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TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura

Fratura
Mecânica da Fadiga e da

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TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura

8. COMPORTAMENTO
ELASTOPLÁSTICO DOS
METAIS
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TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Comportamento elastoplástico dos metais

➢ A teoria da elasticidade linear é útil para modelar materiais que sofrem pequenas
deformações e que retornam à configuração original após a remoção da carga.

➢ Quase todos os materiais reais sofrerão alguma deformação permanente, que


permanece após a remoção da carga. Com metais, deformações permanentes
significativas geralmente ocorrem quando a tensão atinge algum valor crítico,
chamado de tensão de escoamento, que é uma propriedade do material.

➢ As deformações elásticas são denominadas reversíveis; a energia necessária para


que ocorra a deformação é armazenada como energia de deformação elástica e é
completamente recuperada na remoção da carga.

➢ As deformações permanentes envolvem a dissipação de energia; tais processos


são considerados irreversíveis, no sentido de que o estado original só pode ser
alcançado com o gasto de mais energia.
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➢ Em metais e outros materiais cristalinos, a ocorrência de deformações plásticas no


nível da microescala deve-se ao movimento dos deslocamentos e na migração dos
contornos dos grãos no nível da microescala.

➢ Existem dois grandes grupos de problemas de plasticidade de metal que são de


interesse do engenheiro e do analista:

➢ O primeiro envolve tensões plásticas relativamente pequenas, frequentemente


da mesma ordem das deformações elásticas que ocorrem. A análise de
problemas envolvendo pequenas deformações plásticas permite projetar
estruturas de forma otimizada, de modo que não falhem quando em serviço,
mas ao mesmo tempo não sejam mais fortes do que realmente precisam ser.
Nesse sentido, a plasticidade é vista como uma falha material.
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➢ O segundo tipo de problema envolve deformações e deslocamentos muito


grandes, tão grandes que as deformações elásticas podem ser desconsideradas.
Esses problemas ocorrem na análise dos processos de fabricação e
conformação de metais, que podem envolver extrusão, estiramento,
forjamento, laminação e assim por diante. Nestes problemas um modelo
simplificado conhecido como plasticidade perfeita é geralmente empregado a
partir de teoremas especiais de limite que valem para tais modelos.

➢ As deformações plásticas são normalmente independentes da taxa, ou seja, as


tensões induzidas são independentes da taxa de deformação (ou taxa de
carregamento). Isso está em marcante contraste com os fluidos newtonianos
clássicos, por exemplo, onde os níveis de tensão são governados pela taxa de
deformação através da viscosidade do fluido. Os materiais comumente
conhecidos como “plásticos” não são plásticos no sentido descrito aqui.

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a b 7
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➢ Muitos materiais poliméricos exibem comportamento viscoelástico onde a
resposta do material tem componentes elásticos e viscosos. Devido à sua visco-
sidade, sua resposta é, ao contrário dos materiais plásticos, dependente da taxa.

➢ Embora os materiais viscoelásticos


possam sofrer deformação
irrecuperável, eles não têm nenhum
escoamento crítico ou limite de tensão,
que é a propriedade característica do
comportamento plástico.

➢ Quando um material sofre deformações plásticas, isto é, irrecuperável e com


uma tensão de escoamento crítica, e esses efeitos são dependentes da taxa, o
material é referido como sendo viscoplástico.
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Operações de conformação de metais
Calor

Matriz

Extrusão

Trefilação

Laminação

Puncionamento

Dobramento
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➢ A teoria clássica da plasticidade surgiu do estudo dos metais no final do século XIX.

➢ A teoria da plasticidade começou com Tresca em 1864 ao empreender um


programa experimental de extrusão de metais e publicou seu famoso critério de
escoamento.
➢ Outros avanços com critérios de escoamento e regras de fluxo plástico foram
feitos nos anos que se seguiram por Saint-Venant, Levy, Von Mises, Hencky e
Prandtl. A década de 1940 viu o advento da teoria clássica; Prager, Hill, Drucker e
Koiter, Nadai, entre outros, reuniram muitos aspectos fundamentais da teoria em
uma única estrutura.
➢ A chegada de computadores com mais recursos nas décadas de 1980 e 1990
forneceu o ímpeto para desenvolver ainda mais a teoria, dando-lhe uma base mais
rigorosa com base nos princípios da termodinâmica, e trouxe consigo a
necessidade de considerar muitos aspectos numéricos e computacionais para o
problema da plasticidade.
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➢ Em um teste de tração, se o material for um metal, a deformação permanece


elástica até um determinado nível de força, o ponto de escoamento do material.
Além deste ponto, deformações plásticas permanentes são induzidas.
➢ Ao descarregar, apenas a deformação
elástica é recuperada e o corpo de prova
terá sofrido um alongamento permanente,
e consequente contração lateral.

➢ Na faixa elástica, o comportamento da


relação força/deslocamento para a maioria
dos materiais de engenharia é linear. Após
ultrapassar o limite elástico (ponto Y0 na
figura), o material “cede” e diz-se que
sofre escoamento plástico.
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➢ Aumentos adicionais na carga geralmente são necessários para manter o fluxo


plástico e um aumento no deslocamento – este fenômeno é conhecido como
endurecimento por trabalho ou endurecimento por deformação.

➢ Em alguns casos, após um escoamento


plástico inicial e endurecimento, a curva
força x deslocamento diminui – diz-se
que o material está amolecendo.

➢ Se a amostra for descarregada de um


estado plástico (Z0), ela retornará ao
longo do caminho Z0O1, paralelo à linha
elástica original. Esta é uma recuperação
elástica.

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➢ A deformação que permanece após a descarga é a deformação plástica
permanente.

➢ Se o material for carregado


novamente, a curva de força x
deslocamento irá refazer o caminho
de descarregamento O1Z0, até que se
alcance novamente o estado plástico.

➢ Aumentos adicionais na deformação


farão com que a curva siga Z0Z1.

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➢ Duas observações importantes sobre o teste de tração:


➢ (1) após o início da deformação plástica, o material será visto como sofrendo
alteração de volume desprezível, ou seja, é incompressível;
➢ (2) a curva força x deslocamento é mais ou
menos a mesma, independentemente da
taxa na qual a amostra é alongada (pelo
menos em temperaturas moderadas).

➢ Para a simplificação do processo adota-se a


coincidência dos pontos Z0 e Y1 (o inicio do
descarregamento e a tensão de
escoamento inicial para um estágio de
recarga), eliminando-se assim as diferenças
entre as curvas de descarga e recarga.
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➢ Quando recarregado monotonicamente de


um estado inicial sem tensão, para um
estado de tensão 𝜎𝑦0, o comportamento do
material entre os estados O1 e Y1 é
considerado como linear elástico, com a
constante de deformação plástica dada por
𝜀𝑝 e o limite de escoamento 𝜎𝑦0, de modo
que a tensão de carregamento total para tal
estado é descrita pela lei de Hooke como
segue na equação: 𝜎=𝐸(𝜀− 𝜀𝑝) onde E
corresponde ao módulo de elasticidade do
material, 𝜀 é a deformação total
experimentada pelo material.

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➢ Existem duas maneiras diferentes de descrever a força F que atua em um


teste de tração.

➢ Em primeiro lugar, normalizando em relação à área da seção transversal


original do corpo de prova de tensão A0, quando se calcula a tensão
nominal ou tensão de engenharia,

𝐹
𝜎𝑛0 =
𝐴0

➢ Alternativamente, pode-se normalizar em relação à área da seção


transversal A real, levando à tensão verdadeira,
𝐹
𝜎𝑛 =
𝐴
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➢ F e A estão mudando com o tempo. Para alongamentos muito pequenos, dentro


da faixa elástica, a área da seção transversal do material sofre uma alteração
desprezível e ambas as definições de tensão são praticamente equivalentes.

➢ Da mesma forma, pode-se descrever a deformação de duas maneiras alternativas.


Denotando o comprimento original da amostra por l0 e o comprimento atual por l,
tem-se a deformação de engenharia
𝑙 − 𝑙0
𝜀=
𝑙0
➢ Alternativamente, a deformação verdadeira é baseada no fato de que o
“comprimento original” muda continuamente; uma pequena mudança no
𝑑𝑙
comprimento dl leva a um incremento de deformação 𝑑𝜀 = e a deformação
𝑙
𝑙 𝑑𝑙 𝑙
total (t) é definida como o acúmulo desses incrementos: 𝜀𝑡 = ‫𝑙 𝑙׬‬ = 𝑙𝑛
0 𝑙0

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➢ A deformação verdadeira também é chamada de deformação logarítmica ou


deformação de Hencky. Novamente, em pequenas deformações, a diferença
entre essas duas medidas de deformação é desprezível. A tensão verdadeira e
a tensão de engenharia estão relacionadas por meio de

𝑙−𝑙0 𝑙 𝑙
𝜀= =1+𝜀 𝜀𝑡 = 𝑙𝑛 𝜀𝑡 = 𝑙𝑛 1 + 𝜀
𝑙0 𝑙0 𝑙0

➢ Usando a suposição de volume constante para a deformação plástica e


ignorando as mudanças muito pequenas de volume elástico, tem-se:
𝐴0 𝑙
𝑉 = 𝑉0 𝐴. 𝑙 = 𝐴0 . 𝑙0 =
𝐴 𝑙0

𝐹 𝐹 𝜎𝑛 𝐴0 𝑙
𝜎𝑛0 = 𝜎𝑛 = = 𝜎𝑛 = 𝜎𝑛0 .
𝐴0 𝐴 𝜎𝑛0 𝐴 𝑙0

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➢ O diagrama tensão x deformação para um teste de tração pode ser descrito


usando as definições de tensão e deformação reais ou tensão e deformação
nominais. A forma do diagrama tensão x deformação nominal é, obviamente, a
mesma que o gráfico de força x deslocamento. “A” aqui denota o ponto em que
a força máxima que a amostra pode suportar foi atingida. A tensão nominal em
“A” é chamada de resistência à tração máxima (Smáx) do material. Após este
ponto a amostra forma estricção, com uma redução muito rápida na área da
seção transversal em algum lugar próximo ao centro da amostra até que a
amostra se rompa, conforme indicado por *.
➢ Durante o carregamento, na região de plastificação, a tensão de escoamento
aumenta. Ao se descarregar e recarregar o material permanece elástico até
uma tensão maior do que a tensão de escoamento original Y. Desse ponto de
vista a curva tensão-deformação pode ser considerada como um curva de
tensão de escoamento x deformação.
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➢ A tenção verdadeira na fratura (f), indicada com * na figura, é calculada


dividindo-se a carga na fratura (Pf) pela área da fratura (Af) corrigida.
➢ A correção da área na fratura é feita multiplicando-se a área da fratura (Af) pelo
fator de correção de Bridgman, que compensa o estado triaxial de tensões
devido à estricção na região da fratura do corpo de prova.
𝑃𝑓
𝜎𝑓 =
𝑅 𝐷𝑚í𝑛
𝐴𝑓 . 1 + 4 𝑙𝑛 1 +
𝐷𝑚í𝑛 4𝑅
2
𝜋𝐷𝑚í𝑛
𝐴𝑓 =
4
➢ Dmín = diâmetro menor na seção da fratura
➢ R = raio na transição da região cilíndrica do
corpo de prova para a região da fratura
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Teste de Compressão

➢ Um teste de compressão levará a resultados semelhantes aos do teste de


tração. A tensão de escoamento na compressão será aproximadamente a
mesma, em módulo, que a tensão de escoamento na tração.

➢ Ao se traçar a curva de tensão real x deformação verdadeira para tensão e


compressão (valores absolutos para compressão), as duas curvas mais ou
menos coincidirão. Isso indicaria que o comportamento do material sob
compressão é amplamente semelhante ao sob tensão. Ao se usar a tensão e
a deformação de engenharia (nominais) as duas curvas não coincidem; esta é
uma das várias boas razões para usar as definições verdadeiras.

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Teste de Compressão

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O Efeito Bauschinger
➢ Ao se tomar uma amostra nova de material e carregá-la em tração na faixa de
plastificação e, em seguida, descarregá-la e continuar carregando em
compressão, descobre-se que a tensão de escoamento na compressão não é a
mesma que a tensão de escoamento na tração, como teria sido se a amostra
não tivesse sido primeiro carregada com tração.
➢ Na verdade, o limite de escoamento neste caso será significativamente menor
do que a tensão de escoamento correspondente na tração. Esta redução no
limite de elasticidade é conhecida como efeito Bauschinger. A linha sólida
representa a resposta de um material real. As linhas pontilhadas são dois casos
extremos usados ​em modelos de plasticidade; o primeiro é o modelo de
endurecimento isotrópico, no qual as tensões de escoamento na tração e
compressão são mantidas iguais. O segundo é o endurecimento cinemático, no
qual a faixa elástica total é mantida constante ao longo da deformação.
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O Efeito Bauschinger

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O módulo plástico é dependente da regra de encruamento do material. Esse


encruamento pode ser modelado como encruamento cinemático ou
encruamento isotrópico.

• 1 – Regra de encruamento isotrópico


O escoamento reverso por compressão é
assumido como igual ao valor absoluto do
escoamento por tração. Na figura 𝐵𝐶=𝐶𝐵′ onde a
tensão de escoamento na recarga em compressão
em B’ é igual à tensão de escoamento em B no
carregamento. A regra de escoamento isotrópico
não considera o Efeito Bauschinger.

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• 2 – Regra de encruamento cinemático


A faixa elástica é mantida, distribuída
entre a região de tração e de compressão,
conforme a sequência de carregamento. Na
figura 𝐵𝐶𝐶𝐵′ e 𝐵𝐵′ = 𝐴𝐴′ onde o centro da
região elástica se move ao longo da linha aa’. A
regra de escoamento cinemático considera o
Efeito Bauschinger.

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• 3 – Regra de encruamento independente


O encruamento acontece de forma
independente na tração e na compressão. Na
figura 𝐵𝐶 > 𝑂𝐴 e 𝐶𝐵′ = 𝑂𝐴′ mostrando um
material que encrua em tração e não encrua em
compressão.

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O Efeito Bauschinger
➢ No efeito Bauschinger, ao se carregar, descarregar e recarregar repetidamente o
material observa-se que há um padrão permanente, que aparentemente pode
ser 'desfeito' pelo carregamento reverso. Ou seja, mudar de tração para
compressão, carregar na direção oposta e, de alguma forma, obter a mesma
curva tensão-deformação que se obteria se fosse carregado na direção oposta
na origem inicialmente.
➢ Esse padrão é um laço de histerese,
representado pela área totalmente fechada
dentro dos caminhos de carga e descarga da
curva tensão x deformação na figura. A área
hachurada representa a energia dissipada como
calor durante o percurso do ciclo de histerese.

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Pressão hidrostática

➢ Experimentos cuidadosos mostram que, para metais, o comportamento do


escoamento é independente da pressão hidrostática. Ou seja, um estado de
tensão
𝜎𝑥𝑥 = 𝜎𝑦𝑦 = 𝜎𝑧𝑧 = −𝑝

que tem efeito insignificante sobre a tensão de escoamento de um material, até


pressões muito altas. Entretanto, isso não é verdade para solos ou rochas.

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Suposições da Teoria da Plasticidade


➢ Um modelo elastoplástico é constituído por quatro fundamentos principais:
(a) comportamento da tensão-deformação no domínio elástico;
(b) os critérios de plastificação e falha;
(c) as leis de escoamento plástico;
(d) as regras de encruamento ou endurecimento.
➢ Devido à complexidade matemática das teorias constitutivas elastoplásticas
soluções analíticas exatas podem ser obtidas apenas sob circunstâncias bastante
simplificadas.
➢ A existência de soluções analíticas em geral é restrita apenas a materiais
perfeitamente plásticos e são utilizadas para a determinação do limite de
carregamento.

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Suposições da Teoria da Plasticidade

➢ Ao formular uma teoria básica da plasticidade as seguintes suposições são


geralmente feitas:

➢ (1) a resposta é independente dos efeitos da taxa


➢ (2) o material é incompressível na faixa de plastificação
➢ (3) não há efeito Bauschinger
➢ (4) a tensão de escoamento é independente da pressão hidrostática
➢ (5) o material é isotrópico

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➢ As duas primeiras geralmente são aproximações muito boas, mas as outras três
podem ou não ser, dependendo do material e das circunstâncias. Por exemplo, a
maioria dos metais pode ser considerada isotrópica. Após grande deformação
plástica, no entanto, por exemplo na laminação, o material terá se tornado
anisotrópico: haverá direções e assimetrias distintas do material.

➢ Junto com isso, podem ser feitas suposições sobre o tipo de endurecimento e se
as deformações elásticas são significativas. Há modelos clássicos para a
plasticidade em metais, comumente usada em análises teóricas.

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➢ Modelo elastoplástico perfeitamente plástico

➢ O endurecimento por trabalho é desprezado e a tensão de escoamento é


constante após o escoamento inicial. O modelo perfeitamente plástico é
particularmente apropriado para estudar processos em que o metal é trabalhado
em alta temperatura – como laminação a quente – onde o endurecimento por
trabalho é pequeno.

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➢ Modelo rígido perfeitamente plástico

➢ O modelo rígido perfeitamente plástico é o mais simples de todos e, em muitos


aspectos, o mais útil. É amplamente utilizado na análise de processos de
conformação de metais, no projeto de estruturas de aço e concreto e na análise
de estabilidade de solo e rocha.

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➢ Modelo rígido com encruamento linear

➢ Em muitas áreas de aplicações, as deformações envolvidas são grandes, como em


processos de conformação de metais como extrusão, laminação ou trefilação,
onde taxas de redução de até 50% são comuns. Em tais casos, as deformações
elásticas podem ser totalmente desprezadas.

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➢ Modelo elastoplástico com encruamento linear

➢ Ambas as curvas elástica e plástica são assumidas lineares

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O Módulo Tangente e Plástico
A tensão e a deformação estão relacionadas na região
elástica, sendo E o módulo de Young, por meio de

𝜎 = 𝐸. 𝜀
O módulo tangente K é a inclinação da curva tensão-
deformação na região plástica e, em geral, muda
durante uma deformação.

Em qualquer instante de deformação, escrevendo a


partir daqui 𝜀 como a deformação verdadeira (real), o
incremento na tensão 𝑑𝜎 está relacionado ao
incremento na deformação 𝑑𝜀 através de

𝑑𝜎 = 𝐾. 𝑑𝜀 38
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Após o escoamento os incrementos de deformação consistem de uma


parte elástica 𝑑𝜀𝑒 e uma parte plástica 𝑑𝜀𝑝

𝑑𝜀 = 𝑑𝜀𝑒 + 𝑑𝜀𝑝
A tensão e a deformação plástica são relacionadas pelo módulo plástico H
𝑑𝜎 = 𝐻. 𝑑𝜀𝑝
𝑑𝜎 𝑑𝜀 = 𝑑𝜀𝑒 + 𝑑𝜀𝑝
𝑑𝜎 = 𝐾. 𝑑𝜀 𝑑𝜀 =
𝐾
𝑑𝜎 𝑑𝜎 𝑑𝜎 𝑑𝜎
𝑑𝜎 = 𝐸. 𝑑𝜀𝑒 𝑑𝜀𝑒 = = +
𝐸 𝐾 𝐸 𝐻
𝑑𝜎 1 1 1
𝑑𝜎 = 𝐻. 𝑑𝜀𝑝 𝑑𝜀𝑝 = = +
𝐻 𝐾 𝐸 𝐻
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Modelos de blocos de fricção


• Algumas informações adicionais sobre a forma como os materiais plásticos
respondem podem ser obtidas nos modelos de blocos de fricção.
• O modelo rígido perfeitamente plástico pode ser simulado por um bloco de
fricção de Coulomb. Nenhuma deformação ocorre até que 𝜎 atinja a tensão de
escoamento Y. Então há movimento – embora a quantidade de movimento ou
deformação plástica não possa ser determinada sem mais informações
disponíveis.
• A tensão não pode exceder a tensão de descarregamento

escoamento neste modelo:


𝜎 ≤𝑌
• Se descarregado, o bloco para de se mover e
a tensão retorna a zero, deixando uma Deformação
permanente
deformação permanente.
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Modelos de blocos de fricção


O modelo linear elástico perfeitamente plástico incorpora uma mola livre com
rigidez E em série com um bloco de fricção de Coulomb. A mola alonga quando
carregada e o bloco também começa a se mover quando a tensão atinge Y,
momento em que a mola para de se alongar, e a tensão máxima possível é
novamente Y. Ao descarregar, o bloco para de se mover e a mola se contrai.

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Modelos de blocos de fricção


O modelo linear elastoplástico com endurecimento por deformação linear
incorpora uma mola livre com rigidez E em série com um bloco de fricção de
Coulomb, além de uma segunda mola de endurecimento com rigidez H, também
em paralelo com o bloco de fricção de Coulomb.

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Modelos de blocos de fricção


Enquanto a tensão de escoamento não é alcançada apenas a mola livre com rigidez
E em série com um bloco de fricção de Coulomb se alonga, gerando tensão linear
elástica.

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Modelos de blocos de fricção


Uma vez que a tensão de escoamento é alcançada, uma tensão cada vez maior
precisa ser aplicada para manter o bloco em movimento – e a tensão elástica
continua a ocorrer devido ao alongamento adicional da mola com rigidez E. A
tensão é então dividida em tensão de escoamento, que é suportada pelo bloco
móvel, e uma sobretensão 𝜎 − 𝑌 carregada pela mola de endurecimento H.

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Modelos de blocos de fricção


Após a descarga, o bloco “trava” – a tensão na mola de endurecimento H
permanece constante enquanto a mola com rigidez E se contrai. Em tensão zero,
existe uma tensão negativa assumida pelo bloco de fricção, igual e oposta à tensão
na mola de endurecimento H.

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Modelos de blocos de fricção

Sem carregamento

Com carregamento elástico

Com carregamento elastoplástico

Descarregado

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Modelos de blocos de fricção


A inclinação da linha de carga elástica é E. Para a linha de endurecimento plástico,

𝜎 𝜎−𝑌
𝜀 = 𝜀𝑒 + 𝜀𝑝 𝜀= +
𝐸 𝐻

𝐸+𝐻 𝑌 𝐸. 𝐻 𝑌. 𝐸
𝜎 =𝜀+ → 𝜎=𝜀 +
𝐸. 𝐻 𝐻 𝐸+𝐻 𝐻+𝐸

𝑑𝜎 𝐸. 𝐻 𝑑𝜎 𝐸. 𝐻
= → =𝐾 → 𝐾=
𝑑𝜀 𝐸+𝐻 𝑑𝜀 𝐸+𝐻

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Modelo de Encruamento Potencial
A representação razoavelmente precisa das curvas tensão x deformação de
materiais reais geralmente requer uma relação matemática mais complexa do
que as descritas até agora.
Uma forma que às vezes é usada assume que a tensão é proporcional à
deformação elevada a uma potência, sendo esta aplicada apenas além de uma
tensão de escoamento σ0:

𝜎 = 𝐸. 𝜀 𝜎 ≤ 𝜎0

𝜎 = 𝐻1 . 𝜀 𝑛1 𝜎 ≥ 𝜎0

n1 é denominado de expoente de encruamento.


Os valores do expoente n1 estão normalmente na faixa de 0,05 a 0,40
para metais onde esta equação se encaixa bem.
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TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Comportamento elastoplástico dos metais

O meio mais conveniente de


ajustar essa relação a um
determinado conjunto de 0
dados de tensão x
deformação é fazer um
gráfico log-log de tensão x
deformação, onde para a
porção plástica é esperada
uma linha reta.
O valor de σ para ε = 1 é H1.
Supondo que as décadas logarítmicas tenham o mesmo comprimento
em ambas as direções a inclinação plástica é n1. No mesmo gráfico, a
equação da região elástica, σ = Eε, também forma uma linha reta, mas
com uma inclinação da unidade, e as duas linhas se cruzam em σ = σ0.
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Modelo de Ramberg-Osgood

Uma relação semelhante à de Encruamento Potencial, apresentada em


um relatório de Ramberg e Osgood em 1943, é frequentemente
utilizada.
No modelo de Ramberg-Osgood as deformações elásticas e plásticas, εe
e εp, são consideradas separadamente e somadas.
Uma relação exponencial é usada, mas é aplicada à deformação plástica
apenas e não à deformação total como no modelo de Encruamento
Potencial.
𝜎
𝜀𝑒 =
𝜎 = 𝐸. 𝜀𝑒 𝜎 ≤ 𝜎0 𝐸 𝜎 𝜎 1ൗ
𝑛
𝜀 = 𝜀𝑒 + 𝜀𝑝 𝜀= +
𝜎 = 𝐻. 𝜀𝑝𝑛 𝜎 ≥ 𝜎0 1ൗ 𝐸 𝐻
𝜎 𝑛
𝜀𝑝 =
𝐻
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TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Comportamento elastoplástico dos metais

Modelo de Ramberg-Osgood

Essa relação não pode ser resolvida explicitamente para a tensão – há apenas
uma única curva suave para todos os valores de σ que não exibe um ponto de
escoamento distinto. Assim, contrasta com a forma elástica de encruamento
potencial descrita anteriormente, que é descontínua em um ponto de
escoamento distinto σ0.
Portanto, uma tensão de escoamento pode ser
definida como a tensão correspondente a uma
determinada deformação plástica, como εp0 =
0,002:
𝜎0 = 𝐻. 0,002𝑛

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TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 9

Alguns dados de ensaio de tração de corpo


de prova de alumínio 7075-T651

• Mede-se a força e divide-se pela área


original
• Mede-se o deslocamento e divide-se
pelo comprimento original
σ (MPa) (medido) ε (%) (medido) ε (medido) E (MPa) ε (calculado) εp (calculado)
0 0 0 71077
135,3 0,191 0,00191 70838 0,00190 0,000006
270,0 0,381 0,00381 70895 0,00380 0,000011
362,0 0,509 0,00509 71875 0,00509 -0,000003
406,0 0,576 0,00576 65672 0,00571 0,000048
433,0 0,740 0,00740 16463 0,00609 0,001308
451,0 0,895 0,00895 11613 0,00635 0,002605
469,0 1,280 0,01280 4675 0,00660 0,006202
487,0 2,290 0,02290 1782 0,00685 0,016048
505,0 4,570 0,04570 789 0,00710 0,038595
52
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E=71077 MPa

53
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Comportamento elastoplástico dos metais

𝜎 𝜎
𝜀𝑒 = → 𝜀𝑒 =
𝐸 71077

𝜀𝑝 = 𝜀 − 𝜀𝑒

σ (MPa) (medido) ε (%) (medido) ε (medido) E (MPa) ε (calculado) εp (calculado)


0 0 0 71077
135,3 0,191 0,00191 70838 0,00190 0,000006
270,0 0,381 0,00381 70895 0,00380 0,000011
362,0 0,509 0,00509 71875 0,00509 -0,000003
406,0 0,576 0,00576 65672 0,00571 0,000048
433,0 0,740 0,00740 16463 0,00609 0,001308
451,0 0,895 0,00895 11613 0,00635 0,002605
469,0 1,280 0,01280 4675 0,00660 0,006202
487,0 2,290 0,02290 1782 0,00685 0,016048
505,0 4,570 0,04570 789 0,00710 0,038595
54
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Comportamento elastoplástico dos metais

Alguns dados de ensaio de tração de corpo de prova de alumínio 7075-T651


• A deformação plástica (p) é calculada
subtraindo-se da deformação total
medida o valor calculado da
deformação elástica (e):

𝜀𝑝 = 𝜀 − 𝜀𝑒
𝜎 H=585,58 MPa
𝜀𝑒 =
𝐸
n=0,0446
1ൗ
𝜎 𝜎 𝑛
𝜎 𝜎
1ൗ
0,0446
𝜀= + 𝜀= +
𝐸 𝐻 71077 585,58
55
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Comportamento elastoplástico dos metais

Estresse Cíclico - Comportamento de Tensão de Materiais Reais

• Uma metodologia de teste laboratorial especial foi desenvolvida para


caracterizar o comportamento tensão x deformação cíclica, que é feito
durante o teste de fadiga de baixo ciclo.

• Essa metodologia está descrita na norma ASTM E606. Como resultado,


dados consideráveis estão disponíveis para metais de engenharia, assim
como dados limitados de outros materiais.

56
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Comportamento elastoplástico dos metais

Teste cíclico de tensão x deformação


• O teste mais comum envolve ciclos completamente reversos (R = −1) entre os
limites de deformação constante.
• Uma amplitude de deformação, εa = ε/2, é selecionada, e um corpo de prova
axial é carregado até que a deformação de tração atinja um valor de εmáx = + εa.
• Em seguida, a direção do carregamento é invertida até que a deformação atinja
εmín = −εa, e o teste é continuado, com a direção do carregamento sendo
revertida cada vez que a deformação atinge + εa ou −εa.
• A taxa de deformação entre esses limites pode ser mantida constante, ou às
vezes é usada uma variação senoidal de frequência fixa de deformação com o
tempo.
• A taxa ou frequência do teste afeta o comportamento dos materiais que
exibem fluência significativa na temperatura de teste usada. Para metais de
engenharia testados em temperatura ambiente, os efeitos da taxa são
geralmente pequenos. 57
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Comportamento elastoplástico dos metais

Teste cíclico de tensão x deformação

• Esses testes de tensão cíclica continuam até que ocorra a falha por fadiga.
As tensões necessárias para impor os limites de deformação geralmente
mudam à medida que o teste avança.
• Alguns materiais apresentam endurecimento dependente do ciclo, o que
significa que as tensões aumentam.
• Outros exibem amolecimento dependente do ciclo ou uma diminuição da
tensão com o aumento do número de ciclos.
• Em metais de engenharia, o endurecimento ou amolecimento cíclico é
geralmente rápido no início, mas a mudança de um ciclo para o próximo
diminui com o aumento do número de ciclos.
• Frequentemente, o comportamento se torna aproximadamente estável,
pois as mudanças posteriores são pequenas.

58
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Comportamento elastoplástico dos metais

Endurecimento e Amolecimento cíclico.

59
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Comportamento elastoplástico dos metais

Resposta tensão x deformação do alumínio 2024-T4 durante 20 ciclos com


a=0,01 onde se vê o endurecimento cíclico.

60
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Comportamento elastoplástico dos metais

• Se a variação tensão-deformação
durante o comportamento estável para
um ciclo for traçada, um laço fechado de
histerese é formado em cada ciclo.

• Depois que a direção da carga muda no


limite de deformação positivo ou
negativo, a inclinação do caminho tensão
x deformação é inicialmente constante e
próxima ao módulo de elasticidade, E,
como em um teste de tração.

• Então, o caminho gradualmente se desvia


da linearidade conforme ocorre a
deformação plástica.
61
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Comportamento elastoplástico dos metais

• Pode-se pensar em cada ramo do laço de


histerese como sendo uma curva tensão x
deformação separada que começa em uma
origem que é deslocada para uma das pontas do
laço, com os eixos sendo invertidos para o ramo
inferior.

• O desvio máximo da linearidade alcançado


durante um ciclo é a faixa de deformação
plástica, rotulada p. A faixa de tensão é σ, e
a porção elástica da faixa de deformação está
relacionada a σ pelo módulo de elasticidade E.

62
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Comportamento elastoplástico dos metais

• A soma das porções elástica e plástica dá a faixa


de deformação total, ε:

∆𝜎
∆𝜀 = + ∆𝜀𝑝
𝐸

• É comum o emprego da amplitude, que é a


metade da variação correspondente:
∆𝜀 ∆𝜎 ∆𝜀𝑝
𝜀𝑎 = 𝜎𝑎 = 𝜀𝑝𝑎 =
2 2 2

𝜎𝑎
𝜀𝑎 = + 𝜀𝑝𝑎
𝐸

63
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Comportamento elastoplástico dos metais

• Na maioria dos metais de engenharia, os


laços de histerese estáveis são quase
simétricos em relação à tensão e à
compressão.

• Uma exceção é o ferro fundido cinzento,


em que o comportamento diferente dos
nódulos de grafite em tração e
compressão causa comportamento
assimétrico.

• Os polímeros dúcteis e seus compostos


também costumam ter laços de histerese
assimétricos.
64
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Comportamento elastoplástico dos metais

Curvas e tendências de tensão x deformação cíclica


• Os laços de histerese para quase metade da vida de fadiga são convencionalmente
usados ​para representar o comportamento aproximadamente estável do material
em carregamento cíclico elastoplástico.

• Esses laços de testes em


várias amplitudes de
deformação diferentes
podem ser plotados em um
conjunto de eixos. Uma linha
da origem que passa pelas
pontas dos loops, como O-A-
B-C, é chamada de curva
tensão x deformação cíclica.
65
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Comportamento elastoplástico dos metais

Curvas e tendências de tensão x deformação cíclica


• Onde os ramos em tensão e compressão não diferem muito (o que geralmente
é o caso), sua média é usada. A curva tensão x deformação cíclica é, portanto,
a relação entre a amplitude de tensão e a amplitude de deformação para
carregamento cíclico.
• As curvas de tensão x deformação cíclicas
para vários metais de engenharia são
comparadas com as curvas de tensão
monotônica.
• Onde a curva cíclica está abaixo
da monotônica o material é
aquele que amolece ciclicamente.

66
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Comportamento elastoplástico dos metais

Curvas e tendências de tensão x deformação cíclica


• Onde a curva cíclica está acima da monotônica o material é aquele que
endurece ciclicamente.

67
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Comportamento elastoplástico dos metais

Curvas e tendências de tensão x deformação cíclica


• Um comportamento misto também pode ocorrer, com o cruzamento das
curvas indicando amolecimento em alguns níveis de deformação e
endurecimento em outros.

68
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Comportamento elastoplástico dos metais

Curvas e tendências de tensão x deformação cíclica


• As curvas cíclicas quase sempre se desviam suavemente da linearidade,
mesmo para materiais onde a curva monotônica tem um ponto de
escoamento distinto ou mesmo uma queda no escoamento.

• As equações da forma Ramberg-Osgood têm essa característica e, portanto,


são comumente usadas para representar curvas de tensão-deformação
cíclicas:

1ൗ
𝜎𝑎 𝜎𝑎 𝑛′
𝜀𝑎 = +
𝐸 𝐻′

69
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Comportamento elastoplástico dos metais

• Aqui, os valores com apóstrofo são usados ​para especificar que as constantes
para o termo plástico são do ajuste cíclico, em vez de dados monotônicos de
tensão x deformação.
• Um limite de escoamento compensado ciclicamente σ’0 para esta curva cíclica
pode ser obtido como 𝜎′0 = 𝐻′. 0,002𝑛′
• Para metais de engenharia, n’ está frequentemente na faixa de 0,1 a 0,2, de
modo que 0,15, ou cerca de 1/7, é um valor típico.
• Um valor baixo de n da curva tensão x deformação monotônica, como 0,05,
corresponde a uma curva tensão x deformação bastante plana.
• É provável que um metal com n baixo amoleça ciclicamente para uma curva
menos inclinada com n’ resultante geralmente em torno de 0,1 a 0,2.
• Inversamente, um metal com um n alto (curva monotônica com inclinação
mais acentuada) provavelmente endurecerá para uma curva mais acima,
porém mais plana, com n’ novamente em torno de 0,1 a 0,2.
70
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Comportamento elastoplástico dos metais

Constantes da curva tensão x deformação cíclica

Resistência ao Resistência
Material Parâmetros da curva ─ cíclica
escoamento máxima
0 (MPa) Smáx (MPa) E (MPa) H’ (MPa) n’
Aço RQC – 100 683 758 200000 903 0,0905
AISI 4340 1103 1172 207000 1655 0,1310
Al 2024-T351 379 469 73100 662 0,0700
Al 7075-T6 469 578 71000 977 0,1060

71
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Comportamento elastoplástico dos metais

• A composição da liga e o processamento de metais de engenharia afetam o


comportamento da curva tensão x deformação cíclica, às vezes de forma
diferente do que afeta as propriedades de tensão monotônica. Por exemplo, a
resistência alcançada pelo trabalho a frio é frequentemente reduzida
substancialmente pelo amolecimento dependente do ciclo.
• Por outro lado, metais amolecidos por recozimento geralmente endurecem
consideravelmente. O endurecimento devido a um precipitado fino, como em
muitas ligas de alumínio, é geralmente preservado e frequentemente aumenta
sob carregamento cíclico.
• Em aços de médio carbono que são endurecidos por tratamento térmico
usando têmpera e revenimento, parte do efeito geralmente é perdido se
ocorrer carregamento cíclico.

72
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Comportamento elastoplástico dos metais

• Para tais aços, a variação média com a dureza das tensões de escoamento
monotônica e cíclica, σ0 e σ’0, é mostrada na figura. O amolecimento cíclico,
indicado por σ’0 sendo menor do que σ0, ocorre, exceto em durezas muito
altas.
• Tendências de propriedades
médias para o aço SAE 1045 e
outros aços de médio carbono em
função da dureza, incluindo a
resistência verdadeira à fratura, as
tensões de escoamento
monotônico e cíclico e a
amplitude de tensão limite para
relaxamento da tensão média.

73
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Comportamento elastoplástico dos metais

• Para descrever o da curva do laço do histerese em função das variações de


tensão e de deformação, tem-se:
𝜎𝑎
𝜀𝑒𝑎 =
𝐸 𝜎𝑎 𝜎𝑎 1ൗ𝑛′
𝜀𝑎 = 𝜀𝑒𝑎 + 𝜀𝑝𝑎 𝜀𝑎 = +
1ൗ 𝐸 𝐻′
𝜎𝑎 𝑛′
𝜀𝑝𝑎 =
𝐻′
∆𝜀 = ∆𝜀𝑒 + ∆𝜀𝑝
∆𝜀
𝜀𝑎 =
2 ∆𝜎
∆𝜀𝑒 = 1ൗ
∆𝜀𝑒 ∆𝜎 𝐸 ∆𝜎 ∆𝜎 𝑛′
𝜀𝑒𝑎 = 𝜎𝑎 = ∆𝜀 = +2
2 2 1ൗ 𝐸 2𝐻′
𝑛′
∆𝜀𝑝 ∆𝜎
𝜀𝑝𝑎 = ∆𝜀𝑝 = 2
2 2𝐻′
74
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 10

• Determinar a curva de histerese para o material:


• Aço 1045 com dureza 220 HB

Propriedades monotônicas Propriedades cíclicas


Resistência ao escoamento 634 MPa Resistência ao escoamento cíclico 414 MPa
Tensão de ruptura 1227 MPa Tensão de ruptura cíclica 1227 MPa
Deformação na ruptura 1,04 Deformação na ruptura cíclica 1,00
H 1145 MPa H’ 1344 MPa
n 0,13 n’ 0,18
Módulo de elasticidade 200 GPa
Resistência máxima 724 MPa

75
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 10

• Curva tensão x deformação monotônica

𝜀 = 𝜀𝑒 + 𝜀𝑝

𝜎
𝜀𝑒 =
𝐸
1ൗ
𝜎 𝑛
𝜀𝑝 =
𝐻

𝜎 𝜎 7,692
𝜀= +
200000 1145

76
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 10

• Curva tensão x deformação cíclica

𝜀𝑎 = 𝜀𝑒𝑎 + 𝜀𝑝𝑎
𝜎𝑎
𝜀𝑒𝑎 =
𝐸
1ൗ
𝜎𝑎 𝑛′
𝜀𝑝𝑎 =
𝐻′

𝜎 𝜎 5,555
𝜀𝑎 = +
200000 1344

77
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 10

• O material amolece com a deformação cíclica

78
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 10

• Laço de histerese

• Limitando o laço de histerese em a=700 MPa


5,555
700 700
𝜀𝑎 = + = 0,030175
200000 1344

79
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 10

• Laço de histerese

• Aplicando =700 MPa a partir do ponto A


1ൗ 1ൗ
𝑛′ 0,18
∆𝜎 ∆𝜎 700 700
∆𝜀 = +2 ∆𝜀 = +2 = 0,004634
𝐸 2𝐻′ 200000 2.1344

𝜎𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 = 𝜎𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 + ∆𝜎
𝜎𝐶 = 𝜎𝐴 + 700 = −700 + 700 = 0 𝑀𝑃𝑎
𝜀𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 = 𝜀𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 + ∆𝜀
𝜀𝐶 = 𝜀𝐴 + 0,004634 = −0,030175 + 0,004634 = −0,02554

80
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 10

• Laço de histerese

• Aplicando =1100 MPa a partir do ponto A


1ൗ 1ൗ
𝑛′ 0,18
∆𝜎 ∆𝜎 1100 1100
∆𝜀 = +2 ∆𝜀 = +2 = 0,019472
𝐸 2𝐻′ 200000 2.1344

𝜎𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 = 𝜎𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 + ∆𝜎
𝜎𝐷 = 𝜎𝐴 + 1100 = −700 + 1100 = 400 𝑀𝑃𝑎
𝜀𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 = 𝜀𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 + ∆𝜀
𝜀𝐷 = 𝜀𝐴 + 0,019472 = −0,030175 + 0,019472 = −0,01070

81
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 10

• Laço de histerese

• Aplicando =1300 MPa a partir do ponto A


1ൗ 1ൗ
𝑛′
∆𝜎 ∆𝜎 1300 1300 0,18
∆𝜀 = +2 ∆𝜀 = +2 = 0,041845
𝐸 2𝐻′ 200000 2.1344

𝜎𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 = 𝜎𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 + ∆𝜎
𝜎𝐸 = 𝜎𝐴 + 1300 = −700 + 1300 = 600 𝑀𝑃𝑎
𝜀𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 = 𝜀𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 + ∆𝜀
𝜀𝐸 = 𝜀𝐴 + 0,019472 = −0,030175 + 0,041845 = 0,011670

82
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura

A
• Laço de histerese
Exemplo 10

83
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 10

• Laço de histerese
• Aplicando =700 MPa a partir do ponto B, admitindo-se que o ramo de
descarga é simétrico ao ramo de carga
1ൗ 1ൗ
𝑛′
∆𝜎 ∆𝜎 700 700 0,18
∆𝜀 = +2 ∆𝜀 = +2 = 0,04634
𝐸 2𝐻′ 200000 2.1344

𝜎𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 = 𝜎𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 − ∆𝜎
𝜎𝐹 = 𝜎𝐵 − 700 = 700 − 700 = 0 𝑀𝑃𝑎
𝜀𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 = 𝜀𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 − ∆𝜀
𝜀𝐹 = 𝜀𝐵 − 0,04634 = 0,030175 − 0,041845 = 0,02554

84
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 10

• Laço de histerese

• Aplicando =1100 MPa a partir do ponto B, admitindo-se que o ramo de


descarga é simétrico ao ramo de carga
1ൗ 1ൗ
𝑛′ 0,18
∆𝜎 ∆𝜎 1100 1100
∆𝜀 = +2 ∆𝜀 = +2 = 0,019472
𝐸 2𝐻′ 200000 2.1344

𝜎𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 = 𝜎𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 − ∆𝜎
𝜎𝐺 = 𝜎𝐵 − 1100 = 700 − 1100 = −400 𝑀𝑃𝑎

𝜀𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 = 𝜀𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 − ∆𝜀
𝜀𝐺 = 𝜀𝐵 − 0,019472 = 0,030175 − 0,019472 = 0,01070

85
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 10

• Laço de histerese

• Aplicando =1300 MPa a partir do ponto B, admitindo-se que o ramo de


descarga é simétrico ao ramo de carga
1ൗ 1ൗ
𝑛′
∆𝜎 ∆𝜎 1300 1300 0,18
∆𝜀 = +2 ∆𝜀 = +2 = 0,041845
𝐸 2𝐻′ 200000 2.1344

𝜎𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 = 𝜎𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 − ∆𝜎
𝜎𝐻 = 𝜎𝐵 − 1300 = 700 − 1300 = −600 𝑀𝑃𝑎
𝜀𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 = 𝜀𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 − ∆𝜀
𝜀𝐻 = 𝜀𝐵 − 0,041845 = 0,030175 − 0,041845 = −0,011670

86
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura

A
• Laço de histerese
Exemplo 10

87
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 10

• Tensão residual
• Fazendo =0 e, portanto, =0,030175 MPa a partir do ponto A
𝜀𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 = 𝜀𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 + ∆𝜀

𝜀𝐼 = 𝜀𝐴 + ∆𝜀 = 0
0 = −0,030175 + ∆𝜀 → ∆𝜀 = 0,030175
1ൗ 1ൗ
𝑛′
∆𝜎 ∆𝜎 ∆𝜎 ∆𝜎 0,18
∆𝜀 = +2 0,030175 = +2
𝐸 2𝐻′ 200000 1344

∆𝜎 = 1213,5 𝑀𝑃𝑎

𝜎𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 = 𝜎𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 + ∆𝜎 𝜎𝐼 = 𝜎𝐴 + 1213,5 = −700 + 1213,5 = 513,5 𝑀𝑃𝑎

88
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 10

• Tensão residual
• Fazendo =0 e, portanto, =─0,030175 MPa a partir do ponto B
𝜀𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 = 𝜀𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 − ∆𝜀

𝜀𝐽 = 𝜀𝐵 − ∆𝜀 = 0
0 = 0,030175 − ∆𝜀 → ∆𝜀 = 0,030175
1ൗ 1ൗ
𝑛′
∆𝜎 ∆𝜎 ∆𝜎 ∆𝜎 0,18
∆𝜀 = +2 0,030175 = +2
𝐸 2𝐻′ 200000 1344

∆𝜎 = 1213,5 𝑀𝑃𝑎

𝜎𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 = 𝜎𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 − ∆𝜎 𝜎𝐽 = 𝜎𝐵 − 1213,5 = 700 − 1213,5 = −513,5 𝑀𝑃𝑎

89
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura

• Laço de histerese
Exemplo 10

90

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