se que existe uma grande quantidade de gelo no estrato
imediatamente inferior à superfície.
2004 (21 de junho) – A nave SpaceShipOne realiza com êxito o primeiro voo privado ao
espaço. Mike Melvill, de 62 anos, é o primeiro astronauta a bordo de um veículo não
patrocinado com recursos públicos a alcançar os confins da atmosfera (atinge a altura de
100km). A missão é um projeto da empresa Scaled Composites, dirigida pelo projetista de
aeronáutica Burt Rutan e patrocinada pelo multimilionário Paul Allen, co-fundador da
Microsoft.
2004 (1º de julho) – A Cassini é inserida com sucesso na órbita de Saturno, numa manobra
que dura 96 minutos. É a primeira sonda a orbitar aquele mundo.
2004 (2 de julho) – Primeira passagem da Cassini por Titã, a uma distância de 339.000km.
Fotografias mostram nuvens consideradas como compostas de metano e características
interessantes da superfície.
2004 (11 de novembro) – A ESA divulga imagens detalhadas da superfície de Fobos, feitas
com a câmera estereofônica de alta resolução da Mars Express, as quais mostram várias
crateras, que em alguns casos possuem materiais escuros perto do solo, em outros têm pó
residual e em outros, ainda, um dos materiais mais escuros do Sistema Solar.
Os nomes dos acidentes topográficos de Fobos originam-se de astrônomos que estudaram o
satélite e de pessoas e lugares das Viagens de Gulliver, do irlandês Jonathan Swift
(1667-1745). A principal estrutura de Fobos é a cratera de impacto Stickney, a qual, com
9km de diâmetro, ocupa uma parcela considerável da superfície do satélite. O nome é uma
alusão a Chloe Angeline Stickney Hall (1830-1892), esposa de Asaph Hall, descobridor de
Fobos.
2004 (15 de novembro) - A sonda Smart-1 entra em órbita lunar, treze meses e meio depois
do lançamento.
2004 (31 de dezembro) – A sonda Cassini sobrevoa Jápeto e descobre a maior estrutura
topográfica do satélite. Trata-se de uma extensa cadeia de montanhas, com 1.300km de
comprimento, 20km de largura e 13km de altura, localizada no hemisfério escuro (Cassini
Regio), paralelamente ao equador. Chega a erguer-se 20km acima das planícies adjacentes,
destacando-se de tal modo que distorce até mesmo a forma do satélite. Essa cadeia
montanhosa ainda não tem um nome oficial; por convenção, os nomes das características
do relevo de Jápeto são retirados de personagens e lugares do poema épico francês A
canção de Rolando.
2005 (janeiro) – O robô Opportunity encontra, em Marte, o “Heat Shield Rock”, o primeiro
meteorito descoberto em outro planeta e o terceiro fora da Terra (dois outros haviam sido
encontrados na Lua. Do tamanho de uma bola de basquete e composto de ferro (93%) e
níquel (7%), o objeto recebe da Meteoritical Society, em outubro, o nome oficial de
Meridiani Planum.
Posteriormente, o Opportunity encontra mais cinco meteoritos em Marte.
2005 (10 de janeiro) – Um grupo internacional de astrônomos divulga a descoberta das três
maiores estrelas observadas até o momento, todas com diâmetro superior a 1,6 bilhão de
km. São elas: KW Sagitarii (a 9.800 anos luz de distância), V354 Cephei (a 9.000 anos luz)
e KY Cygni (5.200 anos luz).
2005 (12 de janeiro) – É lançada a sonda estadunidense Deep Impact (ou Impacto
Profundo) com destino ao cometa Tempel 1 (oficialmente, 9P/Tempel), Descoberto (3 de
abril de 1867) pelo astrônomo alemão Ernst Wilhelm Leberecht Tempel (1821-1889, que
circula entre as órbitas de Marte e de Júpiter. O objetivo da missão (sonda principal
pesando 650kg) é lançar um impactador (370kg) contra o cometa, observar a explosão e a
partir dela analisar os componentes químicos e físicos internos do astro.
Uma campanha publicitária denominada “Envie seu nome a um cometa”, realizada entre
maio de 2003 e janeiro de 2004, permite que os visitantes do site do JPL inscrevam seu
nome para ser colocado no impactador da sonda. Os 625.000 nomes inscritos são gravados
num CD, que é incorporado à missão.
2005 (14 de janeiro) – A sonda Huygens pousa com sucesso em Titã, depois de ter
atravessado a atmosfera do satélite de Saturno. Logo depois do pouso, durante 90 minutos,
envia as primeiras fotos de Titã à Cassini, que as retransmite à Terra. Este é o primeiro
pouso de uma astronave num satélite natural que não seja a Lua.
2005 (21 de janeiro) – Imagens da Huygens revelam que em Titã há chuva de metano
líquido tão frequente que é capaz de modelar a superfície do satélite com canais e lagos.
2005 (28 de janeiro) – Uma equipe de astrônomos coordenada por Jean-Loup Bertaux, do
Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS – França), Publica na revista Science Um
artigo afirmando que A presença de moléculas de óxido nítrico demonstra que existe luz na
noite marciana, segundo registros de instrumentos da sonda europeia Mars-Express.
2005 (4 de março) - A sonda Rosetta sobrevoa a Terra pela primeira vez, a uma altitude de
1.954,7km. Os campos magnéticos terrestre e lunar são usados para testar e calibrar os
instrumentos.
2005 (16 de março) – A Nasa divulga a descoberta de uma atmosfera em Encélado, que se
torna a segunda lua de Saturno (depois de Titã) a ter uma atmosfera conhecida.
2005 (abril) – A Mars Global Surveyor obtém, pela primeira vez, imagens de outras sondas
em órbita do mesmo planeta, fotografando a Mars Express e mais tarde a Mars Odyssey.
2005 (20 de abril) – A NASA anuncia que, apesar da falha do paraquedas da cápsula da
sonda Genesis, amostras de íons de oxigênio provenientes do Sol são recuperadas,
permitindo a medição isotópica do oxigênio solar, que é o principal objetivo da missão.
2005 (4 de maio) – Scott S. Sheppard, David C. Jewitt, Jan Kleyna e Brian G. Marsden
(1937-2010) anunciam a descoberta de doze pequenos satélites de Saturno, fotografados
entre 12 de dezembro de 2004 e 9 de março de 2005. Oito deles têm nomes definitivos:
Aegir, Bebion, Bergelmir, Bestla, Farbaute, Fenrir, Fornjot e Hati. Com isso, passam a ser
46 as luas conhecidas do planeta.
Aegir – Diâmetro: 6km; período orbital: 1.025,908 dias (2,81 anos); distância média do
planeta: 19.618.000km.
Bebion – Diâmetro: 6km; período orbital: 820,130 dias (2,25 anos); distância média do
planeta: 16.898.000km.
Bergelmir – Diâmetro: 6km; período orbital: 1006,659 dias (2,76 anos); distância média do
planeta: 19.372.000km.
Bestla – Diâmetro: 7km; período orbital: 1.088 dias (2,98 anos); distância média do
planeta: 20.192.000km.
Farbaute – Diâmetro: 5km; período orbital: 1079,099 dias (2,94 anos); distância média do
planeta: 20.291.000km.
Fenrir – Diâmetro: 4km; período orbital: 1.260,35 dias (3,45 anos); distância média do
planeta: 22.454.000km.
Fornjot – Diâmetro: 6km; período orbital: 1.354 dias (3,71 anos); distância média do
planeta: 23.609.000km.
Hati – Diâmetro: 6km; período orbital: 1.080,099 dias (2,96 anos); distância média do
planeta: 20.303.000km.
S/2004 S 7 - Diâmetro: 6km; período orbital: 1.140,24 dias (3,12 anos); distância média do
planeta: 20.999.000km.
S/2004 S 12 – Diâmetro: 5km; período orbital: 1048,541 dias (2,87 anos); distância média
do planeta: 19.906.000km.
S/2004 S 13 - Diâmetro: 6km; período orbital: 905,848 dias (2,48 anos); distância média do
planeta: 18.056.000km.
S/2004 S 17 – Diâmetro: 4km; período orbital: 985,453 dias (2,70 anos); distância média
do planeta: 18.099.000km.
2005 (9 de maio) – O telescópio Swift detecta a primeira erupção de raios gama (GRB
050509b) de curta duração alguma vez observada (0,05 segundo).
GRB é a abreviatura inglesa para “gamma-ray burst”, erupção de raios gama.
2005 (15 de junho) – Imagens obtidas pelo telescópio Hubble permitem a descoberta de
mais dois satélites de Plutão, posteriormente batizados de Nix e Hydra. Esses nomes são
escolhidos, em parte, por corresponderem às iniciais da sonda New Horizons, lançada em
janeiro de 2006 para Plutão. Nix é a deusa grega da escuridão, e Hydra é a serpente de nove
cabeças que guarda o inferno.
Nix – Diâmetro: entre 46 e 137km; período orbital: 24,856 dias; distância média do planeta:
48.708km; massa: desconhecida; densidade: desconhecida.
Hydra – Diâmetro: entre 60 e 168km; período orbital: 38,206 dias; distância média do
planeta: 64.709km; massa: desconhecida; densidade: desconhecida.
2005 (4 de julho) – Após uma viagem de 173 dias e 429 milhões de km, o impactador da
Deep Impact (um projétil de cobre pesando 370kg)é lançado contra o cometa Tempel 1,
colidindo com ele à velocidade de 37.000km/h. O impacto produz energia equivalente à da
explosão de 5t de dinamite e faz aumentar o brilho do cometa em seis vezes. A 700km de
distância, a sonda registra o choque e envia as imagens para a Terra. Instrumentos a bordo
da Rosetta também fazem observações do impacto. Uma cratera é produzida, mas os
cientistas não podem vê-la por causa da nuvem de poeira que se forma. O impactador, que é
colocado na trajetória do Tempel 1 para ser atingido por ele, transmite até três segundos
antes do choque. Cerca de 4.500 imagens são enviadas pela Deep Impact para a Terra.
O telescópio Swift monitora o cometa depois da colisão e observa que material continua
sendo expulso durante os treze dias seguintes. No total, o impacto libera aproximadamente
5.000t de água e de 10.000 a 25.000t de poeira.
O núcleo do Tempel 1 tem diâmetro de 7,6 x 4,9km, e a massa estimada é de 75 bilhões de
toneladas.
2005 (26 de julho) – Dados da Cassini confirmam que há chuva em Titã, composta de
metano líquido e, em menores proporções, de nitrogênio.
2005 (19 de setembro) – A Nasa anuncia sua intenção de colocar outra vez astronautas na
Lua, estando a primeira viagem tripulada desse novo programa prevista para 2018.
2005 (19 de setembro) – Uma colônia de vermes da seda mandada ao espaço pela Agência
Espacial da China retorna à Terra após uma viagem de 18 dias. Os animais são enviados
para que sejam estudados os processos de transformação da crisálida em verme e a
consequente produção de seda.
2005 (12 de outubro) – Segunda missão tripulada da China ao espaço. Os taikonautas Fei
Junlong e Nie Haisheng, a bordo da Shenzhou 6, permanecem 115h33min no espaço,
completam 75 órbitas e retornam à Terra no dia 16.
2005 (9 de novembro) – É lançada a Venus Express, primeira sonda europeia com destino a
Vênus, cuja missão principal é fazer um estudo a longo prazo da atmosfera daquele planeta.
A nave, de 1.270kg, transporta sete instrumentos científicos.
2005 (25 de novembro) – A sonda Hayabusa pousa no asteroide 25143 Itokawa, permanece
por cerca de trinta minutos e estuda a sua morfologia, rotação, topografia, cor, composição,
densidade e história. Consegue recolher duas amostras do solo do asteroide Itokawa, as
quais são enviadas à Terra dentro de uma pequena cápsula incorporada à nave
especialmente para esse fim. É a primeira vez que uma nave pousa num asteroide e deixa o
astro mais tarde (A NEAR-Shoemaker pousou em eros, mas permaneceu na superfície do
asteroide.
Neste momento, os resultados da Hayabusa são bastante incertos. Apesar de ter chegado às
proximidades de Itokawa em setembro, apenas dois meses depois consegue pousar, devido
a diversas dificuldades de manobra. Ademais, um pequeno módulo de pouso denominado
Minerva (10 x 12cm, 590g), que deveria pousar e ficar no asteroide, erra o alvo e perde-se
no espaço.
2006 (15 de janeiro) – A sonda Stardust libera na atmosfera terrestre uma cápsula (que
pousa no deserto de Utah) contendo milhares de grãos de poeira e de partículas, capturados
em janeiro de 2004 e provenientes do cometa Wild 2. É a primeira vez que amostras
originárias de um corpo celeste que não seja a Lua são trazidas para a Terra. As amostras da
Stardust incluem também poeira e partículas interestelares, fato sem precedentes na história
da astronomia.
2006 (19 de janeiro) – É lançada a sonda estadunidense New Horizons, com a finalidade
principal de caracterizar globalmente a geologia e a morfologia de Plutão e de Caronte,
além de mapear as suas superfícies. Objetivos secundários são estudar a atmosfera neutra
de Plutão e a sua taxa de fuga; estudar as variações da superfície e da atmosfera de Plutão e
de Caronte ao longo do tempo; obter imagens de alta definição em estéreo de determinadas
áreas de Plutão e de Caronte, para caracterizar a sua atmosfera superior, a ionosfera; estudar
a composição das partículas energéticas do meio ambiente e a sua interação com o vento
solar; procurar pela existência de alguma atmosfera em torno de Caronte; caracterizar a
ação das partículas energéticas entre Plutão e Caronte; procurar por satélites ainda não
descobertos (além de estudar os já conhecidos) e por possíveis anéis que envolvam Plutão e
Caronte. A New Horizons, de 478kg, carrega sete instrumentos científicos principais, bem
como uma pequena quantidade de cinzas de Clyde Tombaugh (1906-1997), descobridor de
Plutão. A sonda sobrevoará Plutão e Caronte em 14 de julho de 2015.
2006 (10 de março) – A sonda Mars Reconnaissance Orbiter entra com sucesso numa órbita
elíptica (3.806 x 47.972km) em torno de Marte.
2006 (13 de março) – A Nasa divulga resultados preliminares das análises do material
proveniente do cometa Wild 2 trazido à Terra pela Stardust. São encontrados vestígios de
temperaturas extremas, tanto baixas quanto elevadas. Os cometas revelam-se mais
complexos do que se pensava, não estando sua composição limitada a gelo, poeira e gás. Há
no Wild 2 elementos cuja formação requer altas temperaturas: cálcio, alumínio, titânio e
peridoto (rocha natural comum na areia de algumas praias, com elevada concentração de
ferro e de magnésio).
2006 (29 de março) – É lançada a Soyuz TMA-8, às 23h31min18s (hora de Brasília), que
transporta o primeiro brasileiro a ir ao espaço, o tenente-coronel da Força Aérea e
engenheiro aeronáutico Marcos César Pontes, de 43 anos, que também é o primeiro
lusófono e o primeiro sul-americano a ir ao espaço. Participam também da missão o
astronauta estadunidense Jeffrey Williams e o cosmonauta russo Pavel Vinogradov,
integrantes da Expedição 13 da ISS.
O retorno de Marcos à Terra ocorre em 8 de abril, a bordo da Soyuz TMA-7. Permanece no
espaço 9d21h17min e completa 155 órbitas.
2006 (7 de abril) – São liberadas as primeiras imagens em cores de Marte obtidas pela Mars
Reconnaissance Orbiter. As fotos mostram crateras, falésias e dunas formadas pelo vento
no hemisfério sul de Marte. Segundo os cientistas da NASA, a diversidade dos acidentes
geográficos mostra a importância que a água, o vento e impactos de meteoritos tiveram em
moldar a superfície do planeta.
2006 (11 de abril) – A Venus Express entra com sucesso na órbita venusiana. No dia
seguinte, o espectrômetro Virtis capta as primeiras imagens do polo sul do planeta. A 7 de
maio, tendo completado 16 voltas em torno de Vênus, a sonda atinge sua órbita operacional
definitiva. (250 x 66.000km)
2006 (11 de abril) – É lançado nos EUA um telescópio construído especialmente para
capturar possíveis sinais de luz transmitidos à Terra por extraterrestres. Financiado pela
Planetary Society, o equipamento é o primeiro a ser desenvolvido apenas para vasculhar o
céu à procura de luz emitida por alienígenas.
2006 (30 de abril) – O sistema de radar da Cassini detecta a região de Xanadu, em Titã,
descoberta em 1994 pelo telescópio Hubble, e constata que ela tem características
geológicas parecidas com as da Terra. No extremo oeste, há dunas escuras que se
transformam em um terreno cortado pelo que parecem ser redes fluviais, colinas e vales.
Esses canais fluem em direção a áreas mais escuras, que talvez sejam lagos.
2006 (5 de maio) – Um estudo publicado na revista Science afirma que em Titã existem
dunas semelhantes às dos desertos da Terra, com até 150m de altura e centenas de km de
extensão, não tendo sido possível, ainda, determinar de que material são compostas.
2006 (13 de junho) - A New Horizons passa a 101.867km do asteroide 132524 APL e o
fotografa.
Diâmetro: 2,3km; período orbital: 1.536,322 dias (4,21 anos); distância média do Sol: 390
milhões de km.
2006 (26 de junho) – Scott S. Sheppard, David C. Jewitt, Jan Kleyna e Brian G. Marsden
(1937-2010) anunciam a descoberta de nove satélites de Saturno, cujo número passa para
56. Sete deles têm nomes definitivos: Cari, Greip, Hyrrokkin, Jarnsaxa, Loge, Skoll e
Surtur.
Cari – Diâmetro: 7km; período orbital: 1243,71 dias (3,41 anos); distância média do
planeta: 22.305.100km.
Greip – Diâmetro: 6km; período orbital: 906,556 dias (2,48 anos); distância média do
planeta: 18.066.000km.
Hyrrokkin – Diâmetro: 8km; período orbital: 914,292 dias (2,50 anos); distância média do
planeta: 18.168.300km.
Jarnsaxa – Diâmetro: 6km; período orbital: 943,784 dias (2,58 anos); distância média do
planeta: 18.556.900km.
Loge – Diâmetro: 6km; período orbital: 1.314,364 dias (3,60 anos); distância média do
planeta: 23.142.000km.
Skoll – Diâmetro: 6km; período orbital: 869 dias (2,38 anos); distância média do planeta:
17.560.000km.
Surtur – Diâmetro: 6km; período orbital: 1238,575 dias (3,39 anos); distância média do
planeta: 22.243.600km.
S/2006 S 1 – Diâmetro: 6km; período orbital: 972,407 dias (2,66 anos); distância média do
planeta: 18.930.200km.
S/2006 S 3 – Diâmetro: 6km; período orbital: 1.142,366 dias (3,13 anos); distância média
do planeta: 21.076.300km.
2006 (22 de julho) – A Mars Express fotografa a formação rochosa da região marciana de
Cydonia, onde está localizado o famoso "rosto de Marte". As fotografias mostram uma
pequena elevação que sofreu erosão, ficando com um aspecto que lembra vagamente um
rosto humano. Contudo, a hipótese de se tratar de um rosto artificialmente esculpido perde
por completo o sentido.
2006 (15 de agosto) – A Voyager 1 chega a 100 unidades astronômicas (14,96 bilhões de
km) do Sol.
2006 (22 de agosto) – Uma resolução da UAI subdivide os então chamados planetas
menores em planetas anões e corpos pequenos do Sistema Solar (SMall Solar System
Bodies, SSSB, em inglês). Pela resolução, corpos pequenos do Sistema Solar são todos os
astros que giram em torno do Sol e que não são planetas, planetas anões ou satélites.
Portanto, pertencem a esta categoria asteroides, centauros, troianos, objetos transnetunianos
e cometas. Não está claro o status dos meteoroides, (menores corpos macroscópicos em
órbita solar) nem dos elementos microscópicos que orbitam o Sol, como poeira
interplanetária, partículas do vento solar e partículas de hidrogênio livre. A expressão
planetas menores pode continuar sendo usada, mas deve-se dar preferência à nova
nomenclatura.
2006 (23 de agosto) – A Nasa anuncia ser Orion o nome da série de veículos de exploração
tripulados projetados para substituir os ônibus espaciais e para transportar astronautas em
futuras missões à Lua.
2006 (24 de agosto) – A 26ª assembleia da UAI, reunida em Praga, na República Tcheca,
aprova pela primeira vez na história da astronomia uma definição para planeta. Segundo
essa definição, planeta é um corpo celeste que está na órbita de uma estrela, sem ser ele
mesmo uma estrela, que tem massa suficiente para que sua própria gravidade o molde numa
forma praticamente esférica e que tenha limpado os arredores de sua órbita. Com isso,
Plutão deixa de ser considerado um planeta, passando a ser incluído na categoria de objetos
criada na mesma assembleia e denominada de planetas anões. Ceres, até então considerado
asteroide, e 2003 UB313 (Xena, mais tarde Éris) também passam a ser classificados como
planetas anões.
2006 (30 de agosto) – A revista Nature publica quatro artigos nos quais astrônomos
afirmam ter acompanhado, pela primeira vez na história, a evolução de uma supernova em
todas as suas etapas. A explosão da supernova, batizada de "SN2006aj" e localizada na
constelação de Áries, a cerca de 440 milhões de anos-luz da Terra, tem início a 18 de
fevereiro de 2006.
2006 (setembro) – A sonda Cassini revela a ocorrência, nos polos de Titã, de chuva ou
nevascas de etano, substância que na Terra é um componente do gás natural.
2006 (1º de setembro) – A revista Science publica dados obtidos pelo impactador da sonda
Deep Impact que, a 4 de julho de 2005, atingiu o cometa Tempel 1. Os dados revelam que o
cometa está envolvido por poeira, como uma fina camada de neve fresca. De forma
inesperada, o Tempel 1 dá sinais de ter tido uma atividade geológica no passado, o que
prova que um cometa não é, como havia proposto Fred Whipple em 1950, uma massa de
neve suja.
2006 (12 de setembro) – A Mars Reconnaissance Orbiter entra em órbita circular em torno
de Marte, o que lhe permite iniciar seus estudos do planeta.
2006 (13 de setembro) – O Centro de Planetas Menores, organização oficial que coleta
dados sobre asteroides e cometas, passa a considerar o planeta anão Plutão como sendo o
objeto 134340. Os três satélites de Plutão então conhecidos, Caronte, Nix e Hydra, são
considerados parte do mesmo sistema, mas não ganham números próprios: apenas passam a
ser identificados como 134340 I, II e III, respectivamente.
2006 (14 de setembro) – A UAI anuncia que o planeta anão 2003 UB313, conhecido
popularmente como "Xena", passa a se chamar oficialmente Éris, nome da deusa grega da
discórdia e do conflito. Sua lua, apelidada "Gabrielle", passa a ter a denominação oficial de
Disnomia, o demônio do caos e da anarquia, que na mitologia é filha de Éris. Éris recebe
esse nome porque a sua descoberta lança a discórdia entre os astrônomos quanto à definição
de um planeta e causa, indiretamente, a descida de estatuto de Plutão de "planeta" para
"planeta-anão".
2006 (20 de setembro) – A Nasa anuncia a descoberta, feita pela Cassini, de um anel em
Saturno. As câmeras da sonda também revelam imagens de material gelado proveniente da
lua Encélado.
2006 (22 de setembro) – É lançada a sonda japonesa Hinode (nascer do sol), anteriormente
denominada Solar-B, cujo objetivo é estudar, a partir de uma órbita terrestre, as enormes
explosões que ocorrem na atmosfera do Sol, conhecidas como "chamas solares". Em apenas
alguns minutos, essas explosões liberam energia equivalente a milhões de bombas de
hidrogênio. A missão pretende obter informações sobre o campo magnético existente na
atmosfera solar e entender o mecanismo de ignição das explosões.
A massa da sonda é de 700kg.
2006 (27 de setembro) – Uma equipe de médicos franceses, composta de três cirurgiões e
dois anestesistas, chefiada por Domenique Martin, realiza, a bordo de um Airbus A300 G-
Zero especialmente adaptado, a primeira cirurgia da história em condições de ausência total
de gravidade feita num ser humano. O paciente, Philippe Sanchot, um voluntário de 46
anos anestesiado em terra, tem um cisto sebáceo removido do antebraço. O objetivo da
experiência é desenvolver tecnologias que permitam realizar cirurgias em astronautas no
espaço, em missões futuras.
2006 (8 de outubro) – Um pequeno meteorito cai sobre uma casa de campo em Troidorf,
norte da Alemanha, causando um incêndio que deixa um idoso de 77 anos ferido no rosto e
nas mãos.
2006 (11 de outubro) – Mais dois anéis de Saturno, descobertos pela Cassini, são
anunciados pela Nasa.
2006 (19 de outubro) – A revista britânica Nature publica um estudo, realizado por
astrônomos estadunidenses liderados por Donald Campbell, do Instituto Smithsonian de
Washington, contestando a existência de grandes quantidades de gelo no polo sul da Lua,
conforme havia sido deduzido a partir de dados coletados pela sonda Clementine.
2006 (25 de outubro) – A Nasa lança a missão Stereo (Solar Terrestrial Relations
Observatories), formada por duas sondas, quase idênticas, cada uma pesando 620kg, cujo
objetivo é estudar as radiações produzidas pelas tempestades solares (mais especificamente,
a origem, a evolução e as consequências das explosões que ocorrem na coroa). Como as
sondas estão programadas para operar em órbitas opostas, pela primeira vez as medidas do
Sol e dos ventos solares serão tomadas em três dimensões.
2006 (novembro) – Com base em dados obtidos em três sobrevoos da Cassini realizados em
2005, a Uhnião Astronômica Internacional dá nomes a mais 35 estruturas geológicas de
Encélado, também retirados de personagens elugares mencionados nas Mil e uma noites.
2006 (5 de novembro) – A Nasa perde contato com a Mars Global Surveyor, dois dias antes
do décimo aniversário do lançamento da sonda. Em órbita marciana desde setembro de
1997, a sonda é dada como perdida no dia 21 de novembro.
2006 (27 de novembro) – Uma equipe internacional de astrônomos anuncia, em Paris, ter
conseguido medir, pela primeira vez, o campo magnético de uma estrela ao redor da qual
gravita um dos cerca de 200 exoplanetas conhecidos. Situada a 50 anos-luz da Terra, a
estrela Tau Bootis tem um campo magnético de alguns gauss (unidade de medida de
indução magnética), apenas um pouco maior que o do sol, apesar de ter uma massa uma vez
e meia superior.
2006 (28 de novembro) - São liberadas as primeiras imagens de Plutão feitas pela New
Horizons. Devido à grande distância, são pouco nítidas.
2006 (4 de dezembro) – A Nasa anuncia que a Mars Reconnaissance Orbiter fotografou três
sondas na superfície de Marte: a Spirit e as duas Vikings.
2006 (15 de dezembro) – A revista Science publica uma série de artigos, assinados por 183
astrônomos de diversos países, nos quais são colocadas em dúvida as teorias atualmente
aceitas acerca da origem do Sistema Solar. As amostras de poeira obtidas durante a
passagem da sonda Stardust pelo cometa Wild 2 e trazidas de volta à Terra demonstram,
contrariamente ao que se pensava, a existência nos cometas de minerais característicos das
regiões internas do Sistema Solar, indicando que, durante o processo de sua formação, deve
ter ocorrido interação entre os materiais das regiões interna e externa, o que não está de
acordo com as hipóteses formuladas até agora.
2007 (22 de janeiro) – A Índia torna-se o quarto país do mundo (depois de EUA, Rússia e
China) a trazer de volta, com sucesso, uma cápsula enviada ao espaço. O satélite, lançado
no dia 10 de janeiro, é dirigido, ao reentrar na atmosfera, para a Baía de Bengala, atingindo-
a a 36km/h.
2007 (3 de fevereiro) – A sonda Ulysses faz uma passagem inesperada por dentro da cauda
do cometa McNaught, a 250 milhões de km do núcleo.
2007 (6 de fevereiro) – A sonda Opportunity completa 10km percorridos sobre o solo de
Marte.
2007 (16 de fevereiro) – Têm início as operações do South Pole Telescope (SPT),
telescópio de 10m de diâmetro localizado na estação estadunidense de Amundsen-Scott, na
Antártida, projetado para fazer observações em radiação submilimétrica.
2007 (17 de fevereiro) – A Nasa lança os cinco satélites que compõem a missão Themis
(cada um deles pesando 77kg), cujo objetivo é investigar as auroras boreais. Themis (Time
History of Events and Macroscale Interactions during Substorms) é a sigla em inglês para
Histórico de Eventos e Interações a Macroescala durante as Subtempestades, mas também o
nome da deusa grega da Justiça.
Mais tarde, dois dos cinco satélites (Themis B e Themis C) são enviados para uma órbita
lunar e passam a constituir a missão Artemis, acrônimo para “Acceleration, Reconnection,
Turbulence and Electrodynamics of the Moon’s Interaction with the Sun”. Os outros três
satélites permanecem na magnetosfera terrestre.
2007 (25 de fevereiro) - A sonda Rosetta chega a 250km de Marte, estuda o campo
magnético do planeta, faz diversas imagens e utiliza a gravidade marciana para modificar
sua rota.
2007 (28 de fevereiro) – A New Horizons passa por Júpiter e obtém impulso gravitacional,
aumentando sua velocidade de 70.000km/h para 84.000km/h. A aproximação máxima é de
2,3 milhões de km, e a sonda aproveita para fazer uma série de imagens do planeta, bem
como de suas principais luas. Nesta aproximação, a sonda observa relâmpagos nos polos
jovianos, O ciclo de vida das nuvens de amoníaco, aglomerados de rochas viajando através
dos fracos anéis que rodeiam o planeta, a estrutura dentro das erupções vulcânicas em Io e a
passagem de partículas carregadas, nunca estudadas antes, ao longo da cauda magnética de
Júpiter.
2007 (7 de março) – A Câmara dos Deputados do Novo México aprova uma resolução em
homenagem a Clyde Tombaugh, que por décadas morou neste Estado, a qual declara que
Plutão será sempre considerado planeta quando estiver sobre os céus do Novo México e
que 7 de março de 2007 deve ser considerado Dia do Planeta Plutão.
Em 2009, o Senado do Illinois aprova uma resolução semelhante, sob o argumento de que
aquele Estado estadunidense é a terra natal de Tombaugh.
2007 (26 de março) – Horst Bredekamp e William R. Shea apresentam em Pádua, Itália,
cinco páginas contendo desenhos da Lua feitos por Galileu Galilei, recentemente
descobertos e originalmente incluídos numa edição do "Sidereus Nuncius", obra publicada
em Veneza, em 1610.
2007 (abril) – São divulgados resultados de observações feitas pelo Akari, destacando-se o
estudo da evolução do material do meio interestelar através do ciclo de vida das estrelas, a
primeira detecção no infravermelho de um remanescente de supernova na Pequena Nuvem
de Magalhães, a confirmação de uma taxa elevada de perda de massa em estrelas gigantes
vermelhas jovens, o estudo do material à volta de um buraco negro no centro do núcleo
ativo de uma galáxia distante e uma visão da formação de galáxias ao longo da história do
Universo.
2007 (10 de abril) – O astrônomo estadunidense Travis Barman anuncia a detecção, pela
primeira vez na história, de vestígios de água na atmosfera de um planeta extrassolar, o
HD209458b, conhecido extraoficialmente como Osíris. Localizado na constelação de
Pégaso, a 154 anos-luz da Terra, este planeta, descoberto em 5 de novembro de 1999, orbita
a sua estrela em 3,525 dias, à distância média de 6,7 milhões de km.
2007 (12 de abril) – Um boletim da Nasa comunica a primeira observação, feita pelo
Chandra, do eclipse de um grande buraco negro por uma nuvem de gás incandescente. O
fenômeno, ocorrido na galáxia NGC 1365, a cerca de 60 milhões de anos-luz da Terra,
permite aos astrônomos estudar com maior profundidade os buracos negros supermassivos.
2007 (13 de abril) – Scott S. Sheppard, David C. Jewitt, Jan Kleyna e Brian G. Marsden
(1937-2010) descobrem Tarqeq, quinquagésimo sétimo satélite conhecido de Saturno.
Diâmetro: 7km; período orbital: 894,86 dias (2,45 anos); distãncia média do planeta:
17.900.000km.
2007 (23 de abril) – São liberadas as primeiras imagens tridimencionais do Sol, obtidas
pelas sondas Stereo.
2007 (24 de abril) – Cientistas suíços, franceses e portugueses, liderados por Stephen Udry,
do Observatório de Genebra, divulgam a descoberta do então considerado primeiro planeta
extrassolar com temperaturas similares às da Terra e capacidade de armazenar água,
potencialmente habitável, localizado na constelação de Libra e girando em torno da anã
vermelha Gliese 581, a 20,3 anos-luz (192 trilhões de km) da Terra. Diversos estudos
posteriores, contudo, contestam os dados iniciais, atribuindo ao exoplaneta temperaturas de
várias centenas de graus, comparáveis às de Vênus. Com 1,5 raio terrestre de diâmetro e
massa 5 vezes maior que a da Terra, é o menor exoplaneta descoberto até o momento
(recorde quebrado em abril de 2009) e completa uma órbita ao redor de sua estrela, à
distância média de 11 milhões de km, em treze dias, tendo recebido o nome de Gliese 581c.
O nome da estrela central desse sistema planetário deve-se ao astrônomo alemão Wilhelm
Gliese (1915-1993), conhecido pelo Catálogo das Estrelas Próximas, originalmente
publicado em 1957.
2007 (1º de maio) – São anunciadas mais duas luas de Saturno, cujo número sobe para 59.
S/2007 S 2 – Diâmetro: 6km; período orbital: 792,96 dias (2,17 anos); distância média do
planeta: 17.560.000km.
S/2007 S 3 – Diâmetro: 5km; período orbital: 1.100 dias (3,01 anos); distância média do
planeta: 20.518.500km.
2007 (3 de maio) – É anunciada a detecção, feita pelo Spirit, de traços de uma erupção
vulcânica nas proximidades da planície Home Plate, em Marte. Segundo a Nasa, é a
primeira vez que se identifica naquele planeta, com alto grau de certeza, um depósito de
sedimentos provenientes de uma explosão vulcânica.
2007 (3 de maio) – O CNES anuncia a descoberta (1º de maio) do primeiro exoplaneta feita
pelo Corot. Batizado de CoRoT-1b (ou CoRoT-Exo-1b), o astro está a 1.560 anos-luz da
Terra e orbita, em 1,501 dia e à distância média de 37,4 milhões de km, Corot-1, uma anã
semelhante ao Sol, situada na constelação do Unicórnio. De temperatura elevada (1.600°C),
tem diâmetro de 208.000km e massa 30% superior à de Júpiter.
2007 (9 de maio) – O JPL informa que, com base em dados fornecidos pelo Spitzer,
astrônomos estadunidenses conseguem estabelecer, de forma inédita, o clima reinante em
dois exoplanetas: o HD189733b, localizado a 60 anos-luz da Terra, atingido por fortes
ventos (9.600km/h), e o HF149026b, distante 279 anos-luz, o mais quente encontrado até o
momento (mais de 2.000°C).
2007 (27 de maio) – O Brasil sai oficialmente do projeto de construção da ISS. Quase uma
década depois do lançamento do primeiro módulo, a Agência Espacial Brasileira ainda não
havia conseguido entregar nenhuma peça para a estação.
2007 (5 de junho) – Em sua viagem para Mercúrio, a sonda Messenger sobrevoa Vênus
(distância mínima de 313km), aproveitando a ocasião para testar instrumentos e efetuar
medições das nuvens do planeta.
2007 (14 de junho) – Uma equipe de astrônomos estadunidenses, liderada por Michael
Brown, anuncia que Éris tem massa 27% superior à de Plutão. Isso faz de Éris o maior
objeto encontrado no Sistema Solar desde a descoberta de Netuno, em 1846.
2007 (16 de junho) – A estadunidense Sunita Williams torna-se a mulher com mais tempo
de permanência contínua no espaço. Ao iniciar a volta para a Terra a bordo do Atlantis, três
dias depois, completa 191 dias na ISS.
2007 (11 de julho) – Um estudo publicado na revista Nature afirma que uma equipe
internacional de astrônomos, utilizando imagens do Spitzer, detecta, pela primeira vez,
água (na forma de vapor, em grandes quantidades) na atmosfera de um exoplaneta, o HD
189733b, localizado na constelação da Pequena Raposa e distante 63 anos-luz da Terra.
2007 (6 de agosto) – A Nasa anuncia a detecção, feita pelo Spitzer, de uma das maiores
colisões cósmicas já registradas. Trata-se da fusão de quatro galáxias de um grupo chamado
CL 0958 4702, situado a quase 5 bilhões de anos luz da Terra. O resultado previsto dessa
colisão é a formação de uma única galáxia, com massa 10 vezes superior à da Via Láctea.
2007 (15 de agosto) – A Nasa divulga a descoberta, feita pelo Galex, de um longo rastro, de
13 anos-luz de diâmetro, semelhante à cauda de um cometa, deixado pela estrela Mira, da
constelação de Cetus. É a primeira vez que se observa um rastro desse tipo vinculado a uma
estrela.
2007 (27 de agosto) – É lançado o Google Sky (incluído no Google Earth), aplicativo que
permite aos internautas realizar passeios virtuais pelo espaço, visualizar estrelas,
constelações e galáxias, seguir as órbitas dos planetas e satélites do Sistema Solar. As
imagens são fornecidas por sondas da NASA, pelo telescópio Hubble e pelo Sloan Digital
Sky Survey.
2007 (29 de agosto) – A Nasa divulga imagens, feitas pelo Spitzer, que registram o
surgimento do sistema estelar NGC 1333-IRAS 4B, localizado na constelação de Perseu e
distante 1.000 anos-luz da Terra, onde foi encontrado vapor de água suficiente para encher
cinco vezes os oceanos terrestres (nos oceanos terrestres há, no total, 1,3 quintilhão de
toneladas de água). Segundo a Agência espacial estadunidense, trata-se da primeira visão
direta da forma como a água, elemento crucial na formação de vida, começa a fazer parte
dos planetas, inclusive os rochosos como a Terra.
2007 (14 de setembro) – É lançada a primeira sonda lunar japonesa, denominada Kaguya
(ou Selene – Selenological Engineering Explorer, em inglês). O objetivo da missão é
recopilar informação sobre a origem e composição da Lua, além de estudar a eventual
possibilidade de uma base humana permanente. A nave, de 2.914kg, carrega 13
instrumentos científicos destinados a colher informação sobre a superfície lunar, como
composição mineral, estrutura e geografia, além de obter dados sobre o campo
gravitacional e os vestígios do campo magnético. Programada para orbitar a Lua a uma
altitude de 100km, a sonda transporta dois pequenos satélites, Okina e Ouna (53kg cada
um). A função do Okina é manter a comunicação, via rádio, entre a Terra e a Selene quando
a sonda passa pelo lado oculto da Lua, enquanto o Ouna utiliza a interferometria para
ajudar a elaborar o mapa gravitacional do satélite.
O nome Kaguya refere-se a uma princesa lunar, personagem de um conto infantil japonês.
2007 (18 de setembro) – O JPL informa a descoberta, feita por um grupo internacional de
astrônomos, de que o polo sul de Netuno é a região mais quente do planeta. Devido ao
longo período de translação de Netuno (165 anos terrestres), as regiões polares recebem luz
solar de modo contínuo durante 82 anos, sendo possível que, dentro de aproximadamente
oito décadas, haja uma inversão térmica, passando o polo norte à condição de zona mais
quente.
2007 (21 de setembro) – A Nasa informa a descoberta, feita pela Mars Odyssey, de
evidências do que parecem ser sete cavernas, com diâmetros entre 100 e 250m, na encosta
do vulcão Arsia Mons, em Marte. Chamadas pelos cientistas de "sete irmãs", essas
estruturas constituem as primeiras entradas para regiões interiores de outro corpo celeste
encontradas até o momento.
2007 (27 de setembro) – É lançada a sonda estadunidense Dawn (Alvorada), com destino
ao asteroide Vesta e ao planeta anão Ceres. O principal objetivo da missão é procurar por
indícios acerca da origem do Sistema Solar, bem como comparar os elementos constituintes
de Vesta e de Ceres com os formadores dos planetas terrestres. Primeira nave programada
para viajar a dois corpos celestes diferentes e orbitá-los, a Dawn, de 1.240kg, usa um novo
sistema de propulsão: Em vez de foguetes propulsores que queimam combustíveis
químicos, emprega um trio de motores elétricos a energia solar, que ionizam e expelem gás
xenônio, o que deixa um rastro azul cintilante e proporciona grande economia de
combustível. A Dawn orbita Vesta de julho de 2011 a setembro de 2012, seguindo então
para Ceres, em cuja órbita permanecerá de fevereiro a julho de 2015.
2007 (5 de outubro) – A sonda japonesa Selene entra com sucesso na órbita da Lua.
2007 (24 de outubro) – É lançada a Chang’E 1, primeira sonda lunar da China, que parte da
base de Xichang, na província de Sichuan, no sudoeste do país. Os objetivos da missão são
analisar a poeira da Lua e a distribuição dos elementos na superfície do satélite, além de
tirar fotografias em três dimensões. Este é o primeiro lançamento do programa espacial
chinês aberto ao público, sendo presenciado por mais de 2.000 espectadores. A nave
transporta 24 instrumentos e tem massa de 2.350kg.
Chang’E é, na mitologia chinesa, uma deusa que viajou à Lua e habita nela.
2007 (30 de outubro) – A Nasa divulga a descoberta, feita por uma equipe de astrônomos
liderada pela estadunidense Andrea Prestwich, do maior buraco negro observado até então,
com massa entre 24 e 33 vezes a do Sol, localizado na galáxia IC 10, a cerca de 1,8 milhão
de anos-luz da Terra.
Buracos negros muito maiores são observados posteriormente.
2007 (31 de outubro) – Um estudo publicado na revista Nature e dirigido por Antonio
Chrysostomou, da Universidade de Hertfordshire (Reino Unido), demonstra que o campo
magnético das estrelas que começam a se formar tem uma estrutura helicoidal.
2007 (5 de novembro) – A sonda chinesa Chang’E 1 entra com sucesso numa órbita
circular em torno da Lua, a uma altitude de 200km.
2007 (8 de novembro) – Um estudo realizado por 370 cientistas de 17 países (entre eles o
Brasil) e publicado na revista Science sustenta que os raios cósmicos, partículas com
grande concentração de energia e que se deslocam a velocidades próximas à da luz,
atingindo a Terra continuamente, são provavelmente originados de buracos negros gigantes
situados em galáxias vizinhas à Via Láctea. A origem desses raios é alvo de investigação há
décadas, e a compreensão de sua natureza, bem como dos mecanismos que determinam sua
aceleração, pode fornecer aos cientistas pistas na busca de explicação para a origem do
Universo.
2007 (13 de novembro) - A sonda Rosetta sobrevoa a Terra pela segunda vez. Cinco dias
antes, durante a aproximação, é confundida com um asteroide e chega a receber a
designação provisória 2007 VN84, cancelada assim que o equívoco é constatado.
2007 (15 a 27 de novembro) – Ocorre o primeiro dos três estágios do programa Marte-500,
cujo objetivo é simular uma viagem tripulada ao planeta vermelho. O experimento tem
lugar no Instituto de Problemas Biomédicos da Academia de Ciências da Rússia, em
Moscou. Durante essa primeira fase, são testados os equipamentos, as instalações e os
procedimentos operacionais de viagem. Os seis voluntários participantes (cinco homens e
uma mulher) são russos: Anton Artamonov, Oleg Artemyev, Alexander Kovalev, Dmitry
Perfilov, Sergei Ryazan e Marina Tugusheva.
2007 (7 de dezembro) – A revista Science publica, numa seção especial, dez artigos
contendo os primeiros resultados da missão da sonda japonesa Hinode. Destaca-se a
observação das ondas Alfvén, as quais, juntamente com a liberação de energia que ocorre
quando as linhas de campos magnéticos se cruzam e se reconectam, fornecem explicação
para as elevadas temperaturas da coroa solar relativamente à superfície. Ademais, são
observados diversos tipos de jatos de matéria em alta velocidade, provenientes das erupções
solares, que estão na origem do vento solar.
2007 (13 de dezembro) – Um estudo realizado por uma equipe internacional de astrônomos
liderada por Daniela Carollo, e publicado na revista Nature, conclui que a Via Láctea não é
composta por um único halo, mas por dois, que se movimentam em sentidos contrários e
têm velocidades, composições e histórias diferentes.
2007 (20 de dezembro) – Acolhendo uma proposição da Itália, a ONU declara 2009 Ano
Internacional da Astronomia, em comemoração aos 400 anos do primeiro uso astronômico
de um telescópio, por Galileu Galilei.
2008 (3 de janeiro) – De acordo com estudo publicado na revista Nature, uma equipe de
astrônomos do Instituto Max Planck de Astronomia, localizado em Heidelberg, Alemanha,
observa, pela primeira vez, a formação de um planeta no interior do disco de poeira e de
gás que envolve uma estrela jovem. Com massa 10 vezes superior à de Júpiter, o planeta
dista 6 milhões de km da sua estrela, TW Hydrae, localizada a 176 anos-luz da Terra, na
constelação de Hidra, ao redor da qual gira em 3,56 dias. Essa descoberta implica a
necessidade de revisão das teorias sobre o tempo de formação dos planetas.
2008 (14 de janeiro) – A sonda Messenger sobrevoa Mercúrio pela primeira vez, à distância
de 200km, tornando-se a segunda espaçonave (depois da Mariner 10) a passar por aquele
planeta. São feitas as primeiras imagens do hemisfério "oculto" de Mercúrio, ou seja, do
lado do planeta não fotografado pela Mariner 10 na década de 1970. As 1.213 imagens
obtidas pela Messenger neste primeiro sobrevoo permitem concluir que Mercúrio é menos
parecido com a Lua do que se pensava. Entre os acidentes geográficos descobertos,
destaca-se uma estrutura batizada de "Aranha", formada por mais de uma centena de
saliências com uma cratera de 40km de diâmetro no núcleo, diferente de qualquer forma de
relevo jamais observada em Mercúrio ou Na Lua. As imagens são liberadas pela Nasa em
30 de janeiro.
2008 (4 de fevereiro) – A Nasa transmite ao espaço, como parte das comemorações do seu
50º aniversário, a canção "Across the Universe", dos Beatles, composta por John Lennon
(1940-1980) e Paul McCartney. Os sinais, viajando à velocidade da luz, levarão 433 anos
para chegar a seu destino, a Estrela Polar.
Estrela polar é uma estrela visível a olho nu, aproximadamente alinhada com o eixo de
rotação da Terra, cuja posição aparente situa-se próximo de um dos polos celestes e
diretamente acima de um observador colocado num dos polos terrestres. Tradicionalmente,
estrela polar refere-se ao polo norte, uma vez que no polo sul não há uma estrela de
referência, sendo a orientação celeste, embora com menor eficiência, em geral obtida a
partir da constelação do Cruzeiro do Sul. Desde a Antiguidade, a estrela polar tem sido
usada para fins de navegação, tanto para encontrar a direção norte quanto para determinar a
latitude.
Devido à precessão dos equinócios e ao movimento próprio estelar, a estrela polar muda
com o tempo. Atualmente, essa posição é ocupada pela alfa da Ursa Menor (magnitude
aparente 1,97, massa 7,5 e raio 46 vezes superiores aos do Sol, luminosidade 2.200 vezes
maior que a solar). No período de construção das pirâmides egípcias, a estrela polar era
Thuban (constelação do Dragão). Por volta do ano 3000, a estrela polar será Gamma
Cephei. Em 5200, aproximadamente, será a vez de Iota Cephei. Deneb (alfa do Cisne) será
a mais próxima do polo norte em 10000. A alfa da Ursa menor voltará a ser a estrela polar
por volta do ano 27800.
2008 (13 de fevereiro) – A Nasa informa que observações da Cassini revelam a existência,
em Titã, de reservas de hidrocarbonetos superiores a todas as de petróleo e gás natural
conhecidas na Terra. Segundo cientistas do Laboratório de Físicas Aplicadas da
Universidade de Johns Hopkins, esses hidrocarbonetos caem do céu e formam grandes
depósitos em forma de lagos e dunas. A temperatura média em Titã é de -179°C e, em vez
de água, sua superfície está coberta por hidrocarbonetos na forma de metano e etano. Além
disso, suas dunas contêm um volume de materiais orgânicos centenas de vezes maior que as
reservas terrestres de carvão.
2008 (15 de fevereiro) – Uma equipe de 70 cientistas de 11 países, liderada por Scott
Gaudi, da Universidade do Estado de Ohio, publica na revista Science a descoberta de um
sistema planetário que, em escala reduzida, é semelhante ao nosso. Trata-se de dois
planetas parecidos com Júpiter e Saturno, orbitando uma estrela distante cerca de 5.000
anos-luz. Esta é a primeira vez que um planeta com massa similar à de Júpiter é detectado
junto com planetas adicionais.
2008 (19 de fevereiro) – A Mars Reconnaissance Orbiter detecta, pela primeira vez,
avalanches de pó e gelo no polo norte de Marte. A informação é divulgada pela Nasa em 3
de março.
2008 (29 de fevereiro) – Um estudo publicado na revista Geology e liderado por Jon
Pelletier, da Universidade do Arizona, afirma não estar correta a tese, surgida em 2006 a
partir de imagens feitas pela Mars Global Surveyor, de que Marte poderia ter tido água
líquida em sua superfície nos últimos dez anos. De acordo com o estudo, novas imagens e
simulações computadorizadas indicam fortemente que um deslizamento de areia e cascalho
é a explicação mais provável para os depósitos brilhantes em valas, considerados
ultimamente como provas da existência de água nesses lugares.
2008 (7 de março) – A revista Science publica fotografias, tiradas em 2005 pela Cassini,
nas quais aparece um disco de escombros em torno de Reia, satélite de Saturno, podendo
tratar-se de anéis. Se essa hipótese for confirmada, Reia é a primeira lua do Sistema Solar
em torno da qual anéis são descobertos.
2008 (9 de março) – A ESA lança o Júlio Verne, primeiro cargueiro espacial europeu, cuja
tarefa é abastecer a ISS com alimentos, combustível e outras cargas. Trata-se de um veículo
automatizado e descartável: está concebido para, após permanecer por seis meses acoplado
à ISS, ser enviado de volta com lixo e carga já inútil para a Estação, queimando em sua
reentrada na atmosfera. É o primeiro da série ATV, Automated Transfer Vehicle (veículo
de transferência automatizado).
A acoplagem ocorre em 3 de abril.
2008 (19 de março) – O telescópio Swift detecta quatro erupções de raios gama num
mesmo dia, estabelecendo um recorde. Isso acontece novamente em 16 de março de 2010.
2008 (20 de março) – Um estudo liderado por Mark Swain e publicado na revista Nature
anuncia a detecção, feita pelo telescópio Hubble, da primeira molécula orgânica (de
metano) na atmosfera de um exoplaneta, o HD189733b, distante 63 anos-luz e situado na
constelação da Pequena Raposa.
2008 (15 de abril) – A Nasa anuncia a prorrogação, por mais dois anos, da missão da sonda
Cassini, originalmente programada para terminar em 30 de junho de 2008.
2008 (16 de abril) – Peggy Whitson, comandante da ISS, marca um novo recorde de
permanência acumulada no espaço para um astronauta americano, com 374 dias. O recorde
anterior pertencia a Michael Foale. O retorno à Terra ocorre no dia 19 de abril.
2008 (28 de abril) – A Índia lança dez satélites simultaneamente, recorde que ainda se
mantém. Oito desses satélites pertencem a empresas estrangeiras (Alemanha, Canadá,
Dinamarca, Holanda...). O evento é transmitido pela televisão local.
2008 (21 de maio) – Um estudo publicado na revista Nature informa que cientistas da
Universidade de Princeton liderados por Alicia Soderberg, utilizando o telescópio Swift,
captam, pela primeira vez, o momento exato do nascimento de uma supernova, localizada a
90 milhões de anos-luz da Terra, na constelação de Lince.
2008 (25 de maio) – A sonda Phoenix torna-se a primeira a pousar numa região próxima ao
polo norte de Marte (Green Valley), após uma viagem de aproximadamente 680 milhões de
km. As primeiras 50 imagens são transmitidas duas horas depois do pouso, revelando uma
região inexplorada do planeta.
2008 (8 de junho) - A New Horizons cruza a órbita de Saturno. A órbita de Urano será
alcançada em 18 de março de 2011, e a de Netuno, em 1º de agosto de 2014.
2008 (11 de junho) – É lançado pela Nasa o telescópio Glast (do inglês "Gamma-Ray Large
Area Space Telescope", ou "grande telescópio espacial de raios gama"), cujo objetivo é
buscar indícios que expliquem os mecanismos de aceleração nos pulsares, os vestígios de
supernovas e os núcleos ativos das galáxias. O Glast é o sucessor do Observatório de Raios
Gama Compton, lançado em 1991 e desativado em 2000. Posteriormente (26 de agosto),
este telescópio, que opera numa órbita a 550km da Terra, é renomeado para Fermi, em
homenagem ao italiano Enrico Fermi (1901-1954), pioneiro no estudo da física de alta
energia.
2008 (11 de junho) – A UAI anuncia a decisão, tomada por seu Comitê Executivo reunido
em Oslo (Noruega) de adotar o nome plutoide para os astros com características
semelhantes às de Plutão. Pela definição adotada, plutoides são corpos celestes que orbitam
o Sol além de Netuno, têm forma esférica e não varreram objetos menores de suas órbitas.
Plutoides são, portanto, planetas anões transnetunianos. Plutão e Éris se encaixam nesta
categoria, não acontecendo o mesmo com Ceres.
2008 (20 de junho) – A Nasa anuncia a descoberta de gelo em Marte, feita pela Phoenix.
2008 (26 de junho) – Três artigos publicados na Nature anunciam terem sido encontradas
evidências de que a grande planície lisa que cobre 40% da superfície de Marte, localizada
no hemisfério norte do planeta, é uma grande cratera, formada por um impacto com a força
de 10 bilhões de bombas de hidrogênio. Trata-se da maior cratera do Sistema Solar, uma
elipse com 10.500km de comprimento e 8.500km de largura (maior do que Ásia, Europa e
Oceania juntas), formada a partir da colisão de um objeto com diâmetro estimado de
2.000km.
2008 (julho) – Pequenas quantidades de água são encontradas dentro de rochas lunares de
origem vulcânica trazidas pela Apollo 15.
2008 (1º de julho) – É divulgada a informação de que o SOHO (Solar and Heliospheric
Observatory) atinge uma marca histórica, com a descoberta de seu cometa de número
1.500, o que representa quase a metade dos 3.300 cometas observados até a presente data.
2008 (3 de julho) – A partir de dados enviados pela Voyager 2, cientistas liderados por
Linghua Wang, da Universidade da Califórnia, publicam na revista Nature um artigo em
que afirmam não ser a forma do Sistema Solar arredondada, como se pensava, mas sim
assimétrica, pois é amassado pelo campo magnético interestelar. A heliosfera, bolha
formada pelo vento solar e que se estende além de Plutão, é empurrada de volta em direção
ao Sol pelo campo magnético interestelar, o que faz com que se deforme.
2008 (15 de julho) – Makemake torna-se oficialmente o quarto planeta anão do Sistema
Solar (depois de Ceres, Plutão e Éris).
Descoberto por Michael Brown, Chad Trujillo e David Rabinowitz em 31 de março de
2005, anunciado em 29 de julho do mesmo ano e conhecido como 2005 FY9 ou,
informalmente, "Coelhinho da Páscoa", esse objeto localiza-se no cinturão de Kuiper e não
possui satélites conhecidos.
Makemake é o nome do criador mítico da humanidade segundo os rapanui, nativos da ilha
de Páscoa.
Diâmetro: 1.502 x 1430km; período orbital: 113.183 dias (309,88 anos); distância média do
Sol: 6,850 bilhões de km (varia entre 5,760 e 7,940 bilhões de km; massa: 3 quintilhões de
toneladas; densidade: 1,7g/cm3; rotação: 7h46min; magnitude aparente: 16,7.
2008 (24 de julho) – A Nasa informa ter desvendado, graças a dados fornecidos pela missão
Themis, o mecanismo pelo qual se formam as auroras polares (boreais e austrais). Segundo
os cientistas da Agência, explosões de energia magnética, que ocorrem a um terço da
distância Terra-Lua, são responsáveis por esses fenômenos luminosos, de cores vivas, com
predominância do verde, e que se produzem nas regiões próximas aos polos. Um processo
de "reconexão" entre as cordas magnéticas gigantes que unem a Terra ao Sol e que
armazenam a energia dos ventos solares provoca essas tempestades de luzes polares. "A
reconexão magnética permite liberar a energia armazenada nessas cordas, dispersando
partículas eletrificadas para a atmosfera terrestre".
2008 (30 de julho) – Cientistas da Nasa confirmam a existência de etano líquido num dos
lagos de Titã descobertos pela Cassini. Isso faz de Titã o primeiro corpo do Sistema Solar,
excluída a Terra, em que é encontrado líquido na superfície.
2008 (11 de agosto) – O telescópio Hubble completa 100 mil órbitas em torno da Terra.
2008 (11 de agosto) – A sonda Cassini localiza pontos dos quais surgem jatos de gelo na
superfície da lua Encélado de Saturno. Os gêiseres emanam de fendas com 300m de
profundidade, e em suas encostas há grandes depósitos de um material fino e blocos de gelo
que podem ser de vários metros, até do tamanho de uma casa.
2008 (25 de agosto) A ESA anuncia a descoberta, feita pelo observatório astronômico
europeu XMM-Newton, do maior grupo de galáxias jamais visto, uma descoberta que pode
confirmar a existência da energia escura, supostamente responsável pela aceleração da
expansão do Universo. O grupo, batizado de 2XMM J083026+524133, tem massa mil
vezes superior à da Via Láctea e localiza-se a 7,7 bilhões de anos-luz da Terra.
2008 (10 de setembro) - Entra em funcionamento, para testes, o Grande Colisor de Hádrons
(LHC - Large Hadron Collider -, na sigla em inglês), o maior acelerador de partículas do
mundo, localizado no CERN (Conseil Européen pour la Recherche Nucléaire), perto da
cidade suíça de Genebra, na fronteira com a França. Com forma circular e perímetro de
27km, o LHC ocupa instalações subterrâneas )até 175m abaixo do solo) e é o mais
poderoso e complexo instrumento científico já construído, tendo como objetivo recriar,
mediante colisões induzidas de partículas, as condições que existiam no Universo
imediatamente após o Big Bang. Na construção colaboram mais de 10.000 cientistas e
engenheiros de mais de cem países, além de centenas de universidades e laboratórios. O
LHC conta com sete detectores, cada um projetado para um tipo específico de pesquisa. A
quantidade de informações geradas é de tal magnitude que a análise é feita por meio de uma
rede de mais de 170 centros de dados espalhados por 36 países.
Espera-se confirmar a existência do bóson de Higgs, única partícula elementar do modelo
padrão atualmente aceito pela Física ainda não observada, mas que representa a chave para
explicar a origem da massa das demais partículas elementares, prevista (1964) pelo físico
teórico britânico Peter Higgs.
A existência do bóson de Higgs é confirmada em 2012.
2008 (18 de setembro) – Haumea, membro do cinturão de Kuiper conhecido como 2003
EL61, torna-se oficialmente o quinto planeta anão do Sistema Solar. Descoberto por
Michael Brown em 28 de dezembro de 2004 e anunciado em 29 de julho de 2005, o astro
tem dois satélites, Hi’iaka e Namaka, e seu nome é uma homenagem à deusa havaiana do
nascimento e da fertilidade.
Haumea – Diâmetro estimado: 1.960 x 1.518 x 996km; período orbital: 103.468 dias
(283,28 anos); distância média do Sol: 6,452 bilhões de km (varia entre 5,194 e 7,710
bilhões de km; massa: 4 quintilhões de toneladas: densidade: 2,6g/cm3; rotação: 3h55min;
magnitude aparente: 17,3.
i’iaka – Diâmetro: 340km; período orbital: 49,12 dias; distância média de Haumea:
49.880km.
Namaka – Diâmetro estimado: 170km; período orbital: 18 dias: distância média de
Haumea: 25.657km.
2008 (29 de setembro) – A Nasa divulga a detecção, pela Phoenix, de neve nas nuvens
marcianas, a cerca de 4km de altitude. Entretanto, os flocos evaporam antes de chegar à
superfície.
2008 (29 de setembro) - O cargueiro espacial Júlio Verne reingressa na atmosfera terrestre
e se desintegra, conforme previsto. O processo de desintegração é completado a 75km de
altitude, e destroços do cargueiro caem no oceano Pacífico. O êxito do Júlio Verne marca o
início de uma nova etapa no transporte de carga entre a Terra e a ISS.
2008 (6 de outubro) - A Messenger sobrevoa Mercúrio pela segunda vez, passa a 201km do
equador e fotografa regiões ainda inexploradas do planeta.
2008 (21 de outubro) - Apesar de estar temporariamente parado devido a uma pane
(ocorrida em 19 de setembro), o LHC é oficialmente inaugurado.
2008 (22 de outubro) - É lançada a Chandrayaan-1, primeira missão lunar da Índia, com
duração prevista de dois anos (contudo, a missão termina depois de 312 dias). Entre os
objetivos da sonda (de 675kg) estão: examinar a distribuição mineral e química do satélite
natural da Terra e criar um atlas dimensional da superfície; procurar por gelo nos dois polos
da Lua; detectar hélio-3, bastante raro na Terra e que poderia ser usado como combustível
para alimentar reatores de fusão nuclear; mapear a abundância de elementos na crosta lunar
para ajudar a responder a questões importantes sobre a origem e a evolução do satélite. Há
onze instrumentos a bordo, entre os quais uma sonda de 30 quilos, programada para chegar
ao solo e examinar a superfície e a atmosfera lunares.
Chandrayaan significa "veículo lunar" em sânscrito.
2008 (24 de outubro) - Um grupo internacional de cientistas liderados por Eric Michel
publica na Science importantes observações feitas a partir de dados fornecidos pelo Corot.
Pela primeira vez são detectados, em estrelas fora do Sistema Solar, fenômenos de
oscilação e granulação semelhantes aos que ocorrem no Sol. As oscilações (sismos),
produzidas pelo movimento do plasma que constitui o interior estelar, geram e propagam
ondas ressonantes, que provocam alterações periódicas de diversas propriedades que
caracterizam a estrela e refletem o que se passa além da superfície. As granulações são
reflexos dos movimentos convectivos no interior do plasma, que também fornecem pistas
sobre a natureza do campo magnético da estrela e sobre o comportamento de seu interior. A
fotosfera solar apresenta grânulos brilhantes rodeados por contornos mais escuros, com
cerca de 700km de diâmetro. As estrelas estudadas pelo Corot são HD49933, HD181420 e
HD181906.
2008 (10 de novembro) - A NASA dá por encerrada a missão da Phoenix, após oito dias
sem comunicação com a nave.
2008 (13 de novembro) – Uma equipe internacional de astrônomos, liderada por Christian
Marois, do Instituto Herzberg de Astrofísica do Conselho Nacional de Pesquisas do
Canadá, anuncia as primeiras imagens diretas (em infravermelho) de um sistema múltiplo
de exoplanetas. Trata-se de três planetas orbitando a estrela
HR 8799, distante 130 anos-luz e localizada na constelação de Pégaso.
2008 (16 de novembro) - O Endeavour (STS-126), lançado no dia 14, acopla-se à ISS para
dar início a reformas destinadas a permitir, a partir de 2009, que a tripulação do complexo
passe de três para seis astronautas. O ônibus espacial transporta mais dois dormitórios,
novas instalações para exercícios físicos, a primeira geladeira da estação, um segundo
banheiro e um aparelho para reciclar urina e transformá-la em água para consumo geral,
inclusive para beber. O aparelho tem capacidade de reciclar 6,8t de água potável por ano. A
tripulação do Endeavour é formada por Christopher Ferguson - Comandante -, Eric Boe –
Piloto -, Stephen Bowen, Heidemarie Stefanyshyn-Piper, Donald Pettit, Robert Kimbrough,
Sandra Magnus (levada para a ISS) e Gregory Chamitoff (trazido da ISS).
O retorno ocorre em 30 de novembro.
2008 (dezembro) – A NASA testa com sucesso a primeira rede de comunicação espacial
baseada na tecnologia da Internet. Por meio de um sistema chamado de Rede Tolerante a
Interrupções (DTN - delay-tolerant networking -, na sigla em inglês), cientistas conseguem
receber imagens da sonda Epoxi (situada a 33 milhões de km da Terra) e enviar arquivos de
volta. É o início da Internet interplanetária.
2008 (2 de dezembro - É divulgada a informação de que uma equipe liderada por Giovanna
Tinetti, do University College London, no Reino Unido, descobre, pela primeira vez,
dióxido de carbono na atmosfera de um exoplaneta, o HD 189733b, em cuja atmosfera já
havia sido descoberto (2007) vapor de água em grande quantidade.
2008 (18 de dezembro) – Cientistas liderados por Violette Impellizzeri, do Instituto Max
Planck de Radioastronomia, publicam na revista Nature um artigo relatando a descoberta,
feita com o auxílio do radiotelescópio Effelsberg, localizado na Alemanha, de água no
quasar MG J0414+0534, distante 11,1 bilhões de anos-luz da Terra. Isso significa que já
existia água mais de 6 bilhões de anos antes do surgimento do Sistema Solar e 2,7 bilhões
de anos depois do Big Bang.
2009 (29 de janeiro) – Uma equipe de cientistas liderada por Gregory Laughlin, da
Universidade da Califórnia, emsSanta Cruz, publica na revista Nature a primeira
observação de mudança climática num planeta fora do Sistema Solar. O HD 80606b,
localizado na constelação da Ursa Maior e distante 190 anos-luz, tem massa quatro vezes
superior à de Júpiter e gira em torno de sua estrela em 111 dias. Quando atinge o periastro
(ponto de maior aproximação da estrela), a temperatura passa, em apenas 6h, de 525°c para
1.225°C, provocando ondas de choque na superfície possíveis de ser detectadas pelos
astrônomos.
2009 (3 de fevereiro) – O Irã coloca em órbita o seu primeiro satélite de fabricação própria,
denominado Omid (esperança). O evento marca o trigésimo aniversário da Revolução
Islâmica de 1979.
2009 (12 de fevereiro) – O satélite Okina, enviado a bordo da sonda Selene, é levado a se
chocar propositadamente com o lado oculto da Lua, caindo próximo da cratera Mineur D.
2009 (13 de fevereiro) – Uma equipe internacional de pesquisadores, liderada pelo japonês
Hiroshi Araki, do Observatório astronômico nacional do Japão, publica na revista Science
um artigo descrevendo o mapa lunar mais detalhado já elaborado até esta data, com
precisão de 15km, obtido com o altímetro a laser a bordo da sonda Selene, o primeiro que
vai do polo norte ao polo sul do satélite, englobando tanto a face visível quanto o lado o
culto da Lua. O ponto mais alto fica a 11.000m de altitude, na bacia de Dririchlet-Jackson,
perto do equador, enquanto o ponto mais baixo fica no fundo da cratera Antoniadi, perto do
polo sul, a uma profundidade de 9km. O mapa também revela que a Lua tem pouca água e
mostra crateras jamais detectadas nos polos.
Um mapa ainda mais detalhado, feito pela Lunar Reconnaissance Orbiter, começa a ser
divulgado em dezembro de 2010.
2009 (15 de fevereiro) – Ocorre, no Vaticano, uma missa em homenagem a Galileu Galilei,
celebrada pelo arcebispo (mais tarde cardeal) Gianfranco Ravasi, presidente do Pontifício
Conselho para a Cultura. Com isso, a Santa Sé torna pública a aceitação do legado do
cientista dentro da doutrina católica.
2009 (17 de fevereiro) – A sonda Dawn sobrevoa Marte para assistência gravitacional, à
distância mínima de 549km, e fotografa uma região do noroeste do planeta com 55km de
diâmetro, na qual podem ser vstas formações rochosas repletas de crateras e cercadas de
névoa.
2009 (17 de fevereiro) – Um estudo publicado na revista Science revela a detecção, feita
em 16 de setembro de 2008 pelo telescópio Fermi, da mais poderosa explosão de raios
gama jamais observada, com potência equivalente à de 9.000 supernovas explodindo
simultaneamente, batizada de GRB 080916C, localizada na constelação de Carina e
ocorrida a 12,2 bilhões de anos-luz da Terra.
2009 (março) – Dom Gianfranco Ravasi apresenta o livro “Galileu e o Vaticano”, que
oferece, segundo suas palavras, “um julgamento objetivo por parte dos historiadores” para
compreender a relação entre este astrônomo e a Igreja.
2009 (1º de março) – Termina, dezesseis meses depois da entrada em órbita, a missão da
sonda chinesa Chang’e 1, que é intencionalmente levada a se chocar contra a superfície
lunar.
2009 (17 de março) – É lançada a sonda europeia GOCE - Gravity Field and Steady-State
Ocean Circulation Explorer (Explorador de campo gravitacional e de circulação oceânica
de estado estacionário) -, cujo objetivo é elaborar um mapa do campo gravitacional da
Terra. Com massa de 1.100kg, opera numa órbita quase circular a 270km de altitude (mais
baixa que o usual). Essa “proximidade” com a Terra permite aos três acelerômetros do
GOCE detectar pequenas variações na crosta e nos oceanos do planeta.
2009 (26 de março) – Um artigo publicado na revista Nature, cujo principal autor é Peter
Jenniskens, do Instituto Seti, na Califórnia, revela a recuperação de 47 fragmentos, do
tamanho de punhos ou ainda menores, do 2008 TC3 (com massa total de 4kg, primeiro
asteroide a ser identificado ainda no espaço, antes de se desintegrar na atmosfera. A
desintegração ocorreu em 7 de outubro de 2008, 37km acima do deserto da Núbia, no norte
do Sudão. Posteriormente à publicação deste artigo, novos fragmentos são encontrados,
chegando-se a recolher seiscentos deles, com massa total de 10,5kg.
2009 (28 de março) – o americano de origem húngara Charles Simonyi chega à ISS na
Soyuz TMA-14 e se torna o primeiro homem a viajar duas vezes ao espaço na condição de
turista (a primeira vez havia sido em abril de 2007, a bordo da Soyuz TMA-10). Ele retorna
à Terra em 8 de abril de 2009, a bordo da Soyuz TMA-13.
2009 (31 de março) – Seis voluntários, todos homens (quatro russos, um francês e um
alemão) dão início à parte prática (segunda fase) do projeto Marte-500, da Roskosmos e da
ESA, cujo objetivo é trancá-los num contêiner de metal (em Moscou) por 105 dias, numa
primeira simulação de viagem a Marte. A experiência pretende analisar as dificuldades
psicológicas do isolamento prolongado. Os voluntários ficam com sensores eletrônicos
atrelados ao corpo todo o tempo, sem comunicação com o mundo exterior e comendo
comida de bebê congelada e barras de cereais. Além disso, são submetidos a simulações de
emergências, incluindo o atraso de vinte minutos nas comunicações com o Centro de
Controle, conforme aconteceria se estivessem em Marte. Cada um tem direito a levar uma
pequena mala com objetos pessoais, livros e DVDs, mas, de forma geral, os aposentos são
extremamente funcionais, sem janelas, apertados e pouco ventilados. Os poucos objetos de
conforto incluem uma TV, uma chaleira e uma geladeira. Os voluntários podem deixar o
experimento a qualquer momento em que desejem, mas são desestimulados a fazê-lo, já
que uma desistência pode pôr em risco o projeto. Eles saem do isolamento em 14 de julho.
Os participantes do experimento são Oleg Artemyev, Alexei Baranov, Cyrille Fournier,
Oliver Knickel, Sergei Ryazansky e Alexei Shpakov.
Considerando que uma viagem de ida e volta ao planeta vermelho tem duração prevista de,
no mínimo, dois anos, outra experiência similar, com confinamento por 520 dias, começa
em 2010.
2009 (27 de abril) – Uma equipe internacional de pesquisadores, liderada por Gerta Keller,
da Universidade Princeton, nos EUA, publica no Journal of the Geological Society um
artigo contestando a teoria, lançada em 1980, de que a queda do asteroide que causou a
cratera de Chicxulub, no México, com 180km de diâmetro, tenha sido a responsável pela
extinção massiva de animais e plantas, incluindo os dinossauros, ocorrida há 65 milhões de
anos. Segundo este artigo, o asteroide teria caído trezentos mil anos antes da extinção,
tendo esta sido causada por um grande número de erupções vulcânicas ocorridas na atual
Índia, as quais teriam liberado na atmosfera grandes quantidades de gases e poeira,
bloqueando a luz solar e causando um forte efeito estufa.
2009 (12 de maio) – Termina a fase de ajustes dos instrumentos do Kepler, e o telescópio
dá início à busca por planetas.
2009 (13 de maio) – O ônibus espacial Atlantis (STS-125), lançado no dia 11, aproxima-se
do Hubble com o objetivo de dar início à quinta (e última) missão de reparação e
modernização do telescópio, para a qual estão previstas cinco caminhadas espaciais. A
tripulação é composta pelo comandante Scott Altman, capitão aposentado da Marinha de
Guerra americana, o piloto Gregory Johnson e os especialistas Michael Good, John
Grunsfeld, Andrew Feustel, Megan McArth e Mike Massimino. O braço mecânico do
Atlantis, operado pela astronauta Megan McArth, captura o Hubble e o traz para dentro do
ônibus espacial.
2009 (14 de maio) – A ESA lança, a bordo de um foguete Ariane-5 e a partir da base de
Kourou, na Guiana francesa, os telescópios espaciais Herschel e Planck, destinados a
investigar a origem do Universo. Ambos estão programados para trabalhar numa órbita a
1,5 milhão de km da Terra, zona em que há equilíbrio entre as forças gravitacionais solar e
terrestre, onde chegam no final de junho. É o primeiro lançamento simultâneo de dois
observatórios espaciais.
O Herschel é o primeiro telescópio que cobre desde o infravermelho até a faixa
submicrométrica do espectro electromagnético e está dotado de um espelho de 3,5m, o
maior já fabricado para um observatório espacial, desenvolvido para coletar luz de objetos
muito distantes e pouco conhecidos, tais como galáxias recém-nascidas localizadas a
centenas de milhões de anos-luz de distância, e jogar esta luz sobre detectores que operam a
temperaturas próximas do zero absoluto. Seus objetivos são: Estudar a formação das
galáxias no início do Universo e a sua subsequente evolução; investigar a criação das
estrelas e de sua interação com o meio interestelar; observar a composição química da
atmosfera e da superfície de cometas, de planetas e de suas luas; examinar a química
molecular do Universo. Três instrumentos estão a bordo: PACS, uma câmera de média
resolução e um espectrômetro capaz de enxergar os comprimentos de ondas de 60 a 210
micrômetros; SPIRE, uma câmera e um espectrômetro sensível a comprimentos de ondas
de 200 a 670 micrômetros; HIFI, Um espectrômetro de alta resolução que combina a leitura
de ondas com frequência de 480 a 1250 e de 1410 a 1910GHz (correspondendo ao
comprimento de onda de 157 a 625 micrômetros). O nome é uma homenagem a William
Herschel (1738-1822), astrônomo britânico que, em 1800, descobriu os raios
infravermelhos.
A sonda Planck tem por objetivos estudar o nascimento do Universo por meio do exame da
radiação cósmica de fundo, constituída de micro-ondas, proveniente do Big Bang. A bordo
está um telescópio com espelho de 1,5m, cuja missão é captar radiação a ser examinada por
dois instrumentos: O Low Frequency Instrument (LFI), aparelho que consiste em 22
receptores que funcionam a -253 °C e devem trabalhar agrupados em quatro canais de
frequências, visando a captar frequências entre 30 e 100GHz, sendo os sinais resultantes
amplificados e convertidos em uma voltagem (diferença de potencial), dados a serem
enviados a um computador; e O High Frequency Instrument (HFI), aparelho composto de
52 detectores, os quais trabalham convertendo radiação em calor, cuja quantidade é medida
por um pequeno termômetro elétrico, e a temperatura anotada é convertida em dado de
computador. Ele deve operar a -273 °C e ser capaz de registrar variações de temperatura da
ordem de um milionésimo de grau. Este instrumento está programado para observar duas
vezes a totalidade da abóbada celeste e elaborar um mapa preciso deste raio difuso. O nome
da sonda é uma homenagem a Max Planck (1858-1947), astrônomo alemão que, em 1918,
ganhou o Prêmio Nobel de Física pela descoberta da energia quântica.
2009 (14 de maio) - John Grunsfeld e Drew Feustel substituem, no Hubble, uma câmera
(Wide Field Planetary Camera-2), que tem 16 anos, pela mais moderna Wide Field
Camera-3. A nova câmera é desenhada para observar o universo de maneira mais profunda,
em busca de sinais dos primeiros sistemas estelares e para estudar os planetas mais
próximos. Também trocam o computador científico, que apresenta problemas.
2009 (15 de maio) - Michael Good e Mike Massimino substituem os seis giroscópios do
Hubble, equipamentos que coordenam os movimentos do telescópio e fornecem dados que
ajudam a apontá-lo de maneira precisa para os alvos escolhidos. Efetuam igualmente a
troca do primeiro dos dois módulos de baterias, cada um dos quais pesa 205kg e contém
três baterias que fornecem energia elétrica para as operações do Hubble durante a porção
noturna de sua órbita, quando a sombra da Terra impede que a luz do sol chegue a seus
painéis solares.
2009 (17 de maio) - Michael Massimino e Michael Good consertam o Space Telescope
Imaging Spectrograph (STIS), instalado em 1997 (e inativo desde 2004), utilizado pelo
hubble para obter informações sobre composição química, temperatura, pressão e
velocidade de corpos celestes, bem como para identificar buracos negros.
2009 (18 de maio) - John Grunsfeld e Andrew Feustel trocam o segundo módulo de
baterias e um dos três sensores rastreadores de estrelas do Hubble, que são usados para
fazer o telescópio mirar alvos celestes. Também instalam um novo sistema de orientação
FGS (Fine Guidance System)e dois escudos metálicos em torno dos instrumentos do
telescópio espacial, para ajudar a protegê-lo do ambiente inóspito do espaço. Com isso, fica
concluída a quinta (e última) missão de reparo e modernização do Hubble.
2009 (19 de maio) – O Hubble é recolocado em órbita, e os astronautas do Atlantis se
preparam para o retorno à Terra. O pouso ocorre no dia 24, na Califórnia.
É o último voo de um ônibus espacial que não está relacionado à montagem da ISS.
2009 (29 de maio) – A tripulação permanente da ISS é duplicada, passando a ser de seis
pessoas. O canadense Bob Thirsk, o russo Roman Romanenko e o belga Frank De Winne
chegam, a bordo da Soyuz TMA-15, para dividir o espaço com o russo Gennady Padalka, o
americano Michael Barratt e o japonês Koichi Wakata, que já ocupavam a base. pela
primeira vez, todos os parceiros da ISS (EUA, Rússia, Europa, Japão e Canadá) estão
representados simultaneamente na tripulação.
2009 (10 de junho) – A sonda Selene é intencionalmente levada a se chocar contra o polo
sul da Lua, encerrando a missão, cuja duração foi de quase 20 meses.
2009 (18 de junho) – Uma pesquisa liderada por Gaetano Di Achille, da universidade do
Colorado, e publicada na revista virtual Geophysical Research Letters, afirma terem sido
encontradas as primeiras provas conclusivas da existência, no passado, de um lago em
Marte. De acordo com o estudo, o lago existiu há 3,4 bilhões de anos, cobria uma superfície
de 200km2 e tinha profundidade máxima de 450m, tendo a água escavado um cânion de
quase 50km edepositado sedimentos que formaram um extenso delta.
2009 (23 de junho) – A sonda Lunar Reconnaissance Orbiter é inserida com sucesso na
órbita da Lua.
2009 (30 de junho) – Termina oficialmente a missão da sonda Ulysses, lançada em outubro
de 1990.
2009 (julho) – O Vaticano reedita as atas do processo contra Galileu Galilei, num volume
intitulado “I ducomenti vaticani del processo di Galileo Galilei” (“Os documentos
vaticanos do Processo de Galileu Galilei”). Um dos objetivos dessa reedição é lembrar que
o papa Urbano VIII (1568-1644) nunca assinou a sentença de condenação de Galileu pela
Inquisição.
2009 (14 de julho) – A ESA divulga a conclusão do primeiro mapa do hemisfério sul de
Vênus, elaborado a partir de mais de mil imagens obtidas pelas câmeras de infravermelho
da sonda Venus Express entre maio de 2006 e dezembro de 2007. O mapa indica que, no
passado, o planeta teve um oceano e um sistema de placas tectônicas que deu lugar à
formação de continentes. Os trabalhos cartográficos são dirigidos pelo cientista alemão Nils
Müller.
2009 (16 de julho) – A NASA apresenta vídeos restaurados da missão Apollo 11, feitos a
partir de imagens televisivas da rede CBS. O engenheiro Richard Nafzger admite que as
fitas originais foram perdidas, tendo sido apagadas, involuntariamente, para reutilização,
por motivos econômicos. A NASA informa ainda que os vídeos estarão disponíveis ao
público, na Internet, a partir de setembro.
2009 (21 de julho) – O JPL, da NASA, revela que um corpo celeste, possivelmente um
asteroide (dimensões estimadas de 500m), atingiu a atmosfera de Júpiter, nas proximidades
do polo sul do planeta. A descoberta do fenômeno (19 de julho) cabe ao astrônomo amador
australiano Anthony Wesley. No dia 23, são divulgadas imagens de alta nitidez do evento,
feitas pelo telescópio Hubble.
2009 (22 de julho) – Ocorre o mais longo eclipse total do Sol do século XXI, com duração
que chega a 6min39s. É visível num corredor de 200km de largura e 15.000km de
comprimento, atravessando Índia, Nepal, Butão, Bangladesh, Mianmar e China, alcançando
também as ilhas meridionais japonesas de Ryukyu. O próximo eclipse com duração
semelhante ocorrerá em 2132.
2009 (22 de julho) Cientistas do Southwest Research Institute de San Antonio, nos EUA,
publicam na Nature um estudo apresentando novas evidências da existência de água líquida
em Encélado. De acordo com eles, existem no satélite de Saturno amoníaco, vários
componentes orgânicos e deutério, um isótopo estável do hidrogênio abundante nos
oceanos da Terra.
2009 (24 de julho) – É inaugurado, na ilha de La Palma (arquipélago das Canárias,
Espanha), o GTC (Gran Telescópio Canarias), cuja lente, formada por 36 espelhos, tem
uma superfície de 10,4m (com potência igual à visão de 4 milhões de pupilas), o que faz
dele o maior telescópio óptico individual do mundo (o Very Large Telescope, localizado no
Chile, é maior quando os quatro telescópios que o compõem operam em conjunto. A
solenidade conta com a presença do rei Juan Carlos, da rainha Sofia e de cientistas da
Europa e dos EUA.
2009 (26 de julho) – Uma equipe de cientistas sob a liderança da astrônoma estadunidense
Carolyn Porco descobre o sexagésimo segundo satélite conhecido de Saturno, denominado
provisoriamente S/2009 S 1, que tem diâmetro de 400m e orbita o planeta à distância média
de 117.000km. O anúncio da descoberta é feito em 2 de novembro.
2009 (29 de julho) – Fotografias divulgadas pelo Observatório de Paris indicam que a
estrela Betelgeuse tem uma cauda de gás do tamanho do Sistema Solar, bem como uma
gigantesca “bolha” que ferve em sua superfície.
2009 (3 a 14 de agosto) – Ocorre, no Rio de Janeiro, a 27ª assembleia geral da UAI, com a
participação de mais de 2.000 astrônomos de oitenta países. É a segunda vez que esta
reunião ocorre na América do Sul (a primeira foi em Buenos Ares, em 1991). A assembleia
seguinte tem lugar em Pequim, em 2012.
2009 (13 de agosto) – O telescópio Planck dá início à sua missão científica propriamente
dita e começa a realizar a primeira varredura completa do céu.
2009 (10 de setembro) – É lançado o HTV-1, primeiro veículo de carga do Japão, com
objetivos semelhantes aos do ATV europeu: levar suprimentos à ISS. Esta missão
transporta 4.500kg de suprimentos diversos, incluindo 1.200kg de alimentos.
Após permanecer 43 dias (17 de setembro a 30 de outubro) acoplado à ISS, desintegra-se
ao reentrar na atmosfera, conforme previsto, em 1º de novembro, carregando 1.624kg de
materiais descartados.
Esta é a primeira missão dos veículos de transferência japoneses, denominados H-II
Transfer Vehicle, ou Kounotori (cegonha do Oriente, ou cegonha branca). Com diâmetro de
4,4m, altura de 2,1m e comprimento de 10m, o veículo pesa 10,5t, tem 2,5m3 de espaço
pressurizado e pode transportar cargas de até 6t.
2009 (14 de setembro) – Durante um Congresso Europeu de Ciência Planetária, que ocorre
em Potsdam, Alemanha, uma equipe dirigida por Katsuhito Ohtsuka apresenta um estudo
segundo o qual o cometa 147P/Kushida-Muramatsu foi satélite de Júpiter de 1949 a 1961,
tendo completado duas órbitas. David Asher, da mesma equipe, assinala que os resultados
desse estudo “sugerem que os impactos sobre Júpiter e a captura de satélites temporários
podem acontecer mais assiduamente do que se pensava até agora".
2009 (18 de setembro) – São divulgados dados obtidos pelo “Diviner Lunar Radiometer
Experiment”, instrumento a bordo da Lunar Reconnaissance Orbiter que está fazendo um
mapeamento térmico da Lua, os quais indicam que regiões onde a luz do Sol jamais chega,
localizadas no interior do polo sul do satélite, estão entre os lugares mais frios do Sistema
Solar, com temperaturas que chegam a -238°C.
2009 (24 de setembro) – De acordo com um artigo publicado na revista Science, a análise
de dados fornecidos por três missões espaciais (Deep Impact, Cassini e Chandrayaan-1)
revela a existência de moléculas de água nos polos da Lua. As quantidades são pequenas,
não sendo suficientes para formar oceanos, lagos ou mesmo poças. Também são
encontradas moléculas de hidroxila, substância formada por um átomo de oxigênio e um
átomo de hidrogênio.
2009 (25 de setembro) – O jornal espanhol El País publica a notícia, dada pelo compatriota
Josep Maria Bosch, de que o asteroide 2009 ST19, de quase 1km de diâmetro, descoberto
por ele em 16 de setembro, chega a 600.000km da Terra, a menor distância já registrada
para este tipo de corpo celeste (recorde quebrado em fevereiro de 2011), seguindo uma
órbita paralela à do nosso planeta. De acordo com o astrônomo, uma aproximação ainda
maior está prevista para 2038.
2009 (29 de setembro) – A agência oficial chinesa Xinhua anuncia a conclusão do mapa de
mais alta resolução da Lua, cobrindo toda a superfície do satélite, elaborado com as
imagens feitas pela sonda Chang’e 1. A equipe que elabora o mapa é chefiada por Liu
Xianlin.
2009 (29 de setembro) – A sonda Messenger sobrevoa Mercúrio pela terceira e última vez,
à distância de 229km. Em 18 de março de 2011, ela entra em órbita em torno do planeta.
2009 (11 de outubro) – o belga Frank De Winne torna-se o primeiro europeu a comandar a
ISS. Com a volta à Terra do russo Gennady Padalka, no comando desde abril, ele passa a
ser o primeiro não russo ou não estadunidense a assumir o posto, liderando a expedição 21
à estação espacial.
2009 (19 de outubro) – A ESO anuncia, durante a Conferência sobre Exoplanetas realizada
na cidade do Porto, em Portugal, a descoberta de 32 planetas extrassolares, feita pelo
telescópio Harps, situado em La Silla, no Chile. Com isso, passam a ser 403 os exoplanetas
conhecidos, 75 dos quais encontrados pelo Harps.
2009 (13 de novembro) – A sonda Rosetta passa pela Terra, para assistência gravitacional,
em sua viagem rumo ao cometa 67/P Churyumov-Gerasimenko. A distância mínima,
2.481km, é atingida sobre o Oceano Índico, ao sul da ilha de Java. O empurrão
gravitacional da Terra aumenta a velocidade da sonda de 13,3 para 16,8km/s.
2009 (20 de novembro) – O acelerador de partículas LHC volta a operar, após catorze
meses de inatividade.
As primeiras colisões de partículas ocorrem dois dias depois.
2009 (10 de dezembro) – É inaugurado o telescópio Vista (Visible and Infrared Survey
Telescope for Astronomy, ou Telescópio de Pesquisa em Luz Visível e Infravermelha para
Astronomia, construído por um consórcio de universidades britânicas e localizado no
Observatório Paranal, no deserto de Atacama, Chile. Com espelho de 4,1m de diâmetro, o
Vista opera em comprimentos de onda infravermelhos (com possibilidade de trabalhar
também em luz visível) e é o maior telescópio do mundo dedicado à cartografia do céu.
2009 (29 de dezembro) – A New Horizons chega a um ponto a partir do qual está mais
próxima de Plutão do que da Terra.
2010 (5 de janeiro) – O astrônomo americano Jason Rowe anucia a descoberta, feita a partir
de dados do telescópio Kepler, de dois objetos que não pertencem a nenhuma classe de
corpos celestes já observados. São pequenos demais para serem estrelas (dimensões
parecidas com as de Júpiter) e quentes demais para serem planetas (temperaturas da ordem
de 14.400°C). Eles são mais quentes do que as estrelas em torno das quais giram,
característca jamais observada antes em um objeto astronômico.
2010 (12 de janeiro) – O telescópio Wise descobre seu primeiro asteroide, batizado de
2010 AB78. O astro tem cerca de 1km de diâmetro e órbita elíptica. Segundo a NASA,
apesar de se aproximar do Sol tanto quanto a Terra, o asteroide não oferece risco, pois não
há nenhuma aproximação prevista para os próximos séculos.
2010 (15 de janeiro) – Ocorre o mais longo eclipse anular do Sol do terceiro milênio, com
duração de 11 minutos e 8 segundos. Evento semelhante só voltará a acontecer em 23 de
dezembro de 3043. O fenômeno tem início na República Centro-Africana, passando depois
por Camarões, República Democrática do Congo, Uganda e Quênia. A seguir, é visível no
Oceano Índico (ponto de máxima escuridão) e então se dirige para as Ilhas Maldivas, Índia
e Sri Lanka. Os últimos países onde se pode observar o eclipse são Bangladesh, Myanmar e
China.
Eclipse anular é um eclipse parcial em que a Lua, por estar próxima do apogeu (ponto mais
distante da Terra), não consegue cobrir todo o disco solar (como acontece num eclipse
total), deixando visível um anel nas bordas desse disco.
2010 (1º de fevereiro) – Barack Obama apresenta a proposta de orçamento federal dos EUA
para o ano 2011, excluindo todos os fundos necessários ao programa Constellation. Isso
implica o cancelamento do programa e o estabelecimento de novas metas para a NASA.
Conforme anúncio feito posteriormente, a cápsula Orion é mantida, embora com
modificações em relação à proposta inicial.
2010 (3 de fevereiro) – A missão da sonda Cassini é prolongada mais uma vez, até 2017,
tempo do solstício de verão no hemisfério norte de Saturno. A previsão é de mais 155
órbitas em torno do planeta, 54 sobrevoos de Titã e onze de Encélado. Posteriormente, uma
aproximação maior com Titã modificará de tal maneira a trajetória da sonda que ela será
intencionalmente destruída na atmosfera de Saturno.
2010 (1º de março) – Durante uma conferência sobre ciência planetária realizada no Texas,
cientistas da NASA informam a descoberta, feita pelo Mini-Sar, radar estadunidense
lançado a bordo da sonda indiana Chandrayaan-1, de depósitos de gelo em mais de 40
crateras do polo norte da Lua. Paul Spudis, do Instituto Lunar e Planetário de Houston,
calcula em pelo menos 600 milhões de toneladas a quantidade de gelo existente nessas
crateras.
2010 (2 de março) – Uma equipe de cientistas da NASA liderada por Richard Gross
anuncia que o terremoto de magnitude 8,8 ocorrido no Chile, no dia 27 de fevereiro,
deslocou o eixo da Terra em 8cm e diminuiu em 1,26 milionésimo de segundo o período de
rotação do planeta.
2010 (17 de março) – São publicadas as primeiras fotografias feitas pelo telescópio Planck,
mostrando concentrações de poeira até uma distância de 500 anos-luz do Sol.
2010 (30 de março) – Cientistas responsáveis pelo LHC anunciam ter obtido colisões de
prótons cuja energia gerada é de 7 trilhões de eletronvolts (TeV), valor três vezes superior
ao máximo obtido antes por qualquer acelerador de partículas.
2010 (5 a 20 de abril) – Missão do Discovery (STS-131), último voo dos ônibus espaciais
com sete astronautas a bordo. O objetivo é levar 8t de equipamentos e provisões à ISS,
entre os quais estão um congelador adicional para preservar amostras das
experiências realizadas em microgravidade, uma reserva de amoníaco para o
sistema de refrigeração da estação e um mecanismo de exercícios que
permite medir a força muscular.
A tripulação é formada por Alan Poindexter (1961-2012) - comandante -, James Dutton -
piloto -, Richard Mastracchio, Dorothy M. Metcalf-Lindenburger, Stephanie Wilson,
Naoko Yamazaki e Clayton Anderson.
É a missão mais longa do Discovery (15d2h47min11s) e, pela primeira vez, quatro
mulheres se encontram no espaço.
2010 (7 de abril) – uma equipe liderada por Emmanuel Lellouch publica na revista
Astronomy & Astrophysics os resultados da primeira análise de infravermelho da atmosfera
de Tritão, realizada por pesquisadores do Observatório Europeu do Sul (ESO). A atmosfera
contém monóxido de carbono e metano e varia sazonalmente, condensando quando
aquecida.
2010 (13 de abril) – Durante o Royal Astronomical Society National Astronomy Meeting,
realizado na universidade de Glasgow, na Escócia, é anunciada a descoberta, feita por uma
equipe internacional de cientistas, de dois exoplanetas cujas órbitas se dão no sentido
oposto ao da rotação das estrelas de seus sistemas. Isso contraria a teoria vigente da
formação planetária, segundo a qual os planetas se originam em discos de gás e poeira que
giram em torno de estrelas jovens. Acreditava-se que os planetas formados nesse disco
sempre orbitassem em planos idênticos, girando na mesma direção da rotação da estrela,
como acontece no Sistema Solar.
2010 (13 de abril) – O telescópio Swift detecta a sua 500ª erupção de raios gama.
2010 (15 de abril) – Durante uma visita ao Centro Espacial Kennedy, o presidente
estadunidense Barack Obama propõe novas metas para a NASA, depois do cancelamento
do programa Constellation, anunciado em fevereiro. Entre as propostas estão o
desenvolvimento de uma cápsula Orion menor do que a inicialmente projetada, a ser
lançada por foguetes de companhias privadas à ISS, e o desenvolvimento de um lançador
pesado, destinado a missões tripuladas para além da órbita terrestre, capaz de levar, a partir
de 2025, seres humanos a um asteroide (antes de uma missão a Marte). O asteroide a ser
visitado ainda não está definido.
2010 (16 de abril) – Uma equipe de cientistas liderada por Suzanne Smrekar, do
Laboratório de Propulsão a Jato, na Califórnia, publica na revista Science um artigo
sugerindo que pode haver vulcões ativos em Vênus. Essa possibilidade é levantada por
dados coletados pelo Virtis, instrumento a bordo da Venus Express que analisa emissões
térmicas, segundo os quais há fluxos de lava jovem na superfície, cuja composição é
diferente daquela do material do entorno, o que pode ser sinal de atividade vulcânica.
2010 (29 de abril) – Dois estudos publicados na Nature, um deles com participação
brasileira, anunciam a detecção de evidências de água e de compostos orgânicos no
asteroide 24 Themis, descoberto (5 de abril de 1853) por Annibale de Gasparis
(1819-1892). Segundo os cientistas, toda a superfície do asteroide está coberta por uma fina
camada de gelo, e o material orgânico encontrado aparenta ser composto de cadeias
extensas e complexas de moléculas. De acordo com os pesquisadores, isso fortalece a teoria
de que água e compostos orgânicos originários de asteroides podem ter chegado à Terra há
bilhões de anos, tendo contribuído para o surgimento da vida no planeta.
Themis - Diâmetro: 198km; período orbital: 2.021 dias (5,54 anos); distância média do Sol:
468,1 milhões de km; rotação: 8h23min.
2010 (14 a 26 de maio) – Missão do ônibus espacial Atlantis (STS-132), cujo objetivo é
instalar na ISS um módulo científico russo, substituir as seis baterias que armazenam a
eletricidade gerada pelos painéis solares e transportar alimentos e equipamentos, entre os
quais estão uma antena de comunicação e peças para o braço robótico. No dia 18, o módulo
russo Rassvet (Aurora ou Amanhecer) é ligado ao topo do também módulo russo Zarya. No
Rassvet há um ponto de acoplamento para as naves Soyuz e Progress, encarregadas de
todas as viagens à ISS depois da retirada de circulação dos ônibus espaciais estadunidenses.
A tripulação do Atlantis é formada por Kenneth Ham - comandante -, Dominic "Tony"
Antonelli - piloto -, Garrett Reisman, Michael T. Good, Stephen G. Bowen e Piers Sellers.
No momento do pouso, esta é considerada a última missão do Atlantis. Posteriormente,
porém, com a extensão do programa dos ônibus espaciais até 2011, o Atlantis é
reincorporado à frota, sendo-lhe atribuído o último de todos os voos (STS-135).
2010 (3 de junho) – Seis voluntários dão início à última fase do projeto Marte-500, da ESA,
durante os quais permanecem trancados numa cápsula por 520 dias (até 4 de novembro de
2011), com o objetivo de simular uma viagem a Marte, nos mesmos moldes do que foi
feito, durante 105 dias, de março a julho de 2009. A simulação compreende 250 dias para a
viagem de ida, trinta dias na superfície do planeta e 240 dias para o retorno. A rotina dos
participantes inclui trabalhos de manutenção, exercícios diários e problemas simulados, que
poderiam ocorrer em uma viagem real a Marte. A comida é enlatada (como a dos
astronautas), a comunicação pela Internet com familiares está sujeita a atrasos e quedas (aos
quais também estarão sujeitos futuros tripulantes ao planeta vermelho) e o banho só é
permitido a cada dez dias.
Os integrantes da equipe de voluntários são os russos Alexei Sitev – comandante -, Sukhrob
Kamolov – médico - e Aleksandr Suvorov – pesquisador -, o francês Romain Charles –
engenheiro de bordo -, o ítalo-colombiano Diego Urbina – pesquisador científico – e o
chinês Wang Yue – pesquisador científico.
2010 (8 de junho) – Um estudo liderado pelo geólogo Tais W. Dahl, do Niels Bohr
Institute, pertencente à Universidade de Copenhague, e publicado na revista Earth and
Planetary Science Letters, afirma que a Terra e a Lua podem ter se formado mais tarde do
que se acreditava, isto é, até 120 milhões de anos depois dos 4,537 bilhões de anos
atualmente estimados. A datação é realizada por meio da investigação do decaimento de
háfnio 182 em tungstênio 182, substância que permite determinar até que ponto se
misturaram, no processo de colisão que formou nosso planeta e nosso satélite, o ferro dos
núcleos e o material rochoso das superfícies.
2010 (10 de junho) – Segundo informações da Science, uma pesquisa liderada por
Sébastien Charnoz, da Universidade Paris Diderot, na França, feita com base em medições
da sonda Cassini, indica que sete dos satélites de Saturno se formaram recentemente, nos
últimos 10 milhões de anos. Considerando que este processo de formação provavelmente
continua ocorrendo, Saturno pode ainda estar produzindo luas.
2010 (13 de junho) Um estudo feito por Gaetano Di Achille e Brian Hynek, da
Universidade do Colorado, e publicado na Nature Geoscience, sugere que Marte teve, há
3,5 bilhões de anos, um ciclo hidrológico semelhante ao terrestre, com acumulação de água
nas regiões subterrâneas, formação de nuvens, chuva, rios e um oceano que cobria mais de
um terço da superfície do planeta. Segundo a pesquisa, este oceano tinha um volume de 124
milhões de km3 de água – menos de um décimo dos oceanos terrestres, mas o suficiente
para cobrir o planeta inteiro com uma camada de água de 500m.
2010 (13 de junho) – A sonda japonesa Hayabusa, que em 2005 pousou no asteroide 25143
Itokawa, volta à Terra e, como estava previsto, desintegra-se na atmosfera (na qual entra a
44.000km/h), liberando uma cápsula que aterrissa no deserto australiano. A cápsula, do
tamanho de uma bola de basquete, é recuperada no dia seguinte, mas, devido a inúmeros
problemas ao longo da missão, não há certeza de que ela efetivamente contenha amostras
provenientes do Itokawa. A Hayabusa é a primeira sonda espacial que retorna à Terra
depois de ter visitado um asteroide.
2010 (15 de junho) – É lançada a nave russa Soyuz TMA-19, centésimo voo tripulado à
ISS, numa missão de cinco meses. A tripulação é formada pelo russo Fyodor Yurchikhin -
Comandante – e pelos engenheiros de voo estadunidenses Douglas Wheelock e Shannon
Walker. A acoplagem à Estação Espacial ocorre no dia 18 de junho, e a aterrissagem, em
26 de novembro.
2010 (15 de junho) – É lançado o satélite francês Picard, programado para estudar a
radiação solar, determinar com precisão o diâmetro e a forma do Sol, estudar o interior da
estrela por meio da heliossismologia e investigar a influência solar no clima terrestre.
O nome é uma homenagem ao astrônomo francês Jean Picard (1620-1682), o primeiro a
obter medidas acuradas do diâmetro do Sol.
2010 (15 de junho) – Cientistas da missão Kepler divulgam dados preliminares de 156.000
estrelas observadas por esse telescópio espacial. Das estrelas pesquisadas, 706 apresentam
candidatos a exoplanetas, com dimensões que variam desde similares à Terra até maiores
que Júpiter.
2010 (23 de junho) – Um estudo liderado por Ignas Snellen, do observatório de Leiden, na
Holanda, e publicado na revista Nature, revela a descoberta de grandes tempestades no
exoplaneta HD 209458b (Osíris), com ventos cuja velocidade varia entre 5.000 e
10.000km/h. Temperaturas superficiais acima de 1.000°C também contribuem para tornar
extremamente rigoroso o clima deste astro.
2010 (10 de julho) – A sonda Rosetta sobrevoa, à distância mínima de 3.160km, o asteroide
21 Lutetia, descoberto (15 de novembro de 1852) pelo astrônomo alemão Hermann
Goldschmidt (1802-1866). São feitas 462 imagens que cobrem aproxmadamente 50% da
superfície do astro, sobretudo do hemisfério norte. As imagens revelam 350 crateras, com
diâmetros entre 600m e 55km. Entre as crateras há escarpas e estrias, configurando uma
superfície bastante irregular.
Trata-se do maior asteroide já visitado por uma nave espacial (recorde quebrado em julho
de 2011, com a chegada da Dawn a Vesta), e Lutetia é o nome de uma cidade do Império
Romano localizada onde hoje é Paris.
Diâmetro: 121 x 101 x 75km; período orbital: 1.387,902 dias (3,80 anos); distância média
do Sol: 364.277.000km.
2010 (16 de julho) – A NASA informa a descoberta, feita graças a imagens do Hubble, de
uma cauda típica de cometas no exoplaneta HD 209458b (Osíris). A temperatura superficial
é tão elevada (mais de 1.000°C) que a atmosfera inteira é aquecida, o que faz com que até
elementos pesados (como carbono e silício) escapem, contribuindo para formar a cauda,
juntamente com os demais gases atmosféricos.
O HD 209458b está associado a diversos eventos importantes relacionados à pesquisa de
planetas extrassolares: primeiro exoplaneta a ser descoberto pelo método do trânsito
planetário; primeiro exoplaneta a ter uma atmosfera detectada; primeiro exoplaneta
conhecido em cuja atmosfera há hidrogênio, oxigênio e carbono; um dos dois primeiros
exoplanetas observados espectroscopicamente.
2010 (20 de julho) – Cientistas britânicos liderados por Paul Crowther, da Universidade de
Sheffield, anunciam a descoberta, feita graças a dados fornecidos pelo VLT e pelo Hubble,
da estrela de maior massa e maior luninosidade alguma vez observada. A estrela, batizada
de RMC 136a1, pertence ao aglomerado estelar RMC 136a, localizado na Grande Nuvem
de Magalhães (constelação do Dourado), a 165.000 anos-luz da Terra. A massa equivale a
265 massas solares, e a luminosidade é 8,7 milhões de vezes superior à do Sol.
2010 (26 de julho) – A NASA divulga o melhor e mais completo mapa de Marte já
produzido, elaborado a partir de 21.000 imagens obtidas pela câmera Themis da sonda
Mars Odyssey. Uma versão interativa do mapa é disponibilizada no site da agência espacial
estadunidense, o que permite ao público dar passeios virtuais pelo planeta vermelho.
2010 (19 de agosto) – A revista Science publica fotos da Lua tiradas pela Lunar
Reconnaissance Orbiter, as quais, segundo a NASA, comprovam que o diâmetro do nosso
satélite diminuiu 100m no último bilhão de anos. A explicação dada para esta redução de
tamanho é o resfriamento interno da Lua ao longo deste tempo.
2010 (25 de agosto) – Um estudo liderado por Petr Pravec, do Instituto Astronômico da
República Checa, e publicado na revista Nature, afirma que asteroides, quando têm
velocidades de rotação bastante elevadas, podem dividir-se em dois corpos que orbitam um
ao outro e, posteriormente, transformar-se em corpos celestes independentes. Segundo a
pesquisa, trata-se de um fenômeno bastante frequente no cinturão de asteroides do Sistema
Solar.
2010 (27 de agosto) – Uma equipe liderada por Jean-Louis Le Mouël, do Instituto de
Geofísica de Paris, publica no Geophysical Research Letters um estudo sugerindo que as
manchas solares (cuja frequência varia ao longo de um ciclo de aproximadamente onze
anos) podem ser um dos fatores responsáveis pela pequena flutuação (da ordem de
milissegundos) observada na duração dos dias terrestres. Os demais fatores seriam
mudanças nos ventos e nas correntes dos oceanos.
2010 (29 de setembro) – Uma equipe liderada por Steven Vogt, da Universidade da
Califórnia, em Santa Cruz, anuncia a descoberta de Gliese 581g, exoplaneta potencialmente
habitável, localizado a 20,3 anos-luz (192 trilhões de km) da Terra, na constelação de Libra.
É o sexto planeta encontrado em torno da anã vermelha Gliese 581, a qual orbita, à
distância média de 22 milhões de km, em 36,6 dias. A massa, entre 3,1 e 4,3 vezes a
terrestre, e o raio, entre 1,3 e 2 vezes o da Terra, indicam composição rochosa. A gravidade
estimada oscila de 1,1 a 1,7 vez a do nosso planeta, suficiente para manter uma atmosfera.
O planeta apresenta sempre a mesma face à estrela, o que acarreta uma grande variação de
temperatura entre a zona permanentemente iluminada e a zona sempre escura. A média de
temperatura calculada com base nos dados observados está entre -37 e -12°C, mas no
terminador (confluência entre a região iluminada e a região escura) é provável que haja
temperaturas semelhantes às terrestres. O conjunto das características deste planeta faz com
que seja grande a possibilidade de existência de água líquida na superfície, tornando-o
candidato a abrigar vida.
Este é o segundo planeta potencialmente habitável encontrado em torno de Gliese 581. O
outro, Gliese 581c, foi descoberto em abril de 2007.
Mais tarde, a existência de Gliese 581g (bem como a de Gliese 581f) é posta em dúvida por
Francesco Pepe, do Observatório de Genebra. Instaura-se a polêmica, e a questão
permanece em aberto. Atualmente, Gliese 581g é considerado exoplaneta não confirmado.
2010 (1º de outubro) – É lançada a sonda lunar chinesa Chang’e 2, cuja missão, com
duração de oito meses, tem como objetivo principal testar técnicas de alunissagem, a fim de
permitir o pouso na Lua da Chang’e 3. Além disso, a nave está programada para enviar à
Terra imagens em alta resolução da superfície do satélite.
A data escolhida para o lançamento é comemorativa ao 61º aniversário da revolução
comunista liderada por Mao Tse-Tung (1893-1976), que, em 1949, resultou na criação da
República Popular da China.
2010 (5 de outubro) – A Chang’e 2 é inserida com sucesso na órbita lunar, a uma distância
variável entre 16 e 100km. A colocação em órbita ocorre 112 horas após o lançamento,
bem menos que os 12 dias gastos pela Chang’e 1.
2010 (5 de outubro) – A NASA aprova a missão MAVEN, Mars Atmosphere and Volatile
EvolutioN (Atmosfera de Marte e Evolução Volátil), com previsão de lançamento em 2013
e entrada em órbita marciana em 2014. São quatro os objetivos principais: determinar o
papel desempenhado, ao longo do tempo, pela perda de materiais voláteis da atmosfera
marciana; determinar o estado atual da atmosfera superior, da ionosfera e da interação com
o vento solar; determinar a proporção atual de escapamento de gases neutros e de íons para
o espaço e os processos que os controlam; determinar a proporção de isótopos estáveis na
atmosfera de Marte.
2010 (7 de outubro) – É lançada à ISS a Soyuz TMA-01M, primeira sonda da nova série de
espaçonaves tripuladas russas, desenhada para substituir a Soyuz TMA, em uso desde 2002.
Entre as modificações implementadas, merecem destaque as seguintes: 36 peças são
redesenhadas; a massa é reduzida em 70kg; o sistema operacional de controle analógico
(Aragon), usado por mais de trinta anos, é substituído por um sistema digital (TsVM-101);
o consumo de energia torna-se menor; na estrutura da nave e nos painéis de instrumentos,
ligas de magnésio são substituídas por ligas de alumínio, de fabricação mais simples e
barata.
A tripulação da Soyuz TMA-01M é formada por Alexander Kaleri - Comandante -, Scott
Kelly - engenheiro de voo - e Oleg Skripochka - engenheiro de voo.
A aterrissagem ocorre em 16 de março de 2011.
2010 (22 de outubro) Uma equipe liderada pelo geólogo planetário Peter Schultz, da
Universidade Brown, nos EUA, publica na revista Science cinco artigos anunciando a
descoberta, na Lua, de água, gelo, mercúrio, monóxido de carbono, dióxido de carbono,
amônia e metais prateados (incluindo pequena quantidade de prata). Este achado deve-se ao
impacto da LCROSS na cratera Cabeus, ocorrido em outubro de 2009, que abriu na
superfície do satélite um buraco com 25 a 30m de diâmetro e fez levantar quase 2t de
fragmentos diversos, poeira e vapor.
2010 (27 de outubro) – A China anuncia o início da construção da sua própria estação
espacial, ainda sem denominação definida. A conclusão está prevista para 2020, e o
lançamento dos primeiros módulos pode ocorrer antes de 2016. As informações são da
agência oficial Xinhua.
Um módulo para testes, Tiangong-1, é lançado em setembro de 2011.
2010 (29 de outubro) – A revista Science publica os resultados do mais amplo censo
planetário já realizado, encomendado pela NASA à Universidade da Califórnia. Segundo o
estudo, uma em quatro estrelas similares ao Sol existentes na Via Láctea tem planetas de
tamanho próximo ao da Terra, o que situa o número destes planetas em vários bilhões.
2010 (16 de novembro) – Num comunicado de imprensa, a JAXA anuncia que, das
aproximadamente 1.500 partículas rochosas (todas submilimétricas) encontradas no interior
da cápsula liberada pela Hayabusa em junho, a maioria pertence ao asteroide 25143
Itokawa. Segundo os cientistas, a composição desses materiais é mais semelhante à de
meteoritos primitivos do que de rochas encontradas na Terra.
Trata-se das primeiras amostras provenientes de um asteroide trazidas à Terra por uma nave
espacial.
2010 (26 de novembro) – A NASA anuncia a detecção, pela Cassini, de uma atmosfera
tênue (5 trilhões de vezes menos densa que a terrestre) em Reia, contendo oxigênio e
dióxido de carbono. Segundo os cientistas, esses elementos podem possibilitar reações
químicas complexas na superfície.
2010 (dezembro) – Tem início a tempestade mais longa já registrada em Saturno, com
duração superior a duzentos dias. Afeta uma área de 4 bilhões de km2 do hemisfério norte
e, nos momentos de maior intensidade, são detectados dez relâmpagos por segundo.
Imagens da tempestade são liberadas por cientistas da Cassini em 17 de novembro de 2011.
2010 (1º de dezembro) – Uma equipe liderada por Jacob Bean, do centro Harvard-
Smithsonian de Astrofísica, divulga os primeiros dados alguma vez obtidos acerca da
atmosfera de uma “superterra”, nome dado pelos astrônomos a exoplanetas com massas
superiores à da Terra, mas inferiores a dez massas terrestres. O GJ 1214 b, descoberto em
16 de dezembro de 2009 por David Charbonneau e colegas, pode ser coberto por água
(provavelmente em estado gasoso, devido à proximidade entre o exoplaneta e a estrela em
torno da qual gira) ou um exoplaneta rochoso em cuja atmosfera predomina o hidrogênio,
com nuvens altas ou neblina encobrindo o céu. Pelo estudo, fica afastada apossibilidade de
se tratar de um "miniNetuno", com um pequeno núcleo rochoso e uma atmosfera profunda
e rica em hidrogênio. Situado na constelação de Ofiúco e distante 42 anos-luz, o GJ 1214 b
é 2,6 vezes maior que a Terra e orbita a sua estrela, à distância média de 2,14 milhões de
km, em 38h. O ambiente não é propício à vida, uma vez que na atmosfera são registradas
temperaturas de 500°C.
2010 (8 de dezembro) – A empresa Spacex lança, num voo de teste, a cápsula Dragon,
destinada a transportar cargas, e posteriormente também astronautas, à ISS. A cápsula
completa duas órbitas e realiza diversas manobras, pousando com sucesso no Oceano
Pacífico.
2010 (17 de dezembro) – É divulgada uma versão preliminar do mais preciso mapa
topográfico da Lua já elaborado, feito com base no instrumento Lola, altímetro a laser a
bordo da Lunar Reconnaissance Orbiter. Este mapa baseia-se em 3 bilhões de pontos de
informação da superfície lunar coletados pelo Lola, e nele estão representados, pela
primeira vez, aspectos topográficos do interior de crateras situadas nos polos da Lua.
2011 (2 de janeiro) – A canadense Kathryn Aurora Gray torna-se, aos 10 anos de idade, a
pessoa mais jovem a descobrir uma supernova. A descoberta, feita em coautoria com o pai,
Paul Gray, e com o compatriota David J. Lane, é registrada pela Sociedade Real de
Astronomia do Canadá (RASC, na sigla em inglês) e confirmada, no dia seguinte, pelo
Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics, de Cambridge, Massachusetts. A supernova,
batizada de SN 2010lt, localiza-se na galáxia UGC 3378, na constelação da Girafa, a 240
milhões de anos-luz da Terra.
2011 (11 de janeiro) – Numa conferência em Paris, são divulgados resultados obtidos pelo
telescópio Planck após três varreduras completas do céu. Segundo os cientistas, as
descobertas compreendem 15.000 novos objetos celestes, incluindo trinta grupos de
galáxias.
2011 (1º de fevereiro) – A NASA anuncia que o NEOWISE descobriu muitos objetos no
Sistema Solar, inclusive 20 cometas. O telescópio Wise é posto em hibernação, havendo a
possibilidade de ele ser reativado algum dia.
Efetivamente, o Wise é reativado em setembro de 2013.
2011 (11 de março) – O terremoto de magnitude 9,0 ocorrido nas proximidades de Sendai,
no Japão (15.883 mortos, 2.681 desaparecidos), move a ilha de Honshu 2,4m para leste,
diminui o período de rotação da Terra em 1,8 milionésimo de segundo (devido à
redistribuição da massa do planeta) e desloca o eixo terrestre entre 10cm e 25cm.
2011 (18 de março) – A Messenger torna-se a primeira sonda espacial a orbitar Mercúrio. O
período orbital é de 12 horas, e a distância ao planeta varia de 200km a 50.000km. Essa
trajetória eminentemente elíptica tem por objetivo evitar longas exposições às temperaturas
elevadas de Mercúrio. A missão da Messenger em órbita mercuriana tem duração prevista
de um ano.
2011 (18 de março) – A New Horizons cruza a órbita de Urano, cinco anos e dois meses
depois do lançamento. Comparativamente, a viagem da Voyager 1 levou oito anos e quatro
meses desde a Terra até Urano.
2011 (24 de março) – Termina oficialmente a missão da Stardust, segunda sonda (depois da
Giotto) a visitar dois cometas (Wild 2 e Tempel 1).
2011 (28 de março) – É observado, pelo telescópio Swift, numa galáxia não identificada da
Constelação do Dragão, distante 3,8 bilhões de anos-luz da terra, um fenômeno luminoso
de grandes proporções, batizado de Sw1644-57, que a princípio é interpretado como uma
erupção de raios gama. Contudo, o fenômeno persiste por semanas (erupções de raios gama
duram horas, no máximo), o que leva à busca de outra explicação.
Em 16 de junho, Andrew Levan, da Universidade de Warwick, e colegas, publicam na
Science a hipótese de tratar-se da absorção de uma estrela do tamanho do Sol por um
buraco negro 1 milhão de vezes maior, durante a qual 10% da massa dessa estrela teria sido
irradiada ao espaço, sobretudo na forma de raios X e gama. O evento, cem vezes mais
brilhante que qualquer erupção alguma vez vista num centro galáctico, atinge uma
intensidade sem precedentes na observação astronômica.
2011 (29 de março) – A NASA divulga a primeira imagem feita pela Messenger após entrar
na órbita de Mercúrio. A imagem, que mostra uma paisagem cinzenta, coberta por crateras,
é uma das 364 fotografias tiradas pela espaçonave em seis horas de observação.
2011 (18 de abril) – O site NewScientist informa que um estudo patrocinado pela NASA, e
realizado pelo Wyle Engineering Group, demonstra que os analgésicos perdem
gradativamente efeito no espaço. Isso pode representar um problema para astronautas em
voos mais longos, como uma possível viagem a Marte, por exemplo. O principal fator
apontado para a degradação dos medicamentos é o alto nível de radiação ionizante existente
no espaço.
2011 (19 de abril) – É anunciada a descoberta, pelas sondas Stereo, de 122 binárias
eclipsantes. Além disso, as sondas Stereo também estudam centenas de estrelas variáveis, o
que é possível porque elas são capazes de observar as mesmas estrelas por períodos
superiores a vinte dias.
2011 (24 de abril) – Uma equipe formada por 584 cientistas, pertencentes a 54 instituições
de doze países (inclusive o Brasil), publica na seção Letters da revista Nature um estudo
descrevendo as primeiras observações e medições de anti-hélio-4, a antimatéria mais
pesada já produzida e detectada em laboratório. O experimento, realizado no Colisor
Relativístico de Íons Pesados (RHIC, na sigla em inglês), localizado nos EUA, é
importante, segundo os autores, para a observação de antimatéria no Universo e para a
compreensão de “aspectos essenciais da física nuclear, da astrofísica e da cosmologia”.
2011 (2 de maio) – Cientistas do Cern anunciam ter conseguido obter 309 átomos de anti-
hidrogênio e preservá-los durante mil segundos.
2011 (3 de maio) – A sonda Dawn obtém as primeiras imagens de Vesta e dá início à fase
de aproximação ao asteroide, que aparece nas fotografias como uma luz brilhante, cercado
de estrelas ao fundo.
2011 (4 de maio) – A NASA anuncia que a Gravity Probe B, lançada em 2004, confirmou a
teoria da relatividade geral, de Einstein. Conforme previsto, os quatro giroscópios da sonda
experimentaram mudanças mensuráveis na trajetória do seu movimento à medida que eram
atraídos pela gravidade da Terra. Trata-se da prova de que há alteração da curvatura
espaço-tempo em torno de um objeto celeste sob a ação da força de gravidade.
2011 (11 de maio) - O Centro Nacional de Pesquisas Científicas (CNRS) da França divulga
a comprovação, em laboratório, de que campos eletromagnéticos afetam a velocidade da
luz. No vazio absoluto, a luz viaja à velocidade constante de 299.792,458km/s, e a variação
detectada no estudo é de um bilionésimo de metro por segundo. Embora ínfima, essa
variação pode ajudar a melhorar a compreensão de como se dá a propagação luminosa no
Universo.
2011 (12 de maio) – Astrônomos liderados por Robin Wordworth e François Forget, do
Laboratório de Meteorologia Dinâmica (LMD) do Instituto Pierre Simon Laplace, de Paris,
publicam na revista científica The Astrophysical Journal Letters um estudo sugerindo a
hipótese de o exoplaneta Gliese 581d ser potencialmente habitável. Descoberto em 24 de
abril de 2007, Gliese 581d, a 20,3 anos-luz da Terra e situado na constelação de Libra, tem
massa equivalente a aproximadamente 7 massas terrestres e orbita a sua estrela, à distância
média de 32,7 milhões de km, em 66,87 dias. Originalmente considerado frio demais para
estar dentro da zona de habitabilidade (recebe da anã vermelha Gliese 581 30% da energia
que a Terra recebe do Sol), o exoplaneta pode ter, entretanto, temperaturas superficiais que
permitam a existência de água líquida, caso possua uma atmosfera rica em dióxido de
carbono, o que, de acordo com os autores do estudo, é bastante possível.
2011 (18 de maio) – Uma equipe liderada por Takahiro Sumi, da Universidade de Osaka,
publica na Nature um estudo afirmando ter encontrado planetas que não parecem atraídos
por uma estrela e que flutuam solitários pelo espaço (algo como “planetas órfãos”). Dez
planetas com massas semelhantes à de Júpiter são encontrados numa varredura feita, ao
longo de dois anos, na Via Láctea, à procura de objetos com órbitas entre 10 e 500 unidades
astronômicas (1,5 e 75 bilhões de km) de uma estrela. Segundo os cientistas, pode haver
milhões (até bilhões) de planetas como esses na nossa galáxia. Esses resultados contrariam
a teoria da formação planetária, de acordo com a qual um planeta é formado a partir da
matéria de uma estrela e, obrigatoriamente, orbita em torno dela. O artigo levanta a
hipótese de que estes planetas distantes se libertaram da atração gravitacional estelar em
uma fase muito precoce. "Eles podem ter se formado em discos protoplanetários e,
subsequentemente, se dispersado no vazio ou em órbitas muito distantes", afirma Takahiro
Sumi.
2011 (23 de maio) – O LHC consegue obter 100 milhões de colisões por segundo, um
recorde para qualquer acelerador de partículas.
2011 (25 de maio) – A NASA desiste de tentar manter contato com o Spirit e dá por
encerrada a missão (não há comunicação desde 22 de março de 2010). Contudo, o saldo é
positivo: planejado para uma missão de noventa dias, o Spirit permanece ativo por seis anos
e dois meses (2.269 dias terrestres desde o pouso até o último contato) e percorre 7.730,5m
na superfície marciana.
2011 (26 de maio) – A NASA anuncia a missão Osiris-Rex, primeira sonda estadunidense
programada para coletar material de um asteroide e trazê-lo de volta à Terra. Com
lançamento previsto para 2016, a nave deverá recolher, com um braço robótico, em 2020,
partículas do asteroide 1999 RQ36, que chegarão à Terra em 2023.
Com diâmetro de aproximadamente 560m, o 1999 RQ36 orbita o Sol, em 436,604 dias
(1,20 ano), à distância média de 168.450.000km.
2011 (1º de junho) – É confirmada a descoberta de mais duas luas de Júpiter, passando para
65 o número de satélites naturais conhecidos daquele planeta. Observados pela primeira vez
em 2010, os astros têm nomes provisórios.
S/2010 J 1 – Diâmetro: 2km; período orbital: 724,34 dias (1,98 ano); distância média do
planeta: 23.314.335km.
S/2010 J 2 – Diâmetro: 1km; período orbital: 588,82 dias (1,61 ano); distância média do
planeta: 20.307.150km.
2011 (8 de junho) – A Chang’e 2 completa sua missão lunar e parte para o ponto de
Lagrange L2, a 1,5 milhão de km da Terra, a fim de testar a rede chinesa de controle e
monitoramento de voos. Após 78 dias de viagem, a sonda atinge o objetivo proposto em 25
de agosto, fazendo da Agência Espacial Chinesa a terceira (depois da NASA e da eSA) a
colocar um artefato numa órbita lagrangeana. Ademais, é a primeira vez que uma sonda
atinge este ponto partindo da Lua, e a Chang’e 2 se torna a espaçonave da China que mais
se afasta da Terra.
Os primeiros dados depois da insersão na nova órbita são transmitidos em setembro.
2011 (10 de junho) – Cientistas estudando dados enviados pelas sondas Voyager notam
gigantescas bolhas magnéticas localizadas na heliosfera, região que marca a fronteira entre
o Sistema Solar e o espaço interestelar. Os cientistas acreditam que as bolhas se formam
quando o campo magnético do Sol sofre deformação nos limites do Sistema Solar.
2011 (18 de junho) – Três meses depois da inserção da Messenger na órbita de Mercúrio,
milhares de imagens enviadas pela sonda, as mais precisas do planeta feitas até o momento,
começam a ser examinadas. Análises químicas preliminares revelam uma quantidade
considerável de enxofre no solo, o que indica atividade vulcânica importante ao longo da
evolução de Mercúrio. As descobertas também incluem evidências de um campo magnético
e rajadas regulares de elétrons jorrando através da magnetosfera. "É quase um planeta novo,
nós nunca tivemos este tipo de dado antes", afirma o pesquisador-chefe Sean Solomon, do
Instituto Carnegie, de Washington.
2011 (21 de junho) – A NASA apresenta a imagem mais completa e precisa da Lua já
elaborada até o momento, obtida graças aos 192 terabytes de dados coletados pela Lunar
Reconnaissance Orbiter (isso equivale à capacidade de 41.000 DVDs). Para confeccionar a
imagem, são utilizadas as 4 bilhões de medições feitas pelo Lola (altímetro laser), cem
vezes mais que a soma das medições de todos os artefatos já enviados pela NASA ao
satélite. São utilizadas também as fotografias com detalhes nunca antes vistos de 5,7
milhões de km2 da superfície lunar transmitidas pela câmera LROC.
2011 (27 de junho) – O asteroide 2011 MD, descoberto em 22 de junho pelo Linear, passa a
12.000km da Terra. O objeto, com diâmetro entre 10m e 45m, orbita o Sol em 396d9h e
não representa ameaça alguma ao nosso planeta.
2011 (12 de julho) – Netuno completa a primeira órbita em torno do Sol desde que foi
descoberto, em 23 de setembro de 1846.
2011 (16 de julho) – Após uma viagem de 2,8 bilhões de km, a sonda Dawn é inserida na
órbita de Vesta, à distância média de 10.500km, para uma missão de um ano.
2011 (18 de julho) – É lançado o radiotelescópio russo RadioAstron (ou Spektr R),
posicionado numa órbita fortemente elíptica, com perigeu de 10.000km e apogeu de
390.000km. O principal objetivo da missão é estudar corpos celestes com ângulos de
resolução muito pequenos, da ordem de alguns milionésimos de arcossegundo. Dotado de
um refletor com 10m de diâmetro, o radioastron será capaz de trabalhar em conjunto com
radiotelescópios terrestres, por meio da interferometria. Com isso, espera-se imagens com
resolução mil vezes superior àquela proporcionada pelo Hubble. Os principais alvos de
observação do Spektr R são buracos negros, estrelas de nêutrons na Via Láctea, quasares e
pulsares. A missão tem duração prevista de, no mínimo, cinco anos.
2011 (21 de julho) – A ESA divulga quatro imagens de Andrômeda com detalhes nunca
vistos antes, feitas pelo Hubble. As imagens mostram até mesmo estrelas individuais.
2011 (22 de julho) – Astrônomos liderados por Ofer Cohen (Centro de Astrofísica Harvard-
Smithsonian) publicam no Astrophysical Journal um trabalho em que afirmam que em
alguns exoplanetas as auroras polares são até mil vezes mais intensas do que na Terra. Isso
vale especialmente para astros do tipo a que os astrônomos se referem como “Júpiter
quente”. Trata-se de planetas com características semelhantes às de Júpiter, mas com
temperaturas superficiais elevadas, com órbitas muito próximas a suas estrelas (distâncias
iguais ou inferiores a 75 milhões de km). As auroras ocorrem quando partículas energéticas
das estrelas se chocam com os campos magnéticos dos planetas. Na Terra, o fenômeno é
visível apenas dos pólos (aurora boreal e aurora austral), mas os planetas do tipo Júpiter
quente estão tão perto de suas estrelas que a intensidade das partículas energéticas torna a
aurora visível também a partir do equador (aurora equatorial).
2011 (26 de julho) – Cientistas da ESA anunciam ter encontrado, graças a dados do
telescópio Herschel, a explicação para a presença de água na alta atmosfera de Saturno,
registrada pela primeira vez em 1997. De acordo com os pesquisadores, a água provém de
Encélado, cujos gêiseres localizados nas proximidades do seu polo sul expulsam cerca de
250kg de vapor d’água por segundo. Conforme as primeiras análises, de 3% a 5% dessa
água chega a Saturno. Isso faz de Encélado o primeiro satélite conhecido a exercer
influência sobre a composição química do planeta em torno do qual gira.
2011 (28 de julho) – O derretimento do gelo dos polos terrestres aumenta a quantidade de
massa no equador e provoca uma ligeira diminuição do achatamento polar da Terra, de
acordo com um estudo publicado por cientistas da Universidade do Colorado no
Geophysical Research Letters. Os pesquisadores estimam que Antártida e Groenlândia
perdem 382 bilhões de toneladas de gelo por ano, o que causa uma redistribuição da massa
terrestre e a modificação do campo gravitacional do planeta, que fica levemente mais
esférico (71 centímetros por década). Os dados para a pesquisa são fornecidos pelas sondas
GRACE. O estudo diz ainda que a massa da Terra vai se readequar com o tempo.
2011 (1º de agosto) – A ESA informa que o telescópio Herschel encontrou fortes
evidências da presença de moléculas de oxigênio (O2) na nebulosa de Órion.
2011 (1º de agosto) – A NASA divulga as primeiras imagens da superfície de Vesta, feitas
pela Dawn. A crosta é bastante diversificada, com canais na zona equatorial, pontos
luminosos, poços escuros e crateras repletas de listras brancas e pretas (o hemisfério norte
tem muito mais crateras que o hemisfério sul). Segundo cientistas da agência espacial, isso
revela um interior geologicamente ativo.
2011 (8 de agosto) – A NASA afirma ter encontrado provas de que meteoritos podem
conter estruturas de DNA geradas no espaço. Os resultados são obtidos por meio da análise
de doze meteoritos achados na Antártida e na Austrália. Essa descoberta significa que o
ambiente interno de alguns astros é capaz de abrigar moléculas biológicas essenciais.
2011 (23 de agosto) – A NASA divulga a descoberta, feita pelo Wise, da estrela mais fria já
encontrada. Batizada de WISE 1828+2650, ela tem temperatura superficial inicialmente
estimada em 25°C (inferior à do corpo humano), posteriormente corrigida para valores
entre 250 e 400°C, e é uma anã Y (as mais frias da família das anãs marrons). Até o
momento, o Wise já descobriu cem anãs marrons, das quais seis são da classe Y. Novas
descobertas são esperadas, uma vez que a imensa quantidade de dados transmitida pelo
telescópio ainda está sendo analisada.
Outra anã Y, a WISE 1541-2250, a princípio tem a distância da Terra avaliada em 9 anos-
luz, o que faria dela a sétima estrela mais próxima conhecida da Terra. Contudo, em 2013 o
cálculo da distância é revisado para 44 anos-luz.
2011 (24 de agosto) – O cargueiro russo Progress M-12M, que levava 3t de suprimentos
para a ISS, não consegue entrar em órbita e cai. O aciddente coloca em risco o futuro
imediato das missões tripuladas à ISS, já que, desde a aposentadoria dos ônibus espaciais
estadunidenses, o único meio de transporte tripulado para a estação são as naves Soyuz,
veículos similares aos cargueiros Progress, porém com espaço para astronautas.
2011 (26 de agosto) – São publicados na Science seis artigos com estudos preliminares do
material coletado na superfície do asteroide Itokawa pela sonda Hayabusa. A composição é
semelhante à dos meteoritos condritos metálicos. Segundo os pesquisadores, o Itokawa
provavelmente é parte de um asteroide maior que se fragmentou há milhões de anos. A
superfície apresenta-se desgastada por impactos com meteoroides e, possivelmente, outros
asteroides.
2011 (1º de setembro) – Uma equipe liderada por Elisabetta Caffau, da Universidade de
Heidelberg (Alemanha), publica na Nature a descoberta de uma estrela composta quase
inteiramente por hidrogênio e hélio, com quantidades minúsculas de outros elementos
químicos. Chamada SDSS J102915+172927, essa estrela dista 4.000 anos-luz da Terra,
localiza-se na constelação de Leão, tem massa inferior à do Sol e provavelmente tem mais
de 13 bilhões de anos de idade. Um astro com tais características contraria a teoria de
formação estelar mais aceita, segundo a qual estrelas com pequena massa e baixa densidade
de metais não deveriam existir.
Em astronomia, metais são todos os elementos químicos mais pesados que o hidrogênio e o
hélio (que constituem a maioria absoluta da massa das estrelas). Daí deriva o conceito de
metalicidade estelar, usado astronomicamente para fazer referência à quantidade de
elementos químicos que não sejam hidrogênio e hélio presentes numa estrela.
2011 (1º de setembro) – O Conselho de Pesquisa Nacional dos EUA divulga um relatório
de 182 páginas indicando que o lixo espacial que orbita a Terra chegou a um nível crítico
para colisões, pondo em risco astronautas e satélites. Conforme a pesquisa, a quantidade de
detritos em órbita saltou de 9.949 objetos catalogados em dezembro de 2006 para 16.094
em julho de 2011.
2011 (6 de setembro) – A NASA apresenta uma série de imagens dos locais de pouso de
missões Apollo, feitas pela Lunar Reconnaissance Orbiter. Nas imagens, é possível ver
tanto os locais de alunissagem das missões Apollo 12, 14 e 17 quanto pegadas deixadas no
satélite pelos astronautas.
2011 (10 de setembro) – É lançada a missão estadunidense GRAIL (Gravity Recovery and
Interior Laboratory), cujjo objetivo é elaborar o mais completo mapa gravitacional da Lua
já produzido, a fim de determinar a estrutura interior do satélite. A missão é composta de
duas sondas (cada uma pesa 132,6kg), programadas para orbitar a Lua a uma distância
variável entre 175 e 225km uma da outra e realizar imagens em raios X. Segundo os
cientistas, compreender a composição e a estrutura do núcleo lunar ajudará a desvendar a
evolução não apenas do nosso satélite, mas também de outros astros rochosos.
2011 (14 de setembro) – A NASA divulga o desenho de um novo foguete capaz de lançar
voos espaciais tripulados para além da órbita terrestre baixa e, finalmente, até Marte. O
"Sistema de Lançamento Espacial" (ou SLS - Space Launch System –, na sigla em inglês),
com teste inicial previsto para 2017, será, de acordo com a NASA, o foguete mais potente
desde o Saturno V, que levou os astronautas estadunidenses à Lua, e poderá transportar
tripulações humanas numa cápsula denominada “Orion Multi-Purpose Crew Vehicle”.
2011 (15 de setembro) – Uma equipe liderada por Laurance Doyle, do Instituto Seti, da
Califórnia, anuncia a descoberta de Kepler-16b, o primeiro planeta circumbinário
identificado pela missão Kepler. Planetas circumbinários são aqueles que orbitam duas
estrelas, como o imaginário Tattoine, da série de filmes “Guerra nas Estrelas” (“Star Wars”.
Localizado na constelação do Cisne e distante aproximadamente 200 anos-luz, Kepler-16b
completa uma translação em 228,78 dias, à distância média de 105,43 milhões de km, tem
massa similar à de Saturno e temperatura superficial entre -100 e -70°C. As estrelas do
sistema binário Kepler-16, ambas menores que o Sol (massas de 69% e 20% da solar),
giram uma ao redor da outra em 41 dias.
2011 (24 de setembro) – O satélite UARS ( Upper Atmosphere Research Satellite), de 5,9t,
cai no Oceano Pacífico, a oeste do Canadá. Lançado em setembro de 1991 pelo Discovery
(STS-48) e desativado em 2005, o satélite fragmenta-se em 26 pedaços (o maior deles com
158,3kg) ao reentrar na atmosfera. A queda tem ampla cobertura da mídia e reabre a
discussão sobre os perigos do lixo espacial em órbita terrestre.
2011 (4 de outubro) – A ESA aprova a missão solar Orbiter e o telescópio espacial Euclid.
A Solar Orbiter, com lançamento previsto para 2017, se aproximará do Sol como nenhuma
outra espaçonave no passado, tanto que deverá ser capaz de capturar partículas do vento
solar assim que elas saírem do astro.
O Euclid, a ser lançado em 2019, deverá realizar uma cartografia do Universo em larga
escala, com o objetivo de estudar a história da expansão e o crescimento da estrutura do
cosmo.
2011 (6 de outubro) – A ESA divulga a descoberta, feita pela Venus Express, de uma
camada de ozônio no planeta Vênus. De acordo com a agência, a detecção foi possível
porque o gás absorveu parte dos raios ultravioleta emitidos por algumas estrelas,
observadas a partir da atmosfera venusiana. A camada de ozônio em Vênus fica a uma
altitude de 100km, cerca de quatro vezes maior do que na atmosfera da Terra, e é de cem a
mil vezes menos densa. A concentração é estimada em 20% da terrestre.
A descoberta é importante porque acredita-se que o ozônio teve um papel fundamental na
origem da vida na Terra, uma vez que é composto por três átomos de oxigênio (O3), e a
quebra das moléculas contribuiu para aumentar a concentração desse elemento químico na
atmosfera do nosso planeta.
2011 (13 de outubro) – A NASA divulga a descoberta, feita pela Dawn, de uma montanha
com 21km de altura localizada no polo sul de Vesta. É a segunda mais alta montanha
conhecida do Sistema Solar, atrás apenas do Monte Olimpo, em Marte.
2011 (19 de outubro) – Uma equipe liderada por Adam Kraus, da universidade do Havaí,
divulga as primeiras imagens já feitas de um planeta em formação em torno de uma estrela.
O astro, denominado LkCa 15 b, tem aproximadamente o tamanho de Júpiter.
2011 (1º de novembro) – É lançada a nave não tripulada chinesa Shenzhou 8, com o
objetivo de realizar um acoplamento com o módulo de teste Tiangong-1, em órbita.
O acoplamento, que ocorre no dia seguinte, é o primeiro entre duas naves espaciais
chinesas e faz parte do programa de desenvolvimento da estação orbital da China.
Outro acoplamento bem-sucedido ocorre em 14 de novembro. No dia 17, a nave aterrissa
em Siziwang, no norte do país.
2011 (8 de novembro) – É lançada a sonda russa Fobos-Grunt, cujo objetivo principal era
trazer 200g do solo do satélite marciano Fobos de volta à Terra. Contudo, ocorre uma falha
logo após o lançamento, e a nave entra em órbita terrestre. No dia 12, a missão é
extraoficialmente dada como perdida, fato confirmado dez dias mais tarde pela Roskosmos.
A bordo estava o satélite chinês Yinghuo-1, primeiro artefato interplanetário desenvolvido
pela China.
2011 (14 de novembro) – É lançada a Soyuz TMA-22, tripulada por Anton Shkaplerov –
comandante -, Anatoli Ivanishin e Daniel C. Burbank. São os primeiros astronautas a ir ao
espaço após o encerramento do programa dos ônibus espaciais da NASA, em julho. É
também a retomada dos voos tripulados russos depois do acidente com o cargueiro Progress
M-12M, em agosto.
O acoplamento acontece em 16 de novembro, e a ISS volta a ter, durante alguns dias, seis
tripulantes.
A aterrissagem ocorre em 27 de abril de 2012.
2011 (18 de novembro) – Cientistas do experimento “Opera” divulgam os resultados de
novos testes feitos com neutrinos e confirmam os valores anunciados em setembro,
segundo os quais neutrinos podem viajar com velocidade ligeiramente superior à da luz.
Contudo, os resultados desse experimento são colocados em dúvida por cientistas do
próprio CERN em fevereiro de 2012.
2011 (18 de novembro) – A NASA divulga o maior e mais completo mapa da Lua
elaborado até o momento, obtido a partir de dados da Lunar Reconnaissance Orbiter. Uma
versão preliminar desse mapa havia sido divulgada em dezembro de 2010.
2011 (26 de novembro) – É lançada a missão estadunidense Mars Science Laboratory, cujo
objetivo é levar o veículo de exploração Curiosity à superfície de Marte. Maior e bem mais
pesado (900kg) que seus antecessores Opportunity e Spirit, o Curiosity carrega os
instrumentos (dez ao todo) tecnologicamente mais avançados já enviados ao planeta
vermelho, os quais estão programados para obter amostras do solo e analisá-las na tentativa
de determinar se Marte tem, ou alguma vez teve, ambiente propício à vida, mesmo que
microbiana.
2011 (20 de dezembro) – Cientistas liderados por François Fressin, do Centro Harvard-
Smithsonian de Astrofísica, anunciam no site da Nature a descoberta dos dois primeiros
exoplanetas do tamanho da Terra conhecidos, ambos orbitando a estrela Kepler-20, de
massa ligeiramente inferior à solar, localizada na constelação de Lira, a 950 anos-luz. O
maior deles, Kepler-20f, tem raio 3% superior ao da Terra, temperatura superficial estimada
de 427°C e completa uma órbita, à distância de 16,1 milhões de km, em 19,5 dias. O outro,
Kepler-20e, tem raio 13% menor que o terrestre (inferior ao de Vênus), temperatura
superficial calculada em 760°C e orbita a sua estrela em 6,1 dias.
Um exoplaneta menor que Mercúrio é descoberto em fevereiro de 2013.
2011 (26 de dezembro) – Astrônomos liderados por Alan Stern, do Southwest Research
Institute (Texas, EUA), apresentam um estudo segundo o qual a superfície de Plutão pode
conter moléculas orgânicas complexas. Conforme os pesquisadores, o espectrógrafo de
origens cósmicas do telescópio Hubble permite observar que algumas substâncias na
superfície do planeta-anão estão absorvendo mais luz ultravioleta do que a quantidade
esperada, o que, de acordo com cientistas da NASA, pode dar pistas acerca da composição
química do astro. Para os autores do estudo, os compostos detectados possivelmente são
hidrocarbonetos complexos ou moléculas que contêm nitrogênio.
2011 (29 de dezembro) – Cientistas da NASA anunciam a descoberta de uma estrela que
gira a 1,6 milhão de km/h, a velocidade mais alta já encontrada. Batizada de VFTS 102,
localiza-se na Grande Nuvem de Magalhães, a 160.000 anos-luz da Terra. A estrela gira tão
depressa que seus polos são achatados, dando a ela um formato elíptico. Ademais, os
astrônomos observam também um disco de plasma quente que se projeta do centro da
estrela.
2011 (31 de dezembro) – A GRAIL-A é inserida com sucesso na órbita da Lua. No dia
seguinte, ocorre o mesmo com a GRAIL-B.
Posteriormente (17 de janeiro de 2012), as sondas são batizadas de Ebb e Flow,
respectivamente, nomes sugeridos por estudantes de uma escola primária de Montana,
vencedores de um concurso organizado pela NASA.
A missão propriamente dita começa em março de 2012.
2012 (15 de janeiro) – Fragmentos da sonda russa Fobos-Grunt caem no Oceano Pacífico, a
oeste do Chile. A massa total da sonda é de 13,2t, mas a maior parte é destruída na
atmosfera e não chega à superfície.
2012 (29 de janeiro) – São anunciados mais dois satélites de Júpiter, descobertos por Scott
Sheppard com base em imagens feitas em 27 de setembro de 2011. Passam a ser 67 os
satélites jovianos confirmados.
S/2011 J 1 – Diâmetro: 1km; período orbital: 582,22 dias (1,59 ano); distância média do
planeta: 20.155.290km.
S/2011 J 2 – Diâmetro: 1km; período orbital: 725,06 dias (1,99 ano); distância média do
planeta: 23.329.710km.
2012 (31 de janeiro) – O Astrophysics Journal publica uma série de estudos da nuvem de
gás interestelar onde o Sistema Solar se localiza (Nuvem Interestelar Local), incluindo o
primeiro mapa da região, feito pela sonda Ibex. Uma descoberta especialmente significativa
é a de que o Sistema Solar possui mais átomos de oxigênio do que a nuvem que o abriga.
Uma hipótese levantada é a de que o ambiente em que o Sol nasceu não é o mesmo que
circunda a estrela agora. Outra descoberta importante apresentada pelos estudos é que a
velocidade com que o Sistema Solar viaja pela Via Láctea é menor do que se pensava:
83.680km/h, e não 94.700km/h. Isso implica que a interação do Sol com a heliosfera é mais
fraca do que imaginavam os astrônomos.
A Nuvem interestelar Local é uma região com 30 anos-luz de diâmetro dentro da qual o Sol
está atualmente. Estima-se que o Sol tenha ingressado nela entre 44.000 e 150.000 anos
atrás e que deve permanecer no interior da nuvem mais 10.000 ou 20.000 anos. A
densidade média da região é de meio átomo por centímetro cúbico (a atmosfera da Terra
tem, ao nível do mar, 12 bilhões de átomos por centímetro cúbico). A Terra é protegida de
possíveis efeitos da Nuvem Interestelar Local pelo vento solar e pela magnetosfera do Sol.
A Nuvem Interestelar Local, por sua vez, está dentro da Bolha Local, região com 300 anos-
luz de diâmetro situada no braço Órion da Via Láctea.
2012 (10 de fevereiro) – A ESA informa, com base em dados da Venus Express, que o
período de rotação de Vênus é seis minutos e trinta segundos mais longo do que se pensava.
Os cientistas chegam a essa conclusão porque alguns pontos da superfície venusiana não
estavam onde deveriam, de acordo com as medições efetuadas pela Magellan, as mais
recentes de que se dispunha antes das realizadas pela Venus Express.
2012 (10 de fevereiro) – A China divulga um mapa lunar completo, elaborado a partir de
dados da Chang’e 2, e afirma ser o mapa da Lua inteira em mais alta resolução já
produzido.
2012 (21 de fevereiro) – Cientistas liderados por Zachory Berta, do Centro de Astrofísica
Harvard-Smithsonian, sugerem, a partir de dados da câmera infravermelha do Hubble, que
o exoplaneta GJ 1214b (descoberto em 16 de dezembro de 2009) pode ser uma superterra
composta predominantemente de água e rodeado por uma atmosfera fumegante. Distante 40
anos-luz e localizado na constelação de Ofiúco, o GJ 1214b tem temperatura superficial
estimada de 230°C e orbita a sua estrela (uma anã vermelha) em 37h56min, à distância
média de 2,14 milhões de km. O astro tem diâmetro 2,7 vezes o da Terra e massa 7 vezes
maior. De acordo com os pesquisadores, a densidade resultante, 1,87g/cm3, sugere a
presença de um núcleo formado por rocha (25%) e água (75%). Por isso, o GJ 1214b É
informalmente chamado de “planeta de água”. Este é o primeiro exoplaneta conhecido com
tais características.
2012 (22 de fevereiro) – Cientistas da NASA divulgam a descoberta, feita a partir de dados
do Chandra, de que o disco de gás quente em torno do buraco negro IGR J17091-3624,
distante 28.000 anos-luz, gera ventos de 32 milhões de km/h. esses ventos, que atingem 3%
da velocidade da luz, são, de longe, os mais rápidos já identificados.
2012 (1º de março) – Uma equipe liderada por Michael Sterzik publica na Nature um artigo
descrevendo uma nova técnica para procurar por vida extraterrestre. Trata-se de observar a
radiação refletida por um exoplaneta e, a partir dela, tentar deduzir características do astro.
Os testes são feitos por meio da observação, com o Very Large Telescope, da radiação
terrestre refletida pela Lua, como se a Terra fosse um exoplaneta. Por meio da análise dessa
radiação, os cientistas são capazes de deduzir que a atmosfera terrestre é parcialmente
nublada, que parte da superfície se encontra coberta por oceanos e que existe vegetação.
2012 (14 de março) – A NASA divulga o atlas e catálogo de todo o céu em infravermelho
feito com os dados obtidos pelo Wise. São mais de 500 milhões de objetos, incluindo
galáxias, estrelas e outros corpos celestes.
2012 (21 de março) - Durante a 43ª Conferência de Ciência Lunar e Planetária (Texas,
EUA), cientistas da Messenger divulgam dados obtidos pela sonda em um ano de missão. O
núcleo de Mercúrio comtém mais ferro do que se imaginava, e parte dele está em estado
líquido. Também é maior do que se esperava: estende-se por 2.030km, o que equivale a
83% do raio do planeta. Ademais, as quase 100 mil imagens e 4 milhões de medições de
Mercúrio feitas pela Messenger mostram que o planeta é mais plano que a Lua e tem mais
crateras do que qualquer componente conhecido do sistema Solar.
2012 (21 de março) – O United States Geological Survey publica o primeiro mapa
geológico completo de Io, elaborado por cientistas da Universidade do Estado do Arizona
(EUA) liderados por David Williams. O mapa, elaborado ao longo de seis anos a partir de
quatro mosaicos contendo imagens feitas pelas sondas Voyager e Galileo, representa 425
vulcões, correntes de lava e depósitos de plumas (cinzas) vulcânicas, entre outras estruturas
topográficas. A presença de tantos vulcões é explicada pelo aquecimento interno do satélite
devido a fortes perturbações gravitacionais: Europa e Ganimedes pressionam Io para fora
de sua órbita, mas o campo gravitacional de Júpiter, muito mais forte, o mantém no lugar.
2012 (27 de março) – Uma equipe internacional liderada por Xavier Bonfils (IPAG,
Observatoire des Sciences de l´Univers de Grenoble, França) divulga estimativas feitas com
o espectrógrafo HARPS, segundo as quais pode haver dezenas de bilhões de superterras
(planetas rochosos com massas até 10 vezes a terrestre) na Via Láctea e uma centena nas
vizinhanças imediatas do Sol (até 10 parsecs de distância). De acordo com os cientistas, os
estudos realizados com o HARPS indicam que 40% das anãs vermelhas (estrelas pequenas
e de baixa luminosidade) estão rodeadas por superterras. O número estimado de planetas é
tão elevado porque 80% das estrelas da Via Láctea são anãs vermelhas.
2012 (28 de março) – O site da NASA divulga a notícia de que jatos de água gelada foram
registrados em Encélado ao longo de diversos sobrevoos da Cassini. Conforme Carolyn
Porco, chefe da equipe de Imagens Científicas da sonda espacial, “Mais de 90 gêiseres de
todos os tamanhos estão emitindo vapor de água, partículas de gelo e componentes
orgânicos na superfície do Polo Sul de Encélado”. A cientista avalia que o satélite é um
lugar promissor para pesquisas em astrobiologia.
2012 (29 de março) - Jeff Bezos, o fundador da Amazon, anuncia ter encontrado no Oceano
Atlântico, a 4.300m de profundidade, os cinco motores utilizados no lançamento da Apollo
11. Ele informa também que sua equipe pretende trazer para a superfície pelo menos um
dos motores.
Peças de motores utilizados em missões Apollo são retiradas do mar em março de 2013.
2012 (29 de março) – É divulgada a mais detalhada imagem da Via Láctea já produzida,
com mais de 1 bilhão de estrelas, feita a partir da combinação de milhares de observações
separadas.
2012 (15 de abril) – A Chang’e 2 parte da órbita em L2 e começa uma missão ao asteroide
4179 Toutatis, que sobrevoa em 13 de dezembro.
2012 (18 de abril) – Astrônomos liderados por Christian Moni Bidin, do Departamento de
Astronomia da Universidade de Concepción (Chile), divulgam o estudo mais preciso até o
momento sobre os movimentos de estrelas na Via Láctea, feito com mais de quatrocentas
estrelas distantes até 13 mil anos-luz do Sol. O resultado mais significativo é a não detecção
de quantidades consideráveis de matéria escura na região galáctica onde está nossa estrela,
conforme preveem os modelos mais aceitos para explicar como se formam e giram as
galáxias.
2012 (24 de abril) – Um grupo de investidores bilionários, entre os quais estão Eric
Schmidt e Larry Page, executivos do Google, e o cineasta canadense James Cameron,
anuncia planos para desenvolver tecnologias com a finalidade de extrair metais preciosos e
minérios raros de asteroides em órbita próxima à da Terra. As pesquisas necessárias são
atribuídas a uma empresa chamada Planetary Resources, com sede em Bellevue,
Washington. A primeira etapa do projeto consiste em colocar em órbita, a partir de 2014,
uma rede de pequenos telescópios de baixo custo para observações terrestres e pesquisas
astronômicas.
2012 (2 de maio) – A ESA anuncia a aprovação da missão Jupiter Icy Moon Explorer
(JUICE), cujo objetivo é estudar detalhadamente Júpiter e os satélites Calisto, Europa e
Ganimedes. O cronograma inicial prevê lançamento em 2022, com inserção orbital em
Júpiter (2030) e Ganimedes (2033).
2012 (10 de maio) – Cientistas coordenados por Chandra Wickramasinghe (Universidade
de Buckingham (Reino Unido) publicam na revista Astrophysics and Space Science um
artigo sugerindo que pode haver centenas de trilhões de planetas solitários (ou órfãos) na
Via Láctea. Esses planetas, que não orbitam estrelas e, portanto, não estão sujeitos a
campos gravitacionais estelares, circulam livremente pelo Universo e formam parte da
chamada “matéria invisível”: como não recebem iluminação constante de nenhuma estrela
e não emitem luz, não podem ser vistos.
Os cientistas calculam que um desses planetas passa pelo centro do Sistema Solar a cada 26
milhões de anos e defendem que, nessas passagens, eles incorporam em sua superfície
matéria de vida microbiana presente na poeira cósmica do nosso sistema estelar e espalham
esse material por toda a galáxia. Os planetas solitários seriam, pois, transportadores de vida.
2012 (11 de maio) – A NASA divulga resultados preliminares da missão da sonda Dawn
em Vesta, incluindo uma estimativa das dimensões do núcleo metálico do asteroide:
220km. Os cientistas da missão também acreditam que Vesta é “o último do seu tipo”, ou
seja, o único exemplo remanescente dos grandes planetoides que se juntaram para constituir
os planetas rochosos durante a formação do Sistema Solar.
2012 (11 de maio) – Dados da sonda Ibex indicam que, contrariamente ao que pensavam os
astrônomos, não existe uma onda de choque na fronteira entre o Sistema Solar e o meio
interestelar. De acordo com um estudo coordenado por David McComas (Southwest
Research Institute) e publicado na Science, a velocidade a que o Sol viaja em torno da Via
Láctea, 83.680km/h (11.000km/h inferior ao que se pensava) não é suficiente para gerar
uma onda de choque como as dos aviões supersônicos na Terra; em vez disso, dizem os
cientistas, o que acontece é semelhante a uma “onda de proa”, visível à frente de um navio
que avança pelo mar. Ademais, os dados da Ibex demonstram também que a pressão
magnética do meio interestelar é mais forte do que se calculava, o que exige velocidades
ainda maiores para gerar uma onda de choque.
Pesquisas elaboradas ao longo de décadas sempre consideraram uma onda de choque na
região e necessitam ser revistas. Esses novos resultados permitem calcular com mais
precisão a quantidade de raios cósmicos que entram no Sistema Solar.
2012 (25 de maio) – A cápsula reutilizável Dragon, lançada em 22 de maio por um foguete
Falcon 9, torna-se a primeira nave fabricada pela iniciativa privada a se acoplar à ISS (mais
precisamente, ao módulo Harmony), dando início a uma nova fase na exploração do
espaço. Desenvolvida pela Spacex (Space Exploration Technologies), empresa com sede
em Hawthorne, Califórnia, e fundada em 2002 pelo bilionário sul-africano naturalizado
estadunidense Elon Musk, a Dragon tem diâmetro de 3,7m, altura de 6,1m, massa de 4,2t e
capacidade para levar 3,31t e trazer de volta 2,5t de carga pressurizada. Esta é uma missão
experimental, de demonstração, que transporta 525kg de suprimentos (alimentos, água,
roupa, equipamentos) para a ISS.
Além disso, a empresa Celestis, que realiza enterros espaciais, lança num dos estágios do
foguete Falcon 9 cinzas de 308 pessoas, entre as quais estão Gene Roddenberry
(1921-1991), criador da série “Star Trek” (Jornada nas Estrelas), a segunda mulher dele,
Majel Barrett (1932-2008), o ator da série James Doohan (1920-2005) e o astronauta dos
Projetos Mercury e Gemini Gordon Cooper (1927-2004).
Em 31 de maio, a Dragon se separa da ISS com 600kg de carga a bordo e amerissa no
Oceano Pacífico, onde é resgatada por um navio da Spacex.
2012 (31 de maio) – A NASA anuncia em comunicado que dados do telescópio Hubble
permitem confirmar a previsão de que a Via Láctea e a galáxia de Andrômeda (M31) se
chocarão e formarão uma única galáxia. Dentro de 4 bilhões de anos, terá início a fusão das
duas galáxias, que deve durar aproximadamente 2 bilhões de anos. De acordo com o
modelo atual, as estrelas não se chocarão entre si nem serão destruídas, mas ocuparão novas
órbitas em torno do novo centro galáctico. Isso significa que também o Sol mudará de
lugar. De acordo com observações de zonas específicas da galáxia de Andrômeda feitas ao
longo de sete anos pelo Hubble, M31 está se aproximando da Via Láctea a 402.000km/h.
Tanto a Via Láctea quanto Andrômeda são galáxias espirais, mas simulações em
computador indicam que a nova galáxia resultante da fusão será elíptica.
2012 (11 de junho) - O Conselho Diretor do Observatório Europeu do Sul aprova o projeto
do European Extremely Large Telescope (E-ELT), a ser construído no Cerro Armazones,
norte do Chile, a 3.060m de altitude. Com espelho refletor principal de 39,3m, será o maior
telescópio óptico e infravermelho do mundo. O início das operações está previsto para
2022.
2012 (13 de junho) – A NASA lança o NuSTAR (Nuclear Spectroscopic Telescope Array),
primeiro telescópio espacial capaz de criar imagens cósmicas a partir de raios-X de alta
energia, do mesmo tipo que os utilizados para gerar imagens do esqueleto humano ou para
escanear bagagens nos aeroportos. Com massa de 350kg, colocado em órbita terrestre a
550km de altitude e com missão primária de dois anos, tem como objetivos principais
conduzir uma pesquisa detalhada de buracos negros de grande massa ( pelo menos 1 bilhão
de vezes a massa solar), entender como partículas são aceleradas a grandes velocidades em
galáxias ativas e entender como elementos são criados por explosões de estrelas massivas
através do estudo de remanescentes de supernovas.
2012 (14 de junho) – O asteroide 2012 LZ1, de 500m de diâmetro, passa a 5,4 milhões de
km da Terra. A descoberta cabe a Robert H. McNaught e colegas (Austrália), que o
observam pela primeira vez na noite de 10 para 11 de junho.
2012 (15 de junho) – A NASA anuncia que a Voyager 1 (distante 17,86 bilhões de km da
Terra) pode estar muito perto de atingir a heliopausa, região que marca o limite entre o
Sistema Solar e o espaço exterior. Ao longo de três anos (janeiro de 2009 a janeiro de
2012), a Voyager detecta um aumento de 25% na quantidade de partículas carregadas
provenientes do meio interestelar. A partir de 7 de maio de 2012, em apenas um mês o
aumento dos raios cósmicos galácticos captados é de 9%. Tendo em vista que essas
partículas costumam ser desviadas pelo vento solar no interior da heliosfera, os cientistas
acreditam ser provável que a Voyager 1 esteja saindo do Sistema Solar para entrar nos
domínios do espaço interestelar.
2012 (11 de julho) – É anunciada a descoberta de S/2012 P 1 (ou P5), quinto satélite
conhecido de Plutão. A identificação do astro é feita com base em nove conjuntos de
imagens obtidas entre 26 de junho e 9 de julho pela Wide Field Camera 3 do telescópio
Hubble.
Diãmetro: de 10 a 25km; período orbital: 20,2 dias; distância média do planeta: 42.000km.
Em julho de 2013, a UAI dá a este satélite o nome de Estige.
2012 (30 de julho) - Cientistas da Universidade Washington (St. Louis, EUA) publicam no
periódico Nature Geoscience um trabalho descrevendo trinta avalanches registradas pela
sonda Cassini em Jápeto. Com crateras e penhascos de até 19km de profundidade, o satélite
de Saturno tem uma topografia propícia a deslizamentos. O mais surpreendente é a
distância que os detritos de gelo percorrem durante as avalanches: pode chegar a 80km.
2012 (6 de agosto) – Depois de uma viagem de 253 dias e 563 milhões de km, o veículo
explorador Curiosity pousa na região de Aeolis Palus, na cratera Gale, em Marte.
Com 154km de diâmetro, a cratera Gale localiza-se no hemisfério sul marciano, próximo ao
equador do planeta. O nome é uma homenagem a Walter Frederick Gale (1865-1945),
banqueiro e astrônomo amador australiano.
Em 22 de agosto, a NASA anuncia que o local do pouso do Curiosity passa a se denominar
Ray Bradbury, em homenagem ao escritor estadunidense (1920-2012) que, em 1950,
publicou “As Crônicas Marcianas”, obra de ficção científica retratando a colonização de
Marte por seres humanos que abandonam uma Terra em conflito e devastada por armas
atômicas.
2012 (10 de agosto) – O estadunidense An Yin, da Universidade da Califórnia em Los
Angeles (UCLA), divulga um estudo segundo o qual Marte tem duas placas tectônicas, um
estágio primitivo em relação à Terra e que poderia ajudar a compreender a evolução do
nosso planeta. O Valles Marineris, mais longo e profundo conjunto de cânions do Sistema
Solar, estaria na zona limítrofe entre essas placas.
2012 (20 de agosto) – A NASA anuncia sua próxima missão a Marte. Denominada Insight
(Interior Exploration using Seismic Investigations, Geodesy and Heat Transport), a sonda
deverá estudar o interior do planeta vermelho para tentar entender por que Marte evoluiu de
maneira tão diferente da Terra. Espera-se que essa missão também permita compreender
melhor o interior dos dois outros planetas terrestres do Sistema Solar: Mercúrio e Vênus. O
cronograma prevê o lançamento para março de 2016 e o pouso para setembro do mesmo
ano.
2012 (20 a 31 de agosto) – Ocorre em Pequim (China) a 28ª Assembleia Geral da UAI, com
a participação de mais de 2.000 astrônomos. Os principais temas abordados são os avanços
na busca das origens do Universo e dos planetas similares à Terra.
2012 (25 de agosto) – A Voyager 1 sai da heliopausa e torna-se a primeira sonda espacial a
deixar o Sistema Solar. Contudo, esse fato é confirmado pela NASA apenas em 12 de
setembro de 2013.
2012 (29 de agosto) – Um estudo liderado por Jes Jørgensen (Instituto Niels Bohr,
Dinamarca), anuncia a descoberta, feita a partir de dados obtidos pelo Atacama Large
Millimeter/submillimeter Array (ALMA), de moléculas de glicoaldeído (C2H4O2), uma
forma simples de açúcar, em torno da estrela binária jovem IRAS 16293-2422, de massa
comparável à do Sol, localizada a 400 anos-luz da Terra, numa região de formação estelar
da constelação do Serpentário. O glicoaldeído já tinha sido observado anteriormente no
espaço interestelar, mas esta é a primeira vez que é descoberto tão perto de uma estrela do
tipo solar, a distâncias comparáveis à de Urano ao Sol. De acordo com Jørgensen, “esta
molécula é um dos ingredientes na formação do ácido ribonucleico (RNA), que, assim
como o DNA, é um dos ingredientes fundamentais para a vida”. Este achado demonstra que
os elementos essenciais para a vida se encontram no momento e lugar adequados para
poder existir nos planetas que se formam ao redor da estrela.
2012 (30 de agosto) – A NASA lança a missão Radiation Belt Storm Probes (RBSP),
composta de duas sondas (1.500kg no total) desenhadas para estudar a influência do Sol
sobre a Terra e os cinturões de Van Allen, duas camadas de partículas carregadas que
rodeiam o nosso planeta. Os cientistas pretendem conhecer melhor o ambiente espacial em
torno da Terra e encontrar formas de proteger os seres humanos e os equipamentos
eletrônicos das tempestades geomagnéticas.
Esta é a segunda missão do programa Living With a Star, cujo propósito é estudar como a
interação entre o Sol e a Terra afeta a vida e a sociedade. O programa teve início em 2010,
com o lançamento do Solar Dynamics Observatory.
Mais tarde, essas duas sondas passam a chamar-se Van Allen.
2012 (5 de setembro) – A sonda Dawn deixa a órbita de Vesta e inicia sua viagem para
Ceres, onde deverá chegar em fevereiro de 2015.
2012 (11 de setembro) – Um estudo liderado por Paul Hayne, do Laboratório de Propulsão
a Jato (JPL, na sigla em inglês), da NASA, informa a detecção, pela Mars Reconnaissance
Orbiter, de uma nuvem de dióxido de carbono congelado (gelo seco) de 500km acima do
polo sul de Marte, suficientemente grande para que o material caia e fique acumulado na
superfície. Falta determinar ainda se a queda ocorre em forma de neve ou de geada, que
congela no solo.
2012 (14 de setembro) – Um estudo liderado por Sam Quinn, da Universidade do Estado da
Geórgia, em Atlanta, encontra as primeiras evidências de que planetas podem se formar e
sobreviver ao redor de estrelas semelhantes ao Sol que fazem parte de aglomerados
estelares. São anunciados dois planetas, Pr0201b e Pr0211b, gigantes gasosos que orbitam
estrelas separadas pertencentes ao aglomerado aberto Beehive (M44), conhecido como
Presépio, localizado na constelação de Câncer, a 577 anos-luz da Terra. Visível a olho nu
(magnitude aparente 3,7), é formado por cerca de mil estrelas que ocupam uma área com
diâmetro de 23 anos-luz.
2012 (17 de setembro) – Responsáveis pela missão GRAIL informam que, de acordo com
dados obtidos pelas sondas, a crosta da Lua é bem mais fina do que se imaginava.
2012 (20 de setembro) – Dois artigos publicados na Science, escritos por Thomas
Prettyman (cientista da missão Dawn) e Brett Denevi (Universidade Johns Hopkins),
sugerem que materiais voláteis (provavelmente água) preencheram um dia uma região do
equador de Vesta e que tiveram papel importante na formação da superfície e da geologia
atuais do asteroide.
2012 (27 de setembro) – Cientistas da Nasa afirmam que há indícios de que o local do
pouso do Curiosity já esteve coberto de água. Pedras arredondadas incrustadas nas rochas
são grandes demais para terem sido transportadas pelo vento e apresentam características
indicativas de terem estado um dia no leito de um rio.
2012 (14 de outubro) – Uma equipe liderada pela geóloga Yang Liu (Universidade do
Tennessee, EUA) publica na revista Nature Geoscience um artigo afirmando que a
superfície da Lua contém cristais com restos de água em seu interior. Os dados são obtidos
por meio da análise de amostras de rochas lunares trazidas pelas missões Apollo. Liu
acredita que íons de hidrogênio transportados pelo vento solar estão presentes na água
encontrada na Lua, e o mesmo pode acontecer em outros componentes do Sistema Solar.
Na Terra, esses íons são bloqueados pela atmosfera e pelo campo magnético.
2012 (15 de utubro) – Uma equipe liderada por Meg Schwamb, da universidade de Yale
(Connecticut, EUA), anuncia a descoberta do primeiro planeta em um sistema quádruplo de
estrelas. Denominado PH1, o planeta orbita duas estrelas em 138 dias, e as outras duas
integrantes do sistema estelar estão distantes cerca de 150 bilhões de km. O astro tem
aproximadamente seis vezes o tamanho da Terra e dista de nós cerca de 5.000 anos-luz.
Identificado inicialmente pelos astrônomos amadores estadunidenses Kian Jek e Robert
Gagliano, por meio do site Planethunters.org (daí o nome PH1), criado justamente para que
amadores possam encontrar exoplanetas, o objeto tem a existência posteriormente
confirmada por profissionais britânicos e estadunidenses, que fazem observações com os
telescópios Keck, localizados no monte Mauna Kea, Havaí.
2012 (16 de outubro) – É anunciada a descoberta de Alfa Centauri Bb, o exoplaneta mais
próximo da Terra (4,37 anos-luz) e o de menor massa (1,13 massa terrestre) orbitando uma
estrela semelhante ao Sol encontrado até o momento. Está fora da zona de habitabilidade de
Alfa Centauri B, em torno da qual completa uma órbita, à distância média de 6 milhões de
km (4% da distância Terra-Sol), em 3,236 dias (3d5h39min24,5s), com temperatura
superficial de 1.200°C (2,6 vezes a de Vênus).
O exoplaneta é encontrado, após quase quatro anos de pesquisas, por uma equipe liderada
por Xavier Dumusque (Observatório de Genebra, Suíça, e Centro de Astrofísica da
Universidade do Porto, Portugal), que publica um artigo científico sobre o tema no site da
Nature. A detecção é feita com a ajuda do espectrógrafo HARPS, localizado no
Observatório La Silla (Chile).
Essa descoberta é significativa, um avanço importante na busca de um planeta similar à
Terra nas vizinhanças do Sistema Solar.
Contudo, alguns astrônomos expressam ceticismo quanto à existência de Alfa Centauri Bb.
Em junho de 2013, surgem contestações importantes acerca da interpretação dada aos
dados que levaram ao anúncio da descoberta. A questão permanece em aberto, e novas
pesquisas estão em andamento.
2012 (21 de novembro) – Astrônomos liderados por José Luis Ortiz (Instituto de
Astrofísica de Andalucía, CSIC, Espanha) publicam na Nature os resultados de observações
do planeta anão Makemake realizadas a partir de três telescópios localizados no Chile:
Very Large Telescope (VLT), New Technology Telescope (NTT) e TRAPPIST. Os dados
são obtidos quando o astro sofre uma ocultação estelar. A maneira abrupta como
Makemake ressurge após passar por trás da estrela NOMAD 1181-023572 leva os cientistas
a concluir que, ao contrário do que se pensava, o planeta anão não tem uma atmosfera
significativa (como a de Plutão, por exemplo). Ademais, são refinadas as medições do
diâmetro (1.430km), da massa (3 quintilhões de toneladas), da densidade (1,7g/cm3) e do
albedo (0,77).
2012 (28 de novembro) – Astrônomos liderados por Remco van den Bosch (Instituto Max
Planck de Astronomia, Heidelberg, Alemanha) publicam na Nature a descoberta, feita com
o telescópio Hobby-Eberly (Texas, EUA), de um buraco negro supermassivo na galáxia
NGC 1277, a 220 milhões de anos-luz da Terra, na constelação de Perseu. O objeto tem
diâmetro de 100 bilhões de km e massa equivalente a 17 bilhões de vezes a do Sol, o que
corresponde a 14% de toda a massa estelar da galáxia, algo nunca antes visto (o normal é
até 0,1%).
2012 (5 de dezembro) – Três estudos sobre resultados da missão Grail são apresentados na
conferência anual da American Geophysical Union, em San Francisco, e publicados na
versão on-line da revista Science. A descoberta mais surpreendente é a de que a crosta lunar
foi quase totalmente (98%) pulverizada no passado por impactos de asteroides e cometas. A
existência desses impactos é conhecida há muito, mas não se sabia que tinham ocorrido em
tais proporções. Outra descoberta é a espessura da crosta lunar: de 34 a 43km, entre 6 e
12km menos do que indicavam as estimativas disponíveis. Daí resulta que a composição da
Lua é bastante parecida com a da Terra, o que reforça a teoria de que nosso satélite foi
formado a partir de material terrestre arrancado após um grande impacto nos primórdios do
Sistema Solar.
2012 (17 de dezembro) – As sondas GRAIL são levadas pela NASA a cair na superfície
lunar. O impacto ocorre a 6.050km/h numa montanha próxima do polo norte da Lua. Ebb é
a primeira sonda a cair, seguida 30 segundos depois pela sonda Flow.
O local do impacto passa a se chamar Sally Ride, em homenagem à primeira estadunidense
(1951-2012) a ir ao espaço.
2013 (11 de janeiro) – Astrônomos chefiados por Roger Clowes, do Instituto Jeremiah
Horrocks, da Universidade de Central Lancashire (Grã-Bretanha), publicam no Monthly
Notices of the Royal Astronomical Society a descoberta da maior estrutura já observada no
Universo. Trata-se de um grande grupo de quasares (LQG - large quasar group -, na sigla
em inglês), formado por 73 quasares, com diâmetro mínimo de 1,4 bilhão de anos-luz, mas
superior a 4 bilhões de anos-luz no ponto de extensão máxima.
Até este momento, pensava-se que o diâmetro-limite para uma estrutura do Universo fosse
inferior a 1,5 bilhão de anos-luz.
2013 (16 de janeiro) – A NASA e a ESA anunciam um acordo para uma missão não
tripulada em torno da Lua, a ser realizada em 2017. O acordo prevê uma cooperação em
que o Veículo de Transferência Automática (ATV, na sigla em inglês), da Europa, será
modificado para se tornar um módulo de serviço da cápsula espacial estadunidense Orion,
proporcionando propulsão, eletricidade e controle térmico, assim como água e outros
víveres, aos astronautas que voarão a bordo da nave espacial.
A NASA também prevê uma segunda missão conjunta à órbita da Lua em 2021, dessa vez
tripulada.
2013 (22 de janeiro) - A empresa estadunidense Deep Space Industries anuncia a intenção
de lançar uma frota de sondas para pesquisar e explorar minerais e outros recursos de
asteroides próximos da Terra. O cronograma prevê o envio ao espaço, a partir de 2015, de
pequenas sondas de 25kg denominadas "FireFlies" (vaga-lumes) para avaliar, em missões
de duas a seis semanas, alvos potencialmente promissores para a exploração de minerais.
Numa segunda fase, com início previsto para 2016, a empresa pretende lançar sondas mais
pesadas, de 32kg, as "Dragonflies" (libélulas), capazes de alcançar um asteroide e trazer de
volta à Terra amostras de 27 a 68kg durante uma viagem de dois a quatro anos.
2013 (28 de janeiro) – O Irã lança ao espaço um macaco e o recupera vivo, num voo
suborbital, a bordo de uma cápsula de 285kg denominada Pishgam (Pioneira).
O lançamento é programado para coincidir com o “Mawlid”, dia em que alguns
muçulmanos celebram o nascimento de Maomé (como o calendário islâmico é lunar, a data
correspondente no calendário gregoriano varia de ano para ano).
Em 31 de janeiro, é publicado um vídeo completo da missão da cápsula Pishgam, desde
antes do lançamento até a aterrissagem com o macaco são e salvo.
O acontecimento gera preocupação no Ocidente, porque a tecnologia balística de longo
alcance usada para levar satélites iranianos até a órbita pode, em tese, ser usada para
despachar ogivas nucleares em mísseis de longo alcance. A polêmica acerca da verdadeira
natureza do programa nuclear do Irã se arrasta há anos.
2013 (6 de fevereiro) – Cientistas liderados por Eran Ofek, do Instituto Weizmann (Israel),
publicam na Nature um trabalho descrevendo uma erupção numa estrela pouco mais de um
mês antes de ela explodir como supernova. Já se acreditava na existência dessas erupções,
mas esse é o primeiro registro. Utilizando dados do Palomar Transient Factory (PTF), que
busca por supernovas tipo II no céu, os pesquisadores descobrem que uma estrela distante
500 milhões de anos-luz, localizada na constelação de Hércules, ejetou ao espaço material
equivalente a cem massas solares, numa concha que se expandiu a 2.000km/s, quarenta dias
antes de se transformar na supernova SN2010mc.
2013 (15 de fevereiro) – O asteroide 2012 DA14, com 30m de diâmetro e pesando 40.000t,
passa a 27.743km da Terra, a maior aproximação já registrada para um objeto com essas
dimensões. O asteroide, descoberto em 23 de fevereiro de 2012 no Observatório La Sagra
(Granada, Espanha), chega à distância mínima da Terra (inferior àquela em que orbitam os
satélites geoestacionários) às 17h25min (hora de Brasília), e a influência gravitacional
terrestre reduz o período orbital do astro em torno do Sol de 368 dias para 317 dias. A
passagem não é visível a olho nu (magnitude aparente 7,2), e o melhor ponto de observação
é a Indonésia (o fenômeno também pode ser observado da Ásia continental, da Europa
Ocidental e da Austrália).
Contrariamente a algumas especulações, não há relação alguma entre a aproximação deste
asteroide e a explosão do meteoroide de Chelyabinsk, ocorrida dezesseis horas antes.
Em fevereiro de 2046, o 2012 DA14 passará a 2.100.000km da Terra, sendo esta a próxima
passagem do astro digna de nota.
2013 (25 de fevereiro) – É lançado o NEOSSat (Near Earth Object Surveillance Satellite,
“Satélite de Vigilância de Objetos Próximos à Terra”), telescópio dedicado especificamente
à busca de asteroides desenvolvido pela Agência Espacial do Canadá. Colocado numa
órbita a 800km de altitude, pode operar o dia inteiro (os telescópios terrestres são
operacionais apenas durante a noite). O NEOSSat está programado para detectar asteroides
com diâmetros a partir de algumas dezenas de metros, o que deixa de fora objetos como o
que atingiu a Rússia em 15 de fevereiro.
2013 (12 de março) – São divulgados resultados da análise do material extraído da rocha
marciana Johm Klein, perfurada pelo Curiosity em fevereiro. Nas amostras existem
enxofre, nitrogênio, hidrogênio, oxigênio, fósforo e
carbono, ingredientes químicos essenciais para a vida. De acordo com a NASA, essa é uma
forte evidência de que Marte pode ter tido, no passado, condições para abrigar vida, ao
menos microbiana.
2013 (14 de março) – Uma equipe internacional liderada por Joaquin Vieira (California
Institute of Technology, EUA) publica na Nature e no Astrophysical Journal uma série de
artigos postulando que o período de formação estelar mais intensa da história do Universo
ocorreu há 12 bilhões de anos, 1 bilhão de anos mais cedo do que se pensava. Neste
trabalho, realizado a partir do estudo de 26 galáxias brilhantes de grande massa do
Universo primordial efetuado com a ajuda do radiotelescópio ALMA, é descrita também a
detecção de moléculas de água em pelo menos uma dessas galáxias, o que significa que já
existia água quando o Cosmos tinha 1,8 bilhão de anos ou menos.
2013 (14 de março) – O CERN divulga um comunicado no qual afirma ser extremamente
elevada a possibilidade de que a partícula descoberta no LHC e anunciada em julho de
2012 seja, de fato, o bóson de Higgs.
2013 (20 de março) – Jeff Bezos, fundador da Amazon, anuncia ter recuperado do fundo do
Oceano Atlântico (4.267m de profundidade) grande número de componentes de motores
F-1 de foguetes Saturno V, utilizados para levar naves Apollo à Lua. Bezos acredita ter
conseguido recuperar, numa expedição de três semanas, peças suficientes para reconstruir
dois dos 65 motores F-1 lançados entre 1967 e 1973. O projeto original era retirar do mar
especificamente motores da Apollo 11, mas os números de série de grande parte das peças
já não existem, o que tornará muito difícil a identificação.
Em 25 de março, 11,34t de componentes de motores chegam ao Kansas Cosmosphere and
Space Center (Hutchinson, Kansas), onde serão submetidos a um cuidadoso processo de
restauração.
Em 19 de julho, a empresa Bezos Expeditions confirma que ao menos um dos motores
resgatados é da Apollo 11. A identificação é possível pelo número de série 2044,
encontrado abaixo de camadas de metal corroído.
2013 (21 de março) – Numa coletiva de imprensa em Paris, o diretor-geral da ESA, Jean-
Jacques Dordain, apresenta o primeiro mapa da radiação cósmica de fundo em micro-ondas
de todo o céu, elaborado a partir de dados fornecidos pelo telescópio espacial Planck. O
mapa mostra o Universo tal como ele era 380.000 anos depois do Big Bang, quando a
temperatura era de 3.000°C. Segundo os cientistas, antes disso a temperatura era tão
elevada que não havia emissão de fótons (partículas elementares constituintes da luz). O
mapa do Planck revela, portanto, traços fósseis da primeira luz surgida no Universo.
De acordo com os dados divulgados, o universo tem 13,798 bilhões de anos (50 milhões de
anos a mais do que se pensava) e contém 4,9% de matéria ordinária, 26,8% de matéria
escura e 68,3% de energia escura (os valores anteriormente aceitos eram, respectivamente,
4,5%, 22,7% e 72,8%). Também é revisto o valor para a constante de Hubble:
68,80km/s/megaparsec (valor anteriormente aceito: 74). Isso significa que, embora o
Universo esteja em expansão acelerada, a velocidade dessa expansão é um pouco menor do
que se supunha.
É oportuno registrar aqui outras propriedades do Universo observável, de acordo com os
conhecimentos cosmológicos mais recentes. Número estimado de galáxias: pelo menos 170
bilhões; diâmetro: 93 bilhões de anos-luz, ou 880 sextilhões de km (de acordo com a Teoria
da Relatividade, dois pontos muito distantes entre si podem se afastar a velocidades
superiores à da luz num espaço em expansão); volume: 360 Duovigintilhões de km3 (1
Duovigintilhão = 1 seguido de 69 zeros); massa: 3,35 Septendecilhões de kg (1
Septendecilhão = 1 seguido de 54 zeros); densidade média: 9,9 gramas de matéria por
quatrilhão de km3 (1 átomo de hidrogênio para cada 4m3); número total de átomos: 94
Quinquavigintilhões (1 Quinquavigintilhão = 1 seguido de 78 zeros).
2013 (22 de março) – Durante a 44ª Conferência de Ciência Lunar E Planetária, Anthony
Irving (University of Washington) anuncia a descoberta do primeiro meteorito originário de
Mercúrio, denominado Northwest Africa 7325 (NWA 7325). Trata-se de 35 fragmentos
pesando, no total, 345g, encontrados (2012) em Erfoud, Marrocos. Acredita-se que a idade
do material constituinte do meteorito seja de 4,56 bilhões de anos.
2013 (28 de março) – A Soyuz TMA-08M se acopla à ISS depois de um voo de menos de
seis horas (até agora eram necessários dois dias). O lançamento, de Baikonur
(Cazaquistão), ocorre às 17h43min (ora de Brasília), e a acoplagem, às 11h28min. Isso é
possível devido a melhorias tecnológicas nas naves Progress e Soyuz, que passam a
permitir a acoplagem depois de quatro órbitas em torno da Terra, quando antes eram
precisas 34 órbitas. O primeiro teste (bem-sucedido) dessa trajetória reduzida foi realizado
com a Progress M-16M, lançada em 1º de agosto de 2012. A redução do tempo de voo
também permite levar a bordo materiais biológicos para realizar experimentos na ISS, o que
as naves Soyuz não podiam fazer até então.
A tripulação é formada por dois russos e um estadunidense: Pavel Vinogradov -
comandante -, Alexander Misurkin - engenheiro de voo – e Christopher Cassidy -
engenheiro de voo. Eles fazem parte da Expedição 35 e se juntam ao canadense Chris
Hadfield, ao russo Roman Romanenko e ao estadunidense Tom Marshburn, que estão na
ISS.
A aterrissagem ocorre em 11 de setembro de 2013.
2013 (3 de abril) – Cientistas do CERN liderados por Samuel Ting publicam na Physical
Review Letters um artigo sugerindo que o Espectrômetro Magnético Alfa (AMS, na sigla
em inglês) pode ter encontrado os primeiros indícios diretos de matéria escura. O anúncio
se baseia na detecção de grande quantidade de pósitrons, partículas subatômicas com carga
positiva, a contraparte do elétron (por isso chamados também de antielétrons), compatíveis
com a aniquilação de partículas de matéria escura no espaço. Dos 25 bilhões de eventos de
raios cósmicos detectados pelo AMS, 6,8 milhões correspondem a elétrons e pósitrons.
Contudo, mais pesquisa será necessária para determinar se os pósitrons observados são
constituintes de matéria escura ou se têm outra origem.
2013 (10 de abril) – A NASA anuncia um projeto para rebocar um pequeno asteroide até a
órbita da Lua e enviar astronautas para estudá-lo ali. A agência espacial acredita que é
possível capturar um asteroide de 500t e trazê-lo para que possa ser estudado e
cientificamente explorado por humanos até 2025.
2013 (18 de abril) – Cientistas da missão Kepler publicam na Science um artigo divulgando
a descoberta de mais dois exoplanetas em zonas habitáveis. Kepler-62e e Kepler-62f são
dois dos cinco planetas conhecidos do sistema de Kepler-62, estrela da constelação de Lira,
menor e mais fria que o Sol, distante 1.200 anos-luz da Terra. Kepler-62e tem raio 61%
superior ao terrestre e completa uma órbita em 122,39 dias, à distância média de 64 milhões
de km da estrela. Kepler-62f, com raio equivalente a 1,41 raio terrestre, completa uma
órbita, à distância média de 107,4 milhões de km, em 267,3 dias. Segundo os cientistas, as
características dos dois exoplanetas permitem considerar a possibilidade de que sejam
rochosos e tenham água líquida na superfície.
2013 (22 de abril) - A empresa Mars One, fundada pelo holandês Bas Lansdorp com o
objetivo de estabelecer uma colônia humana permanente em Marte a partir de 2025, dá
início a um processo de seleção que, em diversas etapas, pretende escolher 24 pessoas para
serem enviadas, em equipes de quatro, com intervalos de dois anos, em viagens só de ida
para o planeta vermelho. Nessa primeira fase, cujos números são divulgados em 9 de
setembro, 202.586 voluntários se inscrevem, dos quais 10.289 são brasileiros. A Mars One
calcula que serão necessários 6 bilhões de dólares para financiar o projeto, dinheiro que a
empresa acredita poder obter por meio de doações, cotas de patrocínio e um reality show
que deverá transmitir a viagem e o estabelecimento dos colonos no planeta vizinho.
É grande o ceticismo da comunidade científica relativamente á viabilidade técnica do
empreendimento.
2013 (25 de abril) – uma equipe internacional de cientistas publica na Science um estudo
estabelecendo em 6.000°C (com margem de erro de 500°C) a temperatura do núcleo
interno sólido da Terra. Para chegar a esse valor, diversos experimentos e medições são
realizados no European Synchrotron Radiation Facility (França). De acordo com esse
trabalho, o núcleo interno da Terra é tão quente quanto a superfície do Sol e 1.000°C mais
quente do que se pensava. Esses valores são mais compatíveis com o campo magnético
terrestre, que é gerado a partir da rotação do planeta e da diferença de temperaturas do
núcleo e do manto
A pressão no centro da Terra é de 3,3 milhões de atmosferas.
2013 (29 de abril) – A ESA anuncia o fim da missão do telescópio espacial Herschel
(lançado em 14 de maio de 2009), devido ao esgotamento das reservas de hélio líquido,
necessário para refrigerar os seus instrumentos a -271°C, temperatura em que eram feitas as
observações. Entre os principais resultados da missão Herschel estão a observação em
detalhes nunca antes vistos dos processos de formação de estrelas e galáxias e a detecção de
água em quantidades significativas em várias regiões do Universo.
O telescópio espacial Herschel é colocado em órbita solar.
2013 (17 de maio) – A NASA anuncia o impacto de uma rocha de 30cm de diâmetro e
40kg contra a superfície da Lua, a uma velocidade ligeiramente superior a 90.000km/h. O
impacto, ocorrido em 17 de março, gera um clarão quase dez vezes mais brilhante do que
qualquer um dos mais de trezentos choques registrados desde o início, em 2005, do
monitoramento de choques de meteoritos na Lua realizado pela NASA. A agência espacial
estadunidense informa ainda que o fenômeno foi visível da Terra a olho nu.
2013 (30 de maio) – A revista Meteoritics & Planetary Science publica um artigo
confirmando a hipótese (levantada em 1928) de que os egípcios antigos usavam ferro
proveniente de meteoritos na confecção de joias. A análise de um colar de 5.300 anos
encontrado (1911) no cemitério de Gerzeh, 70km ao sul do Cairo, revela a presença de
estruturas de cristal existentes exclusivamente em meteoritos. Segundo os pesquisadores, o
colar foi fabricado mais de dois milênios antes das primeiras evidências do derretimento de
ferro, que datam do século VI a.C. Para isso, os egípcios martelaram um pedaço de ferro de
um meteorito até transformá-lo numa pequena placa, que depois foi embutida no colar.
De acordo com Joyce Tyldesley, egiptóloga da Universidade de Manchester, “O céu era
muito importante para os antigos egípcios, então algo que cai do céu era considerado um
presente dos deuses”. Isso confere às joias feitas com meteoritos um caráter sagrado.
2013 (30 de maio) – Pesquisadores liderados por Cary Zeitlin (Instituto de Pesquisas
Southwest, EUA) divulgam na Science um estudo afirmando que uma viagem a Marte
exporia os astronautas a uma quantidade de radiação próxima à que pode ser absorvida com
segurança ao longo da vida inteira. Os cientistas chegam a esta conclusão por meio da
análise da radiação recebida pelo Mars Science Laboratory durante os 253 dias de viagem
do Curiosity a Marte.
2013 (11 de junho) – É lançada a Shenzhou 10, quinta missão tripulada do programa
espacial da China e a terceira enviada ao módulo orbital Tiangong-1. A tripulação é
formada por Nie Haisheng – comandante -, Zhang Xiaoguang – piloto - e Wang Yaping –
segunda mulher chinesa no espaço.
Em 20 de junho, Wang Yaping dá uma aula de física para 60 milhões de crianças, com
experimentos que demonstram os efeitos da falta de gravidade no espaço.
A Shenzhou recebe ampla cobertura da imprensa oficial chinesa, e o presidente Xi Jinping
é filmado conversando com os taikonautas.
A aterrissagem ocorre em 26 de junho às 08h07min, hora local (23h07min do dia 25 em
Brasília), configurando a missão tripulada mais longa da China até o momento
(14d22h29min).
É a última missão de uma nave Shenzhou ao módulo orbital Tiangong-1.
2013 (19 de junho) – Uma equipe liderada por Bernard Wood (universidade de Oxford)
publica na Nature um estudo sugerindo que a atmosfera de Marte era rica em oxigênio há 4
bilhões de anos (1,5 bilhão de anos antes de o gás surgir na atmosfera da Terra). De acordo
com os pesquisadores, isso explica a grande diferença de composição química entre
meteoritos marcianos que atingiram a Terra e rochas da superfície de Marte da cratera
Gusev, estudadas pelo Spirit. A quantidade de níquel nas rochas é inversamente
proporcional à quantidade de oxigênio na atmosfera, e os meteoritos marcianos analisados
até agora, com idades que variam entre 180 milhões e 1,4 bilhão de anos, têm cinco vezes
mais níquel que as rochas da cratera Gusev, muito mais antigas: pelo menos 3,7 bilhões de
anos.
2013 (20 de junho) – Uma equipe internacional liderada por Sebastian Hönig (University of
California Santa Barbara, EUA, e Christian-Albrechts-Universität zu Kiel, Alemanha),
publica no Astrophysical Journal um trabalho descrevendo a descoberta de que nem toda a
poeira ao redor de um buraco negro é sugada por ele. De acordo com os cientistas, quando
um buraco negro absorve poeira cósmica circundante, gera radiação que, além de aquecer a
poeira que está sendo sugada até temperaturas que vão de 700 a 1.000°C, produz um vento
frio que empurra parte dela para o meio interestelar. Não se conhece ainda o mecanismo
que produz esses dois efeitos contrários. A pesquisa é realizada com o auxílio do
Interferômetro do VLT (Very Large Telescope), utilizado para estudar o buraco negro
central de NGC 3783, galáxia da Constelação do Centauro que tem um núcleo ativo.
2013 (24 de junho) – A Agência Espacial Francesa (CNES) anuncia o fim da missão do
telescópio espacial Corot, cuja altitude da órbita será diminuída para que ele queime na
atmosfera superior. Uma falha nos computadores do telescópio, ocorrida em 2 de novembro
de 2012, torna impossível coletar mais dados observacionais. Ao longo de quase seis anos,
o Corot descobre diversos exoplanetas e ajuda os astrônomos a entender melhor a física das
estrelas, fornecendo detalhes inéditos sobre sismologia estelar.
2013 (27 de junho) – É lançada a sonda estadunidense IRIS (Interface Region Imaging
Spectrograph), com o objetivo de estudar, em ultravioleta, a atmosfera do Sol,
principalmente a cromosfera. A duração prevista da missão é de dois anos. Com massa de
183kg, a IRIS é colocada em órbita terrestre, com perigeu de 620km e apogeu de 670km.
2013 (10 de julho) – A NASA divulga dados da sonda Ibex que revelam o registro de uma
“cauda” do Sistema Solar. Trata-se de um prolongamento da heliosfera (heliocauda)
causado pela junção de partículas emitidas pelo Sol com o fluxo gerado pelo deslocamento
da nossa estrela na Via Láctea. Essas partículas ficam para trás e formam o prolongamento,
que indica a direção do movimento solar na Galáxia.
Essa “cauda” era prevista teoricamente, mas só agora é observada.
2013 (15 de julho) Mark Showalter (SETI Institute) anuncia a descoberta, feita em 1º de
julho, do décimo quarto satélite conhecido de Netuno, que recebe o nome provisório de
S/2004 N 1.
Diâmetro estimado: 19km; período orbital: 0,936 dia (22h28min); distância média do
planeta: 105.283km.
É a menor das luas já identificadas de Netuno, e o brilho, muito fraco (magnitude aparente
26,5), é 100 milhões de vezes inferior ao das estrelas mais débeis visíveis a olho nu. A
descoberta é realizada a partir de imagens obtidas pelo telescópio Hubble entre 2004 e
2009.
Passa para 173 o número de satélites naturais conhecidos orbitando planetas do Sistema
Solar. Conhecem-se também oito satélites em torno de planetas anões.
2013 (17 de julho) – Astrônomos liderados por Stefan Gillessen (Instituto Max Planck de
Física Extraterrestre, Garching, Alemanha), divulgam os resultados de observações, feitas
com o Very Large Telescope, da passagem de uma nuvem de gás com várias vezes a massa
da Terra nas proximidades de Sagittarius A*, buraco negro localizado no centro da Via
Láctea. A nuvem, enormemente esticada pela força gravitacional do buraco negro, oferece
uma oportunidade sem precedentes de estudar a região central da nossa galáxia e o modo
como buracos negros interagem com a matéria em torno deles.
2013 (15 de agosto) – A NASA anuncia que o telescópio Kepler não tem mais capacidade
para procurar por exoplanetas utilizando o método do trânsito planetário, como vinha
fazendo até o momento. Com a perda definitiva da segunda de suas quatro rodas de reação
(a primeira deixou de funcionar em julho de 2012, o Kepler já não é mais capaz de se
movimentar e apontar adequadamente para as estrelas, uma vez que para isso são
necessárias três rodas. Ao longo de três meses, desde 11 de maio, são feitas todas as
tentativas possíveis para recuperar uma das duas rodas danificadas, mas os esforços são
inúteis. A NASA tenta encontrar outras funções para o Kepler, tendo solicitado à
comunidade científica sugestões de usos para o telescópio.
Os dados coletados pelo Kepler desde 2009 continuarão sendo analisados pelos cientistas,
tarefa que levará anos para ser concluída. Até o momento, pode-se atribuir ao Kepler a
descoberta de 134 exoplanetas confirmados, orbitando 76 estrelas diferentes, além de 3.277
candidatos a exoplanetas. Esses números são muito superiores aos de qualquer outro
telescópio já utilizado para descobrir planetas fora do Sistema Solar.
2013 (21 de agosto) - A NASA anuncia a reativação do telescópio Wise para uma nova
missão de três anos, a começar em setembro. Os objetivos são procurar por asteroides cujas
órbitas podem levar a colisões com a Terra e identificar asteroides que possam ser
interceptados por uma nave espacial e redirecionados para orbitar a Lua, a fim de serem
diretamente estudados por astronautas.
2013 (29 de agosto) – Um estudo liderado por Mike Alexandersen e publicado na Science
identifica 2011 QF99 como o primeiro asteroide troiano conhecido de Urano. Descoberto
em 2011 durante uma pesquisa de objetos transnetunianos realizada com o telescópio
Canada-France-Hawaii, o asteroide tem aproximadamente 60km de diâmetro e é um
centauro capturado por Urano há algumas centenas de milhares de anos. Acredita-se que
dentro de aproximadamente 1 milhão de anos deixará a órbita do planeta e voltará a ser um
centauro. Trata-se, portanto, de um asteroide troiano temporário.
2013 (14 de setembro) – É lançado o satélite ultravioleta japonês Hisaki (340kg), cujo
objetivo é estudar as atmosferas e as magnetosferas dos planetas do Sistema Solar. É o
primeiro lançamento do programa de pequenos satélites científicos do Japão, levado a
efeito por um foguete Epsilon, que também voa pela primeira vez. O Hisaki, com missão
programada de um ano, opera numa órbita terrestre com perigeu de 950km e apogeu de
1.150km, completada em 106 minutos.
O nome Hisaki é adotado a partir do momento da correta inserção orbital. Antes, o satélite
era conhecido como SPRINT-A - Spectroscopic Planet Observatory for Recognition of
Integration of Atmosphere.
2013 (19 de setembro) – Dados divulgados pela NASA indicam que o Curiosity, em
diversas análises do solo de Marte, não encontrou metano. De acordo com os cientistas,
pode haver metano na atmosfera, mas em quantidade não superior a 1,3 parte por bilhão, o
que corresponde a um sexto do estimado com base em observações terrestres e de sondas
em órbita marciana. Como o metano é um sinal de atividade biológica, ficam
significativamente reduzidas (mas não descartadas) as possibilidades de encontrar formas
de vida em Marte (na Terra existem micróbios que não geram metano).
2013 (20 de setembro) – Um estudo liderado por Jay Strader (Michigan State University,
Lansing, EUA), e publicado no Astrophysical Journal Letters, descreve a galáxia mais
densa já encontrada na região do Universo onde vivemos. Denominada M60-UCD1, a
galáxia, localizada a 54 milhões de anos-luz da Terra, nas proximidades de M60
(constelação de Virgem), tem massa equivalente a 200 milhões de massas solares. O que
torna M60-UCD1 especial é que metade dessa massa está concentrada num núcleo com 180
anos-luz de diâmetro. A densidade estelar é 15.000 vezes maior (o que significa que as
estrelas estão 25 vezes mais próximas umas das outras) do que nas vizinhanças do Sol na
Via Láctea. Os dados são obtidos com ostelescópios Hubble e Chandra.
2013 (26 de setembro) – Um estudo liderado por Laurie Leshin (Instituto Politécnico
Rensselaer, EUA), e publicado na Science, apresenta dados da primeira análise de uma
amostra de solo marciano feita pelo Curiosity. São encontrados água (cerca de 2% do peso
da amostra), gás carbônico, oxigênio e dióxido de enxofre. A composição do solo é obtida
por meio do Analisador de Amostras em Marte (Sam - Sample Analysis at Mars -, na sigla
em inglês), que aquece o material a 835°C. A água encontrada está em estado sólido,
quimicamente ligada às partículas do solo, transformando-se em vapor ao ser aquecida. Um
processo semelhante poderia ser usado por astronautas para obter água em Marte.
2013 (30 de setembro) –Um grupo de pesquisadores liderado por Brice-Olivier Demory
(Massachussetts Institute of Technology, Cambridge, EUA) divulga a confecção do
primeiro mapa de nuvens de um exoplaneta. Utilizando dados dos telescópios Kepler e
Spitzer, os pesquisadores estudam a atmosfera de Kepler-7b e determinam que o exoplaneta
tem altas nuvens no lado oeste e céus claros a leste. Os cientistas observam também que,
contrariamente ao que acontece na Terra, a configuração climática desse mundo é bastante
estável.
Descoberto em 4 de janeiro de 2010 (um dos cinco primeiros exoplanetas identificados pelo
telescópio Kepler), o Kepler-7b localiza-se na constelação de Lira, tem 43% da massa de
Júpiter, raio 48% superior ao joviano, temperatura superficial de 1.540°C e orbita a sua
estrela, à distância média de 9 milhões de km, em 4,885 dias.
2013 (8 de outubro) - O britânico Peter Higgs e o belga François Englert são anunciados
como ganhadores do Prêmio Nobel de Física pela previsão teórica (1964) do bóson de
Higgs, cuja existência é descoberta (2012) pelo LHC e confirmada (2013) pelo CERN.
Última das 61 partículas do modelo padrão a ser encontrada, o bóson de Higgs é
fundamental para a física tal como a concebemos hoje. Se ele não existisse, muito do que
sabemos (ou supomos saber) sobre o mundo subatômico e sobre a própria matéria teria de
ser revisto.
2013 (22 de outubro) - Passa de 1.000 o número de planetas descobertos fora do Sistema
Solar. Com o anúncio de mais onze exoplanetas identificados pelo projeto WASP, na
Europa, dois dos cinco principais catálogos de planetas extrassolares (the Extrasolar Planets
Encyclopedia e the Exoplanets Catalog) listam 1.010 desses objetos, descobertos em pouco
mais de duas décadas (desde 1992). Esse número deve aumentar significativamente nos
próximos anos, uma vez que o telescópio Kepler identificou milhares de objetos ainda
considerados candidatos a exoplanetas, à espera de confirmação. Os 1.010 exoplanetas
registrados até o momento orbitam 770 estrelas, das quais 169 abrigam sistemas múltiplos
(dois planetas ou mais).
2013 (23 de outubro) - A ESA anuncia o fim da missão do observatório espacial Planck,
lançado em maio de 2009. O principal feito científico do Planck é a elaboração do mais
completo mapa disponível da radiação cósmica de fundo em micro-ondas de todo o céu,
divulgado em 21 de março de 2013. O observatório está agora em órbita heliocêntrica.
2013 (30 de outubro) - Dois estudos publicados na Nature (um europeu e outro
estadunidense) fornecem novas informações sobre Kepler-78b, o primeiro exoplaneta
conhecido com massa, densidade, composição e tamanho semelhantes aos da Terra.
Descoberto em agosto por cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), o
Kepler-78b tem raio 20% superior ao terrestre, massa entre 69% e 86% maior que a da
Terra e temperatura superficial entre 2.000 e 2.800°C. A densidade, entre 5,3 e 5,6g/cm3, é
muito semelhante à da Terra (5,5g/cm3), o que indica composição de ferro e rocha. O
planeta está a apenas 1,5 milhão de km de sua estrela, Kepler-78, que orbita em 8h30min. O
sistema localiza-se a 700 anos-luz de nós, na constelação do Cisne.
Embora Kepler-78b seja inabitável, fica demonstrado que planetas muito parecidos com a
Terra existem. Continua a busca para encontrar um deles dentro da zona habitável de uma
estrela.
2013 (7 de novembro) - É lançada a Soyuz TMA-11M, que leva ao espaço a tocha olímpica
dos Jogos de Inverno de Sóchi 2014. O casco da nave é decorado com o símbolo dos jogos,
que ocorrerão de 7 a 23 de fevereiro de 2014 na cidade de Sóchi, localizada na região de
Krai de Krasnodar, sudoeste da Rússia. A tripulação é formada pelo russo Mikhail Tyurin –
comandante -, o estadunidense Rick Mastracchio – engenheiro de voo - e o japonês Koichi
Wakata – engenheiro de voo.
A aterrissagem está prevista para maio de 2014.
Em 9 de novembro, os cosmonautas Serguei Ryazansky e Oleg Kotov fazem uma
caminhada espacial com a tocha apagada (por questões de segurança, ela não é acesa
enquanto permanece no espaço). Segundo o comitê organizador dos jogos, a pira de Sóchi
será acesa precisamente com esta tocha.
Em 11 de novembro, a tocha olímpica volta à Terra a bordo da Soyuz TMA-09M (lançada
à ISS em 28 de maio), tripulada pelo russo Fiodor Yurchikhin - comandante -, a
estadunidense Karen Nyberg (engenheira de voo) e o italiano Luca Parmitano (engenheiro
de voo).
2013 (7 de novembro) - São divulgadas três pesquisas (duas na Nature e uma na Science)
sobre o asteroide que explodiu nos céus de Chelyabinsk em fevereiro. Após analisar
centenas de imagens do evento feitas por câmeras das adjacências, os cientistas concluem
que o asteroide, com diâmetro de aproximadamente 19m, entrou na atmosfera a pouco
menos de 19km/s e, após se desgastar devido ao atrito com o ar, começou a se desintegrar a
uma altitude de 45km, explodindo numa bola de fogo, poeira e gás a 27km da superfície
(estimativas anteriores indicam 23,3km). A luz resultante da explosão superou em 30 vezes
o brilho do sol (que estava nascendo) e pôde ser vista a 100km de distância, causando
inclusive queimaduras. Apenas 4t da massa do asteroide (0,5% dototal) atingiram o solo na
forma de meteoritos. Danos a construções (sobretudo janelas quebradas) ocorreram até uma
distância de 90km da trajetória do objeto.
Os pesquisadores estimam ainda que quedas de meteoritos com mais de 10m de diâmetro
podem ser até dez vezes mais comuns do que se pensava, considerando que a maioria dos
impactos ocorre em regiões isoladas ou desabitadas, como os oceanos. De acordo com os
cálculos que realizam, eventos como o de Chelyabinsk podem ocorrer a cada trinta anos, e
não a cada 150 anos, frequência tida como provável até agora.
Os astrônomos acreditam que existem aproximadamente 20 milhões de asteroides com
diâmetros entre 10m e 20m, dos quais apenas cerca de quinhentos foram catalogados até o
momento.
2013 (18 de novembro) - É lançada a sonda estadunidense Maven (Mars Atmosphere and
Volatile EvolutioN - (Evolução Atmosférica e Volátil de Marte), primeira espaçonave da
NASA desenhada para estudar a atmosfera superior do planeta, e não a superfície. Com
base em indícios encontrados por várias missões espaciais, os cientistas acreditam que, há
bilhões de anos, Marte tinha uma atmosfera densa e quente o suficiente para que na
superfície do planeta existisse água líquida na forma de rios e talvez até oceanos. Ao longo
de sua evolução, o planeta vermelho perdeu cerca de 99% da atmosfera, que escapou para o
espaço sideral. E são os motivos dessa perda que a Maven está programada para estudar.
Com massa de 2.454kg, a sonda tem chegada prevista para 22 de setembro de 2014, com
missão primária de um ano. Equipada com oito instrumentos científicos, a Maven deve
operar a maior parte do tempo numa órbita a 6.000km da superfície marciana, mas estão
projetadas cinco descidas até 125km, a fim de medir a compposição atmosférica em
diferentes níveis.
2013 (22 de novembro) - É lançada, a partir da base de Plesetsk (Rússia), a missão europeia
Swarm, cujo objetivo é fazer o estudo mais preciso até o momento do campo magnético da
Terra. A missão é composta de três sondas (massa total de 468kg) operando em órbitas
polares, duas a 460km de altitude e uma a 530km. Ao longo de quatro anos, a Swarm deve
fazer medições constantes e detalhadas dos sinais magnéticos emitidos pelo núcleo, o
manto, a crosta, os oceanos, a ionosfera e a magnetosfera da Terra. Espera-se compreender
por que o campo magnético terrestre, cuja intensidade varia enormemente numa escala de
séculos e milênios, está agora em fase de diminuição considerável (perdeu
aproximadamente 6% da intensidade nos últimos cem anos). De tempos em tempos, os
polos geomagnéticos norte e sul sofrem um processo de inversão e trocam de lugar. Essa
inversão geomagnética, que ocorre em períodos aparentemente aleatórios com intervalos
entre 100.000 e 50 milhões de anos (a média é de algumas centenas de milhares de anos),
permite aos cientistas estudar os movimentos dos continentes e das superfícies oceânicas ao
longo da história da Terra.
O estudo do campo magnético da Terra no passado denomina-se “paleomagnetismo”. À
técnica que permite a datação de rochas e sedimentos com base na alteração da direção do
campo magnético terrestre dá-se o nome de “magnetostratigrafia”.
O campo magnético é essencial à vida, porque protege a Terra da radiação cósmica e das
partículas carregadas oriundas do vento solar.
2013 (28 de novembro) - O cometa Ison (formalmente, C/2012 S1) desintegra-se ao atingir
o periélio (1.165.000km do Sol). Descoberto (21 de setembro de 2012) pelos russos Vitaly
Nevsky e Artyom Novichonok, trabalhando na International Scientific Optical Network
(ISON - daí o nome pelo qual fica conhecido) perto de Kislovodsk, Rússia, o cometa chega
a entusiasmar muitos astrônomos, alguns dos quais se referem a ele como o “cometa do
século”. De acordo com os cientistas, se sobrevivesse à passagem pelas cercanias do Sol, o
astro brilharia tanto que seria visível à luz do dia. A perspectiva de vir a se tornar um
cometa muito brilhante faz com que o Ison receba significativa cobertura da mídia. Desde a
descoberta até a desintegração, o Ison é observado por diversos astrônomos amadores,
telescópios em terra e mais de dez sondas espaciais. O diâmetro estimado do núcleo do
cometa é de 2km. No ponto de maior aproximação com o Sol, o Ison é submetido a uma
temperatura calculada em 2.700°C.
2013 (1º de dezembro) - É lançada a sonda chinesa Chang’e 3, cujo objetivo é pousar na
Lua. É o início da segunda fase do programa de exploração lunar da China (na primeira
fase, as sondas Chang’e 1 e Chang’e 2 orbitaram o satélite).
A Chang’e 3 é formada por um módulo de descida (1.200kg), dotado de sete instrumentos
científicos, e um veículo lunar de seis rodas (120kg), programado para explorar uma região
de 3km2 da superfície da Lua, a uma distância máxima de 10km da nave. O nome do
veículo lunar, Yutu (coelho de jade), é escolhido numa votação pela internet da qual
participam 3,4 milhões de pessoas. Na mitologia chinesa, yutu é um coelho branco que vive
na superfície lunar, e Chang’e é a deusa da Lua.
A duração prevista da missão é de três meses para o Yutu e de um ano para a Chang’e.
Fragmentos do foguete usado no lançamento da Chang’e 3 (feito a partir de Xichang, no
sudoeste da China) caem nove minutos depois, a 1.000km de distância, no distrito de
Suining, na província central de Hunan, e causam danos em duas casas. Não há vítimas.
Em 6 de dezembro, após 112 horas de voo, a Chang’e 3 é inserida na órbita da Lua.
2013 (9 de dezembro) - durante uma reunião da União Geofísica dos EUA, em São
Francisco (Califórnia), Paul Byrne (Carnegie Institution for Science, Washington)
apresenta um estudo segundo o qual o diâmetro de Mercúrio diminuiu 11km desde a
formação do planeta, há pouco mais de 4,5 bilhões de anos. Os cientistas chegam a essa
conclusão por meio da análise de escarpas lobulares, saliências curvadas parecidas com
rugas de maçãs desidratadas que se formam à medida que um astro se contrai devido ao
resfriamento interno. Estimativas anteriores trabalhavam com um encolhimento de 2 ou
3km.
2010 (10 de dezembro) - A Mars One anuncia a assinatura de contratos com as empresas
Lockheed Martin e Surrey Satellite Technology para o desenvolvimento de naves espaciais
a serem enviadas a Marte em 2018. O objetivo das naves é começar a preparação para a
chegada ao planeta de humanos residentes, a partir de 2025, numa viagem sem retorno
planejada para dar início à colonização do planeta vermelho.
2013 (19 de dezembro) - É lançado, da Guiana Francesa por um foguete russo Soyuz, o
observatório espacial europeu Gaia, cujo objetivo principal é compilar um catálogo em 3D
de 1 bilhão de objetos astronômicos, cada um dos quais monitorado setenta vezes ao longo
da missão, com duração prevista de cinco anos. Com massa de 2.029kg, o observatório
Gaia, sucessor do Hipparcos, está programado para operar no ponto de Lagrange L2, a 1,5
milhão de km da Terra. Além de elaborar o catálogo anteriormente referido, a missão Gaia
tem ainda outros objetivos: determinar a posição, a distância, parâmetros atmosféricos e o
movimento próprio anual de 1 bilhão de estrelas; medir parâmetros orbitais de pelo menos
mil planetas extrassolares; detectar o desvio da luz estelar pelo campo gravitacional do Sol,
conforme previsto pela teoria da relatividade; descobrir asteroides com órbitas localizadas
entre a Terra e o Sol, região difícil de monitorar a partir de telescópios terrestres; detectar
mais de 500.000 quasares.
Fontes de consulta
1. Fontes impressas
1.1. Livros
1.2. Revistas
2. Fontes digitais