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Cae Rodrigues Jogo, o Esporte e o Lazer na Constituição do Ideário Ambiental

O JOGO, O ESPORTE E O LAZER NA CONSTITUIÇÃO DO IDEÁRIO


AMBIENTAL1

Recebido em: 07/07/2014


Aceito em: 02/03/2015

Cae Rodrigues2
Universidade Federal de Sergipe (UFS)
Sergipe – Aracaju – SE - Brasil

RESUMO: Distintos discursos relacionados à problemática socioambiental emergem


como consequência da inserção da dimensão ambiental em diferentes campos do
conhecimento. Levando em consideração a força histórica do jogo, do esporte e do lazer
como fenômenos socioculturais no campo da educação física, o objetivo desse artigo é
analisar como esses fenômenos influenciam a constituição do ideário ambiental partindo
dos discursos que emergem nas relações entre o campo da educação física e o campo
ambiental. Para tanto, o corpus de análise foi composto por produções científicas que
abordam a inserção da dimensão ambiental na educação física no Brasil. De maneira
geral, os resultados da Análise Textual Discursiva sobre o corpus da pesquisa
evidenciaram que as influências dos jogos, esportes e atividades em contextos de lazer
na constituição do ideário ambiental se manifestam de maneira ainda bastante
rudimentar.

PALAVRAS CHAVE: Meio Ambiente. Educação Física e Treinamento. Educação.


Atividades de Lazer.

GAMES, SPORTS, LEISURE AND THE CONSTITUTION OF THE


ENVIRONMENTAL IDEAL

ABSTRACT: Distinct discourses related to the socioenvironmental issue emerge from


the insertion of the environmental dimension in different fields of knowledge.
Considering the historical force of games, sports and leisure as sociocultural phenomena
in the field of physical education, the aim of this article is to analyze how these
phenomena influence the constitution of environmental ideals considering, more
broadly, discourses that emerge from dialogues between the physical education and the
environmental fields. To this end, the corpus of analysis comprised articles in scientific
journals that address the insertion of the environmental dimension in physical education
in Brazil. In general, the results of the Discursive Textual Analysis on the researched
corpus showed that the influence of games, sports and activities in leisure contexts in
the constitution of environmental ideals is still quite rudimentary.

1 
O presente trabalho foi realizado com apoio do CNPq, Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico – Brasil.
2
Professor Adjunto do Departamento de Educação Física da Universidade Federal de Sergipe (UFS).

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KEYWORDS: Environment; Physical Education and Training; Education. Leisure


Activities.

Introdução e Métodos

A composição da questão socioambiental está associada, em grande parte3, às

questões particulares de cada campo científico-acadêmico, uma vez que a incorporação

da dimensão ambiental por diferentes campos do conhecimento gera elementos para a

edificação de diferentes conjuntos de discursos e significados sobre a problemática

socioambiental. Esse fenômeno se torna ainda mais relevante com a crescente

legitimação do ideário interdisciplinar da educação ambiental 4 e da sustentabilidade nas

últimas décadas, ideário que ganha força (no contexto dos embates de força que fazem

parte da constituição/legitimação das estruturas sociais), num primeiro momento, em

conferências e documentos das Nações Unidas e, posteriormente, pela emergência de

“novos” /transformados discursos científicos e documentos governamentais

locais/nacionais que incorporam os valores e ética ambientais. No Brasil, por exemplo,

as questões ambientais aparecem entre os temas transversais (Meio Ambiente)

propostos pelos PCN (BRASIL, 1998a), ideia reforçada pelas novas Diretrizes

Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (BRASIL, 2012) ao resgatarem a ideia da

transversalidade da temática ambiental definindo, em seu 5º artigo, a “sustentabilidade

ambiental como meta universal”. Nesse sentido, os discursos têm de ser analisados tanto

3
Sugere-se a leitura de Lopes (2006) para melhor compreensão sobre as principais influências na
constituição da questão ambiental.
4
Há uma série de tensões discursivas no âmbito internacional em torno de diferentes termos atribuídos à
construção/institucionalização do “ambiental” no contexto educativo (educação ambiental, educação
sustentável/para a sustentabilidade, educação para o desenvolvimento sustentável,
alfabetização/letramento ambiental), especialmente considerando a transição de um discurso que
reconhece apenas os aspectos “biofísicos” do ambiente para discursos que englobam também os aspectos
socioeconômicos e culturais. Essas tensões não serão abordadas nesse artigo, considerando a limitação de
caracteres e o foco central do trabalho. Para leitura mais aprofundada sobre o tema sugere-se a leitura de
Stubbs; Schapper, 2011; O'Connell et al., 2005; Moore, 2005; Down, 2006; Kyburz-Graber e col., 2006;
Sherren, 2008; Johnson, 2011; Francis, 2011.

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a partir das condições contextuais que estão na base da sua formulação e disseminação

como a partir das referências, estruturas e dinâmicas que fazem funcionar cada campo

disciplinar específico (FARIAS, 2008).

Justificado pelas considerações do parágrafo anterior, o objetivo central da

pesquisa apresentada nesse artigo foi investigar as sinergias emergentes entre o discurso

ambiental e o campo da educação física. Tendo em vista a amplitude dos resultados

finais da pesquisa, decidiu-se por um foco mais específico na composição desse artigo:

a influência do jogo, do esporte e do lazer nas propostas de inserção da dimensão

ambiental na educação física e, mais amplamente, na composição do ideário ambiental.

O corpus de análise foi composto por produções científicas (resultado de

pesquisas) que abordam a inserção da dimensão ambiental na educação física no Brasil.

A escolha do corpus se justifica pela significância da pesquisa como capital simbólico

institucionalizado5 sustentado pela força do campo científico/acadêmico e o papel

protagonista que desempenha no reconhecimento/legitimação dos símbolos/estruturas

que constituem os fenômenos socioculturais. A escolha por discursos publicados em

periódicos científicos se justifica pelo “prestígio” que possuem (especialmente no

universo acadêmico), uma vez que são submetidos à avaliação de atores que são

reconhecidos/legitimados como especialistas em suas áreas, consequentemente

legitimando esses discursos como expressivos para o desenvolvimento da área. Essa

legitimidade é essencial para que o discurso extrapole as fronteiras do universo

acadêmico e se insira em outras esferas sociais.

Os seguintes critérios foram usados para a seleção dos periódicos que fizeram

parte da pesquisa: (a) são reconhecidos nacionalmente como veículos de divulgação

5
Compreende-se por institucionalização o processo pelo qual uma sociedade desenvolve suas próprias
estruturas de funcionamento (FARIAS, 2008).

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científica na área de educação física, estando listados no Sistema Integrado da CAPES

na Área de Avaliação “Educação Física” ou “Interdisciplinar”; (b) possuem banco de

dados digitalizado de livre acesso com possibilidade de pesquisa por palavra chave; (c)

apresentam uma descrição de “foco e escopo” com abertura para a possível publicação

de artigos com ênfase em educação física, meio ambiente e educação ambiental. Não foi

definido, a priori, um espaço temporal para a seleção dos artigos. Esse espaço foi

definido em cada periódico pela disponibilização de seu banco de dados digitalizado.

Seguindo esses critérios, uma lista de 28 periódicos foi elaborada.

Uma vez selecionados os periódicos de acordo com os critérios adotados para a

pesquisa, foram realizadas buscas nos bancos de dados digitais de cada periódico

utilizando a palavra chave “Educação Física” em combinação com as palavras-chave

“Meio Ambiente”, “Ambiental”, “Ambientalização”, “Natureza”, “Sustentabilidade” e

“Desenvolvimento Sustentável”. Mesmo reconhecendo que a amostra resultante possa

não apresentar a totalidade de produções sobre o tópico analisado (a inserção da

dimensão ambiental na educação física), compreende-se que os critérios adotados para a

pesquisa possibilitaram uma representativa amostra dessas produções6. Os resultados

são apresentados no quadro a seguir pela ordem em que os artigos foram encontrados

nos respectivos periódicos, ou seja, seguindo a organização do Sistema Integrado da

CAPES, que apresenta os periódicos em ordem alfabética7:

6
Osborne et al. (2011b) também apresentam uma análise de artigos sobre meio ambiente e
sustentabilidade publicados em periódicos nacionais de educação física. Apesar de não concordarmos
com alguns critérios de seleção adotados nos procedimentos de coleta de dados, o artigo apresenta
interessantes dados quantitativos sobre a evolução da temática em periódicos nacionais.
7
A amostra não inclui artigos com autoria ou co-autoria do autor desse artigo. A escolha pela exclusão
desses artigos da amostra se justifica pela possibilidade de conflito de interesse que se apresentaria diante
de uma análise de textos de própria autoria.

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Quadro 1: Produções científicas que apresentam propostas de inserção da dimensão


ambiental na educação física no Brasil

Título do artigo Autor(es) Periódico Ano de


Publicação
Texto 1 A Educação Ambiental na Francisco J. P. Lecturas 2003
formação de professores de TAVARES Educación Física
Educação Física: uma emergente y Deportes
conexão
Texto 2 A Educação Ambiental no José E. N. VARGAS; Lecturas 2004
contexto da Educação Física Francisco J. P. Educación Física
Escolar TAVARES y Deportes
Texto 3 Educação Física escolar e meio Luiz H. RODRIGUES; Lecturas 2006
ambiente: reflexões e aplicações Suraya C. DARIDO Educación Física
pedagógicas y Deportes
Texto 4 Educação física, esporte e lazer na Disalda M. T. LEITE; Motrivivência 2004
natureza: preservação, modismo, Carlos A. CAETANO
apologia. Será tudo isso?
Texto 5 A Educação Física frente a Fabiano W. SILVA; Motrivivência 2008
temática ambiental: alguns Ana M. SILVA;
elementos teórico-metodológicos Humberto L. D.
INÁCIO
Texto 6 Educação física na década da Renata OSBORNE; Motriz 2010
educação para o desenvolvimento Washington A.
sustentável BATISTA
Texto 7 Cultura de movimento: reflexões Marina I. B. S. Pensar a Prática 2009
a partir da relação entre corpo, MENDES;
natureza e cultura Terezinha P.
NÓBREGA
Texto 8 Prática pedagógica em educação Maristela S. SOUZA; Pensar a Prática 2011
física e a educação ambiental Giane S. LARA
Texto 9 Educação física, esporte e Renata OSBORNE; Pensar a Prática 2011
desenvolvimento sustentável Carlos A. F. da SILVA;
Sebastião J. VOTRE
Texto 10 Educação física no ensino médio Simone M. Revista 2007
e as discussões sobre meio GUIMARÃES e Brasileira de
ambiente: um encontro necessário colaboradores Ciências do
Esporte
Texto 11 Educação física, meio ambiente e Alcyane MARINHO; Revista 2007
aventura: um percurso por vias Humberto L. D. Brasileira de
instigantes INÁCIO Ciências do
Esporte
Texto 12 Educação ambiental e educação Soraya C. Revista 2011
física: possibilidades para a DOMINGUES; Brasileira de
formação de professores Elenor KUNZ; Ciências do
Lísia C. G. de ARAÚJO Esporte
Texto 13 Implementação da educação Francisco J. P. Revista 2001
ambiental na graduação de TAVARES; Eletrônica do
professores de educação física: Maria I. C. LEVY Mestrado em
uma reflexão Educação
Ambiental

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O corpus da pesquisa foi analisado seguindo a proposta de Análise Textual

Discursiva (MORAES, 2003), metodologia que compreende os seguintes passos: a)

desconstrução e unitarização - essencialmente um processo de desmontagem dos textos

destacando elementos constituintes do corpus em busca de sentidos e relações com o

foco principal da investigação; b) estabelecimento de relações ou categorização -

implica em construir relações entre as unidades de base combinando-as e classificando-

as no sentido de compreender como esses elementos unitários podem ser reunidos na

formação de conjuntos mais complexos; c) metatexto ou captação de um novo

emergente - apresentação de uma compreensão renovada do todo a partir dos elementos

construídos ao longo das etapas anteriores. Desse modo, com base nas unidades de

significado destacadas do corpus da pesquisa e em referenciais historicamente

legitimados nos campos da educação ambiental e da educação física, buscou-se a

construção de “argumentos centralizadores” em referência aos objetivos da pesquisa.

Para facilitar a organização das unidades cada uma foi caracterizada por um

código indicativo de sua origem dentro de cada texto. Essa codificação foi feita

atribuindo um número a cada documento do corpus (seguindo a numeração apresentada

no Quadro 1) e um segundo número para cada uma das unidades de significado

destacada no texto. Assim, o texto codificado com o número 1 (Texto 1), por exemplo,

deu origem às unidades (1.1), (1.2), etc.; o documento codificado com o número 2

(Texto 2) deu origem as unidades (2.1), (2.2), etc., e assim por diante.

De maneira geral, apesar de escassas e esparsas, evidenciando sua posição ainda

bastante periférica, as propostas de inserção de questões ambientais na educação física

apresentam um movimento particular que se constrói na intersecção do campo

ambiental com o campo da educação física e de seus subcampos ou campos com os

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quais historicamente dialoga, como, por exemplo, esporte, lazer e turismo. Desse

movimento originam-se novos/diferentes/ “alternativos” olhares que podem gerar

questionamentos/transformações dos paradigmas dominantes que fazem parte da

construção histórica desses campos, potencialmente gerando novos/diferentes embates

de força e consequentes maneiras de pensar/agir. A seguir serão apresentados os

resultados da pesquisa que fazem referência aos objetivos desse artigo, buscando expor

algumas significativas influências do jogo, do esporte e do lazer nas propostas de

inserção da dimensão ambiental na educação física e, mais amplamente, na composição

do ideário ambiental8.

Algumas considerações geo-culturais/históricas sobre jogo, esporte e lazer

Compreendendo as possibilidades de inserção da dimensão ambiental na

educação física, jogos, esportes e atividades em contextos de lazer aparecem com

frequência nas propostas apresentadas no corpus analisado. De modo geral, aparecem

como potenciais espaços para o questionamento de paradigmas vigentes, especialmente

envolvendo atuais questões do campo ambiental e associando-se, predominantemente,

às atividades (de aventura) na natureza. Tais propostas colocam em evidência uma

fervorosa discussão que caminha à sombra da evolução das teorias críticas

(especialmente a partir do final da década de 1970): considerando as limitações

impostas pela naturalização de paradigmas históricos, como, por exemplo, os associados

à emergência e evolução sociopolítica dos jogos, dos esportes e do lazer, quais são as

reais possibilidades críticas (questionadoras de paradigmas vigentes) de propostas

associadas a esses contextos? Para compreender melhor essa discussão algumas

8
A pesquisa completa está publicada na Tese de Doutorado do autor (RODRIGUES, 2013).

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questões geo-culturais/históricas sobre a emergência e evolução sociopolítica dos jogos,

dos esportes e do lazer serão apresentadas nos próximos parágrafos.

De acordo com os PCN para o terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental em

educação física (BRASIL, 1998b), entre as correntes/tendências filosóficas, políticas,

científicas e pedagógicas que influenciaram a constituição da educação física no século

XX destacam-se (especialmente até a década de 1950) as influências provenientes da

filosofia positivista, da área médica (por exemplo, o higienismo) e de interesses

militares (nacionalismo, instrução pré-militar), além dos modelos de práticas corporais

“importados” da Europa, como os sistemas ginásticos alemão e sueco e o método

francês entre as décadas de 1910 e 1920 e o método desportivo generalizado nas

décadas de 1950 e 1960. Nesse sentido, a representatividade dos jogos e dos esportes

associa-se, num primeiro momento, ao desenvolvimento físico (motor/cognitivo e de

habilidades/capacidades) do indivíduo, acompanhando a lógica

materialista/higienista/militarista que sustentava a base primordial da área.

Com o fortalecimento das teorias críticas em contextos pedagógicos, atividades

associada ao jogo, esporte e lazer “ganham” (especialmente a partir da década de 1980)

um caráter educacional acompanhando a lógica da “dialogicidade” (especialmente em

contextos “latinos”), compreendendo o diálogo como fenômeno de interação

intersubjetiva entre seres humanos que se dá não só de maneira verbal, mas por todo

tipo de manifestação corporal que possibilita a expressão e a compreensão entre

indivíduos que interagem. Diante dessa lógica compreende-se a motricidade9 humana

9
Segundo Manuel Sérgio (1999) trata-se a motricidade de “[...] movimento intencional da transcendência,
ou seja, o movimento de significação mais profunda” (p.17), na qual o essencial “[...] é a experiência
originária, donde emerge também a história das condutas motoras do sujeito, dado que não há experiência
vivida sem a intersubjetividade que a práxis supõe” (p.17).

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“encharcada” de intencionalidade10, que se manifesta pela ação entre indivíduos que

interagem uns-com-os-outros e com-o-mundo. Nesse contexto, os jogos, esportes e

atividades em contextos de lazer aparecem como elementos “privilegiados” na

constituição dos espaços de ensino e de aprendizagem (no contexto escolar e não

escolar) ou, de maneira mais ampla, de com-vivência11.

Os “jogos tradicionais” e os “jogos cooperativos” são exemplos do movimento

descrito no parágrafo anterior e que são referenciados no corpus da pesquisa

apresentada nesse artigo. Sobre os jogos tradicionais (jogos com origem em culturas

“tradicionais”, no sentido de primordiais/originárias, por exemplo, culturas indígenas),

Silva e col. (1989, p.71) afirmam que:

A perda da experiência, da possibilidade da reflexão, da memória como


suporte da identidade, do enraizamento cultural e da participação do coletivo,
o desaparecimento de todos esses elementos, resultado da modernização,
significou o advento do indivíduo desmemoriado, sem vínculo com a
tradição, que vive os sobressaltos e choques da vida cotidiana sem a
possibilidade de reflexão.

Como possível meio para a reversão dessa situação, assim como para o potencial

questionamento de alguns modos de “pensar” e de “agir” associados à estrutura social

vigente, as autoras destacam o valor dos jogos tradicionais:

Se por um lado temos a cultura de massa que promove o consumo e a


utilização dos objetos como descartáveis e de fácil substituição apelando para
que cada indivíduo reproduza o modo de vida capitalista, de outro lado temos
as brincadeiras tradicionais que contém elementos da tradição e que podem
ser ressignificados no presente e dar inteligibilidade e sentido à história de
cada um, bem como à história do coletivo (SILVA et al. 1989, p.125).

10
“Comportamento corpóreo-mundano e existencial, no qual se constitui e reconstitui o mundo
significado” (FIORI, 1986, p.4).
11
O termo “com-vivência” é apresentado dessa maneira objetivando a ênfase no caráter humano implícito
na expressão, ou seja, o “viver com”, que significa considerar a complexa teia de relações de seres
humanos sendo-uns-com-os-outros. O caráter dinâmico da expressão também deve ser salientado,
apresentado especialmente pelo uso do hífen (usual principalmente na fenomenologia), pois homens e
mulheres não são no mundo como objetos estáticos, estão sendo ao mundo num movimento constante e
transformador (STEVAUX; RODRIGUES, 2012).

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Na mesma direção, os jogos cooperativos também ganharam legitimidade pelo

seu potencial crítico, sendo caracterizados como:

[...] jogos com uma estrutura alternativa onde os participantes jogam com o
outro, e não contra o outro. Joga-se para superar os desafios do próprio jogo e
o não o outro, joga-se por gostar do jogo. Geralmente são jogos já
conhecidos, com regras adaptadas, onde se procura desenvolver valores de
solidariedade e cooperação, onde os praticantes tendem a se sentir
pessoalmente valorizados e apoiados por seus colegas e passam a preocupar-
se com a aprendizagem de seus pares, sentimento que acaba contagiando todo
o grupo. Os Jogos Cooperativos são jogos de compartilhar, unir pessoas,
jogos que eliminam o medo e o sentimento de fracasso “e que reforçam a
confiança em si mesmo”. São jogos onde o esforço cooperativo é necessário
para atingir um objetivo comum e não fins mutuamente exclusivos
(BROTTO, 1997, p.66).

Do ponto de vista cultural, o jogo apresenta-se como um dos principais meios de

educação lúdica para a aprendizagem de habilidades e a incorporação de valores a partir

de experiências espaço-temporais corpóreas/perceptivas que se manifestam pela

motricidade (“encharcada” de intencionalidade) entre indivíduos que interagem uns-

com-os-outros e com-o-mundo. Como fenômeno lúdico, uma das mais marcantes

características pedagógicas do jogo estaria associada a uma aparente fuga do cotidiano,

uma vez que seus participantes passariam a vivenciar uma situação que não faz parte de

suas vidas cotidianas, mesmo que joguem todos os dias. No entanto, compreendendo

que não seria possível desmembrar o momento do jogo da vida do sujeito que o pratica,

uma vez que a vida não para no momento do jogo (enquanto se joga se vive), o que

muda é a atitude daquele que joga, pois ele se dispõe a uma prática que contribui para

ampliação de situações diferenciadas das situações cotidianas (STEVAUX;

RODRIGUES, 2009).

Dessa forma, apesar do jogo ser visto como um momento isolado, tendo suas

resultantes consideradas apenas durante a partida ou brincadeira, os jogadores carregam

para o jogo seus valores e preconceitos. Nesse sentido, durante a execução do jogo não

é incomum a manifestação de valores externos ao jogo, como, por exemplo, a exclusão

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(mesmo que involuntária/naturalizada) condicionada por características sociais (como

gênero e raça) ou físicas (como as associadas à obesidade ou fragilidade de um

indivíduo). Esses fatores levam à compreensão de que os valores e preconceitos do

indivíduo que joga podem ser questionados na preparação para o jogo, no momento do

jogo e nos momentos de com-vivência após o jogo e isso seria um elemento essencial na

constituição do jogo como espaço privilegiado para o desenvolvimento de processos

educativos. Por outro lado, o não questionamento dos valores e preconceitos do

indivíduo que joga pode transformar o jogo em mais uma ferramenta de legitimação de

forças socioestruturais dominantes.

Ao mesmo tempo em que é possível identificar esse movimento que defende o

jogo e o esporte como meios potencialmente críticos para abordagens pedagógicas, não

são raras, por outro lado, críticas relacionadas ao caráter de desenvolvimento “físico” do

indivíduo que se encontra nas raízes da educação física, assim como à evolução do

“esporte espetáculo” e do profissionalismo da performance e a associação dessas

evoluções com a indústria do entretenimento, evidenciando o caráter potencialmente

“alienante” dos jogos e dos esportes. Soares (2001, p.50), por exemplo, afirma que:

A Educação Física, filha do liberalismo e do positivismo, deles absorveu o


gosto pelas leis, pelas normas, pela hierarquia, pela disciplina, pela
organização da forma. Do liberalismo forjou suas ‘regras’ para os esportes
modernos (que, não por acaso, surgiram na Inglaterra), dando-lhes a
aparência de serem ‘universais’ e, deste modo, permitindo a todos ganhar no
jogo e vencer na vida pelo seu próprio esforço. Do positivismo, absorveu
com muita propriedade, sua concepção de homem como ser puramente
biológico e orgânico, ser que é determinado por caracteres genéticos e
hereditários, que precisa ser ‘adestrado’, ‘disciplinado’. Um ser que se avalia
pelo que resiste.

Essa mesma dualidade contraditória encontrada no desenvolvimento de

propostas pedagógicas por meio dos esportes e dos jogos também pode ser encontrada

em propostas pedagógicas por meio de atividades em contextos de lazer. As primeiras

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décadas do século XX foram marcadas pela consolidação do desenvolvimento cultural e

pelo fortalecimento de uma sociedade regida pela produção industrial. Em uma época

de “renovação” da tradição cultural essa se desenvolveu com certa vulnerabilidade

frente à nova fase de produção e do consumo, situação que sem dúvida favoreceu a

grande influência de uma indústria cultural que gerava necessidades padronizadas para

maior facilidade no consumo, dificultando, assim, a superação de situações de

conformismo (MARCELLINO, 2000).

Em movimento contrário a esses desenvolvimentos, o fortalecimento das teorias

críticas em contextos pedagógicos associa aos contextos de lazer um caráter educacional

acompanhando a lógica da “dialogicidade”, da mesma forma em que ocorre com os

jogos e atividades esportivas. Novamente evidencia-se a mesma contradição: por um

lado, do ponto de vista cultural, contextos de lazer apresentam-se como possibilidade

para a “educação lúdica” a partir de experiências espaço-temporais

corpóreas/perceptivas que se manifestam pela motricidade; por outro lado,

compreendendo a força histórica da indústria do entretenimento e o caráter

potencialmente “alienante” de atividades em contextos de lazer (por exemplo,

BRAMANTE, 1998; PINTO, 1998; CAMARGO, 1998a; 1998b; MARCELLINO,

1998; 2000), dúvidas são levantadas em relação ao potencial crítico de abordagens

pedagógicas em contextos de lazer (RODRIGUES, 2012a; 2012b).

Toda essa discussão acompanha a evolução mais recente das atividades

esportivas e recreativas na natureza, criando frequentes contradições entre discursos que

criticam os conservadorismos paradigmáticos associados ao jogo, ao esporte e ao lazer

e, ao mesmo tempo, defendem as atividades esportivas e recreativas na natureza como

meio para abordagens pedagógicas (inclusive no contexto ambiental). Eis a base da

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contradição: como fenômenos socioculturais, jogo, esporte e lazer carregam uma

história e o ator envolvido em práticas nesses contextos tem “naturalizado” em si parte

dessa história. Segundo Bracht (1997):

[...] muitos dos elementos característicos da sociedade moderna, no caso


capitalista industrial, vão ser incorporados e/ou estão presentes no esporte:
orientação para o rendimento e a competição, a cientifização do treinamento,
a organização burocrática, a especialização de papéis, a pedagogização e o
nacionalismo - este último sendo central para a expansão do esporte
promovida pelo movimento olímpico (p.97). [...] Por sua vez, a orientação
para o rendimento e o record, inscrevem-se na crença moderna do
crescimento e progresso ilimitados (p.102).

Desse modo, propostas pedagógicas (críticas) por meio de atividades esportivas

e recreativas (inclusive na natureza) que não reconheçam as possíveis limitações

associadas aos contextos geo-culturais/históricos desses fenômenos socioculturais

correm grande risco de não contemplarem seus objetivos.

Após a breve contextualização geo-cultural/histórica apresentada nessa parte do

artigo, a seção seguinte será dedicada à análise mais específica das propostas de

inserção da dimensão ambiental na educação física por meio de jogos, esportes e

atividades em contextos de lazer destacadas do corpus da pesquisa apresentada nesse

artigo.

Esporte, jogo, lazer e a inserção da dimensão ambiental na educação física

A ideia dos jogos (principalmente os cooperativos e “tradicionais”), dos

esportes (principalmente os de aventura ou na natureza) e de atividades em contextos

de lazer (novamente com ênfase nas de aventura ou na natureza) como veículos/meios

para o desenvolvimento sustentável e para a educação ambiental aparece com

frequência entre as unidades de significado destacadas do corpus da pesquisa.

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Segundo Osborne e Batista (2010, p.34 – Unidade 6.1), “[...] quanto à discussão

sobre que atividades físicas são recomendadas para o Desenvolvimento Sustentável,

destaca-se a necessidade de trabalhar não só os jogos cooperativos, tão indicados, mas

também o esporte, que deve ser mais compreendido”. Para uma “melhor compreensão”

do esporte os autores apontam para a tensão entre os objetivos pedagógicos do esporte e

os interesses do esporte de alto rendimento, conflito histórico abordado na seção

anterior. Mais especificamente no contexto dos jogos cooperativos e dos jogos

tradicionais os autores destacam o “jogar com o outro” inerente aos jogos cooperativos,

assim como a potencial visão questionadora de alguns padrões modernos que podem ser

desenvolvida a partir dessas atividades:

[...] estimular os jogos cooperativos, que trabalham com o princípio de “jogar


com o outro” e não apenas “jogar contra o outro”; os jogos tradicionais, que
valorizam a cultura regional e o legado de gerações passadas; o frescobol que
é um jogo onde não há adversários e sim parceiros; e a capoeira, que é parte
da história brasileira e apresenta uma visão de mundo questionadora de
padrões da sociedade moderna ocidental (OSBORNE; BATISTA, 2010, p.34
– Unidade 6.3). [...] No mesmo sentido do frescobol, acrescentamos a peteca,
que também é jogada por parceiros e é um jogo originado pela cultura
indígena (OSBORNE; BATISTA, 2010, p.35 – Unidade 6.4).

Atribuindo importância aos jogos e ao esporte como “agentes” para o

desenvolvimento sustentável os autores levam o leitor a compreender que ao mesmo

tempo em que os jogos cooperativos e tradicionais são essenciais para a promoção de

condutas solidárias, estimulando a com-vivência, cultivando o compromisso entre

gerações e culturas e recuperando o espírito lúdico dos jogos perdido em parte com o

advento dos esportes modernos, seria igualmente importante refletir sobre a questão da

competitividade por meio de atividades esportivas, estendendo a discussão para os

elementos presentes na sociedade que seguem os mesmos padrões dos esportes de

rendimento (competitividade, individualidade, busca incessante pelo mérito,

produtividade). Isso implicaria questionamentos sobre alguns dos mais consolidados

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padrões da sociedade moderna, entre eles alguns das principais tensões na relação ser

humano-natureza.

Desse modo, a partir da compreensão do potencial crítico/questionador de jogos

e atividades esportivas (assim como de outros fenômenos socioculturais atrelados ao

movimento humano) e considerando que esses fenômenos fazem parte do conjunto de

conteúdos que estariam, prioritariamente, associados à área da educação física, cria-se

(supostamente) um significativo espaço para o desenvolvimento “práxico” de atividades

potencialmente questionadoras de paradigmas vigentes (inclusive no campo ambiental)

proveniente dos desenvolvimentos particulares da educação física. De acordo com

Domingues; Kunz; Araújo (2011, p.567 - Unidade 12.4):

Portanto, estamos falando de conteúdos reconhecidos no cotidiano, na


cultura, e que proporcionam o conhecimento do ambiente em que se vive e
também o conhecimento da especificidade da Educação Física. Desta forma
os fundamentos políticos, fisiológicos, sociológicos e pedagógicos de
conteúdos culturais como danças, folguedos, jogos, ginástica, brincadeiras e
atividades esportivas são trabalhados para proporcionar o conhecimento da
Educação Física e do ambiente.

Essa argumentação forma a base para os discursos que defendem o

desenvolvimento de jogos, esportes e atividades em contextos de lazer como meio para

possíveis transformações na realidade vigente (inclusive no contexto ambiental) pela

incorporação de novos/diferentes valores e pela construção de uma nova/diferente ética.

Considerando possíveis transformações especificamente no âmbito das questões

ambientais, esses discursos parecem estar predominantemente associados às atividades

esportivas e recreativas (de aventura) na natureza, como destacam Guimarães et al.

(2007, p.168 - Unidade 10.1): “os esportes da natureza, por exemplo, são excelentes

possibilidades de fundir os conteúdos da educação física e a temática ambiental,

buscando a vivência concreta de práticas essenciais à vida do ser humano”. Mais

especificamente sobre o potencial diferenciado dos esportes (de aventura) na natureza

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Cae Rodrigues Jogo, o Esporte e o Lazer na Constituição do Ideário Ambiental

em relação ao “esporte espetáculo” (ou de rendimento) para a incorporação de valores

“alternativos” (novos/diferentes), Rodrigues e Darido (2006, p.3 – Unidade 3.5)

afirmam que:

Em oposição à vertente institucionalizada do esporte espetáculo em que


preponderam as práticas mecanizadas, a eficácia do rendimento corporal e a
produção de bens e serviços, os esportes de aventura buscam, segundo Costa
(2000), resgatar os valores de beleza, auto-realização, liberdade, cooperação e
solidariedade. É necessário, então, um olhar mais cuidadoso em relação à
inserção dos esportes de aventura e as suas influências no cenário da cultura
corporal de movimento.

No mesmo sentido, são apresentadas a seguir outras unidades de significado que

destacam o desenvolvimento de valores, atitudes e possíveis ações educativas em

atividades esportivas e recreativas (de aventura) na natureza que, segundo os autores,

possivelmente podem gerar transformações nas relações ser humano/sociedade-

natureza.

O esporte de aventura, sobretudo aquele realizado junto à natureza,


representa mais uma possibilidade de aproximação entre o indivíduo e o meio
ambiente, devido à interação com os elementos naturais e as suas variações,
como sol, vento, montanha, rios, vegetação densa ou desmatada, lua, chuva,
tempestade, desencadeando atitudes de admiração, respeito e preservação
(RODRIGUES; DARIDO, 2006, p.4 – Unidade 3.7).

[...] a relação seres humanos-natureza, por meio das atividades de aventura,


como um espaço-tempo significativamente privilegiado para uma
transformação do sujeito, da sociedade e das relações. Precisamos distanciar-
nos das dinâmicas perversas que apenas associam as atividades de aventura a
alguma experiência no meio natural; temos de assumir uma “lógica
ecológica”, a qual, por sua vez, deve-se mostrar solidária, conservacionista,
democrática e dialógica (MARINHO; INÁCIO, 2007, p.67 – Unidade 11.1).

Nós, em vez de lamentarmos a ausência de consciência ecológica, devemos


propor uma agenda de ações educativas em que os esportistas se transformem
em agentes de monitoração, denúncia de ações destrutivas e, sobretudo,
mentores de melhoria de alguns aspectos críticos da realidade ambiental. Vias
soterradas, pedras sob risco de rolarem, lixo acumulado em mananciais, ações
criminosas de corte de árvores e uso de fogo em áreas de preservação, eis
alguns dos pontos em que os praticantes de esportes podem contribuir
efetivamente para a salvaguarda do ecossistema. (OSBORNE; SILVA;
VOTRE, 2011a, p.10 - Unidade 9.1) [...] O papel predador de alguns esportes
na natureza deve ser objeto de análise e discussão, com vistas à intervenção
social (OSBORNE; SILVA; VOTRE, 2011a, p.10 - Unidade 9.2).

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Cae Rodrigues Jogo, o Esporte e o Lazer na Constituição do Ideário Ambiental

De maneira geral as unidades apresentadas evidenciam como os discursos em

torno das atividades esportivas e recreativas na natureza incorporaram tanto ideais de

teorias ambientais preservacionistas (sensibilização em contato direto com a natureza

para desencadeamento de atitudes de preservação; denúncia de ações destrutivas da

natureza) como alguns dos principais pilares das teorias (ambientais) críticas e pós-

críticas (solidariedade; dialogicidade; ação democrática; consciência ética, estética e

política)12. No entanto, são raros os questionamentos sobre as origens e interesses “por

trás” desses discursos. Entre esses raros questionamentos destaca-se a Unidade 8.2, na

qual as autoras afirmam que a possibilidade de atuação para a transformação:

[...] pode acontecer, no âmbito de ensino formal e informal da EF,


começando com a problematização dos aspectos pedagógicos e valores que
se apresentam no processo de desenvolvimento das novas práticas esportivas
que se anunciam no contexto ambiental. A que discurso
pedagógico/ideológico essas práticas servem? O que essas práticas trazem ou
poderão trazer de novo e transformador para a área de conhecimento da EF?
A EF não estará com esta prática contribuindo para reforçar o discurso oficial
hegemônico da EA? (SOUZA; LARA, 2011, p.8).

Ainda segundo as autoras, as possibilidades da educação física para a educação

ambiental compreendem uma ação que “[...] não apenas transmita conhecimentos

ecológicos, mas represente uma proposta política de reflexão, debate e posicionamento

sobre a relação homem e natureza e sua produção sociocultural” (SOUZA; LARA,

2011, p. 8 - Unidade 8.3).

Nessa mesma linha de questionamento crítico, há uma consideração interessante

presente no corpus da pesquisa sobre a relação entre o acesso a práticas esportivas e em

contextos de lazer e as questões ambientais. Práticas sociais que explicitem e reduzam

relações discriminatórias apresentam-se como um dos elementos de maior convergência

entre os diferentes discursos ambientais críticos e pós-críticos, especialmente como

12
Para leitura mais aprofundada sobre os desenvolvimentos críticos e pós-críticos dos discursos
ambientais sugere-se a leitura de Payne e Rodrigues, 2012.

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Cae Rodrigues Jogo, o Esporte e o Lazer na Constituição do Ideário Ambiental

consequência de representativos movimentos críticos globais como, por exemplo, o

movimento feminista e a associação desses movimentos às questões de justiça social

(PAYNE; RODRIGUES, 2012). Seguem duas unidades de significado que fazem

afirmações nesse sentido:

Outro grande tópico apresentado pelo tema transversal meio ambiente


propõe-se analisar as diversas maneiras de relacionamento entre a sociedade
e o meio ambiente. Uma interface promissora dentro dessa temática
relaciona-se às reflexões sobre a extinção ou privatização dos espaços
públicos destinados as atividades de lazer e recreação. Entender as razões
históricas e estruturais responsáveis pela apropriação dos espaços públicos de
lazer e buscar alternativas para assegurar condições mínimas de segurança e
adequação bem como estratégias para a ampliação da oferta dos espaços por
parte dos órgãos públicos caracterizam-se como uma ação pedagógica
significativa (RODRIGUES; DARIDO, 2006, p.2 – Unidade 3.2).

É preciso uma reorientação das práticas corporais às finalidades mais


humanas, permitindo que a grande margem dos excluídos, como os
deficientes físicos e pobres, por exemplo, possam ter acesso ao conhecimento
e as oportunidades oferecidas por atividades esportivas e de lazer, que tem
sido privilégio das minorias com poder econômico e que, deste modo,
conseguem lutar contra os males da vida moderna, que se acentuam
sobremaneira pela industrialização sem limites: o estresse, o sedentarismo
que provoca a obesidade, os problemas cardíacos, de postura corporal, entre
outros. Por outro lado, a EF tem se apresentado para muitos apenas pelos
esportes veiculados através dos meios de comunicação de massa, onde a
maior parte das pessoas passa de praticante a espectador (TAVARES, 2003,
p.4 – Unidade 1.1).

Na segunda citação (Unidade 1.1) nota-se uma referência a potencial

contribuição da educação física para dar subsídios a questões relacionadas à saúde.

Como destacado na seção anterior, influências da área da saúde (por exemplo, o

higienismo) estão atreladas à gênese da educação física no Brasil. Desse modo, fazem

parte dos conteúdos primordiais da área tópicos associados à manutenção do “bem

estar” (especialmente associado à execução de exercícios físicos sob slogans como

“esporte é saúde”; mais recentemente as atividades na natureza também passam a adotar

esse discurso), da saúde “física e mental” (em geral associado ao slogan “mente sã,

corpo são”, reiterando a base filosófica materialista fragmentária da área) e mesmo de

hábitos de higiene corporal (uma vez que isso também estaria associado ao “corpo”).

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Cae Rodrigues Jogo, o Esporte e o Lazer na Constituição do Ideário Ambiental

Apesar de (re)construções epistemológicas contemporâneas da educação física se

apoiarem em outras grandes áreas, especialmente no contexto das ciências humanas,

ainda há uma forte associação com a área da saúde e isso pode ser observado, inclusive,

em outras unidades de significado destacadas do corpus de análise:

Sobre as potencialidades da EF de contribuir para o Desenvolvimento


Sustentável, destacamos a sua função de contribuir para o sistema educativo e
para o crescimento da criança. Foi destacado, pelos participantes, o desejo de
que a EF contribua para que as crianças adquiram hábitos de vida saudáveis
tais como a prática regular de exercícios físicos e uma adequada nutrição
(OSBORNE; BATISTA, 2010, p.35 – Unidade 6.5).

A interface entre a saúde e o meio ambiente abre significativas possibilidades


pedagógicas em aulas de Educação Física e pode ser abordada como uma
temática social. O entendimento de saúde deve estar vinculado a uma política
pública, direcionada a toda a população e não a uma elite, a intervenção não
esteja restrita a uma única ação (praticar atividade física), esquecendo os
fatores sociais, econômicos, culturais, educacionais, etc. A concepção de
saúde deve envolver a complexidade das relações entre o indivíduo e o meio
ambiente, considerando as desigualdades sociais, fruto de má distribuição de
renda (RODRIGUES; DARIDO, 2006, p.3 – Unidade 3.4).

Segundo Soares (2001), a influência do pensamento médico higienista na gênese

da educação física brasileira pode ser em grande parte responsabilizada pela visão

biologicista/naturalista ainda dominante na área. Tal linha de pensamento enxergava no

exercício físico um hábito capaz de gerar saúde em si mesmo, com o potencial de

tornar-se um “ato disciplinador” de gestos/vontades diante dos processos de

desenvolvimento capitalista. Mais especificamente sobre a relação da educação física

com hábitos de higiene pessoal destaca-se a influência do advogado baiano Rui Barbosa

ainda no período final do Brasil Império. Segundo Ghiraldelli Júnior (1991), o

advogado emitiu nessa época diversos pareceres expressando a necessidade da educação

física enraizar em nossa juventude hábitos higiênicos. No entanto, mesmo tendo raízes

associadas a visões biologicistas/naturalistas e até mesmo de dominação hegemônica

(que em certa medida permanecem até os dias atuais; alguns diriam até

predominantemente), é interessante notar nas unidades de significado apresentadas

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Cae Rodrigues Jogo, o Esporte e o Lazer na Constituição do Ideário Ambiental

como os discursos da saúde também adotam elementos dos discursos críticos, como, por

exemplo, a caracterização da interface entre a saúde e o meio ambiente como “temática

social”, a redução de relações elitistas/discriminatórias e mesmo a urgência por visões

mais holísticas e complexas.

Considerações Finais

A aquisição/incorporação/transformação de certos valores, especialmente em

busca de uma “nova”/diferente ética (ambiental), é tema recorrente entre as produções

analisadas, refletindo, aliás, discursos da área ambiental e da educação física

(especialmente os que defendem atividades pedagógicas por meio de jogos, esportes e

atividades em contextos de lazer). Há, no entanto, uma preocupação com a forma em

que esses valores “alternativos” são apresentados, uma vez que são raras as discussões

sobre a pluralidade de significados possíveis associados a tais valores. Por exemplo, o

valor de “beleza” citado na Unidade 3.5 pode estar associado: a) à (re)construção da

dimensão sensível pela valoração perceptiva/sensorial do ambiente a partir da reflexão

“práxica” sobre as (complexas) relações entre a estética ambiental (e todas as suas

possibilidades) e a agência humana (e todas as suas possibilidades), construção, aliás,

considerada essencial pelos discursos ambientais críticos e, especialmente, pós-críticos

(PAYNE; RODRIGUES, 2012); ou b) a padrões de beleza definidos/legitimados por

relações socioestruturais de dominância que, sendo reproduzidos por atividades na

natureza que se caracterizam como “alternativas”/modernas, são fortalecidos e ainda

mais legitimados.

O mesmo tipo de questão poderia ser levantada sobre outros valores/atitudes

destacados nos discursos, como, por exemplo, “admiração” e “respeito” (associado à

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Cae Rodrigues Jogo, o Esporte e o Lazer na Constituição do Ideário Ambiental

uma educação estética do ambiente ou à símbolos de dominação?); “preservação”,

“conservacionista” ou “salvaguarda do ecossistema” (levando em consideração as

questões inseridas dentro do contexto dos movimentos de justiça social/ambiental ou

simplesmente reproduzindo discursos preservacionistas/naturalistas mais associados à

práticas de greenwashing13?); e mesmo “solidário” ou “democrático” (levando em

consideração as limitações dos discursos críticos diante da naturalização dos símbolos

dominantes ou reproduzindo discursos idealistas?). Esse é um ponto de importante

reflexão, considerando que “fragilidades” teóricas no sentido apontado podem

enfraquecer os discursos que emergem nas sinergias entre o campo ambiental e o campo

da educação física.

Analisando o conjunto de discursos apresentados, considerando tanto as

referências associadas ao corpus de análise (apresentadas pelas unidades de significado)

como as referências de outros autores (que possibilitam uma melhor contextualização

histórica das questões apresentadas, especialmente em suas evoluções na área da

educação física), o potencial pedagógico/educacional de uma atividade qualquer ou o

desenvolvimento de práticas/teorias potencialmente questionadoras de paradigmas

históricos/vigentes parece estar quase sempre envolto por certo dualismo de

possibilidades. Todo fenômeno sociocultural possui uma contextualização geo-

cultural/histórica e, em sua evolução, uma urgência por discursos atuais. Todo

fenômeno sociocultural possui uma lógica histórica/vigente de dominância, assim como

emergentes lógicas de contestação. Desse modo, mais importante do que a atividade em

si (seja o jogo – “tradicional”, cooperativo, competitivo; o esporte – ocidental,

13
O termo “greenwashing” (tradução literal seria algo como “lavagem verde”) é usado na língua inglesa
para se referir a uma estratégia de marketing “verde” maliciosamente/enganosamente usada para
promover a percepção de que os objetivos e políticas de uma organização são ambientalmente
corretas/amigáveis.

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Cae Rodrigues Jogo, o Esporte e o Lazer na Constituição do Ideário Ambiental

tradicional, de aventura; as atividades em contextos de lazer; ou ainda outras

manifestações da motricidade humana) parece ser a maneira em que essa atividade é

conduzida, sendo que nos dois pólos opostos dentre múltiplas possibilidades se

encontram a reprodução ou contestação dos aspectos de dominância.

Essa consideração se torna ainda mais significativa se inserirmos nesse contexto

a força de paradigmas históricos em torno dos fenômenos socioculturais jogo, esporte e

lazer que se manifestam, sobretudo, na conservação de símbolos de dominância. Por

exemplo, voltando o foco à dependência histórica/cultural de indivíduos que buscam

envolvimento em atividades em contextos de lazer à indústria do entretenimento,

destaca-se a capacidade de adaptação desse mercado diante de discursos emergentes.

Desse modo, se, por um lado, o fortalecimento do discurso ambiental pode

(possivelmente) levantar questionamentos aos postulados dessa indústria, por outro lado

oferece (certamente) um rico nicho para o contínuo desenvolvimento do mercado do

lazer (RODRIGUES; SILVA, 2011; RODRIGUES, 2012b), consequentemente

ampliando a produção e o consumo acríticos do lazer.

Questões similares são levantadas em relação aos jogos e esportes,

especialmente considerando o histórico potencial econômico e político desses

fenômenos como “espetáculos” populares, possibilitando reflexões desde os povos mais

antigos das Américas, passando pelos “jogos de guerra” e olímpicos desde a Grécia

antiga e a política de “pão e circo” desde a Roma antiga, até as implicações

sociopolíticas dos grandes espetáculos modernos e contemporâneos. Sim, discursos

emergentes (como o ambiental) podem levantar “novos” questionamentos aos

postulados paradigmáticos que cercam as históricas relações sociopolíticas dos jogos e

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Cae Rodrigues Jogo, o Esporte e o Lazer na Constituição do Ideário Ambiental

dos esportes, mas também podem se transformar em mais uma ferramenta de

“modernização” e consequente propagação desses mesmos postulados.

Voltando à questão central proposta nesse artigo – de que forma os jogos,

esportes e atividades em contextos de lazer contribuem para a constituição do ideário

ambiental? – tal contribuição parece ser ainda muito rudimentar. As produções

analisadas parecem se preocupar ainda em “apresentar” a temática ambiental para os

atores da área da educação física, resultando em textos que abrangem uma grande

diversidade de temas e tópicos de maneira relativamente superficial. Além disso, se os

resultados da pesquisa apresentada nesse artigo mostram que há um movimento (mesmo

que periférico) de inserção do discurso ambiental na educação física, o mesmo não

acontece na direção oposta, sendo que são muito raros os atores da educação física que

circulam em eventos e publicam em veículos do campo ambiental. Desse modo, se há

na prática um crescente movimento de jogos, esportes e atividades em contextos de

lazer que envolve a dimensão ambiental e, com isso, “novas” possibilidades de

reflexões/questionamentos sobre os postulados paradigmáticos que envolvem todos

esses fenômenos socioculturais, os caminhos para a compreensão e divulgação dessas

possibilidades ainda são bastante estreitos.

Concluindo, se a publicação de artigos mais “abrangentes” (que abrangem uma

grande diversidade de temas e tópicos) sobre a inserção das questões ambientais na

educação física foi de grande importância num primeiro momento, legitimando (mesmo

que perifericamente) esse discurso (pelo menos na área da educação física), há no

presente momento a necessidade de estudos mais específicos que aprofundem as

discussões sobre como os novos desenvolvimentos que cercam os discursos

críticos/pós-críticos da área ambiental refletem sobre as especificidades da área da

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Cae Rodrigues Jogo, o Esporte e o Lazer na Constituição do Ideário Ambiental

educação física (incluindo jogos, esportes e lazer, como proposto nesse artigo) e vice-

versa. Nesse processo há uma real possibilidade de que sinergias entre o campo

ambiental e o campo da educação física contribuam para discussões que busquem mais

modestamente “re-imaginar” alguns dos interesses do conhecimento, as relações de

poder e as condições opressivas associadas às organizações socioestruturais.

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Licere, Belo Horizonte, v.18, n.1, mar/2015 55

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