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Prevenção das Úlceras de Pressão Congresso

de Saúde do
Eugénia J. Anes *, Celeste Antão* Nordeste
*Professor Adjunto Escola Superior de Saúde, Instituto Politécnico de Bragança, Bragança
______________________________________________________________________________ 24-25 Outubro de 2008

Introdução
As úlceras de pressão são um problema antigo e uma realidade actual, são um problema de saúde pública a nível nacional e a nível
internacional.
Objectivo
As úlceras de pressão podem ser descritas como uma lesão localizada na pele e tecidos subjacentes causada por pressão, tensão,
Este trabalho surge
fricção e/ou combinação destes factores (Flanegan, 2001).
na necessidade de
Esta realidade tem vindo a merecer alguma preocupação e consideração (Quadro I) devido aos encargos económicos, ao défice de
despertar algumas
qualidade de vida por ela criados e ao facto de 60% das úlceras serem preveníveis (Furtado, 2001).
consciências para a
Relativamente à despesa com a saúde, ela tem vindo a aumentar e existem múltiplas razões que justificam este facto, entre as quais
questão relacionada com a
salientamos o envelhecimento da população, a dependência de tecnologias cada vez mais sofisticadas e as crescentes expectativas dos
importância da prevenção
consumidores (Franks, 2004).
das úlceras de pressão.
Por outro lado as úlceras de pressão reduzem a qualidade de vida relacionada com a saúde. As pessoas com úlceras de pressão podem
experienciar dor, embaraço e pode sentir-se impedida de efectuar as suas actividades de vida diárias com êxito (Clark, 2004).
Os doentes com acidente vascular cerebral constituem um grupo muito sensível a esta problemática, em virtude do elevado risco a
eles associado. Métodos
A prevenção eficaz das úlceras de pressão tem sido vista tradicionalmente como um importante indicador da qualidade dos cuidados Para a elaboração
prestados (Ferreira, Miguéis, Gouveia, & Furtado, 2007). deste trabalho recorremos
Os cuidadores de saúde têm tendência a culparem outros cuidadores e famílias e até a culpabilizarem-se da prestação de maus a um exaustiva revisão
cuidados evidenciados pela presença de úlceras de pressão. Estes maus cuidados referem-se essencialmente às áreas da mobilização e da bibliográfica.
higiene.

Quadro I – Consequências das úlceras de Pressão/Avaliação Quadro II - Fluxograma de Medidas de Prevenção

Admissão
Défice de Qualidade de
Encargos Económicos
Vida

Baixo Risco Estratificação do Risco Risco Moderado a Alto


(Avaliação do Risco)

Úlceras de Pressão •Inspecção Diária/Bidiária (visual e táctil) da pele em


60% preveníveis (Furtado, 2001) Reavaliar se a evolução áreas de alto Risco
clínica o Justificar •Identificação e Correcção dos Factores de Riscos
intrínsecos e extrínsecos

Cuidados Gerais da pele


•Manter limpa e seca (livre de Redução dos factores Extrínsecos
exsudados) •Reposicionamento no leito (mínimo 2/2 horas)
Identificação dos Indicador da •Usar agente de limpeza suave •Iniciar logo que a situação clínica e neurológica esteja
Factores de risco Qualidade dos •Evitar água quente e fricção estabilizada
•Usar emoliente/hidratante com •Decúbitos laterais de 30% (↓ pressão sobre o trocanter)
•Intrínsecos Cuidados função de barreira •Cabeceira da cama sempre inferior a 30⁰ (↓ tracção área
•Extrínsecos Prestado •Não massajar a pele sobre sacrococcigea)
proeminências ósseas •Uso de almofadas ou cunhas em espuma – superfícies ósseas
•Controlo do esvaziamento •Uso de almofadas – elevação calcâneos
vesical/intestinal •Mobilização precoce
•Quando for possível, limpeza •Leito limpo e seco
imediata, aplicação hidratante •Reposicionamento na cadeira
Avaliação do risco •Suporte nutricional •Distribuição do peso, alinhamento corporal
•Escala de Braden e •Quando necessário - suplemento •Transferência de peso (push-up, inclinações laterais) – 15-20
de Norton minutos
•Avaliação pelo Dispositivos de redução da •Não ultrapassar 2 horas na cadeira (quando não é possível a
Pressão transferência de peso
enfermeiro •Nesta ultima situação deverá ser prescrita cadeira com
•Calcanheira, cotoveleira
•Almofada, colchão anti-escaras mecanismo automático
•Dispositivos de redução da •Nas transferências usar dispositivos de transferência, não
pressão arrastar o doente

Fonte: Rocha, J.; J., Miranda, M., & Andrade, M. (2006). Abordagem Terapêutica das Úlceras de Pressão - Intervênções Baseadas na Evidência. Acta
Médica Portuguêsa , 29-38.

Resultados/Conclusões
As úlceras de pressão são preveníveis em muitas circunstâncias. A existência ou não de protocolos de prevenção pode alterar a taxa de êxito da necessária intervenção
multidisciplinar.
A Unidade de Missão para os Cuidados Continuados Integrados (2007: 3) afirma que “o aparecimento de uma úlcera é quase sempre consequência do incumprimento de
boas práticas nos cuidados prestados a doentes sujeitos a longos períodos de imobilidade”.
Se compreendermos a epidemiologia, incidência e prevalência das úlceras de pressão e a totalidade dos factores que potenciam ou provocam o seu aparecimento, mais
fácil podemos adoptar práticas que permitam prevenir as úlceras de pressão.
Os doentes com acidente vascular cerebral são portadores de condições predisponentes que os tornam mais susceptíveis ao desenvolvimento de úlceras de pressão.
“Uma precoce e regular estratificação do risco (Quadro II) de desenvolver uma úlcera de pressão é fundamental para a adopção de medidas preventivas adequadas e para
a implementação de uma estratégia terapêutica adequada” (Rocha, Miranda, & Andrade, 2006: 29).
O desenvolvimento de úlceras de pressão como indicador de resultado está relacionado com o facto de esta ser uma complicação comum, evitável e ser dispendiosa tanto para os
doentes como para os prestadores de cuidados (Morison, MJ; 2004 1).
Referências Bibliográficas
Clark, M. (2004). Prevenção de Ulceras de Preção. In M. Morison, Prevenção e Tratamento de Úlceras de Pressão (pp. 81-106). Loures: Lusuciência.
Dulfer, S. (1992). Tratamento das Úlceras de Pressão nos Doentes Terminais. Nursing , 58 (5): 27-29.
Ferreira, P., Miguéis, C., Gouveia, J., & Furtado, K. (2007). Risco de Desenvolvimento de Ulceras de Pressão: Implementação Nacional da Escala de Braden. Loures: Lusociência.
Flanegan, M. (2001). Prevenção das Úlceras de Pressão. Uma Abordagem Estratégica. In K. Furtado, M. Flanegan, E. Pina, B. Augusto, A. Leigo, & C. e. Rodrigues, Prevenção e Tratamento de Úlceras (pp. 27-41). Coimbra: Formasau.
Franks, P. (2004). Economia Da Saúde: O Custo para as Nações. In M. Morison, Prevenção e Tratamento de Ulceras de Pressão (pp. 49-58). Loures: Lusociência.
Furtado, K. (2001). Úlceras de Pressão. In K. Furtado, M. Flanagan, & E. Pina, Prevenção e tratamento de Úlceras (pp. 9-26). Coimbra: Formasau.
Rocha, J., Miranda, M., & Andrade, M. (2006). Abordagem Terapêutica das Úlceras de Pressão - Intervênções Baseadas na Evidência. Acta Médica Portuguêsa , 29-38.
Unidade de Missão para os Cuidados Continuados Integrados, R. N. (2007). Úlceras de Pressão, Prevenção: Orientações de Abordagem em Cuidados Continuados Integrados. Portugal: Ministério da Saúde. Direcção-Geral da Saúde.

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