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aula
06
Governo Federal
Presidente da República
Luiz Inácio Lula da Silva
Ministro da Educação
Fernando Haddad
Secretário de Educação a Distância – SEED
Carlos Eduardo Bielschowsky
1. Cartografia – História. 2. Cartografia – Conceito. 3. Cartografia – Utilização. 4. Dados estatísticos. 5. Simbolismo cartográfico. I
Araújo, Paulo César de. II. Título.
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UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte e da UEPB - Universidade Estadual da Paraíba.
Apresentação
Q
uando o homem começou a imaginar a forma da Terra, pensou-se que a mesma
correspondia a uma superfície plana; tempos depois, foi admitida a idéia da Terra
como uma superfície com a forma de uma esfera. No final do século XVII, partindo-
se das idéias de Newton, surgiu a hipótese de que a forma da Terra, por efeito da gravidade e
do seu movimento de rotação, teria a forma de um elipsóide achatado nos pólos. Depois, no
final do século XIX e início do século XX, estudiosos do assunto, os geodesistas conceberam o
geóide para representar a forma da Terra, contudo, para fins práticos, resolveu-se considerar
uma superfície geometricamente definida: o elipsóide de revolução, um sólido gerado pela
rotação de uma elipse em torno do eixo dos pólos. Estudos geodésicos indicam valores
diferentes para os elementos do elipsóide, medidos nos vários pontos da Terra, por isso,
cada região deve adotar como referência o elipsóide mais indicado.
Nesta aula, apresentamos a evolução dos conceitos com relação à definição da forma e
dimensões da Terra, além do elipsóide adotado no Brasil.
Objetivos
Entender como são definidas a forma e dimensões da
1 Terra, tal como conhecemos hoje.
A
forma e as dimensões de nosso planeta é um tema que vem sendo pesquisado
ao longo dos anos em várias partes do mundo. Muitas foram as interpretações
e conceitos desenvolvidos para definir qual seria a forma da Terra. Pitágoras em
528 a.C. introduziu o conceito de forma esférica para o planeta e, a partir daí, sucessivas
teorias foram desenvolvidas até alcançarmos o conceito que é hoje bem aceito no
meio científico internacional.
Segundo o conceito introduzido pelo matemático alemão Carl Friedrich Gauss (1777-
1855), a forma do planeta é o geóide, que corresponde à superfície do nível médio do
mar homogêneo na ausência de correntezas, ventos, variação de densidade da água etc.,
supostamente prolongado sob os continentes. Essa superfície deve-se, principalmente, às
forças de atração da gravidade e força centrífuga provocada pela rotação da Terra.
Elipsóide
Superfície física
Geóide
O geóide é a forma da Terra comumente utilizada nos meios acadêmicos, pois é a figura
que mais se aproxima da verdadeira forma terrestre. O geóide seria uma figura na qual, em
todos os pontos da superfície terrestre, a direção da gravidade é exatamente perpendicular à
superfície determinada pelo nível médio e inalterado dos mares.
Foi preciso buscar um modelo mais simples para representar o nosso planeta. Para
isso, lançou-se mão de uma figura geométrica chamada elipse, que ao girar em torno do
seu eixo menor forma um volume, o elipsóide de revolução, achatado nos pólos. Assim, o
elipsóide é a superfície de referência utilizada nos cálculos que fornecem subsídios para a
elaboração de uma representação cartográfica.
Semi-eixo maior
Fonte: <http://www.esteio.com.br/newsletters/imagens/006/o-for-elips.gif>.
Acesso em: 20 dez. 2007.
Figura 4 - Elipsóide de revolução
S
egundo Duarte (2006), depende do ponto de vista. Para efeitos práticos, a fim de
que possamos definir linhas da rede geográfica, os paralelos e os meridianos, a
Terra é considerada como uma esfera perfeita. E, mesmo sabendo-se que existe um
achatamento polar, este não é levado em conta.
Quando a Terra é vista do cosmos, ela também é vista como uma esfera perfeita, não
sendo possível, portanto, perceber o achatamento polar. Quando nos aproximamos dela pelo
espaço, é possível, contudo, perceber as suas irregularidades provocadas pelas saliências e
reentrâncias do relevo.
Aí surge o grande problema. O que fazer para eliminar tais irregularidades provocadas
pelo relevo e pelo achatamento polar nas medidas para fins de mapeamento?
Qual seria essa superfície? O elipsóide, que é superfície teórica definida com fins
científicos e seria resultante do movimento de rotação da Terra em torno do seu eixo menor,
sendo semelhante a uma elipse cuja linha corresponde ao nível médio dos mares e segue
imaginariamente através do relevo terrestre. Dessa forma, tudo que estiver acima dessa
linha deve ser considerado como não existente, ficando o planeta completamente liso, tendo
apenas dois eixos: um maior, chamado “equatorial”, e um menor, chamado “polar”.
Datum
Superfície Física Terrestre
Flipsóide
Geóide
S
obre esse assunto, muitos cientistas desenvolveram estudos para definir precisamente
o tamanho dos eixos do elipsóide de revolução, e os satélites artificiais, segundo
Duarte (2006), têm sido muito úteis nos últimos tempos no sentido de fornecer
medidas precisas – tanto que em 1976 a União de Geodésia e Geofísica Internacional (UGGI) e
a União Astronômica Internacional recomendaram o uso dessas medidas. O quadro seguinte
resume algumas dessas medidas para alguns elipsóides.
O Sistema Geodésico
A forma e o tamanho de um elipsóide, bem como sua posição relativa ao geóide,
definem um sistema geodésico, também designado por datum geodésico.
2) SAD 69
Elipsóide de referência - UGGI 67 (isso é o recomendado pela União Geodésica e Geofísica
Internacional em 1967) definido por:
n achatamento - f: 1/298,25
n altura geoidal: 0 m
A rede de pontos levantados com GPS terá suas coordenadas referenciadas pelo WGS
84, devendo sofrer uma transformação para o SAD 69. Assumindo-se que os dois sistemas
são paralelos e têm mesma escala, no Brasil, os parâmetros oficiais de transformação de
WGS 84 para SAD 69 são os seguintes (MONICO, 2000):
Características do Sistema
Geodésico Brasileiro
O Sistema Geodésico Brasileiro (SGB) é constituído por cerca de 70.000 estações
implantadas pelo IBGE em todo o território brasileiro, divididas em três redes:
Para origem das altitudes (Datum altimétrico ou Datum vertical) foram adotados:
n Distância ao Sol: 1 Unidade Astronômica (em torno de 150 milhões km).
n Área do Oceano Pacífico: 179,25 milhões km2, incluindo Mar da China Meridional, Mar
de Ojtsk, Mar de Bering, Mar do Japão, Mar da China Oriental e Mar Amarelo (49,7%
das águas).
n Área do Oceano Atlântico: 106,46 milhões km2, incluindo Oceano Ártico, Mar do Caribe,
Mar do Norte, Mar Mediterrâneo, Mar da Noruega, Golfo do México, Baia de Hudson,
Mar da Groenlândia, Mar Negro e Mar Báltico (29,5% das águas).
n Área do Oceano Índico: 74,92 milhões km2, incluindo Mar da Arábia, Golfo de Bengala
e Mar Vermelho (20,8% das águas).
n Idade da Terra: em 1654, um arcebispo irlandês calculou, com base em textos bíblicos,
que a Terra teria se formado às 9 horas do dia 26 de outubro de 4.004 a.C. Hoje,
sabemos que a Terra tem em torno de 4,5 bilhões de anos. O Big Bang teria ocorrido há
15 bilhões de anos; as Galáxias teriam se formado há 13 bilhões de anos; as primeiras
estrelas teriam surgido há 10 bilhões de anos; o Sol teria se formado há 5 bilhões de
anos; e a Terra, há 4,5 bilhões de anos.
n Na América do Sul: Aconcágua (6959 m – Argentina/Chile), Ojos del Salado (6880 m
– Argentina/Chile).
n Na Europa: Monte Elbrus (5642 m – Rússia), Mont Blanc (4807 m – França/Itália).
n Local mais seco: Deserto de Atacama, no Chile. Sem chuva durante 1571 anos
(de 400 a 1971).
n Local mais frio: Estação Vostok, na Antártica, com -89,2°C em 21/jul./1983.
Atividade 2
Como temos vários elipsóides, também temos vários mapas construídos em
elipsóides diferentes. Quais os elipsóides utilizados para a construção de
mapas no Brasil.
Atividade 3
Pesquise quantos datuns já foram e/ou são utilizados no Brasil. Em seguida,
procure saber se o órgão oficial Regulador das Normas Técnicas de Cartografia
Nacional pretende adotar um outro datum oficialmente, uma vez que, como
vimos, o atual é o SAD 69. Procure saber também quando esse referencial foi
adotado oficialmente.
Resumo
Nesta aula, vimos que Geodésia, ciência dedicada ao estudo das formas e das
dimensões da Terra, divide o planeta em três superfícies: a superfície física
terrestre, o geóide e o elipsóide. Nesse sentido, estudamos que a superfície
física, para ser modelada, envolve grande complexidade matemática e que o
geóide é um modelo físico da forma da Terra, cuja superfície é mais irregular do
que o elipsóide de revolução, usado habitualmente para aproximar a forma do
planeta, mas consideravelmente mais suave do que a própria superfície física
terrestre. Por fim, vimos que devido à sua relativa simplicidade, os elipsóides de
referência são usados como uma superfície preferida em que podemos efetuar
todos os cálculos da rede geodésica sobre a qual são definidas as coordenadas
de pontos, tais como latitude, longitude e elevação.
Auto-avaliação
Como nós podemos observar ao longo da aula, o conhecimento das formas e
das dimensões do nosso planeta tal como concebemos hoje é resultado de um
longo processo de desenvolvimento da ciência geodésica. A seguir, propomos
algumas questões para auto-avaliação.
Referências
ALMANAQUE abril. São Paulo: Abril, 1998.
LEINZ, Viktor; MENDES, J. C. Vocabulário geológico. São Paulo: Editora Nacional, 1963.
Anotações
Ementa
História, conceituação e utilização da cartografia nos estudos geográficos. O espaço e os problemas da escala e da forma.
Orientação, localização, projeções e fusos horários. Os dados estatísticos; tratamento e representação. O simbolismo
cartográfico e a linguagem dos mapas.
Autores
n Edilson Alves de Carvalho
Aulas
05 Escalas