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Trabalho 1795 - 1/4

ETAPAS REGIONAIS E ESTADUAL DE ALAGOAS DA IV


CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE MENTAL –
INTERSETORIAL: RELATO DE EXPERIÊNCIA.

Silva, Darlan dos Santos Damásio 1


Maynart, Willams Henrique da Costa 2
Trindade, Rosa Lúcia Prédes 3
Silva, Danielle Marinho Barros da 4
Lima, Joseane Barbosa de 5

Trata-se de um relato de experiência de discentes em Enfermagem, mestrandas


em Serviço Social e docente nesta área, na vivência de uma Extensão
Universitária nas etapas regionais e estadual de Alagoas da IV Conferência
Nacional de Saúde Mental – Intersetorial. A extensão envolveu professores e
estudantes de graduação e pós-graduação dos cursos de Serviço Social,
Enfermagem da UFAL6 e Terapia Ocupacional da UNCISAL 7, caracterizando-se
como interdisciplinar e interinstitucional, realizadas diferentes atividades de
mobilização, organização e realização das conferências de saúde mental em
Alagoas, atingindo gestores, profissionais e usuários dos serviços de saúde
mental e intersetoriais. Contextualizando, Rosa (2003) citado por Caixeta (2010),
afirma que no passado pessoas consideradas “loucas” tinham liberdade e eram
atores da sociedade; fato que, com o surgimento do capitalismo, pessoas com
transtornos mentais passaram a ser vistas como ociosas e marginais, induzindo

1
Estudante do 4º semestre de graduação em enfermagem da Universidade Federal de Alagoas,
Bolsista de Iniciação Científica pela FAPEAL, darlan.ds@hotmail.com
² Estudante do 4º semestre de graduação em enfermagem da Universidade Federal de Alagoas,
Bolsista de Iniciação Científica pela FAPEAL, willamshcmaynart@hotmail.com
³ Assistente Social. Mestrado e Doutorado em Serviço Social. Professora adjunto III da
Universidade Federal de Alagoas. Professora da graduação e do Programa de Pós-Graduação
em Serviço Social da UFAL.
4
Assistente Social e Mestranda do Programa de Pós Graduação em Serviço Social – PPGSS da
Universidade Federal de Alagoas.
5
Assistente Social e Mestranda do Programa de Pós Graduação em Serviço Social – PPGSS da
Universidade Federal de Alagoas.
6
Universidade Federal de Alagoas.
7
Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas.
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assim a centralização em hospitais psiquiátricos e asilos. Para a reorientação dos


modos de produzir saúde mental, surgiu um movimento conhecido como Reforma
Psiquiátrica, com a finalidade de obter-se um novo modelo, descentralizado. No
Brasil, esse movimento questionava o modelo psiquiátrico vigente e inscreve-se
em busca da ruptura da instituição manicomial e seu sistema de aprisionamento
do ser, tendo a Reforma objetivos de reconstrução dos direitos civis e cidadania
das pessoas que apresentam transtornos mentais. Surgiram em 1970,
mobilizações para o fortalecimento do novo modelo de atenção psicossocial,
destacam-se: aparecimento do controle social; movimentos sociais, populares e
sindicais; e o Movimento de Reforma Sanitária, onde se criam propostas
alternativas à política de saúde vigente. No período de 23 anos foram realizadas
quatro conferências em âmbito nacional para debater o tema da saúde mental. A I
Conferência Nacional de Saúde Mental foi realizada em 1987, no esteio da VIII
Conferência de Saúde (1986) - marco histórico na construção do SUS. A segunda,
ocorrida em 1992, foi inspirada em outro marco histórico para o campo da saúde
mental, a Conferência de Caracas (1990), onde países reunidos definiram os
princípios para a reestruturação da assistência psiquiátrica nas Américas. Já a
terceira conferência aconteceu em 2001, ano em que foi aprovada a Lei 10.216,
que trata dos direitos das pessoas com transtornos mentais e reorienta o modelo
assistencial em saúde mental, na direção de um modelo comunitário de atenção
integral. A mesma teve especial importância para impulsionar a Política Nacional
de Saúde Mental, sobretudo com o respaldo da lei federal. A convocação para a
realização da IV Conferência se deu a partir da mobilização e reivindicação dos
usuários da saúde mental que estava há nove anos sem ocorrer (SILVA, 2010).
Durante a execução da extensão, a docente, juntamente com outras, esteve
presente nas etapas regionais e na etapa estadual, como palestrante
(conferencista) e mediadora de grupos temáticos, organizando também o caderno
de textos das conferências. As mestrandas atuaram na assessoria técnica e na
comissão de relatoria das conferências, além de coordenarem as atividades dos
estudantes de graduação. Os graduandos participaram das atividades das
comissões organizadoras - comissão de infraestrutura, de mobilização, de
comunicação, relatoria das conferências e de divulgação. Os impactos das ações
desenvolvidas foram sentidos por três públicos diferentes. O primeiro se refere à
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população atendida, por meio do apoio e da mobilização social, através da


participação nas conferências, possibilitando reflexões das necessidades desse
público no que diz respeito à saúde mental, debate este, contemplado nas
conferências. Em segundo, os discentes, pela apreensão de conhecimentos
acerca da política de saúde mental e dos mecanismos de controle social, da
vivência prática dos princípios da interdisciplinaridade, intersetorialidade e
participação social previstos no SUS. E por fim, a Universidade, representando o
terceiro público, sendo alcançada pelas ações do projeto, através da inserção
social e fortalecimento de sua presença na realidade alagoana, especialmente no
âmbito da saúde mental - tendo em vista o crescimento dos serviços da área no
Estado. Descrevendo a experiência, a colocação dos discentes demonstra que
esse trabalho oportunizou aprendizado sobre a realização de uma conferência,
permitindo uma aproximação com os usuários e a percepção da autonomia
destes na busca de propor alternativas para melhoria dos serviços de saúde
mental. A experiência de mestrandas qualifica como muito proveitosa e
enriquecedora para a sua formação profissional; destacando o engajamento dos
usuários, profissionais, familiares e governo no debate acerca da saúde mental e
sua aproximação com o processo de organização e participação de uma
conferência. Como docente e responsável em participar no processo de
organização e realização das etapas regionais e estadual em Alagoas, relata que
foi possibilitada uma experiência inter profissional e interinstitucional, o que ainda
é considerado rara no espaço da formação profissional; registra ainda a
relevância no envolvimento dos alunos e outros professores nos processos
desencadeados pelos profissionais dos serviços de saúde mental e
principalmente usuários, onde percebe que momentos como esses oportunizam a
socialização de conhecimentos e apreensão com as experiências vividas. Dados
revelam que ao todo cerca de 1.610 pessoas foram atingidas diretamente pelas
ações da extensão relatada. Os públicos alvos foram: gestores municipais;
trabalhadores, usuários/familiares de saúde mental e participantes intersetoriais –
que compuseram os participantes das 08 Conferências Regionais de Saúde
Mental somando cerca de 1.280. Os Participantes da IV Conferência foram
estimados em cerca de 300 pessoas e as comissões organizadoras das diversas
conferências com cerca de 30 pessoas. Conclui-se, como proveitosa e inovadora
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a participação dos setores (educação, saúde, assistência social e justiça) nesse


processo, pois entender e intervir nas questões de saúde mental, dentro do
contexto específico do estado alagoano, requer pensá-las à luz da conjuntura
política, econômica, social, educacional, cultural e de saúde. Dessa forma, a
mesma não pode ser vista de forma isolada, mas na interação com outras forças.

Descritores: Saúde Mental, Conferências, Política, Descentralização.

Referências:

- CAIXETA, C. C.; GALERA, S. A. F. A família no contexto da atenção


psicossocial.

- ROSA, M. A.; ELKIS, H. Adesão em esquizofrenia. Rev. Psiq. Clín. São Paulo,
v.1, n.34, supl. 2, p.189-92, 2007.

- SILVA, D. M. B.; LAMENHA, K.C.R. CONTROLE SOCIAL NA SAÚDE MENTAL:


formas e possibilidades de fortalecimento de usuários e familiares na luta por
direitos. Caderno de textos da IV Conferência Estadual de Saúde Mental –
Intersetorial: saúde mental direito e compromisso de todos: consolidar avanços e
enfrentar desafios. Maceió: Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas, 2010.

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