Você está na página 1de 44

CAPÍTULO IX

GEOLOGIA E METALOGENIA DO DEPÓSITO DE


COBRE DO GRABEN DO COLORADO, FOSSA
TECTÔNICA DE RONDÔNIA, BRASIL

MARCEL AUGUSTE DARDENNE


CARLOS JOSÉ SOUZA DE ALVARENGA
CLAUDINEI GOUVEIA DE OLIVEIRA
SARA LAIS RAHAL LENHARO
SUMÁRIO

CAPÍTULO IX
GEOLOGIA E METALOGENIA DO DEPÓSITO DE COBRE DO GRABEN DO
COLORADO, FOSSA TECTÔNICA DE RONDÔNIA, BRASIL

RESUMO .................................................................................................................................................................................... 557


ABSTRACT ............................................................................................................................................................................... 557

I. INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 557

II. ARCABOUÇO GEOLÓGICO REGIONAL ................................................................................. 557

III. BACIA DOS PARECIS .................................................................................................................. 558


Geologia .......................................................................................................................................................... 558
Geofísica ......................................................................................................................................................... 559
Furos de sondagem ........................................................................................................................................ 559

IV. GEOLOGIA DA FOSSA TECTÔNICA DE RONDÔNIA ........................................................... 560


Geologia do Alto Estrutural do Rio Branco do Guaporé ................................................................................ 560
Os Grabens Pimenta Bueno e Colorado ........................................................................................................ 561

V. LITOESTRATIGRAFIA DO PALEOZÓICO ............................................................................... 563


Litoestratigrafia do Graben Colorado ............................................................................................................. 563
Litoestratigrafia do Graben Pimenta Bueno ................................................................................................... 569
Litoestratigrafia do Furo PB – 01 da CPRM ................................................................................................ 572

VI. PALEOGEOAGRAFIA E SISTEMAS DEPOSICIONAIS ............................................................ 576


Fase Rifte ....................................................................................................................................................... 576
Fase de Quiesciência ..................................................................................................................................... 576
Fase SAG ou de Subsidência Térmica ........................................................................................................... 576

VII. GEOQUÍMICA ISOTÓPICA DOS CARBONATOS E DOS SULFATOS .................................. 577


Composição isotópica dos carbonatos: δ13C /δ18O ......................................................................................... 577
Composição isotópica 87Sr/86Sr dos carbonatos e dos sulfatos ...................................................................... 578
Composição isotópica dos sulfatos: δ34S/δ18O ................................................................................................ 578

VIII. O ALVO COBRE-RONDÔNIA ..................................................................................................... 579


Controles litológicos e estruturais ................................................................................................................... 579
Tipologia das ocorrências cupríferas .............................................................................................................. 581
Petrologia e Mineragrafia das mineralizações ............................................................................................... 583
Análises químicas das rochas sedimentares encaixantes, da mineralização disseminada e do
minério maciço ............................................................................................................................................... 585
Microssonda Eletrônica .................................................................................................................................. 586
Avaliação Global dos resultados dos carbonatos ........................................................................................... 589
Microscopia eletrônica de varredura ............................................................................................................. 590
Análises isotópicas 87Sr/86Sr dos carbonatos e sulfatos da mineralização ..................................................... 591
Análises isotópicas C/O dos carbonatos mineralizados ................................................................................. 591
Análises isotópicas Pb-Pb do minério ............................................................................................................ 593

IX. MODELO DE DEPÓSITO MINERAL ........................................................................................ 593

X. DISCUSSÃO SOBRE MINERALIZAÇÃO CUPRÍFERA .......................................................... 594

XI. CONCLUSÃO ................................................................................................................................. 595

AGRADECIMENTOS ............................................................................................................................. 595

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................................... 596


Caracterização de Depósitos Minerais em Distritos Mineiros da Amazônia

GEOLOGIA E METALOGENIA DO DEPÓSITO DE COBRE DO GRABEN DO


COLORADO, FOSSA TECTÔNICA DE RONDÔNIA, BRASIL

MARCEL AUGUSTE DARDENNE1, CARLOS JOSÉ SOUZA DE ALVARENGA1, CLAUDINEI


GOUVEIA DE OLIVEIRA1, SARA LAIS RAHAL LENHARO2
1
Universidade de Brasília – UnB. marceldardenne@yahoo.fr, alva1@unb.br, gouveia@unb.br.
2
Instituto Nacional de Criminalística, Diretoria Técnica-Científica, Departamento de Polícia Federal, Brasília, DF.

ABSTRACT
RESUMO
The copper deposit of Rondônia, localized near the northern
O depósito de Cobre de Rondônia, localizado na borda norte do border of the Colorado Graben, is part of the “Fossa Tectônica de
Graben Colorado, integra a Fossa Tectônica de Rondônia, na Rondônia” at the western end of the Parecis Basin. It is intimately
extremidade oeste da Bacia dos Parecis. Encontra-se intimamente associated to carbonatic sequence interlayered between alluvial fans
associado à seqüência carbonática intercalada entre os leques aluviais of lower conglomeratic sequence and siliciclastic sediments of upper
da seqüência conglomerática inferior e os sedimentos siliciclásticos da glacio-marine sequence. All these sequences are related to the
seqüência glacio-marinha, os quais são relacionados ao development of the Pimenta Bueno Rift during Permo-Carboniferous
desenvolvimento do Rifte Pimenta Bueno durante o Permo- time. Strata-bound chalcocite mineralization occurs along dissolution
Carbonífero. A mineralização strata-bound de calcocita ocorre ao longo zone following laminations and fractures of white dolostones, which
da zona de dissolução, desenvolvida preferencialmente ao longo das are situated at the base of the pink dolomitic limestones of the
laminações e fraturas dos dolomitos brancos, que se situam na base carbonatic sequence. The paragenetic sequence is composed
dos calcários dolomíticos rosados da seqüência carbonática. A successively in direction to the center by rhomboedric zoned pink
paragênese é composta sucessivamente em direção ao centro por dolomite, chalcocite, baryte and spatic calcite. Surrounding white
dolomita zonada romboédrica, calcocita, barita e calcita espática. Os dolomites show weak Mn, Sr and Ba enrichment, while massive
dolomitos brancos encaixantes apresentam ligeiro enriquecimento nos chalcocite displays small Pb, Ag, Hg and Se anomalies. The superficial
elementos Mn, Sr e Ba, enquanto a calcocita maciça apresenta weathering is characterized by formation of malachite, which cements
pequenas anomalias de Pb, Ag, Hg e Se. A alteração superficial é lithic comglomerates of lower clastic sequence. Stable and radiogenic
caracterizada pela formação de malaquita, a qual pode impregnar os isotope studies suggest migration of the mineralized fluids from the
conglomerados líticos da seqüência clástica inferior. Estudos de deeper part of the basin in direction to the paleogeographic highs at
isótopos estáveis e radiogênicos sugerem migração de fluídos the basin border.
mineralizantes a partir das zonas profundas em direção aos altos
paleogeográficos da borda da bacia.

I. INTRODUÇÃO Companhia de Mineração Santa Elina (SE), a Compa-


nhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) e o De-
O presente trabalho, enfocando as ocorrências de co- partamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) no
bre descobertas no ano de 2000 por garimpeiros na borda Estado de Rondônia.
norte do Graben Colorado, a proximidade de Alta Flores-
ta do Oeste, e em seguida pesquisadas pela Companhia II. ARCABOUÇO GEOLÓGICO REGIONAL
de Mineração Santa Elina, foi desenvolvido no quadro do
projeto de Caracterização de Depósitos Minerais de Dis- O Alvo Cobre-Rondônia está localizado na Bacia dos
tritos Mineiros da Amazônia, apresentado a FINEP Parecis, a qual integra a região norte do Brasil conhecida
(Financiadora de Empreendimentos e Projetos) pela como Cráton Amazônico, uma das áreas estáveis mais
ADIMB (Agência para o Desenvolvimento da Industria antigas do Brasil.
Mineral Brasileira), juntamente com o DNPM (Departa- Durante o Fanerozóico vários episódios de sedimen-
mento Nacional de Produção Mineral) e diversas Empre- tação caracterizam a evolução da Plataforma Sul-Ame-
sas de Mineração. ricana. O Paleozóico foi marcado pela individualização
O objetivo do Projeto foi melhorar o conhecimento ci- das extensas sinéclises intracratônicas (Figura 1) repre-
entífico sobre ocorrências incomuns de cobre no contex- sentadas pelas bacias Solimões, Amazonas, Parecis,
to geológico brasileiro. Com a sua aprovação e financia- Parnaíba e Paraná, nas quais a sedimentação se iniciou no
mento pela FINEP, foi constituída uma equipe de profes- Ordoviciano-Siluriano e se encerrou no final do Permiano
sores do Instituto de Geociências (IG) da Universidade (Milani & Zalán, 1999). No Mesozóico ocorreu o preen-
de Brasília (UnB) que desenvolveram trabalhos de pes- chimento final das bacias Solimões, Amazonas, Parecis,
quisa no campo e no laboratório em colaboração com a Parnaíba e Paraná, e tiveram lugar os processos de

557
Geologia e Metalogenia do Depósito de Cobre do Graben do Colorado, Fossa Tectônica de Rondônia, Brasil

rifteamento que presidiram à abertura do Atlântico Norte km2 distribuída pelos estados de Rondônia e Mato Gros-
no Triássico-Jurássico, e a do Atlântico Sul no Cretáceo, so (Figura 1). Os principais elementos da Bacia dos
conduzindo à formação das bacias da margem continental Parecis foram reconhecidos por meio de mapeamentos
brasileira, bem como à formação das bacias interiores geológicos, de levantamentos geofísicos e de furos de son-
cretáceas isoladas na região Nordeste do Brasil. O dagem.
Cenozóico é caracterizado pela alteração laterítica que
atuou na Plataforma Sul-Americana desde o início do Geologia
Terciário, pela sedimentação marinha que ocorreu nas ba-
cias marginais brasileiras, e pela sedimentação continental A Bacia dos Parecis (Figura 2) é dividida de W para
originada pela atividade dos rios. E em três sub-bacias, denominadas Fossa Tectônica
de Rondônia, Chapada dos Parecis ou Juruena e De-
III. A BACIA DOS PARECIS pressão do Alto Xingu, separadas pelos altos paleoge-
ográficos identificados como Arco de Vilhena e Arco
A Bacia dos Parecis (Siqueira, 1989) constitui-se em de Serra Formosa (Siqueira, 1989 ). Sua evolução ini-
uma estrutura alongada na direção W-E com dimensão ciou-se provavelmente no Siluriano com a deposição
maior de 1.250 km ocupando área aproximada de 500 mil dos sedimentos continentais da Formação Cacoal. Con-

Figura 1 – Distribuição das Bacias Paleozóicas no Brasil, sem as coberturas mais jovens (segundo Teixeira, 2001).

558
Caracterização de Depósitos Minerais em Distritos Mineiros da Amazônia

tinuou com a sedimentação glacio-marinha da Forma-


ção Pimenta Bueno, provavelmente no Carbonífero,
sucedida, ainda no Paleozóico, pela sedimentação con-
tinental da Formação da Fazenda da Casa Branca, re-
lacionada ao Permiano. Localmente depósitos eólicos
da Formação Botucatu, considerados como Juro-Tri-
ássico, ocorrem sotopostos aos sedimentos continen-
tais eólicos e fluviais da Formação Parecis pertencen-
te ao Cretáceo. Finalmente, sedimentos terciários, não
consolidados, completam a coluna estratigráfica da
bacia (Figura 3). Sills de diabásio e gabros da Forma-
ção Anari e derrames de basaltos da Formação Tapi-
rapuã são tentativamente correlacionados à Formação
Serra Geral da Bacia do Paraná. Na borda da Depres- Figura 2 – Arcabouço geológico e anomalias gravimétricas
são do Alto Xingu, especificamente na Serra do Ron- da Bacia dos Parecis (segundo Teixeira, 2001).
cador (Costa et al, 1975), sedimentos paleozóicos re-
lacionados às Formações Furnas e Ponta Grossa fo-
ram identificados e mapeados.

Geofísica

Os levantamentos geofísicos foram fundamentais para


estabelecer os traços essenciais da Bacia dos Parecis
(Siqueira, 1989):

Aeromagnetometria

As principais direções de falhas e fraturas do


embasamento, fora e dentro da área de sedimentação
fanerozóica, são bem representadas por lineamentos mag-
néticos, visíveis nos mapas aeromagnetométricos
(GEOFOTO, 1982 a, b). Destacam-se as falhas dos bor-
dos dos grabens Pimenta Bueno e Colorado que integram
a Fossa Tectônica de Rondônia e que, para leste, perdem
sua expressão em superfície por estarem capeadas por
unidades mais recentes.

Gravimetria (Figura 2)

As anomalias de Bouguer (Siqueira, 1989), entre –40


e –80 mgal, evidenciam a presença de espessa sedimen-
tação no Baixo Gravimétrico dos Parecis (até 6.000 m) e Figura 3 – Carta estratigráfica da Bacia dos Parecis (segundo
na Depressão do Alto Xingu (até 3.000 m). Registram a Teixeira, 2001).
existência de dois períodos de subsidência desenvolvidos
no Paleozóico (Siluriano a Permiano) e no Terciário. In-
dicam ainda a existência de horsts e grabens em denciam a existência de riftes precursores (Figura 4) e
subsuperfície sob os sedimentos paleozóicos como na permitem esboçar correlações com as bacias do Paraná,
Fossa Tectônica de Rondônia. Parnaíba, Amazonas e Solimões.

Sísmica Furos de sondagem

Os levantamentos realizados pela Petrobrás (Teixeira, Existem poucos furos de sondagem na Bacia dos
2001) mostram a geometria da Bacia dos Parecis, evi- Parecis. Diversos furos rasos foram executados pelas

559
Geologia e Metalogenia do Depósito de Cobre do Graben do Colorado, Fossa Tectônica de Rondônia, Brasil

Figura 4 – Seção geológica da Bacia dos Parecis (segundo Teixeira, 2001).

companhias de mineração Santa Elina (Furos F.01 a 09 IV. GEOLOGIA DA FOSSA TECTÔNICA DE
e R.01 a 05) e Phelps Dodge (Furo AALD-001) na RONDÔNIA
borda norte do Graben Colorado. Furo de profundida-
de intermediária foi realizado pela CPRM (Furo PB- A Fossa Tectônica de Rondônia (Figura 5) é constitu-
01, com 950 m) na porção leste da Fossa Tectônica de ída pelo conjunto dos grabens Pimenta Bueno e Colorado,
Rondônia. Furos profundos foram efetuados pela separados na porção central pelo Alto Estrutural do Rio
Petrobrás (Furos 2-FI-1-MT na Fazenda Itamarati com Branco do Guaporé onde ocorrem a Suíte Básica-
2.377m e 2-SIM-1-MT no Salto Magessi com 5.777 Ultrabásica Cacoal, a Seqüência Nova Brasilândia e a
m) no quadro do reconhecimento da bacia para avalia- Suíte Granítica Rio Pardo.
ção do potencial petrolífero. As correlações entre es-
ses furos são extremamente difíceis e objetos de con- Geologia do Alto Estrutural do Rio Branco do
trovérsias em função da ausência de fósseis e de Guaporé
datações duvidosas.
O furo da CPRM (PB-001) interessa provavelmente Nesta área predominam rochas da Seqüência Nova
às Formações Cacoal e Pimenta Bueno. Brasilândia que representa provável seqüência vulcano-
Os furos da Petrobrás (2-FI-1-MT e 2-SIM-1-MT) sedimentar constituída de rochas supra-crustais de baixo
interessam à porção mais profunda da bacia, onde as di- e médio grau metamórfico tais como paragnaisses,
versas formações apresentam grandes espessuras e onde anfibolitos, rochas calcissilicáticas, quartzitos, formações
a litoestratigrafia é mais completa. Entretanto, datações ferríferas bandadas, filitos e raros meta-tufos. O
problemáticas em 1.163 ± 21 Ma por K-Ar e Ar-Ar dos metamorfismo dessa seqüência foi datado em 1.177 ± 33
sills de gabros intercalados nos sedimentos conduziram a Ma por Rb-Sr e em 1.090 Ma por U-Pb sobre zircão.
interpretações controversas sobre a presença ou não de A Suíte Básica-Ultrabásica Cacoal é representada
sedimentos paleozóicos nas profundidades atingidas pe- pelos complexos máfico-ultramáficos de Cacoal, Limão
las perfurações. e Alta Floresta do Oeste, datados por Rb/Sr em ca. 1.000

560
Caracterização de Depósitos Minerais em Distritos Mineiros da Amazônia

Figura 5 – Geologia da Fossa Tectônica de Rondônia (Mapa Geológico do Estado de Rondônia, Scandolara, 1999, 1:1.000.000,
CPRM/MME, modificado).

Ma (Pinto Filho et al. 1977). Os complexos possuem for- e Colorado e preenchidos por sedimentos paleozóicos e
ma elipsoidal alongada segundo a direção NW e são re- mesozóicos pertencentes aos grupos Primavera e Vilhena
presentados por peridotitos, olivina gabros, troctolitos, respectivamente, além de sedimentos não consolidados e
noritos e gabros com estrutura acamadada. lateritas relacionados ao Cenozóico.
A Suíte Granítica Rio Pardo é composta por corpos
graníticos sin a tardi-cinemáticos de composição sub-al- Grupo Primavera
calina a alcalina, com granulação fina a grossa, apresen-
tando plagioclásio, quartzo, biotita e hornblenda como Os sedimentos paleozóicos do Grupo Primavera são
minerais essenciais, além de titanita, apatita, alanita, zircão agrupados nas formações Cacoal, Pimenta Bueno e Fa-
e raramente granada como acessórios. A suíte foi datada zenda da Casa Branca.
por Rb/Sr em 1016 ± 30 Ma e 982 ± 31 Ma (Scandolara,
1999). Fm Cacoal (Siqueira, 1989)

Os Grabens Pimenta Bueno e Colorado É constituída por conglomerados, arenitos feldspáticos


a arcoseanos, siltitos, folhelhos, margas e calcários
A Fossa Tectônica de Rondônia (Siqueira, 1989) se dolomíticos. No topo da formação são assinalados argilitos
caracteriza pela presença de dois grabens de direção ge- dolomíticos contendo nódulos silicosos e de gipsita (Pinto
ral W-NW convergentes entre si para E, separados por Filho et al. 1977; Soeiro et al. 1981). O ambiente
um alto do embasamento denominado Alto Estrutural do deposicional é interpretado como sistema de leques
Rio Branco do Guaporé (Soeiro et al. 1982). Os grabens aluviais sedimentados sob condições de clima árido che-
são limitados pelos lineamentos Presidente Hermes, Itapoã gando a sistema lacustre (Bahia et al. 1996). A formação

561
Geologia e Metalogenia do Depósito de Cobre do Graben do Colorado, Fossa Tectônica de Rondônia, Brasil

é geralmente relacionada ao Siluriano. Entretanto, os ções até gabróicas. Petrograficamente, possuem textura
afloramentos de arenitos maciços, de cor amarronzada, sub-ofítica, com plagioclásio ripiforme e piroxênio anédrico
descritos nas vizinhanças da cidade de Cacoal como per- (augita).
tencentes a essa formação, parecem apresentar as prin- Clorofeíta, bowlingita e clorita são os produtos de al-
cipais características da seqüência siliciclástica da For- teração mais freqüentes dos minerais máficos.Minerais
mação Pimenta Bueno. opacos são comuns e o vidro vulcânico possui coloração
verde. Análises químicas dos basaltos sugerem composi-
Formação Pimenta Bueno (Leal et al. 1978) ção toleítica com teores de sílica entre 49,5 e 50,7%, TiO2
em torno de 1,3% e P2O5 entre 0,14 e 0,17%. Os elemen-
É composta essencialmente por diamictitos, arenitos, tos terras raras (ETR) mostram padrão de enriquecimen-
folhelhos e siltitos, sobrepondo-se à Formação Cacoal ou to de ETR leves sobre os pesados, com comportamento
ao embasamento. Os folhelhos são de coloração mar- semelhante aos da Bacia do Paraná. Segundo Pinho et
rom, micáceos e intercalados com siltitos e arenitos al. (2004), as análises isotópicas dos basaltos mostram
feldspáticos a arcoseanos, podendo conter localmente sei- razão inicial 87Sr/85Sr entre 0,703 e 0,707, parâmetro ∈−
xos pingados. Segundo Bahia e Pedreira (1996) e Pedrei- Nd variando entre –1,73 e +1,77 e idades –modelo TDM
ra (1998) o ambiente deposicional é interpretado como entre 1181 e 1400 Ma. Análises 40Ar/39Ar (Pinho et al.
glacio-marinho. Cruz (1980) identificou a presença de 2004) em plagioclásio dos basaltos da Formação Tapirapuã
acritarcas do gênero Sphaedium. A formação é relacio- forneceram uma idade-plateau de 206±6 Ma, posicionando
nada ao Carbonífero. o evento vulcânico no limite Triássico-Jurássico.

Formação Fazenda da Casa Branca (Leal et al. 1978) Formação Botucatu

É representada por conglomerados, grauvacas, arenitos Definida no estado de São Paulo, essa formação foi
feldspáticos a arcoseanos, argilitos e folhelhos, sobrepon- estendida até a porção sudeste do estado de Rondônia
do-se à Formação Pimenta Bueno ou ao embasamento por Pinto Filho et al. (1977) para designar os arenitos
cristalino. O ambiente deposicional é considerado como eólicos que ocorrem na região de Vilhena. Alguns
essencialmente fluvial, às vezes com influência glacial. A afloramentos observados ao longo da BR-364, atribuídos
formação foi posicionada no intervalo Permo-Carbonífero. à Formação Botucatu do Triássico, consistem em arenitos
São muito raros os afloramentos da Formação Fazenda bimodais feldspáticos com grão médio a grosso, que mos-
da Casa Branca, o que não permitiu emitir qualquer opi- tram espetaculares estratificações cruzadas de grande
nião melhor fundamentada sobre o assunto. porte de origem eólica compatíveis com a correlação com
os sedimentos da Bacia do Paraná.
Grupo Vilhena
Formação Parecis (Siqueira, 1989)
Os sedimentos mesozóicos do Grupo Vilhena são agru-
pados nas formações Anari/Tapirapuã, Botucatu e É constituída por conglomerados arenitos e folhelhos,
Parecis. que ocorrem na borda SW da bacia, entre as cidades de
Vilhena e Colorado d’Oeste. Os ambientes deposicionais
Formação Anari/Tapirapuã (Pinto Filho et al. 1977) são relacionados a sistemas fluviais e eólicos (Pedreira,
1998):
Corresponde aos basaltos aflorantes na porção sudeste i) Fácies fluvial mostrando alternância de arenitos com
do Gráben Colorado, datados por K-Ar entre 111 e 208 ± estratificações cruzadas acanaladas e finos leitos
14 Ma. A esta formação são também relacionados gabros de conglomerados na base com folhelhos e argilitos
e diabásios alojados na forma de sills nos sedimentos e de cor esverdeada, traduzindo talvez um sistema
pipes kimberlíticos diamantíferos conhecidos na região de deposicional de rios meandrantes.
Juína e Espigão d’Oeste. ii) Fácies eólica com arenitos finos apresentando
Os derrames basálticos da Formação Tapirapuã estratificações cruzadas de grande porte compatí-
afloram na região de Tangará da Serra (Mato Grosso), veis com um ambiente eólico. Os arenitos,
onde o pacote vulcânico tem espessura máxima de 350m. freqüentemente decompostos e friáveis, possuem
Os basaltos são maciços, de granulação fina e de cor uma cor amarela muito característica que torna-se
cinza na base, mostrando disjunção colunar, enquanto são avermelhada perto da superfície.
arroxeados e com amígdalas no topo. Nas porções inter- iii) Fácies fluvial com conglomerados e arenitos com
mediárias, podem ter granulação mais grossa com fei- estratificações cruzadas acanaladas, refletindo um

562
Caracterização de Depósitos Minerais em Distritos Mineiros da Amazônia

sistema deposicional de rios entrelaçados sobre- norte do Graben Colorado (Figura 6) permitiram individu-
posto ao sistema eólico. alizar quatro unidades sedimentares acima do
embasamento cristalino.
Cenozóico O Furo AALD-001 (Figura 7) da companhia de
mineração Phelps Dodge, situado mais ou menos 400
Os sedimentos cenozóicos da Fossa Tectônica de metros a sudeste da linha de furos citada anteriormente
Rondônia são representados essencialmente por areias mostra algumas variações de fácies importantes que serão
semi ou não consolidadas provenientes do retrabalhamento destacadas na descrição das diversas unidades
dos arenitos da Formação Parecis, e por crostas lateríticas individualizadas.
que se desenvolveram sobre essas rochas durante o
Terciário e o Quaternário. Embasamento cristalino

V. LITOESTRATIGRAFIA DO PALEOZÓICO Diversos furos de sondagem atingiram o embasamento


da seqüência sedimentar na borda norte do Graben
A litoestratigrafia proposta para o Paleozóico da Fos- Colorado, no qual foi possível reconhecer três tipos
sa Tectônica de Rondônia se baseia nas observações ob- litológicos principais (Foto 01), discriminados pela mine-
tidas a partir dos trabalhos de campo realizados durante a ralogia e pela composição química da rocha total: tonalitos,
vigência do convênio e principalmente nos levantamentos granodioritos e granitos (Tabela 1, Figura 8 a, b, c, d, e, f).
dos furos de sondagem efetuados, respectivamente, pe-
las companhias de mineração Santa Elina e Phelps Dodge, Granodioritos/Tonalito
e pela Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais
(CPRM). Constituem a unidade mais antiga, sendo representa-
dos por rochas cinza escuro esverdeado equigranulares
Litoestratigrafia do Graben Colorado com grão médio, formadas essencialmente por quartzo,
feldspato, biotita e hornblenda. Essas rochas contém pe-
Os furos de sondagem F.01 a F.09 e R01 a R10 reali- quenas quantidades de magnetita e sulfetos, principalmente
zados pela companhia de mineração Santa Elina na borda pirita, além de calcopirita subordinada.

Figura 6 – Correlações entre os furos de sondagem na borda norte do Graben Colorado

563
Geologia e Metalogenia do Depósito de Cobre do Graben do Colorado, Fossa Tectônica de Rondônia, Brasil

Figura 7 – Perfil do furo AALD-001 da Phelps Dodge.

Granitos

Constituem a unidade mais jovem, sendo representa-


dos por rochas mais grossas e mais claras, com colora-
ção rosada, formadas essencialmente por quartzo,
feldspato potássico e biotita. Esses granitos são intrusivos
na unidade granodiorítica, descrita anterioremente.
Quimicamente, utilizando-se a classificação normativa
de rochas plutônicas graníticas (diagrama QAP – Figura
8a), as rochas do embasamento podem ser separadas em
tonalito e quartzo monzodiorito com variações para quartzo
monzonito, monzonito e granito.
Através do diagrama ternário de classificação de
rochas graníticas, Ab-Or-An (Albita-Ortoclásio-Anortita
– Figura 8 b), discriminando as rochas graníticas com base
na proporção química para feldspatos cálcicos, sódicos e
potássicos, verifica-se que as rochas do embasamento
podem ser classificadas como tonalito, granodiorito e
granito. Esta última classificação sugere possível seqüência
de evolução, mais comum, com aumento de feldspato
alcalino (potássico e sódico) e quartzo, a partir dos termos Foto 01 – Relações entre os granodioritos (à esquerda) e os
menos evoluídos (tonalito) para os mais evoluídos (granito). Granitos (à direita).

564
Caracterização de Depósitos Minerais em Distritos Mineiros da Amazônia

Tabela 1 – Análises químicas dos Elementos Maiores das Rochas Ígneas.

Figura 8a – Diagrama QAP de classificação de rochas Figura 8b – Diagrama An-Or-Ab de classificação de rochas
graníticas. graníticas.

Figura 8c – Diagrama de saturação em alumina das rochas Figura 8d – Diagrama de variação sílica versus álcalis das
do embasamento rochas do embasamento.

565
Geologia e Metalogenia do Depósito de Cobre do Graben do Colorado, Fossa Tectônica de Rondônia, Brasil

Figura 8e – Diagrama SiO2 versus FeO/MgO das rochas do Figura 8f – Diagrama da distribuição dos elementos litófilos
embasamento. nas rochas do embasamento.

No entanto, aparentemente, não se trata de uma única se trata de rochas com conteúdo de sílica maior que o
série evolutiva, já que, no referido diagrama, observam- conteúdo de álcalis.
se dois grupos bastante distintos, sem continuidade entre Rochas subalcalinas podem ser, adicionalmente, sub-
si. Observa-se vazio entre as duas séries, as quais não divididas em suite toleítica e suite calcialcalina, conforme
apresentam direção evolutiva, ou seja, os dados mostram apresentado na Figura 8e. A suite toleítica é constituída
apenas distribuição concentrada. Numa diferenciação de rochas com maior grau de enriquecimento em Fe e
magmática, ter-se-ia tendência em direção a termos mais menores conteúdos de Al. A suite calcialcalina compre-
ricos em albita. ende associações plutônicas do tipo gabro-diorito-
Em relação à saturação em alumina , utilizando-se o granodiorito-granito.
diagrama do “índice de Shand” (Shand’s Index, – Figura Na Figura 8e verifica-se que a série peraluminosa (gra-
8c), especialmente importante para rochas félsicas, veri- nito) classifica-se como calcialcalina, enquanto que a sé-
fica-se que as rochas do embasamento são classificadas rie metaluminosa (tonalito e granodiorito) apresenta-se dis-
em dois grupos distintos, ou seja: série peraluminosa e tribuída no campo das rochas toleíticas.
série metaluminosa. A Figura 8f mostra comparação na distribuição de di-
Na série peraluminosa estão as rochas classificadas versos elementos litófilos entre as duas séries de rochas
como granitos, enquanto que a série metaluminosa abrange do embasamento da borda norte do Graben Colorado, na
as rochas classificadas como tonalito e granodiorito. O qual pode-se observar significantes diferenças nos con-
diagrama também sugere a existência de duas séries de teúdos principalmente de terras raras, bem como de Ti,
rochas plutônicas distintas. Zr e Hf. Novamente, a série peraluminosa (granito), em
Em função do pequeno número de análises em cada função do conteúdo maior de ETR, Zr, Hf e menor de Ti,
uma das séries (peraluminosa e metaluminosa) torna-se sugere tratar-se de rochas mais especializadas em rela-
difícil definir com exatidão a ausência de uma seqüência ção à série metaluminosa.
evolutiva interna às séries. Na Figura 8 c, verifica-se que As análises Sm-Nd (Tabela 2) realizadas no Labora-
a série peraluminosa, integrada por granitos, aparente- tório de Geocronologia do Instituto de Geociências da UnB
mente sugere passagem para termos mais evoluídos, mostram origem crustal para as rochas do embasamento
peralcalinos. do Graben Colorado (Figura 9).
O diagrama de variação sílica versus álcalis (Figura Idades-modelo TDM obtidas pelo método Sm-Nd em
8d) pode ser usado para subdividir todas as rochas ígneas granodioritos/tonalitos variam de 1.8 a 2.2 Ga, e sugerem
em duas categorias: alcalina e subalcalina. As duas séri- uma fonte de idade paleoproterozóica. Os valores de
es de rochas do embasamento da borda norte do Graben εNd (t) são pouco negativos (entre –2 e –5).
Colorado classificam-se como subalcalinas, indicando que Para os granitos, as idades-modelo TDM obtidas pelo
método Sm-Nd sugerem uma fonte dominantemente

566
Caracterização de Depósitos Minerais em Distritos Mineiros da Amazônia

Tabela 2 – Análises Isotópicas Sm-Nd das Rochas Ígneas do Embasamento do Alvo Cobre-Rondônia (Laboratório de
Geocronologia, IG-UnB).

End
15

10 DM

5 CHUR

-5

-10

-15
0,6 0,8 1 1,2 1,4 1,6 1,8 2 2,2
T(Ga)

Figura 9 Diagrama εNd /T(Ga) das rochas ígneas do embasamento do Graben Colorado.

paleoproterozóica para as rochas estudadas, geradas a Seqüência carbonática


partir da fusão de antiga crosta continental retrabalhada,
sendo caracterizadas por valores de ∈Nd (t) bastante ne- A seqüência carbonática constitue um horizonte guia
gativos, e conseqüentemente muito mais evoluídas do que constante na borda do Graben Colorado, o qual é forma-
os granodioritos. do por calcários e dolomitos micríticos, localmente
recristalizados, finamente laminados, apresentando uma
Seqüência conglomerática inferior cor rosada muito característica (Fotos 10, 11, 12). Essa
seqüência só é visível nas proximidades das ocorrências
A seqüência conglomerática inferior é bem representa- mineralizadas e na fazenda do senhor Sedson. A espes-
da nos diferentes furos de sondagem realizados na borda sura do horizonte é muito reduzida, não ultrapassando al-
do Graben Colorado, onde apresenta importantes varia- guns metros. Os contatos com as seqüências sotopostas
ções de espessura evidenciadas nas Figuras 6 e 7. Situa-se e sobrepostas são nítidos. Nos trabalhos anteriores
abaixo da camada de referência formada pelos calcários (Siqueira, 1989; Bahia et al, 1996; Bahia &Pedreira, 1996:
dolomíticos. É constituída pela alternância de níveis de con- Pedreira 1998), essa seqüência é correlacionada à For-
glomerados líticos, diamictitos, arenitos e argilitos/folhelhos mação Cacoal, atribuída ao Siluriano.
(Fotos 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9). Os seixos são formados por
fragmentos de rochas, ilustrando a diversidade litológica Seqüência glacio-marinha
que compõe o embasamento então erodido. Nos trabalhos
anteriores (Siqueira, 1989; Bahia et al, 1996; Bahia &Pe- A seqüência glacio-marinha compreende além de
dreira, 1996: Pedreira 1998) essa seqüência é correlacio- diamictitos, várias camadas de argilitos e folhelhos de
nada à Formação Cacoal, atribuída ao Siluriano. coloração chocolate bastante característica. Os seixos

567
Geologia e Metalogenia do Depósito de Cobre do Graben do Colorado, Fossa Tectônica de Rondônia, Brasil

Foto 2 – Diamictitos. Foto 3 – Conglomerado suportado Foto 4 – Turbiditos.


por clastos.

Foto 5 – Conglomerado lítico clasto-suportado (F.09-CG-4). Foto 6 – Diamictito lítico com matriz de carbonatos.

Foto 8 e 9 – Conglomerados e pelitos laminados com clastos


Foto 7 – Diamictito lítico com matriz ferruginosa (Furo AALD-001, cx: 106, horizonte abaixo dos dolomitos).

568
Caracterização de Depósitos Minerais em Distritos Mineiros da Amazônia

Foto 10 – Calcário dolomítico laminado.

Foto 11 – Calcário microcristalino com estilólito em desta- Foto 12 – Dolomito avermelhado com laminação rica em grãos
que e com manchas esparsas de calcita espática (Sedson 2). de quartzo, biotita e opacos (F.09-CRD-7).

presentes nos diamictitos, os quais flutuam na matriz argilo- tempestades episódicas. Essa seqüência mostra freqüen-
arenosa, são de natureza variada, tais como granitóides, tes estruturas de carga devidas ao soterramento, como
quartzitos, carbonatos e rochas vulcânicas máficas (Foto estruturas em chama (Foto 18), e de fluidização (Fotos
13 a, b). Essa seqüência possui em geral alguns metros 19, 20).
de espessura, atingindo excepcionalmente cerca de 55 Arenitos feldspáticos esbranquiçados, com grãos
metros como no Furo AALD-001 da Phelps Dodge, onde grossos polidos ou não e com estratificações cruzadas,
se observa a alternância repetida de níveis de argilito cor são interpretados como depositados em sistema eólico
chocolate com níveis de brechas lamelares. Lateralmen- e/ou fluvial intercalado na seqüência marinha
te os diamictitos correspondem a uma sucessão de con- plataformal.
glomerados sustentados pela matriz, folhelhos e arenitos Na base da seqüência marinha, observa-se a presença
arroxeados que são interpretados como fluxos de detritos de arcóseos microconglomeráticos (Foto 21), com
(debris-flows) provavelmente de origem glacial. Essa se- estruturas interpretadas como originadas por tempestades,
qüência é correlacionada à Formação Pimenta Bueno, os quais apresentam importante cimento calcífero.
atribuída ao Carbonífero. Essa seqüência, bastante espessa mesmo na borda do
graben onde atinge cerca de 200 metros, é também
Seqüência siliciclástica considerada como depositada sob influência glacial.

Na borda do Graben Colorado, a seqüência siliciclástica Litoestratigrafia do Graben Pimenta Bueno


é formada essencialmente por intercalações de arcóseos
finos, micáceos (Fotos 14, 15 a, b), de cor avermelhada a Os principais elementos da litoestratigrafia do Graben
achocolatada, com siltitos e folhelhos também micáceos. Colorado são identificados no Graben Pimenta Bueno, com
Apresentam estruturas HCS (hummocky) (Foto 16) e algumas variações devidas essencialmente à ausência de
laminações cruzadas por ondas (Foto 17). São considera- furos de sondagem e ao fato de que as observações fo-
dos como depositados em sistema plataformal afetado por ram feitas em afloramentos no campo.

569
Geologia e Metalogenia do Depósito de Cobre do Graben do Colorado, Fossa Tectônica de Rondônia, Brasil

Foto 14 – Arenitos e folhelhos de plataforma da Formação


Foto 13 a, b – Diamictitos. Pimenta Bueno.

Foto 15 a,b – Arcóseo fino ferruginoso com biotita e muscovita.(nicóis paralelos/ Foto 16 – Arenitos arcoseanos finos,
nicóis cruzados). laminados, com amplos truncamentos
por onda da Formação Pimenta Bueno.

Foto 19 – Arenitos fluidizados no Igarapé do Gaúcho.

Foto 17 – Arcóseos com lami- Foto 18 – Estruturas


nações cruzadas por ondas de em chama devidas ao
tempestade. soterramento.

Foto 20 – Estruturas convolutas devidas a processo de


fluidização.

570
Caracterização de Depósitos Minerais em Distritos Mineiros da Amazônia

Sequência conglomerática inferior extremamente ricas em elementos detríticos constituídos


por grãos angulosos de quartzo e feldspato e lamelas de
É bem representada na base da pedreira de calcários biotita e muscovita. Em algumas laminações carbonáticas,
dolomíticos EMAL, situada a leste da cidade de Espigão observa-se a presença de elementos peloídais. O
do Oeste, onde se destaca a presença de diamictitos e desenvolvimento de um cimento calcítico poiquilítico (Foto
conglomerados líticos, com seixos de granitos predomi- 23), que invade o conjunto da rocha original, é
nantes (Foto 22). generalizado.

Seqüência de calcários dolomíticos Diamictitos (Foto 24)

A pedreira EMAL, com espessura vizinha de 12 Atribuídos a glaciação permo-carbonífera, são consti-
metros, produz pó dolomítico como corretivo de solo para tuídos por conglomerados sustentados por matriz argilo-
a agricultura. É constituída por dolomitos finos, laminados, siltosa, contendo seixos diversos de granitos, calcários,
de aspecto homogêneo ,os quais são equivalentes do ho- quartzo, quartzitos e arenitos, associados a folhelhos de
rizonte carbonático de referência. cor roxa a esverdeada. Nos fragmentos de calcários, des-
Ao microscópio, os dolomicritos mostram a alternância taca-se a presença de oólitos/pisólitos e de estruturas
de finas laminações ricas em carbonatos com raros grãos estromatolíticas.
detríticos flutuando nessa matriz, com laminações

Foto 21 – Arcóseos microconglomeráticos com estruturas


HCS.

Foto 22 – Diamictito rico em clastos da base do calcário na


Pedreira da EMAL.

Foto 23 – Aspecto pelloidal do dolomito amarronzado com


manchas esparsas de calcita espática (Emal 12).

Foto 24 – Diamictito da Formação Pimenta Bueno.

571
Geologia e Metalogenia do Depósito de Cobre do Graben do Colorado, Fossa Tectônica de Rondônia, Brasil

Litoestratigrafia do Furo PB-01 da CPRM Unidade A (0 - 108,00m)

O levantamento do furo de sondagem PB-01 da CPRM Areias brancas quartzosas não consolidadas, interpre-
(Figura 10) permitiu observar dez unidades do topo até a tadas pela CPRM como provenientes da alteração da For-
base: mação Fazenda da Casa Branca.

Unidade B (108,00 – 285,50m)

Folhelhos, siltitos e arenitos avermelhados com veios


de gipsita fibrosa (Foto 25), níveis de brecha lamelar e
horizontes ricos em carbonato micrítico. Esse pacote apre-
senta nível microconglomerático na base (Foto 26) com
matriz avermelhada rica em óxidos de ferro, micas e car-
bonatos. Os grânulos são constituídos de fragmentos de
rochas como calcários, filitos e quartzo. Este microcon-
glomerado pode ser comparado a diamictito.

Unidade C (285,50 – 475,00m)

Arenitos feldspáticos a arcoseanos, finos a muito fi-


nos, cor chocolate intercalados com níveis de folhelhos e
siltitos. Os arenitos mostram grãos muito finos, angulo-
sos, formados por quartzo e feldspato. Grandes lamelas
de micas detríticas (biotita) sublinham a laminação. São
ricos em óxidos e hidróxidos de ferro, às vezes na forma
de pellets. Algumas manchas de cimento carbonático pa-
recem representar o preenchimento da porosidade secun-
dária (Fotos 27 e 28).

Foto 25 – Arenitos avermelhados com veios de gipsita fibro-


sa (PB-01-RO-CPRM, cx: 13, 164m).

Figura 10 – Coluna litoestratigráfica do furo PB-01 da


CPRM.

572
Caracterização de Depósitos Minerais em Distritos Mineiros da Amazônia

Unidade D (475,00 – 535,00m)

Arenitos brancos feldspáticos, sem matriz, mostrando


estratificações cruzadas acanaladas, grãos grossos esfé-
ricos e arredondados, grãos médios e finos mais angulo-
sos (Fotos 29, 30 e 31). São considerados como deposita-
dos em sistema fluvial.

Unidade E (535,00 – 655,00m)

Arenitos brancos feldspáticos, bimodais, com grãos


grossos esféricos e arredondados junto com grãos médi-
os mais angulosos. Nota-se a presença de cimento de
quartzo abundante (Fotos 32, 33 e 34). São considerados
como depositados em sistema eólico.

Foto 26 – Conglomerado basal da unidade de siltitos


laminados com veios de gipsita fibrosa (PB-01-RO-CPRM,
amostra PB-07, 285m).

Foto 29 – Arenito grosso de origem fluvial (Poço PB-01-RO-


Foto 27 – Arenito feldspático com mancha de carbonato CPRM, cx:82, PB-12).
poiquilítico.

Foto 30 – Arenito feldspático com cimento de quartzo (PB-


19).
Foto 28 – Arcóseo fino com lamelas de biotita e muscovita.

573
Geologia e Metalogenia do Depósito de Cobre do Graben do Colorado, Fossa Tectônica de Rondônia, Brasil

Foto 31 – Arenito feldspático médio a grosso com cimento de Foto 33 – Arenito feldspático médio a grosso com cimento de
quartzo (PB-20). quartzo (PB-23).

Foto 32 – Arenitos brancos de origem eólica (PB-01-RO- Foto 34 – Arenito com cimento de quartzo (PB-22).
CPRM, cx 98, amostra PB-20, 581m).

Unidade F (655,00 – 841,00m) H1

Arenitos rosados a avermelhados, feldspáticos a Dolomicritos, mostrando alternância de finas


arcoseanos, com grãos bem angulosos, finos a médios, laminações ricas em quartzo, micas detríticas e opacos
ricos em óxidos e hidróxidos de ferro, micáceos (biotita). com intervalos carbonáticos, às vezes peloidais (Fotos 35
Nota-se algumas manchas de cimento carbonático pre- e 36).
enchendo a porosidade secundária. Presença de níveis
bioturbados e fenômenos de fluidização. São semelhan-
tes aos da Unidade C.

Unidade G (841,00 – 848,50m)

Diamictitos marcando o contato basal da Formação


Pimenta Bueno.

Unidade H (848,50 – 890,00m)

A Unidade H foi subdividida em dois conjuntos H1 e


H2 representados por dolomicritos e dolomicritos
evaporíticos respectivamente. Foto 35 – Dolomicrito com manchas de calcita espática iso-
ladas e grãos de quartzo esparsos.

574
Caracterização de Depósitos Minerais em Distritos Mineiros da Amazônia

H2
Dolomicritos evaporíticos que se apresentam sob três
fácies: i) dolomicritos com prismas aciculares e olhos de
anidrita (Fotos 37 e 38), representando ambiente
deposicional de tipo sabkha; ii) dolomicritos com cimento
pervasivo de anidrita (Fotos 39);iii) arenitos finos
acinzentados cimentados por anidrita (Foto 40);iv) anidrita
microcristalina (Foto 41).

Fotos 39 – Dolomicrito com cimento de anidrita nos vazios


(PB-41-2).

Foto 36 – Dolomicrito peloidal com cimento de calcita (PB-


41-1).

Foto 40 – Arenito médio com cimento de anidrita (PB-48).

Fotos 37 – Dolomicrito peloidal com olho e prismas aciculares


de gipsita/anidrita (PB-32).

Foto 41 – Anidrita microcristalina (PB-37).

Unidade I (890,00 – 950,00m)

Arenitos finos a muito finos, brancos a bege rosado,


com grãos angulosos, lamelas de biotita e muscovita abun-
dantes, com manchas de cimento carbonático espático
preenchendo a porosidade secundária (Fotos 42 e 43).
Esses arenitos intercalam-se com siltitos.
Foto 38 – Dolomicrito com olhos de anidrita (PB-38-2).

575
Geologia e Metalogenia do Depósito de Cobre do Graben do Colorado, Fossa Tectônica de Rondônia, Brasil

Foto 42 – Arenito arcoseano fino com biotita e manchas de Foto 43 – Detalhe da mancha de cimento calcítico poiquilítico
cimento calcítico (PB-55). (PB-55).

O furo PB-01 da CPRM não atingiu a unidade seqüência conglomerática inferior. Interpreta-se a sedi-
conglomerática inferior sotoposta à seqüência carbonática mentação carbonática como relacionada a condições cli-
descrita anteriormente. máticas áridas, próximas das condições evaporíticas. Essa
hipótese parece se confimar em função dos evaporitos
VI. PALEOGEOGRAFIA E SISTEMAS DEPO- capilares de tipo Sabkha encontrados nas partes mais pro-
SICIONAIS fundas da bacia, tanto no furo PB-01 da CPRM como
talvez nos furos da PETROBRAS no Salto do Magessi.
Essa fase pode ser considerada equivalente à fase
A paleogeografia da Fossa Tectônica de Rondônia é
evaporítica dos riftes da margem continental brasileira.
governada pela individualização dos grabens Colorado e
Pimenta Bueno, os quais são limitados pelas falhas Presi-
Fase SAG ou de Subsidência Térmica
dente Hermes, Itaporã e Pimenta Bueno, de amplitude
regional. Essas falhas, que foram ativas durante todo o
Corresponde à subsidência térmica que ocorre após
Permo-Carbonífero, são responsáveis pelo desenvolvimen-
as fases de rifteamento ativo e de quiesciência. Geral-
to do chamado Rifte Pimenta Bueno, cuja evolução pode
mente é caracterizada por subsidência acentuada da ba-
ser dividida em quatro fases principais:
cia acompanhada de transgressão. A fase sag pode ser
dividida em duas etapas intimamente ligadas: a etapa de
Fase Rifte glaciação e a etapa de transgressão marinha propriamen-
te dita, as quais integram a Formação Pimenta Bueno.
Evidenciada pela deposição da seqüência
conglomerática inferior. Corresponde à fase ativa das Etapa de glaciação
falhas e resulta na deposição de sistema de leques aluviais
oriundos da erosão dos altos do embasamento soerguido É referida na literatura ao Carbonífero ou em sentido
pelas falhas. O sistema de leques aluviais é caracteriza- mais amplo ao Permo-Carbonífero. Trata-se de fenôme-
do pela sedimentação de diamictitos, conglomerados, no que ocorre na escala continental, envolvendo depósi-
arenitos e folhelhos/argilitos intercalados que traduzem tos de geleiras continentais e depósitos glacio-marinhos.
as variações extremas de energia no sistema provavel- No âmbito da Fossa Tectônica de Rondônia as fácies e
mente em condições de clima árido. associações de fácies observadas parecem favorecer sis-
tema deposicional glacio-marinho com a presença de
Fase de Quiesciência diamictitos intercalados com argilitos e folhelhos, formando
seqüência de espessura muito variável, mas ainda reduzi-
Representada pelo horizonte-guia carbonático, reco- da, o que deixa supor uma situação paleogeográfica de
nhecido na escala da Bacia dos Parecis. Corresponde à borda de bacia.
fase de calma tectônica, com a paralização da atividade
das falhas que limitam a Fossa Tectônica de Rondônia, e Etapa de transgressão marinha
coincide com o preenchimento dos grabens Colorado e
Pimenta Bueno. Caracteriza-se pela deposição de É caracterizada pela deposição de uma espessa se-
dolomitos laminados que se sobrepõem abruptamente a qüência siliciclástica de plataforma marinha afetada por

576
Caracterização de Depósitos Minerais em Distritos Mineiros da Amazônia

tempestadas. As litologias mais características são Tabela 3a – Análises Isotópicas Sm-Nd das Rochas
arcóseos finos, muito micáceos, intercalados com Sedimentares do Furo PB-01 da CPRM (Laboratório de
folhelhos. O levantamento do furo PB-01 da CPRM co- Geocronologia, IG-UnB).
locou em evidência a ocorrência de fases regressivas
acentuadas neste período em função do reconhecimento
de intervalos fluviais e eólicos interrompendo temporari-
amente a sedimentação marinha.

Proveniência dos sedimentos

A proveniência dos sedimentos que preenchem os


grabens Colorado e Pimenta Bueno foi estudada a partir
das análises Sm-Nd (Tabela 3 a, b) realizadas em amos-
tras colhidas nas diversas unidades litoestratigráficas da Tabela 3b – Análises Isotópicas Sm-Nd das Rochas
Fossa Tectônica de Rondônia, cujos resultados foram Sedimentares do Furo R1 (Laboratório de Geocronologia,
plotados no diagrama Sm-Nd (Figura11). Entre os valo- IG-UnB).
res obtidos, deve-se salientar os baixos teores de Sm e
Nd contidos nos dolomitos analisados.
As análises Sm-Nd mostram idades muito variáveis
para fonte dos sedimentos da Fossa Tectônica de
Rondônia, as quais se agrupam mais ou menos em três
populaçãoes.
Destacam-se: idades arqueanas a eopaleoproterozói-
cas (entre 2,5 e 2,0 Ga) registradas na porção intermedi-
ária das colunas litoestratigráficas; idades neopaleopro-
terozóicas (em volta de 1,7 Ga); e idades mesoprotero-
zóicas (cerca de 1,5-1,4 Ga). Esses dados indicam que
ocorreu a erosão tanto de terrenos distantes do sítio de
deposição dos sedimentos, como de terrenos relativamente
próximos do mesmo. Os terrenos mais afastados são pro-
vavelmente os mais antigos e seus dejetos foram levados
até a área objeto de estudo pelas geleiras associadas à
glaciação do Permo-Carbonífero. Os terrenos mais pró-
ximos são provavelmente os mais jovens e relacionados
ao Alto Estrutural do Rio Branco do Guaporé, que forne-
ceu o material para a formação dos leques aluviais depo-
sitados nos grabens.

VII. GEOQUÍMICA ISOTÓPICA DOS CAR-


BONATOS E DOS SULFATOS Figura 11 – Diagrama εNd /T(Ga) dos sedimentos no Graben
Colorado.
Na tentativa de aprimorar o conhecimento dos ambi-
entes de sedimentação relativos à formação dos carbo- b). Os resultados são expostos na forma gráfica no dia-
natos e dos sulfatos, foram realizadas análises isotópicas grama δ13C/δ18O (Figura 12).
da composição desses minerais. A composição isotópica de carbono e oxigênio dos
sedimentos carbonáticos mostra valores
Composição isotópica dos carbonatos: d13C/d18O sistematicamente negativos de δ C, entre –1,34 e -3,38,
13

enquanto os valores de δ18O variam desde –4,93 e –


A composição isotópica de carbono e oxigênio foi de- 10,82. Observa-se que os valores mais negativos se
terminada no LABISE da UFPE, Recife em amostras localizam nos carbonatos situados na borda da bacia.
coletadas no campo e nos furos de sondagem (Tabela 4a, Esses valores negativos lembram os obtidos para os

577
Geologia e Metalogenia do Depósito de Cobre do Graben do Colorado, Fossa Tectônica de Rondônia, Brasil

dolomitos de capa (cap-dolomites) situados acima de Tabela 4a – Análises Isotópicas de Carbono e Oxigênio dos
diamictitos de origem glacial, na base das seqüências Carbonatos da Pedreira Emal e da Fazenda Sedson.
carbonáticas transgressivas após a fusão do gelo. Apesar
de ocorrer abaixo das camadas de diamictitos, os valores
negativos de δ13C poderiam ser relacionados à glaciação
do Permo-Carbonífero, numa situação incomum em
relação aos exemplos da literatura internacional. Uma
outra hipótese pode relacionar as anomalias negativas a
um enriquecimento em carbono leve (12C) no ambiente
lacustre proposto para o sistema deposicional da
seqüência carbonática

Composição isotópica 87Sr/86Sr dos carbonatos e dos


sulfatos
Tabela 4b – Análises Isotópicas de Carbono e Oxigênio dos
A composição isotópica do estrôncio nos carbonatos e Carbonatos do Furo PB-01 da CPRM.
nos sulfatos foi determinada no Laboratório de
Geocronologia do IG/UnB em as amostras colhidas no
campo e nos furos de sondagem (Tabela 5 ).
As razões 87Sr/86Sr dos carbonatos da pedreira EMAL
são bastante elevadas (Tabela 4a), o que pode traduzir
uma contaminação pelas micas detríticas (biotita e
muscovita).
Os resultados dos sulfatos são ilustrados na forma grá-
fica no diagrama de variação da razão 87Sr/86Sr (Figura
14), o qual mostra a presença de duas populações bem
distintas nos sulfatos perto da base da Formação Pimenta
Bueno em relação às unidades evaporíticas da porção
superior do furo PB-01 da CPRM.
Os valores obtidos para a gipsita na porção superior
da Formação Pimenta Bueno são mais elevados que os
valores observados perto da sua base.
As razões 87Sr/86Sr das anidritas e das dolomitas do
furo PB-01 são mais compatíveis com os valores obtidos
por Rodrigues et al (1994) para os carbonatos do mesmo
furo, os quais foram correlacionados ao Permiano In- Figura 12 – Diagrama δ13C/δ18O dos carbonatos de origem
ferior, Andar Sakmariano.. diversa.
Pedreira Emal (Rondônia)
Composição isotópica dos sulfatos: d34S/d18O 87 86
Sr/ Sr

A composição isotópica do enxofre e do oxigênio (Ta-


bela 6) foi determinada no laboratório canadense da Uni-
versidade de Queens sobre as amostras coletadas no furo
de sondagem da CPRM, PB-01.
Os resultados são plotados na forma gráfica no dia-
grama δ34S/δ18O (Figura 15).
Este diagrama mostra valores mais baixos para o δS34
da gipsita em relação a anidrita e a barita, esses últimos
minerais oferecendo valores muito próximos. O conjunto
dos valores registrados parece traduzir a origem marinha
dos sulfatos.
Figura 13 – Composição isotópica de δ13C, δ18O e da razão
87
Sr/86Sr nos dolomitos ao longo de perfil na pedreira EMAL.

578
Caracterização de Depósitos Minerais em Distritos Mineiros da Amazônia

Tabela 5 – Análises Isotópicas 87Sr/86Sr de Gipsita e Anidrita Tabela 6 – Análises Isotópicas de Enxofre e Oxigênio em Sul-
do Alvo Cobre-Rondônia (Laboratório de Geocronologia, IG- fatos (Gipsita, Anidrita e Barita) do Alvo Cobre-Rondônia.
UnB).

Figura15 – Composição isotópica δ34S/δ18O dos sulfatos.

VIII. O ALVO COBRE-RONDÔNIA

O Alvo Cobre-Rondônia, atualmente investigado pela


Mineração Santa Elina S.A., situa-se na porção norte do
Graben Colorado, no extremo W-SW do lineamento regi-
onal que limita a referida estrutura (Figuras 16, 17). As
ocorrências de cobre localizadas neste setor foram des-
cobertas e explotados por garimpeiros em 2000, nas áre-
as de concessão de pesquisa da Mineração Santa Elina
S.A., que a partir de então redirecionou para cobre seus
trabalhos de prospecção, inicialmente priorizados para
ouro.

Controles Litológicos e Estruturais

A mineralização mostra-se controlada por falhas


normais de primeira e segunda ordens, que se associam à
evolução do Graben Colorado (Bacia dos Parecis), e se
Figura 14 – Diagrama da variação da razão 87
Sr/86Sr em estende por aproximadamente 6 quilômetros na direção
sulfatos. WSW-ENE. A zona mineralizada atinge esporadicamente

579
Geologia e Metalogenia do Depósito de Cobre do Graben do Colorado, Fossa Tectônica de Rondônia, Brasil

Figura 16 – Localização do Alvo Cobre-Rondônia na Fossa Tectônica de Rondônia.

Figura 17 – Mapa geológico de detalhe da área mineralizada pesquisada.

espessura de até 6 metros, sendo mais comuns espessuras caráter dominantemente strata-bound (Figura 20).
que variam entre 2 e 4 metros, com teores variados. Os Dessa forma, além de representarem um importante
calcários dolomíticos são sub-horizontais ou mergulham marco na estratigrafia das fossas tectônicas de Rondônia,
até 10° para sul perto das falhas de primeira ordem que os calcários dolomíticos da seqüência carbonática são
limitam o Graben Colorado. O contato é afetado por considerados como o principal guia prospectivo para
falhamentos transversais de direção noroeste. cobre na região. A unidade calcária é sobreposta por
As ocorrências de cobre encontram-se hospedadas diamictitos, arenitos micáceos, siltitos, folhelhos e argilitos
concordante e discordantemente na base de calcários apresentando importantes feições de fluidização, os quais
dolomíticos do topo da seqüência conglomerática inferior são incluídos na seqüência glacio-marinha e na seqüência
(Figuras 18, 19), aqui com espessura muito reduzida (10- siliciclástica superior, atribuídas tradicionalmente à
20 m), e em menor proporção, na interface destes com Formação Pimenta Bueno. O conjunto das seqüências
os conglomerados basais sotopostos. De maneira geral, sedimentares está relacionado ao desenvolvimento do
este modo de ocorrência confere à mineralização um Rifte Pimenta Bueno.

580
Caracterização de Depósitos Minerais em Distritos Mineiros da Amazônia

Figura 18 – Perfil do furo mineralizado F-01 do alvo Cobre- Figura 19 – Perfil do furo mineralizado F-09 do alvo Cobre-
Rondônia. Rondônia.

As ocorrências de cobre (Fotos 44 a 50) são concordantes. Os corpos representados por bolsões
representadas em maior proporção por concentrações lenticulares e fraturas dilatadas, expostos nas frentes de
maciças de calcocita hospedadas em calcários dolomíticos lavra a céu aberto por garimpagem, atingem ocasional-
e, subordinadamente, disseminações associadas a mente espessuras métricas e extensão decamétrica. Po-
cavidades planares em superfícies estilolíticas. rém, a maioria dos corpos amostrados pelos testemunhos
Disseminações de calcocita e malaquita são localmente por sondagem apresenta dimensões centimétricas. Os ní-
associadas aos conglomerados basais sotopostos aos veis de calcocita controlados pelas superfícies estilolíticas
calcários dolomíticos. exibem invariavelmente espessuras milimétricas e exten-
são lateral limitada. Estas superfícies estilolíticas ricas em
Tipologia das ocorrências cupríferas calcocita são nucleadas quase sempre a partir das fratu-
ras discordantes justapostas.
As concentrações maciças de calcocita ocorrem em As concentrações de calcocita estão encaixadas em
bolsões lenticulares concordantes e em fraturas irregula- calcários dolomíticos brancos, provenientes de transfor-
res discordantes, por vezes com ramificações laterais mação mineralógica críptica e incongruente a partir de

581
Geologia e Metalogenia do Depósito de Cobre do Graben do Colorado, Fossa Tectônica de Rondônia, Brasil

Foto 46 – Afloramento de dolomito mineralizado na cave C1.

Figura 20 – Perfil geológico simplificado do nível


mineralizado nas caves C1e C2.

Foto 47 – Mineralização de calcocita disseminada ao longo


da laminação.

Foto 44 – Ilustração do contato dos dolomitos mineralizados


com os conglomerados inferiores.

Foto 48 a, b – Mineralização disseminada de calcocita.e sua


alteração para malaquita.

Foto 45 a, b – Mineralização maciça de calcocita no


conglomerado inferior (a) e no contato com os dolomitos
brancos (b). Foto 49 – Fraturas preenchidas por malaquita e crisocola.

582
Caracterização de Depósitos Minerais em Distritos Mineiros da Amazônia

Foto 50 a – Conglomerado basal impregnado por malaquita. Foto 50 b – Detalhe do conglomerado.

calcários dolomíticos róseos. O processo é marcado por Petrografia e Mineragrafia das Mineralizações
frentes de substituição irregulares e ramificadas.
Importante alteração superficial provoca a formação No intuito de melhor definir a paragênese e a suces-
de malaquita predominante, além de azurita, crisocolo e são mineral da mineralização, estudos petrográficos fo-
cobre nativo, que impregna os dolomitos e às vezes os ram desenvolvidos sobre as amostras mais representati-
conglomerados da base. Junto com a malaquita ocorre o vas da mineralização, que ocorre na forma de: dissemina-
desenvolvimento de óxidos de manganês a partir da alte- ções ao longo das laminações, estilólitos, vênulas e fratu-
ração dos dolomitos brancos. Em algumas fraturas regis- ras mineralizadas; e massas de minério maciço em subs-
tra-se a presença de barita. tituição aos dolomitos brancos (Fotos 51 a 57).
Um furo de sondagem mais afastado realizado pela As observações microscópicas permitem estabe-
Phelps Dodge também identificou a camada de dolomito, lecer uma sucessão mineral que se traduz por zoneamento
mas desprovida de mineralização. Nova campanha de muito característico da mineralização, mostrando da bor-
sondagens foi realizada após o desenvolvimento de intensa da para o centro:
prospecção geoquímica e geofísica, sem entretanto i) Dolomita fina microcristalina, com aspecto escuro
modificar o quadro geológico estabelecido anteriormente. no microscópio, representando provavelmente a
Os trabalhos de campo da mineração Santa Elina, que rocha original antes da percolação dos fluídos.
abrangem o conjunto da Fossa Tectônica, permitiram a ii) Dolomita cristalina a macrocristalina, romboédrica,
identificação de novas pequenas ocorrências de cobre, apresentando zonação muito característica,
sempre associadas ao horizonte dos dolomitos (Figura 20). originada provavelmente pela dissolução,

Foto 52 – Dolomito mineralizado com romboedros zonados,


Foto 51 – Vênulas preenchidas por calcocita sulfetos e calcita espática (O-4-E-1).

583
Geologia e Metalogenia do Depósito de Cobre do Graben do Colorado, Fossa Tectônica de Rondônia, Brasil

Foto 53 – Mineralização disseminada ao longo da laminação Foto 54 – Veio de calcocita maciça em via de alteração para
com desenvolvimento de dolomita romboédrica, deposição malaquita.
de sulfetos e preenchimento por calcita espática.

Foto 55 – Vazio preenchido por dolomita zonada romboédrica, Foto 56 – Dolomito microcristalino em contato com barita e
sulfetos e calcita espática. sulfetos.

recristalização e reprecipitação da dolomita


microcristalina.
iii) Deposição dos sulfetos de cobre, isto é de calcocita
na borda dos vazios assim formados.
iv) Precipitação tardia da calcita espática transparen-
te ás vezes associada à barita, preenchendo os úl-
timos espaços vazios abertos pela circulação dos
fluídos mineralizantes.
Em luz refletida, as amostras mineralizadas mostram
as seguintes feições:
i) Predominância absoluta de calcocita lamelar (Fo-
tos 58, 59), alterando-se localmente para covelita
azul.
Foto 57 – Zoneamento do veio mineralizado: dolomita ii) Calcocita pode englobar alguns minerais de cor
romboédrica zonada, calcita espática e alteração verde dos amarela e bege, que foram estudados na
sulfetos. microssonda eletrônica e no microscópio eletrôni-
co, revelando-se como produtos de alteração dos
sulfetos na forma de mistura de óxidos e hidróxidos
de ferro e cobre.

584
Caracterização de Depósitos Minerais em Distritos Mineiros da Amazônia

Foto 58 – Mineralização de calcocita com pontos de covelita Foto 59 – Lente alongada de calcocita com pontos de covelita
e inclusões amarelo a bege isoladas de óxidos e hidróxidos (O-5).
de Fe e Cu (O-4-C-3).

A alteração superficial da calcocita conduz á forma- As rochas sedimentares carbonáticas não


ção de óxidos e hidróxidos de Fe e cobre, de malaquita, mineralizadas (Tabela 7a) foram divididas em dois gru-
de crisocola e provavelmente de papagoita. pos:
A principal conclusão referente à mineralização de O primeiro grupo corresponde às rochas carbonáticas
cobre é que é posterior à sedimentação do horizonte guia da pedreira EMAL que se encontra em situação bem dis-
de carbonatos e foi originada por circulação de fluidos, tante do alvo Cobre-Rondônia. São essenciamente
cuja fonte fica ainda a definir, assim como a sua idade dolomitos puros, pobres em Mn e desprovidos de anoma-
em relação à evolução da Bacia dos Parecis. lias de Cu, Ba e Sr.
O segundo grupo corresponde às rochas carbonáticas
aparentemente não mineralizadas situadas logo acima do
Análises Químicas das Rochas Sedimentares En-
horizonte mineralizado. Nas amostras analisadas predo-
caixantes, da Mineralização Disseminada e do Mi-
minam dolomitos, mas ocorrem alguns calcários, o con-
nério Maciço
junto apresentando ligeiro enriquecimento em Mn, Ba e
Sr, além de fortes anomalias em Cu.
As análises químicas das rochas sedimentares As amostras de minério rico analisadas (Tabela 7b)
encaixantes, da mineralização disseminada e do minério mostram evidentemente as maiores anomalias registradas
maciço (Tabelas 7a, b) revelam alguns pontos fundamen- na área (Figura 20), algumas delas surpreendentes, com
tais para a caracterização da mineralização desenvolvida enriquecimento pronunciado em Fe, Mo, Co, Pb, Ag, Th e
no alvo cobre-Rondônia. Se, além da presença de Au, As e Hg.

Tabela 7a – Rochas Sedimentares não Mineralizadas.

585
Geologia e Metalogenia do Depósito de Cobre do Graben do Colorado, Fossa Tectônica de Rondônia, Brasil

Tabela 7b – Rochas Sedimentares Mineralizadas e Minério Rico.

Microssonda Eletrônica com manchas de calcita espática. Esses tipos de car-


bonatos são observados em calcário avermelhado e/
São apresentados os resultados das análises por ou em dolomito amarronzado com manchas de calci-
microssonda eletrônica (ME) de várias lâminas delgadas- ta espática.
polidas das rochas e do minério de cobre do alvo Cobre- As análises mostram que tanto calcita espática, como
Rondônia executadas no Laboratório de microssonda ele- calcita e dolomita rosa apresentam impurezas de MnO,
trônica do IG-UnB, com o objetivo de verificar a compo- que varia desde 0,06 até 4,05 % nas amostras analisadas.
sição química dos minerais de minério de Cu, definir o Como exemplo tem-se algumas análises realizadas na
tipo de carbonato e a composição dos zoneamentos ob- amostra C-1-A (Foto 60) com teores moderados de MnO
servados, além de investigar o enriquecimento em Mn e (Tabela 8).
Fe nos carbonatos.
Carbonatos Dolomita rosa com prismas aciculares, olhos e cimen-
to de anidrita
Foram efetuadas 146 análises por ME em carbonatos,
incluindo as seguintes variedades, definidas por Nas amostras PB-32, PB-41-2, PB-38-2 e PB-51, com
microscopia ótica: calcita em auréola, calcita, calcita rosa, prismas aciculares, olhos e cimento de anidrita, tem-se
dolomita e dolomita rosa.
Os vários tipos de carbonatos, suas relações e textu-
ras são observados nas fotomicrografias por microscopia
ótica, nas quais também estão assinalados os locais ana-
lisados por ME.
Segundo os tipos de carbonatos e suas associações de
rochas, esses podem ser agrupados em seis conjuntos,
como apresentado a seguir.
Calcita rosa e/ou Dolomita rosa com manchas de
calcita espática
Nas amostras C-1-A, O-4-F e Emal 12 tem-se
carbonatos avermelhados a amarronzados, definidos
Foto 60 – Calcita rosa microcristalina com manchas de calcita
tanto como calcita rosa como dolomita rosa, ambos espática. Amostra C-1-A.

586
Caracterização de Depósitos Minerais em Distritos Mineiros da Amazônia

principalmente dolomita com baixo conteúdo de MnO, arcoseano (Foto 66), que apresenta conteúdos elevados
como pode ser observado na Tabela 9, a seguir. A rocha de MnO. Esses carbonatos foram classificados como
que apresenta esse tipo de dolomita é classificada como dolomita e calcita, conforme apresentado na Tabela 11.
dolomicrito com prismas aciculares, olhos e cimento de
anidrita (Fotos 61 a 64). Dolomita zonada romboédrica associada à calcita
espática
Calcita em auréola e como cimento
Em relação às texturas observadas, verificou-se que
Na amostra RO-44 tem-se restos de silicatos parcial- o carbonato idiomórfico zonado, romboédrico, na forma
mente substituídos por calcita pseudomórfica, que forma de dentes, geralmente com superfície de aspecto turvo
auréolas ao redor dos grãos substituídos, além de cimen- trata-se de dolomita, com preenchimento da parte central
to intersticial a esses grãos arredondados. A rocha que por calcita espática, como apresentado nas
apresenta as auréolas de calcita é classificada como fotomicrografias das amostras O-14-A, F-09-D-6, O4-
arcóseo calcífero (Foto 65). E1 e O-4-C.
As calcitas de substituição (pseudomórfos) e de pre- As rochas que apresentam esse tipo de carbonato
enchimento (cimento) apresentam conteúdos variados de romboédrico zonado incluem dolomito mineralizado (F-09-
MnO, como pode ser observado na Tabela 10. D6, O-4-E1 e O-4-C) e conglomerado lítico (O-14-A).
Como exemplo, são consideradas as análises execu-
Cimento de carbonato tadas na amostra O-14-A (Foto 67), apresentadas na Ta-
bela 12, as quais foram realizadas ao longo de um perfil
Na amostra PB-55 tem-se análises do cimento de car- percorrendo desde cristais internos idiomórficos, para
bonato intersticial ao quartzo-arenito fino feldspático a cristais zonados idiomórficos, zona central com calcita

Tabela 8 – Calcita espática e calcita rosa da amostra C-1 A. Tabela 9 – Análises dos carbonatos das amostras PB-32, PB-
38-2 e PB-51.

Foto 61 – Dolomicrito com olhos e ripas de anidrita. PB-32. Foto 62 – Dolomicrito e anidrita microcristalinos. PB-41-2.

587
Geologia e Metalogenia do Depósito de Cobre do Graben do Colorado, Fossa Tectônica de Rondônia, Brasil

Foto 63 – Dolomicrito com olho de anidrita.. PB-38-2. Foto 64 – Dolomicrito com ripas de anidrita. PB-51.

Foto 65 – Arcóseo calcífero apresentando cimento de calcita. Foto 66 – Arenito fino feldspático com mancha de cimento
RO-44. carbonático tardio. PB-55.

Foto 67 – Cimento idiomórfico de carbonato no conglomera- Foto 68 – Detalhe da cimentação carbonática na zona
do inferior. mineralizada.. 0-4-E-3.

espática, até novamente cristais zonados, conforme quanto os demais cristais ou zonas de um mesmo cristal
Fotomicrografia correspondente. apresentam conteúdos bem maiores de Mn, independen-
Verifica-se que o cristal idiomórfico mais interno e com te do tipo de carbonato, ou seja, dolomita ou calcita. O
aspecto bastante turvo (análise Ca-1) apresenta apenas conteúdo de Mn volta a níveis bastante baixos apenas no
uma pequena quantidade de Mn em sua estrutura, en- outro cristal interno (análise Ca-8).

588
Caracterização de Depósitos Minerais em Distritos Mineiros da Amazônia

Tabela 10 – Análises de calcita da amostra RO-44. Tabela 11 – Análises de calcita e dolomita da amostra PB-55.

Tabela 12 – Perfil de análises dos carbonatos presentes na


amostra O-14-A.

Como exemplo, são apresentados os resultados de dois


perfis de análises realizadas na amostra O-4-E3 (Foto
68) em que se verifica que todos os carbonatos, calcita
espática e dolomita romboédrica, apresentam elevados
conteúdos de MnO (Tabela 13).
Nessas análises verifica-se também que Fe se asso-
Esses resultados mostram que não existe uma substi- cia preferencialmente à dolomita, enquanto que peque-
tuição preferencial do Mn, o qual está presente tanto na nos conteúdos de Cu são observados na estrutura da
estrutura da dolomita como da calcita. Verifica-se tam- calcita espática.
bém que no caso de dolomita, tem-se substituição de MgO
por MnO. Avaliação Global dos Resultados dos Carbonatos

Dolomita zonada romboédrica com calcita espática e Analisando os resultados de forma global verifica-se
malaquita que MnO nas calcitas substitui preferencialmente CaO,
Os carbonatos nas amostras O-4-E3 e O-4-C1, os quais apresentando sutil relação inversamente proporcional,
se associam a malaquita (mineralização de Cu), também como apresentado na Figura 21.
são caracterizados por cristais idiomórficos zonados, Na figura 22 observa-se também que as calcitas ro-
romboédricos, na forma de dentes, geralmente com superfí- sas (em amarelo no gráfico) apresentam ligeiro enrique-
cie de aspecto turvo, definidos como dolomita, e com preen- cimento em MgO em relação a variedade mais clara.
chimento da parte central por calcita espática, como apre-
sentado nas fotomicrografias das respectivas amostras.
Os litotipos associados são geralmente veios
mineralizados por sulfeto de Cu (calcocita) e suas altera-
ções para carbonato de Cu (malaquita).

Tabela 13 – Perfis de análises dos carbonatos presentes na


amostra O-4-E3.

Figura 21 – Relação entre CaO e MnO em dolomitas e calcitas


analisadas.

589
Geologia e Metalogenia do Depósito de Cobre do Graben do Colorado, Fossa Tectônica de Rondônia, Brasil

Figura 22 – Relação entre MgO e MnO em dolomitas e calcitas Figura 23 – Relação entre CaO e MgO em dolomitas e calcitas
analisadas. analisadas.

Considerando-se a relação entre CaO e MgO, mos-


trada na Figura 23, pode-se verificar que dolomita apre-
senta variação apenas nos conteúdos de MgO, enquanto
CaO mantém-se praticamente constante. Calcita apre-
senta variação essencialmente de CaO e é empobrecida
em MgO, com exceção da calcita rosa que apresenta
algum conteúdo de MgO. Calcita rosa apresenta uma
relação inversamente proporcional entre CaO e o MgO,
ou seja, uma relação de substituição.
Colocando todos esses dados em diagrama triangular
(Figura 24), verifica-se que tanto dolomita como calcita
apresentam série continua entre os membros puros e
Figura 24 – Diagrama triangular entre CaO, MnO e MgO em
membros mais enriquecidos em Mn (Figura 25). Desta
dolomitas e calcitas.
forma, é difícil estabelecer um estágio exato e preferen-
cial para o aporte de Mn na estrutura dos carbonatos,
além de sua relação com a mineralização de Cu.
Em relação a Fe observa-se que dolomita apresenta
os maiores conteúdos, sendo que esses variam de 0 até
1,2% (Figura26).
Análises dos sulfetos
Foram realizadas 10 análises em calcocita e 2 análi-
ses em covelita. Os resultados obtidos indicam tratar-se Figura 25 – Detalhe do diagrama triangular de CaO, MnO e
de sulfetos compostos essencialmente de Cu (Tabela 14). MgO em dolomitas e calcitas analisadas.
As análises de covelita mostram conteúdos de 66,18 e
66,42 % de Cu, com raras impurezas (Tabela 15).
Os diagramas relacionados a esses resultados são
apresentados na Figura 27 a, b, c.

Microscopia Eletrônica de Varredura


FeO

As análises de microscopia electrônica confirmaram


os resultados obtidos com microssonda eletrônica. Além
disso, permitiram precisar a natureza da alteração verde CaO
observada a partir dos sulfetos com a colocação em evi-
dência, além da malaquita, de um produto de alteração
incomum, provavelmente papagoita, silicato de Cu, Al e Figura 26 – Diagrama FeO versus CaO para calcitas e
Ca (Foto 69a, b), com fórmula química dolomitas.

590
Caracterização de Depósitos Minerais em Distritos Mineiros da Amazônia

Cu
Cu

%S % Fe

Figura 27 a – Diagrama Cu x S de calcocita. Figura27 b – Diagrama Cu x Fe de calcocita.

Figura 27 c – Diagrama de calcocita mostrando as variações nos conteúdos de Th, Ni, Co e Zn.

CaCuAlSi2O6(OH)3 e cerca de 19% de Cu. Outras pos- Tabela 14 – Análises de calcocita de várias amostras.
sibilidades seriam: 1) crisocola, que não contém Ca, e 2)
Kinoita ou Stringhamita, que não contêm Al.

Análises Isotópicas 87Sr/86Sr dos Carbonatos e Sul-


fatos da Mineralização

As análises isotópicas de estrôncio realizadas no La-


boratório de Geocronologia do Instituto de Geociências
da UnB em carbonatos (Tabela 16 a) e sulfatos (Tabela Tabela 15 – Análises de covelita.
16 b) do horizonte mineralizado forneceram razões
isotópicas 87Sr/86Sr bastante elevadas, sobretudo para os
carbonatos, com razões compreendidas entre 0,708 e
0,719, a maior parte delas ficando acima de 0,710.
Esses resultados podem evidenciar aporte de 87Sr a
partir da circulação de fluídos mineralizantes enriqueci-
dos em 87Sr por lixiviação preferencial de rochas ígneas
graníticas e/ou de sedimentos oriundos da erosão de
granitóides mais ricos em estrôncio.

Análises Isotópicas C/O dos Carbonatos Minerali- espectrometria de massa de fonte gasosa no LABISE da
zados UFPE, Recife, forneceram dados de δ13C e δ18O fran-
camente negativos, com destaque para os valores de δ18O,
As análises isotópicas de carbono e oxigênio da zona em relação aos obtidos para os carbonatos não
mineralizada (Tabela 17a, b; Figura 28), realizadas por mineralizados da fazenda Sedson e da pedreira EMAL,

591
Geologia e Metalogenia do Depósito de Cobre do Graben do Colorado, Fossa Tectônica de Rondônia, Brasil

Foto 69 a, b – Silicato de Cu, Al e Ca zonado (alteração de sulfeto de Cu ).

Tabela 16 a – Análises Isotópicas 87Sr/86Sr dos Carbonatos: Tabela 17 a – Análises Isotópicas de Carbono e Oxigênio dos
Dolomita e Calcita no Alvo Cobre-Rondônia (Laboratório Carbonatos da Cave 1 do Alvo Cobre-Rondônia (Laborató-
de Geocronologia, IG-UnB). rio Labise, UFPE).

Tabela 17 b – Análises Isotópicas de Carbono e Oxigênio dos


Carbonatos dos Furos F-01, F-09 e AALD-01.

Tabela 16 b – Análises Isotópicas 87Sr/86Sr de: Barita no Alvo


Cobre-Rondônia (Laboratório de Geocronologia, IG-UnB).

enquanto os valores de δC13 ficam mais próximos, se com-


parados com os dados obtidos no furo PB-01 da CPRM,
os valores da zona mineralizada são muito mais anômalos
e negativos, tanto para δ13C como para δ18O. Este con-
junto de observações pode ser interpretado como devido
à circulação dos fluídos mineralizantes.
Os dados isotópicos de carbono variam entre –4,0 e –
1,0 por mil, sendo que as amostras provenientes de uma
dada localidade tendem a apresentar baixa dispersão dos
valores. As amostras mineralizadas ou próximas à essas isotópico carbonato-água diminui com o aumento de tem-
zonas apresentam valores mais negativos tanto de δ13CPDB peratura, permite-se induzir que o fluido percolante era
quanto de δ18OSMOW. Ressalta-se, no entanto, que para meteórico. No entanto, uma melhor definição da geome-
uma dada localidade a variação isotópica de oxigênio é tria da percolação dos fluidos na zona mineralizada re-
muito mais significativa, indicando que fatores locais in- quer amostragem mais detalhada, objetivando definir a
fluenciaram a composição do carbonato. Por exemplo, as principal zona de percolação. De qualquer forma, os da-
variações de δ18OSMOW podem refletir diferentes razões dos apresentados permitem sugerir que baixos valores de
F/R (fluido/rocha) nas zonas mineralizadas. Consideran- δ 18O SMOW podem ser utilizados como ferramenta de
do que os valores isotópicos de oxigênio são significativa- propecção e indicador de percolação de fluidos
mente negativos, e tomando por base que o fracionamento mineralizantes.

592
Caracterização de Depósitos Minerais em Distritos Mineiros da Amazônia

Análises Isotópicas S/O dos Sulfatos e S dos Sulfetos


na Zona Mineralizada

Análises isotópicas S/O dos sulfatos

As análises isotópicas de enxofre e oxigênio da barita


(Tabela 18, Figura 29) forneceram dados de δ34S e δ18O
intermediários em relação aos obtidos para a gipsita e
para a anidrita, com valores de δ34S vizinhos dos da gipsita
e valores de δ18O mais perto dos da anidrita. O conjunto
dos valores registrados para os isótopos de enxofre e oxi-
gênio da barita favorecem uma origem marinha para os
sulfatos. Figura 28 – Composição isotópica de carbonatos na zona
mineralizada.
Análises isotópicas S/O dos sulfetos
Tabela 18 – Análises Isotópicas de Enxofre e Oxigênio de
As análises isotópicas de enxofre dos sulfetos (Tabela Sulfatos (Gipsita, Anidrita, Barita) do Alvo Cobre-Rondônia.
19) forneceram dados de δ34S relativamente variáveis,
apresentando valores condizentes com a redução dos sul-
fatos contidos em águas conatas.

Análises Isotópicas Pb-Pb do Minério

As análises isotópicas do chumbo (Tabela 20, Figu-


ra 30) na forma das razões 207Pb/ 204Pb e 206Pb/ 204Pb
forneceram dados bastante homogêneos com valores
próximos das curvas de referência (Figura30) indican-
do uma idade jovem para a mineralização que fica com-
preendida entre 80 e 180 Ma, o que significa lixiviação
e aporte de chumbo radiogênico pelos fluídos
mineralizantes. A fonte do chumbo radiogênico pode
ser procurada nos terrenos graníticos do embasamento
e/ou nas rochas resultantes dos seus produtos de ero-
são. Uma alternativa pouco provável pode ser encon-
trada no vulcanismo da Formação Itapirapuã, relacio-
nada ao Juro-Triássico.

IX. MODELO DE DEPÓSITO MINERAL

No intuito de sintetizar os resultados obtidos por meio


dos trabalhos de campo, dos levantamentos dos furos de
sondagem, das observações petrográficas e mineragráfi-
cas, e das análises laboratoriais, procura-se sugerir mo-
delo metalogenético que integre esse somatório de dados Figura 29 – Composição isotópica de sulfatos e de sulfetos.
em conjunto harmonioso de fácil compreensão, ilustrado
na figura 31.
A referida figura 31 mostra a migração dos fluídos Tabela 19 – Análises Isotópicas do Enxofre da Calcocita da
mineralizantes na escala da bacia, desde a zona mais pro- Mineralização do Alvo Cobre-Rondônia.
funda evidenciada pela gravimetria, pela sísmica e pelos
furos da PETROBRÁS em direção aos altos do embasa-
mento, onde se localizam as ocorrências mineralizadas
em cobre.

593
Geologia e Metalogenia do Depósito de Cobre do Graben do Colorado, Fossa Tectônica de Rondônia, Brasil

Tabela 20 – Análise Isotópica de Chumbo em Calcocita da


Mineralização de Cobre do Alvo Cobre-Rondônia.

Figura 30 – Curvas de evolução isotópica ( Zartman & Haines,


1988;Zartman &Doe,1981)) nos diversos reservatórios com
intervalos de 100 em 100 Ma, campos de variação na compo- Figura 31 – Modelo de depósito mineral para o alvo Cobre
sição isotópica do Pb moderno e razões isotópicas médias. Rondônia.

Mostra também a canalização desses fluídos no inter- inicial de rifteamento; ii) presença de uma interface
valo compreendido entre o embasamento e o horizonte abrupta de oxido-redução no ambiente de sedimentação,
impermeável constituído pelos sedimentos de origem gla- quase sempre representado por seqüências marinhas
cial, o que explica seu confinamento ao único pacote rea- transgressivas sobrepostas a depósitos de sedimentos
tivo representado pela seqüência carbonática. continentais oxidados; e iii) fluxo de calor intenso
Na borda da bacia encontra-se, assim, definida zona controlado por ação prolongada dos movimentos
de contato entre ambiente redutor e ambiente oxidante distensivos no interior da bacia.
favorável à precipitação dos sulfetos de cobre (calcoci- No caso da mineralização cuprífera associada ao
ta) e, conseqüentemente, à individualização da minerali- Graben Colorado, a ausência de basaltos pode ser suprida
zação. pela presença de um conjunto de rochas metaplutônicas
ácidas a intermédiárias e metavulcânicas básicas, geradas
X. DISCUSSÃO SOBRE A MINERALIZAÇÃO em ambiente de arco magmático, pertencentes ao
CUPRÍFERA embasamento da bacia. Litoclastos de metadioritos e
rochas metavulcânicas básicas, contendo disseminações
O motivo que torna as bacias intracontinentais de sulfetos (pirita, calcopirita), estão presentes em grande
particularmente favoráveis à mineralização de cobre proporção nos conglomerados basais da seqüência
(Maynard 1983; 1991) depende, sobretudo, da conjunção conglomerática inferior.
de três fatores: i) presença de basaltos continentais basais, A presença de interface abrupta de oxido-redução no
comumente anômalos em cobre, associados ao estágio ambiente de sedimentação talvez seja a condição mais
favorável à mineralização cuprífera no Graben Colorado.

594
Caracterização de Depósitos Minerais em Distritos Mineiros da Amazônia

A seqüência conglomerática inferior é constituída por carbonatos no contexto da Bacia dos Parecis. A mudança
conglomerados basais e arenitos feldspáticos a de coloração dos carbonatos mineralizados e não
arcoseanos, depositados em sistema de leques aluviais mineralizados está associada a transformações químicas
sob condições oxidantes de clima árido, que transiciona induzidas por reações de dissolução e reprecipitação
lateral e verticalmente para associação de siltitos, durante a formação da mineralização cuprífera.
folhelhos, margas, calcários dolomíticos e evaporitos
depositados em ambiente dominantemente lacustre, onde XI. CONCLUSÕES
as condições de Eh são mais anóxicas. A interface
condiciona situação físico-química imprescindível à As pesquisas desenvolvidas sobre as ocorrências
deposição dos metais eventualmente solubilizados sob as cupríferas do Alvo Cobre- Rondônia permitiram chegar
as seguintes conclusões:
condições oxidantes das seqüências sotopotas. Os metais,
A mineralização é strata-bound e confinada ao inter-
incluindo cobre, foram complexados e transportados por
valo definido pelo marco estratigráfico representado pe-
soluções aquosas salinas oriundas do reservatório de
los calcários dolomíticos da fase lacustre, situados logo
águas conatas e da dissolução de sais dos estratos
abaixo dos diamictitos glacio-marinhos da Formação Pi-
evaporíticos.
menta Bueno e acima dos conglomerados da fase rifte.
A respeito do terceiro fator, que controla a
A mineralização, quase exclusivamente composta por
hidrodinânica de fluidos e a intensidade de dissolução
calcocita, ocorre na forma de sulfetos maciços e disse-
de metais no interior da bacia, fica o questionamento
minações associadas a fenômenos de dissolução e
sobre a eficácia de sua atuação na mineralização
reprecipitação dos calcários dolomíticos encaixantes a
cuprífera no Graben Colorado. Estudos petrográficos partir de fraturas e zonas mais favoráveis para percolação
mostram que o efeito das transformações diagenéticas de fluídos, como laminações.
nos sedimentos rudáceos da seqüência conglomerática A mineralização apresenta pequenas anomalias
inferior foi particularmente pouco eficiente na dissolução geoquímicas de elementos traços como Mn, Ag, Pb, Sr,
de minerais e, conseqüentemente, na liberacão de metais. Ba, Au, Hg e Se.
Isto provavelmente está vinculado à baixa pressão de A mineralização está associada à migração de fluídos
fluidos no interior da bacia, condicionada pela pressão mineralizantes de origem conata, oriundos das partes mais
de carga de pacote de sedimentos relativamente pouco profundas da Bacia dos Parecis em ambiente de rifte
espesso. Além disso, a ausência de atividade vulcânica intracontinental, possivelmente influenciados por signifi-
importante associada à evolução do Graben Colorado cativo aporte de águas meteóricas.
sugere que o fluxo de calor no interior da bacia foi
relativamente baixo, uma vez que bacias sedimentares Agradecimentos
dessa natureza apresentam comumente baixo gradiente
Os autores da pesquisa agradecem a colaboração
geotérmico.
prestada pela companhia de mineração Santa Elina por
Os dados de isotópos de carbono e oxigênio em
meio de seu quadro técnico representado pelos geólogos
carbonatos mostram que existe variação significativa na
Marcos Parro, Altamiro Mendes Ferreira e Emanuel
composição isotópica dos carbonatos dos calcários
Viegas, e pela CPRM, em particular pela colaboração do
dolomíticos brancos, hospedeiros da mineralização
geólogo Ruy Bahia.
cuprífera, e dos carbonatos dos calcários dolomíticos
Este trabalho foi realizado com financiamento da
róseos encaixantes da mineralização (Figura 28) FINEP através da ADIMB, no quadro do Projeto Carac-
mostrando maior interação rocha/água e aumento da terização de Depósitos Minerais de Distritos Minerais da
temperatura. Estas informações sugerem que os fluidos Amazônia, eficientemente gerenciado pelos geólogos
envolvidos na mineralização, cogenéticos com as soluções Onildo João Marini e Benedicto Waldir Ramos.
conatas aquosas do ambiente original, podem ter sofrido Agradecemos vivamente a importante contribuição dos
forte influência a partir de aporte de água meteórica. Os alunos André Menezes Saboia e Fabiano Richard Leite
diferentes campos de δ13C versus δ18O ilustrados na Faulstich pela ajuda na digitação, na elaboração das figu-
Figura 28 mostram também que há nítida ras e composição do texto final.
compartimentação no ambiente de sedimentação dos

595
Geologia e Metalogenia do Depósito de Cobre do Graben do Colorado, Fossa Tectônica de Rondônia, Brasil

REFERÊNCIAS
Alvarenga C.J.S. & Dardenne M.A 2004. Estratigrafia do Pinho M.A.S.B., Weska R.K., Mizusaki A.M.P., Chemale Jr F.,
Paleozóico da Bacia dos Parecis. In: SBG, Congr. Bras. Borba A.W., Costa E. 2004. Petrografia, Geoquímica e
Geol., 42, Araxá, Resumos, CD-ROM. Análises Isotópicas (Sr, Nd, Ar) dos Basaltos de Tapirapuã
Bahia R. & Pedreira A. J. 1996. Depósitos glaciogênicos da (Tangará da Serra, Mato Grosso). In: SBG, Cong. Bras.
Formação Pimenta Bueno (Carbonífero) na região de Rolim Geol., 42, Araxá, Resumos, CD-ROM.
de Moura, sudeste de Rondônia. A Terra em Revista, ano Rodrigues R, Azevedo R.L.M, Estrada N.M, Rehim H.A.A, Sato
II, nº 1, p. 24-29. K, Soliane Jr.E. 1994. Inferências cronoestratigráficas para
Bahia R. & Pedreira A. J. 1999. As bacias sedimentares do Estado carbonatos da Bacia dos Parecis, com base em dados da
de Rondônia. Porto Velho, CPRM, Relatório Interno, 37 p. razão 87Sr/ 86Sr. Congresso Brasileiro de Geologia, 38,
(inédito). Balneário Camboriú, SBG, v. 3, 286-287 p.
Bahia R., Quadros M.L., Pedreira A. J. 1996. As coberturas Santos J.O.S., Hartmann L.A., Gaudette H.E., Groves D.J.,
sedimentares fanerozóicas da região sudeste de Rondônia. Mcnaughton M.J., Fletcher I.R. 2000. A new understanding
In: SBG, Congr. Bras. Geol., Salvador, Anais, p. 293-302. of the provinces of the Amazon Craton based on
Costa S.A.G., Fragomeni P.P.P., Fragomeni M.G. 1975. Projeto integration of field mapping and U-Pb and Sm-Nd
Serra do Roncador. Reconhecimento Geológico. geochronology. Gondwana Research, 3(4): 453-488.
Goiânia,DNPM/CPRM, Relatório Final, vol. 3 (inédito). Scandolara J. 1999. Geologia e Recursos Minerais do Estado
Cruz M.M.C. 1980. Palinologia de sedimentos paleozóicos do de Rondônia, Texto explicativo e mapa geológico de
Território Federal de Rondônia. In: SBG, Congr. Bras. Geol., Rondônia. DNPM/CPRM, Programa Levantamentos
Camboriú, Anais, p. 3041-3048. Geológicos Básicos do Brasil, 87 p.
Faure G. 1977. Principles of Isotope Geology. Wiley (Ed.) Smith Siqueira L.P. 1989. Bacia dos Parecis. Boletim de Geociências
and Wyllie Intermediate Geology Series, 464 p. da Petrobrás, 3: 3-16.
Geofoto. 1982a. Projeto Aero-geofísico Pacaás Novos. Rio de Soeiro R.S. 1981. Projeto prospecção de carvão energético em
Janeiro. Rondônia. Porto Velho, DNPM/CPRM, Relatório Final.
Geofoto. 1982b. Projeto Aero-geofísico Serra dos Parecis. Rio Stanton R.L. & Russel R.D. 1959. Anomalous leads and the
de Janeiro. emplacement of lead sulfide ores. Economic Geology, 54:
Leal J.W.L., Silva G.F., Santos D.B., Teixeira W., Lima M.I.C., 588-607.
Fernandes C.A., Pinto A.C. 1978. Porto Velho, Rio de Tassinari C.C.G. & Macambira M.J.B. 1999. Geochronological
Janeiro, Projeto RADAMBRASIL, Folha SC-20, provinces of the Amazonian Craton. Episodes, 22(3): 174-
Levantamento de Recursos Naturais, DNPM, p. 17-184. 182.
Maynard J.B. 1983. Geochemistry of Sedimentary Ore Deposits. Teixeira L.B. 2001. Evidência geofísica de rifts precursores nas
Springer Verlag, 284 p. bacias paleozóicas do Amazonas, Paraná, Parecis, Parnaíba,
Maynard J.B. 1991. Copper: Product of diagenesis in rifted Solimões e Alto Tapajós. In: J. H. G. Melo e Terra G. J. S.
basins. Reviews in Economic Geology, 5: 199-205. (eds.), Correlação de Seqüências Paleozóicas Sul-
Milani E.J. & Zalán P.V. 1999. An outline of the geology and Americanas, Ciência-Técnica-Petróleo, Seção
petroleum systems of the Paleozoic interior basins of South Exploração de Petróleo, nº 20.
America. Episodes, 22(3): 199-205. Zartman R.E. & Doe B.R. 1981. Plumbotectonics-the model.
Pedreira A.J. 1998. Sistemas deposicionais e estratigrafia da Techtonophysics, 75:135-162.
Bacia dos Parecis no Estado de Rondônia, Porto Velho, Zartman R.E. & Haines S.M. 1988. The plumbotectonic model
CPRM, Relatório de Viagem, 32 p. (inédito). for Pb isotopic systematics among major terrestrial
Pinto Filho F.P., Freitas A.F., Melo C.F., Silva L.M., Lovato O.G., reservoirs – A case of bi-directional transport. Geochimica
Romanini S.J. 1977. Projeto Sudeste de Rondônia. Porto e Chosmochimica. Acta, v.52: 1327-1339.
Velho, DNPM/CPRM, Relatório Final, vol. 4 (inédito).

596

Você também pode gostar