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TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura

Fratura
Mecânica da Fadiga e da

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TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura

(FALHA)
2. MECANISMOS DE DANO

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TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Projeto mecânico sob cargas estáticas

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• A falha estrutural corresponde à perda da capacidade de


suportar carga por parte de uma estrutura ou
componente, e é resultado da acumulação de
microdefeitos no material, o que constitui o dano.

• A falha não resulta necessariamente no colapso global


de uma estrutura, podendo também ser considerada
como um fenômeno localizado.

Morales, D.E., Análise de critérios de falha em materiais dúcteis: um estudo numérico e experimental, USP, 2013 4
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Tração
Normal
Compressão
Tipo de esforço
Torção
Tangencial
Falhas dependem do: Cisalhamento
Estático
Tipo de carregamento
Dinâmico

Presença ou não de dano acumulado no material

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Materiais dúcteis falham ao ultrapassar


a resistência ao cisalhamento

Tipicamente:

Materiais frágeis falham ao ultrapassar


a resistência à ruptura

Cada categoria de material deve ser avaliado sob adequado modo de falha

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Carrion, R., Introdução aos Elementos de Máquinas, USP, 2019


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Carrion, R., Introdução aos Elementos de Máquinas, USP, 2019


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TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Análise de tensões

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TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Círculo de Mohr

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TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Curva Tensão x Deformação

Comportamento genérico à carregamento normal

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Comportamento genérico à carregamento normal

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1) Critério da Máxima Tensão Normal (Teoria de Rankine ou Teoria de Coulomb):

• Ocorre quando a tensão principal máxima no material atinge a tensão normal


máxima que o material pode suportar em um teste de tração uniaxial.

• Esta teoria também admite que falhas em compressão ocorram na mesma tensão
máxima que as falhas em tração.

r a tensão de ruptura do material em um teste de tração uniaxial.

Cury, A., Critérios de Falha, UFJF 16


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Carrion, R., Introdução aos Elementos de Máquinas, USP, 2019


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2) Critério de Falha de Mohr (ou Mohr-Coulomb):

• A principal limitação do critério anterior é considerar que as resistências à tração e


à compressão de um material são iguais.

• O presente critério separa essas duas situações. Para tanto, são realizados ensaios
de tração e compressão uniaxiais.

Cury, A., Critérios de Falha, UFJF 18


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2) Critério de Falha de Mohr (ou Mohr-Coulomb):

• Pode-se, ainda, considerar um terceiro ensaio: o de torção.

• Neste caso, um terceiro círculo é construído e uma envoltória é traçada:

Cury, A., Critérios de Falha, UFJF 19


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3) Critério de Falha de Tresca (Máxima Tensão Cisalhante):

• Quando um elemento estrutural é ensaiado à tração (uniaxial), a tensão


cisalhante máxima ocorre a 45 em relação ao eixo axial (longitudinal) do elemento.

• O valor desta tensão cisalhante máxima é a metade da máxima tensão normal.

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3) Critério de Falha de Tresca (Máxima Tensão Cisalhante):

• Considerando que o material dúctil “falha” quando ocorre o escoamento, a


máxima tensão cisalhante pode ser escrita como:

𝑆𝑒
máx = onde Se é a resistência ao escoamento do material
2

• O critério de Tresca se enuncia como: “Um elemento estrutural (dúctil) irá falhar
se a tensão cisalhante máxima ultrapassar a máxima tensão cisalhante obtida em
um ensaio de tração uniaxial realizado no mesmo material”.

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𝜎1 −𝜎3
A máxima tensão tangencial em um ponto pode ser calculada como: máx =
2

Assim, o critério de Tresca pode ser descrito como:

𝜎1 −𝜎3 𝑆𝑒
máx = < 𝜎1 − 𝜎3 < 𝑆𝑒 , para 1 e 3 de sinais contrários
2 2

Caso possuam mesmo sinal, as máximas


tensões cisalhantes serão dadas por:

1  < 𝑆𝑒
3  < 𝑆𝑒

Hexágono de Tresca
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Para o estado plano de tensões, pode-se reescrever o critério de Tresca como:

2
1 − 𝜎3 < 𝑆𝑒 → 𝜎𝑥𝑥 − 𝜎𝑦𝑦 2
+ 4𝜏𝑥𝑦 < 𝑆𝑒

2 2
ou simplesmente: 𝜎𝑥𝑥 − 𝜎𝑦𝑦 + 4𝜏𝑥𝑦 < 𝑆𝑒

Para os casos em que 𝜎𝑦𝑦 = 0 a equação se simplifica para:

2 2
𝜎𝑥𝑥 + 4𝜏𝑥𝑦 < 𝑆𝑒

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4) Critério de Falha de von Mises (Máxima Energia de Distorção):

• Embora o critério de Tresca forneça uma hipótese razoável para o


escoamento em materiais dúcteis, a teoria de von Mises se correlaciona melhor
com os dados experimentais e, desse modo, é geralmente mais utilizada.

• Na teoria de von Mises são considerados conceitos de energia de distorção


de um dado elemento, isto é, a energia associada a mudanças na forma do
elemento e não do volume do mesmo.

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4) Critério de Falha de von Mises (Máxima Energia de Distorção):

• Deformação → deslizamento relativo dos átomos na estrutura cristalina

• Deslizamento → causado pela tensão de cisalhamento e acompanhado pela


distorção de forma

• Distorção de forma → acumula energia no material que é um indicador da


magnitude da tensão de cisalhamento

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4) Critério de Falha de von Mises (Máxima Energia de Distorção):

• O critério de von Mises se enuncia como: “Um elemento estrutural (dúctil) irá
falhar se a energia associada à mudança de forma de um corpo, submetido a
um carregamento multiaxial, ultrapassar a energia de distorção de um corpo
de prova submetido a um ensaio uniaxial de tração”.

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Conceito de Energia de Deformação


Seja uma barra uniforme submetida a uma força que cresce lenta e gradualmente.
O trabalho infinitesimal realizado pela força P à medida
que a barra se alonga de um pequeno valor dx é dado por:
dU = Pdx

Este trabalho é igual ao elemento de área de largura dx


sob o gráfico “força-deslocamento”.

O trabalho total realizado pela força até o


𝑥1
deslocamento final x1 é dado por: 𝑈 = ‫׬‬0 𝑃𝑑𝑥

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No caso de uma deformação linear elástica tem-se a seguinte situação:


Pela Lei de Hooke → 𝑃=𝑘𝑥

Assim, o trabalho total é dado por:


𝑥1
1 2 1
𝑢 = න 𝑘𝑥 𝑑𝑥 = 𝑘𝑥1 = 𝑃1 𝑥1
0 2 2

A energia de deformação acumulada pelo material é equivalente à metade do


trabalho realizado pela força P.

Esta constatação é o enunciado do Teorema de Clayperon:


“Quando uma carga cresce progressivamente de zero até o seu valor final, o
trabalho de deformação, em regime elástico linear, é a metade do que seria
realizado se a carga agisse desde o início com o seu valor final atual”
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Para eliminar os efeitos do tamanho da estrutura, divide-se ambos os termos


da expressão pelo seu volume:

Observações:
• A densidade total de energia de deformação
é igual à área sob a curva em  = 1.

• Quando o material é descarregado, a tensão


retorna a zero, mas há uma deformação
permanente (p). Apenas a energia relativa à
área triangular é recuperada.

• O restante da energia é dissipada. 32


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Observações:
•A densidade de energia de deformação resultante
da configuração 1 = r=Sr é chamada de módulo de
𝑆𝑟2
tenacidade: 𝑢𝑟 =
2𝐸
• A energia por unidade de volume necessária para
levar o material à ruptura esta relacionada à sua
ductilidade;
• Se a tensão estiver dentro do limite de
escoamento, tem-se:

A densidade de energia de deformação resultante da


configuração 1 = e=Se é o módulo de resiliência:
𝑆𝑒2
𝑢𝑒 =
2𝐸 33
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Para os casos de um estado geral de tensão, tem-se:


1
𝑢 = 𝜎𝑥 𝜀𝑥 + 𝜎𝑦 𝜖𝑦 + 𝜎𝑧 𝜀𝑧 + 𝜏𝑥𝑦 𝛾𝑥𝑦 + 𝜏𝑦𝑧 𝛾𝑦𝑧 + 𝜏𝑧𝑥 𝛾𝑧𝑥
2
Considerando-se um material elástico e isotrópico, a densidade de energia de
deformação pode ser reescrita em função das tensões principais como:
1
𝑢= 𝜎12 + 𝜎22 + 𝜎32 − 2𝜈 𝜎1 𝜎2 + 𝜎1 𝜎3 + 𝜎2 𝜎3
2𝐸

A expressão acima pode ser decomposta em duas: uma representando a


alteração do volume do material e outra representando a distorção do material:

1−2𝜈 2
alteração do volume do material → 𝑢𝑣 = 𝜎1 + 𝜎2 + 𝜎3
6𝐸
1+𝜈 2 2 2
distorção do material → 𝑢𝑑 = 6𝐸 𝜎1 − 𝜎2 + 𝜎2 − 𝜎3 + 𝜎1 − 𝜎3
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Componentes da energia de deformação

𝑈 = 𝑈ℎ + 𝑈𝑑
𝑈 = 𝐸𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝑑𝑒𝑓𝑜𝑟𝑚𝑎çã𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙

𝑈ℎ = 𝐸𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝑑𝑖𝑙𝑎𝑡𝑎çã𝑜 ℎ𝑖𝑑𝑟𝑜𝑠𝑡á𝑡𝑖𝑐𝑎 → 𝑚𝑢𝑑𝑎 𝑜 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒

𝑈𝑑 = 𝐸𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝑑𝑖𝑠𝑡𝑜𝑟çã𝑜 𝑑𝑒𝑠𝑣𝑖𝑎𝑑𝑜𝑟𝑎 → 𝑚𝑢𝑑𝑎 𝑎 𝑓𝑜𝑟𝑚𝑎

1+𝜐 2
𝑈𝑑 = 𝜎1 + 𝜎22 + 𝜎32 − 𝜎1 𝜎2 − 𝜎1 𝜎3 − 𝜎2 𝜎3
3𝐸

Carrion, R., Introdução aos Elementos de Máquinas, USP, 2019


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A densidade de energia de distorção para um elemento sujeito a um estado


triaxial de tensões pode ser escrita como:
1+𝜈
𝑢𝑑 = 𝜎1 − 𝜎2 2 + 𝜎2 − 𝜎3 2 + 𝜎1 − 𝜎3 2
6𝐸

Critério de falha → ud < utração

utração= energia de distorção em um ensaio de tração uniaxial

A tensão de falha será a resistência ao escoamento Se


Em um ensaio de tração uniaxial a densidade de energia de distorção pode ser
calculada, fazendo 1 = Se
2 = 0
3 = 0
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Pelo enunciado do critério → ud < utração

1+𝜈 2 2 2
𝑢𝑑 = 𝜎1 − 𝜎2 + 𝜎2 − 𝜎3 + 𝜎1 − 𝜎3
6𝐸
1 + 𝜈 2𝑆𝑒2 1 + 𝜈 𝑆𝑒2
𝑢𝑡𝑟𝑎çã𝑜 = =
6𝐸 3𝐸

𝜎1 − 𝜎2 2 + 𝜎2 − 𝜎3 2 + 𝜎1 − 𝜎3 2 < 2𝑆𝑒2

Estado triaxial de tensões

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Tensão efetiva ou equivalente de von Mises (eq) → tensão uniaxial que produz
a mesma energia distorção que a produzida pela combinação de tensões

2
𝜎𝑒𝑞 = 𝜎12 + 𝜎22 + 𝜎32 − 𝜎1 𝜎2 − 𝜎2 𝜎3 − 𝜎1 𝜎3

Compara-se eq com Se

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Para o estado plano de tensões (2=0), pode-se reescrever o critério de von


Mises como:

1+𝜈 𝑆𝑒
𝑢𝑑 = 𝜎12 − 𝜎1 𝜎3 + 𝜎32 𝑢𝑡𝑟𝑎çã𝑜 =
3𝐸 3𝐸

𝜎12 − 𝜎1 𝜎3 + 𝜎32 < 𝑆𝑒2

Elipse de von Mises

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Em termos das tensões principais → 𝜎12 − 𝜎1 𝜎3 + 𝜎32 < 𝑆𝑒2

Em termos das tensões em um plano x-y →

2 2 2
𝜎𝑥𝑥 + 𝜎𝑦𝑦 − 𝜎𝑥𝑥 𝜎𝑦𝑦 + 3𝜏𝑥𝑦 < 𝑆𝑒

Para os casos em que yy= 0,a equação se simplifica para

2 2
𝜎𝑥𝑥 + 3𝜏𝑥𝑦 < 𝑆𝑒

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Comparação entre os critérios de Tresca e de von Mises

O critério de Tresca é 15,4% mais conservador que o critério de von Mises

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Ensaios experimentais realizados com materiais frágeis e dúcteis:

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