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HISTÓRIA DA ASTRONOMIA

Cronologia

Gilberto Henrique Buchmann


Introdução

Esta cronologia apresenta os principais fatos que, desde antes da invenção da escrita até
nossos dias, fazem a história da astronomia (e, mais recentemente, também da astronáutica).
Mais uma vez, vários acontecimentos do passado foram incorporados na versão de 2014 de
“História da Astronomia”. Entre os fatos “novos” incluídos este ano, destacam-se: Observatório das
Treze Torres (século IV a.C.); História Natural (77); Queda de Constantinopla (1453, 29 de maio);
Theoricae novae Planetarum (1472); calendário gregoriano (1575; 1582, 24 de fevereiro; 1753;
1923); satélites de Marte (1726); libração lunar (1750); "Eppur si muove" (1757); pêndulo de
Foucault (1851); idade da Terra (1864); radiação eletromagnética (1900); zona habitável (1953;
1964; 2000); nucleossíntese (1954; 1957); Sistema Solar da Suécia (1989, 19 de fevereiro); modelo
de Nice (2005, 26 de maio); Espaço (2009, 9 de abril); unidade astronômica (2009, setembro). Há
ainda muitos outros, não sendo possível mencionar todos aqui.
Apesar de não ser um livro no sentido estrito, pois não foi formalmente editado e não está à
venda, “História da Astronomia” é um trabalho em nível profissional.
O autor, autodidata em astronomia há mais de três décadas, realizou uma pesquisa
extremamente cuidadosa, escreveu com atenção cada palavra, a fim de atingir a precisão de
linguagem exigida nos textos científicos sérios.
Não obstante ser uma cronologia, não se trata de uma simples enumeração de fatos: eles são
explicados, embora sumariamente. Considerações detalhadas acerca de determinados tópicos
extrapolariam os objetivos deste trabalho, mas ele é um guia seguro e confiável para quem
pretender conhecer a história da astronomia. As bases estão aqui, podendo servir de pontos de
partida para pesquisas mais aprofundadas.
Além disso, termos técnicos ou próprios do jargão astronômico são explicados sempre que
necessário, a fim de que também leigos possam ler e, muito mais importante, compreender este
trabalho. Afinal, se o objetivo é divulgar a astronomia, não se pode, sob nenhuma hipótese, utilizar
linguagem restrita ao nível acadêmico. A solução adotada é, portanto, utilizar, sim, termos técnicos,
mas torná-los compreensíveis a todos.
No que concerne ao conteúdo, esta versão não apresenta alterações. Com o intuito de evitar
repetições enfadonhas e tendo em vista manter esta exposição dentro de limites razoáveis, observa-
se sempre o critério do interesse histórico ou científico, incluindo-se somente os acontecimentos
que trazem novidades e contribuem, efetivamente, para a evolução do pensamento humano e da
tecnologia no que concerne à ciência dos astros. Ficam de fora, por esse critério, os inúmeros
objetos celestes (galáxias, estrelas, cometas, asteroides, exoplanetas...) descobertos todos os anos, a
não ser que a descoberta signifique algo novo ou, por alguma razão, esteja revestida de importância
especial. Estão excluídos, pelo mesmo motivo, os milhares de satélites (de telecomunicações,
militares, de estudo do clima, etc.) lançados nas últimas décadas, exceção feita àqueles cujo papel é
relevante.
Ademais, considerando-se que a intenção aqui é ressaltar os fatos, não os cientistas, estão ausentes
desta cronologia referências diretas às datas de nascimento ou de morte dos pesquisadores.
Contudo, sendo essas informações importantes para uma melhor compreensão e contextualização
dos acontecimentos apresentados, elas são colocadas, sempre que possível, entre parênteses.
Embora o tema tratado aqui seja astronomia, descobertas muito relevantes em outros campos
científicos (física e química, por exemplo) podem ser abordadas, desde que contribuam para
aprimorar o conhecimento astronômico humano. Um exemplo é a antimatéria, essencial para
compreender a estrutura e a dinâmica do Universo. E registre-se que a astronomia e a física estão
tão ligadas que denomina-se astrofísica ao estudo do Universo em todos os seus aspectos.
Informamos que esta cronologia continuará sendo constantemente atualizada: uma nova versão
estará disponível no final de cada ano. Seu único objetivo é divulgar a astronomia entre aqueles que
apreciam essa ciência. Assim sendo, a distribuição é totalmente livre, desde que gratuita e desde
que sejam mantidos o nome do autor e as fontes de pesquisa colocadas no final. Caso alguém
deseje entrar em contato, pode escrever para o e-mail 1610jupiter@gmail.com.
Considerando que o autor não tem site nem o menor desejo de criar um, solicita-se a quem puder
ou quiser colaborar que coloque este trabalho na internet. E tanto melhor se forem vários os sites,
pois assim “História da Astronomia” poderá chegar a mais e mais pessoas, o que é, em essência, a
intenção do autor.
Agradecimentos a quem divulgar.

Gilberto Henrique Buchmann


História da Astronomia

Cronologia

Gilberto Henrique Buchmann

c. 4900 a.C. - Construção do círculo de Goseck, uma estrutura megalítica situada na localidade de
Goseck, distrito de Burgenlandkreis, Estado da Alta Saxônia (Sachsen-Anhalt), Alemanha. Trata-se
de um conjunto de fossos concêntricos com 75m de extensão e dois anéis de paliçadas com portões
colocados em lugares alinhados com o nascer e o pôr do sol nos dias de solstício. É a mais antiga
estrutura conhecida com alinhamentos astronômicos desse tipo. Pensa-se que tenha sido utilizado
por aproximadamente dois séculos e abandonado depois, embora não se conheçam os motivos
desse abandono. Supõe-se que servia para acompanhar o curso do sol ao longo do ano, com o
objetivo de elaborar calendários lunares simples. Escavações revelam a existência de fogueiras
rituais, ossos de animais e humanos, bem como um esqueleto sem cabeça nas proximidades de um
dos portões, o que costuma ser interpretado como traços de sacrifícios humanos ou de ritos
fúnebres.
Ao longo dos séculos posteriores, são construídas outras estruturas com alinhamentos semelhantes
na Europa Central, em regiões adjacentes aos rios Elba e Danúbio.
Descoberto em 1991 a partir de fotografias aéreas, o Círculo de Goseck é aberto ao público em 21
de dezembro (solstício de inverno) de 2005.

Quinto milênio a.C. – Os círculos de pedra de Nabta Playa (localizados no deserto da Núbia,
800km ao sul do atual Cairo) demonstram a importância da astronomia na vida religiosa da antiga
civilização egípcia. Pesquisas modernas sugerem que podem ter constituído um calendário pré-
histórico, marcando o solstício de verão. Outros estudiosos acreditam ter existido neles um
alinhamento com estrelas da constelação de Órion conforme apareciam na configuração celeste da
época.

3761 a.C. (7 de outubro) – Esta é, para os judeus, a data da criação do mundo, sendo o calendário
judaico (ou hebraico) contado a partir de então, embora tenha sido criado e adotado muito tempo
depois, tendo a versão definitiva sido estabelecida no século IV d.C. O ano civil judaico tem de 353
a 355 dias, divididos em 12 meses lunares (os meses começam sempre na Lua nova). Para ajustar
esse calendário ao ano solar, intercala-se um mês suplementar nos anos 3º, 6º, 8º, 11º, 14º, 17º e 19º
ao longo de 19 anos. Há, assim, um total de 383 a 385 dias no ano da intercalação.
Os meses são tishrei, jeshván, kislev, tevet, shevat, adar, nisán, iyar, siván, tamuz, av e elul.

C. 3500 a.C. – Surgem no Egito os relógios de sol, primeiros instrumentos humanos capazes de
dividir o dia em partes. Um tipo de relógio de sol encontrado consiste em uma longa haste vertical
marcada e uma barra horizontal no topo, a qual projeta sombra sobre as marcas da haste. É
orientado para leste pela manhã e voltado para oeste ao meio-dia.
Por esta mesma época são construídos os primeiros obeliscos, monumentos alongados de pedra em
forma de pilar, quadrados na base e afunilados no topo, que também indicam a passagem do tempo
projetando sombra sobre marcas especialmente colocadas; permitem também saber se é manhã ou
tarde, bem como determinar os solstícios de inverno e de verão.

3114 a.C.(11 de agosto) – Data mítica a partir da qual é computado o calendário maia. Trata-se, na
verdade, de um calendário sagrado (tzolkin ou Tzolk'in) de 260 dias (dia = k'in), divididos em 13
ciclos (um ciclo = winal ou uinal) de 20 dias, e um calendário civil (haab) de 365 dias, divididos
em 18 meses de 20 dias mais cinco dias adicionais (wayeb ou uayeb). O calendário sagrado é
utilizado para celebrar cerimônias religiosas, prever a chegada e a duração dos períodos de chuva,
determinar os períodos de caça e pesca, prognosticar o destino das pessoas.
A cada 18.980 dias (aproximadamente 52 anos solares), ambos os calendários coincidem (18.980 é
o mínimo múltiplo comum de 260 e 365), fechando um ciclo denominado ciclo calendárico ou roda
calendárica.
Para períodos de tempo superiores a 52 anos, alguns povos da América Central (maias incluídos)
usam a contagem longa, um calendário vigesimal não repetitivo cujas datas são escritas com
números de 1 a 20 (ou 1 a 18) separados por pontos. Esses números correspondem aos períodos da
contagem longa: 20 k'ins (dias) = 1 winal; 18 winals = 1 tun; 20 tuns = 1 k'atun; 20 k'atuns = 1
b'ak'tun; 20 b'ak'tuns = 1 piktun.
Em 21 de dezembro de 2012, tem início um novo b'ak'tun (13.0.0.0.0), o que leva algumas seitas e
muitos indivíduos a prognosticar o fim do mundo, com significativa cobertura da mídia. O próximo
ciclo completo da contagem longa, com mudança de piktun (1.0.0.0.0.0), terá início em 13 de
outubro de 4722.

3000 a.C. – Está em vigor no Egito um calendário com 365 dias. Mas o ano propriamente tem
apenas 12 meses de 30 dias (360 dias) divididos em três quadrimestres correspondentes às três
estações regidas pelo Nilo: Cheia, Plantio e Colheita. No fim do 12º mês, são acrescentados cinco
dias suplementares que não entram no cômputo oficial dos dias. Esse é um calendário solar (o
primeiro de que se tem notícia), e o mês nele não mantém sincronia com as fases da Lua.
A necessidade de elaborar calendários deve-se à descoberta da agricultura: é preciso ser capaz de
estabelecer o tempo certo para o plantio e a colheita.

Terceiro milênio a.C. – Na Mesopotâmia, os sumérios inventam o sistema numérico de base


sexagesimal (usado, por exemplo, para dividir uma hora em 60 minutos e umminuto em 60
segundos) e a divisão do círculo em 360 graus, cada um deles dividido, por sua vez, em 60 minutos.

Terceiro milênio a.C. – O alinhamento preciso das pirâmides com a estrela polar, que então era
Thuban, estrela de brilho fraco da constelação do Dragão distante da Terra 305 anos-luz, demonstra
a elevada habilidade dos egípcios para observar o céu. (Para mais informações sobre a estrela polar,
ver 2008, 4 de fevereiro.) Alguns templos também têm alinhamentos especiais, como o de Amon-
Rá em Karnak, alinhado com o nascer do sol no meio do inverno: nessa época do ano, os primeiros
raios solares do dia seguem precisamente ao longo de um corredor.

2636 a.C. (15 de fevereiro) – Data a partir da qual começa a contagem do tempo no calendário
chinês. Trata-se de um calendário lunissolar. Cada ano tem doze lunações, num total de 354 dias.
Para que não se perca a sincronia com o ciclo solar (de 365,25 dias), a cada oito anos são
acrescentados noventa dias (aproximadamente três lunações). Os anos começam sempre em uma
lua nova, entre 21 de janeiro e 20 de fevereiro. Considerando um ciclo de doze anos, cada ano é
dedicado a um animal: "shu" ? (rato), "neo" (boi), "hu" (tigre), "tu" (coelho), "long" (dragão), "she"
(serpente), "ma" (cavalo), "yang" (carneiro), "rou" (macaco), "di" (galo), "gou" (cão), "zhu"
(porco).
2317 a.C. – Primeiro registro conhecido da passagem de um cometa, que se encontra nos anais
astronômicos chineses.

c. 2000 a.C. – Os chineses descobrem que Júpiter leva cerca de 12 anos para completar uma órbita
ao redor do Sol (valor correto: 11,86 anos).

Segundo milênio a.C. – A ideia de um Sistema Solar heliocêntrico é possivelmente sugerida pela
primeira vez na literatura védica da antiga Índia, que com frequência faz referência ao Sol como o
“centro das esferas”.

Segundo milênio a.C. – Astrônomos babilônios identificam os planetas interiores Mercúrio e


Vênus, e os planetas exteriores Marte, Júpiter e Saturno, que permanecem os únicos planetas
conhecidos até a descoberta de Urano, no final do século XVIII.

Segundo milênio a.C. – Alguns rituais de bruxarias e encantamentos praticados pelos sumérios
fazem referência à crença daquele povo na existência de vários céus e várias Terras.

c. 1930 a.C. – Termina a construção de Stonehenge (cuja última fase de edificação tem início por
volta de 2280 a.C.), possível observatório astronômico megalítico, localizado no condado de
Wiltshire, 13km ao norte de Salisbury, na Inglaterra, onde supõe-se terem sido feitas observações
do Sol e da Lua. Stonehenge, formado por grandes blocos distribuídos em quatro circunferências
concêntricas, é um local envolto em mistério, não tendo ainda sido definida a sua finalidade
principal. As três teorias mais aceitas apontam-no como observatório astronômico, templo ou
monumento funerário.

Século XVII a.C. – Período provável da elaboração, pelos babilônios, da Tábua de Vênus de
Ammisaduqa, o primeiro registro disponível do reconhecimento de que os fenômenos astronômicos
são periódicos e podem ser previstos matematicamente. Trata-se de um retângulo de argila com
17,14 x 9,2cm e espessura de 2,22cm, em que estão registradas as observações, ao longo de 21
anos, dos últimos momentos de visibilidade de Vênus no horizonte antes ou depois do nascer ou do
pôr do sol (nascer e pôr helíaco de Vênus). O nome deve-se ao fato de ter sido compilada no
governo de Ammisaduqa ou Ammizaduga), quarto rei depois de Hamurábi.

c. 1600 a.C. - É fabricado o disco de Nebra (ou disco celeste de Nebra), a mais antiga representação
do firmamento (abóbada celeste) que se conhece. Trata-se de uma placa de bronze com aplicações
em ouro, quase esférica (32 x 31cm), espessura que aumenta da borda (1,5mm) para o centro
(4,5mm), arqueada e ligeiramente côncava, com peso de 2,050kg. O disco representa o Sol, a Lua e
estrelas, entre as quais estão, segundo alguns astrônomos, as Plêiades. Os ângulos entre o nascer e o
pôr do sol são compatíveis com aqueles observados entre os solstícios de verão e de inverno na
latitude em que foi confeccionado, o que pressupõe conhecimentos astronômicos avançados. De
acordo com o astrônomo alemão Wolfhard Schlosser, da Universidade Ruhr de Bochum, os
europeus da Idade do Bronze já sabiam o que os babilônios descreveriam mil anos mais tarde.
Encontrado em 1999 durante uma escavação ilegal e vendido no mercado negro (o que rendeu uma
condenação judicial aos descobridores, Henry Westphal e Mario Renner), o disco está atualmente
no Landesmuseum für Vorgeschichte (Museu do Estado para a Pré-História), em Halle, Alemanha.
O nome pelo qual é conhecido deve-se ao local do descobrimento: Monte Mittelberg, , perto de
Nebra, no Estado alemão da Alta Saxônia (Sachsen-Anhalt).
Em junho de 2013, o disco de Nebra é incluído pela UNESCO no programa Memória do Mundo.

Século XVI a.C. – Descrição mais antiga conhecida de um relógio de água, encontrada no túmulo
do oficial egípcio Amenemhet, indicado como inventor do instrumento. O relógio de água, que os
gregos mais tarde chamarão de clepsidra, funciona por meio do escoamento de água de um
recipiente com pequenos orifícios no fundo. Marcas nas laterais do recipiente permitem saber o
tempo transcorrido quando a superfície da água está nivelada com elas. Os relógios de água são um
grande avanço em relação aos relógios de sol, porque marcam o tempo também durante a noite e os
dias nublados.
Há ainda as ampulhetas, que usam areia em vez de água.

1361 a.C. – Os anais astronômicos chineses registram a observação de um eclipse solar, o primeiro
a ser documentado por qualquer povo de que se tem notícia.
Ocorre um eclipse solar quando a Lua passa entre o Sol e a Terra e bloqueia a luz solar, total ou
parcialmente. Isso só pode acontecer na lua nova, quando o Sol e a Lua estão em conjunção
conforme vistos da Terra. Um eclipse solar pode ser total, parcial ou anular.
Um eclipse lunar, por outro lado, ocorre quando a Terra passa entre o Sol e a Lua, impedindo que a
luz da estrela chegue ao satélite. Isso pode acontecer apenas quando Sol, terra e Lua estão
alinhados, com a Terra no meio. Um eclipse lunar pode ocorrer apenas em noites de lua cheia.
Contrariamente ao eclipse solar, que é visível apenas ao longo de uma área relativamente pequena
do globo terrestre, um eclipse lunar pode ser visto de qualquer lugar do mundo onde seja noite. Um
eclipse lunar dura algumas horas, enquanto um eclipse solar dura apenas alguns minutos, devido ao
pequeno tamanho da sombra da Lua. Um eclipse lunar pode, diferentemente de um eclipse solar,
ser observado sem proteção para os olhos ou qualquer outra precaução.

Século VIII a.C. – Na Babilônia, durante o reinado de Nabonassar (747-734 a.C.), o registro
sistemático de fenômenos considerados como mau agouro em diários astronômicos permite que
seja descoberto o Saros, intervalo de 323 meses sinódicos, ou 6.585,321 dias (18 anos, 11 dias e 8
horas), após o qual a Terra, o Sol e a Lua retornam, aproximadamente, às mesmas posições
relativas. Isso permite prever eclipses do Sol e da Lua: um saro depois de um eclipse, outro eclipse
idêntico, ou quase idêntico, ocorre, configurando uma espécie de ciclo de eclipses.

Século VIII a.C. – Na Ilíada e na Odisseia, de Homero (os mais antigos exemplos da literatura
grega que se conhecem), são mencionadas as constelações do Cocheiro, de Órion e da Ursa Maior,
os aglomerados estelares das Plêiades e das Híades e a estrela Sirius.

753 a.C. – Segundo a lenda, Rômulo e Remo (filhos de Rhea Silvia, filha de Numitor, rei de Alba
Longa) fundam a cidade de Roma, iniciando-se, então, o calendário Romano. Conforme esse
calendário, o ano civil consta de 304 dias divididos em 10 meses, dos quais seis têm 30 dias e
quatro, 31. Março é o primeiro mês do ano, seguindo-se Abril, Maio, Junho, quintilis, sextilis,
Setembro, Outubro, Novembro e Dezembro.

c. 750 a.C. - Astrônomos chineses começam a registrar sistematicamente eclipses do Sol e da Lua.
Ao longo dos séculos seguintes, cerca de 1.600 observações desses fenômenos são anotadas.

Possivelmente 713 a.C. – Numa Pompílio, o segundo rei de Roma (717-673 a.C.), introduz os
meses de Janeiro e Fevereiro no calendário Romano e, desse modo, o ano civil passa a ter 355 dias,
começando em Março e terminando em Fevereiro.

700 a.C. – Os chineses já têm registros com anotações precisas sobre meteoritos e cometas.

Século VII a.C. – Época provável em que os babilônios dividem o zodíaco (Kyklos zokiakos, do
grego, que significa círculo de animais) em um círculo com doze divisões de trinta graus cada uma,
ao longo da eclíptica, que é a trajetória aparente do Sol entre as estrelas conforme vista da Terra.
Ao longo de um ano, o Sol (visto da Terra) passa pelas constelações que, na esfera celeste,
correspondem ao zodíaco. Na época do estabelecimento do zodíaco pelos babilônios, as
constelações zodiacais são doze (correspondentes, na astrologia, aos doze signos); atualmente, com
o rearranjo dos limites das constelações, este número sobe para treze (entre Escorpião e Sagitário, o
Sol passa também pelo Serpentário).
É importante observar, portanto, que as datas dos signos astrológicos do zodíaco não correspondem
exatamente às datas em que o Sol passa pelas constelações zodiacais.

613 a.C. (julho) – A passagem de um cometa, possivelmente o Halley, é registrada pelos anais
astronômicos chineses.

Século VI a.C. – O filósofo grego Tales de Mileto (624-546 a.C.) introduz na Grécia os
fundamentos da geometria e da astronomia, trazidos do Egito. Pensa que a Terra é um disco plano
em uma vasta extensão de água que, para ele, é considerada como substância primordial do
Universo.
Segundo a tradição, em 28 de maio de 585 a.C. ocorre um eclipse do Sol previsto por Tales. Trata-
se da primeira referência conhecida à previsão de um eclipse solar.

Século VI a.C. – O filósofo grego Anaximandro de Mileto (610-546 a.C.) concebe os astros
(planetas, Sol, Lua, estrelas fixas) como sendo rodas de fogo girando em torno da Terra,
considerada como um cilindro que flutua no ar, sem nada a suportá-la, e cuja altura corresponde a
um terço de seu diâmetro. Embora rudimentar, este é o primeiro modelo mecânico do Universo que
se conhece. Anaximandro também é o primeiro a considerar o Universo eterno (sem começo ou
fim) e infinito em extensão.

Século VI a.C. – O filósofo grego Anaxímenes de Mileto (585-528 a.C.), discípulo de


Anaximandro, concebe a Terra e todos os corpos celestes como sendo feitos de ar. Acredita que, à
medida que a densidade do ar muda, outros elementos vão sendo formados: ar mais rarefeito
produz fogo, enquanto ar mais denso gera vento e depois, sucessivamente, água, terra e pedra.
Anaxímenes é o primeiro a apresentar a ideia de que as estrelas são fixas, presas a esferas
cristalinas que giram em torno da Terra.

Século VI a.C. – O filósofo e matemático grego Pitágoras de Samos (c. 570-c. 495 a.C.) acredita na
esfericidade da Terra, da Lua e de outros corpos celestes. Estuda os movimentos dos planetas.
Ensina que o número é a essência de todas as coisas e postula que os movimentos dos corpos
celestes obedecem a escalas harmônicas, como as notas musicais. Parece haver sido o primeiro a
reconhecer que a estrela matutina (Hesperus) e a estrela vespertina (Phosphorus) são o mesmo
planeta: Vênus. Alguns estudiosos atribuem a ele uma constatação análoga ao determinar que
Apolo (corpo celeste visível pela manhã) e Hermes (visível à tarde) são o mesmo astro: Mercúrio.
Os seguidores de Pitágoras exercem grande influência no desenvolvimento da astronomia da Grécia
antiga. Começa com eles a tradição, que se mantém durante todo o período clássico da história
grega, de incluir a astronomia entre as “quatro artes matemáticas”, junto com aritmética, geometria
e música.

Século VI a.C. – O filósofo grego Xenófanes (570-475 a.C.) acredita que a Terra é plana, que o Sol
é novo a cada dia e que os corpos celestes (exceto a Lua) são constituídos de aglomerados de fogo.

Século V a.C. – O filósofo grego Anaxágoras (c. 500-428 a.C.) ensina que “O Sol é pelo menos tão
grande quanto o Peloponeso”. Postula que a Lua é parecida com a Terra e tem montanhas, planícies
e vales. Explica os eclipses lunares como sendo causados pela sombra da Terra. Por suas ideias, é
acusado de impiedade (ateísmo) e condenado à morte. Contudo, por influência de Péricles, a
condenação é convertida em exílio em Lâmpsaco, colônia de Mileto, onde permanece até o fim da
vida.

Século V a.C. – O filósofo grego Filolau de Tarento – ou de Crotona – (470-385 a.C.) é o primeiro
a sugerir que a Terra não é o centro do universo. Ele elabora a hipótese da existência de um fogo
central representando o centro de seu Universo esférico. Esse fogo de Héstia (Héstia era a Deusa da
lareira sagrada, nas casas e nos edifícios públicos) é invisível, pois está sempre encoberto pelo Sol.
Além do mais, ele é envolvido por dez esferas concêntricas representando, respectivamente: Terra,
Sol, Lua, Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter, Saturno, antiTerra (antichthon – planeta sempre oculto
para os terráqueos e situado do outro lado do Sol) e estrelas. Para Filolau, o Sol (visível) é um
reflexo do fogo central (invisível), e cada uma dessas esferas gira de oeste para leste, completando
uma revolução no período correspondente ao do astro que ela representa.

Século V a.C. – O filósofo grego Demócrito (460-370 a.C.) postula que a Terra é redonda e que a
Via Láctea é composta de estrelas distantes. acredita também haver montanhas elevadas e vales
profundos na Lua. Atomista, concebe a matéria como sendo formada por pequenas partículas
indivisíveis e indestrutíveis (os átomos) que podem se unir para formar corpos maiores.

Século V a.C. – É compilado o “Gan Shi Xing Jing”, o mais antigo catálogo estelar chinês que se
conhece.

432 a.C. – O astrônomo e matemático grego Meton de Atenas propõe um ciclo (ciclo de Meton,
ciclo metônico) segundo o qual 19 anos solares (6.240 dias) correspondem a 235 meses lunares.
Isso significa que, aproximadamente a cada 19 anos, as fases da Lua se repetem.

413 A.C. (27 de agosto) – Um eclipse lunar causa pânico em uma frota de Atenas e assim afeta o
resultado de uma batalha na Guerra do Peloponeso. Os atenienses estão prontos a mover suas forças
de Siracusa quando a Lua é eclipsada. Os soldados e marinheiros ficam assustados por este
presságio celeste e relutam em partir. O comandante Nícias (c. 470-413 a.C.) consulta o oráculo e
adia a partida por 27 dias. Esta demora dá uma vantagem a seus inimigos de Siracusa, que então
derrotam toda a frota e o exército ateniense e matam Nícias.

Século IV a.C. – O filósofo grego Platão (427-347 a.C.) assenta as bases conceituais sobre as quais
se fundamentam os estudos astronômicos durante muitos séculos, sendo as principais: 1. A Terra,
que é esférica, é imóvel e está no centro do Universo (geoestatismo e geocentrismo). 2. Todos os
movimentos dos astros devem ser circulares e uniformes. 3. Os astros não podem ter outro
movimento ou mudança fora desse movimento circular (imutabilidade do céu). Em seus diálogos
“Timaeus”, “Phaedo”, “República” e “Epinomis”, argumenta que a Terra, em sua imobilidade
absoluta, é envolvida por quatro capas esféricas, sendo a primeira, de espessura igual a dois raios
terrestres, composta do elemento água, e a segunda, composta do elemento ar, com a espessura de
cinco raios terrestres e constituindo a atmosfera. Em seguida, há uma camada do elemento fogo, de
dez raios terrestres, tendo em sua parte superior a quarta capa esférica, na qual se encontram as
estrelas. Os sete astros então considerados planetas (Lua, Sol, Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e
Saturno) evoluem entre a atmosfera e as estrelas.

Século IV a.C. – O astrônomo e matemático grego Eudóxio de Cnido (408-355 a.C.), discípulo de
Platão, formula um modelo planetário segundo o qual, basicamente, o movimento dos astros no
Universo é consequência de um conjunto de 27 esferas homocêntricas à Terra, seguindo o
esquema: quatro para cada um dos planetas (Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno), três para o
Sol, três para a Lua e uma para as estrelas fixas. Essas esferas são assim distribuídas: o planeta se
encontra fixo no equador de uma esfera que gira em torno da Terra. Por sua vez, os polos dessa
esfera são deslocados por uma segunda esfera que gira em torno de um eixo normal ao plano da
eclíptica. Uma terceira esfera, exterior às duas antecedentes, dá o movimento do planeta em relação
ao céu das estrelas fixas. Por fim, uma quarta esfera é necessária (no caso dos planetas
propriamente ditos, para explicar o seu movimento retrógrado, isto é, o movimento no qual o
planeta, no céu das estrelas fixas, se move num determinado sentido até um “ponto estacionário”;
depois, volta no sentido oposto até outro “ponto estacionário”, retornando então ao primeiro
sentido, e assim por diante, formando laços (cúspides). É oportuno registrar que Eudóxio inventa a
curva hipópede (resultante da intersecção de uma esfera com um cilindro) com o objetivo de
explicar esse modelo planetário. Esta é a primeira teoria geocêntrica de que se tem registro.
Eudóxio é o primeiro a fixar a duração do ano em 365 dias e 6 horas.
Ele também compila (386 a.C.) um elenco das 47 estrelas mais brilhantes do céu, denominando-as
conforme a posição que assumem na respectiva constelação. Por exemplo, Eudóxio escreve: “A
estrela pequena do lado esquerdo da Águia”, “O joelho esquerdo de Ofiúco”, “A estrela no meio da
cintura de Órion” e assim por diante.) um elenco das 47 estrelas mais brilhantes do céu,
denominando-as conforme a posição que assumem na respectiva constelação. Por exemplo, ele
escreve: “A estrela pequena do lado esquerdo da Águia”, “O joelho esquerdo de Ofiúco”, “A
estrela no meio da cintura de Órion” e assim por diante.

Século IV a.C. – O filósofo grego Hicetas de Siracusa (c. 400-335 a.C.) modifica o sistema de
Filolau, postulando um movimento de rotação diurna da Terra em torno de seu eixo.

Século IV a.C. – O astrônomo babilônio Kidinnu (morto c. 330 a.C.) talvez tenha descoberto a
precessão dos equinócios, decorrente de uma ligeira rotação do eixo da Terra. O equinócio
representa o ponto de intersecção da eclíptica (trajetória aparente do Sol entre as estrelas) com o
equador celeste (círculo na esfera celeste que coincide com o equador terrestre), no qual os dias e as
noites têm a mesma duração.

Século IV a.C. – O grego Heráclides do Ponto (c. 390-c. 310 a.C.) propõe que a Terra gira em 24
horas, de oeste para leste, sobre seu próprio eixo, e que Vênus e Mercúrio orbitam o Sol, e não a
Terra. Este é um modelo geo-heliocêntrico que será retomado, no século XVI, por Tycho Brahe.

Século IV a.C. – O filósofo grego Aristóteles de Estagira (384-322 a.C.) apresenta a mais influente
de todas as teorias astronômicas gregas, que é considerada verdadeira por quase dois mil anos.
Segundo essa teoria, o Universo está dividido em dois estratos, um sublunar (ou infralunar) e outro
extralunar (ou supralunar, ou ainda translunar). Na região abaixo da Lua ocorrem mudanças,
estando as coisas e os seres vivos sujeitos à morte e à degeneração. Aí se encontram os cometas,
que não passam de fenômenos atmosféricos, visíveis em forma de estrelas cadentes. A outra região
estende-se para além da Lua, e nela nada jamais se transforma ou perece. Disso decorre que os
planetas e as estrelas fixas pertencentes à região extralunar são regidos por leis distintas das que se
aplicam à Terra e aos cometas. Essa região está permeada pelo éter, substãncia de caráter leve que
não está sujeita a nenhum tipo de mudança (de temperatura ou de umidade, por exemplo) e para a
qual o único movimento natural possível é o circular, porque o círculo representa a perfeição. A
imutabilidade do éter se contrapõe à instabilidade dos quatro elementos existentes no mundo
sublunar (terra, água, ar e fogo), e Aristóteles o considera, por isso, o quinto elemento, ou
quintessência (diz-se também quinta-essência).
Aristóteles formula ainda outros conceitos em astronomia. Sustenta que as fases lunares dependem
de quanto da parte da face da Lua iluminada pelo Sol está voltada para a Terra. Explica também os
eclipses: um eclipse solar ocorre quando a Lua passa entre a Terra e o Sol; um eclipse lunar ocorre
quando a Lua entra na sombra da Terra. Aristóteles argumenta a favor da esfericidade terrestre, já
que a sombra da Terra na Lua durante um eclipse lunar é sempre arredondada. Aperfeiçoa a teoria
das esferas concêntricas de Eudóxio de Cnido, acrescentando-lhe outras esferas homocêntricas,
perfazendo um total de 56. Ele admite ainda que além da esfera das estrelas fixas existe o Primum
Mobile (Primeiro Móvel), acionado por Deus, o motor primordial e imóvel, e que além dele não há
nem movimento, nem tempo e nem lugar. No tomo II do seu livro “De Caelo” (Dos Céus), propõe
que “o Universo é finito e esférico, ou não terá centro e não pode se mover”.

Século IV a.C. – O astrônomo grego Calipo de Cízico (c. 370-c. 300 a.C.), aluno de Eudóxio,
aperfeiçoa o modelo de seu mestre, adicionando mais sete esferas (duas para o Sol, duas para a Lua,
uma para Mercúrio, uma para Vênus e uma para Marte), com o objetivo de explicar os complicados
movimentos de Mercúrio e de Vênus, já que estes têm um afastamento limitado em relação ao Sol.
Ele também propõe uma pequena alteração no ciclo de Meton: segundo este modelo (ciclo de
Calipo), a repetição das fases lunares ocorre a cada 76 anos (quatro ciclos de Meton) menos um dia.
Contudo, cálculos modernos permitem afirmar que, enquanto o ciclo de Meton tem um erro de
cinco minutos para mais na duração de um ano solar, o erro do ciclo de calipo é de onze minutos
para menos, sendo, portanto, menos acurado.

Século IV a.C. – O chinês Shi Shen faz o primeiro registro conhecido de manchas solares, que ele
interpreta como sendo eclipses que se originam no centro do Sol e se deslocam para as regiões
periféricas. Embora esteja errado, Shi reconhece as manchas pelo que são: fenômenos solares.
Mancha solar é uma região do Sol com temperatura mais baixa que a das áreas circunvizinhas e
com intensa atividade magnética. Uma mancha solar típica consiste em uma região central escura
(umbra) rodeada por uma área mais clara (penumbra). Uma única mancha pode medir 12.000km
(quase o diâmetro da Terra), mas um grupo de manchas chega a alcançar 120.000km ou mais.

Século IV a.C. – O grego Píteas (c. 350-c. 280 a.C.) é o primeiro a observar que as marés são
causadas pela Lua.

Século IV a.C. - É construído o Observatório das Treze Torres de Chanquillo, o mais antigo da
América, localizado no Departamento de Ancash, Peru. Trata-se, como o nome indica, de treze
torres, alinhadas no sentido norte-sul ao longo de 300m, utilizadas para assinalar os solstícios e os
equinócios, e para marcar os movimentos do Sol ao longo do ano.

365 a.C. – O astrônomo chinês Gan De parece haver observado o satélite Ganimedes do planeta
Júpiter. Acredita-se ter sido ele também o primeiro astrônomo cujo nome se conhece a compilar um
catálogo estelar.

365 a.C. – Aristóteles observa uma ocultação de Marte pela Lua e deduz que o Planeta Vermelho
está mais distante da Terra que nosso satélite.
Ocorre uma ocultação quando um corpo celeste é temporariamente escondido por outro, que se
interpõe entre o primeiro e oobservador. Numa ocultação, o objeto maior (conforme visto da Terra)
passa na frente do menor, ocultando-o completamente. É o contrário do trânsito, fenômeno em que
um objeto menor passa na frente do maior e causa neste uma diminuição de brilho transitória.

Século III a.C. – Os gregos Aristilo (morto c. 260 a.C.) e Timocáris (c. 320-c. 260 a.C.) elaboram
um dos primeiros catálogos estelares que se conhecem, utilizado posteriormente por Hiparco para
estabelecer a precessão dos equinócios.
Século III a.C. – O astrônomo grego Aristarco de Samos (310-230 a.C.) é o primeiro a propor (c.
260 a.C.) que a Terra se move em volta do Sol (heliocentrismo), antecipando Copérnico em mais
de 1.700 anos. No entanto, para defender seu modelo, tem de fazer duas suposições. A primeira
delas é no sentido de justificar por que as estrelas parecem fixas, isto é, por que suas posições
aparentes não mudam em consequência do movimento da Terra em torno do Sol. Essa imobilidade,
afirma Aristarco, decorre da imensa distância em que se encontram as estrelas em relação à Terra.
A sua segunda suposição não é original, já que havia sido considerada por Heráclides do Ponto,
qual seja, a rotação da Terra em torno de seu eixo.
Ademais, desenvolve um método para determinar as distâncias do Sol e da Lua à Terra e mede os
tamanhos relativos da Terra, do Sol e da Lua. Chega à conclusão de que a distância Terra-Sol é de
8 milhões de km (valor correto: 149,6 milhões de km) e que a relação entre os diâmetros da Lua e
do Sol é de 1/20 (valor correto: 1/400). Aristarco conclui ainda que as relações entre os diâmetros
Lua-Terra e Terra-Sol valem, respectivamente, 1/3 e 1/7 (valores corretos: 1/3,67 e 1/109).

Século III a.C. – Astrônomos babilônios desenvolvem modelos matemáticos que lhes permitem
prever o movimento dos planetas diretamente, sem recorrer ao registro de observações passadas.
A astronomia babilônia exerce influência direta sobre as posteriores realizações astronômicas grega
e helenística, da Índia clássica, da Síria, bizantina, islâmica, da Ásia Central e da Europa Ocidental.

Século III a.C. – O grego Eratóstenes de Cirene (276-194 a.C.), diretor da Biblioteca de Alexandria
de 236 a.C. até sua morte, é o primeiro a tentar medir (c. 240 a.C.) o diâmetro da Terra,
determinando que a distância entre Alexandria e Siena (hoje Assuã, Egito) é pouco superior a 7° e
que, levando em conta que um círculo completo mede 360°, a distância entre essas duas cidades
corresponde a aproximadamente 1/50 da circunferência total da Terra, redutível depois ao diâmetro
mediante a divisão pelo valor numérico de “pi” (3,141592653...). A circunferência terrestre
calculada por Eratóstenes é de 39.690km (valor correto: 40.075km).
Ademais, Eratóstenes provavelmente é o primeiro a construir (c. 255 a.C.) uma esfera armilar,
modelo da esfera celeste concebido para mostrar o movimento aparente das estrelas ao redor da
Terra (muitos séculos mais tarde, também ao redor do Sol). O nome vem do latim armilla (círculo,
bracelete), uma vez que o instrumento é composto por diversos círculos graduados que mostram a
eclíptica, o equador, os meridianos e os paralelos astronômicos. As esferas armilares são
empregadas sobretudo no ensino de astronomia.

Século III a.C. – O matemático grego Apolônio de Perga (262-190 a.C.) explica o movimento dos
planetas no céu das estrelas fixas, usando para isso o sistema epiciclo-deferente, sistema em que o
centro de um círculo menor (epiciclo) se desloca ao longo de um círculo maior (deferente). O
epiciclo representa o movimento circular do planeta, e o deferente é um círculo em cujo centro
situa-se o astro em torno do qual orbita o planeta.

c. 275 a.C. – O grego Arato (310-240 a.C.), nascido na Cilícia, conclui “Fenômenos”, um dos
poemas didáticos mais importantes do período helenístico. Em 1.154 versos hexâmetros,
“Fenômenos” descreve o firmamento e as constelações então conhecidas.
Séculos mais tarde, diversas traduções são feitas para o latim, destacando-se as de Cícero, Varrão e
Ovídio.

240 a.C. – Anais chineses fornecem detalhada descrição da passagem de um cometa. Não é certo
que as observações se refiram ao cometa Halley, mas, segundo cálculos modernos, ele passa pela
Terra em maio.

238 a.C. – Ptolomeu III (faraó de 246 a 222 a.C.) tenta adicionar ao calendário egípcio um dia a
cada quatro anos, mas essa medida não chega a ser implementada.

Século II a.C. – O filósofo e astrônomo babilônio Seleuco da Selêucia (c. 190-c. 150 a.C.) ensina a
teoria heliocêntrica de Aristarco de Samos e estuda os movimentos dos planetas de acordo com
esse modelo. Segundo o geógrafo grego Estrabão (c. 63 a.C.-c. 24 d.C.), Seleuco é o primeiro a
afirmar que o universo é infinito, que as marés se devem à atração exercida pela Lua e que a altura
das marés depende da posição da Lua relativamente ao Sol.

Século II a.C. – O grego Hiparco de Niceia (c. 190-c. 120 a.C.), considerado o maior astrônomo da
era pré-cristã, constrói um observatório na ilha de Rodes, onde faz observações durante o período
compreendido entre 162 e 127 a.C. Suas observações lhe permitem compilar (c. 135 a.C.) um
catálogo com a posição no céu e a “grandeza” (hoje magnitude) de 850 estrelas, especificando,
dessa forma, o seu brilho aparente. As estrelas estão classificadas em seis “grandezas”,
correspondendo a 1ª às mais brilhantes e a 6ª àquelas que estão no limite da visibilidade do olho
humano. Constrói também um globo celeste, representando as constelações conforme observadas
por ele. Além disso, é atribuída a Hiparco (embora essa atribuição seja controversa) a descoberta
(147-127 a.C.) da precessão dos equinócios, mudança lenta e gradual na orientação do eixo de
rotação da Terra que faz com que a posição que indica o eixo da Terra na esfera celeste se desloque
ao redor do polo da eclíptica, traçando um cone e percorrendo uma circunferência completa a cada
25.772 anos. Calcula que a Lua está à distância de 59 raios terrestres (o valor correto é 60,3).
Determina a duração do ano com uma margem de erro de 6 minutos. Desenvolve os cálculos mais
acurados até então para prever eclipses solares e lunares. Inventa o astrolábio (c. 150 a.C.),
instrumento astronômico que mede a posição de um astro em relação ao horizonte. Com isso, é o
primeiro a medir latitudes geográficas e a passagem do tempo (hora local) por meio da observação
de estrelas. É também o primeiro a determinar com rigor matemático latitudes e longitudes de
lugares na Terra.

Século II a.C. – Aglaonike, citada como a primeira astrônoma da Grécia, é tida como feiticeira por
sua “habilidade em fazer a Lua desaparecer do céu”, o que sugere ser ela capaz de prever eclipses
lunares.

163 a.C. – O cometa Halley deve ter passado pelo periélio (ponto de maior aproximação ao Sol) em
5 de outubro, e os astrônomos chineses assinalam um cometa nesse período.

Século I a.C. – O filósofo romano Lucrécio (c. 99-c. 55 a.C.), em sua obra “De Rerum Natura”
(“Sobre a Natureza das Coisas”), postula que o Universo não foi criado por um ser supremo, mas
pela mistura de partículas elementares existentes desde sempre, governadas por algumas leis
simples. O Universo de Lucrécio é infinito, preenchido por um número infinito de átomos.

c. 90 a.C. - O filósofo estoico, geógrafo e astrônomo grego Posidônio (c. 135-c. 51 a.C.) calcula
que a distância Terra-Sol é de 9.893 raios terrestres, o que corresponde a 63.028.303km, menos da
metade dos 149.598.261km que nos separam da nossa estrela. Bem mais próximo do real é o valor
da distância Terra-Lua calculado por Posidônio: 370.000km, o que representa 4% de erro em
relação à distãncia correta (384.000km).

87 a.C. – Observa-se na China um cometa, que parece ser o mesmo a que o naturalista e escritor
romano Plínio, o Velho (23-79), faz alusão neste texto: “O cometa é um astro terrível e um sinal de
derramamento de sangue. Já tivemos exemplo disso nas desordens civis sob o consulado de
Otávio”. Provavelmente, trata-se do cometa Halley, cujo periélio, segundo cálculos modernos,
ocorre em agosto.
87 a.C. – Data provável da construção do mecanismo de Anticitera, uma espécie de calculadora
mecânica concebida para determinar a posição do Sol, da Lua, de Mercúrio, de Vênus e talvez dos
três outros planetas então conhecidos (Marte, Júpiter e Saturno). Mostra as fases lunares e permite
até mesmo prever eclipses. É tão complexo que apenas na Idade Média é possível reproduzir
instrumentos tecnologicamente comparáveis. O nome deriva da ilha grega de Citera, nas
proximidades da qual é descoberto (1901) em meio aos restos de um naufrágio.

46 a.C. – Júlio César (100-44 a.C.) adota um novo calendário, que fica conhecido como calendário
juliano, para cuja elaboração consulta o astrônomo Sosígenes de Alexandria. O ano passa a ter 365
dias e 6 horas, iniciando-se em 1º de janeiro (antes começava em 1º de março). Embora o ano civil
continue com 365 dias, o novo calendário institui, a cada 4 anos, o ano bissexto, de 366 dias, para
recuperar as 6 horas perdidas todos os anos. Os meses, como os atuais, têm 30 ou 31 dias, menos o
mês de fevereiro, com apenas 28 ou 29 dias, quando o ano é bissexto. Para corrigir o atraso
acumulado ao longo dos séculos, Sosígenes acrescenta 90 dias ao ano 46 a.C., que teve 15 meses e
445 dias. Em 44 a.C., por ordem do General e Cônsul romano Marco Antônio(81-30 a.C.), o mês
Quintilis passa a ser chamado de Julius (Julho) em homenagem a Júlio César. Em 8 a.C., por ordem
do Senado romano, o mês Sextilis passa a ser chamado de Augustus (Agosto) em homenagem a
Otávio Augusto (63 a.C.-14 d.C.), o primeiro imperador de Roma.

44 a.C. (julho) – Um cometa muito brilhante (formalmente, C/43 K1) aparece nos céus de Roma
por uma semana e se torna um dos cometas mais famosos de toda a Antiguidade. Os romanos
interpretam-no como sinal da deificação de Júlio César, cuja morte ocorrera quatro meses antes.
Atinge a magnitude -4 e chega a ser visível durante o dia. É também conhecido como Cometa
César ou Grande Cometa de 44 a.C.

28 a.C. – Primeiros registros detalhados conhecidos de observações de manchas solares, feitas por
astrônomos chineses, que provavelmente puderam ver os maiores grupos de manchas quando a luz
do sol foi filtrada pela poeira deslocada pelo vento nos desertos da Ásia Central.

12 a.C. – Passagem do cometa Halley (periélio em 10 de outubro). A “História de Roma”, de Dion


Cássio (c. 155-c. 235), registra: “Antes da morte de Agripa, viu-se um cometa pairando durante
muitos dias sobre a cidade de Roma; ele apareceu em seguida transformado em muitas pequenas
tochas”. O mesmo cometa é observado na China, de agosto a outubro, e as observações, bem
detalhadas, não deixam dúvidas quanto a ser o cometa Halley. A proximidade desta passagem com
a época atribuída pela Bíblia ao nascimento de Cristo faz com que o cometa Halley seja
identificado, por vezes, com a Estrela de Belém, a qual, segundo o evangelista Mateus (capítulo 2,
versículos 1 e 2), guiou os reis magos até Jesus. “Tendo nascido Jesus na cidade de Belém, na
Judeia, no tempo do rei Herodes, alguns magos do Oriente chegaram a Jerusalém, e perguntaram:
“Onde está o recém-nascido rei dos judeus? Nós vimos a sua estrela no Oriente, e viemos para
prestar-lhe homenagem.””

4 a.C. (12 de março) – Ocorre um eclipse da Lua e, alguns dias depois, de acordo com o historiador
judeu Flávio Josefo (37-c. 100), morre Herodes, o Grande (nascido por volta de 73 a.C. e rei da
Judeia desde 37 a.C.). O fato de Herodes estar, segundo a Bíblia, ainda vivo quando Jesus nasceu é
um dos principais argumentos utilizados para apontar erros na contagem dos anos da era cristã.
Investigadores modernos situam o nascimento de Cristo entre os anos 7 e 4 a.C.

Século I d.C. – O filósofo romano Sêneca (c. 4 a.C.-65 d.C.), rejeitando a explicação “atmosférica”
dada por Aristóteles acerca dos cometas, propõe uma atitude realmente científica frente ao
problema das “estrelas de cabeleira”. Ele salienta a necessidade de se compilar todos os
aparecimentos de cometas e chega a levantar a hipótese de que estes possam retornar
periodicamente.

Século I – O historiador e biógrafo grego Plutarco (46-120) sugere que na Lua existem reentrâncias
onde a luz do Sol jamais chega e que as manchas visíveis em sua superfície são resultantes de
sombras de rios ou de abismos profundos. Também cogita a possibilidade de o satélite ser habitado.

66 – Em “A Guerra dos Hebreus contra os Romanos”, o historiador judeu Flávio Josefo escreve:
“Aquele povo infeliz... fechou os olhos e cobriu os ouvidos para não ver nem ouvir os sinais
seguros pelos quais Deus havia predito sua ruína. Citarei alguns desses sinais e dessas predições:
um cometa, do tipo chamado Xiphias, porque sua cauda parece representar a lâmina de uma espada,
foi visto sobre Jerusalém durante um ano inteiro...” Os judeus se rebelam contra os romanos em 66
e Jerusalém é destruída em 70. Os chineses também observam um cometa entre os meses de
fevereiro e março. Segundo cálculos atuais, o Halley passa pelo periélio em 25 de janeiro.

77 - Publicação de “Naturalis Historia” (História Natural), obra enciclopédica em dez volumes


(dividida em 37 livros ou partes) escrita pelo naturalista e filósofo romano Caio Plínio Segundo,
mais conhecido como Plínio, O Velho (23-79). O livro II (primeiro volume) trata de astronomia.
Plínio critica a ideia de que existem muitos outros mundos como a Terra, duvida dos quatro
elementos de Aristóteles (terra, água, ar e fogo) e registra os “sete planetas” (incluindo o Sol e a
Lua). Ele sustenta que a Terra é uma esfera suspensa no espaço e considera uma fraqueza tentar
determinar a forma de Deus ou supor que a divindade se importa com as questões humanas. O autor
cita a estimativa da distância lunar de Posidônio e descreve cometas, observando que apenas
Aristóteles afirma ter visto mais de um deles simultaneamente. Plínio aborda ainda os efeitos da
longitude sobre a hora do nascer e do pôr do Sol, a elevação do Sol de acordo com a latitude (o que
afeta a maneira como os relógios de sol mostram o tempo) e a variação das horas diárias de luz
solar conforme a latitude.

Século II – O grego Cláudio Ptolomeu (c. 90- c. 168), último grande astrônomo da Antiguidade,
compila (127-151) um volume sobre astronomia, dividido em treze seções ou livros (152 páginas
numa edição impressa de 1515), conhecido como o “Almagesto” (“grande Tratado”, em árabe), que
é a maior fonte de conhecimento astronômico na Grécia e um dos textos científicos mais influentes
de todos os tempos. Nessa obra, Ptolomeu inclui um catálogo de estrelas baseado nos trabalhos de
Hiparco; lista 48 constelações, cujos nomes prevalecem até hoje; descreve e aperfeiçoa os
instrumentos usados pelos astrônomos, tendo, inclusive, no livro quinto do “Almagesto”,
demonstrado como se constrói e usa um astrolábio; faz também uma descrição matemática
detalhada dos movimentos do Sol e da Lua, o que lhe permite calcular com maior precisão as datas
dos futuros eclipses solares e lunares.
O conteúdo principal dos treze livros do “Almagesto” é o seguinte:
I – sumário da teoria cosmológica de Aristóteles, com um firmamento de forma esférica, no centro
do qual está a Terra, esférica e imóvel, em torno do qual orbitam os planetas e as estrelas fixas;
II – nascer e pôr de objetos celestes, duração da luz do dia, determinação da latitude, pontos onde o
sol está a pino, sombras projetadas pelo sol durante os equinócios e os solstícios;
III – duração do ano e movimento do Sol; Ptolomeu explica a descoberta da precessão dos
equinócios por Hiparco e introduz a teoria dos epiciclos;
IV e V – movimento da Lua, paralaxe lunar, tamanho e distância do Sol e da Lua em relação à
Terra;
VI – eclipses solares e lunares;
VII e VIII – movimentos das estrelas fixas (são fixas apenas em relação à Terra), incluindo
precessão dos equinócios; catálogo com 1.022 estrelas, nos moldes do catálogo de Hiparco;
IX – modelos para os cinco planetas visíveis a olho nu e movimento de Mercúrio;
X – movimentos de Vênus e de Marte;
XI – movimentos de Júpiter e de Saturno;
XII – estações do ano e movimentos retrógrados dos planetas;
XIII – movimentos de latitude, ou seja, desvio dos planetas em relação à eclíptica.
A cosmologia do “Almagesto” compreende cinco pontos principais: a região celeste é esférica e se
move como uma esfera; a Terra é uma esfera; a Terra está no centro do universo; a Terra, em
relação à distância das estrelas fixas, não tem dimensões significativas e deve ser considerada como
um ponto matemático; a Terra não se move.
A contribuição mais importante de Ptolomeu é uma representação geométrica do Sistema Solar,
geocêntrica, com círculos e epiciclos, que permite predizer o movimento dos planetas com
considerável precisão e que é usada até o Renascimento, no século XVI.

Século II - O escritor satírico e retórico Luciano de Samósata (natural da província romana da Síria,
nascido por volta de 125 e morto depois de 180) escreve, cerca de 1.700 anos antes de Júlio Verne
e H. G. Wells, livros com temas característicos da ficção científica moderna: viagens à Lua e a
Vênus, vida extraterrestre, guerras entre planetas.

141 – O único registro desta passagem do cometa Halley está nos anais astronômicos chineses.
Data do periélio, segundo cálculos modernos: 22 de março.

185 (7 de dezembro) – Primeiro registro conhecido de uma supernova (SN 185), feito nos Anais
Astrológicos chineses do Houhanshu. Localizada na constelação do Compasso, a aproximadamente
9.100 anos-luz da Terra, permanece visível por oito meses e atinge a magnitude aparente -7.
Em astronomia, magnitude aparente é uma escala para representar numericamente o brilho de um
astro conforme é visto da Terra, enquanto magnitude absoluta refere-se ao brilho que teria um astro
à distância-padrão de 10 parcecs (32,6 anos-luz).
Um ano-luz é a distância percorrida pela luz no vácuo, durante um ano juliano, à velocidade de
299.792,458km/s, ou seja, 9.460.730.472.580,8km (em geral, arredondado para 9,461 trilhões de
km).

218 – Os chineses observam a passagem do cometa Halley a partir de 14 de abril (periélio


provável: 17 de maio). Dion Cássio escreve: “Pouco antes da morte do imperador Macrinus, uma
estrela, que por muitas noites estendeu sua cauda do Ocidente ao Oriente, causou grande medo”.
Macrinus morreu em junho de 218.

295 – O cometa Halley é observado em maio pelos chineses. Data provável do periélio: 20 de abril.

325 – O primeiro Concílio de Niceia (atual Iznik, província de Bursa, Turquia) estabelece que a
Páscoa deve ser celebrada por todos os cristãos no mesmo domingo, mas não determina uma
fórmula precisa para calcular a data. Após vários séculos de controvérsias e disputas, a data para a
celebração da Páscoa é finalmente determinada como sendo o primeiro domingo depois do início
da primeira lua cheia do equinócio da primavera para o hemisfério norte (outono para o hemisfério
sul), que a Igreja considera ocorrer em 21 de março (embora muitas vezes ocorra em 20 de março).
Dessa forma, a data da Páscoa varia entre 22 de março e 25 de abril.
Essa questão tem dupla importância. Primeiramente, a partir da data da Páscoa são determinadas as
datas de diversas festas ou feriados móveis: carnaval (sete semanas antes), Pentecostes (sete
domingos depois), Corpus Christi (sessenta dias depois). Ademais, é o fato de o calendário juliano
então em vigor apresentar uma discrepância (para mais) de aproximadamente três dias a cada
quatro séculos, o que provoca desajustes na data da Páscoa, que vai determinar, no século XVI, a
reforma que resultará no calendário gregoriano.

363 (27 de junho) – Ocorre o mais longo eclipse solar já observado, com duração de sete minutos e
24 segundos.

374 – Os chineses registram a presença de um cometa, visível de março a maio. A passagem do


Halley pelo periélio, conforme cálculos modernos, ocorre em 16 de fevereiro.

393 – Os chineses registram uma supernova (SN 393), visível por cerca de oito meses na
constelação de Escorpião. A magnitude mínima é -1, e a distância à Terra é estimada em 3.000
anos-luz.

Século V – O romano Macrobius Ambrosius Theodosius (395-423) atribui aos egípcios a teoria
planetária segundo a qual a Terra gira em torno do próprio eixo e os planetas internos (Mercúrio e
Vênus) giram em torno do Sol, o qual, por sua vez, orbita a Terra. Tycho Brahe apresentará um
sistema muito semelhante no século XVI.

451 – Um cometa é observado na China, nas constelações de Leão e de Virgem. No Ocidente, é


visto de junho a agosto (periélio: 27 de junho), e muitos autores relacionam seu aparecimento com
a vitória do general romano Flávio Aécio (c. 391-454) sobre Átila (morto em 453), ocorrida na
Batalha dos Campos Catalaúnicos (20 de junho de 451). Este cometa deve ter sido o Halley.

499 – O matemático e astrônomo indiano Aryabhata (476-550) usa um modelo geocêntrico para
afirmar que o período orbital de Júpiter em torno da Terra é de 4.332,272 dias. Na verdade, o
período orbital de Júpiter em torno do Sol é de 4.332,59 dias.
Ele também afirma que "A esfera das estrelas fixas é estacionária e a Terra, realizando uma
revolução, produz o nascimento e o ocaso diário das estrelas e dos planetas".

Século VI – O bispo francês Gregório de Tours (c. 538-593) utiliza os escritos do romano Marciano
Capella (século V) para desenvolver um método que permite aos monges determinar o tempo das
orações noturnas por meio da observação das estrelas.

c. 525 – O monge Dionísio Exíguo (c. 470-c. 544) reorganiza a contagem dos anos, cujo marco
inicial deixa de ser a fundação de Roma. Ele estabelece que o ano 1 é o do nascimento de Jesus
Cristo (não existe ano 0), mas comete erros nos cálculos, pois os historiadores modernos acreditam
que Jesus nasceu entre os anos 7 e 4 a.C. Ele também introduz, para assinalar o período posterior ao
nascimento de Cristo, a expressão A.D., “Anno Domini” (Ano do Senhor).

530 – Esta passagem do cometa Halley é observada na China e em Constantinopla, onde, segundo o
astrônomo francês Alexandre Guy Pingré (1711-1796), “viu-se do lado do Ocidente, durante 20
dias, um cometa muito grande e assustador estendendo seus raios em direção à parte mais elevada
do céu”. Data provável do periélio: 27 de setembro.

607 – Dois cometas aparecem e são observados na China, um em fevereiro e outro em abril. Á
época em que surge o segundo coincide com a de uma passagem calculada do cometa Halley
(periélio em 7 de março).

622 (16 de julho) – A fuga de Maomé (c. 570-632) de Medina (Hégira) constitui o ponto de partida
do calendário islâmico, ou muçulmano. É um calendário lunar, com ciclos de trinta anos (360
lunações) divididos em dezenove anos de 354 dias e onze anos de 355 dias. Em média, 33 anos do
calendário islâmico equivalem a 32 anos do calendário gregoriano.
Os meses são nuharram, safar, rabi al-awwal, raby al-thaany, jumaada al-awal, jumaada al-thaany,
rajab, sha'aban, ramadan, shawwal, dhu al-qidah e dhu al-hija.

628 - O matemático e astrônomo indiano Brahmagupta (598-c. 670) finaliza a obra em versos
“Brahmasphutasiddhanta”, que exerce grande influência nos séculos seguintes. Traduzido para o
árabe, o livro contribui decisivamente para a divulgação e o estudo da astronomia no mundo
islâmico em formação. Neste tratado, Brahmagupta explica que, uma vez que a Lua está mais
próxima da Terra que o Sol, a extensão da parte iluminada do satélite depende de sua posição
relativamente à estrela, o que pode ser calculado com base no tamanho do ângulo entre os dois
astros. O autor faz críticas às teorias de que o nosso planeta é plano ou oco e afirma que a Terra e
as regiões celestes são esféricas. O “Brahmasphutasiddhanta” também contém métodos para
calcular a posição dos astros ao longo do tempo (efemérides), eclipses solares, lunares e
conjunções.
Ocorre uma conjunção quando dois astros, observados a partir da Terra, estão na mesma longitude
celeste, o que faz com que pareçam próximos um do outro no céu. Convém assinalar que conjunção
tripla não é uma conjunção de três astros, mas três conjunções sucessivas de dois astros num curto
espaço de tempo.

684 – O historiador chinês Ma-Toan-Lin menciona um cometa observado em setembro e outubro.


Anotações japonesas confirmam tais aparecimentos.
Passagem do Halley pelo periélio, conforme cálculos modernos: 2 de outubro.

687 – Os chineses fazem o primeiro registro conhecido de uma "chuva de meteoros", fenômeno que
consiste na entrada de um grupo de partículas na atmosfera terrestre, observadas numa mesma
região do céu. Essas partículas são constituídas de materiais perdidos por cometas (e, em menor
escala) asteroides, quando passam perto do Sol.
A Terra cruza anualmente regiões onde tais partículas existem em número considerável, resultando
em chuvas regulares de meteoros, cujos nomes são derivados das constelações em que são visíveis.
As principais chuvas de meteoros são Perseidas (agosto), Oriônidas (outubro), Leônidas
(novembro) e Gemínidas (dezembro).
Convém fazer aqui uma distinção:
- meteoroide – corpo menor do Sistema Solar (fragmento de cometa ou asteroide, rocha ejetada por
planeta ou satélite) cujo tamanho varia de milímetros a dezenas de metros;
- meteorito – meteoroide que não se desintegra completamente ao entrar na atmosfera de um
planeta e alcança a superfície. Os meteoritos que caem na Terra variam de partículas milimétricas a
objetos com algumas toneladas;
- meteoro – fenômeno luminoso que ocorre quando um meteoroide atravessa a atmosfera da Terra.
Na cultura popular, os meteoros são chamados de “estrelas cadentes”.

Século VIII – O monge e erudito inglês Alcuíno de York (c. 735-804), ao dirigir em Paris a reforma
educacional proposta pelo imperador franco-alemão Carlos Magno (742-814), defende a ideia de
um modelo geo-heliocêntrico para o Sistema Solar, nos moldes do que havia sido proposto por
Heráclides do Ponto.

723 – O monge inglês Beda, o Venerável (c. 673-735), termina “De temporum ratione” (Sobre o
cálculo do tempo”), um texto influente que fornece aos religiosos os conhecimentos astronômicos
práticos necessários para calcular a data da Páscoa. Essa obra constitui parte importante da
educação dos clérigos até bem depois do surgimento das primeiras universidades, no século XII.
760 – “No vigésimo ano do reinado de Constantino”, escreve Alexandre Guy Pingré, “um cometa
muito brilhante, semelhante a uma barra de ferro incandescente, apareceu durante três dias do lado
do Oriente, e em seguida durante 21 dias no Ocidente”. Os registros dos chineses não deixam
dúvidas: trata-se do cometa Halley.
Periélio provável: 20 de maio.

Século IX – Sob o patrocínio do califa al-Mamun (786-833), tem início a observação astronômica
sistemática entre os árabes. Em vários observatórios, de Bagdá a Damasco, são realizadas
observações detalhadas do Sol, da Lua e dos planetas.

Século IX – Técnicas rudimentares para determinar as posições dos planetas circulam na Europa
ocidental. Estudiosos da época reconhecem que elas contêm falhas, mas textos descrevendo essas
técnicas continuam sendo copiados, o que reflete interesse nos movimentos dos planetas e no seu
significado astrológico.

807 (17 de março) – O monge beneditino Adelmus observa uma grande mancha solar, visível
durante oito dias. Ele pensa estar vendo um trânsito de Mercúrio.

809 - Astrônomos reunidos por Carlos Magno (742-814) na sua corte em Aachen (Alemanha) dão
início à elaboração de um compêndio astronômico conhecido como “Compilação de Aachen de
809-812” ou “Manual de 809”. Os astrônomos são encarregados de fazer uma revisão dos
conhecimentos contemporâneos sobre o céu, mas o verdadeiro objetivo do rei é cristianizar o que
considera uma tradição científica “pagã”. Para isso, a estratégia utilizada é manter tanto quanto
possível os textos dos autores clássicos, mas com o cuidado de alterar alguns detalhes que causam
preocupação à doutrina cristã do início da Idade Média.
Um dos principais autores do compêndio é (Santo) Adelardo de Corbie (751-827), primo de Carlos
Magno, que contribui com dois textos: “De ordine ac positione stellarum in signis”, um catálogo
com 42 das 48 constelações listadas por Ptolomeu, e “Excerptum de astrologia”, um resumo do
poema “Fenômenos”, de Arato.

c. 820 – O persa al-Khwarizmi (c. 780-c. 850) escreve “Zij al-Sindh”, primeira obra significativa da
astronomia islâmica. Contém tabelas dos movimentos do Sol, da lua e dos cinco planetas então
conhecidos.
O livro é importante porque introduz conceitos ptolomaicos na ciência islâmica e assinala um ponto
decisivo na astronomia daquele povo. Até aqui, os astrônomos muçulmanos se limitavam a
conhecimentos superficiais, traduzindo obras e aprendendo o que já havia sido descoberto por
outros. O trabalho de Al-Khwarizmi marca o começo da utilização de métodos próprios de estudo e
de cálculo.

c. 833 – O persa al-Farghani, conhecido no Ocidente como Alfraganus, escreve “Kitab fi Jawani”,
(“Um compêndio da Ciência das Estrelas”), que fornece um resumo do “Almagesto” e faz
correções nos valores obtidos por Ptolomeu com base em descobertas de astrônomos árabes
anteriores. O livro circula amplamente no Islão e é traduzido para latim no século XII. É popular na
Europa até a metade do século XV.

837 – A passagem do Halley desse ano é bem próxima do Sol (periélio em 28 de fevereiro) e dela
encontramos vários registros (devidos, provavelmente, a seu grande esplendor), tanto nos anais
chineses como em numerosos textos ocidentais, que o assinalam entre 11 de abril e 7 de maio.
Cálculos modernos indicam que o Halley passa a 5,1 milhões de km da Terra, a menor distância
entre todas as passagens observadas. A cauda pode ter-se estendido ao longo de 90° no céu, mas
não há registro astronômico desse fato.

871 – Mercúrio chega a 77,3 milhões de km da Terra, a menor distância em aproximadamente


41.000 anos.

Final do século IX e início do século X – O astrônomo árabe Abu-Abdullah Muhammad ibn Jabir
al-Battani, conhecido como Albatênio (c. 858-929), constrói novos instrumentos astronômicos e
melhora os existentes, tais como relógio de sol, esfera armilar e quadrante mural (quarto de círculo
graduado utilizado para medir a altura dos astros em relação ao horizonte). Com eles, obtém
melhores resultados que os de Ptolomeu, estabelecendo a posição correta do afélio terrestre (ponto
mais distante do Sol) e obtendo valores mais precisos para o ano solar (erro de 2min22s para
menos), para as estações e para a inclinação da eclíptica. Algumas medições que realiza são
superiores às obtidas por Copérnico seis séculos mais tarde.

Século X – O francês Gerbert de Aurillac (c. 946-1003), papa Silvestre II a partir de 999, é um dos
estudiosos europeus que viajam para a espanha e a Sicília (ambas sob dominação islâmica) à
procura dos conhecimentos astronômicos dos povos de língua árabe de que ouvem falar. Lá os
estudiosos encontram métodos práticos para contagem de tempo, cálculo de calendários e utilização
do astrolábio. Jerbert reintroduz na Europa a esfera armilar, desaparecida do velho continente desde
o final da era greco-romana. Além disso, divulga a astronomia e escreve diversos livros sobre o
tema voltados para estudantes.

912 – Alexandre Guy Pingré escreve: “Sob o reinado do imperador Alexandre de Constantinopla,
que durou de 11 de maio de 911 a 7 de junho de 912, viu-se por quinze dias um cometa no
Ocidente. Chamaram-no de Xiphias, pois tinha a forma de uma espada”. Nesse caso, as
observações chinesas e japonesas são contraditórias e por isso é difícil uma clara identificação com
o cometa Halley, embora o periélio desta passagem seja calculado como tendo ocorrido em 18 de
julho.

964 – O astrônomo persa Abd Al-Rahman Al-Sufi (903-986) estabelece o “livro das estrelas fixas”,
que permite à astronomia moderna úteis comparações para a pesquisa das variações de brilho das
estrelas. Os nomes árabes de algumas delas, dados por ele, ainda hoje permanecem: Aldebaran,
Altair, Betelgeuse, Rigel... Neste livro, Al-Sufi faz o primeiro registro conhecido da Grande Nuvem
de Magalhães e da galáxia de Andrômeda. São as primeiras galáxias (excluída a Via Láctea)
observadas a partir da Terra.

989 – A passagem do Halley é relatada tanto na Europa quanto na China. Os textos chineses falam
de dois cometas. O periélio do Halley, segundo cálculos modernos, ocorre em 5 de setembro.

Século XI – O astrônomo árabe Abu Ali al-Hasan Ibn Al-Haytham (965-1040), conhecido no
Ocidente como Alhazen ou Alhacen, publica "Sobre A Luz da Lua", obra em que faz estudos
sistemáticos do satélite da Terra, aplicando pela primeira vez matemática astronômica ao estudo da
física.
No livro “Al-Shuku ala Batlamyus” ("Dúvidas sobre Ptolomeu"), publicado em algum momento
entre 1025 e 1028, critica vários aspectos da cosmologia do autor do Almagesto. Considera absurdo
o fato de Ptolomeu ter tentado explicar movimentos reais dos corpos celestes com pontos, linhas e
círculos matemáticos imaginários. Contudo, mantém o modelo geocêntrico da cosmologia
ptolomaica.
Em "Sobre a Via Láctea, postula que, contrariamente ao que Afirma Aristóteles, a Via Láctea não é
um fenômeno atmosférico, mas está distante da Terra.
Alhazen é um dos primeiros a desenvolver o método científico experimental em que se baseia a
ciência moderna. Distingue a astrologia da astronomia e condena a utilização de teorias
exclusivamente empíricas para explicar descobertas científicas.

Século XI – O médico e filósofo persa Abu-Ali al-Husain ibn Abdullah Ibn Sina, conhecido como
Avicena (980-1037), critica o conceito aristotélico de que a luz das estrelas provém do Sol e
defende a hipótese de que todos os corpos celestes têm luz própria.

Século XI - Hermann de Reichenau (1013-1054) escreve em latim sobre fabrico e usos do


astrolábio, e Walcher de Malvern utiliza o astrolábio para observar o tempo dos eclipses, a fim de
verificar a precisão dos cálculos da data da Páscoa.

Século XI - O estadista e cientista multidisciplinar chinês Shen Kuo (1031-1095), além de ser a
primeira pessoa na História a descrever uma bússola, faz medições precisas da distância entre a
Estrela Polar e o norte real, estudo esse que contribui para aperfeiçoar a navegação. Além disso,
juntamente com o astrônomo Wei Pu, Shen Kuo realiza um projeto de observação do céu noturno
ao longo de cinco anos consecutivos, um trabalho tão intensivo que pode ser comparado ao de
Tycho Brahe na Europa do século XVI.

1006 (30 de abril) – Terceiro registro de supernova (SN 1006)observada na Via Láctea, na
constelação do Lobo (as anteriores foram as supernovas de 185 e de 393). Os chineses afirmam tê-
la avistado durante mais de dois anos. Distante 7.200 anos-luz, chega a atingir a magnitude
aparente -7,5, sendo a estrela mais brilhante já observada a olho nu.

1032 (24 de maio) – O astrônomo, médico e filósofo Avicena (c. 980-1037) faz o primeiro registro
conhecido de um trânsito de Vênus. Ele conclui que Vênus está mais perto da Terra que o Sol e
estabelece que, pelo menos às vezes, a órbita de Vênus é interna à da Terra relativamente ao Sol.
Alguns estudiosos modernos põem em dúvida o fato de Avicena ter tido condições de visibilidade
para observar este trânsito.
Trânsito de Vênus é a passagem deste planeta entre a Terra e o Sol, ocultando uma pequena parte
do disco solar. O efeito é semelhante ao de um eclipse do Sol pela Lua, mas em menor escala,
devido à distância muito maior do planeta em relação à Terra, comparada com a do nosso satélite.
Para que um trânsito desse tipo ocorra, é necessário que Vênus, O Sol e a Terra estejam alinhados.
Os trânsitos de Vênus se repetem em ciclos de 243 anos. Ocorrem aos pares, com intervalo de oito
anos, e cada par separado do seguinte por 121,5 ou 129,5 anos. Atualmente, ocorrem em junho ou
em dezembro (essa configuração muda ao longo de uma escala de milhares de anos).

1054 (4 de julho) - Os anais astronômicos chineses registram o aparecimento, na constelação do


Touro, de uma supernova tão brilhante (magnitude aparente -6) que é visível de dia (durante 23
dias) e pode ser vista no céu noturno por 653 dias (até abril de 1056). Essa supernova dá origem à
nebulosa do Caranguejo, que tem 11 anos-luz (104 trilhões de km) de diâmetro e está distante de
nós 6.500 anos-luz. Também é observada por astrônomos árabes, coreanos e japoneses.

1066 – Em abril, um grande cometa aparece na Europa e é considerado o anúncio e a causa da


morte do rei anglo-saxão Haroldo II (ocorrida em 14 de outubro, na Batalha de Hastings), conforme
foi perpetuado na célebre tapeçaria de Bayeux. Nesse trabalho, encontra-se a primeira
representação gráfica de um cometa, observado com terror por um grupo de pessoas. A passagem
do Halley é seguida e registrada com precisão na China, com periélio em 20 de março. Registros da
época afirmam ter o cometa atingido magnitude aparente quatro vezes superior à de Vênus.
1074 – O poeta, matemático e astrônomo persa Omar Khayyam (1048-1131) monta um
observatório e conduz trabalhos visando a compilar tabelas astronômicas, tendo também
contribuído para a reforma do calendário Persa. Ademais, ele calcula a duração do ano como sendo
de 365,24219858156 dias, valor preciso até a sexta casa decimal.

Século XII – Estudiosos continuam viajando para a Espanha e a Sicília à procura de textos
astronômicos e astrológicos mais completos, que eles traduzem do árabe e do grego para o latim,
aumentando assim o conhecimento sobre astronomia na Europa ocidental. A chegada desses
“novos” textos coincide com o desenvolvimento das universidades na Europa medieval, onde
encontram ambiente propício para divulgação.

1106 (2 de fevereiro) – Um grande cometa (formalmente denominado X/1106 C1) torna-se visível,
sendo a passagem registrada na Europa (País de Gales e Inglaterra) e na Ásia (Coreia, Japão e
China). É observado até a metade de março.

1129 – O monge e cronista inglês John de Worcester (morto c. 1140) descreve observações de
manchas solares.

1145 – As observações chinesas assinalam um cometa visível de abril a junho. Na Europa, o astro é
observado por um longo período a partir de maio. Uma passagem do Halley ocorre nesse ano, com
periélio em 18 de abril.

c. 1150 – O italiano Geraldo de Cremona (c. 1114-1187) traduz o “Almagesto”, de Ptolomeu, do


árabe para o latim, o que leva a Igreja Católica a adotar o livro como um "texto aprovado".
Praticamente desconhecido no Ocidente nesta época, O “Almagesto” havia sido traduzido para o
árabe a partir do século IX, sendo Sahl ibn Bishr (c. 786-c. 845) considerado o primeiro tradutor.
A tradução de Cremona possibilita a “redescoberta” do “Almagesto” na Europa.

1178 (18 de junho) – Monges ingleses afirmam ter visto uma explosão na Lua, descrita em uma
crônica por Gervase de Canterbury (1141-1210).

1181 (agosto) – Os chineses e os japoneses registram uma supernova na constelação de Cassiopeia,


que permanece visível durante 185 dias. A magnitude mínima é -1, e a distância à Terra é estimada
em 25.000 anos-luz.

1222 – A passagem de um cometa é registrada na China e na Europa entre setembro e outubro. As


interpretações ocidentais associam-no à morte, em 1223, do rei francês Filipe II (n. 1165). Esse
cometa é, possivelmente, o Halley, cujo periélio ocorre em 28 de setembro.

c. 1230 – O monge (provavelmente inglês, talvez escocês ou irlandês) Johannes de Sacrobosco (c.
1195-c. 1256) publica “Tractatus de Sphaera” (Tratado sobre a Esfera”), livro em quatro capítulos
que apresenta elementos básicos de astronomia: conceito de esfera, aplicado inclusive à Terra,
movimentos planetários, causas dos eclipses... Inspirado em grande parte no “Almagesto”, de
Ptolomeu, e acrescentando ideias da astronomia árabe, torna-se uma das obras mais influentes na
Europa antes de Nicolau Copérnico e livro de leitura de todas as universidades importantes da
Europa ocidental pelos quatro séculos seguintes.

1235 – No livro “De Anni Ratione”, Johannes de Sacrobosco faz críticas ao calendário juliano,
afirmando que há nele um erro de dez dias em relação ao tempo solar real e que algum tipo de
correção precisa ser feito. Embora não faça sugestões para corrigir esse erro de dez dias já
acumulado, propõe que, no futuro, um dia passe a ser eliminado do calendário a cada 288 anos.
Neste livro, Sacrobosco divulga a informação falsa de que o imperador romano Augusto tirou um
dia de fevereiro e o incorporou ao mês que leva seu nome (Augustus) para que este mês não tivesse
menos dias que aquele que homenageia Júlio César (Iulius).

1252 – São publicadas, com o patrocínio do rei de Castela e Leão Afonso X (1221-1284), as
chamadas "Tabuas Afonsinas”, que apresentam cálculos para as posições do Sol, da Lua e dos
planetas em relação às estrelas fixas a partir de 1º de janeiro desse ano. Constituem uma revisão e
uma melhoria das tabelas Ptolomaicas, tendo sido as melhores tabelas afins disponíveis durante a
Idade Média e não são substituídas durante mais de três séculos. Os dados astronômicos acerca da
posição e do movimento dos planetas contidos nessas tábuas são compilados em Toledo por
aproximadamente cinquenta astrônomos, reunidos pelo rei para esse fim.

1259 – O filósofo, matemático e astrônomo persa Nasir ad-Din at-Tusi (1201-1274) termina, com a
ajuda de astrônomos chineses, um observatório construído em Maragheh (atual Irã). O observatório
conta com vários instrumentos, destacando-se um quadrante mural de 4m feito de cobre e um
quadrante de azimute inventado por ele mesmo. Usando com precisão os movimentos planetários,
ele modifica o modelo do sistema planetário de Ptolomeu, baseado em princípios mecânicos. O
observatório e sua biblioteca se tornam um centro para um largo alcance de trabalho em ciência,
matemática e filosofia.
Nasir ad-Din at-Tusi afirma que a Via Láctea é formada por um grande número de estrelas bastante
próximas entre si e a distância em relação à Terra confere o aspecto leitoso com que é vista. Isso
será confirmado em 1610 por Galileu Galilei, no livro “Sidereus Nuncius”.

1264 (julho) – Um cometa muito brilhante (formalmente, C/1264 N1) aparece na Europa e
permanece visível até o começo de outubro. Durante o período de maior esplendor (final de agosto
e início de setembro), pode ser visto durante o dia (pela manhã).
Cronistas da época relatam vários eventos significativos ocorridos na Europa nesse tempo e
relacionam o surgimento do cometa especialmente à morte do papa Urbano IV (Jacques Pantaléon,
n. c. 1195), que teria se sentido doente no mesmo dia em que o astro foi visto pela primeira vez e
morrrido no dia em que ele desapareceu: 2 de outubro. Há registros dizendo que “o prodígio de
uma estrela cabeluda” trouxe a doença do papa e saiu sorrateiramente depois da conclusão do
trabalho.

1301 – Vários historiadores relatam a passagem, entre setembro e outubro, de um cometa muito
luminoso, que é visto por seis semanas. Provavelmente, essa passagem do cometa Halley (com
periélio em 25 de outubro) inspira o pintor Giotto di Bondone (1267-1337) quando retrata o astro
em seu afresco Adoração dos Reis Magos, de 1304.

1330 – O matemático e astrônomo judeu francês Levi Ben Gerson (1288-1344) constrói o
instrumento denominado balestilha ou "bastão de Jacob", com o objetivo de determinar ângulos
para utilização em navegação. O ângulo entre o horizonte e o Sol permite calcular a latitude em que
determinado navio está; o ângulo entre o horizonte e a Estrela Polar possibilita aos marinheiros
orientar-se durante a noite. O ângulo entre o topo e a base de um objeto fornece uma referência
para calcular a distância do objeto em questão.
Alguns estudiosos atribuem a invenção da balestilha ao também judeu francês Jacob ben Machir
ibn Tibbon (c. 1236-c. 1304).
Posteriormente, a balestilha é substituída pelo sextante, cujos resultados são mais precisos.
1377 – No “Livre du ciel et du monde” (Livro do Céu E do Mundo), o francês Nicole d’Oresme (c.
1320-1385), bispo de Liseux, afirma que nem as Escrituras Sagradas nem os argumentos físicos
contra o movimento da Terra são conclusivos e invoca a simplicidade a favor da teoria de que é a
Terra que se move, e não o céu. Contudo, ele conclui: “Todo mundo sustenta, e eu mesmo acredito,
que o céu se move, não a Terra; porque Deus criou o mundo, que não deve se mover”.

1378 – Embora seguida tanto na Europa quanto na China por seis semanas, essa passagem do
cometa Halley não é tão brilhante quanto a anterior. O periélio ocorre em 10 de novembro.

1424 – O astrônomo e matemático mongol Ulugh Beg (1394-1449) inicia a construção (terminada
cinco anos depois) de um observatório em Samarcanda (no atual Uzbequistão). Em suas
observações, ele descobre vários erros nos cômputos de Ptolomeu, cujas figuras ainda estavam
sendo usadas, e também nos cálculos dos árabes. Seu catálogo estelar de 994 estrelas (1437) é
considerado o melhor em todo o período que vai de Ptolomeu (século II) a Brahe (século XVI).
Ulugh Beg é decapitado por seu filho mais velho, 'Abd al-Latif, e depois disso o observatório cai
em ruínas. Escrito em árabe, seu trabalho não é lido pela geração subsequente de astrônomos do
mundo. Quando suas tabelas são traduzidas para o latim com o título "Tabulae longitudinis et
latitudinis stellarum fixarum ex observatione Ulugbeighi" e editadas em Oxford por Thomas Hyde,
em 1665, suas observações pré-telescópicas estão ultrapassadas.

1440 – o astrônomo, matemático e filósofo alemão, Cardeal Nicolau de Cusa (1401-1464), publica
o livro "De Docta Ignorantia" (Sobre A Douta Ignorância), no qual afirma que a Terra gira em
torno de seu eixo e em torno do Sol, que o Universo é infinito e que as estrelas são outros sóis com
planetas habitados. Há ainda nesse livro uma ideia revolucionária: o princípio cosmológico
segundo o qual o observador verá o Universo girar em torno de si em qualquer parte dele em que
esteja, isto é, no Sol, na Terra, na Lua, em qualquer planeta ou mesmo estrela. Ou seja, o Universo
não tem um centro propriamente dito, estando o centro do Universo em qualquer lugar.

1442 - É completado o antigo Observatório de Pequim, onde astrônomos das dinastias Ming (1368-
1644) e King (1644-1912) elaboram relatórios para o imperador. Uma vez que o imperador é
considerado filho do céu, os movimentos dos corpos celestes são uma questão de importância
capital para os chineses de então.
Na segunda metade do século XVII (década de 1670), o observatório é reconstruído e
completamente reequipado sob a supervisão do jesuíta flamengo Ferdinand Verbiest
(1623-1688).
Durante a Rebelião dos Boxers (1899-1901), levantamento popular antiocidental e anticristão,
integrantes da vitoriosa Aliança das Oito Nações roubam do observatório alguns instrumentos, os
quais são devolvidos à China, depois da Primeira Guerra Mundial, pelos governos da França e da
Alemanha.
Atualmente, nas instalações do antigo Observatório de Pequim funciona um museu.

1453 (29 de maio) - A tomada de Constantinopla (atual Istambul) pelo Império Otomano
(islâmico), depois de um cerco de 53 dias (desde 6 de abril), marca o fim do Império Bizantino
(Império Romano do Oriente) (cristão) e da Idade Média. Após a conquista, muitos cristãos gregos
fogem da cidade e emigram para a Europa Ocidental (sobretudo para a Itália), levando consigo
conhecimentos e documentos da era greco-romana (o grego era a língua oficial do império
Bizantino desde 620). esses textos impulsionam significativamente a Renascença italiana. Entre
eles há tratados de astronomia, cuja tradução para latim contribui decisivamente para o
desenvolvimento dessa ciência.
1456 – O aparecimento do cometa Halley desse ano ocorre em junho (periélio no dia 9), e o cometa
se encontra em posição tal que seu esplendor é extraordinário. As observações são numerosas.
Alguns afirmam que o papa Calisto III (Alfonso de Borja, 1378-1458) pediu a todos os cristãos que
orassem para afastar o cometa.

1457 - O astrônomo, matemático e fabricante de instrumentos austríaco Georg von Peuerbach


(1423-1461) observa um eclipse e verifica que o fenômeno ocorre oito minutos antes do previsto
pelas Tábuas Alfonsinas, as melhores tabelas de eclipses disponíveis na época. Ele então elabora
suas próprias tabelas de eclipses, denominadas “Tabulae Eclipsium”, que circulam amplamente na
forma de manuscrito a partir de 1459 e são formalmente publicadas em 1514, exercendo grande
influência no meio astronômico por muitos anos.

1471 - O astrônomo, astrólogo, matemático, tradutor e fabricante de instrumentos alemão Johannes


Müller von Königsberg, mais conhecido pelo nome latino Regiomontanus (1436-1476), e o
comerciante, humanista e astrônomo alemão Bernhard Walther
(1430-1504) fundam em Nuremberg o primeiro observatório astronômico importante da Europa. Os
instrumentos utilizados nas observações são todos fabricados por Regiomontanus.
Eles também instalam ali a primeira máquina de impressão destinada à produção de textos
exclusivamente científicos.

1472 - Regiomontanus publica (em Nuremberg) “Theoricae novae Planetarum”, obra elaborada nos
anos 1450 por Georg von Peuerbach (1423-1461). Trata-se da apresentação da astronomia de
Ptolomeu de uma maneira mais simplificada e compreensível, um livro de tanto sucesso que é
estudado mais tarde por astrônomos influentes como Nicolau Copérnico e Johannes Kepler.
“Theoricae novae Planetarum” é o primeiro livro de astronomia impresso no mundo.
Os tipos móveis para impressão, desenvolvidos a partir de 1439 pelo alemão Johannes Gutenberg
(c. 1398-1468), causam uma revolução sem precedentes na divulgação do conhecimento. Os livros,
antes copiados à mão, um por um, e por isso mesmo extraordinariamente caros e difíceis de
conseguir, passam a ser produzidos aos milhares e chegam aos lugares mais distantes em pouco
tempo para os padrões da época.

1475 – O papa Sixto IV (Francesco della Rovere, 1414-1484) pede a Regiomontano para efetuar
estudos sobre a reforma do calendário, mas o astrônomo alemão morre no ano seguinte, sem
realizar a tarefa.

1478 – O judeu espanhol Abraham Zacuto (1452-c. 1515) conclui “O Grande Livro”, tratado
astronômico escrito em hebraico, composto de 65 tabelas detalhadas (efemérides), computadas a
partir de 1473. Em 1496, uma tradução em latim é publicada em Portugal com o título “Tabulae
tabularum Celestium motuum sive Almanach perpetuum”.
Zacuto também inventa um novo tipo de astrolábio, apropriado para medir latitudes em alto-mar,
por ser de operação mais simples.
Tanto o livro como o astrolábio contribuem para melhorar significativamente a precisão das
medições feitas pelos navegantes durante as viagens oceânicas. Em 1497, o navegador português
Vasco da Gama (1469-1524) leva ambos em sua primeira viagem às Índias.
Em astronomia, efemérides são tabelas de valores que fornecem a posição de determinados astros
no céu durante um tempo dado. Podem ser usadas na previsão de eclipses, conjunções, fases da
Lua, etc. Contemporaneamente, as efemérides para o Sistema Solar são essenciais no cálculo das
rotas que as naves espaciais devem seguir.
1492 (16 de novembro) – Um meteorito de 140kg cai em Ensisheim, na Alsácia, e é colocado na
igreja local, onde é conservado até hoje. Trata-se do primeiro registro “oficial” da queda de um
meteorito.

1499 - O navegador espanhol Vicente Yáñez Pinzón (c. 1462-c. 1514) observa a Nebulosa do Saco
de Carvão, a mais proeminente nebulosa escura de todo o céu, facilmente visível a olho nu, situada
na constelação do Cruzeiro do Sul, a aproximadamente 600 anos-luz da Terra. Com diâmetro
compreendido entre 30 e 35 anos-luz (280 e 330 trilhões de km), é conhecida desde a pré-história
no hemisfério sul e tem papel importante em várias culturas aborígenes australianas. Os incas
chamavam esta nebulosa de Yutu, em alusão a um pássaro característico da região andina.

1500 (28 de abril) – Um integrante da esquadra de Pedro Álvares Cabral, João Meneslau,
conhecido como "Mestre João" e que acompanha a frota na condição de "cirurgião e físico", envia
ao rei Português D. Manuel I (1469-1521), por intermédio de Gaspar de Lemos, uma carta na qual
faz referência a suas atividades astronômicas no novo mundo. Refere-se, na mencionada missiva, à
"Cruz", nome pelo qual era conhecido o Cruzeiro do Sul, já observado por Hiparco e por Ptolomeu,
que o consideravam parte da constelação do Centauro. Na "Cruz", Mestre João assinala o fato de
que suas "Guardas", as estrelas alfa e gama, apontam na direção do polo sul celeste, tal qual as
"Guardas" ou "Ponteiros" da Grande Ursa em relação ao polo norte celeste. Talvez por querer
comparar em excesso é que Mestre João escreve ter visto uma estrela "pequena" e "muito clara",
réplica austral da "Polaris" boreal. Mestre João observa ainda as principais estrelas da constelação
do Centauro, do Triângulo (alfa, beta e delta) e do Pavão (beta, gama e delta). Bastante curioso é
que, em sua carta, não tenha Mestre João feito qualquer menção a objetos já conhecidos de
observadores dos céus austrais e que não têm equivalente no hemisfério norte, como as Nuvens de
Magalhães, e que nenhuma palavra tenha dedicado ao "Saco de Carvão", nebulosa escura tão nítida
no Cruzeiro do Sul.

1501 – O indiano Nilakantha Somayaji (1444-1544) conclui “Tantrasamgraha”, uma das obras
mais importantes de toda a astronomia da Índia. Escrito em versos e em sânscrito, o livro (oito
capítulos) apresenta uma síntese do conhecimento astronômico indiano então disponível. Ademais,
propõe um modelo geo-heliocêntrico do Sistema Solar igual ao que Tycho Brahe apresentará no
final do século XVI, em que os planetas (com exceção da Terra) giram em torno do Sol e todos
juntos (o Sol inclusive) orbitam a Terra.

1514 – O astrônomo polonês Nicolau Copérnico (1473-1543) apresenta, pela primeira vez, sua
teoria heliocêntrica no livro “Commentariolus” (Pequenos Comentários) (40 páginas), que circula
apenas entre seus amigos. Escrito provavelmente a partir de 1506, é uma síntese do livro que, três
décadas mais tarde, será publicado como “De Revolutionibus Orbium Coelestium”.

1521 (janeiro) – O veneziano Antonio Pigafetta (c. 1491-c. 1534), integrante da expedição dO
navegador português Fernão de Magalhães (1480-1521) observa as hoje chamadas Nuvens de
Magalhães, duas galáxias-satélites da Via Láctea, durante a primeira viagem bem-sucedida de
circum-navegação da Terra.
A Grande Nuvem de Magalhães, localizada nas constelações de Monte Mesa e Dourado, é a quarta
maior galáxia do Grupo local, depois de Andrômeda (M31), Via Láctea e Triângulo (M33). Tem
massa total equivalente a 10 bilhões de massas solares, está a 163.000 anos-luz da Terra e apresenta
magnitude aparente 0,9.
A Pequena Nuvem de Magalhães, bem menor, é formada por algumas centenas de milhões de
estrelas (A Via Láctea contém entre 200 e 400 bilhões). Localiza-se na constelação de Tucano,
dista da Terra cerca de 200.000 anos-luz e apresenta magnitude aparente 2,7.
1524 – O astrônomo germânico Petrus Apianus (1495-1552) publica “Cosmographicus líber”.
Apesar de ter pouco conteúdo original, baseando-se sobretudo na cosmologia de Ptolomeu, é uma
obra popular até o final do século XVI, com pelo menos trinta edições em catorze línguas.
Ricamente ilustrado, ensina técnicas de navegação com utilização de instrumentos e matemática.

1528 – Primeiro registro conhecido, em língua inglesa, da expressão “blue moon” (“lua azul”),
feito Num panfleto que ataca o clero. Originalmente, lua azul era a terceira lua cheia de uma
estação do ano com quatro plenilúnios. Atualmente, lua azul é a segunda lua cheia de um mesmo
mês, fenômeno que ocorre sete vezes a cada dezenove anos.

1531 – Durante esta passagem do cometa Halley, cujo periélio ocorre em 26 de agosto, Petrus
Apianus observa que as caudas dos cometas estão sempre voltadas para a direção oposta à do Sol.
Os conhecimentos hoje disponíveis permitem explicar esse fenômeno. Quando estão distantes do
Sol, os cometas não têm cauda. À medida que se aproximam da estrela, o vento solar, emissão
contínua de partículas eletricamente carregadas provenientes da coroa, empurra para trás parte da
poeira e dos gases (coma ou cabeleira) que envolvem o núcleo cometário, formando a cauda. O
processo inverso se dá quando, depois de passarem pelo periélio, os cometas se afastam do Sol: o
vento solar empurra na direção dos cometas os gases e poeira que eles arrastam consigo, os quais
voltam a se juntar ao núcleo, e então a cauda desaparece. As caudas dos cometas são, portanto,
fenômenos cíclicos.

1533 - O humanista e teólogo alemão Johann Albrecht Widmannstetter (1506-1557) profere em


Roma uma série de conferências em que resume a teoria heliocêntrica de Copérnico contida nos
“Commentariolus”. As conferências são ouvidas com interesse pelo Papa Clemente VII (Giulio di
Giuliano di Médici, 1478-1534) e diversos cardeais da Igreja Católica.

1536 – O italiano Marcellus Stellatus Palingenius (c. 1500-c. 1543) publica em Veneza, sob o
pseudônimo Pier Angelo Manzolli, "Zodiacus Vitae", poema em latim composto de doze livros,
cada um dedicado a um signo do zodíaco. Nessa obra, Palingenius afirma que o Universo é infinito.

1536 (1º de novembro) – O alemão Nikolaus von Schönberg (1472-1537), arcebispo de Cápua,
escreve uma carta a Nicolau Copérnico, encorajando-o a publicar uma versão completa da teoria
heliocêntrica parcialmente formulada nos “Commentariolus”. Acarta é incluída por Copérnico no
livro “De revolutionibus orbium coelestium”, publicado em 1543.

1540 – Petrus Apianus publica, em Ingolstadt, "Astronomicum Caesareum", que dedica ao


imperador Carlos V (1500-1558). É uma edição ilustrada da concepção cosmológica de Ptolomeu,
constituindo-se num dos trabalhos mais importantes antes do aparecimento da obra de Copérnico.

1540 - O filósofo e humanista italiano Alessandro Piccolomini (1508-1579) publica os tratados


“Sfera del mondo” e “Delle stelle fisse” (“A esfera do mundo” e “As estrelas fixas”, em que adere
às teorias geocêntricas de Ptolomeu.

1540 – O matemático e astrônomo austríaco Georg Joachim von Lauchen, mais conhecido como
Rheticus (1514-1576) publica, em Danzig, “De libris revolutionum Copernici narratio prima”,
conhecido simplesmente como “Narratio Prima” (Primeiro relato), um resumo da teoria
heliocêntrica de Nicolau Copérnico (1473-1543). A recepção favorável do livro encoraja Copérnico
a finalmente publicar “De revolutionibus orbium coelestium”, o que ocorre em 1543.
1543 – Nicolau Copérnico (1473-1543) publica, editado em Nuremberg por Johannes Petreius (c.
1497-1550), com tiragem inicial de quatrocentos exemplares e com a decisiva colaboração de
Rheticus, “De Revolutionibus Orbium Coelestium” (“Sobre as Revoluções dos Orbes Celestes”)
(405 páginas), um dos livros mais importantes da história da ciência (escrito, provavelmente, entre
1506 e 1530). Nele, o astrônomo polonês propõe o heliocentrismo, que coloca o Sol no centro do
Sistema Solar, contrariando o geocentrismo de Aristóteles e de Ptolomeu, e simplifica a
compreensão dos movimentos planetários.
O conteúdo dos seis livros (ou partes) em que está dividido o “De revolutionibus orbium
coelestium” é, em essência, o seguinte:
I – visão geral da teoria heliocêntrica e exposição resumida da cosmologia de Copérnico (capítulos
1 a 11), introdução básica à matemática trigonométrica (capítulos 11 a 14);
II – descrição teórica do princípio da astronomia esférica e uma lista de estrelas, bases para os
argumentos desenvolvidos nos livros seguintes;
III – movimentos aparentes do Sol e fenômenos correlatos;
IV – descrição da Lua, de seus movimentos orbitais e de fenômenos correlatos;
V e VI – exposição propriamente dita do novo sistema e explicações sobre como calcular posições
de objetos astronômicos com base no modelo heliocêntrico.
O universo copernicano é formado por oito esferas. A mais externa compreende estrelas fixas
imóveis, com o Sol imóvel no centro. Os planetas conhecidos orbitam o Sol, cada um na sua esfera.
A lua também tem uma esfera própria, mas orbita a Terra. O que aparenta ser a revolução diária do
Sol e das estrelas fixas ao redor da Terra é, na verdade, a rotação da Terra em torno do próprio
eixo.
A obra inclui cinco postulados que caracterizam o modelo heliocêntrico copernicano: 1. O princípio
metafísico básico é o da perfeição do movimento circular; 2. O centro da Terra não é o centro do
Universo, mas apenas o centro da esfera lunar; 3. O centro do mundo é Próximo do Sol; 4. É a
Terra, e não a esfera das estrelas fixas, que gira em torno de seu eixo a cada 24 horas; 5. A distância
Terra-Sol é muito menor do que a distância Sol-estrelas fixas.
Numa tentativa de diminuir a controvérsia acerca da obra, o teólogo luterano alemão Andreas
Osiander (1498-1552), encarregado de supervisionar a impressão e a publicação, inclui um prefácio
escrito por ele, mas não assinado, no qual afirma que o sistema copernicano é uma ferramenta
matemática para auxiliar na elaboração de cálculos astronômicos, não uma tentativa de declarar a
verdade. Muitos leitores da época pensam que Copérnico trata o heliocentrismo como hipótese, o
que diminui consideravelmente o número e a força das críticas dirigidas ao livro. A linguagem
extremamente técnica, difícil até mesmo para astrônomos experientes do século XVI, também
contribui para reduzir o impacto imediato da obra. É necessário esperar pelo trabalho de Galileu
Galilei, décadas mais tarde, para que “De revolutionibus orbium coelestium” tenha sua importância
plenamente compreendida.
As ideias copernicanas abrem o caminho para o início do desenvolvimento da moderna ciência dos
astros, contribuindo decisivamente para separar a astronomia da astrologia e da teologia.
Juntamente com “De Humani Corporis Fabrica” (Da Organização do Corpo Humano), do holandês
Andreas Vesalius (1514-1564), tratado de anatomia publicado também em 1543, “De
revolutionibus orbium coelestium” marca o início do que muitos historiadores chamam de
“Revolução Científica”, período caracterizado pelo importante desenvolvimento em matemática,
física, astronomia, medicina, biologia e química, e que dá origem à ciência moderna.
A fase final da Revolução Científica é o Iluminismo, movimento intelectual e cultural europeu com
o objetivo declarado de “dissipar as trevas da humanidade por meio das luzes da razão”.

1546 - O sacerdote dominicano e astrônomo italiano Giovanni Maria Tolosani


(c. 1471-1549) escreve “De coelo supremo immobili et terra infima stabili, ceterisque
coelis et elementis intermediis mobilibus”, em que denuncia o modelo heliocêntrico de nicolau
Copérnico como falso e contrário às Escrituras Sagradas. É a primeira reação da Igreja de Roma ao
“De revolutionibus”, e os argumentos de Tolosani são mais tarde ampliados e empregados durante
a deliberação do Santo Ofício que resulta na condenação do heliocentrismo por um decreto da
Igreja Católica (1616).

1549 - O teólogo alemão Philipp Melanchthon (1497-1563), principal colaborador de Martinho


Lutero (1483-1546), critica Copérnico por escrito. Aponta o aparente conflito entre a teoria
heliocêntrica e as Escrituras Sagradas e postula que “medidas severas devem ser adotadas para
conter a impiedade dos copernicanos”.

1551 – o matemático alemão Erasmus Reinhold (1511-1553) publica, com base no modelo
copernicano, novas tabelas astronômicas – as chamadas prutênicas ou prussianas (“Tabulae
prutenicae“, em latim) –, superiores às alfonsinas, que haviam sido publicadas em 1252.

1556 (fevereiro) Um cometa muito brilhante (formalmente, C/1556 D1) aparece na Europa. O
diâmetro aparente é igual à metade do da Lua, e a cauda é descrita como “a chama de uma tocha
agitada pelo vento”.
A trajetória do cometa é observada por Paul Fabricius (1529-1589), um físico e matemático da
corte de Carlos V (1500-1558), imperador do Sacro Império Romano Germânico
(1519-1556).
Este cometa é conhecido como Cometa de Carlos V. Ao avistá-lo pela primeira vez, o imperador
fica horrorizado e fala: “Por meio deste sinal terrível, o meu destino me chama”. O monarca, que já
considerava seriamente a possibilidade de deixar o governo, toma o aparecimento do cometa como
um sinal divino, abdica e se retira para o mosteiro de Yuste, localizado na atual Província de
cáceres, Espanha.
O frei dominicano português Gaspar da Cruz (morto em 1570) relaciona o aparecimento do cometa
ao terremoto catastrófico ocorrido em 23 de janeiro deste mesmo ano em Shaanxi, na China, o mais
mortífero de todos os tempos: entre 820.000 e 830.000 vítimas fatais. Em um livro de 1569, ele se
pergunta se o cometa não teria sido um sinal de calamidade para o mundo inteiro, e não apenas para
a China, e se não poderia ser uma indicação do nascimento do Anticristo.
Alguns estudiosos sugerem que o cometa de 1556 é o mesmo de 1264. Contudo, nada comprova
essa hipótese.

1561 – O Observatório de Kassel (Alemanha) é erguido por ordem do conde Guilherme IV e


funciona ativamente por mais de trinta anos, durante os quais são acumulados numerosos registros
sobre planetas.

1563 – O Concílio de Trento (1545-1563) aprova um decreto determinando a correção do erro (de
dez dias) acumulado pelo calendário juliano ao longo dos séculos, a fim de restituir à normalidade a
fixação da data da Páscoa.

1568 – O papa Pio V (Antonio Michele Ghislieri, 1504-1572) manda publicar um novo Breviário
tentando ajustar as tabelas lunares e o sistema de anos bissextos, pois havia uma diferença de dez
dias entre os anos trópico e juliano, o que interferia na data da Páscoa.

1570 – O Papa Pio V manda publicar um novo Missal tentando, mais uma vez, ajustar as tabelas
lunares e o sistema de anos bissextos.

1570 (15 de fevereiro) – Ocorre uma ocultação de Júpiter por Vênus.


1572 – É inaugurado o Observatório do Colégio Romano, onde o astrônomo e jesuíta alemão
Christopher Clavius (1538-1612) inicia observações regulares.

1572 (11 de novembro) – O astrônomo dinamarquês Tycho Brahe (1546-1601) observa uma
“estrela nova”. Ele havia descoberto uma supernova, que hoje tem o seu nome, na constelação de
Cassiopeia. Oficialmente SN 1572, está distante aproximadamente 8.000 anos-luz e, no momento
de brilho máximo, atinge a magnitude -4.
Embora tenha feito as observações mais acuradas dessa supernova, Brahe não é o único e nem
mesmo o primeiro a registrá-la. A estrela também é vista por Wolfgang Schuler, Thomas Digges
(1546-1595), John Dee (1527-1608), Francesco Maurolico (1494-1575) e Cornelius Gemma (1535-
1578), entre outros.
Na Inglaterra, a rainha Elizabeth I (1533-1603) chama o matemático e astrólogo Thomas Allen
(1542-1632) “para ouvir o parecer dele acerca da nova estrela que apareceu em Cassiopeia”.
Esta supernova é um evento de extraordinária importância na história da astronomia: leva à revisão
de modelos cosmológicos antigos e demonstra a necessidade de produzir catálogos estelares mais
acurados e, consequentemente, instrumentos de observação mais precisos.

1573 – Tycho Brahe publica o livro intitulado "De Nova Stella", (“Sobre A Estrela Nova”) para
registrar a observação por ele feita, no ano anterior, acerca da existência de uma nova estrela nos
céus. Em vista desse livro, eventos assim ficam conhecidos como "novas". Ao analisar suas
próprias medidas e compará-las com as de outros observadores europeus, como as de Thomas
Digges, Tycho Brahe descobre que essa “nova” estrela está muito além da Lua, indicando, portanto,
um rompimento com a tradição aristotélica, segundo a qual tal objeto deveria estar na esfera
sublunar, já que o céu era imutável. Registre-se que Tycho Brahe recusa o modelo de Copérnico
porque ele contradiz a Bíblia e, também, porque não se observam paralaxes anuais das estrelas
(diferenças na posição aparente de uma estrela vista de dois lugares distintos), uma consequência
natural desse modelo.
Em astronomia, “nova” é uma explosão termonuclear causada pela acumulação de hidrogênio na
superfície de uma anã branca. Esse fenômeno é tão luminoso que estrelas invisíveis a olho nu
passam a ser observáveis e aparecem como um brilho repentino no céu. Brahe pensa tratar-se de
uma “estrela nova”, daí o nome. Na verdade, as novas são muito velhas, estrelas prestes a
completar seu ciclo de existência. Os astrônomos estimam que cerca de quarenta novas surgem por
ano na Via Láctea.
Supernovas são explosões mais violentas que as novas, podendo atingir magnitudes absolutas
bilhões de vezes superiores à do Sol. São eventos bem mais raros: estima-se que ocorra um deles a
cada cinquenta anos na Via Láctea.

1575 - O filósofo e astrônomo italiano Aloysius Lilius (ou Luigi Lilio, ou Luigi Giglio) (c. 1510-
1576) envia ao Papa Gregório XIII (Ugo Boncompagni, 1502-1585) uma proposta que, com
algumas modificações, serve de base para o calendário gregoriano. O papa repassa o manuscrito à
comissão para a reforma do calendário (instituída para cumprir uma recomendação do Concílio de
Trento), a qual, em 1577, manda imprimir um resumo intitulado “Compendium novae rationis
restituendi kalendarium” (Compêndio de um novo plano para a restituição do calendário), que
circula entre autoridades da Igreja Católica para consulta.
A reforma do calendário é promulgada pelo papa em fevereiro de 1582.

1576 – O astrônomo inglês Thomas Digges (1546-1595), o Primeiro a romper com a ideia das
esferas fixas de Ptolomeu, considerando-os objetos a diferentes distâncias mas uniformemente
distribuídos no espaço, decide escrever e anexar um suplemento a uma obra de seu pai, Leonard
Digges (1520-1559), intitulada “Prognostication Everlasting”. O suplemento, escrito para divulgar
a teoria heliocêntrica de Copérnico, da qual Thomas Digges é um dos mais apaixonados defensores
na Inglaterra, intitula-se “A Perfit Description of the Coelestial Orbits” (Uma descrição Completa
das Esferas Celestes) e acaba se tornando um dos trabalhos científicos mais populares na Inglaterra
da época, a ponto de merecer pelo menos sete edições entre 1586 e 1605. A remoção das esferas
fixas, indicando que as estrelas não se acham sempre à mesma distância do Sol, mas se distribuem
pelo espaço infinito, constitui uma ruptura radical, que salta de um Universo medieval, finito, para
o Cosmo infinito e uniformemente povoado de estrelas. Efetua-se, dessa maneira, decorridos
apenas trinta anos da revolução copernicana, outra revolução, que abre caminho às modernas
concepções do Universo.

1576 (8 de agosto) – Tycho Brahe começa a construção do mais importante observatório da era pré-
telescópica, chamado Uraniborg (Castelo dos Céus), na ilha de Hven (Suécia). Oito anos mais
tarde, Brahe conclui um segundo edifício com dependências subterrâneas, que visam a proteger os
instrumentos contra a ação dos ventos da ilha.

1577 - O matemático, astrônomo e engenheiro turco Taqi ad-Din Muhammad ibn Ma’ruf (1526-
1585), com o apoio e o financiamento do sultão Murad III (1546-1595), funda em Istambul um dos
mais bem equipados observatórios astronômicos do mundo islâmico (conhecido como Observatório
de Istambul de Taqi ad-Din), mas cuja existência é breve. Meses depois da inauguração do
observatório, um grande cometa (o mesmo observado por Tycho Brahe em novembro) causa
sensação na Turquia, e o sultão pede um prognóstico ao seu astrônomo. Taqi ad-Din prevê que se
trata de “uma indicação de bem-estar e esplendor” e significa a futura conquista da Pérsia. Em vez
disso, porém, um surto de peste irrompe em algumas partes do Império Otomano, e várias pessoas
importantes morrem. Taqi ad-Din ainda tem permissão para continuar com suas observações
durante pouco mais de dois anos, mas por fim os adversários dos prognósticos a partir de
fenômenos celestes prevalecem, e o observatório é destruído em 1580.

1577 (13 de novembro) – Tycho Brahe observa um cometa (oficialmente, C/1577 V1), visível
durante vários meses, e usa a paralaxe para provar (por meio da medida da distância à Terra) que os
cometas são objetos distantes e não fenômenos atmosféricos, como postulara Aristóteles. Ao
atribuir a esses astros uma órbita elíptica (ovalada), Brahe contraria o pensamento dominante desde
a Antiguidade, pois supunha-se até então que as órbitas dos corpos celestes deveriam,
necessariamente, ser circulares, a forma mais perfeita, e a perfeição caracterizaria a região
extralunar.

1582 (24 de fevereiro) – o papa Gregório XIII (Ugo Boncompagni, 1502-1585), assessorado
principalmente pelo jesuíta alemão Christopher Clavius (1538-1612), decreta, por meio da bula
“Inter Gravissimas”, a reforma do calendário juliano. Cria assim o calendário gregoriano, que
vigora até hoje. O novo calendário suprime 10 dias do ano de 1582, saltando imediatamente do dia
4 de outubro (quinta-feira) para o dia 15 (sexta-feira) do mesmo mês. Ainda segundo as reformas
instituídas por Gregório XIII, suprimem-se três dias a cada 400 anos. Para isso, convenciona-se que
são bissextos os anos divisíveis por 4. Adota-se, no entanto, um critério especial para os anos de
final de século: são bissextos apenas aqueles cujas centenas são divisíveis por 4 (1600, 2000). Os
anos 1700, 1800 e 1900, por exemplo, não foram bissextos, porque 19 não é divisível por 4; já o
ano 2000 foi bissexto, porque 20 é divisível por 4. Os ciclos se repetem completamente a cada
146.097 dias, o que corresponde a exatos 400 anos ou a 20.871 semanas. A duração média de um
ano, ao longo de um desses ciclos, é de 365,2425 dias, ou 365d5h49min12s.
Considerando que o ano trópico médio atual (tempo que o Sol leva para retornar exatamente ao
mesmo ponto no ciclo das estações, conforme visto da Terra - por exemplo, tempo entre dois
equinócios da primavera ou entre dois solstícios de verão) dura 365h48min45,19s, o calendário
gregoriano adianta-se pouco mais de 26s por ano em relação ao tempo solar, o que resulta em um
erro de um dia a cada 3.300 anos, aproximadamente. Contudo, levando em conta os efeitos da
precessão dos equinócios sobre a duração do ano trópico ao longo do tempo, o erro real
aproximado é de um dia a cada 7.700 anos (a título de comparação, o erro do calendário juliano era
de um dia a cada 128 anos). Com o objetivo de tornar o calendário gregoriano ainda mais preciso,
já foi proposto que o ano 4000 e seus múltiplos não sejam bissextos (o que diminuiria o erro anual
de 26s para 5s), mas essa alteração não foi aceita até o momento.
É oportuno registrar que o ano sideral (tempo que a Terra leva para completar uma órbita ao redor
do Sol e retornar à mesma posição em relação às demais estrelas) dura 365d6h9min9,76s, ou seja,
20min24,57s mais que o ano trópico. Uma vez que o calendário gregoriano é um calendário solar, é
o ano trópico (ou ano solar) que serve de base para o cômputo do tempo. A palavra “sideral” vem
do latim “sidus” (estrela).
O calendário gregoriano é proposto num momento de grandes conflitos de ordem religiosa. Assim,
de início, é aceito apenas em países católicos: grande parte da Itália, Espanha, Portugal e Polônia,
logo seguidos (dezembro) de França e partes dos atuais Países Baixos. No Brasil e nas colônias
espanholas, o calendário gregoriano é adotado mais tarde, devido à lentidão nas comunicações com
as metrópoles.
Ademais, embora a reforma gregoriana siga os ritos estritos do catolicismo, a bula não tem
autoridade fora da Igreja Católica e dos Estados papais. As mudanças propostas são, na verdade,
mudanças no calendário civil, o que requer adoção por parte das autoridades civis de cada país para
ter efeito legal. A combinação desses dois fatores (divergências religiosas e aspecto civil) faz com
que o calendário gregoriano seja adotado gradualmente, ao longo de um período que vai até o
século XX.

1584 – A Áustria e partes da Suíça adotam o calendário gregoriano.

1584 – O monge dominicano e filósofo italiano Giordano Bruno (1548-1600), o primeiro a


idealizar uma verdadeira construção cosmológica, indo muito além das limitações de Copérnico e
lançando as bases da moderna concepção do Universo, em seu diálogo intitulado “De L’Infinito
Universo et Mondi” (“Do Infinito Universo e Mundos”), escreve: “Uno, portanto, é o céu, o espaço
imenso, o âmago, o continente universal, a eterna região onde tudo se move. Ali se encontram
inumeráveis estrelas, astros, globos, sóis e terras, que, infinitos, argumentam racionalmente entre si.
O Universo, imenso e infinito, é o composto resultante de tal espaço e de tantos corpos”. Nessa
mesma obra, ao discorrer sobre os sóis e os mundos que povoam o Universo, esforçando-se por não
permanecer num nível demasiadamente abstrato, Giordano Bruno se pergunta se tais sóis seriam
visíveis de alguma forma. A resposta, um pouco indecisa, demonstra ter ele intuído que os outros
sóis não poderiam ser senão estrelas. Esse é um ponto fundamental na história do pensamento
científico: pela primeira vez se considera a natureza física das estrelas, vistas como astros
semelhantes ao Sol, apenas diferentes entre si em termos de brilho aparente, devido às diferentes
distâncias a que se encontram da Terra.

1587 – Tycho Brahe propõe para o Sistema Solar um modelo híbrido, com características
heliocêntricas e geocêntricas. Segundo esse modelo, os planetas então conhecidos (Mercúrio,
Vênus, Marte, Júpiter e Saturno) giram em torno do Sol, e todos juntos, incluindo o Sol, orbitam a
Terra. Sendo Brahe um cientista eminente e tendo convicções religiosas bastante arraigadas, esta é
a fórmula que ele encontra para conciliar o geocentrismo bíblico, defendido pela Igreja católica,
com o heliocentrismo, cuja realidade se torna cada vez mais evidente à medida que os seus estudos
em astronomia progridem

1587 – A Hungria adota o calendário gregoriano.


1590 - O astrônomo, físico e matemático italiano Galileu Galilei (1564-1642) redige De Motu
(Sobre O Movimento), trabalho que, embora jamais publicado pelo cientista, é de importância
capital para o desenvolvimento da ciência. Nele, Galileu propõe que um corpo em queda se desloca
com velocidade uniformemente acelerada, independentemente de sua massa, o que contraria o
princípio aristotélico segundo o qual a velocidade com que um corpo cai é proporcional ao seu
peso. Não obstante o cientista ter feito grande número de experimentos usando vários tipos de
materiais, inclinações e distâncias percorridas, a maioria dos historiadores acredita que os
chamados experimentos de Pisa, segundo os quais ele teria lançado esferas do mesmo material, mas
de massas diferentes, do alto da torre inclinada de Pisa, demonstrando que sempre tocavam o solo
ao mesmo tempo, são apenas imaginários, mesmo tendo sido descritos em biografias do cientista
elaboradas pelo filho, Vincenzo Galilei (1606-1649), e pelo discípulo Vincenzo Viviani (1622-
1703). Galileu também conclui que os objetos mantêm suas velocidades a menos que alguma força
os perturbe, ideia oposta à de Aristóteles, então tida como verdade inquestionável, de acordo com a
qual os objetos tendem a permanecer em repouso a não ser que alguma força atue sobre eles.
Embora hipóteses sobre a inércia tenham sido formuladas anteriormente do ponto de vista
filosófico, esta é a primeira vez que elas são expressas em termos matemáticos e verificadas
experimentalmente. O princípio da inércia de Galileu estabelece: “Um corpo se movendo numa
superfície plana continuará na mesma direção, em velocidade constante, a não ser que seja
perturbado”. Este princípio é posteriormente incorporado às leis do movimento de Newton
(primeira lei).
É o início da gradual perda de credibilidade do geocentrismo de Aristóteles, vigente durante mil e
novecentos anos. Embora Copérnico tenha proposto (1543) um modelo heliocêntrico para o
Sistema Solar, é com Galileu que o heliocentrismo ganha força e se impõe, transformando
radicalmente, para melhor, a compreensão humana do Universo.

1590 (13 de outubro) – Ocorre a única ocultação registrada de Marte por Vênus, observada, em
Heidelberg, pelo astrônomo e físico alemão Michael Maestlin (1550-1631), o mentor de Johannes
Kepler.

1596 – No livro intitulado "Precursor dos Tratados Cosmográficos, contendo o Mistério Cósmico
das admiráveis proporções entre as órbitas celestes e as verdadeiras e corretas razões dos seus
Números, Grandezas e Movimentos Periódicos”, conhecido popularmente apenas como “Mistério
Cosmográfico”, o astrônomo alemão Johannes Kepler (1571-1630) publica os primeiros resultados
de seu modelo planetário, baseado no sistema copernicano.

1596 (3 de agosto) – É descoberta a primeira variação de brilho numa estrela (excluídas as novas e
supernovas), ômicron Ceti, mais conhecida como Mira Ceti, pelo pastor protestante e astrônomo
alemão David Fabricius (1564-1617). Fabricius pensa tratar-se de uma “nova”; em 1638, o
astrônomo frísio Johannes Holwarda (1618-1651) compreende que a variação de brilho é cíclica.
ômicron Ceti é considerada, portanto, a primeira estrela variável descoberta.
Distante cerca de 420 anos-luz, seu brilho varia entre as magnitudes 2,0 e 10,1, completando um
ciclo em aproximadamente 332 dias.
Uma estrela cujo brilho varia contradiz o dogma aristotélico da imutabilidade e da
incorruptibilidade do céu. Essa é mais uma descoberta que contribui para a progressiva perda de
credibilidade do modelo geocêntrico.
Segundo conceitos modernos, estrelas variáveis são estrelas cuja luminosidade apresenta variações
ao longo do tempo. Dividem-se, inicialmente, em intrínsecas (aquelas cuja variação se deve a
alterações das propriedades físicas da estrela) e extrínsecas (cuja variação no brilho resulta de
fatores externos).
Simplificadamente, as variáveis intrínsecas subdividem-se em três categorias:
- pulsantes – as dimensões do astro aumentam e diminuem como parte de um processo evolutivo
natural;
- eruptivas – ocorrem erupções em suas superfícies, como labaredas e ejeções de matéria;
- cataclísmicas – apresentam mudanças extraordinariamente significativas em suas propriedades
físicas (novas e supernovas).
As variáveis extrínsicas, por sua vez, classificam-se em dois grupos básicos:
- binárias eclipsantes – estrelas duplas em que, conforme vistas da Terra, um componente passa
diante do outro e o eclipsa, causando diminuição temporária do brilho estelar;
- rotacionais – apresentam grandes manchas na superfície ou então, devido a uma velocidade de
rotação extremamente elevada, têm formato ligeiramente elíptico.

1598 – Na obra “Astronomiae INstauratae Mechanica”, Tycho Brahe substitui o cattálogo de


estrelas de Ptolomeu, ainda em uso, por um novo catálogo, baseado totalmente em observações
independentes.

1600 – O físico inglês William Gilbert (1544-1603) publica "De Magnete", livro em que afirma ser
a Terra um imenso ímã e defende a infinitude do Universo.
Neste livro estão assentadas as bases para futuras teorias sobre magnetismo e eletricidade.

1600 (17 de fevereiro) – Depois de mais de sete anos de prisão (desde maio de 1592) e de um longo
julgamento, Giordano Bruno é Condenado pela Inquisição por heresia e queimado vivo no Campo
de' Fiori, em Roma.
Três anos depois, todos os livros dele são colocados no “Index Librorum Prohibitorum” (relação de
obras proibidas pela Igreja Católica), criado em 1559 pela Inquisição.

1603 – É publicado em Augsburgo, Alemanha, O primeiro atlas de toda esfera celeste, cujo título
completo é “Uranometria : omnium asterismorum continens schemata, nova methodo delineata,
aereis laminis expressa” (“Uranometria, contendo mapas de todas as constelações, desenhado por
um novo método e gravado em placas de cobre”), mas que fica conhecido simplificadamente como
“Uranometria”, de autoria do advogado e astrônomo alemão Johann Bayer (1572-1625). A palavra
“uranometria” deriva de “uranos”, termo grego para “céu” e pode ser literalmente traduzida como
“medição do céu”, ao passo que a tradução literal de “geometria” é “medição da Terra”.
“Uranometria” é uma obra de referência em astronomia, e neste trabalho Bayer introduz a
designação das estrelas pela sua constelação e por letras gregas na ordem aproximada de brilho
aparente (como, por exemplo, Alfa Centauri). Essa forma de designação estelar é usada até hoje.
Ao todo, “Uranometria” contém 51 mapas estelares: os primeiros 48 referem-se às 48 constelações
ptolomaicas; segue-se um mapa contendo doze constelações dos céus do sul desconhecidas de
Ptolomeu; os dois últimos são, respectivamente, resumos dos hemisférios norte e sul.
É importante ressaltar que este livro aparece ainda antes da introdução do telescópio na
Astronomia, que só ocorre em 1609.

1604 (9 de outubro) – a supernova de Johannes Kepler (oficialmente, SN 1604) é observada na


constelação de Ofiúco. Distante cerca de 20.000 anos-luz da Terra, atinge a magnitude -2,5 e
permanece visível por dezoito meses (inclusive durante o dia, ao longo de três semanas).
Esta é a última supernova observada a olho nu na Via Láctea até hoje.

1607 – Johannes Kepler e Christian Longomontanus (1562-1647, um dinamarquês discípulo de


Tycho Brahe, observam a passagem do cometa Halley, cujo periélio ocorre em 27 de outubro.
1608 (2 de outubro) – O fabricante de lentes e promotor de espetáculos holandês nascido na
Alemanha Hans Lippershey (1570-1619) tenta patentear um telescópio refrator óptico. Mas a
patente não é concedida, porque outros dois fabricantes de lentes holandeses disputam a primazia
da invenção: Zacharias Janssen (nascido entre 1580 e 1588, morto entre 1632 e 1638) e Jacob
Metius (nascido depois de 1571, morto entre 1624 e 1631). A questão dos créditos pela invenção do
telescópio permanece controversa.

1609 - Johannes Kepler publica “Astronomia nova aitiologetos, seu physica coelestis, tradita
commentariis de motibus stellae Martis, ex observationibus G. V. Tychonis Brahe”, conhecido
simplificadamente como “Astronomia Nova”, livro que contém os resultados de anos de
investigação do movimento de Marte, obtidos a partir das medições realizadas por Tycho Brahe. É
uma das obras mais importantes da história da astronomia, apresentando um modelo cosmológico
próprio, diferente dos três então concorrentes: o ptolomaico, o copernicano e o de Tycho Brahe.
Kepler argumenta corretamente que o Sol, e não um ponto imaginário próximo dele (como sustenta
Copérnico) é o centro das órbitas dos planetas.
“Astronomia Nova” apresenta duas das três leis do movimento planetário de Kepler: 1. Os planetas
descrevem órbitas elípticas, com o Sol num dos focos. 2. O raio vetor que liga um planeta ao Sol
descreve áreas iguais em tempos iguais. A primeira lei de Kepler desfaz a crença no movimento
circular dos planetas, vigente desde a Antiguidade, por estar o círculo relacionado à perfeição. A
segunda lei demonstra que a velocidade dos planetas não é uniforme ao longo de suas órbitas, mas
varia de acordo com a distância a que estão do Sol. Kepler chega a essas conclusões porque são as
únicas que se ajustam perfeitamente aos dados orbitais de Marte compilados por Brahe,
incompatíveis com órbitas circulares. Consciente de que se trata de descobertas revolucionárias, ele
opta por descrever meticulosa e prolixamente os cálculos em que se baseia, o que resulta num livro
com mais de 1.650 páginas.

1609 (maio) – Galileu Galilei constrói o primeiro telescópio refrator óptico astronômico
(perspicillum). Trata-se de uma modesta luneta, formada por duas lentes, uma côncava e a outra
convexa, unidas por um tubo de chumbo, capaz de aumentar três vezes os objetos focados. No
entanto, o progresso é rápido, a ponto de, no ano seguinte, Galileu dispor de um telescópio com
capacidade de 33 aumentos.
A partir da utilização destes instrumentos ópticos, tem início a astronomia moderna. O olho
humano deixa de ser o único meio disponível para observar o céu, passando a receber o auxílio de
telescópios cada vez mais potentes.

1609 (26 de julho) – O matemático e astrônomo inglês Thomas Harriot (1560-1621) é o primeiro a
fazer desenhos da Lua com o auxílio de um telescópio, antecipando-se a Galileu Galilei em vários
meses. Esses desenhos, contudo, são publicados apenas muitos anos depois da morte do autor.

1609 (agosto) – Utilizando seu telescópio, Galileu Galilei observa que a Lua possui vales,
montanhas, "mares" e "oceanos".

1610 – Galileu Galilei vê os anéis de Saturno, mas não reconhece que são anéis. Além disso, ele
observa as crateras da Lua, distingue as fases de Vênus e descobre que a Via Láctea é formada por
estrelas. Com isso, Galileu dá início ao principal ramo da astronomia atual, a astrofísica (estudo da
física do universo, incluindo as propriedades físicas dos objetos astronômicos, as interações entre
eles e a dinâmica que os envolve).

1610 (7 de janeiro) – Galileu Galilei redige sua primeira carta descrevendo as observações
telescópicas das crateras e superfície da Lua feitas por ele usando sua luneta com 20 aumentos. Ele
escreve: “... é visto que a Lua não é evidentemente plana, lisa e de superfície regular, como acredita
um grande número de pessoas, mas, pelo contrário, é áspera e desigual. Em resumo, ela está cheia
de proeminências e cavidades semelhantes, mas muito maiores, que as montanhas e vales
esparramados em cima da superfície da Terra”.

1610 (7 de Janeiro) (quinta-feira) – Galileu Galilei descobre dois dos quatro grandes satélites de
Júpiter hoje conhecidos como “galileanos”: Ganimedes e Calisto.
Ganimedes – Diâmetro: 5.268,4km (superior ao de Mercúrio) (é o maior satélite do Sistema Solar);
período orbital: 7,154 dias; distância média do planeta: 1.070.400km; Superfície: 87 milhões de
km2; volume: 76 bilhões de km3; massa: 148,19 quintilhões de toneladas (45% da de Mercúrio,
2,02 vezes a massa da Lua) (é o satélite de maior massa do Sistema Solar); densidade: 1,936g/cm3;
gravidade: 0,146 G (a gravidade da Terra é de 1 G); magnitude aparente: 4,61.
É o único satélite do Sistema Solar em que se conhece a existência de uma magnetosfera. Tem uma
atmosfera tênue, na qual estão presentes oxigênio molecular e ozônio. Acredita-se que exista um
oceano de água salgada 200km abaixo da superfície.
Calisto – Diâmetro: 4.820,6km (segundo maior satélite de Júpiter e terceiro de todo o Sistema
Solar); período orbital: 16,689 dias; distância média do planeta: 1.882.700km; superfície: 73
milhões de km2; volume: 59 bilhões de km3; massa: 107,5 quintilhões de toneladas; densidade:
1,834g/cm3; gravidade: 0,126 G; magnitude aparente: 5,65.
Tem uma atmosfera muito tênue, com presença de dióxido de carbono e provavelmente oxigênio
molecular. É possível que haja um oceano a profundidades superiores a 100km. É um dos corpos
celestes com mais crateras de todo o Sistema Solar.

1610 (8 de janeiro) - Galileu Galilei compreende que uma "terceira lua" vista na noite anterior era,
na verdade, a luz combinada de dois satélites: Io e Europa.
Io – Diâmetro: 3.660 x 3.637,4 x 3.630,6km (quarto maior satélite do Sistema Solar); período
orbital: 1,769 dia; distância média do planeta: 421.700km (é a mais interna das luas “galileanas”);
superfície: 41,910 milhões de km2; volume: 25,3 bilhões de km3; massa: 89,319 quintilhões de
toneladas; densidade: 3,528g/cm3 (é o satélite mais denso do Sistema Solar); gravidade: 0,183 G;
magnitude aparente: 5,02.
Com 425 vulcões conhecidos, é o corpo celeste geologicamente mais ativo do Sistema Solar. Os
vulcões renovam a superfície constantemente, o que explica a quase ausência de crateras de
impacto. Possui altas montanhas, algumas com altitude superior à do Monte Everest. Io tem uma
atmosfera muito tênue, cujo componente principal é dióxido de enxofre.
Europa – Diâmetro: 3.131,6km (o menor dos “galileanos” e o sexto em tamanho do Sistema Solar);
período orbital: 3,551 dias; distância média do planeta: 670.900km; superfície: 30,9 milhões de
km2; volume: 15,93 bilhões de km3; massa: 47,998 quintilhões de toneladas; densidade:
3,01g/cm3; gravidade: 0,134 G; magnitude aparente: 5,29.
Europa é um dos satélites mais planos do sistema Solar, o que indica atividade geológica recente.
Acredita-se que haja um oceano sob a superfície. O principal componente da atmosfera, muito
tênue, é oxigênio molecular.

1610 (13 de janeiro) Galileu Galilei vê ao mesmo tempo, pela primeira vez, os quatro satélites
recém-descobertos.
Ele denomina essas luas jovianas de “Estrelas medicianas”, em homenagem a Cósimo II de Medici
(1590-1621), o quarto grão-duque da Toscana. Simon Marius
(1573-1624), astrônomo alemão que dá a estes quatro satélites os nomes pelos quais são hoje
conhecidos, afirma tê-los observado antes de Galileu, mas a “paternidade” de tal descoberta jamais
lhe foi oficialmente atribuída.
Trata-se dos primeiros corpos celestes até então observados girando ao redor de outro planeta, o
que constitui um grande argumento a favor do heliocentrismo, pois a Terra perde o “status” de
único corpo celeste ao redor do qual orbitam satélites.

1610 (março) – Galileu Galilei publica, em Veneza, editado por Tommaso Baglioni e com tiragem
inicial de quinhentos exemplares, “Sidereus Nuncius” (“Mensageiro Sideral”) e comunica ao
mundo as revolucionárias descobertas que acabara de fazer graças à sua pequena luneta. É um dos
livros mais importantes e influentes de todos os tempos, o primeiro tratado científico escrito com
base em observações telescópicas. Poucos meses antes, no auge de uma frenética atividade de
observação, Galileu escrevera: “Sou infinitamente grato a Deus, que teve a bondade de fazer de
mim o primeiro e o único observador de coisas admiráveis e que por séculos permaneceram
ocultas”.
“Sidereus Nuncius” está dividido em quatro partes, dedicadas, respectivamente, à Lua, às estrelas, à
Via Láctea e aos satélites de Júpiter descobertos dois meses antes.
No que se refere à Lua, Galileu postula que a superfície é irregular e que o satélite tem montanhas
com altitudes superiores a 6.000m, o que contraria a teoria aristotélica da esfericidade perfeita dos
corpos celestes que não a Terra.
O italiano afirma que, com o telescópio, é possível ver ao menos dez vezes mais estrelas que a olho
nu e faz desenhos do cinturão de Órion e das Plêiades de acordo com o que observa. Sustenta
também que é capaz de ver estrelas de 12ª magnitude, seis magnitudes mais débeis que as que estão
no limite da visibilidade humana à vista desarmada.
Outra revelação surpreendente é a de que a Via Láctea, ao contrário do que se pensava, não é um
objeto contínuo e nebuloso, mas está formada por miríades de estrelas, muito distantes e fracas para
serem distinguidas a olho nu, mas perfeitamente visíveis com o telescópio.
Por fim, Galileu oferece uma série de ilustrações e de registros meticulosos das observações das
luas de Júpiter feitas entre o final de janeiro e o início de março.
A repercussão de “Sidereus Nuncius” é enorme. Ensinamentos tidos como inquestionáveis havia
séculos são postos em dúvida, obrigando a uma revisão geral dos conhecimentos sobre Astronomia
e sobre a estrutura do universo.

1610 (depois de março) – Num trabalho intitulado “Dissertatio cum Muncio Sidereo”
(“Conversação com O Mensageiro Sideral”), Johannes Kepler usa o fato de que o céu é escuro à
noite como argumento para provar que o Universo é finito, como que encerrado por uma parede
cósmica escura, rejeitando com veemência a ideia de um Universo infinito recoberto de estrelas,
que nessa época estava ganhando vários adeptos, principalmente depois da comprovação, por
Galileu Galilei, de que a Via Láctea é composta de uma miríade de estrelas. É a primeira
formulação daquilo que mais tarde será conhecido como paradoxo de Olbers.

1610 (agosto) - Em carta a Johannes Kepler, Galileu Galilei se queixa de que alguns filósofos que
discordam do modelo heliocêntrico defendido por ele se recusam até mesmo a olhar pelo
telescópio. Um deles é Cesare Cremonini (1550-1631), aristotélico convicto, considerado um dos
mais proeminentes filósofos do seu tempo.

1610 (setembro) - Galileu Galilei observa Marte, sugerindo, de forma correta, que o planeta não é
perfeitamente esférico, embora não lhe seja possível distinguir detalhes da superfície.

1610 (último trimestre) –Thomas Harriot apresenta os primeiros diagramas sobre as manchas
solares.
Ele também sustenta que as leis de Kepler enunciadas em 1609 são válidas para os cometas,
defendendo a ideia de que estes astros orbitam o Sol.
1610 (26 de novembro) – O astrônomo francês Nicholas-Claude Peiresc (1580-1637) descobre a
primeira nebulosa gasosa, difusa e brilhante, que é hoje conhecida como nebulosa de Órion (M 42),
em torno da estrela Theta Orionis.
Situada a aproximadamente 1.350 anos-luz da Terra, é visível a olho nu (magnitude 4) e tem
diâmetro estimado de 24 anos-luz (227 trilhões de km). A massa é equivalente a 2.000 massas
solares. Nela se encontra o aglomerado estelar do Trapézio.

1611 - Na obra “Dioptrice”, Johannes Kepler faz uma descrição teórica de um telescópio com duas
lentes convexas, capaz de obter resultados melhores do que a combinação de uma lente convexa e
uma lente côncava usada por Galileu Galilei. É o que se chama em astronomia de “telescópio
kepleriano”.

1611 (1º de janeiro) – numa carta dirigida a Giuliano de Medici (1469-1516), Galileu Galilei dá
conhecimento de suas observações sobre as fases de Vênus, o que é mais um indício a favor do
heliocentrismo. O raciocínio de Galileu é o seguinte: De acordo com o geocentrismo, Vênus, assim
como todos os planetas e o Sol, gira em torno da Terra. Considerando que Vênus está mais próximo
da Terra do que o Sol, ele permanece invariavelmente entre estes dois astros. Dependendo do
ângulo em que esteja para um observador aqui na Terra, Vênus pode ser visto ou não, resultando
daí que só existem as fases crescente (quando é visível) e nova (quando não é). No modelo
heliocêntrico, todos os planetas, inclusive a Terra, giram em torno do Sol e, considerando que
Vênus está a uma distância solar menor do que a terrestre, leva menos tempo para completar uma
órbita. Por isso, a cada movimento de translação, ultrapassa o nosso planeta, estando às vezes do
mesmo lado do Sol que a Terra e às vezes do lado oposto, quando pode ser visto com maior nitidez
e atinge a fase cheia. Então, se Vênus tem as quatro fases, como acaba de constatar, e não apenas
duas, conforme propõem os aristotélicos, isso significa que ele gira ao redor do Sol, e não em torno
da Terra.

1611 (14 de abril) – O matemático grego Giovanni Demisiani (morto em 1614) emprega pela
primeira vez a palavra "telescópio", numa festa oferecida pelo Príncipe italiano Federico Cesi
(1585-1630). O termo deriva do grego tele (longe) e skopein (ver).

1611 (13 de junho) – O Astrônomo holandês Johannes Fabricius (1587-1616), filho de David
Fabricius, é o primeiro cientista a publicar informação sobre observações de manchas solares, em
seu “Narração de Manchas Observadas no Sol e a Rotação Aparente delas com o Sol”.

1612 – Galileu Galilei começa a observar Mercúrio, e dos seus escritos deduz-se que ele está
convencido de que esse planeta tem fases, embora seu instrumento não lhe permita observá-las
diretamente.

1612 (5 de janeiro) – O jesuíta alemão Christopher Scheiner (c. 1573-1650) publica as “Cartas de
Apelles”, nas quais expõe o resultado das observações que fizera, a partir do ano anterior, de
manchas solares, atribuindo-as à sombra projetada no Sol por pequenos corpos opacos que,
segundo ele, orbitam a estrela. Portanto, para Scheiner, as tais manchas são apenas uma ilusão de
óptica.
Este livro dá início a uma violenta polêmica com Galileu Galilei.

1612 (15 de dezembro) – Simon Marius é o primeiro europeu a observar a Galáxia de Andrômeda
(M31), localizada na constelação homônima, distante aproximadamente 2,54 milhões de anos-luz
(24 quintilhões de km) e maior galáxia do Grupo Local (diâmetro de 220.000 anos-luz), do qual faz
parte a Via Láctea. Segundo estimativas de 2006, Andrômeda contem 1 trilhão de estrelas e possui
massa equivalente a 710 bilhões de sóis. Com magnitude aparente 3,4, as partes centrais da galáxia
são visíveis a olho nu em noites sem lua. Tal como a Via Láctea, a galáxia de Andrômeda é do tipo
espiral.

1612 (28 de dezembro) – Galileu Galilei registra a observação de um astro luminoso que, mais de
três séculos depois (1980), é identificado por astrônomos estadunidenses como sendo Netuno.
Outra observação semelhante é registrada em 27 de janeiro de 1613.

1613 (abril) – Galileu Galilei publica o livro “Istoria E Dimostrazione Intorno alle Macchie Solare”
(“História e Demonstração em Torno das Manchas Solares”), no qual observações das manchas
solares são utilizadas com o objetivo de provar a existência da rotação do Sol. Ele assume assim,
publicamente, o sistema heliocêntrico de Nicolau Copérnico. Trata-se de uma resposta ao livro de
Christopher Scheiner, acirrando uma polêmica que durará anos.
Uma novidade em relação a esta obra é que ela está escrita em italiano, e não em latim, como era
costume na época. Segundo Galileu, ele pretende que o livro possa ser lido pelas pessoas comuns,
não ficando restrito a letrados que sabem latim. A partir daí, escreverá em italiano todas as suas
obras.
No final desse mesmo ano, em carta ao discípulo Benedetto Castelli (1578-1643), afirma que o
caráter alegórico das Sagradas Escrituras não autoriza conclusões sérias, visto serem destituídas de
qualquer teor científico.

1614 – Simon Marius publica "Mundus Iovialis", descrevendo o planeta Júpiter e suas luas. Na
obra, afirma ter descoberto as quatro maiores luas de Júpiter dias antes de Galileu, dando início a
uma disputa com o cientista italiano.
Neste livro, Marius dá a esses satélites seus nomes atuais: Calisto, Europa, Ganimedes e Io.
Todos são personagens da mitologia grega e têm envolvimento sexual com Zeus (Júpiter).
Calisto - ninfa do cortejo da virgem Ártemis, é seduzida por zeus, que toma para isso a forma de
Ártemis. Ela tem um filho, Árcade. Depois de muitas peripécias, Calisto e Árcade são colocados
por zeus no céu, formando as constelações da Ursa Maior e da Ursa menor.
Europa – Filha de Agenor, rei da Fenícia, é uma jovem de beleza singular. Zeus disfarça-se de
touro branco, rapta Europa e a leva para Creta, onde tem três filhos com ela: Minos, Radamante e
Sarpédon.
Ganimedes – Filho de Trós, rei da Tróade. Zeus se apaixona por ele e envia uma águia para raptálo
e levá-lo ao Olimpo, onde faz dele copeiro real, encarregado de servir néctar a zeus.
Io – Sacerdotisa de Hera, é seduzida por Zeus. Como vingança, Hera (esposa de Zeus) manda atrás
de Io um moscardo, que a pica sem cessar e a obriga a fugir pelo mundo, cruzando mares e
continentes. No Egito, Zeus e Io têm um filho: Épato.
A astronomia se utiliza largamente da mitologia para dar nomes a corpos celestes. Originariamente,
os nomes eram retirados das mitologias grega e romana, mas hoje em dia são muitos os povos que
emprestam seus seres mitológicos para nomear astros.

1615 - O jesuíta português Manuel Dias (1574-1659), radicado na China desde 1610, publica, sob o
nome chinês Yang MaNuo, a obra “Tian Wen Lüe” (Explicatio Sphaerae Coelestis), em que
apresenta aos chineses, na forma de perguntas e respostas, os conhecimentos astronômicos mais
avançados da Europa de então. Neste livro, reeditado e estudado até o século XIX, são feitas as
primeiras referências ao telescópio encontradas na literatura da China.
Deve-se a missionários jesuítas europeus (em missões de evangelização a partir de 1582) a
introdução da astronomia ocidental na China. Eles promovem um amplo intercâmbio cultural,
traduzindo para mandarim textos científicos (astronômicos incluídos) escritos na Europa e vertendo
para línguas europeias produções literárias e filosóficas chinesas. Contudo, o ensino de astronomia
pelos jesuítas é enormemente prejudicado pelos desdobramentos do caso Galileu: depois da
proibição, pela Igreja Católica, da divulgação do heliocentrismo (1616), a Companhia de Jesus
recebe ordens expressas de aderir ao geocentrismo e ignorar as descobertas heliocêntricas de
Copérnico e de seus sucessores, embora a cosmologia de Ptolomeu e de Aristóteles esteja em
franca decadência na Europa.

1615 (janeiro) - O padre carmelita e cientista italiano Paolo Antonio Foscarini (c.
1565-1616) publica “Lettera sopra l’opinione de’ Pittagorici, e del Copernico, della mobilità della
terra e stabilità del sole” (Carta sobre a opinião dos pitagóricos e de Copérnico acerca da
mobilidade da Terra e estabilidade do Sol), obra em que tenta conciliar o heliocentrismo (que
defende) com as Escrituras Sagradas, argumentando que não há contradição entre as “novas” ideias
e a Bíblia.
Em 12 de abril, o Cardeal Roberto Bellarmino (1542-1621) envia a Foscarini e a Galileu Galilei
uma carta, na qual afirma que o heliocentrismo não pode ser ensinado como verdade científica
(apenas como hipótese matemática), sob pena de contrariar disposições do Concílio de Trento.
Galileu ignora as observações de Bellarmino e redige, ainda em 1615, a Carta à Grã-Duquesa
Cristina.

1615 (depois de abril) – Galileu Galilei escreve a Carta à Grã-Duquesa Cristina, dirigida a Cristina
de Lorena (1565-1636) viúva de Ferdinando I de Medici (1549-1609), Grão-Duque da Toscana
(1587-1609). A carta, na verdade um ensaio, faz considerações acerca da relação entre as
descobertas do autor sobre o heliocentrismo e as Escrituras Sagradas. Galileu afirma que, sempre
que uma observação astronômica discordar de uma passagem bíblica, deve-se revisar a
interpretação daquele trecho das Sagradas Escrituras, pois é provável que os homens tenham
analisado equivocadamente o que Deus lhes quis dizer. Argumenta que, se Deus houvesse
pretendido ensinar Astronomia por meio das Sagradas Escrituras, o teria feito. Como não o fez,
cabe aos homens desvendar o Universo e interpretar-lhe a estrutura de acordo com a razão. Ele
escreve ainda: “Eu afirmo que o Sol está localizado no centro das revoluções dos orbes celestes e
não se move, enquanto a Terra gira em torno de si mesma e do Sol. Além disso, eu sustento este
ponto de vista não apenas refutando os argumentos de Ptolomeu e de Aristóteles, mas também
produzindo muitos que comprovam o oposto, especialmente alguns relativos a efeitos físicos cujas
causas provavelmente não podem ser determinadas de outra maneira, bem como inúmeras
descobertas astronômicas. Essas descobertas contestam claramente o sistema ptolomaico e
concordam de modo admirável com esta outra posição, e a confirmam”.
A Carta à Grã-Duquesa Cristina é decisiva para a condenação do heliocentrismo pela Igreja
Católica, no ano seguinte.

1616 – A repercussão das declarações de Galileu sobre o heliocentrismo é tão violenta, e os ânimos
se exaltam a tal ponto que culminam com a inclusão do livro de Paolo Antonio Foscarini (ver 1615,
janeiro) e da obra “De revolutionibus orbium coelestium”, de Copérnico, no “Index Librorum
Proibitorum”. Algumas passagens bíblicas são apontadas como "provas" contra o heliocentrismo,
estando a mais citada delas em Josué, capítulo 10, versículos 12 e 13: "No dia em que Javé
entregou os amorreus aos israelitas, Josué falou a Javé e disse na presença de Israel: "Sol, detenha-
se em Gabaon! E você, lua, no vale de Aialon!" E o sol se deteve e a lua ficou parada, até que o
povo se vingou dos inimigos. No Livro do Justo está escrito assim: "O sol ficou parado no meio do
céu e um dia inteiro ficou sem ocaso".
Outras passagens bíblicas usadas para argumentar que a Terra é o centro do Universo:
Salmo 93, 1: “Javé é Rei, vestido de majestade, Javé está vestido e envolto em poder: o mundo está
firme e jamais tremerá”.
Salmo 96, 10: “Digam às nações: Javé é Rei! Ele firmou o mundo, que jamais tremerá. Ele governa
os povos com retidão”.
Salmo 104, 5: “Assentaste a terra sobre suas bases, inabalável para sempre e eternamente”.
I Crônicas, 16, 30: “Terra inteira, trema na presença de Javé! Ele firmou o mundo, que jamais
tremerá”.
Eclesiastes, 1, 4-5: “Geração vai, geração vem, e a terra permanece sempre a mesma. O sol se
levanta, o sol se põe, voltando depressa para o lugar de onde novamente se levantará”.
Uma passagem bíblica invocada a favor do heliocentrismo está em Jó, 26, 7: “Deus estendeu o céu
sobre o vazio e suspendeu a terra sobre o nada”.
Em 25 de fevereiro, o cardeal Roberto Bellarmino (1542-1621) intima Galileu Galilei a renunciar à
sua afirmação de que a Terra gira em torno do Sol. Ele fica proibido de discutir o heliocentrismo.
Em 5 de março, A teoria de Copérnico é condenada oficialmente pela Igreja. A proposição segundo
a qual o Sol é o centro imóvel do Universo é declarada falsa, filosoficamente absurda e
formalmente herética por uma comissão do Santo Ofício instituída pelo papa Paulo V (Camillo
Borghese, 1552-1621) e presidida pelo cardeal Bellarmino. O livro de Copérnico, apesar de ser
incluído no Index, não é proibido de todo, ordenando-se a elaboração de uma nova edição com a
supressão de passagens consideradas contrárias à fé católica.

1616 – O astrônomo e jesuíta italiano Niccolò Zucchi (1586-1670) substitui a lente de um


telescópio refrator por um espelho parabólico de bronze, mas não obtém bons resultados. É a
primeira tentativa conhecida de construir um telescópio refletor, que Zucchi relata no livro “Optica
philosophia experimentalis et ratione a fundamentis constituta", publicado em 1652.

1618 – O jesuíta e geômetra suíço Johann Baptist Cysat (1587-1657), discípulo do também jesuíta
Orazio Grassi (1583-1654), é o primeiro a estudar um cometa com um telescópio e fornece a
primeira descrição conhecida do núcleo e da coma de um cometa.
Instaura-se uma polêmica acerca dos cometas, tendo de um dos lados Galileu Galilei e do outro
Johannes Kepler e Orazio Grassi. Enquanto o cientista italiano defende a concepção aristotélica da
origem atmosférica, o astrônomo alemão e o religioso sustentam, corretamente, que os cometas são
corpos celestes e pertencem à região extralunar.

1618 – Johannes Kepler, em seu tratado “Epitome Astronomiae Copernicae” (“Síntese da


Astronomia de Copérnico”), fornece uma representação do Universo, segundo a visão de Giordano
Bruno, por meio de uma ilustração na qual as estrelas se distribuem uniformemente sobre um fundo
escuro, e uma letra M, próxima de uma estrela qualquer, indica a posição não privilegiada do Sol,
do nosso mundo (daí a letra M).

1618 (20 de julho) – Plutão atinge o afélio, de acordo com cálculos modernos. Contudo, somente
três séculos mais tarde (1930), o astro é oficialmente descoberto.

1619 – Johannes Kepler publica “Harmonices Mundi (“Harmonia do Mundo”) e postula um vento
solar para explicar a direção das caudas dos cometas. Ele também estabelece (no quinto e último
capítulo) a sua terceira lei empírica do movimento planetário: os quadrados dos períodos de
revolução são proporcionais aos cubos das distâncias médias do Sol aos planetas. Isso significa que,
quanto mais afastado um planeta está da estrela em torno da qual gira, menor é sua velocidade de
translação. Ademais, essa lei kepleriana permite, conhecendo-se o período de translação,
estabelecer a distância a que um planeta orbita uma estrela.
Considerando que a força de gravidade depende da massa dos corpos e da distância a que estão um
do outro, a terceira lei de Kepler será decisiva para a descoberta, várias décadas mais tarde, da Lei
da Gravitação Universal.
1620 – Uma versão revisada do “De revolutionibus orbium coelestium” é formalmente aprovada
pela Igreja. Nove frases que apresentavam o sistema heliocêntrico como correto são omitidas ou
modificadas.

1621 – O astrônomo e padre francês Pierre Gassendi (1592-1655) descreve as auroras boreais,
cunhando também o nome do evento. Trata-se de um fenômeno óptico composto de um brilho
observado nos céus noturnos nas regiões polares, em decorrência do impacto de partículas de vento
solar e da poeira espacial encontrada na via láctea com a alta atmosfera da Terra, canalizadas pelo
campo magnético terrestre. As auroras boreais ocorrem no hemisfério norte, dando-se aos
fenômenos equivalentes do hemisfério sul o nome de auroras austrais.
Genericamente, fala-se em auroras polares, observadas também em outros planetas do Sistema
Solar (Vênus, Marte, Júpiter e Saturno).

1623 (outubro) – Galileu Galilei publica “Il Saggiatore” (“O Ensaiador”), obra na qual demonstra
que as observações astronômicas estão mais de acordo com o heliocentrismo e elabora um
argumento que se torna famoso: “A Filosofia, isto é, a Física, está escrita neste grande livro –
refiro-me ao Universo –, que está sempre aberto ao nosso olhar atento, mas que não pode ser
entendido, a menos que antes aprendamos a compreender a linguagem e a interpretar os símbolos
em que está redigido. Ele está escrito na linguagem da Matemática, e os seus símbolos são
triângulos, círculos e outras figuras geométricas, sem as quais é humanamente impossível entender
uma só palavra. Sem elas, caminhamos a esmo num labirinto escuro. A Matemática é, em suma, a
linguagem de Deus”. Contudo, o principal objetivo de Galileu é ridicularizar as ideias sobre os
cometas defendidas pelo jesuíta Orazio Grassi. Grassi argumenta, corretamente, que os cometas
estão mais distantes da Terra do que a Lua, enquanto Galileu, equivocadamente, concorda com
Aristóteles, que afirma serem eles uma ilusão de óptica, um fenômeno atmosférico. O tom de
Galileu é tão desmedidamente sarcástico qe o cientista faz muitos inimigos entre os jesuítas.

1624 – Numa carta dirigida a Francesco Ingoli (1578-1649), um estudioso de Ravenna (Itália),
Galileu Galilei escreve: “As estrelas fixas, senhor Ingoli, brilham por si mesmas, como já provei
anteriormente, e, portanto, nada lhes falta para poderem ser chamadas sóis”. Galileu concorda, pois,
com as ideias acerca das estrelas defendidas quatro décadas antes por Giordano Bruno.

1627 – Johannes Kepler publica seu último trabalho: "Tabelas Rodolfinas", em homenagem ao
Imperador do Sacro Império Romano Germânico Rodolfo II (1552-1612) e dedicadas à memória de
Tycho Brahe, as quais contêm as observações de Tycho e dele próprio sobre o movimento dos
planetas. Em sua confecção, Kepler utiliza um novo método de cálculo matemático (os logaritmos)
inventado pelo matemático escocês John Napier (1550-1617), em 1614.

1627 – Johannes Kepler faz a primeira previsão conhecida de um trânsito de Vênus, para o ano de
1631 (o fenômeno ocorre em 7 de dezembro). Contudo, os conhecimentos de que dispõe não
permitem prever que o evento não será visível da maior parte da Europa, e consequentemente
ninguém é capaz de usar os cálculos de Kepler para observar o trânsito.
Ele também prevê um trânsito de Mercúrio, que é observado quatro anos mais tarde.

1627 - O advogado alemão Julius Schiller (c. 1580-1627) publica o atlas estelar “Coelum Stellatum
Christianum”, em que substitui as constelações pagãs por personagens da Bíblia: as doze
constelações zodiacais são substituídas pelos doze apóstolos, e as constelações dos hemisférios
norte e sul, respectivamente, por personagens do Novo e do Antigo Testamentos. O Sol, a Lua e os
planetas também ganham correspondentes bíblicos. O atlas é considerado mera curiosidade e não
alcança grande aceitação.
1631 (7 de novembro) – Pierre Gassendi faz a primeira observação de um trânsito de Mercúrio, o
qual havia sido previsto por Kepler.
Ocorre um trânsito quando um planeta, visível da Terra, passa entre esta e o Sol, ocultando parte do
disco solar. É semelhante a um eclipse, e os três corpos celestes (Terra, planeta e Sol) precisam
estar alinhados. Para um observador terrestre, pode haver apenas trânsitos de Mercúrio e de Vênus,
os únicos planetas internos à órbita da Terra.
Trânsitos de Mercúrio ocorrem em maio e em novembro, com a frequência de treze ou catorze por
século.

1632 (fevereiro) – Galileu Galilei publica, em Florença, “Dialogo sopra I Due Massimi Sistemi del
Mondo” (“Diálogo sobre os Dois Máximos Sistemas do Mundo”), com clara inclinação pelo
heliocentrismo, o que contraria uma recomendação expressa do papa Urbano VIII (Maffeo
Barberini, 1568-1644), que havia condicionado a autorização para a publicação da obra a um
tratamento igualitário entre os modelos geocêntrico e heliocêntrico. A violação dessa
recomendação papal provoca a abertura de um processo da Inquisição contra o cientista.
No livro, três personagens dialogam, em quatro jornadas, correspondendo cada uma delas a um dia
de discussão, sobre os dois máximos sistemas do mundo. Salviati defende o modelo copernicano e
expõe as próprias opiniões de Galileu. Simplício representa a corrente oposta, o modelo de
Aristóteles. A capacidade argumentativa dele está bastante abaixo da de Salviati, sendo
amplamente superado por ele nas discussões. Sagredo é o mediador, aquele a quem cabe conduzir a
discussão, mas que nem sempre permanece neutro, apoiando por vezes o heliocentrismo.
Na primeira jornada, discute-se a concepção aristotélica do mundo. Aos pontos de vista de
Simplício, Salviati contrapõe argumentos fornecidos por observações de Galileo, querendo
demonstrar que as leis da Física são as mesmas em nosso planeta e fora dele. Na jornada seguinte,
abordam-se princípios aristotélicos contrários ao movimento da Terra. E Salviati, usando todos os
conhecimentos acumulados por Galileo durante suas inúmeras experiências com objetos em
movimento, sustenta que as teses antigas não fazem sentido. Na terceira jornada, o tema é o céu de
acordo com Aristóteles e Copérnico. Essas três jornadas são preparatórias para a última, a principal,
em que Galileu volta à sua teoria das marés para tentar provar o movimento da Terra. Urbano VIII
sente-se traído, pois Galileu coloca para defender os argumentos caros ao papa um personagem
que, além de se chamar Simplício, é de longe o menos inteligente e capaz dos três que sustentam o
Diálogo.
O livro é proibido em agosto. Em setembro, Galileu é intimado a comparecer perante o Santo
Ofício. Ele envia atestados médicos declarando sérios problemas de saúde, mas são todos
recusados. Por fim, apresenta-se em Roma em fevereiro de 1633. Em abril ocorre a primeira das
três sessões em que o caso Galileu é julgado.

1632 (agosto) – É decidida a construção do Observatório de Leiden (Sterrewacht Leiden, em


holandês, nos Países Baixos, inaugurado no ano seguinte. É o primeiro observatório importante da
era pós-telescópica e o mais antigo atualmente em funcionamento.

1633 (22 de junho) - Diante do Santo Ofício, Galileu Galilei, temendo o agravamento da sua
situação e para evitar uma condenação por heresia (o que poderia significar a morte na fogueira)se
vê obrigado a abjurar (voltar atrás e negar tudo o que escrevera). É considerado “gravemente
suspeito de heresia” por defender a opinião de que o Sol está imóvel no centro do Universo, de que
a Terra não está nesse centro e se move e de que é possível manter uma opinião mesmo depois de
ela ter sido declarada contrária às Sagradas Escrituras. também é condenado à prisão, pena
comutada no dia seguinte para prisão domiciliar pelo resto da vida. Após passar um período com o
arcebispo de Siena, Ascanio Piccolomini (1590-1671), um fervoroso admirador que o trata muito
bem, Galileu é autorizado a voltar a Il Gioiello, uma vila que possui em Arcetri, região adjacente a
Florença, onde reside até a morte (8 de janeiro de 1642). Ele também recebe a ordem de ler uma
vez por semana, durante três anos, os sete salmos Penitenciais (salmos 6, 32, 38, 51, 102, 130 e
143), tarefa que, com permissão eclesiástica, a princípio é assumida pela filha Virginia (1600-
1634), freira (Irmã Maria Celeste), do convento de São Mateus, localizado a curta distância (uns
cem metros) de Il Gioiello.
O “Diálogo sobre os Dois Máximos Sistemas do Mundo” é colocado no Index, de onde só será
retirado dois séculos mais tarde. Todas as obras de Galileu são proibidas, sejam elas passadas ou
futuras, mas ele viola a proibição cinco anos depois.
De acordo com uma história amplamente difundida, após abjurar a teoria de que a Terra se move
em torno do Sol, Galileu teria murmurado: “Eppur si muove” (“E no entanto se move”). Contudo,
essa história começa a circular apenas um século depois da morte do cientista (ver 1757), e não há
evidência de que ele tenha dito algo similar.
A condenação de Galileu Galilei pela Inquisição repercute enormemente, a ponto de ser ainda hoje
o tema de livros, documentários e filmes. A Igreja Católica se retrata oficialmente em 1992.

1634 – É publicado, postumamente, o livro "Somnium sive opus postumum de astronomia lunari",
de Johannes Kepler, que relata uma viagem à Lua feita pelo adolescente Duracotus, personagem
central da narrativa e uma projeção literária do próprio autor. Mescla de autobiografia e de ficção, o
livro é considerado precursor e inspirador da futura novela de aventuras siderais.

1635 – O “Diálogo sobre os Dois Máximos Sistemas do Mundo” é traduzido para latim, com o
título “Systema cosmicum”, pelo filólogo e astrônomo alemão Matthias Bernegger (1582-1640), e
circula clandestinamente na Europa.

1637 – É inaugurado o Observatório de Copenhague, sob a direção de Christian Longomontanus.

1637 - No livro “L’Harmonie Universelle” (A Harmonia Universal), o teólogo francês Marin


Mersenne (1588-1648), conhecido por se corresponder com os principais cientistas de sua época,
apresenta diversos conceitos que formam as bases dos modernos telescópios refletores. Ele sugere,
por exemplo, a combinação de um espelho primário côncavo e um espelho secundário convexo,
configuração adotada mais tarde pelo padre francês Laurent Cassegrain (1629-1693) no modelo de
telescópios que leva seu nome.

1638 - Galileu Galilei publica “Discorsi e dimostrazioni matematiche, intorno a due nuove scienze”
(“Discursos e demonstrações matemáticas, sobre duas novas ciências”), livro em que retoma grande
parte do trabalho realizado ao longo da vida (incluindo o estudo da queda dos corpos). Depois de
fracassadas as tentativas de publicação na França, na Alemanha e na Polônia, a impressão é
realizada por Lodewijk Elzevir, um editor de Leiden, nos Países Baixos, onde a Inquisição tem
pouca força. Na obra, Galileu estabelece os fundamentos da mecânica, praticamente pondo fim à
física aristotélica. É uma espécie de testamento científico, que muitos consideram o livro mais
lúcido de Galileu.

1638 – É publicado (postumamente) “The Man in the Moon” (O homem na Lua), do bispo inglês
Francis Godwin (1562-1633). Juntamente com “Somnium sive opus posthumum de astronomia
lunaris”, de Kepler, é considerado um dos primeiros livros de ficção científica. O enredo gira em
torno de uma viagem do protagonista, Domingo Gonsales, à Lua, onde ele encontra cristãos de
elevada estatura que vivem felizes e livres de preocupações numa espécie de paraíso pastoral. No
prólogo, Gonsales afirma não ser uma viagem à Lua mais fantástica do que era uma viagem à
América em tempos passados.
1639 – O astrônomo e jesuíta italiano Zupus – Giovanni Battista Zupi (c. 1590-1650) – consegue
distinguir as fases de Mercúrio, demonstrando conclusivamente que este planeta orbita o Sol.

1639 (28 de setembro) – O astrônomo e naturalista alemão George Marcgrave (1601-1644)


inaugura, numa das torres do palácio de Friburgo, que Maurício de Nassau (1604-1679) fizera
construir na Ilha de Antônio Vaz (Pernambuco), um observatório astronômico, o primeiro do Novo
Mundo e do hemisfério austral. Aí são igualmente feitas as primeiras observações astronômicas e
meteorológicas sistemáticas do Novo Continente.

1639 (4 de dezembro) – Primeiro registro conhecido de um trânsito de Vênus na Europa, realizado


pelos astrônomos ingleses Jeremiah Horrocks (1618-1641) e William Crabtree (1610-1644).
Horrocks é o primeiro a compreender que os trânsitos de Vênus ocorrem em pares, com oito anos
de intervalo, e, baseado nas observações que realiza, calcula que a distância entre a Terra e o Sol é
de 95,6 milhões de km. Embora muito distante do valor real (149,6 milhões de km), é a estimativa
mais precisa realizada até este momento. Os registros das observações de Horrocks são publicados
em 1661.

1640 (13 de novembro) – Primeiro eclipse da Lua cientificamente acompanhado no novo mundo,
registrado por George Marcgrave a partir de observações feitas no Brasil.

1641 – O astrônomo alemão de origem polonesa Johann Hevelius (1611-1687) inaugura um


observatório (denominado Stellaburgum – “Castelo das Estrelas”) em sua própria casa, em Danzig,
equipando-o com um quadrante azimutal de 1,5m de raio, além de um sextante de 1,8m.

1643 - O físico e matemático italiano Evangelista Torricelli (1608-1647) inventa o barômetro,


instrumento utilizado para medir a pressão atmosférica, que pode ser definida como a força, por
unidade de área, exercida pelo ar contra uma superfície. A pressão atmosférica ao nível do mar (1
atm) é de 101,325 quilopascais (kPa), o que equivale a uma densidade do ar de 1,225kg/m3; ela
diminui com a altitude, sendo de 33,597 kPa (0,406kg/m3 a 8.848m, o que corresponde ao pico do
Monte Everest, o ponto mais alto da Terra. A variação da pressão atmosférica implica também uma
variação proporcional do ponto de fusão e de ebulição dos elementos químicos. A água, por
exemplo, que ferve a 100°c ao nível do mar, atinge o ponto de ebulição a 71°c no topo do Everest.

1643 (9 de janeiro) – O jesuíta italiano Giovanni Battista Riccioli (1598-1671) é o primeiro a


informar o fenômeno conhecido como Luz Pálida de Vênus (em inglês, ashen light). Trata-se de
uma luminescência lânguida no lado noturno do planeta, semelhante ao brilho da Terra na Lua,
embora não tão luminoso. A Luz pálida é observada quando Vênus é visto à noite e a face escura
do planeta está voltada para a Terra. Estudos são mais tarde tentados por algumas missões
espaciais, inclusive pelas sondas Pioneer e pelas sondas russas Venera 11 e 12. O fenômeno ainda
permanece esporádico e a explicação, duvidosa.

1644 – Johann Hevelius confirma as fases de Mercúrio observadas cinco anos antes por Zupus.

1644 – O filósofo e matemático francês René Descartes (1596-1650) aventa a hipótese de que o
Sol, os planetas e os satélites originaram-se a partir de uma nebulosa primordial. Ele também
apresenta, em seu livro “Principia philosophiae” (“Princípios de Filosofia”), a ideia da infinitude do
Universo, por não se poder pensar sobre um limite para a sua extensão. Na mesma obra, ele afirma
que o espaço é a extensão do que se move em torno dos corpos, como também rejeita a existência
do átomo, já que podemos pensar em dividir a matéria ilimitadamente. Rejeita também a ideia de
vácuo, ao considerar o espaço como um "plenum", cheio de matéria da mesma espécie e em
movimento, movimento esse dado inicialmente por Deus. Como não admite a ideia de força de
atração a distância, e considerando que a interação de sistemas físicos só pode ocorrer por contato,
Descartes é levado ao conceito de éter – o seu "plenum" – e, em consequência, formula a teoria dos
vórtices para explicar a gravitação.

1645 – o cartógrafo e astrônomo holandês Michael Florent van Langren (1598-1675) elabora o
primeiro mapa conhecido da Lua.

1645 - O astrônomo italiano Francesco Fontana (1580-1656) afirma ter descoberto um satélite de
Vênus, que bem mais tarde (século XIX) recebe o nome de Neith (deusa egípcia da guerra e da
caça). Diversos astrônomos importantes, entre eles Giovanni Domenico Cassini e Joseph-Louis
Lagrange, relatam ter observado o astro. Em 1887, a Academia de Ciências da Bélgica divulga um
estudo das supostas observações de Neith e conclui que todas elas correspondem a estrelas nas
vizinhanças de Vênus. Neith, portanto, não existe.

1647 – Johann Hevelius publica “Selenographia, sive Lunae descriptio” (“Selenografia, Ou Uma
Descrição da Lua”), obra pela qual é considerado o fundador da topografia lunar ou selenografia.

1650 – Giovanni Battista Riccioli é o primeiro a observar uma estrela dupla (ou binária): Mizar-
Alcor, na constelação da Ursa Maior. Hoje sabe-se que se trata de um sistema estelar múltiplo, com
pelo menos seis componentes (Mizar é quádrupla, e Alcor, dupla). Mizar está distante 82,8 anos-luz
da Terra; Alcor, 81,7 anos-luz.
Estrelas binárias são sistemas estelares formados por duas estrelas que orbitam em torno de um
centro de massas comum (baricentro). Existem também sistemas múltiplos, compostos de várias
estrelas. Pesquisas recentes revelam que grande número de estrelas faz parte de sistemas binários e
múltiplos, o que torna cada vez mais importante o estudo deles em astronomia.
Outro fator relevante é que o estudo das órbitas das estrelas binárias permite calcular as massas
individuais dos componentes e, consequentemente, parâmetros estelares como raio e densidade.

1651 – É editado postumamente o livro "De Mundo nostro Sublunari Philosophia Nova", de
William Gilbert, no qual o cientista defende a rotação da Terra, nega a existência de uma esfera de
estrelas fixas e nega, também, a finitude do Universo.

1651 - Giovanni Battista Riccioli publica "Almagestum novum", ("Novo Almagesto"), obra
enciclopédica em dois volumes, com mais de 1.500 páginas no total, que se torna referência para os
astrônomos de seu tempo. Dividido em dez "livros", contempla quase todos os temas estudados na
astronomia do século XVII.
No quarto "livro" do "Almagestum Novum", Riccioli inclui um mapa da Lua, com observações de
seu aluno Francesco Maria Grimaldi (1618-1663), em que são dados às montanhas lunares nomes
de formações terrestres (Apeninos, Alpes, Cárpatos...), e as crateras mais notáveis recebem nomes
de astrônomos famosos anteriores a ele e contemporâneos. Os “mares” recebem denominações
meteorológicas ou abstratas (Mar da Serenidade, da Fecundidade, da Tempestade, dos Humores...).
Este sistema perdura até hoje e continua servindo de modelo para a nomenclatura da topografia
lunar.

1654 – O siciliano Giovan (Giovanni) Battista Hodierna (1597-1660) publica o primeiro catálogo
de nebulosas, relacionando 41 objetos e tentando dar-lhes classificações em termos de
fundamentação estelar.
Este trabalho é realizado nos moldes do posterior “Catálogo Messier”, mas não desperta grande
interesse entre os cientistas da época.

1654 – O religioso irlandês James Ussher (1581-1656), Arcebispo de Armagh, após o exame de
fontes históricas antigas e das Escrituras Sagradas, conclui que o mundo foi criado às 9h da manhã
do dia 26 de Outubro de 4004 a.C.

1655 (25 de março) – O astrônomo holandês Christiaan Huygens (1629-1695) descobre Titã,
primeiro satélite conhecido de Saturno. Ele o chama simplesmente de “Saturni Luna” (ou “Luna
Saturni”), forma latina de “Lua de Saturno”. O nome Titã é dado apenas em 1847.
DDiâmetro: 5.152km (superior ao de Mercúrio) (é o maior satélite de Saturno e o segundo maior
satélite do Sistema Solar); período orbital: 15,945 dias; distância média do planeta: 1.221.870km;
superfície: 83 milhões de km2; volume: 71,6 bilhões de km3; massa: 134,52 quintilhões de
toneladas (41% da massa de Mercúrio); densidade: 1,88g/cm3; gravidade: 0,14 G; magnitude
aparente: 7,9.
É o único satélite do Sistema Solar com uma atmosfera densa, sendo o nitrogênio o componente
principal. A superfície é geologicamente jovem: embora existam algumas montanhas, é bastante
plana e não tem muitas crateras de impacto.

1656 – Christiaan Huygens identifica os anéis A e B de Saturno como sendo anéis e descobre
formações estelares na nebulosa de Órion. Ademais, é o primeiro a observar sulcos na superfície de
Marte.

1657 – Christiaan Huygens patenteia o primeiro relógio de pêndulo, que desenvolve para satisfazer
a necessidade de uma medida exata de tempo ao longo de suas observações dos céus.

1659 – Christiaan Huygens observa a mancha escura hoje conhecida como Syrtis Major, o primeiro
detalhe da superfície marciana a ser identificado. Trata-se de um planalto com 1.500 x 1.000km,
localizado no hemisfério norte marciano, próximo ao equador.

1660 - É publicado o atlas estelar “Harmonia Macrocosmica”, escrito pelo cartógrafo holandês
Andreas Cellarius (c. 1596-1665) e publicado em Amsterdam por Johannes Janssonius (1588-
1644). Na primeira parte, o atlas contém ilustrações dos modelos cosmológicos de Cláudio
Ptolomeu, Nicolau Copérnico e Tycho Brahe. No final há mapas celestes das constelações clássicas
e cristãs, estas últimas iguais às representadas (1627) por Julius Schiller em seu “Coelum stellatum
christianum”. A obra inclui ainda textos em latim, holandês, alemão e francês. Por conter também
ilustrações representando a visão cosmológica da Igreja Católica de então, o livro não é colocado
no Index Librorum Prohibitorum.

1663 – no livro “Optica Promota”, o matemático e físico teórico escocês James Gregory (1638-
1675) propõe a construção de um telescópio refletor óptico.
Ademais, ele sugere que observações de um trânsito de Mercúrio, feitas a partir de diversos locais
da Terra bastante afastados entre si, poderiam ser usadas para determinar a paralaxe solar e, a partir
dela, a unidade astronômica, ou seja, a distância entre o nosso planeta e o Sol.

1664 (maio) – O inglês Robert Hooke (1635-1703) registra uma mancha em Júpiter, por muito
tempo considerada a Grande Mancha Vermelha, região anticiclônica (sistema de alta pressão)
localizada no hemisfério sul do planeta. Contudo, estudos posteriores sugerem que a estrutura
avistada por Hooke estava, na verdade, no hemisfério norte.
No ano seguinte, Giovanni Domenico Cassini faz uma descrição que se refere,
inquestionavelmente, à Grande Mancha Vermelha.
1665 – O astrônomo francês de origem italiana Giovanni Domenico (ou Jean-Dominique) Cassini
(1625-1712) determina as velocidades rotacionais de Júpiter e de Vênus.

1665 – O astrônomo amador alemão Johann Abraham Ihle (1627-1699) descobre o primeiro
aglomerado globular, M22, em Sagittário. Dista da Terra 10.600 anos-luz e contém pelo menos
70.000 estrelas.
Aglomerados globulares são grupos estelares com forma aproximadamente esférica, com
dimensões médias de cem anos-luz, em cujo interior há grande concentração de estrelas antigas
(podem ser até centenas de milhares). Em geral, estão localizados longe do centro da Galáxia,
havendo mesmo aglomerados globulares extragalácticos. Conhecem-se cerca de 150 aglomerados
globulares na Via Láctea.
Além dos aglomerados globulares, existem os aglomerados abertos, grupos com alguns milhares de
estrelas formadas todas na mesma nuvem molecular gigante. A atração gravitacional entre as
estrelas é fraca, podendo os aglomerados abertos ser rompidos caso se aproximem demais de outros
aglomerados ou de nuvens de gás. Pode ainda haver a “perda” de estrelas, que então passam a ser
solitárias. Essa fraca atração gravitacional faz com que aglomerados abertos existam durante
poucas centenas de milhões de anos, ao contrário dos aglomerados globulares, que podem
sobreviver por muitos milhões de anos. Conhecem-se mais de 1.100 aglomerados abertos na Via
Láctea.
Registre-se que a noção de aglomerados estelares com atração gravitacional entre as estrelas ainda
vai demorar um século; terá início com o trabalho de John Michell, em 1767.

1665 – Giovanni Battista Riccioli publica “Astronomia Reformata”, obra de mais de 700 páginas
em que são retomados, e às vezes atualizados, temas do “Almagestum Novum”. O autor discute
detalhadamente as mudanças na aparência de Saturno ao longo de sua órbita e, na parte dedicada a
Júpiter, existe o registro da observação de uma mancha (provavelmente a Grande Mancha
Vermelha) feita pelo abade Leander Bandtius, em 1632.

1665 (6 de março) - É publicado o número inaugural do Philosophical Transactions of the Royal


Society, o primeiro periódico exclusivamente científico do mundo. Ao longo dos séculos seguintes,
muitas descobertas científicas de importância capital são publicadas, podendo-se mencionar, entre
muitos outros, artigos de Isaac Newton, James Clerk Maxwell, Michael Faraday e Charles Darwin.
Em 1887, a publicação se divide em duas, Philosophical Transactions of the Royal Society A e
Philosophical Transactions of the Royal Society B, dedicadas, respectivamente, a ciências físicas e
ciências biológicas. Ambas ainda são editadas.

1666 –Giovanni Domenico Cassini determina o período de rotação de Marte, concluindo que é de
24h40min (valor real: 24h37min22,7s).
Assinala também a presença de calotas polares em Marte, supondo serem formadas por neve.

1668 – O físico, matemático e astrônomo inglês Isaac Newton (1642-1727) descobre que, fazendo-
se um feixe de luz branca atravessar um prisma de vidro, obtém-se sua decomposição nas sete cores
do espectro visível (as mesmas do arco-íris): vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil e violeta.
O princípio físico em que se baseia a decomposição da luz é a refração: ao atravessar a superfície
de separação entre dois meios transparentes, de índices de refração diferentes, o feixe luminoso
sofre um desvio proporcional ao comprimento de onda da luz.

1668 – Isaac Newton constrói o primeiro telescópio refletor óptico, baseado parcialmente em um
desenho criado, em 1663, por James Gregory.
Os telescópios refletores utilizam espelhos para focalizar a luz e formar imagens. Os telescópios
que fazem isso com lentes são chamados refratores.

1668 – O astrônomo italiano Geminiano Montanari (1633-1687) descobre a primeira binária


eclipsante: Algol, beta de Perseu. Distante 93 anos-luz, sabe-se hoje que se trata, na verdade, de um
sistema triplo.
Binárias eclipsantes são duplas de estrelas em que o plano de órbita de ambas se aproxima de tal
forma da linha de visão do observador que as componentes passam por eclipses mútuos. São
estrelas variáveis, não porque a luz de cada uma varie, mas por causa do movimento eclipsante.

1670 – O astrônomo francês Jean Picard (1620-1682) mede o raio da Terra com uma precisão sem
precedentes, obtendo o valor de 6.328,9km (valor correto do raio polar: 6.356,8km). Essa medição
mais precisa é usada por Newton no aperfeiçoamento da sua lei da gravitação universal.

1671 – Entra em atividade o Observatório de Paris, cuja construção, idealizada por Jean-Baptiste
Colbert (1619-1683) e promovida por Luís XIV (1638-1715), havia tido início em 1667. Por mais
de um século (até 1793), o observatório é dirigido pela família Cassini, que faz dele um dos
principais centros de estudos astronômicos do mundo.

1671 (25 de outubro) – É descoberto o satélite Jápeto, segundo conhecido de Saturno, por Giovanni
Domenico Cassini.
Diâmetro: 1.492 x 1.492 x 1.424,8km (terceiro maior satélite de Saturno e décimo primeiro do
Sistema Solar); período orbital: 79,321 dias; distância média do planeta: 3.560.820km; massa:
1,806 quintilhão de toneladas; densidade: 1,88g/cm3.
O período de rotação, igual ao período orbital (rotação síncrona), é o maior dentre as luas de
Saturno.

1672 – Jean Richter e Giovanni Cassini medem a distância da Terra ao Sol e chegam ao valor de
138.370.000km, mais de 11.000.000 de km abaixo do valor real (149.600.000km).

1672 – O padre francês Laurent Cassegrain (1629-1693) desenvolve o modelo de telescópios que
leva o seu nome. Trata-se de uma combinação óptica formada por um espelho primário parabólico
côncavo e um espelho secundário hiperbólico convexo, cujo resultado é a captação da luz de forma
mais eficiente, o que melhora a qualidade das imagens.

1672 (23 de dezembro) – Giovanni Cassini descobre Reia, terceiro satélite conhecido de Saturno.
Diâmetro: 1.532,4 x 1.525,6 x 1.524,4km (segundo maior de Saturno); período orbital: 4,518 dias;
distância média do planeta: 527.108km; massa: 2,306 quintilhões de toneladas; densidade:
2,236g/cm3.

1675 – O astrônomo dinamarquês Ole Römer (1644-1710) usa a mecânica orbital dos satélites de
Júpiter para estimar que a velocidade da luz é de cerca de 227.000km/s (valor real:
299.792,458km/s).

1675 – Giovanni Cassini verifica que, entre os anéis A e B (mais interno) de Saturno há um vazio,
que recebe o nome de “divisão de Cassini”.

1675 (22 de junho) – É fundado o Royal Greenwich Observatory (Observatório Real de


Greenwich), com o intuito específico de aperfeiçoar instrumentos e desenvolver novos métodos
para a determinação das posições geográficas para a navegação. Projetado por Sir Christopher
Wren (1632-1723), sua construção termina no ano seguinte, sendo John Flamsteed (1646-1719)
nomeado primeiro astrônomo real, cargo que ocupará até o fim da vida.

1678 - É publicado na França o primeiro número de La Connaissance des Temps ou calendrier et


éphémérides du lever & coucher du Soleil, de la Lune & des autres planètes, hoje simplesmente
Connaissance des Temps, o mais antigo periódico com efemérides astronômicas ainda editado.

1679 – O astrônomo inglês Edmond Halley (1656-1742) publica “Catalogus Stellarum


Australium”, um catálogo de 341 estrelas do hemisfério sul, o primeiro levantamento sistemático
do céu desse hemisfério.

1680 (14 de novembro) – O astrônomo alemão Gottfried Kirch (1639-1710) descobre C/1680 V1,
um dos mais brilhantes cometas do século XVII (segundo alguns, visível durante o dia). Conhecido
também como Grande Cometa de 1680 ou Cometa de Kirch, passa a 60 milhões de km da Terra em
30 de novembro. Alcança o periélio (a apenas 898.000km) em 18 de dezembro e, onze dias mais
tarde, atinge o brilho máximo. A última observação ocorre em 19 de março de 1681.
Este cometa é famoso por ter sido utilizado por Isaac Newton para testar e verificar as leis do
movimento planetário de Kepler, fundamentais para a elaboração da sua teoria da gravitação
universal.

1682 – Edmond Halley observa e calcula a órbita do cometa que mais tarde levará seu nome. O
periélio ocorre em 15 de setembro.

1683 - Giovanni Domenico Cassini (1625-1712) apresenta a explicação correta para o fenômeno da
luz zodiacal. Trata-se de um brilho fraco, quase triangular, visível no céu noturno ao longo da
eclíptica, região onde estão as constelações do zodíaco. Corresponde a 60% da luz natural numa
noite sem lua. A causa da luz zodiacal é a dispersão da luz do Sol por partículas de poeira cósmica
existentes em todo o Sistema Solar. Essas partículas são produzidas sobretudo por colisões de
asteroides e pela sublimação (passagem do estado sólido para o gasoso) de matéria da superfície
gelada dos cometas quando eles se aproximam do Sol.

1684 (21 de março) – Giovanni Domenico Cassini (1625-1712) descobre Tétis e Dione, quarto e
quinto satélites conhecidos de Saturno.
Tétis – Diâmetro: 1.076,8 x 1.057,4 x 1.052,6km; período orbital: 1,887 dia; distância média do
planeta: 294.619km; massa: 617,4 quatrilhões de toneladas; densidade: 0,984g/cm3.
Dione – Diâmetro: 1.128,8 x 1.122,6 x 1.119,2km; período orbital: 2,736 dias; distância média do
planeta: 377.396km; massa: 1,095 quintilhão de toneladas; densidade: 1,478g/cm3.

1687 (5 de julho) – Isaac Newton publica “Philosophiae Naturalis Principia Mathematica”


(“Princípios Matemáticos da Filosofia Natural”), em três volumes, esboçando as leis da mecânica e
a lei da gravidade (ou da gravitação universal), concebida a partir de 1666, segundo a qual a força
de atração entre dois corpos é proporcional ao produto de suas massas e inversamente proporcional
ao quadrado da distância que os separa. As três leis da mecânica de Newton são: 1. princípio da
inércia: um corpo que esteja em movimento ou em repouso tende a manter seu estado inicial. 2.
Princípio fundamental da mecânica: a resultante das forças que agem num corpo é igual ao produto
de sua massa pela aceleração adquirida. 3. lei de ação e reação: Para toda força aplicada existe outra
de mesmo módulo, mesma direção e sentido oposto. Trata-se de um dos livros mais importantes e
influentes de toda a história da ciência.
Newton rompe assim, definitivamente, com a concepção de mundo vigente desde a Antiguidade. A
partir daí, as mesmas leis da mecânica passam a reger tanto os fenômenos terrestres como os do
céu, e o Cosmo deixa de ser fechado – como acreditavam os gregos – para se estender até o
infinito.

1690 – Christiaan Huygens publica “Traité de la lumière” (“Tratado da Luz”), em que formula a
teoria ondulatória da propagação da luz, elaborando o "princípio de Huygens", no qual expõe sua
concepção da luz como onda de energia que se propaga no espaço, teoria que é posteriormente
desenvolvida pelo físico francês Augustin Fresnel (1788-1827).

1690 – Giovanni Cassini percebe que a rotação da atmosfera superior de Júpiter não é constante em
todos os seus pontos (rotação diferencial). A rotação da região polar da atmosfera do planeta é
aproximadamente cinco minutos mais demorada do que a da região equatorial.

1690 – Elizabeth Hevelius (nascida Koopmann) (1647-1693), segunda esposa de Johann Hevelius
(1611-1687), publica “Prodromus astronomiae”, catálogo de 1.564 estrelas elaborado
conjuntamente com o marido. Elizabeth é uma das primeiras mulheres a exercer a astronomia.

1690 - John Flamsteed observa Urano pelo menos seis vezes, mas não reconhece o astro como
planeta e o cataloga como sendo a estrela 34 Tauri.

1698 – Publicação póstuma de “Cosmotheoros”, obra de Christiaan Huygens, na qual o astrônomo


holandês expõe sua crença na vida extraterrestre, manifestando a opinião de que a vida em outros
planetas deve ser igual à existente na Terra. Ele acredita que a presença de água líquida é essencial
à vida e postula que as propriedades da água devem variar de planeta para planeta, uma vez que a
água encontrada na Terra congelaria em Júpiter e evaporaria em Vênus, e Huygens defende a
existência de vida em ambos os planetas.
Consciente de que suas ideias seriam vistas como contrárias à Bíblia, ele não permite a publicação
do livro, a não ser postumamente.

1700 – A Alemanha, a Holanda e a Dinamarca (incluindo a Noruega) adotam o calendário


gregoriano.

1702 - O estadista, naturalista e astrônomo russo Yakov Vilimovich Bryus, que adota o nome Jacob
Bruce (1669-1735), funda o primeiro observatório astronômico da Rússia, localizado em Moscou,
na Torre Sukharev, construída (1692-1701) a mando do Czar Pedro, o Grande (1672-1725) e
destruída (1934) pelo governo soviético.

1704 – Isaac Newton publica "Opticks", a sua obra mais importante sobre óptica, na qual expõe
suas teorias anteriores e suas ideias acerca da natureza corpuscular da luz, apresentando também
um estudo detalhado sobre fenômenos como refração, reflexão e dispersão luminosa.

1704 – O astrônomo e matemático franco-italiano Giacomo Filippo (ou Jacques Philippe) Maraldi
(1665-1729) faz um estudo sistemático da calota polar sul de Marte e percebe que ela sofre
variações durante a rotação do planeta, indicando que não coincide exatamente com o polo sul
marciano. Ele também observa que a calota muda de tamanho ao longo do tempo.

1705 – Edmond Halley publica “Synopsis Astronomia Cometicae”, em que descreve 24 cometas
(cujas aparições foram observadas entre 1337 e 1698). Neste livro, utilizando as leis de Newton
para estudar as perturbações gravitacionais que Júpiter e Saturno podem provocar nas órbitas
cometárias, calcula corretamente o período do cometa que mais tarde levará seu nome como sendo
de aproximadamente 76 anos. Suas reaparições (1758 e 1835) confirmam os Cálculos do
astrônomo.
De fato, quando um cometa passa perto de Júpiter ou de Saturno, as perturbações gravitacionais
resultantes podem alterar significativamente o período orbital do astro.

1711 - A Sociedade de Ciências (Societät der Wissenschaften) de Berlim cria um pequeno


observattório que, mais tarde, dará origem ao Observatório de Berlim (Berliner Sternwarte), onde
Galle observará Netuno pela primeira vez.

1715 – Edmond Halleycalcula a trajetória da sombra de um eclipse solar.

1716 – Edmond Halley sugere, num ensaio publicado pelo Philosophical Transactions of the Royal
Society, que trânsitos de Vênus são melhores que trânsitos de Mercúrio para determinar a paralaxe
solar e a distância Terra-Sol e que astrônomos deveriam ser enviados a diversas partes do mundo
para estudar o fenômeno.

1718 – Edmond Halley descobre o “movimento próprio” das estrelas, que se caracteriza pelo
movimento angular, ao longo do tempo, em relação a um observador terrestre. Ele faz essa
descoberta ao notar que algumas estrelas haviam mudado de posição, ao comparar suas
localizações recentes com as antigas medidas tomadas por Hiparco: Sirius, Arcturus e Aldebaran
estavam meio grau distantes do lugar apontado pelo grego cerca de 1.850 anos antes.
O movimento próprio é medido em segundos de arco por ano (3.600 segundos de arco = 1 grau). A
Estrela de Barnard tem o maior movimento próprio dentre todas as estrelas: 10,3 segundos de arco
por ano. Numa escala longa de tempo, as estrelas podem inclusive mudar de constelação (ver
1992).

1718 – Todas as obras de Galileu Galilei, com exceção do “Diálogo sobre os Dois Máximos
Sistemas do Mundo”, são publicadas em Florença, com autorização do Santo Ofício.

1720 – Edmond Halleypropõe uma forma primitiva do paradoxo de Olbers.

1724 – Daniel Gabriel Fahrenheit (1686-1736), físico e químico germânico, inventa uma escala
uniforme de leitura da temperatura, utilizada até os dias de hoje nos países anglo-saxões, em que a
temperatura de congelamento da água ou fusão do gelo à pressão de uma atmosfera está a 32°F
(0°C) e a de ebulição, ponto máximo, a 212°F (100°C).

1725 – É publicada postumamente a “Historia Coelestis Britannica”, em três volumes, principal


obra de John Flamsteed (1646-1719), terminada por seus assistentes e ditada por sua esposa,
Margaret. Os dois primeiros volumes contêm os resultados de todas as suas observações, e o
terceiro é um catálogo de 2.935 estrelas.

1726 - Na Parte 3, Capítulo 3, do livro satírico “As Viagens de Gulliver”, do irlandês Jonathan
Swift (1667-1745), astrônomos da ilha fictícia de Laputa são descritos como tendo descoberto dois
satélites de Marte, orbitando o planeta a distâncias de três e cinco diâmetros marcianos, com
períodos orbitais de 10h e 21,5h. Fobos e Deimos, os dois satélites de Marte, descobertos um século
e meio mais tarde (1877), orbitam o planeta, respectivamente, a distâncias de 1,4 e 3,5 diâmetros
marcianos e têm períodos orbitais de 7,6h e 30,3h. Não se sabe como Swift chegou a um resultado
tão próximo do real, mas acredita-se que ele empregou em seu livro uma hipótese da época
segundo a qual, considerando que Mercúrio e Vênus não têm satélites, a Terra tem um e Júpiter tem
quatro então conhecidos, Marte deve ter duas luas, para que forme com a Terra e Júpiter a
progressão 1, 2, 4. Ademais, uma vez que ainda não haviam sido descobertos, deduz-se que os dois
satélites devem ser pequenos e estar próximos de Marte.
Em 1752, possivelmente influenciado por Jonathan Swift, o filósofo francês Voltaire (François-
Marie Arouet - 1694-1778) também faz referência a dois satélites de Marte em “Micrômegas”,
história sobre um alienígena que visita a Terra.
As duas maiores crateras de Deimos, cada uma com aproximadamente 3km de diâmetro, recebem
os nomes de Swift e Voltaire.

1728 – O astrônomo inglês James Bradley (1693-1762) anuncia a descoberta da aberração da luz
estelar, uma leve mudança aparente nas posições das estrelas causada pelo movimento anual da
Terra.

1730 - O jesuíta e professor francês Esprit Pezenas (1692-1776) descreve o fenômeno que mais
tarde passa a ser conhecido como Gegenschein (palavra alemã que significa “contra” + “brilho”),
nome dado pelo naturalista alemão Alexander von Humboldt (1769-1859). Trata-se de uma débil
luminosidade noturna visível na direção oposta à do Sol, devida, assim como a luz zodiacal (ver
1683), à reflexão da luz solar pela poeira interplanetária. O ângulo elevado em que a luz solar
incide sobre a poeira interplanetária, bem como o brilho mais fraco, distingue o Gegenschein da luz
zodiacal. O Gegenschein é tão débil que a poluição luminosa impede que seja visto nos centros
urbanos.

1731 – O astrônomo inglês John Bevis (c. 1693-1771) descobre o primeiro resto de supernova, a
nebulosa do Caranguejo (M1), originada a partir da supernova de 1054. Contudo, a ligação entre
nebulosa e supernova será identificada apenas no século XX.

1731 – No livro “ Cosmologia generalis”, o filósofo alemão Christian Wolff (1679-1754) emprega
pela primeira vezz a palavra “cosmologia”.
Cosmologia é o estudo da origem e do possível destino do Universo. Pode ser dividida em
cosmologia física e cosmologia religiosa (ou mitológica). Cosmologia física é o estudo acadêmico e
científico da origem, evolução, estrutura, dinâmica e do destino do Universo, bem como das leis
naturais que o mantêm em ordem. Cosmologia religiosa é um conjunto de crenças baseadas na
literatura histórica, mitológica, religiosa e esotérica e em tradições de criação e de escatologia.
Cosmologia é, em suma, o estudo do Universo como um todo.

1733 – É eliminado o maior defeito dos telescópios refratores, a aberração cromática (dispersão
produzida por lentes que possuem diferentes índices de refração para diversos comprimentos de
onda luminosa), quando o britânico Chester Moor Hall (1703-1771) obtém objetivas acromáticas,
combinando diversas lentes.

1734 - No livro (três volumes) "Opera Philosophica et Mineralia" ("Obras Filosóficas e


Mineralógicas"), o sueco Emanuel Swedenborg (1688-1772) propõe a primeira hipótese de origem
nebular para o Sistema Solar, o qual teria se formado com partículas se projetando do sol em
espirais e se juntando para formar os planetas.

1736 – Chega ao Brasil (Estado do Pará) uma equipe de cientistas franceses, da qual faz parte
Charles Marie de La Condamine (1701-1774), nomeada pela Academia de Ciências de Paris para
determinar, no equador terrestre, um arco de meridiano, incumbência que outra comissão
equivalente, chefiada por Pierre Louis Maupertuis (1698-1759) e trabalhando a 70° de latitude
norte, trata também de fazer para fins comparativos. Estes cientistas conseguem, por tal processo,
demonstrar o achatamento polar da Terra.
1737 (28 de maio) – John Bevis registra a única ocultação de Mercúrio por Vênus visível da Terra
historicamente observada. O próximo fenômeno semelhante ocorrerá em 2133.

1741 – Cai, no Japão, um meteorito que é venerado por 150 anos. Os japoneses veem nele a bela
imagem de uma pedra caída do jardim da deusa Shokuyo, situado às margens do grande rio celeste
(a Via Láctea).

1741 – Galileu Galilei é "reabilitado" pelo Papa Bento XIV (Prospero Lorenzo Lambertini, 1675-
1758) mediante a concessão do "Imprimatur", uma declaração oficial da Igreja Católica na qual se
afirma que determinada obra literária ou similar não é contrária às doutrinas da Igreja e que
constitui uma boa leitura para qualquer pessoa de fé católica. É permitida a publicação de todas as
obras científicas de Galileu, incluindo uma versão levemente censurada do “Diálogo sobre os Dois
Máximos Sistemas do Mundo”.

1742 – Anders Celsius (1701-1744), astrônomo sueco, Idealiza uma escala de termometria na qual
o ponto de fusão do gelo marca o 0 e o ponto de ebulição da água o 100. Uma vez marcadas estas
duas temperaturas, a distância existente entre ambos os pontos divide-se em 100 partes. Cada uma
destas divisões é um grau Celsius (°C) de temperatura. Esta escala recebe o nome de escala
centígrada.

1744 (1º de março) – O Grande Cometa de 1744, oficialmente denominado C/1743 X1, descoberto
(29 de novembro de 1743) por Jan de Munck e observado independentemente (9 de dezembro) pelo
holandês Dirk Klinkenberg (1709-1799) e (13 de dezembro) pelo suíço Jean-Philippe de Chéseaux
(1718-1751), chega ao periélio, à distância de 33.300.000km do Sol. Visível a olho nu por vários
meses, atinge a magnitude aparente -7. Pouco depois do periélio, um “leque” de seis caudas do
cometa é observado no céu, o que configura um fenômeno bastante raro. A última observação
ocorre em 22 de abril.
Charles Messier, então com treze anos, observa o cometa, que causa nele uma profunda impressão.

1744 – O astrônomo suíço Jean-Phillipe de Cheseaux (1718-1751) propõe uma forma primitiva do
paradoxo de Olbers.

1748 (14 de fevereiro) – James Bradley anuncia a descoberta da nutação da Terra, oscilação
periódica do eixo de rotação terrestre ao redor de sua posição média na esfera celeste, causada pela
força exercida sobre o nosso planeta pela atração gravitacional entre o Sol e a Lua. A nutação
provoca um ligeiro desvio no ângulo de inclinação da Terra em relação ao Sol, sendo semelhante
ao movimento de um pião que perde força e está prestes a cair.
O ciclo de oscilações de uma nutação terrestre demora 18,6 anos. Na verdade, Bradley havia
descoberto o fenômeno quase duas décadas antes, mas esperou que se completasse um ciclo para
ter certeza da sua descoberta.

1749 – O astrônomo francês Guillaume Le Gentil (1725-1792) descobre a primeira galáxia visível
apenas com o telescópio (magnitude 8,08): M32. Trata-se de uma galáxia anã elíptica, distante 2,49
milhões de anos-luz, satélite da Galáxia de Andrômeda (M31). O diâmetro estimado de M32 é de
“apenas” 6.500 anos-luz.

1750 – O matemático inglês e construtor de instrumentos científicos Thomas Wright


(1711-1786) publica um tratado intitulado “An Original Theory on New Hypothesis of the
Universe” (“Uma Teoria Original sobre Novas Hipóteses do Universo”), no qual tenta, pela
primeira vez, explicar a presença da Via Láctea em nossa Galáxia, vista como um dos infinitos
sistemas que povoam o espaço. Via Láctea, neste caso, é a faixa leitosa que atravessa o céu,
formando o plano horizontal do nosso sistema galáctico. Contudo, essse aspecto “lácteo”, de onde
vem o nome da Galáxia, é apenas ilusão de óptica, pois desaparece se o céu for observado com um
simples binóculo.

1750 - O astrõnomo e matemático alemão Tobias Mayer (1723-1762) publica, em Nuremberg,


“Kosmographische Nachrichten” (Notícias Cosmográficas), uma cuidadosa investigação da
libração lunar.
Em astronomia, libração é um movimento de oscilação de corpos em órbita relativamente uns aos
outros. Destacam-se a libração da Lua em relação à Terra e a libração dos troianos relativamente
aos planetas cuja órbita partilham. Embora a Lua apresente sempre a mesma face voltada para a
Terra, mais da metade (aproximadamente 59%) da superfície do satélite pode ser vista em algum
momento ao longo do tempo devido à libração, que se manifesta como um balanço (para frente e
para trás) da Lua conforme vista da Terra. A libração lunar pode ser em latitude, em longitude ou
diária, esta última caracterizada por pequenas oscilações decorrentes da rotação da Terra.

1752 (2 de setembro) – A Inglaterra e todas as suas colônias (EUA incluídos), bem como a Irlanda,
adotam o calendário gregoriano. Neste mesmo mês, também o Canadá o adota.

1753 – O jesuíta e astrônomo croata Rudjer Josip Boscovich (1711-1787) descobre a ausência de
atmosfera na Lua.

1753 - É fundado o Real Instituto y Observatorio de la Armada, localizado em San Fernando,


Província de Cádiz, Espanha. Além de ser um observatório astronômico e geofísico, é também (até
hoje) um centro de formação superior para o pessoal científico da Marinha espanhola.

1753 (1º de março) - A Suécia (e também a Finlândia, então sob domínio sueco) adota o calendário
gregoriano, depois de uma transição extremamente complicada. O país decide aderir ao novo
calendário em 1700, mas, em lugar de realizar a transição de uma vez só, opta por fazê-la
gradualmente, eliminando a diferença (que então já é de 11 dias) por meio da supressão dos dias
bissextos (29 de fevereiro) de 1700 a 1740. Segundo esse modelo, durante um período de 40 anos,
as datas suecas não corresponderiam nem ao calendário juliano nem ao gregoriano. Mas já em 1704
e 1708 os dias bissextos não são suprimidos, e o rei Carlos XII (1682-1718) decide voltar ao
calendário juliano. Como um dia do calendário já havia sido eliminado (29 de fevereiro de 1700),
para restabelecer a diferença de 11 dias entre os dois calendários, o rei acrescenta o dia 30 de
fevereiro ao ano de 1712.
Quatro décadas depois, o calendário gregoriano é finalmente adotado.

1755 – O filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804) publica “Allgemeine Naturgeschichte und
Theorie des Himmels” (“História Geral da Natureza e Teoria do Céu”), obra na qual imagina as
nebulosas como outras vias lácteas, cada uma formada por miríades de estrelas, distribuídas de
modo a formar uma estrutura achatada, como um disco. Tais estruturas girariam em torno de um
ponto central, do mesmo modo que os planetas giram em torno do Sol. Kant afirma ainda que as
manchas elípticas visíveis no céu (as nebulosas) “são mundos iguais ao nosso, a Via Láctea”. A
concepção kantiana não se limita à natureza desses sistemas, mas mostra-se muito mais ampla.
Abrange mesmo a ordenação de todo o Universo, ao afirmar que as galáxias se agrupam entre si em
outros sistemas (hoje dizemos “aglomerados de galáxias”). Esses agrupamentos, por sua vez,
formam novos conjuntos (os “superaglomerados de galáxias”, na terminologia atual), e assim por
diante.
1757 - O crítico literário, poeta e tradutor italiano radicado em Londres Giuseppe Baretti (1719-
1789) publica “The Italian Library” (A biblioteca italiana), um catálogo contendo vida e obra de
vários autores da Itália, livro em que aparece pela primeira vez a frase “Eppur si muove” (E no
entanto se move), atribuída a Galileu Galilei, que teria sido murmurada pelo astrônomo, referindo-
se ao nosso planeta, logo depois de ele abjurar a teoria heliocêntrica de que a Terra se move em
torno do Sol. Apesar de amplamente difundida na tradição popular, não há evidência de que Galileu
tenha alguma vez feito essa afirmação, ao menos não diante do Tribunal do Santo Ofício, o que
teria sido extremamente arriscado.

1758 – A censura à publicação de livros defendendo o heliocentrismo é retirada do


“Index Librorum Proibitorum”, à exceção do “Diálogo sobre os Dois Máximos Sistemas do
Mundo”, de Galileu, e da obra “De Revolutionibus Orbium Coelestium”, de Copérnico.

1758 – Rudjer Josip Boscovich desenvolve sua teoria de forças, na qual a gravidade pode ser
repulsiva a pequenas distâncias. De acordo com ele, estranhos corpos com essas características,
similares a "buracos brancos", podem existir, não sendo possível a outros corpos atingir suas
superfícies.

1758 (25 de dezembro) – O astrônomo amador e fazendeiro alemão Johann Palitzsch (1723-1788) é
o primeiro a observar o retorno do cometa Halley, conforme havia sido previsto pelo astrônomo
inglês (o periélio ocorre em 13 de março de 1759). É o primeiro cometa a ter sua periodicidade
comprovada (por isso, o nome oficial é 1P/Halley). É o francês Nicolas de Lacaille (1813-1862)
quem sugere dar o nome de Halley ao cometa.
Cometas periódicos são aqueles que têm período orbital inferior a 200 anos, o que se indica, na
nomenclatura oficial, pela anteposição daletra P ao nome. Os cometas não periódicos aparecem, em
geral, uma única vez, sendo essa característica assinalada pela letra C. Aos cometas extintos, ou
seja, àqueles destruídos ou fragmentados numa passagem pelo periélio, reserva-se a inicial D.

1761 (6 de junho) – Ocorre um trânsito de Vênus, observado por várias expedições enviadas a
diversas partes do mundo (Sibéria, Noruega, Madagáscar...), conforme sugestão feita por Edmond
Halley em 1716. Trata-se da primeira grande colaboração científica internacional, com o objetivo
de calcular a paralaxe solar e a distância Terra-Sol. Estima-se que 120 cientistas observaram o
evento a partir de 62 localidades diferentes.
Durante este trânsito, o escritor e cientista russo Mikhail Lomonosov (1711-1765) obtém a primeira
evidência de que Vênus possui uma atmosfera.

1763 – Publicação póstuma de “Coelum Australe Stelliferum”, catálogo elaborado pelo francês
Nicolas Louis de Lacaille (1713-1762). Contém quase 10.000 estrelas visíveis no hemisfério sul,
além de 42 objetos nebulares (nebulosas e aglomerados estelares). Inclui ainda a descrição de
catorze novas constelações.

1764 – O astrônomo francês Charles Messier (1730-1817) descobre a primeira nebulosa planetária,
a nebulosa Dumbbell (M27). Com diâmetro de 2,9 anos-luz (27 trilhões de km), localiza-se na
constelação da Raposa, a 1.360 anos-luz da Terra.
Nebulosas planetárias são objetos constituidos por um invólucro brilhante de gases e plasma,
formados por certos tipos de estrelas no período final do seu ciclo de vida. Não estão de todo
relacionadas com planetas; o seu nome é originário de uma suposta similitude de aparência com
planetas gigantes gasosos. Têm um período de existência pequeno (dezenas de milhares de anos)
quando comparado com o tempo de vida típico das estrelas (vários bilhões de anos). As nebulosas
planetárias desempenham um papel importante na evolução química das galáxias, libertando
material para o meio interestelar, enriquecendo-o com elementos pesados e outros produtos de
nucleossíntese (carbono, nitrogênio, oxigênio e cálcio). A associação desses objetos com planetas
(1779) é de autoria do astrônomo francês Antoine Darquier ou D'Arquier de Pellepoix (1718-1802),
mas a expressão "nebulosa planetária" é cunhada (1784) por William Herschel.

1764 – O astrônomo francês Joseph Jérôme Lalande (1732-1807) publica o “Traité d’astronomie”
(“Tratado de Astronomia”), tabelas das posições planetárias que são consideradas as melhores
disponíveis para o resto do século XVIII.

1766 – O físico e químico inglês Henry Cavendish (1731-1810) descobre o hidrogênio e constata
que esse gás é mais leve do que o ar.

1766 – O matemático alemão Johann Daniel Titius (1729-1796) descobre uma curiosa relação
matemática entre as distâncias a que os planetas então conhecidos orbitam o Sol. Se se tomar a
progressão geométrica 0, 3, 6, 12, 24, 48 e 96, em que cada número, depois do 3, é o dobro do
anterior, e se se somar 4 a cada elemento da sucessão, obtém-se 4, 7, 10, etc., até alcançar 100. Esta
última sequência numérica, dividida por 10, reproduz com grande precisão a distância relativa, em
unidades astronômicas (uma unidade astronômica equivale aproximadamente à distância entre o
Sol e a Terra), a que os planetas se encontram do Sol, com Mercúrio à distância 0,4 e Saturno, o
planeta mais longínquo que então se conhecia, à distância 10. Titius prevê, então, a existência de
um objeto astronômico importante entre Marte e Júpiter, à distância de 2,8 unidades astronômicas
do Sol.
Outro alemão, Johann Elert Bode (1747-1826), passa a divulgar (a partir de 1672) essa relação
numérica, que se torna conhecida como “Lei de Titius-Bode”.

1767 - O geólogo e naturalista inglês John Michell (1724-1793) calcula que a probabilidade de um
único grupo estelar como as Plêiades ser o resultado de um alinhamento casual é de 1 em 496.000.
A partir daí, os astrônomos compreendem que muitas estrelas fazem parte de grupos de milhares de
componentes gravitacionalmente ligados, denominados aglomerados estelares.
As Plêiades (M45) são um aglomerado estelar aberto localizado na constelação do Touro, a 443
anos-luz da Terra. O diâmetro estimado é de 16 anos-luz (aproximadamente 150 trilhões de km), e
calcula-se que a massa total seja equivalente a 800 massas solares. O aglomerado é formado por
pelo menos mil estrelas, mas esse número deve ser consideravelmente maior, visto essa cifra não
incluir componentes individuais de estrelas binárias.

1767 o Observatório REal de Greenwich começa a publicar O Almanaque Náutico, que estabelece
a longitude de Greenwich como a linha-base para cálculos de tempo.

1769 – O padre Bachelay apresenta à Academia Real de Ciências de Paris um pedaço de pedra com
incrustações. Bachelay testemunhara, um ano antes, a queda desse objeto no céu de Lucé e
enriquece sua descrição com detalhes. A Academia nomeia uma comissão, incumbindo-a de
esclarecer todos os casos de pedras que caíam do céu. No entanto, as conclusões obtidas (a crosta
de fusão do meteorito de Lucé fora produzida pela vitrificação induzida por um raio) servem
apenas para retardar a compreensão do fenômeno.

1769 (3 e 4 de junho) – Ocorre um trânsito de Vênus, observado em diversas partes do mundo,


entre as quais Baía de Hudson (Canadá), Taiti (Polinésia Francesa), Noruega, São Petersburgo e
mais oito localidades do império russo e Filadélfia... Destacam-se as observações feitas a partir do
Taiti, durante a primeira viagem de James Cook (1728-1779) ao Pacífico, tendo o navegador inglês
iniciado posteriormente a exploração da nOva Zelândia e da Austrália.
É interessante registrar a história singular do francês Guillaume Le Gentil (1825-1892). Em março
de 1860, ele parte de Paris com destino a Pondicherry, uma colônia francesa na atual Índia, de onde
pretende observar o trânsito de Vênus do ano seguinte. Contudo, devido à Guerra dos Sete Anos
(1756-1763) entre Inglaterra e França, apenas um ano depois de ter saído de casa consegue um
navio para levá-lo a Pondicherry. Passa cinco semanas à deriva por causa de ventos desfavoráveis
e, ao chegar, descobre que a cidade está em mãos inglesas, e não lhe é permitido desembarcar.
Quando o trânsito acontece, em 6 de junho de 1761, o céu está límpido, mas Le Gentil não pode
fazer observações em alto-mar.
Decide permanecer na Ásia e esperar pelo próximo trânsito, oito anos mais tarde. Quer observá-lo
das Filipinas, mas não obtém autorização, e então volta a Pondicherry (de novo sob controle
francês), onde chega em março de 1768 e constrói um observatório. Depois de mais de um mês de
bom tempo, em 4 de junho de 1769, dia do trânsito, o céu fica nublado, e ele não consegue ver
nada.
A viagem de volta para casa é atrasada por um surto de disenteria e, depois, por uma parada
involuntária nas ilhas Reunião, em decorrência de uma tempestade. Consegue sair de lá num navio
espanhol e, de volta a Paris (outubro de 1771), descobre que havia sido declarado morto, seus bens
foram distribuídos aos herdeiros, a esposa voltara a se casar e não fazia mais parte da Academia de
Ciências da França. São necessários um longo processo judicial e a intervenção do rei para que a
vida de Le Gentil volte à normalidade.

1771 - Charles Messier publica a primeira versão do "Catalogue des Nébuleuses et des amas
d'Étoiles, que l'on découvre parmi les Étoiles fixes sur l'horizon de Paris" (“Catálogo de Nebulosas
e Aglomerados Estelares que se Observam entre as Estrelas Fixas sobre
o Horizonte de Paris”), simplificadamente conhecido como “Catálogo Messier”, com 45 objetos
nebulosos, cuja denominação ainda se encontra em uso, sendo representada por uma letra M (de
Messier) seguida, sem espaço, por um número (por exemplo, M31, M42). Nos anos seguintes,
Messier adiciona novos objetos ao catálogo, até chegar a 103. Posteriormente, entre 1921 e 1966,
astrônomos identificam outros sete objetos nebulosos observados por Messier e seu assistente
Pierre Méchain (1744-1804), mas não catalogados. Estes objetos fazem parte, atualmente, do
Catálogo Messier, o que eleva o seu número para 110.

1772 – O matemático francês de origem italiana Joseph-Louis Lagrange (1736-1813) sugere que
existem cinco pontos na órbita da Terra nos quais os efeitos da gravidade do planeta se anulam em
relação ao Sol (situam-se a 1.500.000km da Terra). Dois dos pontos de Lagrange (L4 e L5) são
considerados estáveis, uma vez que qualquer material que lá se encontre só pode ser libertado por
colisão ou outro tipo de evento catastrófico.
Também existem pontos de Lagrange nos locais onde os efeitos gravitacionais da Terra e da Lua se
anulam reciprocamente. Eles estão a 60.000km do nosso planeta.
Pontos de Lagrange são, em suma, pontos em que o efeito gravitacional entre dois corpos (O Sol e
um planeta, um planeta e um satélite) é nulo em relação a um terceiro (um asteroide, uma nave ou
um telescópio espacial, etc.). Nos pontos de Lagrange de diversos planetas serão descobertos, mais
tarde, asteroides troianos.

1774 (1º de agosto) – Joseph Priestley (1733-1804), ministro presbiteriano e químico britânico,
identifica um gás que ele chama de "dephlogisticated air", posteriormente denominado de oxigênio.

1775 - Publicação póstuma de “Opera inedita”, uma compilação de manuscritos deixados pelo
astrônomo alemão Tobias Mayer (1723-1762). Além do mais completo mapa lunar do seu tempo,
superado apenas meio século depois, o livro inclui um método simples e eficiente para calcular
eclipses, um catálogo com 998 estrelas zodiacais e a descrição dos movimentos próprios (ver 1718)
de oitenta estrelas, bem como estudos acerca da refração atmosférica, da influência das
perturbações causadas por Júpiter e pela Terra nos movimentos de Marte e do magnetismo
terrestre.

1778 – Charles Messier descobre M54, que hoje é sabido ser o primeiro aglomerado globular
extragaláctico identificado. Distante 87.000 anos-luz e com diâmetro de 306 anos-luz (2,9
quatrilhões de km), pertence à vizinha Galáxia Anã Elíptica de Sagitário.

1778 – No livro “Les époques de la nature”, O naturalista francês Georges Louis Leclerc, Conde de
Buffon (1707-1788), formula uma teoria segundo a qual um corpo massivo (que Buffon acredita
ser um cometa) aproximou-se do Sol, arrancando-lhe o material que depois se condensou nos
planetas. Ele também sustenta que a Terra surgiu muito antes de 4004 a.C., data estabelecida pelo
arcebispo James Ussher (1654). Com base em experiências de laboratório, ele estima a idade do
nosso planeta em 75.000 anos, tendo sido severamente criticado por isso, inclusive por integrantes
da Sorbonne.
O valor atualmente aceito para a idade da Terra é 4,54 bilhões de anos.

1779 (janeiro) – Antoine Darquier descobre a nebulosa do Anel (M57) e pela primeira vez compara
uma nebulosa planetária com planetas. Esta nebulosa, distante 2.300 anos-luz e localizada na
constelação da Lira, tem um diâmetro de 2,6 anos-luz (24,5 trilhões de km).

1780 – O governo imperial lusitano cria o Observatório Astronômico do Rio de Janeiro, que passa
a funcionar apartir de uma missão científica oficial dirigida pelo cosmógrafo português Bento
Sanches d’Orta (1739-1795).

1781 – Charles Messier e Pierre Méchain descobrem o aglomerado de galáxias de Virgem (Virgo),
que eles supõem ser um aglomerado de nebulosas. Com seu centro distante 53,8 milhões de anos-
luz da Terra, este aglomerado é formado por pelo menos 1.300 (talvez mais de 2.000) galáxias, com
massa total estimada em 1,2 quatrilhão de sóis.
O principal componente do aglomerado de Virgem é M87, galáxia supergigante elíptica com
diâmetro estimado de 980.000 anos-luz e distância da Terra calculada em 53,5 milhões de anos-luz.

1781 - O astrônomo amador holandês Eise Eisinga (1744-1828) inaugura o mais antigo planetário
do mundo ainda em atividade, construído na sala de estar de sua própria casa, na cidade de
Franeker, nos Países Baixos. Após uma visita ao local realizada em 30 de junho de 1818, o rei
Guilherme I dos Países Baixos (1772-1843) compra o planetário para o Estado holandês. Em 1859,
o planetário é doado pelo Estado à cidade de Franeker.

1781 (13 de março) – O astrônomo inglês de origem alemã William Herschel (1738-1822) descobre
Urano durante um levantamento, feito com telescópio, do céu do hemisfério norte. Herschel pensa
tratar-se de uma estrela e dá ao astro o nome de “Georgium Sidus” (Estrela de Jorge), em
homenagem a Jorge III (1738-1820), rei da Grã-Bretanha (1760-1801) e posteriormente do Reino
Unido (1801-1820). A confirmação de que é um planeta ocorre em 1783, e o nome Urano é
oficialmente adotado a partir de 1850. É o primeiro planeta descoberto depois da invenção do
telescópio. Os seis planetas visíveis a olho nu já eram identificados como astros diferentes das
estrelas pelo menos desde o segundo milênio a.C.
Com diâmetro de 51.118 x 49.946km e volume de 68,33 trilhões de km3 (63,086 vezes superior ao
terrestre), Urano é o terceiro maior planeta do Sistema Solar. Tem massa de 86,810 sextilhões de
toneladas (14,536 massas terrestres), e a área da superfície é de 8,116 bilhões de km2 (15,91
superfícies da Terra). É o sétimo planeta a partir do Sol, que orbita a uma distância média de
2.876.679.082km (varia entre 2.748.938.461 e 3.004.419.704km). Leva 30.799,095 dias terrestres
(84,323 anos), ou 42.718 dias uranianos, à velocidade média de 24.500km/h, para girar em torno do
Sol, e 17h14min24s para completar uma rotação. A densidade é de 1,27g/cm3, a gravidade equivale
a 88,6% da terrestre, e a velocidade de escape (velocidade necessária para libertar-se de um campo
gravitacional) é de 21,3km/s. A menor temperatura já registrada em Urano é de -224°C, o que faz
dele o planeta mais frio do Sistema Solar. Os principais componentes da atmosfera são hidrogênio
(82%), hélio (15%) e metano (2%). A magnitude aparente varia entre 5,3 e 5,9. O planeta tem 27
satélites conhecidos.
Na mitologia, Urano é o deus grego que personifica o Céu, gerado espontaneamente por Gaia (ou
Geia) (a Terra), com quem tem grande quantidade de filhos: os titãs, os Ciclopes e os
Hecatonquiros (seres gigantes de 50 cabeças e 100 braços).
1781 (depois de março) – O astrônomo, físico e matemático russo de origem sueca Anders Johan
Lexell (1740-1784) é o primeiro a afirmar (corretamente) que Urano é um planeta e, com base nos
dados sobre o astro de que dispõe, sugere haver perturbações orbitais que podem ser explicadas
pela presença de outros planetas ainda desconhecidos (mas ele não faz nenhum cálculo concreto
sobre Netuno). Ademais, com base em cômputos de órbitas dos cometas, ele sugere que o Sistema
Solar pode ter diâmetro de cem unidades astronômicas (14,6 bilhões de km), ou até mais.

1782 – William Herschel apresenta à Royal Society um catálogo com as posições relativas de 269
sistemas estelares binários e múltiplos, observados por ele a partir de outubro de 1779. Outro
catálogo, com 434 sistemas estelares binários e múltiplos, é apresentado em 1784. Haverá ainda um
terceiro, com 145 dessas estrelas (1821).

1783 – O astrônomo, padre e geógrafo naval francês Alexandre Guy Pingré (1711-1796) publica
“Cométographie”, ou “Traité historique et théorique des comètes”, com alusão a um grande número
de passagens desses astros e as reações que despertavam no povo e nos estudiosos.

1783 (31 de janeiro) – William Herschell descobre 40 Eridani B e 40 Eridani C, estrelas situadas a
16,45 anos-luz da Terra. No século XX, 40 Eridani B é identificada como a primeira anã branca
conhecida.
Anãs brancas são remanescentes estelares, formadas quando estrelas de massa menor que 9 ou 10
vezes a solar esgotam o seu combustível nuclear. É uma etapa evolutiva (posterior à de gigante
vermelha) pela qual passarão 97% das estrelas que conhecemos, inclusive o Sol. As anãs brancas
são estrelas extremamente densas (densidade estimada entre 1 e 10 toneladas por centímetro
cúbico) compostas basicamente por carbono e oxigênio, que são os resíduos da fusão do hélio.

1783 (27 de novembro) – Numa sessão da Royal Society, O inglês John Michell postula a
existência de objetos astronômicos cuja velocidade de escape (velocidade necessária para sair de
um campo gravitacional) é superior à da luz, o que mais tarde passa a ser conhecido como “buraco
negro”.

1784 – É encontrado, 35km a noroeste de Monte Santo, na Bahia, por um garoto chamado
Bernardino da Motta Botelho, o Bendengó, o maior meteorito já achado no Brasil, com 2,20m x
1,45m x 58cm e 5.360kg, conservado, desde 1888, no Museu Nacional do Rio de Janeiro. Na
língua dos índios quiriris, da Bahia, Bendengó significa “vindo do céu”.

1784 – O astrônomo inglês Edward Piggot (1753-1825) descobre Eta Aquilae, a primeira estrela
variável Cefeida conhecida, cuja magnitude aparente varia entre 3,5 e 4,4 ao longo de um período
de 7,177 dias. Dista da Terra aproximadamente 1.200 anos-luz.
1784 – John Goodricke descobre delta Cephei, protótipo da categoria estelar das variáveis cefeidas.
Trata-se de um sistema binário distante 891 anos-luz, cuja magnitude aparente varia entre 3,48 e
4,37 ao longo de um período de 5,336 dias.
Cefeidas são estrelas gigantes ou supergigantes cujo brilho varia com regularidade e de forma
previsível, sendo um importante referencial na medição de distâncias estelares.

1784 – Após observar a passagem de duas estrelas fracas por trás de Marte sem que o brilho delas
tenha sofrido alterações significativas, William Herschel conclui, acertadamente, que a atmosfera
marciana é pouco espessa e tem densidade bastante inferior à terrestre.

1785 – William Herschel elabora um modelo de sistema estelar galáctico no qual o Sol ocupa o
centro da Via Láctea. Essa concepção cosmológica é conhecida como “galactocentrismo”.

1786 – William Herschel publica o “Catalogue of One Thousand New Nebulae and Clusters of
Stars” (“Catálogo de Mil Novas Nebulosas E Aglomerados Estelares”), primeiros resultados de
uma pesquisa sistemática (iniciada em 1782) de objetos não estelares do “céu profundo”, que ele
define como “nebulosas”. Nebulosa é, então, o termo genérico usado para qualquer objeto
astronômico difuso, inclusive galáxias, termo que permanece em vigor até Edwin Hubble constatar
(1924) que estas últimas não fazem parte da Via Láctea. Herschel agrupa os objetos que descobre
em oito classes, elaboradas combinando diferentes aspectos de extensão e luminosidade. Ele
publica ainda dois catálogos semelhantes, um com mil objetos (1789) e outro com quinhentos
(1802).

1786 – É construído o primeiro observatório australiano, perto da atual cidade de Sydney.

1787 – Caroline Herschel (1750-1848), irmã de William Herschel, passa a receber, por
determinação do rei inglês Jorge III, um salário anual de 50 libras, sendo nomeada assistente de
William, então astrônomo real. É a primeira mulher a exercer a astronomia profissionalmente.

1787 (11 de janeiro) – William Herschel descobre Titânia e Oberon, primeiros satélites conhecidos
de Urano.
Titânia – Diâmetro: 1.577km (é a maior Lua de Urano); período orbital: 8,706 dias; distância média
do planeta: 435.910km; massa: 3,527 quintilhões de toneladas; densidade: 1,711g/cm3.
Oberon – Diâmetro: 1.523km; período orbital: 13,463 dias; distância média do planeta: 583.520km;
massa: 3,014 quintilhões de toneladas: densidade: 1,63g/cm3.
Os nomes das luas de Urano são tirados de personagens das obras dos ingleses William
Shakespeare (1564-1616) e Alexander Pope (1688-1744).

1788 – Joseph-Louis Lagrange publica “Mécanique Analytique” (dois volumes). É o tratado mais
abrangente sobre mecânica clássica desde Isaac Newton e estabelece os fundamentos para o
desenvolvimento da física matemática no século XIX.

1789 (22 de fevereiro) – Em suas anotações, William Herschel diz ter suspeitas de que há um anel
em torno de Urano. Não se sabe se os instrumentos de que dispunha lhe permitiram observá-los,
mas anéis orbitando Urano serão descobertos em 1977.

1789 (28 de agosto) – Na noite em que estreia seu telescópio óptico refletor, o maior que o mundo
havia visto até então, com 1,20m de diâmetro, William Herschel descobre Encélado, sexto satélite
conhecido de Saturno.
Diâmetro: 513,2 x 502,8 x 496,6km; período orbital: 1,370 dia; distância média do planeta:
237.948km; massa: 108 quatrilhões de toneladas; densidade: 1,61g/cm3.

1789 (17 de setembro) – William Herschel descobre Mimas, sétimo satélite conhecido de Saturno.
Diâmetro: 415,6 x 393,4 x 381,2km; período orbital: 0,942 dia; distância média do planeta:
185.520km; massa: 37,49 quatrilhões de toneladas; densidade: 1,179g/cm3.

1790 (19 de junho) - William Herschel descobre no aglomerado galáctico Abell 2029, na
constelação de Virgem, a 1,07 bilhão de anos-luz da Terra, uma galáxia gigante elíptica que, em
1895, recebe o nome de IC 1101. Esta é a maior galáxia conhecida: duas mil vezes mais massiva
que a Via Láctea, tem diâmetro estimado em 6 milhões de anos-luz e contém aproximadamente 100
trilhões de estrelas (a título de comparação, a Via Láctea mede entre 100.000 e 120.000 anos-luz e
abriga de 200 bilhões a 400 bilhões de estrelas). IC 1101 é tão grande que, se estivesse no lugar da
Via Láctea, englobaria as Nuvens de Magalhães, a galáxia de Andrômeda e a galáxia do Triângulo.

1790 (17 de dezembro) – É descoberta, na Cidade do México, uma pedra contendo o calendário
asteca. Com 3,7m de diâmetro e pesando 24t, a "Pedra do Sol" contém símbolos astronômicos
esculpidos em uma superfície em formato de disco. Baseada nos movimentos das estrelas, reflete o
conhecimento dos astecas de astronomia e matemática.
Atualmente, está exposta no Museu Nacional de Antropologia, na Cidade do México.

1791 – No poema "The Economy of Vegetation", o médico inglês Erasmus Darwin


(1731-1802), avô de Charles Darwin (1809-1882), apresenta a primeira descrição conhecida de um
Universo que se expande e se contrai ciclicamente.

1791 – O astrônomo alemão Johann Hieronymos Schröter (1745-1816) publica


“Selenotopographische Fragmente zur genauern Kenntnisse der Mondfläche” (“Fragmentos
Selenotopográficos de Conhecimentos Exatos da Superfície da Lua”), um importante estudo das
informações sobre a topografia lunar então disponíveis.

1792 (22 de setembro) – Entra em vigor o Calendário Revolucionário Francês ou Calendário


republicano, instituído pela Convenção Nacional, durante a Revolução Francesa, para simbolizar a
ruptura com a ordem antiga. É um calendário solar composto de 12 meses de 30 dias, distribuídos
em três semanas de dez dias (decâmeros ou décadas). Os dias de cada década recebem os nomes de
primidi, duodi, tridi, quartidi, quintidi, sextidi, septidi, octidi, nonidi e decadi. O dia é dividido em
10 horas de 100 minutos, cada minuto com 100 segundos. Aos 360 dias regulares acrescentam-se,
anualmente, cinco dias complementares, e um sexto a cada quadriênio, consagrados à celebração de
festas republicanas. O ano começa no equinócio de outono (22 de setembro, no hemisfério norte),
data da proclamação da República francesa, e os nomes dos meses são baseados nas condições
climáticas e agrícolas das estações na França – outono: Vindimiário, Brumário, Frimário; inverno:
Nivoso, Pluvioso, Ventoso; primavera: Germinal, Florial, Pradial; verão: Messidor, Termidor,
Frutidor.
Este calendário será suprimido em 1º de janeiro de 1806 por Napoleão Bonaparte
(1769-1821), que restabelece o calendário gregoriano.

1794 – Baseado em ampla documentação, publicada no livro “Über den Ursprung der von Pallas
gefundenen und anderer ihr ähnlicher Eisenmassen und über einige damit in Verbindung stehende
Naturerscheinungen” (“Sobre a Origem do Meteorito de Palas E Outros Similares A Ele e Sobre
Alguns Fenômenos Naturais Associados”), o físico alemão Ernst Florens Friedrich Chladni (1756-
1827) apresenta um trabalho que faz dele o primeiro a reconhecer com exatidão a proveniência
celeste dos meteoritos. O mérito de Chladni é ter descrito, com extrema precisão e muito senso
crítico, tanto as amostras encontradas como as circunstâncias da queda e da descoberta. Sua
descrição, muito convincente, facilita a queda do tabu segundo o qual nada de muito sólido poderia
cair do céu.

1795 (8 e 10 de maio) – Jérôme Lalande observa o planeta Netuno e o cataloga como estrela.

1796 – O matemático e astrônomo francês Pierre-Simon Laplace (1749-1827) apresenta sua


“hipótese nebular” para a formação do Sistema Solar a partir de uma nebulosa de gás e poeira que
encerra um núcleo extremamente massivo a altas temperaturas e está em rotação. Esta ideia,
originalmente apresentada por Emanuel Swedenborg (1534) e posteriormente ampliada por
Immanuel Kant (1755), é desenvolvida por Laplace no livro "du système du monde".
Segundo a descrição de Laplace (muito semelhante à de Kant), o Sistema Solar evoluiu a partir de
uma nuvem globular de gás incandescente girando em torno de seu centro de massa. À medida que
o gás esfriou, a massa se contraiu e diversos anéis foram se desprendendo das margens da nuvem.
Os anéis, por sua vez, esfriaram e se condensaram nos planetas, sendo o Sol o núcleo central
remanescente da nuvem. De acordo com essa hipótese, os planetas exteriores são mais velhos que
os interiores.

1798 – Henry Cavendish divulga a primeira medição, feita por ele, da constante gravitacional, uma
constante física fundamental que aparece na lei de gravitação universal de Newton e é desenvolvida
posteriormente na teoria da Relatividade geral de Einstein. Seu valor expressa a atração
gravitacional que se produz entre dois objetos pesando 1kg cada um, separados por 1m de
distância. Com isso, torna-se possível calcular a massa e a densidade da Terra.
O valor da densidade média do planeta obtido por ele (5,448g/cm3) é bastante próximo do correto
(5,515g/cm3).

1798 – A Royal Society publica um catálogo, elaborado por Caroline Herschel, contendo um índice
com todas as observações de todas as estrelas feitas por John Flamsteed, uma errata e uma lista de
mais de 560 estrelas que não constam no catálogo original desse astrônomo (publicado em 1725).

1800 – Os astrônomos alemães Johann Hieronymos Schröter (1745-1816) e Karl Ludwig Harding
(1765-1834) comunicam ter observado manchas características sobre a superfície de Mercúrio,
fornecendo a primeira base para a cartografia do planeta. Schröter estima, erroneamente, que a
rotação de Mercúrio é de cerca de 24 horas (valor correto: 58,646 dias).

1800 – William Herschel capta, com um termômetro, as radiações infravermelhas do Sol,


separando-as das radiações visíveis com a ajuda de um prisma. É a primeira radiação
eletromagnética (ver 1900) diferente da luz visível a ser descoberta. Sabe-se hoje que pouco mais
da metade da energia solar que atinge a Terra chega na forma de radiação infravermelha. A relação
entre a radiação infravermelha recebida e absorvida pela Terra tem efeitos climáticos essenciais
para o planeta (ver 1896 – “efeito estufa”).

1800 (setembro) – Reúne-se, na cidade alemã de Lilienthal, um grupo de 24 astrônomos, liderado


pelo barão alemão de origem húngara Franz Xaver von Zach (1754-1832), autodenominado
Vereinigte Astronomische Gesellschaft (Sociedade Astronômica Unida), mas que fica mais
conhecido como Himmelspolizei (polícia celeste), tendo por objetivo iniciar a procura sistemática
de um suposto planeta que, de acordo com a “Lei de Titius-Bode”, (aparentemente confirmada com
a descoberta de Urano, em 1781), deveria existir entre Marte e Júpiter. A cada astrônomo é
atribuída uma região de 15 graus do zodíaco (24 x 15 = 360) para efetuar a busca. Do grupo fazem
parte, entre outros, William Herschel, Charles Messier, Johann Elert Bode, Nevil Maskelyne,
Barnava Oriani e Heinrich Olbers.

1801 - Johann Elert Bode publica Uranographia, atlas celeste que tem o duplo objetivo de
representar as posições de estrelas e outros objetos com precisão científica e fazer uma
interpretação artística das figuras das constelações. Uranographia marca o clímax de uma tendência
a retratar artisticamente as constelações. A partir daí, as figuras vão se tornando cada vez mais raras
nos mapas astronômicos, até desaparecerem por completo.

1801 - O físico e químico alemão Johann Wilhelm Ritter (1776-1810) descobre a radiação
ultravioleta, emitida por objetos astronômicos muito quentes. Pode ser bastante prejudicial aos
seres vivos (causa queimaduras e câncer de pele), mas é quase totalmente bloqueada pela atmosfera
terrestre (camada de ozônio).

1801 (1º de janeiro) – O astrônomo e jesuíta italiano Giuseppe Piazzi (1746-1826), trabalhando no
Observatório de Palermo, descobre, na constelação de Touro, um objeto situado entre as órbitas de
Marte e de Júpiter, batizado de 1 Ceres, exatamente no local onde a chamada “Lei de Titius-Bode”
previa a existência de um quinto planeta. Essa descoberta causa euforia no meio científico, pois
acredita-se verdadeiramente tratar-se do quinto planeta em ordem de distância do Sol. Mais tarde,
quando outros objetos são encontrados nas cercanias, compreende-se que a faixa situada entre as
órbitas de Marte e de Júpiter contém uma série de pequenos corpos celestes, a que William
Herschel dá o nome de asteroides. Hoje Ceres é classificado como planeta anão.
Com diâmetro de 974,6 x 909,4km, Ceres orbita o Sol, à velocidade média de 64.375km/h, em
1.679,67 dias (4,60 anos); à distância média de 413.690.604km (varia entre 380.995.855 e
446.669.320km) e completa uma rotação em 9h4min27s. A massa é de 943 quatrilhões de
toneladas, e a densidade, de 2,077g/cm3. A magnitude aparente varia entre 6,7 e 9,32.
Ceres é o nome latino de Deméter, deusa grega da terra cultivada, das colheitas e das estações do
ano.

1801 (31 de dezembro) – Graças aos cálculos efetuados pelo matemático alemão Karl Friedrich
Gauss (1777-1855), que havia inventado um procedimento conhecido como “método dos mínimos
quadrados” e que permite combinar observações e, com base nelas, estimar os parâmetros de uma
função (neste caso, uma órbita), o barão Franz Xaver von Zach consegue reencontrar Ceres, cuja
trajetória no espaço se perdera logo depois da descoberta de Piazzi.

1802 – O físico inglês William Hyde Wollaston (1766-1828) faz um feixe de luz branca atravessar
um prisma de vidro, colocando à frente do prisma uma placa com uma pequena fenda vertical.
Nasce o primeiro espectroscópio rudimentar, que permite a ele observar linhas escuras no espectro
do Sol.
Este estudo será retomado e ampliado por Joseph von Fraunhofer em 1814.

1802 – O diâmetro de Ceres é estimado em 260km (o valor correto gira em torno de 975km), o que
faz os astrônomos compreenderem que não se trata de um planeta, mas sim de uma nova classe de
objetos, a que William Herschel dá o nome de asteroides.

1802 (28 de março) – O médico e astrônomo alemão Heinrich Wilhelm Olbers (1758-1840)
descobre o asteroide 2 Palas. É o segundo asteroide do Sistema Solar em diâmetro (depois de
Ceres), embora tenha menos massa que Vesta.
Diâmetro: 582 x 556 x 500km; período orbital: 1.686,044 dias (4,62 anos). Distância média do Sol:
414.737.000km; massa: 210 quatrilhões de toneladas; densidade: 2,8g/cm3; rotação: 7h48min47s;
magnitude aparente: de 6,4 a 10,6.
Influenciado pela crença na Lei de Titius-Bode, Olbers sugere que Ceres e Palas poderiam ser
fragmentos de um planeta que se desintegrou há milhões de anos, devido a uma explosão interna ou
ao impacto de um cometa. Contudo, em razão da pequena massa total do cinturão de asteroides (4%
da massa da Lua) e das diferenças de composição química apresentadas por esses objetos, difíceis
de explicar caso tivessem alguma vez sido parte de um planeta único, atualmente os astrônomos
creem que jamais um planeta se formou naquela região do Sistema Solar, possivelmente devido às
perturbações gravitacionais de Júpiter.

1802 (6 de maio) – William Herschel propõe o termo “asteroide (do grego “asteroeidés”,
“semelhante a estrela”) para designar Ceres e Palas. Ele escreve: “Como nem a denominação de
planetas nem a de cometas pode aplicar-se a essas duas estrelas, devemos distingui-las por um novo
nome. Parecem pequenas estrelas, e é difícil distingui-las destas. Por sua aparência asteroidal, se
me permitem essa expressão, sugiro adotar esse nome e chamá-las asteroides”.

1803 – William Herschel publica “Account of the Changes that have happened, during the last
Twenty-five Years, in the relative Situation of Double-stars” (“Cômputo das Mudanças Que
Ocorreram, nos Últimos Vinte E Cinco Anos, na Situação Relativa de Estrelas duplas”). Neste
trabalho, com base em mudanças observadas nas posições relativas de estrelas integrantes de
sistemas binários e múltiplos que não podem ser atribuídas à órbita da Terra, ele argumenta
(corretamente) que essas estrelas podem estar gravitacionalmente ligadas e constituir sistemas
siderais “físicos”, e não apenas “aparentes”, contrariando o pensamento dominante na época.
No total, Herschel descobre mais de oitocentos sistemas estelares binários e múltiplos, quase todos
“físicos”. O trabalho teórico e observacional realizado por ele constitui a base da moderna
astronomia das estrelas binárias.

1803 (26 de abril) – Uma chuva de meteoritos, oriunda do estilhaçamento de um único bólido, cai
em L’Aigle, na França. Trata-se de um evento excepcional: são recuperados mais de 2.000
fragmentos. Toda a comunidade científica desperta com o acontecimento. A Academia de Ciências
da França apoiara, até então, os resultados da comissão de 1769 – não obstante os dezoito eventos
registrados na Europa, naqueles anos. Forçada pelas novas evidências a reconsiderar a questão, a
Academia nomeia nova comissão, chefiada pelo físico francês Jean-Batiste Biot (1774-1862), para
investigar as pedras de L’Aigle. Esse evento, esclarecido com a contribuição fundamental de Biot,
não deixa lugar a dúvidas. Em seu relatório à Academia, a comissão conclui que as pedras de
L’Aigle, e igualmente todas as recolhidas em condições análogas, têm proveniência cósmica. Nasce
então, oficialmente, a ciência dos meteoritos, reconhecendo-se que os pesquisadores estavam
lidando com amostras de material não terrestre.

1804 (2 de setembro) – O alemão Karl Ludwig Harding (1765-1834) descobre o asteroide 3 Juno.
Diâmetro: 320 x 267 x 200km; período orbital: 1.595,4 dias (4,37 anos); distância média do Sol:
399.725.000km; massa: 26,7 quatrilhões de toneladas; densidade: 2,98g/cm3; rotação: 7h13min;
magnitude aparente: de 7,4 a 11,55.

1807 (29 de março) – Heinrich Olbers descobre 4 Vesta, único asteroide visível a olho nu (a
magnitude aparente chega a 5,1).
Diâmetro: 572,6 x 557,2 x 446,4km; período orbital: 1.325,15 dias (3,63 anos); distância média do
Sol: 353.268.000km; massa: 267 quatrilhões de toneladas; densidade: 3,42g/cm3; rotação:
5h21min.

1809 – O Observatório Astronômico do Rio de Janeiro muda-se para a Academia Real Militar com
o propósito de atender a necessidades de navegação e conduzir estudos geográficos, geodésicos e
astronômicos.

1809 – O francês Honoré Flaugergues (1755-c. 1835) observa “nuvens amarelas” na superfície de
Marte. São os primeiros registros conhecidos de tempestades de poeira no planeta.
Alguns estudiosos colocam em dúvida essas observações, sob a alegação de que o telescópio
utilizado por ele não teria resolução suficiente.

1810 – É erguido, a mando de Frederico Guilherme III (1770-1840), rei da Prússia, o Observatório
de Koennigsberg, que tem como um de seus diretores Friedrich Wilhelm Bessel (1784-1846).

1811 – A Imprensa Régia brasileira imprime sua primeira publicação astronômica: as Efemérides
Náuticas, calculadas para o meridiano do Rio de Janeiro.

1811 (setembro) – O chamado Grande Cometa de 1811 (formalmente, C/1811 F1), descoberto em
25 de março pelo astrônomo francês Honoré Flaugergues (1755-c. 1835), chega ao periélio. O
astro, que permanece visível durante 260 dias, atinge seu brilho máximo em outubro, e o escritor
russo Lev (Liev) Tolstói (1828-1910), numa cena de “Guerra e Paz”, descreve o personagem Pedro
observando este cometa.

1814 – O físico alemão Joseph von Fraunhofer (1787-1826) constrói um espectroscópio


aperfeiçoado e estuda sistematicamente as linhas escuras no espectro solar. O instrumento
apresenta uma fenda de duas lunetas; uma faz com que os raios componentes do feixe luminoso
incidam paralelamente sobre o prisma e a outra recolhe os feixes refratados e os focaliza numa tela.
Utilizando um feixe de luz solar, ele descobre as primeiras 574 linhas do espectro do Sol, que
passam a ser conhecidas como “raias de Fraunhofer” ou “de absorção”.
Estudando os espectros da Lua e dos planetas, Fraunhofer constata que são idênticos ao do Sol e
demonstra que esses astros apenas refletem a luz solar, conforme sugerido por Galileu Galilei dois
séculos antes.

1815 – Manuel Ferreira de Araujo, professor da Academia Real Militar, que com o tempo se
transforma em escola politécnica, publica o primeiro livro de astronomia no Brasil: “Elementos de
Geodésia”. No ano seguinte, surge outra publicação do mesmo autor: “Elementos de Astronomia”.

1819 – O astrônomo alemão Johann Franz Encke (1791-1865) publica em Correspondance


astronomique a descoberta de que o cometa observado em 1786 por Pierre Méchain é periódico,
tendo sido registrado também em 1796 e 1805. É o segundo cometa periódico identificado,
recebendo a designação oficial 2P/Encke. É o cometa de luminosidade ao menos razoável com o
menor período conhecido, completando uma órbita a cada 3,3 anos (o 311P/PANSTARRS, cometa
débil localizado no cinturão de asteroides, descoberto em 27 de agosto de 2013, tem período de 3,2
anos). O diâmetro do núcleo é de 4,8km.
Atualmente, conhecem-se cerca de quinhentos cometas periódicos.

1820 – É fundada a Astronomical Society of London, mais tarde Royal Astronomical Society
(RAS). O primeiro presidente é William Herschel.

1821 – O astrônomo francês Alexis Bouvard (1767-1843) detecta irregularidades na órbita de


Urano, o que dá início à busca por Netuno.

1821 – É fundada, pelo astrônomo alemão Heinrich Christian Schumacher (1780-1850), e com o
patrocínio de Cristiano VIII (1786-1848), rei da Dinamarca (1839-1848), a revista Astronomische
Nachrichten (Notas Astronômicas), que afirma ser a mais antiga publicação sobre astronomia ainda
editada. Atualmente, é especializada em física solar, astronomia
extragaláctica, cosmologia, geofísica, bem como na instrumentação destes campos.

1822 – O papa Pio VII (Barnaba Chiara, 1742-1823) aprova um decreto da Sagrada Congregação
da Inquisição (hoje Congregação para a Doutrina da Fé) mediante o qual a Igreja Católica admite
oficialmente que a Terra gira ao redor do Sol, pondo fim à proibição de ensinar a teoria
heliocêntrica de Copérnico.

1823 (29 de dezembro - Nell de Bréauté descobre um cometa (formalmente, C/1823 Y1), também
observado no dia seguinte, independentemente, por Jean-Louis Pons e Wilhelm von Biela,
alternativamente denominado Grande Cometa de 1823 ou Bréauté-Pons. Visível a olho nu, tem a
particularidade de possuir duas caudas. Pons é o último astrônomo a observá-lo, em 1º de abril.

1824 – O astrônomo e astrofísico alemão Franz von Gruithuisen (1774-1852) explica a formação
das crateras lunares como o resultado de impactos de meteoritos.
Para explicar o brilho observado em Vênus, ele propõe que as selvas naquele planeta crescem mais
rapidamente do que no Brasil, devido à maior proximidade em relação ao Sol, e que em
consequência os venusianos celebram muitos festivais do fogo.

1824 – O físico e matemático francês Jean-Baptiste Joseph Fourier (1768-1830) sugere que a
atmosfera terrestre retém parte do calor recebido do Sol, como se estivesse debaixo de um cristal, a
exemplo do que acontece numa estufa. É a primeira referência ao fenômeno que, posteriormente,
passa a ser conhecido como “efeito estufa”.

1825 – Pierre-Simon Laplace publica o último dos cinco volumes de sua obra “Mécanique Céleste”
(os dois primeiros são de 1799), em que completa o seu estudo da gravitação, da estabilidade do
Sistema Solar, das marés, da precessão dos equinócios, da libração da Lua e dos anéis de Saturno.

1826 – Heinrich Olbers reformula o paradoxo proposto por ele em 1823 e que leva seu nome,
embora ele não tenha sido, nem de longe, o primeiro a propô-lo. O paradoxo de Olbers pode ser
assim resumido: se o Universo é infinito, possuindo um número infinito de estrelas luminosas,
uniformemente distribuídas, o céu deveria ser inteiramente luminoso porque haveria estrelas em
qualquer direção. A escuridão do céu noturno, portanto, contradiz a noção de Universo infinito e
estático.

1827 – No livro “Mémoire sur les orbites des étoiles doubles and Sur la détermination des orbites
que décrivent autour de leur centre de gravité deux étoiles très rapprochées l'une de l'autre”, o
francês Félix Savary (1797-1841) é o primeiro a utilizar a observação de estrelas binárias para
calcular as órbitas individuais dos componentes do sistema. Ele aplica o seu método à estrela Xi
Ursae Majoris, sistema composto de duas estrelas amarelas, distantes entre si 1,5 bilhão de km, que
orbitam em torno uma da outra em 59,84 anos. A distância à Terra é de 29 anos-luz.

1827 (15 de outubro) – É criado, por decreto do imperador D. Pedro I (1798-1834), o Observatório
Astronômico, hoje Observatório Nacional (ON), instalado no torreão da Escola Militar, na cidade
do Rio de Janeiro, tendo como primeiro diretor o professor de matemática Pedro de Alcântara
Bellegarde. Os objetivos iniciais são orientar os estudos geográficos do território brasileiro e de
ensino da navegação. Hoje o Observatório Nacional é responsável pela geração e divulgação da
Hora Legal Brasileira e por diversas pesquisas e estudos em Astronomia, Astrofísica e Geofísica,
possuindo cursos de pós-graduação com mestrado e doutorado nas duas áreas.
O Observatório Nacional é o mais antigo centro astronômico em funcionamento da América do
Sul.

1828 – Caroline Herschel recebe a medalha de ouro da Royal Astronomical Society por seus
trabalhos em astronomia. É a primeira mulher a receber essa distinção. A segunda será a
estadunidense Vera Rubin, em 1996.

1829 – Os britânicos organizam o Observatório do Cabo da Boa Esperança, em complemento ao de


Greenwich.

1830 (6 de dezembro) – É criado o Observatório Naval dos Estados Unidos (EUA), em


Washington. Em 1842, torna-se observatório nacional.
A partir de 1974, uma casa situada no terreno adjacente ao observatório, antes ocupada pelo
superintendente da instituição, passa a ser a residência oficial do vice-presidente dos EUA.

1831 – Surge o primeiro observatório universitário dos EUA, na Universidade da Carolina do


Norte.

1831 – Por decreto de Guilherme IV (1765-1837), rei do Reino Unido (1830-1837), a Astronomical
Society of London torna-se a Royal Astronomical Society. Os membros dessa instituição são
conhecidos como “fellows” (companheiros).
Atualmente, é a organização britânica integrante da União Astronômica Internacional.

1832 – O escocês David Brewster (1781-1868) mostra que gases frios produzem linhas de absorção
escuras nos espectros contínuos.

1835 – O “Diálogo sobre os Dois Máximos Sistemas do Mundo” e o “De Revolutionibus Orbium
Coelestium” são retirados do “Index Librorum Proibitorum”. Com isso, desaparece toda a oposição
oficial da Igreja ao heliocentrismo.

1835 – Cientistas iniciam o estudo físico do cometa Halley. Trabalhando no Observatório de Yale,
o naturalista Denison Olmsted (1791-1859) e o matemático Elias Loomis
(1811-1839) são os primeiros estadunidenses a observá-lo.
O periélio ocorre em 16 de novembro.

1835 – Caroline Herschel (1750-1848) e a escritora científica escocesa Mary Somerville (1780-
1872) tornam-se as primeiras mulheres admitidas na Royal Astronomical Society.

1836 – O alemão Friedrich Wilhelm Bessel (1784-1846), após ter observado jatos de vapor durante
a aparição do Halley em 1835, sugere que a força do material ejetado pode ser suficiente para
alterar significativamente a órbita de um cometa.

1836 – O banqueiro e astrônomo amador alemão Wilhelm Beer (1797-1850), junto com Johann
Heinrich von Mädler (1794-1874), prepara o mapa mais completo da Lua de seu tempo, o “Mappa
Selenographica”. Primeiro mapa lunar a ser dividido em quadrantes, contém uma representação
detalhada da face da Lua voltada para a Terra.

1836 (15 de maio) – O astrônomo inglês Francis Baily (1774-1844) observa as "Contas de Baily"
durante um eclipse solar anular. A vívida descrição dele desperta novo interesse no estudo de
eclipses.
As Contas de Baily são os pontos luminosos de luz que aparecem na extremidade ao redor da Lua
durante um eclipse Solar. As contas são criadas por luz do Sol que atravessa os vales da lua. A
última conta é a mais luminosa e se assemelha a um brilhante anel de diamantes.

1837 – Johann Franz Encke descobre, no interior do anel A de Saturno, uma lacuna muito tênue,
que recebe seu nome.

1837 – O astrônomo russo de origem alemã Friedrich Georg Wilhelm von Struve
(1793-1864) publica “Stellarum duplicium et multiplicium mensurae micrometricae”, trabalho em
que apresenta medições micrométricas das variações nas posições de 2.814 estrelas binárias entre
1824 e 1837). As estrelas binárias orbitam reciprocamente os centros de massa (baricentros) uma
da outra e, por isso, mudam lentamente de posição ao longo dos anos.

1838 – Friedrich Wilhelm Bessel mede as primeiras paralaxes estelares, refutando um dos mais
antigos argumentos contrários ao heliocentrismo. A primeira estrela que tem sua distância à terra
medida é 61 Cygni. O valor obtido por Bessel é 10,4 anos-luz, bastante próximo do atualmente
aceito: 11,41 anos-luz (108 trilhões de km). Hoje sabe-se que 61 Cygni é uma estrela binária
(dupla).

1839 – É criado o Observatório de Harvard, graças a uma coleta organizada entre a população
local, que soma 3.000 dólares. Seu primeiro diretor, William Cranch Bond (1789-1859), mediante a
instalação de instrumentos de sua propriedade, estuda as manchas solares, os planetas, a nebulosa
de Órion e a de Andrômeda.

1839 – O escritor estadunidense Edgar Allan Poe (1809-1849) publica o primeiro conto de ficção
científica sobre cometas. Em "A Palestra de Eiros e Charmion", do livro “Novas Histórias
Extraordinárias”, encontra-se a descrição da destruição da Terra por um cometa, relatada pela alma
de uma das vítimas depois de sua chegada ao céu.

1839 – Friedrich Georg Wilhelm von Struve funda o Observatório de Pulkovo, localizado ao sul de
São Petersburgo, que se destaca rapidamente e chega a ser um dos melhores do mundo.

1839 (9 de janeiro) – o processo de fotografia de daguerreótipo, inventado pelo francês Louis


Daguerre (1787-1851), é anunciado na Academia francesa de Ciências.
Ele tenta fotografar a Lua, mas a imagem produzida não passa de um borrão.

1840 – Dominique François Arago (1786-1853), astrônomo francês, descobre a cromosfera solar,
camada localizada acima da fotosfera e abaixo da coroa, com aproximadamente 2.000km de
profundidade e composta, essencialmente, de hidrogênio ionizado, hélio e cálcio. A densidade da
cromosfera é extremamente baixa: 10.000 vezes menor que a da fotosfera e 100 milhões de vezes
inferior à da atmosfera terrestre. Por isso, é visível a olho nu apenas durante eclipses totais do Sol.
De dentro para fora, a temperatura diminui de 5.700°C até um mínimo de 3.500°C, quando volta a
aumentar, atingindo 35.000°C no limite com a coroa.

1840 - Johann Heinrich von Mädler publica, em colaboração com Wilhelm Beer, o primeiro mapa
de Marte, resultado de dez anos de estudos. O ponto de referência utilizado por eles, posteriormente
batizado de Sinus Meridiani, é hoje o meridiano zero da cartografia marciana. Mädler e Beer não
atribuem nomes às características da superfície, que são indicadas apenas por letras, sendo Sinus
Meridiani indicado pela letra A.
1840 (23 de março) – O químico e botânico estadunidense de origem inglesa John William Draper
(1811-1882) é o primeiro a obter uma fotografia astronômica (astrofotografia) e fotografa a Lua.

1842 – No livro "Über das farbige Licht der Doppelsterne" (“Sobre a Luz Colorida das Estrelas
Duplas”), o físico, matemático e astrônomo austríaco Christian Johann Doppler (1803-1853)
formula as bases do "efeito Doppler", utilizado na acústica e na astronomia: a cor de um corpo
luminoso, do mesmo modo que a altura do som de uma fonte sonora, deve mudar em virtude do
movimento relativo do corpo e do observador. Esse efeito é utilizado para determinar o afastamento
(desvio do espectro para o vermelho) ou a aproximação (desvio para o azul) de um corpo celeste ou
de um sistema galáctico relativamente à Terra. É por meio dele que, posteriormente, Edwin Hubble
descobre que o Universo continua se expandindo.

1843 – O matemático e astrônomo britânico John Couch Adams (1819-1892) prevê a existência e a
localização de Netuno a partir de irregularidades na órbita de Urano.

1843 – O astrônomo amador alemão Samuel Heinrich Schwabe (1789-1875) constata que o número
de manchas na fotosfera solar sofre variações periódicas, completando um ciclo em
aproximadamente dez anos (periodicidade posteriormente corrigida para onze anos).

1843 – O astrônomo prussiano Friedrich Argelander (1799-1875) publica "Neue Uranometrie”


("Uranometria Nova"), um atlas de estrelas que podem ser observadas a olho nu.

1843 (5 de fevereiro) – É descoberto um grande cometa (C/1843 D1 ou 1843 I), cujo periélio (27
de fevereiro) é o mais próximo observado até então: menos de 830.000km. Em março, torna-se
extremamente brilhante, atingindo o ponto de maior proximidade com a Terra no dia 6.

1844 – Friedrich Bessel explica os movmentos oscilantes de Sirius e de Procyon, sugerindo que
essas estrelas têm companheiras de baixa luminosidade. Isso será confirmado em 1862 e 1896,
respectivamente.

1845 – William Parsons, astrônomo irlandês mais conhecido como Lord Rosse (1800-1867)
termina o telescópio refletor óptico de 1,83m do Birr Castle, localizado em Parsonstown, Irlanda.
Nesse mesmo ano, observa uma “nebulosa” com uma estranha forma espiral. Ele havia descoberto
a natureza espiral da galáxia M51. Mais tarde ele nota a mesma forma espiral em M99 e em mais
13 “nebulosas” que passam então a ser conhecidas como “nebulosas espirais” e que hoje sabemos
serem galáxias espirais.

1845 – É publicado o primeiro volume (de um total de cinco) da obra “Kosmos”, do naturalista
alemão Friedrich Alexander von Humboldt (1769-1859), que introduz a expressão “Universo-ilha”,
para designar sistemas estelares análogos ao nosso. À concepção da natureza extragaláctica das
nebulosas se opõe outra, segundo a qual o Universo não passa de uma gigantesca Via Láctea, sendo
as nebulosas nada mais que objetos pequenos aí contidos. O confronto entre essas duas concepções
cosmológicas é conhecido como “Grande Debate”.
“Kosmos” torna-se uma obra muito popular, com tradução para a maioria dos idiomas europeus. O
último volume é publicado postumamente (1862), com base nas notas deixadas por Humboldt.

1845 (2 de abril) – Hippolyte Fizeau e Léon Foucault obtêm a primeira fotografia do Sol.

1846 – Um decreto altera o nome do Observatório Astronômico do Rio de Janeiro para Imperial
Observatório.

1846 – Durante sua aproximação do Sol, o cometa 3D/Biela, registrado pela primeira vez pelo
astrônomo francês Jacques Laibats-Montaigne (1716-1788), em 8 de março de 1772, e identificado
como periódico pelo militar austríaco Wilhelm Von Biela (1682-1756), em 27 de fevereiro de
1826, desintegra-se em duas partes. Na passagem seguinte (1852), ambos os fragmentos são vistos
a 2.400.000km um do outro, e vestígios do que fora outrora o cometa só voltam a ser observados
em 27 de novembro de 1872, sob a forma de chuva de meteoros (3.000 por hora), a que se dá o
nome de “Andromedídeos” ou "Bielídeos".

1846 (21 de março) – O astrônomo francês Frédéric Petit (1810-1865) observa o que pensa ser um
segundo satélite natural da Terra numa órbita elíptica (3.570 x 11,4km) em torno do nosso planeta,
com período orbital de 2h44min.
A ideia de uma segunda Lua terrestre torna-se popular com o livro “Autour de la Lune” (“Ao Redor
da Lua”), do escritor francês Júlio Verne (1828-1905), publicado em 1870, em que esse suposto
satélite é parte importante do enredo.
Ao longo dos séculos XIX e XX, vários cientistas afirmam ter observado outras “luas” em torno da
Terra, mas a existência de tais corpos celestes nunca foi confirmada.

1846 (1º de junho) - O astrônomo francês Urbain Le Verrier (1811-1877), a exemplo do que fizera
John Couch Adams, prevê a existência e a localização de Netuno a partir de irregularidades na
órbita de Urano. Em 31 de agosto, ele apresenta previsões ainda mais detalhadas, incluindo
trajetória orbital e massa prováveis do objeto.

1846 (23 de setembro) – Com base nos cálculos orbitais feitos por John Couch Adams e, sobretudo,
por Urbain Le Verrier, os astrônomos alemães Johann Gottfried Galle
(1812-1910) e seu assistente Heinrich Louis D'Arrest (1822-1875), ambos do Observatório de
Berlim, localizam o planeta Netuno, na constelação de Aquário, a menos de um grau da posição
prevista matematicamente por Lê Verrier.
Este é um momento capital para a ciência do século XIX: é a confirmação da teoria gravitacional de
Newton.
Deve-se a Le Verrier o nome dado ao planeta.
Netuno é o mais longínquo dos oito planetas do Sistema Solar, orbitando o Sol a uma distância que
varia entre 4.452.940.833 e 4.553.946.490km, numa média de 4.503.443.661km. É o menor dos
“planetas gasosos” (os outros são Júpiter, Saturno e Urano), com diâmetro de 49.528 x 48.682km e
área superficial de 7.640.800.000km2 (equivalente a 14,98 superfícies terrestres). Ocupa um
volume de 62,54 trilhões de km3 (57,74 vezes superior ao terrestre) e tem massa de 102,43
sextilhões de toneladas (o que equivale a 17,147 massas da Terra), resultando numa densidade de
1,638g/cm3. A gravidade é 14% superior à terrestre, e a velocidade de escape é de 23,5km/s.
Completa uma órbita em torno do Sol, à velocidade média de 19.550km/h, em 60.190 dias
terrestres (164,79 anos), ou 89.666 dias netunianos, e leva 16h6min36s para girar em torno de si
mesmo. A temperatura pode chegar a -218° (um pouco superior à de Urano). Os principais
componentes da atmosfera são hidrogênio (79%), hélio (19%) e metano (1,5%). A magnitude
aparente varia entre 7,78 e 8,0. Tem catorze satélites conhecidos.
Netuno é o nome latino de Posídon (ou Poseidon, ou, ainda, Possêidon, deus supremo do mar.

1846 (10 de outubro) – William Lassell (1799-1880), astrônomo amador inglês, descobre Tritão,
primeiro satélite conhecido de Netuno.
Diâmetro: 2.707km; período orbital: 5,877 dias; distância média do planeta: 354.759km; massa:
21,4 quintilhões de toneladas; densidade: 2,061g/cm3; magnitude aparente: 13,47.
1847 – O matemático, astrônomo e fotógrafo inglês John Herschel (1792-1871), filho (único) de
William Herschel, publica “Results of Astronomical Observations made at the Cape of Good
Hope” (“Resultados de Observações Astronônicas Feitas no cabo da Boa Esperança”), obra em que
dá aos sete satélites de Saturno então conhecidos os seus nomes atuais: Mimas, Encélado, Tétis,
Dione, Reia, Titã e Jápeto.
Todos esses nomes têm origem mitológica.
Dos primeiros filhos de Urano (o céu personificado) e de Gaia, ou Geia (a Terra), seis são do sexo
masculino (os titãs, entre os quais está Jápeto) e seis são do sexo feminino (as titânides, entre as
quais estão reia e Tétis). Cronos (Saturno para os romanos) é um dos titãs, o mais jovem dos doze.
Quando Zeus vence os titãs, liderados por Cronos, numa luta chamada Titanomaquia, os deuses
olímpicos assumem o poder.
Encélado e Mimas são gigantes, filhos de Gaia, nascidos a partir do sangue jorrado na castração de
Urano por seu filho Cronos.
Dione é uma divindade da primeira geração, uma oceânide, filha do titã Oceano e da titânide Tétis.

1847 – John William Draper observa que sólidos quentes emitem luz em espectros contínuos
enquanto gases quentes produzem espectros de linha.

1847 – Num trabalho intitulado “Études d'Astronomie Stellaire: Sur la voie lactee et sur la distance
des etoiles fixes”, Friedrich Georg Wilhelm von Struve é um dos primeiros astrônomos a identificar
os efeitos da extinção estelar, embora não seja capaz de explicá-los. O fenômeno será descrito
apenas em 1930, por Robert Trumpler.

1848 – O francês Hippolyte Fizeau (1819-1896) Faz as primeiras experiências com o "efeito
Doppler", utilizando as raias de Fraunhofer como linhas de referência para determinar os
deslocamentos das estrelas na direção da Terra, com o objetivo de medir suas velocidades radiais.
Por isso hoje o fenômeno tem o nome de "efeito Doppler-Fizeau".

1848 – Edgar Allan Poe oferece a primeira solução plausível do paradoxo de Olbers em "Eureka: A
Prose Poem", ensaio que também sugere a expansão e o colapso do Universo.

1848 - O físico e engenheiro irlandês William Thompson, Lorde Kelvin (1824-1907), desenvolve
uma escala de temperaturas que, diferentemente das escalas de Celsius e de Fahrenheit, não parte
do ponto de fusão da água, mas sim do zero absoluto, isto é, a menor temperatura a que se pode
chegar, caracterizada pela ausência total de qualquer energia térmica, determinada em laboratório
como sendo equivalente a -273,15°c. Para obter o valor de uma temperatura em graus Kelvin (K),
basta acrescentar 273 ao seu equivalente em graus Celsius. Por exemplo, nesta escala, o ponto de
fusão da água, à pressão atmosférica do nível do mar, é de (0+273) 273 K, e o seu ponto de
ebulição é de (100+273) 373 K.

1848 - O astrônomo e matemático suíço Rudolf Wolf (1816-1893) desenvolve um método para
registrar o número de manchas solares e de grupos de manchas solares ao longo do tempo. Esses
registros continuam sendo feitos até hoje e servem para estudar os ciclos de atividade solar a longo
prazo. Essa quantificação de manchas solares recebe os nomes de “número de Wolf”, “número
internacional de manchas solares”, “número relativo de manchas solares” ou “número de Zurique”.

1848 (19 de setembro) – Ocorre a descoberta do satélite Hipérion, oitavo conhecido de Saturno,
feita simultaneamente pelos estadunidenses William Cranch Bond (1789-1859) e seu filho George
Phillips Bond (1825-1865) e pelo inglês William Lassell (1799-1880).
Diâmetro: 360,2 x 266 x 205,4km; período orbital: 21,276 dias; distância média do planeta:
1.481.009km; massa: 5,62 quatrilhões de toneladas; densidade: 0,544g/cm3.

1849 (12 de abril) – O astrônomo italiano Annibale de Gasparis (1819-1892) descobre 10 Hígia,
quarto maior objeto do cinturão de asteroides.
Diâmetro: 530 - 407 x 370km; período orbital: 2.031,01 dias (5,56 anos); distância média do Sol:
469.580.000km; Massa: 86,7 quatrilhões de toneladas; densidade: 2,08g/cm3; rotação: 27h37min.
Ceres, Pallas, Vesta e Hígia são por vezes chamados de “os quatro grandes”.

1850 – William Cranch Bond (1789-1859) e William Rutter Dawes (1799-1868) – trabalhando nos
EUA e na Grã-Bretanha, respectivamente, e sem estarem em contato – anunciam, com poucos dias
de diferença, a descoberta de um terceiro anel de Saturno, localizado entre os dois já conhecidos. O
anel C é tão transparente que se pode ver o perfil de Saturno através dele, sendo por isso conhecido
como “anel de crepe”.

1850 – O astrônomo francês Édouard Albert Roche (1820-1883) descobre que existe uma distância
mínima do centro de Saturno – hoje conhecida como “limite de Roche” – abaixo da qual nenhum
satélite fluido pode permanecer inteiro, reforçando com isso a hipótese de os anéis do planeta serem
formados por material orbitante desagregado.

1850 – O sétimo planeta em ordem de afastamento do Sol passa a se chamar Urano, nome sugerido,
muitos anos antes, por Johann Elert Bode. Mantém-se, dessa forma, a tradição de dar aos planetas
nomes derivados da mitologia greco-romana.

1850 (16 e 17 de julho) O astrônomo William Cranch Bond (1789-1859) e o daguerreotipista John
Adams Whipple (1822-1891) tiram, no Harvard College Observatory, as primeiras fotografias de
uma estrela que não o Sol: Vega, alfa de Lira. Trata-se de uma estrela com diâmetro pouco superior
ao dobro do solar e 2,13 vezes mais massiva que a nossa estrela. Está distante da Terra 25 anos-luz.
Vega já foi (c. 12000 a.C.), e será de novo (ano 13727), a Estrela Polar.

1850 (16 de dezembro) – Vênus chega a 39.514.827km da Terra. Outra aproximação semelhante
ocorrerá somente em 2101, quando o planeta chegará à distância de 39.541.578km.

1851 (fevereiro) - Primeira exibição pública (Paris) de um pêndulo de Foucault, idealizado pelo
físico francês Jean Bernard Léon Foucault (1819-1868) para demonstrar a rotação da Terra.
Semanas mais tarde, ele constrói seu pêndulo mais famoso, uma massa de 28kg com liberdade
completa de oscilação vertical, suspensa por um cabo de 67m da cúpula do Panteão de Paris (em
francês, Panthéon, edifício que originalmente era uma igreja e hoje abriga um mausoléu secular).
Na extremidade inferior da massa suspensa é colocada uma agulha metálica, disposta de modo a
deixar, a cada oscilação, marcas na areia no interior de um recipiente circular de cerca de 3m, que
completa o dispositivo. No caso específico deste péndulo, o plano de oscilação gira no sentido
horário e move-se cerca de 11 graus por hora, completando uma circunferência em pouco mais de
32 horas. A velocidade e a direção do plano de oscilação de um pêndulo de Foucault permitem
determinar a latitude em que é realizado o experimento. nos polos, o plano de oscilação completa
uma rotação em 24 horas: no polo norte, gira no sentido horário; no polo sul, no sentido anti-
horário.
Atualmente, pêndulos de Foucault são populares em museus de ciências e universidades.

1851 (28 de julho) – Durante um eclipse total do Sol, um daguerreotipista de Caliningrado (Rússia)
chamado Berkowski (o primeiro nome jamais é publicado) Obtém a primeira fotografia da coroa
solar, Uma espécie de “atmosfera de plasma” (existente também em outras estrelas) que se estende
por milhões de km no espaço. A temperatura é elevada, podendo chegar a alguns milhões de graus.
Contudo, como a densidade é extremamente baixa (aproximadamente 1 trilhão de vezes menor que
a da fotosfera), a sensação térmica é muitíssimo inferior a esse valor.

1851 (24 de outubro) – São descobertos o terceiro e o quarto satélites de Urano, Ariel e Umbriel,
por William Lassell.
Ariel – Diâmetro: 1.162,2 x 1.155,8 x 1.155,4km; período orbital: 2,520 dias; distância média do
planeta: 191.020km; massa: 1,353 quintilhão de toneladas; densidade: 1,66g/cm3.
Umbriel – Diâmetro: 1.169km; período orbital: 4,144 dias; distância média do planeta: 266.000km;
massa: 1,172 quintilhão de toneladas: densidade: 1,39g/cm3.

1852 – John Herschel dá aos quatro satélites de Urano então conhecidos (Titânia, Oberon, Ariel e
Umbriel) os seus nomes atuais.

1852 - É oficialmente inaugurado o Observatório Astronômico Nacional do Chile, localizado a


867m de altitude em Cerro Calán, Apoquindo, Região Metropolitana de Santiago. É o primeiro
observatório astronômico de destaque da América Latina. Desde 1927, é gerido pelo Departamento
de Astronomia da Universidade do Chile.

1852 (6 de abril) – O físico, astrônomo e explorador irlandês Edward Sabine (1788-1883) postula
que o ciclo de onze anos das manchas solares é “absolutamente idêntico” ao ciclo de onze anos do
campo geomagnético. Isso significa que as perturbações ocorridas na superfície do Sol afetam o
campo magnético da Terra.

1852-1859 – Os alemães Friedrich Argelander (1799-1875), Adalbert Krüger (1832-1896) e Eduard


Schönfeld (1828-1891) publicam “Bonner Durchmusterung”, último mapa estelar elaborado sem o
uso da fotografia. Este catálogo assinala o brilho e a posição de mais de 324.000 estrelas, visíveis
sobretudo no hemisfério norte.

1853 – No ensaio “Of the Plurality of Worlds” (“Da Pluralidade dos Mundos”, o filósofo e padre
anglicano inglês William Whewell (1794-1866), cético ou no mínimo cauteloso quanto à existência
de vida extraterrestre, lembra o conjunto de condições necessárias para o desenvolvimento da vida
– luz, temperatura, pressão, água, etc. –, que formam a chamada “zona de habitabilidade”. Muito
próximos do Sol, planetas como Vênus e Mercúrio estariam fora dessa zona, acontecendo o mesmo
com Saturno, Urano e Netuno, excessivamente distantes.

1854 - O médico e físico alemão Hermann von Helmholtz (1821-1894) propõe (incorretamente) a
contração gravitacional como a fonte de energia para o Sol.

1854 (10 de junho) – O matemático alemão Georg Friedrich Bernhard Riemann


(1826-1866) propõe que o espaço é curvo. Ele sugere que todas as leis físicas ficam mais simples
quando expressas em dimensões mais altas. Einstein, em 1916, usando o trabalho de Rieman em
sua teoria da Relatividade Geral, incorpora o tempo como a quarta dimensão.

1856 - O astrônomo britânico Norman Robert Pogson (1829-1891) propõe uma escala de
magnitudes estelares (vigente até hoje) segundo a qual uma estrela de primeira magnitude é cem
vezes mais brilhante que uma de sexta magnitude (cujo brilho está no limite de visibilidade do olho
humano). Portanto, uma estrela de primeira magnitude é 2,512 (raiz quinta de 100) vezes mais
brilhante que uma de segunda, que por sua vez é 2,512 vezes mais brilhante que uma de terceira, e
assim sucessivamente. As magnitudes das estrelas de maior brilho são expressas em números
negativos (a de Sirius, por exemplo, é -1,46). Ressalte-se que esta escala refere-se à magnitude
aparente, ou seja, o brilho que a estrela apresenta conforme é vista da Terra. Existem ainda dois
outros tipos de magnitude:
- absoluta – aquela que uma estrela teria se estivesse a uma distância padrão de 10 parsecs (32,6
anos-luz), sem qualquer absorção de luminosidade;
- bolométrica – quando não se leva em conta apenas a radiação visível, mas sim toda a radiação
produzida por uma estrela (raios gama, raios X, ultravioleta, luz visível, infravermelho, ondas de
rádio).

1858 (28 de setembro) – O cometa Donati, descoberto neste mesmo ano por Giovanni Batista
Donati (1826-1873), torna-se o primeiro astro celeste desse tipo a ser fotografado. Trata-se de um
cometa luminoso, com uma cauda de pó espetacularmente encurvada e duas caudas finas de gás.
Sua imagem é capturada pelo fotógrafo comercial inglês William Usherwood.

1859 – Surge a explicação para o mistério das linhas escuras do espectro solar, quando Robert W.
Bundsen (1811-1899), químico e físico alemão, e Gustav R. Kirchhoff
(1824-1887), físico alemão, descobrem as bases experimentais para a interpretação dos espectros
das substâncias químicas. Concluem que cada elemento químico tem seu espectro próprio, uma
espécie de “assinatura”. Aplicando o método que acabam de desenvolver ao espectro do Sol,
encontram sódio, cálcio, magnésio e ferro, concluindo que nossa estrela é formada pelos mesmos
elementos químicos existentes na Terra, o que constitui um achado científico de grande
importância. Posteriormente, constata-se que o mesmo vale para as demais estrelas.

1859 – O físico escocês James Clerk Maxwell (1831-1879) ganha o Prêmio Adams oferecido
(1857) pela Universidade de Cambridge ao pesquisador capaz de explicar a estrutura e os
movimentos dos anéis de Saturno. Descartando matematicamente a hipótese do anel fluido, ele
passa a estudar com maior profundidade a teoria do anel desagregado, formado por pequenos
corpos orbitantes e independentes. Maxwell chega à conclusão de que aquilo que existe ao redor de
Saturno é um sistema composto por anéis finos e concêntricos, com raios diferentes, cada um com
sua velocidade de revolução, sem intercâmbio de partículas. O ensaio em que ele apresenta este
modelo intitula-se “On the stability of Saturn's rings” (“Sobre a estabilidade dos anéis de Saturno”).
Trata-se de sete anéis, nomeados de A a G em ordem de descobrimento. Os anéis A, B e C são os
principais, sendo os quatro restantes bem mais tênues. Os três anéis principais estendem-se desde
7.000km até 80.000km acima do equador de Saturno e têm espessuras que variam entre 10m e
1km. As partículas que os compõem, com diâmetros entre 1cm e 10m, são formadas quase
exclusivamente por gelo de água (99,9%), havendo ainda traços de silicatos. A massa total dos
anéis é estimada em 30 quatrilhões de toneladas, mas alguns cientistas defendem que pode chegar
ao triplo desse valor.

1859 – O físico britânico John Tyndall (1820-1893) descobre que o dióxido de carbono, o metano e
o vapor de água bloqueiam a radiação infravermelha. É mais uma etapa na compreensão do efeito
estufa.

1859 (setembro) - Na tentativa de justificar características da órbita de Mercúrio que não podem ser
explicadas com base nas leis de Newton, Urbain Lê Verrier propõe a existência, entre Mercúrio e o
Sol, de um planeta, a que é dado o nome de Vulcano. Nos anos seguintes, astrônomos mobilizam-se
para encontrá-lo, o que jamais ocorre.

1859 (1º de setembro) – Os astrônomos amadores ingleses Richard Carrington (1826-1875) e


Richard Hodgson (1804-1872) descobrem, independentemente, os “flares” solares.
Flares são erupções de gás súbitas e violentas, com grande liberação de energia, que ocorrem na
superfície das estrelas. Nuvens de íons, elétrons livres e átomos são lançadas ao espaço durante o
fenômeno, que pode durar de alguns minutos a dezenas de minutos. Radiação ultravioleta e raios X
liberados pelos flares solares podem afetar a ionosfera da Terra e interromper comunicações via
rádio a longas distâncias. A frequência dos flares solares vai de vários por dia a um por semana,
conforme o Sol está mais ativo ou mais calmo ao longo de um ciclo de onze anos.

1860 - O astrônomo russo Matvey Gusev (1826-1866) afirma, acertadamente, que a Lua não é uma
esfera perfeita. Sabe-se hoje que a Lua tem diâmetro equatorial de 3.476,28km e diâmetro polar de
3.471,94km.

1860 (18 de julho) – Primeiro eclipse solar em que se utiliza a fotografia astronômica para estudos.
As fotos facilitam a descoberta de que os jatos de gás incandescente conhecidos como
proeminências surgem da superfície solar e não externamente a ela, conforme se acreditava na
época.

1861 – O astrônomo alemão Friedrich Gustav Spörer (1822-1895) descobre a variação das latitudes
das manchas solares durante um ciclo do Sol, fenômeno conhecido como “lei de Spörer”.

1861 – O químico e astrônomo britânico Warren De la Rue (1815-1889) dá início a um estudo


detalhado do Sol por meio da fotografia.

1861 (13 de maio) – O astrônomo australiano John Debbutt (1834-1916) descobre um grande
cometa (C/1861 J1), visível a olho nu por aproximadamente três meses. Ao longo de dois dias,
durante a aproximação máxima com a Terra (19.900.000km), que ocorre em 30 de junho, nosso
planeta fica dentro da cauda do cometa, e jatos de matéria convergindo para o núcleo podem ser
vistos.

1862 – no sul da França, o observatório de Marselha implanta o primeiro telescópio refletor


moderno, com um espelho em vidro metalizado, feito pelo físico Léon Foucault
(1819-1868).

1862 – O astrônomo sueco Anders Jonas Angström (1814-1874) descobre a presença de hidrogênio
na atmosfera solar.

1862 – Analisando as linhas espectrais do Sol e comparando-as às de outras estrelas, o astrônomo e


jesuíta italiano Angelo Secchi (1818-1878) determina que o Sol é uma estrela igual às outras.
Estrela de tipo espectral (ver 1943) G2 V (amarela), com temperatura superficial de 5.500°c e
temperatura central de 15,7 milhões de °C, o Sol é, tecnicamente, de quinta magnitude, com
magnitude aparente (como é visto da Terra) -26,74 e magnitude absoluta (que teria se estivesse à
distância-padrão de dez parsecs – 308 trilhões de km) +4,83. Situado a aproximadamente 26.000
anos-luz do centro da Via Láctea (cerca de 250 quatrilhões de km), o Sol leva entre 225 e 250
milhões de anos, à velocidade estimada de 220km/s, para completar uma órbita ao redor da região
central da Galáxia. O período de rotação varia entre 25,05 dias (7.189km/h), no equador, e 34,3
dias, nos polos. Com diâmetro de 1.392.684km (109 vezes o da Terra), área superficial de 6,088
trilhões de km2 (11.990 superfícies terrestres) e ocupando um volume de 1,412 quintilhão de km3
(1.300.000 vezes o volume terrestre), o Sol tem massa de 1,989 octilhão (um octilhão = 1 seguido
de 27 zeros) de toneladas, o que equivale a 332.946 vezes a massa da Terra e 99,86% de toda a
massa do Sistema Solar e resulta numa densidade média de 1,408g/cm3 (no núcleo, com diâmetro
entre 280.000km e 350.000km, a densidade é superior a 150g/cm3). A gravidade solar é 27,94
vezes a terrestre (uma pessoa pesando 70kg na Terra pesaria, no Sol, 1.955,8kg), e a velocidade de
escape (velocidade necessária para libertar-se de um campo gravitacional) é de 617,7km/s, 55 vezes
a da Terra. Os principais elementos componentes do Sol são hidrogênio (73,46%), hélio (24,85%) e
oxigênio (0.77%). A cada segundo, o Sol transforma cerca de 620 milhões de toneladas de
hidrogênio em hélio.
Na mitologia grega, o Sol é personificado por Hélio, deus que vê tudo o que se passa no universo.
De Hélio derivam termos como “afélio”, “heliocentrismo”, “heliosfera”, etc.

1862 – O astrônomo holandês Frederik Kaiser (1808-1872) calcula a rotação de Marte em


24h37min22,6s. A diferença em relação ao valor atualmente aceito (24h37min22,6848s) é de
menos de um décimo de segundo.

1862 – Começam a ser publicadas as Efemérides Astronômicas, do Imperial Observatório do Rio


de Janeiro. A publicação é interrompida em 1870.

1862 (31 de janeiro) – O estadunidense Alvan Clark (1804-1887), astrônomo e fabricante de


telescópios, identifica Sirius B, confirmando as previsões de sua existência, feitas em 1844 por
Friedrich Bessel.
Sirius, localizada na constelação do Cão Maior, é a estrela mais brilhante do céu noturno, com
magnitude aparente -1,46. Contudo, esse brilho forte deve-se à proximidade em relação às demais
estrelas (está a 8,6 anos-luz), já que a luminosidade de Sirius A é 25,4 vezes superior à solar, o que
é pouco se comparada às luminosidades de grande número de estrelas da Via Láctea. A estrela
principal do sistema, Sirius A, tem massa equivalente a 2,02 sóis e diâmetro de 2.380.000km. Sirius
B, bem mais modesta, é uma anã branca com diâmetro de 11.700km, massa equivalente a 98% da
solar, luminosidade igual a 2,6% da do Sol e magnitude aparente 8,30. A distância entre ambas as
estrelas varia entre 1,2 e 4,7 bilhões de km, e o período orbital é de 50,9 anos.

1863 – Anders Jonas Angstrom publica seu mapa do espectro solar com a identificação das linhas
que correspondem aos elementos químicos.

1863 – Enquanto registra alterações nas posições de manchas solares, Richard Carrington descobre
a natureza diferencial da rotação solar. O período de rotação do Sol, devido à sua natureza gasosa,
varia de acordo com a latitude, indo de 25,05 dias no equador até 34,3 dias nos polos.

1863 – É fundada, em Heidelberg, na Alemanha, a Astronomische Gesellschaft (Sociedade


Astronômica), segunda organização do gênero no mundo, depois da Royal Astronomical Society.

1863 – Ângelo Secchi produz algumas das primeiras ilustrações coloridas de Marte, atribuindo às
características da superfície nomes de exploradores famosos.

1864 – John Herschel publica o “General Catalogue of Nebulae and Clusters of Stars” (Catálogo
Geral de Nebulosas e Aglomerados de Estrelas”), conhecido como GC, com 5.079 objetos
“nebulosos”. Fazem parte do catálogo os 2.500 objetos descobertos pelo pai, William Herschel,
onze observados pela tia Caroline e 1.754 avistados por ele.

1864 – O astrônomo inglês William Huggins (1824-1910) estuda o espectro da nebulosa de Órion e
mostra que ela é uma nuvem de gás. Um dos primeiros astrônomos a utilizar o espectroscópio para
estudar a natureza física dos astros, Huggins assinala a coexistência de dois tipos de “nebulosas”: as
formadas por estrelas e as constituídas por material difuso.
É a primeira distinção entre galáxias (como Andrômeda), cujas linhas espectrais são semelhantes às
das estrelas, e nebulosas (como Órion), cujas linhas espectrais são características de gás.

1864 - William Thomson, mais conhecido como Lorde Kelvin (1824-1907), calcula que a idade da
Terra está compreendida entre 20 milhões e 400 milhões de anos, o que contribui para acirrar a
polêmica entre criacionistas e evolucionistas, surgida a partir de 1859 com a publicação, pelo
naturalista inglês Charles Darwin (1809-1882), do livro “Sobre a Origem
das Espécies por Meio da Seleção Natural ou a Preservação de Raças Favorecidas na Luta pela
Vida”, título abreviado, a partir da 6ª edição (1872), para “A Origem das Espécies”. Nesta obra,
Darwin sustenta que os seres vivos atuais são o resultado de uma longa evolução biológica, o que
contraria a teoria da criação divina contida no Gênesis. A Igreja reage, e a discussão se dissemina
rapidamente entre o público, gerando um verdadeiro debate científico internacional. Os cálculos de
Lorde Kelvin, um cristão devoto e defensor do criacionismo, servem de argumento aos adversários
de Darwin, pois o processo de evolução biológica que ele defende requer um período de tempo
superior aos 400 milhões de anos assinalados como idade máxima do planeta. Kelvin vai
diminuindo essa idade máxima ao longo das décadas seguintes, até chegar a 40 milhões de anos,
em 1897.
Atualmente, o valor aceito para a idade da Terra é de 4,54 bilhões de anos.

1864 (5 de agosto) – Giovanni Batista Donati descobre, estudando o cometa Tempel II, que os
espectros desses astros contém linhas de emissão, um dos dois tipos de linhas espectrais existentes
(o outro são as linhas de absorção). As linhas espectrais são Finas linhas vistas quando a luz de um
objeto se divide em seus componentes de comprimento de onda ou espectro e cujo estudo
denomina-se espectroscopia. Como são diferentes para cada elemento, o estudo das linhas
espectrais permite estabelecer a composição química de um astro ou de material interestelar
analisado.

1865 –Júlio Verne publica “De la Terre à la Lune” (“Da Terra à Lua”), obra de ficção em que três
homens viajam até o satélite natural terrestre num projétil disparado por um gigantesco canhão
denominado Columbiad. Curioso observar que o projétil é lançado da Flórida, local de onde partem
hoje os veículos espaciais estadunidenses.
Um filme baseado no livro, e com o mesmo título, é lançado em 1958.

1865 – O astrônomo francês Emmanuel Liais (1826-1900), trabalhando no Brasil, argumenta que
as manchas escuras de Marte são o resultado da presença de vegetação.

1866 – Giovanni Schiaparelli (1835-1910), astrônomo italiano, propõe, corretamente, que as


“chuvas” de meteoros ocorrem quando a Terra passa através da órbita de um cometa que deixou
restos ao longo de sua trajetória.

1866 – O astrônomo estadunidense Daniel Kirkwood (1814-1895) descobre que, no cinturão de


asteroides, há regiões vazias em que estes corpos celestes não conseguem estabelecer órbitas
estáveis (devido a perturbações gravitacionais de Júpiter), conhecidas como “lacunas de
Kirkwood”.

1866 – Angelo Secchi propõe a primeira classificação espectral das estrelas, dividindo os espectros
em três classes, de acordo com a cor: I, estrelas azuis e brancas; II, amarelas; III, laranja e
vermelhas.
Em 1868, ele acrescenta a classe IV, formada por estrelas de carbono.
Em 1877, ele propõe uma quinta classe, formada por estrelas peculiares.
A classificação espectral de Ângelo Secchi será gradualmente substituída, a partir do final dos anos
1890, pela de Harvard.

1866 – William Huggins faz as primeiras observações espectroscópicas de uma estrela “nova” e
descobre linhas de hidrogênio no espectro de T Coronae Borealis. Ele propõe uma explosão
cataclísmica como a causa do espectro observado e consegue atrair a atenção dos astrônomos para o
estudo dessas estrelas.

1867 – O astrônomo inglês Richard Anthony Proctor (1837-1888) elabora um mapa da superfície
de Marte que mostra continentes, mares, baías e outras características geográficas, mas não
distingue canais, como faz Schiaparelli mais tarde.

1867 – Anders Jonas Angström é o primeiro a examinar o espectro das auroras boreais.

1867 – Os astrônomos franceses Charles Wolf (1827-1918) e Georges Rayet (1839-1906)


descobrem, espectroscopicamente, uma classe de estrelas denominada Wolf-Rayet. Trata-se de
estrelas quentes (30.000°C a 200.000°C) e massivas (mais de 20 massas solares no início), que
perdem rapidamente sua matéria constituinte em razão de ventos estelares muito fortes
(2.000km/s).

1867 – Devido ao grande número de asteroides descobertos, é adotada uma nomenclatura para
designá-los, a qual consiste em um nome próprio precedido de um número entre parênteses, em
ordem de descobrimento. Assim, temos (1) Ceres, (2) Palas, (3) Juno, (4) Vesta, etc. Essa
nomenclatura continua em vigor, sendo hoje opcional o uso dos parênteses.

1868 – Anders Jonas Angström publica sua extensa pesquisa do espectro solar no trabalho clássico
“Recherches sur le spectre solaire” (“Pesquisas sobre O Espectro Solar”), com medidas detalhadas
de mais de 1.000 linhas espectrais.

1868 – Confirma-se a hipótese de que a coroa solar é um invólucro gasoso, graças ao primeiro
estudo espectroscópico de uma proeminência, realizado pelo francês Pierre Jules César Janssen
(1824-1907).
Proeminências (ou protuberâncias) solares são estruturas enormes e brilhantes que
se destacam da superfície do Sol, geralmente em forma de laço. As proeminências
partem da superfície e se estendem até a Coroa solar. Atingem milhares de km de altura (a maior já
registrada chegou a 800.000km) e ejetam material solar no espaço a velocidades que podem
ultrapassar os 1.000km/s. Duram de alguns dias a vários meses.

1868 (18 de agosto) – O astrônomo francês Pierre Jules César Janssen (1824-1907) e o astrônomo
britânico Norman Lockyer (1836-1920) descobrem uma linha amarela não identificada nos
espectros das proeminências solares e sugerem que ela é proveniente de um novo elemento, que
eles chamam de “hélio”.

1869 (7 de agosto) – Um espectro completo da coroa solar é obtido, durante um eclipse, pelo
estadunidense Charles Augustus Young (1834-1908).

1870 – É criado o Observatório Nacional de Córdoba, o primeiro da Argentina.

1871 – o astrônomo e físico alemão Hermann Karl Vogel (1841-1907) aplica o efeito Doppler na
determinação da velocidade de rotação do Sol.
1872 – O estadunidense Henry Draper (1837-1882), filho de John William Draper, inventa a
fotografia espectral astronômica. Ele obtém o primeiro espectrograma (foto de um espectro) de uma
estrela: Vega (Alfa de Lira), em que são visíveis linhas de absorção.

1873 – James Clerk Maxwell publica “A Treatise on Electricity and Magnetism” (“Um tratado
sobre Eletricidade E Magnetismo”), em que descreve a sua teoria sobre a natureza eletromagnética
da luz, na qual vinha trabalhando havia vários anos, segundo a qual a luz constitui-se de campos
elétricos e magnéticos oscilantes, que se propagam juntos no espaço, à velocidade aproximada de
300.000km/s, sob a forma de ondas. A teoria é matematicamente descrita nas quatro equações de
Maxwell, as quais expressam, respectivamente, como cargas elétricas produzem campos elétricos
(Lei de Gauss), a ausência experimental de cargas magnéticas, como corrente elétrica produz
campo magnético (Lei de Ampère), e como variações de campo magnético produzem campos
elétricos (Lei da indução, de Faraday).

1873 – O Japão adota o calendário gregoriano.

1873 – O astrônomo francês Camille Flammarion (1842-1925) atribui a cor vermelha de Marte a
uma possível vegetação.

1873 – Daniel Kirkwood apresenta uma lista, extraída de várias fontes, de antigos acontecimentos
envolvendo quedas de meteoritos.

1873 – Richard Anthony Proctor é o primeiro a sugerir que as crateras lunares são o resultado de
impactos de meteoritos e não de ação vulcânica, como tinha sido anteriormente pensado.

1874 (9 de dezembro) – Ocorre um trânsito de Vênus (duração de 4h37min). Dezenas de


expedições (oficiais e privadas) são enviadas a diversas partes do mundo para observá-lo.

1875 – O Egito adota o calendário gregoriano.

1876 – William Kingdon Clifford (1845-1879), matemático inglês, escreve “Sobre A Teoria
Espacial da Matéria”, cuja ideia tem papel fundamental na Teoria Geral da Relatividade de
Einstein. Segundo esse postulado, o movimento da matéria pode dever-se a variações na geometria
do espaço.

1876 – O inglês William Huggins (1824-1910) e sua esposa, a irlandesa Margaret Lindsay Huggins
(1848-1915) são os primeiros a utilizar chapas fotográficas secas em astronomia, ao efetuarem
registros dos espectros de objetos astronômicos.
Embora a astrofotografia seja empregada há já quatro décadas, esse avanço tecnológico constitui
uma verdadeira revolução, porque torna possível o uso profissional da fotografia no estudo dos
astros. A chapa seca aumenta consideravelmente o tempo de exposição possível (antes limitado ao
período em que as chapas permanecem úmidas), o que é fundamental no registro de imagens mais
detalhadas e de melhor qualidade.

1877 – Tem início a polêmica acerca dos canais marcianos. O astrônomo italiano Giovanni
Virginio Schiaparelli (1835-1910) elabora um minucioso mapa de Marte, propondo nova
nomenclatura para as várias regiões caracterizadas por diferentes valores de albedo (relação entre a
luz refletida pela superfície de um planeta e a que este recebe do Sol. Nos mapas de Schiaparelli,
aparecem numerosas estruturas lineares, que ele denomina “canais” e que, por anos seguidos,
provocam muita discussão: uns afirmam serem características naturais, outros defendem a tese de
que se trata de estruturas artificiais construídas pelos habitantes de Marte. Por algum tempo,
prevalece a segunda hipótese, sobretudo nos países de língua inglesa, uma vez que a palavra
italiana “canali” usada por Schiaparelli é traduzida em inglês por “canals”, que significa “canais
artificiais” (o termo para “canais naturais” é “channels”). O desejo comum a toda a humanidade de
não se sentir sozinha no Universo sobrepõe-se a esse possível erro de tradução, e cada nova
observação “reforça” a existência de marcianos.
Registre-se que, nessa época, a grande maioria das observações astronômicas é feita sem o uso da
fotografia. Os astrônomos precisam ficar horas olhando pelo telescópio e, nos momentos em que a
visibilidade é favorável, desenham o que veem, procedimento que dá margem a muitos erros de
interpretação. Além disso, o final do século XIX é um período de construção de grandes canais na
Terra. Em novembro de 1869, por exemplo, é inaugurado no Egito o Canal de Suez (então com
164km de comprimento, hoje com 193,3km), que liga o Mar Mediterrâneo ao Mar Vermelho e
permite navegar entre a Europa e a Ásia Oriental sem contornar a África. Em 1881, a França
começa a construir o Canal do Panamá, completado apenas em 1914 (inauguração em 15 de agosto)
pelos EUA e que, com uma extensão de 77,1km, liga o Oceano Atlântico (via Mar do Caribe) ao
Oceano Pacífico.. É compreensível, portanto, que muitas pessoas pensem que projetos semelhantes
sejam realizados em Marte.
A hipótese dos canais de Marte só é abandonada na segunda década do século XX.

1877 (12 e 18 de agosto) – O astrônomo estadunidense Asaph Hall (1829-1907) descobre,


respectivamente, Deimos e Fobos, os dois satélites conhecidos de Marte.
Deimos – Diâmetro: 15 x 12,2 x 10,4km; período orbital: 1,262 dia; distância média do planeta:
23.460km; massa: 1,48 trilhão de toneladas; densidade: 1,471g/cm3.
Fobos – Diâmetro: 26,8 x 22,4 x 18,4km; período orbital: 0,319 dia (7h39min); distância média do
planeta: 9.377,2km (menor distância conhecida entre um planeta do Sistema Solar e um satélite);
massa: 10,72 trilhões de toneladas; densidade: 1,887g/cm3.
Fobos está tão próximo de Marte que o seu período orbital é menor que o período de rotação do
planeta. Como resultado, um hipotético observador colocado na superfície marciana veria Fobos
nascer a oeste, mover-se rapidamente pelo céu (4h15min, ou menos) e se pôr a leste. Esse
fenômeno ocorre, em média, duas vezes a cada dia marciano, uma vez que o ciclo completo dura
11h06min. As forças de maré de Marte estão diminuindo o raio orbital de Fobos, que se aproxima
do planeta cerca de 20m por século. Estima-se que, em 11 milhões de anos, o satélite se choque
com o planeta ou, mais provavelmente, seja fragmentado, formando um sistema de anéis.

1878 – O físico holandês Hendrik Antoon Lorentz (1853-1928) publica um trabalho em que
relaciona a velocidade da luz em um meio com a sua densidade e composição.

1878 – O astrônomo inglês George Darwin (1845-1912), filho de Charles Darwin, formula uma das
primeiras teorias para explicar o aparecimento da Lua, baseada num mecanismo de fissão. Essa
teoria considera que, no início, a Terra e a Lua constituíam um único corpo celeste. Segundo
Darwin, a protoTerra girava em torno de seu eixo com altíssima velocidade, suficiente para fazer
com que seu corpo se alongasse e assumisse a forma de uma pera. O rompimento e a expulsão do
material existente nessa saliência teriam originado a Lua.

1879 – O físico austríaco Josef Stefan (1835-1893) formula a lei de estados da energia radiante de
um corpo negro – objeto teórico que absorve toda a radiação que cai sobre ele. Sua lei é um dos
primeiros passos importantes para a compreensão da radiação de corpo negro.

1879 - O astrônomo estadunidense Benjamin Apthorp Gould (1824-1896) identifica uma região da
Via Láctea que mais tarde recebe o seu nome. Trata-se do Cinturão de Gould, um anel parcial de
estrelas com cerca de 3.000 anos-luz de diâmetro que faz parte de Órion, braço espiral da galáxia ao
qual pertence o Sol e de cujo centro está atualmente a 325 anos-luz. Acredita-se que o Cinturão de
Gould se formou há 30 milhões de anos pela colisão de matéria escura com a nuvem molecular
local, mas essa teoria carece de comprovação. Existem evidências de cinturões de Gould também
em outras galáxias.

1880 – O astrônomo estadunidense Samuel Pierpont Langley (1834-1906) aperfeiçoa um medidor


de radiação, que depois passa a ser chamado de “bolômetro”.

1880 (30 de setembro) – Henry Draper obtém a primeira fotografia da Nebulosa de Órion (M42).

1881 – William Huggins (1824-1910) e Henry Draper (1837-1882) introduzem a técnica de análise
do espectro da luz emitida pelos cometas, abrindo caminho para a identificação de seus elementos
constituintes.

1882 (1º de setembro) – Um grande cometa (C/1882 R1) aparece, sendo já visível a olho nu no
momento da descoberta. Em 17 de setembro, atinge o periélio, podendo ser visto durante o dia.
Permanece visível a olho nu até fevereiro de 1883.

1882 (6 de dezembro) – Ocorre um trânsito de Vênus, o primeiro registrado em fotografias, que são
destaque na imprensa de todo o mundo.

1883 – O astrônomo amador inglês Andrew Ainslie Common (1841-1903) utiliza chapas
fotográficas secas para obter várias imagens das mesmas nebulosas com um tempo de exposição
superior a 60 minutos. Essas imagens mostram, pela primeira vez, estrelas fracas demais para
serem captadas pelo olho humano. A observação do céu já não depende mais das noites límpidas e
dos momentos em que os astrônomos estão ao telescópio. As imagens podem agora ser
armazenadas e analizadas mais tarde, havendo sempre a possibilidade de se descobrir algo que
escapou ao observador no primeiro momento.
A partir daí, a astrofotografia começa a ser empregada em larga escala.
Contudo, se por um lado as fotografias com longo tempo de exposição trazem avanços
extraordinários, por outro lado é preciso resolver problemas técnicos. É necessário construir
telescópios suficientemente rígidos para não perderem o foco durante as exposições e encontrar
maneiras de fazê-los apontar sempre para o mesmo objeto por longos períodos. Como a Terra está
em constante rotação, os telescópios devem girar permanentemente no sentido oposto para seguir o
movimento aparente das estrelas. Esse controle, manual a princípio (dependente, portanto, da
habilidade do controlador), é hoje totalmente automatizado e está a cargo de computadores.

1884 – O belga Luis Cruls (1848-1908), diretor do Imperial Observatório, representa o Brasil na
Conferência de Washington em que se adota o meridiano de Greenwich como meridiano inicial de
referência para longitudes e hora internacional (o que ocorre a 13 de outubro).

1885 – É publicado o primeiro volume do Anuário (continuação das Efemérides Astronômicas) do


então Imperial Observatório do Rio de Janeiro (hoje Observatório Nacional). Esta publicação
continua sendo editada até hoje.

1885 (19 de agosto) – O astrônomo amador irlandês Isaac Ward descobre S Andromedae (ou SN
1885A), primeira (e até agora única) supernova observada na galáxia de Andrômeda e a primeira
supernova localizada fora da Via Láctea. Distante 2,6 milhões de anos-luz e atingindo a magnitude
6, é observada no dia seguinte, independentemente, pelo astrônomo alemão Ernst Hartwig (1851-
1923).

1886 – O físico alemão Heinrich Hertz (1857-1894) produz e detecta ondas eletromagnéticas, do
tipo que mais tarde seria chamado “rádio”.

1886 – Luis Cruls lança a Revista do Imperial Observatório, de publicação mensal. É a primeira
revista exclusivamente científica produzida no Brasil. A impressão é interrompida em 1891.

1887 – Os físicos estadunidenses Albert Abraham Michelson (1852-1931) e Edward Williams


Morley (1838-1923) realizam uma série de complexos experimentos cujo objetivo é demonstrar a
influência do éter sobre o deslocamento da luz. Considerado desde a Antiguidade como substância
extremamente leve que ocupa todos os espaços vazios do Universo e serve como meio de
propagação da luz, assim como a água e o ar permitem a propagação do som, o éter é também
chamado de quintessência (ou quinta-essência), sendo característico da região translunar de
Aristóteles, em oposição aos quatro elementos (terra, água, ar e fogo) que existem na região
sublunar. Para surpresa dos cientistas, nenhum vestígio da influência do éter é encontrado, o que
leva a comunidade científica a rejeitar a existência dessa substância.
A principal consequência desses experimentos é a formulação do princípio de que a velocidade da
luz no espaço é sempre a mesma, independentemente de qualquer movimento da fonte de emissão
ou do observador, princípio este que serve de base à teoria da relatividade especial, enunciada
dezoito anos mais tarde por Albert Einstein.

1887 – Camille Flammarion funda a Société Astronomique de France.

1887 – Isaac Roberts (1829-1904), um amador inglês pioneiro da fotografia astronômica, descobre
a estrutura em espiral de Andrômeda e a presença de dois sistemas-satélites.

1887 - Publicação póstuma de “Canon der Finsternisse” (Catálogo de Eclipses), do astrônomo e


matemático austríaco Theodor von Oppolzer (1841-1886). Trata-se de uma compilação de 8.000
eclipses solares e 5.200 eclipses lunares num período que vai de 1207 a.C. a 2161 d.C.

1887 (abril) – Ocorre em Paris uma conferência astronômica, cujo objetivo é estabelecer as bases
para a compilação de um Atlas fotográfico celeste. Denominado Carte du Ciel (Mapa do Céu) e
iniciado sob a coordenação de Amedée Mouchez (1821-1892), diretor do Observatório de Paris,
trata-se de um vasto projeto internacional de mapeamento estelar sem precedentes, do qual
participam vinte observatórios de diversos países, cujo objetivo é catalogar e determinar as
posições de milhões de estrelas, até a 12ª magnitude. Devido à extensão do projeto e aos custos
elevados, os objetivos são apenas parcialmente alcançados.

1888 – O astrônomo dinamarquês Johan Ludvig Emil Dreyer (1852-1926). compila o “New
General Catalogue of Nebulae and Clusters of Stars” (“Novo Catálogo Geral de Nebulosas e
Agrupamentos de Estrelas”), (NGC), inicialmente com 7.840 objetos. Esse catálogo contém todo
tipo de objetos do céu profundo (galáxias, nebulosas, aglomerados estelares), e as iniciais NGC são
ainda amlamente utilizadas em nossos dias.
Posteriormente, Dreyer publica dois suplementos (1895 e 1908), adicionando 5.386 objetos ao
catálogo.

1888 – Henry Augustus Rowland (1848-1901), físico estadunidense, publica um atlas do espectro
solar.
1889 (7 de fevereiro) – É fundada a Astronomical Society of the Pacific, Em São Francisco,
Califórnia, EUA. Atualmente, conta com membros em mais de quarenta países.

1890 –Após a proclamação da República no ano anterior, o Imperial Observatório do Rio de


Janeiro passa a se chamar Observatório do Rio de Janeiro e fica subordinado ao Ministério da
Guerra.

1891 –O papa Leão XIII (Gioacchino Vincenzo Raffaele Luigi Pecci, 1810-1903) refunda o
Observatório do Vaticano (Specola Vaticana), para mostrar que "a Igreja e seus pastores não se
opõem à ciência autêntica e sólida, tanto a humana como a divina, mas a abraça, a impulsiona e a
promove com a mais completa dedicação". As palavras de Leão XIII vêm após as várias negações
da Igreja sobre descobertas científicas, entre elas as astronômicas, como a translação da Terra ao
redor do Sol.

1891 – O físico britânico John Henry Poynting (1852-1914) determina a densidade média da Terra:
5,5g/cm3.

1892 – O astrônomo estadunidense George Ellery Hale (1868-1938) inventa o espectroheliógrafo,


um aparelho que permite fotografar o Sol na luz de um elemento apenas, ou seja, na luz de uma
única cor espectral. Isso implica analisar somente as linhas mais intensas e características da
radiação cromosférica.

1892 – Camille Flammarion publica “La planète Mars et ses conditions d'habitabilité” (“O planeta
Marte e suas condições de habitabilidade”), obra em que escreve sobre os canais de Marte e
argumenta que uma raça inteligente poderia usá-los para distribuir água num mundo marciano
próximo da morte. Acredita na existência dos habitantes de Marte, sugerindo que eles poderiam ser
mais avançados que os seres humanos.

1892 - O astrônomo alemão Hermann Carl Vogel (1841-1907), descobridor das binárias
espectroscópicas, publica dados confiáveis para 51 dessas estrelas.
Binárias espectroscópicas são estrelas cujas linhas espectrais se movem ora para o azul ora para o
vermelho, indicando que elas se aproximam e se afastam da terra enquanto orbitam seu centro de
massa (baricentro). Uma vez que não é possível ver os componentes dos sistemas separadamente
com os telescópios da época, sendo o movimento das linhas espectrais o único indicativo de que se
trata de estrelas duplas, elas recebem o nome de binárias espectroscópicas.

1892 (9 de setembro) – É descoberto Amalteia, quinto satélite conhecido de Júpiter, pelo astrônomo
estadunidense Edward Emerson Barnard (1857-1923). É o primeiro satélite descoberto em Júpiter
depois dos quatro avistados por Galileu Galilei em 1610.
Diâmetro: 250 x 146 x 128km; período orbital: 0,498 dia (11h57min); distância média do planeta:
181.365km; massa: 2,08 quatrilhões de toneladas; densidade: 0,857g/cm3.

1894 – O milionário e astrônomo amador estadunidense Percival Lowell (1855-1916) funda em


Flagstaff, no Arizona, um observatório particular, que leva seu nome, dedicado essencialmente a
tentar provar a existência dos canais de Marte e de um planeta para além da órbita de Netuno.

1894 - O astrônomo inglês Edward Walter Maunder (1851-1928) publica suas pesquisas sobre um
fenômeno que fica conhecido como “mínimo de Maunder” ou, mais recentemente, “mínimo
prolongado de manchas solares”. Trata-se de um período compreendido aproximadamente entre
1645 e 1715 em que o número de manchas solares é significativamente menor do que o normal.
Embora escrito em colaboração com a segunda esposa, Annie Scott Dill Russell (1868-1947), o
trabalho, conforme o costume da época, aparece apenas em nome de Maunder. Ele menciona as
pesquisas do alemão Gustav Spörer (1822-1895), que também tem um período de atividades
reduzidas de manchas solares (c. 1450-c. 1540) associado ao seu nome.
O “mínimo de Maunder” está cronologicamente inserido na “Pequena Idade do Gelo” (1550 a
1850, segundo a NASA), uma época de considerável diminuição da temperatura média em várias
regiões, sobretudo na Europa, mas não é certo que ambos os fenômenos estejam relacionados.
Estudos recentes (2012) calculam que ocorreram dezoito períodos de atividade mínima de manchas
solares nos últimos 8.000 anos e que atualmente o Sol passa um quarto do tempo nesses mínimos.
A causa dessa redução temporária das manchas solares não é conhecida.

1895 - Os astrônomos estadunidenses James Edward Keeler (1857-1900) e William Wallace


Campbell (1862-1938) deduzem as velocidades das partículas dos anéis de Saturno a partir do seu
deslocamento Doppler e descobrem que os anéis giram em torno do planeta com velocidade
diferente daquela da atmosfera. Além disso, concluem que as partes internas dos anéis giram mais
depressa que as externas. É a comprovação do modelo de James Clerk Maxwell, segundo o qual os
anéis de Saturno estão compostos de miríades de partículas com órbitas independentes ao redor do
planeta.

1895 – O termo “multiverso” é utilizado pela primeira vez, cunhado pelo psicólogo e filósofo
estadunidense William James (1842-1910). De acordo com as várias teorias existentes sobre o
multiverso, o universo em que vivemos é apenas um dentre muitos, cada qual podendo ter leis
diferentes e propriedades variadas. As teorias sobre multiverso diferem bastante entre si, não
havendo evidências científicas importantes que as apoiem. Por vezes, fala-se também em
“universos paralelos”.

1895 - Percival Lowell publica “Mars” (Marte), o primeiro de três livros sobre o planeta vermelho.
Os dois outros são “Mars and Its Canals” (Marte e seus canais), em 1906, e “Mars As the Abode of
Life” (Marte como morada da vida), em 1908. Com essas três obras, Lowell torna-se o mais
influente divulgador da ideia de que Marte possui canais e de que eles constituem a prova de que o
planeta abriga formas de vida inteligente. Ele acredita que uma civilização marciana avançada mas
desesperada construiu os canais para irrigar todo o planeta a partir das calotas polares, última fonte
de água de um mundo que está secando inexoravelmente. Embora essa teoria alcance grande
aceitação popular, a comunidade científica mostra-se cética. Lowell e seu observatório não são
levados a sério pela maioria dos astrônomos.

1895 (8 de novembro) – O físico alemão Wilhelm Conrad Röntgen (1845-1923) descobre os raios
X, que décadas mais tarde passam a ter ampla aplicação na astronomia, permitindo o estudo de
radiações eletromagnéticas emitidas nos comprimentos de onda que os caracterizam.

1896 – Pierre Jules Janssen faz o primeiro registro fotográfico dos “grânulos” da fotosfera solar.
Trata-se de zonas de convecção, de cujo centro é ejetado gás quente, proveniente do interior do Sol,
e em cujas bordas este mesmo gás, resfriado pela menor temperatura da fotosfera em relação às
zonas internas solares, volta a cair. Os grânulos são fenômenos temporários, que duram minutos, e
o gás ejetado atinge alturas de várias centenas de km.

1896 - O físico e químico sueco Svante August Arrhenius (1859-1927) calcula como o dióxido de
carbono atmosférico intercepta a radiação infravermelha que a Terra emite ao espaço e conclui que
a duplicação da quantidade desse gás na atmosfera aumentaria a temperatura média do planeta em 5
ou 6°C. Determina também que, num planeta mais quente, é maior a evaporação da água dos
oceanos, provocando a elevação da concentração de vapor de água na atmosfera, o que resulta num
bloqueio ainda maior da radiação infravermelha.
Trata-se do efeito estufa, fenômeno também existente em outros planetas e exoplanetas. No
Sistema Solar, é particularmente relevante em Vênus, fazendo com que a temperatura daquele
planeta seja superior à de Mercúrio, apesar de este último estar mais perto do Sol.

1896 – Usando dados obtidos durante as observações dos trânsitos de Vênus de 1874 e 1882, o
astrônomo e matemático canadense naturalizado estadunidense Simon Newcomb (1835-1909)
calcula que a distância Terra-Sol é de 149.189.036km (valor correto: 149.598.261km).

1897 – O físico britânico Joseph John Thompson (1856-1940) descobre o elétron, partícula atômica
elementar e estável, que circunda o núcleo do átomo e tem carga negativa.

1897 (21 de outubro) – É inaugurado em Williams Bay, Wisconsin, nos EUA, a 58m acima do lago
Geneva e a 334m acima do nível do mar, o telescópio refrator de Yerks, cuja objetiva tem 1,01m de
diâmetro, o que faz dele o maior do mundo em sua categoria na época.

1898 – O físico alemão Wilhelm Wien (1864-1928) identifica uma partícula positiva igual em
massa à do átomo de hidrogênio. Com este trabalho, ele fundamenta a espectrometria de massa.

1898 – Publicação de “The War of the Worlds” (“A Guerra dos Mundos”), de H. G. Wells (1866-
1946), obra ficcional (303 páginas) que descreve a invasão de Londres e arredores por marcianos
inteligentes, que possuem armas altamente letais e, uma vez aqui na Terra, alimentam-se de sangue
humano. Causam grande destruição e parecem invencíveis, mas acabam morrendo devido a
bactérias contra as quais não têm imunidade. É um dos livros de ficção científica mais populares,
comentados e influentes de todos os tempos, dando origem a vários filmes, uma série de televisão e
programas para o rádio, além de servir de inspiração para diversos livros do gênero.

1898 (13 de agosto) – O asteroide 433 Eros é descoberto pelo astrônomo alemão Carl Gustav Witt
(1866-1946), do Observatório Urania, em Berlim. Mais de um século depois, torna-se o primeiro
asteroide em cuja superfície pousa uma sonda espacial (Near-Shoemaker).
Diâmetro: 34 x 11,2 x 11,2km. Período orbital: 643,219 dias (1,76 ano); distância média do Sol:
218.155.000km; massa: 6,69 trilhões de toneladas; densidade: 2,67g/cm3; rotação: 5h16min.

1899 (17 de março) – O astrônomo estadunidense William Henry Pickering (1858-1938) descobre
Febe, nono satélite conhecido de Saturno, a partir de fotografias tiradas por ele em 16 de agosto de
1898. É a primeira lua de movimento retrógrado descoberta no Sistema Solar.
Movimento retrógrado é aquele realizado por um corpo no sentido leste-oeste, oposto ao do
movimento normal dos planetas.
Febe – Diâmetro: 218,8 x 217 x 203,6km; período orbital: 550,565 dias (1,51 ano); distância média
do planeta: 12.955.759km; massa: 829 trilhões de toneladas; densidade: 1,638g/cm3.

1899 (6 de setembro) – É fundada a Astronomical and Astrophysical Society of America, hoje


denominada American Astronomical Society (AAS), com sede em Washington.

1900 – O físico teórico alemão Max Planck (1858-1947) introduz o conceito fundamental de
quantum de luz, ou fóton. Segundo ele, a luz não é emitida de modo contínuo, mas em "rajadas"
descontínuas de fótons. Para Planck, esses são os entes físicos elementares que constituem a luz, e
parâmetros tipicamente ondulatórios, como a frequência e o comprimento de onda, os caracterizam.
Esta é a teoria quântica, que revoluciona a compreensão humana dos processos atômicos e
subatômicos. É uma das descobertas mais importantes para a física do século XX.

1900 – O geólogo irlandês Richard Dixon Oldham (1858-1936) consegue identificar as ondas
primárias (longitudinais) e secundárias (transversais) num sismograma terrestre.

1900 – Svante Arrhenius formula a teoria da Panspermia, ideia de que a vida pulsa em todo o
Universo e é transportada pela pressão de radiação das estrelas como sementes levadas pelo vento
para germinar em ambientes apropriados. Segundo essa hipótese, a vida na Terra poderia ter origem
extraterrestre, trazida, por exemplo, na cauda de um cometa.

1900 - O físico e químico francês Paul Ulrich Villard (1860-1934) descobre a radiação gama (ou
raios gama), última e mais energética radiação eletromagnética a ser descoberta. O nome é dado em
1903 pelo físico neozelandês Ernest Rutherford (1871-1937). A radiação gama é produzida, por
exemplo, durante a interação da atmosfera terrestre com partículas de raios cósmicos.
Radiação eletromagnética é uma combinação de campos elétricos e magnéticos oscilantes que se
propaga no espaço (quando no vácuo, à velocidade da luz) e transporta energia. As diferentes
manifestações da radiação eletromagnética são classificadas de acordo com a frequência ou o
comprimento de onda.
Comprimento de onda é a distância que separa dois pontos consecutivos correspondentes (dois
máximos ou dois mínimos) das ondas eletromagnéticas. É inversamente proporcional à frequência
(número de ciclos por unidade de tempo, em geral por segundo) e costuma ser expresso em
nanômetros (nm) (1 nanômetro = 1 bilionésimo de metro) Quanto menor o comprimento de onda (e
maior a frequência), mais alta é a energia de determinado tipo de radiação. Em ordem crescente de
energia, a radiação eletromagnética divide-se em ondas de rádio (comprimentos de onda de 100km
a 1m), micro-ondas (1m a 1mm), infravermelho (1mm a 700nm), luz visível (700nm a 400nm),
ultravioleta (400nm a 60nm), raios X (60nm a 0,001nm) e raios gama (inferiores a 0,001nm).
Apenas uma pequena faixa do espectro eletromagnético (luz visível) pode ser captada pelo olho
humano. A quase totalidade da radiação eletromagnética é detectável apenas mediante o emprego
de instrumentos apropriados, cuja utilização resulta num desenvolvimento extraordinário da
astronomia a partir do século XX.

1901 – Wilhelm Conrad Röntgen recebe o Prêmio Nobel de Física pela descoberta dos raios X.
Este é o primeiro ano em que é atribuído o Prêmio Nobel, instituído em testamento, em 27 de
novembro de 1895, pelo químico e engenheiro sueco Alfred Nobel (1833-1896).

1902 O meteorologista francês Leon-Philippe Teisserenc de Bort


(1855-1913) descobre a estratosfera, segunda região atmosférica a partir do solo.
A atmosfera da Terra divide-se em cinco camadas principais:
1. Troposfera – Estende-se desde o nível do mar até uma altitude que varia entre 9km (nos polos) e
17km (no equador). Contém aproximadamente 80% de toda a massa da atmosfera. A principal
fonte de calor é a radiação infravermelha emitida pela Terra, e assim a temperatura diminui com a
altitude (os picos das montanhas altas são gelados. O limite superior da troposfera é a tropopausa.
2. Estratosfera – Vai da tropopausa até aproximadamente 50km. A temperatura aumenta com a
altitude, devido à absorção dos raios ultravioleta pela camada de ozônio. Na estratopausa (50-
55km), a pressão atmosférica equivale a um milésimo da pressão ao nível do mar. A estratosfera é
relativamente estável, não tem nuvens e apresenta índices bastante baixos de umidade. Por isso,
muitos aviões voam na baixa estratosfera.
3. Mesosfera – Estende-se da estratopausa até 80-85km. É nesta camada que a maioria dos
meteoroides é queimada por atrito ao ingressar na atmosfera. A temperatura decresce com a
altitude, e a mesopausa é a mais fria das regiões atmosféricas: média de -80°C, podendo chegar a
-100°C. A tais temperaturas, o vapor de água congela e forma as chamadas nuvens noctiluzentes
(ou nuvens mesosféricas polares).
4. Termosfera – Estende-se até uma altitude que varia entre 500km e 1.000km, dependendo da
atividade do Sol. Devido à absorção de radiação solar altamente energética pelo oxigênio residual
ainda presente, a temperatura pode atingir 1.500°C. Contudo, o ar é tão rarefeito que não há
moléculas suficientes para importantes transferências de calor, e a sensação térmica é inferior a
0°C.
5. Exosfera – A mais externa das regiões atmosféricas, confundindo-se com o meio interplanetário.
É composta sobretudo de hidrogênio e hélio. A densidade de moléculas é tão baixa que ocorrem
poucas colisões.

1902 – O francês Georges Mélies (1861-1938), um dos pioneiros do cinema, realiza “Voyage dans
la Lune” (“Viagem à Lua”), um dos primeiros filmes de ficção científica, que narra uma viagem ao
satélite natural da Terra.

1902 - O físico, matemático e astrônomo inglês James Hopwood Jeans (1877-1946), descreve o que
hoje se conhece por “Instabilidade de Jeans”, processo que causa o colapso das nuvens de gás
interestelares e a subsequente formação de estrelas. Para que seja estável, é necessário que uma
nuvem de gás esteja em equilíbrio hidrostático. A perda desse equilíbrio ocorre quando a pressão
interna não é suficiente para impedir o colapso gravitacional de uma região causado pelo peso da
matéria que ela contém. A estabilidade da nuvem depende diretamente da massa e da temperatura:
se a massa ultrapassar um valor crítico ou a temperatura se tornar inferior a um valor mínimo, que
depende da quantidade de matéria existente, a nuvem entra em colapso.

1903 - William Henry Pickering publica um atlas fotográfico da Lua.

1903 – O cientista russo Konstantin Eduardovich Tsiolkovsky (1857-1935) publica "A Exploração
do Espaço com Equipamentos Reativos", que descreve como os foguetes espaciais poderiam
queimar hidrogênio e oxigênio líquido, um princípio utilizado até hoje.

1904 – O astrônomo inglês Edward Walter Maunde (1851-1928) rrepresenta graficamente o


primeiro “diagrama borboleta”, indicando a evolução temporal das manchas solares em latitude ao
longo de um ciclo de onze anos. A forma do traçado em direção ao equador solar lembra as asas de
uma borboleta.

1904 – O astrônomo inglês William Ward constata que somente 35 amostras de meteoritos caídos
antes de 1800 são conservadas nas coleções de todo o mundo.

1904 – O astrônomo alemão Johannes Franz Hartmann (1865-1936) descobre a existência, no


espaço interestelar, de átomos que não pertencem às atmosferas das estrelas que observa. Ao
estudar Mintaka (Delta Orionis), distante aproximadamente 900 anos-luz, ele percebe que parte do
cálcio do espectro é absorvido em algum lugar do espaço entre essa estrela e a Terra. É a primeira
detecção do que mais tarde será identificado como meio interestelar.
Em astronomia, meio interestelar é o material existente no espaço entre os sistemas estelares de
uma galáxia. Compõe-se de gás (na forma de íons, átomos e moléculas), poeira e raios cósmicos. A
energia que ocupa esse mesmo espaço, na forma de radiação eletromagnética, é o campo de
radiação interestelar.

1904 - O naturalista britânico Alfred Russel Wallace (1823-1913), conhecido por ter formulado,
independentemente de Charles Darwin (1809-1882), uma teoria da evolução das espécies por meio
da seleção natural, publica “Man’s place in the universe” (O Lugar do Homem no Universo),
primeira tentativa séria de avaliar a probabilidade da vida em outros planetas do ponto de vista
estritamente biológico. Ele defende que a Terra é o único planeta do Sistema Solar capaz de abrigar
vida tal como a conhecemos, por ser o único onde a água pode existir em estado líquido. Sustenta
ainda que dificilmente outras estrelas da galáxia (a existência de outras galáxias ainda não havia
sido provada) podem ter planetas com as propriedades necessárias à vida.
Wallace tem uma concepção filosófica antropocêntrica e acredita que o homem é único no
universo.

1904 (20 de dezembro) – É fundado o Observatório Solar de Monte Wilson (1.742m de altitude),
localizado nas Montanhas Gabriel, perto de Pasadena, a nordeste de Los Angeles, Califórnia, onde
Edwin Hubble faz suas descobertas sobre a expansão do Universo.

1905 (6 de jameiro) – O astrônomo estadunidense Charles Dillon Perrine (1867-1951) anuncia a


descoberta, realizada a partir de imagens feitas em 3 de dezembro de 1904, de Himalia, sexto
satélite conhecido de Júpiter.
Diâmetro: 170km; período orbital: 250,56 dias; distância média do planeta: 11.460.000km; massa:
6,7 quatrilhões de toneladas; densidade: 2,6 g/cm3.

1905 (27 de fevereiro) – Charles Dillon Perrine publica a descoberta de Elara, sétimo satélite
conhecido de Júpiter.
Diâmetro: 86km; período orbital: 259,64 dias; distância média do planeta: 11.740.000km; massa:
870 trilhões de toneladas; densidade: 2,6g/cm3.

1905 (26 de setembro) – O físico alemão Albert Einstein (1879-1955) publica na revista Annalen
der Physik o artigo "Zur Elektrodynamik bewegter Körper" (“Sobre a eletrodinâmica dos corpos
em movimento”), em que formula a teoria da relatividade Especial (ou restrita). Esta teoria propõe
que a velocidade da luz no vácuo é constante, independente da velocidade da fonte, que a massa
depende da velocidade, que há dilatação do tempo durante movimento em alta velocidade, que
massa e energia são equivalentes e que nenhuma informação ou matéria pode se mover mais rápido
do que a luz. A teoria é especial somente porque está restrita ao caso em que os campos
gravitacionais são pequenos, ou desprezíveis. É nesta teoria que aparece a famosa equação
relacionando massa e energia: E = mc2, onde E representa a energia, m, a massa, e c2, a velocidade
da luz ao quadrado.
A teoria da relatividade revoluciona a compreensão humana do tempo e do espaço e, juntamente
com a teoria quântica, de Max Planck, constitui uma das teorias fundamentais da física do século
XX.

1906 – O astrofísico inglês Arthur Eddington (1882-1944) começa o seu estudo estatístico dos
movimentos estelares.

1906 – Com base em observações de Netuno feitas na segunda metade do século XIX, de acordo
com as quais perturbações na órbita de Urano indicavam a presença de mais um planeta no Sistema
Solar, Percival Lowell dá início a um amplo projeto visando a encontrar este astro, que ele
denomina “planeta X”.
A busca terminará em 1930, com a descoberta de Plutão.

1906 (22 de fevereiro) – O astrônomo alemão Max Wolf (1863-1932) descobre o primeiro
asteroide troiano, 588 Aquiles.
Diâmetro: 135,5km; período orbital: 4.320,083 dias (11,83 anos); distância média do Sol:
776.669.000km.
Asteroides troianos são grupos de objetos localizados em pontos de órbita estável previstos por
Lagrange (L4 e L5), grupos estes que precedem ou seguem um planeta (no caso em questão,
Júpiter), ou um satélite, formando com este corpo celeste e o Sol um triângulo equilátero.
Por convenção (duas exceções), os asteroides troianos de Júpiter localizados em L4 recebem nomes
de personagens do lado grego da Guerra de Troia, ao passo que aos situados em L5 são atribuídos
nomes de personagens do lado troiano do conflito.
Atualmente, conhecem-se quase 6 mil asteroides troianos de Júpiter. Acredita-se que podem existir
1 milhão deles com diâmetro superior a 1km.

1907 - Alfred Russel Wallace publica “Is Mars Habitable?” (Marte É Habitável?), obra em que
critica a teoria de Percival lowell de que em Marte existem canais construídos por seres
inteligentes. Wallace argumenta que análises espectroscópicas não revelam sinais de vapor de água
na atmosfera marciana, que Marte é muito mais frio do que Lowell deseja fazer crer e que a baixa
pressão atmosférica torna impossível a existência de água líquida e, portanto, de um sistema de
irrigação em escala planetária, conforme sustentam os defensores dos canais.
Os argumentos eminentemente científicos de Wallace demonstram o quanto é ilusória a rede de
canais de lowell.

1908 – George Ellery Hale descobre a separação Zeeman das linhas espectrais provenientes de
manchas solares, mostrando com isso que elas devem ser intensamente magnéticas.

1908 – O astrônomo espanhol Josep Comas y Sola (1868-1937) observa o escurecimento das
bordas de Titã e conclui, acertadamente, que o satélite tem atmosfera.
O escurecimento das bordas (limb darkening, em inglês) de um astro indica que a luz refletida por
essas regiões percorre um caminho mais longo do que aquela proveniente de zonas centrais.

1908 (27 de janeiro) – O astrônomo inglês de origem belga Philibert Jacques Melotte (1880-1961)
descobre Pasífae, oitavo satélite conhecido de Júpiter.
Diâmetro: 60km; período orbital: 764,086 dias (2,09 anos); distância média do planeta:
24.094.770km; massa: 300 trilhões de toneladas; densidade: 2,6g/cm3.

1908 (30 de junho) - Um grande bólido, ao entrar na atmosfera, causa na localidade hoje
denominada Krasnoyarsk Krai, na Sibéria, próximo do rio Podkamennaya Tunguska, uma tremenda
explosão, que ocorre às 7h14min, hora local (22h14min de 29 de junho, hora de Brasília). A onda
de choque (5 graus na escala Richter) quebra vidraças a centenas de km de distância e devasta cerca
de 2.150km2 de floresta fechada, derrubando aproximadamente 80 milhões de árvores. O estrondo,
conhecido como “evento de Tunguska”, é ouvido a milhares de km, e a perturbação atmosférica
ligada ao evento se faz sentir em todo o globo.
Embora não se saiba ao certo a causa do fenômeno, a teoria mais aceita afirma tratar-se da explosão
de um fragmento de meteoroide ou de cometa com algumas dezenas de metros (algumas
estimativas sugerem 100m) de diâmetro, a uma altitude compreendida entre 5 e 10km.
É a maior explosão já registrada na atmosfera da Terra, tendo liberado energia cerca de mil vezes
superior à da bomba atômica posteriormente (1945) lançada sobre Hiroshima.
Ao longo do século seguinte, aproximadamente mil artigos científicos (a maioria em russo) acerca
do evento de Tunguska são publicados.

1909 – O astrônomo inglês John Evershed (1864-1956) descobre o efeito Evershed: movimento
horizontal dos gases externos dos centros de manchas solares.
1909 (1º de janeiro) – astrônomos de Londres indicam a existência de um planeta para além de
Netuno.

1909 (16 de janeiro) – Um grupo de exploradores britânicos liderado por Ernest Shackleton (1874-
1922) encontra o Polo Magnético Sul da Terra.

1909 (20 de agosto) – O Observatório de Yerkes tira a fotografia mais antiga conhecida de Plutão.
Contudo, o astro só será identificado nesta imagem muitos anos mais tarde. Atualmente, conhecem-
se dezesseis imagens de Plutão anteriores ao descobrimento oficial (1930).

1909 (outubro) – Estudando um terremoto com epicentro nos Bálcãs, o astrônomo croata Andrija
Mohorovicic (1857-1936) conclui que há descontinuidade em termos de densidade e de
composição entre uma camada superficial da Terra, a crosta, e outra inferior, o manto.

1909 (18 de novembro) – O Decreto nº 7.672 cria a Diretoria de Meteorologia e Astronomia


(vinculada ao Ministério da Agricultura), à qual fica subordinado o Observatório Nacional, como
passa a se chamar o Observatório do Rio de Janeiro (então formalmente extinto).

1910 – É observado o espectro de 40 Eridani B, distante 16,45 anos-luz, a primeira anã branca
identificada.
Anãs brancas são estrelas em estágio final de evolução, de pequena massa e altíssima densidade (de
uma a dez toneladas por centímetro cúbico). Simplificadamente, têm massa comparável à do Sol e
volume comparável ao da Terra.

1910 – O astrônomo dinamarquês Ejnar Hertzsprung (1873-1967) e o estadunidense Henry Norris


Russell (1877-1957) demonstram esquematicamente que existe uma relação direta entre a
luminosidade (magnitude absoluta) e o espectro (cor) das estrelas. Trata-se do “diagrama H-R” ou
“diagrama cor-magnitude”.
Esse diagrama desempenhará um papel importante na compreensão da evolução estelar.

1910 (12 de janeiro) – Um grande cometa, oficialmente denominado C/1910 A1, é visto por vários
observadores de diversos países. A aparição é espetacular e, ao ser registrado pela primeira vez, o
cometa já é visível a olho nu. O periélio (19.350.000km) é atingido cinco dias mais tarde e, pouco
depois, a luminosidade ultrapassa a de Vênus, fazendo desse astro, observável durante o dia, um
dos mais brilhantes cometas do século XX.

1910 (20 de abril) - O Cometa Halley atinge o periélio, numa passagem exaustivamente estudada,
com instrumentos e a olho nu. A superstição gera grande medo do "fim do mundo". Os cientistas
seguem o Cometa desde o seu aparecimento nas regiões mais internas do Sistema Solar. Com
potentes telescópios, é possível estudar o núcleo. Datam dessa ocasião as primeiras fotografias e as
primeiras análises espectroscópicas do astro.
É curioso o caso do escritor satírico estadunidense Samuel Clemens, conhecido pelo pseudônimo
Mark Twain. Nascido em 30 de novembro de 1835, duas semanas depois do periélio anterior do
Cometa Halley, ele escreve em sua autobiografia, publicada em 1909: “Eu vim com o Cometa
Halley em 1835. Ele voltará no próximo ano, e eu espero ir com ele. Será o maior desapontamento
da minha vida se eu não for embora com o Cometa Halley”. Mark Twain morre em 21 de abril de
1910, um dia depois do periélio do Halley.

1910 (18 de maio) - Ocorre a maior aproximação do Halley ao nosso planeta nesta aparição: 22
milhões de km, e a Terra passa por dentro da cauda do Cometa. Após a descoberta, feita
espectroscopicamente, de cianogênio (um gás tóxico) na cauda do Halley, Camille Flammarion
havia afirmado que, na passagem da Terra por essa região, o gás impregnaria a atmosfera e
possivelmente eliminaria a vida do planeta. A divulgação de especulações sensacionalistas como
essa faz com que muitas pessoas, em pânico, comprem de charlatães, entre outras coisas, máscaras
antigás, pílulas e guarda-chuvas anticometa. Na realidade, o gás é tão difuso que nenhum efeito
maléfico ocorre com a Terra devido à sua passagem pela cauda do Cometa.

1911 – O neozelandês Ernest Rutherford (1871-1937), utilizando os fenômenos radiativos no


estudo da estrutura atômica, descobre que o átomo não é uma esfera maciça, mas sim formada por
uma região central, o núcleo, e uma região externa a este, a eletrosfera. No núcleo atômico estão as
partículas positivas, os prótons, e na eletrosfera, as partículas negativas, os elétrons. Considerando
que os elétrons giram em torno de um centro, assim como os planetas giram ao redor das estrelas, a
concepção atômica de Rutherford é por vezes denominada “modelo planetário”.
Os nêutrons, também integrantes do núcleo, só serão descobertos em 1932.

1912 – A astrônoma estadunidense Henrietta Swan Leavitt (1868-1921), estudando (desde 1908) a
Pequena Nuvem de Magalhães, descobre a relação período-luminosidade das Cefeidas. Como todos
os corpos celestes nesta nuvem estão quase à mesma distância da Terra, ela compara o tempo de
duração dos ciclos das estrelas variáveis com relação ao seu brilho e chega à conclusão de que as
cefeidas variam regularmente e podem fornecer indicações confiáveis acerca da distância a que
estão. Mais tarde, Edwin Hubble utiliza os dados de Leavitt para calcular a distância até as galáxias
próximas e lança o debate sobre se estas nebulosas espirais são aglomerados de poeira dentro da
Via Láctea ou verdadeiras galáxias à parte.

1912 – A astrônoma estadunidense Annie Jump Cannon (1863-1941) estabelece a forma definitiva
da classificação estelar de Harvard, cuja elaboração havia sido iniciada nos anos 1890 no Harvard
College Observatory.
As estrelas são divididas em sete classes indicativas de cor (e de temperatura, das mais quentes às
mais frias), usadas ainda hoje: O, azuis; B, branco-azuladas; A, brancas; F, branco-amareladas; G,
amarelas; K, laranja; M, vermelhas.
É importante registrar que essas cores são aparentes e descrevem a coloração de determinada
estrela quando vista a olho nu contra um fundo celeste escuro (céu noturno).

1912 – A China adota o calendário gregoriano.

1912 – O astrônomo estadunidense Vesto Melvin Slipher (1875-1969) descobre que as linhas
espectrais das estrelas na Galáxia de Andrômeda (M31) mostram um enorme deslocamento para o
azul, indicando que esta galáxia está se aproximando do Sol, a uma velocidade que ele calcula em
300km/s (valor atualmente aceito: 111km/s). Andrômeda deve se chocar com a Via Láctea dentro
de 4 ou 5 bilhões de anos. Slipher inicia então um trabalho sistemático que leva duas décadas,
demonstrando que, das 41 galáxias por ele estudadas, a maioria apresenta deslocamento espectral
para o vermelho, indicando que as galáxias estão se afastando de nós. Slipher descobre que quanto
mais fraca a galáxia, e portanto mais distante, maior é o deslocamento para o vermelho (velocidade
de afastamento ou de recessão) de seu espectro.
É a descoberta do desvio para o vermelho (redshift) das galáxias, que Edwin Hubble utilizará na
elaboração do modelo da expansão do Universo.

1912 (6 de janeiro) – Aparecem as primeiras publicações acerca da evolução continental da Terra,


elaboradas pelo astrônomo, geofísico e meteorologista alemão Alfred Wegener
(1880-1930), o pioneiro da moderna teoria da deriva dos continentes.
Segundo essa teoria, posteriormente confirmada, os continentes atuais constituíram um dia uma
massa única (Pangeia), rodeada por um único oceano (Pantalassa), que se fragmentou após um
processo de ruptura. Considerando que os continentes flutuam no magma, a configuração que
assumem varia ao longo de escalas de milhões de anos. Wegener desenvolve esse argumento com
base na complementaridade que observa entre diversos continentes. Ele imagina, por exemplo, que
As costas ocidental da África e oriental da América do Sul poderiam “se encaixar”.
A teoria da deriva dos continentes levará, décadas mais tarde, à descoberta das placas tectônicas.

1912 (7 de agosto) – O físico austríaco Victor Franz Hess (1883-1964) descobre, a bordo de um
balão, que partículas carregadas, principalmente prótons, chamadas de raios cósmicos, altamente
energéticas, atingem a Terra vindas do espaço e são produzidas de alguma forma pelos processos
mais energéticos no Universo, com energias trilhões de vezes maiores do que se pode obter em
nossos laboratórios, e mesmo muito maiores do que as estrelas podem gerar.

1912 (dezembro) – A Albânia adota o calendário gregoriano.

1913 – Aplicando a teoria quântica formulada por Max Planck ao modelo atômico de Rutherford, o
físico dinamarquês Niels Bohr (1885-1962) elabora uma nova teoria, na qual Conclui que os
elétrons dos átomos não emitem radiações enquanto permanecem numa mesma órbita, mas
somente ao se deslocarem de um nível mais energético (órbita mais distante do núcleo) a outro de
menor energia (órbita menos distante). A teoria quântica lhe permite formular essa concepção de
modo mais preciso: as órbitas não se localizam a quaisquer distâncias do núcleo; ao contrário,
apenas algumas órbitas são possíveis, cada uma delas correspondendo a um nível bem definido de
energia do elétron. A transição de uma órbita a outra não é gradativa, mas se faz por “saltos”: ao
absorver energia, o elétron salta para uma órbita mais externa; ao emiti-la (na forma de um fóton),
passa para outra mais interna.

1913 - O explorador e físico norueguês Kristian Birkeland (1867-1917)


é o primeiro a predizer que o espaço não é apenas um plasma, mas que contém matéria não visível
pelos meios tradicionais. Ele escreve: “Parece uma consequência natural, do nosso ponto de vista,
supor que o espaço inteiro está cheio de elétrons e de íons de todo tipo. Supomos que cada sistema
estelar em evolução lança corpúsculos elétricos ao espaço. Parece, portanto, razoável pensar que a
maior parte da massa do Universo se encontra, não em sistemas solares ou nebulosas, mas no
espaço “vazio”.

1913 – É usado pela primeira vez o termo "parsec", surgido da contração das palavras "paralax"
(paralaxe) e "second" (segundo. Trata-se de uma unidade de medida astronômica, equivalente à
distância do Sol a um objeto cuja paralaxe anual média vale um segundo de arco, isto é, 3,26 anos-
luz, ou 206.265 unidades astronômicas (30,857 trilhões de km). Segundo Frank Watson Dyson, a
palavra "parsec" é cunhada pelo astrônomo e sismologista britânico Herbert Hall Turner (1861-
1930).

1913 – Os físicos franceses Charles Fabry (1867-1945) e Henri Buisson (1873-1944) descobrem a
ozonosfera terrestre, camada de ozônio situada sobretudo na baixa estratosfera, entre as altitudes
aproximadas de 20km e 40km (a espessura varia sazonal e geograficamente), que contém 90% do
ozônio presente na atmosfera da Terra e absorve entre 97% e 99% dos raios ultravioleta de alta
frequência provenientes do Sol, que são potencialmente perigosos para os seres vivos do planeta.

1914 (17 de setembro) – O astrônomo estadunidense Seth Barnes Nicholson (1891-1963) anuncia a
descoberta (imagens feitas em 21 de julho) de Sinope, nono satélite conhecido de Júpiter.
Diâmetro: 38km; período orbital: 724,1 dias (1,98 ano); distância média do planeta: 23.540.000km;
massa: 75 trilhões de toneladas; densidade: 2,6g/cm3.

1915 – O astrônomo escocês Robert Thorburn Ayton Innes (1861-1933) descobre Proxima
Centauri, situada à distância de 4,243 anos-luz (40,16 trilhões de km), o que faz dela a estrela mais
próxima da Terra, depois do Sol. Trata-se de uma anã vermelha de magnitude aparente 11,05,
integrante de um sistema triplo e distante 2,24 trilhões de km de Alfa Centauri A e Alfa Centauri B,
os outros dois componentes do sistema.
Alfa Centauri A, principal componente do sistema, é ligeiramente maior que o Sol (1,23 raio solar),
10% mais massiva e 52% mais luminosa. O tipo espectral é igual ao do Sol: G2 V, o que indica
tratar-se de uma estrela amarelada. A magnitude aparente é 0,01, sendo Alfa Centauri A a terceira
estrela mais brilhante conforme vista da Terra, depois de Sirius e de Canopus.
Alfa Centauri B tem 86,5% do raio, 90,7% da massa e 50% da luminosidade do Sol. É uma estrela
alaranjada (tipo espectral K1 v) de magnitude aparente 1,33.
Alfa Centauri A e B orbitam o baricentro (centro de massa comum) em 79,91 anos e estão
separadas uma da outra por uma distância que varia entre 1,67 bilhão de km (pouco superior à
distância média Sol-Saturno) e 5,3 bilhões de km (pouco inferior à distância média Sol-Plutão).

1915 – O astrônomo estadunidense de origem síria Walter Sydney Adams (1876-1956) vence o
obstáculo representado pela intensa luminosidade de Sirius A e consegue registrar o espectro de
Sirius B. Trata-se de uma anã branca.

1915 – A Royal Astronomical Society passa a admitir mulheres em seus quadros.

1915 (19 de março) – O Observatório de Flagstaff obtém duas imagens tênues de Plutão, mas o
astro não é reconhecido como sendo o planeta procurado desde 1906.

1915 (novembro) – Albert Einstein apresenta na Academia Prussiana de Ciências as equações hoje
conhecidas como equações de campo de Einstein. Elas especificam como a geometria do espaço-
tempo é influenciada pela matéria presente e constituem o cerne da teoria da relatividade geral,
formulada por completo no ano seguinte.

1915 (22 de dezembro) – Numa carta enviada a Albert Einstein, o físico e astrônomo alemão Karl
Schwarzschild (1873-1916) descreve as soluções específicas que encontra para as equações
einsteinianas do campo gravitacional, dando início à teoria moderna dos buracos negros. Ele
evidencia a existência de um limite no espaço e no tempo que impossibilita obter-se do exterior
qualquer informação a respeito do que acontece além dele. Esse limite recebe o nome de “horizonte
de eventos” e aplica-se às grandes massas quando estas se encontram particularmente comprimidas.

1916 - Albert Einstein propõe a teoria da relatividade geral, uma teoria do campo gravitacional e
dos sistemas de referência em geral. O nome refere-se ao fato de ser uma generalização da teoria da
relatividade restrita, de 1905. Os princípios fundamentais introduzidos nesta generalização são o
Princípio da Equivalência, que descreve a aceleração e a gravidade como aspectos distintos da
mesma realidade, a noção de curvatura do espaço-tempo e o Princípio geral de Covariância (as leis
da Física devem assumir as mesmas formas matemáticas em todos os sistemas de referência).
Embora difira pouco da teoria da gravitação de Isaac Newton na Terra, resulta bastante diferente
em grandes dimensões e grandes massas, como o Universo. A teoria da relatividade geral é
universal no sentido de ser válida mesmo nos casos em que os campos gravitacionais não são
desprezíveis. Trata-se, na verdade, da teoria da gravitação, descrevendo a gravidade como a ação
das massas nas propriedades do espaço e do tempo, que afeta o movimento dos corpos e outras
propriedades físicas. Enquanto na teoria de Newton o espaço é rígido, descrito pela geometria
Euclidiana, na relatividade geral o espaço-tempo é distorcido pela presença da matéria que ele
contém. Assim como uma bola de chumbo (ou algum outro objeto pesado) colocada sobre um
colchão modifica a curvatura em torno do local onde está, a matéria modifica a curvatura do espaço
adjacente a ela.

1916 – O teórico alemão Ludwig Flamm (1885-1964) encontra nas equações de Einstein indicações
da existência de atalhos entre um ponto e outro do espaço-tempo grandes e estáveis o suficiente
para permitir viagens interestelares, popularmente conhecidos como “buracos de minhoca”, ou
“buracos de verme”. Partindo da ideia de que é possível curvar o espaço, o cientista Considera a
possibilidade de curvaturas produzidas em distantes regiões se tocarem, criando um atalho.
Esse conceito é desenvolvido mais detalhadamente pelo matemático e físico teórico alemão
Hermann Weyl (1885-1955), em 1921.
O nome acadêmico é ponte de Einstein-Rosen, derivado da publicação, em 1935, de um trabalho
em qe o tema é abordado, realizada pelo físico estadunidense de ascendência judaica Nathan Rosen
(1909-1995), assistente de Albert Einstein no Institute for Advanced Study (Princeton, Nova
Jersey).
Registre-se que não há evidência observacional dos “buracos de minhoca”, que permanecem em
nível teórico.

1916 – Edward Emerson Barnard calcula o movimento próprio (10,3 segundos de arco por ano) da
estrela que passa a levar seu nome, a segunda mais próxima da Terra (5,98 anos-luz, 56,57 trilhões
de km), depois do sistema triplo de Alfa Centauri. Trata-se de uma anã vermelha situada na
constelação de Ofiúco. Estimativas posteriores atribuem à Estrela de Barnard diâmetro de
275.000km e massa equivalente a 14% da solar.

1916 – Kristian Birkeland é o primeiro a predizer, corretamente, que, “do ponto de vista físico, é
muito provável que os raios solares não sejam exclusivamente negativos ou positivos, mas de
ambos os tipos”. Isto quer dizer que o vento solar é formado por elétrons negativos e íons positivos.

1917 – Albert Einstein publica seu artigo histórico sobre cosmologia, "Kosmologische
Betrachtungen Zur Allgemeinen Relativitätstheorie" (Considerações Cosmológicas sobre a Teoria
da Relatividade), construindo um modelo esférico do Universo. Como as equações da Relatividade
Geral não levam diretamente a um Universo estático de raio finito, mesma dificuldade encontrada
com a teoria de Newton, Einstein modifica suas equações, introduzindo a famosa constante
cosmológica, para obter um Universo estático, já que ele não tem nenhuma razão para supor que o
Universo esteja se expandindo ou contraindo. A constante cosmológica age como uma força
repulsiva que previne o colapso do Universo pela atração gravitacional.

1917 (a partir de) – O astrônomo, físico e matemático holandês Willem de Sitter


(1872-1934) desenvolve um modelo cosmológico (universo de de
Sitter) em que não há matéria mas há movimento, oposto, portanto, ao modelo de Einstein, com
matéria mas estático. Nele, o próprio espaço se expande, e dois objetos (grãos de poeira, estrelas...)
colocados em dois pontos diferentes do espaço se afastam um do outro com velocidade
proporcional à distância entre eles.
Pesquisas posteriores mostram que os modelos cosmológicos de Einstein e de de Siter são, na
verdade, complementares.

1917 – o telescópio refletor óptico de 2,54m de Monte Wilson entra em operação, localizado em
Monte Wilson, Califórnia.

1917 - James Hopwood Jeans (1877-1946) aventa a hipótese de que os planetas do Sistema Solar se
formaram a partir de material arrancado, por força de maré, do Sol e de outra estrela, durante uma
aproximação entre ambas. Posteriormente, trabalhos do britânico Harold Jeffreys (1891-1989) e do
americano Henry Norris Russell (1877-1957) demonstram a inviabilidade dessa teoria.

1917 – A Bulgária adota o calendário gregoriano.

1917 (julho) – Astrônomos do Observatório de Monte Wilson descobrem uma “nova” na galáxia
espiral NGC 6946; outras “novas” são descobertas por Heber Doust Curtis
(1872-1942), da equipe do Observatório de Lick. Recorrendo-se à simples hipótese de que essas
estrelas, cujo brilho aumenta substancialmente, possuem a mesma natureza e a mesma
luminosidade intrínseca daquelas que aparecem na Via Láctea, é possível perceber que as galáxias
espirais devem estar muito distantes e, portanto, atingir enormes dimensões.

1918 – O astrônomo estadunidense Harlow Shapley (1885-1972) demonstra que os aglomerados


globulares circundam a nossa galáxia como um halo e não estão centrados em volta da Terra. Ele
realiza cálculos das dimensões da Via Láctea, atribuindo-lhe um diâmetro de 230.000 anos-luz,
aproximadamente o dobro do valor atualmente aceito (entre 100.000 e 120.000 anos-luz).
Estabelece ainda que o Sol se encontra a cerca de 30.000 anos luz do centro galáctico (valor
atualmente aceito: 26.000 anos-luz), o que significa que está mais próximo da borda do que da
região central.
A Via Láctea, galáxia espiral barrada, apresenta espessura de 1.000 anos-luz (12.000 anos-luz,
incluindo o disco de gás que a rodeia). Tem massa total de pelo menos 700 bilhões de massas
solares (algumas estimativas indicam valores entre 1 e 1,5 trilhão) e contém de 100 a 400 bilhões
de estrelas (o total depende do número de estrelas de pequena massa, ou estrelas anãs, as mais
comuns no Universo, difíceis de detectar a distâncias superiores a 300 anos-luz). É a segunda maior
galáxia do Grupo Local, depois de Andrômeda (M31).

1918 – Max Planck recebe o Prêmio Nobel de Física pela descoberta da energia quântica.

1918 – A Rússia adota o calendário gregoriano.

1919 – É fundada a União Astronômica Internacional (UAI, ou IAU – International Astronomical


Union -, na sigla em inglês). Essa organização tem como missão promover a ciência da astronomia
em todos os seus aspectos através de cooperação internacional. É a autoridade internacionalmente
reconhecida com poder para atribuir designações a corpos celestes e a quaisquer aspectos de sua
superfície. As atividades educacionais e relativas à ciência da UAI estão organizadas em 11
divisões científicas e, através delas, em 40 comissões mais especializadas, que cobrem todos os
aspectos da astronomia. As divisões científicas são: Astronomia Fundamental, Sol e Heliosfera,
Ciências Planetárias, Estrelas, Estrelas Variáveis, Matéria Interestelar, Via Láctea, Galáxias e
Universo, Espectroscopia, Radioastronomia e Física de Altas Energias e Técnicas Espaciais. A
política de longo termo da UAI é definida por uma Assembleia Geral (trienal) e implementada por
um Comitê Executivo. O ponto focal de suas atividades é o IAU Secretariat (permanente),
localizado no Institut d’Astrophysique, em Paris, França.

1919 – O professor, físico e inventor estadunidense Robert Hutchings Goddard


(1882-1945) publica “A Method of Reaching Extreme Altitudes” (“Um Método para Atingir
Altitudes Extremas”), livro considerado um dos trabalhos pioneiros na ciência dos foguetes. Nele,
Goddard descreve suas teorias matemáticas para voos de foguetes e seus experimentos com
foguetes de combustível sólido. No final da obra, o autor discute os possíveis usos dos foguetes,
não apenas para alcançar a alta atmosfera, mas para escapar do campo gravitacional terrestre. Ele
considera mesmo a possibilidade de lançar um foguete para a Lua.
Goddard é fortemente criticado por grande parte da imprensa, e em 13 de janeiro de 1920 o The
New York Times publica um artigo ridicularizando a proposta de enviar um foguete à Lua e
dizendo ser impossível umfoguete funcionar no vácuo. Em 17 de julho de 1969, um dia depois do
lançamento da Apollo 11, o jornal publica um pequeno artigo a título de correção, no qual lamenta
o erro de 1920.

1919 – A Romênia adota o calendário gregoriano.

1919 (29 de maio) – Ocorre um famoso eclipse total do Sol, cuja observação permite confirmar a
previsão da Teoria da Relatividade sobre o desvio dos raios luminosos na presença de campos
gravitacionais. Organiza-se uma expedição ao Brasil (Sobral, Ceará), coordenada pelo inglês
Andrew Claude de la Cherois Crommelin (1865-1939), a qual retorna à Europa com 7 fotografias
boas. Medindo a distância entre as estrelas à esquerda e à direita do Sol durante o eclipse, quando
elas estão visíveis pelo curto espaço de tempo que ele dura (6min51s), e comparando com medidas
das mesmas estrelas obtidas 6 meses antes, quando elas eram visíveis à noite, o chefe internacional
deste estudo, o astrofísico inglês Sir Arthur Stanley Eddington (1882-1944), que fotografa o
fenômeno a partir de São Tomé e Príncipe, na África, observa que as estrelas parecem mais
distantes umas das outras durante o eclipse. Isto implica que os raios de luz destas estrelas são
desviados pelo campo gravitacional do Sol, como predito por Einstein. Tais desvios são o que se
chama em astronomia de “lentes gravitacionais”.
Os resultados dessa pesquisa fazem de Albert Einstein uma celebridade mundial.

1920 – É descoberto em Otjozondjupa, nas vizinhanças de Grootfontein, na Namíbia, o maior


meteorito conhecido, o Hoba, uma rocha com peso estimado de 59t composta de ferro (84%) e
níquel (16%). Mede 2,7 x 2,7 x 0,9m.

1920 (26 de abril) – A discussão entre os astrônomos sobre a natureza das nebulosas torna-se tão
intensa que a Academia Nacional de Ciências de Washington decide formalizá-la, convidando
Harlow Shapley (1885-1972) e Heber Curtis (1872-1942) – os dois maiores representantes das
tendências antagônicas – para um debate, que seria assistido pelos mais ilustres astrônomos da
época. Shapley considera as espirais como parte integrante da nossa galáxia; Curtis permanece fiel
à ideia dos Universos-ilha. Desse modo, depois de quase um século e meio, encerra-se o Grande
Debate, iniciado por William Herschel no final do século XVIII. Sua conclusão evidencia a
genialidade das intuições de Wright e de Kant sobre os Universos-ilha, noção “intuitiva” à qual
sucessivas gerações de pesquisadores se apegaram. A partir de 1920, entretanto, surgem provas
rigorosamente científicas de sua validade. Para muitos astrônomos, a natureza das “nebulosas
espiraladas” se apresentava ainda incerta antes daquele ano. Depois do confronto, porém, torna-se
clara para todos: Curtis vence o debate.
Compreende-se que a Via Láctea é apenas uma de muitas galáxias que compõem o Universo. É o
início da astronomia extragaláctica.
Surge uma distinção clara entre galáxias e nebulosas (ambos objetos difusos quando vistos da
Terra), termos até então muitas vezes usados como sinônimos.
Galáxias são sistemas massivos constituídos por componentes gravitacionalmente unidos: estrelas,
gás, poeira e matéria escura. Podem ter de 100 milhões a 100 trilhões de estrelas. Os diâmetros
variam entre poucos milhares e alguns milhões de anos-luz, e as distâncias entre elas vão de
dezenas de milhares a milhões de anos-luz. Dentro das galáxias há aglomerados estelares, nuvens
moleculares e, no centro de muitas delas, buracos negros.
Nebulosas são nuvens interestelares de poeira, hidrogênio, hélio e outros gases ionizados. No
interior de muitas delas se formam estrelas e planetas. Situam-se dentro das galáxias, e os
diâmetros são da ordem de alguns anos-luz.

1920 (31 de outubro) - O astrônomo alemão Walter Baade (1893-1960) descobre 944 Hidalgo,
então considerado asteroide, mas incluído entre os centauros após a descoberta (18 de outubro de
1977) de 2060 Chiron.
Diâmetro: 38km; período orbital: 5.029,47 dias (13,77 anos); distância média do Sol:
859.425.000km; periélio: 291.846.000km (cinturão de asteroides); afélio: 1.427.003.000km (órbita
de Saturno; rotação: 10h04min.
O nome é uma homenagem ao padre Miguel Hidalgo y Costilla (1753-1811), um dos principais
líderes na Guerra de Independência do México (1810-1821), apelidado de “pai da Pátria”..

1920 (13 de dezembro) – O astrônomo estadunidense Francis Gladheim Pease


(1881-1938) faz a primeira determinação do diâmetro de uma estrela (Betelgeuse, alfa de Órion,
distante 640 anos-luz) com o uso do interferômetro, no Observatório de Monte Wilson. O valor por
ele obtido é de 400 milhões de km (valor atualmente aceito: 1,3 bilhão de km).

1922 – O matemático russo Alexander Friedmann (1888-1925) encontra uma solução para as
equações de campo de Einstein que sugere uma expansão geral do espaço.

1922 – Ocorre em Roma, Itália, a primeira assembleia geral da UAI.

1922 – A UAI adota como oficial o Central Bureau for Astronomical Telegrams (CBAT), fundado
pela Astronomische Gesellschaft, em 1882, em Kiel, na Alemanha, e funcionando, desde a segunda
metade da década de 1910, no Observatório de Østervold, na Dinamarca, a cargo da Universidade
de Copenhague. A instituição passa a ser o organismo internacional responsável pela catalogação e
identificação de eventos astronómicos recentemente descobertos. O CBAT reúne e distribui
informações sobre cometas, satélites naturais, novas, supernovas e outros eventos astronômicos
recentes. Também estabelece a prioridade das descobertas (a quem devem ser creditadas) e atribui
designações provisórias e nomes a novos objetos. Ademais, distribui as circulares da UAI, as quais,
desde meados da década de 1980, também estão disponíveis em meio eletrônico.

1922 – O astrônomo estadunidense de origem holandesa Willem Luyten (1899-1994) utiliza pela
primeira vez o termo “anã branca” para se referir a estrelas semelhantes a Sirius B. Essa
denominação deve-se ao fato de a temperatura de todas as estrelas desse tipo então conhecidas girar
em torno de 10.000°C, correspondendo à classe espectral A, constituída por estrelas de cor branca.
Hoje, contudo, sabe-se que a temperatura dessas estrelas pode variar entre 3.000°C e 20.000°C,
com as cores variando do vermelho ao azul. Isso significa, portanto, que nem todas as anãs brancas
são efetivamente brancas.

1922 – Na gestão de Henrique Charles Morize (1860-1930), o Observatório Nacional é transferido


do então Morro do Castelo, agora Esplanada do Castelo, para o Morro de São Januário, no atual
Bairro de São Cristóvão (Rio de Janeiro), onde está até hoje.

1922 (22 de outubro) – É publicada a primeira Circular da UAI.

1923 (1º de março) - A Grécia torna-se o último país europeu a adotar o calendário gregoriano.
Atualmente, este calendário é usado pela grande maioria dos países e reconhecido por muitas
organizações internacionais, inclusive as Nações Unidas. Mas três outras situações devem ser
apontadas: 1. países que usam versões modificadas do calendário gregoriano: Sri Lanka, Camboja,
Tailândia, Japão, Coreia do Norte e Taiwan; 2. países que usam outros calendários junto com o
calendário gregoriano: Índia, Israel, Banbladesh e Myanmar (antiga Birmânia); 3. países que não
utilizam o calendário gregoriano: Arábia Saudita, Etiópia, Nepal, Irã e Afeganistão.

1923 (junho) – O físico romeno Hermann oberth (1894-1989) publica “Die Rakete zu den
Planetenräumen” (“O Foguete Ao Espaço Planetário”), livro em que descreve como um telescópio
poderia ser colocado em órbita terrestre por meio de um foguete. Ele também cunha a expressão
"estação espacial" para descrever uma estrutura que serviria como ponto de partida para viagens à
Lua e a Marte.

1924 – Arthur Eddington desenvolve a relação massa-luminosidade para as estrelas da sequência


principal, ou seja, aquelas que realizam fusão de hidrogênio em hélio no interior de seus núcleos.

1924 - O astrônomo holandês Jan Hendrik Oort (1900-1992) descobre o halo estelar da Via Láctea,
uma região além do disco galáctico onde predominam estrelas antigas e aglomerados globulares.
Um halo gasoso, que se estende por muitos milhares de anos-luz, é descoberto décadas mais tarde.

1924 (maio) – É fundada, na União Soviética (URSS), a Sociedade para estudos de Viagens
Interplanetárias. Entre os membros estão cientistas importantes da época, como Konstantin
Tsiolkovsky, Friedrich Zander e Yuri Kondratyuk. A sociedade é dissolvida no ano seguinte.

1924 (23 de outubro) – O astrônomo estadunidense de origem alemã Walter Baade


(1893-1960) descobre 1036 Ganymed, o maior asteroide próximo da Terra (near-Earth asteroid) do
Sistema Solar.
Diâmetro: 34km; período orbital: 1.586,202 dias (4,34 anos); distância média do sol:
398.198.000km; massa: 167 trilhões de toneladas; densidade: 7,9g/cm3; rotação: 10,31h.
São classificados como asteroides próximos da Terra aqueles cuja distância mínima do sol é
inferior a 1,3 unidade astronômica (195 milhões de km).

1924 (23 de novembro) – O astrônomo estadunidense Edwin Powell Hubble (1889-1953) publica
no The New York Times os resultados das medições por ele efetuadas no ano anterior. Ao
determinar, com o auxílio de variáveis cefeidas, a distância a que estão da Terra M31 (Andrômeda)
e M33 (Triângulo), ele conclui que se trata de sistemas estelares semelhantes à Via Láctea e que
estão localizados fora dela. A relutância de Hubble em publicar suas conclusões deve-se ao fato de
estarem em franca contradição com as medições tomadas, em 1916, pelo astrônomo holandês
Adriaan van Maanen (1884-1946), então tidas em alta conta no meio científico. Com a constatação
de que estão corretas as medições efetuadas por Hubble, fica provada a natureza extragaláctica das
nebulosas em espiral.

1925 – A astrônoma anglo-americana Cecília Payne (1900-1979) estabelece que o hidrogênio é o


elemento químico mais abundante na composição das estrelas.

1925 (9 de maio) – O físico alemão Albert Einstein visita o Observatório Nacional (Rio de Janeiro).

1926 – O sismólogo alemão Beno Gutenberg (1889-1960) descobre, no manto terrestre, uma zona
de baixa velocidade de ondas sísmicas, a cerca de 100km de profundidade e com espessura de
quase 100km. Essa camada recebe a denominação de “astenosfera”.
Sua existência passa a ser definitivamente aceita apenas depois da análise das ondas sísmicas do
grande terremoto ocorrido no Chile em 22 de maio de 1960
(o mais forte alguma vez registrado, de magnitude 9,5).

1926 – No artigo “The Internal Constitution of the Stars” (“A Constituição Interna das Estrelas”),
Arthur Eddington sugere que o calor do Sol provém de um "reator nuclear" interno. O cientista
trabalhava nessa questão desde 1916, e o presente artigo é o ponto de partida para o
desenvolvimento de pesquisas sobre a nucleossíntese (ver 1954).

1926 – O físico estadunidense de origem polonesa Albert Michelson (1852-1931) mede com
precisão a velocidade da luz, concluindo que ela é de 299.796+-4km/s. O valor aceito atualmente é
de 299.792,458km/s.
De acordo com a definição da UAI, ano-luz é a distância percorrida pela luz, no vácuo, ao longo de
um ano juliano (exatamente 365,25 dias, ou 31.557.600 segundos), o que corresponde a
9.460.730.472.580,8km.

1926 (16 de março) – Primeiro voo de foguete propelido a combustível líquido (gasolina e
oxigênio), construído por Robert Goddard e lançado em Auburn, Massachusetts.

1927 – O padre e cosmólogo belga Georges-Henri Édouard Lemaître (1894-1966) é o primeiro a


propor a teoria da expansão do Universo, dois anos antes de Edwin Hubble. Ele também sugere o
que mais tarde será denominado Big Bang. Lemaître imagina que toda a matéria esteja concentrada
no que ele chama de átomo primordial e que este átomo se partiu em incontáveis pedaços, cada um
se fragmentando sempre mais, até formar os átomos presentes no Universo, numa enorme fissão
nuclear.
Contudo, o artigo em que expõe sua teoria, “Un Univers homogène de masse constante et de rayon
croissant rendant compte de la vitesse radiale des nébuleuses extragalactiques” (“Um universo
homogêneo de massa constante e raio crescente considerando a velocidade radial das nebulosas
extragalácticas”), publicado no periódico Annales de la Société Scientifique de Bruxelles,
permanece obscuro e ignorado pela comunidade científica internacional, o que só se modifica com
uma tradução parcial para inglês, em 1931.

1927 – O astrônomo estadunidense Ira Sprague Bowen (1898-1973) explica as linhas espectrais
não identificadas provenientes do espaço como linhas de transição proibidas. Ele constata que essas
linhas são emitidas por oxigênio ionizado. Com isso, fica descartada a existência do “nebúlio”,
elemento químico hipotético que, desde os anos 1860, era tido como responsável por linhas
espectrais não identificadas e que se pensava existir apenas no espaço, não na Terra.

1927 – Têm início as atividades do Instituto Astronômico e Geofísico da Universidade de São


Paulo (USP).

1927 - Jan Hendrik Oort (1900-1992) analisa movimentos de estrelas distantes, encontrando
evidências de uma rotação diferencial da Via Láctea, e funda a teoria matemática da estrutura
galáctica. A rotação da Via Láctea havia sido prevista teoricamente pelo astrônomo sueco Bertil
Lindblad (1895-1965).

1927 – O geólogo inglês Arthur Holmes (1890-1965), pioneiro no uso dos elementos radioativos
para datar as rochas, propõe um mecanismo capaz de explicar o movimento dos continentes.
Quando decaem, os elementos radioativos existentes no interior da Terra produzem calor e
aquecem o manto. Essa camada constitui um meio sólido para a pesquisa sísmica, pois as ondas
secundárias propagam-se em seu interior. Num período de milhares de anos, porém, o manto
comporta-se como um fluido extremamente viscoso, capaz de transportar por convecção o calor do
centro para a superfície. No fenômeno físico da convecção, as porções quentes do fluido ficam
ainda mais quentes e tendem a subir, enquanto suas partes frias afundam. Se a diferença de
temperatura for suficiente, cria-se uma circulação ordenada, com a formação de células de
convecção. Holmes afirma que esse mecanismo é capaz de deslocar os continentes, assim como as
correntes marítimas fazem com os “icebergs”.

1927 – O climatologista e geofísico austríaco Victor Conrad (1876-1962) verifica a existência de


uma descontinuidade entre a parte superior e a parte inferior da crosta terrestre continental,
conhecida hoje como descontinuidade de Conrad.

1927 - No livro “A Conquista do Espaço Interplanetário” (72 páginas), o ucraniano Yuri


Kondratyuk (1897-1942) aborda a trajetória de foguetes e as condições de habitação no espaço.
Sugere também a utilização da assistência gravitacional para acelerar a velocidade de uma nave
espacial.

1927 – O estudante holandês Cyprianus Annius van den Bosch calcula a massa de Marte com um
erro de 0,2%. Ele usa os movimentos dos satélites marcianos para chegar a esse valor.

1927 (5 de junho) - É fundada (Breslau, Alemanha), a “ Verein für Raumschiffahrt” (Sociedade


para viagens espaciais), organização amadora que chega a contar com aproximadamente quinhentos
membros. Realiza experimentos com foguetes, tendo um deles, da série Repulsor, atingido altitude
superior a 1km (primavera de 1932).
A organização é dissolvida em 1933.

1927 (15 de dezembro) – O cometa Skjellerup-Maristany (formalmente, C/1927 X1), descoberto (6


de dezembro) pelo astrônomo amador austríaco John Francis Skjellerup (1875-1952) e pelo
argentino Edmundo Maristany, chega ao periélio e pode ser visto durante o dia. Destaca-se por sua
coloração fortemente amarela, causada pela emissão de átomos de sódio. Permanece visível a olho
nu por 32 noites.

1928 – O físico teórico britânico Paul Dirac (1902-1984) formula a equação que leva o seu nome
(equação de Dirac), a qual descreve o comportamento do elétron e permite ao cientista predizer a
existência do pósitron, a antipartícula do elétron. Com esse trabalho, tem início o estudo teórico da
antimatéria.
Antimatéria é, em Física de partículas, a extensão do conceito de antipartículas à matéria. A
antimatéria está, portanto, composta de antipartículas, enquanto a matéria é composta de partículas.
Por exemplo, um antielétron (elétron com carga positiva, ou pósitron) e um antipróton (próton com
carga negativa) poderiam formar um átomo de antimatéria, da mesma maneira como um elétron e
um próton formam um átomo de hidrogênio. Segundo os modelos teóricos, o contato de matéria e
antimatéria leva à aniquilação de ambas, dando lugar a fótons de alta energia (raios gama) e a
outros pares partícula-antipartícula.

1928 – O astrônomo inglês William Hunter McCrea (1904-1999) descobre que aproximadamente
três quartos da massa do Sol são formados por hidrogênio e cerca de um quarto é composto por
hélio, com mais ou menos 1% de outros elementos. Até então, muitos pensavam que o Sol era
constituído essencialmente de ferro. A partir dessa descoberta, torna-se claro que o hidrogênio é o
principal elemento constituinte da maioria das estrelas.
É a confirmação dos resultados obtidos três anos antes por Cecília Payne.
1928 - James Hopwood Jeans (1877-1946) é o primeiro a sugerir uma cosmologia do estado
estacionário, baseada na criação contínua de matéria no universo. Essa teoria é desenvolvida e
ampliada nos anos 1940, mas perde credibilidade depois da descoberta da radiação cósmica de
fundo em micro-ondas (1964-1965).

1928 (final do ano) – o engenheiro áustro-húngaro de etnia eslovena Herman Potocnik (1892-1929)
publica, sob o pseudônimo Hermann Noordung, o livro “Das Problem der Befahrung des
Weltraums - der Raketen-Motor” (“O Problema da Viagem Espacial – O Motor de Foguete”), um
clássico da história dos voos espaciais. Em 188 páginas e aproximadamente cem ilustrações feitas à
mão, Potocnik sugere a presença humana permanente no espaço e faz o desenho detalhado (o mais
antigo que se conhece) de uma estação espacial. Ele também concebe as vantagens de observar a
superfície terrestre a partir de uma nave em órbita, para fins pacíficos e militares, e descreve como
as condições especiais do espaço podem ser úteis para a realização de experimentos científicos.
Por motivos não esclarecidos (provavelmente de ordem comercial), o editor (Richard Carl Schmidt)
imprime 1929 como ano de publicação, o que faz com que às vezes esta seja, erroneamente,
apontada como adata de lançamento da obra.

1929 – Edwin Hubble verifica que a velocidade de afastamento (deslocamento para o vermelho)
das galáxias é proporcional à distância entre elas, demonstrando que o Universo está em expansão e
criando a “constante de Hubble”.
Essa constante mede o aumento da velocidade de recessão das galáxias à medida que se distanciam.
O valor é objeto de debate desde o seu enunciado, e os parâmetros propostos variam
consideravelmente ao longo do tempo. As medidas mais recentes (março de 2013) sugerem valores
em torno de 67, o que significa que a velocidade a que as galáxias se afastam umas das outras
aumenta aproximadamente 67km por segundo para cada megaparsec (3,26 milhões de anos-luz) de
aumento na distância entre elas.

1929 – O estadunidense George Antonovich Gamow (1904-1968) propõe a fusão do hidrogênio


como a fonte de energia das estrelas.

1929 – Henry Norris Russell conduz os primeiros estudos espectroscópicos para determinar a
composição química do Sol.

1929 – O astrônomo e fabricante de instrumentos ópticos Bernhard Voldemar Schmidt (1879-1935)


inventa um novo sistema de espelhos para telescópios refletores que supera os problemas anteriores
de aberração da imagem. Tais instrumentos são conhecidos como telescópios Schmidt. Para
conseguir isso, ele instala uma lente corretora à frente do espelho de um telescópio refletor e obtém
excelentes resultados. Seu sistema combina, portanto, os princípios de refração com os de reflexão,
dando origem aos instrumentos mistos.

1929 (abril) – O astrônomo estadunidense Clyde Tombaugh (1906-1997) começa a procurar


sistematicamente Plutão. Antes que Tombaugh nascesse, Percival Lowell havia lançado uma busca
por Plutão (que ele chama de planeta X), um nono planeta cuja gravidade explicaria as divergências
nas posições de Urano e Netuno. Lowell não consegue encontrar o planeta, e em seu testamento
decreta que a caça deve continuar.

1929 (15 de outubro - Estreia do filme “Frau im Mond” (A mulher na Lua), com direção, produção
e roteiro do austríaco Fritz Lang (1890-1976). Considerado por alguns como um dos primeiros
filmes "sérios" de ficção científica, mostra pela primeira vez ao público uma viagem em foguete,
incluindo o uso de um foguete de múltiplos estágios. É também citado como a primeira ocorrência
de uma contagem regressiva (de 10 a 0) antes do lançamento de um foguete.

1930 – O astrônomo estadunidense de origem suíça Robert Trumpler (1886-1956) descobre e


calcula a absorção da luz por poeira interestelar, comparando os tamanhos angulares e brilhos de
aglomerados globulares.
Este fenômeno, conhecido em astronomia como “extinção”, pode ser definido como a absorção e a
dispersão da radiação eletromagnética pela matéria (poeira e gás) entre um objeto astronômico
emissor e um observador. Embora a quantidade de poeira e gás existente no espaço interestelar e
intergaláctico seja muito pequena, pode produzir uma redução significativa no brilho de um objeto
celeste ao longo de distâncias grandes, da ordem de milhões de anos-luz.
Para um observador colocado na Terra, a extinção pode ser causada pelo meio interestelar, pela
atmosfera terrestre ou por poeira estelar em torno de um objeto observado. A extinção atmosférica
é muito forte em alguns comprimentos de onda, como raios X, ultravioleta e infravermelho, o que
torna necessário colocar observatórios no espaço para estudar essas faixas da radiação
eletromagnética. Outro efeito digno de nota é uma atenuação bem mais pronunciada da luz azul do
que da luz vermelha, o que faz com que objetos observados a partir da Terra apareçam mais
avermelhados do que são na realidade.
A compreensão desse fenômeno é de importância capital, porque torna possível, pela primeira vez,
fazer estimativas verdadeiramente confiáveis das escalas de distância no Universo.

1930 – O astrônomo francês Bernard-Ferdinand Lyot (1897-1952) inventa o coronógrafo,


instrumento que permite a observação da coroa solar quando o Sol não está em eclipse.

1930 – O astrônomo grego radicado na França Eugène Antoniadi (1870-1944) publica “La Planète
Mars” (“O Planeta Marte”), um tratado que se torna clássico na história das pesquisas sobre Marte,
em que ele escreve: “Ninguém jamais observou canais de verdade em Marte, e as linhas mais ou
menos retilíneas de Schiaparelli não existem nem como canais nem como formas geométricas. O
local onde eles teriam sido observados corresponde a uma superfície com estrias irregulares
manchadas, zonas de reflexão não uniformes, terrenos descontínuos ou talvez margens esverdeadas
de um lago de morfologia complexa”. Observando os detalhes da superfície marciana com um dos
refratores mais aperfeiçoados da época, Antoniadi dá o golpe de misericórdia nos canais.
Três décadas mais tarde, a União Astronômica Internacional torna oficiais 128 nomes de
características da superfície marciana dados por Antoniadi num mapa incluído neste livro. É o
início da nomenclatura oficial para o relevo de Marte.

1930 – A UAI adota a proposta do astrônomo belga Eugène Delporte (1882-1955) e fixa em 88 o
número das constelações. São elas: Águia, Altar, Andrômeda, Aquário, Áries (ou Carneiro), Ave
do Paraíso, Baleia, Boieiro, Buril (do Escultor), Bússola, Cabeleira de Berenice, Cães de Caça,
Camaleão, Câncer (ou Caranguejo), Cão Maior, Cão Menor, Capricórnio, Carena (ou Quilha),
Cassiopeia, Cefeu, Centauro, Cisne, Cocheiro, Compasso, Coroa Austral, Coroa Boreal, Corvo,
Cruzeiro do Sul, Delfim, Dourado, Dragão, Erídano, Escorpião, Escudo (de Sobieski), Escultor,
Fênix, Flecha, Forno Químico, Gêmeos, Girafa, Grou, Hércules, Hidra Fêmea, Hidra Macho, Índio,
Lagarto, Leão, Leão Menor, Lebre, Libra (ou Balança), Lince, Lira, Lobo, Máquina Pneumática,
Microscópio, Monte Mesa, Mosca, Ofiúco (ou Serpentário), Oitante, Órion, Pavão, Pégaso, Peixe
Austral, Peixes, Peixe Voador, Pequena Raposa, Pequeno Cavalo, Perseu, Pintor, Pomba (de Noé),
Popa (da nave Argos), Régua, Relógio, Retículo, Sagitário, Serpente (dividida em Cabeça e
Cauda), Sextante, Taça, Telescópio, Touro, Triângulo, Triângulo Austral, Tucano, Unicórnio, Ursa
Maior, Ursa Menor, Vela e Virgem.
Registre-se que constelações são regiões celestes conforme vistas da Terra e não refletem,
obrigatoriamente, a posição real ocupada pelos astros. Dois objetos astronômicos muito distantes
entre si pertencem à mesma constelação se, para um observador terrestre, parecerem próximos um
do outro no céu. As constelações não são, portanto, indicadores de distância.
Além das constelações, existem agrupamentos estelares que, vistos da Terra, parecem formar
figuras, mas que não são reconhecidos oficialmente pela comunidade astronômica. A esses
agrupamentos, cujas estrelas não estão gravitacionalmente ligadas e podem pertencer a
constelações diferentes, dá-se o nome de asterismos.
Três exemplos de asterismos:
- Grande Carro, na constelação da Ursa maior, formado pelas estrelas Dubhe, Merak, Phecda,
Megrez, Alioth, Mizar e Benetnasch;
- Diamante de Virgem: Arcturo, Espiga, Denébola e Cor Caroli;
- Três Marias: Mintaka, Alnilan e Alnitaka, que formam o cinturão de Órion.

1930 – O físico indiano naturalizado estadunidense Subrahmanyan Chandrasekhar


(1910-1995) descobre e calcula o limite que leva seu nome, o qual representa a máxima massa
possível para uma estrela do tipo anã branca (um dos estágios finais das estrelas que consumiram
toda a sua energia) suportada pela pressão da degeneração de elétrons, e é de 2,864 octiliões de
toneladas, cerca de 1,44 vez a massa do Sol. Acima desse limite, a anã branca entra em colapso,
devido ao efeito da gravidade, e dá origem a uma estrela de neutros ou a um buraco negro.

1930 (21 de janeiro) – Clyde William Tombaugh fotografa Plutão, mas não o identifica ainda como
planeta. Outras fotografias são tiradas nos dias 23 e 29.

1930 (18 de fevereiro) – Clyde William Tombaugh descobre Plutão, então considerado o nono
planeta do Sistema Solar, utilizando o telescópio refrator de 33cm do Lowell Observatory, em
Flagstaff, no Arizona.
Plutão tem diâmetro estimado de 2.306km e área superficial de 16,65 milhões de km2 (3,3% da
terrestre). Ocupa um volume de 6,39 bilhões de km3 (0,59% do volume da Terra) e tem massa de
13,05 quintilhões de toneladas (0,21% da terrestre), o que resulta numa densidade de 2,03g/km3. A
força de gravidade equivale a 6,7% da terrestre, e a velocidade de escape é de 1,229km/s. A
temperatura varia entre -240°C e -218°C. orbita o Sol à distância média de 5,874 bilhões de km
(varia entre 4,437 e 7,311 bilhões de km), completando uma órbita, à velocidade média de
16.800km/h, em 90.613,305 dias terrestres (248,09 anos), ou 14.164,4 dias plutonianos. O período
de rotação é de 6d9h17min36s, à velocidade de 47,18km/h. Os principais componentes da
atmosfera são nitrogênio, metano e monóxido de carbono. A magnitude aparente varia entre 13,65
e 16,3, sendo a média 15,1. Tem cinco satélites conhecidos.
Plutão é o nome latino de Hades, deus grego do submundo e das riquezas dos mortos.

1930 (depois de fevereiro) – O astrônomo estadunidense Frederick C. Leonard (1896-1960) sugere


que Plutão, recentemente descoberto, pode ser o primeiro de uma série de astros encontrados com
órbitas além de Netuno. Seis décadas mais tarde, essa suposição será confirmada com a descoberta
dos primeiros objetos conhecidos do cinturão de Kuiper.

1930 (24 de março) – Plutão é oficialmente batizado, tendo o nome sido sugerido por Venetia Phair
(nascida BurneyThe) (1918-2009), uma menina de onze anos vivendo em Oxford. Esta decisão é
anunciada em 1º de maio.

1930 (10 de maio) – o primeiro planetário é aberto ao público nos EUA, o Planetário de Adler, em
Chicago, Illinois.

1931 – O astrônomo alemão Otto Hermann Leopold Heckmann (1901-1983) afirma que a matéria
é, sob alguma circunstância, homogeneamente distribuída ao longo do Universo e é isotrópica, isto
é, tem propriedades idênticas em toda direção).

1932 – O físico inglês James Chadwick (1891-1974) descobre o nêutron, partícula atônica com
carga elétrica nula, que compõe, juntamente com o próton, o núcleo do átomo.
Em 1935, ele recebe o Prêmio Nobel de Física por essa descoberta.

1932 – Estudando as perturbações e as interferências verificadas durante as transmissões


radiofônicas, o físico e engenheiro estadunidense Karl Jansky (1905-1950) descobre que parte
dessas perturbações se deve a radiações cósmicas que atingem regularmente a Terra e conclui que a
fonte contínua dessas radiações deve estar situada na direção da constelação de Sagitário, a mesma
em que se encontra o centro da Via Láctea. Trata-se das ondas de rádio, cujo estudo sistemático dá
origem à radioastronomia.

1932 – Ao estudar o destino de uma estrela massiva após o esgotamento de todo o seu combustível
nuclear, o físico e matemático azerbaijano Lev Davidovich Landau
(1908-1968) chega à conclusão de que, na fase de resíduo estelar, a matéria se encontra num estado
de elevada densidade, composta basicamente por nêutrons.
Este trabalho levará à formulação do conceito de estrela de nêutrons.

1932 – Harlow Shapley (1885-1972) e Adelaide Ames (1900-1932) publicam um levantamento das
galáxias com brilho superior à 13ª magnitude, conhecido mais tarde como “Catálogo Shapley-
Ames”.

1932 – O astrônomo estoniano Ernst Öpik (1893-1985) postula que os cometas de longo período
têm origem numa nuvem localizada nos confins do Sistema Solar. Essa região é hoje conhecida
como Nuvem de Oort.

1932 - Ao medir o movimento das estrelas na Via Láctea, Jan Hendrik Oort conclui que, para
explicá-lo, a galáxia precisa ter mais massa do que o total da massa da matéria observável contida
nela. Ele também descobre que a densidade de matéria nas vizinhanças do Sol é quase o dobro da
densidade que pode ser explicada considerando-se apenas a presença de gás e estrelas.
São as primeiras evidências da matéria escura, conceito formulado no ano seguinte pelo suíço Fritz
Zwicky.

1933 – O astrônomo suíço (nascido na Bulgária) Fritz Zwicky (1898-1974) postula a existência da
matéria escura. Esta é a matéria suplementar necessária para explicar as curvas de rotação das
galáxias e as velocidades registradas das galáxias em aglomerados, maiores que as explicáveis
através da matéria observável, chamada matéria luminosa (ou matéria visível). Zwicky, trabalhando
nos EUA, observando que as velocidades das galáxias em aglomerados são muito maiores do que o
esperado, calcula que a massa do aglomerado deve ser pelo menos dez vezes maior do que a massa
da matéria visível no próprio aglomerado, isto é, da massa em estrelas e gás pertencentes às
galáxias.
Numa definição contemporânea, matéria escura é a matéria hipotética de composição desconhecida
que não emite ou reflete radiação eletromagnética suficiente para ser observada diretamente com os
meios técnicos atuais, mas cuja existência pode ser deduzida a partir dos efeitos gravitacionais que
causa na matéria visível (estrelas e galáxias, por exemplo). É importante observar que não se deve
confundir matéria escura com energia escura, conceito elaborado bem mais tarde (1998).

1933 –Walter Baade sugere, juntamente com Fritz Zwicky, que as supernovas poderiam ser criadas
pelo colapso de estrelas normais para estrelas de nêutrons e são, portanto, uma categoria à parte de
objetos astronômicos.
Uma estrela de nêutrons típica tem massa compreendida entre 1,4 e 3,2 massas solares e diâmetro
de aproximadamente 24km, o que resulta em densidades que variam de 370 a 590 trilhões de
toneladas por centímetro cúbico, ou seja, 260 a 410 trilhões de vezes superiores à do Sol. Isso
equivale a comprimir a massa de um Boeing 747 ao tamanho de um pequeno grão de areia. Uma
colher de chá da matéria de uma estrela de nêutrons tem massa de 5,5 bilhões de toneladas. A força
de gravidade resultante é pelo menos 100 trilhões de vezes superior à terrestre, e a velocidade de
escape é de 100.000km/s, um terço da velocidade da luz.

1933 – Bernard-Ferdinand Lyot inventa o filtro de Lyot, formado por uma série de lâminas de
quartzo separadas por polarizadores e analisadores, a fim de ser possível isolar a luz de um
comprimento de onda determinado; permite a observação das protuberâncias e da coroa solar pelo
isolamento de uma de suas raias de emissão.

1933 – É fundada a Meteoritical Society, organização sem fins lucrativos cujo objetivo é promover
a pesquisa e a educação em ciência planetária, com ênfase em meteoritos e outros materiais
extraterrestres. Além de meteoritos, o interesse da organização abrange poeira cósmica, asteroides,
cometas, satélites naturais, planetas, impactos e a origem do Sistema Solar.

1933 (17 de agosto) – A URSS lança seu primeiro foguete de propelente líquido (Gird 9), com a
importante colaboração do engenheiro russo Sergey Pavlovich Korolev (1907-1966). O artefato
alcança 400m de altitude.

1933 (13 de outubro) – É fundada a British Interplanetary Society, organização sem fins lucrativos
com sede em Londres.

1934 – O físico estadunidense Richard Tolman (1881-1948) mostra que a radiação de corpo negro
em um Universo que se expande esfria mas permanece térmica.

1935 – Nicolas Stoyco (1884-1973) confirma a existência de flutuações no movimento de rotação


da Terra, causadas pelo movimento lunar.

1935 - A astrônoma inglesa Mary Adela Blagg (1858-1944) publica, em colaboração com o
astrônomo amador Karl Müller (1866-1942), um trabalho em dois volumes intitulado “Named
Lunar Formations”. Trata-se de uma sistematização da nomenclatura do relevo lunar, a qual,
posteriormente adotada pela União Astronômica Internacional, é hoje a fonte oficial dos nomes das
características topográficas do nosso satélite.

1935 (14 de maio) – É inaugurado o Griffith Observatory, em Los Angeles, Califórnia.

1936 – o telescópio refletor óptico Schmidt de 46cm de Palomar entra em operação, localizado em
Palomar, Califórnia.

1936 – No livro "The Realm of the Nebulae" (O Reino das Nebulosas), Edwin Hubble apresenta
uma classificação morfológica das galáxias, representada num diagrama que se torna conhecido
como "forquilha de Hubble". As galáxias estão divididas em espirais, espirais barradas, elípticas,
lenticulares e irregulares, com diversas subcategorias.
Nesta obra Hubble formula o conceito de Grupo Local, ainda em vigor para fazer referência ao
aglomerado galáctico ao qual pertence a Via Láctea. Com pelo menos 54 galáxias conhecidas
(Hubble inclui doze), o Grupo Local tem 10 milhões de anos-luz de diâmetro e pertence ao
superaglomerado de Virgem. Os principais componentes do Grupo Local são Andrômeda (M31),
Via Láctea, Triângulo (M33) e as Nuvens de Magalhães.

1936 – Raimond Arthur Lyttleton (1911-1995), matemático e físico teórico inglês, apresenta a
hipótese de Plutão ter sido, até um período relativamente recente, um satélite de Netuno.

1936 – A sismóloga dinamarquesa Inge Lehmann (1888-1993) interpreta algumas observações


anômalas das ondas primárias como indício da presença, no centro da Terra, de um núcleo
provavelmente sólido, envolvido por uma parte líquida.
O núcleo interno sólido da Terra, cuja existência é posteriormente confirmada, ocupa o centro do
planeta e está rodeado por um núcleo externo líquido. Tem raio de aproximadamente 1.220km
(situa-se entre 5.150 e 6.370km de profundidade) e compõe-se essencialmente de uma liga de ferro
(80%) e níquel. A densidade elevada (de 12,8 a 13,1g/cm3) sugere também a presença de outros
metais pesados, como ouro e platina. A temperatura estimada é de 6.000°C, bastante próxima à da
superfície do Sol.
O núcleo externo tem aproximadamente 2.260km de espessura (estende-se desde 2.890 até
5.150km de profundidade) e também é composto de ferro e níquel, mas em estado líquido.
Oxigênio e enxofre também estão presentes, e a densidade vai de 9,9 a 12,2g/cm3. A temperatura é
de 4.400°C nas regiões exteriores, podendo ultrapassar 5.000°C no limite com o núcleo interno.
Em torno do núcleo externo está o manto, camada altamente viscosa que vai desde a crosta até
aproximadamente 2.890km de profundidade. A composição é bastante variada, e os diversos
minerais presentes agrupam-se em camadas mais ou menos definidas. A temperatura vai de 500°c,
nas regiões superiores, até mais de 4.000°C, no limite com o núcleo externo. A densidade está
compreendida entre 3,4 e 5,6g/cm3.
A camada mais externa é a crosta, cuja espessura varia de 5 ou 6km, sob o fundo dos oceanos, até
30 ou 35km, nas regiões continentais. Ao conjunto formado pela crosta e a parte superior do manto
(até 60km de profundidade) dá-se o nome de litosfera. A litosfera está dividida em placas
tectônicas, segmentos rígidos que flutuam sobre o manto e se deslocam lentamente. Terremotos,
atividade vulcânica e formação de montanhas são fenômenos característicos de regiões limítrofes
entre placas tectônicas. A densidade da crosta vai de 2,2 a 2,9g/cm3.

1936 – Os estadunidenses Victor Franz Hess (1883-1964), de origem austríaca, e Carl David
Anderson (1905-1991) recebem o Prêmio Nobel de Física, o primeiro por seus estudos acerca dos
raios cósmicos e o segundo pela descoberta (1932) do pósitron, partícula subatômica que tem a
mesma carga elétrica de um próton e a mesma massa de um elétron.

1938 – O físico estadunidense (nascido na Alemanha) Hans Albrecht Bethe (1906-2005) conclui
que as elevadíssimas temperaturas e pressões existentes no centro do Sol podem fazer com que
quatro núcleos de hidrogênio (ou seja, quatro prótons) se fundam para formar um único núcleo de
hélio. Como a massa total dos quatro prótons equivale a 4,0325 unidades de massa atômica, e a de
um núcleo de hélio a 4,0039, a reação libera uma energia correspondente a 0,0286 (ou seja, 0,7%
da massa em questão).
Esses estudos são publicados em março de 1939 no periódico Physical Review, com o título
“Energy Production in Stars” (Produção de Energia Nas Estrelas), e por isso 1939 é frequentemente
referido como o ano da pesquisa..
Por Esse trabalho, Bethe recebe o Prêmio Nobel de Física de 1967.

1938 – O físico francês Pierre Victor Auger (1899-1993) é o primeiro a observar as faíscas
produzidas na atmosfera terrestre pela interação entre a região atmosférica e os raios cósmicos.
1938 – Walter Baade é o primeiro a identificar uma nebulosa como sendo o resto de uma supernova
ao estabelecer que a Nebulosa do Caranguejo é formada pelos resíduos da supernova de 1054.
Posteriormente, muitos restos de supernovas são identificados.

1938 (6 de julho) – Seth Barnes Nicholson Descobre Lisiteia, décimo satélite conhecido de Júpiter.
Diâmetro: 36km; período orbital: 259,20 dias; distância média do planeta: 11.720.000km; massa:
63 trilhões de toneladas; densidade: 2,6g/cm3.

1938 (30 de julho) – Seth Barnes Nicholson descobre Carme, décimo primeiro satélite conhecido
de Júpiter.
Diâmetro: 46km; período orbital: 702,28 dias (2,045 anos); distância média do planeta:
23.400.000km; massa: 130 trilhões de toneladas; densidade: 2,6g/cm3.

1938 (30 de outubro) – O cineasta estadunidense Orson Welles (1915-1985) realiza, na rádio CBS
(Columbia Broadcasting System), uma dramatização intitulada A Guerra dos Mundos, baseada no
livro homônimo publicado, em 1898, por H. G. Welles (1866-1946). A obra descreve uma invasão
da Terra por marcianos, e a dramatização causa pânico entre a população estadunidense, pois a
crença na existência de vida em Marte faz muitas pessoas acreditarem na veracidade da história
transmitida pelo rádio.

1939 – O químico alemão Otto Hahn (1879-1968), a física sueca de origem austríaca Lise Meitner
(1878-1968) e o químico alemão Fritz Strassmann (1902-1980) descobrem a fissão nuclear: quando
um núcleo de urânio absorve um nêutron, ele pode ser “sacudido” até o ponto em que ele se divide
em dois fragmentos de tamanhos comparáveis, liberando uma grande quantidade de energia.

1939 – O astrônomo estadunidense de origem alemã Rupert Wildt (1905-1976) nota a importância
do ion negativo de hidrogênio para a opacidade estelar.

1939 – O físico estadunidense Julius Robert Oppenheimer (1904-1967) e seu discípulo George
Michael Volkoff (1914-2000), físico canadense, estabelecem que a dimensão máxima de uma
estrela de nêutrons não ultrapassa algumas dezenas de km.

1939 – Bernard-Ferdinand Lyot faz a primeira imagem em movimento das proeminências solares.

1939 – Estudos realizados pelo radioastrônomo estadunidense Grote Reber (1911-2002) confirmam
os resultados obtidos em 1932 por Karl Jansky acerca da proveniência cósmica das ondas de rádio
que interferem nas telecomunicações terrestres.

1939 (30 de abril) – É produzida a primeira energia elétrica gerada por raios cósmicos, no
Planetário de Hayden, Cidade de Nova Iorque.

1941 – O astrônomo canadense Andrew McKellar (1910-1960) usa a excitação das linhas do
dubleto CN para medir que a “temperatura efetiva do espaço” é de cerca de 2,3 K.

1941 – O astrônomo alemão Rudolph Minkowski (1895-1976) propõe a primeira classificação das
estrelas supernovas. Ele as divide em dois tipos: I, quando não há linhas de hidrogênio no espectro;
e II, quando essas linhas aparecem.
Essas classes continuam sendo utilizadas.
1942 – Jan Julius Duyvendak (1889-1954), Nicholas Mayall (1906-1993) e Jan Oort
(1900-1992) confirmam que a Nebulosa do Caranguejo é um resto da supernova 1054 (observada
pelos astrônomos chineses), conforme sugerido quatro anos antes por Walter Baade.

1942 – O engenheiro estadunidense George Clark Southworth (1890-1972) e o astrofísico e


radioastrônomo inglês James Stanley Hey (1909-2000) descobrem que o Sol também é uma fonte
de ondas de rádio e são os primeiros a registrá-las.

1942 (3 de outubro) - Um foguete militar alemão V-2 (Vergeltungswaffe 2) é o primeiro artefato


humano a chegar ao espaço sideral, atingindo a altitude de 100km. A partir de setembro de 1944,
mais de 3.000 desses foguetes são lançados pela Wehrmacht contra alvos aliados, principalmente
Londres e, mais tarde, Antuérpia e Liège (Vergeltungswaffe = arma de retribuição ou arma de
retaliação).
Depois da guerra, os governos estadunidense, soviético e britânico passam a ter acesso à tecnologia
dos foguetes V-2 e aos cientistas alemães que os desenvolvem.
Com 1,65m de diâmetro, 14m de comprimento e pesando 12,5t, O V-2 é o progenitor de todos os
foguetes modernos, inclusive aqueles posteriormente usados nos programas espaciais dos EUA e da
URSS.

1943 – O astrônomo estadunidense Carl Keenan Seyfert (1911-1960) identifica 6 galáxias espirais
com linhas de emissão incomumente largas, conhecidas como "galáxias Seyfert", as quais têm
núcleos ativos em seus centros e fornecem ligação entre as galáxias normais e os quasares.

1943 – Os estadunidenses William Wilson Morgan (1906-1994), Philip Childs Keenan (1908-2000)
e Edith Kellman (1911-2007), do Observatório de Yerkes, apresentam a classificação estelar
atualmente em vigor, conhecida como classificação espectral de yerkes ou sistema MKK, das
iniciais dos autores.
É complementar à classificação de Harvard e acrescenta duas informações: um número arábico de 0
a 9 indicando o grau de transição de uma classe à seguinte e um número romano de I a VII
indicando as dimensões das estrelas: I, supergigantes; II, gigantes brilhantes; III, gigantes (gigantes
“normais”); IV, subgigantes; V, estrelas da sequência principal (ou anãs); VI, subanãs; VII, anãs
brancas. Assim, a classificação G2V do Sol significa que se trata de uma estrela amarela (G), mais
próxima da própria classe G (2) do que da classe seguinte, K, e pertencente à sequência principal
(V).

1944 – O astrônomo holandês Hendrik (Henk) Christoffer van de Hulst (1918-2000) prevê a linha
hiperfina de 21cm do hidrogênio interestelar neutro.

1944 – A teoria da nebulosa primordial formadora do Sol e dos planetas é retomada quando, com
base em novos dados sobre a composição solar, o físico alemão Carl Friedrich von Weizsäcker
(1912-2007) sugere que a nebulosa teria massa muito maior que a dos planetas e que, submetida a
um processo de turbilhonamento interno, promoveria a condensação desses corpos celestes.

1944 – O astrônomo soviético Otto Schmidt (1891-1956) propõe a teoria da nuvem interestelar para
a formação do sistema Solar. Segundo essa teoria, o Sol já formado teria atravessado uma densa
nuvem interestelar e emergido envolto em uma nuvem de gás e poeira, de onde teriam se formado
os planetas. Contudo, trabalhos posteriores do também soviético Victor Safronov (1917-1999)
demonstram que o tempo necessário para a formação dos planetas a partir de um envoltório tão
difuso seria superior à idade do Sistema Solar.
1944 – Grote Reber, compilador do primeiro radiomapa do céu, escreve: “A fonte mais intensa está
na constelação de Sagitário; outras menores se acham no Cisne, em Cassiopeia, no Cão Maior, na
Popa e em Perseu”. Pela primeira vez na história, o homem “vê” o céu através de uma janela
diferente da tradicional, tendo a possibilidade de descobrir fatos novos e inesperados.

1944 – O astrônomo estadunidense de origem holandesa Gerard Peter Kuiper


(1905-1973) detecta metano no espectro de Titã, evidenciando a presença de uma atmosfera
naquele satélite de Saturno.

1945 (19 de julho) – Após a rendição da alemanha (2 de maio) e o fim da Segunda Guerra Mundial
na Europa, tem início a Operação Paperclip (originalmente Operação Overcast), recrutamento de
cientistas da Alemanha nazista para trabalhar nos EUA. Um dos objetivos da Operação Paperclip é
impedir que a URSS, o Reino Unido e a própria Alemanha (Ocidental e Oriental) tenham acesso ao
conhecimento científico germânico. O Presidente Harry Truman (1884-1972) determina
expressamente que não sejam recrutados membros do Partido Nazista nem apoiadores ativos do
regime, mas, como isso excluiria os principais cientistas identificados pelo serviço secreto, uma
organização das Forças Armadas estadunidenses (Joint Intelligence Objectives Agency) elabora
perfis biográficos falsos e laborais para torná-los aptos a entrar legalmente nos EUA.
Ao longo de 1945 e dos anos seguintes, são trazidos ao país mais de mil cientistas (as cifras variam
muito) e seus familiares. O mais eminente deles é Wernher von Braun (1912-1977), principal
artífice dos foguetes V-2 e, posteriormente, principal desenvolvedor dos foguetes Saturno V, que
levam as naves Apollo à Lua. Von Braun é considerado por muitos o mais importante cientista de
foguetes de todos os tempos.
Os soviéticos também fazem uma operação similar, mas em escala bem menor. Trata-se da
Operação Osoaviakhim (nome às vezes transliterado como “Ossavakim”).

1945 (outubro) – O escritor britânico Arthur C. Clarke (1917-2008) publica, na revista Wireless
World, um artigo científico intitulado "Can Rocket Stations Give Worldwide Radio Coverage?", no
qual lança o conceito de satélite geoestacionário como futura ferramenta para desenvolver as
telecomunicações.
Um satélite é geoestacionário quando está em órbita circular a uma altitude de 35.786km (em que
as forças centrífuga e centrípeta da Terra se anulam reciprocamente), o que faz com que seu
período orbital seja equivalente ao da rotação terrestre, permanecendo o satélite parado sobre um
ponto determinado do planeta (na maioria das vezes, o equador), característica que permite o seu
emprego nas telecomunicações e para observar regiões específicas da Terra.

1946 – O astrônomo estadunidense Lyman Spitzer (1914-1997) escreve um documento intitulado


“Vantagens astronômicas de um observatório extraterrestre”. Ele observa as duas grandes
vantagens oferecidas por um observatório espacial relativamente aos telescópios terrestres: em
primeiro lugar, a resolução óptica (distância mínima de separação entre objetos na qual eles
permaneçam claramente distintos) estaria limitada apenas por difração, em oposição aos efeitos da
turbulência da atmosfera, que provocam o cintilamento das estrelas, conhecido entre astrônomos
como "visão". A segunda grande vantagem seria a possibilidade de observar luz infravermelha e
ultravioleta, em grande parte absorvidas pela atmosfera.
A atmosfera terrestre filtra e distorce grande parte da radiação eletromagnética. A luz visível e as
ondas de rádio não são severamente atenuadas pela atmosfera, mas mesmo assim os maiores
telescópios e radiotelescópios baseados em terra que operam nesses comprimentos de onda
localizam-se a grandes altitudes, uma vez que as perturbações atmosféricas são menores em regiões
elevadas. As radiações em infravermelho e em ultravioleta são grandemente bloqueadas, e é
praticamente impossível fazer observações astronômicas em raios X e em raios gama a partir da
Terra. Do espaço, toda a radiação eletromagnética é igualmente acessível a observações.
A colocação em órbita de observatórios espaciais, nas décadas seguintes, contribui
extraordinariamente para o desenvolvimento da astronomia.

1946 – Com o desenvolvimento da radioastronomia, consolida-se o conceito de “coroa solar muito


quente”, com temperatura da ordem de alguns milhões de graus.

1946 – É criada a NIVR (Nederlands Instituut voor Vliegtuigontwikkeling en Ruimtevaart),


Agência Holandesa para Programas Aeroespaciais. fundada pelo governo holandês, Ela é uma
organização semi-governamental que não visa a lucros e cujo objetivo geral é promover as
atividades da indústria aeroespacial na Holanda.

1946 (10 de janeiro) – a equipe do U.S. Army Project Diana lança sinais de radar refletidos à
superfície da Lua. Uma pulsação de 180 ondas de ciclo com duração de 0,25 segundo é irradiada
pelo Army Signal Corps do Evans Signal Laboratories, Belmar, Nova Jersey. O eco é recebido 2.4
segundos depois. O evento prova que as ondas de rádio podem penetrar a atmosfera da Terra.

1946 (24 de outubro) – São tiradas as primeiras fotos da Terra a partir do espaço. Um grupo de
cientistas e militares estadunidenses da base de White Sands, Novo México, acopla uma câmera de
35mm a um foguete alemão V-2, que atinge pouco mais de 100km de altitude. A câmera cai e fica
em pedaços, mas o filme é preservado, protegido dentro de uma caixa de aço. A qualidade das fotos
é ruim: são granuladas, em tom cinzento e pouco nítidas.

1947 - Tem início a Guerra Fria, que pode ser simplificadamente definida como uma luta
ideológica entre capitalismo (EUA) e comunismo (URSS). É um período de constante conflito
político, tensão militar, competição econômicae tecnológica. A tensão militar dá origem a uma
corrida armamentista, com o desenvolvimento de armas nucleares por ambas as partes. A
competição tecnológica gera a corrida espacial, vista pelos dois lados como necessária à segurança
nacional e uma chance de demonstrar superioridade em relação ao regime político do adversário. A
corrida espacial é, portanto, consequência direta da Guerra Fria. Esta termina com a dissolução da
URSS, em 1991.

1947 – O físico britânico Bernard Lovell (1913-2012), juntamente com seu grupo, completa o
radiotelescópio não dirigível de 66,45m em Jodrell Bank.

1947 – Gerard Peter Kuiper identifica dióxido carbônico na atmosfera de Marte e estabelece que a
proporção é significativamente maior do que na Terra.

1947 – É fundado, na Universidade de Cincinnati, o Minor Planet Center, sob a direção de Paul
Herget (1908-1981). Posteriormente (1978), transfere-se para o Smithsonian Astrophysical
Observatory, onde opera atualmente. É a organização oficialmente responsável por reunir
informações acerca de planetas menores (asteroides) e cometas, calculando suas órbitas e
publicando os resultados por meio de circulares.

1947 (20 de fevereiro) – Moscas são enviadas ao espaço a bordo de um foguete V-2 lançado pelos
EUA. O objetivo é testar os efeitos da exposição à radiação em altitudes elevadas. O foguete chega
a 109km da superfície em 3min10s. Então é ejetada uma cápsula, que cai de paraquedas. As moscas
(primeiros animais mandados ao espaço) são recuperadas vivas.

1947 (outubro) – O inglês Edward Victor Appleton (1892-1965) é anunciado como ganhador do
Prêmio Nobel de Física por suas contribuições para o conhecimento da ionosfera, que levam ao
desenvolvimento do radar.
A ionosfera é uma região da atmosfera superior, que vai de 85km a 600km de altitude e
compreende porções da mesosfera, termosfera e exosfera, permanentemente ionizada pela radiação
solar.. Tem importância prática considerável, porque influencia a propagação de ondas de rádio a
grandes distâncias na Terra.
Outros corpos do Sistema Solar também têm ionosfera, como Vênus, Urano e Titã.

1948 – Os estadunidenses George Antonovich Gamow (1904-1968), físico de origem russa, Ralph
Alpher (1921-2007) e Robert Herman (1914-1997) preveem que um Universo com Big Bang terá
um fundo de micro-ondas cósmico de corpo negro com temperatura de cerca de 5 graus Kelvin.
Eles sugerem para o Big Bang um modelo com início oposto ao de Lemaître – fusão nuclear.
Examinam a síntese de elementos em um Universo que está rapidamente se expandindo e esfriando
e sugerem que os elementos foram produzidos por captura de nêutrons rápida. Sugerem também
que a proporção de hidrogênio e hélio observável no Universo é compatível com a teoria do Big
Bang.

1948 – O matemático anglo-austríaco Hermann Bondi (1919-2005), o astrofísico austríaco


naturalizado estadunidense Thomas Gold (1920-2004) e o matemático e astrônomo inglês Fred
Hoyle (1915-2001) propõem cosmologias do estado estacionário baseadas no princípio
cosmológico perfeito. São hipóteses opostas ao Big Bang e propõem um Universo estacionário, em
que a matéria é constantemente criada: se as galáxias se afastam umas das outras, matéria
continuará surgindo para preencher os espaços vazios, algo semelhante à correnteza de um rio.

1948 – O radioastrônomo australiano de origem inglesa John Gatenby Bolton (1922-1993) sugere
que uma fonte de rádio na constelação do Touro nada mais é do que a nebulosa do Caranguejo, um
dos objetos mais fascinantes da Galáxia.

1948 – É publicada pela Academia de Ciências da URSS a primeira edição do Catálogo Geral de
Estrelas Variáveis, contendo 10.820 objetos. Várias edições são publicadas posteriormente, e a
mais recente está disponível na internet.

1948 (16 de fevereiro) – Gerard Peter Kuiper descobre Miranda, quinto satélite conhecido de
Urano.
Diâmetro: 480 x 468,4 x 465,8km; período orbital: 1,413 dia; distância média do planeta:
129.390km; massa: 65,9 quatrilhões de toneladas; densidade: 1,20g/cm3.

1948 (3 de junho) – O telescópio refletor de 5,08m do Observatório Palomar, na Califórnia, recebe


o nome de Hale, em homenagem a George Ellery Hale, que o concebeu, projetou e promoveu, mas
morreu (1938) antes que fosse completado. O primeiro estudo com esse instrumento ocorre em 1º
de fevereiro de 1949, com observações da constelação de Cabeleira de Berenice.

1949 – O estadunidense Herbert Friedman (1916-2000) detecta raios X solares.

1949 (9 de fevereiro) – É criado o primeiro Departamento de Medicina Espacial, estabelecido na


United States Air Force School of Aviation Medicine, em Randolph Field, Texas.

1949 (28 de março) – Durante uma entrevista na rádio BBC, de Londres, Fred Hoyle usa, pela
primeira vez, o termo “Big Bang” para se referir a essa teoria da origem do Universo, que ele
contestava. O termo passa à história como tendo sido dito de forma pejorativa, mas Hoyle nega,
afirmando ter utilizado uma figura de linguagem para facilitar a compreensão dos ouvintes.

1949 (1º de maio) – Gerard Peter Kuiper descobre Nereida, segundo satélite conhecido de Netuno.
Diâmetro: 340km; período orbital: 360,136 dias; distância média do planeta: 5.513.787km; massa:
31 quatrilhões de toneladas; densidade: 1,5g/cm3.

1949 (10 de maio) – É montado o primeiro planetário estadunidense em uma universidade aberta,
Chapel Hill, na Carolina do Norte.

1949 (14 de junho) - Albert II é o primeiro macaco no espaço, a bordo de umfoguete V-2 lançado
pelos EUA. O foguete atinge 134km, e o macaco morre após uma falha do paraquedas da cápsula
que deveria trazê-lo de volta.

1950 - Jan Hendrik Oort (1900-1992) sugere a existência de uma nuvem cometária, mais tarde
chamada de “nuvem de Oort”. Trata-se de vasta região que envolve o Sistema Solar, estendendo-se
desde cerca de 300 bilhões de km até aproximadamente 7,5 trilhões de km do Sol, na qual há
trilhões de objetos astronômicos (corpos gelados e núcleos cometários) com diâmetro superior a
1km, distantes entre si dezenas de milhões de km, além de grande quantidade de poeira. Estima-se
que a massa total da Nuvem de Oort seja da ordem de 30 sextilhões de toneladas, o que
corresponde a cinvo massas terrestres. Os astrônomos acreditam que muitos dos cometas que
ingressam no Sistema Solar, sobretudo aqueles de longo período, têm origem nesta nuvem, de onde
são expulsos por perturbações gravitacionais.
A Nuvem de Oort divide-se numa região externa (a partir de 3 trilhões de km do Sol) com formato
esférico, ligada ao Sol por um campo gravitacional extremamente débil, e uma região interna em
forma de disco, também conhecida como Nuvem de Hills, nome dado em alusão a Jack G. Hills,
astrônomo estadunidense que propôs a sua existência em 1981.

1950 – O astrônomo estadunidense Fred Laurence Whipple (1906-2004) afirma que o núcleo dos
cometas não passa de “uma bola de gelo sujo”, ou seja, compõe-se principalmente de gelo
misturado com matéria rochosa pulverizada.

1951 – Gerard Peter Kuiper defende a existência de um “reservatório” de cometas, em forma de


anel, a uma distância de 40 a 100 unidades astronômicas do Sol (valor atualmente aceito: 30 a 50
unidades astronômicas). Essa região é hoje denominada de “cinturão de Kuiper”.
O cinturão de Kuiper é semelhante ao cinturão de asteroides, mas é vinte vezes mais extenso e de
vinte a duzentas vezes mais massivo. Enquanto os objetos do cinturão de asteroides são formados
essencialmente de rochas e metais, os componentes do cinturão de Kuiper são compostos sobretudo
por substâncias voláteis congeladas, tais como metano, amônia e água. Conhecem-se mais de mil
objetos do cinturão de Kuiper, e acredita-se que existam na região pelo menos cem mil corpos com
diâmetro de 100km ou mais. Plutão é o maior astro conhecido do cinturão de Kuiper, onde estão
ainda outros dois planetas anões: Haumea e Makemake.

1951 – o astrônomo estadunidense William Wilson Morgan (1906-1994) apresenta a primeira


evidência de que a Via Láctea tem braços espirais.

1951 – O astrônomo estadunidense Harold Delos Babcock (1882-1968), juntamente com seu filho,
Horace (1912-2003), inventa o magnetógrafo solar para observação detalhada do campo magnético
do Sol. Com seu Babcocks, mede a distribuição dos campos magnéticos em cima da superfície
solar com precisão sem precedente e descobre magneticamente estrelas variáveis.
1951 – Tem início uma renovação quase completa dos equipamentos do Observatório Nacional,
quando se introduzem aparelhos eletrônicos e o uso da técnica de exposição fotográfica múltipla.

1951 – Levando em conta a descoberta feita pelo astrônomo holandês Henk Van de Hulst de que o
hidrogênio é capaz de emitir radiação no comprimento de onda de 21cm, Ewen e Purcell, em
Harvard (EUA), e Oort, Van de Hulst e colaboradores, em Leiden (Holanda), descobrem a “linha
espectral de radiofrequência” do hidrogênio.

1951 (28 de setembro) – Seth Barnes Nicholson descobre Ananque, décimo segundo satélite
conhecido de Júpiter.
Diâmetro: 28km; período orbital: 610,45 dias (1,68 ano); distância média do planeta:
21.280.000km; massa: 30 trilhões de toneladas; densidade: 2,6g/cm3.

1952 – Durante a assembleia da UAI em Roma, Walter Baade anuncia importantes descobertas
feitas em anos anteriores. A constante falta de energia elétrica ao longo da Segunda Guerra
Mundial diminui a poluição luminosa nas imediações do Observatório de Monte Wilson, na
Califórnia, permitindo-lhe estudar, pela primeira vez, estrelas da galáxia de Andrômeda. Percebe
que estrelas azuis, jovens e pobres em elementos pesados (que ele chama de população I), existem
no disco da galáxia, mas não no halo, onde predominam estrelas vermelhas, velhas e ricas em
elementos pesados (população II). Conclui daí que a formação estelar é muito mais frequente nas
zonas periféricas das galáxias.
Ademais, as mesmas observações permitem-lhe identificar dois tipos de cefeidas, estrelas variáveis
usadas para determinar distâncias de corpos celestes em relação à Terra. Com base nessa
descoberta, determina com mais precisão a distância de Andrômeda e conclui que o tamanho do
Universo conhecido é o dobro daquele estabelecido por Hubble em 1929.

1953 – O geoquímico estadunidense Clair Cameron Patterson (1922-1995) faz a primeira medida
precisa da idade da Terra: 4,55 bilhões de anos.

1953 – O astrônomo francês Gérard de Vaucouleurs (1918-1995) descobre que as galáxias situadas
num raio de aproximadamente 200 milhões de anos-luz do Aglomerado de Virgem estão
confinadas no disco de um aglomerado supergigante.

1953 - O biólogo alemão naturalizado estadunidense Hubertus Strughold (1898-1986) publica “The
Green and the Red Planet: A Physiological Study of the Possibility of Life on Mars” (O Planeta
Verde e o Planeta Vermelho: um estudo fisiológico da possibilidade de vida em Marte), livro em
que se refere a várias “zonas” em que a vida poderia emergir. Essa ideia, expressa em termos mais
científicos, ainda no mesmo ano, na obra “Liquid Water Belt” (Cinturão de água líquida), de
Harlow Shapley (1885-1972), descreve o que se conhece hoje em astronomia por “zona habitável”,
termo cunhado (1959) pelo astrofísico estadunidense (nascido na China) Su-Shu Huang, (1915-
1977) para designar a região em torno de uma estrela onde objetos astronômicos com pressões
atmosféricas consideráveis podem manter água líquida em suas superfícies. A extensão da zona
habitável de uma estrela depende da quantidade de energia irradiada por ela, bem como do raio e da
massa do planeta que a orbita. A zona habitável de planetas como a Terra é bem menor do que a
zona habitável de planetas maiores e de grande massa, especialmente se houver na atmosfera desses
planetas maiores um efeito estufa significativo. No caso de uma estrela como o Sol, a zona
habitável estende-se, dependendo do planeta, de 108 milhões de km (órbita de Vênus) a 450
milhões de km (cinturão de asteroides) de distância. Essas distâncias valem apenas para planetas,
ao passo que seus satélites têm zonas habitáveis próprias. É por isso que, apesar de Júpiter, Saturno
e Netuno estarem fora da zona habitável do Sol, alguns de seus satélites são candidatos a abrigar
vida microbiana. (Para mais informações, ver 1964.)

1953 (14 de maio) – O químico e biólogo estadunidense Stanley L. Miller (1920-2007) consegue
simular as condições que seriam as da atmosfera primitiva da Terra, obtendo uma mistura de
aminoácidos. Sua descoberta marca o começo do estudo moderno para entender a origem da vida
na Terra.

1954 - Fred Hoyle (1915-2001) publica um ensaio de referência em nucleossíntese estelar, no qual
descreve como estágios avançados e sucessivos de fusão nuclear no interior das estrelas sintetizam
elementos que vão do carbono ao ferro. Este trabalho demonstra que os elementos mais abundantes
na Terra foram sintetizados a partir do hidrogênio e do hélio iniciais. Demonstra também que os
elementos pesados se tornam cada vez mais abundantes numa galáxia à medida que ela envelhece.
A formação de elementos químicos pelas estrelas é o resultado de dois fenômenos distintos: a
nucleossíntese estelar e a nucleossíntesse de supernovas.
Nucleossíntese estelar é o processo pelo qual, mediante reações termonucleares, ocorre no interior
das estrelas a fusão sucessiva de elementos químicos leves em outros mais pesados. A maneira
como isso ocorre depende de diversos fatores, destacando-se a massa e a temperatura estelares. A
primeira dessas reações é a fusão de hidrogênio em hélio, o que requer uma temperatura mínima de
3 milhões de graus Celsius. As fusões seguintes exigem temperaturas cada vez maiores, e a síntese
de ferro é o máximo a que as estrelas conseguem chegar.
Nucleossíntese de supernovas é a formação de elementos químicos durante os processos que
resultam em explosões de estrelas. As condições em que eles ocorrem são tão extremas, e As
temperaturas atingidas tão elevadas, que é possível sintetizar elementos mais pesados que o ferro.
Ao explodirem, as supernovas lançam esses elementos no espaço, fazendo com que se espalhem
pelo universo. Portanto, as supernovas produzem e ejetam no cosmo os elementos essenciais à vida
tal como a conhecemos.

1954 (30 de novembro) – Em Oak Grove, próximo de Sylacauga, Alabama, um meteorito de 3,9kg
quebra um telhado, derruba um rádio e atinge Ann Elizabeth Hodges (1923-1972) dentro da sala de
estar. Ela sofre uma contusão séria no quadril esquerdo, mas não fica com sequelas. O episódio
recebe ampla publicidade nos EUA, e o meteorito está atualmente no Museu de História Natural do
Alabama.

1955 – Kenneth Linn Franklin (1923-2007) e Bernard F. Burke, astrônomos da Fundação Carnegie
em Washington, descobrem que Júpiter emite ondas de rádio, que parecem ser estouros pequenos
de estática, semelhantes aos produzidos por temporais em receptores de rádio convencionais. A
surpreendente descoberta é feita por completa casualidade enquanto eles estão esquadrinhando o
céu para ruídos de galáxias de rádio. É a primeira descoberta desse tipo em planetas do Sistema
Solar.

1955 – O Observatório Nacional estabelece 30 estações magnéticas e distribui pelo Brasil uma rede
de 3.000 estações gravimétricas, o que o coloca, durante muito tempo, na liderança das pesquisas
astronômicas brasileiras.

1955 – O físico italiano Emilio Segrè (1905-1989) e o físico estadunidense Owen Chamberlain
(1920-2006), trabalhando na universidade de Berkeley, descobrem o antipróton e o antinêutron,
antipartículas previstas com base na Equação de Dirac. Por essa descoberta, ambos são laureados
com o Prêmio Nobel de Física de 1959.

1955 (29 de julho) - James C. Hagerty (1909-1981), porta-voz da Casa branca, anuncia que os EUA
pretendem lançar “pequenos satélites para orbitar a Terra” entre 1º de julho de 1957 e 31 de
dezembro de 1958, como parte da contribuição do país para o Ano Geofísico Internacional.
Em 2 de agosto, durante o sexto congresso da Fédération Aéronautique Internationale
(Copenhague, Dinamarca), o físico soviético Leonid I. Sedov (1907-1999) anuncia, numa
entrevista a repórteres de diversos países, a intenção da URSS de também lançar um satélite “num
futuro próximo”.

1955 (30 de agosto) – Sergei korolev (1907-1966), cientista responsável pelo programa espacial
soviético, convence a Academia de Ciências da Rússia a criar uma comissão com o objetivo de
lançar antes dos EUA um artefato à órbita da Terra. Ficam estabelecidas as bases para a corrida
espacial, cujo início ocorre com o lançamento, pela URSS, do Sputnik (outubro de 1957).

1956 – Lyman Spitzer prevê gás coronal em torno da Via Láctea.

1956 – Herbert Friedman detecta evidência de raios X extrassolares.

1956 (23 de abril) – É fundada a Associação Brasileira de Astronomia (Rio de Janeiro).

1956 (20 de julho) - Clyde Cowan (1919-1974), Frederick Reines (1918-1998), F. B. Harrison, H.
W. Kruse e A. D. McGuir comprovam, em artigos publicados na revista Science, a existência dos
neutrinos, partículas subatômicas elementares que viajam a velocidades próximas à da luz, não têm
carga elétrica, são capazes de passar através da matéria comum sem sofrer alterações (sendo, por
isso, de detecção muito difícil) e possuem massa diminuta (até 1999, pensava-se que não tivessem
massa alguma). Os neutrinos haviam sido previstos teoricamente (1930) pelo físico austríaco
Wolfgang Pauli
(1900-1958).
Frederick Reines recebe o Prêmio Nobel de Física de 1995 por este trabalho.

1956 (8 de outubro) – A China abre seu primeiro centro de pesquisa de mísseis e foguetes, o
"Instituto Número 5", subordinado ao Ministério da Defesa e dirigido por Qian Xueshen (1911-
2009), um cientista chinês formado nos EUA.

1957 – Os britânicos Margaret Burbidge (nascida Peachey), Geoffrey Burbidge


(1925-2010) e Fred Hoyle (1915-2001), e o estadunidense William Fowler (1911-1995) publicam
no periódico Review of Modern Physics um estudo denominado “Synthesis of the Elements in
Stars” (Síntese dos elementos nas estrelas), mas que fica conhecido como B2FH, iniciais dos
sobrenomes dos autores, no qual estabelecem que há a formação, através de fusão, de elementos
mais pesados do que o hidrogênio nas estrelas, os quais em algum momento são expulsos e dão
origem a outros corpos celestes, tais como novas estrelas e planetas. Esta afirmação contradiz a
teoria anterior de que todos os elementos teriam sido criados durante a nucleossíntese do Big Bang.
William Fowler recebe o Prêmio Nobel de Física de 1983 por este trabalho.
Nucleossíntese do Big Bang, ou nucleossíntese primordial, é a formação de núcleos atômicos
diferentes do isótopo mais leve do hidrogênio nos primeiros momentos do universo. Surgem então
deutério (isótopo estável do hidrogênio), hélio e lítio. Para a maioria dos cosmologistas, a
nucleossíntese primordial durou de 10 segundos a 20 minutos depois do Big Bang, quando a
temperatura e a densidade do universo diminuíram para níveis inferiores aos necessários à
continuidade do processo de fusão. Os elementos mais pesados que o lítio se formam bem mais
tarde, por meio da nucleossíntese estelar e da nucleossíntese de supernovas. Isso explica o fato de a
metalicidade (proporção de elementos diferentes de hidrogênio e hélio) dos objetos astronômicos
muito velhos ser extremamente baixa.
1957 – É criada a Associação de Universidades para Pesquisa em Astronomia (AURA),
desenvolvida por um grupo de universidades estadunidenses. Trata-se de um consórcio de
universidades e outras instituições educacionais que não visam a lucro e cujo objetivo é operar
observatórios astronômicos de alta qualidade.

1957 (1º de julho) – Tem início o Ano Geofísico Internacional (vai até 31 de dezembro de 1958),
um projeto científico internacional que conta com a participação de 67 países e marca o fim (após a
morte de Stálin, em 5 de março de 1953) de um longo período durante o qual o intercâmbio
científico entre Ocidente e Oriente esteve seriamente prejudicado. O projeto engloba onze campos
científicos ligados à Terra, entre os quais raios cósmicos, geomagnetismo, gravidade e atividade
solar.

1957 (21 de agosto) – A URSS lança o primeiro projétil balístico intercontinental. Essa tecnologia é
empregada, poucas semanas mais tarde, para enviar o primeiro Sputnik ao espaço.

1957 (4 de outubro) – é lançado (16h28min34s de Brasília) o primeiro satélite artificial da Terra, o


Sputnik 1, do Cosmódromo de Baikonur (base de lançamento de foguetes da URSS), no
Cazaquistão. Trata-se de uma esfera metálica revestida de alumínio polido, altamente reflexivo,
com 58cm de diâmetro e pesando 83,6kg, que dá 1.440 voltas em torno da Terra, à razão de 96,2
minutos por órbita, durante três meses, queimando no momento da reentrada na atmosfera (4 de
janeiro de 1958). A distância percorrida é de aproximadamente 70 milhões de km.
É dotado de dois radiotransmissores com 4 antenas externas, transmitindo nas frequências de
20,005 e 40,002 MHz, que podem ser captadas por radioamadores do mundo inteiro, o que
contribui para conferir grande notoriedade à URSS. Os sinais continuam até 26 de outubro (22
dias), quando as baterias de transmissão se esgotam.
Embora sem função específica, o Sputnik 1 fornece informações úteis à URSS: parâmetros de
densidade da alta atmosfera podem ser deduzidos a partir da resistência oferecida ao deslocamento
do satélite, e a propagação dos sinais de rádio permite fazer estudos da ionosfera.
Sputnik, em russo, significa “satélite” ou “companheiro”.
Este acontecimento provoca uma corrida pela conquista do espaço entre a URSS e os EUA, que
termina com a missão conjunta da Apollo 18 e da Soyuz 19 (1975).

1957 (depois de 4 de outubro) – Tem início nos EUA uma forte reação ao sucesso do lançamento
do Sputnik 1. Embora o satélite soviético seja inofensivo, os estadunidenses veem no evento uma
ameaça; o mesmo foguete que levou o Sputnik ao espaço pode transportar ogivas nucleares a
qualquer ponto da Terra em questão de minutos. A reação é ampla e abrangente, incluindo a criação
de uma agência para projetos avançados de defesa (Defense Advanced Research Projects Agency,
ou DARPA.) e da NASA (National Aeronautics and Space Administration). Além disso, bilhões de
dólares são aplicados em programas de educação, visando à formação de cientistas e técnicos.

1957 (3 de novembro) – é lançado o Sputnik 2 (508,3kg), o segundo satélite a ser colocado em


órbita terrestre e o segundo da URSS. Nele viaja o primeiro ser vivo maior que um micróbio a
orbitar a Terra, uma cadela terrier (6kg) inicialmente chamada Kudryavka e mais tarde Laika, que
morre poucas horas após o lançamento (o esperado era dez dias) devido ao calor excessivo e ao
estresse.
O Sputnik 2 detecta a radiação dos cinturões de Van Allen, mas os soviéticos não são capazes de
identificá-la.
A reentrada na atmosfera ocorre em 14 de abril de 1958, 162 dias e aproximadamente 2.000 órbitas
depois do início da missão.
1957 (6 de dezembro) – Falha a primeira tentativa dos EUA de lançar um satélite ao espaço. Dois
segundos após a decolagem, o foguete que transporta o Vanguard TV3 (1,36kg, 15,2cm) perde
impulso e cai. A subsequente ruptura do tanque de combustível causa a explosão do foguete e a
perda do satélite. A cerimônia de lançamento, ocorrida no Cabo Canaveral (Flórida), é transmitida
ao vivo pela televisão, e o fracasso, que provoca forte reação da mídia, é considerado um embaraço
internacional para os EUA e explorado pela URSS, rival dos estadunidenses na incipiente corrida
espacial.

1958 – Evry Schatzman (1920-2010), Kent Harrison, Masami Wakano e John Wheeler (1911-
2008) mostram que as anãs brancas são instáveis em relação ao decaimento beta inverso.
O decaimento beta é uma das três formas de energia de decaimento ou de desintegração (as outras
são alfa e gama), aquela liberada por um decaimento nuclear. Portanto, a energia de decaimento é a
diferença de energia existente entre as partículas iniciais e finais de um processo de desintegração
nuclear.

1958 – O físico estadunidense Eugene Parker demonstra que a coroa solar, caracterizada por
temperaturas acima de 1 milhão de °C, não pode se comportar como um fluido estático. A essa
temperatura, o gás que compõe a coroa solar deve se encontrar num estado de contínua e violenta
evaporação. Isso implica um fluxo de partículas com densidade próxima de dez átomos por
centímetro cúbico e cuja velocidade, nas proximidades da Terra, alcança de 400 a 800km/s. Trata-
se do vento solar.

1958 – Tendo como base a curva de luz, o astrônomo russo Boris Vassilievich Kukarkin (1909-
1977) propõe a divisão das estrelas variáveis em três classes principais: pulsantes, eruptivas e
eclipsantes.

1958 O astrônomo estadunidense George Ogden Abell (1927-1983) publica um catálogo com 2.712
aglomerados de galáxias visíveis no hemisfério norte. Em 1989, um complemento contendo 1.361
objetos visíveis no hemisfério sul é publicado. O Catálogo Abell compõe-se, portanto, de 4.073
aglomerados de galáxias visíveis em todo o céu.
Aglomerados de galáxias são os maiores objetos gravitacionalmente ligados do Universo. Embora
diversos aglomerados de galáxias próximos muitas vezes sejam considerados como pertencendo a
superaglomerados de galáxias, não existe atração gravitacional entre um aglomerado de galáxias e
o seu vizinho.
Os aglomerados de galáxias típicos compreendem de cinquenta a mil galáxias, gás intergaláctico e
matéria escura, têm massa entre 100 trilhões e 1 quatrilhão de massas solares e diãmetro entre 7
milhões e 33 milhões de anos-luz. Contudo, esses são apenas valores médios, podendo haver
aglomerados de galáxias maiores ou menores.

1958 (31 de janeiro) – É lançado o Explorer 1 (13,97kg), primeiro satélite estadunidense. É a


reação dos EUA ao envio para o espaço do Sputnik, marcando a entrada do país na corrida espacial.
Suas imagens são decisivas para a descoberta dos cinturões de Van Allen. A missão dura 111 dias
(até 23 de maio), e a reentrada na atmosfera, acima do oceano Pacífico, ocorre em 31 de março de
1970, depois de mais de 58.000 órbitas.
O Explorer 1 faz as primeiras medições da magnetosfera terrestre (termo cunhado em 1959), região
que envolve a Terra e desvia a maior parte do vento solar, formando um escudo protetor contra as
partículas altamente energéticas provenientes do Sol. Estende-se desde 500 até 60.000km da
superfície da Terra e contém grande parte da exosfera (camada externa da atmosfera). Mercúrio,
Júpiter, Saturno, Urano e Netuno também têm magnetosfera.
1958 (17 de março) - É lançado o Vanguard 1 (1,47kg), segundo satélite estadunidense e quarto
colocado em órbita. É o primeiro artefato espacial humano alimentado por energia solar.
Os sinais de rádio transmitidos pelo Vanguard 1 permitem determinar que a Terra não é
perfeitamente esférica, o que torna possível a elaboração de mapas mais precisos. O estudo da
trajetória orbital seguida pelo sátélite possibilita a obtenção de dados acerca da dinâmica e da
densidade das camadas superiores da atmosfera.
Embora tenha deixado de enviar sinais à Terra em maio de 1964, permanece ainda em órbita (já
completou mais de 200.000 voltas em torno do planeta), sendo o satélite mais antigo ainda no
espaço.

1958 (19 de março) – É aberto o primeiro planetário da Inglaterra no mme Tussaud, em Londres.

1958 (1º de maio) – Um grupo de pesquisadores dirigido pelo físico estadunidense James Van
Allen (1914-2006) descobre o que hoje se conhece como “cinturões de Van Allen”, formados por
duas faixas de partículas atômicas, carregadas e muito energéticas, que permanecem presas ao
longo das linhas de força mais internas do campo magnético terrestre. Trata-se de duas regiões,
dentro da magnetosfera, onde as partículas que chegam à Terra – trazidas pelo vento solar ou pelas
radiações cósmicas em geral – se concentram. Ao atingirem o campo magnético terrestre, seu
movimento se altera, e elas entram numa trajetória espiralada. O resultado é a formação de dois
verdadeiros escudos protetores, que impedem a radiação de atingir a Terra de maneira direta e
frontal, o que seria extremamente perigoso para o ser humano. Atuando como enormes filtros, os
cinturões deixam passar apenas uma pequena parcela da energia total que chega ao nosso planeta.

1958 (15 de maio) - É lançada a sonda soviética Sputnik 3, destinada a estudar a atmosfera superior
da Terra e a radiação que envolve o planeta. Com massa de 1.327kg, tem objetivos essencialmente
científicos e transporta doze instrumentos, os quais obtêm dados sobre pressão e composição da
atmosfera superior, concentração de partículas carregadas, fótons e núcleos pesados em raios
cósmicos, campos magnético e eletrostático e micrometeoritos (diâmetros inferiores a 2mm).
A missão dura 692 dias, e a reentrada ocorre em 6 de abril de 1960 (aproximadamente 10.000
órbitas).

1958 (29 de julho) – O presidente estadunidense Dwight D. Eisenhower (1890-1969) assina o


“National Aeronautics and Space Act”, pelo qual é criada a NASA (National Aeronautics and
Space Administration), a agência espacial estadunidense, com sede em Washington, D.C. Ela é
responsável pela pesquisa e pelo desenvolvimento de tecnologias e programas de exploração
espacial.
As operações começam efetivamente em 1º de outubro.

1958 (18 de outubro) – É fundada a Liga Latino-Americana de Astronomia (LLADA), em Lima, no


Peru, depois transformada na Liga Ibero-Americana de Astronomia (LIADA).

1958 (2 e 3 de novembro) – O astrofísico russo Nikolai Aleksandrovich Kozyrev


(1908-1983) observa uma erupção vulcânica na cratera lunar Alphonsus com o auxílio de um
espectroscópio adaptado a um telescópio.

1959 - Harold Babcock anuncia que o Sol inverte sua polaridade magnética periodicamente.

1959 - Com a criação do Rádio-Observatório de Maipú, o Chile torna-se o primeiro país latino-
americano onde são feitos estudos em radioastronomia.
1959 - Thomas Gold (1920-2004) cunha o termo “magnetosfera” para descrever “a região acima da
ionosfera em que o campo magnético da Terra exerce controle sobre os movimentos dos gases e
das partículas carregadas rápidas”.

1959 (2 de janeiro) – É lançada a sonda soviética Luna 1, primeira astronave a atingir a velocidade
de escape e deixar a órbita da Terra. Deveria se chocar com a Lua, mas sobrevoa o satélite (4 de
janeiro) à distância de 5.995km e torna-se o primeiro artefato humano a entrar em órbita solar (está
entre a Terra e Marte.
Medições feitas pela sonda fornecem informações acerca dos cinturões de Van Allen e do espaço
sideral. São feitas também as primeiras observações diretas do vento solar.

1959 (1º de março) - É inaugurado o Centro de Voos Espaciais Goddard, Centro de pesquisas e
projetos da NASA, construído na cidade de Greenbelt, Maryland, especializado em tecnologia de
satélites. Este Centro desenvolve os satélites Explorer, Landsat e outros satélites de comunicação e
meteorológicos.

1959 (3 de março) – É lançada a Pioneer 4, que passa a 60.000km da Lua (4 de março) e se torna a
primeira nave estadunidense a ser colocada em órbita solar.

1959 (9 de abril) – A Nasa anuncia a seleção dos primeiros sete astronautas da América para o
projeto Mercury: Scott Carpenter, Gordon Cooper, John Glenn, Gus Grissom, Walter (Wally)
Schirra, Alan Shepard e Donald Slayton. Eles ficam conhecidos como os "Mercury 7" ou "7
originais".

1959 (28 de maio) – Primeiros primatas a voltar com vida do espaço: os macacos Able e Baker
completam um voo de dezesseis minutos a bordo de um foguete Jupiter IRBM AM-18. Os macacos
atingem a altitude de 579km e são resgatados após a aterrissagem.

1959 (7 de agosto) – É lançado o satélite estadunidense Explorer 6, que transmite as primeiras


fotografias da Terra tiradas em órbita. São realizados estudos sobre geomagnetismo e sobre a
propagação das ondas de rádio na atmosfera superior. Os instrumentos a bordo coletam 827 horas
de dados digitais e 23 horas de dados analógicos.
A missão dura sessenta dias (até 6 de outubro), e a reentrada na atmosfera acontece em 1º de julho
de 1961.

1959 (14 de setembro) – A sonda soviética Luna 2, de 390,2kg, lançada no dia 12, torna-se o
primeiro engenho humano a se chocar com a Lua, na região do Mar da Serenidade, próximo à
cratera Aristides. Trata-se do primeiro impacto de um artefato humano contra a superfície de outro
corpo celeste.

1959 (4 de outubro) – É lançada a sonda soviética Luna 3, primeiro artefato humano a contornar a
Lua e a obter imagens (7 de outubro) do lado oculto do satélite. As 29 fotografias, tiradas a
distâncias que variam entre 63.500km e 66.700km, despertam interesse mundial ao serem
divulgadas. As imagens mostram terrenos montanhosos, diferentes do relevo da face visível, e
apenas duas regiões escuras e mais baixas, denominadas Mare Moscovrae (Mar de Moscou) e Mare
Desiderii (Mar do Desejo).
Além disso, a Luna 3 realiza (6 de outubro) um sobrevoo do polo norte da Lua, a uma altitude de
6.200km.
1959 (1º de dezembro) – É feita a primeira fotografia colorida da Terra vista do espaço. A imagem
é obtida a partir de uma câmera instalada no nariz de um míssil Thor lançado do Cabo Canaveral,
Flórida.

1960 – O físico estadunidense Sheldon Glashow desenvolve a teoria eletrofraca, uma maneira de
combinar eletromagnetismo e força nuclear fraca, duas das quatro forças fundamentais graças às
quais todas as partículas interagem (as outras são a gravidade e a força nuclear forte. Essas forças
regulam todas as interações existentes, desde colisões galácticas até quarks movendo-se dentro de
prótons ou nêutrons.
Esse é o primeiro passo para a posterior formulação do modelo padrão da física de partículas, a
descrição mais completa do mundo subatômico de que a ciência dispõe.

1960 – O físico britânico Martin Ryle (1918-1984) testa a síntese de abertura (ou interferometria)
usando a rotação da Terra. A interferometria consiste em combinar a luz proveniente de diferentes
receptores (telescópios ou antenas de rádio) para obter uma imagem de maior resolução, sendo
utilizada sobretudo na radioastronomia.

1960 – O radiotelescópio com 27m de diâmetro de Owens Valley começa a sua operação,
localizado em Big Pine, Califórnia.

1960 – O físico estadunidense John Reynolds (1923-2000) estabelece a idade do Sistema Solar em
4.950.000.000 de anos.

1960 – O geólogo estadunidense Harry Hammond Hess (1906-1969) retoma o modelo de Arthur
Holmes e propõe uma teoria segundo a qual a deriva dos continentes resulta da expansão das
plataformas oceânicas.

1960 – A UAI estabelece a primeira nomenclatura oficial para características topográficas de


Marte, ao adotar 128 nomes retirados do mapa publicado em 1930 por Eugène Antoniadi.

1960 – O inglês William Hunter McCrea (1904-1999) Propõe uma teoria segundo a qual o Sol e os
planetas se formaram individualmente a partir da matéria de uma mesma nuvem, tendo os planetas
sido posteriormente capturados pela força gravitacional superior do Sol.

1960 (11 de março) – É lançada a sonda estadunidense Pioneer 5, cuja missão é realizar a primeira
cartografia do campo magnético interplanetário entre a Terra e Vênus. Também efetua o estudo de
partículas provenientes de erupções solares e investiga aionização da região interplanetária. Chega
a comunicar-se com a Terra (26 de junho) à distância de 36,2 milhões de km, um recorde para a
época.
O último contato ocorre em 26 de junho.

1960 (1º de abril) – É lançado do Cabo Kennedy, Flórida, o primeiro satélite de observação do
tempo, Tiros I. Permanece operacional por 78 dias e envia 22.952 imagens.

1960 (11 de abril)– Tem início a radiopesquisa por civilizações extraterrestres, levada a efeito pelo
astrônomo estadunidense Frank Drake – Projeto Ozma.
Ozma é o nome de uma princesa da Terra de Oz, localidade fictícia que serve de cenário a vários
livros infantis do estadunidense L. Frank Baum (1856-1919).

1960 (13 de abril) – O primeiro satélite de navegação estadunidense, o Transit-1B, é lançado do


Cabo Canaveral, Flórida, por um foguete Thor-Ablestar. Permanece operacional até 1996.

1960 (15 de maio) – É lançada a sonda soviética Korabl-Sputnik 1, ou Sputnik 4, a primeira de uma
série de espaçonaves utilizadas para investigar a possibilidade de voos espaciais tripulados. Tem
massa de 1.377kg e carrega instrumentos científicos, um sistema de televisão e uma cabine de
suporte biológico, com o manequim de um homem. Uma falha nos retrofoguetes dirige a sonda
para a direção errada, fazendo com que entre numa órbita bem mais alta do que o previsto.
A reentrada na atmosfera ocorre de forma não controlada, em 5 de setembro de 1962.

1960 (julho) – A Nasa anuncia sua intenção de colocar astronautas na órbita da Lua, já após o
Projeto Mercury. No entanto, o discurso proferido em 1961 pelo presidente Kennedy muda o foco
do programa espacial dos EUA para o objetivo de pousar uma nave tripulada na superfície da Lua
antes do fim da década de 1960. Ao contrário dos dois outros projetos concebidos para manobras
na órbita terrestre (o Mercury, com uma nave desenhada para um tripulante, e o Gemini, projetado
para dois ocupantes), o Apollo possui uma nave com capacidade para três astronautas, tornando
possível atingir órbita lunar e fazer descer um Módulo (designado Módulo Lunar) na superfície da
Lua e assegurar o regresso à Terra. Os objetivos do projeto Apollo são: estabelecer a tecnologia
para viabilizar os interesses dos EUA no espaço; obter proeminência no espaço para os EUA;
Desenvolver um programa de exploração científica da Lua; Desenvolver as capacidades do homem
para trabalhar no ambiente lunar. Dos 18 veículos Apollo, 11 são tripulados e 6 pousam na Lua,
colocando na superfície do satélite um total de 12 astronautas.
O nome Apollo é dado ao programa pelo engenheiro da NASA Abe Silverstein (Abraham
Silverstein) (1908-2001).

1960 (19 de agosto) – É lançado o Korabl-Sputnik 2, ou Sputnik 5 (4.600kg), levando as cadelas


Belka e Strelka, quarenta camundongos, dois ratos e diversas plantas, além de uma câmera de TV
que faz imagens dos animais. A espaçonave retorna à Terra no dia seguinte e, diferentemente do
que aconteceu com a cadela Laika, do Sputnik II, todos os animais são recolhidos a salvo. A missão
testa a possibilidade de enviar seres vivos ao espaço e fazer com que retornem em segurança. São
estudadas as reações dos animais à ausência da gravidade.
Os estudos realizados servem de parâmetro para a Vostok 1, missão que levará o primeiro homem
ao espaço. Devido ao fato de um dos cães ter passado mal durante a quarta órbita da Korabl-
Sputnik 2, fica estabelecido que o primeiro ser humano a ir ao espaço completará, no máximo, três
órbitas.

1960 (24 de outubro) – Um curto-circuito num dos motores de um foguete R-16 provoca um
incêndio nos tanques de combustível, seguido de uma violenta explosão que mata muitos oficiais
soviéticos de alta patente e pessoal técnico (os números informados variam de 72 a 150). Os mais
próximos do local da explosão (ocorrida em Baikonur) são carbonizados; outros morrem
queimados ou envenenados por fumaça tóxica.
O acidente fica conhecido como “catástrofe Nedelin”, do nome do marechal Mitrofan Nedelin (n.
1902), chefe do programa que desenvolve os foguetes R-16 e mísseis homônimos, carbonizado no
desastre.
Apesar da violência da explosão, os fatos são mantidos secretos pelo governo soviético por quase
três décadas. A versão oficial é a de que Nedelin e os demais oficiais morreram num acidente aéreo.
Apesar de diversas especulações levantadas a respeito, a verdade é confirmada apenas em 16 de
abril de 1989, quando uma reportagem sobre o acidente aparece na revista semanal Ogoniok.

1960 (6 de novembro) - A Academia de Ciências da URSS publica o primeiro atlas do lado oculto
da Lua, com 500 acidentes topográficos, elaborado a partir de fotografias tiradas (outubro de 1959)
pela sonda Luna 3. Um segundo atllas, com 4.000 acidentes topográficos, baseado em imagens da
sonda Zond 3 (julho de 1965), é divulgado em 1967.
Uma vez que a rotação da Lua é síncrona, ou seja, ela leva exatamente o mesmo tempo
(27d7h43min5s) para girar em torno do próprio eixo e para orbitar a Terra, um dos hemisférios do
satélite está sempre voltado para o nosso planeta, enquanto o outro (lado oculto) permanece
invisível. Devido aos efeitos da libração (ver 1750), uma pequena parte do hemisfério oculto (18%)
pode ser vista em algumas ocasiões, mas a maior parte desse lado da Lua (82%) só se torna
conhecida por meio de fotografias enviadas por naves espaciais. Isso significa que quase três
quintos (59%) da superfície lunar são visíveis da Terra em algum momento. Os dois hemisférios
apresentam relevos diferentes: enquanto olado visível caracteriza-se por extensos “mares”
(planícies basálticas), que ocupam 32,6% da superfície, o lado oculto é bastante irregular, com
grande número de crateras e apenas 1% da superfície formado por “mares” (que têm esse nome
porque os antigos pensavam tratar-se efetivamente de regiões cobertas de água, como os mares
terrestres).

1960 (dezembro) – O astrônomo estadunidense Allan Sandage (1926-2010) anuncia a descoberta,


feita em colaboração com Thomas Matthews, da fonte de rádio 3C 48, o primeiro quasar
(abreviatura da expressão inglesa “quasi stellar objects”, objetos quase estelares, cunhada (maio de
1964) pelo astrofísico estadunidense de origem chinesa Hong-Yee Chiu). O objeto 3C 48 localiza-
se na constelação do Triângulo, a 3,9 bilhões de anos-luz da Terra.
Quasares são objetos de extrema luminosidade encontrados nos confins do Universo conhecido,
mais precisamente a partir de 2 bilhões de anos-luz da Terra (a grande maioria dos quasares,
entretanto, está a mais de 10 bilhões de anos-luz). Acredita-se que sejam núcleos ativos de galáxias
jovens ou em formação.

1961 – Harold Babcock propõe a teoria de manchas solares com espiralamento magnético.

1961 (12 de fevereiro) – É lançada a sonda soviética Venera 1, a primeira missão interplanetária. É
a primeira espaçonave a registrar partículas do vento solar no meio interplanetário e também a
primeira programada para realizar correções de rota durante o voo. Contudo, não consegue atingir
Vênus: em 19 de maio, passa a 100.000km do planeta e entra em órbita solar.
Meio interplanetário (ou espaço interplanetário) é o material que preenche o Sistema Solar, através
do qual se movem os corpos celestes maiores (planetas, asteroides, cometas). O meio
interplanetário inclui poeira interplanetária, raios cósmicos e plasma quente do vento solar.
Estende-se até a heliopausa, e a densidade diminui à medida que a distância do Sol aumenta.

1961 (23 de março) – O cosmonauta Valentin Bondarenko (n. 1937) morre dezesseis horas depois
de ter sofrido queimaduras de terceiro grau no interior de uma câmara de testes enquanto treinava
para missões espaciais soviéticas. Selecionado para o Programa Vostok, o desaparecimento de
Bondarenko permanece um mistério até 1986, quando o jornal Izvestia publica um artigo, escrito
por Yaroslav Golovanov, relatando o acidente.

1961 (12 de abril) (quarta-feira) – O piloto da Força Aérea soviética Yuri Alexeievitch Gagárin
(1934-1968) é o primeiro homem no espaço, em um voo orbital de 108 minutos (das 9h07min às
10h55min, hora local, 3h07min às 4h55min de Brasília), a bordo da nave Vostok 1. A missão é
completamente automatizada, sendo o cosmonauta russo pouco mais que um espectador. A nave,
de 4.725kg, completa uma única órbita, com perigeu (ponto mais próximo da Terra) de 169km e
apogeu (ponto mais distante da Terra) de 329km. Considerando que a Vostok não é capaz de
pousar suavemente, a uma altura de aproximadamente 7.000m, Gagárin é ejetado da nave,
completando a volta à Terra num paraquedas. Ele pousa na pradaria do "koljoz" (fazenda estatal)
Caminho de Lênin, na aldeia de Smelovka, região de Saratov, a quase 400km do local onde era
esperado pelas brigadas de resgate.
Devido ao caráter altamente secreto do programa espacial soviético, muitos detalhes da missão
Vostok são divulgados apenas anos mais tarde, e diversas informações originalmente passadas à
imprensa revelam-se falsas. Um exemplo é o pouso de Gagárin. De acordo com as regras da
Federação Astronáutica Internacional então vigentes, para que a missão Vostok 1 fosse considerada
võo espacial, o cosmonauta teria de tocar o solo dentro da nave. O governo soviético força Gagárin
a mentir em conferências de imprensa, e o voo é certificado. Apenas em 1971 a URSS admite que
ele foi ejetado da Vostok e aterrissou num paraquedas.
Vostok, em russo, significa “oriente” ou “leste”.
Esta data marca o centenário do início da Guerra Civil estadunidense, que durou de 12 de abril de
1861 a 9 de abril de 1865.
A Terra é o maior dos “planetas terrestres” (os outros são Mercúrio, Vênus e Marte) e o quinto em
ordem de tamanho do Sistema Solar. Ocupa um volume de 1 trilhão, 083 bilhões, 207 milhões e
trezentos mil km3 e tem um diâmetro equatorial (medido ao longo da linha do equador) de
12.756,274km e um diâmetro polar (de um polo ao outro) de 12.713,504km. Ocupa o terceiro lugar
em ordem de afastamento do Sol, que orbita à distância média de 149.598.261km (varia entre
147.098.290 e 152.098.232km. Completa uma órbita em 365d6h9min9,76s, à velocidade média de
107.225km/h. Tem uma superfície total de 510.072.000km2, dos quais 148.940.000km2 (29,2%)
são ocupados por terras emersas e 361.132.000km2 (70,8%) por água. A velocidade de escape é de
11,186km/s. A Terra tem massa total de cinco sextilhões, 973 quintilhões e seiscentos quatrilhões
de toneladas e está composta principalmente por ferro (32,1%), oxigênio (30,1%), silício (15,1%),
magnésio (13,9%) e enxofre (2,9%). A temperatura varia entre -94,7°C e +57,8°C, com média de
14°C. Os principais componentes da atmosfera, cuja massa total é de 5,148 quatrilhões de
toneladas, são nitrogênio (78,08%), oxigênio (20,95%), argônio (0,93%) e dióxido de carbono
(0,038%). A idade terrestre estimada é de 4,54 bilhões de anos.
Terra é o nome latino de Gaia (ou Geia), segunda divindade grega primordial, nascida depois de
Caos. Sozinha, gera Urano, Pontos e as montanhas, sendo cultuada por muitos povos primitivos
como “deusa mãe” ou “mãe Terra”.

1961 (5 de maio) – Ocorre o voo da espaçonave Freedom 7, pertencente à missão Mercury-


Redstone 3, primeiro voo tripulado do projeto Mercury e de todo o programa espacial dos EUA. O
piloto, Alan Shepard (1923-1998), é o primeiro estadunidense a ir ao espaço, numa viagem
suborbital de 15min28s (9h34min a 9h49min, orário local(. Shepard é o primeiro ser humano a
exercer algum controle manual sobre uma nave no espaço. A sonda pesa 1.830kg, a altitude
máxima é 187,5km, e a distância percorrida, 488km.

1961 (21 de julho) – Ocorre o voo da sonda Liberty Bell 7 (missão Mercury-Redstone 4), a segunda
tripulada do projeto Mercury, também suborbital, pilotada por Virgil Grisson (1926-1967).
Massa: 1.286kg; duração da missão: 15min37s; apogeu, 190,39km; distância percorrida: 486,15km.

1961 (3 de agosto) – Tem início o programa espacial brasileiro. O Presidente Jânio da Silva
Quadros (1908-1992) assina o Decreto Nº 51.133, criando o Grupo de Organização da Comissão
Nacional de Atividades Espaciais (GOCNAE), com sede em São José dos Campos, São Paulo.
Seus pesquisadores participam de projetos internacionais nas áreas de astronomia, geodésia,
geomagnetismo e meteorologia. Em abril de 1971, o GOCNAE é substituído pelo Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

1961 (6 de Agosto) - A Vostok 2 (4.731kg) é lançada pela URSS com o cosmonauta Gherman
Titov (1935-2000), o quarto homem no espaço e o primeiro a protagonizar uma missão longa
(25h18min e 17 órbitas em torno da Terra). É o primeiro astronauta a sentir enjoo e a dormir no
espaço. E também é o primeiro a tirar fotografias em órbita do nosso planeta. São três fotos, que
mostram um planeta Terra de cor azul, coberto de nuvens brancas, sobre um fundo negro; um
tímido amanhecer e uma imagem do guichê a partir do qual o cosmonauta soviético fotografa.

1961 (23 de agosto) - É lançada a sonda estadunidense Ranger 1, cujos objetivos são testar, a partir
da órbita terrestre, os diversos componentes necessários a futuras missões lunares e interplanetárias
e estudar a natureza das partículas e dos campos interplanetários. Contudo, os resultados obtidos
ficam muito aquém da expectativa. O mesmo ocorre com a Ranger 2 (18 a 20 de novembro de
1961).
A reentrada ocorre em 30 de agosto.
Massa: 306kg; órbitas; 110; apogeu: 446km; perigeu: 179km.

1961 (7 de dezembro) – A NASA anuncia o Projeto Gemini (originalmente denominado Mercury


Mark II). O nome (atribuído em 3 de janeiro de 1962), do latim gemini (gêmeos), deve-se ao fato
de as missões serem desenhadas para dois astronautas. As sondas Gemini, embora anunciadas
depois das Apollo, são projetadas para servir de intermediárias entre estas e as naves Mercury. O
objetivo principal do Projeto Gemini é realizar missões com duração ao menos equivalente àquela
prevista para uma viagem tripulada de ida e volta à Lua.

1961 (19 de dezembro) – É criado o CNES (Centre National d’Études Spatiales – Centro Nacional
de Estudos Espaciais), a Agência Espacial Francesa. Seu papel é propor ao governo francês
diretivas no que diz respeito à política espacial e realizar, com os seus parceiros industriais, esses
programas.

1962 – Riccardo Giacconi, Herbert Gursky (1930-2006), Frank Paolini e Bruno Rossi (1905-1993)
formalmente descobrem o fundo de raios X.

1962 – surge um relatório da Academia Nacional de Ciências (EUA) recomendando o


desenvolvimento de um telescópio espacial como parte integrante do programa espacial do país.

1962 (26 de janeiro) - É lançada a Ranger 3, primeira sonda estadunidense destinada a se chocar
com a Lua. Contudo, devido a uma falha do foguete Atlas-Agena B, erra o alvo e passa a 35.793km
do satélite em 28 de janeiro. A nave, de 329,8kg, está agora em órbita solar.

1962 (20 de fevereiro) – ocorre o voo da sonda Friendship 7 (missão Mercury-Atlas 6), a terceira
tripulada do projeto Mercury, pilotada por John Glenn (n. 1921). É o primeiro voo orbital
estadunidense, com duração de 4h55min23s e três órbitas completadas. A reentrada é tensa, porque
sensores indicam (falsamente, sabe-se depois) que há problemas com o escudo térmico.
Massa: 1.224,7kg; apogeu, 265km; perigeu: 159km; distância percorrida: 121.794km.

1962 (7 de março) – A NASA lança o OSO 1 (Orbiting Solar Observatory), primeiro observatório
solar colocado em órbita. Mais oito satélites compõe esta série, lançada entre 1962 e 1975.

1962 (26 de abril) – A Ranger 4, lançada no dia 23, torna-se a primeira sonda estadunidense a
atingir outro corpo celeste: choca-se contra a superfície do lado oculto da Lua. Contudo, devido a
diversas falhas, não transmite nenhum dado científico.
Duração da missão: 64h; massa: 331,1kg.

1962 (24 de maio) – Ocorre o voo da sonda Aurora 7 (missão Mercury-Atlas 7), a quarta tripulada
(segunda orbital) do projeto Mercury, pilotada por Scott Carpenter (1925-2013).
Massa: 1.350kg; duração da missão: 4h56min05s; órbitas: 3; apogeu: 260km; perigeu: 154km;
distância percorrida: 122.344km.

1962 (junho) – Cientistas liderados por Vladimir Kotelnikov (1908-2005), da Academia de


Ciências da URSS, são os primeiros a enviar sinais de radar a Mercúrio e recebê-los de volta,
dando início à observação por radar do planeta.

1962 (12 de junho) – Um foguete da série Aerobee 150 leva um revelador de raios X a 230km de
altitude. Tendo funcionado perfeitamente durante 350 segundos, esse equipamento revela uma
intensa fonte de raios X na constelação de Escorpião, provando, assim, que também essa radiação
eletromagnética pode ter proveniência extraterrestre.

1962 (22 de junho) – É lançada a Mariner 1, primeira sonda interplanetária estadunidense, que
falha e acaba no fundo do Oceano Atlântico. Essa primeira missão fracassa, mas sete das dez
Mariner obtêm sucesso, realizando missões em Mercúrio, Vênus e Marte.

1962 (10 de julho) – Os EUA iniciam a exploração econômica do espaço lançando o Telstar,
primeiro satélite para telecomunicações.

1962 (11 e 12 de agosto) – São lançadas as sondas soviéticas Vostok 3 e Vostok 4, tripuladas,
respectivamente, por Andrian Nikolayev (1929-2004) e Pavel Popovich
(1930-2009). É o primeiro voo espacial conjunto da História, cujo objetivo principal é verificar o
funcionamento do corpo humano em condições de ausência de peso. São monitorados o estado
físico e mental dos cosmonautas, os sinais vitais, a capacidade de responder a comandos do
controle em terra, a fala e o sono. As sondas chegam a 6,5km uma da outra, tendo havido
experimentos de comunicação via rádio (os primeiros no espaço) entre ambas as naves.
O retorno ocorre no dia 15.
Vostok 3 - Massa: 4.722kg; Duração da missão: 3d22h28min; órbitas: 64; apogeu: 218km; perigeu:
166km.
Vostok 4 - Massa: 4.728kg; duração da missão: 2d22h56min; órbitas: 48; apogeu: 211km; perigeu:
159km.

1962 (12 de setembro) – O Presidente estadunidense John Fitzgerard Kennedy (1917-1963) lança
os EUA em uma jornada para a conquista da Lua (confirmando o pronunciamento feito perante o
Congresso em 25 de maio de 1961). Em seu famoso discurso proferido na Universidade Rice
(Houston, Texas), ele lança o desafio de “enviar homens à Lua e retorná-los a salvo” antes que a
década termine. E Kennedy diz ainda: “Nós decidimos ir à Lua. Nós decidimos ir à Lua nesta
década e fazer as outras coisas, não porque elas são fáceis, mas porque elas são difíceis”.

1962 (3 de outubro) – Ocorre o voo da sonda Sigma 7 (missão Mercury-Atlas 8), a quinta tripulada
do projeto Mercury, pilotada por Walter Schirra (1923-2007). O objetivo principal é testar a
capacidade das espaçonaves Mercury de realizar uma missão de longa duração.
Massa: 1.374kg; duração da missão: 9h13min15s; órbitas: 6; apogeu: 283km; perigeu: 161,01km.

1962 (5 de outubro) – Ocorre a convenção que estabelece o Observatório Europeu do Sul (ESO –
European Southern Observatory -, na sigla em inglês). Trata-se de uma organização cujo objetivo é
fornecer equipamentos e dar acesso ao céu do hemisfério sul a astrônomos da Europa. Até este
momento, todos os grandes telescópios estão localizados no hemisfério norte. Ademais, algumas
regiões importantes da esfera celeste, como a parte central da Via Láctea e as Nuvens de
Magalhães, são visíveis apenas a partir do hemisfério sul.
Os primeiros membros da organização são Bélgica, Alemanha, França, Países Baixos e Suécia. Nos
anos seguintes, mais nove países aderem: Dinamarca (1967), Suíça (1981), Itália (1982), Portugal
(2000), Reino unido (2002), Finlândia (2004), Espanha (2006), República Tcheca (2007), Áustria
(2008).

1962 (18 de outubro) – Lançamento da Ranger 5, sonda estadunidense que deveria se chocar contra
a superfície da Lua, mas erra o alvo e passa (21 de outubro) a 725km do satélite. Está agora em
órbita solar.
Duração da missão: 64h; massa: 342,5kg.

1962 (1º de novembro) – Depois de diversos lançamentos fracassados, a URSS consegue fazer com
que a sonda Marte 1 deixe a órbita terrestre. Contudo, perde contato com a Terra a 21 de março de
1963, antes de chegar ao ponto de menor distância do planeta vermelho.

1962 (19 e 24 de novembro) – Duas radiomensagens em código Morse contendo as palavras russas
para “paz (dia 19) e para “Lênin” e “URSS” (dia 24) são enviadas na direção de Vênus. Trata-se
das primeiras transmissões via rádio feitas pelo homem para civilizações extraterrestres. As
mensagens dirigem-se agora para a estrela HD131336, localizada na constelação de Libra.

1962 (14 de Dezembro) – A Mariner 2, lançada em 27 de agosto, torna-se a primeira sonda a


realizar com êxito uma viagem interplanetária, conseguindo uma passagem bem sucedida por
Vênus, a uma distância de 34.773km. Transmite informações que ajudam a confirmar que Vênus é
um astro muito quente (425°C, - sabe-se hoje que chega a 480°C), com uma atmosfera coberta de
nuvens compostas basicamente de dióxido de carbono.
Depois de sobrevoar vênus, a Mariner 2 entra em órbita solar.
O último contato com a Terra ocorre em 3 de janeiro de 1963.
Massa: 202,8kg; duração da missão: 129 dias.

1963 – É inaugurado o radiotelescópio de Arecibo, nas montanhas da cidade de mesmo nome, ao


norte da ilha caribenha de Porto Rico. Trata-se de uma antena em forma de prato, de 305m de
diâmetro, com um receptor suspenso a 137m de altura em uma plataforma móvel de 900t e
superfície coletora de 73.000m2. A máquina recebe sinais de rádio de corpos celestes, e o receptor
as processa e esquadrinha ou faz mapas de partes do Universo inacessíveis aos telescópios ópticos.

1963 – Fred Hoyle (1915-2001) e William Fowler (1911-1995) concebem a ideia de estrelas
supermassivas.

1963 – Fred Hoyle e Jayant Narlikar mostram que a teoria do estado estacionário pode explicar a
isotropia do Universo, porque afastamentos da isotropia e homogeneidade decaem
espontaneamente no tempo.

1963 – Os oceanógrafos britânicos Frederick Vine e Drummond Matthews (1931-1997) sugerem


que o magma basáltico é continuamente expulso do centro das cordilheiras meso-oceânicas e que o
material em processo de resfriamento magnetiza-se na direção do campo magnético terrestre. As
novas rochas são expulsas de modo regular para as duas vertentes das cordilheiras, enquanto o
magma novo sobe à superfície, repetindo o ciclo.

1963 – O astrofísico indiano Shiv Kumar é o primeiro a estudar, do ponto de vista teórico, a
evolução e as propriedades de corpos celestes com massas muito inferiores às das estrelas então
conhecidas. Os objetos desses estudos, chamados por Kumar de anãs negras, correspondem ao que
hoje denominamos anãs marrons (nome proposto em 1975).

1963 (14 de fevereiro) – Os EUA lançam o Syncom-1, primeiro satélite em órbita geoestacionária
(cerca de 36.000km de altitude, o que o faz mirar sempre um mesmo ponto na superfície terrestre).

1963 (5 de abril) – A sonda soviética Luna 4 (1.422kg), lançada no dia 2, passa a 8336,2km da Lua.

1963 (15 e 16 de maio) – ocorre o voo da sonda Faith 7 (missão Mercury-Atlas 9), sexta e última
tripulada do projeto Mercury, pilotada por Gordon Cooper (1927-2004). É o voo mais longo da
série Mercury, com duração de 34h19min49s e 22 órbitas completadas. Massa: 1.360kg; apogeu:
267km; perigeu: 161km; distância percorrida: 878.971km.

1963 (14 e 16 de junho) – São lançadas as sondas soviéticas Vostok 5 e Vostok 6, tripuladas,
respectivamente, por Valery Bykovsky e Valentina Tereshkova, a primeira mulher no espaço. O
voo é conjunto, tendo sido usado para comparar os efeitos do ambiente espacial nos organismos de
homens e mulheres. As duas naves chegam a 6,5km uma da outra, permitindo comunicação via
rádio.
Bykovsky deveria permanecer oito dias no espaço, mas, devido ao aumento da atividade solar, é
trazido de volta no quinto dia; mesmo assim, esse voo marca o recorde de permanência em órbita
para uma missão com apenas um tripulante.
Tereshkova tira fotografias do horizonte, as quais são usadas mais tarde para identificar aerossol na
atmosfera.
São as últimas missões da série Vostok.
O retorno ocorre em 19 de junho.
Vostok 5 - Massa: 4.720kg; duração da missão: 4d23h07min; órbitas: 82; apogeu: 131km; perigeu:
130km.
Vostok 6 - Massa: 4.713kg; duração da missão: 2d22h50min; órbitas: 48; apogeu: 230km; perigeu:
181km.
Depois deste voo, pressões políticas devidas ao desenvolvimento do Projeto Gemini nos EUA e às
promessas estadunidenses de feitos espaciais ainda não realizados na URSS forçam Sergei Korolev
a modificar os rumos do programa espacial soviético. As naves Vostok, consideradas ultrapassadas,
são deixadas de lado (apesar de haver quatro delas em fabricação), e o foco passa a ser o
desenvolvimento de sondas com capacidade para mais de um tripulante e missões de maior
duração, a fim de não perder a vantagem obtida até o momento sobre os EUA.

1963 (19 de julho e 22 de agosto) – O piloto Joseph (“Joe”) Walker (1921-1966) realiza os dois
voos do avião-foguete estadunidense X-15 que excedem a altitude de 100km (considerada pela
Fédération Aéronautique Internationale como a fronteira com o espaço exterior): são os voos 90
(106km) e 91 (108km).

1963 (20 de setembro) – Em discurso durante a Assembleia Geral das Nações unidas, o presidente
estadunidense, John Kennedy (1917-1963), propõe que os EUA e a URSS juntem forças e
cooperem no esforço para chegar à Lua. O Secretário-geral do PC soviético, Nikita Khrushchov (ou
Khrushchev) (1894-1971), após uma rejeição inicial, dispõe-se a aceitar a proposta, mas Kennedy é
assassinado (22 de novembro), e as conversações com o sucessor, Lyndon Johnson (1908-1973)
não avançam.

1963 (3 de novembro) – Primeiro casamento entre pessoas que viajaram ao espaço: Andrian
Nikolayev (Vostok 3) e Valentina Tereshkhova (Vostok 6). Nikita Khrushchov e membros
destacados do governo e do programa espacial soviético assistem à cerimônia.
Em 8 de junho de 1964, nasce Elena Andrianovna Nikolaeva-Tereshkova, primeira pessoa com pai
e mãe cosmonautas (ou astronautas).
O casal se divorcia em 1982.

1963 (15 de novembro) – O Chile é escolhido como local das instalações do Observatório Europeu
do Sul. A República da África do Sul havia sido a primeira escolha, mas oito anos de investigação
demonstram que as condições atmosféricas dos Andes sul-americanos são mais propícias para
observações astronômicas. O ESO é conhecido por construir e operar alguns dos telescópios mais
potentes e tecnologicamente mais avançados do mundo.

1964 – Fred Hoyle e Roger Tayler (1929-1997) chamam a atenção para o fato de que a abundância
primordial de hélio no Universo depende do número de neutrinos.

1964 – É fundada por dezoito países a INTELSAT – International Telecommunications Satellite


Organization (Organização Internacional de Satélites de Telecomunicação).

1964 – O físico austríaco radicado nos EUA Edwin Ernest Salpeter (1924-2008) e o físico soviético
(nascido na Bielorrússia) Yakov Borisovich Zel'dovich (1914-1987) propõem a teoria de que os
quasares são na verdade galáxias ativas e não apenas objetos associados a estas galáxias. Embora
esta teoria seja a mais aceita, já foram encontrados quasares dispersos, isto é, sem galáxias
próximas, sugerindo que a relação entre os quasares e as galáxias não é obrigatória e que não se
trata de um único objeto.

1964 – O físico e cientista planetário britânico Michael Mark Woolfson propõe uma teoria de
captura para a formação do Sistema Solar. De acordo com esse modelo, interações devidas à maré
entre o Sol e uma protoestrela de baixa densidade teriam resultado na formação dos planetas a
partir de material arrancado do outro astro pela gravidade solar. Entretanto, essa teoria pressupõe
diferenças muito maiores entre as idades do Sol e dos planetas do que aquelas efetivamente
observadas.

1964 - O estadunidense Stephen H. Dole (1916-2000) publica “Habitable Planets for Man”
(Planetas Habitáveis para O Homem), livro em que, além da zona habitável das estrelas, analisa
outras condições que julga necessárias para que haja vida num planeta e chega à conclusão de que
na Via Láctea pode haver 600 milhões de planetas em zonas habitáveis (estimativas de 2013
sugerem 40 bilhões apenas do tamanho da Terra).
Mais ou menos nessa mesma época, o autor de ficção científica estadunidense (nascido na Rússia)
Isaac Asimov (1920-1992) torna o conceito de zona habitável popular para o público em geral por
meio de diversas histórias em cujo enredo existe colonização espacial.
Atualmente, fala-se também em “zona habitável circum-estelar”, termo introduzido (1993) pelo
geocientista estadunidense James Kasting. (Para mais informações, ver 2000.)

1964 (18 de janeiro) - A jornalista estadunidense Ann Ewing usa pela primeira vez o termo “buraco
negro”, num artigo intitulado “Buracos Negros no Espaço”, sobre uma reunião da Associação
Americana para o Avanço da Ciência. O físico teórico estadunidense John Wheeler (1911-2008)
emprega a expressão em 1967, e depois disso ela se torna extremamente popular.

1964 (2 de abril) – É lançada a sonda soviética Zond 1, com destino a Vênus. Contudo, perde
contato com a Terra em 14 de maio. Em 14 de julho, passa a 100.000km do planeta vizinho.
1964 (8 a 12 de abril) – Missão da sonda estadunidense Gemini 1 (não tripulada), a primeira da
série Gemini, desenhada para transportar dois astronautas. Os objetivos da missão são testar a
integridade estrutural das espaçonaves Gemini e o sistema de comunicações, além de possibilitar
treinamento aos controladores em terra para futuras missões tripuladas.
Massa: 3.187kg; duração da missão: 3d23h; órbitas: 64; distância percorrida: 2.789.864km.

1964 (20 de maio) – Os físicos estadunidenses Arno Allan Penzias (nascido na Alemanha) e Robert
Woodrow Wilson detectam acidentalmente, pela primeira vez, sem compreender a princípio do que
se trata, a radiação cósmica de fundo em micro-ondas, que é o sinal eletromagnético remanescente
do Big Bang proveniente das regiões mais distantes do Universo e que havia sido prevista, em
1948, por Ralph Asher Alpher e Robert Herman, associados de George Gamow, como a radiação
remanescente do estado quente em que o Universo se encontrava quando se formou. Enquanto
trabalham na Bell Labs, em Holmdel, Nova Jérsia, Penzias e Wilson realizam experimentos com
uma antena ultrassensível de 6m, originalmente construída para detectar ondas de rádio. Eles
eliminam todas as possíveis fontes de interferência na recepção dos dados (radar, transmissões de
programas de estações de rádio, o calor do próprio receptor), mas permanece um ruído cem vezes
superior ao esperado. É um barulho baixo, constante, que vem de todas as direções e persiste dia e
noite. Eles têm certeza de que a radiação que causa o ruído não vem da Terra, do Sol e nem mesmo
da Via Láctea. Os pesquisadores examinam cuidadosamente o equipamento, removem algumas
pombas que haviam feito ninho na antena e retiram os excrementos acumulados, mas o barulho
continua. Eles concluem que o ruído vem de fora da nossa galáxia, mas não conhecem nenhuma
fonte de rádio que possa produzi-lo. A identificação do fenômeno descoberto por Penzias e Wilson
como sendo a radiação cósmica de fundo em micro-ondas é feita ao longo dos meses seguintes,
com a colaboração de Bernard Burke, Robert Henry Dicke (1916-1997), Jim Peebles e David
Wilkinson (1935-2002). Dois artigos com as descobertas são publicados em maio de 1965 no
periódico the Astrophysical Journal Letters.
Penzias e Wilson recebem o Prêmio Nobel de Física de 1978 por este trabalho.
É uma evidência muito forte a favor da hipótese do Big Bang, e a teoria do estado estacionário cai
em descrédito.
A radiação cósmica de fundo em micro-ondas é uma radiação eletromagnética que preenche todo o
universo, cujo espectro é o de um corpo negro a uma temperatura de 2,725 kelvin. A intensidade da
radiação é mais forte nos comprimentos de onda correspondentes à faixa de micro-ondas do
espectro eletromagnético. Trata-se de um elemento fundamental para a cosmologia observacional,
porque permite detectar a luz mais antiga do universo, surgida 380.000 anos depois do Big Bang.

1964 (19 de julho) – Um foguete transportando ratos albinos é lançado com sucesso em Gangde, na
província chinesa de Anhui.

1964 (31 de julho) – A Ranger 7, lançada no dia 28, torna-se a primeira sonda estadunidense a
enviar imagens da Lua para a Terra. São 4.308 fotografias de excelente qualidade, tiradas nos 17
minutos anteriores ao choque (intencional) com a superfície.
É o primeiro voo totalmente bem-sucedido do programa Ranger.
Massa: 365,7kg; duração da missão: 65h30min.

1964 (agosto a novembro) – Três equipes compostas ao todo por seis cientistas desenvolvem,
independentemente uma da outra, uma teoria segundo a qual existe um campo de força que permeia
todo o Universo, o qual desacelera a energia e, consequentemente, permite que a maioria das
partículas subatômicas (exceções são fótons e glúons) adquiram massa. Os físicos envolvidos na
elaboração da teoria são osbelgas Robert Brout (1928-2011) e François Englert, os britânicos Peter
Higgs e Tom Kibble e os estadunidenses Gerald Guralnik (1936-2014) e Carl Richard Hagen. A
partícula que desencadeia a desaceleração da energia e dá origem a toda matéria que existe no
universo recebe o nome de bóson de Higgs.

1964 (12 de outubro) – A sonda soviética Voskhod 1 torna-se a primeira nave a ir ao espaço com
mais de uma pessoa a bordo. A tripulação é composta pelos cosmonautas Vladimir Komarov
(1927-1967) – piloto –, Konstantin Feoktistov (1926-2009) – engenheiro – e Boris Yegorov (1937-
1994)– médico. Esta missão, a primeira em que os tripulantes não usam traje espacial, é filmada e
tem cenas transmitidas pela televisão. Em russo, voskhod significa “nascer do sol”.
Massa: 5.320kg; duração da missão: 34h17min03s; órbitas: 16; apogeu: 336km; perigeu: 178km.

1964 (14 de outubro) – O Partido Comunista da URSS depõe Nikita Khrushchov e o substitui por
Leonid Brejnev (1906-1982). Novas mudanças políticas: o Programa Voskhod é encerrado (a
missão da Voskhod 2 é mantida, mas as duas seguintes, em fase de planejamento, são canceladas),
e a URSS passa a se concentrar na corrida para levar um ser humano à Lua.

1964 (5 de novembro) – É lançada a sonda estadunidense Mariner 3 (260,8kg). perde-se ao entrar


no meio interplanetário por falha do mecanismo de ejeção de seu escudo protetor. Impossibilitada
de alimentar seus painéis com energia solar, a sonda deixa de transmitir quando suas baterias se
esgotam. Está agora em órbita solar. Sua missão original era voar ao redor de Marte com a Mariner
4.

1964 (30 de novembro) – É lançada a sonda soviética Zond 2, com destino a Marte. Contudo, perde
contato com a Terra no começo de maio de 1965. Supõe-se que tenha passado a 1.500km do
planeta vermelho em 6 de agosto.

1965 – Têm início atividades regulares de pesquisa no Observatório de Cerro Tololo, localizado no
deserto de Atacama, norte do Chile, a 2.200m de altitude.

1965 – O radiotelescópio de 40m de Owens Valley inicia sua operação, localizado em Big Pine,
Califórnia.

1965 – Martin Rees e Dennis Sciama (1926-1999) analisam dados da contagem de fontes quasar e
descobrem que a densidade de quasares aumenta com o deslocamento para o vermelho.

1965 – O astrônomo britânico Edward Robert Harrison (1919-2007) propõe a solução atualmente
aceita para o paradoxo de Olbers: Como o Universo tem uma idade finita, e a luz tem uma
velocidade finita, a luz das estrelas mais distantes ainda não teve tempo de chegar até nós. Portanto,
o Universo que enxergamos é limitado no espaço, por ser finito no tempo. A escuridão da noite é
uma prova de que o Universo teve um início.

1965 – Lyman Spitzer é indicado como dirigente do comitê para a definição de objetivos científicos
para um telescópio espacial de grandes dimensões.

1965 – C. J. Cohen e E. C. Hubbard reconstroem em computador as órbitas dos quatro planetas


externos e de Plutão nos últimos 120.000 anos, levando em conta todas as perturbações recíprocas.
No que diz respeito a Plutão e a encontros com Netuno, o resultado é que não se verificaram
passagens próximas: a distância entre os dois astros jamais esteve abaixo de 18 unidades
astronômicas, muito maior do que a aproximação de todos os planetas “contíguos”.

1965 – Os estadunidenses Gordon Pettengill e R. Dyce, utilizando o radiotelescópio do


Observatório de Arecibo, em Porto Rico, determinam, de modo conclusivo, que o período de
rotação de Mercúrio é de aproximadamente 59 dias terrestres, e não de 88 dias, como se acreditava
então.

1965 – Duas equipes trabalhando independentemente, lideradas pelo italiano Antonino Zichichi, do
Acelerador Próton-Síncroton, do CERN, e pelo estadunidense Leon Lederman, do acelerador AGS
(Alternating Gradient Synchrotron), do Laboratório Nacional de Brookhaven, em Nova Iorque,
conseguem criar, cada uma, um antideutério, átomo formado por um antipróton e um antinêutron. É
a primeira vez que o homem obtém antimatéria, durante uma pequena fração de segundo.

1965 (19 de janeiro) – Missão da Gemini 2 (suborbital e não tripulada), cujo objetivo é testar o
sistema de proteção térmica da nave. Os resultados são satisfatórios, e a NASA decide que a
próxima Gemini será tripulada.
Duração da missão: 0h18min16s; altitude máxima: 171,2km; distância percorrida: 3.422,4km.

1965 (17 de fevereiro) – É lançada a sonda estadunidense Ranger 8, programada para colidir com a
Lua e obter imagens de alta resolução nos minutos antecedentes ao impacto. São tiradas 7.137
fotografias de boa qualidade nos 23 minutos anteriores ao choque, que ocorre em 20 de fevereiro.
Massa: 367kg; duração da missão: 65h.

1965 (18 de março) – É lançada ao espaço a Voskhod 2, levando a bordo os cosmonautas Pavel
Belyayev (1925-1970) – comandante - e Aleksey Leonov - piloto. No final da primeira órbita,
Leonov deixa a astronave pela entrada de ar. Ele é o primeiro homem a sair de uma nave no espaço.
Enquanto executa seu “passeio extraveicular”, realiza movimentos físicos e de locomoção fora da
astronave durante 12min09s. Contudo, o traje espacial de Leonov expande-se no vácuo, impedindo-
o de voltar à nave. Para conseguir retornar, ele é obrigado a fazer uma descompressão parcial do
traje, procedimento de grande risco, que pode ser fatal. Mais três problemas ocorrem: 1. O sistema
de controle da Vostok eleva automaticamente o nível de oxigênio puro da cabine para 45%, o que
precisa ser solucionado antes da reentrada. 2. O compartimento de instrumentos não se solta do
paraquedas, como deveria, fazendo com que a sonda efetue uma descida bastante instável. 3. O
acionamento no tempo errado de um retrofoguete (motor de foguete utilizado para desacelerar um
veículo espacial) faz com que a Voskhod pouse 386km distante do lugar previsto. Antes de serem
resgatados, os cosmonautas passam duas noites na floresta e enfrentam temperaturas de -30°C.
Esta é a última missão da série Voskhod.
Massa: 5.682kg; duração da missão: 26h2min17s; órbitas: 17; apogeu: 475km; perigeu: 167km.
Apesar das dificuldades enfrentadas ao longo da missão, este é o auge do programa espacial
soviético. A partir daí, os EUA começam a ganhar terreno.

1965 (23 de março) – Ocorre a missão da Gemini 3, apelidada de “Molly Brown”, primeira sonda
tripulada do projeto Gemini. A tripulação é formada por Virgil Grisson (1926-1967) - Comandante
- e John Young – Piloto. É a primeira vez que os EUA enviam ao espaço dois astronautas ao
mesmo tempo. O objetivo principal é fazer testes de manobra em ambiente espacial, e a Gemini 3 é
a primeira espaçonave tripulada a modificar a própria órbita.
Massa: 3.236,9kg; duração da missão: 4h52min31s; órbitas: 3; apogeu: 224,2km; perigeu:
161,2km; distância percorrida: 128.748km.

1965 (24 de março) – A Ranger 9, lançada no dia 21, choca-se contra a superfície da Lua. São
feitas 5.814 fotografias de boa qualidade antes do impacto. Os objetivos são atingidos.
Esta é a última missão do programa Ranger.
Massa: 367kg; duração da missão: 64h30min.
1965 (12 de maio) – A sonda soviética Luna 5 (1.474kg), lançada no dia 9, choca-se contra a
superfície lunar. O objetivo era pousar no satélite.

1965 (3 a 7 de junho) – Missão da Gemini 4, tripulada por James McDivitt - Comandante - e


Edward White (1930-1967) – Piloto. Ainda no dia 3, durante a terceira órbita, White torna-se o
primeiro estadunidense a realizar uma atividade extraveicular: faz uma caminhada espacial de 22
minutos. A missão é planejada para permanecer vários dias no espaço, tendo por objetivo avaliar a
resistência humana a períodos mais prolongados de ausência de gravidade.
Massa: 3.570kg; duração da missão: 4d01h56min12s; órbitas: 66; perigeu: 283km; apogeu: 161km;
distância percorrida: 2.590.600km.

1965 (11 de junho) – A sonda soviética Luna 6, lançada no dia 8, passa a 159.612,8km da Lua e
entra em órbita solar. O objetivo era pousar no satélite.

1965 (14 de julho) – A sonda estadunidense Mariner 4, lançada em 28 de novembro de 1964, chega
a Marte, sobrevoa o planeta a uma distância de 9.920km e obtém as primeiras imagens em close da
superfície marciana (22 ao todo). A sonda encontra uma atmosfera muito mais tênue do que se
pensava anteriormente e composta sobretudo de anidrido carbônico. Muitos cientistas concluem
dessa varredura preliminar que Marte é um mundo “morto”, tanto biológica quanto
geologicamente. Tal impressão é revista em missões posteriores.
O último contato com a Terra ocorre em 21 de dezembro de 1967, e a nave está agora em órbita
heliocêntrica.

1965 (20 de julho) – A sonda soviética Zond 3, lançada no dia 18, passa a 9.200km da Lua e obtém
23 fotografias de boa qualidade do satélite, cobrindo 19 milhões de km2 da superfície.

1965 (21 a 29 de agosto) – Missão da Gemini 5, tripulada por Gordon Cooper


(1927-2004) - Comandante - e Charles Conrad (1930-1999) – Piloto. Pela primeira vez, são usadas
células combustíveis como energia para as naves Gemini, antes movidas a bateria. Isso permite
quase dobrar o tempo de permanência no espaço em relação à missão anterior, atingindo
7d22h55min14s (120 órbitas), período considerado suficiente, pelos cientistas e técnicos da NASA,
para uma viagem de ida e volta à Lua. Centenas de fotografias em alta definição da Terra são
tiradas para o Departamento de Defesa dos EUA. Gordon Cooper, que havia sido piloto da Faith 7,
última missão do projeto Mercury, torna-se a primeira pessoa a ir pela segunda vez ao espaço.
Massa: 3.605kg; distância percorrida: 5.242.682km.

1965 (7 de outubro) – A sonda soviética Luna 7 (1.504kg), lançada no dia 4, choca-se contra a
superfície da Lua. O objetivo era um pouso no satélite.

1965 (11 de outubro) – É inaugurado o centro de lançamento de foguetes de Barreira do Inferno, no


Rio Grande do Norte, primeiro local do Brasil a dispor de infraestrutura para esse fim.

1965 (18 de outubro) - O cometa Ikeya-Seki (formalmente, C/1965 S1), descoberto (18 de
setembro) pelos astrônomos japoneses Kaoru Ikeya e Tsutomu Seki, atinge a magnitude -10 e
aparece como um dos cometas mais brilhantes observados nos últimos mil anos. Visível durante o
dia ao lado do Sol, há referências a ele como o Grande Cometa de 1965.
O astro se fragmenta em três partes após a passagem pelo periélio (21 de outubro), quando chega a
450.000km do Sol.
1965 (4 a 18 de dezembro) – Missão da Gemini 7 (lançada antes da Gemini 6-A), tripulada por
Frank Borman - Comandante - e James Lovell – Piloto. É a mais longa missão do programa
espacial estadunidense até o início do projeto Skylab, na década de 1970, tendo durado
13d18h35min01s (206 órbitas).
Massa: 3.670kg; distância percorrida: 9.030.000km.

1965 (6 de dezembro) – A sonda soviética Luna 8 (1.550kg), lançada no dia 3, choca-se contra a
superfície da Lua. O objetivo era realizar um pouso no satélite.

1965 (15 e 16 de dezembro) – Missão da Gemini 6-A, tripulada por Walter Schirra
(1923-2007) - Comandante - e Thomas (Tom) Stafford – Piloto. A Gemini 6-A é a substituta da
Gemini 6, missão cancelada depois da explosão do veículo Agena com o qual deveria se encontrar
no espaço. Durante a 4ª órbita da Gemini 6-A, ela inicia com a Gemini 7 o primeiro encontro de
duas naves estadunidenses no espaço, que dura 4h30min, tendo a aproximação máxima sido de
30cm. Esta é a primeira missão cujo pouso é transmitido ao vivo, via satélite, pela televisão.
Massa: 3.546kg; duração da missão: 25h51min24s; órbitas: 16; distância percorrida: 694.415km.

1965 (16 de dezembro) – É lançada a Pioneer 6, a primeira de quatro sondas (massas entre 138kg e
147kg) colocadas em órbitas heliocêntricas desenhadas para, em conjunto, realizar medições
contínuas do ambiente interplanetário a partir de pontos do espaço distantes entre si. As medições
incluem vento solar, campo magnético solar, raios cósmicos, fenômenos magnéticos e de partículas
em larga escala e campos interplanetários diversos. Formam a primeira rede de estudos a partir do
espaço de eventos envolvendo o Sol e fornecem informações práticas acerca de tempestades
solares, que influem nas telecomunicações e nos sistemas de energia terrestres. As outras sondas,
Pioneer 7, 8 e 9, são lançadas, respectivamente, em 17 de agosto de 1966, 13 de dezembro de 1967
e 8 de novembro de 1968.
O último contato ocorre com a Pioneer 6, em 8 de dezembro de 2000.

1966 – Jim Peebles mostra que o Big Bang quente prevê a abundância correta de hélio.

1966 – É identificada a primeira fonte extragaláctica de raios X, localizada na galáxia M87.

1966 (3 de fevereiro) – Três dias depois de sua partida, a sonda soviética não tripulada Luna 9
pousa com segurança no Oceano das Tempestades, na borda ocidental da Lua. É a primeira descida
suave em outro corpo celeste, abrindo caminho para as viagens tripuladas para o satélite natural da
Terra, já que a alunissagem mostra que a superfície lunar não é uma areia movediça parda e
insegura para pousos. O equipamento fotográfico da Luna 9 permite a tomada de 27 imagens (as
primeiras feitas a partir da superfície de outro corpo celeste), inclusive visões panorâmicas e visões
mais íntimas das rochas próximas, imagens essas enviadas para a Terra até 6 de fevereiro, quando
as baterias terminam e o contato com a sonda é perdido.
Massa: 1.580kg.

1966 (3 de fevereiro) – Os EUA lançam seu primeiro satélite meteorológico, o Essa-1, que
permanece operacional até 6 de outubro.

1966 (27 de fevereiro) A sonda soviética Venera 2, lançada em 12 de novembro de 1965, sobrevoa
Vênus à distância de 24.000km, mas não consegue transmitir informações científicas.

1966 (1º de março) – A sonda soviética Venera 3, lançada em 16 de novembro de 1965, choca-se
contra a superfície venusiana. É o primeiro impacto de uma sonda na superfície de outro planeta.
1966 (15 e 16 de março) – Missão da Gemini 8, tripulada por Neil Armstrong (1930-2012) -
Comandante - e David Scott – Piloto. Esta nave realiza a primeira acoplagem em órbita da História,
conectando-se a um veículo Agena. Após a acoplagem, ocorre a avaria de um propulsor, fazendo
com que a sonda gire ao redor de si mesma descontroladamente. A Gemini 8 faz então o primeiro
pouso de emergência da era espacial, amerissando no Oceano Pacífico (e não no Atlântico, como
estava previsto), sendo resgatada por paraquedistas. A missão dura apenas 10h41min26s (6
órbitas).
Massa: 3.789kg; distância percorrida: 293.206km.

1966 (3 de abril) – A sonda soviética Luna 10, lançada em 31 de março, entra em órbita lunar, à
distância de 350km, e se torna o primeiro satélite artificial a orbitar outro corpo celeste que não a
Terra. Completa 485 órbitas em dois meses.

1966 (8 de abril) – É lançado o primeiro Orbiting Astronomical Observatory (OAO-1), da NASA.


Carrega instrumentos para fazer observações em ultravioleta, raios X e raios gama. As baterias
apresentam falhas após três dias, terminando a missão. Mais três serão lançados posteriormente.

1966 (2 de junho) – Pousa no Oceanus Procellarum (Mar das Tormentas) a Surveyor 1, lançada em
30 de maio, primeira sonda de uma série cujo objetivo consiste em enviar espaçonaves não
tripuladas para a Lua, com alunissagem suave e sem retorno. Transmite 11.237 imagens da Lua, e o
último contato ocorre em 14 de julho.
O projeto Surveyor é preparatório para as missões Apollo, pois testa equipamentos e analisa a
superfície lunar.

1966 (3 a 6 de junho) – Missão da Gemini 9, tripulada por Thomas Stafford - Comandante - e


Eugene Cernan – Piloto. Os objetivos principais são realizar encontros em órbita com um veículo
Agena e atividades extraveiculares, feitas por Eugene Cernan (2h07min), com resultados
insatisfatórios. Esta é a primeira missão espacial cuja tripulação é composta de astronautas
reservas, já que os tripulantes titulares, Elliot See e Charles Bassett, morreram num acidente de
avião três meses antes.
Massa: 3.750kg; duração da missão: 3d00h20min50s; órbitas: 47.

1966 (1º de julho) – É lançado o satélite estadunidense Explorer 33, originalmente planejado para
orbitar a Lua, mas depois, devido a problemas na trajetória em direção ao satélite, redirecionado
para uma órbita terrestre excêntrica, com perigeu de 265.679km e apogeu de 480.762km (além da
órbita da Lua). O satélite consegue obter informações sobre vento solar, plasma interplanetário e
raios X solares.
A missão dura até 21 de setembro de 1971.

1966 (18 a 21 de julho) – Missão da Gemini 10, tripulada por John Young - Comandante - e
Michael Collins – Piloto. É a primeira a realizar dois encontros em órbita com veículos Agena e
utilizar-se dos sistemas propulsores deste lançador de espaçonaves para alterar sua órbita. Michael
Collins realiza a primeira caminhada espacial entre duas naves diferentes, para recolher um painel
coletor de poeira cósmica instalado na lateral do veículo Agena que deveria ter se encontrado com a
Gemini 8. Os astronautas também testam novos sistemas de navegação manual através das estrelas.
Estabelecem também que a radiação a altitudes elevadas não constitui um problema sério.
Massa: 3.762,6kg; duração da missão: 2d22h46min39s; órbitas: 43; perigeu: 159,9km; apogeu:
168,9km.
1966 (10 de agosto) – É lançada a sonda estadunidense Lunar Orbiter 1, cujo objetivo principal é
fotografar regiões pouco acidentadas do relevo da Lua para procurar por locais seguros para o
pouso de futuras missões Surveyor e Apollo. São obtidas 42 imagens em alta resolução e 187
imagens em resolução média, cobrindo mais de 5 milhões de km2 da superfície. Em 23 de agosto, a
Lunar Orbiter 1 capta as duas primeiras imagens da Terra obtidas a partir da órbita da Lua. Elas
mostram a Terra emergindo por trás do satélite, bem como detalhes da superfície lunar.
Massa: 385,6kg; duração da missão: 80 dias (até 29 de outubro, quando se choca com o lado oculto
da Lua); órbitas: 577; perilúnio (ponto mais próximo da Lua): 40,5km; apolúnio (ponto mais
distante da Lua): 1.866,8km.

1966 (27 de agosto) – A Luna 11, lançada em 24 de agosto, é inserida numa órbita com perilúnio
de 1.898km e apolúnio de 2.931km. A sonda estuda a composição química e anomalias
gravitacionais. Além disso, tira as primeiras fotografias da superfície do satélite a partir da órbita
lunar e envia à Terra 137 radiotransmissões.
Massa: 1.640kg; duração da missão: 38 dias (até 1º de outubro); órbitas: 277.

1966 (8 de setembro) – Tem início a série de televisão Star Trek (Jornada nas Estrelas), que atrai
muitas pessoas para as ciências naturais, em especial para a Astronomia. A série original, uma das
produções televisivas de ficção científica mais populares de todos os tempos, é constituída de três
temporadas e 79 episódios.

1966 (12 a 15 de setembro) – Missão da Gemini 11, tripulada por Charles Conrad
(1930-1999) - Comandante - e Richard Gordon – Piloto. É estabelecido o recorde de altitude de
uma nave Gemini em órbita: 1.369km. Gordon realiza duas atividades extraveiculares (33min e
2h08min). a missão Gemini 11 é a primeira a ter uma reentrada controlada completamente por
computadores, fazendo com que a cápsula amerisse apenas 4,5km fora do ponto de descida
designado.
Massa: 3.798kg; duração da missão: 2d23h17min09s; órbitas: 44.

1966 (23 de setembro) – A Surveyor 2, lançada no dia 20, choca-se contra a superfície da Lua perto
da cratera Copérnico. A missão fracassa, porque não consegue uma alunissagem suave.
Massa: 292kg; duração da missão: 62h46min.

1966 (25 de outubro) – A Luna 12, lançada no dia 22, entra em órbita lunar. Envia fotografias e
realiza 302 radiotransmissões.
Massa: 1.620kg; duração da missão: 89 dias (até 19 de janeiro de 1967); órbitas: 602; perilúnio:
1.871km; apolúnio: 2.938km.

1966 (6 de novembro) – É lançada a Lunar Orbiter 2, cujo objetivo principal é fotografar terrenos
lisos para a futura alunissagem das missões Surveyor e Apollo. São obtidas 609 imagens em alta
resolução e 208 imagens em resolução média. Três impactos de micrometeoritos (diâmetros
inferiores a 2mm) são registrados.
Massa: 385,6kg; duração da missão: 339 dias (até 11 de outubro de 1967, quando a nave se choca
com o solo lunar); órbitas: 2.346; perilúnio: 52km; apolúnio: 1.850km.

1966 (11 a 15 de novembro) – Missão da Gemini 12, última espaçonave desta série, tripulada por
James Lovell - Comandante - e Edwin Aldrin – Piloto. Ocorre uma acoplagem com um veículo
Agena, feita manualmente. Aldrin passa 5h30min (2h29min, 2h06min, 0h55min) fora da nave, o
período mais prolongado de atividades extraveiculares do projeto Gemini. Fica demonstrado que é
possível trabalhar fora de uma espaçonave (até aí, as atividades extraveiculares haviam se limitado
a passeios).
Catorze experimentos científicos são realizados.
Massa: 3.762,1kg; duração da missão: 3d22h34min31s; órbitas: 59.
O programa espacial estadunidense seguinte é o Apollo.

1966 (15 de dezembro) – O astrônomo e aeronauta francês Audouin Dollfus (1924-2010) Descobre
Jânus, décimo satélite conhecido de Saturno.
Diâmetro: 203 x 185 x 152.6km; período orbital: 0,695 dia; distância média do planeta:
151.460km; massa: 1,897 quatrilhão de toneladas; densidade: 0,63g/cm3.

1967 – O estadunidense Steven Weinberg e o paquistanês Abdus Salam (1926-1996) incorporam o


mecanismo de Higgs à teoria eletrofraca de Sheldon Glashow e formulam o modelo padrão da
física de partículas. Mais tarde (1972-1974), quando é confirmada a existência dos quarks
(constituintes básicos da matéria que formam os prótons e os nêutrons), o modelo padrão sobressai
e se impõe entre as demais teorias existentes para explicar o mundo subatômico. Ele engloba o
eletromagnetismo, a força nuclear forte e a força nuclear fraca, três das quatro forças fundamentais
que regulam a interação das partículas (está excluída apenas a gravidade).
Por esse trabalho, Weinberg, Salam e Glashow recebem o Prêmio Nobel de Física de 1979.

1967 (27 de janeiro) – Um Incêndio destrói, no solo, a nave Apollo 1, matando 3 astronautas em
seu interior: Virgil Ivan Grissom (n. 1926), Edward Higgins White II (1930) e Roger Bruce
Chaffee (1935). A missão passa a se chamar Apollo 1 em homenagem póstuma às vítimas do
primeiro grande desastre do programa espacial estadunidense. Como resultado desse acidente, toda
a programação do projeto Apollo é atrasada em quase 21 meses. Durante esse período, os
engenheiros da NASA modificam completamente a cabine do módulo de comando. Cerca de 1.300
alterações são feitas.

1967 (5 de fevereiro) – É lançada a Lunar Orbiter 3, cujo objetivo principal é fotografar locais de
pouso seguro para missões Surveyor e Apollo. São feitas 477 imagens em alta resolução e 149
imagens em resolução média. O local de pouso da Sorveyor 1 é fotografado.
Massa: 385,6kg; duração da missão: 246 dias (até 9 de outubro, quando a nave se choca com a
superfície); órbitas: 1.702.

1967 (20 de abril) – A Surveyor 3, lançada no dia 17, pousa no Oceanus Procellarum. É a segunda
nave estadunidense a fazer uma alunissagem suave. Envia 6.315 imagens de TV para a Terra.
Massa: 302kg; duração da missão: 65h.

1967 (23 e 24 de abril) – Missão da sonda soviética Soyuz 1, tripulada por Vladimir Komarov
(1927-1967), primeiro soviético a ir pela segunda vez ao espaço. É o primeiro voo da URSS depois
da Voskhod 2 (março de 1965) e o primeiro depois da morte de Sergei Korolev (14 de janeiro de
1966), responsável pelo programa espacial do país. O objetivo era uma acoplagem com a Soyuz 2 e
a passagem de tripulantes de uma nave para a outra no espaço, mas a missão termina com a morte
do cosmonauta, a primeira da era espacial a ocorrer durante um voo. Antes da missão, engenheiros
espaciais reportam 203 falhas estruturais, mas são ignorados por Leonid Brejnev, que pretende
realizar feitos espaciais para celebrar o aniversário de Lênin (22 de abril) e os 50 anos da
Revolução Russa (1917). Yuri Gagárin, o tripulante reserva, ciente do desastre iminente e amigo de
Komarov, oferece-se para substituí-lo, na esperança de que a missão seja cancelada (Gagárin é
considerado um herói nacional), mas tudo é em vão.
Os problemas começam logo depois da decolagem, quando a falha de um painel solar (que não
abre) reduz significativamente o suprimento de energia da nave. A seguir, o mau funcionamento do
sistema de navegação torna difícil manobrar a sonda. Na décima terceira órbita, uma pane inutiliza
o sistema automático de estabilização, e o sistema manual funciona apenas parcialmente. Os
objetivos da Soyuz 2 são então modificados, passando a incluir o conserto do painel solar da Soyuz
1, mas uma violenta tempestade na noite de 23 de abril danifica o sistema elétrico do Cosmódromo
de Baikonur, impedindo o lançamento. Diante das dificuldades, o controle de voo decide abortar a
missão da Soyuz 1, e tem início a reentrada. Por problemas na estrutura da sonda, o paraquedas
principal não desencaixa como deveria e, consequentemente, não abre. Komarov abre o paraquedas
reserva, mas ele fica enroscado no paraquedas de desaceleração (parte do paraquedas principal), e a
nave toca o solo a 140km/h. Komarov morre no impacto. Depois da queda, ocorre uma explosão, e
a nave é totalmente destruída pelo fogo.
Em meados da década de 1970, começa a circular a história de que Komarov, durante a descida,
amaldiçoou quem o colocou na Soyuz, conversou com a esposa e chorou. Diz-se também que tudo
foi gravado por uma estação de escuta da Agência Nacional de Segurança dos EUA localizada
perto de Istambul. Não existe confirmação oficial, mas são muitos os que defendem que esses fatos
realmente ocorreram.
Soyuz – Massa: 6.450kg; órbitas: 18; perigeu: 197km; apogeu: 223km; duração da missão:
1d2h47min52s.
Este acidente atrasa os voos das naves Soyuz em dezoito meses.
As naves Soyuz (“união”, em russo) têm capacidade para transportar três astronautas e são
sucessoras das sondas Vostok e Voskhod. São formadas por três compartimentos: módulo de
serviço, módulo orbital e cápsula de reentrada. Com o tempo, mais quatro versões das naves Soyuz
são desenvolvidas: T, TM, TMA e TMA-M.

1967 (4 de maio) – É lançada a Lunar Orbiter 4, cujo objetivo principal é fazer um estudo
fotográfico sistemático do relevo lunar, a fim de entender melhor a natureza das formações
selenográficas e determinar regiões de interesse científico para futuras missões orbitais ou de
pouso. São feitas 419 imagens em alta resolução e 127 em resolução média, cobrindo 99% do lado
visível da Lua.
Massa: 385,6kg: duração da missão: 180 dias (até 31 de outubro, quando se choca com a
superfície); órbitas: 360; perilúnio: 2.706km; apolúnio: 6.111km.

1967 (30 de junho) – O Major Robert Lawrence (1935-1967) torna-se o primeiro estadunidense
negro a entrar no programa espacial dos EUA.

1967 (2 de julho) – Os satélites estadunidenses Vela 3 e Vela 4, desenhados para detectar radiações
gama provenientes de supostas experiências nucleares soviéticas no espaço, registram a primeira
erupção de raios gama observada pelo homem.
Erupção de raios gama (GRB – gamma-ray burst -, na sigla em inglês) é um flash de raios gama
associado a explosões extremamente energéticas em galáxias distantes (bilhões de anos-luz). É o
fenômeno eletromagnético mais luminoso do Universo e pode durar desde nanossegundos até uma
hora, sendo alguns segundos a duração mais comum. Estima-se que uma única erupção de raios
gama pode produzir a mesma quantidade de energia que o Sol produz em 10 bilhões de anos. São
eventos bastante raros: ocorrem apenas alguns por galáxia a cada milhão de anos.

1967 (17 de julho) – A Surveyor 4, lançada no dia 14, impacta próximo ao Sinus Medii. A meta da
missão (uma alunissagem suave) não é alcançada.
Massa: 283kg; duração da missão: 65h.

1967 (19 de julho) – É lançado o satélite estadunidense Explorer 35, destinado a realizar estudos, a
partir de uma órbita lunar fortemente elíptica, do plasma e campo magnético interplanetários, de
partículas energéticas e dos raios X solares.
Massa: 104,3kg; duração da missão: 2.167 dias (até 24 de junho de 1973; órbitas: aproximadamente
9.500; perilúnio: 764km; apolúnio: 7.886km.

1967 (1º de agosto) – É lançada a Lunar Orbiter 5 (última da série), desenhada para estudar mais
detalhadamente possíveis locais de pouso de missões Surveyor e Apollo e também regiões ainda
não fotografadas do lado oculto da Lua. São feitas 633 imagens em alta resolução e 211 imagens
emresolução média. No total, as imagens obtidas pelas cinco missões Lunar Orbiter cobrem 99% de
toda a superfície da Lua.
Massa: 385,6kg; duração da missão: 183 dias (até 31 de janeiro de 1968, quando se choca com a
superfície); órbitas: 1.380; perilúnio: 194,5km; apolúnio: 6.023km.

1967 (11 de setembro) – A Surveyor 5, lançada no dia 8, pousa no Mare Tranquillitatis (Mar da
Tranquilidade). Uma análise química bastante simplficada permite determinar que o solo lunar é
composto por rocha basáltica. São transmitidas 19.049 imagens da Lua.
Massa: 303kg; duração da missão: 84 dias (até 1º de dezembro).

1967 (outubro) - Hans Albrecht Bethe (1906-2005) é anunciado como ganhador do Prêmio Nobel
de Física por ter proposto (1938) que as estrelas utilizam a fusão como fonte de energia.

1967 (10 de outubro) – Entra em vigor o Tratado do Espaço Exterior, formalmente Tratado sobre
os Princípios Que Regem as Atividades dos Estados na Exploração e Utilização do Espaço
Exterior, Incluindo a Lua e Outros Corpos Celestes, que constitui a base da legislação internacional
sobre o espaço. Assinado inicialmente por EUA, união Soviética e Reino Unido em 27 de janeiro
de 1967, é ratificado hoje por cerca de cem países.
Este tratado estabelece que o espaço pode ser explorado por qualquer nação e não está sujeito a
reivindicações de soberania nacional. Proíbe também o emprego de armas nucleares no espaço, mas
essa proibição não se estende às armas convencionais.

1967 (18 de outubro) – A Venera 4 (1.106kg), lançada em 12 de junho, chega a Vênus e efetua a
primeira análise do ambiente de outro planeta, bem como a primeira análise da atmosfera
venusiana, descobrindo ser ela composta sobretudo de dióxido de carbono, com quantidades
reduzidas de nitrogênio e dióxido de enxofre. Também são obtidas medidas de temperatura e
pressão atmosférica, ambas elevadas. A espaçonave demonstra ainda que Vênus tem um campo
magnético fraco (3.000 vezes mais fraco que o terrestre) e sem radiação. A uma altitude pouco
inferior a 52km, abre-se um paraquedas, guiando a Venera 4 para a primeira descida de uma nave
espacial em outro planeta, embora não haja transmissão de dados a partir da superfície (a sonda
provavelmente é destruída antes de chegar ao solo).
Com diâmetro de 12.103,6km, Vênus é o planeta do Sistema Solar de dimensões mais parecidas
com as da Terra. Ocupa um volume de 938 milhões de km3 (85,7% do terrestre), a área da
superfície é de 460 milhões de km2 (90,2% da área da Terra) e tem massa de 4,868 sextilhões de
toneladas (81,5% da terrestre). A densidade venusiana é de 5,204g/cm3, a gravidade equivale a
90,4% da terrestre e a velocidade de escape é de 10,46km/s. O planeta situa-se à distância média do
Sol de 108.208.930km (varia entre 107.476.259 e 108.942.109km), e é o planeta com menor
excentricidade orbital (0,0068), isto é, aquele cuja órbita menos se desvia da distância solar média
(a excentricidade da Terra é de 0,0167). Vênus tem a velocidade de rotação mais baixa do Sistema
Solar (6,52km/h) e leva mais tempo para girar em torno de si mesmo (243d0h27min) do que para
completar, à velocidade média de 126.000km/h, uma órbita em torno do Sol (224,701 dias
terrestres - 0,615 ano) ou 0,92 dia venusiano. Vênus é o objeto mais brilhante do céu noturno
depois da Lua, podendo atingir a magnitude aparente -4,6. Apesar de ser o segundo em distância do
Sol, é o mais quente dos planetas (temperaturas superficiais superiores a 460°C), em razão de
possuir a atmosfera mais densa do Sistema Solar (a massa total é de 480 quatrilhões de toneladas, e
a pressão, 93 vezes superior à da terrestre), composta sobretudo de dióxido de carbono (96,5%),
seguindo-se nitrogênio (3%) e dióxido de enxofre (0,015%). O planeta não tem satélites.
Vênus é o nome latino de Afrodite, deusa grega do amor e da beleza.

1967 (19 de outubro) – A Mariner 5 (244,9kg), lançada em 14 de junho, sobrevoa Vênus a uma
altitude de 3.990km. Obtém dados por rádio-ocultação que ajudam a compreender as medidas de
temperatura e pressão feitas no dia anterior pela Venera 4. A partir deste momento, não há mais
dúvidas de que Vênus é extremamente quente e tem uma atmosfera mais densa do que se esperava.
A missão da Mariner 5 termina em novembro.

1967 (30 de outubro) – As sondas soviéticas Kosmos 186 e Kosmos 188 (cada uma pesando
6.530kg) realizam o primeiro acoplamento completamente automatizado da história da exploração
espacial. Após voarem acopladas durante 3h30min, são separadas por controle remoto e pousam
suavemente em pontos diferentes da URSS.

1967 (9 de novembro) – Missão da Apollo 4, a primeira impulsionada por um Saturno V, o maior


foguete já construído, com altura de 110,6m, diâmetro de 10,1m, massa de 3.039t, três estágios e
onze motores. Em 8h36min, a Apollo 4 completa três órbitas, com perigeu de 183km e apogeu de
188km.

1967 (10 de novembro) – A Surveyor 6, lançada no dia 7, pousa no Sinus Medii. São transmitidas à
Terra 30.027 imagens da Lua.
Massa: 299,6kg; duração da missão: 17 dias (até 24 de novembro).

1967 (28 de novembro) – A estudante britânica Jocelyn Bell descobre CP 1919 (posteriormente
PSR B1919+21), o primeiro pulsar. Esta fonte extraterrestre de rádio pulsante, localizada na
constelação da Raposa, é observada no Mullard Radio Astronomy Observatory, Cambridge
University, Inglaterra, com o auxílio de um telescópio de rádio especial, large array, de 2.048
antenas que cobrem uma área de 4,4 acres. A descoberta destes objetos fascinantes abre novos
horizontes a estudos tão diversos como o quantum, fluidos degenerados, gravidade relativística e
campos magnéticos interestelares.

1967 (24 de dezembro) – A Luna 13, lançada em 21 de dezembro, pousa no Oceanus Procellarum.
Com massa total de 1.620kg e módulo de descida de 113kg, a sonda carrega instrumentos para
medir a força necessária para penetrar o solo lunar e a densidade do regolito (poeira) superficial. A
temperatura no local do pouso é de 117°C, e os níveis de radiação estão dentro dos limites
suportados por seres humanos. A Luna 13 envia cinco panoramas lunares, mostrando terrenos mais
lisos do que aqueles registrados pela Luna 9.
A missão termina em 28 de dezembro.

1968 – O astrofísico austríaco Thomas Gold (1920-2004) propõe que os pulsares são estrelas de
nêutrons.

1968 - Paul M. Muller e William L. Sjogren descobrem na Lua concentrações de massa (mascons),
ou seja, regiões da crosta de um planeta ou satélite com anomalias gravitacionais fortemente
positivas. As concentrações de massa lunares são intensas o suficiente para alterar
gravitacionalmente a trajetória de sondas espaciais que orbitam o satélite.
1968 (10 de janeiro) – a sonda Surveyor 7, lançada em 7 de janeiro, faz uma alunissagem suave
próximo à cratera Tycho e marca o fim da série estadunidense de explorações não tripuladas na
superfície lunar. São transmitidas 21.091 imagens da Lua para a Terra.
Massa: 305,7kg; duração da missão: 44 dias (até 20 de fevereiro).

1968 (9 de fevereiro) – O radioastrônomo estadunidense Antony Hewish publica a notícia da


descoberta de um novo tipo de objeto estelar – o “pulsar” (da expressão inglesa “pulsating radio
source”, fonte de rádio pulsante). Em junho de 1967, Jocelyn S. Bell, uma astrônoma de sua equipe,
começa a observar sinais peculiares nos traços obtidos com o radiotelescópio do Observatório de
Mullard, em Cambridge (Grã-Bretanha) – certos impulsos que se repetiam, a curtos intervalos, com
surpreendente regularidade. Em novembro, esses sinais são reconhecidos como provenientes de
uma nova classe de corpos celestes. O primeiro pulsar é identificado pela sigla CP 1919, substituída
posteriormente pela denominação definitiva PSR 1919-21 (os números indicam as coordenadas
equatoriais do objeto). Encontra-se na constelação da Raposa, em plena Via Láctea. Seu período –
ou seja, o intervalo entre dois impulsos – é de apenas 1,33730115 segundo, mantendo-se constante
com extraordinária precisão.

1968 (2 de março) – É lançada a sonda soviética Zond 4, programada para estudar as condições de
voo no entorno da Terra e, depois, sobrevoar a Lua. Contudo, uma reentrada na atmosfera
(provavelmente não intencional) provoca a destruição da nave.

1968 (10 de abril) – A Luna 14, lançada em 7 de abril, é inserida na órbita lunar. O principal
objetivo da missão é estudar a estabilidade dos sistemas de radiocomunicação em diferentes
posições orbitais. Os instrumentos a bordo também obtêm dados acerca da interação entre as
massas lunar e terrestre, do campo gravitacional e do movimento da lua.
Massa: 1.700kg; duração da missão: 8 dias.

1968 (15 de setembro) – É lançada a sonda soviética Zond 5, a primeira a dar uma volta ao redor da
Lua (18 de setembro) e depois retornar à Terra (21 de setembro), amerissando no Oceano Índico.
Durante a órbita lunar, a menor distância atingida é de 1.950km. São tiradas várias fotografias de
boa qualidade da Terra, à distância de 90.000km. A bordo viajam duas tartarugas terrestres,
moscas, vermes, plantas, sementes e bactérias. Todas essas criaturas são resgatadas com vida,
provando que é possível para os seres vivos ir até as imediações lunares e voltar sãos e salvos.
O sucesso da Zond 5 marca um avanço importante da URSS na corrida espacial.

1968 (11 de outubro) – É lançada a Apollo 7, primeira nave tripulada do projeto Apollo. Os três
astronautas escalados são Walter M. Schirra, Jr. (1923-2007) – comandante –, Donn F. Eisele
(1930-1987) e Walter Cunningham. Com este voo, Walter Schirra torna-se o único astronauta da
história a participar de voos dos Projetos Mercury, Gemini e Apollo. A missão consiste em diversas
atividades em órbita da Terra para testar o Módulo de Comando e Serviço. O retorno ocorre em 22
de outubro.
Massa: 16.519kg; órbitas terrestres: 163; duração da missão: 10d20h09min.

1968 (26 a 30 de outubro) – Missão da Soyuz 3, tripulada por Georgy Beregovoy


(1921-1995). O objetivo principal, a acoplagem com a não tripulada Soyuz 2 (missão de 25 a 28 de
outubro), não é alcançado (duas tentativas fracassam). Beregovoy passa dois dias fazendo
observações topográficas e meteorológicas. O interior da nave Soyuz é mostrado pela televisão
russa.
Massa: 6.575kg; órbitas: 81; perigeu: 183km; apogeu: 205km; duração da missão: 3d22h50min45s.
1968 (14 de novembro) – A Zond 6, lançada em 10 de novembro, sobrevoa a lua à distância de
2.420km. Fotografias de ambos os lados do satélite são obtidas, mas são quase todas perdidas, pois
um defeito do paraquedas (abre cedo demais) no momento da reentrada faz com que a nave se
espatife no solo soviético.

1968 (7 de dezembro) – É lançado o satélite estadunidense OAO-2, que transporta onze telescópios
para observações em ultravioleta. Realiza diversas descobertas, entre as quais a de que os cometas
estão rodeados por halos de hidrogênio com centenas de milhares de km de extensão e a de que o
brilho das estrelas novas frequentemente aumenta no ultravioleta à medida que diminui na luz
visível.
As missões OAO comprovam o papel fundamental que as observações baseadas no espaço podem
desempenhar na astronomia. Esta missão termina em janeiro de 1973.

1968 (21 de dezembro) – É lançada a Apollo 8, primeira missão do projeto a levar homens à Lua.
Os astronautas Frank Borman – comandante -, James A. Lovell, Jr. e William A. Anders não
pousam no solo lunar mas, na noite de 24 de dezembro, eles se tornam os primeiros homens a
circum-navegar a Lua (e a ver a face oculta do satélite), enviando fotos inéditas do solo lunar. Além
disso, eles são os primeiros astronautas a abandonar a órbita da Terra e estar sob a influência
gravitacional de outro corpo celeste. Durante a nona órbita em torno da Lua, os astronautas fazem
uma transmissão de TV natalina em que lêem os dez primeiros versículos do Gênesis. Este
programa bate recordes de audiência para a época, tendo sido visto (ao vivo ou em retransmissões
posteriores) por um quarto da população mundial. Os astronautas registram o “nascer da Terra” a
partir da Lua, e esta imagem é escolhida pela revista Life como uma das cem fotografias que
mudaram o mundo. Ao todo, são tiradas 700 fotografias da Lua e 150 da Terra.
O retorno se dá em 27 de dezembro.
Massa total: 28.870kg; massa do módulo lunar: 9.000kg; órbitas lunares: 10; tempo em órbita
lunar: 20h10min; duração da missão: 6d3h0min.

1969 – É fundado o Observatório de Las Campanas, localizado no Chile e operado pela Instituição
Carnegie, de Washington.

1969 – David Staelin, E. C. Reifenstein, William Cocke, Mike Disney e Donald Taylor descobrem
o pulsar da nebulosa do Caranguejo, conectando, deste modo, supernovas, estrelas de nêutrons e
pulsares.

1969 – Observações telescópicas de Júpiter feitas a partir de um jato da Nasa mostram que o
planeta irradia uma quantidade de calor maior do que a recebida do Sol, pressupondo a existência
de uma fonte interna de energia e reforçando os argumentos daqueles que afirmam ser Júpiter uma
“estrela que não deu certo”.

1969 – É descoberto o anel D de Saturno, ainda mais interno e transparente que os três até então
conhecidos.

1969 – O biólogo britânico James Lovelock apresenta a "hipótese de Gaia" (nome da deusa grega
que representa a Terra), a qual sustenta que o nosso planeta, em sua totalidade, deve ser
considerado como um organismo vivo e que os processos biológicos estabilizam o meio ambiente.

1969 – É encontrado, na Lua, o “Bench Crater”, primeiro meteorito descoberto num corpo celeste
que não seja a Terra.
1969 – A NASA estabelece o Programa Internacional de Patrulha Planetária (International
Planetary Patrol Program), que consiste numa rede de seis observatórios astronômicos que se
propõem coletar imagens ininterruptas de características atmosféricas em larga escala e das
superfícies dos planetas. As atividades são coordenadas por William A. Baum, do Observatório
Lowell. Em Marte, o programa monitora nuvens e tempestades de poeira, bem como flutuações
sazonais do clima; em Júpiter, mudanças na atmosfera, incluindo a Grande Mancha Vermelha; em
Vênus, os movimentos da cobertura de nuvens.

1969 (16 de janeiro) – Ocorre a primeira acoplagem (“docking”) de duas astronaves tripuladas,
entre as naves soviéticas Soyuz 4 e Soyuz 5. As astronaves formam a primeira “plataforma
espacial” do mundo com uma tripulação de quatro cosmonautas. Elas permanecem ligadas por
4h35min – três órbitas da Terra. Os engenheiros de voo Yevgeny Khrunov (1933-2000) e Aleksei
Yeliseyev, lançados ao espaço a bordo da Soyuz 5 (missão de 15 a 18 de janeiro), voltam para a
Terra na Soyuz 4 (14 a 17 de janeiro), protagonizando a primeira transferência de tripulantes entre
duas astronaves. Os comandantes de cada missão permanecem nas respectivas naves: Vladimir
Shatalov, Soyuz 4, e Boris Volynov, Soyuz 5. As manobras de acoplagem haviam sido antes
treinadas por duas vezes – em 1967 e 1968 – entre naves Soyuz sob controle completamente
automático.
Soyuz 4 - Massa: 6.625kg; duração da missão: 2d23h20min47s (14 a 17 de janeiro); órbitas: 48;
perigeu: 213km; apogeu: 224km.
Soyuz 5 - Massa: 6.585kg; duração da missão: 3d00h54min15s (15 a 18 de janeiro); órbitas: 49;
perigeu: 196km; apogeu: 212km.

1969 (20 de janeiro) – Astrônomos da Universidade do Arizona estabelecem a primeira


identificação óptica de um pulsar.

1969 (fevereiro) – A Nasa lança um programa de exploração voltado para os planetas gigantes do
Sistema Solar, cujo projeto mínimo contempla os seguintes objetivos: exploração do meio
interplanetário além da órbita de Marte; estudo da região da faixa dos asteroides, com a finalidade
de estabelecer os possíveis riscos de uma missão para os planetas exteriores a ela; exploração do
ambiente jupiteriano, incluindo a região mais interna da magnetosfera do planeta. Desse programa
resultam as missões Pioneer 10, Pioneer 11, Voyager 1 e Voyager 2.

1969 (8 de fevereiro) – Um meteorito pesando mais de uma tonelada é recuperado em Chihuahua,


México.

1969 (21 de fevereiro) – Falha a primeira tentativa de lançamento do foguete soviético N-1, o
maior alguma vez construído pela URSS: cinco estágios, diâmetro de 17m, altura de 105m, massa
de 2.735t. Devido à ruptura de uma tubulação de gás, o foguete pega fogo e explode a 12,2km de
altitude, 69 segundos após o lançamento.
Desenhado para ser um concorrente do foguete estadunidense Saturno V, o N-1 deveria ser capaz
de colocar cargas pesadas em órbita terrestre.
As três tentativas de lançamento seguintes também falham.

1969 (3 de março) – É lançada a Apollo 9, que tem como principal objetivo testar o sistema de
navegação e, principalmente, o Módulo Lunar Spider (Aranha), em órbita da Terra. São feitas
várias manobras de separação e acoplamento com os módulos lunar e de comando, tarefa essencial
numa futura missão à Lua. A tripulação é formada pelos astronautas James McDivitt – comandante
-, David Scott - piloto do módulo de comando - e Russell Schweickart - piloto do módulo lunar.
Esta é a primeira missão do projeto que decola completa, com suas três partes: Módulo de
Comando, Módulo de Serviço (cujo conjunto é chamado de Módulo de Comando e Serviço Apollo)
e Módulo Lunar. Nesta missão, o módulo de comando se chama Gumdrop (bala de goma).
O retorno se dá no dia 13 de março.
Massa total: 41.376kg; massa do módulo lunar: 14.575kg; órbitas terrestres: 151; duração da
missão: 10d1h0min.

1969 (25 de março) – É inaugurado o Observatório La Silla, situado na montanha de mesmo nome,
a 2400m de altitude, na extremidade sul do deserto de Atacama, no Chile.

1969 (16 e 17 de maio) – As sondas soviéticas Venera 5 e Venera 6, lançadas, respectivamente, em


5 e 10 de janeiro, penetram na atmosfera do hemisfério escuro de Vênus. Ambas liberam uma
cápsula de 405kg (a massa total de cada sonda é de 1.130kg) com instrumentos científicos, que
coletam dados durante 53min (Venera 5) e 51min (Venera 6). são feitas medições até a altitude de
17km.

1969 (18 de maio) – É lançada a Apollo 10, planejada para testar o módulo lunar (Snoopy), que
pela primeira vez é completamente funcional, em órbita ao redor da Lua. Chega a uma distância de
14,4km do satélite (23 de maio), sem, entretanto, pousar. São testados todos os procedimentos e
componentes de um pouso na Lua. O módulo de comando chama-se Charlie Brown. A Apollo 10
faz a primeira transmissão em cores ao vivo do espaço. A tripulação é composta por Thomas P.
Stafford – comandante -, John W. Young – piloto do módulo de comando - e Eugene A. Cernan –
piloto do módulo lunar. Estes são os astronautas que, em toda a história das viagens espaciais, mais
se distanciaram de casa: 408.950km do centro de controle em Houston, Texas.
Durante o retorno, que ocorre em 26 de maio, a Apollo 10 atinge o recorde de velocidade de uma
missão tripulada: 39.897km/h. A amerissagem ocorre no Pacífico norte.
Massa total: 42.771kg; massa do módulo lunar: 13.941kg; tempo em órbita lunar: 2d13h37min23s;
duração da missão: 8d0h3min23s.

1969 (3 de julho) – Na segunda tentativa de lançamento de um foguete soviético N-1, uma falha
numa bomba de combustível faz com que sejam automaticamente desligados 29 dos 30 motores. O
foguete cai e explode 23 segundos após o desligamento dos motores, causando também a
destruição da torre de lançamento.
O complexo de lançamentos destruído é fotografado por satélites estadunidenses, o que causa a
divulgação da notícia de que a URSS está construindo um foguete lunar.
A reconstrução do complexo leva dezoito meses, adiando a tentativa de lançamento seguinte.
Mais duas tentativas de lançar um foguete N-1 fracassam (26 de junho de 1971 e 23 de novembro
de 1972), levando ao cancelamento do projeto (maio de 1974).
O governo soviético mantém secreto o programa dos foguetes N-1 até 1989, quando as primeiras
informações são publicadas.

1969 (16 de julho) – É lançada (10h32min de Brasília), a partir do Cabo Canaveral, a Apollo 11,
primeira missão tripulada a pousar na Lua. Compõem a tripulação os astronautas Neil Armstrong
(1930-2012) – comandante –, Edwin Aldrin – piloto do módulo lunar – e Michael Collins – piloto
do módulo de comando. O Módulo de Comando recebe o nome de Columbia, e o Módulo Lunar,
de Eagle (Águia). Aproximadamente 850 jornalistas, de 55 países e falando 33 línguas, registram o
evento.

1969 (20 de julho) (domingo) – A Apollo 11 pousa na Lua (17h17min40s de Brasília), num local
denominado Mar da Tranquilidade, uma grande área plana, formada de lava basáltica solidificada,
na linha equatorial da face brilhante do satélite. Nos últimos 150m, Armstrong assume o controle
manual da descida, pousando quando restam 25 segundos de combustível. Às 23h56min15s (hora
de Brasília), Neil Armstrong, de 38 anos, torna-se o primeiro ser humano a pisar na superfície da
Lua e pronuncia a frase mais épica da Era Espacial: “Este é um pequeno passo para o Homem...
mas um grande salto para a Humanidade”. Pelo menos 600 milhões de pessoas do mundo inteiro
assistem a este evento, transmitido ao vivo pela televisão. Edwin Aldrin junta-se a Armstrong na
superfície 15min depois e, durante as 2h37min seguintes, os astronautas examinam o Módulo
Lunar, montam e colocam para funcionar a câmera de TV, hasteiam a bandeira estadunidense e
batem continência, instalam instrumentos científicos (entre eles um sismógrafo e um retrorrefletor
para experimentos de radar), dão pulos como cangurus, experimentando a baixa gravidade lunar,
tiram cerca de 100 fotografias, coletam amostras do solo e falam ao vivo com o Presidente dos
EUA, Richard Nixon (1913-1994). Além disso, os astronautas deixam na Lua uma placa, assinada
por eles e pelo presidente Nixon, onde se lê: Here Men From Planet Earth First Set Foot Upon The
Moon. July 1969 A.D. We Came In Peace For All Mankind. (“Aqui os homens do planeta Terra
pisaram pela primeira vez na Lua. Julho de 1969. Viemos em paz, em nome de toda a
humanidade.”)
Com diâmetro de 3.476,28 x 3.471,94km, área superficial de 37,93 milhões de km2 (7,4% da
terrestre) e localizada à distância média de 384.403km (varia entre 363.104 e 405.696km) da Terra,
que orbita à velocidade média de 3.680km/h, a Lua é o quinto satélite do Sistema Solar em ordem
de tamanho. Como acontece com boa parte dos satélites do nosso sistema planetário, a Lua tem
rotação síncrona, isto é, leva exatamente o mesmo tempo para completar uma órbita em torno da
Terra e girar ao redor de si mesma: 27d7h43min. Ocupa um volume de 21,95 bilhões de km3 (2%
do terrestre) e tem massa de 73,47 quintilhões de toneladas (1,2% da massa da Terra), o que resulta
numa densidade de 3,346g/cm3. A gravidade superficial equivale a 16,54% da terrestre (uma
pessoa pesando 70kg na Terra pesaria, na Lua, 11,58kg), e a velocidade de escape é de 2,38km/s. A
temperatura varia entre -200°C e +120°C. A Lua é o objeto mais brilhante do céu noturno: a
magnitude aparente varia entre -12,9 e -2,5.
Lua é o nome latino de Selene, deusa lunar grega, irmã de Hélio, o Sol. De Selene derivam termos
como “selenologia (estudo da Lua), “selenografia” (descrição topográfica da Lua”, etc.

1969 (21 de julho) – Enquanto os astronautas da Apollo 11 ainda estão na Lua, a sonda soviética
Luna 15 (5.600kg), lançada no dia 13, depois de ter completado 52 órbitas lunares, choca-se contra
a superfície do satélite, no Mar das Crises (Mare Crisium).
É um dos primeiros momentos de cooperação no espaço, uma vez que os russos divulgam o plano
de voo da Luna 15, para afastar qualquer possibilidade de colisão com a Apollo 11.

1969 (21 de julho) - Depois do reacoplamento com o módulo de comando e o retorno dos
astronautas à Apollo para a viagem de volta, o módulo lunar Eagle (15.095kg) é deixado para trás,
em órbita em torno da Lua. Conforme previsões da Nasa, ele deve ter caído na superfície alguns
meses depois. Os módulos seguintes também serão deixados em órbita lunar.

1969 (24 de julho) – A Apollo 11 retorna à Terra. A amerissagem se dá no Pacífico norte, a 24km
do navio de resgate USS Hornet. No dia 23, a tripulação da Apollo havia feito uma transmissão
para a televisão a partir do espaço. Por serem desconhecidos os efeitos de uma viagem à Lua, os
astronautas passam 21 dias em quarentena.
Massa total: 43.895kg; massa do módulo lunar: 15.095kg; tempo de atividade extraveicular na
superfície da Lua: 2h36min40s; tempo total de permanência na superfície lunar: 21h31min20s;
massa trazida da Lua: 21,55kg; órbitas lunares: 30; tempo em órbita lunar: 2d11h30min25,77s;
duração da missão: 8d3h18min35s.
Na edição de outubro de 1970 da revista Guideposts , Aldrin (membro da Igreja Presbiteriana)
declara que, antes de sair do módulo lunar, comungou a partir de um “kit” preparado pelo pastor da
sua igreja, reverendo Dean Woodruff. A celebração eucarística é privada porque, naquele
momento, a NASA estava respondendo a uma ação judicial impetrada por Madalyn Murray
O’Hair (1919-1995), fundadora e presidente do grupo American Atheists (Americanos Ateus). O
processo, movido depois da leitura dos versículos iniciais do Gênesis pelos tripulantes da Apollo 8,
postula que os astronautas se abstenham de transmitir atividades religiosas enquanto estiverem no
espaço. O caso acaba sendo rejeitado pela Suprema Corte dos EUA.

1969 (31 de julho) – A Mariner 6, lançada em 24 de fevereiro, chega a Marte, com uma
aproximação máxima de 3431km. Envia imagens, num total de 75, principalmente da região
equatorial. Analisa a atmosfera, a superfície e envia fotos de Fobos.

1969 (final de julho) – Tem início o Lunar Laser Ranging Experiment, que consiste em medir a
distância Terra-Lua por meio de raios laser enviados ao satélite e devolvidos pelos retrorrefletores
deixados na superfície lunar por missões Apollo (11, 14 e 15). Os veículos lunares soviéticos
Lunokhod 1 e Lunokhod 2 também estão dotados de retrorrefletores. As medições continuam ao
longo das décadas seguintes, e constata-se que a Lua se afasta da Terra 3,8cm por ano.

1969 (5 de agosto) – A Mariner 7, lançada em 27 de março, chega a Marte, com uma aproximação
máxima de 3430km. Envia 123 fotos e faz estudos semelhantes aos da Mariner 6. Perde
temporariamente contato com a Terra poucos dias antes da chegada a Marte, provavelmente devido
à fuga de gás de uma das baterias (que depois falha em definitivo).
As sondas Mariner 6 e Mariner 7 são idênticas, pesando cada uma 411,8kg.

1969 (7 a 14 de agosto) – Missão da Zond 7, que tira fotografias da Terra (9 de agosto), sobrevoa a
Lua (11 de agosto) à distância de 1984,6km e faz um pouso suave ao sul de Kustanai, no
Casaquistão.

1969 (15 de agosto)- É criada a Indian Space Research Organisation (ISRO), a agência espacial da
Índia, com sede em Bangalore.

1969 (14 e 15 de outubro) – Três espaçonaves e sete cosmonautas realizam uma missão conjunta no
espaço. As tentativas de acoplagem e transferência de tripulantes falham, mas diversos
experimentos são realizados
Soyuz 6 (missão de 11 a 16 de outubro): tripulada por Georgi Shonin (1935-1997) – comandante –
e Valeri Kubasov (1935-2014) – engenheiro de voo.
Soyuz 7 (12 a 17 de outubro): Anatoly Filipchenko – comandante -, Vladislav Volkov (1935-1971)
– engenheiro de voo – e Viktor Gorbatko – engenheiro de pesquisa.
Soyuz 8 (13 a 18 de outubro): Vladimir Shatalov – comandante – e Aleksei Yeliseyev – engenheiro
de voo.

1969 (14 de novembro) – É lançada a Apollo 12, segunda missão tripulada a descer na Lua e a
primeira a fazer um pouso num ponto pré-determinado da superfície, a fim de resgatar partes de
uma sonda não tripulada enviada dois anos antes, a Surveyor III, e trazê-las de volta à Terra, para
estudos do efeito da permanência em ambiente lunar sobre o material empregado no artefato. O
Módulo de comando chama-se Yankee Clipper e o Módulo lunar, Intrepid. A tripulação é formada
por Charles Conrad (1930-1999) – comandante –, Alan Bean – piloto do módulo lunar – e Richard
Gordon – piloto do módulo de comando.
O lançamento ocorre em meio a uma tempestade, e dois raios atingem o foguete Saturno V, que
transporta a sonda, 36,5 e 52 segundos após a decolagem. Verifica-se uma pane temporária em
grande parte da instrumentação, mas a missão prossegue normalmente.
1969 (19 de novembro) – A Apollo 12 pousa no Oceano das Tormentas, cerca de 1.500km a oeste
do Mar da Tranquilidade, local da alunissagem anterior. O pouso ocorre a 185m do local onde está
a Surveyor 3. Os astronautas coletam rochas e instalam instrumentos para a observação, a longo
prazo, de atividades sísmicas, vento solar e campo magnético.
Quando os astronautas deixam a Lua, o sismógrafo recentemente instalado capta a vibração da
decolagem por mais de uma hora.

1969 (24 de novembro) – A Apollo 12 retorna à Terra. A amerissagem ocorre no Oceano Pacífico,
800km a leste de Samoa. No momento do impacto com a água, uma câmera de 16cm sai do local
onde é armazenada e atinge Alan Bean na testa, deixando-o inconsciente por alguns instantes.
Massa total: 44.073kg; massa do módulo lunar: 15.235kg; tempo total das duas atividades
extraveiculares na superfície da Lua: 7h45min18s; tempo de permanência na superfície lunar:
31h31min11,6s; massa trazida da Lua: 34,35kg; órbitas lunares: 45; tempo em órbita lunar:
3d16h58min11,52s; duração da missão: 10d4h36min24s.
O fracasso dos foguetes N-1 e o sucesso de mais esta missão Apollo fazem com que os soviéticos
desistam de tentar enviar naves tripuladas à Lua.

1970 – Arno Penzias e Robert Wilson encontram monóxido de carbono interestelar.

1970 – George Carruthers observa hidrogênio molecular no espaço.

1970 – Roger Ulrich, John Leibacher e Robert Stein deduzem, a partir de modelos solares teóricos,
que o interior do Sol pode agir como uma cavidade acústica ressonante.

1970 (11 de fevereiro) – É lançado o Osumi (24kg), o primeiro satélite artificial japonês.
A reentrada na atmosfera ocorre em 2 de agosto de 2003.

1970 (11 de abril) – É lançada a Apollo 13, terceira missão tripulada do projeto, que não consegue
pousar na Lua devido a um acidente durante a viagem de ida. A tripulação é composta por James
Lowell – comandante –, Fred Haise – piloto do módulo lunar – e John Swigert (1931-1982) – piloto
do módulo de comando. O módulo lunar chama-se Aquarius, e o módulo de comando, Odissey. Na
noite de 13 de abril, quando a espaçonave está a 321.860km da Terra, ocorre a explosão de um
tanque de oxigênio do módulo de serviço, causada, segundo os resultados de investigações
posteriores da Nasa, por uma mudança de voltagem dos suprimentos de energia da Apollo, feita
pelos projetistas do tanque da nave, sem o respectivo reforço da ventoinha de resfriamento do
motor. Com o módulo de serviço e também o módulo de comando inutilizados, os astronautas são
obrigados a se transferir para o módulo lunar, no qual iniciam o retorno à Terra e onde são
submetidos a um rigoroso racionamento de eletricidade, de alimentos e de água. Contudo, a viagem
de volta é bem-sucedida e, no dia 17 de abril, cansados, molhados, famintos, desidratados e com
frio, eles conseguem amerissar em segurança no Pacífico sul, a sudeste de Samoa.
Massa total: 43.982kg; massa do módulo lunar: 15.192kg; aproximação máxima da Lua: 254,3km
(14 de abril); duração da missão: 5d22h54min41s.

1970 (24 de abril) – A China se torna o quinto país do mundo a lançar um satélite em órbita, o
DFH-1, impulsionado por um foguete "Longa Marcha" e destinado à experimentação científica.

1970 (1º a 19 de junho) – Missão da Soyuz 9, tripulada por Andrian Nikolayev (1929-2004) –
comandante – e Vitaly Sevastyanov (1935-2010) – engenheiro de voo, que quebra o recorde de
permanência no espaço (17d16h58min55s), então pertencente à Gemini 7. A missão (288 órbitas
completadas) abre caminho para tripulações residentes nas estações Salyut, investigando os efeitos
nos tripulantes da ausência de gravidade por períodos mais prolongados e avaliando o trabalho que
os cosmonautas são capazes de realizar no espaço, quer individualmente quer em equipe. Eles
conduzem vários experimentos fisiológicos e biomédicos neles mesmos e testam as implicações
sociais de uma convivência prolongada num espaço reduzido. Os cosmonautas mantêm contato
audiovisual com familiares, assistem a jogos da Copa do mundo de futebol, jogam xadrez com
controladores da missão em solo (é a primeira vez que uma partida de xadrez acontece entre um
jogador no espaço e outro em terra) e votam numas eleições minoritárias soviéticas.
Quando retornam à terra, os cosmonautas estão consideravelmente enfraquecidos, sendo precisos
cerca de dez dias para que eles se recuperem totalmente. A reação do corpo humano à prolongada
falta de gravidade demonstra que é estritamente necessário fazer exercícios físicos em órbita, o que
os tripulantes da soyuz não haviam feito adequadamente.

1970 (24 de setembro) – A sonda soviética Luna 16, lançada em 12 de setembro (inserção orbital
em 17 de setembro, 36 órbitas completadas e alunissagem em 20 de setembro), retorna à Terra
trazendo 101g de basalto lunar, primeira amostra do solo da Lua trazida de volta à Terra por uma
espaçonave de forma totalmente automatizada.
Massa: 5.600kg.

1970 (20 a 27 de outubro) – Missão da Zond 8, que sobrevoa a Lua (24 de outubro) e, ao reentrar
na atmosfera, cai no oceano Índico.

1970 (17 de novembro) – A sonda soviética Luna 17, lançada em 10 de novembro, pousa na Lua
transportando o Lunokhod 1, primeiro veículo lunar, com oito rodas e 756kg. Ao longo de 322 dias
(até 4 de outubro de 1971), o Lunokhod 1 percorre 10,54km, envia à Terra mais de 20.000 imagens
de TV e 206 panoramas em alta resolução, faz 25 análises do solo e perfura a superfície lunar em
quinhentos lugares.
A massa total da sonda é de 5.700kg.

1970 (12 de dezembro) – É lançado o Uhuru (ou Small Astronomy Satellite 1, SAS-1),
observatório espacial estadunidense, o primeiro projetado para fazer observações especificamente
em raios X. Realiza o primeiro levantamento compreensível de todo o céu nesse comprimento de
onda. Descobre diversas fontes extragalácticas de raios X e permite produzir um catálogo com 339
objetos.
Uhuru significa “liberdade” em suaíle, nome dado em homenagem ao Quênia, país de onde é
lançado.
A missão termina em março de 1973.

1970 (15 de dezembro) – A sonda soviética Venera 7, lançada em 17 de agosto, é a primeira a


enviar dados da superfície de outro planeta (Vênus) É ainda a primeira a medir diretamente a
temperatura na superfície daquele mundo (460°C) e também sua pressão atmosférica (equivalente a
mais de noventa vezes a terrestre). Sobrevive durante 35 minutos, sendo depois inutilizada pela
pressão e pelo calor venusianos. Os radares da Venera 7 registram ventos de mais de 100km/h.
Massa: 1.180kg.

1971 – O britânico Martin Rees propõe que algumas galáxias, como a Via Láctea, têm em seu
centro buracos negros supermassivos, ou seja, com massa da ordem de milhões de vezes superior à
solar.

1971 (31 de janeiro) – É lançada a Apollo 14, terceira missão da série a pousar na Lua, tendo a
delicada tarefa de recomeçar as viagens espaciais tripuladas após o acidente ocorrido com a Apollo
13. A tripulação é composta por Alan Shepard (1923-1998) – comandante –, Edgar Mitchell –
piloto do módulo lunar – e Stuart Roosa (1933-1994) – piloto do módulo de comando. O Módulo
de Comando chama-se Kitty Hawk e o Módulo Lunar, Antares.

1971 (5 de fevereiro) – A Apollo 14 pousa em Fra Mauro, uma região repleta de crateras e
ondulada, o que faz com que o Antares fique inclinado 8° durante sua estada na Lua. O principal
objetivo da missão (originalmente atribuída à Apollo 13) é chegar a pé à cratera Cone, localizada
numa região elevada em relação ao local do pouso, visando testar a capacidade de caminhar na
superfície lunar em regiões não planas. O objetivo não é plenamente alcançado: os astronautas
param pouco antes de atingir a borda da cratera. Nessa missão, Alan Shepard dá com sucesso
tacadas em duas bolas de golfe.
Os astronautas deixam na Lua um pacote contendo a Bíblia em microfilme e o primeiro versículo
do Gênesis em dezesseis línguas.
Roosa leva centenas de sementes de diversas espécies, as quais são plantadas depois do retorno e
dão origem às chamadas “árvores da Lua”.

1971 (9 de fevereiro) – A Apollo 14 retorna à Terra.


Massa total: 44.504kg; massa do módulo lunar: 15.264kg; tempo total das duas atividades
extraveiculares na superfície da Lua: 9h22min31s; tempo de permanência na superfície lunar:
1d9h30min29s; órbitas lunares: 34; massa trazida da Lua: 42,28kg; tempo em órbita lunar:
2d18h35min39s; duração da missão: 9d0h1min58s.

1971 (2 de abril) – É criado o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), cuja sede está
localizada em São José dos Campos, São Paulo. Os objetivos do INPE são promover e executar
estudos, pesquisas científicas, desenvolvimento tecnológico e capacitação de recursos humanos,
nos campos da Ciência Espacial e da Atmosfera, das Aplicações Espaciais, da Meteorologia e da
Engenharia e Tecnologia Espacial, bem como em domínios correlatos, conforme as políticas e
diretrizes definidas pelo Ministério da Ciência e Tecnologia. As atividades atualmente
desenvolvidas pelo INPE buscam demonstrar que a utilização da ciência e da tecnologia espacial
pode influir na qualidade de vida da população brasileira e no desenvolvimento do País.

1971 (19 de abril) – É lançada a Salyut 1, primeira estação orbital soviética e primeira estação
espacial construída pelo homem. É formada de três compartimentos pressurizados: o de
transferência, onde são acopladas as naves Soyuz, o principal, onde vive a tripulação, e outro
contendo os equipamentos de controle e comunicações, a fonte de energia, o sistema de suporte de
vida e outros equipamentos auxiliares. Há um quarto compartimento, despressurizado, com as
instalações do motor e equipamentos de controle associados. A Salyut tem baterias químicas,
suprimentos reservas de água e oxigênio e sistemas de regeneração. A energia é fornecida por dois
pares de painéis solares.
Em russo, Salyut significa “saudação”.

1971 (23 a 25 de abril) – Missão da Soyuz 10, a primeira a ser enviada a uma estação espacial. O
acoplamento com a Salyut 1 ocorre, mas não há condições seguras para os cosmonautas entrarem
na estação. A tripulação é formada por Vladimir Shatalov – comandante -, Aleksei Yeliseyev –
engenheiro de voo – e Nikolai Rukavishnikov
(1932-2002) – engenheiro de teste.

1971 (junho) – O observatório espacial Orion 1 (170kg e espelho primário de 28cm) é instalado na
Salyut 1, programado para fazer estudos espectroscópicos de estrelas em ultravioleta. O
cosmonauta Viktor Patsayev, que faz as observações, é o primeiro ser humano a operar um
telescópio a partir do espaço, fora da atmosfera terrestre.

1971 (30 de junho) – A despressurização da Soyuz 11 (lançada em 6 de junho) durante os


preparativos para o retorno à Terra mata os cosmonautas Georgy Dobrovolsky (n. 1928), Vladislav
Volkov (1935) e Viktor Patsayev (1933), que haviam cumprido uma missão de 23d18 h21 min43s
em órbita (e 22 dias de acoplamento à Salyut, de 7 a 29 de junho). Eles protagonizam a primeira
ocupação humana de uma estação orbital, a pioneira Salyut 1, e batem o recorde de permanência no
espaço para a época (383 órbitas completadas). Eles constituem a única tripulação da Salyut 1.
O pouso parece normal, mas, quando a equipe em terra abre a cápsula, encontra os três
cosmonautas mortos. Investigações posteriores concluem que a despressurização teve início a uma
altitude de 168km e foi fatal em segundos. A causa apontada é uma válvula de ventilação
localizada entre o módulo orbital e o módulo de descida.
Os cosmonautas são homenageados com um funeral de Estado e enterrados na Necrópole da
Muralha do Kremlin, na Praça Vermelha, em Moscou, próximo aos restos mortais de yuri Gagárin
(vítima de um acidente de avião em 27 de março de 1968). O astronauta estadunidense Tom
Stafford é uma das pessoas que carregam os caixões. O Presidente Nixon divulga uma nota oficial
de condolências.
Este acidente faz com que sejam adotadas diversas modificações nas naves Soyuz. A missão Soyuz
seguinte é lançada apenas 27 meses depois, em setembro de 1973.

1971 (26 de julho) – É lançada a Apollo 15, quarta missão da série a pousar na Lua e a primeira a
utilizar um veículo lunar (popularmente conhecido como “jipe lunar”). A tripulação é formada por
David Scott – comandante –, James Irwin (1930-1991) – piloto do módulo lunar – e Alfred Worden
– piloto do módulo de comando. O Módulo de Comando denomina-se Endeavour e o Módulo
Lunar, Falcon.

1971 (30 de julho) – A Apollo 15 pousa em Hadley Rille, uma área de grande interesse do ponto de
vista geológico, localizada na orla do Mare Imbrium (Oceano das Chuvas), num pequeno vale
rodeado por altas montanhas. O veículo lunar, de quatro rodas (todas com tração elétrica),
desmontável e pesando 209kg, dá aos astronautas considerável mobilidade, permitindo-lhes realizar
passeios de vários quilômetros. Veículos semelhantes serão utilizados nas duas missões Apollo
seguintes.
Durante a segunda atividade extraveicular, os astronautas coletam uma rocha que se torna famosa e
passa a ser conhecida como Genesis Rock. Análises subsequentes atribuem a ela a idade de 4,5
bilhões de anos, o que faz dela um componente da crosta primária da Lua.
Nesta missão também é coletado o Hadley Rille, pequeno meteorito com pouco mais de 1mm e
peso de 3mg.
No final da terceira atividade extraveicular, David Scott executa um experimento: para comprovar a
teoria da queda dos corpos, de Galileu Galilei, ele deixa cair simultaneamente um martelo e uma
pluma, constatando que, na ausência de ar, ambos chegam juntos ao solo.
Antes de deixar a Lua, quando os três astronautas estão em órbita lunar, um pequeno subsatélite é
liberado. O objetivo é fazer medições da gravidade, do campo magnético e do plasma existentes na
Lua e no entorno. As medições ocorrem até janeiro de 1973.
Um subsatélite semelhante será liberado pela Apollo 16.

1971 (7 de agosto) – A Apollo 15 volta à Terra. Durante o voo de retorno, Alfred Worden torna-se
o primeiro homem a executar uma atividade extravveicular no espaço profundo.
Massa total: 46.943kg; massa do módulo lunar: 16.600kg; tempo total das três atividades
extraveiculares na superfície da Lua: 18h34min46s; tempo de permanência na superfície lunar:
2d18h54min53s; massa trazida da Lua: 77kg; tempo em órbita lunar: 6d1h12min41s; órbitas
lunares: 74; duração da missão: 12d7h11min53s.
A publicidade negativa da missão fica por conta de 398 selos comemorativos que os astronautas
levam sem autorização, com a intenção de vender ao menos uma centena deles depois do retorno. A
divulgação do fato pela mídia provoca uma reação amplamente desfavorável por parte do público.

1971 (2 de setembro) –Lançamento da Luna 18 (5.750kg). No dia 7 de setembro, é inserida em


órbita lunar e, depois de 54 órbitas e 85 sessões de comunicação com o controle em Terra, dirigida
para pousar no satélite. O pouso ocorre em 11 de setembro, num terreno montanhoso perto do Mare
Fecunditatis (Mar da Fertilidade). O contato com a Terra é perdido imediatamente.

1971 (3 de outubro) – A Luna 19, lançada em 28 de setembro, é inserida na órbita da Lua. Estuda o
campo gravitacional do satélite e as concentrações de massas em determinados locais. Faz imagens
panorâmicas de regiões montanhosas compreendidas entre 30° e 60° de latitude sul e 20° e 80° de
longitude leste.
Massa: 5.700kg; duração da missão: 388 dias (até 20 de outubro de 1972); órbitas: 4.315.

1971 (11 de outubro) – A Salyut 1 faz uma reentrada controlada na atmosfera terrestre, caindo no
Oceano Pacífico.
Massa: 18.900kg; comprimento: 15,8m; diâmetro máximo: 4,15m; volume pressurizado: 90m3;
dias em órbita: 175; dias ocupada: 22; perigeu: 200km; apogeu: 220km; órbitas terrestres: 2.929;
distância percorrida: 118.602.524km.

1971 (14 de novembro) – A sonda estadunidense Mariner 9 (558,8kg), lançada em 30 de maio,


torna-se o primeiro engenho espacial a operar ao redor de outro planeta: Marte. Durante 349 dias
(até 27 de outubro de 1972), transmite 7.329 imagens de Marte, cobrindo a totalidade da superfície
e obtendo informações sobre o Planeta Vermelho que nenhuma outra sonda antes havia conseguido.
Revela grandes vulcões na superfície marciana (entre os quais o Monte Olimpo, que até 2011 é
considerado o maior de todo o Sistema Solar, com 21,9km de altura), bem como gigantescos
cânions (como o Valles Marineris, com 4.020km de comprimento, 200km de largura e regiões com
mais de 7km de profundidade) e indícios de que já houve água na superfície do planeta. A sonda
também obtém as primeiras imagens em close das duas pequenas luas de Marte, Fobos e Deimos.
Marte é, do ponto de vista climático, o planeta mais parecido com a Terra: tem um ciclo de estações
e um período de rotação (24h37min22,6846s)semelhantes aos terrestres, sendo o alvo mais
frequente de missões interplanetárias. A temperatura varia entre -170°C, nas regiões polares, e mais
de 20°C, no equador, durante o verão marciano. Com diâmetro de 6.792,4 x 6.752,4km, é o sétimo
planeta em tamanho e o quarto a partir do Sol, que orbita à distância média de 227.939.100km
(varia entre 206.669.000 e 249.209.300km), demorando 686,971 dias terrestres (1,88 ano), ou
668,599 dias marcianos, para completar uma órbita, à velocidade média de 86.675km/h. A área da
superfície é de 144.798.500km2 (28,4% da área da Terra), o volume é de 163,18 bilhões de km3
(15,1% do terrestre) e a massa é de 641,85 quintilhões de toneladas (10,7% da massa da Terra). A
densidade de Marte é de 3,934g/cm3, a gravidade equivale a 37,6% da terrestre e a velocidade de
escape é de 5,027km/s. A atmosfera marciana é tênue, sendo composta sobretudo por dióxido de
carbono (95,72%), nitrogênio (2,7%), argônio (1,6%) e oxigênio (0,2%). A magnitude aparente
varia entre -2,9 e +1,8. O planeta tem dois satélites.
Marte é o nome latino de Ares, deus grego da guerra e da agricultura. A cor avermelhada do planeta
talvez tenha sido a responsável pela sua associação à divindade guerreira (que lembra sangue).

1971 (27 de novembro) – A sonda soviética Marte 2, lançada em 19 de maio, é inserida na órbita
marciana. A nave é formada por um módulo de descida (358kg) e um módulo orbital (2.265kg). O
módulo de descida falha e choca-se contra Marte, sendo o primeiro objeto de fabricação humana a
atingir a superfície daquele planeta. O módulo orbital transmite (até 22 de agosto de 1972) dados
sobre atmosfera, superfície, magnetosfera, gravidade e temperatura. Fotografa montanhas e detecta
a presença de hidrogênio e oxigênio nas partes altas da atmosfera. Completa 362 órbitas até o fim
da missão.

1971 (2 de dezembro) – A sonda soviética Marte 3 (idêntica à Marte 2), lançada em 28 de maio,
realiza o primeiro pouso perfeito em Marte. O módulo de descida falha depois de transmitir dados
durante 14,5 segundos. O módulo orbital Faz medidas (até 22 de agosto de 1972) de temperatura da
superfície, da gravidade e da composição atmosférica. Completa apenas 20 órbitas: a trajetória
orbital da Marte 3 é bem mais elíptica (211.400 x 1.500km) do que a da Marte 2 (24.940 x
1.380km).
Juntas, as duas sondas fazem imagens de altas montanhas, detectam hidrogênio atômico e oxigênio
na alta atmosfera, temperaturas superficiais entre -110°C e +13°C, concentrações de vapor de água
5.000 vezes inferiores às da atmosfera terrestre e grãos de tempestades de areia a altitudes de até
7km.

1972 – o físico teórico israelense Jacob Bekenstein sugere que buracos negros têm entropia
proporcional à área de suas superfícies devido aos efeitos da perda de informação.
Entropia é uma grandeza termodinâmica relativa à desordem, que mede a parte da energia que não
pode ser transformada em trabalho.

1972 (5 de janeiro) – O Presidente Richard Nixon anuncia formalmente o programa dos ônibus
espaciais (Space Shuttle program) dos EUA. O objetivo declarado é “transformar a fronteira do
espaço [...] num território familiar, facilmente acessível ao esforço humano”. A ideia é realizar até
cinquenta lançamentos por ano, com a esperança de diminuir o custo por missão.
O número de lançamentos, porém, fica extremamente aquém do imaginado.

1972 (14 a 25 de fevereiro) – Missão da Luna 20. Após a inserção orbital (18 de fevereiro) e 36
órbitas completadas, pousa (21 de fevereiro) nas montanhas Apollonius, perto do Mar da
Fertilidade. No dia 22, uma cápsula contendo 55g de partículas rochosas lunares começa a viagem
de volta, pousando 40km ao norte de Dzhezkazgan, no Casaquistão. A cápsula é recuperada em 26
de fevereiro.

1972 (2 de março) – É lançada, com destino a Júpiter, a sonda estadunidense Pioneer 10, primeiro
artefato humano enviado às regiões exteriores do Sistema Solar. Em sua fase interplanetária (antes
e depois da passagem por Júpiter), os objetivos da missão são: Mapear o campo magnético do meio
interplanetário; Verificar as alterações do vento solar ao longo das diversas distâncias analisadas;
Medir os raios cósmicos originários do Sistema Solar e de fora dele; Estudar as interações entre o
campo magnético interplanetário, o vento solar e os raios cósmicos; Estudar a heliosfera (região
sob a influência do vento solar e do campo magnético do Sol); Medir as quantidades de hidrogênio
não ionizado no meio interplanetário; Medir as quantidades de partículas; Estudar o cinturão de
asteroides. A fase joviana da missão tem por objetivos: Mapear o campo magnético de Júpiter;
Mapear as energias dos prótons e dos elétrons ao longo da trajetória da sonda pelo sistema;
Verificar a existência de auroras; Obter informação sobre as causas para as ondas de rádio de
Júpiter; Mapear a interação entre o campo magnético joviano e o vento solar; Medir a temperatura
da atmosfera de Júpiter; Determinar a composição e a estrutura das altas camadas da atmosfera do
planeta; Medir a estrutura térmica daquele astro; Obter imagens do sistema; Sondar a atmosfera de
Júpiter com ondas de rádio na altura da ocultação e Realizar o mesmo em Io; Investigar as
características físicas e químicas dos satélites de Júpiter; Calcular com maior precisão as massas de
Júpiter e dos quatro maiores satélites; Fornecer informação mais precisa para o cálculo das
efemérides dos principais corpos do sistema. A Pioneer 10, assim como sua gêmea Pioneer 11, tem
massa de 258kg e está equipada com dois magnetômetros, um analisador de plasma, um detector de
radiação capturada, um radiômetro de infravermelhos, um sensor para a detecção de asteroides e
uma placa sensora de impactos de meteoritos, um telescópio de raios cósmicos e outros
instrumentos para captação de imagens.
Ambas as sondas carregam uma placa dourada (22,9 x 15,2cm) com as figuras de um homem e
uma mulher nus e uma série de símbolos que remetem à origem das naves, para o caso de algum
dia serem interceptadas por extraterrestres inteligentes.

1972 (16 de abril) – É lançada a Apollo 16, quinta missão tripulada do projeto a pousar na Lua. A
tripulação é formada por John Young – comandante –, Charles Duke Jr. – piloto do módulo lunar –
e Thomas Mattingly – piloto do módulo de comando. O Módulo de Comando chama-se Casper e o
Módulo Lunar, Orion.

1972 (20 de abril) – A Apollo 16 pousa na Lua, na região de Descartes, uma área puramente
montanhosa. Os astronautas percorrem 26,7km no veículo lunar incluído nesta missão.

1972 (27 de abril) – Retorno da Apollo 16 à Terra.


Massa total: 47.014kg; massa do módulo lunar: 16.660kg; tempo total das três atividades
extraveiculares na superfície da Lua: 20h14min14s; tempo de permanência na superfície lunar:
2d23h2min13s; massa trazida da Lua: 95,71kg; tempo em órbita lunar: 5d5h49min32s; órbitas
lunares: 64; duração da missão: 11d1h51min5s.

1972 (15 de julho) – A Pioneer 10 torna-se a primeira nave espacial a atingir o cinturão de
asteroides.

1972 (22 de julho) – A sonda soviética Venera 8, lançada em 27 de março, pousa suavemente no
hemisfério iluminado de Vênus, sobrevivendo por 50min11s. As medições fotométricas mostram
que a luminosidade na superfície é suficiente para fotografias, podendo ser comparada à de um dia
nublado na terra, com visibilidade de 1km. Outro aspecto a destacar é que as nuvens que cobrem o
planeta deixam de existir a uma altitude considerável, e a atmosfera é significativamente mais
límpida desde esses pontos até o solo.
Massa total: 1.180kg; massa do módulo de descida: 495kg.

1972 (21 de agosto) – É lançado o satélite estadunidense OAO-3, último e mais bem-sucedido da
série. Depois do lançamento, passa a se chamar Copérnico, para celebrar os quinhentos anos do
nascimento do cientista polonês (1473-1543). Obtém espectros em alta resolução de centenas de
estrelas e faz observações detalhadas em raios X. Descobre vários pulsares de longo período, com
tempos de rotação de vários minutos, em lugar dos tradicionais segundos (ou até menos de 1
segundo).
Permanece operacional até fevereiro de 1981.

1972 (15 de novembro) – É lançado o Small Astronomy Satellite 2, ou SAS 2 (EUA), que realiza o
primeiro estudo sistemático do céu em raios gama.
Dados são transmitidos à Terra até 8 de junho de 1973.

1972 (7 de dezembro) – É lançada a Apollo 17, sexta e última missão tripulada do projeto Apollo
para a Lua. A tripulação é formada por Eugene Cernan – comandante –, Harrison Schmitt – piloto
do módulo lunar – e Ronald Evans (1933-1990) – piloto do módulo de comando. O Módulo de
Comando chama-se America e O Módulo Lunar, Challenger.
É o primeiro lançamento noturno de uma nave tripulada estadunidense e o último lançamento de
um foguete Saturno V em missões com tripulantes.
Pouco mais de cinco horas após o lançamento, e a aproximadamente 45.000km do nosso planeta, é
tirada a famosa foto “A Bolinha Azul” (The Blue Marble), em que aparece o disco azulado da Terra
de forma nítida. Trata-se de uma das fotografias mais divulgadas de todos os tempos e tem um
impacto muito grande para o aparecimento de uma cultura ecológica nos anos seguintes.

1972 (11 de dezembro) – A Apollo 17 pousa na Lua, na região de Taurus-Littrow, um vale cercado
de montanhas no limite do Mar da Serenidade. Nessa missão, Schmitt e Cernan andam 35,9km com
o veículo lunar, batendo o recorde de distância percorrida por uma tripulação na superfície do
satélite terrestre durante o Projeto Apollo. Schmitt é o primeiro cientista (geólogo) a viajar para a
Lua para pesquisar seu solo. Uma das descobertas científicas da Apollo 17 é a existência de solo
cor de laranja na Lua. Os astronautas deixam na Lua uma placa que diz: Here Man completed his
first exploration of the Moon, December 1972 A.D. May the spirit of peace in which we came be
reflected in the lives of all mankind. (“Aqui homens completaram sua primeira exploração da Lua,
dezembro de 1972. Possa o espírito de paz no qual viemos refletir-se nas vidas de toda a
humanidade.”)

1972 (19 de dezembro) – A Apollo 17 retorna à Terra, encerrando o ciclo de missões tripuladas à
Lua deste projeto.
Massa total: 47.012kg; massa do módulo lunar: 16.658kg; tempo total das três atividades
extraveiculares na superfície da Lua: 22h3min57s; tempo de permanência na superfície lunar:
3d2h59min40s; massa trazida da Lua: 110,52kg; tempo em órbita lunar: 6d3h43min37s; órbitas
lunares: 75; duração da missão: 12d13h51min59s.
No total, as seis missões Apollo trazem da Lua 381,7kg de material: cerca de 2.000 pedras, cem
amostras de terreno, milhares de pedregulhos.
A fase seguinte do programa espacial estadunidense é a Skylab.

1973 – Jeremiah Ostriker e James Peebles descobrem que a quantidade de matéria visível nos
discos das galáxias espirais típicas não é suficiente para a gravitação Newtoniana impedir os discos
de se romperem violentamente ou mudarem drasticamente de forma.

1973 – Por meio de medições do campo magnético interplanetário durante três períodos de rotação
solar (cada um deles de 27 dias), descobre-se que ele pode orientar-se tanto na direção do Sol
quanto na trajetória oposta. Essa característica significa que no meio interplanetário se formam, no
curso de uma rotação solar, de dois a seis setores onde o campo magnético se mostra
alternadamente positivo (orientado para o exterior) e negativo (orientado para o Sol).

1973 - Elizabeth Chesley Baity utiliza, pela primeira vez, o termo arqueoastronomia, ramo do
conhecimento que estuda a maneira pela qual povos do passado entendiam os fenômenos celestes e
o papel desempenhado pelo estudo do céu nas diversas culturas populares antigas.

1973 (8 de janeiro) – É lançada a Luna 21. Após a inserção orbital (12 de janeiro) e 40 órbitas,
pousa (15 de janeiro) na cratera Le Monnier, entre o Mar da Serenidade e as montanhas Taurus. Os
objetivos principais são realizar imagens da superfície e testar os níveis de luminosidade, a fim de
determinar as condições de visibilidade para observações astronõmicas feitas a partir da Lua.
A Luna 21 carrega o veículo de exploração Lunokhod 2 (840kg), que, até 9 de maio, realiza 80.000
imagens de televisão, tira 86 fotos panorâmicas, faz centenas de análises químicas e mecânicas do
solo e viaja 39km pela superfície lunar.
Massa: 5.950kg; duração da missão: 146 dias (até 3 de junho de 1973).

1973 (fevereiro) – A União Astronômica Internacional realiza em Varsóvia, Polônia, uma


assembleia extraordinária para celebrar os quinhentos anos de nascimento de Nicolau Copérnico. O
evento é polêmico, já que pouco antes, nesse mesmo ano, havia ocorrido a assembleia ordinária da
UAI, realizada na Austrália.
Durante esse evento anterior, é criado o Working Group for Planetary System Nomenclature
(WGPSN), com o objetivo de padronizar a nomenclatura utilizada em todos os corpos celestes do
Sistema Solar.

1973 (15 de fevereiro) – A Pioneer 10 sai da faixa de asteroides sem ter sofrido qualquer dano,
comprovando assim a inexistência da temida concentração de poeira cósmica naquela região.

1973 (3 de abril) – É lançada a estação espacial Salyut 2. Embora oficialmente incluída entre as
missões civis Salyut, na verdade faz parte do Almaz (diamante, em russo), programa soviético que
envia estações espaciais de reconhecimento de natureza puramente militar. Treze dias após o
lançamento, a Salyut 2 começa a sofrer um processo de despressurização, e o controle de altitude
apresenta falhas.
A reentrada na atmosfera ocorre em 28 de maio, sem que tenha sido ocupada.
Massa: 18.900kg; comprimento: 14,55m; diâmetro máximo: 4,15m; volume pressurizado: 90m3;
dias em órbita: 54; órbitas terrestres: 866; distância percorrida: 35.163.530km.

1973 (5 de abril) – É lançada a sonda estadunidense Pioneer 11, com destino a Júpiter e Saturno.

1973 (11 de maio) – É lançada uma estação espacial soviética do Programa Salyut. Uma falha do
sistema de controle de voo faz com que todo o combustível seja queimado antes de a nave atingir a
órbita prevista, e ela queima ao reentrar na atmosfera, em 22 de maio.
Esta estação deveria se chamar Salyut 3, mas, devido à falha, e como já havia sido detectada por
radares ocidentais, recebe o nome de Kosmos 557.

1973 (14 de maio) – É lançada, pelos EUA, a Estação Espacial Skylab, composta de cinco partes:
um telescópio (ATM); um adaptador para acoplagem múltipla (MDA); um módulo selado (AM);
uma unidade de instrumentos (IU); e um espaço de trabalho orbital (OWS).

1973 (25 de maio a 22 de junho) – Missão da Skylab 2, que leva os primeiros tripulantes à estação
espacial Skylab, sendo eles Charles Conrad (1930-1999) - Comandante -, Paul Weitz - Piloto - e
Joseph Kerwin - Cientista. A principal tarefa dessa tripulação é reparar a Skylab: a proteção contra
meteoritos e raios solares e as placas de captação de energia solar haviam sido destruídas durante a
decolagem, e o painel solar principal estava travado. Os reparos (os primeiros numa estação em
órbita) são realizados com sucesso ao longo de três atividades extraveiculares (5h41min no total).
Os astronautas realizam experimentos médicos (392 horas de experimentos ao todo), além de
colher informações sobre o Sol (29.000 imagens) e a Terra. Eles dobram o recorde de permanência
de astronautas estadunidenses no espaço, até então pertencente aos tripulantes da Gemini 7. Esta é a
primeira tripulação de uma estação espacial a voltar com vida (os ocupantes da Salyut 1 haviam
morrido durante o regresso à Terra).
Massa: 19.979kg; duração da missão: 28d00h49min49s; órbitas terrestres: 404; apogeu: 438km;
perigeu: 428km; distância percorrida: 18.536.730,9km.

1973 (15 de junho) – O satélite estadunidense Explorer 49 (328kg), lançado em 10 de junho, entra
em órbita lunar. Durante dois anos (até junho de 1975), realiza medições radioastronômicas dos
planetas do Sistema Solar, do Sol e da Galáxia. O último contato com a terra ocorre em agosto de
1977.
A próxima missão lunar estadunidense será a Clementine (1994).

1973 (28 de julho a 25 de setembro) - Missão da Skylab 3, que leva à estação homônima a segunda
tripulação, composta por Alan Bean - Comandante -, Jack Lousma - Piloto - e Owen Garriott -
cientista. São realizadas muitas experiências científicas, destacando-se: estudo da saúde dental,
adaptação psicológica humana ao espaço, estudo de cobaias de laboratório e de características de
células do pulmão humano na microgravidade. São realizadas três atividades extraveiculares, num
total de 13h43min, durante as quais ocorre a instalação de protetores solares contra
micrometeoritos.
Massa: 20.021kg; duração da missão: 59d11h9min01s; órbitas terrestres: 858; distância percorrida:
39.400.000km.

1973 (27 a 29 de setembro) – Missão da Soyuz 12, primeiro voo tripulado da URSS depois da
morte dos três cosmonautas da Soyuz 11 (junho de 1971). A Soyuz 12 é tripulada por Vasili
Lazarev (1928-1990) - comandante – e Oleg Makarov (1933-2003) - engenheiro de voo. A
capacidade da cáppsula é reduzida de três para dois tripulantes, a fim de que os cosmonautas
possam usar trajes espaciais no lançamento, na reentrada e durante as acoplagens (a próxima
missão Soyuz com três tripulantes é a Soyuz T-3 - 27 de novembro a 10 de dezembro de 1980). O
objetivo da missão era a acoplagem com uma estação Salyut, mas as falhas recentes da Salyut 2 e
da Cosmos 557 permitem apenas orbitar a Terra. A nave não tem painéis solares, sendo a energia
fornecida por baterias, o que reduz significativamente o tempo possível da missão.
A Soyuz 12 completa 31 órbitas em 1d23h15min32s.

1973 (3 de novembro) – É lançada a sonda estadunidense Mariner 10, (474kg)com destino a


Mercúrio. É a primeira espaçonave a visitar dois planetas (Vênus e Mercúrio) e também a primeira
a utilizar a força gravitacional de um planeta (Vênus) para ganhar velocidade e se dirigir a outro
corpo celeste (Mercúrio). Os objetivos da missão são estudar as características físicas, a atmosfera e
o ambiente de Vênus e de Mercúrio, bem como fazer levantamentos acerca do meio interplanetário.
É a última sonda da série Mariner.

1973 (16 de novembro) - É lançada a Skylab 4, que leva à estação homônima a sua terceira e última
tripulação, composta por Gerald Carr - Comandante -, William Pogue (1930-2014) - Piloto - e
Edward Gibson – Cientista. É a primeira missão espacial a fazer (13 de dezembro) observações em
órbita de um cometa (Kohoutek). Ocorrem quatro atividades extraveiculares, num total de
16h22min. São feitas mais de 75.000 imagens da Terra e do Sol.
O retorno à Terra ocorre em 8 de fevereiro de 1974. Mais um recorde de permanência no espaço é
batido.
Massa: 20.847kg; duração da missão: 84d01h15min30s; órbitas terrestres: 1.214; distância
percorrida: 55.500.000km.

1973 (26 de novembro) – A uma distância de 6,4 milhões de km de Júpiter, tem início a missão
científica propriamente dita da Pioneer 10. No dia seguinte, a sonda penetra na magnetosfera do
planeta.

1973 (3 de dezembro) – A Pioneer 10 passa por Calisto (à distância de 1.392.300km), Ganimedes


(446.250km), Europa (321.000km) e Io (357.000km).

1973 (4 de dezembro) – A Pioneer 10 chega a 130.000km da atmosfera externa de Júpiter, o ponto


de aproximação máxima. Mais de 500 imagens são enviadas. Esta sonda é a primeira a fazer
imagens do planeta.
Com diâmetro de 142.984 x 133.708km, Júpiter é o maior planeta do Sistema Solar e o quinto a
partir do Sol, que orbita a uma distância média de 778.547.200km (varia entre 740.573.600 e
816.520.800km). Demora 4.332,59 dias terrestres (11,862 anos), ou 10.475,8 dias jupiterianos, para
completar uma órbita, à velocidade média de 47.050km/h. Tem a velocidade rotacional mais rápida
do Sistema Solar: gira em torno de si mesmo a 45.300km/h (27,05 vezes maior que a da Terra, que
é de 1.674,4km/h) e completa uma rotação em 9h55min, a mais rápida, inclusive, em números
absolutos, apesar das dimensões consideravelmente menores dos demais planetas. Júpiter ocupa um
volume de 1 quatrilhão, 431 trilhões e 280 bilhões de km3 (1.321,3 volumes terrestres), tem massa
de 1 septilhão, 898 sextilhões e seiscentos quintilhões de toneladas, o que equivale a 317,8 massas
da Terra ou 71% da massa de todos os planetas do Sistema Solar somados. A densidade joviana é
de 1,326g/cm3, e a área da superfície, de 62 bilhões, 179 milhões e seiscentos mil km2, o que
corresponde a 121,9 superfícies terrestres. A força de gravidade é 2,528 vezes superior à terrestre
(uma pessoa pesando 70kg na Terra pesaria, em Júpiter, 176,97kg), e a velocidade de escape é de
59,5km/s (5,32 vezes superior à do nosso planeta. Os principais componentes da atmosfera são
hidrogênio (89%) e hélio (10%). A magnitude aparente varia entre -2,9 e -1,6. Tem 67 satélites
conhecidos.
Júpiter é o nome latino de Zeus, deus grego do Céu e da Terra, o senhor do Olimpo, o deus
supremo.
Terminada a missão em Júpiter, a Pioneer 10 segue uma rota que a leva para as regiões exteriores
do Sistema Solar, sem passar por mais nenhum planeta.

1973 (18 a 26 de dezembro) – Missão da Soyuz 13, tripulada por Pyotr Klimuk – comandante – e
Valentin Lebedev – engenheiro de voo. A nave é especialmente modificada para transportar o
observatório espacial Orion 2 (240kg, espelho primário de 30cm), que estuda milhares de estrelas
em ultravioleta e faz observações do cometa Kohoutek. O Orion 2 volta à Terra com a Soyuz.

1974 – Tem início o Programa Buran (Tempestade de Neve), a resposta da URSS ao programa dos
ônibus espaciais dos EUA. Na opinião dos oficiais soviéticos, a capacidade anunciada dos ônibus
espaciais de levar ao espaço 30t de carga e trazer de volta 15t indica que um dos seus principais
objetivos é colocar em órbita armas laser experimentais, capazes de destruir mísseis inimigos de
uma distância de milhares de km. Para eles, tais armas podem ser efetivamente testadas apenas em
ambiente espacial e, a fim de diminuir o custo e o tempo de desenvolvimento, é necessário trazê-las
regularmente de volta à Terra para modificações e aperfeiçoamentos. Os militares soviéticos temem
também que o ônibus espacial estadunidense possa fazer mergulhos na atmosfera e lançar bombas
sobre Moscou.
Nos anos seguintes, o Programa Buram transforma-se no maior e mais caro projeto da história da
exploração espacial soviética.

1974 – Os estadunidenses Russell Alan Hulse e Joseph Hooton Taylor, Jr. Descobrem o primeiro
pulsar binário conhecido. Denominado PSR B1913+16, está localizado na constelação da Águia, a
21.000 anos-luz da Terra, e completa uma rotação em 59 milissegundos (milésimos de segundo).
A descoberta desse tipo de pulsar abre novas possibilidades para o estudo da gravitação. Por isso,
Hulse e Taylor são os ganhadores do Prêmio Nobel de Física de 1993.

1974 – Robert Wagoner, William Fowler e Fred Hoyle mostram que o Big Bang quente prevê as
abundâncias corretas de deutério e lítio.

1974 (fevereiro) – O físico teórico inglês Stephen Hawking calcula que buracos negros devem
termicamente criar ou emitir partículas subatômicas, conhecidas como "radiação Hawking”. De
acordo com a teoria, a radiação Hawking faz diminuir a energia e a massa dos buracos negros,
sendo por isso chamada também de “evaporação de buracos negros”. O modelo prevê que buracos
negros que perdem mais massa do que a que conseguem obter das regiões adjacentes tendem a
diminuir até desaparecer.

1974 (5 de fevereiro) – A sonda estadunidense Mariner 10 obtém as primeiras imagens em close da


atmosfera de Vênus em ultravioleta, feitas a uma distância mínima de 5.768km da superfície,
revelando detalhes ainda desconhecidos da cobertura de nuvens e mostrando, além disso, que todo
o sistema de nuvens faz uma volta completa em torno do planeta a cada quatro dias terrestres. A
sonda detecta também um campo magnético muito tênue. Nesta missão ocorre a primeira
assistência gravitacional da história: a Mariner 10 usa a gravidade de Vênus para ganhar velocidade
em sua viagem a Mercúrio.

1974 (10 de fevereiro) – A sonda soviética Marte 4, lançada em 21 de julho de 1973, não consegue
entrar em órbita marciana e passa a 2.000km do planeta. Transmite alguns dados de rádio-
ocultação, a primeira detecção da ionosfera durante a noite marciana.

1974 (12 de fevereiro) – A Marte 5, lançada em 25 de julho de 1973, é inserida numa órbita
marciana fortemente elíptica (1.755 x 32.555km) e período orbital (24h53min) quase igual ao de
rotação do planeta. Cerca de 60 imagens são colhidas ao longo de 22 órbitas, incluindo a área ao sul
do Valles Marineris.

1974 (13 e 15 de fevereiro) - Bruce Balick e Robert Brown descobrem Sagittarius A*, uma fonte de
rádio brilhante e muito compacta localizada no centro da Via Láctea. Faz parte de um objeto
astronômico maior denominado Sagittarius A. Acredita-se que Sagittarius A* abriga um buraco
negro supermassivo, como acontece no centro da maioria das galáxias espirais e elípticas. Cálculos
feitos por diferentes equipes situam a massa desse buraco negro entre 4,1 e 4,3 milhões de massas
solares.

1974 (9 de março) – A Marte 7 (últma da série), lançada em 9 de agosto de 1973, não consegue
entrar em órbita marciana e passa a 1.300km do planeta.

1974 (12 de março) – A Marte 6, lançada em 5 de agosto de 1973, entra na atmosfera marciana,
mas perde contato antes de chegar à superfície. Contudo, transmite durante 224 segundos. São os
primeiros dados coletados a partir da atmosfera de Marte.

1974 (27 de março) – Dois dias antes de a Mariner 10 sobrevoar Mercúrio, instrumentos terrestres
detectam a presença de quantidades anormais de radiação ultravioleta nas proximidades do planeta.
Alguns astrônomos sugerem a hipótese de se tratar de um satélite, sobretudo porque a velocidade
estimada do objeto é de 4km/s, compatível com uma suposta lua girando em torno de Mercúrio. A
radiação desaparece no dia seguinte, sendo novamente detectada em 31 de março. Investigações
posteriores apontam a estrela 31 Crateris como a origem provável dessa radiação.
O satélite de Mercúrio não existe, mas descobre-se que, ao contrário do que se pensava, a radiação
ultravioleta não é totalmente absorvida pelo meio interestelar.

1974 (29 de março) – A Mariner 10 sobrevoa Mercúrio pela primeira vez, à distância de 704km, e
faz as primeiras imagens (poucas) do planeta.
Com diâmetro de 4.879,4km e ocupando um volume de 60,83 bilhões de km3 (5,4% do da Terra),
Mercúrio é o planeta mais próximo do Sol e o menor do Sistema Solar. A área da superfície é de
74,8 milhões de km2 (14,7% da terrestre). Tem massa de 330,22 quintilhões de toneladas (5,5% da
massa da Terra) e densidade média de 5,427g/cm3 (segundo mais denso do Sistema Solar, depois
da Terra). Gira em torno do Sol, à distância média de 57.909.100km (varia entre 46.001.200 e
69.816.900km), em 87,969 dias terrestres (0,241 ano), ou 1,5 dia mercuriano, à velocidade média
de 172.300km/h. Completa uma rotação (10,892km/h) em 58d15h30min. Tem a gravidade mais
fraca de todos os planetas, equivalente a 37% da terrestre, o que faz com que a velocidade de
escape também seja a mais baixa: 4,25km/s. De todos os planetas que orbitam o Sol, Mercúrio é
aquele que tem maior amplitude térmica: a temperatura oscila entre -190°C (à noite) e 430°C
(durante o dia). A atmosfera mercuriana é muito tênue e está composta sobretudo por oxigênio
molecular (42%), sódio (29%), hidrogênio (22%) e hélio (6%). Por estar muito próximo do Sol,
Mercúrio pode ser visto apenas ao amanhecer e ao entardecer, e a magnitude aparente varia entre
-2,6 e +5,7. O planeta não tem satélites.
Mercúrio é o nome latino de Hermes, deus grego dos viajantes e dos comerciantes. Muito veloz, era
também mensageiro do Olimpo, sendo esta uma possível razão para o seu nome ter sido dado ao
planeta, o mais rápido dentre os astros que orbitam o Sol.

1974 (16 de abril) – É fundada a Sociedade Astronômica Brasileira (SAB), localizada em São
Paulo. Segundo o seu estatuto, suas tarefas são: Congregar os astrônomos do Brasil; Zelar pela
liberdade de ensino e pesquisa; Zelar pelos interesses e direitos dos astrônomos; Zelar pelo
prestígio da ciência do País; Estimular as pesquisas e o ensino de astronomia no País; Manter
contato com institutos e sociedades correlatas no País e no exterior; Promover reuniões científicas,
congressos especializados, cursos e conferências.

1974 (19 de abril) – A Pioneer 11 conclui a travessia do cinturão de asteroides.

1974 (2 de junho) – A Luna 22, lançada em 29 de maio, é inserida na órbita da Lua. Faz
experiências com mudanças de curso em órbita. É a última missão puramente orbital enviada à Lua
pela União soviética ou pela Rússia.
Massa: 5.700kg; duração da missão: 521 dias (até 1º de novembro de 1975); órbitas: 3.875.

1974 (25 de junho) – É lançada a estação espacial Salyut 3, integrante do programa militar
soviético Almaz. A bordo está um telescópio bastante potente, utilizado em observações terrestres
de reconhecimento.
A Soyuz 14 (missão de 3 a 19 de julho), tripulada por Pavel Popovich (1930-2009) – comandante –
e Yuri Artyukhin (1930-1998) – engenheiro de voo – é a única a se acoplar à Salyut 3 e a primeira
missão bem-sucedida da URSS a uma estação espacial.
A Soyuz 15 (26 a 28 de agosto), tripulada por Gennadi Sarafanov (1942-2005) – comandante – e
Lev Dyomin (1926-1998) – engenheiro de voo -, não consegue se acoplar e volta à Terra.
A reentrada (sobre o Oceano Pacífico) ocorre em 24 de janeiro de 1975.
Massa: 18.900kg; comprimento: 14,55m; fiâmetro máximo: 4,15m; volume pressurizado: 90m3;
dias em órbita: 213; dias ocupada: 15.

1974 (21 de setembro) – A Mariner 10 sobrevoa Mercúrio pela segunda vez, à distância de
48.069km. Nesta passagem, assim como na seguinte, obtém-se um conjunto de imagens (mais de
2.800 ao todo) detalhadas do planeta, mas que, devido à geometria da órbita, apenas permite a
observação de menos de metade da superfície total.

1974 (14 de setembro) – O astrônomo estadunidense Charles T. Kowal


(1940-2011)descobre Leda, décimo terceiro satélite conhecido de Júpiter.
Diâmetro: 20km; período orbital: 240,92 dias (0,65 ano); distância média do planeta:
11.160.000km; massa: 11 trilhões de toneladas; densidade: 2,6g/cm3.

1974 (28 de outubro) – Lançamento da Luna 23 (5.800kg). Depois da inserção orbital (2 de


novembro) e de 48 órbitas, pousa (6 de novembro) na porção sul do Mare Crisium (Mar das
Crises). Uma cápsula com material lunar deveria voltar à Terra, mas a nave é danificada no
momento do pouso.
O último contato com a Terra ocorre em 11 de novembro.

1974 (outubro) - O astrofísico britânico Antony Hewish é anunciado como ganhador do Prêmio
Nobel de Física (o primeiro a ser concedido a um astrônomo observacional) por ter participado da
descoberta dos pulsares (1967), feita essencialmente por Jocelyn Bell. O fato de Bell não ter
recebido também o prêmio causa grande polêmica, sendo Fred Hoyle um dos maiores críticos.

1974 (2 de dezembro) – A Pioneer 11 sobrevoa Calisto (à distância de 786.500km) e Ganimedes


(692.300km).

1974 (3 de dezembro) – A Pioneer 11 alcança o ponto máximo de aproximação de Júpiter:


34.000km.
No mesmo dia, passa por Io (314.000km), Europa (586.700km) e Amalteia (127.500km).

1974 (10 de dezembro) – É lançada a sonda Helios-A, uma cooperação entre a NASA e a
Alemanha Ocidental, cujo objetivo é estudar o Sol e o ambiente que o cerca. Estabelece a maior
velocidade já atingida por uma sonda espacial: 252.792km/h, feito que será posteriormente repetido
pela Helios-B.
Massa: 370kg; duração da missão: 16 de janeiro de 1975 a 18 de fevereiro de 1985.

1974 (26 de dezembro) – É lançada a Salyut 4, estação espacial soviética com finalidades civis.
Entre os instrumentos a bordo estão detectores de raios X e três telescópios.

1975 – investigadores do Instituto de Ciências Planetárias de Tucson e do Instituto Harvard-


Smithsonian de Astrofísica propõe a teoria do Big Splash, a qual postula a formação da Lua através
do impacto de um planeta desaparecido, conhecido como Theia, com a Terra.

1975 – São feitos os primeiros testes de um protótipo de veículo espacial reutilizável (space
shuttle), acoplado a um avião Boeing adaptado a experimentos de voo a grande altitude. O objetivo
é testar a aerodinâmica e a dirigibilidade do Ônibus Espacial.

1975 – A astrônoma estadunidense Jill Tarter propõe a denominação anãs marrons para os corpos
celestes batizados de anãs negras por Shiv Kumar na década de 1960. Trata-se de objetos com
massa subestelar, incapazes, portanto, de manter reações contínuas de fusão de hidrogênio em seus
núcleos. Acredita-se que a massa das anãs marrons esteja compreendida entre 13 e 75-80 massas
jupiterianas. Esses astros são por vezes chamados de estrelas fracassadas, porque, por um lado, são
compostas dos mesmos materiais que estrelas como o Sol, mas têm massa insuficiente para brilhar,
e, de outra parte, assemelham-se a planetas gigantes gasosos, como Júpiter. São, pois, uma espécie
de elo entre estrelas e planetas.

1975 (11 de janeiro a 9 de fevereiro) – Missão da Soyuz 17, a primeira das duas missões de longa
duração enviadas à Salyut 4. Os tripulantes são Aleksei Gubarev – comandante – e Georgi Grechko
– engenheiro de voo.
1975 (16 de março) – A Mariner 10 sobrevoa Mercúrio pela terceira e última vez, à distância de
327km.
Ao longo dos três sobrevoos, a sonda faz as únicas imagens até então obtidas da superfície
mercuriana, revelando algumas semelhanças com a lunar. Descobre que o planeta tem uma
atmosfera tênue, um campo magnético e um grande núcleo rico em ferro.

1975 (24 de março) – A Mariner 10 perde contato com a Terra, e encerra-se assim a missão e o
programa homônimo. A sonda está hoje em órbita solar.

1975 (7 de maio) – É lançado o Small Astronomy Satellite 3, ou SAS-3 (EUA), que realiza
importantes estudos do céu em raios X. Entre outras descobertas, identifica a ligação entre fontes
de raios X e estrelas de nêutrons binárias, determina que a frequência de fontes de raios X aumenta
em regiões próximas ao centro de aglomerados globulares e estabelece as posições de grande
número de objetos que emitem em raios X.
Permanece operacional até abril de 1979.

1975 (24 de maio a 26 de julho) – Missão da Soyuz 18, a segunda de longa duração à Salyut 4, que
estabelece o recorde soviético de permanência no espaço até então: 63 dias. Os cosmonautas
substituem ou consertam diversos equipamentos. Realizam também experimentos com plantas,
insetos e experimentos médicos. São enviadas à Terra cerca de 2.000 fotografias da Terra e 600 do
Sol.
A tripulação é formada por Pyotr Klimuk – comandante – e Vitali Sevastyanov
(1935-2010), engenheiro de voo.

1975 (31 de maio) – É oficialmente criada, com sede em Paris, a Agência Espacial Europeia (ESA
– European Space Agency -, na sigla em inglês; em alemão, Europäische Weltraumorganisation;
em francês, Agence spatiale européenne). São dez os países fundadores: Alemanha, Bélgica,
Dinamarca, Espanha, França, Itália, Países Baixos, Reino unido, Suécia e Suíça. Posteriormente,
mais dez nações aderem à ESA: Irlanda (1980), Áustria (1986), Noruega (1986), Finlândia (1995),
Portugal (2000), Grécia (2005), Luxemburgo (2005), República Tcheca (2008), Romênia (2011),
Polônia (2012).
O Canadá é membro associado desde 1979.

1975 (8 e 14 de junho) – São lançadas, com destino a Vênus, as sondas soviéticas Venera 9 e
Venera 10, cada uma formada por um módulo orbital e um módulo de descida. A Venera 9 tem
massa total de 9.936kg, e a Venera 10, de 5.033kg.

1975 (17 a 19 de julho) – Missão conjunta de uma nave Apollo (por vezes denominada Apollo 18)
e uma nave Soyuz (Soyuz 19), a primeira cooperação efetiva entre EUA e URSS no espaço.
Durante as 44 horas em que permanecem acopladas, os comandantes Stafford e Leonov trocam um
aperto de mãos histórico, e os tripulantes das duas naves trocam bandeiras e presentes (incluindo
sementes posteriormente plantadas em ambos os países), realizam experimentos científicos
conjuntos, visitam as naves uns dos outros, falam inglês e russo e fazem refeições em comum.
NO dia 18, o presidente estadunidense Gerald Ford (1913-2006) fala aos tripulantes de ambas as
naves.
Depois do desacoplamento, a Apollo manobra de modo a causar um eclipse artificial do Sol, para
que os cosmonautas da Soyuz possam tirar fotografias da coroa solar.
Apollo (missão de 15 a 24 de julho - 9d01h28min) – Tripulantes: Thomas P. Stafford – comandante
-, Vance D. Brand – piloto do módulo de comando – e Donald K. Slayton (1924-1993) – piloto do
módulo de acoplamento; massa: 16.768kg; órbitas: 148; perigeu: 217km; apogeu: 231km; distância
percorrida: 5.990.000km.
É a última missão Apollo, e a última missão tripulada estadunidense até o primeiro voo de um
ônibus espacial (1981).
Soyuz (missão de 15 a 21 de julho - 5d22h30min); tripulação: Alexei Leonov – comandante – e
Valeri Kubasov (1935-2014) – engenheiro de voo; massa: 6.790kg; órbitas: 96; perigeu: 218km;
apogeu: 231km; distância percorrida: 3.900.000km.
É o fim da corrida espacial, iniciada com o lançamento do Sputnik 1 (1957).

1975 (9 de agosto) – É lançado o Cos-B, primeiro satélite da ESA, cujo objetivo é estudar o céu em
raios gama. O Cos-B descobre cerca de 25 fontes de raios gama e produz um mapa da Via Láctea
nesse comprimento de onda.
A missão termina em 25 de abril de 1982.

1975 (20 de agosto) – É lançada, do Cabo Canaveral, acoplada a um foguete Titã, a sonda
estadunidense Viking 1, com destino a Marte. Compõe-se de um módulo orbital (883kg) e um
módulo de descida (572kg).

1975 (9 de setembro) – É lançada a sonda estadunidense Viking 2, com destino a Marte. É idêntica
à Viking 1, formada por um módulo orbital e um módulo de descida.

1975 (20 de outubro) – A sonda soviética Venera 9 é inserida na órbita de Vênus, sendo a primeira
a orbitar aquele planeta. Dados são transmitidos até 25 de dezembro.

1975 (22 de outubro) – O módulo de descida da Venera 9 pousa, permanece operacional por 53
minutos e transmite as primeiras fotografias da superfície de outro planeta: Vênus. Entre os dados
coletados, destacam-se nuvens com 30 a 40km de espessura com as zonas inferiores a altitudes
entre 30 e 35km, pressão atmosférica equivalente a noventa vezes a da Terra, temperatura
superficial de 485°C e luminosidade superficial comparável à de latitudes médias terrestres num dia
nublado de verão. A Venera 9 é a primeira espaçonave a transmitir imagens em preto e branco da
superfície de Vênus, mostrando sombras, ar sem sinais aparentes de poeira e rochas de 30 a 40cm
em que não se observam marcas de erosão.

1975 (23 de outubro) – A Venera 10 é inserida na órbita de Vênus.

1975 (25 de outubro) – O módulo de descida da Venera 10 pousa a 2.200km da Venera 9 e realiza
coleta de dados durante 65 minutos. São detectados ventos a 12,6km/h.

1975 (26 de novembro) – A China lança seu primeiro satélite recuperável, que volta à Terra três
dias depois, e se transforma no terceiro país do mundo a conseguir esta façanha.

1976 – É inaugurado o observatório russo Zelenchukskaya, localizado no monte Pastukhov, ao


norte do Cáucaso. depois de anos de "domínio" do grande telescópio estadunidense de monte
Palomar, o telescópio de Zelenchukskaya passa a ser o maior do mundo, com um espelho de 6m de
diâmetro e 65cm de espessura.

1976 – Sandra Faber e Robert Jackson descobrem a relação Faber-Jackson entre a luminosidade de
uma galáxia elíptica e a velocidade de dispersão em seu centro. Essa relação permite fazer
medições de distâncias galácticas.

1976 (15 de janeiro) – É lançada a sonda Helios-B, com o objetivo de estudar o Sol e o entorno. Em
17 de abril, a Helios-B chega a 43.432.000km do Sol, recorde de aproximação que se mantém até
hoje.
Massa: 370kg; duração da missão: 21 de julho de 1976 a 23 de dezembro de 1979.

1976 (19 de junho) – O módulo orbital da Viking 1 é inserido com sucesso numa órbita marciana
com periastro (ponto mais próximo do planeta) de 320km e apoastro (ponto mais distante do
planeta) de 56.000km.

1976 (22 de junho) – É lançada a Salyut 5, última das três estações espaciais integrantes do
programa militar soviético Almaz.
Duas naves se acoplam à Salyut 5: A Soyuz 21 (missão de 6 de julho a 24 de agosto), tripulada por
Boris Volynov – comandante – e Vitaly Zholobov – engenheiro de voo -, que volta à Terra antes do
previsto, por razões nunca totalmente esclarecidas, e a Soyuz 24 (7 a 25 de fevereiro de 1977),
tripulada por Viktor Gorbatko – comandante – e Yuri Glazkov (1939-2008) – engenheiro de voo -,
a última puramente militar a uma estação espacial soviética.
A reentrada ocorre em 8 de agosto de 1977.
Massa: 19.000kg; comprimento: 14,55m; diâmetro: 4,15m; volume pressurizado: 90m3; dias em
órbita: 412; dias ocupada: 67; órbitas terrestres: 6.666; distância percorrida: 270.409.616km.

1976 (20 de julho) – O módulo de descida da Viking 1 pousa nas encostas ocidentais de Chryse
Planitia. Logo começa sua procura de microorganismos marcianos e envia para a Terra imagens em
cores do cenário à sua volta. É através delas que os cientistas veem que o céu de Marte tem uma cor
rosada, e não azul-escura, como eles pensavam anteriormente. (a cor rosa observada é o reflexo da
luz solar nas partículas de poeira avermelhadas da atmosfera rarefeita). O módulo desce num local
de areia vermelha e rochas soltas, que se estende até onde suas câmeras podem alcançar.
É a primeira sonda estadunidense enviada para pousar em Marte e a primeira nave a concluir com
sucesso uma missão em solo marciano.

1976 (25 de julho) – A Viking 1 fotografa uma formação rochosa na região marciana de Cydonia,
na qual muitos julgam ver um rosto humano esculpido artificialmente. Surgem especulações sobre
vida em Marte e acerca de segredos descobertos e não revelados pela Nasa.

1976 (7 de agosto) – O módulo orbital da Viking 2 é inserido numa órbita marciana com periastro
de 302km e apoastro de 33.176km.

1976 (9 a 22 de agosto) – Missão da Luna 24, a última da série, que é a terceira (depois das Lunas
16 e 20) a trazer material da superfície da Lua (170g), retirado do Mar da Crise. A inserção orbital
ocorre em 14 de agosto. No dia 18, após 48 órbitas, a sonda pousa na Lua. Um dia mais tarde,
começa o retorno à Terra. É a última sonda lunar lançada pela URSS.
A próxima nave a executar um pouso suave na Lua é a chinesa Chang’e 3, em 14 de dezembro de
2013.

1976 (3 de setembro) – O módulo de descida da Viking 2 pousa em Utopia Planitia. Devido a um


erro de interpretação de imagens de radar, o módulo pousa com um dos pés sobre uma rocha, com
uma inclinação de 8,2 graus. Realiza basicamente as mesmas tarefas da sonda anterior, exceto que
desta vez o sismômetro funciona, registrando um tremor de terra no planeta.

1977 – No livro “The Dragons of Éden” (“Os Dragões do Éden”), o divulgador científico e
astrônomo estadunidense Carl Sagan (1934-1996) apresenta o conceito de calendário cósmico,
escala em que todo o tempo de existência do universo é colocado num único ano. O objetivo do
cientista é demonstrar quão vasta é, em termos cronológicos, a história do Cosmos. Os dados mais
recentes de que dispomos indicam que o Universo foi formado há 13,8 bilhões de anos; assim, um
segundo do calendário cósmico corresponde a 437 anos da história do Universo. As vidas humanas
mais longas duram por volta de 25 centésimos de segundo (mais ou menos o tempo de um piscar de
olhos).
Algumas datas importantes do calendário cósmico são: 01/01, 0h00min: Big Bang; 11/05:
formação da Via Láctea; 1º/09: formação do Sol (logo seguida da formação dos planetas e da Lua);
16/09: rochas terrestres mais antigas; 21/09: vida primitiva na Terra (procariontes); 12/10:
fotossíntese; 29/10: oxigenação da atmosfera; 8 /11: células complexas (eucariontes); 5/12: vida
pluricelular: 14/12: animais simples (artrópodes, aracnídeos); 18/12: peixes e protoanfíbios; 20/12:
plantas terrestres; 21/12: insetos e sementes; 22/12: anfíbios; 23/12: répteis; 26/12: mamíferos;
27/12; aves; 28/12: flores; 30/12: extinção dos dinossauros, surgimento dos primatas; 31/12:
14h24min, hominídeos; 22h24min, humanos primitivos, instrumentos de pedra; 23h44min, controle
do fogo; 23h52min, humanos modernos; 23h55min, início da última glaciação; 23h59min32s,
agricultura; 23h59min47s, surgimento da escrita (fim da Pré-História, início da História);
23h59min55s, cristianismo.

1977 (fevereiro) – R. Brent Tully e J. Richard Fisher descobrem a relação Tully-Fischer entre a
luminosidade de uma galáxia espiral isolada e a velocidade da parte achatada de sua curva de
rotação, relação esta que permite determinar distâncias de galáxias à Terra.

1977 (3 de fevereiro) – Ocorre a reentrada da Salyut 4 na atmosfera.


Massa: 18.900kg; comprimento: 15,8m; diâmetro máximo: 4,15m; volume pressurizado: 90m3;
dias em órbita: 770; dias ocupada: 92; órbitas terrestres: 12.444; distância percorrida:
504.772.660km.

1977 (18 de fevereiro) – O primeiro protótipo de ônibus espacial, o Enterprise, realiza o primeiro
teste, preso ao topo de um gigantesco jato 747. Inicialmente a nave é denominada Constitution,
porém os espectadores de televisão fãs de ficção científica da série Star Trek começam uma
campanha de assinaturas, enviadas à Casa Branca, para que o veículo seja rebatizado como
Enterprise.

1977 (10 de março) - James L. Elliot (1943-2011), Edward W. Dunham e Douglas J. Mink
descobrem cinco anéis em torno de Urano (posteriormente, encontram mais quatro). A descoberta é
casual, uma vez que o verdadeiro objetivo da investigação, feita no Kuiper Airborne Observatory, é
observar a ocultação da estrela SAO 158687 por Urano, para estudar a atmosfera do planeta.
Hoje conhecem-se 13 anéis de Urano.

1977 (25 de maio) - É lançado o filme “Star Wars” (“Guerra nas Estrelas”), escrito e dirigido pelo
cineasta estadunidense George Lucas. Vencedor de seis Oscars (melhor direção de arte, melhor
figurino, melhores efeitos especiais, melhor edição, melhor
trilha sonora e melhor som) e com mais quatro indicações, é considerado por muitos um dos filmes
mais influentes da história do cinema. Com o posterior lançamento da continuação da saga, o filme
original recebe, em 1981, o subtítulo “Episódio IV: Uma Nova Esperança”. “Guerra nas Estrelas”
serve de inspiração para muitos filmes e livros de ficção científica.

1977 (20 de agosto) – É lançada a sonda estadunidense Voyager 2 (antes da Voyager 1), com
destino a Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. O lançamento da Voyager 2 é antecipado em relação à
Voyager 1 para que a sonda possa aproveitar um alinhamento favorável dos planetas, que ocorre a
cada 175 anos, e visitar os quatro planetas gigantes em sequência, o que a Voyager 1, com uma
trajetória mais direta para Júpiter e Saturno, não poderá fazer.

1977 (5 de setembro) – É lançada a sonda estadunidense Voyager 1, que explora Júpiter e Saturno.
Assim como sua gêmea, a Voyager 2, a sonda pesa 721,9kg e é equipada com um detector de raios
cósmicos, um magnetômetro, um detector de ondas de plasma, um detector de partículas de baixa
energia, um espectrômetro de ondas ultravioleta e um detector de ventos solares.
Para o caso (pouquíssimo provável) de serem algum dia interceptadas por alienígenas,
ambas as naves carregam gravações fonográficas (Golden Record) contendo uma apresentação da
raça humana, com 116 imagens (entre as quais está a Grande Muralha da China), diagramas, 35
sons naturais (vento, trovão, pássaros, água, canto de baleia, criança chorando...), saudações em 56
línguas (incluindo português e esperanto) e música (Mozart e Beethoven, entre outros). Há também
mensagens do presidente dos EUA, Jimmy Carter, e do Secretário-Geral da ONU, Kurt Waldheim
(1918-2007). O material contido nessas gravações é selecionado por uma equipe liderada por Carl
Sagan (1934-1996).

1977 (29 de setembro) – É lançada a estação espacial soviética Salyut 6, que apresenta vários
avanços em relação às Salyuts anteriores. O principal deles é um segundo ponto de acoplamento, o
que permite missões regulares de naves Progress de reabastecimento. Com isso, torna-se possível
passar de visitas de curta duração a expedições bem mais longas, marcando o começo da transição
para estações espaciais multimodulares de pesquisa de longo período.
Ademais, a Salyut 6 conta com um novo sistema de propulsão e com um telescópio multiespectral
capaz de fazer observações em vários comprimentos de onda.
Ao longo de cinco anos, vários recordes de permanência no espaço são quebrados. Além de russos,
a estação hospeda cosmonautas de Hungria, Polônia, Romênia, Cuba, Mongólia, Vietnam e
Alemanha Oriental. Doze naves Progress de carga entregam mais de 20t de equipamento,
suprimentos e combustível.

1977 (9 a 11 de outubro) – Missão da Soyuz 25, tripulada por Vladimir Kovalyonok – comandante
– e Valery Ryumin – engenheiro de voo. Deveria ser a primeira missão à Salyut 6, mas os
tripulantes (nenhum dos quais havia estado antes no espaço) não conseguem realizar a acoplagem,
havendo falhado cinco vezes. Com pouco combustível e baterias com carga reduzida, eles voltam
para a Terra.
Os soviéticos estabelecem então uma regra segundo a qual as missões tripuladas futuras devem
incluir ao menos uma pessoa que já tenha ido ao espaço. Esta regra é observada até 1994 (Soyuz
TM-19).

1977 (18 de outubro) - Charles T. Kowal (1940-2011) descobre 2060 Chiron (ou Quíron), cujas
características levam os astrônomos a criar uma nova classe de objetos chamados Centauros, por
apresentarem características tanto de cometas como de asteroides (centauros são criaturas da
mitologia grega com torso e cabeça humanos e corpo de cavalo). Simplificadamente, centauros são
corpos menores do Sistema Solar que orbitam o Sol entre Júpiter e Netuno e cruzam a órbita de
pelo menos um dos quatro planetas gigantes. Por isso, estão sujeitos a fortes perturbações
gravitacionais, o que resulta em órbitas instáveis e um tempo de existência de milhões de anos,
curto em comparação com os bilhões de anos da maioria das estrelas e dos planetas. Centauros que
se aproximam do Sol devido a perturbações gravitacionais tornam-se cometas.
O nome 2060 Chiron refere-se a Quíron, centauro famoso por seus conhecimentos e habilidade em
medicina.
Diâmetro: 233km; período orbital: 18.539 dias (50,76 anos); distância média do Sol: 2,051 bilhões
de km (varia entre 1,273 bilhão e 2,826 bilhões de km); rotação: 9h55min.
De acordo com estimativas modernas, existem no Sistema Solar 44.000 centauros com diâmetro
superior a 1km.

1977 (11 de dezembro) – Os cosmonautas Yuri Romanenko e Georgi Grechko chegam à Salyut 6 a
bordo da Soyuz 26 (lançada no dia anterior) e formam a primeira tripulação residente da estação.
Eles voltam à Terra na Soyuz 27, que aterrissa em 26 de março de 1978 (96 dias no espaço, um
recorde então). A Salyut 6 permanece quase três meses desocupada (até 17 de junho). A Soyuz 26
retorna em 16 de janeiro de 1978, tripulada por Vladimir Dzhanibekov e Oleg Makarov
(1933-2003).

1977 (19 de dezembro) – A Voyager 1, lançada numa trajetória mais direta para Júpiter e Saturno,
ultrapassa a Voyager 2.

1978 – A astrônoma estadunidense Sandra Faber publicA um trabalho no qual mostra que a
velocidade de rotação de galáxias espirais corresponde a uma concentração de massa maior do que
a inferida por observações da luz emitida pela galáxia. Essa discrepância fica conhecida como O
problema da massa faltante.

1978 – Vera Rubin, Kent Ford, N. Thonnard e Albert Bosma divulgam medições (iniciadas em
1975) das curvas de rotação de várias galáxias espirais e encontram desvios importantes
relativamente ao que é previsto pela gravitação Newtoniana de estrelas visíveis. Esse fenômeno fica
conhecido como “problema da rotação galáctica”. A explicação mais aceita é a presença de matéria
escura, que altera a quantidade e a distribuição das massas galácticas em relação ao que é possível
ver (massas visíveis).

1978 (10 de janeiro) - A Soyuz 27 é lançada para a Salyut 6, tripulada pelos cosmonautas Vladimir
Dzhanibekov e Oleg Makarov (1933-2003). Como a Soyuz 26 continua acoplada à Salyut 6, esta é
a primeira vez que três naves permanecem acopladas no espaço. Dzhanibekov e Makarov voltam
para a Terra na Soyuz 26, que aterrissa em 16 de janeiro. A Soyuz 27 retorna em 16 de março,
tripulada por Yuri Romanenko e Georgi Grechko.

1978 (20 de janeiro) – É lançada, por um foguete Soyuz-U, a Progress 1, nave descartável de carga
russa (capacidade para 2.300kg) desenhada para levar suprimentos às estações Salyut. Após
permanecer acoplada à Salyut 6 por quinze dias (22 de janeiro a 6 de fevereiro), desintegra-se ao
reentrar na atmosfera, dois dias depois. Com algumas modificações, as naves Progress
(posteriormente adaptadas para servir a Mir e a ISS) continuam sendo utilizadas.

1978 (26 de janeiro) – É lançado o International Ultraviolet Explorer (IUE), uma missão conjunta
da NASA e da ESA. Com massa de 672kg, é colocado numa órbita geoestacionária com perigeu de
26.000km e apogeu de 42.000km. É o primeiro observatório espacial a ser operado em tempo real a
partir de estações de controle na Terra. Durante os dezoito anos em que permanece ativo (até
setembro de 1996), realiza mais de 104.000 observações, que incluem desde corpos do Sistema
Solar até quasares distantes. Entre os principais resultados científicos estão os primeiros estudos em
larga escala dos ventos interestelares, medições acuradas da maneira como a poeira interestelar
absorve a luz e observações da supernova SN 1987ª que colocam em causa alguns pontos da teoria
da evolução das estrelas.

1978 (2 a 10 de março) – Vladimír Remek, da Tchecoslováquia, tripulante da Soyuz 28, visita a


Salyut 6 e se torna o primeiro homem que não é soviético nem estadunidense a ir ao espaço. Em
2004, com a entrada da República Tcheca na União Europeia, ele passa a ser considerado o
primeiro astronauta da Europa.
A ida de Remek ao espaço é proporcionada pelo Interkosmos, programa da URSS iniciado em abril
de 1967 e concebido para possibilitar a cooperação de integrantes das forças armadas de países
aliados (sobretudo do Pacto de Varsóvia) em missões espaciais tripuladas e não tripuladas. Até
1998, catorze cosmonautas não soviéticos de treze países são levados ao espaço por naves Soyuz.
O outro tripulante da Soyuz 28 é o comandante Aleksei Gubarev.

1978 (15 de junho) - É lançada a Soyuz 29, cujos tripulantes são Vladimir Kovalyonok -
comandante - e Aleksandr Ivanchenkov - engenheiro de voo. Eles formam a segunda tripulação
residente da Salyut 6 (acoplamento em 17 de junho) e quebram mais um recorde de permanência no
espaço: 139 dias (retorno na Soyuz 31, em 2 de novembro). Perto do final da missão, os
cosmonautas reportam anormalidades observadas nos motores da Salyut 6, e o controle em terra
determina que o sistema de propulsão da estação não seja mais utilizado, o que significa que
manobras orbitais só podem, a partir de então, ser realizadas por espaçonaves visitantes (Soyuz ou
Progress).
A Soyuz 29 retorna em 3 de setembro, tripulada por Valery Bykovsky e Sigmund Jähn.

1978 (22 de junho) – É descoberto Caronte, primeiro satélite conhecido de Plutão, pelo astrônomo
estadunidense James Christy, do Naval Observatory, em Flagstaff, Arizona. Com diâmetro de
1.207km, massa de 1,52 quintilhão de toneladas, densidade de 1,65g/cm3 e orbitando Plutão à
distância média de 19.571km, Caronte tem uma característica única no Sistema Solar: uma rotação
duplamente síncrona, ou seja, além de girar em torno de si mesmo e de Plutão exatamente no
mesmo espaço de tempo, esse tempo ainda é igual ao da rotação plutoniana: 6d9h17min36s. Disso
resulta que Caronte apresenta sempre a mesma face a Plutão, e sempre ao mesmo hemisfério. Um
hipotético observador colocado na superfície de Plutão veria Caronte o tempo inteiro (jamais se
poria) se estivesse no hemisfério acima do qual o satélite orbita, ou então nunca o veria, caso
estivesse no hemisfério oposto.
A descoberta de Caronte permite, pela primeira vez, medir a massa de Plutão (aproximadamente
0,2% da terrestre). As estimativas vinham diminuindo ao longo do século (em 1931, pensava-se
que a massa plutoniana era igual à da Terra), e a compreensão das reais dimensões do astro faz com
que alguns cientistas comecem a observar mais atentamente as diferenças entre Plutão e os demais
planetas do Sistema Solar.

1978 (27 de junho a 5 de julho) - Missão da Soyuz 30, tripulada por Pyotr Klimuk - comandante - e
Miroslaw Hermaszewski, primeiro cosmonauta polonês. Eles realizam experimentos, sobretudo
médicos, enquanto a Soyuz permanece acoplada à Salyut 6.

1978 (25 de julho) – Terminam as operações do módulo orbital da Viking 2, tendo sido
completadas 706 órbitas marcianas e enviadas à Terra quase 16.000 imagens.

1978 (12 de agosto) – É lançada a sonda estadunidense International Sun-Earth Explorer 3 (ISEE-
3), com o objetivo de estudar a interação entre o campo magnético terrestre e o vento solar. Com
massa de 390kg, é o primeiro artefato humano a ser colocado em órbita num dos pontos de
Lagrange (L1), regiões caracterizadas pelo equilíbrio gravitacional entre dois corpos (neste caso, o
Sol e a Terra), onde as forças recíprocas de ambos se anulam. Mais tarde (10 de junho de 1982), a
sonda é rebatizada como International Cometary Explorer (ICE), cujo objetivo primário é
investigar a interação entre o vento solar e a atmosfera de um cometa.

1978 (26 de agosto) - É lançada a Soyuz 31, tripulada por Valery Bykovsky - comandante - e
Sigmund Jähn, o primeiro alemão no espaço (Alemanha Oriental). Eles voltam a bordo da Soyuz
29 (aterrissagem em 3 de setembro), trazendo os resultados de aproximadamente cem
experimentos.
A Soyuz 31 retorna em 2 de novembro, tripulada por Vladimir Kovalyonok e Aleksandr
Ivanchenkov.

1978 (outubro) - Arno Penzias e Robert Wilson são anunciados como ganhadores do prêmio Nobel
de Física por terem descoberto (1964-1965) a radiação cósmica de fundo, remanescente do Big
Bang.

1978 (outubro) – Stephen M. Larson e John W. Fountain preconizam a existência de Epimeteu,


décimo primeiro satélite conhecido de Saturno originalmente observado, em 18 de dezembro de
1966, por Richard Walker, mas então confundido com Jânus. A existência de Epimeteu é
confirmada em 6 de março de 1980, graças a imagens feitas em 26 de fevereiro pela Voyager 1, e
os três cientistas passam a compartilhar oficialmente a descoberta.
Diâmetro: 129,8 x 114 x 106,2km; período orbital: 0,694 dia; distância média do planeta:
151.410km; massa: 526,6 trilhões de toneladas; densidade: 0,64g/cm3.

1978 (4 de dezembro) – A sonda estadunidense Pioneer Venus 1 (ou Pioneer Venus Orbiter),
lançada em 20 de maio, é inserida na órbita venusiana. A nave carrega grande variedade de
instrumentos e experimentos: um fotopolarímetro de nuvens para medir a distribuição vertical das
nuvens, similar ao fotopolarímetro de imagens da Pioneer 10 e da Pioneer 11; um radar mapeador
para determinar topografia e características da superfície; um radiômetro infravermelho para medir
emissões infravermelhas da atmosfera; um espectrômetro ultravioleta para medir emissões
ultravioleta e dispersas da atmosfera; um espectrômetro de massa neutra para determinar a
composição da atmosfera superior; um analizador de plasma para medir propriedades do vento
solar; um magnetômetro para caracterizar o campo magnético em volta de Vênus; um detector de
campo elétrico para estudar o vento solar e suas interações; uma sonda de temperatura de elétrons
para estudar as propriedades termais da ionosfera; um espectrômetro de massa de íons para
caracterizar a população de íons da ionosfera; um analisador de partículas carregadas para estudar
partículas ionosféricas; dois experimentos científicos de rádio para determinar o campo
gravitacional de Vênus; um experimento de ocultações de rádio para caracterizar a atmosfera; um
experimento de arrasto atmosférico para estudar a atmosfera superior; um experimento de ciência
atmosférica de rádio e turbulência do vento solar; Um detector de erupções de raios gama. A
Pioneer Venus 1 permanece operacional até agosto de 1992, e o primeiro mapa topográfico total da
superfície de Vênus é construído com base nos dados de altimetria fornecidos pelo radar da sonda.
Em 1986, realiza estudos do Halley durante a passagem do cometa.

1978 (9 de dezembro) – A Pioneer Venus 2 (ou Pioneer Venus Multiprobe), lançada em 8 de


agosto, entra na atmosfera venusiana e inicia a descida. A missão é composta de um ônibus que
carrega uma sonda grande (315kg) e três sondas pequenas (90kg cada), programadas para transmitir
dados até serem destruídas pelo calor do atrito atmosférico. Os objetivos são determinar a estrutura
e a composição da atmosfera venusiana desde as camadas superiores até a superfície, a natureza e a
composição das nuvens e características da circulação atmosférica. As três sondas menores
recebem nomes de acordo com as zonas do planeta onde descem: Norte (altas latitudes norte), Dia
(hemisfério iluminado) e Noite (hemisfério escuro). As quatro sondas chegam à superfície, mas
apenas a sonda dia continua transmitindo dados (por mais de uma hora) depois do impacto.

1978 (21 de dezembro) – A sonda soviética Venera 12 (4.940kg), lançada em 14 de setembro,


pousa em Vênus e transmite dados durante 110 minutos. São registradas descargas elétricas,
possivelmente atribuíveis a um raio, e evidências de trovões. É encontrado também monóxido de
carbono a baixa altitude.
1978 (25 de dezembro) – A sonda soviética Venera 11 (4.940kg), lançada em 9 de setembro, pousa
em Vênus e transmite dados durante 95 minutos. Assim como a Venera 12, também detecta raios e
trovões. Os sistemas de imagem falham.

1979 – Dois telescópios entram em operação em Mauna Kea, no Havaí: o telescópio refletor
infravermelho de 3,81m UKIRT e o telescópio refletor óptico de 3,55m Canada-France-Hawaii.

1979 – O estadunidense Brian G. Marsden (1937-2010) publica um compêndio em que são


relatados os aparecimentos de 1.027 cometas, observados no período compreendido entre os
primeiros documentos disponíveis (os anais astronômicos chineses) e o ano de 1978. Essas
passagens se referem a 658 cometas diferentes, 113 dos quais têm um período inferior a 200 anos.
Destes, 72 foram observados pelo menos duas vezes. Os outros 545 cometas eram de longo
período; sua órbita foi calculada com base na única passagem registrada. 285 pareciam mover-se ao
longo de uma parábola; 162 descreviam uma elipse; e 98, uma hipérbole.

1979 – Peter Goldreich e Scott Tremaine propõem a ideia de satélites pastores para explicar por que
os anéis de Urano são tão estreitos. Trata-se de pequenos satélites que têm sua órbita próxima a
anéis planetários e confinam estes anéis através de interações gravitacionais.
satélite pastor é uma lua de um planeta que está em órbita lado a lado com um anel daquele planeta.
A força gravitacional do satélite confina o anel, dando a ele uma borda nítida. Satélites pastores
existem também em Saturno e Netuno.

1979 (6 de janeiro) – A Voyager 1 começa a fase de observação de Júpiter.

1979 (7 de fevereiro) –Plutão passa a estar, por vinte anos (até 11 de fevereiro de 1999), mais
próximo do Sol do que Netuno. Isso ocorre uma vez em cada translação de Plutão (248 anos), pois
a órbita deste planeta anão é tão elíptica que o leva a uma distância ao Sol inferior à de Netuno.

1979 (25 de fevereiro) - É lançada a Soyuz 32, que transporta a terceira tripulação residente da
Salyut 6: Vladimir Lyakhov - comandante - e Valery Ryumin - engenheiro de voo. Eles
estabelecem um novo recorde de permanência no espaço: 175 dias (retorno na Soyuz 34, em 21 de
agosto). A Soyuz 32 volta à Terra em 13 de junho, sem tripulantes.
Em 24 de março, os cosmonautas instalam um monitor de televisão. Pela primeira vez, é possível
receber no espaço imagens vindas da Terra. A possibilidade de ver pessoas da família, em vez de
apenas ouvir a voz delas, é considerada um grande avanço do ponto de vista psicológico,
especialmente porque missões ainda mais duradouras são planejadas.
A nave de reabastecimento Progress 7, lançada em 28 de junho, chega à Salyut 6 dois dias depois.
Entre outras coisas, transporta um radiotelescópio de 10m de diâmetro que, por não funcionar
apropriadamente, é ejetado a 9 de agosto. Contudo, a antena permanece presa à Salyut, o que obriga
os cosmonautas, já muito cansados depois de quase meio ano em órbita, a realizar uma atividade
extraveicular não prevista em 15 de agosto para soltá-la. Por não estarem em boas condições
físicas, eles deixam cartas na Soyuz para o caso de não sobreviverem.
Apesar de consideravelmente enfraquecidos quando do retorno, eles se recuperam em sete dias,
metade do tempo previsto.

1979 (5 de março) – A Voyager 1 chega ao ponto de maior aproximação com Júpiter: 348.890km.
No mesmo dia, passa por Amalteia (420.200km), Io (20.570km) e Europa (733.760km). Durante a
missão, obtém 19.000 fotografias, num período que vai até abril. A maior parte das observações
acerca das luas, dos anéis, do campo magnético e das condições de radiação é realizada durante as
48 horas de máxima aproximação. Também efetua um detalhado estudo da Grande Mancha
Vermelha.

1979 (6 de março) – A Voyager 1 passa por Ganimedes (114.710km) e Calisto (126.400km).

1979 (7 de março) – É anunciada a descoberta, feita três dias antes graças às imagens transmitidas
pela Voyager 1, de um tênue anel em torno de Júpiter, o qual faz parte de um sistema de anéis de
partículas sólidas que circunda o planeta na região equatorial.
É um sistema tênue, formado por quatro anéis principais que consistem sobretudo em poeira. As
estimativas para a massa total dos anéis vão desde 100 milhões até 10 trilhões de toneladas, o que
demonstra o quanto é incerto o nosso conhecimento nesse particular.

1979 (8 de março) – É anunciada a descoberta de atividade vulcânica em Io, satélite de Júpiter. Io é


o primeiro astro do Sistema Solar, com exceção da Terra, onde se descobrem vulcões ativos. Hoje
sabe-se que os satélites Encélado (de Saturno) e Tritão (de Netuno) também apresentam atividade
vulcânica, chamada pelos astrônomos de criovulcanismo (por se tratar de mundos gelados). No
momento de sua passagem, a Voyager 1 consegue observar nove vulcões ativos em Io, mas
atualmente conhecemos centenas deles (estimativas giram em torno de quatrocentos).

1979 (10 a 12 de abril) - Missão da Soyuz 33, tripulada por Nikolai Rukavishnikov (1932-2002) -
comandante - e Georgi Ivanov, primeiro cosmonauta da Bulgária. A nave deveria se acoplar à
Salyut 6, mas uma falha no motor principal (a primeira de uma nave Soyuz durante operações em
órbita) obriga o controle em terra a abortar a missão. A Soyuz 32, com motores exatamente iguais,
é trazida de volta sem tripulação, e a Soyuz 34, com motores modificados, é enviada para substituí-
la e permitir o retorno seguro da terceira tripulação residente da Salyut 6..

1979 (13 de abril) – A Voyager 1 termina a fase de observação de Júpiter.

1979 (25 de abril) – A Voyager 2 começa a fase de observação de Júpiter.

1979 (6 de junho) - É lançada a Soyuz 34, para substituir a Soyuz 32 e permitir o retorno da
tripulação residente da Salyut 6, formada por Vladimir Lyakhov e Valery Ryumin. A aterrissagem
ocorre em 19 de agosto.

1979 (8 de julho) – A Voyager 2 sobrevoa Calisto à distância de 214.930km. O satélite mostra uma
crosta de gelo antiga, com muitas crateras remanescentes de grandes impactos.

1979 (9 de julho) – A Voyager 2 chega ao ponto de maior aproximação com Júpiter: 721.670km.
No mesmo dia, passa por Ganimedes (62.130km), Europa (205.720km), Amalteia (558.370km) e Io
(1.129.900km). São fotografados com mais detalhes o sistema de anéis de Júpiter e os vulcões de
Io. As câmeras da nave revelam uma atmosfera de hidrogênio e hélio cujas nuvens apresentam uma
dinâmica muito mais complexa do que se imaginava, incluindo relâmpagos e auroras. Também é
confirmada a hipótese de que Júpiter emite muito mais energia do que recebe, o que poderia
justificar uma atividade atmosférica tão intensa que permite a formação de fenômenos como a
Grande Mancha Vermelha.
Imagens da Voyager 2 revelam que as longas séries de estrias descobertas em Europa pela Voyager
1 são fraturas em uma crosta de gelo que pode abrigar um oceano interior.
Ganimedes apresenta dois tipos bem diferentes de terreno, um coberto de crateras e o outro
estriado, sugerindo que a crosta gelada do satélite pode ter sofrido fenômenos tectônicos.
1979 (11 de julho) – ocorre a reentrada controlada da estação espacial Skylab na atmosfera
terrestre. Ela cai no Oceano Índico, nas proximidades da cidade australiana de Perth. Fragmentos
atingem a costa, e a cidade de Esperance, a título de brincadeira, multa a NASA em 400 dólares
australianos por jogar lixo em local público. A multa é paga em abril de 2009.
Massa: 77.088kg; comprimento: 26,3m; largura: 17m; altura: 7,4m; espaço pressurizado: 319,8m3;
dias em órbita: 2.249; dias ocupada: 171; órbitas terrestres: 34.981; distância percorrida: 1,4 bilhão
de km.

1979 (5 de agosto) – A Voyager 2 termina a fase de observação de Júpiter.

1979 (29 de agosto) – A Pioneer 11 sobrevoa Jápeto (à distância de 1.032.535km) e Febe


(13.713.574km).

1979 (31 de agosto) – A Pioneer 11 sobrevoa Hipérion à distância de 666.153km.

1979 (1º de setembro) – A Pioneer 11 chega ao ponto de máxima aproximação com Saturno
(21.000km das camadas exteriores de nuvens), torna-se a primeira sonda espacial a visitar aquele
mundo e tira as primeiras fotografias a curta distância do planeta.
No mesmo dia, sobrevoa Epimeteu (6.676km), Atlas (45.960km), Dione (291.556km), Mimas
(104.263km), Jânus (228.988km), Tétis (329.197km), Encélado (222.027km), Calipso (109.916km)
e Reia (345.303km).
Com diâmetro de 120.536 x 108.728km, Saturno é o segundo planeta em ordem de tamanho e o
sexto a partir do Sol, que orbita à distância média de 1.433.449.370km (varia entre 1.353.572.956 e
1.513.325.783km), completando uma órbita, à velocidade média de 34.900km/h, em 10.759,22 dias
terrestres (29,457 anos), ou 24.491,07 dias saturnianos. O planeta ocupa um volume de 827,13
trilhões de km3 (763,59 vezes o terrestre) e tem massa de 568,46 sextilhões de toneladas (95,152
vezes a da Terra. A área da superfície é de 42,7 bilhões de km2 (83,7 superfícies terrestres). A
gravidade equivale a 91,4% da terrestre, e a velocidade de escape é de 35,5km/s. Saturno tem o
maior achatamento polar entre todos os planetas, igual a 9,8% (o da Terra é de 0,33%), e possui
também a menor densidade: 0,687g/cm3 (inferior à da água, o que significa que o planeta flutuaria
se pudesse ser colocado sobre um oceano como os terrestres); o planeta mais denso é a Terra
(5,515g/cm3. A rotação de Saturno, cujo período atualmente é de 10h39min24s, apresenta um
mistério que intriga os cientistas: sua velocidade parece variar rapidamente, visto ter sido
considerável a diferença (seis minutos) entre os valores obtidos com as medições efetuadas pelas
sondas Voyager e Cassini. Os principais componentes da atmosfera são hidrogênio (96%), hélio
(3%) e metano (0,4%). A magnitude aparente varia entre -0,24 e +1,47. Tem 62 satélites
confirmados, e há mais de 150 pequenos corpos candidatos a satélites.
Saturno é o nome latino de Cronos, o mais jovem dos titãs, filho de Urano e de Gaia. Divindade
suprema da segunda geração de deuses da mitologia grega, reinava tiranicamente, até ser
destronado por seu filho Zeus.

1979 (2 de setembro) – APioneer 11 sobrevoa Titã à distância de 362.962km.

1979 (23 de novembro) –Com base na análise de imagens da Voyager 2 feitas em 8 de julho, David
C. Jewitt e G. Edward Danielson Anunciam a descoberta de Adrasteia, décimo quarto satélite
conhecido de Júpiter.
Diâmetro: 20 x 16 x 14km; período orbital: 0,298 dia; distância média do planeta: 129.000km;
massa: 2 trilhões de toneladas; densidade: 0,86g/cm3.

1979 (18 de dezembro) - É assinado em Nova Iorque o Acordo Regulamentando As Atividades dos
Estados na Lua E em Outros Corpos Celestes, que fica conhecido como Tratado da lua ou Acordo
da Lua, o qual estabelece que a jurisdição sobre todos os corpos celestes que não a Terra, incluindo
suas órbitas, é da comunidade internacional. Contudo, este tratado não tem nenhum efeito prático:
embora assinado por dezesseis países, não foi ratificado por nenhum Estado com capacidade de
realizar missões tripuladas no espaço.

1979 (19 de dezembro) – É lançada a sonda não tripulada Soyuz T-1, a primeira da nova geração
Soyuz da série T. No mesmo dia, acopla-se automaticamente à Salyut 6, onde permanece até 23 de
março de 1980, voltando em seguida à Terra e sendo recolhida dois dias depois.
A Soyuz T (com “T” significando “transportny”, transporte) apresenta melhorias no sistema de
acoplamento, um novo módulo de serviço, painéis solares (inexistentes na Soyuz), capacidade para
mais combustível e maior comodidade para os tripulantes.

1979 (24 de dezembro) – Ocorre o lançamento inaugural do Ariane, o primeiro foguete espacial
europeu.

1980 – Um grupo de pesquisadores estadunidenses descobre uma quantidade anômala de irídio


(elemento raro na Terra) nas camadas de sedimentos marinhos e aventa a hipótese de que a
extinção dos dinossauros, há cerca de 65 milhões de anos, tenha sido causada pelo impacto, sobre a
Terra, de um enorme meteorito ou de um asteroide.

1980 (14 de fevereiro) – É lançado o SolarMax (Solar Maximum Mission), satélite estadunidense
(2.315kg) projetado para estudar os fenômenos luminosos do Sol. Em 1984, é reparado no espaço
pelos tripulantes do ônibus espacial Challenger (STS-41-C). A partir de 1987, descobre dez
cometas rasantes.
O SolarMax permanece operacional até 2 de dezembro de 1989.

1980 (1º de março) – P. Laques e J. Lecacheux descobrem Helena, décimo segundo satélite
conhecido de Saturno.
Diâmetro: 43,4 x 38,2 x 26km; período orbital: 2,736 dias; distância média do planeta: 377.396km.

1980 (18 de março) – Cinquenta técnicos morrem no centro espacial Plesetsk, Rússia, depois da
explosão de um propulsor que estava sendo abastecido. O incidente só é relatado em 1989.

1980 (8 de abril) – Imagens das sondas Voyager possibilitam a descoberta de Telesto, décimo
terceiro satélite conhecido de Saturno.
Com diâmetro de 32,6 x 23,6 x 20km, Telesto orbita Saturno à mesma distância média
(294.619km) e no mesmo período (1,888 dia) que Calipso, cuja descoberta é anunciada em 31 de
julho.

1980 (10 de abril) – Os cosmonautas Leonid Popov e Valery Ryumin chegam à Salyut 6 a bordo da
Soyuz 35, lançada no dia anterior, e formam a tripulação com permanência mais longa na estação:
ficam no espaço 185 dias (mais uma quebra de recorde). Em 19 de julho, durante a cerimônia de
abertura dos Jogos Olímpicos de Moscou, participam de uma transmissão ao vivo: aparecem no
placar eletrônico e suas vozes são reproduzidas pelos alto-falantes do Estádio Olímpico. Voltam à
Terra na Soyuz 37, em 11 de outubro.
A Soyuz 35 retorna em 3 de junho, tripulada por Valery Kubasov e Bertalan Farkas.

1980 (11 de abril) – Devido a uma falha das baterias, terminam as operações do módulo de descida
da Viking 2, após 1.281 dias marcianos.
1980 (28 de abril) Com base na análise de imagens da Voyager 1 feitas em 5 de março de 1979,
Stephen P. Synnott anuncia a descoberta de Tebe, décimo quinto satélite conhecido de Júpiter.
Diâmetro: 116 x 98 x 84km; período orbital: 0,675 dia; distância média do planeta: 221,889km;
massa: 430 trilhões de toneladas; densidade: 0,86g/cm3.

1980 (26 de maio) - É lançada para a Salyut 6 a sonda Soyuz 36, tripulada por Valery Kubasov
(1935-2014) - comandante - e Bertalan Farkas - primeiro cosmonauta da Hungria. Eles realizam
grande número de experimentos húngaros e retornam em 3 de junho, a bordo da Soyuz 35.
A Soyuz 36 aterrissa em 31 de julho, tripulada por Viktor Gorbatko e Pham Tuân.

1980 (23 de julho) - É lançada a Soyuz 37, tripulada por Viktor Gorbatko - comandante - e Pham
Tuân - primeiro cosmonauta do Vietnã. Eles realizam cerca de trinta experimentos vietnamitas
durante a acoplagem à Salyut 6. Retornam em 31 de julho, a bordo da Soyuz 36.
Este voo tem implicações políticas. Em primeiro lugar, acontece durante os Jogos Olímpicos de
Moscou (19 de julho a 3 de agosto), quando a URSS recebe ampla cobertura da mídia mundial.
Ademais, Pham Tuân, piloto da Força Aérea vietnamita, tem várias condecorações por sua atuação
na Guerra do Vietnã, tendo derrubado diversos aviões estadunidenses, o que a mídia soviética
ressalta. Essa missão é interpretada como uma retaliação sutil da URSS aos EUA, que liderava um
boicote internacional aos Jogos Olímpicos de Moscou. O boicote, por sua vez, havia sido parte da
reação estadunidense à invasão do Afeganistão pela URSS, em dezembro de 1979. Os soviéticos,
posteriormente, vão liderar um boicote aos Jogos Olímpicos seguintes (1984), realizados em los
Angeles.
A Soyuz 37 volta à Terra em 11 de outubro, tripulada por Leonid Popov e Valery Ryumin.

1980 (31 de julho) – Uma equipe liderada por D. Pascu descobre Calipso (fotografado em 13 de
março), décimo quarto satélite conhecido de Saturno.
Diâmetro: 30 x 23 x 14km; período orbital: 1,888 dia; distância média do planeta: 294.619km.

1980 (17 de agosto) – São encerradas as operações do módulo orbital da Viking 1, tendo sido
completadas 1.485 órbitas.

1980 (22 de agosto) – A Voyager 1 começa a fase de observação de Saturno.

1980 (26 de agosto) –Com base na análise de imagens da Voyager 1 feitas em 4 de março de 1979,
Stephen P. Synnott publica a descoberta de Métis, décimo sexto satélite conhecido de Júpiter.
Diâmetro: 60 x 40 x 34km; período orbital: 0,295 dia; distância média do planeta: 128.000km;
massa: 36 trilhões de toneladas: densidade: 0,86g/cm3.

1980 (18 a 26 de setembro) - Missão da Soyuz 38, tripulada por Yuri Romanenko - comandante - e
Arnaldo Tamayo Méndez - primeiro cosmonauta de Cuba. Méndez também é o primeiro latino-
americano e o primeiro homem com ancestrais africanos a ir ao espaço, celebrado na época como o
primeiro cosmonauta negro.

1980 (28 de setembro) – Estreia a série de televisão Cosmos, composta de treze episódios com
duração de uma hora cada, escrita por Carl Sagan, sua esposa, Ann Druyan, e Steven Soter, e
apresentada por Sagan. Filmada, ao longo de 3 anos, em 40 localidades de 12 países, e assistida por
mais de 600 milhões de pessoas em todo o mundo, a série Cosmos é um dos maiores êxitos da
história da divulgação científica.
Os episódios são: 01. Os Limites do Oceano Cósmico (The Shores of the Cosmic Ocean); 02. As
Origens da Vida (One Voice in the Cosmic Fugue); 03. A Harmonia dos Mundos (The Harmony of
the Worlds); 04. Céu e Inferno (Heaven and Hell); 05. Os Segredos de Marte (Blues for a Red
Planet); 06. Histórias de Viajantes (Travellers’ Tales); 07. A Espinha Dorsal da Noite (The
Backbone of Night); 08. Viagens no Espaço e no Tempo (Travels in Space and Time); 09. A Vida
das Estrelas (The Lives of Stars); 10. O Limiar da Eternidade (The Edge of Forever); 11. A
Persistência da Memória (The Persistence of Memory); 12. Enciclopédia Galáctica (Encyclopaedia
Galactica); 13. Quem Pode Salvar a Terra? (Who Speaks for Earth?).
Ainda no mesmo ano, é publicado o livro homônimo.

1980 (outubro) - A partir de imagens da Voyager 1, são descobertos, por Richard J. Terrile e
Stewart A. Collins, os satélites de Saturno Atlas, Pandora e Prometeu, passando a ser 17 o número
de luas conhecidas daquele planeta.
Atlas - Diâmetro: 40,8 x 35,4 x 18,8km; período orbital: 0,602 dia; distância média do planeta:
137.670km; massa: 6,6 trilhões de toneladas; densidade: 0,46g/cm3.
Pandora - Diâmetro: 104 x 81 x 64km; período orbital: 0,628 dia; distância média do planeta:
141.720km; massa: 137,1 trilhões de toneladas; densidade: 0,49g/cm3.
Prometeu - Diâmetro: 135,6 x 79,4 x 59,4km; período orbital: 0,613 dia; distância média do
planeta: 139.380km; massa: 159,5 trilhões de toneladas; densidade: 0,48g/cm3.

1980 (10 de outubro) – É inaugurado o Very Large Array (VLA), radiotelescópio localizado na
planície de San Augustin, norte de Socorro, Novo México, com uma formação em "Y" na qual são
dispostas as diversas antenas de recepção.

1980 (12 de novembro) – A Voyager 1 chega ao ponto de maior aproximação com Saturno:
184.300km. No mesmo dia, passa por Titã (6.490km) e Tétis (415.670km). Descobre estruturas
complexas no sistema de anéis do planeta e obtém dados acerca da atmosfera de Titã.
Como a Pioneer 11, catorze meses antes, havia detectado uma atmosfera bastante densa em Titã, os
cientistas decidem que a Voyager 1 deve sobrevoar mais uma vez o satélite, o que causa um desvio
em sua rota que tira a sonda do plano da eclíptica que a levaria a Urano e Netuno (tarefa realizada
mais tarde pela Voyager 2). É o fim da missão planetária da Voyager 1. A nave também poderia ter
sido redirecionada para Plutão, com um impulso gravitacional de Saturno, mas os responsáveis pela
missão decidem que uma aproximação a Titã tem mais valor científico e envolve menos riscos.
Assim, ela é colocada numa rota que a leva para fora do Sistema Solar.

1980 (13 de novembro) – A Voyager 1 passa por Mimas (88.440km), Encélado (202.040km), Reia
(73.980km) e Hipérion (880.440km).

1980 (27 de novembro a 10 de dezembro) - Missão da Soyuz T-3, a primeira com três tripulantes
desde 1971. A tripulação é formada por Leonid Kizim (1941-2010) - comandante -, Oleg Makarov
(1933-2003) - engenheiro de voo - e Gennady Strekalov (1940-2004) - pesquisador. A missão é
essencialmente de manutenção da Salyut 6, desocupada desde 11 de outubro.

1980 (13 de dezembro) – A Voyager 1 termina a fase de observação de Saturno.

1981 – O físico e cosmologista estadunidense Alan Guth propõe formalmente a teoria (em que
vinha trabalhando desde 1979) da inflação cósmica, de acordo com a qual o Universo passou, nos
instantes iniciais, por um período de expansão ultrarrápida e exponencial (velocidade superior à da
luz). Posteriormente aperfeiçoada, sobretudo pelo físico teórico estadunidense (nascido na Rússia)
Andrei Linde, a teoria sustenta que a inflação durou de 1 undecimilionésimo (1 trilionésimo de
trilionésimo de trilionésimo) de segundo até 1 decimilionésimo ou 100 nonilionésimos de segundo
após o Big Bang. Nesse período, o universo se expandiu de um ponto extraordinariamente
concentrado (singularidade) com raio equivalente a 1 bilionésimo de um próton até dimensões
aproximadas às de uma laranja. Depois disso, a expansão continuou, mas a um ritmo bem mais
lento. É importante observar que, de acordo com este modelo, o Big Bang não foi uma explosão,
mas uma expansão abrupta de energia. O universo inflou, daí o termo “inflação”.
A teoria prevê ainda, como responsável pela inflação, um campo escalar com uma partícula
denominada ínflaton.
Pesquisas subsequentes encontram evidências favoráveis, e a inflação cósmica é hoje considerada
como parte do modelo cosmológico padrão do Big Bang. Esta teoria resolve, por exemplo, o
chamado “problema do horizonte”, que consiste em determinar por que o Universo parece
estatisticamente homogêneo e isotrópico de acordo com o princípio cosmológico. A explicação é o
equilíbrio térmico das moléculas, inexistente num modelo de Big Bang sem inflação cósmica, cuja
expansão gravitacional não dá ao universo tempo suficiente para se equilibrar.

1981 - A NASA recupera dados de 1978, que mostram um cometa colidindo com o Sol.

1981 (12 de março) - É lançada a Soyuz T-4, que transporta a sexta e última tripulação residente da
Salyut 6, formada por Vladimir Kovalyonok - comandante - e Viktor Savinykh - engenheiro de
voo. O retorno à Terra ocorre em 26 de maio.

1981 (22 a 30 de março) - Missão da Soyuz 39, tripulada por Vladimir Dzhanibekov - comandante
- e Jügderdemidiin Gürragchaa - primeiro cosmonauta da Mongólia. A bordo da Salyut 6, eles
estudam a progressiva degradação dessa estação espacial, instalam (24 de março) um detector de
raios cósmicos, que quatro dias mais tarde é desinstalado para ser trazido de volta à Terra, e passam
dois dias realizando estudos da Mongólia a partir do espaço.

1981 (12 de abril) – Ocorre o voo inaugural do Columbia (STS-1), o primeiro dos cinco ônibus
espaciais construídos pelos EUA. A tripulação é composta por John W. Young – comandante – e
Robert Crippen – piloto. O retorno ocorre em 14 de abril, tendo a missão durado 2d6h21min e
realizado 37 órbitas em torno da Terra, percorrendo uma distância de 1.728.000km.
Os ônibus espaciais são veículos tripulados reutilizáveis, sucessores das naves Apollo, empregadas
em viagens que levaram astronautas à Lua. O programa dos ônibus espaciais estadunidenses
chama-se oficialmente Space Transportation System, daí as iniciais STS (seguidas de um número)
com que são designados os voos.
O Columbia recebe este nome em homenagem a um barco que em 1792 passou pelos perigosos
bancos de areia na boca de um rio e chegou ao que hoje é a British Columbia, no Canadá, na
fronteira de Washington-Oregon, nos EUA.
A data de 12 de abril de 1981 marca o vigésimo aniversário do voo de Yuri Gagárin, o primeiro
homem no espaço.

1981 (14 a 22 de maio) - Missão da Soyuz 40, tripulada por Leonid Popov - comandante - e
Dumitru Prunariu - primeiro cosmonauta da Romênia. Esta é a última Soyuz da série original (logo
substituída pelas naves Soyuz-T) e também a última Soyuz a se acoplar à Salyut 6. No final da
missão, são feitos estudos do campo magnético terrestre.

1981 (24 de maio) – Harold J. Reitsema, William B. Hubbard, Larry A. Lebofsky e David J.
Tholen descobrem Larissa, terceiro satélite conhecido de Netuno.
Diâmetro: 216 x 204 x 168km; período orbital: 0,555 dia; distância média do planeta: 73.548km;
massa: 4,2 quatrilhões de toneladas; densidade: 1,2g/cm3.
1981 (5 de junho) – A Voyager 2 começa a fase de observação de Saturno.

1981 (22 de agosto) – A Voyager 2 sobrevoa Jápeto à distância de 908.680km.

1981 (25 de agosto) – A Voyager 2 passa por Hipérion (431.370km), Titã (666.190km) e Helena
(314.090km).

1981 (26 de agosto) – A Voyager 2 chega ao ponto de maior aproximação com Saturno:
161.000km. No mesmo dia, passa por Dione (502.310km), Calipso (151.590km), Mimas
(309.930km), Pandora (107.000km), Atlas (287.000km), Encélado (87.010km), (Jânus
(223.000km), Epimeteu (147.000km), Telesto (270.000km), Tétis (93.010km) e Reia (645.260km).
As investigações concentram-se sobretudo nas camadas superiores da atmosfera do planeta. São
registrados ventos de 1.800km/h, superados em velocidade no Sistema Solar apenas pelos ventos de
Netuno.

1981 (4 de setembro) – A Voyager 2 sobrevoa Febe à distância de 2.075.640km.

1981 (25 de setembro) – A Voyager 2 termina a fase de observação de Saturno.

1981 (12 a 14 de novembro) – Missão do Columbia (STS-2), tripulado por Joe Engle – comandante
– e Richard Truly – piloto. É a primeira vez que um veículo espacial tripulado volta ao espaço para
uma segunda missão. São completadas 37 órbitas em 2d6h13min12s, e a distância percorrida é de
1.730.000km.

1982 – Com base em informações fornecidas pelas duas missões Voyager, a UAI atribui nomes a
22 estruturas geológicas de Encélado, nomes esses retirados de personagens e de lugares
mencionados nas lendas árabes das Mil e uma noites.

1982 (janeiro) Durante uma expedição à Antártida, o montanhista estadunidense John Schutt
encontra um meteorito pouco usual. O meteorito é enviado a Washington, onde Brian Harold
Mason (1917-2009), geoquímico do Instituto Smithsonian, reconhece tratar-se de objeto diferente
de todos até então encontrados, cujo material é muito semelhante a algumas rochas trazidas da Lua
pelo Programa Apollo. Batizado de Allan Hills 81005, é considerado o primeiro meteorito de
proveniência lunar descoberto na Terra.

1982 (1º de março) – A sonda soviética Venera 13 (760kg), lançada em 30 de outubro de 1981,
envia as primeiras fotos coloridas de Vênus e imagens panorâmicas da superfície do planeta. A
sonda sobrevive por 127 minutos num ambiente com temperatura de 457°C e pressão de 89
atmosferas terrestres.

1982 (5 de março) – A sonda soviética Venera 14 (760kg), lançada em 4 de novembro de 1981,


pousa em Vênus (950km a sudoeste da Venera 13) e envia imagens panorâmicas do planeta.
Também analisa uma amostra do solo venusiano, composta de basalto. A sonda sobrevive por 57
minutos num ambiente com temperatura de 465°C e pressão de 94 atmosferas terrestres.

1982 (10 de março) – Ocorre um "syzygy", quando todos os oito planetas e também Plutão se
alinham no mesmo lado do Sol. Nesta data os planetas estão esparramados pelo céu a mais de 98°.

1982 (19 de abril) – É lançada a Salyut 7, última estação espacial desse programa soviético. É
praticamente igual à Salyut 6, pensada para permitir missões de longa duração.
1982 (13 de Maio) – Os cosmonautas soviéticos Anatoli Berezovoy (1942-2014) e Valentin
Lebedev, a bordo da Soyuz T-5, chegam à Salyut 7 e tornam-se os primeiros tripulantes dessa
estação espacial. Ficam lá por 211 dias (até 10 de dezembro) e voltam para a Terra na Soyuz T-7.

1982 (29 de julho) – Ocorre a reentrada da Salyut 6 na atmosfera terrestre.


Entre 1977 e 1982, a estação é visitada por seis tripulações de longa e dez tripulações de curta
duração.
Massa: 19.824kg; comprimento: 15,8m; diâmetro: 4,15m; espaço habitável: 90m3; dias em órbita:
1.764; dias ocupada: 683; órbitas terrestres: 28.024; distância percorrida: 1.136.861.930km.

1982 (agosto) – Num manifesto divulgado no final da assembleia geral da União Astronômica
Internacional, realizada na Grécia, cientistas de renome – como o astrofísico soviético Iosif
Shklovsky (1916-1985), o prêmio Nobel de Química Linus Pauling
(1901-1994) e o astrônomo estadunidense Carl Sagan (1934-1996), autor do livro e da série de
televisão Cosmos– aceitam fazer parte de uma comissão dedicada à busca de sinais de vida no
espaço cósmico. Pela primeira vez, uma entidade científica – a UAI – apoia a realização de
pesquisas para tentar comprovar a existência de seres extraterrestres.

1982 (16 de outubro) – Os astrônomos estadunidenses David Jewitt e Edward Danielson,


trabalhando no Monte Palomar, avistam o cometa Halley, que se aproxima do periélio, alcançado
em fevereiro de 1986.

1982 (11 de novembro) – O módulo de descida da Viking 1 perde contato com a Terra, devido a
um comando equivocado enviado desde o centro de controle da NASA. A missão dura ao todo
2.306 dias (ou 2.245 dias marcianos).

1983 – É criada a Agência Espacial de Israel (ISA - Israel Space Agency -, na sigla em inglês; em
hebraico, Sochnut HeHalal HaYisraelit).

1983 (25 de janeiro) – É lançado o IRAS (Infrared Astronomical Satellite), missão conjunta dos
EUA, Grã-Bretanha e Países Baixos, que inaugura a astronomia espacial no infravermelho,
realizando um sensível levantamento do céu nesta região do espectro eletromagnético. Com massa
de 1.083kg e operando numa órbita polar a 900km de altitude, permanece ativo até 22 de novembro
de 1983, tendo mapeado 250.000 fontes de infravermelho, cobrindo 96% do céu. Os dados do
IRAS também revelam a existência de material sólido em torno das estrelas Vega e Fomalhaut.
Ademais, o telescópio permite a descoberta de três asteroides e seis cometas.

1983 (23 de março) – É lançado pela URSS o Astron, maior telescópio ultravioleta da época,
colocado numa órbita com Apogeu de 115.000km. Entre as principais observações realizadas,
destacam-se a do cometa Halley (dezembro de 1985) e a da supernova SN 1987ª (4 a 12 de março
de 1987).
Permanece operacional até 1989.

1983 (4 a 9 de abril) – Primeiro voo do ônibus espacial Challenger (STS-6), com o objetivo de
lançar o primeiro satélite de comunicações da série Tracking and Data Relay Satellite (TDRS). A
tripulação é formada por Paul Weitz - Comandante -, Karol Bobko - Piloto -, Donald Peterson e
Story Musgrave.
Nesta mssão, ocorre a primeira atividade extraveicular realizada por uma tripulação de ônibus
espacial, com duração de 4h10min.
1983 (26 de maio) – Entra em operação o Exosat, primeiro observatório de raios X da ESA, que
permanece ativo até 9 de abril de 1986, realizando 1780 observações na banda de raios X de um
grupo bastante variado de objetos astronômicos.

1983 (13 de junho) – A nave Pioner 10 cruza a órbita de Plutão, então considerado o limite externo
do Sistema Solar.

1983 (18 a 24 de junho) – Missão do Challenger (STS-7), na qual viaja Sally Ride
(1951-2012), primeira mulher estadunidense a ir ao espaço. Os demais tripulantes são Robert
Crippen - comandante -, Frederick Hauck - piloto -, John Fabian e Norman Thagard.
Durante a missão, vários satélites são lançados.

1983 (30 de agosto a 5 de setembro) – Missão do Challenger (STS-8), que marca a primeira
decolagem e a primeira aterrissagem noturnas de um ônibus espacial. A tripulação é formada por
Richard Truly - Comandante -, Daniel Brandenstein - Piloto -, Dale Gardner (1948-2014), Guion
Bluford e William Thornton. Bluford é o primeiro negro a ir ao espaço.

1983 (26 de setembro) - O foguete que deveria lançar a nave Soyuz 7K-ST No.16L (também
chamada Soyuz T-10ª ou T-10-1) para uma missão à Salyut 7 pega fogo quando a contagem
regressiva já está em curso e explode, destruindo o complexo de lançamento. Os controladores da
missão conseguem ativar por rádio o sistema de escape da sonda, que se separa do foguete dois
segundos antes da explosão, o que salva a vida dos tripulantes, Vladimir Titov - comandante - e
Gennady Strekalov (1940-2004) - engenheiro de voo. É o único caso de um sistema de escape de
uma nave espacial ativado quando esta já está na plataforma de lançamento com os tripulantes a
bordo.

1983 (outubro) - O astrônomo indiano Subrahmanyan Chandrasekhar (1910-1995) é anunciado


como ganhador do Prêmio Nobel de Física pelos seus importantes trabalhos sobre a teoria da
evolução das estrelas.
Também recebe o prêmio o astrofísico estadunidense William Alfred Fowler (1911-1995), por seus
estudos acerca da importância das reações nucleares das estrelas para a formação dos elementos
químicos no universo.

1983 (10 e 11 de outubro) – As sondas soviéticas Venera 15 e Venera 16, lançadas,


respectivamente, em 2 e 7 de junho, chegam a Vênus e produzem um mapa do hemisfério norte do
planeta. São idênticas, compostas exclusivamente de módulos orbitais e com massa de 4.000kg.
Estas são as últimas missões da série Venera.
As sondas Venera conseguem, ao longo de 22 anos (1961-1983), resultados importantes para a
história da exploração espacial, destacando-se as seguintes realizações: primeiros artefatos
humanos a pousar suavemente em outro planeta e conseguir transmitir informações durante certo
tempo; primeiras máquinas criadas pelo homem a entrar na atmosfera de outro planeta que não a
Terra; primeiras naves a fotografar e enviar à Terra imagens de outro planeta; primeiras sondas a
realizar o mapeamento em radar da superfície de um planeta.

1983 (28 de novembro a 8 de dezembro) – Missão do Columbia (STS-9), a primeira inteiramente


dedicada ao Spacelab, laboratório reutilizável levado ao espaço em 25 voos dos ônibus espaciais,
construído para realizar pesquisas científicas em microgravidade na órbita terrestre. O Spacelab é
formado por diversos componentes, que podem ser montados em configurações variáveis, de
acordo com os objetivos das experiências científicas desenvolvidas. É utilizado até 1998. A partir
daí, a tecnologia do laboratório começa a ser transferida para a Estação Espacial Internacional, cujo
primeiro módulo é lançado naquele ano.
Esta é a primeira missão de um ônibus espacial com mais de cinco tripulantes: John Young -
Comandante -, Brewster Shaw - Piloto -, Owen Garriott, Robert Parker, Ulf Merbold e Byron
Lichtenberg.

1984 – Um artigo publicado na Nature, assinado por R. A. Muller, Piet Hut e Mark Davis, propõe a
hipótese de o Sol ser uma estrela binária, com uma companheira pequena e escura, centenas,
dezenas ou milhares de vezes mais distante que Plutão. Posteriormente, especula-se que essa
companheira poderia ser uma anã marrom ou uma anã vermelha, distante de 1 a 2 anos-luz do Sol.
Trata-se de uma tentativa de explicar os intervalos mais ou menos regulares em que ocorrem
extinções em massa na Terra, sugeridos pouco antes pelos paleontólogos David Raup e Jack
Sepkoski. A cada intervalo de 26 ou 27 milhões de anos, a estrela se aproximaria o suficiente do
Sol para causar perturbações na nuvem de Oort, as quais fariam com que grande número de
cometas fossem empurrados para as regiões interiores do Sistema Solar, aumentando a
probabilidade de colisões com a Terra. Esse astro hipotético recebe o nome de Nêmesis, deusa
grega da vingança.
A questão permanece em aberto, mas a existência de Nêmesis é rejeitada pela maioria dos
astrônomos.

1984 – É fundado, na Califórnia, EUA, o Instituto SETI, uma organização privada e sem fins
lucrativos cujo objetivo é explorar, entender e explicar a origem, a natureza e a prevalência da vida
no universo. SETI é a sigla para "search for extraterrestrial intelligence" (“Busca por Inteligência
Extraterrestre”), e o instituto tem duas linhas principais de atividades: 1. utilização de
radiotelescópios e telescópios ópticos para procurar por sinais intencionalmente emitidos por seres
extraterrestres; 2. pesquisa sobre planetas extrassolares, condições para a existência de vida em
Marte e outros objetos do Sistema Solar e zonas de habitabilidade dentro da Via Láctea.

1984 (7 de fevereiro) – Primeira “caminhada” no espaço sem o uso de cabos, feita pelo astronauta
estadunidense Bruce McCandless, durante uma missão do Challenger
(STS-41-B). Os demais integrantes da tripulação são Vance Brand - Comandante -, Robert Gibson -
Piloto -, Ronald McNair (1950-1986) e Robert Stewart.
De 1984 até a explosão do Challenger, o número das missões não é sequencial, isto é, não
corresponde à ordem dos voos. A STS-41-B é a décima do programa dos ônibus espaciais, vindo
após a STS-9. A sequência é retomada depois do acidente com o Challenger, a partir da STS-26.
Contudo, como o número da missão é atribuído no agendamento, e não no lançamento, a
numeração das missões não segue uma ordem rigorosamente cronológica.

1984 (8 de fevereiro) – Chega à Salyut 7, transportada pela Soyuz T-10, a terceira tripulação,
formada por Leonid Kizim (1941-2010), Vladimir Solovyov e Oleg Atkov, cujo período de
permanência é de 237 dias (até 2 de outubro), o mais longo da estação. Eles voltam à terra na
Soyuz T-11.

1984 (11 de abril) – Astronautas do Challenger (STS-41-C) completam o primeiro conserto de


satélite no espaço. George Nelson e James Van Hoften recuperam o satélite defeituoso SolarMax.
Os demais tripulantes são rRobert Crippen - comandante -, Francis Scobee (1939-1986) - piloto – e
Terry Hart.

1984 (25 de julho) – A cosmonauta soviética Svetlana Savitskaya torna-se a primeira mulher a
caminhar no espaço em uma experiência de 3h35min fora da plataforma espacial Salyut Sete. Ela
havia sido a segunda mulher a ir ao espaço em 1982, sete meses antes de Sally Ride (1951-2012), a
primeira astronauta estadunidense, fazer uma viagem espacial.

1984 (30 de agosto a 5 de setembro) – Primeiro voo do ônibus espacial Discovery


(STS-41-D), durante o qual são lançados três satélites de comunicação. A tripulação é composta
por Henry Hartsfield, Jr. (1933-2014) - Comandante -, Michael Coats – Piloto-, Judith Resnik
(1949-1986), Steven Hawley, Richard Mullane e Charles Walker.
O nome é uma homenagem ao RRS Discovery (Royal Research Ship Discovery) último barco de
madeira de tres mastros construído no Reino Unido, empregado por Robert Falcon Scott (1868-
1912) na primeira de suas duas viagens de exploração à Antártida (1901-1904).

1984 (5 a 13 de outubro) – Missão do Challenger (STS-41-G), primeiro voo de um ônibus espacial


com duas mulheres na tripulação - Sally Ride (1951-2012) e Kathryn Sullivan – e o primeiro com
sete tripulantes, sendo os demais Robert Crippen - comandante -, Jon McBride - piloto -, David
Leestma, Marc Garneau - primeiro canadense no espaço – e Paul Scully-Power.
Em 11 de outubro, Sullivan torna-se a primeira mulher estadunidense a realizar uma atividade
extraveicular (3h29min).

1984 (15 e 21 de dezembro) – São lançadas, respectivamente, as sondas soviéticas Vega 1 e Vega 2
(4.920kg cada uma), com destino ao cometa Halley. O nome VeGa é decorrente da contração das
palavras Venera e Gallei, termos em russo para Vênus e Halley, respectivamente. como
instrumentos científicos, são dotadas de câmeras teleobjetiva e grande angular, espectrômetros de
três faixas, magnetômetros, sonda para o plasma e uma antena direcional tipo cônica.

1985 – É fundado (Morro de São Januário, Rio de Janeiro), sob a coordenação do astrônomo
Ronaldo Rogério de Freitas Mourão (1935-2014), o Museu de Astronomia e Ciências Afins
(MAST), uma instituição pública federal que trabalha com a história científica e tecnológica do
Brasil, ao mesmo tempo em que promove e estuda a divulgação e a educação em ciências.
Embora não esteja oficialmente vinculado ao Observatório Nacional, o MAST é responsável pela
guarda do acervo histórico daquela instituição, que inclui centenas de instrumentos astronômicos.

1985 (7 de janeiro) – É lançada a sonda japonesa Sakigake (pioneiro), com destino ao cometa
Halley. Com massa de 138,1kg, transporta instrumentos científicos destinados a medir o espectro
do plasma, os íons do vento solar e o campo magnético interplanetário. É a primeira espaçonave
japonesa a deixar as imediações da Terra.

1985 (junho) – É oficialmente inaugurado o Observatório de Roque de los Muchachos, numa


cerimônia que conta com a presença do rei Juan Carlos e da rainha Sofia, da Espanha, além de sete
chefes de Estado europeus. Contudo, o Observatório já operava havia seis anos, desde a instalação,
em 1979, do telescópio Isaac Newton, vindo da Inglaterra. Localizado no município de Garafía, em
La Palma, uma das Ilhas Canárias, na Espanha, Roque de Los Muchachos está situado a 2.396m de
altitude e possui a maior concentração de telescópios do Hemisfério Norte. É Administrado pelo
Instituto de Astrofísica das Canárias (IAC), situado na ilha de Tenerife.

1985 (11 e 15 de junho) – As sondas VeGa 1 e Vega 2 chegam a Vênus no seu caminho para o
cometa Halley. Cada uma Libera um aterrissador semelhante àqueles das sondas Venera e um balão
atmosférico para pesquisar as nuvens de Vênus. O balão flutua na atmosfera durante cerca de 48h a
uma altitude de 54km.

1985 (2 de julho) – É lançada a sonda Giotto (582,7kg), da ESA, levada ao espaço por um foguete
Ariane-1, com destino ao cometa Halley. Recebe este nome em homenagem a um pintor da época
medieval, Giotto di Bondone (1267-1337). Ele havia observado o cometa em 1301, e este fato o
inspirou a incluir o astro na sua pintura sobre a história do Natal, um afresco denominado Adoração
dos Reis Magos. Os objetivos da Missão são: Obter fotos coloridas do núcleo do cometa;
Determinar os elementos químicos e os componentes isotópicos da cauda do cometa e de suas
moléculas formadoras; Caracterizar os componentes físicos e químicos dos processos que ocorrem
na atmosfera do cometa e na sua ionosfera; Determinar os elementos e a composição isotópica das
partículas de sua Cauda; Medir a produção total do gás, do fluxo e do tamanho das partículas, a
relação entre a produção de gás e de partículas; Investigar o fluxo de plasma, sob o ponto de vista
macroscópico, resultado da interação entre o cometa e o Sol. A Giotto carrega dez equipamentos:
Uma câmera teleobjetiva, três espectrômetros, de massa, de nêutrons e de íons. Vários detectores de
partículas, um fotopolimerizador e um conjunto de experimentos para a análise do plasma.

1985 (18 de agosto) – É lançada a sonda japonesa Suisei (cometa), segunda missão nipônica
enviada para pesquisar o cometa Halley, inicialmente batizada de Planet-A. Tem massa de 139,5kg
e possui um sistema de processamento de imagem para a radiação ultravioleta e um instrumento
científico de medição do vento solar. Tal como a Sakigake, esta sonda é feita para testar as
tecnologias japonesas para missões em espaço profundo, incluindo comunicações, controle de
altitude e a obtenção de dados científicos. O principal objetivo da missão é a obtenção de imagens
em ultravioleta da enorme nuvem de átomos de hidrogênio que envolve o núcleo do cometa e de
sua grande cauda de cerca de 20 milhões de km de extensão. Fotos são tiradas nos trinta dias
anteriores e trinta dias posteriores à passagem do cometa sobre o plano da eclíptica. São medidos
parâmetros do vento solar durante um período muito mais longo de tempo do que aquele obtido
pela Sakigake.

1985 (11 de setembro) – A sonda International Cometary Explorer (ICE) torna-se a primeira a
visitar um cometa, ao passar por dentro da cauda do 21P/Giacobini-Zinner, a 7.800km do núcleo.
Devido à sua missão original (estudar a interação entre o campo magnético terrestre e o vento
solar), não possui câmeras, mas carrega instrumentos para medir partículas energéticas, ondas,
plasmas e campos.
O cometa, descoberto (20 de dezembro de 1900) pelo francês Michel Giacobini
(1873-1938), e reencontrado, duas passagens mais tarde, em 23 de outubro de 1913, pelo alemão
Ernst Zinner (1886-1970), tem núcleo com diâmetro estimado de 2km.

1985 (3 a 7 de outubro) – Primeiro voo do ônibus espacial Atlantis (STS-51-J), que transporta uma
carga não revelada para o Departamento de Defesa dos EUA. A tripulação é constituída por Karol
Bobko - Comandante -, Ronald Grabe – Piloto-, David Hilmers, Robert Stewart e William Pailes.
O nome é uma homenagem ao R/V Atlantis, primeiro navio a realizar pesquisas para o Instituto
Oceanográfico de Woods Hole, nos EUA.

1985 (30 de outubro a 6 de novembro) – Missão do Challenger (STS-61-A), dedicada ao Spacelab.


É o último voo bem-sucedido do Challenger e a única missão de um ônibus espacial com mais de
sete tripulantes: Henry Hartsfield, Jr. (1933-2014) - Comandante -, Steven Nagel (1946-2014)-
Piloto-, Bonnie Dunbar, James Buchli, Guion Bluford, Reinhard Furrer (1940-1995), Ernst
Messerschmid e Wubbo Ockels (1946-2014) - primeiro astronauta holandês.

1985 (4 de novembro) – A Voyager 2 começa a fase de observação de Urano.

1985 (8 de novembro) – Os estadunidenses Stephen Edberg e Charles Morris são os primeiros a


observar o Cometa Halley a olho nu na aparição de 1986.
1985 (30 de dezembro) – A partir de imagens da Voyager 2, Stephen P. Synnott descobre Puck,
sexto satélite conhecido de Urano.
Diâmetro: 162km; período orbital: 0,761 dia; distância média do planeta: 86.004km; massa: 2,9
quatrilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3.

1986 (3 de janeiro) – A partir de imagens da Voyager 2, Stephen P. Synnott descobre Julieta e


Pórcia, sétimo e oitavo satélites conhecidos de Urano.
Julieta – Diâmetro: 150 x 74km; período orbital: 0,493 dia; distância média do planeta: 64.358km;
massa: 560 trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3.
Pórcia – Diâmetro: 156 x 126km; período orbital: 0,513 dia; distância média do planeta: 66.097km;
massa: 1,7 quatrilhão de toneladas; densidade: 1,3g/cm3.

1986 (9 de janeiro) – A partir de imagens da Voyager 2, Stephen P. Synnott descobre Créssida,


nono satélite conhecido de Urano.
Diâmetro: 92 x 74km; período orbital: 0,464 dia; distância média do planeta: 61.767km; massa: 340
trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3.

1986 (13 de janeiro) – A partir de imagens da Voyager 2, Stephen P. Synnott descobre Desdêmona,
Rosalinda e Belinda, passando a ser 12 o número de satélites conhecidos de Urano.
Desdêmona – Diâmetro: 90 x 54km; período orbital: 0,474 dia; distância média do planeta:
62.658km; massa: 180 trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3.
Rosalinda – Diâmetro: 72km; período orbital: 0,558 dia; distância média do planeta: 69.927km;
massa: 250 trilhões de km; densidade: 1,3g/cm3.
Belinda – Diâmetro: 128 x 64km; período orbital: 0,624 dia; distância média do planeta: 75.256km;
massa: 360 trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3.

1986 (20 de janeiro) – A partir de imagens da Voyager 2, Richard J. Terrile descobre Cordélia e
Ofélia, décimo terceiro e décimo quarto satélites conhecidos de Urano.
Cordélia – Diâmetro: 50 x 36km; período orbital: 0,335 dia; distância média do planeta: 49.752km;
massa: 44 trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3.
Ofélia – Diâmetro: 54 x 38km; período orbital: 0,376 dia; distância média do planeta: 53.763km;
massa: 53 trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3.

1986 (23 de janeiro) – A partir de imagens da Voyager 2, Bradford A. Smith descobre Bianca,
décimo quinto satélite conhecido de Urano.
Diâmetro: 64 x 46km; período orbital: 0,435 dia; distância média do planeta: 59.165km; massa: 92
trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3.

1986 (24 de janeiro) – A Voyager 2 chega ao ponto de maior aproximação com Urano: 81.593km.
No mesmo dia, passa por Miranda (29.000km), Ariel (127.000km), umbriel (325.000km), Titânia
(365.200km) e Oberon (470.600km). Urano tem uma aparência extremamente monocromática.
Curiosamente, verifica-se que seu campo magnético é completamente oblíquo em relação ao eixo
rotacional (que já é extremamente oblíquo), dando ao planeta uma magnetosfera peculiar. Canais
gelados são observados em Ariel. Miranda é uma bizarra colcha de retalhos de diferentes terrenos.
Outro anel é observado.

1986 (28 de janeiro) – O ônibus espacial Challenger explode 73 segundos depois do lançamento,
quando está a 16,5km de altitude, em sua décima missão (STS-51L), matando os sete
estadunidenses a bordo: Francis R. Scobee (n. 1939) – comandante -, Michael J. Smith (1945) –
piloto -, Judith A. Resnik (1949), Ellison S. Onizuka (1946), Ronald E. McNair (1950), Gregory B.
Jarvis (1944) e Sharon Christa McAuliffe (1948). A professora Christa McAuliffe é a primeira civil
estadunidense a participar de um voo espacial e pretendia dar uma aula a partir do espaço.
Os restos mortais de todos os astronautas são encontrados em 7 de março. Nas semanas seguintes
ao acidente, são recuperadas (e retiradas do oceano) 14t de destroços.
Uma comissão nomeada pelo Presidente Ronald Reagan (1911-2004) e presidida pelo político e
advogado William Pierce Rogers (1913-2001), que fica conhecida como “Rogers Commission” (e
da qual faz parte Neil Armstrong), apresenta (9 de junho) um relatório em que aponta como causa
do desastre a falha de um anel de vedação, o que acarretou o vazamento de gás pressurizado quente
do motor do foguete de propulsão para o tanque externo de combustível, que explodiu.
O acidente interrompe os voos dos ônibus espaciais por 32 meses. Um novo ônibus, Endeavour, é
construído para substituir o Challenger.
Tempo em atividade: dois anos, nove meses e 24 dias; Número de missões: 10; tripulantes: 60;
tempo no espaço: 62d7h56min22s; órbitas terrestres: 995; distância percorrida: 41.518.538km;
satélites lançados: 10; acoplagens à Mir: 0; acoplagens à ISS: 0.

1986 (9 de fevereiro) – O cometa Halley atinge o periélio: 88 milhões de km do Sol, entre as


órbitas de Mercúrio e de Vênus. A Terra e o cometa estão em lados opostos do Sol, o que resulta
nas piores condições de observação, nos últimos 2 mil anos, para um observador terrestre.
Ademais, a crescente poluição luminosa dos centros urbanos faz com que muitos seres humanos
não consigam ver o Halley.
A Pioneer-Vênus 1, em órbita venusiana, é posicionada para fazer medições do cometa durante o
periélio. O espectrômetro capta a perda de água do Halley num momento em que observações a
partir da Terra são difíceis.
O próximo periélio deste cometa ocorrerá em 28 de julho de 2061.

1986 (20 de fevereiro) – Um foguete de carga Proton-K, lançado do cosmódromo de Baikonur, no


Casaquistão, coloca em órbita o primeiro módulo da estação espacial Mir (Paz, em russo). Nos anos
seguintes, outros módulos vão sendo acrescentados (serão sete ao todo). A Mir é concluída em
1996.

1986 (25 de fevereiro) – A Voyager 2 termina a fase de observação de Urano.

1986 (4 de março) – Chegam as primeiras imagens do Halley feitas pela Vega 1, que servem de
parâmetro para ajustar o encontro da Giotto com o cometa, permitindo que o sobrevoo se dê a uma
distância menor do que a anteriormente prevista. As imagens revelam duas áreas brilhantes,
inicialmente interpretadas como sendo um núcleo duplo, mas que na verdade são dois jatos de
matéria emitidos pelo Halley. As imagens também mostram que o núcleo é escuro, e o
espectrômetro infravermelho indica temperaturas de 300 a 400 K, muito superiores às esperadas
para um corpo gelado. A conclusão é de que o cometa tem uma camada de matéria na superfície,
cobrindo o núcleo de gelo.

1986 (6 de março) – Ocorre a maior aproximação da Vega 1 com o cometa Halley: 8.889km. São
tiradas mais de 500 fotografias, enquanto a sonda passa pela nuvem de gás que envolve a coma.

1986 (8 de março) – A Suisei atinge seu ponto de maior aproximação do cometa Halley:
152.400km.

1986 (9 de março) – Ocorre a maior aproximação da Vega 2 com o cometa Halley: 8.030km.
Durante o encontro, a nave faz 700 imagens do cometa, com resolução melhor do que a obtida pela
sonda gêmea Vega 1, em parte devido à menor quantidade de poeira em torno da coma naquele
momento.

1986 (11 de março) – A sonda Sakigake atinge seu ponto de maior aproximação do cometa Halley:
6,99 milhões de km.

1986 (14 de março) – A sonda Giotto passa a 596km do cometa Halley. A nave carrega 10
instrumentos, inclusive uma câmera multicor, e transmite informações até um pouco antes de sua
máxima aproximação, quando a transmissão é interrompida temporariamente. As imagens mostram
que apenas um décimo da superfície do núcleo está ativa, com três jatos de gás observados no
hemisfério iluminado pelo Sol. O material ejetado é composto de água (80%), dióxido de carbono
(10%), uma mistura de metano e amoníaco (2,5%) e traços de outros hidrocarbonetos, sódio e ferro.
O núcleo, irregular e poroso, revela-se mais preto do que carvão, o que sugere uma cobertura
espessa de poeira. Os grãos de poeira ejetados são, em sua maioria, do tamanho de partículas de
fumaça de cigarro, com massas compreendidas entre 10 atogramas (quintilhonésimos de gramas) e
40 miligramas. Dois tipos de poeira são observados, um contendo carbono, hidrogênio, nitrogênio e
oxigênio, o outro com cálcio, ferro, magnésio, silício e sódio. A proporção de elementos cometários
leves, excluído o nitrogênio (ou seja, hidrogênio, carbono, oxigênio) é a mesma do Sol, o que
significa que os constituintes do Halley estão entre os mais primitivos do Sistema Solar. Os
espectrômetros da sonda revelam ainda que o cometa tem uma superfície rica em carbono.
A Giotto sofre sérios danos causados por choque com poeira de alta velocidade, durante a
passagem pelo cometa, mas, para surpresa dos próprios cientistas, sobrevive ao encontro com o
Halley. É colocada em hibernação logo depois, a fim de ser redirecionada, posteriormente, para
outro objetivo espacial.
Esta é a última das cinco missões que compõem a popularmente denominada “Armada Halley”,
formada, além da Giotto, por Vega 1, Vega 2, Sakigake e Suisei.

1986 (15 de março) – A Soyuz T-15, lançada no dia 13, chega à Mir, levando os primeiros
tripulantes daquela estação espacial: Leonid Kizim (1941-2010) - Comandante - e Vladimir
Solovyov - Engenheiro de voo. Em 5 de maio, ambos os cosmonautas partem para a Salyut 7,
realizando a primeira transferência de pessoas entre duas estações orbitais da história, numa viagem
de 2.500km e 29 horas. Cinquenta dias mais tarde, em 25 de junho, depois de terem realizado duas
atividades extraveiculares, os dois russos iniciam a viagem de volta à Mir, outra vez com duração
de 29 horas. A aterrissagem ocorre em 16 de julho, configurando uma missão com duração de 125
dias.

1986 (20 de março) – A sonda estadunidense Pioneer 7, lançada em 17 de agosto de 1966 e


posicionada em órbita heliocêntrica, passa a 12,3 milhões de km do Halley e monitora a interação
entre a cauda de hidrogênio do cometa e o vento solar.

1986 (final de março) – A sonda International Cometary Explorer passa por dentro da cauda do
cometa Halley, à distância mínima de 28 milhões de km do núcleo.
Esta é a última sonda a transmitir dados sobre o Halley. Uma missão do Challenger estava
programada para observar o cometa em março, mas, após o acidente de janeiro, o programa dos
ônibus espaciais é temporariamente interrompido.

1986 (11 de abril) – o Cometa Halley atinge seu ponto de maior aproximação da Terra nesta
passagem: 63 milhões de km. A menor distância alguma vez registrada entre o Halley e a Terra
ocorre em 10 de abril de 837: 5,1 milhões de km.
O Halley é, inquestionavelmente, o mais famoso e estudado dos cometas, com trinta passagens
registradas ao longo de 2.200 anos. Descreve uma órbita fortemente elíptica (em média, a cada 75,3
anos), que o leva desde regiões internas a Vênus (88 milhões de km do Sol) até zonas além de
Netuno (5,250 bilhões de km). O núcleo, com diâmetro de 15 x 8 x 8km, completa uma rotação em
52,8h. O Halley tem densidade de 0,6g/cm3, e a massa é de 220 bilhões de toneladas (27 bilhões de
vezes inferior à da Terra). A cada passagem pelo periélio, parte dessa massa é perdida por
evaporação causada pelo calor solar.

1986 (21 a 30 de maio) – Missão (não tripulada) da Soyuz TM-1, a primeira da série de naves
Soyuz Tm, cuja sigla significa “Transportny Modifitsirovannyi” (“Transporte modificado”).
Projetada para transportar astronautas entre a Terra e a Mir, a Soyuz TM também é capaz de se
acoplar à ISS. Em relação à Soyuz T, apresenta um novo e melhorado sistema de acoplamento e de
comunicações, além de incorporar paraquedas e motores de aterrissagem integrados. Ademais, tem
um casco mais resistente e um escudo térmico mais leve.

1987 (23 de fevereiro) – Ian Shelton descobre a supernova 1987 A na Grande Nuvem de Magalhães
(constelação do Dourado). É a supernova mais luminosa descoberta no século XX e a primeira
visível a olho nu (magnitude aparente 3) desde 1604. Dista da Terra aproximadamente 168.000
anos-luz.

1987 (22 a 29 de julho) – O sírio Muhammed Faris é o primeiro não soviético a visitar a Mir. Ele
parte a bordo da Soyuz TM03 e retorna à Terra na Soyuz TM02.

1987 (final do ano) Os americanos Alan Dressler, David Burnstein, Sandra Faber, Gary Wegner, e
os ingleses Roger Davis, Donald Lynden-Bell e Robert Terlevich, apelidados de “Os Sete
Samurais”, divulgam os resultados de uma pesquisa de quatro anos que leva à descoberta do
“Grande Atrator”, uma anomalia gravitacional no espaço intergaláctico distante aproximadamente
250 milhões de anos-luz, na direção do superaglomerado de Hidra-Centauro, que revela a
existência de uma concentração localizada de massa equivalente a dezenas de milhares de Vias
Lácteas, observável pelo efeito causado nos movimentos de galáxias e aglomerados de galáxias
num raio de centenas de milhões de anos-luz ao redor.
Nos anos seguintes, são divulgados trabalhos indicando que a massa e a influência do Grande
Atrator são menores do que se pensava.
Em setembro de 2014, contudo, astrônomos da Universidade do Havaí anunciam que o Grande
Atrator é o centro gravitacional de Laniakea, superaglomerado de galáxias ao qual pertence a Via
Láctea.

1988 – Martin Duncan, Thomas Quinn e Scott Tremaine sugerem que os cometas de curto período
vêm principalmente do cinturão de Kuiper e não da nuvem de Oort. Atualmente, aceita-se que a
região de onde provêm esses cometas é o disco disperso (descoberto em 1995).

1988 – Aproveitando a ocultação de uma estrela por Plutão, cientistas conseguem, pela primeira
vez, detectar a atmosfera do planeta anão, composta de nitrogênio, metano e monóxido de carbono,
em equilíbrio com nitrogênio sólido e gelos de monóxido de carbono na superfície.

1988 (1º de janeiro) – É fundada a Agência Espacial Italiana (Agenzia Spaziale Italiana - ASI), com
a finalidade de promover, gerenciar e administrar programas italianos e de colaboração multilateral
com vários outros países no estudo científico do espaço.

1988 (1º de abril) – É publicado o livro “A Brief History of Time” (“Uma Breve História do
Tempo”), de Stephen Hawking, um dos maiores êxitos de divulgação científica das últimas
décadas: mais de 10 milhões de cópias vendidas e 237 semanas na lista de mais vendidos do jornal
londrino Sunday Times. Com o subtítulo “Do Big Bang Aos Buracos Negros”, o objetivo da obra é
explicar tópicos especializados de cosmologia ao público leigo. A linguagem é simples, e nas 256
páginas aparece apenas uma equação: E = mc2.
Um filme homônimo é realizado em 1991, dirigido pelo estadunidense Errol Morris. Contudo, o
filme não é baseado no livro, mas na biografia de Stephen Hawking.

1988 (5 e 12 de julho) – São lançadas as sondas soviéticas Fobos 1 e Fobos 2, com destino à lua
marciana homônima. Cada uma das sondas pesa 2.600kg.

1988 (2 de setembro) – A Fobos 1 perde contato com a Terra devido a erros na execução da
sequência de comandos.

1988 (7 de setembro) – A China lança seu primeiro satélite meteorológico, o FY-1A, da base de
lançamento de Taiyuan, norte do país.

1988 (29 de setembro a 3 de outubro) – O Discovery volta ao espaço (STS-26), retomando os voos
dos ônibus espaciais (depois de 975 dias), interrompidos após a explosão do Challenger, em janeiro
de 1986. A tripulação é formada por Frederick Hauck - Comandante -, Richard Covey - Piloto -,
John (Mike) Lounge (1946-2011), George Nelson e David Hilmers.

1988 (15 de novembro) – Ocorre o voo do único veículo reutilizável soviético a ir ao espaço.
Denominado Buran, pertence ao programa homônimo e é semelhante, em desenho e em função, ao
ônibus espacial estadunidense. O voo, completamente automatizado, dura 3h26min e completa duas
órbitas.
O Programa Buran é cancelado em 1993.

1989 – Os astrônomos estadunidenses Margaret Geller e John Huchra (1948-2010) descobrem a


“Grande Muralha”, uma gigantesca estrutura com mais de 500 milhões de anos-luz de extensão,
300 milhões de anos-luz de largura e 16 milhões de anos-luz de espessura, composta por centenas
de milhares de galáxias e distante da Terra cerca de 200 milhões de anos-luz.

1989 – Entra em operação o New Technology Telescope (NTT), localizado no Observatório La


Silla (Chile). Com espelho de 3,58m, é o primeiro a contar com a tecnologia denominada “óptica
ativa”, que ajusta automaticamente os espelhos durante as observações, a fim de garantir a
qualidade das imagens obtidas.
A óptica ativa é utilizada nos principais telescópios projetados atualmente.

1989 – Os russos Boris Chirikov (1928-2008) e Vitaly Vecheslavov analisam 46 aparições do


cometa Halley, a partir de registros históricos e simulações em computador. Esse estudo mostra que
a dinâmica do Halley é caótica e imprevisível numa escala longa de tempo. Os cientistas também
estimam o tempo de vida do cometa em 10 milhões de anos.
Trabalhos mais recentes sugerem que o Halley vai evaporar ou se separar em duas partes nas
próximas dezenas de milhares de anos, ou então será ejetado para fora do Sistema Solar dentro de
algumas centenas de milhares de anos.

1989 (29 de janeiro) – A sonda Fobos 2 entra com sucesso na órbita de Marte, chegando a 800km
da lua homônima, mas uma perda súbita de energia provoca o encerramento da missão.

1989 (19 de fevereiro) - É inaugurado o Ericsson Globe, originalmente (1989-2009) denominado


Stockholm Globe Arena, um ginásio utilizado em eventos esportivos e artísticos localizado em
Estocolmo. Trata-se de um prédio esférico com 110m de diâmetro, que representa o Sol no Sistema
Solar da Suécia, um conjunto de obras e figuras concebido para ser um modelo permanente do
nosso sistema planetário, numa escala de 1 para 20 milhões. Cada componente é planejado para
representar a distância e o diâmetro corretos na escala. Os 110m do Ericsson Globe correspondem
ao Sol com a coroa solar (sem a coroa, o diâmetro seria de 70m).
A seguir são relacionados os principais componentes do Sistema Solar Sueco, incluindo a distância
do Ericsson Globe e o diâmetro. Mercúrio: 2,9km, 25cm; Vênus: 5,5km, 62cm; Terra; 7,6km, 65cm
(Lua, 18cm); Marte: 11,6km, 35cm; Júpiter: 40km, 730cm; Saturno: 73km, 610cm; Urano: 143km,
260cm; Netuno: 229km, 250cm; Plutão: 300km, 12cm; Éris: 510km, 13cm; Sedna: 912km, 10cm.

1989 (1º de março) – É criada a Agência Espacial Canadense (CSA - Canadian Space Agency -, na
sigla em inglês; em francês, Agence spatiale canadienne), com sede em Saint-Hubert, Quebec.

1989 (4 de maio) – É lançada, a bordo do Atlantis (STS-30), a sonda Magellan (Magalhães), uma
missão conjunta da NASA e da Agência Espacial Francesa, com destino a Vênus, cujos objetivos
principais são efetuar um levantamento cartográfico e uma análise gravimétrica do planeta. O nome
é uma homenagem ao navegante português Fernão de Magalhães (1480-1521), o primeiro a
circum-navegar a Terra.
Magellan (1.035kg)é a primeira sonda interplanetária a ser lançada a partir de um ônibus espacial.
A tripulação da missão é formada por David Walker (1944-2001) - Comandante -, Ronald Grabe -
Piloto -, Norman Thagard, Mary Cleave e Mark Lee.

1989 (16 de junho) – A partir de imagens da Voyager 2, Stephen P. Synnott descobre Proteu,
quarto satélite conhecido de Netuno. Trata-se da última lua de dimensões consideráveis descoberta
no Sistema Solar. Todos os satélites encontrados posteriormente são pequenos, com diâmetro de
poucos quilômetros, tendo grande parte deles sido capturada pela força gravitacional dos planetas
em torno dos quais giram.
Diâmetro: 424 x 396 x 390km; período orbital: 1,122 dia; distância média do planeta: 117.647km;
massa: 44 quatrilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3.

1989 (28 de julho) – A partir de imagens da Voyager 2, Stephen P. Synnott descobre Despina e
Galateia, quinto e sexto satélites conhecidos de Netuno.
Despina – Diâmetro: 180 x 148 x 128km; período orbital: 0,334 dia; distância média do planeta:
52.526km; massa: 2,1 quatrilhões de toneladas; densidade: 1,2g/cm3.
Galateia – Diâmetro: 204 x 184 x 144km; período orbital: 0,429 dia; distância média do planeta:
61.953km; massa: 2,12 quatrilhões de toneladas: densidade: 0,75g/cm3.

1989 (8 de agosto) – É lançado o Hipparcos (High Precision Parallax Collecting Satellite), primeira
missão espacial da ESA com objetivo astrométrico: medir posições, distâncias, movimentos,
brilhos e cores de estrelas. Hipparcos mede essas variáveis para mais de 100.000 estrelas, obtendo
resultados duzentas vezes superiores àqueles até então disponíveis.
A missão permanece ativa até março de 1993.

1989 (22 de agosto) – A Voyager 2 revela o primeiro anel de Netuno. Hoje são conhecidos cinco,
que tem nomes de astrônomos cujos estudos estão ligados ao planeta. De dentro para fora, são eles
Galle, Le Verrier, Lassell, Arago e Adams. Os anéis de Netuno são tênues, compostos
essencialmente de poeira.

1989 (25 de agosto) – A Voyager 2 chega ao ponto de maior aproximação com Netuno: 4.850km.
No mesmo dia, passa por Larissa (60.180km), Proteu (97.860km) e Tritão (39.800km).
Diferentemente de Urano, verifica-se que a atmosfera de Netuno é bastante ativa, incluindo-se
numerosas formações de nuvens e ventos de até 2.100km/h, os mais velozes do Sistema Solar. Os
arcos anelares observados são nódulos brilhantes em um dos anéis.

1989 (8 de setembro) – Plutão atinge o periélio (4.437.000.000 de km do Sol). O próximo periélio


de Plutão ocorrerá em outubro de 2237.

1989 (18 de setembro) – Richard J. Terrile descobre Náiade e Talassa, sétimo e oitavo satélites
conhecidos de Netuno.
Náiade – Diâmetro: 96 x 60 x 52km; período orbital: 0,294 dia; distância média do planeta:
48.227km; massa: 190 trilhões de toneladas; densidade: 1,2g/cm3.
Talassa – Diâmetro: 108 x 100 x 52km; período orbital: 0,311 dia; distância média do planeta:
50.075km; massa: 350 trilhões de toneladas; densidade: 1,2g/cm3.

1989 (2 de outubro) – A Voyager 2 termina a fase de observação de Netuno.

1989 (18 de outubro) – É lançada, pelo ônibus espacial Atlantis (STS-34), a sonda estadunidense
Galileo (2.380kg), com a finalidade de estudar Júpiter e suas luas. Entre os instrumentos
transportados estão: Sistema de detecção de poeira, Detector de partículas energéticas,
Espectrômetro ultravioleta, Contador de íons pesados, Magnetômetro, Espectrômetro em
infravermelho próximo, Subsistema de plasma, Fotopolarímetro radiométrico e Sistema de medida
de plasma.
A tripulação desta missão do Atlantis é composta por Donald Williams - Comandante -, Michael
McCulley - Piloto -, Franklin Chang-Diaz, Shannon Lucid e Ellen Baker.

1989 (18 de novembro) – É lançado o satélite estadunidense COBE (Cosmic Background


Explorer), dedicado à cosmologia. Seus objetivos são investigar a radiação cósmica de fundo e
fornecer medições capazes de auxiliar na compreensão da estrutura do Universo. O trabalho do
COBE contribui para consolidar a teoria do Big Bang.
O Cobe tem massa de 2.270kg, e a missão dura quatro anos.

1990 – As sondas Voyager 1 e Voyager 2 ultrapassam a órbita de Plutão, então considerado o


último planeta do Sistema Solar.

1990 (24 de janeiro) - É lançada a sonda Hiten (197,4kg)anteriormente denominada Muses A,


primeira missão lunar japonesa. Com ela, o Japão torna-se o terceiro país (depois de URSS e EUA)
a enviar uma nave à Lua. Em 19 de março, a sonda é inserida numa órbita lunar fortemente elíptica
(262 x 28.600km) e libera um orbitador menor, Hagoromo (12kg), que falha e não transmite dados.
Após completar dez órbitas, a Hiten é intencionalmente levada a se chocar contra o solo da Lua (10
de abril de 1993).

1990 (9 de fevereiro) – A sonda Galileo sobrevoa Vênus, à distância de 16.106km, para assistência
gravitacional. Com isso, a velocidade da Galileo aumenta em 8.030km/h.

1990 (14 de fevereiro) – A Voyager 1 faz uma imagem do Sistema Solar conhecida como “retrato
de família” (“family portrait”) ou “retrato dos planetas”. Obtida a cerca de 6 Bilhões de km do Sol,
mostra Vênus, a Terra, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. Mercúrio, próximo demais do Sol, e
Marte, muito tênue, não aparecem, assim como Plutão (ainda considerado planeta), muito pequeno
e distante. O Sol é visto como um diminuto ponto luminoso no centro da imagem.
1990 (abril) – A sonda Giotto é reativada. Três dos instrumentos funcionam perfeitamente, 4 estão
parcialmente danificados, mas em condições de uso; o restante, inclusive a câmera, está inutilizado.

1990 (24 de abril) – É lançado, pelo ônibus espacial Discovery (STS-31), o Telescópio Espacial
Hubble, um projeto conjunto da NASA e da ESA. Com massa de 11.110kg, espelho de 2,4m e
colocado em órbita a uma altitude média de 559km, está concebido para observar o céu em luz
visível (posteriormente também em ultravioleta e infravermelho). É a primeira missão da NASA
pertencente aos Grandes Observatórios Espaciais (Great Observatories Program), que consiste
numa família de quatro Observatórios Orbitais, composta também pelos telescópios Compton (raios
gama), Chandra (raios X) e Spitzer (infravermelho). Transporta cinco instrumentos científicos:
câmera planetária de alcance amplo, espectrógrafo de alta resolução Goddard, fotômetro de alta
velocidade, câmera para objetos débeis e espectrógrafo para objetos débeis. O nome é uma
homenagem a Edwin Powell Hubble (1889-1953).
A tripulação do Discovery é formada por Loren Shriver - Comandante -, Charles Bolden Jr. - Piloto
-, Steven Hawley, Bruce McCandless e Kathryn Sullivan.

1990 (20 de maio) – O Telescópio Espacial Hubble envia para a Terra sua primeira fotografia do
espaço, uma imagem de uma estrela dupla localizada a 1.260 anos-luz de distância.

1990 (20 de junho) - David H. Levy e Henry Holt descobrem 5261 Eureka, primeiro troiano de
Marte conhecido (sobre troianos, ver 1906, 22 de fevereiro). O objeto tem diâmetro de 1,3km.
Posteriormente, descobrem-se mais dois troianos estáveis de Marte. Há ainda cinco candidatos,
cujas órbitas precisam ser confirmadas.

1990 (2 de julho) – A Giotto faz uma máxima aproximação com a Terra e é redirecionada para um
encontro bem sucedido com o cometa 26P/Grigg-Skjellerup, a 10 de julho de 1992.

1990 (16 de julho) – N. R. Showalter descobre Pã, décimo oitavo satélite conhecido de Saturno.
Diâmetro: 34,4 x 31,4 x 20,8km; período orbital: 0,575 dia; distância média do planeta:
133.584km; massa: 4,95 trilhões de toneladas; densidade: 0,42g/cm3.

1990 (16 de julho) – A China testa o foguete lançador "Longa Marcha CZ-2E", projetado para
transportar naves espaciais tripuladas.

1990 (10 de agosto) – A sonda estadunidense Magellan, lançada em 4 de maio de 1989, chega a
Vênus. Sua missão primária é rastrear Vênus por radar, já que a superfície do planeta é obscurecida
por nuvens grossas de gás carbônico que a faz invisível para instrumentos ópticos. Mapeia 99% da
superfície venusiana em quatro anos. Depois de concluído o mapeamento, a Magellan faz mapas
globais do campo de gravidade de Vênus.

1990 (7 de setembro) – Parte de um foguete estadunidense Titan cai do guindaste e explode na


Base da Força Aérea Edwards, matando pelo menos uma pessoa.

1990 (6 de outubro) – É lançada, a bordo do Discovery (STS-41), a sonda europeia Ulysses


(370kg), com a missão de realizar explorações do Sol em altas latitudes, ou seja, nas regiões dos
polos solares. Entre os instrumentos transportados estão: antena de rádio, antena de plasma,
detectores de elétrons, íons, gás neutro, poeira, rayos cósmicos e raios X, bem como dois
magnetômetros.
O nome Ulysses é a tradução latina de Odisseu, protagonista da Odisseia, de Homero, que também
faz, a exemplo desta sonda, uma viagem bastante intrincada.
Os tripulantes do Discovery são Richard Richards - Comandante -, Robert Cabana - Piloto -,
William Shepherd, Bruce Melnicke Thomas Akers.

1991 (7 de fevereiro) – Ocorre a reentrada da Salyut 7 na atmosfera terrestre.


A estação recebe, ao todo, doze missões tripuladas (sendo seis de longa duração) e quinze não
tripuladas.
Massa: 19.824kg; comprimento: 16m; diâmetro: 4,15m; espaço habitável: 90m3; dias em órbita:
3.216; dias ocupada: 816; órbitas terrestres: 51.917; distância percorrida: 2.106.297.129km.

1991 (5 de abril) – É lançado, a bordo do Atlantis (STS-37), o observatório espacial de raios gama
Compton, batizado inicialmente de Gamma Ray Observatory (GRO). O nome do telescópio é uma
homenagem a Arthur Holly Compton (1892-1962), o ganhador, em 1927, do Prêmio Nobel de
Física, por seus estudos da dispersão dos fótons de alta energia pelos elétrons, um processo
fundamental nas técnicas de detecção dos raios gama. Com massa de 17t, o telescópio é colocado
numa órbita a 450km de altitude e permanece operacional até junho de 2000.
A tripulação do Atlantis é formada por Steven Nagel (1946-2014)- Comandante -, Kenneth
Cameron - Piloto -, Jerry Ross, Jay Apt e Linda Godwin.

1991 (18 de maio) – Helen Sharman torna-se a primeira britânica a ser lançada ao espaço, com dois
cosmonautas, a bordo da Soyuz TM-12, que se acopla à Mir. Ela volta à Terra na Soyuz TM-11, em
26 de maio.

1991 (11 de julho) – Um eclipse total do Sol lança uma faixa escura que se estende por 14.500km,
do Havaí até a América do Sul, e dura quase sete minutos em alguns lugares. Esse fenômeno fica
conhecido como "eclipse do século".

1991 (30 de agosto) – É lançado o observatório solar de raios X japonês Yohkoh (raio de sol),
inicialmente denominado Solar-A. Colocado numa órbita terrestre quase circular, o Yohkoh estuda
a coroa solar em detalhes ao longo dos dez anos seguintes (até 14 de dezembro de 2001, quando
deixa de funcionar).
Em 12 de setembro de 2005, é queimado ao reentrar na atmosfera, acima do sul da Ásia.

1991 (29 de outubro) – A sonda Galileu sobrevoa 951Gaspra à distância de 1.600km e obtém as
primeiras imagens detalhadas (57 ao todo) de um asteroide. As imagens feitas pela Galileo cobrem
90% da superfície do astro.
Descoberto em 30 de julho de 1916 pelo astrônomo russo Grigory Nikolayevich Neujmin (1886-
1946), Gaspra tem diâmetro de 18,2 x 10,5 x 8,9km, período orbital de 1.199,647 dias (3,28 anos) e
orbita o Sol à distância média de 330.544.000km.

1992 – O Governo da China anuncia que os voos tripulados são um de seus principais projetos
estatais, e cria o nome Shenzhou (Barco Divino) para os veículos espaciais desse programa
específico.

1992 – Devido ao movimento próprio das estrelas (descoberto em 1718 por Edmond Halley), Rho
Aquilae muda de constelação: passa da Águia para o Delfim. É a primeira vez que isso acontece
desde a confirmação da existência do movimento próprio.
Com magnitude aparente 4,94, Rho Aquilae dista da Terra cerca de 150 anos-luz.

1992 (22 de janeiro) – O astrônomo polonês Aleksander Wolszczan anuncia a descoberta dos
primeiros dois planetas encontrados fora do Sistema Solar (exoplanetas, ou planetas extrassolares).
Ambos orbitam o pulsar PSR B1257+12, localizado na constelação de Virgem, a 980 anos-luz da
Terra. PSR B1257+12B tem massa 3,9 vezes superior à da Terra e completa uma órbita em 66,54
dias, à distância média de 54 milhões de km do pulsar. PSR B1257+12C, com massa equivalente a
4,3 vezes a terrestre, completa uma órbita em 98,21 dias, à distância média de 68,5 milhões de km.
Este é um marco na história da astronomia. Fica comprovado que o Sol não é a única estrela em
torno da qual orbitam planetas. Tem início uma busca por exoplanetas, e nas duas décadas
seguintes são encontradas várias centenas deles.

1992 (8 de fevereiro) – A sonda Ulysses recebe impulso gravitacional de Júpiter e torna-se a


primeira a ser inserida numa órbita polar ao redor do Sol.

1992 (25 de fevereiro) – É criada, por um decreto do presidente Boris yeltsin (1931-2007), a
Agência Espacial Federal Russa (noye kosmicheskoye agentstvo Rossii), mais conhecida como
Roskosmos, derivada da antiga Agência Espacial e de Aviação Russa (Rossiyskoe aviatsionno-
kosmicheskoe agentstvo), extinta com o fim da URSS (26 de dezembro de 1991) e após a
dissolução do então programa espacial soviético. A sede fica em Moscou.

1992 (23 de abril) - Uma equipe de cientistas da missão COBE (Cosmic Background Explorer)
anuncia que a sonda detectou pequenas flutuações na temperatura (anisotropia) da radiação cósmica
de fundo em micro-ondas, confirmando as previsões da teoria do Big Bang. As flutuações são
extremamente pequenas, da ordem de um centésimo de milésimo de grau Celsius em relação à
temperatura média de 2,73 kelvin da radiação cósmica, mas são suficientes para explicar as
variações na densidade do universo primordial.
O anúncio é divulgado no mundo inteiro como uma descoberta científica fundamental e torna-se
matéria de capa do The New York Times..
Dois dos principais investigadores do COBE, George Smoot e John Mather, recebem o Prêmio
Nobel de Física de 2006 pela descoberta.

1992 (7 a 16 de maio) – Primeiro voo do ônibus espacial Endeavour (STS-49), construído para
substituir o Challenger. A tripulação é formada por Daniel Brandenstein - Comandante -, Kevin
Chilton - Piloto -, Pierre Thuot, Kathryn Thornton, Richard Hieb, Thomas Akers e Bruce Melnick.
Thuot, Hieb e Akers realizam a primeira atividade extraveicular com três astronautas, e também a
mais longa até o momento (8h29min).
O nome é uma homenagem ao His Majesty’s Bark Endeavour, navio da Marinha Real Britânica
comandado por James Cook (1728-1779) na primeira das suas três viagens ao Pacífico sul (1768-
1771).

1992 (10 de julho) – A sonda Giotto obtém êxito em seu encontro com o cometa 26P/Grigg-
Skjellerup, Chegando à máxima aproximação de 200km. Para esta nova jornada de pesquisa, os
equipamentos da sonda são ligados na noite de 9 de Julho, e os operadores da missão ficam
surpresos com a boa resposta que obtêm da nave. Mas não há imagens, visto a câmera da Giotto ter
sido danificada no encontro com o cometa Halley. O diâmetro estimado do núcleo do Grigg-
Skjellerup é de 2,6km. A descoberta deste cometa data de 1902, realizada pelo astrônomo
neozelandês John Grigg (1838-1920. Em sua passagem seguinte (1922), é redescoberto pelo
australiano John Francis Skjellerup (1875-1952).
Resultados da Giotto: É a primeira missão de espaço profundo da Europa. É a primeira sonda a
encontrar de perto dois cometas. É a primeira missão de espaço profundo que faz uso da assistência
gravitacional para mudar seu curso de volta à Terra. Descobre o tamanho e as características
morfológicas do núcleo do cometa Halley. Consegue obter dados de um cometa a uma pequena
distância (200km do cometa Grigg-Skjellerup), algo nunca conseguido anteriormente. Descobre
uma crosta negra e jatos de gás brilhantes do núcleo do Halley. Mede a dimensão, a composição e a
velocidade das partículas de poeira de dois Cometas. Mede a composição do gás produzido por dois
cometas. Descobre ondas magnéticas incomuns próximas ao cometa Grigg-Skjellerup.
A missão da Giotto é oficialmente encerrada em 23 de julho.

1992 (30 de agosto) – É descoberto, pelo astrônomo canadense David Jewitt e pela astrônoma
vietnamita Jane X. Luu, o primeiro objeto transnetuniano (que orbita além da órbita de Netuno),
denominado 1992 QB1 e ainda sem designação definitiva.
Com diâmetro de 160km, este astro orbita o Sol à distância média de 6,542 bilhões de km (varia
entre 6,115 e 6,970 bilhões de km), demorando 289,225 anos para completar uma órbita, à
velocidade média de 16.200km/h.
Este é também o primeiro corpo celeste encontrado no cinturão de Kuiper, uma região do Sistema
Solar que se estende de aproximadamente 30 a 50 unidades astronômicas (4,5 a 7,5 bilhões de km)
do Sol, caracterizada, assim como o cinturão de asteroides, pela presença de grande número de
pequenos astros, chamados KBOs (Kuiper Belt Objects), numa referência a Gerard Peter Kuiper, o
proponente dessa região. Hoje conhecem-se mais de mil componentes do cinturão de Kuiper, e
estimativas sugerem que bem mais de 100.000 objetos (talvez centenas de milhares) devem existir
nesta região, tendo ao menos 70.000 deles (talvez mais de 100.000) diâmetro superior a 100km. O
cinturão de Kuiper é 20 vezes mais extenso e de 20 a 200 vezes mais massivo do que o cinturão de
asteroides.

1992 (12 a 20 de setembro) - Missão do Endeavour (STS-47), dedicada ao Spacelab, que realiza 44
experimentos científicos. É uma cooperação entre EUA e Japão, sendo Mamoru Mohri o primeiro
astronauta japonês a voar num ônibus espacial. É a única vez que um casal de astronautas - Mark C.
Lee e N. Jan Davis, então casados, posteriormente divorciados - participa de uma mesma missão
espacial da NASA. Os demais tripulantes do Endeavour são Robert L. Gibson - comandante -,
Curtis L. Brown, Jr - piloto -, Jay Apt e Mae C. Jemison.

1992 (31 de outubro) – Durante um discurso na Pontifícia Academia das Ciências, por ocasião dos
350 anos da morte de Galileu Galilei, João Paulo II (Karol Józef Wojtyla, 1920-2005) afirma que
foram cometidos erros na forma como o processo contra o cientista foi conduzido e reconhece
“oficialmente” que a Terra não está imóvel. Dizendo que a fé não deve entrar nunca em conflito
com a razão, o Papa utiliza as palavras que o próprio Galileo empregou em sua defesa: “As
Escrituras nunca erram, mas os teólogos podem errar em sua interpretação”. João Paulo II diz
também que a Igreja lamenta que o caso de Galileu tenha contribuído para um trágico e mútuo mal-
entendido entre a religião e a ciência. Além disso, qualifica o cientista de “físico genial” e “crente
sincero”.

1993 – O telescópio refletor óptico-infravermelho de 10m Keck I entra em operação, localizado em


Mauna Kea, Havaí.

1993 (22 de abril) – É criada a Agência Espacial Chinesa (cnsa - China National Space
Administration -, na sigla em inglês), com sede em Pequim.

1993 (30 de abril) – um astronauta recebe uma infusão de teste durante uma missão do Columbia
(STS-55). O Físico alemão Hans Schlegel tem uma solução salina à temperatura corporal
bombeada nele por uma agulha. A experiência fornece os meios para evitar a desidratação e outros
problemas espaciais comuns, como face inchada e pernas fracas.
Os demais tripulantes da missão (26 de abril a 6 de maio) são Steven Nagel (1946-2014)–
comandante -, Terence Henricks – piloto -, Jerry Ross, Charles Precourt, Bernard Harris Jr. E
Ulrich Walter.

1993 (21 de agosto) – A sonda estadunidense Mars Observer (1.018kg), lançada em 25 de setembro
de 1992, perde contato com a Terra três dias antes de entrar na órbita de Marte.

1993 (28 de agosto) – A nave Galileo fotografa Dactyl, satélite do asteroide 243 Ida. É a primeira
vez que se observa uma lua orbitando um asteroide. Ida, descoberto em 29 de setembro de 1884
pelo astrônomo austríaco Johann Palisa (1848-1925), tem diâmetro de 53,6 x 24,0 x 15,2km, com
período orbital de 1.767,724 dias (4,84 anos) e dista do Sol, em média, 428.025.000km (varia entre
408.207.000 e 447.843.000km. Sua lua, Dactyl, tem diâmetro de 1,4km e orbita Ida em 1,54 dia, à
distância de 108km.
Atualmente, conhecem-se centenas de satélites de asteroides.

1993 (2 de setembro) – Formalmente, os EUA e a Rússia terminam décadas de competição pela


conquista do espaço em um acordo com o objetivo de construir uma plataforma espacial.

1993 (outubro) - Os estadunidenses Russell Alan Hulse e Joseph Hooton Taylor Jr. São anunciados
como ganhadores do Prêmio Nobel de Física pela descoberta (1974) de um novo tipo de pulsar
(pulsar binário), abrindo novas possibilidades no estudo da gravitação.

1993 (2 de dezembro) – É lançado o ônibus espacial Endeavour (STS-61), com o objetivo de


realizar a primeira missão de manutenção do telescópio Hubble, uma das mais sofisticadas da
astronáutica estadunidense, na qual são empregados mais de 100 instrumentos especializados. A
tripulação é composta por Richard Covey - Comandante -, Kenneth Bowersox - Piloto -, Story
Musgrave, Kathryn Thornton, Claude Nicollier, Jeffrey Hoffman e Thomas Akers.

1993 (4 de dezembro) – O suíço Claude Nicollier conduz a manobra de captura do Hubble, a fim de
colocá-lo dentro do compartimento de carga do Endeavour.

1993 (5 de dezembro) - É realizada a primeira das cinco caminhadas espaciais previstas. Story
Musgrave e Jeffrey Hoffman substituem dois giroscópios, duas unidades de controle elétricas e oito
fusíveis.

1993 (6 de dezembro - Thomas Akers e Kathryn Thornton substituem os dois painéis solares do
Hubble.

1993 (7 de dezembro) - Story Musgrave e Jeffrey Hoffman substituem a câmera planetária de


alcance amplo do Hubble por outra, mais moderna, especialmente na faixa ultravioleta, que inclui
seu próprio sistema de correção de aberração esférica. São também trocados os dois
magnetômetros, dispositivos que permitem ao telescópio orientar-se relativamente ao campo
magnético da Terra.

1993 (8 de dezembro) - Thomas Akers e Kathryn Thornton substituem o fotômetro de alta


velocidade do Hubble por um dispositivo denominado Costar (acrônimo para “Corrective Optics
Space Telescope Axial Replacement”), desenhado para corrigir um defeito de foco que impedia o
telescópio de operar com toda a sua capacidade.

1993 (10 de dezembro) – A primeira missão de reparos do telescópio Hubble é concluída com
sucesso. O Endeavour aterrissa no dia 13.
1994 – A Nasa lança o Programa Discovery, com a finalidade de desenvolver missões espaciais
num tempo menor e a um custo mais baixo. Para isso, estimula o desenvolvimento de novas
tecnologias e a participação de empresas privadas. As primeiras missões planejadas e executadas
pelo Programa Discovery são: NEAR, Mars Pathfinder, Lunar Prospector, Stardust, Genesis,
Contour, Messenger e Deep Impact.

1994 (25 de janeiro) – É lançada a sonda Clementine (227kg), uma missão conjunta da Ballistic
Missile Defense Organization e da NASA, para uma missão de mapeamento da Lua com duração
de 2 meses. A sonda tem como metas a obtenção de várias fotos em diversos comprimentos de
onda, que incluem a luz visível, o infravermelho e o ultravioleta, a medição de altimetria a laser e a
medição de partículas eletricamente carregadas. Os instrumentos a bordo incluem formadores de
imagens, do ultravioleta ao infravermelho médio, inclusive um radar laser infravermelho formador
de imagens com capacidade para obter dados altimétricos para as latitudes médias da Lua.

1994 (3 a 11 de fevereiro) – Missão do Discovery (STS-60), dedicada ao Spacelab. A tripulação é


formada por Charles Bolden Jr. - Comandante -, Kenneth Reightler Jr. - Piloto -, Jan Davis, Ronald
Sega, Franklin Chang-Diaz e Sergei Krikalev. Krikalev é o primeiro russo a viajar num ônibus
espacial, dando início a um processo de cooperação que se amplia ao longo do tempo.

1994 (10 de fevereiro) – É criada a Agência Espacial Brasileira (AEB), por meio da lei nº 8.854,
sancionada pelo presidente Itamar Franco (1930-2011). A AEB, com sede em Brasília e
subordinada ao Ministério de Ciência e Tecnologia, tem por finalidade promover o
desenvolvimento das atividades espaciais brasileiras de forma descentralizada.

1994 (20 de fevereiro) – A sonda Clementine é inserida numa órbita lunar elíptica (2.162 x
4.594km). Até o final da missão (junho de 1994), completa 360 órbitas em torno do satélite.

1994 (maio) – O telescópio espacial Hubble fornece algumas evidências de que no núcleo da
galáxia M87 poderia estar um buraco negro supermassivo, equivalente a 3 bilhões de massas
solares. Essas evidências constituem um passo decisivo rumo à confirmação da existência de
buracos negros.

1994 (maio) – O físico teórico mexicano Miguel Alcubierre descreve a dobra espacial (warp drive,
em inglês), forma de viagem no espaço que, teoricamente, permite deslocamentos acima da
velocidade da luz sem violar a teoria da relatividade. pelo modelo, uma fonte energética produz
uma bolha ao redor da espaçonave. A bolha expande o espaço na traseira, enquanto o contrai na
frente, impulsionando a nave. Portanto, mudanças provocadas no espaço-tempo gerariam forças
capazes de deslocar a nave, enquanto para um tripulante ela pareceria imóvel.
Alguns cientistas contemporâneos acreditam que, ao contrário do buraco de minhoca, outra forma
teórica de atalho entre duas regiões do espaço, a dobra espacial é viável e pode ser usada. Até o
momento, porém, continua sendo apenas uma teoria.

1994 (7 de maio) – A Clementine deveria ter sido enviada para fora da órbita lunar para um
encontro com o asteroide Geographos, mas uma falha impede que isso aconteça. Os controladores
de terra retomam o domínio da nave.

1994 (16 a 22 de julho) - O cometa Shoemaker-Levy 9 (formalmente, D/1993 F2), Descoberto em


24 de março de 1993 por Eugene Shoemaker (1928-1997), sua esposa, Carolyn Shoemaker, e
David Levy, dividido em 21 fragmentos (com dimensões entre algumas centenas de metros e 2km),
choca-se contra o hemisfério sul de Júpiter à velocidade aproximada de 216.000km/h.
Logo depois da descoberta, cálculos indicam que o cometa, o primeiro observado orbitando um
planeta e provavelmente capturado por Júpiter vinte ou trinta anos antes, foi fragmentado numa
aproximação anterior (40.000km das nuvens jovianas superiores), em 7 de julho de 1992.
Posteriormente, à medida que aumenta a certeza do impacto iminente com Júpiter, o fenômeno
passa a receber ampla cobertura da mídia. É a primeira vez que os cientistas têm a oportunidade de
ver uma colisão extraterrestre entre objetos do Sistema Solar. A sonda Galileo, que se aproxima de
Júpiter, faz excelentes imagens do choque. Imagens também são feitas pelo Hubble e pelas sondas
Ulysses e Voyager 2. Ademais, Diversos telescópios terrestres fazem observações.
O maior dos impactos ocorre no dia 18, quando a colisão do fragmento G faz surgir uma mancha
escura com mais de 12.000km de diâmetro e libera energia equivalente a 6 milhões de megatons de
TNT, igual a 600 vezes o arsenal nuclear mundial.
Os impactos, cujos efeitos podem ser detectados da Terra durante meses, são aproveitados pelos
cientistas para estudar a atmosfera de Júpiter.

1995 – Imagens realizadas pelo Hubble mostram que o asteroide 4 Vesta tem uma superfície
complexa, com uma geologia semelhante à dos planetas terrestres (como a Terra ou Marte). Trata-
se de um mundo surpreendentemente diversificado, com um manto exposto, formado de lava antiga
que fluiu de bacias de impacto.

1995 – O cometa 73P/Schwassmann-Wachmann, descoberto (2 de maio de 1930) pelos astrônomos


alemães Arnold Schwassmann (1870-1964) e Arno Arthur Wachmann
(1902-1990), começa a desintegrar-se, dividindo-se em cinco fragmentos. Desde março de 2006,
pelo menos oito partes do astro são conhecidas, devendo fragmentar-se por completo, a exemplo do
que ocorreu com o cometa Biela no século XIX.

1995 – Astrônomos espanhóis descobrem Teide 1, a primeira anã marrom identificada. Trata-se de
uma estrela de magnitude aparente 17,76, massa equivalente a 5% da solar e luminosidade mil
vezes inferior à do Sol. Está localizada no aglomerado estelar das Plêiades, na constelação de
Touro, a pouco mais de 400 anos-luz da Terra.

1995 (3 a 11 de fevereiro) – Missão do Discovery (STS-63), preparatória para o primeiro


acoplamento de um ônibus espacial com a Mir. Eileen Collins torna-se a primeira mulher a pilotar
um ônibus espacial. Os demais integrantes da tripulação são James Wetherbee - Comandante -,
Michael Foale, Janice Voss (1956-2012), Bernard Harris e Vladimir Titov.

1995 (16 de março) Norman Thagard torna-se o primeiro estadunidense a visitar a Mir, onde chega
a bordo da Soyuz TM-21 (lançada dois dias antes). Retorna À Terra no Atlantis (STS-71), em 7 de
julho.

1995 (22 de março) – O cosmonauta Valeri Poliakov volta à Terra depois de 437 dias e 18 horas a
bordo da Mir (desde 8 de janeiro de 1994), recorde de permanência que se mantém até hoje.

1995 (27 de junho a 7 de julho) – Missão do Atlantis (STS-71), a primeira a realizar um


acoplamento com a Mir. A tripulação é composta por Robert Gibson - Comandante -, Charles
Precourt - Piloto -, Ellen Baker, Bonnie Dunbar e Gregory Harbaugh. Ocorre a primeira troca de
tripulantes num ônibus espacial: Anatoly Solovyev e Nikolai Budarin são deixados na Mir,
enquanto Norman Thagard, Vladimir Dezhurov e Gennady Strekalov, que estavam na estação, são
trazidos de volta à Terra. Esta missão também marca o centésimo voo tripulado do programa
espacial estadunidense.
1995 (6 de outubro) – Michel Mayor e Didier Queloz, do Observatório de Genebra, anunciam na
revista Nature a descoberta do primeiro planeta extrassolar orbitando uma estrela da sequência
principal (semelhante ao Sol), denominado 51 Pegasi b (informalmente, é também chamado de
Belerofonte). Localizado na constelação de Pégaso, está a 50,9 anos-luz da Terra e completa uma
volta ao redor de sua estrela, à velocidade de 490.000km/h, em 4,231 dias, à distância média de
7,89 milhões de km. A massa é aproximadamente 150 vezes superior à da Terra, e a temperatura
estimada é de 1.000°C.

1995 (15 de outubro) - A Astrônoma Arianna E. Gleason, do Projeto Spacewatch (gerenciado pela
Universidade do Arizona), descobre 48639 1995 TL8, primeiro objeto identificado como
pertencente ao disco disperso, uma região situada nos confins do Sistema Solar povoada por corpos
celestes gelados denominados SDOs (abreviatura, em inglês, para "scattered disc objects", objetos
do disco disperso). A porção interna do disco disperso penetra nos domínios do cinturão de Kuiper,
mas os limites externos prolongam-se para muito além de cem unidades astronômicas.
O objeto 1995 TL8 tem diâmetro de 350 x 160km e orbita o Sol em 137.907 dias (377,57 anos), à
distância média de 7,815 bilhões de km (varia entre 5,986 e 9,643 bilhões de km). Possui um
satélite, denominado S/2002 (48639) I, com diâmetro estimado de 160km e, embora a órbita correta
não tenha sido determinada, estava a apenas 420km de 1995 TL8 no momento da descoberta (9 de
novembro de 2002).

1995 (15 de novembro) – Os controladores da Sakigake perdem contato com a sonda, encerrando a
curta fase de sua missão estendida, que pretendia observar o cometa Honda-Mrkos-Pajdusakova em
3 de Fevereiro de 1996 e o cometa Giacobini-Zinner em 29 de novembro de 1998.

1995 (17 de novembro) – É lançado o ISO (Infrared Space Observatory), telescópio da ESA com
massa de 2.498kg, colocado numa órbita geocêntrica fortemente elíptica (1.000km x 70.600km). A
missão obtém resultados relevantes: detecção de vapor de água em regiões de formação estelar, nas
vizinhanças de estrelas em estágios finais de evolução, em fontes bastante próximas do centro
galáctico, nas atmosferas de alguns planetas do Sistema Solar e na Nebulosa de Órion; observação
de formação planetária em torno de estrelas velhas, em fase final de existência, contrariando a
teoria de que planetas podem se formar somente ao redor de estrelas jovens; primeira detecção dos
estágios iniciais da formação de uma estrela, com estudo detalhado do núcleo protoestelar L1689B;
descoberta de grandes quantidades de poeira cósmica em espaços intergalácticos, até então
considerados vazios; observação de diversos discos protoplanetários; estudo da composição
química de atmosferas de planetas do Sistema Solar.
O ISO permanece operacional até 8 de abril de 1998.

1995 (30 de novembro) – Últimos sinais recebidos da Pioneer 11.

1995 (2 de dezembro) – É lançado o SOHO (Solar and Heliospheric Observatory), missão conjunta
da ESA e da NASA projetada para estudar a estrutura interna do Sol, sua extensa atmosfera mais
externa e a origem do vento solar. Com massa de 1.850kg, opera a partir de uma órbita
heliocêntrica a 1,5 milhão de km da Terra. O legado científico do SOHO revela-se importante. Pela
primeira vez os cientistas têm uma visão ininterrupta do Sol, vendo as mudanças que ocorrem em
sua superfície e presenciando fenômenos jamais observados anteriormente.

1995 (7 de dezembro) – Depois de viajar por 3,7 bilhões de km, durante um período de seis anos, a
sonda Galileo chega a Júpiter e se torna o primeiro artefato humano a orbitar aquele planeta. Por
um período de 57,6min, uma pequena sonda (339kg) que se desprende da Galileo (a primeira a
entrar na atmosfera de um planeta gasoso) atravessa as densas e ácidas nuvens do planeta,
transmitindo para a Terra dados sobre a composição química, a pressão, a temperatura e a
densidade atmosférica.

1995 (18 a 28 de dezembro) – Ocorre o experimento conhecido como Campo Profundo do Hubble,
cujo resultado é uma imagem, feita a partir de 342 exposições, tomadas consecutiva e
ininterruptamente pela Wide Field and Planetary Camera 2 desse telescópio espacial, que mostra
uma pequena região da constelação da Ursa Maior, com diâmetro de 144 segundos de arco,
equivalente, em tamanho angular, a uma bola de tênis à distância de 100m. Dos aproximadamente
3.000 objetos visíveis, a maioria são galáxias, algumas das quais estão entre as mais jovens e
distantes que se conhecem. Trata-se de uma forte evidência a favor do princípio cosmológico, que
postula ser o Universo, a grande escala, homogêneo. O Campo Profundo do Hubble é um estudo de
referência, que dá origem, nos anos seguintes, a várias centenas de artigos científicos.

1996 – Entra em operação, no Havaí, o telescópio Keck II. Ele forma, com o Keck I, um conjunto
que se converte no maior telescópio do mundo, arrebatando esse título ao telescópio de
Zelenchukskaya. ao invés de um único e gigantesco espelho, os telescópios de Keck possuem 36
espelhos sextavados montados de forma a equivalerem a um espelho de 10m de diâmetro.

1996 (17 de fevereiro) – É lançada a sonda estadunidense Near Earth Asteroid Rendezvouz-
Shoemaker (NEAR-Shoemaker), batizada após a largada em homenagem a Eugene Merle
Shoemaker (1928-1997). Os objetivos científicos primários da NEAR são recolher dados sobre
propriedades, composição, mineralogia, morfologia, distribuição interna da massa e campo
magnético do asteroide Eros. Os objetivos secundários incluem interações com o vento solar,
possível atividade sugerida pela existência de poeira ou gás e o estado da sua rotação. a nave
carrega um espectrômetro de raios X/raios gamma, um espectrógrafo de infravermelho, uma
câmera multi-espectro equipada com um detector de imagem CCD, um laser localizador e um
magnetômetro. A sonda pesa 487kg.

1996 (7 de março) – São feitas as primeiras fotografias da superfície de Plutão, obtidas com o
telescópio Hubble.

1996 (23 de abril) – É lançado por um foguete Proton o Priroda (Natureza, em russo), sétimo e
último módulo pressurizado da Mir. O acoplamento ocorre três dias depois.

1996 (1º de maio) - A sonda Ulysses passa, inesperadamente, por dentro da cauda do cometa
Hyakutake, descoberto, em janeiro deste mesmo ano, pelo astrônomo amador japonês Yuji
Hyakutake (1950-2002). O diâmetro estimado do núcleo é de 2km.

1996 (4 de junho) – Uma falha no primeiro voo do foguete europeu Ariane 5 (que explode antes de
entrar em órbita devido a erros de software) causa a perda das sondas Cluster, quatro naves que, em
conjunto, deveriam estudar a magnetosfera terrestre. O prejuízo (na época) é de mais de 370
milhões de dólares.
São construídas novas sondas Cluster, lançadas aos pares em 2000.

1996 (6 de agosto) – A Nasa afirma haver fortes evidências da presença de vestígios de


microorganismos, sob a forma de pequenos cristais com propriedades magnéticas, no interior do
meteorito ALH84001 (1,93kg), supostamente proveniente de Marte e encontrado na Antártida em
27 de dezembro de 1984. Isso reacende uma vez mais a polêmica em torno da existência de vida no
planeta vermelho, havendo quem defenda entusiasticamente essa possibilidade.
As evidências apontadas pela NASA são contestadas em maio de 2002.

1996 (7 de novembro) – É lançada a sonda estadunidense Mars Global Surveyor, marcando o


regresso de missões estadunidenses a Marte após quase duas décadas. Com massa de 1.030,5kg, a
sonda está equipada com seis instrumentos científicos: Uma câmera de alta resolução, um
espectrômetro de emissão térmica, um altímetro laser, um magnetômetro-refletômetro de elétrons,
um oscilador ultra-estável e um sistema de retransmissão rádio.

1996 (19 de novembro) – É lançada a sonda russa Marte 96, primeira missão interplanetária da
Rússia após a dissolução da União Soviética. O foguete que carrega a sonda levanta voo com
sucesso, mas ao entrar em órbita há uma falha, enviando a sonda (6.180kg) para uma queda no
Oceano Pacífico, entre a costa do Chile e a Ilha de Páscoa. Afunda com 27g de plutônio radioativo,
usado como fonte de energia.

1996 (4 de dezembro) – É lançada a sonda estadunidense Mars Pathfinder (264kg), Levando a


bordo um pequeno veículo de seis rodas, denominado Sojourner, capaz de se deslocar
autonomamente e tendo por objetivo analisar o solo marciano nas redondezas do local de pouso. O
Sojourner pesa 10,5kg, tem 62cm de comprimento, 47cm de largura e 30cm de altura.

1996 (4 de dezembro) - O presidente chileno, Eduardo Frei, e o rei sueco, Carlos XVI Gustavo,
inauguram, simbolicamente, o Observatório Paranal, operado pelo European Southern Observatory
(ESO) e localizado no Cerro Paranal, no deserto de Atacama, norte do Chile, a 130km de
Antofagasta e à altitude de 2.635 m.

1997 (17 de janeiro) – A sonda Galileo capta as primeiras imagens da lua Europa de Júpiter.

1997 (11 a 21 de fevereiro) – Segunda missão de manutenção do telescópio Hubble, realizada por
astronautas do Discovery (STS-82), cuja tripulação é formada por Kenneth Bowersox -
Comandante -, Scott Horowitz - Piloto -, Mark Lee, Steven Hawley, Gregory Harbaugh, Steven
Smith e Joseph Tanner. São instalados dois novos instrumentos, um Imageador Espectrográfico e
uma Câmera Infravermelha e Espectrômetro para MultiObjetos, os quais aumentam
significativamente a gama de comprimentos de onda em que o telescópio é capaz de operar. Além
disso, outros equipamentos são trocados ou removidos: Sensor Fino de Orientação, Kit de Reparo
do Controle de Óptica Eletrônico, Engrenagens de Controle de Posição e Dispositivo de
Movimentação dos Painéis Solares.

1997 (23 de fevereiro) – Ocorre um incêndio a bordo da Mir, com duração de aproximadamente 7
minutos, obrigando os tripulantes a usar máscaras. Os reparos aos danos causados pelo fogo
começam em abril, pois é necessário levar ferramentas da Terra.

1997 (28 de fevereiro) – O satélite italiano BeppoSax, lançado em 30 de abril de 1996, detecta uma
erupção de raios gama (GRB 970228) cuja análise permite determinar que esses fenômenos têm
origem extragaláctica, pondo fim a uma polêmica de três décadas. A partir daí, aumenta
significativamente a compreensão acerca da natureza das erupções de raios gama.

1997 (1º de abril) – O cometa Hale-Bopp (formalmente, C/1995 O1), descoberto em 23 de julho de
1995, independentemente, pelos estadunidenses Alan Hale e Thomas Bopp, chega ao periélio. Este
cometa permanece visível a olho nu durante 569 dias (de maio de 1996 a dezembro de 1997),
superando amplamente o Grande Cometa de 1811, observável por 260 dias. O brilho permanece
mais intenso que a magnitude 0 durante oito semanas, tempo jamais igualado por qualquer cometa
de que se tenha registro.
Um ano antes, em abril de 1996, o Hale-Bopp havia passado a 115 milhões de km de Júpiter, o que
fez com que o campo gravitacional do planeta reduzisse o período orbital do cometa de 4.200 para
2.533 anos, com afélio a 55,47 bilhões de km. O diâmetro do núcleo é estimado em 60km, e o
período de rotação é de 11h46min.
A aproximação máxima da Terra (96,7 milhões de km) acontece em 22 de março.
O Hale-Bopp recebe ampla cobertura da mídia, e a Internet desempenha um papel-chave para o
enorme interesse despertado no público pelo cometa. Sites que mostram imagens do astro
atualizadas diariamente se tornam muito populares. E não faltam seitas radicais e ufólogos, que
levantam todo tipo de especulação e fazem lembrar tempos antigos, quando cometas despertavam
pânico na população. Em 26 de março, a polícia da Califórnia encontra os corpos de 39 integrantes
da seita Heaven's Gate, que haviam cometido suicídio com a intenção de serem transportados para
uma espaçonave que, acreditavam, seguia o Hale-Bopp. Nancy Lieder, que diz manter contato com
alienígenas por meio de um implante colocado no cérebro dela, sustenta que o Hale-Bopp não passa
de uma ficção, concebida para distrair o povo da chegada iminente de "Nibiru" ou “Planeta X”,
astro gigantesco cuja aproximação modificará a rotação da Terra, causando um cataclismo global.

1997 (29 de abril) – O astronauta estadunidense Jerry M. Linenger e o cosmonauta russo Vasily
Tsibliyev completam o primeiro passeio russo-americano no espaço, uma excursão de 5h feita a
partir da plataforma espacial russa Mir.

1997 (25 de junho) – A estação espacial russa Mir, transportando dois astronautas russos e um
estadunidense, colide com uma nave de carga Progress. A tripulação escapa da morte por pouco, já
que a nave fica temporariamente sem oxigênio.

1997 (27 de junho) – A sonda Near-Shoemaker sobrevoa, à distância de 1.200km, o asteroide 253
Mathilde, descoberto em 12 de novembro de 1885 pelo astrônomo austríaco Johann Palisa (1842-
1925). São feitas mais de 500 imagens, cobrindo 60% da superfície, e obtidos dados gravitacionais
que permitem cálculos sobre a massa e as dimensões do asteroide.
Diâmetro: 66 x 48 x 46km; distância média do Sol: 395.949.000km (varia entre 290.564.000 e
501.334.000km); período orbital: 1572,787 dias (4,31 anos).

1997 (4 de julho) – A sonda Mars Pathfinder pousa na planície de Ares Vallis, no hemisfério norte
de Marte. O local exato do pouso é batizado de "Memorial Carl Sagan", em homenagem ao
cientista e divulgador científico estadunidense (1934-1996). O robô explorador Sojourner, que viaja
a bordo da espaçonave, passeia pela superfície de Marte, nos arredores da Mars Pathfinder
(afastamento máximo de 12m), recolhendo informações durante quase três meses terrestres. No
total são obtidas 16.500 fotos a partir do módulo de pouso e 550 imagens do Sojourner. O módulo
de pouso também faz 8,5 milhões de medições da atmosfera marciana, incluindo pressão,
temperatura e velocidade do vento.
O último contato com a terra ocorre em 27 de setembro, e a missão é oficialmente encerrada em 10
de março de 1998.

1997 (9 de julho) – A Lei HB 841, promulgada pelo Texas e assinada pelo governador George W.
Bush, dá aos astronautas residentes neste Estado estadunidense o direito de votar a partir do espaço.
O primeiro a exercer este direito de voto é, ainda em 1997, David Wolf, que está a bordo da Mir.

1997 (6 de setembro) – Usando o telescópio Hale, Philip D. Nicholson, Brett J. Gladsman, Joseph
A. Burns e John J. Kavelaars descobrem Caliban e Sicorax, décimo sexto e décimo sétimo satélites
conhecidos de Urano.
Caliban – Diâmetro: 72km; período orbital: 579,3 dias (1,58 ano); distância média do planeta:
14.462.000km; massa: 250 trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3.
Sicorax – Diâmetro: 150km; período orbital: 1.288,28 dias (3,53 anos); distância média do planeta:
24.358.000km; massa: 2,3 quatrilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3.

1997 (12 de setembro) – A sonda Mars Global Surveyor é colocada em órbita ao redor de Marte.

1997 (15 de outubro) – É lançada a missão Cassini-Huygens, projeto conjunto da Nasa e da ESA,
destinada a Saturno e suas luas. A nave compõe-se de dois elementos: A sonda Cassine (2.523kg),
construída pela NASA para orbitar Saturno, e a sonda Huygens, menor (319kg), concebida pela
ESA para pousar em Titã. Os objetivos da missão são os seguintes: determinar a composição das
superfícies e a história geológica dos satélites; determinar a estrutura tridimensional e o
comportamento dinâmico dos anéis; determinar a natureza e origem do material escuro do
hemisfério dianteiro de Jápeto; medir a estrutura tridimensional e o comportamento dinâmico da
magnetosfera; estudar o comportamento dinâmico das nuvens de Saturno; estudar a vulnerabilidade
temporal das nuvens e a meteorologia de Titã; caracterizar a superfície de Titã a uma escala
regional. A instrumentação da Cassini é formada por um mapeador de RADAR, um sistema de
imagem CCD, um espectrômetro de mapeamento visível/infravermelho, um espectrômetro de
infravermelhos composto, um analisador de poeira cósmica, uma experiência de ondas de rádio e
plasma, um espectrômetro de plasma, um espectrômetro de imagens ultravioleta, um instrumento
de imagens de magnetosferas, um magnetômetro, um espectrômetro de massa de íons e Telemetria
para a antena de comunicações, assim como outros transmissores especiais.

1997 (19 de novembro a 5 de dezembro) – Missão do Columbia (STS-87), cujo objetivo é realizar
experimentos em microgravidade e que leva ao espaço o primeiro astronauta japonês, Takao Doi.
Os demais tripulantes são Kevin Kregel - comandante -, Steven Lindsey - piloto -, Winston Scott,
Kalpana Chawla (1961-2003) e Leonid Kadeniuk.

1998 (janeiro) – Durante um congresso da Sociedade estadunidense de Astronomia, cientistas da


Universidade de Harvard e do Instituto Max Planck para Física Extraterrestre, da Alemanha,
apresentam um estudo no qual afirmam ter encontrado provas da existência de um buraco negro no
centro da Via Láctea.

1998 (9 de janeiro) – Duas equipes de cientistas em colaborações internacionais anunciam a


descoberta de que as galáxias estão acelerando e separando-se a velocidades cada vez mais rápidas.
Esta observação implica a existência de uma misteriosa propriedade do espaço de autorrepulsão,
proposta por Albert Einstein, a qual ele chamou de primeira constante cosmológica.
Surge o conceito de energia escura (não confundir com matéria escura), forma hipotética de matéria
que estaria presente em todo o espaço, produzindo uma pressão negativa, com tendência para
aumentar a aceleração da expansão do Universo, resultando numa força gravitacional repulsiva
(antigravidade). No modelo cosmológico padrão, a energia escura representa quase três quartas
partes da energia-massa total do Universo. A expressão “energia escura”, cunhada nesse mesmo
ano por Michael Turner, é vaga e demonstra o quão pouco sabemos sobre o assunto.
A partir daí, ganha força o modelo Lambda-CDM, uma padronização do modelo cosmológico do
Big Bang em que o Universo contém uma constante cosmológica (representada pela letra grega
lambda), energia escura e matéria escura fria - CDM - cold dark matter -, na sigla em inglês). É
frequentemente considerado o modelo padrão da cosmologia do Big Bang, porque é o modelo mais
simples compatível com as seguintes propriedades observadas no Universo: existência e estrutura
da radiação cósmica de fundo em micro-ondas; estrutura da distribuição de galáxias em larga
escala; abundância de hidrogênio (incluindo deutério), hélio e lítio; expansão acelerada do cosmo
observada na luz de galáxias e supernovas distantes. O modelo Lambda-CDM assume que a
relatividade geral é a teoria correta para a gravidade em escala cosmológica.
A descoberta da expansão acelerada do Universo dá aos estadunidenses Saul Perlmutter, Brian P.
Schmidt (com nacionalidade australiana) e Adam G. Riess o Prêmio Nobel de Física de 2011.

1998 (11 de janeiro) – A sonda estadunidense Lunar Prospector (158kg), lançada em 7 de janeiro,
entra em órbita lunar. A missão tem por objetivos mapear a composição da superfície da Lua e
possíveis depósitos de gelo nos polos, bem como efetuar medidas dos campos gravitacional e
magnético do satélite.

1998 (17 de novembro) – A Voyager 1 ultrapassa a Pioneer 10 e se torna a espaçonave mais


distante do Sol. Isso acontece quando as duas sondas estão a 10,385 bilhões de km da estrela.

1998 (março) – A sonda Lunar Prospector revela fortes indícios da existência de água congelada
nos polos da Lua. As estimativas giram em torno de 3 bilhões de toneladas.

1998 (março) –Torna-se plenamente operacional o primeiro telescópio do projeto LINEAR


(Lincoln Near Earth Asteroid Research), uma colaboração da NASA, da Força Aérea dos EUA e do
Laboratório Lincoln do Massachusetts Institute of Technology para a descoberta e o monitoramento
sistemático de asteroides próximos à Terra. Novos telescópios são posteriormente instalados,
localizados todos nas proximidades de Socorro, Novo México, EUA.
Nos anos seguintes, o LINEAR descobre mais de 200.000 asteroides (cerca de 2.500 deles
próximos da Terra) e centenas de cometas.

1998 (26 de abril) – Primeira passagem da Cassini pelo planeta Vênus para empurrão gravitacional.

1998 (28 de maio) - O ESO libera as primeiras imagens captadas no Observatório Paranal. Elas
mostram a estrela Eta Carinae e são obtidas pelo telescópio Antu, primeiro dos quatro instrumentos
do Very Large Telescope (VLT) a entrar em operação.

1998 (3 de julho) – É lançada a Nozomi (Esperança), primeira sonda do Japão para outro planeta. O
objetivo da missão é investigar a atmosfera exterior de Marte e sua interação com o vento solar, e
os instrumentos a bordo estão programados para estudar: a estrutura, a composição e a dinâmica da
ionosfera marciana; os efeitos do vento solar; o escapamento das partículas atmosféricas ao espaço;
o campo magnético intrínseco; os efeitos do campo magnético solar; a estrutura da magnetosfera; a
existência de poeira na atmosfera e em órbita em torno do planeta.
Contudo, a sonda (258kg) fracassa e não consegue realizar sua missão.

1998 (12 de agosto) – O programa estadunidense de foguetes Titan 4 é suspenso quando um deles
explode pouco depois do lançamento. É um dos desastres mais caros. O custo do foguete e de sua
carga de satélites militares é estimado em mais de 1 bilhão de dólares.

1998 (setembro) – Cientistas estadunidenses divulgam a descoberta, feita pela sonda Galileo, de
mais um anel (o terceiro conhecido – hoje conhecem-se quatro) em torno de Júpiter.

1998 (24 de outubro) – É lançada a sonda estadunidense Deep Space 1 (373kg). É a primeira de
uma série de missões de pesquisa do espaço profundo e de órbita terrestre, sendo parte de um
programa da NASA denominado Discovery, que visa a experimentar novas tecnologias no espaço.
Seu objetivo principal é o de avaliar 12 novas tecnologias durante a fase primária de sua missão.
Tem bastante sucesso em sua empreitada e, na sua fase estendida, encontra-se com o cometa
Borrelly e obtém as melhores imagens deste astro até o momento.

1998 (29 de outubro a 7 de novembro) – O astronauta estadunidense John Glenn retorna ao espaço
a bordo do Discovery (STS-95) e torna-se o homem mais velho a viajar ao cosmo (77 anos). Nessa
segunda viagem, ele completa 134 órbitas em torno da Terra.
Os demais integrantes da tripulação são Curtis Brown - Comandante -, Steven Lindsey - Piloto -,
Scott Parazynski, Pedro Duque, Stephen Robinson e Chiaki Mukai.

1998 (20 de novembro) - Tem início a construção da Estação Espacial Internacional (ISS -
International Space Station -, na sigla em inglês), uma cooperação sem precedentes entre diversos
países, projetada para ser a maior estrutura já construída pelo homem no espaço. Participam da
construção as agências espaciais canadense, europeia (ESA), japonesa (futura JAXA), russa
(Roskosmos) e estadunidense (NASA).
Nesta data, um foguete Proton leva ao espaço o Zarya (nascente), primeiro módulo da ISS, de
fabricação russa. Conhecido também como bloco funcional de carga, o Zarya tem como função
armazenar a energia elétrica consumida na Estação, obtida a partir da energia coletada pelos painéis
solares. Ademais, serve ainda como depósito de equipamentos e reservatório de combustíveis.
Nos anos seguintes, novos módulos vão sendo acrescentados, e hoje a ISS tem dimensões sem
paralelo para um artefato humano no espaço.
Massa: aproximadamente 450t; comprimento: 72,8m; largura: 108,5m; altura: 20m; volume
pressurizado: 837m3.
A ISS completa uma órbita em torno da Terra em 92,9min, à velocidade aproximada de
27.600km/h, com perigeu de 414km e apogeu de 419km.

1998 (4 a 15 de dezembro) – Missão do Endeavour (STS-88), cujo objetivo é levar ao espaço o


primeiro módulo estadunidense da ISS, denominado Unity, que, no dia 6, é conectado ao Zarya. O
Unity tem pontos de entrada, ou adaptadores de acoplamento pressurizados (PMAs), que o ligam a
outros módulos e a locais de acoplagem de naves de reabastecimento. É o ponto de passagem entre
os módulos de trabalho e de habitação, e os recursos essenciais da Estação (controle ambiental, de
dados, de líquidos, elétrico) são distribuídos a partir deste módulo.
Esta é a primeira missão de um ônibus espacial à ISS (sem acoplamento), e a tripulação é formada
por rRobert D. Cabana – comandante -, Frederick W. Sturckow – piloto -, Jerry L. Ross, Nancy J.
Currie, James H. Newman e Sergei K. Krikalev.

1999 (janeiro) – É inaugurado o telescópio óptico infravermelho Subaru, com um espelho de 8,3m
de diâmetro, pré-fabricado no Japão e posteriormente transportado para Mauna Kea, Havaí. Subaru
é o nome japonês do aglomerado estelar aberto das Plêiades.

1999 (23 de janeiro) – A sonda NEAR obtém a primeira sequência de imagens da rotação terrestre.

1999 (5 de fevereiro) – Um estudo de autoria do astrônomo estadunidense Robert Carlson,


publicado na revista Science, afirma que dados enviados pela sonda Galileo revelam a existência,
em Calisto, de uma tênue atmosfera, com cerca de 100km de altitude, composta de gás carbônico.

1999 (7 de fevereiro) – É lançada a sonda estadunidense Stardust (Poeira de Estrelas), com a


finalidade de investigar o cometa Wild 2 e o asteroide Annefrank, além de recolher poeira
interestelar. Com massa de 300kg, é a primeira missão estadunidense dedicada única e
exclusivamente a explorar um cometa com o objetivo de retornar material extraterrestre de regiões
além da órbita da Lua. Para isso, conta com uma cápsula no interior da qual há um coletor revestido
de aerogel, um material à base de silício, com estrutura semelhante à de uma esponja, em que
predominam os espaços vazios. O objetivo é capturar a poeira, fazendo com que fique presa ao
aerogel, mesmo à alta velocidade em que se dá o encontro da sonda com o cometa.

1999 (maio) – Pesquisadores da Nasa e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts divulgam o


primeiro conjunto completo de imagens tridimensionais de Marte, feitas a partir de medições da
sonda Mars Global Surveyor. O planeta tem vulcões altíssimos, montanhas em que parece haver
neve, vales profundos, platôs e planícies que lembram o contorno de continentes e oceanos.

1999 (18 de maio) – A partir de imagens da Voyager 2, Erich Karkoschka descobre Perdita, décimo
oitavo satélite conhecido de Urano.
Diâmetro: 30km; período orbital: 0,638 dia; distância média do planeta: 152.834km; massa: 18
trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3.

1999 (27 de maio a 6 de junho) – Missão do Discovery (STS-96), o primeiro acoplamento de um


ônibus espacial à ISS. São entregues suprimentos e equipamentos para a Estação.
A Tripulação é formada por Kent Rominger - Comandante -, Rick Husband (1957-2003) - Piloto -,
Tamara Jernigan, Ellen Ochoa, Daniel Barry, Julie Payette e Valery Tokarev.

1999 (24 de junho) – Segunda passagem da Cassini pelo planeta Vênus para empurrão
gravitacional.

1999 (24 de junho) – É lançado o FUSE (Far Ultraviolet Spectroscopic Explorer), tendo por
objetivo explorar o Universo usando a técnica de espectroscopia de alta resolução na região
espectral do ultravioleta longínquo. É uma missão internacional que envolve EUA, Canadá e
França. Com massa de 1.600kg, opera numa órbita circular a 746km de altitude.
Permanece ativo até 12 de julho de 2007.

1999 (29 de junho) – É inaugurado o telescópio Gemini norte, com espelho de 8,1m, localizado no
Havaí. A primeira foto tirada é da região central da Via Láctea, na direção da constelação de
Sagitário.

1999 (9 de julho) – É revelado o texto do discurso fúnebre que Richard Nixon faria caso a missão
Apollo 11 falhasse e os astronautas (Neil Armstrong e Edwin Aldrin) tivessem de ser deixados na
Lua.

1999 (18 de julho) – John J. Kavelaars, Brett J. Gladsman, Matthew J. Holman, Jean-Marc Petit e
Hans Scholl descobrem Stefano, Próspero e Setebos, satélites de Urano, aumentando para 21 o
número de luas conhecidas daquele planeta.
Stefano – Diâmetro: 32km; período orbital: 677,37 dias (1,85 ano); distância média do planeta:
16.008.000km; massa: 22 trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3.
Próspero – Diâmetro: 50km; período orbital: 1.978,29 dias (5,42 anos); distância média do planeta:
33.012.000km; massa: 85 trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3.
Setebos – Diâmetro: 48km; período orbital: 2.225,21 dias (6,09 anos); distância média do planeta:
34.816.000km; massa: 75 trilhões de km; densidade: 1,3g/cm3.

1999 (23 de julho) – É lançado, a bordo do Columbia (STS-93), o observatório de raios X Chandra.
É assim chamado em homenagem ao físico indiano Subrahmanyan Chandrasekhar (1910-1995),
um dos fundadores da astrofísica. Com massa de 4.790kg, é colocado numa órbita terrestre de
133.000 x 16.000km.
A palavra “chandra” significa, em sânscrito, “lua” ou “luminoso”.
A tripulação do Columbia é formada por Eileen Collins – comandante -, Jeffrey Ashby – piloto -,
Steven Hawley, Catherine Coleman e Michel Tognini. Eileen Collins é a primeira mulher a
comandar um ônibus espacial.

1999 (28 de julho) - A sonda Deep Space 1 aproxima-se do asteroide 9969 Braille, descoberto (27
de maio de 1992) por Eleanor F. Helin (1932-2009) e Kenneth J. Lawrence. Durante esta
aproximação, à distância de 26km, são obtidas fotos (de baixa qualidade) e medidas as suas
propriedades físicas básicas: composição mineral, tamanho, morfologia e brilho.
A denominação do asteroide é uma homenagem ao professor francês Louis Braille
(1809-1852), criador do sistema de escrita para cegos que leva o seu nome.
Diâmetro: 2,1 x 1 x 1km; período orbital: 1.311,047 dias (3,59 anos: distância média do Sol:
350.705.000km.

1999 (31 de julho) – A Lunar Prospector é deliberadamente levada a se chocar com a superfície
lunar, caindo na cratera Shoemaker, próxima do polo sul, numa tentativa frustrada de detectar a
presença de água.
O principal resultado da missão é a elaboração do primeiro mapa da composição química de toda a
superfície lunar.

1999 (18 de agosto) – A sonda Cassine sobrevoa a Terra, à distância mínima de 500km, para
emppurrão gravitacional.

1999 (23 de setembro) – A sonda estadunidense Mars Climate Orbiter, lançada em 11 de dezembro
de 1998, é destruída ao entrar na atmosfera de Marte. Investigações posteriores determinam que a
perda da sonda deve-se a erros nos comandos: enquanto a equipe de terra utiliza o sistema anglo-
saxão de medidas, a nave trabalha com o sistema métrico internacional. Consequentemente, todas
as correções de rota tentadas fracassam, fazendo com que a sonda chegue a Marte a uma distância
de 57km do planeta, em lugar dos 1.500km previstos, sendo destruída por fricção e
superaquecimento na atmosfera marciana.
A Mars Climate Orbiter integra, juntamente com a Mars Polar Lander, o programa Mars Surveyor
98, tendo por objetivo estudar as variações atmosféricas marcianas, em especial relacionadas ao
dióxido de carbono e à possível existência de água. A sonda (338kg), caso colocada em órbita,
também deveria retransmitir à Terra os dados obtidos no solo pela Mars Polar Lander.

1999 (6 de outubro) – É Descoberto Caliroe, décimo sétimo satélite conhecido de Júpiter.


Diâmetro: 8,6km; período orbital: 758,77 dias (2,08 anos); distância média do planeta:
24.103.000km.

1999 (19 de novembro) – A China lança a Shenzhou 1, de caráter experimental, que volta com
sucesso (no dia seguinte) aos locais desertos da região autônoma da Mongólia Interior, norte do
país.
Massa: 7.600kg; duração da missão: 21h11min; órbitas: 14; perigeu: 185km; apogeu: 315km.

1999 (3 de dezembro) – A sonda estadunidense Mars Polar Lander, lançada em 3 de janeiro, perde
contato com a Terra cerca de 10 minutos antes do momento previsto para o pouso em Marte, que
deveria ocorrer a menos de 1.000km do polo sul do planeta. As causas desse fracasso jamais são
determinadas com precisão, sendo as mais prováveis a falha do radar (que deveria determinar a
posição da sonda relativamente ao planeta) ou do motor de descida.
Junto com a Mars Polar Lander (290kg) viajam as duas microssondas (2,4kg cada uma) que
compõem a missão Deep Space 2, projetadas para ser os primeiros artefatos humanos a peneetrar o
solo de outro planeta. Denominadas Amundsen e Scott, em homenagem ao norueguês Roald
Amundsen (1872-1928) e ao inglês Robert Falcon Scott (1868-1912), os primeiros exploradores a
atingir o polo sul terrestre, estas sondas, a exemplo da Mars Polar Lander, não enviam nenhum
dado acerca de Marte.
Com a segunda espaçonave perdida em pouco mais de dois meses, fracassa completamente o
programa Mars Surveyor 98.

1999 (10 de dezembro) – É lançado, pela ESA, o telescópio espacial XMM-Newton (X-Ray Multi-
Mirror Mission - Newton). Programado para realizar observações em raios X, tem como objetivo
estudar o céu inteiro e descobrir grande número de fontes dessa radiação eletromagnética. Com
massa de 3.800kg, o telescópio é colocado numa órbita fortemente elíptica de 7.000 x 114.000km.

1999 (19 a 27 de dezembro) – Terceira missão de manutenção do telescópio Hubble, realizada por
astronautas a bordo do Discovery (STS-103), cuja tripulação é composta por Curtis Brown -
Comandante -, Scott Kelly - Piloto -, Steven Smith, Michael Foale, John Grunsfeld, Claude
Nicollier e Jean-François Clervoy. São substituídos os seis giroscópios e o computador de bordo,
trocado por um vinte vezes mais rápido e memória seis vezes maior, além de serem melhoradas a
capacidade e a velocidade do sistema de transmissão de dados à Terra. É trocado o isolamento
externo, cuja função é proteger o Hubble do ambiente inóspito do espaço.

2000 – Tem início o Sloan Digital Sky Survey (SDSS), o mais ambicioso levantamento
astronômico em andamento. quando concluído, fornecerá imagens ópticas cobrindo mais de um
quarto do céu e um mapa tridimensional com cerca de um milhão de galáxias e quasares. À medida
que o levantamento progride, os dados são liberados para a comunidade científica (e para o público
em geral) em incrementos anuais. O nome faz referência à Alfred P. Sloan Foundation, um dos
financiadores do projeto.

2000 - Os estadunidenses Donald Brownlee, astrônomo, e Peter Ward, paleontólogo, publicam


“Rare Earth: Why Complex Life is Uncommon in the Universe” (Terra Rara: Porque A Vida
Complexa É Incomum no Universo), livro em que apresentam o conceito de “zona habitável
galáctica”, definida como a região de uma galáxia onde o surgimento da vida é mais provável. Essa
região deve estar próxima o suficiente do centro galáctico para que as estrelas sejam “enriquecidas”
com elementos pesados, mas não tão próxima a ponto de os sistemas estelares serem
desestabilizados pela intensa radiação e pelas enormes forças gravitacionais que costumam existir
nas zonas centrais das galáxias. Na Via Láctea, a zona habitável se estenderia desde uma região
interna não bem definida até uma distância de 10 parsecs (32.600 anos-luz) do centro.
Mas a ideia de zonas habitáveis, tanto galácticas quanto circum-estelares, é frequentemente
criticada por muitos cientistas. No caso das galáxias, a noção de zona habitável é por vezes
considerada vaga demais. No que se refere a zonas habitáveis circum-estelares, os críticos
argumentam que as definições formuladas se baseiam exclusivamente na vida como a conhecemos
aqui na Terra e defendem que pode haver seres capazes de sobreviver em ambientes completamente
diversos, o que ampliaria a abrangência das regiões onde a vida é capaz de existir.

2000 (3 de janeiro) – Dados da Galileo revelam fortes evidências de que existe um oceano abaixo
da superfície gelada do satélite Europa, de Júpiter.

2000 (23 de janeiro) – A Cassini sobrevoa o asteroide 2685 Masursky à distância de 1.600.000km.
As imagens transmitidas não são de boa qualidade. O nome do astro, descoberto em 3 de maio de
1981 por Edward L. G. Bowell, é uma homenagem ao geólogo e astrônomo estadunidense Harold
Masursky (1922-1990), que trabalhou nas missões Apollo e Viking.
Diâmetro: entre 15 e 20km; período orbital: 1.503,127 dias (4,12 anos); distância média do Sol:
384.170.000km.

2000 (14 de fevereiro) – A sonda Near-Shoemaker entra em órbita ao redor do asteroide 433 Eros.
É a primeira vez que um artefato humano orbita um asteroide.

2000 (10 de março) – Com base no mapeamento do subsolo de Marte feito pela Mars Global
Surveyor, cientistas da NASA afirmam ter descoberto antigos canais soterrados que, há milhões de
anos, podem ter transportado água na superfície do planeta.

2000 (abril) - Entra em operação o Kueyen, segundo dos quatro instrumentos que compõem o VLT,
localizado no Observatório Paranal, Chile.

2000 (6 de abril) – Pesquisadores do Colégio Imperial, em Londres, publicam na revista Nature


artigo no qual identificam a maior cauda de cometa já vista: pertence ao Hyakutake, um dos
maiores cometas a passar perto da Terra No século XX. Tem 570 milhões de km de extensão,
superando amplamente o recorde anterior, do Grande Cometa de 1843: 323 milhões de km.

2000 (6 de abril) – Chega à Mir, a bordo da Soyuz TM-30 (lançada no dia 4), a última tripulação da
estação espacial, formada pelos cosmonautas Sergei Zalyotin e Alexandr Kaleri. O regresso à Terra
ocorre em 16 de junho.

2000 (maio) – O satélite estadunidense Imager for Magnetosphere to Aurora Global Exploration
(IMAGE), lançado em 25 de março, realiza as primeiras imagens globais da plasmosfera terrestre.
A plasmosfera é uma parte interna da magnetosfera, que fica além da última subdivisão da
atmosfera e se estende por alguns milhares de km. É formada basicamente por plasma, um gás
altamente ionizado, composto de cargas positivas e negativas em igual número e, portanto,
globalmente neutro.

2000(5 de maio) – Ocorre uma conjunção dos cinco planetas mais luminosos do Sistema Solar:
Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno. Nada pode ser observado da Terra, porque a linha
formada pelos planetas está atrás do Sol e escondida em seu brilho. A última conjunção semelhante
acontecera em fevereiro de 1962 e não ocorrerá novamente até abril de 2438.

2000 (19 a 29 de maio) – Missão do Atlantis (STS-101), que leva equipamentos à ISS e realiza um
conserto no módulo Zarya. É o primeiro voo de um ônibus espacial com cabine de vidro.
Os tripulantes são James Halsell - Comandante -, Scott Horowitz - Piloto -, Mary Weber, Jeffrey
Williams, James Voss, Susan Helms e Yuri Usachev.

2000 (4 de junho) – O observatório espacial de raios gama Compton é desativado e se desintegra ao


ingressar, de forma controlada, na atmosfera. Seus fragmentos caem no Oceano Pacífico.

2000 (7 de julho) – O telescópio Hubble capta imagens da desintegração, a 120 milhões de km da


Terra, do cometa C/1999 S4 (LINEAR), descoberto (27 de setembro de 1999) em sua única
aproximação do Sol. É a primeira vez que a morte de um cometa é registrada com tantos detalhes.

2000 (12 de julho) – É lançado, por um foguete Proton, o módulo de serviço russo Zvezda (estrela),
o terceiro da ISS, que é acoplado ao Zarya no dia 26. Concebido originalmente para ser o núcleo da
projetada (e nunca construída) Mir 2, o Zvezda é o centro funcional e estrutural da Rússia na ISS,
fornecendo as primeiras habitações, além de sistemas de comunicações, processamento de dados,
controle de voo e propulsão. Com a incorporação deste módulo, a ISS passa a ter condições de
abrigar uma tripulação permanente.

2000 (16 de julho) – Ocorre o mais longo eclipse lunar do século XX, com duração de 1h47min1s.

2000 (16 de julho e 9 de agosto) – São lançadas, duas a duas, por foguetes Soyuz-Fregat, as quatro
sondas europeias (com participação da NASA) da missão Cluster 2 (1.200kg cada uma), cujo
objetivo é estudar a magnetosfera terrestre ao longo de um ciclo solar completo. Pela primeira vez,
é possível obter em três dimensões informações sobre como o vento solar interage com a
magnetosfera e afeta o ambiente espacial em torno da Terra e a atmosfera do planeta, incluindo as
auroras. As naves são idênticas, têm formato cilíndrico (290 x 130cm) e operam numa órbita
fortemente elíptica (25.480 x 124.870km), que completam a cada 57 horas. Coletam os dados em
variadas formações tetraédricas, e a distância entre elas varia de 17km a 10.000km.
Posteriormente ao lançamento, as sondas recebem os nomes de Rumba, Tango, Salsa e Samba.

2000 (22 de agosto) – É inaugurado, no Observatório Nacional de Radioastronomia dos EUA, em


West Virginia, na cidade de Pocahontas, o Green Bank Telescope. Com uma superfície metálica de
reflexão de 100 por 110m, o projeto do mecanismo permite ao instrumento captar sinais a partir de
uma altura de 5° acima do horizonte.

2000 (8 a 19 de setembro) – Missão do Atlantis (STS-106), cujo objetivo é instalar baterias e cabos
de comunicação, de energia e de dados, além de preparar o módulo Zvezda para a chegada da
primeira tripulação da ISS.
Os tripulantes do Atlantis são Terrence Wilcutt - Comandante -, Scott Altman - piloto -, Daniel
Burbank, Richard Mastracchio, Boris Morukov, Edward Lu e Yuri Malenchenko.

2000 (outubro) – Imagens da Galileo revelam a existência de nuvens de amônia congelada em Io e


também indicam que neva enxofre no satélite.

2000 (11 a 24 de outubro) – Missão do Discovery (STS-92), que marca o centésimo voo dos ônibus
espaciais. Os astronautas instalam na ISS o segmento Z1 (estrutura destinada a receber os primeiros
painéis solares), uma antena de comunicações, giroscópios e um porto para acoplagem.
Os tripulantes são Brian Duffy - Comandante -, Pamela Melroy - Piloto -, Koichi Wakata, Leroy
Chiao, Peter Wisoff, Miguel (Michael) López-Alegría e William McArthur.

2000 (20 de outubro) – Um estudo publicado na revista Science, cuja principal autora é a
estadunidense Caitlin Griffith, afirma que são encontrados os primeiros indícios de que em Titã
chove metano, principal componente do gás natural.

2000 (25 de outubro) – São anunciados quatro satélites de Saturno (Paaliaq, Siarnaq, Tarvos e
Ymir), que passa a ter 22 luas conhecidas.
Paaliaq – Diâmetro: 22km; período orbital: 686,9 dias (1,88 ano); distância média do planeta:
15.200.000km.
Siarnaq – Diâmetro: 40km; período orbital: 895,55 dias (2,45 anos); distância média do planeta:
17.531.000km.
Tarvos – Diâmetro: 15km; período orbital: 926,2 dias (2,54 anos); distância média do planeta:
17.983.000km.
Ymir – Diâmetro: 18km; período orbital; 1.315,14 dias (3,60 anos); distância média do planeta:
23.040.000km.
2000 (2 de novembro) – Chega à ISS, a bordo da Soyuz TM-31, lançada em 31 de outubro, a sua
primeira tripulação (Expedição 1), composta pelo astronauta estadunidense William Shepherd e
pelos cosmonautas russos Yuri Gidzenko e Sergei Krikalev. A expedição termina em 18 de março
de 2001, e Eles voltam à Terra no Discovery (STS-102), três dias mais tarde.

2000 (18 de novembro) – São anunciados dois satélites de Saturno (Ijiraq e Kiviuq), que passa a ter
24 luas conhecidas.
Ijiraq – Diâmetro: 12km; período orbital: 451,4 dias (1,24 ano); distância média do planeta:
11.124.000km).
Kiviuq – Diâmetro: 16km; período orbital: 449,22 dias (1,23 ano); distância média do planeta:
11.111.000km.

2000 (20 de novembro) – Temisto, satélite de Júpiter observado em 30 de setembro de 1975 por
Charles Kowal (1940-2011) e Elizabeth Roemer, e posteriormente perdido, é redescoberto por
Scott S. Sheppard, David C. Jewitt, Yanga R. Fernández e Eugene A. Magnier. O nome é
oficialmente atribuído em 2001. É a décima oitava lua joviana conhecida.
Diâmetro: 8km; período orbital: 129,827 dias; distância média do planeta: 7.391.650km; massa:
689 bilhões de toneladas; densidade: 2,6g/cm3.

2000 (30 de novembro a 11 de dezembro) – Missão do Endeavour (STS-97), que instala os


primeiros painéis solares da ISS e prepara a chegada do módulo Destiny.
Os tripulantes são Brent Jett, Jr. - Comandante -, Michael Bloomfield - Piloto -, Joseph Tanner,
Carlos Noriega e Marc Garneau.

2000 (7 de dezembro) – São anunciados quatro satélites de Saturno (Erriapo, Mundilfari, Skathi e
Thrymr), que passa a ter 28 luas conhecidas.
Erriapo – Diâmetro: 10km; período orbital: 871,2 dias (2,38 anos); distância média do planeta:
17.343.000km.
Mundilfari – Diâmetro: 5,6km; período orbital: 928,806 dias (2,54 anos); distância média do
planeta: 18.360.000km.
Skathi – Diâmetro: 6,4km; período orbital: 725,784 dias (1,99 ano); distância média do planeta:
15.576.000km.
Thrymr – Diâmetro: 5,6km; período orbital: 1.120,809 dias (3,07 anos); distância média do planeta:
20.810.000km.

2000 (19 de dezembro) – É anunciada a descoberta de Albiorix, vigésimo nono satélite conhecido
de Saturno.
Diâmetro: 32km; período orbital: 783 dias (2,14 anos); distância média do planeta: 16.182.000km.

2000 (22 de dezembro) – É anunciada a descoberta de Suttungr, trigésimo satélite conhecido de


Saturno.
Diãmetro: 5,6km; período orbital: 1.029,703 dias (2,82 anos); distância média do planeta:
19.667.000km.

2000 (30 de dezembro) – A Cassini passa pelo planeta Júpiter para empurrão gravitacional. A
sonda efetua diversas medições científicas e produz o retrato colorido global mais detalhado de
Júpiter: as características menores têm aproximadamente 60km de diâmetro. A Cassini faz, ao todo,
26.000 imagens de Júpiter ao longo de alguns meses.

2001 (janeiro) – François Spite e Pascale Jablonka, utilizando o telescópio Hubble, são os primeiros
a observar estrelas individuais no centro de outra galáxia: Andrômeda.

2001 (5 de janeiro) – É anunciada a descoberta, feita no Observatório de Mauna Kea, no Havaí, de


dez satélites de Júpiter (fotografados entre 23 e 26 de novembro de 2000), aumentando para 28 o
número de luas jovianas conhecidas. Um deles, S/2000 J 11, não é mais visto por uma década e
chega a ser excluído da relação de luas jovianas, mas é reencontrado em observações de 2010 e
2011. Os demais satélites descobertos são: Caldene, Calique, Erinome, Harpalique, Isonoe, Jocasta,
Megaclite, Praxidique e Taigete.
Caldene – Diâmetro: 3,8km; período orbital: 699,327 dias (1,91 ano); distância média do planeta:
22.713.000km.
Calique – Diâmetro: 5,2km; período orbital: 721,021 dias (1,97 ano); distância média do planeta:
23.181km.
Erinome – Diâmetro: 3,2km; período orbital: 711,965 dias (1,95 ano); distância média do planeta:
22.986.000km.
Harpalique – Diâmetro: 4km; período orbital: 624,542 dias (1,71 ano); distância média do planeta:
21.064.000km.
Isonoe – Diâmetro: 3,8km; período orbital: 751,647 dias (2,06 anos); distância média do planeta:
23.833.000km.
Jocasta – Diâmetro: 5,2km; período orbital: 609,427 dias (1,67 ano); distância média do planeta:
20.723.000km.
Megaclite – Diâmetro: 5,4km; período orbital: 792,438 dias (2,17 anos); distância média do
planeta: 24.687.000km.
Praxidique – Diâmetro: 7km; período orbital: 613,904 dias (1,68 ano); distância média do planeta:
20.824.000km.
Taigete – Diâmetro: 5km; período orbital: 687,675 dias (1,88 ano); distância média do planeta:
22.439.000km.
S/2000 J 11 – Diâmetro: 4km; período orbital: 274 dias; distância média do planeta: 12.100.000km.

2001 (9 de janeiro) – A Shenzhou 2 é lançada ao espaço, levando um macaco, um cachorro, um


coelho, seis camundongos, pequenos animais terrestres e aquáticos e 64 experimentos científicos.
aterrissa na Mongólia Interior (16 de janeiro). Não são divulgadas fotografias da aterrissagem, o
que levanta especulações acerca do sucesso da missão.
Massa: 7.400kg; duração da missão: 7d10h22min; órbitas: 117.

2001 (fevereiro) – Cientistas estadunidenses de diversas instituições afirmam que o impacto de um


corpo celeste contra a superfície da Terra foi responsável, há 250 milhões de anos, por uma
extinção em massa, eliminando 90% das criaturas marinhas, 70% das espécies vertebradas
terrestres e quase todas as formas vegetais. Segundo os pesquisadores, as provas da ocorrência
dessa catástrofe, que abriu caminho para o desenvolvimento dos dinossauros, estão nas proporções
anormais de isótopos de hélio e de argônio encontradas no interior de rochas sedimentares
descobertas no Japão, na China e na Hungria, mais compatíveis com as verificadas nos condritos
(comuns em meteoritos e asteroides) do que com aquelas existentes na Terra em qualquer tempo.

2001 (7 a 20 de fevereiro) – Missão do Atlantis (STS-98), cujo objetivo principal é instalar na ISS
o módulo estadunidense Destiny, o quarto da Estação. Este módulo é a principal estrutura
estadunidense na ISS, e nele são feitas investigações científicas, destacando-se oestudo de
materiais, biotecnologia, engenharia, medicina e física em condições de microgravidade.
A tripulação do Atlantis é composta por Kenneth Cockrell - Comandante -, Mark Polansky - Piloto
-, Robert Curbeam, Thomas Jones e Marsha Ivins.
2001 (12 de fevereiro) – A sonda Near-Shoemaker pousa no asteroide 433 Eros. É a primeira vez
que uma nave espacial chega à superfície desse tipo de corpo celeste.

2001 (28 de fevereiro) – A missão Near-Shoemaker é oficialmente encerrada.

2001 (23 de março) – A Mir volta para a Terra, após uma reentrada induzida em nossa atmosfera.
Os restos que não se desintegraram repousam no fundo do Oceano Pacífico, a 2.000km da
Austrália. Construída para durar apenas cinco anos, a Mir permanece 15 anos no espaço, a uma
altitude média de 365km, realizando uma órbita a cada 91min54s, completando 86.331 voltas em
torno da Terra. Entre 1986 e 2000, São acopladas à Mir 39 naves tripuladas (1 Soyuz-T, 29 Soyuz-
TM e 9 missões de ônibus espaciais). Torna-se um exemplo de cooperação internacional, ao
acolher astronautas de Eslovênia, Bulgária, Afeganistão, Casaquistão, França, Japão, Reino Unido,
Áustria, Alemanha, Canadá, EUA e Síria. Entre cosmonautas russos e de outras nações, 104
pessoas estiveram a bordo da Mir. Com a participação de outros 29 países, a estação abriga 24
programas espaciais internacionais, e seus laboratórios testam diversos materiais e substâncias em
experiências impossíveis de serem feitas na Terra. Graças a essas pesquisas, é possível desenvolver
equipamentos médicos que tornam viável a sobrevivência humana durante longos períodos sem
gravidade. São realizados 14.000 experimentos científicos. São também realizadas 80 atividades
extraveiculares, sendo a mais longa de 7h16min. O recorde de permanência em órbita é de
437d18h, do cosmonauta russo Valeri Poliakov. A viagem mais curiosa, no entanto, é a de Serguei
Krikalev, que sai da Terra como cidadão soviético e regressa, após o colapso da URSS, como
cidadão russo.
Estatísticas adicionais – Massa: 124.340kg; espaço habitável: 350m3; total de dias em órbita:
5.519; dias ocupada: 4.592; distância percorrida: 3.638.470.307km.

2001 (7 de abril) – É lançada a sonda estadunidense 2001 Mars Odyssey (376kg).


O nome é uma referência a “2001: Uma Odisseia no Espaço”, filme lançado em 1968, dirigido por
Stanley Kubrick (1928-1999) e baseado no livro homônimo de Arthur C. Clarke (1917-2008).

2001 (19 de abril a 1º de maio) – Missão do Endeavour (STS-100), cujo objetivo principal é iniciar
a instalação, ativação e inspeção do braço robótico Canadarm, fundamental para o prosseguimento
da construção da ISS (a conclusão se dá na missão STS-111, do Endeavour, em junho de 2002).
Ademais, é instalada uma antena de comunicações de alta frequência e são transferidos para a
estação suprimentos variados.
A tripulação é formada por Kent Rominger - Comandante -, Jeffrey Ashby - Piloto -, Chris
Hadfield, Scott Parazynski, John Phillips, Umberto Guidoni e Yuri Lonchakov.
Chris Hadfield é o primeiro canadense a realizar uma atividade extraveicular.

2001 (25 de abril) - É criado o Observatório Astronômico Nacional da Academia de Ciências da


China, instituição formada mediante a fusão de vários observatórios, incluindo o de Pequim e o de
Xangai. A sede está localizada em Pequim.

2001 (28 de abril) – O bilionário estadunidense de origem italiana Dennis Tito, de 60 anos, viaja à
ISS a bordo da Soyuz TM-32 e se torna o primeiro turista espacial. O retorno à Terra ocorre em 6
de maio, na Soyuz Tm-31, depois de 128 órbitas.

2001 (junho) - Entra em operação o Yepun, terceiro dos quatro instrumentos que compõem o VLT,
localizado no Observatório Paranal, Chile.

2001 (26 de junho) – O telescópio Hubble observa uma tempestade de areia se formando em Hellas
Planitia, em Marte. A tempestade cresce extraordinariamente e, no dia seguinte, já é um evento
global. Medições de sondas em órbita marciana estabelecem que o fenômeno faz diminuir a
temperatura da superfície e aumentar a temperatura da atmosfera em 30°C.
Tempestades de areia em Marte podem durar um mês ou mais. Devido à baixa densidade da
atmosfera, são necessários ventos de 65km/h a 80km/h para fazer a poeira levantar da superfície.
Marte é bem mais seco e frio que a Terra e, por isso, a poeira fica suspensa no ar por muito tempo
(na Terra, é devolvida ao solo pela chuva). Devido à tempestade de areia em questão, na estação
marciana seguinte (uma estação em Marte dura quase meio ano terrestre), a temperatura diurna no
planeta ainda era 4°C inferior à média.

2001 (30 de junho) – É lançada a sonda estadunidense WMAP (Wilkinson Microwave Anisotropy
Probe), cujo objetivo é medir as variações da temperatura da radiação cósmica de fundo, a fim de
auxiliar nos testes das teorias acerca da natureza do Universo. Com massa de 840kg, é colocada em
órbita num dos pontos de Lagrange (L2), a 1,5 milhão de km da Terra.
O nome desta sonda, sucessora do Cobe, é dado em homenagem a David Wilkinson
(1935-2002), um dos pioneiros no estudo da radiação resultante do Big Bang.

2001 (12 a 24 de julho) – Missão do Atlantis (STS-104), cujo objetivo é instalar na ISS o módulo
estadunidense Quest (Quest Joint Airlock). Trata-se de uma câmara de descompressão, usada na
preparação de atividades extraveiculares. Permite o uso de trajes espaciais russos e estadunidenses.
Antes do Quest, os russos utilizavam para este fim o Zvezda, enquanto os estadunidenses só
podiam realizar caminhadas no espaço se um ônibus espacial estivesse acoplado à ISS.
Os tripulantes do Atlantis são Steven Lindsey - Comandante -, Charles Hobaugh - Piloto -, Michael
Gernhardt, Janet Kavandi e James Reilly.

2001 (agosto) - Entra em operação o Melipal, último dos quatro instrumentos que compõem o Very
Large Telescope (VLT), localizado no Observatório Paranal, Chile. O VLT é um sistema composto
por quatro telescópios refletores principais, cada um deles com espelho de 8,2m, e quatro
instrumentos auxiliares, com espelho de 1,8m. Cada um desses telescópios é capaz de observar
objetos de magnitude 30, ou seja, 4 bilhões de vezes menos brilhantes do que aqueles observáveis a
olho nu. Embora passem a maior parte do tempo funcionando de forma independente, os quatro
telescópios podem, com a ajuda do Very Large Telescope Interferometer (VLTI), ser combinados
interferometricamente, adquirindo um poder de resolução equivalente ao de um telescópio com
espelho de 16m, o que faz do VLT o maior telescópio óptico do mundo.

2001 (8 de agosto) – É lançada a sonda estadunidense Genesis (494kg), cujo objetivo é coletar
amostras do vento solar e trazê-las de volta à Terra.

2001 (13 de agosto) – Matthew J. Holman, John J. Kavelaars, Dan Milisavljevic e Brett J. Gladman
descobrem dois satélites de Urano: Trínculo e Fernando. Passa a ser de 23 o número de luas
conhecidas do planeta.
Trínculo – Diâmetro: 18km; período orbital: 749,24 dias (2,05 anos); distância média do planeta:
17.008.000km; massa: 3,9 trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3.
Fernando – Diâmetro: 20km; período orbital: 2.887,21 dias (7,90 anos); distância média do planeta:
41.802.000km; massa: 5,4 trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3.

2001 (16 de agosto) – Os astrônomos estadunidenses Robin Canup e Erik Asphaug publicam na
revista Nature um artigo segundo o qual a Lua se originou de um impacto ocorrido há 4,5 bilhões
de anos entre a Terra, praticamente formada, e um corpo celeste com dimensões comparáveis às de
Marte.
2001 (21 de agosto) - Astrônomos do Deep Ecliptic Survey (projeto concebido para encontrar
objetos do cinturão de Kuiper) descobrem 2001 QR322, primeiro troiano conhecido de Netuno
(sobre troianos, ver 1906, 22 de fevereiro). O astro tem diâmetro compreendido entre 60km e
160km.
Hoje conhecem-se nove troianos de Netuno, mas os astrônomos acreditam que podem existir
milhões deles.

2001 (14 de setembro) – É lançado para a ISS, por um foguete Soyuz-U, o módulo russo Pirs (cais),
também chamado de "Stikovochny Otsek 1" ou "SO-1" ("módulo de acoplamento). O Pirs é um
compartimento de embarque, ligado à escotilha Nadir do módulo de serviço Zvezda. Serve como
ponto de acoplagem para naves Soyuz TMA e Progress e possui um despressurizador, utilizado
para preparar caminhadas espaciais com trajes russos.

2001 (22 de setembro) – A sonda Deep Space 1 encontra-se com o cometa 19P/Borrelly,
Descoberto em 28 de dezembro de 1904 pelo astrônomo francês Alphonse Louis Borrelly
(1842-1926), e envia uma série de dados científicos à Terra, incluindo revelações acerca do núcleo
e da cauda.
O diâmetro estimado do núcleo é de 8 x 4 x 4km.

2001 (24 de outubro) – A Mars Odyssey chega ao seu destino, tendo por objetivos: orbitar Marte
por pelo menos três anos para coletar dados sobre quais elementos químicos e minerais
predominam na superfície do planeta; obter informações sobre o risco potencial de radiação para
futura exploração humana; estudar o clima e ser um possível meio de comunicação com sondas no
solo.

2001 (30 de novembro) – Um estudo publicado na revista Science e assinado por Vladimir
Krasnopolsky e Paul Feldman, da Universidade Católica da América e da Universidade Johns
Hopkins, ambas nos EUA, revela a detecção, por parte do satélite estadunidense Fuse, de
hidrogênio molecular (H2) na alta atmosfera de Marte, o que pode indicar a presença, no passado,
de grandes quantidades de água no planeta.

2001 (7 de dezembro) – Um estudo conduzido por Michael Malin, Michael Caplinger e Scott
Davis, da Malin Space Science Systems (EUA), feito a partir de fotos tiradas pela Mars Global
Surveyor e publicado na revista Science, afirma que há diminuição da calota polar sul de Marte,
indicando aumento da temperatura global do planeta.

2001 (28 de dezembro) – A sonda Deep Space 1 é desativada.

2002 (18 de janeiro) – É inaugurado em Cerro Pachón, no Chile, o telescópio Gemini Sul. Ele faz
parte de um projeto que, como o nome indica, é gêmeo. Compreende um telescópio instalado em
Mauna Kea, no Havaí, para observar o hemisfério Norte (em operação desde 1999), e outro no
Chile, para as estrelas do Sul.

2002 (1º a 12 de março) – Quarta missão de manutenção do telescópio Hubble, executada pelo
Columbia (STS-109), cujos tripulantes são Scott Altman - Comandante -,
Duane Carey - Piloto -, John Grunsfeld, Nancy Currie, James Newman, Richard Linnehan e
Michael Massimino. Os astronautas instalam um novo instrumento científico, a Máquina
Fotográfica para Pesquisa (Advanced Camera for Surveys, ACS), novos painéis solares, uma nova
Unidade de Controle de Força e um novo Sistema de refrigeração para a Câmera de Multiobjetos
Infravermelha e Espectrométrica. O Hubble é desligado (pela primeira vez) durante 4h30min. O
procedimento, bem sucedido, aumenta significativamente a potência do telescópio.

2002 (17 de março) – São lançadas as sondas GRACE (Gravity Recovery and Climate
Experiment), missão conjunta da NASA e do Centro Aeroespacial Alemão (Deutsches Zentrum für
Luft- und Raumfahrt), cujo objetivo principal é fazer medições detalhadas do campo gravitacional
terrestre e, uma vez que a gravidade é determinada pela massa, entender como a massa é distribuída
pelo planeta e como essa distribuição varia ao longo do tempo. Esses dados são importantes para
estudar os oceanos, a geologia e o clima.
As medições são feitas por duas sondas gêneas (apelidadas de Tom e Jerry), cada uma pesando
487kg, que orbitam a Terra a uma altitude de 500km e estão separadas uma da outra
aproximadamente 220km. À medida que orbitam o planeta, variações na distribuição de massa
provocam variações na velocidade das sondas (acelerações e desacelerações). A medição dessas
variações permite elaborar mapas do campo gravitacional da Terra. As sondas GRACE são capazes
de detectar variações de apenas 10 micra, equivalentes a um décimo da espessura de um fio de
cabelo humano.
Esses mesmos princípios são aplicados mais tarde (2011) na missão GRAIl, que faz um mapa do
campo gravitacional da Lua.

2002 (25 de março) – A China lança a Shenzhou 3, não tripulada, que orbita o planeta 107 vezes e
retorna à Mongólia Interior em 1º de abril.

2002 (25 de abril) – Os físicos Paul Steinhardt (americano) e Neil Turok (inglês) publicam na
revista Science uma teoria segundo a qual o Universo se destrói e se refaz em implosões e
explosões separadas por trilhões de anos. Isso significa que o Big Bang não seria um evento único,
mas ocorreria ciclicamente.

2002 (maio) – Os astrônomos estadunidenses Edward Scott e David Barber publicam um estudo
refutando a presença de vestígios de processos orgânicos no interior de um meteorito proveniente
de Marte encontrado na Antártida, como haviam sugerido cientistas da NASA em agosto de 1996.
Segundo a dupla de astrônomos, os resultados por eles obtidos "fornecem forte evidência de que a
maioria dos grãos de magnetita no ALH 84001, senão todos, são abiogênicos em origem e se
formaram pelo calor do choque do meteorito".

2002 (maio) – Cientistas da Nasa e da Universidade do Arizona anunciam a descoberta, feita a


partir de imagens da Mars Odyssey, de grandes depósitos de gelo no subsolo dos polos marcianos,
alguns deles a apenas 1m da superfície.

2002 (maio) – A câmera infravermelha da Mars Odyssey obtém as primeiras fotos noturnas do solo
de Marte.

2002 (16 de maio) – São anunciados mais onze satélites de Júpiter (fotografados entre 9 e 11 de
dezembro de 2001), aumentando o número das luas jovianas conhecidas para 39. São eles: Aitne,
Autonoe, Cale, Esponde, Euante, Euporia, Euridome, Hermipe, Ortósia, Pasite e Tione.
Aitne – Diâmetro: 3km; período orbital: 679,641 dias (1,86 ano); distância média do planeta:
22.285.000km.
Autonoe – Diâmetro: 4km; período orbital: 772,168 dias (2,11 anos); distância média do planeta:
24.264.000km.
Cale – Diâmetro: 2km; período orbital: 685,324 dias (1,88 ano); distância média do planeta:
22.409.000km.
Esponde – Diâmetro: 2km; período orbital: 771,604 dias (2,11 anos); distância média do planeta:
24.253.000km.
Euante – Diâmetro: 3km; período orbital: 598,093 dias (1,64 ano); distância média do planeta:
20.465.000km.
Euporie – Diâmetro: 2km; período orbital: 538,780 dias (1,48 ano); distância média do planeta:
19.088.000km.
Euridome – Diâmetro: 3km; período orbital: 723,359 dias (1,98 ano); distância média do planeta:
23.231.000km.
Hermipe – Diâmetro: 4km; período orbital: 629,809 dias (1,72 ano); distância média do planeta:
21.182.000km.
Ortósia – Diâmetro: 2km; período orbital: 602,619 dias (1,65 ano); distância média do planeta:
20.568.000km.
Pasite – Diâmetro: 2km; período orbital: 727,933 dias (1,99 ano); distância média do planeta:
23.307.000km.
Tione – Diâmetro: 4km; período orbital: 639,803 dias (1,75 ano); distância média do planeta:
21.406.000km.

2002 (23 de maio) – O geólogo estadunidense Paul Schenk publica na revista Nature um estudo
afirmando que o satélite Europa tem um oceano sob uma camada de gelo com 19 a 25km de
espessura. Sustenta ainda que Calisto e Ganimedes também possuem oceanos, sob camadas de gelo
de cerca de 80km.

2002 (julho) – Chega a cem o número de exoplanetas descobertos.

2002 (3 de julho) – É lançada a sonda estadunidense Contour (Comet NucleusTour), destinada a


explorar dois cometas (Encke e Schwassmann-Wachmann 3), com a possibilidade de um terceiro
(d’Arrest).
Contudo, em 15 de agosto a sonda perde definitivamente contato com a NASA.

2002 (19 de julho) – Os cientistas conseguem, depois de 14 anos, estudar a atmosfera de Plutão,
quando o planeta anão oculta a estrela P126A.

2002 (6 de agosto) – A Nasa anuncia, com base em análise de imagens de satélites, que a Terra está
mais larga do que o normal na região da linha do Equador e mais achatada nos polos. Tal fenômeno
ocorre devido a uma mudança no campo gravitacional.

2002 (13 de agosto) – Matthew J. Holman, John J Kavelaars, T. Grav, W. Fraser e Dan
Milisavljevic descobrem Laomedeia e Neso, nono e décimo satélites conhecidos de Netuno.
Laomedeia - Diâmetro: 84km; período orbital: 3.171,33 dias (8,68 anos); distância média do
planeta: 47.134.000km.
Neso - Diâmetro: 60km; período orbital: 9.740,73 dias (26,67 anos); distância média do planeta:
49.285.000km.

2002 (14 de agosto) - Matthew J. Holman, John J Kavelaars, T. Grav, W. Fraser e Dan
Milisavljevic descobrem mais dois satélites de Netuno: Halimede e Sao. Passam a ser 12 as luas
conhecidas do planeta.
Halimede – Diâmetro: 62km; período orbital: 1.879,08 dias (5,14 anos); distância média do planeta:
16.611.000km.
Sao – Diâmetro: 44km; período orbital: 2.912,72 dias (7,97 anos); distância média do planeta:
22.228.000km.
2002 (15 de agosto) – A Contour perde, definitivamente, contato com a Nasa, seis semanas após o
lançamento.

2002 (10 de setembro) – É divulgada a informação de que o sucessor do telescópio Hubble, com
lançamento previsto para 2018, receberá o nome de James Webb (1906-1992), segundo diretor da
NASA (1961-1968), em cuja gestão foi desenvolvido o Programa Apollo.

2002 (outubro) - O estadunidense Raymond Davis Jr. (1914-2006) e o japonês Masatoshi Koshiba
são anunciados como ganhadores do Prêmio Nobel de Física pelas contribuições à Astrofísica, em
particular pela detecção dos Neutrinos cósmicos. O Prêmio é atribuído também ao físico italiano
Riccardo Giacconi, pelas contribuições à Astrofísica que levaram à descoberta dos Raios X
cósmicos.

2002 (outubro) – A sonda Cassini obtém a primeira fotografia de Saturno e de Titã, tirada a uma
distância de 285 milhões de km.

2002 (17 de outubro) – É lançado o telescópio europeu Integral (International Gamma-Ray


Astrophysics Laboratory), que faz parte de um esforço para estudar os fenômenos espaciais de
maior energia, normalmente causados por astros como as supernovas, os buracos negros e as
estrelas de nêutrons. Os instrumentos a bordo do telescópio são capazes de detectar, além de
emissões de raios gama, também raios X. Com massa superior a 4.000kg, o Integral opera numa
órbita fortemente elíptica de 10.000 x 153.000km.

2002 (30 de outubro) – É lançada a Soyuz TMA-1, primeira missão da série de naves Soyuz TMA,
cuja sigla significa “Transportny Modifitsirovannyi Antropometricheskii” (“Transporte
Antropométrico Modificado”). As sondas Soyuz TMA são um redesenho aprimorado das Soyuz
TM, projetadas para levar astronautas à ISS e, sobretudo, para servir de local de escape em caso de
problemas na Estação. Para isso, incorporam algumas modificações sugeridas pela NASA, visando
à maior segurança dos ocupantes, incluindo o aumento do espaço interno (o que permite que
astronautas mais altos sejam tripulantes) e um sistema melhorado de paraquedas.
Quando do lançamento, a tripulação da Soyuz TMA-1 é composta por Sergei Zalyotin -
Comandante -, Frank De Winne e Yuri Lonchakov. Ao longo da missão, ocorre o acidente com o
Columbia, que se desintegra ao reentrar na atmosfera. Com a subsequente interrupção temporária
dos voos dos ônibus espaciais, as naves Soyuz tornam-se o único meio de transporte de astronautas
entre a ISS e a Terra. Assim, a tripulação que retorna na Soyuz TMA-1 não é a mesma do
lançamento, estando formada por Nikolai Budarin - Comandante -, Kenneth Bowersox e Donald
Pettit. Pela primeira vez, astronautas estadunidenses voltam para casa numa Soyuz.
Durante a aterrissagem, ocorrida em 4 de maio de 2003, a nave tem problemas, indo pousar 450km
fora do local pré-determinado. A partir daí, todas as missões Soyuz passam a dispor de um telefone
por satélite, para permitir contato rápido com equipes de resgate em casos de emergência.

2002 (31 de outubro) –Uma equipe liderada por Scott S. Sheppard descobre Arque, quadragésimo
satélite de Júpiter conhecido.
Diâmetro: 3km; período orbital: 746,185 dias (2,04 anos); distância média do planeta: 23.717km.

2002 (novembro) – Astrônomos do Observatório de Genebra conseguem medir o diâmetro da


estrela Proxima Centauri, concluindo ser ele sete vezes menor do que o do Sol. A temperatura
superficial encontrada equivale à metade da solar. A estrela tem massa equivalente a 12,3% da solar
(129 massas de Júpiter), o que resulta numa densidade de 56,8g/cm3. A luminosidade é
aproximadamente 600 vezes inferior à do Sol.

2002 (2 de novembro) – A sonda Stardust sobrevoa o asteroide 5535 Annefrank, descoberto (23 de
fevereiro de 1942) pelo astrônomo alemão Karl Reinmuth
(1892-1979), à distância de 3.079km. O objetivo é praticar as técnicas de sobrevoo a serem
utilizadas na passagem pelo cometa Wild 2. O nome do asteroide, cujo diâmetro é de 6,6 x 5,0 x
3,4km, é uma homenagem a Anne Frank (1929-1945), alemã judia morta no campo de
concentração de Bergen-Belsen.

2002 (29 de dezembro) – É lançada a Shenzhou 4, com uma tecnologia que, segundo a China, "já é
suficiente para enviar um homem ao espaço". Volta com êxito em 5 de janeiro de 2003, após
completar 108 órbitas.

2003 (6 de janeiro) – É divulgada a descoberta de um anel de centenas de milhões de estrelas que


rodeiam a Via Láctea e poderiam ser restos do passado violento de nosso sistema galáctico.

2003 (12 de janeiro) – É lançado o CHIPSat (Cosmic Hot Interstellar Plasma Spectrometer
satellite), pequeno satélite (64kg) estadunidense cujo objetivo principal é estudar o gás quente do
meio interestelar nas vizinhanças do Sol (até 300 anos-luz de distância). Ao contrário do que se
esperava, constata-se que as emissões em ultravioleta desse gás são extremamente débeis, quase
insignificantes.
Entre 3 de abril de 2006 e 5 de abril de 2008, o CHIPSat faz 1.458 observações do Sol.
A missão termina em 11 de abril de 2008. O satélite permanece em órbita terrestre.

2003 (16 de janeiro) – O Columbia é lançado, naquela que seria sua última missão (STS-107). O
objetivo desse voo do ônibus espacial é fazer diversos experimentos científicos, sobretudo relativos
à microgravidade.

2003 (23 de janeiro) – São captados, pela última vez, sinais transmitidos pela Pioneer 10, à
distância de 12 bilhões de km da Terra.

2003 (fevereiro) – Entra em operação o HARPS (High Accuracy Radial velocity Planet Searcher -
Pesquisador de Planetas por Velocidade Radial de Alta Precisão), espectrógrafo instalado em 2002
no telescópio de 3,6m do Observatório La Silla. Nos anos seguintes, o HARPS torna-se o maior
descobridor de exoplanetas do mundo (é superado depois pelo telescópio espacial Kepler).
Em astronomia, velocidade radial é a velocidade com que um objeto se aproxima ou se afasta de
um observador.

2003 (1º de fevereiro) – Explode o ônibus espacial Columbia, sobre o céu do Texas, em sua
vigésima oitava missão, quando a tripulação retornava para a Terra após uma permanência de 16
dias no espaço, causando a morte dos sete astronautas a bordo. O Controle de missão perde contato
com o ônibus espacial aproximadamente 16 minutos antes de sua chegada À Flórida. A tripulação é
composta por Rick Husband (n. 1957) - comandante -, William McCool (1961) - piloto -, Dave
Brown (1956), Laurel Clark (1961), Kalpana Chawla (1961), Mike Anderson (1959) e Ilan Ramon
(1954) – primeiro astronauta israelense a ir ao espaço e representante da Agência Espacial de Israel.
Columbia - Tempo em atividade: 21 anos, oito meses e vinte dias; Número de missões: 28;
tripulantes: 160; tempo no espaço: 300d17h40min22s; órbitas terrestres: 4.808; distância
percorrida: 201.497.772km; satélites lançados: 8; acoplagens à Mir: 0; acoplagens à ISS: 0.
Em 26 de agosto de 2003, uma comissão oficial de treze membros apresenta um relatório
apontando como causa do acidente um pedaço de espuma isolante que se separou do tanque externo
de combustível do Columbia, 81,7s após o lançamento, o que comprometeu a proteção térmica do
ônibus espacial e, na reentrada, permitiu que ar superaquecido penetrasse através do isolamento e
progressivamente derretesse a estrutura de alumínio da asa esquerda. Várias recomendações são
feitas para os próximos voos dos ônibus espaciais, que são retomados em julho de 2005.

2003 (11 de fevereiro) – Com base em dados obtidos pela sonda WMAP, cientistas da NASA
estimam a idade do Universo em 13,7 bilhões de anos, com uma margem de erro, segundo eles, de
1%.
Este valor é corrigido para 13,798 bilhões de anos em março de 2013.

2003 (4 de março) – São anunciados sete satélites de Júpiter, que passa a ter 47 luas conhecidas.
Apenas três têm nomes definitivos: Aoede, Euquelade e Helique.
Aoede – Diâmetro: 4km; período orbital: 714,657 dias (1,96 ano); distância média do planeta:
23.044.000km.
Euquelade – Diâmetro: 4km; período orbital: 735,2 dias (2,01 anos); distância média do planeta:
23.484.000km.
Helique – Diâmetro: 4km; período orbital: 601,402 dias (1,65 ano); distância média do planeta:
20,540.000km.
S/2003 J 2 – Diâmetro: 2km; período orbital: 981,55 dias (2,69 anos); distância média do planeta:
29.540.000km.
S/2003 J 3 – Diâmetro: 2km; período orbital: 561,518 dias (1,54 ano); distância média do planeta:
19.622.000km.
S/2003 J 4 – Diâmetro: 2km; período orbital: 739,294 dias (2,02 anos); distância média do planeta:
23.571.000km.
S/2003 J 5 – Diâmetro: 4km; período orbital: 758,341 dias (2,08 anos); distância média do planeta:
23.974.000km.

2003 (6 de março) – É anunciada a descoberta de Hegemone, quadragésimo oitavo satélite


conhecido de Júpiter.
Diâmetro: 3km; período orbital: 745,5 dias (2,04 anos); distância média do planeta: 23.703.000km.

2003 (7 de março) – São anunciados quatro satélites de Júpiter, que passa a ter 52 luas conhecidas.
Apenas Calicore tem nome definitivo.
Calicore – Diâmetro: 2km; período orbital: 717,806 dias (1,97 ano); distância média ao planeta:
23.112.000km.
S/2003 J 9 – Diâmetro: 1km; período orbital: 752,839 dias (2,06 anos); distância média do planeta:
23.858.000km.
S/2003 J 10 – Diâmetro: 2km; período orbital: 700,129 dias (1,92 ano); distância média do planeta:
22.731.000km.
S/2003 J 12 – Diâmetro: 1km; período orbital: 489,72 dias (1,34 ano); distância média do planeta:
17.883.000km.

2003 (2 de abril) – É anunciada a descoberta de Cilene, quinquagésimo terceiro satélite conhecido


de Júpiter.
Diãmetro: 2km; período orbital: 731,099 dias (2,00 anos); distância média do planeta:
23.396.000km.

2003 (3 de abril) – São anunciados quatro satélites de Júpiter, que passa a ter 57 luas conhecidas.
Apenas Core e Herse têm nomes definitivos.
Core – Diâmetro: 2km; período orbital: 723,720 dias (1,98 ano); distância media do planeta:
23.239.000km.
Herse – Diâmetro: 2km; período orbital: 672,752 dias (1,84 ano); distância média do planeta:
22.134.000km.
S/2003 J 15 – Diâmetro: 2km; período orbital: 699,676 dias (1,92 ano); distância média do planeta:
22.721.000km.
S/2003 J 16 – Diâmetro: 2km; período orbital: 610,362 dias (1,67 ano); distância média do planeta:
20.744.000km.

2003 (4 de abril) – É anunciada a descoberta de S/2003 J 18, quinquagésimo oitavo satélite


conhecido de Júpiter.
Diâmetro: 2km; período orbital: 569,728 dias (1,54 ano); distância média do planeta:
19.813.000km.

2003 (8 de abril) – É anunciada a descoberta de Narvi, trigésimo primeiro satélite conhecido de


Saturno.
Diâmetro: 6,6km; período orbital: 1.006,541 dias (2,76 anos); distância média do planeta:
19.371.000km.

2003 (12 de abril) – É anunciada a descoberta de S/2003 J 19, quinquagésimo nono satélite
conhecido de Júpiter.
Diâmetro: 2km. Período orbital: 699,125 dias (1,91 ano); distância média do planeta:
22.709.000km.

2003 (14 de abril) – É anunciada a descoberta de Carpo, sexagésimo satélite conhecido de Júpiter.
Diâmetro: 3km; período orbital: 458,625 dia (1,26 ano); distância média do planeta: 17.145.000km.

2003 (28 de abril) – É lançada a missão estadunidense Galex (Galaxy Evolution Explorer),
equipada com lentes ultravioleta para medir a formação de 80% das estrelas surgidas desde o Big
Bang. Com massa de 280kg, opera numa órbita quase circular à altitude média de 697km.

2003 (8 de maio) – A Mars Global Surveyor mostra, pela primeira vez, imagens da Terra vista de
Marte. Trata-se de uma fotografia em que também é possível ver Júpiter (então alinhado com a
Terra) e suas grandes luas.

2003 (9 de maio) – É lançada a sonda japonesa (380kg) Hayabusa (falcão peregrino), anteriormente
chamada de Muses C, com destino ao asteroide 25143 Itokawa, descoberto em 26 de setembro de
1998.
Diâmetro (inferior a 1km): 535 x 294 x 209m; período orbital: 556,355 dias (1,52 ano); distância
média do Sol: 198.044.000km.
O nome é uma homenagem a Hideo Itokawa (1912-1999), pioneiro do programa espacial japonês,
popularmente conhecido no Japão como “Doutor Foguete”.

2003 (29 de maio) – É anunciada a descoberta de Mnene, sexagésimo primeiro satélite conhecido
de Júpiter.
Diãmetro: 2km; período orbital: 640,769 dias (2,03 anos); distância média do planeta:
21.427.000km.

2003 (2 de junho) – É lançada, pela ESA, a Mars Express, primeira sonda interplanetária da
Europa. Compõe-se de um orbitador, a Mars Express propriamente dita (666kg), e de um módulo
de descida, denominado Beagle 2 (33,2kg).
2003 (10 de junho) – É lançado o Spirit, da NASA, veículo de 185kg e seis rodas desenhado para
percorrer a superfície de Marte e estudar o solo, as rochas e a composição mineral do planeta à
procura de vestígios de água.

2003 (7 de julho) – É lançado para Marte o Opportunity, veículo explorador da NASA semelhante
ao Spirit, com os mesmos objetivos.
O nome dos dois veículos exploradores é escolhido por estudantes durante um concurso
patrocinado pela NASA.

2003 (10 de agosto) – O russo Yuri Malenchenko torna-se a primeira pessoa a se casar no espaço.
Comandante da Expedição 7 da ISS (28 de abril a 27 de outubro de 2003), para onde vai a bordo da
Soyuz TMA-2, no momento da cerimônia Malenchenko está 386km acima da Nova Zelândia,
enquanto a noiva, Ekaterina Dmitrieva, está no Texas, onde casamentos a distância são permitidos.

2003 (13 de agosto) – Matthew J. Holman, John J. Kavelaars, Dan Milisavljevic e Brett J. Gladman
descobrem Francisco, vigésimo quarto satélite conhecido de Urano.
Diâmetro: 22km; período orbital: 266,56 dias; distância média do planeta: 8.552.000km; massa: 7,2
trilhões de toneladas: densidade: 1,3g/cm3.

2003 (22 de agosto) – Uma explosão destrói o Veículo Lançador de Satélite (VLS-1), na base
brasileira de Alcântara, no Estado do Maranhão. A causa do acidente de Alcântara, segundo as
conclusões de investigações posteriores, é a ignição espontânea de um dos quatro motores do VLS-
1, causada por centelha elétrica. A explosão destrói os equipamentos e mata 21 pessoas da equipe
do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA).

2003 (25 de agosto) – É lançado o telescópio espacial estadunidense Spitzer, inicialmente chamado
de Sirtf (Space Infrared Telescope Facility) e projetado para detectar radiações emitidas no
infravermelho. O nome atual (atribuído em 18 de dezembro de 2003) é uma homenagem a Lyman
Spitzer (1914-1997), astrofísico estadunidense, um dos primeiros cientistas a sugerir a colocação de
um telescópio no espaço. Com massa de 950kg, opera numa órbita heliocêntrica com período de
um ano.
É o último dos quatro integrantes do Programa dos Grandes Observatórios a ser lançado, depois de
Hubble, Compton e Chandra.

2003 (25 de agosto) – Mark R. Showalter e Jack J. Lissauer descobrem Cupido e Mab, satélites de
Urano, que passa a ter 26 luas conhecidas.
Cupido – Diâmetro: 18km; período orbital: 0,618 dia; distância média do planeta: 74.392km;
massa: 3,8 trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3.
Mab – Diâmetro: 48km; período orbital: 0,923 dia; distância média do planeta: 97.736km; massa:
10 trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3.

2003 (27 de agosto) – Às 6h51min, hora de Brasília, Marte chega ao ponto mais próximo da Terra
em quase 60.000 anos: 55,76 milhões de km de distância. A última vez que havia ocorrido tamanha
proximidade entre os planetas vizinhos foi em 12 de setembro de 57617 a.C. Naquela ocasião,
Terra e Marte estiveram a 55,72 milhões de km, ou seja, 40.200km mais perto do que em 2003. O
fenômeno de aproximação só vai se repetir em 28 de agosto de 2287.

2003 (29 de agosto) – Scott S. Sheppard e David C. Jewitt descobrem Margarete, vigésimo sétimo
satélite conhecido de Urano.
Diâmetro: 20km; período orbital: 1.687,01 dias (4,62 anos); distância média do planeta:
28.690.000km; massa: 5,5 trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3.

2003 (final de agosto) – Três telescópios do Observatório Paranal fazem imagens do Halley quando
a magnitude aparente do astro é 28,2. Trata-se do cometa mais distante e menos brilhante
fotografado até o momento. As observações são feitas com o objetivo de testar um método para
localizar objetos transnetunianos muito débeis.
Atualmente, o Halley é visível para os astrônomos em qualquer ponto de sua órbita.

2003 (3 de setembro) – Scott S. Sheppard, David C. Jewitt e J. Kleyna anunciam a descoberta de


Psámate, décimo terceiro satélite conhecido de Netuno.
Diâmetro: 38km; período orbital: 9.074,30 dias (24,84 anos); distância média do planeta:
48.096.000km.

2003 (21 de setembro) – a missão Galileu é intencionalmente encerrada, quando o orbitador é


enviado contra a densa atmosfera de Júpiter a 50km/s, para garantir que nenhuma lua local seja
contaminada com algum microrganismo da Terra.

2003 (27 de setembro) – É lançada a Smart-1, primeira sonda lunar da ESA, cujo objetivo é estudar
a formação e a composição mineralógica da Lua, além de verificar a existência ou não de água no
satélite. Trata-se de uma nova geração de sondas, e Smart quer dizer "small missions for advanced
research and technology" (pequenas missões para pesquisa e tecnologia avançada). A nave, de
367kg, traz o lema "mais ciência por menos dinheiro". Pela primeira vez, a ESA utiliza um sistema
de propulsão iônica (ou helioelétrica), alimentada por eletricidade gerada a partir de painéis solares
e que reduz sensivelmente o uso de combustível e permite melhor dirigibilidade da nave.

2003 (outubro) – Astrônomos trabalhando com o telescópio de Parkes, no sudoeste australiano,


localizam o primeiro sistema duplo de pulsares que se conhece, batizado de "PSR J07037-3039A e
PSR J0737-3039B", situado na constelação da Popa e distante entre 1.600 e 2.000 anos-luz. Neste
sistema, ambos os componentes são pulsares, diferentemente dos pulsares binários, em que o
sistema é formado por um pulsar e por outra estrela.

2003 (1º de outubro) – É formada a JAXA, a Agência Espacial do Japão (literalmente, Instituição
Administrativa independente para Pesquisa Aeroespacial e Desenvolvimento), com sede em
Tóquio. A nova agência é o resultado da fusão de três organizações: Laboratório Nacional de
Aeroespaço do Japão (criado em 1955), Agência Nacional de Desenvolvimento do Japão (1969) e
Instituto do Espaço e de Ciência Astronáutica do Japão (1981).

2003 (15 de outubro) – A China torna-se o terceiro país a colocar um homem no espaço, depois da
URSS e dos EUA. O astronauta (ou "taikonauta" – do mandarim “taikong”, espaço) Yang Liwei,
38 anos, ex-piloto da força aérea, completa, a bordo da nave Shenzhou 5, 14 órbitas em
21h22min45s e retorna com segurança.

2003 (20 de outubro) – J. Richard Gott III e Mario Juric, da Universidade de Princeton, e colegas,
baseados em dados do "Sloan Digital Sky Survey", anunciam a descoberta da "Grande Muralha
Sloan" ("Sloan Great Wall"), a maior estrutura até então catalogada no Universo (recorde quebrado
em janeiro de 2013), um gigantesco conjunto de galáxias com 1,37 bilhão de anos-luz de extensão,
localizado a aproximadamente um bilhão de anos-luz da Terra.

2003 (novembro) – Uma equipe de astrônomos franceses, italianos, britânicos e australianos


descobre a Galáxia Anã do Cão Maior, a mais próxima galáxia conhecida, distante 25.000 anos-luz
do Sistema Solar. Composta por aproximadamente 1 bilhão de estrelas, com alta percentagem de
gigantes vermelhas, acredita-se que esteja sendo fragmentada pelo campo gravitacional da Via
Láctea.

2003 (5 de novembro) – O SOHO registra a maior explosão solar testemunhada até este momento
pela ciência. Vive-se o período de maior atividade do Sol desde o início da observação científica do
astro.

2003 (14 de novembro) - Michael Brown, Chad Trujillo e David Rabinowitz descobrem Sedna
(oficialmente, 90377 Sedna), o objeto mais distante já encontrado no Sistema Solar. A órbita é
fortemente elíptica (excentricidade de 0,853), como a de um cometa, e a distância ao Sol varia entre
11,423 bilhões e 140,2 bilhões de km (distância média de 77,576 bilhões de km). A distância é tão
grande que, para alguns astrônomos, trata-se do primeiro objeto conhecido da região interna da
Nuvem de Oort, embora ele seja oficialmente classificado como pertencendo ao disco disperso. O
período orbital é de aproximadamente 11.400 anos, completado à velocidade média de 3.745km/h.
Sedna está se aproximando do Sol, com o próximo periélio previsto para 2076. O diâmetro é
estimado em 995km. A magnitude aparente é 21,8.
Sedna é uma das principais divindades do povo inuit. Vive no fundo do mar e reina sobre os
animais marinhos. A região onde habita Sedna é escura, como também é escuro o corpo celeste que
leva seu nome (em Sedna, a luz do Sol é um pontinho minúsculo e se confunde com a de outras
estrelas).

2003 (14 de dezembro) – A Nozomi sobrevoa Marte, depois de terem falhado os esforços
realizados para colocá-la em órbita. Desde o lançamento, cinco anos antes, a sonda havia
apresentado vários problemas, incluindo perda de combustível por defeito numa válvula, falhas no
sistema elétrico e danos causados por uma erupção solar.

2003 (25 de dezembro) – A Mars Express é colocada com sucesso na órbita de Marte, tendo a
missão por objetivos enviar imagens de alta resolução para estudo da topografia e morfologia da
superfície, elaborar um mapa mineralógico, estudar a composição da atmosfera e servir como meio
de comunicação para as demais naves em solo marciano.
A Beagle 2, que deveria pousar no planeta e transmitir dados por meio da Mars Express, perde
definitivamente contato com a Terra antes do início da sua missão.

2004 (janeiro) – Entra em operação o Observatório de raios cósmicos Pierre Auger, situado em
Malargüe, província de Mendoza, no oeste da Argentina. Batizado com o nome do físico francês
(1899-1993) que, em 1938, foi o primeiro a detectar as faíscas produzidas na atmosfera terrestre
por sua interação com os raios cósmicos, o Observatório está equipado com 1.600 detectores de
partículas e 24 telescópios, ocupando uma área de 3.000km2.

2004 (2 de janeiro) – A sonda Stardust chega ao Cometa Wild 2 (oficialmente, 81P/Wild),


descoberto (6 de janeiro de 1978) pelo astrônomo suíço Paul Wild, fotografa o núcleo cometário
com excelente resolução de imagem e colhe amostras de poeira para serem trazidas de volta à
Terra. A distância mínima entre a sonda e o núcleo do cometa (diâmetro de 5,5 x 4,0 x 3,3km) é de
237km.

2004 (4 de janeiro) – O veículo explorador Spirit pousa com sucesso em Marte, numa cratera
denominada Gusev, cujo diâmetro é de 166km e o nome, uma homenagem ao astrônomo russo
Matvei Gusev (1826-1866).
2004 (6 de janeiro) – A Nasa divulga uma série de fotos coloridas tiradas pela câmera de alta
resolução do Spirit, as mais detalhadas imagens do solo marciano obtidas até esta data.

2004 (14 de janeiro) – O presidente estadunidense George W. Bush anuncia uma nova política
espacial para os EUA, denominada “Vision for Space Exploration” (Visão para a Exploração do
Espaço), conhecida também como programa Constellation. Entre os principais objetivos estão:
completar a ISS até 2010 (não concretizado); aposentar os ônibus espaciais até 2010 (prazo
posteriormente adiado para 2011); desenvolver a espaçonave Orion até 2008 (não concretizado) e
realizar a sua primeira missão tripulada até 2014 (não concretizado); explorar a Lua com robôs a
partir de 2008 (isso só ocorre no ano seguinte) e com seres humanos em 2020; explorar Marte e
outros destinos com missões automáticas e tripuladas.
O programa Constellation, conforme proposto no governo Bush, é cancelado em fevereiro de 2010.

2004 (23 de janeiro) – A ESA anuncia que imagens feitas pela Mars Express revelam a presença de
gelo no polo sul de Marte.

2004 (24 de janeiro) – O veículo explorador Opportunity pousa em Marte, na zona conhecida como
Meridianum Plani, no extremo oposto do ponto do planeta onde se encontra seu módulo gêmeo, o
Spirit.

2004 (24 de janeiro) – É anunciada a descoberta (a partir de imagens obtidas em 9 de fevereiro de


2003) de Telxinoe, sexagésimo segundo satélite conhecido de Júpiter.
Diâmetro: 2km; período orbital: 597,607 dias (1,64 ano); distância média do planeta:
20.454.000km.

2004 (31 de janeiro) – É anunciada a descoberta (a partir de imagens feitas em 6 de fevereiro de


2003) de S/2003 J 23, sexagésimo terceiro satélite conhecido de Júpiter.
Diâmetro: 2km; período orbital: 700,538 dias (1,92 ano); distância média do planeta:
22.740.000km.

2004 (6 de fevereiro) – A ESA dá como perdido o veículo britânico para exploração da superfície
de Marte Beagle 2, enviado a bordo da Mars Express.

2004 (6 de fevereiro) – A Mars Express entra em contato com o Spirit, transmitindo ordens
fornecidas a partir da Terra e enviando de volta dados colhidos pelo robô da NASA. É a primeira
vez que objetos espaciais da ESA e da Nasa mantêm contato em órbita e que uma rede
internacional de comunicações funciona em outro planeta.

2004 (10 de fevereiro) – Um estudo publicado na revista Icarus, coordenado pelos astrônomos
estadunidenses Bruce Fegley e Laura Schaefer, afirma que a "neve metálica" de Vênus, descoberta
em 1995 pela sonda Magellan, é composta principalmente de dióxido de enxofre e de sulfeto de
chumbo.

2004 (2 de março) – É lançada de Kourou, na Guiana Francesa, por um foguete Ariane 5, a sonda
Europeia Rosetta, com o objetivo de estudar o cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, descoberto
(22 de outubro de 1969) por Klim Ivanovich Churyumov a partir de uma fotografia tirada (11 de
setembro de 1969) por Svetlana Ivanovna Gerasimenco, cuja órbita está localizada entre Júpiter e a
Terra (a distância ao Sol varia entre 186 milhões e 850 milhões de km) e no qual pousa em
novembro de 2014. A nave consiste em duas estruturas: o módulo orbital, denominado Rosetta
(onze instrumentos científicos, massa total de aproximadamente 2.900kg), e o módulo de pouso,
chamado Philae (dez instrumentos, 97,9kg).
O nome da sonda é uma homenagem à Pedra de Rosetta (114,4 x 72,3 x 27,93cm), descoberta em
1799 por soldados franceses integrantes da expedição de Napoleão Bonaparte (1769-1821) ao Egito
e utilizada pelo filólogo e orientalista francês Jean-François Champollion (1790-1832) para decifrar
os hieróglifos do antigo Egito (primeira publicação em 1822), o que é possível porque o texto nela
contido está também em grego.
O módulo de pouso recebe o nome de Philae, uma ilha no rio Nilo que contém um obelisco, o qual
também contribuiu para decifrar os hieróglifos.
Os objetivos da missão são: efetuar a Caracterização global do núcleo do cometa, com a
determinação de suas propriedades dinâmicas e de sua composição e morfologia; determinar as
características químicas, mineralógicas e isotópicas das composições voláteis e refratárias do
núcleo cometário; determinar as propriedades físicas e a inter-relação entre as substâncias voláteis e
refratárias do núcleo do cometa; estudar o desenvolvimento da atividade do cometa e os processos
que envolvem a sua camada superficial com o interior de sua cauda. (analisar a interação entre a
poeira e o gás); estudar as características globais deste cometa, suas propriedades dinâmicas, a
morfologia e a composição de sua superfície.

2004 (19 de março) – Uma equipe de astrônomos liderada por Ben Bussey, da Universidade Johns
Hopkins, nos EUA, anuncia que há uma região com "picos de luz eterna" na Lua, onde o sol nunca
se põe.

2004 (23 de março) – A Mars Odyssey completa 10.000 órbitas ao redor do Planeta Vermelho.

2004 (26 de março) – A equipe de cientistas da Cassini publica a primeira sequência de imagens de
Saturno mostrando nuvens a moverem-se a alta velocidade à volta do planeta. Usando um filtro
para ver melhor o vapor de água no topo da cobertura de nuvens densas, movimentos nas regiões
equatorial e sul são claramente visíveis.

2004 (8 de abril) – A primeira observação de longo prazo da dinâmica das nuvens da atmosfera de
Saturno é publicada por cientistas da missão Cassini. Um grupo de fotografias mostra duas
tempestades, nas latitudes sul, a aglomerarem-se durante o período de 19 a 20 de Março. Ambas as
tempestades tinham um diâmetro de cerca de 1.000km antes de se juntarem.

2004 (20 de abril) – É lançada a sonda estadunidense Gravity Probe B, criada para verificar a
veracidade da teoria da relatividade geral, de Albert Einstein. A nave transporta quatro giroscópios
sofisticados que compõem um sistema de referência espaço-temporal quase perfeito. Com massa de
3.100kg, opera numa órbita polar a 642km da Terra.
A coleta de dados termina em 15 de agosto de 2005. A análise desses dados estende-se pelos anos
seguintes.

2004 (maio) – Imagens captadas pelo telescópio espacial Spitzer mostram, pela primeira vez, o
processo de nascimento das estrelas, envolvidas por poeira atmosférica, gás e partículas de água
congelada. Elas incluem mais de 300 estrelas formadas recentemente na área chamada de RCW 49,
distante 13.700 anos-luz da Terra, na constelação do Centauro.

2004 (18 de maio) – A Cassini entra no sistema de Saturno. O efeito gravitacional do planeta
começa a sobrepor-se à influência do Sol.

2004 (20 de maio) – É liberada a primeira imagem de Titã realizada pela Cassini, com resolução
superior à de qualquer fotografia tirada da Terra, feita quinze dias antes a 29,3 milhões de km.

2004 (1º de junho) – São descobertos, graças às imagens da Cassini, dois pequenos satélites de
Saturno, batizados posteriormente de Methone e Pallene. O anúncio da descoberta é feito em 16 de
agosto. Passam a ser 33 as luas conhecidas do planeta.
Methone – Diâmetro: 3,2km; período orbital: 1,009 dia; distância média do planeta: 194.440km;
massa estimada: 9 bilhões de toneladas; densidade: 0,31g/cm3.
Pallene – Diâmetro: 2,9 x 2,8 x 2km; período orbital: 1,154 dia; distância média do planeta:
212.280km; massa estimada: 10 bilhões de toneladas: densidade: desconhecida.

2004 (8 de junho) – Ocorre um trânsito de Vênus, fenômeno não observado desde 1882. O evento
recebe boa cobertura da mídia, visto ser o primeiro deste tipo a ocorrer depois da invenção da
televisão e da internet.
O próximo ocorre em 5 e 6 de junho de 2012.

2004 (11 de junho) – A Cassini sobrevoa Febe, a 2.068km de distância. Todos os onze
instrumentos a bordo operam como esperado e todos os dados previstos são obtidos. Os cientistas
planejam usar os dados para criar mapas globais do satélite coberto de crateras e para determinar
sua composição, massa e densidade. Partes das superfícies craterizadas mostram-se muito
brilhantes, e crê-se que existe uma grande quantidade de gelo no estrato imediatamente inferior à
superfície.

2004 (21 de junho) – A nave SpaceShipOne realiza com êxito o primeiro voo privado ao espaço.
Mike Melvill, de 62 anos, é o primeiro astronauta a bordo de um veículo não patrocinado com
recursos públicos a alcançar os confins da atmosfera (atinge a altura de 100km). A missão é um
projeto da empresa Scaled Composites, dirigida pelo projetista de aeronáutica Burt Rutan e
patrocinada pelo multimilionário Paul Allen, co-fundador da Microsoft.

2004 (1º de julho) – A Cassini é inserida com sucesso na órbita de Saturno, numa manobra que
dura 96 minutos. É a primeira sonda a orbitar aquele mundo.

2004 (2 de julho) – Primeira passagem da Cassini por Titã, a uma distância de 339.000km.
Fotografias mostram nuvens consideradas como compostas de metano e características
interessantes da superfície.

2004 (3 de agosto) – É lançada a sonda estadunidense Messenger, destinada a realizar o primeiro


estudo integral de Mercúrio (A Mariner 10, trinta anos antes, havia efetuado um levantamento
parcial). A sonda (485kg) transporta sete instrumentos científicos e seu objetivo é coletar
informação acerca da composição e estrutura da crosta de Mercúrio, da sua história geológica, da
natureza de sua atmosfera e seus campos magnéticos, de seu núcleo e de seus polos. MESSENGER
é um acrônimo para MErcury Surface, Space ENvironment, GEochemistry and Ranging
(Superfície, Ambiente Espacial, Geoquímica e Amplitude de Órbita de Mercúrio). Depois de
sobrevoar o planeta três vezes (14 de janeiro e 6 de outubro de 2008, 29 de setembro de 2009), a
sonda é inserida na órbita mercuriana, para uma missão primária de um ano, em 18 de março de
2011.

2004 (9 de agosto) – Com a descoberta de Remo, segundo satélite de 87 Sílvia, este se torna o
primeiro sistema triplo de asteroides conhecido. O outro satélite, Rômulo, havia sido identificado
em 18 de fevereiro de 2001. Rômulo e remo, fundadores lendários de Roma (753 a.C.), são filhos
de Reia Sílvia, a quem faz alusão o nome deste asteroide, descoberto (16 de maio de 1866) por
Norman Robert Pogson (1829-1891).
Sílvia – Diâmetro: 384 x 262 x 232km; período orbital: 2.381,697 dias (6,52 anos); distância média
do Sol: 522.137.000km.
Rômulo – Diâmetro: 18km; período orbital: 87h35min; distância média do asteroide: 1.356km.
Remo – Diâmetro: 7km; período orbital: 33h05min; distância média do asteroide: 706km.

2004 (8 de setembro) – Uma cápsula contendo partículas do vento solar (coletadas entre 3 de
dezembro de 2001 e 1º de abril de 2004) é liberada na atmosfera pela sonda Genesis. Contudo, o
paraquedas falha, e a cápsula é freada unicamente pela resistência do ar, caindo, à velocidade de
311km/h, na base militar estadunidense do deserto de Dugway, no Estado de Utah. Com o impacto,
a cápsula quebra, mas mesmo assim amostras do vento solar são posteriormente recuperadas. Essas
são as primeiras partículas de material extraterrestre não originárias da Lua trazidas à Terra por
uma nave espacial.

2004 (24 de outubro) – Imagens da Cassini permitem a descoberta de Polideuces, trigésimo quarto
satélite conhecido de Saturno.
Diâmetro: 3,5km; período orbital: 2,737 dias; distância média do planeta: 377.396km.

2004 (11 de novembro) – A ESA divulga imagens detalhadas da superfície de Fobos, feitas com a
câmera estereofônica de alta resolução da Mars Express, as quais mostram várias crateras, que em
alguns casos possuem materiais escuros perto do solo, em outros têm pó residual e em outros,
ainda, um dos materiais mais escuros do Sistema Solar.
Os nomes dos acidentes topográficos de Fobos originam-se de astrônomos que estudaram o satélite
e de pessoas e lugares das Viagens de Gulliver, do irlandês Jonathan Swift
(1667-1745). A principal estrutura de Fobos é a cratera de impacto Stickney, a qual, com 9km de
diâmetro, ocupa uma parcela considerável da superfície do satélite. O nome é uma alusão a Chloe
Angeline Stickney Hall (1830-1892), esposa de Asaph Hall, descobridor de Fobos.

2004 (15 de novembro) - A sonda Smart-1 entra em órbita lunar, treze meses e meio depois do
lançamento.

2004 (20 de novembro) – É lançado o observatório orbital estadunidense Swift, cujo objetivo é
estudar as erupções de raios gama, que constituem o fenômeno mais luminoso conhecido do
Universo e podem liberar em poucos minutos energia equivalente à emitida pelo Sol em bilhões de
anos. O nome do observatório (Swift significa "rápido", em inglês) é uma referência à velocidade
necessária para detectar e estudar essas explosões, que são de curta duração (de um centésimo de
segundo a alguns minutos). Com massa de 1.470kg, opera numa órbita a 600km da Terra.

2004 (25 de dezembro) – A sonda Huygens se desprende da Cassini e inicia seu deslocamento até
Titã.

2004 (31 de dezembro) – A sonda Cassini sobrevoa Jápeto e descobre a maior estrutura topográfica
do satélite. Trata-se de uma extensa cadeia de montanhas, com 1.300km de comprimento, 20km de
largura e 13km de altura, localizada no hemisfério escuro (Cassini Regio), paralelamente ao
equador. Chega a erguer-se 20km acima das planícies adjacentes, destacando-se de tal modo que
distorce até mesmo a forma do satélite. Essa cadeia montanhosa ainda não tem um nome oficial;
por convenção, os nomes das características do relevo de Jápeto são retirados de personagens e
lugares do poema épico francês A canção de Rolando.

2005 (janeiro) – O robô Opportunity encontra, em Marte, o “Heat Shield Rock”, o primeiro
meteorito descoberto em outro planeta e o terceiro fora da Terra (dois outros haviam sido
encontrados na Lua. Do tamanho de uma bola de basquete e composto de ferro (93%) e níquel
(7%), o objeto recebe da Meteoritical Society, em outubro, o nome oficial de Meridiani Planum.
Posteriormente, o Opportunity encontra mais cinco meteoritos em Marte.

2005 (5 de janeiro) – Michael Brown, Chad Trujillo e David Rabinowitz descobrem o objeto 2003
UB313, provisoriamente denominado "Xena" (hoje Éris), planeta anão que orbita além de Plutão.
Ele já havia sido registrado, de forma automática, no dia 21 de outubro de 2003, vindo daí o nome
provisório que recebeu, de acordo com os critérios estabelecidos pela UAI. Suas dimensões fazem
desse objeto candidato a ser considerado o décimo planeta do Sistema Solar e, concomitantemente,
acirram a polêmica em torno de Plutão, reabrindo a discussão sobre se esse corpo celeste deve ou
não continuar sendo considerado um planeta.
Éris – Diâmetro: 2.326km; período orbital: 204.870 dias (560,90 anos); distância média do Sol:
10,123 bilhões de km (varia entre 5,650 e 14,595 bilhões de km; massa: 16,7 quintilhões de
toneladas (27% superior à de Plutão); densidade: 2,52g/cm3; rotação: 25,9h; magnitude aparente:
18,7.
Éris tem um satélite conhecido: Disnomia.

2005 (10 de janeiro) – Um grupo internacional de astrônomos divulga a descoberta das três maiores
estrelas observadas até o momento, todas com diâmetro superior a 1,6 bilhão de km. São elas: KW
Sagitarii (a 9.800 anos luz de distância), V354 Cephei (a 9.000 anos luz) e KY Cygni (5.200 anos
luz).

2005 (12 de janeiro) – É lançada a sonda estadunidense Deep Impact (ou Impacto Profundo) com
destino ao cometa Tempel 1 (oficialmente, 9P/Tempel), Descoberto (3 de abril de 1867) pelo
astrônomo alemão Ernst Wilhelm Leberecht Tempel (1821-1889, que circula entre as órbitas de
Marte e de Júpiter. O objetivo da missão (sonda principal pesando 650kg) é lançar um impactador
(370kg) contra o cometa, observar a explosão e a partir dela analisar os componentes químicos e
físicos internos do astro.
Uma campanha publicitária denominada “Envie seu nome a um cometa”, realizada entre maio de
2003 e janeiro de 2004, permite que os visitantes do site do JPL inscrevam seu nome para ser
colocado no impactador da sonda. Os 625.000 nomes inscritos são gravados num CD, que é
incorporado à missão.

2005 (14 de janeiro) – A sonda Huygens pousa com sucesso em Titã, depois de ter atravessado a
atmosfera do satélite de Saturno. Logo depois do pouso, durante 90 minutos, envia as primeiras
fotos de Titã à Cassini, que as retransmite à Terra. Este é o primeiro pouso de uma astronave num
satélite natural que não seja a Lua.

2005 (21 de janeiro) – Imagens da Huygens revelam que em Titã há chuva de metano líquido tão
frequente que é capaz de modelar a superfície do satélite com canais e lagos.

2005 (28 de janeiro) – Uma equipe de astrônomos coordenada por Jean-Loup Bertaux, do Centro
Nacional de Pesquisa Científica (CNRS – França), Publica na revista Science Um artigo afirmando
que A presença de moléculas de óxido nítrico demonstra que existe luz na noite marciana, segundo
registros de instrumentos da sonda europeia Mars-Express.

2005 (fevereiro) – É anunciada a descoberta, pela Mars Express, de evidências de um mar


congelado logo abaixo da superfície de Marte, ao norte do equador do planeta, com uma extensão
de 900km.
2005 (2 de março) – A sonda Smart-1 inicia suas observações científicas da Lua.

2005 (4 de março) - A sonda Rosetta sobrevoa a Terra pela primeira vez, a uma altitude de
1.954,7km. Os campos magnéticos terrestre e lunar são usados para testar e calibrar os
instrumentos.

2005 (16 de março) – A Nasa divulga a descoberta de uma atmosfera em Encélado, que se torna a
segunda lua de Saturno (depois de Titã) a ter uma atmosfera conhecida.

2005 (abril) – A Mars Global Surveyor obtém, pela primeira vez, imagens de outras sondas em
órbita do mesmo planeta, fotografando a Mars Express e mais tarde a Mars Odyssey.

2005 (abril) – Astrônomos britânicos calculam que a "Grande Escuridão" – período de escuridão
total que se seguiu à explosão cósmica primordial – terminou depois de 200 a 500 milhões de anos,
quando as primeiras estrelas nasceram de nuvens comprimidas de hidrogênio.

2005 (16 de abril) – A Cassini detecta, na atmosfera superior de Titã, hidrocarbonetos complexos,
elementos básicos na formação da vida, contendo até sete átomos, bem como hidrocarbonetos em
que há nitrogênio.

2005 (20 de abril) – A NASA anuncia que, apesar da falha do paraquedas da cápsula da sonda
Genesis, amostras de íons de oxigênio provenientes do Sol são recuperadas, permitindo a medição
isotópica do oxigênio solar, que é o principal objetivo da missão.

2005 (4 de maio) – Scott S. Sheppard, David C. Jewitt, Jan Kleyna e Brian G. Marsden
(1937-2010) anunciam a descoberta de doze pequenos satélites de Saturno, fotografados entre 12 de
dezembro de 2004 e 9 de março de 2005. Oito deles têm nomes definitivos: Aegir, Bebion,
Bergelmir, Bestla, Farbaute, Fenrir, Fornjot e Hati. Com isso, passam a ser 46 as luas conhecidas
do planeta.
Aegir – Diâmetro: 6km; período orbital: 1.025,908 dias (2,81 anos); distância média do planeta:
19.618.000km.
Bebion – Diâmetro: 6km; período orbital: 820,130 dias (2,25 anos); distância média do planeta:
16.898.000km.
Bergelmir – Diâmetro: 6km; período orbital: 1006,659 dias (2,76 anos); distância média do planeta:
19.372.000km.
Bestla – Diâmetro: 7km; período orbital: 1.088 dias (2,98 anos); distância média do planeta:
20.192.000km.
Farbaute – Diâmetro: 5km; período orbital: 1079,099 dias (2,94 anos); distância média do planeta:
20.291.000km.
Fenrir – Diâmetro: 4km; período orbital: 1.260,35 dias (3,45 anos); distância média do planeta:
22.454.000km.
Fornjot – Diâmetro: 6km; período orbital: 1.354 dias (3,71 anos); distância média do planeta:
23.609.000km.
Hati – Diâmetro: 6km; período orbital: 1.080,099 dias (2,96 anos); distância média do planeta:
20.303.000km.
S/2004 S 7 - Diâmetro: 6km; período orbital: 1.140,24 dias (3,12 anos); distância média do planeta:
20.999.000km.
S/2004 S 12 – Diâmetro: 5km; período orbital: 1048,541 dias (2,87 anos); distância média do
planeta: 19.906.000km.
S/2004 S 13 - Diâmetro: 6km; período orbital: 905,848 dias (2,48 anos); distância média do
planeta: 18.056.000km.
S/2004 S 17 – Diâmetro: 4km; período orbital: 985,453 dias (2,70 anos); distância média do
planeta: 18.099.000km.

2005 (6 de maio) – Cientistas da Cassini descobrem Dafne, quadragésimo sétimo satélite conhecido
de Saturno.
Diâmetro: 8,6 x 8,2 x 6,4km; período orbital: 0,594 dia; distância média do planeta: 136.505,5km.

2005 (9 de maio) – O telescópio Swift detecta a primeira erupção de raios gama (GRB 050509b) de
curta duração alguma vez observada (0,05 segundo).
GRB é a abreviatura inglesa para “gamma-ray burst”, erupção de raios gama.

2005 (26 de maio) O brasileiro Rodney Gomes (Observatório Nacional, RJ), o estadunidense
Harold Levison (Southwest Research Institute), o italiano Alessandro Morbidelli (Observatório da
Côte d’Azur, Nice, França) e o grego Kleomenis Tsiganis (Universidade de Tessalônica) publicam
na Nature três artigos descrevendo o que passa a ser conhecido como “modelo de Nice”, em alusão
ao observatório francês onde é elaborado. Trata-se de um cenário teórico para a evolução dinâmica
do Sistema Solar primitivo, segundo o qual os planetas gigantes migraram, ao longo de centenas de
milhões de anos depois da dissipação do disco de gás protoplanetário inicial, de uma configuração
compacta, com órbitas quase circulares e um disco de planetesimais circundando-os externamente,
para as posições atuais, com órbitas mais distantes do Sol e elípticas. Ao longo dessa migração, os
efeitos gravitacionais dos planetas gigantes espalharam os planetesimais por todo o Sistema Solar,
tanto para regiões internas quanto para regiões externas ao disco original. Isso explicaria o
bombardeio de pequenos objetos (planetesimais) sofrido pela Terra e pela Lua (além de Mercúrio,
Vênus e Marte) num período que vai de 4,1 a 3,8 bilhões de anos atrás, conhecido em astronomia
como intenso bombardeio tardio.
Embora não seja unanimidade entre os cientistas, o modelo de Nice é hoje amplamente aceito como
o modelo mais realista para explicar a evolução do Sistema Solar primitivo.

2005 (15 de junho) – Imagens obtidas pelo telescópio Hubble permitem a descoberta de mais dois
satélites de Plutão, posteriormente (21 de junho de 2006) batizados de Nix e Hydra. Esses nomes
são escolhidos, em parte, por corresponderem às iniciais da sonda New Horizons, lançada em
janeiro de 2006 para Plutão. Nix é a deusa grega da escuridão, e Hydra é a serpente de nove
cabeças que guarda o inferno.
Nix – Diâmetro: entre 46 e 137km; período orbital: 24,856 dias; distância média do planeta:
48.708km; massa: desconhecida; densidade: desconhecida.
Hydra – Diâmetro: entre 60 e 168km; período orbital: 38,206 dias; distância média do planeta:
64.709km; massa: desconhecida; densidade: desconhecida.

2005 (4 de julho) – Após uma viagem de 173 dias e 429 milhões de km, o impactador da Deep
Impact (um projétil de cobre pesando 370kg)é lançado contra o cometa Tempel 1, colidindo com
ele à velocidade de 37.000km/h. O impacto produz energia equivalente à da explosão de 5t de
dinamite e faz aumentar o brilho do cometa em seis vezes. A 700km de distância, a sonda registra o
choque e envia as imagens para a Terra. Instrumentos a bordo da Rosetta também fazem
observações do impacto. Uma cratera é produzida, mas os cientistas não podem vê-la por causa da
nuvem de poeira que se forma. O impactador, que é colocado na trajetória do Tempel 1 para ser
atingido por ele, transmite até três segundos antes do choque. Cerca de 4.500 imagens são enviadas
pela Deep Impact para a Terra.
O telescópio Swift monitora o cometa depois da colisão e observa que material continua sendo
expulso durante os treze dias seguintes. No total, o impacto libera aproximadamente 5.000t de água
e de 10.000 a 25.000t de poeira.
O núcleo do Tempel 1 tem diâmetro de 7,6 x 4,9km, e a massa estimada é de 75 bilhões de
toneladas.

2005 (26 de julho) – Dados da Cassini confirmam que há chuva em Titã, composta de metano
líquido e, em menores proporções, de nitrogênio.

2005 (9 de agosto) - O ônibus espacial Discovery (STS-114) aterrissa com sucesso na Califórnia (e
não na Flórida, como previsto), em meio a tensão e incertezas. Primeira missão de um ônibus
espacial depois (907 dias) da explosão do Columbia, em fevereiro de 2003, o Discovery tem
problemas desde o lançamento, ocorrido de Cabo Canaveral a 26 de julho, devido a fragmentos de
espuma isolante desprendidos da superfície do depósito de combustível externo que alimenta os
foguetes propulsores na partida da nave. O ônibus espacial permanece 9 dias (28 de julho a 6 de
agosto) acoplado à ISS. Durante esse tempo, os astronautas descarregam suprimentos, substituem
um giroscópio e instalam uma pequena plataforma externa.
A tripulação é composta por Eileen Collins - Comandante -, James Kelly - Piloto -, Soichi Noguchi,
Stephen Robinson, Andrew Thomas, Wendy Lawrence e Charles Camarda.
Apesar do êxito da missão, os voos tripulados da NASA continuam suspensos, até ser encontrada
uma solução para o problema da espuma isolante. A missão seguinte é a STS-121 (Discovery, 4 a
17 de julho de 2006).

2005 (12 de agosto) – Pesquisadores estadunidenses liderados por Mark Thiemens publicam na
revista Science um estudo afirmando que O Sol já brilhava há mais de 4,5 bilhões de anos, quando
a poeira e o gás ainda não tinham formado os planetas do Sistema Solar. Para eles, trata-se da
primeira evidência conclusiva de que o chamado protosSol afetou o desenvolvimento do Sistema
Solar ao emitir energia ultravioleta suficiente para catalisar a formação de compostos orgânicos,
água e outros elementos necessários à evolução da vida na Terra.

2005 (12 de agosto) – É lançada a sonda estadunidense Mars Reconnaissance Orbiter (MRO), que
inclui entre seus objetivos determinar os melhores locais de pouso para futuras missões a Marte e
coletar dados geológicos e meteorológicos sobre o planeta. A nave (2.180kg) carrega instrumentos
para analisar a atmosfera, a superfície e o subsolo, a fim de conhecer a forma como Marte foi
mudando ao longo do tempo. Entre os instrumentos estão a câmera telescópica de maior diâmetro
enviada até este momento para estudar um planeta, um espectrômetro, projetado para identificar
minerais relacionados à água em áreas do tamanho de um campo de futebol, e um radar fornecido
pela Agência Espacial Italiana que penetra no solo e permite a detecção de camadas de rocha, gelo
e, se houver, água.

2005 (10 de setembro) – É descoberto um satélite de 2003 UB313 (Éris), provisoriamente


designado de S/2005 (2003 UB313) 1, tendo recebido a a alcunha de Gabrielle, a companheira de
Xena na série televisiva Xena, A Princesa Guerreira. Mais tarde (setembro de 2006), o astro recebe
o nome oficial de Disnomia.
Diâmetro: entre 350 e 490km; período orbital: 15,774 dias: distância média de Éris: 37.350km;
magnitude aparente: 23,1.

2005 (19 de setembro) – A Nasa anuncia sua intenção de colocar outra vez astronautas na Lua,
estando a primeira viagem tripulada desse novo programa prevista para 2018.

2005 (19 de setembro) – Uma colônia de vermes da seda mandada ao espaço pela Agência Espacial
da China retorna à Terra após uma viagem de 18 dias. Os animais são enviados para que sejam
estudados os processos de transformação da crisálida em verme e a consequente produção de seda.

2005 (25 de setembro) – É oficialmente inaugurado o Atacama Pathfinder Experiment (APEX),


radiotelescópio localizado a 5.100m de altitude, no Observatório do Planalto de Chajnantor, norte
do Chile. Com antena principal de 12m, está projetado para fazer observações nos comprimentos de
onda de 0,2 a 1,5mm.

2005 (12 de outubro) – Segunda missão tripulada da China ao espaço. Os taikonautas Fei Junlong e
Nie Haisheng, a bordo da Shenzhou 6, permanecem 115h33min no espaço, completam 75 órbitas e
retornam à Terra no dia 16.

2005 (9 de novembro) – É lançada a Venus Express, primeira sonda europeia com destino a Vênus,
cuja missão principal é fazer um estudo a longo prazo da atmosfera daquele planeta. A nave, de
1.270kg, transporta sete instrumentos científicos.

2005 (25 de novembro) – A sonda Hayabusa pousa no asteroide 25143 Itokawa, permanece por
cerca de trinta minutos e estuda a sua morfologia, rotação, topografia, cor, composição, densidade e
história. Consegue recolher duas amostras do solo do asteroide Itokawa, as quais são enviadas à
Terra dentro de uma pequena cápsula incorporada à nave especialmente para esse fim. É a primeira
vez que uma nave pousa num asteroide e deixa o astro mais tarde (A NEAR-Shoemaker pousou em
eros, mas permaneceu na superfície do asteroide.
Neste momento, os resultados da Hayabusa são bastante incertos. Apesar de ter chegado às
proximidades de Itokawa em setembro, apenas dois meses depois consegue pousar, devido a
diversas dificuldades de manobra. Ademais, um pequeno módulo de pouso denominado Minerva
(10 x 12cm, 590g), que deveria pousar e ficar no asteroide, erra o alvo e perde-se no espaço.

2006 (15 de janeiro) – A sonda Stardust libera na atmosfera terrestre uma cápsula (que pousa no
deserto de Utah) contendo milhares de grãos de poeira e de partículas, capturados em janeiro de
2004 e provenientes do cometa Wild 2. É a primeira vez que amostras originárias de um corpo
celeste que não seja a Lua são trazidas para a Terra. As amostras da Stardust incluem também
poeira e partículas interestelares, fato sem precedentes na história da astronomia.

2006 (19 de janeiro) – É lançada a sonda estadunidense New Horizons, com a finalidade principal
de caracterizar globalmente a geologia e a morfologia de Plutão e de Caronte, além de mapear as
suas superfícies. Objetivos secundários são estudar a atmosfera neutra de Plutão e a sua taxa de
fuga; estudar as variações da superfície e da atmosfera de Plutão e de Caronte ao longo do tempo;
obter imagens de alta definição em estéreo de determinadas áreas de Plutão e de Caronte, para
caracterizar a sua atmosfera superior, a ionosfera; estudar a composição das partículas energéticas
do meio ambiente e a sua interação com o vento solar; procurar pela existência de alguma
atmosfera em torno de Caronte; caracterizar a ação das partículas energéticas entre Plutão e
Caronte; procurar por satélites ainda não descobertos (além de estudar os já conhecidos) e por
possíveis anéis que envolvam Plutão e Caronte. A New Horizons, de 478kg, carrega sete
instrumentos científicos principais, bem como uma pequena quantidade de cinzas de Clyde
Tombaugh (1906-1997), descobridor de Plutão. A sonda sobrevoará Plutão e Caronte em 14 de
julho de 2015.

2006 (3 de fevereiro) – Um estudo publicado na revista Science afirma que o cometa Tempel 1,
alvo da sonda Deep Impact em julho de 2005, tem três trechos de gelo em sua superfície. Pela
primeira vez, gelo é localizado no núcleo de um cometa.
2006 (21 de fevereiro) – É lançado o satélite japonês Astro-F, desenvolvido em colaboração com a
ESA e posteriormente renomeado como "Akari (luz), com o objetivo de fazer um levantamento do
céu no infravermelho.

2006 (9 de março) – Cientistas da Nasa afirmam ter encontrado evidências da presença de água
líquida em Encélado, satélite de Saturno, vinda do interior e aflorando à superfície em forma de
jatos.

2006 (10 de março) – A sonda Mars Reconnaissance Orbiter entra com sucesso numa órbita
elíptica (3.806 x 47.972km) em torno de Marte.

2006 (13 de março) – A Nasa divulga resultados preliminares das análises do material proveniente
do cometa Wild 2 trazido à Terra pela Stardust. São encontrados vestígios de temperaturas
extremas, tanto baixas quanto elevadas. Os cometas revelam-se mais complexos do que se pensava,
não estando sua composição limitada a gelo, poeira e gás. Há no Wild 2 elementos cuja formação
requer altas temperaturas: cálcio, alumínio, titânio e peridoto (rocha natural comum na areia de
algumas praias, com elevada concentração de ferro e de magnésio).

2006 (29 de março) – É lançada a Soyuz TMA-8, às 23h31min18s (hora de Brasília), que transporta
o primeiro brasileiro a ir ao espaço, o tenente-coronel da Força Aérea e engenheiro aeronáutico
Marcos César Pontes, de 43 anos, que também é o primeiro lusófono e o primeiro sul-americano a
ir ao espaço. Participam também da missão o astronauta estadunidense Jeffrey Williams e o
cosmonauta russo Pavel Vinogradov, integrantes da Expedição 13 da ISS.
O retorno de Marcos à Terra ocorre em 8 de abril, a bordo da Soyuz TMA-7. Permanece no espaço
9d21h17min e completa 155 órbitas.

2006 (7 de abril) – São liberadas as primeiras imagens em cores de Marte obtidas pela Mars
Reconnaissance Orbiter. As fotos mostram crateras, falésias e dunas formadas pelo vento no
hemisfério sul de Marte. Segundo os cientistas da NASA, a diversidade dos acidentes geográficos
mostra a importância que a água, o vento e impactos de meteoritos tiveram em moldar a superfície
do planeta.

2006 (7 de abril) - A New Horizons cruza a órbita de Marte.

2006 (11 de abril) – A Venus Express entra com sucesso na órbita venusiana. No dia seguinte, o
espectrômetro Virtis capta as primeiras imagens do polo sul do planeta. A 7 de maio, tendo
completado 16 voltas em torno de Vênus, a sonda atinge sua órbita operacional definitiva. (250 x
66.000km)

2006 (11 de abril) – É lançado nos EUA um telescópio construído especialmente para capturar
possíveis sinais de luz transmitidos à Terra por extraterrestres. Financiado pela Planetary Society, o
equipamento é o primeiro a ser desenvolvido apenas para vasculhar o céu à procura de luz emitida
por alienígenas.

2006 (30 de abril) – O sistema de radar da Cassini detecta a região de Xanadu, em Titã, descoberta
em 1994 pelo telescópio Hubble, e constata que ela tem características geológicas parecidas com as
da Terra. No extremo oeste, há dunas escuras que se transformam em um terreno cortado pelo que
parecem ser redes fluviais, colinas e vales. Esses canais fluem em direção a áreas mais escuras, que
talvez sejam lagos.
2006 (início de maio) - A New Horizons entra no cinturão de asteroides.

2006 (5 de maio) – Um estudo publicado na revista Science afirma que em Titã existem dunas
semelhantes às dos desertos da Terra, com até 150m de altura e centenas de km de extensão, não
tendo sido possível, ainda, determinar de que material são compostas.

2006 (13 de junho) - A New Horizons passa a 101.867km do asteroide 132524 APL e o fotografa.
Diâmetro: 2,3km; período orbital: 1.536,322 dias (4,21 anos); distância média do Sol: 390 milhões
de km.

2006 (26 de junho) – Scott S. Sheppard, David C. Jewitt, Jan Kleyna e Brian G. Marsden
(1937-2010) anunciam a descoberta de nove satélites de Saturno, cujo número passa para 56. Sete
deles têm nomes definitivos: Cari, Greip, Hyrrokkin, Jarnsaxa, Loge, Skoll e Surtur.
Cari – Diâmetro: 7km; período orbital: 1243,71 dias (3,41 anos); distância média do planeta:
22.305.100km.
Greip – Diâmetro: 6km; período orbital: 906,556 dias (2,48 anos); distância média do planeta:
18.066.000km.
Hyrrokkin – Diâmetro: 8km; período orbital: 914,292 dias (2,50 anos); distância média do planeta:
18.168.300km.
Jarnsaxa – Diâmetro: 6km; período orbital: 943,784 dias (2,58 anos); distância média do planeta:
18.556.900km.
Loge – Diâmetro: 6km; período orbital: 1.314,364 dias (3,60 anos); distância média do planeta:
23.142.000km.
Skoll – Diâmetro: 6km; período orbital: 869 dias (2,38 anos); distância média do planeta:
17.560.000km.
Surtur – Diâmetro: 6km; período orbital: 1238,575 dias (3,39 anos); distância média do planeta:
22.243.600km.
S/2006 S 1 – Diâmetro: 6km; período orbital: 972,407 dias (2,66 anos); distância média do planeta:
18.930.200km.
S/2006 S 3 – Diâmetro: 6km; período orbital: 1.142,366 dias (3,13 anos); distância média do
planeta: 21.076.300km.

2006 (4 a 17 de julho) – Missão do Discovery (STS-121), cuja finalidade principal é testar os


dispositivos de segurança incorporados aos ônibus espaciais depois da explosão do Columbia (STS-
107) e dos transtornos da missão anterior (STS-114), também realizada pelo Discovery e concluída
329 dias antes.
O astronauta alemão Thomas Reiter é deixado na ISS, onde se junta a Pavel Vinogradov e Jeffrey
Williams, integrantes da Expedição 13 (1º de abril a 28 de setembro). Os demais tripulantes são
Steven Lindsey - Comandante -, Mark Kelly - Piloto -, Michael Fossum, Piers Sellers, Lisa Nowak
e Stephanie Wilson.
Entre os equipamentos levados para a ISS, destacam-se um freezer (de fabricação francesa) capaz
de atingir a temperatura de -80°C, um novo sistema de fornecimento de oxigênio e uma bicicleta
ergométrica.

2006 (22 de julho) – A Mars Express fotografa a formação rochosa da região marciana de Cydonia,
onde está localizado o famoso "rosto de Marte". As fotografias mostram uma pequena elevação que
sofreu erosão, ficando com um aspecto que lembra vagamente um rosto humano. Contudo, a
hipótese de se tratar de um rosto artificialmente esculpido perde por completo o sentido.
2006 (15 de agosto) – A Voyager 1 chega a 100 unidades astronômicas (14,96 bilhões de km) do
Sol.

2006 (22 de agosto) – Uma resolução da UAI subdivide os então chamados planetas menores em
planetas anões e corpos pequenos do Sistema Solar (SMall Solar System Bodies, SSSB, em inglês).
Pela resolução, corpos pequenos do Sistema Solar são todos os astros que giram em torno do Sol e
que não são planetas, planetas anões ou satélites. Portanto, pertencem a esta categoria asteroides,
centauros, troianos, objetos transnetunianos e cometas. Não está claro o status dos meteoroides,
(menores corpos macroscópicos em órbita solar) nem dos elementos microscópicos que orbitam o
Sol, como poeira interplanetária, partículas do vento solar e partículas de hidrogênio livre. A
expressão planetas menores pode continuar sendo usada, mas deve-se dar preferência à nova
nomenclatura.

2006 (23 de agosto) – A Nasa anuncia ser Orion o nome da série de veículos de exploração
tripulados projetados para substituir os ônibus espaciais e para transportar astronautas em futuras
missões à Lua.

2006 (24 de agosto) – A 26ª assembleia da UAI, reunida em Praga, na República Tcheca, aprova
pela primeira vez na história da astronomia uma definição para planeta. Segundo essa definição,
planeta é um corpo celeste que está na órbita de uma estrela, sem ser ele mesmo uma estrela, que
tem massa suficiente para que sua própria gravidade o molde numa forma praticamente esférica e
que tenha limpado os arredores de sua órbita. Com isso, Plutão deixa de ser considerado um
planeta, passando a ser incluído na categoria de objetos criada na mesma assembleia e denominada
de planetas anões. Ceres, até então considerado asteroide, e 2003 UB313 (Xena, mais tarde Éris)
também passam a ser classificados como planetas anões.

2006 (30 de agosto) – A revista Nature publica quatro artigos nos quais astrônomos afirmam ter
acompanhado, pela primeira vez na história, a evolução de uma supernova em todas as suas etapas.
A explosão da supernova, batizada de "SN2006aj" e localizada na constelação de Áries, a cerca de
440 milhões de anos-luz da Terra, tem início a 18 de fevereiro de 2006.

2006 (setembro) – A sonda Cassini revela a ocorrência, nos polos de Titã, de chuva ou nevascas de
etano, substância que na Terra é um componente do gás natural.

2006 (1º de setembro) – A revista Science publica dados obtidos pelo impactador da sonda Deep
Impact que, a 4 de julho de 2005, atingiu o cometa Tempel 1. Os dados revelam que o cometa está
envolvido por poeira, como uma fina camada de neve fresca. De forma inesperada, o Tempel 1 dá
sinais de ter tido uma atividade geológica no passado, o que prova que um cometa não é, como
havia proposto Fred Whipple em 1950, uma massa de neve suja.

2006 (3 de setembro) – A sonda Smart-1 é levada a chocar-se intencionalmente contra o polo sul da
Lua, após 2.889 órbitas completadas. A poeira resultante do impacto (observado por telescópios
terrestres) deve fornecer informações acerca dos elementos químicos presentes no satélite.

2006 (9 de setembro) – O satélite chinês Shijian 8 é lançado ao espaço carregando 215kg de


sementes e fungos, que são expostos a nove tipos de radiações cósmicas e à microgravidade. O
satélite retorna à Terra no dia 24, e o Ministério da Agricultura da China pretende utilizar os dados
obtidos para desenvolver novos cultivos.

2006 (9 a 21 de setembro) – Missão do Atlantis (STS-115), cujo objetivo é retomar a construção da


ISS, interrompida desde a explosão do Columbia, em fevereiro de 2003. A tripulação é formada por
Brent W. Jett, Jr. - comandante -, Chris Ferguson - piloto -, Steven MacLean, Daniel Burbank,
Heidemarie Stefanyshyn-Piper e Joseph Tanner.

2006 (12 de setembro) – A Mars Reconnaissance Orbiter entra em órbita circular em torno de
Marte, o que lhe permite iniciar seus estudos do planeta.

2006 (13 de setembro) – O Centro de Planetas Menores, organização oficial que coleta dados sobre
asteroides e cometas, passa a considerar o planeta anão Plutão como sendo o objeto 134340. Os três
satélites de Plutão então conhecidos, Caronte, Nix e Hydra, são considerados parte do mesmo
sistema, mas não ganham números próprios: apenas passam a ser identificados como 134340 I, II e
III, respectivamente.

2006 (14 de setembro) – A UAI anuncia que o planeta anão 2003 UB313, conhecido popularmente
como "Xena", passa a se chamar oficialmente Éris, nome da deusa grega da discórdia e do conflito.
Sua lua, apelidada "Gabrielle", passa a ter a denominação oficial de Disnomia, o demônio do caos e
da anarquia, que na mitologia é filha de Éris. Éris recebe esse nome porque a sua descoberta lança a
discórdia entre os astrônomos quanto à definição de um planeta e causa, indiretamente, a descida de
estatuto de Plutão de "planeta" para "planeta-anão".

2006 (14 de setembro) – Astrônomos do Centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica afirmam ter


descoberto um planeta gigante, batizado como HAT-P-1b, que é cerca de 30% maior que Júpiter,
mas cuja massa corresponde à metade da do maior planeta do Sistema Solar. Gaspar Bakos, um dos
cientistas envolvidos na descoberta, diz ter o planeta cerca de 25% da densidade da água, o que faz
dele um objeto mais leve do que uma bola de cortiça gigante. A estrela em torno da qual ele gira
está localizada a 450 anos-luz da Terra, na constelação do Lagarto.

2006 (18 de setembro) – A empresária de telecomunicações Anousheh Ansari, de 40 anos, nascida


no Irã e naturalizada estadunidense, torna-se a primeira mulher a viajar ao espaço na condição de
turista. Ela parte para a ISS na Soyuz TMA-9, ao lado do estadunidense Michael Lopez-Alegria e
do russo Mikhail Tyurin, para uma viagem de 11 dias. A volta à Terra ocorre em 29 de setembro,
na Soyuz TMA-8.

2006 (20 de setembro) – A Nasa anuncia a descoberta, feita pela Cassini, de um anel em Saturno.
As câmeras da sonda também revelam imagens de material gelado proveniente da lua Encélado.

2006 (22 de setembro) – É lançada a sonda japonesa Hinode (nascer do sol), anteriormente
denominada Solar-B, cujo objetivo é estudar, a partir de uma órbita terrestre, as enormes explosões
que ocorrem na atmosfera do Sol, conhecidas como "chamas solares". Em apenas alguns minutos,
essas explosões liberam energia equivalente a milhões de bombas de hidrogênio. A missão pretende
obter informações sobre o campo magnético existente na atmosfera solar e entender o mecanismo
de ignição das explosões.
A massa da sonda é de 700kg.

2006 (27 de setembro) – Uma equipe de médicos franceses, composta de três cirurgiões e dois
anestesistas, chefiada por Domenique Martin, realiza, a bordo de um Airbus A300 G-Zero
especialmente adaptado, a primeira cirurgia da história em condições de ausência total de gravidade
feita num ser humano. O paciente, Philippe Sanchot, um voluntário de 46 anos anestesiado em
terra, tem um cisto sebáceo removido do antebraço. O objetivo da experiência é desenvolver
tecnologias que permitam realizar cirurgias em astronautas no espaço, em missões futuras.
2006 (3 de outubro) – Os astrofísicos estadunidenses John C. Mather e George F. Smoot são os
ganhadores do Prêmio Nobel de Física por suas pesquisas sobre a radiação cósmica de fundo em
micro-ondas e a origem do Universo.

2006 (3 de outubro) – O cientista russo Oleg Korablev, do Instituto de Pesquisa Espacial da Rússia,
estabelece a idade de Marte como sendo de 4,65 bilhões de anos.

2006 (5 de outubro) – Cientistas da NASA e da Itália determinam, com o auxílio do telescópio


espacial Swift, que as partículas emitidas em forma de jatos pelos buracos negros (descobertas na
década de 1970) são compostas de próttons e de elétrons.

2006 (6 de outubro) – São apresentadas imagens da cratera Victoria, em Marte, feitas pelo robô
Opportunity. Essas fotografias representam uma das mais ricas fontes de informação geológica
sobre o planeta, por conta das camadas de rocha aparentes na encosta da cratera.

2006 (8 de outubro) – Um pequeno meteorito cai sobre uma casa de campo em Troidorf, norte da
Alemanha, causando um incêndio que deixa um idoso de 77 anos ferido no rosto e nas mãos.

2006 (11 de outubro) – Mais dois anéis de Saturno, descobertos pela Cassini, são anunciados pela
Nasa.

2006 (19 de outubro) – A revista britânica Nature publica um estudo, realizado por astrônomos
estadunidenses liderados por Donald Campbell, do Instituto Smithsonian de Washington,
contestando a existência de grandes quantidades de gelo no polo sul da Lua, conforme havia sido
deduzido a partir de dados coletados pela sonda Clementine.

2006 (25 de outubro) – A Nasa lança a missão Stereo (Solar Terrestrial Relations Observatories),
formada por duas sondas, quase idênticas, cada uma pesando 620kg, cujo objetivo é estudar as
radiações produzidas pelas tempestades solares (mais especificamente, a origem, a evolução e as
consequências das explosões que ocorrem na coroa). Como as sondas estão programadas para
operar em órbitas opostas, pela primeira vez as medidas do Sol e dos ventos solares serão tomadas
em três dimensões.

2006 (final de outubro) - A New Horizons deixa o cinturão de asteroides.

2006 (novembro) – Com base em dados obtidos em três sobrevoos da Cassini realizados em 2005,
a Uhnião Astronômica Internacional dá nomes a mais 35 estruturas geológicas de Encélado,
também retirados de personagens elugares mencionados nas Mil e uma noites.

2006 (5 de novembro) – A Nasa perde contato com a Mars Global Surveyor, dois dias antes do
décimo aniversário do lançamento da sonda. Em órbita marciana desde setembro de 1997, a sonda
é dada como perdida no dia 21 de novembro.

2006 (9 de novembro) – Um grupo de cientistas, na maioria espanhóis, publica um trabalho na


revista Science, no qual sustenta que as estrelas mais evoluídas da Via Láctea são altamente ricas
em rubídio, o que confirma uma teoria de 40 anos sobre a existência desses astros, que têm massa
de quatro a oito vezes maior que a do Sol. Segundo esse estudo, tais estrelas teriam "contaminado"
a nebulosa da qual surgiu o Sistema Solar, o que poderia ajudar a compreender a evolução química
da galáxia.
2006 (22 de novembro) – O presidente mexicano Vicente Fox inaugura o Grande Telescópio
Milimétrico, GTM (ou LMT, Large Milimeter Telescope, na sigla em inglês), construído a uma
altitude de 4.580m, no pico do vulcão inativo Sierra Negra, no Estado de Puebla, centro do México.
Sua antena, de 50m – a maior do mundo –, é o resultado de um esforço conjunto do Instituto
Nacional de Astrofísica, Óptica e Eletrônica do México (INAOE) e da Universidade de
Massachusetts, dos EUA. Fabricado com projeto alemão, o GTM é o radiotelescópio mais preciso
do seu tipo desde o início de sua atividade plena (2008), estando programado para estudar a
composição de cometas, as atmosferas dos planetas além do nosso Sistema Solar e as origens do
Universo, indo desde a formação das primeiras estrelas e galáxias à radiação cósmica de micro-
ondas.

2006 (27 de novembro) – Uma equipe internacional de astrônomos anuncia, em Paris, ter
conseguido medir, pela primeira vez, o campo magnético de uma estrela ao redor da qual gravita
um dos cerca de 200 exoplanetas conhecidos. Situada a 50 anos-luz da Terra, a estrela Tau Bootis
tem um campo magnético de alguns gauss (unidade de medida de indução magnética), apenas um
pouco maior que o do sol, apesar de ter uma massa uma vez e meia superior.

2006 (28 de novembro) - São liberadas as primeiras imagens de Plutão feitas pela New Horizons.
Devido à grande distância, são pouco nítidas.

2006 (29 de novembro) – São divulgadas as primeiras imagens da superfície de Marte obtidas pela
sonda Mars Reconnaissance Orbiter, cuja missão científica teve início em 7 de novembro. As
imagens mostram dunas intermináveis, algumas das quais cruzadas por fendas que possivelmente
se formaram durante o processo de descongelamento do dióxido de carbono e da água pelo efeito
dos raios solares. Também mostram crateras de impacto, incluindo o "Endurance", percurso feito
no início de 2006 pela sonda Opportunity.

2006 (4 de dezembro) – A Nasa anuncia que a Mars Reconnaissance Orbiter fotografou três sondas
na superfície de Marte: a Spirit e as duas Vikings.

2006 (4 de dezembro) – A Nasa anuncia que projeta construir, com cooperação internacional, uma
base ocupada de maneira permanente na Lua, provavelmente em um dos polos do satélite.

2006 (6 de dezembro) - Um grupo internacional de astrônomos liderados por Suvi Gezari, do


Caltech (Instituto de Tecnologia da Califórnia) anunciam que imagens da sonda Galex permitem à
equipe assistir, pela primeira vez, "ao vivo" a todas as etapas da agonia de uma estrela sugada por
um buraco negro gigante, localizado a 4 bilhões de anos-luz da Terra.

2006 (6 de dezembro) – A Nasa anuncia a descoberta de evidências de que existe água líquida em
Marte na atualidade. Comparações entre imagens feitas pela Mars Global Surveyor ao longo dos
últimos anos demonstram a ocorrência de mudanças morfológicas na superfície marciana nesse
período, as quais podem ter sido causadas por água fluindo por encostas de crateras.
Essa hipótese será contestada em fevereiro de 2008.

2006 (15 de dezembro) – A revista Science publica uma série de artigos, assinados por 183
astrônomos de diversos países, nos quais são colocadas em dúvida as teorias atualmente aceitas
acerca da origem do Sistema Solar. As amostras de poeira obtidas durante a passagem da sonda
Stardust pelo cometa Wild 2 e trazidas de volta à Terra demonstram, contrariamente ao que se
pensava, a existência nos cometas de minerais característicos das regiões internas do Sistema Solar,
indicando que, durante o processo de sua formação, deve ter ocorrido interação entre os materiais
das regiões interna e externa, o que não está de acordo com as hipóteses formuladas até agora.

2006 (27 de dezembro) – É lançada de Baikonur, no Casaquistão, a missão espacial Corot,


desenvolvida sob a liderança da Agência Espacial Francesa (CNES) e envolvendo a participação de
mais cinco países (Alemanha, Áustria, Bélgica, Brasil e Espanha) e da ESA. Os objetivos da
missão são procurar planetas fora do Sistema Solar (exoplanetas) e tentar compreender a
sismologia estelar (asterossismologia ou asterosismologia), ou seja, o estudo do interior das estrelas
com base nas oscilações que ocorrem nelas. Com esse fim, o Corot (630kg) está programado para
medir variações na intensidade da luz desses corpos celestes com uma precisão jamais alcançada
que, aliada a longos períodos de medição em cada região do céu, deve levar à detecção, pela
primeira vez na história, de outros planetas do tamanho da Terra e capazes de abrigar vida superior.
Corot é um acrônimo para “convecção, rotação e trânsitos planetários” (em francês, “COnvection
ROtation et Transits planétaires”; em inglês, “COnvection ROtation and planetary Transits”).

2007 (4 de janeiro) – Cientistas europeus e estadunidenses confirmam, num artigo publicado pela
revista britânica Nature e com base em imagens obtidas em 22 de julho de 2006 pela sonda Cassini,
a existência de lagos de metano no hemisfério norte de Titã.

2007 (8 de janeiro) – Uma equipe liderada por S. George Djorgovski, do Observatório W.M. Keck,
no Havaí, anuncia a descoberta do primeiro quasar triplo. Denominado LBQS 1429-008, localiza-
se na constelação de Virgem e dista da Terra 10,5 bilhões de anos-luz.

2007 (10 de janeiro) – Astrônomos estadunidenses divulgam estudo segundo o qual Andrômeda
(M31), a maior galáxia do Grupo Local, é cinco vezes maior do que se imaginava, tendo um
diâmetro de, pelo menos, um milhão de anos-luz.
Contudo, essas medições não são confirmadas posteriormente, e o diâmetro aceito para Andrômeda
continua sendo de 220.000 anos-luz.

2007 (18 de janeiro) – O cometa McNaught, descoberto em 7 de agosto de 2006, na Austrália, por
Robert McNaught, após passar pelo periélio em 12 de janeiro, atinge sua luminosidade máxima
(magnitude –6) e pode ser visto a olho nu no hemisfério sul. Trata-se do cometa mais brilhante em
41 anos, superado pelo Ikeya-Seki, visível durante o dia em 1965.

2007 (22 de janeiro) – A Índia torna-se o quarto país do mundo (depois de EUA, Rússia e China) a
trazer de volta, com sucesso, uma cápsula enviada ao espaço. O satélite, lançado no dia 10 de
janeiro, é dirigido, ao reentrar na atmosfera, para a Baía de Bengala, atingindo-a a 36km/h.

2007 (fevereiro) – O espectrômetro de mapeamento visual e infravermelho a bordo da Cassini


obtém imagens de uma nuvem com cerca de 2.400km de diâmetro sobre o polo norte de Titã. É
possível que essa formação esteja diretamente relacionada aos lagos descobertos em janeiro na
superfície do satélite.

2007 (3 de fevereiro) – A sonda Ulysses faz uma passagem inesperada por dentro da cauda do
cometa McNaught, a 250 milhões de km do núcleo.

2007 (6 de fevereiro) – A sonda Opportunity completa 10km percorridos sobre o solo de Marte.

2007 (16 de fevereiro) – Têm início as operações do South Pole Telescope (SPT), telescópio de
10m de diâmetro localizado na estação estadunidense de Amundsen-Scott, na Antártida, projetado
para fazer observações em radiação submilimétrica.

2007 (17 de fevereiro) – A Nasa lança os cinco satélites que compõem a missão Themis (cada um
deles pesando 77kg), cujo objetivo é investigar as auroras boreais. Themis (Time History of Events
and Macroscale Interactions during Substorms) é a sigla em inglês para Histórico de Eventos e
Interações a Macroescala durante as Subtempestades, mas também o nome da deusa grega da
Justiça.
Mais tarde, dois dos cinco satélites (Themis B e Themis C) são enviados para uma órbita lunar e
passam a constituir a missão Artemis, acrônimo para “Acceleration, Reconnection, Turbulence and
Electrodynamics of the Moon’s Interaction with the Sun”. Os outros três satélites permanecem na
magnetosfera terrestre.

2007 (25 de fevereiro) - A sonda Rosetta chega a 250km de Marte, estuda o campo magnético do
planeta, faz diversas imagens e utiliza a gravidade marciana para modificar sua rota.

2007 (28 de fevereiro) – A New Horizons passa por Júpiter e obtém impulso gravitacional,
aumentando sua velocidade de 70.000km/h para 84.000km/h. A aproximação máxima é de 2,3
milhões de km, e a sonda aproveita para fazer uma série de imagens do planeta, bem como de suas
principais luas. Nesta aproximação, a sonda observa relâmpagos nos polos jovianos, O ciclo de
vida das nuvens de amoníaco, aglomerados de rochas viajando através dos fracos anéis que
rodeiam o planeta, a estrutura dentro das erupções vulcânicas em Io e a passagem de partículas
carregadas, nunca estudadas antes, ao longo da cauda magnética de Júpiter.

2007 (7 de março) – A Câmara dos Deputados do Novo México aprova uma resolução em
homenagem a Clyde Tombaugh, que por décadas morou neste Estado, a qual declara que Plutão
será sempre considerado planeta quando estiver sobre os céus do Novo México e que 7 de março de
2007 deve ser considerado Dia do Planeta Plutão.
Em 2009, o Senado do Illinois aprova uma resolução semelhante, sob o argumento de que aquele
Estado estadunidense é a terra natal de Tombaugh.

2007 (26 de março) – Horst Bredekamp e William R. Shea apresentam em Pádua, Itália, cinco
páginas contendo desenhos da Lua feitos por Galileu Galilei, recentemente descobertos e
originalmente incluídos numa edição do "Sidereus Nuncius", obra publicada em Veneza, em 1610.

2007 (abril) – São divulgados resultados de observações feitas pelo Akari, destacando-se o estudo
da evolução do material do meio interestelar através do ciclo de vida das estrelas, a primeira
detecção no infravermelho de um remanescente de supernova na Pequena Nuvem de Magalhães, a
confirmação de uma taxa elevada de perda de massa em estrelas gigantes vermelhas jovens, o
estudo do material à volta de um buraco negro no centro do núcleo ativo de uma galáxia distante e
uma visão da formação de galáxias ao longo da história do Universo.

2007 (10 de abril) – O astrônomo estadunidense Travis Barman anuncia a detecção, pela primeira
vez na história, de vestígios de água na atmosfera de um planeta extrassolar, o HD209458b,
conhecido extraoficialmente como Osíris. Localizado na constelação de Pégaso, a 154 anos-luz da
Terra, este planeta, descoberto em 5 de novembro de 1999, orbita a sua estrela em 3,525 dias, à
distância média de 6,7 milhões de km.

2007 (12 de abril) – Um boletim da Nasa comunica a primeira observação, feita pelo Chandra, do
eclipse de um grande buraco negro por uma nuvem de gás incandescente. O fenômeno, ocorrido na
galáxia NGC 1365, a cerca de 60 milhões de anos-luz da Terra, permite aos astrônomos estudar
com maior profundidade os buracos negros supermassivos.

2007 (13 de abril) – Scott S. Sheppard, David C. Jewitt, Jan Kleyna e Brian G. Marsden (1937-
2010) descobrem Tarqeq, quinquagésimo sétimo satélite conhecido de Saturno.
Diâmetro: 7km; período orbital: 894,86 dias (2,45 anos); distãncia média do planeta:
17.900.000km.

2007 (23 de abril) – São liberadas as primeiras imagens tridimencionais do Sol, obtidas pelas
sondas Stereo.

2007 (24 de abril) – Cientistas suíços, franceses e portugueses, liderados por Stephen Udry, do
Observatório de Genebra, divulgam a descoberta do então considerado primeiro planeta extrassolar
com temperaturas similares às da Terra e capacidade de armazenar água, potencialmente habitável,
localizado na constelação de Libra e girando em torno da anã vermelha Gliese 581, a 20,3 anos-luz
(192 trilhões de km) da Terra. Diversos estudos posteriores, contudo, contestam os dados iniciais,
atribuindo ao exoplaneta temperaturas de várias centenas de graus, comparáveis às de Vênus. Com
1,5 raio terrestre de diâmetro e massa 5 vezes maior que a da Terra, é o menor exoplaneta
descoberto até o momento (recorde quebrado em abril de 2009) e completa uma órbita ao redor de
sua estrela, à distância média de 11 milhões de km, em treze dias, tendo recebido o nome de Gliese
581c.
O nome da estrela central desse sistema planetário deve-se ao astrônomo alemão Wilhelm Gliese
(1915-1993), conhecido pelo Catálogo das Estrelas Próximas, originalmente publicado em 1957.

2007 (1º de maio) – São anunciadas mais duas luas de Saturno, cujo número sobe para 59.
S/2007 S 2 – Diâmetro: 6km; período orbital: 792,96 dias (2,17 anos); distância média do planeta:
17.560.000km.
S/2007 S 3 – Diâmetro: 5km; período orbital: 1.100 dias (3,01 anos); distância média do planeta:
20.518.500km.

2007 (2 de maio) – Cientistas estadunidenses anunciam a descoberta do exoplaneta mais maciço


encontrado até o momento, denominado HAT-P-2b. Distante 440 anos-luz da Terra e situado na
constelação de Hércules, o astro é ligeiramente maior que Júpiter (1,16 raio de Júpiter), mas tem
massa 8,65 vezes superior à joviana, o que resulta numa densidade de 12,5g/cm3.
Posteriormente, planetas mais densos são encontrados.

2007 (3 de maio) – É anunciada a detecção, feita pelo Spirit, de traços de uma erupção vulcânica
nas proximidades da planície Home Plate, em Marte. Segundo a Nasa, é a primeira vez que se
identifica naquele planeta, com alto grau de certeza, um depósito de sedimentos provenientes de
uma explosão vulcânica.

2007 (3 de maio) – O CNES anuncia a descoberta (1º de maio) do primeiro exoplaneta feita pelo
Corot. Batizado de CoRoT-1b (ou CoRoT-Exo-1b), o astro está a 1.560 anos-luz da Terra e orbita,
em 1,501 dia e à distância média de 37,4 milhões de km, Corot-1, uma anã semelhante ao Sol,
situada na constelação do Unicórnio. De temperatura elevada (1.600°C), tem diâmetro de
208.000km e massa 30% superior à de Júpiter.

2007 (9 de maio) – O JPL informa que, com base em dados fornecidos pelo Spitzer, astrônomos
estadunidenses conseguem estabelecer, de forma inédita, o clima reinante em dois exoplanetas: o
HD189733b, localizado a 60 anos-luz da Terra, atingido por fortes ventos (9.600km/h), e o
HF149026b, distante 279 anos-luz, o mais quente encontrado até o momento (mais de 2.000°C).
2007 (27 de maio) – O Brasil sai oficialmente do projeto de construção da ISS. Quase uma década
depois do lançamento do primeiro módulo, a Agência Espacial Brasileira ainda não havia
conseguido entregar nenhuma peça para a estação.

2007 (30 de maio) – Imagens da Cassini permitem a descoberta de Anthe, sexagésimo satélite
conhecido de Saturno.
Diâmetro: 2km; período orbital: 1,036 dia; distância média do planeta: 197.700km.

2007 (5 de junho) – Em sua viagem para Mercúrio, a sonda Messenger sobrevoa Vênus (distância
mínima de 313km), aproveitando a ocasião para testar instrumentos e efetuar medições das nuvens
do planeta.

2007 (7 de junho) – A Messenger e a Venus Express, trabalhando em conjunto, obtêm fotografias


com detalhes do relevo e da atmosfera de Vênus jamais vistos anteriormente.

2007 (14 de junho) – Uma equipe de astrônomos estadunidenses, liderada por Michael Brown,
anuncia que Éris tem massa 27% superior à de Plutão. Isso faz de Éris o maior objeto encontrado
no Sistema Solar desde a descoberta de Netuno, em 1846.

2007 (16 de junho) – A estadunidense Sunita Williams torna-se a mulher com mais tempo de
permanência contínua no espaço. Ao iniciar a volta para a Terra a bordo do Atlantis, três dias
depois, completa 191 dias na ISS.

2007 (3 de julho) – A missão da Deep Impact é estendida e muda de nome, passando a se chamar
Epoxi. Os novos objetivos são observar planetas extrassolares já descobertos e sobrevoar
(novembro de 2010) o cometa Hartley 2.
Também é estendida a missão da Stardust, que passa a se chamar New Exploration of Tempel 1
(Next), cuja finalidade é sobrevoar (fevereiro de 2011) o cometa Tempel 1, já visitado (julho de
2005) pela Deep Impact.

2007 (11 de julho) – Um estudo publicado na revista Nature afirma que uma equipe internacional
de astrônomos, utilizando imagens do Spitzer, detecta, pela primeira vez, água (na forma de vapor,
em grandes quantidades) na atmosfera de um exoplaneta, o HD 189733b, localizado na constelação
da Pequena Raposa e distante 63 anos-luz da Terra.

2007 (23 de julho) – Astrônomos estadunidenses anunciam a descoberta de uma gigantesca estrela,
com massa 25 vezes superior à do Sol e luminosidade 500.000 vezes maior, rica em oxigênio e em
moléculas necessárias para o desenvolvimento de vida como a que conhecemos na Terra. Batizada
de VY Canis Majoris, a estrela localiza-se a 5.000 anos-luz de distância, e ao seu redor há carbono,
nitrogênio, fósforo e cloreto de sódio.

2007 (2 de agosto) – Astrônomos trabalhando no Observatório Roque de los Muchachos, localizado


na ilha de La Palma, calculam o número de estrelas visíveis a olho nu no céu noturno: 8.479.
Levando em conta que as estrelas visíveis em cada hemisfério são diferentes, variando também de
acordo com a época do ano, um observador situado num ponto específico do planeta pode ver, no
máximo, cerca de 2.500 desses astros.

2007 (4 de agosto) – É lançada a sonda estadunidense Phoenix, destinada a pousar no polo norte de
Marte. O principal objetivo da missão é procurar por água, supostamente existente naquela região
da superfície marciana. A nave, de 350kg, possui um braço robótico capaz de escavar até uma
profundidade de 50cm, estando programada para extrair amostras do solo e analisá-las a fim de
determinar sua composição. A Phoenix carrega um DVD denominado "Visões de Marte", criado
pela Sociedade Planetária em Pasadena, Califórnia. Feito de vidro de sílica, para dar durabilidade, o
DVD traz os nomes de cerca de 250 mil pessoas de mais de setenta países, bem como exemplos da
literatura, arte e música da Terra.

2007 (6 de agosto) – A Nasa anuncia a detecção, feita pelo Spitzer, de uma das maiores colisões
cósmicas já registradas. Trata-se da fusão de quatro galáxias de um grupo chamado CL 0958 4702,
situado a quase 5 bilhões de anos luz da Terra. O resultado previsto dessa colisão é a formação de
uma única galáxia, com massa 10 vezes superior à da Via Láctea.

2007 (7 de agosto) – Uma equipe internacional de astrônomos anuncia a descoberta de TrES-4b, o


maior exoplaneta encontrado até então, com tamanho 70% superior ao de Júpiter (este recorde é
quebrado em agosto de 2009 por Wasp-17b). O astro orbita a estrela GSC02620-00648, localizada
a 1.435 anos-luz da Terra, na constelação de Hércules.

2007 (8 a 21 de agosto) – Missão do Endeavour (STS-118), cujo objetivo é levar componentes para
a ISS e suprimentos para os ocupantes da estação. Os tripulantes do ônibus espacial são Scott Kelly
- comandante -, Charles Hobaugh - piloto -, Tracy Caldwell, Richard Mastracchio, Dafydd
Williams - Agência Espacial do Canadá -, Barbara Morgan e Alvin Drew.
Barbara Morgan é a primeira pessoa legalmente habilitada para dar aulas a ir ao espaço. É o que a
NASA chama de “astronauta educador”.

2007 (15 de agosto) – A Nasa divulga a descoberta, feita pelo Galex, de um longo rastro, de 13
anos-luz de diâmetro, semelhante à cauda de um cometa, deixado pela estrela Mira, da constelação
de Cetus. É a primeira vez que se observa um rastro desse tipo vinculado a uma estrela.

2007 (23 de agosto) – Os astrônomos Lawrence Rudnick, Shea Brown e Liliya R. Williams, da
Universidade de Minnesota, divulgam estudo no qual afirmam ter encontrado um grande "buraco"
no Universo, ou seja, uma região com 1 bilhão de anos-luz de diâmetro, localizada nas
proximidades da constelação de Erídano, em que não há qualquer tipo de matéria. Embora as
teorias cosmológicas prevejam a existência desses "vazios", todos os modelos elaborados até o
momento estabeleciam em 100 milhões de anos-luz o limite de suas dimensões.

2007 (27 de agosto) – É lançado o Google Sky (incluído no Google Earth), aplicativo que permite
aos internautas realizar passeios virtuais pelo espaço, visualizar estrelas, constelações e galáxias,
seguir as órbitas dos planetas e satélites do Sistema Solar. As imagens são fornecidas por sondas da
NASA, pelo telescópio Hubble e pelo Sloan Digital Sky Survey.

2007 (29 de agosto) – A Nasa divulga imagens, feitas pelo Spitzer, que registram o surgimento do
sistema estelar NGC 1333-IRAS 4B, localizado na constelação de Perseu e distante 1.000 anos-luz
da Terra, onde foi encontrado vapor de água suficiente para encher cinco vezes os oceanos
terrestres (nos oceanos terrestres há, no total, 1,3 quintilhão de toneladas de água). Segundo a
Agência espacial estadunidense, trata-se da primeira visão direta da forma como a água, elemento
crucial na formação de vida, começa a fazer parte dos planetas, inclusive os rochosos como a Terra.

2007 (31 de agosto) – Um grupo de astrônomos estadunidenses liderado por Steven Tomczyk
publica na revista Science um artigo no qual informa a detecção, pela primeira vez, de um tipo de
onda de plasma na coroa solar que pode atingir temperaturas maiores do que as encontradas na
superfície da estrela. Essas ondas, previstas teoricamente pelo físico sueco Hannes Olof Gösta
Alfvén (1908-1995) e que levam seu nome, podem explicar, pelo menos parcialmente, a grande
diferença de temperatura existente entre a coroa (cerca de 1 milhão de °C) e a superfície do Sol
(pouco menos de 6.000°C). Graças a essa previsão teórica, Alfvén recebe o Prêmio Nobel de Física
em 1970.

2007 (4 de setembro) – Na data em que a missão da Venus Express completa quinhentos dias, a
ESA divulga imagens enviadas pela sonda, as quais permitem concluir que a estrutura da atmosfera
venusiana é inconstante e muda com rapidez, de um dia para o outro. Além disso, a meteorologia
do planeta é muito variável, e a intensidade das turbulências muda significativamente em curtos
períodos.

2007 (14 de setembro) – É lançada a primeira sonda lunar japonesa, denominada Kaguya (ou
Selene – Selenological Engineering Explorer, em inglês). O objetivo da missão é recopilar
informação sobre a origem e composição da Lua, além de estudar a eventual possibilidade de uma
base humana permanente. A nave, de 2.914kg, carrega 13 instrumentos científicos destinados a
colher informação sobre a superfície lunar, como composição mineral, estrutura e geografia, além
de obter dados sobre o campo gravitacional e os vestígios do campo magnético. Programada para
orbitar a Lua a uma altitude de 100km, a sonda transporta dois pequenos satélites, Okina e Ouna
(53kg cada um). A função do Okina é manter a comunicação, via rádio, entre a Terra e a Selene
quando a sonda passa pelo lado oculto da Lua, enquanto o Ouna utiliza a interferometria para
ajudar a elaborar o mapa gravitacional do satélite.
O nome Kaguya refere-se a uma princesa lunar, personagem de um conto infantil japonês.

2007 (15 de setembro) – Um meteorito cai no povoado de Carancas, na província de Chucuito,


cerca de 1.300km ao sul de Lima, no Peru, abrindo uma cratera de 30m de diâmetro e 6m de
profundidade.

2007 (18 de setembro) – O JPL informa a descoberta, feita por um grupo internacional de
astrônomos, de que o polo sul de Netuno é a região mais quente do planeta. Devido ao longo
período de translação de Netuno (165 anos terrestres), as regiões polares recebem luz solar de modo
contínuo durante 82 anos, sendo possível que, dentro de aproximadamente oito décadas, haja uma
inversão térmica, passando o polo norte à condição de zona mais quente.

2007 (21 de setembro) – A Nasa informa a descoberta, feita pela Mars Odyssey, de evidências do
que parecem ser sete cavernas, com diâmetros entre 100 e 250m, na encosta do vulcão Arsia Mons,
em Marte. Chamadas pelos cientistas de "sete irmãs", essas estruturas constituem as primeiras
entradas para regiões interiores de outro corpo celeste encontradas até o momento.

2007 (27 de setembro) – É lançada a sonda estadunidense Dawn (Alvorada), com destino ao
asteroide Vesta e ao planeta anão Ceres. O principal objetivo da missão é procurar por indícios
acerca da origem do Sistema Solar, bem como comparar os elementos constituintes de Vesta e de
Ceres com os formadores dos planetas terrestres. Primeira nave programada para viajar a dois
corpos celestes diferentes e orbitá-los, a Dawn, de 1.240kg, usa um novo sistema de propulsão: Em
vez de foguetes propulsores que queimam combustíveis químicos, emprega um trio de motores
elétricos a energia solar, que ionizam e expelem gás xenônio, o que deixa um rastro azul cintilante
e proporciona grande economia de combustível. A Dawn orbita Vesta de julho de 2011 a setembro
de 2012, seguindo então para Ceres, em cuja órbita permanecerá de fevereiro a julho de 2015.

2007 (outubro) – É anunciado que SN 2005ap é a supernova mais brilhante já observada, duas
vezes mais brilhante que SN 2006gy, então considerada a mais luminosa. Descoberta em 3 de
março de 2005 por Robert Quimby, SN 2005ap localiza-se a 4,7 bilhões de anos-luz da Terra, na
constelação da Cabeleira de Berenice.

2007 (5 de outubro) – A sonda japonesa Selene entra com sucesso na órbita da Lua.

2007 (10 de outubro) – São inaugurados, no norte da Califórnia, os primeiros 42 (de um total
previsto de 350) radiotelescópios do projeto ATA (Allen Telescope Array), cujo objetivo é procurar
por vida extraterrestre inteligente. Esse projeto é operado pelo Instituto SETI e pelo laboratório de
radioastronomia da Universidade da Califórnia.

2007 (17 de outubro) – Um artigo publicado pela revista Nature informa a descoberta, feita por
uma equipe internacional de astrônomos coordenada pelo estadunidense Jerome Orosz, de um
buraco negro com 15,7 massas solares, localizado na galáxia do Triângulo (M33), a 3 milhões de
anos-luz da Terra. O achado é significativo, pois trata-se do maior buraco negro já observado junto
a uma estrela de grande massa e o primeiro conhecido num sistema binário eclipsante.

2007 (19 de outubro) – A estadunidense Peggy Withson, de 47 anos, torna-se a primeira mulher a
assumir o comando da ISS.

2007 (23 e 24 de outubro) – Em apenas 42h, o brilho do cometa 17P/Holmes (descoberto em 6 de


novembro de 1892 pelo astrônomo inglês Edwin Holmes – 1842-1919) passa da magnitude 17 para
a magnitude 2,8, o que representa um aumento de quase 500.000 vezes. Trata-se do maior aumento
de brilho já registrado para um cometa, e os cientistas ainda não têm explicação para o fenômeno.

2007 (23 de outubro a 7 de novembro) – Missão do Discovery (STS-120), cujo objetivo principal é
instalar na ISS o módulo estadunidense Harmony, fabricado na Itália. É um conector de módulos,
com funções semelhantes às do Unity. O Harmony é decisivo para aumentar as dimensões da ISS,
pois a ele são posteriormente conectados os módulos Kibo (japonês) e Columbus (Europeu).
A tripulação é formada por Pamela Melroy - Comandante -, George Zamka - Piloto -, Scott
Parazynski, Stephanie Wilson, Douglas Wheelock, Paolo Nespoli, Daniel Tani – levado para a ISS
– e Clayton Anderson – trazido da ISS.

2007 (24 de outubro) – É lançada a Chang’E 1, primeira sonda lunar da China, que parte da base de
Xichang, na província de Sichuan, no sudoeste do país. Os objetivos da missão são analisar a poeira
da Lua e a distribuição dos elementos na superfície do satélite, além de tirar fotografias em três
dimensões. Este é o primeiro lançamento do programa espacial chinês aberto ao público, sendo
presenciado por mais de 2.000 espectadores. A nave transporta 24 instrumentos e tem massa de
2.350kg.
Chang’E é, na mitologia chinesa, uma deusa que viajou à Lua e habita nela.

2007 (30 de outubro) – A Nasa divulga a descoberta, feita por uma equipe de astrônomos liderada
pela estadunidense Andrea Prestwich, do maior buraco negro observado até então, com massa entre
24 e 33 vezes a do Sol, localizado na galáxia IC 10, a cerca de 1,8 milhão de anos-luz da Terra.
Buracos negros muito maiores são observados posteriormente.

2007 (31 de outubro) – Um estudo publicado na revista Nature e dirigido por Antonio
Chrysostomou, da Universidade de Hertfordshire (Reino Unido), demonstra que o campo
magnético das estrelas que começam a se formar tem uma estrutura helicoidal.
2007 (5 de novembro) – A sonda chinesa Chang’E 1 entra com sucesso numa órbita circular em
torno da Lua, a uma altitude de 200km.

2007 (7 de novembro) – A Nasa anuncia a descoberta de um quinto planeta orbitando a estrela 55


Cancri, o que configura o maior número de planetas extrassolares num único sistema de que se tem
notícia (recorde posteriormente quebrado pelo sistema planetário de HD 10180). Localizado na
constelação de Câncer e distante 41 anos-luz, este planeta tem cerca de 45 vezes amassa da Terra e
é o quarto a partir de sua estrela, a qual orbita, à distância de 116,7 milhões de km, em 260 dias.

2007 (8 de novembro) – Um estudo realizado por 370 cientistas de 17 países (entre eles o Brasil) e
publicado na revista Science sustenta que os raios cósmicos, partículas com grande concentração de
energia e que se deslocam a velocidades próximas à da luz, atingindo a Terra continuamente, são
provavelmente originados de buracos negros gigantes situados em galáxias vizinhas à Via Láctea.
A origem desses raios é alvo de investigação há décadas, e a compreensão de sua natureza, bem
como dos mecanismos que determinam sua aceleração, pode fornecer aos cientistas pistas na busca
de explicação para a origem do Universo.

2007 (13 de novembro) - A sonda Rosetta sobrevoa a Terra pela segunda vez. Cinco dias antes,
durante a aproximação, é confundida com um asteroide e chega a receber a designação provisória
2007 VN84, cancelada assim que o equívoco é constatado.

2007 (15 a 27 de novembro) – Ocorre o primeiro dos três estágios do programa Marte-500, cujo
objetivo é simular uma viagem tripulada ao planeta vermelho. O experimento tem lugar no Instituto
de Problemas Biomédicos da Academia de Ciências da Rússia, em Moscou. Durante essa primeira
fase, são testados os equipamentos, as instalações e os procedimentos operacionais de viagem. Os
seis voluntários participantes (cinco homens e uma mulher) são russos: Anton Artamonov, Oleg
Artemyev, Alexander Kovalev, Dmitry Perfilov, Sergei Ryazan e Marina Tugusheva.

2007 (21 de novembro) – Um estudo coordenado por Patrick Dufour, do departamento de


Astronomia da Universidade do Arizona, e publicado na revista Nature, informa a descoberta de
várias anãs brancas com atmosfera de carbono, algo nunca antes visto, o que pode implicar a
existência de uma nova categoria de estrelas.

2007 (7 de dezembro) – A revista Science publica, numa seção especial, dez artigos contendo os
primeiros resultados da missão da sonda japonesa Hinode. Destaca-se a observação das ondas
Alfvén, as quais, juntamente com a liberação de energia que ocorre quando as linhas de campos
magnéticos se cruzam e se reconectam, fornecem explicação para as elevadas temperaturas da
coroa solar relativamente à superfície. Ademais, são observados diversos tipos de jatos de matéria
em alta velocidade, provenientes das erupções solares, que estão na origem do vento solar.

2007 (13 de dezembro) – Um estudo realizado por uma equipe internacional de astrônomos
liderada por Daniela Carollo, e publicado na revista Nature, conclui que a Via Láctea não é
composta por um único halo, mas por dois, que se movimentam em sentidos contrários e têm
velocidades, composições e histórias diferentes.

2007 (20 de dezembro) – Acolhendo uma proposição da Itália, a ONU declara 2009 Ano
Internacional da Astronomia, em comemoração aos 400 anos do primeiro uso astronômico de um
telescópio, por Galileu Galilei.

2008 (3 de janeiro) – De acordo com estudo publicado na revista Nature, uma equipe de
astrônomos do Instituto Max Planck de Astronomia, localizado em Heidelberg, Alemanha, observa,
pela primeira vez, a formação de um planeta no interior do disco de poeira e de gás que envolve
uma estrela jovem. Com massa 10 vezes superior à de Júpiter, o planeta dista 6 milhões de km da
sua estrela, TW Hydrae, localizada a 176 anos-luz da Terra, na constelação de Hidra, ao redor da
qual gira em 3,56 dias. Essa descoberta implica a necessidade de revisão das teorias sobre o tempo
de formação dos planetas.

2008 (14 de janeiro) – A sonda Messenger sobrevoa Mercúrio pela primeira vez, à distância de
200km, tornando-se a segunda espaçonave (depois da Mariner 10) a passar por aquele planeta. São
feitas as primeiras imagens do hemisfério "oculto" de Mercúrio, ou seja, do lado do planeta não
fotografado pela Mariner 10 na década de 1970. As 1.213 imagens obtidas pela Messenger neste
primeiro sobrevoo permitem concluir que Mercúrio é menos parecido com a Lua do que se
pensava. Entre os acidentes geográficos descobertos, destaca-se uma estrutura batizada de
"Aranha", formada por mais de uma centena de saliências com uma cratera de 40km de diâmetro no
núcleo, diferente de qualquer forma de relevo jamais observada em Mercúrio ou Na Lua. As
imagens são liberadas pela Nasa em 30 de janeiro.

2008 (4 de fevereiro) – A Nasa transmite ao espaço, como parte das comemorações do seu 50º
aniversário, a canção "Across the Universe", dos Beatles, composta por John Lennon (1940-1980) e
Paul McCartney. Os sinais, viajando à velocidade da luz, levarão 433 anos para chegar a seu
destino, a Estrela Polar.
Estrela polar é uma estrela visível a olho nu, aproximadamente alinhada com o eixo de rotação da
Terra, cuja posição aparente situa-se próximo de um dos polos celestes e diretamente acima de um
observador colocado num dos polos terrestres. Tradicionalmente, estrela polar refere-se ao polo
norte, uma vez que no polo sul não há uma estrela de referência, sendo a orientação celeste, embora
com menor eficiência, em geral obtida a partir da constelação do Cruzeiro do Sul. Desde a
Antiguidade, a estrela polar tem sido usada para fins de navegação, tanto para encontrar a direção
norte quanto para determinar a latitude.
Devido à precessão dos equinócios e ao movimento próprio estelar, a estrela polar muda com o
tempo. Atualmente, essa posição é ocupada pela alfa da Ursa Menor (magnitude aparente 1,97,
massa 7,5 e raio 46 vezes superiores aos do Sol, luminosidade 2.200 vezes maior que a solar). No
período de construção das pirâmides egípcias, a estrela polar era Thuban (constelação do Dragão).
Por volta do ano 3000, a estrela polar será Gamma Cephei. Em 5200, aproximadamente, será a vez
de Iota Cephei. Deneb (alfa do Cisne) será a mais próxima do polo norte em 10000. A alfa da Ursa
menor voltará a ser a estrela polar por volta do ano 27800.

2008 (7 a 20 de fevereiro) – Missão do Atlantis (STS-122), cujo objetivo é instalar na ISS o


módulo Columbus, primeira base permanente da Europa no espaço. Conectado à Estação no dia 11,
o Columbus permite aos europeus realizar experimentos científicos independentemente dos demais
parceiros envolvidos no projeto. Com isso, a Europa passa a ser membro de pleno direito da ISS,
juntamente com EUA e Rússia.
A tripulação da missão é constituída por Stephen Frick - Comandante -, Alan Poindexter (1961-
2012) - Piloto -, Leland Melvin, Rex Walheim, Hans Schlegel, Stanley Love, Léopold Eyharts (que
fica na ISS) e Daniel Tani (que volta da ISS).

2008 (13 de fevereiro) – A Nasa informa que observações da Cassini revelam a existência, em Titã,
de reservas de hidrocarbonetos superiores a todas as de petróleo e gás natural conhecidas na Terra.
Segundo cientistas do Laboratório de Físicas Aplicadas da Universidade de Johns Hopkins, esses
hidrocarbonetos caem do céu e formam grandes depósitos em forma de lagos e dunas. A
temperatura média em Titã é de -179°C e, em vez de água, sua superfície está coberta por
hidrocarbonetos na forma de metano e etano. Além disso, suas dunas contêm um volume de
materiais orgânicos centenas de vezes maior que as reservas terrestres de carvão.

2008 (14 de fevereiro) – Astrônomos do Observatório de Arecibo, em Porto Rico, anunciam que o
asteroide 2001 SN263 (descoberto em 2001) é, na verdade, um sistema triplo, o mais próximo da
Terra já encontrado, distante 11 milhões de km.

2008 (15 de fevereiro) – Uma equipe de 70 cientistas de 11 países, liderada por Scott Gaudi, da
Universidade do Estado de Ohio, publica na revista Science a descoberta de um sistema planetário
que, em escala reduzida, é semelhante ao nosso. Trata-se de dois planetas parecidos com Júpiter e
Saturno, orbitando uma estrela distante cerca de 5.000 anos-luz. Esta é a primeira vez que um
planeta com massa similar à de Júpiter é detectado junto com planetas adicionais.

2008 (19 de fevereiro) – A Mars Reconnaissance Orbiter detecta, pela primeira vez, avalanches de
pó e gelo no polo norte de Marte. A informação é divulgada pela Nasa em 3 de março.

2008 (21 de fevereiro) – A revista estadunidense Astronomy and Astrophysics publica a


informação de que uma equipe internacional composta por 19 astrônomos detecta, graças às
imagens do telescópio CFHT (Canadá-França-Havaí), a maior estrutura de matéria escura já
observada no Universo, com pelo menos 270 milhões de anos-luz, superando amplamente o
recorde anterior, de aproximadamente 100 milhões de anos-luz.

2008 (27 de fevereiro) – É lançado o WorldWide Telescope, aplicativo da Microsoft que permite
aos internautas realizar passeios virtuais pelo espaço, visualizar imagens em vários comprimentos
de onda, simular eclipses, seguir órbitas de planetas e satélites. As imagens são provenientes do
Hubble e mais uma dezena de telescópios. Ademais, é possível visualizar a configuração do
Sistema Solar a partir de qualquer local e em qualquer tenpo entre os anos 1 d.C. e 4000 d.C.

2008 (29 de fevereiro) – Um estudo publicado na revista Geology e liderado por Jon Pelletier, da
Universidade do Arizona, afirma não estar correta a tese, surgida em 2006 a partir de imagens feitas
pela Mars Global Surveyor, de que Marte poderia ter tido água líquida em sua superfície nos
últimos dez anos. De acordo com o estudo, novas imagens e simulações computadorizadas indicam
fortemente que um deslizamento de areia e cascalho é a explicação mais provável para os depósitos
brilhantes em valas, considerados ultimamente como provas da existência de água nesses lugares.

2008 (7 de março) – A revista Science publica fotografias, tiradas em 2005 pela Cassini, nas quais
aparece um disco de escombros em torno de Reia, satélite de Saturno, podendo tratar-se de anéis.
Sobrevôos posteriores da Cassini não confirmam essa hipótese.

2008 (9 de março) – A ESA lança o Júlio Verne, primeiro cargueiro espacial europeu, cuja tarefa é
abastecer a ISS com alimentos, combustível e outras cargas. Trata-se de um veículo
automatizado e descartável: está concebido para, após permanecer por seis meses acoplado à ISS,
ser enviado de volta com lixo e carga já inútil para a Estação, queimando em sua reentrada na
atmosfera. É o primeiro da série ATV, Automated Transfer Vehicle (veículo de transferência
automatizado).
A acoplagem ocorre em 3 de abril.

2008 (19 de março) – O telescópio Swift detecta quatro erupções de raios gama num mesmo dia,
estabelecendo um recorde. Isso acontece novamente em 16 de março de 2010.
2008 (20 de março) – Um estudo liderado por Mark Swain e publicado na revista Nature anuncia a
detecção, feita pelo telescópio Hubble, da primeira molécula orgânica (de metano) na atmosfera de
um exoplaneta, o HD189733b, distante 63 anos-luz e situado na constelação da Pequena Raposa.

2008 (15 de abril) – A Nasa anuncia a prorrogação, por mais dois anos, da missão da sonda Cassini,
originalmente programada para terminar em 30 de junho de 2008.

2008 (16 de abril) – Peggy Whitson, comandante da ISS, marca um novo recorde de permanência
acumulada no espaço para um astronauta americano, com 374 dias. O recorde anterior pertencia a
Michael Foale. O retorno à Terra ocorre no dia 19 de abril.

2008 (28 de abril) – A Índia lança dez satélites simultaneamente, recorde que ainda se mantém.
Oito desses satélites pertencem a empresas estrangeiras (Alemanha, Canadá, Dinamarca,
Holanda...). O evento é transmitido pela televisão local.

2008 (maio) - A ESA anuncia a descoberta, feita em 3 de fevereiro pelo Corot, de um objeto celeste
ainda não classificado, que parece ser algo entre uma anã marrom e um planeta. Denominado
COROT-Exo-3b (mais tarde Corot-3b), o astro é 1% maior que Júpiter e tem 21,66 vezes a massa
daquele planeta, o que resulta em uma densidade de 26,4g/cm3. Leva quatro dias e seis horas para
orbitar (distância média de 8,5 milhões de km) sua estrela, a qual é um pouco maior do que o Sol e
localiza-se a 2.200 anos-luz, na constelação da Águia.
Cientistas acreditam que podem ter encontrado, com a detecção do COROT-3b, o elo que faltava
entre estrelas e planetas.

2008 (21 de maio) – Um estudo publicado na revista Nature informa que cientistas da Universidade
de Princeton liderados por Alicia Soderberg, utilizando o telescópio Swift, captam, pela primeira
vez, o momento exato do nascimento de uma supernova, localizada a 90 milhões de anos-luz da
Terra, na constelação de Lince.

2008 (25 de maio) – A sonda Phoenix torna-se a primeira a pousar numa região próxima ao polo
norte de Marte (Green Valley), após uma viagem de aproximadamente 680 milhões de km. As
primeiras 50 imagens são transmitidas duas horas depois do pouso, revelando uma região
inexplorada do planeta.

2008 (3 de junho) – Os astronautas Mike Fossum e Ronald Garan, a bordo do Discovery (STS-
124), dão início à instalação do o laboratório japonês Kibo (Esperança), o maior da ISS, com 11m
de comprimento, 14,5t de peso, duas janelas, um braço robótico e seu próprio compartimento de
pressurização. O Kibo conta com 23 plataformas para pesquisas sobre medicina espacial, biologia,
observações da Terra, produção de materiais, biotecnologia e comunicações.
Os tripulantes da missão (31 de maio a 14 de junho) são Mark Kelly - Comandante -, Kenneth Ham
- Piloto -, Karen Nyberg, Ronald Garan Jr., Michael Fossum, Akihiko Hoshide, Gregory Chamitoff
(que fica na ISS) e Garrett Reisman (que volta da ISS).
A instalação é concluída pela STS-127, em julho de 2009.

2008 (3 de junho) – Robert Benjamin, astrônomo da Universidade de Wisconsin, afirma em


entrevista à imprensa que a Via Láctea tem apenas dois braços espirais, e não quatro, como se
pensava. Segundo ele, dados fornecidos pelo Spitzer confirmam a existência de Norma e de
Sagitário, ao passo que Scutum-Centauro e Perseu são reclassificados como braços menores ou
ramificações.
Essa teoria será contestada no início de 2009.
2008 (5 de junho) – Astrônomos britânicos e franceses, coordenados por Carl Murray, publicam na
revista Nature um artigo afirmando que colisões em grande escala ocorrem quase que diariamente
no anel F de Saturno, fenômeno sem paralelo em todo o Sistema Solar. Ademais, são encontradas
evidências de pequenas luas no núcleo do anel.

2008 (8 de junho) - A New Horizons cruza a órbita de Saturno. A órbita de Urano será alcançada
em 18 de março de 2011, e a de Netuno, em 1º de agosto de 2014.

2008 (11 de junho) – É lançado pela Nasa o telescópio Glast (do inglês "Gamma-Ray Large Area
Space Telescope", ou "grande telescópio espacial de raios gama"), cujo objetivo é buscar indícios
que expliquem os mecanismos de aceleração nos pulsares, os vestígios de supernovas e os núcleos
ativos das galáxias. O Glast é o sucessor do Observatório de Raios Gama Compton, lançado em
1991 e desativado em 2000. Posteriormente (26 de agosto), este telescópio, que opera numa órbita a
550km da Terra, é renomeado para Fermi, em homenagem ao italiano Enrico Fermi (1901-1954),
pioneiro no estudo da física de alta energia.

2008 (11 de junho) – A UAI anuncia a decisão, tomada por seu Comitê Executivo reunido em Oslo
(Noruega) de adotar o nome plutoide para os astros com características semelhantes às de Plutão.
Pela definição adotada, plutoides são corpos celestes que orbitam o Sol além de Netuno, têm forma
esférica e não varreram objetos menores de suas órbitas. Plutoides são, portanto, planetas anões
transnetunianos. Plutão e Éris se encaixam nesta categoria, não acontecendo o mesmo com Ceres.

2008 (20 de junho) – A Nasa anuncia a descoberta de gelo em Marte, feita pela Phoenix.

2008 (24 de junho) – Marcelo Magnasco, chefe do Laboratório de Física Matemática da


Universidade Rockefeller, e Constantino Baikouzis, do Observatório Astronômico de La Plata, na
Argentina, publicam no site da revista Proceedings of the National Academy of Sciences um estudo
estabelecendo em 16 de abril de 1178 a.C. o eclipse total do Sol descrito por Homero na Odisseia
("O Sol pereceu do céu e tudo foi envolvido por uma aura demoníaca"), visto por Ulisses no
momento em que chega de volta à ilha de Ítaca, após vinte anos de ausência.

2008 (26 de junho) – Três artigos publicados na Nature anunciam terem sido encontradas
evidências de que a grande planície lisa que cobre 40% da superfície de Marte, localizada no
hemisfério norte do planeta, é uma grande cratera, formada por um impacto com a força de 10
bilhões de bombas de hidrogênio. Trata-se da maior cratera do Sistema Solar, uma elipse com
10.500km de comprimento e 8.500km de largura (maior do que Ásia, Europa e Oceania juntas),
formada a partir da colisão de um objeto com diâmetro estimado de 2.000km.

2008 (julho) – Pequenas quantidades de água são encontradas dentro de rochas lunares de origem
vulcânica trazidas pela Apollo 15.

2008 (1º de julho) – É divulgada a informação de que o SOHO (Solar and Heliospheric
Observatory) atinge uma marca histórica, com a descoberta de seu cometa de número 1.500, o que
representa quase a metade dos 3.300 cometas observados até a presente data.

2008 (3 de julho) – Cientistas estadunidenses da Universidade de Michigan publicam na revista


Science um estudo no qual afirmam ter determinado, graças a dados enviados pela Messenger, a
composição da atmosfera e da superfície de Mercúrio através da medição das partículas carregadas
em seu campo magnético. Segundo os autores do estudo, essa atmosfera contém silicatos, sódio,
enxofre e até vapor de água. Acredita-se que o vapor de água tenha sido formado a partir de
hidrogênio proveniente do vento solar e de oxigênio oriundo dos minerais da crosta mercuriana.
Ainda em julho, é revelada a existência de uma série de vulcões inativos em Mercúrio.

2008 (3 de julho) – Cientistas liderados por René Breton, da Universidade McGill, de Montreal, no
Canadá, publicam na revista Science um estudo que confirma, mediante a observação de um pulsar
binário distante da Terra 1.700 anos-luz, a existência do efeito cósmico denominado precessão,
previsto por Albert Einstein na Teoria da Relatividade Geral, segundo o qual, em um sistema de
dois objetos de massas Muito grandes, como esses pulsares observados, a força gravitacional de
um, além de seu movimento de rotação, modifica o eixo de rotação do outro.

2008 (3 de julho) – A partir de dados enviados pela Voyager 2, cientistas liderados por Linghua
Wang, da Universidade da Califórnia, publicam na revista Nature um artigo em que afirmam não
ser a forma do Sistema Solar arredondada, como se pensava, mas sim assimétrica, pois é amassado
pelo campo magnético interestelar. A heliosfera, bolha formada pelo vento solar e que se estende
além de Plutão, é empurrada de volta em direção ao Sol pelo campo magnético interestelar, o que
faz com que se deforme.

2008 (15 de julho) – Makemake torna-se oficialmente o quarto planeta anão do Sistema Solar
(depois de Ceres, Plutão e Éris).
Descoberto por Michael Brown, Chad Trujillo e David Rabinowitz em 31 de março de 2005,
anunciado em 29 de julho do mesmo ano e conhecido como 2005 FY9 ou, informalmente,
"Coelhinho da Páscoa", esse objeto localiza-se no cinturão de Kuiper e não possui satélites
conhecidos.
Makemake é o nome do criador mítico da humanidade segundo os rapanui, nativos da ilha de
Páscoa.
Diâmetro: 1.502 x 1430km; período orbital: 113.183 dias (309,88 anos); distância média do Sol:
6,850 bilhões de km (varia entre 5,760 e 7,940 bilhões de km; massa: 3 quintilhões de toneladas;
densidade: 1,7g/cm3; rotação: 7h46min; magnitude aparente: 16,7.

2008 (24 de julho) – A Nasa informa ter desvendado, graças a dados fornecidos pela missão
Themis, o mecanismo pelo qual se formam as auroras polares (boreais e austrais). Segundo os
cientistas da Agência, explosões de energia magnética, que ocorrem a um terço da distância Terra-
Lua, são responsáveis por esses fenômenos luminosos, de cores vivas, com predominância do
verde, e que se produzem nas regiões próximas aos polos. Um processo de "reconexão" entre as
cordas magnéticas gigantes que unem a Terra ao Sol e que armazenam a energia dos ventos solares
provoca essas tempestades de luzes polares. "A reconexão magnética permite liberar a energia
armazenada nessas cordas, dispersando partículas eletrificadas para a atmosfera terrestre".

2008 (30 de julho) – Cientistas da Nasa confirmam a existência de etano líquido num dos lagos de
Titã descobertos pela Cassini. Isso faz de Titã o primeiro corpo do Sistema Solar, excluída a Terra,
em que é encontrado líquido na superfície.

2008 (31 de julho) – A Nasa divulga a comprovação da existência de água em Marte, obtida em
testes de laboratório realizados pela sonda Phoenix.

2008 (11 de agosto) – O telescópio Hubble completa 100 mil órbitas em torno da Terra.

2008 (11 de agosto) – A sonda Cassini localiza pontos dos quais surgem jatos de gelo na superfície
da lua Encélado de Saturno. Os gêiseres emanam de fendas com 300m de profundidade, e em suas
encostas há grandes depósitos de um material fino e blocos de gelo que podem ser de vários metros,
até do tamanho de uma casa.

2008 (14 a 16 de agosto) – Cientistas contrários e favoráveis à reclassificação de Plutão como


planeta anão se reúnem na Universidade Johns Hopkins para um encontro sobre a definição de
planeta adotada em 2006 pela UAI. Denominada “Grande Debate sobre Planetas”, a conferência
divulga um documento informando que os participantes não haviam conseguido chegar a um
consenso acerca da definição de planeta.

2008 (25 de agosto) A ESA anuncia a descoberta, feita pelo observatório astronômico europeu
XMM-Newton, do maior grupo de galáxias jamais visto, uma descoberta que pode confirmar a
existência da energia escura, supostamente responsável pela aceleração da expansão do Universo.
O grupo, batizado de 2XMM J083026+524133, tem massa mil vezes superior à da Via Láctea e
localiza-se a 7,7 bilhões de anos-luz da Terra.

2008 (27 de agosto) – Um estudo liderado por Louis Strigari, da Universidade da Califórnia, e
publicado na revista Nature, afirma que a massa mínima de uma galáxia equivale a 10 milhões de
massas solares.

2008 (5 de setembro) - A sonda Rosetta sobrevoa o asteroide 2867 Steins, descoberto em 4 de


novembro de 1969 por Nikolai Chernyk (1931-2004), à distância de 800km. As imagens
transmitidas mostram que o astro é de cor cinza e tem conjuntos de até sete crateras. A maior das
crateras, com 2,1 km de diâmetro, recebe (11 de maio de 2012) o nome de Diamond.
Diâmetro: 6,67 x 5,81 x 4,47km; período orbital: 1.326,736 dias (3,63 anos); distância média do
Sol: 353.495.000km.

2008 (10 de setembro) - Entra em funcionamento, para testes, o Grande Colisor de Hádrons (LHC -
Large Hadron Collider -, na sigla em inglês), o maior acelerador de partículas do mundo, localizado
no CERN (Conseil Européen pour la Recherche Nucléaire), perto da cidade suíça de Genebra, na
fronteira com a França. Com forma circular e perímetro de 27km, o LHC ocupa instalações
subterrâneas (até 175m abaixo do solo) e é o mais poderoso e complexo instrumento científico já
construído, tendo como objetivo recriar, mediante colisões induzidas de partículas, as condições
que existiam no Universo imediatamente após o Big Bang. Na construção colaboram mais de
10.000 cientistas e engenheiros de mais de cem países, além de centenas de universidades e
laboratórios. O LHC conta com sete detectores, cada um projetado para um tipo específico de
pesquisa. A quantidade de informações geradas é de tal magnitude que a análise é feita por meio de
uma rede de mais de 170 centros de dados espalhados por 36 países.
Espera-se confirmar a existência do bóson de Higgs, única partícula elementar do modelo padrão
atualmente aceito pela Física ainda não observada, mas que representa a chave para explicar a
origem da massa das demais partículas elementares, prevista (1964) pelo físico teórico britânico
Peter Higgs e mais cinco cientistas.
A existência do bóson de Higgs é confirmada em 2012.

2008 (15 de setembro) - Cientistas da Universidade de Toronto anunciam ter fotografado, pela
primeira vez, utilizando o telescópio Gemini Norte, um planeta orbitando uma estrela semelhante
ao Sol, denominada 1RXS J160929.1-210524 e localizada a 500 anos-luz da Terra. O planeta tem
massa oito vezes superior à de Júpiter e está tão distante da estrela (cerca de 50 bilhões de km) que
ainda é necessário determinar se ambos os objetos pertencem, efetivamente, ao mesmo sistema.

2008 (18 de setembro) – Haumea, membro do cinturão de Kuiper conhecido como 2003 EL61,
torna-se oficialmente o quinto planeta anão do Sistema Solar. Descoberto por Michael Brown em
28 de dezembro de 2004 e anunciado em 29 de julho de 2005, o astro tem dois satélites, Hi’iaka e
Namaka, e seu nome é uma homenagem à deusa havaiana do nascimento e da fertilidade.
Haumea – Diâmetro estimado: 1.960 x 1.518 x 996km; período orbital: 103.468 dias (283,28 anos);
distância média do Sol: 6,452 bilhões de km (varia entre 5,194 e 7,710 bilhões de km; massa: 4
quintilhões de toneladas: densidade: 2,6g/cm3; rotação: 3h55min; magnitude aparente: 17,3.
i’iaka – Diâmetro: 340km; período orbital: 49,12 dias; distância média de Haumea: 49.880km.
Namaka – Diâmetro estimado: 170km; período orbital: 18 dias: distância média de Haumea:
25.657km.

2008 (25 de setembro) – É lançada a Shenzhou 7, terceira missão tripulada da China e a primeira
com três astronautas a bordo: Zhai Zhigang (comandante), Liu Boming e Jing Haipeng, todos com
42 anos e membros do Partido Comunista.
Em 27 de setembro, Zhai Zhigang torna-se o primeiro chinês a realizar uma caminhada espacial. O
passeio dura 22min, e a China é o terceiro país (depois de URSS e EUA) a realizar uma atividade
extraveicular no espaço, durante a qual Zhai acena com uma bandeira chinesa. O evento é
transmitido ao vivo pela televisão da China, e duas câmeras fornecem imagens panorâmicas.
No mesmo dia, o minissatélite Banxing (satélite companheiro), com massa de 40kg e diâmetro de
40cm, é liberado, tendo como tarefas monitorar a Shenzhou (fotos da nave são tiradas) e auxiliar no
desenvolvimento da tecnologia necessária para futuras acoplagens entre veículos espaciais
chineses.
Em 28 de setembro, a Shenzhou 7 pousa na região autônoma da Mongólia Interior, no norte da
China, após passar 68h em órbita.

2008 (29 de setembro) – A Nasa divulga a detecção, pela Phoenix, de neve nas nuvens marcianas, a
cerca de 4km de altitude. Entretanto, os flocos evaporam antes de chegar à superfície.

2008 (29 de setembro) - O cargueiro espacial Júlio Verne reingressa na atmosfera terrestre e se
desintegra, conforme previsto. O processo de desintegração é completado a 75km de altitude, e
destroços do cargueiro caem no oceano Pacífico. O êxito do Júlio Verne marca o início de uma
nova etapa no transporte de carga entre a Terra e a ISS.

2008 (6 de outubro) - A Messenger sobrevoa Mercúrio pela segunda vez, passa a 201km do
equador e fotografa regiões ainda inexploradas do planeta.

2008 (7 de outubro) - Um pequeno asteroide de forma alongada, denominado 2008 TC3, com
diâmetro de 2m x 5m e massa estimada de 80t, passa pela alta atmosfera da Terra, desintegra-se
37km acima do Sudão e provoca uma bola de fogo visível no norte da África. Segundo a NASA, é
a primeira vez que um fenômeno assim é previsto e observado.

2008 (9 de outubro) – A Cassini passa a 25km de Encélado, o sobrevoo mais próximo de um


satélite já realizado, com o objetivo de estudar os jatos de gás e gelo que saem do polo Sul do astro.

2008 (12 de outubro) – É lançada a Soyuz TMA-13, centésima missão tripulada do programa
Soyuz. A nave leva ao espaço dois integrantes da Expedição 18, o russo Yuri Lonchakov e o
estadunidense Michael Fincke, além de Richard Garriott (filho do ex-astronauta Owen Garriot),
turista espacial que retorna no dia 24 de outubro a bordo da Soyuz TMA-12.
A aterrissagem da Soyuz TMA-13 ocorre em 8 de abril de 2009.

2008 (19 de outubro) - É lançada a sonda estadunidense de 110kg Ibex (Interstellar Boundary
Explorer, ou Explorador da Fronteira Interestelar), cujo objetivo é realizar, a partir de uma órbita
terrestre, a primeira cartografia dos confins do Sistema Solar, onde começa, a mais de uma dezena
de bilhões de km da Terra, o espaço interestelar. Trata-se de uma zona de turbulências e campos
magnéticos mesclados, onde as partículas dos ventos solares quentes se chocam com as partículas
interestelares de outras estrelas da Via Láctea.

2008 (21 de outubro) - Apesar de estar temporariamente parado devido a uma pane (ocorrida em 19
de setembro), o LHC é oficialmente inaugurado.

2008 (22 de outubro) - É lançada a Chandrayaan-1, primeira missão lunar da Índia, com duração
prevista de dois anos (contudo, a missão termina depois de 312 dias). Entre os objetivos da sonda
(de 675kg) estão: examinar a distribuição mineral e química do satélite natural da Terra e criar um
atlas dimensional da superfície; procurar por gelo nos dois polos da Lua; detectar hélio-3, bastante
raro na Terra e que poderia ser usado como combustível para alimentar reatores de fusão nuclear;
mapear a abundância de elementos na crosta lunar para ajudar a responder a questões importantes
sobre a origem e a evolução do satélite. Há onze instrumentos a bordo, entre os quais uma sonda de
30 quilos, programada para chegar ao solo e examinar a superfície e a atmosfera lunares.
Chandrayaan significa "veículo lunar" em sânscrito.

2008 (24 de outubro) - Um grupo internacional de cientistas liderados por Eric Michel publica na
Science importantes observações feitas a partir de dados fornecidos pelo Corot. Pela primeira vez
são detectados, em estrelas fora do Sistema Solar, fenômenos de oscilação e granulação
semelhantes aos que ocorrem no Sol. As oscilações (sismos), produzidas pelo movimento do
plasma que constitui o interior estelar, geram e propagam ondas ressonantes, que provocam
alterações periódicas de diversas propriedades que caracterizam a estrela e refletem o que se passa
além da superfície. As granulações são reflexos dos movimentos convectivos no interior do plasma,
que também fornecem pistas sobre a natureza do campo magnético da estrela e sobre o
comportamento de seu interior. A fotosfera solar apresenta grânulos brilhantes rodeados por
contornos mais escuros, com cerca de 700km de diâmetro. As estrelas estudadas pelo Corot são
HD49933, HD181420 e HD181906.

2008 (7 de novembro) – Cientistas japoneses, liderados por Makiko Ohtake, publicam na revista
Science um artigo no qual sustentam ser a atividade vulcânica na Lua bem mais recente do que se
pensava. Baseados em imagens da sonda Selene, eles afirmam haver evidência de vulcões lunares
ativos entre 1,5 e 2 milhões de anos atrás, enquanto os modelos selenológicos tradicionais situam o
fim de qualquer atividade vulcânica no satélite da Terra há 3 bilhões de anos.

2008 (8 de novembro) – A Chandrayaan-1 é inserida com sucesso na órbita da Lua, a uma altitude
aproximada de 100km.

2008 (10 de novembro) - A NASA dá por encerrada a missão da Phoenix, após oito dias sem
comunicação com a nave.

2008 (13 de novembro) - É revelada a informação de que o americano Paul Kalas, da Universidade
de Berkeley, Califórnia, consegue captar, com uma câmera do telescópio Hubble, as primeiras
(duas) fotografias ópticas de um exoplaneta, denominado Fomalhaut B. Com massa entre 5% e três
vezes a de Júpiter, o exoplaneta orbita, à distância de aproximadamente 17 bilhões de km e num
período de 821 anos, a estrela Fomalhaut, situada na constelação de Peixe Austral e distante da
Terra 25 anos-luz.
Novas informações sobre o sistema planetário de Fomalhaut são divulgadas em abril de 2012.
2008 (13 de novembro) – Uma equipe internacional de astrônomos, liderada por Christian Marois,
do Instituto Herzberg de Astrofísica do Conselho Nacional de Pesquisas do Canadá, anuncia as
primeiras imagens diretas (em infravermelho) de um sistema múltiplo de exoplanetas. Trata-se de
três planetas orbitando a estrela
HR 8799, distante 130 anos-luz e localizada na constelação de Pégaso.

2008 (14 de novembro) - Uma pequena sonda se desprende da Chandrayaan-1 e é


propositadamente levada a se chocar contra o polo sul da Lua. A sonda filma a própria descida e
envia imagens para a Terra. A Índia é o quarto país (depois de URSS, EUA e Japão) a ter uma nave
tocando o solo lunar e uma bandeira na superfície do satélite.

2008 (16 de novembro) - O Endeavour (STS-126), lançado no dia 14, acopla-se à ISS para dar
início a reformas destinadas a permitir, a partir de 2009, que a tripulação do complexo passe de três
para seis astronautas. O ônibus espacial transporta mais dois dormitórios, novas instalações para
exercícios físicos, a primeira geladeira da estação, um segundo banheiro e um aparelho para
reciclar urina e transformá-la em água para consumo geral, inclusive para beber. O aparelho tem
capacidade de reciclar 6,8t de água potável por ano. A tripulação do Endeavour é formada por
Christopher Ferguson - Comandante -, Eric Boe – Piloto -, Stephen Bowen, Heidemarie
Stefanyshyn-Piper, Donald Pettit, Robert Kimbrough, Sandra Magnus (levada para a ISS) e
Gregory Chamitoff (trazido da ISS).
O retorno ocorre em 30 de novembro.

2008 (24 de novembro) – A NASA anuncia o início da preparação da missão Juno, destinada a
estudar Júpiter. O lançamento ocorre em agosto de 2011, e a chegada ao planeta está prevista para
2016.

2008 (dezembro) – A NASA testa com sucesso a primeira rede de comunicação espacial baseada
na tecnologia da Internet. Por meio de um sistema chamado de Rede Tolerante a Interrupções
(DTN - delay-tolerant networking -, na sigla em inglês), cientistas conseguem receber imagens da
sonda Epoxi (situada a 33 milhões de km da Terra) e enviar arquivos de volta. É o início da Internet
interplanetária.

2008 (2 de dezembro - É divulgada a informação de que uma equipe liderada por Giovanna Tinetti,
do University College London, no Reino Unido, descobre, pela primeira vez, dióxido de carbono na
atmosfera de um exoplaneta, o HD 189733b, em cuja atmosfera já havia sido descoberto (2007)
vapor de água em grande quantidade.

2008 (18 de dezembro) – Cientistas liderados por Violette Impellizzeri, do Instituto Max Planck de
Radioastronomia, publicam na revista Nature um artigo relatando a descoberta, feita com o auxílio
do radiotelescópio Effelsberg, localizado na Alemanha, de água no quasar MG J0414+0534,
distante 11,1 bilhões de anos-luz da Terra. Isso significa que já existia água mais de 6 bilhões de
anos antes do surgimento do Sistema Solar e 2,7 bilhões de anos depois do Big Bang.

2008 (27 de dezembro) – A China anuncia o início da construção de um dos maiores


radiotelescópios do mundo, denominado Fast (Five hundred meter Aperture Spherical Telescope -
Telescópio Esférico de 500m de Abertura). A inauguração está prevista para 2016, e espera-se que
o instrumento seja capaz de captar entre 7.000 e 10.000 pulsares (os maiores radiotelescópios atuais
captam 1.700 dessas estrelas).
2008 (30 de dezembro) – A NASA divulga um relatório (quatrocentas páginas) afirmando que os
sete tripulantes do Comumbia souberam que iriam morrer quarenta segundos antes de o ônibus
espacial explodir, em fevereiro de 2003.

2009 – Ano Internacional da Astronomia, aprovado pela ONU para celebrar os quatrocentos anos
do primeiro registro do uso de um telescópio para fins astronômicos, por Galileu Galilei. Sob a
coordenação geral da União Astronômica Internacional, um grande número de eventos ocorre ao
longo do ano em diversas partes do mundo.

2009 (5 de janeiro) - Elizabeth Humphreys, do Centro Smithsonian-Harvard para Astrofísica,


anuncia, durante uma reunião da Sociedade Astronômica dos EUA, a descoberta de três
protoestrelas a poucos anos-luz do buraco negro existente no centro da Via Láctea, algo até então
considerado impossível em virtude da enorme força gravitacional predominante naquela região, a
qual deveria, de acordo com o modelo galáctico atualmente aceito, desagregar as moléculas
envolvidas na formação estelar. Segundo a cientista, estas descobertas indicam que o gás molecular
no centro da Galáxia deve ser mais denso do que o calculado até agora.

2009 (5 de janeiro) – Uma equipe de pesquisadores do Observatório Nacional de Rádio e


Astronomia dos EUA e do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian apresenta na Sociedade
Americana de Astronomia um estudo no qual afirma que a Via Láctea tem 50% mais massa do que
se pensava e que gira em órbita a 965.600km/h, quase 161.000km mais rápido que o valor tido
como correto até então. Consequentemente, por ser mais veloz e pesada, a Galáxia tem maior força
gravitacional, sendo também maiores as possibilidades de ocorrer a colisão prevista com
Andrômeda, além do risco de choque com galáxias menores. A equipe sugere ainda que a Via
Láctea tem quatro braços em espiral, e não dois, conforme estabelecido em junho de 2008 por
Robert Benjamin.

2009 (15 e 16 de janeiro) – Ocorre em Paris, na sede da UNESCO, a cerimônia de abertura do Ano
Internacional da Astronomia, com a presença de aproximadamente novecentos convidados
(cientistas e autoridades) de mais de cem países. No Brasil, a cerimônia acontece dia 20, no
Planetário do Rio de Janeiro.

2009 (29 de janeiro) – Uma equipe de cientistas liderada por Gregory Laughlin, da Universidade da
Califórnia, emsSanta Cruz, publica na revista Nature a primeira observação de mudança climática
num planeta fora do Sistema Solar. O HD 80606b, localizado na constelação da Ursa Maior e
distante 190 anos-luz, tem massa quatro vezes superior à de Júpiter e gira em torno de sua estrela
em 111 dias. Quando atinge o periastro (ponto de maior aproximação da estrela), a temperatura
passa, em apenas 6h, de 525°c para 1.225°C, provocando ondas de choque na superfície possíveis
de ser detectadas pelos astrônomos.

2009 (3 de fevereiro) – O Irã coloca em órbita o seu primeiro satélite de fabricação própria,
denominado Omid (esperança). O evento marca o trigésimo aniversário da Revolução Islâmica de
1979.

2009 (3 de fevereiro) – A ESA anuncia a descoberta do menor planeta rochoso encontrado fora do
Sistema Solar até esta data (recorde quebrado em janeiro de 2011). O astro, denominado Corot-7b
(anteriormente Corot-Exo-7b), tem diâmetro pouco superior a 20.100km (1,58 Terra) e orbita, em
20h49min e à distância média de 2,58 milhões de km, uma estrela semelhante ao Sol, localizada na
constelação do Unicórnio e distante 489 anos-luz. A temperatura superficial é de 1.300 a 1.800°C.
2009 (10 de fevereiro) – Nove instituições científicas (seis estadunidenses, duas australianas e uma
sul-coreana) assinam um acordo para a construção e a operação do Telescópio Gigante Magalhães
(GMT, na sigla em inglês), que terá espelho principal de 24,5m (o maior atual, o Gran Telescopio
Canarias, tem espelho de 10,4m), será localizado em Las Campanas, nos Andes Chilenos, e poderá
fazer observações em luz visível e infravermelho. A inauguração está prevista para 2019.

2009 (10 de fevereiro) – Um satélite ainda operacional da companhia estadunidense Iridium


(Iridium 33, 560kg) e um satélite militar russo desativado (Kosmos 2251, 950kg) colidem, no
primeiro acidente do gênero da era espacial. O choque ocorre a 42.120km/h, 789km acima da
península Taymir, na Sibéria, e gera mais de mil destroços maiores que 10cm, a maior parte dos
quais deve ser queimada pela atmosfera.

2009 (12 de fevereiro) – O satélite Okina, enviado a bordo da sonda Selene, é levado a se chocar
propositadamente com o lado oculto da Lua, caindo próximo da cratera Mineur D.

2009 (13 de fevereiro) – Uma equipe internacional de pesquisadores, liderada pelo japonês Hiroshi
Araki, do Observatório astronômico nacional do Japão, publica na revista Science um artigo
descrevendo o mapa lunar mais detalhado já elaborado até esta data, com precisão de 15km, obtido
com o altímetro a laser a bordo da sonda Selene, o primeiro que vai do polo norte ao polo sul do
satélite, englobando tanto a face visível quanto o lado o culto da Lua. O ponto mais alto fica a
11.000m de altitude, na bacia de Dririchlet-Jackson, perto do equador, enquanto o ponto mais baixo
fica no fundo da cratera Antoniadi, perto do polo sul, a uma profundidade de 9km. O mapa também
revela que a Lua tem pouca água e mostra crateras jamais detectadas nos polos.
Um mapa ainda mais detalhado, feito pela Lunar Reconnaissance Orbiter, começa a ser divulgado
em dezembro de 2010.

2009 (15 de fevereiro) – Ocorre, no Vaticano, uma missa em homenagem a Galileu Galilei,
celebrada pelo arcebispo (mais tarde cardeal) Gianfranco Ravasi, presidente do Pontifício Conselho
para a Cultura. Com isso, a Santa Sé torna pública a aceitação do legado do cientista dentro da
doutrina católica.

2009 (17 de fevereiro) – A sonda Dawn sobrevoa Marte para assistência gravitacional, à distância
mínima de 549km, e fotografa uma região do noroeste do planeta com 55km de diâmetro, na qual
podem ser vstas formações rochosas repletas de crateras e cercadas de névoa.

2009 (17 de fevereiro) – Um estudo publicado na revista Science revela a detecção, feita em 16 de
setembro de 2008 pelo telescópio Fermi, da mais poderosa explosão de raios gama jamais
observada, com potência equivalente à de 9.000 supernovas explodindo simultaneamente, batizada
de GRB 080916C, localizada na constelação de Carina e ocorrida a 12,2 bilhões de anos-luz da
Terra.

2009 (março) – Dom Gianfranco Ravasi apresenta o livro “Galileu e o Vaticano”, que oferece,
segundo suas palavras, “um julgamento objetivo por parte dos historiadores” para compreender a
relação entre este astrônomo e a Igreja.

2009 (março) – Começa a operar o University of Tokyo Atacama Observatory (TAO) localizado no
Planalto de Chajnantor, deserto de Atacama, Chile. Situado a uma altitude de 5.640m, é o
observatório mais elevado do mundo.

2009 (1º de março) – Termina, dezesseis meses depois da entrada em órbita, a missão da sonda
chinesa Chang’e 1, que é intencionalmente levada a se chocar contra a superfície lunar.

2009 (2 de março) – É divulgado um estudo liderado por Emmanuel Lellouch, do Observatório


Europeu do Sul, segundo o qual há grandes quantidades de metano na atmosfera de Plutão, fazendo
com que esta seja pelo menos 40°C mais quente do que a superfície planetária. Isso significa que,
ao contrário do que ocorre na Terra, em Plutão a temperatura sobe com a altitude.

2009 (3 de março) – A astrônoma estadunidense Carolyn Porco anuncia a descoberta do


sexagésimo primeiro satélite conhecido de Saturno, localizado no anel G, denominado Aegaeon e
com diâmetro estimado de 0,5km. Orbita o planeta em 0,808 dia, à distância média de 167.500km.

2009 (4 de março) – Os americanos Todd Boroson e Tod Lauer, do Observatório Nacional de


Astronomia dos EUA, divulgam na revista Nature a descoberta de dois buracos negros orbitando
um em torno do outro dentro da mesma galáxia (SDSS J1 53636.221 044127), algo que jamais
havia sido encontrado. Os buracos negros estão distantes entre si 3 trilhões de km, possuem massa
entre vinte e cinquenta vezes superior à do Sol, e o período orbital é de aproximadamente cem
anos.

2009 (7 de março) – É lançado o observatório espacial estadunidense Kepler, cujo objetivo


principal é procurar por planetas similares à Terra, potencialmente capazes de abrigar vida. Durante
a missão, programada para durar três anos e meio (depois estendida por mais quatro anos), o Kepler
deve monitorar mais de 150.000 estrelas das constelações de Lira e do Cisne localizadas entre
quinhentos e 3 mil anos-luz da Terra. Inserido numa órbita heliocêntrica que segue a terrestre, o
telescópio (1.052kg) jamais apontará na direção em que está o Sol, o que atrapalharia a observação
das estrelas. O método de observação é o do trânsito, ou seja, o estudo da oscilação na luz de uma
estrela causada quando um planeta passar entre esta e o Kepler. Depois da detecção, pelo
observatório espacial, de planetas semelhantes à Terra localizados na chamada “zona de
habitabilidade”, isto é, nem muito próximos nem muito distantes de sua estrela, que não sejam
quentes ou frios demais, os telescópios Hubble e Spitzer serão capazes de efetuar observações mais
meticulosas desses astros. A missão Kepler é a mais ambiciosa tentativa até o momento de
estabelecer, com base em critérios exclusivamente científicos, se existe vida em planetas fora do
Sistema Solar. O nome é uma homenagem a Johannes Kepler (1571-1630), astrônomo alemão que,
na primeira década do século XVII, determinou serem elípticas, e não circulares, as órbitas dos
planetas.

2009 (15 a 28 de março) – Missão do Discovery (STS-119), com o objetivo de instalar o último
conjunto de painéis solares da ISS. A capacidade da estação é ampliada para seis ocupantes. Os
tripulantes do Discovery são Lee Archambault - Comandante -, Dominic Antonelli - Piloto -, John
Phillips, Steven Swanson, Joseph Acaba, Richard Arnold, Koichi Wakata (que fica na ISS) e
Sandra Magnus (que volta da ISS).

2009 (17 de março) – É lançada a sonda europeia GOCE - Gravity Field and Steady-State Ocean
Circulation Explorer (Explorador de campo gravitacional e de circulação oceânica de estado
estacionário) -, cujo objetivo é elaborar um mapa do campo gravitacional da Terra. Com massa de
1.100kg, opera numa órbita quase circular a 270km de altitude (mais baixa que o usual). Essa
“proximidade” com a Terra permite aos três acelerômetros do GOCE detectar pequenas variações
na crosta e nos oceanos do planeta.

2009 (26 de março) – Um artigo publicado na revista Nature, cujo principal autor é Peter
Jenniskens, do Instituto Seti, na Califórnia, revela a recuperação de 47 fragmentos, do tamanho de
punhos ou ainda menores, do 2008 TC3 (com massa total de 4kg, primeiro asteroide a ser
identificado ainda no espaço, antes de se desintegrar na atmosfera. A desintegração ocorreu em 7
de outubro de 2008, 37km acima do deserto da Núbia, no norte do Sudão. Posteriormente à
publicação deste artigo, novos fragmentos são encontrados, chegando-se a recolher seiscentos
deles, com massa total de 10,5kg.

2009 (28 de março) – o americano de origem húngara Charles Simonyi chega à ISS na Soyuz
TMA-14 e se torna o primeiro homem a viajar duas vezes ao espaço na condição de turista (a
primeira vez havia sido em abril de 2007, a bordo da Soyuz TMA-10). Ele retorna à Terra em 8 de
abril de 2009, a bordo da Soyuz TMA-13.

2009 (31 de março) – Seis voluntários, todos homens (quatro russos, um francês e um alemão) dão
início à parte prática (segunda fase) do projeto Marte-500, da Roskosmos e da ESA, cujo objetivo é
trancá-los num contêiner de metal (em Moscou) por 105 dias, numa primeira simulação de viagem
a Marte. A experiência pretende analisar as dificuldades psicológicas do isolamento prolongado. Os
voluntários ficam com sensores eletrônicos atrelados ao corpo todo o tempo, sem comunicação com
o mundo exterior e comendo comida de bebê congelada e barras de cereais. Além disso, são
submetidos a simulações de emergências, incluindo o atraso de vinte minutos nas comunicações
com o Centro de Controle, conforme aconteceria se estivessem em Marte. Cada um tem direito a
levar uma pequena mala com objetos pessoais, livros e DVDs, mas, de forma geral, os aposentos
são extremamente funcionais, sem janelas, apertados e pouco ventilados. Os poucos objetos de
conforto incluem uma TV, uma chaleira e uma geladeira. Os voluntários podem deixar o
experimento a qualquer momento em que desejem, mas são desestimulados a fazê-lo, já que uma
desistência pode pôr em risco o projeto. Eles saem do isolamento em 14 de julho. Os participantes
do experimento são Oleg Artemyev, Alexei Baranov, Cyrille Fournier, Oliver Knickel, Sergei
Ryazansky e Alexei Shpakov.
Considerando que uma viagem de ida e volta ao planeta vermelho tem duração prevista de, no
mínimo, dois anos, outra experiência similar, com confinamento por 520 dias, começa em 2010.

2009 (9 de abril) – Cientistas da Universidade de Calgary (Alberta, Canadá) divulgam os resultados


de medições detalhadas efetuadas com um instrumento chamado “Supra-Thermal Ion Imager” (que
mede a direção e a velocidade dos íons) e determinam que o espaço exterior (ou simplesmente
espaço) começa 118km acima da superfície terrestre. A fronteira entre a Terra e o espaço exterior é
gradual e estende-se por dezenas de quilômetros. Por isso, não há uma delimitação unânime,
havendo outros pontos considerados como limites:
- A Fédération Aéronautique Internationale estabelece a linha de Kármán (altitude de 100km),
fixada pelo físico e matemático estadunidense de origem húngara Theodore von Kármán (1881-
1963), como definição de trabalho para a fronteira entre aeronáutica e astronáutica;
- Os EUA utilizam o termo “astronautas” para designar as pessoas que viajam até altitudes
superiores a 80km;
- o controle de missões da NASA considera a altitude de 122km como o ponto de reentrada de uma
espaçonave na atmosfera.
Os astrônomos dividem o espaço em quatro regiões.
1. Geoespaço - É a região do espaço próximo da Terra, que inclui a atmosfera superior e a
magnetosfera (os cinturões de Van Allen pertencem ao geoespaço). Estende-se até a magnetopausa,
fronteira entre a magnetosfera terrestre e a região dominada pelo vento solar. A extensão da
magnetopausa varia com a atividade solar, mas em geral vai até dez raios terrestres (63.700km) do
centro do planeta.
2. Espaço interplanetário - É a região caracterizada pela influência gravitacional e magnética do
Sol. Vai até a heliopausa, fronteira entre o Sistema Solar e o meio interestelar. A extensão da
heliopausa varia com o nível de atividade do vento solar, mas pode-se dizer que a distância média
até o Sol gira em torno dos 18 bilhões de km.
3. Espaço interestelar - É o espaço no interior de uma galáxia não ocupado por estrelas e seus
sistemas planetários. A densidade média de matéria nessa região é de 1 milhão de partículas por
m3. A título de comparação, a densidade da atmosfera terrestre ao nível do mar é de 10 septilhões
de partículas por m3. Cerca de 70% do meio interestelar (matéria contida no espaço interestelar)
são constituídos por átomos de hidrogênio livre. Há também átomos de hélio, átomos de elementos
mais pesados formados via nucleossíntese estelar e moléculas.
4. Espaço intergaláctico - É o espaço entre as galáxias, com imensas distâncias entre aglomerados
de galáxias. Entre as galáxias há um plasma rarefeito, organizado em filamentos, formado
principalmente por hidrogênio ionizado (ou seja, um plasma com quantidades iguais de elétrons e
prótons). A este plasma dá-se o nome de meio intergaláctico.
É oportuno registrar que, devido às enormes distâncias entre as estrelas, mais de 99% do espaço
estão permanentemente imersos em escuridão total.

2009 (21 de abril) – É anunciada a descoberta do menor exoplaneta já encontrado (recorde


quebrado em janeiro de 2011), batizado de Gliese 581 E, com 1,9 massa terrestre, superfície
rochosa, temperatura elevada e aparentemente sem atmosfera. Localizado na constelação de Libra,
a 20,3 anos-luz da Terra, orbita a estrela Gliese 581 em 3,15 dias, à distância média de 4,5 milhões
de km. A descoberta deve-se à equipe liderada pelo suíço Michel Mayor, tendo sido realizada por
meio do instrumento Harps, do Observatório La Silla, localizado no norte do Chile. É o quarto
planeta encontrado em torno da estrela Gliese 581.

2009 (27 de abril) – Uma equipe internacional de pesquisadores, liderada por Gerta Keller, da
Universidade Princeton, nos EUA, publica no Journal of the Geological Society um artigo
contestando a teoria, lançada em 1980, de que a queda do asteroide que causou a cratera de
Chicxulub, no México, com 180km de diâmetro, tenha sido a responsável pela extinção massiva de
animais e plantas, incluindo os dinossauros, ocorrida há 65 milhões de anos. Segundo este artigo, o
asteroide teria caído trezentos mil anos antes da extinção, tendo esta sido causada por um grande
número de erupções vulcânicas ocorridas na atual Índia, as quais teriam liberado na atmosfera
grandes quantidades de gases e poeira, bloqueando a luz solar e causando um forte efeito estufa.

2009 (12 de maio) – Termina a fase de ajustes dos instrumentos do Kepler, e o telescópio dá início
à busca por planetas.

2009 (13 de maio) – O ônibus espacial Atlantis (STS-125), lançado no dia 11, aproxima-se do
Hubble com o objetivo de dar início à quinta (e última) missão de reparação e modernização do
telescópio, para a qual estão previstas cinco caminhadas espaciais. A tripulação é composta pelo
comandante Scott Altman, capitão aposentado da Marinha de Guerra americana, o piloto Gregory
Johnson e os especialistas Michael Good, John Grunsfeld, Andrew Feustel, Megan McArth e Mike
Massimino. O braço mecânico do Atlantis, operado pela astronauta Megan McArth, captura o
Hubble e o traz para dentro do ônibus espacial.

2009 (14 de maio) – A ESA lança, a bordo de um foguete Ariane-5 e a partir da base de Kourou, na
Guiana francesa, os telescópios espaciais Herschel e Planck, destinados a investigar a origem do
Universo. Ambos estão programados para trabalhar numa órbita a 1,5 milhão de km da Terra, zona
em que há equilíbrio entre as forças gravitacionais solar e terrestre, onde chegam no final de junho.
É o primeiro lançamento simultâneo de dois observatórios espaciais.
O Herschel é o primeiro telescópio que cobre desde o infravermelho até a faixa submicrométrica do
espectro electromagnético e está dotado de um espelho de 3,5m, o maior já fabricado para um
observatório espacial, desenvolvido para coletar luz de objetos muito distantes e pouco conhecidos,
tais como galáxias recém-nascidas localizadas a centenas de milhões de anos-luz de distância, e
jogar esta luz sobre detectores que operam a temperaturas próximas do zero absoluto. Seus
objetivos são: Estudar a formação das galáxias no início do Universo e a sua subsequente evolução;
investigar a criação das estrelas e de sua interação com o meio interestelar; observar a composição
química da atmosfera e da superfície de cometas, de planetas e de suas luas; examinar a química
molecular do Universo. Três instrumentos estão a bordo: PACS, uma câmera de média resolução e
um espectrômetro capaz de enxergar os comprimentos de ondas de 60 a 210 micrômetros; SPIRE,
uma câmera e um espectrômetro sensível a comprimentos de ondas de 200 a 670 micrômetros;
HIFI, Um espectrômetro de alta resolução que combina a leitura de ondas com frequência de 480 a
1250 e de 1410 a 1910GHz (correspondendo ao comprimento de onda de 157 a 625 micrômetros).
O nome é uma homenagem a William Herschel (1738-1822), astrônomo britânico que, em 1800,
descobriu os raios infravermelhos.
A sonda Planck tem por objetivos estudar o nascimento do Universo por meio do exame da
radiação cósmica de fundo, constituída de micro-ondas, proveniente do Big Bang. A bordo está um
telescópio com espelho de 1,5m, cuja missão é captar radiação a ser examinada por dois
instrumentos: O Low Frequency Instrument (LFI), aparelho que consiste em 22 receptores que
funcionam a -253 °C e devem trabalhar agrupados em quatro canais de frequências, visando a
captar frequências entre 30 e 100GHz, sendo os sinais resultantes amplificados e convertidos em
uma voltagem (diferença de potencial), dados a serem enviados a um computador; e O High
Frequency Instrument (HFI), aparelho composto de 52 detectores, os quais trabalham convertendo
radiação em calor, cuja quantidade é medida por um pequeno termômetro elétrico, e a temperatura
anotada é convertida em dado de computador. Ele deve operar a -273 °C e ser capaz de registrar
variações de temperatura da ordem de um milionésimo de grau. Este instrumento está programado
para observar duas vezes a totalidade da abóbada celeste e elaborar um mapa preciso deste raio
difuso. O nome da sonda é uma homenagem a Max Planck (1858-1947), astrônomo alemão que,
em 1918, ganhou o Prêmio Nobel de Física pela descoberta da energia quântica.

2009 (14 de maio) - John Grunsfeld e Drew Feustel substituem, no Hubble, uma câmera (Wide
Field Planetary Camera-2), que tem 16 anos, pela mais moderna Wide Field Camera-3. A nova
câmera é desenhada para observar o universo de maneira mais profunda, em busca de sinais dos
primeiros sistemas estelares e para estudar os planetas mais próximos. Também trocam o
computador científico, que apresenta problemas.

2009 (15 de maio) - Michael Good e Mike Massimino substituem os seis giroscópios do Hubble,
equipamentos que coordenam os movimentos do telescópio e fornecem dados que ajudam a apontá-
lo de maneira precisa para os alvos escolhidos. Efetuam igualmente a troca do primeiro dos dois
módulos de baterias, cada um dos quais pesa 205kg e contém três baterias que fornecem energia
elétrica para as operações do Hubble durante a porção noturna de sua órbita, quando a sombra da
Terra impede que a luz do sol chegue a seus painéis solares.

2009 (16 de maio) - John Grunsfeld e Andrew Feustel instalam no Hubble um Espectrógrafo de
Origens Cósmicas, desenhado para detectar a luz de quasares distantes. Com o instrumento, os
cientistas esperam avançar no conhecimento de como as galáxias se formaram ou como surgem e
mudam os elementos químicos. O espectrógrafo substitui o aparelho conhecido como Costar (sigla
em inglês para Substituição Axial de Correção Óptica), instalado em 1993 para corrigir um defeito
de um dos espelhos do Hubble, que o tornava míope. Também é reparada a Câmera Avançada para
a Prospecção, equipamento instalado em 2002, mas que sofreu um curto-circuito em 2004,
impedindo o Hubble de observar as galáxias mais distantes.
2009 (17 de maio) - Michael Massimino e Michael Good consertam o Space Telescope Imaging
Spectrograph (STIS), instalado em 1997 (e inativo desde 2004), utilizado pelo hubble para obter
informações sobre composição química, temperatura, pressão e velocidade de corpos celestes, bem
como para identificar buracos negros.

2009 (18 de maio) - John Grunsfeld e Andrew Feustel trocam o segundo módulo de baterias e um
dos três sensores rastreadores de estrelas do Hubble, que são usados para fazer o telescópio mirar
alvos celestes. Também instalam um novo sistema de orientação FGS (Fine Guidance System)e
dois escudos metálicos em torno dos instrumentos do telescópio espacial, para ajudar a protegê-lo
do ambiente inóspito do espaço. Com isso, fica concluída a quinta (e última) missão de reparo e
modernização do Hubble.

2009 (19 de maio) – O Hubble é recolocado em órbita, e os astronautas do Atlantis se preparam


para o retorno à Terra. O pouso ocorre no dia 24, na Califórnia.
É o último voo de um ônibus espacial que não está relacionado à montagem da ISS.

2009 (23 de maio) – O presidente estadunidense Barack Obama nomeia o astronauta Charles Frank
Bolden, Jr. Como administrador da NASA. A nomeação é ratificada pelo Senado em 15 de julho, e
ele toma posse dois dias depois. É o primeiro negro a ocupar o posto.

2009 (26 a 30 de maio) –É realizado, em Florença, o congresso internacional de estudos “O Caso


Galileu. Uma releitura histórica, filosófica e teológica", organizado pelo Instituto Stensen dos
Jesuítas. A cerimônia de inauguração é realizada na Basílica da Santa Cruz, onde está o túmulo do
cientista, e o evento de encerramento tem lugar em Il Gioiello (A Joia), sua última residência.

2009 (29 de maio) – A tripulação permanente da ISS é duplicada, passando a ser de seis pessoas. O
canadense Bob Thirsk, o russo Roman Romanenko e o belga Frank De Winne chegam, a bordo da
Soyuz TMA-15, para dividir o espaço com o russo Gennady Padalka, o
americano Michael Barratt e o japonês Koichi Wakata, que já ocupavam a base. pela primeira vez,
todos os parceiros da ISS (EUA, Rússia, Europa, Japão e Canadá) estão representados
simultaneamente na tripulação.

2009 (4 de junho) - Sébastien Rodriguez, da Universidade de Nantes, na França, e colegas


publicam na Nature um estudo demonstrando que as nuvens de Titã, resultantes da condensação de
etano e de metano, cobrem o satélite seguindo modelos climáticos, como ocorre na Terra.
Resultado dos dados obtidos pela Cassini a partir de 39 sobrevoos de titã, ocorridos entre 2004 e
2007, o trabalho é também o primeiro a descrever evidências observacionais de interação entre
marés em Saturno e a atmosfera do satélite.

2009 (9 de junho) – Charles Townes, ganhador do Prêmio Nobel de Física em 1964, e colegas
apresentam, numa reunião da Sociedade Astronômica Americana, em Pasadena, um estudo
segundo o qual a supergigante vermelha Betelgeuse está encolhendo. O trabalho, publicado
também no The Astrophysical Journal Letters, afirma que o diâmetro da estrela diminuiu
aproximadamente 15% nos últimos quinze anos, embora o brilho não tenha apresentado queda
significativa. Até o momento, não há explicação para o fenômeno.

2009 (10 de junho) – A sonda Selene é intencionalmente levada a se chocar contra o polo sul da
Lua, encerrando a missão, cuja duração foi de quase 20 meses.

2009 (18 de junho) – São lançadas, a bordo de um foguete Atlas V, as sondas estadunidenses Lunar
Reconnaissance Orbiter, LRO (Orbitador de Reconhecimento Lunar), e Lunar Crater Observation
and Sensing Satellite, LCROSS (Satélite Sensor e de Observação de Crateras Lunares), que
constituem a primeira etapa do programa “Vision for Space Exploration”, a preparação para a volta
de astronautas dos EUA à Lua e para missões tripuladas a Marte. A LRO (1.846kg) tem como
objetivos principais cartografar a superfície lunar com um grau de precisão sem precedentes,
detectar possíveis locais de alunissagem (para a volta de astronautas ao satélite), buscar a presença
de gelo em crateras que permanecem sempre na escuridão e obter outros dados precisos do solo e
das radiações cósmicas. A tarefa da LCROSS (621kg) é chocar-se com uma cratera que está
permanentemente na sombra (sem receber luz do Sol há, pelo menos, 2 bilhões de anos) localizada
próximo ao Polo Sul, onde emissões de hidrogênio detectadas previamente podem assinalar a
presença de gelo, a partir do qual poderia ser obtida água para uma futura base habitada no satélite.

2009 (18 de junho) – Uma pesquisa liderada por Gaetano Di Achille, da universidade do Colorado,
e publicada na revista virtual Geophysical Research Letters, afirma terem sido encontradas as
primeiras provas conclusivas da existência, no passado, de um lago em Marte. De acordo com o
estudo, o lago existiu há 3,4 bilhões de anos, cobria uma superfície de 200km2 e tinha
profundidade máxima de 450m, tendo a água escavado um cânion de quase 50km edepositado
sedimentos que formaram um extenso delta.

2009 (19 de junho) – O Kepler transmite os primeiros dados científicos à Terra.

2009 (23 de junho) – A sonda Lunar Reconnaissance Orbiter é inserida com sucesso na órbita da
Lua.

2009 (24 de junho) - Jürgen Schmidt, da universidade alemã de Potsdam, e Nikolai Brilliantov, da
universidade britânica de Leicester, publicam na Nature um estudo afirmando que á, sob a
superfície do polo sul de encélado, a grande profundidade, um oceano salgado, cuja concentração
de cloreto de sódio pode ser tão elevada quanto a dos oceanos terrestres. Encélado torna-se, assim,
o quarto astro do Sistema Solar (depois de Terra, Europa e Marte) em que a existência de água está
confirmada.

2009 (30 de junho) – Termina oficialmente a missão da sonda Ulysses, lançada em outubro de
1990.

2009 (julho) – O Vaticano reedita as atas do processo contra Galileu Galilei, num volume intitulado
“I ducomenti vaticani del processo di Galileo Galilei” (“Os documentos vaticanos do Processo de
Galileu Galilei”). Um dos objetivos dessa reedição é lembrar que o papa Urbano VIII (1568-1644)
nunca assinou a sentença de condenação de Galileu pela Inquisição.

2009 (3 de julho) – O observatório espacial Planck é inserido na sua órbita definitiva, e a


temperatura dos instrumentos é ajustada para -273,05ºC (um décimo de grau acima do zero
absoluto), tornando o telescópio plenamente operacional.

2009 (4 de julho) O site científico Science Daily informa que pesquisadores da Universidade de
Michigan, liderados por Chris Ruf, anunciaram ter encontrado a primeira prova direta da existência
de descargas elétricas (raios) em Marte.

2009 (9 de julho) – A NASA e a ESA anunciam um acordo para realizar a prospecção conjunta de
Marte por meio da inclusão, nas futuras missões àquele planeta, de módulos de aterrissagem e
tecnologia para desenvolver “investigações de astrobiologia, geologia e
geofísica, com o objetivo de trazer amostras de Marte à Terra em 2020”.
A primeira dessas missões é a ExoMars (Exobiology on Mars).
Em 13 de fevereiro de 2012, devido a restrições orçamentárias, a NASA anuncia que não dará
continuidade a este projeto.

2009 (12 de julho) – A sonda Lunar Reconnaissance Orbiter sobrevoa o Mar da Tranquilidade e faz
imagens do módulo de pouso da Apollo 11. Equipamentos deixados na Lua também são visíveis. O
objetivo das imagens é demonstrar a veracidade do primeiro pouso lunar, muitas vezes contestada
ao longo das quatro décadas seguintes à missão.
Posteriormente, a LRO também fotografa os módulos de pouso e os vestígios deixados pelas outras
cinco espaçonaves Apollo a descer na Lua.

2009 (14 de julho) – A ESA divulga a conclusão do primeiro mapa do hemisfério sul de Vênus,
elaborado a partir de mais de mil imagens obtidas pelas câmeras de infravermelho da sonda Venus
Express entre maio de 2006 e dezembro de 2007. O mapa indica que, no passado, o planeta teve um
oceano e um sistema de placas tectônicas que deu lugar à formação de continentes. Os trabalhos
cartográficos são dirigidos pelo cientista alemão Nils Müller.

2009 (15 a 31 de julho) – Missão do Endeavour (STS-127), cujo objetivo é finalizar a instalação do
módulo japonês Kibo, iniciada durante a STS-124 (junho de 2008). A tripulação é composta por
Mark Polansky - Comandante -, Douglas Hurley - Piloto -, Christopher Cassidy, Thomas
Marshburn, David Wolf, Julie Payette, Timothy Kopra (que fica na ISS) e Koichi Wakata (que
volta da ISS).

2009 (16 de julho) – A NASA apresenta vídeos restaurados da missão Apollo 11, feitos a partir de
imagens televisivas da rede CBS. O engenheiro Richard Nafzger admite que as fitas originais
foram perdidas, tendo sido apagadas, involuntariamente, para reutilização, por motivos
econômicos. A NASA informa ainda que os vídeos estarão disponíveis ao público, na Internet, a
partir de setembro.

2009 (21 de julho) – O JPL, da NASA, revela que um corpo celeste, possivelmente um asteroide
(dimensões estimadas de 500m), atingiu a atmosfera de Júpiter, nas proximidades do polo sul do
planeta. A descoberta do fenômeno (19 de julho) cabe ao astrônomo amador australiano Anthony
Wesley. No dia 23, são divulgadas imagens de alta nitidez do evento, feitas pelo telescópio Hubble.

2009 (22 de julho) – Ocorre o mais longo eclipse total do Sol do século XXI, com duração que
chega a 6min39s. É visível num corredor de 200km de largura e 15.000km de comprimento,
atravessando Índia, Nepal, Butão, Bangladesh, Mianmar e China, alcançando também as ilhas
meridionais japonesas de Ryukyu. O próximo eclipse com duração semelhante ocorrerá em 2132.

2009 (22 de julho) Cientistas do Southwest Research Institute de San Antonio, nos EUA, publicam
na Nature um estudo apresentando novas evidências da existência de água líquida em Encélado. De
acordo com eles, existem no satélite de Saturno amoníaco, vários componentes orgânicos e
deutério, um isótopo estável do hidrogênio abundante nos oceanos da Terra.

2009 (24 de julho) – É inaugurado, na ilha de La Palma (arquipélago das Canárias, Espanha), o
GTC (Gran Telescópio Canarias), cuja lente, formada por 36 espelhos, tem uma superfície de
10,4m (com potência igual à visão de 4 milhões de pupilas), o que faz dele o maior telescópio
óptico individual do mundo (o Very Large Telescope, localizado no Chile, é maior quando os
quatro telescópios que o compõem operam em conjunto. A solenidade conta com a presença do rei
Juan Carlos, da rainha Sofia e de cientistas da Europa e dos EUA.

2009 (26 de julho) – Uma equipe de cientistas sob a liderança da astrônoma estadunidense Carolyn
Porco descobre o sexagésimo segundo satélite conhecido de Saturno, denominado provisoriamente
S/2009 S 1, que tem diâmetro de 400m e orbita o planeta à distância média de 117.000km. O
anúncio da descoberta é feito em 2 de novembro.

2009 (29 de julho) – Cientistas estadunidenses e britânicos calculam o tempo de rotação de Saturno
em 10h34min13s, mais de cinco minutos inferior ao oficialmente aceito (10h39min24s).

2009 (29 de julho) – Fotografias divulgadas pelo Observatório de Paris indicam que a estrela
Betelgeuse tem uma cauda de gás do tamanho do Sistema Solar, bem como uma gigantesca “bolha”
que ferve em sua superfície.

2009 (3 a 14 de agosto) – Ocorre, no Rio de Janeiro, a 27ª assembleia geral da UAI, com a
participação de mais de 2.000 astrônomos de oitenta países. É a segunda vez que esta reunião
ocorre na América do Sul (a primeira foi em Buenos Ares, em 1991). A assembleia seguinte tem
lugar em Pequim, em 2012.

2009 (6 de agosto) – Durante uma conferência de imprensa, cientistas da NASA revelam imagens,
feitas pelo Kepler, do exoplaneta HAT-P-7b, descoberto em 6 de março de 2008, localizado na
constelação do Cisne, a pouco mais de 1.000 anos luz da Terra, com massa 80% superior à de
Júpiter, temperatura de aproximadamente 2.700°C e período orbital de 2,204 dias. As imagens são
de qualidade surpreendente, e, de acordo com a NASA, o Kepler funciona suficientemente bem
para detectar planetas parecidos com a Terra.

2009 (11 de agosto) – Cientistas britânicos, da universidade de Keele, anunciam a descoberta de


WASP-17b, o primeiro exoplaneta de órbita retrógrada que se conhece (ou seja, gira em sentido
contrário ao da estrela-mãe). Localizado na constelação de Escorpião, a cerca de 1.000 anos-luz da
terra, orbita a sua estrela em 3,75 dias. Com massa equivalente a menos da metade da de Júpiter
(0,49) e raio 90% superior, é um dos astros de menor densidade que se conhece (em torno de
0,14g/cm3) e o maior exoplaneta em diâmetro encontrado até o momento.

2009 (13 de agosto) – O telescópio Planck dá início à sua missão científica propriamente dita e
começa a realizar a primeira varredura completa do céu.

2009 (16 de agosto) – É anunciada, numa reunião da Sociedade Estadunidense de Química, em


Washington, a descoberta de que nas amostras de material do cometa Wild 2 coletadas em janeiro
de 2004 pela Stardust há glicina, um dos 20 aminoácidos conhecidos que formam proteínas, as
moléculas fundamentais da vida. De acordo com Jamie Elsila, do Centro de Voo Espacial Goddard,
da Nasa, “É a primeira vez que um aminoácido é encontrado em um cometa. Esta descoberta apoia
a teoria de que alguns dos ingredientes básicos da vida se formaram no espaço e chegaram à Terra
há muito tempo por meio de impactos de meteoritos ou de cometas”.

2009 (26 de agosto) - Astrônomos da Universidade de Keele, no Reino Unido, publicam na revista
Nature um artigo sobre o recentemente descoberto exoplaneta WASP-18b, com massa 10 vezes
superior à de Júpiter, localizado na constelação de Fênix, a aproximadamente 325 anos-luz da terra,
que está tão próximo de sua estrela (3 milhões de km) que leva menos de um dia (22h35min) para
completar uma órbita. Segundo o estudo, o astro sofre tantas deformações gravitacionais que
descreve uma espiral para dentro, estando prestes a ser engolido pela estrela-mãe.
2009 (28 de agosto) – Termina, 14 meses antes do previsto, a missão da Chandrayaan-1, depois de
a sonda ter perdido o contato com o centro de controle. Nos 312 dias de operação, são completadas
cerca de 3.000 órbitas lunares e feitas aproximadamente 70.000 imagens do satélite da terra.
Segundo a Agência Espacial Indiana, 95% dos objetivos propostos são atingidos.

2009 (setembro) – A UAI fixa o valor da unidade astronômica (que é aproximadamente, mas não
exatamente, igual à distância Terra-Sol) em 149.597.870.700m. A unidade astronômica
(abreviatura ua; ou au - astronomical unit -, na sigla em inglês) é uma medida de comprimento
usada em astronomia para distâncias menores (em geral, até centenas de bilhões de km). Para
distâncias maiores, utiliza-se preferencialmente o ano-luz e o parsec (e seus múltiplos: quiloparsec,
megaparsec, gigaparsec).
Para demonstrar de maneira bastante prática a escala das distâncias no Sistema Solar, podemos
imaginar um avião viajando, ininterruptamente, a 1.000km/h. Esse avião hipotético, que gastaria 40
horas para dar uma volta completa na Terra e exatos 16 dias para ir daqui até a Lua (384.000km),
levaria 17,07 anos para percorrer a distância média Terra-Sol, que é de 149.598.261km.
A seguir, indicamos quantos anos levaria o nosso avião imaginário para ir do Sol até os planetas e
alguns outros objetos do Sistema Solar, considerando sempre suas distâncias orbitais médias:
Mercúrio, 6,61; Vênus, 12,34; Marte, 26,00; Ceres, 47,22; Júpiter, 88,82; Saturno, 163,5; Urano,
328; Netuno, 514; Plutão, 670; Éris, 1.160; heliopausa (fronteira do Sistema Solar), 2.065.
A viagem até Proxima Centauri, a estrela mais perto da Terra depois do Sol, duraria 4,58 milhões
de anos. E o tempo para ir de um extremo ao outro da Via Láctea seria de pelo menos 108 bilhões
de anos, quase oito vezes a idade do universo.

2009 (10 de setembro) – É lançado o HTV-1, primeiro veículo de carga do Japão, com objetivos
semelhantes aos do ATV europeu: levar suprimentos à ISS. Esta missão transporta 4.500kg de
suprimentos diversos, incluindo 1.200kg de alimentos.
Após permanecer 43 dias (17 de setembro a 30 de outubro) acoplado à ISS, desintegra-se ao
reentrar na atmosfera, conforme previsto, em 1º de novembro, carregando 1.624kg de materiais
descartados.
Esta é a primeira missão dos veículos de transferência japoneses, denominados H-II Transfer
Vehicle, ou Kounotori (cegonha do Oriente, ou cegonha branca). Com diâmetro de 4,4m, altura de
2,1m e comprimento de 10m, o veículo pesa 10,5t, tem 2,5m3 de espaço pressurizado e pode
transportar cargas de até 6t.

2009 (14 de setembro) – Durante um Congresso Europeu de Ciência Planetária, que ocorre em
Potsdam, Alemanha, uma equipe dirigida por Katsuhito Ohtsuka apresenta um estudo segundo o
qual o cometa 147P/Kushida-Muramatsu foi satélite de Júpiter de 1949 a 1961, tendo completado
duas órbitas. David Asher, da mesma equipe, assinala que os resultados desse estudo “sugerem que
os impactos sobre Júpiter e a captura de satélites temporários podem acontecer mais assiduamente
do que se pensava até agora".

2009 (18 de setembro) – São divulgados dados obtidos pelo “Diviner Lunar Radiometer
Experiment”, instrumento a bordo da Lunar Reconnaissance Orbiter que está fazendo um
mapeamento térmico da Lua, os quais indicam que regiões onde a luz do Sol jamais chega,
localizadas no interior do polo sul do satélite, estão entre os lugares mais frios do Sistema Solar,
com temperaturas que chegam a -238°C.

2009 (24 de setembro) – De acordo com um artigo publicado na revista Science, a análise de dados
fornecidos por três missões espaciais (Deep Impact, Cassini e Chandrayaan-1) revela a existência
de moléculas de água nos polos da Lua. As quantidades são pequenas, não sendo suficientes para
formar oceanos, lagos ou mesmo poças. Também são encontradas moléculas de hidroxila,
substância formada por um átomo de oxigênio e um átomo de hidrogênio.

2009 (25 de setembro) – O jornal espanhol El País publica a notícia, dada pelo compatriota Josep
Maria Bosch, de que o asteroide 2009 ST19, de quase 1km de diâmetro, descoberto por ele em 16
de setembro, chega a 600.000km da Terra, a menor distância já registrada para este tipo de corpo
celeste (recorde quebrado em fevereiro de 2011), seguindo uma órbita paralela à do nosso planeta.
De acordo com o astrônomo, uma aproximação ainda maior está prevista para 2038.

2009 (29 de setembro) – A agência oficial chinesa Xinhua anuncia a conclusão do mapa de mais
alta resolução da Lua, cobrindo toda a superfície do satélite, elaborado com as imagens feitas pela
sonda Chang’e 1. A equipe que elabora o mapa é chefiada por Liu Xianlin.

2009 (29 de setembro) – A sonda Messenger sobrevoa Mercúrio pela terceira e última vez, à
distância de 229km. Em 18 de março de 2011, ela entra em órbita em torno do planeta.

2009 (6 de outubro) – Cientistas da NASA anunciam a descoberta, feita com a ajuda de uma
câmera de infravermelho do telescópio Spitzer, do maior anel de Saturno já encontrado, cuja parte
mais densa está a 6 milhões de km do planeta, estendendo-se por outros 12 milhões de km. Muito
tênue, é formado por uma fina camada de gelo e por partículas de poeira bastante difusas. O
material que compõe o anel colide constantemente com Jápeto, o que pode explicar o fato de um
dos hemisférios do satélite ser claro e o outro escuro, o que sempre intrigou os astrônomos.

2009 (9 de outubro) – Parte de um foguete (Centauro, segundo estágio do Atlas V), pesando 2,2t, é
lançada, à velocidade de 10.000km/h, contra a cratera Cabeus, localizada no polo sul da Lua, na
face oculta do satélite. O interior da cratera jamais recebe luz solar, e a temperatura está próxima
dos -240°C. O objetivo do impacto é levantar uma nuvem de poeira e rochas lunares, cuja
composição é imediatamente estudada pela sonda Lunar Crater Observation and Sensing Satellite
(LCROSS), que entra na nuvem e envia grande quantidade de dados à Terra. Quatro minutos
depois do foguete, a sonda também se espatifa contra a superfície lunar. Com esse duplo impacto, a
NASA pretende determinar se existe água congelada no interior da cratera Cabeus.

2009 (11 de outubro) – o belga Frank De Winne torna-se o primeiro europeu a comandar a ISS.
Com a volta à Terra do russo Gennady Padalka, no comando desde abril, ele passa a ser o primeiro
não russo ou não estadunidense a assumir o posto, liderando a expedição 21 à estação espacial.

2009 (19 de outubro) – A ESO anuncia, durante a Conferência sobre Exoplanetas realizada na
cidade do Porto, em Portugal, a descoberta de 32 planetas extrassolares, feita pelo telescópio Harps,
situado em La Silla, no Chile. Com isso, passam a ser 403 os exoplanetas conhecidos, 75 dos quais
encontrados pelo Harps.

2009 (10 de novembro) – É lançado, no topo de uma nave Progress modificada impulsionada por
um foguete Soyuz-U, o minimódulo Poisk (pesquisa), primeira contribuição significativa russa para
a ISS desde 2001. Acoplado no dia 12 à escotilha Zênite do módulo de serviço Zvezda, o Poisk é
parecido com o Pirs, podendo ser utilizado também para a acoplagem de naves Progress e Soyuz
TMA. Ademais, dispõe de espaço para experimentos científicos e está projetado para fornecer
energia e pontos de conexão a duas interfaces científicas externas, a serem desenvolvidas pela
Academia Russa de Ciências.
2009 (13 de novembro) – A NASA confirma a existência de água gelada no interior da cratera
Cabeus, localizada no polo sul da Lua. A quantidade de água encontrada é suficiente para encher
doze baldes. A descoberta é feita com base nos dados enviados pela LCROSS, após o impacto com
a superfície lunar ocorrido em 9 de outubro.

2009 (13 de novembro) – A sonda Rosetta passa pela Terra, para assistência gravitacional, em sua
viagem rumo ao cometa 67/P Churyumov-Gerasimenko. A distância mínima, 2.481km, é atingida
sobre o Oceano Índico, ao sul da ilha de Java. O empurrão gravitacional da Terra aumenta a
velocidade da sonda de 13,3 para 16,8km/s.

2009 (20 de novembro) – O acelerador de partículas LHC volta a operar, após catorze meses de
inatividade.
As primeiras colisões de partículas ocorrem dois dias depois.

2009 (10 de dezembro) – É inaugurado o telescópio Vista (Visible and Infrared Survey Telescope
for Astronomy, ou Telescópio de Pesquisa em Luz Visível e Infravermelha para Astronomia,
construído por um consórcio de universidades britânicas e localizado no Observatório Paranal, no
deserto de Atacama, Chile. Com espelho de 4,1m de diâmetro, o Vista opera em comprimentos de
onda infravermelhos (com possibilidade de trabalhar também em luz visível) e é o maior telescópio
do mundo dedicado à cartografia do céu.

2009 (14 de dezembro) – É lançado o telescópio estadunidense Wise (Wide-Field Infrared Survey
Explorer, ou “Explorador de Levantamento Infravermelho de Campo Amplo”), cujo objetivo é
fazer um mapeamento do céu em infravermelho ao longo de dez meses. Com massa de 750kg e
colocado numa órbita a 525km de altitude, espera-se que o Wise identifique asteroides e cometas
nunca antes observados. No extremo oposto, deve fotografar aglomerados galácticos distantes
bilhões de anos-luz. Outro alvo de estudo são as anãs marrons, objetos maiores e mais pesados do
que planetas, mas que não têm massa suficiente para dar início à transformação de hidrogênio em
hélio, reação termonuclear responsável pela luminosidade das estrelas nos estágios iniciais da sua
existência.

2009 (17 de dezembro) – Cientistas do Instituto de Estudos Planetários de Berlim anunciam a


descoberta, em Titã, de um mar de metano líquido cuja superfície pode chegar a 400.000km2
(superior à do Mar Cáspio, que é de 371.000km2). Batizado de "Krake Mare", está localizado no
polo norte do satélite, tendo a descoberta sido feita por meio de imagens da sonda Cassini.

2009 (29 de dezembro) – A New Horizons chega a um ponto a partir do qual está mais próxima de
Plutão do que da Terra.

2010 (2 de janeiro) – Um estudo coordenado por Junichi Haruyama, da agência espacial japonesa, e
publicado na revista Geophysical Research Letters, informa a descoberta, na Lua, de uma
“tubulação de lava”, uma estrutura cilíndrica com 80m de profundidade. Trata-se de algo como
uma “caverna vertical”, onde poderia ser montada uma base para futuros astronautas.

2010 (4 de janeiro) – São anunciados os cinco primeiros exoplanetas descobertos pelo telescópio
Kepler, batizados de Kepler 4b, 5b, 6b, 7b e 8b. Todos estão muito próximos de suas estrelas
(períodos orbitais entre 3,2 e 4,9 dias) e são muito quentes (temperaturas entre 1.200 e 1.650°c).
Kepler 7b é o mais incomum, apresentando densidade de 0,18g/cm3, parecida com a do isopor.

2010 (5 de janeiro) – O astrônomo americano Jason Rowe anucia a descoberta, feita a partir de
dados do telescópio Kepler, de dois objetos que não pertencem a nenhuma classe de corpos celestes
já observados. São pequenos demais para serem estrelas (dimensões parecidas com as de Júpiter) e
quentes demais para serem planetas (temperaturas da ordem de 14.400°C). Eles são mais quentes
do que as estrelas em torno das quais giram, característca jamais observada antes em um objeto
astronômico.

2010 (12 de janeiro) – O telescópio Wise descobre seu primeiro asteroide, batizado de
2010 AB78. O astro tem cerca de 1km de diâmetro e órbita elíptica. Segundo a NASA, apesar de se
aproximar do Sol tanto quanto a Terra, o asteroide não oferece risco, pois não há nenhuma
aproximação prevista para os próximos séculos.

2010 (15 de janeiro) – Ocorre o mais longo eclipse anular do Sol do terceiro milênio, com duração
de 11 minutos e 8 segundos. Evento semelhante só voltará a acontecer em 23 de dezembro de 3043.
O fenômeno tem início na República Centro-Africana, passando depois por Camarões, República
Democrática do Congo, Uganda e Quênia. A seguir, é visível no Oceano Índico (ponto de máxima
escuridão) e então se dirige para as Ilhas Maldivas, Índia e Sri Lanka. Os últimos países onde se
pode observar o eclipse são Bangladesh, Myanmar e China.
Eclipse anular é um eclipse parcial em que a Lua, por estar próxima do apogeu (ponto mais distante
da Terra), não consegue cobrir todo o disco solar (como acontece num eclipse total), deixando
visível um anel nas bordas desse disco.

2010 (1º de fevereiro) – Barack Obama apresenta a proposta de orçamento federal dos EUA para o
ano 2011, excluindo todos os fundos necessários ao programa Constellation. Isso implica o
cancelamento do programa e o estabelecimento de novas metas para a NASA. Conforme anúncio
feito posteriormente, a cápsula Orion é mantida, embora com modificações em relação à proposta
inicial.

2010 (3 de fevereiro) – A missão da sonda Cassini é prolongada mais uma vez, até 2017, tempo do
solstício de verão no hemisfério norte de Saturno. A previsão é de mais 155 órbitas em torno do
planeta, 54 sobrevoos de Titã e onze de Encélado. Posteriormente, uma aproximação maior com
Titã modificará de tal maneira a trajetória da sonda que ela será intencionalmente destruída na
atmosfera de Saturno.

2010 (8 a 22 de fevereiro) – Missão do ônibus espacial Endeavour (STS-130), que instala na ISS o
Tranquility, módulo europeu fabricado na Itália. O Tranquility conta com um mirante panorâmico
(denominado Cupola), constituído por uma cúpula com seis janelas laterais e uma superior, a qual
confere uma visão de 360° da ISS e permite avistar a Terra a qualquer momento.
Os tripulantes do Endeavour são George Zamka – comandante -, Terry Virts – piloto -, Nicholas
Patrick, Robert Behnken, Stephen Robinson e Kathryn Hire.

2010 (11 de fevereiro) – É lançado o Solar Dynamics Observatory (Observatório da Dinâmica


Solar), missão da NASA programada para observar O Sol, a partir de uma órbita geoestacionária,
por um período de, no mínimo, cinco anos e três meses (com possibilidade de extensão para dez
anos ou mais). O objetivo do SDO, que carrega três instrumentos, é entender a influência do Sol
sobre a Terra e espaço adjacente Por meio do estudo da atmosfera solar, em escalas reduzidas de
espaço e de tempo, e em vários comprimentos de onda simultaneamente. A sonda está programada
para investigar a origem e a estrutura do campo magnético solar, como a energia magnética é
convertida e liberada para a heliosfera e o geoespaço (vento solar) e as variações da radiação do
Sol.
O SDO é a primeira missão do programa Living With a Star (LWS) (Vivendo com uma Estrela),
gerenciado pela Divisão de Heliofísica da NASA, cujo propósito é estudar os aspectos do sistema
Sol-Terra que afetam diretamente a vida e a sociedade.

2010 (15 de fevereiro) – É divulgada a notícia de que, utilizando o Colisor Relativístico de Íons
Pesados (RHIC), um acelerador de partículas com 3,8km de comprimento e que está a 4m abaixo
do chão em Upton, pertencente ao Laboratório Nacional de Brookhaven, do
Departamento de Energia dos EUA, em Nova Iorque, cientistas criam a temperatura mais alta já
obtida em laboratório: 4 trilhões de graus Celsius (este recorde é batido em novembro de 2010).
Segundo os pesquisadores, essa temperatura é elevada o suficiente para desintegrar prótons e
nêutrons e transformá-los na matéria que existiu milionésimos de segundos depois do nascimento
do Universo. Esse estudo pode ter aplicações de ordem tecnológica, como, por exemplo, no campo
da "spintrônica", que tem por objetivo desenvolver peças de computador menores, mais rápidas e
mais potentes.

2010 (1º de março) – Durante uma conferência sobre ciência planetária realizada no Texas,
cientistas da NASA informam a descoberta, feita pelo Mini-Sar, radar estadunidense lançado a
bordo da sonda indiana Chandrayaan-1, de depósitos de gelo em mais de 40 crateras do polo norte
da Lua. Paul Spudis, do Instituto Lunar e Planetário de Houston, calcula em pelo menos 600
milhões de toneladas a quantidade de gelo existente nessas crateras.

2010 (2 de março) – Uma equipe de cientistas da NASA liderada por Richard Gross anuncia que o
terremoto de magnitude 8,8 ocorrido no Chile, no dia 27 de fevereiro, deslocou o eixo da Terra em
8cm e diminuiu em 1,26 milionésimo de segundo o período de rotação do planeta.

2010 (3 de março) – A Mars Express sobrevoa Fobos a 67km de distância. O objetivo principal é
fazer um mapa gravitacional do satélite e deduzir detalhes da sua estrutura interna, a fim de
investigar a hipótese, levantada em 2009, de que partes da lua marciana são ocas.

2010 (17 de março) – São publicadas as primeiras fotografias feitas pelo telescópio Planck,
mostrando concentrações de poeira até uma distância de 500 anos-luz do Sol.

2010 (30 de março) – Cientistas responsáveis pelo LHC anunciam ter obtido colisões de prótons
cuja energia gerada é de 7 trilhões de eletronvolts (TeV), valor três vezes superior ao máximo
obtido antes por qualquer acelerador de partículas.

2010 (5 a 20 de abril) – Missão do Discovery (STS-131), último voo dos ônibus espaciais com sete
astronautas a bordo. O objetivo é levar 8t de equipamentos e provisões à ISS, entre os quais estão
um congelador adicional para preservar amostras das
experiências realizadas em microgravidade, uma reserva de amoníaco para o
sistema de refrigeração da estação e um mecanismo de exercícios que
permite medir a força muscular.
A tripulação é formada por Alan Poindexter (1961-2012) - comandante -, James Dutton - piloto -,
Richard Mastracchio, Dorothy M. Metcalf-Lindenburger, Stephanie Wilson, Naoko Yamazaki e
Clayton Anderson.
É a missão mais longa do Discovery (15d2h47min11s) e, pela primeira vez, quatro mulheres se
encontram no espaço.

2010 (7 de abril) – uma equipe liderada por Emmanuel Lellouch publica na revista Astronomy &
Astrophysics os resultados da primeira análise de infravermelho da atmosfera de Tritão, realizada
por pesquisadores do Observatório Europeu do Sul (ESO). A atmosfera contém monóxido de
carbono e metano e varia sazonalmente, condensando quando aquecida.

2010 (13 de abril) – Durante o Royal Astronomical Society National Astronomy Meeting, realizado
na universidade de Glasgow, na Escócia, é anunciada a descoberta, feita por uma equipe
internacional de cientistas, de dois exoplanetas cujas órbitas se dão no sentido oposto ao da rotação
das estrelas de seus sistemas. Isso contraria a teoria vigente da formação planetária, segundo a qual
os planetas se originam em discos de gás e poeira que giram em torno de estrelas jovens.
Acreditava-se que os planetas formados nesse disco sempre orbitassem em planos idênticos,
girando na mesma direção da rotação da estrela, como acontece no Sistema Solar.

2010 (13 de abril) – O telescópio Swift detecta a sua 500ª erupção de raios gama.

2010 (15 de abril) – Durante uma visita ao Centro Espacial Kennedy, o presidente estadunidense
Barack Obama propõe novas metas para a NASA, depois do cancelamento do programa
Constellation, anunciado em fevereiro. Entre as propostas estão o desenvolvimento de uma cápsula
Orion menor do que a inicialmente projetada, a ser lançada por foguetes de companhias privadas à
ISS, e o desenvolvimento de um lançador pesado, destinado a missões tripuladas para além da
órbita terrestre, capaz de levar, a partir de 2025, seres humanos a um asteroide (antes de uma
missão a Marte). O asteroide a ser visitado ainda não está definido.

2010 (16 de abril) – Uma equipe de cientistas liderada por Suzanne Smrekar, do Laboratório de
Propulsão a Jato, na Califórnia, publica na revista Science um artigo sugerindo que pode haver
vulcões ativos em Vênus. Essa possibilidade é levantada por dados coletados pelo Virtis,
instrumento a bordo da Venus Express que analisa emissões térmicas, segundo os quais há fluxos
de lava jovem na superfície, cuja composição é diferente daquela do material do entorno, o que
pode ser sinal de atividade vulcânica.

2010 (29 de abril) – Dois estudos publicados na Nature, um deles com participação brasileira,
anunciam a detecção de evidências de água e de compostos orgânicos no asteroide 24 Themis,
descoberto (5 de abril de 1853) por Annibale de Gasparis
(1819-1892). Segundo os cientistas, toda a superfície do asteroide está coberta por uma fina camada
de gelo, e o material orgânico encontrado aparenta ser composto de cadeias extensas e complexas
de moléculas. De acordo com os pesquisadores, isso fortalece a teoria de que água e compostos
orgânicos originários de asteroides podem ter chegado à Terra há bilhões de anos, tendo
contribuído para o surgimento da vida no planeta.
Themis - Diâmetro: 198km; período orbital: 2.021 dias (5,54 anos); distância média do Sol: 468,1
milhões de km; rotação: 8h23min.

2010 (14 a 26 de maio) – Missão do ônibus espacial Atlantis (STS-132), cujo objetivo é instalar na
ISS um módulo científico russo, substituir as seis baterias que armazenam a eletricidade gerada
pelos painéis solares e transportar alimentos e equipamentos, entre os quais estão uma antena de
comunicação e peças para o braço robótico. No dia 18, o módulo russo Rassvet (Aurora ou
Amanhecer) é ligado ao topo do também módulo russo Zarya. No Rassvet há um ponto de
acoplamento para as naves Soyuz e Progress, encarregadas de todas as viagens à ISS depois da
retirada de circulação dos ônibus espaciais estadunidenses.
A tripulação do Atlantis é formada por Kenneth Ham - comandante -, Dominic "Tony" Antonelli -
piloto -, Garrett Reisman, Michael T. Good, Stephen G. Bowen e Piers Sellers.
No momento do pouso, esta é considerada a última missão do Atlantis. Posteriormente, porém, com
a extensão do programa dos ônibus espaciais até 2011, o Atlantis é reincorporado à frota, sendo-lhe
atribuído o último de todos os voos (STS-135).
2010 (20 de maio) – É lançada a sonda japonesa Akatsuki (Amanhecer), ou Planet C, ou ainda
Vênus Climate Orbiter (VCO), com destino a Vênus. Trata-se da primeira sonda enviada pelo
Japão a esse planeta e está programada para realizar um mapa tridimensional da atmosfera daquele
mundo (incluindo um estudo sobre a incidência de raios e outros fenômenos elétricos), além de
tentar confirmar a existência de vulcanismo na superfície venusiana. Os dados recolhidos pela
Akatsuki deverão complementar os obtidos pela Venus Express, numa missão prevista para durar,
no mínimo, dois anos.
O mesmo foguete lança ainda a sonda IKAROS (Interplanetary Kite-craft Accelerated by Radiation
Of the Sun), programada para sobrevoar Vênus e depois dirigir-se para uma órbita solar. É a
primeira nave espacial impulsionada por uma espécie de “vela solar”. Em forma de disco, Ikaros
está ligada a uma membrana com 196m2 de superfície, com textura mais fina que a de um fio de
cabelo e dotada de células capazes de gerar energia a partir da pressão exercida pela luz do Sol.
Esta tecnologia, que dispensa o uso de combustíveis químicos, poderá ser usada, caso seja bem-
sucedida, para prolongar a vida útil de satélites em órbita geoestacionária. Entre os objetivos da
missão está ainda o estudo de alguns componentes do meio interplanetário, como o vento solar e a
poeira cósmica.

2010 (20 de maio) – Imagens do Hubble mostram o exoplaneta Wasp-12b sendo consumido por
sua estrela. É a primeira vez que um evento desse tipo é observado de forma tão nítida.
Descoberto em 1º de abril de 2008, distante 871 anos-luz e situado na constelação do Cocheiro,
Wasp-12b dista, em média, 3,43 milhões de km da estrela Wasp-12, que orbita em 26,19 horas.
Devido a essa grande proximidade, as forças de maré da estrela deformam o planeta, dando-lhe o
formato de ovo, e arrancam grandes quantidades de matéria da atmosfera. Isso faz com que Wasp-
12b seja um dos exoplanetas mais quentes já encontrados, com temperaturas superficiais acima dos
2.200°C.

2010 (3 de junho) – Seis voluntários dão início à última fase do projeto Marte-500, da ESA,
durante os quais permanecem trancados numa cápsula por 520 dias (até 4 de novembro de 2011),
com o objetivo de simular uma viagem a Marte, nos mesmos moldes do que foi feito, durante 105
dias, de março a julho de 2009. A simulação compreende 250 dias para a viagem de ida, trinta dias
na superfície do planeta e 240 dias para o retorno. A rotina dos participantes inclui trabalhos de
manutenção, exercícios diários e problemas simulados, que poderiam ocorrer em uma viagem real a
Marte. A comida é enlatada (como a dos astronautas), a comunicação pela Internet com familiares
está sujeita a atrasos e quedas (aos quais também estarão sujeitos futuros tripulantes ao planeta
vermelho) e o banho só é permitido a cada dez dias.
Os integrantes da equipe de voluntários são os russos Alexei Sitev – comandante -, Sukhrob
Kamolov – médico - e Aleksandr Suvorov – pesquisador -, o francês Romain Charles – engenheiro
de bordo -, o ítalo-colombiano Diego Urbina – pesquisador científico – e o chinês Wang Yue –
pesquisador científico.

2010 (3 de junho) – Ocorre um impacto na superfície de Júpiter, sendo o astrônomo amador


australiano Anthony Wesley o primeiro a divulgá-lo. Pelas características do evento, cujo aumento
de brilho correspondente dura 2 segundos, estima-se que o objeto causador do impacto
(provavelmente um asteroide ou um cometa) tenha diâmetro entre 8 e 13m. Em 20 de agosto de
2010, outro impacto é observado. E mais um ainda em 10 de setembro de 2012.
Pensa-se que diversos eventos como estes ocorram em Júpiter todos os anos.

2010 (4 de junho) – É lançado, com sucesso, o Falcon 9, foguete desenvolvido pela empresa
privada Spacex com o apoio da NASA. Seguindo a polí´tica da Casa Branca de delegar à iniciativa
privada a tarefa de transportar astronautas à ISS, o Falcon 9 carrega um protótipo da cápsula
Dragon, de 3,6m de diâmetro, que tem capacidade para abrigar até quatro tripulantes e de levar
materiais e equipamentos até a estação espacial.

2010 (8 de junho) – Um estudo liderado pelo geólogo Tais W. Dahl, do Niels Bohr Institute,
pertencente à Universidade de Copenhague, e publicado na revista Earth and Planetary Science
Letters, afirma que a Terra e a Lua podem ter se formado mais tarde do que se acreditava, isto é, até
120 milhões de anos depois dos 4,537 bilhões de anos atualmente estimados. A datação é realizada
por meio da investigação do decaimento de háfnio 182 em tungstênio 182, substância que permite
determinar até que ponto se misturaram, no processo de colisão que formou nosso planeta e nosso
satélite, o ferro dos núcleos e o material rochoso das superfícies.

2010 (10 de junho) – Segundo informações da Science, uma pesquisa liderada por Sébastien
Charnoz, da Universidade Paris Diderot, na França, feita com base em medições da sonda Cassini,
indica que sete dos satélites de Saturno se formaram recentemente, nos últimos 10 milhões de anos.
Considerando que este processo de formação provavelmente continua ocorrendo, Saturno pode
ainda estar produzindo luas.
Outro estudo que corrobora essa hipótese é publicado em abril de 2014.

2010 (13 de junho) Um estudo feito por Gaetano Di Achille e Brian Hynek, da Universidade do
Colorado, e publicado na Nature Geoscience, sugere que Marte teve, há 3,5 bilhões de anos, um
ciclo hidrológico semelhante ao terrestre, com acumulação de água nas regiões subterrâneas,
formação de nuvens, chuva, rios e um oceano que cobria mais de um terço da superfície do planeta.
Segundo a pesquisa, este oceano tinha um volume de 124 milhões de km3 de água – menos de um
décimo dos oceanos terrestres, mas o suficiente para cobrir o planeta inteiro com uma camada de
água de 500m.

2010 (13 de junho) – A sonda japonesa Hayabusa, que em 2005 pousou no asteroide 25143
Itokawa, volta à Terra e, como estava previsto, desintegra-se na atmosfera (na qual entra a
44.000km/h), liberando uma cápsula que aterrissa no deserto australiano. A cápsula, do tamanho de
uma bola de basquete, é recuperada no dia seguinte, mas, devido a inúmeros problemas ao longo da
missão, não há certeza de que ela efetivamente contenha amostras provenientes do Itokawa. A
Hayabusa é a primeira sonda espacial que retorna à Terra depois de ter visitado um asteroide.

2010 (15 de junho) – É lançada a nave russa Soyuz TMA-19, centésimo voo tripulado à ISS, numa
missão de cinco meses. A tripulação é formada pelo russo Fyodor Yurchikhin - Comandante – e
pelos engenheiros de voo estadunidenses Douglas Wheelock e Shannon Walker. A acoplagem à
Estação Espacial ocorre no dia 18 de junho, e a aterrissagem, em 26 de novembro.

2010 (15 de junho) – É lançado o satélite francês Picard, programado para estudar a radiação solar,
determinar com precisão o diâmetro e a forma do Sol, estudar o interior da estrela por meio da
heliossismologia e investigar a influência solar no clima terrestre.
O nome é uma homenagem ao astrônomo francês Jean Picard (1620-1682), o primeiro a obter
medidas acuradas do diâmetro do Sol.

2010 (15 de junho) – Cientistas da missão Kepler divulgam dados preliminares de 156.000 estrelas
observadas por esse telescópio espacial. Das estrelas pesquisadas, 706 apresentam candidatos a
exoplanetas, com dimensões que variam desde similares à Terra até maiores que Júpiter.

2010 (23 de junho) – Um estudo liderado por Ignas Snellen, do observatório de Leiden, na
Holanda, e publicado na revista Nature, revela a descoberta de grandes tempestades no exoplaneta
HD 209458b (Osíris), com ventos cuja velocidade varia entre 5.000 e 10.000km/h. Temperaturas
superficiais acima de 1.000°C também contribuem para tornar extremamente rigoroso o clima deste
astro.

2010 (1º de julho) – Cientistas estadunidenses publicam no Astrophysical Journal Letters um


estudo segundo o qual o Sistema Solar teve origem na explosão de uma supernova, há 4,6 bilhões
de anos. De acordo com este modelo, a onda de choque liberada pela explosão deu início ao
colapso da nuvem molecular a partir da qual foram formados o Sol e os planetas que o rodeiam.
Nuvem molecular é um tipo de nuvem interestelar cuja densidade e o tamanho permitem a
formação de moléculas, sobretudo hidrogênio molecular (H2).). Isso as diferencia de outras regiões
do meio interestelar, que contêm predominantemente gás ionizado.
As nuvens moleculares dividem-se em gigantes e pequenas.
Nuvens moleculares gigantes têm diâmetros entre 15 e 600 anos-luz e massas entre mil e 10
milhões de vezes a do Sol. A densidade média é de cem a mil partículas por centímetro cúbico,
comparada com uma partícula por centímetro cúbico das regiões adjacentes. As partes mais densas
denominam-se núcleos moleculares e atingem densidades entre 10 mil e 1 milhão de partículas por
centímetro cúbico. Algumas são tão grandes que ocupam partes significativas das constelações,
sendo por isso referidas com os nomes das constelações onde estão. Por exemplo, Nuvem
Molecular de Órion, Nuvem Molecular de Touro.
As nuvens moleculares pequenas têm massas da ordem de algumas centenas de massas solares e
equivalem, aproximadamente, aos núcleos moleculares das nuvens moleculares gigantes.

2010 (10 de julho) – A sonda Rosetta sobrevoa, à distância mínima de 3.160km, o asteroide 21
Lutetia, descoberto (15 de novembro de 1852) pelo astrônomo alemão Hermann Goldschmidt
(1802-1866). São feitas 462 imagens que cobrem aproxmadamente 50% da superfície do astro,
sobretudo do hemisfério norte. As imagens revelam 350 crateras, com diâmetros entre 600m e
55km. Entre as crateras há escarpas e estrias, configurando uma superfície bastante irregular.
Trata-se do maior asteroide já visitado por uma nave espacial (recorde quebrado em julho de 2011,
com a chegada da Dawn a Vesta), e Lutetia é o nome de uma cidade do Império Romano localizada
onde hoje é Paris.
Diâmetro: 121 x 101 x 75km; período orbital: 1.387,902 dias (3,80 anos); distância média do Sol:
364.277.000km.

2010 (16 de julho) – A NASA informa a descoberta, feita graças a imagens do Hubble, de uma
cauda típica de cometas no exoplaneta HD 209458b (Osíris). A temperatura superficial é tão
elevada (mais de 1.000°C) que a atmosfera inteira é aquecida, o que faz com que até elementos
pesados (como carbono e silício) escapem, contribuindo para formar a cauda, juntamente com os
demais gases atmosféricos.
O HD 209458b está associado a diversos eventos importantes relacionados à pesquisa de planetas
extrassolares: primeiro exoplaneta a ser descoberto pelo método do trânsito planetário; primeiro
exoplaneta a ter uma atmosfera detectada; primeiro exoplaneta conhecido em cuja atmosfera há
hidrogênio, oxigênio e carbono; um dos dois primeiros exoplanetas observados
espectroscopicamente.

2010 (20 de julho) – Cientistas britânicos liderados por Paul Crowther, da Universidade de
Sheffield, anunciam a descoberta, feita graças a dados fornecidos pelo VLT e pelo Hubble, da
estrela de maior massa e maior luninosidade alguma vez observada. A estrela, batizada de RMC
136a1, pertence ao aglomerado estelar RMC 136a, localizado na Grande Nuvem de Magalhães
(constelação do Dourado), a 165.000 anos-luz da Terra. A massa equivale a 265 massas solares, e a
luminosidade é 8,7 milhões de vezes superior à do Sol.

2010 (26 de julho) – A NASA divulga o melhor e mais completo mapa de Marte já produzido,
elaborado a partir de 21.000 imagens obtidas pela câmera Themis da sonda Mars Odyssey. Uma
versão interativa do mapa é disponibilizada no site da agência espacial estadunidense, o que
permite ao público dar passeios virtuais pelo planeta vermelho.
Um mapa ainda mais completo é divulgado em julho de 2014.

2010 (19 de agosto) – A revista Science publica fotos da Lua tiradas pela Lunar Reconnaissance
Orbiter, as quais, segundo a NASA, comprovam que o diâmetro do nosso satélite diminuiu 100m
no último bilhão de anos. A explicação dada para esta redução de tamanho é o resfriamento interno
da Lua ao longo deste tempo.

2010 (24 de agosto) – Cientistas liderados por Christophe Lovis, da Universidade de Genebra,
anunciam a descoberta de pelo menos cinco planetas orbitando a estrela HD 10180, localizada a
127 anos-luz da Terra, na constelação de Hidra. Os planetas têm massas entre 12 e 25 vezes a
terrestre (comparáveis às de Urano e de Netuno), período orbital entre 6 e 600 dias terrestres e estão
a distâncias da estrela que variam entre 9 e 210 milhões de km.
Estudos posteriores confirmam um sexto planeta e apresentam evidência de mais um, o que faz do
sistema de HD 10180 o maior já encontrado, à exceção do solar, ultrapassando 55 Cancri (cinco
planetas), o mais complexo conhecido até então.
Um novo estudo sobre o sistema planetário de HD 10180 é apresentado em abril de 2012.

2010 (25 de agosto) – Um estudo liderado por Petr Pravec, do Instituto Astronômico da República
Checa, e publicado na revista Nature, afirma que asteroides, quando têm velocidades de rotação
bastante elevadas, podem dividir-se em dois corpos que orbitam um ao outro e, posteriormente,
transformar-se em corpos celestes independentes. Segundo a pesquisa, trata-se de um fenômeno
bastante frequente no cinturão de asteroides do Sistema Solar.

2010 (27 de agosto) – Uma equipe liderada por Jean-Louis Le Mouël, do Instituto de Geofísica de
Paris, publica no Geophysical Research Letters um estudo sugerindo que as manchas solares (cuja
frequência varia ao longo de um ciclo de aproximadamente onze anos) podem ser um dos fatores
responsáveis pela pequena flutuação (da ordem de milissegundos) observada na duração dos dias
terrestres. Os demais fatores seriam mudanças nos ventos e nas correntes dos oceanos.

2010 (10 de setembro) - O filósofo Daniel Graham e o astrônomo Eric Hintz, da Universidade
Brigham Young, nos EUA, afirmam no site da revista New Scientist que documentos gregos
assinalam a passagem, entre 4 de junho e 25 de agosto de 466 a.C., de um cometa brilhante, que
pode ter sido o Halley. O registro confirmado mais antigo da passagem deste cometa, feito pelos
chineses, é do ano 240 a.C.

2010 (29 de setembro) – Uma equipe liderada por Steven Vogt, da Universidade da Califórnia, em
Santa Cruz, anuncia a descoberta de Gliese 581g, exoplaneta potencialmente habitável, localizado a
20,3 anos-luz (192 trilhões de km) da Terra, na constelação de Libra. É o sexto planeta encontrado
em torno da anã vermelha Gliese 581, a qual orbita, à distância média de 22 milhões de km, em
36,6 dias. A massa, entre 3,1 e 4,3 vezes a terrestre, e o raio, entre 1,3 e 2 vezes o da Terra, indicam
composição rochosa. A gravidade estimada oscila de 1,1 a 1,7 vez a do nosso planeta, suficiente
para manter uma atmosfera. O planeta apresenta sempre a mesma face à estrela, o que acarreta uma
grande variação de temperatura entre a zona permanentemente iluminada e a zona sempre escura. A
média de temperatura calculada com base nos dados observados está entre -37 e -12°C, mas no
terminador (confluência entre a região iluminada e a região escura) é provável que haja
temperaturas semelhantes às terrestres. O conjunto das características deste planeta faz com que
seja grande a possibilidade de existência de água líquida na superfície, tornando-o candidato a
abrigar vida.
Este é o segundo planeta potencialmente habitável encontrado em torno de Gliese 581. O outro,
Gliese 581c, foi descoberto em abril de 2007.
Mais tarde, a existência de Gliese 581g (bem como a de Gliese 581f) é posta em dúvida por
Francesco Pepe, do Observatório de Genebra.
Em julho de 2014, é publicado um estudo afirmando que Gliese 581g não existe. Também não
existem, segundo esta pesquisa, os exoplanetas Gliese 581d e 581f (este último já descartado
anteriormente).

2010 (primeira semana de outubro) – O sistema de refrigeração de hidrogênio do telescópio Wise


se esgota, determinando o fim da missão principal. Até esta data, o WISE descobre cerca de 33.500
asteroides e cometas. Ademais, aproximadamente 154.000 objetos do Sistema Solar são
observados.
a NASA dá início, então, a uma missão estendida de quatro meses, denominada "Near-Earth Object
WISE" (NEOWISE), cujo foco é observar asteroides e cometas próximos da órbita da Terra
utilizando a capacidade de detecção pós-criogênica do telescópio qe ainda resta.

2010 (1º de outubro) – É lançada a sonda lunar chinesa Chang’e 2, cuja missão, com duração de
oito meses, tem como objetivo principal testar técnicas de alunissagem, a fim de permitir o pouso
na Lua da Chang’e 3. Além disso, a nave está programada para enviar à Terra imagens em alta
resolução da superfície do satélite.
A data escolhida para o lançamento é comemorativa ao 61º aniversário da revolução comunista
liderada por Mao Tse-Tung (1893-1976), que, em 1949, resultou na criação da República Popular
da China.

2010 (5 de outubro) – A Chang’e 2 é inserida com sucesso na órbita lunar, a uma distância variável
entre 16 e 100km. A colocação em órbita ocorre 112 horas após o lançamento, bem menos que os
12 dias gastos pela Chang’e 1.

2010 (5 de outubro) – A NASA aprova a missão MAVEN, Mars Atmosphere and Volatile
EvolutioN (Atmosfera de Marte e Evolução Volátil), com previsão de lançamento em 2013 e
entrada em órbita marciana em 2014. São quatro os objetivos principais: determinar o papel
desempenhado, ao longo do tempo, pela perda de materiais voláteis da atmosfera marciana;
determinar o estado atual da atmosfera superior, da ionosfera e da interação com o vento solar;
determinar a proporção atual de escapamento de gases neutros e de íons para o espaço e os
processos que os controlam; determinar a proporção de isótopos estáveis na atmosfera de Marte.

2010 (7 de outubro) – É lançada à ISS a Soyuz TMA-01M, primeira sonda da nova série de
espaçonaves tripuladas russas, desenhada para substituir a Soyuz TMA, em uso desde 2002. Entre
as modificações implementadas, merecem destaque as seguintes: 36 peças são redesenhadas; a
massa é reduzida em 70kg; o sistema operacional de controle analógico (Aragon), usado por mais
de trinta anos, é substituído por um sistema digital (TsVM-101); o consumo de energia torna-se
menor; na estrutura da nave e nos painéis de instrumentos, ligas de magnésio são substituídas por
ligas de alumínio, de fabricação mais simples e barata.
A tripulação da Soyuz TMA-01M é formada por Alexander Kaleri - Comandante -, Scott Kelly -
engenheiro de voo - e Oleg Skripochka - engenheiro de voo.
A aterrissagem ocorre em 16 de março de 2011.
2010 (22 de outubro) Uma equipe liderada pelo geólogo planetário Peter Schultz, da Universidade
Brown, nos EUA, publica na revista Science cinco artigos anunciando a descoberta, na Lua, de
água, gelo, mercúrio, monóxido de carbono, dióxido de carbono, amônia e metais prateados
(incluindo pequena quantidade de prata). Este achado deve-se ao impacto da LCROSS na cratera
Cabeus, ocorrido em outubro de 2009, que abriu na superfície do satélite um buraco com 25 a 30m
de diâmetro e fez levantar quase 2t de fragmentos diversos, poeira e vapor.

2010 (27 de outubro) – A China anuncia o início da construção da sua própria estação espacial,
ainda sem denominação definida. A conclusão está prevista para 2020, e o lançamento dos
primeiros módulos pode ocorrer antes de 2016. As informações são da agência oficial Xinhua.
Um módulo para testes, Tiangong-1, é lançado em setembro de 2011.

2010 (29 de outubro) – A revista Science publica os resultados do mais amplo censo planetário já
realizado, encomendado pela NASA à Universidade da Califórnia. Segundo o estudo, uma em
quatro estrelas similares ao Sol existentes na Via Láctea tem planetas de tamanho próximo ao da
Terra, o que situa o número destes planetas em vários bilhões.

2010 (3 e 16 de novembro) – A Messenger obtém 34 imagens posteriormente combinadas para


produzir um retrato do Sistema Solar, complementar àquele feito pela Voyager 1 em fevereiro de
1990. Aparecem seis planetas (ficam de fora Urano e Netuno), a Lua, os quatro satélites galileanos
de Júpiter e parte da Via Láctea.

2010 (4 de novembro) – A sonda Epoxi sobrevoa, à distância de 700km e à velocidade de


44.300km/h, o cometa Hartley 2 (oficialmente, 103P/Hartley), descoberto (15 de março de 1986)
pelo estadunidense Malcolm Hartley. O cometa havia atingido a maior proximidade da Terra
(18.000.000 de km) em 20 de outubro, e o periélio em 28 de outubro. A passagem da Epoxi revela
um astro mais ativo do que se esperava. O núcleo, em forma de amendoim, tem um comprimento
de 2,25km e período de rotação de 18h. A massa do cometa é estimada em 300 milhões de
toneladas.

2010 (7 de novembro) – O LHC começa a provocar a colisão de átomos pesados (chumbo), indo
além da tradicional colisão de prótons, e gera temperaturas de 10 trilhões de graus Celsius, um
recorde para experimentos científicos.

2010 (9 de novembro) – É divulgada a descoberta, feita a partir de dados coletados pelo Fermi, de
duas bolhas com limites bem definidos e emissoras de raios gama que se estendem por 25 mil anos-
luz para o norte e para o sul do centro da Via Láctea e reúnem uma energia equivalente a cem mil
explosões de supernovas. Não se conhece a natureza ou a origem das bolhas, mas imagina-se que
possam ser remanescentes de uma erupção de um buraco negro ou que são alimentadas por uma
sucessão de nascimentos e mortes de estrelas no interior da galáxia.

2010 (9 de novembro) – Astrônomos do Reino Unido anunciam a descoberta do primeiro sistema


planetário em torno de uma estrela binária já encontrado (sistema circumbinário). Dois gigantes
gasosos, um deles com massa equivalente a seis vezes a de Júpiter e período de translação de 15,7
anos, e o outro com 1,6 massa joviana e período orbital de 7,75 anos, orbitam NN Serpentis,
sistema distante 1.670 anos-luz e constituído por uma anã vermelha e uma anã branca que giram
em torno uma da outra em 3h7min.

2010 (16 de novembro) – Num comunicado de imprensa, a JAXA anuncia que, das
aproximadamente 1.500 partículas rochosas (todas submilimétricas) encontradas no interior da
cápsula liberada pela Hayabusa em junho, a maioria pertence ao asteroide 25143 Itokawa. Segundo
os cientistas, a composição desses materiais é mais semelhante à de meteoritos primitivos do que de
rochas encontradas na Terra.
Trata-se das primeiras amostras provenientes de um asteroide trazidas à Terra por uma nave
espacial.

2010 (17 de novembro) – Cientistas do LHC obtêm 38 átomos de anti-hidrogênio, que conseguem
preservar durante 172 milésimos de segundo.
Em maio de 2011, são obtidos resultados bastante superiores.

2010 (18 de novembro) - Pesquisadores do Instituto Max Planck de Astronomia liderados por
Johny Setiawan anunciam a descoberta do primeiro planeta conhecido com origem extragaláctica.
Denominado HIP 13044 b, o planeta está a 2.286 anos-luz da Terra e orbita uma estrela pouco
menos massiva que o Sol da constelação do Forno Químico (Fornax). Tem massa 25% superior à
de Júpiter e completa uma órbita em 16,2 dias, à distância média de 17,35 milhões de km. Os
pesquisadores acreditam que tanto o planeta quanto a estrela sejam originários da corrente Helmi,
grupo de estrelas que sobreviveu depois de sua minigaláxia ser absorvida pela Via Láctea, há 9
bilhões de anos.
A descoberta é realizada a partir de dados do espectrógrafo FEROS, localizado no Observatório La
Silla (Chile).

2010 (26 de novembro) – A NASA anuncia a detecção, pela Cassini, de uma atmosfera tênue (5
trilhões de vezes menos densa que a terrestre) em Reia, contendo oxigênio e dióxido de carbono.
Segundo os cientistas, esses elementos podem possibilitar reações químicas complexas na
superfície.

2010 (dezembro) – Tem início a tempestade mais longa já registrada em Saturno, com duração
superior a duzentos dias. Afeta uma área de 4 bilhões de km2 do hemisfério norte e, nos momentos
de maior intensidade, são detectados dez relâmpagos por segundo.
Imagens da tempestade são liberadas por cientistas da Cassini em 17 de novembro de 2011.

2010 (1º de dezembro) – Uma equipe liderada por Jacob Bean, do centro Harvard-Smithsonian de
Astrofísica, divulga os primeiros dados alguma vez obtidos acerca da atmosfera de uma
“superterra”, nome dado pelos astrônomos a exoplanetas com massas superiores à da Terra, mas
inferiores a dez massas terrestres. O GJ 1214 b, descoberto em 16 de dezembro de 2009 por David
Charbonneau e colegas, pode ser coberto por água (provavelmente em estado gasoso, devido à
proximidade entre o exoplaneta e a estrela em torno da qual gira) ou um exoplaneta rochoso em
cuja atmosfera predomina o hidrogênio, com nuvens altas ou neblina encobrindo o céu. Pelo
estudo, fica afastada apossibilidade de se tratar de um "miniNetuno", com um pequeno núcleo
rochoso e uma atmosfera profunda e rica em hidrogênio. Situado na constelação de Ofiúco e
distante 42 anos-luz, o GJ 1214 b é 2,6 vezes maior que a Terra e orbita a sua estrela, à distância
média de 2,14 milhões de km, em 38h. O ambiente não é propício à vida, uma vez que na atmosfera
são registradas temperaturas de 500°C.

2010 (2 de dezembro) - A NASA anuncia, numa coletiva de imprensa em Washington,


especialmente convocada, que uma bactéria denominada GFAJ-1, da família das halomonadáceas,
é capaz de sobreviver com arsênico no DNA, em lugar de fósforo. Até este anúncio, o fósforo era
considerado um dos seis elementos essenciais à vida, juntamente com Carbono, hidrogênio,
nitrogênio, oxigênio e enxofre. A pesquisa, coordenada por Felisa Wolfe-Simon, do Instituto de
Astrobiologia da Nasa e do Serviço Geológico dos EUA, e realizada com bactérias que vivem no
Lago Mono, na Califórnia, indica que devem ser revistos os paradigmas atualmente associados à
vida.
Contudo, este trabalho recebe, imediatamente, fortes críticas de grande parte da comunidade
científica e passa a ser questionado por diversos estudos a partir de janeiro de 2012.

2010 (2 de dezembro) – Um artigo publicado na Nature e escrito por Pieter van


Dokkum, da Universidade Yale, e Charlie Conroy, da Universidade Princeton, informa a
identificação de grande número de anãs vermelhas em oito galáxias elípticas massivas, distantes
entre 50 milhões e 300 milhões de anos-luz da Terra. Estrelas pequenas e de pouco brilho, as anãs
vermelhas só haviam sido identificadas, até agora, na Via Láctea e galáxias vizinhas. O estudo
sugere também que o número de anãs vermelhas em galáxias elípticas é até 20 vezes maior que na
Via Láctea, o que significa que no Universo existem muito mais estrelas do que se pensava
(segundo os cientistas, talvez até o triplo). Com isso, estima-se que existam no Universo de 10
sextilhões a 1 septilhão de estrelas.

2010 (7 de dezembro) – A Akatsuki não consegue entrar na órbita de Vênus. É a segunda tentativa
japonesa de lançar uma sonda a outro planeta, e o segundo fracasso (a Nozomi falhou em Marte).
Em dezembro de 2016 ou janeiro de 2017, a Akatsuki estará numa posição que permitirá nova
tentativa.

2010 (8 de dezembro) – A sonda Ikaros sobrevoa Vênus à distância aproximada de 80.800km,


completando com êxito a sua missão.

2010 (8 de dezembro) – A empresa Spacex lança, num voo de teste, a cápsula Dragon, destinada a
transportar cargas, e posteriormente também astronautas, à ISS. A cápsula completa duas órbitas e
realiza diversas manobras, pousando com sucesso no Oceano Pacífico.

2010 (9 de dezembro) – Cientistas britânicos anunciam que Wasp-12b é o exoplaneta com a mais
alta concentração de carbono já encontrada. Wasp-12b é um gigante gasoso muito quente
(2.200°C), mas os cientistas esperam encontrar em breve planetas menores e rochosos com altas
concentrações de carbono. Em teoria, planetas assim podem ter rochas formadas, não por silicatos,
predominantes nas terrestres, mas por compostos à base de carbono, como grafite e diamantes.

2010 (13 de dezembro) – Cientistas estadunidenses anunciam que a sonda Voyager 1, distante da
Terra 17,3 bilhões de km, chegou a um ponto onde a velocidade do vento solar é zero. Nessa
região, o vento solar já não se move mais para fora do Sistema Solar, e sim lateralmente, indicando
a proximidade da heliopausa, local que demarca a fronteira do Sistema Solar e onde as partículas
emanadas pelo Sol são definitivamente detidas pela matéria interestelar. Ultrapassada a heliopausa,
a Voyyager 1 estará fora do Sistema Solar.

2010 (14 de dezembro) É anunciada a descoberta de uma importante estrutura da superfície de Titã,
denominada Sotra Facula. Trata-se, provavelmente, de um criovulcão (vulcão gelado), que consiste
numa montanha cuja base mede 65km de diâmetro, com dois picos (um de 1.000m e outro de
1.500m) e diversas crateras com até 1.500m de profundidade. De acordo com Jeffrey Kargel, da
Universidade do Arizona, esta é “de longe, a melhor evidência de uma topografia vulcânica alguma
vez documentada num satélite gelado”.

2010 (17 de dezembro) – É divulgada uma versão preliminar do mais preciso mapa topográfico da
Lua já elaborado, feito com base no instrumento Lola, altímetro a laser a bordo da Lunar
Reconnaissance Orbiter. Este mapa baseia-se em 3 bilhões de pontos de informação da superfície
lunar coletados pelo Lola, e nele estão representados, pela primeira vez, aspectos topográficos do
interior de crateras situadas nos polos da Lua.

2010 (26 de dezembro) – O estudante de Astronomia polonês Michal Kusiak identifica o cometa de
número 2.000 descoberto pelo Solar and Heliospheric Observatory (SOHo), responsável pela
descoberta de mais da metade de todos os cometas conhecidos.

2010 (29 de dezembro) – O Brasil adere ao Observatório Europeu do Sul e se torna o primeiro (e
até agora único) país de fora da Europa a fazer parte da organização.
A adesão depende ainda da ratificação do Congresso Nacional.
A ESA é constituída neste momento por dezoito membros de direito: Alemanha, Áustria, Bélgica,
Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Grécia, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Noruega, Países
Baixos, Portugal, Reino Unido, República Tcheca, Suécia e Suíça.
Posteriormente, mais dois países se tornam membros plenos: Romênia (2011) e Polônia (2012).

2011 (2 de janeiro) – A canadense Kathryn Aurora Gray torna-se, aos 10 anos de idade, a pessoa
mais jovem a descobrir uma supernova. A descoberta, feita em coautoria com o pai, Paul Gray, e
com o compatriota David J. Lane, é registrada pela Sociedade Real de Astronomia do Canadá
(RASC, na sigla em inglês) e confirmada, no dia seguinte, pelo Harvard-Smithsonian Center for
Astrophysics, de Cambridge, Massachusetts. A supernova, batizada de SN 2010lt, localiza-se na
galáxia UGC 3378, na constelação da Girafa, a 240 milhões de anos-luz da Terra.

2011 (7 de janeiro) – Um estudo liderado por Renee Weber, da NASA, e publicado na Science,
indica que a Lua tem núcleo similar ao terrestre. Segundo a pesquisa, nosso satélite tem um núcleo
interior sólido, rico em ferro, com 277km de raio, rodeado por um núcleo exterior,
predominantemente composto de ferro líquido, com raio de 279km. Ademais, são encontrados
também traços de enxofre, o que concorda com estudos recentes sobre o núcleo terrestre, que
apontam a presença desse elemento químico, bem como de oxigênio, em volta do núcleo central
sólido.

2011 (10 de janeiro) – É confirmada a existência de Kepler-10b, o menor exoplaneta já descoberto


(recorde quebrado em dezembro de 2011), com raio equivalente a 1,4 raio terrestre, e o primeiro
indubitavelmente rochoso (densidade estimada de 8,8g/cm3). Situado na constelação do Dragão, a
564 anos-luz da Terra, o Kepler-10b orbita a sua estrela em 20h06min, à distância média de
2.520.000km. A temperatura superficial gira em torno de 1.900°C.
A descoberta desse exoplaneta é particularmente significativa, porque demonstra a capacidade do
Telescópio Kepler para encontrar planetas rochosos, e por conseguinte planetas parecidos com a
Terra.

2011 (11 de janeiro) – Numa conferência em Paris, são divulgados resultados obtidos pelo
telescópio Planck após três varreduras completas do céu. Segundo os cientistas, as descobertas
compreendem 15.000 novos objetos celestes, incluindo trinta grupos de galáxias.

2011 (1º de fevereiro) – A NASA anuncia que o NEOWISE descobriu muitos objetos no Sistema
Solar, inclusive 20 cometas. O telescópio Wise é posto em hibernação, havendo a possibilidade de
ele ser reativado algum dia.
Efetivamente, o Wise é reativado em setembro de 2013.

2011 (2 de fevereiro) – Cientistas do Kepler anunciam, em entrevista coletiva, os resultados da


análise dos dados obtidos pelo telescópio entre 2 de maio e 16 de setembro de 2009. São
encontrados 1.235 candidatos a planetas, que orbitam 997 estrelas. Embora sejam oficialmente
considerados candidatos, a probabilidade de serem efetivamente planetas é de pelo menos 90%.
Entre os planetas encontrados, há 68 aproximadamente do tamanho da Terra, 288 superterras, 662
com dimensões comparáveis às de Netuno, 165 com tamanhos semelhantes ao de Júpiter e 19 pelo
menos duas vezes maiores que Júpiter. Desses planetas, 54 estão dentro da zona de habitabilidade,
incluindo 5 com raios menores que 2 vezes o terrestre. Aproximadamente 74% deles têm
dimensões inferiores às de Netuno, o que indica ser considerável o número de planetas pequenos
orbitando outras estrelas.
Entre os sistemas planetários descobertos, destaca-se o de Kepler-11, uma estrela semelhante ao
Sol, pertencente à constelação do Cisne e distante aproximadamente 2.000 anos-luz, em torno da
qual giram ao menos seis planetas. É o sistema planetário mais compacto que se conhece: os cinco
planetas interiores orbitam Kepler-11 a uma distância menor do que a existente entre Mercúrio e o
Sol; o planeta exterior ficaria, no Sistema Solar, entre as órbitas de Mercúrio e de Vênus.

2011 (3 de fevereiro) – A revista Science publica um estudo, realizado graças a imagens da Mars
Reconnaissance Orbiter, analisadas por cientistas da Universidade de Tucson (Arizona), segundo o
qual as dunas do hemisfério norte de Marte apresentam movimentos bruscos e gradativos,
contrariamente ao que se acreditava. De acordo com os pesquisadores, o movimento estacional de
dióxido de carbono, que no inverno se congela e na primavera volta a estar em estado gasoso, junto
com rajadas de vento mais fortes do que se pensava, são os dois responsáveis pelo fenômeno. Os
movimentos das dunas chegam a causar avalanches, rampas e barrancos de areia.

2011 (4 de fevereiro) – o asteroide 2011 CQ1 passa a 5.480km da Terra, um recorde de


aproximação, segundo a NASA. Descoberto por Richard A. Kowalski, o objeto tem 1,2m de
diâmetro.

2011 (6 de fevereiro) – As duas sondas Stereo, lançadas em 2006, atingem posições exatamente
opostas uma à outra em relação ao Sol. Com isso, produzem as primeiras imagens (em 3D) da
atividade solar em termos globais, abrangendo todas as regiões da nossa estrela. As imagens
revelam “uma esfera de plasma quente entrelaçada de forma intrincada por campos magnéticos”,
nas palavras de Angelos Vourtidas, integrante do projeto Stereo. Com esses dados, é possível
melhorar a previsão do comportamento das atividades solares, informações muito importantes para
empresas aéreas, companhias de energia elétrica e operadores de satélites. Tempestades solares que
se encaminham para outros planetas também podem ser rastreadas, o que contribui para aumentar a
margem de segurança de missões a Mercúrio, Vênus, Marte e asteroides.

2011 (14 de fevereiro) Os seis voluntários do projeto Marte-500 simulam a primeira caminhada no
planeta vermelho. A simulação, que havia entrado na órbita marciana em 2 de fevereiro e realizado
o pouso no dia 12, chega ao primeiro passeio no planeta, feito pelo russo Alexander Smolevski e o
italiano Diego Urbina. O evento é transmitido por um telão colocado no Centro Russo de Controle
de Voos Espaciais (TSOUP), em um subúrbio de Moscou. Cientistas e jornalistas são convidados
para assistir.

2011 (15 de fevereiro) – A sonda Stardust-Next sobrevoa o cometa Tempel 1, à distância de


181km, e realiza 72 imagens da aproximação. Esta é a primeira vez que um cometa é visitado por
duas sondas espaciais (A Deep Impact lançou um impactador contra o cometa Tempel 1 em julho
de 2005). Os objetivos da missão Stardust-Next são fazer imagens da cratera deixada pela Deep
Impact e estudar as alterações sofridas pelo Tempel 1 desde 2005, incluindo uma passagem do astro
pelo periélio. Dessa vez é possível observar a cratera, que tem cerca de 150m de diâmetro.
2011 (19 de fevereiro) – Cientistas do projeto Kepler estimam que na Via Láctea há pelo menos 50
bilhões de planetas, 500 milhões deles na zona de habitabilidade. Segundo o chefe de ciências da
missão, William Borucki, os números são obtidos a partir dos levantamentos feitos pelo Kepler no
primeiro ano, numa pequena região do céu, e estendidos depois a toda a Galáxia.

2011 (24 de fevereiro a 9 de março) – Missão do Discovery (STS-133), cujo objetivo é levar
suprimentos, um módulo e um robô para a ISS.
Em 1º de março, o módulo Leonardo, originalmente módulo de logística multifuncional, utilizado
em diversas missões anteriores para transportar suprimentos e agora adaptado para se tornar um
componente definitivo da estação, é acoplado à parte inferior do Unity, primeiro segmento
estadunidense da ISS. Leonardo, cujo nome é uma homenagem ao italiano Leonardo da Vinci
(1452-1519), é um módulo destinado a servir de espaço pressurizado de armazenamento.
Um robô humanoide, chamado de Robonauta 2, passa a ser residente definitivo da estação. Está
programado para realizar diversas tarefas, inclusive serviços de limpeza.
A tripulação é formada por Steven Lindsey - Comandante -, Eric Boe - Piloto -, Benjamin Drew,
Michael Barratt, Stephen Bowen e Nicole Stott, todos astronautas veteranos.
Este é o último voo do Discovery, o mais utilizado dos cinco ônibus espaciais construídos pela
NASA. Com a reincorporação do Atlantis, é o primeiro da frota a se aposentar.
Tempo em atividade: 26 anos, seis meses e dez dias; número de missões: 39; tripulantes: 246;
tempo no espaço: 365d12h53min34s; órbitas terrestres: 5.830; distância percorrida:
238.539.663km; satélites lançados: 31 (incluindo o telescópio Hubble); acoplagens à Mir: 1;
acoplagens à ISS: 13.

2011 (11 de março) – O terremoto de magnitude 9,0 ocorrido nas proximidades de Sendai, no Japão
(15.883 mortos, 2.681 desaparecidos), move a ilha de Honshu 2,4m para leste, diminui o período de
rotação da Terra em 1,8 milionésimo de segundo (devido à redistribuição da massa do planeta) e
desloca o eixo terrestre entre 10cm e 25cm.

2011 (18 de março) – A Messenger torna-se a primeira sonda espacial a orbitar Mercúrio. O
período orbital é de 12 horas, e a distância ao planeta varia de 200km a 50.000km. Essa trajetória
eminentemente elíptica tem por objetivo evitar longas exposições às temperaturas elevadas de
Mercúrio. A missão da Messenger em órbita mercuriana tem duração prevista de um ano.

2011 (18 de março) – A New Horizons cruza a órbita de Urano, cinco anos e dois meses depois do
lançamento. Comparativamente, a viagem da Voyager 1 levou oito anos e quatro meses desde a
Terra até Urano.

2011 (24 de março) – Termina oficialmente a missão da Stardust, segunda sonda (depois da Giotto)
a visitar dois cometas (Wild 2 e Tempel 1).

2011 (28 de março) – É observado, pelo telescópio Swift, numa galáxia não identificada da
Constelação do Dragão, distante 3,8 bilhões de anos-luz da terra, um fenômeno luminoso de
grandes proporções, batizado de Sw1644-57, que a princípio é interpretado como uma erupção de
raios gama. Contudo, o fenômeno persiste por semanas (erupções de raios gama duram horas, no
máximo), o que leva à busca de outra explicação.
Em 16 de junho, Andrew Levan, da Universidade de Warwick, e colegas, publicam na Science a
hipótese de tratar-se da absorção de uma estrela do tamanho do Sol por um buraco negro 1 milhão
de vezes maior, durante a qual 10% da massa dessa estrela teria sido irradiada ao espaço, sobretudo
na forma de raios X e gama. O evento, cem vezes mais brilhante que qualquer erupção alguma vez
vista num centro galáctico, atinge uma intensidade sem precedentes na observação astronômica.

2011 (29 de março) – A NASA divulga a primeira imagem feita pela Messenger após entrar na
órbita de Mercúrio. A imagem, que mostra uma paisagem cinzenta, coberta por crateras, é uma das
364 fotografias tiradas pela espaçonave em seis horas de observação.

2011 (4 de abril) – Começa oficialmente a missão da Messenger na órbita de Mercúrio.

2011 (6 de abril) - O Centro Nacional de Pesquisas Científicas (CNRS) da França publica na edição
digital da Nature um estudo afirmando que o manto de Marte esfria entre 30 e 40°C a cada milênio,
bem menos que os 70 a 100°C verificados no manto terrestre no mesmo período. Os resultados são
obtidos com a reconstituição da evolução térmica do planeta vermelho nos últimos 4.000 anos, feita
pela análise da composição de rochas vulcânicas observadas pela Mars Odyssey. A causa apontada
para o esfriamento mais rápido do manto da Terra é a influência das placas tectônicas. Em Marte,
não se tem certeza acerca da existência ou não de placas tectônicas; contudo, se existirem, são
apenas duas, enquanto na Terra há sete principais e diversas secundárias e terciárias.

2011 (7 de abril) – Cientistas da Universidade do Arizona anunciam a descoberta de que há


evidências da presença de água líquida no cometa Wild 2. Eles encontram sulfito de ferro e de
cobre que, obrigatoriamente, se formaram na presença de água. A descoberta quebra o paradigma
de que os cometas nunca atingem temperaturas capazes de derreter a matéria congelada existente
neles.

2011 (18 de abril) – O site NewScientist informa que um estudo patrocinado pela NASA, e
realizado pelo Wyle Engineering Group, demonstra que os analgésicos perdem gradativamente
efeito no espaço. Isso pode representar um problema para astronautas em voos mais longos, como
uma possível viagem a Marte, por exemplo. O principal fator apontado para a degradação dos
medicamentos é o alto nível de radiação ionizante existente no espaço.

2011 (19 de abril) – É anunciada a descoberta, pelas sondas Stereo, de 122 binárias eclipsantes.
Além disso, as sondas Stereo também estudam centenas de estrelas variáveis, o que é possível
porque elas são capazes de observar as mesmas estrelas por períodos superiores a vinte dias.

2011 (24 de abril) – Uma equipe formada por 584 cientistas, pertencentes a 54 instituições de doze
países (inclusive o Brasil), publica na seção Letters da revista Nature um estudo descrevendo as
primeiras observações e medições de anti-hélio-4, a antimatéria mais pesada já produzida e
detectada em laboratório. O experimento, realizado no Colisor Relativístico de Íons Pesados
(RHIC, na sigla em inglês), localizado nos EUA, é importante, segundo os autores, para a
observação de antimatéria no Universo e para a compreensão de “aspectos essenciais da física
nuclear, da astrofísica e da cosmologia”.

2011 (2 de maio) – Cientistas do Cern anunciam ter conseguido obter 309 átomos de anti-
hidrogênio e preservá-los durante mil segundos.

2011 (3 de maio) – A sonda Dawn obtém as primeiras imagens de Vesta e dá início à fase de
aproximação ao asteroide, que aparece nas fotografias como uma luz brilhante, cercado de estrelas
ao fundo.

2011 (4 de maio) – A NASA anuncia que a Gravity Probe B, lançada em 2004, confirmou a teoria
da relatividade geral, de Einstein. Conforme previsto, os quatro giroscópios da sonda
experimentaram mudanças mensuráveis na trajetória do seu movimento à medida que eram atraídos
pela gravidade da Terra. Trata-se da prova de que há alteração da curvatura espaço-tempo em torno
de um objeto celeste sob a ação da força de gravidade.

2011 (11 de maio) - O Centro Nacional de Pesquisas Científicas (CNRS) da França divulga a
comprovação, em laboratório, de que campos eletromagnéticos afetam a velocidade da luz. No
vazio absoluto, a luz viaja à velocidade constante de 299.792,458km/s, e a variação detectada no
estudo é de um bilionésimo de metro por segundo. Embora ínfima, essa variação pode ajudar a
melhorar a compreensão de como se dá a propagação luminosa no Universo.

2011 (12 de maio) – Astrônomos liderados por Robin Wordworth e François Forget, do
Laboratório de Meteorologia Dinâmica (LMD) do Instituto Pierre Simon Laplace, de Paris,
publicam na revista científica The Astrophysical Journal Letters um estudo sugerindo a hipótese de
o exoplaneta Gliese 581d ser potencialmente habitável. Descoberto em 24 de abril de 2007, Gliese
581d, a 20,3 anos-luz da Terra e situado na constelação de Libra, tem massa equivalente a
aproximadamente 7 massas terrestres e orbita a sua estrela, à distância média de 32,7 milhões de
km, em 66,87 dias. Originalmente considerado frio demais para estar dentro da zona de
habitabilidade (recebe da anã vermelha Gliese 581 30% da energia que a Terra recebe do Sol), o
exoplaneta pode ter, entretanto, temperaturas superficiais que permitam a existência de água
líquida, caso possua uma atmosfera rica em dióxido de carbono, o que, de acordo com os autores do
estudo, é bastante possível.
Em julho de 2014, é publicado um estudo afirmando que Gliese 581d não existe. Também não
existem, segundo esta pesquisa, os exoplanetas Gliese 581g e 581f (este último já descartado
anteriormente).

2011 (16 de maio a 1º de junho) – Missão do Endeavour (STS-134), cujo objetivo é transportar um
módulo logístico com diversos componentes para a ISS e instalar um espectrômetro. A tripulação é
formada por Mark Kelly - comandante -, Gregory Johnson - piloto -, Michael Fincke, Greg
Chamitoff, Andrew Feustel e Roberto Vittori.
No dia 19, os astronautas conectam no lado direito da parte externa da ISS o "Alpha Magnetic
Spectrometer-02" (AMS-02), detector de partículas cujo objetivo é procurar por sinais de matéria
escura, antimatéria e outros fenômenos que não podem ser captados por telescópios comuns. O
instrumento, de 6.787kg, é dotado de um ímã poderoso que filtra a miríade de raios cósmicos de
alta energia que chega até ele e posteriormente os conduz por uma série de detectores capazes de
identificar cargas elétricas, níveis de energia e outras informações. Os dados, coletados 25.000
vezes por segundo, são processados por computadores de bordo e depois reenviados à Terra. O
AMS deve operar até o fim da vida útil da estação espacial (dez anos ou mais).
No dia 21, o papa Bento XVI (Joseph Aloisius Ratzinger, n. 1927) conversa por videoconferência,
durante 20 minutos, com os tripulantes da ISS. O evento é transmitido ao vivo pela TV, a partir da
Biblioteca do Vaticano.
Este é o último voo do ônibus espacial Endeavour.
Tempo em atividade: 19 anos e 25 dias; número de missões: 25; tripulantes: 148; tempo no espaço:
296d3h18min35s; órbitas terrestres: 4.671; distância percorrida: 197.761.262km; satélites lançados:
3; acoplagens à Mir: 1; acoplagens à ISS: 12.

2011 (18 de maio) – Uma equipe liderada por Takahiro Sumi, da Universidade de Osaka, publica
na Nature um estudo afirmando ter encontrado planetas que não parecem atraídos por uma estrela e
que flutuam solitários pelo espaço (algo como “planetas órfãos”). Dez planetas com massas
semelhantes à de Júpiter são encontrados numa varredura feita, ao longo de dois anos, na Via
Láctea, à procura de objetos com órbitas entre 10 e 500 unidades astronômicas (1,5 e 75 bilhões de
km) de uma estrela. Segundo os cientistas, pode haver milhões (até bilhões) de planetas como esses
na nossa galáxia. De acordo com a teoria da formação planetária, um planeta é formado a partir da
matéria de uma estrela e, obrigatoriamente, orbita em torno dela. O artigo levanta a hipótese de que
estes planetas distantes se libertaram da atração gravitacional estelar em uma fase muito precoce.
"Eles podem ter se formado em discos protoplanetários e, subsequentemente, se dispersado no
vazio ou em órbitas muito distantes", afirma Takahiro Sumi.

2011 (23 de maio) – O LHC consegue obter 100 milhões de colisões por segundo, um recorde para
qualquer acelerador de partículas.

2011 (25 de maio) – A NASA desiste de tentar manter contato com o Spirit e dá por encerrada a
missão (não há comunicação desde 22 de março de 2010). Contudo, o saldo é positivo: planejado
para uma missão de noventa dias, o Spirit permanece ativo por seis anos e dois meses (2.269 dias
terrestres desde o pouso até o último contato) e percorre 7.730,5m na superfície marciana.

2011 (25 de maio) – Durante o 218º encontro da Sociedade Americana de Astronomia (Boston,
EUA) astrônomos ligados a um projeto chamado 2MASS Redshift Survey divulgam o mais
completo mapa 3D do universo elaborado até o momento. O mapa representa mais de 43.000
galáxias, localizadas a até 380 milhões de anos-luz do Sistema Solar.

2011 (26 de maio) – A NASA anuncia a missão Osiris-Rex, primeira sonda estadunidense
programada para coletar material de um asteroide e trazê-lo de volta à Terra. Com lançamento
previsto para 2016, a nave deverá recolher, com um braço robótico, em 2020, partículas do
asteroide 1999 RQ36, que chegarão à Terra em 2023.
Com diâmetro de aproximadamente 560m, o 1999 RQ36 orbita o Sol, em 436,604 dias (1,20 ano),
à distância média de 168.450.000km.

2011 (1º de junho) – É confirmada a descoberta de mais duas luas de Júpiter, passando para 65 o
número de satélites naturais conhecidos daquele planeta. Observados pela primeira vez em 2010, os
astros têm nomes provisórios.
S/2010 J 1 – Diâmetro: 2km; período orbital: 724,34 dias (1,98 ano); distância média do planeta:
23.314.335km.
S/2010 J 2 – Diâmetro: 1km; período orbital: 588,82 dias (1,61 ano); distância média do planeta:
20.307.150km.

2011 (8 de junho) – Entra em operação o VLT Survey Telescope (VST), localizado no


Observatório Paranal. Maior telescópio do mundo para observar o céu exclusivamente em luz
visível, o VST é um instrumento de rastreio de campo largo, com um campo de visão duas vezes
maior que a Lua Cheia.

2011 (8 de junho) – A Chang’e 2 completa sua missão lunar e parte para o ponto de Lagrange L2, a
1,5 milhão de km da Terra, a fim de testar a rede chinesa de controle e monitoramento de voos.
Após 78 dias de viagem, a sonda atinge o objetivo proposto em 25 de agosto, fazendo da Agência
Espacial Chinesa a terceira (depois da NASA e da eSA) a colocar um artefato numa órbita
lagrangeana. Ademais, é a primeira vez que uma sonda atinge este ponto partindo da Lua, e a
Chang’e 2 se torna a espaçonave da China que mais se afasta da Terra.
Os primeiros dados depois da insersão na nova órbita são transmitidos em setembro.

2011 (10 de junho) – Cientistas estudando dados enviados pelas sondas Voyager notam gigantescas
bolhas magnéticas localizadas na heliosfera, região que marca a fronteira entre o Sistema Solar e o
espaço interestelar. Os cientistas acreditam que as bolhas se formam quando o campo magnético do
Sol sofre deformação nos limites do Sistema Solar.

2011 (18 de junho) – Três meses depois da inserção da Messenger na órbita de Mercúrio, milhares
de imagens enviadas pela sonda, as mais precisas do planeta feitas até o momento, começam a ser
examinadas. Análises químicas preliminares revelam uma quantidade considerável de enxofre no
solo, o que indica atividade vulcânica importante ao longo da evolução de Mercúrio. As
descobertas também incluem evidências de um campo magnético e rajadas regulares de elétrons
jorrando através da magnetosfera. "É quase um planeta novo, nós nunca tivemos este tipo de dado
antes", afirma o pesquisador-chefe Sean Solomon, do Instituto Carnegie, de Washington.

2011 (21 de junho) – A NASA apresenta a imagem mais completa e precisa da Lua já elaborada até
o momento, obtida graças aos 192 terabytes de dados coletados pela Lunar Reconnaissance Orbiter
(isso equivale à capacidade de 41.000 DVDs). Para confeccionar a imagem, são utilizadas as 4
bilhões de medições feitas pelo Lola (altímetro laser), cem vezes mais que a soma das medições de
todos os artefatos já enviados pela NASA ao satélite. São utilizadas também as fotografias com
detalhes nunca antes vistos de 5,7 milhões de km2 da superfície lunar transmitidas pela câmera
LROC.

2011 (27 de junho) – O asteroide 2011 MD, descoberto em 22 de junho pelo Linear, passa a
12.000km da Terra. O objeto, com diâmetro entre 10m e 45m, orbita o Sol em 396d9h e não
representa ameaça alguma ao nosso planeta.

2011 (4 de julho) – O telescópio Hubble atinge a marca de 1 milhão de observações espaciais. A


milionésima observação é do planeta HAT-P-7b, um gigante gasoso (maior que Júpiter) que orbita
uma estrela mais quente que o Sol, à distância de 5.640.000km, em 2,205 dias. Descoberto em 6 de
março de 2008, o planeta também é conhecido como Kepler 2b e está a 1.044 anos-luz da Terra, na
constelação do Cisne.

2011 (8 de julho) – Um estudo publicado na Science por Mikako Matsura, do


University College London, afirma que supernovas são grandes geradoras de poeira, material
presente em altas quantidades na composição dos planetas rochosos. Dados do telescópio Herschel
apontam que a explosão da SN1987A gerou poeira suficiente para formar 200.000 planetas do
tamanho da Terra. especula-se que a poeira se forma a partir da condensação dos detritos gasosos
que se expandem desde a explosão e então se esfriam.

2011 (8 a 21 de julho) – Missão do Atlantis (STS-135), cujo objetivo é transportar 4.318kg de


equipamentos e provisões à ISS, incluindo 1,1t de comida, suficiente para um ano. A tripulação é
formada por Christopher Ferguson - comandante -, Douglas Hurley - piloto -, Sandra Magnus e
Rex Walheim.
Este é o último voo do Atlantis.
Estatísticas – Período em atividade: 25 anos, nove meses e dezoito dias; número de missões: 33;
tripulantes: 191; tempo no espaço: 306d14h12min43s; órbitas terrestres: 4.848; distância
percorrida: 202.673.974km; satélites lançados: 14; acoplagens à Mir: 7; acoplagens à ISS: 12.
Com esta missão, encerra-se o programa dos ônibus espaciais dos EUA. Até que veículos
substitutos estejam disponíveis, os astronautas estadunidenses passam a depender das naves russas
Soyuz, ou da iniciativa privada, para ir ao espaço.
Estatísticas gerais dos ônibus espaciais – Período em atividade: trinta anos, três meses e nove dias
(11.057 dias); número de missões: 135 (Discovery, 39; Atlantis, 33; Columbia, 28; Endeavour, 25;
Challenger, 10); tripulantes: 805; tempo no espaço: 1331d8h1min36s (3,645 anos); órbitas
terrestres: 21.152; distância percorrida: 881.991.209km (2.294 vezes a distância Terra-Lua);
satélites lançados: 66; acoplagens à Mir: 9; acoplagens à ISS: 37.

2011 (12 de julho) – Netuno completa a primeira órbita em torno do Sol desde que foi descoberto,
em 23 de setembro de 1846.

2011 (16 de julho) – Após uma viagem de 2,8 bilhões de km, a sonda Dawn é inserida na órbita de
Vesta, à distância média de 10.500km, para uma missão de um ano.

2011 (18 de julho) – É lançado o radiotelescópio russo RadioAstron (ou Spektr R), posicionado
numa órbita fortemente elíptica, com perigeu de 10.000km e apogeu de 390.000km. O principal
objetivo da missão é estudar corpos celestes com ângulos de resolução muito pequenos, da ordem
de alguns milionésimos de arcossegundo. Dotado de um refletor com 10m de diâmetro, o
radioastron será capaz de trabalhar em conjunto com radiotelescópios terrestres, por meio da
interferometria. Com isso, espera-se imagens com resolução mil vezes superior àquela
proporcionada pelo Hubble. Os principais alvos de observação do Spektr R são buracos negros,
estrelas de nêutrons na Via Láctea, quasares e pulsares. A missão tem duração prevista de, no
mínimo, cinco anos.

2011 (20 de julho) É anunciada a descoberta do quarto satélite conhecido de Plutão,


provisoriamente denominado S/2011 P 1 (ou P4). A identificação é feita a partir de imagens obtidas
em 28 de junho pelo telescópio Hubble.
Diâmetro estimado: de 13 a 34km; período orbital: 32,1 dias; distância média do planeta:
59.000km.
Em julho de 2013, a UAI dá a este satélite o nome de Kerberos.

2011 (21 de julho) – A ESA divulga quatro imagens de Andrômeda com detalhes nunca vistos
antes, feitas pelo Hubble. As imagens mostram até mesmo estrelas individuais.

2011 (22 de julho) – Astrônomos liderados por Ofer Cohen (Centro de Astrofísica Harvard-
Smithsonian) publicam no Astrophysical Journal um trabalho em que afirmam que em alguns
exoplanetas as auroras polares são até mil vezes mais intensas do que na Terra. Isso vale
especialmente para astros do tipo a que os astrônomos se referem como “Júpiter quente”. Trata-se
de planetas com características semelhantes às de Júpiter, mas com temperaturas superficiais
elevadas, com órbitas muito próximas a suas estrelas (distâncias iguais ou inferiores a 75 milhões
de km). As auroras ocorrem quando partículas energéticas das estrelas se chocam com os campos
magnéticos dos planetas. Na Terra, o fenômeno é visível apenas dos pólos (aurora boreal e aurora
austral), mas os planetas do tipo Júpiter quente estão tão perto de suas estrelas que a intensidade das
partículas energéticas torna a aurora visível também a partir do equador (aurora equatorial).

2011 (22 de julho) – É anunciada a descoberta do maior reservatório de água já encontrado no


universo, feita por astrônomos do Instituto Tecnológico da Califórnia (Caltech). A água encontrada
equivale a 140 trilhões de vezes a água existente em todos os oceanos da Terra (ou seja, 180
octilhões de toneladas) e está em torno do quasar APM 08279+5255, distante 12 bilhões de anos-
luz, na constelação do Lince.

2011 (26 de julho) – Cientistas da ESA anunciam ter encontrado, graças a dados do telescópio
Herschel, a explicação para a presença de água na alta atmosfera de Saturno, registrada pela
primeira vez em 1997. De acordo com os pesquisadores, a água provém de Encélado, cujos gêiseres
localizados nas proximidades do seu polo sul expulsam cerca de 250kg de vapor d’água por
segundo. Conforme as primeiras análises, de 3% a 5% dessa água chega a Saturno. Isso faz de
Encélado o primeiro satélite conhecido a exercer influência sobre a composição química do planeta
em torno do qual gira.

2011 (28 de julho) – É publicada na Nature a descoberta do primeiro asteroide troiano da Terra.
Denominado 2010 TK7 e fotografado pelo WISE em outubro de 2010, o astro tem
aproximadamente 300m de diâmetro e atualmente está 60 graus à frente da Terra em sua órbita
solar.
Os asteroides troianos antecedem ou seguem um planeta ou satélite, localizando-se em pontos
estáveis de suas órbitas, previstos no século XVIII por Joseph Lagrange.

2011 (28 de julho) – O derretimento do gelo dos polos terrestres aumenta a quantidade de massa no
equador e provoca uma ligeira diminuição do achatamento polar da Terra, de acordo com um
estudo publicado por cientistas da Universidade do Colorado no Geophysical Research Letters. Os
pesquisadores estimam que Antártida e Groenlândia perdem 382 bilhões de toneladas de gelo por
ano, o que causa uma redistribuição da massa terrestre e a modificação do campo gravitacional do
planeta, que fica levemente mais esférico (71 centímetros por década). Os dados para a pesquisa
são fornecidos pelas sondas GRACE. O estudo diz ainda que a massa da Terra vai se readequar
com o tempo.

2011 (1º de agosto) – A ESA informa que o telescópio Herschel encontrou fortes evidências da
presença de moléculas de oxigênio (O2) na nebulosa de Órion.

2011 (1º de agosto) – A NASA divulga as primeiras imagens da superfície de Vesta, feitas pela
Dawn. A crosta é bastante diversificada, com canais na zona equatorial, pontos luminosos, poços
escuros e crateras repletas de listras brancas e pretas (o hemisfério norte tem muito mais crateras
que o hemisfério sul). Segundo cientistas da agência espacial, isso revela um interior
geologicamente ativo.

2011 (4 de agosto) – A NASA anuncia novas evidências de água líquida em Marte. De acordo com
a agência, dados da Mars Reconnaissance Orbiter mostram o que pode ser água salgada escorrendo
por encostas voltadas para o hemisfério sul marciano. Essa substância é visível durante a primavera
e o verão de Marte, desaparecendo no inverno.

2011 (5 de agosto) – É lançada a sonda estadunidense Juno, com destino a Júpiter. Os objetivos são
estudar a composição, o campo gravitacional, o campo magnético e a magnetosfera polar do
planeta, bem como tentar determinar como Júpiter se formou, se tem um núcleo sólido, a
quantidade de água na atmosfera profunda e como a massa é distribuída pelo astro. Juno (3.625kg)
também está programada para estudar os ventos jovianos, que podem chegar a 600km/h.
Com chegada prevista para julho de 2016, a sonda será inserida numa órbita polar, a uma distância
mínima de 4.330km das nuvens superiores do planeta, em torno do qual deverá dar 33 voltas antes
de mergulhar intencionalmente na atmosfera (outubro de 2017).
A nave carrega uma placa em homenagem a Galileu Galilei (1564-1642), descobridor das quatro
primeiras luas jovianas conhecidas.
Juno é o nome latino de Hera, esposa de Zeus (Júpiter).

2011 (8 de agosto) – A NASA afirma ter encontrado provas de que meteoritos podem conter
estruturas de DNA geradas no espaço. Os resultados são obtidos por meio da análise de doze
meteoritos achados na Antártida e na Austrália. Essa descoberta significa que o ambiente interno de
alguns astros é capaz de abrigar moléculas biológicas essenciais.
2011 (23 de agosto) – A NASA divulga a descoberta, feita pelo Wise, da estrela mais fria já
encontrada. Batizada de WISE 1828+2650, ela tem temperatura superficial inicialmente estimada
em 25°C (inferior à do corpo humano), posteriormente corrigida para valores entre 250 e 400°C, e
é uma anã Y (as mais frias da família das anãs marrons). Até o momento, o Wise já descobriu cem
anãs marrons, das quais seis são da classe Y. Novas descobertas são esperadas, uma vez que a
imensa quantidade de dados transmitida pelo telescópio ainda está sendo analisada.
Outra anã Y, a WISE 1541-2250, a princípio tem a distância da Terra avaliada em 9 anos-luz, o que
faria dela a sétima estrela mais próxima conhecida da Terra. Contudo, em 2013 o cálculo da
distância é revisado para 44 anos-luz.
Uma anã marrom ainda mais fria (temperaturas negativas) é anunciada no final de abril de 2014.

2011 (24 de agosto) – O cargueiro russo Progress M-12M, que levava 3t de suprimentos para a ISS,
não consegue entrar em órbita e cai. O aciddente coloca em risco o futuro imediato das missões
tripuladas à ISS, já que, desde a aposentadoria dos ônibus espaciais estadunidenses, o único meio
de transporte tripulado para a estação são as naves Soyuz, veículos similares aos cargueiros
Progress, porém com espaço para astronautas.

2011 (24 de agosto) – Cientistas liderados por Peter Nugent, do laboratório


Lawrence Berkeley, nos EUA, descobrem uma supernova onze horas após a explosão. O evento,
denominado SN 2011fe, ocorre na galáxia M101, na constelação da Ursa Maior, a 21 milhões de
anos-luz da Terra. Em 13 de setembro, a supernova atinge o brilho máximo, com magnitude
absoluta de -19, equivalente a 3,3 bilhões de sóis.
Essa detecção rápida, um recorde até o momento, proporciona uma oportunidade sem precedentes
de acompanhar a evolução de uma supernova quase a partir do início do fenômeno.

2011 (25 de agosto) – Um estudo liderado por Matthew Bailes, da Universidade de Tecnologia
Swinburne, em Melbourne (Austrália), anuncia a descoberta do planeta mais denso já encontrado
(ao menos 23g/cm3), composto sobretudo por carbono (também há oxigênio e outros elementos
pesados). Com diâmetro de 55.000km, o PSR J1719-1438 b está localizado na constelação da
Serpente, a aproximadamente 3.900 anos-luz da Terra, e orbita um pulsar, a cada 2h10min, à
distância média de 600.000km (a órbita é tão estreita que caberia dentro do Sol). A densidade do
astro sugere a presença significativa de carbono cristalino, o que faz com que seja informalmente
chamado de “planeta de diamante”.

2011 (26 de agosto) – São publicados na Science seis artigos com estudos preliminares do material
coletado na superfície do asteroide Itokawa pela sonda Hayabusa. A composição é semelhante à
dos meteoritos condritos metálicos. Segundo os pesquisadores, o Itokawa provavelmente é parte de
um asteroide maior que se fragmentou há milhões de anos. A superfície apresenta-se desgastada
por impactos com meteoroides e, possivelmente, outros asteroides.

2011 (1º de setembro) – Uma equipe liderada por Elisabetta Caffau, da Universidade de Heidelberg
(Alemanha), publica na Nature a descoberta de uma estrela composta quase inteiramente por
hidrogênio e hélio, com quantidades minúsculas de outros elementos químicos. Chamada SDSS
J102915+172927, essa estrela dista 4.000 anos-luz da Terra, localiza-se na constelação de Leão,
tem massa inferior à do Sol e provavelmente tem mais de 13 bilhões de anos de idade. Um astro
com tais características contraria a teoria de formação estelar mais aceita, segundo a qual estrelas
com pequena massa e baixa densidade de metais não deveriam existir.
Em astronomia, metais são todos os elementos químicos mais pesados que o hidrogênio e o hélio
(que constituem a maioria absoluta da massa das estrelas). Daí deriva o conceito de metalicidade
estelar, usado astronomicamente para fazer referência à quantidade de elementos químicos que não
sejam hidrogênio e hélio presentes numa estrela.

2011 (1º de setembro) – O Conselho de Pesquisa Nacional dos EUA divulga um relatório de 182
páginas indicando que o lixo espacial que orbita a Terra chegou a um nível crítico para colisões,
pondo em risco astronautas e satélites. Conforme a pesquisa, a quantidade de detritos em órbita
saltou de 9.949 objetos catalogados em dezembro de 2006 para 16.094 em julho de 2011.

2011 (6 de setembro) – A NASA apresenta uma série de imagens dos locais de pouso de missões
Apollo, feitas pela Lunar Reconnaissance Orbiter. Nas imagens, é possível ver tanto os locais de
alunissagem das missões Apollo 12, 14 e 17 quanto pegadas deixadas no satélite pelos astronautas.

2011 (10 de setembro) – É lançada a missão estadunidense GRAIL (Gravity Recovery and Interior
Laboratory), cujjo objetivo é elaborar o mais completo mapa gravitacional da Lua já produzido, a
fim de determinar a estrutura interior do satélite. A missão é composta de duas sondas (cada uma
pesa 132,6kg), programadas para orbitar a Lua a uma distância variável entre 175 e 225km uma da
outra e realizar imagens em raios X. Segundo os cientistas, compreender a composição e a estrutura
do núcleo lunar ajudará a desvendar a evolução não apenas do nosso satélite, mas também de
outros astros rochosos.

2011 (12 de setembro) – Astrônomos liderados por Michel Mayor, da Universidade de Genebra,
anunciam a descoberta de mais de 50 exoplanetas, feita com o espectrógrafo HARPS, situado em
La Silla, no Chile. O HARPS é o segundo descobridor de exoplanetas mais bem-sucedido do
mundo, depois do Kepler, tendo permitido a identificação, até o momento, de mais de 150 desses
astros. Segundo os cientistas, as pesquisas do HARPS permitem deduzir que cerca de 40% das
estrelas semelhantes ao Sol possuem em órbita pelo menos um planeta de massa menor que
Saturno. Ademais, a maioria dos exoplanetas com massas da ordem de Netuno ou menores parecem
estar em sistemas que apresentam planetas múltiplos.
Dos exoplanetas ora anunciados, dezesseis são superterras e um está dentro da zona de
habitabilidade. Este, denominado HD 85512 b, pertence à constelação da Vela e dista da Terra 36
anos-luz. Com massa de aproximadamente 3,6 massas terrestres e gravidade 1,4 vez a da Terra, o
exoplaneta orbita a sua estrela, à distância média de 38,9 milhões de km, em 54,43 dias. De acordo
com as primeiras pesquisas, a temperatura nas camadas superiores da atmosfera é de 25°C, o que
faz dele um dos principais candidatos a abrigar vida já encontrados.

2011 (14 de setembro) – A NASA divulga o desenho de um novo foguete capaz de lançar voos
espaciais tripulados para além da órbita terrestre baixa e, finalmente, até Marte. O "Sistema de
Lançamento Espacial" (ou SLS - Space Launch System –, na sigla em inglês), com teste inicial
previsto para 2017, será, de acordo com a NASA, o foguete mais potente desde o Saturno V, que
levou os astronautas estadunidenses à Lua, e poderá transportar tripulações humanas numa cápsula
denominada “Orion Multi-Purpose Crew Vehicle”.

2011 (15 de setembro) – Uma equipe liderada por Laurance Doyle, do Instituto Seti, da Califórnia,
anuncia a descoberta de Kepler-16b, o primeiro planeta circumbinário identificado pela missão
Kepler. Planetas circumbinários são aqueles que orbitam duas estrelas, como o imaginário Tattoine,
da série de filmes “Guerra nas Estrelas” (“Star Wars”.
Localizado na constelação do Cisne e distante aproximadamente 200 anos-luz, Kepler-16b
completa uma translação em 228,78 dias, à distância média de 105,43 milhões de km, tem massa
similar à de Saturno e temperatura superficial entre -100 e -70°C. As estrelas do sistema binário
Kepler-16, ambas menores que o Sol (massas de 69% e 20% da solar), giram uma ao redor da outra
em 41 dias.

2011 (23 de setembro) – Cientistas do experimento internacional “Opera” (Oscillation Project with
Emulsion-Racking Apparatus) divulgam os resultados de medições segundo as quais neutrinos
podem viajar a velocidades superiores à da luz. O experimento consiste no envio de neutrinos desde
as instalações do CERN, em Genebra, até o laboratório italiano de Gran Sasso, a 733km de
distância. De acordo com os cientistas, neutrinos fizeram esse percurso 60 nanossegundos
(bilionésimos de segundo) mais rápido do que feixes luminosos, o que resulta numa velocidade
6km superior à da luz.
Se os resultados estiverem corretos, seránecessária uma revisão da teoria da relatividade, pois a
física atual considera a velocidade da luz como limite, acima da qual nada pode viajar. O anúncio
provoca polêmica, e os próprios pesquisadores do “Opera” solicitam ajuda científica externa, a fim
de verificar a exatidão das medições.
Em 2012, os resultados desse experimento passam a ser considerados equivocados.

2011 (24 de setembro) – O satélite UARS (Upper Atmosphere Research Satellite), de 5,9t, cai no
Oceano Pacífico, a oeste do Canadá. Lançado em setembro de 1991 pelo Discovery (STS-48) e
desativado em 2005, o satélite fragmenta-se em 26 pedaços (o maior deles com 158,3kg) ao
reentrar na atmosfera. A queda tem ampla cobertura da mídia e reabre a discussão sobre os perigos
do lixo espacial em órbita terrestre.

2011 (29 de setembro) – É lançado o Tiangong-1 (Palácio Celeste), módulo orbital desenhado para
servir de laboratório espacial e permitir experimentos visando à construção da estação espacial da
China, com conclusão prevista para 2020. O principal objetivo deste módulo é testar, durante os
dois anos em que deve permanecer em órbita, o acoplamento com três naves, sendo a primeira
delas a não tripulada Shenzhou 8. Se o acoplamento for bem-sucedido, duas missões tripuladas
estão previstas.
O Tiangong-1 tem massa de 8,5t, diâmetro de 3,35m, comprimento de 10,4m e espaço pressurizado
de 15m3. Estruturalmente, divide-se em duas seções principais: um módulo de recursos, onde estão
os painéis solares e o sistema de propulsão, e um módulo experimental habitável. Este último está
equipado com aparelhos para exercícios e duas estações para dormir.

2011 (29 de setembro) – A NASA divulga os resultados de um censo de asteroides próximos da


Terra (órbitas até 195 milhões de km do Sol), realizado a partir de dados obtidos pelo Wise. O
número desses astros é menor do que o estimado. Há 911 asteroides acima de 1.000m catalogados,
contra 981 previstos. Nenhum deles cairá na Terra nos próximos séculos, conforme os especialistas.
No que se refere a asteroides entre 100m e 1.000m, há 19.000 catalogados, bem menos que os
35.000 previstos, embora a NASA espere encontrar outros 15.000 nos dados ainda sob análise.

2011 (3 de outubro) - O telescópio ALMA (Atacama Large Millimeter/submillimeter Array) entra


em operação, localizado no planalto de Chajnantor, no norte do Chile, a uma altitude de 5.059m.
Apesar de, no momento, contar com apenas um terço das 66 antenas
de rádio previstas, com separações entre si de no máximo 125m, em vez dos
até 16km possíveis, o ALMA já é o melhor telescópio do seu tipo. A inauguração ocorre em 2013.

2011 (4 de outubro) – Os estadunidenses Saul Perlmutter, Brian P. Schmidt (com nacionalidade


australiana) e Adam G. Riess são anunciados como ganhadores do Prêmio Nobel de Física "pela
descoberta da expansão acelerada do universo através da observação de estrelas supernovas
distantes", feita em 1998.
Essa expansão acelerada deve-se, acreditam os astrônomos, à energia escura.
2011 (4 de outubro) – A ESA aprova a missão solar Orbiter e o telescópio espacial Euclid.
A Solar Orbiter, com lançamento previsto para 2017, se aproximará do Sol como nenhuma outra
espaçonave no passado, tanto que deverá ser capaz de capturar partículas do vento solar assim que
elas saírem do astro.
O Euclid, a ser lançado em 2019, deverá realizar uma cartografia do Universo em larga escala, com
o objetivo de estudar a história da expansão e o crescimento da estrutura do cosmo.

2011 (6 de outubro) – A ESA divulga a descoberta, feita pela Venus Express, de uma camada de
ozônio no planeta Vênus. De acordo com a agência, a detecção foi possível porque o gás absorveu
parte dos raios ultravioleta emitidos por algumas estrelas, observadas a partir da atmosfera
venusiana. A camada de ozônio em Vênus fica a uma altitude de 100km, cerca de quatro vezes
maior do que na atmosfera da Terra, e é de cem a mil vezes menos densa. A concentração é
estimada em 20% da terrestre.
A descoberta é importante porque acredita-se que o ozônio teve um papel fundamental na origem
da vida na Terra, uma vez que é composto por três átomos de oxigênio (O3), e a quebra das
moléculas contribuiu para aumentar a concentração desse elemento químico na atmosfera do nosso
planeta.

2011 (7 de outubro) – Cientistas europeus e estadunidenses anunciam a descoberta, feita por meio
da análise de dados do telescópio Herschel, de que no cometa Hartley 2 há água semelhante à
existente na Terra. Até esse momento, toda a água já encontrada em cometas era do tipo “pesado”,
com alta concentração de deutério. A água “leve” identificada no Hartley 2 reforça a teoria de que
parte da água dos oceanos terrestres é oriunda de bombardeios de cometas ocorridos durante a
formação do Sistema Solar.

2011 (13 de outubro) – A NASA divulga a descoberta, feita pela Dawn, de uma montanha com
22km de altura localizada no centro de Reia Sílvia, a maior cratera de Vesta.
Medições posteriores revelam que é a montanha mais alta conhecida do Sistema Solar, ligeiramente
mais alta que o Monte olimpo, em Marte.
Na mitologia, Reia Sílvia é a mãe de Rômulo e Remo, fundadores lendários de Roma.

2011 (19 de outubro) – Uma equipe liderada por Adam Kraus, da universidade do Havaí, divulga as
primeiras imagens já feitas de um planeta em formação em torno de uma estrela. O astro,
denominado LkCa 15 b, tem aproximadamente o tamanho de Júpiter.

2011 (21 de outubro) – Cientistas da missão Herschel anunciam a descoberta de um grande


reservatório de água (equivalente a milhares de oceanos terrestres) no disco em torno de TW
Hydrae, jovem estrela em fase final de formação, distante 176 anos-luz. Essa pesquisa pode auxiliar
na compreensão de como se origina a água existente em alguns planetas, inclusive a Terra.

2011 (23 de outubro) – O satélite de raios X alemão Rosat (redução de “Röntgensatellit”), de 2,4t,
lançado em 1º de junho de 1990, reentra na atmosfera terrestre acima do Golfo de Bengala,
nordeste do Oceano Índico. Não há registro de fragmentos terem chegado à superfície da Terra. É o
segundo satélite, em um mês, que reingressa na atmosfera de forma não controlada, fato que
continua acirrando a discussão acerca dos perigos do lixo espacial.

2011 (26 de outubro) – Uma equipe internacional de astrônomos divulga os resultados de


observações (feitas em 26 locais diferentes, espalhados pela Terra) de uma ocultação estelar de
Éris, ocorrida em 6 de novembro de 2010. De acordo com os cientistas, o diâmetro estimado do
planeta anão é de 2.326km, bastante próximo do de Plutão, não sendo possível saber qual dos dois
astros tem dimensões maiores. Ainda segundo o estudo, a massa de Éris é de 16,6 quintilhões de
toneladas, e a densidade de 2,52g/cm3, o que sugere uma composição predominantemente rochosa
(85%), com quantidades pequenas de gelo (15%). A superfície, altamente refletora, é
provavelmente formada por uma mistura de gelo rico em nitrogênio e metano gelado. A
temperatura calculada é de, no máximo, -238°C para o lado iluminado pelo Sol, e menor ainda para
o hemisfério noturno do astro.

2011 (1º de novembro) – É lançada a nave não tripulada chinesa Shenzhou 8, com o objetivo de
realizar um acoplamento com o módulo de teste Tiangong-1, em órbita.
O acoplamento, que ocorre no dia seguinte, é o primeiro entre duas naves espaciais chinesas e faz
parte do programa de desenvolvimento da estação orbital da China.
Outro acoplamento bem-sucedido ocorre em 14 de novembro. No dia 17, a nave aterrissa em
Siziwang, no norte do país.

2011 (4 de novembro) – Os seis voluntários do projeto Marte 500 saem do isolamento, concluindo
uma missão de 520 dias. Os resultados dos experimentos realizados serão levados em conta numa
futura viagem a Marte.

2011 (8 de novembro) – É lançada a sonda russa Fobos-Grunt, cujo objetivo principal era trazer
200g do solo do satélite marciano Fobos de volta à Terra. Contudo, ocorre uma falha logo após o
lançamento, e a nave entra em órbita terrestre. No dia 12, a missão é extraoficialmente dada como
perdida, fato confirmado dez dias mais tarde pela Roskosmos. A bordo estava o satélite chinês
Yinghuo-1, primeiro artefato interplanetário desenvolvido pela China.

2011 (8 de novembro) – O asteroide 2005 YU55, descoberto por Robert S. McMillan em 28 de


dezembro de 2005 e com diâmetro de 360m, passa a 324.900km da Terra.

2011 (14 de novembro) – É lançada a Soyuz TMA-22, tripulada por Anton Shkaplerov –
comandante -, Anatoli Ivanishin e Daniel C. Burbank. São os primeiros astronautas a ir ao espaço
após o encerramento do programa dos ônibus espaciais da NASA, em julho. É também a retomada
dos voos tripulados russos depois do acidente com o cargueiro Progress M-12M, em agosto.
O acoplamento acontece em 16 de novembro, e a ISS volta a ter, durante alguns dias, seis
tripulantes.
A aterrissagem ocorre em 27 de abril de 2012.

2011 (18 de novembro) – Cientistas do experimento “Opera” divulgam os resultados de novos


testes feitos com neutrinos e confirmam os valores anunciados em setembro, segundo os quais
neutrinos podem viajar com velocidade ligeiramente superior à da luz.
Contudo, os resultados desse experimento são colocados em dúvida por cientistas do próprio CERN
em fevereiro de 2012.

2011 (18 de novembro) – A NASA divulga o maior e mais completo mapa da Lua elaborado até o
momento, obtido a partir de dados da Lunar Reconnaissance Orbiter. Uma versão preliminar desse
mapa havia sido divulgada em dezembro de 2010.

2011 (26 de novembro) – É lançada a missão estadunidense Mars Science Laboratory, cujo
objetivo é levar o veículo de exploração Curiosity à superfície de Marte. Maior e bem mais pesado
(900kg) que seus antecessores Opportunity e Spirit, o Curiosity carrega os instrumentos (dez ao
todo) tecnologicamente mais avançados já enviados ao planeta vermelho, os quais estão
programados para obter amostras do solo e analisá-las na tentativa de determinar se Marte tem, ou
alguma vez teve, ambiente propício à vida, mesmo que microbiana.

2011 (5 de dezembro) – Cientistas da Missão Kepler divulgam, durante uma conferência de


imprensa, Os resultados das observações feitas até março de 2010. São anunciados 2.326
candidatos a exoplanetas, sendo 207 com dimensões similares às da Terra, 680 superterras, 1.181
com dimensões semelhantes às de Netuno, 203 equivalentes a Júpiter e 55 maiores que Júpiter.
Desses planetas, 48 estão na zona de habitabilidade (uma diminuição em relação aos 54 anunciados
em fevereiro de 2011, devido ao refinamento dos dados observacionais).
Ademais, é anunciada a descoberta de Kepler-22b, primeiro exoplaneta localizado pela missão
Kepler na zona de habitabilidade de uma estrela semelhante ao Sol. Situado a 587 anos-luz da
Terra, Kepler-22b tem raio 2,4 vezes superior ao terrestre e completa uma órbita em torno de sua
estrela, à distância de 127 milhões de km, em 289,9 dias.

2011 (5 de dezembro) – Pesquisadores liderados por Chung-Pei Ma, da Universidade da Califórnia,


publicam na Nature um artigo anunciando a descoberta dos dois maiores buracos negros
conhecidos até o momento, com quase 10 bilhões de massas solares, localizados nas galáxias NGC
3842 e NGC 4889, a 270 milhões de anos-luz da Terra.

2011 (5 de dezembro) – A NASA informa que a Voyager 1 está na fronteira do Sistema Solar e
pode atingir o espaço interestelar em "alguns poucos meses ou anos". A Voyager 1 encontra-se a
17,9 bilhões de km da Terra.

2011 (8 de dezembro) – Durante a conferência da União Geofísica Americana, em San Francisco, é


divulgada a descoberta, feita pelo Opportunity, de um fino veio de gesso numa rocha da beirada da
cratera marciana Endeavour, que tem 154km de diâmetro. Como o gesso geralmente se forma pelo
fluxo de água dentro de rochas, esta observação é considerada, pelos cientistas envolvidos, a
evidência mais convincente já encontrada da presença de água em Marte.

2011 (20 de dezembro) – Cientistas liderados por François Fressin, do Centro Harvard-Smithsonian
de Astrofísica, anunciam no site da Nature a descoberta dos dois primeiros exoplanetas do tamanho
da Terra conhecidos, ambos orbitando a estrela Kepler-20, de massa ligeiramente inferior à solar,
localizada na constelação de Lira, a 950 anos-luz. O maior deles, Kepler-20f, tem raio 3% superior
ao da Terra, temperatura superficial estimada de 427°C e completa uma órbita, à distância de 16,1
milhões de km, em 19,5 dias. O outro, Kepler-20e, tem raio 13% menor que o terrestre (inferior ao
de Vênus), temperatura superficial calculada em 760°C e orbita a sua estrela em 6,1 dias.
Um exoplaneta menor que Mercúrio é descoberto em fevereiro de 2013.

2011 (26 de dezembro) – Astrônomos liderados por Alan Stern, do Southwest Research Institute
(Texas, EUA), apresentam um estudo segundo o qual a superfície de Plutão pode conter moléculas
orgânicas complexas. Conforme os pesquisadores, o espectrógrafo de origens cósmicas do
telescópio Hubble permite observar que algumas substâncias na superfície do planeta-anão estão
absorvendo mais luz ultravioleta do que a quantidade esperada, o que, de acordo com cientistas da
NASA, pode dar pistas acerca da composição química do astro. Para os autores do estudo, os
compostos detectados possivelmente são hidrocarbonetos complexos ou moléculas que contêm
nitrogênio.

2011 (29 de dezembro) – Cientistas da NASA anunciam a descoberta de uma estrela que gira a 1,6
milhão de km/h, a velocidade mais alta já encontrada. Batizada de VFTS 102, localiza-se na
Grande Nuvem de Magalhães, a 160.000 anos-luz da Terra. A estrela gira tão depressa que seus
polos são achatados, dando a ela um formato elíptico. Ademais, os astrônomos observam também
um disco de plasma quente que se projeta do centro da estrela.

2011 (31 de dezembro) – A GRAIL-A é inserida com sucesso na órbita da Lua. No dia seguinte,
ocorre o mesmo com a GRAIL-B.
Posteriormente (17 de janeiro de 2012), as sondas são batizadas de Ebb e Flow, respectivamente,
nomes sugeridos por estudantes de uma escola primária de Montana, vencedores de um concurso
organizado pela NASA.
A missão propriamente dita começa em março de 2012.

2012 (9 de janeiro) - Astrônomos da Universidade da Columbia Britânica (UBC), no Canadá, e da


Universidade de Edimburgo, na Escócia, anunciam a criação do maior mapa de matéria escura
produzido até o momento, obtido a partir de dados de 10 milhões de galáxias recolhidos por
diversos telescópios. Para elaborar o mapa, os cientistas estudam como a luz emitida pelas galáxias
é distorcida ao passar por grandes grupos de matéria escura em seu trajeto para a Terra.

2012 (11 de janeiro) – A NASA anuncia a descoberta do menor sistema planetário encontrado até o
momento, formado por três planetas provavelmente rochosos orbitando a estrela KOI-961, uma anã
vermelha com diâmetro seis vezes menor que o Sol localizada a 130 anos-luz da Terra, na
constelação do Cisne.
A sigla KOI significa “Kepler Object of Interest” e aplica-se a estrelas observadas pelo telescópio
Kepler em torno das quais orbita pelo menos um planeta ou candidato aplaneta.

2012 (11 de janeiro) – Pesquisadores liderados por Arnaud Cassan, do Institut d’Astrophysique de
Paris, apresentam na reunião anual da Sociedade Astronômica Americana (Austin, Texas) um
estudo indicando que pode haver mais planetas do que estrelas na Via Láctea. A pesquisa é o
resultado da aplicação da técnica de microlentes gravitacionais (pequenas distorções no espaço-
tempo causadas pela presença de um corpo de grande massa entre uma estrela e um observador), ao
longo de seis anos, a registros fotométricos de 100 milhões de estrelas, distantes entre 3.000 e
25.000 anos-luz da Terra. Conforme osautores do trabalho, uma em cada seis estrelas estudadas
possui um planeta com massa semelhante à de Júpiter, metade tem planetas com a massa de Netuno
e dois terços tem superterras.

2012 (15 de janeiro) – Fragmentos da sonda russa Fobos-Grunt caem no Oceano Pacífico, a oeste
do Chile. A massa total da sonda é de 13,2t, mas a maior parte é destruída na atmosfera e não chega
à superfície.

2012 (27 de janeiro) – O asteroide 2012 BX34, de 8m de diâmetro, passa a 65.390km da Terra,
uma das passagens de asteroides mais próximas já registradas.

2012 (29 de janeiro) – São anunciados mais dois satélites de Júpiter, descobertos por Scott
Sheppard com base em imagens feitas em 27 de setembro de 2011. Passam a ser 67 os satélites
jovianos confirmados.
S/2011 J 1 – Diâmetro: 1km; período orbital: 582,22 dias (1,59 ano); distância média do planeta:
20.155.290km.
S/2011 J 2 – Diâmetro: 1km; período orbital: 725,06 dias (1,99 ano); distância média do planeta:
23.329.710km.

2012 (31 de janeiro) – O Astrophysics Journal publica uma série de estudos da nuvem de gás
interestelar onde o Sistema Solar se localiza (Nuvem Interestelar Local), incluindo o primeiro mapa
da região, feito pela sonda Ibex. Uma descoberta especialmente significativa é a de que o Sistema
Solar possui mais átomos de oxigênio do que a nuvem que o abriga. Uma hipótese levantada é a de
que o ambiente em que o Sol nasceu não é o mesmo que circunda a estrela agora. Outra descoberta
importante apresentada pelos estudos é que a velocidade com que o Sistema Solar viaja pela Via
Láctea é menor do que se pensava: 83.680km/h, e não 94.700km/h. Isso implica que a interação do
Sol com a heliosfera é mais fraca do que imaginavam os astrônomos.
A Nuvem interestelar Local é uma região com 30 anos-luz de diâmetro dentro da qual o Sol está
atualmente. Estima-se que o Sol tenha ingressado nela entre 44.000 e 150.000 anos atrás e que deve
permanecer no interior da nuvem mais 10.000 ou 20.000 anos. A densidade média da região é de
meio átomo por centímetro cúbico (a atmosfera da Terra tem, ao nível do mar, 12 bilhões de
átomos por centímetro cúbico). A Terra é protegida de possíveis efeitos da Nuvem Interestelar
Local pelo vento solar e pela magnetosfera do Sol.
A Nuvem Interestelar Local, por sua vez, está dentro da Bolha Local, região com 300 anos-luz de
diâmetro situada no braço Órion da Via Láctea.

2012 (31 de janeiro) - Um estudo liderado pela microbiologista Rosemary Redfield, da


universidade da Columbia Britânica (Vancouver, Canadá), descreve a análise feita no DNA da
bactéria GFAJ-1, na qual não foi encontrado arsênico. A conclusão é a de que a GFAJ-1 é apenas
tolerante ao arsênico, mas não incorpora esse elemento químico ao DNA.
Outros estudos com as mesmas conclusões são posteriormente divulgados, e o trabalho apresentado
em 2010 por Felisa Wolfe-Simon perde sua credibilidade.

2012 (2 de fevereiro) – Cientistas do Instituto Carnegie anunciam a descoberta de GJ 667Cc,


exoplaneta potencialmente habitável. O astro orbita a estrela Gliese 667C, anã vermelha integrante
de um sistema estelar triplo distante 22 anos-luz e localizado na constelação do escorpião,
completando uma translação em 28 dias, à distância média de 18,47 milhões de km. O exoplaneta é
rochoso, tem massa 4,5 vezes superior à terrestre, e as primeiras análises indicam que pode ter água
líquida na superfície.
Conhecem-se ainda outros dois planetas orbitando Gliese 667C.
Em junho de 2013, é divulgada a descoberta de mais três planetas (possivelmente quatro) em torno
dessa estrela.

2012 (10 de fevereiro) – A ESA informa, com base em dados da Venus Express, que o período de
rotação de Vênus é seis minutos e trinta segundos mais longo do que se pensava. Os cientistas
chegam a essa conclusão porque alguns pontos da superfície venusiana não estavam onde
deveriam, de acordo com as medições efetuadas pela Magellan, as mais recentes de que se dispunha
antes das realizadas pela Venus Express.

2012 (10 de fevereiro) – A China divulga um mapa lunar completo, elaborado a partir de dados da
Chang’e 2, e afirma ser o mapa da Lua inteira em mais alta resolução já produzido.

2012 (13 de fevereiro) – Primeiro lançamento do foguete VEgA (Vettore Europeo di Generazione
Avanzata), desenvolvido pela Agência Espacial Italiana e pela ESA. Este foguete está desenhado
para colocar pequenos satélites (até 2.500kg) em órbitas polares ou de baixa altitude. Neste
primeiro lançamento, nove deles são enviados ao espaço, incluindo os primeiros satélites da
Polônia, da Hungria e da Romênia.

2012 (21 de fevereiro) – Cientistas liderados por Zachory Berta, do Centro de Astrofísica Harvard-
Smithsonian, sugerem, a partir de dados da câmera infravermelha do Hubble, que o exoplaneta GJ
1214b (descoberto em 16 de dezembro de 2009) pode ser uma superterra composta
predominantemente de água e rodeado por uma atmosfera fumegante. Distante 40 anos-luz e
localizado na constelação de Ofiúco, o GJ 1214b tem temperatura superficial estimada de 230°C e
orbita a sua estrela (uma anã vermelha) em 37h56min, à distância média de 2,14 milhões de km. O
astro tem diâmetro 2,7 vezes o da Terra e massa 7 vezes maior. De acordo com os pesquisadores, a
densidade resultante, 1,87g/cm3, sugere a presença de um núcleo formado por rocha (25%) e água
(75%). Por isso, o GJ 1214b É informalmente chamado de “planeta de água”. Este é o primeiro
exoplaneta conhecido com tais características.

2012 (22 de fevereiro) – O site da Science afirma que os resultados do experimento “OPERA”
segundo os quais neutrinos teriam viajado mais depressa que a luz podem ter sido produzidos por
problemas técnicos nos aparelhos. Essa informação é confirmada no dia seguinte pelo porta-voz do
CERN, James Gillies, que aponta duas falhas encontradas: uma conexão defeituosa no cabo de
fibra óptica que liga o relógio central ao GPS exterior e um erro na frequência do oscilador do
cronômetro interno do experimento. Depois de reparados os defeitos, o experimento será repetido.
Em 16 de março, O CERN divulga um comunicado informando que os neutrinos não viajam a
velocidades superiores à da luz. Os valores anteriormente obtidos estavam distorcidos devido a
falhas nas instalações utilizadas pelo experimento OPERA.
Em 30 de março, o físico italiano Antonio Ereditato, coordenador do Opera, pede demissão.
Em 8 de junho, o CERN anuncia, em caráter definitivo, que os resultados das medições estão
errados E que o erro se deve, de fato, a falhas no equipamento.

2012 (22 de fevereiro) – Cientistas da NASA divulgam a descoberta, feita a partir de dados do
Chandra, de que o disco de gás quente em torno do buraco negro IGR J17091-3624, distante 28.000
anos-luz, gera ventos de 32 milhões de km/h. esses ventos, que atingem 3% da velocidade da luz,
são, de longe, os mais rápidos já identificados.

2012 (29 de fevereiro) – Os estadunidenses Anne Hofmeister e Robert Criss (Washington


University, St. Louis, EUA) propõem um novo modelo para explicar a formação dos planetas do
Sistema Solar. De acordo com o modelo mais aceito, o da hipótese nebular, os planetas se
formaram depois do Sol, ao longo de milhões de anos, a partir de um disco de gás que se agregou
em torno da estrela. Hofmeister e Criss defendem que os planetas nasceram ao mesmo tempo que o
Sol, a partir de uma nuvem de gás fria. Para os autores, este modelo pode explicar também a
formação de planetas fora do Sistema Solar, uma vez que, afirmam, o telescópio Hubble já detectou
estrelas nascendo dentro de nuvens frias.

2012 (29 de fevereiro a 9 de setembro) – Ocorre nos Museus Capitolinos de Roma a exposição
“Lux in Arcana, L”Archivio Segreto Vaticano si rivela” (Luz nos enigmas, o
Arquivo Secreto Vaticano se revela), em que são exibidos, entre outros documentos, o sumário do
julgamento de Giordano Bruno (condenado à fogueira pela Inquisição em 1600) e as atas do
processo de Galileu Galilei (condenado a abjurar em 1633).

2012 (1º de março) – Uma equipe liderada por Michael Sterzik publica na Nature um artigo
descrevendo uma nova técnica para procurar por vida extraterrestre. Trata-se de observar a radiação
refletida por um exoplaneta e, a partir dela, tentar deduzir características do astro. Os testes são
feitos por meio da observação, com o Very Large Telescope, da radiação terrestre refletida pela
Lua, como se a Terra fosse um exoplaneta. Por meio da análise dessa radiação, os cientistas são
capazes de deduzir que a atmosfera terrestre é parcialmente nublada, que parte da superfície se
encontra coberta por oceanos e que existe vegetação.

2012 (2 de março) – Cientistas da Cassini anunciam ter encontrado íons de hidrogênio molecular
em Dione. A concentração é extremamente baixa (um íon a cada 11cm3), equivalente à da
atmosfera terrestre a uma altitude de 480km.

2012 (14 de março) – A NASA divulga o atlas e catálogo de todo o céu em infravermelho feito
com os dados obtidos pelo Wise. São mais de 500 milhões de objetos, incluindo galáxias, estrelas e
outros corpos celestes.

2012 (21 de março) - Durante a 43ª Conferência de Ciência Lunar e Planetária (Texas, EUA),
cientistas da Messenger divulgam dados obtidos pela sonda em um ano de missão. O núcleo de
Mercúrio comtém mais ferro do que se imaginava, e parte dele está em estado líquido. Também é
maior do que se esperava: estende-se por 2.030km, o que equivale a 83% do raio do planeta.
Ademais, as quase 100 mil imagens e 4 milhões de medições de Mercúrio feitas pela Messenger
mostram que o planeta é mais plano que a Lua e tem mais crateras do que qualquer componente
conhecido do sistema Solar.

2012 (21 de março) – O United States Geological Survey publica o primeiro mapa geológico
completo de Io, elaborado por cientistas da Universidade do Estado do Arizona (EUA) liderados
por David Williams. O mapa, elaborado ao longo de seis anos a partir de quatro mosaicos contendo
imagens feitas pelas sondas Voyager e Galileo, representa 425 vulcões, correntes de lava e
depósitos de plumas (cinzas) vulcânicas, entre outras estruturas topográficas. A presença de tantos
vulcões é explicada pelo aquecimento interno do satélite devido a fortes perturbações
gravitacionais: Europa e Ganimedes pressionam Io para fora de sua órbita, mas o campo
gravitacional de Júpiter, muito mais forte, o mantém no lugar.

2012 (27 de março) – Uma equipe internacional liderada por Xavier Bonfils (IPAG, Observatoire
des Sciences de l´Univers de Grenoble, França) divulga estimativas feitas com o espectrógrafo
HARPS, segundo as quais pode haver dezenas de bilhões de superterras (planetas rochosos com
massas até 10 vezes a terrestre) na Via Láctea e uma centena nas vizinhanças imediatas do Sol (até
10 parsecs de distância). De acordo com os cientistas, os estudos realizados com o HARPS indicam
que 40% das anãs vermelhas (estrelas pequenas e de baixa luminosidade) estão rodeadas por
superterras. O número estimado de planetas é tão elevado porque 80% das estrelas da Via Láctea
são anãs vermelhas.

2012 (28 de março) – O site da NASA divulga a notícia de que jatos de água gelada foram
registrados em Encélado ao longo de diversos sobrevoos da Cassini. Conforme Carolyn Porco,
chefe da equipe de Imagens Científicas da sonda espacial, “Mais de 90 gêiseres de todos os
tamanhos estão emitindo vapor de água, partículas de gelo e componentes orgânicos na superfície
do Polo Sul de Encélado”. A cientista avalia que o satélite é um lugar promissor para pesquisas em
astrobiologia.

2012 (29 de março) - Jeff Bezos, o fundador da Amazon, anuncia ter encontrado no Oceano
Atlântico, a 4.300m de profundidade, os cinco motores utilizados no lançamento da Apollo 11. Ele
informa também que sua equipe pretende trazer para a superfície pelo menos um dos motores.
Peças de motores utilizados em missões Apollo são retiradas do mar em março de 2013.

2012 (29 de março) – É divulgada a mais detalhada imagem da Via Láctea já produzida, com mais
de 1 bilhão de estrelas, feita a partir da combinação de milhares de observações separadas.

2012 (6 de abril) - Mikko Tuomi, da Universidade de Hertfordshire (Inglaterra), divulga um estudo


em que confirma a existência do sétimo planeta descoberto em torno de HD 10180 e fornece
evidências de mais dois. Se os dois planetas adicionais forem confirmados, HD 10180 será o maior
sistema planetário conhecido, com nove planetas, maior inclusive que o sistema Solar.

2012 (12 de abril) – São divulgados os primeiros resultados científicos do radiotelescópio ALMA
(Atacama Large Millimeter/submillimeter Array). Eles demonstram que os dois planetas
conhecidos orbitando Fomalhaut são maiores que Marte, mas não maiores que algumas vezes o
tamanho da Terra. Essas dimensões são bem menores do que as estimadas em 2008, com base em
fotografias feitas pelo Hubble.

2012 (12 de abril) – Pesquisadores do Laboratoire Univers et Théorie (França) divulgam a primeira
simulação em computador de todo o universo observável, desde o Big Bang até nossos dias. A
simulação permite acompanhar a evolução de 550 bilhões de partículas individuais.

2012 (15 de abril) – A Chang’e 2 parte da órbita em L2 e começa uma missão ao asteroide 4179
Toutatis, que sobrevoa em 13 de dezembro.

2012 (18 de abril) – Astrônomos liderados por Christian Moni Bidin, do Departamento de
Astronomia da Universidade de Concepción (Chile), divulgam o estudo mais preciso até o
momento sobre os movimentos de estrelas na Via Láctea, feito com mais de quatrocentas estrelas
distantes até 13 mil anos-luz do Sol. O resultado mais significativo é a não detecção de quantidades
consideráveis de matéria escura na região galáctica onde está nossa estrela, conforme preveem os
modelos mais aceitos para explicar como se formam e giram as galáxias.

2012 (24 de abril) – Um grupo de investidores bilionários, entre os quais estão Eric Schmidt e
Larry Page, executivos do Google, e o cineasta canadense James Cameron, anuncia planos para
desenvolver tecnologias com a finalidade de extrair metais preciosos e minérios raros de asteroides
em órbita próxima à da Terra. As pesquisas necessárias são atribuídas a uma empresa chamada
Planetary Resources, com sede em Bellevue, Washington. A primeira etapa do projeto consiste em
colocar em órbita, a partir de 2014, uma rede de pequenos telescópios de baixo custo para
observações terrestres e pesquisas astronômicas (o que não ocorre).

2012 (1º de maio) – Cientistas da Universidade de Vanderbilt (EUA) publicam no Astronomical


Journal um estudo descrevendo 675 estrelas gigantes vermelhas encontradas no espaço
intergaláctico, as quais, de acordo com os pesquisadores, foram ejetadas da Via Láctea na direção
de Andrômeda. Os astrônomos chegam a essa conclusão porque a metalicidade (proporção de
elementos químicos diferentes de hidrogênio e hélio) das estrelas em questão é alta, característica
típica de estrelas situadas próximo dos núcleos galácticos (aquelas localizadas em zonas periféricas
costumam ter metalicidade baixa). Para escapar à atração gravitacional galáctica, as estrelas
precisam ser impulsionadas a velocidades altíssimas, algo como 3 milhões de km/h. Os autores do
estudo acreditam que o buraco negro central da Via Láctea pode ter acelerado as estrelas o
suficiente para elas deixarem a galáxia. Mesmo viajando a velocidades tão altas, as estrelas
levariam cerca de 15 milhões de anos para viajar do centro da Via Láctea até o espaço
intergaláctico.

2012 (2 de maio) – A ESA anuncia a aprovação da missão Jupiter Icy Moon Explorer (JUICE),
cujo objetivo é estudar detalhadamente Júpiter e os satélites Calisto, Europa e Ganimedes. O
cronograma inicial prevê lançamento em 2022, com inserção orbital em Júpiter (2030) e
Ganimedes (2033).

2012 (10 de maio) – Cientistas coordenados por Chandra Wickramasinghe (Universidade de


Buckingham (Reino Unido) publicam na revista Astrophysics and Space Science um artigo
sugerindo que pode haver centenas de trilhões de planetas solitários (ou órfãos) na Via Láctea.
Esses planetas, que não orbitam estrelas e, portanto, não estão sujeitos a campos gravitacionais
estelares, circulam livremente pelo Universo e formam parte da chamada “matéria invisível”: como
não recebem iluminação constante de nenhuma estrela e não emitem luz, não podem ser vistos.
Os cientistas calculam que um desses planetas passa pelo centro do Sistema Solar a cada 26
milhões de anos e defendem que, nessas passagens, eles incorporam em sua superfície matéria de
vida microbiana presente na poeira cósmica do nosso sistema estelar e espalham esse material por
toda a galáxia. Os planetas solitários seriam, pois, transportadores de vida.

2012 (11 de maio) – A NASA divulga resultados preliminares da missão da sonda Dawn em Vesta,
incluindo uma estimativa das dimensões do núcleo metálico do asteroide: 220km. Os cientistas da
missão também acreditam que Vesta é “o último do seu tipo”, ou seja, o único exemplo
remanescente dos grandes planetoides que se juntaram para constituir os planetas rochosos durante
a formação do Sistema Solar.

2012 (11 de maio) – Dados da sonda Ibex indicam que, contrariamente ao que pensavam os
astrônomos, não existe uma onda de choque na fronteira entre o Sistema Solar e o meio interestelar.
De acordo com um estudo coordenado por David McComas (Southwest Research Institute) e
publicado na Science, a velocidade a que o Sol viaja em torno da Via Láctea, 83.680km/h
(11.000km/h inferior ao que se pensava) não é suficiente para gerar uma onda de choque como as
dos aviões supersônicos na Terra; em vez disso, dizem os cientistas, o que acontece é semelhante a
uma “onda de proa”, visível à frente de um navio que avança pelo mar. Ademais, os dados da Ibex
demonstram também que a pressão magnética do meio interestelar é mais forte do que se calculava,
o que exige velocidades ainda maiores para gerar uma onda de choque.
Pesquisas elaboradas ao longo de décadas sempre consideraram uma onda de choque na região e
necessitam ser revistas. Esses novos resultados permitem calcular com mais precisão a quantidade
de raios cósmicos que entram no Sistema Solar.

2012 (25 de maio) – A cápsula reutilizável Dragon, lançada em 22 de maio por um foguete Falcon
9, torna-se a primeira nave fabricada pela iniciativa privada a se acoplar à ISS (mais precisamente,
ao módulo Harmony), dando início a uma nova fase na exploração do espaço. Desenvolvida pela
Spacex (Space Exploration Technologies), empresa com sede em Hawthorne, Califórnia, e fundada
em 2002 pelo bilionário sul-africano naturalizado estadunidense Elon Musk, a Dragon tem
diâmetro de 3,7m, altura de 6,1m, massa de 4,2t e capacidade para levar 3,31t e trazer de volta 2,5t
de carga pressurizada. Esta é uma missão experimental, de demonstração, que transporta 525kg de
suprimentos (alimentos, água, roupa, equipamentos) para a ISS.
Além disso, a empresa Celestis, que realiza enterros espaciais, lança num dos estágios do foguete
Falcon 9 cinzas de 308 pessoas, entre as quais estão Gene Roddenberry
(1921-1991), criador da série “Star Trek” (Jornada nas Estrelas), a segunda mulher dele, Majel
Barrett (1932-2008), o ator da série James Doohan (1920-2005) e o astronauta dos Projetos
Mercury e Gemini Gordon Cooper (1927-2004).
Em 31 de maio, a Dragon se separa da ISS com 600kg de carga a bordo e amerissa no Oceano
Pacífico, onde é resgatada por um navio da Spacex.

2012 (31 de maio) – A NASA anuncia em comunicado que dados do telescópio Hubble permitem
confirmar a previsão de que a Via Láctea e a galáxia de Andrômeda (M31) se chocarão e formarão
uma única galáxia. Dentro de 4 bilhões de anos, terá início a fusão das duas galáxias, que deve
durar aproximadamente 2 bilhões de anos. De acordo com o modelo atual, as estrelas não se
chocarão entre si nem serão destruídas, mas ocuparão novas órbitas em torno do novo centro
galáctico. Isso significa que também o Sol mudará de lugar. De acordo com observações de zonas
específicas da galáxia de Andrômeda feitas ao longo de sete anos pelo Hubble, M31 está se
aproximando da Via Láctea a 402.000km/h. Tanto a Via Láctea quanto Andrômeda são galáxias
espirais, mas simulações em computador indicam que a nova galáxia resultante da fusão será
elíptica.

2012 (5 e 6 de junho) – Ocorre um trânsito de Vênus (duração de 6h40min), que recebe a maior
cobertura midiática e científica alguma vez dedicada a este fenômeno.
Os sites da NASA e de diversos telescópios transmitem ao vivo o evento; a Universidade do Havaí
disponibiliza dois telões e oito telescópios para que turistas possam ver (da praia) o fenõmeno em
tempo real; Don Pettit faz observações e tira fotografias desde a ISS, e o Solar Dynamics
Observatory obtém imagens em alta definição a partir do espaço, a 36.000km da Terra.
O trânsito também proporciona a realização de diversas pesquisas: medição da diminuição do
brilho de uma estrela conhecida (o Sol) pelo trânsito de um planeta conhecido (Vênus), com o
objetivo de determinar com mais precisão as características de trânsitos de exoplanetas,
fundamentais na descoberta de outros sistemas planetários; medição do diâmetro aparente de Vênus
durante o trânsito e comparação com o diâmetro conhecido do planeta, para aprimorar a
determinação das dimensões dos exoplanetas encontrados; observação da atmosfera de Vênus
simultaneamente por telescópios baseados na Terra e pela Venus express, com a finalidade de obter
informações acerca da estrutura atmosférica e do clima daquele planeta; estudos espectrográficos
da atmosfera venusiana, bem conhecida, cujos resultados serão empregados em estudos de
atmosferas desconhecidas de exoplanetas; utilização (pelo Hubble) da Lua como espelho para
estudar a luz refletida por Vênus e tentar determinar dessa forma a composição atmosférica do
planeta, técnica que, se bem-sucedida, pode ser empregada no estudo das atmosferas de
exoplanetas.
O próximo trânsito de Vênus ocorrerá em 10 e 11 de dezembro de 2117.

2012 (11 de junho) - O Conselho Diretor do Observatório Europeu do Sul aprova o projeto do
European Extremely Large Telescope (E-ELT), a ser construído no Cerro Armazones, norte do
Chile, a 3.060m de altitude. Com espelho refletor principal de 39,3m, será o maior telescópio
óptico e infravermelho do mundo. O início das operações está previsto para 2022.

2012 (13 de junho) – A NASA lança o NuSTAR (Nuclear Spectroscopic Telescope Array),
primeiro telescópio espacial capaz de criar imagens cósmicas a partir de raios-X de alta energia, do
mesmo tipo que os utilizados para gerar imagens do esqueleto humano ou para escanear bagagens
nos aeroportos. Com massa de 350kg, colocado em órbita terrestre a 550km de altitude e com
missão primária de dois anos, tem como objetivos principais conduzir uma pesquisa detalhada de
buracos negros de grande massa (pelo menos 1 bilhão de vezes a massa solar), entender como
partículas são aceleradas a grandes velocidades em galáxias ativas e entender como elementos são
criados por explosões de estrelas massivas através do estudo de remanescentes de supernovas.

2012 (14 de junho) – O asteroide 2012 LZ1, de 500m de diâmetro, passa a 5,4 milhões de km da
Terra. A descoberta cabe a Robert H. McNaught e colegas (Austrália), que o observam pela
primeira vez na noite de 10 para 11 de junho.

2012 (15 de junho) – A NASA anuncia que a Voyager 1 (distante 17,86 bilhões de km da Terra)
pode estar muito perto de atingir a heliopausa, região que marca o limite entre o Sistema Solar e o
espaço exterior. Ao longo de três anos (janeiro de 2009 a janeiro de 2012), a Voyager detecta um
aumento de 25% na quantidade de partículas carregadas provenientes do meio interestelar. A partir
de 7 de maio de 2012, em apenas um mês o aumento dos raios cósmicos galácticos captados é de
9%. Tendo em vista que essas partículas costumam ser desviadas pelo vento solar no interior da
heliosfera, os cientistas acreditam ser provável que a Voyager 1 esteja saindo do Sistema Solar para
entrar nos domínios do espaço interestelar.

2012 (16 de junho) – É lançada a Shenzhou 9, quarta missão tripulada da China. Os tripulantes são
Liu Yang (33 anos, primeira mulher chinesa no espaço), Liu Wang e Jing Haipeng (primeiro chinês
a ir mais de uma vez ao espaço).
Em 18 de junho, a Shenzhou se acopla ao módulo espacial Tiangong-1, onde os taikonautas
realizam experimentos diversos.
Em 24 de junho, a Shenzhou é desacoplada do Tiangong e reacoplada manualmente, o que constitui
o principal objetivo da missão.
O banheiro e as instalações de cozinha utilizados pelos taikonautas ficam na Shenzhou, não no
Tiangong. Na Shenzhou também deve dormir um dos três tripulantes, uma vez que no módulo
orbital há apenas duas estações-dormitório.
O pouso ocorre em 29 de junho.

2012 (4 de julho) – Cientistas do CERN anunciam a descoberta de uma partícula compatível com o
bóson de Higgs, com margem de erro de 1 em 3.500.000. A descoberta é o resultado da análise de 4
quatrilhões de choques de prótons realizados no LHC, captados sobretudo pelo Atlas (A Toroidal
LHC Apparatus) e o CMS (Compact Muon Solenoid), dois dos sete experimentos do acelerador de
partículas.
Previsto em 1964, entre outros, pelo britânico Peter Higgs, este bóson era a única partícula
elementar ainda não encontrada experimentalmente das 61 que compõem o Modelo Padrão, a mais
completa das teorias acerca do mundo subatômico. Segundo este modelo, bilionésimos de segundo
depois do Big Bang o universo inteiro media apenas alguns centímetros e era formado por um
plasma homogêneo, altamente energético, com temperatura de 10 octilhões de graus. Esse plasma
teria se expandido indefinidamente, não fosse o surgimento de um campo de força (campo de
Higgs) formado por bósons, os quais, interagindo com outras partículas, produziram o processo de
desaceleração da energia que permitiu o surgimento de toda a matéria do universo e, mais tarde, da
vida.
O bóson de Higgs é, portanto, fundamental para a existência do universo que conhecemos, e a sua
descoberta é considerada uma das principais realizações da ciência nas últimas décadas.

2012 (5 de julho) – Cientistas europeus e estadunidenses liderados por Jörg Dietrich (Universidade
de Munique, Alemanha) publicam no site da Nature um estudo no qual afirmam ter detectado um
filamento com matéria escura (58 milhões de anos-luz de extensão) ligando os aglomerados de
galáxias Abell 222 e Abell 223, distantes 2,4 bilhões de anos-luz da Terra. Os pesquisadores
calculam a massa do filamento estudado em 65 trilhões de massas solares, com a matéria escura
representando 80% desse total.

2012 (11 de julho) – É anunciada a descoberta de S/2012 P 1 (ou P5), quinto satélite conhecido de
Plutão. A identificação do astro é feita com base em nove conjuntos de imagens obtidas entre 26 de
junho e 9 de julho pela Wide Field Camera 3 do telescópio Hubble.
Diãmetro: de 10 a 25km; período orbital: 20,2 dias; distância média do planeta: 42.000km.
Em julho de 2013, a UAI dá a este satélite o nome de Estige.

2012 (11 de julho) – Um estudo liderado por Sebastiano Cantalupo (Universidade da Califórnia,
Santa Cruz), e divulgado pelo ESO, anuncia a detecção de galáxias escuras, objetos ricos em gás
mas sem estrelas. Trata-se de galáxias do universo primordial que deram origem às galáxias atuais,
previstas teoricamente mas nunca observadas antes. A descoberta, feita com o Very Large
Telescope, é possível observando-se uma região com raio de alguns milhões de anos-luz em torno
do quasar HE 0109-3518, que ilumina os doze objetos identificados. Os astrônomos estimam que a
massa de uma galáxia escura é da ordem de um bilhão de vezes a do Sol.

2012 (11 de julho) – O telescópio suborbital estadunidense High Resolution Coronal Imager (Hi-C)
é lançado a bordo de um foguete Black Brant e, durante um voo de dez minutos, faz as melhores
imagens já obtidas da coroa solar, cinco vezes mais nítidas do que as então disponíveis. São 165
imagens em ultravioleta, que revelam regiões de atividade intensa.

2012 (30 de julho) - Cientistas da Universidade Washington (St. Louis, EUA) publicam no
periódico Nature Geoscience um trabalho descrevendo trinta avalanches registradas pela sonda
Cassini em Jápeto. Com crateras e penhascos de até 19km de profundidade, o satélite de Saturno
tem uma topografia propícia a deslizamentos. O mais surpreendente é a distância que os detritos de
gelo percorrem durante as avalanches: pode chegar a 80km.

2012 (6 de agosto) – Depois de uma viagem de 253 dias e 563 milhões de km, o veículo explorador
Curiosity pousa na região de Aeolis Palus, na cratera Gale, em Marte.
Com 154km de diâmetro, a cratera Gale localiza-se no hemisfério sul marciano, próximo ao
equador do planeta. O nome é uma homenagem a Walter Frederick Gale (1865-1945), banqueiro e
astrônomo amador australiano.
Em 22 de agosto, a NASA anuncia que o local do pouso do Curiosity passa a se denominar Ray
Bradbury, em homenagem ao escritor estadunidense (1920-2012) que, em 1950, publicou “As
Crônicas Marcianas”, obra de ficção científica retratando a colonização de Marte por seres
humanos que abandonam uma Terra em conflito e devastada por armas atômicas.

2012 (10 de agosto) – O estadunidense An Yin, da Universidade da Califórnia em Los Angeles


(UCLA), divulga um estudo segundo o qual Marte tem duas placas tectônicas, um estágio primitivo
em relação à Terra e que poderia ajudar a compreender a evolução do nosso planeta. O Valles
Marineris, mais longo e profundo conjunto de cânions do Sistema Solar, estaria na zona limítrofe
entre essas placas.

2012 (20 de agosto) – A NASA anuncia sua próxima missão a Marte. Denominada Insight (Interior
Exploration using Seismic Investigations, Geodesy and Heat Transport), a sonda deverá estudar o
interior do planeta vermelho para tentar entender por que Marte evoluiu de maneira tão diferente da
Terra. Espera-se que essa missão também permita compreender melhor o interior dos dois outros
planetas terrestres do Sistema Solar: Mercúrio e Vênus. O cronograma prevê o lançamento para
março de 2016 e o pouso para setembro do mesmo ano.

2012 (20 a 31 de agosto) – Ocorre em Pequim (China) a 28ª Assembleia Geral da UAI, com a
participação de mais de 2.000 astrônomos. Os principais temas abordados são os avanços na busca
das origens do Universo e dos planetas similares à Terra.

2012 (25 de agosto) – A Voyager 1 sai da heliopausa e torna-se a primeira sonda espacial a deixar o
Sistema Solar. Isso acontece quando a espaçonave está a 18,1 bilhões de km do Sol. Contudo, esse
fato é confirmado pela NASA apenas em 12 de setembro de 2013.

2012 (29 de agosto) – Um estudo liderado por Jes Jørgensen (Instituto Niels Bohr, Dinamarca),
anuncia a descoberta, feita a partir de dados obtidos pelo Atacama Large Millimeter/submillimeter
Array (ALMA), de moléculas de glicoaldeído (C2H4O2), uma forma simples de açúcar, em torno
da estrela binária jovem IRAS 16293-2422, de massa comparável à do Sol, localizada a 400 anos-
luz da Terra, numa região de formação estelar da constelação do Serpentário. O glicoaldeído já
tinha sido observado anteriormente no espaço interestelar, mas esta é a primeira vez que é
descoberto tão perto de uma estrela do tipo solar, a distâncias comparáveis à de Urano ao Sol. De
acordo com Jørgensen, “esta molécula é um dos ingredientes na formação do ácido ribonucleico
(RNA), que, assim como o DNA, é um dos ingredientes fundamentais para a vida”. Este achado
demonstra que os elementos essenciais para a vida se encontram no momento e lugar adequados
para poder existir nos planetas que se formam ao redor da estrela.

2012 (30 de agosto) – A NASA lança a missão Radiation Belt Storm Probes (RBSP), composta de
duas sondas (1.500kg no total) desenhadas para estudar a influência do Sol sobre a Terra e os
cinturões de Van Allen, duas camadas de partículas carregadas que rodeiam o nosso planeta. Os
cientistas pretendem conhecer melhor o ambiente espacial em torno da Terra e encontrar formas de
proteger os seres humanos e os equipamentos eletrônicos das tempestades geomagnéticas.
Esta é a segunda missão do programa Living With a Star, cujo propósito é estudar como a interação
entre o Sol e a Terra afeta a vida e a sociedade. O programa teve início em 2010, com o lançamento
do Solar Dynamics Observatory.
Mais tarde, essas duas sondas passam a chamar-se Van Allen.

2012 (5 de setembro) – A sonda Dawn deixa a órbita de Vesta e inicia sua viagem para Ceres, onde
deverá chegar em fevereiro de 2015.

2012 (10 de setembro) – Cientistas liderados por Sean McMaho, da Universidade de Aberdeen
(Escócia) apresentam um modelo científico segundo o qual mais planetas do que se pensava podem
abrigar vida. De acordo com o estudo, não é necessário que um planeta tenha água líquida na
superfície para ser habitável. Os pesquisadores argumentam que água subterrânea mantida em
forma líquida por calor gerado pelo próprio planeta oferece condições para a vida, ao menos
microbiana.

2012 (11 de setembro) – Um estudo liderado por Paul Hayne, do Laboratório de Propulsão a Jato
(JPL, na sigla em inglês), da NASA, informa a detecção, pela Mars Reconnaissance Orbiter, de
uma nuvem de dióxido de carbono congelado (gelo seco) de 500km acima do polo sul de Marte,
suficientemente grande para que o material caia e fique acumulado na superfície. Falta determinar
ainda se a queda ocorre em forma de neve ou de geada, que congela no solo.

2012 (14 de setembro) – Um estudo liderado por Sam Quinn, da Universidade do Estado da
Geórgia, em Atlanta, encontra as primeiras evidências de que planetas podem se formar e
sobreviver ao redor de estrelas semelhantes ao Sol que fazem parte de aglomerados estelares. São
anunciados dois planetas, Pr0201b e Pr0211b, gigantes gasosos que orbitam estrelas separadas
pertencentes ao aglomerado aberto Beehive (M44), conhecido como Presépio, localizado na
constelação de Câncer, a 577 anos-luz da Terra. Visível a olho nu (magnitude aparente 3,7), é
formado por cerca de mil estrelas que ocupam uma área com diâmetro de 23 anos-luz.

2012 (17 de setembro) – Responsáveis pela missão GRAIL informam que, de acordo com dados
obtidos pelas sondas, a crosta da Lua é bem mais fina do que se imaginava.

2012 (20 de setembro) – Dois artigos publicados na Science, escritos por Thomas Prettyman
(cientista da missão Dawn) e Brett Denevi (Universidade Johns Hopkins), sugerem que materiais
voláteis (provavelmente água) preencheram um dia uma região do equador de Vesta e que tiveram
papel importante na formação da superfície e da geologia atuais do asteroide.
2012 (24 de setembro) – Dados do Chandra (NASA), do Suzaku (JAXA) e do XMM-Newton
(ESA) indicam que a Via Láctea está rodeada por um halo com centenas de milhares de anos-luz de
extenssão e massa entre 10 bilhões e 60 bilhões de sóis, comparável à massa de todas as estrelas da
Galáxia somadas. Um trabalho sobre o tema, liderado por Anjali Gupta, é publicado no The
Astrophysical Journal.

2012 (27 de setembro) – Cientistas da Nasa afirmam que há indícios de que o local do pouso do
Curiosity já esteve coberto de água. Pedras arredondadas incrustadas nas rochas são grandes demais
para terem sido transportadas pelo vento e apresentam características indicativas de terem estado
um dia no leito de um rio.

2012 (7 a 22 de outubro) – Primeira missão comercial de reabastecimento da cápsula Dragon (SpX-


1) à ISS. A Dragon leva 454kg de equipamentos, incluindo material necessário à realização de 166
experimentos científicos, e volta com 758kg de equipamentos diversos, incluindo material de
informática.
A Spassex tem contrato com a Nasa para doze missões de reabastecimento, ao custo de 1,6 bilhão
de dólares.

2012 (14 de outubro) – Uma equipe liderada pela geóloga Yang Liu (Universidade do Tennessee,
EUA) publica na revista Nature Geoscience um artigo afirmando que a superfície da Lua contém
cristais com restos de água em seu interior. Os dados são obtidos por meio da análise de amostras
de rochas lunares trazidas pelas missões Apollo. Liu acredita que íons de hidrogênio transportados
pelo vento solar estão presentes na água encontrada na Lua, e o mesmo pode acontecer em outros
componentes do Sistema Solar. Na Terra, esses íons são bloqueados pela atmosfera e pelo campo
magnético.

2012 (15 de utubro) – Uma equipe liderada por Meg Schwamb, da universidade de Yale
(Connecticut, EUA), anuncia a descoberta do primeiro planeta em um sistema quádruplo de
estrelas. Denominado PH1, o planeta orbita duas estrelas em 138 dias, e as outras duas integrantes
do sistema estelar estão distantes cerca de 150 bilhões de km. O astro tem aproximadamente seis
vezes o tamanho da Terra e dista de nós cerca de 5.000 anos-luz.
Identificado inicialmente pelos astrônomos amadores estadunidenses Kian Jek e Robert Gagliano,
por meio do site Planethunters.org (daí o nome PH1), criado justamente para que amadores possam
encontrar exoplanetas, o objeto tem a existência posteriormente confirmada por profissionais
britânicos e estadunidenses, que fazem observações com os telescópios Keck, localizados no monte
Mauna Kea, Havaí.

2012 (16 de outubro) – É anunciada a descoberta de Alfa Centauri Bb, o exoplaneta mais próximo
da Terra (4,37 anos-luz) e o de menor massa (1,13 massa terrestre) orbitando uma estrela
semelhante ao Sol encontrado até o momento. Está fora da zona de habitabilidade de Alfa Centauri
B, em torno da qual completa uma órbita, à distância média de 6 milhões de km (4% da distância
Terra-Sol), em 3,236 dias (3d5h39min24,5s), com temperatura superficial de 1.200°C (2,6 vezes a
de Vênus).
O exoplaneta é encontrado, após quase quatro anos de pesquisas, por uma equipe liderada por
Xavier Dumusque (Observatório de Genebra, Suíça, e Centro de Astrofísica da Universidade do
Porto, Portugal), que publica um artigo científico sobre o tema no site da Nature. A detecção é feita
com a ajuda do espectrógrafo HARPS, localizado no Observatório La Silla (Chile).
Essa descoberta é significativa, um avanço importante na busca de um planeta similar à Terra nas
vizinhanças do Sistema Solar.
Contudo, alguns astrônomos expressam ceticismo quanto à existência de Alfa Centauri Bb. Em
junho de 2013, surgem contestações importantes acerca da interpretação dada aos dados que
levaram ao anúncio da descoberta. A questão permanece em aberto, e novas pesquisas estão em
andamento.

2012 (19 de outubro) – A ESA anuncia a missão Cheops (CHaracterising ExOPlanets Satellite),
constituída de um telescópio espacial a ser lançado em 2017 e colocado numa órbita a 800km da
Terra. O objetivo principal é estudar a formação, as dimensões e a composição de planetas
extrassolares girando em torno de estrelas próximas e brilhantes.

2012 (24 de outubro) – Uma equipe liderada por Roberto Saito (Pontificia Universidad Católica de
Chile, Universidad de Valparaíso e The Milky Way Millennium Nucleus, Chile) divulga o maior
catálogo estelar da região central da Via Láctea já elaborado. Compilado a partir de dados em
infravermelho obtidos pelo telescópio Vista, o catálogo contém aproximadamente 84 milhões de
estrelas, dez vezes mais que os melhores estudos anteriores da região.
O catálogo contém, no total, 137 milhões de objetos luminosos, mas 53 milhões deles são tênues
demais ou estão misturados com objetos adjacentes, não sendo possível efetuar medições.

2012 (6 de novembro) – Uma equipe internacional liderada por David Sobral, da universidade de
Leiden (Holanda), publica no Monthly Notices of the Royal Astronomical Society o estudo mais
completo já realizado sobre o índice de formação estelar do Universo. Segundo a pesquisa, o pico
ocorreu há 11 bilhões de anos (2,8 bilhões de anos depois do Big Bang), e metade de todas as
estrelas produzidas até hoje no Universo surgiu entre 11 bilhões e 9 bilhões de anos atrás. A taxa
atual é 30 vezes menor, e o declínio deve continuar. Contudo, ao contrário do que acontece em
grande número de galáxias, na Via Láctea as estrelas continuam surgindo a um ritmo bastante bom.
Um novo estudo sobre o período de formação estelar mais intensa da história do Universo é
divulgado em março de 2013.

2012 (21 de novembro) – Astrônomos liderados por José Luis Ortiz (Instituto de Astrofísica de
Andalucía, CSIC, Espanha) publicam na Nature os resultados de observações do planeta anão
Makemake realizadas a partir de três telescópios localizados no Chile: Very Large Telescope
(VLT), New Technology Telescope (NTT) e TRAPPIST. Os dados são obtidos quando o astro
sofre uma ocultação estelar. A maneira abrupta como Makemake ressurge após passar por trás da
estrela NOMAD 1181-023572 leva os cientistas a concluir que, ao contrário do que se pensava, o
planeta anão não tem uma atmosfera significativa (como a de Plutão, por exemplo). Ademais, são
refinadas as medições do diâmetro (1.430km), da massa (3 quintilhões de toneladas), da densidade
(1,7g/cm3) e do albedo (0,77).

2012 (28 de novembro) – Astrônomos liderados por Remco van den Bosch (Instituto Max Planck
de Astronomia, Heidelberg, Alemanha) publicam na Nature a descoberta, feita com o telescópio
Hobby-Eberly (Texas, EUA), de um buraco negro supermassivo na galáxia NGC 1277, a 220
milhões de anos-luz da Terra, na constelação de Perseu. O objeto tem diâmetro de 100 bilhões de
km e massa equivalente a 17 bilhões de vezes a do Sol, o que corresponde a 14% de toda a massa
estelar da galáxia, algo nunca antes visto (o normal é até 0,1%).

2012 (28 de novembro) – Uma equipe internacional de astrônomos publica no The Astrophysical
Journal Letters um estudo anunciando a detecção, pela primeira vez, de grãos macroscópicos (da
ordem de milímetros) e monóxido de carbono gasoso em torno de uma anã marrom, ingredientes
necessários para a formação de planetas rochosos. Utilizando o ALMA (Atacama Large
Millimeter/submillimeter Array), os cientistas encontram o material em torno de ISO-Oph 12, anã
marrom localizada na constelação do Serpentário, a 400 anos-luz da Terra.
Até este momento, acreditava-se que planetas rochosos não poderiam se formar ao redor de anãs
marrons, conceito que passa a ser revisto.

2012 (29 de novembro) – A NASA informa a descoberta, pela Messenger, de fortes evidências da
existência de água em estado sólido em crateras do polo norte de Mercúrio. Apesar de ser o
segundo planeta mais quente do Sistema Solar, a inclinação do eixo de rotação mercuriano faz com
que muitas crateras polares nunca recebam calor do Sol e tenham temperaturas comparáveis às das
luas geladas de Júpiter. E em algumas dessas crateras, especialmente numa denominada Prokofiev,
medições indicam a presença de gelo, bem como de materiais orgânicos semelhantes aos
encontrados em alguns asteroides e cometas. Observações feitas a partir de telescópios terrestres já
haviam sugerido que há gelo nos polos de Mercúrio, mas essa é a primeira vez que se encontram
evidências verdadeiramente consistentes.

2012 (3 de dezembro) – A NASA anuncia os resultados da primeira análise ampla de uma amostra
de solo marciano realizada pelo Curiosity. Na amostra, composta de areia descrita por um dos
cientistas da missão como “mais áspera do que farinha e mais fina do que açúcar”, são encontrados
dióxido de carbono, oxigênio e dióxido de enxofre, além de uma quantidade significativa de água.

2012 (3 de dezembro) – Cientistas da NASA anunciam, em entrevista coletiva, que a Voyager 1


chegou a uma região até agora desconhecida da heliosfera. Nessa região, descrita como uma
“autoestrada magnética”, a pressão do meio interestelar empurra de volta o campo magnético solar,
ao mesmo tempo em que partículas provenientes do meio interestelar entram no Sistema Solar. Os
cientistas acreditam que esta seja a última etapa na viagem da sonda rumo ao espaço interestelar.
Conforme os pesquisadores, a Voyager 1 (que neste momento está a 18,5 bilhões de km do Sol)
deverá sair do Sistema Solar num prazo de dois meses a dois anos.

2012 (3 de dezembro) – Um estudo liderado por Emmanuel Marcq, do Laboratoire Atmosphères,


Milieux, Observations Spatiales, na França, sugere que pode haver atividade vulcânica em Vênus.
Uma evidência apontada é que, nos últimos seis anos, observações da Venus Express revelaram
grande mudança na quantidade de dióxido de enxofre na atmosfera venusiana. Ademais, apesar de
esse gás existir na atmosfera de Vênus em proporções muito superiores às encontradas na atmosfera
terrestre, ele se concentra abaixo do denso sistema de nuvens do planeta, sendo destruído ao
ultrapassá-las e entrar em contato com a radiação solar. E a Venus Express encontrou dióxido de
enxofre acima das nuvens venusianas, o que indica formação recente. Há diversos vulcões
conhecidos na superfície de Vênus, e os cientistas tentam estabelecer se estão ativos (ao menos
alguns deles) ou não.

2012 (5 de dezembro) – Três estudos sobre resultados da missão Grail são apresentados na
conferência anual da American Geophysical Union, em San Francisco, e publicados na versão on-
line da revista Science. A descoberta mais surpreendente é a de que a crosta lunar foi quase
totalmente (98%) pulverizada no passado por impactos de asteroides e cometas. A existência desses
impactos é conhecida há muito, mas não se sabia que tinham ocorrido em tais proporções. Outra
descoberta é a espessura da crosta lunar: de 34 a 43km, entre 6 e 12km menos do que indicavam as
estimativas disponíveis. Daí resulta que a composição da Lua é bastante parecida com a da Terra, o
que reforça a teoria de que nosso satélite foi formado a partir de material terrestre arrancado após
um grande impacto nos primórdios do Sistema Solar.

2012 (13 de dezembro) – A Chang'e 2 sobrevoa o asteroide 4179 Toutatis à distância de 3,2km. No
mesmo dia, imagens do sobrevoo são publicadas on-line.
Descoberto em 4 de janeiro de 1989 pelo astrônomo francês Christian Pollas, o astro tem diâmetro
de 4,5 x 2,4 x 1,9km, período orbital de 1469,3 dias (4,02 anos) e orbita o Sol à distância média de
378,3 milhões de km. A massa estimada é de 50 bilhões de toneladas.
É a primeira vez que uma sonda chega a um asteroide partindo de um ponto de Lagrange. E é
também o primeiro sobrevoo de um asteroide por uma espaçonave chinesa.
Depois desse sobrevoo, a Chang’e 2 passa a ser utilizada numa missão de testes dos sistemas de
monitoramento e controle da China em espaço profundo.

2012 (17 de dezembro) – As sondas GRAIL são levadas pela NASA a cair na superfície lunar. O
impacto ocorre a 6.050km/h numa montanha próxima do polo norte da Lua. Ebb é a primeira sonda
a cair, seguida 30 segundos depois pela sonda Flow.
O local do impacto passa a se chamar Sally Ride, em homenagem à primeira estadunidense (1951-
2012) a ir ao espaço.

2013 (7 de janeiro) – Durante encontro da Sociedade Astronômica Americana (Long Beach,


Califórnia), o astrônomo Christopher Burke anuncia a detecção, pelo Kepler, de mais 461
candidatos a exoplanetas, grande parte deles de dimensões semelhantes às da Terra ou um pouco
superiores. Com isso, o número de exoplanetas em potencial descobertos pelo Kepler passa para
2.740, orbitando 2.036 estrelas.
Entre os candidatos apresentados neste anúncio destaca-se KOI-172.02, exoplaneta 50% maior que
a Terra e que está na zona habitável de uma estrela semelhante ao Sol. Completa uma órbita em
242 dias, à distância média de 113 milhões de km.
Outro estudo, também baseado em dados do Kepler e liderado por François Fressin (Centro
Harvard-Smithsonian para Astrofísica), sugere que uma em cada seis estrelas da Via Láctea abriga
ao menos um planeta com tamanho até 25% superior ao da Terra em órbitas mais próximas que a
de Mercúrio em torno do Sol. Caso estejam corretos, esses dados indicam que em nossa galáxia
existem pelo menos 17 bilhões de planetas comparáveis à Terra, com possibilidade de existirem
várias dezenas de bilhões.

2013 (7 de janeiro) – Cientistas da universidade da Pensilvânia liderados por Mathias Basner e


David Dinges publicam na revista PNAS um estudo indicando que missões espaciais prolongadas
podem afetar os padrões de sono dos astronautas. Eles chegam a essa conclusão com base no
comportamento dos seis voluntários que, de junho de 2010 a novembro de 2011, participaram do
Projeto Marte-500, simulando uma viagem de ida e volta ao planeta vermelho. À medida que a
simulação progride, os participantes tornam-se cada vez mais sedentários e passam mais tempo
dormindo, além de demonstrar uma série de perturbações do sono e de performance. Os cientistas
sugerem que, em futuras missões prolongadas, sejam regulados os horários de sono e de atividade
física, a fim de que os astronautas não sejam desviados do ciclo biológico de 24 horas mantido na
Terra. Sugerem, ainda, que as naves simulem condições geofísicas terrestres, como exposição à luz
solar.

2013 (8 de janeiro) – Durante encontro da Sociedade Astronômica Americana (Long Beach,


Califórnia), astrônomos da Universidade de Berkeley (Califórnia) sugerem que Fomalhaut b pode
ser um exocometa, e não um exoplaneta, como se pensava.
Exocometas são cometas localizados fora do Sistema Solar. Conforme os pesquisadores,
exocometas podem ser importantes para a compreensão do processo de formação de planetas.
Outros seis exocometas são anunciados por astrônomos que utilizam o Observatório McDonald, no
Texas.
Passa para dez o número de exocometas conhecidos.
Em outubro de 2014, é divulgado um estudo acerca de centenas de exocometas identificados em
torno da estrela Beta Pictoris.
2013 (11 de janeiro) – Astrônomos chefiados por Roger Clowes, do Instituto Jeremiah Horrocks, da
Universidade de Central Lancashire (Grã-Bretanha), publicam no Monthly Notices of the Royal
Astronomical Society a descoberta da maior estrutura já observada no Universo. Trata-se de um
grande grupo de quasares (LQG - large quasar group -, na sigla em inglês), formado por 73
quasares, com diâmetro mínimo de 1,4 bilhão de anos-luz, mas superior a 4 bilhões de anos-luz no
ponto de extensão máxima.
Até este momento, pensava-se que o diâmetro-limite para uma estrutura do Universo fosse inferior
a 1,5 bilhão de anos-luz.
Uma estrutura ainda maior é anunciada em 19 de novembro de 2013.

2013 (16 de janeiro) – A NASA e a ESA anunciam um acordo para uma missão não tripulada em
torno da Lua, a ser realizada em 2017. O acordo prevê uma cooperação em que o Veículo de
Transferência Automática (ATV, na sigla em inglês), da Europa, será modificado para se tornar um
módulo de serviço da cápsula espacial estadunidense Orion, proporcionando propulsão, eletricidade
e controle térmico, assim como água e outros víveres, aos astronautas que voarão a bordo da nave
espacial.
A NASA também prevê uma segunda missão conjunta à órbita da Lua em 2021, dessa vez
tripulada.

2013 (22 de janeiro) - A empresa estadunidense Deep Space Industries anuncia a intenção de lançar
uma frota de sondas para pesquisar e explorar minerais e outros recursos de asteroides próximos da
Terra. O cronograma prevê o envio ao espaço, a partir de 2015, de pequenas sondas de 25kg
denominadas "FireFlies" (vaga-lumes) para avaliar, em missões de duas a seis semanas, alvos
potencialmente promissores para a exploração de minerais. Numa segunda fase, com início previsto
para 2016, a empresa pretende lançar sondas mais pesadas, de 32kg, as "Dragonflies" (libélulas),
capazes de alcançar um asteroide e trazer de volta à Terra amostras de 27 a 68kg durante uma
viagem de dois a quatro anos.

2013 (28 de janeiro) – O Irã lança ao espaço um macaco e o recupera vivo, num voo suborbital, a
bordo de uma cápsula de 285kg denominada Pishgam (Pioneira).
O lançamento é programado para coincidir com o “Mawlid”, dia em que alguns muçulmanos
celebram o nascimento de Maomé (como o calendário islâmico é lunar, a data correspondente no
calendário gregoriano varia de ano para ano).
Em 31 de janeiro, é publicado um vídeo completo da missão da cápsula Pishgam, desde antes do
lançamento até a aterrissagem com o macaco são e salvo.
O acontecimento gera preocupação no Ocidente, porque a tecnologia balística de longo alcance
usada para levar satélites iranianos até a órbita pode, em tese, ser usada para despachar ogivas
nucleares em mísseis de longo alcance. A polêmica acerca da verdadeira natureza do programa
nuclear do Irã se arrasta há anos.

2013 (6 de fevereiro) – Astrônomos do Centro de Astrofísica da Universidade de Harvard (CfA)


liderados por Courtney Dressing divulgam um estudo segundo o qual 6% das anãs vermelhas (as
estrelas mais frequentes na Via Láctea) têm planetas com tamanho semelhante ao da Terra e
potencialmente habitáveis. Conforme os autores do estudo, feito com base em exoplanetas
descobertos pelo Kepler, pode haver um “irmão da Terra” a 13 anos-luz do nosso planeta, distância
bastante inferior à imaginada anteriormente. Os cientistas dizem ainda que, uma vez que as estrelas
anãs são mais longevas do que o Sol, planetas habitados em torno delas, e a própria vida neles,
poderiam ser mais antigos que a Terra.
2013 (6 de fevereiro) – Cientistas liderados por Eran Ofek, do Instituto Weizmann (Israel),
publicam na Nature um trabalho descrevendo uma erupção numa estrela pouco mais de um mês
antes de ela explodir como supernova. Já se acreditava na existência dessas erupções, mas esse é o
primeiro registro. Utilizando dados do Palomar Transient Factory (PTF), que busca por supernovas
tipo II no céu, os pesquisadores descobrem que uma estrela distante 500 milhões de anos-luz,
localizada na constelação de Hércules, ejetou ao espaço material equivalente a cem massas solares,
numa concha que se expandiu a 2.000km/s, quarenta dias antes de se transformar na supernova
SN2010mc.

2013 (9 de fevereiro) – O Curiosity completa a primeira perfuração de uma rocha marciana (e de


qualquer planeta do Sistema Solar). O buraco tem 1,6cm de largura e 6,4cm de profundidade, e o
material colhido é de coloração diferente daqela do solo de Marte.
A NASA dá a esta rocha o nome de John Klein, em memória do vice-gerente de projetos do Mars
Science Laboratory, morto em 2011.
Os resultados da análise dessas amostras são divulgados pela NASA em 12 de março.

2013 (14 de fevereiro) – O LHC é desligado para um longo período de manutenção.


Posteriormente, será preparado para produzir colisões a energias bem mais altas do que as obtidas
até o momento.
A previsão é de que seja religado em 2015.

2013 (15 de fevereiro) – Um asteroide de 10.000t e medindo entre 17 e 20m entra na atmosfera
terrestre a aproximadamente 66.960km/h e explode 29,7km acima de Chelyabinsk (a leste dos
Montes Urais, 210km ao sul de Yekaterimburgo, Rússia), gerando grande número de fragmentos de
meteoritos (oficialmente, “meteoritos de Chelyabinsk”) e uma onda de choque que danifica 7.200
construções em seis cidades e deixa 1.491 feridos (incluindo 311 crianças), sobretudo em
decorrência de estilhaços de vidros de janelas quebradas. Conforme autoridades russas, 112 pessoas
são hospitalizadas, sendo duas em estado grave. Vinte pessoas reportam queimaduras causadas por
raios ultravioleta, possivelmente intensificados pela presença de neve no solo. A explosão ocorre às
9h20min (hora local, 1h20min de Brasília) e libera energia equivalente à de 30 bombas atômicas de
Hiroshima, constituindo o maior impacto registrado na atmosfera desde o evento de Tunguska, em
1908, e o primeiro evento desse tipo que resulta em um grande número de feridos. A onda de
choque, que chega à superfície pouco mais de dois minutos depois da explosão, é registrada como
um sismo de magnitude 2,7. O meteoroide gera um clarão mais brilhante que o sol nascente. Logo
após a onda de choque, serviços de telefonia celular são interrompidos, e alarmes de automóveis
começam a soar. As aulas são suspensas em Chelyabinsk, principalmente por causa de vidraças
quebradas (a temperatura na região neste dia é de -15°C).
Ao longo dos meses seguintes, diversos fragmentos são encontrados, o maior deles com 4,74kg.
Em 16 de outubro, um meteorito de 654kg é retirado do fundo do Lago Chebarkul por
mergulhadores russos. A análise desse meteorito permitirá determinar com mais precisão a
composição e as dimensões do asteroide que explodiu acima de Chelyabinsk.

2013 (15 de fevereiro) – O asteroide 2012 DA14, com 30m de diâmetro e pesando 40.000t, passa a
27.743km da Terra, a maior aproximação já registrada para um objeto com essas dimensões. O
asteroide, descoberto em 23 de fevereiro de 2012 no Observatório La Sagra (Granada, Espanha),
chega à distância mínima da Terra (inferior àquela em que orbitam os satélites geoestacionários) às
17h25min (hora de Brasília), e a influência gravitacional terrestre reduz o período orbital do astro
em torno do Sol de 368 dias para 317 dias. A passagem não é visível a olho nu (magnitude aparente
7,2), e o melhor ponto de observação é a Indonésia (o fenômeno também pode ser observado da
Ásia continental, da Europa Ocidental e da Austrália).
Contrariamente a algumas especulações, não há relação alguma entre a aproximação deste asteroide
e a explosão do meteoroide de Chelyabinsk, ocorrida dezesseis horas antes.
Em fevereiro de 2046, o 2012 DA14 passará a 2.100.000km da Terra, sendo esta a próxima
passagem do astro digna de nota.

2013 (20 de fevereiro) – É divulgada a descoberta de Kepler-37b, o menor exoplaneta já


encontrado, com diâmetro de 3.865km (inferior ao de Mercúrio) e massa um pouco superior à da
Lua. De acordo com a NASA, o planeta provavelmente não tem atmosfera. A temperatura
superficial é de 425°C, e supõe-se que a composição seja rochosa.
Completa uma órbita em torno de sua estrela, Kepler-37, anã amarela localizada na constelação da
Lira e distante 215 anos-luz, em 13,37 dias, à distância média de 15 milhões de km.
Kepler-37b é o mais interno dos três planetas encontrados nesse sistema, e Kepler-37c também é
menor que a Terra (diâmetro de 9.500km).

2013 (25 de fevereiro) – É lançado o NEOSSat (Near Earth Object Surveillance Satellite, “Satélite
de Vigilância de Objetos Próximos à Terra”), telescópio dedicado especificamente à busca de
asteroides desenvolvido pela Agência Espacial do Canadá. Colocado numa órbita a 800km de
altitude, pode operar o dia inteiro (os telescópios terrestres são operacionais apenas durante a
noite). O NEOSSat está programado para detectar asteroides com diâmetros a partir de algumas
dezenas de metros, o que deixa de fora objetos como o que atingiu a Rússia em 15 de fevereiro.

2013 (6 de março) – A sonda Messenger completa o mapeamento de 100% da superfície de


Mercúrio. Nos anos 1970, a Mariner 10 havia mapeado 45%.

2013 (8 de março) - Kevin Luhman (Pennsylvania State University) anuncia a descoberta de WISE
1049-5319, sistema binário de anãs marrons localizado na constelação da Vela. Distante 6,6 anos-
luz, o sistema é o mais próximo da Terra encontrado desde 1916 (Estrela de Barnard). Trata-se das
anãs marrons mais próximas conhecidas. Os dois componentes completam uma órbita em torno do
baricentro em aproximadamente 25 anos e distam um do outro cerca de 450 milhões de km.

2013 (12 de março) – São divulgados resultados da análise do material extraído da rocha marciana
Johm Klein, perfurada pelo Curiosity em fevereiro. Nas amostras existem enxofre, nitrogênio,
hidrogênio, oxigênio, fósforo e
carbono, ingredientes químicos essenciais para a vida. De acordo com a NASA, essa é uma forte
evidência de que Marte pode ter tido, no passado, condições para abrigar vida, ao menos
microbiana.

2013 (13 de março) – Ocorre a cerimônia de inauguração do ALMA (Atacama Large


Millimeter/submillimeter Array), localizado a 5.059m de altitude no Planalto de Chajnantor, no
deserto de Atacama, 50km a leste da cidade de San Pedro de Atacama, norte do Chile. A solenidade
conta com a participação do presidente chileno, Sebastián Piñera, e de autoridades de diversos
países.
O ALMA é um gigantesco radiotelescópio que, quando concluído, será formado por 66 antenas
móveis, 54 com 7m e 12 com 12m de diâmetro, capazes de percorrer no deserto distâncias entre
150m e 16km, possibilitando grande variedade de configurações interferométricas, que podem ser
usadas de acordo com as características das observações pretendidas. Cada antena é um bloco de
aço e fibra de carbono de 100t. As 66 antenas podem funcionar em conjunto, formando o maior
radiotelescópio em atividade no mundo, capaz de operar em comprimentos de onda de 0,3 a
9,6mm. No momento da inauguração, dezesseis dessas antenas estão operacionais, prevendo-se a
conclusão do radiotelescópio para 2015.
O projeto ALMA é uma associação entre Europa, EUA, Canadá, Japão e Chile.

2013 (14 de março) – Uma equipe internacional liderada por Joaquin Vieira (California Institute of
Technology, EUA) publica na Nature e no Astrophysical Journal uma série de artigos postulando
que o período de formação estelar mais intensa da história do Universo ocorreu há 12 bilhões de
anos, 1 bilhão de anos mais cedo do que se pensava. Neste trabalho, realizado a partir do estudo de
26 galáxias brilhantes de grande massa do Universo primordial efetuado com a ajuda do
radiotelescópio ALMA, é descrita também a detecção de moléculas de água em pelo menos uma
dessas galáxias, o que significa que já existia água quando o Cosmos tinha 1,8 bilhão de anos ou
menos.

2013 (14 de março) – A ESA e a Roskosmos assinam um acordo para o desenvolvimento da missão
ExoMars (Exobiology on Mars), que consistirá de duas sondas, a serem lançadas em 2016 e 2018,
para estudar Marte e trazer à Terra amostras do planeta.
A parceira inicial da ESA era a NASA, que deixou o projeto em fevereiro de 2012 devido a
restrições orçamentárias.

2013 (14 de março) – O CERN divulga um comunicado no qual afirma ser extremamente elevada a
possibilidade de que a partícula descoberta no LHC e anunciada em julho de 2012 seja, de fato, o
bóson de Higgs.

2013 (17 de março) – Ocorre o impacto de uma rocha de 30cm de diâmetro e 40kg contra a
superfície da Lua, a uma velocidade ligeiramente superior a 90.000km/h. O impacto, anunciado
pela NASA exatamente dois meses depois, em 17 de maio, gera um clarão quase dez vezes mais
brilhante do que qualquer um dos mais de trezentos choques registrados desde o início (2005) do
monitoramento de choques de meteoritos na Lua realizado pela NASA. A agência espacial
estadunidense informa ainda que o fenômeno foi visível da Terra a olho nu.
Um impacto três vezes mais forte é observado em setembro.

2013 (20 de março) – Jeff Bezos, fundador da Amazon, anuncia ter recuperado do fundo do Oceano
Atlântico (4.267m de profundidade) grande número de componentes de motores
F-1 de foguetes Saturno V, utilizados para levar naves Apollo à Lua. Bezos acredita ter conseguido
recuperar, numa expedição de três semanas, peças suficientes para reconstruir dois dos 65 motores
F-1 lançados entre 1967 e 1973. O projeto original era retirar do mar especificamente motores da
Apollo 11, mas os números de série de grande parte das peças já não existem, o que tornará muito
difícil a identificação.
Em 25 de março, 11,34t de componentes de motores chegam ao Kansas Cosmosphere and Space
Center (Hutchinson, Kansas), onde serão submetidos a um cuidadoso processo de restauração.
Em 19 de julho, a empresa Bezos Expeditions confirma que ao menos um dos motores resgatados é
da Apollo 11. A identificação é possível pelo número de série 2044, encontrado abaixo de camadas
de metal corroído.

2013 (21 de março) – Numa coletiva de imprensa em Paris, o diretor-geral da ESA, Jean-Jacques
Dordain, apresenta o primeiro mapa da radiação cósmica de fundo em micro-ondas de todo o céu,
elaborado a partir de dados fornecidos pelo telescópio espacial Planck. O mapa mostra o Universo
tal como ele era 380.000 anos depois do Big Bang, quando a temperatura era de 3.000°C. Segundo
os cientistas, antes disso a temperatura era tão elevada que não havia emissão de fótons (partículas
elementares constituintes da luz). O mapa do Planck revela, portanto, traços fósseis da primeira luz
surgida no Universo.
De acordo com os dados divulgados, o universo tem 13,798 bilhões de anos (50 milhões de anos a
mais do que se pensava) e contém 4,9% de matéria ordinária, 26,8% de matéria escura e 68,3% de
energia escura (os valores anteriormente aceitos eram, respectivamente, 4,5%, 22,7% e 72,8%).
Também é revisto o valor para a constante de Hubble: 68,80km/s/megaparsec (valor anteriormente
aceito: 74). Isso significa que, embora o Universo esteja em expansão acelerada, a velocidade dessa
expansão é um pouco menor do que se supunha.
É oportuno registrar aqui outras propriedades do Universo observável, de acordo com os
conhecimentos cosmológicos mais recentes. Número estimado de galáxias: pelo menos 170
bilhões; diâmetro: 93 bilhões de anos-luz, ou 880 sextilhões de km (de acordo com a Teoria da
Relatividade, dois pontos muito distantes entre si podem se afastar a velocidades superiores à da luz
num espaço em expansão); volume: 360 Duovigintilhões de km3 (1 Duovigintilhão = 1 seguido de
69 zeros); massa: 3,35 Septendecilhões de kg (1 Septendecilhão = 1 seguido de 54 zeros);
densidade média: 9,9 gramas de matéria por quatrilhão de km3 (1 átomo de hidrogênio para cada
4m3); número total de átomos: 94 Quinquavigintilhões (1 Quinquavigintilhão = 1 seguido de 78
zeros).

2013 (22 de março) – Durante a 44ª Conferência de Ciência Lunar E Planetária, Anthony Irving
(University of Washington) anuncia a descoberta do primeiro meteorito originário de Mercúrio,
denominado Northwest Africa 7325 (NWA 7325). Trata-se de 35 fragmentos pesando, no total,
345g, encontrados (2012) em Erfoud, Marrocos. Acredita-se que a idade do material constituinte do
meteorito seja de 4,56 bilhões de anos.

2013 (28 de março) – A Soyuz TMA-08M se acopla à ISS depois de um voo de menos de seis
horas (até agora eram necessários dois dias). O lançamento, de Baikonur (Cazaquistão), ocorre às
17h43min (ora de Brasília), e a acoplagem, às 11h28min. Isso é possível devido a melhorias
tecnológicas nas naves Progress e Soyuz, que passam a permitir a acoplagem depois de quatro
órbitas em torno da Terra, quando antes eram precisas 34 órbitas. O primeiro teste (bem-sucedido)
dessa trajetória reduzida foi realizado com a Progress M-16M, lançada em 1º de agosto de 2012. A
redução do tempo de voo também permite levar a bordo materiais biológicos para realizar
experimentos na ISS, o que as naves Soyuz não podiam fazer até então.
A tripulação é formada por dois russos e um estadunidense: Pavel Vinogradov - comandante -,
Alexander Misurkin - engenheiro de voo – e Christopher Cassidy - engenheiro de voo. Eles fazem
parte da Expedição 35 e se juntam ao canadense Chris Hadfield, ao russo Roman Romanenko e ao
estadunidense Tom Marshburn, que estão na ISS.
A aterrissagem ocorre em 11 de setembro de 2013.

2013 (3 de abril) – Cientistas do CERN liderados por Samuel Ting publicam na Physical Review
Letters um artigo sugerindo que o Espectrômetro Magnético Alfa (AMS, na sigla em inglês) pode
ter encontrado os primeiros indícios diretos de matéria escura. O anúncio se baseia na detecção de
grande quantidade de pósitrons, partículas subatômicas com carga positiva, a contraparte do elétron
(por isso chamados também de antielétrons), compatíveis com a aniquilação de partículas de
matéria escura no espaço. Dos 25 bilhões de eventos de raios cósmicos detectados pelo AMS, 6,8
milhões correspondem a elétrons e pósitrons.
Contudo, mais pesquisa será necessária para determinar se os pósitrons observados são
constituintes de matéria escura ou se têm outra origem.

2013 (10 de abril) – A NASA anuncia um projeto para rebocar um pequeno asteroide até a órbita da
Lua e enviar astronautas para estudá-lo ali. A agência espacial acredita que é possível capturar um
asteroide de 500t e trazê-lo para que possa ser estudado e cientificamente explorado por humanos
até 2025.
2013 (18 de abril) – Cientistas da missão Kepler publicam na Science um artigo divulgando a
descoberta de mais dois exoplanetas em zonas habitáveis. Kepler-62e e Kepler-62f são dois dos
cinco planetas conhecidos do sistema de Kepler-62, estrela da constelação de Lira, menor e mais
fria que o Sol, distante 1.200 anos-luz da Terra. Kepler-62e tem raio 61% superior ao terrestre e
completa uma órbita em 122,39 dias, à distância média de 64 milhões de km da estrela. Kepler-62f,
com raio equivalente a 1,41 raio terrestre, completa uma órbita, à distância média de 107,4 milhões
de km, em 267,3 dias. Segundo os cientistas, as características dos dois exoplanetas permitem
considerar a possibilidade de que sejam rochosos e tenham água líquida na superfície.

2013 (22 de abril) - A empresa Mars One, fundada pelo holandês Bas Lansdorp com o objetivo de
estabelecer uma colônia humana permanente em Marte a partir de 2025, dá início a um processo de
seleção que, em diversas etapas, pretende escolher 24 pessoas para serem enviadas, em equipes de
quatro, com intervalos de dois anos, em viagens só de ida para o planeta vermelho. Nessa primeira
fase, cujos números são divulgados em 9 de setembro, 202.586 voluntários se inscrevem, dos quais
10.289 são brasileiros. A Mars One calcula que serão necessários 6 bilhões de dólares para
financiar o projeto, dinheiro que a empresa acredita poder obter por meio de doações, cotas de
patrocínio e um reality show que deverá transmitir a viagem e o estabelecimento dos colonos no
planeta vizinho.
É grande o ceticismo da comunidade científica relativamente á viabilidade técnica do
empreendimento.
Em 30 de dezembro, são escolhidos para a fase seguinte (entrevistas) 1.058 candidatos de 107
países (23 do Brasil), sendo 586 homens e 472 mulheres.

2013 (25 de abril) – uma equipe internacional de cientistas publica na Science um estudo
estabelecendo em 6.000°C (com margem de erro de 500°C) a temperatura do núcleo interno sólido
da Terra. Para chegar a esse valor, diversos experimentos e medições são realizados no European
Synchrotron Radiation Facility (França). De acordo com esse trabalho, o núcleo interno da Terra é
tão quente quanto a superfície do Sol e 1.000°C mais quente do que se pensava. Esses valores são
mais compatíveis com o campo magnético terrestre, que é gerado a partir da rotação do planeta e da
diferença de temperaturas do núcleo e do manto
A pressão no centro da Terra é de 3,3 milhões de atmosferas.

2013 (29 de abril) – A ESA anuncia o fim da missão do telescópio espacial Herschel (lançado em
14 de maio de 2009), devido ao esgotamento das reservas de hélio líquido, necessário para
refrigerar os seus instrumentos a -271°C, temperatura em que eram feitas as observações. Entre os
principais resultados da missão Herschel estão a observação em detalhes nunca antes vistos dos
processos de formação de estrelas e galáxias e a detecção de água em quantidades significativas em
várias regiões do Universo.
O telescópio espacial Herschel é colocado em órbita solar.

2013 (30 de maio) – A revista Meteoritics & Planetary Science publica um artigo confirmando a
hipótese (levantada em 1928) de que os egípcios antigos usavam ferro proveniente de meteoritos na
confecção de joias. A análise de um colar de 5.300 anos encontrado (1911) no cemitério de Gerzeh,
70km ao sul do Cairo, revela a presença de estruturas de cristal existentes exclusivamente em
meteoritos. Segundo os pesquisadores, o colar foi fabricado mais de dois milênios antes das
primeiras evidências do derretimento de ferro, que datam do século VI a.C. Para isso, os egípcios
martelaram um pedaço de ferro de um meteorito até transformá-lo numa pequena placa, que depois
foi embutida no colar.
De acordo com Joyce Tyldesley, egiptóloga da Universidade de Manchester, “O céu era muito
importante para os antigos egípcios, então algo que cai do céu era considerado um presente dos
deuses”. Isso confere às joias feitas com meteoritos um caráter sagrado.

2013 (30 de maio) – Pesquisadores liderados por Cary Zeitlin (Instituto de Pesquisas Southwest,
EUA) divulgam na Science um estudo afirmando que uma viagem a Marte exporia os astronautas a
uma quantidade de radiação próxima à que pode ser absorvida com segurança ao longo da vida
inteira. Os cientistas chegam a esta conclusão por meio da análise da radiação recebida pelo Mars
Science Laboratory durante os 253 dias de viagem do Curiosity a Marte.

2013 (11 de junho) – É lançada a Shenzhou 10, quinta missão tripulada do programa espacial da
China e a terceira enviada ao módulo orbital Tiangong-1. A tripulação é formada por Nie Haisheng
– comandante -, Zhang Xiaoguang – piloto - e Wang Yaping – segunda mulher chinesa no espaço.
Em 20 de junho, Wang Yaping dá uma aula de física para 60 milhões de crianças, com
experimentos que demonstram os efeitos da falta de gravidade no espaço.
A Shenzhou recebe ampla cobertura da imprensa oficial chinesa, e o presidente Xi Jinping é
filmado conversando com os taikonautas.
A aterrissagem ocorre em 26 de junho às 08h07min, hora local (23h07min do dia 25 em Brasília),
configurando a missão tripulada mais longa da China até o momento (14d22h29min).
É a última missão de uma nave Shenzhou ao módulo orbital Tiangong-1.

2013 (18 de junho) – Astrônomos utilizando o telescópio Pan-STARRS-1 (Havaí) descobrem o


asteroide 2013 MZ5, com diâmetro de aproximadamente 300m. Este é um objeto próximo da Terra,
o de número 10.000 conhecido.
Objeto próximo da Terra (NEO - Near-Earth object -, na sigla em inglês) é um asteroide ou cometa
que orbita o Sol a distâncias inferiores a 195 milhões de km e que se aproxima da Terra a 45
milhões de km ou menos. A NASA acredita que existam 25.000 deles com diâmetro superior a
100m.

2013 (19 de junho) – Uma equipe liderada por Bernard Wood (universidade de Oxford) publica na
Nature um estudo sugerindo que a atmosfera de Marte era rica em oxigênio há 4 bilhões de anos
(1,5 bilhão de anos antes de o gás surgir na atmosfera da Terra). De acordo com os pesquisadores,
isso explica a grande diferença de composição química entre meteoritos marcianos que atingiram a
Terra e rochas da superfície de Marte da cratera Gusev, estudadas pelo Spirit. A quantidade de
níquel nas rochas é inversamente proporcional à quantidade de oxigênio na atmosfera, e os
meteoritos marcianos analisados até agora, com idades que variam entre 180 milhões e 1,4 bilhão
de anos, têm cinco vezes mais níquel que as rochas da cratera Gusev, muito mais antigas: pelo
menos 3,7 bilhões de anos.

2013 (20 de junho) – Uma equipe internacional liderada por Sebastian Hönig (University of
California Santa Barbara, EUA, e Christian-Albrechts-Universität zu Kiel, Alemanha), publica no
Astrophysical Journal um trabalho descrevendo a descoberta de que nem toda a poeira ao redor de
um buraco negro é sugada por ele. De acordo com os cientistas, quando um buraco negro absorve
poeira cósmica circundante, gera radiação que, além de aquecer a poeira que está sendo sugada até
temperaturas que vão de 700 a 1.000°C, produz um vento frio que empurra parte dela para o meio
interestelar. Não se conhece ainda o mecanismo que produz esses dois efeitos contrários. A
pesquisa é realizada com o auxílio do Interferômetro do VLT (Very Large Telescope), utilizado
para estudar o buraco negro central de NGC 3783, galáxia da Constelação do Centauro que tem um
núcleo ativo.

2013 (24 de junho) – A Agência Espacial Francesa (CNES) anuncia o fim da missão do telescópio
espacial Corot, cuja altitude da órbita será diminuída para que ele queime na atmosfera superior.
Uma falha nos computadores do telescópio, ocorrida em 2 de novembro de 2012, torna impossível
coletar mais dados observacionais. Ao longo de quase seis anos, o Corot descobre diversos
exoplanetas e ajuda os astrônomos a entender melhor a física das estrelas, fornecendo detalhes
inéditos sobre sismologia estelar.

2013 (25 de junho) – Astrônomos liderados por Guillem Anglada-Escudé (Universidade de


Göttingen, Alemanha) e Mikko Tuomi (Universidade de Hertfordshire, Reino Unido) divulgam um
estudo (a ser publicado no Astronomy & Astrophysics) estabelecendo que em torno da estrela
Gliese 667 C orbitam pelo menos seis (talvez sete) planetas (conheciam-se três, anunciados em
fevereiro de 2012). Dos planetas deste sistema, três (Gliese 667 Cc, Cf e Ce) são superterras e estão
na zona habitável. É a primeira vez que três planetas são descobertos na zona habitável de uma
estrela que não o Sol. Os resultados deste estudo são obtidos analisando dados fornecidos pelo
espectrógrafo HARPS, localizado no Chile.
Gliese 667 C é uma anã vermelha integrante de um sistema estelar triplo localizado a 22 anos-luz
da terra, na constelação de Escorpião. Com cerca de um terço da massa do Sol e luminosidade
equivalente a 1,4% da solar, é o menor dos três componentes do sistema Gliese 667.

2013 (27 de junho) – É lançada a sonda estadunidense IRIS (Interface Region Imaging
Spectrograph), com o objetivo de estudar, em ultravioleta, a atmosfera do Sol, principalmente a
cromosfera. A duração prevista da missão é de dois anos. Com massa de 183kg, a IRIS é colocada
em órbita terrestre, com perigeu de 620km e apogeu de 670km.

2013 (2 de julho) – A União Astronõmica Internacional anuncia que Kerberos e Estige passam a ser
os nomes oficiais, respectivamente, do quarto e do quinto satélites de Plutão, descobertos em 2011
e 2012. Os nomes são escolhidos por meio de uma votação on-line com mais de 450.000
participantes organizada pelo Instituto Seti (Califórnia). O mais votado, Vulcano, não é referendado
pela UAI porque esta denominação não tem relação mitológica com Plutão: está associada ao
planeta hipotético que se pensava existir (século XIX) entre Mercúrio e o Sol. Vulcano também é o
planeta natal do personagem Spock, da série Star Trek (Jornada nas Estrelas)Cérbero e Estige ficam
em segundo e terceiro lugares na votação.
Na mitologia grega, Cérbero é um cão de várias cabeças (usualmente três), com uma serpente no
lugar da cauda, guardião da porta do Hades (o inferno, morada subterrânea dos mortos) para
impedir que os vivos entrem e os mortos saiam. É capturado por Hércules no último dos seus doze
trabalhos. Como já existe um asteroide com o nome latino de Cérbero (1865 Cerberus), a UAI
adota na nomenclatura a forma grega: Kerberos.
Estige é um dos rios infernais, localizado no limite entre a Terra e o Hades. Estige é também uma
ninfa, filha de Oceano e de Tétis.

2013 (10 de julho) – A NASA divulga dados da sonda Ibex que revelam o registro de uma “cauda”
do Sistema Solar. Trata-se de um prolongamento da heliosfera (heliocauda) causado pela junção de
partículas emitidas pelo Sol com o fluxo gerado pelo deslocamento da nossa estrela na Via Láctea.
Essas partículas ficam para trás e formam o prolongamento, que indica a direção do movimento
solar na Galáxia.
Essa “cauda” era prevista teoricamente, mas só agora é observada.

2013 (13 de julho) - N. Primak, A. Schultz, T. Goggia and K. Chambers descobrem o primeiro
troiano de Vênus. Batizado de 2013 ND15, o objeto tem diâmetro compreendido entre 40m e 100m
e é um troiano temporário (sobre troianos, ver 1906, 22 de fevereiro).

2013 (15 de julho) Mark Showalter (SETI Institute) anuncia a descoberta, feita em 1º de julho, do
décimo quarto satélite conhecido de Netuno, que recebe o nome provisório de S/2004 N 1.
Diâmetro estimado: 19km; período orbital: 0,936 dia (22h28min); distância média do planeta:
105.283km.
É a menor das luas já identificadas de Netuno, e o brilho, muito fraco (magnitude aparente 26,5), é
100 milhões de vezes inferior ao das estrelas mais débeis visíveis a olho nu. A descoberta é
realizada a partir de imagens obtidas pelo telescópio Hubble entre 2004 e 2009.
Passa para 173 o número de satélites naturais conhecidos orbitando planetas do Sistema Solar.
Conhecem-se também oito satélites em torno de planetas anões.

2013 (17 de julho) – Astrônomos liderados por Stefan Gillessen (Instituto Max Planck de Física
Extraterrestre, Garching, Alemanha), divulgam os resultados de observações, feitas com o Very
Large Telescope, da passagem de uma nuvem de gás (sobretudo hidrogênio) com várias vezes a
massa da Terra nas proximidades de Sagittarius A*, buraco negro localizado no centro da Via
Láctea. A nuvem, enormemente esticada pela força gravitacional do buraco negro, oferece uma
oportunidade sem precedentes de estudar a região central da nossa galáxia e o modo como buracos
negros interagem com a matéria em torno deles.
Em outubro de 2014, astrônomos estadunidenses publicam um trabalho argumentando que não se
trata de uma nuvem de hidrogênio, mas sim de um par de estrelas binárias.

2013 (18 de julho) – Astrônomos liderados por Chunhua Qi (Harvard-Smithsonian Center for
Astrophysics, Cambridge, EUA) publicam na revista Science Express um artigo sobre a primeira
detecção de linhas de neve fora do Sistema Solar, a partir de dados do ALMA. Na Terra, as linhas
de neve se formam a altitudes elevadas, onde as temperaturas baixas transformam a umidade do ar
em neve (são visíveis nos picos das montanhas). as linhas de neve espaciais se formam em regiões
frias em torno de estrelas jovens, rodeadas por um disco de poeira (no caso, TW Hydrae,
Constelação da Hidra, distante 176 anos-luz). A partir de certa distância da estrela, o calor emitido
pelo astro diminui, fazendo com que algumas substâncias no disco se congelem. Partindo da estrela
em direção ao exterior, a água é a primeira a congelar. Depois, com a diminuição da temperatura,
também moléculas mais complexas congelam: dióxido de carbono, metano, monóxido de carbono.
Esses diferentes tipos de neve desempenham um papel importante na formação dos planetas,
porque envolvem os grãos de poeira com uma camada exterior pegajosa, o que permite que não se
quebrem durante as colisões e constituam blocos maiores, os quais são componentes essenciais de
planetas e cometas.

2013 (2 de agosto) – Pesquisadores liderados por Ignacio Ferrin (Universidade de Antioquia,


Colômbia) anunciam a descoberta de um “cemitério” de cometas no Cinturão de Asteroides. A
descoberta é possível porque, nos últimos anos, doze cometas da região voltaram à ativa, após
terem permanecido adormecidos por milhares, talvez milhões de anos. Por isso, os cientistas
colombianos os chamam de “cometas de Lázaro”, em alusão ao personagem bíblico ressuscitado
por Jesus.
Diferentemente dos asteroides, que são objetos rochosos, os cometas são compostos por uma
mistura de gelo e poeira. Ao se aproximarem do Sol, o aumento do calor faz com que gás e poeira
se desprendam da superfície e sejam empurrados para trás pelo vento solar, formando as caudas
características dos cometas. Esses doze cometas que ressurgiram tiveram suas órbitas desviadas
pelo campo gravitacional de Júpiter, razão por que se aproximaram do Sol.
Os cientistas acreditam que no Cinturão de Asteroides haja um número muito maior de cometas
temporariamente inativos.
Até agora, pensava-se que os cometas do Sistema Solar se originavam apenas no Cinturão de
Kuiper e na Nuvem de Oort.
2013 (3 de agosto) – O veículo de abastecimento japonês Kounotori 4 (ou HTV-4) é lançado para a
ISS, à qual se acopla em 9 de agosto. Transporta um total de 5,4t de suprimentos diversos para a
estação (sendo 3,9t de carga pressurizada).
Nesta missão está incluído Kirobo, o primeiro robô-astronauta do Japão. Com 34cm de altura e
pesando cerca de 1kg, é dotado de tecnologia de voz (fala japonês) e de reconhecimento facial.
Desenvolvido conjuntamente pela Universidade de Tóquio, a Toyota Motor e a Dentsu (uma
agência de publicidade), é projetado para navegar em gravidade zero. O robô está programado para
auxiliar em algumas tarefas o astronauta Koichi Wakata, que viaja ao espaço em novembro a bordo
de uma nave Soyuz e, em 10 de março de 2014, torna-se o primeiro comandante japonês da ISS. A
ideia é testar até que ponto humanos e robôs podem trabalhar juntos no espaço.
O nome Kirobo é uma junção das palavras “kibo”, que significa “esperança” em japonês, e “robô”.

2013 (6 de agosto) – O Curiosity completa um ano em Marte, tendo encontrado sinais de evidência
de vida passada no planeta e coletado rochas marcianas para analisar.
Números do Curiosity neste primeiro ano – Dados enviados à Terra: 190 Gigabytes, equivalentes à
capacidade de 40.000 DVDs; imagens realizadas: 36.700 completas e 35.000 em miniatura; mais de
75.000 jatos de laser disparados, em 2.000 alvos diferentes; distância percorrida no solo marciano:
1,6km.

2013 (8 de agosto) – Uma equipe internacional de astrônomos anuncia a descoberta de um


exoplaneta que desafia a teoria mais aceita sobre formação de planetas gigantes. Denominado GJ
504b, o astro, aproximadamente do tamanho de Júpiter e com massa quatro vezes maior, orbita uma
estrela semelhante ao Sol da constelação de Virgem, distante 57 anos-luz. Segundo a teoria de
acreção de núcleo, planetas como Júpiter e GJ 504b se formam no disco de gás existente em torno
de estrelas jovens como GJ 504, que tem idade estimada de 160 milhões de anos. Colisões de
cometas e asteroides formam um núcleo que, ao atingir determinado tamanho, passa a atrair para si
o gás desse disco e dá origem a planetas. Contudo, essa teoria funciona apenas para distâncias da
estrela inferiores ou semelhantes à que separa Netuno do Sol (4,5 bilhões de km), mas o GJ 504b
está 2 bilhões de km mais longe. A descoberta é realizada graças a dados do Telescópio Subaru,
localizado no Havaí.

2013 (15 de agosto) – A NASA anuncia que o telescópio Kepler não tem mais capacidade para
procurar por exoplanetas utilizando o método do trânsito planetário, como vinha fazendo até o
momento. Com a perda definitiva da segunda de suas quatro rodas de reação (a primeira deixou de
funcionar em julho de 2012, o Kepler já não é mais capaz de se movimentar e apontar
adequadamente para as estrelas, uma vez que para isso são necessárias três rodas. Ao longo de três
meses, desde 11 de maio, são feitas todas as tentativas possíveis para recuperar uma das duas rodas
danificadas, mas os esforços são inúteis. A NASA tenta encontrar outras funções para o Kepler,
tendo solicitado à comunidade científica sugestões de usos para o telescópio.
Os dados coletados pelo Kepler desde 2009 continuarão sendo analisados pelos cientistas, tarefa
que levará anos para ser concluída. Até o momento, pode-se atribuir ao Kepler a descoberta de 134
exoplanetas confirmados, orbitando 76 estrelas diferentes, além de 3.277 candidatos a exoplanetas.
Esses números são muito superiores aos de qualquer outro telescópio já utilizado para descobrir
planetas fora do Sistema Solar.
Uma nova missão é atribuída ao Kepler em maio de 2014.

2013 (21 de agosto) - A NASA anuncia a reativação do telescópio Wise para uma nova missão de
três anos, a começar em setembro. Os objetivos são procurar por asteroides cujas órbitas podem
levar a colisões com a Terra e identificar asteroides que possam ser interceptados por uma nave
espacial e redirecionados para orbitar a Lua, a fim de serem diretamente estudados por astronautas.
2013 (29 de agosto) – Um estudo liderado por Mike Alexandersen e publicado na Science
identifica 2011 QF99 como o primeiro asteroide troiano conhecido de Urano. Descoberto em 2011
durante uma pesquisa de objetos transnetunianos realizada com o telescópio Canada-France-
Hawaii, o asteroide tem aproximadamente 60km de diâmetro e é um centauro capturado por Urano
há algumas centenas de milhares de anos. Acredita-se que dentro de aproximadamente 1 milhão de
anos deixará a órbita do planeta e voltará a ser um centauro. Trata-se, portanto, de um asteroide
troiano temporário.

2013 (7 de setembro) – É lançada a sonda estadunidense LADEE - Lunar Atmosphere and Dust
Environment Explorer (Explorador de Atmosfera e Poeira Lunar) -, cujo objetivo é estudar a tênue
atmosfera da Lua (tão tênue que grande número de cientistas prefere chamá-la de exosfera). Nessa
região, as moléculas são tão esparsas que não interagem. Os pesquisadores pretendem descobrir se
existe poeira nas camadas superiores da exosfera lunar, poeira essa que poderia ser a explicação
para o aumento de brilho observado
no horizonte pouco antes do nascer do Sol por astronautas das missões Apollo, fenômeno
semelhante à aurora boreal, esboçado num caderno por Eugene Cernan, comandante da Apollo 17.
A LADEE deve testar também um novo sistema de comunicação via laser com alta taxa de
transferência de dados, o qual, se bem-sucedido, pode melhorar em até seis vezes a comunicação
entre satélites e suas bases na Terra.
Com massa de 383kg, a LADEE tem uma missão planejada para durar cem dias após a inserção na
órbita lunar, que ocorre em 6 de outubro.

2013 (11 de setembro) - Um asteroide de 1m de diâmetro e 400kg, viajando a 61.000km/h, choca-


se contra a superfície da Lua, evapora e produz uma cratera de 40m. O fenômeno, maior impacto
contra a superfície lunar já visto (três vezes superior ao de março de 2013), dura oito segundos e
pode ser visto da Terra a olho nu.
Um estudo sobre o impacto, liderado pelo astrônomo espanhol José María Madiedo (Universidade
de Huelva), é publicado em 23 de fevereiro de 2014 no periódico Monthly Notices of the Royal
Astronomical Society.

2013 (12 de setembro) – A NASA anuncia que a Voyager 1 saiu da heliopausa e entrou no espaço
interestelar em agosto de 2012, tornando-se o primeiro objeto fabricado pelo homem a deixar o
Sistema Solar. A data exata apontada é 25 de agosto, porque nesse dia tem início um aumento
durável na densidade das partículas energéticas captadas pela sonda, o que indica que ela não está
mais na região do espaço sob domínio do Sol.
No momento deste anúncio, a Voyager 1 está a quase 19 bilhões de km da Terra.

2013 (14 de setembro) – É lançado o satélite ultravioleta japonês Hisaki (340kg), cujo objetivo é
estudar as atmosferas e as magnetosferas dos planetas do Sistema Solar. É o primeiro lançamento
do programa de pequenos satélites científicos do Japão, levado a efeito por um foguete Epsilon, que
também voa pela primeira vez. O Hisaki, com missão programada de um ano, opera numa órbita
terrestre com perigeu de 950km e apogeu de 1.150km, completada em 106 minutos.
O nome Hisaki é adotado a partir do momento da correta inserção orbital. Antes, o satélite era
conhecido como SPRINT-A - Spectroscopic Planet Observatory for Recognition of Integration of
Atmosphere.

2013 (18 de setembro) – Ocorre o primeiro lançamento para a Estação Espacial Internacional de
uma cápsula de reabastecimento Cygnus (missão Cygnus Orb-D1), desenvolvida pela empresa
Orbital Sciences Corporation. É a segunda empresa privada (depois da Spacex, com as naves
Dragon) a lançar voos comerciais para a ISS (Commercial Resupply Services Program). A cápsula
recebe o nome de G. David Low, executivo da Orbital Sciences e astronauta estadunidense (1956-
2008) que participou de três missões dos ônibus espaciais: STS-32, STS-43, STS-57. Esta é uma
missão de demonstração, que leva aproximadamente 590kg de provisões (incluindo alimentos e
roupas) para a estação. A Orbital Sciences tem contrato com a NASA para mais oito missões, a
ocorrer até 2016. A acoplagem ao módulo Harmony ocorre em 29 de setembro, com uma semana
de atraso devido a uma falha de software.
As naves Cygnus são lançadas por foguetes Antares, também desenvolvidos pela Orbital Sciences.
Contrariamente às naves Dragon, que voltam à Terra depois de cada missão, as cápsulas Cygnus
estão programadas para se desintegrar no momento da reentrada na atmosfera.
Cygnus é a palavra em latim para “cisne”.
Em 23 de outubro, um dia depois de se desacoplar da ISS, a Cygnus (carregada com cerca de 1t de
material descartado) se desintegra sobre o Oceano Pacífico.

2013 (19 de setembro) – Dados divulgados pela NASA indicam que o Curiosity, em diversas
análises do solo de Marte, não encontrou metano. De acordo com os cientistas, pode haver metano
na atmosfera, mas em quantidade não superior a 1,3 parte por bilhão, o que corresponde a um sexto
do estimado com base em observações terrestres e de sondas em órbita marciana. Como o metano é
um sinal de atividade biológica, ficam significativamente reduzidas (mas não descartadas) as
possibilidades de encontrar formas de vida em Marte (na Terra existem micróbios que não geram
metano).

2013 (20 de setembro) – Um estudo liderado por Jay Strader (Michigan State University, Lansing,
EUA), e publicado no Astrophysical Journal Letters, descreve a galáxia mais densa já encontrada
na região do Universo onde vivemos. Denominada M60-UCD1, a galáxia, localizada a 54 milhões
de anos-luz da Terra, nas proximidades de M60 (constelação de Virgem), tem massa equivalente a
200 milhões de massas solares. O que torna M60-UCD1 especial é que metade dessa massa está
concentrada num núcleo com 180 anos-luz de diâmetro. A densidade estelar é 15.000 vezes maior
(o que significa que as estrelas estão 25 vezes mais próximas umas das outras) do que nas
vizinhanças do Sol na Via Láctea. Os dados são obtidos com ostelescópios Hubble e Chandra.

2013 (26 de setembro) – Um estudo liderado por Laurie Leshin (Instituto Politécnico Rensselaer,
EUA), e publicado na Science, apresenta dados da primeira análise de uma amostra de solo
marciano feita pelo Curiosity. São encontrados água (cerca de 2% do peso da amostra), gás
carbônico, oxigênio e dióxido de enxofre. A composição do solo é obtida por meio do Analisador
de Amostras em Marte (Sam - Sample Analysis at Mars -, na sigla em inglês), que aquece o
material a 835°C. A água encontrada está em estado sólido, quimicamente ligada às partículas do
solo, transformando-se em vapor ao ser aquecida. Um processo semelhante poderia ser usado por
astronautas para obter água em Marte.

2013 (30 de setembro) –Um grupo de pesquisadores liderado por Brice-Olivier Demory
(Massachussetts Institute of Technology, Cambridge, EUA) divulga a confecção do primeiro mapa
de nuvens de um exoplaneta. Utilizando dados dos telescópios Kepler e Spitzer, os pesquisadores
estudam a atmosfera de Kepler-7b e determinam que o exoplaneta tem altas nuvens no lado oeste e
céus claros a leste. Os cientistas observam também que, contrariamente ao que acontece na Terra, a
configuração climática desse mundo é bastante estável.
Descoberto em 4 de janeiro de 2010 (um dos cinco primeiros exoplanetas identificados pelo
telescópio Kepler), o Kepler-7b localiza-se na constelação de Lira, tem 43% da massa de Júpiter,
raio 48% superior ao joviano, temperatura superficial de 1.540°C e orbita a sua estrela, à distância
média de 9 milhões de km, em 4,885 dias.
2013 (8 de outubro) - O britânico Peter Higgs e o belga François Englert são anunciados como
ganhadores do Prêmio Nobel de Física pela previsão teórica (1964) do bóson de Higgs, cuja
existência é descoberta (2012) pelo LHC e confirmada (2013) pelo CERN. Última das 61 partículas
do modelo padrão a ser encontrada, o bóson de Higgs é fundamental para a física tal como a
concebemos hoje. Se ele não existisse, muito do que sabemos (ou supomos saber) sobre o mundo
subatômico e sobre a própria matéria teria de ser revisto.

2013 (9 de outubro) – Pesquisadores liderados por David Block (Universidade de Witwatersrand


Wits, Johannesburgo, África do Sul) divulgam a identificação do que acreditam ser o primeiro
fragmento de um cometa já encontrado na Terra. Há 28 milhões de anos, um cometa ingressou na
atmosfera da Terra acima da região que atualmente corresponde ao sudoeste do Egito e, ao
entrarem contato com o ar, explodiu. A onda de calor (até 2.000°C) resultante da explosão, além de
destruir todas as formas de vida em seu caminho, transformou parte da areia do deserto em grande
quantidade de cristais de silício amarelo, que se espalharam por uma região de 6.000km2 do Saara.
A peça central de um pingente que representa um escaravelho, usado por Tutankhamon (faraó entre
1332 e 1323 a.C.), é feita a partir desse cristal.
A análise de uma pequena pedra preta (30g) encontrada (1996) por um geólogo egípcio dentro de
um cristal de silício amarelo da região mostra que ela é composta por 65% de carbono, enquanto a
média de carbono nos meteoritos é de 3%. São encontrados também diamantes microscópicos,
formados quando o carbono é submetido a temperatura e pressão extremas. Segundo os cientistas,
essa composição é compatível com a dos núcleos dos cometas. Apesar de poeira rica em carbono já
ter sido identificada no gelo dos polos e na alta atmosfera, é a primeira vez que material não
microscópico de origem provavelmente cometária é encontrado na Terra.
O trabalho é publicado em novembro na revista Earth and Planetary Science Letters.

2013 (22 de outubro) - Passa de 1.000 o número de planetas descobertos fora do Sistema Solar.
Com o anúncio de mais onze exoplanetas identificados pelo projeto WASP, na Europa, dois dos
cinco principais catálogos de planetas extrassolares (the Extrasolar Planets Encyclopedia e the
Exoplanets Catalog) listam 1.010 desses objetos, descobertos em pouco mais de duas décadas
(desde 1992). Esse número deve aumentar significativamente nos próximos anos, uma vez que o
telescópio Kepler identificou milhares de objetos ainda considerados candidatos a exoplanetas, à
espera de confirmação. Os 1.010 exoplanetas registrados até o momento orbitam 770 estrelas, das
quais 169 abrigam sistemas múltiplos (dois planetas ou mais).

2013 (23 de outubro) - A ESA anuncia o fim da missão do observatório espacial Planck, lançado
em maio de 2009. O principal feito científico do Planck é a elaboração do mais completo mapa
disponível da radiação cósmica de fundo em micro-ondas de todo o céu, divulgado em 21 de março
de 2013. O observatório está agora em órbita heliocêntrica.

2013 (23 de outubro) - Astrônomos liderados por Steven Finkelstein (Universidade do Texas) e
Dominik Riechers (Universidade Cornell, Nova Iorque) publicam na Nature a descoberta de z8-
GND-5296, a galáxia mais distante que se conhece. A luz recebida mostra a galáxia como era há
13,1 bilhões de anos, o que significa que ela já existia quando o Universo tinha apenas 700 milhões
de anos, 5% da idade atual (13,8 bilhões de anos). Os cálculos dos astrônomos indicam que
atualmente a galáxia está a 30 bilhões de anos-luz da Terra (de acordo com a Teoria da
Relatividade, dois objetos muito distantes entre si podem se afastar a velocidades superiores à da
luz num Universo em expansão). As imagens que servem de base para a pesquisa são do Hubble, e
a distância da galáxia é medida pelo espectrógrafo Mosfire , recentemente instalado no telescópio
Keck (Havaí).
Os pesquisadores também conseguem determinar que z8-GND-5296 converte em estrelas, a cada
ano, matéria equivalente a 300 massas solares. Trata-se de uma taxa bastante alta se comparada à
da Via-láctea, que forma duas ou três estrelas por ano. Essa alta taxa de formação estelar é
compatível com o Universo primitivo, segundo os conhecimentos cosmológicos atuais.

2013 (24 de outubro) - Duas equipes de astrônomos, uma da Universidade de Oxford (Reino
Unido) e outra da Universidade Cornell (Nova Iorque, EUA), divulgam trabalhos sobre um sistema
com sete exoplanetas ao redor da estrela KIC 11442793, distante 2.500 anos-luz. O conjunto, tal
como o Sistema Solar, é formado por planetas rochosos na parte interna e planetas gasosos no
exterior. Contudo, é muito mais compacto que o nosso sistema: o planeta mais externo fica a uma
distância comparável à que separa a Terra do Sol. Os períodos orbitais variam de sete a 330 dias.
Os dois planetas internos têm tamanho próximo ao da Terra. Seguem-se três superterras e dois
gigantes gasosos.
Os dados para a pesquisa são obtidos com o Kepler.

2013 (30 de outubro) - Dois estudos publicados na Nature (um europeu e outro estadunidense)
fornecem novas informações sobre Kepler-78b, o primeiro exoplaneta conhecido com massa,
densidade, composição e tamanho semelhantes aos da Terra. Descoberto em agosto por cientistas
do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), o Kepler-78b tem raio 20% superior ao
terrestre, massa entre 69% e 86% maior que a da Terra e temperatura superficial entre 2.000 e
2.800°C. A densidade, entre 5,3 e 5,6g/cm3, é muito semelhante à da Terra (5,5g/cm3), o que
indica composição de ferro e rocha. O planeta está a apenas 1,5 milhão de km de sua estrela,
Kepler-78, que orbita em 8h30min. O sistema localiza-se a 700 anos-luz de nós, na constelação do
Cisne.
Embora Kepler-78b seja inabitável, fica demonstrado que planetas muito parecidos com a Terra
existem. Continua a busca para encontrar um deles dentro da zona habitável de uma estrela (o que
ocorre em abril de 2014).

2013 (4 de novembro) - Cientistas da missão Kepler convocam uma conferência de imprensa e


anunciam a descoberta de mais centenas de candidatos a exoplanetas, elevando o número total para
3.538 (647 dos quais com tamanho similar ao terrestre). Dos candidatos, 104 estão em zonas
habitáveis, e 10 deles têm tamanho semelhante ao da Terra.
William Borucki, pesquisador da Nasa trabalhando no Ames Research Center (Moffett Field,
Califórnia), afirma que há um ano inteiro de dados ainda por analisar, o que deve elevar bastante o
número de candidatos a exoplanetas encontrados pelo Kepler.
Neste mesmo dia, a revista PNAS publica um trabalho liderado por Erik Petigura (universidade da
Califórnia), o qual utiliza dados do Kepler para calcular que 22% das estrelas parecidas com o Sol
possuem planetas de tamanho semelhante ao da Terra dentro de suas zonas habitáveis. Isso
significa que pode haver 11 bilhões de planetas em zonas habitáveis girando em torno de estrelas
similares ao Sol apenas na Via Láctea. Se incluirmos neste cômputo as anãs vermelhas, as estrelas
mais comuns no Universo, o número estimado de planetas de dimensões semelhantes às da Terra
em zonas habitáveis de estrelas da Via Láctea sobe para 40 bilhões. De acordo com os
pesquisadores, o mais próximo desses planetas pode estar a 12 anos-luz de distância.
Contudo, os cientistas alertam que o fato de um planeta estar na zona habitável não significa
necessariamente que ele tenha todas as condições para abrigar vida como a conhecemos. Uma
atmosfera muito fina ou composição química muito diferente da terrestre podem tornar a vida
inviável.

2013 (5 de novembro) - A Índia lança sua primeira missão a Marte, oficialmente denominada Mars
Orbiter Mission (MOM). Informalmente chamada de Mangalyaan (veículo de Marte, em sânscrito),
a sonda pesa 1.337kg e carrega cinco instrumentos para estudar a superfície, a topografia e a
atmosfera marcianas, sendo a busca por metano o objetivo principal. O lançamento, transmitido ao
vivo por canais de televisão locais, ocorre a partir do Centro Espacial Satish Dhawan, situado em
Sriharikota, no estado de Andhra Pradesh, no sul do país.
Destacam-se a rapidez do desenvolvimento e o baixo custo da espaçonave. O lançamento ocorre
apenas quinze meses depois do anúncio do projeto pelo primeiro-ministro Manmohan Singh, em 3
de agosto de 2012. O custo total da missão Mangalyaan, incluindo instalações e pesquisas que
podem ser aproveitadas em outros projetos da Agência Espacial Indiana, é de 72 milhões de
dólares. Em comparação, o custo do Mars Science Laboratory, que transportou o veículo Curiosity
a Marte, foi de 2,5 bilhões de dólares.
O cronograma (cumprido) prevê permanência na órbita da Terra até 1º de dezembro (o foguete
usado no lançamento da nave não é potente o bastante para levá-la diretamente ao espaço) e uma
posterior viagem de 297 dias, com chegada a Marte em 24 de setembro de 2014, depois de 400
milhões de km percorridos.
Até o momento, EUA, URSS e ESA conseguiram enviar missões bem-sucedidas a Marte. Japão e
China tentaram, mas não tiveram êxito.

2013 (7 de novembro) - É lançada a Soyuz TMA-11M, que leva ao espaço a tocha olímpica dos
Jogos de Inverno de Sóchi 2014. O casco da nave é decorado com o símbolo dos jogos, que
ocorrem de 7 a 23 de fevereiro de 2014 na cidade de Sóchi, localizada na região de Krai de
Krasnodar, sudoeste da Rússia. A tripulação é formada pelo russo Mikhail Tyurin – comandante -,
o estadunidense Rick Mastracchio – engenheiro de voo - e o japonês Koichi Wakata – engenheiro
de voo.
Em 9 de novembro, os cosmonautas Serguei Ryazansky e Oleg Kotov fazem uma caminhada
espacial com a tocha apagada (por questões de segurança, ela não é acesa enquanto permanece no
espaço). Segundo o comitê organizador dos jogos, a pira de Sóchi será acesa precisamente com esta
tocha.
Em 11 de novembro, a tocha olímpica volta à Terra a bordo da Soyuz TMA-09M (lançada à ISS
em 28 de maio), tripulada pelo russo Fiodor Yurchikhin - comandante -, a estadunidense Karen
Nyberg (engenheira de voo) e o italiano Luca Parmitano (engenheiro de voo).
A aterrissagem da Soyuz TMA-11m acontece em 14 de maio de 2014.

2013 (7 de novembro) - São divulgadas três pesquisas (duas na Nature e uma na Science) sobre o
asteroide que explodiu nos céus de Chelyabinsk em fevereiro. Após analisar centenas de imagens
do evento feitas por câmeras das adjacências, os cientistas concluem que o asteroide, com diâmetro
de aproximadamente 19m, entrou na atmosfera a pouco menos de 19km/s e, após se desgastar
devido ao atrito com o ar, começou a se desintegrar a uma altitude de 45km, explodindo numa bola
de fogo, poeira e gás a 29,7km da superfície (estimativas iniciais indicavam 23,3km). A luz
resultante da explosão superou em 30 vezes o brilho do sol (que estava nascendo) e pôde ser vista a
100km de distância, causando inclusive queimaduras. Apenas 4t da massa do asteroide (0,5%
dototal) atingiram o solo na forma de meteoritos. Danos a construções (sobretudo janelas
quebradas) ocorreram até uma distância de 90km da trajetória do objeto.
Os pesquisadores estimam ainda que quedas de meteoritos com mais de 10m de diâmetro podem
ser até dez vezes mais comuns do que se pensava, considerando que a maioria dos impactos ocorre
em regiões isoladas ou desabitadas, como os oceanos. De acordo com os cálculos que realizam,
eventos como o de Chelyabinsk podem ocorrer a cada trinta anos, e não a cada 150 anos,
frequência tida como provável até agora.
Os astrônomos acreditam que existem aproximadamente 20 milhões de asteroides com diâmetros
entre 10m e 20m, dos quais apenas cerca de quinhentos foram catalogados até o momento.
2013 (7 de novembro) - Astrônomos liderados por David Jewitt (Departamento de Ciências da
Terra e do Espaço da Universidade da Califórnia) publicam no Astrophysical Journal Letters um
trabalho sobre um asteroide de seis caudas, algo nunca antes visto. Denominado P/2013 P5, o
asteroide de 480m foi descoberto (27 de agosto) com o telescópio Pan-STARRS (Havaí) e
fotografado (10 de setembro) pelo Hubble. Os cientistas acreditam que as caudas se devem a
emissões de poeira, possivelmente ocasionadas pelo aumento da velocidade de rotação do astro. O
fenômeno, contudo, precisa ser melhor estudado. Calcula-se que nessas emissões o asteroide tenha
perdido entre 100 e 1.000t de poeira, uma pequena fração de sua massa total.

2013 (18 de novembro) - É lançada a sonda estadunidense Maven (Mars Atmosphere and Volatile
EvolutioN - (Evolução Atmosférica e Volátil de Marte), primeira espaçonave da NASA desenhada
para estudar a atmosfera superior do planeta, e não a superfície. Com base em indícios encontrados
por várias missões espaciais, os cientistas acreditam que, há bilhões de anos, Marte tinha uma
atmosfera densa e quente o suficiente para que na superfície do planeta existisse água líquida na
forma de rios e talvez até oceanos. Ao longo de sua evolução, o planeta vermelho perdeu cerca de
99% da atmosfera, que escapou para o espaço sideral. E são os motivos dessa perda que a Maven
está programada para estudar. Com massa de 2.454kg, a sonda chega a Marte em 21 de setembro de
2014, com missão primária de um ano. Equipada com oito instrumentos científicos, a Maven deve
operar a maior parte do tempo numa órbita a 6.000km da superfície marciana, mas estão projetadas
cinco descidas até 125km, a fim de medir a compposição atmosférica em diferentes níveis.

2013 (19 de novembro) - É anunciada a descoberta da Grande Muralha Hércules-Corona Borealis,


a maior e mais massiva estrutura conhecida do universo observável. Trata-se de um imenso grupo
de galáxias com 10 bilhões de anos-luz de comprimento, 7,2 bilhões de anos-luz de largura, 900
milhões de anos-luz de espessura e distante da Terra 10 bilhões de anos-luz. A descoberta é
realizada a partir de dados coletados pelos telescópios de raios gama Swift e Fermi.

2013 (22 de novembro) - É lançada, a partir da base de Plesetsk (Rússia), a missão europeia
Swarm, cujo objetivo é fazer o estudo mais preciso até o momento do campo magnético da Terra.
A missão é composta de três sondas (massa total de 468kg) operando em órbitas polares, duas a
460km de altitude e uma a 530km. Ao longo de quatro anos, a Swarm deve fazer medições
constantes e detalhadas dos sinais magnéticos emitidos pelo núcleo, o manto, a crosta, os oceanos,
a ionosfera e a magnetosfera da Terra. Espera-se compreender por que o campo magnético
terrestre, cuja intensidade varia enormemente numa escala de séculos e milênios, está agora em fase
de diminuição considerável (perdeu aproximadamente 6% da intensidade nos últimos cem anos).
De tempos em tempos, os polos geomagnéticos norte e sul sofrem um processo de inversão e
trocam de lugar. Essa inversão geomagnética, que ocorre em períodos aparentemente aleatórios
com intervalos entre 100.000 e 50 milhões de anos (a média é de algumas centenas de milhares de
anos), permite aos cientistas estudar os movimentos dos continentes e das superfícies oceânicas ao
longo da história da Terra.
O estudo do campo magnético da Terra no passado denomina-se “paleomagnetismo”. À técnica que
permite a datação de rochas e sedimentos com base na alteração da direção do campo magnético
terrestre dá-se o nome de “magnetostratigrafia”.
O campo magnético é essencial à vida, porque protege a Terra da radiação cósmica e das partículas
carregadas oriundas do vento solar.

2013 (28 de novembro) - O cometa Ison (formalmente, C/2012 S1) desintegra-se ao atingir o
periélio (1.165.000km do Sol). Descoberto (21 de setembro de 2012) pelos russos Vitaly Nevsky e
Artyom Novichonok, trabalhando na International Scientific Optical Network (ISON - daí o nome
pelo qual fica conhecido) perto de Kislovodsk, Rússia, o cometa chega a entusiasmar muitos
astrônomos, alguns dos quais se referem a ele como o “cometa do século”. De acordo com os
cientistas, se sobrevivesse à passagem pelas cercanias do Sol, o astro brilharia tanto que seria
visível à luz do dia. A perspectiva de vir a se tornar um cometa muito brilhante faz com que o Ison
receba significativa cobertura da mídia. Desde a descoberta até a desintegração, o Ison é observado
por diversos astrônomos amadores, telescópios em terra e mais de dez sondas espaciais. O diâmetro
estimado do núcleo do cometa é de 2km. No ponto de maior aproximação com o Sol, o Ison é
submetido a uma temperatura calculada em 2.700°C.

2013 (1º de dezembro) - É lançada a sonda chinesa Chang’e 3, cujo objetivo é pousar na Lua. É o
início da segunda fase do programa de exploração lunar da China (na primeira fase, as sondas
Chang’e 1 e Chang’e 2 orbitaram o satélite).
A Chang’e 3 é formada por um módulo de descida (1.200kg), dotado de sete instrumentos
científicos, e um veículo lunar de seis rodas (140kg), programado para explorar uma região de
3km2 da superfície da Lua, a uma distância máxima de 10km da nave. O nome do veículo lunar,
Yutu (coelho de jade), é escolhido numa votação pela internet da qual participam 3,4 milhões de
pessoas. Na mitologia chinesa, yutu é um coelho branco que vive na superfície lunar, e Chang’e é a
deusa da Lua.
A duração prevista da missão é de três meses para o Yutu e de um ano para a Chang’e.
Fragmentos do foguete usado no lançamento da Chang’e 3 (feito a partir de Xichang, no sudoeste
da China) caem nove minutos depois, a 1.000km de distância, no distrito de Suining, na província
central de Hunan, e causam danos em duas casas. Não há vítimas.
Em 6 de dezembro, após 112 horas de voo, a Chang’e 3 é inserida na órbita da Lua.

2013 (9 de dezembro) - A NASA anuncia que o Curiosity descobriu evidências diretas da


existência, no passado, de um lago de água doce em Marte que pode ter abrigado vida. Em
amostras de rochas analisadas pelo Curiosity são encontrados traços de carbono, hidrogênio,
oxigênio, nitrogênio e enxofre, elementos que proporcionam, segundo os pesquisadores, condições
para vida microbiana básica. Na Terra, bactérias denominadas quimiolitoautótrofas se desenvolvem
em condições semelhantes: são encontradas em cavernas ou debaixo do mar em fontes
hidrotérmicas. Seis artigos descrevendo o achado são publicados na Science.

2013 (9 de dezembro) - durante uma reunião da União Geofísica dos EUA, em São Francisco
(Califórnia), Paul Byrne (Carnegie Institution for Science, Washington) apresenta um estudo
segundo o qual o diâmetro de Mercúrio diminuiu 11km desde a formação do planeta, há pouco
mais de 4,5 bilhões de anos. Os cientistas chegam a essa conclusão por meio da análise de escarpas
lobulares, saliências curvadas parecidas com rugas de maçãs desidratadas que se formam à medida
que um astro se contrai devido ao resfriamento interno. Estimativas anteriores trabalhavam com um
encolhimento de 2 ou 3km.

2010 (10 de dezembro) - A Mars One anuncia a assinatura de contratos com as empresas Lockheed
Martin e Surrey Satellite Technology para o desenvolvimento de naves espaciais a serem enviadas
a Marte em 2018. O objetivo das naves é começar a preparação para a chegada ao planeta de
humanos residentes, a partir de 2025, numa viagem sem retorno planejada para dar início à
colonização do planeta vermelho.

2013 (11 de dezembro) - A NASA anuncia a descoberta, na crosta gelada de Europa, satélite de
Júpiter, de filossilicatos, minerais do grupo da argila frequentemente associados a material
orgânico.
No dia seguinte, é divulgado na Science um artigo com a informação de que imagens do Hubble
mostram jatos de vapor d’água jorrando do polo sul também de Europa (Jatos semelhantes existem
na lua Encélado, de Saturno. O estudo é liderado por Lorenz Roth, do Instituto de Pesquisa do
Sudoeste (EUA).
Europa é um corpo celeste coberto de gelo, e a maioria dos astrônomos acredita que há um oceano
de água líquida abaixo da superfície.

2013 (14 de dezembro) - A Chang’e 3 realiza um pouso suave na Lua, o primeiro em 37 anos
(desde a soviética Luna 24, em 18 de agosto de 1976). Com isso, a China torna-se o terceiro país
(depois de EUA e URSS) a efetuar a descida controlada de uma nave no nosso satélite. O local
originalmente anunciado para o pouso é Sinus Iridum (Baía dos Arco-íris), mas a Chang’e alunissa
a leste, no Mare Imbrium (Mar das Chuvas), região com 1.145km de diâmetro onde pousaram a
Luna 17 (1970) e a Apollo 15 (1971). O veículo lunar Yutu sai da Chang’e por uma rampa,
conforme previsto, 7 horas e 23 minutos depois do pouso.
Embora não exista um acordo de cooperação formal entre a NASA e a Agência Espacial Chinesa,
os gases gerados pela queima de combustível durante as manobras para inserção orbital e a poeira
levantada no pouso da Chang’e constituem uma oportunidade para avaliar o grau de precisão dos
instrumentos da LADEE, sonda estadunidense que desde outubro orbita a Lua para estudar a
exosfera do satélite.
Em 16 de dezembro, a imprensa oficial da China celebra o “êxito total” da Chang’e. São divulgadas
fotos do Yutu e do módulo de pouso, tiradas reciprocamente.

2013 (19 de dezembro) - É lançado, da Guiana Francesa por um foguete russo Soyuz, o
observatório espacial europeu Gaia, cujo objetivo principal é compilar um catálogo em 3D de 1
bilhão de objetos astronômicos, cada um dos quais monitorado setenta vezes ao longo da missão,
com duração prevista de cinco anos. Com massa de 2.029kg, o observatório Gaia, sucessor do
Hipparcos, está programado para operar no ponto de Lagrange L2, a 1,5 milhão de km da Terra.
Além de elaborar o catálogo anteriormente referido, a missão Gaia tem ainda outros objetivos:
determinar a posição, a distância, parâmetros atmosféricos e o movimento próprio anual de 1 bilhão
de estrelas; medir parâmetros orbitais de pelo menos mil planetas extrassolares; detectar o desvio
da luz estelar pelo campo gravitacional do Sol, conforme previsto pela teoria da relatividade;
descobrir asteroides com órbitas localizadas entre a Terra e o Sol, região difícil de monitorar a
partir de telescópios terrestres; detectar mais de 500.000 quasares.

2014 (2 de janeiro) - O asteroide 2014 AA, de 3m de diâmetro e massa estimada em 40t, entra na
atmosfera da Terra 21 horas depois de ter sido descoberto por Richard Kowalski. O ponto de
impacto provável dos fragmentos é a costa da África Ocidental. É o segundo asteroide descoberto
ainda no espaço, antes de se chocar com a atmosfera da Terra (o primeiro foi 2008 TC3, cujo
impacto ocorreu em 7 de outubro de 2008). Calcula-se que existam cerca de 1 bilhão de asteroides
com tamanho comparável ao de 2014 AA nas proximidades da Terra (distância de até 45 milhões
de km) e que impactos de pedaços de objetos com essas dimensões na superfície do nosso planeta
ocorram várias vezes por ano.

2014 (6 de janeiro) - Durante a conferência anual da Sociedade Astronômica Americana


(Washington), cientistas da missão Kepler afirmam que o Sistema Solar é uma exceção na Via
Láctea. Embora pelo menos três quartos dos planetas descobertos pelo Kepler ao longo de quatro
anos tenham diâmetros compreendidos entre o da Terra e o de Netuno (aproximadamente quatro
vezes maior), nenhum dos oito planetas que orbitam o Sol tem essas dimensões. Não se sabe até o
momento como esses planetas se formaram nem de que material são compostos.

2014 (8 de janeiro) - Durante a conferência anual da Sociedade Astronômica Americana


(Washington), Cientistas do projeto Boss (Baryon Oscillation Spectroscopic Survey), concebido
para calcular o ritmo de expansão do Universo, anunciam a medição de distâncias de galáxias
situadas a até 6 bilhões de anos-luz da Terra com margem de erro de 1%, uma precisão sem
precedentes.

2014 (9 de janeiro) - É lançada uma cápsula Cygnus (missão Cygnus CRS Orb-1) com 1.261kg de
suprimentos para a ISS. É a primeira de oito missões previstas no contrato assinado pela NASA
com a Orbital Sciences Corporation. Dando continuidade à política de batizar as cápsulas Cygnus
em homenagem a astronautas falecidos, a empresa dá a esta o nome de C. Gordon Fullerton (1936-
2013), tripulante de duas missões dos ônibus espaciais: STS-3 e STS-51-F.
O acoplamento com a ISS ocorre em 12 de janeiro.
A carga da Cygnus inclui 23 experimentos, doze deles desenvolvidos por estudantes
estadunidenses, escolhidos entre 1.466 submetidos a um concurso. Um dos experimentos visa a
testar o processo de fermentação em ambiente de microgravidade e produzir cerveja no espaço.
A bordo também viajam aproximadamente seiscentas formigas. Como as formigas são capazes de
se organizar em grupo para explorar um território de forma autônoma, sem a necessidade de que
uma delas coordene a operação, observar o comportamento desses insetos no espaço pode ajudar no
desenvolvimento de robôs com habilidade de trabalhar em grupo. Por exemplo, grupos de robôs
autônomos, capazes de fazer uma busca em um prédio em chamas sem a necessidade de serem
guiados por uma central de controle, teriam sua capacidade de comunicação prejudicada pelo fogo
e a fumaça, da mesma forma que a ausência de gravidade dificulta o deslocamento e a comunicação
entre as formigas. A maneira encontrada pelos insetos para superar esse obstáculo pode servir de
inspiração para contornar o problema. Essas formigas devem ficar na ISS até o fim da vida, mas,
para evitar uma infestação, apenas indivíduos estéreis são enviados.
Após permanecer 37 dias (12 de janeiro a 18 de fevereiro) acoplada à ISS, A Cygnus faz uma série
de manobras e, em 19 de fevereiro, reingressa na atmosfera acima do Pacífico sul, queimando com
os 1470kg de lixo que transporta.

2014 (12 de janeiro) - Os astrônomos amadores mineiros Cristóvão Jacques, Eduardo Pimentel e
João Ribeiro descobrem C/2014 A4 Sonear, primeiro cometa identificado exclusivamente por
brasileiros. A descoberta, confirmada em 16 de janeiro pela união Astronômica Internacional, tem
lugar num observatório particular inaugurado em 18 de dezembro de 2013 e localizado perto de
Oliveira, cidade distante 120km de Belo Horizonte. Sonear é a sigla para o nome dado pelos três ao
observatório: Southern Observatory for Near Earth Asteroids Research.
O cometa tem cerca de 20km de diâmetro e deve passar a 420 milhões de km da Terra em setembro
de 2015.
O mesmo trio de astrônomos descobre um segundo cometa em 13 de março, batizado com o nome
de C/2014 E2 Jacques.
A partir de maio, eles descobrem também asteroides.

2014 (16 de janeiro) - O veículo lunar chinês Yutu completa a primeira análise do solo da Lua.
Depois disso, por mais de duas semanas (26 de dezembro a 11 de janeiro), o Yutu permanece em
modo “sleep” para poupar energia durante a noite lunar (noite essa que dura pouco mais de 13,5
dias e em que a temperatura pode chegar a -180°C).

2014 (20 de janeiro) - A sonda Rosetta é reativada após 957 dias de “hibernação”. Têm início os
preparativos para o encontro (agosto) com o cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko. No momento
da reativação, a Rosetta está a 807 milhões de km da Terra e a 9 milhões de km do cometa.

2014 (22 de janeiro) - Cientistas da ESA divulgam na Nature a descoberta (feita a partir de dados
do Observatório Espacial Herschel) de vapor de água jorrando de diversas fontes na superfície do
planeta anão Ceres. A descoberta é até certo ponto surpreendente, porque vapor de água superficial
é mais compatível com cometas do que com asteroides.
A sonda Dawn, que deixou a órbita de Vesta em setembro de 2012, deve chegar a Ceres em
fevereiro de 2015.

2014 (24 de janeiro) - A revista Science publica uma edição especial em comemoração aos dez
anos do pouso dos veículos exploradores Opportunity e Spirit em Marte. De acordo com os
cientistas, há cerca de 4 bilhões de anos Marte tinha um ambiente úmido e quente, condições
propícias para a existência de vida. Os pesquisadores chegam a essa conclusão por intermédio da
análise dos minerais contidos em várias rochas do planeta examinadas por diversas sondas.
O Opportunity, que pousou em 25 de janeiro de 2004, continua ativo. A missão do Spirit na
superfície de Marte durou de 4 de janeiro de 2004 (data do pouso) a 22 de março de 2010 (último
contato).

2014 (5 de fevereiro) - São divulgados, pela primeira vez, dados do interior de um asteroide. Com o
auxílio do New Technology Telescope (La Silla, Chile) e de mais sete telescópios localizados nos
EUA e na Espanha, uma equipe liderada por Stephen Lowry (Universidade de Kent, Reino Unido)
descobre que a densidade do interior do asteroide 25143 Itokawa varia de 1,75 a 2,85g/cm3. Isso
revela uma estrutura interna complexa, cujo estudo, esperam os cientistas, pode ajudar a
compreender o que acontece quando corpos celestes colidem no Sistema Solar.

2014 (9 de fevereiro) - Cientistas australianos liderados por Stefan Keller (Universidade Nacional
da Austrália) divulgam na Nature a descoberta da estrela mais antiga que se conhece. Catalogada
como SMSS J031300.36-670839.3, a estrela pertence à Via Láctea, dista da Terra
aproximadamente 6.000 anos-luz e localiza-se na constelação de Hydrus (Hidra Macho). Com base
nos baixíssimos índices de ferro detectados em seu espectro (quanto menos ferro, mais velha a
estrela), a idade do astro é calculada em 13,6 bilhões de anos (o recorde anterior era 13,2 bilhões de
anos), o que significa que SMSS J031300.36-670839.3 se formou 200 milhões de anos depois do
Big Bang.

2014 (12 de fevereiro) - É divulgado, pelo Instituto Geológico dos EUA (United states Geological
Survey, o primeiro mapa global de Ganimedes, satélite de Júpiter, a maior lua do Sistema Solar
(diâmetro de 5.268km, maior que Mercúrio). Elaborado a partir de imagens das duas missões
Voyager (1979) e da sonda Galileo (1995-2003), o mapa representa três períodos da história de
Ganimedes em que predominam, respectivamente, formação de crateras de impacto, perturbações
tectônicas e declínio da atividade geológica.
Este mapa deve ser levado em conta na elaboração da missão JUICE (Jupiter Icy Moon Explorer),
programada para ser inserida na órbita de Ganimedes em 2033.

2014 (14 de fevereiro) - Durante um encontro da Associação Americana para o Avanço da


Ciência, em Chicago, É divulgada pela Fundação Nacional da Ciência dos EUA uma pesquisa
segundo a qual 26% da população estadunidense não sabe que a Terra gira em torno do Sol e quase
metade acredita que a astrologia é “muito científica” ou “mais ou menos científica”.

2014 (19 de fevereiro) - A ESA anuncia a missão PLATO (Planetary Transits and Oscillations of
stars), com previsão de lançamento para 2024, cujo objetivo é descobrir planetas semelhantes à
Terra, não apenas em termos de tamanho e composição química, mas também em condições de
habitabilidade. Com 34 telescópios e câmeras (algo inédito até o momento), Plato deve procurar
por planetas em torno de mais de 1 milhão de estrelas ao longo de seis anos. O projeto para o
desenvolvimento da missão conta com a participação de quatro instituições brasileiras:
Universidade de São Paulo, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Instituto Mauá de
Tecnologia e Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Plato, além de ser um acrônimo, é também o nome, em inglês, do filósofo grego Platão.

2014 (21 de fevereiro) - A Direção Geral de Assuntos Islâmicos e Dotação (GAIAE) dos Emirados
Árabes Unidos emite uma “fatwa” (pronunciamento oficial do Islã emitido por um especialista em
lei religiosa) declarando que “Não é permitido viajar para Marte; as chances de morrer são maiores
do que as chances de voltar com vida”. A “fatwa” é uma referência ao recrutamento, feito pela
organização holandesa Mars One, de voluntários para uma viagem a Marte, que a GAIAE
considera suicida (o suicídio é proibido pelo Alcorão).

2014 (23 de fevereiro) - Um cristal de zircão (mineral derivado do zircônio) com diâmetro entre
200 e 400 micrômetros (aproximadamente o dobro da espessura de um fio de cabelo) é o fragmento
mais antigo da crosta terrestre já encontrado, com idade avaliada em 4,4 bilhões de anos, de acordo
com uma equipe liderada por John Valley (Universidade de Wisconsin, EUA), que publica um
artigo sobre a descoberta no periódico Nature Geoscience. Esse achado pressupõe um forte apoio à
“Terra primitiva fria”, teoria segundo a qual a temperatura no nosso planeta se tornou baixa o
suficiente para permitir o surgimento de oceanos (e talvez mesmo da vida) muito mais cedo do que
se costuma pensar.

2014 (26 de fevereiro) - A NASA anuncia mais 715 exoplanetas confirmados, todos descobertos
pelo Kepler. Desses “novos” mundos, que orbitam 305 estrelas, 95% são menores que Netuno (que
tem diâmetro aproximadamente quatro vezes superior ao terrestre) e quatro têm diãmetros
inferiores a 2,5 vezes o da Terra e estão nas zonas habitáveis de suas estrelas. Com isso, passa para
961 o número de exoplanetas confirmados descobertos pelo Kepler, o que representa mais da
metade dos pouco mais de 1.700 exoplanetas confirmados até este momento. Além disso, há mais
2.903 candidatos a exoplanetas encontrados pelo Kepler.
O anúncio de um número tão elevado de exoplanetas é possível graças ao emprego, pela NASA, de
uma nova técnica estatística denominada verificação por multiplicidade, a qual permite confirmar
vários planetas de uma só vez quando eles forem parte de um sistema estelar múltiplo.
Os artigos que descrevem as descobertas são publicados na edição de 10 de Março do The
Astrophysical Journal.

2014 (2 de março) - O filme “Gravity” (“Gravidade”) é o maior vencedor da 86ª cerimônia de


entrega dos Prêmios da Academia (Academy Awards) e recebe sete Oscars: Melhor Diretor,
Melhor Trilha Sonora, Melhor Edição de Som, Melhor mixagem de Som, Melhor
Cinematografia/Fotografia, Melhor Edição e Melhores Efeitos Visuais. Em “Gravidade”, lançado
nos EUA em 4 de outubro de 2013, coescrito, coproduzido, coeditado e dirigido pelo mexicano
Alfonso Cuarón, dois astronautas, o veterano Matt Kowalski (George Clooney) e a estreante Ryan
Stone (Sandra Bullock), ficam à deriva no espaço depois de o ônibus espacial em que viajavam
(Explorer) ser seriamente danificado por detritos originários da destruição, pelos russos, de um
satélite desativado.

2014 (6 de março) - Uma equipe liderada por David Jewitt (Universidade da Califórnia em Los
Angeles) publica no periódico Astrophysical Journal Letters um estudo sobre a desintegração de
um asteroide, algo nunca antes observado. Batizado de P/2013 R3, o astro é visto pela primeira vez
em 15 de setembro de 2013, quando apresenta uma aparência estranha, nebulosa. Quinze dias mais
tarde, o telescópio Keck (Havaí) mostra três objetos juntos, envoltos numa nuvem de poeira com
diâmetro semelhante ao da Terra. A partir daí, a desintegração passa a ser observada pelo telescópio
Hubble, que acaba por detectar dez fragmentos, os maiores com 200m, todos com caudas, que se
afastam uns dos outros a 1,5km/h. A causa da desintegração é desconhecida, mas os cientistas
suspeitam do efeito centrífugo causado pelo aumento (numa escala de milhões de anos) da
velocidade de rotação devido à influência da atividade solar.

2014 (7 de março) - A NASA anuncia que, apesar de uma busca exaustiva realizada pelo WISE
(Wide-field Infrared Survey Explorer), não foi possível encontrar nenhuma evidência do “Planeta
X”, planeta hipotético cuja busca, promovida principalmente por Percival Lowell, levou à
descoberta de Plutão (1930).

2014 (12 de março) - Astrônomos liderados por Olivier Chesneau (Observatoire de la Côte d´Azur,
Nice, França) divulgam a descoberta de que HR 5171 A (ou V766 Centauri) é a maior estrela
amarela já encontrada e uma das dez maiores estrelas conhecidas, com diâmetro aproximadamente
1.315 vezes o do Sol (50% maior que Betelgeuse) e luminosidade cerca de 1 milhão de vezes
superior à solar. Distante da Terra 11.700 anos-luz, a estrela faz parte de um sistema binário, com
uma segunda componente tão próxima que ambas as estrelas estão em contato. As observações são
feitas com o auxílio do interferômetro do Very Large Telescope, e um trabalho sobre as descobertas
é publicado na revista Astronomy & Astrophysics.

2014 (12 de março) - Cientistas coordenados por Graham Pearson (Universidade de Alberta,
Canadá) publicam na Nature um estudo sobre a única amostra de ringwoodita de origem terrestre
encontrada até o momento. Identificada anteriormente em meteoritos, a ringwoodita é um mineral
rico em água que, acredita-se, existe em abundância no manto terrestre, numa zona de transição que
vai de 410km a 660km de profundidade. A amostra estudada está num diamante de 5mm e sem
valor comercial, localizado (2008) no município brasileiro de Juína, , no Estado do Mato Grosso.
Trazido à superfície com a ajuda de rochas vulcânicas, o diamante reforça a teoria de que no
interior da Terra existe grande quantidade de água, que pode ser, de acordo com alguns
pesquisadores, equivalente à soma de todos os oceanos.
O nome ringwoodita é uma homenagem a Alfred Edward Ringwood (1930-1993), geoquímico
australiano que estudou detalhadamente o mineral.

2014 (17 de março) - Pesquisadores do Centro para Astrofísica Harvard-Smithsonian (EUA)


coordenados por John Kovac anunciam a detecção, pela primeira vez, de evidências (padrões de
polarização) de ondas gravitacionais ocorridas logo após o Big Bang. As ondas gravitacionais,
previstas por Albert Einstein na teoria da relatividade geral, são ondulações na curvatura do espaço-
tempo e se propagam como ondas. Em teoria, transportam energia na forma de radiação
gravitacional. Elas continuam acontecendo e surgem sempre que existe deslocamento de matéria:
planetas girando em torno de estrelas, explosões de supernovas, etc. As variações de forma e
frequência permitem aos cientistas vincular as ondas gravitacionais aos tipos de eventos que as
produzem. Aquelas associadas à presente descoberta têm origem na radiação cósmica de fundo e
são, portanto, consequências diretas do Big Bang.
Essa é também uma forte evidência a favor da teoria da inflação cósmica, de acordo com a qual,
nas primeiras frações de segundo após o Big Bang, o universo se expandiu a uma velocidade
bastante superior à da luz (para mais detalhes, ver 1981).
A investigação (posteriormente contestada) é realizada com o auxílio do radiotelescópio Bicep2
(Background Imaging of Cosmic Extragalactic Polarization - Imagem de Fundo de Polarização
Cósmica Extragaláctica), localizado no Polo Sul. Também participam do estudo cientistas da
Universidade Stanford e do Instituto de Tecnologia da Califórnia.
Este, se confirmado, seria um dos maiores achados cosmológicos dos últimos tempos, pelo menos
tão importante quanto a detecção do bóson de Higgs (anunciada em julho de 2012). Enquanto o
bóson confirmou o modelo padrão da física de partículas (1967), que engloba três das quatro forças
fundamentais que regulam a interação das partículas subatômicas (eletromagnetismo, força nuclear
forte e força nuclear fraca),
a detecção de evidências de ondas gravitacionais remanescentes do Big Bang seria um avanço
muito importante no estudo da única força fundamental que o modelo padrão não inclui: a
gravidade.
Em 17 de junho, contudo, astrônomos reportam uma diminuição do grau de confiança nos
resultados desta pesquisa.
Em 22 de setembro, um relatório assinado por mais de duzentos cientistas, elaborado com base em
dados do telescópio Planck, da ESA, conclui que as distorções do campo gravitacional do Universo
podem ter sido causadas por poeira cósmica, e não por ondas gravitacionais.

2014 (26 de março) - Uma equipe de astrônomos liderada pelo brasileiro Felipe Braga-Ribas
(Observatório Nacional, Rio de Janeiro) publica no site da Nature um artigo descrevendo a
descoberta de dois anéis de gelo em torno do centauro 10199 Chariklo. Até o momento, apenas se
conheciam com certeza anéis em torno dos planetas gigantes e acreditava-se que corpos menores do
Sistema Solar não pudessem ter anéis estáveis (devido à massa reduzida e, consequentemente, ao
campo gravitacional fraco). Os anéis de Chariklo recebem os nomes informais de Oiapoque e Chuí,
que se referem, respectivamente, ao Rio Oiapoque, que no norte do Brasil separa o Estado do
Amapá da Guiana Francesa, e ao Arroio Chuí, que no sul marca a fronteira entre o Rio Grande do
Sul e o Uruguai. Eles têm 7km e 3km de largura, estão separados um do outro 9km e distam de
Chariklo 396km e 405km. A descoberta ocorre mediante a observação, a partir de diversos locais
da América do Sul, da ocultação, por Chariklo, da estrela UCAC4 248-108672 (constelação de
Escorpião), em 3 de junho de 2013. A origem dos anéis não é conhecida, e os astrônomos supõem
que se trata dos restos de uma colisão ocorrida nas proximidades. É possível também que Chariklo
tenha pelo menos um pequeno satélite pastor, que teria o papel de confinar o material dos anéis à
órbita do centauro.
Centauros são objetos que têm características tanto de cometas quanto de asteroides (ver 1977, 18
de outubro). Chariklo, descoberto em 15 de fevereiro de 1997 por James V. Scotti, tem diâmetro
estimado de 250km e completa uma órbita em torno do Sol em 23.087,2 dias (63,17 anos), à
distância média de 2,374 bilhões de km (varia entre 1,957 bilhão e 2,792 bilhões de km). Encontra-
se, portanto, entre Saturno e Urano.
Na mitologia grega, Chariklo é uma ninfa, filha de Apolo e esposa do centauro Quíron.

2014 (26 de março) - Scott Sheppard e Chad Trujillo anunciam a descoberta (feita em 5 de
novembro de 2012) do objeto transnetuniano 2012 VP113, corpo celeste mais distante do Sol
conhecido no Sistema Solar (marca que até então pertencia a Sedna). A distância ao Sol varia entre
12 bilhões e 67 bilhões de km, e o período orbital é de aproximadamente 4.320 anos. As
estimativas para o diâmetro vão de 300km a 1.000km (o brilho é tão fraco - magnitude aparente
23,4 - que medições mais precisas ainda não são possíveis). Os descobridores se referem a 2012
VP113 apenas como VP e dão ao astro o nome informal de Biden, em alusão a Joe Biden, vice-
presidente (vp) dos EUA.

2014 (3 de abril) - Cientistas liderados pelo engenheiro espacial Luciano Iess (Universidade
Sapienza, Itália) publicam no site da Science a descoberta de que provavelmente existe um oceano
de água salgada sob a superfície de Encélado. A partir de dados fornecidos pela sonda Cassini, os
pesquisadores elaboram um mapa do campo gravitacional da lua de Saturno, segundo o qual o
oceano localiza-se sob o polo sul (mas pode estender-se atéo hemisfério norte), está entre 30km e
40km abaixo da superfície e tem 10km de profundidade. Uma vez que abaixo desse oceano deve
haver rochas (o mesmo que ocorre na Terra), o contato delas com a água salgada pode resultar em
reações químicas capazes de dar início à vida, ao menos microbiana.
Acredita-se na existência de oceanos subglaciais em vários satélites do Sistema Solar (Europa,
Ganimedes, Calisto, Titã, Tritão), mas Encélado e Europa são os que despertam maior interesse,
sendo considerados os melhores lugares do Sistema Solar para procurar por vida microbiana.

2014 (14 de abril) - Um novo satélite pode estar nascendo em Saturno, de acordo com um estudo
liderado por Carl Murray (Universidade Queen Mary, Londres) e publicado na revista Icarus.
Imagens da Cassini revelam distúrbios (um arco e protuberâncias) na borda do anel A do planeta,
causados, acreditam os cientistas, pelos efeitos gravitacionais de um objeto próximo. Esta possível
lua recebe o nome informal de Peggy (diminutivo de Margaret) e tem diâmetro calculado entre
800m e 1km.

2014 (17 de abril) - A NASA anuncia a descoberta do primeiro exoplaneta com tamanho
semelhante ao da Terra na zona habitável de uma estrela. Batizado de Kepler-186f, o astro orbita a
anã vermelha Kepler-186, localizada na constelação do Cisne e distante aproximadamente 490
anos-luz. Com raio 11% maior que o terrestre, o planeta completa uma órbita em 129,95 dias, à
distância estimada de 53,5 milhões de km. É provavelmente rochoso, e os cientistas calculam que a
temperatura pode ser de 0°C. Outra característica interessante de Kepler-186f é uma rotação nos
moldes da terrestre. Muitos dos exoplanetas encontrados até aqui apresentam uma face
permanentemente voltada para a sua estrela e a outra sempre na escuridão, o que significa que
existe uma enorme diferença de temperatura entre os hemisférios iluminado e escuro. A rotação de
Kepler-186f confere ao planeta uma distribuição mais regular de temperaturas por toda a superfície.
Até o momento, conhecem-se cerca de duas dezenas de exoplanetas em zonas habitáveis, mas
nenhum deles tem dimensões tão próximas às da Terra. Isso faz de Kepler-186f um mundo de
interesse especial para a astronomia.
No mesmo dia do anúncio da NASA, um artigo sobre a descoberta é publicado na Science, escrito
por uma equipe sob a liderança de Elisa V. Quintana (Universidade Estadual de São Francisco,
EUA).

2014 (18 de abril) - Termina a missão da sonda LADEE (Lunar Atmosphere and Dust Environment
Explorer), levada a se chocar intencionalmente contra o lado oculto da Lua.

2014 (18 de abril) - Uma cápsula Dragon é lançada para a ISS (missão SpX-3), e a acoplagem ao
módulo Harmony ocorre dois dias depois. A Dragon leva quatro câmeras, de marcas e modelos
diferentes, que filmam a Terra de vários ângulos ao longo da órbita da ISS ao redor do nosso
planeta. As imagens, amplamente divulgadas na mídia, ajudarão a NASA a decidir qual dos quatro
modelos de câmeras é mais adequado para futuras sondas espaciais. A cápsula também entrega um
par de pernas para o Robonauta 2, que está na ISS desde fevereiro de 2011 mas até agora não podia
caminhar. A missão também inclui experimentos que estudam como o sistema imunológico
humano é afetado pela microgravidade e a possibilidade de cultivo de alface no espaço, visando a
futuras missões de longa duração.
O retorno ocorre em 18 de maio, com amerissagem no Oceano Pacífico, a 480km da costa da
Califórnia.

2014 (23 de abril) De acordo com a Fundação B612, 26 asteroides atingiram a Terra entre 2000 e
2013, com força suficiente para causar explosões em escala nuclear na atmosfera. Contudo, a maior
parte dessas explosões ocorre na alta atmosfera e, quando fragmentos de asteroides chegam à
superfície do planeta, caem em oceanos ou em regiões desabitadas, não sendo percebidos por nós.
Segundo a fundação, um asteroide grande o bastante para destruir uma cidade colide com a
atmosfera terrestre a cada cem anos.
A Fundação B612 é uma instituição privada estadunidense (sede em Tiburon, Califórnia) criada (7
de outubro de 2002) com o objetivo declarado de proteger a Terra de impactos de asteroides. O
nome é uma referência ao asteroide natal do protagonista de “O Pequeno Príncipe” (“Le Petit
Prince”), obra publicada em 1943 pelo francês Antoine de Saint-Exupéry (1900-1944).
A meta principal da fundação é lançar, em 2018, o telescópio infravermelho Sentinela, a ser
colocado em órbita solar, com a finalidade principal de catalogar 90% dos asteroides com diâmetro
superior a 140m e, se possível, também asteroides menores.

2014 (25 de abril) - Imagens dos telescópios Spitzer e WISE permitem descobrir a anã marrom
mais fria já encontrada, com temperatura entre -48°C e -13°C. Denominada WISE J085510.83-
071.442.5, a estrela dista da Terra 7,2 anos-luz, o que a coloca em quarto lugar em ordem de
distância estelar ao nosso planeta. A descoberta é anunciada por uma equipe sob a liderança de
Kevin Luhman, do Centro de Exoplanetas e Mundos Habitáveis da Universidade Estadual
Pensilvânia (EUA).

2014 (30 de abril) - Cientistas holandeses liderados por Ignas Snellen (Universidade de Leiden e
Instituto Holandês de Investigação Espacial) publicam na Nature um estudo, feito a partir de dados
obtidos com o Very Large Telescope, em que descrevem a primeira medição já feita da taxa de
rotação de um exoplaneta. Beta Pictoris b tem diâmetro calculado em pouco mais de 230.000km e
gira em torno do próprio eixo em 8,1h, o que resulta numa velocidade de rotação próxima de
100.000km/h (a velocidade de rotação de Júpiter, a maior do Sistema Solar, é de 45.300km/h, e a
Terra gira em torno de si mesma a 1.674,4km/h).
Descoberto em 18 de novembro de 2008, Beta Pictoris b situa-se na constelação do Pintor e dista da
Terra 63 anos-luz. Completa uma órbita em torno de sua estrela em 20 ou 21 anos, à distância
média de 1,35 bilhão de km. A massa não é conhecida com precisão, e as estimativas variam de
1.300 a 3.500 massas terrestres. A temperatura superficial gira em torno dos 1.400°C.

2014 (30 de abril) - A sonda Rosetta, que está a 3,5 milhões de km do Churyumov-Gerasimenko,
faz imagens do cometa. A cauda já é visível e tem diâmetro de 1.300km (deve chegar a milhões de
km no periélio). A cauda e a coma (ou cabeleira) de um cometa se formam à medida que este se
aproxima do Sol e as partes externas do astro são empurradas para longe do núcleo pela pressão do
vento solar. Quando ele se afasta, o vento solar empurra a cauda e a coma de volta, dando ao
cometa o aspecto de uma bola de gelo.

2014 (7 de maio) - Cientistas liderados por Mark Vogelsberger (Instituto de Tecnologia de


Massachusetts) apresentam um vídeo com a maior e mais completa simulação da evolução do
universo já realizada. A simulação, que começa com a formação de galáxias em torno de grandes
concentrações de matéria escura e se estende até o universo atual, abrange um período de 13,8
bilhões de anos de evolução e uma área que vai até 350 milhões de anos-luz do Sistema Solar.
Espera-se que esse modelo possa ajudar na análise e na elaboração de teorias cosmológicas.

2014 (15 de maio) - São divulgadas imagens do Telescópio Hubble que mostram que a Grande
Mancha Vermelha de Júpiter está encolhendo: o diâmetro, que em 1979 (passagem das sondas
Voyager) era de 22.500km, é atualmente de 16.100km. Não se conhece as causas do encolhimento.
A Grande Mancha Vermelha é uma tempestade no hemisfério sul de Júpiter, com ventos que
chegam a centenas de km/h.

2014 (16 de maio) - A NASA anuncia uma nova missão para o telescópio espacial Kepler, com
duração inicial de dois anos, denominada K2. Nessa nova missão, o Kepler é dirigido para observar
(em “campanhas” de aproximadamente 75 dias) estrelas, aglomerados estelares, galáxias ativas e
supernovas no plano da órbita da Terra (eclíptica). Nessa orientação, a pressão da radiação solar
confere ao Kepler, com o auxílio das duas rodas de reação que ainda restam, estabilidade suficiente
para continuar procurando por exoplanetas.

2014 (20 de maio) - Os astrônomos amadores mineiros Cristóvão Jacques, Eduardo Pimentel e João
Ribeiro descobrem 2014 KP4, o primeiro asteroide identificado exclusivamente por brasileiros. A
descoberta é realizada no Sonear (Southern Observatory for Near Earth Asteroids Research), que
funciona desde 18 de dezembro de 2013 perto de Oliveira, a 120km de Belo Horizonte. O objeto
tem diâmetro entre 200m e 600m.
O trio continua descobrindo asteroides nos meses seguintes: mais dois em julho e cinco em agosto.

2014 (1º de junho) - Cientistas da Universidade Harvard liderados por Xavier Dumusque anunciam
que o exoplaneta Kepler-10c, que teve sua existência confirmada em 23 de maio de 2011, tem
diâmetro de aproximadamente 30.000km e massa 17 vezes superior à terrestre, o que faz dele o
maior planeta rochoso conhecido. Uma vez que a massa de Kepler-10c é maior que a das
superterras (planetas rochosos com até 10 massas terrestres), o exoplaneta é considerado a primeira
megaterra encontrada. Para determinar a massa do planeta, os astrônomos utilizam o Telescopio
Nazionale Galileo, situado nas Ilhas Canárias (Espanha). Localizado na constelação do Dragão e
distante de nós cerca de 560 anos-luz, Kepler-10c completa uma órbita em torno de sua estrela, à
distância média de 36 milhões de km, em 45,3 dias.

2014 (3 de junho) - O Curiosity, que se desloca lentamente na superfície de Marte, observa e


fotografa um trânsito de Mercúrio. É a primeira vez que um trânsito planetário é registrado a partir
da superfície de um corpo celeste que não seja a Terra.

2014 (4 de junho) - Astrônomos liderados por Emily Levesque (Universidade do Colorado em


Boulder, EUA) anunciam a descoberta do primeiro candidato provável a objeto de Thorne-Zytkow,
astros previstos teoricamente (1976) pelo físico teórico estadunidense Kip Thorne e a astrofísica
polonesa Anna Zytkow. Trata-se de estrelas gigantes vermelhas ou supergigantes que contêm uma
estrela de nêutrons em seu núcleo. São dois os processos pelos quais um objeto de Thorne-Zytkow
pode se formar: a colisão entre uma estrela de nêutrons e uma gigante vermelha ou supergigante, o
que tem mais probabilidades de acontecer dentro de um aglomerado globular com população
estelar muito densa, ou a junção de duas estrelas de um sistema binário em que uma delas explode
como supernova e dá origem a uma estrela de nêutrons, que posteriormente se transforma no núcleo
da estrela sobrevivente. O candidato encontrado pelos cientistas chama-se HV 2112 e está
localizado na Pequena Nuvem de Magalhães.

2014 (6 de junho) - Medições realizadas com o sensor de micro-ondas da sonda Rosetta revelam
que o cometa 67P/ Churyumov-Gerasimenko perde 1l de vapor de água por segundo. No momento
das medições, feitas a uma distância de 360.000km, o cometa está a 583 milhões de km do Sol. Os
cientistas já esperavam essa perda de material, mas os dados da Rosetta demonstram que
ainfluência do Sol sobre os cometas começa a distâncias maiores do que se esperava. A perda de
vapor de água deve aumentar dramaticamente à medida que o cometa se aproxima do Sol, com
periélio em 13 de agosto de 2015.
Os resultados das medições da Rosetta são anunciados pela ESA em 30 de junho.

2014 (14 de junho) - Simulações computadorizadas coordenadas por Robert Johnson (Universidade
da Virgínia em Charlottesville, EUA) sugerem que pode haver transferência de gás entre as
atmosferas de Plutão e de Caronte. Segundo este modelo, a atmosfera de Plutão pode ser mais
quente e até três vezes mais espessa do que se imaginava, com nitrogênio, o constituinte principal,
estendendo-se no espaço até uma distância suficiente para ser puxado pela gravidade de Caronte,
cuja órbita está a uma distância média de 19.571km do planeta anão.
De acordo com Alan Stern, líder da missão New Horizons, que passará por Plutão em julho de
2015, a nave dispõe de instrumentos capazes de verificar se essa transferência de gás realmente
acontece.

2014 (27 de junho) - Uma equipe de astrônomos liderada por Robert Wittenmyer (Universidade de
Nova Gales do Sul, Austrália) anuncia o descobrimento de Gliese 832c, uma superterra na zona
habitável de Gliese 832, anã vermelha situada na constelação do Grou e distante 16 anos-luz. O
exoplaneta tem um Índice de Similaridade com a Terra (ESI, Earth Similarity Index) de 0,81, o
terceiro mais alto encontrado até o momento, atrás de Gliese 667Cc (0,84) e Kepler-62e (0,83).
Gliese 832c tem temperatura média calculada em 20°C, mas, devido a uma excentricidade orbital
relativamente elevada, a variação da temperatura deve ser expressiva ao longo de sua órbita de 36
dias. Ademais, a massa equivalente a 5,4 massas terrestres sugere uma atmosfera densa e com
efeito estufa pronunciado, o que tornaria o planeta parecido com Vênus.

2014 (2 de julho) - Cientistas da NASA anunciam que o oceano que se acredita existir no interior
de Titã pode ser tão salgado quanto o Mar Morto. Com superfície de aproximadamente 600km2 e
situado 427m abaixo do nível do mar, o Mar Morto banha Israel, Palestina e Jordânia e tem
salinidade de 34,2%, 9,6 vezes a média dos oceanos terrestres.

2014 (3 de julho) - Astrônomos liderados por Paul Robertson (Universidade Estatal da


Pennsylvania) divulgam um estudo segundo o qual os exoplanetas Gliese 581d e 581g, outrora
considerados potencialmente habitáveis, não existem e são na verdade ilusões fabricadas pela
intensa atividade magnética da estrela em torno da qual orbitam..
Conforme os pesquisadores, o método de velocidade radial, muito utilizado para identificar
exoplanetas, pode induzir a erros, pois as mudanças repetidas de luz em que ele se baseia são às
vezes causadas pelo efeito de atividade magnética ou de manchas nas próprias superfícies das
estrelas. Com isso, apenas três planetas deste sistema têm existência confirmada: Gliese 581e, 581b
e 581c.

2014 (10 de julho) - Pesquisadores internacionais liderados por Christa Gall (Universidade de
Aarhus, Dinamarca) publicam na Nature observações sobre a formação de poeira cósmica depois
de explosões de supernovas. O estudo da supernova SN 2010jl (que explodiu em 2010 na galáxia
UGC 5189ª), feito com o Very Large Telescope (Chile) ao longo de dois anos e meio, indica que a
poeira se forma em duas fases. Pouco antes de explodir, as supernovas geram ondas de choque com
conchas frias e densas de gás, no interior das quais os grãos de poeira podem se formar e crescer,
atingindo um milésimo de milímetro num curto espaço de tempo. Isso explica como os grãos de
poeira são capazes de sobreviver no ambiente violento e destrutivo que se segue a uma explosão de
supernova. Numa segunda fase, várias centenas de dias mais tarde, tem início um processo
acelerado de formação de poeira envolvendo material ejetado pela supernova depois da explosão.
Os cientistas calculam que, 25 anos depois de explodir, a supernova 2010jl terá formado poeira
equivalente à metade da massa do Sol.

2014 (14 de julho) - O cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko tem um formato extremamente


irregular e é composto de dois corpos interligados, de acordo com fotos tiradas pela Rosetta a uma
distância de 37.000km. Isso torna bem mais difícil a escolha do local para o pouso do veículo
philae (novembro). Os cientistas comparam o formato do cometa a um pato de borracha.

2014 (16 de julho) - A crosta de Vesta tem 80km de espessura, quase o triplo do esperado (30km),
de acordo com um trabalho coordenado por Philippe Gillet e Harold Clenet (Escola Politécnica
Federal de Lausanne, Suíça), publicado na Nature. Uma vez que Vesta é o único asteroide
conhecido com estrutura similar à da Terra (com núcleo, manto e crosta), esperava-se encontrar
uma quantidade significativa de olivina, mineral abundante no manto terrestre, mas
surpreendentemente nada é detectado pela Dawn, sonda cujos dados são a base para este estudo.
Conforme os pesquisadores, é preciso revisar os modelos que descrevem a formação de planetas
rochosos.

2014 (22 de julho) - O Instituto Geológico dos EUA (USGS - United States Geological Survey-, na
sigla em inglês) divulga o mais completo mapa de Marte produzido até o momento. O mapa,
elaborado a partir de 20.000 imagens da 2001 Mars Odyssey, contém dados sobre topografia,
temperatura e composição do solo marciano.

2014 (23 de julho) - Cientistas liderados por David Kipping (Centro Harvard-Smithsonian para
Astrofísica) divulgam a descoberta de Kepler-421b, o exoplaneta com período orbital mais longo já
identificado pelo método do trânsito planetário. Estes planetas são em geral de curto período, pois a
sua descoberta requer que eles passem entre o observador (no caso, o telescópio) e a estrela em
torno da qual orbitam, fazendo com que diminua temporariamente o brilho dessa estrela. Assim,
quanto menor o intervalo entre dois trânsitos de um exoplaneta, maior a possibilidade de identificá-
lo. O Kepler-421b leva 704 dias (1,93 ano) para orbitar Kepler-421, estrela de tipo espectral K
(portanto, mais tênue e mais fria que o Sol), à distância média de 177 milhões de km. O planeta tem
diâmetro semelhante ao de Urano e temperatura estimada em -193°C.

2014 (28 de julho) - A NASA informa que o Opportunity atingiu a marca de 40km percorridos em
Marte, o que configura um recorde para um veículo explorador em outro corpo celeste. O recorde
anterior pertencia ao Lunokhod 2, veículo explorador soviético enviado a bordo da Luna 21, que de
janeiro a maio de 1973 percorreu 39km na superfície lunar.

2014 (29 de julho) - É lançado o Georges Lemaître, quinto e último cargueiro espacial (ATV -
Automated Transfer Vehicle) desenvolvido pela ESA, cuja missão é entregar suprimentos à ISS. O
acoplamento ao módulo Zvezda ocorre em 12 de agosto. A carga inclui 850l de água potável, 3t de
combustível, 2,6t de alimentos, 50kg de café, roupas (não há máquina de lavar na Estação) e
equipamentos de pesquisa. O nome é uma homenagem ao jesuíta e astrônomo belga Georges
Lemaître (1894-1966), autor (1927) da teoria da expansão do Universo que mais tarde leva ao
desenvolvimento do modelo do Big Bang.
O desacoplamento da ISS está previsto para 25 de janeiro de 2015.

2014 (30 de julho) - O campo magnético de Mercúrio é três vezes mais forte no hemisfério norte do
que no hemisfério sul, informam cientistas liderados por Hao Cao (Universidade da Califórnia em
Los Angeles) na edição on-line da revista Geophysical Research Letters. Na Terra, em Júpiter e em
Saturno, os campos magnéticos apresentam apenas pequenas variações nos dois hemisférios, o que
indica que o interior de Mercúrio é diferente. O núcleo terrestre, de ferro como o de Mercúrio, é
formado por uma parte externa líquida e uma parte interna sólida. Devido ao resfriamento gradual
do interior do nosso planeta, o núcleo interno sólido está se expandindo, e essa expansão produz a
energia que gera o campo magnético. No caso de Mercúrio, são necessárias mais pesquisas para
compreender a dinâmica do campo magnético daquele mundo.

2014 (4 de agosto) - Dois estudos, coordenados por Imke de Pater e Katherine de Kleer, ambos da
universidade da Califórnia em Berkeley, sugerem que a frequência das erupções vulcânicas em Io
(satélite de Júpiter) é bem mais alta do que se pensava. Num período de apenas duas semanas (15 a
29 de agosto de 2013), são observadas três grandes erupções, sendo a última a maior delas. Devido
à baixa gravidade de Io (18,3% da terrestre), os materiais ejetados pelos vulcões chegam a centenas
de km acima da superfície.
Os trabalhos são aceitos para publicação pela revista Icarus.

2014 (6 de agosto) - Após percorrer 6,4 bilhões de km ao longo de dez anos, cinco meses e quatro
dias, a sonda Rosetta, que viaja à velocidade de 55.000km/h, é inserida com sucesso na órbita do
cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, que no momento da inserção orbital está a 405 milhões de
km da Terra. É a primeira vez que uma nave espacial orbita um cometa. A princípio, a distância
orbital é de 100km, mas vai diminuindo progressivamente até 10km, altitude utilizada para
fotografar detalhadamente o astro e escolher o local de pouso, sendo depois novamente elevada até
chegar, em novembro, a 22,5km, altura a partir da qual o módulo de pouso Philae se desprende da
Rosetta para pousar no Churyumov-Gerasimenko.
A nave está programada para acompanhar o cometa enquanto este se aproxima do Sol e estudar as
transformações provocadas no astro pelo calor solar ao longo de um ano (atéo periélio, em 13 de
agosto de 2015).
Descoberto em 22 de outubro de 1969, 67P/Churyumov-Gerasimenko tem um núcleo
extremamente irregular, formado por dois corpos interligados, o maior com diâmetro de 4,1 x 3,2 x
1,3km e o menor medindo 2,5 x 2,5 x 2km. A massa é de 10 bilhões de toneladas. Completa uma
rotação em 12h25min, e o período orbital é de 6,44 anos, com periélio a 185,98 milhões de km,
afélio a 850,15 milhões de km e distância média ao Sol de 518,06 milhões de km.

2014 (14 de agosto) - Cientistas da NASA informam que, entre as amostras de poeira recolhidas
pela sonda Stardust durante o sobrevvoo do cometa Wild 2 (2004) e trazidas de volta à Terra
(2006), estão sete partículas que provavelmente são de poeira interestelar. Uma possível explicação
para a presença de poeira interestelar num cometa do Sistema Solar é a explosão de uma supernova
num passado distante. Essas explosões ejetam no espaço grandes quantidades de poeira, que
percorre distâncias enormes numa escala de tempo de milhões ou bilhões de anos. Artigos sobre o
estudo são publicados nas revistas Science e Meteoritics & Planetary Science.

2014 (19 de agosto) - A astrônoma Natalie Hinkel (universidade do Estado do Arizona) publica no
The Astronomical Journal o maior catálogo de composição estelar já produzido, com a proporção
de cinquenta elementos químicos (obtida espectroscopicamente) existente em 3.058 estrelas
localizadas nas vizinhanças do Sol (até 500 anos-luz de distância). O catálogo mostra que a
composição estelar não é tão uniforme como se pensava, variando de acordo com a posição da
estrela em relação ao plano da Vialáctea e ao disco galáctico (onde está o Sol). Os astrônomos têm
agora uma importante ferramenta para verificar se existe alguma relação entre a composição
química de uma estrela e a presença (ou não) de planetas (gasosos ou rochosos).
O catálogo recebe o nome de Hipátia, em homenagem a Hipátia de Alexandria (nascida entre 351 e
370, morta em 415), filósofa neoplatônica e uma das primeiras mulheres a ensinar astronomia.

2014 (25 de agosto) - A New Horizons cruza a órbita de Netuno, depois de oito anos e cinco meses
de viagem (desde março de 2006).. A Voyager 2, única sonda espacial a sobrevoar Netuno, que
curiosamente atingiu a distância mínima do astro também num 25 de agosto (de 1989), chegou ao
planeta em doze anos e cinco dias (lançamento em 20 de agosto de 1977).

2014 (28 de agosto) - astrônomos liderados por Huan Meng (Universidade do Arizona em Tucson,
EUA) publicam na Science um estudo segundo o qual o telescópio Spitzer detectou, ao longo de
cinco meses (agosto de 2012 a janeiro de 2013) o aparecimento de grande quantidade de poeira em
torno da estrela jovem NGC 2547-ID8, provavelmente o resultado da colisão de dois asteroides
grandes. A poeira está agora concentrada numa nuvem muito espessa que orbita a estrela na zona
onde planetas rochosos costumam se formar, o que significa que talvez os astrônomos estejam
assistindo em tempo real ao surgimento de planetas. NGC 2547-ID8 tem aproximadamente 35
milhões de anos, localiza-se na constelação da Vela e dista da Terra cerca de 1.200 anos-luz.

2014 (3 de setembro) - Astrônomos coordenados por R. Brent Tully (Universidade do Havaí em


Manoa) divulgam a descoberta de que a Via Láctea pertence a um superaglomerado de galáxias
identificado apenas agora. Denominado “Laniakea”, este superaglomerado é formado por 100.000
galáxias, tem diâmetro de 520 milhões de anos-luz, massa equivalente a 100 quatrilhões de sóis e
engloba o Superaglomerado de Virgem, do qual faz parte o Grupo Local, aglomerado ao qual
pertence a Via Láctea.
Para chegar a este resultado, os pesquisadores propõem uma nova maneira de definir
superaglomerados, com base nas velocidades relativas das galáxias. Todas as galáxias de um
superaglomerado (uma das maiores estruturas do Universo conhecido) estão interligadas numa rede
de filamentos. Segundo esse novo método de definição, as galáxias localizadas nas zonas limítrofes
entre superaglomerados sofrem atração gravitacional das estruturas em larga escala ao redor, e as
estruturas dominantes numa dada região determinam o movimento das galáxias, que então passam
a ser consideradas partes constituintes delas. Dessa forma, utilizando principalmente o
Radiotelescópio Green Bank (Virgínia Ocidental, EUA) para medir velocidades de galáxias em
todo o nosso Universo local, os astrônomos conseguem determinar a região do espaço dominada
por cada superaglomerado. A Via Láctea fica na borda de Laniakea, cujo centro gravitacional é o
Grande Atrator (ver 1987, final do ano). Em cada superaglomerado, os movimentos das galáxias
são direcionados para dentro, do mesmo modo que o percurso de um rio desce uma montanha em
direção a um vale (neste caso, o vale é o Grande Atrator).
O nome “Laniakea” significa “céu imenso” no idioma havaiano (“lani” = céu; “akea” = imenso).
O artigo que descreve este estudo é a reportagem de capa da Nature de 4 de setembro.

2014 (4 de setembro) - A NASA revela os primeiros dados científicos obtidos pela sonda Rosetta
depois de ser inserida na órbita do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko. O cometa revela-se
surpreendentemente escuro, hidrogênio e oxigênio são encontrados na coma (envoltório nebuloso
do núcleo, composto sobretudo de gelo e poeira) e na superfície não há grandes regiões cobertas de
gelo. Os cientistas esperavam encontrar extensas regiões geladas, porque o cometa ainda está muito
distante do Sol (550 milhões de km) para que o calor solar transforme água em vapor.

2014 (8 de setembro) - Cientistas coordenados por Simon Kattenhorn (Universidade de Idaho em


Moscow, EUA) e Louise Prockter (Universidade Johns Hopkins em Laurel, Maryland, EUA)
publicam na edição on-line da Nature Geoscience um estudo (feito a partir de dados da sonda
Galileo) em que descrevem fortes evidências de placas tectônicas em Europa, satélite de Júpiter. A
descoberta implica troca de material entre a superfície e o interior de Europa, o que faz do satélite
um dos corpos geologicamente mais interessantes do Sistema Solar e um candidato a receber uma
missão espacial exclusiva.

2014 (11 de setembro) - É divulgado o primeiro mapa do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko,


elaborado a partir de dados obtidos pelo sistema de câmeras OSIRIS (Optical, Spectroscopic, and
InfraRed Remote Imaging System) da sonda Rosetta. A superfície do cometa é multifacetada e
pode ser dividida em regiões dominadas por diferentes tipos de relevos: sulcos paralelos,
penhascos, depressões e crateras (também há áreas com pedras). São as imagens mais detalhadas já
feitas da superfície de um cometa.

2014 (11 de setembro) - O veículo explorador Curiosity chega a Aeolis Mons, destino principal da
missão. Extraoficialmente denominado Monte Sharp, em homenagem ao geólogo estadunidense
Robert P. Sharp (1911-2004), Aeolis Mons tem 5,5km de altitude e constitui o pico central da
cratera Gale. Esta montanha parece ser formada por várias camadas de sedimentos, depositados ali,
acreditam os cientistas, ao longo de 2 bilhões de anos, daí o grande interesse geológico que
desperta.

2014 (16 de setembro) - Cientistas liderados por Geert Barentsen (Universidade de Hertfordshire,
Inglaterra) publicam no periódico Monthly Notices of the Royal Astronomical Society um artigo
descrevendo um catálogo das estrelas da região norte da parte visível da Via Láctea. O catálogo,
elaborado ao longo de dez anos com base em medições feitas pelo Isaac Newton Telescope (INT),
situado em La Palma, Ilhas Canárias, contém dados referentes a 219 milhões de estrelas com brilho
superior à 20ª magnitude e oferece um panorama sem precedentes da distribuição estelar no disco
galáctico (onde está o Sol). Trata-se de uma pesquisa denominada IPHAS (INT Photometric H-
alpha Survey of the Northern Galactic Plane), a qual deve continuar.

2014 (21 de setembro) - Uma cápsula Dragon (missão SpX-4) é lançada para a ISS (acoplamento
em 23 de setembro) com 2,215kg de carga, incluindo 625kg de suprimentos para os ocupantes da
estação. A Dragon transporta componentes para aproximadamente 255 experimentos científicos a
cargo das expedições 41 e 42 da ISS. Um aparelho denominado ISS-RapidScat, depois de
conectado à parte externa da ISS, mais especificamente ao módulo europeu Columbus, está
programado para medir a velocidade dos ventos sobre os oceanos, com o objetivo de melhorar a
previsão do tempo e o monitoramento dos furacões. A bordo também está a primeira impressora 3D
enviada ao espaço, concebida para testar a possibilidade de produzir em órbita, a um custo muito
mais baixo, componentes de acordo com a demanda, evitando a necessidade de esperar que sejam
fabricados na Terra e depois levados por naves espaciais. Se bem-sucedido, este experimento
significará um avanço espetacular em futuras viagens tripuladas ao espaço profundo.
A amerissagem ocorre em 25 de outubro.

2014 (21 de setembro) - A sonda MAVEN (Mars Atmosphere and Volatile Evolution), lançada em
18 de novembro de 2013, chega a Marte depois de uma viagem de 307 dias e 711 milhões de km,
sendo inserida numa órbita elíptica (6.200 x 150km) em torno do Planeta Vermelho. O objetivo é
estudar a região superior da atmosfera marciana ao longo de pelo menos um ano terrestre.
A atmosfera de Marte é tênue, com massa de 25 trilhões de toneladas, o que representa 0,49% da
massa da atmosfera da Terra (5,148 quatrilhões de toneladas. A pressão atmosférica na superfície
de Marte equivale a 0,6% da pressão atmosférica da Terra ao nível do mar. A atmosfera marciana é
composta por dióxido de carbono (96%), argônio (2,1%), nitrogênio (1,9%) e traços de oxigênio
livre, monóxido de carbono, água, metano e outros gases.
Devido à grande quantidade de poeira em suspensão na atmosfera, o céu de Marte visto da
superfície do planeta apresenta-se castanho-claro ou alaranjado.

2014 (24 de novembro) - A sonda indiana Mangalyaan, lançada em 5 de novembro de 2013, é


inserida numa órbita elíptica (76.993,6 x 421,7km) em torno de Marte depois de percorrer 670
milhões de km em 323 dias. A Índia é o único país até o momento a ter sucesso numa missão a
Marte já na primeira tentativa.
A primeira foto de Marte tirada em órbita pela Mangalyaan é divulgada no dia seguinte.

2014 (25 de setembro) - É lançada para a ISS a Soyuz TMA-14M, tripulada pelos russos Aleksandr
Samokutyayev - comandante - e Yelena Serova - engenheira de voo -, e pelo estadunidense Barry
E. Wilmore - engenheiro de voo. Serova é a primeira mulher russa a ir à Estação Espacial
Internacional.
A aterrissagem da Soyuz está prevista para 11 de março de 2015.
2014 (1º de outubro) - Pesquisadores liderados por Remco de Kok (observatório Leiden e instituto
holandês para pesquisa espacial SRON) publicam na Nature um estudo descrevendo uma nuvem
com centenas de km de diâmetro, tóxica e fria, que paira na atmosfera de Titã, 300km acima do
polo sul do satélite de Saturno, descoberta a partir de imagens da sonda Cassini obtidas em maio de
2012. Análises espectroscópicas revelam que a nuvem contém partículas geladas do composto
tóxico cianeto de hidrogênio (HCN), que na atmosfera de Titã, rica em nitrogênio, só podem existir
a temperaturas de -148°C ou inferiores, isto é, cem graus Celsius menos do que previam os
modelos da atmosfera superior do satélite. Acredita-se que a formação desta nuvem esteja ligada à
mudança das estações. Titã gira em torno do Sol (juntamente com Saturno) em 29,46 anos, o que
significa que é de pouco mais de sete anos a duração de cada estação. O polo sul passou do verão
para o outono em 2009.

2014 (9 de outubro) - Um estudo coordenado por Prajwal Kafle (Universidade da Austrália


Ocidental) calcula em 800 bilhões de massas solares a quantidade de matéria escura existente na
Via Láctea, o que representa a metade do previsto por estimativas anteriores. Os pesquisadores
chegam a esse valor por meio da análise da velocidade de deslocamento das estrelas em toda a
galáxia, inclusive na periferia, estudada em detalhes. De acordo com Kafle, esses dados explicam
por que a Via Láctea tem menos galáxias-satélite do que seria de esperar com base nos modelos
galácticos mais aceitos.
Este trabalho é publicado no The Astrophysical Journal.

2014 (16 de outubro) - Astrônomos da Universidade de Leicester (Inglaterra) divulgam um estudo,


coordenado inicialmente por George Fraser (morto em março de 2014) e posteriormente por Andy
Read, cujo resultado é a possível observação direta, pela primeira vez, de matéria escura. Ao
analisar detalhadamente a maior parte do arquivo dos dados (em raios X) coletados ao longo de
quase quinze anos pelo XMM-Newton (lançado em 10 de dezembro de 1999), os pesquisadores
detectam o que podem ser sinais de áxions, partículas hipotéticas previstas teoricamente (1977)
pelo italiano Roberto Peccei e pela australiana Helen Quinn e considerados candidatos a
componentes da matéria escura fria.
Este trabalho é publicado na edição de 20 de outubro do Monthly Notices of the Royal
Astronomical Society.

2014 (16 de outubro) - A NASA divulga descobertas sobre a coroa solar feitas pela sonda IRIS
(Interface Region Imaging Spectrograph). A coroa é bem mais complexa do que se imaginava e
contém regiões a que os cientistas se referem como “bombas de calor solares” em alusão à grande
quantidade de energia que liberam em curtos períodos. São identificados também minitornados,
com velocidades de até 18km/s, que contribuem para irradiar a energia responsável pelo
aquecimento da coroa solar a temperaturas de até milhões de graus Celsius. Há também jatos de
plasma a altas velocidades e nanoerupções.

2014 (19 de outubro) - O cometa Siding Spring (formalmente, C-2013 A1) passa a 139.500km de
Marte, distância muito inferior à de qualquer passagem de cometa registrada na Terra. Acredita-se
que este cometa, descoberto (3 de janeiro de 2013) por Robert McNaught no Observatório de
Siding Spring (Austrália), tenha vindo da Nuvem de Oort, e calcula-se que voltará às regiões
interiores do Sistema Solar daqui a 1 milhão de anos. Por medida de precaução, as sondas Mars
Reconnaissance Orbiter, Mars Express e MAVEN são posicionadas de modo a ficarem do lado
oposto do planeta no momento de maior aproximação. O risco não é uma colisão com o cometa,
mas as partículas de gás e poeira que formam a cauda e que atingem a atmosfera durante a
passagem, que se dá à velocidade de 56km/s (201.600km/h). A essa velocidade, até mesmo uma
partícula de meio milímetro pode danificar seriamente uma sonda espacial.
O núcleo do Siding Spring tem diâmetro entre 400m e 700m, e o período de rotação é de oito horas.

2014 (23 a 31 de outubro) - Missão da sonda chinesa Chang’e 5-T1, que vai até a Lua, dá a volta no
satélite e retorna à Terra. É a primeira missão desse tipo da China, tendo por objetivo testar
tecnologias de retorno, como controle da navegação e escudo de proteção ao calor gerado pela
entrada na atmosfera. Essa é uma missão preparatória para a Chang’e 5, prevista para 2017, que
deve voltar à Terra trazendo amostras da superfície lunar.
A menor distância a que a Chang’e 5-T1 chega da Lua (27 de outubro) é de 13.000km, e o pouso
ocorre em Siziwang, , na Mongólia Interior.

2014 (28 de outubro) - Um foguete Antares (EUA), que deveria lançar uma cápsula Cygnus
(missão Cygnus CRS Orb-3) para a ISS, explode segundos após a decolagem. A explosão destrói a
cápsula (que transportava suprimentos e experimentos científicos) e causa danos consideráveis à
plataforma de lançamento, mas ninguém fica ferido.
No dia seguinte, a Rússia lança para a estação espacial uma nave Progress (missão Progress M-
25M) com 2.337kg de suprimentos: água, alimentos, oxigênio, combustível, equipamentos
científicos e material de manutenção.

2014 (31 de outubro) - Durante um voo de teste, um veículo SpaceShipTwo”, da empresa Virgin
Galactic, desintegra-se e cai no Deserto de Mojave, na Califórnia, matando o copiloto, Michael
Alsbury (39 anos), e ferindo seriamente o piloto, Peter Siebold, que consegue se ejetar.
Investigações preliminares revelam que a cauda rotativa de expansão da SpaceShipTwo, um
dispositivo de segurança para o reingresso na atmosfera, foi ativada cedo demais.
A Virgin Galactic, com sede em Las Cruces, Novo México, EUA, fundada em 2004 pelo bilionário
inglês Richard Branson, pretende levar pessoas ao espaço, em voos comerciais, a partir de 2016, e
já vendeu centenas de passagens para esses voos, a 200.000 dólares cada uma.

2014 (7 de novembro) - Um estudo liderado por Michael Zemcov (California Institute of


Technology), e publicado na revista Science, descreve os resultados do Cosmic Infrared
Background Experiment (CIBER), experimento levado ao espaço em quatro voos de foguetes
suborbitais da NASA, ocorridos entre 2009 e 2013. Para surpresa dos astrônomos, eles detectam
um brilho cósmico difuso que parece representar mais luz do que aquela gerada por todas as
galáxias conhecidas no Universo. A descoberta sugere que essa luz provém de estrelas localizadas
no que se acreditava ser o espaço escuro entre as galáxias. Os cientistas supõem que se trata de
estrelas “órfãs”, arremessadas para o espaço intergaláctico quando as galáxias de que faziam parte
colidiram ou se fundiram com outras galáxias.

2014 (7 de novembro) - São divulgados dados coletados pelas sondas MAVEN, Mars
Reconnaissance Orbiter e Mars Express, os quais revelam que, durante a passagem (19 de outubro)
do cometa Siding Spring a 139.500km de Marte, fragmentos do astro causam uma intensa chuva de
meteoros e acrescentam uma nova camada temporária de íons (ou partículas carregadas) à ionosfera
do planeta, uma região eletricamente carregada que se estende desde 120km até centenas de km
acima da superfície marciana. Várias toneladas de poeira da cauda do cometa são vaporizadas na
atmosfera superior de Marte, e análises da MAVEN indicam que essa poeira é constituída por
magnésio, ferro, sódio, potássio, manganês, níquel, cromo e zinco. Essas são as primeiras medições
diretas da composição da poeira de um cometa proveniente da Nuvem de Oort.

2014 (12 de novembro) - Às 13h34min de Brasília, o módulo Philae, da sonda Rosetta, toca a
superfície da parte menor (a que os cientistas se referem como “cabeça”) do cometa
67P/Churyumov-Gerasimenko. A confirmação do contato chega pouco mais de 28 minutos depois,
tempo necessário para a luz percorrer os 509 milhões de km que, neste momento, separam o cometa
da Terra. Ao se desprender da Rosetta, o módulo Philae está a 22,5km do centro do cometa. A
descida, muito lenta, é realizada em sete horas, à velocidade aproximada de 1m/s. Quando Philae
toca a superfície do cometa, deveriam ser acionados dois arpões, cuja função seria fixar o veículo
ao astro. A gravidade do Churyumov-Gerasimenko é tão fraca (velocidade de escape de 1,8km/s –
a da Terra é de 40.270km/h) que havia o risco de Philae ser enviado de volta ao espaço no
momento do impacto, o que efetivamente acontece. apesar de o primeiro impacto ter ocorrido no
local previamente escolhido, a falha no acionamento dos arpões faz com que o robô quique e seja
arremessado de volta ao espaço. Durante uma hora e 51 minutos, Philae percorre cerca de 1km
girando no vácuo, até tocar o solo outra vez. Novamente arremessado para cima, Philae desloca-se
mais um pouco e, sete minutos depois, pousa definitivamente (15h32min) e se estabiliza na
superfície, conforme mostram imagens divulgadas pela ESA. Contudo, os cientistas não conseguem
determinar onde Philae aterrissa.
O local originalmente escolhido para o pouso, a princípio conhecido como “ponto J”, mais tarde
recebe (por meio de uma votação na internet) o nome de Agilkia, em referência a uma ilha do Rio
Nilo (sul do Egito). Com a construção (1960-1970) da Represa de Assuã, a elevação das águas
passou a ameaçar um complexo de edificações do Egito Antigo (incluindo o Templo de Ísis)
situado na ilha Philae. Todo o complexo é desmontado e reerguido em Agilkia, onde está
atualmente.
Agilkia era o local escolhido porque recebe 6 horas de luz solar a cada rotação do cometa
(12h25min). O local do pouso (provavelmente próximo de um penhasco), distante
aproximadamente 1km do planejado, recebe no mesmo período apenas 90 minutos de luz solar,
insuficiente para recarregar as baterias de Philae. Por isso, às 22h36min (de Brasília) do dia 14 de
novembro, Philae perde contato com a Terra. Existe a esperança de recarregar as baterias quando o
67P/Churyumov-Gerasimenko se aproximar mais do Sol (periélio em agosto de 2015).
Contudo, apesar de ter perdido contato com o centro de controle bem antes do previsto, Philae
consegue realizar a maior parte da sua missão (inclusive a perfuração do solo do cometa, embora a
uma profundidade menor do que se esperava) e transmitir os dados à Terra, via sonda Rosetta (não
há contato direto).
O módulo Philae transporta dez instrumentos científicos, tem o tamanho aproximado de uma
máquina de lavar roupa e pesa 97,9kg. Philae é o primeiro artefato humano a pousar num cometa.

2014 (18 de novembro) - O Centro Aeroespacial Alemão(DLR - Deutsche Zentrum für Luft- und
Raumfahrt e. V.), responsável pela operação do módulo Philae, divulga as primeiras análises dos
dados coletados pelo veículo na superfície do 67P/Churyumov-Gerasimenko. O instrumento
COSAC (COmetary SAmpling and Composition) detecta moléculas orgânicas no cometa, cuja
identificação ainda está sendo processada. O instrumento MUPUS (Multi-Purpose Sensors for
Surface and Subsurface Science) revela, no momento do pouso, uma temperatura de -153°C, que
diminui para -163°C meia hora mais tarde. O mapeamento térmico sugere que o cometa está
recoberto por uma camada de poeira com 10 a 20cm de espessura, abaixo da qual existe gelo ou
uma mistura de poeira e gelo.

2014 (23 de novembro) - É lançada para a ISS a nave russa Soyuz TMA-15M, a bordo da qual viaja
a engenheira de voo Samantha Cristoforetti (37 anos), primeira astronauta italiana. Os demais
tripulantes são o russo Anton Shkaplerov - comandante - e o americano Terry Virts - engenheiro de
voo.
A Soyuz também transporta a primeira máquina de café expresso enviada ao espaço, concebida
para funcionar na ausência de gravidade. Denominada ISSpresso, , pesa 20kg e é o resultado de
uma colaboração entre a Argotec, uma empresa de engenharia italiana especializada na concepção
de sistemas aeronáuticos e na preparação de alimentos consumíveis no espaço, e a Lavazza, uma
marca italiana de café.
A aterrissagem da Soyuz TMA-15M está prevista para 11 de maio de 2015.

2014 (3 de dezembro) - É lançada a sonda japonesa Hayabusa 2, com o objetivo de coletar e trazer
à Terra amostras do asteroide (162173) 1999 JU3, de 980m de diâmetro, descoberto (10 de maio de
1999) pelo Projeto Linear (ver 1998, março). O cronograma prevê inserção na órbita do asteroide
em junho de 2018, um ano e meio de estudos, partida em dezembro de 2019 e retorno em dezembro
de 2020. Uma vez em órbita, a Hayabusa 2 (massa total de 590kg) vai liberar o módulo de pouso
MASCOT (Mobile Asteroid Surface Scout), de 10kg, que tem expectativa de vida de 12 horas e
deve estudar o solo com quatro instrumentos: um espectrômetro infravermelho, um magnetômetro,
um radiômetro e uma câmera. Mais tarde, será liberado também o Minerva 2, pequeno robô (0,5kg)
projetado para pesquisar a superfície do astro mais detalhadamente. O passo seguinte é criar uma
pequena cratera no asteroide, o que será feito por um pequeno impactador (7kg) dotado de
explosivos, que deve desprender do solo o material a ser recolhido e trazido à Terra pela Hayabusa
2.
É oportuno registrar que a sonda Hayabusa , lançada em 9 de maio de 2003, retornou à Terra em
13 de junho de 2010 com amostras do asteroide Itokawa.

2014 (5 de dezembro) - Primeiro voo de teste (não tripulado) de um veículo Orion, lançado por um
foguete Delta IV. O voo, bem-sucedido, dura 4h24min, e a nave amerissa no Oceano Pacífico
(1.030km a sudeste de San Diego, Califórnia), conforme previsto. A cápsula completa duas órbitas
em torno da Terra, percorre mais de 96.000km e atinge a altitude de 5.800km, cerca de catorze
vezes superior à altitude em que orbita a Estação Espacial Internacional
O veículo Orion (Orion Multi-Purpose Crew Vehicle) está sendo desenvolvido pela NASA com o
objetivo de retomar os voos tripulados estadunidenses ao espaço profundo, o que não ocorre desde
a missão da Apollo 17, em dezembro de 1972 (o Skylab e os ônibus espaciais operavam na órbita
terrestre). Espera-se que com as naves Orion seja possível realizar missões tripuladas para um
asteroide e para Marte. O primeiro voo tripulado está previsto para 2021.
Desde o fim do programa dos ônibus espaciais (julho de 2011), os EUA dependem das naves Soyuz
da Rússia para mandar astronautas ao espaço.

2014 (10 de dezembro) - A água do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko é bem diferente da água


da Terra, de acordo com um estudo liderado por Kathrin Altwegg (Universidade de Berna, Suíça) e
publicado no periódico Science. No nosso planeta, a água é preponderantemente formada por
átomos de oxigênio com oito prótons e oito nêutrons em seu núcleo (oxigênio 16) e de hidrogênio
com um próton e nenhum nêutron. Mas há outras possibilidades: o oxigênio pode ser 17 ou 18 (8
prótons e nove ou 10 nêutrons, e o hidrogênio pode ser deutério (1 próton e 1 nêutron) ou trítio
(radioativo, 1 próton e 2 nêutrons). Medições feitas em agosto e setembro por um instrumento a
bordo da sonda Rosetta denominado ROSINA (Rosetta Orbiter Spectrometer for Ion and Neutral
Analysis), composto por dois espectrômetros de massa e um sensor de pressão, determinam que o
vapor de água liberado pelo cometa contém aproximadamente três vezes mais deutério (0,053%)
que a água terrestre (0,017%).
Embora a água não seja igual em todos os cometas (eles podem se formar em regiões diferentes do
Sistema Solar), ganha força agora a hipótese de que a origem da água terrestre esteja sobretudo nos
meteoritos rochosos formados a partir de fragmentos de asteroides.
Fontes de consulta

A pesquisa para a elaboração deste trabalho exigiu a leitura de milhares de páginas e a consulta a
muitas centenas de livros, artigos, notícias e sites. Vincular cada informação apresentada à sua
fonte de consulta (ou fontes, porque com frequência foram várias) seria tão complexo e intrincado
que se tornaria impraticável. Como escreve Orlando Neves em seu “Dicionário da Origem das
Palavras” (Leya, 2012), acerca de uma lista exaustiva de fontes, “Para o leitor vulgar, tornar-se-ia
desinteressante tal lista; para o especialista nada traria de novo”. Dessa forma, mesmo consciente
de que apenas colocar no final da cronologia uma lista das principais fontes consultadas
compromete a verificação dos fatos registrados, o autor optou por esse formato, por questões de
simplificação. Contudo, para provar que a pesquisa é séria e extremamente cuidadosa, fica aqui um
desafio: escolha o leitor, aleatoriamente, algumas informações incluídas em “História da
Astronomia” e realize uma pesquisa. Constatará, então, o cuidado colocado em cada palavra, em
cada conceito formulado.
Como foi dito na introdução a este trabalho, o autor é autodidata em astronomia há mais de três
décadas. Ao longo desse tempo, acumulou experiência suficiente para distinguir entre ciência e
especulação, fatos e teorias. A “História da Astronomia” foi elaborada, portanto, com o rigor
científico inerente a trabalhos profissionais.
A seguir, a lista das principais fontes consultadas.

1. Fontes impressas

1.1. Livros

– Astronomia (coleção originalmente publicada em 46 fascículos, depois encadernados em 3


volumes). Rio de Janeiro: Riográfica, 1985-1986.
– Conhecer Universal (enciclopédia originalmente publicada em 145 fascículos, depois
encadernada em 13 volumes). São Paulo: Abril, 1981-1983.
corações solitários do cosmos, de DENNIS OVERBYE. Difusão Cultural: Lisboa, 1995.
- A dança do universo, de Marcelo Gleiser. Schwarcz: São Paulo, 1997.
– Dicionário Enciclopédico de Astronomia e Astronáutica, de Ronaldo Rogério de Freitas Mourão.
2ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1995.
- Dicionário de Mitologia Grega e Romana, de Georges Hacquard. Edições ASA: Rio Tinto,
Portugal, 1990.
– La Revolución Científica de los Siglos XVI y XVII, de Antoni Baig e Montserrat Agustench.
Madri: Editorial Alhambra, 1987.
– Yo, Galileo, de Yves Chéraqui. Madri: Grupo Anaya, 1990.

1.2. Revistas

- Astronomy & Astrophysics


- Geology
- Icarus
– Nature
– Proceedings of the National Academy of Sciences
– Sciense
- Science News
– Superinteressante
– USA Weekend (EUA)
– Veja.

2. Fontes digitais

– Agência Fapesp: <http://www.agencia.fapesp.br/>.


Astro News (Notícias do Astronomy & Astrophysics, da Royal Astronomical Society, de
universidades, de diversas agências de notícias, da NASA, do ESO, etc.):
<http://cosmonovas.blogspot.com>
– BBC Brasil: <http://www.bbc.com.uk/portuguese/>.
- ESA (European Space Agency): <http://www.esa.int>.
ESO (European Southern Observatory: <http://www.eso.org/public/>
– Folha On-line: <http://www.folha.uol.com.br/>.
- NASA: <http://www.nasa.gov>.
- New Scientist: <http://www.newscientist.com>.
– Observatório da Universidade Federal de Minas Gerais – Notícias diárias de astronomia:
<http://www.observatorio.ufmg.br/noticias_diarias.htm >.
– Observatório Nacional: <http://www.on.br>.
- Science Daily (Astronomy News): <http://www.sciencedaily.com/news/space_time/astronomy/>.
– Sociedade Brasileira dos Amigos da Astronomia <http://www.sbaa.com.br/cronologia.htm>.
– Supernovas – Boletim brasileiro de astronomia: <http://www.supernovas.cjb.net>.
– Terra - espaço – (Notícias sobre ciência das agências Efe, France Press, Associated Press e
Reuters, do The New York Times, etc.): http://noticias.terra.com.br/ciencia>.
– Uranometria Nova: <http://www.uranometrianova.pro.br/>.
- Veja.com: <http://veja.abril.com.br/ciencia>.
- Wikipedia, the free encyclopedia: <http://www.en.wikipedia.org>.
Também foram consultadas as Wikipédias em alemão, espanhol, francês, italiano e português.

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