Você está na página 1de 30

“Pesquisa Quantitativa:

Conceitos e Aplicações”

Minicurso de Extensão – 30 h/a


Professor Esp. Jefferson Marques
Professora M.Sc. Flávia Souza
Sobre o curso e os
professores
Jefferson Marques

 Especialista em Matemática e Estatística –


UFLA/MG
 Bacharel em Estatística – UEPB
 Atua nas áreas de Matemática; Estatística;
Contabilometria e Metodologia Científica.
 Professor da FIS, FADIRE e SENAC.
Flávia Souza

 Mestre em Administração – UFPE


 Bacharel em Administração – FAFIRE
 Atua nas áreas de Teoria da Administração;
Ciência e Conhecimento; Consultoria e
Terceiro Setor.
 Professora e Coordenadora do Curso de
Administração da FIS.
Objetivos do Curso

 Oferecer aos alunos fundamentos de Metodologia


Científica e Estatística e suas aplicações em
pesquisas nas áreas sociais;
 Possibilitar ao participante a leitura crítica de
trabalhos científicos envolvendo métodos
quantitativos;
 Viabilizar uma compreensão geral das técnicas
estatísticas;
 Oferecer subsídios para a construção de
instrumentos de pesquisa e de coleta e análise de
dados, voltados para a elaboração de trabalhos
científicos.
Programa do Curso

 Aula 1 – Introdução à Ciência e ao Método Científico


 Aula 2 – Conceitos iniciais da Estatística
 Aula 3 – As medidas de tendência central e as medidas
de dispersão
 Aula 4 – As séries estatísticas
 Aula 5 – Elaboração de questionários e construção de
Relatórios
 Aula 6 – Atividades práticas e entrega de relatório

Intervalo entre 16h e 16h15


Referências

 CAMPELLO DE SOUZA, F. M.; SOUZA, B. C.; SILVA, A. S.


Elementos da Pesquisa Científica para Profissionais de Saúde.
Recife/PE: 2002. 116 p.;
 BUSSAB, W. O. ; MORETIN, P. A. Estatística básica. 3. ed. São
Paulo: Atual,1986;
 GÓES, L. A. C. Estatística: uma abordagem decisorial. São Paulo:
Saraiva, 1980. v. 1;
 MARTINS, G. A.; DONAIRES, D. Princípios de estatística. São
Paulo: Atlas, 1979;
 Os textos e outros materiais de todas as aulas estarão disponíveis
em admdialogos.blogspot.com.
Introdução à Ciência
Mundo “Real” e Mundo Observável
Vivência Concreta da “Realidade” Mundo Observável

 O conhecimento efetivo é
Conhecimento fruto de uma combinação
de observador, objeto e
interação;
 O conhecimento perfeito é
fruto apenas do objeto e
Interação Propriedades
e Atributos
suas características;
 O conhecimento efetivo
Indivíduo Objeto não corresponde ao
Cognoscente Cognoscível conhecimento perfeito.
Noção Abstrata Mundo Real ou
Do “Real” Verdadeiro
Formas de aquisição do Conhecimento

 Senso Comum: Voltado para o quotidiano do


mundo observável, adquirido via experiência direta
e espontânea.
 Religião: Voltado para a realidade transcendente do
sagrado e do sobrenatural, adquirido por meio da
revelação.
 Filosofia: Voltado para a aquisição da sabedoria, a
busca da verdade, adquirido via contemplação e
especulação.
 Ciência: Voltado para a previsão e/ou controle dos
eventos do mundo observável, adquirido aliando-se
o pensamento racional à investigação empírica.
Caracterização do Método Científico

 O seu objetivo maior não é o de conhecer a realidade, mas


produzir um saber que auxilie na interação com o mundo
conforme ele é vivenciado (mundo observável), ou seja, previsão
(o que vai acontecer) e controle (como se pode intervir);
 Trata-se de um conjunto de paradigmas para a observação,
identificação, descrição, investigação experimental e explanação
teórica de fenômenos;
 Envolve técnicas exatas, objetivas e sistemáticas,
implementadas através de regras fixas para a formação de
conceitos, para a condução de observações e de experimentos,
e para a validação de hipóteses explicativas;
 Seus princípios não mudam em função do objeto de estudo, ou
seja, é sempre o mesmo não importa o que se estuda.
A importância da Matemática

 Ferramenta simbólica que serve de suporte


ao pensamento humano;
 Há argumentações que determinados temas
apresentam uma natureza que não se presta
ao emprego da matemática => exigem o uso
de métodos qualitativos.
Por que usar a Matemática?!

Argumento Desconstrução
 A matemática não consegue  O cálculo diferencial e integral
representar bem fenômenos e a abordagem dos sistemas
dinâmicos e/ou em contínua dinâmicos lidam com as
transformação; mudanças contínuas;
 A matemática não consegue  A teoria das probabilidades e a
lidar com o que é aleatório ou estatística lidam com
incerto; aleatoriedade e incerteza;
 A matemática é incapaz de  Subjetivo é sinônimo de mal-
lidar com o que é subjetivo. definido e, mesmo nesse caso,
basta escolher uma definição
operacional precisa.
As Vantagens do Método Científico
 Conhecimento prático e aplicável, podendo ser utilizado
diretamente;
 Objetividade não apenas do saber que é produzido mas também
do modo como se chegou até ele, permitindo um conhecimento:
 Amplamente compartilhável, reprodutível e transmissível;

 Verificável e passível de quantificação do seu grau de confiança;

 Redução ou minimização dos vários tipos de vieses;


 Fornecimento de suporte metodológico e representacional ao
pensamento, permitindo o uso de ferramentas sócio-culturais e
tecnológicas que favorecem a transcendência das limitações
individuais do pesquisador em suas análises e sínteses.
Sutilezas do Método Científico

 A Navalha de Ockam;
 A Falseabilidade de Popper;
 O Efeito do Observador;
 A Estrutura das Revoluções Científicas.
A Navalha de Ockam
Frei William de Ockham (1285–1349)

 Logicista inglês e monge


franciscano do Século XIV;
 Responsável pelos princípios:
 “Entia non sunt multiplicanda
praeter necessitatem” => As
entidades não devem ser
multiplicadas além do
necessário;
 “Pluralitas non est pomenda sine
neccesitate” => Pluralidades não
devem ser postas sem
necessidade;
Para entender a Navalha...

 Estabelece que, entre teorias concorrentes com


igual poder explicativo, deve-se escolher a mais
simples;
 É proposto como um princípio pragmático
apriorístico, não como teoria ou resultado da
experiência;
 Originalmente era uma forma de se atingir a
verdade, por se acreditar que Deus ou a Natureza
prefere a simplicidade, além de constituir uma
preferência estética;
 Deve-se obter a explicação a mais simples possível,
mas não mais simples do que isso (Einstein).
A Falseabilidade de Popper
Sir Karl Raimund Popper (1902–1994)

 Filósofo austríaco e inglês


considerado um dos mais
influentes pensadores sobre
a Filosofia da Ciência;
 Conhecido por substituir a
visão Observacional/Indutiva
da ciência pelo Falseamento
Empírico.
Falseabilidade

 Também conhecida como Refutabilidade ou


Testabilidade, é a possibilidade lógica de que uma
afirmativa pode ser empiricamente mostrada como
falsa;
 É uma alternativa à Indução para a passagem da
Afirmativa Singular Existencial (“este caso é assim”)
para as Afirmativas Universais (“todos os casos são
assim”);
 Popper estabelece que uma hipótese, proposição
ou teoria só é científica se a mesma for falseável;
 O seu oposto é a Tautologia, ou seja, a lógica
circular e redundante, a qual é inútil para a
previsão, controle ou tomada de decisões.
Falseamento Metodológico
 É a visão da ciência enquanto a sucessiva rejeição de teorias
falseadas (mais do que afirmativas falseadas);
 Teorias falseadas devem ser substituídas por novas teorias
falseáveis capazes de dar conta do(s) fenômeno(s) que
falseou(aram) a teoria anterior (maior poder explicativo);
 Apenas Teorias Completas desprovidas de implicações que
constituam afirmativas falseáveis são desprovidas de significado;
 Introduz um processo de "Seleção Natural" para que as teorias
"sobreviventes" sejam "as mais aptas" (Darwinianismo);
 O Falseacionismo opõe-se ao Verificacionismo dos Positivistas,
ou seja, à noção de que uma afirmativa precisa ser
empiricamente verificável para ser significativa e científica.
O Efeito do Observador
Definição e Características

 Refere-se a mudanças que o ato de observar


provoca no fenômeno sendo observado;
 Deriva-se da noção de que toda a observação é
uma forma de interação com influências mútuas;
 Está ligado também ao Viés do Observador, onde
resultados esperados são notados, superestimados
ou sobre-representados e os inesperados são
desprezados, subestimados ou sub-representados;
 Trata-se de um efeito onipresente e inevitável,
podendo apenas variar de intensidade.
Exemplos em Ciências Sociais e Humanas

 Um pesquisador senta numa sala de aula para observar a dinâmica


da interação entre os alunos, constrangendo os mesmos a ficarem
mais quietos do que normalmente ficariam;
 Uma pesquisadora entrevistando homens acerca das suas atitudes
e crenças perante as mulheres leva os mesmos a fornecerem
respostas mais “politicamente corretas” do que sinceras;
 O tom de voz, expressão facial e a linguagem corporal de um
entrevistador indicam claramente que ele aprova mais certos tipos
de resposta do que outros, influenciando os seus entrevistados;
 Uma pesquisa querendo descobrir o quanto as pessoas sabem
acerca dos impactos da bebida sobre a direção de veículos acaba
por informar aos entrevistados acerca do assunto;
 Um homem observa um vídeo de crianças brincando e anota todas
as instâncias em que elas demonstram curiosidade, mas uma
mulher observando o mesmo vídeo identifica instâncias diferentes.
A Estrutura das
Revoluções Científicas
Thomas Samuel Kuhn (1922–1996)

 Físico americano que


escreveu extensamente
acerca da história da
ciência;
 Desenvolveu importantes
noções acerca da filosofia
da ciência;
 Foi o responsável pela
popularização das
expressões “paradigma” e
“mudança de paradigma”.
Duas Concepções de Ciência...

 Mostrou um contraste entre duas


concepções, que ocasionou o chamado giro
histórico-sociológico da ciência:
 Perspectiva Formalista: ciência como uma
atividade complementar racional e controlada;
 Perspectiva Historicista: atividade concreta que
se dá ao longo do tempo e em cada época
histórica com peculiaridades e características
próprias.
Enfoque Historicista

 Segundo esse enfoque, a ciência desenvolve-se


segundo determinadas fases:
 Estabelecimento de um paradigma;
 Ciência normal;
 Crise;
 Revolução científica;
 Estabelecimento de um novo paradigma.
 Este debate mostrou que os cientista não são
absolutamente racionais, não podem ser objetivos,
nem livres de paradigmas;
 A atividade científica influi em interesse científicos e
em interesses subjetivos (dos grupos), por isso
sofrem influência do contexto histórico-sociológico.
Lições para levar na mochila...
 Ciência não busca nem requer a verdade, ocupando-se apenas
da previsão e/ou controle do mundo observável;
 Deve-se sempre procurar obter a explicação a mais simples
possível (mas não mais simples do que isso);
 Teorias que não produzem previsões que possam ser testadas
empiricamente não podem ser consideradas úteis;
 Os métodos, terminologia e procedimentos de experimentação
cientificamente aceitáveis e também as eventuais mudanças nos
mesmos resultam de um processo social e cultural;
 É preciso estar ciente para o impacto do pesquisador e dos
instrumentos de pesquisa nos resultados empíricos, procurando-
se minimizá-los ou ao menos medi-los.

Você também pode gostar