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Cap IX CuGrabenColoradoROBR
Cap IX CuGrabenColoradoROBR
CAPÍTULO IX
GEOLOGIA E METALOGENIA DO DEPÓSITO DE COBRE DO GRABEN DO
COLORADO, FOSSA TECTÔNICA DE RONDÔNIA, BRASIL
ABSTRACT
RESUMO
The copper deposit of Rondônia, localized near the northern
O depósito de Cobre de Rondônia, localizado na borda norte do border of the Colorado Graben, is part of the Fossa Tectônica de
Graben Colorado, integra a Fossa Tectônica de Rondônia, na Rondônia at the western end of the Parecis Basin. It is intimately
extremidade oeste da Bacia dos Parecis. Encontra-se intimamente associated to carbonatic sequence interlayered between alluvial fans
associado à seqüência carbonática intercalada entre os leques aluviais of lower conglomeratic sequence and siliciclastic sediments of upper
da seqüência conglomerática inferior e os sedimentos siliciclásticos da glacio-marine sequence. All these sequences are related to the
seqüência glacio-marinha, os quais são relacionados ao development of the Pimenta Bueno Rift during Permo-Carboniferous
desenvolvimento do Rifte Pimenta Bueno durante o Permo- time. Strata-bound chalcocite mineralization occurs along dissolution
Carbonífero. A mineralização strata-bound de calcocita ocorre ao longo zone following laminations and fractures of white dolostones, which
da zona de dissolução, desenvolvida preferencialmente ao longo das are situated at the base of the pink dolomitic limestones of the
laminações e fraturas dos dolomitos brancos, que se situam na base carbonatic sequence. The paragenetic sequence is composed
dos calcários dolomíticos rosados da seqüência carbonática. A successively in direction to the center by rhomboedric zoned pink
paragênese é composta sucessivamente em direção ao centro por dolomite, chalcocite, baryte and spatic calcite. Surrounding white
dolomita zonada romboédrica, calcocita, barita e calcita espática. Os dolomites show weak Mn, Sr and Ba enrichment, while massive
dolomitos brancos encaixantes apresentam ligeiro enriquecimento nos chalcocite displays small Pb, Ag, Hg and Se anomalies. The superficial
elementos Mn, Sr e Ba, enquanto a calcocita maciça apresenta weathering is characterized by formation of malachite, which cements
pequenas anomalias de Pb, Ag, Hg e Se. A alteração superficial é lithic comglomerates of lower clastic sequence. Stable and radiogenic
caracterizada pela formação de malaquita, a qual pode impregnar os isotope studies suggest migration of the mineralized fluids from the
conglomerados líticos da seqüência clástica inferior. Estudos de deeper part of the basin in direction to the paleogeographic highs at
isótopos estáveis e radiogênicos sugerem migração de fluídos the basin border.
mineralizantes a partir das zonas profundas em direção aos altos
paleogeográficos da borda da bacia.
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Geologia e Metalogenia do Depósito de Cobre do Graben do Colorado, Fossa Tectônica de Rondônia, Brasil
rifteamento que presidiram à abertura do Atlântico Norte km2 distribuída pelos estados de Rondônia e Mato Gros-
no Triássico-Jurássico, e a do Atlântico Sul no Cretáceo, so (Figura 1). Os principais elementos da Bacia dos
conduzindo à formação das bacias da margem continental Parecis foram reconhecidos por meio de mapeamentos
brasileira, bem como à formação das bacias interiores geológicos, de levantamentos geofísicos e de furos de son-
cretáceas isoladas na região Nordeste do Brasil. O dagem.
Cenozóico é caracterizado pela alteração laterítica que
atuou na Plataforma Sul-Americana desde o início do Geologia
Terciário, pela sedimentação marinha que ocorreu nas ba-
cias marginais brasileiras, e pela sedimentação continental A Bacia dos Parecis (Figura 2) é dividida de W para
originada pela atividade dos rios. E em três sub-bacias, denominadas Fossa Tectônica
de Rondônia, Chapada dos Parecis ou Juruena e De-
III. A BACIA DOS PARECIS pressão do Alto Xingu, separadas pelos altos paleoge-
ográficos identificados como Arco de Vilhena e Arco
A Bacia dos Parecis (Siqueira, 1989) constitui-se em de Serra Formosa (Siqueira, 1989 ). Sua evolução ini-
uma estrutura alongada na direção W-E com dimensão ciou-se provavelmente no Siluriano com a deposição
maior de 1.250 km ocupando área aproximada de 500 mil dos sedimentos continentais da Formação Cacoal. Con-
Figura 1 Distribuição das Bacias Paleozóicas no Brasil, sem as coberturas mais jovens (segundo Teixeira, 2001).
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Caracterização de Depósitos Minerais em Distritos Mineiros da Amazônia
Geofísica
Aeromagnetometria
Gravimetria (Figura 2)
Os levantamentos realizados pela Petrobrás (Teixeira, Existem poucos furos de sondagem na Bacia dos
2001) mostram a geometria da Bacia dos Parecis, evi- Parecis. Diversos furos rasos foram executados pelas
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Geologia e Metalogenia do Depósito de Cobre do Graben do Colorado, Fossa Tectônica de Rondônia, Brasil
companhias de mineração Santa Elina (Furos F.01 a 09 IV. GEOLOGIA DA FOSSA TECTÔNICA DE
e R.01 a 05) e Phelps Dodge (Furo AALD-001) na RONDÔNIA
borda norte do Graben Colorado. Furo de profundida-
de intermediária foi realizado pela CPRM (Furo PB- A Fossa Tectônica de Rondônia (Figura 5) é constitu-
01, com 950 m) na porção leste da Fossa Tectônica de ída pelo conjunto dos grabens Pimenta Bueno e Colorado,
Rondônia. Furos profundos foram efetuados pela separados na porção central pelo Alto Estrutural do Rio
Petrobrás (Furos 2-FI-1-MT na Fazenda Itamarati com Branco do Guaporé onde ocorrem a Suíte Básica-
2.377m e 2-SIM-1-MT no Salto Magessi com 5.777 Ultrabásica Cacoal, a Seqüência Nova Brasilândia e a
m) no quadro do reconhecimento da bacia para avalia- Suíte Granítica Rio Pardo.
ção do potencial petrolífero. As correlações entre es-
ses furos são extremamente difíceis e objetos de con- Geologia do Alto Estrutural do Rio Branco do
trovérsias em função da ausência de fósseis e de Guaporé
datações duvidosas.
O furo da CPRM (PB-001) interessa provavelmente Nesta área predominam rochas da Seqüência Nova
às Formações Cacoal e Pimenta Bueno. Brasilândia que representa provável seqüência vulcano-
Os furos da Petrobrás (2-FI-1-MT e 2-SIM-1-MT) sedimentar constituída de rochas supra-crustais de baixo
interessam à porção mais profunda da bacia, onde as di- e médio grau metamórfico tais como paragnaisses,
versas formações apresentam grandes espessuras e onde anfibolitos, rochas calcissilicáticas, quartzitos, formações
a litoestratigrafia é mais completa. Entretanto, datações ferríferas bandadas, filitos e raros meta-tufos. O
problemáticas em 1.163 ± 21 Ma por K-Ar e Ar-Ar dos metamorfismo dessa seqüência foi datado em 1.177 ± 33
sills de gabros intercalados nos sedimentos conduziram a Ma por Rb-Sr e em 1.090 Ma por U-Pb sobre zircão.
interpretações controversas sobre a presença ou não de A Suíte Básica-Ultrabásica Cacoal é representada
sedimentos paleozóicos nas profundidades atingidas pe- pelos complexos máfico-ultramáficos de Cacoal, Limão
las perfurações. e Alta Floresta do Oeste, datados por Rb/Sr em ca. 1.000
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Caracterização de Depósitos Minerais em Distritos Mineiros da Amazônia
Figura 5 Geologia da Fossa Tectônica de Rondônia (Mapa Geológico do Estado de Rondônia, Scandolara, 1999, 1:1.000.000,
CPRM/MME, modificado).
Ma (Pinto Filho et al. 1977). Os complexos possuem for- e Colorado e preenchidos por sedimentos paleozóicos e
ma elipsoidal alongada segundo a direção NW e são re- mesozóicos pertencentes aos grupos Primavera e Vilhena
presentados por peridotitos, olivina gabros, troctolitos, respectivamente, além de sedimentos não consolidados e
noritos e gabros com estrutura acamadada. lateritas relacionados ao Cenozóico.
A Suíte Granítica Rio Pardo é composta por corpos
graníticos sin a tardi-cinemáticos de composição sub-al- Grupo Primavera
calina a alcalina, com granulação fina a grossa, apresen-
tando plagioclásio, quartzo, biotita e hornblenda como Os sedimentos paleozóicos do Grupo Primavera são
minerais essenciais, além de titanita, apatita, alanita, zircão agrupados nas formações Cacoal, Pimenta Bueno e Fa-
e raramente granada como acessórios. A suíte foi datada zenda da Casa Branca.
por Rb/Sr em 1016 ± 30 Ma e 982 ± 31 Ma (Scandolara,
1999). Fm Cacoal (Siqueira, 1989)
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Geologia e Metalogenia do Depósito de Cobre do Graben do Colorado, Fossa Tectônica de Rondônia, Brasil
é geralmente relacionada ao Siluriano. Entretanto, os ções até gabróicas. Petrograficamente, possuem textura
afloramentos de arenitos maciços, de cor amarronzada, sub-ofítica, com plagioclásio ripiforme e piroxênio anédrico
descritos nas vizinhanças da cidade de Cacoal como per- (augita).
tencentes a essa formação, parecem apresentar as prin- Clorofeíta, bowlingita e clorita são os produtos de al-
cipais características da seqüência siliciclástica da For- teração mais freqüentes dos minerais máficos.Minerais
mação Pimenta Bueno. opacos são comuns e o vidro vulcânico possui coloração
verde. Análises químicas dos basaltos sugerem composi-
Formação Pimenta Bueno (Leal et al. 1978) ção toleítica com teores de sílica entre 49,5 e 50,7%, TiO2
em torno de 1,3% e P2O5 entre 0,14 e 0,17%. Os elemen-
É composta essencialmente por diamictitos, arenitos, tos terras raras (ETR) mostram padrão de enriquecimen-
folhelhos e siltitos, sobrepondo-se à Formação Cacoal ou to de ETR leves sobre os pesados, com comportamento
ao embasamento. Os folhelhos são de coloração mar- semelhante aos da Bacia do Paraná. Segundo Pinho et
rom, micáceos e intercalados com siltitos e arenitos al. (2004), as análises isotópicas dos basaltos mostram
feldspáticos a arcoseanos, podendo conter localmente sei- razão inicial 87Sr/85Sr entre 0,703 e 0,707, parâmetro ∈−
xos pingados. Segundo Bahia e Pedreira (1996) e Pedrei- Nd variando entre 1,73 e +1,77 e idades modelo TDM
ra (1998) o ambiente deposicional é interpretado como entre 1181 e 1400 Ma. Análises 40Ar/39Ar (Pinho et al.
glacio-marinho. Cruz (1980) identificou a presença de 2004) em plagioclásio dos basaltos da Formação Tapirapuã
acritarcas do gênero Sphaedium. A formação é relacio- forneceram uma idade-plateau de 206±6 Ma, posicionando
nada ao Carbonífero. o evento vulcânico no limite Triássico-Jurássico.
É representada por conglomerados, grauvacas, arenitos Definida no estado de São Paulo, essa formação foi
feldspáticos a arcoseanos, argilitos e folhelhos, sobrepon- estendida até a porção sudeste do estado de Rondônia
do-se à Formação Pimenta Bueno ou ao embasamento por Pinto Filho et al. (1977) para designar os arenitos
cristalino. O ambiente deposicional é considerado como eólicos que ocorrem na região de Vilhena. Alguns
essencialmente fluvial, às vezes com influência glacial. A afloramentos observados ao longo da BR-364, atribuídos
formação foi posicionada no intervalo Permo-Carbonífero. à Formação Botucatu do Triássico, consistem em arenitos
São muito raros os afloramentos da Formação Fazenda bimodais feldspáticos com grão médio a grosso, que mos-
da Casa Branca, o que não permitiu emitir qualquer opi- tram espetaculares estratificações cruzadas de grande
nião melhor fundamentada sobre o assunto. porte de origem eólica compatíveis com a correlação com
os sedimentos da Bacia do Paraná.
Grupo Vilhena
Formação Parecis (Siqueira, 1989)
Os sedimentos mesozóicos do Grupo Vilhena são agru-
pados nas formações Anari/Tapirapuã, Botucatu e É constituída por conglomerados arenitos e folhelhos,
Parecis. que ocorrem na borda SW da bacia, entre as cidades de
Vilhena e Colorado dOeste. Os ambientes deposicionais
Formação Anari/Tapirapuã (Pinto Filho et al. 1977) são relacionados a sistemas fluviais e eólicos (Pedreira,
1998):
Corresponde aos basaltos aflorantes na porção sudeste i) Fácies fluvial mostrando alternância de arenitos com
do Gráben Colorado, datados por K-Ar entre 111 e 208 ± estratificações cruzadas acanaladas e finos leitos
14 Ma. A esta formação são também relacionados gabros de conglomerados na base com folhelhos e argilitos
e diabásios alojados na forma de sills nos sedimentos e de cor esverdeada, traduzindo talvez um sistema
pipes kimberlíticos diamantíferos conhecidos na região de deposicional de rios meandrantes.
Juína e Espigão dOeste. ii) Fácies eólica com arenitos finos apresentando
Os derrames basálticos da Formação Tapirapuã estratificações cruzadas de grande porte compatí-
afloram na região de Tangará da Serra (Mato Grosso), veis com um ambiente eólico. Os arenitos,
onde o pacote vulcânico tem espessura máxima de 350m. freqüentemente decompostos e friáveis, possuem
Os basaltos são maciços, de granulação fina e de cor uma cor amarela muito característica que torna-se
cinza na base, mostrando disjunção colunar, enquanto são avermelhada perto da superfície.
arroxeados e com amígdalas no topo. Nas porções inter- iii) Fácies fluvial com conglomerados e arenitos com
mediárias, podem ter granulação mais grossa com fei- estratificações cruzadas acanaladas, refletindo um
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Caracterização de Depósitos Minerais em Distritos Mineiros da Amazônia
sistema deposicional de rios entrelaçados sobre- norte do Graben Colorado (Figura 6) permitiram individu-
posto ao sistema eólico. alizar quatro unidades sedimentares acima do
embasamento cristalino.
Cenozóico O Furo AALD-001 (Figura 7) da companhia de
mineração Phelps Dodge, situado mais ou menos 400
Os sedimentos cenozóicos da Fossa Tectônica de metros a sudeste da linha de furos citada anteriormente
Rondônia são representados essencialmente por areias mostra algumas variações de fácies importantes que serão
semi ou não consolidadas provenientes do retrabalhamento destacadas na descrição das diversas unidades
dos arenitos da Formação Parecis, e por crostas lateríticas individualizadas.
que se desenvolveram sobre essas rochas durante o
Terciário e o Quaternário. Embasamento cristalino
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Geologia e Metalogenia do Depósito de Cobre do Graben do Colorado, Fossa Tectônica de Rondônia, Brasil
Granitos
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Caracterização de Depósitos Minerais em Distritos Mineiros da Amazônia
Figura 8a Diagrama QAP de classificação de rochas Figura 8b Diagrama An-Or-Ab de classificação de rochas
graníticas. graníticas.
Figura 8c Diagrama de saturação em alumina das rochas Figura 8d Diagrama de variação sílica versus álcalis das
do embasamento rochas do embasamento.
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Geologia e Metalogenia do Depósito de Cobre do Graben do Colorado, Fossa Tectônica de Rondônia, Brasil
Figura 8e Diagrama SiO2 versus FeO/MgO das rochas do Figura 8f Diagrama da distribuição dos elementos litófilos
embasamento. nas rochas do embasamento.
No entanto, aparentemente, não se trata de uma única se trata de rochas com conteúdo de sílica maior que o
série evolutiva, já que, no referido diagrama, observam- conteúdo de álcalis.
se dois grupos bastante distintos, sem continuidade entre Rochas subalcalinas podem ser, adicionalmente, sub-
si. Observa-se vazio entre as duas séries, as quais não divididas em suite toleítica e suite calcialcalina, conforme
apresentam direção evolutiva, ou seja, os dados mostram apresentado na Figura 8e. A suite toleítica é constituída
apenas distribuição concentrada. Numa diferenciação de rochas com maior grau de enriquecimento em Fe e
magmática, ter-se-ia tendência em direção a termos mais menores conteúdos de Al. A suite calcialcalina compre-
ricos em albita. ende associações plutônicas do tipo gabro-diorito-
Em relação à saturação em alumina , utilizando-se o granodiorito-granito.
diagrama do índice de Shand (Shands Index, Figura Na Figura 8e verifica-se que a série peraluminosa (gra-
8c), especialmente importante para rochas félsicas, veri- nito) classifica-se como calcialcalina, enquanto que a sé-
fica-se que as rochas do embasamento são classificadas rie metaluminosa (tonalito e granodiorito) apresenta-se dis-
em dois grupos distintos, ou seja: série peraluminosa e tribuída no campo das rochas toleíticas.
série metaluminosa. A Figura 8f mostra comparação na distribuição de di-
Na série peraluminosa estão as rochas classificadas versos elementos litófilos entre as duas séries de rochas
como granitos, enquanto que a série metaluminosa abrange do embasamento da borda norte do Graben Colorado, na
as rochas classificadas como tonalito e granodiorito. O qual pode-se observar significantes diferenças nos con-
diagrama também sugere a existência de duas séries de teúdos principalmente de terras raras, bem como de Ti,
rochas plutônicas distintas. Zr e Hf. Novamente, a série peraluminosa (granito), em
Em função do pequeno número de análises em cada função do conteúdo maior de ETR, Zr, Hf e menor de Ti,
uma das séries (peraluminosa e metaluminosa) torna-se sugere tratar-se de rochas mais especializadas em rela-
difícil definir com exatidão a ausência de uma seqüência ção à série metaluminosa.
evolutiva interna às séries. Na Figura 8 c, verifica-se que As análises Sm-Nd (Tabela 2) realizadas no Labora-
a série peraluminosa, integrada por granitos, aparente- tório de Geocronologia do Instituto de Geociências da UnB
mente sugere passagem para termos mais evoluídos, mostram origem crustal para as rochas do embasamento
peralcalinos. do Graben Colorado (Figura 9).
O diagrama de variação sílica versus álcalis (Figura Idades-modelo TDM obtidas pelo método Sm-Nd em
8d) pode ser usado para subdividir todas as rochas ígneas granodioritos/tonalitos variam de 1.8 a 2.2 Ga, e sugerem
em duas categorias: alcalina e subalcalina. As duas séri- uma fonte de idade paleoproterozóica. Os valores de
es de rochas do embasamento da borda norte do Graben εNd (t) são pouco negativos (entre 2 e 5).
Colorado classificam-se como subalcalinas, indicando que Para os granitos, as idades-modelo TDM obtidas pelo
método Sm-Nd sugerem uma fonte dominantemente
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Caracterização de Depósitos Minerais em Distritos Mineiros da Amazônia
Tabela 2 Análises Isotópicas Sm-Nd das Rochas Ígneas do Embasamento do Alvo Cobre-Rondônia (Laboratório de
Geocronologia, IG-UnB).
End
15
10 DM
5 CHUR
-5
-10
-15
0,6 0,8 1 1,2 1,4 1,6 1,8 2 2,2
T(Ga)
Figura 9 Diagrama εNd /T(Ga) das rochas ígneas do embasamento do Graben Colorado.
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Geologia e Metalogenia do Depósito de Cobre do Graben do Colorado, Fossa Tectônica de Rondônia, Brasil
Foto 5 Conglomerado lítico clasto-suportado (F.09-CG-4). Foto 6 Diamictito lítico com matriz de carbonatos.
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Caracterização de Depósitos Minerais em Distritos Mineiros da Amazônia
Foto 11 Calcário microcristalino com estilólito em desta- Foto 12 Dolomito avermelhado com laminação rica em grãos
que e com manchas esparsas de calcita espática (Sedson 2). de quartzo, biotita e opacos (F.09-CRD-7).
presentes nos diamictitos, os quais flutuam na matriz argilo- tempestades episódicas. Essa seqüência mostra freqüen-
arenosa, são de natureza variada, tais como granitóides, tes estruturas de carga devidas ao soterramento, como
quartzitos, carbonatos e rochas vulcânicas máficas (Foto estruturas em chama (Foto 18), e de fluidização (Fotos
13 a, b). Essa seqüência possui em geral alguns metros 19, 20).
de espessura, atingindo excepcionalmente cerca de 55 Arenitos feldspáticos esbranquiçados, com grãos
metros como no Furo AALD-001 da Phelps Dodge, onde grossos polidos ou não e com estratificações cruzadas,
se observa a alternância repetida de níveis de argilito cor são interpretados como depositados em sistema eólico
chocolate com níveis de brechas lamelares. Lateralmen- e/ou fluvial intercalado na seqüência marinha
te os diamictitos correspondem a uma sucessão de con- plataformal.
glomerados sustentados pela matriz, folhelhos e arenitos Na base da seqüência marinha, observa-se a presença
arroxeados que são interpretados como fluxos de detritos de arcóseos microconglomeráticos (Foto 21), com
(debris-flows) provavelmente de origem glacial. Essa se- estruturas interpretadas como originadas por tempestades,
qüência é correlacionada à Formação Pimenta Bueno, os quais apresentam importante cimento calcífero.
atribuída ao Carbonífero. Essa seqüência, bastante espessa mesmo na borda do
graben onde atinge cerca de 200 metros, é também
Seqüência siliciclástica considerada como depositada sob influência glacial.
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Geologia e Metalogenia do Depósito de Cobre do Graben do Colorado, Fossa Tectônica de Rondônia, Brasil
Foto 15 a,b Arcóseo fino ferruginoso com biotita e muscovita.(nicóis paralelos/ Foto 16 Arenitos arcoseanos finos,
nicóis cruzados). laminados, com amplos truncamentos
por onda da Formação Pimenta Bueno.
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Caracterização de Depósitos Minerais em Distritos Mineiros da Amazônia
A pedreira EMAL, com espessura vizinha de 12 Atribuídos a glaciação permo-carbonífera, são consti-
metros, produz pó dolomítico como corretivo de solo para tuídos por conglomerados sustentados por matriz argilo-
a agricultura. É constituída por dolomitos finos, laminados, siltosa, contendo seixos diversos de granitos, calcários,
de aspecto homogêneo ,os quais são equivalentes do ho- quartzo, quartzitos e arenitos, associados a folhelhos de
rizonte carbonático de referência. cor roxa a esverdeada. Nos fragmentos de calcários, des-
Ao microscópio, os dolomicritos mostram a alternância taca-se a presença de oólitos/pisólitos e de estruturas
de finas laminações ricas em carbonatos com raros grãos estromatolíticas.
detríticos flutuando nessa matriz, com laminações
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Geologia e Metalogenia do Depósito de Cobre do Graben do Colorado, Fossa Tectônica de Rondônia, Brasil
O levantamento do furo de sondagem PB-01 da CPRM Areias brancas quartzosas não consolidadas, interpre-
(Figura 10) permitiu observar dez unidades do topo até a tadas pela CPRM como provenientes da alteração da For-
base: mação Fazenda da Casa Branca.
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Caracterização de Depósitos Minerais em Distritos Mineiros da Amazônia
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Geologia e Metalogenia do Depósito de Cobre do Graben do Colorado, Fossa Tectônica de Rondônia, Brasil
Foto 31 Arenito feldspático médio a grosso com cimento de Foto 33 Arenito feldspático médio a grosso com cimento de
quartzo (PB-20). quartzo (PB-23).
Foto 32 Arenitos brancos de origem eólica (PB-01-RO- Foto 34 Arenito com cimento de quartzo (PB-22).
CPRM, cx 98, amostra PB-20, 581m).
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Caracterização de Depósitos Minerais em Distritos Mineiros da Amazônia
H2
Dolomicritos evaporíticos que se apresentam sob três
fácies: i) dolomicritos com prismas aciculares e olhos de
anidrita (Fotos 37 e 38), representando ambiente
deposicional de tipo sabkha; ii) dolomicritos com cimento
pervasivo de anidrita (Fotos 39);iii) arenitos finos
acinzentados cimentados por anidrita (Foto 40);iv) anidrita
microcristalina (Foto 41).
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Geologia e Metalogenia do Depósito de Cobre do Graben do Colorado, Fossa Tectônica de Rondônia, Brasil
Foto 42 Arenito arcoseano fino com biotita e manchas de Foto 43 Detalhe da mancha de cimento calcítico poiquilítico
cimento calcítico (PB-55). (PB-55).
O furo PB-01 da CPRM não atingiu a unidade seqüência conglomerática inferior. Interpreta-se a sedi-
conglomerática inferior sotoposta à seqüência carbonática mentação carbonática como relacionada a condições cli-
descrita anteriormente. máticas áridas, próximas das condições evaporíticas. Essa
hipótese parece se confimar em função dos evaporitos
VI. PALEOGEOGRAFIA E SISTEMAS DEPO- capilares de tipo Sabkha encontrados nas partes mais pro-
SICIONAIS fundas da bacia, tanto no furo PB-01 da CPRM como
talvez nos furos da PETROBRAS no Salto do Magessi.
Essa fase pode ser considerada equivalente à fase
A paleogeografia da Fossa Tectônica de Rondônia é
evaporítica dos riftes da margem continental brasileira.
governada pela individualização dos grabens Colorado e
Pimenta Bueno, os quais são limitados pelas falhas Presi-
Fase SAG ou de Subsidência Térmica
dente Hermes, Itaporã e Pimenta Bueno, de amplitude
regional. Essas falhas, que foram ativas durante todo o
Corresponde à subsidência térmica que ocorre após
Permo-Carbonífero, são responsáveis pelo desenvolvimen-
as fases de rifteamento ativo e de quiesciência. Geral-
to do chamado Rifte Pimenta Bueno, cuja evolução pode
mente é caracterizada por subsidência acentuada da ba-
ser dividida em quatro fases principais:
cia acompanhada de transgressão. A fase sag pode ser
dividida em duas etapas intimamente ligadas: a etapa de
Fase Rifte glaciação e a etapa de transgressão marinha propriamen-
te dita, as quais integram a Formação Pimenta Bueno.
Evidenciada pela deposição da seqüência
conglomerática inferior. Corresponde à fase ativa das Etapa de glaciação
falhas e resulta na deposição de sistema de leques aluviais
oriundos da erosão dos altos do embasamento soerguido É referida na literatura ao Carbonífero ou em sentido
pelas falhas. O sistema de leques aluviais é caracteriza- mais amplo ao Permo-Carbonífero. Trata-se de fenôme-
do pela sedimentação de diamictitos, conglomerados, no que ocorre na escala continental, envolvendo depósi-
arenitos e folhelhos/argilitos intercalados que traduzem tos de geleiras continentais e depósitos glacio-marinhos.
as variações extremas de energia no sistema provavel- No âmbito da Fossa Tectônica de Rondônia as fácies e
mente em condições de clima árido. associações de fácies observadas parecem favorecer sis-
tema deposicional glacio-marinho com a presença de
Fase de Quiesciência diamictitos intercalados com argilitos e folhelhos, formando
seqüência de espessura muito variável, mas ainda reduzi-
Representada pelo horizonte-guia carbonático, reco- da, o que deixa supor uma situação paleogeográfica de
nhecido na escala da Bacia dos Parecis. Corresponde à borda de bacia.
fase de calma tectônica, com a paralização da atividade
das falhas que limitam a Fossa Tectônica de Rondônia, e Etapa de transgressão marinha
coincide com o preenchimento dos grabens Colorado e
Pimenta Bueno. Caracteriza-se pela deposição de É caracterizada pela deposição de uma espessa se-
dolomitos laminados que se sobrepõem abruptamente a qüência siliciclástica de plataforma marinha afetada por
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Caracterização de Depósitos Minerais em Distritos Mineiros da Amazônia
tempestadas. As litologias mais características são Tabela 3a Análises Isotópicas Sm-Nd das Rochas
arcóseos finos, muito micáceos, intercalados com Sedimentares do Furo PB-01 da CPRM (Laboratório de
folhelhos. O levantamento do furo PB-01 da CPRM co- Geocronologia, IG-UnB).
locou em evidência a ocorrência de fases regressivas
acentuadas neste período em função do reconhecimento
de intervalos fluviais e eólicos interrompendo temporari-
amente a sedimentação marinha.
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Geologia e Metalogenia do Depósito de Cobre do Graben do Colorado, Fossa Tectônica de Rondônia, Brasil
dolomitos de capa (cap-dolomites) situados acima de Tabela 4a Análises Isotópicas de Carbono e Oxigênio dos
diamictitos de origem glacial, na base das seqüências Carbonatos da Pedreira Emal e da Fazenda Sedson.
carbonáticas transgressivas após a fusão do gelo. Apesar
de ocorrer abaixo das camadas de diamictitos, os valores
negativos de δ13C poderiam ser relacionados à glaciação
do Permo-Carbonífero, numa situação incomum em
relação aos exemplos da literatura internacional. Uma
outra hipótese pode relacionar as anomalias negativas a
um enriquecimento em carbono leve (12C) no ambiente
lacustre proposto para o sistema deposicional da
seqüência carbonática
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Caracterização de Depósitos Minerais em Distritos Mineiros da Amazônia
Tabela 5 Análises Isotópicas 87Sr/86Sr de Gipsita e Anidrita Tabela 6 Análises Isotópicas de Enxofre e Oxigênio em Sul-
do Alvo Cobre-Rondônia (Laboratório de Geocronologia, IG- fatos (Gipsita, Anidrita e Barita) do Alvo Cobre-Rondônia.
UnB).
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Geologia e Metalogenia do Depósito de Cobre do Graben do Colorado, Fossa Tectônica de Rondônia, Brasil
espessura de até 6 metros, sendo mais comuns espessuras caráter dominantemente strata-bound (Figura 20).
que variam entre 2 e 4 metros, com teores variados. Os Dessa forma, além de representarem um importante
calcários dolomíticos são sub-horizontais ou mergulham marco na estratigrafia das fossas tectônicas de Rondônia,
até 10° para sul perto das falhas de primeira ordem que os calcários dolomíticos da seqüência carbonática são
limitam o Graben Colorado. O contato é afetado por considerados como o principal guia prospectivo para
falhamentos transversais de direção noroeste. cobre na região. A unidade calcária é sobreposta por
As ocorrências de cobre encontram-se hospedadas diamictitos, arenitos micáceos, siltitos, folhelhos e argilitos
concordante e discordantemente na base de calcários apresentando importantes feições de fluidização, os quais
dolomíticos do topo da seqüência conglomerática inferior são incluídos na seqüência glacio-marinha e na seqüência
(Figuras 18, 19), aqui com espessura muito reduzida (10- siliciclástica superior, atribuídas tradicionalmente à
20 m), e em menor proporção, na interface destes com Formação Pimenta Bueno. O conjunto das seqüências
os conglomerados basais sotopostos. De maneira geral, sedimentares está relacionado ao desenvolvimento do
este modo de ocorrência confere à mineralização um Rifte Pimenta Bueno.
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Caracterização de Depósitos Minerais em Distritos Mineiros da Amazônia
Figura 18 Perfil do furo mineralizado F-01 do alvo Cobre- Figura 19 Perfil do furo mineralizado F-09 do alvo Cobre-
Rondônia. Rondônia.
As ocorrências de cobre (Fotos 44 a 50) são concordantes. Os corpos representados por bolsões
representadas em maior proporção por concentrações lenticulares e fraturas dilatadas, expostos nas frentes de
maciças de calcocita hospedadas em calcários dolomíticos lavra a céu aberto por garimpagem, atingem ocasional-
e, subordinadamente, disseminações associadas a mente espessuras métricas e extensão decamétrica. Po-
cavidades planares em superfícies estilolíticas. rém, a maioria dos corpos amostrados pelos testemunhos
Disseminações de calcocita e malaquita são localmente por sondagem apresenta dimensões centimétricas. Os ní-
associadas aos conglomerados basais sotopostos aos veis de calcocita controlados pelas superfícies estilolíticas
calcários dolomíticos. exibem invariavelmente espessuras milimétricas e exten-
são lateral limitada. Estas superfícies estilolíticas ricas em
Tipologia das ocorrências cupríferas calcocita são nucleadas quase sempre a partir das fratu-
ras discordantes justapostas.
As concentrações maciças de calcocita ocorrem em As concentrações de calcocita estão encaixadas em
bolsões lenticulares concordantes e em fraturas irregula- calcários dolomíticos brancos, provenientes de transfor-
res discordantes, por vezes com ramificações laterais mação mineralógica críptica e incongruente a partir de
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Geologia e Metalogenia do Depósito de Cobre do Graben do Colorado, Fossa Tectônica de Rondônia, Brasil
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Caracterização de Depósitos Minerais em Distritos Mineiros da Amazônia
calcários dolomíticos róseos. O processo é marcado por Petrografia e Mineragrafia das Mineralizações
frentes de substituição irregulares e ramificadas.
Importante alteração superficial provoca a formação No intuito de melhor definir a paragênese e a suces-
de malaquita predominante, além de azurita, crisocolo e são mineral da mineralização, estudos petrográficos fo-
cobre nativo, que impregna os dolomitos e às vezes os ram desenvolvidos sobre as amostras mais representati-
conglomerados da base. Junto com a malaquita ocorre o vas da mineralização, que ocorre na forma de: dissemina-
desenvolvimento de óxidos de manganês a partir da alte- ções ao longo das laminações, estilólitos, vênulas e fratu-
ração dos dolomitos brancos. Em algumas fraturas regis- ras mineralizadas; e massas de minério maciço em subs-
tra-se a presença de barita. tituição aos dolomitos brancos (Fotos 51 a 57).
Um furo de sondagem mais afastado realizado pela As observações microscópicas permitem estabe-
Phelps Dodge também identificou a camada de dolomito, lecer uma sucessão mineral que se traduz por zoneamento
mas desprovida de mineralização. Nova campanha de muito característico da mineralização, mostrando da bor-
sondagens foi realizada após o desenvolvimento de intensa da para o centro:
prospecção geoquímica e geofísica, sem entretanto i) Dolomita fina microcristalina, com aspecto escuro
modificar o quadro geológico estabelecido anteriormente. no microscópio, representando provavelmente a
Os trabalhos de campo da mineração Santa Elina, que rocha original antes da percolação dos fluídos.
abrangem o conjunto da Fossa Tectônica, permitiram a ii) Dolomita cristalina a macrocristalina, romboédrica,
identificação de novas pequenas ocorrências de cobre, apresentando zonação muito característica,
sempre associadas ao horizonte dos dolomitos (Figura 20). originada provavelmente pela dissolução,
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Geologia e Metalogenia do Depósito de Cobre do Graben do Colorado, Fossa Tectônica de Rondônia, Brasil
Foto 53 Mineralização disseminada ao longo da laminação Foto 54 Veio de calcocita maciça em via de alteração para
com desenvolvimento de dolomita romboédrica, deposição malaquita.
de sulfetos e preenchimento por calcita espática.
Foto 55 Vazio preenchido por dolomita zonada romboédrica, Foto 56 Dolomito microcristalino em contato com barita e
sulfetos e calcita espática. sulfetos.
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Caracterização de Depósitos Minerais em Distritos Mineiros da Amazônia
Foto 58 Mineralização de calcocita com pontos de covelita Foto 59 Lente alongada de calcocita com pontos de covelita
e inclusões amarelo a bege isoladas de óxidos e hidróxidos (O-5).
de Fe e Cu (O-4-C-3).
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Geologia e Metalogenia do Depósito de Cobre do Graben do Colorado, Fossa Tectônica de Rondônia, Brasil
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Caracterização de Depósitos Minerais em Distritos Mineiros da Amazônia
principalmente dolomita com baixo conteúdo de MnO, arcoseano (Foto 66), que apresenta conteúdos elevados
como pode ser observado na Tabela 9, a seguir. A rocha de MnO. Esses carbonatos foram classificados como
que apresenta esse tipo de dolomita é classificada como dolomita e calcita, conforme apresentado na Tabela 11.
dolomicrito com prismas aciculares, olhos e cimento de
anidrita (Fotos 61 a 64). Dolomita zonada romboédrica associada à calcita
espática
Calcita em auréola e como cimento
Em relação às texturas observadas, verificou-se que
Na amostra RO-44 tem-se restos de silicatos parcial- o carbonato idiomórfico zonado, romboédrico, na forma
mente substituídos por calcita pseudomórfica, que forma de dentes, geralmente com superfície de aspecto turvo
auréolas ao redor dos grãos substituídos, além de cimen- trata-se de dolomita, com preenchimento da parte central
to intersticial a esses grãos arredondados. A rocha que por calcita espática, como apresentado nas
apresenta as auréolas de calcita é classificada como fotomicrografias das amostras O-14-A, F-09-D-6, O4-
arcóseo calcífero (Foto 65). E1 e O-4-C.
As calcitas de substituição (pseudomórfos) e de pre- As rochas que apresentam esse tipo de carbonato
enchimento (cimento) apresentam conteúdos variados de romboédrico zonado incluem dolomito mineralizado (F-09-
MnO, como pode ser observado na Tabela 10. D6, O-4-E1 e O-4-C) e conglomerado lítico (O-14-A).
Como exemplo, são consideradas as análises execu-
Cimento de carbonato tadas na amostra O-14-A (Foto 67), apresentadas na Ta-
bela 12, as quais foram realizadas ao longo de um perfil
Na amostra PB-55 tem-se análises do cimento de car- percorrendo desde cristais internos idiomórficos, para
bonato intersticial ao quartzo-arenito fino feldspático a cristais zonados idiomórficos, zona central com calcita
Tabela 8 Calcita espática e calcita rosa da amostra C-1 A. Tabela 9 Análises dos carbonatos das amostras PB-32, PB-
38-2 e PB-51.
Foto 61 Dolomicrito com olhos e ripas de anidrita. PB-32. Foto 62 Dolomicrito e anidrita microcristalinos. PB-41-2.
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Geologia e Metalogenia do Depósito de Cobre do Graben do Colorado, Fossa Tectônica de Rondônia, Brasil
Foto 63 Dolomicrito com olho de anidrita.. PB-38-2. Foto 64 Dolomicrito com ripas de anidrita. PB-51.
Foto 65 Arcóseo calcífero apresentando cimento de calcita. Foto 66 Arenito fino feldspático com mancha de cimento
RO-44. carbonático tardio. PB-55.
Foto 67 Cimento idiomórfico de carbonato no conglomera- Foto 68 Detalhe da cimentação carbonática na zona
do inferior. mineralizada.. 0-4-E-3.
espática, até novamente cristais zonados, conforme quanto os demais cristais ou zonas de um mesmo cristal
Fotomicrografia correspondente. apresentam conteúdos bem maiores de Mn, independen-
Verifica-se que o cristal idiomórfico mais interno e com te do tipo de carbonato, ou seja, dolomita ou calcita. O
aspecto bastante turvo (análise Ca-1) apresenta apenas conteúdo de Mn volta a níveis bastante baixos apenas no
uma pequena quantidade de Mn em sua estrutura, en- outro cristal interno (análise Ca-8).
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Caracterização de Depósitos Minerais em Distritos Mineiros da Amazônia
Tabela 10 Análises de calcita da amostra RO-44. Tabela 11 Análises de calcita e dolomita da amostra PB-55.
Dolomita zonada romboédrica com calcita espática e Analisando os resultados de forma global verifica-se
malaquita que MnO nas calcitas substitui preferencialmente CaO,
Os carbonatos nas amostras O-4-E3 e O-4-C1, os quais apresentando sutil relação inversamente proporcional,
se associam a malaquita (mineralização de Cu), também como apresentado na Figura 21.
são caracterizados por cristais idiomórficos zonados, Na figura 22 observa-se também que as calcitas ro-
romboédricos, na forma de dentes, geralmente com superfí- sas (em amarelo no gráfico) apresentam ligeiro enrique-
cie de aspecto turvo, definidos como dolomita, e com preen- cimento em MgO em relação a variedade mais clara.
chimento da parte central por calcita espática, como apre-
sentado nas fotomicrografias das respectivas amostras.
Os litotipos associados são geralmente veios
mineralizados por sulfeto de Cu (calcocita) e suas altera-
ções para carbonato de Cu (malaquita).
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Geologia e Metalogenia do Depósito de Cobre do Graben do Colorado, Fossa Tectônica de Rondônia, Brasil
Figura 22 Relação entre MgO e MnO em dolomitas e calcitas Figura 23 Relação entre CaO e MgO em dolomitas e calcitas
analisadas. analisadas.
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Caracterização de Depósitos Minerais em Distritos Mineiros da Amazônia
Cu
Cu
%S % Fe
Figura 27 c Diagrama de calcocita mostrando as variações nos conteúdos de Th, Ni, Co e Zn.
CaCuAlSi2O6(OH)3 e cerca de 19% de Cu. Outras pos- Tabela 14 Análises de calcocita de várias amostras.
sibilidades seriam: 1) crisocola, que não contém Ca, e 2)
Kinoita ou Stringhamita, que não contêm Al.
Análises Isotópicas C/O dos Carbonatos Minerali- espectrometria de massa de fonte gasosa no LABISE da
zados UFPE, Recife, forneceram dados de δ13C e δ18O fran-
camente negativos, com destaque para os valores de δ18O,
As análises isotópicas de carbono e oxigênio da zona em relação aos obtidos para os carbonatos não
mineralizada (Tabela 17a, b; Figura 28), realizadas por mineralizados da fazenda Sedson e da pedreira EMAL,
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Geologia e Metalogenia do Depósito de Cobre do Graben do Colorado, Fossa Tectônica de Rondônia, Brasil
Tabela 16 a Análises Isotópicas 87Sr/86Sr dos Carbonatos: Tabela 17 a Análises Isotópicas de Carbono e Oxigênio dos
Dolomita e Calcita no Alvo Cobre-Rondônia (Laboratório Carbonatos da Cave 1 do Alvo Cobre-Rondônia (Laborató-
de Geocronologia, IG-UnB). rio Labise, UFPE).
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Caracterização de Depósitos Minerais em Distritos Mineiros da Amazônia
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Geologia e Metalogenia do Depósito de Cobre do Graben do Colorado, Fossa Tectônica de Rondônia, Brasil
Mostra também a canalização desses fluídos no inter- inicial de rifteamento; ii) presença de uma interface
valo compreendido entre o embasamento e o horizonte abrupta de oxido-redução no ambiente de sedimentação,
impermeável constituído pelos sedimentos de origem gla- quase sempre representado por seqüências marinhas
cial, o que explica seu confinamento ao único pacote rea- transgressivas sobrepostas a depósitos de sedimentos
tivo representado pela seqüência carbonática. continentais oxidados; e iii) fluxo de calor intenso
Na borda da bacia encontra-se, assim, definida zona controlado por ação prolongada dos movimentos
de contato entre ambiente redutor e ambiente oxidante distensivos no interior da bacia.
favorável à precipitação dos sulfetos de cobre (calcoci- No caso da mineralização cuprífera associada ao
ta) e, conseqüentemente, à individualização da minerali- Graben Colorado, a ausência de basaltos pode ser suprida
zação. pela presença de um conjunto de rochas metaplutônicas
ácidas a intermédiárias e metavulcânicas básicas, geradas
X. DISCUSSÃO SOBRE A MINERALIZAÇÃO em ambiente de arco magmático, pertencentes ao
CUPRÍFERA embasamento da bacia. Litoclastos de metadioritos e
rochas metavulcânicas básicas, contendo disseminações
O motivo que torna as bacias intracontinentais de sulfetos (pirita, calcopirita), estão presentes em grande
particularmente favoráveis à mineralização de cobre proporção nos conglomerados basais da seqüência
(Maynard 1983; 1991) depende, sobretudo, da conjunção conglomerática inferior.
de três fatores: i) presença de basaltos continentais basais, A presença de interface abrupta de oxido-redução no
comumente anômalos em cobre, associados ao estágio ambiente de sedimentação talvez seja a condição mais
favorável à mineralização cuprífera no Graben Colorado.
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Caracterização de Depósitos Minerais em Distritos Mineiros da Amazônia
A seqüência conglomerática inferior é constituída por carbonatos no contexto da Bacia dos Parecis. A mudança
conglomerados basais e arenitos feldspáticos a de coloração dos carbonatos mineralizados e não
arcoseanos, depositados em sistema de leques aluviais mineralizados está associada a transformações químicas
sob condições oxidantes de clima árido, que transiciona induzidas por reações de dissolução e reprecipitação
lateral e verticalmente para associação de siltitos, durante a formação da mineralização cuprífera.
folhelhos, margas, calcários dolomíticos e evaporitos
depositados em ambiente dominantemente lacustre, onde XI. CONCLUSÕES
as condições de Eh são mais anóxicas. A interface
condiciona situação físico-química imprescindível à As pesquisas desenvolvidas sobre as ocorrências
deposição dos metais eventualmente solubilizados sob as cupríferas do Alvo Cobre- Rondônia permitiram chegar
as seguintes conclusões:
condições oxidantes das seqüências sotopotas. Os metais,
A mineralização é strata-bound e confinada ao inter-
incluindo cobre, foram complexados e transportados por
valo definido pelo marco estratigráfico representado pe-
soluções aquosas salinas oriundas do reservatório de
los calcários dolomíticos da fase lacustre, situados logo
águas conatas e da dissolução de sais dos estratos
abaixo dos diamictitos glacio-marinhos da Formação Pi-
evaporíticos.
menta Bueno e acima dos conglomerados da fase rifte.
A respeito do terceiro fator, que controla a
A mineralização, quase exclusivamente composta por
hidrodinânica de fluidos e a intensidade de dissolução
calcocita, ocorre na forma de sulfetos maciços e disse-
de metais no interior da bacia, fica o questionamento
minações associadas a fenômenos de dissolução e
sobre a eficácia de sua atuação na mineralização
reprecipitação dos calcários dolomíticos encaixantes a
cuprífera no Graben Colorado. Estudos petrográficos partir de fraturas e zonas mais favoráveis para percolação
mostram que o efeito das transformações diagenéticas de fluídos, como laminações.
nos sedimentos rudáceos da seqüência conglomerática A mineralização apresenta pequenas anomalias
inferior foi particularmente pouco eficiente na dissolução geoquímicas de elementos traços como Mn, Ag, Pb, Sr,
de minerais e, conseqüentemente, na liberacão de metais. Ba, Au, Hg e Se.
Isto provavelmente está vinculado à baixa pressão de A mineralização está associada à migração de fluídos
fluidos no interior da bacia, condicionada pela pressão mineralizantes de origem conata, oriundos das partes mais
de carga de pacote de sedimentos relativamente pouco profundas da Bacia dos Parecis em ambiente de rifte
espesso. Além disso, a ausência de atividade vulcânica intracontinental, possivelmente influenciados por signifi-
importante associada à evolução do Graben Colorado cativo aporte de águas meteóricas.
sugere que o fluxo de calor no interior da bacia foi
relativamente baixo, uma vez que bacias sedimentares Agradecimentos
dessa natureza apresentam comumente baixo gradiente
Os autores da pesquisa agradecem a colaboração
geotérmico.
prestada pela companhia de mineração Santa Elina por
Os dados de isotópos de carbono e oxigênio em
meio de seu quadro técnico representado pelos geólogos
carbonatos mostram que existe variação significativa na
Marcos Parro, Altamiro Mendes Ferreira e Emanuel
composição isotópica dos carbonatos dos calcários
Viegas, e pela CPRM, em particular pela colaboração do
dolomíticos brancos, hospedeiros da mineralização
geólogo Ruy Bahia.
cuprífera, e dos carbonatos dos calcários dolomíticos
Este trabalho foi realizado com financiamento da
róseos encaixantes da mineralização (Figura 28) FINEP através da ADIMB, no quadro do Projeto Carac-
mostrando maior interação rocha/água e aumento da terização de Depósitos Minerais de Distritos Minerais da
temperatura. Estas informações sugerem que os fluidos Amazônia, eficientemente gerenciado pelos geólogos
envolvidos na mineralização, cogenéticos com as soluções Onildo João Marini e Benedicto Waldir Ramos.
conatas aquosas do ambiente original, podem ter sofrido Agradecemos vivamente a importante contribuição dos
forte influência a partir de aporte de água meteórica. Os alunos André Menezes Saboia e Fabiano Richard Leite
diferentes campos de δ13C versus δ18O ilustrados na Faulstich pela ajuda na digitação, na elaboração das figu-
Figura 28 mostram também que há nítida ras e composição do texto final.
compartimentação no ambiente de sedimentação dos
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Geologia e Metalogenia do Depósito de Cobre do Graben do Colorado, Fossa Tectônica de Rondônia, Brasil
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