Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Porto Alegre
2011
AGRADECIMENTOS
realização.
do estudo.
que me ensinaram e pelo estímulo, colaborando para que eu vencesse esta caminhada
tão profícua.
Agradeço a minha família por ter me auxiliado e estimulado a vencer esta etapa
3 OBJETIVOS ................................................................................................ 37
4 REFERÊNCIAS........................................................................................... 39
5 ARTIGO .......................................................................................................................... 48
5.1 RESUMO............................................................................................... 50
6.1 ABSTRACT........................................................................................... 75
6.8 FIGURES............................................................................................... 92
BASE TEÓRICA
2
Freud, 1926
Quando uma mulher descobre que está grávida, já está estabelecido dentro do
espaço uterino o minúsculo óvulo fertilizado, que terá uma influência de longo alcance,
marcando sua história interior que constará de sonhos, fantasias e vida emocional. O
corpo da futura mãe suprime suas defesas imunológicas para aceitar o feto dentro de si.
determina a mudança da relação diádica para triádica. O embrião, que começa a crescer,
exige da mulher uma dedicação que transfere energia psíquica de outros investimentos
para o bebê2.
crescendo no seu interior. A terceira e última ocorre quando a gestante passa a imaginar
se o bebê poderia viver fora dela, se tivesse que nascer prematuramente. O foco passa
do feto à criança1.
3
Algumas gestantes se sentem feias em razão de seu aumento de peso, o que justifica a
Piontelli3 realizou estudo sobre a vida pré-natal e seu impacto sobre o futuro
pares de gêmeos, mensalmente, por cinco a seis vezes, a partir da décima sexta semana
até pouco antes do nascimento. Para complementar suas observações, no período após o
mantiveram na vida pós-natal. A autora sugere que a interação entre inato e adquirido
começa muito antes do que em geral se considera. Assim, identifica que algumas
iluminaram um mundo ao qual não se tinha acesso. Vêm sendo desenvolvidas pesquisas
luz e som, é capaz de engolir, ter paladar, escolher uma posição predileta, registrar
olhos, espreguiça, faz caretas, pisca, dá passos, reconhece a voz de sua mãe, brinca com
o cordão umbilical e com sua placenta, chupa o dedo e o dedão do pé, reage com
antes de nascer, tem uma vida emocional, pois é um ser que sente, tem emoções,
relacionar-se com a mãe, captando seus estados emocionais e sua relação afetiva com
ele. Com o avanço da técnica, o útero deixou de ser considerado aquele lugar seguro,
Os pais têm expectativas em relação ao filho que vai nascer. Surge o filho
imaginário naquele espaço criado entre o já conhecido e o novo, entre a história vivida
Para Freud7 as atitudes afetuosas que os pais têm com seus filhos são a
na idéia dos pais, o âmago da criação, chamadas sua majestade, o bebê, como cada um
transcendência.
significativo da mãe no feto, desde a vida pré-natal, mesmo que ainda existam objetos
ligação que se inicia na gravidez. O nascimento é visto pelo autor como trauma, que
5
rompe o equilíbrio por uma mudança radical que quebra a harmonia das expansões sem
limites.
memórias corporais, assim como organizar defesas contra possíveis traumas ainda na
vida uterina.
complexo, que permite simbolizar e imaginar o bebê que está para nascer. A visão do
bebê pode ser uma forma de interação com os pais, possibilitando um contato mais
com uma realidade. Além disso, pode despertar a reorganização do lugar que o bebê
gestação11.
alta frente aos testes invasivos. Foi verificada a associação com escores aumentados das
mulheres quando a informação era insuficiente sobre o procedimento no teste que era
realizado pela primeira vez, em fumantes e em gestantes com baixo nível educacional16.
agudo que pode induzir uma ansiedade materna significativa. Os resultados compararam
as gestantes que realizaram ecocardiografia com outro grupo que não se submeteu ao
exame e tinham a mesma idade gestacional. Os dois grupos não se diferenciaram quanto
do modelo linear de regressão multivariada, a pesquisa controlou para raça e para idade
predominam sobre a visão médica. O exame está fortemente associado com ver o bebê,
tirar fotos, e com o vínculo parental com o filho. As mulheres não estão conscientes do
mais como uma fonte de reafirmação da normalidade do que uma fonte potencial de má
capacidade criativa e geradora dos pais, nestas situações, é avaliada de forma indireta.
bebê explicava que no passado, a primeira pergunta, após o nascimento, fosse sobre a
A medicina fetal e o diagnóstico pré-natal fizeram com que o auge das angústias
tranqüilidade ou inquietação20.
Anunciar uma patologia fetal mesmo que benigna, representa pôr fim a um
sonho20.
Quando é anunciada uma malformação fetal, o bebê, que foi imaginado pelo
porque é um ser frágil tentando se desenvolver. Perigoso, porque é um bebê que realiza
8
uma afronta ao narcisismo e à maturação sexual dos pais, também porque costuma
que precisa de palavras para ser anunciado6. A sensação de ter um feto malformado é
multidisciplinar24-28.
ou morte intrauterina, mas também aquelas cujos bebês apresentaram apenas sinais
sonográficos. Através desse estudo, foi constatado que alto nível de ansiedade traço,
referindo que o estresse e a ansiedade frente ao bebê malformado são uma conseqüência
gestante, permitindo que ela saiba do problema detectado, sua descrição e algum
diagnóstico30-32.
psicológica de desilusão e descrença que leva os pais a fazer o luto pelo filho ideal12, 28,
33
. O filho com problemas, que difere do idealizado, não preenche mais o papel que lhe
era reservado no cenário familiar19. Nessas situações, os pais precisam e são obrigados a
notícia de que existe algo errado com o bebê pode se tornar mais perturbadora do que a
grávida, que habitualmente está mais vulnerável devido às mudanças internas que
equilíbrio emocional36.
devem ser diferenciados: 1) estresse devido ao exame, tal como, medo de um exame
um resultado anormal, ou seja, que o exame indique alguma patologia no feto 30, 32.
Sobre o impacto da mãe com a visão de seu bebê ainda na vida intrauterina,
estudos mostram que ter acesso à visão do corpo, da forma e do comportamento de seu
feições do rosto faz com que conceba o filho como real, tudo isso podendo auxiliar no
vinculação pré-natal em gestantes e pais dos bebês antes e depois do exame. O trabalho
pais ao bebê que está por nascer e que os impactos podem ser diferentes entre os pais 38.
A literatura aponta que ainda é dada pouca atenção aos aspectos psicológicos do
complexo processo de defesas, coping, e uma intensa carga psicossocial para a gestante.
Além do medo de detectar a malformação, também está presente o medo de ele não ser
oferta de suporte psicológico21. Quando o bebê nasce com alguma malformação, ocorre
casal 39.
O risco de o bebê não poder se tornar aquele que vai realizar os sonhos de seus
pais pode despertar neles a busca cada vez maior de técnicas e de tratamentos para
diferentes fases:
tendem a sentir que estão desamparados, experimentam uma sensação de que tudo está
perdido e se perguntam: “Por que comigo? O que foi que eu fiz?”. Essas questões
realizar novos exames, chegando, por vezes, a esconder a informação já sabida como
bastante difícil para o casal que se encontra com sua capacidade racional tomada por
ocorreu e as suas causas, além de pensar em como será após o nascimento e como eles
organização.
dirigir os sentimentos de tristeza, raiva e decepção para um bebê que já assume uma
ocorre e suas causas, a pensar como será após o nascimento e se prepara para receber o
filho41.
orgânicas graves e identificou que: 1) o foco da fala das mães passou a ser o diagnóstico
separado por prognóstico do feto: letais, cirúrgicos e os que necessitavam nascer para
52,4% das gestantes que tinham apego máximo estavam no grupo que mais utilizou
focalizadas nas práticas religiosas e apoio social. As autoras do trabalho ponderam que
o recurso da religião possa ser fator de risco quando impede a visão da realidade com
clareza43.
logo após44.
14
natais.45 O trabalho foi realizado com 140 mulheres grávidas e com 108 de seus
situação real percebida de estresse de Muller. O nível médio de depressão das mulheres
grávidas foi mais alto no grupo que se submeteu a exames não-invasivos, embora a
diferença entre os grupos não tenha sido significativa. Entretanto, para os parceiros o
nível médio de depressão foi significativamente diferente entre os dois grupos. Além
análise dos escores do estresse real mostrou redução significativa do pré para o pós-
concluem que o fato de o exame ser invasivo não determina o nível de estresse
Outra pesquisa realizada pelo mesmo grupo utilizou uma amostra de 324
e depressão. O resultado mostrou que existe uma ligação entre o bem-estar da gestante e
diminuição do apego da gestante com o feto a partir dos movimentos fetais. No entanto,
estabelecerem vínculo afetivo com a criança que tem poucas chances de sobreviver. Os
medos fazem com que se inverta a idéia natural de que o recém-nascido deve
representar vida e não morte, temor que surge quando existem riscos. Os pais lamentam
informação. As respostas quanto aos termos feto e bebê revelaram maior variação do
que os outros itens. A privacidade do local foi a mais importante das variáveis sobre o
foi um dos preditores mais úteis das preferências, sendo que as mulheres com nível
mortalidade infantil, sendo consideradas uma das três principais causas de mortalidade
evolução da técnica possibilita hoje diagnósticos cada vez mais precoces. A busca do
tornou-se uma preocupação no campo da ciência e deu impulso à cardiologia fetal 53.
Como mais de 90% das malformações cardíacas ocorrem em fetos sem qualquer
de alterações graves54.
apropriada. Aqueles que não tiveram diagnóstico precoce e que sobreviveram foram
ele atribuído e também a palavra coração é utilizada de forma leiga para definir a
significar que uma pessoa tem boa índole ou bons valores. Estas ideias em torno do
coração estão presentes no momento em que nos deparamos com uma anomalia no
55
órgão. Uma cardiopatia congênita é enfrentada basicamente com uma ansiedade de
exame detecta doença cardíaca, a ansiedade materna aumenta e as mães ficam menos
felizes com sua gestação. O impacto psicológico pode ser muito ruim diante do
diagnóstico de cardiopatia. As mulheres que deram à luz crianças com doença cardíaca
fetais parecem ficar, por defesa, resguardados até a certeza da sobrevida do bebê. O
estabelecida com o bebê, e o vínculo pode ser intensificado, ou, ao contrário, levar à
dificultam que a mãe invista no desejo da gestação e na experiência com seu bebê 58. A
19
21, 57
sobrecarga emocional não ocorre somente na gestante, mas também na família .A
anomalia séria no feto precipita uma crise nos pais e que uma efetiva orientação pode
ajudar nesta fase difícil. Chamam atenção para o fato de que, se o casal resolveu investir
no feto e levar a gestação adiante, em conseqüência está melhor preparado para cuidar
brincadeiras feitas pelos pais, principalmente sobre a mãe lidando como recém-nascido,
parecem apoiar a percepção dos pais de que foram auxiliados pelo conhecimento prévio
trabalho durante o processo de luto durante o final da gestação podem ajudar a lidar
diagnóstico e o tratamento das cardiopatias congênitas podem persistir por muitos anos
que é para você ter um filho com doença cardíaca?Através da análise das respostas a
chama atenção para o fato de que, ao se deparar com a doença do filho, que não é como
ela imaginava e que pode morrer a qualquer instante, a mãe pode ter despertados
sentimentos de culpa. A partir desta etapa, percebe que é preciso conviver com o filho
cardiopata27.
benefício recíproco, na qual a mãe funciona como o coração sadio do filho, o que leva a
por parte dos pais61. Estudiosos do assunto constataram que as mães eram mais
culpadas e vitimadas pela fatalidade. Além deste motivo, o estudo também enfatiza que
isso seria um reflexo da constatação dos pais de que seus filhos teriam dificuldades reais
desesperança entre pais de crianças com doenças cardíacas, com outras doenças e
saudáveis. Foram estudados 1092 pais de crianças com doença congênita cardíaca, 112
com outras doenças e 293 saudáveis. Frente à cardiopatia, os pais apresentavam maior
risco de angústia e desesperança. Pais de crianças com outras doenças relataram níveis
que o de pessoas deprimidas. As mães dos três grupos tiveram níveis mais altos de
angústia e desesperança que os pais, sendo que os níveis maiores foram das mães de
crianças com doença congênita cardíaca se comparados aos das mães de outros grupos.
Os pais das crianças com doenças congênitas cardíacas apresentaram piores resultados
do que os pais dos outros grupos, mas os grupos dos pais de crianças com outras
1.5 APEGO
especial. Na década de1950 realizou relatório para Organização Mundial da Saúde sobre
a saúde mental de crianças sem lar. Naquela época era aceito como verdade que a
criança desenvolve um forte laço com a mãe porque ela o alimenta. Dois tipos de
separação.
22
com relação à mãe, tanto na sua presença como na sua ausência, pode contribuir
pais, que pode fundamentar a exploração de uma base segura. Esta se traduz em uma
Cuidar de uma criança não é tarefa para uma só pessoa. A mãe precisa de
suporte de outra pessoa, que geralmente é seu parceiro. Nos primeiros meses de vida a
criança deve estar mais ou menos próxima da mãe. A função biológica desse
Concordando com esta ideia, Winnicott (1945) observou que um bebê não pode
existir sozinho, psicológica ou fisicamente, ou seja, necessita de uma pessoa que cuide
dele desde o início69. Para que nos estágios primitivos o cuidado materno possa suprir
inicia no final da gravidez e nas primeiras semanas após o nascimento da criança. Deve
surgir na mãe uma devoção ao cuidado do recém- nascido, que determina que, ao se
identificar com o filho, lhe seja possibilitado compreender exatamente quais são suas
necessidades70.
23
Também refere que não é só o bebê que reage de forma típica, mas também a mãe.
Esse mesmo autor define apego como uma disposição persistente de busca de
entre a pessoa apegada e a figura de apego. Quando se desenvolve bem, gera satisfação
e senso de segurança, quando com ameaça, gera ciúmes, ansiedade e raiva. Nas ocasiões
em que ocorre ruptura, desperta dor e depressão. Fortes evidências mostram que a forma
como o comportamento de apego se organiza está ligada ao alto grau da experiência que
processo reflete uma continuidade que inicia na infância dos futuros pais, dependendo
suas origens na interação do bebê com o ambiente. A relação entre o bebê a mãe ou
idade adulta65.
características básicas para a sobrevivência. Para que a criança possa ativar ou desativar
este sistema, ela deve desenvolvê-lo desde as primeiras experiências com as figuras
comportamento de apego: chorar, sorrir, seguir a mãe e agarrar-se a ela, retê-la junto a si
e a sugar o seio. Como outra resposta, que ocorre depois dos quatro meses, o bebê
Em 1975, foi realizada uma pesquisa, na Guatemala e nos Estados Unidos, com
filmados por 10 minutos. As imagens mostraram uma mãe que, imediatamente após o
nascimento do filho, levanta-o e começa a acariciar seu rosto com a ponta de seus
dedos. Quando esta ação ocorre, o bebê se acalma. Foram observada outras
manifestações de carinho a seguir e que, após cinco ou seis minutos a mãe tende a
colocar o bebê no peito e que ele responde com movimentos de lambidas no bico do
seio. A mãe mostrar-se deslumbrada. Desde que o bebê nasce, toda a atenção tende a
Bowlby cita que outros estudos demonstram que a mãe sensível, comum, entra
rapidamente em sintonia com seu bebê e que não somente o torna feliz como também
60 crianças, inicialmente com um dos pais e, após seis meses, com o outro. Quando as
crianças eram observadas como um grupo, os modelos de apego em relação aos pais se
assemelhavam muito aos relacionados aos das mães, porém quando observadas
apresentava com um dos pais e com outro. O estudo concluiu que uma criança pode ter
um apego seguro com a mãe e não ter o mesmo com o pai. Bowlby 68 enfatiza ainda que
partir desta condição que a criança pode arriscar-se a desenvolver suas potencialidades,
com distância dos pais, que poderão acolhê-la se houver necessidade 68.
mais apto para lidar com o mundo, e que também possui uma função biológica que tem
Refere-se também a qualquer das várias formas de comportamento, nas quais a pessoa
se engaja, de tempos em tempos, para obter ou manter uma proximidade desejada 68.
assegurar que, como uma medida fisiológica, tal como temperatura do corpo ou pressão
base da teoria psicanalítica. Observa a maneira como uma criança pequena se comporta
frente á sua mãe, depois de um período em hospital ou creche sem ter sido visitada. É
comum tratar a mãe como se ela fosse quase uma estranha, mas, depois de um tempo,
torna-se intensamente apegada, ansiosa, com medo de perdê-la novamente e com raiva.
É comum, após algum tempo com pessoas estranhas, que a criança pequena
comportamento de apego. Quando seriamente ferida, esta criança não mostra nenhum
falham68.
criança e sua mãe, passa a conceber como apego a busca de cuidados. Em termos gerais,
outro mais capacitado. Esse comportamento é especialmente ativado pela dor, pela
fadiga, por qualquer coisa assustadora ou pela inacessibilidade que a figura de apego
adulta do que nos primeiros anos de vida. É mais urgente naqueles momentos em que a
vida, os bebês são sensíveis e estão prontos para estabelecer um apego discriminado.
Após os seis meses de idade, eles ainda podem fazê-lo, mas, conforme vão crescendo,
Sobre as influências que a mãe e o bebê podem ter um sobre o outro, Bowlby
66
afirma que, assim como as características inicias de um bebê podem influenciar o
modo como a mãe cuida dele, também as características iniciais da mãe podem
observado em um bebê ou uma criança mais velha e o padrão de cuidados maternos que
28
elas receberam. As evidências são sugestivas de que o padrão de vínculo da criança com
Antes do nascimento, é possível prever a maneira como a mãe tratará seu bebê.
O trabalho de Moss, de 1967 66, identificou que a reação de uma mãe ao choro do bebê
se correlacionava com sentimentos e ideias que ela expressava dois anos antes, prazeres
realizado com 23 mães e bebês e verificou que as mães que aceitavam o papel de
consoladas do que aquelas que antes obtiveram uma baixa classificação nessas escalas.
A maneira idiossincrática pode ou não ser encorajada pelos avanços sociais do bebê,
uma pode ser mais solícita e paciente frente ao choro e outra mais impaciente. Nas
observações, fica claro que um dos pares respondia às iniciativas do outro, e as mães
variaram muito mais do que os bebês. Todos responderam nas ocasiões em que a mãe
iniciou a interação. A variância na incidência das respostas entre os bebês estavam perto
A teoria afirma que existem numerosas provas que mostram que, dependendo do
contribuiu para este tema demonstrando que a capacidade de um bebê para enfrentar a
estudo, que não descreve os critérios que utilizou para medir capacidade. Os índices de
um bebê para enfrentar o estresse. Os dois índices mais elevados relacionaram-se com a
Uma pesquisa que avaliou 136 gestantes, que foram atendidas em Unidades
que apresentavam vinculação de tipo segura mantinham apego mais alto e sintomas de
adquirindo uma representação interna do feto. Esta imagem é uma mistura de fantasia e
realidade, e o processo psíquico que ocorre se caracteriza por ver o feto como recipiente
bebê77. Conhecer o bebê antes do nascimento, estar com ele, pensar sobre ele, imaginar
maternidade e para a atual relação mãe-bebê10. A intensa interação entre a mãe e o feto
um alerta na gestante de que é preciso proteger seu filho78. As imagens que a mãe faz
do bebê antes do parto são elementos importantes para a relação mãe-bebê que irá se
desenvolver10.
gestação. A percepção da vida real dentro do útero pode contribuir para sentimentos
mais fortes de apego para com o feto e melhora, também, as atitudes de cuidado com a
três hipóteses sobre suas percepções:a primeira é a percepção clara do feto, a segunda,
positivo79.
sugerem que o nível de envolvimento da mãe com o filho na etapa pré-natal pode ser
relataram maior afeição e que fantasiaram mais com o bebê durante a gravidez
obstétrico, detectou que os níveis mais altos de ansiedade pré-natal foram relacionados à
As imagens internas que a mãe faz de seu filho antes do parto, e todos os
elementos que formam o bebê imaginário, são elementos presentes na futura relação
desde então ser acolhido pelos pais 82. Uma pesquisa revelou que o apego materno-fetal
engajam em comportamentos que representam uma afilhação e uma interação com seu
filho na vida pré-natal. O apego inicia durante a gestação, como resultado da dinâmica e
medir o apego materno durante a gestação. A escala tem 24 itens, com 5 subescalas
futuras mães sobre si mesmas e sobre seus fetos. Estas afirmações forma submetidas à
materno fetal, enquanto que o stress percebido inibe seu desenvolvimento. O estresse
percebido tende a aumentar quando o apoio social diminui (não tendo sido
adequadas, embora outras pesquisas com esta escala em população maior e mais variada
utilizada nos Estados Unidos e em outros países de língua inglesa. Esta escala de apego
materno-fetal foi validada para uma amostra brasileira, por Feijó, em 1999,em pesquisa
realizada com 300 gestantes entre 6 e 9 meses de gestação e com idade média de
natal de dois hospitais do Rio de Janeiro. A maior parte da amostra era de multíparas
desde analfabetismo (2,0%) até o superior completo (0,7%), sendo que 62,3% tinham
apenas o ensino fundamental incompleto. Com relação ao estado civil, 82% viviam com
índices de apego deste grupo com os dos que não tiveram diagnóstico.Os resultados
materno-fetal86.
renda e estado civil), apego materno-fetal e práticas de saúde, concluindo que educação
mais elevada, paridade menor e ter parceiro são preditores de práticas de saúde mais
positiva, mas com direções opostas. A depressão teve uma relação negativa e o apego
de fetos com anormalidade congênita não letal conhecida demonstrou que a experiência
de tal gravidez foi paradoxal. Uma vez recebida a notícia da anormalidade do feto, as
mães sentiram que a experiência da gravidez tinha sido alterada. A informação teve
gravidez pelas mães não impediu o desenvolvimento do apego pré-natal. Isto corrobora
dados de estudos anteriores que não identificam diferença no nível de apego pré-natal
entre mães experenciando gestações de alto e de baixo risco. A análise das entrevistas
detectou três temas comuns, identificados como: 1) O tempo é bom, mas também é
sendo possível o preparo para o parto, e ao mesmo tempo de forma paradoxal, havia
muita insegurança pela espera dos resultados. 2) Você sente pesar, mas também não
perda do bebê perfeito e de pesar, por outro lado, aparecia o uso de estratégias de coping
melhores 3) O bebê não é perfeito, mas ele é meu. O apego pré-natal era desenvolvido
2 HIPÓTESE CONCEITUAL
uma nova história. Suas expectativas, suas experiências anteriores, suas próprias
histórias farão parte da construção da personalidade do bebê que começou a ser gerado.
etapas do desenvolvimento do apego com o filho, que sem este contato aconteceria a
partir dos movimentos fetais. As expectativas frente ao filho vão se construindo e vai
do novo. A tendência é imaginar filhos saudáveis, perfeitos, que supram todas as faltas e
falhas dos pais, que desejam, também muito mais facilidades para vida dos filhos do
Durante a gestação, vai ocorrendo um período no qual a mãe sente o filho como
uma parte sua, sendo difícil detectar sua diferenciação, o que fica concretamente
marcado com o nascimento. Alguns autores definem esse momento como trauma do
nascimento.
impacto pode ser tão forte que o anúncio de um diagnóstico de anormalidade fetal à
vida pré-natal é visto como um processo que inclui a necessidade de passar um período
diagnóstico ainda na vida pré-natal. Como 90% das malformações cardíacas ocorrem
sem a presença de fatores de risco, é preconizado que toda gestante realize uma
nascimento, dos cuidados com o bebê. O avanço nesta área de diagnósticos vem
A partir dos estudos de Bowlby sobre o apego da mãe com o bebê, Cranley, com
seu grupo de trabalho, definiu o apego materno-fetal como a intensidade com que as
que vai nascer. Um estudo citado por Bowlby refere que a maneira como a mãe irá
bebê, pode se desenvolver um alerta na gestante de que é preciso proteger seu bebê.
uma escala com 24 itens, que objetiva a medida deste comportamento, demominada
Escala de Apego Materno-fetal. Ela foi traduzida e adaptada para amostra brasileira por
Feijó, em 1999.
3 OBJETIVOS
maternas do parto.
cardiopatia fetal.
39
4 REFERÊNCIAS
1964; 45:558-66.
bebê que nasce com doenças orgânicas graves. Psicol teor pesqui 2007; 23(1):17-
24.
10. Piccinini CA, Gomes AG, Moreira LE, Lopes RS. Expectativas e sentimentos da
32.
13. Kleinveld JH, Timmermans DR, de Smit DJ, Adér HJ, van der Wal G, ten Kate
22(4):381-93.
16. Sahin NH, Gungor I. Congenital anomalies: parents’ anxiety and women's
concerns before prenatal testing and women's opinions towards the risk factors.
17. Rosenberg KB, Monk C, Glickstein JS, et al. Referral for fetal echocardiography
2010; 31(2):60-9.
19. Quayle J. Óbito fetal e anomalias fetais: repercussões emocionais maternas. In:
Atheneu 1997:216-27.
20. Sousa S. A saúde do feto. In: Eduardo Sá Psicologia do feto e do bebê. Portugal:
distress in parents of children with severe congenital heart disease: the impact of
22. Sholler GS, Kasparian NA, E. PV, Cole AD, Winlaw DS. Fetal and post-natal
psychological care in the current era. Journal of Paediatrics and Child Health39
2011; 3:1-6.
24. Valenzuela P. Asistencia a padres de embarazos con recien nacidos con problemas
model for the fetus with congenital heart disease. Progress in Pediatric Cardiology
26. Howell LJ, Johnson, M. P., Adzick, N. S. Creating a state-of-the-art center for
pregnant women if prenatal examination yields or does not yield any findings].
Anxiety scores before and after prenatal testing for congenital anomalies. Arch
32. Kowalcek I. Stress and anxiety associated with prenatal diagnosis. Best Practice
35. Setúbal MSV, Barini R, Zaccaria R, et al. Reações psicológicas diante da gravidez
2000:119-34.
2009; 10(1):17-29.
39. Druon C. Ajuda ao Bebê e seus pais em terapia intensiva neonatal. In:
1999:35-54.
43
40. Wanderley DdB. Agora eu sou rei os entraves da prematuridade. Salvador BA:
Ágalma 1999.
42. Hart R, McMahon CA. Mood state and psychological adjustment to pregnancy.
2009; 10(1):69-82.
44. Tarelho LG, Perosa GB. O Desenvolvimento do apego mãe e filho em grávidas
19(2):79-83.
19(1):18-23.
49. Favarato ME, Gagliani ML. Atuação do psicólogo em unidades infantis. In:
Psicólogo 2008:75-116.
44
102:445-50.
52. Zielinsky P. Cardiologia Fetal ciência e prática. Rio de Janeiro: Revinter 2006.
1992; 36(4):236-52.
12.
55. Ruschel PP. Quando o coração adoece. In: Romano, B A prática da psicologia
58. Teixeira LC, Moraes WMS. Implicações subjetivas das vivências da gravidez e do
Serious Heart Disease – An Aid to Maternal Bonding? Fetal Diagn Ther 2004;
19(6):470-4.
45
60. Lawoko S, Soares JJF. Distress and hopelessness among parents of children with
congenital heart disease, parents of children with other diseases, and parents of
62. Giannotti A. Efeitos psicológicos das cardiopatias congênitas. São Paulo: Lemos
Editorial 1996.
63. Williams IA, Shaw R, Kleinman CS, et al. Parental Understanding of Neonatal
64. Paulo EB. Prefácio. In: Bowlby, J Uma base segura: aplicações clínicas da
66. Bowlby J. Apego A Natureza do Vínculo. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes 1990.
67. Ainsworth TH. Immediate full weight-bearing in the treatment of hip fractures. J
68. Bowlby J. Uma base segura: aplicações clínicas da teoria do apego. 1 ed. Porto
72. Klaus MH, Trause MA, Kennell JH. Does human maternal behaviour after
73. Main M, Weston DR. The quality of the toddler's relationship to mother and to
74. Weiss RS. Attachment bond in childhood and adulthood. In: Routledge, ed. In:
75. YARROW MR. Problems of methods in parent-child research. Child Dev 1963;
34:216-26.
76. Schmidt EB, de Lima Argimon II. Vinculação da gestante e apego materno fetal1.
81. Feijó MCC. Validaçäo brasileira da Maternal- Fetal attchament scale. Arq bras
82. Seger M. Palavras para Nascer:a escuta psicanalítica na maternidade. São Paulo:
84. Brazelton T, Craner B. As primeiras relações. São Paulo: Martins Fontes 1992.
85. Cranley MS. Development of a tool for the measurement of maternal attachment
86. Sukop PH, Toniolo DP, Lermann VL, et al.Influência do diagnóstico pré-natal de
5.
and health practices in pregnancy. Research in Nursing & Health 2001; 24(3):203-
17.
88. Hedrick J. The lived experience of pregnancy while carrying a child with a
Patricia Pereira Ruschel, Paulo Zielinsky, Cristiane Grings, Cynthia Seelig, Evelyn
Vigueras, Gisiane Fassini, Julia Pimentel, Liege Azevedo, Mariana Mari, Paula Pfeifer,
relaitions,pregnancy
Autor Correspondente:
Av. Princesa Isabel, 370 – Santana - Porto Alegre, RS Brasil CEP 90.620 – 000
patriciapruschel@gmail.com
50
RESUMO
Objetivo: Testar a hipótese de que existem diferenças no apego da gestante com o feto,
materno-fetal (EAMF), que foi reaplicada um mês após o exame. O estudo comparou o
grupo de gestantes com diagnóstico de cardiopatia fetal (CCF) com o grupo de gestantes
sem diagnóstico de cardiopatia fetal (SCF). Resultado: Foram incluídas 197 gestantes
significativa entre os grupos. Após 30 dias, o grupo CCF obteve 99,5 ± 8,9, e o SCF
95,5 ± 10 (p=0,003). A análise do índice de apego dos grupos, classificados por níveis,
nos momentos inicial e final, mostrou que não existia diferença significativa entre os
grupos na distribuição basal das gestantes nos níveis de apego (p=0,081). No momento
final, a diferença entre a migração do nível médio para alto foi significativamente maior
final do nível de apego médio para alto foi mais expressiva no grupo CCF (p=0,009) do
que no grupo SCF (p=0,05). Conclusão: O diagnóstico para cardiopatia fetal aumenta o
apego materno-fetal.
INTRODUÇÃO
Como mais de 90% das malformações cardíacas ocorrem em fetos sem fator
realizado durante a gestação e o parto pode ser assistido pelo cardiologista, para a
de procriar2, 3.
infantil, em especial na etapa neo e perinatal, e constituem uma das três principais
causas de mortalidade6 .
Pesquisa, que avaliou ansiedade e humor, mostrou que seus níveis após o
interação com o filho que vai nascer10. Com a finalidade de medir o apego materno
natais, foi delineado o presente estudo para testar a hipótese de que o apego
MÉTODOS
gestantes com diagnóstico positivo foi aplicada a escala em todas que realizaram o
gestantes com diagnósticos com potencial para melhora intrauterina, as com doenças
53
composta por 24 itens, com pontuação em cinco níveis. O índice da escala varia de
baixo (de 24 a 47 pontos), médio (de 48 a 97 pontos) e alto (de 98 a 120 pontos). Os
análise estatística do programa PASW 18.0, através da utilização dos testes qui-
RESULTADOS
a presença ou não de alterações cardíacas fetais, sendo 96 no grupo CCF e 101 no SCF.
grupo CCF.
54
média de apego de 94,7 ± 9,7, sem diferença significativa entre os grupos. Após os 30
dias, constatou-se diferença entre os dois grupos. O grupo CCF obteve média do índice
de apego 99,5 ± 8,9 e o grupo SCF 95,5 ± 10,0 sendo esta diferença significativa
(p=0,003).
grupos, classificados por níveis, nos dois momentos-inicial (antes do rastreamento para
cardiopatia fetal) e final (30 dias após o exame)-mostrou não haver diferença
significativa entre os grupos na distribuição basal das gestantes nos níveis de apego
migração do nível médio para alto é significativamente maior no grupo CCF (p=0,017).
grupos a transição entre a avaliação inicial e final do nível de apego médio para alto foi
forneceu dados sobre as sensações que as gestantes imaginavam que sentiriam no parto,
dos casos CCF foi significativamente maior do que o dos SCF: insegurança (p= 0,042) e
dúvida(p= 0,054).
55
alto indice de apego está associado ao grupo CCF. As variáveis: imaginar sensação de
dor no parto, ter hipertensão arterial e ter planejado o filho também se mostram
DISCUSSÃO
fetal foi avaliada no intervalo entre a realização da ecocardiografia fetal e 30 dias após.
A opção por este intervalo para o reteste deu-se em função do tempo necessário para a
das semanas, as gestantes tendem a aumentar seu apego ao feto, porém o presente
trabalho mostra que ocorreu um aumento maior no grupo que recebeu diagnóstico de
cardiopatia. Trabalho anterior mostra que a intensa relação entre a gestante e o feto é
capaz de promover alerta de que é preciso proteger o filho 15. Neste estudo, o diagnóstico
apego inicial para alto foi de 21,8% no grupo SCF, e de 26,9% no grupo CCF,
forma que, quando existe um diagnóstico de cardiopatia na vida fetal, este sentimento se
aguça.
Os resultados deste trabalho diferem dos de estudo anterior 16, realizado com a
mesma escala de apego, que concluiu que o diagnóstico de malformações na vida fetal
instigada a proteger o filho com malformações, que tem chance de sobreviver. Outra
mostrou que o grupo cujos diagnósticos eram letais não alcançou nível de apego alto,
mas que com outros diagnósticos, este nível era alcançado. As constatações dos autores
desse trabalho auxilia a suportar a idéia de que diagnósticos letais têm efeitos diferentes
17
dos que incluem chances de sobrevivência do bebê, como na amostra do presente
estudo.
com o grupo SCF. Estas constatações permitem levantar a hipótese de que este grupo se
caracterizou por gestantes que já tinham suspeita de diagnóstico, e assim maior apego.
Elas foram encaminhadas para um centro maior, mais especializado, para a confirmação
sentir dúvida e insegurança. Como esta investigação foi realizada em ambos os grupos
no encaminhamento.
predizer um apego materno fetal alto, sendo demonstrado serem preditoras as seguintes
por trabalho anterior 6 que anunciar uma patologia fetal representa pôr fim a um sonho,
Para a mãe, numa visão psicanalítica, um filho está destinado a cumprir uma
Quando se gera um filho diferente, os pais vão se deparar com uma falta18. O fato de o
pais façam o luto pelo filho ideal22-24. A literatura também considera que este luto é do
bebê real, que corre risco de vida ou está com morte anunciada 25.
inicia um processo psíquico que se estende ao longo da gestação e dos primeiros anos
de vida de seu bebê. Os dados do presente estudo mostram que tomar consciência da
O receio de sentir dor no parto, que foi verificado como uma variável preditora
pode ser um marco inicial na maternidade. É também referido que pode funcionar como
um preço a ser pago, para após receber o prêmio, que é o filho. Outra colocação é a de
que, no imaginário de algumas muheres, a boa mãe é aquela que sofreu para dar à luz
seus filhos, a fim de cumprir seu papel. Dentro da indivudualidade de cada gestante,
algumas têm o registro da dor como sofrimento e da analgesia como salvação. Outras,
cardiopatia e gravidez são medo de intercorrências tais como: medo de não agüentar a
gestação, medo do coração não resistir ao trabalho de parto e medo de morrer27. O fator
de risco na gestação faz surgir o medo em relação a si própria e ao filho, ao que está
ocorrendo em seu corpo, ou ao temor de que seu flho tenha anormalidades, além do
apego materno-fetal. Várias mudanças irão ocorrer na vida da mulher que engravida:
alterações físicas inevitáveis, necessidade de organizar sua casa para receber este bebê e
momento de vida próprio para engavidar, proporciona maior apego materno-fetal, o que
fetal. Entretanto, os resultados mostram que, mesmo que o apego inicial já fosse
aumentado em função dessa supeita, ainda assim ocorreu incremento do apego após a
confirmação do diagnóstico.
apego materno-fetal, sendo representado, como já foi referido, pela hipertensão arterial
quando a gestante toma conhecimento de que seu bebê é portador de uma anormalidade
REFERÊNCIAS
4. Kowalcek I. Stress and anxiety associated with prenatal diagnosis. Best Practice
pregnant women if prenatal examination yields or does not yield any findings].
Llera J and Ceriani Cernadas JM. Evaluación del impacto del diagnóstico precoz
450.
10. Cranley MS. Development of a tool for the measurement of maternal attachment
11. Feijó MCC. Validaçäo brasileira da Maternal- Fetal attchament scale. Arq bras
16. Sukop PH, Toniolo DP, Lermann VL, Laydner JA, Osório CMDS, Antunes CH
19. Quayle J. Óbito fetal e anomalias fetais: repercussões emocionais maternas. In In:
20. Sousa S. A saúde do feto. In In: Sá, E Psicologia do feto e do bebê. Fim do
21. Battikha EC, Faria MCC and Kopelman BI. As representações maternas acerca do
bebê que nasce com doenças orgânicas graves. Psicol teor pesqui 2007; 23: 17-24.
24. Priel B and Besser A. Adult attachment styles, early relationships, antenatal
25. Wirth AF. Aplicação do método de observação de bebês em uma UTI neo natal.
27. Quevedo MP, Lopes CMC and Lefèvre F. Os significados da maternidade para
28. Tedesco J. Aspectos emocionais da gravidez de alto risco. In In: Tedesco JJ,
108.
TABELAS
FIGURAS
EP leve 1
DSAV+bradicardia 1
DSAV+T.Fallot 1
CIV+Iao leve 1
DVSVD+EP 1
Truncus 1
S. Shone 1
HVD+EP severa 1
Ebstein 1
DSAV+EP+BAVT+hidropisia 1
DSAV+EAo+BAVT 1
AP+CIV+hidropisia 1
DlMi+Aao 1
DSAV+BAVT 1
CoAo 2
TGV 2
Int.Arco Ao+CIV 2
CoAo+CIV 2
BAVT 2
DSAV 3
T.Fallot 4
DVSVD 5
Arritmias 7
HVE 8
CIV 45
Aao: atresia aórtica, AP: atresia pulmonar, BAVT: bloqueio atrioventricular, CIV:
DVSVD: dupla via de saída de ventrículo direito, DSAV: defeito septal atrioventricular,
EAo: estenose aórtica, EP: estenose pulmonar, HVD: hipoplasia de ventrículo direito,
HVE: hipoplasia de ventrículo esquerdo, Int. arco Ao: interrupção do arco aórtico,
grandes vasos.
69
DISEASE
74
DISEASE
Patricia Pereira Ruschel, Paulo Zielinsky, Cristiane Grings, Cynthia Seelig, Evelyn
Vigueras, Gisiane Fassini, Julia Pimentel, Liege Azevedo, Mariana Mari, Paula Pfeifer,
attachment,pregnancy
Correspondence Author:
Av. Princesa Isabel, 370 – Santana - Porto Alegre, RS Brasil CEP 90.620 – 000
patriciapruschel@gmail.com
75
ABSTRACT
Objective: To test the hypothesis that there are differences in the level of maternal-fetal
attachment before fetal echocardiography and 30 days later in the presence or absence
were conducted before the examination, for the collection of data on socio-demographic
Attachment Scale (MFAS), which was re-applied one month after the examination. The
study compared the group of pregnant women with diagnosis of fetal heart disease
(FHD) with the non-fetal heart disease group (NFHD). Results: A total of 197 pregnant
women undergoing fetal echocardiography were included in the study. 96 with and 101
was in average 94.7 ± 9.7, with no significant difference between groups. After thirty
days, the level of attachment was 99.5 ± 8.9 in the FHD group and 95.5 ± 10 in the
NFHD group (p = 0.003). The analysis of the levels of attachment at the initial and final
attachment levels in pregnant women (p = 0.081). At the final period of analysis, the
migration of medium to high level of attachment was significantly higher in the case
group than in the NFHD group (p = 0.017). Comparing the groups, the transition from
medium to high attachment levels comparing the initial and final periods was more
pronounced in the FHD group (p = 0.009) than in the NFHD group (p = 0.05).
Conclusion: The diagnosis of fetal heart disease increases the level of maternal-fetal
attachment.
Key words: fetal echocardiography, fetal heart disease, prenatal attention, maternal-
INTRODUCTION
Since more than 90% of heart defects occur in fetuses without any known risk
factor, fetal echocardiography has become a routine procedure after the twentieth
Visual and audible contact of the parents with the fetus, provided by
ultrasound, has the effect of confirming the existence of the child and the ability to
procreate2, 3.
during pregnancy, and anxiety often accompanies the diagnosis period 4,5. Congenital
the perinatal and neonatal stages, and are one of the three leading causes of
mortality6.
Studies have shown that the level of anxiety and mood after the diagnosis of
fetal malformation could be compared with those of patients with major depressive
episode7. When heart disease was the diagnosed in the pre-natal period, mothers
reported feeling less responsibility for the defects and tended to improve their
marital relationships8 .
significant person, and is fundamental to a healthy development, over the life of the
individual. Attachment behaviors, which refer to ways that people use to obtain or
engage in behaviors of care and interaction with their unborn child10 . The Maternal-
77
10 11
Fetal Attachment Scale , which has been validated in Brazil , was developed to
prenatal cardiac diagnosis, the present study was designed to test the hypothesis that
the level of maternal-fetal attachment increases after diagnosis of heart disease in the
fetus.
METHODS
This controlled cohort study evaluated women who were awaiting the
completion of fetal screening for heart disease for screening of in utero heart
disease, and who were invited to participate. Initially, the objectives were explained
and the patients who agreed signed an informed consent form, answered a socio-
disease were included in the NFHD group and those with a fetal diagnosis of heart
disease made up the study group. All pregnant women returned after one month and
11
responded again to the MFAS . For the monitoring of pregnant women with
positive diagnosis, the Scale was applied in all pregnant women who underwent
screening for fetal heart disease in the Fetal Cardiology Unit of the Instituto de
between May 2008 and September 2010. The study excluded women with diagnosis
of potential improvement of fetal status, disease incompatible with life and those
who did not respond to the second evaluation. The research project was approved by
which also aimed to characterize the pregnancy, was organized and systematized by
the psychology staff of the IC/FUC and has been routinely used in this Unit. The
78
11 12
MFAS , validated for the Brazilian sample, is a Likert scale comprising 24
items, with scores ranging in five levels. The Index scale ranges from 24 to 120
points. In agreement with as the cutoff points established by the Brazilian validation
of the scale, the following levels of maternal-fetal attachment were considered: low
(24 to 47 points), medium (48 to 97 points) and high (98 to 120 points) . The data
collected were stored in Microsoft Excel for statistical analysis, which was
performed with the PASW 18.0 software, using the chi-square test, Student´s t test
and McNemar test. The reproducibility of the scale was analyzed by measuring the
RESULTS
The scale was applied in 2268 pregnant women prior to fetal ecocardiografic
screening. A total of 197 pregnant women, who returned for reassessment after 30 days,
were included in the study. They were assigned to two groups according to presence
(FHD group, n=96) or absence (NFHD group, n=101) of fetal cardiac abnormalities.
demographic questionnaire (Table 1) showed that the groups only differ by city of
origin.
group. The results show a significant increase in the level of maternal-fetal attachment
after the diagnosis of fetal heart disease, as was assessed 30 days after the screening.
The mean attachment level of the 2268 pregnant women evaluated was 85.2±9.1.
attachment level of 94.7 ± 9.7, with no significant difference between the groups. After
79
thirty days, a significant difference (p = 0.003) was observed between the two groups.
The mean level of attachment was 95.5 ± 10 in the NFHD group and 99.51 ± 8.91 in the
FHD group.
levels, and performed in the initial (before screening for fetal heart disease) and late (30
days after the examination) periods, showed no significant difference between the
Instead, in the final period the difference between the migration from medium to high
The intra-group evaluation (figure 3) showed that the transition from medium to
high level of attachment, analyzed in the initial and final periods, was more significant
pregnancy, provided data on the feelings that pregnant women thought they would have
during labor (Table 2). Women in the FHD group showed higher levels of insecurity
Table 3 presents the result of multivariate analysis, which showed a higher rate
of attachment in the FHD group. The variables imagining a sensation of pain during
childbirth, high blood pressure and having planned the child were also predictive of
intraobserver agreement were observed (0.98 [CI: 0.95 to 0.99] and 0.97 [CI: 0.93 to
DISCUSSION
The results of this study show that the diagnosis of heart disease in fetal life
The variation of the level of attachment in mothers of the case and control
groups (with and without fetal diagnosis of heart disease, respectively) was evaluated
before fetal echocardiography and 30 days later. This time interval was considered
appropriate for the mother to establish a pattern of relationship with the fetus after the
was also increased in mothers of the control group, confirming data reported in previous
14
studies showing a tendency of increase of attachment to the unborn child over the
weeks of pregnancy, our results show a significant greater increase in the case group. A
previous study showed that the intense maternal-fetal relationship may have the effect
of warning the mother about the need to protect the fetus15. In this study, the diagnosis
of fetal heart disease had this warning effect, by inducing a higher attachment of the
mother reflecting the expectation of greater care of the fetus with fetal heart disease.
In the total sample, no score was classified as low level of attachment, showing
that all pregnant women who presented to the fetal heart screening showed at least
medium level of attachment. The migration of the initial medium level of attachment to
a high level was observed in 21.8% of mothers the NFHD group, and 26.9% in the FHD
group, indicating that a diagnosis of heart disease in fetal life results in an increase of
maternal-fetal attachment.
The results of the present study differ from a previous report 16, performed with
the same scale of attachment, which concluded that the diagnosis of fetal malformations
number of fetal malformations, unlike the present study which not include diagnoses
81
incompatible with life, considering only fetal heart diseases. The presence of heart
defects not compatible with life could explain the decrease in maternal-fetal attachment
observed in the work cited. These considerations reinforce the idea that the mother is
motivated to protect the child with malformations compatible with life. In another
were not reached in cases of lethal fetal malformation. These results give support to the
idea that lethal diagnoses have effects different from those that include survival chances
intrauterine life, reinforces previous studies conducted with smaller samples3, 17, which
show that even after the diagnosis of fetal malformations, mothers maintain or even
significant difference between the two groups: the case group presented a higher
number of women who came from smaller cities for performing fetal echocardiography
in the IC/FUC. This group showed higher levels of maternal-fetal attachment in the
initial assessment, although the difference was not significant, as compared with the
control group. These findings allow to hypothesize that the suspected diagnosis has
already induced greater attachment in women of this group, who were then referred to a
larger, more specialized center, for confirmation of diagnosis of fetal heart disease. The
degree of attachment in these pregnant women was increased with the confirmation of
the diagnosis, resulting in a significant difference between control and case groups.
The results also showed a significant difference on the feelings expected for
childbirth when the two groups were compared, pointing out that pregnant women in
82
the FHD group were characterized by expecting feelings of doubt and insecurity. As
this investigation was performed in both groups at first assessment, before the screening
for fetal heart disease, it is possible that these pregnant women were more sensitive than
mothers in the NFHD group, possibly due to higher prevalence of suspected diagnosis
The multivariate analysis was used to identify variables that could predict a high
diagnosis of fetal heart disease, fear of feeling pain in childbirth, arterial hypertension
attachment. A previous study6 has already shown that diagnosis of a fetal pathology,
task of filling a gap in the deep feeling of subjective identity. When a different child is
generated, parents will be faced with the lack of something18. Illness or imperfection of
a child may represent a threat to the psychic integrity of the couple 19, confronting their
own narcissism and sexual maturation20. The diagnosis of fetal abnormality frequently
ideal son22-24. The literature also describes this grief as a feeling directed to the
When the diagnosis of fetal heart disease is confirmed, a mental process initiates
in the mother that will be conducted during pregnancy and early life of her baby. The
present study shows that the stimulation of care or observation for cardiac disease in the
greater attention and concern than was initially observed or than in mother of the NFHD
According to the literature, the fear of pain in childbirth, which was confirmed
award, which is the child. Another point of view states that in the minds of some
women, the good mother must feel pain while she gives birth in order to fulfill her role.
For some pregnant women, pain is seen as suffering, and analgesia as salvation. For
others, however, the pain of labor is seen as the true maternity 26.
The third variable that was found as a predictor of increased level of maternal-
fetal attachment is high blood pressure. Previous studies have shown that the
psychological aspects most commonly found in the binomial heart disease and
pregnancy are fear of complications such as not enduring pregnancy, failure of the heart
during labor and death27. The risk factor in pregnancy may induce in the mother a new
type of fear, for herself and her son, for what is happening in her body, or for the
child´s abnormalities, beyond the fear of loss of control in relation to pregnancy and
herself28.
attachment. Pregnancy results in several changes in the life of the woman: inevitable
physical changes, need to organize the home to receive the new baby and the inclusion
of a third person in the relationship of the couple. Our results show that planning of
pregnancy, ie, being in a period of life which is adequate for pregnancy, provides
pregnant women referred with a suspicion of fetal heart abnormality. However, the
84
results show that, even if the initial attachment was already increased due to suspicion
confirmation of diagnosis.
The reproducibility of the scale used was excellent, thus controlling potential
measurement biases.
after knowing that her fetus is affected by a cardiac abnormality than in the absence of
this condition.
85
REFERENCES
4. Kowalcek I. Stress and anxiety associated with prenatal diagnosis. Best Practice &
pregnant women if prenatal examination yields or does not yield any findings].
Llera J and Ceriani Cernadas JM. Evaluación del impacto del diagnóstico precoz de
10. Cranley MS. Development of a tool for the measurement of maternal attachment
11. Feijó MCC. Validaçäo brasileira da Maternal- Fetal attchament scale. Arq bras
16. Sukop PH, Toniolo DP, Lermann VL, Laydner JA, Osório CMDS, Antunes CH and
afetivos e estratégias de enfrentamento das gestantes. Psic, Saúde & Doenças 2009;
10: 69-82.
87
19. Quayle J. Óbito fetal e anomalias fetais: repercussões emocionais maternas. In In:
20. Sousa S. A saúde do feto. In In: Sá, E Psicologia do feto e do bebê. Fim do Século:
21. Battikha EC, Faria MCC and Kopelman BI. As representações maternas acerca do
bebê que nasce com doenças orgânicas graves. Psicol teor pesqui 2007; 23: 17-24.
24. Priel B and Besser A. Adult attachment styles, early relationships, antenatal
25. Wirth AF. Aplicação do método de observação de bebês em uma UTI neo natal. In
27. Quevedo MP, Lopes CMC and Lefèvre F. Os significados da maternidade para
28. Tedesco J. Aspectos emocionais da gravidez de alto risco. In: Tedesco JJ, Zugaib
TABLES
Table 2 - Feelings that pregnant women think they will have during childbirth.
NFHD: none fetal heart disease, FHD: fetal heart disease, n(%).
91
Confidence
Variables Odds ratio p
interval
FIGURES
slightPS 1
AVSD+bradycardia 1
AVSD+T.Fallot 1
VSD+slightAoI 1
DORV+PS 1
Truncus 1
Shone S 1
HLHS+PSsevere 1
Ebstein 1
AVSD+PS+AVB+hidropsis 1
AVSD+AoS+AVB 1
PA+VSD+hidropsis 1
DlMi+AoA 1
AVSD+AVB 1
AoCo 2
TGV 2
IAAo+VSD 2
AoCo+VSD 2
AVB 2
DORV 3
T.Fallot 4
DORV 5
Arritmias 7
HLHS 8
VSD 45
mothers.