Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
parte
Pesquisa, ensino e assistência
em dor orofacial
capítulo 1
Dor orofacial:
evolução e desafios à odontologia
José Tadeu Tesseroli de Siqueira
Introdução
Além disso, a palavra “dor” tem um significado que não um bom conhecimento da patologia nos permite com
se restringe apenas às áreas da saúde, estando presente preender as doenças que afligem nossos semelhantes,
também na filosofia, nas artes e na teologia. “Dor” faz valoriza os sinais e sintomas e permite uma adequada
parte do cotidiano da vida. Portanto, sempre é hora de formulação de hipóteses diagnósticas. enfim, de uma
reciclar conhecimentos e de discutir na prática clínica o forma ou de outra, é no conhecimento da patologia e
significado de ter dor. semiologia que se fundamenta a identificação da doen
ça – o diagnóstico.
por que estudar e tratar a dor?
Tratar dor exige sólida formação em Patologia e Se-
Segundo o médico e professor John Bonica,1 um dos miologia, mas não basta conhecer os componentes físi-
pioneiros em aplicar na clínica o princípio da multidis- cos da doença, ou a condição que a provoca. Existe um
ciplinaridade no tratamento da dor: outro lado, ainda mal compreendido pela maioria dos
profissionais da área da saúde, que engloba os aspectos
como sempre, o tratamento da dor permanece uma emocional, cognitivo e comportamental dos pacientes
das mais importantes preocupações da sociedade, e com doenças crônicas; além disso, também existe o am-
uma preocupação específica da comunidade científica biente familiar, as condições de trabalho e o aspecto so-
e dos profissionais da saúde. esta importância deriva cial. Sem dúvida, a dor deve ser avaliada em um amplo
do fato de que dor aguda ou crônica aflige milhões de aspecto biopsicossocial. As dores orofaciais não fogem
pessoas anualmente; e em muitos pacientes com dores a essa regra.3
crônicas, e uma significativa parcela daqueles com dor
aguda, ela é inadequadamente aliviada. consequente É no conhecimento da patologia e da
mente dor é a mais frequente causa de sofrimento e semiologia que se fundamenta a identificação da
incapacidade que compromete seriamente a qualidade doença: o diagnóstico.
de vida de milhões de pessoas ao redor do mundo. nos
eua, 15 a 20% da população tem dor aguda, e entre 25
e 30% tem dor crônica.1 dor: experiência e metáfora com
conteúdo biopsicossocial
A sensação de que entendemos dor, por considerá-la
sintoma comum para o diagnóstico de muitas doenças, O que fazer quando a dor, além de ser o sintoma,
não preenche toda a dimensão em que ela se expressa parece ser também a própria doença? Além do indis-
em cada paciente e no mesmo paciente ao longo dos pensável conhecimento de Patologia e Semiologia,
anos. Também não explica a razão pela qual muitos pa- teremos de ir além e conhecer melhor as repercussões
cientes não têm alívio da dor a despeito dos tratamen- da dor no organismo como um todo, tanto física como
tos recebidos e, tampouco, explica as alterações que afetivamente. Afinal, o quanto conhecemos dos nossos
ocorrem no indivíduo ou na sua vida, como alterações pacientes para compreendermos suas queixas de dor?
emocionais, depressão, distúrbios do sono ou perda do Existem inúmeras variáveis que os tornam únicos, de
emprego. tal forma que podemos ter a mesma doença, ou “dor”,
Além disso, as “sequelas” da dor independem da em indivíduos diferentes, mas obter respostas distintas
extensão da lesão ou do local do corpo humano onde de tratamentos idênticos.4 Devemos estar preparados
ela se instalou, não isentando, portanto, nenhum pro- para compreendê-los um pouco mais em suas queixas
fissional da área da saúde da sua responsabilidade de, e angústias. “A resposta à dor nem sempre decorre da
no mínimo, entender a complexidade de tal fenômeno. extensão da lesão, mas em grande parte do susto que
Uma vez ciente de que a dor tem múltiplas dimensões, a mesma causa ao doente”. Esta frase, pronunciada em
ele evita comentários depreciativos perante a queixa 1996 por Wall,5 um dos pais das teorias modernas sobre
do paciente, pode agir mais rapidamente no sentido de os mecanismos da dor, ajuda-nos a lembrar que tratamos
compreender e encaminhar casos complexos de dor e, doentes e não simplesmente um dente, uma articulação
principalmente, não se prende ao mito de que a dor é ou uma mera estrutura orgânica.
“só” um sintoma e, portanto, deve ter uma relação de Por essa razão, a definição mais difundida sobre dor
causa-efeito para poder ser explicada. (leia a seguir) foi encontrada após longas discussões e
ainda hoje é motivo de controvérsias na International
dor: a importância da patologia e da semiologia Association for the Study of Pain (IASP).6 O capítulo
brasileiro da IASP chama-se Sociedade Brasileira para o
Como a dor é, antes de mais nada, um sintoma, Estudo da Dor (SBED).
ela exige conhecimento de Patologia. Desta, decor-
re a necessidade de sólida formação em Semiologia, Dor: é uma experiência sensitiva e emocional desagra
indispensável ao diagnóstico das doenças. Tommasi2 dável que resulta em dano real ou potencial dos teci
lembra que: dos, ou é descrita em tais termos.6
18
Dor em odontologia: da dor de dente local, que mudou o panorama do atendimento odon-
ao sofrimento do tratamento tológico, possibilitando o controle da dor transope-
ratória, a agilização dos tratamentos e a redução do
O sofrimento milenar, físico e emocional, causado sofrimento deles decorrentes. Ela é a grande arma do
pela dor de dente, ou pelo seu tratamento, criou mitos cirurgião-dentista no combate à dor, embora necessite
que se estendem até os nossos dias, pois, ao contrário ser mais explorada como método eficiente de diagnós-
do que ocorria em cirurgias de braços ou pernas, o uso tico em dor difusa, ou referida, e também como método
de anestesia por isquemia ou por congelamento não era, de tratamento da dor crônica. A angústia, a ansiedade
evidentemente, capaz de permitir a extração indolor de e o medo gerados pelos tratamentos odontológicos são
dentes. Com um agravante, pois possivelmente o nú- típicos constituintes do componente afetivo-compor-
mero de extrações dentárias foi superior ao de outros tamental que acompanha a dor aguda ou a expectativa
procedimentos cirúrgicos na área médica ao longo da de dor.18,19 A tranquilização do paciente, juntamente
história humana, e antes da descoberta da anestesia.16 com o controle da dor operatória, reduz a resposta
neurovegetativa, típica do estresse emocional, que é,
A descoberta da anestesia geral inegavelmente, um dos responsáveis por algumas das
mais frequentes complicações sistêmicas observadas
Dor e sofrimento tornaram-se o terror de pacientes em cirurgias ou procedimentos odontológicos. Um
que necessitavam tratar seus dentes. Assim, a anestesia bom exemplo é a lipotimia.
geral foi a grande descoberta, ao possibilitar tratamen-
tos e cirurgias dentárias indolores. A descoberta e o Dor em odontologia no Brasil
uso pioneiro do óxido nitroso e do éter como agentes
anestésicos em cirurgia pelos cirurgiões-dentistas Ho- No Brasil, relatos pioneiros sobre a dificuldade no
race Wells e Thomas Green Morton, respectivamen- diagnóstico e tratamento da dor em odontologia en-
te, é, sem dúvida, um marco na História da odontologia contram-se nos livros do III Congresso Odontológico
e do controle da dor.17 Esses homens são lembrados Latino-Americano, realizado no Rio de Janeiro, em
como grandes benfeitores da humanidade e, curiosa- 1929.20 Naquela oportunidade o Professor Henrique
mente, foram os primeiros anestesistas (Fig. 1.2 A-B). Carlos Carpenter, da Faculdade de Odontologia da
Outro grande avanço no controle e tratamento da dor Universidade do Rio de Janeiro, relatava as dificulda-
em odontologia ocorreu com a descoberta da anestesia des clínicas para o diagnóstico das neuralgias faciais e
realçava o papel do dente como fonte de dor referida à
cabeça. O professor apresentou em sua tese ilustrações
Figura 1.2. Luta contra a dor. publicadas pelo médico neurologista inglês Dr. Henry
A. Horace Wells é considerado Head, que mostravam mapas de irradiação das dores de
o descobridor da anestesia. B. dente à cabeça e ao pescoço (Fig. 1.3 A-B). Esses ma-
Esta pintura do século XIX retra pas foram publicados originalmente em 1894 e o Dr.
ta a histórica cirurgia realizada
sob anestesia geral (éter), apli Carpenter realçava sua importância clínica, a despeito
cada por outro cirurgião-den das controvérsias, pois esse conhecimento era raro na
tista, Thomas Green Morton. É época. Além disso, ele citava as alterações emocionais
um marco histórico no combate comuns aos pacientes com dor. Justificava, dessa forma,
à dor humana que identifica a a necessidade de receitar medicamentos de uso interno
participação da odontologia
no controle da dor. “Primeira
para o tratamento da dor em odontologia – procedimen-
operação em éter”, Biblioteca to que era vedado ao cirurgião-dentista pelo Ministério
Médica de Boston, 1881, por da Saúde Pública do Brasil.20 “A Dôr em Odontologia”
Robert C. Hinckley. A foi a These por ele apresentada.
Fonte: Rings.17 Passaram-se 22 anos até o cirurgião-dentista brasi-
leiro ter reconhecido esse direito legal de prescrever
medicamentos de uso interno. Porém, só mais tarde, no
dia 24 de agosto de 1966, é que o exercício profissional
da odontologia foi regulamentado no Brasil pela lei
de Nº 5.081, a mesma que vigora nos dias atuais. Lon-
ga jornada para regulamentar uma profissão que exerce
atividade clínica, faz diagnóstico, realiza tratamentos e
atua em doenças de origem local e sistêmica ocorridas
na boca; isso sem considerar as diferentes interações
médicas e os níveis de complexidade que atualmente
também são exigências do Sistema Único de Saúde Bra-
B sileiro – SUS.3 Crenças, ignorância e ambições pessoais
20
inadequado, já que o capítulo da dor orofacial engloba, rápido encaminhamento é absolutamente indispensável
como vimos anteriormente, grande variedade de condi- para o seu prognóstico.
ções álgicas. Estudos clínicos com dores persistentes da Acima de tudo devemos compreender que essa enti-
face mostram que a falta de diagnóstico preciso é uma dade “disfunção de ATM” ou “disfunção temporomandi-
das principais causas de insucesso nos tratamentos, os bular” será gradativamente substituída pelas afecções ou
quais são frequentemente dirigidos a uma causa única, doenças que causam dor e disfunção mandibular, e que
muitas vezes atribuída às disfunções da ATM.35 esta é mais uma consequência do que uma causa de dor.
O conceito atual de dores musculoesqueléticas Portanto, a variabilidade desses problemas que acarretam
mastigatórias ultrapassa os limites convencionais das dor e disfunção mandibular exigirá conhecimento amplo,
antigas disfunções da ATM, ou seja, de disfunção da ar- tanto das bases neurobiológicas da dor, como de critérios
ticulação temporomandibular propriamente dita. Essa diagnósticos e de terapêutica em dor, seja oclusal, ortopé-
denominação engloba diversas anormalidades de natu- dica, fisiátrica, farmacológica, cirúrgica ou psicológica.
reza musculoesquelética que afetam a função mandi-
bular e podem causar dor. Gradativamente, a literatura Níveis de complexidade em dor orofacial
científica mostra evidências de que essas disfunções, na
existência de dor, necessitam ser avaliadas no contexto A dor crônica e as diversas condições de dor deve-
“dor” tanto ou mais que no contexto “disfunção”,36,37 já riam ser avaliadas em um contexto de níveis de com-
que a dor é a experiência complexa e o motivo princi- plexidade, o que permitiria um melhor prognóstico a
pal que leva o paciente à procura de assistência à saúde. cada caso, individualmente, e também para que o clíni-
Este representativo grupo de dores musculoesqueléti- co identifique seus limites e as necessidades de encami-
cas da face deve ser incorporado às dores orofaciais de nhamento e de interconsultas, assim como preconiza o
acordo com critérios que permitam identificá-lo e dife- Sistema Único de Saúde (SUS) adotado pelo Brasil. Ver
renciá-lo das demais condições álgicas que acometem na Figura 1.6 as sugestões sobre níveis de complexidade
a face. Existem inúmeras doenças, locais ou sistêmicas, em dor orofacial.3
que afetam o complexo maxilomandibular e que devem
ser incluídas no diagnóstico diferencial das dores oro- Desafios da odontologia na área de dor
faciais, como cefaleias primárias, cervicalgias e doenças
cardíacas. Se inicialmente a dor decorrente de doenças dos den-
A odontologia, qualquer que seja sua especialidade, tes foi o foco primário da atenção odontológica, em um
tem implícita em sua atividade a prevenção e a cura das segundo momento as doenças e disfunções relacionadas
doenças de origem bucodental, bem como a restauração à articulação temporomandibular passaram a se destacar
da função mandibular. Nesse contexto, os conhecimen- pela sua prevalência e importância clínica. Entretan-
tos sobre oclusão dentária e ATM são indispensáveis to, vivemos um momento em que as necessidades dos
para o cirurgião-dentista, clínico ou especialista, inde- pacientes vão além. Dores crônicas, como a síndrome
pendentemente se é cirurgião, periodontista, endodon- da ardência bucal, as dores neuropáticas e a dor facial
tista, protesista ou ortodontista. Esses conceitos já fo- persistente, são outros exemplos do dia a dia, e, embora
ram plenamente salientados e defendidos por diversos pouco prevalentes, têm grande impacto biopsicossocial.
profissionais.38,39 Outro grande desafio à profissão odontológica é o que
A tarefa de cuidar do aparelho mastigatório, da oclu- diz respeito aos pacientes com necessidades especiais
são dentária ou da ATM pertence essencialmente ao (morbidades associadas) e que sentem dor orofacial. Fi-
cirurgião-dentista, porém, independentemente dos as- nalmente, um grupo especial exige atenção odontológi-
pectos estruturais envolvidos, quando há queixa de dor, ca: são os pacientes com câncer de cabeça e pescoço.
ela pode ser o diferencial ou o complicador dessa tarefa. A seguir serão relacionadas diversas situações da clí-
Devemos estar preparados para compreender que dor nica odontológica que constituem o universo da dor em
é fenômeno complexo, o qual precisa ser entendido e odontologia.41
que, mesmo sendo as disfunções mandibulares muito
frequentes, existem outras condições dolorosas da face a. Controle da dor transoperatória: pode ser conse-
que as simulam, como dores referidas da própria face, guido convenientemente por meio das técnicas de
do crânio, do tórax e até do abdome. Devemos ainda anestesia local, lembrando que há pacientes gene-
compreender que existem dores somáticas, neuropáti- ticamente susceptíveis à dor e não sabemos exata-
cas e por transtornos psiquiátricos e que, embora seja mente quem são eles. A prevenção da dor aguda
a dor o sintoma essencial à proteção da vida, sentinela pode ser medida de prevenção da dor crônica. Es-
que nos alerta, ela pode se tornar a própria doença;40 tudos genéticos experimentais apontam que há sus-
que também existe a dor do câncer, a qual pode ser a ceptibilidade individual à dor e espera-se que, em
manifestação inicial da doença e, como inúmeras vezes um futuro próximo, possamos saber previamente à
somos os primeiros profissionais a atender o paciente, cirurgia quem são esses pacientes.42
nossa responsabilidade frente ao diagnóstico precoce e b. Controle do medo e da ansiedade: é conseguido
24
Dor persistente/crônica:
Dor refratária, procedimentos complexos,
alta tecnologia
Centro de dor
Dor persistente/crônica:
dente, pós-trauma, miofascial, Especialista dor/
“dor facial atípica”, neuropática, Centro de dor
DTM, ardência bucal, câncer
Dor aguda:
Endodontia, dentística, pós-cirúrgica, Especialidades Odontológicas
ATM, DTM, periodontal, infecções
Dor aguda:
Cáries, pulpite, periodontite, Clínico geral
Pós-cirúrgica/procedimentos/DTM
Figura 1.6. nesta escada são apresentadas as sugestões de níveis de complexidade de dor orofacial e necessidade de tratamento. este es
quema para o tratamento da dor foi elaborado para ser adaptado aos níveis de complexidade do sistema Único de saúde (sus) brasileiro.
fonte: siqueira.3
por meios seguros, capazes de minimizar os efeitos ambulatorial através da cetamina iniciou-se com a
emocionais gerados pelo atendimento odontológi- necessidade cirúrgica de eliminação de focos dentá-
co, ou pela simples expectativa do mesmo. A tran- rios em crianças que deveriam se submeter a cirurgias
quilização dos pacientes pode ser realizada no pré, cardíacas e corriam risco de infecção focal de origem
pós e transoperatório. Medidas que tranquilizem o dentária. Esta técnica foi introduzida por Cromberg,
paciente na fase pré-operatória podem contribuir em 1975.43 Considerando-se a demanda por atendi-
para a redução das dores trans e pós-operatórias. mento odontológico sob anestesia geral, o custo/be-
Não se justifica que em cirurgias eletivas sob anes- nefício decorrente da analgesia ambulatorial é mais
tesia local o paciente ainda sofra física e mental- interessante, evidenciando a importância da técnica
mente como no passado remoto. Historicamente em um país carente economicamente e com enorme
o cirurgião-dentista descobriu a anestesia geral, e fila de doentes esperando por tratamento odontoló-
no Brasil finalmente está regulamentado o uso do gico. Na analgesia ambulatorial a equipe pode ser
óxido nitroso em consultório odontológico. É rele- composta por odontopediatras e médico-anestesista
vante lembrar que o controle da dor e da ansiedade especializado neste tipo de atendimento. O consul-
foi responsável pela incorporação de medicação de tório deve estar em condições que permitam segu-
uso interno, incluindo os ansiolíticos, no receituário rança ao paciente no transcorrer do procedimento
da odontologia – o que pressupõe a necessidade de operatório. Além disso, os membros dessa equipe
educação profissional para a aplicação desses conhe- multidisciplinar devem ter treinamento adequado
cimentos na clínica. O estudo da farmacologia e o para avaliação e preparo pré, trans e pós-operatório
preparo para aplicação de procedimentos de emer- do doente, ressalvando-se, evidentemente, a autono-
gência são indispensáveis para enfrentar eventuais mia das respectivas áreas, de acordo com sua atuação
intercorrências.16 As técnicas de sedação e analgesia e competências profissionais.44
exigem treinamento especializado e, dependendo Em 2004, após discussão entre os Conselhos Fede-
da condição clínica do doente, devem ser realizadas rais de Odontologia e Medicina, foi regulamentado o
por um médico-anestesista. uso pelo cirurgião-dentista brasileiro da sedação por
A Divisão de Odontologia do Instituto Central do meio do óxido nitroso.
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da c. O diagnóstico da dor de dente referida à cabeça
Universidade de São Paulo (HC/FMUSP) desen- e ao pescoço: ainda é um grande desafio clínico e
volveu pioneiramente grande experiência neste tipo exige avaliação meticulosa que inclui semiotécnica
de técnica, principalmente no atendimento odonto- refinada, se possível alicerçada pelo conhecimento
pediátrico de pacientes pouco cooperativos devido da fisiopatologia da dor e pelos critérios para o diag-
a distúrbios neurológicos, a alto grau de ansiedade nóstico diferencial de odontalgias (patogênese). O
ou a outros distúrbios comportamentais. A analgesia espalhamento de algumas dessas dores às regiões
25
adjacentes da face, crânio e pescoço produz grande Então, a odontologia participa com medidas preven-
confusão e indecisões. Nas dores de dente difusas, o tivas, curativas e paliativas, a fim de proporcionar
doente assusta-se de tal forma com a intensidade da uma melhor qualidade de vida ao paciente.47 Ver os
dor que normalmente procura atendimento em pron- capítulos da Parte 10.
to-socorro de hospitais gerais. A grande dificuldade
nesses casos é o diagnóstico, pois o tratamento é rela- Tratamento da dor: da ética à relação
tivamente tranquilo. O desafio do cirurgião-dentista cirurgião-dentista / paciente
na área de dor orofacial inicia-se pelo diagnóstico da
dor de dente difusa, principalmente das pulpites, que O código de ética odontológico contempla os diver-
eventualmente causam cefaleias secundárias.35 sos aspectos que envolvem a pesquisa científica incluin-
d. Terapêutica da dor aguda (inflamatória): indepen- do o consentimento livre e esclarecido do paciente,
dentemente de sua origem, pressupõe conhecimen- ou de seu representante legal, além de transplantes de
to dos mecanismos da dor, do processo inflamatório órgãos.48 Todavia, o universo da pesquisa nem sempre
e de farmacologia aplicada. É imprescindível que o corresponde à atividade clínica, a qual envolve decisões
cirurgião-dentista conheça as várias classes de fárma- diárias. Quando o paciente apresenta dor, as decisões
cos utilizados para o tratamento da dor e saiba como profissionais defrontam-se com vários desafios: primei-
aplicá-los em cada caso; a situação mais comum de- ro, com a própria complexidade do fenômeno doloroso;
corre da dor pós-operatória e sabe-se que seu contro- depois, com a individualidade do sujeito que a sofre e,
le incompleto, além do sofrimento que gera, pode ser ainda, com o próprio conceito de ética pelo profissio-
causa de cronificação da dor. A experiência clínica e nal. Neste sentido, podem existir julgamentos empíri-
os dados da literatura científica sugerem que os pro- cos que afetam as decisões profissionais e nem sempre
fissionais se preocupem mais com este aspecto.45 Ver são favoráveis aos pacientes.
Capítulo 36. A International Association for the Study of Pain
e. Dor crônica orofacial/cefaleias secundárias/dor (IASP) discute os aspectos éticos que envolvem a dor
pós-operatória persistente: a exemplo da dor mio- na clínica e na pesquisa.34 Entre os conceitos filosóficos
fascial mastigatória, da síndrome da ardência bucal dessa relação é fundamental ao profissional da saúde re-
(SAB), das neuralgias e neuropatias orofaciais, da lembrar a necessidade de:
odontalgia atípica/dor facial atípica e da dor no cân-
cer, pressupõem um largo espectro de conhecimentos 1. Distinguir os aspectos subjetivos da dor dos aspec-
que vai desde o conhecimento da fisiopatologia da tos objetivos obtidos na avaliação da dor.
dor até os mecanismos biopsicossociais envolvidos no 2. Distinguir entre dor e sofrimento.
comportamento de dor do paciente. É indispensável 3. Entender que existem diferenças individuais e de
que o cirurgião-dentista conheça, no mínimo, as prin- grupos no que concerne à intensidade e ao signifi-
cipais causas de dores craniofaciais para estabelecer cado da dor.
o diagnóstico diferencial. Deve-se lembrar, também,
que ao lado do diagnóstico físico deve existir uma ava- Entre as obrigações éticas destacam-se:
liação comportamental do doente. Medicamentos não
convencionalmente usados na odontologia brasileira, 1. Respeitar as culturas individuais, lembrar dos direitos
embora de prescrição legal, começam a fazer parte humanos básicos e da responsabilidade profissional.
do receituário do cirurgião-dentista, a exemplo dos 2. Entender o significado moral do sofrimento desne-
antidepressivos tricíclicos e dos anticonvulsivantes, cessário por dor.
preconizados em pacientes com dor crônica. Equipe 3. Entender que dor moderada a excruciante provoca
multidisciplinar para o controle da dor crônica pode danos físicos e psicológicos. Obedecer aos princí-
ser indispensável para alguns doentes. Esta distinção pios da beneficência (caridade) e da não maleficên-
deve ser feita, inclusive, para determinar as limitações cia (não provocar dano).
clínicas do profissional, a necessidade de interconsul- 4. Ter consciência de que a dor agride a dignidade
tas e o encaminhamento do doente.19,28,30,46 humana; e que a dor iatrogênica, de certa forma,
f. Dor e cuidados paliativos no paciente com câncer compara-se à dor das vítimas de tortura.
de cabeça e pescoço: nos últimos anos, aumentaram 5. Entender o princípio de justiça no manejo e pesqui-
os esforços da odontologia para identificar o câncer sa em dor.
de boca. Entretanto, quando a dor é o sintoma do
câncer ainda não identificado nem sempre o diagnós- Quando o paciente decide-se por fazer uma cirur-
tico é rápido ou mesmo há suspeita da doença. Além gia odontológica eletiva, como é o caso de cirurgia de
disso, o câncer de cabeça e de pescoço, incluindo implantes de titânio, de terceiros molares e da cirur-
o de boca, são os que causam maior dor. Portanto, gia ortognática, ou procedimentos menos invasivos,
além dos tratamentos do próprio câncer pela equipe como o tratamento de canal, uma restauração ou uma
médica, o controle de doenças bucais é fundamental. prótese dentária, ele nem sempre conta com riscos e
26
e da Ortopedia dos Maxilares. O interessante é que a os profissionais da área de saúde. Na odontologia, esta
odontologia, em si uma especialidade, gira, direta ou afirmação aplica-se a todas as áreas. Entretanto, a expe-
indiretamente, em torno da oclusão dentária e do apa- riência clínica e inúmeros relatos da literatura mostram
relho mastigatório, conhecimentos que são a base da que há consenso quanto às dificuldades de abordagem
profissão. Ninguém deve se considerar isento ou ter dos doentes com dor orofacial crônica. Para tentar sa-
exclusividade sobre conhecimentos indispensáveis ao ná-las, atualmente existem cursos regulares e de espe-
exercício de sua profissão. cialização odontológica em dor que preparam os pro-
Felizmente, a par das técnicas avançadas e comple- fissionais interessados nessa tarefa. Com esses cursos,
xas, usadas pela odontologia, chegamos a uma fase de espera-se a redução de erros e iatrogenias e a agilização
transição sobre as relações da oclusão com as DTM, a do encaminhamento adequado desses pacientes, pois o
partir da experiência adquirida nos últimos anos e de convívio e treinamento em equipes multidisciplinares
evidências científicas sobre o tema. Estudos em diver- de dor crônica trariam a experiência indispensável so-
sas áreas da odontologia apontam para a necessidade bre dor, doenças e doentes.
de que o enfoque oclusal indispensável ao tratamen- Do anteriormente exposto depreende-se que a par-
to do paciente seja complementado pelo entendimento ticipação do cirurgião-dentista em equipe multidiscipli-
do contexto neural em que ocorrem as funções orais e nar de dor pressupõe os seguintes conhecimentos:
mandibulares.7,32,52-55
Tópicos da equipe multiprofissional para trata-
a odontologia, como especialidade, gira mento da dor:
em torno, direta ou indiretamente, da oclusão
dental e do aparelho mastigatório. esses a. Linguagem comum a todos os membros da equipe:
conhecimentos são indispensáveis ao cirurgião dor.
dentista. ninguém deve se considerar isento b. Modelo conceitual de dor: do biomédico ao biopsi-
ou ter exclusividade de conhecimento básico e cossocial.
indispensável à sua profissão. c. Anatomia, Fisiologia, Patologia e Semiologia.
d. Síndromes álgicas que acometem cabeça e pescoço.
e. Princípios gerais do tratamento da dor, incluindo a
De qualquer forma, a razão principal da procura Farmacologia.
pela assistência médico-odontológica no momento
atual chama-se dor, e, sem dúvida, merecerá sempre Para atingir tais objetivos é necessário que haja edu-
nosso enfoque, pelo menos no princípio. Revisão cur- cação continuada em dor; prática clínica em equipes es-
ricular para integração das diferentes disciplinas é ne- pecializadas em dor, principalmente em dor crônica, e
cessária. Os conhecimentos básicos sobre os mecanis- discussões interdisciplinares de casos clínicos de dor.
mos neurais da dor orofacial, a sua fisiopatologia e os
fatores psicossociais envolvidos devem fazer parte da a manutenção das responsabilidades individuais
formação nuclear dos profissionais da odontologia. Os obriga o profissional a prepararse para tomar
conhecimentos sobre a complexidade do fenômeno dor decisões que não prejudiquem o doente, não
são comuns e aplicáveis a todas as áreas clínicas: clínica confundam os membros da equipe multidisciplinar
odontológica geral, endodontia, periodontia, ortodon- e não comprometam os aspectos éticos envolvidos.
tia, prótese, semiologia, cirurgia, odontopediatria e na
própria dor orofacial.
o cIrurgIão-dentIsta na eQuIpe
não há necessidade de ser especialista multIdIscIplInar de dor
em dor. Mas, havendo este desejo, o profissional
deve estar apto para enfrentar e conhecer um A conduta clínica do cirurgião-dentista que se pro-
vasto campo, que envolve amplos conhecimentos põe a atender e tratar pacientes com dor persistente ou
básicos e clínicos, em toda a odontologia e nas crônica depende muito de sua formação nessa área. Ela
matérias afins, particularmente no que tange à exige sólida formação interdisciplinar e, a exemplo da
dor crônica. cirurgia bucomaxilofacial, a presença do dentista nos
hospitais permite a resolução dos problemas pertinentes
à odontologia e lhe dá enorme experiência clínica, seja
os centros unIversItárIos pela variedade de problemas com os quais se defron-
de tratamento da dor na ta, seja pela complexidade desses problemas, ou, ainda,
Formação proFIssIonal pela convivência multidisciplinar. Os conceitos científi-
cos que embasam o atendimento de pacientes com dor
A dor, como sintoma primário de grande número de solidificam-se durante a vivência clínica hospitalar, em
doenças, deve ser conhecimento indispensável a todos meio a profissionais treinados para esse fim.
28
brasileira, mas, no contexto em que é realizada a nossa odontologia, neurologia, oftalmologia e otorrinolarin-
Odontologia Hospitalar, ela não deveria ter a conota- gologia. No I Encontro de Odontologia Hospitalar
ção de especialidade, pois todas as especialidades odon- do Hospital das Clínicas de São Paulo, foi realizado
tológicas têm vantagem no atendimento do paciente o Curso Multidisciplinar de Dor Facial. Em 1988,
hospitalar. A nosso ver, a Odontologia Hospitalar é o quando foi criada a Liga de Cefaleia da Faculdade de
complemento da graduação, em ambiente multidiscipli- Medicina da Universidade de São Paulo,57 também
nar e em diversos níveis de complexidade. A importân- foi incluída a odontologia com a participação de um
cia dos programas de aprimoramento, estágio ou resi- cirurgião-dentista. Posteriormente, em 1991, motiva-
dência hospitalar para o cirurgião-dentista decorre da do pela experiência clínica adquirida, e também pelas
experiência profissional que terá no ambiente em que necessidades crescentes devido à complexidade dos
conviverá com os doentes e com os demais profissionais problemas, o Grupo de ATM passou a chamar-se Gru-
da área da saúde; vivência do contexto em que se discu- po de Estudos em Dor Orofacial e ATM. Finalmente,
tem e tratam doentes e doenças, além da observação e em 1997, a Dra. Eliane Barbosa Prado, então diretora
participação nas dificuldades inerentes aos tratamentos da Divisão de Odontologia do Instituto Central, des-
desses doentes complexos. vinculou o Grupo da Dor Orofacial/ATM da Cirurgia
No ambiente hospitalar, o dentista se defronta, na Oral, transformando-o em uma das três equipes da
prática, com as mais variadas situações e doenças, en- Divisão de Odontologia do Instituto Central do Hos-
riquecendo sua formação, independentemente de sua pital das Clínicas (ICHC) ICHC. A denominação pas-
especialidade, pois ele se prepara para tratar as doen- sou a ser Equipe de Dor Orofacial / ATM (EDOF/HC).
ças bucodentais no contexto da saúde geral, na qual o Atualmente essa equipe é integrada ao Centro de Dor
objetivo primário é conhecer o doente, para que possa da Divisão de Neurologia do Hospital das Clínicas de
atendê-lo de acordo com o prognóstico determinado São Paulo, fato que favorece a interdisciplinaridade e
pela sua doença, ciente dos riscos e benefícios que o propicia o estudo de casos complexos de dor, aprovei-
tratamento trará à condição clínica sistêmica. Períodos tando o potencial tecnológico e humano disponível na
de estágio ou residência profissional em Odontologia instituição. Esse entrosamento permitiu a elaboração
Hospitalar objetivam dar ao profissional a prática de de muitos estudos, os quais culminaram em protocolos
que ele precisa para compreender seu paciente durante de abordagem e tratamento da dor orofacial, apresen-
quaisquer tratamentos dentários, principalmente quan- tados ao longo deste livro.
do estará isolado em seu consultório. Também o prepa- Possivelmente, este foi o primeiro serviço odonto-
ram para avaliar mais rapidamente os riscos e benefícios lógico em hospital universitário brasileiro com o obje-
dos tratamentos sugeridos. tivo de formar cirurgiões-dentistas, em regime de resi-
dência, capazes de abordar as mais diversas condições
Experiência brasileira da Odontologia álgicas da boca e da face, em atuação multidisciplinar,
Hospitalar no ensino da dor e que englobasse o tripé: pesquisa, ensino e assistên-
cia, nos diversos níveis de complexidade exigidos pelo
A experiência em Dor e Disfunção Temporomandi- SUS.
bular e Dor Orofacial descrita neste livro solidificou- No Curso de Aprimoramento em Odontologia Hos-
-se na atividade exercida no Hospital das Clínicas de pitalar do HC/FMUSP, em modelo de residência, to-
São Paulo, onde existe o Centro Interdisciplinar de dos os aprimorandos (estagiários, residentes) recebem
Dor, idealizado em 1974, no Departamento de Neuro- 96 horas de ensino e treinamento em dor orofacial no
logia, e oficializado em 1979. Com o passar do tempo, 1º ano do curso. Já no 2º ano, os alunos da Divisão de
as atividades do Centro de Dor ampliaram-se de for- Odontologia do ICHC recebem 460 horas, enquanto
ma interdisciplinar, permitindo a aglutinação de pro- os alunos da área específica de Dor Orofacial recebem
fissionais de diferentes áreas interessados no estudo e cerca de 2.000 horas e passam por diversas clínicas que
tratamento da dor.57 Especificamente na Divisão de abordam a dor nesse complexo hospitalar.
Odontologia, o estudo da dor iniciou-se com o atendi- Desde 2003, existe uma a duas vagas para a área de
mento de pacientes com disfunção de ATM, em 1980, Dor Orofacial, tendo sido formados nesse período nove
como atividade voluntária do autor em Cirurgia Oral, cirurgiões-dentistas, com treinamento em período inte-
a convite do Dr. Clóvis de Almeida, então diretor. Em gral de dois anos em um total de cerca de 4.000 horas.
1984, a Dra. Conceição da Glória Motta incorporou Em 2010 foi aprovada a Residência em Odontologia
essa atividade à rotina do Grupo da Cirurgia Oral, que Hospitalar do HC/FMUSP, com oito vagas, sendo uma
era uma das três equipes que compunham a Divisão para Dor Orofacial, em período integral de dois anos,
de Odontologia do Instituto Central. Esse subgrupo com cerca de 3.600 horas. Certamente é um programa
foi nomeado Grupo de ATM. Em 1986 foi realizado inédito e que contempla a complexidade das dores oro-
o I Curso de Dor Facial pela Divisão de Odontolo- faciais e disfunções mandibulares, preparando jovens
gia, já então de natureza multidisciplinar, englobando cirurgiões-dentistas para esse desafio (Quadro 1.2).
30
32
1. Entender o problema global da dor crônica no Brasil, Com a especialidade defrontamo-nos com três de-
incluindo a que ocorre na região orofacial, e seu im- safios. O primeiro é o de levar em frente o estudo, o
pacto na saúde pública. diagnóstico e o tratamento das dores orofaciais e da
35
Referências
1. Bonica JJ, Loeser JD. History of pain concepts and therapies. dentistas. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2000. p.
In: Loeser JD, Butler SH, Chapman CR, Turk DC, editors. 587-96.
Bonica’s management of pain. 3rd ed. New York: Lippincott 17. Rings ME. Dentistry: an illustrated history. New York: Harry
Williams & Wilkins; 2001. p. 3-16. N. Abrams; 1985.
2. Tommasi AF. Diagnóstico em patologia bucal. São Paulo: Artes 18. Melzack R. The puzzle of pain. New York: Penguin; 1973.
Médicas; 1982. 19. Teixeira MJ. Aspectos gerais do tratamento da dor. Rev Med.
3. Siqueira JTT. Dores mudas: as estranhas dores da boca. São 1995;76:46-7.
Paulo: Artes Médicas; 2008. 20. Carpenter HC. A dôr em odontologia. In: Eyer F, organizador.
4. Rudy TE, Turk D, Kubinski JA, Zaki HS. Differential treatment Actas e trabalhos do 3º Congresso Odontológico Latino-
responses of TMD patient as a function of psychological Americano; Rio de Janeiro; 1929. Rio de Janeiro: Imprensa
characteristics. Pain. 1995;61(1):103-12. Nacional; 1929. p. 499-512, v. 1.
5. Wall PD. The mechanisms by which tissue damage and pain 21. Lipton JA, Ship JA, Larach-Robinson D. Estimated prevalence
are related. In: Campbell JN, editor. Pain: updated review. and distribuition of reported orofacial pain in the United
Seattle: lasp; 1996. p. 123-6. States. J Am Dent Assoc. 1993;124(10):115-21.
6. Merskey H, Bogduk N. Classification of chronic pain: 22. Góes PSA, Kosminsky M, Siqueira JTT, Ribeiro MFP. Dor
descriptions of chronic pain syndromes and definitions of pain orofacial. In: Antunes JLF, Peres MA, editores. Fundamentos
terms. 2nd ed. Seattle: IASP; 1994. de odontologia: epidemiologia da saúde bucal. Rio de Janeiro:
7. Sessle BJ. Peripheral and central mechanisms of orofacial Guanabara Koogan; 2006. p. 102-14.
pain and their clinical correlates. Minerva Anestesiol. 23. Grossi ML. Disfunção da articulação temporomandibular. In:
2005;71(4):117-36. Antunes JLF, Peres MA, editores. Fundamentos de odontologia:
8. Jacobson L, Mariano AJ. General considerations of chronic epidemiologia da saúde bucal. Rio de Janeiro: Guanabara
pain. In: Loeser JD, Butler SH, Chapman CR, Turk DC, Koogan; 2006. p. 152-7.
editors. Bonica’s management of pain. 3rd ed. New York: 24. Teixeira MJ. Estudo master em dor. 1º SIMBIDOR; São Paulo;
Lippincott Williams & Wilkins; 2001. p. 3-16. 1994. São Paulo: APM; 1994.
9. Bonica JJ. The management of pain. Philaderphia: Lea & 25. Von Korff M, Dworkin SF, LeResche L, Kruger A. An
Febiger; 1953. epidemiologic comparison of pain complaints. Pain.
10. Stembach RA. Chronic pain as a disease entity. Triangle. 1988;32(2):173-83.
1981;20:27-32. 26. Grande enciclopédia Larousse Cultural. São Paulo: Círculo do
11. Loeser JD. Concepts of pain. In: Stanton-Hicks M, Boas R, Livro; 1988.
editors. Chronic low back pain. New York: Raven; 1982. p. 27. Okeson JP. Orofacial pain. In: The American Academy of
145-8. Orofacial Pain. Guidelines for assessment, diagnosis, and
12. National Institute of Dental and Craniofacial Research. management. Chicago: Quintessence; 1996.
Department of Health and Human Services. Oral health in 28. De Leeuw R. Orofacial pain. In: Guidelines for assessment,
America: a report of the surgeon general. Bethesda: NIDCR; diagnosis, and management of The American Academy of
2000. Orofacial Pain. 4th ed. Chicago: Quintessence; 2008.
13. Miyamoto JJ, Honda M, Saito DN, Okada T, Ono T, Ohyama 29. Blasberg B, Geenberg MS. Orofacial pain. In: Greenberg MS,
K, et al. The representation of the human oral area in the Glick M, editors. Burket’s oral medicine. 10th ed. Hamilton:
somatosensory cortex: a functional MRI study. Cereb Cortex. BC Decker; 2003. p. 307-40.
2006;16(5):669-75. 30. Okeson JP. Dores bucofaciais de Bell. 6. ed. São Paulo:
14. Ford PJ, Yamazaki K, Seymour GJ. Cardiovascular and oral Quintessence; 2006.
disease interactions: what is the evidence? Prim Dent Care. 31. Nóbrega JCM, Siqueira SRDT, Siqueira JTT, Teixeira MJ.
2007;14(2):59-66. Differential diagnosis in atypical facial pain: a clinical study.
15. Ojugas AC. A dor através da história e da arte. Barcelona: Atlas Arq Neuropsiquiatr. 2007;65(2-A):256-61.
Medical; 1999. 32. Bérzin MGR, Siqueira JTT. Study on the training of brazilizan
16. Haas D. Tratamento do medo e da ansiedade. In: Yagiela JA, dentists and physicians who treat patients with chronic pain.
Neidle EA, Dowd FJ, editores. Farmacologia e terapêutica para Braz J Oral Sci. 2009;8(1):44-9.
36
37