Estatuto do conhecimento científico

A diferença entre o senso comum e a ciência

O senso comum é o conhecimento do homem vulgar, do homem que não investiga, do homem que não a
profunda, do homem que não estuda…. Ora este homem tem um conhecimento superficial do mundo, pois
não aprofunda as coisas. Ele apenas capta as ideias, mas não pensa nelas, nem raciocina através delas, sejam
essas ideias crenças, atos, ou qualquer outra coisa.
Devido a isto este conhecimento do homem vulgar é superficial e assistemático, assistemático porque ele vai
dizendo o que se vai lembrando, não vê que tem ideias contraditórias entre si, isto acontece porque ele tem
poucos conhecimentos e os poucos conhecimentos e tem e considera verdadeiros não os integra e por isso é
que não é sistemático, ele não tem um método para organizar as suas ideias, ele diz o que lhe vem á cabeça.
Até mais ele confia nas aparências, ele confia que a realidade é tal como aparenta ser, ou seja, este homem do
senso comum é ingénuo, pois acredita que as coisas são tal como parecem. E também acredita que é fácil
conhecer, e que é fácil chegar á verdade, ou seja, também é dogmático.
E como é obvio este conhecimento é totalmente diferente do conhecimento científico, pois o conhecimento
científico é um conhecimento que é aprofundado, que é sistemático e metódico, tem um método organizado
de forma que as coisas estejas estruturas e articuladas umas com as outras, é critico, é exigente é rigoroso, é
relacional, relaciona conceitos, relaciona leis e devido a isso forma uma teia de conceitos e de leis que têm
um sentido, onde as coisas estão relacionadas umas com as outras, portanto o cientista pensa totalmente
diferente do homem do senso comum.
Na relação entre senso comum e a ciência existem duas teses possíveis, a tese de Bachelard, que considera
que o senso comum é um obstáculo á ciência, e a tese de Karl Popper que defende que o senso comum é o
ponto de partida da ciência. Na tese de Bachelard defende-se que para o cientista poder fazer ciência deve
eliminar tudo aquilo que á de senso comum nele, todas as informações que são provenientes do senso
comum. Ao contrário da tese de Karl Popper que defende que o senso comum é o ponto de partida da ciência,
ou seja, deve existir uma continuidade entre os dois. O cientista apenas deve ultrapassar o senso comum não
deve eliminá-lo, no fundo nesta tese a ciência é “senso comum esclarecido”, pois vou partir daquilo que eu
conheço ao nível do senso comum para depois o poder o ultrapassar com o rigor, com o aprofundamento do
saber científico e, portanto, ficar a saber muito mais, mas sempre partindo do senso comum.
Bachelard diz “ A opinião pensa mal, ou melhor, não pensa, traduz necessidades em conhecimentos”, esta
frase mostra-nos que na visão de Bachelard a opinião não é verdadeiramente pensamento é sim, a tradução de
necessidades em conhecimentos, isto quer dizer que eu quero tanto uma coisa que invés de ter objetividade e
ser honesto sobre se uma determinada teoria que eu estou a ter esta certa ou errada, vou ser desonesto e
imparcial e vou dizer que a teoria está certa, só porque não quero admitir que a teoria está errada.
Sobre o documentário:
Para explicar melhor isto, de onde vêm a ciência vimos um documentário sobre dois autores Kepler e Tycho
Brahe. Kepler era um grande matemático e um grande pensador que raciocinava muito bem e que tinha
inventado teorias incríveis para explicar o universo, mas que não as conseguiu desenvolver, pois faltava-lhe a
observação para poder conseguir desenvolvê-las. Ele era um racionalista só trabalhava com a razão e com o
pensamento e por isso é que não era considerado um cientista, Tycho Brahe por sua vez também não era um
cientista, pois só tinha um acumular de dados, só trabalha com a experiência e com a observação não tinha
paciência para organizar matematicamente os dados que tinha e devido a isso não consiga chegar as
descobertas que queria. Portanto a ciência só surde com a articulação do pensamento com a experiência, se
tivermos só uma coisa não chega.