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Aconselhamento Genético
Aconselhamento Genético
Introdução ......................................................................................................................... 4
Conclusão ....................................................................................................................... 26
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Aconselhamento Genético Historial
A orientação das famílias sobre doenças genéticas foi descrita no vocabulário conceitual
e político da época, daí o emprego de algumas expressões médicas hoje em desuso, como:
"consulta genética", "conselho genético" ou mesmo "higiene genética". Foi exatamente
no intuito de afastar a nova genética do perverso passado nazista que Reed propôs a
categoria "aconselhamento genético", pois "me pareceu uma descrição apropriada para o
processo que entendo como um tipo de trabalho social genético sem conotações
eugênicas". A partir da década de 1940, o novo conceito e a prática do aconselhamento
genético passaram a dominar o campo educativo e assistencial da genética nos Estados
Unidos. (Petean, E. B. L., & Pina-Neto, J. M. 1998).
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Em termos simples, aconselhamento genético trata-se de uma consulta médica cujo tema
são os genes individuais ou familiares. Cabe ao médico geneticista ou à equipe de
aconselhamento sob sua supervisão informar sobre o significado de determinados genes
para a saúde e o bem-estar das pessoas. Por isso, as sessões de aconselhamento genético
ocorrem em diferentes momentos do ciclo de vida de um indivíduo: ou para planejar a
reprodução, ou após o nascimento de um filho, ou para o diagnóstico de alterações
corporais e/ou cognitivas. Assim como não há uma fórmula sobre como deve ser uma boa
consulta médica, não existe uma receita para a sessão de aconselhamento genético.
O teste preditivo de DH pode gerar conforto, diante da certeza de que não se é portador;
ou sofrimento, diante da descoberta precoce de uma doença que se manifestará na idade
adulta e para a qual ainda não foi descoberta a cura. Algumas pesquisas sugerem que de
80 a 85% dos indivíduos com chances de ter a DH optam por não se submeter aos testes
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genéticos. Esse dado vem provocando intensas discussões no campo da ética do
aconselhamento genético, pois desafia a expectativa de que as pessoas desejariam
conhecer sua identidade genética.
Uma das questões centrais numa sessão de aconselhamento genético sobre a DH é "o que
fazer com a informação genética?". A resposta à pergunta repercute em diferentes esferas
da vida de uma pessoa: a quem cabe a informação genética? Como garantir a
confidencialidade e a privacidade dessa informação? O que fazer diante de um
diagnóstico de doença genética no feto? Como informar o plano de saúde? Qual o impacto
do diagnóstico nas relações afetivas e de trabalho? Ainda não há respostas satisfatórias
para grande parte dessas perguntas e, infelizmente, o médico geneticista ou sua equipe
também não são capazes de responder a elas antecipadamente.
Mas assumir o desafio ético do aconselhamento genético não significa ignorar que há
algumas formas melhores que outras para lidar com a entrada da genética na saúde
pública. O campo do aconselhamento genético tomou para si a tarefa de compreender os
desafios éticos da informação genética num contexto de avanço científico e de defesa dos
direitos humanos. Como parte dessa reflexão ética, alguns compromissos foram
assumidos como pano de fundo para a prática do aconselhamento genético. (Pina-Neto,
J. M. (2008), Irvin, N., Kennel, J.)
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consequências para o bebê e para a família, ajudando assim nas decisões a respeito do
futuro reprodutivo de um casal.
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revisar antigos desejos, expectativas, planos e sonhos para que novas prioridades sejam
estabelecidas (Colmago, & Biasoli-Alves, 2003).
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Objetivos do Aconselhamento Genético
Nesse sentido, o aconselhamento genético tem várias aplicações. Ele pode ser feito
por pessoas que têm algum familiar portador de doença genética e querem saber o risco
de também desenvolver a patologia. Da mesma forma, ele pode ajudar no planeamento
de uma gravidez ou no pré-natal. (Borges-Osório, M. R., & Robinson, W. M. 2001).
Conhecer o histórico médico familiar e pessoal com foco nas doenças genéticas;
Prevenção Primária
Quando há doença genética na família, o serviço de saúde deve ser capaz de localizar, a
partir de um indivíduo afetado, familiares com risco de ter filhos afetados. Essa situação
ocorre sempre que existem fatores hereditários que segregam francamente as famílias.
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Herança mendeliana e rearranjos cromossômicos são os mais comuns. Assim, devem ser
sempre considerados genes autossómicos recessivos e ligados ao X, uma vez que, a partir
do primeiro indivíduo afetado na família, podem surgir indivíduos saudáveis com risco
reprodutivo alto. Isso ocorre, por exemplo, nos seguintes casos:
Herança autossómica recessiva para outros filhos de um casal que tenha tido um
filho afetado;
Parentes com alto risco de ser heterozigotos, se houver casamento consanguíneo,
frequente nas doenças genéticas, como anemia falciforme, fenilcetonúria e outras
doenças metabólicas, fibrose cística;
Herança recessiva ligada ao X para irmãos do sexo masculino de afetados e para
primos do sexo masculino com elo de ligação pelas mães, como ocorre na distrofia
muscular de Duchenne e na hemofilia.
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Casais que não conseguem engravidar (casos de esterilidade / infertilidade);
Mulheres com perdas reprodutivas de repetição, principalmente abortos de
repetição, mas também natimortos de causa não definida;
Recém - nascidos com defeitos congênitos;
Crianças com variadas deficiências do desenvolvimento, físicas, intelectuais e
sensoriais;
Crianças que tiveram morte súbita sem definição de causa;
Crianças com deficiência na aprendizagem escolar;
Adolescentes e jovens adultos com sintomas de doenças neurológicas
degenerativas;
Adultos com sintomas de doenças neurodegenerativas e / ou demência precoce;
História familiar de câncer do mesmo tipo ou de tipos variados.
Todas essas situações clínicas devem, idealmente, ser investigadas por todos os casais
que desejam procriar. A existência de um desses antecedentes na família é a principal
pista para se tentar definir um risco genético elevado e, então, discutir com as pessoas
envolvidas a melhor estratégia para evitar o nascimento de uma nova pessoa com a doença
genética em questão, ou seja, realizar prevenção primária. (Borges-Osório, M. R., &
Robinson, W. M. 2001).
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Vale mencionar que é desprovido de sentido médico o oferecimento de exames que
mapeiam centenas de polimorfismos possivelmente associados a determinadas doenças.
Esse mapeamento provavelmente deixará a pessoa muito mais confusa do que orientada
para tomar decisões em relação à saúde e à descendência. Os casos devem ser avaliados
dentro de determinada família e determinada etnia. Apenas para informação, uma análise
superficial de duas supostas situações que talvez necessitariam de exames de
polimorfismo, embora os riscos não se justifiquem:
Prevenção Secundária
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A prevenção secundária também é praticada nas inúmeras síndromes genéticas
diagnosticadas precocemente e cujo acompanhamento dos pacientes por meio de
protocolos especiais consegue antecipar - se ao desenvolvimento de sintomas tardios.
Esse aspeto é muito importante e remete ao princípio de que a identificação de um
indivíduo com uma doença genética está longe de significar a impossibilidade de instituir
um trata mento. (Borges-Osório, M. R., & Robinson, W. M. 2001).
Assim, todo paciente com uma doença genética declarada deve ser submetido a
acompanhamento por quantos profissionais forem necessários, que conheçam aquela
condição patológica em questão ou, pelo menos, que tenham interesse em conhecer o
quadro clínico correspondente. A literatura é cada vez mais rica em estudos longitudinais
de amostras de pacientes com as mais variadas doenças genéticas.
Prevenção Terciária
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Os avanços revolucionários nas áreas de biotecnologia, medicina regenerativa, robótica
aplicada aos movimentos corporais e comunicação alternativa certamente estão abrindo
inúmeras novas oportunidades para a habilitação e a reabilitação de pacientes
diagnosticados mais tardiamente.
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Orientação pré-natal para casais ou gestantes com risco de ocorrência ou
recorrência de doenças genéticas em seus descendentes.
No caso de afeções em que existe a influência de fatores genéticos, mas cujos mecanismos
de herança não são conhecidos, a informação sobre riscos de recorrência é baseada em
estimativas empíricas (riscos estimados pela observação direta de famílias com a mesma
doença).
O principal ponto é mostrar ao paciente como será sua vida a partir desse momento, pois
uma doença genética gera riscos e limitações psicológicas e até mesmo econômicas.
Outro ponto bastante difícil diz respeito ao diagnóstico de doenças no bebê ainda durante
a gestação. Em alguns casos, o diagnóstico pode ser muito doloroso e traumático. Afinal,
muitas vezes, o melhor é interromper a gestação, decisão extremamente difícil. Por isso,
a melhor opção é realizar um aconselhamento antes mesmo de uma gestação.
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Tipos De Exame Que Podem Auxiliar No Diagnóstico E No Aconselhamento
Genético
Exame De Cariótipo
O exame de cariótipo é muito solicitado para pacientes que têm interesse em realizar
tratamento de fertilização in vitro. Ele serve para indicar se há alterações na estrutura ou
na contagem de cromossomos no DNA do casal, sendo um bom indicativo da necessidade
de realizar o exame PGT nos embriões. Porém, o exame não identifica alterações menores
na estrutura do DNA.
Este tipo de exame genético identifica a presença de um gene ou mais genes associados
a doenças que podem ou não se manifestarem no futuro. É o caso dos estudos de mutações
genéticas ligadas ao câncer, detetado através dos genes BRCA1/2. Além disso, é possível
fazer uma análise mais completa que inclui 21 genes ligados ao risco de desenvolver o
câncer hereditário de mama e ovários.
Porém, quando não se sabe qual a doença, realizam-se exames mais complexos como o
Exoma. Este teste faz o sequenciamento das regiões codificantes dos genes, identificando
inclusive doenças genéticas desconhecidas.
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Exames Que Estimam Os Riscos De Transmitir Doenças Genéticas
Hereditárias
São testes para identificar mutações genéticas que podem causar uma doença nos
descendentes. Isso pode acontecer mesmo quando os pais não manifestaram a doença,
mas apareceu em outro membro da família.
Nesses casos, é preciso que o casal faça o painel de portadores, pois o risco pode ser mais
baixo ou mais elevado, dependendo se os dois membros da família carregam o gene ou
não.
O PGT exame (teste genético pré-implantacional) é um dos exames utilizado para rastrear
possíveis anomalias genéticas do embrião antes da sua transferência ao útero materno.
Dessa forma, é possível prevenir que alguma doença hereditária ou cromossômica ainda
sem cura afete as futuras gerações.
Por esta razão, a medicina reprodutiva tem recorrido ao exame PGT nos tratamentos de
Fertilização In Vitro (FIV), a fim de garantir maiores taxas de sucesso de gravidez com
bebês livres de alterações genéticas. Nesse sentido, é realizado a partir de biópsia
embrionária com o objetivo de evitar síndromes, doenças monogênicas e abortos de
repetição e, assim, melhorar os resultados dos tratamentos de reprodução humana.
Centenas de doenças hereditárias e cromossômicas podem ser detetadas com o pgt exame.
Como:
Talassemia;
Anemia falciforme;
Retinoblastoma;
Câncer de mama hereditário;
Atrofia muscular espinhal;
Distrofia miotônica (Steinert);
Fibrose cística;
Hemofilia A e B;
Doenças de Huntington;
Síndrome do X Frágil;
Síndrome de Down;
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Distrofia muscular Duchenne (masculino);
Neoplasia endócrina múltipla do tipo 2ª;
Distrofia muscular de Becker;
Doença renal policística.
Já no pré-natal, existem exames que podem confirmar se o bebê foi afetado por doenças
provocadas por anomalias cromossômicas, como por exemplo a Síndrome de Down.
Casais consanguíneos;
Mulheres acima de 35 anos que desejam engravidar, pois a chance de gerar filhos
com um número irregular de cromossomos é maior a partir dessa faixa etária;
Pessoas com histórico familiar de doenças genéticas;
Mulheres com perda gestacional habitual ou de aborto de repetição;
Avaliação de Infertilidade;
Quando o paciente ou familiar é diagnosticado com alguma condição genética;
Grávidas ou casal considerando gestação com risco de transmitir uma condição
genética;
Recém-nascido com resultados atípicos nos exames de triagem neonatal;
Pessoas com familiares próximos que desenvolveram câncer;
Pessoas com familiares próximos que desenvolveram transtornos mentais;
Avaliação de crianças com atraso no desenvolvimento neuropsicomotor e
malformações;
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Indivíduos com histórico pessoal ou familiar de problema cardíaco com etiologia
genética;
Avaliação de risco para Síndromes de Predisposição a Câncer Hereditário;
Avaliação de suspeita de síndrome genética;
Casais que já tiverem filhos com anomalias cromossômicas ou outros tipos de
doenças genéticas;
Pessoas que já foram expostas a agentes mutagénicos, como radiações, vírus,
produtos químicos.
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Atenção:
Atenção:
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Recomendar que o uso de álcool e outras drogas seja evitado, bem como
medicamentos que não são imprescindíveis (utilizar somente medicamentos com
orientação e prescrição médica).
Outro ponto importante é lembrar que o diagnóstico precoce de algumas doenças impacta
diretamente nas possibilidades de tratamento. Dessa forma, o aconselhamento serve, em
muitos casos, como alerta para questões de saúde que podem ser evitadas ou melhoradas.
Por outro lado, alguns diagnósticos são muito dolorosos e traumáticos. Nesse sentido,
várias enfermidades ainda não têm cura, e não há muito o que se possa fazer.
Suporte Psicológico
A psicologia da saúde tem como um de seus objetos de estudo a influência dos fatores
psicológicos ou emocionais na evolução das doenças orgânicas. Nesse sentido, produziu
grande quantidade e diversidade de conhecimento, pois o atendimento psicológico (ou
em saúde mental) promove melhor qualidade de vida ao intervir nas relações familiares
e nas estratégias de enfrentamento da doença, o que auxilia na adesão ao tratamento e
aumenta a crítica / noção de doença do paciente, favorecendo a evolução de seu caso.
As doenças genéticas, por seu caráter hereditário e crônico com pouca perspetiva de cura,
envolvem relações familiares e inúmeras relações interpessoais; entre elas, a relação entre
o geneticista e a família afetada. Assim, a comunicação e o manejo de informações de
forma adequada são questões centrais na prática do aconselhamento genético,
especialmente para a criação de estratégias de intervenções eficazes. O diagnóstico
genético promove impacto significativo nas estratégias de enfrenta mento da doença,
manejo do estresse e tomada de decisões do indivíduo e de sua família. (Garicochea, B.,
& Barros, M. C. M. 2008).
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Além disso, a complexidade dos quadros clínicos, sua natureza crônica e as terapêuticas
pouco promissoras atuam como fatores que dificultam a adaptação e a assimilação do
indivíduo à doença. Os atendimentos familiares, os grupos terapêuticos e a psicoterapia
breve orientada ao foco são recursos úteis para atender a demanda do aconselhamento
genético. A especificidade desse tipo de intervenção requer profissionais especializados
em saúde mental, como psiquiatras, psicólogos, terapeutas ocupacionais e assistentes
sociais. Nas demandas psicológicas do aconselhamento genético, deve - se destacar a
importância da relação médico - paciente e entre os membros da equipe de saúde. Estudos
mostram que as reações emocionais de negação, revolta ou indiferença, assim como a 2
comoção ou a paixão exacerbada do médico, podem influenciar as estratégias de
comunicação, atuando como outro fator complicador do aconselhamento genético. Para
a psicologia, a equipe de saúde pode constituir uma demanda de atendimento psicológico
específico, com os seguintes objetivos:
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Modelo De Intervenção
A psicoterapia breve pode ser realizada logo em seguida de uma consulta médica ou ser
agendada pelo profissional de saúde mental. Essa intervenção identifica e responde às
demandas singulares do aconselhamento genético, isto é, o impacto diagnóstico e o
contexto de crise. A psicoterapia breve possibilita um seguimento de apoio psicológico
aos casos atendidos, mas limita - se a orientar o paciente nas questões relacionadas ao
foco de intervenção psicológica.
Destinado aos pacientes atendidos no serviço, sem demandas específicas, mas que
estejam interessados ou necessitem de atendimento psicológico. Esse grupo responde à
demanda do contexto de crise, ou seja, em que existe uma urgência psicológica causada
pelo processo do aconselhamento genético e das consequências aversivas da presença da
doença.
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Princípios Éticos Básico Sobre Aconselhamento Genético (AG)
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Conclusão
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Referências Bibliográficas
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