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Os estudos dos esportes na natureza:

desafios teóricos e conceituais

Cleber Augusto G. Dias 1 1 Instituto de Filosofia e Ciências Sociais


Victor Andrade de Melo 1,2 Universidade Federal do Rio de Janeiro
Edmundo D. Alves Junior 3 Brasil
2 Escola de Educação Física e Desportos

Universidade Federal do Rio de Janeiro


Brasil
3 Departamento de Educação Física

Universidade Federal Fluminense


Brasil

RESUMO ABSTRACT
Este artigo tem por objectivo apresentar e discutir alguns desa- Studies of sports in the environment: conceptual and theoretical
fios teóricos e conceituais que nos parecem mais prementes challenges
para o desenvolvimento de investigações que têm os esportes
de aventura na natureza como objectos. Mais especificamente, This article has for purpose to present and to argue some theoretical
apresentamos alguns problemas relacionados às conceituações and conceptual challenges that we consider more important for the
utilizadas e à falta de uma compreensão histórica mais adequa- development of researches that have the sports in the environment as
da. Esperamos abrir canais de diálogo com outros pesquisado- object of study. More specifically, we argue some problems related to
res que se debruçam sobre a temática, bem como buscar the used conceptualizations and the lack of an adjusted historical
melhor entender as diversas dimensões que configuram o fenó- understanding. We expect to open channels of dialogue with other
meno na contemporaneidade, não o considerando somente a researchers, as well as better searching to understand the nowadays
partir da ideia de ruptura, mas buscando possíveis continuida- dimensions of this social phenomenon, not only considering it from the
des do campo esportivo, observáveis desde a modernidade. rupture idea, but searching possible continuities of the sporting field
since the modernity.
Palavras-chave: esporte na natureza, história do esporte, moder-
nidade Key-words: sports in the nature, sport history, modernity

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Estudos dos esportes na natureza

INTRODUÇÃO DIMENSÕES CONCEITUAIS


Desde as décadas finais do século XX pode-se obser- É comum falarmos do carácter polifónico do conceito
var o aumento das preocupações ecológicas e uma de esporte. As ambiguidades e contradições do objec-
proliferação de discursos ambientalistas. Este con- to geram consideráveis dificuldades no que se refere
junto de reflexões e práticas políticas têm tido clara a sua definição, muitas vezes mesmo impedindo o
influência no forjar de novos comportamentos, inclu- pacto de acordos mínimos que assegurem estarmos
sive gerando hábitos de consumo, que vão desde a tratando conceitualmente de um fenómeno que com-
preferência pela utilização de produtos biodegradá- põe uma mesma categoria de análise. No caso das
veis até o desenvolvimento de novas formas de culti- práticas em ambientes naturais, tem-se mesmo ques-
vo de alimentos, entre muitas outras coisas. tionado se a utilização do termo “esporte” seria ade-
Articulado a esse processo, podemos situar o cresci- quada para definir estas modalidades. Em linhas
mento, a valorização e a difusão de esportes pratica- gerais, apresenta-se a ideia de que são caracterizadas
dos na natureza. por motivações, modelos, objectivos, condições e
A nova demanda pela prática de esportes na natureza espaços bastante distintos dos “esportes
apresenta aos investigadores o desafio de tentar expli- tradicionais”(1).
car mais adequadamente esse fenómeno em suas Queremos deixar claro que não consideramos infun-
várias dimensões: o que motiva a adesão a esse tipo dado ou irresponsável tal posicionamento, que
de actividades? Que sentido cultural assumem no encontra inclusive base em muitas posições teóricas
quadro social contemporâneo? Qual a origem desses acerca do conceito de esporte. Estamos, todavia,
esportes? Seriam mesmo esportes ou trata-se de uma questionando determinadas compreensões, notada-
configuração completamente diferente? Que conceitos mente no que se refere a uma certa intransigência à
nos permitem melhor definir as suas peculiaridades? pluralidade de formas de manifestação do esporte e à
A despeito de alguns indicadores alvissareiros – falta de um entendimento histórico mais profundo
como o aumento no número de dissertações e teses acerca dos sentidos e significados do campo esporti-
que versem sobre o tema, percebemos que ainda são vo na suas existência concreta desde a modernidade.
parciais os esforços mais sistemáticos no sentido de Antes de discutir sobre a adequação ou não da inser-
problematizar algumas questões teóricas e concei- ção das práticas corporais na natureza no âmbito do
tuais colocadas pela popularização dessas práticas campo esportivo, devemos reflectir sobre o que se
sociais, fundamentalmente pela ausência de uma considera como “esporte” nessa tentativa de defini-
compreensão histórica mais profunda. O que tenta- ção. Essa questão, aparentemente simples, pode ser
mos afirmar é que pode ser limitado analisar essas embaraçosa e desconcertante, e é de grande impor-
práticas as considerando somente a partir de um tância, pois a explicitação do que se compreende
olhar contemporâneo, deixando de lado ou minimi- como “esporte” vai estabelecer categorias concei-
zando seus antecedentes históricos, abandonando o tuais a que se devem remeter a interpretação das
entendimento de longa duração da própria configu- experiências a serem analisadas.
ração do campo esportivo. A título de exemplificação podemos problematizar
Este artigo tem por objectivo aprofundar a discussão uma compreensão comummente propagada: a de que
teórica e conceitual sobre os esportes na natureza, o conceito de esporte refere-se a uma actividade cor-
buscando melhor entendê-los historicamente. poral de movimento com carácter de competição. Por
Esperamos com esse estudo abrir canais de diálogo esse motivo as práticas corporais na natureza não
com outros pesquisadores que se debruçam sobre a poderiam ser entendidas como esportivas. Tais asser-
temática, bem como buscar melhor entender as diver- tivas nos permitem discutir dois mal entendidos.
sas dimensões que configuram o fenómeno na con- O primeiro seria o risco de reduzir o esporte tão
temporaneidade, não o considerando somente a partir somente a uma prática de carácter competitivo no
da ideia de ruptura, mas buscando possíveis continui- sentido mais stricto. Vale lembrar que há um legado
dades do campo esportivo, observáveis desde os pri- de interpretações, algumas inspiradas no pensamen-
mórdios do processo de constituição da modernidade. to de Jean-Marie Brohm(2), que tendem a caminhar

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nesse sentido1. O esporte seria uma reprodução fiel O que tentamos ponderar e colocar em questão é se
do mundo do trabalho, sendo os elementos lúdicos essa forma de pensar não parte de uma premissa
praticamente eliminados. O esporte seria “a poesia idealizada, ou até mesmo romantizada, pouco afeita
da hierarquia”; guiado única e exclusivamente pelo às tensões que se estabelecem ao redor dessas práti-
princípio de rendimento, norteado fundamentalmen- cas. Desse modo, se apreendidas de maneira linear,
te pelas características formais e ocupacionais do as concepções em tela pecariam por desconsiderar a
campo esportivo. pluralidade de significados inerente ao próprio con-
Essas interpretações encontram ainda eco em uma ceito de esporte, tomando-o como uma prática cul-
tradição de análise marxista mais convencional, onde tural com sentido unívoco. Ambas insistiriam em
se observa que a difusão massiva do espectáculo um esquema de análise dual, que compartimenta o
esportivo pelas redes de televisão maximizaria a fenómeno esportivo como sendo, por um lado, uma
dimensão competitiva em nome de um saciamento manifestação do espectáculo e do rendimento, e, por
da sua própria espetacularização. outro, uma expressão do lazer e da ludicidade2.
Os estudos históricos recentes apontam outras com- Cremos que não é possível compreender o esporte
preensões. Trabalhando na perspectiva dos Estudos dividido entre a pura gratuidade ou a severa serieda-
Culturais e buscando entender de forma mais mati- de; entre a funcionalidade ou o desinteresse. Podem
zada e complexa a influência do esporte na formação até existir arranjos das práticas esportivas com pre-
dos sentidos e significados da modernidade, Melo(6, dominância de certos aspectos, mas não exclusivida-
7) demonstra que foi apreendido como um novo esti- de. Ou seja, não há um esporte absoluta e univoca-
lo de vida, articulado com a constituição da socieda- mente “competitivo” ou, ao contrário, “cooperativo”.
de do espectáculo, destacando-se pelo seu carácter Entendê-lo no embate e diálogo complexo entre as
de festa (relacionado a uma nova dinâmica social de duas dimensões, sempre simultâneas, parece-nos
ocupação do espaço público) e por dialogar constan- fundamental para nos permitir uma aproximação
temente com o conjunto de dimensões valorizadas maior com as ocorrências concretas do objecto.
pelas formações culturais específicas. A idéia de cir- Não podemos nos limitar a uma leitura homoge-
cularidade cultural, aponta o autor, parece mais inte- neizadora do esporte, à luz somente das suas
ressante para compreender a formação do campo dimensões institucionais, burocráticas ou especta-
esportivo. culares. Ao contrário, devemos buscar uma visão
Sendo assim, devemos questionar os que limitam o multidimensional, que nos permita entender a
esporte a uma reprodução linear da ideia de rendi- complexidade e multiplicidade dos vários aspectos
mento, e entendê-lo como um fenómeno social mais que o compõem.
amplo. Isto não significa uma negação da ideia de Trata-se de integrar os aspectos laborais e lúdicos
competição no esporte. Na verdade, estamos apenas rumo a uma definição mais aceitável de esporte (no
tentando não menosprezar o seu carácter “lúdico” sentido de permitir captar com mais acuidade a sua
(um termo, aliás, muitas vezes utilizado com pouca concretude), tal como já propusera o sociólogo Allen
precisão conceitual) e dimensionar o debate para Sack(11), que concebeu um modelo que considerava a
além do dualismo competição–não competição. prática esportiva como um jogo institucionalizado
Um segundo problema seria a compreensão dos que repousa na proeza física, em que proporções
esportes na natureza como de carácter exclusivamen- variáveis de jogo e trabalho, seriedade e ludicidade,
te cooperativo, oposto à competição, como se fora intervêm simultaneamente, dependendo da natureza
um jogo desinteressado, ainda que se admita um específica da actividade.
progressivo processo de profissionalização. Não é Nesse sentido, os esportes na natureza são uma
difícil cair nessa armadilha, já que há um efectivo espécie de subcultura esportiva, mas que integram o
deslocamento do elemento competitivo do outro, do campo esportivo mais amplo e parece que é assim
adversário, para si mesmo ou para o próprio meio que devem ser estudados. Ainda que cada modalida-
ambiente, como já demonstraram algumas de possa ser apreendida em suas especificidades, há
pesquisas(8, 9). sempre referências em comum(12).

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Tomar como premissa, por exemplo, que o surfe e o do mesmo modo, se confrontam directamente com
futebol não fazem parte de um mesmo campo por certas práticas modernas, mas:
pertencerem a culturas diferentes é no mínimo exa-
gerado, ainda mais quando consideramos o movi- Para não incorrermos no erro da própria crítica modernis-
mento de esportivização da cultura corporal, onde a ta, é necessário dizer que o contemporâneo não rompe com
distância cultural entre duas modalidades parece o moderno, não estabelece com ele um par dicotômico. Ao
diminuir, tornando o compartilhamento de referên- contrário, a arte contemporânea se entrelaça ao moderno,
cias simbólicas ainda mais evidente3. surge de e graças a sua herança, onde encontrou chão para
É certo que futebol e surfe – só para permanecermos seus próprios saltos (16).
com esses exemplos – pertencem a “subculturas”
diferentes, ao mesmo tempo em que podem compor- Assim, as inegáveis mudanças observáveis nos arran-
tar uma infinidade de formas. Como bem afirmam jos sociais do esporte na contemporaneidade com-
Blanchard e Chask: “a variabilidade é, provavelmente, põem, nada mais, nada menos, uma nova configura-
uma característica da maioria dos acontecimentos esporti- ção do fenómeno esportivo, sem com isso descarac-
vos em qualquer marco cultural. E toda análise cultural do terizá-lo como tal. Trata-se de uma adequação
esporte deve levar em conta essa variabilidade”(11). Mas (tensa, dialógica e complexa) das práticas esportivas
isso não significa que façam parte de campos dife- aos novos parâmetros sociais que organizam a vida
rentes, já que, de maneira mais profunda, comparti- em sociedade.
lham uma série de dimensões simbólicas. Por tudo isso, enfim, acreditamos que é bastante
Sendo uma manifestação cultural, o esporte é dinâ- razoável entender a disseminação dos esportes na
mico, sofre mutações no seu desenrolar histórico, natureza à luz do processo moderno de esportiviza-
acompanhando as mudanças estruturais da socieda- ção, compreendido aqui como a transformação dos
de contemporânea. A questão é saber se esse con- elementos da cultura corporal de lazer em esporte,
junto de modificações do campo esportivo constitui- ou em outros termos, a regulamentação, a decodifi-
se em uma ruptura com sua forma clássica de orga- cação e a institucionalização dos passatempos(17).
nização ou se, ao contrário, reproduz-se os seus ele- Falar de definição de conceitos é falar também de
mentos simbólicos presentes desde o fim do século uma questão histórica de fundação. Nosso esforço
XVIII. Argumentamos que os esportes na natureza no próximo item será o de entender a partir de que
não se constituem em um descontinuidade, da momento a ideia de contacto com a natureza apare-
mesma forma que a pós-modernidade não se consti- ceu definida como prática específica, a partir de que
tui em uma ruptura com a modernidade, ainda que momento podemos falar de “esportes na natureza”.
apresente uma série de novas dimensões que não
podem ser negadas e que devem ser cuidadosamente DIMENSÕES HISTÓRICAS
consideradas(13, 14, 15). Devemos então evitar a cano- Considerando o quadro que acabamos de delinear,
nização de uma determinada forma de expressão do nos parece indispensável o enfrentamento teórico de
esporte (o que pode soar a idealismo e/ou falta de um segundo desafio: uma compreensão mais apro-
compreensão histórica), a partir do entendimento de fundada do contexto histórico em que surge a ideia
que essa manifestação cultural, como todas as da busca da natureza para fins esportivos e de lazer.
demais, é dinâmica. Vale a pena lembrarmos o alerta de Pierre Bourdieu:
Mesmo os encontros de linguagens, típicos da con- “Uma das tarefas mais importantes da história social do
temporaneidade, ainda que originem novas formas esporte poderia ser sua própria fundação, fazendo a genea-
de organização, não destroem as anteriores. As for- logia histórica da aparição do seu objeto como realidade
mas de fazer cinema na pós-modernidade, por exem- específica”(18).
plo, tensionam com os sentidos modernos, mas isso Importa logo destacar que o comportamento de bus-
não faz que deixe de ser cinema. A dança contempo- car o meio ambiente como locus para as vivências
rânea, continua sendo dança, a despeito das novas lúdico-recreativas não é um fenómeno recente. A
dimensões. As artes plásticas na pós-modernidade, ideia de valorização e busca da natureza, encarada

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como um refúgio para as mazelas do rápido e desor- tivas congéneres: o clube alpino suíço e italiano
ganizado crescimento das cidades no século XIX, (1863), o clube alpino alemão (1869), o clube alpino
algo articulado com as ideias do primitivismo no francês (1874), o clube alpino Belga (1883)5, e ainda
âmbito das artes plásticas e do mito do bom selva- os clubes de montanhismo do Canadá (1906) e dos
gem no âmbito da antropologia, vai marcar clara- Estados Unidos (1910). Um pouco mais tarde, o
mente uma nova organização dos modos de diver- mesmo começa a acontecer na América Latina, com
são, entre os quais as práticas esportivas(19). o Centro Excursionista Brasileiro (1919), o Clube
Portanto, ainda que os esportes em seu sentido Andino de Bariloche (1931) e o clube Andino do
moderno sejam em muito fruto do crescimento de Chile (1933).
uma cultura urbana, desde suas origens eles também Lembremos que a organização de clubes é uma das
estavam articulados com a ideia de “re-ocupação” do marcas do desenvolvimento do campo esportivo,
ambiente “natural”. ainda que não seja a única a ser considerada. Isso
Aqui colocamos o termo “natural” entre aspas por- demonstra que já naquele momento existiam preo-
que desde aquele momento é possível identificar que cupações de sistematização da prática. Isso é, tais
se tratava de uma apreensão bastante idealizada. acontecimentos, mais do que marcos simbólicos,
Naquele instante, “ir à natureza” significava se afas- podem significar indícios de um processo de decodi-
tar um pouco dos centros urbanos, comparecendo às ficação de um conjunto de mudanças que estavam
praias, rios e bosques localizados nas zonas da peri- em curso nas representações colectivas de uma
feria, que, aliás, já eram utilizados como local do época; uma espécie de expressão mais evidente de
despejo dos detritos da cidade(19). Nesses locais “sel- reorientações que já estavam em desenvolvimento,
vagens” rapidamente se desenvolveu uma boa estru- sobretudo aquelas que dizem respeito às maneiras
tura de entretenimento, que permitia aos frequenta- de se conceber e de se relacionar com a natureza. A
dores simular “aventuras” e “contactos com o quantidade numérica de iniciativas, a sua amplitude
campo” com consideráveis doses de conforto e segu- geográfica e o fato de que grande parte desses clubes
rança4. Algo bastante similar ao que encontramos existe até os dias de hoje é significativo para consi-
nos dias de hoje. derarmos que não se tratava de esforços isolados,
Basta lembrar que, na actualidade, as empresas espe- mas sim de uma determinada conjuntura. Tratava-se
cializadas oferecem viagens que conciliam aventura e já da constituição de uma subcultura, articulada a
conforto. Algumas delas tornaram-se conhecidas um campo em constituição.
exactamente por oferecer “aventura com estilo”. Por Enfim, a institucionalização do hábito de se buscar o
exemplo: passeios em Fernando de Noronha regados “campo” para o divertimento, atribuindo-lhe usos
a champanhe; acampamento no Jalapão, com col- esportivos e recreativos, inclusive por meio da fun-
chões infláveis, banheiros químicos portáteis e car- dação de clubes, federações e associações esportivas,
dápio com crepe flambado; viagens pelos rios da ilustra as mudanças relacionadas às ideias e concep-
Amazónia onde: ções acerca da natureza, o que não pode ser descola-
do do novo modelo de cidade: ainda que muitas
férias na maior floresta do planeta [...] não significa se vezes tais esportes aconteçam afastados dos grandes
embrenhar pela mata e passar apertos. As aventuras vistas centros, parece-nos inegável que eles têm uma pro-
apenas em livros de história ou em filmes sobre a região funda articulação com a ideia de urbano(24).
podem ser vividas em confortáveis — e divertidos — rotei- Os novos comportamentos têm relação com um
ros de lazer montados por agências e hotéis (21). arcabouço de ideias em construção, podendo ser a
expressão concreta de um sistema de pensamentos,
Considerando especificamente as actividades que são ainda que a partir de alguns sentimentos imprecisos.
usualmente reconhecidas como esportes na nature- Lembremos que Vovelle considera que opiniões
za, podemos dizer que tal prática data, pelo menos, podem mesmo se tornar móveis da acção, onde o
dos idos de 1857, com a fundação do clube de excur- quadro de ideias funciona como um modelo(25). As
sionismo britânico. A este se seguiram outras inicia- convicções de poucos podem se transformar na acção

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de muitos. Revoluções conceituais forjam mudanças mento histórico e institucional do montanhismo,


nos valores e nos comportamentos humanos. inegavelmente o grande precursor desses costumes
As mudanças nos sentidos empreendidos ante a esportivos.
ideia de natureza estão profundamente articuladas São muitos os elementos que contribuem para o
com a aparição de novos comportamentos, inclusive delineamento deste novo imaginário colectivo, entre
aqueles hábitos ligados à busca da natureza para o os quais destacamos: o crescimento das cidades; a
divertimento e para a prática esportiva. E esse pro- nova organização do trabalho e a valorização dos
cesso tem claramente suas raízes no século XIX. momentos de lazer; o higienismo; a noção de pito-
Que idéias poderiam explicar o surgimento do hábi- resco; a doutrina do sublime e o romantismo; a teo-
to esportivo em meio à natureza? Que elementos logia natural; a difusão da figura do homem acadé-
podem ser apontados como estímulos preponderan- mico; a popularização de algumas ciências e os avan-
tes para a aparição desses novos hábitos e comporta- ços tecnológicos; tudo articulado com o conjunto de
mentos esportivos? Que sistema de pensamento mudanças de natureza económica.
pode ser um fator histórico determinante para a Discorramos sobre o progresso de algumas ciências,
compreensão dos esportes na natureza? sobretudo o das ciências naturais, como um dos
As atitudes humanas diante do meio ambiente são impulsos decisivos para a emergência de uma nova
histórica e culturalmente construídas, sendo mutá- sensibilidade com relação à natureza. O desenvolvi-
veis e maleáveis(26). Nos momentos precedentes a mento e a popularização da História Natural, por
fundação dos clubes de montanhismo, percebia-se exemplo, permitiu um maior conhecimento e com-
uma postura de receio, de menosprezo e mesmo de preensão do meio ambiente. É importante lembrar
repugnância no que se refere às montanhas. que: “por volta da década de 1880, havia várias centenas
Segundo Robert Mac Farlane, elas eram, até meados de sociedades de história natural e clubes de campo no inte-
do século XVIII, vistas como lugares a serem evita- rior que reuniam cerca de cem mil membros”(29).
dos, não associadas a ideia de beleza ou de prazer. O desenvolvimento da ornitologia ao longo do sécu-
Somente na virada do século XIX é que esses lugares lo XIX foi mais um estímulo para que um número
passaram a exercer extraordinário apelo a imagina- crescente de pessoas buscasse os ambientes natu-
ção: “três séculos atrás, arriscar a vida escalando rais, à busca da beleza dos pássaros. A geologia, por
montanhas era considerado algo insano. Na verdade, seu turno, também se prestou a intensificar o fascí-
mal existia a noção de que paisagens inóspitas cons- nio e a curiosidade pela natureza. Por volta da déca-
tituíam um atractivo [...] No século XVII, os indiví- da de 1860 se proliferava na Europa o chamado
duos mais cultos referiam-se às montanhas em tom turismo geológico, uma modalidade de viagem em
de censura”(27). Alan Corbin também demonstrou que se organizavam visitas guiadas a montanhas e
que sensações e sentimentos desta ordem perpassa- cursos sobre rochas. Esse súbito interesse incentiva-
vam as percepções sobre a praia(28). va o contacto com penhascos e actividades ao ar
No contexto da modernidade, os sentidos e os valo- livre: “o topo da colina e a vista panorâmica ali propiciada
res construídos em relação ao “meio ambiente” se tornaram-se um atractivo para pessoas que buscavam o
desdobram em um conjunto de modelos de aprecia- lazer”(27).
ção paisagística, uma nova maneira de conceber, de O montanhismo mais particularmente – que esta-
apreciar e de se relacionar com as “paisagens natu- mos utilizando como exemplo para reflectir sobre o
rais”, que por sua vez incidem e se materializam surgimento destes novos costumes esportivos – sem-
numa série de práticas sociais, incluindo a populari- pre caminhou pari passu com o progresso científico.
zação do hábito de se buscar meios “naturais” para Até meados da década de 1920 eram primordialmen-
as actividades de lazer, entre as quais as práticas te fundações científicas que financiavam expedições,
esportivas. Nesse sentido, existe uma forte relação como a tentativa de conquista do Everest. Se a revo-
entre o surgimento desse novo sistema de represen- lução científica e tecnológica do século XIX alterou
tações colectivas e os primórdios dos esportes na irremediavelmente uma série de atitudes huma-
natureza, mais particularmente com o desenvolvi- nas(30), talvez o tenha feito ainda mais particular-

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Cleber Augusto G. Dias, Victor Andrade de Melo, Edmundo D. Alves Júnior

mente no que se refere aos posicionamentos diante desconhecidos, naturais e bucólicos. Ao passo que se
do “natural”: a compreensão mais detalhada dos difundiam os ideais românticos, podia-se notar uma
mecanismos de funcionamento da natureza foi pau- predilecção pela busca de lugares isolados e de difícil
latinamente aproximando os seres humanos desses acesso, como os Alpes ou os Pirineus.
antes desconhecidos e hostis espaços. Mais ainda, o
avanço científico reduziu a influência e os constran- Havia motivos práticos para fugir das congestionadas cida-
gimentos de natureza religiosa, mais uma importan- des vitorianas. As pessoas que dispunham de recursos
te dimensão tanto para o surgimento de novas for- tinham uma razão suplementar para sair: desfrutar das
mas de diversão quanto para uma nova ocupação e belezas da natureza, de preferência em seu estado original.
proximidade com o meio ambiente. Esse prazer por lugares ermos e selvagens também era
novo. John Ruskin viu os Alpes pela primeira vez em 1833,
Ao longo de três séculos, portanto, ocorreu no Ocidente quando tinha quatorze anos – e ficou impressionado. Ao
uma grande mudança de percepção, no que diz respeito às descrever a sensação mais tarde, ele escreveu que sua emo-
montanhas. Características que outrora levavam a ser des- ção “devia-se à época: alguns anos antes – menos de um
prezadas – altitude, desolação, perigo – passaram a consti- século – nenhuma criança se preocuparia em dar atenção às
tuir os aspectos mais apreciados(27). montanhas”. A conclusão de Ruskin é importante. O movi-
mento romântico mudou não só os princípios artísticos, mas
Na medida em que aumentava a capacidade da ciên- também as sensibilidades das pessoas. A paisagem das
cia de revelar mais sobre as estruturas naturais6, montanhas e do litoral, antes desprezada, passou a ser pro-
bem como cresciam rapidamente os complexos urba- curada como uma gratificante experiência estética(32).
nos, surgem reacções contra a ideia de desenvolvi-
mento urbano-industrial, ao mesmo tempo em que A busca da natureza também era incentivada pelo
se desenvolvem iniciativas que propugnavam que progressivo aumento das alternativas de lazer no fim
uma vida campestre e rural seria um antídoto para do século XIX, onde as viagens apresentavam-se
os problemas ocasionados pelo ainda recente modelo como uma importante opção. Nos passeios de férias
de organização social, que começava a dar os primei- ou de fim de semana vivenciava-se algo relativamen-
ros sinais explícitos de falência, algo que ficou claro te novo até então: a possibilidade de se obter prazer
com a Primeira Grande Guerra, marcando o fim da pura e simplesmente pelo conhecimento de outros
chamada “Belle Époque”7. A depressão económica lugares. Certamente a melhora e o desenvolvimento
de 1880 aumentou a agitação e consequentemente o de novos meios de transporte (a bicicleta, o trem, o
entendimento de que o espaço urbano era agressivo carro e posteriormente o avião), algo que está articu-
e prejudicial8. lado com o já discutido processo de revolução cientí-
Na verdade, já em 1865 fora fundado na Inglaterra o fica-tecnológica do século XIX, aumentou considera-
primeiro grupo ambientalista que reivindicava mais velmente as possibilidades de mobilidade social e,
espaços naturais para o lazer da população(26). Alguns em alguma medida, incentivou (e mesmo permitiu)
governos começaram a reservar áreas naturais para o o desejo de se conhecer novos lugares.
divertimento público, como o Parque Nacional de No final dos anos 1880, lugares avaliados como sím-
Yellowstone (fundado em 1879, nos Estados Unidos), bolos de belezas misteriosas e selvagens eram inva-
seguido de iniciativas análogas na Austrália (em didos por andarilhos em busca dos prazeres ofereci-
1879), no Canadá (com a criação do Parque Banff, em dos pela natureza. Aos poucos, como nos relata
1888) e na Nova Zelândia (com o Parque Tongarino, Eugen Weber, “os penhascos deixavam de produzir maus
em 1894). Àquele tempo, os conceitos de preservação espíritos e passavam a produzir moedas brilhantes deixadas
e recreação praticamente se fundiam(29). por turistas curiosos”(23). Não por acaso as estações de
Um outro aspecto importante na configuração ou montanha foram os primeiros destinos de viagem a
sedimentação dessa nova sensibilidade é o movimen- criar centros de informações turísticas. Desde muito
to estético do romantismo, com sua típica valoriza- precocemente já se observava a organização de um
ção da curiosidade e da busca por lugares exóticos, mercado ao redor dessas práticas.

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Estudos dos esportes na natureza

Não se tratava exclusivamente da busca pela nature- seriamente considerado para fins de uma compreen-
za em si. Nessas viagens já se destacava o interesse são mais ampliada dos seus sentidos e significados
pelo ar puro, mas também pela ginástica, pela aven- no quadro contemporâneo.
tura e pelas proezas físicas. Os lugares destinados às Isso está profundamente articulado com o entendi-
viagens de lazer estavam atrelados, graças ao forte mento teórico e conceitual que vai se atribuir a estas
apelo do discurso higienista da época, a virtudes práticas. Não estamos propondo respostas definiti-
medicinais, que quase sempre eram apresentadas vas. Ao contrário, conforme mencionamos no início
como remédios para os males da vida urbana, nota- deste trabalho, nosso objectivo foi o de chamar a
damente o estresse e a poluição. atenção para alguns desafios que nos parecem mais
Enfim, os fundamentos mais elementares da ideia de prementes e abrir um debate e canais de diálogo
busca da natureza como fonte de prazer e de diverti- nessa direcção.
mento, marcas do surgimento dos esportes na natu-
reza, já estavam postos no século XIX. Naquele
momento tais práticas já estavam organizadas em
modelos bastante semelhantes ao dos dias de hoje.
Obviamente que hodiernamente tais esportes apre-
sentam uma série de novas peculiaridades, dialogan-
do com as diversas dimensões socioculturais con-
temporâneas. Contudo não parecem se apresentar
como ruptura com os formatos multifacetados do
campo esportivo. Antes parecem mais desdobramen-
tos desse processo contínuo e tenso de configuração.

À GUISA DE CONCLUSÃO
A crítica central desse estudo é a de que comum-
mente os trabalhos académicos que têm os esportes
na natureza como objecto de investigação desconsi-
deram ou fazem uso parcial e controvertido de refle-
xões de natureza histórica. Isso pode ser responsável
pela construção e utilização de conceitos limitados
no sentido de operar interpretações mais amplas e
complexas acerca da presença concreta dessas práti-
cas no tempo e no espaço, inclusive no contexto da
sociedade contemporânea.
Ao propormos que os princípios de organização dos
esportes na natureza já estavam bem definidos desde
o século XIX não estamos negando a actualidade que
a interface entre esporte e meio ambiente assume
nos dias de hoje. Tampouco estamos desconsideran-
do as reconfigurações do campo esportivo. A questão
central é que os elementos de descontinuidade, de
ruptura e de inovação, devem ser analisados articula- CORRESPONDÊNCIA
damente com as “estruturas de longa duração”(33). Cleber Augusto Gonçalves Dias
Estamos, portanto, defendendo a ideia de que as Rua Otávio de Souza, lote 12, quadra D, casa 1
inovações nos hábitos esportivos que os esportes na Campo Grande
natureza trazem consigo se inserem em um longo Rio de Janeiro, RJ – Brasil. 23087 – 030
processo de desenvolvimento histórico, que deve ser E-mail: cag.dias@bol.com.br

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Cleber Augusto G. Dias, Victor Andrade de Melo, Edmundo D. Alves Júnior

NOTAS
1 Uma discussão sobre o pensamento desse autor pode ser quase que exclusivamente a ginástica, as marchas e ao alpinis-
encontrada nos estudos de Marcelo Proni(3) e de Richard mo(22). Na França, depois da fundação do seu primeiro clube
Giulianotti(4, 5). alpino, a prática rapidamente se popularizou. O modelo asso-
2 Marco Stigger(10) alerta para o perigo teórico-metodológico de ciativo francês não era limitado a escaladores como acontecia
negligenciarmos as apropriações microsociais do fenómeno, o na Inglaterra(23) e isso certamente incentiva o acesso.
que pode conduzir a um enfoque exagerado nos grandes even- Actualmente, de acordo com os dados da Federação Francesa
tos, distanciando-se do espaço concreto e cotidiano onde o de clubes de alpinismo e montanhismo, o país conta com 240
esporte também acontece. clubes e 89.000 membros associados.
3 Tendência que se manifesta no impulso em dotar as manifesta- 6 Desempenhando grande influência, deve-se destacar a publica-

ções corporais de um caráter competitivo e espetacularizado tal ção da obra “A origem das espécies”, de Charles Darwin em 1859.
como ocorre, já há alguns anos, com o montanhismo, onde exis- 7 Nesse sentido, a minuciosa análise das condições urbanas dos

te um movimento que tenta enquadrar o esporte nos moldes operários ingleses, empreendida por Friedrich Engels em “A
olímpicos. Vale destacar que tal movimento influência mesmo situação da classe trabalhadora na Inglaterra”, teve grande impacto.
outros típicos de manifestações, algo claro, por exemplo, nas A organização de movimentos dos trabalhadores contribuiu
“olimpíadas de matemática” ou “jogos olímpicos de arte”. para explicitar as contradições do sistema. Uma análise do
4 Por exemplo, no início do século XIX a rainha Maria Antonieta período pode ser encontrada no livro de Eric Hobsbawn(31).
frequentava uma casa de verão, em Versalhes, que simulava 8 Em 1800, Londres já era a maior cidade do mundo, com um

uma aldeia normanda e era dotada de vários artifícios para imi- milhão de habitantes. Entre 1800 e 1850, a população da
tar uma paisagem natural. Nas duas viagens anuais que fazia ao Inglaterra mais que dobrou e no fim do século a capital londri-
local, tentava “fazer de conta que era uma camponesa, tomando sorve- na apresentava uma população de cinco milhões de habitantes.
te numa mesa de mármore, colhendo flores no jardim ou segurando uma Essas condições impulsionavam o aparecimento de protestos e
vara de pescar na beira do lago artificial”(20). lamúrias acerca dos problemas urbanos. Quem visitava a
5 Alguns países da Europa têm nos esportes de montanha uma Londres do século XIX, “achava os congestionamentos de trânsito
de suas principais tradições esportivas. A mentalidade esporti- um escândalo. O fedor de urina e estrume dos cavalos era
va alemã, por exemplo, esteve durante muitos anos ligada insuportável”(32).

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Estudos dos esportes na natureza

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