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D I S C I P L I N A Metodologia Científica
A pesquisa e a iniciação
científica na universidade
Autoras
aula
Metodologia científica / Célia Regina Diniz; Iolanda Barbosa da Silva. – Campina Grande; Natal: UEPB/UFRN - EDUEP, 2008.
ISBN: 978-85-87108-98-2
Copyright © 2008 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa da
UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte e da UEPB - Universidade Estadual da Paraíba.
VERSÃO DO PROFESSOR
Apresentação
N
as aulas anteriores, estudou-se a Metodologia do Estudo que foi abordada na
perspectiva de seus procedimentos, orientações e normalizações na organização e
sistematização de seus estudos na universidade. A partir desta aula, vai-se estudar o
terceiro momento da metodologia científica com o modo de pesquisar, produzir e sistematizar
o saber científico. Esse modo se refere à Metodologia da Pesquisa com o planejamento
e aplicação de métodos, técnicas e instrumentos de pesquisa na coleta e sistematização
de resultados nos trabalhos acadêmico-científicos. Nesse caso, buscar-se-á como se
produz ciência com o uso do Método Científico e dos procedimentos e normalizações da
Metodologia do Estudo e dos métodos, técnicas e instrumentos de coletas de dados da
Metodologia da Pesquisa, estudados ao longo desta disciplina.
O material desta aula virá acompanhado de orientações e atividades que buscam levá-
lo ao exercício da iniciação científica com a aplicação dos procedimentos metodológicos de
pesquisa. Desse modo:
Objetivos
Pretende-se, ao final desta aula, que você tenha compreendido que:
Um convite à pesquisa...
Pense nisto!!!
A organização da vida de estudo e de pesquisa na Universidade requer métodos
e técnicas de leitura, organização e documentação dos estudos. O aluno, ao
observar sistematicamente as atividades sugeridas nas disciplinas, percebe
que a produção do material é resultado de pesquisas e de uma relação dialógica
entre o autor da aula disponibilizada na disciplina e o aluno, e isto ocorre por
meio da interação, na elaboração das atividades e das leituras complementares
sugeridas. Diante disso, o estudo torna-se uma pesquisa e, desse modo, o
aluno é iniciado na pesquisa científica.
Atividade 1
Considerando sua experiência de aluno de graduação e de professor, neste momento
você é convidado a escolher um tema-aula estudado em uma das disciplinas cursadas em um
dos semestre do curso de Geografia a distância. Observe e comente as questões a seguir:
f) Você registrou o conhecimento adquirido na aula em sua auto-avaliação? Por quê?
Reflita!!!
A pesquisa científica orienta-se por um conjunto de procedimentos e etapas
que organizam um conhecimento sobre os fenômenos. O aluno encontra na
Universidade o espaço para a sua iniciação científica que resultará em pesquisas
científicas. É na Universidade que a prática de pesquisa constitui-se em um
ato dinâmico de questionamento, indagação e aprofundamento no processo
de formação do estudante, contribuindo para o desenvolvimento de um aluno-
pesquisador crítico, reflexivo e participativo diante dos fenômenos sociais,
históricos, culturais, econômicos, educativos. Enfim, fenômenos de todas as
áreas do conhecimento humano.
Convidando Rubem Alves (2000, p.107-8) para discussão sobre a pesquisa científica,
encontra-se nesta citação direta elementos importantes para a discussão. Veja-se:
Atividade 2
Registre a sua interpretação do fragmento abaixo, destacado com o grifo nosso, da citação
direta de Rubem Alves (op.cit, p.108), estabelecendo uma relação com a sua prática de educador.
[...] As boas idéias não são pescadas nas redes metodológicas. ‘não há método para
se ter idéias boas.’ Se houvesse método para se ter idéias boas, bastaria aplicar o
método que seríamos inteligentes. Freqüentemente o resultado do uso do método é o
oposto da inteligência. O tipo (o raciocínio) está lançando suas redes, as redes voltam
sempre vazias, e ele não se dá conta dos pássaros que se assentaram em seu ombro.
A obsessão com o método entope o caminho das boas idéias. (grifo nosso)
a) As idéias boas que você já teve e que aplicou em sala de aula;
b) A sua percepção das necessidades dos alunos na aprendizagem dos conteúdos;
c) As sugestões dos alunos que redimensionam sua prática;
d) As experiências compartilhadas pelos alunos na aprendizagem de trabalhos de campo;
e) Outras situações que produziam boas idéias.
sua resposta
Como tornar-se um
aluno-pesquisador?
Pense nisto!!!
A iniciação científica é uma experiência que oportuniza ao aluno a vivência
da pesquisa. Essa experiência tanto auxilia na formação profissional quanto
no desenvolvimento sociopolítico do estudante, conduzindo-o a uma leitura
crítica e analítica do seu cotidiano. Diante disso, busca-se criar oportunidades
para que a iniciação aconteça tanto nas esferas institucionais por meio dos
programas de iniciação científica, nas universidades, quanto na sala de aula
através de orientações metodológicas de pesquisa sobre temáticas que estão
sendo desenvolvidas nas disciplinas.
Atividade 3
O gênero textual, Literatura de Cordel, torna-se uma fonte de pesquisa sobre questões
contemporâneas a região Nordeste. No caso, vai-se buscar nos fragmentos dos versos de
Manoel Monteiro (2003, p. 01-15) sobre O Milagre do Algodão Colorido os resultados
de uma pesquisa genética realizada com o algodão pela Embrapa de Campina Grande, PB.
Leia os fragmentos e registre sua interpretação, relacionando-a à discussão do tema: Como
tornar-se um aluno-pesquisador?
O algodão colorido desenvolvido por pesquisadores da Embrapa já subsidia a produção de vários artigos do
vestuário, decoração e utensílios domésticos, atendendo tanto o mercado interno quanto o mercado externo.
Reflita!!!
A pesquisa enquanto um exercício de criatividade do pesquisador cria
oportunidades de investigação fora dos espaços clássicos de produção do
saber científico. A literatura de cordel é uma narrativa poética e um exercício
de pesquisa e crítica social na qual o cordelista expressa sua interpretação do
mundo. Ela cria uma nova possibilidade de apreensão do real “ fora das redes
da ciência”, parafraseando Rubem Alves.
O semi-árido como um
campo de pesquisa
Pense nisto!!!
A investigação científica nos permite extranhar o familiar, questionando as
verdades que aparecem de forma naturalizada nos discursos políticos e nas
políticas públicas sobre o semi-árido. Os problemas sociais advindos da
convivência com o semi-árido, particulares à nossa região, são tratados como
fenômenos naturais, por isso as Ciências Sociais se debruçam sobre esses
discursos procurando compreendê-los e explicá-los.
A região do semi-árido brasileiro compreende quase toda a região Nordeste e parte dos
estados de Minas Gerais e Espírito Santo. Caracterizada pelo clima seco, escassez de
água e longos períodos de estiagem. Esta situação climática, agravada periodicamente
nos períodos de seca, desnuda problemas sociais que se repetem ano após ano. A
história e a mídia apresentam a cada período de seca uma população pobre, que passa
fome e sede, que migra para as regiões Sul e Sudeste do país em busca de sobrevivência
numa outra realidade, abandonando a sua terra natal, a sua história. As políticas
governamentais para a região são viabilizadas, a partir dos anos 30, através de vários
órgãos oficiais ligados à assistência social, planejando ações para evitar as migrações
dos “flagelados”; ações que se caracterizavam pelo paternalismo, assistencialismo
e a focalização das ações, que além de não resolveram a problemática fomentavam
a dependência. A ineficácia destas políticas é provada pela repetição dos fatos no
transcurso dos anos. Os programas emergenciais de intervenção estatal constituíram-
se como instrumento de reprodução destas condições de fragilidades, recriando a
dominação e a miséria no Nordeste. (DINIZ, 2002). As políticas de ‘combate às secas’
que promoviam a construção de grandes obras (açudagem), se mostraram favoráveis
à concentração hídrica e, não resolvendo o problema da seca, fomentou a dependência.
No dizer de Paulo Diniz: ’o problema do Nordeste semi-árido não é a situação de seca
em si, mas uma realidade de dominação política, autoritarismo, concentração da
terra e da água’. (2002, p. 40). A conjuntura política dos anos 90, promovida pela
Constituição Cidadã de 1988, favoreceu a mobilização dos trabalhadores que, exigindo
Programa de Formação e Mobilização Social para Convivência com o Semi-Árido: Um Milhão de Cisternas
Rurais – P1MC
Atividade 4
Leia como atenção o fragmento do texto do relatório de pesquisa, destacando e
registrando nos espaços as respostas das questões que seguem:
d) Quais foram os procedimentos metodológicos (como a pesquisa foi feita) adotados?
g) A partir dos resultados dessa pesquisa como você percebe o semi-árido?
Reflita!!!
A prática da pesquisa na Universidade contribui com a sua formação de
professor-pesquisador na medida em que traz questões do seu cotidiano para
reflexão e crítica, possibilitando a você uma nova postura diante dos seus
alunos seja no ensino fundamental ou no ensino médio.
Atividade 5
Os seus alunos também possuem um saber sobre o semi-árido. Selecione,
aleatoriamente, 10 alunos, entre homens e mulheres, de uma de suas turmas, seja do
ensino fundamental ou do ensino médio e peça-lhes que respondam, por escrito, a seguinte
questão: o que você entende por semi-árido? Após coletar as respostas, liste-as no quadro
1, indicando ao lado de cada resposta a série, sexo e idade (variáveis de sua pesquisa); em
seguida, procure elementos em comum nas respostas dos alunos e destaque-os no quadro
2. Esses elementos devem ser analisados e registrados no espaço indicado, buscando-se
identificar se as percepções em comum estão focadas em um olhar naturalizado sobre o
semi-árido ou em um olhar que o percebe como uma problemática social.
Analise dos elementos em comum, nas respostas dos alunos. Posicione-se criticamente,
diante dessas percepções sobre o semi-árido.
Reflita!!!
Na elaboração desse exercício você definiu o que queria estudar e o que
pretendia descobrir, quem seriam os sujeitos de sua pesquisa e como
metodologicamente ela seria feita; além de, coletar e analisar os dados obtidos
na pesquisa, fundamentando-se numa perspectiva crítica sobre o semi-árido.
Parabéns!!! Você iniciou-se na pesquisa científica.
Concluindo a aula!!!!!
C
onvida-se ao final desta aula, o aluno-pesquisador a tornar-se um professor-pesquisador
em sua sala de aula, seja no ensino fundamental ou no ensino médio, pois a educação
precisa acontecer pela pesquisa. Conforme Demo (2004, p. 77) ‘‘[...] é totalmente
impróprio aceitar, como se faz entre nós, que a pesquisa começa com a pós-graduação,
quando, na verdade, começa no pré-escolar, já que reconstruir conhecimento não é uma tarefa
especial para curso especial, mas função da vida.” Nesse caso, o professor se torna em sala de
aula um mediador do processo de reconstrução do(s) saber(es) e da(s) ciência(s).
Sugestões de Leitura
Orienta-se como leituras complementares as discussões apresentadas nesta aula:
Resumo
Nesta aula, foi trabalhada a pesquisa e a iniciação científica como uma prática
de formação do aluno universitário. A pesquisa científica torna-se um modo
de conhecer que se utiliza de métodos, técnicas e instrumentos de coleta de
dados no seu planejamento e execução. Ela é uma atividade desenvolvida
por pesquisadores que buscam apreender o real por meio de um exercício
reflexivo e crítico. A iniciação científica dá-se por meio de estímulos à
problematização do cotidiano. O “extranhamento” do familiar é um dos
exercícios fundamentais para a iniciação científica, particularmente dos
fenômenos sociais que aparecem como fenômenos naturais, como ocorre
com o semi-árido paraibano estudado nessa aula.
Auto-avaliação
Comente o fragmento a seguir, refletindo após as discussões desta aula sobre
a pesquisa e a iniciação científica.
[...] O objetivo dos principiantes deve ser a aprendizagem quanto à forma de percorrer
as fases da pesquisa científica e à operacionalização de técnicas de investigação. À
medida que o pesquisador amplia o seu amadurecimento na utilização de procedimentos
científicos, torna-se mais hábil e capaz de realizar pesquisas científicas. Isto significa
que a persistência é necessária e que o lema é aprender-fazendo. Não existem receitas
mágicas para a realização de pesquisas [...]. (BARROS; LEHFELD, 2000, p. 68)
sua resposta
Referências
ALBUQUERQUE JÚNIOR, D. M. de. Preconceito contra a origem geográfica e de lugar: as
fronteiras da discórdia. São Paulo: Cortez, 2007. (Coleção Preconceitos)
ALVES, R. Entre a ciência e a sapiência: o dilema da educação. 4. ed. São Paulo: Loyola, 2000.
______. Estórias de quem gosta de ensinar. 17. ed. São Paulo: Cortez, 1994.
RUDIO, F. V. Introdução ao projeto de pesquisa científica. 32. ed. Petrópolis: Vozes, 2004.
EMENTA
Conhecimento e Saber; O Conhecimento Científico e Outros Tipos de Conhecimento; Principais Abordagens Metodológicas;
Contextualização da Ciência Contemporânea; Documentação Científica; Tipos de Trabalhos Acadêmico-Científicos; Tipos
de Pesquisa; Aplicações Práticas.
AUTORAS
O
n Célia Regina Diniz