Você está na página 1de 11

Introdução a Física do Estado Sólido: Segunda

Lista

Sergio Levy Nobre dos Santos

Matrícula: 404978

January 7, 2021

1. a-) Calculando, primeiramente, b2 × b3 , temos:


(2π)2
b2 × b3 = [a3 × a1 ] × [a1 × a2 ] (1)
[a1 · (a2 × a3 )]2
Usando a identidade
[A × B] × [C × D] = [D · (A × B)]C − [C · (A × B)]D (2)
(1) pode ser escrito na forma mostrada em (3). Pela a regra do produto
misto, a1 · (a3 × a1 ) = 0.
(2π)2  
b2 × b3 = [a 2 · (a3 × a1 )]a 1 − [a 1 · (a3 × a1 )]a 2 (3)
[a1 · (a2 × a3 )]2

(2π)2
b2 × b3 = [a2 · (a3 × a1 )]a1
[a1 · (a2 × a3 )]2

Temos que a2 · (a3 × a1 ) = a1 · (a2 × a3 ) graças ao comportamento cíclico


do índices. Então, b2 × b3 pode ser dado por (4).
(2π)2
b2 × b3 = a1 (4)
a1 · (a2 × a3 )

Finalmente, calculamos b1 · (b2 × b3 ) dado na equação (5).


(2π)3
b1 · (b2 × b3 ) = a1 · (a2 × a3 )
[a1 · (a2 × a3 )]2

(2π)3
b1 · (b2 × b3 ) = (5)
a1 · (a2 × a3 )

1
b-)Tendo a equação (5) no item anterior, podemos escrever a1 · (a2 × a3 )
como:
(2π)3
a1 · (a2 × a3 ) = (6)
b1 · (b2 × b3 )
Usando (6) e substituindo em (4), temos:
(2π)2 (2π)2
b2 × b3 = a1 = (2π)3
a1
a1 · (a2 × a3 )
b1 ·(b2 ×b3 )

b1 · (b2 × b3 )
b2 × b3 = a1 (7)

Então, como base em (7), chegamos em uma expressão para a1 em função
da rede reciproca em (8).

a1 = (b2 × b3 ) (8)
b1 · (b2 × b3 )

c-) Tendo que a base da rede de Bravais convencional é dada por a1 ,


a2 e a3 , o volume da célula unitária é dada pela a região formada entre
os vetores. A área entre os vetores a2 e a3 pode ser dada por |a2 × a3 |.

Por ultimo, o volume por inteiro pode ser dado pela a projeção ortogonal
de a1 ao plano formado por a2 e a3 onde pegamos a norma da projeção
e multiplicamos por |a2 × a3 |. Temos, então, algo como na equação (9)
onde θ é o ângulo entre a1 e a projeção.
a1 |a2 × a3 | cos θ (9)
Pela própria regra de produto escalar, (9) pode ser escrito como:
a1 |a2 × a3 | cos θ = a1 · (a2 × a3 )

Logo, para termos o volume, tiramos o valor absoluto de a1 · (a2 × a3 ),


mostrado na equação (10).
v = |a1 · (a2 × a3 )| (10)

2. a-) Tendo primeiramente os vetores da rede de bravais da forma hexago-


nal simples abaixo:

2
a1 = ax (11)

a a 3
a2 = x + y (12)
2 2
a3 = cz (13)
Calculamos, primeiramente, a1 · (a2 × a3 ).

 ac √
3 
a1 · (a2 × a3 ) = a1 · [x × z] + ac [y × z]
2 2
Como x × z = −y e y × z = x pois (x, y, z) é uma base ortonormal, então
temos:

√  √ 
 ac 3  ac 3
a1 · (a2 × a3 ) = a1 · − y + ac x = ax · − y + ac x
2 2 2 2
Logo a1 · (a2 × a3 ) é

3
a1 · (a2 × a3 ) = a c 2
(14)
2
Calculando então a base do espaço reciproco (b1 , b2 , b3 ), usando as equações
[11,12,13 e 14], temos:

a2 × a3 2π  ac 3 
b1 = 2π = √ [x × z] + ac [y × z]
a1 · (a2 × a3 ) a2 c 23 2 2

 3 1 
b1 = 2π − y+ x
3a a
Calculando b2 , temos:
a3 × a1 2acπ
b2 = 2π = √ [z × x]
a1 · (a2 × a3 ) a2 c 23


b2 = √ y
a 3
Calculando b3 , temos:

a1 × a2 2aπ a a 3  2π
b3 = 2π = √ x× x+ y = [x × y]
a1 · (a2 × a3 ) a2 c 23 2 2 c


b3 = z
c

3
Temos então o três vetores da rede reciproca (15,16,17).
 √3 1 
b1 = 2π − y+ x (15)
3a a

b2 = √ y (16)
a 3

b3 = z (17)
c
Ao analisarmos a partir da gura 1 a as redes normal e reciproca, notamos
que a reciproca foi girada em 30◦ em relação a rede normal.

Figure 1: Comparação entre a rede normal e reciproca da rede de bravais hexag-


onal simples, mostrando um giro de 30◦ da rede reciproca em relação a normal.

b-) Tendo que os valores da constantes na rede reciproca arec = 4π



a 3
e crec = 2π
c , tiramos a razão arec .
crec



crec c 31
= =
arec 4π
√ 2 ac
a 3

crec  c −1 √3
= (18)
arec a 2

Para termos o mesmo valor de c


a na rede direta e na reciproca, fazemos

4
na equação (18) crec
arec = c
a = k e, então, descobrimos o valor de k .

1 3
k=
k 2
√ s√
3 3
k2 = ⇒k= (19)
2 2
Com o valor de k em (19), temos que o valor de c
a para seja a mesma razão
na rede direta e reciproca é:

s√
c 3
= (20)
a 2
O caso ideal da razão ac pode ser obtido tomando esfera nos átomos da
rede, fazendo o chamada Frações de empacotamento. Com isso, chegamos
na equação  a 2  c 2
a2 = √ + (21)
3 2
2 2 2
a c c 8
a2 = + ⇒ 2 =
3 4 a 3
r
c 8
= (22)
a 3
Logo, tendo a razão ideal da rede direta (22), tiramos a reciproca ideal
com a equação (18).
c   c −1 √3 r 8 −1 √3
rec
= =
arec ideal a 2 3 2
Como isso, a reciproca ideal é:
c  3
rec
= √ (23)
arec ideal 4 2

c-)Temos uma rede trigonal em que os 3 vetores da base possui o mesmo


angulo θ entre si. Os 3 vetores da rede direta podem ser escritos como:
a1 = a(λ, 1, 1) (24)
a2 = a(1, λ, 1) (25)
a3 = a(1, 1, λ) (26)
onde λ é um parâmetro livre.

5
Calculando a1 · (a2 × a3 ), temos:


i j k
3

a1 · (a2 × a3 ) = a (λ, 1, 1) · 1 λ 1
1 1 λ
a1 · (a2 × a3 ) = a3 (λ, 1, 1) · (λ2 − 1, 1 − λ, 1 − λ)
a1 · (a2 × a3 ) = a3 (λ − 1)(λ, 1, 1) · (λ + 1, −1, −1)
a1 · (a2 × a3 ) = a3 (λ − 1)(λ2 + λ − 2) (27)

Usando a equação (27), calculamos b1 .



i j k
a2 × a3 2a2 π
1
b1 = 2π = 3 2
λ 1
a1 · (a2 × a3 ) a (λ − 1)(λ + λ − 2)
1 1 λ

b1 = (λ2 − 1, 1 − λ, 1 − λ)
a(λ − 1)(λ2 + λ − 2)

b1 = (λ + 1, −1, −1) (28)
a(λ2 + λ − 2)
Calculamos b2 .

2
i j k
a3 × a1 2a π
1
b2 = 2π = 3 2
1 λ
a1 · (a2 × a3 ) a (λ − 1)(λ + λ − 2)
λ 1 1


b2 = (1 − λ, λ2 − 1, 1 − λ)
a(λ − 1)(λ2 + λ − 2)

b2 = (−1, λ + 1, −1) (29)
a(λ2 + λ − 2)
Calculamos, por ultimo, b3 .

i j k
a1 × a2 2a2 π
λ
b3 = 2π = 3 1 1
a1 · (a2 × a3 ) a (λ − 1)(λ2 + λ − 2)
1 λ 1


b3 = (1 − λ, 1 − λ, λ2 − 1)
a(λ − 1)(λ2 + λ − 2)

b3 = (−1, −1, λ + 1) (30)
a(λ2 + λ − 2)

6
Então, os três vetores da rede reciproca são:


b1 = (λ + 1, −1, −1) (31)
a(λ2
+ λ − 2)

b2 = (−1, λ + 1, −1) (32)
a(λ2 + λ − 2)

b3 = 2
(−1, −1, λ + 1) (33)
a(λ + λ − 2)
A rede reciproca obtida também é trigonal tendo em vista que o angulo
entre os 3 vetores da rede reciproca é o mesmo. Tendo que o cosseno entre
dois vetores v e w é obtido como:
v·w
cos θv,w = (34)
|v||w|
Logo, para a rede direta, usando a equação (34), vemos que os ângulos
são os mesmos (35) ,assim como na rede reciproca (36).
cos θa1 ,a2 = cos θa1 ,a3 = cos θa2 ,a3 = cos θ (35)
cos θb1 ,b2 = cos θb1 ,b3 = cos θb2 ,b3 = cos θ ∗
(36)
Calculamos, então, cos θ e cos θ∗ .
a1 · a2
cos θ = cos θa1 ,a2 =
|a1 ||a2 |

a2 (λ, 1, 1) · (1, λ, 1)
cos θ =
a2 (2 + λ2 )
2λ + 1
cos θ = (37)
2 + λ2
Calculando cos θ∗ , temos:
b1 · b2
cos θ∗ = cos θb1 ,b2 =
|b1 ||b2 |
h i2

a(λ2 +λ−2)
cos θ∗ = h i2 (λ + 1, −1, −1) · (−1, λ + 1, −1)

a(λ2 +λ−2) (λ2 + 2λ + 3)

(λ + 1, −1, −1) · (−1, λ + 1, −1)


cos θ∗ =
λ2 + 2λ + 3
2λ + 1
cos θ∗ = − 2 (38)
λ + 2λ + 3
Como (37) e (38) possuem o mesmo numerador, somamos o inversos
(cos θ)−1 e (cos θ∗ )−1 .

7
2 + λ2 λ2 + 2λ + 3 2λ + 1
(cos θ)−1 + (cos θ∗ )−1 = − =− = −1
2λ + 1 2λ + 1 2λ + 1
1 1
+ = −1 (39)
cos θ cos θ∗
Com a equação (39), conseguimos colocar θ∗ em função de θ.
1 1 cos θ + 1
− =1+ =
cos θ∗ cos θ cos θ
Invertendo a equação acima, chegamos na relação entre os cossenos procu-
rada (40).
cos θ
− cos θ∗ = (40)
cos θ + 1

3. a-)A célula primitiva de uma rede sempre forma um único ponto da rede
através de "contribuições" atômicas. Tendo então uma célula primitiva
de uma rede plana (2D), temos que a mesma célula plana possui área A.
Sendo que a célula representa um átomo na rede, então sua densidade
planar ρplanar é:
Numero de pontos 1
ρplanar = = (41)
Área A
Tendo que A representa pode representar a área entre dois vetores a1 e
a2 de uma base [a1 , a2 , a3 ] relativo uma célula unitária no espaço (3D),
podemos enxergar o plano mencionado como um dos planos gerados por
uma onda plana eik·r no espaço onde k seria um ponto do espaço reciproco.
Logo, a distância d entre planos vizinhos também pode ser vista como
a norma da projeção de a3 na direção ortogonal ao plano em questão,
chegando ao volume da célula unitária em 3D v .
v
v = d|a1 × a2 | = Ad ⇒ A = (42)
d
Logo, pela a equação (42), podemos escrever a densidade planar na forma
procurada (43)
d
ρplanar = (43)
v

8
b-)Para a FCC, temos que os vetores da rede direta são:
a
a1 = (0, 1, 1) (44)
2
a
a2 = (1, 0, 1) (45)
2
a
a3 = (1, 1, 0) (46)
2
Então, sua rede recíproca é:

b1 = (−1, 1, 1) (47)
a

b2 = (1, −1, 1) (48)
a

b3 = (1, 1, −1) (49)
a
Para a FCC, a melhor família de planos que consegue alcançar o maior
numero de pontos (até os pontos centrados nas faces laterais) em sua área
são aqueles planos cujo seu vetor normal aponta para a direção [111], que
são índices de miller.

Para a BCC, temos que os vetores da rede direta são:


a
a1 = (−1, 1, 1) (50)
2
a
a2 = (1, −1, 1) (51)
2
a
a3 = (1, 1, −1) (52)
2
Então, sua rede recíproca é:

b1 = (0, 1, 1) (53)
a

b2 = (1, 0, 1) (54)
a

b3 = (1, 1, 0) (55)
a
Para a BCC, a melhor família de planos que consegue alcançar o maior
numero de pontos (até os átomos centrados no centro do cubo) em sua
área são aqueles planos cujo seu vetor normal aponta para a direção [110],
que são seus índices de miller.

4. Por ser uma rede de bravais, podemos escrever K e K0 como:


K0 = h0 b1 + l0 b2 + m0 b3 (56)
K = hb1 + lb2 + mb3 (57)

9
Logo, para K ser múltiplo de K0 temos:

K = λK0 (58)
Para que a equação acima seja verdade, λ deve ser inteiro. Para isso,
temos:

hb1 + lb2 + mb3 = λ(h0 b1 + l0 b2 + m0 b3 )


Chegamos nas três equações.
h
λ= (59)
h0
l
λ= (60)
l0
m
λ= (61)
m0
Ou seja, para λ ser inteiro, h deve ser múltiplo de h0 , l de l0 e m de m0 .
Logo, ca provado que K é múltiplo de K0 , que o menor vetor da rede.
Questão Extra: Por que a representação dos índices de Miller pelos os inversos
é equivalente a forma convencional?

Tendo que a forma convencional do índices de miller [hlm] é dado por:

K = hb1 + lb2 + mb3 (62)


A forma inversa é: tendo que, por translação, eiK·R = 1 para K xo e R
pertencente ao plano, podemos o plano na seguinte forma
K · R = 2nπ

O que implica em
hR1 + lR2 + mR3 = 2nπ (63)
Que é a equação de um plano sendo K o seu vetor normal. Com isso, em um
exemplo, sendo os eixos que o plano intercepta R1 = 4, R2 = 1 e R3 = −2,
aplicando em (63), temos
1
4h = 2nπ ⇒ h = 2nπ (64)
4
l = 2nπ ⇒ l = 2nπ (65)
 1
−2m = 2nπ ⇒ m = 2nπ − (66)
2

10
Então K é
1 1 nπ
K = 2nπ( b1 + b2 − b3 ) = (b1 + 4b2 − 2b3 ) (67)
4 2 2
Logo seus índices de miller são:

[14(−2)] (68)
O que torna a forma convencional e a inversão dos índices de miller equivalentes.

11

Você também pode gostar