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Recursos Tecnológicos

Estéticos Gerais
Autora: Profa. Sabrina Grego Alves
Colaboradores: Prof. Thiago Macrini
Prof. José Carlos Morilla
Professora conteudista: Sabrina Grego Alves

É professora de Educação Física, graduada pela Universidade Cruzeiro do Sul (2001), esteticista formada pelo Centro
de Estética e Cosmetologia Aplicada (2004), e mestre em Engenharia Biomédica, área de atuação em instrumentação
biomédica, pela Universidade de Mogi das Cruzes (2012).

Atualmente é docente na Universidade Paulista – UNIP e membro do Comitê de Ética para Desenvolvimento de
Pesquisas em Seres Humanos da Universidade. Atua em projetos de pesquisa relacionados principalmente à Associação
da Cosmetologia e Eletroterapia nos Procedimentos Estéticos Corporais e Faciais.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

A474r Alves, Sabrina Grego.

Recursos Tecnológicos Estéticos Gerais / Sabrina Grego Alves. –


São Paulo: Editora Sol, 2020.

188 p., il.

Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e


Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230.

1. Termoterapia. 2. Corrente galvânica. 3. Eletrolipólise. I. Título.

CDU 613.4

U508.55 – 20

© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
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permissão escrita da Universidade Paulista.
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Unip Interativa – EaD

Profa. Elisabete Brihy


Prof. Marcello Vannini
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli

Material Didático – EaD

Comissão editorial:
Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)

Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
Profa. Deise Alcantara Carreiro – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos

Projeto gráfico:
Prof. Alexandre Ponzetto

Revisão:
Giovanna Oliveira
Vera Saad
Sumário
Recursos Tecnológicos Estéticos Gerais

APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................................9
INTRODUÇÃO......................................................................................................................................................... 12

Unidade I
1 SISTEMA INTERNACIONAL DE UNIDADES.............................................................................................. 15
1.1 Propriedades eletrofísicas.................................................................................................................. 15
1.2 Corrente elétrica e potencial de ação celular............................................................................ 16
1.3 Propriedades eletrofísicas.................................................................................................................. 18
1.4 Variáveis físicas...................................................................................................................................... 19
1.5 Correntes terapêuticas........................................................................................................................ 21
1.5.1 Relação ente voltagem (V), intensidade (i) da corrente e resistência elétrica (R)......... 23
1.5.2 Tipos de ondas.......................................................................................................................................... 23
1.6 Física ondulatória: irradiação........................................................................................................... 25
2 TERMOTERAPIA E TERMORREGULAÇÃO HUMANA............................................................................ 28
2.1 Temperatura............................................................................................................................................ 28
2.2 Termoterapia........................................................................................................................................... 28
2.2.1 Caso clínico................................................................................................................................................ 31
2.2.2 Termorregulação humana.................................................................................................................... 32
2.2.3 Efeitos fisiológicos do calor................................................................................................................. 35
2.2.4 Efeitos fisiológicos do frio.................................................................................................................... 35

Unidade II
3 RECURSOS TECNOLÓGICOS ESTÉTICOS PARA DIAGNÓSTICO E
PROCEDIMENTOS ESTÉTICOS........................................................................................................................... 41
3.1 Lâmpada de Wood................................................................................................................................ 41
3.2 Endermoterapia...................................................................................................................................... 43
3.2.1 Efeitos fisiológicos da endermoterapia.......................................................................................... 46
3.2.2 Técnicas de execução............................................................................................................................. 48
3.2.3 Protocolo para tratamento de lipodistrofia localizada............................................................ 49
3.2.4 Casos clínicos............................................................................................................................................. 56
3.2.5 Protocolo para execução da drenagem linfática corporal com equipamento
de endermoterapia............................................................................................................................................. 56
3.2.6 Caso clínico................................................................................................................................................ 58
3.2.7 Protocolo de endermoterapia para as estrias nacaradas........................................................ 59
3.2.8 Endermoterapia no pré e pós-operatório de cirurgias plásticas estéticas....................... 61
3.2.9 Contraindicações das técnicas corporais....................................................................................... 61
3.2.10 Aplicabilidade da endermoterapia nos procedimentos faciais........................................... 62
3.2.11 Protocolo para realização da limpeza de pele com método de sucção.......................... 62
3.2.12 Endermoterapia para tratamento das linhas de expressão facial..................................... 66
3.2.13 Protocolo de tratamento com endermoterapia para aumentar a
irrigação sanguínea da pele........................................................................................................................... 66
4 CORRENTE GALVÂNICA................................................................................................................................. 72
4.1 Efeitos fisiológicos produzidos pela galvanização................................................................... 72
4.1.1 Tipos de eletrodos.................................................................................................................................... 74
4.1.2 Iontoforese................................................................................................................................................. 77
4.1.3 Princípios básicos para a aplicação.................................................................................................. 78
4.1.4 Protocolo para realização da iontoforese facial......................................................................... 79
4.1.5 Protocolo de ionização corporal........................................................................................................ 80
4.2 Desincruste.............................................................................................................................................. 83
4.2.1 Técnicas de aplicação............................................................................................................................. 84
4.2.2 Protocolo da técnica de aplicação do desincruste..................................................................... 88
4.2.3 Contraindicações da técnica............................................................................................................... 89
4.2.4 Caso clínico................................................................................................................................................ 90
4.3 Microcorrentes....................................................................................................................................... 90
4.3.1 Efeitos fisiológicos da microcorrente.............................................................................................. 92
4.3.2 Técnicas de aplicação corporal........................................................................................................... 94
4.3.3 Técnicas de aplicação facial................................................................................................................ 95
4.3.4 Protocolo facial........................................................................................................................................ 95
4.3.5 Contraindicações..................................................................................................................................... 97
4.3.6 Protocolos de bioestimulação elétrica cutânea.......................................................................... 99
4.3.7 Caso clínico..............................................................................................................................................100

Unidade III
5 CORRENTE RUSSA E SISTEMA MUSCULAR..........................................................................................105
5.1 Características da corrente russa..................................................................................................107
5.1.1 Eletroestimulação e tecido adiposo...............................................................................................108
5.1.2 Protocolos de utilização da corrente russa.................................................................................109
5.1.3 Contraindicações da corrente russa............................................................................................... 113
5.1.4 Caso clínico..............................................................................................................................................114
5.1.5 Recursos tecnológicos para procedimentos estéticos faciais e corporais...................... 114
5.2 Eletrolifting............................................................................................................................................114
5.2.1 Efeitos fisiológicos e princípios básicos para a aplicação..................................................... 117
5.2.2 Protocolo de procedimento estético facial de eletrolifting para minimizar
as linhas de expressão com ponteira sem agulha............................................................................... 117
5.2.3 Protocolo estético utilizando a ponteira com agulha............................................................ 118
5.2.4 Tempo e intensidade das sessões....................................................................................................119
5.2.5 Cuidados com o cliente...................................................................................................................... 120
5.2.6 Indicações e contraindicações..........................................................................................................121
6 ELETROLIPÓLISE..............................................................................................................................................122
6.1 Tecido adiposo......................................................................................................................................122
6.1.1 Hipotálamo.............................................................................................................................................. 123
6.1.2 Fibroedema geloide (FEG).................................................................................................................. 124
6.1.3 Mecanismo de ação da eletrolipólise (eletrolipoforese)....................................................... 125
6.1.4 Efeitos fisiológicos da eletrolipoforese........................................................................................ 126
6.1.5 Técnica de aplicação da eletrolipólise.......................................................................................... 127
6.1.6 Protocolos de eletrolipólise utilizando quatro correntes disponíveis
no equipamento............................................................................................................................................... 128
6.1.7 Indicações e contraindicações......................................................................................................... 130
6.2 Vapor de ozônio...................................................................................................................................131
6.2.1 Efeitos fisiológicos................................................................................................................................ 132
6.2.2 Aplicação do equipamento de vapor de ozônio...................................................................... 134
6.2.3 Indicações e contraindicações do vapor de ozônio................................................................ 134
6.2.4 Exemplos de protocolo de utilização do vapor de ozônio para limpeza de pele...................135
6.2.5 Protocolo de utilização do vapor de ozônio para hidratação e nutrição...................... 135
6.3 Máscara térmica..................................................................................................................................136
Unidade IV
7 RECURSOS TECNOLÓGICOS APLICADOS À ESTÉTICA.......................................................................141
7.1 Radiação infravermelha....................................................................................................................141
7.1.1 Efeitos fisiológicos da radiação infravermelha..........................................................................141
7.2 Alta frequência.....................................................................................................................................142
7.2.1 Efeitos fisiológicos do equipamento de alta frequência...................................................... 143
7.2.2 Efeitos terapêuticos da alta frequência....................................................................................... 143
7.2.3 Indicações para utilização do equipamento de alta frequência....................................... 144
7.2.4 Técnica de aplicação............................................................................................................................ 145
7.2.5 Tipos de aplicação................................................................................................................................ 147
7.2.6 Protocolo de ação bactericida para controle da pele acneica............................................151
7.2.7 Protocolo de rejuvenescimento com método de saturação de alta frequência....................152
7.2.8 Protocolo de limpeza de pele com utilização de alta frequência..................................... 152
7.2.9 Contraindicações.................................................................................................................................. 153
7.2.10 Caso clínico........................................................................................................................................... 153
7.2.11 Protocolo para pele acneica........................................................................................................... 153
7.3 Peeling ultrassônico...........................................................................................................................154
7.3.1 Efeitos fisiológicos................................................................................................................................ 155
7.3.2 Protocolo de utilização do peeling ultrassônico...................................................................... 156
7.3.3 Contraindicações para a utilização de peeling ultrassônico............................................... 157
8 MICRODERMOABRASÃO.............................................................................................................................157
8.1 Efeitos fisiológicos..............................................................................................................................158
8.1.1 Indicações e contraindicações......................................................................................................... 158
8.2 Laserterapia...........................................................................................................................................159
8.2.1 Laser terapêutico de baixa intensidade....................................................................................... 162
8.2.2 Tipos de laser de baixa intensidade............................................................................................... 163
8.2.3 Fotótipo de pele.................................................................................................................................... 163
8.2.4 Cuidados e contraindicações aos protocolos com laser....................................................... 164
8.2.5 Indicações de protocolos estéticos com laser de baixa potência..................................... 165
8.2.6 Protocolo de rejuvenescimento (com indução de processo inflamatório)................................166
8.2.7 Protocolo de laser de baixa potência para clareamento facial.......................................... 167
8.2.8 Protocolo de laser de baixa potência para tratamentos capilares................................... 168
8.3 Fotocosméticos....................................................................................................................................170
8.4 Associações de técnicas estéticas.................................................................................................171
8.4.1 Protocolos de associação da eletroterapia com recursos manuais
e cosmetologia...................................................................................................................................................171
8.4.2 Protocolo sugerido para sequelas de acne – cicatrizes atróficas..................................... 172
8.4.3 Protocolo para rejuvenescimento facial com eletroestimulação
neuromuscular e microcorrentes.............................................................................................................. 173
8.4.4 Protocolo com iontoforese............................................................................................................... 174
8.5 Biossegurança.......................................................................................................................................175
8.5.1 Esterilização............................................................................................................................................ 176
8.5.2 Limpeza ou higiene dos eletrodos e ponteiras utilizadas na eletroterapia................... 177
APRESENTAÇÃO

A eletroterapia é sem dúvida uma área da estética que ganha destaque há algum tempo. Atualmente
os equipamentos são indispensáveis dentro de um centro de estética. Os mais diversos tipos de recursos
tecnológicos nos auxiliam nos trabalhos manuais, atuam nas camadas mais profundas da pele, promovem
desintoxicação, ajudam no processo de cicatrização, ativam a circulação sanguínea e linfática, entre
outros benefícios. Porém, é fundamental que você, aluno, conheça o mecanismo de ação, as indicações
e principalmente as contraindicações de cada tipo de corrente elétrica.

As correntes se manifestam de forma diferenciada no organismo, cada uma tem sua especificidade
e isso justifica um estudo amplo sobre alguns princípios da física, da fisiologia e da anatomia humana.

Assim, esta disciplina se propõe a apresentar os conceitos fundamentais da eletroterapia e dos


recursos tecnológicos aplicados ao uso de aparelhos com fins estéticos e a correlação entre as funções
e atividades desenvolvidas pelo nosso organismo e a eletricidade.

É importante que você, aluno, desenvolva o conhecimento sobre os fenômenos físicos envolvidos
nas alterações fisiológicas visando à utilização e aplicação de recursos existentes na eletroterapia,
termoterapia e fototerapia em procedimentos estéticos.

Os recursos manuais, bem como os cosméticos, devem ser associados aos recursos eletroterápicos
para a elaboração de protocolos específicos e individualizados, lembrando que inicialmente é necessária
a realização de uma ficha de anamnese ampla e minuciosa. A interdisciplinaridade é extremamente
importante para o sucesso profissional.

Os temas a serem abordados neste livro-texto abrangem:

• Variáveis físicas: é importante conhecer os princípios físicos que norteiam os efeitos fisiológicos
dos equipamentos a serem abordados na disciplina.

• Lâmpada de Wood: equipamento que visa à realização de diagnósticos faciais relacionados à


quantidade de pigmentos de melanina e à camada da pele em que se encontra.

• Vacuoterapia/endermoterapia: equipamento que usa a pressão negativa (sucção) para mobilização


do tecido adiposo e realização de massagens e procedimentos com a ponteira de peeling de
diamante corporal e facial.

• Corrente galvânica: é uma corrente polarizada de grande utilidade na estética. Através dela é possível
realizar os mais variáveis procedimentos corporais e faciais, bem como a eletrólise depilatória.

• Iontoforese: procedimento que visa aumentar a permeação de princípios ativos cosméticos


através da pele.

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• Desincruste: procedimento que pretende remover o excesso de sebo dos folículos pilosos,
diminuindo a secreção sebácea da pele.

• Microcorrentes: técnica que tem como objetivo aumentar a energia celular.

• Corrente russa: eletroestimulação que atua em nível muscular, a fim de atenuar e evitar o processo
de flacidez da musculatura.

• Eletrolifting: técnica que pode ser realizada com ou sem agulhas e tem o objetivo de atenuar as
linhas de expressão facial.

• Eletrolipólise: teoria sobre o mecanismo de ação e diferentes intensidades das correntes específicas
geradas pelo equipamento.

• Vapor de ozônio e máscara térmica: técnicas que promovem emoliência na pele e são muito
utilizadas antes da extração de comedões na limpeza cutânea.

• Termoterapia e termogênese: mecanismo de controle da temperatura corporal com a utilização de


equipamentos que promovem o aquecimento dos tecidos para ativação da circulação sanguínea
e linfática.

• Radiação infravermelha: efeitos fisiológicos, efeitos terapêuticos e indicações da técnica em


associação com outros procedimentos.

• Alta frequência: equipamento que se utiliza da geração de ozônio para acelerar o processo de
cicatrização da pele. O ozônio tem ação bactericida, bacteriostática, fungicida e oxigenante.

• Peeling ultrassônico: utiliza a vibração da onda sonora para promover o desprendimento das
células córneas da epiderme.

• Microdermoabrasão: técnica que usa a pressão negativa gerada pelo equipamento de


endermoterapia associado a uma ponteira que, quando em contato com a pele, gera um atrito
capaz de remover as células epidérmicas. Indicado principalmente para protocolos de clareamento,
rejuvenescimento e estrias.

• Laser: terapia que se utiliza de luz com efeito estimulante, é indicado para diversos tipos de
procedimentos estéticos.

É importante que, ao final da disciplina, você tenha conhecimento sobre as características individuais
de cada equipamento, a corrente elétrica emitida, a maneira correta de manusear os eletrodos, bem
como as potências e intensidades indicadas para cada tipo de procedimento estético.

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Quando um profissional de estética recebe um cliente pela primeira vez, deve seguir um procedimento
padrão, que consiste em inicialmente realizar uma ficha de anamnese, identificação de possíveis
contraindicações (principalmente referentes às correntes elétricas) e diagnóstico preciso da alteração
estética a ser tratada. Somente depois dessa análise deve ser elaborado o protocolo de tratamento. E
lembre-se sempre de que a queixa do cliente deve ser considerada.

Um equipamento de boa qualidade permite ao profissional que aplica a terapia obter resultados em
um menor intervalo de tempo, o que é fundamental, uma vez que o cliente normalmente tem ansiedade
para ver os frutos do tratamento.

Centros estéticos que se utilizam de eletroterapia podem, sem comprometer os resultados, atender
uma quantidade maior de clientes com menor esforço físico e, consequentemente, gerar mais lucros
aos negócios.

É importante lembrar que, sempre que você for adquirir um equipamento para atendimento em
estética, é importante que este tenha o registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa.
Isso significa que o produto passou por testes e ficou comprovado que não trará prejuízos à saúde,
desde que seja utilizado de maneira correta pelo profissional. Verificar esse registro é importante para
você e para o seu cliente.

Observação

Caso a fiscalização de vigilância sanitária encontre equipamentos ou


até mesmo produtos sem o registro da Anvisa e do Ministério da Saúde,
poderá tomar as medidas cabíveis, como multas, notificações e até mesmo
interdição momentânea do seu local de trabalho. Tudo dependerá da
gravidade da situação e da avaliação do fiscal da vigilância sanitária.

Sempre que você adquirir um equipamento novo, deverá executar o treinamento oferecido pelo
fabricante, pois as marcas possuem suas especificidades e a maneira correta de manusear o equipamento
é muito importante para a obtenção dos resultados. Esses treinamentos normalmente são gratuitos, pois
a empresa e você são os maiores interessados em executar corretamente os procedimentos a fim de
evitar acidentes como queimaduras físicas ou químicas.

É importante ressaltar que estética é muito mais do que passar cremes e executar procedimentos
para deixar o outro mais belo. A estética, através do toque, de protocolos individualizados e dos recursos
tecnológicos, contribui diretamente para a melhora da qualidade de vida e autoestima das pessoas, por
isso, esses devem sempre ser os nossos objetivos.

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INTRODUÇÃO

Esta disciplina abordará temas de muita importância para o futuro profissional de estética.
O conhecimento de temas de anatomia, fisiologia e física são fundamentais para compreensão e
aprendizado dos equipamentos que envolvem a disciplina.

A eletroterapia, em um contexto amplo, é o estudo de recursos físicos utilizados em terapias na área


da estética, medicina e fisioterapia. Neste livro-texto, restringimos os recursos utilizados em terapias
voltadas aos procedimentos estéticos cientificamente comprovados.

Começaremos nosso percurso de estudos abordando os seguintes temas:

• apresentação das propriedades físicas e eletrofísicas necessárias para a aprendizagem dos recursos
estéticos: conceito de onda, tipos de ondas e energia; conceitos básicos de eletricidade; íon, polo,
polaridade, carga elétrica e impedância;

• classificação de características físicas descritivas quanto à forma das correntes contínua, alternada
e pulsada;

• termorregulação humana, que se baseia nas diferentes formas de transferência de calor;

• agentes eletromagnéticos, bem como os tipos de radiação e a interação dessa radiação com a pele.

É muito importante que todos esses conceitos sejam bem entendidos para que o mecanismo de ação
dos equipamentos seja compreendido. Através dessa compreensão, você desenvolverá a capacidade de
elaborar protocolos específicos e individualizados de acordo com as características individuais de cada
cliente. Sabendo que cada equipamento possui suas indicações, será possível verificar o procedimento
que melhor se adequará a determinadas alterações estéticas.

A estimulação elétrica é utilizada como um método de intervenção fisioterápica em várias patologias


e de intervenção estética na área da beleza e do bem-estar. O profissional que utiliza a eletricidade
deve conhecer não apenas a alteração estética a ser tratada, mas também o mecanismo pelo qual a
estimulação elétrica afeta os tecidos. Isso porque, caso ignore esses conhecimentos, não será capaz de
escolher um procedimento de estimulação elétrica seguro e efetivo.

Assim, prosseguindo nosso caminho, depois que você tiver sido introduzido aos conhecimentos
necessários para a compreensão dos fenômenos fisiológicos naturais e dos fenômenos desencadeados
pela descarga elétrica evocada nas membranas excitáveis, o próximo passo será abordar alguns
equipamentos de importância para a prática clínica de estética, como a utilização da lâmpada de Wood
para execução de diagnósticos faciais. Através de uma boa avaliação, é possível verificar de maneira
mais eficaz o melhor procedimento.

A vacuoterapia é um recurso tecnológico utilizado há muito tempo para a atenuação de dores


musculares. Porém, na estética, é mais utilizado para remodelagem corporal. Esse recurso se baseia na
12
utilização da sucção para mobilização do tecido adiposo e, consequentemente, obtenção de efeitos
como desintoxicação e melhora do contorno corporal. Os protocolos de vacuoterapia faciais contribuem
para a melhora da circulação sanguínea, desintoxicação, melhora da circulação na área dos olhos e
renovação celular. Os protocolos deverão ser elaborados de acordo com as necessidades individuais de
cada cliente.

A corrente galvânica é uma corrente polarizada que pode ser utilizada em vários tipos de
procedimentos, por exemplo, o aumento da permeação de princípios ativos cosméticos e remoção
do excesso de sebo através da pele.

As microcorrentes podem contribuir para o aumento da energia celular, o que significa melhora
no desempenho das funções celulares. Como efeito fisiológico dessa aplicação, tem-se o aumento da
produção de colágeno e a melhora do tônus tissular.

Dando prosseguimento a esse assunto, entraremos nos temas dos recursos de corrente russa,
eletrolifting, eletrolipólise, vapor de ozônio e máscara térmica. O eletrolifting é um recurso que pode ser
realizado com agulhas ou caneta específica de ponta fina e que tem como principal objetivo promover
uma pequena lesão na epiderme a fim de ativar o sistema de defesa corporal e incentivar a produção de
colágeno. É indicado para o tratamento de linhas de expressão e estrias.

A corrente russa tem como finalidade aumentar o tônus muscular, enquanto a eletrolipólise visa
diminuir a camada de tecido adiposo. O vapor de ozônio e a máscara térmica permitem o aquecimento
e emoliência da pele, a fim de facilitar os procedimentos de extração de lesões acneicas e excessos de
sebo na limpeza de pele.

E, por fim, abordaremos os efeitos fisiológicos e terapêuticos da alta frequência, do peeling


ultrassônico, da microdermoabrasão e do laser.

Em cada um dos temas, serão mencionadas as indicações, contraindicações, periodização, produtos


cosméticos e procedimentos manuais que poderão ser associados à eletroterapia estética a fim de obter
melhores resultados.

13
RECURSOS TECNOLÓGICOS ESTÉTICOS GERAIS

Unidade I
1 SISTEMA INTERNACIONAL DE UNIDADES

Para efetuar medidas, é necessário fazer uma padronização, atribuindo unidades para cada grandeza.
Antigamente as unidades de medidas eram definidas de maneira arbitrária e variavam muito de uma
cultura para outra. As unidades de medida de comprimento eram quase derivadas das partes do corpo,
por exemplo, a polegada, o pé e outras. Após a instituição do sistema métrico decimal, as unidades
foram padronizadas e hoje é possível medir com exatidão qualquer estrutura material.

O sistema internacional de medidas (SI) deriva do francês Système International d’Unités e é a forma
mais moderna de sistema métrico. Trata-se de um sistema padronizado de definições por diferentes
unidades para facilitar as medições, por isso é o sistema mais exato e mais utilizado em todo o mundo.

Existem sete grandezas físicas consideradas básicas ou fundamentais. As unidades básicas do SI


podem derivar todas as outras unidades de medidas existentes dessas grandezas.

Essas unidades, identificadas no quadro a seguir, são dimensionalmente independentes entre si:

Quadro 1 – Unidades de medida

Grandeza física Unidade Símbolo


Comprimento Metro m
Massa Quilograma kg
Tempo Segundo s
Corrente elétrica Ampère A
Temperatura termodinâmica Kelvin K
Quantidade de substância Mol mol
Intensidade luminosa Candela cd

As unidades derivadas do SI são constituídas pelas medidas que podem ser expressas através das
unidades básicas.

1.1 Propriedades eletrofísicas

A eletricidade desempenha hoje um papel muito importante na medicina estética. A grande maioria
dos equipamentos utilizados em estética possui princípios da área médica e da fisioterapia.

As funções e atividades desenvolvidas pelo nosso organismo estão ligadas de alguma forma à eletricidade.
Constantemente sofremos alterações de polaridade da membrana (despolarização e repolarização) para que
15
Unidade I

possam ocorrer as trocas de nutrientes, a contração muscular e todo nosso funcionamento de homeostase.
Michael Faraday (1791-1867) descreveu o organismo como sendo formado por numerosos sistemas
eletrolíticos separados por membranas semipermeáveis, cada célula formando um condutor eletrolítico.

Luigi Galvani (1737-1798) foi um médico, investigador da física que contribuiu grandemente com o
entendimento da eletricidade em organismos vivos. O cientista usou pela primeira vez a eletricidade em
uma rã, cujos músculos se contraíam quando recebiam contato simultâneo de dois polos.

As pesquisas do cientista consistiam em identificar a ação das correntes elétricas em organismos


vivos. Galvani desconfiava que os condutores elétricos seriam capazes de transmitir informações
nervosas e gerar movimentação nos diversos segmentos corporais. Diante dos estudos realizados em
coxas de rã, ele concluiu que os músculos e células nervosas são capazes de produzir eletricidade.

A corrente elétrica ficou, graças a ele, conhecida como corrente galvânica. Galvani demonstrou que
essa eletricidade gerada pelo corpo é originária de reações químicas.

Galvani descreveu a formação da corrente elétrica através dos tecidos biológicos e esse foi um
estudo precursor de vários outros a respeito da introdução de correntes elétricas através da pele.

Toda célula é constituída por átomos que são eletricamente carregados. As partículas elétricas
presentes nas células são similares à energia produzida pelo equipamento de corrente. Devido a essa
afinidade, a pele é capaz de absorver as partículas elétricas e permitir que estas sejam encaminhadas
para regiões mais profundas, nas quais ocorrerão várias reações químicas.

Os átomos são partículas que estruturam e formam o corpo humano. Existe um núcleo no interior
de cada átomo, no qual fica concentrada a massa do átomo. Partículas extremamente pequenas que
giram ao redor dele são denominadas elétrons, e elas possuem carga negativa e massa muito pequena.

O núcleo do átomo é constituído de partículas de carga positiva, os prótons, e partículas do mesmo


tamanho, sem carga, os chamados nêutrons.

1.2 Corrente elétrica e potencial de ação celular

A eletricidade desempenha hoje um papel muito importante na área da estética, pois a maioria dos
equipamentos possui princípios da área médica e de fisioterapia.

Grandes pensadores, como Plínio, Aristóteles e Platão já haviam percebido, através da observação
do organismo humano em contato com animais como enguias e peixes elétricos, que o corpo humano
é capaz de absorver eletricidade.

A estimulação elétrica é muito utilizada como um método de intervenção fisioterápica no tratamento


de vários tipos de patologias. Deve-se a isso o fato de que a maioria dos equipamentos utilizados na
estética foram desenvolvidos para uso na fisioterapia. Há até alguns que, embora tenham se tornado
obsoletos em hospitais, são comuns em centros estéticos.
16
RECURSOS TECNOLÓGICOS ESTÉTICOS GERAIS

O profissional que vai utilizar correntes elétricas deve conhecer não apenas as características da
desarmonia corporal, mas também o mecanismo pelo qual a estimulação elétrica afeta os tecidos, pois,
caso ignore esse conhecimento, não será capaz de escolher um procedimento de estimulação elétrica
seguro e efetivo. As correntes elétricas possuem características diferenciadas e é de extrema importância
ser instruído sobre as alterações fisiológicas que são geradas por cada corrente, bem como a ação que
cada uma desempenha nas células que são atingidas por ela. É necessário se aprofundar nos estudos
para dominar os efeitos provocados pela descarga elétrica em membranas excitáveis.

As células excitáveis são envolvidas por uma membrana que separa uma carga através de sua estrutura.
Essa carga, ou potencial de repouso das membranas, pode ser medida experimentalmente e está normalmente
entre 60 e 90 milivolts (mV), sendo o interior da célula negativo em relação ao exterior. A carga sobre a
membrana é resultado da diferença nas concentrações de íons em ambos os lados de sua estrutura.

Num músculo ou numa célula nervosa normal, a concentração de sódio (Na+) é maior no exterior
da célula, enquanto a concentração de potássio (K+) é maior no interior da célula. Cada íon, entretanto,
tenderá a difundir-se passivamente pela membrana, numa tentativa de equalizar suas concentrações
(NELSON; HAYES; CURRIER, 2003).

A capacidade de um íon difundir-se pela membrana é determinada principalmente pela permeabilidade


da membrana àquele íon. Devido à maior permeabilidade da membrana ao íon K+, um maior número de
cargas positivas de íons K+ sairá da célula, desenvolvendo um potencial negativo no interior dela.

A força de difusão que age retirando os íons K+ e equilibra a concentração é eventualmente


vencida por uma força eletrostática opositora que faz retornarem os íons para o interior da célula
devido ao potencial negativo intracelular. Quando essas forças se equilibram, os íons K+ ficam numa
condição estável, sendo que, para cada íon K+ que sai da célula, um novo entra. Essa troca de íons
ocorre quando a carga sobre o potencial da membrana é de –100 mV, chamada de potencial de
equilíbrio para K+ (NELSON; HAYES; CURRIER, 2003).

Saiba mais

Aprofunde-se no assunto com a obra:

NELSON, R. M.; HAYES, K. W.; CURRIER, K. W. H. P. Eletroterapia clínica.


3. ed. Barueri: Manole, 2003.

As funções e atividades envolvidas pelo nosso organismo estão de alguma forma ligadas à eletricidade.
Constantemente sofremos alterações de polaridade da membrana (despolarização e repolarização) para que
possam ocorrer as trocas de nutrientes, a contração muscular e todo nosso funcionamento de homeostase.

A despolarização é a primeira fase do potencial de ação. Durante essa fase, ocorre um aumento
da permeabilidade dos íons sódio na membrana celular. Esse fenômeno propicia um grande fluxo de
partículas de íons sódio de fora para dentro da célula. A membrana plasmática executa um processo
17
Unidade I

de difusão simples. Como resposta fisiológica, o interior da célula passa a apresentar uma grande
quantidade de íons de carga positiva (cátions) e a membrana celular ganha um potencial inverso daquele
encontrado nas condições de repouso, ou seja, mais cargas positivas no interior celular e mais cargas
negativas no seu exterior.

A repolarização é a segunda fase do potencial de ação e ocorre logo após a primeira fase. Em pouco
tempo, a permeabilidade celular volta ao normal e, simultaneamente, ocorre um significativo aumento
na permeabilidade de íons potássio. Acontece então um grande fluxo de íons de dentro para fora da
célula, fenômeno decorrente da grande quantidade de cargas positivas encontradas no interior celular.

Enquanto isso, os íons sódio (cátions) que estavam em grande quantidade no interior da célula vão
sendo transportados ativamente para o exterior dela, pela bomba de sódio e potássio. Tudo isso faz com
que o potencial na membrana celular volte a ser negativo, o que significa ter mais cargas negativas no
interior da célula e mais cargas positivas no exterior.
Membrana
+ -

K-

Bomba
Na+K+
Na+

Na+ K+
K+ Na+

Fulido intesticial Célula

Figura 1 – Movimento ativo da bomba sódio e potássio

1.3 Propriedades eletrofísicas

Toda matéria é composta por átomos que contêm um núcleo carregado com partículas positivas
e elétrons (partículas negativas) que se organizam em órbita ao redor desse núcleo. Um átomo é
considerado neutro quando há uma equivalência entre as cargas dos núcleos e dos elétrons. Quando
modificado por uma força externa (como reações químicas, forças eletrostáticas, calor, luz e campos
magnéticos), um átomo pode ganhar ou perder elétrons, alterando, dessa forma, sua carga neutra e
fazendo com que ele adquira propriedades elétricas.

Um átomo que não está mais em seu estado neutro original é chamado de íon, e o processo de
alteração do estado elétrico de um átomo é chamado de ionização. Um íon negativo é um átomo
que ganhou um ou mais elétrons, apresentando, então, uma carga líquida negativa; um íon positivo é
um átomo que perdeu um ou mais elétrons, tornando-se carregado positivamente (NELSON; HAYES;
CURRIER, 2003).
18
RECURSOS TECNOLÓGICOS ESTÉTICOS GERAIS

Corrente elétrica consiste em um fluxo ordenado de carga de um lugar para o outro através da
matéria. A carga pode ser constituída de elétrons livres ou íons. Essas partículas se movimentam
aleatoriamente em toda a matéria.

Devido à composição de suas camadas orbitais, alguns átomos tendem a ganhar ou doar elétrons
mais facilmente do que outros.

Lembrete

É importante compreender as unidades de medidas e a polaridade


dos átomos que constituem as células, pois, para associar os protocolos
estéticos com cosmetologia e eletroterapia, esse princípio básico da física
é fundamental. O profissional deverá sempre se certificar da polaridade do
produto para ajustar corretamente o equipamento.

1.4 Variáveis físicas

Voltagem

Voltagem é a tendência que uma carga tem de ir de um ponto a outro, a diferença de potencial
elétrico entre dois pontos. E a unidade de medida dessa diferença é o volt (V).

Se duas partículas de mesma carga são movidas juntas, forças elétricas agem para mantê-las
afastadas. Essas forças tornam-se cada vez mais fortes conforme as partículas se aproximam. Deve ser
então realizado um trabalho para aproximar duas partículas de mesma carga, o que converte a energia
cinética em energia potencial.

A diferença da energia potencial por unidade de carga entre as partículas é chamada de diferença
de potencial. A unidade da diferença de potencial, ou voltagem, é o volt (V), definido como um
joule/coulomb. Dado que o trabalho para mover uma carga é relativo a uma outra carga, a diferença
de potencial é sempre relativa a um ponto de referência. Caso o ponto de referência não seja dado
explicitamente, deve-se assumir que este seja o terra, ou o potencial elétrico da terra. O terra é
considerado um potencial igual a zero que pode fornecer qualquer quantidade prática de carga sem
alterar suas características elétricas (NELSON; HAYES; CURRIER, 2003).

Quando aplicamos uma voltagem entre os extremos de um corpo, geramos capacidade de exercer a força
elétrica (F) sobre as cargas livres do corpo, estabelecendo uma corrente elétrica de intensidade (i). Quanto maior
é a voltagem (V) aplicada entre os extremos de um corpo, maior a intensidade (i) estabelecida nesse corpo.

Resistência

Resistência é a dificuldade com que os elétrons percorrem um condutor. Sua unidade de medida
é ohm [Ω]. A resistência é a propriedade de um material resistir ou se opor ao fluxo de corrente que
passa por ele.
19
Unidade I

Diferentes materiais possuem uma capacidade de resistência intrínseca diferente, dependendo de


suas características químicas. Os melhores condutores, tais como o ouro, a prata e o cobre, têm uma
resistência baixa. Já os isolantes, como o plástico, o papel e tecidos, têm resistência alta.

A intensidade da corrente estabelecida em um corpo não depende somente da voltagem aplicada entre
os extremos, mas também das características do próprio corpo, principalmente do material de que é feito.
As dimensões geométricas e a temperatura também influenciam. Um material de metal, por exemplo,
conduz mais rapidamente uma corrente elétrica do que um objeto de mesmo tamanho e dimensão, mas
feito de borracha. O metal é um condutor elétrico, já na borracha a resistência é maior (PEREIRA, 2014).

Capacitância

Capacitância é a propriedade de um isolante de permitir o acúmulo de energia quando as superfícies


opostas do isolante são mantidas sob diferença de potencial elétrico. A medida da capacitância, expressa
em farads (F), é a proporção de carga em cada uma das superfícies do isolante em relação à diferença
de potencial entre as superfícies.

Frequência e fase

Frequência e fase são todas as voltagens das formas de onda que variam com o passar do tempo e podem
ser descritas como sendo compostas por uma série de sinusoides periódicas de diferentes amplitudes, fases
e frequências que, juntas, definem a forma de onda. A frequência é medida em hertz (Hz).

Impedância

Impedância é a oposição que um circuito elétrico faz à passagem de corrente quando submetido a
uma tensão. Nos procedimentos de eletroterapia, muitos fatores podem alterar a absorção da corrente
elétrica na pele.

Um circuito elétrico, ou a via pela qual os elétrons ou íons fluem, pode consistir em uma combinação
complexa de elementos resistivos, por exemplo, elementos fisiológicos contidos nos tecidos biológicos.
Na pele, a oposição se modifica com sua oleosidade, temperatura, intensidade da corrente e frequência
(NELSON; HAYES; CURRIER, 2003).

Observação

Na pele, a oposição se modifica com sua oleosidade, temperatura,


intensidade da corrente ou frequência. O biótipo cutâneo lipídico (pele
oleosa) possui uma resistência maior, portanto, é necessário que o profissional
realize uma higienização da pele antes de aplicar a corrente elétrica. O óleo
não é condutor de corrente elétrica, pelo contrário, produtos oleosos não
são associados a tratamentos com permeação de correntes. Por isso se faz
necessária a utilização de produtos ionizáveis, que são à base de água.
20
RECURSOS TECNOLÓGICOS ESTÉTICOS GERAIS

Campo elétrico

Qualquer região do espaço que esteja sob ação de uma força elétrica é denominada campo elétrico.
Inclusive há equipamentos que possuem uma grande área de campo elétrico ativo. Em alguns casos,
o profissional que irá aplicar a corrente elétrica também recebe descarga elétrica e, portanto, pode
apresentar contraindicações relativas e absolutas.

Carga elétrica

A carga de uma corrente elétrica possui polaridades preestabelecidas que podem apresentar
variações. Quando há excesso de elétrons, a carga total é negativa. Quando há falta de elétrons, a carga
total é positiva – nesse caso, a quantidade de prótons é maior que a de elétrons. A carga neutra é assim
denominada quando o número de prótons e elétrons é igual.

O polo positivo se caracteriza pela falta de elétrons e recebe o nome de ânodo, já o negativo se
caracteriza pelo excesso de elétrons e recebe o nome de cátodo.

Lembrete

A carga elétrica positiva ou negativa de uma corrente elétrica deverá


ser considerada quando utilizada em recursos tecnológicos estéticos, pois
as cargas também estão presentes nas células.

1.5 Correntes terapêuticas

As correntes elétricas possuem características diferentes com relação à sua propagação nos tecidos
biológicos. Basicamente, as correntes são divididas em dois grupos, que são: corrente direta (CC) e
corrente alternada (CA). A corrente direta (ou contínua) é o fluxo contínuo de partículas carregadas
em uma única direção, e depende da polaridade da substância aplicada. A corrente alternada é o fluxo
contínuo bidirecional de partículas carregadas. O termo CA foi ampliado para incluir tanto as correntes
alternadas simétricas clássicas, nas quais o fluxo da corrente é igual nas duas direções, quanto as
correntes alternadas assimétricas, nas quais o fluxo da corrente é diferente em cada uma das direções.

Uma terceira classificação, a de corrente pulsada, também conhecida como corrente pulsátil ou
corrente interrompida, é aquela definida como um fluxo não contínuo de correntes diretas ou alternadas.
Um pulso é um evento elétrico discreto, separado dos outros pulsos por um intervalo de tempo durante
o qual não existe atividade elétrica (NELSON; HAYES; CURRIER, 2003).

21
Unidade I

A)

B)

Figura 2 – A) corrente direta; B) corrente pulsada monofásica

As correntes diretas são contínuas e a pulsada, como o próprio nome diz, tem intervalos na emissão.
A sensação promovida no corpo é diferente. É importante que o profissional experimente a corrente
antes de aplicá-la em um cliente/paciente.

A)

B)

Figura 3 – A) corrente pulsada bifásica simétrica balanceada; B) corrente pulsada bifásica simétrica não balanceada

As correntes pulsadas promovem um tempo de repouso. Dependendo das características do equipamento


e das intensidades utilizadas é possível sentir o momento ativo da corrente com mais ou menos intensidade.

Figura 4 – Corrente pulsada bifásica assimétrica não balanceada

22
RECURSOS TECNOLÓGICOS ESTÉTICOS GERAIS

1.5.1 Relação ente voltagem (V), intensidade (i) da corrente e resistência elétrica (R)

A intensidade aumenta com a voltagem e diminui com a resistência elétrica (R), o que é demonstrado
na relação matemática (PEREIRA, 2014):
V
i= → V = Ri
R

1.5.2 Tipos de ondas

As ondas elétricas possuem características diferentes. O sinal liberado para o cliente pode ter várias
formas de ondas associadas.

São exemplos de ondas: contínua; ininterrupta; alternada; contínua e constante e contínua e intervalada.

Figura 5 – Corrente contínua ininterrupta

A corrente contínua se mantém em uma constância e não tem pausa. A sensação fornecida pela
corrente depende da profundidade em que ela atuar. O mais comum é a sensação de formigamento com
esse tipo de corrente.

Figura 6 – Corrente alternada

A corrente alternada é caracterizada pela fluência ordenada ora em um sentido, ora em outro. A
princípio, a sensação depende das intensidades programadas, contudo, a sensação promovida por uma
corrente elétrica está relacionada também ao limiar de dor de quem recebe o tratamento. Há pessoas
que sentem a corrente fraca, outras, forte, e há aquelas ainda que, por apresentarem medo ou traumas
por choques, não gostam de se submeter a esse tipo de procedimento.
23
Unidade I

Figura 7 – Corrente contínua e constante

A corrente contínua e constante é aquela na qual as cargas elétricas fluem em uma única direção. É
o caso, por exemplo, das correntes galvânicas, que serão muito estudadas pelo profissional de estética
em diversos tipos de procedimentos corporais e faciais.

Figura 8 – Corrente contínua e intervalada

A corrente contínua e intervalada é aquela que apresenta uma certa fluência, mas possui intervalos.
A pausa da corrente normalmente é percebida, mas a sensação depende muito das intensidades
programadas e da sensibilidade do cliente.

Figura 9 – Corrente alternada e intervalada

As correntes alternadas e intervaladas são interrompidas, isto é, só atuam em determinados intervalos


de tempo (PEREIRA, 2014).

24
RECURSOS TECNOLÓGICOS ESTÉTICOS GERAIS

Observação

É importante ressaltar que alguns equipamentos não poderão ser


manuseados pela profissional gestante, pois possuem um campo elétrico
ativo em uma grande área. Dependendo da corrente, podem prejudicar o
desenvolvimento do bebê.

1.6 Física ondulatória: irradiação

Qualquer tipo de energia que se propaga pelo espaço é considerado uma irradiação, que pode se
dividir em irradiação mecânica e eletromagnética.

A irradiação mecânica é aquela em que uma fonte de energia doa sua energia para as moléculas
de um meio elástico, isto é, suscetível a vibrações. Ao receber a energia, as moléculas do meio
aumentam seu estado vibratório, fazendo com que a energia se propague pelo espaço, gerando
uma irradiação mecânica.

A onda eletromagnética é aquela que é produzida por dois campos de força: o elétrico e o magnético.
Ambos os campos são pertencentes entre si a um mesmo plano.

Se esses campos vibram simultaneamente em sua própria direção, é gerada uma energia que se
propaga na direção perpendicular à do plano, E sendo o campo elétrico e B sendo o campo magnético.
Ambos emitem energia e vibram simultaneamente, gerando uma onda eletromagnética. A figura a
seguir representa a direção de propagação de energia.


E

B

Direção da propagação da energia

Figura 10 – Irradiação eletromagnética

A energia que se propaga é uma irradiação eletromagnética. Dependendo da frequência de


propagação da irradiação eletromagnética, ela recebe uma denominação diferente (PEREIRA, 2014). As
diversas ondas possíveis formam o espectro eletromagnético, conforme ilustra a figura a seguir:

25
Unidade I

Hélio sintonizável
Laser de Dye Neon Nd: YAG Holmium CO2
argónio laser laser laser laser laser

10.600 nm
1.064 nm

2.140 nm
400 500 600 700 1000 1100 11000
Ultravioleta Micro-ondas
Raio X (Nanômetros) TV e RM rádio
Cósmicos AM rádio
Invisível Visível Invisível
Ionização Não ionizante

Figura 11 – Espectro eletromagnético

Na física ondulatória, é muito comum utilizar o conceito de comprimento de onda, que indica a
distância entre duas cristas de onda.

T Comprimento de onda

T
T

Figura 12 – comprimento de onda

A radiação ultravioleta é gerada pela energia solar e tem uma grande influência na vida terrestre.
Essa luz tem capacidade de permear os tecidos biológicos, podendo causar reações positivas e negativas.
De acordo com a intensidade do comprimento de onda e do biótipo cutâneo, pode causar sérios danos
à pele. Além disso, é sabido que a dose de energia solar também depende do tempo de exposição, da
altitude e da radiação.

Os efeitos na pele podem ser imediatos ou tardios. Pode-se notar um aumento de pigmento de
melanina, que ocorre devido à reação de defesa e, em casos de exposição excessiva, é possível notar
queimaduras em vários níveis. Doses adequadas podem ser benéficas e auxiliar na sintetização da
vitamina D, ao passo que os efeitos tardios podem ser prejudiciais, como fotoenvelhecimento e câncer
de pele, por exemplo.

26
RECURSOS TECNOLÓGICOS ESTÉTICOS GERAIS

Quadro 2 – Irradiação e comprimento de onda

Radiação Classificação comprimento de onda (nm)


A= 315 a 400
Ultravioleta A, B e C B= 280 a 315
C= menor que 280
Luz visível 400 a 760
Longo 760 a 1500
Infravermelho Curto Maior que 1500

Adaptado de: Pereira (2014, p. 48).

Observação
Os raios solares são fundamentais para a vida terrestre por causa da geração
de energia utilizada em vários aspectos do desenvolvimento da vida humana.
Porém, excessos de radiação na pele podem acarretar vários danos de saúde
e estéticos. Excessos de pigmento de melanina, que são uma reação de defesa
da pele, podem causar a formação de manchas denominadas melasmas, as
quais são consideradas um dos maiores desafios da estética, uma vez que os
pigmentos depositados pelos melanócitos são difíceis de serem removidos.

A radiação solar não é a única causadora de melasma. Alterações hormonais também podem
contribuir para a formação dessas manchas indesejadas na pele, como é o caso típico da gestação.

A gestante apresenta aumentos muito significativos de hormônios nessa fase, por exemplo, o
hormônio progesterona. Alguns hormônios também estimulam as células denominadas melanócitos a
produzirem maior quantidade de melanina, o que resulta em áreas mais escuras na pele. Essa desordem
pigmentar piora com a ação dos raios solares, pois eles aumentam o processo de oxidação celular.

Saiba mais
Para saber um pouco mais como se desenvolvem essas manchas ocasionadas
principalmente pela radiação ultravioleta, leia atentamente o artigo:
MIOT, L. D. B. Fisiopatologia do melasma. Anais Brasileiros de Dermatologia,
Rio de Janeiro, v. 84, n. 6, nov.-dez. 2009. Disponível em: https://www.
scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0365-05962009000600008.
Acesso em: 6 maio 2020.
É importante que o profissional de estética saiba como se desenvolve
a melasma, pois esse aprendizado será importante para auxiliar a fazer o
diagnóstico do melasma utilizando o equipamento de lâmpada de Wood,
que será estudado mais adiante neste livro-texto.
27
Unidade I

2 TERMOTERAPIA E TERMORREGULAÇÃO HUMANA

2.1 Temperatura

A temperatura é caracterizada por um movimento vibratório atômico, gerando ou transformando


energia. A unidade de medida que representa a temperatura é o grau Celsius (ºC).

Termoterapia é a aplicação de calor no organismo com fins terapêuticos. O calor constitui-se


como um agente terapêutico natural, utilizado desde os povos da Antiguidade como recurso eficaz no
tratamento de diversas doenças e afecções. Ele promove vasodilatação periférica e, consequentemente,
crescimento do calibre do vaso sanguíneo. O aumento do aporte sanguíneo amplia a nutrição e a
oxigenação endógena das células.

O calor é um grande aliado nos procedimentos estéticos, pois a vasodilatação gerada por ele aumenta
a capacidade de desintoxicação e as capacidades funcionais das células, que podem realizar melhor as
atividades fisiológicas. O calor aumenta o metabolismo energético e pode induzir a diminuição da célula
adiposa (lipólise), devido ao aumento do consumo energético.

A temperatura de um objeto é uma medida de agitação dos átomos e moléculas que o


constituem. Temperatura baixa significa pouca agitação das moléculas e temperatura alta significa
maior agitação molecular.

O calor é a energia resultante de um movimento vibratório. É a energia transferida entre dois


corpos de temperaturas diferentes. A energia pode ser medida em joules, nomenclatura muito utilizada
para descrever a quantidade de energia nos equipamentos de laser e luz intensa pulsada. O corpo ou
objeto de maior temperatura transfere calor para o de menor temperatura – lei da termodinâmica.

Existem várias formas de transferência de calor:

• Condução: transferência direta do calor de uma molécula para outra através de um líquido, sólido ou
gás. Exemplo: os metais – como cobre, ouro e platina – são normalmente os maiores condutores de
energia térmica. Outro exemplo de condução de calor é a transferência de calor da roupa para o corpo.

• Convecção: processo de transferência de calor pelo deslocamento de matéria de um local para o


outro. Exemplo: circulação sanguínea, fumaça, massa de ar.

• Irradiação: processo de transmissão do calor que não depende da presença de um meio material,
podendo, assim, ocorrer através de ondas eletromagnéticas. Exemplo: radiação solar.

2.2 Termoterapia

Termorregulação humana é a capacidade que organismo tem de equilibrar a temperatura corpórea.


Mecanismos de defesa são acionados para aumentar a temperatura quando o organismo está exposto
ao frio e para resfriar o organismo quando este está exposto ao calor.
28
RECURSOS TECNOLÓGICOS ESTÉTICOS GERAIS

A temperatura corporal é o equilíbrio dinâmico entre fatores que acrescentam e subtraem calor
corporal. Se o ganho de calor ultrapassa a perda de calor, a temperatura central sobe. Por outro lado, se
a perda de calor supera a produção de calor, a temperatura central cai.

O organismo se aquece quando ganhamos energia em forma de calor, como em reações metabólicas,
exposição à radiação solar e condução de energia em forma de calor.

Nos protocolos estéticos, utilizamos a manta térmica e o lençol mayler para promover o aquecimento
e potencializar a ação dos princípios ativos cosméticos.

Existem vários modelos de manta térmica, conforme mostram as figuras subsequentes. Alguns
modelos são desenvolvidos para serem aplicados em todo o corpo, eles possuem um formato retangular
e normalmente são grandes.

Observação

As mantas de formato retangular também podem ser utilizadas na


maca abaixo de um lençol para a realização de massagens em dias frios.

As mantas térmicas são também disponibilizadas no mercado acopladas a um equipamento tecnológico


que permite trabalhar nas regiões corporais de maneira isolada. A escolha da manta térmica depende do
procedimento estético que será realizado e, principalmente, do segmento e tamanho da área corporal.

Figura 13 – Equipamento de manta térmica

O equipamento de manta térmica permite adaptar mantas de menor tamanho a várias áreas
do corpo. As mantas são acopladas a um equipamento que permite programar a intensidade em
temperaturas diferentes.

29
Unidade I

Figura 14 – Manta térmica (cobertor)

O lençol de alumínio mayler (figura seguinte) promove aquecimento e não necessita de energia
elétrica. Sua potência é inferior às das mantas térmicas que contêm radiação infravermelha, em
compensação, ele apresenta desempenho muito satisfatório nos procedimentos estéticos corporais.

Figura 15 – Lençol térmico de alumínio mayler

30
RECURSOS TECNOLÓGICOS ESTÉTICOS GERAIS

Figura 16 – Cliente envolvida no lençol térmico mayler

2.2.1 Caso clínico

J. C. é dentista, trabalha em média 12 horas por dia, sentada em uma posição que não favorece a
circulação de retorno dos membros inferiores. Devido a isso, tem as pernas edemaciadas e normalmente
sente dor ao final do dia. A cliente procurou o profissional de estética para melhorar as condições
circulatórias das pernas e obter resultados estéticos na diminuição do FEG (fibro edema geloide). Qual
protocolo poderia ser desenvolvido para ela?

Parecer profissional

A cliente descrita pode se utilizar de procedimentos estéticos que beneficiam a circulação sanguínea
e linfática, desde que não tenha nenhuma contraindicação. A técnica manual indicada é a drenagem
linfática manual e um recurso tecnológico que pode ser associado é o emprego da manta térmica para
aumentar o calor e gerar vasodilatação periférica, o que facilitará a circulação do sangue. Provavelmente
a cliente perceberá melhora no incômodo e na aparência do FEG em poucas sessões.

Para a cliente descrita, recomenda-se o tratamento ininterrupto (embora possa haver modificações
com relação às técnicas manuais e recursos tecnológicos empregados), já que o agravante é o
posicionamento que utiliza para trabalhar. Atividade física e reeducação alimentar também são
recomendadas, mas devem ser prescritas por profissionais habilitados para tanto.

31
Unidade I

Figura 17 – Equipamento de manta térmica conjugado para várias regiões corporais

2.2.2 Termorregulação humana

Termorregulação é um termo que, na biologia, se refere a um conjunto de mecanismos de regulação


da temperatura corporal de alguns seres vivos. Os humanos possuem a temperatura corporal em torno de
37 graus, e sistemas cerebrais trabalham em conjunto com reações de defesa para manter a temperatura
sempre próxima do ideal para a sobrevivência.

A termorregulação é um mecanismo de homeostasia. Em dias muito quentes, o organismo aumenta


a transpiração e sudorese para eliminar água e buscar o equilíbrio da temperatura e, nos dias frios, o
organismo promove o arrepio e o tremor. Ambos são efeitos reflexos, resultantes do frio, que promovem
a contração muscular, cuja consequência é o aquecimento.

Para cada pelo contido em toda a extensão da nossa pele, existe um “minimúsculo”, denominado
músculo eretor do pelo. Esse pequeno músculo se contrai para que o pelo se arrepie e promova aumento
da temperatura.

32
RECURSOS TECNOLÓGICOS ESTÉTICOS GERAIS

Corpúsculo de Meissner
Glândula
Poro sudoríparo sebácea pelo
Camada córnea (aqueratinizada)
Epiderme

Terminação nervosa livre

Derme Glândula sudoripara

Músculo eretor do pelo


Hipoderme
Folículo piloso
Artéria
Tecido subcutâneo (adiposo)
Veia

Figura 18 – Camadas da pele

A termorregulação é responsável pelo equilíbrio entre fatores que acrescentam e subtraem calor
corporal. Se o ganho de calor ultrapassa a perda, a temperatura sobe, se a perda de calor ultrapassa a
produção de aquecimento corporal, a temperatura cai. Ganha-se calor em reações metabólicas através
da radiação solar e através da condução.

Perdemos calor com irradiação, condução, evaporação da água na pele e através das vias respiratórias.
Grande parte das calorias dos alimentos que consumimos se transforma em calor humano.

O hipotálamo é uma região do cérebro que é responsável pela coordenação de todos os mecanismos
de regulação da temperatura. Os neurônios agem como uma espécie de termostato. Apesar de ser
relativamente pequeno, o hipotálamo é uma região encefálica importante para o controle da temperatura,
da fome, da sede e dos ciclos circadianos.

Os mecanismos que regulam o calor são ativados pelos receptores térmicos na pele ou pelo estímulo
do hipotálamo por modificações na temperatura sanguínea.

O hipotálamo é nosso termostato fisiológico. A região anterior do hipotálamo é responsável por


desencadear reações químicas ao calor e a região posterior, ao frio. Existe uma maior quantidade de
termorreceptores para o frio.

33
Unidade I

1. Diminuição da temperatura

2. Impulsos enviados ao hipotálamo

3. Vasoconstrição e perda de calor para o meio

4. Ativação dos músculos esqueléticos e eretores do pelo

5. Aumento da temperatura corporal

Figura 19 – Esquema de reação de defesa contra o frio

Embora a reação de defesa corporal contra o calor seja diferente da do frio, também é acionada
através do hipotálamo. Com o aumento da temperatura externa, ocorre uma vasodilatação periférica. A
atividade muscular é diminuída, pois sempre que ocorre maior movimentação muscular a temperatura
aumenta. Ocorre então um relaxamento muscular e, consequentemente, maior retenção hídrica.

1. Aumento da temperatura

2. Impulsos enviados ao hipotálamo

3. Vasodilatação periférica

4. Relaxamento da musculatura corporal

5. Mecanismo de defesa ativado para manutenção
da temperatura = maior retenção hídrica

Figura 20 – Esquema de reação de defesa ao calor

É comum observarmos maior retenção hídrica, principalmente em mulheres nos dias mais quentes.
Isso ocorre por consequência das reações de defesas corporais para manutenção da temperatura ideal.

Muitos protocolos estéticos auxiliam no tratamento de edemas – inclusive o edema é uma queixa
muito frequente nas pessoas que procuram tratamento estético. Quando o corpo está com temperatura
elevada, apresenta sinais tais como: cefaleia, sede, hiperemia facial e síncope (pressão baixa).

Para diminuir a temperatura, o corpo promove uma vasodilatação e realiza a transpiração, que é a
perda de fluidos. Para conservar o calor e aumentar a temperatura, o organismo realiza vasoconstrição
e ativa o metabolismo celular.

34
RECURSOS TECNOLÓGICOS ESTÉTICOS GERAIS

2.2.3 Efeitos fisiológicos do calor

O calor é uma forma de energia que acelera todas as reações químicas do organismo. Além de
agir como catalizador de todas as reações enzimáticas, da síntese proteica e da atividade metabólica,
provoca uma série de alterações na permeabilidade da membrana celular.

Entre os efeitos fisiológicos do calor sobre o sistema circulatório, estão:

• aumento do fluxo sanguíneo;

• aumento da permeabilidade capilar superficial;

• aumento da oxigenação e nutrição dos tecidos;

• melhora na absorção e reabsorção de líquidos e substâncias intersticiais, como toxinas, que


serão absorvidas pelos capilares linfáticos com maior facilidade, devido à ocorrência de
vasodilatação periférica.

Com relação aos tecidos, os efeitos fisiológicos do calor envolvem:

• aumento do metabolismo celular – melhora do trofismo;

• aumento do consumo de oxigênio pelos tecidos;

• aumento da permeabilidade de princípios ativos cosméticos através da pele.

Já no sistema nervoso, o calor age sobre as terminações nervosas, produzindo um efeito analgésico.
Nos músculos, o aumento da temperatura atua nos receptores musculares, gerando um relaxamento das
fibras musculares, o que proporciona um efeito antiespasmódico.

Devido a essa grande gama de efeitos fisiológicos benéficos, utilizamos muitos recursos tecnológicos
e manuais que promovem calor nos protocolos estéticos. A manta térmica, a radiofrequência e as
correntes galvânicas são exemplos de eletroterapia empregada para o aumento da temperatura corporal.

As massagens e alguns princípios ativos – como o nicotinato de metila e a pimenta – são exemplos
de recursos manuais e da cosmetologia que promovem o calor – e, como consequência, uma série de
benefícios estéticos.

2.2.4 Efeitos fisiológicos do frio

A redução da temperatura corporal ocorre em resposta ao resfriamento, e pode ser feita de forma
localizada ou sistêmica.

35
Unidade I

Lewis (apud LACRIMANTI, 2008), na década de 1930, relatou ter observado que, logo após a imersão
dos dedos em água gelada, ocorre a vasoconstrição. Porém, alguns minutos após o estímulo, o corpo
aciona mecanismos de defesa e reage, promovendo a vasodilatação e o aumento da temperatura. Dessa
forma, podemos afirmar que ocorre uma ativação do metabolismo interno em torno de 10%, tremores
e calafrios para a produção de contração muscular e, assim, o aumento da temperatura, bem como a
normalização do calibre dos vasos sanguíneos. Esse processo recebe o nome de termogênese, ou seja,
geração de calor, reação de defesa corporal para subir a temperatura (LACRIMANTI, 2008).

Na estética, utilizamos o frio para gerar reações de defesa, ativando o metabolismo energético e um
maior consumo de energia, o que resulta em diminuição da célula do tecido adiposo. Após a aplicação
do frio por gel ou bandagem com solução crioterápica, ocorre a diminuição da temperatura do local
aplicado, o que provoca uma resposta circulatória inicial no organismo, a vasoconstrição periférica, que
é um processo de contração dos vasos sanguíneos. Essa vasoconstrição é momentânea.

O frio também pode ser utilizado para gerar analgesia em procedimentos estéticos que promovam
certo tipo de dor – por exemplo, o microagulhamento. Uma maneira eficaz de anestesiar a pele é aplicar
pedras de gelo antes do procedimento.

Observação

O gelo também é muito utilizado antes de procedimentos realizados por


dermatologistas, como aplicações de toxina botulínica e preenchimento
com ácido hialurônico.

É importante que o profissional de estética e cosmética consiga identificar com propriedade os


efeitos fisiológicos do frio e do calor. Ambos têm resultados benéficos para a melhora do contorno
corporal e existem pessoas que correspondem melhor aos efeitos do calor, enquanto outras respondem
melhor aos do frio. É importante conhecer todas as técnicas para saber identificar a melhor para cada
pessoa, de acordo com as características individuais de cada um, e ainda saber quando é necessário
modificar o protocolo estético a fim de obter melhores resultados.

Observação

A criolipólise é um recurso tecnológico que se utiliza do frio para


promover efeitos de diminuição do tecido adiposo, o que contribui
para a redução da lipodistrofia localizada. Apesar de esse recurso não fazer
parte do conteúdo programático desta disciplina, não poderia deixar de
ser citado, já que é um recurso tecnológico muito utilizado e com grandes
resultados estéticos no tratamento do FEG e da lipodistrofia ginoide.

É importante ressaltar que o profissional de estética também deverá considerar se a cliente se


apresenta confortável para executar o protocolo. Algumas pessoas sentem desconforto com o frio. A
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RECURSOS TECNOLÓGICOS ESTÉTICOS GERAIS

contração muscular que ocorre como resposta fisiológica ao frio pode desencadear dores musculares a
indivíduos mais sensíveis a temperaturas mais baixas. Por isso, considere a pessoa antes de elaborar um
protocolo individualizado.

Saiba mais

Para saber um pouco mais sobre o recurso de criolipólise, leia o artigo:

BORGES, F dos S.; SCORZA, F. A. Fundamentos de criolipólise. Fisioterapia


Ser, v. 9, n. 4, 2014. Disponível em: http://webcache.googleusercontent.com/
search?q=cache:FF8Dt4C7Dt0J:www.proffabioborges.com.br/wp-content/
uploads/2015/02/Criolipolise-FisioSer-36-2014.pdf+&cd=2&hl=pt-
BR&ct=clnk&gl=br&client=firefox-b-e. Acesso em: 8 maio 2020.

Resumo

Abordamos temas muito importantes para o entendimento do


mecanismo de ação dos recursos tecnológicos aplicados nos protocolos
estéticos. É importante saber e entender como as correntes elétricas atuam
nos tecidos biológicos, bem como qual a resposta fisiológica do organismo
a um determinado estímulo elétrico.

O conhecimento sobre o sistema interacional de medidas é importante


para sabermos a quantidade e a profundidade de absorção de energia
gerada em forma de correntes elétricas.

Cada corrente elétrica tem suas características e ações fisiológicas e


pode ser classificada em alternada, contínua e pulsada. Não existe melhor
ou pior, e sim a mais adequada para cada tipo de procedimento estético.

A termorregulação humana é a capacidade do corpo de manter a


homeostasia e é controlada pelo hipotálamo, no cérebro. Mecanismos de
defesa são ativados quando o corpo tem perda ou ganho de calor.

O calor produz vasodilatação nos vasos sanguíneos e linfáticos, a qual


promove benefícios fisiológicos para tratamento do FEG e da lipodistrofia
localizada. A ativação da circulação sanguínea auxilia na desintoxicação
tecidual e aumenta a atividade metabólica.

O frio provoca vasoconstrição momentânea, seguida de vasodilatação,


a qual promove a desintoxicação e aceleração do metabolismo energético,

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Unidade I

ocasionando, assim, o aumento do consumo das reservas energéticas.


Portanto, ambas as técnicas podem ser utilizadas em protocolos para a
melhora do FEG, da lipodistrofia localizada e da diminuição do edema.

As técnicas de frio e calor podem ser introduzidas em protocolos


estéticos, os quais, por sua vez, podem ser associados à esfoliação,
massagem e recursos tecnológicos. Cada protocolo deverá ser elaborado de
acordo com as particularidades da pessoa em questão.

Recursos tecnológicos e manuais podem ser acrescidos nos procedimentos


estéticos para desencadear reações fisiológicas de defesa que promovam
benefícios para a saúde e, consequentemente, benefícios estéticos.

Exercícios

Questão 1. A termorregulação é responsável pelo equilíbrio entre fatores que acrescentam e


subtraem calor corporal. Se o ganho de calor ultrapassar a perda, existirá o aumento da temperatura
corporal, e, se a perda de calor ultrapassar a produção de aquecimento corporal, ocorrerá a redução da
temperatura. A partir do texto e de seus conhecimentos, analise as afirmativas a seguir:

I – O corpo humano ganha calor por meio das reações metabólicas e através da radiação solar.

II – O corpo humano perde calor pela irradiação, pela evaporação da água na pele e através das
vias respiratórias.

III – Grande parte das calorias dos alimentos consumidos pelo ser humano se transforma em calor.

Assinale a alternativa correta.

Estão corretas apenas as afirmativas:

A) I.

B) I e II.

C) I e III.

D) II e III.

E) I, II e III.

Resposta correta: alternativa E.

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RECURSOS TECNOLÓGICOS ESTÉTICOS GERAIS

Análise das afirmativas

I – Afirmativa correta.

Justificativa: o corpo humano ganha calor por meio das reações metabólicas oriundas do processo
de digestão e de outros processos e também através da radiação solar.

II – Afirmativa correta.

Justificativa: a perda de calor do corpo humano está associada à evaporação da umidade da pele,
na forma de vapor, para o meio. O corpo humano também perde calor para o meio, pela troca de calor
que corre nas vias respiratórias.

III – Afirmativa correta.

Justificativa: a função da alimentação é a transformação da energia dos alimentos em energia para


o corpo humano. Parte de toda energia existente nos alimentos que são consumidos é transformada
em calor.

Questão 2. As reações ao calor e ao frio do corpo humano são diferentes. Os mecanismos que
regulam o calor são ativados pelos receptores térmicos na pele ou pelo estímulo do hipotálamo por
modificações na temperatura sanguínea. Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta da
reação do corpo humano ao calor.

A) Aumento da temperatura → impulsos enviados ao hipotálamo → vasodilatação periférica →


relaxamento da musculatura corporal → maior retenção hídrica.

B) Redução da temperatura → impulsos enviados ao hipotálamo → vasoconstrição → ativação dos


músculos esqueléticos e eretores do pelo → aumento da temperatura corporal.

C) Aumento da temperatura → impulsos enviados ao hipotálamo → maior retenção hídrica →


vasodilatação periférica → relaxamento da musculatura corporal.

D) Redução da temperatura → vasoconstrição → ativação dos músculos esqueléticos e eretores do


pelo → aumento da temperatura corporal → impulsos enviados ao hipotálamo.

E) Impulsos enviados ao hipotálamo → vasodilatação periférica → relaxamento da musculatura


corporal → aumento da temperatura → maior retenção hídrica.

Resposta correta: alternativa A.

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Unidade I

Análise das alternativas

A) Alternativa correta.

Justificativa: quando ocorre o aumento da temperatura, são enviados impulsos ao cérebro (hipotálamo),
que comandará a vasodilatação, o relaxamento da musculatura e uma maior retenção hídrica.

B) Alternativa incorreta.

Justificativa: a sequência apresentada é a do mecanismo de reação ao frio.

C) Alternativa incorreta.

Justificativa: embora todos os mecanismos estejam presentes na alternativa, a sequência apresenta


a maior retenção hídrica antes da vasodilatação e do relaxamento muscular.

D) Alternativa incorreta.

Justificativa: a sequência apresentada é a do mecanismo de reação ao frio com os impulsos enviados


ao hipotálamo na última posição. Deve-se lembrar que as reações são comandadas pelo hipotálamo.

E) Alternativa incorreta.

Justificativa: para que exista reação do corpo humano à variação de temperatura, é preciso que
ocorra uma variação de temperatura a fim de que os impulsos sejam enviados ao hipotálamo. Assim, o
envio de impulsos não pode iniciar a sequência.

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