Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Livro Texto Eletroterapia
Livro Texto Eletroterapia
Estéticos Gerais
Autora: Profa. Sabrina Grego Alves
Colaboradores: Prof. Thiago Macrini
Prof. José Carlos Morilla
Professora conteudista: Sabrina Grego Alves
É professora de Educação Física, graduada pela Universidade Cruzeiro do Sul (2001), esteticista formada pelo Centro
de Estética e Cosmetologia Aplicada (2004), e mestre em Engenharia Biomédica, área de atuação em instrumentação
biomédica, pela Universidade de Mogi das Cruzes (2012).
Atualmente é docente na Universidade Paulista – UNIP e membro do Comitê de Ética para Desenvolvimento de
Pesquisas em Seres Humanos da Universidade. Atua em projetos de pesquisa relacionados principalmente à Associação
da Cosmetologia e Eletroterapia nos Procedimentos Estéticos Corporais e Faciais.
CDU 613.4
U508.55 – 20
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem
permissão escrita da Universidade Paulista.
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Comissão editorial:
Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
Profa. Deise Alcantara Carreiro – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
Projeto gráfico:
Prof. Alexandre Ponzetto
Revisão:
Giovanna Oliveira
Vera Saad
Sumário
Recursos Tecnológicos Estéticos Gerais
APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................................9
INTRODUÇÃO......................................................................................................................................................... 12
Unidade I
1 SISTEMA INTERNACIONAL DE UNIDADES.............................................................................................. 15
1.1 Propriedades eletrofísicas.................................................................................................................. 15
1.2 Corrente elétrica e potencial de ação celular............................................................................ 16
1.3 Propriedades eletrofísicas.................................................................................................................. 18
1.4 Variáveis físicas...................................................................................................................................... 19
1.5 Correntes terapêuticas........................................................................................................................ 21
1.5.1 Relação ente voltagem (V), intensidade (i) da corrente e resistência elétrica (R)......... 23
1.5.2 Tipos de ondas.......................................................................................................................................... 23
1.6 Física ondulatória: irradiação........................................................................................................... 25
2 TERMOTERAPIA E TERMORREGULAÇÃO HUMANA............................................................................ 28
2.1 Temperatura............................................................................................................................................ 28
2.2 Termoterapia........................................................................................................................................... 28
2.2.1 Caso clínico................................................................................................................................................ 31
2.2.2 Termorregulação humana.................................................................................................................... 32
2.2.3 Efeitos fisiológicos do calor................................................................................................................. 35
2.2.4 Efeitos fisiológicos do frio.................................................................................................................... 35
Unidade II
3 RECURSOS TECNOLÓGICOS ESTÉTICOS PARA DIAGNÓSTICO E
PROCEDIMENTOS ESTÉTICOS........................................................................................................................... 41
3.1 Lâmpada de Wood................................................................................................................................ 41
3.2 Endermoterapia...................................................................................................................................... 43
3.2.1 Efeitos fisiológicos da endermoterapia.......................................................................................... 46
3.2.2 Técnicas de execução............................................................................................................................. 48
3.2.3 Protocolo para tratamento de lipodistrofia localizada............................................................ 49
3.2.4 Casos clínicos............................................................................................................................................. 56
3.2.5 Protocolo para execução da drenagem linfática corporal com equipamento
de endermoterapia............................................................................................................................................. 56
3.2.6 Caso clínico................................................................................................................................................ 58
3.2.7 Protocolo de endermoterapia para as estrias nacaradas........................................................ 59
3.2.8 Endermoterapia no pré e pós-operatório de cirurgias plásticas estéticas....................... 61
3.2.9 Contraindicações das técnicas corporais....................................................................................... 61
3.2.10 Aplicabilidade da endermoterapia nos procedimentos faciais........................................... 62
3.2.11 Protocolo para realização da limpeza de pele com método de sucção.......................... 62
3.2.12 Endermoterapia para tratamento das linhas de expressão facial..................................... 66
3.2.13 Protocolo de tratamento com endermoterapia para aumentar a
irrigação sanguínea da pele........................................................................................................................... 66
4 CORRENTE GALVÂNICA................................................................................................................................. 72
4.1 Efeitos fisiológicos produzidos pela galvanização................................................................... 72
4.1.1 Tipos de eletrodos.................................................................................................................................... 74
4.1.2 Iontoforese................................................................................................................................................. 77
4.1.3 Princípios básicos para a aplicação.................................................................................................. 78
4.1.4 Protocolo para realização da iontoforese facial......................................................................... 79
4.1.5 Protocolo de ionização corporal........................................................................................................ 80
4.2 Desincruste.............................................................................................................................................. 83
4.2.1 Técnicas de aplicação............................................................................................................................. 84
4.2.2 Protocolo da técnica de aplicação do desincruste..................................................................... 88
4.2.3 Contraindicações da técnica............................................................................................................... 89
4.2.4 Caso clínico................................................................................................................................................ 90
4.3 Microcorrentes....................................................................................................................................... 90
4.3.1 Efeitos fisiológicos da microcorrente.............................................................................................. 92
4.3.2 Técnicas de aplicação corporal........................................................................................................... 94
4.3.3 Técnicas de aplicação facial................................................................................................................ 95
4.3.4 Protocolo facial........................................................................................................................................ 95
4.3.5 Contraindicações..................................................................................................................................... 97
4.3.6 Protocolos de bioestimulação elétrica cutânea.......................................................................... 99
4.3.7 Caso clínico..............................................................................................................................................100
Unidade III
5 CORRENTE RUSSA E SISTEMA MUSCULAR..........................................................................................105
5.1 Características da corrente russa..................................................................................................107
5.1.1 Eletroestimulação e tecido adiposo...............................................................................................108
5.1.2 Protocolos de utilização da corrente russa.................................................................................109
5.1.3 Contraindicações da corrente russa............................................................................................... 113
5.1.4 Caso clínico..............................................................................................................................................114
5.1.5 Recursos tecnológicos para procedimentos estéticos faciais e corporais...................... 114
5.2 Eletrolifting............................................................................................................................................114
5.2.1 Efeitos fisiológicos e princípios básicos para a aplicação..................................................... 117
5.2.2 Protocolo de procedimento estético facial de eletrolifting para minimizar
as linhas de expressão com ponteira sem agulha............................................................................... 117
5.2.3 Protocolo estético utilizando a ponteira com agulha............................................................ 118
5.2.4 Tempo e intensidade das sessões....................................................................................................119
5.2.5 Cuidados com o cliente...................................................................................................................... 120
5.2.6 Indicações e contraindicações..........................................................................................................121
6 ELETROLIPÓLISE..............................................................................................................................................122
6.1 Tecido adiposo......................................................................................................................................122
6.1.1 Hipotálamo.............................................................................................................................................. 123
6.1.2 Fibroedema geloide (FEG).................................................................................................................. 124
6.1.3 Mecanismo de ação da eletrolipólise (eletrolipoforese)....................................................... 125
6.1.4 Efeitos fisiológicos da eletrolipoforese........................................................................................ 126
6.1.5 Técnica de aplicação da eletrolipólise.......................................................................................... 127
6.1.6 Protocolos de eletrolipólise utilizando quatro correntes disponíveis
no equipamento............................................................................................................................................... 128
6.1.7 Indicações e contraindicações......................................................................................................... 130
6.2 Vapor de ozônio...................................................................................................................................131
6.2.1 Efeitos fisiológicos................................................................................................................................ 132
6.2.2 Aplicação do equipamento de vapor de ozônio...................................................................... 134
6.2.3 Indicações e contraindicações do vapor de ozônio................................................................ 134
6.2.4 Exemplos de protocolo de utilização do vapor de ozônio para limpeza de pele...................135
6.2.5 Protocolo de utilização do vapor de ozônio para hidratação e nutrição...................... 135
6.3 Máscara térmica..................................................................................................................................136
Unidade IV
7 RECURSOS TECNOLÓGICOS APLICADOS À ESTÉTICA.......................................................................141
7.1 Radiação infravermelha....................................................................................................................141
7.1.1 Efeitos fisiológicos da radiação infravermelha..........................................................................141
7.2 Alta frequência.....................................................................................................................................142
7.2.1 Efeitos fisiológicos do equipamento de alta frequência...................................................... 143
7.2.2 Efeitos terapêuticos da alta frequência....................................................................................... 143
7.2.3 Indicações para utilização do equipamento de alta frequência....................................... 144
7.2.4 Técnica de aplicação............................................................................................................................ 145
7.2.5 Tipos de aplicação................................................................................................................................ 147
7.2.6 Protocolo de ação bactericida para controle da pele acneica............................................151
7.2.7 Protocolo de rejuvenescimento com método de saturação de alta frequência....................152
7.2.8 Protocolo de limpeza de pele com utilização de alta frequência..................................... 152
7.2.9 Contraindicações.................................................................................................................................. 153
7.2.10 Caso clínico........................................................................................................................................... 153
7.2.11 Protocolo para pele acneica........................................................................................................... 153
7.3 Peeling ultrassônico...........................................................................................................................154
7.3.1 Efeitos fisiológicos................................................................................................................................ 155
7.3.2 Protocolo de utilização do peeling ultrassônico...................................................................... 156
7.3.3 Contraindicações para a utilização de peeling ultrassônico............................................... 157
8 MICRODERMOABRASÃO.............................................................................................................................157
8.1 Efeitos fisiológicos..............................................................................................................................158
8.1.1 Indicações e contraindicações......................................................................................................... 158
8.2 Laserterapia...........................................................................................................................................159
8.2.1 Laser terapêutico de baixa intensidade....................................................................................... 162
8.2.2 Tipos de laser de baixa intensidade............................................................................................... 163
8.2.3 Fotótipo de pele.................................................................................................................................... 163
8.2.4 Cuidados e contraindicações aos protocolos com laser....................................................... 164
8.2.5 Indicações de protocolos estéticos com laser de baixa potência..................................... 165
8.2.6 Protocolo de rejuvenescimento (com indução de processo inflamatório)................................166
8.2.7 Protocolo de laser de baixa potência para clareamento facial.......................................... 167
8.2.8 Protocolo de laser de baixa potência para tratamentos capilares................................... 168
8.3 Fotocosméticos....................................................................................................................................170
8.4 Associações de técnicas estéticas.................................................................................................171
8.4.1 Protocolos de associação da eletroterapia com recursos manuais
e cosmetologia...................................................................................................................................................171
8.4.2 Protocolo sugerido para sequelas de acne – cicatrizes atróficas..................................... 172
8.4.3 Protocolo para rejuvenescimento facial com eletroestimulação
neuromuscular e microcorrentes.............................................................................................................. 173
8.4.4 Protocolo com iontoforese............................................................................................................... 174
8.5 Biossegurança.......................................................................................................................................175
8.5.1 Esterilização............................................................................................................................................ 176
8.5.2 Limpeza ou higiene dos eletrodos e ponteiras utilizadas na eletroterapia................... 177
APRESENTAÇÃO
A eletroterapia é sem dúvida uma área da estética que ganha destaque há algum tempo. Atualmente
os equipamentos são indispensáveis dentro de um centro de estética. Os mais diversos tipos de recursos
tecnológicos nos auxiliam nos trabalhos manuais, atuam nas camadas mais profundas da pele, promovem
desintoxicação, ajudam no processo de cicatrização, ativam a circulação sanguínea e linfática, entre
outros benefícios. Porém, é fundamental que você, aluno, conheça o mecanismo de ação, as indicações
e principalmente as contraindicações de cada tipo de corrente elétrica.
As correntes se manifestam de forma diferenciada no organismo, cada uma tem sua especificidade
e isso justifica um estudo amplo sobre alguns princípios da física, da fisiologia e da anatomia humana.
É importante que você, aluno, desenvolva o conhecimento sobre os fenômenos físicos envolvidos
nas alterações fisiológicas visando à utilização e aplicação de recursos existentes na eletroterapia,
termoterapia e fototerapia em procedimentos estéticos.
Os recursos manuais, bem como os cosméticos, devem ser associados aos recursos eletroterápicos
para a elaboração de protocolos específicos e individualizados, lembrando que inicialmente é necessária
a realização de uma ficha de anamnese ampla e minuciosa. A interdisciplinaridade é extremamente
importante para o sucesso profissional.
• Variáveis físicas: é importante conhecer os princípios físicos que norteiam os efeitos fisiológicos
dos equipamentos a serem abordados na disciplina.
• Corrente galvânica: é uma corrente polarizada de grande utilidade na estética. Através dela é possível
realizar os mais variáveis procedimentos corporais e faciais, bem como a eletrólise depilatória.
9
• Desincruste: procedimento que pretende remover o excesso de sebo dos folículos pilosos,
diminuindo a secreção sebácea da pele.
• Corrente russa: eletroestimulação que atua em nível muscular, a fim de atenuar e evitar o processo
de flacidez da musculatura.
• Eletrolifting: técnica que pode ser realizada com ou sem agulhas e tem o objetivo de atenuar as
linhas de expressão facial.
• Eletrolipólise: teoria sobre o mecanismo de ação e diferentes intensidades das correntes específicas
geradas pelo equipamento.
• Vapor de ozônio e máscara térmica: técnicas que promovem emoliência na pele e são muito
utilizadas antes da extração de comedões na limpeza cutânea.
• Alta frequência: equipamento que se utiliza da geração de ozônio para acelerar o processo de
cicatrização da pele. O ozônio tem ação bactericida, bacteriostática, fungicida e oxigenante.
• Peeling ultrassônico: utiliza a vibração da onda sonora para promover o desprendimento das
células córneas da epiderme.
• Laser: terapia que se utiliza de luz com efeito estimulante, é indicado para diversos tipos de
procedimentos estéticos.
É importante que, ao final da disciplina, você tenha conhecimento sobre as características individuais
de cada equipamento, a corrente elétrica emitida, a maneira correta de manusear os eletrodos, bem
como as potências e intensidades indicadas para cada tipo de procedimento estético.
10
Quando um profissional de estética recebe um cliente pela primeira vez, deve seguir um procedimento
padrão, que consiste em inicialmente realizar uma ficha de anamnese, identificação de possíveis
contraindicações (principalmente referentes às correntes elétricas) e diagnóstico preciso da alteração
estética a ser tratada. Somente depois dessa análise deve ser elaborado o protocolo de tratamento. E
lembre-se sempre de que a queixa do cliente deve ser considerada.
Um equipamento de boa qualidade permite ao profissional que aplica a terapia obter resultados em
um menor intervalo de tempo, o que é fundamental, uma vez que o cliente normalmente tem ansiedade
para ver os frutos do tratamento.
Centros estéticos que se utilizam de eletroterapia podem, sem comprometer os resultados, atender
uma quantidade maior de clientes com menor esforço físico e, consequentemente, gerar mais lucros
aos negócios.
É importante lembrar que, sempre que você for adquirir um equipamento para atendimento em
estética, é importante que este tenha o registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa.
Isso significa que o produto passou por testes e ficou comprovado que não trará prejuízos à saúde,
desde que seja utilizado de maneira correta pelo profissional. Verificar esse registro é importante para
você e para o seu cliente.
Observação
Sempre que você adquirir um equipamento novo, deverá executar o treinamento oferecido pelo
fabricante, pois as marcas possuem suas especificidades e a maneira correta de manusear o equipamento
é muito importante para a obtenção dos resultados. Esses treinamentos normalmente são gratuitos, pois
a empresa e você são os maiores interessados em executar corretamente os procedimentos a fim de
evitar acidentes como queimaduras físicas ou químicas.
É importante ressaltar que estética é muito mais do que passar cremes e executar procedimentos
para deixar o outro mais belo. A estética, através do toque, de protocolos individualizados e dos recursos
tecnológicos, contribui diretamente para a melhora da qualidade de vida e autoestima das pessoas, por
isso, esses devem sempre ser os nossos objetivos.
11
INTRODUÇÃO
Esta disciplina abordará temas de muita importância para o futuro profissional de estética.
O conhecimento de temas de anatomia, fisiologia e física são fundamentais para compreensão e
aprendizado dos equipamentos que envolvem a disciplina.
• apresentação das propriedades físicas e eletrofísicas necessárias para a aprendizagem dos recursos
estéticos: conceito de onda, tipos de ondas e energia; conceitos básicos de eletricidade; íon, polo,
polaridade, carga elétrica e impedância;
• classificação de características físicas descritivas quanto à forma das correntes contínua, alternada
e pulsada;
• agentes eletromagnéticos, bem como os tipos de radiação e a interação dessa radiação com a pele.
É muito importante que todos esses conceitos sejam bem entendidos para que o mecanismo de ação
dos equipamentos seja compreendido. Através dessa compreensão, você desenvolverá a capacidade de
elaborar protocolos específicos e individualizados de acordo com as características individuais de cada
cliente. Sabendo que cada equipamento possui suas indicações, será possível verificar o procedimento
que melhor se adequará a determinadas alterações estéticas.
Assim, prosseguindo nosso caminho, depois que você tiver sido introduzido aos conhecimentos
necessários para a compreensão dos fenômenos fisiológicos naturais e dos fenômenos desencadeados
pela descarga elétrica evocada nas membranas excitáveis, o próximo passo será abordar alguns
equipamentos de importância para a prática clínica de estética, como a utilização da lâmpada de Wood
para execução de diagnósticos faciais. Através de uma boa avaliação, é possível verificar de maneira
mais eficaz o melhor procedimento.
A corrente galvânica é uma corrente polarizada que pode ser utilizada em vários tipos de
procedimentos, por exemplo, o aumento da permeação de princípios ativos cosméticos e remoção
do excesso de sebo através da pele.
As microcorrentes podem contribuir para o aumento da energia celular, o que significa melhora
no desempenho das funções celulares. Como efeito fisiológico dessa aplicação, tem-se o aumento da
produção de colágeno e a melhora do tônus tissular.
Dando prosseguimento a esse assunto, entraremos nos temas dos recursos de corrente russa,
eletrolifting, eletrolipólise, vapor de ozônio e máscara térmica. O eletrolifting é um recurso que pode ser
realizado com agulhas ou caneta específica de ponta fina e que tem como principal objetivo promover
uma pequena lesão na epiderme a fim de ativar o sistema de defesa corporal e incentivar a produção de
colágeno. É indicado para o tratamento de linhas de expressão e estrias.
A corrente russa tem como finalidade aumentar o tônus muscular, enquanto a eletrolipólise visa
diminuir a camada de tecido adiposo. O vapor de ozônio e a máscara térmica permitem o aquecimento
e emoliência da pele, a fim de facilitar os procedimentos de extração de lesões acneicas e excessos de
sebo na limpeza de pele.
13
RECURSOS TECNOLÓGICOS ESTÉTICOS GERAIS
Unidade I
1 SISTEMA INTERNACIONAL DE UNIDADES
Para efetuar medidas, é necessário fazer uma padronização, atribuindo unidades para cada grandeza.
Antigamente as unidades de medidas eram definidas de maneira arbitrária e variavam muito de uma
cultura para outra. As unidades de medida de comprimento eram quase derivadas das partes do corpo,
por exemplo, a polegada, o pé e outras. Após a instituição do sistema métrico decimal, as unidades
foram padronizadas e hoje é possível medir com exatidão qualquer estrutura material.
O sistema internacional de medidas (SI) deriva do francês Système International d’Unités e é a forma
mais moderna de sistema métrico. Trata-se de um sistema padronizado de definições por diferentes
unidades para facilitar as medições, por isso é o sistema mais exato e mais utilizado em todo o mundo.
Essas unidades, identificadas no quadro a seguir, são dimensionalmente independentes entre si:
As unidades derivadas do SI são constituídas pelas medidas que podem ser expressas através das
unidades básicas.
A eletricidade desempenha hoje um papel muito importante na medicina estética. A grande maioria
dos equipamentos utilizados em estética possui princípios da área médica e da fisioterapia.
As funções e atividades desenvolvidas pelo nosso organismo estão ligadas de alguma forma à eletricidade.
Constantemente sofremos alterações de polaridade da membrana (despolarização e repolarização) para que
15
Unidade I
possam ocorrer as trocas de nutrientes, a contração muscular e todo nosso funcionamento de homeostase.
Michael Faraday (1791-1867) descreveu o organismo como sendo formado por numerosos sistemas
eletrolíticos separados por membranas semipermeáveis, cada célula formando um condutor eletrolítico.
Luigi Galvani (1737-1798) foi um médico, investigador da física que contribuiu grandemente com o
entendimento da eletricidade em organismos vivos. O cientista usou pela primeira vez a eletricidade em
uma rã, cujos músculos se contraíam quando recebiam contato simultâneo de dois polos.
A corrente elétrica ficou, graças a ele, conhecida como corrente galvânica. Galvani demonstrou que
essa eletricidade gerada pelo corpo é originária de reações químicas.
Galvani descreveu a formação da corrente elétrica através dos tecidos biológicos e esse foi um
estudo precursor de vários outros a respeito da introdução de correntes elétricas através da pele.
Toda célula é constituída por átomos que são eletricamente carregados. As partículas elétricas
presentes nas células são similares à energia produzida pelo equipamento de corrente. Devido a essa
afinidade, a pele é capaz de absorver as partículas elétricas e permitir que estas sejam encaminhadas
para regiões mais profundas, nas quais ocorrerão várias reações químicas.
Os átomos são partículas que estruturam e formam o corpo humano. Existe um núcleo no interior
de cada átomo, no qual fica concentrada a massa do átomo. Partículas extremamente pequenas que
giram ao redor dele são denominadas elétrons, e elas possuem carga negativa e massa muito pequena.
A eletricidade desempenha hoje um papel muito importante na área da estética, pois a maioria dos
equipamentos possui princípios da área médica e de fisioterapia.
Grandes pensadores, como Plínio, Aristóteles e Platão já haviam percebido, através da observação
do organismo humano em contato com animais como enguias e peixes elétricos, que o corpo humano
é capaz de absorver eletricidade.
O profissional que vai utilizar correntes elétricas deve conhecer não apenas as características da
desarmonia corporal, mas também o mecanismo pelo qual a estimulação elétrica afeta os tecidos, pois,
caso ignore esse conhecimento, não será capaz de escolher um procedimento de estimulação elétrica
seguro e efetivo. As correntes elétricas possuem características diferenciadas e é de extrema importância
ser instruído sobre as alterações fisiológicas que são geradas por cada corrente, bem como a ação que
cada uma desempenha nas células que são atingidas por ela. É necessário se aprofundar nos estudos
para dominar os efeitos provocados pela descarga elétrica em membranas excitáveis.
As células excitáveis são envolvidas por uma membrana que separa uma carga através de sua estrutura.
Essa carga, ou potencial de repouso das membranas, pode ser medida experimentalmente e está normalmente
entre 60 e 90 milivolts (mV), sendo o interior da célula negativo em relação ao exterior. A carga sobre a
membrana é resultado da diferença nas concentrações de íons em ambos os lados de sua estrutura.
Num músculo ou numa célula nervosa normal, a concentração de sódio (Na+) é maior no exterior
da célula, enquanto a concentração de potássio (K+) é maior no interior da célula. Cada íon, entretanto,
tenderá a difundir-se passivamente pela membrana, numa tentativa de equalizar suas concentrações
(NELSON; HAYES; CURRIER, 2003).
Saiba mais
As funções e atividades envolvidas pelo nosso organismo estão de alguma forma ligadas à eletricidade.
Constantemente sofremos alterações de polaridade da membrana (despolarização e repolarização) para que
possam ocorrer as trocas de nutrientes, a contração muscular e todo nosso funcionamento de homeostase.
A despolarização é a primeira fase do potencial de ação. Durante essa fase, ocorre um aumento
da permeabilidade dos íons sódio na membrana celular. Esse fenômeno propicia um grande fluxo de
partículas de íons sódio de fora para dentro da célula. A membrana plasmática executa um processo
17
Unidade I
de difusão simples. Como resposta fisiológica, o interior da célula passa a apresentar uma grande
quantidade de íons de carga positiva (cátions) e a membrana celular ganha um potencial inverso daquele
encontrado nas condições de repouso, ou seja, mais cargas positivas no interior celular e mais cargas
negativas no seu exterior.
A repolarização é a segunda fase do potencial de ação e ocorre logo após a primeira fase. Em pouco
tempo, a permeabilidade celular volta ao normal e, simultaneamente, ocorre um significativo aumento
na permeabilidade de íons potássio. Acontece então um grande fluxo de íons de dentro para fora da
célula, fenômeno decorrente da grande quantidade de cargas positivas encontradas no interior celular.
Enquanto isso, os íons sódio (cátions) que estavam em grande quantidade no interior da célula vão
sendo transportados ativamente para o exterior dela, pela bomba de sódio e potássio. Tudo isso faz com
que o potencial na membrana celular volte a ser negativo, o que significa ter mais cargas negativas no
interior da célula e mais cargas positivas no exterior.
Membrana
+ -
K-
Bomba
Na+K+
Na+
Na+ K+
K+ Na+
Toda matéria é composta por átomos que contêm um núcleo carregado com partículas positivas
e elétrons (partículas negativas) que se organizam em órbita ao redor desse núcleo. Um átomo é
considerado neutro quando há uma equivalência entre as cargas dos núcleos e dos elétrons. Quando
modificado por uma força externa (como reações químicas, forças eletrostáticas, calor, luz e campos
magnéticos), um átomo pode ganhar ou perder elétrons, alterando, dessa forma, sua carga neutra e
fazendo com que ele adquira propriedades elétricas.
Um átomo que não está mais em seu estado neutro original é chamado de íon, e o processo de
alteração do estado elétrico de um átomo é chamado de ionização. Um íon negativo é um átomo
que ganhou um ou mais elétrons, apresentando, então, uma carga líquida negativa; um íon positivo é
um átomo que perdeu um ou mais elétrons, tornando-se carregado positivamente (NELSON; HAYES;
CURRIER, 2003).
18
RECURSOS TECNOLÓGICOS ESTÉTICOS GERAIS
Corrente elétrica consiste em um fluxo ordenado de carga de um lugar para o outro através da
matéria. A carga pode ser constituída de elétrons livres ou íons. Essas partículas se movimentam
aleatoriamente em toda a matéria.
Devido à composição de suas camadas orbitais, alguns átomos tendem a ganhar ou doar elétrons
mais facilmente do que outros.
Lembrete
Voltagem
Voltagem é a tendência que uma carga tem de ir de um ponto a outro, a diferença de potencial
elétrico entre dois pontos. E a unidade de medida dessa diferença é o volt (V).
Se duas partículas de mesma carga são movidas juntas, forças elétricas agem para mantê-las
afastadas. Essas forças tornam-se cada vez mais fortes conforme as partículas se aproximam. Deve ser
então realizado um trabalho para aproximar duas partículas de mesma carga, o que converte a energia
cinética em energia potencial.
A diferença da energia potencial por unidade de carga entre as partículas é chamada de diferença
de potencial. A unidade da diferença de potencial, ou voltagem, é o volt (V), definido como um
joule/coulomb. Dado que o trabalho para mover uma carga é relativo a uma outra carga, a diferença
de potencial é sempre relativa a um ponto de referência. Caso o ponto de referência não seja dado
explicitamente, deve-se assumir que este seja o terra, ou o potencial elétrico da terra. O terra é
considerado um potencial igual a zero que pode fornecer qualquer quantidade prática de carga sem
alterar suas características elétricas (NELSON; HAYES; CURRIER, 2003).
Quando aplicamos uma voltagem entre os extremos de um corpo, geramos capacidade de exercer a força
elétrica (F) sobre as cargas livres do corpo, estabelecendo uma corrente elétrica de intensidade (i). Quanto maior
é a voltagem (V) aplicada entre os extremos de um corpo, maior a intensidade (i) estabelecida nesse corpo.
Resistência
Resistência é a dificuldade com que os elétrons percorrem um condutor. Sua unidade de medida
é ohm [Ω]. A resistência é a propriedade de um material resistir ou se opor ao fluxo de corrente que
passa por ele.
19
Unidade I
A intensidade da corrente estabelecida em um corpo não depende somente da voltagem aplicada entre
os extremos, mas também das características do próprio corpo, principalmente do material de que é feito.
As dimensões geométricas e a temperatura também influenciam. Um material de metal, por exemplo,
conduz mais rapidamente uma corrente elétrica do que um objeto de mesmo tamanho e dimensão, mas
feito de borracha. O metal é um condutor elétrico, já na borracha a resistência é maior (PEREIRA, 2014).
Capacitância
Frequência e fase
Frequência e fase são todas as voltagens das formas de onda que variam com o passar do tempo e podem
ser descritas como sendo compostas por uma série de sinusoides periódicas de diferentes amplitudes, fases
e frequências que, juntas, definem a forma de onda. A frequência é medida em hertz (Hz).
Impedância
Impedância é a oposição que um circuito elétrico faz à passagem de corrente quando submetido a
uma tensão. Nos procedimentos de eletroterapia, muitos fatores podem alterar a absorção da corrente
elétrica na pele.
Um circuito elétrico, ou a via pela qual os elétrons ou íons fluem, pode consistir em uma combinação
complexa de elementos resistivos, por exemplo, elementos fisiológicos contidos nos tecidos biológicos.
Na pele, a oposição se modifica com sua oleosidade, temperatura, intensidade da corrente e frequência
(NELSON; HAYES; CURRIER, 2003).
Observação
Campo elétrico
Qualquer região do espaço que esteja sob ação de uma força elétrica é denominada campo elétrico.
Inclusive há equipamentos que possuem uma grande área de campo elétrico ativo. Em alguns casos,
o profissional que irá aplicar a corrente elétrica também recebe descarga elétrica e, portanto, pode
apresentar contraindicações relativas e absolutas.
Carga elétrica
A carga de uma corrente elétrica possui polaridades preestabelecidas que podem apresentar
variações. Quando há excesso de elétrons, a carga total é negativa. Quando há falta de elétrons, a carga
total é positiva – nesse caso, a quantidade de prótons é maior que a de elétrons. A carga neutra é assim
denominada quando o número de prótons e elétrons é igual.
O polo positivo se caracteriza pela falta de elétrons e recebe o nome de ânodo, já o negativo se
caracteriza pelo excesso de elétrons e recebe o nome de cátodo.
Lembrete
As correntes elétricas possuem características diferentes com relação à sua propagação nos tecidos
biológicos. Basicamente, as correntes são divididas em dois grupos, que são: corrente direta (CC) e
corrente alternada (CA). A corrente direta (ou contínua) é o fluxo contínuo de partículas carregadas
em uma única direção, e depende da polaridade da substância aplicada. A corrente alternada é o fluxo
contínuo bidirecional de partículas carregadas. O termo CA foi ampliado para incluir tanto as correntes
alternadas simétricas clássicas, nas quais o fluxo da corrente é igual nas duas direções, quanto as
correntes alternadas assimétricas, nas quais o fluxo da corrente é diferente em cada uma das direções.
Uma terceira classificação, a de corrente pulsada, também conhecida como corrente pulsátil ou
corrente interrompida, é aquela definida como um fluxo não contínuo de correntes diretas ou alternadas.
Um pulso é um evento elétrico discreto, separado dos outros pulsos por um intervalo de tempo durante
o qual não existe atividade elétrica (NELSON; HAYES; CURRIER, 2003).
21
Unidade I
A)
B)
As correntes diretas são contínuas e a pulsada, como o próprio nome diz, tem intervalos na emissão.
A sensação promovida no corpo é diferente. É importante que o profissional experimente a corrente
antes de aplicá-la em um cliente/paciente.
A)
B)
Figura 3 – A) corrente pulsada bifásica simétrica balanceada; B) corrente pulsada bifásica simétrica não balanceada
22
RECURSOS TECNOLÓGICOS ESTÉTICOS GERAIS
1.5.1 Relação ente voltagem (V), intensidade (i) da corrente e resistência elétrica (R)
A intensidade aumenta com a voltagem e diminui com a resistência elétrica (R), o que é demonstrado
na relação matemática (PEREIRA, 2014):
V
i= → V = Ri
R
As ondas elétricas possuem características diferentes. O sinal liberado para o cliente pode ter várias
formas de ondas associadas.
São exemplos de ondas: contínua; ininterrupta; alternada; contínua e constante e contínua e intervalada.
A corrente contínua se mantém em uma constância e não tem pausa. A sensação fornecida pela
corrente depende da profundidade em que ela atuar. O mais comum é a sensação de formigamento com
esse tipo de corrente.
A corrente alternada é caracterizada pela fluência ordenada ora em um sentido, ora em outro. A
princípio, a sensação depende das intensidades programadas, contudo, a sensação promovida por uma
corrente elétrica está relacionada também ao limiar de dor de quem recebe o tratamento. Há pessoas
que sentem a corrente fraca, outras, forte, e há aquelas ainda que, por apresentarem medo ou traumas
por choques, não gostam de se submeter a esse tipo de procedimento.
23
Unidade I
A corrente contínua e constante é aquela na qual as cargas elétricas fluem em uma única direção. É
o caso, por exemplo, das correntes galvânicas, que serão muito estudadas pelo profissional de estética
em diversos tipos de procedimentos corporais e faciais.
A corrente contínua e intervalada é aquela que apresenta uma certa fluência, mas possui intervalos.
A pausa da corrente normalmente é percebida, mas a sensação depende muito das intensidades
programadas e da sensibilidade do cliente.
24
RECURSOS TECNOLÓGICOS ESTÉTICOS GERAIS
Observação
Qualquer tipo de energia que se propaga pelo espaço é considerado uma irradiação, que pode se
dividir em irradiação mecânica e eletromagnética.
A irradiação mecânica é aquela em que uma fonte de energia doa sua energia para as moléculas
de um meio elástico, isto é, suscetível a vibrações. Ao receber a energia, as moléculas do meio
aumentam seu estado vibratório, fazendo com que a energia se propague pelo espaço, gerando
uma irradiação mecânica.
A onda eletromagnética é aquela que é produzida por dois campos de força: o elétrico e o magnético.
Ambos os campos são pertencentes entre si a um mesmo plano.
Se esses campos vibram simultaneamente em sua própria direção, é gerada uma energia que se
propaga na direção perpendicular à do plano, E sendo o campo elétrico e B sendo o campo magnético.
Ambos emitem energia e vibram simultaneamente, gerando uma onda eletromagnética. A figura a
seguir representa a direção de propagação de energia.
→
E
→
B
25
Unidade I
Hélio sintonizável
Laser de Dye Neon Nd: YAG Holmium CO2
argónio laser laser laser laser laser
10.600 nm
1.064 nm
2.140 nm
400 500 600 700 1000 1100 11000
Ultravioleta Micro-ondas
Raio X (Nanômetros) TV e RM rádio
Cósmicos AM rádio
Invisível Visível Invisível
Ionização Não ionizante
Na física ondulatória, é muito comum utilizar o conceito de comprimento de onda, que indica a
distância entre duas cristas de onda.
T Comprimento de onda
T
T
A radiação ultravioleta é gerada pela energia solar e tem uma grande influência na vida terrestre.
Essa luz tem capacidade de permear os tecidos biológicos, podendo causar reações positivas e negativas.
De acordo com a intensidade do comprimento de onda e do biótipo cutâneo, pode causar sérios danos
à pele. Além disso, é sabido que a dose de energia solar também depende do tempo de exposição, da
altitude e da radiação.
Os efeitos na pele podem ser imediatos ou tardios. Pode-se notar um aumento de pigmento de
melanina, que ocorre devido à reação de defesa e, em casos de exposição excessiva, é possível notar
queimaduras em vários níveis. Doses adequadas podem ser benéficas e auxiliar na sintetização da
vitamina D, ao passo que os efeitos tardios podem ser prejudiciais, como fotoenvelhecimento e câncer
de pele, por exemplo.
26
RECURSOS TECNOLÓGICOS ESTÉTICOS GERAIS
Observação
Os raios solares são fundamentais para a vida terrestre por causa da geração
de energia utilizada em vários aspectos do desenvolvimento da vida humana.
Porém, excessos de radiação na pele podem acarretar vários danos de saúde
e estéticos. Excessos de pigmento de melanina, que são uma reação de defesa
da pele, podem causar a formação de manchas denominadas melasmas, as
quais são consideradas um dos maiores desafios da estética, uma vez que os
pigmentos depositados pelos melanócitos são difíceis de serem removidos.
A radiação solar não é a única causadora de melasma. Alterações hormonais também podem
contribuir para a formação dessas manchas indesejadas na pele, como é o caso típico da gestação.
A gestante apresenta aumentos muito significativos de hormônios nessa fase, por exemplo, o
hormônio progesterona. Alguns hormônios também estimulam as células denominadas melanócitos a
produzirem maior quantidade de melanina, o que resulta em áreas mais escuras na pele. Essa desordem
pigmentar piora com a ação dos raios solares, pois eles aumentam o processo de oxidação celular.
Saiba mais
Para saber um pouco mais como se desenvolvem essas manchas ocasionadas
principalmente pela radiação ultravioleta, leia atentamente o artigo:
MIOT, L. D. B. Fisiopatologia do melasma. Anais Brasileiros de Dermatologia,
Rio de Janeiro, v. 84, n. 6, nov.-dez. 2009. Disponível em: https://www.
scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0365-05962009000600008.
Acesso em: 6 maio 2020.
É importante que o profissional de estética saiba como se desenvolve
a melasma, pois esse aprendizado será importante para auxiliar a fazer o
diagnóstico do melasma utilizando o equipamento de lâmpada de Wood,
que será estudado mais adiante neste livro-texto.
27
Unidade I
2.1 Temperatura
O calor é um grande aliado nos procedimentos estéticos, pois a vasodilatação gerada por ele aumenta
a capacidade de desintoxicação e as capacidades funcionais das células, que podem realizar melhor as
atividades fisiológicas. O calor aumenta o metabolismo energético e pode induzir a diminuição da célula
adiposa (lipólise), devido ao aumento do consumo energético.
• Condução: transferência direta do calor de uma molécula para outra através de um líquido, sólido ou
gás. Exemplo: os metais – como cobre, ouro e platina – são normalmente os maiores condutores de
energia térmica. Outro exemplo de condução de calor é a transferência de calor da roupa para o corpo.
• Irradiação: processo de transmissão do calor que não depende da presença de um meio material,
podendo, assim, ocorrer através de ondas eletromagnéticas. Exemplo: radiação solar.
2.2 Termoterapia
A temperatura corporal é o equilíbrio dinâmico entre fatores que acrescentam e subtraem calor
corporal. Se o ganho de calor ultrapassa a perda de calor, a temperatura central sobe. Por outro lado, se
a perda de calor supera a produção de calor, a temperatura central cai.
O organismo se aquece quando ganhamos energia em forma de calor, como em reações metabólicas,
exposição à radiação solar e condução de energia em forma de calor.
Nos protocolos estéticos, utilizamos a manta térmica e o lençol mayler para promover o aquecimento
e potencializar a ação dos princípios ativos cosméticos.
Existem vários modelos de manta térmica, conforme mostram as figuras subsequentes. Alguns
modelos são desenvolvidos para serem aplicados em todo o corpo, eles possuem um formato retangular
e normalmente são grandes.
Observação
O equipamento de manta térmica permite adaptar mantas de menor tamanho a várias áreas
do corpo. As mantas são acopladas a um equipamento que permite programar a intensidade em
temperaturas diferentes.
29
Unidade I
O lençol de alumínio mayler (figura seguinte) promove aquecimento e não necessita de energia
elétrica. Sua potência é inferior às das mantas térmicas que contêm radiação infravermelha, em
compensação, ele apresenta desempenho muito satisfatório nos procedimentos estéticos corporais.
30
RECURSOS TECNOLÓGICOS ESTÉTICOS GERAIS
J. C. é dentista, trabalha em média 12 horas por dia, sentada em uma posição que não favorece a
circulação de retorno dos membros inferiores. Devido a isso, tem as pernas edemaciadas e normalmente
sente dor ao final do dia. A cliente procurou o profissional de estética para melhorar as condições
circulatórias das pernas e obter resultados estéticos na diminuição do FEG (fibro edema geloide). Qual
protocolo poderia ser desenvolvido para ela?
Parecer profissional
A cliente descrita pode se utilizar de procedimentos estéticos que beneficiam a circulação sanguínea
e linfática, desde que não tenha nenhuma contraindicação. A técnica manual indicada é a drenagem
linfática manual e um recurso tecnológico que pode ser associado é o emprego da manta térmica para
aumentar o calor e gerar vasodilatação periférica, o que facilitará a circulação do sangue. Provavelmente
a cliente perceberá melhora no incômodo e na aparência do FEG em poucas sessões.
Para a cliente descrita, recomenda-se o tratamento ininterrupto (embora possa haver modificações
com relação às técnicas manuais e recursos tecnológicos empregados), já que o agravante é o
posicionamento que utiliza para trabalhar. Atividade física e reeducação alimentar também são
recomendadas, mas devem ser prescritas por profissionais habilitados para tanto.
31
Unidade I
Para cada pelo contido em toda a extensão da nossa pele, existe um “minimúsculo”, denominado
músculo eretor do pelo. Esse pequeno músculo se contrai para que o pelo se arrepie e promova aumento
da temperatura.
32
RECURSOS TECNOLÓGICOS ESTÉTICOS GERAIS
Corpúsculo de Meissner
Glândula
Poro sudoríparo sebácea pelo
Camada córnea (aqueratinizada)
Epiderme
A termorregulação é responsável pelo equilíbrio entre fatores que acrescentam e subtraem calor
corporal. Se o ganho de calor ultrapassa a perda, a temperatura sobe, se a perda de calor ultrapassa a
produção de aquecimento corporal, a temperatura cai. Ganha-se calor em reações metabólicas através
da radiação solar e através da condução.
Perdemos calor com irradiação, condução, evaporação da água na pele e através das vias respiratórias.
Grande parte das calorias dos alimentos que consumimos se transforma em calor humano.
O hipotálamo é uma região do cérebro que é responsável pela coordenação de todos os mecanismos
de regulação da temperatura. Os neurônios agem como uma espécie de termostato. Apesar de ser
relativamente pequeno, o hipotálamo é uma região encefálica importante para o controle da temperatura,
da fome, da sede e dos ciclos circadianos.
Os mecanismos que regulam o calor são ativados pelos receptores térmicos na pele ou pelo estímulo
do hipotálamo por modificações na temperatura sanguínea.
33
Unidade I
1. Diminuição da temperatura
↓
2. Impulsos enviados ao hipotálamo
↓
3. Vasoconstrição e perda de calor para o meio
↓
4. Ativação dos músculos esqueléticos e eretores do pelo
↓
5. Aumento da temperatura corporal
Embora a reação de defesa corporal contra o calor seja diferente da do frio, também é acionada
através do hipotálamo. Com o aumento da temperatura externa, ocorre uma vasodilatação periférica. A
atividade muscular é diminuída, pois sempre que ocorre maior movimentação muscular a temperatura
aumenta. Ocorre então um relaxamento muscular e, consequentemente, maior retenção hídrica.
1. Aumento da temperatura
↓
2. Impulsos enviados ao hipotálamo
↓
3. Vasodilatação periférica
↓
4. Relaxamento da musculatura corporal
↓
5. Mecanismo de defesa ativado para manutenção
da temperatura = maior retenção hídrica
É comum observarmos maior retenção hídrica, principalmente em mulheres nos dias mais quentes.
Isso ocorre por consequência das reações de defesas corporais para manutenção da temperatura ideal.
Muitos protocolos estéticos auxiliam no tratamento de edemas – inclusive o edema é uma queixa
muito frequente nas pessoas que procuram tratamento estético. Quando o corpo está com temperatura
elevada, apresenta sinais tais como: cefaleia, sede, hiperemia facial e síncope (pressão baixa).
Para diminuir a temperatura, o corpo promove uma vasodilatação e realiza a transpiração, que é a
perda de fluidos. Para conservar o calor e aumentar a temperatura, o organismo realiza vasoconstrição
e ativa o metabolismo celular.
34
RECURSOS TECNOLÓGICOS ESTÉTICOS GERAIS
O calor é uma forma de energia que acelera todas as reações químicas do organismo. Além de
agir como catalizador de todas as reações enzimáticas, da síntese proteica e da atividade metabólica,
provoca uma série de alterações na permeabilidade da membrana celular.
Já no sistema nervoso, o calor age sobre as terminações nervosas, produzindo um efeito analgésico.
Nos músculos, o aumento da temperatura atua nos receptores musculares, gerando um relaxamento das
fibras musculares, o que proporciona um efeito antiespasmódico.
Devido a essa grande gama de efeitos fisiológicos benéficos, utilizamos muitos recursos tecnológicos
e manuais que promovem calor nos protocolos estéticos. A manta térmica, a radiofrequência e as
correntes galvânicas são exemplos de eletroterapia empregada para o aumento da temperatura corporal.
As massagens e alguns princípios ativos – como o nicotinato de metila e a pimenta – são exemplos
de recursos manuais e da cosmetologia que promovem o calor – e, como consequência, uma série de
benefícios estéticos.
A redução da temperatura corporal ocorre em resposta ao resfriamento, e pode ser feita de forma
localizada ou sistêmica.
35
Unidade I
Lewis (apud LACRIMANTI, 2008), na década de 1930, relatou ter observado que, logo após a imersão
dos dedos em água gelada, ocorre a vasoconstrição. Porém, alguns minutos após o estímulo, o corpo
aciona mecanismos de defesa e reage, promovendo a vasodilatação e o aumento da temperatura. Dessa
forma, podemos afirmar que ocorre uma ativação do metabolismo interno em torno de 10%, tremores
e calafrios para a produção de contração muscular e, assim, o aumento da temperatura, bem como a
normalização do calibre dos vasos sanguíneos. Esse processo recebe o nome de termogênese, ou seja,
geração de calor, reação de defesa corporal para subir a temperatura (LACRIMANTI, 2008).
Na estética, utilizamos o frio para gerar reações de defesa, ativando o metabolismo energético e um
maior consumo de energia, o que resulta em diminuição da célula do tecido adiposo. Após a aplicação
do frio por gel ou bandagem com solução crioterápica, ocorre a diminuição da temperatura do local
aplicado, o que provoca uma resposta circulatória inicial no organismo, a vasoconstrição periférica, que
é um processo de contração dos vasos sanguíneos. Essa vasoconstrição é momentânea.
O frio também pode ser utilizado para gerar analgesia em procedimentos estéticos que promovam
certo tipo de dor – por exemplo, o microagulhamento. Uma maneira eficaz de anestesiar a pele é aplicar
pedras de gelo antes do procedimento.
Observação
Observação
contração muscular que ocorre como resposta fisiológica ao frio pode desencadear dores musculares a
indivíduos mais sensíveis a temperaturas mais baixas. Por isso, considere a pessoa antes de elaborar um
protocolo individualizado.
Saiba mais
Resumo
37
Unidade I
Exercícios
I – O corpo humano ganha calor por meio das reações metabólicas e através da radiação solar.
II – O corpo humano perde calor pela irradiação, pela evaporação da água na pele e através das
vias respiratórias.
III – Grande parte das calorias dos alimentos consumidos pelo ser humano se transforma em calor.
A) I.
B) I e II.
C) I e III.
D) II e III.
E) I, II e III.
38
RECURSOS TECNOLÓGICOS ESTÉTICOS GERAIS
I – Afirmativa correta.
Justificativa: o corpo humano ganha calor por meio das reações metabólicas oriundas do processo
de digestão e de outros processos e também através da radiação solar.
II – Afirmativa correta.
Justificativa: a perda de calor do corpo humano está associada à evaporação da umidade da pele,
na forma de vapor, para o meio. O corpo humano também perde calor para o meio, pela troca de calor
que corre nas vias respiratórias.
Questão 2. As reações ao calor e ao frio do corpo humano são diferentes. Os mecanismos que
regulam o calor são ativados pelos receptores térmicos na pele ou pelo estímulo do hipotálamo por
modificações na temperatura sanguínea. Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta da
reação do corpo humano ao calor.
39
Unidade I
A) Alternativa correta.
Justificativa: quando ocorre o aumento da temperatura, são enviados impulsos ao cérebro (hipotálamo),
que comandará a vasodilatação, o relaxamento da musculatura e uma maior retenção hídrica.
B) Alternativa incorreta.
C) Alternativa incorreta.
D) Alternativa incorreta.
E) Alternativa incorreta.
Justificativa: para que exista reação do corpo humano à variação de temperatura, é preciso que
ocorra uma variação de temperatura a fim de que os impulsos sejam enviados ao hipotálamo. Assim, o
envio de impulsos não pode iniciar a sequência.
40