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Antânio Carlos

Cardoso Mariane
Cardoso

PLACAS OCLUSAIS
As placas oclusais siio aparelhos
removfveis, normalmente fabricados em
resina acrilica, que cobrem as superficies
oclusais dos dentes supe- riores ou inferiores e
sño extensivamente usadas no tratamento da
disfun§iio musculoarticular. As placas
oclusais também sño conhecidas como:
desprogramadores oclusais; placas de
mordida; protetores noturnos, etc.

No inicio do século XX, mais


precisamente em 1901, Karoly2‘ introduziu o
uso das placas oclusais confeccionadas com
vulcanite, e tinha como objetivo principal
tratar pacientes com bruxismo. Desde entiio,
varios aparelhos oclusais tém sido
confeccionados e indicados para tratar os
disturbios musculoarticulares. Na década de
1920, a perda da dimensño vertical de oclusño
era tida como a principal causa dos problemas
articulares. Para tratamento, as placas eram so-
mente colocadas na regiño posterior. O que se
observou com o uso da placa era a intrusño de
pre-molares e molares, o que agravava ainda
mais os problemas oclusais.
Em 1950, Posselt40 introduziu as placas
190 oclu- sais de superficie lisa, com a finalidade
de elimi- nar interferéncias oclusais e para que
os condilos assumissem uma posipao ideal ou
fitima dentro
Oclusâo: Para Voce e Para Mim
da cavidade glenoide. As placas apresentavam do-se placas totais, um born niimero destes pa-
contatos oclusais com todos os dentes antago- cientes voltou sem a redupño do problema.
nistas. Até entño, somente um tipo de placa As placas foram, entao, solicitadas aos pa-
era usado para tratar todos os problemas cientes e entregues para um membro da equipe
articulares, de forma genérica. A partir desta de pesquisadores, o qual era desconhecido pelos
placa plana, Ramfjord e Ash,42 na década de participantes da pesquisa. A equipe recomendou
60, desenvolve- ram a placa total lisa, com e indicou o nome do colega com o objetivo de
desoclusño lateral e protrusiva pelo canino, na efetuar o tratamento necessario aos pacientes.
qual todos os dentes se contatam em relapao O profissional simplesmente instalou as mesmas
céntrica (RC) conhecida hoje como placa de placas, marcando seus retornos. No tempo deter-
Michigam. minado, os pacientes foram reexaminados. Para
surpresa deles, 65% dos pesquisados apresenta-
ram melhoras. Como o efeito placebo funciona,
ainda permanece um pouco de mistério.
No entanto, o uso de placas tern suas indica-
Com o entendimento cadavez maior do diag- does e o seu uso de maneira inteligente, comu-
mente, traz beneficios aos pacientes. Dentre as
nfistico especifico dos problemas envolvendo os
miisculos da mastigapño e as articulap0es indica§0es estao:
tempo- romandibulares (ATM), tern-se sugerido
que algum tipo de placa seja de uso mais o Protepao de dentes com desgaste
especifico do que outros. No entanto, é (pacientes com bruxismo).
necessario alertar que as recomendap0es que se 0 Tratamento de pacientes com lesfies intra-
farño a seguir sao baseadas em observa§0es -articulares.
empiricas, experiéncia clinica e com pouca base e Tratamento de pacientes com dores muscu-
em pesquisas cienti- ficas. lares, dor de cabepa, dor cervical e no pes-
Todas as placas oclusais podem alterar os cOpO.
estlmulos neuroperiférico, rela Oes oclusais, 0 Estabilizar dentes com mobilidade e para
dimensño vertical, posicionamento das ATM, prevenir extrusao dental.
bem como a postura. Além disso, estes e Para desocluir os dentes temporariamente
aparelhos podem também servir na mudan§a para tratamento ortodfintico.
comporta- mental dos pacientes e ter um papel e Para fazer diagnfistico diferencial em
significante, embora inespecifico com efeito pacien- tes com dores musculares e
placebo. Num trabalho realizado na Africa do articulares.
Sul, na Universi- dade deWitwatersrand, 0 Protepiio de restaurap0es ou de prfitese em
Johannesburg, por Muller e cols.,” observaram pacientes com bruxismo.
que apos tratarem pacientes com desordens o Como protetor bucal para uso em esporte.
temporomandibulares, utilizan-

Placa
0s materiais para confecpño das placas oclusais sño basicamen- s
Oclus
te as resinas acri4icas ativadas quimicamente e as resinas acrflicas ais e
termoativadas. Outro material utilizado para confeccionar placas Protet
avacuo é o acetato, com variadas espessuras, porém se utiliza nor- ores
malmente a de 1 mm. Bucai
De acordo com a necessidade e urgéncia de cada situa§ño, o s—
cirurgiño -dentista pode fazer uso da placa confeccionada com
resina acrflica quimicamente ativada (RAQA) em seu consultorio,
despendendo, para isso, uma hora de trabalho, aproximadamen-
te. Ja nos casos em que nño existe urgéncia, o cirurgiño-dentista
encaminha os modelos para o laboratorio, onde o técnico pode
confeccionar a placa com resina acrllica termicamente ativada
(RAQA)
191
Oclusâo: Para Vocé e Para Mim

As placas oclusais podem


ser confeccionadas para serem
usadas tanto na arcada inferior
como na superior. Tamb ém
podem ser utilizadas na regiño
anterossuperior (de canino a
canino). Poucas sao as raz0es
que levam ao uso de uma
placa inferior, a nño ser pelo
envol- vimento estético,
fona§ao ou por auséncia
dental. Entretanto, estabelecer
contato com todos os dentes
antagonistas, espe- cialmente
os anteriores supe- riores, nao
é uma tarefa facil, porque o
tipo de rela§ño oclusal pode
projetar estes dentes para
vestibular.

Infelizmente, nao existe uma norma especlfica quanto ao


tempo de uso das placas oclusais. Ha controvérsia entre os
autores, e cada caso tern suas peculiaridades. Uma placa pode
ser usada so- mente por 72 horas, como também pode ser usada
durante meses ou anos. O cuidado com o tempo de uso da placa
é para que ela nño promova altera§oes oclusais de carater
irreverslveis.
As placas oclusais devem ser vistas como uma solupao tern
— poraria. Mas nem sempre este objetivo pode ser atingido. Ha
os casos de pacientes com bruxismo, cujo uso pode ser por
perlodo indeterminado. Nestas situa§0es, recomenda-se que o
paciente administre o uso da placa, isto é, que ele use de
maneira alternada, mesmo que seja somente para dormir. Ou
que a utilize em periodos cuja tensño emocional estiver mais
evidente.
O mais importante é que todos os pacientes portadores de
pla- cas oclusais devam ser monitorados regularmente pelo
profissio- nal. Infelizmente, nem sempre isso é possivel, como
em qualquer outro tipo de tratamento, em que os pacientes
fogem de nossos controles.

De acordo com os autores, as placas oclusais sao classificadas


de varias maneiras. Vamos nos ater neste capitulo somente a duas
classificapñes.
Segundo Anderson ,3 as placas oclusais podem ser classificadas
em passivas e ativas.
Uma placa oclusal passiva tern normalmente uma superficie
oclusal plana paralela ao plano oclusal, resultando em redupño
dos estimulos proprioceptivos.
Umaboa indica§ao para uso de placa inferior é nos de pacien-
tes portadores de pseudoclasse
III. Esses pacientes, quando manipulados em RC os dentes
anteriores, normalmente os quatros incisivos, tocam entre si,
mantendo os dentes posteriores desocluidos. Com a instala§ao
da placa na arcada inferior se estabeleceriam os contatos nos
demais dentes com a mesma. Mas, de maneira geral, a placa ou
as placas colocadas na arca- da superior é mais comumente
usada. Sejam elas planas; planas com desoclusao pelo canino;
esculpidas ou somente anterior. As placas colocadas na arcada
superior sao universalmente mais aceitas.

As liguras '7-1 a 7-7 mostram pa- ciente com pseudoclasse///. Ouando


manipulada na posigâo de RC, ocorre contato nos dentes anterio- res,
criando espago interoclusal nos dentes |oosteriores. 0 uso de placa na
arcada interior colabora para es- tabilizar a oclusâo do paciente.
Fig.7-1 Vista frontal do paciente em posigâo de MIH.
Fig.7-2 Vista frontal do paciente ma- nipulado em posigao de RC.

Fig. 7-1 Fig. 7-2

Figs. 7-3 e 7-4 Vistas laterais


direita e esquerda do paciente
manipulado em RC.

Fig. 7-3 Fig. 7-4


Figs. 7-5 a 7-7 Vistas frontal,
laterais direita e esquerda do
paciente usan- do a placa oclusal
na arcada inferior. Observar que
os dentes anteriores permanecem
em contato.

Fig. 7-5

193
o As placas oclusais ativas sao placas esculpidas
que, ao ocluirem com os dentes antagonistas,
as inclinapñes das ciispides guiam a mandi-
bula dentro de uma posi§ño predeterminada Placas c/e Michigan ou placa total
com influéncia na proprioceppño dental. com desoclusâo pe/o canino
35
Ja Okeson3‘ classifica as placas oclusais
Sño placas normalmente indicadas para
em
serem colocadas na arcada superior, cobrindo
trés grupos:
todos os dentes. Os dentes inferiores devem se
contatar simultaneamente na placa, que possui
Aparelhos c/e relaxamento umaleve elevapao na altura dos caninos para
Sao as placas que promovem modificapñes per- mitir desoclusao, tanto nos movimentos
no comportamento funcional do musculo, pois laterais como nos protrusivos. Sño
atuam sobre o sistema neuromuscular, confeccionadas como resina acrflica
diminuin- do, assim, seu trabalho e, por termicamente ativada nos modelos obtidos da
consequéncia, a sintomatologia dolorosa e a moldagem feita nos pacientes. Segun- do os
inflama§ao, apro- ximando a relapao criadores desse tipo de placa, Ramfjord e
maxilomandibular dentro de uma certa Ash42 afirmam que a mesma é plana, no
harmonia. entanto, num artigo recente de 1999,
Widmalm," também da Universidade de
Aparelhos estabilizadores Michigan, enfatiza que esta placa nño é plana.
No nosso entendimento, as placas totais
Sao as placas que gerariam equilibrio nao necessitam ser totalmente planas. Suaves
mecani- co a mandibula e sao utilizadas quando depres- sñes ou irregularidades podem estar
os con- tatos oclusais se apresentam deficientes presentes na regiao posterior, onde os dentes
ou nos casos de problemas posturais. antagonistas estabelecem contatos. Esse
artificio possibilita a reduqño da altura da
Aparelhos reposicionadores placa, tornando-a mais confortavel ao paciente
Estas placas apresentam propriedades orto- O que nño pode aconte- cer é ter somente um
pédicas capazes de gerar alterap0es nas ponto de contato na placa que desvia a
relap0es maxilomandibulares e, mandfbula para um lado ou para anterior.
consequentemente, den- tro das articulap0es.

INDICA$OES
0 Para pacientes com disfunpao musculoarticular.
9 Bruxismo severo.
0 Diagnostico e tratamento de traumatismo oclusal para
qualquer parte do sistema.
0 Estabelecimento da posipño condilar otima na posi§ao de RC
para tratamento oclusal definitivo.
0 Estabilizapño da mobilidade dos dentes e para prevenir a erup-
Rao dos dentes inferiores.
c Desoclusño temporaria para tratamento ortodfintico.
R Diagnostico diferencial em pacientes com sinais e sintomas de
disfunpño da ATM ou miofascial, porém sem origem no
sistema mastigatorio.
R Tratamento de paciente com dor de cabe§a e tensiio.
0 Manutenpño da posipño dos dentes superiores apos o tratamento
ortodsntico (contenpao).
194
C ON TRAINDICA DOES

0 Regularidades severas no plano oclusal.


0 Mordida aberta severa.
Oclusâo: Para Vocé e Para Mim
P
o Trespasse horizontal excessivo. O
cientes que, em oclusao, permita boa e
• Trespasse vertical excessivo.3 estabilidade, sera dispensavel fazer o registro P
interoclusal. As vezes, a “mordida em cera” s
REOUISITOS impede a interposi§ao dos modelos
adequadamente. 0s dois modelos sao ocluidos
e Propiciar liberdade de interferéncia em qual- entre si e prende-se com godiva e palito de
quer movimento. fosforo ou com cera, de preferéncia pe- gajosa,
• Obter o fechamento da mandifiula numa re- mais palito de ffisforo. O proximo passo a fazer
la§ao estavel, isto é, deve ser sempre é a montagem no articulador.
ajustada em relapao céntrica. Quando montados em posi§ao de RC, os
• Permitir uma dimensño vertical que possa modelos devem seguir a sequéncia descrita no
ser adaptada facilmente; quanto mais baixa, capitulo 2.
melhor. Em ambos os casos, é totalmente dispensa-
• Se possivel, nao interferir na posi§ño labral. vel o uso do arco facial. O articulador deve
o Nao interferir na deglutipño. estar programado, como também esta descrito
o Pouca interferéncia na fonapao. no capitulo 2.
o Propiciar uma estética aceitavel. Apos a presa do gesso, levantar o pino
incisivo e estabelecer a altura desejada para a
placa. Na regiño posterior, a espessura deve ser
TECNICA DE CONFEC AO
de 1 mm no minimo e 2 mm, no mâximo.
o Manipular o paciente em posi§ao de RC para Encaminhar para o técnico, dando as infor-
observar se o contato prematuro é alto. Isto ma oes necessarias:
é, se a abertura na regiño anterior provocada
por ele é ampla. Caso considerado grande, o • preservar a altura do pino incisivo;
ajuste oclusal por desgaste seletivo deve ser • encerar a placa, sem a necessidade de tocar
utilizado para reduzir a altura do contato, na regiao gengival;
pos- sibilitando a presenpa de contatos • estabelecer uma guia de desoclusño pelo
bilaterais simultñneos. Esse ajuste oclusal é canino;
chamado “grosseiro”, porque dispensa o • todos os dentes devem tocar na placa
refinamento, que, se for necessario, sera simul- taneamente;
realizado quando os sintomas utilizar resina acrflica incolor;
desaparecerem. Esse procedi- mento é de entregar a placa lisa e polida.
vital importñncia, caso contra- rio, a placa
ficara demasiadamente espessa, tornando-se No laboratfirio, o técnico disp0e de varios
desconfortavel ao paciente. Ao invés de métodos para fazer a placa. As trés técnicas
trazer beneficios, a placa traria ma- leficios. mais usadas sao:
• Moldar as arcadas superior e inferior, com
al- ginato de boa qualidade, utilizando a Do consultorio, o dentista envia os modelos
correta proporpao agua-po. Logo em montados num articulador semi ajustavel, so
seguida, nño esperar mais que 2 min, vazar que o modelo superior pode ser destacado e
com gesso tam- bém de boa qualidade, recolocado quantas vezes for necessario. O
seguindo a recomen- dapao do fabricante. técnico faz o enceramento, inclui e prensa a
Isso é feito para reduzir as alterapñes que resina neste modelo que volta ao articulador
estes materiais sofrem. Em alguns pacientes para que a placa possa ser ajustada. Apos
que tém ñnsia de vñmito, a moldagem da isso o modelo é quebrado e dado o
arcada superior pode ser feita com moldeira acabamento da placa.
de estoque inferior, ja que nao é necessario O técnico remove as reten§fies do modelo,
moldar o palato. faz o enceramento, retira a cera do modelo,
Registro interoclusal. Existem duas posi§fies faz a inclusño e prensa. Realiza o desgaste
que estes modelos podem ser montados em do excesso, da o acabamento e polimento e
articulador semiajustavel: em posi§ño de envia ao cirurgiño-dentista.
RC e MIH. A mais utilizada: o técnico faz o
enceramento no modelo montado no
Quando montados na posi§ao de MIH, articulador; remove o modelo do articulador
caso o paciente possua uma quantidade de destacando-o da placa de montagem, inclui,
dentes sufi- faz a prensagem, quebra
195
o modelo, recorta o excesso, da o acabamento e polimento e
envia ao cirurgiño-dentista.
• Ajuste final da placa. Esse ajuste é feito na boca do paciente e
deve ser sempre realizado em posi§ao de RC.
• No final, esta placa deve ter contatos em todos os dentes pos-
teriores e anteriores e a guia de desoclusao pelos caninos nos
movimentos laterais e protrusivos.
• Fazer o polimento, se necessario, e entregar ao paciente,
fazendo as recomenda§0es que forem necessarias ao seu uso e
higie- nizapño e marcando o retorno.

C OMPLICA C›ES NA INSTALA AO DESTE TIPO DE PLACA

Normalmente, dois sao os grandes problemas na instala§ao


destas placas. E certo que nem sempre eles existem; (1) é comum,
mesmo apos o ajuste da placa, nao ocorrer toque nos dentes an-
As figuras 7-8 a 7-19 mostram teriores; para corrigir, acrescenta-se resina acrilica quimicamente
de lorma resumida a confecgâo ativada da mesma cor da placa na regiño sem contato, manipula-se
de uma placa total com o paciente em posi§ao de RC fechando a boca até que fapa edenta-
desoclusâo pelo canino.
pñes nesta resina. Apos polimerizada, as edentap0es sao removidas
e a placa é, entao, reajustada e entregue ao paciente; (2) Placa com
bascula, isto é, pressiona-se de um lado sobe do outro; pressiona na
regiiio anterior e levanta na regiiio posterior. Como corrigir?
Seccio- nar a placa entre o canino e o primeiro pré-molar do lado
direito e entre o canino e o primeiro pré-molar do lado esquerdo. A
placa é, entño, dividida em trés partes. Colocar as partes
correspondentes na boca e uni-las com resina acrflica
quimicamente ativada. Apos a polimeriza§iio, preencher os
espapos com a mesma resina e, entao, proceder com o ajuste,
seguindo as orienta§0es jñ descritas. Nao deixar de untar os dentes
com vaselina nas areas onde a placa sera unida.

Placa total plana Placas he profegâo anterior


Considera-se que este tipo de placa é um Sño placas confeccionadas em resina acrñica
dos mais antigos. Também é feita com resina incolor ativada quimicamente, feitas diretamente
acrilica, de preferéncia termicamente ativada na boca dos pacientes. Envolvem todas as faces
em acrflico transparente. Possui contatos dos dentes anteriores superiores, isto é, de ca-
bilaterais simul- tñneos em posi§ño de RC, nino a canino. Na regiiio palatal, tém o formato
bem como na regiao anterior. Estas placas, plano, onde os dentes anteriores inferiores, de
como a de Michigan, sño de certa forma preferéncia os seis, estabelecem contatos simul-
frageis na regiao de molares e facilmente taneamente em RC. Segundo Anderson, é a
fraturam ou perfuram, em especial em placa mais passiva comumente usada.
pacientes com forte parafun§ño oclusal. Para Millares et a1.,30 num trabalho de pesquisa,
compensar estas areas frageis, estas placas de- compararam trés tipos de placa: placa anterior;
vem ficar espessas; no entanto, seu uso se placa total com desoclusao pelo canino e placa
torna desagradavel. Assim como a placa de posterior, avaliando a que melhor promovia rela-
Michigan, a placa lisa é considerada passiva e xamento muscular. Concluiram que a placa ante-
196 tern as mesmas indicap0es e contraindicapñes. rior foi a que respondeu melhor aos resultados.
A técnica de con- fecpao também é totalmente
semelhante ao que ja foi descrito. Alguns
autores preconizam esta placa, com uma leve
guia anterior e também com leve guia pelo
canino.
— Oclusâo: Para Vocé e Para Mim —
Figs. 7-8 e 7-9 Vistas laterais direita
e esquerda dos modelos montados
em articulador. Observar o espago
entre as arcadas para o
enceramento da placa.

Fig. 7-8 Fig. 7-9

Fig. 7-10 Fig. 7-11 Fig. 7-12

Figs. 7-10 a 7-13 Vistas frontal,


oclusal, laterais direita e esquerda
do enceramento de uma placa
oclusal no arco superior.

Fig. 7-13
' Fig. 7-17

Fig. 7-18
Fig. 7-14 Fig. 7-15 Fig. 7-16

6 Vistas frontal, laterais direita e es- querda da placa prensada em RAQA e ajustada.

197

Placas Oclusais e Protetores Bucais —


v r - ” ” INDICA OES
Fig. 7-19
' • Pacientes com trespasse vertical profundo,
em especial naqueles que os dentes
inferiores tocam na mucosa palatal. 0s dentes
inferio-
“ res sao reduzidos na hora da confecpiio da
placa. Seu uso e noturno e o paciente deve
ser avisado do uso por tempo
indeterminado.
• Determina§ao da posi§ao mandibular antes
do tratamento restaurador ou ortodñntico.
• Pode ser usada para qualquer indicapño das

placas acima.

CONTRAINDICA DOES

• Estao contraindicadas em paciente com


ten- déncia a mordida aberta anterior. Em
alguns casos, podem ser fabricadas com os
dentes anteriores inferiores contatando na
placa e os posteriores entre st.

VA NTAGENS

• Placa mais passiva.


• Facil de ajustar.
• Rapidez na confec§ao. Um profissional com
regular experiéncia pode fazé-la em menos
de 1 hora.
• Facil de ser colocada quando o paciente tern
o plano oclusal e relacionamento entre os
dentes anteriores dificeis

DESVANTAG ENS

• Extrema instabilidade oclusal. Pode provocar


mordida aberta pela extrusiio dos dentes pos-
y teriores.
" • Dificuldade para acompanhar alterapñes da
posipño mandibular.
TECNICA DE CONFEC A0

• Manipular o paciente em posi§ao de RC para


ter nopao do espa§o que o contato prematuro
promove na regiño anterior. Isso permite ao
profissional ter uma no§ño da espessura que
a
placa devera ter; se necessario, quando o
pro- fissional considerar que o contato
prematuro for grande, recomenda-se fazer
9’ ajuste oclusal previamente.

Figs. 7-17 a 7-19 Vista frontal da placa total com Oclusâo: Para Vocé e Para Mim
desoclusao pelo canino. Observar, nos movimentos
laterais, a guia de desoclusâo.
As liguras 7-TO a 7-23 mostram paciente yovem
com bruxismo severo, usando placa total plana.
Fig. 7-20 Paciente jovem (20 anos de idade) apresen-
tando desgaste dental severo.
Figs. 7-21 a 7-23 Vistas frontal, laterais direita e es-
querda da placa total plana em posigâo.

Fig. 7-20

Fig. 7-21

Fig. 7-22

199

Fig. 7-23

Placas Oclusais e Protetores Bucais —


Em um pote Dappen, de tamanho normal, 0 Treinar o paciente para remover e colocar a
saturar o po de resina acrflica com o placa com delicadeza.
liquido e manté-lo fechado até a resina Pedir para o paciente tentar remover a placa
atingir a fase plastica; fechando o pote com a lingua. Com este teste cirurgiiio-
Dappen evita-se a rapida evaporapiio do dentis- ta e paciente tém certeza de que a
monomero, reduzindo a porosidade da placa niio vai ser deslocada da boca sozinha.
resina acrilica. c Colocar a placa numa caixa plastica utilizada
Untar os dentes anteriores superiores com para os aparelhos ortodfinticos e a entregar
vaselina sñlida ou liquida. ao paciente.
Com a resina na fase plastica, estendé-la na 0 Apos as recomenda§0es de uso, marcar novos
distancia correspondente entre os caninos e horarios para acompanhamento e ajustes, se
colocar em posi§ño. A resina deve cobrir as necessario.
faces vestibulares, incisivas e palatinas destes
dentes. As recomendapñes variam de acordo com
Manipular o paciente em posipño de RC, as situapñes apresentadas. Porém, esta placa
fe- chando a boca, de tal modo que os niio deve ser indicada para uso por mais de 24
dentes inferiores fapam edentap0es na resina horas continuamente. Sugerimos que o
acrilica. Nesse momento, é importante ja paciente a use somente a noite, ou
estabelecer a altura da placa. momentaneamente em periodos de maior
Com a resina em posipño, esperar até que a tensño e dor. Apos o alivio da sintomatologia,
mesma comece o processo de aquecimento. aconselhamos aos pacientes a administrarem o
desse momento, usando a seringa seu uso, podendo dormir com a placa em
triplice, jatear com agua para reduzir o noites alternadas, variando também o espapo
calor e, ao mesmo tempo, remover e entre as vezes que a usa. Nos casos de
recolocar as placas por varias vezes bruxismo, ja que o uso é duradouro ou tal- vez
seguidas até que o processo de para sempre, além destas recomenda§ñes,
aquecimento reduza. aconselhamos aos pacientes a usar a placa em
Deixar que a polimerizapño final da resina periodos de maior tensiio emocional.
ocorra na boca. Isso permite que a placa fique Exemplifi- cando, quando estiver irigindo
autorretentiva, sem promover pressiio entre automovel (Figs. 7-24A-E a 7-33).
os dentes, o que a pode tornar menos descon-
fortavel para o uso.
Delimitar com grafite as areas em excesso. COMEN TA RIO SOBRE A PLACA AN TERIOR
Desgastar o excesso, bem como transformar
as edenta§0es numa plataforma por palatino Apesar de alguns autores e clinicos contra-
com fresas apropriadas. Recomendamos a indicarem radicalmente o uso desta placa, nos
fresa Mux-Cut. a utilizamos de maneira muito frequente. Apos
Recolocar a placa na boca e, com a fita do termos usado outros tipos de placas,
tipo aces-elm, demarcar os contatos em praticamen- te todos, por um born periodo,
relapño céntrica. voltamos a fazer uso normalmente deste tipo.
Proceder este ajuste até que se obtenha o Somos sabedores e reconhecemos suas
maior numero de contatos possiveis e com a limitapñes e efeitos cola- terais, como o
altura previamente estabelecida. O ideal é problema de extrusao dos dentes posteriores,
que todos os dentes inferiores toquem na por essa razño, recomendamos que o paciente
placa, e que esta promova a menor administre, como descrito. A nossa ex-
desoclusao pos- sivel dos dentes posteriores. periéncia clinica tern nos mostrado que o
Estes contatos sao estabelecidos numa plata- sucesso no tratamento da disfunpao
forma plana, de modo que o paciente tenha musculoarticular, o que faz a diferenpa, nño é
liberdade de mover a mandifiula de posterior o tipo de placa, mas sim a maneira como esta
para anterior. placa foi ajustada. Além dis- so, e ainda mais
A area da placa que corresponde a relevante do que o uso de placa, como for visto
200 superficie palatina dos dentes deve ser no capitulo 6, é o diagnostico e a e1imina§ño
desgastada de tal maneira que o paciente das causas dessa disfunpiio.
possa fazer mo- vimentos de lateralidade e Nos casos especificos de bruxismo, o uso
protrusiio com liberdade. prolongado da placa niio trara nenhuma altera-
Promover polimento quimico ou mecanico. Rao em nivel de dimensao vertical de oclusao, se
utilizada de maneira sabia.
“ Oclusâo: Para Vocé e Para Mim
B

201
Figs. 7-24A a E Sequéncia de confecgâo da placa
de protegâo anterior. (Esquema extraido de Dawson,
1974.)

Placas Oclusais e Protetores Bucais


Fig. 7-25 Fig. 7-26 Fig. 7-27

Fig. 7-28 Fig. 7-29 Fig. 7-30

Fig. 7-31
Fig. 7-32 Fig. 7-33

Fig. 7-25 Colocagâo de vaselina nos dentes anteros-


superiores.
Fig. 7-26 Resina acri“Iica quimicamente ativada na
fase plastica aplicada sobre os dentes.
Figs. 7-27 e 7-28 Paciente manipulado em posigâo
de RC com dentes anteriores fazendo edenta§oes na
resi- na. Deve-se evitar contato nos dentes
posteriores.
Fig. 7-29 Demarcagâo das areas a serem desgasta-
das.
Fig. 7-30 Desgaste do excesso da resina acrilica.
Fig. 7-31 Visâo da regiao palatina da placa. Observar
as edentagoes.
Fig. 7-32 Visâo da regiao palatina da placa. Observar
a obten§âo dos pontos de contato na plataforma e
aca- bamento final.
202 Fig. 7-33 Placa anterior de protegâo em posigâo.

Oclusâo: Para Vocé e Para Mim


Temos pacientes que usam a placa Fig.
anterior ha mais de 10 anos, sem, 7-34
entretanto, demonstrar qualquer tipo de Figs. 7-34 e 7-35 Vista frontal do paciente
usando placa anterior hâ 13 anos para
a1tera§iio oclusal (Figs. 7-34 e 7-35).
protegâo (bruxismo), sem apresentar
Esta placa é facil, rapida, menos alteragâo oclusal. O uso da placa so é feito
onerosa, resistente a fraturas e muito quando necessario.
mais acessivel a qualquer paciente e Figs. 7-36 a 7-38 Placa de Hawley
dispensa o trabalho de um técnico. Todo modificada em po- sigâo. Observar os
profissional com um pouco de ha- contatos obtidos na regiao palatina da placa,
bilidade pode confecciona-la num desocluindo os dentes posteriores.
periodo que varia de 30 a 60 minutos.

Fig.
7-35
Placa r/e Hawley modificada
Esta placa é confeccionada a partir do
apare- lho de Hawley. Normalmente,
apos a conclusño do tratamento
ortodsntico, o aparelho de Hawley é
utilizado para fazer conten§iio. Também,
muitos pacientes, mesmo jovens,
desenvolvem sinais e sintomas de
disfunpñes musculoarticular apos o
tratamento. Nño queremos nem
tampouco defen- demos o conceito que o Fig.
7-36
tratamento ortodontico promove esta —
disfunpiio. Mesmo porque niio existe
nenhuma correla§ño entre pessoas tratadas
ortodonticamenteou niio, com o
surgimento das disfun§ñes
temporomandibulares.
Neste aparelho, que muitas vezes é
usado
somente durante a noite, acrescenta-se
resina autopolimerizavel na regiao anterior
por palatino, de forma que os dentes
posteriores fiquem deso- cluidos. Todos os
Fig.
principios utilizados na confec- Rao e uso 7-37
recomendados para a placa ja descritos
permanecem os mesmos (Figs. 7-36 a 7-
38).
As placas descritas siio consideradas
as mais passivas e comumente usadas.
Elas possuem varias caracteristicas em
comum:

Fig.
7-38
Placas Oclusais e Protetores
Bucais

203
« Todas devem ser ajustadas em re1a§ao cén- hoje, devido aos efeitos colaterais que tém
trica. Por qué? Porque a RC é a unica sido decepcionantes, por ser usada por longo
posi§ao referencial que existe quando algum perIo- do. Apos muito tempo com o uso a
dispo- sitivo se interpñe aos dentes. Nño ha reconstru§ao protética normalmente é indicada
mais MIH. Por isso, independentemente do para corrigir o espa§o interoclusal na regiao
tipo de placa que o profissional optar, ele posterior.
devera estar capacitado a fazer o ajuste delas Nossa experiéncia com este tipo de placa
em posi§ño de RC. Isso é, o profissional tern é muito pequena. Evitamos ao maximo fazer
que saber manipular o seu paciente. qualquer tratamento neste nivel que seja,
• Todos os pacientes com placa devem ser muitas vezes, de carater irreversivel, mesmo
acompanhados. porque se torna impossivel acompanhar e
a Todas as placas possuem indicap0es e contra- saber os danos que pode provocar nas ATMs.
indicap0es; vantagens e desvantagens.
» Todas as informapñes sobre os efeitos das pla- Rlacas a vâcuo
cas necessitam de mais dados cientificos.
Sao placas feitas por aparelhos chamados
plastificadores por um sistema a vacuo. Siio
Rlacas de reposicionamento de um material ñ base de plastico (acetato),
normal- mente transparentes, com 1 mm de
espessura.
mandibular Sao confeccionadas para serem usadas na
arcada superior, sobre um modelo obtido da
moldagem
Estas placas sao também conhecidas como do paciente. Este modelo deve ser recortado,
placas protrusivas. eliminando todas as retenqoes provenientes de
Elas tém um padrño oclusal com caracteristi- auséncia dentaria, e de prfitese parcial fixa, bem
ca de uma placa ativa, porque alteram a posi§ao como as bolhas positivas e negativas. Para que o
mandibular da sua posi§ao original. Esses tipos plastico fique bem justaposto, é indicado fazer
de placas possuem edentapñes posteriores e an- uma grande perfura§ño na regiao palatina do
teriores para colocar a mandibula numa posipao modelo. Depois de prensada, a placa é removida pré-
definida em protrusao. Originalmente eram do modelo, usando disco de carburundum. O usadas
para alterar a posipao condilar e corrigir o recorte do excesso e acabamento final devem ser disco
deslocado. Supostamente, elas facilitariam realizados com tesoura ou mesmo com lñmina de a
reposi§ño dos discos das ATMs e reduziriam a bisturi. Essas placas dificilmente promovem uma carga
na regiao retrodiscal.35 3" Uma outra fun§ao oclusao aceitavel e eram usadas para proteger desta
placa, para ser usada num periodo curto, é os dentes dos pacientes com bruxismo. Pelo fato manter o
disco articular em sua posipao normal, de serem finas, elas perfuram e fraturam muito apos ter sido
recapturado. E born frisar que elas facilmente. Nao se utiliza plastico mais espesso, ja foram
muito mais usadas do que nos dias de porque se torna impraticavel o seu uso.
Alguns autores e clinicos transformam essas placas de
acetato em placas totais planas ou com desoclusao canina,
acrescentando resina acrilica autopolimerizavel em toda
superficie oclusal e incisi- va. Entretanto, em nossa experiéncia
clinica, nao vemos vantagens neste artificio, porque além de
estas placas ficarem mais antiestéti- cas, perfuram e fraturam
com facilidade, e o tempo gasto na cadeira para o ajuste é muito
grande. Podem servir como otimo elemento para treinamento de
estudantes.
Elas também sao muito iiteis para fazer guias tomogrâficos e
ciriirgicos nos pacientes que se submeterao a colocap0es de im-
plantes.
Uma outra indica§ao para esse tipo de placa, agora com
plastico na espessura de 2 mm, é a fabricapao de protese total, para
204 confec- ao de moldeira individual e como placa base, servindo de
apoio na co1oca§ño do rodete de cera.
Ainda utilizando placas avacuo, com material de polivinil de
1,5 ou de 2 mm de espessura, esta indicado para crianpas na prote
ño ao bruxismo. No entanto, em adultos, este tipo de placa quando

— Oclusâo: Para Vocé e Para Mim


comparado com a placa total em tratamento, a outra articulapao
resina acrilica aumenta a estara também envolvida. Como é
atividade muscular.3’ 3‘ possivel tratar uma articulapño
Nestes casos, chamamos a sem que a outra nao seja com-
aten§ao no sentido de as crian- prometida? Quais os efeitos
gas usarem essa placa num colaterais que as placas de uma
curto per to do, talvez 1 més. maneira geral promovem? As
Passado esse tempo, solicitar placas que alteram a relapao
aos pais para que observem se a oclusal, articular e muscular em
crian§a continua a ranger os carater irreversivel devem ser
dentes. Uma outra e boa forma efetivamente utilizadas? E se o
de usa-la é utilizar de maneira problema recidivar no futuro, o As liguras 7-39 a 7-44 mostram
alternada, por exemplo, um dia que fazer? Sao perguntas que paciente com desgaste acentuado
sim outro nao, ou usar nos per frequentemente nossos alunos e no dente 1 1 provocado por bruxis-
todos em que as crianpas estño colegas formulam, e nao te- mos mo. Apâs restaurado o dente, Koi
mais agitadas (Figs. 7-39 a 7— instalada uma placa de prote âo a
resposta para elas. Por essa
44). vâcuo, leita com plâstico de 1 mm de
razao, sugerimos a todos terem
espessura, rigido.
cautela naquilo que fazem,
escrevem e falam. Todos nos
temos muito ainda a aprender
Qualquer tipo de placa insta- sobre o uso das placas oclusais,
lada na boca, automaticamente, por isso ratificamos, aqui, a ne-
envolve as duas ATMs. Quando cessidade de mais pesquisas e
uma articulapño esta com pro- estudos com o objetivo de que
blema e uma placa oclusal vai estas e outras duvidas venham a
ser utilizada para auxiliar no ser elucidadas.

PROTETORES BuCAIS

A Odontologia desportiva, assim como a Medicina, mostra-se


cadavez mais necessaria e presente entre os atletas. A importancia da
atuapao do cirurgiao-dentista esta relacionada nño so ao trata- mento
de les0es decorridas de traumas bucofaciais, a prevenpao destas," bem
como a disseminapao de informa§0es sobre trauma- tismos dentais
em atletas, encorajando pesquisas na prevenpao desses acidentes.'
Durante a ultima metade do século, os esportes tornaram-se mais
competitivos e perigosos.' 4 Assim sendo, todos aqueles que praticam
esportes devem ser alertados para a importñncia do uso de protetores
bucais e sobre os tipos disponlveis no mercado.4'
Segundo dados da The National Youth Sports Foundation (NYS- SF),
todo atleta, envolvido numa atividade desportiva de contato fisico,
tern até 10% de probabilidade, durante uma temporada, de sofrer uma
lesao facial, com 33 a 56% de chance que uma lesao desse tipo ocorra
em toda sua carreira.8 44
A perda ou fratura dos dentes anteriores" 4' é o problema dental que
provoca maior impacto emocional e constitui uma experién- cia
dramñtica para todos, podendo ser um fator direto de futuros
problemas psicologicos e desvios de comportamento de adultos e
crianpas.
O tratamento dessas lnjurias pode ser complexo e de alto cus- to,
além de essas lesñes implicarem em desfigura§ao, incñmodo e 205
possiveis consequéncias para a vida toda, uma vez que nada pode

Placas Oclusais e Protetores Bucais —


Fig. 7-39 Fig. 7-40 Fig. 7-41

Fig. 7-42 Fig. 7-43 Fig. 7-44

Fig. 7-39 Vista frontal do paciente com desgaste se igualar a fun§ño e a estética das estruturas
acen- tuado do dente 11. dentais higidas. Foi realizado um calculo pela
Fig. 7-40 Vista frontal do paciente em parafungâo The National Youth Sports Foundation of
oclusal e movimento Iâtero-protrusivo. Atletic Injuries, que apresentou o traumatismo
Fig. 7-41 Incisivivo central direito restaurado. dental como o tipo de acidente orofacial mais
Figs. 7-42 a 7-44 Vistas frontal, laterais direita e comum, e constatou que mais de 5 milhñes de
es- querda do paciente usando placa dentes sao avulsionados nos Estados Unidos
confeccionada no sistema a vâcuo. cada ano. As vltimas desses acidentes, que nao
tém o dente preservado ou reimplantado,
gastam entre 10- 15 mil dfilares por dente,
durante toda a vida, em tratamentos dentarios,
além do tempo gasto na cadeira do dentista e
outros problemas den-
taiqs 4l
Em 1984, o Bureau of Health Education
and Audiovisual Services (BHEAS) 7 declarou
que aproximadamente trés milhñes de
jogadores de futebol americano ja usavam
protetores, resul- tando na preven§iio de mais
de 200.000 injurias por ano.4' No mesmo ano,
o Public Health Service Dirision of the USA
Departament of Health and Human Service,
listou, como um dos seus ob- jetivos, o uso de
protetores bucais por jovens durante os
esportes de contato.

206 McNutt et al.2" entrevistaram 2.470 atletas de


ambos os sexos, com idade entre 10 e 18 anos,
durante um periodo de 3 anos. Foram
registradas, neste periodo, 222 injurias,
Oclusâo: Para Vocé e Para Mim indicando que 9% de todos os jogadores sofrem
algum tipo de lesiio. No
inicio da década de 90, foi realizado um estudo Infelizmente, é observado que todas as in-
australiano intitulado “Trauma em Esportes na formap0es e preocupa§0es quanto ao uso de
Australia, causas, custos e prevenpao” (Sports protetores bucais estao nos parses do primeiro
injuries in Autralis, Causes, Cost and mundo. No Brasil, enquanto cresce o numero
Prevention ), que revelou um custo de U$ 1,4 de participantes em esportes radicais e em
bilh0es de dolares por ano gastos em acidentes competi- does esportivas, poucas atitudes sño
com esportes somen- te na Australia, cuja tomadas por parte dos pais, treinadores e
populaqao é de l8 milh0es de habitantes. Quando cirurgi0es-dentistas para evitar a ocorréncia de
os numeros sao transportados aos Estados traumatismo. Até o momento, existem poucos
Unidos, onde a popu1a§ao é aproxi- madamente estudos que relatam a prevaléncia de
260 milh0es de pessoas, o valor dos gastos traumatismos e do uso de pro- tetores bucais
aumenta de maneira consideravel.4’ em esportes praticados no Brasil. Um destes
estudos foi realizado com atletas participantes
dos Jogos Abertos de Santa Catarina (JASC).
Através de questionario, foram indaga- dos
A preocupa§ao com o uso de protetores bu- 510 atletas de oito modalidades diferentes:
cais na pratica de esportes niio é recente. O pri- basquete, handebol, voley, juds, caraté e ténis
meiro protetor bucal foi usado em 1913 por Ted de ambos os sexos, futsal e ciclismo down
“Kid” Lewis (um boxeador inglés), de acordo hill) masculinos. Dentre os esportes
com McNutt.2" Porém, somente em 1962, o pesquisados, o futsal for o que apresentou
National Alliance Football Rules Comiittee maior frequéncia no relato de traumatismos
estabeleceu que todo jogador de futebol jiinior bucais (76,9%), seguido do basquete (67,2%) e
ou de times escolares seria obrigado a usar do caraté (65,8%). Quanto ao conhecimento
prote§ao durante os jogos. Alguns anos mais dos atletas sobre o que fazer em caso de
tarde, segundo o Bure- au of Health Education avulsiio e fratura, 88,8% e 47,8%,
and Audiovisual Services (Bheas) 7 e Polyzois3’, respectivamente, niio sabiam o que fazer ou
os jogadores de hoquei também foram obrigados tinham pouca informa§ao. De todos os atletas
pela National Collegial AthleticAssociation questionados, somente 85 (16,7%) usavam
(NCAA) a usar protepao bucal ao jogar. pro- tetores bucais durante o JASC, sendo que
destes, 79 utilizavam porque era obrigatfirio
(caraté).
O boxe mostrou—se o meio de divulgapiio mais comum do uso de
protetores (47%). Dos 423 atletas que nño usavam protetores nos
jogos, 10,9% ja haviam experimentado e dos 255 que relataram
traumatismo bucal, 220 descreveram envolvimento de tecido mole,
54, de dente superior e 51, de fratura dental. O estudo concluiu
que a frequéncia de traumatismos em atletas de futsal e basquete,
assim como o niimero reduzido de usuarios de protetores bucais,
podem ser considerados significativos, justificando campanhas de
esclarecimento para o seu uso."

qu
Os protetores bucais promovem prote$ño para os atletas de op
trés diferentes formas: (a) contra concussao pela absorpao de tra
choque; le
(b) prote§iio contra traumatismos no pesco§o e; (c) prote$ao
para os dentes por distribuir as for§as do golpe para todos os
Placas
dentes e por diminuir o contato entre a mandibula e a maxila.44 Oclusais
Os protetores podem prevenir também a1acera§ao e equimose e
dos labios e bochechas durante o impacto,23 reduzir a severidade e o Protetore
numero destas injurias (fraturas osseas, fratura e deslocamento s Bucais “
den- tal), além de oferecer suporte aos espa§os edentados." 20 Essas
van- tagens sao proporcionadas pela resiliéncia e espessura4"
(funciona como almofada), as quais diminuem a forma transmitida
aos tecidos adjacentes. Esta forma é entao refletida e distribuida
pelo protetor bucal,.z3 4"45 Os protetores bucais podem, ainda, evitar
207
var a fratura dental ou
danificar suas estruturas de
suporte.23 De Wet" afirmou
em seu trabalho que uma
significante redu§ao ou total
eliminapao de trau- matismos
dentais podem ser esperadas
quando os protetores bucais Oclusâo: Para Vocé e Para Mim
sño utilizados.
Em virtude de todos os
bene- ficios oferecidos pelos
pro- tetores bucais, a
Associapao American a de
Odontolo gia recomenda o
seu uso para os seguintes
esportes: acrobacia,
basquetebol, boxe, hoquei no
campo, futebol americano, gi-
nastica, handebol, hoquei no
gelo, artes marciais, raquetebol,
hoquei roller, rugby, skate,
fute- bol, squash, surf,
voleibol, polo aquatico,
levantador de peso e luta
livre.4'
A introdupao do uso de
pro- tetores bucais nos
esportes nao deve ser
realizada a exemplo do que
ocorreu nos anos 90 nos
Estados Unidos, onde a
obrigatoriedade do seu uso for
um fracasso, além de torna-lo
impopular. A obrigatoriedade
nao pode ocorrer antes de que
atletas, treinadores e dentistas
sejam esclarecidos o quanto

208
d lemas com conforto, durab
a a ilidade, dificuldade na
t fonapño,^ além da dificuldade
i l na respira§ño," sendo esta
m e idéia reforpada pelos
p t protetores bucais de estoque
o a vendido em lojas (pobre adap-
r s tapño). Ja os treinadores
t podem ser informados que o
ñ r uso do protetor nño ira
n e diminuir a per- formance do
c c atleta, enquanto os dentistas
i u poderiam tornar-se
a s educadores demonstrando a
a prote§ño oferecida pelo uso
d — do equipamento de prote§ao.
o s Pacientes em tratamento
e ortodñntico apresentam maior
u risco ao traumatismo dental
s a devido ao aumento de mobili-
o dade dos dentes e pelo uso do
u aparelho em si.32 A confecpño
d s de protetores para estes
e a pacientes é normalmente
s r problematica. Porém, Jones e
t Graham22 de- senvolveram um
e p protetor com caracteristicas
r individuais para pacientes
t o portadores de apa- relhos or
i t tod fi nticos fixo s. A
p e confecpao deste protetor sera
o t descrita a seguir.
o
d —
e
r Existem basicamente trés tipos de protetores bucais
p e atualmente.
r s Sao eles:
o
t b De estoque.
e u Termoplasticos.
p c Personalizados.
a a personalizados a vacuo.
o i personalizados laminados sob
. s pressño.

A a
l Caracteristicas
m e
a g Segundo a American Society for Testing and Materials (ASTM)
i a e outros autores como Guevara e Ranalli,' Johnsen e Winter,2' Mc
o n Carthy25 e Scott et al.,4" os protetores bucais devem ter as seguintes
r d caracteristicas:" B,l7,21,38,41
i o
a
p
d r
o o
s b
o Ser confeccionados com material
resistente. e Cobrir todos os dentes.
e Devem ser preferencialmente utilizados na
maxila. e Devem ser confortaveis.
e Nao devem atrapalhar a fala e a
respirapao. s Resistentes.
« Sem odor.
e Semgosto.
o Nao volumoso.
0 Adequado.
o Espessura suficiente nas areas criticas.
o Boa reten§ño e adapta§ao para que o atleta sinta-se confortavel
e continue o seu uso.14

Protetores bucais c/e estoque


Este tipo de protetor bucal é vendido em lojas de esportes e é
comercializado em trés diferentes tamanhos (geralmente
pequeno, médio e grande), nao sendo posslvel nenhuma forma
de persona- 1iza§ño deste ñ arcada dental do atleta. E o tipo de
protetor mais barato e esta pronto para uso (somente remover do
pacote), contudo é espesso. Além disso, apresenta uma pobre
retenpao (adaptapao), exigindo que o atleta permane§a
mordendo para manté-lo na boca. Assim, esse tipo de protetor
interfere sobremaneira na fala e respi- razao. E importante
afirmar que esses protetores bucais nao devem ser utilizados
devido ñ falta de retenpao e as suas propriedades, que
proporcionam o menor nlvel de protepño quando comparado a
outros tipos.1B,38

Protetores bucais esse tipo de pro- tetor causa uma falsa sensapao de prote§ao
termoplâsticos devido a redupao da espessura (70-90%).
(Figs. 7.45 e 7.46) Além disso, os protetores tém tama- nho
limitado, nao cobrindo os dentes posteriores
e, frequen- temente, os atletas cortam e
Este tipo de protetor é o
alteram a espessura do protetor
mais utilizado no mercado e é
feito de um material prejudicando o ajuste e a re- ten§ao do
mesmo. Todas estas alterapñes prejudicam a
termoplastico. Amolecido em
agua quente, é colocado em eficacia do protetor, ja que a espessura e a
extensao sño essenciais para a sua eficacia.
seguida sobre os dentes da
maxila e ajustado aos dentes e Por essa razao, esse tipo de protetor bucal
nño oferece a qualidade nem a segu- ranpa
a gengiva utilizando os dedos
e a lingua. Aprotepao ofe- necessaria aos atletas." “ Um estudo
realizado através de entrevistas com atletas
recida por esses protetores é
um pouco melhor quando se alemaes no ano 2000 mostrou que o pro-
tetordo tipo termoplasticos sao aqueles que
com- para aos protetores de
estoque, mas ainda assim causaram maiores problemas de adaptapao
quan- do comparados com os perso-
oferece uma prote ño
insuficiente devido a nalizados."
deforma§ño do material quan-
do imerso em agua quente. No
processo de ajuste na arcada, a
espessura do material termo-
plastico é diminuida,
reduzindo a eficacia da
protepao ao atleta. Para Park,
Fig.7-45 Protetor
bucal termoplastico
para as arcadas
superior e inferior.

209

Fig. 7-46 Protetor


bucal termoplasti- co
para a arcada
superior.

Placas Oclusais e Protetores


Bucais
Protetores bucais personalizados
E o melhor protetor bucal disponivel atual- Oclusâo: Para Vocé e Para Mim
mente.2 Esse tipo de protetor é confeccionado
pelo cirurgiao-dentista e confere uma
excelente protepño para a maioria dos esportes
e permane- ce firme na maxila durante a
fonapao, respirapao ou golpe na face. Em
agosto de 1998, a liga de hoquei sobre o gelo
de Ontario (base para a Liga Nacional de
Hoquei, Canada) exigiu que todos os atletas
utilizarem protetores bucais confecciona- dos
pelo dentista, por oferecer maior prote§ño e
adaptapao."
Antes da confecpao desse protetor, algumas
quest0es deverño ser respondidas:4'

• Para qual esporte esse protetor bucal sera


utilizado?
• Qual a idade do atleta e qual a possibilidade
de promover espapo para a eruppao de
dentes quando em fase de dentadura mista
(idade de 6 a 12 anos)?
• O tipo de protetor é adequado para o nivel de
competipño do atleta?
• O paciente tern historia de concussao ou
necessita de protepao extra em alguma
area
especifica?
• O paciente esta sob tratamento ortodonti-
co?
• O paciente apresenta cavidades de carie ou
perda dental?

Existem dois tipos de protetores personaliza-


dos: a vacuo e laminados sob pressao.

PROTETORES BL/CA/S A NACL/O


O material mais utilizado para a confecpao
desses protetores é o acetato de etileno vinil—
EVA (ethylene vinAl acetate).8 4' As maquinas a
vacuo, responsaveis pela confecpao destes
protetores sao adequadas para uma unica lñmina
EVA, descrita a seguir na técnica de confecpao.
4
' Deve ficar evi- denciado que o protetor bucal
avacuo é superior aos protetores de estoque ou
termoplasticos, reduzindo as principais falhas e
reclamap0es dos atletas e treinadores.44

Técnica de confec§âo:' 47

210 (a) Preparo do modelo


• Recorte do modelo, removendo-se as
rebarbas laterais (o mâximo possivel), porém
preser- vando toda a regiao de fundo de
sulco.
R Remopao das bolhas positivas e preenchimen-
to das bolhas negativas.
o Confecpño de um orificio (do maior tamanho
possivel, sem que invada a area de trabalho)
na regiao central do modelo para o escape do
ar durante a conforma§ño avacuo da lñmina,
permitindo a boa adaptapao desse modelo
(Fig. 7-47).

(b) Com o modelo seco, delimita-se a area de tra


— balho de acordo com as normas da ASTM' '8 2" 2* 43
(Fig. 7-48), confeccionando um alivio na regiao
de freios e envolvendo todos os dentes, exceto os
terceiros molares.4’
(c) Adaptapao de uma lñmina do material EVA
(normalmente de 4 mm) na por§ao superior da
maquina, entre os dois suportes metalicos.
(d) Co1oca§ño do modelo na plataforma da ma-
quina de conformapño a vacuo (Fig. 7-49).
(e) Aquecimento da lñmina do material EVA até
que forme uma “bolha” (Fig. 7-49).
(f)Abaixamento do suporte metalico que prende
a lñmina (vacuo), até que alcance a plataforma
onde o modelo se encontra.
(g)Remopao do modelo e lñmina prensados apñs
o esfriamento da lñmina (Fig. 7-50).
(h) Acabamento: as margens sño acabadas, evi-
tando que pela espessura ou contorno irritem a
mucosa, em particular os freios. Na zona poste-
rior, justifica-se em recorte que assegure a posi-
Rao de repouso da mandibula. O acabamento é
realizado em trés etapas:

o Recorte inicial com tesoura e/ou bisturi se-


guindo a delimitapño feita no fundo de sulco
em uma inclinapño de 45°. Se a lâmina for
opaca, esse passo ficara um pouco mais dificil,
ja que nao é possivel ver a delimitapño com
clareza (Fig. 7-52).
R Desgaste com pedra para acrflico nas bordas ja
recortadas (Fig. 7-53).
o Arredondamento das bordas com lamparina
a alcool Hanau (Fig. 7-54).

(i) O protetor bucal esta pronto, podendo ser pro-


vado no paciente. Deve-se verificar as areas com
interferéncia de freios, que ainda possam existir e,
entño, remové-las até que o paciente sinta-se
confortavel (Fig. 7-55).
Em pacientes em tratamento ortodsntico,
antes da moldagem, uma faixa de cera utilidade
deve ser colocada sobre o aparelho fixo, sendo
o paciente moldado dessa forma. A partir dat, a
sequéncia é a mesma descrita anteriormente.
Fig. 7-53 Fig. 7-54 Fig. 7-55

Fig. 7-47 Vista oclusal do modelo apos a confec§âo


do orificio na regiao do palato.
Fig. 7-48 Delimitagâo da area de trabalho com lapis,
com alivio na regiao de freios.
Fig. 7-49 Formagâo de uma “bolha" apos o aqueci-
mento da lamina EVA.
Fig. 7-50 Vista oclusal do modelo e lamina depois de
prensados.
Fig. 7-51 Recorte inicial com tesoura.
Fig. 7•52 Recorte do protetor utilizando lamina de
bisturi, seguindo a delimitagâo realizada
anteriormente no fundo de sulco.
Fig. 7-53 Acabamento com o desgaste das bordas
apos o recorte. 211
Fig. 7-54 Arredondamento das bordas com lamparina
a alcool Hanau.
Fig. 7-55 Prova do protetor bucal no paciente.

Placas Oclusais e Protetores Bucais


PROTETORES BUCAIS LAMINADOS SOB devem ser utilizadas, alcanpando um resultado
PRESSA O final de 3 a 4 mm de espessura na superficie
oclusal.36,3 8,42
Esse tipo de protetor é feito com duas ou As vantagens dos protetores laminados sob
trés camadas do material EVA até a1can§ar a pressiio sao: (a) adapta ño precisa; (b) pouca
espessura desejada em um ambiente de alta deforma§ño (pouca memoria elastica) e (c) é pos
temperatura e pressño (6-10 atmosferas) ,3745 — sivel aumentar espessura de âreas que
que pode ser utili- zado para todos os tipos de necessitam de maior prote§ño.4’
esportes. As camadas nño sao unidas com o Dentre os protetores bucais disponiveis hoje
vacuo da maquina, mas sim através de uma no mercado, os laminados sob pressao sño os
fusao quimica promovida pela alta que proporcionam maior prote pao.32 41
temperatura e pressao de maquinas como
Drufomat, Erkopree 2004 ou Biostar. A
espessura de um protetor bucal torna-se
importante, pois ñ
medida que a espessura é aumentada, a forma do A confec§ao desses protetores bucais inicia
impacto é diminuida. '4
com a escolha da cor e quantas lñminas de EVA
Os protetores bucais devem ser espessos, mas serño utilizadas. Se, por exemplo, deseja-se um nño
muito volumosos. Sugere-se uma espessura protetor de 4 mm, utilizam-se duas laminas de
de 3 mm por vestibular e oclusal e 2 mm por pa- 3 mm cada. A primeira lñmina de material EVA
latino.“ Nño se pode esperar que uma lñmina escolhida é colocada no disco posicionador e o
EVA com 3 mm mantenha a mesma espessura modelo, recortado previamente, é colocado sobre
apos a confec§ño, o que é fisicamente impossivel. a mesa da maquina ñ pressño.
Durante a fabrica§iio, a espessura da lñmina é O aquecedor, bem como o disco que fixa a
reduzida de 25 a 50% nos protetores personali- lñmina de EVA, sao colocados sobre o
modelo. zados,37 3' e de 70 a 90% nos protetores do tipo A lñmina come§a a ser aquecida e, a
medida termoplastico." O uso de uma lñmina de 3 mm que isso ocorre, ela ira formar uma “bolha”
sobre resultarñ em um protetor bucal insatisfatfirio. o modelo. No instante em que essa “bolha”
tocar Portanto, duas ou mais camadas do material EVA o modelo, é o momento de ativar a
pressño.
No mesmo instante em que a pressño é acionada, deve-se
abai- xar o disco posicionador da lñmina de EVA até a base do
modelo. O aquecedor podera, entño, ser afastado.
O material (lamina de EVA e o modelo) deve permanecer sob
pressiio por no minimo 15 minutos. Depois, espera-se até que a
pres- sao seja liberada, o que sera indicado por um botño luminoso.
Nesse momento, o cilindro de pressño ira movimentar-se pra cima.
A primeira camada do protetor esta formada. O modelo deve
ser removido da mñquina e deixado para esfriar a temperatura
ambiente, prevenindo distor§oes.
Uma vez frio, a lñmina devera sofrer um recorte prévio com
te- soura ou lñmina de bisturi, com cuidado para que este
recorte nño seja excessivo. A extensño palatina deve ser
removida para maior conforto do atleta para falar e respirar. Por
vestibular, o protetor deve cobrir todo o osso alveolar e
estender-se até o primeiro molar.
Nesse momento, o protetor podera receber algum tipo de iden-
tifica§ao, como o nome do paciente, por exemplo.
A segunda camada de lñmina EVA deve, entño, ser aplicada. A
nova lñmina de material EVA (transparente) é colocada no disco
posicionador, e o modelo com a primeira camada do material é
colocado sobre a mesa da mñquina a pressiio, repetindo as etapas
anteriormente descritas.
Quando a segunda camada da lñmina EVA come§a a
21 2 esquen- tar, esse é um momento critico na confecpño do
protetor bucal. A segunda lñmina deve estar quente e na
consisténcia certa para que possa se unir ñ primeira lñmina.
Caso contrñrio, as duas lñminas into se separar com o passar do
tempo.

Oclusâo: Para Vocé e Para Mim


A segunda lamina deve cair completamente 7. BUREAU OF HEALTH EDUCATION AND AUDIO-
sobre o modelo, antes que o sistema de pressño VISUAL SERVICES; COUNCIL ON DENTAL
seja ativado. MATERIALS, INSTRUMENTS, AND EQUIPA-
Entao, o modelo com as lñminas é removido MENT./ADA, 109:84—7, 1984.
e fica em temperatura ambiente para o completo 8. CANTO, G.D.L.; OLIVEIRA, J.; HAYASAKI, S.M.;
resfriamento durante uma noite para evitar dis- CARDOSO, M. Protetores Bucais: uma neces-
torp0es. sidade dos novos tempos. Rev Dental Press
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Com uma caneta, marca-se por palatal onde
9. CARDOSO, M.; RODRIGUES, C.C.; ROCHA, M.J.C.;
sera cortado o protetor, isto é, 1 a 2 mm dos CALVO, M.C.M. Protetores bucais versus trau-
dentes. matismo nos Jogos Abertos de Santa Catarina.
Com uma broca para acrflico, é removido o Pesqui Odontol Bras 15(sup1 2001) p.16 (Anais
excesso de material por palatal. O protetor é da 18a Reuniño Anual do SBPqO) 2001.
novamente colocado no modelo e é dado o 10. CHAPMAN, P.J. Orofacial injuries and the use of
acabamento final por palatal e vestibular. Todas mouthguards by the 1984 Great Britain Rugby
as interferéncias dadas pela musculatura devem League Touring team. Br J Sports Med, 19(1):34-
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ser removidas. u CLARK, G.T. Terapias com Placas Oclusais. In:
O protetor é fixo em um torno e é dado o aca- MOHL, N. Fundamentos de Oclusâo. Chicago:
bamento e polimento até a espessura desejada, Quintessense, 1989, p.305-319.
com uma fresa apropriada. 12. CROLL, T.P.; CASTALDI, C.R. A utilizapño de pro- p.
O polimento final é dado com uma gaze satu- tectores bucais no paciente ortodñntico e na 1
rada de cloroformio. crianga com dentiqño mista. Quintesséncia, 3
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13. DAESON, P.E. Evaluation and diagnosis and treat- 3
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Atualmente, cerca de 90% dos protetores 14. De WET, F.A. The prevention of oralfacial sports Plac
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bucais utilizados por atletas sño comprados em
1981. e
lojas de esportes, e os outros 10% sao feitos com o Prot
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E recomendado que o protetor bucal seja sempre http://www.dentistry-on-the-lake.com
lavado com agua e sabao neutro apfis o seu uso e, 16. FERREIRA, R.A. Impacto radical. Revista da APCD,
apos seco, deve ser armazenado em uma caixa 52(4):265-271, 1998.
perfurada. Quando for utilizado, o protetor pode ser 17. FRANCIS, K.T.; BRASHER, J. Physiological effects of
enxaguado com solu ao desin- fetante ou wearing mouthguards. Br J Sports Med, 25(4):
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Journal, 27(3), 1999.

214

Oclusâo: Para Vocé e Para Mim


A reco/ocagâo protética em geral e
particularmente a de extremidade livre, deve
somente ser imple- mentada onde as condigâes
existentes conduzem a problemas relevantes.

Kayser, Witter e Spanauf, 1987

O fato das prâteses de extremidades livres


serem (requentemente descartadas pelos
pacientes, deve- ria ser levado mais a sério pelos
protes/stas.

Kayser, Witter e Spanauf, 1987

215

Placas Oclusais e Protetores Bucais

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