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Colaboradores
Valdemar Mateus
Rosalina Soares Silva
António Bento
Impressão e acabamentos:
Edevaldo Ramiro
Médico Pela Faculdade de Medicina da Universidade Agostinho
Nelo
Colaboradores
Valdemar Mateus
António Bento
Índice
A palavra biologia deriva do grego (bios = vida, e logos = tratado). Foi introduzido pela
primeira vez na Alemanha em 1800 e popularizado no mundo da ciência pelo naturalista
francês Jean Baptiste Lamarck. 1,2
Como ciência, estuda os seres vivos, sua relação com o meio e os princípios que regem seu
desenvolvimento. Ela compreende muitos princípios e leis, mas se baseia essencialmente na
observação e na descrição dos fenómenos intrínsecos à natureza dos chamados sistemas
organizados.1,2,3
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Manual de Biologia. I – BIOLOGIA GERAL
Histologia Tecidos
Anatomia Morfologia dos seres vivos
Fisiologia Funcionamento dos seres vivos
Embriologia Desenvolvimento desde a fecundação ate ao nascimento
Genética Transmissão das características hereditárias
Alterações nas características dos seres vivos ao longo do
Evolução
tempo bem como o surgimento de novas espécies.
Classifica, nomeia e agrupa os seres vivos de acordo as suas
Sistemática
relações filogenéticas.
Botânica Plantas
Zoologia Animais
Os seres vivos possuem características peculiares que não são encontradas na matéria bruta ou
inanimada, tais como: composição química complexa, organização celular, metabolismo,
reprodução, crescimento, homeostase, material genético, mutação e evolução e adaptação.
Os seres vivos são formados principalmente por átomos de Carbono, Hidrogénio, Oxigénio e
Nitrogénio (CHON), agrupados em compostos inorgânicos (água e sais minerais) e orgânicos
(aminoácidos e proteínas, nucleótidos e ácidos nucleicos, glícidos, lípidos e vitaminas).
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Manual de Biologia. I – BIOLOGIA GERAL
A B
Figura 2. (A) Algumas moléculas orgânicas da célula. (B) Distribuição de sais minerais glicose e aminoácidos
b) Organização estrutural
Com excepção dos vírus, todos os seres vivos são formados por células. Célula é a menor
parte com forma definida que constitui um ser vivo. As células são as unidades estruturais e
funcionais dos organismos vivos. As células, em geral, possuem tamanho tão pequeno que só
podem ser vistas por meio de microscópio. Dentro delas ocorrem inúmeros processo que são
fundamentais na manutenção da vida. [leia Citologia].
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Manual de Biologia. I – BIOLOGIA GERAL
COMPONENTES FUNÇÃO
O citoplasma das células procariotas não apresenta organelas delimitadas por membrana. Em
algumas células procariotas, a membrana citoplasmática sofre uma invaginação que penetra
no citoplasma, formando o mesossoma. Acredita-se que o mesossoma.
A forma das células procariotas é mantida pela presença de uma parede externa em relação à
membrana citoplasmática, denominada parede celular. As células procariotas caracterizam os
representantes do Reino Monera.
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Manual de Biologia. I – BIOLOGIA GERAL
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Manual de Biologia. I – BIOLOGIA GERAL
Alguns seres são formados por uma única célula, são os do reino Monera (bactérias e
cianobactérias), Protista (protozoários e algas) e alguns fungos; conhecidos como
unicelulares. Os animais, as plantas e os fungos em geral são formados por muitas células,
sendo chamados de pluricelulares.
c) Reprodução.
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Manual de Biologia. I – BIOLOGIA GERAL
d) Metabolismo
é o conjunto de reações químicas que ocorrem no interior dos seres vivos permitindo a
transformação, utilização e troca de matéria e energia entre os seres vivos e o meio
ambiente. Os seres vivos estão em constante atividade e isso os obriga a um consumo
permanente de energia. Para que isso aconteça, os seres vivos realizam a nutrição e a
respiração. [leia Citologia].
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Manual de Biologia. I – BIOLOGIA GERAL
e) Homeostase
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Manual de Biologia. I – BIOLOGIA GERAL
Podemos dizer que ser vivo é aquele que possui ácido nucléico (ADN ou ARN), de facto essa
é a única característica encontrada em todos os seres vivos e exclusivamente neles. [leia Genética]
g) Mutação e evolução
Mutação é uma alteração permanente na estrutura do ADN. Se essa alteração ocorrer nas
células que vão formar os gâmetas, ela será transmitida aos descendentes. As mutações
explicam, em parte, o aparecimento, ao longo do tempo, de muitas espécies novas a partir de
outras já existentes, no processo conhecido como evolução das espécies. [leia Origem das espécies]
h) Adaptação
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Manual de Biologia. I – BIOLOGIA GERAL
i) Crescimento
É a capacidade de aumentar de tamanho físico quer seja por aumento do volume celular – nos
unicelulares – ou por aumento do volume celular e do número de células – nos pluricelulares.
Nos seres vivos ocorre devido à incorporação e transformação dos alimentos, como
consequência da nutrição, do metabolismo e da multiplicação celular. [leia: Reprodução e
Ciclo Celular; Divisão Celular]
j. Movimento
k. Irritabilidade
É capacidade que os organismos têm de responderem aos estímulos (tanto internos como
externos). Entre os estímulos geralmente se contam: luz, pressão, temperatura, composição
química do solo ou do ar circundante, etc.
Os átomos combinam-se para formar moléculas (dois ou mais átomos unidos) que
correspondem ao segundo nível na organização da matéria. As moléculas encontradas na
matéria viva são classificadas em orgânicas e inorgânicas que serão estudadas em bioquímica
celular.
As moléculas, por sua vez, combinam-se para formar o próximo nível de organização, o nível
celular, as células são as unidades estruturais e funcionais básicas de um organismo. Entre os
muitos tipos de células existentes no nosso corpo, temos as células musculares, nervosas e
sanguíneas.
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Manual de Biologia. I – BIOLOGIA GERAL
O quarto nível de organização é o nível tecidual, os tecidos são grupos de células semelhantes
que, juntas, realizam uma função particular (comum). Os quatro tipos básicos de tecido são os
seguintes: o epitelial, o conjuntivo, o muscular e o nervoso.
Quando diferentes tipos de tecidos estão unidos, eles formam o próximo nível de organização:
o nível orgânico (órgãos), Os Órgãos são compostos de dois ou mais tecidos diferentes, têm
funções específicas e geralmente apresentam uma forma reconhecível. Como exemplos de
órgãos temos os seguintes: o coração, o fígado, os pulmões, o cérebro e o estômago.
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Manual de Biologia. I – BIOLOGIA GERAL
referido sistema é composto pelos seguintes órgãos: boca, glândulas salivares, faringe, esófago,
estômago, intestino delgado, intestino grosso, fígado, vesícula biliar e pâncreas.
Se relacionarmos os seres vivos entre si e estes com o meio ambiente surgem mais quatro
níveis nomeadamente: população, comunidade, ecossistemas e biosfera. Os 4 últimos níveis são
estudados em Ecologia, mais adiante.
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Manual de Biologia. I – BIOLOGIA GERAL
Criacionismo
Essa é a mais antiga de todas as ideias sobre a origem da vida. Segundo esta hipótese, a vida
surgiu na terra por acto divino. Essa corrente afirma que os seres vivos foram criados
individualmente por uma divindade e que desde então permanecem com a mesma forma com
que foram criados (imutabiliade das espécies). Elas não mudam ao longo do tempo, é o que se
chama imutabilidade da espécie.
Abiogênese
Essa teoria teve como base as observações feitas por cientistas da época que acreditavam ser
essa a única explicação para o aparecimento de bichos dentro de frutas, por exemplo. Outro
fato bastante citado é o do aparecimento de moscas num pedaço de carne exposto ao ar livre.
Biogênese
Esta teoria diz que os seres vivos originam-se apenas de outro pré-existentes. Foram muitos os
cientistas que apoiaram esta teoria com o intuito de derrubar a abiogénese; dentre os quais,
citemos os seguintes:
Experiências de Redi
Durante muitos anos, vários experimentos foram feitos para tentar derrubar a ideia da geração
espontânea. Em meados do século XVII, o biólogo e médico italiano Francesco Redi colocou
pedaços de carne no interior de alguns frascos, deixando determinados frascos abertos e
fechando outros com uma gaze. Nos frascos abertos, apareciam larvas de moscas, o que não
acontecia nos frascos cobertos pela gaze.
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Manual de Biologia. I – BIOLOGIA GERAL
Redi afirmava, a partir do seu experimento, que as moscas não são geradas
espontaneamente pela carne e sim por ovos depositados por outras moscas que só
penetravam nos frascos abertos. Os resultados dos experimentos de Redi fortaleceram a
biogênese, isto é, a teoria que admite a origem de um ser vivo somente a partir de outro
ser vivo pré existente.
Alguns anos mais tarde, o padre italiano Lázzaro Spallanzani refez as experiências de
Needham. No entanto, Spallanzani ferveu os sucos nutritivos contidos em tubos de
ensaio, que foram posteriormente fechados. Analisando o conteúdo dos tubos,
Spallanzani constatou, mesmo depois de vários dias, que os sucos nutritivos não
apresentavam nenhuma forma de vida, descartando, assim, a ideia da abiogênese.
Segundo Spallanzani, Needham não aqueceu suficientemente os tubos, permitindo a
sobrevivência de alguns microrganismos que se reproduziram assim que os sucos
nutritivos esfriaram.
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Manual de Biologia. I – BIOLOGIA GERAL
Experiências de Pasteur
Somente em meados do século XIX, o cientista francês Louis Pasteur elaborou de forma
conclusiva experiências que inviabilizaram a geração espontânea. Pasteur realizou uma
série de experimentos, entre os quais o experimento do frasco com “pescoço de cisne”.
Através do trabalho, foi demonstrado que uma solução nutritiva, previamente esterilizada,
mantém-se estéril indefinidamente mesmo na presença de ar, desde que a entrada de
germes seja impedida.
Com esta experiência Pasteur deixou por terra a teoria da geração espontânea segundo a
qual os seres vivos originavam-se a partir de matéria bruta e prevaleceu a ideia da
biogênese, segundo a qual os seres vivos provem de outro pré-existente.
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Manual de Biologia. I – BIOLOGIA GERAL
Panspermia cósmica
Esta teoria é conhecida como de Oparin-Haldane, porque foi publicada em 1924, por um
investigador russo Alexander I. Oparin, cujos resultados coincidiram com os do biólogo inglês
John D. S. Haldane, que publicou suas experiências quatro anos depois (1928). Esta teoria foi
e tem sido amplamente aceite pelos cientistas modernos não só de área biológica, sino
também por químicos, astrônomos, geólogos, etc. Oparin propôs que a vida na terra teria
surgido de forma lenta e ocasional nos oceanos primitivos através dos seguintes mecanismos:
Altas temperaturas, descargas elétricas constantes e radiação ultravioleta teriam agido sobre as
substâncias existentes na atmosfera primitiva (CH4, NH3, H2O e H2), quebrando algumas
ligações químicas e permitindo novas combinações atômicas...
Esses aminoácidos foram arrastados pelas chuvas para a crosta terrestre, formando proteínas
que foram levadas para os oceanos primitivos.
Nos oceanos primitivos, os coacervados reagiam com outras substâncias, formando substâncias
ainda mais
Experiências de Miller
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Manual de Biologia. I – BIOLOGIA GERAL
Experiências de Fox
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Manual de Biologia. I – BIOLOGIA GERAL
A partir do século XVIII, uma nova ideia foi lançada, afirmando que as espécies se
transformavam gradualmente ao longo do tempo e originavam novas espécies. Essa teoria que
afirma que as espécies são mutáveis recebe o nome de transformismo e é a base da evolução.
A teoria da evolução afirma que a linha evolutiva se desenvolve no sentido de tornar as
espécies cada vez mais adaptadas ao ambiente em que vivem.
Noção de evolução
Evolução é o processo através do qual ocorrem mudanças ou transformações nos seres vivos
ao longo do tempo, dando origem a novas espécies.
A evolução encontra argumentos muito fortes a seu favor no estudo comparativo dos
organismos como a homologia e a analogia de certos órgãos, nos órgãos vestigiais, na
embriologia e no estudo dos fósseis.
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Manual de Biologia. I – BIOLOGIA GERAL
Órgãos vestigiais: São estruturas pouco desenvolvidas em alguns grupos, geralmente sem
função, mas em outros aparecem desenvolvidas e funcionais, revelando a existência de um
parentesco evolutivo entre eles. Exemplos na espécie humana: O cóccix que é um vestígio da
cauda observada em outros animais como o macaco. O apêndice vermiforme que é bem
desenvolvido em alguns animais (coelho) e atrofiado no homem.
Fosseis: Os fósseis são restos de seres vivos de épocas passadas ou qualquer vestígio deixado
por eles. Os fósseis permitem que sejam feitas comparações entre seres que existiram há
milhares de anos atrás e os seres vivos, actuais.
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Manual de Biologia. I – BIOLOGIA GERAL
TEORIAS DA EVOLUÇÃO
Lamarckismo
Lei do uso e desuso: órgãos muito usados iriam hipertrofiar, enquanto órgãos pouco
usados iriam atrofiar
A teoria de Lamarck não é mais aceita actualmente por dois motivos: somente os órgãos de
natureza muscular podem sofrer hipertrofia ou atrofia como resposta ao uso e desuso
frequentes e as características adquiridas pelo uso ou perdidas pelo desuso não podem ser
transmitidas aos descendentes. Somente uma modificação nos genes presentes nos gâmetas
poderá ser transmitida às gerações seguintes.
Darwinismo
A teoria de Charles Darwin foi baseada na selecção natural. De acordo com essa teoria o
ambiente selecciona os indivíduos portadores de característica "favoráveis". Esses tem chances
de sobreviver e deixar descendentes férteis enquanto os portadores de características
"desfavoráveis" tendem a ser eliminados, pois terão menos chances.
Fica fácil perceber que a acção do meio ambiente é diferente para Lamarck e Darwin.
Segundo Lamarck, o meio é o causador das variações, já que características novas são
adquiridas por imposição do meio. Segundo Darwin, o meio apenas seleciona as
características adaptativas mais importantes.
Darwin não conseguiu explicar a origem das variações, já que somente a genética, surgida no
século XX, contém subsídios para esclarecer as causas da variabilidade.
Neodarwinismo
Também denominado Teoria sintética da evolução, foi proposto no século XX por vários
pesquisadores utilizando como base o Darwinismo, que foi acrescido dos conceitos modernos
sobre variabilidade (mutação e recombinação génica) e genética de populações.
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Manual de Biologia. I – BIOLOGIA GERAL
O Neodarwinismo não corrige o Darwinismo e sim amplia suas idéias à medida que
explica as causas das variações nos seres vivos que não foram explicadas por Darwin. As
mutações e a recombinação génica são as principais causas da variabilidade genética presente
nos seres vivos. A seleção natural apenas direciona o processo evolutivo, mantendo as
variações favoráveis ou adaptativas a determinado meio.
Uma qualidade da Taxonomia de Lineu é que ela pode ser usada para desenvolver um sistema
simples e prático para organizar dos diferentes tipos de organismos vivos. O aspecto mais
importante é o uso geral da nomenclatura binominal, a combinação de um nome genérico e de
um nome específico (Homo sapiens, por exemplo). Nenhuma outra espécie de planta pode ter este
binome. Deste modo, a todas as espécies pode se dar um único e estável nome.
Noção de Sistemática
A sistemática ou taxonomia é o ramo das ciências naturais que nomeia, classifica e agrupa os
seres vivos de acordo suas relações filogenéticas. O sistema natural de classificação respeita
um padrão hierárquico de organização, as categorias taxonómicas ou táxons que obedecem à
seguinte sequência: Reino ― Filo ― Classe ― Ordem ― Família ― Género ― Espécie
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Manual de Biologia. I – BIOLOGIA GERAL
Categoria
Homem Cão Mosca Milho
Taxonómica
Reino Metazoa Metazoa Metazoa Methaphyta
Filo ou Divisão Chordata Chordata Arthropoda Trachaeophyta
Classe Mammala Mammala Insecta Angiospermae
Ordem Primata Carnívora Diptera Graminales
Família Hominidae Canidae Muscidae Granidae
Género Homo Canis Musca Zea
Homo Musca
Espécie Canis Cais Zae mays
sapiens domestica
No século IV a.C. Aristóteles e Teofrasto, seu discípulo, agruparam os seres vivos em dois
grandes grupos: Animalia e Plantae. Esta classificação tinha por base a mobilidade e o tipo de
nutrição: as plantas são imóveis e produzem o seu próprio alimento (autotrofia) e os animais
apresentam capacidade de locomoção e capturam as suas presas dependendo por isso da
matéria orgânica produzida por outros organismos (heterotrofia). Esta ideia é reforçada pela
classificação de Carl Lineu no século XVIII.
O surgimento e aceitação no século XIX das emergentes teorias evolucionistas para os seres
vivos levantava questões sobre a classificação de alguns organismos que não sendo nem
animais nem plantas pudessem ser seus ancestrais. A ideia de um terceiro reino é fortemente
influenciada pela Teoria da Selecção Natural de Darwin que postulava a existência de uma
ancestral comum a todos os seres vivos.
Em 1866, Ernst Haeckel (1834-1919), naturalista alemão, propôs a criação do Reino Protista
que incluía os organismos unicelulares e os multicelulares que não apresentassem
diferenciação celular, incluindo assim as bactérias os protozoários e os fungos.
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Manual de Biologia. I – BIOLOGIA GERAL
Separa num novo reino, Monera, os seres vivos procariontes – com células sem núcleo
individualizado. Segundo Copeland, no reino Protista incluem-se todos os fungos e algas
vermelhas e castanhas, no reino Plantae os organismos que possuíssem clorofila (pigmento
fotossintético), que produzissem amido, celulose e sacarose e no reino Protista os organismos
eucariontes que não eram animais nem plantas.
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Manual de Biologia. I – BIOLOGIA GERAL
Whittaker viria a reformular os eu próprio sistema em 1979. O reino Protista passou a incluir
os fungos flagelados e as algas (uni e multicelulares).
b) Reino Metaphyta ou Plantae: seres pluricelulares que possuem células revestidas por
uma membrana de celulose e que são autotróficos (capazes de produzir sua própria
energia). Fazem parte deste grupo: vegetais inferiores (algas verdes, vermelhas ou
marrons), vegetais intermediários (ex. samambaia) e vegetais superiores (plantas).
c) Reino Monera: composto por organismos unicelulares (formados por uma única célula)
e procariontes (células que não possuem um núcleo organizado). Fazem parte deste
reino: as bactérias e algas azuis ou cianobactérias (antigamente eram consideradas como
vegetais inferiores).
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Manual de Biologia. II – CITOLOGIA
Para que a Citologia surgisse como Ciência, foi necessária a invenção de um tipo muito
simples de microscópio. O crédito pela invenção do microscópio é dado ao holandês
Zacharias Jansen, por volta do ano 1595. No início, o instrumento era considerado um
brinquedo, que possibilitava a observação de pequenos objectos.
Em 1665, Robert Hooke, cientista inglês, observou pela primeira vez células, utilizando um
microscópio muito simples iluminado a vela. Hooke observava pedaços de cortiça ao
microscópio e descreveu pequenas cavidades em seu interior que foram denominadas células
(CELL = cela, em inglês). Na realidade, Robert Hooke observou a parede de celulose e o
espaço vazio que era ocupado por cada célula quando viva facto esse justificado por ser a
cortiça um tecido vegetal morto, denominado súber.
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Manual de Biologia. II CITOLOGIA
No início dos anos 30, o engenheiro electrónico alemão inventou o microscópio electrónico
Ernest Ruska. Esses instrumentos utilizam feixes de electrões e lentes electromagnéticas, no
lugar da luz e das lentes de vidro, permitindo ampliações de mais de 100 000 vezes. Com isso,
a Citologia apresentou grandes avanços como ciência.
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Manual de Biologia. II – CITOLOGIA
A Citologia (grego: KYTOS = célula; LOGOS = estudo) é a parte da Biologia que estuda a
célula em todos os seus aspectos: bioquímico, morfológico e funcional.
Nos organismos unicelulares, a única célula presente realiza todas as funções necessárias à
manutenção da vida, enquanto as várias células dos organismos pluricelulares apresentam
diferentes formas adaptadas ao desempenho das mais variadas funções.
ORGANIZAÇÃO CELULAR
Uma célula típica apresenta três partes fundamentais: membrana citoplasmática, citoplasma e
núcleo. Em tipos diferentes de células, podemos encontrar algumas variações relacionadas a
essas porções fundamentais. Quanto à organização ou padrão evolutivo, existem dois tipos
celulares básicos: Célula Procariota e Célula Eucariota.
As células são organismos pequeninos, que para sua visualização e estudo é necessário o
auxilio de um instrumento capaz de ampliar sua imagem – O microscópio.
Microscópio Óptico
A microscopia óptica ou de luz, como o próprio nome indica, possibilita o aumento de
imagens através da luz que, após incidir sobre determinada amostra, passa por um conjunto
de lentes. O avanço deste tipo de microscopia, portanto, ocorreu atrelado ao desenvolvimento
da óptica, ou seja, o ramo da Física que estuda a luz e sua interacção com distintos meios e
materiais.
Além de ampliar a imagem de um objecto, de 1000 a 1500 vezes, o microscópio serve para
aumentar o poder de resolução do olho humano. Poder de resolução é a capacidade de
distinguir dois pontos muito próximos um do outro. Os microscópios ópticos têm um limite
de resolução da ordem de 0,2 μm, ou seja, as lentes destes microscópios conseguem mostrar
dois pontos distintos se estes estiverem separados por distâncias de pelo menos 0,2 μm.
É importante lembrar que para uma estrutura ser observada através de um microscópio óptico,
é necessário que ela seja suficientemente fina para deixar que os raios luminosos a atravessem,
além de ter índices de refração ou coloração diferentes do meio que a circundam.
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Manual de Biologia. II CITOLOGIA
Um microscópio óptico pode ser simples ou composto: o microscópio simples possui uma
única lente e só fornece uma imagem moderadamente aumentada do objecto que se está
estudando; o microscópio composto consiste de uma série de lentes e fornece um aumento
muito maior.
MICROSCÓPIO COMPOSTO
Um microscópio composto consiste de partes mecânicas e ópticas. A parte mecânica tem uma
base que estabiliza o microscópio, uma coluna ou canhão que se estende da base para cima, e
uma platina na qual é colocado o objeto a ser examinado. As partes ópticas estão presas à
coluna acima e abaixo da platina e são elas: condensador, objectivas e ocular.
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Manual de Biologia. II – CITOLOGIA
Microscópio Electrónico
O microscópio electrónico é um microscópio com potencial de aumento muito superior ao do
óptico. As características que diferem o M.E do M.O são: Usam-se feixes de electrões para
ampliar as imagens; capacidade de ampliação de 100. 000 X e poder de resolução até 0,005
nm.
BIOQUÍMICA CELULAR
As substâncias químicas presentes nas células podem ser divididas em dois grandes grupos:
substâncias inorgânicas e substâncias orgânicas.
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Manual de Biologia. II CITOLOGIA
Substâncias Inorgânicas
ÁGUA
É a substância mais abundante encontrada no interior das células. A taxa de água nos
organismos vivos varia em função de três factores: actividade metabólica, idade e espécie. As
principais funções da água nos seres vivos são:
Actua como regulador ácido-básico, mantendo o pH mais ou menos constante; Actua como
veículo de substâncias (oxigénio, gás carbónico, nutrientes, excretas, etc.) que atravessam as
membranas celulares, mantendo um intercâmbio entre os meios intracelular e extracelular;
SAIS MINERAIS
Desempenham as mais variadas funções no interior das células, sendo muito importantes para
o perfeito funcionamento celular. Os sais minerais são encontrados nos organismos vivos sob
duas formas de ocorrência: insolúvel e solúvel.
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Manual de Biologia. II – CITOLOGIA
Forma Solúvel: Nessa forma, os sais minerais se apresentam dissolvidos em água e, assim,
dissociados em íons. Os sais solúveis são também denominados íons minerais, exercendo
importantes papéis no metabolismo. O quadro representado a seguir indica os principais íons
minerais presentes nos organismos vivos e o seu papel biológico.
Faz parte dos nucleotídeos, unidades formadoras dos ácidos nucléicos. Faz parte da
PO4-3
molécula de ATP, que se relaciona à transferência de energia nas células.
Substâncias Orgânicas
CARBOIDRATOS
Também conhecidos por açúcares, hidratos de carbono, glúcidos, glícidos, são poliálcoois
com função aldeído ou acetona. São constituídos principalmente por carbono (C) hidrogénio
(H) e oxigénio (O), podendo também aparecer o nitrogénio (N) ou o enxofre (S). Representam
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Manual de Biologia. II CITOLOGIA
Monossacáridos: São os açúcares mais simples que não podem ser hidrolisados. Possuem
fórmula geral CnH2nOn, sendo que n varia de 3 a 7. Sua classificação é feita de acordo com o
número de átomos de carbono que apresentam. Assim, temos:
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Manual de Biologia. II – CITOLOGIA
AMINOÁCIDOS E PROTEÍNAS
Os Aminoácidos são biomoléculas simples constituídas por carbono (C), hidrogénio (H),
oxigénio (O) e nitrogénio (N).
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Manual de Biologia. II CITOLOGIA
Cada aminoácido possui na sua composição química um carbono central, o grupo amina
(NH2), o grupo carboxilo (COOH), um hidrogénio (H) e um radical livre (R) como se vê
abaixo. O radical é a porção variável de um aminoácido.
Ligação Peptídica é o tipo de ligação que une os aminoácidos. Ocorre entre o grupo ácido de
um aminoácido e o grupo amina de outro aminoácido com liberação de uma molécula de
água.
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Manual de Biologia. II – CITOLOGIA
As proteínas são as mais abundantes substâncias orgânicas dos seres vivos, sendo definidas
como polímeros de aminoácidos. Assim, os aminoácidos são monómeros das proteínas.
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Manual de Biologia. II CITOLOGIA
As proteínas podem ser classificadas como proteínas simples constituídas apenas por
aminoácidos (insulina, queratina, albumina, colagénio, fibrinogénio, etc.) e proteínas
conjugadas constituídas por aminoácidos associados a uma outra substância de natureza não
proteica denominada grupo prostético. Veja alguns exemplos:
Função Acção
Participam da estrutura dos tecidos. Como exemplos, podemos citar: Queratina presente
Estrutural
na pele, cabelos e unhas e o colagénio presente nos tecidos conjuntivos.
Nutritiva São utilizadas como fonte de aminoácidos.
Os anticorpos são proteínas (gamaglobulinas) produzidas pelo organismo para combater a
Imunológica ação do antígeno. A reação antígeno-anticorpo é altamente específica, sendo que um certo
anticorpo neutraliza somente o antígeno responsável pela sua formação.
Muitas hormonais são proteínas. Como exemplos, podemos citar a insulina produzida
Hormonal
pelo pâncreas.
Contráctil Actina e miosina são proteínas que participam do processo de contração muscular
A hemoglobina é uma proteína presente no interior das hemácias do sangue, responsável
Transportadora
pelo transporte de gases.
As enzimas são proteínas catalisadoras das reações químicas. Como exemplos, podemos
Enzimática
citar a maltase, a amilase e a tripsina.
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Manual de Biologia. II – CITOLOGIA
ENZIMAS
a) Conceitos
Enzimas são proteínas com função catalisadora. O papel básico de uma enzima é diminuir a
energia de activação, aumentando, assim, a velocidade das reacções químicas.
b) Estrutura
Uma enzima é constituída por uma porção proteica denominada apoenzima e uma porção
não proteica denominada cofactor (o cofactor pode ser uma coenzima, ião metálico ou um
grupo prostético). A apoenzima + cofactor = holoenzima (enzima activa).
c) Interação Enzima-Substrato
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Manual de Biologia. II CITOLOGIA
- Modelo encaixe induzido: prevê um sítio de ligação não totalmente pré-formado, mas
sim moldável à molécula do substrato; a enzima se ajustaria à molécula do substrato na
sua presença como se ve na figura abaixo.
As enzimas são específicas aos seus substratos. Assim, a sacarase é uma enzima que catalisa
a quebra da sacarose em uma molécula de glicose e outra de frutose, enquanto a amilase é
uma enzima que catalisa a quebra de amido em moléculas de maltose;
As enzimas podem actuar em ambos os sentidos na reacção química, até certo ponto
(actuação reversível);
As enzimas exigem um valor ideal de temperatura e pH para que a velocidade da reacção seja
máxima;
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Manual de Biologia. II – CITOLOGIA
Concentração da enzima,
Concentração de substrato,
Temperatura,
pH e
Inibidores.
As bases nitrogenadas que entram na constituição dos nucleótidos podem ser de dois tipos:
purinas (adenina e guanina) formadas por dois anéis de átomos de carbono e nitrogénio e
pirimidinas (citosina, timina e uracilo), formadas por um anel de átomos de carbono e
nitrogénio.
São precursores dos ácidos nucleicos (ADN e ARN) que são indispensáveis para a
transmissão das características hereditárias, control da actividade celular e síntese de
proteínas;
Podem actuar como moléculas carregadoras de energia química, como por ex:
adenosina trifosfato (ATP).
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Manual de Biologia. II CITOLOGIA
ADN ARN
Tipo de açúcar Desoxirribose Ribose
Base nitrogenadas
Citosina e Tiamina Citosina e Uracilo
pirimidínicas
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Manual de Biologia. II – CITOLOGIA
LÍPIDOS
Os lípidos são uma grande família de biomoléculas constituídas por carbono (C), hidrogénio
(H) e oxigénio (O), vulgarmente conhecidos como “gorduras” e fisicamente caracterizadas por
serem insolúveis em água, e solúveis em solventes orgânicos como o álcool, benzina, éter,
clorofórmio e acetona.
c) Funções
Protecção mecânica: A gordura age como suporte mecânico para certos órgãos internos e
sob a pele de aves e mamíferos, protegendo-os contra choques e traumatismos.
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Manual de Biologia. II CITOLOGIA
VITAMINAS
São compostos orgânicos que actuam em doses muito pequenas nos organismos como
reguladores biológicos na maioria das reacções metabólicas. A maior parte das vitaminas
actuam como coenzimas, activando enzimas importantes para o metabolismo. Algumas
vitaminas são encontradas na natureza em uma forma precursora inactiva denominada
provitamina. No interior do organismo, sob certas condições, a provitamina torna-se activa,
formando a vitamina propriamente dita. É o que ocorre com a vitamina A, encontrada na
natureza como caroteno (provitamina A) e com a vitamina D, encontrada na natureza na
forma de ergosterol (provitamina D).
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Manual de Biologia. II – CITOLOGIA
METABOLISMO CELULAR
Entende-se por Metabolismo como o conjunto de reacções químicas que ocorrem nos
organismos vivos. Estas reacções podem ser:
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Manual de Biologia. II CITOLOGIA
A glicose é degradada por um conjunto de enzimas citoplasmáticas que juntas formam a via
glicolítica onde vão se formando sucessivamente vários compostos intermediários até que se
obtenha finalmente duas moléculas de piruvato, sendo produzidas duas moléculas de ATP e
de NADH+ (molécula transportadora de electrões que pode gerar 3 moléculas de ATP na
cadeia respiratória) durante este processo.
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Manual de Biologia. II – CITOLOGIA
Conforme anteriormente dito, uma célula eucariota apresenta três partes fundamentais:
membrana celular, citoplasma e núcleo. As células animais não fogem esta regra. Nesta
unidade de uma forma didática vamos procurar estudar os aspectos que constituem a
morfologia e funcionamento da membrana citoplasmática, estudar de forma sucinta o
citoplasma e o núcleo celular.
Membrana Celular
EXERCÍCIO
As proteínas são responsáveis pela maioria das funções da membrana celular. As proteínas da
membrana dividem-se, em extrínsecas ou _________________ e intrínsecas ou ______________. As
proteínas de membrana funcionam como ________________, ________________,
___________________ etc.
Os carboidratos ligam-se predominantemente à superfície externa das proteínas e dos lípidos, formando
as __________________ e os __________________, respectivamente. A camada resultante de
carboidratos na superfície externa da membrana constitui o _________________. O ________________
é importante na adesão e reconhecimento celular, na determinação de grupos sanguíneos, entre outras
funções.
Estrutura da Membrana
A medida que avança o conhecimento sobre a composição, a estrutura e as funções da
membrana unitária, formulam-se modelos interpretativos dos dados conhecidos.
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Manual de Biologia. II CITOLOGIA
Esse arranjo trilaminar se estende a todas as outras estruturas membranosas celulares como
núcleo, retículo endoplasmático, complexo de Golgi, mitocôndrias, cloroplastos, etc, sendo
por isso denominado Unidade de Membrana.
Na década de 70, surgiu um novo modelo proposto por Singer e Nicolson que difere em
alguns aspectos do modelo de Davson e Danielli.
Com a mobilidade das proteínas, muitas substâncias podem entrar e sair da célula com mais
facilidade, pois essas proteínas podem funcionar como poros funcionais. Esses poros surgem
como resultado da movimentação das proteínas na dupla camada lipídica.
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Manual de Biologia. II – CITOLOGIA
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Manual de Biologia. II CITOLOGIA
Propriedades da membrana
As membranas gozam de um conjunto de propriedades físicas que determinam a sua
participação não só na estruturação física da célula, como no próprio funcionamento.
Destacam-se as seguintes propriedades:
b) Fluidez: A membrana é uma estrutura fluida, o que significa que os seus componentes não
ocupam posições definidas e são susceptíveis de deslocações bidimensionais, de rotação ou de
translação. Esta propriedade deve-se ao facto de, em geral, não se estabelecerem ligações
fortes (covalentes) entre as diversas moléculas, mas, predominantemente, ligações lábeis
(ligações de Van der Walls e pontes de hidrogénio). Para além dos movimentos referidos,
também os fosfolípidos podem trocar de camada (flip-flop).
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Manual de Biologia. II – CITOLOGIA
carbono). Aplica-se-lhe, ainda que de forma pouco rigorosa, o conceito de membrana semi-
permeável.
Funções da membrana
A membrana plasmática contém e delimita o espaço da célula, mantém condições adequadas
para que ocorram as reacções metabólicas necessárias. Ela selecciona o que entra e sai da
célula e ajuda a manter o formato celular.
Transporte Passivo
A Osmose e difusão ______________ são exemplos claros de transporte passivo não mediado.
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Manual de Biologia. II CITOLOGIA
Figura 41: Comportamento das células em diferentes soluções (esquerda) e sentido da osmose.(direita)
A pressão osmótica de uma solução define-se como a pressão que é necessária exercer para
impedir a osmose de água pura para a solução quando estas estão separadas por uma
membrana impermeável ao soluto
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Manual de Biologia. II – CITOLOGIA
Transporte Activo
Transporte em massa
As células são capazes de englobar grandes quantidades de matéria "em bloco". Geralmente,
esses mecanismos são empregados para obtenção de macromoléculas, como proteínas,
polissacarídeos, ácidos nucléicos, etc. Essa entrada de matéria em grandes porções é chamada
endocitose. Esses processos de transporte de massa sempre são acompanhados por alterações
morfológicas da célula e de grande gasto de energia.
Fagocitose é o processo pelo qual a célula engloba partículas sólidas, esse processo inicia com
a emissão de pseudópodes (projecções da membrana celular). Nos protozoários, a fagocitose é
uma etapa importante da alimentação, pois é a forma pela qual esses organismos unicelulares
conseguem obter alimentos em grandes quantidades de uma só vez. Nos metazoários, a
fagocitose desempenha papéis mais específicos, como a defesa contra microrganismos e a
remodelagem de alguns tecidos, como os ossos.
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Manual de Biologia. II CITOLOGIA
Pinocitose é processo pelo qual a célula engloba gotículas de líquido ou partículas de diâmetro
inferior a 1 micrómetro. Depois de englobadas por fagocitose ou por pinocitose, as substâncias
permanecem no interior de vesículas, fagossomos ou pinossomos. Nelas, são acrescidas
enzimas presentes nos lisossomas, formando o vacúolo digestivo
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Manual de Biologia. II – CITOLOGIA
CITOPLASMA E ORGANELAS
Citoesqueleto
É um conjunto de microtúbulos e microfilamentos que mantém a forma das células e é
responsável pela contracção celular, pelos movimentos da célula e pelo deslocamento dos
organóides, vesículas e partículas no citoplasma.
Hialoplasma
Hialoplasma ou citosol compreende a parte líquida do citoplasma, nela encontram-se
mergulhadas as organelas citoplasmáticas que didacticamente podem ser classificadas em
organóides membranosos (retículo endoplasmático, o aparelho de Golgi, mitocôndrias,
lisossomas, peroxissomas e vacúolos) e não membranosos (ribossomas, centríolos e
citoesqueleto).
Ribossomas
São organóides não membranosos presentes em todos os tipos celulares. São responsáveis
pela síntese de proteínas. São constituídos por duas subunidades de ARN ribossómico e
proteínas. Os ribossomas podem ser encontrados livres no hialoplasma, associados às
membranas do retículo endoplasmático e ligados a uma fita de ARN mensageiro denominado
como polirribossomas.
Centríolos
São organelas citoplasmáticas não membranoso exclusivo de células eucariotas animais. Os
centríolos são constituídos por nove trincas de microtúbulos proteicos dispostos em círculo.
Normalmente uma célula apresenta um par de centríolos dispostos mais ou menos
perpendicularmente.
Os centríolos orientam a divisão celular, além de formar cílios e flagelos, estruturas contrácteis
que possibilitam o movimento da célula. Cílios são apêndices das células eucariotas com
movimento constante numa única direcção. Os cílios encontram-se na superfície apical de
algumas células, como é o caso das células do epitélio que reveste a traqueia e os brônquios.
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Manual de Biologia. II CITOLOGIA
Retículo endoplasmático
É um organóide membranoso que podem ser liso ou agranular e rugoso ou granular. A
diferença morfológica básica entre os dois tipos de retículo endoplasmático reside no facto de
o retículo rugoso apresentar inúmeros ribossomas associados às suas membranas. O retículo
endoplasmático liso tem como função, sintetizar lípidos e actua na desintoxicação celular.
O retículo endoplasmático rugoso, realiza a síntese de proteínas de exportação, como
anticorpos e enzimas. É importante salientar que ribossomas que não se encontram associados
às membranas do retículo sintetizam proteínas para consumo interno.
Aparelho de Golgi
O aparelho de Golgi foi descrito em 1898 pelo biólogo Italiano Camilo de Golgi, em estudos
com o tecido nervoso. Ela é constituída por estruturas semelhantes a sacos membranosos e
empilhado. Cada pilha de cisterna com suas vesículas associada constitui uma unidade do
complexo de Golgi que recebe o nome de dictiossoma.
O complexo de Golgi apresenta duas faces: a face cis ou de formação (onde se fundem as
vesículas de transporte ou vesículas de transição carregando proteínas ou lípidos originadas do
retículo endoplasmático) e a face trans ou de maturação (que liberta vesículas grandes
contendo o material já processado).
A maior parte das vesículas transportadoras que saem do retículo endoplasmático, e são
transportadas até ao complexo de Golgi, onde são modificadas, ordenadas e enviadas em
direcção aos seus destinos finais. Funciona como uma espécie de sistema central de
distribuição da célula, actua como centro de armazenamento, transformação e
empacotamento de substâncias na célula. É responsável também pela formação dos
lisossomas, da lamela média dos vegetais e do acrossomo do espermatozóide.
Lisossoma
É um organóide membranoso repleto de enzimas hidrolíticas implicadas na digestão celular.
O processo de digestão intracelular de uma substância, vinda do exterior da célula, é
designado de hecterofagia, neste processo a substância estranha entra por fagocitose, é
exemplo deste processo, a destruição de microrganismos (bactérias, protozoários) pelos
macrófagos; ao processo de digestão de uma substância e da própria célula, é designado de
autofagia e exemplo deste processo a destruição de organóides velhos.
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Manual de Biologia. II – CITOLOGIA
Nestes dois mecanismos, as substancias a serem digeridas são previamente envolvidas por
membranas, formando uma estrutura designada de fagossomas.
Peroxissoma
Os peroxissomas são organóides esféricos, envolvidos por uma membrana, aprecem como
vesículas presente no citoplasma, sobretudo nas células vegetais. São relativamente pouco
conhecidos, mas sabe-se que exercem função de degradar o peróxido de hidrogénio, H2O2, (a
água oxigenada, substância potencialmente tóxica ao organismo por ser fonte de radicais
livres). Nela está presente uma típica enzima chamada catalase que quebra o peróxido de
hidrogénio em [água, H2O] e [oxigénio, O2] molecular.
Mitocôndrias
Organóides membranosos responsáveis pela respiração celular e síntese de energia química
sob a forma de ATP
Parede celular
A parede celular representa um envoltório rígido que se localiza externamente à membrana
citoplasmática, conferindo protecção e sustentação à célula. É uma estrutura típica de células
procariotas e eucariotas vegetais. A substância mais abundante da parede celular da célula
vegetal é a celulose, que se deposita na parede, exercendo importante função estrutural. Em
certos pontos desse revestimento não há depósito de celulose, determinando o aparecimento
de pequenas interrupções (poros) denominadas plasmodesmos. Eles representam elos de
ligações entre células vizinhas e possibilitam um maior intercâmbio de substâncias entre as
células que se unem.
As principais propriedades da parede celular são: Alta resistência, sendo rompida com
dificuldade; Permeabilidade, possibilitando a entrada e a saída de substâncias na célula.
Vacúolos
São cavidades existentes no citoplasma revestidas por membrana lipoproteica. Os tipos mais
comuns de vacúolos são:
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Manual de Biologia. II CITOLOGIA
Cloroplastos
São organóides típicos das células vegetais, responsáveis pela fotossíntese. Será estudado
detalhadamente no próximo capítulo.
NÚCLEO CELULAR
Membrana Nuclear
É uma continuidade do retículo endoplasmático rugoso, pois apresenta ribossomas aderido a
sua face externa. É invisível ao microscópio óptico comum. A membrana nuclear é dupla e
não é contínua, apresentam várias interrupções denominadas poros nuclear, por onde ocorrem
trocas diversas de substâncias entre o núcleo e o citoplasma.
Nucleoplasma
É um colóide que preenche o núcleo. É constituído principalmente de água e proteínas e nele
estão mergulhadas as estruturas nucleares.
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Manual de Biologia. II – CITOLOGIA
Nucléolo
É uma estrutura nuclear que se encontra mergulhada no nucleoplasma, sendo observado em
número de um ou mais. É formado de ARN ribossômico e proteínas. É de realçar que os
nucléolos são responsáveis pela produção de ribossomas. Em células que sintetizam grande
quantidade de proteína, os nucléolos são mais numerosos e volumosos, já que eles formam os
ribossomas.
Cromatina
Dentro do núcleo encontramos a molécula de ADN associada a proteínas denominadas
histonas, a essa estrutura chamamos de cromatina. A cromatina está presente no núcleo de
células que não estão em processo de divisão. Isso ocorre porque quando a célula entra no
processo de divisão (mitose ou meiose) os filamentos que formam a cromatina passam por um
processo de espiralização, formando os cromossomas.
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Manual de Biologia. II CITOLOGIA
Figura 46: Classificação dos cromossomas de acordo a posição do centrómero e número de cromátides
Noção de Cariótipo
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Manual de Biologia. II – CITOLOGIA
homólogos são células diplóides (2n). As células somáticas da espécie humana (células que
formam o corpo) apresentam 46 cromossomas
Nos gâmetas, os cromossomas não ocorrem aos pares. Em cada gâmeta encontramos apenas
um cromossoma de cada par de homólogos. Assim, as células que não apresentam
cromossomas homólogos, possuindo apenas um cromossoma de cada par, são células
haplóides (n) e possuem metade do número de cromossomas das células diplóides desse
indivíduo. Cada gâmeta humano apresenta 23 cromossomas, e o zigoto (célula ovo) formado.
Noção de Genoma
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Manual de Biologia. II CITOLOGIA
O CÍCLO CELULAR
O ciclo celular pode ser dividido em dois momentos: interfase e divisão celular (que pode ser
por mitose ou meiose). Como ocorrem muitos eventos tanto na interfase quanto na divisão
celular, nós os dividimos em subfases, como mostra a figura abaixo
INTERFASE
Conceito
Período que vai desde o fim de uma divisão celular e o início da divisão seguinte. Como os
cromossomas estão pouco condensados e dispersos pelo núcleo não são visíveis a microscópio
óptico. Nesta fase, por microscopia, não visualizamos modificações tanto no citoplasma
quanto no núcleo. As células porém estão em intensa actividade, sintetizando os componentes
que irão constituir as células filhas.
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Manual de Biologia. II – CITOLOGIA
Períodos da interfase
Período G1
Primeiro período da interfase é o G1 (do inglês gap, intervalo). Ocorre uma intensa actividade
de biossíntese (proteínas, enzimas, ARN, etc.) e formação de mais organelas celulares o que
implica crescimento celular. No final desta fase a célula faz uma "avaliação interna" a fim de
verificar se deve prosseguir o ciclo celular. Caso a avaliação seja negativa, as células não vão
se dividir, passando ao estado G0 que dependendo da célula pode ter uma duração variada,
(Ex: neurónios, fibras musculares, etc.) e se a avaliação for positiva passa-se à fase seguinte
sendo o processo irreversível.
Período S
Período G2
Neste período a célula certifica-se de que todo o ADN já foi duplicado e cresce um pouco
mais, se for necessário. Ocorre também a duplicação dos centríolos (o que implica na
formação de dois pares) se a célula for animal (uma vez que estes não existem em células
vegetais).
MITOSE
Conceito: É um processo de divisão celular em que uma célula mãe, diplóide (2n) com
cromossomas duplos, origina duas células filhas com o mesmo número de cromossomas da
célula mãe, porém simples. Estas células filhas são geneticamente idênticas entre si. A mitose
é uma divisão equacional, já que o número de cromossomas da célula mãe é mantido em cada
uma das células filhas.
Fases da Mitose
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Manual de Biologia. II CITOLOGIA
Prófase
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Manual de Biologia. II – CITOLOGIA
Metáfase
Essa é a etapa em que os estudos do cariótipo são realizados, pois os cromossomas estão
totalmente condensados.
Anáfase
Telófase
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Manual de Biologia. II CITOLOGIA
Na célula animal (sem parede celular) forma-se na zona equatorial um anel contráctil de
filamentos proteicos que se contraem puxando a membrana para dentro levando de início ao
aparecimento de um sulco de clivagem que vai estrangulando o citoplasma, até se separem as
duas células-filhas.
Nas células vegetais (com parede celular) como a parede celular não permite divisão por
estrangulamento, um conjunto de vesículas derivadas do complexo de Golgi vão alinhar-se na
região equatorial e fundem-se formando a membrana plasmática, o que leva à formação da
lamela mediana entre as células-filhas. Posteriormente ocorre a formação das paredes
celulares de cada nova célula que cresce da parte central para a periferia. (Como a parede das
células não vai ser contínua, vai possuir poros — plasmodesmos, que permitem a ligação entre
os citoplasmas das duas células).
Importância da Mitose. Este tipo de divisão celular tem como finalidade a multiplicação
celular como forma de reprodução assexuada nos seres unicelulares (cissiparidade ou
bipartição) e, nos seres pluricelulares, a mitose possui três funções básicas e são elas:
crescimento do organismo, regeneração de lesões, renovação dos tecidos.
MEIOSE
Introdução
A meiose (do grego, meioum, diminuir) é um tipo especial de divisão celular, exclusiva dos
organismos que se reproduzem de forma sexuada. Em muitos protozoários, algas e fungos, a
reprodução é assexuada, ou seja, por divisão celular simples ou mitose. Neste caso, todos os
descendentes têm uma herança que provem de um só antecessor.
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Manual de Biologia. II – CITOLOGIA
Conceito
É um processo de divisão celular em que uma célula mãe, sempre diplóide, com cromossomas
duplos, origina quatro células filhas com metade do número de cromossomas da célula mãe,
porém simples.
A meiose consta de duas divisões. No entanto, só vai haver uma duplicação cromossômica,
razão pela qual uma célula, que vai entrar em meiose, necessite apresentar cromossomas
duplos. A primeira divisão da meiose é denominada divisão reducional, já que o número
cromossômico é reduzido à metade. A segunda divisão da meiose é denominada divisão
equacional, já que é mantido o número cromossómico.
Fases da meiose
A meiose compreende duas divisões celulares (meiose 1 e meiose 2). A meiose I se distingue
da meiose II e da mitose) porque sua prófase é muito longa e em seu percurso os cromossomas
homólogos se emparelham e se recombinam para intercambiar material genético1
A meiose consta de duas divisões. No entanto, só vai haver uma duplicação cromossômica,
razão pela qual uma célula, que vai entrar em meiose, necessite apresentar cromossomas
duplos.
Prófase I
Por ser uma fase longa é subdividida nas seguintes fases:
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Manual de Biologia. II CITOLOGIA
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Manual de Biologia. II – CITOLOGIA
Metáfase I
Anáfase I
Telófase I
Cromossomos duplicados chegam aos pólos da célula. São formadas duas células
haplóides com a metade dos cromossomas da célula mãe porém duplos.
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Manual de Biologia. II CITOLOGIA
Intercinese
O estadio entre as duas divisões meióticas é chamado intercinese e nesta fase não ocorre nova
duplicação de ADN.
Prófase II
Metáfase II
Anáfase II
Telófase II
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Manual de Biologia. II – CITOLOGIA
Gametogênese
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Manual de Biologia. III – OS VÍRUS
Virologia é o ramo da microbiologia que trata do estudo dos vírus e suas relações com as
bactérias, as plantas e os animais. Os vírus constituem a forma de vida mais simples
encontrada no nosso planeta, e só podem ser observadas com o auxílio do microscópio
electrónico.
Várias são as hipóteses que procuram explicar a origem dos vírus e a mais aceite atualmente a
hipótese da origem celular.
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Manual de Biologia. III – OS VÍRUS
Figura 54: Esquema da estrutura do vírus HIV (ou VIH) e do vírus da hepatite B
Por outro lado, a presença de ácido nucléico, a capacidade de reprodução no interior das
células e o poder de mutação ilustram características da matéria viva presentes nesses
organismos. Os vírus não possuem metabolismo próprio, sendo dependente de uma célula
hospedeira, razão pela qual são considerados como parasitas intracelulares obrigatórios.
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Manual de Biologia. III – OS VÍRUS
Quando as condições do meio não são favoráveis aos vírus, pode ocorrer a cristalização dos
mesmos.
Ciclo viral
O ciclo de vida dos vírus compreende as seguintes fases:
Penetração;
Multiplicação – nesta fase ocorre a replicação do ácido nucléico e as sínteses das proteínas
do capsídeo. Os ácidos nucléicos e as proteínas sintetizadas se desenvolvem com rapidez,
produzindo novas partículas de vírus;
Lise e liberação: as novas partículas de vírus saem para infectar novas células.
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Manual de Biologia. III – OS VÍRUS
Os retrovírus são vírus que apresentam como material genético o _________, que ao penetrar
na célula humana, necessitam de transcrição para ácido desoxirribonucléico (ADN), através
da enzima ___________ _______________________. Os retrovírus humanos são classificados
em três subgrupos oncovírus que inclui HTLV-I e HTLV-II, lentivírus que inclui HIV-I e HIV-
2 e o spumavírus.
A doença tem sido descrita como um processo contínuo de disfunção imune pela perda de
células T CD4+, que começa desde a hora da contaminação e progride, conduzindo
finalmente à síndrome, com infecções oportunistas ou malignidades que constituem a clínica
definida da SIDA.
Embora o vírus tenha sido isolado de vários fluidos corporais como saliva, urina, lágrimas,
somente o contato com sangue, __________, secreções __________ e leite materno têm sido
implicados como fontes de infecção.
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Manual de Biologia. IV – ESTUDO DAS BACTÉRIAS E PROTOZOÁRIOS
As bactérias são classificadas quanto à forma em quatro tipos morfológicos básicos: cocos,
bacilos, espirilos e vibriões. Os cocos são bactérias arredondadas que podem ter vida isolada ou
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Manual de Biologia. IV – ESTUDO DAS BACTÉRIAS E PROTOZOÁRIOS
formar colónias. Dois cocos agrupados formam um diplococo, vários cocos enfileirados
formam um estreptococo, enquanto vários cocos dispostos em cacho formam um estafilococo.
Os bacilos são bactérias alongadas em forma de bastonete. Os espirilos ou espiroquetas são
bactérias de forma espiralada. Os vibriões são bactérias cuja forma lembra uma vírgula. A
figura abaixo mostra as diferentes formas de bactérias
A maior parte das bactérias obtém energia através da fermentação, que pode formar álcool
etílico (fermentação alcoólica) ou ácido láctico (fermentação láctica). A oxidação do álcool
etílico forma ácido acético, processo esse erroneamente denominado fermentação acética. As
bactérias anaeróbias podem ser estritas, quando não suportam a presença do oxigénio, ou
facultativas quando suportam a presença desse gás
A maior parte das bactérias são heterotróficas, isto é, absorvem o alimento do ambiente onde
vivem. As bactérias heterotróficas mais numerosas obtêm seu alimento a partir da
decomposição da matéria orgânica, sendo imprescindíveis na reciclagem da matéria, já que
formam matéria inorgânica que é devolvida ao ambiente. Bactérias com essa capacidade são
denominadas saprófltas.
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Manual de Biologia. IV – ESTUDO DAS BACTÉRIAS E PROTOZOÁRIOS
Algumas bactérias são autotróficas, isto é, produzem seu próprio alimento. A maioria das bactérias
autotróficas são quimiossintetizadores, isto é, produzem o próprio alimento através da
quimiossíntese, que utiliza a energia liberada em reacções de oxidação de substâncias inorgânicas.
Entre as bactérias autotróficas quimiossintetizadores destacamos as sulfobactérias, ferrobactérias e
nitrobactérias que oxidam compostos que contêm enxofre, ferro e nitrogénio, respectivamente.
Entre as bactérias autotróficas, existem aquelas que são fotossintetizadoras, isto é, produz o
próprio alimento através da fotossíntese, que utiliza a energia luminosa. A fotossíntese bacteriana
é também denominada foto-redução e utiliza, ao invés de água, o sulfato de hidrogénio (H2S) não
liberando oxigénio. O pigmento que absorve a energia luminosa é denominado bacterioclorofila e
está presente no hialoplasma uma vez que as bactérias não apresentam cloroplastos. Observe a
equação geral da fotossíntese bacteriana.
A reprodução das bactérias pode ser assexuada, quando não ocorre mistura de material genético,
ou sexuada, quando ocorre mistura de material genético.
Reprodução assexuada: é o principal tipo de reprodução das bactérias e ocorre por cissiparidade
ou bipartição ou divisão binária. Através desse processo, uma bactéria mãe duplica o seu material
genético (nucleóide) e se divide originando duas bactérias filhas geneticamente idênticas à bactéria
mãe, não ocorrendo assim variabilidade genética. Ao conjunto de organismos geneticamente
idênticos originados por processo assexuado de reprodução denominamos CLONE.
DOENÇA AGENTE
Febre tifóide Salmonela tiphy
Tétano Clostridium tetani
Gonorreia Neisseria gonorrheae
Sífilis Treponema pallidum
Cólera Vibrio cholerae
Lepra Mycobacterium leprae
Tuberculose Mycobacterium tuberculosis
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Manual de Biologia. IV – ESTUDO DAS BACTÉRIAS E PROTOZOÁRIOS
e a descoberta
da penicilina
Alexander Fleming (1881-1955) foi um médico inglês,
que descobriu a penicilina, antibiótico descoberto
através da substancia que se movia em torno de um
fungo da espécie Penicillium notatum. Identificou e
isolou a lisozima, uma enzima bacteriostática, que
impede o crescimento de bactérias, presentes em certos
tecidos e secreções animais.
Características gerais
Os protozoários são organismos aclorofilados, heterotróficos e unicelulares, podendo apresentar
vida isolada ou colonial. Os protozoários, ao contrário dos demais protistas, não apresentam
parede celular. Estão presentes nos mais variados ambientes, com espécies em água salgada, água
doce e no ambiente terrestre húmido. A maioria das espécies são de vida livre. Alguns
protozoários são parasitas, existindo ainda espécies comensais e espécies que estabelecem uma
relação de mutualismo com outros organismos. O glicogénio é a principal substância de reserva
alimentar, sendo formado através da polimerização de várias moléculas de glicose.
DOENÇA AGENTE
Paludismo Plasmodium
Tricomoníase Trichomona vaginalis
Giardíase Giárdia lamblia
Amebíase Entamoeba histolytica
Toxoplasmose Toxoplasma gondii
Balantidíse Balantidium coli
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Manual de Biologia. V – GENÉTICA
UNIDADE V – A GENÉTICA
INTRODUÇÃO
O termo genética foi aplicado pela primeira vez em 1905 pelo biologista inglês William
Bateson (1861 - 1926), a partir de uma palavra grega “Genetikós” que significa gerar, para
definir o ramo das ciências biológicas que estuda e procura explicar os fenómenos
relacionados com a hereditariedade.
Uma das principais perguntas que todos faziam nos séculos passados, e até nos dias de hoje, é
como os caracteres físicos e funcionais são transmitidos de pais a filhos. Uma das hipóteses
mais antigas registadas na história da Biologia foi a da pré-formação ou progênese. Ela
admitia que, no interior dos gâmetas, já existia uma microscópica miniatura de um novo
indivíduo. Essa minúscula criatura, que recebeu o nome de homúnculo, deveria crescer, após
a fecundação, até originar um organismo com as dimensões próprias da espécie.
Gregor Mendel é considerado "o pai da genética" por ter estabelecido, os princípios básicos
da hereditariedade, através de experimentos cujas conclusões são conhecidas como 1ª e 2ª lei
da hereditariedade que serão estudadas mais adiante depois de conhecermos as bases
moleculares da hereditariedade.
GENÉTICA MOLECULAR
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Manual de Biologia. V – GENÉTICA
Replicação: processo através do qual através de enzimas específicas o ADN faz uma cópia de
si mesmo, garantindo a perpetuação ou continuidade da informação genética através da
transferência desta cópia à células-filhas tal como ocorre na divisão celular.
Transcrição: processo no qual um determinado gene no ADN “gera” uma molécula de ARN.
Neste processo as bases nitrogenadas do gene a ser transcrito vão emparelhando-se com as
bases da futura molécula de ARN invertendo a ordem de emparelhamento: de A-T, C-G para
A-U, CG (fig. 55). Saiba que neste processo os constituintes bioquímicos (bases nitrogenadas,
ribose, grupo fosfato) da cadeia de ARN a ser construída já se encontram previamente na
célula, sendo obtidos pela dieta e/ou sintetizados por outros processos. Ao fim da sua síntese
a cadeia de ARN solta-se das de ADN e migra para o citoplasma para ser “traduzida” em
proteínas pelos ribossomas.
Cada sequência de 3 bases na cadeia de ARN forma um códon ou codão (fig. 2) e cada codão
corresponde a um aminoácido específico (ex.: AUG=Metionina) que será adicionado à cadeia
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Manual de Biologia. V – GENÉTICA
ARN mensageiro (ARNm): contém o código genético para a síntese de uma determinada
proteína (representado na fig. 1).
ARN ribossómico (ARNr): faz parte da constituição dos ribossomas e tem a função de “ler” o
ARNm e montar as cadeias polipeptídicas.
Tradução: neste processo são finalmente montadas as cadeias polipeptídicas da proteína nos
ribossomas através do código genético contido no ARNm segundo a tabela dos codões. Para o
ARNm da fig. 55 teríamos uma cadeia polipeptídica com a seguinte sequência de
aminoácidos: Metionina-Leucina-Glutamina.
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Manual de Biologia. V – GENÉTICA
É através destes processos que o DCBM explica não só a função do núcleo no controlo das
atividades gerais da célula (quando por exemplo ordena que se sintetize uma determinada
proteína necessária ao organismo naquele momento) como também a expressão de um
determinado gene sobre uma determinada característica hereditária (ex.: a cor da pele,
depende da quantidade de melanina produzida pelos melanócitos através da ação da enzima
tireosinase que, como todas as outras proteínas é codificada por um gene específico no ADN
que nos albinos apresenta uma mutação).
Alelo
Genes alternativos, que ocupam mesmo loci em cromossomas homólogos e que são
responsáveis pela transmissão de um mesmo carácter. Cada alelo determina uma das
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Manual de Biologia. V – GENÉTICA
variedades do mesmo carácter (por exemplo, para o caráter altura existirá hipoteticamente um
alelo para “alto” e outro alelo para “baixo”).
Os alelos de cada carácter são representados simbolicamente pela mesma letra do alfabeto, um
com letra maiúscula (denominado dominante) e outro com letra minúscula (denominado
recessivo). Quando um indivíduo para um determinado carácter herda dois alelos diferentes,
isto é, um dominante e outro recessivo (por exemplo Aa), dir-se-á heterozigoto ou híbrido
para aquele carácter; ao passo que se herdar dois alelos iguais, isto é, dois dominantes ou dois
recessivos, chamar-se-á homozigoto dominante (ex.: AA) ou homozigoto recessivo (ex.: aa)
respectivamente.
Genótipo
NOTA: O genótipo será representado por um ou mais pares de genes. Nos problemas, por duas ou mais
letras. Um gâmeta (espermatozóide ou óvulo) será representado por apenas um gene de cada par. Nos
problemas, apenas por uma letra; tal como veremos nos exercícios de aplicação das leis de Mendel.
Fenótipo
Exemplo 1: o João tem os olhos castanhos (fenótipo), pois herdou os genes/ alelos (genótipo) que
codificam o aparecimento de tal cor dos olhos.
Exemplo 2: a protrombina (fenótipo) é uma proteína codificada por um gene (genótipo) que se encontra
no lócus 11p11.
O fenótipo pode também resultar da interacção do genótipo com o meio ambiente (ex.:
indivíduos que herdam os alelos para pele clara e tornam-se escuros por intensa exposição ao
sol). Essa influência externa, levando à manifestação de um fenótipo que não ocorre
exactamente ao que se poderia esperar em função do genótipo, recebe o nome de perístase.
Dois indivíduos podem apresentar o mesmo fenótipo embora possuam genótipos diferentes.
Por exemplo, a cor do olho pode ser escura para os dois, sendo um homozigoto (puro) e o
outro heterozigoto (híbrido). Externamente, porém, não podemos distingui-los, apresentando,
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Manual de Biologia. V – GENÉTICA
portanto, o mesmo fenótipo. As características fenotípicas não são transmitidas dos pais para
os filhos mas sim, transmitem-se os genes que são os factores potencialmente capazes de
determinar o fenótipo.
GENÉTICA MENDELIANA
No séc. XIX Mendel estudou ervilheiras do género Pisum sativum para explicar os fenómenos
da hereditariedade cujos resultados foram aprimorados e são utilizados até hoje em diversos
sectores da biologia molecular. Há quem diga que nem ele mesmo compreendeu bem o que
descobrira. O sucesso de Mendel deveu-se muito à algumas características especiais das
ervilheiras nomeadamente:
a) São plantas de fácil cultivo: não necessitam de condições especiais para cultivar;
b) Têm ciclo de vida curto: o que permite obter várias gerações de descendentes em
muito pouco tempo;
e) Os fenótipos estudados são visíveis a olho nu: para observar características como a
altura das plantas, a cor, a forma, a casca das sementes, etc. Mendel não precisou de
métodos especiais como microscópios.
f) São plantas com flor fechada e com tendência a autofecundação: o que permitiu
conhecer com certeza os progenitores dos descendentes.
Leis de Mendel
PRIMEIRA LEI DE MENDEL OU LEI DA SEGREGAÇÃO DOS CARACTERES OU
LEI DA PUREZA DOS GÂMETAS
“Cada carácter é determinado por dois factores, que se separam na formação dos gâmetas,
passando apenas um factor por gâmeta”.
Nesta lei o que Mendel chamou de “factor” é o que atualmente chamamos “alelos” e quis ele
dizer que, para uma dada característica existem nas células somáticas dois alelos: um no
cromossoma homólogo herdado do pai e outro no herdado da mãe e na Anáfase I, estes
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Manual de Biologia. V – GENÉTICA
cromossomas separam-se levando consigo cada um dos respectivos alelos aos respectivos
gâmetas a serem formados.
“Em um cruzamento em que estejam envolvidos dois ou mais caracteres, os factores que determinam
cada um se separam (se segregam) de forma independente durante a formação dos gâmetas, se
recombinam ao acaso e formam todas as combinações possíveis”.
Nesta lei, Mendel faz referência ao estudo da transmissão de duas ou mais características. Esta
lei diz que os alelos respectivos à cada uma das características em estudo e que se encontram
no mesmo cromossomo homólogo não vão necessariamente ao mesmo gâmeta durante a
separação dos cromossomas homólogos mas sim, pode existir troca para o cromossoma
homólogo entre os alelos da mesma característica através do fenómeno de crossing-over.
Neste contexto, o termo “herança” refere-se aos possíveis fenótipos que os indivíduos
poderiam apresentar em função do tipo de alelos (dominantes ou recessivos) que herdam dos
seus progenitores, tendo em conta por exemplo, que dois indivíduos podem ter o mesmo
fenótipo mas genótipos diferentes. Desta forma, existem basicamente 5 mecanismos de
herança:
c) Herança co-dominante,
e) Herança mitocondrial.
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Manual de Biologia. V – GENÉTICA
Herança Dominante
Na herança dominante, entre os possíveis alelos de uma dada característica existe um (o
dominante) que domina ou encobre a manifestação do outro (o recessivo) quando o indivíduo
for heterozigoto, ou seja, ele pode expressar-se mesmo em dose única ou hetererozigose.
Exemplo: No estudo da característica “cor da semente”, ao considerarmos a cor verde como dominante
(letra “A”) e a amarela como recessivo (letra “a), se o indivíduo herdasse o genótipo AA a semente
verde, o genótipo aa seria amarela, e o Aa seria verde (neste caso o A expressou-se em dose única
encobrindo a manifestação do a por ser o alelo dominante)
Cruzando-se dois homozigotos (puros), um dominante e outro recessivo (geração parental P),
temos na primeira geração de descendentes (F1) todos (100 %) híbridos ou heterozigotos
(genótipo) com o carácter dominante (fenótipo).
Existe uma grande controvérsia entre os autores sobre o significado de “Genética Não-
Mendeliana”. De uma forma didática neste capítulo abordaremos o assunto como “excepções
às Leis de Mendel”, ou seja, aqueles fenómenos da hereditariedade em que não é possível
explicá-los apenas com as Leis de Mendel.
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Manual de Biologia. V – GENÉTICA
Se cruzarmos dois indivíduos puros (homozigotos) de flor vermelha (VV) com flor branca
(BB) obteremos, na F1, 100% de híbridos (heterozigotos) de flor rosa (VB). Cruzando dois
descendentes da F1, vamos obter na F2 o resultado conforme o quadro a seguir:
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Manual de Biologia. V – GENÉTICA
Herança Co-dominante
A co-dominância ocorre quando os indivíduos
heterozigotos para certos genes expressam os
dois fenótipos simultaneamente. Veja: Em
galináceos da raça minorca, a cor da
plumagem é determinada por um par de alelos:
B e P. O genótipo BB determina plumagem
branca. O genótipo PP, plumagem preta. O
heterozigoto PB determina o carácter
plumagem ou andaluzo, que é uma mistura
dos dois outros. O exemplo plausível de co-
dominância na espécie humana é o grupo AB
do sistema ABO.
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Manual de Biologia. V – GENÉTICA
Os principais exemplos de alelos múltiplos são: o grupo sanguíneo ABO na espécie humana, a
cor da pelagem em coelhos, a cor da pelagem em cobaias e a cor dos olhos em drosófilas.
O sistema ABO é tipicamente um caso de alelos múltiplos; o mesmo não ocorre com o
sistema Rh. No sistema ABO, distinguem-se quatro grupos sanguíneos: grupo A, grupo B,
grupo AB e grupo O. A ocorrência dos quatro grupos está na dependência do fato de
existirem, na natureza, três tipos distintos de alelos: alelos I A, alelos IB e alelos i, sendo a
relação de dominância entre eles: IA = IB, IA > i e IB > i.
As pessoas que têm genótipo AA ou AO revelam na membrana plasmática das suas hemácias
uma proteína especial, que recebeu o nome de aglutinogénio
As pessoas que têm sangue B, em função do genótipo BB, ou então, BO, não possuem o
aglutinogénio A, na superfície das hemácias, mas sim outra proteína diferente, o
aglutinogénio B.
Finalmente, os indivíduos que tem sangue do grupo O possuem o genótipo OO, que não
determina a produção de nenhum aglutinogénio nas hemácias.
Portanto, o que determina o tipo de sangue do sistema ABO é a presença ou ausência dos
aglutinogénios (antígenos) nas hemácias e das aglutininas (anticorpos), anti-A e anti-B
existentes no plasma sanguíneo.
O grupo O é o doador universal, porque suas hemácias não possuem aglutinogénios, portanto
nunca serão aglutinadas no plasma do receptor.
O grupo AB é o receptor universal, porque o seu plasma não possui aglutininas, portanto
nunca provocarão a aglutinação das hemácias do doador.
Entre os indivíduos com o mesmo tipo de sangue não deverá ocorrer o problema da
aglutinação durante as transfusões sanguíneas.
Baseando-se no que acabamos de estudar, podemos fazer o seguinte esquema entre doadores e
receptores, no qual a direção das setas indica as transfusões possíveis.
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Manual de Biologia. V – GENÉTICA
O gene R condiciona a produção do factor Rh; O gene r condiciona a não-produção do factor Rh.
FENÓTIPOS GENÓTIPOS
Rh+ RR - Rr
Rh- rr
Quando a mulher tem sangue Rh- e casa com um homem Rh+, existe a possibilidade de que nasçam
filhos Rh+. Durante o parto, quando do descolamento da placenta, ocorre uma passagem de hemácias
fetais para a circulação materna. A partir dessa ocasião, passa a haver uma produção e acúmulo de
aglutininas (anticorpos) anti-Rh no sangue materno. Em gestações posteriores, de filhos Rh+, os
anticorpos maternos atravessam a placenta, alcançando a circulação do feto. A reacção entre os
aglutinogénios fetais e as aglutininas maternas provoca a aglutinação e a destruição das hemácias
(hemólise) do sangue fetal. A hemoglobina se acumula na pele, provocando a icterícia. A medula óssea
lança no sangue células imaturas (eritroblastos).
O quadro apresentado pela criança ao nascer é chamado de eritroblastose fetal (EF) ou doença
hemolítica do recém-nascido (DHRN). Nos casos menos graves, a criança pode sobreviver se for
submetida a uma substituição de grande parte do seu sangue Rh+, por outro Rh-, que lentamente será
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Manual de Biologia. V – GENÉTICA
substituído pelo seu próprio sangue Rh+, pelo seu próprio organismo. Actualmente, o problema é
controlado com a aplicação, na mulher Rh-, de uma dose única de aglutinina anti-Rh, obtida do
sangue de mulheres já sensibilizadas. Essa aplicação deve ocorrer nas primeiras 72 horas após cada
parto de feto Rh+. Como as aglutininas injectadas são heterólogas (não produzidas pela própria
mulher) logo serão eliminadas do seu organismo.
Epistasia
Condição em que dois loci são ocupados por genes que actuam sobre o mesmo carácter. Este
processo caracteriza-se por supressão do efeito de um gene por outro gene não-alélico.
Poligenia
Condição em que um carácter é controlado por genes situados em mais do que dois loci.
Vários pares de genes actuam aditivamente na expressão de uma característica que apresenta
variação contínua na população. Pode ser multifactorial quando sofre influência de factores
ambientais Ex. Peso estatura, cor da pele e a maior parte das características.
Pleiotropia
É o facto de um par de alelos situados no mesmo par de cromossomas homólogos
condicionarem o aparecimento de várias características no mesmo organismo.
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Manual de Biologia. V – GENÉTICA
Herança mitocondrial
Foi estudado na citologia que as mitocôndrias são organelas autónomos e que de igual
modo apresenta ADN que apenas controla a síntese de proteínas e o funcionamento da
própria mitocôndria. Se por exemplo, o ADN mitocondrial sofrer uma mutação, esta só
poderá ser transmitido pelo progenitor do sexo feminino uma vez que as mitocôndrias do
espermatozoide apenas servem para fornecer energia para locomoção do mesmo e não
fazem parte da constituição do zigoto aquando da fecundação.
As mutações são definidas como sendo todos os distúrbios decorrentes de alterações no nosso
material genético. Elas podem trazer consequências positivas ou negativas; ora veja: para os
evolucionistas, elas são consideradas como a chave para a evolução, surgimento e
sobrevivência das espécies ao longo dos tempos. Por outro lado, são o motivo de doenças
como a drepanocitose, albinismo, Síndrome de Down, etc. Saiba ainda que as mutações só
são transmitidas aos descendentes se afectarem as células germinativas.
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Manual de Biologia. V – GENÉTICA
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Manual de Biologia. VI – HISTOLOGIA
Unidade VI - Histologia
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DOS TECIDOS
A célula é a unidade morfo-funcional dos seres vivos. Poucos seres, porém, são formados por
uma única célula. A maioria dos seres como as plantas e os animais são multicelulares, o que
significa que o seu corpo é formado por um aglomerado de células.
Na maioria dos seres multicelulares, existem grupos de células com formas e funções
diferentes. Isso ocorre porque nesses seres cada grupo de células é responsável por um
determinado tipo de função. As células com a mesma função têm geralmente formas
semelhantes, uma vez que a forma de uma célula está adaptada à função que ela exerce. Estes
grupos de células reunidas para executar um determinado trabalho são chamados de tecidos.
Nos animais, um tecido não é formado apenas por células, mas também pelo material
fabricado por elas. Este material é chamado de substância intercelular ou matriz extracelular, às
vezes funciona somente como ligação entre as células e às vezes desempenha um papel
importante na função do tecido. Existe também um líquido que sai dos vasos sanguíneos
levando ao tecido alimento, oxigénio e harmónios e removendo dele o gás carbónico e os
resíduos do metabolismo, é o líquido intersticial ou intercelular.
Histologia deriva da junção de duas palavras gregas histos = tecido e logos = estudo. É definida
como sendo a ciência ou ramo da biologia, que estuda os tecidos. Tecido é um conjunto de
células que apresentam a mesma função geral e a mesma origem embriológica. Assim existe
tecidos animal e vegetal.
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Manual de Biologia. VI – HISTOLOGIA
A camada externa é chamada ectoderme e dá origem aos tecidos que revestem o corpo do
embrião. Já a camada interna ou endoderme, dá origem ao revestimento do tubo digestivo e
do aparelho respiratório. Posteriormente surge uma terceira camada, a mesoderme, que é
responsável pela produção dos vários tecidos encontrados no interior do corpo do animal.
Nos animais, um tecido não é formado apenas por células, mas também pelo material
fabricado por elas. Este material é chamado de substância intercelular e às vezes funciona
somente como ligação entre as células e às vezes desempenha um papel importante na função
do tecido. Existe também um líquido que sai dos vasos sanguíneos levando ao tecido
alimento, oxigénio e harmónios e removendo dele o gás carbónico e os resíduos do
metabolismo, é o líquido intersticial ou intercelular.
Os tecidos animais diferem bastante dos tecidos vegetais. Essa diferença, como muitas outras,
deve-se ao facto de os vegetais serem autotróficos, em oposição aos animais, que são
heterotróficos.
Estudaremos primeiro os tecidos animais, dando ênfase aos vertebrados e, especialmente, aos
seres humanos. Depois estudaremos os vegetais, especialmente as plantas com flores.
OS TECIDOS ANIMAIS
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Manual de Biologia. VI – HISTOLOGIA
TECIDO FUNÇÃO
Tecido Epitelial
São formados por células justapostas e geralmente poliédricas. Essa justaposição celular
acarreta a escassez de matriz extracelular nos tecidos epiteliais. Por serem também
desprovidos de vasos sangüíneos (avasculares), os epitélios são nutridos pelo tecido
conjuntivo subjacente (lâmina própria). É de origem endodérmica.
F unções:
Revestimento de superfícies (internas e externa)
Absorção
Secreção
Percepção de estímulos
Contracção
Existem dois tipos básicos de tecido epitelial: epitélio de revestimento e epitélio glandular.
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Manual de Biologia. VI – HISTOLOGIA
O tecido epitelial de revestimento é formado por células bem encaixadas entre si, com o
intuito de evitar a penetração de microorganismos e possuem muitas camadas de células para
evitar a perda de água. O tecido epitelial glandular forma as glândulas, produz e elimina
substâncias necessárias nas superfícies do tecido.
Tecido Conjuntivo
O tecido conjuntivo é classificado em: tecido conjuntivo propriamente dito, tecido conjuntivo
de suporte e tecido conjuntivo especializado.
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Manual de Biologia. VI – HISTOLOGIA
O tecido conjuntivo frouxo preenche os espaços entre os tecidos, nutre as células epiteliais e
envolve nervos e vasos.
No tecido conjuntivo denso prevalecem as fibras colágenas. Estão presentes na derme (porção
profunda da pele), no periósteo que envolve os ossos, no pericôndrio que envolve as
cartilagens, bem como nos tendões e ligamentos
Tecido Ósseo: É o tecido de sustentação que apresenta maior rigidez, forma os ossos. É
constituído pelas células ósseas e por uma matriz compacta e resistente, formada por sais de
cálcio, colágeno, glicoproteínas e esta composição é o que determina a rigidez óssea.
Existem três tipos de célula óssea: Osteoblastos, osteócitos (pode-se considerar que são os
osteoblastos maduros, sendo responsáveis pelo metabolismo ósseo) e osteoclastos (são células
que destroem as áreas envelhecidas do osso, sendo assim as responsáveis pela renovação do
osso e da reconstrução do osso quando lesado, ou seja, em caso de fraturas e desgastes).
Tecido Cartilaginoso: O tecido cartilaginoso tem consistência menos rígida que os tecidos
ósseos, sendo flexível. Ele forma as cartilagens do esqueleto, as orelhas, a extremidade do
nariz, a laringe, a traquéia, os brônquios e as extremidades ósseas. As células deste tecido são
os condroblastos e os condrócitos.
Tecido Hematopoiético: Sangue é um tipo especial de tecido que se movimenta por todo o
corpo, servindo como meio de transporte de materiais entre as células. É formado por uma
parte líquida, o plasma, e por diversos tipos de célula. O plasma contém inúmeras substâncias
dissolvidas: aproximadamente 90% de água e 10% sais (Na, Cl, Ca, etc.), glicose,
aminoácidos, colesterol, uréia, hormônios, anticorpos etc. As células do sangue
compreendem: Hemácias, Leucócitos e Plaquetas.
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Manual de Biologia. VI – HISTOLOGIA
Tecido Muscular
Tecido muscular estriado esquelético: está ligado ao esqueleto através dos tendões.
Tem contracção rápida e voluntária, ou seja, esses músculos são contraídos somente
quando nós queremos. Ex: bicípite, tricípite, quadricípite femoral.
Tecido muscular liso: suas fibras têm contracção involuntária e pode ser encontrado
nas paredes dos órgãos internos como intestino, útero, estômago, esófago, vasos
sanguíneos etc.
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Manual de Biologia. VI – HISTOLOGIA
Tecido Nervoso.
O tecido nervoso é formado por células especiais chamadas de: neurónios e células da glia ou
neuroglias.
As células da glia são responsáveis pelo suporte dos neurónios, ou seja, são as células da glia
que mantém a vida dos neurónios. Os neurónios constituem a unidade funcional do sistema
nervoso.
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Manual de Biologia. VI – HISTOLOGIA
PELE E ANEXOS
A pele recobre a superfície do corpo, é considerado como o maior órgão do corpo, atingindo
16% do peso corporal.
A pele é constituída por uma porção epitelial (a epiderme), uma porção conjuntiva (a derme)
abaixo e em continuidade com a derme está a hipoderme, embora tenha a mesma origem da
derme, não faz parte da pele, apenas serve de suporte e união entre os órgãos subjacentes.
Na pele encontramos anexos epiteliais especializados, como pelos, unhas, folículos pilosos, as
glândulas sudoríparas e glândulas sebáceas.
Os pêlos são estruturas queratinizada, que crescem pela proliferação de células da raiz. A sua
cor, tamanho e disposição variam de acordo com a raça e regiões do corpo, estão presentes em
todas partes do corpo com excepção de algumas regiões bem delimitadas.
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Manual de Biologia. VI – HISTOLOGIA
Protecção: a pele fornece protecção contra a luz ultra violeta e os insultos mecânicas,
químicos e térmicos; sua superfície relativamente impermeável impede a desidratação
e actua como uma barreira física à invasão por microrganismo.
HISTOLOGIA VEGETAL
O crescimento contínuo das plantas torna-se possível devido a existência de tecidos.
Tecidos Definitivos
Características
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Manual de Biologia. VI – HISTOLOGIA
Os primeiros tecidos que se diferenciam a partir dos meristemas apicais são: protoderma,
meristema fundamental e procâmbio. Estes, por manterem a capacidade de multiplicação
celular, são também considerados meristemáticos (primários).
Tecidos Definitivos
1. Tecidos de revestimento
2. Tecidos de preenchimento
3. Tecidos de sustentação
4. Tecidos condutores
Tecidos de revestimento
Revestem as raízes, caules e folhas. Sua função principal é proteger os órgãos internos. São
dois: epiderme e súber.
Epiderme
É um tecido formado por apenas uma camada de células vivas. Reveste certos órgãos como:
folhas, caules e raízes jovens, peças florais, frutos e sementes. Não possui clorofila. Possui
anexos tais como:
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Manual de Biologia. VI – HISTOLOGIA
Periderme
Substitui a epiderme dos animais. A sua zona mais externa é constituída por células mortas
impregnadas por uma substância impermeável, a suberina. Por esse facto esse tecido é
denominado súber. Reveste principalmente as partes mais velhas do caule e da raiz. Protege
as plantas contra predadores, excesso de calor e até mesmo contra o fogo.
Tecidos de preenchimento
Os parênquimas ou tecidos de preenchimento são formados por células vivas com paredes
celulósicas finas. Entre as células parênquimáticas há espaços cheios de ar, para que o
oxigénio chegue até as células mais internas da planta. Existem diferentes tipos de
parênquimas:
Parênquima clorofilino: são ricas em cloroplastos. É mais abundante nas folhas e nos
caules verdes.
Tecidos de sustentação
São: esclerênquima e colênquima.
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Manual de Biologia. VI – HISTOLOGIA
Esclerênquima (do grego skleros, duro) é um tecido de sustentação constituído por células
mortas de paredes espessadas. Essas paredes são impregnadas de lignina, substância
altamente impermeável e formam elementos de grande resistência. Ocorre
predominantemente nas partes mais velhas das plantas. Pode ser comparado ao tecido ósseo
dos animais. Suas principais células são as fibras eslerenquimáticas e o escleritos ou
esclerídeos.
Colênquima (do grego cola, cola e do latim, enchyma, enchimento) é um tecido constituído
por células vivas. Estas células acumulam celulose como material de reforço das paredes. São
mais frequentes nas partes jovens da planta, oferecendo à ela sustentação e flexibilidade. Pode
ser comparado ao tecido cartilaginoso dos animais.
Tecidos condutores
São: xilema e floema.
Xilema ou lenho, é o tecido responsável pela condução de seiva bruta (água e sais minerais)
desde as raízes até as folhas das plantas. Desempenha também um importante papel na
sustentação da planta. As suas células são células mortas. Possui dois tipos básicos de células:
traquéidos e os elementos de vaso.
As principais células deste tecido são: os elementos de tubo crivado e a célula companheira.
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Manual de Biologia. VII – BIOLOGIA DAS PLANTAS
O corpo de uma planta angiospérmica, assim como o das demais plantas vasculares
(gimnospérmicas e pteridófitas), apresenta três partes básicas: raiz, caule e folha. A estrutura
dessas partes varia entre as espécies, reflectindo sua adaptação a modos de vida particulares.
Coifa: é formada por um conjunto de células que protege a raiz de eventuais danos
durante sua penetração no solo. As células mais externas da coifa produzem e
secretam polissacáridos (pectinas). Essa secreção confere uma protecção adicional e
actua como lubrificante, facilitando a penetração da raiz no solo.
Zona pilosa ou pilífera: formada por pêlos absorventes que permitem o aumento da
capacidade de absorção de água e sais minerais.
Tipos de raízes
O conjunto de raízes, constitui o sistema radicular, que apresenta-se sob dois tipos básicos:
pivotante e fasciculado. O sistema radicular pivotante é constituído por um raiz principal, da
qual partem ramificações- raízes laterais ou raízes secundárias, cada uma das quais se afina
progressivamente até à extremidade. É característico das eudicotiledóneas, algumas
dicotiledóneas basais e de gimnospérmicas.
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Manual de Biologia. VII – BIOLOGIA DAS PLANTAS
Córtex: é constituído por várias camadas celulares de parênquimas. A sua camada celular
mais interna limítrofe com o cilindro central, é o endoderma.
O endoderma (do grego endon, dentro, e derme, pele) compõe-se de células bem encaixadas
entre si, com reforços especiais nas paredes constituídos por suberina, denominados estrias
casparianas. As estrias casparianas vedam completamente os espaços entre as células do
endoderma, de modo que, para penetrar no cilindro vascular, uma substância tem
necessariamente de atravessar a membrana e o citoplasma das células endodérmicas, pois não
há espaços permeáveis entre elas.
Cilindro central ou vascular: ocupa toda a região central da raiz. É delimitado por um tecido,
denominado periciclo (do grego peri, ao redor, e kykos, círculo), constituído por uma ou mais
células. As células do periciclo podem readquirir a capacidade de divisão e assim originar
meristemas secundários.
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Manual de Biologia. VII – BIOLOGIA DAS PLANTAS
Na raiz a periderme tem origem profunda, também a partir das células do periciclo, que não
foram envolvidas na formação do câmbio vascular começam a se dividir, para dar início à
formação da periderme. O felogénio (meristema secundário), tem origem das células externas
do periciclo e por divisões periclinais de suas células, produz súber (felema ou cortiça) em
direção à periferia e feloderme (ou parênquima), em direção ao centro. A formação da
primeira periderme provoca a separação da região cortical (inclusive a endoderme) e da
epiderme do restante da raiz.
Embora a maioria das raízes apresentem crescimento secundário da maneira descrita aqui,
inúmeras variações deste crescimento podem ser encontradas em várias espécies.
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Manual de Biologia. VII – BIOLOGIA DAS PLANTAS
Estrutura do CAULE
O caule realiza a integração entre raízes folhas, também desempenha as funções de promover
o intercâmbio de água, sais minerais e de substâncias orgânicas entre esses órgãos.
À medida que o caule vai crescendo, formam-se de espaço em espaço, primórdios de folhas a
partir do meristema apical. O local de inserção do primórdio foliar no eixo caulinar é
denominado nó. O espaço entre dois nós vizinhos, é denominado entrenó.
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Manual de Biologia. VII – BIOLOGIA DAS PLANTAS
Um caule com estrutura primária, apresenta-se revestido pela epiderme, abaixo da qual
localiza-se o córtex (este é formado por células parênquimáticas e por colênquima) e os
tecidos condutores.
Os tecidos condutores organizam-se em feixes mistos, com floema na região voltada para o
exterior da planta e o xilema voltado para o interior. Esses feixes são denominados feixes
líbero-lenhosos.
O câmbio da casca, surge a partir de uma camada de células corticais localizadas abaixo da
epiderme. Sua actividade produz novas células que se diferenciam em feloderme para o
interior e em súber para o exterior.
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Manual de Biologia. VII – BIOLOGIA DAS PLANTAS
Nota: em muitas árvores, a actividade do câmbio suberogéneo cessa depois de algum tempo e
um novo câmbio surge mais internamente, passando a produzir nova periderme. A periderme
antiga e morta passa a ser denominada ritidoma e com o aumento do diâmetro do caule,
racha-se e solta-se do tronco.
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Manual de Biologia. VII – BIOLOGIA DAS PLANTAS
FOLHA
Apresenta quatro partes básicas: limbo, pecíolo, bainha e estípulas.
Epiderme: reveste totalmente a folha, tendo uma cutícula responsável pela relativa
impermeabilização da superfície foliar. Apresenta estomas localizados principalmente na face
inferior da folha.
Mesófilo: é o interior da folha, preenchido por um tecido parenquimático cujas células são
ricas em cloroplastos, constituindo o parênquima clorofilino.
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Manual de Biologia. VII – BIOLOGIA DAS PLANTAS
Os feixes condutores, formam as nervuras foliares; apresentam o xilema voltado para a face
superior da folha e o floema voltado para a face inferior.
Folhas, cujas nervuras foliares têm aproximadamente a mesma espessura ao longo de todo seu
comprimento e se dispõem paralelamente entre si, são denominadas folhas paralelinérvias. As
que as suas nervuras formam um padrão ramificado, com feixes sucessivamente mais finos
são denominadas peninérvias.
Os nutrientes inorgânicos são: dióxido de carbono, água e sais minerais. Estes fornecem às
plantas todos os elementos químicos indispensáveis à vida. Alguns desses elementos, tais
como: hidrogénio (H), carbono (C), oxigénio (O), nitrogénio (N), fósforo (P), cálcio (Ca),
magnésio (Mg), potássio (K), enxofre (S) e silício (Si) são considerados como macronutrientes
ou macroelementos, pois são requeridos em quantidades relativamente grandes por serem os
principais componentes das moléculas orgânicas. Outros são necessários em quantidades
relativamente pequenas, sendo por isso chamados de micronutrientes ou microelementos.
A água e os sais minerais, penetram na planta pelas extremidades das raízes, principalmente
na zona pilosa. Depois de atravessar a epiderme, a solução aquosa desloca-se em direcção a
região central da raíz, sendo barrada pelas células endodérmicas. Pois essas células, estão
fortemente unidas umas às outras por cinturões de suberina, as estrias casparianas, que
impedem a água e os sais dissolvidos de continuar a deslocar-se.
Para penetrar no cilindro vascular, água e sais têm necessariamente de atravessar a membrana
plasmática e passar pelo citoplasma das células endodérmicas. As estrias casparianas também
dificultam o retorno, ao córtex, de sais minerais que já entraram no cilindro vascular.
Uma vez no interior do cilindro, os sais minerais são bombeados para dentro dos traqueidos e
dos elementos de vaso xilemático por um tipo especial de célula, a célula de transferência.
118 |
Manual de Biologia. VII – BIOLOGIA DAS PLANTAS
Seiva bruta
A água e os sais minerais absorvidos pelas raízes são transportados até às folhas. Segundo a
teoria da coesão-tensão, isto deve-se fundamentalmente à transpiração das folhas.
Ao perderem água por transpiração, as folhas sugam seiva do xilema e toda coluna líquida
eleva-se dentro dos vasos desde a raíz. A coluna de seiva mantém-se tensionada de um lado,
pela sucção das folhas e de outro pela força de gravidade, mas não se rompe devido à coesão
entre as moléculas de água.
Seiva elaborada
A hipótese mais aceita para o deslocamento da seiva elaborada pelo floema propõe como
mecanismo básico, um desequilíbrio osmótico entre a fonte e o destino das substâncias
orgânicas. Esta hipótese é conhecida como hipótese do fluxo por pressão, ou hipótese do
desequilíbrio osmótico ou ainda hipótese do fluxo em massa.
As células próximas ao floema, absorvem água de suas vizinhas e estas do xilema. A entrada
de água nos elementos floemáticos cria um fluxo de difusão que arrasta as moléculas
orgânicas em direcção aos locais de consumo como caules e raízes, onde elas são activamente
absorvidas e utilizadas pelas células.
A absorção de substâncias pelas células consumidoras, por sua vez, faz com que a pressão
osmótica diminua no interior dos elementos floemáticos próximos. Com isso eles perdem
água, o que contribui para a manutenção da corrente líquida desde às células produtoras e
armazenadoras até as regiões de consumo.
Transpiração
A cutícula apesar de ser bastante impermeável, permite uma pequena perda de água,
conhecida como transpiração cuticular. A maior taxa de transpiração ocorre nos estomas,
quando se abrem para que a planta possa absorver o gás carbónico necessário a fotossíntese.
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Manual de Biologia. VII – BIOLOGIA DAS PLANTAS
Plantas vasculares- são aquelas que apresentam vasos condutores. Estas são
distinguidas pela presença ou não de semente.
Representantes: musgos
Características gerais
A maioria das espécies são dióicas i.e. com estruturas reprodutoras masculinas
(anterídios) e estruturas reprodutoras femininas (arquegónios), no interior do qual
desenvolve-se o embrião. O arquegónio desenvolve-se e recebe o nome de Caliptra.
Reproduzem-se assexuadamente por fragmentação.
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Manual de Biologia. VII – BIOLOGIA DAS PLANTAS
O seu ciclo de vida é formado por duas fases alternadas, sendo a fase dominante o
gametófito por possuir as estruturas vegetativas e o esporófito a fase dominada. O
esporófito é constituído por três partes: pé, seta e cápsula. No interior da cápsula,
localizam-se os esporófitos que originam os esporos. Na maioria dos musgos e nas
hepáticas, o esporo origina uma estrutura filamentosa e ramificada – o protonema, a
partir do qual formam-se os gâmetas.
Rizóides fixam a planta no solo. Não são responsáveis pela absorção de água e sais
minerais, esta ocorre por todo corpo da planta.
Filídeos – são estruturas laminares, formada por uma só camada de células excepto na
linha média que existe m várias camadas que formam um aspecto de nervura central.
Representantes: samambaias
Características gerais:
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Manual de Biologia. VII – BIOLOGIA DAS PLANTAS
Vivem nas margens dos rios, de lagos ou lagoas e em lugares húmidos e sombrios.
O seu ciclo de vida é formado por duas fases: esporófito (fase dominante) e o
gametófito (fase dominada). O esporófito destas plantas, apresente três estruturas- raiz,
caule e folha.
Ciclo de vida
Raizes – são subterrâneas e têm por função fixar a planta no solo e absorver água e sais
minerais. Algumas apresentam raízes aéreas,
Caule – conduz até as folhas a seiva bruta absorvida nas raízes, e até as raízes a seiva
elaborada nas folhas. Muitas samambaias têm caule do tipo rizoma.
Folhas – são laminares com células ricas em cloroplastos e têm por função realizar a
fotossíntese.
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Manual de Biologia. VII – BIOLOGIA DAS PLANTAS
Características gerais
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Manual de Biologia. VII – BIOLOGIA DAS PLANTAS
Ciclo de vida
Esses grãos se espalham no ambiente e podem ser levados pelo vento até o estróbilo feminino -
polinização. Nas Gimnospérmicas a polinização é feita pelo vento, sendo denominada
anemofilia (do grego ânemos, vento, e phylos, amigo).
Então, um grão de pólen pode formar uma espécie de tubo, o tubo polínico, onde se origina o
núcleo espermático, que é o gâmeta masculino. O tubo polínico cresce até alcançar o óvulo,
no qual introduz o núcleo espermático.
No interior do óvulo, o grande esporo que ele abriga se desenvolve e forma uma estrutura que
guarda a oosfera, o gâmeta feminino. Uma vez no interior do óvulo, o núcleo espermático
fecunda a oosfera, formando o zigoto. Este, por sua vez, se desenvolve, originando um
embrião. À medida que o embrião se forma, o óvulo se transforma em semente, estrutura que
contém e protege o embrião.
Nos pinheiros, as sementes são chamadas pinhões. Uma vez formados os pinhões, o cone
feminino passa a ser chamado pinha. Se espalhadas na natureza por algum agente
disseminador, as sementes podem germinar. Ao germinar, cada semente origina uma nova
planta.
A semente pode ser entendida como uma espécie de "fortaleza biológica", que abriga e protege
o embrião contra desidratação, calor, frio e acção de certos parasitas. Além disso, as sementes
armazenam reservas nutritivas, que alimentam o embrião e garantem o seu desenvolvimento
até que as primeiras folhas sejam formadas. A partir daí, a nova planta fabrica seu próprio
alimento pela fotossíntese.
Características gerais:
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Manual de Biologia. VII – BIOLOGIA DAS PLANTAS
As flores apresentam quatro verticilos florais: sendo dois verticilos férteis: o androceu
(o conjunto de estames) e o gineceu (o conjunto de carpelo); os dois verticilos estéreis-
que formam o perianto - composto pelo cálice (de cor verde e formado por sépalas) e
pela corola (de cores vivas e formada por pétalas). As flores podem ser hermafroditas,
mas também existem flores unissexuais.
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Manual de Biologia. VII – BIOLOGIA DAS PLANTAS
A Polinização
Os grãos de pólen podem chegar ao gineceu pela acção do vento ou da água ou pelos animais.
Ao chegar ao gineceu, o grão de pólen forma um tubo polínico, que cresce em direcção ao
ovário. Dentro deste tubo, o núcleo da célula geradora se divide e forma duas células
espermáticas haplóides que funcionam como gâmetas masculinos.
Chegando ao ovário, essas células fecundam o óvulo, fazendo o que chamamos de fecundação
dupla - uma característica das angiospermas. Uma célula espermática se funde a oosfera gerando
um zigoto (diplóide) e a outra se funde aos dois núcleos polares, formando por sucessivas
mitoses o endosperma da semente ou albúmen (que serve de reservatório de nutrientes para o
embrião). O zigoto faz vários mitoses e se transforma em embrião.
Após a fecundação, o ovário se transforma em fruto, que servirá para ajudar a disseminar as
sementes.
O pólen ou esporo masculino é produzido nos estames. A passagem dos grãos de pólen dos
estames aos pistilos (esporângio feminino) da mesma flor ou de outra chama-se polinização.
Dependendo da maneira pela qual esse transporte se dá, a polinização pode ser: entomófila,
realizada por insectos que carregam o pólen nas patas, ou anemófila, quando o vento carrega
o pólen de uma flor para outra. As flores de polinização entomófilas possuem cheiros e cores
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Manual de Biologia. VII – BIOLOGIA DAS PLANTAS
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Manual de Biologia. VIII – BIOLOGIA DOS ANIMAIS
o Simetria Radial: quando divididos por qualquer plano que passe pela boca
apresentarão metades simétricas. Ex: os celenterados e os equinoderrmes
adultos.
o Simetria Bilateral: só podem ser divididos em duas metades iguais e opostas por
um único plano longitudinal e mediano. Possuem um único plano de simetria.
Como exemplos, temos os Platelmintos, Moluscos, Anelídeos, Artrópodes,
larvas de Equinodermes e Cordados.
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Manual de Biologia. VIII – BIOLOGIA DOS ANIMAIS
A classificação quanto ao celoma deve ser utilizada apenas para animais triblásticos. No
entanto, alguns autores consideram Poríferos e Celenterados, apesar de serem diblásticos,
como sendo animais acelomados.
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Manual de Biologia. VIII – BIOLOGIA DOS ANIMAIS
e protecção do corpo.
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Manual de Biologia. VIII – BIOLOGIA DOS ANIMAIS
São os primeiros animais na escala evolutiva a apresentar uma cavidade digestiva (cavidade
gastrovascular), daí serem classificados como enterozoários.
O filo Cnidária reúne os Cnidários, animais aquáticos cujos representantes são as águas-
vivas, os corais, as caravelas e as anémonas-do-mar. O termo Cnidários se deve à presença
de células urticantes epidérmicas denominadas cnidoblastos, usados na defesa e captura de
alimento. No interior do cnidoblastos encontramos uma estrutura denominada nematocisto
que contém um filamento mergulhado em um líquido
tóxico.
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Manual de Biologia. VIII – BIOLOGIA DOS ANIMAIS
medusas são discoidais e livre-natantes com tentáculos pendentes nos bordos. São sempre
isoladas, não formando colónias.
Características
O filo Platelminthes reúne animais com corpo achatado dorso-ventralmente, que vivem erm
água doce ou salgada, em ambientes de terra firme húmidos ou no interior de outros animais,
como parasitas. Os Platelminthes são agrupados em três classes: Turbellaria, Trematoda e
Cestoda. A classe Turbellaria é constituída por espécies de vida livre (i.e.) não parasitas,
conhecidas como Planária.
A classe Cestoda reúne as Ténias que são endoparasitas do intestino de animais vertebrados.
As ténias não possuem cavidade digestiva e alimentam-se exclusivamente dos nutrientes
absorvidos da cavidade intestinal do hospedeiro.
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Manual de Biologia. VIII – BIOLOGIA DOS ANIMAIS
Características
(Asquelmintes ou Nematelmintes)
São vermes que apresentam o corpo cilíndrico e alongado. Os representantes deste grupo
vivem em todos os tipos de ambiente: em água doce ou salgada, na terra húmida ou no
interior do corpo de animais e plantas parasitando-os. Os Nematodes parasitas mais
conhecidos são as Lombrigas, os Ancilóstomos causadores do amarelão e as Filárias,
causadoras da elefantíase (ou filariose).
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Manual de Biologia. VIII – BIOLOGIA DOS ANIMAIS
Figura 86: Organismos nematelmintes (esquerda) e membro inferior de um homem com filariose
Características
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Manual de Biologia. VIII – BIOLOGIA DOS ANIMAIS
São Metazoários que apresentam o corpo mole comummente envolvido por uma concha
calcária e constituído de três partes: cabeça, massa visceral e pé. Os representantes deste
grupo são os caramujos, mexilhões, polvos, o caracol, as lulas, etc. Polvos e lesmas são
desprovidos de concha e as lulas apresentam uma concha interna denominada pena ou siba.
Existem três classes de moluscos:
Bivalve- reúne moluscos marinhos ou de água doce dotados de concha com duas valvas.
Exemplos: ostras e mexilhões.
Gastropode- representa maior número de espécies com representante nos rês tipos de
ambientes: marinho, água doce e terra firme. Ex: caramujos, caracóis.
Cephalopoda- reúne moluscos que vivem exclusivamente no mar. Ex: polvo, lulas.
Características
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Manual de Biologia. VIII – BIOLOGIA DOS ANIMAIS
São vermes que apresentam o corpo segmentado em anéis, de forma transversal. Os anelídeos
são distribuídos em três classes: Poliquetos, Oligoquetos e Hirudineos.
Características
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Manual de Biologia. VIII – BIOLOGIA DOS ANIMAIS
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Manual de Biologia. VIII – BIOLOGIA DOS ANIMAIS
Características
Sistema digestivo acessórias; digestão extracelular; peças bucais para manipular e triturar
o alimento (mandíbulas, maxilar, maxílipedes, etc.)
Branquial (crustáceos), traqueal (insectos e aracnídeos) e pulmonar ou
Sistema respiratório
filotraqueal (quelicerados)
Sistema nervoso fusão de vários gânglios nervosos) e por uma cadeia nervosa ventral,
com pares de gânglios dispostos em sequência
Presente; olhos (simples ou compostos) órgãos de equilíbrio, sensores
Sistema sensorial
tácteis e químicos
Sexuada; espécies dióicas, fecundação externa ou interna;
desenvolvimento directo ou indirecto; insectos podem ser ametábolos
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Manual de Biologia. VIII – BIOLOGIA DOS ANIMAIS
Características
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Manual de Biologia. VIII – BIOLOGIA DOS ANIMAIS
Urocordados e Cefalochordados não têm crânio nem coluna vertebral, sendo por isso chamados
protocordados.
O Subfilo Craniata, que reúne cerca de 98% das espécies de cordados, caracteriza por
apresentar crânio e coluna vertebral.
Encontramos no Filo Chordata três características que são consideradas como as mais
importantes e que estão presentes em todos os seus representantes, pelo menos em alguma
fase de sua vida. São elas:
Tubo nervoso dorsal: Formado a partir do ectoderma, este tubo originará o sistema
nervoso do cordado.
Craniata ou Vertebrata
Agnathos
Lampreia- vertebrados marinhos (podem viver também em água doce) sem mandíbula,
com esqueleto cartilaginoso e corpo alongado. As formas larvais vivem semienterradas e
são filtradores; os adultos são ectoparasitas de peixes.
Peixes
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Manual de Biologia. VIII – BIOLOGIA DOS ANIMAIS
Tetrápodes
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Manual de Biologia. IX ECOLOGIA
UNIDADE XI - ECOLOGIA
INTRODUÇÃO
Um ser vivo, qualquer que seja a sua espécie seu reino ou seu grau de complexidade, não
conseguiria viver de forma autónoma sem interagir com outros ou mesmo com ambiente
físico no qual se encontra. Ao estudo dessas inter-relações entre os seres vivos e o meio
ambiente, dá-se o nome de Ecologia (esse termo foi utilizado pela primeira vez em 1870 pelo
naturalista alemão Ernst Haeckel).
Desta complexa relação que pode ser amistosa ou não, os seres vivos constituem o
componente biótico ao passo que as condições físicas e químicas necessárias para a vida dos
mesmos (que no seu conjunto chama-se biótopo) constitui o componente abiótico. Fazem
parte do biótopo a temperatura, pluviosidade, luminosidade, humidade, água, sais minerais,
oxigénio, etc.
Tendo em conta que nos últimos anos a acção do homem sobre o meio ambiente tem causado
sérios desequilíbrios ecológicos, o estudo da ecologia do ponto de vista prático, reveste-se de
extrema importância na medida em que ajuda-nos a compreender a necessidade da
preservação do meio ambiente para a manutenção da vida no planeta.
População - grupo de indivíduos de mesma espécie que vivem em uma determinada área na
mesma unidade de tempo.
142 |
Manual de Biologia. IX – ECOLOGIA
Habitat - É o local natural onde vive uma determinada espécie. Como exemplos temos as
savanas. Estas são o habitat natural dos búfalos ao passo que os oceanos são o habitat natural
dos tubarões
a) O tipo de alimentação,
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Manual de Biologia. IX ECOLOGIA
CADEIA ALIMENTAR
É o fluxo de matéria e energia através dos vários componentes de um ecossistema. Pode ser
também entendida como sendo a sequência linear de seres vivos em que um serve de alimento
para o outro. O Conjunto de cadeias alimentares de um ecossistema constitui uma teia
alimentar.
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Manual de Biologia. IX – ECOLOGIA
Figura 93
Figura 94
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Manual de Biologia. IX ECOLOGIA
Figura 95
RELAÇÕES ECOLÓGICAS
De uma maneira geral as relações entre os seres vivos na natureza servem para regular a
densidade populacional, contribuindo para a manutenção do equilíbrio no ecossistema.
Quando ocorrem entre seres da mesma espécie, elas dizem-se intra-específicas e quando
ocorrem entre seres de espécie diferentes dizem-se inter-específicas. Elas podem ainda
classificar-se em :
RELAÇÕES HARMÔNICAS:
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Manual de Biologia. IX – ECOLOGIA
e) Comensalismo: relação inter-específica na qual apenas uma das espécies sai beneficiada
mas sem prejudicar a outra espécie. No comensalismo, o benefício pode ser de várias
formas: alimento, transporte, abrigo, proteção, etc. Exemplos: a entamoeba coli é uma
bactéria que habita o intestino humano alimentando-se de restos de alimentos ai
presentes mas em condições normais a mesma não causa danos à saúde do homem.
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Manual de Biologia. IX ECOLOGIA
RELAÇÕES DESARMÔNICAS:
POLUIÇÃO DO AR
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Manual de Biologia. IX – ECOLOGIA
a) CO2 – Liberado em reacções de combustão; este gás pode elevar a temperatura da superfície
terrestre, gerando o efeito estufa.
POLUIÇÃO DA ÁGUA
POLUIÇÃO DO SOLO
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Manual de Biologia. X – ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANAS
Por definição anatomia é a parte da biologia que estuda a morfologia ou estrutura dos seres
vivos.
APARELHO LOCOMOTOR
OSSOS
Os ossos são órgãos esbranquiçados, muito duros,
que unindo-se uns aos outros, por intermédio das
articulações constituem o esqueleto. É uma forma
especializada de tecido conjuntivo.
Sustentação:
Proteção:
Suporte ou fixação: Figura 97: Cabeça óssea vista de frente
Mecânica articular:
Metabólicas:
Hematopoiese:
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Manual de Biologia. X – ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANAS
É clássico admitir que o corpo humano possui 206 ossos. Mas esse número varia de indivíduo
para individuo, e na mesma pessoa varia conforme a idade.
Quando você era criança possuía mais ossos que agora. Isso ocorre porque nas crianças alguns
ossos ainda não se uniram e no adulto alguns ossos "acessórios" podem aparecer (ossos
sesamóides).
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Manual de Biologia. X – ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANAS
Segmento Número
Cervical 07
Torácico 12
Lombar 05
Sacro-coccígeo 02
Segmento Ossos
Ossos dos membros superiores
Cintura escapular Escápula
Podem ser organizados em quatro segmentos: Clavícula
Braço Úmero
Antebraço Ulna ou Cúbito e radio
Mão Carpo
Metacarpo
Falanges
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Manual de Biologia. X – ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANAS
Segmento Ossos
Coxa Fêmur
ARTROLOGIA
Articulação: conjunto de partes moles e duras através das quais se unem duas ou mais peças
ósseas e/ou cartilagíneas. Classificam-se em:
• Articulações Fibrosa (fixas e contínuas) têm como meio de união o tecido fibroso.
EX.: Sutura sagital (unindo os dois ossos parietais)
MIOLOGIA
Músculos: São órgãos carnudos, moles e de coloração avermelhada que devidas as suas
propriedades contrácteis provocam movimentos tanto nos órgãos que os possuem como
no corpo humano, responsáveis activos do trabalho mecânico.
Existem vários critérios de classificação dos músculos; de uma forma resumida eles
podem ser classificados:
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Manual de Biologia. X – ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANAS
APARELHO DIGESTIVO
O aparelho digestivo é constituído por um complexo grupo de órgãos cuja função consiste
na transformação ________________ e ______________ dos alimentos, na absorção das
substancias elaboradas e na _____________ dos resíduos não digeridos.
Ao passo que o intestino grosso compreende o cego com o apêndice vermiforme, cólon
ascendente, cólon transverso, cólon descendente, cólon sigmoide, recto e canal anal.
154 |
Manual de Biologia. X – ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANAS
DIGESTÃO
A digestão começa na ______, onde por ação mecânica dos dentes (mastigação) e ação
química por ação química das enzimas contida na saliva (hidrolases) os alimentos são
transformados em ___________________
O ________ segue então para a região pilórica, atravessa o duodeno onde recebe os sucos
intestinais e o suco pancreático que, com a ajuda de enzimas, decomporão ainda mais a massa
alimentar, transformando-a em quilo, que entra no ___________.
Aqui, pelo efeito dos movimentos peristálticos do intestino, o quilo vai sendo empurrado em
direção ao intestino grosso, enquanto vai ocorrendo __________ dos nutrientes, com a ajuda
das vilosidades intestinais. A parte que não é aproveitada do quilo é, finalmente, evacuada
pelo ânus sob a forma de _________.
SISTEMA CARDIOVASCULAR
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Manual de Biologia. X – ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANAS
O coração humano possui quatro cavidades: dois átrios de paredes finas e dois ventrículos de
paredes mais espessas. Separando o átrio direito do ventrículo direito encontra-se a
_________________ e separando o átrio esquerdo do ventrículo esquerdo encontra-se a
_________________
Fisiologia da circulação
O sangue oxigenado, então, retorna ao lado esquerdo do coração para ser bombeado para
circulação sistémica.
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Manual de Biologia. X – ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANAS
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Manual de Biologia. X – ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANAS
SISTEMA RESPIRATÓRIO
Transporte de Gases
Nos animais em que a difusão dos gases é indirecta, estes deslocam-se até ás células num
fluido circulante, sangue ou hemolinfa. Geralmente existem pigmentos respiratórios no sangue,
tornando-o eficiente nesse transporte.
Os pigmentos respiratórios são moléculas complexas, formadas por proteínas e iões metálicos,
o que lhes confere uma cor característica. Estas moléculas são boas transportadoras de gases
pois ligam-se quando a pressão do gás for elevada e libertam-se dele rapidamente, se a pressão
do gás for baixa.
A hemoglobina humana apresenta quatro cadeias peptídicas, duas a e duas b, ligadas a grupos
heme a que se pode ligar o oxigénio ou o dióxido de carbono. Assim, cada molécula pode
transportar quatro moléculas de oxigénio.
158 |
Manual de Biologia. X – ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANAS
A hemoglobina humana tem, ainda, grande afinidade para o monóxido de carbono (cerca de
200 vezes superior à afinidade para o oxigénio), o que torna este gás muito perigoso, mesmo
em baixas concentrações. A hemoglobina saturada de monóxido de carbono designa-se
carboxi-hemoglobina.
Dissolvido no plasma – o O2 é pouco solúvel na água pelo que apenas cerca de 2% são
transportados por esta via;
Combinado com a hemoglobina – nos glóbulos vermelhos existem 280 milhões de moléculas de
hemoglobina, cada uma podendo transportar quatro O2, ou seja cerca de 98% deste gás vai por
este meio até às células.
Quando o O2 está ligado à hemoglobina esta designa-se oxiemoglobina (HbO2) e quando este
está ausente designa-se desoxiemoglobina ou hemoglobina reduzida.
Dissolvido no plasma – devido à baixa solubilidade na água deste gás, apenas 8% são
transportados por esta via;
Combinado com a hemoglobina – uma percentagem ainda relativamente baixa, cerca de 11%,
deste gás reage com a hemoglobina, formando a carbamino-hemoglobina (HbCO2);
Como hidrogenocarbonato (HCO3-) – a maioria das moléculas deslocam-se como este ião, cerca
de 81%. Naturalmente este processo de reação com a água é lento, mas pode ser acelerado pela
enzima dos glóbulos vermelhos anidrase carbónica.
Movimentos Respiratórios
Movimento de Expiração. Consiste na saída de ar dos pulmões. A caixa torácica sofre uma
diminuição de volume mediante o relaxamento do diafragma e dos músculos intercostais
externos.
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Manual de Biologia. X – ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANAS
SISTEMA URINÁRIO
A função excretora
Como resultado dos processos biológicos que ocorrem no interior dos organismos vivos,
formam-se vários compostos prejudiciais para os mesmos e que, por isso, devem ser
eliminados (excretados) para o meio externo.
A manutenção da composição dos fluidos internos dentro de limites adequados á vida das
células designa-se homeostasia e é uma condição fundamental à vida. De entre os numerosos
mecanismos envolvidos nessa manutenção da homeostasia destacam-se:
Secreção: secreção ativa de substâncias dos fluidos corporais para zonas do sistema já
consideradas meio externo.
Este aparelho pode ser dividido em órgãos secretores - que produzem a urina - e órgãos
excretores - que são encarregados de processar a drenagem da urina para fora do corpo.
É constituído por dois rins, dois ureteres, uma bexiga e uma uretra. Os rins se comunicam
com a bexiga através dos ureteres, enquanto a bexiga se comunica com o meio externo através
da uretra.
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Manual de Biologia. X – ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANAS
Os rins
O rim é o principal órgão que compõe o sistema excretor nos vertebrados, pois é o responsável
pela filtragem sanguínea (chamada de diálise do sangue). Eles são dois, possuem um formato
de feijão, com aproximadamente 12cm. Se localizam nos lados da coluna vertebral, na região
do abdómen.
Estrutura do Nefrónio
Cada nefrónio é constituído de: Glomérulos de Malpighi, cápsula de Bowman, túbulo contorcido
proximal, alça de Henle e túbulo contorcido distal.
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Manual de Biologia. X – ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANAS
Este processo pode ser dividido em três fases: filtração, reabsorção e secreção.
No túbulo contorcido distal ocorre a secreção ativa ou excreção ativa do plasma para o
interior do túbulo. Através desse processo é eliminado o ião H+ que torna a urina ácida,
auxiliando também na manutenção do pH do sangue.
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Manual de Biologia. X – ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANAS
APARELHO REPRODUTOR
Encontramos na espécie humana diferenças anatómicas sexuais entre homem e mulher que
são muito relevantes para a procriação da espécie.
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Manual de Biologia. X – ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANAS
a) Gonadas masculinas
b) Sistemas de ductos
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Manual de Biologia. X – ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANAS
ductos tem a função colectar, armazenar e conduzir os espermatozóides a partir dos testículos; os canais
ejaculadores convergem para a uretra, a partir da qual os espermatozóides são
c) Glândulas anexas
É formada pelas seguintes glândulas: vesículas seminais; próstata e glândulas bolbo uretrais. As
vesículas seminais e próstata, são responsáveis pela secreção de um líquido nutritivo e lubrificante
chamado líquido seminífero. O sémen é um líquido expelido durante a ejaculação e constituído por
líquido seminal e espermatozóides; as glândulas bulbo-uretrais, secretam líquido que lubrificas a uretra
para a passagem do sémen durante a ejaculação.
SISTEMA NERVOSO
O neurónio é a unidade funcional do sistema nervoso. São as células responsáveis pela recepção e
transmissão dos estímulos do meio (interno e externo), possibilitando ao organismo a
execução de respostas adequadas para a manutenção da homeostasia (equilíbrio do meio
interno).
Um neurónio é uma célula composta de um corpo celular (onde está o núcleo o citoplasma), e
de finos prolongamentos denominados neuritos, que podem ser subdivididos em dendritos e
axónios.
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Manual de Biologia. X – ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANAS
é constituído pelo encéfalo e a medula espinal. O encéfalo está localizado no interior da caixa
craniana, enquanto a medula percorre o interior da coluna vertebral.
É formado por nervos encarregados de fazer as ligações entre o sistema nervoso central e o
corpo.
Nervo é o conjunto de várias fibras nervosas que estabelecem a conexão do sistema nervoso central com a
periferia, e podem ser formadas de axónios ou de dendritos.
Esta parte controla as funções voluntárias, resultantes da contração dos músculos esqueléticos
(a fala, os movimentos da língua, olhos, mãos, pernas, etc). O sistema nervoso somático tem
por função reagir a estímulos provenientes do ambiente externo.
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Manual de Biologia. X – ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANAS
De modo geral, esses dois sistemas têm funções contrárias (antagónicas). Um corrige os excessos do
outro. Por exemplo, se o sistema simpático acelera demasiadamente as batidas do coração, o
sistema parassimpático entra em ação, diminuindo o ritmo cardíaco. Se o sistema simpático
acelera o trabalho do estômago e dos intestinos, o parassimpático entra em ação para diminuir
as contrações desses órgãos.
SISTEMA ENDÓCRINO
Regulação Hormonal
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Manual de Biologia. X – ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANAS
HIPÓFISE
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Manual de Biologia. X – ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANAS
Adeno-hipófise
É o lobo anterior da hipófise capaz de produzir uma série de hormônios. A atividade secretora
da adeno-hipófise é controlada por substâncias produzidas pelo hipotálamo denominadas
hormônios liberadores. Os hormônios produzidos pela adeno-hipófise são:
Neuro-hipófise
É o lobo posterior da hipófise, que não produz hormônios. A neuro-hipófise armazena dois
hormônios produzidos no hipotálamo, estrutura vizinha da hipófise. Os hormônios
hipotalámicos armazenados na neuro-hipófise são:
• Hormônio antidiurético (ADH): Também denominado vasopressina, atua nos túbulos renais
estimulando a reabsorção de água para diminuição da perda da mesma pela urina (diurese)
com objectivo de aumentar a quantidade de líquido no organismo e consequentemente a
pressão arterial.
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TIREÓIDE
• Calcitonina. Estimula a retirada de íons cálcio (Ca++) do sangue e a sua deposição nos ossos e
dentes.
PARATIREÓIDES
São dois pares de pequenas glândulas que se encontram aderidas à tireóide. As paratireóides
não sofrem estimulação hipofisária e secretam o paratormônio, que tem ação oposta à da
calcitonina aumentando a taxa de cálcio no sangue (calcemia),
SUPRA-RENAIS
Também denominadas adrenais, são duas glândulas localizadas sobre os rins. Cada supra-
renal tem duas partes distintas: córtex e medula.
A medula é a porção mais interna da glândula capaz de produzir dois hormônios: adrenalina
e noradrenalina que têm como uma das principais funções o aumento da função cardíaca
preparando o organismo em casos de stress.
PÂNCREAS (ENDÓCRINO)
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TESTÍCULOS
OVÁRIOS
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