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Karl Popper e Thomas Khun

Popper
Como vimos anteriormente Karl Popper é um epistemólogo que defende as ideias do método hipotético
dedutivo, e com isto quer dizer que critica algumas das ideias do método indutivo.
A compreensão do método científico sugerida por Popper não vai ao encontro com o método científico do
método indutivo. O que difere entre as dois são: a natureza da observação, no caso, de acordo com Popper, a
observação está impregnada de teoria ao contrário dos indutivistas, que têm a crença de que tudo parte da
observação, a ciência procede da observação para a teoria; a utilização do raciocínio indutivo, Popper
considera que é arriscado utilizar este raciocínio, pois este tipo de raciocínio generaliza uma amostra limitada,
claramente é um risco pois o raciocínio indutivo não verifica a hipótese mais vezes quando é dada como
válida, quando é considerada lei. Por fim o tipo de validação que as hipóteses podem obter, no Método
indutivo as hipóteses tornam-se leis quando consideradas válidas e no Método hipotético-dedutivo não há
validação de hipóteses, não há leis definitivas, nunca se alcança a verdade absoluta, pois a qualquer momento
alguém pode verificar e experienciar essa mesma hipótese e descobrir que está errada.
As diferenças entre os dois métodos não é muito em relação à forma de trabalhar dos cientistas, mas sim à
interpretação que é dada à forma de trabalhar dos cientistas, pegando novamente do exemplo do coelho de
Bernard, os indutivistas interpretam-no como sendo uma observação pura, sem teoria, embora seja o mesmo
exemplo, filósofos como Popper interpretam o exemplo como tendo uma observação impregnada de teoria. A
observação nunca pode ser pura sem teoria pois para Bernard ter concluído e formulado uma hipótese por ter
observado que a urina do coelho não devia de ser assim, este tem de ter teoria para saber o tipo de urina do
coelho.
Este filosofo considera que “A observação é sempre seletiva.” E o que é ser seletiva? A observação necessita
sempre de ser exigente, rigorosa. Necessita de ser uma observação com teoria.
Se for a ver o início não é propriamente a observação, são os conhecimentos que o cientista tem desde a
observação que o levam a formação de um fator problema.
Popper admite que os cientistas seguem naturalmente o método hipotético-dedutivo pois imaginam hipóteses,
conjeturas, e o resto do processo do método.
Noção de Conjetura
Para Popper tudo são conjeturas, todas as leis, todas as teorias são constituídas por conjeturas. E o que é uma
conjetura? Uma conjetura é estar a conjeturar e isto é estar a admitir que uma ideia pode ser verdadeira, mas
que ao mesmo tempo eu não tenho a certeza absoluta se ela é verdadeira ou não, ou seja, eu ao levantar uma
hipótese estou a conjeturar. Quando eu provo que a minha conjetura é falsa automaticamente eu já a coloco
de lado, ou seja, deixa de ser uma conjetura, pois já provei que a ideia que eu tinha era falsa, isto quer dizer
que não pode ser verdadeira. Por outro lado, se eu provar que a minha conjetura é válida, ela continua a ser
uma conjetura, pode tornar-se lei, mas não deixa de ser uma conjetura na perspetiva de Popper, pois a todo o
momento pode surgir alguma coisa que a coloque em causa, a qualquer momento pode surgir uma falha. No
fundo nós trabalhamos sempre com conjeturas, as leis não são definitivas, a lei é uma conjetura que já resistiu
à experiências, ou seja, tem uma validade mais forte mas não deixa de ser uma conjetura, visto que não se
tem realmente a certeza da sua validade, ou seja pode a todo o momento ser descoberto um erro.
Popper defende que as hipóteses não estão sujeitas a serem verificadas, mas sim refutadas. Popper deixou
claro que rejeita a ideia de verificação, a ideia de alguma coisa ser considerada permanentemente verdade.E o
que é isso de corroboração? Corroboração não é considerar a hipótese válida, é considerar que ainda não se
encontrou um erro nela. Popper considera que os cientistas devem dizer que as leis que resistem aos testes são
corroboradas.
Nesta medida podemos dizer que Popper considera que o máximo que a investigação científica chega é a
noção de corroboração, que é diferente da noção de verificação. Popper defende que nunca se consegue
verificar uma hipótese. Ele não concorda com a ideia verifique sionista que os indutivistas defendem. Eles
defendem que a partir de uma amostra se pode confirmar uma hipótese. Mas Popper não defende isso, porque
para ele a investigação científica tem sempre um caracter aberto que exige estar continuamente a perseguir o
erro.
Karl Popper defende então a ideia de corroboração que consiste, por exemplo quando eu faço um teste,
quando eu penso numa experiência para por á prova é para ver se ela está errada, vou tentar que hipótese
falhe, se eu não conseguir é porque a hipótese resistiu, então é porque a hipótese é válida é corroborada,
significa que ainda não se encontrou o erro. Nós não temos teorias ou hipóteses certas nós temos é hipóteses
que ainda não descobrimos o erro.
Ora Popper defende que a ciência vai avançando, vai se aproximando sucessivamente á verdade cada vez
vamos estando mais perto da verdade, nunca chegamos lá, mas vamos avançando com, de erro em erro.
Quanto mais encontramos os nossos erros e os corrigimos mais perto estamos da verde, então a noção de
verdade é importante para Popper, pois esta é o ideal de referência o cientista quer chegar á verdade, não vai
conseguir, mas quer. Ele vai errando para se aproximar de verdade. Ou seja, vamos ter de pensar na noção de
verosimilhança e não na noção de verdade.
A noção de verosimilhança é a noção mais realista a que o cientista pode chegar sobre uma determinada
hipótese, pois até todo pode indicar que a hipótese é verdadeira, pode ser provável que ela seja verdadeira,
mas não é absolutamente certo que seja verdadeira, então não podemos chegar ao ponto de dizer que a teoria
é verdadeira só podemos dizer que ela é verossímil. Isto quer dizer que o cientista nunca vai conseguir chegar
á verdade, vai apenas se conseguindo aproximar dela, na perspetiva de Popper.
Qualquer teoria científica, corroborada é verossímil, não temos a certeza que seja verdadeira, mas temos
condições para admitir que deve ser verdadeira.
E então podemos também dizer que na perspetiva de Karl Popper a ciência é objetiva, Popper é objetivista
isto quer dizer que ele é neutro consegue avaliar as coisas e ser rigoroso e imparcial. E á objetividade na
medida em que este percurso nos leva cada vez mais perto da verdade porque nós vamos conhecer cada vez.
Esta objetividade por um lado é o rigor e a imparcialidade que o cientista trabalha, mas é também por outro
lado a aproximação que nos leva á verdade. E associada a esta objetividade temos também uma certa
racionalidade, a ciência de acordo com Popper chegue uma racionalidade, por um lado usa a razão, o método
hipotético dedutivo é predominantemente racional, em que razão é que comanda, a experiência serve para por
á prova, mas o percurso do método hipotético é maior parte dele racional.
Este conhecimento é um conhecimento progressivo crescente, na medida em que através do erro vamos
aperfeiçoando cada vez mais as terias e chegando mais próximo da verdade.
Thomas Kuhn
Thomas Kuhn é um epistemólogo como Popper, porém defende uma posição totalmente contrária á dele.
Para Kuhn a ciência é uma atividade racional e controlada, ele não concorda com uma progressão linear, quer
dizer ele não concorda com a ideia da aproximação á verdadeira, em que cada teoria vai ser melhor que a
anterior, que cada erro vai ser menor que o anterior, e assim vamos conseguindo nos aproximar da verdade.
Noção de Paradigma
É um conjunto de crenças, princípios e metodologias partilhadas pela comunidade científica que está na base
de toda a sua investigação, um paradigma consiste num conjunto de críticos que uma comunidade científica
se suporta para desenvolver e orientar todo o seu trabalho. Ora e o quê que faz parte de um paradigma?
Os conhecimentos científicos, sejam os conceitos, as conclusões, as leis, os dados…, as metodologias, ou
seja, os métodos utilizados, os instrumentos a que se recorre, os aparelhos utilizados, tudo isso faz parte do
paradigma. Para além destas coisas há fatores que ultrapassam a ciência que também fazem parte do
paradigma.
Ora aqui já conseguimos ver uma diferença clara entre a forma de encarar a ciência em Popper e em Kuhn,
enquanto Popper vê o trabalho do cientista de uma forma objetiva, em que usa a sua razão, usa um método
próprio para conseguir com a sua razão ir evoluindo, passando de erro maior em erro menor, em que vai
avançando progressivamente no caminho da verdade e, portanto, vai testando as suas hipóteses de uma forma
objetiva para avançar. Kuhn por sua vez já vê o trabalho do cientista de forma diferente, para começar Kuhn
vê o trabalho do cientista de forma coletiva, em comunidade, em que num grupo alargado os cientistas
chegam a um consenso, chegam a um consenso que aquela resposta é que é a correta, é válida, no fundo a
validade vê-se em consenso.
Então, temos aqui um aspeto muito diferenciador entre Popper e Kuhn que é a ciência na perspectiva do
paradigma cheia de elementos não objetivos, não racionais, isto é, há elementos não científicos que fazem
parte do paradigma e interferem no próprio paradigma. Por exemplo na mudança de paradigma, do modelo
geocêntrico do universo para o modelo heliocêntrico, não há apenas uma mudança radical nas leis e nas
regras, nos conteúdos científicos há também uma mudança na forma de encarar a vida, na forma de como
vamos ver o mundo…
Ou seja, para Kuhn a ciência não é imune á realidade exterior, pois as mudanças que vão acontecendo no
mundo e as decisões que as pessoas vão tomando interferem com a investigação científica. Como por
exemplo as decisões políticas, religiosas, económicas, todo isto interfere na ciência. Devido a isto o
paradigma deixa de ser um campo com uma racionalidade objetiva e passa ser um campo com fatores
objetivos e não objetivos, racionais e não racionais.
Bom, na perspetiva de Kuhn a maior parte dos cientistas fazem ciência normal, isto é para Kuhn é normal
fazer ciência normal, normalmente faz-se ciência normal e por isso é que se chama assim e é extraordinário
fazer ciência extraordinária, ou seja, é raro fazer-se ciência extraordinária. A ciência normal é a ciência que
se faz no âmbito do paradigma, quer dizer que temos um paradigma dominante que é a nossa base referências
e é sobre essa base de referências que os cientistas trabalham. A maioria dos cientistas trabalham sobre este
paradigma e por isso é que fazem ciência normal, porque todos usam as mesmas referências como base, e é
com estas referências que os cientistas vão resolvendo pequenos problemas, que são chamados de enigmas
estes enigmas são pequenos problemas que vão surgindo no âmbito da ciência que conseguem ser resolvidos
no âmbito do paradigma, quer dizer os seus conceitos, instrumentos, métodos… vão ser suficientes para
resolver aquele problema, aquele enigma.
Ora é isto que isto que a maior parte dos cientistas faz resolver enigmas, isto é, encontra uma solução para um
pequeno problema dentro do âmbito do paradigma, dentro das bases e das referências que ele fornece. O que
que acontece de vez em quando, enigmas que não se conseguem resolver, um enigma não resolvido é uma
anomalia. Quando não se consegue resolver rapidamente um enigma que é muito importante o paradigma
começa a entrar em crise, ás vezes quando não se consegue resolver esse enigma que no fundo é uma
anomalia, e necessário mudar de paradigma, mudar de paradigma. Porém essa mudança só acontece mesmo
no limite, normalmente consegue-se encontra uma solução para a anomalia dentro do paradigma. Por
exemplo o covid quando surgiu era uma anomalia, pois era um enigma que não tinha solução, mas com o
passar do tempo descobriu-se a vacina contra o vírus qua foi a solução para o enigma e essa solução foi
encontrada dentro do paradigma, os seja os conhecimentos que os cientistas já tinham sobre este tipo de
coisas foi suficiente para se encontrar a solução. Mas por exemplo se não fosse possível encontrar a solução
dentro do paradigma, era provável que os cientistas tivessem de mudar de paradigma para a encontrar, pois
era uma anomalia muito importante e que se tinha de resolver o mais rápido possível.
Por vezes começam a surgir vários enigmas que mão se conseguem resolver, ou seja começam a surgir várias
anomalias, no entanto isso não quer dizer que vá acontecer uma crise. Existem 2 critérios o qualitativo e o
quantitativo, isto é, se começarem a surgir muitas anomalias e não se consegue encontrar soluções para elas,
se calhar o paradigma vai entrar em crise. Por outro lado, o paradigma também pode entrar em crise mesmo
se não houver muitas anomalias, isto acontece quando existem anomalias nucleares, qua são anomalias muito
importe e urgentes que precisam de uma soluço rápida, que abalam noções fundamentais do paradigma. Se as
anomalias forem muito importantes e em número considerável pode ser o suficiente para o paradigma entrar
em crise. Mas no fundo a crise surge porque é quando isto acontece vai haver uma divisão entre os cientistas,
vai se quebrar o consenso a crise surge quando se quebra o consenso, quando há uns cientistas a defender que
o paradigma que temos é suficiente e outros que defendem que apesar dos problemas que têm não é preciso
fazer uma revolução e mudar de paradigma, e portanto os cientistas dividem-se e quando isto acontece
entrasse em crise, porém o estar em crise não é sinónimo de irmos partir logo para a ciência extraordinária e
fazer uma não, pois a todo o momento se pode-se encontrar uma solução no paradigma velho, mas os
cientistas que defendem que o paradigma velho está esgotado vão começar a fazer ciência extraordinária.
Bom, estes cientistas vão então juntar-se para criarem juntos um novo paradigma, este novo paradigma é
criado do 0, com novas leis, teorias, conceitos… Este novo paradigma deve responder ás questões que o
velho paradigma não conseguia responder e ainda deve responder ás questões que velho respondia, se por
acaso se conseguir criar esse paradigma novo, dá-se a revolução cientifica que é a substituição do paradigma
velho pelo paradigma novo. Mas para isso acontecer tem de se chegar a um consenso entrem os cientistas que
defendem o paradigma novo e os que defendem o paradigma velho. E chagasse a esse consenso através de
provas e de demostração que mostrei aos cientistas que o paradigma novo é melhor que o paradigma velho e
só se chega á revolução se os cientistas acharem que o paradigma novo é melhor que o paradigma velho. Ora
quando o novo paradigma substitui o velho o velho morreu, porque não se vai ficar com dois paradigmas,
mas é aqui que temos um problema que é o problema do progresso científico em Khun, lembrando que para
Popper há uma progressão constante até á verdade, ir testando hipóteses até encontrar uma nova hipótese
melhor que a anterior que nos aproxima mais da verdade, de erro maior em erro menor novamente
aproximando-se mais da verdade. Será que esta substituição de paradigmas também nos aproxima
sucessivamente da verdade? Na perspetiva de Kuhn não está, pois não é possível comparar paradigmas, kuhn
diz que não podemos colocar o paradigma novo num aparelho e o paradigma velho num aparelho e medir o
seu nível de verdade. A única coisa que nós sabemos sobre o paradigma novo é que ele é mais eficaz, pois
consegue resolver mais e melhor os problemas do que o velho, mas não quer dizer que é mais verdadeiro,
quer dizer resolve melhor os problemas práticos que temos. Para Khun uma coisa é a resolução de problemas
é ser mais eficaz e outra coisa é a verdade. Ou seja, vamos ter teorias que no ponto de vista prático funcionam
melhor, mas no ponto de vista da verdade o cientista está mais afastado, porque o ponto de vista da verdade é
mundo espiritual, o mundo intelectual, é o mundo fora da matéria estas teorias da ciência extraordinária,
consideram só a matéria, que são mais eficientes para a vida que nos temos neste momento.
Isto quer dizer que na substituição de paradigmas, na revolução científica não há nenhum progresso para
Kuhn, no entanto Kuhn considera haver progresso na ciência normal, isto é, desde que o paradigma é
instaurado até á medida que ele avança, á medida que vamos resolvendo enigmas á progresso, porque o
paradigma fica cada vez melhor, fica cada vez mais completo, vai cada vez respondendo a mais coisa, ou
seja, o paradigma cada mais sabe mais, cada vez se aproxima mais da verdade.

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