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UNIVERSIDADE SÃO TOMÁS DE MOÇAMBIQUE

CURSO DE SAÚDE PÚBLICA

Cadeira: Genética

Tema: Aconselhamento genético e diagnóstico pré-natal das doenças genéticas

Nome do estudante:

Célia Tembe

Docente:

Bélia Xirinda

Maputo, Novembro de 2022

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Índice
1. Introdução............................................................................................................................................2
Objectivos................................................................................................................................................3
Geral........................................................................................................................................................3
Específicos..............................................................................................................................................3
Metodologia............................................................................................................................................3
2. Aconselhamento genético....................................................................................................................4
2.2. Aconselhamento genético no diagnóstico pré-natal..........................................................................4
2.3. Diagnóstico pré-natal das doenças genéticas....................................................................................5
3. Conclusão..........................................................................................................................................11
Bibliografia............................................................................................................................................12

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1. Introdução

No diagnóstico pré-natal de doenças genéticas, a genética apresenta um papel extremamente


preventivo, uma vez que busca detectar anomalias fetais para possíveis intervenções ainda intra-
uterino, quer sejam com fins terapêuticos, quando disponível, quer sejam para interrupção da
gravidez. O diagnóstico pré-natal de doenças genéticas (DPN) teve início em 1966 com Steele e
Breg quando demonstraram que o cariótipo de um feto poderia ser analisado a partir do cultivo
de amniócitos. É neste contexto que surge o presente trabalho com o tema aconselhamento
genético e diagnóstico pré-natal das doenças genéticas.

O diagnóstico pré-natal de doenças genéticas envolve exames invasivos, testes de rastreamento e


métodos de triagem, para acompanhamento da viabilidade fetal durante o período gestacional. O
aconselhamento genético é de fundamental importância uma vez que o resultado pode mudar
completamente as perspectivas de uma família.

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Objectivos

Geral

 Analisar o aconselhamento genético e diagnóstico pré-natal das doenças genéticas.

Específicos

 Descrever o aconselhamento genético;


 Compreender o diagnóstico pré-natal das doenças genéticas;

 Descrever o diagnóstico pré-natal das doenças genéticas.

Metodologia

Para a realização do trabalho recorreu-se a pesquisa bibliográfica, recorre-se a este método


quando o trabalho é elaborado a partir de material já publicado, constituído principalmente de
livros ou artigos material disponibilizado na Internet. Portanto consultou-se artigos disponíveis
na internet e a manuais que foi possível obter informações pertinentes para a materialização do
trabalho, dentro das concepções deste método, o mesmo foi o escolhido por ser coerente na
materialização do trabalho.

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2. Aconselhamento genético

Segundo Zatz (2002), o aconselhamento genético consiste na comunicação entre o profissional e


o indivíduo que procurou o serviço de diagnóstico pré-natal e/ou sua família, com o intuito de
informá-los a respeito do risco de ocorrência ou recorrência de anomalias genéticas.

Por conseguinte, ele busca ampliar a compreensão dos indivíduos a respeito de todas as
implicações que estão relacionadas à doença genética em questão; mostrar as opções que a
medicina actual oferece para terapêutica ou profilaxia; oferecer apoio psicoterapêutico.

As prioridades do aconselhamento genético frente ao diagnóstico pré-natal dizem respeito à


defesa dos interesses dos indivíduos e suas famílias uma vez que busca:

 Ajudar às famílias sob risco de ocorrência ou recorrência de defeitos genéticos a tomar


decisões racionais quanto à procriação;
 Permitir que o casal se prepare psicologicamente para o nascimento de uma criança
afectada;
 Apoiar e tentar reduzir a ansiedade desses indivíduos; dar opções para conduta adequada
diante o nascimento de uma criança afectada nos períodos da gestação, parto e pós-parto.

Em resumo ele busca defender o bem-estar de indivíduos ou famílias, ajudando-os a resolver


problemas de natureza genética, tentando esclarecer-lhe dúvidas e diminuindo ou evitando
sofrimentos e preocupações. Nos últimos anos, avanços no campo da biologia molecular têm
trazido boas perspectivas para o aconselhamento genético de indivíduos com fetos portadores de
anomalias genéticas pelo fato de apresentar cada vez mais, uma maior precisão diagnóstica. Isso
permite confirmar o diagnóstico sem haver necessidade da realização de outros exames invasivos
e pouco informativos.

2.2. Aconselhamento genético no diagnóstico pré-natal

O diagnóstico pré-natal deve ser realizado em indivíduos que apresentam risco de gerar crianças
com alterações genéticas que são variações do patrimônio genético do indivíduo que podem ser
transmitidas a gerações futuras (PINTO JÚNIOR, 2002).

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Segundo Pinto Júnior (2002), as principais situações anamnésticas indicadas para realização de
diagnóstico pré-natal compreendem:

 Indivíduo, na família, com anomalias congênitas, retardo mental ou doença origem


genética;
 Pelo menos um dos cônjuges portador de doença genética, de gene ou de mutação
patogénica que possa causar doença genética;
 Parentes portadores de doenças semelhantes, mas que há dúvidas quanto a herdabilidade;
 Consanguinidade;
 Inclusão em um mesmo grupo racial de risco;
 Esterilidade sem causa aparente;
 História de abortamento habitual/natimortos; marido com mais de 55 anos e/ou esposa
com mais de 35 anos;
 Exposição a radiações e/ou produtos químicos diversos;
 Uso de drogas ou medicamentos para doenças crônicas;
 Alterações detectadas através do exame de ultrasonografia e/ou do teste de triagem
bioquímica sugestivo de aberração cromossómica ou de malformações do tubo neural;
 Ansiedade de gerar crianças malformadas, com retardo mental ou com cromossomopatia.

2.3. Diagnóstico pré-natal das doenças genéticas

Consiste em uma série de testes diagnósticos e métodos de triagem aplicados durante o período
gestacional cujo principal objectivo é avaliar a saúde fetal além de oferecer às famílias em risco,
informações a respeito da gestação.

O diagnóstico pré-natal permite a detecção, ainda no útero, de doenças que de outra forma
somente seriam diagnosticadas após o nascimento. Milunsky, já em 1973, definiu como sendo a
filosofia fundamental do diagnóstico pré-natal oferecer a um casal sob risco a possibilidade de
ter uma criança normal, mesmo que a chance de ocorrer algum defeito seja extremamente
elevada.

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Testes de Rastreamento

 Biofísicos

Ultra-sonografia

O exame de ultra-sonografia é realizado através do acoplamento de um transdutor ao abdome da


mãe que emite ondas de ultra-som e permite a visualização do feto em tempo real. Portanto, está
se tornando cada vez mais, parte da rotina médica para assegurar o bem-estar fetal. Também é
utilizada para auxiliar e aumentar a resolução de métodos invasivos como amniocentese,
cordocentese, punção das vilosidades coriônicas. (Jorde, 2002).

Ultra-sonografia ideal é aquela que inclui secções sagitais e transversais do abdome materno,
procurando avaliar situação e posição fetal, parâmetros de desenvolvimento fetal (diâmetro
biparietal e comprimento do fêmur), diâmetro torácico, circunferência abdominal, câmaras
cardíacas, pulmões, estômago, rins, bexiga, posição e espessura placentária, líquido amniótico e
inserção do feto na placenta. (SILVA et al., 2000). As maiores aplicações deste método no
diagnóstico pré-natal relacionam-se à:

 Avaliação da idade gestacional;


 Avaliação do crescimento fetal;
 Diagnóstico de malformações fetais - melhor observadas por volta da 20ª semana de
gestação: anomalias do SNC;
 Diagnóstico de gemelaridade, abortamento, moléstica trofoblástica gestacional, gravidez
ectópica, placenta prévia, descolamento prematuro da placenta, retardo de crescimento
intra-uterino. (SILVA et al., 2000)
 Avaliação da vitalidade fetal a partir de quatro parâmetros ultra-sonográficos: pelo menos
um movimento respiratório a cada 30 minutos, movimentos fetais ativos, presença de
tônus fetal (movimentos de flexão e extensão dos membros, abertura e fechamento da
boca) e volume de líquido amniótico (bolsão amniótico maior ou igual a 2cm);
 Avaliação da maturidade fetal a partir do grau de calcificação placentária;
 Alteração no volume de líquido amniótico onde o poliidrâmnio pode está relacionado a
anomalias gastrintestinais ou do sistema nervoso central e o oligoidrâmnio ao sofrimento
fetal e à agenesia renal;

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 Determinação do sexo fetal, em geral, a partir da 15ª semana de gestação;
 Determinação de algumas aneuploidias, distúrbios monogênicos e multifatoriais;

Dopplervelocimetria

Técnica mais recente de análise da velocidade do fluxo da circulação arterial


(umbílicoplacentária) e venosa (ducto-venoso e veia umbilical), no intuito de correlacionar
alterações na dinâmica circulatória com anomalias cromossômicas fetais entre a 10ª e 14ª semana
de gestação através de ultrassonografia com auxílio doppler.

Alterações na dopplervelocimetria arterial e venosa, mesmo que transitórias, geralmente estão


relacionadas a cardiopatias congênitas consequentes de aneuploidias cromossômicas, uma vez
que, a maioria destas anomalias, cursa com falhas angiogênicas.

A observação de fluxo reverso na artéria umbilical, veia umbilical e ducto venoso no momento
da contração atrial, constitui o principal indicativo de cromossomopatias e/ou cardiopatias,
segundo Murta et al.(2001).

Ressonância Magnética

A obtenção de imagens fetais por meio da ressonância magnética é particularmente útil para
avaliação do desenvolvimento do sistema nervoso central. Permitindo assim, a detecção
possíveis anomalias, através da observação de alterações de crescimento cerebral, migração
neuronal, formação de circunvoluções e mielinização.

Anomalias detectadas por imagem de ressonância magnética estão mais frequentemente


associadas ao sistema nervoso central nos casos de identificação de alterações cerebrais e do tubo
neural, holoprosencefalia, hidranencefalia, prosencefalia, esquizencefalia, vetriculomegalia,
malformações arterio-venosas, esclerose tuberosa e hemorragia intracraniana.

Identifica ainda teratoma cervical, hérnias diafragmáticas congênitas, malformações císticas


adenomatosas congênitas, obstrução laringo-traqueal, cistos neuroentéricos, sequestro bronco-
pulmonar, neuroblastoma de supra-renal.

A principal contra-indicação dessa técnica é a presença de marca-passos e/ou clips de aneurisma


cerebral na mãe.

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Bioquímicos

Dosagem de alfa-fetoproteína no soro materno

Células fetais podem atravessar a placenta em quantidade variável, dependendo do estágio da


gestação, e serem encontradas na circulação materna (KUMAR & O´BRIEN, 2004). Com isso
poderão ser concentradas ou separadas por métodos imunológicos, aplicado a técnica do PCR
para multiplicar algumas regiões específicas e então possibilitar o diagnóstico bioquímico de
alterações de várias doenças genéticas e infectocontagiosas.

Além disso, vários marcadores proteicos e enzimáticos podem ser detectados no soro materno
por métodos bioquímicos; dentre eles pode-se destacar a alfa-fetoproteína.

A alfa-fetoproteína (AFP) é uma glicoproteína semelhante à albumina (JORDE, 2000), que é


inicialmente sintetizada pelo saco vitelino e posteriormente pelo trato gastrintestinal e fígado,
sendo a urina fetal a principal fonte.

O período ideal para a dosagem de alfa-fetoproteína no soro materno (AFPSM) é entre a 16ª e
18ª semana de gestação, sendo a ausência de manipulação uterina por punção ou qualquer outro
procedimento invasivo, o critério fundamental para sua realização.

De acordo com Jorde et al. (2000), o nível de AFP no líquido amniótico aumenta até cerca da
décima a décima quarta semana de gestação e então diminui bruscamente. Em virtude dessa
oscilação, os valores obtidos a partir do teste realizado deverão ser relacionados ao tempo de
gestação.

Triagem Tripla

A triagem tripla ou triteste é um teste de triagem fetal, não de diagnóstico, disponível para
mulheres grávidas entre a 15ª e 20ª semana de gestação. Consiste na dosagem de três
componentes do soro materno: estriol livre (uE3), alfa-fetoproteína (AFPSM) e gonadotrofina
coriônica (HCG).

De acordo com Pinto Júnior (2002) esse teste é utilizado para detectar gestações com trissomia
do 21 (síndrome de Down) em aproximadamente 65% dos casos; trissomia do 18 (síndrome de
Edwards), 80%; trissomia do 13 (síndrome de Patau), 30%; monossomia do X (síndrome de

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Turner), 44%; defeitos de fechamento do tubo neural, 98%; e defeitos de fechamento da parede
abdominal, 60%.

Nas gestações com síndrome de Down é observado que os níveis séricos da AFPSM e do uE3
apresentam-se diminuídos em relação ao normal enquanto que os da HCG estão elevados. Nos
casos em que se observa o nível dos três marcadores abaixo do padrão normal, tem-se risco de
síndrome de Edwards, aumentado. E, quando há somente os valores da AFPSM acima do
normal, suspeita-se de defeito no fechamento do tubo neural.

Testes Invasivos

Os exames invasivos objectivam realizar análise citogenética e do DNA, diagnosticar defeitos de


tubo neural, determinara a etiologia de hemorragia intracerebral e identificar a presença de
alguns agentes infecciosos como os causadores de toxoplasmose, rubéola, varicela,
citomegalovírus.

Amniocentese

A amniocentese ganhou importância a partir de 1950, com Bevis, quando estudava o teor de
bilirrubina em líquido amniótico de gestantes Rh negativo sensibilizadas.

Este procedimento pode ser realizado a partir da 15ª semana até o final da gestação, sendo um
dos métodos mais difundidos para a obtenção de material fetal para diagnóstico pré-natal por ser
bastante seguro e apresentar baixo índice de complicações.

Consiste na introdução de uma agulha longa de raque através da parede abdominal da mãe, após
a antissepsia da região, para a retirada de líquido amniótico. A quantidade de líquido a ser
retirada depende da idade do feto e do motivo do exame. Todo o procedimento é realizado sob
controle ultrassonográfico.

As principais aplicações clínicas para a realização da amniocentese são: detecção de doenças


congênitas (erro inato do metabolismo, infecções), defeitos de tubo neural, idade gestacional e
maturidade fetal pulmonar, sendo indicada principalmente para mulheres acima de 35 anos
devido a maior probabilidade de anormalidades cromossômicas fetais (síndrome de Patau e de
Edwards), além de possibilitar análise do DNA.

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Cordocentese

Realizada entre a 19ª e 21ª semana de gestação, consiste na obtenção de amostra de sangue fetal
a partir do cordão umbilical com cooperação ultra-sonográfica para auxiliar na visualização do
local de implantação do cordão umbilical na placenta que é a região mais utilizada para o
procedimento. A punção geralmente é realizada na veia umbilical, por ser mais calibrosa e
apresentar uma parede mais delgada, podendo acometer suas porções intra-hepática, livre ou de
inserção na placenta.

Nas placentas que se mostram lateralizadas ou em posição ventral, a agulha seguirá um trajeto
transplacentário enquanto que nas que estão dorsalmente localizadas, a via de acesso será
transaminiótica.

Essa técnica é utilizada para esclarecer os casos em que o resultado citogenético da amniocentese
não foi suficiente ou quando o diagnóstico por DNA não é acessível à identificação de distúrbios
detectados a partir de testes bioquímicos do plasma fetal ou células sanguíneas; análise
hematológica; confirmação de mosaico; obtenção, em 72 horas, de diagnóstico citogenético fetal
das gestações que apresentam alguma anomalia congênita detectada à ultrassonografia.

Neste último caso, antes de se realizar a funiculocentese deve-se coletar 20ml de líquido para
garantir a obtenção de cultura de células fetais.

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3. Conclusão

Em síntese, os métodos diagnósticos podem ser divididos em testes invasivos - amniocentese,


punção das vilosidades coriônicas e cordocentese, e de rastreamento que compreendem os
exames biofísicos-ultra-sonografia, translucência nucal, dopplervelocimetria e ressonância
magnética, e bioquímicos - dosagem de alfa-fetoproteína no soro materno e triagem tripla. Há
ainda os testes de perspectiva que incluem o diagnóstico genético pré-implantação e o
diagnóstico de células fetais circulantes. Esses testes têm salvado muitas vidas normais em caso
de casais que optariam por interromper a gestação em caso de dúvida. Portanto, é aconselhado
para indivíduos em risco que desejam ter seus próprios filhos. Mas, É importante salientar que o
DPN não exclui todas as anomalias fetais possíveis, limitando-se à identificação de condições de
risco aumentadas.

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Bibliografia

Haas, P. (2003). Diagnóstico laboratorial do líquido amniótico. J. Bras. Patol. Med. Lab, Brasil.

Jorde, L. B. et al. Genética médica. 2.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, Brasil.

Lages, A. F. et al. Ginecologia & Obstetrícia. 2.ed. Rio de Janeiro: MEDSI, Brasil.

Silva, T. E. da et al. (2000). Ultra-sonografia obstétrica. GO Atual, São Paulo, ano IX, Brasil.

Zatz, M. (2002). A biologia molecular contribuindo para a compreensão e a prevenção das


doenças hereditárias. Ciênc. Saúde coletiva, Brasil.

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