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Ensaio Filosófico – Teste Filosofia (Eva Xavier)

Pergunta: Será que há progresso da ciência em direção à verdade?

NOTA- NÃO ESQUECER DE INCLUIR O QUE QUER QUE SEJA QUE ESTÁ NO TEXTO
QUE A PROFESSORA ENTREGA

Introdução: Durante muitos anos, a ideia de progresso na ciência intrigou bastante


os cientistas. O que é, de facto, progresso? Devemos defini-lo como um processo
cumulativo ou de substituição de teorias? Será que este se dirige para a verdade?
Há dois principais caminhos pelos quais os cientistas envergaram:
• Popper defende que há progressão da ciência em direção à verdade: ele
afirma que, através do método hipotético-dedutivo e do critério
falsificacionista (ou seja, a parte final do método cientifico por ele
defendido consiste no facto de uma teoria ter de ser submetida a testes
rigorosos para ver se consegue responder de forma eficaz aos mesmos,
ou seja, se uma teoria não passar o teste, é imediatamente refutada; se
passar os testes, vai-se aproximando da verdade, sendo que esta tem
apenas um valor provável (é corroborada) pois, a qualquer momento,
pode ser refutada e é substituída pela teoria que passa nesse teste) pelo
que, à medida que mais teorias são refutadas, a ciência avança para
mais perto da verdade provável (verossimilhança) – por outras palavras,
é sempre tentar que uma teoria seja falsificada/ as teorias têm de ser
falsificáveis para poderem ser consideradas ciência
• Kuhn defende que não há progresso da ciência em direção à verdade. Na
sua teoria, defende que a ciência trabalha no paradigma, modelo
científico e instrumental que serve de base à comunidade científica
(grupo de cientistas cujo trabalho se foca no paradigma) e onde é
praticada a ciência normal (período no qual se desenvolve uma atividade
científica baseada num paradigma). Porém, por vezes surgem falhas no
paradigma e entra-se num período de desconfiança do mesmo (a
chamada crise paradigmática) pelo que há três soluções: manter o
paradigma vigente e tentar resolver a questão com o mesmo; esperar
para a futura geração tentar resolver o problema; mudar o paradigma
(mais extrema- neste caso recorre-se à ciência extraordinária, aquela
que trabalha à margem do paradigma, tenta trazer um novo e a
comunidade científica escolhe aquele que melhor responde às
anomalias. Quando este é encontrado, é dada uma revolução científica
e, devido à incomensurabilidade das teorias (ou seja, não é possível dizer
que uma é melhor ou pior que outra/como os paradigmas são
representam mundividências diferentes não dá para compará-los) não é
possível afirmar que a ciência progride para a verdade porque não é
possível definir esse conceito devido à sua subjetividade (a única vez que
se pode dizer que a ciência progride é dentro da ciência normal e não é
por um processo de se aproximar da verdade mas sim de acumular mais
verdades dentro desse mesmo paradigma)
Tese: Concordo com a perspetiva defendida por Popper (sim, há progressão em
direção à verdade)

Possíveis Argumentos:

• a questão do dogmatismo de Kuhn (se a ciência normal se baseia em


dogmas, como uma religião, não há atitude crítica por parte do cientista, não
é possível o conhecimento avançar se o próprio cientista está preso num
dogma do qual não pode partir de fora para tentar resolver alguma questão:
ou seja, mesmo que haja verdade (há um avanço em direção da verdade que
Kuhn não consegue aceitar devido ao carater dogmático não real que ele
instaurou), este cientista nunca a conseguirá reconhecer porque está preso
dentro de um paradigma que o faz pensar de certa forma e apenas atuar
dentro dele mesmo (há ciência extraordinária, sim, mas esta não é bem vista
nem aceite, é extremamente marginalizada)/ isto acontece devido à
veneração do cientista ao paradigma, atuar como se este fosse um Deus e o
cientista um mero mortal com o propósito de o servir)
• a atitude crítica leva a uma aproximação da verdade-objetividade e
subjetividade da ciência (por mais subjetivo (visto pelos critérios da
objetividade propostos por Kuhn- exatidão; consistência; alcance;
simplicidade; fecundidade e que depois são influenciados pela pessoa que
o cientista é) que seja o caráter humano, este consegue distinguir o certo do
errado em termos objetivos, consegue pôr em prática na realidade (é sempre
possível te colocares como terceira pessoa na situação e analisares) e, a
partir do critério de demarcação falsificacionista (O CIENTISTA ADOTA UMA
PERSPETIVA CRÍTICA QUE O FAZ CHEGAR À VERDADE), ver o que é
corroborado e o que é refutado; além disso, se o cientista acreditar que não
consegue nunca chegar a uma verdade porque depende apenas da
perspetiva adotada, como é que ele encontra um objetivo para a sua vida?
Mesmo que a prática cientifica não seja fundamentalmente baseada em
encontrar o erro e sim encontrar a verdade, nessa atividade o cientista ainda
consegue confiar em si mesmo, sem precisar de apenas olhar para o
paradigma, o erro pode ser da teoria e não dele, como Kuhn diz que o erro é
sempre da pessoa, e até pode ser, mas essa perspetiva em nada adiciona à
evolução, nem ao carater do própria cientista como pessoa, pelo que a
ciência deve ser em direção à verdade, não apenas praticada dentro sempre
do mesmo modelo, não podemos seguir dogmas, temos de ser críticos)
• própria definição de progresso: qual se aproxima mais da realidade de cada
um? (como os paradigmas são apenas mundividências e, pela sua
incomensurabilidade, não é possível compará-los, não se consegue dizer
que um é melhor ou pior que outro, depende mesmo da época em que estão
a ser vividos, pelo que o único tipo de progresso que poderíamos verificar
seria o cumulativo e na ciência normal; por outro lado, através da perspetiva
falsificacionista de Popper, vamos substituindo teorias para nos
aproximarmos da verdade, à medida de encontramos um erro a teoria é
posta de parte (refutada) mantendo a que corroboramos como verdade
provável; na teoria, ambas funcionam, mas na realidade apenas uma
corresponde ao que as pessoas realmente conseguem aceitar- é inerente a
cada um a comparação, faz parte da natureza humana e é quase
inconsciente, e a ciência tem de se basear nisso; além disso, é preciso
acreditar que vamos chegar à verdade, mesmo o seu caráter sendo provável,
o humano precisa de acreditar nisso; além disso a própria tendência
humana a verificar se há ou não erros (como quando fazemos proof Reading
por exemplo) é uma tendência verificada por Popper com o seu critério
falsificacionista, pelo que podemos indicar que a ciência caminha para a
verdade)

Possível contra-argumento: o papel do cientista não como um agente falsificador


das próprias teorias mas sim como alguém que as quer verificar, pelo que a maneira
que o paradigma trabalha permite fazê-lo, pois, na ciência normal, o processo de
progresso na ciência é cumulativo e o cientista trabalha dentro de uma certa
perspetiva e não tem de sair dela para tentar provar a sua teoria, apenas tem de a
comprovar dentro de certo modelo, o que corresponde ao trabalho habitual dele
como se verifica na realidade, pelo que ciência não caminha em direção à verdade

Resposta: se o cientista não falsificar, perde todo o seu poder: é a atitude crítica do
mesmo que o faz caminhar em direção à verdade; se fosse como na teoria que Kuhn
propõe, em que o cientista apenas é um instrumento que segue o paradigma (por
exemplo, quando há um erro ele é que é culpado pelo mesmo, nunca se coloca a
teoria em causa) realmente não poderia haver verdade porque esta nunca era
colocada à prova, mas a vida real não é assim; é na procura do erro que nos
aproximamos do que realmente é real, mesmo que o real possa ser uma construção
social, pelo que a refutação apresentada pela teoria de Kuhn é impraticável e não
corresponde de modo algum à realidade (adicionar o que está nesta cor nesta
defesa/na mesma, vai ser usado também naquele argumento)

Conclusão: Há vários fatores que nos levam a


acreditar que há progresso da ciência em direção à
verdade, como a atitude crítica que o cientista adota
face aos seus problemas, o critério de demarcação
falsificacionista ou até mesmo o seu próprio
objetivo de vida. Porém, há um ponto importante de
Kuhn que não pode ser esquecido: a construção do
mundo é sempre feita de acordo com a nossa
perspetiva, o que faz colocar uma questão ainda
mais abrangente: pode haver verdade num mundo
em que não sabemos se efetivamente existe
realidade? Mesmo assim, o humano precisa de acreditar na realidade, na sua
existência e na existência de tudo o que está à sua volta, pelo que vai continuar a
acreditar na progressão da ciência em direção à verdade, apenas ponderando, em
segundo plano, se a realidade existe mesmo. Como Popper afirma, “o objetivo de
uma dicussão não devia ser ganhar e sim o progresso”, afirmando que sim, nos
dirigimos em direção à verdade.

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