O Sistema Bethesda, usado para citopatologia da tireóide, possui seis
classes.
Quais são as seis categorias diagnósticas e qual o risco de câncer de tireóide
em cada uma delas? O melhor método para diferenciar lesões benignas e malignas da tireoide é a punção aspirativa com agulha fina (PAAF). Esse procedimento, usada com ou sem guia ultrassonográfico, deve ser realizado em todos os nódulos > 1 cm ou 1 cm c/ características suspeitas à US. Para classificar os achados citopatológicos desse exame, utiliza-se o sistema de Bethesda. Logo, o objetivo primordial da classificação pelo sistema Bethesda consiste em desenvolver uma terminologia uniforme para relatar os resultados da PAAF da tireoide. Os achados de uma punção de tireoide são classificados em 6 categorias por esse sistema. É válido mencionar que, cada categoria possui um risco implícito para câncer de tireoide. BI (Bethesda categoria I): não diagnóstica ou insatisfatória; Amostras inadequadas de uma punção de tireoide são descritas como “não- diagnósticas” ou “insatisfatória”. Esta categoria aplica-se a materiais cuja análise microscópica se encontra prejudicada devido à presença de sangue que dificulta sua caracterização, esfregaços excessivamente espessos, esfregaços excessivamente “secos”, ou ainda presença de número insuficiente de células foliculares. BII (Bethesda categoria II): Benigno; -Nódulo benigno: bócio coloide, nódulo hiperplásico, tireoidite linfocítica; -Um resultado “benigno” é obtido em 60% a 70% das PAAFs da tireoide. O termo “nódulo folicular benigno” aplica-se ao padrão benigno mais comum: um esfregaço composto adequadamente de proporções variáveis de colóide e células foliculares de aspecto benigno dispostas como macrofolículos ou fragmentos de macrofolículos. E se ressecados, virtualmente todos os nódulos foliculares benignos serão nódulos de um bócio multinodular ou adenomas foliculares. -A taxa de falso-negativo de um resultado benigno é baixa (0% -3%), podendo os pacientes fazer seguimento por ultrassonografia com intervalos de 6 a 18 meses. Se o nódulo tiver crescimento significativo ou alterações ultrassonográficas “suspeitas”, a PAAF pode ser repetida. Outra alteração classificada como benigna é a “tireoidite linfocítica” ou tireoidite de Hashimoto. BIII (Bethesda categoria III): Atipia (ou lesão folicular) de significado indeterminado; -Os cenários mais comuns de achados citológicos que permitem a classificação do esfregaço nesta categoria são: Presença de uma população proeminente de microfolículos em um aspirado que não preenche os critérios para “neoplasia folicular/suspeita de neoplasia folicular (categoria IV)”. Há uma predominância de células de Hurthle em um aspirado esparsamente celular com colóide escasso. Presença de artefatos causados durante a preparação dos esfregaços. Existem características focais sugestivas de carcinoma papilífero, incluindo núcleos aumentados com cromatina pálida, alterações no contorno e forma nuclear em um esfregaço de aparência predominantemente benigna (especialmente em pacientes com tireoidite de Hashimoto ou com colóide abundante e células foliculares benignas). Há um infiltrado linfóide atípico, mas o grau de atipia é insuficiente para a categoria geral “suspeito de malignidade. BIV (Bethesda categoria IV): Neoplasia folicular ou suspeita de neoplasia folicular: O objetivo desta categoria é identificar um nódulo que pode ser um carcinoma folicular (CF) e triar esse paciente para uma lobectomia cirúrgica. -Cerca de 15% a 30% dos casos desta categoria provaram ser de origem maligna. Entretanto, a maioria dos casos classificados nesta categoria são adenomas foliculares ou nódulos adenomatosos de um bócio multinodular. Dentre aqueles diagnósticos de malignidade, boa parte são carcinomas foliculares, porém, uma considerável parcela são variantes foliculares de carcinomas papilíferos. BV (Bethesda categoria V): Suspeito para malignidade; -Se apenas 1 ou 2 características do carcinoma papilífero da tireoide (CPT) estiverem presentes e se elas são apenas focais e não difundidas em toda a população de células foliculares, ou se a amostra tem celularidade esparsa, um diagnóstico de malignidade não pode ser feito com certeza. Tais casos ocorrem com alguma regularidade e são melhor classificados como “suspeitos de malignidade”, qualificados como “suspeito de carcinoma papilífero. A maioria desses nódulos (60-70%) são diagnosticados como carcinomas papilíferos. BVI (Bethesda categoria VI): Maligno -A categoria “maligna” é usada sempre que as características citomorfológicas são conclusivas para malignidade. Comentários descritivos que se seguem são usados para subclassificar a malignidade e resumir os resultados de estudos especiais, se houver. Aproximadamente 3% a 7% das PAAFs da tireoide têm características conclusivas de malignidade, e a maioria são carcinomas papilíferos. Os nódulos malignos geralmente são removidos através da tireoidectomia, com algumas exceções (por exemplo, tumores metastáticos, linfomas não-Hodgkin e carcinomas indiferenciados). O valor preditivo positivo de uma desta categoria é de 97% a 99%. Referencias: ROSS, D. S.; COOPER, D. S.; MULDER, J. E. Diagnostic approach to and treatment of thyroid nodules. UpToDate, 2020. Disponível em: < https://www.uptodate.com/contents/diagnostic-approach-to-and-treatment-of- thyroidnodules? search=bethesda&source=search_result&selectedTitle=1~45&usage_type=default&dis play_rank=1#H25>. Acesso em 29 de maio de 2023.
SEGURA, M. Sistema Bethesda para Laudos Citopatológicos de Tireóide. Laboratório
Lâmina. Brasília, 2018. Disponível em: https://laminalab.com.br/sistema-bethesda- para-laudos-citopatologicos-de-tireoide/. Acesso em: 29 de maio de 2023.