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Processos psíquicos na ideia de Sigmund Freud

A distinção feita por Freud entre processo primário e processo secundário é contemporânea da
descoberta dos processos inconscientes. Está presente desde o Projeto para uma psicologia
científica (1895), é desenvolvida no capítulo VII de A Interpretação de sonhos (1900) e
permanece como uma referência imutável do pensamento freudiano. (Laplanche e Pontalis,
1996:371/372)

Freud definiu dois modos de funcionamento do aparelho psíquico:

a) do ponto de vista tópico: o processo primário caracteriza o sistema inconsciente e o


processo secundário caracteriza o sistema pré-consciente- consciente.
b) do ponto de vista econômico-dinâmico: no caso do processo primário, a energia psíquica
escoa-se livremente, passando sem barreira de uma representação para outra segundo os
mecanismos de deslocamento e de condensação.

No caso do processo secundário, a energia começa por estar "ligada" antes de se escoar de forma
controlada; a satisfação é adiada, permitindo assim experiências mentais que põem à prova os
diferentes caminhos possíveis de satisfação. (Laplanche e Pontalis, 1996:371)

Em Projeto para uma psicologia científica (1895), Freud menciona pela primeira vez a distinção
entre processos primário e secundário. Mesmo na concepção biológica do Projeto, Freud não
assimila a "função" primária (arco-reflexo - descarga imediata e total da quantidade de excitação)
e a "função" secundária (ação específica) do organismo aos "processos" primário e secundário,
pois os considera como duas modalidades de funcionamento do psiquismo. (Laplanche e
Pontalis, 1996:373).

Em seu livro A Interpretação de sonhos (1900), Freud distinguiu dois tipos de processos
psíquicos na formação dos sonhos: um que produz os pensamentos oníricos "racionais",
semelhantes ao pensamento normal; e outro que corresponde ao tratamento dado a esses
pensamentos, o qual é desconcertante e "irracional".

Com o objetivo de compreender mais profundamente os processos "irracionais" envolvidos na


formação dos sonhos, Freud lança mão das descobertas feitas no campo das psiconeuroses,
principalmente, sobre a histeria. Conclui que assim como, na histeria, "uma cadeia de
pensamento normal só é submetida a esse tratamento psíquico anormal que vimos quando um
desejo inconsciente, derivado da infância e em estado de recalcamento, se transfere para ela", na
teoria dos sonhos, um desejo inconsciente é a força motivadora para a elaboração onírica. (Freud,
1900:624).

Este tratamento psíquico anormal dado a uma cadeia de pensamento normal é o que chamamos
de processo primário, isto é, o modo de funcionamento próprio do inconsciente, particularmente
evidenciado pelo sonho, que caracteriza-se não por uma ausência de sentido, como afirmava a
psicologia clássica, mas por um incessante deslizar de sentido. Os mecanismos que se encontram
em ação neste processo de elaboração onírica são, por um lado, o deslocamento (pelo qual, a
uma representação muitas vezes aparentemente insignificante podem ser atribuídos todo o valor
psíquico, o significado e a intensidade originalmente atribuídos a outra) e, por outro lado, a
condensação (onde numa representação única podem confluir todos os significados trazidos
pelas cadeias associativas que se cruzam ali).

A partir do estudo dos mecanismos do sonho ou do sintoma histérico, Freud postulou que o
processo primário, através da descarga de excitação, procura estabelecer uma identidade
perceptiva com a primeira experiência da satisfação (o que caracteriza o conceito de desejo neste
momento da obra freudiana), enquanto que o processo secundário, o que podemos relacionar ao
denominado pensamento normal, por um mecanismo indireto, procura estabelecer uma
identidade de pensamento com tal experiência de satisfação.

No registro dos processos secundários, portanto, o pensamento visa a "(...) uma catexia idêntica
da mesma lembrança, que se espera atingir mais uma vez por intermédio das experiências
motoras." (Freud, 1900:628) Para isso, esse processo de pensamento deve deixar de funcionar
unicamente sob o princípio do prazer, restringindo até o mínimo possível o desenvolvimento do
desprazer produzido pela atividade de pensamento, e "(...) se interessar pelas vias de ligação
entre as representações sem se deixar extraviar pelas intensidades dessas representações", que
resultaria numa atividade alucinatória. (Freud, 1900:628) Por outro lado, os processos primários
provocam um desvio do caminho traçado pelos processos secundários (identidade de
pensamento), por intermédio de condensações de idéias e estruturas de compromisso, marcadas
pelo funcionamento do princípio do prazer, e que atingem o andamento da vida mental "normal".
Portanto, os processos irracionais inconscientes de que falávamos são os processos primários,
modos de funcionamento do aparelho psíquico, os quais entram em ação quando idéias são
abandonadas às suas próprias excitações, podendo ser carregadas pela energia não inibida do
inconsciente. Estes processos, quando inibidos, provocam um aumento de energia, que pode ser
observado na formação de chistes, e podem transparecer para a consciência na ligação dos
pensamentos pré-conscientes às palavras na forma de confusões, deslocamentos, enfim, atos
falhos.

Vimos anteriormente que os processos primários são o modo de funcionamento do sistema


inconsciente e que os processos secundários referem-se aos sistemas consciente e pré-consciente.
Em 1915, no texto O Inconsciente, quando Freud traz concepções mais refinadas em relação às
características dos diferentes sistemas, afirma que os processos psíquicos do inconsciente
apresentam características especiais, diferentes do sistema consciente.

Para definir as características dos processos que operam no inconsciente, Freud lança mão
inicialmente de observações suas realizadas em A Interpretação de sonhos, de 1900. O núcleo do
inconsciente é constituído por representantes da pulsão os quais procuram descarregar seu
investimento, isto é, um núcleo primordial que consiste em impulsos carregados de desejo. Os
representantes pulsionais operam no inconsciente de forma coordenada e "existem lado a lado
sem se influenciarem mutuamente" (Freud, 1915:191), de modo que pulsões carregadas de
desejos com finalidades distintas não entram em contradição, mantendo-se ativas e procurando
uma finalidade intermediária. Isso é possível também porque o sistema inconsciente não
funciona sob a lógica da certeza, nele não há negação como ocorre no consciente, através do
recalque.

As intensidades desses investimentos são bastante móveis pois estão regidas pelos processos
primários de funcionamento que são o deslocamento de uma quota de afecto de uma ideia para
outra e condensação do investimento de várias ideias em uma só ideia. Outra característica do
inconsciente é a atemporalidade, isto é, seus processos de funcionamento não obedecem a uma
ordem cronológica e não se alteram com o tempo.

Os processos psíquicos primários funcionam sob o princípio do prazer, pelo qual a realidade
externa cede lugar à economia pulsional, ou seja, à regulação prazer-desprazer. E aparecem sob a
forma de sonho ou dos fenómenos neuróticos, pois são "incapazes de conduzir sua existência"
(Freud, 1915:192) em função da soberania do sistema pré-consciente no que se refere à
motilidade e ao acesso à consciência. O pré-consciente funciona através dos processos psíquicos
secundários, a partir dos quais as ideias investidas de desejo são inibidas de descarga e os
processos de deslocamento e condensação são bastante restritas ou inoperantes. Ao contrário do
que se passa no inconsciente, ocorre que no sistema pré-consciente, os processos secundários
atribuem uma referência temporal e efectuam uma comunicação entre os conteúdos ideacionais,
estabelecendo censuras e funcionando sob a lei do princípio de realidade.

Verificamos que a oposição entre processo primário e processo secundário corresponde à


oposição entre os dois modos de circulação da energia psíquica: energia livre e energia ligada, e
deve também ser posta em paralelo com a oposição entre princípio de prazer e princípio de
realidade, bem como obedece à divisão e às características dos sistemas inconsciente e pré-
consciente-consciente.

A Mente - Segundo Sigmund Freud:

Antes de tudo precisamos esclarecer que dois fundamentos se destacam, na teoria psicanalítica,
quando o assunto é o funcionamento da psique. São eles:

1. Os processos psíquicos são, em sua imensa maioria, inconscientes. A consciência não é


mais do que uma fracção de nossa vida psíquica total.

2. Tais processos psíquicos inconscientes são dominados por forças libidinais, ou seja, por
tendências sexuais.

Libido e Sexo:

Através dessa premissa, Sigmund Freud explicou a vida humana recorrendo as tendências
sexuais que as chamou de forças instintuais ou força libidinal, libido. Para Freud a libido é a
força que move o ser humano na obtenção de prazer, evitando assim o desprazer. Logo, a
psicanálise compreende as grandes manifestações da psique como um conflito entre as
tendências sexuais e as fórmulas morais e limitações sociais impostas pelo indivíduo.
Muitas vezes essas forças libidinais que buscam, quase sempre, a obtenção do prazer não podem
serem alcançadas porque há alguma concepção moral (não via de regra) que as impede e logo
será recalcado no inconsciente do indivíduo.

Exemplo: Um desejo libidinal do menino dirigido para a mãe, encontra um bloqueio moral de
ordem social. Esses conflitos dariam origem aos sonhos, que seriam, segundo a interpretação
freudiana, as expressões deformadas ou simbólicas de desejos reprimidos.

Id, Ego e Superego:

Lá em 1923, através do livro "O Ego e o Id", Freud expôs uma divisão da mente humana em três
partes, sendo elas: O Ego, que é o mecanismo de interacção com a realidade objectiva e que
busca satisfazer as necessidades do Id. Seria nossa consciência; O Superego, que se assemelha
com uma consciência moral; O Id, que é nossos impulsos, nossos desejos, nossas vontades.

Para concluir, vários conceitos desenvolvidos por Freud serviram a diversos ramos da psicologia
e possibilitaram o avanço dessa ciência que é muito mais do que um simples complemento da
psiquiatria, enquanto uma especialidade médica. Isto é, a psicologia não se limita a tratar de
distúrbios, mas a tentar explicar os processos psíquicos do ser humano. Finalmente, o tratamento
psicanalítico de diversos transtornos mentais continua a se revelar eficaz e a ajudar uma grande
quantidade de indivíduos a ficarem em paz consigo mesmo e com a vida. Como já se disse, a
psicanálise pode ser um coadjuvante no tratamento de algumas doenças.

Então, a Mente é nada mais que apenas um processo, uma engrenagem, que funciona e rege a
vida do indivíduo. Freud é muito claro ao falar que se existem o Id, Ego e o Superego é porque
só o existem porque melhor explicam os processos inconscientes para a obtenção de prazer.

Todos eles atuam juntos, são um único organismo psíquico que, quando dissecado, é possível
dividi-lo para um melhor compreendimento da dinâmica que é inerente a ele. Costumo fazer uma
crítica aos psicanalistas pós-Freud que generalizaram tudo para forças sexuais, mas a teoria
freudiana é muito mais que isso.

Freud diz que forças libidinais são as forças motrizes na obtenção do prazer que, conforme
saímos do período de latência, transferimos com certa intensidade para o sexo. Perceba, que o
sexo é uma ferramenta que conduz essas forças libidinais e não a origem da própria força.
Costumo comparar que quando um bebê é amamentado pela mãe ele obtém um prazer, que é a
redução de um desprazer (fome), e esse prazer é a primeira transferência libidinal do bebê para
com a mãe. Não necessariamente sexual.

Algo erógeno, em Freud, não necessariamente é tido como sexual, mas sim como algo por onde
se obtém prazer. Há uma linha tênue, mas que é importante saber dividi-la para que melhor possa
compreender o aparelho psíquico.

Processos Psíquicos segundo Petrovsky

São processos cognitivos que tem como característica mais saliente representar o sujeito, um
objecto ou fenómeno, em geral, exterior ao próprio sujeito. O seu conjunto constitui a vida
cognitiva ou intelectual. Os processos cognitivos possibilitam o Homem realizar a actividade
mental como a inteligência, capacidades, habilidades. O seu mau funcionamento compromete a
actividade mental e o sucesso na aprendizagem.1

Sensação

O designado ser Bio-Psico-Sócio-Cultural (Homem) possui vários órgãos dos sentidos de entre
os quais a visão, audição, o tacto, o olfacto, o sentido álgico entre outros. Estes órgãos o
permitem receber informações sobre o ambiente interno e externo, isto é, sobre o que nos rodeia
bem como sobre o estado geral do organismo.

Denomina-se por sensação ao processo psíquico mais simples que


consiste em reflectir diversas propriedades dos objectos e dos
fenómenos do mundo material, assim como estados internos do
organismo nas condições de influência directa de excitantes materiais
sobre os respectivos receptores. (PETROVSKI, 1989: 290).

Através dos órgãos sensoriais as propriedades dos objectos tais como a cor, luz, cheiros e estados
orgânicos (sensação de dor, fome,) são reflectidos no nosso cérebro. Estes órgãos permitem
receber, seleccionar, acumular a informação e transmiti-la para o órgão central (cérebro). Essa
transmissão é feita através de impulsos nervosos que são responsáveis pela regulação da
temperatura do corpo, do metabolismo, das glândulas de secreção. Como versam os autores, a
1
LOPES, dra. Maria Luisa; CHICOTE, dr. Mussa Abacar e HUÓ, dr. Sérgio S. Psicologia Geral. Módulo para Cursos de Bacharelato
Semi-Presencial. Ciências Pedagógicas. Pedagógica – Nampula 2007
sensação pode ser definida como sendo o processo pelo qual ocorre o reflexo das propriedades
isoladas dos objectos e dos fenómenos do meio intrínseco e extrínseco sobre o organismo
humano.

As propriedades tais como a cor, o tamanho a forma, são reflectidas no nosso


cérebro, isto quer dizer que podemos identificar a cor, a forma, o tamanho
objectivamente. Lembre-se que sensação e percepção são processos quase
similares, a diferença porém está no facto de que sensação reflecte as
propriedades particulares de um objecto, enquanto a percepção representa o
objecto como um todo. (ALÍPIO e VALE, s/d, p.71).

Uma sensação pode ocorrer quando as condições próprias estiverem criadas, isto é, na presença
de Estímulo (que é todo o agente susceptível de provocar resposta de um organismo). Excitação
(que corresponde a modificação momentânea a que se segue uma reacção de um organismo) até
a produção de uma sensação (dor, comichão).

Classificação das Sensações

No início do estudo das sensações referimos a diversos fenómenos que ocorrem no nosso
organismo. Referimos da dor da fome, da luz, cor. O organismo possui mecanismos sensoriais
especializados que captam cada um destes fenómenos. Dependendo da forma como os estímulos
são apresentados (se são internos ou externos) temos a seguinte classificação:2

Sensações Interoceptivas

As sensações interoceptivas são de extrema importância para o nosso organismo. Sentimos por
exemplo que estamos com fome, com sede, com dores nos órgãos internos, graças a este tipo de
sensações.

Sensações Exteroceptivas

Aquelas sensações cuja origem é provocada por um agente exterior ao organismo. Estas
sensações são as que estabelecem a ponte entre o indivíduo e o meio ambiente. Fazem parte
destas sensações a vista, o ouvido, o tacto interno, o gosto, o olfacto, o sentido térmico.

Sensações Proprioceptivas

2
ALÍPIO, Jaime da Costa e VALE, Manuel Magiricão. Psicologia Geral: Ensino à Distância. S/d. Maputo.
Destas sensações fazem parte os músculos, tendões, articulações, canais semicirculares do
ouvido interno que por sua vez excitam a actividade dos órgãos. Também fazem parte os
sentidos: motor, muscular, de equilíbrio e orientação. Graças a estas sensações o homem
consegue locomover-se.

Características da sensação3

Uma sensação é a forma mais simples de processo mental. É apenas uma impressão produzida no
cérebro por um estímulo. Esse estímulo é detectado por um órgão sensorial e, posteriormente,
transmitido a um centro sensorial no cérebro, onde é traduzido no que entendemos por sensação.

Sensação pura é algo que não ocorre em adultos, porque o cérebro interpreta imediatamente o
que está acontecendo. Dessa maneira, o estímulo recebido (que pode vir de fora e de dentro do
próprio corpo) imediatamente se torna uma percepção.

Sensações puras ocorrem apenas em bebés recém-nascidos, que ainda não conseguem interpretar
o significado dos estímulos. No entanto, na psicologia, falamos sobre sentimentos para entender
melhor o processo de interpretação que nos leva a ter percepções.

As sensações têm uma série de características que diferem uma da outra. A seguir, veremos o
mais importante.

Qualidade
A primeira característica fundamental das sensações é a sua qualidade. Tem a ver com o tipo de
estímulo que os produz; Por exemplo, um som produz uma sensação com uma qualidade
diferente de um sabor.

Por outro lado, dentro de estímulos do mesmo tipo, aqueles que produzem uma sensação
diferente também diferem em qualidade. Por exemplo, a cor vermelha tem uma qualidade
diferente da amarela e ambas têm uma cor diferente da cor azul. O mesmo vale para sons,
cheiros ou sabores.

3
https://maestrovirtuale.com/sensacao-psicologia-caracteristicas-limites-tipos/
Essa diferença de qualidade é explicada pela teoria de Muller sobre energia nervosa específica.
Segundo esse psicólogo da percepção, cada estímulo carrega consigo um tipo de energia que
estimula um órgão sensorial.

Por sua vez, isso transmite um tipo específico de energia ao cérebro através dos nervos sensoriais
(como o nervo óptico ou o nervo auditivo).

Intensidade
Outra das características que diferenciam as sensações é sua intensidade. Mesmo que um
estímulo tenha a mesma qualidade que outro, ele pode ter uma intensidade maior, portanto a
sensação que causará será mais forte.

Dependendo do tipo de significado a que estamos nos referindo, a intensidade será traduzida de
uma maneira ou de outra. Por exemplo, uma luz fraca produz uma leve sensação de
luminosidade; pelo contrário, uma luz intensa causará uma sensação luminosa muito forte.

Duração
A duração é o tempo durante o qual a sensação é mantida após ter sido produzida. Essa
característica altera a parte subjectiva de uma sensação; Por exemplo, um som que dura dois
segundos será diferente do que um que dura trinta.

Limiares de Sensação
Uma das características mais importantes das sensações é o seu limiar; isto é, a intensidade
mínima que um estímulo deve ter para produzir uma sensação em nós pelo menos 50% das
vezes.

Propriedades da sensação

Visto que todo o conhecimento tem por origem as sensações, antes de tudo trata-se de saber se
elas são verdadeiras, se elas podem reflectir as coisas materiais e as suas propriedades.

Apoiando-se nos Princípios Fundamentais do Materialismo Dialéctico, a gnoseologia marxista


responde pela afirmativa: todo a acto do conhecimento humano, principiando pelas sensações,
implica um conteúdo objectivamente verdadeiro. As sensações humanas, da mesma maneira que
as suas percepções e as suas representações, são reflexos, das imagens, das coisas e das suas
propriedades.

No meio do século XIX, o fisiologista alemão Müller, estudando a mecânica dos nossos órgãos
dos sentidos, mostrou que a sensação da luz, por exemplo, podia ser provocada não apenas pela
acção dos raios luminosos, mas também pela excitação do nervo óptico com a ajuda duma
corrente eléctrica, ou duma acção mecânica. Müller tirou a conclusão errada, que as nossas
sensações transmitiriam unicamente o estado dos órgãos dos sentidos correspondentes, e que não
revelariam nada sobre as coisas e as suas propriedades que existem fora de nos.

Importância da Sensação

Através da sensação, no processo educativo, tomamos conhecimento do mundo em redor (sons,


cores, cheiro, tamanho). São os primeiros elementos que nos põem em contacto com a realidade
e facilitam a apreensão do material. Os órgãos dos sentidos recebem, seleccionam e acumulam a
informação e, transmitem ao cérebro, surgindo o reflexo adequado do mundo circundante e ao
próprio organismo.4

Processos psíquicos segundo Skinner

Skinner defende a ideia de se estudar o comportamento do organismo como um todo. A esse respeito,
ele diz que: "O comportamento parece ter sido aceito pela primeira vez como um tema em seus
próprios termos quando foram estudados organismos pequenos demais e com comportamento simples
demais para sugerir processos iniciadores internos... A formulação de Loeb dos tropismos e sua ênfase
no 'movimento forçado' dispensavam as explicações internas. A coisa a ser estudada era o
comportamento do 'organismo como um todo'. E isto também poderia ser dito de organismos maiores"
(1989a, p. 61). E mais especificamente, Skinner afirma: "Eu queria estudar o comportamento de um
organismo separado de qualquer referência à vida mental, e isto era Watson, mas eu também queria
evitar referências ao sistema nervoso, e isto era Loeb" (1989b, p. 122).

4
LOPES, dra. Maria Luisa; CHICOTE, dr. Mussa Abacar e HUÓ, dr. Sérgio S. Psicologia Geral. Módulos Para Cursos de
Bacharelato Semi-Presencial. Ciências Pedagógicas. Pedagógica –Nampula 2007.
Isto significa que a rejeição de Skinner a referências internas ao organismo não se restringia apenas a
eventos mentais não-físicos mas também a fatores internos físicos, como o sistema nervoso. De Mach,
Skinner herdou sua posição quanto ao que deve ser a tarefa da investigação cientifica. Referindo-se à
descrição do comportamento, Skinner considera que:

"Como uma disciplina científica, ela deve descrever o evento não apenas para si mesmo
mas em sua relação com outros eventos; e... ela deve explicar ... podemos tomar agora a
visão mais humilde de explicação e causação que parece ter sido primeiro sugerida por
Mach e é agora uma característica comum do pensamento científico, na qual, em uma
palavra, explicação é reduzida a descrição e a noção de função substitui a de causação.
A descrição completa de um evento deve incluir uma descrição de sua relação funcional
com eventos antecedentes" (1961a, p. 337-338, grifo do autor).

Com isto, Skinner passa a rejeitar também hipóteses explicativas para o comportamento, o que parece
reforçar sua posição anterior, ou seja, de rejeitar explicações mentais ou neurológicas. Sua posição fica
clara quando ela é apresentada pela primeira vez no artigo The Concept of the Reflex in the Description
of Behavior, publicado em 1930, e que foi parte de sua Tese de Doutorado.

Skinner (1979) considera que este artigo era, em parte, um ataque a explicações mentalistas do
comportamento e também um ataque ao que ele considerou ser um mau uso da fisiologia já que
Sherrington nunca tinha visto uma sinapse. Para ele, as propriedades podiam ser definidas
operacionalmente com referência ao comportamento e ao meio sem mencionar o sistema nervoso. Seu
objetivo era traçar a relação do comportamento do organismo intacto com o meio.

Skinner usou, pela primeira vez os termos 'operante' e 'respondente' para diferenciar os dois tipos de
condicionamento, não considerando-se mais, a partir de então, um psicólogo S-R (Skinner, 1978b).
Surge, assim, o novo modelo de condicionamento operante, válido tanto para o comportamento
humano quanto para o animal, que não substitui o modelo respondente, mas passa a dar conta da
maior parte do comportamento da vida diária.

Nele, o comportamento deixa de ser 'determinado' ou eliciado pelo estímulo antecedente, e passa a ser
controlado por uma contingência de três termos, ou contingência de reforçamento, que envolve um
estímulo antecedente, a resposta e um estímulo conseqüente ou reforçador, que fortalece e mantém a
resposta. Com relação à posição behaviorista de Skinner, para ele: "O Behaviorismo, com um acento na
última silaba, não é o estudo do comportamento mas uma filosofia da ciência interessada no tema e
métodos da psicologia.

Se a psicologia é uma ciência da vida mental da mente, da experiência consciente então ela deve
desenvolver e defender uma metodologia especial, o que ainda não foi feito com sucesso. Se ela é, por
outro lado, uma ciência do comportamento dos organismos, humano ou não, então é parte da biologia,
uma ciência natural para a qual estão disponíveis métodos testados e altamente bem sucedidos"
(1969a, p. 221).

Skinner ficou com a segunda hipótese, como visto, e rejeitou o behaviorismo tradicional que ele chamou
de Behaviorismo Metodológico para diferenciá-lo de seu Behaviorismo Radical. As principais
divergências envolvem o mentalismo e a visão de linguagem operacionalista do Behaviorismo
Metodológico.

Segundo Skinner, o Behaviorismo Metodológico não nega a existência de eventos mentais não-físicos;
ele apenas os descarta de estudo por uma questão metodológica, isto é, por não poder haver uma
concordância entre os observadores, o que iria contra os princípios do Positivismo Lógico e do
Operacionalismo reinantes na época.

Processos psíquicos segundo Watson e Pavlov

O surgimento do comportamentalismo/Behaviorismo aconteceu nos Estados Unidos da América e


muitos autores apresentam John Broadus Watson (1878-1958) como o seu fundador, pois o mesmo
se dedicou a fundar uma nova escola de pensamento para a Psicologia. Schultz (2012) lembra que:

(...) não foi Watson quem deu origem a essas ideias básicas do movimento
behaviorista; elas já vinham sendo desenvolvidas há algum tempo, tanto
na psicologia como na biologia. Como qualquer outro fundador, Watson
organizou e promoveu as ideias e as questões já aceitáveis para o Zeitgeist
intelectual. Assim, são estes alguns dos principais conceitos reunidos pro
Watson para formar seu sistema de psicologia behaviorista: a tradição
filosófica objetivista e mecanicista; a psicologia animal; e a psicologia
funcional.(SCHULTZ, 2012, p. 230).

Outra influência importante para Watson foi a de Ivan Petrovitch Pavlov (1849-1936) , pois o seu
método auxiliou nos estudos de controle e modificação do comportamento por Watson.
Pavlov trabalhou com três questões centrais: a função dos nervos cardíacos, as glândulas digestivas
primárias e o estudo dos reflexos condicionados que lhe rendeu lugar de muito destaque na História
da Psicologia.
O reflexo condicionado ocorreu de uma descoberta acidental: em um trabalho com as
glândulas digestivas dos cães, Pavlov percebeu que os cachorros salivavam também antes de
receberam a comida, isto acontecia com o som dos passos dos homens que geralmente os
alimentavam. Esta reação de salivação se condicionou ao estímulo que antes era associado ao

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