Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Estomatologia
4. lesões persistentes por mais de 2 semanas (lesões ulceradas), lesões inflamatórias que
não regridam após 10-14 dias posteriores à remoção da causa;
5. lesões que interfiram na função local;
CONTRA INDICAÇÕES:
1. Quando o diagnóstico definitivo pode ser obtido apenas com o exame clínico (ex: herpes,
afta, candidíase). Na afta, em particular, o exame microscópico vai mostrar um processo
inflamatório que em nada difere do que seria visto em um caso de úlcera traumática,
sendo observado apenas um processo inflamatório crônico sem nenhuma característica
que permita a distinção entre essas situações, ou seja, processo inflamatório inespecífico.
2. Em pacientes sem oportunidade ou condições de se submeter a procedimentos cirúrgicos.
3. Lesões vasculares (hemangioma2). Frente a suspeita de lesão vascular deve ser avaliada a
extensão da lesão e, caso seja realmente necessária a realização da biópsia, o profissional
deve lembrar que esses casos requerem maior cuidado devido ao risco de sangramento
descontrolado.
4. Quando o diagnóstico definitivo depende de exames hematológicos. Um exemplo para
esta situação é a sífilis, cujo diagnóstico é estabelecido a partir de exames de sangue como
o VDRL e FTA-ABS.
1
Comportamento da lesão, a forma como ela vai se modificando ao longo do tempo.
2
Tumor benigno que apresenta proliferação de vasos sanguíneos e que será abordado no modulo de lesões proliferativas.
3
Curso EAD
Estomatologia
TIPOS DE BIÓPSIA:
INCISIONAL/PARCIAL:
Caracteriza-se pela remoção de
um fragmento da lesão, o qual será
submetido ao exame histopatológico
(avaliação microscópica). Indicada em
lesões múltiplas, lesões extensas e lesões
com suspeita de neoplasia maligna. Neste
último exemplo, a opção por este tipo de Figura 1. Desenho esquemático demonstrando fragmento de tecido obtido em uma
procedimento se justifica pelo fato de o biópsia parcial. Fonte: Pippi et al. (2006)
paciente precisar de um tratamento subsequente, que será realizado por algum profissional da área
médica, sendo importante uma avaliação da lesão por esse profissional.
Sugere-se que a área de eleição da região a ser biopsiada e a extensão (quantidade de tecido
removido) envolvam tecido sadio da margem da lesão, permitindo a visualização da relação da lesão
com os tecidos vizinhos e evitando áreas de necrose. Em casos de lesões friáveis (lesões em que o
tecido se rompe com facilidade), deve-se tomar cuidado para não lesar o espécime e lança-se mão de
sutura na borda de tecido normal, facilitando o controle de sangramento local e melhor fechamento
da área.
ORIENTAÇÕES GERAIS
Fragmento de tecido indesejável: incisão rasa, remoção muito superficial da lesão sem
poder verificar a relação com tecido vizinho sadio (neoplasias malignas invadem tecido vizinho,
neoplasias benignas não invadem).
Fragmento de tecido desejável: incisão estreita e profunda, removendo uma margem de
tecido sadio.
Figura 2. Exemplos de casos em que as lesões têm indicação de biópsia incisional (parcial). A) Nota-se extensas placas brancas entremeadas com áreas
atróficas em bordo lingual. As hipóteses de diagnóstico foram de leucoeritroplasia (desordem potencialmente maligna que será discutida nos módulos 3 e 9) x
carcinoma espinocelular (lesão maligna que será abordada nos módulos 4 e 10). B) Múltiplos nódulos com aspecto moriforme (aspecto superficial que lembra
uma amora) localizados em palato, cuja hipótese foi de lesão granulomatosa (infecciosa) x carcinoma espinocelular. Em ambos os casos a biópsia incisional foi
indicada tanto pela extensão da lesão quanto pela presença do carcinoma espinocelular no diagnóstico diferencial.
4
Curso EAD
Estomatologia
BIÓPSIA EXCISIONAL:
Exame complementar com finalidade de
obtenção do diagnóstico onde se retira toda a lesão
para exame histopatológico. Cabe ressaltar que o
objetivo é estabelecer o diagnóstico, mas acaba-
se tratando a lesão concomitantemente, pois ela é
removida. Indicada para lesões isoladas, pequenas,
sem suspeita de malignidade (neoplasias benignas e
lesões inflamatórias). Para lesões reacionais (causadas
por agente irritativo3 como trauma) deve-se remover o
agente causal evitando a recidiva da lesão.
ORIENTAÇÕES GERAIS
Biópsia indesejável: bordas laterais e/ou profundas comprometidas, deixando lesão residual.
Biópsia desejável: remoção total da lesão, bordas laterais e profundidade adequadas.
Incisões elípticas, profundidade suficiente removendo a lesão como um todo.
Figura 4. Exemplos de lesões com indicação de biópsia excisional (total). Em ambas as imagens nota-se lesão nodular, única, de limites bem definidos, cujas
hipóteses de diagnóstico são de lesões de natureza benigna, como fibroma, hiperplasia fibrosa e granuloma piogênico, assuntos do módulo 6.
3
Agente irritativo: o hábito de morder repetidamente a bochecha, um dente ou prótese fraturados que fiquem machucando bochecha, língua ou outra parte
da boca podem ser considerados fatores irritativos, ou seja, agentes que produzem lesão na boca.
4
Vasoconstritores: substâncias que atuam promovendo o fechamento dos vasos sanguíneos de forma a aumentar o efeito anestésico e auxiliar no controle do
sangramento (hemostasia). Diferentes substâncias podem ser incluídas no anestésico para obter esse efeito. A adrenalina (epinefrina) é uma das substâncias
mais utilizadas, sendo indicadas pelo nome vasoconstritor adrenérgico.
5
Curso EAD
Estomatologia
• Pinça
• Sonda exploradora
• Seringa carpule
• Cabo de bisturi
• Pinça Allis
• Pinça Backhaus
• Cureta de Lucas
• Cubeta metálica
Embora não permita a avaliação morfológica dos tecidos, pode ser a responsável
por definições e decisões terapêuticas decisivas no prognóstico dos pacientes. Não é
muito utilizada na rotina de Estomatologia, tendo indicação bem específica.
6
Curso EAD
Estomatologia
• Saca bocado, utilizado para palato mole e região posterior da boca com difícil acesso
(Figura 6C).
• Biópsia aspirativa por agulha fina.
BIOSSEGURANÇA EM BIÓPSIA:
Respeitar os princípios de biossegurança é fundamental. O cirurgião deve fazer uso de
todos os recursos e de todos os procedimentos que forem necessários à diminuição do risco de
contaminação do campo e da ferida cirúrgica.
Dentre eles destacamos:
• utilizar Equipamento de proteção individual (EPI): gorro, máscara, luvas estéreis, avental,
propés, óculos;
• realizar antissepsia extrabucal com clorexidina 2% ou iodopovidona (PVPI), e intrabucal
com clorexidina 0,12%;
• utilizar campo cirúrgico estéril sobre a mesa operatória e sobre o paciente;
PASSOS CIRÚRGICOS:
1. Anestesia: bloqueio da inervação regional. Infiltração terminal perilesional5. Cuidar para
não infiltrar anestésico no tecido avaliado, pois esse pode distender e modificar o tecido,
prejudicando a avaliação histopatológica.
2. Estabilização dos tecidos: realizada pelo assistente com os dedos, ou através de suturas
de tração com fio grosso ou clipes de toalha. Favorece exposição da lesão, facilitando o
trabalho do cirurgião.
3. Incisão: deve ser realizada com lâmina nova, com fio apropriado, através de duas incisões
elípticas em V conectando as incisões na base da lesão. Deve ser realizada paralela às
fibras musculares, minimizando lesões em nervos, artérias e veias. Secção na base da
lesão com tesoura delicada de ponta fina, removendo a peça.
Perilesional: em torno da lesão.
5
7
Curso EAD
Estomatologia
6. Cuidados com o espécime: deve ser fixado em solução de formalina 10% tamponada.
O volume de líquido deve ser 20 vezes o tamanho da peça, que deve ficar totalmente
imersa. A boca do frasco deve ser duas vezes o maior diâmetro da peça, pois após contato
com formol a peça se torna borrachóide, tornando difícil a retirada em um frasco de boca
estreita. Frasco deve ser identificado para ser enviado ao laboratório juntamente com a
ficha de solicitação de exame anatomopatológico.
AVALIAÇÃO PÓS-OPERATÓRIA:
Dependem da extensão e local da ferida. Fazer bolsa de gelo externamente, para controlar
dor e edema, evitar manipulação da área são recomendações úteis. Analgésicos geralmente são
prescritos pro 2 dias e antibióticos, em casos específicos. A alimentação deve ser fria, pastosa e
líquida. O paciente deve ser orientado a evitar esforço físico e exposição solar, pois estas atividades
podem favorecer hemorragias.
Após 7 a 14 dias da realização do procedimento de biópsia, devemos proceder a remoção
de suturas, sendo esperada a observação de sinais de reparação tecidual. Além disso, devemos
providenciar a entrega do laudo histopatológico (diagnóstico final), o qual deve ser explicado para
o paciente, além de orientá-lo com relação aos passos subsequentes. Dentre os tópicos abordados,
sugerimos:
• Qual é o resultado do exame e o seu significado?
6
Divulsão: descolamento do tecido dos planos subjacentes, o que favorece o procedimento da sutura (“dar pontos”) e o fechamento da ferida sem criar tensão
excessiva nos tecidos vizinhos.
7
Cicatrização por segunda intenção: processo de reparo onde não se consegue aproximar as bordas da ferida, ficando um espaço que terá que “fechar de dentro
pra fora”.
8
Artefatos de técnica: são distorções provocadas no tecido que podem influenciar na análise microscópica, levando a uma interpretação errada do material
estudado.
8
Curso EAD
Estomatologia
EXAME HISTOPATOLÓGICO
O exame histopatológico consiste em se examinar macroscopicamente e ao microscópio um
fragmento de tecido, de um órgão qualquer do paciente, removido cirurgicamente, com a finalidade
de se firmar, confirmar ou afastar uma ou mais hipóteses diagnósticas. Neste material, os termos
“exame histopatológico”, “exame anatomopatológico” e “exame microscópico” serão considerados
como sinônimos. Vale ressaltar que o exame histopatológico de tecidos removidos cirurgicamente
dos pacientes não é a única fonte de informação para se chegar ao diagnóstico, deve-se fazer a
biópsia apenas em casos indicados, não recorrendo a ela pelo simples fato de não saber o que lhe é
apresentado clinicamente.
Após o procedimento, o profissional responsável pela realização da biópsia deve preencher
a ficha de solicitação do exame histopatológico (chamada de ficha de biópsia na rotina diária),
disparando o processo para o exame histopatológico. Então, o material é encaminhado ao
Laboratório de Anatomia patológica/Patologia, onde o patologista responsável realizará a análise
e elaboração do laudo, que posteriormente é enviado ao profissional solicitante. Após recebimento
do laudo, é importante correlacionar a informação presente nele com o aspecto clínico que fora
observado, para que se possa realizar o diagnóstico definitivo, tomando posteriormente as devidas
atitudes quanto ao tratamento.
Equivale dizer que, na maioria dos casos, a informação do exame histopatológico isoladamente
não diz muita coisa, sendo fundamental a comunicação eficiente entre o clínico, que realizou
o procedimento de biópsia, e o patologista, que vai analisar o material. Como essa comunicação
ocorre, em geral, de forma escrita (ficha de solicitação do exame histopatológico e laudo do exame
9
Curso EAD
Estomatologia
• Fichas com dados clínicos faltantes ou incompletos: neste caso, o laboratório não deve
aceitar o material, pois pode haver comprometimento da capacidade de estabelecer o
diagnóstico histopatológico.
10
Curso EAD
Estomatologia
Equipe Responsável:
A Equipe de coordenação, suporte e acompanhamento do Curso é formada por integrantes do
Núcleo de TelessaúdeRS do Rio Grande do Sul (TelessaúdeRS/UFRGS) e do Programa Nacional de
Telessaúde Brasil Redes.
TelessaúdeRS-UFRGS
Ilustração
Coordenação Geral Carolyne Vasques Cabral
Marcelo Rodrigues Gonçalves Luiz Felipe Telles
Roberto Nunes Umpierre
Edição/Filmagem/Animação
Coordenação do curso Diego Santos Madia
Vinicius Coelho Carrard Rafael Martins Alves
Projeto Gráfico
Iasmine Paim Nique da Silva
Lorenzo Costa Kupstaitis
Diagramação
Angélica Dias Pinheiro
Iasmine Paim Nique da Silva
Lorenzo Costa Kupstaitis
11