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Belo Horizonte/MG
Guarda Civil Municipal
Língua Portuguesa
1. Semântica: denotação e conotação, figuras de linguagem (metáfora, metonímia, ironia, antítese, paradoxo)
e funções de linguagem. .....................................................................................................................................................1
2. Leitura e interpretação de textos: informações implícitas e explícitas. ................................................................9
3. Tipologia textual e gêneros de circulação social: estrutura composicional; objetivos discursivos do texto;
contexto de circulação; aspectos linguísticos. ............................................................................................................. 13
4. Texto e Textualidade: coesão, coerência e outros fatores de textualidade. ....................................................... 23
5. Variação linguística. Heterogeneidade linguística: aspectos culturais, históricos, sociais e regionais no uso
da Língua Portuguesa. ..................................................................................................................................................... 28
6. Fonética e fonologia: ortografia e acentuação gráfica. .......................................................................................... 31
7. Sinais de pontuação como fatores de coesão. ......................................................................................................... 43
8. Colocação Pronominal: Sintaxe de colocação dos pronomes oblíquos átonos. ................................................ 45
9. Morfossintaxe: noções básicas de estrutura de palavras; classes de palavras; funções sintáticas do período
simples. 10. Sintaxe do período composto: processos de coordenação e subordinação; mecanismos de
sequenciação; relações discursivo-argumentativas; relações lógico-semânticas. ............................................... 46
11. Concordância Verbal e Nominal aplicadas ao texto. ............................................................................................ 74
12. Regência Verbal e Nominal aplicadas ao texto. .................................................................................................... 77
13. Crase. ............................................................................................................................................................................ 80
14. Conhecimento gramatical de acordo com o padrão culto da língua. ................................................................ 82
15. Ortografia oficial – Novo Acordo Ortográfico. ...................................................................................................... 87
Legislação
1. Constituição da República Federativa do Brasil - 1988: 1.1. Título I; ....................................................................1
1.2. Título II/Capítulo I; ......................................................................................................................................................4
1.3. Título V/Capítulo III ................................................................................................................................................. 13
2. Declaração Universal dos Direitos Humanos; ......................................................................................................... 16
3. Lei Federal n° 8.069, de 13/07/1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente ECA; ....................................... 23
4. Lei Orgânica do Município - 1990: 4.1. Título I; 4.2. Título II; 4.3. Título III/Capítulo I, II, III, IV e V; .......... 77
5. Lei Municipal n° 8.616, de 14/07/2003 - Código de Posturas Municipais; 5.1. Título III/Capítulos I, II e IV.
.............................................................................................................................................................................................. 84
6. Lei nº 11.065, de 1º de agosto de 2017. Estabelece a estrutura orgânica da administração pública do Poder
Executivo e dá outras providências. 6.1. Capítulos I e III .......................................................................................... 90
7. Decreto Municipal n° 11.566, de 19/12/2003 - Designa Patrono da Guarda Municipal o Embaixador Sérgio
Vieira de Melo; .................................................................................................................................................................. 99
8. Lei Municipal 9.319, de 19 de janeiro de 2007- Estatuto da Guarda Municipal de Belo Horizonte; ............. 99
9. Lei Federal 13.022/2014; Estatuto Geral das Guardas Municipais ..................................................................120
10. Lei Municipal 11.154/2019 - Plano de Carreira da Guarda Civil Municipal; ................................................123
11. Lei Federal 10.826/2003 – Estatuto do Desarmamento. Dispõe sobre registro, posse e comercialização de
armas de fogo e munição, sobre o Sistema Nacional de Armas (Sinarm), define crimes e dá outras providências.
11.1. Capítulos I, II e III ..................................................................................................................................................130
12. Decreto Federal nº 5.123/2004. Regulamenta a Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003, que dispõe
sobre registro, posse e comercialização de armas de fogo e munição, sobre o Sistema Nacional de Armas -
SINARM e define crimes. 12.1 Capítulo I 12.1 Capítulo III .......................................................................................133
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13. Lei nº 13.675, de 11 de junho de 2018. Disciplina a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis
pela segurança pública, nos termos do § 7º do art. 144 da Constituição Federal; cria a Política Nacional de
Segurança Pública e Defesa Social (PNSPDS); institui o Sistema Único de Segurança Pública (Susp); altera a Lei
Complementar nº 79, de 7 de janeiro de 1994, a Lei nº 10.201, de 14 de fevereiro de 2001, e a Lei nº 11.530,
de 24 de outubro de 2007; e revoga dispositivos da Lei nº 12.681, de 4 de julho de 2012. 13.1. Capítulos II e
III. ......................................................................................................................................................................................137
14. Lei 4898/65- Lei de Abuso e Autoridade ............................................................................................................141
15. Lei nº 2.848/1940 - Código Penal 15.1. Parte Geral, Títulos, I, II, III e IV 15.2. Parte Especial, Título XI - Dos
Crimes Praticados por Funcionário Público Contra a Administração em Geral, art. 312 ao 327, incisos,
parágrafos e suas atualizações. .....................................................................................................................................144
Noções de Informática
1. Conhecimento do sistema operacional Microsoft Windows 7: arquivos, pastas (diretórios) e operações com
arquivos; segurança, antivírus e atualização (Windows Update). Utilização do Windows Explorer: copiar,
mover e excluir arquivos; criar pastas e subpastas no Windows 7. ...........................................................................1
2. Conhecimento do editor de textos Microsoft Word 2007: criar, salvar, editar e apagar documentos; sumário
e índice; formatação e impressão. ................................................................................................................................. 15
3. Microsoft Excel 2007: Elaboração de planilhas e gráficos (criar, salvar, editar e apagar), cálculos, fórmulas,
manipulação de planilhas e impressão. ........................................................................................................................ 21
4. Conhecimento de Internet e do Internet Explorer 11 para Windows 7; ............................................................ 28
5. Operações de correio eletrônico no Microsoft Office Outlook 2007: receber e enviar mensagens; anexos;
catálogo de endereços; organização das mensagens. ................................................................................................ 32
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LÍNGUA PORTUGUESA
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APOSTILAS OPÇÃO
1
http://www.soportugues.com.br/secoes/seman/seman6.php
Língua Portuguesa 1
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APOSTILAS OPÇÃO
Voltando à velhice. Minha leitora entendeu que eu dizia frente em inovação, 15 encabeçam também a pesquisa. Daí não
que idosos devem se afundar na doença, na solidão e no decorre que só quem pesquisa, atividade estupidamente cara,
abandono, e não procurar ser felizes. Mas, quando eu dizia que seja capaz de ensinar.
eles estão fugindo da condição de avós, usava isso como O gasto médio anual por aluno numa das três
metáfora da mentira (politicamente correta) quanto ao medo universidades estaduais paulistas, aí embutidas todas as
que temos de afundar na doença, antes de tudo psicológica, despesas que contribuem direta e indiretamente para a boa
devido ao abandono e à solidão, típicos do mundo pesquisa, incluindo inativos e aportes de Fapesp, CNPq e
contemporâneo. Minha crítica era à nossa cultura, e não às Capes, é de R$ 46 mil (dados de 2008). Ora, um aluno do
vítimas dela. Ela cultua a juventude como padrão de vida e está ProUni custa ao governo algo em torno de R$ 1.000 por ano em
intimamente associada ao medo do envelhecimento, da dor e renúncias fiscais.
da morte. Sua opção é pela “negação", traço de um dos Não é preciso ser um gênio da aritmética para perceber
sintomas neuróticos descritos por Freud. que o país não dispõe de recursos para colocar os quase sete
Walter Benjamim, filósofo alemão do século XX, dizia que milhões de universitários em instituições com o padrão de
na modernidade o narrador da vida desapareceu. Isso quer investimento das estaduais paulistas. E o Brasil precisa
dizer que as pessoas encarregadas, antigamente, de narrar a aumentar rapidamente sua população universitária. Nossa
vida e propor sentido para ela perderam esse lugar. Hoje os taxa bruta de escolarização no nível superior beira os 30%,
mais velhos querem “aprender" com os mais jovens (aprender contra 59% do Chile e 63% do Uruguai.
a amar, se relacionar, comprar, vestir, viajar, estar nas redes Isso para não mencionar países desenvolvidos como EUA
sociais). Esse fenômeno, além de cruel com o envelhecimento, (89%) e Finlândia (92%). Em vez de insistir na ficção
é também desorganizador da própria juventude. Ouço constitucional de que todas as universidades do país precisam
cotidianamente, na sala de aula, os alunos demonstrarem seu dedicar-se à pesquisa, faria mais sentido aceitar o mundo
desprezo por pais e mães que querem aprender a viver com como ele é e distinguir entre instituições de elite voltadas para
eles. a produção de conhecimento e as que se destinam a difundi-lo.
Alguns elementos do mundo moderno não ajudam a O Brasil tem necessidade de ambas.
combater essa desvalorização dos mais velhos. As ferramentas (Hélio Schwartsman,: http://www1.folha.uol.com.br, 2013.)
de informação, normalmente mais acessíveis aos jovens,
aumentam a percepção negativa dos mais velhos diante do Assinale a alternativa em que a expressão destacada é
acúmulo de conhecimento posto a serviço dos consumidores, empregada em sentido figurado.
que questionam as “verdades constituídas do passado". A (A) ... universidades que fazem pesquisa tendem a reunir a
própria estrutura sobre a qual se funda a experiência moderna nata dos especialistas...
– ciência, técnica, superação de tradição – agrava a (B) Os dados do Ranking Universitário publicados em
invisibilidade dos mais velhos. Em termos humanos, o passado setembro de 2013...
(que “nada" serve ao mundo do progresso) tem um nome: (C) Não é preciso ser um gênio da aritmética para perceber
idoso. Enfim, resta aos vovôs e vovós ir para a academia ou que o país não dispõe de recursos...
para as redes sociais. (D) ... das 20 universidades mais bem avaliadas em termos
(Luiz Felipe Pondé, Somma, agosto 2014, p. 31. Adaptado) de ensino...
(E) ... todas as despesas que contribuem direta e
O termo empregado com sentido figurado está em indiretamente para a boa pesquisa...
destaque na seguinte passagem do texto:
(A) Mas o fato de ela ter me entendido mal, o que acontece 03. (TJ/SP – Escrevente Técnico Judiciário – VUNESP)
com frequência quando se discute o tema da velhice… Leia o texto para responder a questão.
(segundo parágrafo).
(B) O motivo da sua pergunta era eu ter dito, em uma de Um pé de milho
minhas colunas, que hoje em dia não existiam mais vovôs e
vovós… (primeiro parágrafo). Aconteceu que no meu quintal, em um monte de terra
(C) Walter Benjamim, filósofo alemão do século XX, dizia trazido pelo jardineiro, nasceu alguma coisa que podia ser um
que na modernidade o narrador da vida desapareceu. pé de capim – mas descobri que era um pé de milho.
(Penúltimo parágrafo). Transplantei-o para o exíguo canteiro na frente da casa.
(D) A própria estrutura sobre a qual se funda a experiência Secaram as pequenas folhas, pensei que fosse morrer. Mas ele
moderna – ciência, técnica, superação de tradição – agrava a reagiu. Quando estava do tamanho de um palmo, veio um
invisibilidade dos mais velhos. (Último parágrafo). amigo e declarou desdenhosamente que na verdade aquilo era
(E) Minha leitora entendeu que eu dizia que idosos devem capim. Quando estava com dois palmos veio outro amigo e
se afundar na doença, na solidão e no abandono… (quarto afirmou que era cana.
parágrafo). Sou um ignorante, um pobre homem da cidade. Mas eu
tinha razão. Ele cresceu, está com dois metros, lança as suas
02. (PC/CE – Escrivão de Polícia Civil – VUNESP) folhas além do muro – e é um esplêndido pé de milho. Já viu o
leitor um pé de milho? Eu nunca tinha visto. Tinha visto
Ficção universitária centenas de milharais – mas é diferente. Um pé de milho
sozinho, em um anteiro, espremido, junto do portão, numa
Os dados do Ranking Universitário publicados em esquina de rua – não é um número numa lavoura, é um ser vivo
setembro de 2013 trazem elementos para que tentemos e independente. Suas raízes roxas se agarra mão chão e suas
desfazer o mito, que consta da Constituição, de que pesquisa e folhas longas e verdes nunca estão imóveis.
ensino são indissociáveis. É claro que universidades que fazem Anteontem aconteceu o que era inevitável, mas que nos
pesquisa tendem a reunir a nata dos especialistas, produzir encantou como se fosse inesperado: meu pé de milho pendoou.
mais inovação e atrair os alunos mais qualificados, tornando- Há muitas flores belas no mundo, e a flor do meu pé de milho
se assim instituições que se destacam também no ensino. não será a mais linda. Mas aquele pendão firme, vertical,
O Ranking Universitário mostra essa correlação de forma beijado pelo vento do mar, veio enriquecer nosso canteirinho
cristalina: das 20 universidades mais bem avaliadas em vulgar com uma força e uma alegria que fazem bem. É alguma
termos de ensino, 15 lideram no quesito pesquisa (e as demais coisa de vivo que se afirma com ímpeto e certeza. Meu pé de
estão relativamente bem posicionadas). Das 20 que saem à milho é um belo gesto da terra. E eu não sou mais um medíocre
Língua Portuguesa 2
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APOSTILAS OPÇÃO
homem que vive atrás de uma chata máquina de escrever: sou associação de ideias, o mesmo não ocorre com a catacrese, que
um rico lavrador da Rua Júlio de Castilhos. já não chama a atenção por ser tão repetidamente usada.
(Rubem Braga. 200 crônicas escolhidas, 2001)
Exemplos:
Assinale a alternativa em que, nas duas passagens, há Batata da perna Azulejo vermelho
termos empregados em sentido figurado. Pé da mesa Cabeça de alho
(A) ... beijado pelo vento do mar... (3º §) / Meu pé de milho
é um belo gesto da terra. (3º §) Comparação ou Símile: é a comparação entre dois
(B) Mas ele reagiu. (1º §) / ... na verdade aquilo era capim. elementos comuns; semelhantes. Normalmente se emprega
(1º §) uma conjunção comparativa: como, tal qual, assim como, que
(C) Secaram as pequenas folhas... (1º §) / Sou um nem. Exemplo:
ignorante... (2º §) “Como um anjo caído, fiz questão de esquecer...” (Legião
(D) Ele cresceu, está com dois metros... (2º §) / Tinha visto Urbana)
centenas de milharais... (2º §)
(E) ... lança as suas folhas além do muro... (2º §) / Há muitas Sinestesia: é a fusão de no mínimo dois dos cinco sentidos
flores belas no mundo... (3º §) físicos. Exemplos:
“De amargo e então salgado ficou doce, - Paladar
04. (IF/SC – Técnico de Laboratório) Assim que teu cheiro forte e lento - Olfato
Assinale a opção em que NÃO há palavra usada em sentido Fez casa nos meus braços e ainda leve - Tato
conotativo. E forte e cego e tenso fez saber - Visão
(A) Tuas atitudes são o espelho do teu caráter. Que ainda era muito e muito pouco.” (Legião Urbana)
(B) Regras podem ser estabelecidas para uma convivência
pacífica. Antonomásia: quando substituímos um nome próprio
(C) Pipocavam palavras no texto, como se fossem rabiscos pela qualidade ou característica que o distingue. Exemplos:
coloridos do próprio pensamento O Águia de Haia (= Rui Barbosa)
(D) Choviam risadas naquela peça de humor. O Pai da Aviação (= Santos Dumont)
(E) A sabedoria abre as portas do conhecimento.
Metonímia: troca-se uma palavra por outra com a qual ela
05. (FAPESE - Assistente em Administração - se relaciona. Ocorre a metonímia quando substituímos:
UFS/2018) No período “Tomara que a revolta que eu e muitos - O autor ou criador pela obra. Exemplo: Gosto de ler
sentiram não morra nas redes sociais”, a forma verbal “morra” Jorge Amado (observe que o nome do autor está sendo usado
(do verbo morrer) é: no lugar de suas obras).
(A) usada em sentido denotativo;
(B) 3ª. pessoa do singular do pretérito perfeito, do modo - O efeito pela causa e vice-versa. Exemplo: Ganho a vida
indicativo; com o suor do meu rosto. (o suor é o efeito ou resultado e está
(C) uma flexão regular da 3ª. pessoa do singular, do sendo usado no lugar da causa, ou seja, o “trabalho”).
pretérito imperfeito, do modo subjuntivo;
(D) a flexão de 3ª. pessoa do singular, do futuro do - O continente pelo conteúdo. Exemplo: Ela comeu uma
pretérito, do modo indicativo; caixa de doces. (= doces).
(E) usada em sentido conotativo.
- O abstrato pelo concreto e vice-versa. Exemplo: A
Gabarito velhice deve ser respeitada. (= pessoas velhas).
01.D / 02.A / 03.A / 04.B / 05.E - O instrumento pela pessoa que o utiliza. Exemplo: Ele
é bom volante. (= piloto ou motorista).
FIGURAS DE LINGUAGEM2 - O lugar pelo produto. Exemplo: Gosto muito de tomar
um Porto. (= a vinho da cidade do Porto).
Também chamadas de Figuras de Estilo. Podemos
classificá-las em quatro tipos: - O símbolo ou sinal pela coisa significada. Exemplo: Os
- Figuras de Palavras (ou tropos); revolucionários queriam o trono. (= império, o poder).
- Figuras de Harmonia;
- Figuras de Construção (ou de sintaxe); - A parte pelo todo. Exemplo: Não há teto para os
- Figuras de Pensamento. necessitados. (= a casa).
Catacrese: consiste em transferir a uma palavra o sentido - A matéria pelo objeto. Exemplo: Ele não tem um níquel.
próprio de outra, utilizando-se formas já incorporadas aos (= moeda).
usos da língua. Se a metáfora surpreende pela originalidade da
2
SCHICAIR. Nelson M. Gramática do Português Instrumental. 2ª. ed Niterói:
Impetus, 2007.
Língua Portuguesa 3
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APOSTILAS OPÇÃO
Observação: os últimos 5 casos recebem também o nome E perder, e sofrer, e ter horror."
de Sinédoque. (Vinícius de Morais)
Sinédoque: significa a troca que ocorre por relação de Pleonasmo: repetição da ideia, isto é, redundância
compreensão e que consiste no uso do todo, pela parte do semântica e sintática, divide-se em:
plural pelo singular, do gênero pela espécie, ou vice-versa. a) Gramatical: com objetos direto ou indireto redundantes,
Exemplo: O mundo é violento. (= os homens) chamam-nos pleonásticos. Exemplos:
"Perdoo-te a ti, meu amor."
Perífrase: é a substituição de um nome por uma expressão "O carro velho, eu o vendi ontem."
que facilita a sua identificação.
Exemplo: O país do futebol acredita no seu povo. (país do b) Vicioso: deve ser evitado por não acrescentar
futebol = Brasil) informação nova ao que já havia sido dito anteriormente.
Exemplos: subir para cima; descer para baixo; repetir de novo;
Figuras de Harmonia hemorragia sanguínea; protagonista principal; monopólio
exclusivo.
São as que reproduzem os efeitos de repetição de sons,
ou ainda quando se busca representa-los. São elas: Ruptura
Anacoluto: a construção do período deixa um ou mais
Aliteração: repetição consonantal fonética (som da letra) termos sem função sintática. Dê atenção especial porque o
geralmente no início da palavra. anacoluto é parecido com o pleonasmo, ou melhor, na
Exemplo: “Sonhei que estava sonhando um sonho tentativa de um pleonasmo sintático, muitas vezes, acaba-se
sonhado...” (Martinho da Vila) por criar a ruptura. Exemplo:
"Os meus vizinhos, não confio mais neles." - a função
Assonância: repetição da mesma vogal no decorrer de um sintática de os meus vizinhos é nula, não há; entretanto, se
verso ou poema. Exemplo: houvesse preposição (Nos meus vizinhos, não confio mais
“Sou Ana, da cama neles), o termo seria objeto indireto, enquanto neles seria o
Da cana, fulana bacana objeto indireto pleonástico.
Sou Ana de Amsterdã.” (Chico Buarque)
Inversão
Paronomásia: reprodução de sons semelhantes através Anástrofe: inversão sintática leve. Exemplos:
de palavras de significados diferentes. Exemplos: "Tão leve estou que já nem sombra tenho." (ordem
“Berro pelo aterro pelo desterro inversa) (Mário Quintana)
Berro por seu berro pelo seu erro "Estou tão leve que já não tenho sombra." (ordem direta)
Quero que você ganhe que você me apanhe
Sou o bezerro gritando mamãe...” Hipálage: inversão de um adjetivo (uma qualidade que
(Caetano Veloso) pertence a um é atribuída a outro substantivo). Exemplos:
“A mulher degustava lânguida cigarrilha.”
Figuras de Construção Lânguida = sensual, portanto lânguida é a mulher, e não a
cigarrilha como faz supor.
Dizem respeito aos desvios de padrão de concordância "Em cada olho um grito castanho de ódio." (Dalton Trevisan)
quer quanto à ordem, omissões ou excessos. Dividem-se em: Castanhos são os olhos, e não o grito.
Língua Portuguesa 4
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APOSTILAS OPÇÃO
deve à ideia de que os substantivos sobrecomuns designam Ironia: consiste em dizer o oposto do que se pensa, com
ambos os sexos, e não ambos os gêneros, portanto, por intenção sarcástica ou depreciativa. Exemplos:
questões estilísticas, o autor do texto preferiu a ideia à regra "A excelente Dona lnácia era mestra na arte de judiar de
gramatical rígida que impõe que adjetivos concordem em criança." (Monteiro Lobato)
gênero com o substantivo, não em sexo. "Dona Clotilde, o arcanjo do seu filho quebrou minhas
vidraças."
b) De Número: singular e plural não concordam entre si.
Ex.: "O esquadrão sobrevoaram o céu azul daquela manhã Hipérbole: é a figura do exagero, a fim de proporcionar
de verão." uma imagem chocante ou emocionante. Exemplos:
Ocorre algo semelhante na silepse de número, apenas se "Rios te correrão dos olhos, se chorares!" (Olavo Bilac)
ressalve que nesses casos o 'desprezo' se dá quanto à "Existem mil maneiras de preparar Neston."
concordância verbal, afinal, esquadrão é palavra de natureza
coletiva (coletivo de aviões) e, mais uma vez por questões Eufemismo: Figura que atenua ideias desagradáveis ou
estilísticas, o autor preferiu à regra, na qual se baseia a penosas. Exemplos:
Gramática Normativa, o livre voar de suas ideias. "E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir
Deus lhe pague." (Chico Buarque)
c) De Pessoa: sujeito e verbo não concordam entre si. Ex.: Paz derradeira = morte
“A gente não sabemos escolher presidente.”
“A gente não sabemos tomar conta da gente." "Aquele homem de índole duvidosa apropriou-se (ladrão)
(Ultraje a Rigor) indevidamente dos meus pertences." (roubou)
Nos casos de silepse de pessoa há, por parte do autor, uma
clara intromissão, característica do discurso indireto livre, Disfemismo: expressão grosseira em lugar de outra,
quando, ao informar, o emissor se coloca como parte da ação. suave, branda. Exemplo:
“Você não passa de um porco ... um pobretão.”
Figuras de Pensamento
Personificação ou Prosopopeia: Consiste em dar vida a
São recursos de linguagem que se referem ao aspecto seres inanimados. Exemplos:
semântico, ou seja, ao significado dentro de um contexto. "O vento beija meus cabelos
As ondas lambem minhas pernas
Antítese: é a aproximação de palavras de sentidos O sol abraça o meu corpo."
contrários, antagônicos. Exemplos: (Lulu Santos - Nelson Motta)
"Onde queres prazer, sou o que dói
E onde queres tortura, mansidão "Sob o sol respira o mar,
Onde, queres um lar, Revolução dedilhando as ondas, belo olhar.
E onde queres bandido, sou herói." Faiscando espumas, lágrimas
(Caetano Veloso) saúdam sereias amantes:
Te escutam, te amam, te lambem."
Paradoxo ou Oximoro: é mais que a aproximação (Nel de Moraes)
antitética; é a própria ideia que se contradiz. Exemplos:
"O mito é o nada que é tudo." (Fernando Pessoa) Reificação: consiste em 'coisificar' os seres humanos.
"Mas tão certo quanto o erro de seu barco a motor é insistir Exemplo: "Tia, já botei os candidatos na lista."
em usar remos."
(Legião Urbana) Lítotes: consiste em negar por afirmação ou vice-versa.
Exemplos:
Apóstrofe: é a evocação, o chamamento. Identifica-se "Ela até que não é feia." -logo, é bonita!
facilmente na função sintática do VOCATIVO. Exemplos: "Você está exagerando. Não subestime a sua inteligência."
"Ó lindo mar verdejante, - porque ela é inteligente.
tuas ondas entoam cantos,
és tu o dono reinante Questões
das brancas marés espumantes..."
(Nel de Moraes)
01. (IF/PA - Assistente em Administração - FUNRIO/2016)
“Quero um poema ainda não pensado, / que inquiete as marés
Perífrase: designação dos objetos, acidentes geográficos,
de silêncio da palavra ainda não escrita nem pronunciada, /
indivíduos e outros que não queremos simplesmente nomear.
que vergue o ferruginoso canto do oceano / e reviva a ruína
Exemplos:
que são as poças d’água. / Quero um poema para vingar minha
"Última Flor do Lácio3, inculta e bela,
insônia.” (Olga Savary, “Insônia”)
és a um tempo esplendor e sepultura."
(Olavo Bilac)
Cidade Luz [z: Paris) Nesses versos finais do poema, encontramos as seguintes
Veneza Brasileira (= Recife) figuras de linguagem:
Cidade Maravilhosa (= Rio de Janeiro) (A) silepse e zeugma
Rei dos Animais (= leão) (B) eufemismo e ironia.
(C) prosopopeia e metáfora.
Gradação: é uma sequência de palavras ou ideias que (D) aliteração e polissíndeto.
servem de intensificação numa sequência temporal. Ex.: (E) anástrofe e aposiopese.
"Dissecou-a a tal ponto, e com tal arte, que ela, rota, baça,
nojenta, vil." 02. (IF/PA - Auxiliar em Administração -
(Raimundo Corrêa) FUNRIO/2016) “Eu sou de lá / Onde o Brasil verdeja a alma e
o rio é mar / Eu sou de lá / Terra morena que eu amo tanto,
meu Pará.” (Pe. Fábio de Melo, “Eu Sou de Lá”)
3
Flor do Lácio (= Língua Portuguesa)
Língua Portuguesa 5
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APOSTILAS OPÇÃO
03. (Pref. de Itaquitinga/PE - Técnico em Enfermagem Quando se pergunta a alguém para que serve a linguagem,
- IDHTEC/2016) a resposta mais comum é que ela serve para comunicar. Isso
está correto. No entanto, comunicar não é apenas transmitir
MAMÃ NEGRA (Canto de esperança) informações. É também exprimir emoções, dar ordens, falar
apenas para não haver silêncio. Para que serve a linguagem?
Tua presença, minha Mãe - drama vivo duma Raça, Drama
de carne e sangue Que a Vida escreveu com a pena dos séculos! A linguagem serve para informar: Função Referencial.
Pelo teu regaço, minha Mãe, Outras gentes embaladas à voz da
ternura ninadas do teu leite alimentadas de bondade e poesia “Estados Unidos invadem o Iraque”
de música ritmo e graça... santos poetas e sábios... Outras
gentes... não teus filhos, que estes nascendo alimárias Essa frase, numa manchete de jornal, informa-nos sobre
semoventes, coisas várias, mais são filhos da desgraça: a um acontecimento do mundo.
enxada é o seu brinquedo trabalho escravo - folguedo... Pelos Com a linguagem, armazenamos conhecimentos na
teus olhos, minha Mãe Vejo oceanos de dor Claridades de sol- memória, transmitimos esses conhecimentos a outras pessoas,
posto, paisagens Roxas paisagens Mas vejo (Oh! se vejo! ...) mas ficamos sabendo de experiências bem-sucedidas, somos
vejo também que a luz roubada aos teus [olhos, ora esplende prevenidos contra as tentativas mal sucedidas de fazer alguma
demoniacamente tentadora - como a Certeza... cintilantemente coisa. Graças à linguagem, um ser humano recebe de outro
firme - como a Esperança... em nós outros, teus filhos, gerando, conhecimentos, aperfeiçoa-os e transmite-os.
formando, anunciando - o dia da humanidade. Condillac, um pensador francês, diz: “Quereis aprender
(Viriato da Cruz. Poemas, 1961, Lisboa, Casa dos Estudantes do Império) ciências com facilidade? Começai a aprender vossa própria
língua!” Com efeito, a linguagem é a maneira como
O poema, Mamã Negra: aprendemos desde as mais banais informações do dia a dia até
(A) É uma metáfora para a pátria sendo referência de um as teorias científicas, as expressões artísticas e os sistemas
país africano que foi colonizado e teve sua população filosóficos mais avançados.
escravizada. A função informativa da linguagem tem importância
(B) É um vocativo e clama pelos efeitos negativos da central na vida das pessoas, consideradas individualmente ou
escravização dos povos africanos. como grupo social. Para cada indivíduo, ela permite conhecer
(C) É a referência resumida a todo o povo que compõe um o mundo; para o grupo social, possibilita o acúmulo de
país libertado depois de séculos de escravidão. conhecimentos e a transferência de experiências. Por meio
(D) É o sofrimento que acometeu todo o povo que ficou na dessa função, a linguagem modela o intelecto.
terra e teve seus filhos levados pelo colonizador. É a função informativa que permite a realização do
(E) É a figura do colonizador que mesmo exercendo o trabalho coletivo. Operar bem essa função da linguagem
poder por meio da opressão foi “ninado “ela Mamã Negra. possibilita que cada indivíduo continue sempre a aprender.
A função informativa costuma ser chamada também de
04. (Pref. de Florianópolis/SC - Auxiliar de Sala - função referencial, pois seu principal propósito é fazer com
FEPESE/2016) Analise as frases abaixo: que as palavras revelem da maneira mais clara possível as
coisas ou os eventos a que fazem referência.
1. “Calções negros corriam, pulavam durante o jogo.”
2. A mulher conquistou o seu lugar! A linguagem serve para influenciar e ser influenciado:
3. Todo cais é uma saudade de pedra. Função Conativa.
4. Os microfones foram implacáveis com os novos artistas.
“Vem pra Caixa você também.”
Assinale a alternativa que corresponde correta e
sequencialmente às figuras de linguagem apresentadas: Essa frase fazia parte de uma campanha destinada a
(A) metáfora, metonímia, metáfora, metonímia aumentar o número de correntistas da Caixa Econômica
(B) metonímia, metonímia, metáfora, metáfora Federal. Para persuadir o público alvo da propaganda a adotar
(C) metonímia, metonímia, metáfora, metonímia esse comportamento, formulou-se um convite com uma
(D) metonímia, metáfora, metonímia, metáfora linguagem bastante coloquial, usando, por exemplo, a forma
(E) metáfora, metáfora, metonímia, metáfora vem, de segunda pessoa do imperativo, em lugar de venha,
forma de terceira pessoa prescrita pela norma culta quando se
05. (COMLURB - Técnico de Segurança do Trabalho - usa você.
IBFC/2016) Leia o poema abaixo e assinale a alternativa que Pela linguagem, as pessoas são induzidas a fazer
indica a figura de linguagem presente no texto: determinadas coisas, a crer em determinadas ideias, a sentir
determinadas emoções, a ter determinados estados de alma
Amor é fogo que arde sem se ver (amor, desprezo, desdém, raiva, etc.). Por isso, pode-se dizer
Amor é fogo que arde sem se ver; que ela modela atitudes, convicções, sentimentos, emoções,
É ferida que dói e não se sente; paixões. Quem ouve desavisada e reiteradamente a palavra
É um contentamento descontente; “negro”, pronunciada em tom desdenhoso, aprende a ter
É dor que desatina sem doer; sentimentos racistas; se a todo momento nos dizem, num tom
(Camões)
pejorativo, “Isso é coisa de mulher”, aprendemos os
preconceitos contra a mulher.
(A) Onomatopeia
(B) Metáfora
Língua Portuguesa 6
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APOSTILAS OPÇÃO
Não se interfere no comportamento das pessoas apenas ou entre os habitantes de um país. Não importa que as pessoas
com a ordem, o pedido, a súplica. Há textos que nos não entendam bem o significado da letra do Hino Nacional,
influenciam de maneira bastante sutil, com tentações e pois ele não tem função informativa: o importante é que, ao
seduções, como os anúncios publicitários que nos dizem como cantá-lo, sentimo-nos participantes da comunidade de
seremos bem sucedidos, atraentes e charmosos se usarmos brasileiros.
determinadas marcas, se consumirmos certos produtos. Na nomenclatura da linguística, usa-se a expressão função
Com essa função, a linguagem modela tanto bons cidadãos, fática para indicar a utilização da linguagem para estabelecer
que colocam o respeito ao outro acima de tudo, quanto ou manter aberta a comunicação entre um falante e seu
espertalhões, que só pensam em levar vantagem, e indivíduos interlocutor.
atemorizados, que se deixam conduzir sem questionar.
Emprega-se a expressão função conativa da linguagem A linguagem serve para falar sobre a própria linguagem:
quando esta é usada para interferir no comportamento das Função Metalinguística.
pessoas por meio de uma ordem, um pedido ou uma sugestão.
A palavra conativo é proveniente de um verbo latino (conari) Quando dizemos frases como “A palavra ‘cão’ é um
que significa “esforçar-se” (para obter algo). substantivo”; “É errado dizer ‘a gente viemos’”; “Estou usando o
termo ‘direção’ em dois sentidos”; “Não é muito elegante usar
A linguagem serve para expressar a subjetividade: Função palavrões”, não estamos falando de acontecimentos do mundo,
Emotiva. mas estamos tecendo comentários sobre a própria linguagem.
É o que chama função metalinguística. A atividade
“Eu fico possesso com isso!” metalinguística é inseparável da fala. Falamos sobre o mundo
exterior e o mundo interior e ao mesmo tempo, fazemos
Nessa frase, quem fala está exprimindo sua indignação com comentários sobre a nossa fala e a dos outros. Quando
alguma coisa que aconteceu. Com palavras, objetivamos e afirmamos como diz o outro, estamos comentando o que
expressamos nossos sentimentos e nossas emoções. declaramos: é um modo de esclarecer que não temos o hábito
Exprimimos a revolta e a alegria, sussurramos palavras de de dizer uma coisa tão trivial como a que estamos enunciando;
amor e explodimos de raiva, manifestamos desespero, inversamente, podemos usar a metalinguagem como recurso
desdém, desprezo, admiração, dor, tristeza. Muitas vezes, para valorizar nosso modo de dizer. É o que se dá quando
falamos para exprimir poder ou para afirmarmo-nos dizemos, por exemplo, Parodiando o padre Vieira ou Para usar
socialmente. Durante o governo do presidente Fernando uma expressão clássica, vou dizer que “peixes se pescam,
Henrique Cardoso, ouvíamos certos políticos dizerem “A homens é que se não podem pescar”.
intenção do Fernando é levar o país à prosperidade” ou “O
Fernando tem mudado o país”. Essa maneira informal de se A linguagem serve para criar outros universos.
referirem ao presidente era, na verdade, uma maneira de
insinuarem intimidade com ele e, portanto, de exprimirem a A linguagem não fala apenas daquilo que existe, fala
importância que lhes seria atribuída pela proximidade com o também do que nunca existiu. Com ela, imaginamos novos
poder. Inúmeras vezes, contamos coisas que fizemos para mundos, outras realidades. Essa é a grande função da arte:
afirmarmo-nos perante o grupo, para mostrar nossa valentia mostrar que outros modos de ser são possíveis, que outros
ou nossa erudição, nossa capacidade intelectual ou nossa universos podem existir. O filme de Woody Allen “A rosa
competência na conquista amorosa. púrpura do Cairo” (1985) mostra isso de maneira bem
Por meio do tipo de linguagem que usamos, do tom de voz expressiva. Nele, conta-se a história de uma mulher que, para
que empregamos, etc., transmitimos uma imagem nossa, não consolar-se do cotidiano sofrido e dos maus-tratos infligidos
raro inconscientemente. pelo marido, refugia-se no cinema, assistindo inúmeras vezes
Emprega-se a expressão função emotiva para designar a a um filme de amor em que a vida é glamorosa, e o galã é
utilização da linguagem para a manifestação do enunciador, carinhoso e romântico. Um dia, ele sai da tela e ambos vão
isto é, daquele que fala. viver juntos uma série de aventuras. Nessa outra realidade, os
homens são gentis, a vida não é monótona, o amor nunca
A linguagem serve para criar e manter laços sociais: Função diminui e assim por diante.
Fática.
A linguagem serve como fonte de prazer: Função Poética.
__Que calorão, hein?
__Também, tem chovido tão pouco. Brincamos com as palavras. Os jogos com o sentido e os
__Acho que este ano tem feito mais calor do que nos outros. sons são formas de tornar a linguagem um lugar de prazer.
__Eu não me lembro de já ter sentido tanto calor. Divertimo-nos com eles. Manipulamos as palavras para delas
extrairmos satisfação.
Esse é um típico diálogo de pessoas que se encontram num Oswald de Andrade, em seu “Manifesto antropófago”, diz
elevador e devem manter uma conversa nos poucos instantes “Tupi or not tupi”; trata-se de um jogo com a frase
em que estão juntas. Falam para nada dizer, apenas porque o shakespeariana “To be or not to be”. Conta-se que o poeta
silêncio poderia ser constrangedor ou parecer hostil. Emílio de Menezes, quando soube que uma mulher muito
Quando estamos num grupo, numa festa, não podemos gorda se sentara no banco de um ônibus e este quebrara, fez o
manter-nos em silêncio, olhando uns para os outros. Nessas seguinte trocadilho: “É a primeira vez que vejo um banco
ocasiões, a conversação é obrigatória. Por isso, quando não se quebrar por excesso de fundos”. A palavra banco está usada em
tem assunto, fala-se do tempo, repetem-se histórias que todos dois sentidos: “móvel comprido para sentar-se” e “casa
conhecem, contam-se anedotas velhas. A linguagem, nesse bancária”. Também está empregado em dois sentidos o termo
caso, não tem nenhuma função que não seja manter os laços fundos: “nádegas” e “capital”, “dinheiro”.
sociais. Quando encontramos alguém e lhe perguntamos “Tudo Observe-se o uso do verbo bater, em expressões diversas,
bem?”, em geral não queremos, de fato, saber se nosso com significados diferentes, nesta frase do deputado Virgílio
interlocutor está bem, se está doente, se está com problemas. Guimarães:
A fórmula é uma maneira de estabelecer um vínculo social.
Também os hinos têm a função de criar vínculos, seja entre “ACM bate boca porque está acostumado a bater: bateu
alunos de uma escola, entre torcedores de um time de futebol continência para os militares, bateu palmas para o Collor e quer
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APOSTILAS OPÇÃO
bater chapa em 2002. Mas o que falta é que lhe bata uma dor de - Função apelativa (imperativa): com este tipo de
consciência e bata em retirada.” mensagem, o emissor atua sobre o receptor, afim de que este
(Folha de S. Paulo) assuma determinado comportamento; há frequente uso do
vocativo e do imperativo. Esta função da linguagem é
Verifica-se que a linguagem pode ser usada utilitariamente frequentemente usada por oradores e agentes de publicidade.
ou esteticamente. No primeiro caso, ela é utilizada para - Função metalinguística: função usada quando a língua
informar, para influenciar, para manter os laços sociais, etc. No explica a própria linguagem (exemplo: quando, na análise de
segundo, para produzir um efeito prazeroso de descoberta de um texto, investigamos os seus aspectos morfo-sintáticos e/ou
sentidos. Em função estética, o mais importante é como se diz, semânticos).
pois o sentido também é criado pelo ritmo, pelo arranjo dos - Função informativa (ou referencial): função usada
sons, pela disposição das palavras, etc. quando o emissor informa objetivamente o receptor de uma
Na estrofe abaixo, retirada do poema “A Cavalgada”, de realidade, ou acontecimento.
Raimundo Correia, a sucessão dos sons oclusivos /p/, /t/, /k/, - Função fática: pretende conseguir e manter a atenção
/b/, /d/, /g/ sugere o patear dos cavalos: dos interlocutores, muito usada em discursos políticos e textos
publicitários (centra-se no canal de comunicação).
E o bosque estala, move-se, estremece... - Função poética: embeleza, enriquecendo a mensagem
Da cavalgada o estrépito que aumenta com figuras de estilo, palavras belas, expressivas, ritmos
Perde-se após no centro da montanha... agradáveis, etc.
Apud: Lêdo Ivo. Raimundo Correia: Poesia. 4ª ed. Também podemos pensar que as primeiras falas
Rio de Janeiro, Agir, p. 29. Coleção Nossos Clássicos. conscientes da raça humana ocorreu quando os sons emitidos
evoluiram para o que podemos reconhecer como
Observe-se que a maior concentração de sons oclusivos “interjeições”. As primeiras ferramentas da fala humana.
ocorre no segundo verso, quando se afirma que o barulho dos A função biológica e cerebral da linguagem é aquilo que
cavalos aumenta. mais profundamente distingue o homem dos outros animais.
Quando se usam recursos da própria língua para Podemos considerar que o desenvolvimento desta função
acrescentar sentidos ao conteúdo transmitido por ela, diz-se cerebral ocorre em estreita ligação com a bipedia e a libertação
que estamos usando a linguagem em sua função poética. da mão, que permitiram o aumento do volume do cérebro, a
par do desenvolvimento de órgãos fonadores e da mímica
Para melhor compreensão das funções de linguagem, facial.
torna-se necessário o estudo dos elementos da comunicação. Devido a estas capacidades, para além da linguagem falada
Antigamente, tinha-se a ideia que o diálogo era e escrita, o homem, aprendendo pela observação de animais,
desenvolvido de maneira "sistematizada" (alguém pergunta - desenvolveu a língua de sinais adaptada pelos surdos em
alguém espera ouvir a pergunta, daí responde, enquanto outro diferentes países, não só para melhorar a comunicação entre
escuta em silêncio, etc). Exemplo: surdos, mas também para utilizar em situações especiais,
como no teatro e entre navios ou pessoas e não animais que se
ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO encontram fora do alcance do ouvido, mas que se podem
Emissor emite, codifica a mensagem observar entre si.
Questões
Receptor recebe, decodifica a mensagem
Mensagem conteúdo transmitido pelo emissor
01. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS/AL –
Código conjunto de signos usado na TÉCNICO DE LABORATÓRIO – ANATOMIA E NECROPSIA –
transmissão e recepção da mensagem COPEVE - adaptada)
Referente contexto relacionado a emissor e Alô, alô, Marciano
receptor Aqui quem fala é da Terra
Canal meio pelo qual circula a mensagem Pra variar, estamos em guerra
Você não imagina a loucura
Porém, com recentes estudos linguísticos, tal teoria sofreu O ser humano tá na maior fissura porque
certa modificação, pois, chegou-se a conclusão de que ao se Tá cada vez mais down o high society [...]
tratar da parole (sentido individual da língua), entende-se que LEE, Rita. CARVALHO, Roberto de. Disponível em:
http://www.vagalume.com.br/ Acesso em: 30 mar. 2014.
é um veículo democrático (observe a função fática), assim,
admite-se um novo formato de locução, ou, interlocução Os dois primeiros versos do texto fazem referência à
(diálogo interativo): função da linguagem cujo objetivo dos emissores é apenas
estabelecer ou manter contato de comunicação com seus
Locutor quem fala (e responde) receptores. Nesses versos, a linguagem está empregada em
Locutário quem ouve e responde função
Interlocução diálogo (A) expressiva.
(B) apelativa.
As respostas, dos "interlocutores" podem ser gestuais, (C) referencial.
faciais etc. por isso a mudança (aprimoração) na teoria. (D) poética.
As atitudes e reações dos comunicantes são também (E) fática.
referentes e exercem influência sobre a comunicação
02. (PREFEITURA DE IGUARAÇU/PR – TÉCNICO EM
Lembramo-nos: ENFERMAGEM – FAFIPA)
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APOSTILAS OPÇÃO
E lava o ar de anil, alegra a rua Resolva de uma vez o problema do seu assoalho,
Alumbra os astros e aproxima o céu. aplicando-lhe Sintaxe.
Até a lua, a casta e branca lua Use somente peças originais, para o funcionamento ideal
Esquecido o pudor, baixa o dossel do seu W.Y.Z.
E em seu leito de plumas fica nua Tenha sempre à mão uma caixa de adesivos plásticos.
A destilar seu luminoso mel. Faça curso de madureza por correspondência.
Raia a aurora tão tímida e tão frágil Aprenda em casa, nas horas vagas, a fascinante profissão
Que através do seu corpo transparente de relojoeiro. (...)
Dir-se-ia poder-se ver o rosto Carlos Drummond de Andrade (“A bolsa & vida”. In: Poesia completa e prosa.
Rio de Janeiro: Aguillar, 1983. P. 1032)
Carregado de inveja e de presságio
Dos irmãos Junho e Julho, friamente
(A) referencial – presença de termos científicos e técnicos
Preparando as catástrofes de Agosto...
(B) expressiva – predominância da 1ª pessoa do singular
Disponível em: http://www.viniciusdemoraes.com.br
(C) fática – uso de cumprimentos e saudações
(D) apelativa – emprego de verbos flexionados no
Em um poema, é possível afirmar que a função de
imperativo
linguagem está centrada na:
(A) Função fática.
Gabarito
(B) Função emotiva ou expressiva.
01 E / 02. B / 03. E / 04. D
(C) Função conativa ou apelativa.
(D) Função denotativa ou referencial.
Língua Portuguesa 9
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(C) tornou-se, rapidamente, um hábito cultivado pela (D) a leitura de um bom livro é tão instrutiva quanto
maioria dos moradores. assistir a um programa de televisão.
(D) é uma alternativa dispendiosa em comparação com os (E) a televisão e o livro estimulam a imaginação de modo
demais meios de transporte. idêntico, embora ler seja mais prazeroso.
(E) tem sido rejeitado por consistir em uma atividade
arriscada e pouco salutar. Leia o texto para responder às questões:
02. A partir da leitura, é correto concluir que um dos Propensão à ira de trânsito
objetivos centrais do texto é
(A) informar o leitor sobre alguns direitos e deveres do Dirigir um carro é estressante, além de inerentemente
ciclista. perigoso. Mesmo que o indivíduo seja o motorista mais seguro
(B) convencer o leitor de que circular em uma bicicleta é do mundo, existem muitas variáveis de risco no trânsito, como
mais seguro do que dirigir um carro. clima, acidentes de trânsito e obras nas ruas.
(C) mostrar que não há legislação acerca do uso da bicicleta E com relação a todas as outras pessoas nas ruas? Algumas
no Brasil. não são apenas maus motoristas, sem condições de dirigir, mas
(D) explicar de que maneira o uso da bicicleta como meio também se engajam num comportamento de risco – algumas
de locomoção se consolidou no Brasil. até agem especificamente para irritar o outro motorista ou
(E) defender que, quando circular na calçada, o ciclista impedir que este chegue onde precisa.
deve dar prioridade ao pedestre. Essa é a evolução de pensamento que alguém poderá ter
antes de passar para a ira de trânsito de fato, levando um
03. Considere o cartum de Evandro Alves. motorista a tomar decisões irracionais.
Dirigir pode ser uma experiência arriscada e emocionante.
Afogado no Trânsito Para muitos de nós, os carros são a extensão de nossa
personalidade e podem ser o bem mais valioso que possuímos.
Dirigir pode ser a expressão de liberdade para alguns, mas
também é uma atividade que tende a aumentar os níveis de
estresse, mesmo que não tenhamos consciência disso no
momento.
Dirigir é também uma atividade comunitária. Uma vez que
entra no trânsito, você se junta a uma comunidade de outros
motoristas, todos com seus objetivos, medos e habilidades ao
volante. Os psicólogos Leon James e Diane Nahl dizem que um
dos fatores da ira de trânsito é a tendência de nos
concentrarmos em nós mesmos, descartando o aspecto
comunitário do ato de dirigir.
(http://iiiconcursodecartumuniversitario.blogspot.com.br)
Como perito do Congresso em Psicologia do Trânsito, o Dr.
James acredita que a causa principal da ira de trânsito não são
Considerando a relação entre o título e a imagem, é correto os congestionamentos ou mais motoristas nas ruas, e sim
concluir que um dos temas diretamente explorados no cartum como nossa cultura visualiza a direção agressiva. As crianças
é aprendem que as regras normais em relação ao
(A) o aumento da circulação de ciclistas nas vias públicas. comportamento e à civilidade não se aplicam quando
(B) a má qualidade da pavimentação em algumas ruas. dirigimos um carro. Elas podem ver seus pais envolvidos em
(C) a arbitrariedade na definição dos valores das multas. comportamentos de disputa ao volante, mudando de faixa
(D) o número excessivo de automóveis nas ruas. continuamente ou dirigindo em alta velocidade, sempre com
(E) o uso de novas tecnologias no transporte público. pressa para chegar ao destino.
Para complicar as coisas, por vários anos psicólogos
04. Considere o cartum de Douglas Vieira. sugeriam que o melhor meio para aliviar a raiva era
descarregar a frustração. Estudos mostram, no entanto, que a
Televisão descarga de frustrações não ajuda a aliviar a raiva. Em uma
situação de ira de trânsito, a descarga de frustrações pode
transformar um incidente em uma violenta briga.
Com isso em mente, não é surpresa que brigas violentas
aconteçam algumas vezes. A maioria das pessoas está
predisposta a apresentar um comportamento irracional
quando dirige. Dr. James vai ainda além e afirma que a maior
parte das pessoas fica emocionalmente incapacitada quando
dirige. O que deve ser feito, dizem os psicólogos, é estar ciente
de seu estado emocional e fazer as escolhas corretas, mesmo
quando estiver tentado a agir só com a emoção.
(Jonathan Strickland. Disponível em: http://carros.hsw.uol.com.br/furia-no-
transito1 .htm. Acesso em: 01.08.2013. Adaptado)
(http://iiiconcursodecartumuniversitario.blogspot.com.br. Adaptado)
05. Tomando por base as informações contidas no texto, é
É correto concluir que, de acordo com o cartum , correto afirmar que
(A) os tipos de entretenimento disponibilizados pelo livro (A) os comportamentos de disputa ao volante acontecem à
ou pela TV são equivalentes. medida que os motoristas se envolvem em decisões
(B) o livro, em comparação com a TV, leva a uma conscientes.
imaginação mais ativa. (B) segundo psicólogos, as brigas no trânsito são causadas
(C) o indivíduo que prefere ler a assistir televisão é alguém pela constante preocupação dos motoristas com o aspecto
que não sabe se distrair. comunitário do ato de dirigir.
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(C) para Dr. James, o grande número de carros nas ruas é o Informações Implícitas
principal motivo que provoca, nos motoristas, uma direção
agressiva. Muitos candidatos ao ENEM se perguntam como melhorar
(D) o ato de dirigir um carro envolve uma série de sua capacidade de interpretação dos textos. Primeiramente, é
experiências e atividades não só individuais como também preciso ter em mente que um texto é formado por informações
sociais. explícitas e implícitas. As informações explícitas são aquelas
(E) dirigir mal pode estar associado à falta de controle das manifestadas pelo autor no próprio texto. As informações
emoções positivas por parte dos motoristas. implícitas não são manifestadas pelo autor no texto, mas
podem ser subentendidas. Muitas vezes, para efetuarmos uma
Gabarito leitura eficiente, é preciso ir além do que foi dito, ou seja, ler
nas entrelinhas.
1. (B) / 2. (A) / 3. (D) / 4. (B) / 5. (D) Por exemplo, observe este enunciado:
4http://educacao.globo.com/portugues/assunto/estudo-do-texto/implicitos-e-
pressupostos.html (Adaptado)
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Questão
01. Texto I
3. Tipologia textual e
gêneros de circulação social:
estrutura composicional;
objetivos discursivos do texto;
contexto de circulação;
aspectos linguísticos.
TIPOS TEXTUAIS
Texto Descritivo
Exemplo:
Chamava-se Raimundo este pequeno, e era mole, aplicado,
(Época. 12 out. 2009 - Foto: Reprodução/Enem) inteligência tarda. Raimundo gastava duas horas em reter
aquilo que a outros levava apenas trinta ou cinquenta minutos;
A capa da revista Época de 12 de outubro de 2009 traz um vencia com o tempo o que não podia fazer logo com o cérebro.
anúncio sobre o lançamento do livro digital no Brasil. Já o texto Reunia a isso grande medo ao pai. Era uma criança fina, pálida,
II traz informações referentes à abrangência de acessibilidade cara doente; raramente estava alegre. Entrava na escola depois
das tecnologias de comunicação e informação nas diferentes do pai e retirava-se antes. O mestre era mais severo com ele do
regiões do país. A partir da leitura dos dois textos, infere-se que conosco.
que o advento do livro digital no Brasil (Machado de Assis. "Conto de escola". Contos. 3ed. São Paulo, Ática, 1974)
(A) possibilitará o acesso das diferentes regiões do país às
informações antes restritas, uma vez que eliminará as Esse texto traça o perfil de Raimundo, o filho do professor
distâncias, por meio da distribuição virtual. da escola que o escritor frequentava.
(B) criará a expectativa de viabilizar a democratização da Deve-se notar:
leitura, porém esbarra na insuficiência do acesso à internet por - que todas as frases expõem ocorrências simultâneas (ao
telefonia celular, ainda deficiente no país. mesmo tempo que gastava duas horas para reter aquilo que os
(C) fará com que os livros impressos tornem-se obsoletos, outros levavam trinta ou cinquenta minutos, Raimundo tinha
em razão da diminuição dos gastos com os produtos digitais grande medo ao pai);
gratuitamente distribuídos pela internet. - por isso, não existe uma ocorrência que possa ser
(D) garantirá a democratização dos usos da tecnologia no considerada cronologicamente anterior a outra do ponto de
país, levando em consideração as características de cada vista do relato (no nível dos acontecimentos, entrar na escola
região no que se refere aos hábitos de leitura e acesso à é cronologicamente anterior a retirar-se dela; no nível do
informação. relato, porém, a ordem dessas duas ocorrências é indiferente:
(E) impulsionará o crescimento da qualidade da leitura dos o que o escritor quer é explicitar uma característica do menino,
brasileiros, uma vez que as características do produto e não traçar a cronologia de suas ações);
permitem que a leitura aconteça a despeito das adversidades - ainda que se fale de ações (como entrava, retirava-se),
geopolíticas. todas elas estão no pretérito imperfeito, que indica
concomitância em relação a um marco temporal instalado no
Gabarito texto (no caso, o ano de 1840, em que o escritor frequentava a
01.B
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escola da Rua da Costa) e, portanto, não denota nenhuma Ao longo dessa estrutura narrativa são apresentados os
transformação de estado; principais elementos da narração: espaço, tempo,
- se invertêssemos a sequência dos enunciados, não personagem, enredo e narrador.
correríamos o risco de alterar nenhuma relação Todas as vezes que uma história é contada (é narrada), o
cronológica - poderíamos mesmo colocar o últímo período em narrador acaba sempre contando onde, quando, como e com
primeiro lugar e ler o texto do fim para o começo: O mestre era quem ocorreu o episódio. É por isso que numa narração
mais severo com ele do que conosco. Entrava na escola depois predomina a ação: o texto narrativo é um conjunto de ações;
do pai e retirava-se antes... assim sendo, a maioria dos verbos que compõem esse tipo de
texto são os verbos de ação. O conjunto de ações que compõem
Estrutura o texto narrativo, ou seja, a história que é contada nesse tipo
de texto recebe o nome de enredo.
Introdução: Primeiramente é feita a identificação do ser As ações contidas no texto narrativo são praticadas pelas
ou objeto que será descrito, de modo a que o leitor foque sua personagens, que são justamente as pessoas envolvidas no
atenção nesse ser ou objeto. episódio que está sendo contado. As personagens são
Desenvolvimento: Ocorre então a descrição do objeto ou identificadas (nomeadas) no texto narrativo pelos
ser em foco, apresentando seus aspectos mais gerais e mais substantivos próprios.
pormenorizados, havendo caracterizações mais objetivas e Quando o narrador conta um episódio, às vezes (mesmo
outras mais subjetivas. sem querer) ele acaba contando "onde" (em que lugar) as
Conclusão: A descrição está concluída quando a ações do enredo foram realizadas pelas personagens. O lugar
caracterização do objeto ou ser estiver terminada. onde ocorre uma ação ou ações é chamado de espaço,
representado no texto pelos advérbios de lugar.
Características Além de contar onde, o narrador também pode esclarecer
"quando" ocorreram as ações da história. Esse elemento da
O texto descritivo não se encontra limitado por noções narrativa é o tempo, representado no texto narrativo através
temporais ou relações espaciais, visto descrever algo estático, dos tempos verbais, mas principalmente pelos advérbios de
sem ordem fixa para a realização da descrição. Há uma notória tempo. É o tempo que ordena as ações no texto narrativo: é ele
predominância de substantivos, adjetivos e locuções adjetivas, que indica ao leitor "como" o fato narrado aconteceu.
em detrimento de verbos, sendo maioritariamente necessária A história contada, por isso, passa por uma introdução
a utilização de verbos de estado, como ser, estar, parecer, (parte inicial da história, também chamada de prólogo), pelo
permanecer, ficar, continuar, tornar-se, andar... desenvolvimento do enredo (é a história propriamente dita,
O uso de uma linguagem clara e dinâmica, com vocabulário o meio, o "miolo" da narrativa, também chamada de trama) e
rico e variado, bem como o uso de enumerações e termina com a conclusão da história (é o final ou epílogo).
comparações, ou outras figuras de linguagem, servem para Aquele que conta a história é o narrador, que pode ser
melhor apresentar o objeto ou ser em descrição, enriquecendo pessoal (narra em 1ª pessoa: Eu) ou impessoal (narra em 3ª
o texto e tornando-o mais interessante para o leitor. pessoa: Ele).
A descrição pode ser mais objetiva, focalizando aspectos Assim, o texto narrativo é sempre estruturado por verbos
físicos, ou mais subjetiva, focalizando aspectos emocionais e de ação, por advérbios de tempo, por advérbios de lugar e
psicológicos. Nas melhores descrições, há um equilíbrio entre pelos substantivos que nomeiam as personagens, que são os
os dois tipos de descrição, sendo o objeto ou ser descrito agentes do texto, ou seja, aquelas pessoas que fazem as ações
apresentado nas suas diversas vertentes. expressas pelos verbos, formando uma rede: a própria história
Na descrição de pessoas, há a descrição de aspectos físicos, contada.
ou seja, aquilo que pode ser observado e a descrição de Tudo na narrativa depende do narrador, da voz que conta
aspectos psicológicos e comportamentais, como o caráter, a história.
personalidade, humor…, apreendidos pelo convívio com a
pessoa e pela observação de suas atitudes. Na descrição de Principais elementos da narrativa
lugares ocorre tanto a descrição de aspectos físicos, como a Os principais elementos da narrativa, também chamados
descrição do ambiente social, econômico, político... Na de elementos da narração, são:
descrição de objetos, embora predomine a descrição de Espaço: O espaço se refere ao local onde se desenrola a
aspectos físicos, pode ocorrer uma descrição sensorial, que ação. Pode ser físico (no colégio, no Brasil, na praça,…), social
estimule os sentidos do leitor. (características do ambiente social) e psicológico (vivências,
pensamento e sentimentos do sujeito,…).
A descrição, ao contrário da narrativa, não supõe ação. É Tempo: O tempo se refere à duração da ação e ao
uma estrutura pictórica, em que os aspectos sensoriais desenrolar dos acontecimentos. O tempo cronológico indica a
predominam. Porque toda técnica descritiva implica sucessão cronológica dos fatos, pelas horas, dias, anos,… O
contemplação e apreensão de algo objetivo ou subjetivo, o tempo psicológico se refere às lembranças e vivências das
redator, ao descrever, precisa possuir certo grau de personagens, sendo subjetivo e influenciado pelo estado de
sensibilidade. Assim como o pintor capta o mundo exterior ou espírito das personagens em cada momento.
interior em suas telas, o autor de uma descrição focaliza cenas Personagens: São caracterizadas através de qualidades
ou imagens, conforme o permita sua sensibilidade. físicas e psicológicas, podendo essa caracterização ser feita de
modo direto (explicitada pelo narrador ou por outras
Texto Narrativo personagens, através de autocaracterização ou
heterocaracterização) ou de modo indireto (feita com base nas
O texto narrativo é caracterizado por narrar uma história, atitudes e comportamento das personagens).
ou seja, contar uma história através de uma sequência de
várias ações reais ou imaginárias. Essa sucessão de As personagens possuem diferentes importâncias na
acontecimentos é contada por um narrador e está estruturada narração, havendo personagens principais e personagens
em introdução, desenvolvimento e conclusão.5 secundárias. As personagens principais desempenham papéis
essenciais no enredo, podendo ser protagonistas (que deseja,
5
https://www.normaculta.com.br/texto-narrativo/
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APOSTILAS OPÇÃO
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APOSTILAS OPÇÃO
“Batia nos noventa anos o corpo magro, mas sempre teso do em textos que não são narrações. A narrativa é a
Jango Jorge, um que foi capitão duma maloca de contrabandista transformação de situações. Por exemplo, quando se diz
que fez cancha nos banhados do Brocai. “Depois da abolição, incentivou-se a imigração de europeus”,
Esse gaúcho desamotinado levou a existência inteira a temos um texto dissertativo, que, no entanto, apresenta um
cruzar os campos da fronteira; à luz do Sol, no desmaiado da componente narrativo, pois contém uma mudança de situação:
Lua, na escuridão das noites, na cerração das madrugadas...; do não incentivo ao incentivo da imigração europeia.
ainda que chovesse reiúnos acolherados ou que ventasse como Se a narrativa está presente em quase todos os tipos de
por alma de padre, nunca errou vau, nunca perdeu atalho, nunca texto, o que é narração?
desandou cruzada! ... A narração é um tipo de narrativa. Tem ela três
(...) características:
Aqui há poucos - coitado! - pousei no arranchamento dele. - é um conjunto de transformações de situação;
Casado ou doutro jeito, afamilhado. Não nos víamos desde muito - é um texto figurativo, isto é, opera com personagens e
tempo. (...) fatos concretos;
Fiquei verdeando, à espera, e fui dando um ajutório na - as mudanças relatadas estão organizadas de maneira tal
matança dos leitões e no tiramento dos assados com couro.” que, entre elas, existe sempre uma relação de anterioridade e
(J. Simões Lopes Neto – Contrabandista) posterioridade.
6
https://segredosdeconcurso.com.br/tipologia-textual/
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APOSTILAS OPÇÃO
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APOSTILAS OPÇÃO
Cerca de 85% dos menores em conflito com a lei praticam Como são textos que expressão ordem, normas, instruções
delitos contra o patrimônio ou por atuarem no tráfico de tem como característica principal a utilização de verbos no
drogas, e somente 15% estão internados por atentarem contra imperativo. Pode ser classificado de duas formas:
a vida. Afirmar que os adolescentes não são punidos ou -Instrucional: O texto apresenta apenas um conselho, uma
responsabilizados é permitir que a mentira, tantas vezes dita, indicação e não uma ordem.
transforme-se em verdade, pois não é o ECA que provoca a -Prescrição: O texto apresenta uma ordem, a orientação
impunidade, mas a falta de ação do Estado. Ao contrário do que dada no texto é uma imposição.
muitos pensam, hoje em dia os adolescentes infratores são
punidos com muito mais rigor do que os adultos. Exemplos:
Apresentar propostas legislativas visando à redução da
menoridade penal com a modificação do disposto no artigo Manual de instruções de um computador
228 da Constituição Federal constitui uma grande falácia, pois
o artigo 60, § 4º, inciso IV de nossa Carta Magna não admite “[...] Não instale nem use o computador em locais muito
que sejam objeto de deliberação de emenda à Constituição os quentes, frios, empoeirados, úmidos ou que estejam sujeitos a
direitos e garantias individuais, pois se trata de cláusula vibrações. Não exponha o computador a choques, pancadas ou
pétrea. vibrações, e evite que ele caia, para não prejudicar as peças
A prevenção à criminalidade está diretamente associada à internas [...]”.
existência de políticas sociais básicas e não à repressão, pois
não é a severidade da pena que previne a criminalidade, mas Texto Expositivo
sim a certeza de sua aplicação e sua capacidade de inclusão
social. Aqueles textos que nos levam a uma explicação sobre
Dalio Zippin Filho é advogado criminalista. 10/06/2013 determinado assunto, informa e esclarece sem a emissão de
Texto publicado na edição impressa de 10 de junho de 2013
qualquer opinião a respeito, é um texto expositivo.
É bom lembrarmos que é praticamente impossível opinar
Regras gramaticas para este tipo textual (Exposição)
sobre o que não se conhece. A leitura de bons textos é um dos
recursos que permite uma segurança maior no momento de
Neste tipo de texto são apresentadas informações sobre:
dissertar sobre algum assunto. Debater e pesquisar são
- Assuntos e fatos específicos;
atitudes que favorecem o senso crítico, essencial no
- Expõe ideias;
desenvolvimento de um texto dissertativo.
- Explica;
- Avalia;
Ainda temos:
- Reflete.
Tema: compreende o assunto proposto para discussão, o
Tudo isso sem que haja interferência do autor, sem que
assunto que vai ser abordado.
haja sua opinião a respeito. Faz uso de linguagem clara,
Título: palavra ou expressão que sintetiza o conteúdo
objetiva e impessoal. A maioria dos verbos está no presente do
discutido.
indicativo.
Argumentação: é um conjunto de procedimentos
linguísticos com os quais a pessoa que escreve sustenta suas
Exemplos: Notícias Jornalísticas.
opiniões, de forma a torná-las aceitáveis pelo leitor. É fornecer
argumentos, ou seja, razões a favor ou contra uma
Questões
determinada tese.
01. (IF Sertão/PE - Técnico em Laboratório de
Pontos Essenciais
Informática - IF Sertão/PE/2016)
- toda dissertação é uma demonstração, daí a necessidade
de pleno domínio do assunto e habilidade de argumentação;
Texto V
- em consequência disso, impõem-se à fidelidade ao tema;
A borboleta e a chama
- a coerência é tida como regra de ouro da dissertação;
- impõem-se sempre o raciocínio lógico;
Uma borboleta multicor voava na escuridão da noite
- a linguagem deve ser objetiva, denotativa; qualquer
quando viu, ao longe, uma luz. Imediatamente voou naquela
ambiguidade pode ser um ponto vulnerável na demonstração
direção e ao se aproximar da chama pôs-se a rodeá-la,
do que se quer expor. Deve ser clara, precisa, natural, original,
olhando-a maravilhada. Como era bonita!
nobre, correta gramaticalmente. O discurso deve ser
Não satisfeita em admirá-la, a borboleta resolveu
impessoal (evitar-se o uso da primeira pessoa).
aproximar-se mais da chama. Afastou-se e em seguida voou em
direção à chama passando rente a ela. Viu-se subitamente
Texto Injuntivo
caída, estonteada pela luz e muito surpresa por verificar que
as pontas de suas asas estavam chamuscadas.
Os textos injuntivos estão presentes em nossa vida nas
— Que aconteceu comigo? - pensou ela. Mas não conseguiu
mais variadas situações, como por exemplo quando
entender. Era impossível crer que uma coisa tão bonita quanto
adquirimos um aparelho eletrônico e temos que verificar
à chama pudesse causar-lhe algum mal. E assim, depois de
manual de instruções para o funcionamento, ou quando vamos
juntar um pouco de forças, sacudiu as asas e levantou voo
fazer um bolo utilizando uma receita, ou ainda quando lemos
novamente.
a bula de um remédio ou a receita médica que nos foi prescrita.
Rodou em círculo e mais uma vez dirigiu-se para a chama,
Os textos injuntivos são aqueles textos que nos orientam, nos
pretendendo pousar sobre ela. E imediatamente caiu
ditam normas, nos instruem.7
queimada, no óleo que alimentava a brilhante e pequenina
chama.
Regras gramaticais para este tipo de texto (Injunção):
— Maldita luz - murmurou a borboleta agonizante - pensei
7
http://www.tudosobreconcursos.com/materiais/portugues/tipologia-
textual
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APOSTILAS OPÇÃO
que ia encontrar em você a felicidade e em vez disso encontrei Em um momento, ela estava junto a mim, transtornada de
a morte. Arrependo-me desse tolo desejo, pois compreendi, raiva. Mas aí viu a minha perna, e instantaneamente mudou.
tarde demais, para minha infelicidade, o quanto você é Agachou-se junto a mim e começou a examiná-la com uma
perigosa. habilidade surpreendente.
— Pobre borboleta - respondeu a chama - eu não sou o Sol, - Está quebrada - disse por fim. - Mas podemos dar um jeito.
como você tolamente pensou. Sou apenas uma luz. E aqueles Não se preocupe, sei fazer isso. Fui enfermeira muitos anos,
que não conseguem aproximar-se de mim com cautela são trabalhei em hospital. Confie em mim.
queimados. Dividiu o cabo de vassoura em três pedaços e com eles, e
Leonardo Da Vinci com seu cinto de pano, improvisou uma tala, imobilizando-me
a perna. A dor diminuiu muito e, amparado nela, fui até minha
Analise as proposições do texto em relação à tipologia e casa. "Chame uma ambulância", disse a mulher à minha mãe.
gênero textual: Sorriu.
1. A Fábula é uma Tipologia textual e não um gênero de Tudo ficou bem. Levaram-me para o hospital, o médico
texto; engessou minha perna e em poucas semanas eu estava
2. O gênero textual fábula pertence à tipologia narrativa; recuperado. Desde então, deixei de acreditar em bruxas. E
3. O Gênero e a tipologia textual se definem igualmente tornei-me grande amigo de uma senhora que morava em
4. São características que definem a fábula: os animais que minha rua, uma senhora muito boa que se chamava Ana
falam e uma linguagem erudita Custódio.
(SCLIAR, Moacyr. In: revista Nova Escola, seção Era uma vez. São Paulo:
Assinale a alternativa correta: Abril, agosto de 2004).
(A) 1 e 2
(B) 1, 2 e 3 Este texto “Bruxas não existem”, se encaixa na tipologia
(C) 2 e 4 textual de:
(D) Apenas 2 (A) Descrição.
(E) Todas estão corretas (B) Narração.
(C) Dissertação.
02. (Pref. de Lauro Muller/SC - Professor de Pedagogia (D) Nenhuma das alternativas.
- Pref. de Lauro Muller/SC/2016) Este texto é referente à
questão. 03. (Câmara Santa Rosa/RS - Procurador Jurídico -
BRUXAS NÃO EXISTEM INST.EXCELENCIA/2017)
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APOSTILAS OPÇÃO
Texto Narrativo
Os textos narrativos apresentam ações de personagens no
tempo e no espaço. A estrutura da narração é dividida em:
apresentação, desenvolvimento, clímax e desfecho.
Texto Descritivo
Acerca das propriedades linguísticas do texto precedente, Os textos descritivos se ocupam de relatar e expor
julgue o item subsequente. determinada pessoa, objeto, lugar, acontecimento. Dessa
O texto apresentado combina elementos das tipologias forma, são textos repletos de adjetivos, os quais descrevem ou
expositiva e injuntiva. apresentam imagens a partir das percepções sensoriais do
( ) Certo ( ) Errado locutor (emissor).
8 https://www.todamateria.com.br/generos-textuais/
Língua Portuguesa 20
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APOSTILAS OPÇÃO
Alguns exemplos de gêneros textuais expositivos: seção do jornal, ou seja, Política, Economia, Cultura, Esporte,
• Seminários Turismo, País, Cidade, Classificados, entre outros.
• Palestras Os textos são organizados pelos editorialistas, que
• Conferências expressam as opiniões da equipe e, por isso, não recebem a
• Entrevistas assinatura do autor. No geral, eles apresentam a opinião do
• Trabalhos acadêmicos meio de comunicação (revista, jornal, rádio, etc.).
• Enciclopédia Tanto nos jornais como nas revistas podemos encontrar os
• Verbetes de dicionários editoriais intitulados como “Carta ao Leitor” ou “Carta do
Editor”.
Texto Injuntivo Em relação ao discurso apresentado, esse costuma se
O texto injuntivo, também chamado de texto instrucional, apoiar em fatos polêmicos ligados ao cotidiano social. E
é aquele que indica uma ordem, de modo que o locutor quando falamos em discurso, logo nos atemos à questão da
(emissor) objetiva orientar e persuadir o interlocutor linguagem que, mesmo em se tratando de impressões
(receptor). Por isso, apresentam, na maioria dos casos, verbos pessoais, o predomínio do padrão formal, fazendo com que
no imperativo. prevaleça o emprego da 3ª pessoa do singular, ocupa lugar de
destaque.
Alguns exemplos de gêneros textuais injuntivos:
• Propaganda Reportagem
• Receita culinária Reportagem é um texto jornalístico amplamente divulgado
• Bula de remédio nos meios de comunicação de massa. A reportagem informa,
• Manual de instruções de modo mais aprofundado, fatos de interesse público. Ela
• Regulamento situa-se no questionamento de causa e efeito, na interpretação
• Textos prescritivos e no impacto, somando as diferentes versões de um mesmo
acontecimento.
Outros Exemplos A reportagem não possui uma estrutura rígida, mas
geralmente costuma estabelecer conexões com o fato central,
Carta anunciado no que chamamos de lead. A partir daí, desenvolve-
Esta, dependendo do destinatário pode ser informal, se a narrativa do fato principal, ampliada e composta por meio
quando é destinada a algum amigo ou pessoa com quem se tem de citações, trechos de entrevistas, depoimentos, dados
intimidade. E formal quando destinada a alguém mais culto ou estatísticos, pequenos resumos, dentre outros recursos. É
que não se tenha intimidade. sempre iniciada por um título, como todo texto jornalístico.
Dependendo do objetivo da carta a mesma terá diferentes O objetivo de uma reportagem é apresentar ao leitor várias
estilos de escrita, podendo ser dissertativa, narrativa ou versões para um mesmo fato, informando-o, orientando-o e
descritiva. As cartas se iniciam com a data, em seguida vem a contribuindo para formar sua opinião.
saudação, o corpo da carta e para finalizar a despedida. A linguagem utilizada nesse tipo de texto é objetiva,
dinâmica e clara, ajustada ao padrão linguístico divulgado nos
Propaganda meios de comunicação de massa, que se caracteriza como uma
Este gênero geralmente aparece na forma oral, diferente linguagem acessível a todos os públicos, mas pode variar de
da maioria dos outros gêneros. Suas principais características formal para mais informal dependendo do público a que se
são a linguagem argumentativa e expositiva, pois a intenção da destina. Embora seja impessoal, às vezes é possível perceber a
propaganda é fazer com que o destinatário se interesse pelo opinião do repórter sobre os fatos ou sua interpretação.9
produto da propaganda. O texto pode conter algum tipo de
descrição e sempre é claro e objetivo. Gêneros Textuais e Gêneros Literários
Língua Portuguesa 21
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APOSTILAS OPÇÃO
É um poema melancólico. Um bom exemplo é a peça Roan e surgimento de concepções de prosa com características
Yufa, de William Shakespeare. diferentes: o romance, a novela, o conto, a crônica, a fábula.
Língua Portuguesa 22
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APOSTILAS OPÇÃO
02. (MPE/GO - Secretário Auxiliar - 2018) (D) textos de vários gêneros literários.
(E) textos de linguagem formal e informal.
A Outra Noite
Gabarito
Outro dia fui a São Paulo e resolvi voltar à noite, uma noite
de vento sul e chuva, tanto lá como aqui. Quando vinha para 01.C / 02.A / 03.B / 04.A / 05.C
casa de táxi, encontrei um amigo e o trouxe até Copacabana; e
contei a ele que lá em cima, além das nuvens, estava um luar
lindo, de Lua cheia; e que as nuvens feias que cobriam a cidade 4. Texto e Textualidade:
eram, vistas de cima, enluaradas, colchões de sonho, alvas,
uma paisagem irreal. coesão, coerência e outros
Depois que o meu amigo desceu do carro, o chofer fatores de textualidade.
aproveitou um sinal fechado para voltar-se para mim:
– O senhor vai desculpar, eu estava aqui a ouvir sua
conversa. Mas, tem mesmo luar lá em cima? TEXTO E TEXTUALIDADE
Confirmei: sim, acima da nossa noite preta e enlamaçada e
torpe havia uma outra - pura, perfeita e linda. Texto
– Mas, que coisa...
Ele chegou a pôr a cabeça fora do carro para olhar o céu É o grupamento de frases e palavras interligadas que
fechado de chuva. Depois continuou guiando mais lentamente. possibilitam uma interpretação e emitem uma mensagem. É
Não sei se sonhava em ser aviador ou pensava em outra coisa. toda obra original escrita e que pode formar um documento
– Ora, sim senhor... escrito ou um livro. O texto é um elemento linguístico de
E, quando saltei e paguei a corrida, ele me disse um "boa dimensões maiores do que a frase10.
noite" e um "muito obrigado ao senhor" tão sinceros, tão Em processos gráficos, o texto é o conteúdo escrito, por
veementes, como se eu lhe tivesse feito um presente de rei. divergência a todos os outros conteúdos iconográficos, como
(Rubem Braga, Ai, Copacabana, disponível em
http://biscoitocafeenovela.blogspot.com.br/2014/09/sessao-leitura-outra-noite-
as ilustrações. É o componente central do livro, periódico ou
rubembraga.html. Acesso em 14/01/2018) revista, formado por produções concretas, sem títulos,
subtítulos, fórmulas, epígrafes e tabelas.
Quanto ao gênero, o texto sob análise apresenta Um texto pode ser cifrado, sendo criado conforme um
características de: código definitivamente suspenso após uma leitura direta. Ele
(A) Uma crônica. possui tamanhos diferentes e precisa ser redigido com
(B) Uma fábula. coerência e coesão. Pode ser considerado como não-literário e
(C) Um artigo. literário.
(D) Um ensaio.
(E) Nenhuma das alternativas.
10http://www.resumoescolar.com.br/portugues/texto-e-textualidade/
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Gabarito
01.C / 02.C
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APOSTILAS OPÇÃO
“Os sem-terra fizeram um protesto em Brasília contra a - Coesão por substituição: substituição de um nome
política agrária do país, porque consideram injusta a atual (pessoa, objeto, lugar etc.), verbos, períodos ou trechos do
distribuição de terras. Porém o ministro da Agricultura texto por uma palavra ou expressão que tenha sentido
considerou a manifestação um ato de rebeldia, uma vez que o próximo, evitando a repetição no corpo do texto.
projeto de Reforma Agrária pretende assentar milhares de
sem-terra.” Ex.: Porto Alegre pode ser substituída por “a capital
(JORDÃO, R., BELLEZI C. Linguagens. São Paulo: Escala Educacional, 2007) gaúcha”;
Castro Alves pode ser substituído por “O Poeta dos
As palavras destacadas têm o papel de ligar as partes do Escravos”;
texto, podemos dizer que elas são responsáveis pela coesão do João Paulo II: Sua Santidade;
texto. Vênus: A Deusa da Beleza.
Há vários recursos que respondem pela coesão do texto, os
principais são: Ex.: Castro Alves é autor de uma vastíssima obra literária.
Não é por acaso que o “Poeta dos Escravos” é considerado o
- Palavras de transição: são palavras responsáveis pela mais importante da geração a qual representou.
coesão do texto, estabelecem a interrelação entre os
enunciados (orações, frases, parágrafos), são preposições, Assim, a coesão confere textualidade aos enunciados
conjunções, alguns advérbios e locuções adverbiais. agrupados em conjuntos.
11
http://brasilescola.uol.com.br/redacao/coesao.htm
Língua Portuguesa 25
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APOSTILAS OPÇÃO
02. “A USP acaba de divulgar estudo advertindo que a (E) “A comunidade tem diante de si” (10º§) – comunidade
poluição em São Paulo mata o dobro do que o trânsito”. internacional
A oração em forma desenvolvida que substitui correta e
adequadamente o gerúndio “advertindo” é: 4. Leia o texto para responder a questão.
(A) com a advertência de; As cotas raciais deram certo porque seus beneficiados são,
(B) quando adverte; sim, competentes. Merecem, sim, frequentar uma
(C) em que adverte; universidade pública e de qualidade. No vestibular, que é o
(D) no qual advertia; princípio de tudo, os cotistas estão só um pouco atrás. Segundo
(E) para advertir. dados do Sistema de Seleção Unificada, a nota de corte para os
candidatos convencionais a vagas de medicina nas federais foi
03. Corrida contra o ebola de 787,56 pontos. Para os cotistas, foi de 761,67 pontos. A
Já faz seis meses que o atual surto de ebola na África diferença entre eles, portanto, ficou próxima de 3%. IstoÉ
Ocidental despertou a atenção da comunidade internacional, entrevistou educadores e todos disseram que essa distância é
mas nada sugere que as medidas até agora adotadas para mais do que razoável. Na verdade, é quase nada. Se em uma
refrear o avanço da doença tenham sido eficazes. disciplina tão concorrida quanto medicina um coeficiente de
Ao contrário, quase metade das cerca de 4.000 apenas 3% separa os privilegiados, que estudaram em colégios
contaminações registradas neste ano ocorreram nas últimas privados, dos negros e pobres, que frequentaram escolas
três semanas, e as mais de 2.000 mortes atestam a força da públicas, então é justo supor que a diferença mínima pode,
enfermidade. A escalada levou o diretor do CDC (Centro de perfeitamente, ser igualada ou superada no decorrer dos
Controle e Prevenção de Doenças) dos EUA, Tom Frieden, a cursos. Depende só da disposição do aluno. Na Universidade
afirmar que a epidemia está fora de controle. Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), uma das mais conceituadas
O vírus encontrou ambiente propício para se propagar. De do País, os resultados do último vestibular surpreenderam. “A
um lado, as condições sanitárias e econômicas dos países maior diferença entre as notas de ingresso de cotistas e não
afetados são as piores possíveis. De outro, a Organização cotistas foi observada no curso de economia”, diz Ângela
Mundial da Saúde foi incapaz de mobilizar com celeridade um Rocha, pró-reitora da UFRJ. “Mesmo assim, essa distância foi
contingente expressivo de profissionais para atuar nessas de 11%, o que, estatisticamente, não é significativo”.
localidades afetadas. (www.istoe.com.br)
Verdade que uma parcela das debilidades da OMS se
explica por problemas financeiros. Só 20% dos recursos da Para responder a questão, considere a passagem – A
entidade vêm de contribuições compulsórias dos países- diferença entre eles, portanto, ficou próxima de 3%.
membros – o restante é formado por doações voluntárias. O pronome eles tem como referente:
A crise econômica mundial se fez sentir também nessa (A) candidatos convencionais e cotistas.
área, e a organização perdeu quase US$ 1 bilhão de seu (B) beneficiados.
orçamento bianual, hoje de quase US$ 4 bilhões. Para (C) dados do Sistema de Seleção Unificada.
comparação, o CDC dos EUA contou, somente no ano de 2013, (D) dados do Sistema de Seleção Unificada e pontos.
com cerca de US$ 6 bilhões. (E) pontos.
Os cortes obrigaram a OMS a fazer escolhas difíceis. A
agência passou a dar mais ênfase à luta contra enfermidades 05. Leia os quadrinhos para responder a questão.
globais crônicas, como doenças coronárias e diabetes. O
departamento de respostas a epidemias e pandemias foi
dissolvido e integrado a outros. Muitos profissionais
experimentados deixaram seus cargos.
Pesa contra o órgão da ONU, de todo modo, a demora para
reconhecer a gravidade da situação. Seus esforços iniciais
foram limitados e mal liderados.
O surto agora atingiu proporções tais que já não é mais
possível enfrentá-lo de Genebra, cidade suíça sede da OMS. Um enunciado possível em substituição à fala do terceiro
Tornou-se crucial estabelecer um comando central na África quadrinho, em conformidade com a norma- padrão da língua
Ocidental, com representantes dos países afetados. portuguesa, é:
Espera-se também maior comprometimento das potências (A) Se você ir pelos caminhos da verdade, leve um
mundiais, sobretudo Estados Unidos, Inglaterra e França, que capacete.
possuem antigos laços com Libéria, Serra Leoa e Guiné, (B) Caso você vá pelos caminhos da verdade, lembra-se de
respectivamente. levar um capacete.
A comunidade internacional tem diante de si um desafio (C) Se você se mantiver nos caminhos da verdade, leve um
enorme, mas é ainda maior a necessidade de agir com rapidez. capacete.
Nessa batalha global contra o ebola, todo tempo perdido conta (D) Caso você se mantém nos caminhos da verdade, lembre
a favor da doença. de levar um capacete.
(E) Ainda que você se mantêm nos caminhos da verdade,
( http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2014/09/1512104-editorial-corrida-contra-o-
ebola.shtml, 2014) leva um capacete.
12 http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/redacao/coerencia-textual.htm http://portugues.uol.com.br/redacao/tipos-coerencia.html
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APOSTILAS OPÇÃO
Quando você se propõe a escrever um texto, certamente se Coerência pragmática: refere-se ao texto visto como uma
lembra de quem vai ler, não é verdade? Provavelmente, você sequência de atos de fala. Os textos, orais ou escritos, são
também se lembra de que alguns cuidados devem ser tomados exemplos dessas sequências, portanto, devem obedecer às
para que o leitor compreenda o texto. Nessa tentativa de fazer- condições para a sua realização. Se o locutor ordena algo a
se compreendido, você estabelece alguns padrões mentais que alguém, é contraditório que ele faça, ao mesmo tempo, um
diferem o que é coerente daquilo que não faz o menor sentido, pedido. Quando fazemos uma pergunta para alguém,
certo? esperamos receber como resposta uma afirmação ou uma
Pois bem, intuitivamente, você está seguindo um princípio negação, jamais uma sequência de fala desconectada daquilo
básico para uma boa redação, chamado de coerência textual. que foi indagado. Quando essas condições são ignoradas,
Você pode até não conhecer a exata definição desse elemento temos como resultado a incoerência pragmática.
da linguística textual, mas possivelmente evita construções
ininteligíveis em sua redação e recorre aos seus Coerência estilística: diz respeito ao emprego de uma
conhecimentos sociocognitivos. A coerência é uma variedade de língua adequada, que deve ser mantida do início
conformidade entre fatos ou ideias, próprio daquilo que tem ao fim de um texto para garantir a coerência estilística. A
nexo, conexão, portanto, podemos associá-la ao processo de incoerência estilística não provoca prejuízos para a
construção de sentidos do texto e à articulação das ideias. Por interpretabilidade de um texto, contudo, a mistura de registros
serem os sentidos elementos subjetivos, podemos dizer que a - como o uso concomitante da linguagem coloquial e linguagem
coerência não pode ser delimitada, pois o leitor é o formal - deve ser evitada, principalmente nos textos não
responsável pela constituição dos significados do texto. literários.
Três princípios básicos são necessários para Coerência genérica: refere-se à escolha adequada do
compreendermos melhor o que é coerência textual: gênero textual, que deve estar de acordo com o conteúdo do
1) Princípio da Não Contradição: um texto deve enunciado. Em um anúncio de classificados, a prática social
apresentar situações ou ideias lógicas que em momento algum exige que ele tenha como objetivo ofertar algum serviço, bem
se contradigam; como vender ou comprar algum produto, e que sua linguagem
2) Princípio da Não Tautologia: a tautologia nada mais é seja concisa e objetiva, pois essas são as características
do que um vício de linguagem que repete ideias com palavras essenciais do gênero. Uma ruptura com esse padrão,
diferentes ao longo do texto, o que compromete a transmissão entretanto, é comum nos textos literários, nos quais podemos
da informação; encontrar um determinado gênero assumindo a forma de
3) Princípio da Relevância: um texto com informações outro.
fragmentadas torna as ideias incoerentes, ainda que cada É importante ressaltar que em alguns tipos de texto,
fragmento apresente certa coerência individual. Se as ideias especialmente nos textos literários, uma ruptura com os tipos
não dialogam entre si, então elas são irrelevantes. de coerência descritos anteriormente pode acontecer. Nos
demais textos, a coerência contribui para a construção de
É importante ressaltarmos que o uso adequado dos enunciados cuja significação seja aceitável, ajudando na
conectivos também colabora na construção de um texto compreensão do leitor ou do interlocutor. Todavia, a coerência
coerente: a coesão textual é um importante mecanismo de depende de outros aspectos, como o conhecimento linguístico
estruturação do texto, presente em dois movimentos de quem acessa o conteúdo, a situacionalidade, a
essenciais: retrospecção e prospecção. Lembre-se de que a informatividade, a intertextualidade e a intencionalidade.
coerência é um princípio de interpretabilidade, portanto, cabe
a você depreender os sentidos do texto. Sendo assim não se esqueça que coerência13 é a relação
semântica que se estabelece entre as diversas partes do texto,
Tipos de Coerência criando uma unidade de sentido. Está ligada ao entendimento,
à possibilidade de interpretação daquilo que se ouve ou lê.
São seis os tipos de coerência: sintática, semântica, Enquanto a coesão está para os elementos conectores de ideias
temática, pragmática, estilística e genérica. Conhecê-los no texto, a coerência está para a harmonia interna do texto e
contribui para a escrita de uma boa redação. sentido.
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APOSTILAS OPÇÃO
estruturação do texto sem apresentar relação direta com a II. Embora o texto apresente uma série de interrogações
semântica textual. aparentemente sem ligação entre si, existem nele elementos
linguísticos que nos permitem construir a coerência textual.
02. Observe a tirinha Calvin e Haroldo, de Bill III. A letra da canção é constituída por uma “lista” das
Watterson, e responda à questão: perguntas que um filho faz para a mãe, e a sequenciação de
perguntas aparentemente desconexas, na verdade, explicita o
grande número de questionamentos que povoam o imaginário
infantil.
IV. A ausência de elementos sintáticos, como conectivos,
prejudica a construção de sentidos do texto.
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APOSTILAS OPÇÃO
linguagem oral no português: falá, vendê, curti (em vez de falar com você (em vez de contigo); Fala baixo que a sua (em
curtir), compô. vez de tua) voz me irrita.
- O acréscimo de vogal no início de certas palavras: eu me - Ausência de concordância do verbo com o sujeito: Eles
alembro, o pássaro avoa, formas comuns na linguagem chegou tarde (em grupos de baixa extração social); Faltou
clássica, hoje frequentes na fala caipira. naquela semana muitos alunos; Comentou-se os episódios.
- A queda de sons no início de palavras: ocê, cê, ta, tava,
marelo (amarelo), margoso (amargoso), características na Variações Léxicas
linguagem oral coloquial. É o conjunto de palavras de uma língua. As variantes do
- A redução de proparoxítonas a paroxítonas: Petrópis plano do léxico, como as do plano fônico, são muito numerosas
(Petrópolis), fórfi (fósforo), porva (pólvora), todas elas formas e caracterizam com nitidez uma variante em confronto com
típicas de pessoas de baixa condição social. outra. Eis alguns, entre múltiplos exemplos possíveis de citar:
- A pronúncia do “l” final de sílaba como “u” (na maioria das - A escolha do adjetivo maior em vez do advérbio muito
regiões do Brasil) ou como “l” (em certas regiões do Rio para formar o grau superlativo dos adjetivos, características
Grande do Sul e Santa Catarina) ou ainda como “r” (na da linguagem jovem de alguns centros urbanos: maior legal;
linguagem caipira): quintau, quintar, quintal; pastéu, paster, maior difícil; Esse amigo é um carinha maior esforçado.
pastel; faróu, farór, farol. - As diferenças lexicais entre Brasil e Portugal são tantas e,
- Deslocamento do “r” no interior da sílaba: largato, às vezes, tão surpreendentes, que têm sido objeto de piada de
preguntar, estrupo, cardeneta, típicos de pessoas de baixa lado a lado do Oceano. Em Portugal chamam de cueca aquilo
condição social. que no Brasil chamamos de calcinha; o que chamamos de fila
no Brasil, em Portugal chamam de bicha; café da manhã em
Variações Morfológicas Portugal se diz pequeno almoço; camisola em Portugal traduz
São as que ocorrem nas formas constituintes da palavra. o mesmo que chamamos de suéter, malha, camiseta.
Nesse domínio, as diferenças entre as variantes não são tão
numerosas quanto as de natureza fônica, mas não são Designações das Variantes Lexicais
desprezíveis. Como exemplos, podemos citar: - Arcaísmo: diz-se de palavras que já caíram de uso e, por
- O uso do prefixo hiper- em vez do sufixo -íssimo para criar isso, denunciam uma linguagem já ultrapassada e envelhecida.
o superlativo de adjetivos, recurso muito característico da É o caso de reclame, em vez de anúncio publicitário; na década
linguagem jovem urbana: um cara hiper-humano (em vez de de 60, o rapaz chamava a namorada de broto (hoje se diz
humaníssimo), uma prova hiperdifícil (em vez de dificílima), gatinha ou forma semelhante), e um homem bonito era um
um carro hiperpossante (em vez de possantíssimo). pão; na linguagem antiga, médico era designado pelo nome
- A conjugação de verbos irregulares pelo modelo dos físico; um bobalhão era chamado de coió ou bocó; em vez de
regulares: ele interviu (interveio), se ele manter (mantiver), se refrigerante usava-se gasosa; algo muito bom, de qualidade
ele ver (vir) o recado, quando ele repor (repuser). excelente, era supimpa.
- A conjugação de verbos regulares pelo modelo de
irregulares: vareia (varia), negoceia (negocia). - Neologismo: é o contrário do arcaísmo. Trata-se de
- Uso de substantivos masculinos como femininos ou vice- palavras recém-criadas, muitas das quais mal ou nem
versa: duzentas gramas de presunto (duzentos), a champanha entraram para os dicionários. A moderna linguagem da
(o champanha), tive muita dó dela (muito dó, mistura do cal / computação tem vários exemplos, como escanear, deletar,
da cal). printar; outros exemplos extraídos da tecnologia moderna são
- A omissão do “s” como marca de plural de substantivos e mixar (fazer a combinação de sons), robotizar, robotização.
adjetivos (típicos do falar paulistano): os amigo e as amiga, os
livro indicado, as noite fria, os caso mais comum. - Estrangeirismo: trata-se do emprego de palavras
- O enfraquecimento do uso do modo subjuntivo: Espero emprestadas de outra língua, que ainda não foram
que o Brasil reflete (reflita) sobre o que aconteceu nas últimas aportuguesadas, preservando a forma de origem. Nesse caso,
eleições; Se eu estava (estivesse) lá, não deixava acontecer; há muitas expressões latinas, sobretudo da linguagem jurídica,
Não é possível que ele esforçou (tenha se esforçado) mais que tais como: habeas-corpus (literalmente, “tenhas o corpo” ou,
eu. mais livremente, “estejas em liberdade”), ipso facto (“pelo
próprio fato de”, “por isso mesmo”), ipsis litteris (textualmente,
Variações Sintáticas “com as mesmas letras”), grosso modo (“de modo grosseiro”,
Dizem respeito às correlações entre as palavras da frase. “impreciso”), sic (“assim, como está escrito”), data venia (“com
No domínio da sintaxe, como no da morfologia, não são tantas sua permissão”).
as diferenças entre uma variante e outra. Como exemplo, As palavras de origem inglesas são inúmeras: insight
podemos citar: (compreensão repentina de algo, uma percepção súbita),
- O uso de pronomes do caso reto com outra função que não feeling (“sensibilidade”, capacidade de percepção), briefing
a de sujeito: encontrei ele (em vez de encontrei-o) na rua; não (conjunto de informações básicas), jingle (mensagem
irão sem você e eu (em vez de mim); nada houve entre tu (em publicitária em forma de música).
vez de ti) e ele. Do francês, hoje são poucos os estrangeirismos que ainda
- O uso do pronome lhe como objeto direto: não lhe (em vez não se aportuguesaram, mas há ocorrências: hors-concours
de “o”) convidei; eu lhe (em vez de “o”) vi ontem. (“fora de concurso”, sem concorrer a prêmios), tête-à-tête
- a ausência da preposição adequada antes do pronome (palestra particular entre duas pessoas), esprit de corps
relativo em função de complemento verbal: são pessoas que (“espírito de corpo”, corporativismo), menu (cardápio), à la
(em vez de: de que) eu gosto muito; este é o melhor filme que carte (cardápio “à escolha do freguês”), physique du rôle
(em vez de a que) eu assisti; você é a pessoa que (em vez de em (aparência adequada à caracterização de um personagem).
que) eu mais confio.
- A substituição do pronome relativo “cujo” pelo pronome - Jargão: é o vocabulário típico de um campo profissional
“que” no início da frase mais a combinação da preposição “de” como a medicina, a engenharia, a publicidade, o jornalismo. No
com o pronome “ele” (=dele): É um amigo que eu já conhecia a jargão médico temos uso tópico (para remédios que não devem
família dele (em vez de cuja família eu já conhecia). ser ingeridos), apneia (interrupção da respiração), AVC ou
- A mistura de tratamento entre tu e você, sobretudo acidente vascular cerebral (derrame cerebral). No jargão
quando se trata de verbos no imperativo: Entra, que eu quero jornalístico chama-se de gralha, pastel ou caco o erro
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APOSTILAS OPÇÃO
tipográfico como a troca ou inversão de uma letra. A palavra Da comparação entre as frases 1 e 2, podemos concluir que
lide é o nome que se dá à abertura de uma notícia ou as condições sociais influem no modo de falar dos indivíduos,
reportagem, onde se apresenta sucintamente o assunto ou se gerando, assim, certas variações na maneira de usar uma
destaca o fato essencial. Quando a lide é muito prolixa, é mesma língua. A elas damos o nome de variações
chamada de nariz-de-cera. Furo é notícia dada em primeira socioculturais.
mão. Quando o furo se revela falso, foi uma barriga. Entre os
jornalistas é comum o uso do verbo repercutir como transitivo - Geográfica: no Brasil pode ser considerada a mais
direto: __ Vá lá repercutir a notícia de renúncia! (esse uso é abrangente e é facilmente notada. Ela se caracteriza pelo
considerado errado pela gramática normativa). acento linguístico, que é o conjunto das qualidades fisiológicas
do som (altura, timbre, intensidade), por isso é uma variante
- Gíria: é o vocabulário especial de um grupo que não cujas marcas se notam principalmente na pronúncia. Ao
deseja ser entendido por outros grupos ou que pretende conjunto das características da pronúncia de uma
marcar sua identidade por meio da linguagem. Existe a gíria de determinada região dá-se o nome de sotaque: sotaque
grupos marginalizados, de grupos jovens e de segmentos mineiro, sotaque nordestino, sotaque gaúcho etc. A variação
sociais de contestação, sobretudo quando falam de atividades geográfica, além de ocorrer na pronúncia, pode também ser
proibidas. A lista de gírias é numerosíssima em qualquer percebida no vocabulário, em certas estruturas de frases e nos
língua: ralado (no sentido de afetado por algum prejuízo ou sentidos diferentes que algumas palavras podem assumir em
má-sorte), ir pro brejo (ser malsucedido, fracassar, prejudicar- diferentes regiões do país.
se irremediavelmente), cara ou cabra (indivíduo, pessoa), Leia, como exemplo de variação geográfica, o trecho
bicha (homossexual masculino), levar um lero (conversar). abaixo, em que Guimarães Rosa, no conto “São Marcos”, recria
a fala de um típico sertanejo do centro-norte de Minas:
- Preciosismo: diz-se que é preciosista um léxico
excessivamente erudito, muito raro, afetado: Escoimar (em vez “__ Mas você tem medo dele... [de um feiticeiro chamado
de corrigir); procrastinar (em vez de adiar); discrepar (em vez Mangolô!].
de discordar); cinesíforo (em vez de motorista); obnubilar (em __ Há-de-o!... Agora, abusar e arrastar mala, não faço. Não
vez de obscurecer ou embaçar); conúbio (em vez de faço, porque não paga a pena... De primeiro, quando eu era
casamento); chufa (em vez de caçoada, troça). moço, isso sim!... Já fui gente. Para ganhar aposta, já fui, de noite,
foras d’hora, em cemitério... (...). Quando a gente é novo, gosta
- Vulgarismo: é o contrário do preciosismo, ou seja, o uso de fazer bonito, gosta de se comparecer. Hoje, não, estou
de um léxico vulgar, rasteiro, obsceno, grosseiro. É o caso de percurando é sossego...”
quem diz, por exemplo, de saco cheio (em vez de aborrecido),
se ferrou (em vez de se deu mal, arruinou-se), feder (em vez de - Histórica: as línguas não são estáticas, fixas, imutáveis.
cheirar mal), ranho (em vez de muco, secreção do nariz). Elas se alteram com o passar do tempo e com o uso. Muda a
forma de falar, mudam as palavras, a grafia e o sentido delas.
Atenção: as variações mais importantes, para o interesse Essas alterações recebem o nome de variações históricas.
do concurso público são: a sociocultural, a geográfica, a Os dois textos a seguir são de Carlos Drummond de
histórica e a de situação. Andrade. Neles, o escritor, meio em tom de brincadeira,
mostra como a língua vai mudando com o tempo. No texto I, ele
Assim vejamos:
fala das palavras de antigamente e, no texto II, fala das palavras
- Sociocultural: esse tipo de variação pode ser percebido
de hoje.
com certa facilidade. Por exemplo, alguém diz a seguinte frase:
Texto I
“Tá na cara que eles não teve peito de encará os ladrão.”
(frase 1)
Antigamente
Que tipo de pessoa comumente fala dessa maneira? Vamos
Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram
caracterizá-la, por exemplo, pela sua profissão: um advogado?
todas mimosas e prendadas. Não fazia anos; completavam
Um trabalhador braçal de construção civil? Um médico? Um
primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo não sendo
garimpeiro? Um repórter de televisão?
rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas
E quem usaria a frase abaixo?
ficavam longos meses debaixo do balaio. E se levantam tábua, o
remédio era tirar o cavalo da chuva e ir pregar em outra
“Obviamente faltou-lhe coragem para enfrentar os ladrões.”
freguesia. (...) Os mais idosos, depois da janta, faziam o quilo,
(frase 2)
saindo para tomar a fresca; e também tomava cautela de não
Sem dúvida, associamos à frase 1 os falantes pertencentes
apanhar sereno. Os mais jovens, esses iam ao animatógrafo, e
a grupos sociais economicamente mais pobres. Pessoas que,
mais tarde ao cinematógrafo, chupando balas de alteia. Ou
muitas vezes, não frequentaram nem a escola primária, ou,
sonhavam em andar de aeroplano; os quais, de pouco siso, se
quando muito, fizeram-no em condições não adequadas.
metiam em camisas de onze varas, e até em calças pardas; não
Por outro lado, a frase 2 é mais comum aos falantes que
admira que dessem com os burros n’agua.
tiveram possibilidades socioeconômicas melhores e puderam,
(...) Embora sem saber da missa a metade, os presunçosos
por isso, ter um contato mais duradouro com a escola, com a
queriam ensinar padre-nosso ao vigário, e com isso punham a
leitura, com pessoas de um nível cultural mais elevado e, dessa
mão em cumbuca. Era natural que com eles se perdesse a
forma, “aperfeiçoaram” o seu modo de utilização da língua.
tramontana. A pessoa cheia de melindres ficava sentida com a
Convém ficar claro, no entanto, que a diferenciação feita
desfeita que lhe faziam quando, por exemplo, insinuavam que
acima está bastante simplificada, uma vez que há diversos
seu filho era artioso. Verdade seja que às vezes os meninos eram
outros fatores que interferem na maneira como o falante
mesmo encapetados; chegavam a pitar escondido, atrás da
escolhe as palavras e constrói as frases. Por exemplo, a
igreja. As meninas, não: verdadeiros cromos, umas teteias.
situação de uso da língua: um advogado, num tribunal de júri,
(...) Antigamente, os sobrados tinham assombrações, os
jamais usaria a expressão “tá na cara”, mas isso não significa
meninos, lombrigas; asthma os gatos, os homens portavam
que ele não possa usá-la numa situação informal (conversando
ceroulas, bortinas a capa de goma (...). Não havia fotógrafos,
com alguns amigos, por exemplo).
mas retratistas, e os cristãos não morriam: descansavam.
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Mas tudo isso era antigamente, isto é, doutora. templo não se usa a mesma linguagem que numa sauna), o
grau de intimidade entre os falantes (com um superior, a
Texto II linguagem é uma, com um colega de mesmo nível, é outra), o
grau de comprometimento que a fala implica para o falante
Entre Palavras (num depoimento para um juiz no fórum escolhem-se as
palavras, num relato de uma conquista amorosa para um
Entre coisas e palavras – principalmente entre palavras – colega fala-se com menos preocupação).
circulamos. A maioria delas não figura nos dicionários de há As variações de acordo com a situação costumam ser
trinta anos, ou figura com outras acepções. A todo momento chamadas de níveis de fala ou, simplesmente, variações de
impõe-se tornar conhecimento de novas palavras e estilo e são classificadas em duas grandes divisões:
combinações. - Estilo Formal: aquele em que é alto o grau de reflexão
Você que me lê, preste atenção. Não deixe passar nenhuma sobre o que se diz, bem como o estado de atenção e vigilância.
palavra ou locução atual, pelo seu ouvido, sem registrá-la. É na linguagem escrita, em geral, que o grau de formalidade é
Amanhã, pode precisar dela. E cuidado ao conversar com seu mais tenso.
avô; talvez ele não entenda o que você diz. - Estilo Informal (ou coloquial): aquele em que se fala com
O malote, o cassete, o spray, o fuscão, o copião, a Vemaguet, despreocupação e espontaneidade, em que o grau de reflexão
a chacrete, o linóleo, o nylon, o nycron, o ditafone, a informática, sobre o que se diz é mínimo. É na linguagem oral íntima e
a dublagem, o sinteco, o telex... Existiam em 1940? familiar que esse estilo melhor se manifesta.
Ponha aí o computador, os anticoncepcionais, os mísseis, a Como exemplo de estilo coloquial vem a seguir um
motoneta, a Velo-Solex, o biquíni, o módulo lunar, o antibiótico, pequeno trecho da gravação de uma conversa telefônica entre
o enfarte, a acupuntura, a biônica, o acrílico, o ta legal, a duas universitárias paulistanas de classe média, transcrito do
apartheid, o som pop, as estruturas e a infraestrutura. livro Tempos Linguísticos, de Fernando Tarallo. As reticências
Não esqueça também (seria imperdoável) o Terceiro Mundo, indicam as pausas.
a descapitalização, o desenvolvimento, o unissex, o bandeirinha,
o mas media, o Ibope, a renda per capita, a mixagem. Eu não sei tem dia... depende do meu estado de espírito, tem
Só? Não. Tem seu lugar ao sol a metalinguagem, o dia que minha voz... mais ta assim, sabe? taquara rachada? Fica
servomecanismo, as algias, a coca-cola, o superego, a assim aquela voz baixa. Outro dia eu fui lê um artigo, lê?! Um
Futurologia, a homeostasia, a Adecif, a Transamazônica, a menino lá que faiz pós-graduação na, na GV, ele me, nóis ficamo
Sudene, o Incra, a Unesco, o Isop, a Oea, e a ONU. até duas hora da manhã ele me explicando toda a matéria de
Estão reclamando, porque não citei a conotação, o economia, das nove da noite.
conglomerado, a diagramação, o ideologema, o idioleto, o ICM,
a IBM, o falou, as operações triangulares, o zoom, e a guitarra Como se pode notar, não há preocupação com a pronúncia
elétrica. nem com a continuidade das ideias, nem com a escolha das
Olhe aí na fila – quem? Embreagem, defasagem, barra palavras. Para exemplificar o estilo formal, eis um trecho da
tensora, vela de ignição, engarrafamento, Detran, poliéster, gravação de uma aula de português de uma professora
filhotes de bonificação, letra imobiliária, conservacionismo, universitária do Rio de Janeiro, transcrito do livro de Dinah
carnet da girafa, poluição. Callou. A linguagem falada culta na cidade do Rio de Janeiro. As
Fundos de investimento, e daí? Também os de incentivos pausas são marcadas com reticências.
fiscais. Knon-how. Barbeador elétrico de noventa
microrranhuras. Fenolite, Baquelite, LP e compacto. Alimentos O que está ocorrendo com nossos alunos é uma
super congelados. Viagens pelo crediário, Circuito fechado de TV fragmentação do ensino... ou seja... ele perde a noção do todo... e
Rodoviária. Argh! Pow! Click! fica com uma série... de aspectos teóricos... isolados... que ele não
Não havia nada disso no Jornal do tempo de Venceslau Brás, sabe vincular a realidade nenhuma de seu idioma... isto é válido
ou mesmo, de Washington Luís. Algumas coisas começam a também para a faculdade de letras... ou seja... né? há uma série...
aparecer sob Getúlio Vargas. Hoje estão ali na esquina, para de conceitos teóricos... que têm nomes bonitos e sofisticados...
consumo geral. A enumeração caótica não é uma invenção mas que... na hora de serem empregados... deixam muito a
crítica de Leo Spitzer. Está aí, na vida de todos os dias. Entre desejar...
palavras circulamos, vivemos, morremos, e palavras somos,
finalmente, mas com que significado? Nota-se que, por tratar-se de exposição oral, não há o grau
(Carlos Drummond de Andrade, Poesia e prosa, de formalidade e planejamento típico do texto escrito, mas
Rio de Janeiro, Nova Aguiar, 1988)
trata-se de um estilo bem mais formal e vigiado que a do
- De Situação: aquelas que são provocadas pelas exemplo anterior.
alterações das circunstâncias em que se desenrola o ato de
comunicação. Um modo de falar compatível com determinada
situação é incompatível com outra. 6. Fonética e fonologia:
Ex.: Ô mano, ta difícil de te entendê. ortografia e acentuação
Esse modo de dizer, que é adequado a um diálogo em gráfica.
situação informal, não tem cabimento se o interlocutor é o
professor em situação de aula.
Assim, um único indivíduo não fala de maneira uniforme FONÉTICA
em todas as circunstâncias, excetuados alguns falantes da
linguagem culta, que servem invariavelmente de uma A fonética, de acordo com Paula Perin dos Santos, estuda
linguagem formal, sendo, por isso mesmo, considerados os sons como entidades físico-articulatórias isoladas
excessivamente formais ou afetados. (aparelho fonador). Cabe a ela descrever os sons da linguagem
São muitos os fatores de situação que interferem na fala de e analisar suas particularidades acústicas e perceptivas. Ela
um indivíduo, tais como o tema sobre o qual ele discorre (em fundamenta-se em estudar os sons da voz humana,
princípio ninguém fala da morte ou de suas crenças religiosas examinando suas propriedades físicas independentemente do
como falaria de um jogo de futebol ou de uma briga que tenha seu “papel lingüístico de construir as formas da língua”. Sua
presenciado), o ambiente físico em que se dá um diálogo (num
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APOSTILAS OPÇÃO
unidade mínima de estudo é o som da fala, ou seja, o fone.14 Exemplos de transcrições fonéticas de palavras:
A Fonética se diferencia da Fonologia por considerar os
sons independentes das oposições paradigmáticas e
combinações sintagmáticas. Observe no esquema:
A Fonética e a Fonologia são duas disciplinas I - A fonética se diferencia da Fonologia por considerar os
interdependentes, uma vez que, para qualquer estudo de sons independentes das oposições paradigmáticas e
natureza fonológica, é imprescindível partir do conteúdo combinações sintagmáticas.
fonético, articulatório e/ou acústico, para determinar as II - A fonética estuda os sons como entidades físico-
unidades distintivas de cada língua. Desta forma, a Fonética e articulatórias associadas. É a parte da Gramática que estuda de
a Fonologia não são dicotômicas, pois a Fonética trata da forma geral os fonemas, ou seja, os sons que as letras emitem.
substância da expressão, enquanto a Fonologia trata da forma III - À fonologia cabe estudar as diferenças fônicas
da expressão, constituindo, as duas ciências, dentro de um intencionais, distintivas, isto é, que se unem a diferenças de
mesmo plano de expressão. significação; estabelecer a relação entre os elementos de
O termo ‘Fonética’ pode significar tanto o estudo de diferenciação e quais as condições em que se combinam uns
qualquer som produzido pelos seres humanos, quando o com os outros para formar morfemas, palavras e frases.
estudo da articulação, da acústica e da percepção dos sons
utilizados em línguas específicas. No primeiro tipo de Assinale a alternativa CORRETA:
investigação, torna-se evidente a autonomia da Fonética em (A) As afirmativas I e II estão corretas.
relação à Fonologia. No segundo tipo de investigação, porém, (B) As afirmativas II e III estão corretas.
as relações entre as duas ciências se tornam patentes. (C) As afirmativas I e III estão corretas.
(D) Nenhuma das alternativas.
VOGAIS
02. (Pref. de Cruzeiro/SP - Professor Língua Portuguesa -
INST.EXCELÊNCIA/2016)
14 www.infoescola.com/portugues/distincao-entre-fonetica-e-fonologia/
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APOSTILAS OPÇÃO
(A) Somente a alternativa I está correta. representa dois fonemas – K e S = KS). Ou seja, uma letra pode
(B) As alternativas I, II e IV estão corretas. representar mais de um fonema.
(C) Somente as alternativas II e IV estão corretas. Às vezes a letra é chamada de diacrítica, pois vem à direita
(D) As alternativas III e V estão corretas. de outra letra para representar um fonema só. Por exemplo, na
palavra cachaça, a letra H não representa som algum, mas,
03. (IF/SC - Professor Português - IF/SC) nesta situação, ajuda-nos a perceber que CH tem som de X,
como em xaveco.
Durante uma aula de Português, enquanto os alunos de Vale a pena dizer que nem sempre as palavras apresentam
uma turma do Ensino Técnico Integrado fazem algumas número idêntico de letras e fonemas.
atividades, uma das estudantes chama a professora e propõe-
lhe o seguinte desafio: “Professora, quero só ver se consegue Ex.: bola > 4 letras, 4 fonemas
pronunciar a palavra ‘bebê’ sem encostar os lábios.” Apesar de guia > 4 letras, 3 fonemas
não fazer parte do assunto da aula, a professora decide
explicar à aluna os motivos de sua dificuldade em pronunciar Os fonemas classificam-se em vogais, semivogais e
a referida palavra sem encostar os lábios. No momento da consoantes.
explicação, a professora modaliza a fala, mas menciona, a título
de curiosidade, que [b], de acordo com a tabela fonética Vogais
consonantal, recebe uma determinada classificação. São fonemas produzidos livremente, sem obstrução da
passagem do ar. São mais tônicos, ou seja, têm a pronúncia
Assinale a alternativa que apresenta CORRETAMENTE mais forte que as semivogais. São o centro de toda sílaba.
essa classificação. Podem ser orais (timbre aberto ou fechado) ou nasais
(A)Consoante oclusiva dental/alveolar surda/desvozeada. (indicadas pelo ~, m, n). As vogais são A, E, I, O, U, que podem
(B) Consoante oclusiva bilabial surda/desvozeada. ser representadas pelas letras abaixo. Veja:
(C) Consoante oclusiva velar surda/desvozeada.
(D) Consoante oclusiva dental/alveolar sonora/vozeada. A: brasa (oral), lama (nasal)
(E) Consoante oclusiva bilabial sonora/vozeada. E: sério (oral), entrada (oral, timbre fechado), dentro
(nasal)
Gabarito I: antigo (oral), índio (nasal)
01.C / 02.B / 03.E O: poste (oral), molho (oral, timbre fechado), longe (nasal)
U: saúde (oral), juntar (nasal)
FONOLOGIA – ESTRUTURA FONÉTICA Y: hobby (oral)
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APOSTILAS OPÇÃO
- windsurf: a letra W representa uma semivogal, pois tem - Vocálicos: am, an (tampa, canto), em, en (tempo, vento),
som de U e está apoiada em uma vogal, na mesma sílaba. im, in (limpo, cinto), om, on (comprar, tonto), um, un (tumba,
- office boy: a letra Y representa uma semivogal, pois tem mundo).
som de I e está apoiada em uma vogal, na mesma sílaba.
Lembre-se: nos dígrafos, as duas letras representam um
Quadro de vogais e semivogais só fonema; nos encontros consonantais, cada letra representa
Fonemas Regras um fonema.
A Apenas VOGAL
VOGAIS, exceto quando está com A ou Questões
quando estão juntas
E-O 01. A palavra que apresenta tantos fonemas quantas são as
(Neste caso a segunda é semivogal)
SEMIVOGAIS, exceto quando formam um letras que a compõem é:
hiato ou quando estão juntas (A) importância
I-U (B) milhares
(Neste caso a letra “I” é vogal)
Quando aparece no final da palavra é (C) sequer
AM SEMIVOGAL. (D) técnica
Ex.: Dançam (E) adolescente
Quando aparecem no final de palavras são
EM - EN SEMIVOGAIS. 02. Em qual das palavras abaixo a letra x apresenta não
Ex.: Montem / Pólen um, mas dois fonemas?
(A) exemplo
Consoantes (B) complexo
São fonemas produzidos com interferência de um ou mais (C) próximos
órgãos da boca (dentes, língua, lábios). Todas as demais letras (D) executivo
do alfabeto representam, na escrita, os fonemas consonantais: (E) luxo
B, C, D, F, G, H, J, K, L, M, N, P, Q, R, S, T, V, W (com som de V,
Wagner), X, Z. 03. (Pref. Caucaia/CE - Agente de Suporte a
Fiscalização - CETREDE/2016) Assinale a opção em que o x
Encontros Vocálicos de todos os vocábulos não tem o som de /ks/.
(A) tóxico – axila – táxi.
Como o nome sugere, é o contato entre fonemas vocálicos. (B) táxi – êxtase – exame.
Há três tipos: (C) exportar – prolixo – nexo.
(D) tóxico – prolixo – nexo.
Hiato (E) exército – êxodo – exportar.
Ocorre hiato quando há o encontro de duas vogais, que
acabam ficando em sílabas separadas (Vogal – Vogal), porque 04. Indique a alternativa cuja sequência de vocábulos
só pode haver uma vogal por sílaba. apresenta, na mesma ordem, o seguinte: ditongo, hiato, hiato,
Ex.: sa-í-da, ra-i-nha, ba-ús, ca-ís-te, tu-cu-mã-í, su-cu-u- ditongo.
ba, ru-im, jú-ni-or. (A) jamais / Deus / luar / daí
(B) joias / fluir / jesuíta / fogaréu
Ditongo (C) ódio / saguão / leal / poeira
Existem dois tipos: crescente ou decrescente (oral ou (D) quais / fugiu / caiu / história
nasal).
05. (Pref. João Pessoa/PB - Enfermeiro - AOCP/2018)
Crescente (SV + V, na mesma sílaba). Ex.: magistério Assinale a alternativa em que todas as palavras apresentam
(oral), série (oral), várzea (oral), quota (oral), quatorze (oral), dígrafos.
enquanto (nasal), cinquenta (nasal), quinquênio (nasal). (A) crescente - investir - interesse.
(B) estabelecimento - naquela - misterioso.
Decrescente (V + SV, na mesma sílaba). Ex.: item (nasal), (C) dinheiro - criada - naquela.
amam (nasal), sêmen (nasal), cãibra (nasal), caule (oral), (D) crescente - estabelecimento - misterioso.
ouro (oral), veia (oral), fluido (oral), vaidade (oral).
Gabarito
Tritongo 01.D / 02.B / 03.E / 04.B / 05.A
O tritongo é a união de SV + V + SV na mesma sílaba; pode
ser oral ou nasal. Ex.: saguão (nasal), Paraguai (oral), ORTOGRAFIA
enxáguem (nasal), averiguou (oral), deságuam (nasal), aguei
(oral). Alfabeto
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APOSTILAS OPÇÃO
1) Em antropônimos originários de outras línguas e seus 2) Nas palavras de origem tupi, africana, árabe ou exótica.
derivados. Exemplos: Kant, kantismo; Darwin, darwinismo; Exemplos: biju, jiboia, canjica, pajé, jerico, manjericão, Moji.
Taylor, taylorista.
3) Nas palavras derivadas de outras que já apresentam “J”.
2) Em topônimos originários de outras línguas e seus Exemplos: laranja –laranjeira / loja – lojista / lisonja –
derivados. Exemplos: Kuwait, kuwaitiano. lisonjeador / nojo – nojeira / cereja – cerejeira / varejo –
varejista / rijo – enrijecer / jeito – ajeitar.
3) Em siglas, símbolos, e mesmo em palavras adotadas como
unidades de medida de curso internacional. Exemplos: K Observação - também se emprega com a letra “J” os
(Potássio), W (West), kg (quilograma), km (quilômetro), Watt. seguintes vocábulos: berinjela, cafajeste, jeca, jegue, majestade,
jeito, jejum, laje, traje, pegajento.
Emprego do X
Se empregará o “X” nas seguintes situações: Emprego do S
1) Após ditongos. Utiliza-se “S” nos seguintes casos:
Exemplos: caixa, frouxo, peixe. 1) Palavras derivadas de outras que já apresentam “S” no
Exceção: recauchutar e seus derivados. radical. Exemplos: análise – analisar / catálise – catalisador /
casa – casinha ou casebre / liso – alisar.
2) Após a sílaba inicial “en”.
Exemplos: enxame, enxada, enxaqueca. 2) Nos sufixos -ês e -esa, ao indicarem nacionalidade, título
Exceção: palavras iniciadas por “ch” que recebem o prefixo ou origem. Exemplos: burguês – burguesa / inglês – inglesa /
“en-”. Ex.: encharcar (de charco), enchiqueirar (de chiqueiro), chinês – chinesa / milanês – milanesa.
encher e seus derivados (enchente, enchimento, preencher...)
3) Nos sufixos formadores de adjetivos -ense, -oso e –osa.
3) Após a sílaba inicial “me-”. Exemplos: catarinense / palmeirense / gostoso – gostosa /
Exemplos: mexer, mexerica, mexicano, mexilhão. amoroso – amorosa / gasoso – gasosa / teimoso – teimosa.
Exceção: mecha.
4) Nos sufixos gregos -ese, -isa, -osa.
4) Se empregará o “X” em vocábulos de origem indígena ou Exemplos: catequese, diocese, poetisa, profetisa,
africana e em palavras inglesas aportuguesadas. sacerdotisa, glicose, metamorfose, virose.
Exemplos: abacaxi, xavante, orixá, xará, xerife, xampu,
bexiga, bruxa, coaxar, faxina, graxa, lagartixa, lixa, lixo, puxar, 5) Após ditongos.
rixa, oxalá, praxe, roxo, vexame, xadrez, xarope, xaxim, xícara, Exemplos: coisa, pouso, lousa, náusea.
xale, xingar, etc.
6) Nas formas dos verbos pôr e querer, bem como em seus
Emprego do Ch derivados.
Se empregará o “Ch” nos seguintes vocábulos: bochecha, Exemplos: pus, pôs, pusemos, puseram, pusera, pusesse,
bucha, cachimbo, chalé, charque, chimarrão, chuchu, chute, puséssemos, quis, quisemos, quiseram, quiser, quisera,
cochilo, debochar, fachada, fantoche, ficha, flecha, mochila, quiséssemos, repus, repusera, repusesse, repuséssemos.
pechincha, salsicha, tchau, etc.
7) Em nomes próprios personativos.
Emprego do G Exemplos: Baltasar, Heloísa, Inês, Isabel, Luís, Luísa,
Se empregará o “G” em: Resende, Sousa, Teresa, Teresinha, Tomás.
1) Substantivos terminados em: -agem, -igem, -ugem.
Exemplos: barragem, miragem, viagem, origem, ferrugem. Observação - também se emprega com a letra “S” os
Exceção: pajem. seguintes vocábulos: abuso, asilo, através, aviso, besouro, brasa,
cortesia, decisão, despesa, empresa, freguesia, fusível, maisena,
2) Palavras terminadas em: -ágio, -égio, -ígio, -ógio, -úgio. mesada, paisagem, paraíso, pêsames, presépio, presídio,
Exemplos: estágio, privilégio, prestígio, relógio, refúgio. querosene, raposa, surpresa, tesoura, usura, vaso, vigésimo,
visita, etc.
3) Em palavras derivadas de outras que já apresentam “G”.
Exemplos: engessar (de gesso), massagista (de massagem), Emprego do Z
vertiginoso (de vertigem). Se empregará o “Z” nos seguintes casos:
1) Palavras derivadas de outras que já apresentam Z no
Observação - também se emprega com a letra “G” os radical.
seguintes vocábulos: algema, auge, bege, estrangeiro, geada, Exemplos: deslize – deslizar / razão – razoável / vazio –
gengiva, gibi, gilete, hegemonia, herege, megera, monge, esvaziar / raiz – enraizar /cruz – cruzeiro.
rabugento, vagem.
2) Nos sufixos -ez, -eza, ao formarem substantivos abstratos
Emprego do J a partir de adjetivos.
Para representar o fonema “j’ na forma escrita, a grafia Exemplos: inválido – invalidez / limpo – limpeza / macio –
considerada correta é aquela que ocorre de acordo com a maciez / rígido – rigidez / frio – frieza / nobre – nobreza / pobre
origem da palavra, como por exemplo no caso da na palavra jipe – pobreza / surdo – surdez.
que origina-se do inglês jeep. Porém também se empregará o “J”
nas seguintes situações: 3) Nos sufixos -izar, ao formar verbos e -ização, ao formar
substantivos.
1) Em verbos terminados em -jar ou -jear. Exemplos: Exemplos: civilizar – civilização / hospitalizar –
Arranjar: arranjo, arranje, arranjem hospitalização / colonizar – colonização / realizar – realização.
Despejar: despejo, despeje, despejem
Viajar: viajo, viaje, viajem 4) Nos derivados em -zal, -zeiro, -zinho, -zinha, -zito, -zita.
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APOSTILAS OPÇÃO
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APOSTILAS OPÇÃO
1 Poucas previsões para o futuro feitas no passado se 03. (PC/PA – Escrivão de Polícia Civil – FUNCAB/2016)
realizaram. O mundo se mudava do campo para as cidades, e Dificilmente, em uma ciência-arte como a Psicologia-
era natural que o futuro idealizado então fosse o da cidade Psiquiatria, há algo que se possa asseverar com 100% de
perfeita. Mas o helicóptero não substituiu o automóvel certeza. Isso porque há áreas bastante interpretativas, sujeitas
particular e só recentemente começou-se a experimentar a leituras diversas, a depender do observador e do observado.
carros que andam sobre faixas magnéticas nas ruas, liberando Porém, existe um fato na Psicologia-Psiquiatria forense que é
seus ocupantes para a leitura, o sono ou o amor no banco de 100% de certeza e não está sujeito a interpretação ou a
trás. As cidades não se transformaram em laboratórios de dissimulação por parte de quem está a ser examinado. E
convívio civilizado, como previam, e sim na maior prova da revela, objetivamente, dados do psiquismo da pessoa ou, em
impossibilidade da coexistência de desiguais. outras palavras, mostra características comportamentais
2 A ciência trouxe avanços espetaculares nas lides de indissimuláveis, claras e objetivas. O que pode ser tão exato,
guerra, como os bombardeios com precisão cirúrgica que não em matéria de Psicologia-Psiquiatria, que não admite
poupam civis, mas não trouxe a democratização da variáveis? Resposta: todos os crimes, sem exceção, são como
prosperidade antevista. Mágicas novas como o cinema fotografias exatas e em cores do comportamento do indivíduo.
prometiam ultrapassar os limites da imaginação. E como o psiquismo é responsável pelo modo de agir, por
Ultrapassaram, mas para o território da banalidade conseguinte, tem os em todos os crimes, obrigatoriamente e
espetaculosa. A TV foi prevista, e a energia nuclear intuída, sempre, elementos objetivos da mente de quem os praticou.
mas a revolução da informática não foi nem sonhada. As Por exemplo, o delito foi cometido com multiplicidade de
revoluções na medicina foram notáveis, certo, mas a golpes, com ferocidade na execução, não houve ocultação de
prevenção do câncer ainda não foi descoberta. Pensando bem, cadáver, não se verifica cúmplice, premeditação etc. Registre-
nem a do resfriado. A comida em pílulas não veio - se bem que se que esses dados já aconteceram. Portanto, são insimuláveis,
a nouvelle cuisine chegou perto. Até a colonização do espaço, 100% objetivos. Basta juntar essas características
como previam os roteiristas do “Flash Gordon”, está atrasada. comportamentais que teremos algo do psiquismo de quem o
Mal chegamos a Marte, só para descobrir que é um imenso praticou. Nesse caso específico, infere-se que a pessoa é
terreno baldio. E os profetas da felicidade universal não explosiva, impulsiva e sem freios, provável portadora de
contavam com uma coisa: o lixo produzido pela sua visão. algum transtorno ligado à disritmia psicocerebral, algum
Nenhuma previsão incluía a poluição e o aquecimento global. estreitamento de consciência, no qual o sentimento invadiu o
3 Mas assim como os videntes otimistas falharam, talvez o pensamento e determinou a conduta.
pessimismo de hoje divirta nossos bisnetos. Eles certamente Em outro exemplo, temos homicídio praticado com um só
falarão da Aids, por exemplo, como nós hoje falamos da gripe golpe, premeditado, com ocultação de cadáver, concurso de
espanhola. A ciência e a técnica ainda nos surpreenderão. cúmplice etc. Nesse caso, os dados apontam para o lado do
Estamos na pré-história da energia magnética e por fusão criminoso comum, que entendia o que fazia.
nuclear fria. Claro que não é possível, apenas pela morfologia do crime,
4 É verdade que cada salto da ciência corresponderá a um saber-se tudo do diagnóstico do criminoso. Mas, por outro
passo atrás, rumo ao irracional. Quanto mais perto a ciência lado, é na maneira como o delito foi praticado que se
chegar das últimas revelações do Universo, mais as pessoas encontram características 100% seguras da mente de quem o
procurarão respostas no misticismo e refúgio no tribal. E praticou, a evidenciar fatos, tal qual a imagem fotográfica
quanto mais a ciência avança por caminhos nunca antes revela-nos exatamente algo, seja muito ou pouco, do momento
sonhados, mais leigo fica o leigo. A volta ao irracional é a birra em que foi registrada. Em suma, a forma como as coisas foram
do leigo. feitas revela muito da pessoa que as fez.
(VERÍSSIMO. L. F. O Globo. 24/07/2016, p. 15.) PALOMBA, Guido Arturo. Rev. Psique: n° 100 (ed. comemorativa), p. 82.
“e era natural que o futuro IDEALIZADO então fosse o da Tal como ocorre com “interpretaÇÃO ” e “dissimulaÇÃO”,
cidade perfeita.” (1º §) O vocábulo em destaque no trecho grafa-se com “ç” o sufixo de ambas as palavras arroladas em:
acima grafa-se com a letra Z, em conformidade com a norma (A) apreenção do menor - sanção legal.
de emprego do sufixo–izar. (B) detenção do infrator - ascenção ao posto.
(C) presunção de culpa - coerção penal.
Das opções abaixo, aquela em que um dos vocábulos está (D) interceção do juiz - contenção do distúrbio.
INCORRETAMENTE grafado por não se enquadrar nessa (E) submição à lei - indução ao crime.
norma é:
(A) alcoolizado / barbarizar / burocratizar. 04. (Câmara Municipal de Araraquara/SP – Assistente
(B) catalizar / abalizado / amenizar. de Tradução e Interpretação – IBFC/2016)
(C) catequizar / cauterizado / climatizar. Leia as opções abaixo e assinale a alternativa que não
(D) contemporizado / corporizar / cretinizar apresenta erro ortográfico.
(E) esterilizar / estigmatizado / estilizar. (A) Plocrastinar - idiossincrasia - abduzir
(B) Proclastinar - idiosincrasia - abduzir
02. (Pref. De Biguaçu/SC – Professor III – Inglês/2016) (C) Plocrastinar- idiossincrasia - abiduzir
De acordo com a Língua Portuguesa culta, assinale a (D) Procrastinar - idiossincrasia - abduzir
alternativa cujas palavras seguem as regras de ortografia:
(A) Preciso contratar um eletrecista e um encanador para 05. (Pref. De Quixadá/CE – Agente de Combate às
o final da tarde. Endemias – Serctam/2016) Marque a opção em
(B) O trabalho voluntário continua sendo feito que TODOS os vocábulos se completam com a letra “s”:
prazerosamente pelos alunos. (A) pesqui__a, ga__olina, ali__erce.
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APOSTILAS OPÇÃO
(B) e__ótico, talve__, ala__ão. Exemplo: “Chegam os magos do Oriente, com suas dádivas:
(C) atrá__, preten__ão, atra__o. ouro, incenso, mirra.” (Manuel Bandeira)
(D) bati__ar, bu__ina, pra__o.
(E) valori__ar, avestru__, Mastru__. 3) Nos nomes de meses, estações do ano e dias da semana.
Exemplos: janeiro, julho, dezembro, etc. / segunda, sexta,
Gabarito domingo, etc. / primavera, verão, outono, inverno.
2) Nos antropônimos, reais ou fictícios. 2) Nas formas de tratamento e reverência, bem como em
Exemplos: Pedro Silva, Cinderela, D. Quixote. nomes sagrados e que designam crenças religiosas.
Exemplos:
3) Nos topônimos, reais ou fictícios. Governador Mário Covas ou governador Mário Covas
Exemplos: Rio de Janeiro, Rússia, Macondo. Papa João Paulo II ou papa João Paulo II
Excelentíssimo Senhor Reitor ou excelentíssimo senhor
4) Nos nomes mitológicos. reitor
Exemplos: Dionísio, Netuno. Santa Maria ou santa Maria
5) Nos nomes de festas e festividades. c) Nos nomes que designam domínios de saber, cursos e
Exemplos: Natal, Páscoa, Ramadã. disciplinas.
Exemplos:
6) Em siglas, símbolos ou abreviaturas internacionais. Português ou português
Exemplos: ONU, Sr., V. Ex.ª. Línguas e Literaturas Modernas ou línguas e literaturas
modernas
7) Nos nomes que designam altos conceitos religiosos, História do Brasil ou história do Brasil
políticos ou nacionalistas. Arquitetura ou arquitetura
Exemplos: Igreja (Católica, Apostólica, Romana), Estado,
Nação, Pátria, União, etc. Questões
Observação: esses nomes escrevem-se com inicial 01. (Câmara de Maringá/PR – Assistente Legislativo
minúscula quando são empregados em sentido geral ou – Instituto)
indeterminado.
Exemplo: Todos amam sua pátria. Longe é um lugar que existe?
Emprego Facultativo da Letra Maiúscula Voamos algum tempo em silêncio, até que finalmente ele
1) No início dos versos que não abrem período, é facultativo disse: "Não entendo muito bem o que você falou, mas o que
o uso da letra maiúscula, como por exemplo: menos entendo é o fato de estar indo a uma festa."
— Claro que estou indo à festa. — respondi. — O que há de
“Aqui, sim, no meu cantinho, tão difícil de se compreender nisso?
vendo rir-me o candeeiro, Enfim, sem nunca atingir o fim, imaginando-se uma
gozo o bem de estar sozinho Gaivota sobrevoando o mar, viajar é sentir-se ainda mais
e esquecer o mundo inteiro.” pássaro livre tocado pelas lufadas de vento, contraponto, de
uma ave mirrada de asas partidas numa gaiola lacrada,
2) Nos nomes de logradouros públicos, templos e edifícios. sobrevivendo apenas de alpiste da melhor qualidade e água
Exemplos: Rua da Liberdade ou rua da Liberdade / Igreja do filtrada. Ou ainda, pássaros presos na ambivalência
Rosário ou igreja do Rosário / Edifício Azevedo ou edifício existencial... fadado ao fracasso ou ao sucesso... ao ser livre ou
Azevedo. viver presos em suas próprias armadilhas...
Fica sob sua escolha e risco, a liberdade para voar os ventos
Inicial Minúscula ascendentes; que pássaro quer ser; que lugares quer
Utiliza-se inicial minúscula nos seguintes casos: sobrevoar; que viagem ao inusitado mais lhe compraz. Por
1) Em todos os vocábulos correntes da língua portuguesa. mais e mais, qual a serventia dessas asas enormes, herança
Exemplos: carro, flor, boneca, menino, porta, etc. genética de seus pais e que lhe confere enorme envergadura?
Diga para quê serve? Ao primeiro sinal de perigo, debique e
2) Depois de dois-pontos, não se tratando de citação direta, pouse na cerca mais próxima. Ora, não venha com desculpas
usa-se letra minúscula. esfarrapadas e vamos dona Gaivota, espante a preguiça, bata
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APOSTILAS OPÇÃO
as asas e saia do ninho! Não tenha medo de voar. Pois, como é entrar na porta giratória, enfrento a fila do caixa, não aceitam
de conhecimento dos "Mestres dos ares e da Terra", longe é um meus cheques para pagar contas em nome de minha mulher,
lugar que não existe para quem voa rente ao céu e viaja léguas saio mal-humorado do banco, atravesso a avenida arriscando
e mais léguas de distância com a mochila nas costas, olhar no a vida entre bólidos3 , um caminhão joga-me água suja de uma
horizonte e os pés socados em terra firme. poça, o elevador continua preso lá em cima, subo a pé, entro no
Longe é a porta de entrada do lugar que não existe? Não apartamento, sento-me ao computador e ponho-me de novo a
deve ser, não; pois as Gaivotas sacodem a poeira das asas, sonhar com gentilezas.
limpam os resquícios de alimentos dos bicos e batem o toc-toc
lá. Vocabulário:
<http://www.recantodasletras.com.br/contosdefantasia/6031227> 1 bairro Jardim Paulista, um dos mais requintados de São
Paulo
O uso do termo “Gaivota” sempre com letra maiúscula ao 2 funcionário que coordena agendamentos entre outras
longo do texto se deve ao fato de que coisas nos restaurantes
(A) o autor busca, com isso, fazer uma conexão mais 3 carros muito velozes
próxima entre o leitor e o animal.
(B) o autor quis dar destaque ao termo, apesar de não Em “nas ruas dos Jardins1" (4º§), a palavra em destaque
haver importância da referência ao animal para o texto. foi escrita com letra maiúscula por se tratar de:
(C) há uma mudança no texto, em que, no início, as (A) um erro de grafia.
personagens eram duas pessoas e, a partir do segundo (B) um destaque do autor
parágrafo, é uma gaivota. (C) um substantivo próprio.
(D) o texto faz uma reflexão sobre a ação humana de viajar, (D) um substantivo coletivo.
porém comparando os seres humanos com gaivotas.
(E) o autor utiliza o termo “Gaivota” como símbolo de Gabarito
imponência, o que se relaciona à forma como os seres
humanos são tratados no texto. 01.D / 02.C
02. (MGS – Todos os Cargos de Nível Fundamental Palavras ou Expressões que geram dificuldades
Completo – IBFC/2017)
Algumas palavras ou expressões costumam apresentar
Estranhas Gentilezas dificuldades colocando em maus lençóis quem pretende falar
(Ivan Angelo) ou redigir português culto. Esta é uma oportunidade para você
aperfeiçoar seu desempenho. Preste atenção e tente
Estão acontecendo coisas estranhas. Sabe-se que as incorporar tais palavras certas em situações apropriadas.
pessoas nas grandes cidades não têm o hábito da gentileza.
Não é por ruindade, é falta de tempo. Gastam a paciência nos A anos: Daqui a um ano iremos à Europa. (a indica tempo
ônibus, no trânsito, nas filas, nos mercados, nas salas de futuro)
espera, nos embates familiares, e depois economizam com a Há anos: Não o vejo há meses. (há indica tempo passado)
gente. Atenção: Há muito tempo já indica passado. Não há
Comigo dá-se o contrário, é o que estou notando de uns necessidade de usar atrás, isto é um pleonasmo.
dias para cá. Tratam-me com inquietante delicadeza. Já
captava aqui e ali sinais suspeitos, imprecisos, ventinho de Acerca de: Falávamos acerca de uma solução melhor. (a
asas de borboleta, quase nada. A impressão de que há algo respeito de)
estranho tomou meu corpo mesmo foi na semana passada. Um Há cerca de: Há cerca de dias resolvemos este caso. (faz
vizinho que já fora meu amigo telefonou-me desfazendo o tempo)
engano que nos afastava, intriga de pessoa que nem conheço e
que afinal resolvera esclarecer tudo. Difícil reconstruir a Ao encontro de: Sua atitude vai ao encontro da verdade.
amizade, mas a inimizade morria ali. (estar a favor de)
Como disse, eu vinha desconfiando tenuemente de De encontro a: Minhas opiniões vão de encontro às suas.
algumas amabilidades. O episódio do vizinho fez surgir em (oposição, choque)
meu espírito a hipótese de uma trama, que já mobilizava até
pessoas distantes. E as próximas? A fim de: Vou a fim de visitá-la. (finalidade)
Tenho reparado. As próximas telefonam amáveis, sem Afim: Somos almas afins. (igual, semelhante)
motivo. Durante o telefonema fico aguardando o assunto que
estaria embrulhado nos enfeites da conversa, e ele não sai. Um Ao invés de: Ao invés de falar começou a chorar. (oposição,
número inesperado de pessoas me cumprimenta na rua, com ao contrário de)
acenos de cabeça. Mulheres, antes esquivas, sorriem Em vez de: Em vez de acompanhar-me, ficou só. (no lugar
transitáveis nas ruas dos Jardins1. Num restaurante caro, o de)
maître2, com uma piscadela, fura a demorada fila de executivos
à espera e me arruma rapidinho uma mesa para dois. Um A par: Estamos a par das boas notícias. (bem informado,
homem de pasta que parecia impaciente à minha frente me ciente)
cede o último lugar no elevador. O jornaleiro larga sua banca Ao par: O dólar e o euro estão ao par. (de igualdade ou
na avenida Sumaré e vem ao prédio avisar-me que o jornal equivalência entre valores financeiros – câmbio)
chegou. Os vizinhos de cima silenciam depois das dez da noite.
[...] Aprender: O menino aprendeu a lição. (tomar
Que significa isso? Que querem comigo? Que complô é conhecimento de)
este? Que vão pedir em troca de tanta gentileza? Apreender: O fiscal apreendeu a carteirinha do menino.
Aguardo, meio apreensivo, meio feliz. (prender)
Interrompo a crônica nesse ponto, saio para ir ao banco,
desço pelas escadas porque alguém segura o elevador lá em Baixar: os preços quando não há objeto direto; os preços
cima, o segurança do banco faz-me esvaziar os bolsos antes de funcionam como sujeito: Baixaram os preços (sujeito) nos
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APOSTILAS OPÇÃO
supermercados. Vamos comemorar, pessoal! Houve: Houve um grande incêndio no centro de São
Abaixar: os preços empregado com objeto direto: Os postos Paulo. (verbo haver - 3ª pessoa do singular do pretérito
(sujeito) de combustível abaixaram os preços (objeto direto) perfeito)
da gasolina. Ouve: A mãe disse: ninguém me ouve. (verbo ouvir - 3ª
pessoa singular do presente do indicativo)
Bebedor: Tornei-me um grande bebedor de vinho. (pessoa
que bebe) Mal: Dormi mal. (oposto de bem)
Bebedouro: Este bebedouro está funcionando bem. Mau: Você é um mau exemplo. (oposto de bom)
(aparelho que fornece água)
Mas: Telefonei-lhe mas ela não atendeu. (ideia contrária)
Bem-Vindo: Você é sempre bem-vindo aqui, jovem. Mais: Há mais flores perfumadas no campo. (opõe-se a
(adjetivo composto) menos)
Benvindo: Benvindo é meu colega de classe. (nome
próprio) Nem um: Nem um filho de Deus apareceu para ajudá-la.
(equivale a nem um sequer)
Câmara: Ficaram todos reunidos na Câmara Municipal. Nenhum: Nenhum jornal divulgou o resultado do concurso.
(local de trabalho) (oposto de algum)
Câmera: Comprei uma câmera japonesa. (aparelho que
fotografa) Onde: Onde fica a farmácia mais próxima? (lugar em que se
está)
Champanha/Champanhe (do francês): O Aonde: Aonde vão com tanta pressa? (ideia de movimento)
champanha/champanhe está bem gelado.
Por ora: Por ora chega de trabalhar. (por este momento)
Cessão: Foi confirmada a cessão do terreno. (ato de doar) Por hora: Você deve cobrar por hora. (cada sessenta
Sessão: A sessão do filme durou duas horas. (intervalo de minutos)
tempo)
Seção/Secção: Visitei hoje a seção de esportes. (repartição Senão: Não fazia coisa nenhuma senão criticar. (caso
pública, departamento) contrário)
Se não: Se não houver homens honestos, o país não sairá
Demais: Vocês falam demais, caras! (advérbio de desta situação crítica. (se por acaso não)
intensidade)
Demais: Chamaram mais dez candidatos, os demais devem Tampouco: Não compareceu, tampouco apresentou
aguardar. (equivale a “os outros”) qualquer justificativa. (Também não)
De mais: Não vejo nada de mais em sua decisão. (opõe-se a Tão pouco: Encontramo-nos tão pouco esta semana.
“de menos”) (intensidade)
Descriminar: O réu foi descriminado; pra sorte dele. Trás ou Atrás: O menino estava atrás da árvore. (lugar)
(inocentar, absolver de crime) Traz: Ele traz consigo muita felicidade. (verbo trazer)
Discriminar: Era impossível discriminar os caracteres do
documento. (diferençar, distinguir, separar) Vultoso: Fizemos um trabalho vultoso aqui. (volumoso)
Descrição: A descrição sobre o jogador foi perfeita. Vultuoso: Sua face está vultuosa e deformada. (congestão
(descrever) no rosto)
Discrição: Você foi muito discreto. (reservado)
Questão
Entrega em domicílio: Fiz a entrega em domicílio. (lugar)
Entrega a domicílio: Enviou as compras a domicílio. (com 01. (TCM/RJ – Técnico de Controle Externo –
verbos de movimento) IBFC/2016) Analise as afirmativas abaixo, dê valores
Verdadeiro (V) ou Falso (F) quanto ao emprego do acento
Espectador: Os espectadores se fartaram da apresentação. circunflexo estabelecido pelo Novo Acordo Ortográfico.
(aquele que vê, assiste) ( ) O acento permanece na grafia de 'pôde' (o verbo
Expectador: O expectador aguardava o momento da conjugado no passado) para diferenciá-la de 'pode' (o verbo
chamada. (que espera alguma coisa) conjugado no presente).
( ) O acento circunflexo de 'pôr' (verbo) cai e a palavra terá
Estada: A estada dela aqui foi gratificante. (tempo em algum a mesma grafia de 'por' (preposição), diferenciando-se pelo
lugar) contexto de uso.
Estadia: A estadia do carro foi prolongada por mais ( ) a queda do acento na conjugação da terceira pessoa do
algumas semanas. (prazo concedido para carga e descarga) plural do presente do indicativo dos verbos crer, dar, ler, ter,
vir e seus derivados.
Fosforescente: Este material é fosforescente. (que brilha
no escuro) Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de
Fluorescente: A luz branca do carro era fluorescente. cima para baixo.
(determinado tipo de luminosidade) (A) V F F
(B) F V F
Haja: É preciso que não haja descuido. (verbo haver – 1ª (C) F F V
pessoa singular do presente do subjuntivo) (D) F V V
Aja: Aja com cuidado, Carlinhos. (verbo agir – 1ª pessoa
singular do presente do subjuntivo) 02. (Detran/CE – Vistoriador – UCE-CEV/2018) Na frase
“... as penalidades são as previstas pelo bom senso...”, a palavra
destacada é homônima de censo. Assinale a opção em que o
emprego dos homônimos destacados está adequado.
Língua Portuguesa 40
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APOSTILAS OPÇÃO
(A) O reitor da faculdade solicitou que todos os (D) por que … traz … prevenir
funcionários participassem do censo anual para verificar (E) por quê … tráz … prevenir
quem realmente está na ativa.
(B) Foi pedido para que todos os motoristas respondessem 02. Pref. de Salvador/BA - Técnico de Nível Médio II –
ao senso, a fim de se obter o número real de carros no pátio da FGV/2017)
universidade.
(C) Os infratores são penalizados com a “multa moral” por Por que sentimos calafrios e desconforto ao ouvir certos
não demonstrarem censo crítico. sons agudos – como unhas arranhando um quadro-negro?
(D) Se o infrator tiver censo, saberá o que dizer na hora da
punição. Esta é uma reação instintiva para protegermos nossa
audição. A cóclea (parte interna do ouvido) tem uma
Gabarito membrana que vibra de acordo com as frequências sonoras
que ali chegam. A parte mais próxima ao exterior está ligada à
01.A / 02.A audição de sons agudos; a região mediana é responsável pela
audição de sons de frequência média; e a porção mais final, por
Emprego do Porquê sons graves. As células da parte inicial, mais delicadas e frágeis,
são facilmente destruídas – razão por que, ao envelhecermos,
Orações Interrogativas Exemplo:
perdemos a capacidade de ouvir sons agudos. Quando
(pode ser substituído Por que devemos nos frequências muito agudas chegam a essa parte da membrana,
por: por qual motivo, por preocupar com o meio as células podem ser danificadas, pois, quanto mais alta a
qual razão) ambiente? frequência, mais energia tem seu movimento ondulatório. Isso,
Por em parte, explica nossa aversão a determinados sons agudos,
Que
Exemplo:
mas não a todos. Afinal, geralmente não sentimos calafrios ou
Equivalendo a “pelo Os motivos por que não uma sensação ruim ao ouvirmos uma música com notas
qual” respondeu são agudas.
desconhecidos.
Aí podemos acrescentar outro fator. Uma nota de violão
Exemplos:
tem um número limitado e pequeno de frequências –
Você ainda tem coragem de formando um som mais “limpo”. Já no espectro de som
Por Final de frases e seguidos proveniente de unhas arranhando um quadro-negro (ou de
perguntar por quê?
Quê de pontuação atrito entre isopores ou entre duas bexigas de ar) há um
Você não vai? Por quê?
Não sei por quê! número infinito delas. Assim, as células vibram de acordo com
muitas frequências e aquelas presentes na parte inicial da
Exemplos: cóclea, por serem mais frágeis, são lesadas com mais
A situação agravou-se porque
Conjunção que indica facilidade. Daí a sensação de aversão a esse sons agudos e
ninguém reclamou.
explicação ou causa
Ninguém mais o espera, “crus”.
Porque porque ele sempre se atrasa. Ronald Ranvaud, Ciência Hoje, nº 282.
Gabarito
1. Por que (pergunta);
2. Porque (resposta); 01.D / 02.B
3. Por quê (fim de frase: motivo);
4. O Porquê (substantivo). ACENTUAÇÃO
01. (TJ/SP - Escrevente Técnico Judiciário - VUNESP) Implica na intensidade com que são pronunciadas as
Que mexer o esqueleto é bom para a saúde já virou até sílabas das palavras. Aquela que se dá de forma mais
sabedoria popular. Agora, estudo levanta hipóteses sobre acentuada, conceitua-se como sílaba tônica. As demais, como
........................ praticar atividade física..........................benefícios são pronunciadas com menos intensidade, são denominadas
para a totalidade do corpo. Os resultados podem levar a novas de átonas.
terapias para reabilitar músculos contundidos ou mesmo para De acordo com a tonicidade, as palavras são classificadas
.......................... e restaurar a perda muscular que ocorre com o como oxítona, paroxítona e proparoxítonas, independente de
avanço da idade. levar acento gráfico:
(Ciência Hoje, março de 2012)
Oxítonas – São aquelas cuja sílaba tônica recai sobre a
As lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e res- última sílaba. Ex.: café – coração – cajá – atum – caju – papel
pectivamente, com:
(A) porque … trás … previnir Paroxítonas – São aquelas em que a sílaba tônica se
(B) porque … traz … previnir evidencia na penúltima sílaba. Ex.: útil – tórax – táxi – leque –
(C) porquê … tras … previnir retrato – passível
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APOSTILAS OPÇÃO
Proparoxítonas - São aquelas em que a sílaba tônica se acentuadas: L, I N, U (aqui inclua UM), R, X, Ã, ÃO. Assim ficará
evidencia na antepenúltima sílaba. Ex.: lâmpada – câmara – mais fácil a memorização!
tímpano – médico – ônibus
- ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou não de
Como podemos observar, mediante todos os exemplos “s”. Ex.: água – pônei – mágoa – jóquei
mencionados, os vocábulos possuem mais de uma sílaba, mas
em nossa língua existem aqueles com uma sílaba somente, no Regras Especiais
qual são os chamados de monossílabos, que quando
pronunciados apresentam certa diferenciação quanto à Os ditongos de pronúncia aberta “ei”, “oi” (ditongos
intensidade. abertos), que antes eram acentuados, perderam o acento de
Tal diferenciação só é percebida quando os pronunciamos acordo com a nova regra, mas desde que estejam em palavras
em uma dada sequência de palavras. Assim como podemos paroxítonas.
observar no exemplo a seguir: Cuidado: Se os ditongos abertos estiverem em uma
palavra oxítona (herói) ou monossílaba (céu) ainda são
“Sei que não vai dar em nada, seus segredos sei de cor.” acentuados. Mas caso não forem ditongos perdem o acento.
Ex.:
Os monossílabos em destaque classificam-se como
Antes Agora
tônicos; os demais, como átonos (que, em e de).
assembléia assembleia
idéia ideia
Acentos Gráficos
jibóia jiboia
apóia (verbo apoiar) apoia
Acento agudo (´) – colocado sobre as letras “a”, “i”, “u” e
sobre o “e” do grupo “em” - indica que estas letras representam
Quando a vogal do hiato for “i” ou “u” tônicos,
as vogais tônicas de palavras como Amapá, caí, público,
acompanhados ou não de “s”, haverá acento. Ex.: saída – faísca
parabéns.
– baú – país – Luís
Acento circunflexo (^) – colocado sobre as letras “a”, “e”
Observação importante: Não serão mais acentuados “i” e
e “o” indica, além da tonicidade, timbre fechado. Ex.: tâmara –
“u” tônicos, formando hiato quando vierem depois de
Atlântico – pêssego – supôs
ditongo. Ex.:
Acento grave (`) – indica a fusão da preposição “a” com
Antes Agora
artigos e pronomes. Ex.: à – às – àquelas – àqueles
bocaiúva bocaiuva
feiúra feiura
Trema)¨( – de acordo com a nova regra, foi totalmente
abolido das palavras. Há uma exceção: é utilizado em palavras
Não se acentuam o “i” e o “u” que formam hiato quando
derivadas de nomes próprios estrangeiros. Ex.: mülleriano (de
seguidos, na mesma sílaba, de l, m, n, r ou z: Ra-ul, ru-im, con-
Müller)
tri-bu-in-te, sa-ir, ju-iz
Til (~) – indica que as letras “a” e “o” representam vogais
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se estiverem
nasais. Ex.: coração – melão – órgão – ímã
seguidas do dígrafo nh: ra-i-nha, ven-to-i-nha.
Regras Fundamentais
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se vierem
precedidas de vogal idêntica: xi-i-ta, pa-ra-cu-u-ba
Palavras oxítonas - acentuam-se todas as oxítonas
terminadas em: “a”, “e”, “o”, “em”, seguidas ou não do plural(s):
As formas verbais que possuíam o acento tônico na raiz,
Pará – café(s) – cipó(s) – armazém(s).
com “u” tônico precedido de “g” ou “q” e seguido de “e” ou “i”
não serão mais acentuadas. Ex.:
Essa regra também é aplicada aos seguintes casos:
Antes Agora
Monossílabos tônicos - terminados em “a”, “e”, “o”,
apazigúe (apaziguar) apazigue
seguidos ou não de “s”. Ex.: pá – pé – dó – há
argúi (arguir) argui
Formas verbais - terminadas em “a”, “e”, “o” tônicos,
O acento pertencente aos encontros “oo” e “ee” foi abolido.
seguidas de lo, la, los, las. Ex.: respeitá-lo – percebê-lo – compô-
Ex.:
lo
Antes Agora
crêem creem
Paroxítonas - acentuam-se as palavras paroxítonas
vôo voo
terminadas em:
- i, is
- Agora memorize a palavra CREDELEVÊ. São os verbos
táxi – lápis – júri
que, no plural, dobram o “e”, mas que não recebem mais
- us, um, uns
acento como antes: CRER, DAR, LER e VER.
vírus – álbuns – fórum
- l, n, r, x, ps
Repare:
automóvel – elétron - cadáver – tórax – fórceps
1) O menino crê em você
- ã, ãs, ão, ãos
Os meninos creem em você.
ímã – ímãs – órfão – órgãos
2) Elza lê bem!
Todas leem bem!
Dica: Memorize a palavra LINURXÃO. Repare que essa
3) Espero que ele dê o recado à sala.
palavra apresenta as terminações das paroxítonas que são
Esperamos que os dados deem efeito!
4) Rubens vê tudo!
Língua Portuguesa 42
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APOSTILAS OPÇÃO
Eles veem tudo! 05. Todas as palavras abaixo são hiatos, EXCETO:
(A) saúde
Cuidado! Há o verbo vir: (B) cooperar
Ele vem à tarde! (C) ruim
Eles vêm à tarde! (D) creem
(E) pouco
Acentuam-se os verbos pertencentes à terceira pessoa do
plural de: Gabarito
ele tem – eles têm 1.B / 2.A / 3.B / 4.C / 5.E
ele vem – eles vêm (verbo vir)
Não se acentuam mais as palavras homógrafas que antes Os sinais de pontuação são marcações gráficas que servem
eram acentuadas para diferenciá-las de outras semelhantes para compor a coesão e a coerência textual além de ressaltar
(regra do acento diferencial). Apenas em algumas exceções, especificidades semânticas e pragmáticas. Vejamos as
como: principais funções dos sinais de pontuação conhecidos pelo
Pôde (terceira pessoa do singular do pretérito perfeito do uso da língua portuguesa.17
indicativo).
Pode (terceira pessoa do singular do presente do Ponto
indicativo). Ex.:
Ela pode fazer isso agora. 1) Indica o término do discurso ou de parte dele.
Elvis não pôde participar porque sua mãe não deixou. Ex.: Façamos o que for preciso para tirá-la da situação em
que se encontra. / Gostaria de comprar pão, queijo, manteiga
O mesmo ocorreu com o verbo pôr para diferenciar da e leite.
preposição por. Ex.:
Faço isso por você. 2) Usa-se nas abreviações.
Posso pôr (colocar) meus livros aqui? Ex.: V.Exª (Vossa Exelencia) , Sr. (Senhor), S.A (Sociedade
Anonima).
Questões
Ponto e Vírgula
01. “Cadáver” é paroxítona, pois:
(A) Tem a última sílaba como tônica. 1) Separa várias partes do discurso, que têm a mesma
(B) Tem a penúltima sílaba como tônica. importância.
(C) Tem a antepenúltima sílaba como tônica. Ex.: “Os pobres dão pelo pão o trabalho; os ricos dão pelo
(D) Não tem sílaba tônica. pão a fazenda; os de espíritos generosos dão pelo pão a vida;
os de nenhum espírito dão pelo pão a alma...”
(Vieira)
02. Indique a alternativa em que todas as palavras devem
receber acento. 2) Separa partes de frases que já estão separadas por
(A) virus, torax, ma. vírgulas.
(B) caju, paleto, miosotis. Ex.: Alguns quiseram verão, praia e calor; outros
(C) refem, rainha, orgão. montanhas, frio e cobertor.
(D) papeis, ideia, latex.
(E) lotus, juiz, virus. 3) Separa itens de uma enumeração, exposição de motivos,
decreto de lei, etc. Ex.:
03. Em “O resultado da experiência foi, literalmente, - Ir ao supermercado;
aterrador.” a palavra destacada encontra-se acentuada pelo - Pegar as crianças na escola;
mesmo motivo que: - Caminhada na praia;
(A) túnel - Reunião com amigos.
(B) voluntário
(C) até Dois Pontos
(D) insólito
(E) rótulos 1) Antes de uma citação.
Ex.: Vejamos como Afrânio Coutinho trata este assunto:...
04. Analise atentamente a presença ou a ausência de
acento gráfico nas palavras abaixo e indique a alternativa em 2) Antes de um aposto.
que não há erro: Ex.: Três coisas não me agradam: chuva pela manhã, frio à
(A) ruím - termômetro - táxi – talvez. tarde e calor à noite.
(B) flôres - econômia - biquíni - globo.
(C) bambu - através - sozinho - juiz 3) Antes de uma explicação ou esclarecimento.
(D) econômico - gíz - juízes - cajú. Ex.: Lá estava a deplorável família: triste, cabisbaixa,
(E) portuguêses - princesa - faísca. vivendo a rotina de sempre.
17 http://tudodeconcursosevestibulares.blogspot.com/2013/04/pontuacao-
resumo-com-questoes.html
Língua Portuguesa 43
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APOSTILAS OPÇÃO
4) Em frases de estilo direto. Ex.: 3) Para separar entre si elementos coordenados (dispostos
Maria perguntou: em enumeração): Era um garoto de 15 anos, alto, magro. / A
- Por que você não toma uma decisão? ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e animais.
Língua Portuguesa 44
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APOSTILAS OPÇÃO
construção de tabelas Price, mas por outro lado, faltou falar Próclise
das metas, de vendas associadas aos dois temas. A próclise é aplicada antes do verbo quando temos:
- Palavras com sentido negativo: Nada me faz querer sair
04. Assinale a alternativa em que o período, adaptado da dessa cama. / Não se trata de nenhuma novidade.
revista Pesquisa Fapesp de junho de 2012, está correto quanto
à regência nominal e à pontuação. - Advérbios: Nesta casa se fala alemão. / Naquele dia me
(A) Não há dúvida que as mulheres ampliam, rapidamente, falaram que a professora não veio.
seu espaço na carreira científica ainda que o avanço seja mais
notável em alguns países, o Brasil é um exemplo, do que em - Pronomes relativos: A aluna que me mostrou a tarefa não
outros. veio hoje. / Não vou deixar de estudar os conteúdos que me
(B) Não há dúvida de que, as mulheres, ampliam falaram.
rapidamente seu espaço na carreira científica; ainda que o
avanço seja mais notável, em alguns países, o Brasil é um - Pronomes indefinidos: Quem me disse isso? / Todos se
exemplo!, do que em outros. comoveram durante o discurso de despedida.
(C) Não há dúvida de que as mulheres, ampliam
rapidamente seu espaço, na carreira científica, ainda que o - Pronomes demonstrativos: Isso me deixa muito feliz! /
avanço seja mais notável, em alguns países: o Brasil é um Aquilo me incentivou a mudar de atitude!
exemplo, do que em outros.
(D) Não há dúvida de que as mulheres ampliam - Preposição seguida de gerúndio: Em se tratando de
rapidamente seu espaço na carreira científica, ainda que o qualidade, o Brasil Escola é o site mais indicado à pesquisa
avanço seja mais notável em alguns países - o Brasil é um escolar.
exemplo - do que em outros.
(E) Não há dúvida que as mulheres ampliam rapidamente, - Conjunção subordinativa: Vamos estabelecer critérios,
seu espaço na carreira científica, ainda que, o avanço seja mais conforme lhe avisaram.
notável em alguns países (o Brasil é um exemplo) do que em
outros. Ênclise
A ênclise é empregada depois do verbo. A norma culta não
05. Assinale a alternativa em que a frase mantém-se aceita orações iniciadas com pronomes oblíquos átonos. A
correta após o acréscimo das vírgulas. ênclise vai acontecer quando:
(A) Se a criança se perder, quem encontrá-la, verá na
pulseira instruções para que envie, uma mensagem eletrônica - O verbo estiver no imperativo afirmativo: Amem-se uns
ao grupo ou acione o código na internet. aos outros. / Sigam-me e não terão derrotas.
(B) Um geolocalizador também, avisará, os pais de onde o
código foi acionado. - O verbo iniciar a oração: Diga-lhe que está tudo bem. /
(C) Assim que o código é digitado, familiares cadastrados, Chamaram-me para ser sócio.
recebem automaticamente, uma mensagem dizendo que a
criança foi encontrada. - O verbo estiver no infinitivo impessoal regido da
(D) De fabricação chinesa, a nova pulseirinha, chega preposição “a”: Naquele instante os dois passaram a odiar-se.
primeiro às, areias do Guarujá. / Passaram a cumprimentar-se mutuamente.
(E) O sistema permite, ainda, cadastrar o nome e o telefone
de quem a encontrou e informar um ponto de referência - O verbo estiver no gerúndio: Não quis saber o que
aconteceu, fazendo-se de despreocupada. Despediu-se,
Respostas beijando-me a face.
1.C / 2.C / 3.B / 4.D / 5.E
- Houver vírgula ou pausa antes do verbo: Se passar no
vestibular em outra cidade, mudo-me no mesmo instante. / Se
8. Colocação Pronominal: não tiver outro jeito, alisto-me nas forças armadas.
Sintaxe de colocação dos Mesóclise
pronomes oblíquos átonos. A mesóclise acontece quando o verbo está flexionado no
futuro do presente ou no futuro do pretérito:
A prova realizar-se-á neste domingo pela manhã. (= ela se
COLOCAÇÃO DOS PRONOMES OBLÍQUOS realizará).
ÁTONOS Far-lhe-ei uma proposta irrecusável. (= eu farei uma
proposta a você).
De acordo com as autoras Rose Jordão e Clenir Bellezi 18, a
colocação pronominal é a posição que os pronomes pessoais Questões
oblíquos átonos ocupam na frase em relação ao verbo a que se
referem. 01. Considerada a norma culta escrita, há correta
São pronomes oblíquos átonos: me, te, se, o, os, a, as, lhe, substituição de estrutura nominal por pronome em:
lhes, nos e vos. (A) Agradeço antecipadamente sua Resposta // Agradeço-
O pronome oblíquo átono pode assumir três posições na lhes antecipadamente.
oração em relação ao verbo: (B) do verbo fabricar se extraiu o substantivo fábrica. // do
1. Próclise: pronome antes do verbo; verbo fabricar se extraiu-lhe.
2. Ênclise: pronome depois do verbo; (C) não faltam lexicógrafos // não faltam-os.
3. Mesóclise: pronome no meio do verbo. (D) Gostaria de conhecer suas considerações // Gostaria
de conhecê-las.
(E) incluindo a palavra ‘aguardo’ // incluindo ela.
18 http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf42.php http://www.brasilescola.com/gramatica/colocacao-pronominal.htm
Língua Portuguesa 45
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APOSTILAS OPÇÃO
19
https://portugues.uol.com.br/gramatica/morfologia.html 22
http://www.brasilescola.com/gramatica/estrutura-e-formacao-de-palavras-
20
https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/gramatica/sintaxe.htm i.htm
21
https://portugues.uol.com.br/gramatica/sintaxe.html
Língua Portuguesa 46
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APOSTILAS OPÇÃO
criou subescolarização. Esses morfemas recebem o nome de É a essas vogais temáticas que se liga a desinência indicadora
afixos. de plural:
Quando são colocados antes do radical, como acontece mesa-s, escola-s, perda-s. Os nomes terminados em vogais
com sub, os afixos recebem o nome de prefixos. Quando, como tônicas (sofá, café, cipó, caqui, por exemplo) não apresentam
arização, surgem depois do radical os afixos são chamados vogal temática.
de sufixos.
- Prefixos e Sufixos, além de operar mudança de classe Vogais temáticas verbais: são -a, -e e- i, que caracterizam
gramatical, são capazes de introduzir modificações de três grupos de verbos a que se dá o nome de conjugações.
significado no radical a que são acrescentados. Assim, os verbos cuja vogal temática é -a pertencem à primeira
conjugação; aqueles cuja vogal temática é -e pertencem à
Desinências: quando se conjuga o verbo amar, obtêm-se segunda conjugação e os que têm vogal temática -i pertencem
formas como amava, amavas, amava, amávamos, amáveis, à terceira conjugação.
amavam. Essas modificações ocorrem à medida que o verbo
vai sendo flexionado em número (singular e plural) e pessoa primeira conj. segunda conj. terceira conj.
(primeira, segunda ou terceira). Também ocorrem se govern-a-va estabelec-e-sse defin-i-ra
modificarmos o tempo e o modo do verbo (amava, amara, atac-a-va cr-e-ra imped-i-sse
amasse, por exemplo). realiz-a-sse mex-e-rá g-i-mos
Assim, podemos concluir, que existem morfemas que
indicam as flexões das palavras. Esses morfemas sempre Vogal ou consoante de ligação: as vogais ou consoantes
surgem no fim das palavras variáveis e recebem o nome de de ligação são morfemas que surgem por motivos eufônicos,
desinências, no qual podem ser divididos em: ou seja, para facilitar ou mesmo possibilitar a leitura de uma
determinada palavra. Temos um exemplo de vogal de ligação
a) Desinências nominais: indicam o gênero e o número na palavra escolaridade: o - i - entre os sufixos- ar- e -dade
dos nomes. Para a indicação de gênero, o português costuma facilita a emissão vocal da palavra. Outros exemplos:
opor as desinências -o/-a: garoto/garota; menino/menina. gasômetro, alvinegro, tecnocracia, paulada, cafeteira, chaleira,
Para a indicação de número, costuma-se utilizar o tricota.
morfema –s, que indica o plural em oposição à ausência de
morfema, que indica o singular: garoto/garotos; Processos de Formação de Palavras
garota/garotas; menino/meninos; menina/meninas.
No caso dos nomes terminados em –r e– z, a desinência de Composição
plural assume a forma -es: Haverá composição quando se juntarem dois ou mais
mar/mares; radicais para formar nova palavra. Há dois tipos de
revólver/revólveres; composição: justaposição e aglutinação.
cruz/cruzes. a) Justaposição: ocorre quando os elementos que formam
o composto são postos lado a lado, ou seja, justapostos. Por
b) Desinências verbais: em nossa língua, as desinências exemplo: Corre-corre, guarda-roupa, segunda-feira, girassol.
verbais pertencem a dois tipos distintos. Há aqueles que
indicam o modo e o tempo (desinências modo-temporais) e b) Aglutinação: ocorre quando os elementos que formam
aquelas que indicam o número e a pessoa dos verbos o composto se aglutinam e pelo menos um deles perde sua
(desinência número-pessoais): integridade sonora. Por exemplo: Aguardente (água +
cant-á-va-mos ardente), planalto (plano + alto), pernalta (perna + alta),
cant-á-sse-is vinagre (vinho + acre)
cant: radical
cant: radical Derivação por Acréscimo de Afixos
-á-: vogal temática É o processo pelo qual se obtêm palavras novas
-á-: vogal temática (derivadas) pela anexação de afixos à palavra primitiva. A
derivação pode ser: prefixal, sufixal e parassintética.
-va-: desinência modo-temporal(caracteriza o pretérito
imperfeito do indicativo). a) Prefixal (ou prefixação): a palavra nova é obtida por
-sse-: desinência modo-temporal (caracteriza o pretérito acréscimo de prefixo.
imperfeito do subjuntivo). In------ --feliz des----------leal
-mos: desinência número-pessoal (caracteriza a primeira Prefixo radical prefixo radical
pessoa do plural).
-is: desinência número-pessoal (caracteriza a segunda b) Sufixal (ou sufixação): a palavra nova é obtida por
pessoa do plural). acréscimo de sufixo.
Feliz---- mente leal------dade
Vogal Temática: observe que, entre o radical cant- e as Radical sufixo radical sufixo
desinências verbais, surge sempre o morfema– a.
Esse morfema, que liga o radical às desinências, é chamado c) Parassintética: a palavra nova é obtida pelo acréscimo
de vogal temática. Sua função é ligar-se ao radical, simultâneo de prefixo e sufixo (não posso retirar o prefixo nem
constituindo o chamado tema. É ao tema (radical + vogal o sufixo que estão ligados ao radical, pois a palavra não
temática) que se acrescentam as desinências. Tanto os verbos “existiria”). Por parassíntese formam-se principalmente
como os nomes apresentam vogais temáticas. verbos.
En-- -----trist- ----ecer
Vogais Temáticas Nominais: são -a, -e, e -o, quando Prefixo radical sufixo
átonas finais, como em mesa, artista, busca, perda, escola,
triste, base, combate. Nesses casos, não poderíamos pensar que en----- ---tard--- --ecer
essas terminações são desinências indicadoras de gênero, pois prefixo radical sufixo
a mesa, a escola, por exemplo, não sofrem esse tipo de flexão.
Outros Tipos de Derivação
Língua Portuguesa 47
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APOSTILAS OPÇÃO
Língua Portuguesa 48
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APOSTILAS OPÇÃO
Gabarito
Substantivo
Língua Portuguesa 49
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APOSTILAS OPÇÃO
Língua Portuguesa 50
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APOSTILAS OPÇÃO
Metafonia - apresentam o “o” tônico fechado no singular e - adjetivo + substantivo: boa-vida = boas-vidas / curta-
aberto no plural: caroço (ô), caroços (ó) / imposto (ô), metragem = curtas-metragens / má-língua = más-línguas /
impostos (ó). - numeral ordinal + substantivo: segunda-feira =
segundas-feiras / quinta-feira = quintas-feiras.
Substantivos que mudam de sentido quando usados no
plural: Fez bem a todos (alegria); Houve separação de bens. Composto com a palavra guarda só vai para o plural se
(Patrimônio); Conferiu a féria do dia. (Salário); As férias foram for pessoa: guarda-noturno = guardas-noturnos / guarda-
maravilhosas. (Descanso). florestal = guardas-florestais / guarda-civil = guardas-civis /
guarda-marinha = guardas-marinha.
Substantivos empregados somente no plural: Arredores,
belas-artes, bodas (ô), condolências, cócegas, costas, exéquias, Plural dos nomes próprios personalizados: os Almeidas
férias, olheiras, fezes, núpcias, óculos, parabéns, pêsames, / os Oliveiras / os Picassos / os Mozarts / os Kennedys / os
viveres, idos, afazeres, algemas. Silvas.
Plural dos Substantivos Compostos Plural das siglas, acrescenta-se um s minúsculo: CDs /
DVDs / ONGs / PMs / Ufirs.
Somente o segundo (ou último) elemento vai para o plural:
Grau (aumentativo/diminutivo)
- palavra unida sem hífen: pontapé = pontapés / girassol Os substantivos podem ser modificados a fim de exprimir
= girassóis / autopeça = autopeças. intensidade, exagero ou diminuição. A essas modificações é
- verbo + substantivo: saca-rolha = saca-rolhas / arranha- que damos o nome de grau do substantivo. Os graus
céu = arranha-céus / bate-bola = bate-bolas / guarda-roupa = aumentativos e diminutivos são formados por dois processos:
guarda-roupas / guarda-sol = guarda-sóis / vale-refeição =
vale-refeições. - Sintético: com o acréscimo de um sufixo aumentativo ou
- elemento invariável + palavra variável: sempre-viva = diminutivo: peixe – peixão; peixe-peixinho; sufixo inho ou
sempre-vivas / abaixo-assinado = abaixo-assinados / recém- isinho.
nascido = recém-nascidos / ex-marido = ex-maridos / auto-
escola = auto-escolas. - Analítico: formado com palavras de aumento: grande,
- palavras repetidas: o reco-reco = os reco-recos / o tico- enorme, imensa, gigantesca (obra imensa / lucro enorme /
tico = os tico-ticos / o corre-corre = os corre-corres. carro grande / prédio gigantesco); e formado com as palavras
- substantivo composto de três ou mais elementos não de diminuição (diminuto, pequeno, minúscula, casa pequena,
ligados por preposição: o bem-me-quer = os bem-me-queres / peça minúscula, saia diminuta).
o bem-te-vi = os bem-te-vis / o sem-terra = os sem-terra / o
fora-da-lei = os fora-da-lei / o João-ninguém = os joões-ninguém - Sem falar em aumentativo e diminutivo alguns
/ o ponto-e-vírgula = os ponto e vírgulas / o bumba meu boi = substantivos exprimem também desprezo, crítica, indiferença
os bumba meu bois. em relação a certas pessoas e objetos: gentalha, mulherengo,
- quando o primeiro elemento for: grão, grã (grande), bel: narigão, gentinha, coisinha, povinho, livreco.
grão-duque = grão-duques / grã-cruz = grã-cruzes / bel-prazer - Já alguns diminutivos dão ideia de afetividade: filhinho,
= bel-prazeres. Toninho, mãezinha.
- Em consequência do dinamismo da língua, alguns
Somente o primeiro elemento vai para o plural: substantivos no grau diminutivo e aumentativo adquiriram
um significado novo: portão, cartão, fogão, cartilha, folhinha
- substantivo + preposição + substantivo: água de colônia (calendário).
= águas-de-colônia / mula-sem-cabeça = mulas-sem-cabeça / - As palavras proparoxítonas e as palavras terminadas em
pão-de-ló = pães-de-ló / sinal-da-cruz = sinais-da-cruz. sílabas nasal, ditongo, hiato ou vogal tônica recebem o sufixo
- quando o segundo elemento limita o primeiro ou dá zinho(a): lâmpada (proparoxítona) = lampadazinha; irmão
ideia de tipo, finalidade: samba-enredo = sambas-enredo / (sílaba nasal) = irmãozinho; herói (ditongo) = heroizinho; baú
pombo-correio = pombos-correio / salário-família = salários- (hiato) = bauzinho; café (voga tônica) = cafezinho.
família / banana-maçã = bananas-maçã / vale-refeição = vales- - As palavras terminadas em s ou z, ou em uma dessas
refeição (vale = ter valor de, substantivo+especificador) consoantes seguidas de vogal recebem o sufixo inho: país =
paisinho; rapaz = rapazinho; rosa = rosinha; beleza =
Os dois elementos ficam invariáveis quando houver: belezinha.
- Há ainda aumentativos e diminutivos formados por
- verbo + advérbio: o ganha-pouco = os ganha-pouco / o prefixação: minissaia, maxissaia, supermercado,
cola-tudo = os cola-tudo / o bota-fora = os bota-fora minicalculadora.
- os compostos de verbos de sentido oposto: o entra-e-sai
= os entra-e-sai / o leva-e-traz = os leva-e-traz / o vai-e-volta Questões
= os vai-e-volta.
01. Assinale o par de vocábulos que fazem o plural da
Os dois elementos, vão para o plural: mesma forma que “balão” e “caneta-tinteiro”:
(A) vulcão, abaixo-assinado;
- substantivo + substantivo: decreto-lei = decretos-leis / (B) irmão, salário-família;
abelha-mestra = abelhas-mestras / tia-avó = tias-avós / (C) questão, manga-rosa;
tenente-coronel = tenentes-coronéis / redator-chefe = (D) bênção, papel-moeda;
redatores-chefes. (E) razão, guarda-chuva.
- substantivo + adjetivo: amor-perfeito = amores-
perfeitos / capitão-mor = capitães-mores / carro-forte = 02. Assinale a alternativa em que está correta a formação
carros-fortes / obra-prima = obras-primas / cachorro-quente do plural:
= cachorros-quentes. (A) cadáver – cadáveis;
(B) gavião – gaviães;
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APOSTILAS OPÇÃO
05. Sabendo-se que há substantivos que no masculino têm Os adjetivos compostos recebem a flexão feminina apenas
um significado; e no feminino têm outro, diferente. Marque a no segundo elemento: sociedade luso-brasileira / festa cívico-
alternativa em que há um substantivo que não corresponde ao religiosa / são – sã.
seu significado: Às vezes, os adjetivos são empregados como substantivos
(A) O capital = dinheiro; ou como advérbios: Agia como um ingênuo. (adjetivo como
A capital = cidade principal; substantivo: acompanha um artigo). A cerveja que desce
(B) O grama = unidade de medida; redondo. (adjetivo como advérbio: redondamente).
A grama = vegetação rasteira;
(C) O rádio = aparelho transmissor; Número
A rádio = estação geradora;
(D) O cabeça = o chefe; O plural dos adjetivos simples flexiona de acordo com o
A cabeça = parte do corpo; substantivo a que se referem: menino chorão = meninos
(E) A cura = o médico. chorões / garota sensível = garotas sensíveis.
O cura = ato de curar.
- quando os dois elementos formadores são adjetivos, só o
Gabarito segundo vai para o plural: questões político-partidárias, olhos
castanho-claros, senadores democrata-cristãos.
01.C / 02.E / 03.D / 04.C / 05.E - composto formado de adjetivo + substantivo referindo-se
a cores, o adjetivo cor e o substantivo permanecem invariáveis,
Adjetivo não vão para o plural: terno azul-petróleo = ternos azul-
petróleo (adjetivo azul, substantivo petróleo); saia amarelo-
É a palavra variável em gênero, número e grau que canário = saias amarelo-canário (adjetivo, amarelo;
modifica um substantivo, atribuindo-lhe uma qualidade, substantivo canário).
estado, ou modo de ser: laranjeira florida; céu azul; mau tempo. - as locuções adjetivas formadas de cor + de + substantivo,
Os adjetivos classificam-se em: ficam invariáveis: papel cor-de-rosa = papéis cor-de-rosa /
- simples: apresentam um único radical, uma única palavra olho cor-de-mel = olhos cor-de-mel.
em sua estrutura: alegre, medroso, simpático. - são invariáveis os adjetivos raios ultravioleta / alegrias
- compostos: apresentam mais de um radical, mais de duas sem-par, piadas sem-sal.
palavras em sua estrutura: estrelas azul-claras; sapatos
marrom-escuros. Grau
- primitivos: são os que vieram primeiro; dão origem a
outras palavras: atual, livre, triste, amarelo, brando. O grau do adjetivo exprime a intensidade das qualidades
- derivados: são aqueles formados por derivação, vieram dos seres. O adjetivo apresenta duas variações de grau:
depois dos primitivos: amarelado, ilegal, infeliz, comparativo e superlativo.
desconfortável.
- pátrios: indicam procedência ou nacionalidade, referem- O grau comparativo é usado para comparar uma
se a cidades, estados, países. Amapá: amapaense; Amazonas: qualidade entre dois ou mais seres, ou duas ou mais
amazonense ou baré; Anápolis: anapolino; Angra dos Reis: qualidades de um mesmo ser. Pode ser de igualdade, de
angrense; Aracajú: aracajuano ou aracajuense; Bahia: baiano. superioridade e de inferioridade:
Pode-se utilizar os adjetivos pátrios compostos, como: - de igualdade: iguala duas coisas ou duas pessoas: Sou
afro-brasileiro; Anglo-americano, franco-italiano, sino- tão alto quão / quanto / como você. (As duas pessoas têm a
japonês (China e Japão); Américo-francês; luso-brasileira; mesma altura)
nipo-argentina (Japão e Argentina); teuto-argentinos
(alemão). - de superioridade: iguala duas pessoas / coisas sendo que
uma é mais do que a outra: Minha amiga Manu é mais
Locução Adjetiva: é a expressão que tem o mesmo valor elegante do que / que eu. (Das duas, a Manu é mais) Podem
de um adjetivo. É formada por preposição + um substantivo. ser:
Vejamos algumas locuções adjetivas: Analítico: mais bom / mais mau / mais grande / mais
pequeno: O salário é mais pequeno do que / que justo (salário
pequeno e justo). Quando comparamos duas qualidades de um
Língua Portuguesa 52
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APOSTILAS OPÇÃO
mesmo ser, podemos usar as formas: mais grande, mais mau, coração não é o órgão do amor! Ao contrário do que dizem, não
mais bom, mais pequeno. é ali que moram os sentimentos. Puxa, para que serve ele,
Sintético: bom, melhor / mau, pior / grande, maior / afinal? Calma, não jogue o coração para escanteio, ele é
pequeno, menor: Esta sala é melhor do que / que aquela. superimportante. “É um órgão vital. É dele a função de
bombear sangue para todas as células de nosso corpo”, explica
- de inferioridade: um elemento é menor do que outro: Sérgio Jardim, cardiologista do Hospital do Coração.
Somos menos passivos do que / que tolerantes. O coração é um músculo oco, por onde passa o sangue, e
tem dois sistemas de bombeamento independentes. Com essas
O grau superlativo apresenta característica intensificada. “bombas” ele recebe o sangue das veias e lança para as
Pode ser absoluto ou relativo: artérias. Para isso contrai e relaxa, diminuindo e aumentando
de tamanho. E o que tem a ver com o amor? “Ele realmente
- Absoluto: atribuída a um só ser; de forma absoluta. Pode bate mais rápido quando uma pessoa está apaixonada. O corpo
ser: libera adrenalina, aumentando os batimentos cardíacos e a
Analítico: advérbio de intensidade muito, intensamente, pressão arterial”.
bastante, extremamente, excepcionalmente + adjetivo (Nicola é (O Estado de São Paulo, 09/06/2012, caderno suplementar, p. 6)
extremamente simpático).
Sintético: adjetivo + issimo, imo, ílimo, érrimo (Minha Nas frases “ele é superimportante” e “Ele realmente bate
comadre Mariinha é agradabilíssima). mais rápido quando uma pessoa está apaixonada”, há dois
exemplos de variação de grau.
- o sufixo -érrimo é restrito aos adjetivos latinos
terminados em r; pauper (pobre) = paupérrimo; macer Sobre essas variações, assinale a afirmativa correta.
(magro) = macérrimo; (A) Apenas na primeira frase há uma variação de grau de
- forma popular: radical do adjetivo português + íssimo adjetivo.
(pobríssimo); (B) Nas duas ocorrências ocorre o superlativo de adjetivos.
- adjetivos terminados em vel + bilíssimo: amável = (C) Apenas na segunda ocorrência ocorre o grau
amabilíssimo; comparativo do adjetivo.
- adjetivos terminados em eio formam o superlativo (D) Na primeira ocorrência, a variação de grau ocorre por
apenas com i: feio = feíssimo / cheio = cheíssimo. meio de um sufixo.
- os adjetivos terminados em io forma o superlativo em (E) Apenas na primeira frase há variação de grau.
iíssimo: sério = seriíssimo / necessário = necessariíssimo /
frio = friíssimo. 03. (Banestes - Técnico Bancário - FGV/2018) O
adjetivo ilimitado corresponde à locução “sem limites”; a
Usa-se também, no superlativo: locução com igual estrutura que NÃO corresponde ao adjetivo
abaixo destacado é:
- prefixos: maxinflação / hipermercado / (A) Os turistas ficaram inertes durante a ação policial /
ultrassonografia / supersimpática. sem ação;
- expressões: suja à beça / pra lá de sério / duro que nem (B) O turista incauto ficou assustado com a ação policial /
sola / podre de rico / linda de morrer / magro de dar pena. sem cautela;
- adjetivos repetidos: fofinho, fofinho (=fofíssimo) / (C) O vocalista da banda saiu ileso do acidente / sem
linda, linda (=lindíssima). ferimento;
- diminutivo ou aumentativo: cheinha / pequenininha / (D) O presidente da Coreia passou incógnito pela França /
grandalhão / gostosão / bonitão. sem ser percebido;
- linguagem informal, sufixo érrimo, em vez de íssimo: (E) O novo livro do autor estava ainda inédito / sem editor.
chiquérrimo, chiquetérrimo, elegantérrimo.
04. (Banestes - Analista Econômico Financeiro - Gestão
- Relativo: ressalta a qualidade de um ser entre muitos, Contábil - FGV/2018) Na escrita, pode-se optar
com a mesma qualidade. Pode ser: frequentemente entre uma construção de substantivo +
De Superioridade: Wilma é a mais prendada de todas as locução adjetiva ou substantivo + adjetivo (esportes da água =
suas amigas. (Ela é a mais de todas) esportes aquáticos).
De Inferioridade: Paulo César é o menos tímido dos filhos.
O termo abaixo sublinhado que NÃO pode ser substituído
Questões por um adjetivo é:
(A) A indústria causou a poluição do rio;
01. (COMPESA - Analista de Gestão - Advogado - (B) As águas do rio ficaram poluídas;
FGV/2016) A substituição da oração adjetiva por um adjetivo (C) As margens do rio estão cheias de lama;
de valor equivalente está feita de forma inadequada em: (D) Os turistas se encantam com a imagem do rio;
(A) “Quando você elimina o impossível, o que sobra, por (E) Os peixes do rio são bem saborosos.
mais improvável que pareça, só pode ser a verdade”. / restante
(B) “Sábio é aquele que conhece os limites da própria 05. (Pref. Paulínia/SP - Engenheiro Agrônomo -
ignorância”. / consciente dos limites da própria ignorância. FGV/2016) “O povo, ingênuo e sem fé das verdades, quer ao
(C) “A única coisa que vem sem esforço é a idade”. / menos crer na fábula, e pouco apreço dá às demonstrações
indiferente científicas.” (Machado de Assis)
(D) “Adoro a humanidade. O que não suporto são as
pessoas”. / insuportável No fragmento acima, os dois adjetivos sublinhados
(E) “Com o tempo não vamos ficando sozinhos apenas possuem, respectivamente, os valores de
pelos que se foram: vamos ficando sozinhos uns dos outros”. / (A) qualidade e estado.
falecidos (B) estado e relação.
(C) relação e característica.
02. (SEPOG/RO - Técnico em Tecnologia da Informação (D) característica e qualidade.
e Comunicação - FGV/2018) Temos uma notícia triste: o (E) qualidade e relação.
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APOSTILAS OPÇÃO
(=expressão intensificadora). Não se preocupe; aquilo é uma - O relativo cujo e suas flexões equivalem a de que, do qual,
tranqueira! (=expressão depreciativa) de quem e estabelecem relação de posse entre o antecedente e
- as formas nisso e nisto podem ser usadas com valor de o termo seguinte. (cujo, vem sempre entre dois substantivos)
então ou nesse momento. Ex.: A festa estava desanimada; nisso, - O pronome relativo pode vir sem antecedente claro,
a orquestra tocou um samba e todos caíram na dança. explícito; é classificado, portanto, como relativo indefinido, e
- os demonstrativos esse, essa, são usados para destacar um não vem precedido de preposição. Ex.: Quem casa quer casa;
elemento anteriormente expresso. Ex.: Ninguém ligou para o Feliz o homem cujo objetivo é a honestidade; Estas são as
incidente, mas os pais, esses resolveram tirar tudo a limpo. pessoas de cujos nomes nunca vou me esquecer.
- Só se usa o relativo cujo quando o consequente é
Pronomes Indefinidos diferente do antecedente. Ex.: O escritor cujo livro te falei é
São aqueles que se referem à 3ª pessoa do discurso de paulista.
modo vago indefinido, impreciso: Alguém disse que Paulo - O pronome cujo não admite artigo nem antes nem depois
César seria o vencedor. Alguns desses pronomes são variáveis de si.
em gênero e número; outros são invariáveis. - O relativo onde é usado para indicar lugar e equivale a:
Variáveis: algum, nenhum, todo, outro, muito, pouco, em que, no qual. Ex.: Desconheço o lugar onde vende tudo
certo, vários, tanto, quanto, um, bastante, qualquer. mais barato. (= lugar em que)
Invariáveis: alguém, ninguém, tudo, outrem, algo, quem, - Quanto, quantos e quantas são relativos quando usados
nada, cada, mais, menos, demais. depois de tudo, todos, tanto. Ex.: Naquele momento, a querida
comadre Naldete, falou tudo quanto sabia.
Emprego dos Pronomes Indefinidos
Pronomes Interrogativos
- O indefinido cada deve sempre vir acompanhado de um São os pronomes em frases interrogativas diretas ou
substantivo ou numeral, nunca sozinho: Ganharam cem indiretas. Os principais interrogativos são: que, quem, qual,
dólares cada um. (inadequado: Ganharam cem dólares cada.) quanto:
- Certo, certa, certos, certas, vários, várias, são indefinidos - Afinal, quem foram os prefeitos desta cidade?
quando colocados antes dos substantivos, e adjetivos quando (interrogativa direta, COM o ponto de interrogação)
colocados depois do substantivo: Certo dia perdi o controle da - Gostaria de saber quem foram os prefeitos desta cidade.
situação. (antes do substantivo= indefinido); Eles voltarão no (interrogativa indireta, SEM a interrogação)
dia certo. (depois do substantivo=adjetivo).
- Todo, toda (somente no singular) sem artigo, equivale a Questões
qualquer: Todo ser nasce chorando. (=qualquer ser;
indetermina, generaliza). 01. (CRP 2º Região/PE - Psicólogo Orientador - Fiscal -
- Outrem significa outra pessoa. Ex.: Nunca se sabe o Quadrix/2018)
pensamento de outrem.
- Qualquer, plural quaisquer. Ex.: Fazemos quaisquer
negócios.
Pronomes Relativos
São aqueles que representam, numa 2ª oração, alguma
palavra que já apareceu na oração anterior. Essa palavra da
oração anterior chama-se antecedente: Comprei um carro que
é movido a álcool e à gasolina. É Flex Power. Percebe-se que o
pronome relativo que, substitui na 2ª oração, o carro, por isso
a palavra que é um pronome relativo. Dica: substituir que por
o, a, os, as, qual / quais.
Os pronomes relativos estão divididos em variáveis e
invariáveis.
Variáveis: o qual, os quais, a qual, as quais, cujo, cujos, cuja,
cujas, quanto, quantos; Em "Mas ele não tinha muitas chances", as palavras
Invariáveis: que, quem, quando, como, onde. classificam-se, morfologicamente, na ordem em que aparecem,
como
Emprego dos Pronomes Relativos (A) preposição, pronome, advérbio, ação, nome e adjetivo.
(B) conjunção, pronome, advérbio, verbo, pronome e
- O relativo que, por ser o mais usado, é chamado de substantivo.
relativo universal. Ele pode ser empregado com referência à (C) interjeição, pronome, nome, verbo, artigo e adjetivo.
pessoa ou coisa, no plural ou no singular. Ex.: Este é o CD novo (D) conector, nome, adjetivo, verbo, pronome e nome.
que acabei de comprar; João Adolfo é o cara que pedi a Deus. (E) conjunção, substantivo, advérbio, verbo, advérbio e
- O relativo que pode ter por seu antecedente o pronome adjetivo.
demonstrativo o, a, os, as. Ex.: Não entendi o que você quis
dizer. (o que = aquilo que). 02. (IF/PA - Auxiliar em Administração -
- O relativo quem refere se a pessoa e vem sempre FUNRIO/2016) O emprego do pronome relativo está de
precedido de preposição. Ex.: Marco Aurélio é o advogado a acordo com as normas da língua-padrão em:
quem eu me referi. (A) Finalmente aprovaram o decreto que lutamos tanto
por ele.
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APOSTILAS OPÇÃO
(B) Nas próximas férias, minha meta é fazer tudo que tenho O emprego do pronome “aquela” na charge:
direito. (A) Dá uma conotação irônica à frase.
(C) Eu aprovaria o texto daquele parecer que o relator (B) Representa uma forma indireta de se dirigir ao casal.
apresentou ontem. (C) Permite situar no espaço aquilo a que se refere.
(D) Existe um escritor brasileiro que todos os brasileiros (D) Indica posse do falante.
nos orgulhamos. (E) Evita a repetição do verbo.
(E) Na política, às vezes acontecem traições onde mostram
muita sordidez. 05. (Pref. Florianópolis/SC - Auxiliar de Sala -
FEPESE/2016) Analise a frase abaixo:
03. (Eletrobras/Eletrosul - Técnico de Segurança do
Trabalho - FCC/2016) “O professor discutiu............mesmos a respeito da
desavença entre .........e ........ .
Abu Dhabi constrói cidade do futuro, com tudo movido a
energia solar Assinale a alternativa que completa corretamente as
lacunas do texto.
Bem no meio do deserto, há um lugar onde o calor é extremo. (A) com nós - eu - ti
Sessenta e três graus ou até mais no verão. E foi exatamente por (B) conosco - eu - tu
causa da temperatura que foi construída em Abu Dhabi uma das (C) conosco - mim - ti
maiores usinas de energia solar do mundo. (D) conosco - mim - tu
Os Emirados Árabes estão investindo em fontes energéticas (E) com nós - mim - ti
renováveis. Não vão substituir o petróleo, que eles têm de sobra
por mais 100 anos pelo menos. O que pretendem é diversificar e Gabarito
poluir menos. Uma aposta no futuro.
A preocupação com o planeta levou Abu Dhabi a tirar do 01.B / 02.C / 03.B / 04.C / 05.E
papel a cidade sustentável de Masdar. Dez por cento do
planejado está pronto. Um traçado urbanístico ousado, que Verbo
deixa os carros de fora. Lá só se anda a pé ou de bicicleta. As ruas
são bem estreitas para que um prédio faça sombra no outro. É É a palavra que indica ação, movimento, fenômenos da
perfeito para o deserto. Os revestimentos das paredes isolam o natureza, estado, mudança de estado. Flexiona-se em:
calor. E a direção dos ventos foi estudada para criar corredores - número (singular e plural);
de brisa. - pessoa (primeira, segunda e terceira);
(Adaptado de: “Abu Dhabi constrói cidade do futuro, com tudo movido a - modo (indicativo, subjuntivo e imperativo, formas
energia solar”. Disponível
em:http://g1.globo.com/globoreporter/noticia/2016/04/abu-dhabi-constroi-
nominais: gerúndio, infinitivo e particípio);
cidade-do-futuro-com-tudo-movido-energia-solar.html) - tempo (presente, passado e futuro);
- e apresenta voz (ativa, passiva, reflexiva).
Considere as seguintes passagens do texto:
I. E foi exatamente por causa da temperatura que foi De acordo com a vogal temática, os verbos estão agrupados
construída em Abu Dhabi uma das maiores usinas de energia em três conjugações:
solar do mundo. (1º parágrafo) 1ª conjugação – ar: cantar, dançar, pular.
II. Não vão substituir o petróleo, que eles têm de sobra por 2ª conjugação – er: beber, correr, entreter.
mais 100 anos pelo menos. (2º parágrafo) 3ª conjugação – ir: partir, rir, abrir.
III. Um traçado urbanístico ousado, que deixa os carros de
fora. (3º parágrafo) O verbo pôr e seus derivados (repor, depor, dispor,
IV. As ruas são bem estreitas para que um prédio faça compor, impor) pertencem a 2ª conjugação devido à sua
sombra no outro. (3º parágrafo) origem latina poer.
O termo “que” é pronome e pode ser substituído por “o Elementos Estruturais do Verbo
qual” APENAS em As formas verbais apresentam três elementos em sua
(A) I e II. estrutura: radical, vogal temática e tema.
(B) II e III. Radical: elemento mórfico (morfema) que concentra o
(C) I, II e IV. significado essencial do verbo. Observe as formas verbais da
(D) I e IV. 1ª conjugação: contar, esperar, brincar. Flexionando esses
(E) III e IV. verbos, nota-se que há uma parte que não muda, e que nela
está o significado real do verbo.
04. (Pref. Itaquitinga/PE - Assistente Administrativo - cont é o radical do verbo contar;
IDHTEC/2016) esper é o radical do verbo esperar;
brinc é o radical do verbo brincar.
Língua Portuguesa 58
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APOSTILAS OPÇÃO
Desinências: são elementos que se juntam ao radical, ou - Futuro do Pretérito: para expressar um acontecimento
ao tema, para indicar as flexões de modo e tempo, desinências posterior a um outro acontecimento passado. Ex.: Compraria
modo temporais e desinências número pessoais. um carro se tivesse dinheiro
Língua Portuguesa 59
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APOSTILAS OPÇÃO
23 https://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf69.php
Língua Portuguesa 60
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APOSTILAS OPÇÃO
- Quando apresentar reciprocidade ou reflexibilidade Em relação a esses empregos do verbo ter, assinale a
de ação. Exs.: alternativa correta.
Vi os alunos abraçarem-se alegremente. (A) Em ambos, o verbo é impessoal.
Fizemos os adversários cumprimentarem-se com (B) Ambos estão na terceira pessoa do plural do presente
gentileza. do modo indicativo.
Mandei as meninas olharem-se no espelho. (C) Ambos estão na terceira pessoa do singular do presente
do modo indicativo.
Gerúndio (D) Ambos estão no presente do modo indicativo, embora
Pode funcionar como adjetivo ou advérbio. Ex.: Saindo de o primeiro esteja na terceira pessoa do singular e o segundo na
casa, encontrei alguns amigos. (Função de advérbio); Nas ruas, terceira pessoa do plural.
havia crianças vendendo doces. (Função adjetivo) (E) Ambos estão no presente do modo subjuntivo, embora
Na forma simples, o gerúndio expressa uma ação em curso; o primeiro esteja na terceira pessoa do singular e o segundo na
na forma composta, uma ação concluída. Ex.: Trabalhando, terceira pessoa do plural.
aprenderás o valor do dinheiro; Tendo trabalhado, aprendeu o
valor do dinheiro. 02. (PC/SP - Escrivão de Polícia - VUNESP/2018)
Língua Portuguesa 61
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APOSTILAS OPÇÃO
Gabarito
24
https://www.conjugacao.com.br/locucao-verbal/
Língua Portuguesa 62
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APOSTILAS OPÇÃO
Assinale a alternativa que contém uma locução verbal Lugar: aqui, acolá, atrás, acima, adiante, ali, abaixo, além,
extraída do cartum. algures (=em algum lugar), aquém, alhures (= em outro lugar),
(A) Não terão. dentro, defronte, fora, longe, perto.
(B) Como andar. Modo: assim, bem, depressa, aliás (= de outro modo ),
(C) Vai chegar. devagar, mal, melhor, pior, e a maior parte dos advérbios que
(D) Todos terão. termina em mente: calmamente, suavemente, rapidamente,
tristemente.
02. (CRQ 4ª REGIÃO/SP - Fiscal - QUADRIX) Afirmação: certamente, decerto, deveras, efetivamente,
realmente, sim, seguramente.
Negação: absolutamente, de modo algum, de jeito
nenhum, nem, não, tampouco (=também não).
Intensidade: apenas, assaz, bastante, bem, demais, mais,
meio, menos, muito, quase, quanto, tão, tanto, pouco.
Dúvida: acaso, eventuamente, por ventura, quiçá,
possivelmente, talvez.
Comparativo de:
Qual forma verbal substituiria, sem causar alteração de Igualdade - tão + advérbio + quanto, como: Sou tão feliz
sentido, a locução verbal "vou ter", que aparece no primeiro quanto / como você.
quadrinho? Superioridade - Analítico: mais do que. Ex.: Raquel é mais
(A) "terei". elegante do que eu.
(B) "teria". - Sintético: melhor, pior que. Ex.:
(C) "tivera". Amanhã será melhor do que hoje.
(D) "tenha". Inferioridade - menos do que: Falei menos do que devia.
(E) "tinha".
Superlativo Absoluto:
03. (Pref. João Pessoa/PB - Professor Língua Analítico - mais, muito, pouco,menos: O candidato
Portuguesa - FGV) Uma locução verbal é o conjunto formado defendeu-se muito mal.
por um verbo auxiliar + um verbo principal, este último Sintético - íssimo, érrimo: Localizei-o rapídíssimo.
sempre em forma nominal. Nas frases a seguir as formas
verbais sublinhadas constituem uma locução verbal, à exceção Emprego do Advérbio
de uma. Assinale‐a. - Na linguagem coloquial, familiar, é comum o emprego do
(A) Todos podem entrar assim que chegarem. sufixo diminutivo dando aos advérbios o valor de superlativo
(B) Se os grevistas querem trabalhar menos, não vou sintético: agorinha, cedinho, pertinho, devagarinho,
atendê‐los. depressinha, rapidinho (bem rápido). Exs.: Rapidinho chegou
(C) Deixem entrar todos os atrasados. a casa; Moro pertinho da universidade.
(D) Elas não sabem cozinhar como antigamente. - Frequentemente empregamos adjetivos com valor de
(E) A plantação foi‐se expandindo para os lados advérbio: A cerveja que desce redondo. (redondamente)
- Bastante - antes de adjetivo, é advérbio, portanto, não vai
Gabarito para o plural; equivale a muito / a: Aquelas jovens são bastante
simpáticas e gentis.
01.C / 02.A / 03.C - Bastante - antes de substantivo, é adjetivo, portanto vai
para o plural, equivale a muitos / as: Contei bastantes estrelas
Advérbio no céu.
- Não confunda mal (advérbio, oposto de bem) com mau
É a palavra invariável que modifica um verbo (Chegou (adjetivo, oposto de bom): Mal cheguei a casa, encontrei-a de
cedo), um outro advérbio (Falou muito bem), um adjetivo mau humor.
(Estava muito bonita). - Antes de verbo no particípio, diz-se mais bem, mais mal:
Ficamos mais bem informados depois do noticiário notumo.
De acordo com a circunstância que exprime, o advérbio - Em frase negativa o advérbio já equivale a mais: Já não se
pode ser de: fazem professores como antigamente. (=não se fazem mais)
Tempo: ainda, agora, antigamente, antes, amiúde - Na locução adverbial a olhos vistos (=claramente), o
(=sempre), amanhã, breve, brevemente, cedo, diariamente, particípio permanece no masculino plural: Minha irmã Zuleide
depois, depressa, hoje, imediatamente, já, lentamente, logo, emagrecia a olhos vistos.
novamente, outrora.
Língua Portuguesa 63
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APOSTILAS OPÇÃO
- Dois ou mais advérbios terminados em mente, apenas no surpreendentes. Portanto, não podemos imaginar que
último permanece mente: Educada e pacientemente, falei a respostas ela dará, em poucos decêndios, aos problemas que
todos. formulamos. Talvez essas respostas venham a ser tais que
- A repetição de um mesmo advérbio assume o valor farão o edifício de nossas hipóteses colapsar”. Provavelmente,
superlativo: Levantei cedo, cedo. é sua frase menos citada. Por razões óbvias.
(Galileu, novembro de 2017. Adaptado)
Palavras e Locuções Denotativas: São palavras
semelhantes a advérbios e que não possuem classificação Nos trechos – … Talvez porque o autor das ideias não esteja
especial. Não se enquadram em nenhuma das dez classes de mais aqui… – ; – … nunca se apaixonou por suas ideias… – ; – A
palavras. São chamadas de denotativas e exprimem: Biologia é realmente um campo de possibilidades ilimitadas…
Afetividade: felizmente, infelizmente, ainda bem. Ex.: Ainda – e – Provavelmente, é sua frase menos citada. –, os advérbios
bem que você veio. destacados expressam, correta e respectivamente,
Designação, Indicação: eis. Ex.: Eis aqui o herói da turma. circunstância de:
Exclusão: exclusive, menos, exceto, fora, salvo, senão, (A) lugar; tempo; modo; afirmação.
sequer: Ex.: Não me disse sequer uma palavra de amor. (B) lugar; tempo; afirmação; dúvida.
Inclusão: inclusive, também, mesmo, ainda, até, além disso, (C) lugar; negação; modo; intensidade.
de mais a mais. Ex.: Também há flores no céu. (D) afirmação; negação; afirmação; afirmação.
Limitação: só, apenas, somente, unicamente. Ex.: Só Deus é (E) afirmação; negação; modo; dúvida.
perfeito.
Realce: cá, lá, é que, sobretudo, mesmo. Ex.: Sei lá o que ele Gabarito
quis dizer!
Retificação: aliás, ou melhor, isto é, ou antes. Ex.: Irei à 01.B / 02.C / 03.D / 04.B / 05.B
Bahia na próxima semana, ou melhor, no próximo mês.
Explicação: por exemplo, a saber. Ex.: Você, por exemplo, Preposição
tem bom caráter.
É a palavra invariável que liga um termo dependente a um
Questões termo principal, estabelecendo uma relação entre ambos. As
preposições podem ser: essenciais ou acidentais.
01. Assinale a frase em que meio funciona como advérbio:
(A) Só quero meio quilo. As preposições essenciais atuam exclusivamente como
(B) Achei-o meio triste. preposições. São: a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em,
(C) Descobri o meio de acertar. entre, para, perante, por, sem, sob, sobre, trás. Exs.: Não dê
(D) Parou no meio da rua. atenção a fofocas; Perante todos disse, sim.
(E) Comprou um metro e meio.
As preposições acidentais são palavras de outras classes
02. Só não há advérbio em: que atuam eventualmente como preposições. São: como (=na
(A) Não o quero. qualidade de), conforme (=de acordo com), consoante, exceto,
(B) Ali está o material. mediante, salvo, visto, segundo, senão, tirante. Ex.: Agia
(C) Tudo está correto. conforme sua vontade. (= de acordo com)
(D) Talvez ele fale.
(E) Já cheguei. - O artigo definido a que vem sempre acompanhado de um
substantivo, é flexionado: a casa, as casas, a árvore, as árvores,
03. Qual das frases abaixo possui advérbio de modo? a estrela, as estrelas. A preposição a nunca vai para o plural e
(A) Realmente ela errou. não estabelece concordância com o substantivo. Ex.: Fiz todo o
(B) Antigamente era mais pacato o mundo. percurso a pé. (não há concordância com o substantivo
(C) Lá está teu primo. masculino pé)
(D) Ela fala bem. - As preposições essenciais são sempre seguidas dos
(E) Estava bem cansado. pronomes pessoais oblíquos: Despediu-se de mim
rapidamente. Não vá sem mim.
04. Classifique a locução adverbial que aparece em
"Machucou-se com a lâmina". Locuções Prepositivas: é o conjunto de duas ou mais
(A) modo palavras que têm o valor de uma preposição. A última palavra
(B) instrumento é sempre uma preposição. Veja quais são: abaixo de, acerca de,
(C) causa acima de, ao lado de, a respeito de, de acordo com, dentro de,
(D) concessão embaixo de, em cima de, em frente a, em redor de, graças a,
(E) fim junto a, junto de, perto de, por causa de, por cima de, por trás
de, a fim de, além de, antes de, a par de, a partir de, apesar de,
05. (PC/SP - Investigador de Polícia - VUNESP/2018) através de, defronte de, em favor de, em lugar de, em vez de,
Nos EUA, a psicanálise lembra um pouco certas seitas – as (=no lugar de), ao invés de (=ao contrário de), para com, até a.
ideias do fundador são institucionalizadas e defendidas por - Não confunda locução prepositiva com locução adverbial.
discípulos ferrenhos, mas suas instituições parecem não Na locução adverbial, nunca há uma preposição no final, e sim
responder às necessidades atuais da sociedade. Talvez porque no começo: Vimos de perto o fenômeno do “tsunami”.
o autor das ideias não esteja mais aqui para atualizá-las. (locução adverbial); O acidente ocorreu perto de meu atelier.
Freud era um neurologista, e queria encontrar na Biologia (locução prepositiva)
as bases do comportamento. Como a tecnologia de então não - Uma preposição ou locução prepositiva pode vir com
lhe permitia avançar, passou a elaborar uma teoria, criando a outra preposição: Abola passou por entre as pernas do
psicanálise. Cientista que era, contudo, nunca se apaixonou por goleiro. Mas é inadequado dizer: Proibido para menores de até
suas ideias, revisando sua obra ao longo da vida. Ele chegou a 18 anos; Financiamento em até 24 meses.
afirmar: “A Biologia é realmente um campo de possibilidades
ilimitadas do qual podemos esperar as elucidações mais
Língua Portuguesa 64
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APOSTILAS OPÇÃO
Combinações e Contrações Em
Combinação: ocorre quando não há perda de fonemas: (lugar): Moramos em Lucélia há alguns anos.
a+o, os= ao, aos / a+onde = aonde. Matéria: As queridas amigas Nilceia e Nadélgia moram em
Contração: ocorre quando a preposição perde fonemas: Curitiba.
de+a, o, as, os, esta, este, isto = da, do, das, dos, desta, deste, Especialidade: Minha amiga Cidinha formou-se em Letras.
disto. Tempo: Tudo aconteceu em doze horas.
- em+ um, uma, uns, umas, isto, isso, aquilo, aquele, aquela,
aqueles, aquelas = num, numa, nuns, numas, nisto, nisso, Entre (posição entre dois limites): Convém colocar o vidro
naquilo, naquele, naquela, naqueles. entre dois suportes.
- de+ entre, aquele, aquela, aquilo = dentre, daquele,
daquela, daquilo. Para
- para+ a = pra. Direção: Não lhe interessava mais ir para a Europa.
A contração da preposição a com os artigos ou pronomes Tempo: Pretendo vê-lo lá para o final da semana.
demonstrativos a, as, aquele, aquela, aquilo recebe o nome de Finalidade: Lute sempre para viver com dignidade.
crase e é assinalada na escrita pelo acento grave ficando assim: A preposição para indica permanência definitiva. Vou
à, às, àquele, àquela, àquilo. para o litoral. (ideia de morar)
Contra
(oposição, hostilidade): Revoltou-se contra a decisão do
tribunal.
Direção a um limite: Bateu contra o muro e caiu.
Língua Portuguesa 65
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APOSTILAS OPÇÃO
Língua Portuguesa 66
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APOSTILAS OPÇÃO
Língua Portuguesa 67
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APOSTILAS OPÇÃO
Ligam uma oração principal a uma oração subordinativa, 01. (PC/SP - Papiloscopista Policial - VUNESP/2018)
com verbo flexionado.
Exemplos:
Todos perceberam que você estava atrasado.
Aposto como você estava nervosa.
6. Condicionais (Condição) – Se / Caso / Desde que 02. (Prefeitura Trindade/GO - Auxiliar Administrativo
Exemplos: - FUNRIO/2016)
Comprarei o livro, desde que esteja disponível.
Se chover, não poderemos ir. OMS recomenda ingerir menos de cinco gramas de sal
por dia
7. Comparativas (Comparação) – Como / Que / Do que /
Quanto / Que nem Se você tem o hábito de pegar no saleiro e polvilhar a
Exemplos: comida com umas pitadas de sal, é melhor pensar duas vezes.
Os filhos comeram como leões. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomendou esta
A luz é mais veloz do que o som. quinta-feira que um adulto consuma por dia menos de dois
gramas de sódio – ou seja, menos de cinco gramas de sal – para
8. Conformativas (Conformidade) – Como / Conforme / reduzir os níveis de pressão arterial e as doenças
Segundo cardiovasculares.
Exemplos: Pela primeira vez, a OMS faz recomendações também para
As coisas não são como parecem. as crianças com mais de dois anos de idade, para que as
Farei tudo, conforme foi pedido. doenças relacionadas com a alimentação não se tornem
crônicas na idade adulta. Neste caso, a OMS diz que os valores
9. Consecutivas (Consequência) – Que (precedido dos devem ainda ser mais baixos do que os dois gramas de sódio,
termos: tal, tão, tanto...) / De forma que devendo ser adaptados tendo em conta o tamanho, a idade e
Exemplos: as necessidades energéticas.
Teresa Firmino Adaptado de publico.pt/ciencia
A menina chorou tanto, que não conseguiu ir para a escola.
Ontem estive viajando, de forma que não consegui
participar da reunião. Em para reduzir os níveis de pressão arterial e as doenças
cardiovasculares, a palavra para expressa o seguinte
10. Concessivas (Concessão) – Embora / Conquanto / significado:
Ainda que / Mesmo que / Por mais que (A) oposição
Exemplos: (B) finalidade
Todos gostaram, embora estivesse mal feito. (C) causalidade
Por mais que gritasse, ninguém o socorreu. (D) comparação
(E) temporalidade
Língua Portuguesa 68
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APOSTILAS OPÇÃO
mormaço com M maiúsculo. Mormaço, para mim, era um velho não convém à indústria farmacêutica nem ao sistema cujo
que pegava crianças! Ia pra dentro logo. E ainda hoje, quando objetivo primordial é a apropriação privada da riqueza.
leio que alguém se viu perseguido pelo clamor público, vejo
com estes olhos o Sr. Clamor Público, magro, arquejante, de Sobre os itens lexicais destacados no fragmento, estão
preto, brandindo um guarda-chuva, com um gogó corretas as afirmativas, EXCETO:
protuberante que se abaixa e levanta no excitamento da (A) A conjunção “nem” liga dois itens (indústria / sistema)
perseguição. E já estava devidamente grandezinho, pois devia indicando oposição entre eles.
contar uns trinta anos, quando me fui, com um grupo de (B) A conjunção “porque” introduz uma relação de
colegas, a ver o lançamento da pedra fundamental da ponte causalidade entre as partes do período de que faz a ligação.
Uruguaiana-Libres, ocasião de grandes solenidades, com os (C) O conectivo “se” poderia ser substituído por “caso” e
presidentes Justo e Getúlio, e gente muita, tanto assim que indica condicionalidade.
fomos alojados os do meu grupo num casarão que creio fosse (D) O pronome “algum” transfere sua indefinitude ao
a Prefeitura, com os demais jornalistas do Brasil e Argentina. substantivo que acompanha, “transtorno”.
Era como um alojamento de quartel, com breve espaço entre
as camas e todas as portas e janelas abertas, tudo com os Gabarito
alegres incômodos e duvidosos encantos, um vulto junto à
minha cama, senti-me estremunhado e olhei atônito para um 01.E / 02.B / 03.D / 04.B / 05.A
tipo de chiru, ali parado, de bigodes caídos, pala pendente e
chapéu descido sobre os olhos. Diante da minha muda PERÍODO
interrogação, ele resolveu explicar-se, com a devida calma:
– Pois é! Não vê que eu sou o sereno… Toda frase com uma ou mais orações constitui um período,
E eis que, por milésimo de segundo, ou talvez mais, julguei que se encerra com ponto de exclamação, interrogação ou
que se tratasse do sereno noturno em pessoa. [...] reticências.
(Mário Quintana. Caderno H. 5. ed. São Paulo: Globo, 1989, p. 153-154.) O período de uma oração pode ser: simples quando só traz
uma oração, também conhecida como oração absoluta; ou
Após a leitura do texto e considerando seu conteúdo, pode- composto quando traz mais de uma oração. Exemplo:
se afirmar quanto ao emprego da conjunção em relação à Pegou fogo no prédio. (Período simples, oração absoluta.)
titulação do texto que o sentido produzido indica Quero que você aprenda. (Período composto.)
(A) compensação de um elemento em relação ao outro.
(B) acrescentamento de um elemento em relação ao outro. Existe uma maneira prática de saber quantas orações há
(C) sobreposição do último elemento em detrimento do num período, e para isso basta contar os verbos ou locuções
primeiro. verbais. Num período haverá tantas orações quantos forem os
(D) estabelecimento de uma relação de um elemento para verbos ou as locuções verbais neles existentes. Exemplos:
com o outro.
Pegou fogo no prédio. (um verbo, uma oração)
04. (IF/PE - Técnico em Enfermagem - 2016) Quero que você aprenda. (dois verbos, duas orações)
Está pegando fogo no prédio. (uma locução verbal, uma
Crônica da cidade do Rio de Janeiro oração)
Deves estudar para poderes vencer na vida. (duas
No alto da noite do Rio de Janeiro, luminoso, generoso, o locuções verbais, duas orações)
Cristo Redentor estende os braços. Debaixo desses braços os
netos dos escravos encontram amparo. Há três tipos de período composto: por coordenação, por
Uma mulher descalça olha o Cristo, lá de baixo, e subordinação e por coordenação e subordinação ao mesmo
apontando seu fulgor, diz, muito tristemente: tempo (também chamada de período misto).
- Daqui a pouco não estará mais aí. Ouvi dizer que vão tirar
Ele daí. Período Composto por Coordenação – Orações
- Não se preocupe – tranquiliza uma vizinha. – Não se Coordenadas
preocupe: Ele volta.
A polícia mata muitos, e mais ainda mata a economia. Na Considere, por exemplo, este período composto:
cidade violenta soam tiros e também tambores: os atabaques, Passeamos pela praia, / brincamos, / recordamos os
ansiosos de consolo e de vingança, chamam os deuses tempos de infância.
africanos. Cristo sozinho não basta. 1ª oração: Passeamos pela praia
(GALEANO, Eduardo. O livro dos abraços. Porto Alegre: L&PM Pocket,
2009.)
2ª oração: brincamos
3ª oração: recordamos os tempos de infância
Na construção “A polícia mata muitos, e mais ainda mata a As três orações que compõem esse período têm sentido
economia”, a conjunção em destaque estabelece, entre as próprio e não mantêm entre si nenhuma dependência
orações, sintática: elas são independentes. Há entre elas, é claro, uma
(A) uma relação de adição. relação de sentido, mas, como já dissemos, uma não depende
(B) uma relação de oposição. da outra sintaticamente.
(C) uma relação de conclusão. As orações independentes de um período são chamadas de
(D) uma relação de explicação. orações coordenadas (OC), e o período formado só de
(E) uma relação de consequência. orações coordenadas é chamado de período composto por
coordenação.
05. (COPASA - Analista de Saneamento - Administrador
- FUMARC/2018) As orações coordenadas são classificadas em assindéticas
e sindéticas.
Se você não corresponde ao figurino neoliberal é porque - As orações coordenadas são assindéticas (OCA) quando
sofre de algum transtorno. As doenças estão em moda. não vêm introduzidas por conjunção. Exemplo:
Respiramos a cultura da medicalização. Não nos perguntamos Os torcedores gritaram, / sofreram, / vibraram.
por que há tantas enfermidades e enfermos. Esta indagação OCA OCA OCA
Língua Portuguesa 69
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APOSTILAS OPÇÃO
“Inclinei-me, apanhei o embrulho e segui.” (Machado de Ora colocava a luca, ora a retirava.
Assis)
“A noite avança, há uma paz profunda na casa deserta.” - Orações coordenadas sindéticas explicativas: que,
(Antônio Olavo Pereira) porque, pois, porquanto.
“O ferro mata apenas; o ouro infama, avilta, desonra.” Vamos andar depressa / que estamos atrasados.
(Coelho Neto) OCA OCS Explicativa
Observe que a 2ª oração é introduzida por uma conjunção
- As orações coordenadas são sindéticas (OCS) quando que expressa ideia de explicação, de justificativa em relação à
vêm introduzidas por conjunção coordenativa. Exemplo: oração anterior, ou seja, por uma conjunção coordenativa
O homem saiu do carro / e entrou na casa. explicativa.
OCA OCS
Não comprei o carro, porque estava muito caro.
As orações coordenadas sindéticas são classificadas de Cumprimente-a, pois hoje é o seu aniversário.
acordo com o sentido expresso pelas conjunções
coordenativas que as introduzem. E podem ser: Questões
- Orações coordenadas sindéticas aditivas: e, nem, não 01. Relacione as orações coordenadas por meio de
só... mas também, não só... mas ainda. conjunções:
Saí da escola / e fui à lanchonete. (A) Ouviu-se o som da bateria. Os primeiros foliões
OCA OCS Aditiva surgiram.
(B) Não durma sem cobertor. A noite está fria.
Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma (C) Quero desculpar-me. Não consigo encontrá-los.
conjunção que expressa ideia de acréscimo ou adição com
referência à oração anterior, ou seja, por uma conjunção 02. Em: “... ouviam-se amplos bocejos, fortes como o
coordenativa aditiva. marulhar das ondas...” a partícula como expressa uma ideia de:
(A) causa
O menino comprou pães e um leite. (B) explicação
As crianças não gritavam e nem choravam. (C) conclusão
Os celulares não somente instruem mas também (D) proporção
divertem. (E) comparação
- Orações coordenadas sindéticas adversativas: mas, 03. “Entrando na faculdade, procurarei emprego”, oração
porém, todavia, contudo, entretanto, no entanto. sublinhada pode indicar uma ideia de:
(A) concessão
Estudei bastante / mas não passei no teste. (B) oposição
OCA OCS Adversativa (C) condição
(D) lugar
Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma (E) consequência
conjunção que expressa ideia de oposição à oração anterior, ou
seja, por uma conjunção coordenativa adversativa. 04. Assinale a sequência de conjunções que estabelecem,
entre as orações de cada item, uma correta relação de sentido.
O aluno é estudioso, porém, suas notas são baixas. 1. Correu demais, ... caiu.
“É dura a vida, mas aceitam-na.” (Cecília Meireles) 2. Dormiu mal, ... os sonhos não o deixaram em paz.
3. A matéria perece, ... a alma é imortal.
- Orações coordenadas sindéticas conclusivas: portanto, 4. Leu o livro, ... é capaz de descrever as personagens com
por isso, pois, logo. detalhes.
5. Guarde seus pertences, ... podem servir mais tarde.
Ele me ajudou muito, / portanto merece minha gratidão.
OCA OCS Conclusiva (A) porque, todavia, portanto, logo, entretanto
(B) por isso, porque, mas, portanto, que
Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma (C) logo, porém, pois, porque, mas
conjunção que expressa ideia de conclusão de um fato (D) porém, pois, logo, todavia, porque
enunciado na oração anterior, ou seja, por uma conjunção (E) entretanto, que, porque, pois, portanto
coordenativa conclusiva.
05. Reúna as três orações em um período composto por
Vives mentindo; logo, não mereces fé. coordenação, usando conjunções adequadas.
Não tenho dinheiro, portanto não posso pagar.
Os dias já eram quentes.
- Orações coordenadas sindéticas alternativas: ou... ou, A água do mar ainda estava fria.
ora... ora, seja... seja, quer... quer. As praias permaneciam desertas.
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APOSTILAS OPÇÃO
05. Os dias já eram quentes, mas a água do mar ainda Cumpriremos nosso dever, ainda que (ou mesmo
estava fria, por isso as praias permaneciam desertas. quando ou ainda quando ou mesmo que) todos nos
critiquem.
Período Composto por Subordinação Por mais que gritasse, não me ouviram.
Observe os termos destacados em cada uma destas
orações: - Conformativas: expressam a conformidade de um fato
Vi uma cena triste. (adjunto adnominal) com outro. Conjunções: conforme, como (=conforme), segundo.
Todos querem sua participação. (objeto direto) O trabalho foi feito / conforme havíamos planejado.
Não pude sair por causa da chuva. (adjunto adverbial de OP OSA Conformativa
causa)
O homem age conforme pensa.
Veja, agora, como podemos transformar esses termos em Relatei os fatos como (ou conforme) os ouvi.
orações com a mesma função sintática: Como diz o povo, tristezas não pagam dívidas.
Vi uma cena / que me entristeceu. (oração subordinada O jornal, como sabemos, é um grande veículo de
com função de adjunto adnominal) informação.
Todos querem / que você participe. (oração subordinada
com função de objeto direto) - Temporais: acrescentam uma circunstância de tempo ao
Não pude sair / porque estava chovendo. (oração que foi expresso na oração principal. Conjunções: quando,
subordinada com função de adjunto adverbial de causa) assim que, logo que, enquanto, sempre que, depois que, mal
(=assim que).
Em todos esses períodos, a segunda oração exerce uma Ele saiu da sala / assim que eu cheguei.
certa função sintática em relação à primeira, sendo, portanto, OP OSA Temporal
subordinada a ela. Quando um período é constituído de pelo
menos um conjunto de duas orações em que uma delas (a Formiga, quando quer se perder, cria asas.
subordinada) depende sintaticamente da outra (principal), ele “Lá pelas sete da noite, quando escurecia, as casas se
é classificado como período composto por subordinação. esvaziam.” (Carlos Povina Cavalcânti)
As orações subordinadas são classificadas de acordo com a “Quando os tiranos caem, os povos se levantam.”
função que exercem: adverbiais, substantivas e adjetivas. (Marquês de Maricá)
Enquanto foi rico, todos o procuravam.
Orações Subordinadas Adverbiais (OSA)
São aquelas que exercem a função de adjunto adverbial da - Finais: expressam a finalidade ou o objetivo do que foi
oração principal (OP). São classificadas de acordo com a enunciado na oração principal. Conjunções: para que, a fim de
conjunção subordinativa que as introduz: que, porque (=para que), que.
Abri a porta do salão / para que todos pudessem entrar.
- Causais: expressam a causa do fato enunciado na oração OP OSA Final
principal. Conjunções: porque, que, como (= porque), pois que,
visto que. “O futuro se nos oculta para que nós o imaginemos.”
Não fui à escola / porque fiquei doente. (Marquês de Maricá)
OP OSA Causal Aproximei-me dele a fim de que me ouvisse melhor.
“Fiz-lhe sinal que se calasse.” (Machado de Assis) (que =
O tambor soa porque é oco. para que)
Como não me atendessem, repreendi-os severamente. “Instara muito comigo não deixasse de frequentar as
Como ele estava armado, ninguém ousou reagir. recepções da mulher.” (Machado de Assis) (não deixasse =
“Faltou à reunião, visto que esteve doente.” (Arlindo de para que não deixasse)
Sousa)
- Consecutivas: expressam a consequência do que foi
- Condicionais: expressam hipóteses ou condição para a enunciado na oração principal. Conjunções: porque, que, como
ocorrência do que foi enunciado na principal. Conjunções: se, (= porque), pois que, visto que.
contanto que, a menos que, a não ser que, desde que. A chuva foi tão forte / que inundou a cidade.
Irei à sua casa / se não chover. OP OSA Consecutiva
OP OSA Condicional
Fazia tanto frio que meus dedos estavam endurecidos.
Deus só nos perdoará se perdoarmos aos nossos “A fumaça era tanta que eu mal podia abrir os olhos.”
ofensores. (José J. Veiga)
Se o conhecesses, não o condenarias. De tal sorte a cidade crescera que não a reconhecia mais.
“Que diria o pai se soubesse disso?” (Carlos Drummond As notícias de casa eram boas, de maneira que pude
de Andrade) prolongar minha viagem.
A cápsula do satélite será recuperada, caso a experiência
tenha êxito. - Comparativas: expressam ideia de comparação com
referência à oração principal. Conjunções: como, assim como,
- Concessivas: expressam ideia ou fato contrário ao da tal como, (tão)... como, tanto como, tal qual, que (combinado
oração principal, sem, no entanto, impedir sua realização. com menos ou mais).
Conjunções: embora, ainda que, apesar de, se bem que, por mais Ela é bonita / como a mãe.
que, mesmo que. OP OSA Comparativa
Ela saiu à noite / embora estivesse doente.
OP OSA Concessiva A preguiça gasta a vida como a ferrugem consome o
Admirava-o muito, embora (ou conquanto ou posto que ferro.” (Marquês de Maricá)
ou se bem que) não o conhecesse pessoalmente. Ela o atraía irresistivelmente, como o imã atrai o ferro.
Embora não possuísse informações seguras, ainda Os retirantes deixaram a cidade tão pobres como vieram.
assim arriscou uma opinião. Como a flor se abre ao Sol, assim minha alma se abriu à
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APOSTILAS OPÇÃO
Obs.: As orações comparativas nem sempre apresentam - Oração Subordinada Substantiva Completiva
claramente o verbo, como no exemplo acima, em que está Nominal: É aquela que exerce a função de complemento
subentendido o verbo ser (como a mãe é). nominal de um termo da oração principal. Observe: Estou
convencido de sua inocência. (complemento nominal)
- Proporcionais: expressam uma ideia que se relaciona Estou convencido / de que ele é inocente.
proporcionalmente ao que foi enunciado na principal. OP OSS Completiva Nominal
Conjunções: à medida que, à proporção que, ao passo que,
quanto mais, quanto menos. Sou favorável a que o prendam. (= Sou favorável à prisão
Quanto mais reclamava / menos atenção recebia. dele.)
OSA Proporcional OP Estava ansioso por que voltasses.
Sê grato a quem te ensina.
À medida que se vive, mais se aprende. “Fabiano tinha a certeza de que não se acabaria tão
À proporção que avançávamos, as casas iam rareando. cedo.” (Graciliano Ramos)
O valor do salário, ao passo que os preços sobem, vai
diminuindo. - Oração Subordinada Substantiva Predicativa: é
aquela que exerce a função de predicativo do sujeito da oração
Orações Subordinadas Substantivas principal, vindo sempre depois do verbo ser. Observe: O
As orações subordinadas substantivas (OSS) são importante é sua felicidade. (predicativo)
aquelas que, num período, exercem funções sintáticas O importante é / que você seja feliz.
próprias de substantivos, geralmente são introduzidas pelas OP OSS Predicativa
conjunções integrantes que e se. Elas podem ser: Seu receio era que chovesse. (Seu receio era a chuva.)
Minha esperança era que ele desistisse.
- Oração Subordinada Substantiva Objetiva Direta: é Meu maior desejo agora é que me deixem em paz.
aquela que exerce a função de objeto direto do verbo da oração Não sou quem você pensa.
principal. Observe: O grupo quer a sua ajuda. (objeto direto)
O grupo quer / que você ajude. - Oração Subordinada Substantiva Apositiva: É aquela
OP OSS Objetiva Direta que exerce a função de aposto de um termo da oração
principal. Observe: Ele tinha um sonho a união de todos em
O mestre exigia que todos estivessem presentes. (= O benefício do país. (aposto)
mestre exigia a presença de todos.) Ele tinha um sonho / que todos se unissem em benefício
Mariana esperou que o marido voltasse. do país.
Ninguém pode dizer: Desta água não beberei. OP OSS Apositiva
O fiscal verificou se tudo estava em ordem.
Só desejo uma coisa: que vivam felizes. (Só desejo uma
- Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta: é coisa: a sua felicidade)
aquela que exerce a função de objeto indireto do verbo da Só lhe peço isto: honre o nosso nome.
oração principal. Observe: Necessito de sua ajuda. (objeto “Talvez o que eu houvesse sentido fosse o presságio disto:
indireto) de que virias a morrer...” (Osmã Lins)
Necessito / de que você me ajude. “Mas diga-me uma cousa, essa proposta traz algum
OP OSS Objetiva Indireta motivo oculto?” (Machado de Assis)
As orações apositivas vêm geralmente antecedidas de
Não me oponho a que você viaje. (= Não me oponho à sua dois-pontos. Podem vir, também, entre vírgulas, intercaladas à
viagem.) oração principal. Exemplo: Seu desejo, que o filho
Aconselha-o a que trabalhe mais. recuperasse a saúde, tornou-se realidade.
Daremos o prêmio a quem o merecer.
Lembre-se de que a vida é breve. Observação: Além das conjunções integrantes que e se, as
orações substantivas podem ser introduzidas por outros
- Oração Subordinada Substantiva Subjetiva: é aquela conectivos, tais como quando, como, quanto, etc. Exemplos:
que exerce a função de sujeito do verbo da oração principal. Não sei quando ele chegou.
Observe :É importante sua colaboração. (sujeito) Diga-me como resolver esse problema.
É importante / que você colabore.
OP OSS Subjetiva Orações Subordinadas Adjetivas
As orações subordinadas Adjetivas (OSA) exercem a
A oração subjetiva geralmente vem: função de adjunto adnominal de algum termo da oração
- Depois de um verbo de ligação + predicativo, em principal. Observe como podemos transformar um adjunto
construções do tipo é bom ,é útil ,é certo ,é conveniente, etc. adnominal em oração subordinada adjetiva:
Ex.: É certo que ele voltará amanhã. Desejamos uma paz duradoura. (adjunto adnominal)
- Depois de expressões na voz passiva, como sabe-se, conta- Desejamos uma paz / que dure. (oração subordinada
se, diz-se, etc. Ex.: Sabe-se que ele saiu da cidade. adjetiva)
- Depois de verbos como convir, cumprir, constar, urgir,
ocorrer, quando empregados na 3ª pessoa do singular e As orações subordinadas adjetivas são sempre
seguidos das conjunções que ou se. Ex.: Convém que todos introduzidas por um pronome relativo (que , qual, cujo, quem,
participem da reunião. etc.) e podem ser classificadas em:
É necessário que você colabore. (= Sua colaboração é - Subordinadas Adjetivas Restritivas: são restritivas
necessária.) quando restringem ou especificam o sentido da palavra a que
Parece que a situação melhorou. se referem. Exemplo:
Aconteceu que não o encontrei em casa.
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APOSTILAS OPÇÃO
O público aplaudiu o cantor / que ganhou o 1º lugar. Assim que acabou o treino, / os jogadores foram para o
OP OSA Restritiva vestiário.
OSA Temporal
Nesse exemplo, a oração que ganhou o 1º lugar especifica Acabado o treino: oração subordinada adverbial temporal,
o sentido do substantivo cantor, indicando que o público não reduzida de particípio.
aplaudiu qualquer cantor mas sim aquele que ganhou o 1º
lugar. Exemplo: Observações:
- Há orações reduzidas que permitem mais de um tipo de
Pedra que rola não cria limo. desenvolvimento. Há casos também de orações reduzidas
Os animais que se alimentam de carne chamam-se fixas, isto é, orações reduzidas que não são passíveis de
carnívoros. desenvolvimento. Exemplo: Tenho vontade de visitar essa
Rubem Braga é um dos cronistas que mais belas páginas cidade.
escreveram. - O infinitivo, o gerúndio e o particípio não constituem
“Há saudades que a gente nunca esquece.” (Olegário orações reduzidas quando fazem parte de uma locução verbal.
Mariano) Exemplos:
Preciso terminar este exercício.
- Subordinadas Adjetivas Explicativas: são explicativas Ele está jantando na sala.
quando apenas acrescentam uma qualidade à palavra a que se Essa casa foi construída por meu pai.
referem, esclarecendo um pouco mais seu sentido, mas sem - Uma oração coordenada também pode vir sob a forma
restringi-lo ou especificá-lo. Exemplo: reduzida. Exemplo:
O escritor Jorge Amado, / que mora na Bahia, / lançou um O homem fechou a porta, saindo depressa de casa.
novo livro. O homem fechou a porta e saiu depressa de casa. (oração
OP OSA Explicativa OP coordenada sindética aditiva)
Saindo depressa de casa: oração coordenada reduzida de
Deus, que é nosso pai, nos salvará. gerúndio.
Valério, que nasceu rico, acabou na miséria. Qual é a diferença entre as orações coordenadas
Ele tem amor às plantas, que cultiva com carinho. explicativas e as orações subordinadas causais, já que ambas
Alguém, que passe por ali à noite, poderá ser assaltado. podem ser iniciadas por que e porquê? Às vezes não é fácil
Observação: As explicativas são isoladas por pausas, que estabelecer a diferença entre explicativas e causais, mas como
na escrita se indicam por vírgulas.25 o próprio nome indica, as causais sempre trazem a causa de
algo que se revela na oração principal, que traz o efeito.
Orações Reduzidas Note-se também que há pausa (vírgula, na escrita) entre a
Observe que as orações subordinadas eram sempre oração explicativa e a precedente e que esta é, muitas vezes,
introduzidas por uma conjunção ou pronome relativo e imperativa, o que não acontece com a oração adverbial causal.
apresentavam o verbo na forma do indicativo ou do Essa noção de causa e efeito não existe no período
subjuntivo. Além desse tipo de orações subordinadas há composto por coordenação. Exemplo:
outras que se apresentam com o verbo numa das formas Rosa chorou porque levou uma surra. Está claro que a
nominais (infinitivo, gerúndio e particípio). Exemplos: oração iniciada pela conjunção é causal, visto que a surra foi
sem dúvida a causa do choro, que é efeito.
Ao entrar na escola, encontrei o professor de inglês. Rosa chorou, porque seus olhos estão vermelhos. O
(infinitivo) período agora é composto por coordenação, pois a oração
Precisando de ajuda, telefone-me. (gerúndio) iniciada pela conjunção traz a explicação daquilo que se
Acabado o treino, os jogadores foram para o vestiário. revelou na coordena anterior. Não existe aí relação de causa e
(particípio) efeito: o fato de os olhos de Elisa estarem vermelhos não é
causa de ela ter chorado.
As orações subordinadas que apresentam o verbo numa
das formas nominais são chamadas de reduzidas. Ela fala / como falaria / se entendesse do assunto.
Para classificar a oração que está sob a forma reduzida, OP OSA Comparativa OSA Condicional
devemos procurar desenvolvê-la do seguinte modo:
colocamos a conjunção ou o pronome relativo adequado ao Questões
sentido e passamos o verbo para uma forma do indicativo ou
subjuntivo, conforme o caso. A oração reduzida terá a mesma 01. Na frase: “Maria do Carmo tinha a certeza de que
classificação da oração desenvolvida. estava para ser mãe”, a oração destacada é:
(A) subordinada substantiva objetiva indireta
Ao entrar na escola, encontrei o professor de inglês. (B) subordinada substantiva completiva nominal
Quando entrei na escola, / encontrei o professor de (C) subordinada substantiva predicativa
inglês. (D) coordenada sindética conclusiva
OSA Temporal (E) coordenada sindética explicativa
Ao entrar na escola: oração subordinada adverbial
temporal, reduzida de infinitivo. 02. “Na ‘Partida Monção’, não há uma atitude inventada. Há
reconstituição de uma cena como ela devia ter sido na
Precisando de ajuda, telefone-me. realidade.” A oração sublinhada é:
Se precisar de ajuda, / telefone-me. (A) adverbial conformativa
OSA Condicional (B) adjetiva
Precisando de ajuda: oração subordinada adverbial (C) adverbial consecutiva
condicional, reduzida de gerúndio. (D) adverbial proporcional
(E) adverbial causal
Acabado o treino, os jogadores foram para o vestiário.
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APOSTILAS OPÇÃO
03. “Esses produtos podem ser encontrados nos b) Um adjetivo anteposto a vários substantivos
supermercados com rótulos como ‘sênior’ e com 1- Adjetivo anteposto normalmente concorda com o mais
características adaptadas às dificuldades para mastigar e para próximo.
engolir dos mais velhos, e preparados para se encaixar em seus Comi delicioso almoço e sobremesa. / Provei deliciosa fruta
hábitos de consumo”. O segmento “para se encaixar” pode ter e suco.
sua forma verbal reduzida adequadamente desenvolvida em 2- Adjetivo anteposto funcionando como predicativo:
(A) para se encaixarem. concorda com o mais próximo ou vai para o plural.
(B) para seu encaixotamento. Estavam feridos o pai e os filhos. / Estava ferido o pai e os
(C) para que se encaixassem. filhos.
(D) para que se encaixem.
(E) para que se encaixariam. c) Um substantivo e mais de um adjetivo
1- antecede todos os adjetivos com um artigo. Falava
04. A palavra “se” é conjunção integrante (por introduzir fluentemente a língua inglesa e a espanhola.
oração subordinada substantiva objetiva direta) em qual das 2- coloca o substantivo no plural. Falava fluentemente as
orações seguintes? línguas inglesa e espanhola.
(A) Ele se mordia de ciúmes pelo patrão.
(B) A Federação arroga-se o direito de cancelar o jogo. d) Pronomes de tratamento
(C) O aluno fez-se passar por doutor. Sempre concordam com a 3ª pessoa. Vossa Santidade
(D) Precisa-se de operários. esteve no Brasil.
(E) Não sei se o vinho está bom.
e) Anexo, incluso, próprio, obrigado
05. “Lembro-me de que ele só usava camisas brancas.” A Concordam com o substantivo a que se referem.
oração sublinhada é: As cartas estão anexas. / A bebida está inclusa.
(A) subordinada substantiva completiva nominal
(B) subordinada substantiva objetiva indireta f) Um(a) e outro(a), num(a) e noutro(a)
(C) subordinada substantiva predicativa Após essas expressões o substantivo fica sempre no
(D) subordinada substantiva subjetiva singular e o adjetivo no plural.
(E) subordinada substantiva objetiva direta Renato advogou um e outro caso fáceis. / Pusemos numa e
noutra bandeja rasas o peixe.
Respostas
01.B \ 02.A \ 03.D \ 04.E \ 05.B g) É bom, é necessario, é proibido
Essas expressões não variam se o sujeito não vier
precedido de artigo ou outro determinante.
11. Concordância Verbal e É necessário sua presença. / É necessária a sua presença.
É proibido entrada de pessoas não autorizadas. / A entrada
Nominal aplicadas ao texto. é proibida.
Casos especiais: veremos alguns casos que fogem à regra 2- Como pronomes: seguem a regra geral.
geral mostrada acima. Seus argumentos foram bastantes para me convencer.
Os mesmos argumentos que eu usei, você copiou.
a) Um adjetivo após vários substantivos
1- Substantivos de mesmo gênero: adjetivo vai para o j) Menos, alerta
plural ou concorda com o substantivo mais próximo. Em todas as ocasiões são invariáveis.
Irmão e primo recém-chegado estiveram aqui. / Irmão Preciso de menos comida para perder peso. / Estamos alerta
e primo recém-chegados estiveram aqui. para com suas chamadas.
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APOSTILAS OPÇÃO
Os melhores cargos possíveis estão neste setor da empresa. (C) Constata-se hoje a existência de homem, mulher e
As piores situações possíveis são encontradas nas favelas da criança viciadas.
cidade. (D) Não será permitido visita de amigos, apenas a de
parentes.
m) Meio
1- Como advérbio: invariável. Respostas
Estou meio (um pouco) insegura. 01.D / 02.D / 03.B / 04. a) necessária b) alerta c)
bastantes d) vazia e) meio / 05. C
2- Como numeral: segue a regra geral.
Comi meia (metade) laranja pela manhã. CONCORDÂNCIA VERBAL
01. Indique o uso INCORRETO da concordância verbal ou 2) O verbo concorda no singular com o sujeito coletivo do
nominal: singular, o verbo permanece na terceira pessoa do
(A) Será descontada em folha sua contribuição sindical. singular: A multidão, apavorada, saiu aos gritos.
(B) Na última reunião, ficou acordado que se realizariam Observação: no caso de o coletivo aparecer seguido de
encontros semanais com os diversos interessados no assunto. adjunto adnominal no plural, o verbo permanecerá no singular
(C) Alguma solução é necessária, e logo! ou poderá ir para o plural: Uma multidão de pessoas saiu aos
(D) Embora tenha ficado demonstrado cabalmente a gritos. / Uma multidão de pessoas saíram aos gritos.
ocorrência de simulação na transferência do imóvel, o pedido
não pode prosperar. 3) Quando o sujeito é representado por expressões
(E) A liberdade comercial da colônia, somada ao fato de D. partitivas, representadas por “a maioria de, a maior parte de, a
João VI ter também elevado sua colônia americana à condição metade de, uma porção de, entre outras”, o verbo tanto pode
de Reino Unido a Portugal e Algarves, possibilitou ao Brasil concordar com o núcleo dessas expressões quanto com o
obter certa autonomia econômica. substantivo que a segue: A maioria dos alunos resolveu ficar.
/ A maioria dos alunos resolveram ficar.
02. Aponte a alternativa em que NÃO ocorre silepse (de
gênero, número ou pessoa): 4) No caso de o sujeito ser representado por expressões
(A) “A gente é feito daquele tipo de talento capaz de fazer aproximativas, representadas por “cerca de, perto de”, o verbo
a diferença.” concorda com o substantivo determinado por elas: Cerca de
(B) Todos sabemos que a solução não é fácil. vinte candidatos se inscreveram no concurso de piadas.
(C) Essa gente trabalhadora merecia mais, pois acordam às
cinco horas para chegar ao trabalho às oito da manhã. 5) Em casos em que o sujeito é representado pela
(D) Todos os brasileiros sabem que esse problema vem de expressão “mais de um”, o verbo permanece no singular: Mais
longe... de um candidato se inscreveu no concurso de piadas.
(E) Senhor diretor, espero que Vossa Senhoria seja mais Observação: no caso da referida expressão aparecer
compreensivo. repetida ou associada a um verbo que exprime reciprocidade,
o verbo, necessariamente, deverá permanecer no plural: Mais
03. A concordância nominal está INCORRETA em: de um aluno, mais de um professor contribuíram na campanha
(A) A mídia julgou desnecessária a campanha e o de doação de alimentos. / Mais de um formando se
envolvimento da empresa. abraçaram durante as solenidades de formatura.
(B) A mídia julgou a campanha e a atuação da empresa
desnecessária. 6) O sujeito for composto da expressão “um dos que”, o
(C) A mídia julgou desnecessário o envolvimento da verbo permanecerá no plural: Paulo é um dos que mais
empresa e a campanha. trabalhar.
(D) A mídia julgou a campanha e a atuação da empresa
desnecessárias. 7) Quanto aos relativos à concordância com locuções
pronominais, representadas por “algum de nós, qual de vós,
04. Complete os espaços com um dos nomes colocados nos quais de vós, alguns de nós”, entre outras, faz-se necessário
parênteses. nos atermos a duas questões básicas:
(A) Será que é ____ essa confusão toda? (necessário/ - No caso de o primeiro pronome estar expresso no plural,
necessária) o verbo poderá com ele concordar, como poderá também
(B) Quero que todos fiquem ____. (alerta/ alertas) concordar com o pronome pessoal: Alguns
(C) Houve ____ razões para eu não voltar lá. (bastante/ de nós o receberemos. / Alguns de nós o receberão.
bastantes) - Quando o primeiro pronome da locução estiver expresso
(D) Encontrei ____ a sala e os quartos. (vazia/vazios) no singular, o verbo também permanecerá no singular: Algum
(E) A dona do imóvel ficou ____ desiludida com o inquilino. de nós o receberá.
(meio/ meia)
8) No caso de o sujeito aparecer representado pelo
05. Quanto à concordância nominal, verifica-se ERRO em: pronome “quem”, o verbo permanecerá na terceira pessoa do
(A) O texto fala de uma época e de um assunto polêmicos. singular ou poderá concordar com o antecedente desse
(B) Tornou-se clara para o leitor a posição do autor sobre pronome: Fomos nós quem contou toda a verdade para ela. /
o assunto. Fomos nós quem contamos toda a verdade para ela.
Língua Portuguesa 75
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A frase em que as regras de concordância estão O homem e o menino estavam perdidos. / O homem e sua
plenamente respeitadas é: esposa estiveram hospedados aqui.
(A) Podem haver estudos que comprovem que, no passado,
as formas mais complexas de vida - cujo habitat eram oceanos b) Um adjetivo anteposto a vários substantivos
ricos em nutrientes - se alimentavam por osmose. 1- Adjetivo anteposto normalmente concorda com o mais
(B) Cada um dos organismos simples que vivem na próximo.
natureza sobrevivem de forma quase automática, sem se Comi delicioso almoço e sobremesa. / Provei deliciosa fruta
valerem de criatividade e planejamento. e suco.
(C) Desde que observe cuidados básicos, como obter 2- Adjetivo anteposto funcionando como predicativo:
energia por meio de alimentos, os organismos simples podem concorda com o mais próximo ou vai para o plural.
preservar a vida ao longo do tempo com relativa facilidade. Estavam feridos o pai e os filhos. / Estava ferido o pai e os
(D) Alguns animais tem de se adaptar a um ambiente cheio filhos.
de dificuldades para obter a energia necessária a sua
sobrevivência e nesse processo expõe- se a inúmeras ameaças. c) Um substantivo e mais de um adjetivo
(E) A maioria dos organismos mais complexos possui um 1- antecede todos os adjetivos com um artigo. Falava
sistema nervoso muito desenvolvido, capaz de se adaptar a fluentemente a língua inglesa e a espanhola.
mudanças ambientais, como alterações na temperatura. 2- coloca o substantivo no plural. Falava fluentemente as
línguas inglesa e espanhola.
04. De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa,
a concordância verbal está correta em: d) Pronomes de tratamento
(A) Ela não pode usar o celular e chamar um taxista, pois Sempre concordam com a 3ª pessoa. Vossa Santidade
acabou os créditos. esteve no Brasil.
(B) Esta empresa mantêm contato com uma rede de táxis
que executa diversos serviços para os clientes. e) Anexo, incluso, próprio, obrigado
(C) À porta do aeroporto, havia muitos táxis disponíveis Concordam com o substantivo a que se referem.
para os passageiros que chegavam à cidade. As cartas estão anexas. / A bebida está inclusa.
(D) Passou anos, mas a atriz não se esqueceu das calorosas
lembranças que seu tio lhe deixou. f) Um(a) e outro(a), num(a) e noutro(a)
(E) Deve existir passageiros que aproveitam a corrida de Após essas expressões o substantivo fica sempre no
táxi para bater um papo com o motorista. singular e o adjetivo no plural.
Renato advogou um e outro caso fáceis. / Pusemos numa e
Respostas noutra bandeja rasas o peixe.
01.C / 02.C / 03.E / 04.C
g) É bom, é necessario, é proibido
Essas expressões não variam se o sujeito não vier
12. Regência Verbal e precedido de artigo ou outro determinante.
É necessário sua presença. / É necessária a sua presença.
Nominal aplicadas ao texto. É proibido entrada de pessoas não autorizadas. / A entrada
é proibida.
Língua Portuguesa 77
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02. Aponte a alternativa em que NÃO ocorre silepse (de 4) No caso de o sujeito ser representado por expressões
gênero, número ou pessoa): aproximativas, representadas por “cerca de, perto de”, o verbo
(A) “A gente é feito daquele tipo de talento capaz de fazer concorda com o substantivo determinado por elas: Cerca de
a diferença.” vinte candidatos se inscreveram no concurso de piadas.
(B) Todos sabemos que a solução não é fácil.
(C) Essa gente trabalhadora merecia mais, pois acordam às 5) Em casos em que o sujeito é representado pela
cinco horas para chegar ao trabalho às oito da manhã. expressão “mais de um”, o verbo permanece no singular: Mais
(D) Todos os brasileiros sabem que esse problema vem de de um candidato se inscreveu no concurso de piadas.
longe... Observação: no caso da referida expressão aparecer
(E) Senhor diretor, espero que Vossa Senhoria seja mais repetida ou associada a um verbo que exprime reciprocidade,
compreensivo. o verbo, necessariamente, deverá permanecer no plural: Mais
de um aluno, mais de um professor contribuíram na campanha
03. A concordância nominal está INCORRETA em: de doação de alimentos. / Mais de um formando se
(A) A mídia julgou desnecessária a campanha e o abraçaram durante as solenidades de formatura.
envolvimento da empresa.
(B) A mídia julgou a campanha e a atuação da empresa 6) O sujeito for composto da expressão “um dos que”, o
desnecessária. verbo permanecerá no plural: Paulo é um dos que mais
(C) A mídia julgou desnecessário o envolvimento da trabalhar.
empresa e a campanha.
(D) A mídia julgou a campanha e a atuação da empresa 7) Quanto aos relativos à concordância com locuções
desnecessárias. pronominais, representadas por “algum de nós, qual de vós,
quais de vós, alguns de nós”, entre outras, faz-se necessário
04. Complete os espaços com um dos nomes colocados nos nos atermos a duas questões básicas:
parênteses. - No caso de o primeiro pronome estar expresso no plural,
(A) Será que é ____ essa confusão toda? (necessário/ o verbo poderá com ele concordar, como poderá também
necessária) concordar com o pronome pessoal: Alguns
(B) Quero que todos fiquem ____. (alerta/ alertas) de nós o receberemos. / Alguns de nós o receberão.
(C) Houve ____ razões para eu não voltar lá. (bastante/ - Quando o primeiro pronome da locução estiver expresso
bastantes) no singular, o verbo também permanecerá no singular: Algum
(D) Encontrei ____ a sala e os quartos. (vazia/vazios) de nós o receberá.
(E) A dona do imóvel ficou ____ desiludida com o inquilino.
(meio/ meia)
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APOSTILAS OPÇÃO
8) No caso de o sujeito aparecer representado pelo 5) Casos relativos a sujeito composto de palavras
pronome “quem”, o verbo permanecerá na terceira pessoa do sinônimas ou ordenado por elementos em gradação, o verbo
singular ou poderá concordar com o antecedente desse poderá permanecer no singular ou ir para o plural: Minha
pronome: Fomos nós quem contou toda a verdade para ela. / vitória, minha conquista, minha premiação são frutos de meu
Fomos nós quem contamos toda a verdade para ela. esforço. / Minha vitória, minha conquista, minha premiação é
fruto de meu esforço.
9) Em casos nos quais o sujeito aparece realçado pela
palavra “que”, o verbo deverá concordar com o termo que Questões
antecede essa palavra: Nesta empresa somos nós
que tomamos as decisões. / Em casa sou eu que decido tudo. 01. A concordância realizou-se adequadamente em qual
alternativa?
10) No caso de o sujeito aparecer representado por (A) Os Estados Unidos é considerado, hoje, a maior
expressões que indicam porcentagens, o verbo concordará potência econômica do planeta, mas há quem aposte que a
com o numeral ou com o substantivo a que se refere essa China, em breve, o ultrapassará.
porcentagem: 50% dos funcionários aprovaram a decisão da (B) Em razão das fortes chuvas haverão muitos candidatos
diretoria. / 50% do eleitorado apoiou a decisão. que chegarão atrasados, tenho certeza disso.
Observações: (C) Naquela barraca vendem-se tapiocas fresquinhas, pode
- Caso o verbo aparecer anteposto à expressão de comê-las sem receio!
porcentagem, esse deverá concordar com o numeral: (D) A multidão gritaram quando a cantora apareceu na
Aprovaram a decisão da diretoria 50% dos funcionários. janela do hotel!
- Em casos relativos a 1%, o verbo permanecerá no
singular: 1% dos funcionários não aprovou a decisão da 02. Uma pergunta
diretoria.
- Em casos em que o numeral estiver acompanhado de Frequentemente cabe aos detentores de cargos de
determinantes no plural, o verbo permanecerá no plural: Os responsabilidade tomar decisões difíceis, de graves
50% dos funcionários apoiaram a decisão da diretoria. consequências. Haveria algum critério básico, essencial, para
amparar tais escolhas? Antonio Gramsci, notável pensador e
11) Quando o sujeito estiver representado por pronomes político italiano, propôs que se pergunte, antes de tomar a
de tratamento, o verbo deverá ser empregado na terceira decisão: - Quem sofrerá?
pessoa do singular ou do plural: Vossas Para um humanista, a dor humana é sempre prioridade a
Majestades gostaram das homenagens. Vossas Excelência agiu se considerar.
com inteligência. (Salvador Nicola, inédito)
12) Casos relativos a sujeito representado por substantivo O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se no
próprio no plural se encontram relacionados a alguns aspectos singular para preencher adequadamente a lacuna da frase:
que os determinam: (A) A nenhuma de nossas escolhas ...... (poder) deixar de
- Diante de nomes de obras no plural, seguidos do verbo corresponder nossos valores éticos mais rigorosos.
ser, este permanece no singular, contanto que o predicativo (B) Não se ...... (poupar) os que governam de refletir sobre
também esteja no singular: Memórias póstumas de Brás o peso de suas mais graves decisões.
Cubas é uma criação de Machado de Assis. (C) Aos governantes mais responsáveis não ...... (ocorrer)
- Nos casos de artigo expresso no plural, o verbo também tomar decisões sem medir suas consequências.
permanece no plural: Os Estados Unidos são uma potência (D) A toda decisão tomada precipitadamente ......
mundial. (costumar) sobrevir consequências imprevistas e injustas.
- Casos em que o artigo figura no singular ou em que ele (E) Diante de uma escolha, ...... (ganhar) prioridade,
nem aparece, o verbo permanece no singular: Estados Unidos recomenda Gramsci, os critérios que levam em conta a dor
é uma potência mundial. humana.
Casos Referentes a Sujeito Composto 03. Em um belo artigo, o físico Marcelo Gleiser, analisando
1) Nos casos relativos a sujeito composto de pessoas a constatação do satélite Kepler de que existem muitos
gramaticais diferentes, o verbo deverá ir para o plural, estando planetas com características físicas semelhantes ao nosso,
relacionado a dois pressupostos básicos: reafirmou sua fé na hipótese da Terra rara, isto é, a tese de que
- Quando houver a 1ª pessoa, esta prevalecerá sobre as a vida complexa (animal) é um fenômeno não tão comum no
demais: Eu, tu e ele faremos um lindo passeio. Universo.
- Quando houver a 2ª pessoa, o verbo poderá flexionar na Gleiser retoma as ideias de Peter Ward expostas de modo
2ª ou na 3ª pessoa: Tu e ele sois primos. / Tu e ele são primos. persuasivo em “Terra Rara”. Ali, o autor sugere que a vida
microbiana deve ser um fenômeno trivial, podendo pipocar até
2) Nos casos em que o sujeito composto aparecer em mundos inóspitos; já o surgimento de vida multicelular na
anteposto (antes) ao verbo, este permanecerá no plural: O pai Terra dependeu de muitas outras variáveis físicas e históricas,
e seus dois filhos compareceram ao evento. o que, se não permite estimar o número de civilizações extra
terráqueas, ao menos faz com que reduzamos nossas
3) No caso em que o sujeito aparecer posposto (depois) ao expectativas.
verbo, este poderá concordar com o núcleo mais próximo ou Uma questão análoga só arranhada por Ward é a da
permanecer no plural: Compareceram ao evento o pai e seus inexorabilidade da inteligência. A evolução de organismos
dois filhos. Compareceu ao evento o pai e seus dois filhos. complexos leva necessariamente à consciência e à
inteligência?
4) Nos casos relacionados a sujeito simples, porém com Robert Wright diz que sim, mas seu argumento é mais
mais de um núcleo, o verbo deverá permanecer no singular: matemático do que biológico: complexidade engendra
Meu esposo e grande companheiro merece toda a felicidade do complexidade, levando a uma corrida armamentista entre
mundo. espécies cujo subproduto é a inteligência.
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APOSTILAS OPÇÃO
Stephen J. Gould e Steven Pinker apostam que não. Para No exemplo acima, temos a ocorrência da preposição “a”,
eles, é apenas devido a uma sucessão de pré-adaptações e exigida pelo verbo ir (ir a algum lugar) e a ocorrência do artigo
coincidências que alguns animais transformaram a capacidade “a” que está determinando o substantivo feminino igreja.
de resolver problemas em estratégia de sobrevivência. Se Quando ocorre esse encontro das duas vogais e elas se unem,
rebobinássemos o filme da evolução e reencenássemos o a união delas é indicada pelo acento grave. Observe outros
processo mudando alguns detalhes do início, seriam grandes exemplos:
as chances de não chegarmos a nada parecido com a Conheço a aluna.
inteligência. Refiro-me à aluna.
(Hélio Schwartsman. Folha de S. Paulo, 2012.)
No primeiro exemplo, o verbo é transitivo direto (conhecer
algo ou alguém), logo não exige preposição e a crase não pode
A frase em que as regras de concordância estão
ocorrer. No segundo exemplo, o verbo é transitivo indireto
plenamente respeitadas é:
(referir-se a algo ou a alguém) e exige a preposição “a”.
(A) Podem haver estudos que comprovem que, no passado,
Portanto, a crase é possível, desde que o termo seguinte seja
as formas mais complexas de vida - cujo habitat eram oceanos
feminino e admita o artigo feminino “a” ou um dos pronomes
ricos em nutrientes - se alimentavam por osmose.
já especificados.
(B) Cada um dos organismos simples que vivem na
natureza sobrevivem de forma quase automática, sem se
Casos em que a crase NÃO ocorre
valerem de criatividade e planejamento.
(C) Desde que observe cuidados básicos, como obter
1) Diante de substantivos masculinos:
energia por meio de alimentos, os organismos simples podem
Andamos a cavalo.
preservar a vida ao longo do tempo com relativa facilidade.
Fomos a pé.
(D) Alguns animais tem de se adaptar a um ambiente cheio
de dificuldades para obter a energia necessária a sua
2) Diante de verbos no infinitivo:
sobrevivência e nesse processo expõe- se a inúmeras ameaças.
A criança começou a falar.
(E) A maioria dos organismos mais complexos possui um
Ela não tem nada a dizer.
sistema nervoso muito desenvolvido, capaz de se adaptar a
mudanças ambientais, como alterações na temperatura.
Obs.: como os verbos não admitem artigos, o “a” dos
exemplos acima é apenas preposição, logo não ocorrerá crase.
04. De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa,
a concordância verbal está correta em:
3) Diante da maioria dos pronomes e das expressões de
(A) Ela não pode usar o celular e chamar um taxista, pois
tratamento, com exceção das formas senhora, senhorita e
acabou os créditos.
dona:
(B) Esta empresa mantêm contato com uma rede de táxis
Diga a ela que não estarei em casa amanhã.
que executa diversos serviços para os clientes.
Entreguei a todos os documentos necessários.
(C) À porta do aeroporto, havia muitos táxis disponíveis
Ele fez referência a Vossa Excelência no discurso de ontem.
para os passageiros que chegavam à cidade.
(D) Passou anos, mas a atriz não se esqueceu das calorosas
Os poucos casos em que ocorre crase diante dos pronomes
lembranças que seu tio lhe deixou.
podem ser identificados pelo método: troque a palavra
(E) Deve existir passageiros que aproveitam a corrida de
feminina por uma masculina, caso na nova construção surgir a
táxi para bater um papo com o motorista.
forma ao, ocorrerá crase. Por exemplo:
Refiro-me à mesma pessoa.
Respostas
(Refiro-me ao mesmo indivíduo.)
01.C / 02.C / 03.E / 04.C
Informei o ocorrido à senhora.
(Informei o ocorrido ao senhor.)
Peça à própria Cláudia para sair mais cedo.
13. Crase. (Peça ao próprio Cláudio para sair mais cedo.)
26 www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint76.php
Língua Portuguesa 80
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APOSTILAS OPÇÃO
à noite às claras às escondidas à força A igreja à qual me refiro fica no centro da cidade.
O monumento ao qual me refiro fica no centro da cidade
à vontade à beça à larga à escuta
Vou à França. (Vim da[ de+a] França. Estou na[ em+a] - Se a palavra distância não estiver especificada, a crase
França.) não pode ocorrer. Por exemplo:
Cheguei à Grécia. (Vim da Grécia. Estou na Grécia.) Os militares ficaram a distância.
Retornarei à Itália. (Vim da Itália. Estou na Itália) Gostava de fotografar a distância.
Vou a Porto Alegre. (Vim de Porto Alegre. Estou em Porto Ensinou a distância.
Alegre.)
Observação: por motivo de clareza, para evitar
- Minha dica: use a regrinha “Vou A volto DA, crase HÁ; vou ambiguidade, pode-se usar a crase. Veja:
A volto DE, crase PRA QUÊ?” Gostava de fotografar à distância.
Ex.: Vou a Campinas. = Volto de Campinas. Ensinou à distância.
Vou à praia. = Volto da praia. Dizem que aquele médico cura à distância.
- ATENÇÃO: quando o nome de lugar estiver especificado, Casos em que a ocorrência da crase é FACULTATIVA
ocorrerá crase. Veja:
Retornarei à São Paulo dos bandeirantes. = mesmo que, 1) Diante de nomes próprios femininos: é facultativo o uso
pela regrinha acima, seja a do “VOLTO DE”. da crase porque é facultativo o uso do artigo. Observe:
Paula é muito bonita; ou A Paula é muito bonita.
Crase diante dos Pronomes Demonstrativos (Aquele (s), Laura é minha amiga; ou A Laura é minha amiga.
Aquela (s), Aquilo)
Haverá crase diante desses pronomes sempre que o termo Como podemos constatar, é facultativo o uso do artigo
regente exigir a preposição “a”. Por exemplo: feminino diante de nomes próprios femininos, então podemos
escrever as frases abaixo das seguintes formas:
Refiro-me a + aquele atentado. Entreguei o cartão a Paula; ou Entreguei o cartão à Paula.
Entreguei o cartão a Roberto; ou Entreguei o cartão ao
Preposição Pronome Roberto.
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APOSTILAS OPÇÃO
3) Depois da preposição até: sejamos humanos e não uma infinidade de xerox infinitamente
Fui até a praia; ou Fui até à praia. reproduzidos uns dos outros.
Acompanhe-o até a porta; ou Acompanhe-o até à porta. Mas acontece que há também autores xerox, que nos
A palestra vai até as cinco horas da tarde; ou A palestra vai invadem com aqueles seus best-sellers...
até às cinco horas da tarde. Será tudo isto uma causa ou um efeito?
Tristes interrogações para se fazerem num mundo que já
Questões foi civilizado.
01. No Brasil, as discussões sobre drogas parecem limitar- (Mário Quintana. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1. ed.,
2005.)
se ______aspectos jurídicos ou policiais. É como se suas únicas
consequências estivessem em legalismos, tecnicalidades e
Claro que não me estou referindo a essa vulgar comunicação
estatísticas criminais. Raro ler ____respeito envolvendo
festiva e efervescente.
questões de saúde pública como programas de esclarecimento
O vocábulo a deverá receber o sinal indicativo de crase se
e prevenção, de tratamento para dependentes e de
o segmento grifado for substituído por:
reintegração desses____ vida. Quantos de nós sabemos o nome
(A) leitura apressada e sem profundidade.
de um médico ou clínica ____quem tentar encaminhar um
(B) cada um de nós neste formigueiro.
drogado da nossa própria família?
(Ruy Castro, Da nossa própria família. Folha de S.Paulo, 2012) (C) exemplo de obras publicadas recentemente.
(D) uma comunicação festiva e virtual.
As lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e (E) respeito de autores reconhecidos pelo público.
respectivamente, com:
(A) aos … à … a … a 05. O Instituto Nacional de Administração Prisional (INAP)
(B) aos … a … à … a também desenvolve atividades lúdicas de apoio______
(C) a … a … à … à ressocialização do indivíduo preso, com o objetivo de prepará-
(D) à … à … à … à lo para o retorno______ sociedade. Dessa forma, quando em
(E) a … a … a … a liberdade, ele estará capacitado______ ter uma profissão e uma
vida digna.
(www.metropolitana.com.br. 2012)
02. Leia o texto a seguir.
Foi por esse tempo que Rita, desconfiada e medrosa, correu
Assinale a alternativa que preenche, correta e
______ cartomante para consultá-la sobre a verdadeira causa do
respectivamente, as lacunas do texto, de acordo com a norma-
procedimento de Camilo. Vimos que ______ cartomante restituiu-
padrão da língua portuguesa.
lhe ______ confiança, e que o rapaz repreendeu-a por ter feito o
(A) à … à … à
que fez.
(Machado de Assis. A cartomante. In: Várias histórias. Rio de Janeiro: Globo, (B) a … a … à
1997,) (C) a … à … à
(D) à … à ... a
Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na (E) a … à … a
ordem dada:
(A) à – a – a Gabarito
(B) a – a – à 1.B / 2.A / 3.B / 4.A / 5.D
(C) à – a – à
(D) à – à – a
(E) a – à – à 14. Conhecimento
03 “Nesta oportunidade, volto ___ referir-me ___ problemas gramatical de acordo com o
já expostos ___ V. Sª ___ alguns dias”. padrão culto da língua.
(A) à - àqueles - a - há
(B) a - àqueles - a - há
(C) a - aqueles - à - a REESCRITURA DE FRASES
(D) à - àqueles - a - a
(E) a - aqueles - à - há Antes de discorrermos acerca de um assunto tão
importante, convidamos você, caro (a) candidato (a), a se
04. Leia o texto a seguir. enlevar mediante as palavras do grandioso mestre de nossas
letras, João Cabral de Melo Neto, que, por meio de uma
Comunicação metalinguagem, cumpre bem seu trabalho de lidar com as
palavras e deixar claro para nós, leitores, quão grandioso e
O público ledor (existe mesmo!) é sensorial: quer ter um magnífico é o exercício da escrita. Voltemo-nos a elas,
autor ao vivo, em carne e osso. Quando este morre, há uma portanto:
queda de popularidade em termos de venda. Ou, quando
teatrólogo, em termos de espetáculo. Um exemplo: G. B. Shaw. Catar feijão
E, entre nós, o suave fantasma de Cecília Meireles recém está
se materializando, tantos anos depois. 1.
Isto apenas vem provar que a leitura é um remédio para a Catar feijão se limita com escrever:
solidão em que vive cada um de nós neste formigueiro. Claro joga-se os grãos na água do alguidar
que não me estou referindo a essa vulgar comunicação festiva e as palavras na folha de papel;
e efervescente. e depois, joga-se fora o que boiar.
Porque o autor escreve, antes de tudo, para expressar-se. Certo, toda palavra boiará no papel,
Sua comunicação com o leitor decorre unicamente daí. Por água congelada, por chumbo seu verbo:
afinidades. É como, na vida, se faz um amigo. pois para catar esse feijão, soprar nele,
E o sonho do escritor, do poeta, é individualizar cada e jogar fora o leve e oco, palha e eco.
formiga num formigueiro, cada ovelha num rebanho - para que
Língua Portuguesa 82
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APOSTILAS OPÇÃO
27 http://portugues.uol.com.br/redacao/reescrita-textual.html
Língua Portuguesa 83
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APOSTILAS OPÇÃO
- pois (no início da oração). - “Uma biópsia do tumor retirado do fígado do meu primo
Opção: já que, porque, uma vez que, visto que. (...) mostrou que ele não era maligno”.
Esta frase está ambígua. Não se sabe se o pronome ele
- principalmente. refere-se ao fígado ou ao primo. Para se evitar a ambiguidade,
Opção: especialmente, sobretudo, em especial, em deve-se observar se a relação entre cada palavra do texto está
particular. correta.
Expressões Que Demandam Atenção - “Ele me tratava como uma criança, mas eu era apenas uma
- acaso, caso – com se, use acaso; caso rejeita o se. criança”.
- aceitado, aceito – com ter e haver, aceitado; com ser e Problema com o uso do conectivo “mas”. O conectivo mas
estar, aceito. indica uma circunstância de oposição, de ideia contrária a.
- acendido, aceso (formas similares) – idem. Portanto, a relação adversativa introduzida pelo “mas” no
- à custa de – e não às custas de. fragmento acima produz uma ideia absurda.
- à medida que – à proporção que, ao mesmo tempo que,
conforme. - “Entretanto, como já diziam os sábios: depois da
- na medida em que – tendo em vista que, uma vez que. tempestade sempre vem a bonança. Após longo suplício, meu
- a meu ver – e não ao meu ver. coração apaziguava as tormentas e a sensatez me mostrava que
- a ponto de – e não ao ponto de. só estaríamos separadas carnalmente”.
- a posteriori, a priori – não tem valor temporal. Não utilize provérbios ou ditos populares. Eles
- em termos de – modismo; evitar. empobrecem a redação e fazem parecer que o autor não tem
- enquanto que – o que é redundância. criatividade ao lançar mão de formas já gastas pelo uso
- entre um e outro – entre exige a conjunção e, e não a. frequente.
- implicar em – a regência é direta (sem em).
- ir de encontro a – chocar-se com. - “Todos os deputados são corruptos”.
- ir ao encontro de – concordar com. Evite pensamentos radicais. É recomendável não
- se não, senão – quando se pode substituir por caso não, generalizar e evitar, assim, posições extremistas.
separado; quando não se pode, junto.
- todo mundo – todos. - “Bem, acho que - você sabe - não é fácil dizer essas coisas.
- todo o mundo – o mundo inteiro. Olhe, acho que ele não vai concordar com a decisão que você
- não pagamento = hífen somente quando o segundo termo tomou, quero dizer, os fatos levam você a isso, mas você sabe -
for substantivo. todos sabem - ele pensa diferente. É bom a gente pensar como
- este e isto – referência próxima do falante (a lugar, a vai fazer para, enfim, para ele entender a decisão”.
tempo presente; a futuro próximo; ao anunciar e a que se está O ato de escrever é diferente do ato de falar. O texto escrito
tratando). não deve apresentar marcas de oralidade.
- esse e isso – referência longe do falante e perto do ouvinte
(tempo futuro, desejo de distância; tempo passado próximo do - “Mal cheiro”, “mau-humorado”.
presente, ou distante ao já mencionado e a ênfase). Mal opõe-se a bem e mau, a bom. Assim: mau cheiro (bom
cheiro), mal-humorado (bem-humorado). Igualmente: mau
Erros Comuns humor, mal-intencionado, mau jeito, mal-estar.
- Hoje ao receber alguns presentes no qual completo vinte
anos tenho muitas novidades para contar. - “Fazem” cinco anos.
Uso inadequado do pronome relativo. Ele provoca falta de Fazer, quando exprime tempo, é impessoal: Faz cinco anos.
coesão, pois não consegue perceber a que antecedente ele se / Fazia dois séculos. / Fez 15 dias.
refere, portanto nada conecta e produz relação absurda.
- “Houveram” muitos acidentes.
- Ainda brincava de boneca quando conheci Davi, piloto de Haver, como existir, também é invariável: Houve muitos
cart, moreno, 20 anos, com olhos cor de mel. “Tudo começou acidentes. / Havia muitas pessoas. / Deve haver muitos casos
naquele baile de quinze anos”, “... é aos dezoito anos que se iguais.
começa a procurar o caminho do amanhã e encontrar as
perspectivas que nos acompanham para sempre na estrada da - Para “mim” fazer.
vida”. Mim não faz, porque não pode ser sujeito. Assim: Para eu
Você pode ter conhecimento do vocabulário e das regras fazer, para eu dizer, para eu trazer.
gramaticais e, assim, construir um texto sem erros. Entretanto,
se você reproduz sem nenhuma crítica ou reflexão expressões - Entre “eu” e você.
gastas, vulgarizadas pelo uso contínuo. A boa qualidade do Depois de preposição, usa-se mim ou ti: Entre mim e você.
texto fica comprometida. / Entre eles e ti.
- Tema: Para você, as experiências genéticas de clonagem - “Há” dez anos “atrás”.
põem em xeque todos os conceitos humanos sobre Deus e a Há e atrás indicam passado na frase. Use apenas há dez
vida? “Bem a clonagem não é tudo, mas na vida tudo tem o seu anos ou dez anos atrás.
valor e os homens a todo momento necessitam de descobrir
todos os mistérios da vida que nos cercam a todo instante”. - “Entrar dentro”.
É de extrema importância seguir o que foi proposto no Problema de redundância. O certo seria: entrar em.
tema. Antes de começar o texto leia atentamente todos os Veja outras redundâncias: Sair fora ou para fora, elo de
elementos que o examinador apresentou. Esquematize as ligação, monopólio exclusivo, já não há mais, ganhar grátis,
ideias e perceba se não há falta de correspondência entre o viúva do falecido.
tema proposto e o texto criado.
- Vai assistir “o” jogo hoje.
Assistir como presenciar exige a: Vai assistir ao jogo, à
missa, à sessão.
Língua Portuguesa 84
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APOSTILAS OPÇÃO
Outros verbos com a: A medida não agradou (desagradou) - “Obrigado”, disse a moça.
à população. / Eles obedeceram (desobedeceram) aos avisos. Obrigado concorda com a pessoa: “Obrigada”, disse a moça.
/ Aspirava ao cargo de diretor. / Pagou ao amigo. / Respondeu / Obrigado pela atenção. / Muito obrigados por tudo.
à carta. / Sucedeu ao pai. / Visava aos estudantes.
- Ela era “meia” louca.
- Preferia ir “do que” ficar. Meio, advérbio, não varia: meio louca, meio esperta, meio
Prefere-se sempre uma coisa a outra: Preferia ir a ficar. É amiga.
preferível segue a mesma norma: É preferível lutar a morrer
sem glória. - “Fica” você comigo.
Fica é imperativo do pronome tu. Para a 3.ª pessoa, o certo
- Não há regra sem “excessão”. é fique: Fique você comigo. / Venha pra Caixa você também. /
O certo é exceção. Chegue aqui.
Veja outras grafias erradas e, entre parênteses, a forma
correta: “paralizar” (paralisar), “beneficiente” (beneficente), - A questão não tem nada« haver »com você.
“xuxu” (chuchu), “previlégio” (privilégio), “vultuoso” A questão, na verdade, não tem nada a ver ou nada que ver.
(vultoso), “cincoenta” (cinquenta), “zuar” (zoar), “frustado” Da mesma forma: Tem tudo a ver com você.
(frustrado), “calcáreo” (calcário), “advinhar” (adivinhar),
“benvindo” (bem-vindo), “ascenção” (ascensão), “pixar” - Vou “emprestar” dele.
(pichar), “impecilho” (empecilho), “envólucro” (invólucro). Emprestar é ceder, e não tomar por empréstimo: Vou
pegar o livro emprestado. Ou: Vou emprestar o livro (ceder) ao
- Comprei “ele” para você. meu irmão.
Eu, tu, ele, nós, vós e eles não podem ser objeto direto. Repare nesta concordância: Pediu emprestadas duas
Assim: Comprei-o para você. Também: Deixe-os sair, mandou- malas.
nos entrar, viu-a, mandou-me.
- Ele foi um dos que “chegou” antes.
- “Aluga-se” casas. Um dos que faz a concordância no plural: Ele foi um dos
O verbo concorda com o sujeito: Alugam-se casas. / Fazem- que chegaram antes (dos que chegaram antes, ele foi um). /
se consertos. / É assim que se evitam acidentes. / Compram-se Era um dos que sempre vibravam com a vitória.
terrenos. / Procuram-se empregados.
- “Cerca de 18” pessoas o saudaram. Cerca de indica
- Chegou “em” São Paulo. arredondamento e não pode aparecer com números exatos:
Verbos de movimento exigem a, e não em: Chegou a São Cerca de 20 pessoas o saudaram.
Paulo. / Vai amanhã ao cinema. / Levou os filhos ao circo.
- Tinha “chego” atrasado.
- Todos somos “cidadões”. “Chego” não existe. O certo: Tinha chegado atrasado.
O plural de cidadão é cidadãos. Veja outros: caracteres (de
caráter), juniores, seniores, escrivães, tabeliães, gângsteres. - Queria namorar “com” o colega.
O com não existe: Queria namorar o colega.
- A última “seção” de cinema.
Seção significa divisão, repartição, e sessão equivale a - O processo deu entrada “junto ao” STF.
tempo de uma reunião, função: Seção Eleitoral, Seção de Processo dá entrada no STF
Esportes, seção de brinquedos; sessão de cinema, sessão de
pancadas, sessão do Congresso. - As pessoas “esperavam-o”.
Quando o verbo termina em m, ão ou õe, os pronomes o, a,
- Vendeu “uma” grama de ouro. os e as tomam a forma no, na, nos e nas: As pessoas esperavam-
Grama, peso, é palavra masculina: um grama de ouro, no. / Dão-nos, convidam-na, põe-nos, impõem-nos.
vitamina C de dois gramas.
- Vocês “fariam-lhe” um favor?
- “Porisso”. Não se usa pronome átono (me, te, se, lhe, nos, vos, lhes)
Duas palavras, por isso, como de repente e a partir de. depois de futuro do presente, futuro do pretérito (antigo
condicional) ou particípio. Assim: Vocês lhe fariam (ou far-lhe-
- Não viu “qualquer” risco. iam) um favor? / Ele se imporá pelos conhecimentos (e nunca
Deve-se usar “nenhum”, e não “qualquer. “imporá-se”). / Os amigos nos darão (e não “darão-nos”) um
Não viu nenhum risco. / Ninguém lhe fez nenhum reparo. presente. / Tendo-me formado (e nunca tendo “formado-me”).
/ Nunca promoveu nenhuma confusão .
- Chegou “a” duas horas e partirá daqui “há” cinco minutos.
- A feira “inicia” amanhã. Há indica passado e equivale a faz, enquanto a exprime
Alguma coisa se inicia, se inaugura: A feira inicia-se distância ou tempo futuro (não pode ser substituído por faz):
(inaugura-se) amanhã. Chegou há (faz) duas horas e partirá daqui a (tempo futuro)
cinco minutos. / O atirador estava a (distância) pouco menos
- O peixe tem muito “espinho”. de 12 metros. / Ele partiu há (faz) pouco menos de dez dias.
Peixe tem espinha.
Veja outras confusões desse tipo: O “fuzil” (fusível) - Estávamos “em” quatro à mesa.
queimou. / Casa “germinada” (geminada), “ciclo” (círculo) O “em” não existe: Estávamos quatro à mesa / .Éramos seis.
vicioso, “cabeçário” (cabeçalho). / Ficamos cinco na sala .
- Não sabiam« aonde »ele estava. - Sentou “na” mesa para comer.
O certo: Não sabiam onde ele estava. Sentar-se (ou sentar) em é sentar-se em cima de. Veja o
Aonde se usa com verbos de movimento, apenas: Não sei certo: Sentou-se à mesa para comer. / Sentou ao piano, à
aonde ele quer chegar. / Aonde vamos? máquina, ao computador.
Língua Portuguesa 85
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APOSTILAS OPÇÃO
- Ficou contente “por causa que” ninguém se feriu. - Disse o que “quiz”.
A locução não existe. Use porque: Ficou contente porque Não existe z, mas apenas s, nas pessoas de querer e pôr:
ninguém se feriu. Quis, quisesse, quiseram, quiséssemos; pôs, pus, pusesse,
puseram, puséssemos.
- O time empatou “em” 2 a 2.
A preposição é “por”: O time empatou por 2 a 2. Repare que - O homem “possue” muitos bens.
ele ganha por e perde por. Da mesma forma: empate por. O certo: O homem possui muitos bens. Verbos em uir só
têm a terminação ui: Inclui, atribui, polui. Verbos em uar é que
- Não queria que “receiassem” a sua companhia. admitem ue: Continue, recue, atue, atenue.
O i não existe: Não queria que receassem a sua companhia.
Da mesma forma: passeemos, enfearam, ceaste, receeis (só - A tese “onde”.
existe i quando o acento cai no e que precede a terminação ear: Onde só pode ser usado para lugar: A casa onde ele mora.
receiem, passeias, enfeiam). / Veja o jardim onde as crianças brincam. Nos demais casos,
use em que: A tese em que ele defende essa ideia. / O livro em
- Eles “tem” razão. que... / A faixa em que ele canta... / Na entrevista em que ...
No plural, têm é com acento. Tem é a forma do singular. O
mesmo ocorre com vem e vêm e põe e põem: Ele tem, eles têm; - Já “foi comunicado” da decisão.
ele vem, eles vêm; ele põe, eles põem. Uma decisão é comunicada, mas ninguém “é comunicado”
de alguma coisa. Assim: Já foi informado (cientificado, avisado)
- Acordos “políticos-partidários”. Nos adjetivos compostos, da decisão. Outra forma errada: A diretoria “comunicou” os
só o último elemento varia: acordos político-partidários. empregados da decisão. Opções corretas: A diretoria
Outros exemplos: Bandeiras verde-amarelas, medidas comunicou a decisão aos empregados. / A decisão foi
econômico-financeiras, partidos social-democratas. comunicada aos empregados.
Língua Portuguesa 86
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APOSTILAS OPÇÃO
piano têm cauda e o doce, calda. Da mesma forma, alguém traz (B) Oito planos de estabilização foi o que tivemos nos
alguma coisa e alguém vai para trás. últimos dez anos.
(C) Tivemos oito planos de estabilização nos últimos dez
- “Ao meu ver”. Não existe artigo nessas expressões: A meu anos.
ver, a seu ver, a nosso ver. (D) Na última década tivemos oito planos de estabilização.
(E) Os últimos oito planos de estabilização foram
Mudança de Posição dos Vocábulos realizados em dez anos.
A mudança de posição de certos vocábulos ou termos da
oração pode mudar o sentido da frase ou não. 03. (TRT 4ª Região - Analista Judiciário - FCC) A frase
correta é:
Uma simples frase como esta:
(A) Ele acabou sendo malquisto porque sistematicamente
A vantagem de ter péssima memória é divertir-se muitas obstrói as votações; se antevir o que lhe espera na próxima
vezes com as mesmas coisas boas como se fosse a primeira vez. sessão, certamente mudará de atitude.
(Friedrich Nietzsche) (B) Ele diz que sua invejável capacidade de aurir forças
quando tudo parece perdido se deve ao fato de ter provido de
Pode ser invertida de diversas formas, sem alteração de família muito humilde.
sentido. (C) Confirmo o que havia dito a semanas atrás: se me
Veja algumas: aprazer tornar a vê-la depois de tanto tempo e dissabores, lá
estarei; senão, não contem comigo.
Divertir-se muitas vezes com as mesmas coisas boas, como (D) Sob o pretexto de pôr fim ao litígio, fizeram-nos entrar
se fosse a primeira vez, é a vantagem de ter péssima memória. em acordo; agora, ou o encerram eles, ou o fazemos nós,
A vantagem de ter péssima memória é divertir-se com as recorrendo à força da lei.
mesmas coisas boas, como se fosse a primeira vez, muitas (E) A maneira porque se comporta não é a mais adequada,
vezes. mas tudo isso são sinais da idade provecta: que lhe seja dado o
direito e a alegria de conduzir-se à seu bel prazer.
Divertir-se com as mesmas coisas boas, muitas vezes, como
se fosse a primeira vez, é a vantagem de ter péssima memória.
04. (SEFIN/RO - Contador - FGV/2018) Um dos
E por aí vai... conselhos para uma boa escrita é que as frases de um texto
tenham a mesma organização sintática numa enumeração.
Em outras palavras, a inversão de termos dentro de uma
No fragmento “Se hoje é possível existir redes sociais; se é
frase pode não alterar seu sentido. No entanto, não é sempre
possível que pessoas se organizem em grupos...”, para que as
assim que ocorre, pois, às vezes, alguns vocábulos (adjetivos,
duas frases tenham a mesma organização, a mudança
pronomes, advérbios, palavras denotativas etc.), quando
adequada seria:
deslocados, a alteração de sentido fica visível. Veja que o
deslocamento, ou seja, a inversão dos termos pode gerar
(A) a primeira frase deveria ser “Se é possível que existam
alteração de sentido:
redes sociais”.
– João é um alto funcionário. (B) a primeira frase deveria ser “Se é possível a existência
– João é um funcionário alto. de redes sociais”.
– Qualquer mulher merece respeito. (C) a segunda frase deveria ser “se é possível a organização
– Maria é uma mulher qualquer. de pessoas em grupos”.
– Pedro já fez a prova. (D) a segunda frase deveria ser “se é possível que pessoas
– Pedro fez a prova já. sejam organizadas em grupos”.
– Até aquela aluna o elogiou. (E) a segunda frase deveria ser “se é possível pessoas
– Aquela aluna o elogiou até. organizando-se em grupos”.
Percebeu que houve flagrante mudança de sentido nestas
duplas? Portanto, a inversão dos termos na frase pode ou não Gabarito
alterar o sentido dela.28 01.E / 02.E / 03.D / 04.A
Questões
(A) Fala-se muito, hoje, sobre intolerância religiosa; NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO
(B) Sobre intolerância religiosa, hoje fala-se muito;
(C) Hoje muito é falado sobre intolerância religiosa; Falar sobre o novo acordo ortográfico implica saber que
(D) Muito é falado, hoje, sobre intolerância religiosa; em termos históricos já se fizeram várias tentativas de
(E) Fala-se hoje muito sobre intolerância religiosa. unificação da língua portuguesa, sendo que a primeira grande
reforma foi em Portugal em 1911.
02. (MPE/RJ - Técnico Administrativo - FUJB) “Nos Depois existiram várias tentativas, sendo a mais
últimos dez anos tivemos oito planos de estabilização”; essa importante a de 1990, por estar por trás de todo o celeuma
frase do texto foi reescrita de diversos modos nas alternativas levantado atualmente sobre a questão.
a seguir. A alternativa em que a reescritura modificou o Segundo o disposto da reunião da Comunidade dos Países
sentido original da frase é: de Língua Portuguesa (CPLP), realizado em Julho de 2004 em
São Tomé e Príncipe, ficou decidido que para o novo acordo
(A) Tivemos, no último decênio, oito planos de ortográfico entrar em vigor, bastaria que três países o
estabilização. ratificassem. Assim o Brasil em Outubro de 2004, Cabo Verde
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APOSTILAS OPÇÃO
Língua Portuguesa 88
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APOSTILAS OPÇÃO
Língua Portuguesa 90
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LEGISLAÇÃO
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APOSTILAS OPÇÃO
1 PINHO. Rodrigo Cesar Rebello. Teoria Geral da Constituição e Direitos 2MOTTA, Sylvio. Direito Constitucional. 27ª edição, 2018.
Fundamentais – 12° edição.
Legislação 1
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APOSTILAS OPÇÃO
Forma de Estado - Federação; Os poderes tem cada qual sua competência Constitucional,
Forma de Governo - a República; sendo eles independentes e harmônicos entre si, com funções
Sistema de Governo - o Presidencialista; típicas:
Regime de Governo - o Democrático. a) O Poder Executivo é incumbido de resolver os
problemas concretos e individualizados de acordo com a lei,
Questões função administrativa. Implementa ou executa as leis e a
agenda diária do governo ou do Estado. Nos países
01. (AL/RS - Técnico Legislativo - FUNDATEC/2018) No presidencialistas, o poder executivo é representado pelo seu
que diz respeito aos princípios fundamentais previstos na presidente, que acumula as funções de chefe de governo e
Constituição Federal, assinale a alternativa correta. chefe de estado.
(A) A soberania, caracterizada como poder político b) O Poder Legislativo é o poder de legislar, criar leis. O
independente e supremo, é um dos fundamentos da República poder legislativo na maioria das repúblicas e monarquias é
Federativa do Brasil. constituído por um congresso, parlamento, assembleias ou
(B) A República Federativa do Brasil rege-se nas suas câmaras. O objetivo do poder legislativo é elaborar normas de
relações internacionais pelo princípio da não intervenção que direito de abrangência geral (ou, raramente, de abrangência
veda a concessão de asilo político. individual) que são estabelecidas aos cidadãos ou às
(C) A erradicação das desigualdades regionais é instituições públicas nas suas relações recíprocas.
considerada um dos objetivos fundamentais da República c) O Poder judiciário aplica autoritariamente a lei nos
Federativa do Brasil. casos concretos. Possui a capacidade de julgar, de acordo com
(D) São considerados poderes harmônicos e dependentes as leis criadas pelo Poder Legislativo e de acordo com as regras
entre si o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. constitucionais em determinado país. Ministros,
(E) A República Federativa do Brasil, quando se trata das Desembargadores e Juízes formam a classe dos magistrados
suas relações internacionais, não é orientada pelo princípio da (os que julgam).
independência nacional.
Possuem também as funções atípicas:
02. (IF/TO - Auditor - IF/TO/2016) Quantos aos a) Poder executivo: detém atribuições de caráter
princípios do Estado brasileiro constantes na Constituição legislativo (quando, por exemplo, edita medidas provisórias) e
Federal, assinale a alternativa incorreta. jurisdicional (quando decide litígios em âmbito
(A) A promoção da cidadania e a dignidade da pessoa administrativo).
humana são exemplos de fundamentos da República b) Poder Legislativo: julga (o Senado, por exemplo, tem
Federativa do Brasil. competência para julgar o Presidente da República, nos crimes
(B) São Poderes da União, independentes e harmônicos de responsabilidade) e administra (quando promove um
entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. concurso público, para o preenchimento de seus cargos, ou
(C) A República Federativa do Brasil apenas é formada pela uma licitação, para a celebração de determinado contrato).
união dos Municípios e do Distrito Federal. c) Poder Judiciário: exerce atribuições de caráter
(D) Construir uma sociedade livre, justa e solidária, bem legislativo (quando os Tribunais elaboram seus respectivos
como garantir o desenvolvimento nacional, são exemplos de regimentos internos, por exemplo) e administrativo (quando
objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil. contrata seu pessoal e organiza os serviços de suas
(E) A prevalência dos direitos humanos, assim como o secretarias).
repúdio ao terrorismo e ao racismo, são exemplos de
princípios que devem reger o Brasil nas relações Questão
internacionais.
01. (Pref. de Chapecó/SC - Engenheiro de Trânsito
03. (PC/GO - Escrivão de Polícia Substituto - IOBV/2016) Assinale a alternativa que está incorreta:
CESPE/2016) Assinale a opção que apresenta um dos (A) A República Federativa do Brasil é formada pela união
fundamentos da República Federativa do Brasil previsto indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal.
expressamente na Constituição Federal de 1988. (B) São Poderes da União, independentes e sucessivos
(A) valores sociais do trabalho e da livre iniciativa entre si, o Legislativo, o Executivo e o Conselho Nacional de
(B) autodeterminação dos povos Justiça.
(C) igualdade entre os estados (C) A soberania e o pluralismo político são fundamentos da
(D) erradicação da pobreza República Federativa do Brasil.
(E) solução pacífica dos conflitos (D) É objetivo fundamental da República Federativa do
Brasil garantir o desenvolvimento nacional.
04. (DPE/BA - Defensor Público - FCC/2016) De acordo
com disposição expressa da Constituição Federal, a República Gabarito
Federativa do Brasil tem como fundamento
(A) desenvolvimento nacional. 01.B
(B) estado social de direito.
(C) defesa da paz. Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República
(D) soberania. Federativa do Brasil:
(E) prevalência dos direitos humanos. I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
Consolidada nos princípios da liberdade, justiça e
Gabarito solidariedade.
II - garantir o desenvolvimento nacional;
01.A / 02.C / 03.A / 04.D Em todos os sentidos, tanto econômico, como também
social. O que explica os diversos programas governamentais.
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as
entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. desigualdades sociais e regionais;
Redução e proteção contra as desigualdades entre os
estados.
Legislação 2
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APOSTILAS OPÇÃO
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, Neste princípio, o Estado deve repelir qualquer tentativa
raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de de ameaça à organização interna que possa prejudicar o
discriminação. desenvolvimento econômico, político, social e cultural.
Preocupa-se com a igualdade e a eliminação da V - igualdade entre os Estados;
discriminação. O Brasil não deve sujeitar-se ao controle econômico,
Atenção! Observa-se que os objetivos previstos neste político, social e tecnológico de outras organizações estatais.
artigo, não se confundem com os fundamentos estabelecidos VI - defesa da paz;
no artigo 1º, tendo em vista que os fundamentos são princípios Este princípio é inspirador dos relacionamentos do Brasil
inerentes ao próprio Estado brasileiro, fazem parte de sua com outros Estados de ordem mundial.
construção, já os objetivos fundamentais são as finalidades a VII - solução pacífica dos conflitos;
serem alcançadas. Acaba com a violência ou coação, garantindo os direitos
humanos e a paz entre os povos.
Questões VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX - cooperação entre os povos para o progresso da
01. (MPE/RN - Técnico do Ministério Público Estadual humanidade;
- COMPERVE/2017) Os objetivos fundamentais da república Tem como objetivo combater disparidades que impedem o
brasileira são metas que o Estado deve promover com força progresso da humanidade.
vinculante e imediata, servindo como norte a ser seguido em X - concessão de asilo político.
toda e qualquer atividade estatal. Nessa acepção, a Asilo político é o acolhimento de estrangeiro por um
Constituição Federal aponta, expressamente, como objetivo Estado que não é seu em razão de perseguições feitas por seu,
fundamental a PROMOÇÃO ou outros países.
(A) do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a
sexo e cor. integração econômica, política, social e cultural dos povos da
(B) de uma sociedade livre, justa e solidária com repúdio América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-
ao racismo e ao terrorismo. americana de nações.
(C) da erradicação da miséria e da marginalização e da Outros princípios fundamentais estão espalhados por todo
redução da desigualdade nacional. o texto constitucional, de forma explícita ou implícita. Muitos
(D) da autodeterminação dos povos e dos direitos de forma até repetitiva, para que não sejam desconsiderados.
humanos. As colisões de princípios são resolvidas pelo critério de peso,
preponderando o de maior valor no caso concreto, pois ambas
02. (IFF - Assistente de Administração - FCM/2016) as normas jurídicas são consideradas igualmente válidas. Por
NÃO é um dos objetivos fundamentais da República Federativa exemplo: o eterno dilema entre a liberdade de informação
do Brasil jornalística e a tutela da intimidade, da vida privada, da honra
(A) garantir o desenvolvimento nacional. e da imagem das pessoas (CF/88, art. 220, §1º). Há
(B) construir uma sociedade livre, justa e solidária. necessidade de compatibilizar ao máximo os princípios,
(C) constituir uma supremacia perante os países da podendo prevalecer, no caso concreto, a aplicação de um ou
América Latina. outro direito.
(D) erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as
desigualdades sociais e regionais. Questões
(E) promover o bem de todos, sem preconceitos de origem,
raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de 01. (TRT 6ª Região - Técnico Judiciário - FCC/2018) À
discriminação. luz do que dispõe a Constituição Federal quanto aos seus
princípios fundamentais,
03. (PGE/MT - Técnico Administrativo - FCC/2016) É A) todo o poder emana de Deus, que o exerce por meio de
um dos objetivos fundamentais da República Federativa do representantes eleitos pelo povo, nos termos da Constituição.
Brasil, previsto no art. 3º da Constituição Federal, B) são Poderes da União, independentes e harmônicos
(A) garantir uma renda mínima a todo cidadão. entre si, o Legislativo, o Executivo, o Judiciário e o Moderador.
(B) combater à fome. C) constituem, dentre outros, objetivos fundamentais da
(C) promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, República Federativa do Brasil os valores sociais do trabalho e
raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de da livre iniciativa.
discriminação. D) a República Federativa do Brasil buscará a integração
(D) erradicar o analfabetismo. econômica, política, social e cultural dos povos da América
(E) garantir a paz no território nacional. Latina, visando à formação de uma comunidade latino-
americana de nações.
Gabarito E) a República Federativa do Brasil tem como um de seus
fundamentos a cooperação entre os povos para o progresso da
01.A / 02.C / 03.C humanidade.
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas 02. (SEGEP/MA - Técnico da Receita Estadual -
relações internacionais pelos seguintes princípios: FCC/2016) NÃO consta entre os princípios que regem as
I - independência nacional; relações internacionais da República Federativa do Brasil:
Liga-se a ideia de soberania, pois o Estado brasileiro é (A) A defesa da paz.
independente por sua vontade não estar condicionada à (B) O repúdio ao terrorismo e ao racismo.
ordens externas. (C) A prevalência dos direitos humanos.
II - prevalência dos direitos humanos; (D) A redução das desigualdades regionais na América
Reforça a ideia de que o respeito às prerrogativas do Latina.
homem também devem guiar as relações exteriores do país. (E) A autodeterminação dos povos.
III - autodeterminação dos povos;
IV - não-intervenção; 03. (Pref. de Araguari/MG - Procurador Municipal -
IADHED/2016) Assinale a alternativa que não corresponde a
Legislação 3
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APOSTILAS OPÇÃO
um princípio fundamental que rege a República Federativa do II- ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma
Brasil de 1988 nas relações internacionais, conforme coisa senão em virtude de lei;
disposição expressa no texto constitucional: Destacamos o princípio da legalidade. Ele garante a
(A) Independência nacional; segurança jurídica e impede que o Estado atue de forma
(B) Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; arbitrária. Tal princípio tem por escopo explicitar que nenhum
(C) Repúdio ao terrorismo e ao racismo; cidadão será obrigado a realizar ou deixar de realizar condutas
(D) Defesa da paz. que não estejam definidas em lei. Além disso, se não existe uma
lei que proíba uma determinada conduta ao cidadão, significa
04. (CBTU - Assistente Operacional - FUMARC/2016) A que ela é permitida.
República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações
internacionais pelos seguintes princípios, EXCETO: III- ninguém será submetido à tortura nem a tratamento
(A) Igualdade entre os Estados. desumano ou degradante;
(B) Independência nacional. Garante que nenhum cidadão será submetido a tortura
(C) Não intervenção. nem a tratamento desumano ou degradante. Fundamenta-se
(D) Pluralismo político. pelo fato de que, o sujeito que cometer tortura estará
cometendo crime tipificado na Lei nº 9.455/97. Cabe ressaltar,
Gabarito ainda, que a prática de tortura caracteriza-se como crime
inafiançável e insuscetível de graça ou anistia. Não obstante, o
01.D / 02.D / 03.B / 04.D crime de tortura ainda é considerado hediondo, conforme
explicita a Lei nº 8.072/90. Crimes hediondos são aqueles
considerados como repugnantes, de extrema gravidade, os
quais a sociedade não compactua com a sua realização. São
1.2. Título II/Capítulo I; exemplos de crimes hediondos: tortura, homicídio qualificado,
estupro, extorsão mediante sequestro, estupro de vulnerável,
dentre outros.
Legislação 4
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APOSTILAS OPÇÃO
ecologicamente equilibrado, explicitado pelo artigo 225 da súmula 403 do STJ diz: “Súmula 403 do STJ: Independe de
CF/88. Como é possível perceber com a alta sonorização prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada
empregada, estamos diante de um caso de poluição sonora, ou da imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais”.
seja, uma conduta lesiva ao meio ambiente. Curiosamente, Este direito, como qualquer outro direito fundamental,
estamos diante de um conflito entre a liberdade de culto e o pode ser relativizado quando em choque com outros direitos.
direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, ambos Por exemplo, pessoas públicas, tendem a ter uma restrição do
direitos constitucionalmente expressos. Tal conflito é direito à imagem frente ao direito de informação da sociedade.
solucionado por meio da adoção do princípio da cedência Também a divulgação em contexto jornalístico de interesse
recíproca, ou seja, cada direito deverá ceder em seu campo de público, a captação por radares de trânsito, câmeras de
aplicabilidade, para que ambos possam conviver segurança ou eventos de interesse público, científico,
harmonicamente no ordenamento jurídico brasileiro. histórico, didático ou cultural são limitações legítimas ao
O Brasil é um país LAICO ou LEIGO, ou seja, não tem uma direito à imagem.
religião oficial, não condiciona orientação religiosa específica. Por outro lado, o inciso em questão traz a possibilidade de
ajuizamento de ação que vise à indenização por danos
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de materiais ou morais decorrentes da violação dos direitos
assistência religiosa nas entidades civis e militares de expressamente tutelados. Não obstante a responsabilização na
internação coletiva; esfera civil, ainda é possível constatar que a agressão a tais
Quando o inciso se refere às entidades civis e militares de direitos também encontra guarida no âmbito penal. Tal fato se
internação coletiva está abarcando os sanatórios, hospitais, abaliza na existência dos crimes de calúnia, injúria e
quartéis, dentre outros. Cabe ressaltar que a assistência difamação, expressamente tipificados no Código Penal
religiosa não abrange somente uma religião, mas todas. Logo, Brasileiro.
por exemplo, os protestantes não serão obrigados a assistirem
os cultos religiosos das demais religiões, e vice versa. XI- a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela
podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em
VIII- ninguém será privado de direitos por motivo de crença caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou,
religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as durante o dia, por determinação judicial;
invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e O conceito de “casa” é amplo, alcançando os locais
recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei; habitados de maneira exclusiva. Exemplo: escritórios, oficinas,
Este inciso expressa a possibilidade de perda dos direitos consultórios e locais de habitação coletiva (hotéis, motéis etc.)
pelo cidadão que, para não cumprir obrigação legal imposta a que não sejam abertos ao público, recebendo todos estes locais
todos e para recusar o cumprimento de prestação alternativa, esta proteção constitucional.
alega como motivo crença religiosa ou convicção filosófica ou O referido inciso traz a inviolabilidade do domicílio do
política. indivíduo. Todavia, tal inviolabilidade não possui cunho
Um exemplo de obrigação estipulada por lei a todos os absoluto, sendo que o mesmo artigo explicita os casos em que
cidadãos do sexo masculino é a prestação de serviço militar há possibilidade de penetração no domicílio sem o
obrigatório. Nesse passo, se um cidadão deixar de prestar o consentimento do morador. Os casos em que é possível a
serviço militar obrigatório alegando como motivo a crença em penetração do domicílio são:
determinada religião que o proíba poderá sofrer privação nos
seus direitos. Durante o dia Durante a noite
IX - é livre a expressão de atividade intelectual, artística, Consentimento do morador Consentimento do morador
científica e de comunicação, independentemente de censura ou
Caso de flagrante delito Caso de flagrante delito
licença;
Este inciso tem por escopo a proteção da liberdade de Desastre ou prestar socorro Desastre ou prestar socorro
expressão, sendo expressamente vedada a censura e a licença.
Como é possível perceber, mais uma vez nossa Constituição Determinação judicial --
visa proteger o cidadão de alguns direitos fundamentais que
foram abolidos durante o período da ditadura militar. Para Note-se que o ingresso em domicílio por determinação
melhor compreensão do inciso, a censura consiste na judicial somente é passível de realização durante o dia. Tal
verificação do pensamento a ser divulgado e as normas ingresso deverá ser realizado com ordem judicial expedida por
existentes no ordenamento. Desta maneira, a Constituição autoridade judicial competente, sob pena de considerar-se o
veda o emprego de tal mecanismo, visando garantir ampla ingresso desprovido desta como abuso de autoridade, além da
liberdade, taxado como um bem jurídico inviolável do cidadão. tipificação do crime de Violação de Domicílio, que se encontra
disposto no artigo 150 do Código Penal.
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a O dia pode ser compreendido entre as 6 horas e às 18 horas
imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização por do mesmo dia, enquanto o período noturno é compreendido
dano material ou moral decorrente de sua violação; entre as 18 horas de um dia até às 6 horas do dia seguinte
Os direitos da personalidade decorrem da dignidade (critério cronológico).
humana. O direito à privacidade decorre da autonomia da
vontade e do livre-arbítrio, permitindo à pessoa conduzir sua XII- é inviolável o sigilo da correspondência e das
vida da forma que julgar mais conveniente, sem intromissões comunicações telegráficas, de dados e das comunicações
alheias, desde que não viole outros valores constitucionais e telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas
direitos de terceiro. hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de
A honra pode ser subjetiva (estima que a pessoa possui de investigação criminal ou instrução processual penal;
si mesma) ou objetiva (reputação do indivíduo perante o meio - Sigilo de Correspondência: possui como regra a
social em que vive). As pessoas jurídicas só possuem honra inviolabilidade trazida no Texto Constitucional. Todavia, pode
objetiva. haver limitação na inviolabilidade em caso de decretação de
O direito à imagem, que envolve aspectos físicos, inclusive estado de defesa ou estado de sítio. Outra possibilidade de
a voz, impede sua captação e difusão sem o consentimento da quebra de sigilo de correspondência entendida pelo Supremo
pessoa, ainda que não haja ofensa à honra. Neste sentido, a Tribunal Federal diz respeito às correspondências dos
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presidiários, visando a segurança pública e a preservação da tempo de paz. Porém tal direito é relativo, podendo ser
ordem jurídica. restringido em casos excepcionais e expressamente dispostos
- Sigilo de Comunicações Telegráficas: assim como a na Constituição, como por exemplo, no estado de sítio e no
inviolabilidade do sigilo de correspondência, é possível a estado de defesa.
quebra deste em caso de estado de defesa e estado de sítio.
- Sigilo das Comunicações Telefônicas: apesar da XVI- todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em
inviolabilidade de tal direito, será possível a quebra do sigilo locais abertos ao público, independentemente de autorização,
telefônico, desde que esteja amparado por decisão judicial de desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada
autoridade competente para que seja possível a instrução para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à
processual penal e a investigação criminal. A quebra do sigilo autoridade competente;
telefônico foi regulamentada por meio da Lei Federal Neste inciso encontra-se garantido o direito de reunião.
9.296/96. A grande característica da reunião é a descontinuidade, ou
seja, pessoas se reúnem para discutirem determinado assunto,
Isso demonstra que não será possível a quebra dos sigilos e finda a discussão, a reunião se encerra. Cabe ressaltar que a
por motivos banais, haja vista estarmos diante de um direito diferença entre reunião e associação está intimamente ligada
constitucionalmente tutelado. a tal característica. Enquanto a reunião não é contínua, a
A quebra desse tipo de sigilo pode ocorrer por associação tem caráter permanente.
determinação judicial ou por Comissão Parlamentar de É importante salientar que o texto constitucional não exige
Inquérito (CPI). que a reunião seja autorizada, mas tão somente haja uma
O sigilo de dados engloba dados fiscais, bancários e prévia comunicação à autoridade competente.
telefônicos (referente aos dados da conta e não ao conteúdo De forma similar ao direito de locomoção, o direito de
das ligações). reunião também é relativo, pois poderá ser restringido em
Quanto às comunicações telefônicas (conteúdo das caso de estado de defesa e estado de sítio.
ligações), existe reserva jurisdicional, ou seja, a interceptação
só pode ocorrer com ordem judicial, para fins de investigação XVII- é plena a liberdade de associação para fins lícitos,
criminal ou instrução processual penal, sob pena de constituir vedada a de caráter paramilitar;
prova ilícita. Este inciso garante a liberdade de associação. É importante
salientar que a associação deve ser para fins lícitos, haja vista
XIII- é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou que a ilicitude do fim pode tipificar conduta criminosa.
profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei O inciso traz uma vedação, que consiste no fato da
estabelecer; proibição de criação de associações com caráter paramilitar,
Aqui estamos diante de uma norma de aplicabilidade ou seja, àquelas que buscam se estruturar de maneira análoga
contida que possui total eficácia, dependendo, no entanto, de às forças armadas ou policiais.
uma lei posterior que reduza a aplicabilidade da primeira.
Como é possível perceber o inciso em questão demonstra a XVIII- a criação de associações e, na forma da lei, a de
liberdade de exercício de trabalho, ofício ou profissão, cooperativas independem de autorização, sendo vedada a
devendo, no entanto, serem obedecidas às qualificações interferência estatal em seu funcionamento;
profissionais que a lei posterior estabeleça. Note-se que essa Neste inciso está presente o desdobramento da liberdade
lei posterior reduz os efeitos de aplicabilidade da lei anterior de associação, onde a criação de cooperativas e associações
o que garante a liberdade de exercício de trabalho, ofício ou independem de autorização. É importante salientar que o
profissão. constituinte também trouxe no bojo deste inciso uma vedação
Exemplo: o Exame aplicado pela Ordem dos Advogados do no que diz respeito à interferência estatal no funcionamento
Brasil aos bacharéis em Direito, para que estes obtenham de tais órgãos. O constituinte vedou a possibilidade de
habilitação para exercer a profissão de advogados. Como é interferência estatal no funcionamento das associações e
notório, a lei garante a liberdade de trabalho, sendo, no cooperativas obedecendo à própria liberdade de associação.
entanto, que a lei posterior, ou seja, o Estatuto da OAB, prevê a
realização do exame para que seja possível o exercício da XIX- as associações só poderão ser compulsoriamente
profissão de advogado. dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial,
exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;
XIV- é assegurado a todos o acesso à informação e O texto constitucional traz expressamente as questões
resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício referentes à dissolução e suspensão das atividades das
profissional; associações. Neste inciso estamos diante de duas situações
Aqui estamos tratando do direito de informar e de ser diversas. Quando a questão for referente à suspensão de
informado. Cabe ressaltar que, o referido inciso traz a atividades da associação, a mesma somente se concretizará
possibilidade de se resguardar o sigilo da fonte. Esse sigilo diz através de decisão judicial. Todavia, quando falamos em
respeito àquela pessoa que prestou as informações. Todavia, dissolução compulsória das entidades associativas só
esse sigilo não possui conotação absoluta, haja vista que há alcançará êxito por meio de decisão judicial transitada em
possibilidade de revelação da fonte informadora, em casos julgado (decisão definitiva por ter esgotado todas as fases
expressos na lei. recursais).
Logo, para ambas as situações, seja na dissolução
XV- é livre a locomoção no território nacional em tempo de compulsória, seja na suspensão de atividades, será necessária
paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, decisão judicial. Entretanto, como a dissolução compulsória
permanecer ou dele sair com seus bens; possui uma maior gravidade exige-se o trânsito em julgado da
O inciso em questão prega o direito de locomoção. Esse decisão judicial.
direito abrange o fato de se entrar, permanecer, transitar e sair
do país. Quando o texto constitucional explicita que qualquer XX- ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a
pessoa está abrangida pelo direito de locomoção, não há permanecer associado;
diferenciação entre brasileiros natos e naturalizados, bem
como nenhuma questão atinente aos estrangeiros. Desta
forma, como é possível perceber a locomoção será livre em
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XXI- as entidades associativas, quando expressamente indenizado. Um exemplo típico do instituto da requisição
autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados administrativa é o encontrado no caso de guerras.
judicial ou extrajudicialmente;
Cabe ressaltar que, de acordo com a legislação processual XXVI- a pequena propriedade rural, assim definida em lei,
civil, ninguém poderá alegar em nome próprio direito alheio, desde que trabalhada pela família, não será objeto de penhora
ou seja, o próprio titular do direito buscará a sua efetivação. para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade
No entanto, aqui estamos diante de uma exceção a tal regra, ou produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu
seja, há existência de legitimidade extraordinária na defesa desenvolvimento;
dos interesses dos filiados. Assim, desde que expressamente Este inciso traz a impenhorabilidade da pequena
previsto no estatuto social, as entidades associativas passam a propriedade rural. É importante salientar que a regra de
ter legitimidade para representar os filiados judicial ou impenhorabilidade da pequena propriedade rural para
extrajudicialmente. Quando falamos em legitimidade na esfera pagamento de débitos decorrentes da atividade produtiva
judicial, estamos nos referindo à tutela dos interesses no Poder abrange somente aquela trabalhada pela família.
Judiciário. Porém, quando falamos em tutela extrajudicial,
pode ser realizada administrativamente (Vale esclarecer, é
Súmula 364-STJ: O conceito de impenhorabilidade de
REPRESENTAÇÃO e não substituição processual).
bem de família abrange também o imóvel pertencente a
pessoas solteiras, separadas e viúvas.
XXII- é garantido o direito de propriedade;
De acordo com a doutrina civilista, o direito de
propriedade caracteriza-se pelo uso, gozo e disposição de um
Súmula 486-STJ: É impenhorável o único imóvel
bem. Todavia, o direito de propriedade não é absoluto, pois
residencial do devedor que esteja locado a terceiros, desde
existem restrições ao seu exercício, como por exemplo, a
que a renda obtida com a locação seja revertida para a
obediência à função social da propriedade. Há duas garantias
subsistência ou a moradia da sua família.
de propriedade, a de conservação (ninguém pode ser privado
de seus bens, exceto hipóteses previstas nesta constituição) e
a de compensação (se privado de seus bens, há o direito de XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização,
ressarcimento no valor equivalente ao prejuízo sofrido). publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos
herdeiros pelo tempo que a lei fixar;
XXIII- a propriedade atenderá a sua função social; Este inciso tem por escopo a tutela do direito de
A função social é uma das limitações ao direito de propriedade intelectual, sendo a propriedade industrial e os
propriedade. A propriedade urbana estará atendendo sua direitos do autor. Esses direitos podem ser morais
função social quando obedecer as exigências expressas no (inalienáveis e irrenunciáveis) - consiste na paternidade da
plano diretor (é obrigatório para as cidades que possuam mais obra, ou patrimoniais (os direitos são transmissíveis e
de vinte mil habitantes e tem por objetivo traçar metas que renunciáveis). Como é possível extrair do inciso esses direitos
serão obedecidas para o desenvolvimento das cidades). são passíveis de transmissão por herança, sendo, todavia,
Quanto à propriedade rural, deve ser obedecida a preservação submetidos a um tempo fixado pela lei. Desta maneira, não é
do meio ambiente, os critérios e graus de exigência pelo simples fato de ser herdeiro do autor de uma determinada
estabelecidos em lei, à utilização adequada dos recursos obra que lhe será garantida a propriedade da mesma, pois a lei
naturais disponíveis e à exploração que favoreça o bem estar estabelecerá um tempo para que os herdeiros possam
dos proprietários e dos trabalhadores. explorar a obra. Após o tempo estabelecido a obra pertencerá
a todos.
XXIV- a lei estabelecerá o procedimento para
desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por XXVIII- são assegurados, nos termos da lei:
interesse social, mediante justa e prévia indenização em a) a proteção às participações individuais em obras coletivas
dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição; e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas
A Desapropriação é o procedimento pelo qual o Poder atividades desportivas;
Público, fundado na necessidade pública, utilidade pública ou b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico
interesse social, compulsoriamente, priva alguém de certo das obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos
bem, móvel ou imóvel, adquirindo-o para si em caráter intérpretes e às respectivas representações sindicais e
originário, mediante justa e prévia indenização. É, em geral, associativas;
um ato promovido pelo Estado, mas poderá ser concedido a Este inciso preza a proteção dos direitos individuais do
particulares permissionários ou concessionários de serviços autor quando participe de uma obra coletiva. Um exemplo que
públicos, mediante autorização da Lei ou de Contrato com a pode ilustrar o conteúdo da alínea “a” diz respeito à gravação
Administração. de um clipe musical por diversos cantores. Não é pelo simples
Requisitos para desapropriação: 1) Necessidade pública; fato da gravação ser coletiva que não serão garantidos os
2) Utilidade pública; 3) Interesse social; direitos autorais individuais dos cantores. Pelo contrário,
Mediante: 1) justa e prévia indenização; 2) Indenização em serão respeitados os direitos individuais de cada cantor.
dinheiro. O inciso “b” traz o instituto do direito de fiscalização do
aproveitamento das obras. A alínea em questão expressa que
XXV- no caso de iminente perigo público, a autoridade o próprio autor poderá fiscalizar o aproveitamento econômico
competente poderá usar de propriedade particular, assegurada da obra, bem como os intérpretes, representações sindicais e
ao proprietário indenização ulterior, se houver dano; associações.
Neste caso estamos diante do instituto da requisição
administrativa, que permite à autoridade competente utilizar XXIX- a lei assegurará aos autores de inventos industriais
propriedades particulares em caso de iminente perigo público privilégio temporário para sua utilização, bem como às criações
(calamidade pública) - já ocorrido ou prestes a ocorrer. Desta industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e
maneira, utilizada a propriedade particular será seu a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o
proprietário indenizado, posteriormente, caso seja constatada desenvolvimento tecnológico e econômico do País;
a existência de dano. Em caso negativo, este não será Este inciso trata, da tutela do direito de propriedade
intelectual, explicitando o caráter não-definitivo de exploração
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das obras, haja vista a limitação temporal de exploração por o acesso ao Poder Judiciário. Havendo lesão ou ameaça de
lei. Isso ocorre pelo fato de que há induzido um grande lesão a direito, tal questão deverá ser levada até o Poder
interesse da sociedade em conhecer o conteúdo das pesquisas Judiciário para que possa ser dirimida. Quando a lesão
e inventos que podem trazer maior qualidade de vida à acontecer no âmbito administrativo não será necessário o
população. esgotamento das vias administrativas. Exceção: Justiça
Desportiva, que exige para o ingresso no Poder Judiciário, o
XXX- é garantido o direito de herança; esgotamento de todos os recursos administrativos cabíveis.
A herança é o objeto da sucessão. Com a morte abre-se a
sucessão, que tem por objetivo transferir o patrimônio do XXXVI- a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato
falecido aos seus herdeiros. É importante salientar que são jurídico perfeito e a coisa julgada;
transferidos aos herdeiros tanto créditos (ativo) como dívidas A real intenção deste inciso é a preservação da segurança
(passivo), até que seja satisfeita a totalidade da herança. jurídica, pois com essa observância, estaremos diante da
estabilidade das relações jurídicas. Conceitualmente, de
XXXI- a sucessão de bens de estrangeiros situados no País acordo com o artigo 6º da LINDB (Lei de Introdução às Normas
será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos de Direito Brasileiro) temos:
filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável à lei - Direito adquirido: Os direitos já adquiridos por uma
pessoal do de cujus; pessoa não podem ser prejudicados por novas leis, exemplo:
A regra é que a sucessão dos bens do estrangeiro será aposentadoria (quem já a recebe, não pode ser prejudicado
regulada pela lei brasileira. Todavia, o próprio inciso traz uma por leis posteriores);
exceção, no caso de sucessão de bens de estrangeiros situados - Ato jurídico perfeito: Ato já consumado segundo a lei
no país, admite-se aplicar a lei mais favorável ao cônjuge ou vigente ao tempo em que se efetuou;
filhos brasileiros da pessoa falecida, a lei brasileira ou a lei do - Coisa julgada: Decisão judicial de que não caiba mais
país de origem do de cujus. recurso.
XXXII- o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do XXXVII- não haverá juízo ou tribunal de exceção;
consumidor; São considerados juízos ou tribunais de exceção, aqueles
Com o objetivo de dar cumprimento a este inciso, no dia 11 organizados posteriormente à ocorrência do caso concreto. O
de setembro de 1990 entrou em vigor o código de defesa do juízo de exceção é caracterizado pela transitoriedade e pela
consumidor, Lei Federal n° 8.078/90. arbitrariedade aplicada a cada caso.
XXXIII- todos têm direito a receber dos órgãos públicos XXXVIII- é reconhecida a instituição do júri, com a
informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo organização que lhe der a lei, assegurados:
ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de a) a plenitude da defesa;
responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja A plenitude de defesa admite a possibilidade de todos os
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; meios de defesa, sendo caracterizado como um nível maior do
Aqui encontramos um desdobramento do direito à que a ampla defesa, defendida em todos os procedimentos
informação. É direito fundamental de obter informações do judiciais, sob pena de nulidade processual.
poder público, que será exercitado na via administrativa e se b) o sigilo das votações;
relaciona com um interesse particular, geral ou coletivo. Nesse Após os debates, o juiz presidente do Tribunal do Júri
caso, havendo recusa no fornecimento de certidões, ou efetua a leitura dos quesitos formulados acerca do crime para
informações de terceiros, o remédio cabível será o mandado de os sete jurados, que compõe o Conselho de Sentença, e os
segurança. questiona se estão preparadas para a votação. Caso seja
afirmativa a resposta, estes serão encaminhados, juntamente
XXXIV- são a todos assegurados, independentemente do com o magistrado até uma sala onde será realizada a votação.
pagamento de taxas: Neste ato, o juiz efetua a leitura dos quesitos e um oficial
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de entrega duas cédulas de papel contendo as palavras sim e não
direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; aos jurados. Posteriormente, estas são recolhidas, para que
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para seja possível chegar ao resultado final do julgamento. É
defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse importante salientar que essa característica de sigilo atribuída
pessoal; à votação deriva do fato que inexiste possibilidade de se
O fato de ser independente de pagamento de taxas não descobrir qual o voto explicitado pelos jurados
quer dizer que o exercício desses direitos seja realizado individualmente. Isso decorre que inexiste qualquer
gratuitamente, mas sim, que podem ser isentos de taxas para identificação nas cédulas utilizadas para a votação.
as pessoas reconhecidamente pobres. c) a soberania dos veredictos;
A alínea “a” traz, em seu bojo, o direito de petição, que Essa característica pressupõe que as decisões tomadas
consiste na possibilidade de levar ao conhecimento do Poder pelo Tribunal do Júri não poderão ser alteradas pelo Tribunal
Público a ocorrência de atos revestidos de ilegalidade ou abuso de Justiça respectivo.
de poder. d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos
A alínea “b” trata da obtenção de certidões em repartições contra a vida;
públicas. De acordo com a Lei nº 9.051/95 o prazo para o Os crimes dolosos3 contra a vida estão previstos nos
esclarecimento de situações e expedição de certidões é de artigos 121 a 128 do Código Penal (homicídio, induzimento,
quinze dias. instigação, auxílio ao suicídio, infanticídio e aborto).
XXXV- a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário XXXIX- não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena
lesão ou ameaça a direito; sem prévia cominação legal;
Neste inciso encontra-se consagrado o princípio da Esse princípio, muito utilizado no Direito Penal, encontra-
inafastabilidade da jurisdição. Não poderão haver óbices para se divididos em dois subprincípios, da reserva legal (não será
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XLIV- constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de LI- nenhum brasileiro será extraditado, salvo o
grupos armados, civis ou militares, contra a ordem naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da
constitucional e o Estado Democrático; naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico
A constituição protege o Estado de ação de grupos ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;
armados militares ou civis que agem contra o sistema político. Em hipótese alguma o brasileiro nato será extraditado.
Contudo, o brasileiro naturalizado, poderá ser extraditado
XLV- nenhuma pena passará da pessoa do condenado, desde que ocorram as seguintes situações:
podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do
perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos
sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do Antes da naturalização Depois da naturalização
patrimônio transferido;
Destaca-se neste inciso princípio da personalização da - não será extraditado por
- prática de crime comum
pena. Há responsabilidades nos âmbitos civil e penal. No crime comum
âmbito penal, a pena é personalíssima, não podendo ser - comprovado - comprovado
transferida a seus herdeiros. envolvimento em tráfico envolvimento em tráfico
Quanto à responsabilidade no âmbito civil, a interpretação ilícito de entorpecentes e ilícito de entorpecentes e
é realizada de maneira diversa, a obrigação de reparar o dano drogas afins drogas afins.
e a decretação de perdimento de bens podem se estender aos
sucessores, no limite do valor do patrimônio transferido.
LII- não será concedida extradição de estrangeiro por crime
XLVI- a lei regulará a individualização da pena e adotará, político ou de opinião;
entre outras, as seguintes: É importante não confundir a expressão “crime político”
a) privação ou restrição de liberdade; com a expressão “crime eleitoral”. Crimes políticos são aqueles
4 Vacatio refere-se ao tempo em que a lei é publicada até a sua entrada em vigor. 5 A graça é o perdão da pena à um condenado, enquanto a anistia é o perdão da
A lei somente será aplicável a fatos praticados posteriormente a sua vigência. pena, generalizada.
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que atentam contra a estrutura política de um Estado, impossibilite a completa identificação dos caracteres
enquanto os crimes eleitorais são aqueles referentes ao essenciais.
processo eleitoral, explicitados pelo respectivo Código.
Com relação aos crimes de opinião, podemos defini-los LIX- será admitida ação privada nos crimes de ação pública,
como aqueles que sua execução consiste na manifestação de se esta não for intentada no prazo legal;
pensamento. Sendo estes a calúnia, a difamação e a injúria. Quando o Ministério Público (órgão competente para
ajuizar a ação) permanecer inerte e não oferecer denúncia no
LIII- ninguém será processado nem sentenciado senão por prazo legal, o ofendido poderá fazê-la. Esse mecanismo chama-
autoridade competente; se ação penal privada subsidiária da pública.
Há dois princípios importantes, o princípio do promotor
natural e o princípio do juiz natural. O princípio do promotor LX- a lei só poderá restringir a publicidade dos atos
natural consiste no fato que ninguém será processado, senão processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social
por autoridade competente, ou seja, será necessária a o exigirem;
existência de um Promotor de Justiça previamente A regra é a publicidade de todos os atos processuais.
competente ao caso. O princípio do juiz natural, há a Contudo, segundo este inciso, poderá haver restrição.
consagração que ninguém será sentenciado, senão por Exemplo: Ações que envolvem menores e incapazes - correm
autoridade competente. Isso importa dizer que não será em segredo de justiça.
possível existência de juízos ou tribunais de exceção, ou seja,
especificamente destinados à análise de um caso concreto. LXI- ninguém será preso senão em flagrante delito ou por
ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária
LIV- ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime
o devido processo legal; propriamente militar, definidos em lei;
Para que haja um processo legal, há necessidade da De acordo com este inciso só existem duas maneiras de se
observância do contraditório e da ampla defesa (direito de efetuar a prisão de um indivíduo. A primeira se dá por meio da
defesa à acusação). prisão em flagrante e a segunda é a prisão realizada por ordem
escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente
LV- aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e (mandado de prisão). Para os militares, há duas ressalvas,
aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla poderão ser presos em razão de transgressão militar (violação
defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; dos princípios da ética, dos deveres e das obrigações militares)
Contraditório é a ciência dos atos processuais e a ou pelo cometimento de crime militar, previstos em lei.
possibilidade de contrariá-los naquilo que houver
discordância. A ampla defesa é o direito do acusado apresentar LXII- a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre
argumentos em favor, provando-os nos limites legais. Frisa-se serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à
que, tanto o contraditório quanto a ampla defesa são direitos família ou à pessoa por ele indicada;
de respostas do réu. Este inciso demonstra o direito de comunicação imediata
do preso, restrito na forma legal.
LVI- são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por
meios ilícitos; LXIII- o preso será informado de seus direitos, entre os quais
Prova ilícita é a que viola regra de direito material, seja o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da
constitucional ou legal, no momento de sua obtenção (ex.: família e de advogado;
confissão mediante tortura). A Constituição traz mais um direito ao preso, o de
permanecer calado (o preso não é obrigado a produzir prova
LVII- ninguém será considerado culpado até o trânsito em contra si) e assegura a assistência de sua família e de um
julgado da sentença penal condenatória; advogado.
Aqui estamos diante do princípio da presunção de
inocência ou da não-culpabilidade. Trânsito em julgado da LXIV- o preso tem direito a identificação dos responsáveis
sentença penal condenatória, significa que não há mais por sua prisão ou por seu interrogatório policial;
possibilidade de interposição de recursos. Assim, após o A autoridade policial deve estar devidamente identificada,
trânsito em julgado da sentença será possível lançar o nome ex. estar fardada, com nome aparente.
do réu no rol dos culpados.
LXV- a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela
LVIII- o civilmente identificado não será submetido à autoridade judiciária;
identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei; Caso a prisão tenha ocorrido de forma ilegal (alguma
Atualmente, a Lei nº 12.037/2009, traz em seu artigo 3º, as nulidade, ou abuso de autoridade no ato da prisão, etc.), a peça
hipóteses em que o civilmente identificado deverá proceder à cabível para soltá-lo é o relaxamento de prisão, deferida ou
identificação criminal. São elas: não pelo juiz de direito.
- se o documento apresentado tiver rasura ou tiver indício
de falsificação; LXVI- ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando
- se o documento apresentado for insuficiente para a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança;
identificar cabalmente o indiciado; Estamos diante de uma prisão legalmente realizada.
- se o indiciado portar documentos de identidade distintos, Contudo, a lei permite que o acusado responda em liberdade,
com informações conflitantes entre si; com ou sem o pagamento da fiança. A liberdade com fiança
- se a identificação criminal for essencial às investigações pode ser decretada pelo Juiz de Direito ou pelo Delegado de
policiais, segundo despacho da autoridade judiciária Polícia (o delegado apenas poderá decretar a liberdade
competente, que decidirá de ofício ou mediante representação provisória com fiança quando a pena privativa de liberdade
da autoridade policial, do Ministério Público ou da defesa; máxima não for superior a 4 anos). Já a liberdade sem fiança,
- constar de registros policiais o uso de outros nomes ou somente poderá ser decretada pelo Juiz de Direito.
diferentes qualificações; e
- se o estado de conservação ou a distância temporal ou da
localidade da expedição do documento apresentado
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LXVII- não haverá prisão civil por dívida, salvo a do autoridade é o agente investido no poder de decisão. É
responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de importante tal caracterização, pois, desta maneira, não há o
obrigação alimentícia e a do depositário infiel; risco de ilegitimidade passiva na impetração do mandado de
A prisão civil é medida privativa de liberdade, sem caráter segurança.
de pena, com a finalidade de compelir o devedor a satisfazer Similarmente ao habeas corpus, existem duas espécies de
uma obrigação. O Pacto de San José da Costa Rica, ratificado mandado de segurança:
pelo Brasil (recepcionado de forma equivalente a norma - Preventivo: Quando estamos diante de ameaça ao direito
constitucional), autoriza a prisão somente em razão de dívida líquido e certo, por ilegalidade ou abuso de poder.
alimentar. Assim, não é admitida a prisão do depositário infiel. - Repressivo: Quando a ilegalidade ou abuso de poder já
foram praticados.
Súmula Vinculante 25: É ilícita a prisão civil de
depositário infiel, qualquer que seja a modalidade de LXXI- conceder-se-á mandado de injunção sempre que a
depósito. falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos
direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas
inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania;
LXVIII- conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém
sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em O mandado de injunção tem por objetivo combater a falta
sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder; de efetividade das normas constitucionais. Para que seja
Este remédio constitucional tem por escopo assegurar a possível a impetração de mandado de injunção há necessidade
efetiva aplicação do direito de locomoção, ou seja, o direito de da presença de dois requisitos:
ir, vir e permanecer em um determinado local. - Existência de norma constitucional que preveja o
Este remédio constitucional poderá ser utilizado tanto no exercício de direitos e liberdades constitucionais e das
caso de iminência de violência ou coação à liberdade de prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à
cidadania.
locomoção, como no caso de efetiva ocorrência de ato
- Inexistência de norma regulamentadora que torne
atentatório à liberdade.
inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e
Assim, são duas as espécies de habeas corpus:
das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à
- Preventivo ou salvo-conduto: Neste caso o habeas corpus
cidadania.
será impetrado pelo indivíduo que se achar ameaçado de
A grande consequência do mandado de injunção consiste
sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por
na comunicação ao Poder Legislativo para que elabore a lei
ilegalidade ou abuso de poder. Tem por finalidade obter um
salvo-conduto, ou seja, um documento para garantir o livre necessária ao exercício dos direitos e liberdades
trânsito em sua liberdade de locomoção (ir, vir e permanecer). constitucionais.
Exemplo: Fulano está sendo acusado de cometer um crime de
roubo, porém há indícios de que não foi ele que cometeu o LXXII- conceder-se-á habeas data:
crime. Então, ele impetra o Habeas Corpus preventivo, o juiz a) para assegurar o conhecimento de informações relativas
reconhecendo legítimos seus argumentos o concede o salvo- à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de
conduto, que permitirá que este se mantenha solto até a dados de entidades governamentais ou de caráter público;
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo
decisão final do processo.
por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
- Repressivo ou liberatório: Aqui haverá a impetração
O habeas data assegura o direito de informação. De acordo
quando alguém sofrer violência ou coação em sua liberdade de
com o princípio da informação todos têm direito de receber
locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder. Nesse passo, o
informações relativas à pessoa do impetrante, constante de
habeas corpus será impetrado com a finalidade de obter a
registros ou banco de dados de entidades governamentais ou
expedição de um alvará de soltura (documento no qual consta
de caráter público.
ordem emitida pelo juiz para que alguém seja posto em
liberdade).
LXXIII- qualquer cidadão é parte legítima para propor ação
LXIX- conceder-se-á mandado de segurança para proteger popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de
direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou entidade de que o Estado participe, à moralidade
habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e
poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de
exercício de atribuições de Poder Público; custas judiciais e do ônus da sucumbência;
A Ação Popular é regida pela Lei nº 4.717/65 que confere
legitimidade de propositura ao cidadão (os que estão em gozo
LXX- o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado
dos direitos políticos - direito de votar e ser votado), imbuído
por:
de direitos políticos, civis e sociais. Este remédio
a) partido político com representação no Congresso
constitucional, cuja legitimidade para propositura, é do
Nacional;
cidadão, visa um provimento jurisdicional (sentença) que
b) organização sindical, entidade de classe ou associação
legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um declare a nulidade de atos lesivos ao patrimônio público.
ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados; Não confunda ação civil pública com ação popular: A ação
civil pública, explicitada pela Lei nº 7.347/85, é um
O objeto do Mandado de Segurança é a proteção de direito instrumento processual tendente a tutelar interesses difusos,
líquido e certo (aquele que pode ser demonstrado de plano, coletivos e individuais homogêneos. Neste caso, a Lei da Ação
por meio de prova pré-constituída, sendo, portanto, Civil Pública, dispõe um rol de legitimados à propositura da
dispensada a dilação probatória). ação, como por exemplo: a União, os Estados, os Municípios, o
Distrito Federal, o Ministério Público, dentre outros. Desta
A impetração de mandado de segurança, nos casos não
maneira, podemos perceber que o cidadão individualmente
amparados por habeas corpus ou habeas data, ocorre pelo fato
considerado, detentor de direitos políticos, não é legitimado
de que é necessário utilizar o remédio processual adequado a
para a propositura de tal ação.
cada caso. Cabe ressaltar que um dos requisitos mais
importantes para a impetração do mandado de segurança é a
LXXIV- o Estado prestará assistência jurídica integral e
identificação da autoridade coatora pela ilegalidade ou abuso
gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos;
do poder. Para fins de impetração de mandado de segurança,
Legislação 11
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APOSTILAS OPÇÃO
Com a finalidade de atender aos indivíduos mais julho de 1998, o qual foi subscrito pelo Brasil. Trata-se de
necessitados financeiramente, a própria Constituição em seu instituição permanente, com jurisdição para julgar genocídio,
artigo 134, trata da Defensoria Pública, instituição crimes de guerra, contra a humanidade e de agressão, e cuja
especificamente destinada a este fim, que incumbe a sede se encontra em Haia, na Holanda. Os crimes de
orientação jurídica e a defesa, em todos os graus. competência desse Tribunal são imprescritíveis, dado que
atentam contra a humanidade como um todo.
LXXV- o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, O tratado foi equiparado no ordenamento jurídico
assim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença; brasileiro às leis ordinárias. Em que pese tenha adquirido este
Estamos diante de responsabilidade objetiva do Estado, ou caráter, o mencionado tratado diz respeito a direitos humanos,
seja, comprovado o nexo de causalidade entre a conduta e o porém não possui característica de emenda constitucional,
resultado danoso, será exigível a indenização, pois entrou em vigor em nosso ordenamento jurídico antes da
independentemente da comprovação de culpa ou dolo. edição da Emenda Constitucional nº 45/04. Para que tal
tratado seja equiparado às emendas constitucionais deverá
LXXVI- são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na passar pelo mesmo rito de aprovação destas.
forma da lei:
a) o registro civil de nascimento; Questões
b) a certidão de óbito;
01. (ABIN - Técnico de Inteligência - CESPE/2018) A
LXXVII- são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas respeito dos direitos e das garantias fundamentais, julgue o
data e, na forma da lei, os atos necessário ao exercício da item a seguir.
cidadania; O direito à liberdade de expressão artística previsto
Exemplo: a emissão de título de eleitor - que garante ao constitucionalmente não exclui a possibilidade de o poder
indivíduo o caráter de cidadão, para fins de propositura de público exigir licença prévia para a realização de determinadas
ação popular. exposições de arte ou concertos musicais.
( ) Certo ( ) Errado
LXXVIII- a todos, no âmbito judicial e administrativo, são
assegurados a razoável duração do processo e os meios que 02. (DPE/SC - Técnico Administrativo -
garantam a celeridade de sua tramitação. FUNDATEC/2018) Em relação aos Direitos e Garantias
A duração razoável do processo deverá ser empregada fundamentais previstos na Constituição Federal, analise as
tanto na esfera judicial como na administrativa, fazendo com seguintes assertivas:
que o jurisdicionado não necessite aguardar longos anos à I. Todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em
espera de um provimento jurisdicional. locais abertos ao público, independentemente de autorização,
desde que não frustrem outra reunião anteriormente
§1º As normas definidoras dos direitos e garantias convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio
fundamentais têm aplicação imediata. aviso à autoridade competente.
Os direitos e garantias fundamentais constantes na C.F. II. É plena a liberdade de associação para fins lícitos,
passaram a ter total validade com sua entrada em vigor, inclusive a de caráter paramilitar.
independentemente, da necessidade de regulamentação de III. Aos autores pertence o direito exclusivo de utilização,
algumas matérias por lei infraconstitucional. publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos
herdeiros pelo tempo que a lei fixar.
§2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não Quais estão corretas?
excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela (A) Apenas I.
adotados, ou dos tratados internacionais em que a República (B) Apenas III.
Federativa do Brasil seja parte. (C) Apenas I e II.
Além dos direitos e garantias já existentes, este parágrafo (D) Apenas I e III.
consagra a possibilidade de existência de outros decorrentes (E) I, II e III.
do regime democrático. Quando o assunto abordado diz
respeito aos tratados, cabe ressaltar a importante alteração 03. (Pref. de Penalva/MA - Procurador Municipal -
trazida pela Emenda Constitucional nº 45/04, que inseriu o IMA/2017) Nos termos da Constituição Federal de 1988,
parágrafo 3º, que será analisado posteriormente. acerca dos direitos e garantias individuais e coletivos, é
CORRETO afirmar que:
§3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos (A) Conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta
humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos
Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas
respectivos membros, serão equivalentes às emendas inerentes à igualdade, à soberania e à cidadania.
constitucionais. (B) São gratuitas as ações de habeas corpus e mandado de
Este parágrafo trouxe uma novidade inserida pela Emenda segurança, e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício
Constitucional nº 45/04 (Reforma do Judiciário). Cabe da cidadania.
ressaltar que este parágrafo somente abrange os tratados e (C) As normas definidoras dos direitos e garantias
convenções internacionais sobre direitos humanos. Assim, os fundamentais têm aplicação mediata.
demais tratados serão recepcionados pelo ordenamento (D) A lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis
jurídico brasileiro com o caráter de lei ordinária, de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de
diferentemente do tratamento dado aos tratados de direitos entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como
humanos, com a edição da Emenda nº 45/04. crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os
executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem.
§4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal
Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão. 04. (PC/AP - Agente de Polícia - FCC/2017) A
Este parágrafo é outra novidade inserida ao ordenamento Constituição Federal de 1988, ao tratar dos direitos e deveres
jurídico pela Emenda Constitucional nº 45/04. O individuais e coletivos,
referido tribunal foi criado pelo Estatuto de Roma em 17 de
Legislação 12
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(A) assegura-os aos brasileiros residentes no País, mas não evitando que o crime aconteça e preservando a ordem pública,
aos estrangeiros em trânsito pelo território nacional, cujos fica a cargo das polícias militares, forças auxiliares e reserva
direitos são regidos pelas normas de direito internacional. do Exército. Já a polícia judiciária (polícia de investigação) atua
(B) prescreve que a natureza do delito praticado não pode repressivamente, depois de ocorrido o ilícito. A investigação e
ser critério para determinar o estabelecimento em que a pena a apuração de infrações penais (exceto militares e aquelas de
correspondente será cumprida pelo réu. competência da polícia federal), ou seja, o exercício da polícia
(C) atribui ao júri a competência para o julgamento dos judiciária, em âmbito estadual, cabe às policias civis, dirigidas
crimes dolosos contra a vida, assegurando a plenitude de por delegados de polícia de carreira.
defesa, a publicidade das votações e a soberania dos
veredictos. Órgãos da segurança pública
(D) excepciona o princípio da irretroatividade da lei penal
ao permitir que a lei seja aplicada aos crimes cometidos A segurança pública efetiva-se por meio dos seguintes
anteriormente a sua entrada em vigência, quando for mais órgãos:
benéfica ao réu, regra essa que incide, inclusive, quando se - Polícia Federal - instituída por lei como órgão
tratar de crime hediondo. permanente, organizado e mantido pela União e estruturado
(E) determina que a prática de crime hediondo constitui em carreira, destina-se a:
crime inafiançável e imprescritível. a) apurar infrações penais contra a ordem política e social
ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou
05. (Pref. de Chapecó/SC - Engenheiro de Trânsito - de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim
IOBV/2016) De acordo com o texto constitucional, é direito como outras infrações cuja prática tenha repercussão
fundamental do cidadão: interestadual ou internacional e exija repressão uniforme,
(A) A manifestação do pensamento, ainda que através do segundo se dispuser em lei;
anonimato. b) prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e
(B) A liberdade de associação para fins lícitos, inclusive de drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da
caráter paramilitar. ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas
(C) Ser compelido a fazer ou deixar de fazer alguma coisa áreas de competência;
somente em virtude de lei. c) exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e
(D) Ser livre para expressar atividade intelectual e de fronteiras; e
artística, mediante licença do Ministério da Educação e d) exercer, com exclusividade, as funções de polícia
Cultura. judiciária da União.
Legislação 13
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6 RE 559.646-AgR, rel. min.Ellen Gracie, julgamento em 7-6-2011, Segunda 7 HC 101.300, rel. min. Ayres Britto, julgamento em 5-10-2010, Segunda
Turma, DJE de 24-6-2011. No mesmo sentido: ARE 654.823-AgR, rel. min. Dias Turma, DJE 18-11-2010
Toffoli, julgamento em 12-11-2013, Primeira Turma, DJE de 5-12-2013
Legislação 14
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pela Constituição republicana de 1891, que impunha, por O § 6º do art. 144 da Constituição diz que os Delegados de
efeito da outorga de competências estanques, rígida separação Polícia são subordinados, hierarquizados
entre as atribuições federais e estaduais8. administrativamente aos governadores de Estado, do Distrito
A cláusula de exclusividade inscrita no art. 144, § 1º, IV, da Federal e dos Territórios. E uma vez que os delegados são, por
Constituição da República – que não inibe a atividade de expressa dicção constitucional, agentes subordinados, eu os
investigação criminal do Ministério Público – tem por única excluiria desse foro especial, ratione personae ou intuitu
finalidade conferir à Polícia Federal, dentre os diversos personae12.
organismos policiais que compõem o aparato repressivo da Polícias estaduais: regra constitucional local que
União Federal (Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e subordina diretamente ao governador a Polícia Civil e a Polícia
Polícia Ferroviária Federal), primazia investigatória na Militar do Estado: inconstitucionalidade na medida em que,
apuração dos crimes previstos no próprio texto da Lei invadindo a autonomia dos Estados para dispor sobre sua
Fundamental ou, ainda, em tratados ou convenções organização administrativa, impõe dar a cada uma das duas
internacionais9. corporações policiais a hierarquia de secretarias e aos seus
dirigentes o status de secretários13.
§ 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente,
organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, § 7º A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos
destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das órgãos responsáveis pela segurança pública, de maneira a
rodovias federais. garantir a eficiência de suas atividades.
§ 3º A polícia ferroviária federal, órgão permanente, § 8º Os Municípios poderão constituir guardas municipais
organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações,
destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das conforme dispuser a lei.
ferrovias federais. § 9º A remuneração dos servidores policiais integrantes dos
§ 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de órgãos relacionados neste artigo será fixada na forma do § 4º do
carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as art. 39.
funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, § 10. A segurança viária, exercida para a preservação da
exceto as militares. ordem pública e da incolumidade das pessoas e do seu
A Constituição do Brasil – art. 144, § 4º – define patrimônio nas vias públicas:
incumbirem às polícias civis ‘as funções de polícia judiciária e I - compreende a educação, engenharia e fiscalização de
a apuração de infrações penais, exceto as militares’. Não trânsito, além de outras atividades previstas em lei, que
menciona a atividade penitenciária, que diz com a guarda dos assegurem ao cidadão o direito à mobilidade urbana eficiente;
estabelecimentos prisionais; não atribui essa atividade e
específica à polícia civil10. II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, aos respectivos órgãos ou entidades executivos e
§ 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a seus agentes de trânsito, estruturados em Carreira, na forma da
preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros lei.
militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a
execução de atividades de defesa civil. Questões
“(...) reputo não haver que se falar em manifesta ilegalidade
em ato emanado de superior hierárquico consistente em 01. (TJM/SP - Escrevente Técnico Judiciário -
determinar a subordinado que se dirija à cadeia pública, a fim VUNESP/2017) Nos termos da Constituição Federal, os
de reforçar a guarda do local. Por outro lado, tenho para mim policiais militares estaduais têm, entre suas funções,
que a obediência reflete um dos grandes deveres do militar, (A) a segurança nacional, se o caso.
não cabendo ao subalterno recusar a obediência devida ao (B) a garantia dos poderes constitucionais.
superior, sobretudo levando-se em conta os primados da (C) a preservação da ordem pública.
hierarquia e da disciplina. Ademais, inviável delimitar, de (D) a de polícia judiciária.
forma peremptória, o que seria, dentro da organização militar, (E) a apuração de infrações penais.
ordem legal, ilegal ou manifestamente ilegal, uma vez que não
há rol taxativo a determinar as diversas atividades inerentes à 02. (SJC/SC - Agente de Segurança Socioeducativo -
função policial militar. Observo ainda que, levando-se em FEPESE/2016) De acordo com a Constituição Federal, a
conta a quadra atual a envolver os presídios brasileiros, com a segurança pública é composta pelos seguintes órgãos:
problemática da superpopulação carcerária em contraste com 1. Bombeiro militar
a escassez de mão de obra, entendo razoável a participação da 2. Defesa civil
Polícia Militar em serviços de custódia e guarda de presos, 3. Polícia federal
sobretudo a fim manter a ordem nos estabelecimentos Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas
prisionais. Por fim, emerge dos documentos acostados aos corretas.
autos que a ordem foi dada no sentido de reforçar a guarda, (A) É correta apenas a afirmativa 1.
temporariamente, em serviços inerentes à carceragem, e não (B) São corretas apenas as afirmativas 1 e 2.
para substituir agentes penitenciários como afirma a defesa11.” (C) São corretas apenas as afirmativas 1 e 3.
(D) São corretas apenas as afirmativas 2 e 3.
§ 6º As polícias militares e corpos de bombeiros militares, (E) São corretas as afirmativas 1, 2 e 3.
forças auxiliares e reserva do Exército, subordinam-se,
juntamente com as polícias civis, aos Governadores dos Estados, 03. (Câmara de Natal/RN - Guarda Legislativo -
do Distrito Federal e dos Territórios. COMPERVE/2016) A segurança pública, dever do Estado,
direito e responsabilidade de todos, é exercida para a
8 RHC 116.002, rel. min. Celso de Mello, julgamento em 12-3-2014, decisão 11 HC 101.564, voto do rel. min. Gilmar Mendes, julgamento em 30-11-2010,
monocrática, DJE de 17-3-2014. Segunda Turma, DJE de 15-12-2010.
9 HC 89.837, rel. min. Celso de Mello, julgamento em 20-10-2009, Segunda 12 ADI 2.587, voto do rel. p/ o ac. min. Ayres Britto, julgamento em 1º-12-2004,
Turma, DJE de 20-11-2009. Plenário, DJ de 6-11-2006.
10 ADI 3.916, rel. min.Eros Grau, julgamento em 3-2-2010, Plenário, DJE de 14-5- 13 ADI 132, rel. min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 30-4-2003,
2010. Plenário, DJ de 30-5-2003.
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15 Direitos Humanos e Cidadania, Disponível em: 18 Direitos Humanos e Cidadania, Disponível em:
http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/br/sc/scdh/parte2/c1.html http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/br/sc/scdh/parte2/xxx/4.html
16 Dom Pedro Casaldáliga. Direitos Humanos: Conquistas e Desafios, Disponível 19 DOTTI, René Ariel, Disponível em:
em: http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/br/sc/scdh/parte2/xxx/2.html http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/br/sc/scdh/parte2/xxx/4.html
17 SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo, Disponível em:
http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/br/sc/scdh/parte2/xxx/3.html
Legislação 17
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APOSTILAS OPÇÃO
sobre outra que é o servo ou escravo. Sociologicamente, o A características fundamental do presente dispositivo é a
vocábulo é empregado para traduzir a relação de dependência busca para efetivar a prestação judicial, ou a aplicação da
entre um grupo ou camada social sobre outra como ocorre na justiça, em qualquer situação, principalmente quando houver
aristocracia e que é submetida ao pagamento de tributos e a a ameaça a direito. A Constituição Federal abriga o presente
obrigação de prestar serviços. dispositivo e ainda reconhece, de forma subsidiaria, princípios
que visam garantir seu efetivo cumprimento.
Artigo 5º Importante ressaltar que a Constituição Federal, em seu
Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento Art. 5º, assegura a todos o direito de obter a tutela
ou castigo cruel, desumano ou degradante. jurisdicional, trazendo mesmo uma proteção da justiça, e
manifesta-se no sentido de que não se pode excluir da
A proibição quanto à tortura, já vinha estabelecida no apreciação do judiciário qualquer assunto, simples ou
Código de Hamurabi, em seu Art. 19: Desde já, ficam abolidos complexo, que a pessoa tenha necessidade de apreciação.
ao açoites, a tortura, a marca de ferro quente e todas as mais
penas cruéis. Artigo 9º
Em seu livro Direitos Humanos – Conquistas e Desafios20, Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.
o rabino Henry Sobel afirma que a tortura, um crime
inafiançável de acordo com a Constituição brasileira, continua Novamente o dispositivo declaratório invoca o princípio
a ser praticada pelos agentes do Estado, aviltando toda a da legalidade, enquanto instrumento abstrato de garantia, a
polícia. O espancamento, o choque elétrico e o pau-de-arara fim de que qualquer comando jurídico que venha a impor um
são técnicas usadas rotineiramente para esclarecer crimes. O comportamento forçado deve se originar de regra geral, o que
tratamento nas prisões é cruel, desumano e degradante. As significa uma irrestrita submissão e respeito à lei.
condições nas penitenciárias e nas cadeias públicas do país são O princípio da reserva legal decorre deste dispositivo,
abomináveis. tendo natureza concreta, circunscrevendo um comportamento
O conceito específico de tortura vem tratado na Convenção pessoal que deve se pautar em cada um dos limites impostos
Internacional contra a tortura e outros tratamentos ou penas pela lei formal.
cruéis, desumanas ou degradantes, e no âmbito interno, está Aqui verifica-se que a intangibilidade física e a
regulamentado na Lei nº 9.455/1997, faz sua própria incolumidade moral das pessoal está sujeita à custódia do
conceituação, baseada na convenção citada. Estado, garantidas pelo presente dispositivo e reafirmadas
internamente pelo inciso XLIX, do Art. 5º da Constituição
Artigo 6º Federal.
Toda pessoa tem o direito de ser, em todos os lugares,
reconhecida como pessoa perante a lei. Artigo 10
Toda pessoa tem direito, em plena igualdade, a uma
O presente dispositivo traz como premissa reconhecer que audiência justa e pública por parte de um tribunal inde-
toda pessoa, todos os indivíduos, sem qualquer tipo de pendente e imparcial, para decidir de seus direitos e
distinção, devem ser tratados como pessoa humana, o que deveres ou do fundamento de qualquer acusação criminal
significa existir uma consideração implícita no sentido de que contra ela.
todos, se refere à todas as pessoas.
Pode-se afirmar que ser considerado como pessoa é um Mais uma vez a DUDH invoca o princípio da igualdade,
pressuposto no qual se amparam os legisladores e que é a base agora combinado com a independência e à imparcialidade
para todos os outros direitos afirmados aqui. perante à Justiça, visando garantir que decisões sejam
Todo ser dotado de vida é indivíduo, isto é: algo que não se emanadas por um tribunal, visando também impedir a
pode dividir, sob pena de deixar de ser. O homem é um existência de tribunal de exceção.
indivíduo, mas é mais que isto, é uma pessoa. (...) Por isso é que Este dispositivo reconhece a instituição do júri para
ela constitui a fonte primária de todos os outros bens julgamento dos crimes dolosos contra a vida, onde é possível
jurídicos21. assegurar a plena defesa, o sigilo das votações e a soberania
dos veredictos.
Artigo 7º A Declaração é expressa: assegura a qualquer pessoa
Todos são iguais perante a lei e tem direito, sem direito de audiência junto ao poder judiciário, que é
qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm independente e imparcial, não só por torça da investidura de
direito a igual proteção contra qualquer discriminação que seus membros, na carreira, por concurso de títulos e provas,
viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento mas também por pertencer a um poder que, pela Constituição,
a tal discriminação. não é subordinado a nenhum outro. A independência do juiz é
absoluta e mesmo na hierarquia judiciária ele não deve
Aqui nota-se que a princípio da igualdade foi novamente obediência a magistrados superiores. O seu julgamento deve
abordado, reafirmando-o, contudo em caráter mais específico, seguir exclusivamente o seu entendimento, de acordo com a
visando a proteção legal, tanto em face da própria sua consciência22.
discriminação, quanto em face à proteção contra qualquer tipo
de incitamento à qualquer discriminação. Artigo 11
§ 1º Toda pessoa acusada de um ato delituoso tem o
Artigo 8º direito de ser presumida inocente até que a sua
Toda pessoa tem direito a receber dos tribunais culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em
nacionais competentes recurso efetivo para os atos que julgamento público no qual lhe tenham sido asseguradas
violem os direitos fundamentais que lhe sejam todas as garantias necessárias à sua defesa.
reconhecidos pela constituição ou pela lei.
20 SOLBEL, Henry. Direitos Humanos – Conquistas e Desafios, Disponível em: 22 Direitos Humanos e Cidadania, Disponível em:
http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/br/sc/scdh/parte2/xxx/5.html http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/br/sc/scdh/parte2/xxx/10.html,
21 SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo, Disponível em:
http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/br/sc/scdh/parte2/xxx/6.html,
Acesso em 02/07/2015
Legislação 18
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APOSTILAS OPÇÃO
23 DOTTI, René Ariel, Disponível em: 24 SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo, Disponível em:
http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/br/sc/scdh/parte2/xxx/11.html http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/br/sc/scdh/parte2/xxx/12.html
Legislação 19
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APOSTILAS OPÇÃO
25 SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo, Disponível em: 27 MORAES, Alexandre. Direitos Humanos Fundamentais, Disponível em:
http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/br/sc/scdh/parte2/xxx/18.html, http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/br/sc/scdh/parte2/xxx/20.html
26 MORAES, Alexandre. Direitos Humanos Fundamentais, Disponível em:
http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/br/sc/scdh/parte2/xxx/19.html,
Legislação 20
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28 LA ROCCA, Cesare de Florio. Declaração Universal dos Direitos Humanos da 29 Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU – Artigos Comentados,
ONU – Artigos Comentados, Disponível em: Disponível em: http://dhnet.org.br/direitos/deconu/coment/lavenere.html
http://dhnet.org.br/direitos/deconu/coment/orocca.html.
Legislação 21
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APOSTILAS OPÇÃO
§ 2º No exercício de seus direitos e liberdades, toda (C) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 3.
pessoa estará sujeita apenas às limitações determinadas (D) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 4.
por lei, exclusivamente com o fim de assegurar o devido (E) São corretas apenas as afirmativas 2, 3 e 4.
reconhecimento e respeito dos direitos e liberdades de
outrem e de satisfazer às justas exigências da moral, da 02. (Pref. de Natal/RN - Advogado - IDECAN/2016)
ordem pública e do bem-estar de uma sociedade Assinale a alternativa que NÃO está de acordo com a
democrática. Declaração Universal dos Direitos Humanos.
§ 3º Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese (A) Todo ser humano tem o direito de deixar qualquer país,
alguma, ser exercidos contrariamente aos propósitos e inclusive o próprio, mas não a este regressar.
princípios das Nações Unidas. (B) Todos os seres humanos nascem livres e iguais em
dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e
Trata-se de fixar expressamente os deveres de cada devem agir em relação uns aos outros com espírito de
indivíduo para com a comunidade, numa forma de fraternidade.
contrapartida em face dos direitos anteriormente (C) Todo ser humano tem direito a receber dos tribunais
assegurados. nacionais competentes remédio efetivo para os atos que
Nas palavras de DOTTI30, os indivíduos têm deveres para violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos
com a sua família e a sociedade onde vivem assim como são pela constituição ou pela lei.
titulares de direitos cujo reconhecimento e proteção não (D) Todo ser humano tem direito, em plena igualdade, a
dependem somente do Estado mas também de todos os uma justa e pública audiência por parte de um tribunal
cidadãos. Daí porque os deveres comunitários constituem um independente e imparcial, para decidir sobre seus direitos e
caminho de dupla via. deveres ou do fundamento de qualquer acusação criminal
contra ele.
Artigo 30
Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser 03. (AL/GO - Analista Legislativo - CS/UFG) “Todo
interpretada como o reconhecimento a qualquer Estado, homem tem direito à liberdade de opinião e expressão; este
grupo ou pessoa, do direito de exercer qualquer atividade direito inclui a liberdade de, sem interferências, ter opiniões e
ou praticar qualquer ato destinado à destruição de procurar, receber e difundir in- formações e ideias por
quaisquer dos direitos e liberdades aqui estabelecidos. quaisquer meios de expressão, independentemente de
fronteiras” (Artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos
Este último dispositivo, que fecha a DUDH, busca manter Humanos). Esse direito refere-se à:
aberta as possibilidades de concretizar outros valores que (A) Liberdade de cátedra.
possam estar presentes no discurso jurídico politicamente (B) Liberdade de imprensa.
utilizável. (C) Liberdade sindical.
Em termos de técnica legislativa, inova, se confrontada (D) Liberdade de expressão.
com textos constitucionais nacionais e normas internacionais.
E justamente porque abandonou o esquema de democracia 04. (CBM/MG - Oficial do Corpo de Bombeiros Militar -
formal: proclamar direitos e remeter, para um possível IDECAN) Quanto às considerações enunciadas no preâmbulo
interior do próprio texto (Constituição ou Tratado), ou para da Declaração Universal dos Direitos Humanos, marque a
princípios existentes em dado sistema legal, o conteúdo do afirmativa INCORRETA.
direito apontado mas não definido31. (A) O desprezo e o desrespeito pelos direitos humanos
resultam em atos bárbaros que ultrajam a consciência da
Questões humanidade.
(B) Aspira-se por um mundo em que todos gozem de
01. (SJC/SC - Agente de Segurança Socioeducativo - liberdade de palavra, de crença e da liberdade de viverem a
FEPESE/2016) A Declaração Universal dos Direitos Humanos salvo do temor e da necessidade.
aprovada pela ONU em 1948 declara expressamente. (C) É essencial que os direitos humanos sejam protegidos
1. Todo ser humano tem direito à liberdade de por meio de rebeliões contra a opressão para que o ser
pensamento, consciência e religião nos países ocidentais e humano não seja compelido ao império da lei.
cristãos. (D) Os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta da
2. Afirma que todos os seres humanos nascem livres e ONU, sua fé nos direitos humanos fundamentais, na dignidade
iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e e no valor do ser humano e na igualdade de direitos entre
consciência e devem agir em relação uns aos outros com homens e mulheres.
espírito de fraternidade.
3. Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e 05. (SEE/MG - Professor de Educação Básica - IBFC)
expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, Assinale a alternativa correta sobre o órgão que proclamou a
ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e Declaração Universal dos Direitos Humanos.
ideias por quaisquer meios e independentemente de (A) Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas.
fronteiras. (B) Conselho de Segurança da Organização das Nações
4. Toda pessoa vítima de perseguição tem o direito de Unidas.
procurar e de gozar refúgio em outros países, mesmo em casos (C) Conselho Econômico e Social das Nações Unidas.
de perseguição legitimamente motivada por crime de direito (D) Assembleia Especial de Justiça da Organização das
comum. Nações Unidas.
30 DOTTI, René Ariel, Disponível em: 31 Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU – Artigos Comentados,
http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/br/sc/scdh/parte2/xxx/29.html Disponível em: http://dhnet.org.br/direitos/deconu/coment/pinaude.html
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APOSTILAS OPÇÃO
Interpretação Título I
Das Disposições Preliminares
Na interpretação do ECA se levará em conta as exigências
do bem comum, os direitos e deveres individuais e coletivos, e Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança
a condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas e ao adolescente.
em desenvolvimento. Em eventual semelhança de interesses
jurídicos será preciso aplicar o princípio da Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a
proporcionalidade, de modo a optar pelo interesse que mais se pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente
aproxime dos fins sociais da lei e do princípio da dignidade aquela entre doze e dezoito anos de idade.
humana, coluna vertebral da proteção integral e do próprio Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se
Direito da Infância e da Juventude. excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e
vinte e um anos de idade.
Princípios Norteadores: Portanto, Criança é a pessoa com até 12 anos de idade
incompletos; Adolescente é a pessoa entre 12 e 18 anos de idade.
Princípio da Proteção Integral. O critério adotado para distinguir essas pessoas foi o
Em seu artigo 227, a Constituição Federal trás o princípio cronológico, ou seja, verifica-se apenas a idade da pessoa e não
da Proteção Integral indica o dever da família, da sociedade e sua capacidade de discernimento para a prática de alguma
do Estado de zelar pela inviolabilidade dos direitos conduta.
32 33 Disponível em:
http://www.crianca.mppr.mp.br/arquivos/File/publi/caopca/eca_anotado_2013 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069Compilado.htm - Acesso em
_6ed.pdf. 06.03.2019.
Legislação 23
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APOSTILAS OPÇÃO
EXCEÇÃO: Art. 2º, parágrafo único, ECA: Excepcionalmente, A criança e o adolescente estão a salvo de toda forma de
nos casos previstos em lei, aplicam-se as regras atinentes ao negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e
ECA, ao ser de 18 até 21 anos de idade. opressão. O artigo 227 § 4° da Constituição Federal assegura
De acordo com os Artigos 27 do Código Penal; 228 da CF; e proteção severa ao abuso, violência e exploração sexual da
104 do ECA, os menores de 18 anos são penalmente criança e adolescente.
inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na Sofre negligência a criança e o adolescente privado de suas
legislação especial, ou seja, ECA. necessidades básicas como saúde, alimentação, educação e
Em conformidade com o Art. 103 do Eca, Crime ou lazer, pois seus pais ou responsáveis deixam de prover as
Contravenção Penal, praticados por criança ou adolescente, necessidades básicas para o desenvolvimento físico,
recebe a denominação de Ato Infracional. emocional e social da criança e do adolescente.
O menor é vítima de discriminação quando tratado com
Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos desigualdade e preconceito em relação a outros indivíduos do
fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da seu meio.
proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se lhes, Explorar a criança e o adolescente é tirar proveito dos
por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e mesmos em qualquer âmbito das relações sociais, e ocorre, por
facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, exemplo, quando o menor é colocado para trabalhar em prol
mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e dos interesses daquele que deveria zelar por sua proteção
de dignidade. integral.
Parágrafo único. Os direitos enunciados nesta Lei aplicam- A criança e o adolescente são vítimas de violência ao lhe
se a todas as crianças e adolescentes, sem discriminação de sobrevir toda e qualquer forma de constrangimento físico e
nascimento, situação familiar, idade, sexo, raça, etnia ou cor, moral, maus tratos e tortura, atos com emprego de força física
religião ou crença, deficiência, condição pessoal de não acidental provocada por pais, responsáveis, familiares ou
desenvolvimento e aprendizagem, condição econômica, pessoas próximas. É no ambiente familiar que desponta a
ambiente social, região e local de moradia ou outra condição maior violência em face do menor, local que deveria lhe
que diferencie as pessoas, as famílias ou a comunidade em que proporcionar segurança.
vivem. (incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) O dever de educação, correção e orientação dos pais
O ECA incorporou a doutrina da proteção integral à criança encontra óbice na violência desmedida, abusiva ou exagerada,
e ao adolescente, passando assim a serem sujeitos e titulares de pois não se pode tolerar ou sequer admitir o uso de violência
direitos fundamentais. física ou psicológica que coloquem em risco o
O direito da criança e do adolescente possui fundamento desenvolvimento pleno do menor ou mesmo que prejudique
constitucional, em especial nos artigos 227 a 229. sua saúde. A proteção da lei alcança todas as facetas da vida do
menor, portanto não podem os pais ou responsável exacerbar
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em nos meios utilizados para fins de educação sob pena de
geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a responsabilidade criminal e perda do poder familiar.34
efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à fins sociais a que ela se dirige, as exigências do bem comum, os
liberdade e à convivência familiar e comunitária. direitos e deveres individuais e coletivos, e a condição peculiar
Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende: da criança e do adolescente como pessoas em
a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer desenvolvimento.
circunstâncias; A aplicação desta lei deve levar em conta a proteção
b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de integral da criança e do adolescente que é o fim social que ela
relevância pública; busca alcançar. Cada caso em particular a ser sobrepesado
c) preferência na formulação e na execução das políticas pelo juiz deve revelar a singularidade da situação do menor
sociais públicas; como sujeito de direitos que requer especial atenção da
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas família, da sociedade e do Estado. Silvio Venosa (2004:175)
relacionadas com a proteção à infância e à juventude. lembra com propriedade que “interpretar o Direito não
A instituição familiar é a base da sociedade, sendo significa simplesmente tornar clara a norma, mas
indispensável à organização social, conforme preceitua o Art. principalmente revelar seu sentido apropriado para a vida
226 da Constituição Federal. Não sendo regra, mas os real”.
adolescentes correm maior risco quando fazem parte de Nessa legislação do menor sua proteção se sobrepõe aos
famílias desestruturadas ou violentas. direitos de seus pais, tutores ou guardião, visto que na
Cabe aos pais o dever de sustento, guarda e educação dos aplicação da lei o magistrado atentará para o melhor interesse
filhos, não constituindo motivo de escusa a falta ou a carência da criança e do adolescente ao buscar a justiça na norma
de recursos materiais, sob pena da perda ou a suspensão do jurídica.35
pátrio poder.
Caso a família natural, comunidade formada pelos pais ou Jurisprudência:
qualquer deles e seus descendentes, descumpra qualquer de Administrativo. Processual civil. Recurso especial.
suas obrigações, a criança ou adolescente serão colocados em Competência. Juízo da infância e da juventude. Constituição
família substituta mediante guarda, tutela ou adoção. federal. Sistema da proteção integral. Criança e adolescente.
Sujeitos de direitos. Princípios da absoluta prioridade e do
Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de melhor interesse da criança. Interesse disponível vinculado ao
qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, direito fundamental à educação. Expressão para a coletividade.
violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei Competência absoluta da vara da infância e da juventude.
qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos Recurso provido. 1. A Constituição Federal alterou o anterior
fundamentais. Sistema de Situação de Risco então vigente, reconhecendo a
criança e o adolescente como sujeitos de direitos, protegidos
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APOSTILAS OPÇÃO
atualmente pelo Sistema de Proteção Integral. 2. O corpo facilidades, a fim de lhes facultar, em condições de liberdade e
normativo que integra o sistema então vigente é norteado, dignidade, o desenvolvimento:
dentre eles, pelos Princípio da Absoluta Prioridade (art. 227, (A) ético, moral, psíquico e físico.
caput, da CF) e do Melhor Interesse da Criança e do Adolescente. (B) físico, moral e social.
3. Não há olvidar que, na interpretação do Estatuto e da Criança (C) social, moral e psíquico.
"levar-se-ão em conta os fins sociais a que ela se dirige, as (D) mental, moral e espiritual.
exigências do bem comum, os direitos e deveres individuais e (E) físico, mental, moral, espiritual e social.
coletivos, e a condição peculiar da criança e do adolescente
como pessoas em desenvolvimento" (art. 6º). 4. Os arts. 148 e 05. (Prefeitura de Paulista/PE - Pedagogo -
209 do ECA não excepcionam a competência da Justiça da UPENET/IAUPE) O Art. 5º, da Lei N.º 8.069, de 13 de julho de
Infância e do Adolescente, ressalvadas aquelas estabelecidas 1990, do Estatuto da Criança e do Adolescente, define que
constitucionalmente, quais sejam, da Justiça Federal e de qualquer atentado, por ação ou omissão, aos direitos
competência originária. 5. Trata-se, in casu, indubitavelmente, fundamentais de qualquer criança ou adolescente será punido
de interesse de cunho individual, contudo, de expressão para a na forma da lei. Assim, crianças e adolescentes não podem ser
coletividade, pois vinculado ao direito fundamental à educação objeto de qualquer forma de
(art. 227, caput, da CF), que materializa, consequentemente, a I. negligência, discriminação e exploração.
dignidade da pessoa humana. 6. A disponibilidade (relativa) do II. proteção, adoção, exploração e violência.
interesse a que se visa tutelar por meio do mandado de III. violência, crueldade e opressão.
segurança não tem o condão de, por si só, afastar a competência IV. serviço, parceria, opressão e negligência.
da Vara da Infância e da Juventude, destinada a assegurar a Estão CORRETAS
integral proteção a especiais sujeitos de direito, sendo, portanto, (A) I e III.
de natureza absoluta para processar e julgar feitos versando (B) I e II.
acerca de direitos e interesses concernentes às crianças e aos (C) II e IV.
adolescentes. 7. Recurso especial provido para reconhecer a (D) III e IV.
competência da 16ª Vara Cível da Comarca de Aracaju (Vara da (E) I e IV.
Infância e da Juventude) para processar e julgar o feito (STJ –
REsp 1199587 / SE, 2010/0101307-5, 21/10/2010, Rel. Min. Gabarito
Arnaldo Esteves Lima).36
01.E / 02.B / 03.E / 04.E / 05.A
Questões
Título II
01. (IF/AP - Auxiliar em Assuntos Educacionais - Dos Direitos Fundamentais
FUNIVERSA/2017) O Estatuto da Criança e do Adolescente Capítulo I
(ECA) aplica-se a pessoas com Do Direito à Vida e à Saúde
(A) até doze anos de idade incompletos.
(B) até dezoito anos de idade incompletos. Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a proteção à
(C) idade entre doze e dezesseis anos. vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais
(D) idade entre doze e dezoito anos. públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento
(E) até dezoito anos de idade e, excepcionalmente, até 21 sadio e harmonioso, em condições dignas de existência.
anos de idade. Os direitos aqui protegidos são aqueles mesmos
outorgados aos adultos, mais outros especiais e conferidos em
02. (Prefeitura de Niterói/RJ - Agente de respeito a condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.
Administração Educacional - COSEAC) Segundo o Estatuto Vale ressaltar que o direito à vida, embutido no direito à
da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/90), a pessoa com saúde, é considerado o mais elementar e absoluto dos direitos
13 anos de idade é considerada: fundamentais, já que este é indispensável ao exercício dos
(A) criança. demais direitos, ficando a cargo do Estado garanti-los através
(B) adolescente. de políticas públicas
(C) jovem.
(D) imputável. Art. 8o É assegurado a todas as mulheres o acesso aos
(E) capaz. programas e às políticas de saúde da mulher e de
planejamento reprodutivo e, às gestantes, nutrição adequada,
03. (TRT 1ª Região - Juiz do Trabalho - FCC) NÃO é atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério e
dever da comunidade e da sociedade em geral assegurar ao atendimento pré-natal, perinatal e pós-natal integral no
adolescente, com absoluta prioridade, o direito âmbito do Sistema Único de Saúde. (Redação dada pela Lei nº
(A) à convivência familiar. 13.257, de 2016)
(B) ao esporte. § 1o O atendimento pré-natal será realizado por
(C) ao lazer. profissionais da atenção primária. (Redação dada pela Lei nº
(D) à cultura. 13.257, de 2016)
(E) ao ensino superior. § 2o Os profissionais de saúde de referência da gestante
garantirão sua vinculação, no último trimestre da gestação, ao
04. (UFRJ - Assistente de Alunos - PR-4 UFRJ/2017) De estabelecimento em que será realizado o parto, garantido o
acordo com o artigo 3º do Estatuto da Criança e do Adolescente direito de opção da mulher. (Redação dada pela Lei nº 13.257,
(ECA), a criança e o adolescente gozam de todos os direitos de 2016)
fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da § 3o Os serviços de saúde onde o parto for realizado
proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, assegurarão às mulheres e aos seus filhos recém-nascidos alta
por lei ou por outros meios todas as oportunidades e hospitalar responsável e contra referência na atenção
primária, bem como o acesso a outros serviços e a grupos de
36 Disponível em:
ttps://ww2.stj.jus.br/revistaeletronica/ita.asp?registro=201001013075&dt_publi
cacao=12/11/2010.
Legislação 25
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APOSTILAS OPÇÃO
apoio à amamentação. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de II - identificar o recém-nascido mediante o registro de sua
2016) impressão plantar e digital e da impressão digital da mãe, sem
§ 4o Incumbe ao poder público proporcionar assistência prejuízo de outras formas normatizadas pela autoridade
psicológica à gestante e à mãe, no período pré e pós-natal, administrativa competente;
inclusive como forma de prevenir ou minorar as III - proceder a exames visando ao diagnóstico e
consequências do estado puerperal. terapêutica de anormalidades no metabolismo do recém-
§ 5o A assistência referida no § 4o deste artigo deverá ser nascido, bem como prestar orientação aos pais;
prestada também a gestantes e mães que manifestem IV - fornecer declaração de nascimento onde constem
interesse em entregar seus filhos para adoção, bem como a necessariamente as intercorrências do parto e do
gestantes e mães que se encontrem em situação de privação de desenvolvimento do neonato;
liberdade. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) V - manter alojamento conjunto, possibilitando ao neonato
§ 6o A gestante e a parturiente têm direito a 1 (um) a permanência junto à mãe.
acompanhante de sua preferência durante o período do pré- VI - acompanhar a prática do processo de amamentação,
natal, do trabalho de parto e do pós-parto imediato. (Incluído prestando orientações quanto à técnica adequada, enquanto a
pela Lei nº 13.257, de 2016) mãe permanecer na unidade hospitalar, utilizando o corpo
§ 7o A gestante deverá receber orientação sobre técnico já existente. (Incluído pela Lei nº 13.436, de 2017)
aleitamento materno, alimentação complementar saudável e Os hospitais e demais estabelecimentos de atenção à saúde
crescimento e desenvolvimento infantil, bem como sobre de gestantes, públicos e particulares, passam a ser obrigados
formas de favorecer a criação de vínculos afetivos e de após a inclusão do inciso VI, a acompanhar a prática do
estimular o desenvolvimento integral da criança. (Incluído processo de amamentação, prestando orientações quanto à
pela Lei nº 13.257, de 2016) técnica adequada, enquanto a mãe permanecer na unidade
§ 8o A gestante tem direito a acompanhamento saudável hospitalar, utilizando o corpo técnico já existente.
durante toda a gestação e a parto natural cuidadoso,
estabelecendo-se a aplicação de cesariana e outras Art. 11. É assegurado acesso integral às linhas de cuidado
intervenções cirúrgicas por motivos médicos. (Incluído pela voltadas à saúde da criança e do adolescente, por intermédio
Lei nº 13.257, de 2016) do Sistema Único de Saúde, observado o princípio da equidade
§ 9o A atenção primária à saúde fará a busca ativa da no acesso a ações e serviços para promoção, proteção e
gestante que não iniciar ou que abandonar as consultas de pré- recuperação da saúde. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de
natal, bem como da puérpera que não comparecer às consultas 2016)
pós-parto. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) § 1o A criança e o adolescente com deficiência serão
§ 10. Incumbe ao poder público garantir, à gestante e à atendidos, sem discriminação ou segregação, em suas
mulher com filho na primeira infância que se encontrem sob necessidades gerais de saúde e específicas de habilitação e
custódia em unidade de privação de liberdade, ambiência que reabilitação. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
atenda às normas sanitárias e assistenciais do Sistema Único § 2o Incumbe ao poder público fornecer gratuitamente,
de Saúde para o acolhimento do filho, em articulação com o àqueles que necessitarem, medicamentos, órteses, próteses e
sistema de ensino competente, visando ao desenvolvimento outras tecnologias assistivas relativas ao tratamento,
integral da criança. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) habilitação ou reabilitação para crianças e adolescentes, de
acordo com as linhas de cuidado voltadas às suas necessidades
Art. 8º-A. Fica instituída a Semana Nacional de Prevenção específicas. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
da Gravidez na Adolescência, a ser realizada anualmente na § 3o Os profissionais que atuam no cuidado diário ou
semana que incluir o dia 1º de fevereiro, com o objetivo de frequente de crianças na primeira infância receberão
disseminar informações sobre medidas preventivas e formação específica e permanente para a detecção de sinais de
educativas que contribuam para a redução da incidência da risco para o desenvolvimento psíquico, bem como para o
gravidez na adolescência. (Incluído pela Lei nº 13.798, de acompanhamento que se fizer necessário. (Incluído pela Lei nº
2019) 13.257, de 2016)
Parágrafo único. As ações destinadas a efetivar o disposto A previsão de acesso igualitário às ações e serviços de
no caput deste artigo ficarão a cargo do poder público, em saúde não significa deva o gestor do Sistema de Saúde deixar
conjunto com organizações da sociedade civil, e serão de disponibilizar um atendimento diferenciado e
dirigidas prioritariamente ao público adolescente. (Incluído especializado a crianças, adolescentes e suas respectivas
pela Lei nº 13.798, de 2019) famílias. Com efeito, necessário se faz o desenvolvimento de
uma metodologia própria para o enfrentamento das diversas
Art. 9º O poder público, as instituições e os empregadores demandas e situações peculiares que irão ocorrer, tendo
propiciarão condições adequadas ao aleitamento materno, sempre por norte o princípio da proteção integral à criança e
inclusive aos filhos de mães submetidas a medida privativa de ao adolescente, que se constitui na razão de ser da intervenção
liberdade. estatal. Tal sistemática diferenciada deverá necessariamente
§ 1o Os profissionais das unidades primárias de saúde contemplar instalações físicas adequadas, em local diverso (ou
desenvolverão ações sistemáticas, individuais ou coletivas, isolado) daquele destinado ao atendimento das outras
visando ao planejamento, à implementação e à avaliação de demandas a cargo do SUS, de modo a preservar a imagem, a
ações de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno identidade e a intimidade das crianças e adolescente atendidas
e à alimentação complementar saudável, de forma contínua. (cf. arts. 17 e 18, do ECA), a qualificação profissional de todos
(Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) aqueles que atuam no setor, a articulação de ações com outros
§ 2o Os serviços de unidades de terapia intensiva neonatal órgãos e serviços municipais (como o CREAS/CRAS), bem
deverão dispor de banco de leite humano ou unidade de coleta como autoridades encarregadas do atendimento e/ou defesa
de leite humano. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) dos direitos de crianças e adolescentes, como o Conselho
Tutelar, o Ministério Público, a Justiça da Infância e da
Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de atenção Juventude, os órgãos policiais encarregados de atendimento
à saúde de gestantes, públicos e particulares, são obrigados a:
I - manter registro das atividades desenvolvidas, através
de prontuários individuais, pelo prazo de dezoito anos;
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de crianças e adolescentes vítimas de crime, bem como de direcionadas à mulher e à criança. (Incluído pela Lei nº 13.257,
adolescentes acusados da prática de ato infracional etc.37 de 2016)
§ 3º A atenção odontológica à criança terá função educativa
Art. 12. Os estabelecimentos de atendimento à saúde, protetiva e será prestada, inicialmente, antes de o bebê nascer,
inclusive as unidades neonatais, de terapia intensiva e de por meio de aconselhamento pré-natal, e, posteriormente, no
cuidados intermediários, deverão proporcionar condições sexto e no décimo segundo anos de vida, com orientações
para a permanência em tempo integral de um dos pais ou sobre saúde bucal. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
responsável, nos casos de internação de criança ou § 4º A criança com necessidade de cuidados odontológicos
adolescente. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) especiais será atendida pelo Sistema Único de Saúde. (Incluído
Os pais ou responsáveis poderão fiscalizar o atendimento pela Lei nº 13.257, de 2016)
que está sendo dispensado ao seu filho e esse por sua vez se § 5º É obrigatória a aplicação a todas as crianças, nos seus
sentirá seguro facilitando sua recuperação. primeiros dezoito meses de vida, de protocolo ou outro
A resposta do menor hospitalizado ao tratamento será instrumento construído com a finalidade de facilitar a
mais eficiente se nesse ambiente estranho ele estiver assistido detecção, em consulta pediátrica de acompanhamento da
por seus familiares, por isso devem os estabelecimentos de criança, de risco para o seu desenvolvimento psíquico.
saúde se adequarem para atender também essa necessidade.38 (Incluído pela Lei nº 13.438, de 2017)
Observe que o Sistema Único de Saúde é obrigado a
Vide art. 101, inciso V, do ECA e Lei nº 11.104/2005, de aplicação a todas as crianças, nos seus primeiros dezoito
21/03/2005, que dispõe sobre a obrigatoriedade de meses de vida, de protocolo ou outro instrumento construído
instalação de brinquedotecas nas unidades de saúde que com a finalidade de facilitar a detecção, em consulta pediátrica
ofereçam atendimento pediátrico em regime de internação. de acompanhamento da criança, de risco para o seu
desenvolvimento psíquico.
A permanência de um dos pais ou responsável como
acompanhantes de criança ou adolescente internada é um Capítulo II
direito que deve ser a estas assegurado, sob pena de Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade
responsabilidade, nos moldes do previsto nos arts. 5º, 208 e
216, do ECA. A efetivação deste direito deve incluir a O direito à liberdade é mais amplo do que o direito de ir e
orientação aos pais/responsável, assim como a adequação das vir sendo compreendido pelo amplo acesso a logradouros e
respectivas instalações, devendo em qualquer caso ser espaços comunitários, a livre opinião e expressão, crença e
observado o disposto nos arts. 17 e 18, do ECA.39 culto religioso, bem como ao direito de participar sem
discriminação da vida familiar, comunitária e da vida política,
Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de castigo na forma da lei.
físico, de tratamento cruel ou degradante e de maus-tratos Há, ainda, o especialíssimo direito de brincar, praticar
contra criança ou adolescente serão obrigatoriamente esportes e divertir-se, absolutamente condizente com a
comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva localidade, condição infanto-juvenil, aliás, tão agradável também ao
sem prejuízo de outras providências legais. adulto que busca uma vida feliz e plena.
§ 1o As gestantes ou mães que manifestem interesse em Entretanto, esse direito à liberdade não é absoluto. É
entregar seus filhos para adoção serão obrigatoriamente importante lembrar que crianças e adolescentes estão
encaminhadas, sem constrangimento, à Justiça da Infância e da submetidos ao poder familiar dos pais ou à tutela ou guarda
Juventude. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) dos responsáveis, e por isso, a eles devem respeito e
§ 2o Os serviços de saúde em suas diferentes portas de subordinação para efeito de criação e educação, cabendo-lhes
entrada, os serviços de assistência social em seu componente obediência e reverência.
especializado, o Centro de Referência Especializado de Outra restrição ao direito de liberdade, é a possibilidade do
Assistência Social (Creas) e os demais órgãos do Sistema de adolescente de ser apreendido em flagrante pela prática de ato
Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente deverão infracional ou por ordem escrita e fundamentada da
conferir máxima prioridade ao atendimento das crianças na autoridade judiciária competente. Observa-se que as
faixa etária da primeira infância com suspeita ou confirmação limitações à liberdade são impostas devido a própria condição
de violência de qualquer natureza, formulando projeto de pessoas em desenvolvimento, levando sempre em
terapêutico singular que inclua intervenção em rede e, se consideração o seu bem-estar.
necessário, acompanhamento domiciliar. (Incluído pela Lei nº Atenção! A criança não pode ser privada de liberdade e, no
13.257, de 2016) caso de flagrante de ato infracional, tão somente, será
encaminhada ao Conselho Tutelar, na companhia dos pais ou
Art. 14. O Sistema Único de Saúde promoverá programas responsável.
de assistência médica e odontológica para a prevenção das
enfermidades que ordinariamente afetam a população infantil, Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade,
e campanhas de educação sanitária para pais, educadores e ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo
alunos. de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos
§ 1º É obrigatória a vacinação das crianças nos casos e sociais garantidos na Constituição e nas leis.
recomendados pelas autoridades sanitárias. (Renumerado do
parágrafo único pela Lei nº 13.257, de 2016) Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes
§ 2º O Sistema Único de Saúde promoverá a atenção à aspectos:
saúde bucal das crianças e das gestantes, de forma transversal, I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços
integral e inter setorial com as demais linhas de cuidado comunitários, ressalvadas as restrições legais;
37 DIGIÁCOMO, Murillo José, 1969- Estatuto da criança e do adolescente anotado 39 DIGIÁCOMO, Murillo José, 1969- Estatuto da criança e do adolescente anotado
e interpretado /Murillo José Digiácomo e Ildeara Amorim Digiácomo.- Curitiba .. e interpretado /Murillo José Digiácomo e Ildeara Amorim Digiácomo.- Curitiba ..
Ministério Público do Estado do Paraná. Centro de Apoio Operacional das Ministério Público do Estado do Paraná. Centro de Apoio Operacional das
Promotorias da Criança e do Adolescente, 2013. Promotorias da Criança e do Adolescente, 2013.
38 Disponível em: http://www.direitocom.com/estatuto-da-crianca-e-
adolescente-comentado/titulo-ii-dos-direitos-fundamentais-do-artigo-7o-ao-
69/capitulo-i-do-direito-a-vida-e-a-saude.
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§ 2º De posse do relatório, a autoridade judiciária poderá deverão imediatamente notificar a autoridade judiciária
determinar o encaminhamento da gestante ou mãe, mediante competente. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
sua expressa concordância, à rede pública de saúde e O Art.19-B, trata sobre o programa de apadrinhamento,
assistência social para atendimento especializado. (Incluído que consiste em proporcionar à criança e ao adolescentes, que
pela Lei nº 13.509, de 2017) estão em programa de acolhimento institucional, vínculos
§ 3º A busca à família extensa, conforme definida nos externos à instituição para fins de convivência familiar e
termos do parágrafo único do art. 25 desta Lei, respeitará o comunitária, colaborando assim para o seu desenvolvimento
prazo máximo de 90 (noventa) dias, prorrogável por igual nos aspectos sociais, morais, físicos, cognitivos, educacionais e
período. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) financeiros. Assim, deverá ser respeitada para tal as exigências
§ 4º Na hipótese de não haver a indicação do genitor e de contidas na Lei.
não existir outro representante da família extensa apto a
receber a guarda, a autoridade judiciária competente deverá Art. 20. Os filhos, havidos ou não da relação do casamento,
decretar a extinção do poder familiar e determinar a colocação ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações,
da criança sob a guarda provisória de quem estiver habilitado proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à
a adotá-la ou de entidade que desenvolva programa de filiação.
acolhimento familiar ou institucional. (Incluído pela Lei nº
13.509, de 2017) Art. 21. O poder familiar será exercido, em igualdade de
§ 5º Após o nascimento da criança, a vontade da mãe ou de condições, pelo pai e pela mãe, na forma do que dispuser a
ambos os genitores, se houver pai registral ou pai indicado, legislação civil, assegurado a qualquer deles o direito de, em
deve ser manifestada na audiência a que se refere o § 1º do art. caso de discordância, recorrer à autoridade judiciária
166 desta Lei, garantido o sigilo sobre a entrega. (Incluído pela competente para a solução da divergência.
Lei nº 13.509, de 2017) O poder familiar será exercido em igualdade pelos pais em
§ 6º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) conjunto e se houver discordância quanto a esse exercício o
§ 7º Os detentores da guarda possuem o prazo de 15 Judiciário trará a solução.
(quinze) dias para propor a ação de adoção, contado do dia Nos casos em que os filhos estão sob a guarda de um dos
seguinte à data do término do estágio de convivência. (Incluído genitores, por força das circunstâncias, acabará este por
pela Lei nº 13.509, de 2017) decidir muitas questões imediatas em relação ao mesmo, o que
§ 8º Na hipótese de desistência pelos genitores - não retira o poder familiar do outro genitor.
manifestada em audiência ou perante a equipe O art. 1633 do Código Civil estabelece que o filho não
interprofissional - da entrega da criança após o nascimento, a reconhecido pelo pai a mãe exercerá com exclusividade o
criança será mantida com os genitores, e será determinado poder familiar.40
pela Justiça da Infância e da Juventude o acompanhamento Jurisprudência:
familiar pelo prazo de 180 (cento e oitenta) dias. (Incluído pela Agravo de Instrumento pedido de provisória
Lei nº 13.509, de 2017) regulamentação de visitas efetuado pela mãe, que detém a
§ 9º É garantido à mãe o direito ao sigilo sobre o guarda da criança viável em atenção ao excepcional interesse
nascimento, respeitado o disposto no art. 48 desta Lei. da criança - direito de convivência com a família natural, a qual
(Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) engloba ambos os genitores Regime fixado de forma
§ 10 (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) equilibrada e prudente, sopesando todas as provas dos autos -
As visitas devem ocorrer na própria residência da criança, mas
Art. 19-B. A criança e o adolescente em programa de sem a presença materna, pois a convivência mais intensa e
acolhimento institucional ou familiar poderão participar de longe da vigilância da genitora será saudável para o
programa de apadrinhamento. (Incluído pela Lei nº 13.509, de desenvolvimento emocional da menor Recurso provido em
2017) parte.41
§ 1º O apadrinhamento consiste em estabelecer e
proporcionar à criança e ao adolescente vínculos externos à Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e
instituição para fins de convivência familiar e comunitária e educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse
colaboração com o seu desenvolvimento nos aspectos social, destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as
moral, físico, cognitivo, educacional e financeiro. (Incluído pela determinações judiciais.
Lei nº 13.509, de 2017) Parágrafo único. A mãe e o pai, ou os responsáveis, têm
§ 2º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) direitos iguais e deveres e responsabilidades compartilhados
§ 3º Pessoas jurídicas podem apadrinhar criança ou no cuidado e na educação da criança, devendo ser resguardado
adolescente a fim de colaborar para o seu desenvolvimento. o direito de transmissão familiar de suas crenças e culturas,
(Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) assegurados os direitos da criança estabelecidos nesta Lei.
§ 4º O perfil da criança ou do adolescente a ser (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
apadrinhado será definido no âmbito de cada programa de
apadrinhamento, com prioridade para crianças ou Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não
adolescentes com remota possibilidade de reinserção familiar constitui motivo suficiente para a perda ou a suspensão do
ou colocação em família adotiva. (Incluído pela Lei nº 13.509, poder familiar.
de 2017) § 1o Não existindo outro motivo que por si só autorize a
§ 5º Os programas ou serviços de apadrinhamento decretação da medida, a criança ou o adolescente será mantido
apoiados pela Justiça da Infância e da Juventude poderão ser em sua família de origem, a qual deverá obrigatoriamente ser
executados por órgãos públicos ou por organizações da incluída em serviços e programas oficiais de proteção, apoio e
sociedade civil. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) promoção. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
§ 6º Se ocorrer violação das regras de apadrinhamento, os § 2º A condenação criminal do pai ou da mãe não implicará
responsáveis pelo programa e pelos serviços de acolhimento a destituição do poder familiar, exceto na hipótese de
condenação por crime doloso sujeito à pena de reclusão contra
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outrem igualmente titular do mesmo poder familiar ou contra pesquisar suas origens poderá fazê-lo em face dos pais ou seus
filho, filha ou outro descendente. (Redação dada pela Lei nº herdeiros representado ou assistido nos termos da lei civil
13.715, de 2018) vigente.
O estado de filiação está regulado no Código Civil vigente
Art. 24. A perda e a suspensão do poder familiar serão que estabelece que a ninguém é dado questionar o estado de
decretadas judicialmente, em procedimento contraditório, nos filiação de outrem, visto que o que consta da certidão de
casos previstos na legislação civil, bem como na hipótese de nascimento do menor só se muda se provando erro ou
descumprimento injustificado dos deveres e obrigações a que falsidade. Estabelece também no art. 1.601 que cabe ao marido
alude o art. 22. o direito de contestar a paternidade dos filhos nascidos de sua
mulher, sendo tal ação imprescritível. O art. 1.602 dispõe que
Seção II não basta a confissão materna para excluir a paternidade.
Da Família Natural O segredo de justiça é forma de proteção à criança e o
adolescente e às relações familiares e encontra amparo no
Art. 25. Entende-se por família natural a comunidade princípio da publicidade estabelecido nos arts. 5°, LX e 93, IX.
formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes. O art. 189 do CPC de 2015 elenca os processos cujo tema será
Parágrafo único. Entende-se por família extensa ou guardado o segredo de justiça.44
ampliada aquela que se estende para além da unidade pais e
filhos ou da unidade do casal, formada por parentes próximos Seção III
com os quais a criança ou adolescente convive e mantém Da Família Substituta
vínculos de afinidade e afetividade. Subseção I
O conceito de família não mais se reporta à necessidade de Disposições Gerais
um casamento para estabelecer seu vínculo, mas estatui o ECA
que basta a comunidade formada pelos pais, que podem ser Art. 28. A colocação em família substituta far-se-á
conviventes em união estável, ou qualquer deles e seus mediante guarda, tutela ou adoção, independentemente da
descendentes. situação jurídica da criança ou adolescente, nos termos desta
A CRFB/88 no art. 226 que a família tem proteção especial Lei.
do Estado e conforme a leitura do § 4° pode ser entidade § 1º Sempre que possível, a criança ou o adolescente será
familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus previamente ouvido por equipe interprofissional, respeitado
descendentes. O § 3° deste art. 226 aduz que a união entre o seu estágio de desenvolvimento e grau de compreensão sobre
homem e a mulher desde que estável é reconhecida como as implicações da medida, e terá sua opinião devidamente
entidade familiar. considerada
O conceito de família extensa ou ampliada está no § 2º Tratando-se de maior de 12 (doze) anos de idade, será
parágrafo único incluindo nesta os parentes próximos necessário seu consentimento, colhido em audiência.
observados os vínculos de afinidade e afetividade que poderão § 3º Na apreciação do pedido levar-se-á em conta o grau de
se candidatar a tutelar o menor e será privilegiada à família parentesco e a relação de afinidade ou de afetividade, a fim de
substituta.42 evitar ou minorar as consequências decorrentes da medida.
§ 4º Os grupos de irmãos serão colocados sob adoção,
Art. 26. Os filhos havidos fora do casamento poderão ser tutela ou guarda da mesma família substituta, ressalvada a
reconhecidos pelos pais, conjunta ou separadamente, no comprovada existência de risco de abuso ou outra situação que
próprio termo de nascimento, por testamento, mediante justifique plenamente a excepcionalidade de solução diversa,
escritura ou outro documento público, qualquer que seja a procurando-se, em qualquer caso, evitar o rompimento
origem da filiação. definitivo dos vínculos fraternais.
Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o § 5o A colocação da criança ou adolescente em família
nascimento do filho ou suceder-lhe ao falecimento, se deixar substituta será precedida de sua preparação gradativa e
descendentes. acompanhamento posterior, realizados pela equipe
Esse artigo fala do reconhecimento de filhos qualquer que interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da
seja a origem da filiação. O art. 227, §6° da CRFB/88 é expresso Juventude, preferencialmente com o apoio dos técnicos
ao dispor que não existe distinção entre filhos, pois todos tem responsáveis pela execução da política municipal de garantia
o mesmo direito. do direito à convivência familiar.
O reconhecimento dos filhos havidos fora do casamento é § 6ºEm se tratando de criança ou adolescente indígena ou
irrevogável e pode ser feito a qualquer tempo, ou seja, antes ou proveniente de comunidade remanescente de quilombo, é
depois de sua morte e nas formas do art. 1.609 do Código Civil, ainda obrigatório.
no registro do nascimento, por escritura pública ou escrito I - que sejam consideradas e respeitadas sua identidade
particular, a ser arquivado em cartório, por testamento, ainda social e cultural, os seus costumes e tradições, bem como suas
que incidentalmente manifestado e por manifestação direta e instituições, desde que não sejam incompatíveis com os
expressa perante o juiz, ainda que o reconhecimento não haja direitos fundamentais reconhecidos por esta Lei e pela
sido o objeto único e principal do ato que o contém.43 Constituição Federal;
II - que a colocação familiar ocorra prioritariamente no
Art. 27. O reconhecimento do estado de filiação é direito seio de sua comunidade ou junto a membros da mesma etnia;
personalíssimo, indisponível e imprescritível, podendo ser III - a intervenção e oitiva de representantes do órgão
exercitado contra os pais ou seus herdeiros, sem qualquer federal responsável pela política indigenista, no caso de
restrição, observado o segredo de Justiça. crianças e adolescentes indígenas, e de antropólogos, perante
Direito da personalidade indisponível e imprescritível que a equipe interprofissional ou multidisciplinar que irá
somente poderá ser exercido pelo filho. O menor que quiser acompanhar o caso.
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O presente artigo informa a possibilidade de três tipos de Art. 29. Não se deferirá colocação em família substituta a
colocação em família substituta, sendo ela por meio da pessoa que revele, por qualquer modo, incompatibilidade com
guarda, tutela ou adoção. Para que tal situação possa se a natureza da medida ou não ofereça ambiente familiar
desenrolar, o artigo traz alguns elementos que deverão ser adequado.
essenciais para a determinação e aplicação da medida.
Art. 30. A colocação em família substituta não admitirá
Os parágrafos 1º e 2º trazem a determinação de que a transferência da criança ou adolescente a terceiros ou a
criança ou adolescente que será colocado em família substituta entidades governamentais ou não-governamentais, sem
seja ouvido, da forma mais aconselhável possível a fim de autorização judicial.
respeitar seus limites e a sua capacidade, visto que a cada A inteligência do artigo refere-se ao fato de que a colocação
idade a criança tem um nível diferente de cognição. Justamente em família substituta é matéria de competência exclusiva do
por isso, fixou o legislador a necessidade de oitiva do judiciário. Não pode o Conselho Tutelar ou mesmo a entidade
adolescente, sendo que este deverá expressar o seu em que a criança se encontra abrigada, permitir que a criança
consentimento. seja colocada em outra família, sem que haja prévia
Tais disposições são acertadas, visto que a colocação em determinação judicial. Note-se que mesmo a transferência
família substituta é para promover o bem da criança ou do entre entidades deve ser realizada sob a autorização do juízo
adolescente (e não dos adultos envolvidos), respeitando o competente.
Direito à convivência familiar e comunitária, bem como o
direito à dignidade humana. Art. 31. A colocação em família substituta estrangeira
constitui medida excepcional, somente admissível na
Vale ressaltar que a determinação para realização de modalidade de adoção.
oitiva da criança ou adolescente também está especificado A adoção internacional sempre deverá ser pensada como
no Art. 12 da Convenção sobre os Direitos da Criança adotada última medida cabível, isto é, após esgotadas todas as
pela Assembleia Geral nas Nações Unidas (ONU) em 20 de possibilidades de colocação da criança em família substituta
Novembro de 1989 e o Governo brasileiro ratificou a referida no próprio país, só então se passará à análise da possibilidade
Convenção em 24 de setembro de 1990, tendo a mesma de adoção por estrangeiros.
entrado em vigor em 23 de outubro de 199045.
Art. 32. Ao assumir a guarda ou a tutela, o responsável
prestará compromisso de bem e fielmente desempenhar o
O legislador preocupou-se com as conexões emocionais
encargo, mediante termo nos autos.
que envolvem a criança ou adolescente e a nova família, isto
Uma vez que a colocação em família substituta somente se
porque o relacionamento entre as partes deve ser harmonioso,
dará pela via judicial, é de se esperar que haja a exigência de
proporcionando um ambiente melhor para o infante.
que aqueles que se dispõem a tal tarefa prestem
O parágrafo 3º explicita esta preocupação, quando afirma
compromisso oficial em cumprir, de forma idônea e
a necessidade de avaliação quanto ao grau de parentesco e
cuidadosa, com suas responsabilidades.
também quanto à afinidade, afinal, nem sempre os laços
sanguíneos são suficientes para que haja afinidade entre as
Vale ressaltar que tal compromisso não é exigido nos casos
pessoas. Lembre-se que a criança já passou por uma situação
de adoção, uma vez que os que se dispõem nesta modalidade
traumática (ser separada da família) e deve ser bem amparada
assumem o papel de pais da criança, com todos os encargos
na nova situação.
inerentes ao poder familiar.
A preocupação com os laços afetivos segue no parágrafo 4º,
que valoriza a manutenção dos vínculos fraternos, orientando
Subseção II
para que irmãos sejam mantidos juntos, a fim de que possam
Da Guarda
manter os laços emocionais existentes entre eles.
Outro cuidado demonstrado para com a criança ou
Art. 33. A guarda obriga a prestação de assistência
adolescente, baseado certamente no princípio da dignidade
material, moral e educacional à criança ou adolescente,
humana, é a orientação para que a inserção em uma família
conferindo a seu detentor o direito de opor-se a terceiros,
substituta seja feita de forma cuidadosa, sem pressa e com
inclusive aos pais.
o devido acompanhamento dos profissionais preparados para
§ 1º A guarda destina-se a regularizar a posse de fato,
tais situações (assistentes sociais, psicólogos, entre outros).
podendo ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos
Vale lembrar que o acompanhamento deverá prosseguir após
procedimentos de tutela e adoção, exceto no de adoção por
a colocação na família substituta, para que haja uma
estrangeiros.
verificação da adaptação completa da criança.
§ 2º Excepcionalmente, deferir-se-á a guarda, fora dos
casos de tutela e adoção, para atender a situações peculiares
Por fim, a parágrafo 6º traz especificações quanto à
ou suprir a falta eventual dos pais ou responsável, podendo ser
colocação em família substituta nos casos em que envolverem
deferido o direito de representação para a prática de atos
um grupo étnico específico. O artigo se refere apenas aos
determinados.
indígenas e quilombolas, mas trata-se de rol exemplificativo,
§ 3º A guarda confere à criança ou adolescente a condição
estendendo-se também aos grupos religiosos (muçulmanos,
de dependente, para todos os fins e efeitos de direito, inclusive
testemunhas de jeová, etc.) e à qualquer tipo de identificação
previdenciários.
específica em que a criança ou adolescente esteja inserida.
§ 4º Salvo expressa e fundamentada determinação em
O dispositivo acima está alinhado com o previsto no Art. 30
contrário, da autoridade judiciária competente, ou quando a
da Convenção sobre os Direitos da Criança, que preceitua que
medida for aplicada em preparação para adoção, o
a criança pertencente a uma população indígena ou a uma
deferimento da guarda de criança ou adolescente a terceiros
minoria tem o direito de ter a sua própria vida cultural,
não impede o exercício do direito de visitas pelos pais, assim
praticar a sua religião e utilizar a sua própria língua.
como o dever de prestar alimentos, que serão objeto de
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Art. 34. O poder público estimulará, por meio de A tutela é um sucedâneo do poder familiar, o significa dizer
assistência jurídica, incentivos fiscais e subsídios, o que, na falta dos pais, seja por qual motivo, faz-se necessária a
acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou adolescente substituição, uma vez que o tutelado (criança, adolescente ou
afastado do convívio familiar. incapaz) ainda não possui condições de gerir sua vida por
§ 1º A inclusão da criança ou adolescente em programas de conta própria.
acolhimento familiar terá preferência a seu acolhimento
institucional, observado, em qualquer caso, o caráter Art. 37. O tutor nomeado por testamento ou qualquer
temporário e excepcional da medida, nos termos desta Lei. documento autêntico, conforme previsto no parágrafo único
§ 2º Na hipótese do § 1º deste artigo a pessoa ou casal do art. 1.729 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 -
cadastrado no programa de acolhimento familiar poderá Código Civil, deverá, no prazo de 30 (trinta) dias após a
receber a criança ou adolescente mediante guarda, observado abertura da sucessão, ingressar com pedido destinado ao
o disposto nos arts. 28 a 33 desta Lei. controle judicial do ato, observando o procedimento previsto
§ 3º A União apoiará a implementação de serviços de nos arts. 165 a 170 desta Lei.
acolhimento em família acolhedora como política pública, os Parágrafo único. Na apreciação do pedido, serão
quais deverão dispor de equipe que organize o acolhimento observados os requisitos previstos nos arts. 28 e 29 desta Lei,
46 CAHALI, Yussef Said. Estatuto da Criança e do Adolescente (íntegra e 48 ELIAS, Roberto João. Estatuto da Criança e do Adolescente (íntegra e
comentários técnicos), Disponível em: comentários técnicos), Disponível em:
http://www.promenino.org.br/noticias/arquivo/eca-comentado-artigo-33livro- http://www.promenino.org.br/noticias/arquivo/eca-comentado-artigo-36livro-
1---tema-guarda. 1---tema-tutela,
47 BECKER, Maria Josefina. Estatuto da Criança e do Adolescente (íntegra e
comentários técnicos), Disponível em:
http://www.promenino.org.br/noticias/arquivo/comentando-o-eca,
Legislação 32
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somente sendo deferida a tutela à pessoa indicada na Corroborando neste sentido, a adoção somente poderá ser
disposição de última vontade, se restar comprovado que a procedida pessoalmente, impedindo o uso de procuração,
medida é vantajosa ao tutelando e que não existe outra pessoa mesmo que esta tenha poderes específicos.
em melhores condições de assumi-la.
As questões que envolvem a nomeação de tutor por Art. 40. O adotando deve contar com, no máximo, dezoito
testamento devem ser conjugadas com o Código Civil, anos à data do pedido, salvo se já estiver sob a guarda ou tutela
quanto às disposições à respeito da sucessão e do inventário. dos adotantes.
Bem como o próprio Estatuto da Criança e do Adolescente traz A adoção prevista pelo Estatuto da Criança e do
mais disposições neste sentido (Arts. 165 a 170). Adolescente se destina apenas à crianças (de 0 a 12 anos) e
Embora da leitura do artigo tem-se a impressão que haverá adolescentes (de 12 a 18 anos), sendo que adoções de pessoas
necessidade de propositura de ação para deflagração do maiores de dezoito anos deverão seguir o instituído no Código
procedimento específico para a nomeação do tutor, esta não é Civil.
imprescindível. O Ministério Público também poderá
requisitar a abertura de procedimento para nomeação de tutor Art. 41. A adoção atribui a condição de filho ao adotado,
testamentário, nos termos do Art. 201, III, desta mesma lei. com os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios,
Andou bem o legislador ao requisitar que seja avaliado o desligando-o de qualquer vínculo com pais e parentes, salvo os
tutor nomeado de forma testamentária, informando que impedimentos matrimoniais.
mesmo que esta tenha sido a última disposição de vontade dos § 1º Se um dos cônjuges ou concubinos adota o filho do
pais, o tutor deverá ser idôneo e estar qualificado para exercer outro, mantêm-se os vínculos de filiação entre o adotado e o
tal função. cônjuge ou concubino do adotante e os respectivos parentes.
IMPORTANTE: Não há que se falar em nomeação de tutor § 2º É recíproco o direito sucessório entre o adotado, seus
enquanto um dos pais estiver vivo!!! descendentes, o adotante, seus ascendentes, descendentes e
colaterais até o 4º grau, observada a ordem de vocação
Art. 38. Aplica-se à destituição da tutela o disposto no art. hereditária.
24. Quando se trata de adoção, está se tratando também do
O nobre doutrinador Murillo José Digiácomo leciona que a rompimento do vínculo de filiação original, pela destituição do
destituição da tutela é medida aplicável ao tutor (art. 129, poder familiar, para poder constituir novo vínculo de filiação
inciso IX, do ECA), que somente pode ser decretada pela através da adoção. Assim sendo, note-se que a adoção é o único
autoridade judiciária, em procedimento contencioso, no qual instituto que altera a condição de filho.
seja assegurado o contraditório e a ampla defesa, conforme Uma vez que a adoção se complete, a relação de
disposição expressa do art. 24, do ECA, a que se faz remissão. parentesco original é extinta e uma nova relação de
O procedimento para destituição de tutela é o previsto nos parentesco é consolidada, com todos os direitos e deveres
arts. 761 a 763 do CPC de 2015 (ao qual se reporta o art. 164, inerentes à ela, sem distinções entre filhos biológicos e filhos
do ECA).49 adotivos, vedada a discriminação entre uns e outros, conforme
disposto no Art. 227, §6º, da Constituição Federal.
Subseção IV O parágrafo 1º trata de um tipo excepcional de adoção,
Da Adoção conhecida como adoção unilateral, em que um dos cônjuges
é pai/mãe biológico da criança e o outro cônjuge o adota. Neste
Art. 39. A adoção de criança e de adolescente reger-se-á caso, não há destituição do poder familiar do cônjuge que
segundo o disposto nesta Lei. possui parentesco biológico, mas cria-se o parentesco
§ 1º A adoção é medida excepcional e irrevogável, à qual se completo com o cônjuge adotante.
deve recorrer apenas quando esgotados os recursos de O texto do parágrafo 2º se mostra redundante, vez que o
manutenção da criança ou adolescente na família natural ou caput do artigo já traz a orientação para que os direitos e
extensa, na forma do parágrafo único do art. 25 desta Lei. deveres, inclusive sucessórios, são formados entre os
§ 2º É vedada a adoção por procuração. adotantes. Mesmo assim, o legislador buscou deixar claro que
§ 3º Em caso de conflito entre direitos e interesses do a sucessão faz parte dos direitos que surgem entre adotante e
adotando e de outras pessoas, inclusive seus pais biológicos, adotado.
devem prevalecer os direitos e os interesses do adotando.
(Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) Art. 42. Podem adotar os maiores de 18 (dezoito) anos,
A adoção, nos moldes da atualidade, comporta diversos independentemente do estado civil.
tipos de conceituação. Pontes de Miranda conceitua da § 1º Não podem adotar os ascendentes e os irmãos do
seguinte forma: a adoção é ato solene pelo qual se cria, entre adotando.
o adotante e o adotado, relação de paternidade e filiação50 Já § 2º Para adoção conjunta, é indispensável que os
para Maria Berenice Dias, esta define como modalidade de adotantes sejam casados civilmente ou mantenham união
filiação constituída no amor, gerando vínculo de parentesco estável, comprovada a estabilidade da família.
por opção51 § 3º O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis anos mais
Em síntese, adoção é uma das formas de colocação em velho do que o adotando.
família substituta, sendo a mais ampla e mais abrangente, pois § 4º Os divorciados, os judicialmente separados e os ex
gera novos vínculos de parentesco, passando os adotantes à companheiros podem adotar conjuntamente, contanto que
figura de pais e o adotado à figura de filho. acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o
O legislador frisa que se trata de medida irrevogável, o estágio de convivência tenha sido iniciado na constância do
que significa dizer que, uma vez constituído o vínculo da período de convivência e que seja comprovada a existência de
adoção, este não poderá ser anulado ou desfeito.
49 DIGIÁCOMO, Murillo José; DIGIÁCOMO, Ildeara de Amorim. Estatuto da 50 MIRANDA, Pontes apud BRUM, Amanda Netto. Dos vínculos por adoção,
Criança e do Adolescente Anotado e Interpretado - Lei nº 8.069, de 13 de julho de Disponível em: http://www.ambito-
1990 (atualizado até a Lei nº 12.796/2013, de 04 de abril de 2013), 6ª Ed., juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=10121
Curitiba: Ministério Público do Estado do Paraná. Centro de Apoio Operacional 51 DIAS, Maria Berenice apud BRUM, Amanda Netto. Dos vínculos por adoção,
das Promotorias da Criança e do Adolescente, 2013, p. 42 Disponível em: http://www.ambito-
juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=10121
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vínculos de afinidade e afetividade com aquele não detentor da Art. 45. A adoção depende do consentimento dos pais ou
guarda, que justifiquem a excepcionalidade da concessão. do representante legal do adotando.
§ 5º Nos casos do § 4º deste artigo, desde que demonstrado § 1º O consentimento será dispensado em relação à criança
efetivo benefício ao adotando, será assegurada a guarda ou adolescente cujos pais sejam desconhecidos ou tenham sido
compartilhada, conforme previsto no art. 1.584 da Lei nº destituídos do poder familiar.
10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil § 2º Em se tratando de adotando maior de doze anos de
§ 6o A adoção poderá ser deferida ao adotante que, após idade, será também necessário o seu consentimento.
inequívoca manifestação de vontade, vier a falecer no curso do A presente previsão quanto à necessidade de
procedimento, antes de prolatada a sentença. consentimento dos pais para a realização da adoção do filho
A intenção da adoção é constituir uma nova família, tem sido questionado pela doutrina quanto à sua
buscando reproduzir todas as características psicossociais constitucionalidade, uma vez que o direito à convivência
de uma família biológica. Neste sentido, o artigo visa tornar a familiar e comunitária é direito fundamental da criança e não
adoção o mais natural possível, mantendo características de seus pais, ou seja, a criança e o adolescente não são
básicas encontradas em qualquer família. propriedade de seus pais.
O parágrafo 1º veda a adoção por parte de irmãos e avós, Ainda assim, caso os pais, após a devida reflexão, queiram
isto porque em tais casos o parentesco biológico já é prestar seu consentimento, este não pode ser vinculado à
existente, dispensando a formação de um novo vínculo quaisquer condicionantes, tais como indicação do casal a quem
através da adoção. Vale reforçar que pelas diretrizes do Código pretendem entregar a criança ou exigência quanto à
Civil irmãos e avós já são sucessores naturais dos pais, sejam manutenção da criança na mesma cidade, entre outras.
falecidos ou destituídos do poder familiar. A situação mais comum será a descrita no parágrafo 1º, em
que o consentimento dos pais será dispensado quando
Os parágrafos seguintes reforçam a ideia de tornar a estes não forem conhecidos ou quando da destituição do poder
adoção o mais semelhante possível com uma família biológica, familiar, sendo esta última opção a mais viável e mais
determinando um intervalo de dezesseis anos entre a idade do ocorrente.
adotante e do adotado, como descrito no parágrafo 2º. O parágrafo 2º não exige o consentimento do adotando,
Também permite que casais que tenham iniciado o estágio criança ou adolescente, contudo a oitiva de sua vontade quanto
de convivência na constância do relacionamento (casamento à adoção se faz necessária, ainda que esta se dê por intermédio
ou união estável) podem dar prosseguimento à adoção ainda da equipe interprofissional. Vale ressaltar que o artigo traz a
que ocorra o divórcio. O objetivo é permitir que a criança ou obrigatoriedade desta oitiva quanto aos adolescentes
adolescente possa ser mantido na família que lhe ofereceu (maiores de 12 anos), contudo deve-se ouvir também as
acolhida, mesmo que não sob a configuração original, tal qual crianças, tomando os devidos cuidados quanto à capacidade da
nas famílias biológicas. criança e suas limitações, observando-se o disposto no Art.
Neste caso, os pais adotivos que se separarem ou 100, § único, incisos XI e XII, do próprio Estatuto da Criança e
divorciarem, deverão entrar em acordo quanto à guarda, do Adolescente.
visitação e pensão alimentícia do filho adotivo.
Novamente há coerência com a realidade das famílias Art. 46. A adoção será precedida de estágio de convivência
quando o legislador permite que a adoção se concretize com a criança ou adolescente, pelo prazo máximo de 90
mesmo em caso de falecimento de um dos adotantes, desde (noventa) dias, observadas a idade da criança ou adolescente
que este tenha manifestado expressamente seu desejo de e as peculiaridades do caso. (Redação dada pela Lei nº 13.509,
adotar. Esta manifestação expressa será considerado pelo de 2017)
próprio pedido de adoção (abertura do processo), pois § 1º O estágio de convivência poderá ser dispensado se o
demonstra o desejo das partes. adotando já estiver sob a tutela ou guarda legal do adotante
durante tempo suficiente para que seja possível avaliar a
Art. 43. A adoção será deferida quando apresentar reais conveniência da constituição do vínculo.
vantagens para o adotando e fundar-se em motivos legítimos. § 2º A simples guarda de fato não autoriza, por si só, a
Todo o Estatuto da Criança e do Adolescente está voltado dispensa da realização do estágio de convivência.
para a garantia de melhores condições de vida para a criança e § 2º-A. O prazo máximo estabelecido no caput deste artigo
o adolescente, incluindo, neste caso, a regulamentação da pode ser prorrogado por até igual período, mediante decisão
adoção. É importante ressaltar que a adoção tem como fundamentada da autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº
finalidade dar uma família à uma criança que não a possui 13.509, de 2017)
e não dar um filho à um casal que não o tem. § 3º Em caso de adoção por pessoa ou casal residente ou
Note-se que o artigo traz alguns conceitos bastante amplos domiciliado fora do País, o estágio de convivência será de, no
“reais vantagens” e “motivos legítimos”, assim sendo, caberá mínimo, 30 (trinta) dias e, no máximo, 45 (quarenta e cinco)
ao julgador fazer a verificação minuciosa em cada caso dias, prorrogável por até igual período, uma única vez,
concreto, devendo as partes trazer aos autos demonstração mediante decisão fundamentada da autoridade judiciária.
cabível das vantagens concretas par o adotando, inclusive com (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
a realização de uma completa avaliação interprofissional. § 3o-A. Ao final do prazo previsto no § 3o deste artigo,
deverá ser apresentado laudo fundamentado pela equipe
Art. 44. Enquanto não der conta de sua administração e mencionada no § 4o deste artigo, que recomendará ou não o
saldar o seu alcance, não pode o tutor ou o curador adotar o deferimento da adoção à autoridade judiciária. (Incluído pela
pupilo ou o curatelado. Lei nº 13.509, de 2017)
As disposições a respeito da tutela e da curatela estão § 4º O estágio de convivência será acompanhado pela
previstas no Código Civil (Art. 1620 e seg.) e prevê a proibição equipe interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da
de adoção por parte do tutor ou curador. Pode-se notar uma Juventude, preferencialmente com apoio dos técnicos
clara preocupação com o patrimônio do tutelado ou responsáveis pela execução da política de garantia do direito à
curatelado, sendo que para uma possível adoção faz-se convivência familiar, que apresentarão relatório minucioso
necessária a prestação de contas e até mesmo reposição de acerca da conveniência do deferimento da medida.
eventual desfalque ao patrimônio do infante. § 5º O estágio de convivência será cumprido no território
IMPORTANTE: O cumprimento do disposto neste artigo nacional, preferencialmente na comarca de residência da
deverá ser homologado pelo juízo competente. criança ou adolescente, ou, a critério do juiz, em cidade
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limítrofe, respeitada, em qualquer hipótese, a competência do cause traumas maiores. Deste modo, o adotado deve ter
juízo da comarca de residência da criança. (Incluído pela Lei nº acompanhamento jurídico para realização da vista dos feitos,
13.509, de 2017) permitindo que este tenha todos os esclarecimentos jurídicos
e psicológicos relativos à questão.
Art. 47. O vínculo da adoção constitui-se por sentença
judicial, que será inscrita no registro civil mediante mandado Art. 49. A morte dos adotantes não restabelece o poder
do qual não se fornecerá certidão. familiar dos pais naturais.
§ 1º A inscrição consignará o nome dos adotantes como Mais uma vez reforce que consumada a adoção esta é
pais, bem como o nome de seus ascendentes. irrevogável e, deste modo, nem mesmo a morte dos pais
§ 2º O mandado judicial, que será arquivado, cancelará o adotivos irá desfazer o vínculo de filiação surgido daí. Apenas
registro original do adotado. para dar melhor clareza, em nenhuma situação ocorrerá o
§ 3º A pedido do adotante, o novo registro poderá ser restabelecimento do vínculo de filiação do adotado e dos pais
lavrado no Cartório do Registro Civil do Município de sua biológicos
residência.
§ 4º Nenhuma observação sobre a origem do ato poderá Art. 50. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca
constar nas certidões do registro. ou foro regional, um registro de crianças e adolescentes em
§ 5º A sentença conferirá ao adotado o nome do adotante condições de serem adotados e outro de pessoas interessadas
e, a pedido de qualquer deles, poderá determinar a na adoção.
modificação do prenome. § 1º O deferimento da inscrição dar-se-á após prévia
§ 6º Caso a modificação de prenome seja requerida pelo consulta aos órgãos técnicos do juizado, ouvido o Ministério
adotante, é obrigatória a oitiva do adotando, observado o Público.
disposto nos §§ 1º e 2º do art. 28 desta Lei. § 2º Não será deferida a inscrição se o interessado não
§ 7º A adoção produz seus efeitos a partir do trânsito em satisfazer os requisitos legais, ou verificada qualquer das
julgado da sentença constitutiva, exceto na hipótese prevista hipóteses previstas no art. 29.
no § 6º do art. 42 desta Lei, caso em que terá força retroativa à § 3º A inscrição de postulantes à adoção será precedida de
data do óbito. um período de preparação psicossocial e jurídica, orientado
§ 8º O processo relativo à adoção assim como outros a ele pela equipe técnica da Justiça da Infância e da Juventude,
relacionados serão mantidos em arquivo, admitindo-se seu preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela
armazenamento em microfilme ou por outros meios, garantida execução da política municipal de garantia do direito à
a sua conservação para consulta a qualquer tempo. convivência familiar.
§ 9º Terão prioridade de tramitação os processos de § 4º Sempre que possível e recomendável, a preparação
adoção em que o adotando for criança ou adolescente com referida no § 3º deste artigo incluirá o contato com crianças e
deficiência ou com doença crônica. adolescentes em acolhimento familiar ou institucional em
§ 10. O prazo máximo para conclusão da ação de adoção condições de serem adotados, a ser realizado sob a orientação,
será de 120 (cento e vinte) dias, prorrogável uma única vez por supervisão e avaliação da equipe técnica da Justiça da Infância
igual período, mediante decisão fundamentada da autoridade e da Juventude, com apoio dos técnicos responsáveis pelo
judiciária. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) programa de acolhimento e pela execução da política
A adoção será precedida de estágio de convivência com a municipal de garantia do direito à convivência familiar.
criança ou adolescente, pelo prazo máximo de 90 (noventa) § 5º Serão criados e implementados cadastros estaduais e
dias, observadas a idade da criança ou adolescente e as nacional de crianças e adolescentes em condições de serem
peculiaridades do caso, sendo respeitada as exigências adotados e de pessoas ou casais habilitados à adoção.
estabelecidas na lei, e com prazo máximo para conclusão da § 6º Haverá cadastros distintos para pessoas ou casais
ação de adoção será de 120 (cento e vinte) dias, prorrogável residentes fora do País, que somente serão consultados na
uma única vez por igual período, mediante decisão inexistência de postulantes nacionais habilitados nos
fundamentada da autoridade judiciária. cadastros mencionados no § 5º deste artigo.
§ 7º As autoridades estaduais e federais em matéria de
Art. 48. O adotado tem direito de conhecer sua origem adoção terão acesso integral aos cadastros, incumbindo-lhes a
biológica, bem como de obter acesso irrestrito ao processo no troca de informações e a cooperação mútua, para melhoria do
qual a medida foi aplicada e seus eventuais incidentes, após sistema.
completar 18 (dezoito) anos. § 8º A autoridade judiciária providenciará, no prazo de 48
Parágrafo único. O acesso ao processo de adoção poderá (quarenta e oito) horas, a inscrição das crianças e adolescentes
ser também deferido ao adotado menor de 18 (dezoito) anos, em condições de serem adotados que não tiveram colocação
a seu pedido, assegurada orientação e assistência jurídica e familiar na comarca de origem, e das pessoas ou casais que
psicológica. tiveram deferida sua habilitação à adoção nos cadastros
Aqui há o reconhecimento expresso de que o adotado tem estadual e nacional referidos no § 5º deste artigo, sob pena de
direito de conhecer suas origens, sua história. O dispositivo responsabilidade.
veio para dar fim à qualquer controvérsia sobre o assunto, § 9º Compete à Autoridade Central Estadual zelar pela
uma vez que é direito natural de todo ser humano o manutenção e correta alimentação dos cadastros, com
reconhecimento do estado de filiação, no caso biológica, que é posterior comunicação à Autoridade Central Federal
dever do Estado assegurar o seu exercício. Brasileira.
§ 10. Consultados os cadastros e verificada a ausência de
Frise-se que não se trata de reverter a adoção consumada, pretendentes habilitados residentes no País com perfil
mas permitir que o adotado tenha acesso à sua própria história compatível e interesse manifesto pela adoção de criança ou
e aos registros referentes aos pais biológicos, principalmente adolescente inscrito nos cadastros existentes, será realizado o
no que tange o conhecimento dos fatos que levaram ao encaminhamento da criança ou adolescente à adoção
afastamento deste de sua família e os critérios que levaram à internacional. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
colocação em uma nova. § 11. Enquanto não localizada pessoa ou casal interessado
Obviamente que o acesso da criança ou adolescente aos em sua adoção, a criança ou o adolescente, sempre que
registros que cercam o processo de adoção (principal e possível e recomendável, será colocado sob guarda de família
incidentes) deve ser feito com todo cuidado, a fim de evitar que cadastrada em programa de acolhimento familiar.
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§ 12. A alimentação do cadastro e a convocação criteriosa social, os motivos que os animam e sua aptidão para assumir
dos postulantes à adoção serão fiscalizadas pelo Ministério uma adoção internacional;
Público. III - a Autoridade Central do país de acolhida enviará o
§ 13. Somente poderá ser deferida adoção em favor de relatório à Autoridade Central Estadual, com cópia para a
candidato domiciliado no Brasil não cadastrado previamente Autoridade Central Federal Brasileira;
nos termos desta Lei quando: IV - o relatório será instruído com toda a documentação
I - se tratar de pedido de adoção unilateral; necessária, incluindo estudo psicossocial elaborado por
II - for formulada por parente com o qual a criança ou equipe interprofissional habilitada e cópia autenticada da
adolescente mantenha vínculos de afinidade e afetividade; legislação pertinente, acompanhada da respectiva prova de
III - oriundo o pedido de quem detém a tutela ou guarda vigência;
legal de criança maior de 3 (três) anos ou adolescente, desde V - os documentos em língua estrangeira serão
que o lapso de tempo de convivência comprove a fixação de devidamente autenticados pela autoridade consular,
laços de afinidade e afetividade, e não seja constatada a observados os tratados e convenções internacionais, e
ocorrência de má-fé ou qualquer das situações previstas nos acompanhados da respectiva tradução, por tradutor público
arts. 237 ou 238 desta Lei. juramentado;
§ 14. Nas hipóteses previstas no § 13 deste artigo, o VI - a Autoridade Central Estadual poderá fazer exigências
candidato deverá comprovar, no curso do procedimento, que e solicitar complementação sobre o estudo psicossocial do
preenche os requisitos necessários à adoção, conforme postulante estrangeiro à adoção, já realizado no país de
previsto nesta Lei. acolhida;
§ 15. Será assegurada prioridade no cadastro a pessoas VII - verificada, após estudo realizado pela Autoridade
interessadas em adotar criança ou adolescente com Central Estadual, a compatibilidade da legislação estrangeira
deficiência, com doença crônica ou com necessidades com a nacional, além do preenchimento por parte dos
específicas de saúde, além de grupo de irmãos. (Incluído pela postulantes à medida dos requisitos objetivos e subjetivos
Lei nº 13.509, de 2017) necessários ao seu deferimento, tanto à luz do que dispõe esta
Lei como da legislação do país de acolhida, será expedido laudo
Art. 51. Considera-se adoção internacional aquela na qual de habilitação à adoção internacional, que terá validade por,
o pretendente possui residência habitual em país-parte da no máximo, 1 (um) ano;
Convenção de Haia, de 29 de maio de 1993, Relativa à Proteção VIII - de posse do laudo de habilitação, o interessado será
das Crianças e à Cooperação em Matéria de Adoção autorizado a formalizar pedido de adoção perante o Juízo da
Internacional, promulgada pelo Decreto no3.087, de 21 junho Infância e da Juventude do local em que se encontra a criança
de 1999, e deseja adotar criança em outro país-parte da ou adolescente, conforme indicação efetuada pela Autoridade
Convenção. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) Central Estadual.
§ 1o A adoção internacional de criança ou adolescente § 1o Se a legislação do país de acolhida assim o autorizar,
brasileiro ou domiciliado no Brasil somente terá lugar quando admite-se que os pedidos de habilitação à adoção
restar comprovado: internacional sejam intermediados por organismos
I - que a colocação em família adotiva é a solução adequada credenciados.
ao caso concreto; (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) § 2o Incumbe à Autoridade Central Federal Brasileira o
II - que foram esgotadas todas as possibilidades de credenciamento de organismos nacionais e estrangeiros
colocação da criança ou adolescente em família adotiva encarregados de intermediar pedidos de habilitação à adoção
brasileira, com a comprovação, certificada nos autos, da internacional, com posterior comunicação às Autoridades
inexistência de adotantes habilitados residentes no Brasil com Centrais Estaduais e publicação nos órgãos oficiais de
perfil compatível com a criança ou adolescente, após consulta imprensa e em sítio próprio da internet.
aos cadastros mencionados nesta Lei; (Redação dada pela Lei § 3o Somente será admissível o credenciamento de
nº 13.509, de 2017) organismos que:
III - que, em se tratando de adoção de adolescente, este foi I - sejam oriundos de países que ratificaram a Convenção
consultado, por meios adequados ao seu estágio de de Haia e estejam devidamente credenciados pela Autoridade
desenvolvimento, e que se encontra preparado para a medida, Central do país onde estiverem sediados e no país de acolhida
mediante parecer elaborado por equipe interprofissional, do adotando para atuar em adoção internacional no Brasil;
observado o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 28 desta Lei. II - satisfizerem as condições de integridade moral,
§ 2º Os brasileiros residentes no exterior terão preferência competência profissional, experiência e responsabilidade
aos estrangeiros, nos casos de adoção internacional de criança exigidas pelos países respectivos e pela Autoridade Central
ou adolescente brasileiro. Federal Brasileira;
§ 3º A adoção internacional pressupõe a intervenção das III - forem qualificados por seus padrões éticos e sua
Autoridades Centrais Estaduais e Federal em matéria de formação e experiência para atuar na área de adoção
adoção internacional. internacional;
IV - cumprirem os requisitos exigidos pelo ordenamento
Art. 52. A adoção internacional observará o procedimento jurídico brasileiro e pelas normas estabelecidas pela
previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei, com as seguintes Autoridade Central Federal Brasileira.
adaptações: § 4o Os organismos credenciados deverão ainda:
I - a pessoa ou casal estrangeiro, interessado em adotar I - perseguir unicamente fins não lucrativos, nas condições
criança ou adolescente brasileiro, deverá formular pedido de e dentro dos limites fixados pelas autoridades competentes do
habilitação à adoção perante a Autoridade Central em matéria país onde estiverem sediados, do país de acolhida e pela
de adoção internacional no país de acolhida, assim entendido Autoridade Central Federal Brasileira;
aquele onde está situada sua residência habitual; II - ser dirigidos e administrados por pessoas qualificadas
II - se a Autoridade Central do país de acolhida considerar e de reconhecida idoneidade moral, com comprovada
que os solicitantes estão habilitados e aptos para adotar, formação ou experiência para atuar na área de adoção
emitirá um relatório que contenha informações sobre a internacional, cadastradas pelo Departamento de Polícia
identidade, a capacidade jurídica e adequação dos solicitantes Federal e aprovadas pela Autoridade Central Federal
para adotar, sua situação pessoal, familiar e médica, seu meio Brasileira, mediante publicação de portaria do órgão federal
competente;
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III - estar submetidos à supervisão das autoridades pedidos de adoção internacional a organismos nacionais ou a
competentes do país onde estiverem sediados e no país de pessoas físicas.
acolhida, inclusive quanto à sua composição, funcionamento e Parágrafo único. Eventuais repasses somente poderão ser
situação financeira; efetuados via Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente
IV - apresentar à Autoridade Central Federal Brasileira, a e estarão sujeitos às deliberações do respectivo Conselho de
cada ano, relatório geral das atividades desenvolvidas, bem Direitos da Criança e do Adolescente.
como relatório de acompanhamento das adoções
internacionais efetuadas no período, cuja cópia será Art. 52-B. A adoção por brasileiro residente no exterior em
encaminhada ao Departamento de Polícia Federal; país ratificante da Convenção de Haia, cujo processo de adoção
V - enviar relatório pós-adotivo semestral para a tenha sido processado em conformidade com a legislação
Autoridade Central Estadual, com cópia para a Autoridade vigente no país de residência e atendido o disposto na Alínea
Central Federal Brasileira, pelo período mínimo de 2 (dois) “c” do Artigo 17 da referida Convenção, será automaticamente
anos. O envio do relatório será mantido até a juntada de cópia recepcionada com o reingresso no Brasil.
autenticada do registro civil, estabelecendo a cidadania do país § 1º Caso não tenha sido atendido o disposto na Alínea “c”
de acolhida para o adotado; do Artigo 17 da Convenção de Haia, deverá a sentença ser
VI - tomar as medidas necessárias para garantir que os homologada pelo Superior Tribunal de Justiça.
adotantes encaminhem à Autoridade Central Federal § 2º O pretendente brasileiro residente no exterior em país
Brasileira cópia da certidão de registro de nascimento não ratificante da Convenção de Haia, uma vez reingressado no
estrangeira e do certificado de nacionalidade tão logo lhes Brasil, deverá requerer a homologação da sentença
sejam concedidos. estrangeira pelo Superior Tribunal de Justiça.
§ 5º A não apresentação dos relatórios referidos no §
4o deste artigo pelo organismo credenciado poderá acarretar Art. 52-C. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for
a suspensão de seu credenciamento. o país de acolhida, a decisão da autoridade competente do país
§ 6º O credenciamento de organismo nacional ou de origem da criança ou do adolescente será conhecida pela
estrangeiro encarregado de intermediar pedidos de adoção Autoridade Central Estadual que tiver processado o pedido de
internacional terá validade de 2 (dois) anos. habilitação dos pais adotivos, que comunicará o fato à
§ 7º A renovação do credenciamento poderá ser concedida Autoridade Central Federal e determinará as providências
mediante requerimento protocolado na Autoridade Central necessárias à expedição do Certificado de Naturalização
Federal Brasileira nos 60 (sessenta) dias anteriores ao Provisório.
término do respectivo prazo de validade. § 1º A Autoridade Central Estadual, ouvido o Ministério
§ 8º Antes de transitada em julgado a decisão que Público, somente deixará de reconhecer os efeitos daquela
concedeu a adoção internacional, não será permitida a saída decisão se restar demonstrado que a adoção é manifestamente
do adotando do território nacional. contrária à ordem pública ou não atende ao interesse superior
§ 9º Transitada em julgado a decisão, a autoridade da criança ou do adolescente.
judiciária determinará a expedição de alvará com autorização § 2º Na hipótese de não reconhecimento da adoção,
de viagem, bem como para obtenção de passaporte, constando, prevista no § 1º deste artigo, o Ministério Público deverá
obrigatoriamente, as características da criança ou adolescente imediatamente requerer o que for de direito para resguardar
adotado, como idade, cor, sexo, eventuais sinais ou traços os interesses da criança ou do adolescente, comunicando-se as
peculiares, assim como foto recente e a aposição da impressão providências à Autoridade Central Estadual, que fará a
digital do seu polegar direito, instruindo o documento com comunicação à Autoridade Central Federal Brasileira e à
cópia autenticada da decisão e certidão de trânsito em julgado. Autoridade Central do país de origem.
§ 10. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá, a
qualquer momento, solicitar informações sobre a situação das Art. 52-D. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for
crianças e adolescentes adotados. o país de acolhida e a adoção não tenha sido deferida no país
§ 11. A cobrança de valores por parte dos organismos de origem porque a sua legislação a delega ao país de acolhida,
credenciados, que sejam considerados abusivos pela ou, ainda, na hipótese de, mesmo com decisão, a criança ou o
Autoridade Central Federal Brasileira e que não estejam adolescente ser oriundo de país que não tenha aderido à
devidamente comprovados, é causa de seu Convenção referida, o processo de adoção seguirá as regras da
descredenciamento. adoção nacional.
§ 12. Uma mesma pessoa ou seu cônjuge não podem ser
representados por mais de uma entidade credenciada para Capítulo IV
atuar na cooperação em adoção internacional. Do Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao
§ 13. A habilitação de postulante estrangeiro ou Lazer
domiciliado fora do Brasil terá validade máxima de 1 (um) ano,
podendo ser renovada. Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação,
§ 14. É vedado o contato direto de representantes de visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo
organismos de adoção, nacionais ou estrangeiros, com para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho,
dirigentes de programas de acolhimento institucional ou assegurando-se lhes:
familiar, assim como com crianças e adolescentes em I - igualdade de condições para o acesso e permanência na
condições de serem adotados, sem a devida autorização escola;
judicial. II - direito de ser respeitado por seus educadores;
§ 15. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo
limitar ou suspender a concessão de novos credenciamentos recorrer às instâncias escolares superiores;
sempre que julgar necessário, mediante ato administrativo IV - direito de organização e participação em entidades
fundamentado. estudantis;
V - acesso à escola pública e gratuita próxima de sua
Art. 52-A. É vedado, sob pena de responsabilidade e residência.
descredenciamento, o repasse de recursos provenientes de Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter
organismos estrangeiros encarregados de intermediar ciência do processo pedagógico, bem como participar da
definição das propostas educacionais.
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Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao esforço superior ao seu estágio de crescimento,
adolescente: comprometendo a saúde e o seu desenvolvimento cognitivo.
I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive Para que isso não ocorra e visando sempre a proteção da
para os que a ele não tiveram acesso na idade própria; criança ou adolescente e, ao mesmo tempo, assegurar-lhes o
II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade direito fundamental à profissionalização, o ordenamento
ao ensino médio; estabeleceu um regime especial de trabalho, com direitos e
III - atendimento educacional especializado aos portadores restrições.
de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino;
IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças de Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de
zero a cinco anos de idade; (Redação dada pela Lei nº 13.306, quatorze anos de idade, salvo na condição de aprendiz.
de 2016)
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa Art. 61. A proteção ao trabalho dos adolescentes é regulada
e da criação artística, segundo a capacidade de cada um; por legislação especial, sem prejuízo do disposto nesta Lei
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às
condições do adolescente trabalhador; Art. 62. Considera-se aprendizagem a formação técnico-
VII - atendimento no ensino fundamental, através de profissional ministrada segundo as diretrizes e bases da
programas suplementares de material didático-escolar, legislação de educação em vigor.
transporte, alimentação e assistência à saúde.
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito Art. 63. A formação técnico-profissional obedecerá aos
público subjetivo. seguintes princípios:
§ 2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder I - garantia de acesso e frequência obrigatória ao ensino
público ou sua oferta irregular importa responsabilidade da regular;
autoridade competente. II - atividade compatível com o desenvolvimento do
§ 3º Compete ao poder público recensear os educandos no adolescente;
ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos III - horário especial para o exercício das atividades.
pais ou responsável, pela frequência à escola.
Art. 64. Ao adolescente até quatorze anos de idade é
Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de assegurada bolsa de aprendizagem.
matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino.
Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior de quatorze anos,
Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino são assegurados os direitos trabalhistas e previdenciários.
fundamental comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de:
I - maus-tratos envolvendo seus alunos; Art. 66. Ao adolescente portador de deficiência é
II - reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar, assegurado trabalho protegido.
esgotados os recursos escolares;
III - elevados níveis de repetência. Art. 67. Ao adolescente empregado, aprendiz, em regime
familiar de trabalho, aluno de escola técnica, assistido em
Art. 57. O poder público estimulará pesquisas, experiências entidade governamental ou não-governamental, é vedado
e novas propostas relativas a calendário, seriação, currículo, trabalho:
metodologia, didática e avaliação, com vistas à inserção de I - noturno, realizado entre as vinte e duas horas de um dia
crianças e adolescentes excluídos do ensino fundamental e as cinco horas do dia seguinte;
obrigatório. II - perigoso, insalubre ou penoso;
III - realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao
Art. 58. No processo educacional respeitar-se-ão os valores seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e social;
culturais, artísticos e históricos próprios do contexto social da IV - realizado em horários e locais que não permitam a
criança e do adolescente, garantindo-se a estes a liberdade da frequência à escola.
criação e o acesso às fontes de cultura.
Art. 68. O programa social que tenha por base o trabalho
Art. 59. Os municípios, com apoio dos estados e da União, educativo, sob responsabilidade de entidade governamental
estimularão e facilitarão a destinação de recursos e espaços ou não-governamental sem fins lucrativos, deverá assegurar
para programações culturais, esportivas e de lazer voltadas ao adolescente que dele participe condições de capacitação
para a infância e a juventude. para o exercício de atividade regular remunerada.
Os Municípios contarão com a assistência e cooperação dos § 1º Entende-se por trabalho educativo a atividade laboral
estados e da União na destinação de recursos e espaços para o em que as exigências pedagógicas relativas ao
desenvolvimento programações culturais, esportivas e de desenvolvimento pessoal e social do educando prevalecem
lazer destinadas à criança e ao adolescente. sobre o aspecto produtivo.
§ 2º A remuneração que o adolescente recebe pelo
Capítulo V trabalho efetuado ou a participação na venda dos produtos de
Do Direito à Profissionalização e à Proteção no seu trabalho não desfigura o caráter educativo.
Trabalho
Art. 69. O adolescente tem direito à profissionalização e à
Quando a criança ou o adolescente exercita o trabalho não proteção no trabalho, observados os seguintes aspectos, entre
mais como impulso de experimento de suas potencialidades, outros:
mas, sim, como necessidade de prover seu próprio sustento, o I - respeito à condição peculiar de pessoa em
trabalho torna-se incompatível com outros interesses desenvolvimento;
necessários ao seu pleno desenvolvimento. II - capacitação profissional adequada ao mercado de
Assim, o trabalho poderá retirar estímulos imprescindíveis trabalho.
para o acompanhamento das aulas regulares, limitando a
capacidade de aprendizado e prejudicando sua qualificação
teórico-profissional. Ainda, o trabalho poderá representar um
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Numa análise mais apurada sobre o texto constitucional, (D) O tratamento degradante da criança poderá ser
verifica-se a classificação em quatro faixas etárias relativas relevado se o praticante apresentar a devida justificativa à
ao trabalho: autoridade competente.
a. Antes dos 14 anos: proibido qualquer trabalho; (E) Crianças devem ser educadas sem excessos de direitos
b. Dos 14 aos 18 anos: permitido trabalho na condição de para que sejam disciplinadas.
aprendiz;
c. A partir dos 16 anos: trabalhos executados no processo 05. (AL/MS - Agente de Polícia Legislativo - FCC) Sobre
de aprendizagem a adoção, nos termos preconizados pelo Estatuto da Criança e
d. Abaixo dos 18 anos: proibido trabalho insalubre e do Adolescente,
perigoso. (A) o adotante deve ser, no mínimo, 18 anos mais velho que
o adotando.
Questões (B) é permitida a adoção por procuração.
(C) se um dos cônjuges adota o filho do outro, mantêm-se
01. (Prefeitura de Sul Brasil/SC - Agente Educativo - os vínculos de filiação entre o adotado e o cônjuge do adotante
ALTERNATIVE CONCURSOS/2017) De acordo com o e os respectivos parentes.
Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei n.º 8.069/90, art. 60, (D) é vedada a adoção conjunta pelos divorciados,
é proibido qualquer trabalho a menores: separados judicialmente e pelos ex companheiros.
(A) De quatorze anos de idade, inclusive na condição de (E) o estágio de convivência que precede a adoção não
aprendiz. poderá, em nenhuma hipótese, ser dispensado pela autoridade
(B) De quatorze anos de idade, salvo na condição de judiciária.
aprendiz.
(C) De dezesseis anos de idade, salvo na condição de Gabarito
aprendiz.
(D) De dezesseis anos de idade, inclusive na condição de 01.B / 02.B / 03.Certo / 04.B / 05.C
aprendiz.
(E) De dezessete anos de idade, inclusive na condição de Título III
aprendiz. Da Prevenção
Capítulo I
02. (Prefeitura de Sul Brasil/SC - Educador Social - Disposições Gerais
ALTERNATIVE CONCURSOS/2017) De acordo com o
Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei n.º 8.069/90, art. 69, Art. 70. É dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça
o adolescente tem direito à profissionalização e à proteção no ou violação dos direitos da criança e do adolescente.
trabalho, observados os seguintes aspectos: A criança e o adolescente devem ter sua integridade
I. Respeito à condição peculiar de pessoa em preservada, para tanto, cabe não apenas aos pais e
desenvolvimento. responsáveis a proteção destes que são considerados partes
II. Capacitação profissional adequada ao mercado de mais fragilizadas em meio as constantes ondas de violência
trabalho. que assolam a sociedade.
III. Remuneração do adolescente em relação ao trabalho Qualquer afronta ou ameaça a violar os direitos infanto-
prestado. juvenis devem ser comunicados imediatamente as
(A) Somente I e III estão corretas. autoridades para que sejam tomadas as decisões cabíveis e
(B) Somente I e II estão corretas. evite dessa maneira que outras vítimas passem pela mesma
(C) Somente II e III estão corretas. humilhação e vejam o mundo com “olhos” de insatisfação.
(D) Somente I está correta.
(E) Todas estão corretas. Além da previsão aqui expressa, a Constituição Federal
traz o respaldo jurídico que segue abaixo, na íntegra:
03. (SEDF - Monitor de Gestão Educacional - Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado
CESPE/2017) À luz do Estatuto da Criança e do Adolescente assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta
(ECA) - Lei n.º 8.069/1990 - e da CF, julgue o item seguinte. prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação,
Situação hipotética: Maurício completou quatorze anos de ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
idade e deseja trabalhar, mas não quer abandonar seus respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária,
estudos. Assertiva: Nesse caso, o direito de proteção especial além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência,
permite que Maurício seja admitido ao trabalho, cabendo ao discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
Estado garantir seu acesso à escola.
( ) Certo ( ) Errado Art. 70-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios deverão atuar de forma articulada na elaboração
04. (Prefeitura Municipal de Alumínio - Auxiliar de de políticas públicas e na execução de ações destinadas a coibir
Desenvolvimento Infantil - VUNESP) O artigo 18-A do o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante e
Estatuto da Criança e do Adolescente é de particular relevância difundir formas não violentas de educação de crianças e de
para os educadores porque aborda a questão de forma como adolescentes, tendo como principais ações:
os diversos responsáveis pelo cuidados e pela educação da I - a promoção de campanhas educativas permanentes
criança devem agir em relação a ela. Assim, esse artigo para a divulgação do direito da criança e do adolescente de
determina-se que serem educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de
(A) O uso de castigo físico é admissível unicamente para a tratamento cruel ou degradante e dos instrumentos de
correção de comportamentos extremamente indisciplinados. proteção aos direitos humanos;
(B) Qualquer pessoa, a qualquer pretexto, não tem o direito II - a integração com os órgãos do Poder Judiciário, do
de utilizar castigo físico contra a criança. Ministério Público e da Defensoria Pública, com o Conselho
(C) As proibições elencadas nesse artigo não se aplicam Tutelar, com os Conselhos de Direitos da Criança e do
aos pais ou responsáveis legais pela criança. Adolescente e com as entidades não governamentais que
atuam na promoção, proteção e defesa dos direitos da criança
e do adolescente;
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III - a formação continuada e a capacitação dos ou bens, a licitude de propósitos e capacidade reconhecida por
profissionais de saúde, educação e assistência social e dos norma.
demais agentes que atuam na promoção, proteção e defesa dos
direitos da criança e do adolescente para o desenvolvimento A União, os Estados, Distrito Federal e Municípios são
das competências necessárias à prevenção, à identificação de órgãos que compõem a pessoa jurídica e, portanto devem
evidências, ao diagnóstico e ao enfrentamento de todas as seguir os preceitos da lei, uma vez que qualquer iniciativa que
formas de violência contra a criança e o adolescente; deva ser tomada por qualquer desses órgãos deverá respeitar
IV - o apoio e o incentivo às práticas de resolução pacífica o princípio da legalidade e da moralidade.
de conflitos que envolvam violência contra a criança e o Desta maneira, é correto afirmar que a inobservância das
adolescente; práticas de prevenção implica na responsabilidade tanto da
V - a inclusão, nas políticas públicas, de ações que visem a pessoa física (pais, professores ou qualquer do povo) como da
garantir os direitos da criança e do adolescente, desde a pessoa jurídica
atenção pré-natal, e de atividades junto aos pais e
responsáveis com o objetivo de promover a informação, a Capítulo II
reflexão, o debate e a orientação sobre alternativas ao uso de Da Prevenção Especial
castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante no Seção I
processo educativo; Da informação, Cultura, Lazer, Esportes, Diversões e
VI - a promoção de espaços inter setoriais locais para a Espetáculos
articulação de ações e a elaboração de planos de atuação
conjunta focados nas famílias em situação de violência, com O direito à cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos
participação de profissionais de saúde, de assistência social e deve fazer parte da vida da criança em todas as suas fases de
de educação e de órgãos de promoção, proteção e defesa dos desenvolvimento, reconhecendo assim o direito de receber
direitos da criança e do adolescente; uma educação capaz de promover a sua cultura e capacitá-la a
Parágrafo único. As famílias com crianças e adolescentes desenvolver suas aptidões, sua capacidade de emitir juízo, seu
com deficiência terão prioridade de atendimento nas ações e senso de responsabilidade moral e social.
políticas públicas de prevenção e proteção.
Art. 74. O poder público, através do órgão competente,
Art. 70-B.As entidades, públicas e privadas, que atuem nas regulará as diversões e espetáculos públicos, informando
áreas a que se refere o art. 71, dentre outras, devem contar, em sobre a natureza deles, as faixas etárias a que não se
seus quadros, com pessoas capacitadas a reconhecer e recomendem, locais e horários em que sua apresentação se
comunicar ao Conselho Tutelar suspeitas ou casos de maus- mostre inadequada.
tratos praticados contra crianças e adolescentes. Parágrafo único. Os responsáveis pelas diversões e
Parágrafo único. São igualmente responsáveis pela espetáculos públicos deverão afixar, em lugar visível e de fácil
comunicação de que trata este artigo, as pessoas encarregadas, acesso, à entrada do local de exibição, informação destacada
por razão de cargo, função, ofício, ministério, profissão ou sobre a natureza do espetáculo e a faixa etária especificada no
ocupação, do cuidado, assistência ou guarda de crianças e certificado de classificação.
adolescentes, punível, na forma deste Estatuto, o injustificado A regulação do que é ou não é permitido diz respeito à
retardamento ou omissão, culposos ou dolosos. classificação indicativa que pode estar presente nos mais
O Conselho Tutelar é o órgão que tem a missão de zelar variados meios de comunicação como no cinema ou na
pelo cumprimento dos direitos de crianças e adolescentes. internet. Atualmente, vivemos num mundo com um “censura
Qualquer violação a estes direitos deve ser comunicado por leve”, feita para impedir que conteúdos inadequados
qualquer do povo ao Conselho que tomará as medidas (linguagem ofensiva ou sexuais) estejam escancarados para
necessárias. crianças terem acesso.
Infelizmente, ainda existe uma lacuna com relação à
Art. 71. A criança e o adolescente têm direito à informação, internet, ter controle sobre esse meio de comunicação fica
cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos e produtos e mais difícil. Para este caso, cabe aos responsáveis conversarem
serviços que respeitem sua condição peculiar de pessoa em em casa e buscarem explicar sobre os males que traz ir além
desenvolvimento. dos limites permitidos para esses menores.
Art. 72. As obrigações previstas nesta Lei não excluem da Art. 75. Toda criança ou adolescente terá acesso às
prevenção especial outras decorrentes dos princípios por ela diversões e espetáculos públicos classificados como
adotados. adequados à sua faixa etária.
A prevenção é melhor maneira de divulgar os meios Parágrafo único. As crianças menores de dez anos somente
perigosos a saúde e integridade física e psíquica das crianças e poderão ingressar e permanecer nos locais de apresentação ou
adolescentes, principalmente porque estão numa fase de exibição quando acompanhadas dos pais ou responsável.
descobertas e entusiasmo com as novidades que a vida Nada mais justo do que uma criança ou adolescente poder
oferece. frequentar algum espetáculo que seja condizente com sua
faixa etária, uma vez que seu crescimento psicológico e meio
Art. 73. A inobservância das normas de prevenção de compreensão das situações que a via oferece também estão
importará em responsabilidade da pessoa física ou jurídica, fora de casa.
nos termos desta Lei. Ir ao cinema, assistir uma peça de teatro é indispensável
A pessoa jurídica é um sujeito de direito personalizado, para sua formação.
assim como as pessoas físicas, em contraposição aos sujeitos
de direito despersonalizados, como o nascituro, a massa falida, Art. 76. As emissoras de rádio e televisão somente exibirão,
o condomínio horizontal, etc. Desse modo, a pessoa jurídica no horário recomendado para o público infanto juvenil,
tem a autorização genérica para a prática de atos jurídicos bem programas com finalidades educativas, artísticas, culturais e
como de qualquer ato, exceto o expressamente proibido. Feitas informativas.
tais considerações, cabe conceituar pessoa jurídica como o Parágrafo único. Nenhum espetáculo será apresentado ou
sujeito de direito inanimado personalizado. São requisitos anunciado sem aviso de sua classificação, antes de sua
para a existência da pessoa jurídica a organização de pessoas transmissão, apresentação ou exibição.
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Art. 77. Os proprietários, diretores, gerentes e funcionários Art. 82. É proibida a hospedagem de criança ou
de empresas que explorem a venda ou aluguel de fitas de adolescente em hotel, motel, pensão ou estabelecimento
programação em vídeo cuidarão para que não haja venda ou congênere, salvo se autorizado ou acompanhado pelos pais ou
locação em desacordo com a classificação atribuída pelo órgão responsável.
competente.
Parágrafo único. As fitas a que alude este artigo deverão Seção III
exibir, no invólucro, informação sobre a natureza da obra e a Da Autorização para Viajar
faixa etária a que se destinam.
Muito importante frisar que os proprietários de Art. 83. Nenhuma criança poderá viajar para fora da
estabelecimento que vendam ou aluguem fitas de vídeo ajam comarca52 onde reside, desacompanhada dos pais ou
em conformidade com a lei, verificando se está realmente em responsável, sem expressa autorização judicial.
acordo com a classificação atribuída. É importante que exista § 1º A autorização não será exigida quando:
clareza sobre a natureza da obra para que a criança ao chegar a) tratar-se de comarca contígua à da residência da criança,
em casa ou à casa de um amigo não se depare com cenas se na mesma unidade da Federação, ou incluída na mesma
inapropriadas para sua idade. região metropolitana;
b) a criança estiver acompanhada:
Este assunto é tão importante e relevante que o artigo 256 1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau,
do Estatuto da Criança e do Adolescente considera como comprovado documentalmente o parentesco;
infração administrativa e punirá o responsável por transgredir 2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai,
a lei imposta. mãe ou responsável.
§ 2º A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais ou
Art. 78. As revistas e publicações contendo material responsável, conceder autorização válida por dois anos.
impróprio ou inadequado a crianças e adolescentes deverão
ser comercializadas em embalagem lacrada, com a advertência Art. 84. Quando se tratar de viagem ao exterior, a
de seu conteúdo. autorização é dispensável, se a criança ou adolescente:
Parágrafo único. As editoras cuidarão para que as capas I - estiver acompanhado de ambos os pais ou responsável;
que contenham mensagens pornográficas ou obscenas sejam II - viajar na companhia de um dos pais, autorizado
protegidas com embalagem opaca. expressamente pelo outro através de documento com firma
reconhecida.
Art. 79. As revistas e publicações destinadas ao público
infanto-juvenil não poderão conter ilustrações, fotografias, Art. 85. Sem prévia e expressa autorização judicial,
legendas, crônicas ou anúncios de bebidas alcoólicas, tabaco, nenhuma criança ou adolescente nascido em território
armas e munições, e deverão respeitar os valores éticos e nacional poderá sair do País em companhia de estrangeiro
sociais da pessoa e da família. residente ou domiciliado no exterior.
52 Comarca: é o termo jurídico que indica uma divisão territorial específica, que limites de um município, ou que os ultrapasse, englobando vários pequenos
designa os limites territoriais da competência de um determinado juiz ou Juízo de municípios.
primeira instância. Desta maneira, pode haver comarcas que coincidam com os
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APOSTILAS OPÇÃO
02. (UFPB - Auxiliar em Assuntos Educacionais - familiar e à adoção, especificamente inter-racial, de crianças
IDECAN) O Estatuto da Criança e do Adolescente estabelece maiores ou de adolescentes, com necessidades específicas de
que “é dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou saúde ou com deficiências e de grupos de irmãos.
violação dos direitos da criança e do adolescente”. Sobre a
prevenção assegurada pela legislação, assinale a afirmativa Art. 88. São diretrizes da política de atendimento:
correta. I - municipalização do atendimento;
(A) A inobservância das normas de prevenção isenta de II - criação de conselhos municipais, estaduais e nacional
responsabilidade qualquer pessoa física ou jurídica. dos direitos da criança e do adolescente, órgãos deliberativos
(B) Objetivando a igualdade de acesso, famílias com e controladores das ações em todos os níveis, assegurada a
crianças e adolescentes com deficiência não possuem participação popular paritária por meio de organizações
prioridade de atendimento nas ações e políticas públicas de representativas, segundo leis federal, estaduais e municipais;
prevenção e proteção. III - criação e manutenção de programas específicos,
(C) Crianças e adolescentes têm direito a informação, observada a descentralização político-administrativa;
cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos e produtos e IV - manutenção de fundos nacional, estaduais e
serviços que respeitem sua condição peculiar de pessoa em municipais vinculados aos respectivos conselhos dos direitos
desenvolvimento. da criança e do adolescente;
(D) A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios V - integração operacional de órgãos do Judiciário,
devem atuar de forma desarticulada na elaboração de políticas Ministério Público, Defensoria, Segurança Pública e
públicas e na execução de ações de prevenção de violação de Assistência Social, preferencialmente em um mesmo local,
direitos de crianças e de adolescentes. para efeito de agilização do atendimento inicial a adolescente
a quem se atribua autoria de ato infracional;
03. (Câmara de Barra Velha/SC - Advogado - IOBV) De VI - integração operacional de órgãos do Judiciário,
acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, a Ministério Público, Defensoria, Conselho Tutelar e
autorização judicial para criança viajar será exigida quando: encarregados da execução das políticas sociais básicas e de
(A) Tratar-se de viagem para comarca contígua à da assistência social, para efeito de agilização do atendimento de
residência da criança, se na mesma unidade da Federação, ou crianças e de adolescentes inseridos em programas de
incluída na mesma região metropolitana. acolhimento familiar ou institucional, com vista na sua rápida
(B) A criança viajar para fora da comarca onde reside, reintegração à família de origem ou, se tal solução se mostrar
desacompanhada dos pais ou responsável. comprovadamente inviável, sua colocação em família
(C) A criança viajar acompanhada de ascendente ou substituta, em quaisquer das modalidades previstas no art. 28
colateral maior, até o terceiro grau, comprovado desta Lei;
documentalmente o parentesco. VII - mobilização da opinião pública para a indispensável
(D) A criança viajar acompanhada de pessoa maior, participação dos diversos segmentos da sociedade.
expressamente autorizada pelo pai, mãe ou responsável. VIII - especialização e formação continuada dos
profissionais que trabalham nas diferentes áreas da atenção à
Gabarito primeira infância, incluindo os conhecimentos sobre direitos
da criança e sobre desenvolvimento infantil; (Incluído pela Lei
01.E / 02.C / 03.B nº 13.257, de 2016)
IX - formação profissional com abrangência dos diversos
Parte Especial direitos da criança e do adolescente que favoreça a
Título I intersetorialidade no atendimento da criança e do adolescente
Da Política de Atendimento e seu desenvolvimento integral; (Incluído pela Lei nº 13.257,
Capítulo I de 2016)
Disposições Gerais X - realização e divulgação de pesquisas sobre
desenvolvimento infantil e sobre prevenção da violência.
Art. 86. A política de atendimento dos direitos da criança e (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
do adolescente far-se-á através de um conjunto articulado de
ações governamentais e não-governamentais, da União, dos Art. 89. A função de membro do conselho nacional e dos
estados, do Distrito Federal e dos municípios. conselhos estaduais e municipais dos direitos da criança e do
adolescente é considerada de interesse público relevante e não
Art. 87. São linhas de ação da política de atendimento: será remunerada.
I - políticas sociais básicas;
II - serviços, programas, projetos e benefícios de Capítulo II
assistência social de garantia de proteção social e de Das Entidades de Atendimento
prevenção e redução de violações de direitos, seus Seção I
agravamentos ou reincidências; (Redação dada pela Lei nº Disposições Gerais
13.257, de 2016)
III - serviços especiais de prevenção e atendimento médico Art. 90. As entidades de atendimento são responsáveis pela
e psicossocial às vítimas de negligência, maus-tratos, manutenção das próprias unidades, assim como pelo
exploração, abuso, crueldade e opressão; planejamento e execução de programas de proteção e
IV - serviço de identificação e localização de pais, socioeducativos destinados a crianças e adolescentes, em
responsável, crianças e adolescentes desaparecidos; regime de:
V - proteção jurídico-social por entidades de defesa dos I - orientação e apoio sócio familiar;
direitos da criança e do adolescente. II - apoio socioeducativo em meio aberto;
VI - políticas e programas destinados a prevenir ou III - colocação familiar;
abreviar o período de afastamento do convívio familiar e a IV - acolhimento institucional;
garantir o efetivo exercício do direito à convivência familiar de V - prestação de serviços à comunidade;
crianças e adolescentes; VI - liberdade assistida;
VII - campanhas de estímulo ao acolhimento sob forma de VII - semiliberdade; e
guarda de crianças e adolescentes afastados do convívio VIII - internação.
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Art. 96. Os planos de aplicação e as prestações de contas Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente
serão apresentados ao estado ou ao município, conforme a são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei
origem das dotações orçamentárias. forem ameaçados ou violados:
I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;
Art. 97. São medidas aplicáveis às entidades de II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável;
atendimento que descumprirem obrigação constante do art. III - em razão de sua conduta.
94, sem prejuízo da responsabilidade civil e criminal de seus
dirigentes ou prepostos: Capítulo II
I - às entidades governamentais: Das Medidas Específicas de Proteção
a) advertência;
b) afastamento provisório de seus dirigentes; Art. 99. As medidas previstas neste Capítulo poderão ser
c) afastamento definitivo de seus dirigentes; aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como substituídas
d) fechamento de unidade ou interdição de programa. a qualquer tempo.
II - às entidades não-governamentais:
a) advertência; Art. 100. Na aplicação das medidas levar-se-ão em conta as
b) suspensão total ou parcial do repasse de verbas necessidades pedagógicas, preferindo-se aquelas que visem ao
públicas; fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários.
c) interdição de unidades ou suspensão de programa;
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Parágrafo único. São também princípios que regem a IV - inclusão em serviços e programas oficiais ou
aplicação das medidas: comunitários de proteção, apoio e promoção da família, da
I - condição da criança e do adolescente como sujeitos de criança e do adolescente; (Redação dada pela Lei nº 13.257, de
direitos: crianças e adolescentes são os titulares dos direitos 2016)
previstos nesta e em outras Leis, bem como na Constituição V - requisição de tratamento médico, psicológico ou
Federal; psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial;
II - proteção integral e prioritária: a interpretação e VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de
aplicação de toda e qualquer norma contida nesta Lei deve ser auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
voltada à proteção integral e prioritária dos direitos de que VII - acolhimento institucional;
crianças e adolescentes são titulares; VIII - inclusão em programa de acolhimento familiar;
III - responsabilidade primária e solidária do poder IX - colocação em família substituta.
público: a plena efetivação dos direitos assegurados a crianças § 1º O acolhimento institucional e o acolhimento familiar
e a adolescentes por esta Lei e pela Constituição Federal, salvo são medidas provisórias e excepcionais, utilizáveis como
nos casos por esta expressamente ressalvados, é de forma de transição para reintegração familiar ou, não sendo
responsabilidade primária e solidária das 3 (três) esferas de esta possível, para colocação em família substituta, não
governo, sem prejuízo da municipalização do atendimento e implicando privação de liberdade.
da possibilidade da execução de programas por entidades não § 2º Sem prejuízo da tomada de medidas emergenciais
governamentais; para proteção de vítimas de violência ou abuso sexual e das
IV - interesse superior da criança e do adolescente: a providências a que alude o art. 130 desta Lei, o afastamento da
intervenção deve atender prioritariamente aos interesses e criança ou adolescente do convívio familiar é de competência
direitos da criança e do adolescente, sem prejuízo da exclusiva da autoridade judiciária e importará na deflagração,
consideração que for devida a outros interesses legítimos no a pedido do Ministério Público ou de quem tenha legítimo
âmbito da pluralidade dos interesses presentes no caso interesse, de procedimento judicial contencioso, no qual se
concreto garanta aos pais ou ao responsável legal o exercício do
V - privacidade: a promoção dos direitos e proteção da contraditório e da ampla defesa.
criança e do adolescente deve ser efetuada no respeito pela § 3º Crianças e adolescentes somente poderão ser
intimidade, direito à imagem e reserva da sua vida privada; encaminhados às instituições que executam programas de
VI - intervenção precoce: a intervenção das autoridades acolhimento institucional, governamentais ou não, por meio
competentes deve ser efetuada logo que a situação de perigo de uma Guia de Acolhimento, expedida pela autoridade
seja conhecida; judiciária, na qual obrigatoriamente constará, dentre outros
VII - intervenção mínima: a intervenção deve ser exercida I - sua identificação e a qualificação completa de seus pais
exclusivamente pelas autoridades e instituições cuja ação seja ou de seu responsável, se conhecidos;
indispensável à efetiva promoção dos direitos e à proteção da II - o endereço de residência dos pais ou do responsável,
criança e do adolescente; com pontos de referência;
VIII - proporcionalidade e atualidade: a intervenção deve III - os nomes de parentes ou de terceiros interessados em
ser a necessária e adequada à situação de perigo em que a tê-los sob sua guarda;
criança ou o adolescente se encontram no momento em que a IV - os motivos da retirada ou da não reintegração ao
decisão é tomada; convívio familiar.
IX - responsabilidade parental: a intervenção deve ser § 4º Imediatamente após o acolhimento da criança ou do
efetuada de modo que os pais assumam os seus deveres para adolescente, a entidade responsável pelo programa de
com a criança e o adolescente; acolhimento institucional ou familiar elaborará um plano
X - prevalência da família: na promoção de direitos e na individual de atendimento, visando à reintegração familiar,
proteção da criança e do adolescente deve ser dada ressalvada a existência de ordem escrita e fundamentada em
prevalência às medidas que os mantenham ou reintegrem na contrário de autoridade judiciária competente, caso em que
sua família natural ou extensa ou, se isso não for possível, que também deverá contemplar sua colocação em família
promovam a sua integração em família adotiva; (Redação dada substituta, observadas as regras e princípios desta Lei.
pela Lei nº 13.509, de 2017) § 5º O plano individual será elaborado sob a
XI - obrigatoriedade da informação: a criança e o responsabilidade da equipe técnica do respectivo programa de
adolescente, respeitado seu estágio de desenvolvimento e atendimento e levará em consideração a opinião da criança ou
capacidade de compreensão, seus pais ou responsável devem do adolescente e a oitiva dos pais ou do responsável.
ser informados dos seus direitos, dos motivos que § 6º Constarão do plano individual, dentre outros:
determinaram a intervenção e da forma como esta se processa; I - os resultados da avaliação interdisciplinar;
XII - oitiva obrigatória e participação: a criança e o II - os compromissos assumidos pelos pais ou responsável;
adolescente, em separado ou na companhia dos pais, de e
responsável ou de pessoa por si indicada, bem como os seus III - a previsão das atividades a serem desenvolvidas com
pais ou responsável, têm direito a ser ouvidos e a participar a criança ou com o adolescente acolhido e seus pais ou
nos atos e na definição da medida de promoção dos direitos e responsável, com vista na reintegração familiar ou, caso seja
de proteção, sendo sua opinião devidamente considerada pela esta vedada por expressa e fundamentada determinação
autoridade judiciária competente, observado o disposto nos §§ judicial, as providências a serem tomadas para sua colocação
1º e 2º do art. 28 desta Lei. em família substituta, sob direta supervisão da autoridade
judiciária.
Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no § 7º O acolhimento familiar ou institucional ocorrerá no
art. 98, a autoridade competente poderá determinar, dentre local mais próximo à residência dos pais ou do responsável e,
outras, as seguintes medidas: como parte do processo de reintegração familiar, sempre que
I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante identificada a necessidade, a família de origem será incluída
termo de responsabilidade; em programas oficiais de orientação, de apoio e de promoção
II - orientação, apoio e acompanhamento temporários; social, sendo facilitado e estimulado o contato com a criança
III - matrícula e frequência obrigatórias em ou com o adolescente acolhido.
estabelecimento oficial de ensino fundamental; § 8º Verificada a possibilidade de reintegração familiar, o
responsável pelo programa de acolhimento familiar ou
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institucional fará imediata comunicação à autoridade O acolhimento familiar configura medida de proteção de
judiciária, que dará vista ao Ministério Público, pelo prazo de caráter definitivo da criança e do adolescente.
5 (cinco) dias, decidindo em igual prazo. ( ) Certo ( ) Errado
§ 9º Em sendo constatada a impossibilidade de
reintegração da criança ou do adolescente à família de origem, 02. (TRT 8ª Região - Analista Judiciário - Serviço Social
após seu encaminhamento a programas oficiais ou - CESPE) De acordo com o Estatuto da Criança e do
comunitários de orientação, apoio e promoção social, será Adolescente, assinale a opção correta.
enviado relatório fundamentado ao Ministério Público, no qual (A) A bolsa de aprendizagem assegura ao adolescente de
conste a descrição pormenorizada das providências tomadas e até quatorze anos de idade o estabelecimento de vínculo
a expressa recomendação, subscrita pelos técnicos da entidade empregatício e a possibilidade de trabalho, quando realizado
ou responsáveis pela execução da política municipal de no período noturno, entre vinte e duas horas de um dia e cinco
garantia do direito à convivência familiar, para a destituição horas do dia seguinte.
do poder familiar, ou destituição de tutela ou guarda. (B) Constatada a omissão dos pais ou responsável,
§ 10. Recebido o relatório, o Ministério Público terá o prazo aplicam-se como medida de proteção à criança ou ao
de 15 (quinze) dias para o ingresso com a ação de destituição adolescente a matrícula e a frequência obrigatórias em
do poder familiar, salvo se entender necessária a realização de estabelecimento oficial de ensino fundamental.
estudos complementares ou de outras providências (C) Aos membros do conselho tutelar é assegurada a
indispensáveis ao ajuizamento da demanda. (Redação dada remuneração do trabalho realizado por meio de ocupação de
pela Lei nº 13.509, de 2017) cargo de confiança.
§ 11. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou (D) É dever do Estado assegurar o ensino médio,
foro regional, um cadastro contendo informações atualizadas obrigatório e gratuito, aos adolescentes de até quatorze anos
sobre as crianças e adolescentes em regime de acolhimento de idade completos.
familiar e institucional sob sua responsabilidade, com (E) A venda de bebida alcoólica a crianças e adolescentes
informações pormenorizadas sobre a situação jurídica de cada caracteriza-se como crime passível de aplicação de pena após
um, bem como as providências tomadas para sua reintegração a comprovação da reincidência da infração.
familiar ou colocação em família substituta, em qualquer das
modalidades previstas no art. 28 desta Lei. 03.( Câmara dos Deputados - Analista Legislativo -
§ 12. Terão acesso ao cadastro o Ministério Público, o CESPE) Com base nas medidas de proteção e nas políticas de
Conselho Tutelar, o órgão gestor da Assistência Social e os atendimento à criança e ao adolescente preconizadas no ECA,
Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente julgue o item subsequente.
e da Assistência Social, aos quais incumbe deliberar sobre a
implementação de políticas públicas que permitam reduzir o São medidas de proteção previstas no ECA: a
número de crianças e adolescentes afastados do convívio obrigatoriedade do oferecimento de matrícula e a garantia de
familiar e abreviar o período de permanência em programa de frequência aos adolescentes em estabelecimento oficial de
acolhimento. ensino médio.
( ) Certo ( ) Errado
Art. 102. As medidas de proteção de que trata este Capítulo
serão acompanhadas da regularização do registro civil. Gabarito
§ 1º Verificada a inexistência de registro anterior, o
assento de nascimento da criança ou adolescente será feito à 01.Errado / 02.B / 03.Errado
vista dos elementos disponíveis, mediante requisição da
autoridade judiciária. Título III
§ 2º Os registros e certidões necessários à regularização de Da Prática de Ato Infracional
que trata este artigo são isentos de multas, custas e Capítulo I
emolumentos, gozando de absoluta prioridade. Disposições Gerais
§ 3º Caso ainda não definida a paternidade, será deflagrado
procedimento específico destinado à sua averiguação, Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta descrita
conforme previsto pela Lei nº 8.560, de 29 de dezembro de como crime ou contravenção penal.
1992. O art. 103 do ECA considera "ato infracional a conduta
§ 4º Nas hipóteses previstas no § 3º deste artigo, é descrita como crime ou contravenção penal". Assim, o menor
dispensável o ajuizamento de ação de investigação de de 18 anos não pratica infração penal (crime), mas ato
paternidade pelo Ministério Público se, após o não infracional.
comparecimento ou a recusa do suposto pai em assumir a Adota-se um mecanismo de tipicidade remetida (ao direito
paternidade a ele atribuída, a criança for encaminhada para penal comum), que incorpora o princípio da legalidade -
adoção. reserva legal e anterioridade - ao sistema de responsabilidade
§ 5º Os registros e certidões necessários à inclusão, a especial do ECA (art. 5º, XXXIX, da CF; art. 40, n. 2, a, da
qualquer tempo, do nome do pai no assento de nascimento são Convenção sobre os Direitos da Criança - Dec. 99.710/1990).
isentos de multas, custas e emolumentos, gozando de absoluta A substituição da doutrina da situação irregular (etapa
prioridade. (Incluído dada pela Lei nº 13.257, de 2016) tutelar) pela doutrina da proteção integral (etapa garantista -
§ 6º São gratuitas, a qualquer tempo, a averbação art. 1º) ensejou uma limitação do poder punitivo estatal: a
requerida do reconhecimento de paternidade no assento de possibilidade de intervenção punitiva por medida
nascimento e a certidão correspondente. (Incluído dada pela socioeducativa (art. 112) somente pode ser cogitada em face
Lei nº 13.257, de 2016) de uma conduta que seja tipificada como infração penal para
os adultos. Em outras palavras, as situações de risco do art. 98
Questões permitem a aplicação apenas das medidas de proteção (art.
101), pois as medidas socioeducativas (manifestação do poder
01. (INSS - Analista do Seguro Social - Serviço Social - punitivo estatal) dependem da configuração de um ato
CESPE) Com fundamento no Estatuto do Idoso e no ECA, julgue infracional praticado por adolescente (art. 112, caput).
o item subsequente.
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Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores de Parágrafo único. O adolescente tem direito à identificação
dezoito anos, sujeitos às medidas previstas nesta Lei. dos responsáveis pela sua apreensão, devendo ser informado
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser acerca de seus direitos.
considerada a idade do adolescente à data do fato.
Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e o local
Mas o que é imputabilidade penal? Imputabilidade onde se encontra recolhido serão incontinenti comunicados à
penal é o conjunto de condições pessoais que dão ao agente autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou
capacidade para lhe ser juridicamente imputada a prática de à pessoa por ele indicada.
um fato punível. O conceito de sujeito imputável é encontrado Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e sob pena de
no artigo 26, caput, do Código Penal, que trata dos responsabilidade, a possibilidade de liberação imediata.
inimputáveis. Neste contexto, podemos definir como
imputável o sujeito mentalmente são e desenvolvido, capaz de Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser
entender o caráter ilícito do fato e determinar-se de acordo determinada pelo prazo máximo de quarenta e cinco dias.
com esse entendimento. Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamentada e
A inimputabilidade penal por idade, portanto, não significa basear-se em indícios suficientes de autoria e materialidade,
indiferença ou impunidade, mas apenas a impossibilidade de demonstrada a necessidade imperiosa da medida.
imposição de sanções do direito penal comum (penas e O caput, faz menção a internação provisória, conhecida
medidas de segurança). ainda como "atendimento acautelatório para adolescentes em
conflito com a lei" -, que consiste na possibilidade de
Sistema de internação (privação da liberdade) do adolescente infrator
Idade Respostas antes da sentença.
Responsabilidade
A internação provisória, no entanto, por incidir sobre
Maiores de 18 Responsabilidade Penas ou medida
adolescentes infratores (condição peculiar de pessoas em
anos penal de segurança
desenvolvimento: art. 227, §3°, V, da CF), possui limites
Medidas temporais mais rigorosos, podendo ser determinada pelo
Responsabilidade socioeducativas prazo máximo de 45 dias (art. 108, caput), que coincide com
Adolescentes
especial (sanção) e de aquele estabelecido para a conclusão do procedimento de
proteção apuração de ato infracional, quando internado
Medidas de provisoriamente o adolescente (art. 183). A superação dos 45
Crianças Irresponsabilidade dias (excesso de prazo) acarreta a ilegalidade da internação
proteção
provisória e impõe a liberação do adolescente, tipificando
Em que momento será analisada a responsabilidade do ainda o crime do art. 235 do ECA.
autor do delito? Diante de tais considerações, a internação provisória
Para a aplicação do sistema de responsabilidade especial poderia ser assim estruturada:
do ECA, "deve ser considerada a idade do adolescente à data Pressupostos: cabimento da medida socioeducativa de
do fato" (art. 104, parágrafo único), ou seja, a idade do sujeito internação (art. 122): ato infracional cometido mediante grave
no momento da conduta (ação ou omissão), ainda que outro ameaça ou violência a pessoa (I) ou reiteração no cometimento
seja o momento do resultado (consumação). Trata-se de de outras infrações graves (II);
adoção da teoria da atividade, em consonância com o art. 4º do Requisitos: Fumus commissi delicti (fumaça de
CP. cometimento do crime) e periculum libertatis (quando a
Crimes permanentes (ex.: sequestro), em que a conduta se liberdade do acusado oferece perigo) - art. 108, parágrafo
prolonga no tempo, são exceção à regra mencionada. Assim, se único:
um menor inicia a pratica de um sequestro e este somente se a) fumus commissi delicti: indícios suficientes de autoria e
consuma quando o ele atingir a maioridade este responderá materialidade (art. 108, parágrafo único);
como adulto pelo crime e não por ato infracional. b) periculum libertatis: necessidade imperiosa da medida
(art. 108, parágrafo único), revelada pela presença de algum
Importante destacar que a prescrição penal também se dos fundamentos da prisão preventiva (art. 312 do CPP),
aplica as medidas socioeducativas; nos termos do previsto aplicados subsidiariamente (art. 152): garantia da ordem
pela Súmula 338 do STJ. E ainda, que segundo posicionamento pública; garantia da ordem económica; conveniência da
adotado pelo STF também se aplica o princípio da instrução criminal; assegurar a aplicação da lei penal; garantia
insignificância ao ato infracional. da segurança pessoal do adolescente (art. 174), que reputamos
inconstitucional.
Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança A internação provisória não poderá ser cumprida em
corresponderão as medidas previstas no art. 101. estabelecimento prisional (art. 185, caput). Inexistindo na
comarca entidade com as características definidas no art. 123,
Capítulo II o adolescente deverá ser imediatamente transferido para a
Dos Direitos Individuais localidade mais próxima (§1°). Sendo impossível a pronta
transferência, o adolescente aguardará sua remoção em
Os arts. 106 e 107 do ECA estabelecem os direitos repartição policial, desde que em seção isolada dos adultos e
individuais do adolescente em caso de apreensão, assim, com instalações apropriadas, não podendo ultrapassar o prazo
designada a “prisão” dos menores de 18 (dezoito) anos. máximo de cinco dias, sob pena de responsabilidade (§2°). O
Lembrar sempre: o menor nunca será preso, mas sim descumprimento do prazo para transferência enseja a
apreendido. liberação do adolescente, tipificando ainda o crime do art. 235
do ECA.
Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua
liberdade senão em flagrante de ato infracional ou por ordem Internação Provisória:
escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente. - decretada pelo juiz
(a autoridade judiciária competente nesse caso será Juiz da - cabe: indícios de autoria e materialidade + necessidade
Infância e da Juventude (art. 146 do ECA). da internação
- prazo: até 45 (quarenta e cinco) dias. IMPRORROGÁVEL
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Por fim, leva-se em conta a capacidade de o adolescente reiterado e injustificado, medida anteriormente imposta, que
cumprir a medida, que se avalia através do exame de sua é a medida adequada, e pode vir a ser internado por até 3 (três)
personalidade e pelo seu entorno social. meses. É imprescindível o contraditório.
Conjugados tais elementos (circunstâncias + gravidade +
capacidade do adolescente), busca-se a aplicação da medida Aplicada a medida socioeducativa de liberdade assistida, o
socioeducativa mais adequada. Juiz da Infância e da Juventude deve designar pessoa
A medida pode ser aplicada isolada ou cumulativamente e capacitada para acompanhar o caso (orientador), a qual
seus objetivos estão previstos de modo especial na Lei do poderá ser recomendada por entidade ou programa de
SINASE (Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo), n° atendimento (art. 118, §1°).
12.594/12, notadamente no art. 1° e no art. 35 e ss, que tratam
da execução das medidas socioeducativas (§ 2°, art. 1°, da Lei V - inserção em regime de semiliberdade;
do SINASE: objetivos das medidas socioeducativas). Trata-se de medida privativa de liberdade. As regras da
internação e seus princípios se aplicam, no que couber, à
Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a semiliberdade.
autoridade competente poderá aplicar ao adolescente as A medida de semiliberdade pode ser aplicada desde o
seguintes medidas: início ou como progressão da internação para o meio aberto
(art. 120 do ECA).
I - advertência; A aplicação (originária ou derivada) da semiliberdade
A advertência e a obrigação de reparar o dano, previstas, "implica necessariamente na possibilidade de realização de
respectivamente, nos artigos 115 e 116 do ECA, serão atividades externas, vedada determinação em sentido
executadas pelo próprio juiz do conhecimento. contrário" (Munir Cury et al, Estatuto da Criança e do
A advertência é a admoestação verbal reduzida a termo, Adolescente anotado, p. 109). Em igual sentido: "O art. 120 do
aplicada pelo juiz diretamente ao adolescente. Pode ser ECA possibilita a prática de atividades externas pelo menor
acumulada com outras medidas (art. 114 do ECA: indício de sob o regime de semiliberdade, sem necessidade de
autoria). autorização judicial. A restrição imposta pelo magistrado, no
A obrigação de reparar o dano deve recair sobre o sentido de que as visitas aos familiares devam ser realizadas
adolescente e é pertinente sempre que o ato infracional gerar de maneira progressiva e condicionada, constitui
prejuízo ao ofendido. Se sua aplicação for dificultosa ou constrangimento ilegal, especialmente quando desprovida de
impossível, deve ser substituída por outra. fundamentação. O regime de semiliberdade constitui típica
medida de caráter socioeducativo, devendo ser priorizado o
II - obrigação de reparar o dano; fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários.
Arrumar o que quebrou. Inteligência dos arts. 19 da Lei 8.069/90 e 227 da Constituição
Federal. Ordem concedida." (STF, 2.a T., HC 88.639, j.
III - prestação de serviços à comunidade; 03.10.2006, rei. Min. Joaquim Barbosa, DJ 24.11.2006).
Trata-se da realização de tarefas gerais, a título gratuito, A esta medida, se aplicam as regras de execução
pelo período máximo de 6 meses e jornada máxima de 8 horas pertinentes à medida de internação.
semanais, que podem ser cumpridas aos finais de semana e
feriados, se necessário. VI - internação em estabelecimento educacional;
O adolescente não pode ser submetido a tarefas que Trata-se de medida privativa de liberdade, que é regida por
impossibilitem o seu estudo ou o exercício de atividade três princípios: excepcionalidade, brevidade e condição peculiar
laborativa. Não pode também realizar tarefas perigosas, do adolescente de pessoa em desenvolvimento.
insalubres, penosas, noturnas ou que prejudique sua formação
moral (Art. 117 do ECA). VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.
A prestação de serviços à comunidade, assim como a § 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta a
liberdade assistida e as medidas privativas de liberdade, serão sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade
executadas em processo de execução próprio e autônomo, nos da infração.
termos do art. 35 e seguintes da Lei do SINASE. § 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será
admitida a prestação de trabalho forçado.
IV - liberdade assistida; § 3º Os adolescentes portadores de doença ou deficiência
A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de 6 mental receberão tratamento individual e especializado, em
(seis) meses, em que o adolescente será acompanhado, local adequado às suas condições.
orientado e auxiliado por um "orientador designado pelo juiz".
O orientador de liberdade assistida deverá promover Em síntese:
socialmente o adolescente, promover a sua matrícula e sua
- atos infracionais menos
frequência escolar, bem como a sua profissionalização e
Advertência graves;
inserção no mercado de trabalho.
- admoestação verbal.
A liberdade assistida poderá ser revogada, prorrogada ou
substituída, ouvidos o MP, o defensor e o orientador, decidindo - atos infracionais com reflexos
o juiz fundamentadamente. patrimoniais;
A substituição da liberdade assistida por medida privativa Obrigação de reparar - só aplica quando o menor
de liberdade carece de procedimento contraditório e não puder reparar o dano e não
poderá ocorrer se a liberdade assistida tiver sido aplicada por seus pais.
força de remissão ou se o caso não se enquadra nas hipóteses - prazo máximo de 6(seis)
do art. 122 do ECA. Enfim, a liberdade assistida só será meses;
substituída se for demonstrada, de modo inequívoco, a sua - até 8(oito) horas semanais,
inadequação. Prestação de Serviços à
aos sábados, domingos,
Não se confunde a substituição da liberdade assistida com Comunidade
feriados ou outro dia que não
a aplicação da chamada "internação sanção" ou "internação prejudique o estudo e o
coerção", prevista no inciso III do art. 122 do ECA. Nesta trabalho.
modalidade, o adolescente está descumprindo, de modo
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modificação do regime de cumprimento (da mesma pena), mas estabelecidos como condição para a substituição"
significa a aplicação de uma resposta estatal de natureza (progressão);
diversa daquela definida no juízo de mérito da ação b) possibilidade: pode ser cogitada a substituição de
socioeducativa (processo de conhecimento). Ademais, não se medida socioeducativa em meio aberto por medida privativa
pode admitir que uma regra infraconstitucional (art. 99 do de liberdade com prazo indeterminado, desde que esta haja
ECA) possa afastar a garantia constitucional da coisa julgada sido aplicada ao adolescente no juízo de mérito da ação
(art. 5.°, XXXVI). socioeducativa (processo de conhecimento), porque então "o
O STF igualmente repudia a denominada "internação- descumprimento da nova medida será resolvido nos limites do
substituição", fundada nos arts. 113 e 99 do ECA: "Penal - título executivo"
Habeas corpus - ECA – Regime de semiliberdade - Prática de
novo ato infracional: furto -Medida de internação- Seção II
Inaplicabilidade- 8.069/90, arts. 101,112, VII, 113e 122.1- Da Advertência
Compete ao juízo de mérito da ação socioeducativa, após o
procedimento de apuração do ato infracional no qual sejam Art. 115. A advertência consistirá em admoestação verbal,
asseguradas as garantias do contraditório e da ampla defesa, a que será reduzida a termo e assinada.
aplicação das medidas de internação previstas nos incisos I e
II do art. 122 do ECA. II - Não há falar em 'internação- Seção III
substituição, com fundamento no art. 113 do ECA, dado que a Da Obrigação de Reparar o Dano
substituição somente é aplicável quanto às medidas
específicas de proteção. Precedentes. III - HC deferido" (STF, Art. 116. Em se tratando de ato infracional com reflexos
2ªT.,HC85.503,rei. Min. Carlos Velloso, j. 21.06.2005, DJ patrimoniais, a autoridade poderá determinar, se for o caso,
26.08.2005). que o adolescente restitua a coisa, promova o ressarcimento
Ainda: "Infância e Juventude - Menor - Ato infracional - do dano, ou, por outra forma, compense o prejuízo da vítima.
Representação - Procedência - Regime de semiliberdade - Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, a
Execução socioeducativa – Nova apreensão por ato infracional medida poderá ser substituída por outra adequada.
grave - Instauração de outra representação – Nova medida de
semiliberdade-Substituição consequente do primeiro regime Seção IV
por internação sem prazo determinado - Aplicação extensiva Da Prestação de Serviços à Comunidade
do art. 113 do ECA (Lei 8.069/90) - Inadmissibilidade - HC
deferido - Inteligência dos arts. 110,111 e 122 do ECA. Não é Art. 117. A prestação de serviços comunitários consiste na
lícito, sobretudo em processo de execução socioeducativa, realização de tarefas gratuitas de interesse geral, por período
substituir medida de semiliberdade, imposta em processo de não excedente a seis meses, junto a entidades assistenciais,
conhecimento, por internação sem prazo determinado, à conta hospitais, escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem
de novo ato infracional do adolescente" (STF,1ª T„ HC 84.682, como em programas comunitários ou governamentais.
j. 22.03.2005, rei. Min. Cezar Peluso, DJ 01.07.2005). Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas conforme as
O descumprimento reiterado e injustificado de uma aptidões do adolescente, devendo ser cumpridas durante
medida socioeducativa em meio aberto poderia ensejar jornada máxima de oito horas semanais, aos sábados,
apenas a internação-sanção (regressão), limitada ao prazo de domingos e feriados ou em dias úteis, de modo a não
3 meses (art. 122, III e § 1.°) - sempre antecedida da oitiva do prejudicar a frequência à escola ou à jornada normal de
adolescente (Súmula 265 do STJ). trabalho.
Em qualquer caso, a internação-sanção resta
absolutamente proibida quando a medida socioeducativa em Seção V
meio aberto houver sido aplicada em remissão, pois dela não Da Liberdade Assistida
pode decorrer medida privativa da liberdade (art. 127), nem
mesmo por meio de regressão (art. 122, III), sob pena de se Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre que se
admitir uma forma indireta de privação da liberdade sem o afigurar a medida mais adequada para o fim de acompanhar,
devido processo legal (art. 110). auxiliar e orientar o adolescente.
Isso porque, "mesmo em se admitindo que no curso do § 1º A autoridade designará pessoa capacitada para
processo de execução se assegurará o contraditório e a ampla acompanhar o caso, a qual poderá ser recomendada por
defesa (em face da prova do descumprimento injustificado e entidade ou programa de atendimento.
reiterado), a aplicação de medida privativa de liberdade § 2º A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de
implicará a subtração do direito de defesa do fato originário da seis meses, podendo a qualquer tempo ser prorrogada,
sanção, do próprio ato infracional". Em sede de Juizados revogada ou substituída por outra medida, ouvido o
Especiais Criminais, o STF rechaçou um comportamento orientador, o Ministério Público e o defensor.
processual equivalente, consistente na conversão da transação
penal descumprida em pena privativa de liberdade. Art. 119. Incumbe ao orientador, com o apoio e a
Por derradeiro, analisaremos a (im)possibilidade de se supervisão da autoridade competente, a realização dos
restabelecer medida socioeducativa privativa de liberdade seguintes encargos, entre outros:
com prazo indeterminado, depois de operada a sua progressão I - promover socialmente o adolescente e sua família,
(substituição por outra mais branda) para medida em meio fornecendo-lhes orientação e inserindo-os, se necessário, em
aberto. Duas posições: programa oficial ou comunitário de auxílio e assistência social;
a) impossibilidade: depois de operada a progressão para o II - supervisionar a frequência e o aproveitamento escolar
meio aberto, seria adequada apenas a aplicação da internação- do adolescente, promovendo, inclusive, sua matrícula;
sanção – limitada ao prazo de 3 meses (art. 122, III e § 1.°) -, III - diligenciar no sentido da profissionalização do
em face do descumprimento reiterado e injustificável da adolescente e de sua inserção no mercado de trabalho;
medida em execução, e não mais o restabelecimento da IV - apresentar relatório do caso
medida socioeducativa privativa de liberdade com prazo
indeterminado (art. 122, I e II). Trata-se de um
"descumprimento dos compromissos assumidos e
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53 https://jus.com.br/artigos/2683/a-impossibilidade-do-ministerio-publico-
conceder-remissao-acompanhada-de-medida-socio-educativa
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oblíquas não está havendo exclusão do processo, eis que o expresso do adolescente ou de seu representante legal, ou do
cumprimento da medida de prestação de serviço à Ministério Público.
comunidade, por exemplo, ou outra exige acompanhamento
do Juízo da Infância e Juventude, inocorrendo exclusão do Questões
processo propriamente dito. A inclusão na remissão, de outra
medida socioeducativa, portanto, é dada somente à autoridade 01. (Prefeitura de Cruzeiro/SP - Auxiliar de
judiciária, como forma de extinção ou suspensão do processo. Desenvolvimento Infantil - Instituto Excelência) Assinale a
alternativa INCORRETA sobre o Estatuto da Criança e do
Sem prejuízo, a remissão pode ser classificada de três Adolescente.
formas: (A) A função de membro do Conselho Nacional e dos
1. quanto ao "momento procedimental" para a sua Conselhos Estaduais e Municipais dos direitos da criança e do
concessão: adolescente é considerado de interesse público relevante e
a) remissão pré-processual: concedida antes de iniciado o não será remunerado.
processo para apuração de ato infracional, pelo Ministério (B) Intervenção precoce: a intervenção das autoridades
Público, como forma de exclusão do processo (art. 126, caput); competentes deve ser efetuada logo que a situação de perigo
b) remissão processual: concedida depois de iniciado o seja conhecida.
processo, pelo Juiz da Infância e da Juventude, como forma de (C) O Exercício efetivo da função de conselheiro constituirá
suspensão ou extinção do processo (art. 126, parágrafo único). serviço público relevante e estabelecerá presunção de
idoneidade moral.
2. quanto ao "sujeito" que a concede: (D) Examinar-se á desde logo com pena de
a) remissão ministerial: concedida pelo Ministério Público, responsabilidade e não possibilidade de liberação mediata, a
antes de iniciado o processo para apuração de ato infracional, internação depois da sentença pode ser determinada pelo
como forma de exclusão do processo (art. 126, caput); prazo máximo de 30 dias.
b) remissão judicial: concedida pelo Juiz da Infância e da
Juventude, depois de iniciado o processo, como forma de 02. (Pref. de Coqueiral/MG - Auxiliar Administrativo -
suspensão ou extinção do processo (art. 126, parágrafo único). Pref. de Coqueiral/MG) De acordo com a Lei Federal Nº
8.069/90, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do
3. quanto à sua "forma" ou "efeitos": Adolescente - ECA - Responda a questão a seguir: O art. 121 do
a) remissão como forma de exclusão do processo: ECA, dispõe sobre a internação, que constitui medida privativa
concedida antes de iniciado o processo para apuração de ato de liberdade, sujeita aos princípios da brevidade,
infracional, pelo Ministério Público (art. 126, caput); excepcionalidade e respeito à condição de pessoa em
b) remissão como forma de suspensão do processo: desenvolvimento. De acordo com esse artigo, em nenhuma
concedida depois de iniciado o processo, pelo Juiz da Infância hipótese, o período máximo de internação poderá exceder a:
e da Juventude (art. 126, parágrafo único); (A) Três anos
c) remissão como forma de extinção do processo: (B) Dois anos
concedida depois de iniciado o processo, pelo Juiz da Infância (C) Um ano
e da Juventude (art. 126, parágrafo único). (D) Seis meses
Legislação 53
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Estão corretas as alternativas ( ) De acordo com o ECA, é medida aplicável aos pais ou
(A) I, II, III, IV, V, VI. responsável encaminhamento a tratamento psicológico ou
(B) I, IV e V, apenas. psiquiátrico.
(C) II, IV, V e VI, apenas. ( ) De acordo com o ECA, é medida aplicável aos pais
(D) II, III, IV, V e VI, apenas. representar, junto à autoridade judiciária, nos casos de
descumprimento injustificado de suas deliberações.
05. (MPE/SC - Promotor de Justiça - MPE/SC) Segundo a ( ) De acordo com o ECA, é medida aplicável aos pais ou
Lei n. 8.069/90, o regime de semiliberdade pode ser efetivado responsável a inclusão em programa oficial ou comunitário de
como forma de transição para o meio aberto, com admissão da auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos.
realização de atividades externas pelo adolescente, ( ) De acordo com o ECA, é medida aplicável aos pais a
independentemente de autorização judicial. obrigação de adotar princípios e participar do
( ) Certo ( ) Errado desenvolvimento de atividades em regime de coeducação.
(A) V/ V/ V/ V
Gabarito (B) F/ V/ F/ V
(C) V/ V/ V/ F
01.D / 02.A / 03.B / 04.A / 05.Certo (D) F/ V/ V/ V
(E) V/ F/ V/ F
Título IV
Das Medidas Pertinentes aos Pais ou Responsável Gabarito
Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou responsável: 01.A / 02.E
I - encaminhamento a serviços e programas oficiais ou
comunitários de proteção, apoio e promoção da família; Título V
(Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) Do Conselho Tutelar
II - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, Capítulo I
orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos; Disposições Gerais
III - encaminhamento a tratamento psicológico ou
psiquiátrico; Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e
IV - encaminhamento a cursos ou programas de autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de
orientação; zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do
V - obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar adolescente, definidos nesta Lei.
sua frequência e aproveitamento escolar; O artigo 131 do Estatuto da Criança e do Adolescente
VI - obrigação de encaminhar a criança ou adolescente a apresenta o conceito de Conselho Tutelar, bem como a sua
tratamento especializado; finalidade. Em sua definição apresenta três características
VII - advertência; básicas: Permanente, autônomo e não jurisdicional.
VIII - perda da guarda; O Conselho Tutelar é órgão permanente, com trabalho
IX - destituição da tutela; contínuo e ininterrupto, com a finalidade de representação da
X - suspensão ou destituição do poder familiar. sociedade, implementando assim a participação popular no
Parágrafo único. Na aplicação das medidas previstas nos processo de busca de melhores condições para o
incisos IX e X deste artigo, observar-se-á o disposto nos arts. desenvolvimento do menor.
23 e 24. Também, o Conselho Tutelar é autônomo, já que não
necessita de ordem judicial para aplicar medidas protetivas
Art. 130. Verificada a hipótese de maus-tratos, opressão ou previstas nesse Lei, quando as entender adequadas. Exercendo
abuso sexual impostos pelos pais ou responsável, a autoridade assim, sua função com independência, sob fiscalização do
judiciária poderá determinar, como medida cautelar, o Conselho Municipal, da autoridade judiciária competente e do
afastamento do agressor da moradia comum. Ministério Público.
Parágrafo único. Da medida cautelar constará, ainda, a Este órgão Tutelar, exerce função de natureza executiva, e
fixação provisória dos alimentos de que necessitem a criança não está vinculado ao poder judiciário, por isso tem a
ou o adolescente dependentes do agressor. característica de não jurisdicional.
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Conforme o ECA, figura entre as atribuições do conselho § 1º Nos casos de ato infracional, será competente a
tutelar promover a execução de suas decisões, podendo ele, autoridade do lugar da ação ou omissão, observadas as regras
para tanto, requisitar serviço público na área de previdência. de conexão, continência e prevenção.
( ) Certo ( ) Errado § 2º A execução das medidas poderá ser delegada à
autoridade competente da residência dos pais ou responsável,
Gabarito ou do local onde sediar-se a entidade que abrigar a criança ou
adolescente.
01.Errado / 02.D / 03.B / 04.Certo § 3º Em caso de infração cometida através de transmissão
simultânea de rádio ou televisão, que atinja mais de uma
Título VI comarca, será competente, para aplicação da penalidade, a
Do Acesso à Justiça autoridade judiciária do local da sede estadual da emissora ou
Capítulo I rede, tendo a sentença eficácia para todas as transmissoras ou
Disposições Gerais retransmissoras do respectivo estado.
Art. 141. É garantido o acesso de toda criança ou Art. 148. A Justiça da Infância e da Juventude é competente
adolescente à Defensoria Pública, ao Ministério Público e ao para:
Poder Judiciário, por qualquer de seus órgãos. I - conhecer de representações promovidas pelo Ministério
§ 1º A assistência judiciária gratuita será prestada aos que Público, para apuração de ato infracional atribuído a
dela necessitarem, através de defensor público ou advogado adolescente, aplicando as medidas cabíveis;
nomeado. II - conceder a remissão, como forma de suspensão ou
§ 2º As ações judiciais da competência da Justiça da extinção do processo;
Infância e da Juventude são isentas de custas e emolumentos, III - conhecer de pedidos de adoção e seus incidentes;
ressalvada a hipótese de litigância de má-fé. IV - conhecer de ações civis fundadas em interesses
individuais, difusos ou coletivos afetos à criança e ao
Art. 142. Os menores de dezesseis anos serão adolescente, observado o disposto no art. 209;
representados e os maiores de dezesseis e menores de vinte e V - conhecer de ações decorrentes de irregularidades em
um anos assistidos por seus pais, tutores ou curadores, na entidades de atendimento, aplicando as medidas cabíveis;
forma da legislação civil ou processual. VI - aplicar penalidades administrativas nos casos de
Parágrafo único. A autoridade judiciária dará curador infrações contra norma de proteção à criança ou adolescente;
especial à criança ou adolescente, sempre que os interesses VII - conhecer de casos encaminhados pelo Conselho
destes colidirem com os de seus pais ou responsável, ou Tutelar, aplicando as medidas cabíveis.
quando carecer de representação ou assistência legal ainda Parágrafo único. Quando se tratar de criança ou
que eventual. adolescente nas hipóteses do art. 98, é também competente a
Justiça da Infância e da Juventude para o fim de:
Art. 143. E vedada a divulgação de atos judiciais, policiais e a) conhecer de pedidos de guarda e tutela;
administrativos que digam respeito a crianças e adolescentes b) conhecer de ações de destituição do poder familiar,
a que se atribua autoria de ato infracional. perda ou modificação da tutela ou guarda;
Parágrafo único. Qualquer notícia a respeito do fato não c) suprir a capacidade ou o consentimento para o
poderá identificar a criança ou adolescente, vedando-se casamento;
fotografia, referência ao nome, apelido, filiação, parentesco, d) conhecer de pedidos baseados em discordância paterna
residência e, inclusive, iniciais do nome e sobrenome. ou materna, em relação ao exercício do poder familiar;
e) conceder a emancipação, nos termos da lei civil, quando
Art. 144. A expedição de cópia ou certidão de atos a que se faltarem os pais;
refere o artigo anterior somente será deferida pela autoridade f) designar curador especial em casos de apresentação de
judiciária competente, se demonstrado o interesse e queixa ou representação, ou de outros procedimentos judiciais
justificada a finalidade. ou extrajudiciais em que haja interesses de criança ou
adolescente;
Capítulo II g) conhecer de ações de alimentos;
Da Justiça da Infância e da Juventude h) determinar o cancelamento, a retificação e o suprimento
Seção I dos registros de nascimento e óbito.
Disposições Gerais
Art. 149. Compete à autoridade judiciária disciplinar,
Art. 145. Os estados e o Distrito Federal poderão criar através de portaria, ou autorizar, mediante alvará:
varas especializadas e exclusivas da infância e da juventude, I - a entrada e permanência de criança ou adolescente,
cabendo ao Poder Judiciário estabelecer sua desacompanhado dos pais ou responsável, em:
proporcionalidade por número de habitantes, dotá-las de a) estádio, ginásio e campo desportivo;
infraestrutura e dispor sobre o atendimento, inclusive em b) bailes ou promoções dançantes;
plantões. c) boate ou congêneres;
d) casa que explore comercialmente diversões eletrônicas;
Seção II e) estúdios cinematográficos, de teatro, rádio e televisão.
Do Juiz II - a participação de criança e adolescente em:
a) espetáculos públicos e seus ensaios;
Art. 146. A autoridade a que se refere esta Lei é o Juiz da b) certames de beleza.
Infância e da Juventude, ou o juiz que exerce essa função, na § 1º Para os fins do disposto neste artigo, a autoridade
forma da lei de organização judiciária local. judiciária levará em conta, dentre outros fatores:
a) os princípios desta Lei;
Art. 147. A competência será determinada: b) as peculiaridades locais;
I - pelo domicílio dos pais ou responsável; c) a existência de instalações adequadas;
II - pelo lugar onde se encontre a criança ou adolescente, à d) o tipo de frequência habitual ao local;
falta dos pais ou responsável.
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dará vista dos autos ao Ministério Público, por 5 (cinco) dias, II - indicação de eventual parentesco do requerente e de
salvo quando este for o requerente, e decidirá em igual prazo. seu cônjuge, ou companheiro, com a criança ou adolescente,
(Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) especificando se tem ou não parente vivo;
§ 1º A autoridade judiciária, de ofício ou a requerimento III - qualificação completa da criança ou adolescente e de
das partes ou do Ministério Público, determinará a oitiva de seus pais, se conhecidos;
testemunhas que comprovem a presença de uma das causas de IV - indicação do cartório onde foi inscrito nascimento,
suspensão ou destituição do poder familiar previstas nos arts. anexando, se possível, uma cópia da respectiva certidão;
1.637 e 1.638 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 V - declaração sobre a existência de bens, direitos ou
(Código Civil), ou no art. 24 desta Lei. (Redação dada pela Lei rendimentos relativos à criança ou ao adolescente.
nº 13.509, de 2017) Parágrafo único. Em se tratando de adoção, observar-se-ão
§ 2º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.509, de também os requisitos específicos.
2017)
§ 3º Se o pedido importar em modificação de guarda, será Art. 166. Se os pais forem falecidos, tiverem sido
obrigatória, desde que possível e razoável, a oitiva da criança destituídos ou suspensos do poder familiar, ou houverem
ou adolescente, respeitado seu estágio de desenvolvimento e aderido expressamente ao pedido de colocação em família
grau de compreensão sobre as implicações da medida. substituta, este poderá ser formulado diretamente em
§ 4º É obrigatória a oitiva dos pais sempre que eles forem cartório, em petição assinada pelos próprios requerentes,
identificados e estiverem em local conhecido, ressalvados os dispensada a assistência de advogado.
casos de não comparecimento perante a Justiça quando § 1º Na hipótese de concordância dos pais, o juiz: (Redação
devidamente citados. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
2017) I - na presença do Ministério Público, ouvirá as partes,
§ 5º Se o pai ou a mãe estiverem privados de liberdade, a devidamente assistidas por advogado ou por defensor público,
autoridade judicial requisitará sua apresentação para a oitiva para verificar sua concordância com a adoção, no prazo
máximo de 10 (dez) dias, contado da data do protocolo da
Art. 162. Apresentada a resposta, a autoridade judiciária petição ou da entrega da criança em juízo, tomando por termo
dará vista dos autos ao Ministério Público, por cinco dias, salvo as declarações; e (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
quando este for o requerente, designando, desde logo, II - declarará a extinção do poder familiar. (Incluído pela
audiência de instrução e julgamento. Lei nº 13.509, de 2017)
§ 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.509, de § 2º O consentimento dos titulares do poder familiar será
2017) precedido de orientações e esclarecimentos prestados pela
§ 2º Na audiência, presentes as partes e o Ministério equipe interprofissional da Justiça da Infância e da Juventude,
Público, serão ouvidas as testemunhas, colhendo-se oralmente em especial, no caso de adoção, sobre a irrevogabilidade da
o parecer técnico, salvo quando apresentado por escrito, medida.
manifestando-se sucessivamente o requerente, o requerido e § 3º São garantidos a livre manifestação de vontade dos
o Ministério Público, pelo tempo de 20 (vinte) minutos cada detentores do poder familiar e o direito ao sigilo das
um, prorrogável por mais 10 (dez) minutos. (Redação dada informações. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
pela Lei nº 13.509, de 2017) § 4º O consentimento prestado por escrito não terá
§ 3º A decisão será proferida na audiência, podendo a validade se não for ratificado na audiência a que se refere o §
autoridade judiciária, excepcionalmente, designar data para 1º deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
sua leitura no prazo máximo de 5 (cinco) dias. (Incluído pela § 5º O consentimento é retratável até a data da realização
Lei nº 13.509, de 2017) da audiência especificada no § 1o deste artigo, e os pais podem
§ 4º Quando o procedimento de destituição de poder exercer o arrependimento no prazo de 10 (dez) dias, contado
familiar for iniciado pelo Ministério Público, não haverá da data de prolação da sentença de extinção do poder familiar.
necessidade de nomeação de curador especial em favor da (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
criança ou adolescente. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) § 6º O consentimento somente terá valor se for dado após
o nascimento da criança.
Art. 163. O prazo máximo para conclusão do procedimento § 7º A família natural e a família substituta receberão a
será de 120 (cento e vinte) dias, e caberá ao juiz, no caso de devida orientação por intermédio de equipe técnica
notória inviabilidade de manutenção do poder familiar, dirigir interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da
esforços para preparar a criança ou o adolescente com vistas à Juventude, preferencialmente com apoio dos técnicos
colocação em família substituta. (Redação dada pela Lei nº responsáveis pela execução da política municipal de garantia
13.509, de 2017) do direito à convivência familiar. (Redação dada pela Lei nº
Parágrafo único. A sentença que decretar a perda ou a 13.509, de 2017)
suspensão do poder familiar será averbada à margem do
registro de nascimento da criança ou do adolescente. Art. 167. A autoridade judiciária, de ofício ou a
requerimento das partes ou do Ministério Público,
Seção III determinará a realização de estudo social ou, se possível,
Da Destituição da Tutela perícia por equipe interprofissional, decidindo sobre a
concessão de guarda provisória, bem como, no caso de adoção,
Art. 164. Na destituição da tutela, observar-se-á o sobre o estágio de convivência.
procedimento para a remoção de tutor previsto na lei Parágrafo único. Deferida a concessão da guarda
processual civil e, no que couber, o disposto na seção anterior. provisória ou do estágio de convivência, a criança ou o
adolescente será entregue ao interessado, mediante termo de
Seção IV responsabilidade.
Da Colocação em Família Substituta
Art. 168. Apresentado o relatório social ou o laudo pericial,
Art. 165. São requisitos para a concessão de pedidos de e ouvida, sempre que possível, a criança ou o adolescente, dar-
colocação em família substituta: se-á vista dos autos ao Ministério Público, pelo prazo de cinco
I - qualificação completa do requerente e de seu eventual dias, decidindo a autoridade judiciária em igual prazo.
cônjuge, ou companheiro, com expressa anuência deste;
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Art. 169. Nas hipóteses em que a destituição da tutela, a II - apreender o produto e os instrumentos da infração;
perda ou a suspensão do poder familiar constituir pressuposto III - requisitar os exames ou perícias necessários à
lógico da medida principal de colocação em família substituta, comprovação da materialidade e autoria da infração.
será observado o procedimento contraditório previsto nas Parágrafo único. Nas demais hipóteses de flagrante, a
Seções II e III deste Capítulo. lavratura do auto poderá ser substituída por boletim de
Parágrafo único. A perda ou a modificação da guarda ocorrência circunstanciada.
poderá ser decretada nos mesmos autos do procedimento, Se o adolescente pratica ato infracional em flagrante,
observado o disposto no art. 35. cometido mediante violência ou grave ameaça a pessoa, a
autoridade policial deverá lavrar auto de apreensão, ouvidos
Art. 170. Concedida a guarda ou a tutela, observar-se-á o as testemunhas e o adolescente; apreender o produto e os
disposto no art. 32, e, quanto à adoção, o contido no art. 47. instrumentos da infração; requisitar os exames ou perícias
Parágrafo único. A colocação de criança ou adolescente sob necessários à comprovação da materialidade e autoria da
a guarda de pessoa inscrita em programa de acolhimento infração. Caso este ato infracional seja cometido, ainda que em
familiar será comunicada pela autoridade judiciária à entidade flagrante, mas sem configurar violência e grave ameaça à
por este responsável no prazo máximo de 5 (cinco) dias. pessoa, será registrado boletim de ocorrência circunstanciado.
Os exemplos mais comuns de ato infracional cometido
Seção V mediante violência ou grave ameaça são os crimes de roubo e
Da Apuração de Ato Infracional Atribuído a estupro, descritos nos arts. 153 e 213 do Código Penal.
Adolescente
Art. 174. Comparecendo qualquer dos pais ou responsável,
Art. 171. O adolescente apreendido por força de ordem o adolescente será prontamente liberado pela autoridade
judicial será, desde logo, encaminhado à autoridade judiciária. policial, sob termo de compromisso e responsabilidade de sua
A hipótese de apreensão do menor por ordem judicial apresentação ao representante do Ministério Público, no
pressupõe a existência de um mandado judicial de apreensão, mesmo dia ou, sendo impossível, no primeiro dia útil imediato,
que levará o adolescente apreendido a ser encaminhado à exceto quando, pela gravidade do ato infracional e sua
autoridade judiciária. Quando o adolescente é apreendido em repercussão social, deva o adolescente permanecer sob
flagrante, observa-se a regra do art. 302 do CPP, que estabelece internação para garantia de sua segurança pessoal ou
que se considera em flagrante de ato infracional quem é manutenção da ordem pública.
encontrado cometendo a infração penal; quem acaba de Ocorrendo apreensão do menor e comparecendo qualquer
cometê-la; quem é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo dos pais ou responsável (não sendo necessário ser o
ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça responsável legal do menor, podendo ser qualquer pessoa
presumir ser autor da infração ou quem é encontrado, logo maior de idade que se compromete, mediante assinatura do
depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam termo em apresentar o menor ao representante do Ministério
presumir ser ele o autor da infração. Nestes casos o Público.), a autoridade policial deverá liberar o adolescente
adolescente é encaminhado à presença da autoridade policial prontamente, sob termo de compromisso e responsabilidade
competente. de sua apresentação ao representante do Ministério Público,
Ilustre-se que o art. 106 do Estatuto estabelece que no mesmo dia ou, sendo impossível, no primeiro dia útil
nenhum adolescente será privado de sua liberdade senão em imediato.
flagrante de ato infracional ou por ordem escrita e
fundamentada da autoridade judiciária competente. A exceção a esta regra é a gravidade do ato infracional
praticado pelo adolescente e sua repercussão social, caso
Art. 172. O adolescente apreendido em flagrante de ato em que deve o adolescente permanecer sob internação para
infracional será, desde logo, encaminhado à autoridade garantia de sua segurança pessoal ou manutenção da
policial competente. ordem pública.
Parágrafo único. Havendo repartição policial especializada Os atos infracionais que geram repercussão social são
para atendimento de adolescente e em se tratando de ato aquele que provoca clamor público, que gera sentimento de
infracional praticado em coautoria com maior, prevalecerá a indignação, como os crimes que são cometidos com
atribuição da repartição especializada, que, após as violência e grave ameaça à pessoa, como extorsão,
providências necessárias e conforme o caso, encaminhará o sequestro, estupro, atentado violento ao pudor, roubo
adulto à repartição policial própria. latrocínio e homicídio qualificado, e nestas hipóteses a
Os procedimentos infracionais tem seu trâmite previsto autoridade policial não poderá liberar o adolescente,
nos artigos 171 a 190 do estatuto. Iniciam-se em razão do devendo se pautar pelo art. 175 desta lei.
flagrante ato infracional. Assim quando o menor for
apreendido em flagrante de ato infracional, será encaminhado Art. 175. Em caso de não liberação, a autoridade policial
à autoridade policial competente, que procederá na forma encaminhará, desde logo, o adolescente ao representante do
prevista do art. 106, 107 e 173 do Estatuto. Ministério Público, juntamente com cópia do auto de
A criança apreendida em virtude da prática de ato apreensão ou boletim de ocorrência.
infracional será encaminhada ao Conselho Tutelar, ou se este § 1º Sendo impossível a apresentação imediata, a
não existir na comarca, esta será apresentada ao juiz da autoridade policial encaminhará o adolescente à entidade de
infância competente. atendimento, que fará a apresentação ao representante do
Ao flagrante ato infracional aplicam-se as regras de Ministério Público no prazo de vinte e quatro horas.
prescrição do Código de Processo Penal relativas à prisão em § 2º Nas localidades onde não houver entidade de
flagrante, conforme dispõe o art. 152 desta lei. atendimento, a apresentação far-se-á pela autoridade policial.
À falta de repartição policial especializada, o adolescente
Art. 173. Em caso de flagrante de ato infracional cometido aguardará a apresentação em dependência separada da
mediante violência ou grave ameaça a pessoa, a autoridade destinada a maiores, não podendo, em qualquer hipótese,
policial, sem prejuízo do disposto nos arts. 106, parágrafo exceder o prazo referido no parágrafo anterior.
único, e 107, deverá: O procedimento para os casos em que a lei prevê a não
I - lavrar auto de apreensão, ouvidos as testemunhas e o liberação do menor sob compromisso de seus pais ou
adolescente; responsável, verificando a autoridade policial que se trata de
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caso de internação, encaminhará o adolescente à entidade de adolescente e seus pais ou responsável para a apresentação e
atendimento, que fará a apresentação ao representante do poderá também requisitar apoio das polícias civil e militar.
Ministério Público no prazo de vinte e quatro horas.
No caso de liberação do adolescente pela autoridade Art. 180. Adotadas as providências a que alude o artigo
policial, este deverá se apresentar em 24 horas ao anterior, o representante do Ministério Público poderá:
representante do Ministério Público. I - promover o arquivamento dos autos;
II - conceder a remissão;
Art. 176. Sendo o adolescente liberado, a autoridade III - representar à autoridade judiciária para aplicação de
policial encaminhará imediatamente ao representante do medida socioeducativa.
Ministério Público cópia do auto de apreensão ou boletim de Se o representante do Ministério Público entender
ocorrência. necessário poderá determinar novas diligências que serão
Este artigo trata do procedimento na hipótese de liberação executadas pela autoridade policial visando melhor
do adolescente, sendo este apreendido na prática de flagrante esclarecimento dos fatos, podendo promover o arquivamento
de ato infracional, o mesmo será prontamente encaminhado à dos autos, conceder a remissão ou representar à autoridade
autoridade policial competente. Se esta autoridade entender judiciária para aplicação de medida socioeducativa.
que a apreensão é ilegal, deverá proceder a liberação A competência para que o Ministério Público conceda a
instantânea do adolescente, encaminhando cópia do auto de remissão antes de iniciado o procedimento encontra-se no art.
apreensão ou boletim de ocorrência ao representante do 126 do estatuto e tem caráter de exclusão do processo.
Ministério Público.
Art. 181. Promovido o arquivamento dos autos ou
Art. 177. Se, afastada a hipótese de flagrante, houver concedida a remissão pelo representante do Ministério
indícios de participação de adolescente na prática de ato Público, mediante termo fundamentado, que conterá o resumo
infracional, a autoridade policial encaminhará ao dos fatos, os autos serão conclusos à autoridade judiciária para
representante do Ministério Público relatório das homologação.
investigações e demais documentos. § 1º Homologado o arquivamento ou a remissão, a
Neste artigo é tratada hipótese em que o adolescente não autoridade judiciária determinará, conforme o caso, o
esteja apreendido, nem por ordem judicial nem mesmo pelo cumprimento da medida.
flagrante prática de ato infracional, porém pesam sobre ele, § 2º Discordando, a autoridade judiciária fará remessa dos
indícios de participação na prática de ato infracional. Neste autos ao Procurador-Geral de Justiça, mediante despacho
caso, a autoridade policial encaminhará ao representante do fundamentado, e este oferecerá representação, designará
Ministério Público relatório das investigações e demais outro membro do Ministério Público para apresentá-la, ou
documentos, para análise que julgar conveniente ao caso. ratificará o arquivamento ou a remissão, que só então estará a
autoridade judiciária obrigada a homologar.
Art. 178. O adolescente a quem se atribua autoria de ato Apesar do dispositivo aqui tratado dispor no caput sobre a
infracional não poderá ser conduzido ou transportado em competência do Ministério Público para decidir a sorte do
compartimento fechado de veículo policial, em condições adolescente, esta não é absoluta, pois sua decisão passará pelo
atentatórias à sua dignidade, ou que impliquem risco à sua averiguação judicial.
integridade física ou mental, sob pena de responsabilidade. Assim, havendo o arquivamento dos autos ou concedida a
O dispositivo tem por escopo proteger o menor na sua remissão pelo representante do Ministério Público, mediante
condição característica de pessoa em desenvolvimento, termo fundamentado, que conterá o resumo dos fatos, os autos
vendando o transporte do mesmo em viatura policial, de serão conclusos ao juiz para ratificação da decisão e com esta
compartimento fechado de veículo policial, em vista da proceder, se for o caso a aplicação de medida socioeducativa.
presunção legal que tal atitude atenta contra a dignidade do Assim, homologado o arquivamento ou a remissão, a
adolescente, colocando em risco à sua integridade física ou autoridade judiciária determinará, conforme o caso, o
mental. Conforme artigo 232 do ECA, a pena prevista para a cumprimento da medida, extinguindo o processo e pedindo o
inobservância deste dispositivo é de seis meses a dois anos. arquivamento dos autos.
Se a autoridade judiciária discordar dos termos da
Art. 179. Apresentado o adolescente, o representante do remissão, não homologará o acordo e fará remessa dos autos
Ministério Público, no mesmo dia e à vista do auto de ao Procurador-Geral de Justiça, mediante despacho
apreensão, boletim de ocorrência ou relatório policial, fundamentado.
devidamente autuados pelo cartório judicial e com informação O Procurador Geral de Justiça, assim que recebidos os
sobre os antecedentes do adolescente, procederá imediata e autos, poderá oferecer representação indicando outro
informalmente à sua oitiva e, em sendo possível, de seus pais membro do Ministério Público para apresentá-la, ou ratificará
ou responsável, vítima e testemunhas. o arquivamento ou a remissão, ficando a autoridade judiciária
Parágrafo único. Em caso de não apresentação, o obrigada a homologar a remissão do menor.
representante do Ministério Público notificará os pais ou Se a remissão contiver perdão puro e simples, o processo é
responsável para apresentação do adolescente, podendo extinto e os autos são arquivados.
requisitar o concurso das polícias civil e militar.
Quando o adolescente for apresentado ao representante Art. 182. Se, por qualquer razão, o representante do
ministerial este procederá imediata e informalmente à sua Ministério Público não promover o arquivamento ou conceder
oitiva e, havendo a possibilidade de seus pais ou responsável, a remissão, oferecerá representação à autoridade judiciária,
vítima e testemunhas. propondo a instauração de procedimento para aplicação da
Essa audiência informal é necessária para que o medida socioeducativa que se afigurar a mais adequada.
representante ministerial tenha mais informações e elementos § 1º A representação será oferecida por petição, que
de como ocorreram os fatos, que possibilitará inclusive a conterá o breve resumo dos fatos e a classificação do ato
concessão da remissão, bem como possibilita ao menor infracional e, quando necessário, o rol de testemunhas,
discutir as circunstâncias que o levaram a praticar o ato e podendo ser deduzida oralmente, em sessão diária instalada
requerer a remissão ou arquivamento dos autos. pela autoridade judiciária.
Ainda, no caso de não apresentação do adolescente ao § 2º A representação independe de prova pré-constituída
representante do Ministério Público, o órgão, notificará o da autoria e materialidade.
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Caso o Ministério Público entenda que é absolutamente administrativa responsável pela medida, todavia, sem prejuízo
necessário responsabilizar o adolescente mediante a aplicação da notificação dos pais ou responsável.
de uma medida socioeducativa que demonstre a consequência
do ato infracional cometido pelo adolescente, em que está Art. 185. A internação, decretada ou mantida pela
excluída a possibilidade de remissão, principalmente nos autoridade judiciária, não poderá ser cumprida em
casos autorizadores de privação de liberdade, exercitará a estabelecimento prisional.
ação socioeducativa pública mediante o oferecimento de § 1º Inexistindo na comarca entidade com as
representação. características definidas no art. 123, o adolescente deverá ser
A representação é a peça inaugural do procedimento de imediatamente transferido para a localidade mais próxima.
apuração do ato infracional. A representação tem a intenção de § 2º Sendo impossível a pronta transferência, o
reeducar e ressocializar o menor, e será oferecida por petição, adolescente aguardará sua remoção em repartição policial,
que conterá o breve resumo dos fatos e a classificação do ato desde que em seção isolada dos adultos e com instalações
infracional e, quando necessário, o rol de testemunhas, apropriadas, não podendo ultrapassar o prazo máximo de
podendo ser deduzida oralmente, em sessão diária instalada cinco dias, sob pena de responsabilidade.
pela autoridade judiciária. A internação provisória, decretada ou mantida pela
autoridade judiciária não poderá ser cumprida em
Assim, conforme assinalado, a representação pode ser estabelecimento prisional. Como constitui medida
escrita ou oral, e não necessita de prova pré-constituída de socioeducativa privativa de liberdade, sujeita aos princípios da
autoria e materialidade ao ato infracional. brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de
pessoa em desenvolvimento, e definitiva ou provisória deverá
Art. 183. O prazo máximo e improrrogável para a ser cumprida em entidade exclusiva para adolescentes,
conclusão do procedimento, estando o adolescente internado conforme disposição do art. 123 do Estatuto.
provisoriamente, será de quarenta e cinco dias. Se na comarca não existir estabelecimento para
A internação provisória ocorre no caso de apreensão do cumprimento da medida de internação, o adolescente deverá
adolescente em flagrante prática do ato infracional. O juiz ser imediatamente transferido para a localidade mais próxima.
analisará a necessidade de decretação ou de manutenção da Caso a rápida transferência não seja possível, o
internação provisória do menor que não pode exceder o prazo adolescente aguardará sua remoção em repartição policial,
máximo de quarenta e cinco dias, prazo esse inclusive para a desde que em seção isolada dos adultos e com instalações
conclusão do processo e julgamento da ação. A continuidade apropriadas, não podendo ultrapassar o prazo máximo de
do prazo estabelecido em lei, ou seja, 45 dias, constitui crime e cinco dias, sob pena de responsabilidade.
enseja habeas corpus, sujeitando o responsável à detenção de
seis meses a dois anos, conforme o art. 235 do estatuto. Art. 186. Comparecendo o adolescente, seus pais ou
responsável, a autoridade judiciária procederá à oitiva dos
Art. 184. Oferecida a representação, a autoridade judiciária mesmos, podendo solicitar opinião de profissional qualificado.
designará audiência de apresentação do adolescente, § 1º Se a autoridade judiciária entender adequada a
decidindo, desde logo, sobre a decretação ou manutenção da remissão, ouvirá o representante do Ministério Público,
internação, observado o disposto no art. 108 e parágrafo. proferindo decisão.
§ 1º O adolescente e seus pais ou responsável serão § 2º Sendo o fato grave, passível de aplicação de medida de
cientificados do teor da representação, e notificados a internação ou colocação em regime de semiliberdade, a
comparecer à audiência, acompanhados de advogado. autoridade judiciária, verificando que o adolescente não
§ 2º Se os pais ou responsável não forem localizados, a possui advogado constituído, nomeará defensor, designando,
autoridade judiciária dará curador especial ao adolescente. desde logo, audiência em continuação, podendo determinar a
§ 3º Não sendo localizado o adolescente, a autoridade realização de diligências e estudo do caso.
judiciária expedirá mandado de busca e apreensão, § 3º O advogado constituído ou o defensor nomeado, no
determinando o sobrestamento do feito, até a efetiva prazo de três dias contado da audiência de apresentação,
apresentação. oferecerá defesa prévia e rol de testemunhas.
§ 4º Estando o adolescente internado, será requisitada a § 4º Na audiência em continuação, ouvidas as testemunhas
sua apresentação, sem prejuízo da notificação dos pais ou arroladas na representação e na defesa prévia, cumpridas as
responsável. diligências e juntado o relatório da equipe interprofissional,
O caput deste artigo parece indicar que a representação será dada a palavra ao representante do Ministério Público e
não está sujeita a juízo de admissibilidade, mas do sistema do ao defensor, sucessivamente, pelo tempo de vinte minutos
estatuto deflui que a representação poderá ser recebida ou para cada um, prorrogável por mais dez, a critério da
rejeitada. autoridade judiciária, que em seguida proferirá decisão.
Recebida a representação, deve o juiz decidir sobre a O Estatuto entende que a presença dos pais é essencial
decretação ou manutenção da internação provisória. Após isso para a aplicação das medidas socioeducativas, por isso devem
deve a autoridade judiciária se pronunciar sobre a designação ser cientificados para a audiência de apresentação do menor
da audiência de apresentação do adolescente. em juízo. Comparecendo o adolescente, seus pais ou
O adolescente e seus pais ou responsável serão responsável, a autoridade judiciária procederá à oitiva dos
cientificados do teor da representação, e notificados a mesmos, podendo solicitar opinião de profissional qualificado.
comparecer à audiência, acompanhados de advogado. A Juntamente com o adolescente que cometeu ato infracional
citação do adolescente e de seus pais é sempre pessoal, os pais devem comparecer acompanhados de advogado. Se o
inexistindo a possibilidade de citação por edital ou com hora adolescente não estiver acompanhado por procurador
certa. Não sendo localizado o adolescente ocorrerá a constituído, e sendo o fato grave, passível de aplicação de
suspensão do processo, expedindo mandado de busca e medida de internação ou colocação em regime de
apreensão. semiliberdade, o juiz deverá lhe nomear um defensor dativo e
Se os pais ou responsável não forem localizados, a já marcar uma nova data para continuação da audiência,
autoridade judiciária dará curador especial ao adolescente e podendo determinar a realização de diligências e estudo do
estando o menor internado, será requisitada a sua caso.
apresentação para a audiência junto à autoridade Se a autoridade judiciária entender adequada a remissão,
ouvirá o representante do Ministério Público, proferindo
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decisão. Após tomado os depoimentos que achar necessário, o Se o adolescente estiver foragido, aplica-se a disposição do
magistrado poderá solicitar ao representante do Ministério art. 184, § 3°, expedindo-se mandado de busca e apreensão do
Público, que se manifeste, na audiência sobre a conveniência menor, sendo o feito suspenso até a efetiva apresentação.
da remissão ao adolescente. Quando o adolescente for pessoalmente intimado da
O advogado oferecerá a defesa prévia e rol de testemunhas sentença que lhe impõe aplicação de medida de internação ou
em até três dias contados da audiência de apresentação. de regime de semiliberdade, será questionado a respeito do
desejo de recorrer desta sentença. Se o adolescente desejar
Art. 187. Se o adolescente, devidamente notificado, não recorrer, deverá fornecer as razões de recurso. Não desejando
comparecer, injustificadamente à audiência de apresentação, a recorrer, a decisão do menor não impede que seu defensor
autoridade judiciária designará nova data, determinando sua interponha o recurso, tendo em vista que o mesmo é pessoa
condução coercitiva. qualificada a avaliar necessidade de interposição deste
O adolescente, devidamente cientificado da audiência de recurso bem como as razões técnicas do mesmo.
apresentação, e injustificadamente não comparecer à esta, o
magistrado poderá designar nova data para a audiência e Seção V-A
determinar a condução coercitiva do menor em juízo. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
O adolescente tem o dever de comparecimento à audiência Da Infiltração de Agentes de Polícia para a
de apresentação, motivo pelo qual se admite sua condução Investigação de Crimes contra a Dignidade Sexual de
compulsória inclusive em concurso de força policial. Criança e de Adolescente
Art. 188. A remissão, como forma de extinção ou suspensão Art. 190-A. A infiltração de agentes de polícia na internet
do processo, poderá ser aplicada em qualquer fase do com o fim de investigar os crimes previstos nos arts. 240, 241,
procedimento, antes da sentença. 241-A, 241-B, 241-C e 241-D desta Lei e nos arts. 154-A, 217-
A remissão é forma de extinção do processo quando A, 218, 218-A e 218-B do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
implica perdão ou quando vier acompanhada de medida auto dezembro de 1940 (Código Penal), obedecerá às seguintes
executável, como a advertência, podendo a a remissão ser regras: (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
concedida como forma de suspensão do processo. A qualquer I - será precedida de autorização judicial devidamente
momento, antes da sentença, poderá o juiz conceder a circunstanciada e fundamentada, que estabelecerá os limites
remissão, mesmo na audiência de apresentação do da infiltração para obtenção de prova, ouvido o Ministério
adolescente à autoridade judiciária. Público; (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
II - dar-se-á mediante requerimento do Ministério Público
Art. 189. A autoridade judiciária não aplicará qualquer ou representação de delegado de polícia e conterá a
medida, desde que reconheça na sentença: demonstração de sua necessidade, o alcance das tarefas dos
I - estar provada a inexistência do fato; policiais, os nomes ou apelidos das pessoas investigadas e,
II - não haver prova da existência do fato; quando possível, os dados de conexão ou cadastrais que
III - não constituir o fato ato infracional; permitam a identificação dessas pessoas; (Incluído pela Lei nº
IV - não existir prova de ter o adolescente concorrido para 13.441, de 2017)
o ato infracional. III - não poderá exceder o prazo de 90 (noventa) dias, sem
Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, estando o prejuízo de eventuais renovações, desde que o total não
adolescente internado, será imediatamente colocado em exceda a 720 (setecentos e vinte) dias e seja demonstrada sua
liberdade. efetiva necessidade, a critério da autoridade judicial. (Incluído
Dita o presente dispositivo que, se ao final da instrução pela Lei nº 13.441, de 2017)
processual, a autoridade judiciária reconhecer na sentença § 1º A autoridade judicial e o Ministério Público poderão
que está provada a inexistência do fato, ou que não há prova requisitar relatórios parciais da operação de infiltração antes
da existência do fato; ou não constituir o fato alegado ato do término do prazo de que trata o inciso II do § 1º deste artigo.
infracional; ou ainda não existir prova de ter o adolescente (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
concorrido para o ato infracional, a sentença será absolutória § 2º Para efeitos do disposto no inciso I do § 1º deste artigo,
e não será imposta ao adolescente qualquer medida consideram-se: (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
socioeducativa, e se, o menor estiver internado, será I - dados de conexão: informações referentes a hora, data,
imediatamente colocado em liberdade. início, término, duração, endereço de Protocolo de Internet
Em se tratando de sentença absolutória, caso o adolescente (IP) utilizado e terminal de origem da conexão. (Incluído pela
esteja provisoriamente internado, será colocado em liberdade Lei nº 13.441, de 2017)
de imediato por alvará de liberação a ser expedido pela II - dados cadastrais: informações referentes a nome e
autoridade judiciária. endereço de assinante ou de usuário registrado ou autenticado
para a conexão a quem endereço de IP, identificação de usuário
Art. 190. A intimação da sentença que aplicar medida de ou código de acesso tenha sido atribuído no momento da
internação ou regime de semiliberdade será feita: conexão.
I - ao adolescente e ao seu defensor; § 3º A infiltração de agentes de polícia na internet não será
II - quando não for encontrado o adolescente, a seus pais admitida se a prova puder ser obtida por outros meios.
ou responsável, sem prejuízo do defensor. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
§ 1º Sendo outra a medida aplicada, a intimação far-se-á
unicamente na pessoa do defensor. Art. 190-B. As informações da operação de infiltração
§ 2º Recaindo a intimação na pessoa do adolescente, serão encaminhadas diretamente ao juiz responsável pela
deverá este manifestar se deseja ou não recorrer da sentença. autorização da medida, que zelará por seu sigilo. (Incluído pela
Da sentença que prolatar a aplicação de medida de Lei nº 13.441, de 2017)
internação ou regime de semiliberdade, sairá intimação Parágrafo único. Antes da conclusão da operação, o acesso
pessoal ao adolescente e ao seu defensor e quando não for aos autos será reservado ao juiz, ao Ministério Público e ao
encontrado o adolescente, a seus pais ou responsável, sem delegado de polícia responsável pela operação, com o objetivo
prejuízo do defensor. de garantir o sigilo das investigações. (Incluído pela Lei nº
13.441, de 2017)
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Art. 190-C. Não comete crime o policial que oculta a sua Seção VII
identidade para, por meio da internet, colher indícios de Da Apuração de Infração Administrativa às Normas
autoria e materialidade dos crimes previstos nos arts. 240, de Proteção à Criança e ao Adolescente
241, 241-A, 241-B, 241-C e 241-D desta Lei e nos arts. 154-A,
217-A, 218, 218-A e 218-B do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de Art. 194. O procedimento para imposição de penalidade
dezembro de 1940 (Código Penal). (Incluído pela Lei nº administrativa por infração às normas de proteção à criança e
13.441, de 2017) ao adolescente terá início por representação do Ministério
Parágrafo único. O agente policial infiltrado que deixar de Público, ou do Conselho Tutelar, ou auto de infração elaborado
observar a estrita finalidade da investigação responderá pelos por servidor efetivo ou voluntário credenciado, e assinado por
excessos praticados. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) duas testemunhas, se possível.
§ 1º No procedimento iniciado com o auto de infração,
Art. 190-D. Os órgãos de registro e cadastro público poderão ser usadas fórmulas impressas, especificando-se a
poderão incluir nos bancos de dados próprios, mediante natureza e as circunstâncias da infração.
procedimento sigiloso e requisição da autoridade judicial, as § 2º Sempre que possível, à verificação da infração seguir-
informações necessárias à efetividade da identidade fictícia se-á a lavratura do auto, certificando-se, em caso contrário, dos
criada. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) motivos do retardamento.
Parágrafo único. O procedimento sigiloso de que trata esta
Seção será numerado e tombado em livro específico. (Incluído Art. 195. O requerido terá prazo de dez dias para
pela Lei nº 13.441, de 2017) apresentação de defesa, contado da data da intimação, que
será feita:
Art. 190-E. Concluída a investigação, todos os atos I - pelo autuante, no próprio auto, quando este for lavrado
eletrônicos praticados durante a operação deverão ser na presença do requerido;
registrados, gravados, armazenados e encaminhados ao juiz e II - por oficial de justiça ou funcionário legalmente
ao Ministério Público, juntamente com relatório habilitado, que entregará cópia do auto ou da representação
circunstanciado. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) ao requerido, ou a seu representante legal, lavrando certidão;
Parágrafo único. Os atos eletrônicos registrados citados no III - por via postal, com aviso de recebimento, se não for
caput deste artigo serão reunidos em autos apartados e encontrado o requerido ou seu representante legal;
apensados ao processo criminal juntamente com o inquérito IV - por edital, com prazo de trinta dias, se incerto ou não
policial, assegurando-se a preservação da identidade do sabido o paradeiro do requerido ou de seu representante legal.
agente policial infiltrado e a intimidade das crianças e dos
adolescentes envolvidos. (Incluído pela Lei nº 13.441, de Art. 196. Não sendo apresentada a defesa no prazo legal, a
2017) autoridade judiciária dará vista dos autos do Ministério
Público, por cinco dias, decidindo em igual prazo.
Seção VI
Da Apuração de Irregularidades em Entidade de Art. 197. Apresentada a defesa, a autoridade judiciária
Atendimento procederá na conformidade do artigo anterior, ou, sendo
necessário, designará audiência de instrução e julgamento.
Art. 191. O procedimento de apuração de irregularidades Parágrafo único. Colhida a prova oral, manifestar-se-ão
em entidade governamental e não-governamental terá início sucessivamente o Ministério Público e o procurador do
mediante portaria da autoridade judiciária ou representação requerido, pelo tempo de vinte minutos para cada um,
do Ministério Público ou do Conselho Tutelar, onde conste, prorrogável por mais dez, a critério da autoridade judiciária,
necessariamente, resumo dos fatos. que em seguida proferirá sentença.
Parágrafo único. Havendo motivo grave, poderá a
autoridade judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar Seção VIII
liminarmente o afastamento provisório do dirigente da Da Habilitação de Pretendentes à Adoção
entidade, mediante decisão fundamentada.
Art. 197-A. Os postulantes à adoção, domiciliados no Brasil,
Art. 192. O dirigente da entidade será citado para, no prazo apresentarão petição inicial na qual conste:
de dez dias, oferecer resposta escrita, podendo juntar I - qualificação completa;
documentos e indicar as provas a produzir. II - dados familiares;
III - cópias autenticadas de certidão de nascimento ou
Art. 193. Apresentada ou não a resposta, e sendo casamento, ou declaração relativa ao período de união estável;
necessário, a autoridade judiciária designará audiência de IV - cópias da cédula de identidade e inscrição no Cadastro
instrução e julgamento, intimando as partes. de Pessoas Físicas;
§ 1º Salvo manifestação em audiência, as partes e o V - comprovante de renda e domicílio;
Ministério Público terão cinco dias para oferecer alegações VI - atestados de sanidade física e mental;
finais, decidindo a autoridade judiciária em igual prazo. VII - certidão de antecedentes criminais;
§ 2º Em se tratando de afastamento provisório ou VIII - certidão negativa de distribuição cível.
definitivo de dirigente de entidade governamental, a
autoridade judiciária oficiará à autoridade administrativa Art. 197-B. A autoridade judiciária, no prazo de 48
imediatamente superior ao afastado, marcando prazo para a (quarenta e oito) horas, dará vista dos autos ao Ministério
substituição. Público, que no prazo de 5 (cinco) dias poderá:
§ 3º Antes de aplicar qualquer das medidas, a autoridade I - apresentar quesitos a serem respondidos pela equipe
judiciária poderá fixar prazo para a remoção das interprofissional encarregada de elaborar o estudo técnico a
irregularidades verificadas. Satisfeitas as exigências, o que se refere o art. 197-C desta Lei;
processo será extinto, sem julgamento de mérito. II - requerer a designação de audiência para oitiva dos
§ 4º A multa e a advertência serão impostas ao dirigente da postulantes em juízo e testemunhas;
entidade ou programa de atendimento. III - requerer a juntada de documentos complementares e
a realização de outras diligências que entender necessárias.
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Art. 197-C. Intervirá no feito, obrigatoriamente, equipe importará na sua exclusão dos cadastros de adoção e na
interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da vedação de renovação da habilitação, salvo decisão judicial
Juventude, que deverá elaborar estudo psicossocial, que fundamentada, sem prejuízo das demais sanções previstas na
conterá subsídios que permitam aferir a capacidade e o legislação vigente. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
preparo dos postulantes para o exercício de uma paternidade
ou maternidade responsável, à luz dos requisitos e princípios Art. 197-F. O prazo máximo para conclusão da habilitação
desta Lei. à adoção será de 120 (cento e vinte) dias, prorrogável por igual
§ 1º É obrigatória a participação dos postulantes em período, mediante decisão fundamentada da autoridade
programa oferecido pela Justiça da Infância e da Juventude, judiciária. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela
execução da política municipal de garantia do direito à Capítulo IV
convivência familiar e dos grupos de apoio à adoção Dos Recursos
devidamente habilitados perante a Justiça da Infância e da
Juventude, que inclua preparação psicológica, orientação e Art. 198. Nos procedimentos afetos à Justiça da Infância e
estímulo à adoção inter-racial, de crianças ou de adolescentes da Juventude, inclusive os relativos à execução das medidas
com deficiência, com doenças crônicas ou com necessidades socioeducativas, adotar-se-á o sistema recursal da Lei nº
específicas de saúde, e de grupos de irmãos. (Redação dada 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil),
pela Lei nº 13.509, de 2017) com as seguintes adaptações:
§ 2º Sempre que possível e recomendável, a etapa I - os recursos serão interpostos independentemente de
obrigatória da preparação referida no § 1º deste artigo incluirá preparo;
o contato com crianças e adolescentes em regime de II - em todos os recursos, salvo nos embargos de
acolhimento familiar ou institucional, a ser realizado sob declaração, o prazo para o Ministério Público e para a defesa
orientação, supervisão e avaliação da equipe técnica da Justiça será sempre de 10 (dez) dias;
da Infância e da Juventude e dos grupos de apoio à adoção, com III - os recursos terão preferência de julgamento e
apoio dos técnicos responsáveis pelo programa de dispensarão revisor;
acolhimento familiar e institucional e pela execução da política IV - (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009)
municipal de garantia do direito à convivência familiar. V - (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009)
(Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) VI - (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009)
§ 3º É recomendável que as crianças e os adolescentes VII - antes de determinar a remessa dos autos à superior
acolhidos institucionalmente ou por família acolhedora sejam instância, no caso de apelação, ou do instrumento, no caso de
preparados por equipe interprofissional antes da inclusão em agravo, a autoridade judiciária proferirá despacho
família adotiva. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) fundamentado, mantendo ou reformando a decisão, no prazo
de cinco dias;
Art. 197-D. Certificada nos autos a conclusão da VIII - mantida a decisão apelada ou agravada, o escrivão
participação no programa referido no art. 197-C desta Lei, a remeterá os autos ou o instrumento à superior instância
autoridade judiciária, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, dentro de vinte e quatro horas, independentemente de novo
decidirá acerca das diligências requeridas pelo Ministério pedido do recorrente; se a reformar, a remessa dos autos
Público e determinará a juntada do estudo psicossocial, dependerá de pedido expresso da parte interessada ou do
designando, conforme o caso, audiência de instrução e Ministério Público, no prazo de cinco dias, contados da
julgamento. intimação.
Parágrafo único. Caso não sejam requeridas diligências, ou
sendo essas indeferidas, a autoridade judiciária determinará a Art. 199. Contra as decisões proferidas com base no art.
juntada do estudo psicossocial, abrindo a seguir vista dos 149 caberá recurso de apelação.
autos ao Ministério Público, por 5 (cinco) dias, decidindo em
igual prazo. Art. 199-A. A sentença que deferir a adoção produz efeito
desde logo, embora sujeita a apelação, que será recebida
Art. 197-E. Deferida a habilitação, o postulante será exclusivamente no efeito devolutivo, salvo se se tratar de
inscrito nos cadastros referidos no art. 50 desta Lei, sendo a adoção internacional ou se houver perigo de dano irreparável
sua convocação para a adoção feita de acordo com ordem ou de difícil reparação ao adotando.
cronológica de habilitação e conforme a disponibilidade de
crianças ou adolescentes adotáveis. Art. 199-B. A sentença que destituir ambos ou qualquer
§ 1º A ordem cronológica das habilitações somente poderá dos genitores do poder familiar fica sujeita a apelação, que
deixar de ser observada pela autoridade judiciária nas deverá ser recebida apenas no efeito devolutivo.
hipóteses previstas no § 13 do art. 50 desta Lei, quando
comprovado ser essa a melhor solução no interesse do Art. 199-C. Os recursos nos procedimentos de adoção e de
adotando. destituição de poder familiar, em face da relevância das
§ 2º A habilitação à adoção deverá ser renovada no mínimo questões, serão processados com prioridade absoluta,
trienalmente mediante avaliação por equipe interprofissional. devendo ser imediatamente distribuídos, ficando vedado que
(Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) aguardem, em qualquer situação, oportuna distribuição, e
§ 3º Quando o adotante candidatar-se a uma nova adoção, serão colocados em mesa para julgamento sem revisão e com
será dispensável a renovação da habilitação, bastando a parecer urgente do Ministério Público.
avaliação por equipe interprofissional. (Incluído pela Lei nº
13.509, de 2017) Art. 199-D. O relator deverá colocar o processo em mesa
§ 4º Após 3 (três) recusas injustificadas, pelo habilitado, à para julgamento no prazo máximo de 60 (sessenta) dias,
adoção de crianças ou adolescentes indicados dentro do perfil contado da sua conclusão.
escolhido, haverá reavaliação da habilitação concedida. Parágrafo único. O Ministério Público será intimado da
(Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) data do julgamento e poderá na sessão, se entender
§ 5º A desistência do pretendente em relação à guarda para necessário, apresentar oralmente seu parecer.
fins de adoção ou a devolução da criança ou do adolescente
depois do trânsito em julgado da sentença de adoção
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Art. 199-E. O Ministério Público poderá requerer a § 2º As atribuições constantes deste artigo não excluem
instauração de procedimento para apuração de outras, desde que compatíveis com a finalidade do Ministério
responsabilidades se constatar o descumprimento das Público.
providências e do prazo previstos nos artigos anteriores. § 3º O representante do Ministério Público, no exercício de
suas funções, terá livre acesso a todo local onde se encontre
Capítulo V criança ou adolescente.
Do Ministério Público § 4º O representante do Ministério Público será
responsável pelo uso indevido das informações e documentos
Art. 200. As funções do Ministério Público previstas nesta que requisitar, nas hipóteses legais de sigilo.
Lei serão exercidas nos termos da respectiva lei orgânica. § 5º Para o exercício da atribuição de que trata o inciso VIII
deste artigo, poderá o representante do Ministério Público:
Art. 201. Compete ao Ministério Público: a) reduzir a termo as declarações do reclamante,
I - conceder a remissão como forma de exclusão do instaurando o competente procedimento, sob sua presidência;
processo; b) entender-se diretamente com a pessoa ou autoridade
II - promover e acompanhar os procedimentos relativos às reclamada, em dia, local e horário previamente notificados ou
infrações atribuídas a adolescentes; acertados;
III - promover e acompanhar as ações de alimentos e os c) efetuar recomendações visando à melhoria dos serviços
procedimentos de suspensão e destituição do poder familiar, públicos e de relevância pública afetos à criança e ao
nomeação e remoção de tutores, curadores e guardiães, bem adolescente, fixando prazo razoável para sua perfeita
como oficiar em todos os demais procedimentos da adequação.
competência da Justiça da Infância e da Juventude;
IV - promover, de ofício ou por solicitação dos Art. 202. Nos processos e procedimentos em que não for
interessados, a especialização e a inscrição de hipoteca legal e parte, atuará obrigatoriamente o Ministério Público na defesa
a prestação de contas dos tutores, curadores e quaisquer dos direitos e interesses de que cuida esta Lei, hipótese em que
administradores de bens de crianças e adolescentes nas terá vista dos autos depois das partes, podendo juntar
hipóteses do art. 98; documentos e requerer diligências, usando os recursos
V - promover o inquérito civil e a ação civil pública para a cabíveis.
proteção dos interesses individuais, difusos ou coletivos
relativos à infância e à adolescência, inclusive os definidos no Art. 203. A intimação do Ministério Público, em qualquer
art. 220, § 3º inciso II, da Constituição Federal; caso, será feita pessoalmente.
VI - instaurar procedimentos administrativos e, para
instruí-los: Art. 204. A falta de intervenção do Ministério Público
a) expedir notificações para colher depoimentos ou acarreta a nulidade do feito, que será declarada de ofício pelo
esclarecimentos e, em caso de não comparecimento juiz ou a requerimento de qualquer interessado.
injustificado, requisitar condução coercitiva, inclusive pela
polícia civil ou militar; Art. 205. As manifestações processuais do representante
b) requisitar informações, exames, perícias e documentos do Ministério Público deverão ser fundamentadas.
de autoridades municipais, estaduais e federais, da
administração direta ou indireta, bem como promover Capítulo VI
inspeções e diligências investigatórias; Do Advogado
c) requisitar informações e documentos a particulares e
instituições privadas; Art. 206. A criança ou o adolescente, seus pais ou
VII - instaurar sindicâncias, requisitar diligências responsável, e qualquer pessoa que tenha legítimo interesse
investigatórias e determinar a instauração de inquérito na solução da lide poderão intervir nos procedimentos de que
policial, para apuração de ilícitos ou infrações às normas de trata esta Lei, através de advogado, o qual será intimado para
proteção à infância e à juventude; todos os atos, pessoalmente ou por publicação oficial,
VIII - zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias respeitado o segredo de justiça.
legais assegurados às crianças e adolescentes, promovendo as Parágrafo único. Será prestada assistência judiciária
medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis; integral e gratuita àqueles que dela necessitarem.
IX - impetrar mandado de segurança, de injunção e habeas
corpus, em qualquer juízo, instância ou tribunal, na defesa dos Art. 207. Nenhum adolescente a quem se atribua a prática
interesses sociais e individuais indisponíveis afetos à criança e de ato infracional, ainda que ausente ou foragido, será
ao adolescente; processado sem defensor.
X - representar ao juízo visando à aplicação de penalidade § 1º Se o adolescente não tiver defensor, ser-lhe-á
por infrações cometidas contra as normas de proteção à nomeado pelo juiz, ressalvado o direito de, a todo tempo,
infância e à juventude, sem prejuízo da promoção da constituir outro de sua preferência.
responsabilidade civil e penal do infrator, quando cabível; § 2º A ausência do defensor não determinará o adiamento
XI - inspecionar as entidades públicas e particulares de de nenhum ato do processo, devendo o juiz nomear substituto,
atendimento e os programas de que trata esta Lei, adotando de ainda que provisoriamente, ou para o só efeito do ato.
pronto as medidas administrativas ou judiciais necessárias à § 3º Será dispensada a outorga de mandato, quando se
remoção de irregularidades porventura verificadas; tratar de defensor nomeado ou, sido constituído, tiver sido
XII - requisitar força policial, bem como a colaboração dos indicado por ocasião de ato formal com a presença da
serviços médicos, hospitalares, educacionais e de assistência autoridade judiciária.
social, públicos ou privados, para o desempenho de suas
atribuições. Capítulo VII
§ 1º A legitimação do Ministério Público para as ações Da Proteção Judicial dos Interesses Individuais,
cíveis previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas Difusos e Coletivos
mesmas hipóteses, segundo dispuserem a Constituição e esta
Lei. Art. 208. Regem-se pelas disposições desta Lei as ações de
responsabilidade por ofensa aos direitos assegurados à
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criança e ao adolescente, referentes ao não oferecimento ou § 1º Aplicam-se às ações previstas neste Capítulo as
oferta irregular: normas do Código de Processo Civil.
I - do ensino obrigatório; § 2º Contra atos ilegais ou abusivos de autoridade pública
II - de atendimento educacional especializado aos ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do
portadores de deficiência; poder público, que lesem direito líquido e certo previsto nesta
III - de atendimento em creche e pré-escola às crianças de Lei, caberá ação mandamental, que se regerá pelas normas da
zero a cinco anos de idade (Redação dada pela Lei nº 13.306, lei do mandado de segurança.
de 2016).
IV - de ensino noturno regular, adequado às condições do Art. 213. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de
educando; obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela
V - de programas suplementares de oferta de material específica da obrigação ou determinará providências que
didático-escolar, transporte e assistência à saúde do educando assegurem o resultado prático equivalente ao do
do ensino fundamental; adimplemento.
VI - de serviço de assistência social visando à proteção à § 1º Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo
família, à maternidade, à infância e à adolescência, bem como justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao
ao amparo às crianças e adolescentes que dele necessitem; juiz conceder a tutela liminarmente ou após justificação
VII - de acesso às ações e serviços de saúde; prévia, citando o réu.
VIII - de escolarização e profissionalização dos § 2º O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na
adolescentes privados de liberdade. sentença, impor multa diária ao réu, independentemente de
IX - de ações, serviços e programas de orientação, apoio e pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a
promoção social de famílias e destinados ao pleno exercício do obrigação, fixando prazo razoável para o cumprimento do
direito à convivência familiar por crianças e adolescentes. preceito.
X - de programas de atendimento para a execução das § 3º A multa só será exigível do réu após o trânsito em
medidas socioeducativas e aplicação de medidas de proteção. julgado da sentença favorável ao autor, mas será devida desde
XI - de políticas e programas integrados de atendimento à o dia em que se houver configurado o descumprimento.
criança e ao adolescente vítima ou testemunha de violência.
(Incluído pela Lei nº 13.431, de 2017) Art. 214. Os valores das multas reverterão ao fundo gerido
§ 1º As hipóteses previstas neste artigo não excluem da pelo Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente do
proteção judicial outros interesses individuais, difusos ou respectivo município.
coletivos, próprios da infância e da adolescência, protegidos § 1º As multas não recolhidas até trinta dias após o trânsito
pela Constituição e pela Lei. em julgado da decisão serão exigidas através de execução
§ 2º A investigação do desaparecimento de crianças ou promovida pelo Ministério Público, nos mesmos autos,
adolescentes será realizada imediatamente após notificação facultada igual iniciativa aos demais legitimados.
aos órgãos competentes, que deverão comunicar o fato aos § 2º Enquanto o fundo não for regulamentado, o dinheiro
portos, aeroportos, Polícia Rodoviária e companhias de ficará depositado em estabelecimento oficial de crédito, em
transporte interestaduais e internacionais, fornecendo-lhes conta com correção monetária.
todos os dados necessários à identificação do desaparecido.
Art. 215. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos
Art. 209. As ações previstas neste Capítulo serão propostas recursos, para evitar dano irreparável à parte.
no foro do local onde ocorreu ou deva ocorrer a ação ou
omissão, cujo juízo terá competência absoluta para processar Art. 216. Transitada em julgado a sentença que impuser
a causa, ressalvadas a competência da Justiça Federal e a condenação ao poder público, o juiz determinará a remessa de
competência originária dos tribunais superiores. peças à autoridade competente, para apuração da
responsabilidade civil e administrativa do agente a que se
Art. 210. Para as ações cíveis fundadas em interesses atribua a ação ou omissão.
coletivos ou difusos, consideram-se legitimados
concorrentemente: Art. 217. Decorridos sessenta dias do trânsito em julgado
I - o Ministério Público; da sentença condenatória sem que a associação autora lhe
II - a União, os estados, os municípios, o Distrito Federal e promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério Público,
os territórios; facultada igual iniciativa aos demais legitimados.
III - as associações legalmente constituídas há pelo menos
um ano e que incluam entre seus fins institucionais a defesa Art. 218. O juiz condenará a associação autora a pagar ao
dos interesses e direitos protegidos por esta Lei, dispensada a réu os honorários advocatícios arbitrados na conformidade do
autorização da assembleia, se houver prévia autorização § 4º do art. 20 da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código
estatutária. de Processo Civil), quando reconhecer que a pretensão é
§ 1º Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os manifestamente infundada.
Ministérios Públicos da União e dos estados na defesa dos Parágrafo único. Em caso de litigância de má-fé, a
interesses e direitos de que cuida esta Lei. associação autora e os diretores responsáveis pela
§ 2º Em caso de desistência ou abandono da ação por propositura da ação serão solidariamente condenados ao
associação legitimada, o Ministério Público ou outro décuplo das custas, sem prejuízo de responsabilidade por
legitimado poderá assumir a titularidade ativa. perdas e danos.
Art. 211. Os órgãos públicos legitimados poderão tomar Art. 219. Nas ações de que trata este Capítulo, não haverá
dos interessados compromisso de ajustamento de sua conduta adiantamento de custas, emolumentos, honorários periciais e
às exigências legais, o qual terá eficácia de título executivo quaisquer outras despesas.
extrajudicial.
Art. 220. Qualquer pessoa poderá e o servidor público
Art. 212. Para defesa dos direitos e interesses protegidos deverá provocar a iniciativa do Ministério Público, prestando-
por esta Lei, são admissíveis todas as espécies de ações lhe informações sobre fatos que constituam objeto de ação
pertinentes. civil, e indicando-lhe os elementos de convicção.
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Art. 221. Se, no exercício de suas funções, os juízos e em continuação, quando o adolescente confessar desde o
tribunais tiverem conhecimento de fatos que possam ensejar a início a autoria infracional na presença e com a anuência de
propositura de ação civil, remeterão peças ao Ministério seu defensor.
Público para as providências cabíveis.
02. (UEM - Psicólogo - UEM/2018) Considerando o artigo
Art. 222. Para instruir a petição inicial, o interessado 191 do Estatuto da Criança e do Adolescente, entre as
poderá requerer às autoridades competentes as certidões e alternativas apresentadas, qual dará início ao procedimento
informações que julgar necessárias, que serão fornecidas no de apuração de irregularidades em entidade governamental e
prazo de quinze dias. não governamental?
(A) Ofício do Prefeito Municipal
Art. 223. O Ministério Público poderá instaurar, sob sua (B) Representação do Conselho Tutelar
presidência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer pessoa, (C) Representação do Defensor Público
organismo público ou particular, certidões, informações, (D) Ofício do Delegado de Polícia
exames ou perícias, no prazo que assinalar, o qual não poderá (E) Denúncia da comunidade
ser inferior a dez dias úteis.
§ 1º Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas as 03. (TJ/MG - Oficial Judiciário - CONSULPLAN/2017) A
diligências, se convencer da inexistência de fundamento para Justiça da Infância e da Juventude NÃO é competente para
a propositura da ação cível, promoverá o arquivamento dos (A) conceder a remissão como forma de manutenção do
autos do inquérito civil ou das peças informativas, fazendo-o processo.
fundamentadamente. (B) conhecer de pedidos de adoção e seus incidentes.
§ 2º Os autos do inquérito civil ou as peças de informação (C) aplicar penalidades administrativas nos casos de
arquivados serão remetidos, sob pena de se incorrer em falta infrações contra norma de proteção à criança e ao adolescente.
grave, no prazo de três dias, ao Conselho Superior do (D) conhecer de representações promovidas pelo
Ministério Público. Ministério Público para apuração de ato infracional atribuído
§ 3º Até que seja homologada ou rejeitada a promoção de a adolescente aplicando as medidas cabíveis
arquivamento, em sessão do Conselho Superior do Ministério
público, poderão as associações legitimadas apresentar razões 04. (TJ/SE - Juiz Substituto - FCC) No exercício da
escritas ou documentos, que serão juntados aos autos do fiscalização e controle das entidades de atendimento,
inquérito ou anexados às peças de informação. (A) a irregularidade a ser verificada sempre será referente
§ 4º A promoção de arquivamento será submetida a exame ao programa de atendimento, e não à entidade não
e deliberação do Conselho Superior do Ministério Público, governamental.
conforme dispuser o seu regimento. (B) o procedimento de apuração de irregularidades na
§ 5º Deixando o Conselho Superior de homologar a entidade de atendimento, segundo o Estatuto da Criança e do
promoção de arquivamento, designará, desde logo, outro Adolescente, pode ser instaurado mediante representação do
órgão do Ministério Público para o ajuizamento da ação. Conselho Tutelar, do Ministério Público ou por portaria da
própria autoridade judiciária que julgará o feito.
Art. 224. Aplicam-se subsidiariamente, no que couber, as (C) é possível, em caráter liminar, o pedido e concessão do
disposições da Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985. afastamento do dirigente, desde que de entidade não
governamental.
Questões (D) o procedimento específico de apuração de
irregularidades busca, ao final, a cessação do programa de
01. (DPE/AM - Defensor Público - FCC/2018) Sobre as atendimento, não sendo alternativa para que a entidade faça
audiências de apresentação e/ou em continuação, na forma ajustes em seu programa, removendo as irregularidades, o
como se encontram previstas no Estatuto da Criança e do que, neste caso, seria próprio do mero expediente de apuração
Adolescente ao disciplinar a fase judicial do procedimento de de denúncias de irregularidades.
apuração de ato infracional atribuído a adolescente, é correto (E) a Justiça da Infância e Juventude deve apurar se as
afirmar que entidades governamentais ou não governamentais,
(A) a audiência de apresentação consiste na oitiva irregularmente, não possuem registro deferido pelo Conselho
imediata, pelo representante do Ministério Público, do de Direitos.
adolescente que lhe é apresentado pela autoridade policial ou
por entidade de atendimento após ser apreendido em 05. (TJ/MT - Juiz - FMP Concursos) Sobre o
flagrante pela prática de ato infracional. procedimento para apuração de ato infracional atribuído a
(B) a audiência de apresentação, também conhecida como adolescente, assinale a alternativa correta.
audiência de custódia infracional, consiste na oitiva (A) O procedimento para apuração de ato infracional
obrigatória, pela autoridade judiciária, do adolescente inicia-se por representação oferecida pelo Ministério Público
apreendido em flagrante, sem propósito instrutório, para fins ou, nos casos análogos aos crimes que se processam mediante
de apreciação de pedido de internação provisória formulado ação penal privada, por peça idêntica oferecida pela vítima.
pelo representante do Ministério Público. (B) A representação pressupõe prova pré-constituída da
(C) na audiência em continuação, após ouvidas as materialidade e indícios seguros da autoria
testemunhas arroladas na representação e na defesa prévia, o (C) Discordando a autoridade judiciária da promoção de
adolescente será ouvido sobre a imputação. Após, dada a arquivamento ou da remissão concedida pelo representante
palavra ao representante do Ministério Público e ao Defensor, do Ministério Público, fará a remessa dos autos ao Procurador-
a autoridade judiciária proferirá decisão. Geral de Justiça, mediante despacho fundamentado, e este
(D) na audiência de apresentação, comparecendo o oferecerá representação, designará outro membro da
adolescente, seus pais ou responsável, a autoridade judiciária Instituição para apresentá-la ou ratificará o ato que, então,
procederá à oitiva dos mesmos, podendo solicitar opinião de deverá ser homologado.
profissional qualificado. (D) Oferecida a representação, a autoridade judiciária
(E) pode ser dispensada a audiência de apresentação determinará a imediata notificação do adolescente para
quando a autoridade judiciária optar pela imediata aplicação apresentar resposta escrita à acusação, no prazo de dez dias,
de remissão como forma de extinção do processo e a audiência decidindo, na sequência, sobre o seu recebimento.
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(E) Consoante jurisprudência uniforme do Superior que a ação é privativa do ofendido, a ação penal é pública, de
Tribunal de Justiça, não sendo localizado o adolescente para atribuição do Ministério Público de promovê-la.
cientificação e notificação, a autoridade judiciária determinará
a realização do ato na forma editalícia, suspendendo o A ação pública é a regra geral e sua iniciativa cabe ao órgão
processo e o curso da prescrição, tudo com fundamento ministerial que tem o dever de exercê-la independentemente
analógico na regra do artigo 366 do Código de Processo Penal. de manifestação de quem quer que seja. O art. 100, § 1° do
Código Penal estabelece que a ação pública é promovida pelo
Gabarito Ministério Público, dependendo, quando a lei o exigir, de
representação do ofendido ou de requisição do Ministro da
01.D / 02.B / 03.A / 04.B / 05.C Justiça.
Na ação pública incondicionada a autoridade policial tem o
Título VII dever de promover a abertura do inquérito, independente de
Dos Crimes e Das Infrações Administrativas requerimento, bastando para tal, conhecimento do delito (art.
Capítulo I 5°, I do CPP).
Dos Crimes Este dispositivo do Estatuto traduz a necessidade de se
Seção I prever os meios para chegar ao fim da almejada erradicação
Disposições Gerais da impunidade.
Art. 225. Este Capítulo dispõe sobre crimes praticados Seção II
contra a criança e o adolescente, por ação ou omissão, sem Dos Crimes em Espécie
prejuízo do disposto na legislação penal.
O Estatuto contém garantias às necessidades básicas da Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o dirigente de
criança e do adolescente, que devem ser atendidas estabelecimento de atenção à saúde de gestante de manter
primeiramente pela família, sociedade e o Estado. No intento registro das atividades desenvolvidas, na forma e prazo
de oferecer proteção integral ao menor estão previstos no referidos no art. 10 desta Lei, bem como de fornecer à
Estatuto especificamente os crimes que contra estes são parturiente ou a seu responsável, por ocasião da alta médica,
cometidos, atribuindo as penalidades justas e necessárias ao declaração de nascimento, onde constem as intercorrências do
infrator. parto e do desenvolvimento do neonato:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Art. 226. Aplicam-se aos crimes definidos nesta Lei as Parágrafo único. Se o crime é culposo:
normas da Parte Geral do Código Penal e, quanto ao processo, Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.
as pertinentes ao Código de Processo Penal. A declaração de nascimento, que servirá de base ao
Na verdade não existe qualquer diferencial, em termos registro da criança, deverá ser fornecida gratuitamente,
processuais, entre os crimes previstos no ECA e os crimes independentemente do pagamento de eventual débito
previstos no Código Penal, ressalvado o fato de serem todos hospitalar.
aqueles de ação penal pública incondicionada (cf. art. 227, do
ECA). Interessante observar que o processo e julgamento Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de
destes crimes não está definido como sendo de competência estabelecimento de atenção à saúde de gestante de identificar
do Juízo da infância e da juventude (a contrariu sensu do corretamente o neonato e a parturiente, por ocasião do parto,
disposto no art. 148, do ECA), ficando, a rigor, a cargo do Juízo bem como deixar de proceder aos exames referidos no art. 10
criminal (ressalvada a existência de disposição em contrário desta Lei:
na Lei de Organização Judiciária local). Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Seu processo e julgamento, no entanto, está também Parágrafo único. Se o crime é culposo:
sujeito ao princípio da prioridade absoluta à criança e ao Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.
adolescente, ex vi do disposto no art. 4º, par. único, alínea “b”, O crime previsto neste dispositivo trata da omissão de
do ECA e art. 227, caput, da CF e aos princípios e normas de médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento que pode
interpretação próprios do ECA e do Direito da Criança e do ser penalmente responsabilizado pela omissão no
Adolescente (devendo, portanto, por força do disposto nos atendimento de gestante, como realização de exames e
arts. 1º, 6º e 100, par. único, inciso II, do ECA, ser as normas fornecimento do resultado dos exames à mesma, bem como
incriminadoras interpretadas e aplicadas da forma que melhor conferir proteção ao neonato.
assegure a proteção integral infanto-juvenil).
A complexidade dos casos que envolvem a violação de Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua
direitos infanto-juvenis por vezes irá demandar a intervenção liberdade, procedendo à sua apreensão sem estar em flagrante
de profissionais de outras áreas, tanto na fase da investigação de ato infracional ou inexistindo ordem escrita da autoridade
policial quanto na instrução processual (através da articulação judiciária competente:
de ações - cf. art. 86, do ECA - entre as autoridades policial e Pena - detenção de seis meses a dois anos.
judiciária e as equipes técnicas interprofissionais a serviço do Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que
Poder Judiciário e/ou do município), razão pela qual a coleta procede à apreensão sem observância das formalidades legais.
de provas deve ser particularmente cautelosa e criteriosa, O art. 5°, II da Carta Magna estabelece que ninguém será
sempre na perspectiva de evitar que a criança ou adolescente obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em
vítima seja submetida a uma situação vexatória ou virtude de lei. O art. 16 desta lei estabelece como liberdade da
constrangedora, sem perder de vista a celeridade (e prioridade criança e do adolescente ir, vir e estar nos logradouros
- cf. art. 4º, par. único, alínea “b”, do ECA) na conclusão do públicos e espaços comunitários, ressalvadas as restrições
processo. legais, a liberdade de opinião e expressão, de crença e culto
religioso, de brincar, praticar esportes e divertir-se, de
Art. 227. Os crimes definidos nesta Lei são de ação pública participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação,
incondicionada. de participar da vida política, na forma da lei e de buscar
O Código Penal estabelece no art. 100 que a ação penal é refúgio, auxílio e orientação.
pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa
do ofendido. Assim, se não houver referência na norma de
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APOSTILAS OPÇÃO
Devem ser consideradas as definições do CPP para as dada “ascendência” natural que o mesmo exerce em relação à
situações em que restará caracterizado o flagrante de ato criança ou adolescente.
infracional, que serão exatamente as mesmas em que um
imputável seria considerado em flagrante de crime ou Art. 233. Revogado.
contravenção penal. Vale destacar que, contrariamente ao
sustentado por alguns, crianças que se encontrem em Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem justa causa,
flagrante de ato infracional podem ser apreendidas (inclusive de ordenar a imediata liberação de criança ou adolescente, tão
como forma de preservar a ordem pública e mesmo de colocá- logo tenha conhecimento da ilegalidade da apreensão:
las a salvo de represálias por parte de populares) e os atos Pena - detenção de seis meses a dois anos.
infracionais a elas atribuídos, a rigor, devem ser investigados O crime terá como sujeitos ativos tanto a autoridade
pela polícia judiciária (inclusive no que diz respeito à policial quanto a autoridade judiciária. Vale lembrar que, seja
apuração da eventual participação de terceiros). A diferença qual for o ato infracional praticado e mesmo quando perfeito
em relação aos adolescentes é que, na sequência, as crianças o flagrante, a regra será a colocação do adolescente em
acusadas deverão ser encaminhadas ao Conselho Tutelar, não liberdade, inclusive pela própria autoridade policial,
podendo, sob qualquer circunstância, permanecer privadas independentemente de ordem judicial.
de liberdade.
Art. 235. Descumprir, injustificadamente, prazo fixado
nesta Lei em benefício de adolescente privado de liberdade:
Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável pela Pena - detenção de seis meses a dois anos.
apreensão de criança ou adolescente de fazer imediata Os prazos a que se refere o dispositivo são: arts. 108, caput
comunicação à autoridade judiciária competente e à família do e 183 (internação provisória - 45 dias), 121, §2º (reavaliação
apreendido ou à pessoa por ele indicada: judicial da necessidade de continuidade da medida de
Pena - detenção de seis meses a dois anos. internação - no máximo a cada 06 meses), 121, §3º c/c 122,
A autoridade policial não pode apreender criança ou incisos I e II (período máximo de duração da medida de
adolescente sem fazer imediata comunicação à autoridade internação socioeducativa - 03 anos), 121, §5º (liberação
judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa compulsória - quando o jovem completar 21 anos), 122, inciso
por ele indicada. Incidindo nessa conduta estará sujeita a III c/c §1º (período máximo de duração da internação por
penalidade de detenção de seis meses a dois anos. descumprimento de medida anteriormente imposta - 03
A comunicação da apreensão à autoridade judiciária, à meses), 175, §1º (encaminhamento do adolescente
família do apreendido ou, na falta desta, à pessoa por ele apreendido ao MP - 24 horas), 185, §2º (transferência de
indicada (vide art. 100, par. único, inciso IX, do ECA) deve ser adolescente apreendido da repartição policial para entidade
efetuada incontinenti, ou seja, no exato momento em que o própria para adolescentes – 05 dias). Atentar para o fato de os
adolescente apreendido dá entrada na repartição policial, referidos prazos serem computados do dia em que o
devendo ser a lavratura do auto de apreensão em flagrante ou adolescente é apreendido (inclusive), não podendo ser em
boletim de ocorrência circunstanciado efetuada na presença hipótese alguma dilatados ou prorrogados.
dos pais ou responsável pelo adolescente, que na sequência já
irão, em regra, receber o adolescente liberado, firmando termo Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de autoridade
de compromisso de apresentação do adolescente ao judiciária, membro do Conselho Tutelar ou representante do
representante do MP, na forma do disposto no art. 174, do ECA. Ministério Público no exercício de função prevista nesta Lei:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua Constitui o mesmo crime impedir ou embaraçar a ação
autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a tanto da autoridade judiciária quanto de membro do Conselho
constrangimento: Tutelar, o que reafirme o status de autoridade pública que este
Pena - detenção de seis meses a dois anos. possui, instituído na já mencionada perspectiva de
Numa interpretação sistemática da Lei nº 8.069/1990, “desjudicializar” e agilizar o atendimento à criança e ao
percebe-se que o dispositivo abrange não apenas aqueles adolescente.
casos em que o dever de guarda decorre expressamente da lei
(como nos casos da guarda propriamente dita, tutela, Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de quem
equiparação do dirigente da entidade de acolhimento o tem sob sua guarda em virtude de lei ou ordem judicial, com
institucional ao guardião ou como atributo natural do poder o fim de colocação em lar substituto:
familiar - cf. arts. 33 e 92, §1º, 36, par. único, do ECA e art. Pena - reclusão de dois a seis anos, e multa.
1.634, inciso II, do CC, respectivamente), mas também toda e Para caracterização do tipo penal previsto neste
qualquer situação em que um adulto se coloca na posição de dispositivo é necessária a presença de dolo específico, ou seja,
“autoridade” e/ou de “cuidador” de uma criança ou a subtração da criança ou adolescente deve ter por objetivo a
adolescente, como é caso do policial quando da apreensão de colocação em lar substituto.
criança ou adolescente em flagrante de ato infracional, o
professor ou diretor da escola onde a criança estuda etc. Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou pupilo
O crime em questão pode restar caracterizado quando da a terceiro, mediante paga ou recompensa:
violação dos direitos relacionados nos arts. 15 a 18, 53, inciso Pena - reclusão de um a quatro anos, e multa.
II, 109, 178 do ECA, dentre outros. O sujeito ativo será o pai, Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem oferece
mãe, tutor, guardião, dirigente da entidade de entidade de ou efetiva a paga ou recompensa.
acolhimento familiar, policial, membro do Conselho Tutelar, O conceito de “filho”, para fins de tipificação do disposto no
Ministério Público ou Poder Judiciário, comissário de art. 238, do ECA, abrange o nascituro, sendo necessário, no
vigilância da infância e da juventude, professor, diretor de entanto, que a oferta ou promessa seja efetuada a pessoa
escola e/ou qualquer outra pessoa que detém autoridade em determinada, e não de maneira genérica.
relação a criança ou adolescente, assim como as pessoas
encarregadas de sua guarda (lato sensu) ou vigilância. Para Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato
caracterização da infração aqui tipificada, em tese, não há destinado ao envio de criança ou adolescente para o exterior
necessidade de que o agente use de violência ou grave ameaça com inobservância das formalidades legais ou com o fito de
(tal qual ocorre com o tipo penal previsto no art. 146, do CP), obter lucro:
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Pena - reclusão de quatro a seis anos, e multa. Dica: O Juízo competente para processar e julgar o crime
Parágrafo único. Se há emprego de violência, grave ameaça tipificado no art. 241, do ECA, é o Juízo do local onde ocorreu
ou fraude: a publicação das imagens pedófilo-pornográficas
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) anos, além da pena envolvendo crianças e adolescentes, e não o do local onde
correspondente à violência. está situado o provedor que dá acesso à internet, ou onde
Este artigo prevê duas modalidades de conduta. A primeira ocorreu sua efetiva visualização pelos usuários.
é promover ou auxiliar a efetivação de ato destinado ao envio
de criança ou adolescente para o exterior com inobservância Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir,
das formalidades legais. A segunda é promover ou auxiliar a distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive
efetivação de ato destinado ao envio de criança ou adolescente por meio de sistema de informática ou telemático, fotografia,
para o exterior com fito de obter lucro. vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou
A lei pune a ação de quem promove e quem auxilia a pornográfica envolvendo criança ou adolescente:
efetivação de ato destinado ao envio de crianças para outro Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
país, sem as observâncias legais ou com fins lucrativos. O § 1º Nas mesmas penas incorre quem:
sujeito ativo deste crime pode ser qualquer pessoa que I - assegura os meios ou serviços para o armazenamento
promova ou auxilie. O sujeito passivo é a criança ou das fotografias, cenas ou imagens de que trata o caput deste
adolescente e o tipo objetivo consiste em promover a artigo;
efetivação do ato. II - assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de
computadores às fotografias, cenas ou imagens de que trata o
Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou caput deste artigo.
registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito ou § 2o As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 1º deste
pornográfica, envolvendo criança ou adolescente: artigo são puníveis quando o responsável legal pela prestação
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. do serviço, oficialmente notificado, deixa de desabilitar o
§ 1º Incorre nas mesmas penas quem agencia, facilita, acesso ao conteúdo ilícito de que trata o caput deste artigo.
recruta, coage, ou de qualquer modo intermedeia a O artigo em questão pune a simples conduta de oferecer,
participação de criança ou adolescente nas cenas referidas trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou
no caput deste artigo, ou ainda quem com esses contracena. divulgar por qualquer meio, inclusive por meio de sistema de
§ 2o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o agente informática ou telemático, fotografia, vídeo ou outro registro
comete o crime: que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica
I - no exercício de cargo ou função pública ou a pretexto de envolvendo criança ou adolescente.
exercê-la;
II - prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer
ou de hospitalidade; ou meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro que
III - prevalecendo-se de relações de parentesco contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo
consanguíneo ou afim até o terceiro grau, ou por adoção, de criança ou adolescente:
tutor, curador, preceptor, empregador da vítima ou de quem, Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
a qualquer outro título, tenha autoridade sobre ela, ou com seu § 1º A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços) se de
consentimento. pequena quantidade o material a que se refere o caput deste
Este artigo trata da proteção moral da criança e do artigo.
adolescente, e o que se pretende punir é a utilização de § 2º Não há crime se a posse ou o armazenamento tem a
menores em cenas pornográficas, de sexo explícito ou finalidade de comunicar às autoridades competentes a
vexatório, tutelando a moralidade, o desenvolvimento sadio, o ocorrência das condutas descritas nos arts. 240, 241, 241-A e
respeito e o decoro da criança e do adolescente envolvido na 241-C desta Lei, quando a comunicação for feita por:
cena. O sujeito ativo do crime é qualquer pessoa. O simples ato I - agente público no exercício de suas funções;
de fotografar criança ou adolescente em cena de sexo explícito II - membro de entidade, legalmente constituída, que
ou pornográfica já caracteriza o crime neste artigo tipificado. inclua, entre suas finalidades institucionais, o recebimento, o
A lei pune com maior rigor aqueles que, prevalecendo-se processamento e o encaminhamento de notícia dos crimes
de sua função ou da relação de parentesco ou proximidade referidos neste parágrafo;
com a criança ou adolescente, a induz à prática das condutas III - representante legal e funcionários responsáveis de
que o dispositivo visa coibir. Em qualquer caso, o eventual provedor de acesso ou serviço prestado por meio de rede de
“consentimento” da vítima e/ou o fato de já ter se envolvido computadores, até o recebimento do material relativo à notícia
em situações similares no passado é absolutamente feita à autoridade policial, ao Ministério Público ou ao Poder
irrelevante para caracterização do crime. Judiciário.
§ 3º As pessoas referidas no § 2º deste artigo deverão
Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou manter sob sigilo o material ilícito referido.
outro registro que contenha cena de sexo explícito ou A lei passa a criminalizar a simples posse de material
pornográfica envolvendo criança ou adolescente. pornográfico envolvendo criança ou adolescente, sob qualquer
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. forma, visando assim coibir a ação de pessoas que mantém tais
Para a caracterização do disposto no art. 241 do Estatuto registros para uso próprio.
da Criança e do Adolescente, não se exige dano individual
efetivo, bastando o potencial. Significa não se exigir que, em Art. 241-C. Simular a participação de criança ou
face da publicação, haja dano real à imagem, respeito à adolescente em cena de sexo explícito ou pornográfica por
dignidade de alguma criança ou adolescente, individualmente meio de adulteração, montagem ou modificação de fotografia,
lesados. O tipo se contenta com o dano à imagem vídeo ou qualquer outra forma de representação visual:
abstratamente considerada. O Estatuto da Criança e do Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
Adolescente garante a proteção integral a todas as crianças e Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende,
adolescentes, acima de qualquer individualização. expõe à venda, disponibiliza, distribui, publica ou divulga por
qualquer meio, adquire, possui ou armazena o material
produzido na forma do caput deste artigo.
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Para caracterização do crime tipificado neste artigo, comprovadamente pode causar dependência) e a bebida
sequer é necessário a prática real de sexo com criança ou alcoólica.
adolescente. Basta a simples simulação de tal prática, ainda
que por intermédio de montagem ou edição de cenas e Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou
imagens. O objetivo da norma é desestimular toda e qualquer entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente fogos de
produção de imagens pornográficas envolvendo crianças ou estampido ou de artifício, exceto aqueles que, pelo seu
adolescentes. reduzido potencial, sejam incapazes de provocar qualquer
dano físico em caso de utilização indevida:
Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por Pena - detenção de seis meses a dois anos, e multa.
qualquer meio de comunicação, criança, com o fim de com ela Aqui tutela-se a integridade física da criança e do
praticar ato libidinoso. adolescente, ao ser vedada a venda, fornecimento, ainda que
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. gratuito ou entrega de fogos de estampido ou de artifício,
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: exceto aqueles que, pelo seu reduzido potencial, sejam
I - facilita ou induz o acesso à criança de material contendo incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de
cena de sexo explícito ou pornográfica com o fim de com ela utilização indevida.
praticar ato libidinoso;
II - pratica as condutas descritas no caput deste artigo com Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como tais
o fim de induzir criança a se exibir de forma pornográfica ou definidos no caput do art. 2o desta Lei, à prostituição ou à
sexualmente explícita. exploração sexual
O dispositivo refere-se apenas a crianças, não havendo a Pena - reclusão de quatro a dez anos e multa, além da perda
tipificação do crime quando as condutas aqui descritas de bens e valores utilizados na prática criminosa em favor do
envolverem adolescentes. É possível, no entanto, que as Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente da unidade da
mesmas venham a caracterizar outros crimes, previstos no Federação (Estado ou Distrito Federal) em que foi cometido o
próprio ECA ou em outras leis, valendo observar, em especial, crime, ressalvado o direito de terceiro de boa-fé. (Redação
o disposto no art. 217-A, do CP (com a redação que lhe deu a dada pela Lei nº 13.440, de 2017)
Lei nº 12.015/2009), que considera “estupro” a prática de § 1º Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o gerente
qualquer ato libidinoso com menor de 14 (quatorze) anos. ou o responsável pelo local em que se verifique a submissão de
criança ou adolescente às práticas referidas no caput deste
Art. 241-E. Para efeito dos crimes previstos nesta Lei, a artigo.
expressão “cena de sexo explícito ou pornográfica” § 2º Constitui efeito obrigatório da condenação a cassação
compreende qualquer situação que envolva criança ou da licença de localização e de funcionamento do
adolescente em atividades sexuais explícitas, reais ou estabelecimento.
simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de uma criança ou O disposto no art. 244-A, do ECA, não pode ser
adolescente para fins primordialmente sexuais. interpretado de forma isolada, mas sim no contexto mais
Ao definir, de maneira expressa, o que deve ser entendido amplo de todo "Sistema Jurídico" que integra, declaradamente
como “cena de sexo explícito ou pornográfica”, o legislador quis voltado à "proteção integral" de todas as crianças e
evitar possíveis dúvidas quanto ao alcance da norma adolescentes, inclusive aquelas que, por sua maior
proibitiva, que deve ser o mais abrangente possível, em vulnerabilidade pessoal, familiar e social, praticam condutas
observância do disposto nos arts. 1º, 5º, 6º e 100, par. único, que contribuem para violação de seus direitos fundamentais
inciso II, do ECA. (cf. art. 98, inciso III, do ECA), até porque, logicamente, são
precisamente estas que mais reclamam a prometida
Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou intervenção estatal protetiva. As normas instituídas no sentido
entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente arma, da responsabilização penal dos agentes que praticam abuso ou
munição ou explosivo: exploração sexual de crianças e adolescentes, como forma de
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos. resguardar, acima de tudo, o princípio da dignidade da pessoa
A Lei nº 10.826/2003, em seu art. 16, par. único, inciso V, humana.
também considera crime, punível de 03 (três) a 06 (seis) anos Pratica o crime aquele que se utiliza, diretamente do corpo
de reclusão, e multa, “vender, entregar ou fornecer, ainda que da criança e do adolescente como produto do consumo, para
gratuitamente, arma de fogo, acessório, munição ou explosivo a práticas sexuais, bem como aquele que favorece, propicia,
criança ou adolescente”. Pode ser entendido que o art. 242, do incentiva, induz, facilita ou promove a intermediação deste
ECA foi tacitamente revogado pelo citado art. 16, par. único, da corpo em troca de dinheiro ou qualquer outra vantagem. A
Lei nº 10.826/2003, que além de se tratar de lei posterior, circunstância de a vítima possuir experiência de vida e já estar
estabelece um tratamento mais rigoroso ao agente, por incluir inserida na prostituição não é relevante porque se trata de
a multa como pena a ser também aplicada, conjuntamente com delito formal em que a consumação independe da ocorrência
a privativa de liberdade, prevendo ainda em seu art. 21 que tal de resultado, como o efetivo prejuízo para a formação moral
infração é “insuscetível de liberdade provisória”. ou a integridade física ou psíquica da adolescente.
Durante ou após a apuração dos crimes tipificados neste
Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, artigo e em outros do CP que tenham sido violados, pode ser
ainda que gratuitamente, de qualquer forma, a criança ou a instaurado, a pedido do Ministério Público, Conselho Tutelar
adolescente, bebida alcoólica ou, sem justa causa, outros ou mesmo de ofício pelo juiz, um procedimento
produtos cujos componentes possam causar dependência administrativo, junto ao órgão municipal competente, no
física ou psíquica: sentido da cassação das licenças de localização e
Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, se o funcionamento do estabelecimento, evitando assim, desde
fato não constitui crime mais grave. logo, continue a ser utilizado como ponto de exploração sexual
Foi criada justamente para permitir a punição daqueles de crianças e adolescentes.
que fornecem a crianças e adolescentes produtos tais como
thinner e outros solventes, "cola de sapateiro" e outros Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor
inalantes, que por utilização indevida, podem causar de 18 (dezoito) anos, com ele praticando infração penal ou
dependência física ou psíquica. A rigor aqui também são induzindo-o a praticá-la:
enquadrados o cigarro comum (pois a nicotina nele contida Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
Legislação 71
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§ 1º Incorre nas penas previstas no caput deste artigo se houve ou não dolo, bastando a simples constatação da
quem pratica as condutas ali tipificadas utilizando-se de divulgação indevida, sem autorização judicial, para
quaisquer meios eletrônicos, inclusive salas de bate-papo da caracterizar a infração respectiva.
internet. A teor do disposto no artigo 247 da Lei nº 8.069/90 (ECA),
§ 2º As penas previstas no caput deste artigo são é vedada a divulgação total ou parcial, sem autorização devida,
aumentadas de um terço no caso de a infração cometida ou por qualquer meio de comunicação, de nome, ato ou
induzida estar incluída no rol do art. 1º da Lei nº 8.072, de 25 documento de procedimento policial, administrativo ou
de julho de 1990. judicial relativo a criança ou adolescente a que se atribua ato
A inclusão da norma no Estatuto da Criança e do infracional, sujeitando o infrator às penalidades
Adolescente reclama sua interpretação e aplicação de acordo administrativas ali previstas, sendo a responsabilidade, neste
com a sistemática consagrada por este Diploma Legal, tendo caso, de caráter objetivo, isto é, independente da
por objetivo precípuo a “proteção integral” infanto-juvenil, demonstração de dolo ou culpa.
consignada já em seu art. 1º. Assim sendo, necessário
considerar o disposto no art. 6º estatutário, que juntamente Art. 248. (Revogado pela Lei nº 13.431, de 2017)
com os arts. 4º, caput, 5º, 17, 18 e 70, impõe a todos o dever de
assegurar a plena efetivação dos direitos infanto-juvenis e de Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres
colocar crianças e adolescentes a salvo de situações inerentes ao poder familiar ou decorrente de tutela ou guarda,
potencialmente lesivas a seus interesses. Diante de tal bem assim determinação da autoridade judiciária ou Conselho
constatação, inevitável concluir que o crime tipificado neste Tutelar:
artigo é meramente formal, razão pela qual irrelevante o fato Pena - multa de três a vinte salários de referência,
de as crianças ou adolescentes com as quais o crime é aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
praticado tenham ou não antecedentes infracionais. A responsabilidade dos pais, nos termos deste dispositivo,
pode decorrer, inclusive, da constatação da prática de
Capítulo II condutas ilícitas de seus filhos, que traduziriam o
Das Infrações Administrativas descumprimento do dever de educação (no mais amplo
sentido da palavra, conforme arts. 53, do ECA e 205, da CF),
Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável por que àqueles incumbe.
estabelecimento de atenção à saúde e de ensino fundamental, Incorre nas penas do art. 249 do ECA aquele que não
pré-escola ou creche, de comunicar à autoridade competente observa a imposição judiciária, representada por Portaria, de
os casos de que tenha conhecimento, envolvendo suspeita ou não permitir o ingresso de crianças ou adolescentes em evento
confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente: público. Haverá incidência da infração administrativa em
Pena - multa de três a vinte salários de referência, questão tanto quando do descumprimento, por parte dos pais
aplicando-se o dobro em caso de reincidência. ou responsável por criança ou adolescente, das medidas
A comunicação à autoridade competente dos casos aplicadas pelo Conselho Tutelar, quando do descumprimento,
envolvendo suspeita ou confirmação de maus-tratos contra por parte das autoridades competentes, das requisições
criança ou adolescente é obrigatória, a fim de garantir a efetuadas pelo órgão, no regular exercício de suas atribuições.
efetivação da proteção integral, sendo que a simples suspeita
já torna a comunicação obrigatória. Vale mencionar que semelhante disposição visa dar
coercibilidade às determinações e requisições do Conselho
Art. 246. Impedir o responsável ou funcionário de entidade Tutelar, de modo a assegurar que os casos de ameaça ou
de atendimento o exercício dos direitos constantes nos incisos violação dos direitos infanto-juvenis por ele atendidos
II, III, VII, VIII e XI do art. 124 desta Lei: sejam rapidamente solucionados, sem que, para tanto, tenha
Pena - multa de três a vinte salários de referência, de ser acionada a autoridade judiciária.
aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
Além do art. 124 e incisos mencionados, vide também art. Art. 250. Hospedar criança ou adolescente
94, do ECA. desacompanhado dos pais ou responsável, ou sem autorização
escrita desses ou da autoridade judiciária, em hotel, pensão,
Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem autorização motel ou congênere:
devida, por qualquer meio de comunicação, nome, ato ou Pena - multa.
documento de procedimento policial, administrativo ou § 1º Em caso de reincidência, sem prejuízo da pena de
judicial relativo a criança ou adolescente a que se atribua ato multa, a autoridade judiciária poderá determinar o
infracional: fechamento do estabelecimento por até 15 (quinze) dias.
Pena - multa de três a vinte salários de referência, § 2º Se comprovada a reincidência em período inferior a
aplicando-se o dobro em caso de reincidência. 30 (trinta) dias, o estabelecimento será definitivamente
§ 1º Incorre na mesma pena quem exibe, total ou fechado e terá sua licença cassada.
parcialmente, fotografia de criança ou adolescente envolvido Tanto as pessoas físicas quanto as pessoas jurídicas podem
em ato infracional, ou qualquer ilustração que lhe diga ser sujeitos ativos desta infração administrativa, que restará
respeito ou se refira a atos que lhe sejam atribuídos, de forma caracterizada ainda que o acesso irregular no estabelecimento
a permitir sua identificação, direta ou indiretamente. seja permitido por negligência do responsável pelo
§ 2º Se o fato for praticado por órgão de imprensa ou estabelecimento ou seus prepostos.
emissora de rádio ou televisão, além da pena prevista neste
artigo, a autoridade judiciária poderá determinar a apreensão Art. 251. Transportar criança ou adolescente, por qualquer
da publicação ou a suspensão da programação da emissora até meio, com inobservância do disposto nos arts. 83, 84 e 85
por dois dias, bem como da publicação do periódico até por desta Lei:
dois números. (Expressão declara inconstitucional pela ADIN Pena - multa de três a vinte salários de referência,
869-2) aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
A identificação da criança ou adolescente pode ser direta Importante aqui observar que não se exige o fim de lucro
ou indireta, ainda que por intermédio da identificação de seus e/ou qualquer qualidade especial do agente. Qualquer pessoa,
pais ou responsável, divulgação do endereço, apelido ou física ou jurídica, que efetuar o transporte irregular da criança
mesmo iniciais de nome e sobrenome. Irrelevante se perquirir
Legislação 72
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ou adolescente, estará, em tese, sujeito às sanções contidas no Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas a autoridade
dispositivo. que deixa de efetuar o cadastramento de crianças e de
adolescentes em condições de serem adotadas, de pessoas ou
Art. 252. Deixar o responsável por diversão ou espetáculo casais habilitados à adoção e de crianças e adolescentes em
público de afixar, em lugar visível e de fácil acesso, à entrada regime de acolhimento institucional ou familiar.
do local de exibição, informação destacada sobre a natureza da
diversão ou espetáculo e a faixa etária especificada no Art. 258-B. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de
certificado de classificação: estabelecimento de atenção à saúde de gestante de efetuar
Pena - multa de três a vinte salários de referência, imediato encaminhamento à autoridade judiciária de caso de
aplicando-se o dobro em caso de reincidência. que tenha conhecimento de mãe ou gestante interessada em
Norma penal instrumental ao dever de publicidade sobre a entregar seu filho para adoção:
natureza e faixa etária específica para diversão ou espetáculo Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 (três
a fim de ser impedido o acesso de crianças e adolescentes a mil reais).
esses locais sem observância das regras previstas, como nos Parágrafo único. Incorre na mesma pena o funcionário de
arts. 74 e par. único, 75 e 80, do ECA. programa oficial ou comunitário destinado à garantia do
direito à convivência familiar que deixa de efetuar a
Art. 253. Anunciar peças teatrais, filmes ou quaisquer comunicação referida no caput deste artigo.
representações ou espetáculos, sem indicar os limites de idade
a que não se recomendem: Art. 258-C. Descumprir a proibição estabelecida no inciso
Pena - multa de três a vinte salários de referência, II do art. 81:
duplicada em caso de reincidência, aplicável, separadamente, Pena - multa de R$ 3.000,00 (três mil reais) a R$ 10.000,00
à casa de espetáculo e aos órgãos de divulgação ou (dez mil reais);
publicidade. Medida Administrativa - interdição do estabelecimento
comercial até o recolhimento da multa aplicada.
Art. 254. Transmitir, através de rádio ou televisão,
espetáculo em horário diverso do autorizado ou sem aviso de Questões
sua classificação:
Pena - multa de vinte a cem salários de referência; 01. (SEDF - Monitor de Gestão Educacional –
duplicada em caso de reincidência a autoridade judiciária CESPE/2017) À luz do Estatuto da Criança e do Adolescente
poderá determinar a suspensão da programação da emissora (ECA) - Lei n.º 8.069/1990 - e da CF, julgue o item seguinte.
por até dois dias. Situação hipotética: Lorena, que tem dez anos de idade,
relatou à sua professora que está sofrendo maus-tratos em
Art. 255. Exibir filme, trailer, peça, amostra ou congênere casa. Assertiva: Nesse caso, a professora deverá relatar o
classificado pelo órgão competente como inadequado às episódio ao diretor da escola; este, por sua vez, terá de,
crianças ou adolescentes admitidos ao espetáculo: imediatamente, comunicar o caso ao conselho tutelar, sendo o
Pena - multa de vinte a cem salários de referência; na injustificável retardamento e(ou) a omissão puníveis na forma
reincidência, a autoridade poderá determinar a suspensão do estabelecida no ECA.
espetáculo ou o fechamento do estabelecimento por até quinze ( ) Certo ( ) Errado
dias.
02. (Secretaria da Criança/DF - Atendente de
Art. 256. Vender ou locar a criança ou adolescente fita de Reintegração Socioeducativo – FUNIVERSA/2015) É crime
programação em vídeo, em desacordo com a classificação previsto no ECA.
atribuída pelo órgão competente: (A) deixar o médico de comunicar à autoridade
Pena - multa de três a vinte salários de referência; em caso competente os casos de seu conhecimento que envolvam
de reincidência, a autoridade judiciária poderá determinar o suspeita de maus-tratos contra criança ou adolescente.
fechamento do estabelecimento por até quinze dias. (B) deixar a autoridade policial responsável pela
apreensão de criança ou adolescente de fazer imediata
Art. 257. Descumprir obrigação constante dos arts. 78 e 79 comunicação à autoridade judiciária competente e à família do
desta Lei: apreendido ou à pessoa por ele indicada.
Pena - multa de três a vinte salários de referência, (C) descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres
duplicando-se a pena em caso de reincidência, sem prejuízo de inerentes ao poder familiar ou decorrentes de tutela ou
apreensão da revista ou publicação. guarda.
(D) hospedar crianças ou adolescentes desacompanhados
Art. 258. Deixar o responsável pelo estabelecimento ou o dos pais ou dos responsáveis, ou sem autorização escrita
empresário de observar o que dispõe esta Lei sobre o acesso desses ou da autoridade judiciária, em hotel, pensão, motel ou
de criança ou adolescente aos locais de diversão, ou sobre sua congênere.
participação no espetáculo: (E) exibir filmes, trailers, peças, amostras ou congêneres
Pena - multa de três a vinte salários de referência; em caso classificados pelo órgão competente como inadequados a
de reincidência, a autoridade judiciária poderá determinar o crianças ou adolescentes admitidos no espetáculo.
fechamento do estabelecimento por até quinze dias.
O objetivo da norma é evitar que profissionais de saúde 03. (SE/DF - Monitor de Gestão Educacional -
e/ou encarregados de programas de atendimento a crianças, CESPE/2017) À luz do Estatuto da Criança e do Adolescente
adolescentes e famílias promovam a “intermediação” de (ECA) - Lei n.º 8.069/1990 - e da CF, julgue o item seguinte.
adoções irregulares. Conforme o ECA, professores que submeterem estudantes
sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a
Art. 258-A. Deixar a autoridade competente de constrangimento serão passíveis de detenção de um a seis
providenciar a instalação e operacionalização dos cadastros meses.
previstos no art. 50 e no § 11 do art. 101 desta Lei: ( ) Certo ( ) Errado
Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 (três
mil reais).
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APOSTILAS OPÇÃO
04. (DPE/AM - Defensor Público - INSTITUTO Defensoria, Conselho Tutelar e encarregados da execução das
CIDADES) Em relação aos crimes cometidos contra crianças e políticas sociais básicas e de assistência social, para efeito de
adolescentes definidos pela Lei 8.069/90, marque a opção agilização do atendimento de crianças e de adolescentes
correta: inseridos em programas de acolhimento familiar ou
(A) os crimes defenidos pela Lei 8069/90 são de ação penal institucional, com vista na sua rápida reintegração à família de
pública condicionada à representação; origem ou, se tal solução se mostrar comprovadamente
(B) o crime de descumprir injustifcadamente prazo fixado inviável, sua colocação em família substituta, em quaisquer
na Lei 8069/90 quando em beneficio de adolescente privado das modalidades previstas no art. 28 desta Lei, mobilização da
de liberdade pode ser cometdo por qualquer pessoa; opinião pública para a indispensável participação dos diversos
(C) os crimes definidos pela Lei 8069/90 são de ação penal segmentos da sociedade.
pública incondicionada;
(D) o crime de embaraçar ou impedir a ação de autoridade Art. 260. Os contribuintes poderão efetuar doações aos
judiciária, membro do Conselho Tutelar ou representante do Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional,
Ministério Público no exercício de função prevista pela Lei distrital, estaduais ou municipais, devidamente comprovadas,
8069/90 pode ser praticado somente por funcionário público; sendo essas integralmente deduzidas do imposto de renda,
(E) o crime de submissão de criança ou adolescente que obedecidos os seguintes limites:
esteja sob a guarda, autoridade ou vigilância a vexame ou a I - 1% (um por cento) do imposto sobre a renda devido
constrangimento somente pode ser praticado pelo juiz, apurado pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro
delegado de polícia, promotor de justiça e membro do real; e
Conselho Tutelar II - 6% (seis por cento) do imposto sobre a renda apurado
pelas pessoas físicas na Declaração de Ajuste Anual, observado
05. (UEM - Médico Veterinário - UEM/2017) Qual é a o disposto no art. 22 da Lei no 9.532, de 10 de dezembro de
pena prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente para 1997.
quem privar a criança ou o adolescente de sua liberdade, § 1º Revogado.
procedendo à sua apreensão sem estar em flagrante de ato § 1º-A. Na definição das prioridades a serem atendidas com
infracional ou inexistindo ordem escrita da autoridade os recursos captados pelos fundos nacional, estaduais e
judiciária competente? municipais dos direitos da criança e do adolescente, serão
(A) Reclusão de quinze a trinta anos. consideradas as disposições do Plano Nacional de Promoção,
(B) Reclusão de quatro a doze anos. Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à
(C) Detenção de seis a doze anos. Convivência Familiar e Comunitária e as do Plano Nacional
(D) Detenção de seis meses a dois anos. pela Primeira Infância. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de
(E) Multa. 2016)
§ 2o Os conselhos nacional, estaduais e municipais dos
Gabarito direitos da criança e do adolescente fixarão critérios de
utilização, por meio de planos de aplicação, das dotações
01.Certo / 02.B / 03.Errado / 04.C / 05.D subsidiadas e demais receitas, aplicando necessariamente
percentual para incentivo ao acolhimento, sob a forma de
Disposições Finais e Transitórias guarda, de crianças e adolescentes e para programas de
atenção integral à primeira infância em áreas de maior
Art. 259. A União, no prazo de noventa dias contados da carência socioeconômica e em situações de calamidade.
publicação deste Estatuto, elaborará projeto de lei dispondo (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
sobre a criação ou adaptação de seus órgãos às diretrizes da § 3º O Departamento da Receita Federal, do Ministério da
política de atendimento fixadas no art. 88 e ao que estabelece Economia, Fazenda e Planejamento, regulamentará a
o Título V do Livro II. comprovação das doações feitas aos fundos, nos termos deste
Parágrafo único. Compete aos estados e municípios artigo.
promoverem a adaptação de seus órgãos e programas às § 4º O Ministério Público determinará em cada comarca a
diretrizes e princípios estabelecidos nesta Lei. forma de fiscalização da aplicação, pelo Fundo Municipal dos
Este artigo trata da adaptação ou criação dos órgãos do Direitos da Criança e do Adolescente, dos incentivos fiscais
Estado às diretrizes da política de atendimento presente no referidos neste artigo.
Estatuto, que se apresentam como meio para consecução dos § 5º Observado o disposto no § 4º do art. 3º da Lei nº 9.249,
objetivos existentes na lei. de 26 de dezembro de 1995, a dedução de que trata o inciso I
As diretrizes da política de atendimento ao menor do caput:
implementadas pelo Estado, estão presentes no art. 88 como a I - será considerada isoladamente, não se submetendo a
municipalização do atendimento, a criação de conselhos limite em conjunto com outras deduções do imposto; e
municipais, estaduais e nacional dos direitos da criança e do II - não poderá ser computada como despesa operacional
adolescente, órgãos deliberativos e controladores das ações na apuração do lucro real.
em todos os níveis, assegurada a participação popular As doações podem ser efetuadas em qualquer valor, porém
paritária por meio de organizações representativas, segundo somente serão dedutíveis até 1% (um por cento) do imposto
leis federal, estaduais e municipais. devido, no caso das pessoas jurídicas (apenas aquelas que
O Estatuto prevê também a criação e manutenção de efetuam a declaração do imposto de renda com base no lucro
programas específicos, observada a descentralização político- real) e até 6% (seis por cento) do imposto devido, no caso das
administrativa, a manutenção de fundos nacional, estaduais e pessoas físicas. As doações passíveis de dedução são aquelas
municipais vinculados aos respectivos conselhos dos direitos efetuadas diretamente aos Fundos Especiais para a Infância e
da criança e do adolescente, a integração operacional de Adolescência - FIAs, geridos pelos Conselhos de Direitos da
órgãos do Judiciário, Ministério Público, Defensoria, Segurança Criança e do Adolescente dos diversos níveis (municipal,
Pública e Assistência Social, preferencialmente em um mesmo estadual, federal), e não diretamente a entidades, ainda que
local, para efeito de agilização do atendimento inicial a assistenciais e/ou sem fins lucrativos.
adolescente a quem se atribua autoria de ato infracional. Cabe aos Conselhos de Direitos, usando de sua
Constitui também política de atendimento a integração prerrogativa legal, a definição acerca da destinação de tais
operacional de órgãos do Judiciário, Ministério Público, recursos, que invariavelmente deverá ocorrer para
Legislação 74
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implantação ou eventual manutenção de programas ano-calendário, aos fundos controlados pelos Conselhos dos
específicos de atendimento (e não das entidades que os Direitos da Criança e do Adolescente municipais, distrital,
executem, que na forma do art. 90, caput, do ECA, são estaduais e nacional concomitantemente com a opção de que
responsáveis pela manutenção das próprias unidades). Para trata o caput, respeitado o limite previsto no inciso II do art.
tanto, e partindo do princípio de que os recursos captados 260.
pelos FIAs são recursos públicos, sujeitos como tal à regras e
princípios relativos à legalidade, publicidade, moralidade, Art. 260-B. A doação de que trata o inciso I do art. 260
impessoalidade, etc., que norteiam a administração pública (cf. poderá ser deduzida:
art. 4º, da Lei nº 8.429/1992 - a Lei de Improbidade I - do imposto devido no trimestre, para as pessoas
Administrativa e art. 37, da CF), o Conselho de Direitos deve, jurídicas que apuram o imposto trimestralmente; e
tomando por base o disposto na legislação específica relativa II - do imposto devido mensalmente e no ajuste anual, para
ao Fundo que administra, na Lei nº 4.320/1964, relativa à as pessoas jurídicas que apuram o imposto anualmente.
gestão de recursos públicos, bem como no seu próprio Parágrafo único. A doação deverá ser efetuada dentro do
planejamento (efetuado com vista à progressiva implantação período a que se refere a apuração do imposto.
de uma verdadeira política de atenção/rede de proteção à
criança e ao adolescente), estabelecer critérios claros e Art. 260-C. As doações de que trata o art. 260 desta Lei
objetivos para destinação dos recursos captados, tudo com a podem ser efetuadas em espécie ou em bens.
posterior prestação de contas, por parte do Conselho e dos Parágrafo único. As doações efetuadas em espécie devem
órgãos e entidades cujos programas tenham sido com aqueles ser depositadas em conta específica, em instituição financeira
contemplados. pública, vinculadas aos respectivos fundos de que trata o art.
Cabe ao Ministério Público, inclusive como decorrência de 260.
sua atribuição natural de zelar pela moralidade e legalidade no
uso de recursos públicos, a fiscalização da destinação dos Art. 260-D. Os órgãos responsáveis pela administração das
recursos captados pelo FIA local. Esta atribuição deve ser contas dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente
exercida junto ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança nacional, estaduais, distrital e municipais devem emitir recibo
e do Adolescente do município que, por força do disposto no em favor do doador, assinado por pessoa competente e pelo
art. 88, inciso IV, do ECA, é o gestor dos recursos captados pelo presidente do Conselho correspondente, especificando:
FIA. I - número de ordem;
II - nome, Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) e
Importante lembrar que os recursos captados pelos endereço do emitente;
Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente servem de III - nome, CNPJ ou Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) do
mero complemento ao orçamento dos órgãos públicos doador;
encarregados da execução das políticas públicas em prol da IV - data da doação e valor efetivamente recebido; e
infância e juventude, de onde devem sair, V - ano-calendário a que se refere a doação.
fundamentalmente, os recursos públicos que para tanto se § 1o O comprovante de que trata o caput deste artigo pode
fizerem necessários, com a prioridade absoluta ser emitido anualmente, desde que discrimine os valores
preconizada pela Lei e pela Constituição Federal. doados mês a mês.
§ 2o No caso de doação em bens, o comprovante deve
Art. 260-A. A partir do exercício de 2010, ano-calendário conter a identificação dos bens, mediante descrição em campo
de 2009, a pessoa física poderá optar pela doação de que trata próprio ou em relação anexa ao comprovante, informando
o inciso II do caput do art. 260 diretamente em sua Declaração também se houve avaliação, o nome, CPF ou CNPJ e endereço
de Ajuste Anual. dos avaliadores.
§ 1º A doação de que trata o caput poderá ser deduzida até
os seguintes percentuais aplicados sobre o imposto apurado Art. 260-E. Na hipótese da doação em bens, o doador
na declaração: deverá:
I - (Vetado); I - comprovar a propriedade dos bens, mediante
II - (Vetado); documentação hábil;
III - 3% (três por cento) a partir do exercício de 2012. II - baixar os bens doados na declaração de bens e direitos,
§ 2º A dedução de que trata o caput: quando se tratar de pessoa física, e na escrituração, no caso de
I - está sujeita ao limite de 6% (seis por cento) do imposto pessoa jurídica; e
sobre a renda apurado na declaração de que trata o inciso II do III - considerar como valor dos bens doados:
caput do art. 260; a) para as pessoas físicas, o valor constante da última
II - não se aplica à pessoa física que: declaração do imposto de renda, desde que não exceda o valor
a) utilizar o desconto simplificado; de mercado;
b) apresentar declaração em formulário; ou b) para as pessoas jurídicas, o valor contábil dos bens.
c) entregar a declaração fora do prazo; Parágrafo único. O preço obtido em caso de leilão não será
III - só se aplica às doações em espécie; e considerado na determinação do valor dos bens doados,
IV - não exclui ou reduz outros benefícios ou deduções em exceto se o leilão for determinado por autoridade judiciária.
vigor.
§ 3º O pagamento da doação deve ser efetuado até a data Art. 260-F. Os documentos a que se referem os arts. 260-D
de vencimento da primeira quota ou quota única do imposto, e 260-E devem ser mantidos pelo contribuinte por um prazo
observadas instruções específicas da Secretaria da Receita de 5 (cinco) anos para fins de comprovação da dedução
Federal do Brasil. perante a Receita Federal do Brasil.
§ 4º O não pagamento da doação no prazo estabelecido no
§ 3o implica a glosa definitiva desta parcela de dedução, Art. 260-G. Os órgãos responsáveis pela administração das
ficando a pessoa física obrigada ao recolhimento da diferença contas dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente
de imposto devido apurado na Declaração de Ajuste Anual com nacional, estaduais, distrital e municipais devem:
os acréscimos legais previstos na legislação. I - manter conta bancária específica destinada
§ 5º A pessoa física poderá deduzir do imposto apurado na exclusivamente a gerir os recursos do Fundo;
Declaração de Ajuste Anual as doações feitas, no respectivo II - manter controle das doações recebidas; e
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seus representantes relações de dependência ou de aliança, pública, ocupar e usar de propriedade particular, bens e
ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público; serviços, assegurada indenização ulterior, se houver dano;
II - recusar fé a documento público; XIII - estabelecer o regime jurídico único de seus
III - criar distinção entre brasileiros ou preferência de uma servidores e os respectivos planos de carreira;
em relação às demais unidades da federação. XIV - constituir guarda municipal destinada à proteção de
seus bens, serviços e instalações, nos termos da Constituição
TÍTULO III da República;
DA ORGANIZAÇÃO DO MUNICÍPIO XV - associar-se a outros municípios do mesmo complexo
CAPÍTULO I geoeconômico e social, mediante convênio previamente
DISPOSIÇÕES GERAIS aprovado pela Câmara, para a gestão, sob planejamento, de
funções públicas ou serviços de interesse comum, de forma
Art. 6º - São Poderes do Município, independentes e permanente ou transitória;
harmônicos entre si, o Legislativo e o Executivo. XVI - cooperar com a União e o Estado, nos termos de
Parágrafo único - Salvo as exceções previstas nesta Lei convênio ou consórcio previamente aprovados pela Câmara,
Orgânica, é vedado a qualquer dos Poderes delegar atribuição na execução de serviços e obras de interesse para o
e, a quem for investido na função de um deles, exercer a de desenvolvimento local;
outro. XVII - participar, autorizado por lei, da criação de entidade
intermunicipal para a realização de obra, o exercício de
Art. 7º - O Município exerce sua autonomia, especialmente, atividade ou a execução de serviço específico de interesse
ao: comum;
I - elaborar e promulgar a Lei Orgânica; XVIII - fiscalizar a produção, a conservação, o comércio e o
II - legislar sobre assuntos de interesse local e suplementar transporte de gênero alimentício e produto farmacêutico
as legislações federal e estadual no que couber; destinados ao abastecimento público, bem como de substância
III - eleger o Prefeito, o Vice-Prefeito e os Vereadores; potencialmente nociva ao meio ambiente, à saúde e ao bem-
IV - organizar o seu governo e administração. estar da população;
XIX - licenciar a construção de qualquer obra;
Art. 8º - São símbolos do Município a bandeira, o hino e o XX - licenciar estabelecimento industrial, comercial,
brasão. prestador de serviços similares e cassar o alvará de licença dos
que se tornarem danosos ao meio ambiente, à saúde ou ao
Art. 9º - O Distrito de Belo Horizonte é a sede do Município bem-estar da população;
e lhe dá o nome. XXI - fixar o horário de funcionamento de
estabelecimentos referidos no inciso anterior;
Art. 10 - Depende de lei a criação, organização e supressão XXII - regulamentar e fiscalizar o comércio ambulante,
de distritos ou subdistritos, observada, quanto àqueles, a inclusive o de papéis e de outros resíduos recicláveis;
legislação estadual. XXIII - interditar edificações em ruínas ou em condições de
insalubridade e as que apresentem as irregularidades
CAPÍTULO II previstas na legislação específica, bem como fazer demolir
DA COMPETÊNCIA DO MUNICÍPIO construções que ameacem a segurança individual ou coletiva;
XXIV - regulamentar e fiscalizar a instalação e o
Art. 11 - Compete ao Município prover a tudo quanto funcionamento de aparelho de transporte;
respeite ao seu interesse local. XXV - licenciar e fiscalizar, nos locais sujeitos ao seu poder
de polícia, a fixação de cartazes, anúncios e quaisquer outros
Art. 12 - Compete ao Município, entre outras atribuições: meios de publicidade e propaganda;
I - manter relações com a União, os Estados Federados, o XXVI - regulamentar e fiscalizar, na área de sua
Distrito Federal e os demais Municípios; competência, os espetáculos e os divertimentos públicos;
II - organizar, regulamentar e executar seus serviços XXVII - estabelecer e impor penalidades por infrações a
administrativos; suas leis e regulamentos.
III - firmar acordo, convênio, ajuste e instrumento
congênere; Art. 13 - É competência do Município, comum à União e ao
IV - difundir a seguridade social, a educação, a cultura, o Estado:
desporto, a ciência e a tecnologia; I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das
V - proteger o meio ambiente; instituições democráticas e conservar o patrimônio público;
VI - instituir e arrecadar os tributos de sua competência e II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e da
aplicar as suas receitas, sem prejuízo da obrigatoriedade de garantia das pessoas com deficiência;”. (NR) Redação dada
prestar contas e publicar balancetes trimestralmente; pela Emenda da Lei Orgânica 31 de 2018
VII - organizar e prestar, diretamente ou mediante III - proteger os documentos, as obras e outros bens de
delegação, os serviços públicos de interesse local, incluído o de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as
transporte coletivo, que tem caráter essencial; paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;
VIII - fixar os preços dos bens e serviços públicos; IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de
IX - promover adequado ordenamento territorial, obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou
mediante planejamento e controle do parcelamento, da cultural;
ocupação e do uso do solo urbano; V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação
X - administrar seus bens, adquiri-los e aliená-los, aceitar e à ciência;
doações, legados e heranças, e dispor sobre sua aplicação; VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em
XI - desapropriar bens, por necessidade ou utilidade qualquer de suas formas;
pública, ou por interesse social, nos casos previstos em lei; VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;
XII - estabelecer servidões administrativas necessárias à VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o
realização de seus serviços, inclusive os prestados mediante abastecimento alimentar;
delegação, e, em caso de iminente perigo ou calamidade IX - promover programas de construção de moradias e a
melhoria das condições habitacionais e o saneamento básico;
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Art. 17 - A administração pública indireta é a que compete: Art. 23 – As instâncias de que tratam os arts. 20 e 22
I - à autarquia; atuarão de forma autônoma e independente do Poder Público,
II - à sociedade de economia mista; nos termos fixados em lei, sendo-lhes garantido o livre acesso
III - à empresa pública; a documentos e informações de que necessitar.
IV - à fundação pública; § 1º - A composição, organização e funcionamento das
V - às demais entidades de direito privado, sob o controle instâncias serão definidos em estatutos próprios, registrados
direto ou indireto do Município. em cartório e protocolados no órgão junto ao qual cada
instância atuará.
Art. 18 - A ação administrativa do Poder Executivo será § 2º - A participação nas instâncias não acarretará
organizada segundo os critérios de descentralização, qualquer ônus para o Município.
regionalização e participação popular.
Art. 24 - O Poder Público garantirá a participação da
Art. 19 - A atividade administrativa, subordinada ou sociedade civil na elaboração do plano diretor, do plano
vinculada ao Prefeito Municipal, se organizará em sistemas, plurianual, das diretrizes orçamentárias e do orçamento anual.
integrados por:
I - órgão central de direção e coordenação; Art. 25 - Depende de lei, em cada caso:
II - entidade da administração indireta, se houver; I - a instituição e a extinção de autarquia e fundação
III - unidade administrativa. pública;
§ 1º - Secretaria Municipal é o órgão central de cada II - a autorização para instituir e extinguir sociedade de
sistema administrativo. economia mista e empresa pública e para alienar ações que
§ 2º - Unidade administrativa é a parte de órgão central ou garantam, nessas entidades, o controle pelo Município;
de entidade da administração indireta. III - a criação de subsidiária das entidades mencionadas
nos incisos anteriores e sua participação em empresa privada.
Art. 20 - Funcionará junto a cada sistema administrativo § 1º - Ao Município somente é permitido instituir ou
uma instância, com atribuições de: manter fundação com a natureza jurídica de direito público.
I - participar da elaboração de política de ação do Poder § 2º - É vedada a delegação de poderes ao Executivo para a
Público para o setor; criação, extinção ou transformação de entidade de sua
II - participar da elaboração de planos e programas para o administração indireta.
setor e do levantamento de seus custos;
III - analisar e manifestar-se sobre o plano diretor, o plano Art. 26 - Para o procedimento de licitação, obrigatório para
plurianual, as diretrizes orçamentárias e o orçamento anual; contratação de obra, serviço, compra, alienação e concessão, o
IV - acompanhar e fiscalizar a execução de plano e Município observará as normas gerais expedidas pela União.
programas setoriais; Parágrafo único revogado pela Emenda à Lei Orgânica nº
V - acompanhar e fiscalizar a aplicação de recursos 11, de 02/01/1996
públicos destinados ao setor;
VI - manifestar-se sobre proposta de alteração na Art. 27 - As pessoas jurídicas de direito público e as de
legislação pertinente à atividade do setor. direito privado prestadoras de serviços públicos responderão
Legislação 79
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Art. 30 - Para registro dos atos e fatos administrativos, o Art. 38 - O uso especial de bem patrimonial do Município
Município terá livros, fichas ou outro sistema, por terceiro será objeto, na forma da lei, de:
convenientemente autenticados, que forem necessários aos I - concessão, mediante contrato de direito público,
seus serviços. remunerada ou gratuita, ou a título de direito real resolúvel;
Parágrafo único - O Município terá um livro especial para o II - permissão;
registro de suas leis. III - cessão;
IV - autorização.
Art. 31 - Cabe ao Prefeito a administração dos bens § 1º - O uso especial de bem patrimonial por terceiro será
municipais, respeitada a competência da Câmara quanto sempre a título precário, condicionado ao atendimento de
àqueles utilizados em seus serviços. condições previamente estabelecidas e submetido à aprovação
de comissão a ser criada pelo Executivo.
Art. 32 – A aquisição de bem imóvel, por meio de compra, § 2º - O uso especial de bem patrimonial será remunerado
permuta ou doação com encargo, depende de autorização e dependerá de licitação quando destinado a finalidade
legislativa e, nos dois primeiros casos, também de prévia econômica.
avaliação. § 3º - O uso especial de bem patrimonial poderá ser
gratuito quando se destinar a outras entidades de direito
Art. 33 - A alienação de bem imóvel público edificado público, entidades assistenciais, religiosas, educacionais,
depende de avaliação prévia, licitação e autorização esportivas, desde que verificado relevante interesse público.
legislativa.
Parágrafo único - A alienação aos proprietários de imóveis Art. 39 - Os bens do patrimônio municipal devem ser
lindeiros de áreas urbanas remanescentes, resultantes de cadastrados, zelados e tecnicamente identificados,
obras públicas, e inaproveitáveis para edificação ou outra especialmente as edificações de interesse administrativo, as
destinação de interesse público, bem como de áreas terras públicas e a documentação dos serviços públicos.
resultantes de modificação de alinhamento, dependerá de § 1º - O cadastramento e a identificação técnica dos
prévia avaliação e autorização legislativa. imóveis do Município, de que trata o artigo, devem ser
anualmente atualizados, garantido o acesso às informações
Art. 34 - A alienação de bem imóvel público não edificado neles contidas.
depende de interesse público, avaliação prévia, autorização § 2º - Os imóveis não-edificados deverão ser murados ou
legislativa e licitação, observadas, quanto a esta, as exceções cercados e identificados com placas indicativas da
previstas em lei. (Redação dada pela Emenda à Lei Orgânica nº propriedade municipal.
22, de 01/06/2010)
§ 1º - São inalienáveis os bens imóveis públicos, edificados Art. 40 - É vedado ao Poder Público edificar,
ou não, utilizados pela população em atividades de lazer, descaracterizar ou abrir vias públicas em praças, parques,
esporte e cultura, os quais somente poderão ser utilizados reservas ecológicas e espaços tombados do Município,
para outros fins se o interesse público o justificar e mediante ressalvadas as construções estritamente necessárias à
autorização legislativa. (Redação dada pela Emenda à Lei preservação e ao aperfeiçoamento das mencionadas áreas.
Orgânica nº 22, de 01/06/2010)
§ 2º - A autorização legislativa mencionada neste artigo e Art. 41 - O disposto nos arts. 32 a 40 se aplica às autarquias
no art. 33 é sempre prévia e depende do voto da maioria dos e às fundações públicas.
membros da Câmara.
Art. 42 - O Prefeito, o Vice-Prefeito, os Vereadores, os
Art. 35 - O Município, preferencialmente à venda ou doação ocupantes de cargo em comissão ou função de confiança, as
de seus imóveis, outorgará concessão de direito real de uso. pessoas ligadas a qualquer deles por matrimônio ou
Parágrafo único - O título de domínio e o de concessão do parentesco, afim ou consangüíneo, até o segundo grau, ou por
direito real de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou adoção, e os servidores e empregados públicos municipais não
a ambos, independentemente do estado civil, nos termos e poderão firmar contrato com o Município, subsistindo a
condições previstos em lei. proibição até seis meses após findas as respectivas funções.
Legislação 80
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APOSTILAS OPÇÃO
Art. 43 - É vedada a contratação de empresas, inclusive as Art. 49 - A revisão geral da remuneração do servidor
locadoras de mão-de-obra, para a execução de tarefas próprias público, sob um índice único, far-se-á sempre no mês que a lei
e permanentes de órgãos e entidades da administração fixar, sendo, ainda, assegurada a preservação mensal de seu
pública, salvo as situações de emergência, bem como as poder aquisitivo, desde que respeitados os limites a que se
atividades sazonais ou para as quais a manutenção de pessoal refere a Constituição da República.
técnico e operacional e de equipamentos e instalações seja § 1º - A lei fixará o limite máximo e a relação entre a maior
inconveniente ao interesse público, nos termos da lei. e a menor remuneração dos servidores públicos, a qual não
poderá exceder a percebida, em espécie, a qualquer título, pelo
CAPÍTULO V Prefeito.
DOS SERVIDORES PÚBLICOS § 2º - Os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo não
podem ser superiores aos percebidos no Poder Executivo.
Art. 44 - A atividade administrativa permanente é § 3º - É vedada a vinculação ou equiparação de
exercida: vencimentos para efeito de remuneração de pessoal do serviço
I - em qualquer dos Poderes do Município, nas autarquias público, ressalvado o disposto nesta Lei Orgânica.
e nas fundações públicas, por servidor público, ocupante de § 4º - Os acréscimos pecuniários percebidos por servidor
cargo público, em caráter efetivo ou em comissão, ou de função público não serão computados nem acumulados, para o fim de
pública; concessão de acréscimo ulterior, sob o mesmo título ou
II - nas sociedades de economia mista, nas empresas idêntico fundamento.
públicas e nas demais entidades de direito privado sob o § 5º - Os vencimentos do servidor público são irredutíveis,
controle direto ou indireto do Município, por empregado e a remuneração observará o disposto nos §§ 1º e 2º deste
público, ocupante de emprego público ou função de confiança. artigo e os preceitos estabelecidos nos arts. 150, II, 153, III, e
153, § 2º, I, da Constituição da República.
Art. 45 - Os cargos, empregos e funções são acessíveis aos § 6º - Serão corrigidos mensalmente, de acordo com os
brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei. índices oficiais aplicáveis, os vencimentos, vantagens ou
§ 1º - A investidura em cargo ou emprego público depende qualquer parcela remuneratória pagos com atraso ao servidor
de aprovação prévia em concurso público de provas, ou de público.
provas e títulos, ressalvadas as nomeações para cargo em § 7º - É assegurado aos servidores públicos e às suas
comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração. entidades representativas o direito de reunião nos locais de
§ 2º - O prazo de validade do concurso público é de até dois trabalho, após prévia comunicação à chefia imediata, e desde
anos, prorrogável, uma vez, por igual período. que o atendimento externo ao público, se houver, não sofra
§ 3º - Durante o prazo improrrogável previsto no edital de interrupção.
convocação, o aprovado em concurso público será convocado,
observada a ordem de classificação, com prioridade sobre Art. 49-A - Fica proibida a nomeação ou a designação para
novos concursados, para assumir o cargo ou emprego na cargos ou empregos de direção, chefia e assessoramento, na
carreira. administração direta e indireta do Município, de pessoa
§ 4º - A inobservância do disposto nos parágrafos declarada inelegível em razão de condenação pela prática de
anteriores implica nulidade do ato e punição da autoridade ato ilícito, nos termos da legislação federal. (Acrescentado pela
responsável, nos termos da lei. Emenda à Lei Orgânica nº 23, de 14/09/2011)
§ 5º - Ao servidor público municipal são garantidos, nos § 1º - Incorrem na mesma proibição de que trata este artigo
concursos públicos, cinco por cento da pontuação total dos os detentores de mandato eletivo declarados inelegíveis por
títulos, por ano de serviço prestado, mediante subordinação, à renunciarem a seus mandatos desde o oferecimento de
administração pública do Município, até o máximo de trinta representação ou petição capaz de autorizar a abertura de
por cento. processo por infringência a dispositivo da Constituição
Federal, da Constituição Estadual ou da Lei Orgânica do
Art. 46 - A lei estabelecerá os casos de contratação por Município ou do Distrito Federal.
tempo determinado, para atender a necessidade temporária § 2º - Fica o servidor nomeado ou designado obrigado a
de excepcional interesse público. apresentar, antes da posse, declaração de que não se encontra
§ 1º - O disposto no artigo não se aplica a funções de na situação de vedação de que trata este artigo.
magistério.
§ 2º - É vedado o desvio de função de pessoa contratada na Art. 49-B - Não poderão prestar serviço a órgãos e
forma autorizada no artigo, bem como sua recontratação, sob entidades do Município os trabalhadores das empresas
pena de nulidade do contrato e responsabilização contratadas declarados inelegíveis em resultado de decisão
administrativa e civil da autoridade contratante. transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado
relativa a, pelo menos, uma das seguintes situações:
Art. 47 - Serão exercidos por servidores ou empregados (Acrescentado pela Emenda à Lei Orgânica nº 23, de
públicos municipais os cargos em comissão e as funções de 14/09/2011)
confiança da administração direta, inferiores, no Poder I - representação contra sua pessoa julgada procedente
Executivo, ao terceiro nível hierárquico da estrutura pela Justiça Eleitoral em processo de abuso do poder
organizacional e, no Poder Legislativo, ao primeiro nível. econômico ou político;
Parágrafo único - Excetuam-se do disposto no artigo os II - condenação por crimes contra a economia popular, a fé
cargos e funções de assessoria, apoio e execução estabelecidos pública, a administração pública ou o patrimônio público.
em lei. Parágrafo único - Ficam as empresas a que se refere o
caput deste artigo obrigadas a apresentar ao contratante,
Art. 48 - Na administração indireta, os cargos ou empregos antes do início da execução do contrato, declaração de que os
de provimento em comissão e as funções de confiança, trabalhadores que prestarão serviço ao Município não
inferiores ao primeiro nível hierárquico da estrutura incorrem nas proibições de que trata este artigo. (NR)
organizacional, e metade dos cargos e funções da
administração superior serão exercidos por servidores ou Art. 50 - É vedada a acumulação remunerada de cargos
empregados de carreira da respectiva entidade. públicos, permitida, no entanto, se houver compatibilidade de
horários:
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APOSTILAS OPÇÃO
I - a de dois cargos de professor; nos termos da lei, visem à melhoria de sua condição social e à
II - a de um cargo de professor com outro técnico ou produtividade no serviço público, especialmente:
científico; I - duração do trabalho normal não-superior a oito horas
III - a de dois cargos privativos de médico. diárias e quarenta semanais, facultada a compensação de
Parágrafo único - A proibição de acumular se estende a horários e a redução da jornada nos termos em que dispuser a
empregos e funções e abrange autarquias, empresas públicas, lei;
sociedades de economia mista e fundações públicas. II - adicionais por tempo de serviço;
III - revogado pela Emenda à Lei Orgânica nº 19, de
Art. 51 - Ao servidor público municipal em exercício de 05/01/2006
mandato eletivo se aplicam as seguintes disposições: (*) Emenda à Lei Orgânica nº 19 declarada
I - tratando-se de mandato eletivo federal ou estadual, inconstitucional pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais
ficará afastado do cargo, emprego ou função; (ADI nº 1.0000.07.467.202-3/000)
II - investido no mandato de Prefeito ou de Vereador, será IV - assistência e previdência sociais, extensivas ao cônjuge
afastado do cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado ou companheiro e aos dependentes;
optar por sua remuneração; V - atendimento gratuito, em creche e pré-escola, aos filhos
III - em qualquer caso que exija o afastamento para o e dependentes, desde o nascimento até seis anos de idade;
exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço será VI - licença a gestante, com duração de cento e vinte dias e,
contado para todos os efeitos legais, exceto para a promoção nos termos da lei, a adotante, sem prejuízo da remuneração;
por merecimento; VII - auxílio-transporte;
IV - para o efeito de benefício previdenciário, no caso de VIII - progressão horizontal e vertical.
afastamento, os valores serão determinados como se no § 1º declarado inconstitucional pelo Tribunal de
exercício estivesse. Justiça de Minas Gerais (ADI nº 159)
§ 2º - Para os fins do inciso II, é assegurado o cômputo
Art. 52 - A lei reservará percentual dos cargos e empregos integral do tempo de serviço público.
públicos para pessoas com deficiência e para ex-presidiários § 3º - Haverá, na administração pública, serviços
recém-colocados em liberdade e definirá os critérios de sua especializados em segurança e medicina do trabalho e
admissão.”. (NR) Redação dada pela Emenda da Lei Orgânica comissões internas de prevenção de acidentes, com
31 de 2018 atribuições definidas em lei.
§ 4º - O servidor público, incluído o das autarquias e
Art. 53 - Os atos de improbidade administrativa importam fundações, detentor de título declaratório que lhe assegure
suspensão dos direitos políticos, perda de função pública, direito à continuidade de percepção da remuneração de cargo
indisponibilidade dos bens e ressarcimento ao erário, na de provimento em comissão, tem direito aos vencimentos, às
forma e na gradação estabelecidas em lei, sem prejuízo da ação gratificações e a todas as demais vantagens inerentes ao cargo
penal cabível. em relação ao qual tenha ocorrido o apostilamento, ainda que
decorrentes de transformação ou reclassificação posteriores.
Art. 54 - É vedado ao servidor público desempenhar § 5º - declarado inconstitucional pelo Tribunal de Justiça
atividades que não sejam próprias do cargo de que for titular, de Minas Gerais (ADI nº 1.0000.07.467.202-3/000)
exceto quando ocupar cargo em comissão ou desempenhar
função de confiança. § 6º - declarado inconstitucional pelo Tribunal de Justiça
de Minas Gerais (ADI nº 1.0000.07.467.202-3/000)
Art. 55 - Os servidores dos órgãos da administração direta,
das autarquias e das fundações públicas sujeitar-se-ão a Art. 57 - A lei assegurará ao servidor público da
regime jurídico único e a planos de carreira a serem instituídos administração direta isonomia de vencimentos para cargos de
pelo Município. atribuições iguais ou assemelhados do mesmo Poder, ou entre
§ 1º - A política de pessoal obedecerá às seguintes servidores dos poderes Executivo e Legislativo, ressalvadas as
diretrizes: vantagens de caráter individual e as relativas à natureza ou ao
I - valorização e dignificação da função pública e do local de trabalho.
servidor público;
II - profissionalização e aperfeiçoamento do servidor Art. 58 - É livre a associação profissional ou sindical dos
público; servidores públicos, nos termos da Constituição da República.
III - constituição de quadro dirigente, mediante formação e Parágrafo único - É garantida a liberação de servidor ou
aperfeiçoamento de administradores públicos; empregado público para o exercício de mandato eletivo em
IV - sistema de mérito objetivamente apurado para diretoria executiva de entidade sindical, sem prejuízo da
ingresso no serviço e desenvolvimento na carreira; remuneração e dos demais direitos e vantagens de seu cargo
V - remuneração compatível com a complexidade e a ou emprego, exceto promoção por merecimento.
responsabilidade das tarefas e com a escolaridade exigida para
o seu desempenho. Art. 59 - É garantido ao servidor público o direito de greve,
§ 2º - Ao servidor público que, por acidente ou doença, se a ser exercido nos termos e limites definidos em lei
tornar inapto para exercer as atribuições específicas de seu complementar federal.
cargo, serão assegurados os direitos e vantagens a ele
inerentes, até seu definitivo aproveitamento em outro cargo, Art. 60 - É estável, após dois anos de efetivo exercício, o
de atribuições afins, respeitada a habilitação exigida, ou até a servidor público nomeado em virtude de concurso público.
aposentadoria. § 1º - O servidor público estável só perderá o cargo em
§ 3º - Para provimento de cargo de natureza técnica, exigir- virtude de sentença judicial transitada em julgado ou processo
se-á a respectiva habilitação profissional. administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa.
§ 2º - Invalidada por sentença judicial a demissão do
Art. 56 - O Município assegurará ao servidor os direitos servidor público estável, será ele reintegrado no cargo
previstos no art. 7º, incisos IV, VI, VII, VIII, IX, XII, XV, XVI, XVII, anteriormente ocupado, com ressarcimento de todas as
XIX, XX, XXII, XXIII e XXX da Constituição da República e os que, vantagens, sendo o eventual ocupante da vaga reconduzido ao
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cargo de origem, sem direito a indenização, aproveitado em b) aos trinta anos de efetivo exercício em funções de
outro cargo ou posto em disponibilidade. magistério, se professor, e aos vinte e cinco, se professora, com
§ 3º - Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o proventos integrais;
servidor público estável ficará em disponibilidade c) aos trinta anos de exercício, se homem, e aos vinte e
remunerada, até seu adequado aproveitamento em outro cinco, se mulher, com proventos proporcionais a esse tempo;
cargo de atribuições e vencimentos compatíveis com o d) aos sessenta e cinco anos de idade, se homem, e aos
anteriormente ocupado, respeitada a habilitação exigida. sessenta, se mulher, com proventos proporcionais ao tempo de
serviço.
Art. 61 - A administração fazendária e seus servidores § 1º - As exceções ao disposto no inciso III, alíneas “a” e “c”,
fiscais terão, dentro de suas áreas de competência e jurisdição, no caso de exercício de atividades consideradas penosas,
precedência sobre os demais setores administrativos insalubres ou perigosas, serão as estabelecidas em legislação
municipais, na forma da lei. federal.
§ 2º - A lei disporá sobre a aposentadoria em cargo, função
Art. 62 - O Município manterá plano de previdência e ou emprego temporários.
assistência sociais para o agente político e o servidor público § 3º - O tempo de serviço público será computado
submetido a regime próprio e para a sua família. integralmente para os efeitos de aposentadoria e
§ 1º - O plano de previdência e assistência sociais visa a dar disponibilidade.
cobertura aos riscos a que estão sujeitos os beneficiários § 4º - Os proventos da aposentadoria e as pensões por
mencionados no artigo e atenderá, nos termos da lei, a: morte, nunca inferiores ao salário mínimo, serão revistos, na
I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, velhice, mesma proporção e na mesma data, sempre que se modificar
acidente em serviço, falecimento e reclusão; a remuneração do servidor em atividade.
II - proteção à maternidade, à adoção e à paternidade; § 5º - Serão estendidos ao inativo os benefícios ou
III - assistência à saúde; vantagens posteriormente concedidos ao servidor em
IV - ajuda à manutenção dos dependentes dos atividade, mesmo quando decorrentes de transformação ou
beneficiários. reclassificação do cargo ou da função em que se tiver dado a
§ 2º - O plano será custeado com o produto da arrecadação aposentadoria.
de contribuições sociais obrigatórias do servidor público e do § 6º - O benefício da pensão por morte corresponderá à
agente político, do Poder, do órgão ou da entidade a que se totalidade dos vencimentos ou proventos do servidor falecido,
encontra vinculado, e de outras fontes de receita definidas em até o limite estabelecido em lei, observado o disposto nos §§
lei. 4º e 5º.
§ 3º - A contribuição mensal do servidor público e do § 7º - A pensão de que trata o parágrafo anterior será
agente político será diferenciada em razão da remuneração, na devida ao cônjuge ou companheiro e aos demais dependentes,
forma da lei, e não será superior a um terço do valor na forma da lei.
atuarialmente exigível. § 8º - É assegurado ao servidor afastar-se da atividade a
§ 4º - Os benefícios do plano serão concedidos nos termos partir da data do requerimento de aposentadoria, e sua não-
e nas condições estabelecidos em lei e compreendem: concessão importará a reposição do período de afastamento.
I - quanto ao servidor público e agente político: § 9º - Para efeito de aposentadoria, é assegurada a
a) aposentadoria; contagem recíproca do tempo de contribuição na
b) auxílio-natalidade; administração pública e na atividade privada, rural e urbana,
c) salário-família diferenciado; hipótese em que os diversos sistemas de previdência social se
d) licença para tratamento de saúde; compensarão financeiramente, segundo critérios
e) licença-maternidade, licença-paternidade e licença- estabelecidos em lei federal.
adoção; § 10 - Nenhum benefício ou serviço da previdência social
f) licença por acidente em serviço; poderá ser criado, majorado ou estendido sem a
II - quanto ao dependente: correspondente fonte de custeio total.
a) pensão por morte;
b) auxílio-reclusão; Art. 64 - O servidor público que retornar à atividade após
c) auxílio-funeral; a cessação dos motivos que causaram sua aposentadoria por
d) pecúlio. invalidez terá direito, para todos os fins, salvo para o de
§ 5º - Nos casos previstos nas alíneas “d”, “e” e “f” do inciso promoção, à contagem do tempo relativo ao período de
I do parágrafo anterior, o servidor perceberá remuneração afastamento.
integral, como se em exercício estivesse.
§ 6º - declarado inconstitucional pelo Tribunal de Justiça Art. 65 - Incumbe a entidade da administração indireta
de Minas Gerais (ADI Nº 1477918-64.2000.8.13.10000) gerir, com exclusividade, o sistema de previdência e
§ 7º - O Poder, o órgão ou a entidade a que se vincule o assistência sociais dos servidores públicos e agentes políticos.
servidor público ou o agente político terá, após os descontos, o
prazo de dez dias para recolher as respectivas contribuições § 1º - Os cargos de direção da entidade serão ocupados por
sociais, sob pena de responsabilização do seu preposto e servidores municipais de carreira dela contribuintes, ativos e
pagamento dos acréscimos definidos em lei. aposentados, observada a habilitação profissional exigida
quando se tratar de diretoria técnica.
Art. 63 - O servidor público será aposentado: § 2º - Um terço dos cargos de direção da entidade será
I - por invalidez permanente, com proventos integrais, provido por servidor efetivo, eleito pelos filiados ativos e
quando decorrente de acidente em serviço, moléstia aposentados, para mandato de dois anos, vedada a recondução
profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável, consecutiva.
especificadas em lei, e proporcionais nos demais casos; § 3º - Homologado o resultado da eleição, o Prefeito, nos
II - compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com vinte dias subseqüentes, nomeará o eleito e lhe dará posse.
proventos proporcionais ao tempo de serviço; § 4º - Caso o Prefeito não o nomeie ou emposse, no prazo
III - voluntariamente: do parágrafo anterior, ficará o eleito investido no respectivo
a) aos trinta e cinco anos de serviço, se homem, e aos trinta, cargo.
se mulher, com proventos integrais;
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01.Certo / 02.Errado / 03.Errado / 04.Certo / 05.C Art. 58 - A realização de passeata ou manifestação popular
em logradouro público é livre, desde que:
I - não haja outro evento previsto para o mesmo local;
II - tenha sido feita comunicação oficial ao Executivo e ao
5. Lei Municipal n° 8.616, de Batalhão de Eventos da Polícia Militar de Minas Gerais,
14/07/2003 - Código de informando dia, local e natureza do evento, com, no mínimo,
24 (vinte e quatro) horas de antecedência;
Posturas Municipais; 5.1. III - não ofereça risco à segurança pública.
Título III/Capítulos I, II e IV.
[...]
CAPÍTULO IV
Prezado candidato, disponibilizaremos apenas o conteúdo DO EXERCÍCIO DE ATIVIDADES
exigido neste edital, que se refere aos artigos 46 a 58 e 116 na Seção I
185-B. Disposições Gerais
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Art. 121 - O licenciamento para exercício de atividade em Art. 125 - O documento de licenciamento é intransferível,
logradouro público terá sempre caráter precário e será feito exceto se o titular:
por meio de licitação, conforme procedimento previsto no I - falecer;
regulamento deste Código, que poderá ser simplificado em II - entrar em licença médica por prazo superior a 60
relação a alguma atividade, particularmente a classificada (sessenta) dias;
como eventual. III - tornar-se portador de invalidez permanente.
Parágrafo único - O prazo de validade do documento de § 1º - Nos casos admitidos nos incisos deste artigo, a
licenciamento variará conforme a classificação da atividade, transferência obedecerá à seguinte ordem:
podendo ser: I - cônjuge ou companheiro estável;
I - de até 1 (um) ano, prorrogável conforme dispuser o II - filho;
regulamento deste Código, quando se tratar de atividade III - irmão.
constante; § 2° - A validade do documento de licenciamento
II - de até 3 (três) meses ou até o encerramento do evento, transferido nos termos deste artigo se estenderá até que
conforme o caso, quando se tratar de atividade eventual, ocorra nova licitação para o exercício da atividade.
sendo, em ambos os casos, improrrogável.
Art. 126 - O horário de exercício de atividade no
Art. 122 - O documento de licenciamento deverá explicitar logradouro público será previsto no documento de
o equipamento ou apetrecho de uso admitido no exercício da licenciamento respectivo.
atividade respectiva no logradouro público e mencionar,
inclusive, a possibilidade de utilização de aparelho sonoro, Art. 127 - Para os fins deste Código, o equipamento para
sendo vedada a utilização de qualquer outro equipamento ou exercício de atividade no logradouro público constitui
apetrecho nele não explicitado. modalidade de mobiliário urbano.
Art. 123 - O documento de licenciamento é pessoal e Art. 128 - É expressamente proibida a instalação de trailer
específico para a atividade e o local de instalação ou área de em logradouro público, à exceção dos que, não se destinando a
trânsito nele indicados. atividade comercial, tenham obtido anuência do órgão
§ 1º - Somente poderá ser licenciada para exercício de competente do Executivo.
atividade em logradouro público a pessoa natural e desde que
não seja proprietária de estabelecimento industrial, comercial Art. 129 - Somente é permitida a comercialização no
ou de serviços. logradouro público de mercadoria com origem legal
§ 2º - Não será liberado mais de um documento de comprovada.
licenciamento para a mesma pessoa natural, mesmo que para
atividades distintas. Art. 130 - É proibida no logradouro público a realização de
§ 3º - O titular do documento de licenciamento poderá campanha para arrecadação de fundos.
indicar preposto para auxiliá-lo no exercício da atividade,
desde que tal preposto não seja titular de documento de Art. 131 - O Executivo capacitará o licenciado para o
licenciamento da mesma natureza, ainda que de atividade exercício de atividade no logradouro público, visando a
distinta. engajá-lo nos programas de interesse público desenvolvidos
§ 4º - As vedações de que tratam os § § 1º, 2º e 3º deste no respectivo local, podendo, inclusive, vir a utilizar o
artigo não se aplicam à possibilidade de acumular 1 (um) mobiliário onde a atividade é exercida como ponto de apoio e
documento de licenciamento para atividade constante com 1 referência para a comunidade.
(um) documento de licenciamento para atividade eventual.
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Art. 132 - O Executivo regulamentará este Capítulo, XXX - água mineral em embalagem descartável, sorvete e
especialmente no que se refere ao detalhamento dos critérios picolé embalados;
de licenciamento, às taxas respectivas e à fiscalização das XXXI - refrigerantes;
atividades. XXXII - sucos em embalagens descartáveis.
§ 1º - Será facultado à banca de jornais e revistas fazer a
Seção II distribuição de encarte, folheto e similar de cunho
Da Atividade em Banca promocional.
§ 2º - A distribuição prevista no § 1º deste artigo não
Art. 133 - Poderá ser exercida a atividade de comércio em poderá descaracterizar a atividade própria da banca.
banca instalada em logradouro público, que se sujeita a prévio § 3º - De acordo com o previsto no art. 131 desta lei, a
licenciamento, em processo a ser definido no regulamento banca de jornais e revistas deverá expor, em local visível, e
deste Código. distribuir material institucional.
§ 4º - Entende-se como material institucional, para os
Art. 134 - O comércio de que trata o art. 133 deste Código efeitos desta lei, panfletos, folhetos, encartes, publicações e
será destinado exclusivamente à venda ao consumidor das similares, elaborados pelo poder público municipal, com
mercadorias previstas nesta Seção para os seguintes tipos de objetivo de:
banca: I - informar sobre os serviços oferecidos pela Prefeitura;
I - banca de jornais e revistas, que será fixa; II - informar sobre pontos turísticos do Município de Belo
II - banca de flores e plantas naturais, que será fixa; Horizonte e de sua região metropolitana;
III - banca de bebidas naturais, que será móvel. III - divulgar campanhas promovidas pelo poder público
§ 1º - Cada um dos tipos de banca somente poderá explorar municipal;
o comércio das mercadorias que para ele tiverem sido IV - fornecer informações de utilidade pública.
previstas nesta Seção. § 5º - A distribuição do material institucional às bancas é
§ 2º - A banca móvel será instalada, preferencialmente, de responsabilidade do poder público municipal.
próximo a área de lazer e será montada sobre estrutura
metálica que facilite sua transferência para outro local. § 6º - O licenciado para o exercício de atividade em banca
§ 3º - Em caso de interesse público, devidamente de jornais e revistas e seus prepostos deverão ser qualificados
justificado, em que se demonstre haver necessidade de pelo Executivo para o exercício da função de divulgação e
remoção da banca de bebidas naturais, esta deverá ser distribuição de material institucional, de acordo com o
transferida para local a ser definido pelo Executivo. previsto no art. 131 desta lei, passando a ser denominados
§ 4º - O Executivo poderá autorizar a remoção da banca de Agentes de Divulgação de Informações - Adin.
bebidas naturais para outro local, mediante solicitação do § 7º - Nas laterais da banca será delimitado espaço, a ser
proprietário da banca. definido em regulamento, para instalação de painel destinado
a publicidade institucional.
Art. 135 - A banca de jornais e revistas destina-se à § 8º - O espaço previsto no § 7º deste artigo deverá ocupar,
comercialização de: no máximo, 30% (trinta por cento) da área das laterais da
I - jornal e revista; banca.
II - flâmula, álbum de figurinha, emblema e adesivo; § 9º - A banca de jornais e revistas poderá funcionar 24
III - cartão postal e comemorativo; (vinte e quatro) horas por dia.
IV - mapa e livro;
V - cartão telefônico e recarga de cartão magnético do Art. 136 - É proibida a exploração de banca de jornais e
sistema de transporte coletivo; revistas ao proprietário de empresa distribuidora de jornal e
VI - talão de estacionamento; revista, proibição extensiva ao cônjuge.
VII - selo postal;
VIII - bilhete de loteria e prognóstico explorado ou Art. 137 - A banca de flores e plantas naturais poderá
concedido pelo Poder Público; comercializar, além de flores e plantas naturais, também
IX - periódico de qualquer natureza, inclusive audiovisual produto utilizado no cultivo domiciliar de pequeno porte,
integrante do mesmo; como terra vegetal, adubo e semente.
X - ingresso para espetáculo público;
XI - carnê de sorteio autorizado pela fazenda Pública; Art. 137-A - A banca de bebidas naturais destina-se à
XII - artigo de papelaria de pequeno porte e serviço de comercialização de:
cópia e fax; I - água de coco;
XIII - impresso de utilidade pública; II - caldo de cana;
XIV - artigo para fumante, pilha, barbeador, preservativo; III - refresco;
XV - objeto encartado em publicação e material IV - suco natural;
fotográfico descartável; V - água mineral.
XVI - (VETADO)
XVII - (VETADO) Art. 138 - Em qualquer dos tipos de banca, a exposição do
XVIII - (VETADO) produto que comercializa somente será permitida no local
XIX - (VETADO) próprio, previsto para esta finalidade, em modelos
XX - (VETADO) padronizados aprovados pelo Poder Público.
XXI - acessórios para aparelho telefônico celular;
XXII - (VETADO) Seção III
XXIII - bombonière; Da Atividade em Veículo de Tração Humana e Veículo
XXIV - brindes diversos; Automotor
XXV - serviço de revelação de filmes fotográficos;
XXVI - cópias de chaves; Art. 139 - Poderão ser utilizados o veículo de tração
XXVII - brinquedos; humana e o automotor para a comercialização de alimento em
XXVIII - artesanatos; logradouro público, devendo tais veículos, bem como os
XXIX - (VETADO). utensílios e vasilhames utilizados no serviço, ser vistoriados e
Legislação 86
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APOSTILAS OPÇÃO
aprovados pelo órgão municipal responsável pela vigilância Art. 149 - O veículo automotor a ser utilizado deverá:
sanitária. I - estar devidamente emplacado pelo órgão competente,
respeitando-se as normas aplicáveis do Código de Trânsito
Art. 140 - A atividade de que trata esta Seção poderá ser Brasileiro;
exercida em sistema de rodízio estabelecido pela entidade II - ser utilitário de até 1.500Kg (mil e quinhentos
representativa de cada segmento, segundo critérios a serem quilogramas) Inciso II com redação dada pela Lei nº 10.899,
definidos pelo regulamento. de 7/1/2016 (Art. 1º)
III - estar devidamente adaptado;
Art. 141 - O licenciado para exercer atividade comercial em IV - atender às normas de segurança e de saúde pública;
veículo de tração humana ou automotor deverá, quando em V - ser aprovado em vistoria técnica anual pelo órgão
serviço: municipal responsável pelo trânsito.
I - portar o documento de licenciamento atualizado; Parágrafo único - Não se admitirá o comércio em trailer ou
II - usar uniforme limpo e de cor clara; reboque em logradouro público.
III - manter rigoroso asseio pessoal;
IV - zelar para que as mercadorias não estejam Art. 150 - É proibida ao comércio em veículo automotor a
deterioradas ou contaminadas e se apresentem em perfeitas utilização de:
condições higiênicas; I - sombrinha, mesa e cadeira;
V - zelar pela limpeza do logradouro público; II - som.
VI - manter o veículo em perfeitas condições de Parágrafo único - A instalação de toldo e o uso de
conservação, higiene e limpeza; publicidade obedecerão ao disposto no regulamento.
VII - acatar os dispositivos legais que lhe forem aplicáveis.
Art. 151 - O comércio em veículo automotor não poderá
Art. 142 - O veículo será de tipo padronizado, definido pelo ocorrer:
Executivo para cada modalidade de comércio, sendo, em I - em frente a portaria de estabelecimento de ensino,
qualquer caso, dotado de: hospital, clube e templo religioso;
I - recipiente adequado à coleta de resíduos; II - a menos de 50 m (cinqüenta metros) de lanchonete, bar,
II - extintor de incêndio apropriado, no caso de utilização restaurante e similar;
de substância inflamável no preparo dos produtos a serem III - em afastamento frontal de edificação;
comercializados. IV - em local onde a legislação de trânsito não permita a
parada ou o estacionamento de veículo.
Parágrafo único - O veículo não poderá apresentar
expansão ou acréscimo de qualquer espécie, vedada a Art. 152 - Não será permitida a venda ambulante de
exposição de mercadoria em suas partes externas. alimento em cesto, baú, tabuleiro ou qualquer outro recipiente
similar.
Art. 143 - A mercadoria não poderá ficar exposta em
caixote ou assemelhado colocado no passeio ou via pública. Art. 153 - O regulamento deste Código:
I - definirá a documentação necessária ao licenciamento
Art. 144 - É proibido comercializar em veículo: para o exercício de atividade comercial em veículos de tração
I - Inciso I revogado pela Lei nº 10.947, de 13/7/2016 humana e automotor;
II - caldo de cana; II - poderá estabelecer, em área específica, proibições
III - café; adicionais relativas a horários e a locais para o exercício de
IV - carnes e derivados; atividade comercial em veículos.
IV - sorvete de fabricação instantânea, proveniente de
xaropes ou qualquer outro processo; Seção III-A
VI - fruta descascada ou partida, exceto laranja, que deverá Da Atividade Exercida por Pessoa com Deficiência
ser descascada na hora, a pedido e à vista do consumidor. Seção III-A renomeada pela Lei nº 10.947, de
13/7/2016 (Art. 2º)
Art. 145 - Os produtos comercializados em veículos
deverão atender ao disposto na legislação sanitária específica. Art. 153-A - Poderá ser exercida, nos termos desta Seção, a
atividade de comércio em logradouro público por pessoa com
Art. 146 - O licenciado para o comércio em veículo de deficiência, que dependerá de prévio licenciamento. Caput
tração humana somente poderá comercializar algodão-doce, com redação dada pela Lei nº 10.947, de 13/7/2016 (Art.
milho verde, água-de-coco, doces, água mineral, suco e 3º)
refresco industrializado, refrigerante, picolé, sorvete, pipoca, Parágrafo único - O licenciado deverá:
praliné, amendoim torrado, cachorro-quente, churro e frutas. I - exercer a atividade de que trata esta Seção sem a
utilização de carrinho, banca, mesa ou outro equipamento que
Art. 147 - É vedado ao licenciado para atividade ocupe espaço no logradouro público;
desenvolvida em veículo de tração humana: II - exercer pessoalmente as atividades respectivas, sendo-
I - o preparo de alimentos não elencados no art. 146 deste lhe proibido colocar preposto no serviço;
Código; III - portar o documento de licenciamento e apresentá-lo à
II - o preparo de bebida, ou mistura de xarope, essência ou fiscalização quando solicitado.
outro produto corante ou aromático;
III - a venda fracionada de refrigerante, água mineral, suco Seção IV
ou refresco industrializado. Da Atividade de Engraxate
Art. 148 - O licenciado para o comércio em veículo Art. 154 - Poderá ser exercida em logradouro público a
automotor somente poderá comercializar lanche rápido, água atividade de engraxate, que dependerá de licenciamento,
mineral, suco ou refresco industrializado e refrigerante, observado que:
conforme definido em regulamento. I - seja dada prioridade aos candidatos com maior grau de
carência socioeconômica;
Legislação 87
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APOSTILAS OPÇÃO
II - haja isenção do pagamento de taxa ou de qualquer proximidade que definir em relação a local onde possa
outro tributo ou preço público. comprometer a segurança de pessoa ou de bem.
Legislação 88
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APOSTILAS OPÇÃO
Art. 172 - É proibido ao feirante: Art. 178 - A feira de arte e artesanato comercializará
I - faltar injustificadamente a 2 (dois) dias de feira produtos resultantes da ação predominantemente manual,
consecutivos ou a mais de 4 (quatro) dias de feira por mês; que agreguem significado cultural, utilitário, artístico,
II - apregoar mercadoria em voz alta; patrimonial ou estético e que, feitos com todos os materiais
III - vender produto diferente dos constantes em seu possíveis, sejam de elaboração exclusivamente artesanal, não
documento de licenciamento; sendo elaborados em nível final, exceto quando reciclados.
IV - fazer uso do passeio, da arborização pública, do
mobiliário urbano público, da fachada ou de quaisquer outras Art. 179 - A feira de antigüidade comercializará objetos
áreas das edificações lindeiras para exposição, depósito ou selecionados de acordo com a data de fabricação - que é
estocagem de mercadoria ou vasilhame ou para colocação de critério fundamental -, com o estilo de época, a raridade, a
apetrecho destinado à afixação de faixa e cartaz ou a suporte possibilidade de serem colecionados e as peculiaridades
de toldo ou barraca; locais.
V - ocupar espaço maior do que o que lhe foi licenciado; Parágrafo único - A fim de se evitar a evasão do patrimônio
VI – explorar a atividade exclusivamente por meio de histórico, artístico e cultural, cada expositor deverá manter
auxiliar previsto no § 3º do art. 123 desta Lei; registro de procedência e destino das peças sacras, mobiliário
VII - lançar, na área da feira ou em seus arredores, detrito, e outros que porventura venha a comercializar na feira.
gordura e água servida ou lixo de qualquer natureza;
VIII - vender, alugar ou ceder a qualquer título, total ou Art. 180 - A feira de comidas e bebidas típicas
parcialmente, permanente ou temporariamente, seu direito de comercializará produtos que:
participação na feira; I - estejam ligados a origem cultural determinada,
IX - utilizar letreiro, cartaz, faixa e outro processo de constituindo tradição cultural das cozinhas mineira, nacional
comunicação no local de realização da feira; e internacional;
X - fazer propaganda de caráter político ou religioso II - resultem de preparo e processo exclusivamente
durante a realização da feira, no local onde ela funcione. caseiro, à exceção de cerveja, refrigerante, suco e refresco
Parágrafo único - No caso de feira permanente, é permitido industrializado e água mineral.
ao feirante fazer uso do passeio, desde que seja respeitada a
faixa reservada a trânsito de pedestre, conforme dispõe o art. Art. 181 - A feira promocional será destinada a divulgar
64 deste Código. atividade, produto, tecnologia, serviço, país, estado ou cidade.
§ 1º - Na feira prevista no caput é vedada a venda a varejo.
Art. 173 - (VETADO) § 2º - É permitida, na feira prevista no caput, a instalação
de espaços destinados à prestação de serviço distinto da
Art. 174 - O feirante deverá utilizar banca para expor sua finalidade da feira, desde que ocupando no máximo 10 % (dez
mercadoria, respeitando o disposto nos arts. 95, 96 e 97 deste por cento) de seu espaço total.
Código, no que for compatível.
Subseção V
Subseção IV Da Coordenação das Feiras
Das Modalidades e Especificidades da Feira
Art. 182 - As feiras serão coordenadas por uma comissão
Art. 175 - A feira poderá ser: paritária constituída, em igual número, por representantes do
I - permanente, a que for realizada continuamente, ainda Executivo e dos feirantes, com suplência, sendo que haverá
que tenha caráter periódico; uma comissão para cada uma das modalidades de feira
II - eventual, a que for realizada esporadicamente, sem o previstas no art. 176 deste Código.
sentido de continuidade. § 1º - Os representantes dos feirantes serão eleitos
Parágrafo único - As feiras permanentes deverão ter diretamente entre os licenciados nas feiras, em processo
espaço destinado a apresentação gratuita de grupos regionais, autônomo.
culturais e de diversão. § 2º - Os membros suplentes serão escolhidos da mesma
forma que os membros titulares.
Art. 176 - Serão admitidas as seguintes modalidades de § 3º - O mandato dos membros da comissão paritária será
feira: de 1 (um) ano, renovável uma vez por igual período.
I - feira livre, a que se destinar à venda, exclusivamente a § 4º - Os membros da comissão paritária não farão jus a
varejo, de frutas, legumes, verduras, aves vivas e abatidas, qualquer espécie de remuneração.
ovos, gêneros alimentícios componentes da cesta básica, § 5º - Serão excluídos da comissão paritária os membros,
pescados, doces e laticínios, biscoitos a granel, cereais, óleos titulares ou suplentes, que faltarem injustificadamente a mais
comestíveis, artigos de higiene e limpeza artesanais, utilidades de 4 (quatro) reuniões por ano.
Legislação 89
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APOSTILAS OPÇÃO
Art. 185 - O Poder Público, de ofício ou mediante Estabelece a estrutura orgânica da administração pública
solicitação da comissão paritária, constituirá um grupo técnico do Poder Executivo e dá outras providências.
de avaliação, composto por especialistas nas atividades
desenvolvidas nas feiras e em urbanismo e que não sejam O Povo do Município de Belo Horizonte, por seus
feirantes. representantes, decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Parágrafo único - Compete ao grupo técnico de avaliação:
I - avaliar a natureza, a qualidade da produção e do CAPÍTULO I
material e as ferramentas utilizadas, podendo fazê-lo nos DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
locais de exposição, armazenagem ou produção;
II - apreciar a compatibilização do material a ser exposto e Art. 1º – Esta lei estabelece a estrutura orgânica da
comercializado com as prescrições deste Código, de seu administração pública do Poder Executivo do Município de
regulamento e do documento de licenciamento respectivo; Belo Horizonte.
III - assessorar a comissão paritária sempre que solicitado.
Art. 2º – A administração pública compreende a
Seção VII administração direta e a indireta.
Da Atividade em Quiosque em Locais de Caminhada
Art. 3º – Os órgãos e entidades da administração pública
Art. 185-A - Poderá ser exercida atividade de comércio em municipal relacionam-se por subordinação administrativa,
quiosque instalado no logradouro público, exclusivamente em subordinação técnica, vinculação e suporte técnico-
locais de caminhada, sujeita a prévio Iicenciamento, em administrativo.
processo a ser definido no regulamento deste Código. § 1º – Para os efeitos desta lei, entende-se por:
I – subordinação administrativa: a relação hierárquica de
Art. 185-B - O quiosque destina-se à comercialização de: secretarias e órgãos autônomos com o prefeito, bem como das
I - água mineral; unidades administrativas com os titulares dos órgãos e das
II - água de coco; entidades a que se subordinam;
III - bebidas não alcoólicas; II – subordinação técnica:
IV - bombonière; a) a relação de subordinação das unidades setoriais às
V - picolés e sorvetes em embalagens descartáveis; unidades centrais, no que se refere à normalização e à
VI - exploração de sanitário público. orientação técnica;
b) a relação hierárquica de um órgão ou unidade com outro
Questões órgão ou unidade, independentemente da existência de
relação de subordinação administrativa;
01. Mobiliário urbano é o equipamento de uso coletivo III – vinculação: a relação de entidade da administração
instalado em logradouro público com o fim de atender a uma indireta com a secretaria municipal responsável pela
utilidade ou a um conforto públicos. formulação das políticas públicas de sua área de atuação, para
( ) Certo ( ) Errado a integração de objetivos, metas e resultados;
IV – suporte técnico-administrativo: a relação de órgão
02. Cumpre ao licenciado realizar serviços de sapataria colegiado com a secretaria municipal, no que se refere a
além dos permitidos nesta Seção garantir e fornecer as condições técnicas, operacionais e
( ) Certo ( ) Errado administrativas necessárias à implementação das diretrizes
Gabarito das políticas públicas estabelecidas no Plano Plurianual de
Ação Governamental – PPAG.
01. Certo / 02. Errado § 2º – Compete às secretarias municipais exercer a
supervisão das atividades das entidades a elas vinculadas nos
termos do inciso III do § 1º, observada a natureza do vínculo.
54 Disponível em https://www.cmbh.mg.gov.br/atividade-legislativa/pesquisar-
legislacao/lei/11065/2017 acesso em 13.03.2019
Legislação 90
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APOSTILAS OPÇÃO
como órgãos centrais, no âmbito de suas respectivas IV – a alteração dos limites de despesa com cargos e
competências. funções de confiança, respeitados os parâmetros estabelecidos
Parágrafo único – Para fins do disposto no caput, em regulamento.
consideram-se órgãos centrais aqueles responsáveis pela
elaboração de políticas e diretrizes a serem seguidas pelos Art. 36 – Os órgãos, autarquias e fundações do Poder
demais órgãos e entidades do Poder Executivo. Executivo encaminharão proposta de estruturação para
análise e manifestação da SMPOG de acordo com normas
Art. 5º – Os órgãos, as autarquias e as fundações da definidas em regulamento.
administração pública do Poder Executivo, observada a
conveniência administrativa, poderão, nos termos de decreto, Seção II
compartilhar a execução das atividades jurídicas e de apoio e Da Administração Direta
suporte administrativo.
Art. 37 – A administração direta constitui-se de órgãos sem
[...] personalidade jurídica, criados por lei, em decorrência da
desconcentração e da hierarquia.
Parágrafo único – A administração direta compreende:
CAPÍTULO III I – o Gabinete do Prefeito;
DA ESTRUTURA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DO II – o Gabinete do Vice-Prefeito;
PODER EXECUTIVO III - as secretarias municipais;
Seção I IV – os órgãos autônomos;
Disposições Gerais V – os órgãos colegiados.
Art. 34 – A organização dos órgãos, autarquias e fundações, Art. 38 – O Gabinete do Prefeito – GP – tem como
respeitadas as competências e estruturas básicas previstas competência:
nesta lei e o disposto em leis específicas, será estabelecida em I – elaborar, instruir e dar publicidade aos atos oficiais de
decreto, que conterá: governo;
I – a estrutura organizacional e as atribuições dos órgãos, II – promover a análise técnico-legislativa para o exercício
autarquias e fundações do Poder Executivo e de suas das competências legislativas e do poder regulamentar;
respectivas unidades administrativas, decorrentes das III – assistir diretamente o prefeito no desempenho de suas
competências previstas nesta lei; atribuições;
II – a subordinação, a sede e a área de abrangência das IV – editar e gerir as publicações no Diário Oficial do
unidades regionais, quando couber; Município.
III – as atribuições e a composição das unidades colegiadas
das autarquias e fundações de que trata esta lei; Art. 39 – O Gabinete do Vice-Prefeito – GVP – tem como
IV – as atribuições e a composição dos órgãos colegiados, competência prestar apoio e assessoramento administrativo,
quando couber. operacional e técnico ao vice-prefeito no desempenho de suas
§ 1º – Na definição da estrutura organizacional e das atribuições definidas pela Lei Orgânica do Município e nas
atribuições dos órgãos, autarquias e fundações e de suas funções a ele conferidas por lei ou delegadas pelo prefeito, bem
unidades serão observados: como colaborar com o prefeito no acompanhamento das metas
I – a gestão descentralizada, participativa, transparente e governamentais.
integrada;
II – o atendimento às demandas populares; Art. 40 – O apoio técnico, logístico e operacional para o
III – o suporte às ações de planejamento, implementação e funcionamento dos gabinetes do prefeito e do vice-prefeito
monitoramento de políticas, inclusive as orçamentárias; será prestado pela Secretaria Municipal de Assuntos
IV – o desenvolvimento sustentável; Institucionais e Comunicação Social e pela Secretaria
V – a coerência com as finalidades organizacionais; Municipal de Governo, respectivamente.
VI – a coerência com as necessidades regionais;
VII – a inclusão social e o enfrentamento das desigualdades Subseção II
socioeconômicas. Das Secretarias Municipais
§ 2º – A estrutura dos órgãos, autarquias e fundações
poderá conter unidades regionais descentralizadas nas Art. 41 – As secretarias municipais que compõem a
Coordenadorias de Atendimento Regionais, de acordo com a administração direta e suas competências são as constantes
necessidade de desconcentração e descentralização dos nesta subseção.
serviços e das políticas públicas a cargo do Poder Executivo e § 1º – Compõem a estrutura organizacional da
nos termos definidos em decreto. administração direta as seguintes secretarias:
I – a Secretaria Municipal de Assistência Social, Segurança
Art. 35 – Para fins de elaboração do decreto de que trata o Alimentar e Cidadania – SMASAC;
art. 34 desta lei, serão observadas: II – a Secretaria Municipal de Assuntos Institucionais e
I – a concentração das atividades setoriais e seccionais de Comunicação Social – SMAICS;
planejamento, gestão e finanças; III – a Secretaria Municipal de Cultura – SMC;
II – as diretrizes e orientações normativas estabelecidas IV – a Secretaria Municipal de Desenvolvimento
pelas unidades centrais para as atividades de planejamento, Econômico – SMDE;
gestão e finanças, jurídicas e de comunicação social; V – a Secretaria Municipal de Educação – SMED;
III – a disponibilidade de cargo de provimento em VI – a Secretaria Municipal de Esportes e Lazer – SMEL;
comissão ou, quando couber, função gratificada para a chefia VII – a Secretaria Municipal de Fazenda – SMFA;
das unidades administrativas; VIII – a Secretaria Municipal de Governo – SMGO;
Legislação 91
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APOSTILAS OPÇÃO
IX – a Secretaria Municipal de Meio Ambiente – SMMA; f) Conselho Municipal do Auxílio de Transporte Escolar –
X – a Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura – Comate;
SMOBI; g) o Conselho Municipal da Juventude – Comjuve;
XI – a Secretaria Municipal de Planejamento, Orçamento e h) o Conselho Municipal dos Direitos da Mulher – CMDM;
Gestão – SMPOG; i) o Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com
XII – a Secretaria Municipal de Política Urbana – SMPU; Deficiência – CMDPD;
XIII – a Secretaria Municipal de Saúde – SMSA; j) o Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial –
XIV – a Secretaria Municipal de Segurança e Prevenção – Compir.
SMSP. § 2º – Cabe à SMASAC gerir:
§ 2º – As secretarias municipais organizam-se conforme a I – o Fundo Municipal de Assistência Social;
seguinte estrutura básica: II – o Fundo Municipal de Segurança Alimentar e
I – Gabinete; Nutricional – FUMUSAN;
II – Diretoria de Planejamento, Gestão e Finanças; III – o Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do
III – subsecretarias; Adolescente;
IV – VETADO IV – o Fundo Municipal do Idoso;
§ 3º – As subsecretarias a que se refere o inciso III do § 2º V – o Fundo Municipal do Auxílio de Transporte Escolar;
serão denominadas e especificadas em decreto. VI – o Fundo Municipal de Alimentação Escolar;
§ 4º – As estruturas básicas das secretarias poderão, VII – o Fundo Municipal de Proteção e Defesa das Minorias;
excepcionalmente, mediante manifestação da SMPOG: VIII – o Fundo Municipal dos Direitos da Mulher.
I – não conter diretoria de planejamento, gestão e finanças
ou substituí-la por unidades administrativas com atribuições Art. 43 – A Secretaria Municipal de Assuntos Institucionais
equivalentes; e Comunicação Social – SMAICS – tem como competência
II – não conter subsecretarias. coordenar e desenvolver as atividades de:
§ 5º – VETADO I – interlocução com o Poder Legislativo municipal, com os
demais entes federados e com organismos da sociedade civil;
Art. 42 - A Secretaria Municipal de Assistência Social, II – articulação política intergovernamental;
Segurança Alimentar e Cidadania – SMASAC – tem como III – relações públicas e cerimonial;
competência planejar, coordenar e executar: IV – comunicação externa e interna do Poder Executivo;
I – a política municipal de assistência social, por V – assessoria de imprensa, cobertura e distribuição de
intermédio do Sistema Único da Assistência Social – Suas-BH, material jornalístico;
observados os objetivos de proteção social, vigilância VI – ajudância de ordens e segurança pessoal do prefeito;
socioassistencial e defesa social e institucional; VII – assessoramento nas relações institucionais entre o
II – a política municipal de segurança alimentar e Poder Executivo municipal, a Polícia Militar de Minas Gerais, o
nutricional sustentável, por intermédio do Sistema de Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais, organizações
Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável – Sisan; militares, Polícia Civil de Minas Gerais e Polícia Federal;
III – a articulação e as atividades relativas à política de VIII – apoio e assessoramento ao Gabinete do Prefeito.
garantia de igualdade de direitos e cidadania para a Parágrafo único – As funções previstas nos incisos VI e VII
preservação, defesa e inclusão de indivíduos, especialmente serão exercidas por servidores da ativa da Polícia Militar do
de: Estado de Minas Gerais – PMMG, cedidos pela referida
a) crianças, adolescentes e jovens; corporação, observada a legislação própria da instituição.
b) mulheres;
c) pessoa idosa; Art. 44 – A Secretaria Municipal de Cultura – SMC – é órgão
d) pessoa com deficiência; gestor do Sistema Municipal de Cultura, previsto no § 4º do art.
e) VETADO 216-A da Constituição da República, e tem como competência
f) pessoa negra, quilombola, cigana, indígena, aldeado ou planejar, organizar, dirigir, coordenar, executar, controlar e
não, e demais grupos sociais e comunidades tradicionais; avaliar as ações setoriais a cargo do Município relativas:
g) população LGBT; I – à formulação de políticas culturais democráticas,
h) VETADO transversais, participativas, transparentes e descentralizadas
i) VETADO para o Município;
j) VETADO II – ao pleno exercício dos direitos culturais e à
IV – o desenvolvimento de estratégias intersetoriais de democratização e universalização do acesso à cultura;
governo que visem ao atendimento dos públicos assistidos III – à promoção da diversidade cultural e étnico-racial;
pela SMASAC; IV – à proteção do patrimônio cultural material e imaterial;
V – a estruturação, o apoio administrativo e o V – à formalização de políticas e programas para
assessoramento técnico aos conselhos tutelares, em parceria valorização dos setores artístico-culturais do Município,
com as Coordenadorias de Atendimento Regional; incluindo as manifestações das culturas populares tradicionais
VI – o acesso regular e permanente da população em e urbanas, patrimoniais, indígenas e afro-brasileiras;
vulnerabilidade social ou em situação de rua ao restaurante VI – à coordenação da política municipal de arquivos;
popular, assegurando-lhe o direito a refeições necessárias e VII – VETADO
adequadas. VIII – ao fomento da pesquisa em artes, cultura e gestão
§ 1º – Integram a área de competência da SMASAC: cultural;
I – por suporte técnico-administrativo: IX – VETADO
a) o Conselho Municipal do Idoso de Belo Horizonte – CMI– X - à elaboração da política municipal de arquivos;
BH; XI – à elaboração da política municipal de proteção do
b) o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do patrimônio histórico, artístico e urbano, em articulação com a
Adolescente – CMDCA; política urbana do Município;
c) o Conselho Municipal de Segurança Alimentar e XII – VETADO
Nutricional de Belo Horizonte – Comusan–BH; XIII – à formulação de políticas públicas e planejamento
d) o Conselho de Alimentação Escolar – CAE; das atividades das Unidades Culturais do Município;
e) o Conselho Municipal de Assistência Social – CMAS;
Legislação 92
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APOSTILAS OPÇÃO
§ 1º – A SMC, no exercício de suas competências, atuará em Art. 46 – A Secretaria Municipal de Educação – SMED – tem
cooperação com os demais entes federados e com os diferentes como competência:
segmentos culturais na articulação dos sistemas de cultura. I – coordenar a formulação e a execução da política
§ 2º – Integram a área de competência da SMC: educacional e pedagógica do Município, visando à garantia do
I – por suporte técnico-administrativo: direito ao acesso, permanência e aprendizagem na educação
a) o Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural do básica e ao cumprimento dos preceitos e princípios
Município de Belo Horizonte - CDPCM; constitucionais;
b) o Conselho Municipal de Política Cultural – Comuc; II – proporcionar o acesso e a permanência na educação
c) a Comissão Municipal de Incentivo à Cultura – CMIC; básica em todos os seus níveis e nas modalidades de educação
d) VETADO especial e educação de jovens e adultos;
II – por vinculação, a Fundação Municipal de Cultura – FMC. III – coordenar as atividades de organização escolar nos
§ 3º – Cabe à SMC gerir: aspectos legal, administrativo, financeiro e da estrutura física
I – o Fundo Municipal de Cultura; e material;
II – o Fundo de Proteção do Patrimônio Cultural do IV – desenvolver e coordenar o acompanhamento e a
Município de Belo Horizonte – FPPC–BH. implementação:
§ 4º – VETADO a) das atividades pedagógicas e do Sistema Municipal de
Ensino;
Art. 45 – A Secretaria Municipal de Desenvolvimento b) das políticas de formação continuada destinadas ao
Econômico – SMDE – tem como competência planejar, aperfeiçoamento dos profissionais da educação;
organizar, dirigir, coordenar, executar, controlar e avaliar as c) de novas tecnologias e inovações na aprendizagem;
ações setoriais a cargo do Município relativas: V – fomentar e apoiar os Conselhos Escolares, promovendo
I – à política municipal de desenvolvimento econômico; a participação das famílias no monitoramento das políticas
II – à promoção e ao fomento: educacionais;
a) da indústria, do comércio e dos serviços; VI – implementar programas voltados ao desenvolvimento
b) do cooperativismo, do artesanato de grupos regionais, cultural dos alunos, mediante a inclusão de conteúdos
culturais e étnicos, dos arranjos produtivos locais, da relacionados às artes, à música e aos usos e costumes dos
economia solidária e da economia criativa. diferentes grupos étnicos brasileiros;
III – ao apoio e ao fomento das microempresas e empresas VII – elaborar e coordenar estudos, planos, programas,
de pequeno e médio porte e do microempreendedor projetos e pesquisas que viabilizem o desenvolvimento da
individual; política educacional;
IV – ao apoio à logística em geral e ao comércio exterior; VIII – fiscalizar e garantir o cumprimento das leis federais
V – à prospecção, identificação e criação de oportunidades nºs 10.639, de 9 de janeiro de 2003, e 11.645, de 10 de março
locais, nacionais e internacionais de negócios, promovendo a de 2008, que torna obrigatório o estudo da história e da
atração de investimentos para o Município; cultura afro-brasileira e indígena nos estabelecimentos de
VI – ao estímulo e incentivo à instalação e manutenção de ensino;
empreendimentos na cidade; IX – garantir o direito à educação plena a crianças, jovens e
VII – ao desenvolvimento e ao fomento da pesquisa, da adultos dos povos e comunidades tradicionais.
inovação e do empreendedorismo; Parágrafo único – Integram a área de competência da
VIII – ao apoio à geração e à aplicação do conhecimento SMED:
científico e tecnológico; I – por suporte técnico-administrativo:
IX – às atividades de proteção e defesa do consumidor; a) o Conselho Municipal de Educação – CME;
X – à política de investimento em qualificação e b) o Conselho Municipal de Acompanhamento e Controle
requalificação profissional e em geração de emprego; Social do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da
XI – à coordenação da gestão municipalizada dos Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da
programas da política pública de trabalho promovidas pela Educação – Fundeb.
União;
XII – à articulação e ao fomento das atividades turísticas do Art. 47 – A Secretaria Municipal de Esportes e Lazer – SMEL
Município; – tem como competência:
XIII – ao assessoramento ao prefeito no cumprimento da I – planejar, dirigir, executar, controlar e avaliar as
agenda internacional, bem como na realização do receptivo de atividades setoriais a cargo do Município que visem ao
missões, autoridades e instituições financeiras; desenvolvimento social, por meio de ações relacionadas ao
XIV – a programas estratégicos para o desenvolvimento esporte e ao lazer;
urbano, em articulação com a SMPU; II – coordenar as práticas de esportes, atividades físicas e
§ 1º – Integram a área de competência da SMDE: de lazer para a população;
I – por suporte técnico-administrativo: III – planejar as atividades de implantação e controle de
a) o Conselho Municipal de Turismo de Belo Horizonte – equipamentos esportivos no Município.
Comtur-BH; Parágrafo único – Integra a área de competência da SMEL,
b) o Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico – por suporte técnico-administrativo, o Conselho Municipal de
Codecom; Política de Esportes de Belo Horizonte – CMES-BH.
c) o Conselho Municipal de Proteção e Defesa do
Consumidor – Comdecon-BH; Art. 48 – A Secretaria Municipal de Fazenda – SMFA – tem
d) a Comissão Municipal de Emprego; como competência:
e) VETADO I – planejar, organizar, dirigir, coordenar, executar,
II – por vinculação, a Empresa Municipal de Turismo de controlar e avaliar:
Belo Horizonte S/A – Belotur. a) a política e a administração tributária e fiscal;
§ 2º – Cabe à SMDE gerir: b) a gestão dos recursos financeiros;
I – o Fundo Municipal de Desenvolvimento Econômico; c) a política de parcerias público-privadas;
II – o Fundo de Defesa do Consumidor; d) as atividades contábeis relativas à gestão orçamentária,
III – o Fundo Municipal de Turismo. financeira e patrimonial da administração direta e dos fundos
municipais;
Legislação 93
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APOSTILAS OPÇÃO
e) a captação e renegociação de operações de crédito junto I – coordenar, elaborar e executar a política de recursos
ao sistema financeiro e demais organismos financiadores; hídricos e de proteção e preservação da biodiversidade em
II – exercer a orientação normativa, a supervisão técnica e âmbito municipal, em parceria com os comitês e subcomitês
o controle das atividades contábeis relativas à gestão de bacias afetos ao Município;
orçamentária, financeira e patrimonial da Administração II – coordenar, executar e monitorar a política de educação
Indireta; ambiental do Município;
III – coordenar e exercer o controle dos créditos devidos III – coordenar e executar as atividades de controle
ao Município e dos procedimentos relacionados a sua ambiental, deliberando sobre o licenciamento ambiental e a
cobrança e arrecadação; avaliação dos empreendimentos de impacto e das respectivas
IV – rever, em instância administrativa, o crédito tributário medidas mitigadoras ou compensatórias;
constituído e impugnado pelo sujeito passivo da obrigação IV – normatizar e monitorar a política de áreas verdes e de
tributária; arborização do Município e desenvolver estudos e projetos
V – coordenar e controlar as atividades relativas à sobre a matéria;
fiscalização, ao lançamento e à arrecadação dos tributos V – planejar, implementar e coordenar a política de
municipais, mantendo atualizados os respectivos cadastros; enfrentamento das mudanças climáticas do Município e
VI – coordenar e controlar o recebimento das receitas incentivar estratégias de desenvolvimento sustentável;
municipais, os pagamentos dos compromissos do Município e VI – articular a parceria e a participação de Belo Horizonte
as operações relativas a financiamentos e repasses; em redes colaborativas nacionais e internacionais,
VII – coordenar e executar o controle das operações de especialmente aquelas voltadas para a organização e atuação
crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e haveres do de cidades ou governos locais no enfrentamento das mudanças
Município; climáticas;
VIII – formular e coordenar as políticas de recursos VII – coordenar a elaboração de propostas de legislação
logísticos e do patrimônio mobiliário e imobiliário, inclusive ambiental municipal;
no que se refere aos serviços gerais e às atividades de VIII – VETADO
comunicação, arquivo, telefonia, gráfica, transporte, IX – elaborar, coordenar e executar políticas públicas
suprimentos, conservação e limpeza; voltadas à proteção e à defesa dos animais;
IX – prestar informações à SMPOG sobre temas pertinentes X – normatizar, monitorar e avaliar a qualidade ambiental
à política de remuneração e relações de trabalho dos do Município no que diz respeito aos parâmetros hídricos,
servidores e empregados públicos da administração direta do atmosféricos, climáticos, de poluição do solo, radiológicos e
Poder Executivo; referentes à manutenção e conservação da biodiversidade e da
X – supervisionar e executar os procedimentos referentes arborização urbana;
às normas de finanças relativas à gestão fiscal e verificar o XI – normatizar, monitorar, executar e avaliar a
cumprimentos das formalidades dos atos relacionados ao fiscalização de controle ambiental no Município em
processamento e ao pagamento das despesas municipais; colaboração com outros órgãos e entidades da administração
XI – coordenar o sistema de gerenciamento do patrimônio municipal;
do Poder Executivo, respeitada a competência da SMPU, XII – coordenar a elaboração, executar, monitorar e avaliar
quanto ao patrimônio específico, em atendimento ao disposto a implementação de planos, programas e projetos de
no inciso VIII; desenvolvimento ambiental;
XII – coordenar e executar a organização da legislação XIII – elaborar e implementar planos, programas,
tributária municipal e orientar os contribuintes sobre a sua pesquisas, projetos e atividades para a promoção da política
correta aplicação. ambiental;
§ 1º – Integra a área da SMFA, por vinculação, a Empresa XIV – VETADO
PBH Ativos S.A. XV – incorporar a especificidade dos povos e comunidades
§ 2º – Cabe à SMFA gerir o Fundo de Modernização e tradicionais nas políticas públicas de meio ambiente;
Aprimoramento da Administração Tributária do Município – XVI – preservar o território dos quilombos urbanos de Belo
FMAATM. Horizonte.
§ 1º – Integram a área de competência da SMMA:
Art. 49 – A Secretaria Municipal de Governo – SMGO – tem I – por suporte técnico-administrativo, o Conselho
como competência: Municipal de Meio Ambiente – Comam;
I – coordenar as atividades de apoio às ações políticas de II – por vinculação, a Fundação de Parques Municipais e
governo; Zoobotânica – FPMZB.
II – planejar e coordenar, com participação dos órgãos e § 2º – Compete à SMMA gerir:
entidades do Poder Executivo, as políticas de mobilização I – o Fundo Municipal de Defesa Ambiental;
social; II – o Fundo de Operação do Parque das Mangabeiras.
III – coordenar e executar as atividades de
acompanhamento e suporte às instâncias de participação Art. 51 – A Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura
popular e colegiados; – SMOBI – tem como competência planejar, coordenar,
IV – monitorar e adotar as medidas necessárias à execução controlar, regular e avaliar as ações setoriais a cargo do
de prioridades definidas pelo prefeito para proporcionar a Município relativas a obras públicas, infraestrutura urbana e
atuação articulada dos órgãos e entidades; moradia, especialmente no que se refere:
V – articular as respostas às demandas da sociedade civil I – à elaboração e à execução do orçamento referente a
que lhe forem encaminhadas pelo prefeito; planos, programas e projetos de obras de edificação,
VI – prestar apoio e assessoramento ao Gabinete do Vice- pavimentação, infraestrutura, moradia e saneamento básico
Prefeito. relativo ao sistema de drenagem;
II – ao planejamento, acompanhamento, fiscalização e
Art. 50 – A Secretaria Municipal de Meio Ambiente – SMMA execução de trabalhos topográficos e geotécnicos das obras
– tem como competência elaborar e implementar a política municipais;
ambiental do Município, visando promover a proteção, a III – à implementação de obras relativas aos sistemas
conservação e a melhoria da qualidade de vida da população, viário e rodoviário municipal;
bem como:
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APOSTILAS OPÇÃO
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APOSTILAS OPÇÃO
Parágrafo único – Integra a área de competência da SMPU, c) auxiliar a obtenção de linhas de crédito específicas para
por suporte técnico-administrativo: programas voltados para a segurança;
I – o Conselho Municipal de Política Urbana – Compur; d) fomentar a participação da comunidade na formulação
II – as Juntas Integradas de Julgamento Fiscal e a Junta e aplicação das políticas de segurança;
Integrada de Recursos Fiscais, incumbidas de julgar em e) VETADO
primeira e segunda instância administrativa, respectivamente, II – no âmbito das políticas de segurança social:
os contenciosos administrativos decorrentes das ações fiscais a) financiar estudos e desenvolver projetos voltados à
nas áreas de atividades em vias urbanas, controle ambiental, segurança, em parceria com a comunidade, órgãos públicos e
limpeza urbana, obras e posturas; entidades da sociedade civil;
III – VETADO b) planejar a operacionalidade das políticas públicas de
segurança social, em conjunto com órgãos municipais, visando
Art. 54 – A Secretaria Municipal de Saúde – SMSA – tem à diminuição da criminalidade;
como competência: c) formular e aplicar, diretamente ou em colaboração com
I – coordenar e executar programas, projetos e atividades órgãos municipais, métodos preventivos para reduzir a
visando promover o atendimento integral à saúde da violência e a sensação de insegurança;
população do Município, como gestora municipal do Sistema III – prestar apoio técnico e administrativo às unidades de
Único de Saúde – SUS; alistamento militar, em colaboração com os demais entes
II – promover a normalização técnica complementar ao federados;
âmbito estadual e municipal; IV – no âmbito das políticas de guarda municipal:
III – planejar e coordenar, nos níveis ambulatorial e a) proteger bens, serviços, logradouros públicos
hospitalar, as atividades de: municipais e instalações do Município;
a) atenção integral à saúde; b) atuar, preventiva e permanentemente, no território do
b) vigilância em saúde, incluindo controle de zoonoses, Município, para a proteção sistêmica da população que utiliza
saúde do trabalhador, fiscalização e vigilância sanitária, os bens, serviços e instalações municipais;
mediante, inclusive, a delegação a outros órgãos e entidades c) auxiliar as ações de defesa civil e de fiscalização
da administração municipal; municipal, sempre que em risco bens, serviços e instalações
c) controle, avaliação e regulação da rede contratada e municipais e, em situações excepcionais, a critério do prefeito;
conveniada do SUS, articulando-se com os outros níveis de d) exercer as competências de trânsito que lhes forem
gestão do SUS para as atividades integradas de atenção e conferidas, nas vias e logradouros municipais, em articulação
gestão da saúde na região metropolitana de Belo Horizonte; com órgãos de trânsito estadual ou municipal;
d) produzir na rede SUS-BH, no âmbito individual e e) promover o patrulhamento preventivo;
coletivo, a promoção da saúde como uma ação inclusiva e de f) VETADO
cooperação intra e intersetorial, articulando as demais redes § 1º – A proteção dos bens, serviços, logradouros públicos
de proteção social, com ampla participação e controle social; municipais e instalações do Município, prevista na alínea "a"
IV – coordenar as atividades dos distritos sanitários, em do inciso IV, abrangem os bens de uso comum, os de uso
colaboração com as Coordenadorias de Atendimento Regional; especial e os dominiais e inclui a atividade de proteção e
V – coordenar a política sobre drogas; orientação da população e dos agentes públicos que utilizam
VI – prestar suporte técnico e administrativo ao Conselho esses bens, serviços, logradouros públicos e instalações.
Municipal de Saúde e ao Conselho Municipal de Políticas sobre § 2º – Integra a área de competência da SMSP, por suporte
Drogas de Belo Horizonte – CMPD-BH; técnico-administrativo, o Conselho Municipal de Segurança e
VII – VETADO Prevenção – CMSP.
VIII – VETADO
IX – VETADO Subseção III
X – VETADO Dos Órgãos Autônomos
XI – VETADO
§ 1º – Integram a área de competência da SMSA: Art. 58 – São órgãos autônomos do Poder Executivo,
I – por suporte técnico-administrativo, o Conselho subordinados diretamente ao prefeito:
Municipal de Saúde – CMS – e o Conselho Municipal de I – a Procuradoria-Geral do Município – PGM;
Políticas sobre Drogas de Belo Horizonte – CMPD-BH; II – a Controladoria-Geral do Município – CTGM.
II – por vinculação, o Hospital Metropolitano Odilon
Behrens – HOB; Art. 59 – A Procuradoria-Geral do Município – PGM – tem
III – por vinculação, o Hospital Metropolitano Doutor Célio como competência planejar, coordenar, controlar e executar as
de Castro. atividades jurídicas de interesse do Município, notadamente
§ 2º – Cabe à SMSA gerir: no que se refere às atividades de:
I – o Fundo Municipal de Saúde; I – consultoria e assessoramento jurídico à administração
II – o Fundo Municipal sobre Drogas. direta e assistência ao prefeito nos assuntos relativos a
entidade da Administração Indireta;
Art. 55 – VETADO II – representação do Município em qualquer juízo ou
tribunal;
Art. 56 – VETADO III – execução judicial, em caráter privativo, da dívida ativa;
IV – coordenação e implementação de honorários
Art. 57 – A Secretaria Municipal de Segurança e Prevenção decorrentes de sua atuação em juízo, observado o critério de
– SMSP – tem como competência: participação coletiva dos procuradores municipais;
I – no âmbito das políticas de segurança no Município: V – representação de servidores públicos do Poder
a) planejar a operacionalidade das políticas de segurança Executivo em ações judiciais e processos administrativos nos
com vistas à redução da criminalidade; quais figurem como parte em razão de atos praticados no
b) viabilizar o entrosamento do poder público municipal exercício regular de cargo ou função, desde que em
com os órgãos de segurança de outros níveis federativos que consonância com as orientações previstas em regulamento;
atuem no Município; VI – VETADO
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APOSTILAS OPÇÃO
§ 1º – A representação pela PGM de interesse de entidade editais de concurso público, sempre que houver indícios de
da Administração Indireta em qualquer juízo ou tribunal dar- fraude ou graves irregularidades que exijam a medida;
se-á mediante regime de colaboração, formalizado pela XII – recomendar ao gestor competente que adote os
entidade e autorizado pelo prefeito. procedimentos necessários para suspensão de contratos em
§ 2º – As competências dispostas no inciso I poderão ser execução, sempre que houver indícios de fraude ou graves
delegadas, no todo ou em parte, mediante ato formal do irregularidades que exijam a medida;
procurador-geral do Município, a ser publicado no Diário XIII – assistir diretamente ao prefeito nas matérias de que
Oficial do Município – DOM, no prazo de 2 (dois) anos, trata este artigo.
contados da vigência desta lei. § 2º – Cabe ao controlador-geral do Município celebrar
§ 3º – O ato de delegação de que trata o § 2º poderá se dar acordos de leniência com pessoas jurídicas responsáveis pela
por prazo indeterminado e especificará as matérias, os prática dos atos lesivos previstos no inciso X do § 1º.
poderes transferidos e os limites da atuação do delegado.
§ 4º – Cabe à PGM gerir o Fundo da Procuradoria-Geral do Art. 62 – A CTGM tem a seguinte estrutura orgânica básica:
Município. I – Gabinete;
II – Diretoria de Planejamento, Finanças e Gestão;
Art. 60 – A PGM tem a seguinte estrutura orgânica básica: III – subcontroladorias.
I – Gabinete; Parágrafo único – As atribuições das unidades a que se
II – Diretoria de Planejamento, Gestão e Finanças; refere o caput serão estabelecidas em decreto.
III – subprocuradorias;
IV - Conselho Superior da Procuradoria-Geral do Art. 63 – Os agentes públicos dos órgãos e entidades da
Município. administração direta e indireta do Poder Executivo deverão
disponibilizar os documentos e informações solicitados pela
Art. 61 – A Controladoria-Geral do Município – CTGM, CTGM, sob pena de responsabilidade administrativa.
órgão central do controle interno do Poder Executivo, tem
como competência promover a defesa do patrimônio público, Seção III
o controle interno, a auditoria pública, a correição, a Da Administração Indireta
prevenção e o combate à corrupção, ao incremento da
transparência da gestão e ao acesso à informação no âmbito da Art. 64 – A administração indireta constitui-se de
administração pública municipal. entidades com personalidade jurídica, dotadas de autonomia
§ 1º – A CTGM, enquanto órgão central do controle interno administrativa, financeira e funcional, criadas ou autorizadas
do Poder Executivo, será responsável por: para fins definidos em leis específicas, nos termos da Lei
I – coordenar e executar a comprovação da legalidade e a Orgânica do Município.
avaliação dos resultados, quanto à eficácia e eficiência da Parágrafo único – A administração indireta compreende:
gestão contábil, orçamentária, financeira e patrimonial nos I – as fundações;
órgãos e entidades da administração municipal, bem como da II – as autarquias;
aplicação de recursos públicos por entidades de direito III – as empresas públicas;
privado; IV – as sociedades de economia mista;
II – coordenar e executar o controle interno, visando V – demais entidades de direito privado, sob controle
exercer a fiscalização do cumprimento das normas de direto ou indireto do Município.
planejamento e finanças públicas voltadas para a
responsabilidade na gestão fiscal; Art. 65 – As autarquias organizam-se conforme a seguinte
III – determinar a instauração de tomada de contas estrutura básica:
especiais pela autoridade competente ou, se for o caso, avocar I – Conselho de Administração;
a competência para tomada de contas em caso de omissão ou II – Direção Superior: superintendente;
irregularidade; III – unidades administrativas:
IV – coordenar e executar a auditoria interna preventiva e a) Gabinete;
de controle dos órgãos e entidades da administração direta e b) diretorias;
indireta do Poder Executivo; IV – Conselho Fiscal.
V – coordenar e executar as atividades relativas à Parágrafo único – As diretorias a que se refere este artigo
disciplina de servidores e empregados públicos da serão denominadas e especificadas em decreto.
administração direta e indireta do Poder Executivo;
VI – apoiar o controle externo no exercício de sua missão Art. 66 – As fundações organizam-se conforme a seguinte
constitucional; estrutura básica:
VII – adotar medidas necessárias à implementação e ao I – Conselho Curador;
funcionamento integrado do sistema de controle interno; II – Direção Superior: presidente;
VIII – supervisionar e executar as atividades de III – unidades administrativas:
atendimento, recepção, encaminhamento e resposta às a) Gabinete;
questões formuladas pelo cidadão, junto aos órgãos e b) diretorias;
entidades da administração direta e indireta do Poder IV – Conselho Fiscal.
Executivo; § 1º – As diretorias a que se refere este artigo serão
IX – desenvolver mecanismos de prevenção e combate à denominadas e especificadas em decreto.
corrupção; § 2º – VETADO
X – instaurar e julgar investigações preliminares e
processos administrativos de responsabilização de pessoa Art. 67 – A Superintendência de Desenvolvimento da
jurídica pela prática dos atos lesivos à administração pública Capital – Sudecap – tem como competência:
municipal previstos no art. 5º da Lei Federal nº 12.846, de 1º I – implementar a política governamental para o Plano de
de agosto de 2013; Obras do Município, bem como a relativa ao planejamento e à
XI – suspender cautelarmente, de ofício ou mediante execução dos serviços de abastecimento de água e
provocação, em qualquer fase, procedimentos licitatórios e esgotamento sanitário, em colaboração com a administração
direta do Poder Executivo;
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APOSTILAS OPÇÃO
II – elaborar projetos e executar obras, inclusive em ZEIS, Art. 72 – Constituem receitas da FPMZB:
conforme os planos definidos pela SMOBI; I – dotação orçamentária consignada anualmente no
III – executar os serviços e obras de manutenção dos bens orçamento do Município;
imóveis e logradouros públicos; II – renda resultante da remuneração de serviços
IV – gerenciar, por delegação específica, os contratos de prestados;
obras e serviços de engenharia firmados pelo Município; III – renda patrimonial, inclusive a proveniente de
V – executar, mediante regime de concessão, os serviços concessão e permissão de uso de bens imóveis;
relativos ao abastecimento de água, luz e esgotamento IV – subvenção ou auxílio de órgão ou entidade pública ou
sanitário do Município, inclusive suas atividades acessórias, privada, nacional, estrangeira ou internacional;
conforme os planos definidos pela Secretaria Municipal de V – recurso proveniente de incentivo fiscal;
Obras e Infraestrutura e em colaboração com os demais entes VI – contribuição e donativos em geral;
federados. VII – empréstimos;
Parágrafo único – VETADO VIII – renda proveniente da aplicação financeira;
IX – outras rendas.
Art. 68 – A Superintendência de Limpeza Urbana de Belo
Horizonte – SLU – tem como competência: Art. 73 – A Fundação Municipal de Cultura – FMC – tem
I – implementar a política governamental para o Sistema como competência planejar e desenvolver projetos,
de Limpeza Urbana e de metas do Plano Diretor de Resíduos programas e atividades da ação cultural, com vistas a
Sólidos, em colaboração com a administração direta do Poder promover a política cultural do Município com atividades que
Executivo; visem ao desenvolvimento cultural.
II – elaborar e executar, direta ou indiretamente, projetos § 1º – Para fins do disposto no caput, cabe à FMC:
e serviços de limpeza, coleta domiciliar e seletiva; I – prestar apoio técnico, logístico e operacional para o
III – realizar atividades de envolvimento, sensibilização e funcionamento da SMC;
conscientização da sociedade em relação à limpeza urbana e II – VETADO
ao adequado manejo do lixo; III – promover atividades de lazer, recreação e
IV – colaborar com a SMOBI no exercício do poder de manifestações da cultura popular tradicional e urbana, bem
polícia, no âmbito do Sistema de Limpeza Urbana, sobre os como as organizadas pela população dos bairros;
serviços e as condutas dos operadores e usuários; IV – implantar a política municipal de arquivos, mediante
V – gerenciar, por delegação específica, os contratos de o recolhimento e catalogação de documentos produzidos e
serviços de limpeza e conservação de vias públicas e recebidos pelo Poder Executivo, bem como estabelecer
congêneres firmados pelo Município, empenhados pela normas, gerir, conservar e organizar os arquivos públicos
SMOBI. municipais, de modo a facultar o seu acesso ao público
interessado;
Art. 69 – A estrutura complementar e as atribuições V – executar a política de proteção do patrimônio histórico
decorrentes das competências da Sudecap e da SLU serão urbano, em articulação com a política pública de estruturação
especificadas em decreto. urbana do Município;
VI – gerenciar as Unidades Culturais do Município;
Art. 70 – A Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica VII – apoiar a Belotur na organização e execução do
– FPMZB – tem como competência desenvolver atividades, carnaval.
programas e projetos de conservação e desenvolvimento: § 2º – Cabe à FMC prestar suporte técnico e administrativo
I – da flora e da fauna; ao Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural.
II – de conservação, administração e manutenção dos § 3º – Cabe à FMC a execução operacional, orçamentária e
parques municipais, bem como dos equipamentos de financeira do Fundo Municipal de Cultura e do Fundo de
conservação ambiental, animal e de lazer do Município; Proteção do Patrimônio Cultural do Município de Belo
III – de eventos de educação e manejo ambientais voltados Horizonte.
para as atividades de lazer, cultura, esporte e recreação, § 4º – O gerenciamento das Unidades Culturais de que trata
associados à proteção e à valorização dos recursos florísticos o inciso VI do § 1º deste artigo será realizado por ocupantes de
e faunísticos; Funções Gratificadas de Coordenação e Assessoramento –
IV – do planejamento e da execução do sistema de FCAs.
gerenciamento das necrópoles municipais;
V – planejar e executar a produção florestal para o Art. 74 – Constituem patrimônio da FMC os bens que
desenvolvimento da arborização urbana; adquirir e os legados e doações que receber.
VI – realizar pesquisas, estudos e experimentos sobre § 1º – Os bens e direitos da FMC serão utilizados e
fauna e flora, especialmente em relação às áreas verdes aplicados exclusivamente na consecução de sua finalidade.
públicas e à arborização urbana. § 2º – A alienação de bens da FMC dependerá de prévia
aprovação de seu Conselho Curador, observado o disposto na
Art. 71 – O patrimônio da FPMZB – será constituído por: Lei Federal nº 8.666, de 21 de junho de 1993.
I – terrenos e instalações do Jardim Zoológico, do Jardim § 3º – VETADO
Botânico, de ilhas da Lagoa da Pampulha, móveis,
equipamentos, semoventes, todo o acervo e coleções; Art. 75 – Constituem receitas da FMC:
II – bens que adquirir; I – dotação orçamentária consignada anualmente no
III – legados e doações que receber. orçamento do Município;
§ 1º – Os bens e direitos da FPMZB serão utilizados e II – renda resultante da remuneração de serviços
aplicados exclusivamente na consecução de sua finalidade. prestados;
§ 2º – A alienação de bens da FPMZB dependerá de prévia III – renda patrimonial, inclusive a proveniente de cessão,
aprovação de seu Conselho Curador, avaliação, licitação e, no concessão e permissão de uso de bens imóveis;
caso de bens imóveis, também de autorização legislativa. IV – subvenção ou auxílio de órgão ou entidade pública ou
§ 3º – Em caso de extinção, os bens e direitos da FPMZB privada, nacional, estrangeira ou internacional;
serão incorporados ao patrimônio do Município. V – recurso proveniente de incentivo fiscal;
VI – contribuição e donativos em geral;
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APOSTILAS OPÇÃO
VII – empréstimos;
VIII – renda proveniente da aplicação financeira; 8. Lei Municipal 9.319, de
IX – outras rendas.
19 de janeiro de 2007-
Questões Estatuto da Guarda Municipal
de Belo Horizonte;
01. O apoio técnico, logístico e operacional para o
funcionamento dos gabinetes do prefeito e do vice-prefeito
será prestado pela Secretaria Municipal de Governo e pela LEI Nº 9.319, DE 19 DE JANEIRO DE 2007
Secretaria Municipal de Assuntos Institucionais e
Comunicação Social, respectivamente. Institui o Estatuto da Guarda Municipal de Belo Horizonte
( ) Certo ( ) Errado e dá outras providências.
02. São órgãos autônomos do Poder Executivo, O Povo do Município de Belo Horizonte, por seus
subordinados diretamente ao prefeito a Procuradoria-Geral representantes, decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
do Município – PGM e a Controladoria-Geral do Município –
CTGM. TÍTULO I
( ) Certo ( ) Errado DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
CAPÍTULO I
03. A estrutura complementar e as atribuições decorrentes DA DESTINAÇÃO E MISSÃO
das competências da Sudecap e da SLU serão especificadas em
leis específicas. Art. 1º - A Guarda Municipal de Belo Horizonte - GMBH - é
( ) Certo ( ) Errado órgão integrante da Administração Direta do Poder Executivo
do Município de Belo Horizonte, organizada com base na
Gabarito hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do
Prefeito de Belo Horizonte, com a finalidade de garantir
01. Errado / 02. Certo / 03. Errado segurança aos órgãos, entidades, agentes, usuários, serviços e
ao patrimônio do Município de Belo Horizonte, e tem como
princípios norteadores de suas ações:
7. Decreto Municipal n° I - o respeito à dignidade humana;
11.566, de 19/12/2003 - II - o respeito à cidadania;
Designa Patrono da Guarda III - o respeito à justiça;
IV - o respeito à legalidade democrática;
Municipal o Embaixador V - o respeito à coisa pública.
Sérgio Vieira de Melo;
Art. 2º - Os uniformes, continências, honras, sinais de
respeito, protocolo e cerimonial da Guarda Municipal de Belo
DECRETO Nº 11.566, DE 19 DE DEZEMBRO DE 2003 Horizonte serão determinados por ato do Chefe do Executivo.
Art. 2º com redação dada pela Lei nº 10.178, de 13/5/2011
Designa Patrono da Guarda Municipal Patrimonial - GMP - (Art. 1º) ADIN nº 1.0000.11.031191-7/000, do Tribunal de
o Embaixador Sérgio Vieira de Mello. Justiça do Estado de Minas Gerais - PROCEDÊNCIA DO
PEDIDO – Lei nº 10.178 DECLARADA INCONSTITUCIONAL.
O Prefeito de Belo Horizonte, no uso de suas atribuições
legais e em conformidade com o disposto no art. 108, inciso VII Art. 3º - A Guarda Municipal de Belo Horizonte subordina-
da Lei Orgânica do Município de Belo Horizonte, decreta: se à Secretaria Municipal de Segurança Urbana e Patrimonial.
Art. 1º - Fica designado Patrono da Guarda Municipal Art. 4º - Compete ao Comandante da GMBH dirigir o órgão,
Patrimonial o Embaixador Sérgio Vieira de Mello. nos aspectos técnico e operacional.
Art. 2º - A Guarda Municipal Patrimonial manterá registro Art. 5º - Compete à Guarda Municipal de Belo Horizonte:
da biografia de seu Patrono e organizará eventos em I - proteger órgãos, entidades, serviços e o patrimônio do
comemoração de seu aniversário natalício anualmente, Município de Belo Horizonte;
ficando esta data incluída no calendário oficial da GMP. II - exercer a atividade de orientação e proteção dos
agentes públicos e dos usuários dos serviços públicos
Art. 3º - A Guarda Municipal Patrimonial usará, em sua municipais;
documentação oficial, a denominação honorífica Guarda III - prestar serviços de vigilância nos órgãos da
Municipal Embaixador Sérgio Vieira de Mello. administração direta e nas entidades da administração
indireta do Município;
Art. 4º - Este Decreto entra em vigor na data de sua IV - auxiliar nas ações de Defesa Civil sempre que
publicação. estiverem em risco bens, serviços e instalações municipais e,
em outras situações, a critério do Prefeito;
V - auxiliar o exercício da fiscalização municipal, sempre
que estiverem em risco bens, serviços e instalações municipais
e, em outras condições e situações excepcionais, a critério do
Prefeito;
VI - atuar na fiscalização, no controle e na orientação do
trânsito e do tráfego, por determinação expressa do Prefeito;
ADIN nº 1.0000.08.479114-4/000, do Tribunal de Justiça do
Estado de Minas Gerais - IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO:
Inciso VIGENTE.
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APOSTILAS OPÇÃO
VII - garantir a preservação da segurança e da ordem nos Art. 9º - O princípio da subordinação rege todos os graus
próprios municipais sob sua responsabilidade; da hierarquia da GMBH, conforme o disposto nesta Lei e em
VIII - planejar, coordenar e executar as atividades de seu regulamento.
prevenção e combate a incêndios nos próprios municipais,
como medida de primeiro esforço, antecedendo a atuação do TÍTULO II
Corpo de Bombeiros de Minas Gerais; DO REGIME FUNCIONAL E DE TRABALHO
IX - planejar, coordenar e executar ações de interação com CAPÍTULO I
os cidadãos; DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
X - promover a realização de cursos, treinamentos,
seleções, seminários e outros eventos, visando ao constante Art. 10 - O presente Estatuto é de aplicação exclusiva aos
aperfeiçoamento, qualificação e promoção de seus servidores titulares dos cargos públicos efetivos integrantes
integrantes; da estrutura funcional da GMBH, e no que couber,
XI - manter seus planos e ordens permanentemente especialmente quanto ao Regime Disciplinar previsto nesta
atualizados, de forma a garantir sempre a qualidade de seus Lei, aos ocupantes do cargo em comissão de Inspetor da
serviços; Guarda Municipal de Belo Horizonte.
XII - assegurar que suas ações estejam sempre Parágrafo único. É vedada a aplicação, aos servidores
fundamentadas no respeito à dignidade humana, à cidadania, titulares dos cargos públicos efetivos da GMBH, da legislação
à justiça, à legalidade democrática e aos direitos humanos; pertinente aos demais servidores públicos efetivos
XIII - atuar de forma preventiva nas áreas de sua integrantes da estrutura funcional da Administração Direta,
circunscrição, onde se presuma ser possível a quebra da especialmente o disposto na Lei nº 7.169/96, ressalvados os
situação de normalidade; casos onde houver identidade da matéria, conforme
XIV - atuar com prudência, firmeza e efetividade, na sua regulamentação. (Redação dada pela Lei nº 11.153/2019).
área de responsabilidade, visando ao restabelecimento da
situação de normalidade, precedendo eventual emprego da Art. 11 - Para os efeitos desta Lei, entende-se por servidor
Força Pública Estadual; a pessoa legalmente investida em cargo público ou função
XV - manter relacionamento urbano e harmônico com as pública integrante da estrutura funcional da GMBH e da
instituições que compõem o Sistema de Defesa Social, Secretaria Municipal de Segurança Urbana e Patrimonial.
promovendo o intercâmbio e a colaboração recíprocos. Parágrafo único - Os cargos públicos previstos nesta Lei
XVI - VETADO são providos em caráter efetivo ou em comissão.
CAPÍTULO II
CAPÍTULO II DO INGRESSO
DOS CONCEITOS BÁSICOS Seção I
Das condições gerais
Art. 6º - Supervisão é a atividade permanentemente
desenvolvida em nome da autoridade competente, com o Art. 12 - O cargo público efetivo de Guarda Municipal de 2ª
propósito de apurar e determinar o exato cumprimento de Classe, integrante da estrutura funcional da GMBH, é acessível
ordens e decisões. a todos os brasileiros natos ou naturalizados, mediante
concurso público de provas ou de provas e títulos.
Art. 7º - Hierarquia é a ordem e a subordinação dos § 1º - O candidato ao cargo público efetivo de Guarda
diversos cargos e funções que constituem a estrutura e a Municipal de 2ª Classe, além dos requisitos constitucionais e
carreira da Guarda Municipal e que, conforme a ordem legais pertinentes, deverá atender às seguintes exigências:
crescente de níveis, investe de autoridade o cargo mais I - possuir nível fundamental de escolaridade, exigindo-se,
elevado. para os concursos públicos realizados a partir de 1º de janeiro
§ 1º - A civilidade é parte integrante da educação dos de 2013, o nível médio de escolaridade ou equivalente;
servidores da Guarda Municipal, competindo ao superior II - estar no exercício dos direitos civis e políticos e quite
hierárquico tratar os subordinados de modo respeitoso, e ao com as obrigações militares e eleitorais;
subordinado manter deferência para com seus superiores. III - gozar de boa saúde física e mental, e não apresentar
§ 2º - A camaradagem é indispensável à formação e ao deficiência física, mental ou sensorial que o incapacite para o
convívio dos integrantes da Guarda Municipal, objetivando o exercício das atribuições do cargo público de Guarda
aperfeiçoamento das relações sociais entre os mesmos. Municipal;
IV - possuir idade mínima de 18 (dezoito) anos e altura
Art. 8º - A hierarquia e a disciplina manifestam-se por meio mínima de 1,65m (um metro e sessenta e cinco centímetros)
do exato cumprimento dos deveres civis e funcionais, em todos para o sexo masculino, e de 1,60m (um metro e sessenta
os níveis, escalões, cargos e funções, e constituem a base centímetros) para o sexo feminino;
institucional da GMBH. V - não estar sendo processado nem ter sofrido
§ 1º - A hierarquia é a ordenação da autoridade em níveis penalidades por prática de atos desabonadores para o
diferentes, dentro da estrutura da GMBH. exercício de suas atribuições como Guarda Municipal;
§ 2º - A disciplina do Guarda Municipal é a exteriorização VI - não registrar antecedentes criminais;
da ética do servidor e manifesta-se pelo exato cumprimento de VII - possuir idoneidade moral;
deveres, em todos os escalões e em todos os graus da VIII - ser aprovado em todas as fases do concurso público
hierarquia, quanto aos seguintes aspectos: a que se candidatar, conforme o regulamento desta Lei,
I - pronta obediência às ordens legais; especialmente em processo de avaliação física e psicológica,
II - observância às prescrições legais e regulamentares; bem como no curso de formação específico da GMBH.
III - emprego de toda a capacidade em benefício do serviço; § 2º - O curso de formação a que se refere o inciso VIII do §
IV - correção de atitudes; 1º deste artigo será a etapa final do concurso para provimento
V - colaboração espontânea com a disciplina coletiva e com do cargo público efetivo de Guarda Municipal, durante o qual
a efetividade dos resultados pretendidos pela GMBH; o candidato aprovado para a etapa correspondente ao
VI - respeito aos direitos humanos e sua promoção. mencionado curso receberá uma bolsa mensal, em valor
equivalente a 1 (um) salário mínimo, de natureza
indenizatória, e sobre a qual não incidirão quaisquer
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descontos, à exceção dos dias de falta ao curso, que serão Seção III
descontados na forma prevista nos artigos 56 e 57 desta Lei. Da Posse
§ 3º - Durante o curso de formação, serão aplicadas ao
candidato as regras dos planejamentos e dos regulamentos da Art. 19 - Posse é a aceitação formal, pelo servidor, das
GMBH e da entidade encarregada de ministrar o curso, se atribuições, dos deveres, das responsabilidades e dos direitos
houver, destacadamente os relativos a avaliação, horários, inerentes ao cargo público, concretizada com a assinatura do
hierarquia, disciplina, direitos e obrigações, mediante a respectivo termo pela autoridade competente e pelo
integral observância de seus códigos de ética e de disciplina. empossado.
§ 4º - O candidato que, durante o curso de formação, tiver Parágrafo único - No ato da posse, o servidor apresentará
a sua conduta julgada inconveniente ou incompatível com os declaração dos bens e valores que constituem seu patrimônio
critérios de planejamento e os regulamentos do sistema de e declaração quanto ao exercício ou não de outro cargo,
ensino, será imediatamente desligado e reprovado no emprego ou função pública.
concurso.
§ 5º - A critério do Secretário Municipal de Segurança Art. 20 - A posse ocorrerá no prazo de 20 (vinte) dias,
Urbana e Patrimonial, poderá ser dispensado, integral ou contados da publicação do ato de nomeação, prorrogável por
parcialmente da frequência ao curso de formação, o servidor igual período, motivadamente e a critério da autoridade
público que já o tiver cursado na condição de contratado da competente, ouvido o Secretário Municipal de Segurança
GMBH. Urbana e Patrimonial.
§ 6º - Reprovado no curso de formação, o candidato será
reprovado no concurso público, não lhe assistindo nenhum Art. 21 - Vencido o prazo para a posse, o servidor terá seu
direito de ingresso no cargo público efetivo de Guarda ato de nomeação revogado, abrindo-se a vaga decorrente.
Municipal.
Art. 22 - Só poderá ser empossado aquele que, em inspeção
Art. 13 - A composição do efetivo feminino da GCMBH será médica feita pelo órgão municipal competente, for julgado
de, no mínimo, 10% (dez por cento) do quantitativo dos cargos apto, física e mentalmente, para o exercício do cargo, desde
públicos ocupados da Guarda Civil Municipal. que preenchidos, também, os demais requisitos exigidos pelo
Parágrafo único. O quantitativo mínimo de cargos de concurso público.
Guarda Civil Municipal destinados ao efetivo feminino será
integralizado gradativamente, nos termos previstos em edital. Seção IV
(Redação acrescida pela Lei nº 11.153/2019) Do Exercício e Lotação
Art. 14 - O provimento dos cargos far-se-á mediante ato do Art. 23 - Exercício é o efetivo desempenho, pelo servidor,
Prefeito. das atribuições do cargo público para o qual foi nomeado.
§ 1º - É de 10 (dez) dias o prazo para o servidor público
Art. 15 - A investidura em cargo público ocorrerá com a entrar em exercício, contados da posse.
posse e com a entrada em exercício. § 2º - Será exonerado o servidor empossado que não entrar
em exercício no prazo previsto no parágrafo 1º deste artigo.
Art. 16 - São formas de provimento dos cargos públicos do § 3º - A nomeação somente produzirá efeitos financeiros a
quadro de pessoal da Guarda Municipal de Belo Horizonte: partir da data do início do efetivo exercício.
I - nomeação;
II - reversão; Art. 24 - O início, a interrupção, a suspensão e o reinício do
III - reintegração; exercício serão registrados no assentamento individual do
IV - recondução; servidor.
V - aproveitamento. Parágrafo único - Ao entrar em exercício, o servidor
apresentará ao órgão competente os elementos necessários ao
Seção II seu assentamento individual.
Da Nomeação
Art. 25 - Lotação é o ato que determina o órgão ou a
Art. 17 - A nomeação far-se-á em caráter efetivo para o unidade de exercício do servidor.
cargo público de Guarda Municipal de 2ª Classe, e em § 1º O servidor da carreira da GCMBH poderá ser cedido, a
comissão, para cargos declarados em lei de livre nomeação e critério do prefeito, para ter exercício em outros órgãos e
exoneração. entidades da administração direta e indireta do Poder
Executivo municipal, em outros órgãos ou entidades dos
Art. 18 - A nomeação para o cargo público efetivo de demais Poderes municipais e nos Poderes da União, dos
Guarda Municipal de 2ª Classe depende de prévia aprovação Estados, do Distrito Federal e de outros Municípios, nas
em concurso público de provas ou de provas e títulos, seguintes hipóteses:
observados a ordem de classificação e o prazo de validade do I - para exercício de cargo em comissão ou função de
certame. confiança;
§ 1º - Quando de sua nomeação e dentro do prazo previsto II - em casos previstos em lei específica;
no art. 20, o candidato terá direito à reclassificação no último III - em razão de convênios celebrados pelo Município.
lugar da listagem de aprovados, caso o requeira, podendo ser (Redação dada pela Lei nº 11.154/2019)
novamente nomeado, dentro do prazo de validade do § 2º Na hipótese do inciso I do § 1º, o ônus da remuneração
concurso, se houver vaga. será do cessionário. (Redação dada pela Lei nº 11.154/2019)
§ 2º - Quando mais de um candidato solicitar a § 3º A cessão aos órgãos e entidades da administração
reclassificação a que se refere o parágrafo anterior, o direta e indireta do Poder Executivo municipal e aos outros
reposicionamento respeitará a ordem de classificação inicial órgãos e entidades dos Poderes da União, dos Estados, do
do candidato. Distrito Federal e de outros Municípios não poderá ser
§ 3º - O direito previsto no § 1º deste artigo poderá ser superior a 3% (três por cento) do efetivo existente na GCMBH.
exercido uma única vez, por candidato, no mesmo concurso. (Redação acrescida pela Lei nº 11.154/2019)
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Art. 36 - O Guarda Municipal reintegrado será submetido a Art. 44 - O aproveitamento de Guarda Municipal que se
exame por junta médica do órgão municipal competente e, encontre em disponibilidade há mais de 12 (doze) meses
quando julgado incapaz para o exercício do cargo, será dependerá de prévia comprovação de sua capacidade física e
readaptado ou aposentado. mental por junta médica do órgão municipal competente.
§ 1º - Se julgado apto, o Guarda Municipal assumirá o
Seção IX exercício do cargo no prazo de 3 (três) dias, contados da
Da Recondução publicação do ato de aproveitamento.
§ 2º - Verificada a incapacidade definitiva, o Guarda
Art. 37 - Recondução é o retorno do servidor ao cargo Municipal em disponibilidade será aposentado.
anteriormente ocupado, correlato ou transformado, em razão
da reintegração de servidor demitido. Art. 45 - Será tornado sem efeito o aproveitamento e
cassada a disponibilidade do servidor que não entrar em
Seção X exercício no prazo legal, salvo caso de doença comprovada por
Da Readaptação junta médica do órgão municipal competente.
Art. 38 - Readaptação é a atribuição de atividades especiais Art. 46 - Sendo o número de servidores em disponibilidade
ao Guarda Municipal, observada a exigência de atribuições maior do que o de aproveitáveis, terá preferência o de maior
compatíveis com a limitação que tenha sofrido em sua tempo em disponibilidade e, no caso de empate, o de maior
capacidade física ou mental, verificada em inspeção médica tempo de serviço público municipal.
pelo órgão municipal competente, que deverá, para tanto,
emitir laudo circunstanciado. CAPÍTULO III
Parágrafo único - A atribuição de atividades especiais e a DA VACÂNCIA
definição do local do seu desempenho serão de competência
do Comandante da GMBH, observada a correlação daquela Art. 47 - A vacância do cargo público ou da função pública
com as atribuições do cargo público efetivo. ADIN nº decorrerá de:
1.0000.11.031191-7/000, do Tribunal de Justiça do Estado I - exoneração;
de Minas Gerais - PROCEDÊNCIA DO PEDIDO – Lei nº 10.178 II - demissão;
DECLARADA INCONSTITUCIONAL. III - destituição de cargo em comissão;
IV - aposentadoria;
Art. 39 - O Guarda Municipal readaptado submeter-se-á, V - falecimento.
semestralmente, a exame médico realizado pelo órgão
municipal competente, a fim de ser verificada a permanência Seção I
das condições que determinaram a sua readaptação, até que Da Exoneração
seja emitido laudo médico conclusivo.
§ 1º - Quando o período de readaptação for inferior a 1 Art. 48 - A exoneração de cargo público efetivo dar-se-á a
(um) ano, o Guarda Municipal apresentar-se-á ao órgão pedido do integrante da GMBH ou de ofício.
municipal competente ao final do prazo estabelecido para seu Parágrafo único - A exoneração de ofício dar-se-á:
afastamento. I - quando não satisfeitas as condições para a aquisição de
§ 2º - Ao final de 2 (dois) anos de readaptação, o órgão estabilidade;
municipal competente expedirá laudo médico conclusivo II - quando, após tomar posse, o servidor não entrar em
quanto à continuidade da readaptação, ao retorno do Guarda exercício no prazo estabelecido.
Municipal ao exercício das atribuições do cargo ou quanto à
aposentadoria. Art. 49 - A exoneração do cargo em comissão ou da função
pública dar-se-á:
Art. 40 - O Guarda Municipal readaptado que exercer, em I - a juízo do Prefeito;
outro cargo ou emprego, funções consideradas pelo órgão II - a pedido do servidor integrante da GMBH.
municipal competente como incompatíveis com o seu estado
de saúde, terá imediatamente cassada a sua readaptação e Seção II
responderá a processo administrativo disciplinar. Da Demissão
Art. 41 - A readaptação não acarretará aumento ou redução Art. 50 - A demissão será aplicada como penalidade,
da remuneração do integrante da GMBH. precedida de processo administrativo disciplinar, assegurada
ao Guarda Municipal prévia e ampla defesa, ou em virtude de
decisão judicial irrecorrível.
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Art. 51 - A destituição de cargo público de provimento em Art. 57 - No caso de faltas sucessivas, serão computados,
comissão será aplicada ao servidor nas hipóteses de infração para efeito de desconto, os domingos, os feriados e os dias de
disciplinar sujeita às penalidades de suspensão e de demissão. folga intercalados.
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las integralmente, no prazo de 5 (cinco) dias a partir do seu § 2º - A gratificação será paga até o dia 20 (vinte) do mês
recebimento. de dezembro de cada ano.
Parágrafo único - Na hipótese de o Guarda Municipal § 3º - Juntamente com a remuneração do mês relativo às
retornar à sede em prazo menor do que o previsto para o seu férias regulamentares será paga, como adiantamento do
afastamento, restituirá as diárias em excesso no prazo previsto décimo terceiro salário, e mediante requerimento do
neste artigo. interessado, metade da remuneração recebida no mês.
Art. 70 - O Guarda Municipal que se afastar do Município, a Art. 76 - O integrante da GMBH exonerado perceberá o
serviço ou em treinamento, por mais de 30 (trinta) dias, fará décimo terceiro salário, proporcionalmente aos meses de
jus a diária de valor inferior ao estabelecido no art. 68. exercício, calculado sobre a remuneração do mês da
exoneração.
Seção II
Do Auxílio Pecuniário Art. 77 - O décimo terceiro salário não será considerado
para cálculo de qualquer vantagem pecuniária.
Art. 71 - Será concedido vale-refeição ao servidor da
Guarda Municipal em cumprimento da jornada prevista no § Art. 78 - É extensivo ao inativo o décimo terceiro salário, a
2º do art. 53 desta Lei. ser pago no mês de dezembro, em valor equivalente ao do
Parágrafo único - Poderá ser concedido vale-lanche ao provento no mesmo mês.
servidor da GMBH em cumprimento da jornada prevista no §
2º do art. 53 desta Lei. Art. 79 - No caso de remuneração composta de vantagem
de caráter temporário cujo valor seja variável, será
Art. 72 - Os vales-refeição e os vales-lanche serão considerada a média aritmética atualizada dos valores
concedidos mensalmente, por antecipação. recebidos, sob tal título, no respectivo exercício.
§ 1º A forma, as condições e o custeio do vale-refeição e do
vale-lanche serão definidos em regulamento, admitida a sua Art. 80 - A gratificação natalina não será considerada para
concessão em espécie. (Redação dada pela Lei nº cálculo de qualquer vantagem pecuniária.
10.753/2014) (Parágrafo Único transformado em § 1º pela Lei
nº 11.080/2017). Subseção III
§ 2º A partir de 1º de agosto de 2017, o vale-lanche, Da Gratificação pelo Exercício de Atividades
benefício de natureza indenizatória devido ao servidor da Insalubres
Guarda Municipal, passa a ser de R$ 3,08 (três reais e oito
centavos). (Redação acrescida pela Lei nº 11.080/2017) Art. 81 - O Guarda Municipal que trabalhe com
(Valor alterado pela Lei nº 11.134/2018). habitualidade em locais insalubres ou em contato permanente
com substâncias insalubres, de acordo com avaliação da
Seção III unidade competente, faz jus a um adicional a ser pago nos
Das Gratificações e dos Adicionais seguintes valores, segundo se classifique a atividade do
servidor nos graus mínimo, médio e máximo:
Art. 73 - Além do vencimento e das vantagens previstas
nesta Lei, serão deferidos aos integrantes da GMBH as Cargo Insalubridade Insalubridade Insalubridade
seguintes gratificações e adicionais: Público Grau Mínimo Grau Médio Grau Máximo
I - gratificação pelo exercício de cargo em comissão ou de Efetivo (em R$) (em R$) (em R$)
função gratificada;
Guarda
II - décimo terceiro salário; 24,00 48,00 96,00
Municipal
III - gratificação pelo exercício de atividades insalubres;
IV - gratificação pela prestação de serviço extraordinário;
V - adicional por tempo de serviço; § 1º - Observada a legislação específica, o regulamento
VI - gratificação pela função de instrutor em programa de desta Lei definirá o quadro das atividades e operações
aperfeiçoamento profissional; insalubres, os critérios de caracterização da insalubridade, os
VII - adicional de férias; limites de tolerância aos agentes agressivos, meios de
VIII - adicional por serviço noturno. proteção e o tempo máximo de exposição do servidor a esses
IX - adicional pelo exercício de atividades de risco. Inciso agentes.
IX acrescentado pela Lei 10.753, de 17/09/2014 (art. 7º). § 2º - A servidora gestante ou lactante será afastada,
enquanto durar a gestação e a lactação, das operações e locais
Subseção I previstos neste artigo, exercendo suas atividades em local
Da Gratificação pelo Exercício de Cargo em Comissão salubre.
ou de Função Gratificada § 3º - O direito ao recebimento da gratificação por
atividades insalubres cessará quando o servidor deixar de
Art. 74 - As gratificações pelo exercício de cargo em exercê-las ou quando forem eliminadas aquelas condições.
comissão ou de função gratificada serão quitadas conforme
disposto na legislação municipal pertinente. Art. 82 - Deverá haver permanente controle da atividade
de servidores em locais considerados insalubres.
Subseção II
Do Décimo Terceiro Salário Subseção IV
Da Gratificação pela Prestação de Serviço
Art. 75 - O décimo terceiro salário corresponde a 1/12 (um Extraordinário
doze avos) da remuneração a que o servidor fizer jus no mês
de dezembro, por mês de exercício no respectivo ano. Art. 83 - Será permitido serviço extraordinário para
§ 1º - A fração superior a 15 (quinze) dias será considerada atender às necessidades do serviço, em situações excepcionais
como mês completo. e temporárias, respeitado o limite máximo de 2 (duas) horas
por jornada, assim consideradas as horas excedentes às
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§ 2º - O Guarda Municipal poderá ser imediatamente I - pelo período de 120 (cento e vinte) dias, se a criança
aposentado por invalidez, caso a junta médica do órgão tiver até 1 (um) ano de idade;
municipal competente conclua pela irreversibilidade da II - pelo período de 60 (sessenta) dias, se a criança tiver
moléstia e pela impossibilidade de sua permanência em entre 1 (um) e 4 (quatro) anos de idade;
atividade. III - pelo período de 30 (trinta) dias, se a criança tiver de 4
(quatro) a 8 (oito) anos de idade.
Art. 91 - Considerado apto em perícia médica, o Guarda
Municipal reassumirá imediatamente o exercício do seu cargo, Seção III
computando-se como faltas injustificadas os dias de ausência Da Licença-Paternidade
ao serviço após a ciência do resultado da perícia.
Art. 98 - A licença-paternidade será concedida ao Guarda
Art. 92 - Durante o prazo da licença, o Guarda Municipal Municipal pelo nascimento de filho, pelo prazo de 5 (cinco)
poderá requerer nova perícia, caso se julgue em condições de dias úteis consecutivos, contados do evento.
retornar ao exercício de seu cargo ou de ser aposentado. Parágrafo único - O Guarda Municipal que adotar ou
Parágrafo único - No curso da licença, o Guarda Municipal obtiver guarda judicial de criança com até 180 (cento e
poderá ser convocado para se submeter a reavaliação em oitenta) dias de idade terá direito a licença remunerada de 5
perícia médica. (cinco) dias corridos, contados a partir da data da guarda
judicial ou adoção definitiva.
Art. 93 - Para concessão de licença, considera-se acidente
em serviço o dano físico ou mental sofrido pelo Guarda Seção IV
Municipal, relacionado com o exercício das atribuições Da Licença por Motivo de Doença em Pessoa da
específicas de seu cargo. Família
Parágrafo único - Equipara-se ao acidente em serviço o
dano: Art. 99 - O integrante da GMBH poderá obter licença por
I - decorrente de agressão física sofrida, e não provocada, motivo de doença de pai, mãe, filho, cônjuge ou companheiro,
pelo integrante da GMBH no exercício de suas atribuições; desde que prove ser indispensável a sua assistência pessoal e
II - sofrido no percurso da residência para o local de não puder prestá-la simultaneamente com o exercício das
trabalho e vice-versa; atribuições do cargo.
III - sofrido no percurso para o local de refeição ou de volta Parágrafo único. A doença e a necessidade da assistência
dele, no intervalo do trabalho. serão comprovadas em inspeção a ser realizada pelo órgão
municipal competente. (Redação dada pela Lei nº
Art. 94 - O acidente será provado em processo regular, 11.080/2017)
devidamente instruído, cabendo à junta médica do órgão
municipal competente descrever o estado geral do acidentado. Art. 100 - Na ocorrência de enfermidade grave, conforme o
Parágrafo único - O Comandante da GMBH comunicará o rol definido em decreto, a licença será concedida, sem prejuízo
fato à área competente visando ao início do processo regular da remuneração, pelo prazo de até 30 (trinta) dias,
de que trata este artigo, no prazo de 10 (dez) dias contados do consecutivos ou não, a cada 24 (vinte e quatro) meses,
evento. excedido o qual a concessão passará a ser sem remuneração.
(Redação dada pela Lei nº 11.080/2017)
Seção II Parágrafo único - É assegurado ao integrante da GMBH
Da Licença à Gestante, à Lactante e à Adotante afastar-se da atividade a partir da data do requerimento da
licença, devidamente motivado, e o seu indeferimento
Art. 95 - A integrante da GMBH, gestante, terá direito a 180 obrigará o imediato retorno do mesmo e a transformação dos
(cento e oitenta) dias consecutivos de licença a partir do 8º dias de afastamento em licença sem remuneração.
(oitavo) mês de gestação.
§ 1º - Ocorrendo nascimento prematuro, a licença terá Seção V
início no dia do parto. Da Licença para Acompanhar Cônjuge ou
§ 2º - À integrante da GMBH, gestante, é assegurado o Companheiro
desempenho de atribuições compatíveis com sua capacidade
de trabalho, desde que a inspeção médica do órgão municipal Art. 101 - O Guarda Municipal terá direito a licença sem
competente o entenda necessário. remuneração quando o cônjuge ou companheiro, que detenha
§ 3º - A integrante da GMBH não poderá exercer trabalho a condição de servidor público efetivo, for mandado servir,
remunerando durante o tempo em que estiver licenciada. independentemente de solicitação, em outro ponto do Estado
§ 4º - A integrante da GMBH que adotar uma criança terá ou do território nacional ou no estrangeiro, ou passar a exercer
todos os direitos enumerados no presente artigo. cargo eletivo fora do Município.
Parágrafo único - A licença será concedida mediante
Art. 96 - Para amamentar o próprio filho, até a idade de seis pedido devidamente instruído e vigorará pelo tempo que
meses, a servidora lactante terá direito aos seguintes períodos durar a missão, a função ou o mandato do cônjuge ou
diários: companheiro.
I - 30 (trinta) minutos, quando estiver submetida a jornada
diária igual a 6 (seis) horas; Seção VI
II - 1 (uma) hora, quando estiver submetida a jornada Da Licença para Tratar de Interesses Particulares
diária superior a 6 (seis) horas.
Parágrafo único - A critério do serviço médico do órgão Art. 102 - Mediante deliberação do Secretário Municipal de
municipal competente, poderá ser prorrogado o período de Segurança Urbana e Patrimonial, poderá ser concedida ao
vigência do horário especial previsto neste artigo. Guarda Municipal estável, que conte com no mínimo 5 (cinco)
anos de efetivo exercício na Administração Direta do Poder
Art. 97 - A servidora que adotar ou obtiver guarda judicial Executivo, licença para tratar de interesses particulares, sem
de criança, para fins de adoção, terá direito a licença remuneração, pelo prazo de até 2 (dois) anos, prorrogável por
remunerada: mais 1 (um) ano.
Legislação 107
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APOSTILAS OPÇÃO
Legislação 108
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APOSTILAS OPÇÃO
b) para atender convocação judicial ou requisição de Município, observadas as vedações da Lei nº 10.497, de 26 de
autoridade policial, podendo o prazo ser ampliado, desde que junho de 2012;
a necessidade seja atestada pela autoridade convocante; XIII - alistamento militar;
II - por 2 (dois) dias, em razão de falecimento de irmão; XIV - exercício de mandato eletivo.(Redação acrescida pela
III - por 7 (sete) dias consecutivos, em razão de: Lei nº 11.153/2019)
a) casamento; § 2º Para fins da contagem de tempo necessário à evolução
b) falecimento de cônjuge, companheiro, pais ou filhos. profissional, além dos afastamentos elencados nos incisos I a
XIII do § 1º, serão considerados como dias de efetivo exercício:
CAPÍTULO IV I - licenças decorrentes de enfermidade grave, conforme
DO TEMPO DE SERVIÇO rol definido em decreto aprovado no âmbito do Conap;
II - concorrer a cargo eletivo, nos prazos e condições
Art. 114 - A apuração do tempo de serviço será feita em estabelecidos em lei federal;
dias, que serão convertidos em anos, considerado o ano como III - licença para acompanhar pessoa doente da família, no
de 365 (trezentos e sessenta e cinco) dias. período remunerado. (Redação acrescida pela Lei nº
11.153/2019)
Art. 115 - Além das concessões previstas no art. 113 desta § 3º Os afastamentos elencados no § 2º só serão
Lei, são considerados como de efetivo exercício os considerados de efetivo exercício após a aquisição da
afastamentos decorrentes de: estabilidade. (Redação acrescida pela Lei nº 11.153/2019)
I - férias;
II - exercício de cargo em comissão ou função pública nos Art. 116 - Contar-se-á apenas para efeito de aposentadoria
órgãos da Administração Direta do Poder Executivo do e disponibilidade, observada, em qualquer hipótese, a
Município de Belo Horizonte; respectiva contribuição previdenciária:
III - participação em programa de treinamento promovido I - revogado pela Lei nº 10.497, de 26/6/2012
ou aprovado pelo Município;
IV - júri e outros serviços considerados obrigatórios por II - a licença para acompanhar pessoa doente da família, no
lei; período remunerado;
V - missão ou estudo no exterior, desde que relacionados III - o tempo correspondente ao desempenho de mandato
com as atribuições do cargo e autorizado o afastamento; eletivo federal, estadual, municipal ou distrital, anterior ao
VI - licença: ingresso no cargo público efetivo de Guarda Municipal;
a) à gestante, à adotante e ao pai; IV - o tempo de serviço em atividade privada, vinculada ao
b) para tratamento de saúde, exceto para progressão Regime Geral de Previdência;
profissional, observado o período máximo estabelecido no art. V - revogado pela Lei nº 10.497, de 26/6/2012
90, cumulativo ao longo do tempo de serviço público prestado VI - o tempo de licença para tratamento da própria saúde
ao Município, em cargo de provimento efetivo; que exceder o prazo a que se refere a alínea "b" do inciso VI do
c) por motivo de acidente em serviço ou doença art. 115 desta Lei.
profissional; § 1º - Após a reversão, o tempo em que o servidor esteve
d) a título de prêmio por assiduidade; aposentado será contado apenas para nova aposentadoria.
e) por convocação para o serviço militar; § 2º - É vedada a contagem cumulativa de tempo de serviço
VII - disponibilidade para atuar na presidência ou na prestado concomitantemente em mais de um cargo ou função
diretoria de associação que congregue os integrantes da de órgãos ou entidades dos Poderes da União, Estados, Distrito
GMBH. (Redação acrescida pela Lei nº 10.178/2011) Federal e Municípios, autarquia, fundação pública, sociedade
§ 1º Para fins da contagem de tempo necessário à obtenção de economia mista e empresa pública, bem como em atividade
da estabilidade no cargo, considerar-se-ão como dias de privada.
efetivo exercício:
I - férias regulamentares; CAPÍTULO V
II - licença assiduidade; DO DIREITO DE PETIÇÃO
III - licença por motivo de gestação, lactação, adoção ou em
razão de paternidade; Art. 117 - O Guarda Municipal tem direito de petição às
IV - participação em programa de desenvolvimento autoridades competentes em defesa de seu direito ou
profissional promovido ou aprovado pelo Poder Executivo; interesse legítimo.
V - licença por motivo de acidente em serviço ou doença
profissional; Art. 118 - Cabe pedido de reconsideração à autoridade que
VI - licenças para tratamento de saúde, até o limite de houver expedido o ato ou proferido a primeira decisão, não
quinze dias corridos, consecutivos ou não, a cada ano; podendo ser renovado.
VII - missão ou estudo no exterior, desde que relacionados Parágrafo único - O requerimento e o pedido de
com as atribuições do cargo e autorizado o afastamento; reconsideração de que tratam os artigos anteriores deverão
VIII - convocação para participação no Tribunal do Júri e ser despachados no prazo de 5 (cinco) dias e decididos dentro
outros serviços considerados obrigatórios por lei; de 30 (trinta) dias.
IX - cumprimento de mandato sindical;
X - concessões para doação de sangue, para atender a Art. 119 - Caberá recurso:
convocação judicial, para alistar-se como eleitor, em razão de I - do indeferimento do pedido de reconsideração;
falecimento de irmão, cônjuge, companheiro, pais ou filhos, e II - das decisões sobre os recursos sucessivamente
em razão de casamento, conforme os prazos definidos em interpostos.
legislação específica; Parágrafo único - O recurso será dirigido à autoridade
XI - cessão para outros órgãos ou entidades da imediatamente superior à que tiver expedido o ato ou
administração direta e indireta do Município; proferido a decisão.
XII - exercício pelo servidor público das atribuições de
cargo público em comissão ou função pública em órgão ou Art. 120 - O prazo para interposição de pedido de
entidade da administração direta, autárquica e fundacional do reconsideração ou de recurso é de 30 (trinta) dias, a contar da
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publicação ou da ciência, pelo interessado, da decisão a todo integrante da GMBH, o qual deve observar, além dos
recorrida. demais preceitos desta Lei, os seguintes princípios de ética:
I - amar a verdade e a responsabilidade como fundamentos
Art. 121 - A autoridade competente decidirá quanto ao da dignidade profissional;
efeito a ser atribuído ao recurso. II - observar os princípios da Administração Pública, no
Parágrafo único - Provido o pedido de reconsideração ou o exercício das atribuições que lhe couber em decorrência do
recurso, os efeitos da decisão retroagirão à data do ato cargo;
impugnado. III - respeitar a dignidade da pessoa humana;
IV - cumprir e fazer cumprir as leis, códigos, resoluções,
Art. 122 - O direito de petição prescreve: instruções e ordens das autoridades competentes;
I - em 5 (cinco) anos, quanto aos atos de demissão e de V - ser justo e imparcial na apreciação e avaliação dos atos
cassação de aposentadoria ou disponibilidade, ou que afetem que lhe couber avaliar;
interesse patrimonial e créditos decorrentes das relações de VI - zelar pelo seu próprio preparo profissional e
trabalho; incentivar a mesma prática nos companheiros, em prol do
II - em 120 (cento e vinte) dias, nos demais casos, exceto cumprimento da missão comum;
quando outro prazo for estabelecido em Lei. VII - praticar a camaradagem e desenvolver o espírito de
Parágrafo único - Quando o ato impugnado não for cooperação;
publicado, o prazo será contado a partir da ciência ao VIII - ser discreto e cortês em suas atitudes, maneiras e
interessado. linguagem e observar as normas da boa educação;
IX - abster-se de tratar, fora do âmbito apropriado, de
Art. 123 - O pedido de reconsideração e o recurso quando assuntos internos da GMBH ou de matéria sigilosa;
cabíveis, interrompem a prescrição. X - cumprir seus deveres de cidadão;
XI - respeitar as autoridades civis e militares;
Art. 124 - Para o exercício do direito de petição, é XII - garantir assistência moral e material à família ou
assegurada ao integrante da GMBH, ou a procurador por ele contribuir para ela;
constituído, vista de processo ou documento, sendo-lhes XIII - preservar e praticar, mesmo fora do serviço ou
facultado fotocopiá-los a suas expensas. quando já na inatividade remunerada, os preceitos da ética da
GMBH;
Art. 125 - A prescrição é de ordem pública, não podendo XIV - exercitar a proatividade no desempenho profissional;
ser relevada pela administração. XV - abster-se de fazer uso do posto para obter facilidade
pessoal de qualquer natureza ou encaminhar negócios
Art. 126 - A administração deverá rever seus atos, a particulares ou de terceiros;
qualquer tempo, quando eivados de ilegalidade. XVI - abster-se do uso das designações:
a) em atividades liberais, comerciais ou industriais;
CAPÍTULO VI b) para discutir ou provocar discussão pela imprensa a
DA CARREIRA DE GUARDA MUNICIPAL respeito de assuntos institucionais;
c) no exercício de cargo de natureza civil, na iniciativa
Art. 127 - Os ocupantes do cargo público efetivo de Guarda privada;
Municipal integram o Plano de Carreira dos Servidores da Área d) em atividades religiosas;
de Atividades de Segurança Urbana e Patrimonial da e) em circunstâncias prejudiciais à imagem da GMBH.
Prefeitura de Belo Horizonte, que será objeto de lei específica. Parágrafo único - Os princípios éticos orientarão a conduta
do Guarda Municipal e as ações da chefia imediata e mediata
Art. 128 - O quantitativo do cargo público efetivo de para adequá-las às exigências da Instituição, dando-se sempre,
Guarda Municipal é o previsto no Anexo Único desta Lei. entre essas ações, preferência àquelas de cunho educacional.
Parágrafo único - As atribuições e as áreas de atuação do
Guarda Municipal são as previstas nesta Lei, sem prejuízo de CAPÍTULO II
outras, a serem estabelecidas em Decreto. DAS AÇÕES DISCIPLINARES
Art. 129 - O vencimentos-base atribuído aos ocupantes do Art. 133 - As ações disciplinares relativas aos integrantes
cargo público de Guarda Municipal é de R$400,00 da Guarda Municipal de Belo Horizonte serão desenvolvidas
(quatrocentos reais). pela Corregedoria da GMBH, à qual compete a orientação geral,
mediante instruções e atos normativos, bem como a
Art. 130 - Ao ocupante do cargo público de provimento coordenação e a execução de todas as atividades relativas à
efetivo de Guarda Municipal são proibidas a greve e a atividade disciplina dos servidores públicos da GMBH.
político-partidária. Art. 130 com redação dada pela Lei
10.753, de 17/09/2014 Art. 134 - À Corregedoria da GMBH serão encaminhadas as
comunicações relativas a faltas disciplinares de seus
Art. 131 - A Guarda Municipal oferecerá cursos na sua área integrantes, cabendo-lhe a iniciativa do procedimento, na
de atuação, com o propósito de manter seus integrantes forma prevista neste Estatuto.
capacitados e atualizados para o desempenho de suas
atividades, de participação facultativa ou obrigatória, CAPÍTULO III
conforme a hipótese. DOS DEVERES DO GUARDA MUNICIPAL
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III - trajar o uniforme completo e usar corretamente os II - todas as ações ou omissões contrárias à disciplina, tais
equipamentos e acessórios sob sua responsabilidade, zelando como as abaixo especificadas, entre outras passíveis de sanção
pela sua correta apresentação pessoal em público; disciplinar:
IV - desempenhar com zelo e presteza as atribuições do 1) chegar atrasado a qualquer ato de serviço ou chamada,
cargo ou função; sem motivo justificável;
V - participar de atividades de formação, aperfeiçoamento 2) omitir, em qualquer documento, dados indispensáveis
ou especialização sempre que for determinado, e repassar aos ao esclarecimento dos fatos;
seus pares informações e conhecimentos técnicos 3) atribuir a outro servidor atividades estranhas ao cargo
proporcionados pela Administração Municipal; ou função que ocupa;
VI - cumprir fielmente as ordens superiores, salvo se 4) deixar de comparecer a qualquer ato de serviço sem
manifestamente ilegais; causa justificada;
VII - prestar atendimento e esclarecimentos ao público 5) usar, durante o serviço, armamento, munição ou
interno e externo, pessoalmente ou por meio das ferramentas equipamento não autorizado;
de comunicação que lhe forem disponibilizadas; 6) executar ou determinar manobras perigosas com
VIII - operar computadores, utilizando adequadamente os viaturas da Instituição;
programas e sistemas informacionais postos à sua disposição; 7) utilizar pessoal ou recursos materiais da instituição em
IX - redigir textos, ofícios, relatórios e correspondências, serviços ou atividades particulares;
com observância das regras gramaticais e das normas de 8) suprimir sua identificação no uniforme ou utilizar-se de
comunicação oficial; meios para dificultá-la;
X - zelar pela guarda, economia e conservação dos 9) tratar as pessoas com falta de zelo e urbanidade;
materiais e equipamentos de trabalho e do patrimônio 10) praticar a usura em qualquer de suas formas;
público; 11) atuar como procurador ou intermediário, junto a
XI - propor à chefia imediata providências para a repartição pública, salvo quando se tratar de benefícios
consecução plena de suas atividades, inclusive indicando a previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo
necessidade de aquisição, substituição, reposição, manutenção grau, de cônjuge ou companheiro;
e reparo de materiais e equipamentos; 12) exercer, durante o horário de serviço, atividade a ele
XII - zelar pelo cumprimento das normas de saúde e estranha, negligenciando o serviço e/ou prejudicando o seu
segurança do trabalho e utilizar adequadamente bom desempenho;
equipamentos de proteção individual e coletivo; 13) Alínea 13 revogada pela Lei nº 10.799, de
XIII - ter iniciativa e contribuir para o bom funcionamento 26/1/2015 (Art. 6º)
da unidade em que estiver desempenhando as suas tarefas; 14) sobrepor ao uniforme peças ou acessórios não
XIV - manter-se atualizado sobre as normas municipais e previstos nas normas da instituição;
sobre a estrutura organizacional da Administração Municipal; 15) deixar de preservar local de crime;
XV - atender às requisições para a defesa do Município, 16) opor resistência injustificada ao andamento de
bem como às solicitações da Corregedoria-Geral, da documento, de processo ou à execução de serviço;
Corregedoria da GMBH e dos demais órgãos da Administração
Municipal; 17) simular doença para esquivar-se ao cumprimento do
XVI - levar ao conhecimento da autoridade superior as dever;
irregularidades ou as ilegalidades de que tiver conhecimento 18) proceder de forma desidiosa durante o cumprimento
em razão do cargo, da função ou do serviço; de suas atividades ou desempenhar inadequadamente suas
XVII - ser leal às instituições a que servir; funções, de forma intencional;
XVIII - manter conduta profissional compatível com os 19) ausentar-se do serviço para o qual se encontrar
princípios reguladores da Administração Pública, escalado ou dos setores onde estiver prestando expediente,
especialmente os princípios da legalidade, da impessoalidade, sem prévia autorização da chefia imediata;
da moralidade, da publicidade, da razoabilidade e da 20) retirar, sem prévia permissão da autoridade
eficiência, preservando o sigilo das informações; competente, qualquer documento ou objeto da repartição ou
XIX - tratar com zelo e urbanidade o cidadão. do local onde estiver prestando serviço;
21) disparar arma de fogo desnecessariamente;
CAPÍTULO IV 22) praticar violência contra pessoa, em serviço ou fora
DAS INFRAÇÕES À DISCIPLINA dele;
23) ofender a dignidade ou o decoro de colega,
Art. 136 - Entende-se como infração à disciplina qualquer subordinado, superior ou particular, bem como propalar tais
ofensa aos princípios éticos e aos deveres do Guarda ofensas;
Municipal, estabelecidos nesta Lei, em seu regulamento e na 24) fazer uso de bebida alcoólica durante o serviço ou
legislação pertinente. uniformizado;
25) violar local de crime;
Art. 137 - Constituem infrações à disciplina, entre outras 26) valer-se ou fazer uso do cargo para praticar assédio
hipóteses, sem prejuízo das sanções cíveis e penais aplicáveis sexual ou moral;
à espécie: 27) deixar de assumir a responsabilidade por seus atos ou
I - toda ação ou omissão não especificadas neste Estatuto pelos atos praticados por servidor da Guarda Municipal, em
e/ou qualificadas como crime nas leis penais, praticadas função subordinada, que agir em cumprimento de sua ordem;
contra: 28) retirar ou tentar retirar, de local sob a administração
1) a Bandeira, o Hino, o Selo e as Armas Nacionais, os da Guarda Municipal, objeto ou viatura sem ordem dos
símbolos estadual e municipal e as instituições nacional, respectivos responsáveis;
estadual ou municipal; 29) participar de movimentos de natureza reivindicatória
2) a honra, o decoro da classe, os preceitos sociais e as ou de movimento grevista;
normas da moral; 30) praticar ato contra expressa disposição de lei ou deixar
3) os preceitos de subordinação, regras, normas e ordens de praticá-lo, em descumprimento de dever funcional, em
de serviço estabelecidas nas leis, regulamentos ou prescritos benefício próprio ou alheio;
por autoridade competente;
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31) manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de Parágrafo único - A obrigação de reparar o dano estende-
confiança, cônjuge, companheiro ou parente, por se aos sucessores e contra eles será executada, até o limite da
consanguinidade ou afinidade até o segundo grau; herança recebida, na forma da legislação civil.
32) exercer, mesmo fora das horas de trabalho, emprego
ou função em empresas, estabelecimentos ou instituições que CAPÍTULO VI
tenham relação com o Poder Público Municipal; DA ACUMULAÇÃO DE CARGOS
33) fazer contratos com o Poder Público Municipal, por si
ou como representante de outrem; Art. 144 - Ressalvados os casos previstos na Constituição
34) valer-se do cargo ou função para lograr proveito da República, é vedada a acumulação remunerada de cargos
pessoal ou de outrem, em detrimento da dignidade da função públicos.
pública; Parágrafo único - A acumulação de cargos, empregos e
35) recusar fé a documento público; funções, ainda que lícita, fica condicionada à comprovação da
36) faltar com a verdade; compatibilidade de horários.
37) envolver-se, ainda que de folga, em situações que
comprometam a imagem, o nome e o prestígio da Instituição; Art. 145 - O integrante da GMBH não poderá exercer mais
38) deixar de observar a Lei em prejuízo alheio ou da de um cargo em comissão ou mais de uma função pública.
Administração Pública;
39) atribuir a pessoa estranha à Guarda Municipal, fora dos Art. 146 - O integrante da GMBH, quando investido em
casos previstos em lei, o desempenho de atividade que seja de cargo de provimento em comissão, ficará afastado do cargo
responsabilidade sua ou de subordinado; público efetivo.
40) receber comissão ou vantagem de qualquer espécie,
em razão de suas atribuições; CAPÍTULO VII
41) exercer, mesmo fora das horas de trabalho, emprego DAS PENALIDADES DISCIPLINARES E DA SUA
ou função em empresas com atividades ilegais ou que atentem APLICAÇÃO
contra o decoro e a moral; Seção I
Das Penalidades Disciplinares
Art. 138 - As instâncias cível, criminal e administrativa são
independentes e podem se desenvolver concomitantemente. Art. 147 - São penalidades disciplinares, em ordem de
Parágrafo único - A instauração de processo cível ou gravidade crescente:
criminal não impede a imposição imediata, na esfera I - advertência;
administrativa, de penalidade cabível pela transgressão II - repreensão;
disciplinar residual ou subjacente no mesmo fato. III - suspensão até 90 (noventa) dias consecutivos;
IV - destituição de cargo em comissão ou de função pública.
Art. 139 - O julgamento das transgressões deve ser V - demissão;
precedido de exame que considere: VI - cassação de aposentadoria.
I - os antecedentes do transgressor; Parágrafo único - Conforme a hipótese, o integrante da
II - as causas que a determinaram; Guarda Municipal que sofrer punição disciplinar poderá ser
III - a natureza dos fatos ou dos atos que a envolveram; submetido a programa reeducativo.
IV - as consequências que dela possam advir.
Seção II
CAPÍTULO V Da Aplicação das Penalidades
DA RESPONSABILIDADE
Art. 148 - Na aplicação das penalidades, deverão ser
Art. 140 - O integrante da Guarda Municipal é responsável consideradas a natureza e a gravidade da infração cometida,
civil, penal e administrativamente, pelo prejuízo a que der os danos que dela provierem para o serviço público e para a
causa contra a Fazenda Pública ou contra terceiros. Guarda Municipal, as circunstâncias agravantes ou atenuantes
Parágrafo único - A responsabilidade pessoal decorre de e os antecedentes funcionais.
ação ou omissão dolosa ou culposa.
Art. 149 - Não haverá aplicação de penalidade disciplinar
Art. 141 - No caso de indenização à Fazenda Pública, por quando for reconhecida qualquer causa de justificação.
prejuízo causado na modalidade dolosa, o integrante da GMBH Parágrafo único - São consideradas causas de justificação:
será obrigado a repor, de uma só vez, o valor correspondente. I - ter havido motivo de força maior, plenamente
Parágrafo único - A indenização à Fazenda Pública, por comprovado e justificado;
prejuízo causado na modalidade culposa, será descontada em II - ter sido cometida a transgressão:
parcelas mensais não excedentes à 10ª (décima) parte do a) na prática de ação meritória, em estado de necessidade,
provento ou da remuneração líquidos, em valores atualizados. no interesse do serviço ou da segurança urbana;
b) em legítima defesa própria ou de outrem;
Art. 142 - A responsabilidade administrativa não exime o c) em obediência a ordem superior, desde que não
integrante da GMBH da responsabilidade civil ou penal, nem o manifestamente ilegal;
pagamento da indenização a que ficar obrigado judicialmente
o exime da pena disciplinar cabível. Art. 150 - São consideradas circunstâncias atenuantes:
Parágrafo único - A responsabilidade patrimonial e I - relevância dos serviços prestados;
administrativa do integrante da GMBH será afastada no caso II - ter o agente confessado a autoria de infração ignorada
de absolvição criminal que dê como provada a inexistência do ou imputada a outrem;
fato ou de sua autoria. III - ter o infrator procurado diminuir as consequências da
infração antes da punição, reparando os danos;
Art. 143 - Tratando-se de dano causado a terceiros, a IV - ter sido cometida a infração:
Fazenda Pública promoverá ação regressiva contra o a) para evitar mal maior;
integrante da GMBH, na forma prevista em lei, nos casos em b) em defesa própria de seus direitos ou de outrem, desde
que este agir com dolo ou culpa. que não constitua causa de justificação;
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c) por motivo de relevante valor social. VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou particular,
salvo se em legítima defesa ou no estrito cumprimento do
Art. 151 - São consideradas circunstâncias agravantes: dever, nos casos previstos em lei;
I - prática simultânea ou conexão de duas ou mais VIII - crimes contra a liberdade sexual e crime de
infrações; corrupção de menores;
II - reincidência de transgressões; IX - aplicação irregular de dinheiro público;
III - conluio de duas ou mais pessoas; X - revelação de segredo do qual se apropriou em razão do
IV - cometimento da transgressão: cargo ou função, para lograr proveito próprio ou alheio;
a) durante a execução de serviço ou uniformizado; XI - lesão aos cofres públicos;
b) em presença de subordinado; XII - dilapidação do patrimônio público;
c) com abuso de autoridade hierárquica ou funcional; XIII - corrupção;
d) com premeditação; XIV - acumulação ilícita de cargo, emprego ou função
e) em presença de público ou de seus pares; pública, desde que provada a má-fé do servidor.
f) com induzimento de outrem à co-autoria; Parágrafo único - As infrações previstas no art. 137 desta
g) utilizando armamento, equipamento ou veículo da Lei, além dos atos que resultarem em violação aos demais
Instituição. dispositivos desta Lei, também poderão ser punidos com a
pena de demissão, caso sejam consideradas como infrações
Art. 152 - A advertência é a admoestação verbal ou escrita graves.
feita ao Guarda Municipal transgressor, conforme a hipótese,
aplicável de modo privado ou ostensivo. Art. 157 - Além dos casos enumerados no artigo anterior, é
causa de demissão a sentença criminal transitada em julgado
Art. 153 - A repreensão será aplicada por escrito, nos casos que condenar o integrante da GMBH a mais de dois anos de
de descumprimento de dever funcional previsto em lei, reclusão.
regulamento ou norma interna que não justifique a imposição
de penalidade mais grave, conforme a hipótese. Art. 158 - Verificada a acumulação ilegal de cargos,
empregos ou funções públicas, em processo administrativo
Art. 154 - A suspensão será aplicada nos casos de disciplinar, se ficar comprovada a boa-fé do Guarda Municipal,
reincidência específica das faltas punidas com repreensão, o mesmo poderá optar por um dos cargos.
bem como nos casos de violação das proibições que não § 1º - Provada a má-fé, o servidor perderá os cargos que
constituam infração sujeita à penalidade de demissão ou estiver exercendo no serviço público municipal e restituirá o
rescisão de contrato, e não poderá exceder a 90 (noventa) dias que tiver percebido indevidamente.
consecutivos. § 2º - Sendo um dos cargos, emprego ou função, exercido
§ 1º - Será punido com suspensão de até 15 (quinze) dias em outra esfera administrativa, esta será comunicada da
consecutivos o integrante da GMBH que, injustificadamente, demissão verificada na esfera municipal.
recusar-se a ser submetido a inspeção médica determinada
por autoridade competente, cessando os efeitos da penalidade Art. 159 - Será cassada a aposentadoria ou a
uma vez cumprida a determinação. disponibilidade do inativo que tenha praticado, na situação de
§ 2º - Será punido com suspensão de 15 (quinze) dias atividade, falta punível com a pena de demissão.
consecutivos o integrante da GMBH que, injustificadamente, Parágrafo único - Para efeito do disposto neste artigo, ao
deixar de comparecer, quando comprovadamente convocado, ato de cassação da aposentadoria ou da disponibilidade
para prestar depoimento ou declaração perante a seguir-se-á o de demissão.
Corregedoria-Geral do Município, a Corregedoria da GMBH ou
perante quem presidir, na forma desta Lei, à sindicância ou ao Art. 160 - A destituição de cargo em comissão ou de função
processo administrativo disciplinar. pública será aplicada nos casos de infração sujeita às
§ 3º - Quando houver conveniência para o serviço, a penalidades de suspensão e de demissão.
penalidade de suspensão poderá ser substituída por multa, na § 1º - Constatada a hipótese de que trata este artigo, a
base de 50% (cinquenta por cento) por dia de vencimento ou exoneração efetuada nos termos da lei será convertida em
remuneração, na proporção de tantos dias-multa quantos destituição de cargo em comissão ou de função pública.
forem os dias de suspensão, ficando o integrante da GMBH § 2º - Sendo o integrante da GMBH detentor de cargo
obrigado a permanecer no serviço para o qual se encontrar público efetivo, a aplicação da penalidade de destituição do
escalado. cargo em comissão ou de função pública não impedirá a
aplicação das penalidades de suspensão ou de demissão.
Art. 155 - As penalidades previstas nos incisos I a IV do art.
147 desta Lei terão seu registro cancelado na ficha individual Art. 161 - A demissão ou a destituição de cargo em
de registro do Guarda Municipal após o decurso de 5 (cinco) comissão ou de função pública, nos casos dos incisos IV, IX, XI,
anos de exercício, se o mesmo não houver, nesse período, XII, XIII e XIV do art. 156 desta Lei, implicará no ressarcimento
praticado nova infração disciplinar. ao erário municipal, sem prejuízo da ação penal cabível.
§ 1º - O cancelamento do registro não surtirá efeitos
retroativos. Art. 162 - A demissão para o detentor de cargo de
§ 2º - O integrante da GMBH não será considerado provimento efetivo ou a destituição de cargo em comissão ou
reincidente, para quaisquer efeitos disciplinares, após o de função pública para o não-detentor de cargo provimento
decurso do prazo previsto no caput deste artigo. efetivo incompatibilizam o ex-integrante da GMBH para nova
investidura em cargo público municipal pelo prazo de 5
Art. 156 - A demissão será aplicada nos seguintes casos: (cinco) anos.
I - crime contra a administração pública;
II - abandono de cargo ou função; Art. 163 - Considera-se desidiosa a conduta reveladora de
III - desídia no desempenho de cargo ou função; negligência no desempenho das atribuições e a transgressão
IV - ato de improbidade; habitual dos deveres de assiduidade e pontualidade.
V - incontinência, má conduta ou mau procedimento;
VI - insubordinação grave em serviço;
Legislação 113
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conveniente, determinará a oitiva de outras testemunhas, a IV - oitiva de testemunhas arroladas pelo processado, até o
reinquirição das já ouvidas, a inquirição das referidas, a máximo de 10 (dez), limitadas a 3 (três) para cada fato;
acareação, se necessária, a juntada de documentos ou a V - prazo de 3 (três) dias úteis para o processado requerer
realização de prova técnica; diligências probatórias complementares;
VII - abertura do prazo de 5 (cinco) dias úteis para a VI - despacho do presidente da comissão, que se
apresentação das razões finais de defesa; manifestará quanto ao pedido formulado pelo processado, na
VIII - parecer do encarregado da sindicância, com relatório forma indicada no inciso V e, se entender conveniente,
e sugestão sobre a solução que entenda adequada; determinará a oitiva de outras testemunhas, a reinquirição das
IX - julgamento, oportunidade em que o Corregedor da já ouvidas, a inquirição das referidas, a juntada de documentos
GMBH apreciará a prova dos autos e proferirá decisão, ou a realização de prova técnica;
propondo a punição a ser aplicada, observado o disposto no VII - abertura do prazo de 10 (dez) dias consecutivos para
art. 165 desta Lei. o processado apresentar razões finais;
§ 1º - Ao sindicado será assegurado o direito de ampla VIII - julgamento, oportunidade em que a comissão
defesa, admitidos todos os meios a ela inerentes, sendo-lhe processante apreciará as provas e emitirá relatório, sugerindo
facultado acompanhar o feito individualmente ou fazer-se a penalidade a ser aplicada, observado o disposto no art. 147,
representar por advogado, juntar documentos pertinentes, encaminhando-o, junto aos autos conclusos, ao Corregedor da
formular quesitos e requerer prova técnica. GMBH que decidirá quanto ao mérito e o remeterá à
§ 2º - A sindicância será concluída no prazo de 40 autoridade competente para a aplicação da pena cabível.
(quarenta) dias consecutivos. § 1º - Ao processado será assegurado o direito de ampla
§ 3º - Caso haja necessidade de dilação do prazo, o defesa, admitidos todos os meios a ela inerentes, sendo-lhe
sindicante solicitará prorrogação à autoridade competente, facultado acompanhar o feito individualmente ou fazer-se
que não poderá exceder de 15 (quinze) dias. representar por advogado, juntar documentos pertinentes,
formular quesitos, e, às suas expensas, requerer prova técnica.
Art. 176 - Verificada, na fase de julgamento, a existência de § 2º - A autoridade competente, na forma do art. 165 desta
falta punível com penalidade mais grave do que aquela Lei, decidirá sobre a penalidade a ser aplicada dentro de sua
prevista no inciso V do art. 194 desta Lei, o Corregedor da competência ou remeterá o processo à autoridade superior,
GMBH, em despacho, determinará a providência constante do caso entenda que deva ser aplicada pena que exceda à sua
inciso VI daquele artigo, expedindo a respectiva portaria. competência, justificando o ato.
Parágrafo único - Os autos da sindicância integrarão os
autos do processo administrativo disciplinar. Art. 181 - A comissão disciplinar procederá a todas as
diligências que julgar necessárias, ouvindo, se entender
CAPÍTULO III conveniente, a opinião de técnicos ou peritos.
DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR Parágrafo único - A comissão poderá denegar pedidos
considerados impertinentes, meramente protelatórios ou
Art. 177 - O processo administrativo disciplinar será de desprovidos de interesse para o esclarecimento dos fatos,
caráter contraditório, assegurada ao acusado ampla defesa, fazendo-o justificadamente.
com os meios a ela inerentes, sendo sua instauração
determinada pelo Prefeito ou pelo Secretário Municipal de Art. 182 - A citação ou intimação do acusado será pessoal,
Segurança Urbana e Patrimonial ou pelo Corregedor da GMBH. por carta expedida pelo presidente da comissão disciplinar,
assegurando-se-lhe vista dos autos.
Art. 178 - O processo administrativo disciplinar será § 1º - O prazo para defesa, previsto no inciso VII do art. 180
conduzido por comissão disciplinar composta de 3 (três) desta Lei, será observado mesmo quando houver mais de um
integrantes, designada pelo Corregedor da GMBH. acusado, e será comum a todos.
Parágrafo único - Os servidores designados para compor a § 2º - No caso de recusa do acusado em apor ciente na cópia
comissão disciplinar serão dispensados de suas atribuições da citação, o prazo para defesa contar-se-á da data declarada
ordinárias, durante o período de exercício das funções pelo servidor que realizou a diligência.
disciplinares.
Art. 183 - Achando-se o acusado em local incerto e não
Art. 179 - Será obrigatória a instauração de processo sabido ou no estrangeiro, a citação será feita por edital
administrativo disciplinar sempre que a falta imputada ao publicado no DOM, durante 3 (três) dias consecutivos,
integrante da GMBH ensejar a imposição de penalidade de hipótese em que o prazo para defesa será contado da data da
suspensão por mais de 30 (trinta) dias, de demissão, de última publicação.
cassação de aposentadoria ou de destituição de cargo em
comissão ou de função pública. Art. 184 - O acusado que mudar de residência depois de
citado fica obrigado a comunicar à comissão do processo
Art. 180 - O processo administrativo disciplinar administrativo disciplinar o lugar onde poderá ser encontrado,
desenvolver-se-á da seguinte forma: sob pena de ser considerado em lugar incerto e não sabido,
I - instauração, com a expedição da portaria do Prefeito, ou para os efeitos de citação ou intimação.
do Secretário Municipal de Segurança Urbana e Patrimonial,
ou do Corregedor da GMBH, da qual constarão o resumo do Art. 185 - Considerar-se-á revel o acusado que,
fato atribuído ao processado e a menção dos dispositivos regularmente citado, não apresentar defesa no prazo legal.
legais aplicáveis; § 1º - Ao acusado revel será designado um defensor dativo,
II - citação do processado para o interrogatório, abrindo- bacharel em Direito ocupante de cargo no serviço público
se-lhe, em seguida, prazo de 3 (três) dias úteis para a municipal.
apresentação da defesa prévia e de rol de testemunhas, até o § 2º - A revelia será declarada nos autos e devolverá o
máximo de 10 (dez), limitadas a 3 (três) para cada fato, e para prazo para a defesa.
a indicação das provas que quiser produzir;
III - oitiva de testemunhas da denúncia, até o máximo de Art. 186 - O acusado será cientificado, no ato da citação, de
10 (dez), limitadas a 3 (três) para cada fato; que poderá fazer-se representar por advogado, ao qual é
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Art. 187 - Comparecendo o acusado, no dia e hora Art. 194 - Da apuração sumária ou da sindicância poderá
designados, será interrogado pela comissão disciplinar. resultar:
Parágrafo único - Havendo mais de um acusado, cada um I - arquivamento, por falta de prova da existência do fato
deles será ouvido em separado e, caso haja divergência entre ou da sua autoria;
suas declarações, poderá ser promovida uma acareação entre II - arquivamento, por falta de prova suficiente à aplicação
eles. da penalidade administrativa;
III - absolvição, por existência de prova de não ser o
Art. 188 - Quando houver dúvidas quanto à sanidade acusado o autor do fato;
mental do acusado, a comissão disciplinar determinará que ele IV - absolvição, por existência de prova de não-ocorrência
seja submetido a exame pelo serviço médico do órgão do fato ou por este não constituir infração de natureza
municipal competente. disciplinar;
Parágrafo único - O incidente de sanidade mental poderá V - aplicação de penalidade de repreensão ou de suspensão
ser suscitado pelo próprio acusado e será processado em autos de até 30 (trinta) dias;
apartados e apensos aos autos principais, ficando suspenso o VI - instauração do processo administrativo disciplinar;
procedimento principal.
Art. 195 - Do processo administrativo disciplinar poderá
Art. 189 - O relatório é a peça que põe fim ao processo resultar arquivamento ou absolvição, na forma do disposto
administrativo disciplinar. nos incisos I a IV do art. 194 desta Lei, ou aplicação das
§ 1º - No relatório, serão apreciadas separadamente as penalidades previstas no art. 147 desta Lei.
irregularidades mencionadas na denúncia ou na portaria, à luz
das provas colhidas e tendo em vista as razões da defesa. Art. 196 - Arquivados a apuração sumária, a sindicância ou
§ 2º - A comissão decidirá, justificadamente, pelo o processo administrativo disciplinar, com base no disposto
arquivamento, pela absolvição ou pela punição do acusado, nos incisos I e II do art. 194 desta Lei, poderão ser eles
sugerindo, neste último caso, a penalidade cabível em relação reabertos em vista de novas provas, desde que não haja
a cada uma das faltas consideradas, respeitada a competência ocorrido a prescrição, na forma do art. 168 desta Lei.
prevista no art. 165 desta Lei. § 1º - A decisão pela reabertura do procedimento caberá à
§ 3º - O motivo do arquivamento ou da absolvição ficará Corregedoria da GMBH que, através de despacho
expresso no relatório devendo ajustar-se a uma das causas fundamentado, expedirá nova portaria.
mencionadas nos incisos I a IV do art. 194 desta Lei. § 2º - Os autos arquivados serão apensados aos novos.
§ 4º - A comissão disciplinar deverá sugerir no relatório
quaisquer outras providências que lhe pareçam de interesse Art. 197 - A apuração sumária, a sindicância e o processo
do serviço público. administrativo disciplinar poderão ser sobrestados, a
§ 5º - Reconhecida a responsabilidade do acusado, a qualquer tempo, mediante despacho fundamentado, pela
comissão do processo administrativo disciplinar observará o autoridade que as determinar, caso seja necessária a conclusão
disposto no art. 148 desta Lei. de ato processual que demande a extensão dos prazos fixados
à Administração.
Art. 190 - O prazo para a conclusão do processo
administrativo disciplinar é de 60 (sessenta) dias Art. 198 - O Secretário Municipal de Segurança Urbana e
consecutivos, prorrogável a critério do Corregedor da GMBH, Patrimonial, mediante decisão fundamentada, poderá
por prazo não superior a 20 (vinte) dias. determinar o afastamento preventivo do integrante da GMBH,
desde que necessário para garantir o curso normal da
Art. 191 - O Guarda Municipal que responder a processo instrução.
administrativo disciplinar só poderá ser exonerado a pedido § 1º - O afastamento preventivo não implicará prejuízo da
ou aposentado voluntariamente, após a conclusão do feito e o remuneração ou da contagem do tempo de serviço.
cumprimento da penalidade acaso aplicada. § 2º - Caberá recurso ao Prefeito, caso o tempo de
afastamento preventivo supere 120 (cento e vinte) dias.
CAPÍTULO IV
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 199 - Não poderão proceder à sindicância ou compor
a Comissão do processo administrativo disciplinar cônjuge,
Art. 192 - A autoridade que tiver ciência de irregularidade companheiro ou parente do acusado, consanguíneo ou afim,
no serviço público, envolvendo integrante da GMBH, deverá em linha reta ou colateral, até o 3º (terceiro) grau.
comunicar imediatamente à Corregedoria da GMBH, para a
adoção das medidas necessárias à sua imediata apuração. Art. 200 - A apuração sumária, a sindicância ou o processo
Parágrafo único - Quando o ato atribuído ao integrante da administrativo disciplinar serão conduzidos com
GMBH for definido como crime de ação pública independência e imparcialidade, assegurado o sigilo
incondicionada, o Comandante da GMBH, ou quem tomar necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da
conhecimento do fato, dará imediato conhecimento à Administração.
Corregedoria da GMBH, que providenciará a devida Parágrafo único - As audiências e as reuniões que ocorram
comunicação à autoridade competente, para as providências no curso dos procedimentos disciplinares terão caráter
cabíveis. reservado.
Art. 193 - As denúncias de irregularidades, formuladas por Art. 201 - Em qualquer fase de qualquer dos
escrito ou reduzidas a termo, serão objeto de investigação, procedimentos, até a apresentação da defesa final, poderão ser
observado o seguinte: juntados documentos.
I - quando o fato narrado não configurar infração Parágrafo único - Será indeferido o pedido de prova
disciplinar, a denúncia será arquivada; pericial, quando a comprovação do fato não depender de
conhecimento técnico de perito.
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Art. 202 - Testemunha é a pessoa que presta depoimento inocência do integrante da GMBH punido, agravem, atenuem
sob compromisso legal de dizer a verdade e não omiti-la. ou revelem a inadequação da penalidade aplicada.
§ 1º - Se a testemunha for servidor público municipal, será
intimada pessoalmente com comunicação formal à sua chefia Art. 214 - O pedido de revisão será dirigido ao Secretário
imediata. Municipal de Segurança Urbana e Patrimonial e apensado aos
§ 2º - Se a testemunha não for servidor público municipal, autos do procedimento originário.
será convidada a depor. § 1º - Se a decisão atacada houver sido proferida com base
em apuração sumária ou sindicância, sua instrução será
Art. 203 - O depoimento será fielmente reduzido a termo, preferencialmente de responsabilidade do encarregado que a
não sendo lícito à testemunha trazê-lo por escrito, podendo presidiu e a decisão caberá ao Secretário Municipal de
consultar anotações. Segurança Urbana e Patrimonial.
§ 1º - As testemunhas serão inquiridas separadamente. § 2º - Tratando-se de processo administrativo disciplinar,
§ 2º - Poderá ser feita acareação entre os depoentes, na a comissão que proferiu o relatório atacado,
hipótese de depoimentos contraditórios ou que se infirmem. preferencialmente, apreciará o cabimento da revisão, de
acordo com o disposto no art. 213 desta Lei.
Art. 204 - Aplicam-se subsidiariamente à sindicância ou ao § 3º - Caberá reclamação fundamentada ao Prefeito, no
processo administrativo disciplinar as normas dos Códigos de prazo de 5 (cinco) dias úteis, da decisão que negar seguimento
Processo Civil e Penal. à revisão.
Parágrafo único - O servidor que responder a sindicância § 4º - O prazo a que se refere o § 3º deste art. 214 contar-
ou a processo administrativo disciplinar poderá, às suas se-á da data em que o interessado tomar ciência da decisão que
expensas, extrair cópia integral ou parcial dos autos negar seguimento à revisão.
respectivos.
Art. 215 - Se a revisão for cabível, sua apreciação quanto ao
Art. 205 - A autoridade sindicante, a processante ou aquela mérito competirá à Corregedoria da GMBH.
incumbida de aplicar a pena, será responsabilizada se der
causa à prescrição de que trata o art. 168 desta Lei. Art. 216 - Recebido o pedido de revisão, a Corregedoria da
GMBH mandará autuá-lo e apensá-lo aos autos do
Art. 206 - Extinta a punibilidade pela prescrição, a procedimento originário.
autoridade indicada no art. 165 desta Lei determinará seu § 1º - Em qualquer caso, será dada vista ao requerente pelo
registro nos assentamentos individuais do Guarda Municipal. prazo de 10 (dez) dias, para tomar ciência do despacho e, se
quiser, arrolar testemunhas até o máximo de 5 (cinco).
CAPÍTULO V § 2º - Concluída a fase da instrução da revisão, o
DO RECURSO EM MATÉRIA DISCIPLINAR requerente será intimado a apresentar suas alegações finais,
no prazo de 5 (cinco) dias úteis.
Art. 207 - Das decisões proferidas com supedâneo em § 3º - Escoado o prazo de que trata o § 2º deste art. 216, a
apuração sumária, em sindicância ou em processo revisão receberá parecer quanto ao mérito, no prazo de 30
administrativo disciplinar, caberá recurso, que será recebido (trinta) dias consecutivos, e será encaminhada à autoridade
no efeito devolutivo. julgadora.
§ 4º - Na fase de julgamento, poderão ser determinadas
Art. 208 - Não constitui fundamento para o recurso a diligências consideradas necessárias ao melhor
exclusiva alegação de injustiça da penalidade aplicada. esclarecimento do processo.
Art. 209 - O prazo para a interposição do recurso é de 10 Art. 217 - O julgamento da revisão competirá:
(dez) dias úteis e começa a fluir da data do recebimento, pelo I - ao Prefeito, se a decisão revisionada partir dele próprio
acusado, da notificação da decisão constante do relatório. ou do Secretário Municipal de Segurança Urbana e
Parágrafo único - Não caberá recurso da decisão que Patrimonial.
decidir o recurso original. II - ao Secretário Municipal de Segurança Urbana e
Patrimonial, nos demais casos.
Art. 210 - O julgamento do recurso competirá:
I - ao Prefeito, se a decisão recorrida partir dele próprio ou Art. 218 - Julgado procedente o pedido de revisão, serão
do Secretário Municipal de Segurança Urbana e Patrimonial. tornadas sem efeito as penalidades aplicadas ao acusado, o que
II - ao Secretário Municipal de Segurança Urbana e implicará, somente se for o caso, no restabelecimento de todos
Patrimonial, se a decisão recorrida partir do Comandante da os direitos perdidos em consequência daquelas, exceto em
GMBH. relação à destituição do cargo em comissão ou de função
pública, a qual será convertida em exoneração.
Art. 211 - Provido o recurso, o acusado terá restabelecidos,
parcial ou integralmente, conforme a decisão, os direitos Art. 219 - Da revisão a pedido não poderá resultar
perdidos em consequência daquelas, exceto em relação à agravamento da penalidade.
destituição do cargo em comissão ou de função pública, a qual
será convertida em exoneração. TÍTULO VI
DAS RECOMPENSAS DOS SERVIDORES DA GUARDA
Art. 212 - Do recurso não poderão constar fatos novos e MUNICIPAL
nem dele poderá resultar agravamento de penalidade.
Art. 220 - As recompensas constituem-se em
CAPÍTULO VI reconhecimento aos bons serviços, atos meritórios e trabalhos
DA REVISÃO EM MATÉRIA DISCIPLINAR relevantes prestados pelo integrante da Guarda Municipal.
Art. 213 - O procedimento disciplinar poderá ser revisto a Art. 221 - São recompensas da Guarda Municipal:
qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando se aduzirem I - condecoração por serviços prestados;
fatos novos ou circunstâncias que militem em favor da II - elogio;
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dos cargos em comissão previstos no caput deste artigo IV - Corregedor Guarda Municipal Patrimonial para
poderá se dar por recrutamento amplo. Corregedor da Guarda Municipal de Belo Horizonte;
V - Inspetor Guarda Municipal Patrimonial para Inspetor
Art. 228 - O cargo de Ouvidor da Guarda Municipal de Belo da Guarda Municipal de Belo Horizonte.
Horizonte, previsto na Lei nº 9.011/05, de recrutamento Parágrafo único - Fica alterada, ainda, a denominação do
amplo e livre nomeação e exoneração pelo Prefeito, com cargo de Ouvidor da Guarda Municipal Patrimonial para
jornada de 8 (oito) horas diárias e remuneração equivalente à Ouvidor da Guarda Municipal de Belo Horizonte.
de Gerente de 1º nível, tem as seguintes atribuições:
I - receber reclamações relativas às atividades ou Art. 235 - Ficam criados os seguintes cargos públicos
servidores da Guarda Municipal de Belo Horizonte, realizando comissionados, passando o Anexo I da Lei n° 9.011/05 a
apuração preliminar e encaminhando, se necessário, o caso ao vigorar acrescido desses cargos:
órgão competente;
II - exercer suas atividades com independência e "ANEXO I
autonomia, buscando estabelecer canais de comunicação de QUADRO DE CARGOS DE PROVIMENTO EM COMISSÃO
forma aberta, honesta e objetiva, procurando sempre facilitar DA ADMINISTRAÇÃO DIRETA DO PODER EXECUTIVO E DE
e agilizar a resposta às reclamações apresentadas; CORRELAÇÃO COM OS CARGOS ANTERIORES
III - publicar no DOM, mensalmente, balanço das (...)
reclamações recebidas.
Parágrafo único - Será criado, junto à Ouvidoria, o Cargo previsto na Cargo previsto Quantidade de
Conselho Municipal de Segurança e Cidadania composto por Legislação nesta Lei vagas
representantes da sociedade civil organizada, sem Anterior
remuneração, e sua regulamentação será feita por decreto. Assessor Jurídico Assessor 3
III Jurídico III
Art. 229 - O porte de armas pelos ocupantes dos cargos de Assessor Jurídico Assessor 3
Guarda Municipal e de Inspetor da GMBH será autorizada II Jurídico II
pelos órgãos competentes e obedecerá a critérios e Gerente de 1º Gerente se 1º 10
procedimentos fixados na legislação própria, os quais deverão nível nível
constar de regulamento específico em âmbito municipal. Gerente de 2º Gerente de 2º 10
Parágrafo único - Para a utilização de arma por Guarda nível nível
Municipal ou Inspetor da GMBH, é indispensável a frequência Gerente de 3º Gerente de 3º 10
e aprovação em curso específico de capacitação e avaliação nível nível
sócio-psicológica, conforme previsto em legislação específica.
Art. 230 - O Executivo buscará a cooperação com outras Art. 236 - Fica o Poder Executivo autorizado a abrir
esferas de governo, visando a compartilhar institucionalmente créditos adicionais ao orçamento vigente no valor de
informações relevantes à segurança pública, bem como para R$17.550.805,00 (dezessete milhões, quinhentos e cinquenta
dotar o Município dos instrumentos necessários para mil, oitocentos e cinco reais), para atender ao disposto nesta
interagir, de forma suplementar, na área de segurança pública. Lei, podendo ser reaberto no exercício financeiro seguinte, no
limite de seus saldos, nos termos dos arts 40 a 43, 45 e 46 da
Art. 231 - A Guarda Municipal de Belo Horizonte terá a sua Lei Federal nº 4.320, de 17/03/1964.
implantação gradativa, assegurando-se o treinamento e
qualificação dos seus profissionais. Art. 237 - Ficam revogadas as leis nºs 8.486, de 20 de
janeiro de 2003, e 8.794, de 2 de abril de 2004, o art. 50 da Lei
Art. 232 - A partir de 19 de janeiro de 2006, fica prorrogada nº 9.154, de 12 de janeiro de 2006, e o art. 41 da Lei nº 9.155,
por mais 36 (trinta e seis) meses ou até o provimento integral de 12 de janeiro de 2006.
do quantitativo do cargo público efetivo de Guarda Municipal,
previsto no Anexo Único desta Lei, a contratação temporária Art. 238 - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação,
por excepcional interesse público de até 500 (quinhentos) ressalvados o caput e os parágrafos 1º e 2º do art. 53, que
trabalhadores para o exercício das funções específicas do retroagem seus efeitos a 1º de junho de 2006.
referido cargo.
Parágrafo único - A autorização contida no caput deste Questões
artigo estende-se à ocorrência de interrupção total ou parcial
das atividades da GMBH que, nos termos do regulamento, 01. Compete à Guarda Municipal dirigir o órgão, nos
ponham em risco bens e serviços municipais, hipótese em que aspectos técnico e operacional.
os contratos terão prazo não superior a 180 (cento e oitenta) ( ) Certo ( ) Errado
dias.
02. A reversão far-se-á no mesmo cargo ocupado pelo
Art. 233 - VETADO Guarda Municipal à época em que ocorreu a aposentadoria, ou
em cargo decorrente de sua transformação.
Art. 234 - Ficam alteradas as denominações dos órgãos e ( ) Certo ( ) Errado
cargos, que compõem a estrutura da Secretaria Municipal de
Segurança Urbana e Patrimonial de Belo Horizonte, previstos 03. O gozo da licença por assiduidade independe da
na Lei nº 9.011/05, nos seguintes termos: conveniência do serviço.
I - Guarda Municipal Patrimonial para Guarda Municipal de ( ) Certo ( ) Errado
Belo Horizonte;
II - Corregedoria da Guarda Municipal Patrimonial para 04. Após o retorno, o servidor ficará obrigado a trabalhar
Corregedoria da Guarda Municipal de Belo Horizonte; na administração municipal pelo período correspondente ao
do afastamento, sob pena de ressarcimento aos cofres públicos
III - Comandante da Guarda Municipal Patrimonial para municipais.
Comandante da Guarda Municipal de Belo Horizonte; ( ) Certo ( ) Errado
Legislação 119
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05. Será obrigatória a instauração de processo III - atuar, preventiva e permanentemente, no território do
administrativo disciplinar sempre que a falta imputada ao Município, para a proteção sistêmica da população que utiliza
integrante da GMBH ensejar a imposição de penalidade de os bens, serviços e instalações municipais;
suspensão por mais de 30 (trinta) dias, de demissão, de IV - colaborar, de forma integrada com os órgãos de
cassação de aposentadoria ou de destituição de cargo em segurança pública, em ações conjuntas que contribuam com a
comissão ou de função pública. paz social;
( ) Certo ( ) Errado V - colaborar com a pacificação de conflitos que seus
integrantes presenciarem, atentando para o respeito aos
Gabarito direitos fundamentais das pessoas;
VI - exercer as competências de trânsito que lhes forem
01. Errado / 02. Certo / 03. Errado / 04. Certo / 05. conferidas, nas vias e logradouros municipais, nos termos da
Certo Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997 (Código de Trânsito
Brasileiro), ou de forma concorrente, mediante convênio
celebrado com órgão de trânsito estadual ou municipal;
VII - proteger o patrimônio ecológico, histórico, cultural,
9. Lei Federal 13.022/2014 arquitetônico e ambiental do Município, inclusive adotando
- Estatuto Geral das Guardas medidas educativas e preventivas;
VIII - cooperar com os demais órgãos de defesa civil em
Municipais suas atividades;
IX - interagir com a sociedade civil para discussão de
soluções de problemas e projetos locais voltados à melhoria
LEI Nº 13.022, DE 8 DE AGOSTO DE 201455 das condições de segurança das comunidades;
X - estabelecer parcerias com os órgãos estaduais e da
Dispõe sobre o Estatuto Geral das Guardas Municipais. União, ou de Municípios vizinhos, por meio da celebração de
convênios ou consórcios, com vistas ao desenvolvimento de
CAPÍTULO I ações preventivas integradas;
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES XI - articular-se com os órgãos municipais de políticas
sociais, visando à adoção de ações interdisciplinares de
Art. 1º Esta Lei institui normas gerais para as guardas segurança no Município;
municipais, disciplinando o § 8º do art. 144 da Constituição XII - integrar-se com os demais órgãos de poder de polícia
Federal. administrativa, visando a contribuir para a normatização e a
fiscalização das posturas e ordenamento urbano municipal;
Art. 2º Incumbe às guardas municipais, instituições de XIII - garantir o atendimento de ocorrências emergenciais,
caráter civil, uniformizadas e armadas conforme previsto em ou prestá-lo direta e imediatamente quando deparar-se com
lei, a função de proteção municipal preventiva, ressalvadas as elas;
competências da União, dos Estados e do Distrito Federal. XIV - encaminhar ao delegado de polícia, diante de
flagrante delito, o autor da infração, preservando o local do
CAPÍTULO II crime, quando possível e sempre que necessário;
DOS PRINCÍPIOS XV - contribuir no estudo de impacto na segurança local,
conforme plano diretor municipal, por ocasião da construção
Art. 3º São princípios mínimos de atuação das guardas de empreendimentos de grande porte;
municipais: XVI - desenvolver ações de prevenção primária à violência,
I - proteção dos direitos humanos fundamentais, do isoladamente ou em conjunto com os demais órgãos da
exercício da cidadania e das liberdades públicas; própria municipalidade, de outros Municípios ou das esferas
II - preservação da vida, redução do sofrimento e estadual e federal;
diminuição das perdas; XVII - auxiliar na segurança de grandes eventos e na
III - patrulhamento preventivo; proteção de autoridades e dignatários; e
IV - compromisso com a evolução social da comunidade; e XVIII - atuar mediante ações preventivas na segurança
V - uso progressivo da força. escolar, zelando pelo entorno e participando de ações
educativas com o corpo discente e docente das unidades de
CAPÍTULO III ensino municipal, de forma a colaborar com a implantação da
DAS COMPETÊNCIAS cultura de paz na comunidade local.
Parágrafo único. No exercício de suas competências, a
Art. 4º É competência geral das guardas municipais a guarda municipal poderá colaborar ou atuar conjuntamente
proteção de bens, serviços, logradouros públicos municipais e com órgãos de segurança pública da União, dos Estados e do
instalações do Município. Distrito Federal ou de congêneres de Municípios vizinhos e,
Parágrafo único. Os bens mencionados no caput abrangem nas hipóteses previstas nos incisos XIII e XIV deste artigo,
os de uso comum, os de uso especial e os dominiais. diante do comparecimento de órgão descrito nos incisos do
caput do art. 144 da Constituição Federal, deverá a guarda
Art. 5º São competências específicas das guardas municipal prestar todo o apoio à continuidade do
municipais, respeitadas as competências dos órgãos federais e atendimento.
estaduais:
I - zelar pelos bens, equipamentos e prédios públicos do CAPÍTULO IV
Município; DA CRIAÇÃO
II - prevenir e inibir, pela presença e vigilância, bem como
coibir, infrações penais ou administrativas e atos infracionais Art. 6º O Município pode criar, por lei, sua guarda
que atentem contra os bens, serviços e instalações municipais; municipal.
55Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-
2014/2014/lei/l13022.htm - acesso em 13.03.2019.
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Art. 7º As guardas municipais não poderão ter efetivo Art. 13. O funcionamento das guardas municipais será
superior a: acompanhado por órgãos próprios, permanentes, autônomos
I - 0,4% (quatro décimos por cento) da população, em e com atribuições de fiscalização, investigação e auditoria,
Municípios com até 50.000 (cinquenta mil) habitantes; mediante:
II - 0,3% (três décimos por cento) da população, em I - controle interno, exercido por corregedoria, naquelas
Municípios com mais de 50.000 (cinquenta mil) e menos de com efetivo superior a 50 (cinquenta) servidores da guarda e
500.000 (quinhentos mil) habitantes, desde que o efetivo não em todas as que utilizam arma de fogo, para apurar as
seja inferior ao disposto no inciso I; infrações disciplinares atribuídas aos integrantes de seu
III - 0,2% (dois décimos por cento) da população, em quadro; e
Municípios com mais de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, II - controle externo, exercido por ouvidoria, independente
desde que o efetivo não seja inferior ao disposto no inciso II. em relação à direção da respectiva guarda, qualquer que seja o
Parágrafo único. Se houver redução da população referida número de servidores da guarda municipal, para receber,
em censo ou estimativa oficial da Fundação Instituto Brasileiro examinar e encaminhar reclamações, sugestões, elogios e
de Geografia e Estatística (IBGE), é garantida a preservação do denúncias acerca da conduta de seus dirigentes e integrantes
efetivo existente, o qual deverá ser ajustado à variação e das atividades do órgão, propor soluções, oferecer
populacional, nos termos de lei municipal. recomendações e informar os resultados aos interessados,
garantindo-lhes orientação, informação e resposta.
Art. 8º Municípios limítrofes podem, mediante consórcio § 1º O Poder Executivo municipal poderá criar órgão
público, utilizar, reciprocamente, os serviços da guarda colegiado para exercer o controle social das atividades de
municipal de maneira compartilhada. segurança do Município, analisar a alocação e aplicação dos
recursos públicos e monitorar os objetivos e metas da política
Art. 9º A guarda municipal é formada por servidores municipal de segurança e, posteriormente, a adequação e
públicos integrantes de carreira única e plano de cargos e eventual necessidade de adaptação das medidas adotadas face
salários, conforme disposto em lei municipal. aos resultados obtidos.
§ 2º Os corregedores e ouvidores terão mandato cuja
CAPÍTULO V perda será decidida pela maioria absoluta da Câmara
DAS EXIGÊNCIAS PARA INVESTIDURA Municipal, fundada em razão relevante e específica prevista
em lei municipal.
Art. 10. São requisitos básicos para investidura em cargo
público na guarda municipal: Art. 14. Para efeito do disposto no inciso I do caput do art.
I - nacionalidade brasileira; 13, a guarda municipal terá código de conduta próprio,
II - gozo dos direitos políticos; conforme dispuser lei municipal.
III - quitação com as obrigações militares e eleitorais; Parágrafo único. As guardas municipais não podem ficar
IV - nível médio completo de escolaridade; sujeitas a regulamentos disciplinares de natureza militar.
V - idade mínima de 18 (dezoito) anos;
VI - aptidão física, mental e psicológica; e CAPÍTULO VIII
VII - idoneidade moral comprovada por investigação social DAS PRERROGATIVAS
e certidões expedidas perante o Poder Judiciário estadual,
federal e distrital. Art. 15. Os cargos em comissão das guardas municipais
Parágrafo único. Outros requisitos poderão ser deverão ser providos por membros efetivos do quadro de
estabelecidos em lei municipal. carreira do órgão ou entidade.
§ 1º Nos primeiros 4 (quatro) anos de funcionamento, a
CAPÍTULO VI guarda municipal poderá ser dirigida por profissional
DA CAPACITAÇÃO estranho a seus quadros, preferencialmente com experiência
ou formação na área de segurança ou defesa social, atendido o
Art. 11. O exercício das atribuições dos cargos da guarda disposto no caput.
municipal requer capacitação específica, com matriz § 2º Para ocupação dos cargos em todos os níveis da
curricular compatível com suas atividades. carreira da guarda municipal, deverá ser observado o
Parágrafo único. Para fins do disposto no caput, poderá ser percentual mínimo para o sexo feminino, definido em lei
adaptada a matriz curricular nacional para formação em municipal.
segurança pública, elaborada pela Secretaria Nacional de § 3º Deverá ser garantida a progressão funcional da
Segurança Pública (Senasp) do Ministério da Justiça. carreira em todos os níveis.
Art. 12. É facultada ao Município a criação de órgão de Art. 16. Aos guardas municipais é autorizado o porte de
formação, treinamento e aperfeiçoamento dos integrantes da arma de fogo, conforme previsto em lei.
guarda municipal, tendo como princípios norteadores os Parágrafo único. Suspende-se o direito ao porte de arma de
mencionados no art. 3º. fogo em razão de restrição médica, decisão judicial ou
§ 1º Os Municípios poderão firmar convênios ou justificativa da adoção da medida pelo respectivo dirigente.
consorciar-se, visando ao atendimento do disposto no caput
deste artigo. Art. 17. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel)
§ 2º O Estado poderá, mediante convênio com os destinará linha telefônica de número 153 e faixa exclusiva de
Municípios interessados, manter órgão de formação e frequência de rádio aos Municípios que possuam guarda
aperfeiçoamento centralizado, em cujo conselho gestor seja municipal.
assegurada a participação dos Municípios conveniados. Art. 18. É assegurado ao guarda municipal o recolhimento
§ 3º O órgão referido no § 2º não pode ser o mesmo à cela, isoladamente dos demais presos, quando sujeito à
destinado a formação, treinamento ou aperfeiçoamento de prisão antes de condenação definitiva.
forças militares.
Legislação 121
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APOSTILAS OPÇÃO
Art. 20. É reconhecida a representatividade das guardas 03. (Prefeitura Municipal de Porto Alegre - Guarda
municipais no Conselho Nacional de Segurança Pública, no Municipal) Consoante regramentos da Lei Federal n.
Conselho Nacional das Guardas Municipais e, no interesse dos 13.022/2014 (Estatuto Geral das Guardas Municipais),
Municípios, no Conselho Nacional de Secretários e Gestores assinale a alternativa correta.
Municipais de Segurança Pública. É competência específica das guardas municipais,
respeitadas as competências dos órgãos federais e estaduais:
CAPÍTULO XI (A) Atuar repressivamente no território do Estado, para a
DISPOSIÇÕES DIVERSAS E TRANSITÓRIAS proteção sistêmica da população.
(B) Estabelecer parcerias com os órgãos estaduais e da
Art. 21. As guardas municipais utilizarão uniforme e União, ou de Municípios vizinhos, por meio da celebração de
equipamentos padronizados, preferencialmente, na cor azul- convênios ou consórcios, com vistas ao desenvolvimento de
marinho. ações preventivas integradas.
(C) Colaborar, de forma integrada e remunerada com os
Art. 22. Aplica-se esta Lei a todas as guardas municipais órgãos de segurança pública, em ações disjuntivas que
existentes na data de sua publicação, a cujas disposições contribuam com a paz social.
devem adaptar-se no prazo de 2 (dois) anos. (D) Contribuir no estudo de impacto de vizinhança e no
Parágrafo único. É assegurada a utilização de outras relatório de impacto ambiental, conforme plano diretor
denominações consagradas pelo uso, como guarda civil, municipal, por ocasião da construção de empreendimentos de
guarda civil municipal, guarda metropolitana e guarda civil grande porte.
metropolitana. (E) Lavrar auto de flagrante delito e fazer a emissão de
nota de culpa.
Art. 23. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
04. (Prefeitura Municipal de Porto Alegre - Guarda
Brasília, 8 de agosto de 2014; 193o da Independência e Municipal) Nos termos da Lei Federal n. 13.022/2014
126o da República. (Estatuto Geral das Guardas Municipais), assinale a alternativa
correta.
DILMA ROUSSEFF (A) O funcionamento das guardas municipais será
acompanhado por órgãos próprios, permanentes, autônomos
Questões e com atribuições de fiscalização, investigação e auditoria,
mediante: I – controle interno, exercido por ouvidoria,
01. (Prefeitura de Suzano/SP - Guarda Civil Municipal independente em relação à direção da respectiva guarda,
- VUNESP/2018) Nos termos da Lei n° 13.022/2014 (Estatuto qualquer que seja o número de servidores da guarda
Geral das Guardas Municipais), é um princípio mínimo de municipal, para receber, examinar e encaminhar reclamações,
atuação das guardas municipais: sugestões, elogios e denúncias acerca da conduta de seus
(A) patrulhamento ostensivo e repressivo. dirigentes e integrantes e das atividades do órgão, propor
(B) direito ao uso de armas letais e não letais. soluções, oferecer recomendações e informar os resultados
(C) função de assistência social à população carente. aos interessados, garantindo-lhes orientação, informação e
(D) compromisso com a evolução social da comunidade. resposta; e II – controle externo, exercido por corregedoria,
(E) comprometimento com a função de segurança pública. naquelas com efetivo superior a 50 (cinquenta) servidores da
guarda e em todas as que utilizam arma de fogo, para apurar
02. (Prefeitura Municipal de Porto Alegre - Guarda as infrações disciplinares atribuídas aos integrantes de seu
Municipal) Leia as assertivas abaixo e assinale (V) para quadro.
verdadeiro ou (F) para falso, à luz das disposições da Lei (B) As guardas municipais devem ficar sujeitas a
Federal n. 13.022/2014 (Estatuto Geral das Guardas regulamentos disciplinares de natureza militar.
Municipais). (C) Os cargos em comissão das guardas municipais
( ) É competência geral das guardas municipais a proteção deverão ser providos por membros ocupantes de cargos
de bens, serviços, logradouros públicos municipais e comissionados do quadro provisório do órgão ou entidade.
instalações do Município. (D) Aos guardas municipais é autorizado o porte de arma
( ) A estrutura hierárquica da guarda municipal deverá de fogo, conforme previsto em lei. Suspende- se o direito ao
utilizar denominação idêntica à das forças militares, quanto porte de arma de fogo em razão de restrição médica, decisão
aos postos e graduações, títulos, uniformes, distintivos e judicial ou justificativa da adoção da medida pelo respectivo
condecorações. dirigente.
( ) Os Municípios limítrofes podem, mediante consórcio (E) É assegurado ao guarda municipal o recolhimento à
público, utilizar, reciprocamente, os serviços da guarda cela, conjuntamente com os demais presos, quando sujeito à
municipal de maneira compartilhada. prisão antes de condenação definitiva.
( ) São princípios mínimos de atuação das guardas
municipais: I - proteção dos direitos humanos fundamentais, Gabarito
do exercício da cidadania e das liberdades públicas; II -
preservação da vida, redução do sofrimento e diminuição das 01.D / 02.D / 03.B / 04.D
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APOSTILAS OPÇÃO
Art. 6º - A jornada de trabalho dos servidores públicos de vencimentos-base constante do Anexo IV, que contém 15
efetivos integrantes da carreira da GCMBH é de 40 (quarenta) (quinze) níveis.
horas semanais e poderá ocorrer em turnos diurnos e § 2º - Para os efeitos desta lei, entende-se por promoção a
noturnos, inclusive em finais de semana e feriados, de acordo evolução vertical do servidor público ao posto hierárquico
com a especificidade das atividades desenvolvidas, admitindo- subsequente e para o mesmo nível de vencimento-base
se, nos termos do regulamento e conforme a necessidade do correspondente ao atribuído ao servidor no posto
serviço, a realização de jornadas especiais. antecedente.
§ 1º - Poderá haver compensação de jornada, que consiste § 3º - A promoção para os postos do grupo de Comando se
na ampliação, redução ou supressão da jornada de trabalho dará para o posto hierárquico subsequente ao ocupado pelo
diária do servidor em decorrência da necessidade do serviço servidor, no nível de vencimento-base cujo valor seja superior
público, mediante a formação de banco de horas, nos termos ao atual, em no mínimo 12% (doze por cento).
de regulamento.
§ 2º - As horas trabalhadas em domingos e feriados serão Seção I
consideradas em dobro para fins de compensação de jornada. Da Progressão Profissional Horizontal por
Merecimento
Art. 7º - O serviço noturno prestado em horário
compreendido entre as 22 (vinte e duas) horas de um dia e as Art. 12 - O servidor público deverá atender aos seguintes
5 (cinco) horas do dia seguinte terá o valor acrescido de 25% requisitos para fazer jus à progressão profissional por
(vinte e cinco por cento), computando-se cada hora como 52 merecimento:
(cinquenta e dois) minutos e 30 (trinta) segundos. I - ter adquirido estabilidade no cargo;
Parágrafo único - Na hipótese da prestação de serviço II - ter completado 1.095 (mil e noventa e cinco) dias de
noturno, o acréscimo de que trata este artigo incidirá sobre o efetivo exercício no respectivo cargo público, observado o
vencimento-base. disposto no art. 115 da Lei nº 9.319/07;
III - ter sido submetido a avaliações periódicas de
Art. 8º - O ingresso no cargo público efetivo de Guarda Civil desempenho, nos termos do regulamento;
Municipal acontecerá mediante aprovação em todas as etapas IV - encontrar-se em efetivo exercício na data em que
de concurso público, conforme definição em edital, observados cumprir os requisitos previstos nos incisos II e III.
os requisitos definidos pelo art. 12 da Lei nº 9.319/07. § 1º - Será descontado da contagem de tempo a que se
§ 1º - A escolaridade mínima para ingresso no cargo efetivo refere o inciso II do caput deste artigo o ano em que o servidor
de Guarda Civil Municipal será o Ensino Médio completo, nos público houver faltado ao serviço, injustificadamente, por mais
termos definidos pelo Ministério da Educação - MEC. de 5 (cinco) dias, consecutivos ou não.
§ 2º - O concurso público de que trata este artigo terá, no § 2º - A título da progressão profissional por merecimento,
mínimo, as seguintes etapas, sem prejuízo de outras exigências o servidor público somente poderá ascender a um nível na
conforme definição em edital: tabela de vencimentos-base por interstício temporal de 1.095
I - prova objetiva de múltipla escolha; (mil e noventa e cinco) dias de efetivo exercício, até o limite de
II - prova de títulos; 15 (quinze) níveis.
III - prova de capacidade física; § 3º - O servidor terá computado, para fins de progressão
IV - exame psicológico; profissional por merecimento, os afastamentos previstos no
V - sindicância social; art. 115 da Lei nº 9.319/07.
VI - exames médicos.
§ 3º - Os candidatos classificados no concurso público de Seção II
que trata este artigo participarão de curso de formação de Da Promoção Vertical
Guarda Civil Municipal, de caráter eliminatório.
Art. 13 - Os integrantes da carreira da GCMBH evoluirão
Art. 9º - Os servidores integrantes da GCMBH terão mediante a promoção para o posto hierárquico subsequente,
exercício nas unidades da Secretaria Municipal de Segurança e devendo satisfazer, cumulativamente, aos seguintes
Prevenção - SMSP, podendo ser cedidos para outros órgãos ou requisitos:
entidades da administração direta e indireta do Município. I - encontrar-se em efetivo exercício;
Parágrafo único - O servidor de que trata o caput poderá II - não ter sofrido punição disciplinar de suspensão,
ocupar cargo público em comissão ou função pública em órgão prevista no art. 154 da Lei nº 9.319/07, nos últimos 12 (doze)
ou entidade da administração direta, autárquica e fundacional meses anteriores ao protocolo do requerimento de promoção,
do Município, nos termos do regulamento, observadas as em decorrência de decisão transitada em julgado proferida em
vedações do art. 25 da Lei nº 9.319/07. procedimento administrativo disciplinar;
III - ter obtido a progressão profissional por merecimento,
CAPÍTULO III de que trata o art. 12 desta lei, no interstício anterior à
DA EVOLUÇÃO NA CARREIRA promoção pretendida;
IV - ter o seu comportamento classificado a partir do
Art. 10 - Os integrantes da carreira da GCMBH serão conceito “Bom”, conforme critérios estabelecidos nos arts. 223
submetidos à avaliação de desempenho de que trata o § 4º do e 224 da Lei nº 9.319/07;
art. 41 da Constituição da República para fins de aquisição da V - cumprir o tempo mínimo de exercício no posto anterior,
estabilidade no cargo, com base nos quesitos e critérios conforme o Anexo V.
estabelecidos em regulamento. § 1º - A promoção ao posto hierárquico de Subinspetor se
dará por meio de aprovação e classificação em processo
Art. 11 - O desenvolvimento do servidor público na seletivo interno de prova e títulos ou pelo cumprimento dos
carreira da GCMBH ocorrerá mediante progressão profissional requisitos determinados no caput, conforme regulamento,
horizontal por merecimento e por promoção vertical. respeitadas as seguintes proporções:
§ 1º - Para os efeitos desta lei, entende-se por progressão I - promoção por tempo de serviço efetivo no posto
profissional por merecimento a evolução horizontal do hierárquico antecedente: 70% (setenta por cento);
servidor público para o nível de vencimento-base II - promoção mediante aprovação em processo seletivo:
imediatamente superior ao que estiver posicionado na tabela 30% (trinta por cento).
Legislação 124
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§ 2º - Quando a promoção a que se refere o § 1º se der por V - ingresso em 2017: após 5 (cinco) anos.
meio de aprovação e classificação em processo seletivo interno § 1º - A contagem do prazo a que se referem os incisos I a
de prova e títulos, o candidato deverá contar com, no mínimo, V terá início a partir da vigência desta lei e considerará o
12 (doze) anos de efetivo serviço na Guarda Civil Municipal, posicionamento do servidor disposto no Anexo III,
observado o art. 115 da Lei nº 9.319/07, respeitado o respeitando-se o tempo de efetivo exercício de cada servidor,
percentual previsto no Anexo I. observado o disposto no art. 115 da Lei nº 9.319/07.
§ 3º - A promoção por tempo de serviço ou mediante § 2º - A regra prevista no caput e nos incisos de I a V deste
aprovação em processo seletivo interno dependerá da artigo será aplicada exclusivamente à primeira promoção que
existência de vagas, devendo o servidor cumprir, além do acontecerá após a vigência desta lei.
disposto neste artigo e em regulamento específico, os § 3º - Os atuais servidores da GCMBH que contarem com,
seguintes requisitos para o preenchimento das vagas dos no mínimo, 6 (seis) anos de efetivo exercício na data de
postos hierárquicos de Comando: vigência desta lei, independentemente do posto hierárquico
I - possuir curso de graduação superior, nas modalidades ocupado, poderão concorrer à primeira seleção interna para
bacharelado, licenciatura ou tecnólogo; promoção ao posto hierárquico de Subinspetor, desde que
II - ser aprovado em avaliação de conhecimentos preencham os demais requisitos exigidos no art. 13 desta lei.
específicos em curso de capacitação e instrução para o
exercício da função, promovido pela administração municipal. Art. 17 - Será concedida progressão por escolaridade ao
§ 4º - Os critérios para o processo seletivo interno de prova servidor enquadrado neste plano de carreira, conforme art. 14
e títulos, destinado à promoção aos postos hierárquicos de desta lei, aprovado e certificado em curso cujo nível de
Comando, serão definidos em regulamento. escolaridade seja superior ou complementar àquele exigido
§ 5º - Os interessados em concorrer à promoção por meio para o provimento no seu cargo público e cujo conteúdo esteja
de processo seletivo interno ou por tempo de serviço deverão diretamente relacionado à carreira da GCMBH, desde que o
manifestar-se formalmente, observados os requisitos legais e curso tenha iniciado antes da vigência desta lei, nos seguintes
o regulamento. limites:
§ 6º - Na hipótese de resultados iguais ao final das etapas I - 1 (um) nível por conclusão de curso de pós-graduação
do processo seletivo interno para a promoção por tempo de lato sensu, no limite de até 2 (dois) níveis por cursos dessa
serviço, serão considerados, para fins de desempate, os natureza, observados critérios específicos definidos em
seguintes critérios, na ordem indicada: regulamento;
I - a classificação do comportamento do servidor durante o II - 2 (dois) níveis por conclusão de curso superior de
tempo de serviço no posto hierárquico precedente, conforme graduação, em nível de bacharelado, licenciatura ou tecnólogo,
os parâmetros definidos no parágrafo único do art. 223 da Lei autorizado pelo Ministério da Educação - MEC, sendo esse o
nº 9.319/07; limite de níveis para cursos dessa natureza;
II - o tempo de efetivo exercício no posto hierárquico III - 1 (um) nível por conclusão de um conjunto de cursos
pertencente à carreira da GCMBH; de aperfeiçoamento profissional, qualificação e requalificação,
III - a idade do candidato, em ordem decrescente. relacionados diretamente com as atribuições de seu posto
§ 7º - As informações relativas aos procedimentos para a hierárquico, cujo somatório seja igual ou superior a 360
promoção por tempo de serviço e para o processo seletivo (trezentas e sessenta) horas, que atendam, dentre outros
interno, tais como os quantitativos de vagas ocupadas e critérios fixados em regulamento, os seguintes requisitos:
disponíveis, serão veiculadas anualmente na intranet da a) sejam de interesse da administração pública municipal;
GCMBH, conforme disposto em portaria do órgão municipal b) sejam ministrados por órgãos ou entidades da
responsável pela política de segurança. administração direta e indireta do Poder Executivo municipal
ou por ente público ou instituição de ensino contratada e/ou
Seção III conveniada com o Município para essa finalidade;
Do Enquadramento no Plano de Carreira c) possuam carga horária mínima de 20 (vinte) horas;
d) seja observado o intervalo máximo de 5 (cinco) anos
Art. 14 - Os servidores integrantes da carreira da GCMBH entre a conclusão do primeiro e a do último curso que
serão posicionados na tabela de vencimentos constante do compõem o somatório de 360 (trezentas e sessenta) horas a
Anexo IV e enquadrados nos novos postos hierárquicos de que alude o caput;
acordo com o seu ano de ingresso em cargo efetivo da GCMBH IV - 1 (um) nível por conclusão do Ensino Médio aos
e o seu vencimento-base na data da publicação desta lei, servidores investidos no cargo público de Guarda Municipal de
conforme quadro constante do Anexo III. 2ª Classe até 1º de janeiro de 2013, cujo edital do respectivo
Parágrafo único - O servidor será posicionado no concurso público tenha exigido como grau de escolaridade
respectivo posto hierárquico no nível de vencimento-base cujo para ingresso o Ensino Fundamental completo até a 8ª série.
valor seja igual ou imediatamente superior ao atual. Parágrafo único - A concessão da progressão prevista no
caput deste artigo observará o limite máximo de 4 (quatro)
Art. 15 - Em decorrência do posicionamento previsto no níveis na carreira.
art. 14, a contagem de tempo para fins da obtenção de
progressão profissional por merecimento iniciada no posto Art. 18 - Os ocupantes do cargo público da carreira da
hierárquico anterior não será interrompida. GCMBH poderão ser promovidos para o posto de hierarquia
imediatamente superior por ato de bravura.
Art. 16 - Os servidores integrantes da carreira da GCMBH § 1º - A bravura será declarada por ato do prefeito, a partir
obterão a promoção para o posto hierárquico subsequente ao da comprovação de ações excepcionais praticadas pelo
que se encontrarem no início da vigência desta lei, servidor, considerados o espírito humanitário, a coragem e a
considerando o seu ano de ingresso em cargo efetivo da audácia no desempenho das atribuições do cargo para bem do
GCMBH, mediante o cumprimento dos seguintes requisitos interesse coletivo, o espírito de cumprimento do dever e de
temporais de efetivo exercício: proteção da comunidade, entre outros valores e critérios
I - ingresso em 2006: após 6 (seis) anos; definidos em regulamento.
II - ingresso em 2008: após 2 (dois) anos; § 2º - A promoção por ato de bravura dispensa a existência
III - ingresso em 2009: após 3 (três) anos; de vagas no quantitativo previsto no Anexo I no instante de sua
IV - ingresso em 2011: após 5 (cinco) anos; declaração pelo prefeito, que deverá encaminhar projeto de lei
Legislação 125
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APOSTILAS OPÇÃO
à Câmara Municipal contendo a respectiva ratificação, no Art. 24 - O quadro correspondente aos cargos da
prazo de 30 (trinta) dias seguintes à publicação do referido administração direta, constante do Anexo I da Lei nº
decreto no Diário Oficial do Município. 11.065/17, passa a vigorar na forma do Anexo VI.
§ 3º - A vaga preenchida em decorrência da promoção por
ato de bravura, dentro do percentual previsto no Anexo I, será Art. 25 - A GCMBH será dirigida pelo ocupante do cargo
extinta em decorrência da promoção do servidor público para comissionado de Comandante, pertencente ao Grupo de
o posto de hierarquia imediatamente superior ou em Direção Superior Municipal - DSM, constante do Anexo I da Lei
decorrência de vacância. nº 11.065/17, que deverá ser exercido por servidor da área de
atividades da segurança pública que atue na Guarda Civil
Art. 19 - O servidor inativo e o pensionista serão Municipal de Belo Horizonte, preferencialmente, o ocupante
enquadrados nos níveis previstos no Anexo IV, conforme o do posto hierárquico de Superintendente, após o
nível de vencimento-base utilizado como referência de seu preenchimento de todas as vagas desse posto.
benefício previdenciário a partir da vigência desta lei.
Art. 26 - A partir de 1º de agosto de 2018 até o último dia
Art. 20 - O servidor público integrante do plano de carreira do mês de publicação desta lei, a tabela de vencimentos-base
a que se refere esta lei, além do vencimento-base que lhe for da GCMBH, constante do Anexo II da Lei nº 11.080, de 30 de
atribuído, fará jus, ainda, às demais vantagens pessoais que lhe novembro de 2017, fica reajustada em 2,43% (dois vírgula
forem devidas, sendo-lhe proibido receber qualquer parcela quarenta e três por cento), passando a vigorar conforme o
remuneratória de natureza permanente, eventual ou Anexo VII.
indenizatória, ou quaisquer benefícios funcionais que
resultem em duplicidade. Art. 27 - Até 31 de dezembro de 2020, deverá ser realizado
processo seletivo interno para a promoção ao posto
Art. 21 - A Gratificação por Disponibilidade Integral - GDI, hierárquico de Subinspetor, nos termos do § 1º do art. 13.
instituída no art. 4º da Lei nº 9.985, de 22 de novembro de
2010, é devida aos ocupantes de cargo público da carreira da Art. 28 - Para atender ao disposto nesta lei, fica o Poder
GCMBH, calculada sobre o vencimento-base do nível inicial de Executivo autorizado a adaptar seus instrumentos de
seu posto hierárquico, à razão de 15% (quinze por cento). planejamento financeiro e, nos termos dos arts. 40 a 46 da Lei
Federal nº 4.320, de 17 de março de 1964, a abrir crédito
CAPÍTULO IV adicional até o limite de R$5.272.472,60 (cinco milhões,
DISPOSIÇÕES FINAIS duzentos e setenta e dois mil quatrocentos e setenta e dois
reais e sessenta centavos) ao orçamento corrente, para o
Art. 22 - Ficam alterados os §§ 1º e 2º do art. 25 da Lei nº exercício seguinte o valor do impacto será inserido no
9.319/07 ficando ainda o referido artigo acrescido do seguinte planejamento orçamentário do ano.
§ 3º:
Art. 29 - Fica revogada a Lei nº 10.497, de 26 de junho de
“Art. 25 - [...] 2012.
§ 1º - O servidor da carreira da GCMBH poderá ser cedido,
a critério do prefeito, para ter exercício em outros órgãos e Art. 30 - Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
entidades da administração direta e indireta do Poder
Executivo municipal, em outros órgãos ou entidades dos Belo Horizonte, 9 de janeiro de 2019.
demais Poderes municipais e nos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e de outros Municípios, nas Alexandre Kalil
seguintes hipóteses: Prefeito de Belo Horizonte
I - para exercício de cargo em comissão ou função de
confiança;
II - em casos previstos em lei específica;
III - em razão de convênios celebrados pelo Município.
§ 2º - Na hipótese do inciso I do § 1º, o ônus da
remuneração será do cessionário.
§ 3º - A cessão aos órgãos e entidades da administração
direta e indireta do Poder Executivo municipal e aos outros
órgãos e entidades dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e de outros Municípios não poderá ser
superior a 3% (três por cento) do efetivo existente na
GCMBH.”. (NR)
Legislação 126
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APOSTILAS OPÇÃO
ANEXO I
(a que se referem o parágrafo único do art. 1º e o caput do art. 3º desta lei)
ANEXO II
(a que se refere o parágrafo único do art. 5º desta lei)
ANEXO III
(a que se refere o caput do art. 14 desta lei)
Legislação 127
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APOSTILAS OPÇÃO
ANEXO IV
(a que se refere o art. 4º desta lei)
ANEXO V
(a que se refere o § 2º do art. 3º e o inciso IV do caput do art. 13 desta lei)
Legislação 128
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APOSTILAS OPÇÃO
ANEXO VI
(a que se refere o art. 24 desta lei)
ADMINISTRAÇÃO DIRETA
QUANTIDADE DE
Grupo de Direção Superior Municipal - DSM
VAGAS
Chefe de Gabinete do Prefeito 1
Coordenador de Atendimento Regional 9
Secretário/Procurador-Geral/Controlador-Geral 16
Secretário Municipal Adjunto/Procurador-Geral
16
Adjunto/Controlador-Geral Adjunto
Subsecretário/Subprocurador/Subcontrolador/Comandante
25
da Guarda Civil Municipal
Consultor Técnico Especializado 10
Assessor Especial 7
Chefe de Gabinete do Vice-Prefeito 1
TOTAL GERAL 85
ANEXO VII
(a que se refere o art. 26 desta lei)
Legislação 129
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APOSTILAS OPÇÃO
Questões
11. Lei Federal
01. Nos termos da Lei nº. 11.154/2019, que dispõe sobre
o plano de carreira dos servidores da área de atividades de 10.826/2003 – Estatuto do
segurança pública que atuam na Guarda Civil Municipal de Desarmamento. Dispõe sobre
Belo Horizonte, julgue os itens abaixo: registro, posse e
O servidor público deverá atender aos seguintes requisitos comercialização de armas de
para fazer jus à progressão profissional por merecimento: fogo e munição, sobre o
I - ter adquirido estabilidade no cargo; Sistema Nacional de Armas
II - ter completado 1.095 (mil e noventa e cinco) dias de
efetivo exercício no respectivo cargo público, observado o (Sinarm), define crimes e dá
disposto no art. 115 da Lei nº 9.319/07; outras providências. 11.1.
III - ter sido submetido a avaliações periódicas de Capítulos I, II e III
desempenho, nos termos do regulamento;
IV - encontrar-se em efetivo exercício na data em que
cumprir os requisitos previstos nos incisos II e III.
Prezado candidato, neste momento vamos disponibilizar
Estão corretos s itens: apenas os Capítulos I, II e III da Lei nº. 10.826/2003, em
(A) I e II observância ao Edital.
(B) I, II e III
(C) II e IV LEI No 10.826, DE 22 DE DEZEMBRO DE 200357
(D) II, III e IV
(E) Todos os itens Dispõe sobre registro, posse e comercialização de armas de
fogo e munição, sobre o Sistema Nacional de Armas – Sinarm,
02. Nos termos da Lei nº. 11.154/2019, que dispõe sobre define crimes e dá outras providências.
o plano de carreira dos servidores da área de atividades de
segurança pública que atuam na Guarda Civil Municipal de O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o
Belo Horizonte, julgue o item abaixo: Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
57 Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2003/L10.826compilado.htm - acesso
em 13.03.2019.
Legislação 130
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APOSTILAS OPÇÃO
Parágrafo único. As disposições deste artigo não alcançam regulamento desta Lei, para a renovação do Certificado de
as armas de fogo das Forças Armadas e Auxiliares, bem como Registro de Arma de Fogo.
as demais que constem dos seus registros próprios. § 3o O proprietário de arma de fogo com certificados de
registro de propriedade expedido por órgão estadual ou do
CAPÍTULO II Distrito Federal até a data da publicação desta Lei que não
DO REGISTRO optar pela entrega espontânea prevista no art. 32 desta Lei
deverá renová-lo mediante o pertinente registro federal, até o
Art. 3o É obrigatório o registro de arma de fogo no órgão dia 31 de dezembro de 2008, ante a apresentação de
competente. documento de identificação pessoal e comprovante de
Parágrafo único. As armas de fogo de uso restrito serão residência fixa, ficando dispensado do pagamento de taxas e
registradas no Comando do Exército, na forma do regulamento do cumprimento das demais exigências constantes dos incisos
desta Lei. I a III do caput do art. 4o desta Lei.
§ 4o Para fins do cumprimento do disposto no § 3o deste
Art. 4o Para adquirir arma de fogo de uso permitido o artigo, o proprietário de arma de fogo poderá obter, no
interessado deverá, além de declarar a efetiva necessidade, Departamento de Polícia Federal, certificado de registro
atender aos seguintes requisitos: provisório, expedido na rede mundial de computadores -
I - comprovação de idoneidade, com a apresentação de internet, na forma do regulamento e obedecidos os
certidões negativas de antecedentes criminais fornecidas pela procedimentos a seguir:
Justiça Federal, Estadual, Militar e Eleitoral e de não estar I - emissão de certificado de registro provisório pela
respondendo a inquérito policial ou a processo criminal, que internet, com validade inicial de 90 (noventa) dias; e
poderão ser fornecidas por meios eletrônicos; II - revalidação pela unidade do Departamento de Polícia
II – apresentação de documento comprobatório de Federal do certificado de registro provisório pelo prazo que
ocupação lícita e de residência certa; estimar como necessário para a emissão definitiva do
III – comprovação de capacidade técnica e de aptidão certificado de registro de propriedade.
psicológica para o manuseio de arma de fogo, atestadas na
forma disposta no regulamento desta Lei. CAPÍTULO III
§ 1o O Sinarm expedirá autorização de compra de arma de DO PORTE
fogo após atendidos os requisitos anteriormente
estabelecidos, em nome do requerente e para a arma indicada, Art. 6o É proibido o porte de arma de fogo em todo o
sendo intransferível esta autorização. território nacional, salvo para os casos previstos em legislação
§ 2o A aquisição de munição somente poderá ser feita no própria e para:
calibre correspondente à arma registrada e na quantidade I – os integrantes das Forças Armadas;
estabelecida no regulamento desta Lei. II - os integrantes de órgãos referidos nos incisos I, II, III,
§ 3o A empresa que comercializar arma de fogo em IV e V do caput do art. 144 da Constituição Federal e os da
território nacional é obrigada a comunicar a venda à Força Nacional de Segurança Pública (FNSP); (Redação dada
autoridade competente, como também a manter banco de pela Lei nº 13.500, de 2017)
dados com todas as características da arma e cópia dos III – os integrantes das guardas municipais das capitais dos
documentos previstos neste artigo. Estados e dos Municípios com mais de 500.000 (quinhentos
§ 4o A empresa que comercializa armas de fogo, acessórios mil) habitantes, nas condições estabelecidas no regulamento
e munições responde legalmente por essas mercadorias, desta Lei;
ficando registradas como de sua propriedade enquanto não IV - os integrantes das guardas municipais dos Municípios
forem vendidas. com mais de 50.000 (cinquenta mil) e menos de 500.000
§ 5o A comercialização de armas de fogo, acessórios e (quinhentos mil) habitantes, quando em serviço;
munições entre pessoas físicas somente será efetivada V – os agentes operacionais da Agência Brasileira de
mediante autorização do Sinarm. Inteligência e os agentes do Departamento de Segurança do
§ 6o A expedição da autorização a que se refere o § 1o será Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da
concedida, ou recusada com a devida fundamentação, no prazo República;
de 30 (trinta) dias úteis, a contar da data do requerimento do VI – os integrantes dos órgãos policiais referidos no art. 51,
interessado. IV, e no art. 52, XIII, da Constituição Federal;
§ 7o O registro precário a que se refere o § 4o prescinde do VII – os integrantes do quadro efetivo dos agentes e
cumprimento dos requisitos dos incisos I, II e III deste artigo. guardas prisionais, os integrantes das escoltas de presos e as
§ 8o Estará dispensado das exigências constantes do inciso guardas portuárias;
III do caput deste artigo, na forma do regulamento, o VIII – as empresas de segurança privada e de transporte de
interessado em adquirir arma de fogo de uso permitido que valores constituídas, nos termos desta Lei;
comprove estar autorizado a portar arma com as mesmas IX – para os integrantes das entidades de desporto
características daquela a ser adquirida. legalmente constituídas, cujas atividades esportivas
demandem o uso de armas de fogo, na forma do regulamento
Art. 5o O certificado de Registro de Arma de Fogo, com desta Lei, observando-se, no que couber, a legislação
validade em todo o território nacional, autoriza o seu ambiental.
proprietário a manter a arma de fogo exclusivamente no X - integrantes das Carreiras de Auditoria da Receita
interior de sua residência ou domicílio, ou dependência Federal do Brasil e de Auditoria-Fiscal do Trabalho, cargos de
desses, ou, ainda, no seu local de trabalho, desde que seja ele o Auditor-Fiscal e Analista Tributário.
titular ou o responsável legal pelo estabelecimento ou XI - os tribunais do Poder Judiciário descritos no art. 92 da
empresa. Constituição Federal e os Ministérios Públicos da União e dos
§ 1o O certificado de registro de arma de fogo será expedido Estados, para uso exclusivo de servidores de seus quadros
pela Polícia Federal e será precedido de autorização do pessoais que efetivamente estejam no exercício de funções de
Sinarm. segurança, na forma de regulamento a ser emitido pelo
§ 2o Os requisitos de que tratam os incisos I, II e III do art. Conselho Nacional de Justiça - CNJ e pelo Conselho Nacional do
4o deverão ser comprovados periodicamente, em período não Ministério Público - CNMP.
inferior a 3 (três) anos, na conformidade do estabelecido no
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§ 1o As pessoas previstas nos incisos I, II, III, V e VI do caput de registrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia
deste artigo terão direito de portar arma de fogo de Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de
propriedade particular ou fornecida pela respectiva armas de fogo, acessórios e munições que estejam sob sua
corporação ou instituição, mesmo fora de serviço, nos termos guarda, nas primeiras 24 (vinte e quatro) horas depois de
do regulamento desta Lei, com validade em âmbito nacional ocorrido o fato.
para aquelas constantes dos incisos I, II, V e VI. § 2o A empresa de segurança e de transporte de valores
§ 1º-A. (Revogado pela Lei nº 11.706, de 2008) deverá apresentar documentação comprobatória do
§ 1º-B. Os integrantes do quadro efetivo de agentes e preenchimento dos requisitos constantes do art. 4o desta Lei
guardas prisionais poderão portar arma de fogo de quanto aos empregados que portarão arma de fogo.
propriedade particular ou fornecida pela respectiva § 3o A listagem dos empregados das empresas referidas
corporação ou instituição, mesmo fora de serviço, desde que neste artigo deverá ser atualizada semestralmente junto ao
estejam: (Incluído pela Lei nº 12.993, de 2014) Sinarm.
I - submetidos a regime de dedicação exclusiva; (Incluído
pela Lei nº 12.993, de 2014) Art. 7º-A. As armas de fogo utilizadas pelos servidores das
II - sujeitos à formação funcional, nos termos do instituições descritas no inciso XI do art. 6o serão de
regulamento; e (Incluído pela Lei nº 12.993, de 2014) propriedade, responsabilidade e guarda das respectivas
III - subordinados a mecanismos de fiscalização e de instituições, somente podendo ser utilizadas quando em
controle interno. (Incluído pela Lei nº 12.993, de 2014) serviço, devendo estas observar as condições de uso e de
§ 1º-C. (VETADO). armazenagem estabelecidas pelo órgão competente, sendo o
§ 2o A autorização para o porte de arma de fogo aos certificado de registro e a autorização de porte expedidos pela
integrantes das instituições descritas nos incisos V, VI, VII e X Polícia Federal em nome da instituição.
do caput deste artigo está condicionada à comprovação do § 1º A autorização para o porte de arma de fogo de que
requisito a que se refere o inciso III do caput do art. 4o desta trata este artigo independe do pagamento de taxa.
Lei nas condições estabelecidas no regulamento desta Lei. § 2º O presidente do tribunal ou o chefe do Ministério
§ 3o A autorização para o porte de arma de fogo das Público designará os servidores de seus quadros pessoais no
guardas municipais está condicionada à formação funcional de exercício de funções de segurança que poderão portar arma de
seus integrantes em estabelecimentos de ensino de atividade fogo, respeitado o limite máximo de 50% (cinquenta por
policial, à existência de mecanismos de fiscalização e de cento) do número de servidores que exerçam funções de
controle interno, nas condições estabelecidas no regulamento segurança.
desta Lei, observada a supervisão do Ministério da Justiça. § 3º O porte de arma pelos servidores das instituições de
§ 4o Os integrantes das Forças Armadas, das polícias que trata este artigo fica condicionado à apresentação de
federais e estaduais e do Distrito Federal, bem como os documentação comprobatória do preenchimento dos
militares dos Estados e do Distrito Federal, ao exercerem o requisitos constantes do art. 4o desta Lei, bem como à
direito descrito no art. 4o, ficam dispensados do cumprimento formação funcional em estabelecimentos de ensino de
do disposto nos incisos I, II e III do mesmo artigo, na forma do atividade policial e à existência de mecanismos de fiscalização
regulamento desta Lei. e de controle interno, nas condições estabelecidas no
§ 5o Aos residentes em áreas rurais, maiores de 25 (vinte regulamento desta Lei.
e cinco) anos que comprovem depender do emprego de arma § 4º A listagem dos servidores das instituições de que trata
de fogo para prover sua subsistência alimentar familiar será este artigo deverá ser atualizada semestralmente no Sinarm.
concedido pela Polícia Federal o porte de arma de fogo, na § 5º As instituições de que trata este artigo são obrigadas a
categoria caçador para subsistência, de uma arma de uso registrar ocorrência policial e a comunicar à Polícia Federal
permitido, de tiro simples, com 1 (um) ou 2 (dois) canos, de eventual perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de
alma lisa e de calibre igual ou inferior a 16 (dezesseis), desde armas de fogo, acessórios e munições que estejam sob sua
que o interessado comprove a efetiva necessidade em guarda, nas primeiras 24 (vinte e quatro) horas depois de
requerimento ao qual deverão ser anexados os seguintes ocorrido o fato.
documentos:
I - documento de identificação pessoal; Art. 8o As armas de fogo utilizadas em entidades
II - comprovante de residência em área rural; e desportivas legalmente constituídas devem obedecer às
III - atestado de bons antecedentes. condições de uso e de armazenagem estabelecidas pelo órgão
§ 6o O caçador para subsistência que der outro uso à sua competente, respondendo o possuidor ou o autorizado a
arma de fogo, independentemente de outras tipificações portar a arma pela sua guarda na forma do regulamento desta
penais, responderá, conforme o caso, por porte ilegal ou por Lei.
disparo de arma de fogo de uso permitido.
§ 7o Aos integrantes das guardas municipais dos Art. 9o Compete ao Ministério da Justiça a autorização do
Municípios que integram regiões metropolitanas será porte de arma para os responsáveis pela segurança de
autorizado porte de arma de fogo, quando em serviço. cidadãos estrangeiros em visita ou sediados no Brasil e, ao
Comando do Exército, nos termos do regulamento desta Lei, o
Art. 7o As armas de fogo utilizadas pelos empregados das registro e a concessão de porte de trânsito de arma de fogo
empresas de segurança privada e de transporte de valores, para colecionadores, atiradores e caçadores e de
constituídas na forma da lei, serão de propriedade, representantes estrangeiros em competição internacional
responsabilidade e guarda das respectivas empresas, somente oficial de tiro realizada no território nacional.
podendo ser utilizadas quando em serviço, devendo essas
observar as condições de uso e de armazenagem estabelecidas Art. 10. A autorização para o porte de arma de fogo de uso
pelo órgão competente, sendo o certificado de registro e a permitido, em todo o território nacional, é de competência da
autorização de porte expedidos pela Polícia Federal em nome Polícia Federal e somente será concedida após autorização do
da empresa. Sinarm.
§ 1o O proprietário ou diretor responsável de empresa de § 1o A autorização prevista neste artigo poderá ser
segurança privada e de transporte de valores responderá pelo concedida com eficácia temporária e territorial limitada, nos
crime previsto no parágrafo único do art. 13 desta Lei, sem termos de atos regulamentares, e dependerá de o requerente:
prejuízo das demais sanções administrativas e civis, se deixar
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O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe I - as armas de fogo institucionais, de porte e portáteis,
confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o constantes de registros próprios:
disposto na Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003, a) das Forças Armadas;
b) das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares;
DECRETA: c) da Agência Brasileira de Inteligência; e
d) do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da
CAPÍTULO I República;
DOS SISTEMAS DE CONTROLE DE ARMAS DE FOGO II - as armas de fogo dos integrantes das Forças Armadas, da
Agência Brasileira de Inteligência e do Gabinete de Segurança
Art. 1º O Sistema Nacional de Armas - SINARM, instituído no Institucional da Presidência da República, constantes de
Ministério da Justiça, no âmbito da Polícia Federal, com registros próprios;
circunscrição em todo o território nacional e competência III - as informações relativas às exportações de armas de
estabelecida pelo caput e incisos do art. 2ºda Lei no 10.826, de fogo, munições e demais produtos controlados, devendo o
22 de dezembro de 2003, tem por finalidade manter cadastro Comando do Exército manter sua atualização;
geral, integrado e permanente das armas de fogo importadas, IV - as armas de fogo importadas ou adquiridas no país para
produzidas e vendidas no país, de competência do SINARM, e o fins de testes e avaliação técnica; e
controle dos registros dessas armas. V - as armas de fogo obsoletas.
§ 1º Serão cadastradas no SINARM: § 2º Serão registradas no Comando do Exército e
I - as armas de fogo institucionais, constantes de registros cadastradas no SIGMA:
próprios: I - as armas de fogo de colecionadores, atiradores e
a) da Polícia Federal; caçadores; e
b) da Polícia Rodoviária Federal; II - as armas de fogo das representações diplomáticas.
c) das Polícias Civis;
d) dos órgãos policiais da Câmara dos Deputados e do Art. 3º Entende-se por registros próprios, para os fins deste
Senado Federal, referidos nos arts. 51, inciso IV, e 52, inciso XIII Decreto, os feitos pelas instituições, órgãos e corporações em
da Constituição; documentos oficiais de caráter permanente.
e) dos integrantes do quadro efetivo dos agentes e guardas
prisionais, dos integrantes das escoltas de presos e das Guardas Art. 4º A aquisição de armas de fogo, diretamente da fábrica,
Portuárias; será precedida de autorização do Comando do Exército.
f) das Guardas Municipais; e
g) dos órgãos públicos não mencionados nas alíneas Art. 5º Os dados necessários ao cadastro mediante registro,
anteriores, cujos servidores tenham autorização legal para a que se refere o inciso IX do art. 2º da Lei no 10.826, de 2003,
portar arma de fogo em serviço, em razão das atividades que serão fornecidos ao SINARM pelo Comando do Exército.
desempenhem, nos termos do caput do art. 6ºda Lei no 10.826,
de 2003. Art. 6º Os dados necessários ao cadastro da identificação do
II - as armas de fogo apreendidas, que não constem dos cano da arma, das características das impressões de raiamento
cadastros do SINARM ou Sistema de Gerenciamento Militar de e microestriamento de projetil disparado, a marca do percutor
Armas - SIGMA, inclusive as vinculadas a procedimentos e extrator no estojo do cartucho deflagrado pela arma de que
policiais e judiciais, mediante comunicação das autoridades trata o inciso X do art. 2º da Lei no 10.826, de 2003, serão
competentes à Polícia Federal; disciplinados em norma específica da Polícia Federal, ouvido o
III - as armas de fogo de uso restrito dos integrantes dos Comando do Exército, cabendo às fábricas de armas de fogo o
órgãos, instituições e corporações mencionados no inciso II do envio das informações necessárias ao órgão responsável da
art. 6º da Lei nº 10.826, de 2003; e Polícia Federal.
IV - as armas de fogo de uso restrito, salvo aquelas Parágrafo único. A norma específica de que trata este artigo
mencionadas no inciso II, do §1º, do art. 2º deste Decreto. será expedida no prazo de cento e oitenta dias.
§ 2º Serão registradas na Polícia Federal e cadastradas no
SINARM: Art. 7º As fábricas de armas de fogo fornecerão à Polícia
I - as armas de fogo adquiridas pelo cidadão com Federal, para fins de cadastro, quando da saída do estoque,
atendimento aos requisitos do art. 4º da Lei no 10.826, de 2003; relação das armas produzidas, que devam constar do SINARM,
II - as armas de fogo das empresas de segurança privada e na conformidade do art. 2º da Lei no10.826, de 2003, com suas
de transporte de valores; e características e os dados dos adquirentes.
III - as armas de fogo de uso permitido dos integrantes dos
órgãos, instituições e corporações mencionados no inciso II do Art. 8º As empresas autorizadas a comercializar armas de
art. 6º da Lei no 10.826, de 2003. fogo encaminharão à Polícia Federal, quarenta e oito horas após
§ 3º A apreensão das armas de fogo a que se refere o inciso a efetivação da venda, os dados que identifiquem a arma e o
II do §1º deste artigo deverá ser imediatamente comunicada à comprador.
Policia Federal, pela autoridade competente, podendo ser
recolhidas aos depósitos do Comando do Exército, para guarda, Art. 9º Os dados do SINARM e do SIGMA serão interligados e
a critério da mesma autoridade. compartilhados no prazo máximo de um ano.
§ 4º O cadastramento das armas de fogo de que trata o inciso Parágrafo único. Os Ministros da Justiça e da Defesa
I do § 1º observará as especificações e os procedimentos estabelecerão no prazo máximo de um ano os níveis de acesso
estabelecidos pelo Departamento de Polícia Federal. aos cadastros mencionados no caput.
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Art. 23. O Porte de Arma de Fogo é documento obrigatório Art. 29. Observado o princípio da reciprocidade previsto em
para a condução da arma e deverá conter os seguintes dados: convenções internacionais, poderá ser autorizado o Porte de
I - abrangência territorial; Arma de Fogo pela Polícia Federal, a diplomatas de missões
II - eficácia temporal; diplomáticas e consulares acreditadas junto ao Governo
III - características da arma; Brasileiro, e a agentes de segurança de dignitários estrangeiros
IV - número do cadastro da arma no SINARM; durante a permanência no país, independentemente dos
V - identificação do proprietário da arma; e requisitos estabelecidos neste Decreto.
VI - assinatura, cargo e função da autoridade concedente.
Art. 29-A. Caberá ao Departamento de Polícia Federal
Art. 24. O Porte de Arma de Fogo é pessoal, intransferível e estabelecer os procedimentos relativos à concessão e renovação
revogável a qualquer tempo, sendo válido apenas com relação à do Porte de Arma de Fogo.
arma nele especificada e com a apresentação do documento de
identificação do portador. SEÇÃO II
DOS ATIRADORES, CAÇADORES E COLECIONADORES
Art. 24-A. Para portar a arma de fogo adquirida nos termos SUBSEÇÃO I
do § 6º do art. 12, o proprietário deverá solicitar a expedição do DA PRÁTICA DE TIRO DESPORTIVO
respectivo documento de porte, que observará o disposto no art.
23 e terá a mesma validade do documento referente à primeira Art. 30. As agremiações esportivas e as empresas de
arma. instrução de tiro, os colecionadores, atiradores e caçadores
serão registrados no Comando do Exército, ao qual caberá
Art. 25. O titular do Porte de Arma de Fogo deverá estabelecer normas e verificar o cumprimento das condições de
comunicar imediatamente: segurança dos depósitos das armas de fogo, munições e
I - a mudança de domicílio, ao órgão expedidor do Porte de equipamentos de recarga.
Arma de Fogo; e § 1º As armas pertencentes às entidades mencionadas no
II - o extravio, furto ou roubo da arma de fogo, à Unidade caput e seus integrantes terão autorização para porte de
Policial mais próxima e, posteriormente, à Polícia Federal. trânsito (guia de tráfego) a ser expedida pelo Comando do
Parágrafo único. A inobservância do disposto neste artigo Exército.
implicará na suspensão do Porte de Arma de Fogo, por prazo a § 2º A prática de tiro desportivo por menores de dezoito anos
ser estipulado pela autoridade concedente. deverá ser autorizada judicialmente e deve restringir-se aos
locais autorizados pelo Comando do Exército, utilizando arma
Art. 26. O titular de porte de arma de fogo para defesa da agremiação ou do responsável quando por este
pessoal concedido nos termos do art. 10 da Lei no 10.826, de acompanhado.
2003, não poderá conduzi-la ostensivamente ou com ela § 3º A prática de tiro desportivo por maiores de dezoito anos
adentrar ou permanecer em locais públicos, tais como igrejas, e menores de vinte e cinco anos pode ser feita utilizando arma
escolas, estádios desportivos, clubes, agências bancárias ou de sua propriedade, registrada com amparo na Lei no 9.437, de
outros locais onde haja aglomeração de pessoas em virtude de 20 de fevereiro de 1997, de agremiação ou arma registrada e
eventos de qualquer natureza. cedida por outro desportista.
§ 1º A inobservância do disposto neste artigo implicará na § 4º As entidades de tiro desportivo e as empresas de
cassação do Porte de Arma de Fogo e na apreensão da arma, instrução de tiro poderão fornecer a seus associados e clientes,
pela autoridade competente, que adotará as medidas legais desde que obtida autorização específica e obedecidas as
pertinentes. condições e requisitos estabelecidos em ato do Comando do
§ 2º Aplica-se o disposto no §1º deste artigo, quando o titular Exército, munição recarregada para uso exclusivo nas
do Porte de Arma de Fogo esteja portando o armamento em dependências da instituição em provas, cursos e treinamento.
estado de embriaguez ou sob o efeito de drogas ou (Incluído pelo Decreto nº 9.685, de 2019)
medicamentos que provoquem alteração do desempenho
intelectual ou motor. Art. 31. A entrada de arma de fogo e munição no país, como
bagagem de atletas, para competições internacionais será
Art. 27. Será concedido pela Polícia Federal, nos termos do § autorizada pelo Comando do Exército.
5º do art. 6º da Lei no 10.826, de 2003, o Porte de Arma de Fogo, § 1º O Porte de Trânsito das armas a serem utilizadas por
na categoria "caçador de subsistência", de uma arma portátil, delegações estrangeiras em competição oficial de tiro no país
de uso permitido, de tiro simples, com um ou dois canos, de alma será expedido pelo Comando do Exército.
lisa e de calibre igual ou inferior a 16, desde que o interessado § 2º Os responsáveis e os integrantes pelas delegações
comprove a efetiva necessidade em requerimento ao qual estrangeiras e brasileiras em competição oficial de tiro no país
deverão ser anexados os seguintes documentos: transportarão suas armas desmuniciadas.
I - documento comprobatório de residência em área rural ou
certidão equivalente expedida por órgão municipal;
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Art. 32. O Porte de Trânsito das armas de fogo de Art. 35. Poderá ser autorizado, em casos excepcionais, pelo
colecionadores e caçadores será expedido pelo Comando do órgão competente, o uso, em serviço, de arma de fogo, de
Exército. propriedade particular do integrante dos órgãos, instituições ou
Parágrafo único. Os colecionadores e caçadores corporações mencionadas no inciso II do art. 6º da Lei no 10.826,
transportarão suas armas desmuniciadas. de 2003.
§ 1º A autorização mencionada no caput será
SUBSEÇÃO III regulamentada em ato próprio do órgão competente.
DOS INTEGRANTES E DAS INSTITUIÇÕES MENCIONADAS § 2º A arma de fogo de que trata este artigo deverá ser
NO ART. 6º DA LEI NO 10.826, DE 2003 conduzida com o seu respectivo Certificado de Registro.
Art. 33. O Porte de Arma de Fogo é deferido aos militares das Art. 35-A. As armas de fogo particulares de que trata o art.
Forças Armadas, aos policiais federais e estaduais e do Distrito 35, e as institucionais não brasonadas, deverão ser conduzidas
Federal, civis e militares, aos Corpos de Bombeiros Militares, com o seu respectivo Certificado de Registro ou termo de cautela
bem como aos policiais da Câmara dos Deputados e do Senado decorrente de autorização judicial para uso, sob pena de
Federal em razão do desempenho de suas funções institucionais. aplicação das sanções penais cabíveis.
§ 1º O Porte de Arma de Fogo das praças das Forças
Armadas e dos Policiais e Corpos de Bombeiros Militares é Art. 36. A capacidade técnica e a aptidão psicológica para o
regulado em norma específica, por atos dos Comandantes das manuseio de armas de fogo, para os integrantes das instituições
Forças Singulares e dos Comandantes-Gerais das Corporações. descritas nos incisos III, IV, V, VI, VII e X do caput do art. 6º da
§ 2º Os integrantes das polícias civis estaduais e das Forças Lei nº 10.826, de 2003, serão atestadas pela própria instituição,
Auxiliares, quando no exercício de suas funções institucionais ou depois de cumpridos os requisitos técnicos e psicológicos
em trânsito, poderão portar arma de fogo fora da respectiva estabelecidos pela Polícia Federal.
unidade federativa, desde que expressamente autorizados pela Parágrafo único.Caberá à Polícia Federal expedir o Porte de
instituição a que pertençam, por prazo determinado, conforme Arma de Fogo para os guardas portuários.(Redação dada pelo
estabelecido em normas próprias. Decreto nº 8.935, de 2016)
Art. 33-A. A autorização para o porte de arma de fogo Art. 37.Os integrantes das Forças Armadas e os servidores
previsto em legislação própria, na forma do caput do art. 6º da dos órgãos, instituições e corporações mencionados nos incisos
Lei no 10.826, de 2003, está condicionada ao atendimento dos II, V, VI e VII do caput do art. 6º da Lei nº 10.826, de 2003,
requisitos previstos no inciso III do caput do art. 4º da transferidos para a reserva remunerada ou aposentados, para
mencionada Lei. conservarem a autorização de porte de arma de fogo de sua
propriedade deverão submeter-se, a cada cinco anos, aos testes
Art. 34. Os órgãos, instituições e corporações mencionados de avaliação psicológica a que faz menção o inciso III do caput
nos incisos I, II, III, V, VI, VII e X do caput do art. 6º da Lei nº do art. 4º da Lei nº 10.826, de 2003(Redação dada pelo Decreto
10.826, de 2003, estabelecerão, em normativos internos, os nº 8.935, de 2016)
procedimentos relativos às condições para a utilização das § 1º O cumprimento destes requisitos será atestado pelas
armas de fogo de sua propriedade, ainda que fora do serviço. instituições, órgãos e corporações de vinculação.
§ 1º As instituições mencionadas no inciso IV do art. 6º da § 2º Não se aplicam aos integrantes da reserva não
Lei nº 10.826, de 2003, estabelecerão em normas próprias os remunerada das Forças Armadas e Auxiliares, as prerrogativas
procedimentos relativos às condições para a utilização, em mencionadas no caput.
serviço, das armas de fogo de sua propriedade.
§ 2º As instituições, órgãos e corporações nos procedimentos SUBSEÇÃO IV
descritos no caput, disciplinarão as normas gerais de uso de DAS EMPRESAS DE SEGURANÇA PRIVADA E DE
arma de fogo de sua propriedade, fora do serviço, quando se TRANSPORTE DE VALORES
tratar de locais onde haja aglomeração de pessoas, em virtude
de evento de qualquer natureza, tais como no interior de igrejas, Art. 38. A autorização para o uso de arma de fogo expedida
escolas, estádios desportivos, clubes, públicos e privados. pela Polícia Federal, em nome das empresas de segurança
§ 3º Os órgãos e instituições que tenham os portes de arma privada e de transporte de valores, será precedida,
de seus agentes públicos ou políticos estabelecidos em lei necessariamente, da comprovação do preenchimento de todos
própria, na forma do caput do art. 6º da Lei no 10.826, de 2003, os requisitos constantes do art. 4º da Lei no 10.826, de 2003,
deverão encaminhar à Polícia Federal a relação dos autorizados pelos empregados autorizados a portar arma de fogo.
a portar arma de fogo, observando-se, no que couber, o disposto § 1º A autorização de que trata o caput é válida apenas para
no art. 26. a utilização da arma de fogo em serviço.
§ 4º Não será concedida a autorização para o porte de arma § 2º As empresas de que trata o caput encaminharão,
de fogo de que trata o art. 22 a integrantes de órgãos, trimestralmente, à Polícia Federal, para cadastro no SINARM, a
instituições e corporações não autorizados a portar arma de relação nominal dos empregados autorizados a portar arma de
fogo fora de serviço, exceto se comprovarem o risco à sua fogo.
integridade física, observando-se o disposto no art. 11 da Lei no § 3º A transferência de armas de fogo, por qualquer motivo,
10.826, de 2003. entre estabelecimentos da mesma empresa ou para empresa
§ 5º O porte de que tratam os incisos V, VI e X do caput do diversa, deverão ser previamente autorizados pela Polícia
art. 6º da Lei no 10.826, de 2003, e aquele previsto em lei Federal.
própria, na forma do caput do mencionado artigo, serão § 4º Durante o trâmite do processo de transferência de
concedidos, exclusivamente, para defesa pessoal, sendo vedado armas de fogo de que trata o § 3º, a Polícia Federal poderá, em
aos seus respectivos titulares o porte ostensivo da arma de fogo. caráter excepcional, autorizar a empresa adquirente a utilizar
§ 6º A vedação prevista no parágrafo 5º não se aplica aos as armas em fase de aquisição, em seus postos de serviço, antes
servidores designados para execução da atividade fiscalizatória da expedição do novo Certificado de Registro.
do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
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Art. 39. É de responsabilidade das empresas de segurança permanente, autônomo e independente, com competência para
privada e de transportes de valores a guarda e armazenagem fiscalizar, investigar, auditorar e propor políticas de
das armas, munições e acessórios de sua propriedade, nos qualificação das atividades desenvolvidas pelos integrantes das
termos da legislação específica. Guardas Municipais.
Parágrafo único. A perda, furto, roubo ou outras formas de
extravio de arma de fogo, acessório e munições que estejam sob Questões
a guarda das empresas de segurança privada e de transporte de
valores deverá ser comunicada à Polícia Federal, no prazo 01. Acerca do Decreto nº 5.123/2004, julgue o item abaixo:
máximo de vinte e quatro horas, após a ocorrência do fato, sob A aquisição de armas de fogo, diretamente da fábrica, será
pena de responsabilização do proprietário ou diretor precedida de autorização do Comando do Exército.
responsável. () Certo () Errado
Legislação 137
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Legislação 138
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aspectos geográficos, populacionais e socioeconômicos dos entes Mais ainda, o abuso de autoridade abrange o abuso de
federados, bem como o estabelecimento de metas e resultados a poder, conforme se pode vislumbrar pelo disposto no art. 4º,
serem alcançados. a, Lei nº 4.898/65, utilizando os conceitos administrativos
para tipificar condutas contrárias à lei no âmbito penal e
Art. 18. As aquisições de bens e serviços para os órgãos disciplinar.
integrantes do Susp terão por objetivo a eficácia de suas Portanto, podemos dizer que, além do abuso de poder ser
atividades e obedecerão a critérios técnicos de qualidade, infração administrativa, também é utilizado no âmbito penal
modernidade, eficiência e resistência, observadas as normas de para caracterizar algumas condutas de abuso de autoridade,
licitação e contratos. sendo que, essas são muito mais amplas do que o simples
Parágrafo único. (VETADO). abuso de poder (excesso ou desvio de poder), eis que abarcam
outras condutas ilegais do agente público, o que nos leva a
Questões concluir que o abuso de autoridade abrange o abuso de poder
que, por sua vez, se desdobra em excesso e desvio de poder ou
01. Nos termos da Lei Federal nº. 13.675/2018, assinale a de finalidade.
alternativa:
Os atos de abuso de autoridade estão descritos nos arts. 3º
Os órgãos integrantes do Sistema Único de Segurança e 4º da Lei.
Pública (Susp) poderão atuar apenas em vias urbanas, O objeto jurídico dos crimes de abuso de autoridade se
rodovias, terminais rodoviários, ferrovias e hidrovias federais dividem em: imediato/principal e mediato/secundário. O
e estaduais, portos e aeroportos, no âmbito das respectivas imediato protege os direitos e garantias fundamentais das
competências, em efetiva integração com o órgão cujo local de pessoas físicas e jurídicas e o mediato protege a regularidade e
atuação esteja sob sua circunscrição, ressalvado o sigilo das probidade dos serviços públicos.
investigações policiais. Lembre-se que o ato de abuso é forma irregular e ímproba
( ) Certo ( ) Errado da prestação de serviços públicos.
Elemento subjetivo:
02. Nos termos da Lei Federal nº. 13.675/2018, assinale a Além do dolo de praticar a conduta típica é necessária
alternativa: ainda a intenção específica de agir abusivamente.
Se a autoridade na justa intenção de cumprir seu dever ou
A Lei nº. 13.675/2018 instituiu o Sistema Único de proteger o interesse público acaba cometendo excesso haverá
Segurança Pública (Susp), que tem como órgão central o ilegalidade no ato, mas não crime de abuso de autoridade.
Ministério Extraordinário da Segurança Pública e é integrado Consumação se dá com a conduta, ainda que não ocorra a
pelos órgãos de que trata o art. 144 da Constituição Federal, efetiva lesão ao direito protegido no tipo. Crime formal.
pelos agentes penitenciários, pelas guardas municipais e pelos A ação penal é incondicionada.
demais integrantes estratégicos e operacionais, que atuarão Os crimes de abuso de autoridade são punidos com multa
nos limites de suas competências, de forma cooperativa, e/ou 10 dias a 06 meses de detenção; e/ou perda do cargo ou
sistêmica e harmônica. inabilitação por isso a competência para processar e julgar
( ) Certo ( ) Errado será do Juizado Especial Criminal Estadual ou Federal.
As penas poderão ser aplicadas isolada ou
Gabarito cumulativamente.
acesso em 28.02.2019.
Legislação 141
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Parágrafo único. A representação será feita em duas vias e § 4º As penas previstas no parágrafo anterior poderão ser
conterá a exposição do fato constitutivo do abuso de aplicadas autônoma ou cumulativamente.
autoridade, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do § 5º Quando o abuso for cometido por agente de
acusado e o rol de testemunhas, no máximo de três, se as autoridade policial, civil ou militar, de qualquer categoria,
houver. poderá ser cominada a pena autônoma ou acessória, de não
poder o acusado exercer funções de natureza policial ou
Art. 3º. Constitui abuso de autoridade qualquer atentado: militar no município da culpa, por prazo de um a cinco anos.
a) à liberdade de locomoção;
b) à inviolabilidade do domicílio; Art. 7º recebida a representação em que for solicitada a
c) ao sigilo da correspondência; aplicação de sanção administrativa, a autoridade civil ou
d) à liberdade de consciência e de crença; militar competente determinará a instauração de inquérito
e) ao livre exercício do culto religioso; para apurar o fato.
f) à liberdade de associação; § 1º O inquérito administrativo obedecerá às normas
g) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício estabelecidas nas leis municipais, estaduais ou federais, civis
do voto; ou militares, que estabeleçam o respectivo processo.
h) ao direito de reunião; § 2º não existindo no município no Estado ou na legislação
i) à incolumidade física do indivíduo; militar normas reguladoras do inquérito administrativo serão
j) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício aplicadas supletivamente, as disposições dos arts. 219 a 225
profissional. da Lei nº 1.711, de 28 de outubro de 1952 (Estatuto dos
Funcionários Públicos Civis da União).
Art. 4º Constitui também abuso de autoridade: § 3º O processo administrativo não poderá ser sobrestado
a) ordenar ou executar medida privativa da liberdade para o fim de aguardar a decisão da ação penal ou civil.
individual, sem as formalidades legais ou com abuso de poder;
b) submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexame Art. 8º A sanção aplicada será anotada na ficha funcional
ou a constrangimento não autorizado em lei; da autoridade civil ou militar.
c) deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz competente
a prisão ou detenção de qualquer pessoa; Art. 9º Simultaneamente com a representação dirigida à
d) deixar o Juiz de ordenar o relaxamento de prisão ou autoridade administrativa ou independentemente dela,
detenção ilegal que lhe seja comunicada; poderá ser promovida pela vítima do abuso, a
e) levar à prisão e nela deter quem quer que se proponha a responsabilidade civil ou penal ou ambas, da autoridade
prestar fiança, permitida em lei; culpada.
f) cobrar o carcereiro ou agente de autoridade policial
carceragem, custas, emolumentos ou qualquer outra despesa, Art. 10. Vetado
desde que a cobrança não tenha apoio em lei, quer quanto à
espécie quer quanto ao seu valor; Art. 11. À ação civil serão aplicáveis as normas do Código
g) recusar o carcereiro ou agente de autoridade policial de Processo Civil.
recibo de importância recebida a título de carceragem, custas,
emolumentos ou de qualquer outra despesa; Art. 12. A ação penal será iniciada, independentemente de
h) o ato lesivo da honra ou do patrimônio de pessoa natural inquérito policial ou justificação por denúncia do Ministério
ou jurídica, quando praticado com abuso ou desvio de poder Público, instruída com a representação da vítima do abuso.
ou sem competência legal;
i) prolongar a execução de prisão temporária, de pena ou Art. 13. Apresentada ao Ministério Público a
de medida de segurança, deixando de expedir em tempo representação da vítima, aquele, no prazo de quarenta e oito
oportuno ou de cumprir imediatamente ordem de liberdade. horas, denunciará o réu, desde que o fato narrado constitua
abuso de autoridade, e requererá ao Juiz a sua citação, e, bem
Art. 5º Considera-se autoridade, para os efeitos desta lei, assim, a designação de audiência de instrução e julgamento.
quem exerce cargo, emprego ou função pública, de natureza § 1º A denúncia do Ministério Público será apresentada em
civil, ou militar, ainda que transitoriamente e sem duas vias.
remuneração.
Art. 14. Se a ato ou fato constitutivo do abuso de
Art. 6º O abuso de autoridade sujeitará o seu autor à autoridade houver deixado vestígios o ofendido ou o acusado
sanção administrativa civil e penal. poderá:
§ 1º A sanção administrativa será aplicada de acordo com a) promover a comprovação da existência de tais vestígios,
a gravidade do abuso cometido e consistirá em: por meio de duas testemunhas qualificadas;
a) advertência; b) requerer ao Juiz, até setenta e duas horas antes da
b) repreensão; audiência de instrução e julgamento, a designação de um
c) suspensão do cargo, função ou posto por prazo de cinco perito para fazer as verificações necessárias.
a cento e oitenta dias, com perda de vencimentos e vantagens; § 1º O perito ou as testemunhas farão o seu relatório e
d) destituição de função; prestarão seus depoimentos verbalmente, ou o apresentarão
e) demissão; por escrito, querendo, na audiência de instrução e julgamento.
f) demissão, a bem do serviço público. § 2º No caso previsto na letra a deste artigo a
§ 2º A sanção civil, caso não seja possível fixar o valor do representação poderá conter a indicação de mais duas
dano, consistirá no pagamento de uma indenização de testemunhas.
quinhentos a dez mil cruzeiros.
§ 3º A sanção penal será aplicada de acordo com as regras Art. 15. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de
dos artigos 42 a 56 do Código Penal e consistirá em: apresentar a denúncia requerer o arquivamento da
a) multa de cem a cinco mil cruzeiros; representação, o Juiz, no caso de considerar improcedentes as
b) detenção por dez dias a seis meses; razões invocadas, fará remessa da representação ao
c) perda do cargo e a inabilitação para o exercício de Procurador-Geral e este oferecerá a denúncia, ou designará
qualquer outra função pública por prazo até três anos.
Legislação 142
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outro órgão do Ministério Público para oferecê-la ou insistirá Art. 26. Subscreverão o termo o Juiz, o representante do
no arquivamento, ao qual só então deverá o Juiz atender. Ministério Público ou o advogado que houver subscrito a
queixa, o advogado ou defensor do réu e o escrivão.
Art. 16. Se o órgão do Ministério Público não oferecer a
denúncia no prazo fixado nesta lei, será admitida ação privada. Art. 27. Nas comarcas onde os meios de transporte forem
O órgão do Ministério Público poderá, porém, aditar a queixa, difíceis e não permitirem a observância dos prazos fixados
repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva e intervir em todos nesta lei, o juiz poderá aumentá-las, sempre motivadamente,
os termos do processo, interpor recursos e, a todo tempo, no até o dobro.
caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte
principal. Art. 28. Nos casos omissos, serão aplicáveis as normas do
Código de Processo Penal, sempre que compatíveis com o
Art. 17. Recebidos os autos, o Juiz, dentro do prazo de sistema de instrução e julgamento regulado por esta lei.
quarenta e oito horas, proferirá despacho, recebendo ou Parágrafo único. Das decisões, despachos e sentenças,
rejeitando a denúncia. caberão os recursos e apelações previstas no Código de
§ 1º No despacho em que receber a denúncia, o Juiz Processo Penal.
designará, desde logo, dia e hora para a audiência de instrução
e julgamento, que deverá ser realizada, improrrogavelmente Art. 29. Revogam-se as disposições em contrário.
dentro de cinco dias.
§ 2º A citação do réu para se ver processar, até julgamento Questões
final e para comparecer à audiência de instrução e julgamento,
será feita por mandado sucinto que, será acompanhado da 01. (TRF 2ª REGIÃO - Analista Judiciário - Contadoria –
segunda via da representação e da denúncia. CONSULPLAN/2017) De acordo com a Lei nº 4.898, de 9 de
dezembro de 1965, o abuso de autoridade sujeitará o seu autor
Art. 18. As testemunhas de acusação e defesa poderão ser à sanção administrativa civil e penal. A sanção administrativa
apresentada em juízo, independentemente de intimação. será aplicada de acordo com a gravidade do abuso cometido e
Parágrafo único. Não serão deferidos pedidos de NÃO consistirá em:
precatória para a audiência ou a intimação de testemunhas ou, (A) Advertência.
salvo o caso previsto no artigo 14, letra "b", requerimentos (B) Repreensão.
para a realização de diligências, perícias ou exames, a não ser (C) Demissão, a bem do serviço público.
que o Juiz, em despacho motivado, considere indispensáveis (D) Suspensão do cargo, função ou posto por prazo de
tais providências. trinta a trezentos e sessenta dias, com perda de vencimentos e
vantagens.
Art. 19. A hora marcada, o Juiz mandará que o porteiro dos
auditórios ou o oficial de justiça declare aberta a audiência, 02. (TJ-MG - Titular de Serviços de Notas e de Registros
apregoando em seguida o réu, as testemunhas, o perito, o - CONSUPLAN) Segundo a Lei nº 4.898/1965, constituem
representante do Ministério Público ou o advogado que tenha abuso de autoridade, EXCETO:
subscrito a queixa e o advogado ou defensor do réu. (A) Qualquer atentado ao direito de reunião.
Parágrafo único. A audiência somente deixará de realizar- (B) Deixar a autoridade policial de ordenar o relaxamento
se se ausente o Juiz. de prisão ou detenção ilegal que lhe seja comunicada.
(C) Qualquer atentado à liberdade de associação.
Art. 20. Se até meia hora depois da hora marcada o Juiz não (D) Prolongar a execução de prisão temporária, de pena ou
houver comparecido, os presentes poderão retirar-se, de medida de segurança, deixando de expedir em tempo
devendo o ocorrido constar do livro de termos de audiência. oportuno ou de cumprir imediatamente ordem de liberdade.
Art. 21. A audiência de instrução e julgamento será 03. (TJ/PB - Juiz Substituto - CESPE) A condenação por
pública, se contrariamente não dispuser o Juiz, e realizar-se-á crime previsto na lei de abuso de autoridade (Lei n.º
em dia útil, entre dez (10) e dezoito (18) horas, na sede do 4.898/1965) poderá importar na aplicação de sanção penal de
Juízo ou, excepcionalmente, no local que o Juiz designar. (A) inabilitação para contratar com a administração
pública por prazo determinado.
Art. 22. Aberta a audiência o Juiz fará a qualificação e o (B) reclusão.
interrogatório do réu, se estiver presente. (C) inabilitação para o exercício de qualquer função
Parágrafo único. Não comparecendo o réu nem seu pública por prazo determinado.
advogado, o Juiz nomeará imediatamente defensor para (D) advertência.
funcionar na audiência e nos ulteriores termos do processo. (E) prisão simples.
Art. 23. Depois de ouvidas as testemunhas e o perito, o Juiz 04. (PC/PI - Escrivão de Polícia Civil - UESPI) Constitui
dará a palavra sucessivamente, ao Ministério Público ou ao abuso de autoridade, exceto:
advogado que houver subscrito a queixa e ao advogado ou (A) Atentado à inviolabilidade do domicílio e à liberdade
defensor do réu, pelo prazo de quinze minutos para cada um, de locomoção.
prorrogável por mais dez (10), a critério do Juiz. (B) Atentado ao sigilo da correspondência e à liberdade de
consciência e de crença.
Art. 24. Encerrado o debate, o Juiz proferirá (C) Atentado ao livre culto religioso e ao direito de reunião.
imediatamente a sentença. (D) Atentado a fuga de preso e transgressão irregular de
natureza grave.
Art. 25. Do ocorrido na audiência o escrivão lavrará no (E) Atentado aos direito e garantias legais assegurados ao
livro próprio, ditado pelo Juiz, termo que conterá, em resumo, exercício do voto e ao direito de reunião.
os depoimentos e as alegações da acusação e da defesa, os
requerimentos e, por extenso, os despachos e a sentença. 05. (TRT 18ª Região/GO - Juiz do Trabalho - FCC) No
que concerne aos crimes de abuso de autoridade, é correto
afirmar que:
Legislação 143
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(A) Compete à Justiça Militar processar e julgar militar por dispõe que a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o
crime de abuso de autoridade praticado em serviço, segundo réu.
entendimento sumulado do Superior Tribunal de Justiça. Assim, temos que via de regra a lei penal não pode
(B) É cominada pena privativa de liberdade na modalidade retroagir. Como única exceção à regra, a lei penal poderá
de reclusão. retroagir apenas para beneficiar o réu.
(C) Se considera autoridade apenas quem exerce cargo,
emprego ou função pública, de natureza civil ou militar, não b) Princípio da reserva legal: segundo este princípio
transitório e remunerado. somente a lei poderá descrever uma conduta como crime e
(D) Não é cominada pena de multa. cominar penas. Trata-se de matéria reservada exclusivamente
(E) Constitui abuso de autoridade qualquer atentado aos à lei. Dessa forma, não poderá o legislador utilizar-se de
direitos e garantias legais assegurados ao exercício decretos, medidas provisórias ou outros meios legislativos
profissional. para definir condutas como criminosas e suas respectivas
penas.
Gabarito Nesse sentido ainda, a doutrina entende que Medida
Provisória não pode versar sobre matéria de direito penal,
01.D / 02.B / 03.C / 04.D / 05.E pois apesar de possuir força de lei, não é efetivamente uma lei,
visto que não advém do Poder Legislativo. O artigo 62, § 3º, CF,
compartilhou deste mesmo entendimento ao dispor que: “As
medidas provisórias, ressalvado o disposto nos §§ 11 e 12
15. Lei nº 2.848/1940 - perderão eficácia, desde a edição, se não forem convertidas em
Código Penal 15.1. Parte Geral, lei no prazo de sessenta dias...”
Títulos, I, II, III e IV 15.2. Parte
Normas Penais em branco: são normas (leis) que exigem
Especial, Título XI - Dos complementação de outro ato normativo para ter sentido,
Crimes Praticados por tendo em vista que seu conteúdo é incompleto. A norma
Funcionário Público Contra a complementadora pode ser de igual nível (leis) ou de nível
diverso (decretos, regulamentos, resoluções etc.).
Administração em Geral, art. As normas penais em branco não ferem o princípio da
312 ao 327, incisos, reserva legal, pois não descrevem condutas proibidas, apenas
parágrafos e suas complementam a lei principal, tratando tão somente de dados
acessórios.
atualizações. Quando o complemento estiver em outra lei, as normas
penais em branco podem ser classificadas como homogêneas
ou em sentido lato. Exemplo: o art. 237 do CP: “Art. 237 -
Contrair casamento, conhecendo a existência de impedimento
DECRETO-LEI Nº. 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940
que lhe cause a nulidade absoluta”. O complemento de quais
(Código Penal)
são as causas de impedimento são encontradas no art. 1.521
do CC.
PARTE GERAL
Já quando o complemento estiver em ato normativo
TÍTULO I
diverso de lei, são classificadas como heterogênea ou em
DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL
sentido estrito. Ex.: Lei de Drogas (11.343/2006), cuja
complementação do conceito de drogas é encontrado em
As normas penais tem como objetivo principal
portaria da Anvisa (Portaria n.º 344, de 12 de maio de 1998).
regulamentar o direito de punir do Estado. Para tanto, o
Código Penal destacou no Título I da Parte Geral (arts. 1º ao
Lei penal no tempo
12) os princípios e regras que norteiam a aplicação das leis
penais, que passaremos a analisar na sequência.
Como regra, aplica-se a lei penal vigente à época da ação ou
omissão. Já como exceção, temos o princípio da retroatividade
Anterioridade da Lei
da lei penal benéfica, que dispõe que a lei penal poderá
retroagir apenas quando beneficiar o réu, mesmo que tenha
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não
havido o transito em julgado da sentença penal condenatória.
há pena sem prévia cominação legal.
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei
Esse artigo trata do Princípio da Legalidade, segundo o
posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude
qual nenhum fato será considerado crime e nenhuma pena
dela a execução e os efeitos penais da sentença
será aplicada, sem que haja uma lei anterior que os defina.
condenatória.
Trata-se ainda de uma garantia constitucional prevista na
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo
Constituição Federal, artigo 5º. XXXIX (“não há crime sem lei
favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda
anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”) e
que decididos por sentença condenatória transitada em
representa uma limitação ao poder do Estado de interferir nas
julgado.
liberdades individuais.
O princípio da legalidade pode ser subdividido em:
Da análise do artigo 2º do Código Penal, extraem-se os
seguintes princípios:
a) Princípio da anterioridade: segundo este princípio
uma pessoa somente poderá ser punida se à época dos fatos já
- Da Irretroatividade: como regra temos que a lei penal
existia uma lei em vigor que descrevia o crime praticado. Ou
não retroagirá. O princípio da irretroatividade está previsto
seja, a norma penal só se aplica aos fatos praticados após sua
ainda no artigo 5º, XL, da CF.
vigência.
- Da Retroatividade: como exceção ao princípio da
Deste princípio decorre ainda a irretroatividade penal,
irretroatividade, temos que a lei penal poderá retroagir,
também prevista na Constituição Federal, artigo 5º, XL, que
apenas para beneficiar o réu. Possibilidade conferida à lei
Legislação 144
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penal, a fim de regular os fatos ocorridos anteriormente à sua independentemente de sua nacionalidade, da nacionalidade da
entrada em vigor. vítima ou do bem jurídico lesado.
- Da Ultratividade: também como exceção ao princípio da
irretroatividade, consiste na aplicação de uma lei, mesmo após Conflito de leis penais no tempo
a sua revogação, para regular os fatos ocorridos durante a sua
vigência. O conflito de leis penais no tempo ocorre quando um delito
é praticado na vigência de uma lei e o seu julgamento se dá na
Validade, Vigência e Eficácia da Lei vigência de outra lei, ou quando o comportamento se dá na
vigência de uma lei e o resultado na vigência de outra.
Validade: A validade de uma lei está relacionada ao Hipóteses de conflitos de lei no tempo:
atendimento dos requisitos exigidos pela CF/88, tais como
quórum para votação e aprovação e competência. a) Abolitio Criminis: ocorre quando uma lei posterior
deixa de considerar crime um comportamento que
Vigência: Uma lei torna-se vigente a partir do momento anteriormente era punível, ou seja, a lei posterior torna atípica
em que tem a possibilidade de surtir efeitos. penalmente uma conduta que até então era proibida por lei.
A lei penal começa a produzir efeitos a partir da data em Neste caso, em observância ao princípio da retroatividade da
que entra em vigor, momento em que passa a regular fatos lei mais benéfica, aplica-se a lei posterior. (art. 2º, CP).
futuros (regra) e passados (exceções). Dessa forma, assim A abolitio criminis acarreta como efeito, a extinção da
como as demais leis do ordenamento jurídico, a lei penal punibilidade, nos termos do o art. 107, CP.
começa a vigorar a partir da data nela indicada. Na ausência da Assim, se o sujeito ainda não foi processado, não mais
respectiva previsão, entrará em vigor em 45 dias após a sua poderá ser e caso o processo esteja em andamento, deverá ser
publicação. trancado. No caso de o sujeito já ter sido condenado por
“Vacatio legis”: trata-se do espaço de tempo compreendido sentença transitada em julgado, não poderá sofrer a execução
entre a publicação oficial da lei e sua entrada em vigor. da pena e, se acaso já estiver cumprindo pena, deverá ser solto,
A lei penal permanece vigente até que outra lei a modifique em razão da extinção de punibilidade.
ou a revogue ou ainda, até se encerre o prazo de sua vigência. Importante salientar que, embora os efeitos penais
O simples desuso da lei, não ocasiona sua revogação. desapareçam com a abolitio criminis, os efeitos civis
A revogação pode ser: permanecem. Ou seja, no caso de um sujeito ter sido
a) expressa: quando a lei indica expressamente os pontos condenado por crime, tanto na vara criminal quanto na vara
a serem revogados. cível (ex. danos morais) temos que os efeitos penais, sejam eles
b) tácita: quando a norma revogadora é incompatível com primários ou secundários, desaparecem, mas os efeitos cíveis
a lei anterior. A revogação é implícita. não, de sorte que, o sujeito deverá arcar com a reparação do
c) total (ab-rogação): quando a nova lei revogada todo o dano moral a que foi condenado.
conteúdo da lei anterior.
d) parcial (derrogação): quando a nova lei revoga apenas b) Novatio Legis Incriminadora: ocorre quando a lei nova
alguns dispositivos tratados pela lei anterior. incrimina fatos anteriormente considerados lícitos, ou seja,
tipifica comportamento que anteriormente não era
Eficácia: A eficácia e a vigência de uma lei estão considerado crime. Neste caso, as condutas supervenientes
intimamente relacionadas, visto que ambas estão relacionadas que tornaram-se crime não retroagem e somente serão
a possibilidade de surtir efeitos. A eficácia, no entanto, está aplicadas a partir de sua vigência.
ligada a possibilidade efetiva de produzir efeitos. Isto quer
dizer que, muitas vezes uma lei é válida e vigente, no entanto, c) Novatio Legis in Pejus: ocorre quando a lei posterior é
não possui eficácia efetivamente. Por exemplo, uma lei que mais severa que a lei anterior. Neste caso, a lei nova que
depende de algum tipo de regulamentação: até a publicação da prejudica o agente, não retroage, devendo ser aplicada ao caso
regulamentação, esta lei é vigente, possui condições de surtir concreto, a lei anterior, mesmo que revogada (Ultratividade).
efeitos, mas não possui eficácia efetiva, pois depende de
complementação. d) Novatio Legis in Mellius: ocorre quando a lei nova é de
qualquer modo mais favorável que a anterior. Deve ser
A eficácia pode ser temporal ou geográfica: aplicada aos fatos anteriores, mesmo havendo sentença
condenatória transitada em julgado. (art. 2º, parágrafo único,
a) Eficácia Temporal: A lei penal para ter vigência precisa CP).
ser sancionada, promulgada e publicada. Ela pode começar a
surtir efeitos logo após sua publicação, hipótese em que seu Lei excepcional ou temporária
próprio texto prevê “essa lei entra em vigor na data de sua
publicação”, ou ainda em momento posterior, hipótese em que Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora
o texto legal expressará quando ela passará a vigorar (ex: Esta decorrido o período de sua duração ou cessadas as
Lei entra em vigor noventa dias após sua publicação”). circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato
Caso o texto seja silente, aplica-se a regra geral contida no praticado durante sua vigência
art. 4º da Lei de Introdução do Código Civil que diz que, não
havendo determinação expressa, a lei entra em vigor 45 dias As leis excepcionais ou leis temporárias são normas
após a sua publicação. Esta permanece em vigor até que outra criadas para atender situações transitórias, tais como guerra
lei a revogue ou até a expiração de ser prazo de validade. ou calamidade e perduram durante todo o tempo da
Algumas leis têm seu fim determinado desde o início de excepcionalidade.
sua vigência. É o caso da lei temporária e da lei excepcional. São leis que já possuem seu fim determinado desde o início
de sua vigência.
b) Eficácia espacial (geográfica): No âmbito espacial, o
direito brasileiro adotou como regra, o princípio da A lei temporária é aquela que traz em seu próprio corpo
territorialidade, que entende que o Estado em foi cometido o a data de sua revogação, ou seja, possui vigência previamente
crime, será o competente para julgar o agente, determinada. Trata-se de uma lei criada para período um
determinado.
Legislação 145
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APOSTILAS OPÇÃO
Já a lei excepcional são aquelas leis elaboradas para Verifica-se neste dispositivo que a própria norma já
disciplinar determinadas situações transitórias. Ex: guerra, expressa o seu carater subsidiário, afirmando que somente
calamidade pública, etc. será aplicada quando o fato não constituir crime mais grave e,
Essas leis são chamadas de autorrevogáveis, posto que a portanto, quando a norma principal não for aplicável.
lei temporária se autorrevoga na data estabelecida e a lei
excepcional se autorrevoga assim que os motivos que - Tácita: neste caso a subsidiariedade está implicita no tipo
ensejaram sua criação terminam. penal. No entato, mesmo o tipo penal não fazendo menção
Estas duas espécies são ultrativas, ainda que prejudiquem expressa do seu caráter subsidiário, ele somente será aplicado
o agente (Exemplo: Num surto de febre amarela é criado um nas hipóteses de não-ocorrência de um delito mais grave que,
crime de omissão de notificação de febre amarela; caso alguém neste caso, afastará a aplicação da norma subsidiária.
cometa o crime e logo em seguida o surto seja controlado, Ex.: O art. 311 do Código de Trânsito Brasileiro descreve o
cessando a vigência da lei, o agente responderá pelo crime). Se crime de “trafegar em velocidade incompatível com a segurança
não fosse assim, a lei perderia sua força coercitiva, visto que o nas proximidades de escolas, hospitais, estações de embarque e
agente, sabendo qual seria o término da vigência da lei, desembarque de passageiros, logradouros estreitos, ou onde
poderia retardar o processo para que não fosse apenado pelo haja grande movimentação ou concentração de pessoas,
crime. gerando perigo de dano”. Trata-se de uma norma subsidiária
implícita, pois, caso dessa conduta resulte um atropelamento
Conflito aparente de normas com morte, o agente será responsabilizado pelo crime do
artigo 302 do CTB(“Praticar homicídio culposo na direção de
O conflito aparente de normas também é conhecido como veículo automotor”) e não mais pelo artigo 311, CTB.
concurso aparente de normas.
Ocorre o conflito aparente de normas quando um mesmo - Princípio da Especialidade: este princípio determina que
fato é aparentemente regulado por duas ou mais normas a norma especial prevalecerá sob a norma geral, ou seja, a lei
penais, ambas instituídas por leis de mesma hierarquia e especial, afastará a aplicação da lei geral. Lembrando que uma
originárias da mesma fonte de produção, além de ambas lei especial é aquela que contém todos os elementos de uma
estarem em vigor ao tempo da prática da conduta. norma geral, mais alguns elementos chamados de
Dessa forma, existe apenas um fato punível, mas com especializantes, que especificam determinado tipo penal,
diversos tipos penais aparentemente aplicáveis ao caso agregando mais ou mnenos severidade ao tipo penal. Ex: mãe
concreto. Assim, por ser injusta a aplicação de mais de uma que mata o filho durante o parto: aparentemente ela incorre
sanção penal pela prática de uma única conduta, é necessária nos crimes de homicídio (art.121, CP) e de infanticídio (art.
a escolha de um único dispositivo legal, que tenha melhor 123, CP). Neste caso, o infanticídio contém todos os elementos
adequação a conduta criminosa praticada, para a aplicação ao da norma geral (matar + alguém), mais os especializantes
caso concreto. (influência do estado puerperal; próprio filho; durante o
parto). Aplica-se, portanto, neste caso, o artigo 123 do Código
São requisitos para se caracterizar o conflito de normas: Penal.
- unidade de fato: apenas uma infração penal. - Princípio da Consunção ou da absorção: aplicável nos
- pluralidade de normas penais: duas ou mais normas casos em que o agente, para atingir a intenção criminosa,
aparentemente regulando o mesmo fato. pratica uma sucessão de condutas, todas penalmente
- aparente aplicação de todas as normas à espécie: a tipificadas, efetivamente relacionadas.Neste caso, os crimes
incidência de todas as normas é apenas aparente; menos graves constituem um meio necessário ou normal fase
- efetiva aplicação de apenas uma delas: somente uma de preparação ou de execução de outro crime.
norma é aplicável, por isso o conflito é aparente Há, portanto, uma sucessão de fatos, todos penalmente
tipificados, na qual o mais amplo consome o menos amplo,
Princípios que solucionam o conflito aparente de evitando a dupla punição, como parte de um todo e como crime
normas autônomo.61 Difere do princípio da especialidade porque
naquele analisa-se as normas e nesse os fatos. Ex: lesão
Os princípios que buscam solucionar o conflito aparente de corporal que é absorvida no caso do homicídio.
normas, como forma de manter a coerência do ordenamento
jurídico e assim se evitar o bis in idem (repetição de uma sanção Pode ocorrer nos seguintes casos:
sobre o mesmo fato), são: - Crimes Complexos: são aqueles formados pela união de
dois ou mais crimes autônomos, que passam a funcionar como
- Princípio da Subsidiariedade: este princípio determina elementares no tipo complexo. Decorrem, portanto, da união
que a norma principal mais ampla/gravosa prevalece sobre a de duas condutas que formam um novo tipo penal. Ex.
norma subsidiária. Ou seja, a norma subsidiária somente será Latrocínio (roubo + homicídio).
aplicada quando o fato não constituir crime mais grave e quando - Crime Progressivo: é aquele em que o sujeito,
a norma principal não for aplicável. pretendendo alcançar um resultado mais grave, pratica por
meio de atos sucessivos, crescentes violações ao bem jurídico.
A subsidiariedade por ser Expressa ou Tácita: Ex: desejando matar Pedro, João desfere-lhe várias facadas. O
- Expressa: neste caso o caráter subsidiário da norma está objetivo é o homicídio mas, para alcançá-lo é necessário o
expresso no tipo penal.Ex. artigo 132, CP, vejamos: cometimento de lesão corporal. Nesse caso, as lesões são
Perigo para a vida ou saúde de outrem absorvidas pelo homicídio.
CP - Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo - Progressão Criminosa
direto e iminente: a) Progressão criminosa em sentido estrito: neste caso
Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não o sujeito tem uma pretensão inicial, realiza os atos a fim de
constitui crime mais grave. alcançá-la, mas depois muda sua vontade, passando a desejar
crime mais grave. Ex: agente que desejando apenas ferir seu
Médodo. 8ª edição.
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APOSTILAS OPÇÃO
desafeto passa a lhe desferir vários socos, porém, no meio dea Necessário se faz a fixação do tempo do crime, para
conduta, resolve que quer matá-lo e passa a sufocá-lo. Neste sabermos a lei que deverá ser aplicada ao caso concreto ou
caso, o agente responderá por homicídio, ficando a lesão ainda para estabelecer a imputabilidade do sujeito ou mesmo
corporal absorvida. para fixar o marco prescricional.
Existem três teorias sobre o tempo do crime:
Cuidado para não confundir a progressão criminosa
em sentido estrito com o crime progressivo! - Teoria da atividade: O tempo do crime é o tempo da
No crime progressivo o sujeito tem apenas uma vontade, já prática da conduta, ou seja, é o tempo que se realiza a ação ou
na progressão criminosa em sentido estrito, há pluralidade de a omissão que vai configurar o crime, ainda que outro seja o
vontades. momento do resultado;
- Teoria do resultado: O tempo do crime é o tempo que se
Elementos que devem ser observados: produz o resultado, sendo irrelevante o tempo da ação;
- Pluralidade de desígnios: inicialmente, o agente deseja - Teoria mista ou da ubiquidade: O tempo do crime será
praticar um crime, após cometê-lo, resolve praticar outro de tanto o tempo da ação quanto o tempo do resultado.
maior gravidade, demonstrando duas ou mais vontades.
- Pluralidade de fatos: existe mais de um crime, A teoria utilizada pelo Código Penal (CP), quanto ao
correspondente a mais de uma vontade. Embora haja condutas momento do crime, é a TEORIA DA ATIVIDADE (art. 4º do
distintas, o agente só responde pelo fato final, mais grave, Código Penal).
ficando os demais absorvidos.
- Progressividade na lesão ao bem jurídico: a primeira Lei penal no espaço
sequência voluntária de atos, ou seja, o primeiro crime,
provoca uma lesão menos grave do que a última e, por isso, A delimitação do lugar do crime serve como parâmetro
acaba por ele absorvida. para solucionar situações em que um crime inicia sua execução
Como consequência, temos que, embora haja duas em um país e o resultado se dá em país diverso, ou seja, quando
condutas distintas, o agente responderá apenas pelo ato final um crime viole interesses de dois ou mais países.
mais grave, ficando os demais anteriores absorvidos. A territorialidade é a regra, sendo a principal forma de
delimitação do espaço geopolítico de validade da lei penal
b) Fato anterior (“ante factum”) não punível: são fatos entre Estados soberanos.
anteriores praticados como meio de execução do crime Território em sentido jurídico é o espaço em que o Estado
principal, que ficam por ele absorvidos. Ex.: furto de uma bolsa exerce sua soberania e em sentido material é a superfície
que se encontra no interior de um automóvel - eventual terrestre, as aguas territoriais e o espaço aéreo
destruição do vidro não acarreta na imputação ao agente do correspondentes, delimitado por fronteiras.
crime contido no art. 163, CP (Dano). Consideram-se extensão do território nacional as
STJ - Súmula nº 17 - Estelionato. Potencialidade Lesiva. embarcações e aeronaves mencionadas nos §§ 1º e 2º do art.
Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais 5º do Código Penal. O alto-mar não está sujeito à soberania de
potencialidade lesiva, é por este absorvido. qualquer Estado.
Dica para lembrar dos Princípios que solucionam o Princípios da lei penal no espaço
conflito aparente de normas:
Princípio da Territorialidade (regra geral aplicada no
S SUBSIDIARIEDADE Brasil).
O Estado em cujo território foi cometido o crime é o
E ESPECIALIDADE
competente para julgar o agente, independentemente de sua
C CONSUNÇÃO
nacionalidade, da nacionalidade da vítima ou do bem jurídico
A ALTERNATIVIDADE lesado.
Tempo do crime Divide-se em:
a) Princípio da Territorialidade Absoluta: apenas a lei
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da penal brasileira é aplicada aos crimes cometidos no território
ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do nacional.
resultado.
Legislação 147
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b) Princípio da Territorialidade Temperada: a regra de Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora
que a lei brasileira é aplicada aos crimes cometidos no cometidos no estrangeiro:
território nacional não é absoluta, podendo a lei estrangeira I - os crimes:
ser aplicada em crimes praticados em nosso território, quando a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da
assim exigirem os Tratados e Convenções Internacionais. República;
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do
O Brasil adotou o Princípio da Territorialidade Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de
Temperada (art. 5º, CP) empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia
ou fundação instituída pelo Poder Público;
Princípio do pavilhão ou da bandeira c) contra a administração pública, por quem está a seu
Por este princípio entende-se que consideram-se as serviço;
embarcações e aeronaves como extensão do território do país d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou
onde se acham registradas. Assim, quando a embarcação domiciliado no Brasil;
estiver em alto-mar, ou em espaço aéreo, aplicar-se á a lei do II - os crimes:
país cuja bandeira eles ostentarem. a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a
Importante ressaltar que as embarcações ou aeronaves reprimir;
brasileiras que ingressarem no mar territorial estrangeiro ou b) praticados por brasileiro;
espaço aéreo correspondente, não serão consideradas como c) praticados em aeronaves ou embarcações
extensão territorial nacional. brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando
Já no tocante as embarcações e aeronaves militares em território estrangeiro e aí não sejam julgados.
brasileiras, estas são sempre consideradas extensões do § 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a
território nacional, mesmo quando em Estado estrangeiro. Por lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no
esta razão, aplicam-se as lei penais brasileira as infrações nelas estrangeiro.
cometidas. § 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira
depende do concurso das seguintes condições:
Princípio da Passagem do Inocente a) entrar o agente no território nacional;
Trata-se do direito de uma embarcação ou aeronave de b) ser o fato punível também no país em que foi
propriedade privada atravessar o território brasileiro, desde praticado;
que não afete em nada nossos interesses. Neste caso, caso c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei
ocorra um crime dentro deste embarcação/aeronave, não será brasileira autoriza a extradição;
aplicada a lei brasileira (país em trânsito), desde que não afete d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não
um bem jurídico nacional. ter aí cumprido a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por
Lugar do crime outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a
lei mais favorável.
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que § 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime
ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil,
onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior:
a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
Em observância ao princípio da territorialidade, b) houve requisição do Ministro da Justiça.
necessário se faz a identificação do lugar do cometimento do
crime, para que seja possível fixar sua competência. Espécies de extraterritorialidade
Sobre o lugar do crime existem três teorias:
Incondicionada: trata-se da hipótese prevista no inciso I
a) Teoria da atividade: também conhecida como “teoria do art. 7º, CP. Nestes casos, a lei brasileira será aplicada aos
da ação”, esta teoria pressupõe que o lugar do crime é aquele crimes cometidos fora do território brasileiro,
onde se pratica a ação ou omissão. independentemente de qualquer condição.
b) Teoria do resultado: esta teoria pressupõe que lugar
do crime é aquele em que o resultado foi realizado, não se Condicionada: trata-se da hipótese prevista no inciso, II,
levando em consideração o local da ação ou da omissão. do art. 7º do CP. Nestes casos, a lei brasileira somente será
c) Teoria Mista ou da Ubiquidade: esta teoria é um misto aplicada, caso sejam satisfeitas as condições previstas nos
das duas teorias anteriores e assim pressupõe, que lugar do respectivos dispositivos.
crime é tanto o do cometimento do crime, como o do seu Assim, para a aplicação da lei brasileira nestes casos,
resultado. Esta Teoria, tendo em vista que considera tanto o necessário o concurso das seguintes condições:
lugar da conduta como o do resultado, soluciona com mais a) A entrada do agente no território nacional;
facilidade os crimes à distância, bem como os crimes que b) Ser o fato punível também no país em que foi praticado.
começam ou terminam em outros países, envolvendo assim o Na hipótese de o crime ter sido praticado em local onde
Direito Internacional, permitindo assim, que tais crimes sejam nenhum país tem jurisdição (alto-mar, certas regiões polares),
resolvidos nos termos da legislação brasileira. é possível a aplicação da lei brasileira;
c) Estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei
Nos termos do que dispõe o artigo 6º, CP, a Teoria mista brasileira autoriza a extradição;
ou da ubiquidade é a adotada pelo Código Penal brasileiro. d) Não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por
outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei
Extraterritorialidade mais favorável;
e) Não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por
Entende-se como princípio da extraterritorialidade a outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei
possibilidade de aplicação da lei penal brasileira, aos crimes mais favorável (condição objetiva de punibilidade).
cometidos fora do território nacional.
As hipóteses de extraterritorialidade estão previstas no Tais requisitos são cumulativos.
art. 7º, CP, senão vejamos:
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APOSTILAS OPÇÃO
O art. 7º, § 3º, prevê uma última hipótese da aplicação da brasileira, quando forem idênticas, respondendo efetivamente
lei brasileira: A do crime cometido por estrangeiro contra o sentenciado pelo saldo a cumprir se a pena imposta no Brasil
brasileiro fora do Brasil. É ainda um dispositivo baseado na for mais severa.
teoria de proteção, além dos casos de extraterritorialidade Se a pena cumprida no estrangeiro for superior à imposta
incondicionada. no país, é evidente que esta não será executada. No caso de
Exige o dispositivo em estudo, porém, além das condições penas diversas, aquela cumprida no estrangeiro atenuará a
já mencionadas, outras duas: aplicada no Brasil, de acordo com a decisão do juiz no caso
- Que não tenha sido pedida ou tenha sido negada a concreto, já que não há regras legais a respeito dos critérios de
extradição (pode ter sido requerida, mas não concedida); atenuação que devem ser obedecidos.
- Que haja requisição do Ministro da Justiça.
Eficácia de sentença estrangeira
Princípios da Extraterritorialidade
Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da
Alguns princípios que devem ser observados para a lei brasileira produz na espécie as mesmas consequências,
aplicação da extraterritorialidade: pode ser homologada no Brasil para:
I - obrigar o condenado à reparação do dano, a
- Princípio da Nacionalidade ou personalidade ativa: restituições e a outros efeitos civis;
aplica-se a lei brasileira ao crime cometido por brasileiro fora II - sujeitá-lo a medida de segurança.
do Brasil. Neste caso o único critério observado é a Parágrafo único - A homologação depende:
nacionalidade do sujeito ativo (art. 7º, II, “b”, do CP). a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da
- Princípio da Nacionalidade ou personalidade passiva: parte interessada;
aplica-se a lei brasileira ao crime cometido por estrangeiro b) para os outros efeitos, da existência de tratado de
contra brasileiro fora do Brasil. O que importa é a extradição com o país de cuja autoridade judiciária
nacionalidade da vítima, mesmo que o crime tenha sido emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição
praticado no exterior (art. 7º, §3º). Neste caso o critério do Ministro da Justiça.
observado é a nacionalidade da vítima.
- Princípio da defesa real ou da proteção: (art. 7º, I, “a”, Quanto à eficácia de sentença estrangeira, temos que em
“b”, “c”, CP) aplica-se a lei da nacionalidade do bem jurídico determinadas situações, o Brasil reconhece em seu território
lesado, independentemente da nacionalidade do agente e do os efeitos da sentença proferida por outra nação.
lugar onde o crime foi cometido. O Código Penal, em seu art. 9°, em consonância com o art.
- Princípio da Justiça Universal ou princípio da 105, I, alínea “i”, da Constituição Federal, prescreve que a
universalidade: (art. 7º, I, “d” e II, “a”, CP). todo Estado tem o sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira
direito de punir qualquer crime, seja qual for a nacionalidade produz na espécie as mesmas consequências, pode ser
do delinquente e da vítima ou o local de sua prática, desde que homologada no Brasil para:
o criminoso esteja dentro de seu território. Neste caso o direito I – obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições
de punir é universal. e a outros efeitos civis;
- Princípio da representação ou da Bandeira: (art. 7º, II, II – sujeitá-lo a medida de segurança.
“c”, CP) a lei penal brasileira também é aplicável aos delitos
cometidos em aeronaves e embarcações privadas quando Essa homologação compete ao Superior Tribunal de
realizados no estrangeiro e aí não venham a ser julgados. Este Justiça, que, por sua vez, só pode homologar sentença já
princípio também é conhecido como princípio da bandeira, do transitada em julgado.
pavilhão, subsidiário ou da substituição.
- Princípio da preferência da competência nacional: Súmula 420 do STF: Não se homologa sentença proferida no estran
havendo conflito entre a justiça brasileira e a estrangeira,
prevalecerá a competência nacional.
- Princípio da limitação em razão da pena: não será Somente será homologada pelo STJ a sentença penal
concedida a extradição para países onde a pena de morte e a estrangeira que produzir em seu país de origem, a mesma
prisão perpétua são previstas, a menos que deem garantias de eficácia que se pretender produzir no Brasil (ex. reparação
que não irão aplica-las. civil; imposição de medida de segurança).
- Jurisdição subsidiária: verifica-se a subsidiariedade da Caso esta eficácia não seja a mesma, não será possível a
jurisdição nacional nas hipóteses do inciso II e do § 3º do art. homologação pelo STJ e as pretensões de reparações civis ou a
7º do Código Penal. Se o autor de um crime praticado no imposição de medida de segurança, não poderão ser
estrangeiro for processado perante esse juízo, sua sentença cumpridas no Brasil.
preponderará sobre a do juiz brasileiro. Caso o réu seja O fundamento da homologação da sentença estrangeira
absolvido pelo juiz territorial, aplicar-se-á a regra do non bis in está no entendimento de que nenhuma sentença de caráter
idem (não permissão da dupla condenação pelo mesmo fato) criminal que emane de autoridade jurisdicional estrangeira,
para impedir o persecutio criminis (art. 7º, § 2º, d, do CP). No terá eficácia em determinado Estado sem o seu consentimento,
entanto no caso de condenação, se o condenado se subtrair à pois o direito penal é fundamentalmente territorial.
execução da pena, será julgado pelos órgãos judiciários
nacionais e, se for o caso, condenado de novo, solução, Contagem de prazo
inclusive, consagrada no art. 7º, §2º, “d” e “e”, do Código Penal.
Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo.
Pena cumprida no estrangeiro Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário
comum.
Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena
imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou O supramencionado artigo dispõe que o dia do começo
nela é computada, quando idênticas. inclui-se no cômputo do prazo, ou seja, os prazos começam sua
contagem no mesmo dia em que os fatos ocorreram,
Assim, cumprida a pena pelo sujeito ativo do crime no independentemente se serem dias úteis ou não.
estrangeiro, será ela descontada na execução pela lei Assim, mesmo que uma prisão ocorra as 23h50min, o 1º
dia do prazo será a data da prisão.
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Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário particularizados, não previstos nas regrais gerais do Código
comum. Penal. Muito embora o Código Penal tenha descrito os
O prazo penal não pode ser confundido com o prazo principais ilícitos penais, existem outros crimes de grande
processual penal, que é aquele que diz respeito relevância definidos na legislação penal especial.
exclusivamente ao processo. Importante ressaltar que a legislação especial prevalece
No prazo processual penal, o prazo começa a contar no sobre a regra geral do Código Penal, em observância ao
próximo dia subsequente ao fato, nos termos do art. 798, § 1º, princípio da especialidade, que estabelece que a lei especial
do Código de Processo Penal. Assim, se o réu é intimado da derroga a geral.
sentença no dia 10 de abril, o prazo para recorrer começa a Exemplos de leis especiais: Lei Maria da Penha (Lei nº.
fluir apenas no dia 11 (se for dia útil). 11.340/2006) e Lei dos Crimes Hediondos (Lei nº. 8.07290).
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(E) a lei excepcional ou temporária, embora decorrido o se a ação ou omissão se amolda a um tipo penal (tem
período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a relevância penal).
determinaram, aplica-se ao fato praticado durante a sua Já nos crimes tentados, é suprimido o resultado
vigência. naturalístico por circunstâncias alheias a vontade do agente,
motivo pelo qual para configuração do fato típico, basta os
05. (IPREV - Procurador Previdenciário - IBEG/2017) elementos da conduta e tipicidade. Na mesma esteira, os
Considerando o disposto no Código Penal brasileiro quanto à crimes de mera conduta e formais prescindem de resultado e
aplicação da lei penal, indique a alternativa incorreta: nexo causal, pois no caso do crime de mera conduta, jamais
(A) Não há crime sem lei anterior que o defina, tampouco haverá resultado naturalístico e nos crimes formais não é
pena sem prévia cominação legal; necessário para consumação do crime (apesar da
(B) Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior possibilidade de ocorrência).
deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a
execução e os efeitos penais da sentença condenatória; Segue quadro esquemático para memorização:
(C) A lei excepcional ou temporária, se decorrido o período
de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a FATO TÍPICO
determinaram, não retroage ao fato praticado durante sua
Crimes materiais Crimes tentados, formais
vigência;
consumados e de mera conduta
(D) Considera-se praticado o crime no momento da ação
ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado; CONDUTA
(E) Considera-se praticado o crime no lugar em que RESULTADO CONDUTA
ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como NATURALÍSTICO
onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. RELAÇÃO DE
CAUSALIDADE TIPICIDADE
Gabarito
TIPICIDADE
01.C / 02. C / 03. B / 04. E / 05. C
1. Condutas e Atos
Conduta é a materialização da vontade humana, que pode
TÍTULO II - DO CRIME E ser executada por um único ou por vários atos. O ato, portanto,
TÍTULO III - DA IMPUTABILIDADE é apenas uma parte da conduta. Ex.: é possível matar a vítima
PENAL (conduta) por meio de um único ato (um disparo mortal) ou
de vários atos (vários golpes no corpo da vítima).
Fato Típico Segundo Cleber Masson:64
Conduta é a ação ou omissão humana, consciente e
Fato típico é o primeiro requisito do crime. Consiste no fato voluntária, dirigida a um fim, consistente em produzir em
que se amolda no conjunto de elementos descritivos contidos resultado tipificado em lei como crime ou contravenção penal
na lei penal. (posição finalista, mais aceita em concursos públicos).
Segundo Cleber Masson:62
Fato típico é o fato humano que se enquadra com perfeição Não existe crime sem conduta, ou seja, não é admitido os
aos elementos descritos pelo tipo penal. A conduta de subtrair crimes de mera suspeita, que são aqueles em que o agente é
dolosamente, para si, coisa alheia móvel, caracteriza o crime punido pela mera suspeita despertada pelo seu modo de agir.
de furto, uma vez que se amolda ao modelo delineado pelo art.
155, caput, do Código Penal. Em sentido contrário, fato atípico -Formas de conduta:
é a conduta que não encontra correspondência em nenhum a) Ação (comportamento positivo): fazer, realiza algo.
tipo penal. Por exemplo, a ação do pai consistente em manter Nessa hipótese, a lei determina um não fazer, e o agente
relação sexual consentida com sua filha maior de idade e comete o delito justamente por fazer o que a lei proíbe.
plenamente capaz é atípica, pois o incesto, ainda que imoral, b) Omissão (comportamento negativo): abstenção, um
não é crime. não fazer. A omissão por sua vez, pode dar origem a duas
espécies de crimes:
Elementos do Fato Típico b.1) Omissivos próprios ou puros: nos quais inexiste um
dever jurídico de agir, ou seja, não há uma norma impondo um
O fato típico é composto dos seguintes elementos: dever de fazer. Assim, só existirá essa espécie de delito
- Conduta dolosa ou culposa; omissivo quando o próprio tipo penal descrever uma conduta
- Resultado (nos crimes materiais); omissiva. Ex.: crime de omissão de socorro (art. 135).
- Nexo de causalidade entre a conduta e o resultado (nos b.2) Omissivos impróprios ou comissivos por omissão:
crimes materiais); são aqueles para os quais a lei impõe um dever de agir e, assim,
- Tipicidade (enquadramento do fato material a uma o não agir constitui crime, na medida em que leva à produção
norma penal). de um resultado que o agir teria evitado. Ex.: a mãe deixa de
alimentar seu filho causando-lhe a morte, responde por
No Crime material há uma conduta e um resultado homicídio.
naturalístico63, exigindo-se a produção do resultado para
consumação do crime. Assim, a conduta e o resultado estão - Exclusão da conduta:
ligados através de uma relação de causalidade, que para a) caso fortuito e força maior: atos imprevisíveis e
configurar crime realiza-se o juízo de tipicidade para verificar inevitáveis, que estão fora do alcance da vontade do ser
humano, motivo pelo qual não configuram fato típico, por não
existir dolo ou culpa.
62 MASSON, Cleber. Direito Penal. Vol.1. Parte Geral. Editora Método. 8ª 64 MASSON, Cleber. Direito Penal. Vol.1. Parte Geral. Editora Método. 8ª
comportamento do agente”.
Legislação 151
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APOSTILAS OPÇÃO
65 Idem.
Legislação 152
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APOSTILAS OPÇÃO
Observação: a expressão “o resultado”, constante no uma conduta criminosa. Exemplo: “Mônica” efetua disparos de
artigo 13 do CP, se refere ao resultado naturalístico, arma de fogo contra “Zé Bento” no mesmo momento em que o
entendimento este, prevalente na doutrina brasileira. telhado desaba sobre ela.
- superveniente: a causa é posterior a prática da conduta
Atenção: o § 1º do artigo 13, do CP, adotou a teoria da do agente. Exemplo: “Magali” dá veneno para “Cebolinha”, mas
causalidade adequada, no entanto, trata-se de uma exceção à antes de produzir o efeito desejado, “Chico” desfere inúmeras
regra da Teoria da conditio sine qua non, adotada no caput do facadas em “Cebolinha”, matando-o.
artigo 13.
Efeitos jurídicos (causas absolutamente
CP – Art.13 (...) independentes preexistentes, concomitantes e
Superveniência de causa independente supervenientes):
§ 1º - A superveniência de causa relativamente Deve ser imputado ao agente somente o ato praticado e
independente exclui a imputação quando, por si só, não o resultado naturalístico, tendo em vista que não há
produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, relação de causalidade entre sua conduta e o resultado, pois
imputam-se a quem os praticou. mesmo sem a conduta do agente o resultado teria ocorrido.
Assim, em respeito a teoria da conditio sine qua non, no caso
O §1º do art. 13 nos diz que: "a superveniência de causa dos exemplos mencionados, o agente responderia somente
independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o por tentativa de homicídio.
resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os
praticou". Causas relativamente independentes:
Admite, o referido dispositivolegal, a interrupção do nexo Originam-se da própria conduta efetuada pelo agente. Daí
causal entre a conduta do agente e o resultado. Nessas serem relativas, pois não existiriam sem a atuação criminosa.
hipóteses, pode-se dizer que existe uma concausa, ou seja, a Como, entretanto, tais causas são independentes, têm
conduta do agente e outra causa qualquer, quais sejam: idoneidade para produzir, por si sós, o resultado, já que não se
a) a causa que produza o resultado seja superveniente à situam no normal trâmite do desenvolvimento causal.68
conduta do agente, isto é, ocorra depois de sua ação;
b) que a causa superveniente seja relativamente Tais causas também são divididas em preexistente,
independente da conduta do agente, isto é, mantenha relação concomitante e superveniente:69
com a conduta inaugurada pelo autor; - preexistente: existe previamente à prática da conduta do
c) que a causa superveniente independente produza o agente. Exemplo: “A”, com ânimo homicida, efetua disparos de
resultado por si só, isto é, seja causa bastante para a arma de fogo contra “B”, atingindo-o de raspão. Os ferimentos,
produção do resultado. contudo, são agravados pela diabete da vítima, que vem a
falecer.
Conceito de concausa: é a convergência de uma causa - concomitante: ocorre simultaneamente a prática da
externa à vontade do autor da conduta, influindo na produção conduta. Exemplo: “A” aponta uma arma de fogo contra “B”, o
do resultado naturalístico por ele desejado e posicionando-se qual, assustado, corre em direção a movimentada via pública.
paralelamente ao seu comportamento, comissivo ou No momento em que é alvejado pelo disparos, é atropelado por
omissivo.66 um caminhão e falece.
edição. 2014. 70 MASSON, Cleber. Direito Penal. Vol.1. Parte Geral. Editora Método. 8ª
67 (Idem) edição. 2014.
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APOSTILAS OPÇÃO
No §1º do artigo 13, de forma excepcional, foi adotada a cumprir esse dever, será imputado por omissão imprópria.
teoria da causalidade adequada, em que a causa é a conduta No Código Penal, esta regra está no artigo 13, § 2º: a
idônea que provoca o resultado naturalístico. Exemplo: João é posição de garantidor pode emanar de:
atingida por disparos de arma de fogo, que internado no a) dever legal, imposto pela lei;
hospital, morre em virtude de incêndio e não dos ferimentos. b) aceitação voluntária, ou seja, quando o sujeito
Assim, João faleceu em virtude de acontecimento livremente a assume, tal como acontece, por exemplo, nos
inesperado e imprevisível, ou seja, uma causa idônea e casos de contrato;
adequada, que produziu por si só o resultado, motivo pelo qual c) ingerência, quando o sujeito, por sua conduta
só responde pelos atos praticados e não pelo resultado morte. precedente, cria a situação de perigo para o bem jurídico.
71 MASSON, Cleber. Direito Penal. Vol.1. Parte Geral. Editora Método. 8ª 72 MASSON, Cleber. Direito Penal. Vol.1. Parte Geral. Editora Método. 8ª
Legislação 154
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bem. Por exemplo na hipótese de um furto de uma galinha de Crime Consumado (Art.14, I, CP)
um grande criador pode ser hipótese de aplicação do
princípio. Contudo, caso essa galinha pertença a uma família Crime consumado é aquele em que foram realizados
pobre, e seja indispensável ao seu sustento, a insignificância todos os elementos da definição legal. Crime exaurido é aquele
não poderá ser reconhecida. em que o agente já consumou o crime, mas continua atingindo
Por isso, a observância dos requisitos apresentamos o bem jurídico. O exaurimento influi na primeira fase da
acima é de suma importância para a análise do fato. fixação da pena (art. 59, caput, do Código Penal).
Assim, a doutrina majoritária assegura que o Princípio da Trata-se da última fase do caminho do crime (iter criminis).
Insignificância afasta a tipicidade material do fato, ou seja, A consumação ocorre quando todos os elementos do fato
retira a conduta do âmbito de proteção do Direito Penal. típico são realizados.
Apesar de não haver previsão expressa em nosso
ordenamento jurídico sobre o Princípio da Insignificância ou A consumação nas várias espécies de crimes:
Bagatela ele é muito aceito e vem sendo aplicado cada vez mais a) materiais: com a produção do resultado naturalístico;
perante os Tribunais Pátrios. b) culposos: igual os materiais, com a produção do
Vale destacar ainda, que a jurisprudência dos Tribunais resultado naturalístico;
Superiores vem afastando a aplicação do Princípio da c) de mera conduta: com a ação ou omissão delituosa;
Insignificância em alguns casos, como podemos notar nas d) formais: com a simples atividade, independente do
Súmulas 589, 599 e 606 do STJ: resultado;
e) permanentes: o momento consumativo se protrai no
STJ - Súmula 589: É inaplicável o princípio da insignificância tempo;
nos crimes ou contravenções penais praticados contra a mulher f) omissivos próprios: com a abstenção do comportamento
no âmbito das relações domésticas. devido;
g) omissivos impróprios: com a produção do resultado
STJ - Súmula 599: O princípio da insignificância é inaplicável naturalístico;
aos crimes contra a administração pública. h) qualificados pelo resultado: com a produção do resultado
agravador;
STJ - Súmula 606: Não se aplica o princípio da insignificância i) complexos: quando os crimes componentes estejam
a casos de transmissão clandestina de sinal de internet via integralmente realizados;
radiofrequência, que caracteriza o fato típico previsto no art. j) habituais: com a reiteração de atos, pois cada um deles,
183 da Lei n. 9.472/1997. isoladamente, é indiferente à lei penal. O momento
consumativo é incerto, pois não se sabe quando a conduta se
c) Princípio da Adequação Social tornou um hábito, por essa razão, não cabe prisão em flagrante
Entende este princípio que, as condutas praticadas pelo nesses crimes.
meio social e aceitas pela sociedade, devem ser excluídas da
esfera penal, desde que não ofendam a Constituição Federal. Tentativa (Art.14, II, CP)
Ex.: Mãe que fura a orelha da filha para colocar brincos, logo
após o nascimento. Apesar da conduta estar descrita na lei Tentativa é a não consumação de um crime, cuja execução
(lesão corporal), não é considerada crime, por se tratar de foi iniciada, por circunstâncias alheias à vontade do agente. De
um costume aceito pela sociedade. acordo com o que dispõe o artigo 14, II do Código Penal.
Como outro exemplo da aplicação deste princípio
podemos citar a revogação do crime de sedução, antes 1. Aplicação da Pena.
previsto no artigo 217 do CP. A tentativa é punida com a mesma pena do crime
consumado, reduzida de 1/3 a 2/3. O critério para essa
Nesse sentido, o doutrinador Cezar Roberto Bitencourt73: redução é a proximidade do momento consumativo, ou seja,
quanto mais próximo chegar da consumação, menor será a
“Segundo "Welzel, o Direito Penal tipifica somente redução.
condutas que tenham uma certa relevância social; caso
contrário, não poderiam ser delitos. Deduz-se, 2. Espécies de Tentativa.
consequentemente, que há condutas que por sua “adequação - Tentativa imperfeita ou inacabada: Ocorre quando a
social” não podem ser consideradas criminosas. Em outros execução do crime é interrompida, ou seja, o agente, por
termos, segundo esta teoria, as condutas que se consideram circunstâncias alheias à sua vontade, não chega a praticar
“socialmente adequadas” não podem constituir delitos e, por todos os atos de execução do crime.
isso, não se revestem de tipicidade”. - Tentativa perfeita ou acabada: Também conhecida
como “crime falho”. Ocorre quando o agente pratica todos os
d) Teoria da Tipicidade Conglobante atos de execução do crime, mas o resultado não se produz por
Esta teoria foi criada pelo jurista argentino Eugênio Raúl circunstâncias alheias à sua vontade.
Zaffaroni e preceitua que o fato típico deve ser contrário ao - Tentativa branca ou incruenta: Classificação para os
ordenamento jurídico em geral e não apenas ao ordenamento crimes contra a pessoa; ocorre quando a vítima não é atingida.
penal. Ou seja, o que é permitido por uma norma, não pode ser - Tentativa cruenta: Classificação para os crimes contra a
proibido por outra. Nesse sentido, caso qualquer outro ramo pessoa; ocorre quando a vítima é atingida, mas o resultado
do direito (ex. trabalhista, administrativo, dentre outros) desejado não acontece por circunstância alheia à vontade do
permita o comportamento, o fato será atípico. Ou seja, a agente.
conduta deve ser contrária ao ordenamento jurídico em todas - Tentativa idonêa: É aquela em que o sujeito pode
as esferas do direito. alcançar a consumação, mas não consegue fazê-lo por
circunstâncias alheias à sua vontade. É a tentativa
propriamente dita, definida no art. 14, II, do Código Penal.
73 https://hudsonbarboza.jusbrasil.com.br/artigos/112113871/os-
principios-da-adequacao-social-e-insignificancia-a-criminalizacao-de-
condutas-e-sua-filtragem-constitucional
Legislação 155
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- Tentativa inidonêa: Sinônimo de crime impossível (art. Exemplo: visando furtar o DVD de um automóvel, o agente
17) ocorre quando o agente inicia a execução, mas a quebra o vidro deste, mas, antes de se apossar do bem, desiste
consumação do delito era impossível por absoluta ineficácia de cometer o crime e vai embora sem nada levar. Nesse caso,
do meio empregado ou por absoluta impropriedade do objeto não se pode falar em tentativa de furto, porque, para que haja
material. Nesse caso, não se pune a tentativa, pois a lei tentativa, é necessário que o agente não tenha conseguido a
considera o fato atípico. consumação por circunstâncias alheias à sua vontade, e, na
hipótese, o agente não consumou o furto por vontade própria.
3. Infrações que não admitem tentativa Em razão disso é que a lei determina que a punição deve ser
- Crimes culposos: Parte da doutrina admite no caso de apenas em relação aos atos já praticados, não havendo punição
culpa imprópria. pela tentativa. Nesse exemplo, o agente responde apenas pelo
- Crimes preterdolosos: No caso dos crimes preterdolosos crime de dano (no vidro do veículo).
ou preterintencionais, o evento de maior gravidade não
querido pelo agente, é punido a título de culpa. No caso de Arrependimento eficaz (art. 15, 2ª parte): O agente
latrocínio tentado, o resultado morte era querido pelo agente; executa o crime até o último ato, esgotando-os, e logo após se
assim, embora qualificado pelo resultado, o latrocínio só arrepende, impedindo o resultado. Só é possível no caso da
poderá ser preterdoloso quando consumado. tentativa perfeita ou acabada. Ocorre somente nos crimes
- Crimes omissivos próprios: São crimes de mera conduta materiais que se consumam com a verificação do resultado
(exemplo: crime de omissão de socorro, artigo 135 do Código naturalístico.
Penal). Exemplo: o agente quebra o vidro de um carro para furtar
- Contravenção penal: A tentativa não é punida (artigo 4.º seu DVD automotivo. Após retirá-lo do painel, ele
do Decreto-lei n. 3.688/41). imediatamente resolve colocá-lo de volta no local. Responde
- Delitos de atentado: São crimes em que a lei pune a apenas pelo crime de dano (do vidro). Se o crime, entretanto,
tentativa como se fosse consumado o delito (exemplo: crime já se tinha consumado e, algum tempo depois, o sujeito resolve
de evasão mediante violência contra a pessoa, artigo 352 do devolver o bem à vítima, poderá haver, dependendo das
Código Penal). circunstâncias, o arrependimento posterior (art. 16), cuja
- Crimes habituais: Tais crimes exigem, para consumação, consequência é a simples redução da pena.
a reiteração de atos que, isolados, não configuram fato típico.
Inviável a verificação da tentativa, posto que uma segunda A desistência ou o arrependimento não precisa ser
conduta já caracteriza o delito. espontâneo, mas deve ser voluntário. Mesmo se a desistência
- Crimes unissubsistentes: Que se consumam com um ou a resipiscência for sugerida por terceiros subsistirão seus
único ato. Ex.: injúria verbal. efeitos. A tentativa abandonada, em suas duas modalidades,
-Crimes que a lei só pune se ocorrer o resultado: Trata- exclui a aplicação da pena por tentativa, ou seja, o agente
se, por exemplo, do crime de induzimento, instigação ou responderá somente pelos atos até então praticados.
auxílio a suicídio (artigo 122 do Código Penal). Nesse delito, se
a pessoa empresta um revolver para outra se matar e esta não Arrependimento Posterior (Art. 16, CP)
se mata, o fato é atípico, mas se ela comete o suicídio, o crime
está consumado. Nos termos do artigo 16 do Código Penal, “Nos crimes
cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o
Observações: Parte da doutrina entende que os crimes dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da
formais e de mera conduta não admitem tentativa. Não queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de
concordamos com esse entendimento. O crime de ameaça, por um a dois terços”. A expressão utilizada pelo legislador é
exemplo, trata-se de crime formal, mas admite a tentativa no redundante, pois todo arrependimento é posterior. Na
caso de ameaça por escrito, em que a carta é interceptada por verdade o arrependimento é posterior à consumação do crime.
terceiro. Alguns crimes de mera conduta também admitem Trata-se de causa obrigatória de redução de pena. É causa
tentativa, como a violação de domicílio (o agente pode, sem objetiva de diminuição de pena, portanto, estende-se aos
sucesso, tentar invadir domicílio de outrem). O crime coautores e partícipes condenados pelo mesmo fato.
unissubsistente comporta tentativa em alguns casos, por
exemplo, quando o agente efetua um único disparo contra a Requisitos:
vítima e erra o alvo. Só cabe em crime cometido sem violência ou grave ameaça
contra a pessoa. Visa o legislador a dar oportunidade ao
Tentativa Abandonada ou Qualificada (Art.15, CP) agente, que pratica crime contra o patrimônio sem violência
ou grave ameaça, de reparar o dano ou restituir a coisa. Na
Essas expressões são utilizadas como sinônimas da jurisprudência, prevalece o entendimento de que a lei só se
desistência voluntária e do arrependimento eficaz (art. 15), refere à violência dolosa, podendo a diminuição ser aplicada
casos esses nos quais, em verdade, afasta-se a aplicação da aos crimes culposos em que haja violência, como o homicídio
tentativa, respondendo o agente apenas pelos atos anteriores, culposo. Assim, a intenção do legislador foi criar um instituto
uma vez que, por ato voluntário, desistiu ele de prosseguir na para os crimes patrimoniais, mas a jurisprudência estendeu ao
execução do crime ou impediu a produção do resultado. homicídio culposo.
Nesses casos, não se pode cogitar de tentativa, porque a - Reparação do dano ou restituição da coisa (deve ser
consumação foi evitada pelo próprio agente e não por integral).
circunstâncias alheias à sua vontade. É chamado pela doutrina - Por ato voluntário do agente. Não há necessidade de ser
de “ponte de ouro”. ato espontâneo, podendo haver influência de terceira pessoa.
- O arrependimento posterior só pode ocorrer até o
Desistência voluntária (art. 15, 1ª parte): O agente recebimento da denúncia ou queixa. Após, a reparação do dano
interrompe voluntariamente a execução do crime, impedindo, será somente causa atenuante genérica (artigo 65, inciso III,
desse modo, a sua consumação. Ocorre antes de o agente alínea “b”).
esgotar os atos de execução, sendo possível somente na
tentativa imperfeita ou inacabada. Não há que se falar em Critérios para Aplicação da Redução da Pena:
desistência voluntária em crime unissubsistente, visto que São dois os critérios para se aplicar a redução da pena:
este é composto de um único ato. espontaneidade e celeridade. O arrependimento posterior não
Legislação 156
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APOSTILAS OPÇÃO
precisa ser espontâneo, mas se for a pena sofrerá entendendo não haver crime ante a atipicidade do fato
maior diminuição. Também, quanto mais rápido reparar o (Súmula n. 145 do Supremo Tribunal Federal).
dano, maior será a diminuição.
O Código Penal brasileiro adotou a teoria objetiva
Relevância da Reparação do Dano: temperada pela qual só há crime impossível se a ineficácia do
- Cheque sem fundos: o pagamento até o recebimento da meio e a impropriedade do objeto forem absolutas. Por isso, se
denúncia ou queixa extingue a punibilidade (Súmula 554 do forem relativas, haverá crime tentado. Ex.: tentar matar
Supremo Tribunal Federal). alguém com revólver e projéteis verdadeiros que, entretanto,
- Crimes contra a ordem tributária: o pagamento do tributo não detonam por estar velhos. Aqui a ineficácia do meio é
até o recebimento da denúncia ou queixa também extingue acidental e existe tentativa de homicídio.
a punibilidade.
- Peculato culposo (artigo 312, § 3.º): se a reparação do Seguem dispositivos do CP referentes a matéria:
dano precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade;
se lhe é posterior reduz de metade a pena imposta. TÍTULO II
- Crimes de ação penal privada ou pública condicionada à DO CRIME
representação (artigo74, parágrafo único, da Lei n. 9.099/95): (...)
havendo composição civil do dano em audiência preliminar, Art. 14 - Diz-se o crime:
extingue-se o direito de queixa ou representação.
CRIME CONSUMADO
Delação eficaz ou premiada: I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de
Instituto distinto do arrependimento posterior é o da sua definição legal;
delação premiada, no qual se estimula a delação feita por um
coator ou participe em relação aos demais, mediante o TENTATIVA
benefício da redução obrigatória da pena. II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma
por circunstâncias alheias à vontade do agente.
Crime Impossível (Art. 17, CP)
PENA DE TENTATIVA
O crime impossível também chamado de tentativa Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a
inidônea, tentativa inadequada ou quase-crime. É aquele que, tentativa com a pena correspondente ao crime consumado,
pela ineficácia total do meio empregado ou pela diminuída de um a dois terços.
impropriedade absoluta do objeto material, é impossível de se
consumar. Não se trata de causa de isenção de pena, como DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO
parece sugerir a redação do art. 17 do Código Penal, mas de EFICAZ
causa geradora de atipicidade, pois não se concebe queira o Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de
tipo incriminador descrever como crime uma ação impossível prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza,
de se realizar. só responde pelos atos já praticados.
Legislação 157
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A consciência é seu elemento intelectual, ao passo que a Dolo de dano: Existe quando a vontade é de produzir uma
vontade desponta como elemento volitivo.74 efetiva lesão ao bem jurídico. Quase todos os crimes são de
Primeiramente verifica-se a consciência da conduta e do dano (exemplos: furto, homicídio etc.).
resultado. Após o sujeito manifesta sua consciência sobre o
nexo causal entre a conduta a ser praticada e o resultado que Dolo direto ou determinado: Existe quando o agente
será produzido com tal conduta. quer produzir resultado certo e determinado; é o dolo da
Finalmente, o sujeito exterioriza sua vontade de praticar a teoria da vontade.
conduta e produzir o resultado.
Importante ressaltar que para verificação do dolo, basta Dolo indireto ou indeterminado: É aquele que existe
que o resultado seja produzido de acordo com a vontade que o quando o agente não quer produzir resultado certo e
agente teve no momento da conduta. Exemplo: “Maria” quer determinado. Pode ser:
matar “João” e para isso, dispara três tiros contra ele. a) Eventual: quando o agente não quer produzir o
Outrossim, com relação ao nexo causal (entre conduta e resultado, mas aceita o risco de produzi-lo (exemplo: o
resultado), não é necessário que o Iter criminis (caminho do motorista que, em desabalada corrida, para chegar em seu
crime) aconteça exatamente da forma planejada pelo agente. destino, aceita o resultado de atropelar uma pessoa). Nélson
Basta que o objetivo do agente seja alcançado, ainda que de Hungria lembra a fórmula de Frank para explicar o dolo
modo diverso. Exemplo: se no caso exemplificado, de Maria e eventual: “Seja como for, dê no que der, em qualquer caso não
João, este não morre com os tiros, mas na fuga “cabaleando” deixo de agir”.
cai e bate a cabeça e morre em decorrência disso, Maria b) Alternativo: quando o agente quer produzir um ou
responde pelo resultado “morte”. outro resultado (exemplo: o agente atira para ferir ou para
Contudo, é necessário destacar que há necessidade de que matar; nesse caso, responde pelo resultado mais grave,
o agente, por exemplo, no caso destacado, saiba que sua aplicando-se o princípio da consunção).
conduta “mata alguém” e que tenha vontade de fazê-lo, pois o
dolo deve englobar todas as elementares e circunstâncias do Dolo geral ou erro sucessivo: Conhecido também como
tipo penal. Faltando qualquer parte do tipo penal, ocorre o erro sobre o nexo causal ou aberratio causae, ocorre quando o
erro de tipo. agente, supondo já ter produzido o resultado, pratica nova
agressão, que para ele é mero exaurimento, mas é
Espécies de Dolo nesse momento que atinge a consumação (exemplo:
“A” quer matar “B” por envenenamento; após o
Dolo normativo: É o dolo segundo a teoria clássica, causal envenenamento, supondo que “B” já está morto, “A” joga o que
ou naturalista. É o dolo que integra a culpabilidade e não a imagina ser um cadáver no rio e “B” acaba morrendo por
conduta, e tem como elementos a consciência (sei o que faço), afogamento; nesse caso, o erro é irrelevante, pois o que vale é
a vontade (quero fazer) e a consciência da ilicitude (sei que é a intenção do agente, que responderá por homicídio doloso). O
errado). É o dolo que depende de um juízo de valor. Professor Damásio de Jesus entende que o agente deve
responder por tentativa de homicídio, aplicando-se a teoria da
Dolo natural: É o dolo segundo a doutrina finalista. Para imputação objetiva.
os finalistas, o dolo passou a constituir elemento do fato típico
(conduta dolosa), deixando de ser requisito para a Dolo de primeiro grau e de segundo grau: o primeiro
culpabilidade. A consciência da ilicitude se destacou do dolo grau consiste na vontade de produzir as consequências
e passou a integrar a culpabilidade. Assim, o dolo que passou primárias do delito, ou seja, o resultado típico inicialmente
para a conduta é aquele composto apenas por consciência e visado, ao passo que o de segundo grau abrange os efeitos
vontade (sem a consciência da ilicitude, que passou a integrar colaterais da prática delituosa, ou seja, as suas consequências
a culpabilidade). É uma manifestação psicológica, que secundárias, que não são desejadas originalmente, mas
prescinde de juízo de valor. É o dolo adotado pelo Código acabam sendo provocadas porque indestacáveis do primeiro
Penal. evento. No dolo de segundo grau, portanto, o autor não
pretende produzir o resultado, mas se dá conta de que não
Dolo genérico: É a vontade de realizar o verbo do tipo sem pode chegar à meta traçada sem causar tais efeitos acessórios.
qualquer finalidade especial. Por exemplo, a situação na qual o agente, desejando matar
determinada pessoa que está em ambiente público, usa de
Dolo específico: É a vontade de realizar o verbo do tipo explosivo que, ao detonar, certamente matará outras pessoas
com uma finalidade especial. Sempre que no tipo houver um que ali também se encontram. Nesse caso, embora o agente
elemento subjetivo, para que o fato seja típico, será necessário não quisesse atingir outras vítimas, esse resultado era
o dolo específico. Ex.: extorsão mediante sequestro (art. 159), absolutamente esperado na explosão do artefato.
cujo tipo penal é sequestrar pessoa com o fim de obter
vantagem como condição ou preço do resgate. Crime Culposo (Art. 18, II, CP)
Dolo de perigo: É a vontade de expor o bem a uma Culpa é o elemento normativo da conduta (não confundir
situação de perigo de dano. O perigo pode ser concreto ou com elemento normativo do tipo), pois sua existência decorre
abstrato. Quando o perigo for concreto, é necessária a efetiva da comparação que se faz entre o comportamento do agente
comprovação de que o bem jurídico ficou exposto a uma real no caso concreto e aquele previsto na norma, que seria o ideal.
situação de perigo (exemplo: crime do artigo132 do Código Essa norma corresponde ao sentimento médio da sociedade
Penal). O perigo abstrato, também conhecido como presumido sobre o que é certo e o que é errado.
é aquele em que basta a prática da conduta para que a lei
presuma o perigo (exemplo: artigo 135 do Código Penal). Os
Legislação 158
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O tipo culposo é um tipo aberto, pois não há descrição da Como fator de graduação da pena, já se disse, a
conduta. Assim, se o legislador tentasse descrever todas as culpabilidade conduz à análise da posição do agente frente ao
hipóteses em que ocorresse culpa, certamente jamais bem jurídico, que pode ser:
esgotaria o rol. Compara-se a conduta do agente, no caso (a) de menosprezo,
concreto, com a conduta de uma pessoa de prudência mediana. (b) de indiferença ou
Se a conduta do agente se afastar dessa prudência, haverá a (c) de descuido75.
culpa. Será feita uma valoração para verificar a existência da .
culpa. A primeira está vinculada com o dolo direto, a segunda com
O tipo culposo, como vimos, é um tipo aberto. o dolo eventual e a terceira com o crime culposo. Quanto mais
Excepcionalmente, o tipo culposo é um tipo fechado. intenso o menosprezo ao bem jurídico (isso se revela, por
Exemplos: receptação culposa, tráfico culposo (ministrar dose exemplo, na crueldade de um assassinato) mais reprovação se
evidentemente maior) etc. justifica. Quando mais indiferença, mais pena. Quanto à culpa,
seus graus (culpa leve, levíssima, grave e gravíssima ou
Princípio da confiança temerária) é que comandam o nível da censura penal.
Trata-se de um princípio fundamentado no fato de que as A culpa, desse modo, tanto é relevante para a tipicidade
pessoas, em determinadas situações, agem de uma forma penal (não existe crime culposo sem a criação de risco
normal, já esperada e confiam que as outras pessoas também proibido relevante), como para a culpabilidade (daí falar-se
agirão da mesma forma. Consiste, portanto, na realização da em tipo de ilícito culposo e tipo de culpabilidade).
conduta de uma determinada forma na confiança de que o Enquanto a inobservância do cuidado objetivo necessário
comportamento do outro agente se dará conforme o que (leia-se: criação de risco proibido) é relevante para a
acontece normalmente. composição do tipo de ilícito, os graus desse descuido (leve,
Exemplo: o motorista que, conduzindo seu veículo pela grave etc.) são fundamentais para a aferição da pena no âmbito
preferencial, passa por um cruzamento, confia que o outro da culpabilidade mencionada no art. 59 do CP. Se cada agente
automóvel, que se encontra na via secundária, aguardará sua deve ser punido na medida da sua culpabilidade (CP, art. 29),
passagem. Havendo acidente, não terá necessariamente o cumpre ao juiz aferir esse nível de censura para fazer a correta
primeiro agido com culpa. dosimetria da pena.
O princípio da confiança guarda relação direta com os A intensidade do dolo e da culpa não cumpre, em princípio,
crimes culposos. Ele indicará, no caso concreto, se o agente grande papel no momento da configuração do injusto penal
75 (Cf. GOMES, Luiz Flávio, Direito penal, v. 7, Coleção Manuais para concursos
Legislação 159
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APOSTILAS OPÇÃO
(do tipo de ilícito), salvo, evidente, quando o próprio tipo penal no sinal; o motorista, assustado, foge do carro e acaba sendo
a exige (crime cometido com crueldade, crime cometido com atropelado). A solução do problema depende
culpa temerária etc.). Sua função primordial acaba sendo da previsibilidade ou imprevisibilidade do segundo resultado.
revelada no momento da aplicação da pena, que é justamente - Culpa imprópria: Também é chamada culpa por
quando o juiz tem que dar sentido para a palavra culpabilidade extensão, por assimilação ou por equiparação. Nesse caso, o
dentro do art. 59 do CP. resultado é previsto e querido pelo agente, que age em erro de
Não nos parece acertado dizer que não tem nenhum tipo inescusável ou vencível. Exemplo: “A” está em casa
sentido falar em intensidade do dolo e da culpa. Essa assistindo televisão quando seu primo entra na
intensidade é muito relevante em Direito penal, sobretudo no casa pelas portas dos fundos; pensando tratar-se de um ladrão,
momento da aplicação da pena, quando então é fundamental “A” efetua disparos de arma de fogo contra seu azarado
constatar a dimensão da intensidade do dolo (nível da posição parente. Nesse caso, “A” acredita estar agindo em legítima
do agente frente ao bem jurídico) assim como da culpa (nível defesa. Como “A” agiu em erro de tipo inescusável ou vencível
de descuido do agente frente ao bem jurídico). (se fosse mais atento e diligente perceberia que era seu
Os denominados delitos de atitude (ou delitos de atitude primo), responde por homicídio culposo nos termos do artigo
interna), que são os que expressam estados anímicos que 20, §1.º, do Código Penal. Observe-se que a culpa imprópria, na
fundamentam ou reforçam o juízo de desvalor do fato, ou seja, verdade, diz respeito a um crime doloso que o legislador aplica
o juízo de reprovação do fato, bem evidenciam a intensidade pena de crime culposo. Se “A”, no entanto, tivesse agido em
do dolo do agente. A crueldade, a traição, a evidente má-fé, os erro de tipo escusável ou invencível, haveria exclusão de dolo
crimes cometidos inescrupulosamente etc. revelam o alto nível e culpa, hipótese em que “A” ficaria impune. Qual a solução se
de censurabilidade da posição do agente frente ao bem o primo (do exemplo citado acima) não tivesse morrido? Há
jurídico protegido. A atitude interna do agente, que revela a duas posições na doutrina: 1.ª posição: “A” responderia por
intensidade do dolo, deve sempre ser levada em conta no lesões corporais culposas. 2.ª posição: “A” responderia
momento da cominação da pena ou da sua aplicação. por tentativa de homicídio culposo. Preferimos a primeira
Pode-se afirmar a mesma coisa em relação ao nível de posição, pois não admitimos a tentativa em crime culposo.
descuido do agente frente ao bem jurídico. Quanto mais
intensa a culpa, isto é, quanto mais descuidado for o agente, Como regra, os crimes culposos não admitem tentativa.
mais censurável será seu fato. Esse nível de descuido encontra Como exceção, pune-se a tentativa na culpa imprópria, isto
seu ponto mais extremado na chamada culpa temerária, que é porque, na culpa imprópria, apesar de ser tratada como culpa,
forma de culpa gravíssima. A culpa temerária expressa uma a conduta é dolosa.
especial intensificação da culpa, é uma conduta praticada de Já nos crimes culposos o agente não tem dolo de
modo especialmente perigoso. O resultado, no contexto de consumação, o que o torna essa modalidade de delito
uma culpa temerária, apresenta-se como altamente provável. incompatível com o instituto da tentativa.
A previsibilidade é patente. A atitude do agente na culpa Para boa parte da doutrina, admite-se a tentativa na culpa
temerária é altamente censurável, chega mesmo à leviandade, imprópria (art. 20, § 1 °, do CP), pois trata-se de hipótese em
por isso que justifica maior nível de reprovação76. que existe dolo de consumação.
76 (Cf. SANTANA, Selma Pereira de, A culpa temerária, São Paulo: RT, 2005). 77 MASSON, Cleber. Direito Penal. Vol.1. Parte Geral. Editora Método. 8ª
edição. 2014.
Legislação 160
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APOSTILAS OPÇÃO
e pensa poder culposo, qualificado pela morte culposa (art. 250, §2º, c.c. o art.
evitar por sua 258, 2ª parte).
habilidade
Os crimes preterdolosos não admitem a tentativa, pois,
Não prevê o Não que e não neles, o agente não quer o resultado final agravador, sendo
Culpa
resultado (que aceita o certo que pressuposto da tentativa é que o agente queira o
inconsciente
era previsível) resultado resultado e não o atinja por circunstâncias alheias à sua
vontade.
Seguem dispositivos do CP referentes a matéria:
Segue dispositivo do CP que trata da matéria:
TÍTULO II
DO CRIME AGRAVAÇÃO PELO RESULTADO
(...) Art. 19 - Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só
responde o agente que o houver causado ao menos
Art. 18 - Diz-se o crime: culposamente.
78 https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/7612/Erro-de-tipo-e-erro-
de-proibicao
Legislação 161
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criminoso. Aqui não há erro quanto ao elemento principal do em que a conduta dolosa tentada será punida a título de culpa.
tipo penal, mas sim, sobre elemento secundário, como por 79
Legislação 162
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intenção de matar “B”, efetua disparos de arma de fogo contra a) Com unidade simples ou com resultado único: é a
“C”, irmão gêmeo de “B”, confundindo-o com aquele que situação descrita pelo art. 73, 1.ª parte, do Código Penal, na
efetivamente queria matar. qual o agente atinge unicamente a pessoa diversa da desejada.
Quando ocorrer o erro sobre a pessoa, serão aplicadas A vítima virtual não suporta qualquer tipo de lesão. A lei “faz
todas as circunstâncias como se o erro não tivesse acontecido, de conta” que a vítima real era a vítima virtual. Logo, trata-se
ou seja, as qualificadoras, agravantes, atenuantes, causas de de erro de tipo acidental e irrelevante.81
aumento e diminuição de pena etc., devem ser aplicadas como
se o crime tivesse sido praticado contra quem o autor b) Com unidade complexa ou com resultado duplo: é a
efetivamente pretendia atingir com sua conduta. situação descrita pelo art. 73, parte final, do Código Penal, na
O autor Cristiano Rodrigues, traz um macete interessante qual o sujeito, além de atingir a pessoa inicialmente desejada,
para entender e não confundir esse erro, qual seja:80 ofende também pessoa ou pessoas diversas. Sua conduta
“Podemos dizer que o erro sobre a pessoa é o “erro do irmão enseja dois resultados: o originariamente pretendido e o
gêmeo”, ou o “erro do baile de máscaras”, pois o agente involuntário. Ex.: no caso em que o projétil perfura o corpo de
acerta o alvo visado objetivamente, mas se equivoca quanto a um vítima para alojar-se no corpo de outra vítima. Nessa
identidade deste” hipótese, determina o Código Penal a aplicação da regra do
concurso formal próprio ou perfeito (CP, art. 70, caput, 1ª
Artigos do CP relacionados com a matéria: parte): o magistrado utiliza a pena do crime mais grave,
aumentando-a de 1/6 (um sexto) até a ½ (metade). O
Erro sobre elementos do tipo percentual de aumento varia de acordo com o número de
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crimes produzidos a título de culpa. 82
crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se Importante ressaltar que também se aplica o concurso
previsto em lei. formal próprio ou perfeito no erro na execução com unidade
complexa, quando as demais pessoas forem atingidas
Descriminantes putativas culposamente.
§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado
pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, Importante: com relação as demais pessoas ofendidas,
tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro se não for culposamente, mas sim, com dolo eventual
deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo. (assume o risco), aplica-se a regra do concurso forma
impróprio ou imperfeito (sistema do cúmulo material), no
Erro determinado por terceiro qual somam-se as penas, pois deriva de desígnios
§ 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro. autônomos a pluralidade de resultados, ou seja, há dolos
diversos para produção dos resultados.
Erro sobre a pessoa
§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é
3.5. Aberratio Criminis (Erro quanto ao resultado) –
praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as
Artigo 74. CP.
condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra
Resultado diverso do pretendido
quem o agente queria praticar o crime.
Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior, quando, por
acidente ou erro na execução do crime, sobrevém resultado
3.4. Aberratio Ictus (Erro de Execução) – Artigo 73, CP
diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é
Erro na execução
previsto como crime culposo; se ocorre também o resultado
Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de
pretendido, aplica-se a regra do art. 70 deste Código.
execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia
ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse
Erro quanto ao resultado (Aberratio Criminis ou aberratio
praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no §
delicti), ocorre quando por erro na execução ou por acidente,
3º do art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida a
ocorre resultado diverso do pretendido, ou seja, o agente tinha
pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art.
a intenção de cometer determinado crime, mas por erro acaba
70 deste Código.
cometendo crime diverso.
Enquanto no Aberratio Ictus o resultado diverso do
Erro na Execução é a “aberração no ataque”, em relação
pretendido tem relação de pessoa x pessoa, no Aberratio
à pessoa a ser atingida pela conduta criminosa. O agente não
Criminis a relação é de crime x crime.
se engana quanto a pessoa que desejava atacar, mas age de
Exemplo: o sujeito atira uma pedra para quebrar uma
modo desastrado, errando o seu alvo e acertando pessoa
vidraça (Art. 163 do Código Penal: crime de dano), mas, por
diversa. Queria praticar um crime determinado, e o fez. Errou
erro na execução, atinge uma pessoa que passava pela rua,
quanto à pessoa: queria atingir uma, mas acaba ofendendo
lesionando-a (Art. 129, do Código Penal: lesão corporal).83
outra.
Importante ressaltar, que o autor não se engana com
Este erro também se divide em duas espécies84:
relação a identidade da vítima, mas erra nos meios de
a) com unidade simples ou com resultado único:
execução do crime, seja em sua conduta ou por fatores
prevista no art. 74, 1.ª parte, do Código Penal. Nessa situação,
independentes de sua vontade, motivo pelo qual erra o alvo e
o agente atinge somente bem jurídico diverso do pretendido.
atinge pessoa diversa da que pretendia atingir.
É o que se dá no exemplo mencionado. E o dispositivo legal é
Um exemplo comum deste tipo de erro é a “bala perdida”,
claro: “o agente responde por culpa, se o fato é previsto como
quando o agente queria atingir determinada pessoa, atira em
crime culposo”. Assim, será imputado apenas e crime de lesão
direção a ela, mas erra, e atinge pessoa diversa que nada tem
corporal culposa.
relação com o evento.
b) com unidade complexa ou resultado duplo: prevista
Existem duas espécies de Aberratio Ictus, quais sejam:
no artigo 74, 2.ª parte, do Código Penal. Nessa situação, a
80 RODRIGUES, Cristiano. Direito Penal. Parte Geral. Vol. 1. Editora Impetus. 82 Idem
2012. 83 MASSON, Cleber. Direito Penal. Parte Geral. Vol. 1. 8ª edição. Ed. Método.
81 MASSON, Cleber. Direito Penal. Parte Geral. Vol. 1. 8ª edição. Ed. Método. 2014.
2014. 84 Idem
Legislação 163
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conduta o agente atinge o bem jurídico desejado e também (podia conhecer o caráter ilícito do fato), motivo pelo qual há
bem jurídico diverso, culposamente. No exemplo, o sujeito crime. Entretanto, pelo fato do agir com erro, apenas tendo a
quebra a vidraça e também fere a pessoa. Utiliza-se a regra do possibilidade de conhecimento da ilicitude da conduta que
concurso formal, aplicando-se a pena do crime mais grave, praticou, terá sua pena reduzida de 1/6 e 1/3.
aumentada de 1/6 (um sexto) até 1/2 (metade), variando o
aumento de acordo com o número de crimes produzidos a Importante ressaltar que o erro de proibição não afasta o
título de culpa. dolo da conduta realizada.
ATENÇÃO: Não se usa a regra do artigo 74 se o crime Erro de Proibição Direto ou Indireto
não tem a modalidade culposa ou se o crime culposo for - Direto: o agente de forma imediata valora sua conduta
menos grave. erroneamente como lícita, ou seja, erra diretamente acerca da
Exemplo: se “A” efetua disparos de arma de fogo contra proibição. Exemplo: Corta-se um pedaço de árvore para fazer
“B” para matá-lo, mas não o acerta e quebra uma vidraça, a chá e é punido por crime ambiental (Desconhecimento Direto).
sistemática do resultado diverso do pretendido implicaria a - Indireto: o agente chega indiretamente a conclusão de
absorção da tentativa branca ou incruenta de homicídio pelo que a conduta é lícita por acreditar que está é permitida, ou
dano culposo. Como o dano não admite a modalidade seja, primeiro acredita que é permitida, chegando
culposa, a conduta seria atípica. E, ainda que o legislador posteriormente a conclusão de que sua conduta é lícita. Este
tivesse incriminado o dano culposo, tal delito não seria capaz erro também e chamado de erro de permissão. Exemplo:
de absorver o homicídio tentado. Deve ser imputado ao quando o agente dispara 5 tiros pelas costas de um indivíduo
agente, pois, o crime de tentativa de homicídio doloso. que estava furtando sua casa, acreditando estar agindo em
legítima defesa (situação fática leva a crer na licitude da
conduta), contudo, resta evidente que houve excesso na
Regra para facilitar o entendimento:
legítima defesa.
- Erro de coisa para pessoa: acontece quando o agente
quer atingir um bem material (coisa), mas acaba atingindo
Artigo do CP relacionado com a matéria:
uma pessoa. Neste caso aplica-se a pena do crime cujo
resultado se produziu, ou seja, crime culposo contra a
Erro sobre a ilicitude do fato
pessoa, ignorando a tentativa do crime doloso quanto à
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre
“coisa”.
a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável,
Exemplo: “A” joga pedra na janela do seu inimigo para
poderá diminuí-la de um sexto a um terço.
quebrar a vidraça (crime de dano), mas erra e acerta a mulher
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente
de seu desafeto que estava dentro da casa (lesão corporal
atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando
culposa).
lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa
- Erro de pessoa para coisa: quando o agente quer atingir
consciência.
uma pessoa, mas acaba atingindo um bem material (coisa).
Neste caso, aplica-se a pena de tentativa de crime contra a
Coação Irresistível e Obediência Hierárquica (Art. 22,
pessoa visado inicialmente pelo agente, não punindo-se o
CP)
resultado de lesão a “coisa”, tendo em vista que não há
modalidade culposa para o crime de dano.
1) Coação física irresistível: Coação física é o emprego de
Exemplo: “A” quer lesionar seu inimigo e joga uma pedra
força física para que alguém faça ou deixe de fazer alguma
em sua direção (tentativa de lesão corporal), mas erra e atinge
coisa. Ex.: O sujeito mediante força bruta impede que o guarda
a janela de um carro.
ferroviário combine os binários e impeça uma colisão de trens.
Quando o sujeito pratica o fato sob coação física
Aplica-se concurso formal irresistível, significa que não está agindo com liberdade
Coisa para pessoa no caso de resultado psíquica. Não há a vontade integrante da conduta, que é o
complexo primeiro elemento do fato típico. Então não há crime por
Não se aplica o concurso ausência de conduta. A coação que exclui a culpabilidade é a
formal no caso de resultado moral. Tratando-se de coação física, o problema não é de
Pessoa para coisa complexo, pois não há a culpabilidade, mas sim de fato típico, que não existe em relação
modalidade culposa no ao coagido por ausência de conduta voluntária.
crime de dano.
2) Coação moral irresistível: Coação moral é o emprego
de grave ameaça para que alguém faça ou deixe de fazer
Erro de Proibição (Artigo 21, CP)
alguma coisa. Moral não é física. Atua na cabeça, na vontade
do sujeito. Ex.: O sujeito constrange a vítima sob ameaça de
O erro de proibição ocorre quando o erro recai sobre a
morte, a assinar um documento falso.
consciência da ilicitude do fato, ou seja, o agente não tem
Quando o sujeito comete o fato típico e antijurídico sob
consciência da ilicitude do fato e nem mesmo potencial
coação moral irresistível não há culpabilidade em face da
conhecimento da ilicitude.
inexigibilidade de conduta diversa. A culpabilidade desloca-se
Neste caso, o erro recai sobre elemento que compõe a
da figura do coato para a do coator.
culpabilidade, motivo pelo qual pode afastar ou diminuir o
A coação moral deve ser irresistível. Tratando-se de coação
juízo de reprovação.
moral resistível não há exclusão da culpabilidade, incidindo
uma circunstância atenuante.
Este erro também se subdivide em dois, quais sejam:
São necessários os seguintes elementos:
a) erro de proibição inevitável (invencível e
- Existência de um coator: responderá pelo crime
escusável): Se o erro de proibição é inevitável, significa dizer
- Irresistível: Não tem como resistir.
que o agente não conhecia, nem podia conhecer o caráter
- Proporcionalidade: Proporção entre os bens jurídicos.
ilícito do fato. Desta forma, não há culpabilidade, logo, não há
crime, já que nem mesmo há potencial consciência da ilicitude.
3) Obediência hierárquica: Relação de direito público.
b) erro de proibição evitável (vencível ou inescusável):
Subordinação pública. Ordem de superior hierárquico é a
Neste caso, o agente tem potencial consciência da ilicitude
Legislação 164
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manifestação de vontade de um titular de função pública a um se a ilicitude, e sendo ela requisito do crime, fica excluído o
funcionário que lhe é subordinado, no sentido de que realize próprio delito; em consequência, o sujeito deve ser absolvido;
uma conduta positiva ou negativa. Assim, apesar de todo crime em um primeiro momento, ser
Se a ordem é legal, nenhum crime comete o subordinado (e considerado um ato ilícito, haverá situações em que mesmo
nem o superior), uma vez que se encontram no estrito cometendo um crime, isto é, praticando uma conduta
cumprimento de dever legal. Quando a ordem é ilegal, expressamente proibida pela lei, a conduta do agente não será
respondem pelo crime o superior e o subordinado. Ex.: O considerada ilícita.
soldado recebe uma ordem do delegado para torturar o preso. As causas de exclusão da ilicitude (também chamadas de
Não é aceitável, pois é ilegal. causas justificantes ou descriminantes) podem ser:
São necessários os seguintes elementos: - causas legais: são as quatro previstas em lei (estado de
- Obediência às formalidades legais. necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento do dever
- Não manifestamente ilegal (Ex.: Tortura, matar) legal e o exercício regular de direito);
- Obediência estrita. - causas supralegais: são aquelas não previstas em lei,
que podem ser admitidas sem que haja colisão com o princípio
COAÇÃO IRRESISTÍVEL E OBEDIÊNCIA HIERÁRQUICA da reserva legal, pois aqui se cuida de norma não
Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em incriminadora (exemplo: colocação de piercing; não se trata de
estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de crime de lesão corporal, pois há o consentimento do ofendido).
superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da
ordem. Existem também causas excludentes específicas, previstas
na própria Parte Especial do Código Penal, e que somente são
Ilicitude ou Antijuridicidade aplicáveis a determinados delitos:
a) no aborto para salvar a vida da gestante ou quando a
A ilicitude, também conhecida como antijuricidade é a gravidez resulta de estupro (art. 128, I e II);
contradição entre a conduta e o ordenamento jurídico, b) nos crimes de injúria e difamação, quando a ofensa é
consistindo na prática de uma ação ou omissão ilegal. Todo irrogada em juízo na discussão da causa, na opinião
fato típico, em princípio, também é ilícito. O fato típico cria desfavorável da crítica artística, literária ou científica e no
uma presunção de ilicitude. É o caráter indiciário da ilicitude. conceito emitido por funcionário público em informação
Se não estiver presente nenhuma causa de exclusão da prestada no desempenho de suas funções;
ilicitude, o fato também será ilícito, confirmando-se a c) na violação do domicílio, quando um crime está ali sendo
presunção da ilicitude. cometido (art. 150, § 3º, II).
Legislação 165
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salvar um bem próprio ou de terceiros, não tem outro meio alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável
senão o de lesar o interesse de outrem; perigo atual é o exigir-se.
presente, que está acontecendo; iminente é o prestes a § 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o
desencadear-se. dever legal de enfrentar o perigo.
O estado de necessidade é uma causa de exclusão de § 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito
ilicitude e encontra-se tipificado no art. 24 do CP. ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços.
Consiste em uma conduta lesiva praticada para afastar
uma situação de perigo. O Código Penal não especificou Legítima Defesa
exatamente o que seria perigo ou quais seriam as suas
hipóteses, muito embora foi claro ao exigir que o perigo deve Trata-se de causa de exclusão da ilicitude consistente em
ser atual (deve estar acontecendo no momento que o agente repelir injusta agressão, atual ou iminente, a direito próprio ou
pratica a conduta), inevitável (não havia outra forma de salvar alheio, usando moderadamente dos meios necessários. É o
aquele bem jurídico) e involuntário (o perigo não deve ter sido direito de reação a uma agressão atual ou iminente e injusta.
provocado pelo agente).
Requisitos da Legítima Defesa
Requisitos do Estado de Necessidade: - Agressão: é todo ataque praticado por pessoa humana.
- Perigo deve ser atual ou iminente: deve estar Não pode ser confundida com uma simples provocação.
acontecendo naquele momento ou prestes a acontecer. Não se admite a legítima defesa contra provocação, tendo
Quando, portanto, o perigo for remoto ou futuro, não há o em vista que provocação (insulto, ofensa ou desafio) não é o
estado de necessidade. suficiente para gerar o requisito legal, que é a agressão. No
- Perigo deve ameaçar um direito próprio ou um entanto, como exceção, poderá uma provocação justificar uma
direito alheio: abrange qualquer bem protegido pelo reação nos casos em que a provocação for insistente,
ordenamento jurídico. Se o bem não for tutelado pelo tornando-se assim uma agressão, respeitado é claro, o
ordenamento, não se admite estado de necessidade. requisito da moderação.
- Perigo não pode ter sido criado voluntariamente: a Se o ataque é comandado por animais irracionais, não é
pessoa que dá causa a uma situação de perigo, não pode legítima defesa e sim estado de necessidade.
invocar o estado de necessidade para afastá-la. Aquele que - Atual ou iminente: atual é a agressão que está
provocou o perigo com dolo não age com estado de acontecendo e iminente é a que está prestes a acontecer. Não
necessidade porque tem o dever jurídico de impedir o cabe legítima defesa contra agressão passada ou futura e
resultado. também quando há promessa de agressão.
- Inevitabilidade do comportamento lesivo: não havia - A direito próprio ou de terceiros: é legítima defesa
outra forma de salvar o bem jurídico. própria quando o sujeito está se defendendo e legítima defesa
alheia quando o sujeito defende terceiros. Pode-se alegar
Importante: legítima defesa alheia mesmo agredindo o próprio terceiro
- Quem possui o dever legal de enfrentar o perigo não pode (ex.: em caso de suicídio, pode-se agredir o terceiro para salvá-
invocar o estado de necessidade. A pessoa que possui o dever lo).
legal de enfrentar o perigo deve afastar a situação de perigo - Meios necessários: são aqueles que estão ao alcance do
sem lesar qualquer outro bem jurídico. agente para repelir a agressão injusta. A doutrina entende que
- É necessário existir proporcionalidade entre a gravidade caso haja outros meios menos lesivos, o meio escolhido deixa
do perigo que ameaça o bem jurídico do agente ou alheio e a de ser considerado necessário, passando a legítima defesa a se
gravidade da lesão causada pelo fato necessitado. tornar uma agressão.
- Moderação: é o emprego do meio necessário dentro dos
Teoria Unitária e Teoria Diferenciadora limites para conter a agressão. A agressão dever ser repelida
- Teoria Unitária: reconhece o estado de necessidade de forma moderada, ou seja, dever haver proporcionalidade e
previsto nos artigos 23, I e 24 do CP como excludente da razoabilidade em sua conduta e na escolha do meio a ser
ilicitude/ antijuridicidade. É o estado de necessidade utilizado.
justificante.
Neste caso, o bem jurídico protegido é de valor maior ou Espécies de legítima defesa
igual ao bem jurídico sacrificado, haja vista que se o bem - Legítima defesa real: quando a agressão injusta
sacrificado for de maior valor, subsistirá o crime, admitindo- efetivamente estiver presente
se no máximo a diminuição de pena, nos termos do previsto no - Legítima defesa putativa: é a legítima defesa imaginária.
artigo 24, §2º, CP. É a errônea suposição da existência da legítima defesa por erro
(O Código Penal adotou como regra a Teoria Unitária) de tipo ou erro de proibição. Os agentes imaginam haver
- Teoria Diferenciadora: muito embora o Código Penal agressão injusta quando na realidade esta inexiste.
tenha adotado a Teoria Unitária, a doutrina admite uma - Legítima defesa subjetiva: é o excesso cometido por um
espécie de estado de necessidade que exclui a culpabilidade. erro plenamente justificável, o agente, por erro supõe ainda
Trata-se do estado de necessidade exculpante. Assim esta existir a agressão e, por isso, excede-se. Nesse caso, excluem-
teoria entende que quando o bem jurídico protegido for de se o dolo e a culpa (art. 20, § 1º, 1ª parte, CP).
valor maior ou igual ao bem jurídico sacrificado, será hipótese - Legítima defesa sucessiva: é a repulsa do agressor inicial
de excludente da ilicitude/antijuridicidade. Porém, quando o contra o excesso. Assim, a pessoa que estava inicialmente se
bem jurídico protegido for de valor igual ou menor que o defendendo, no momento do excesso, passa a ser considerada
sacrificado, o estado de necessidade excluirá a culpabilidade. agressora, de forma a permitir legítima defesa por parte do
primeiro agressor. A ação de defesa inicial é legítima até que a
Segue dispositivo do CP que trata da matéria: agressão injusta seja cessada, sendo que, toda conduta
posterior a isso é configurada como excesso.
ESTADO DE NECESSIDADE
Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem Atenção: enquanto a legitima defesa real é causa de
pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por exclusão da ilicitude do fato, a legítima defesa putativa excluirá
sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou o dolo e consequentemente o fato típico. Isto porque a
denominada legitima defesa putativa na verdade caracteriza
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erro de tipo, ou seja, o agente tem uma falsa percepção da dispara mais tiros do que ele próprio dispararia se não
realidade que faz com que o mesmo pense que está agindo em estivesse tomado pelo medo.
uma situação de legitima defesa, quando, de fato, não está Neste caso, apesar de se tratar de uma conduta imprópria,
sofrendo agressão alguma. é justificada pela situação em que se encontrava o agente e por
isso pode ser causa excludente de culpabilidade.
Hipóteses de cabimento da legítima defesa85
- Cabe legítima defesa real de legítima defesa putativa. Segue dispositivo do CP que trata da matéria:
Exemplo: uma pessoa atira em um parente que está entrando
em sua casa, supondo tratar-se de um assalto. O parente, que LEGÍTIMA DEFESA
também está armado, reage e mata o primeiro agressor. Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando
- Cabe legítima defesa putativa de legítima defesa real. moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão,
Exemplo: A vai agredir B. A joga B no chão. B, em legítima atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
defesa real, imobiliza A. Nesse instante, chega C e,
desconhecendo que B está em legítima defesa real, o ataca Estrito Cumprimento do Dever Legal
agindo em legítima defesa putativa de A (legítima defesa de
terceiro). É o dever emanado da lei ou de respectivo regulamento. O
- Cabe legítima defesa putativa de legítima defesa putativa. agente atua em cumprimento de um dever emanado de um
Ex.: dois desafetos se encontram e, equivocadamente, acham poder genérico, abstrato e impessoal. Se houver abuso, não há
que serão agredidos um pelo outro. a excludente, ou seja, o cumprimento deve ser estrito.
- Cabe legítima defesa real contra agressão culposa. Isso Exemplo: um soldado mata assaltante que faz jovem de refém,
porque ainda que a agressão seja culposa, sendo ela também por ordem de seu superior hierárquico.
ilícita, contra ela cabe a excludente. Como a excludente exige o estrito cumprimento do dever,
- Cabe legítima defesa real contra agressão de inimputável. deve-se ressaltar que haverá crime quando o agente
Os inimputáveis podem agir voluntária e ilicitamente, embora extrapolar os limites deste.
não sejam culpáveis. Para agir contra agressão de inimputável,
exige-se, no entanto, cautela redobrada, porque nesse caso a Exercício Regular de Direito
pessoa que ataca não tem consciência da ilicitude de seu ato.
Consiste na atuação do agente dentro dos limites
Pergunta: Cabe legítima defesa real contra legítima defesa conferidos pelo ordenamento legal. O sujeito não comete
subjetiva? crime por estar exercitando uma prerrogativa a ele conferida
Resposta: Em tese caberia, pois, a partir da continuidade da pela lei. Assim, o exercício de um direito não configura fato
agressão a vítima se torna agressora. ilícito. Exceto se a pretexto de exercer um direito, houver
Para a jurisprudência, entretanto, não é aceita quando o intuito de prejudicar terceiro. Exemplos:
excesso for repelido pelo próprio agressor, porque não pode a) Ofendículos e defesa mecânica predisposta: os
invocar a legítima defesa quem iniciou a agressão, mas o ofendículos são aparatos visíveis destinados à defesa da
excesso pode ser repelido por terceiro. propriedade ou de qualquer outro bem jurídico. O que os
caracteriza é a visibilidade, devendo ser perceptíveis por
Excesso qualquer pessoa (exemplos: lança no portão da casa, caco de
É a intensificação de uma conduta incialmente justificada. vidro no muro etc.).
Em um primeiro momento o agente está agindo coberto por Defesa mecânica predisposta é aparato oculto destinado à
uma excludente, mas, em seguida, a extrapola. defesa da propriedade ou de qualquer outro bem jurídico.
Podem configurar delitos culposos, pois alguns aparatos
O excesso pode ser: instalados imprudentemente podem trazer trágicas
a) doloso: descaracteriza a legítima defesa a partir do consequências.
momento em que é empregado o excesso, e o agente responde Para o doutrinador Damásio de Jesus86, nos dois casos,
dolosamente pelo resultado que produzir. Neste caso o agente salvo condutas manifestamente imprudentes, é mais correta a
tem consciência dos limites permitidos pela lei, mesmo assim aplicação da justificativa da legítima defesa. A predisposição
comete o excesso. do aparelho constitui exercício regular de direito, mas, no
Ex.: uma pessoa inicialmente estava em legítima defesa momento em que este atua, o caso é de legítima defesa
consegue desarmar o agressor e, na sequência, o mata. preordenada (aquela posta anteriormente a agressão).
Responde por homicídio doloso. b) Lesões esportivas: Pela doutrina tradicional, a violência
b) culposo (ou excesso inconsciente, ou não desportiva é exercício regular do direito, desde que a violência
intencional): é o excesso que deriva de culpa em relação à seja praticada nos limites do esporte. Assim, mesmo a
moderação, e, para alguns doutrinadores, também quanto à violência que acarreta alguma lesão, se previsível para a
escolha dos meios necessários. Nesse caso, o agente responde prática do esporte, será exercício regular do direito (exemplo:
por crime culposo. Trata-se também de hipótese de culpa numa luta de boxe poderá haver, inclusive, a morte de um dos
imprópria lutadores).
c) exculpante: trata-se de hipótese não prevista c) Intervenções cirúrgicas: Amputações, extração de
expressamente em nosso ordenamento jurídico, sendo o órgão etc. constituem exercício regular da profissão do
excesso exculpante visto pela doutrina e jurisprudência médico. Se a intervenção for realizada em caso de emergência
como causa supralegal de exclusão da culpabilidade. por alguém que não é médico, será caso de estado de
Neste caso, o agente comete o excesso em razão de seu necessidade.
estado psíquico, ou seja, por medo, perturbação ou surpresa. d) Consentimento do ofendido: O consentimento do
É o chamado estado de confusão mental. Ex: o agente ofendido exclui a tipicidade quando a discordância da vítima
apavorado pela situação de violência e ameaça que se for elemento do tipo. Exemplo: não há invasão de domicílio se
encontra, ao defender-se com sua arma, dispara bem mais a “vítima” autorizou a entrada em sua casa.
tiros que o suficiente para conter a agressão, ou seja, ele
85 http://www.ambito-juridico.com.br/pdfsGerados/artigos/6960.pdf 86 https://riotap7.jusbrasil.com.br/artigos/337722345/ofendiculos-da-
legitima-defesa-ao-homicidio
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APOSTILAS OPÇÃO
87 https://leonardoaaaguiar.jusbrasil.com.br/artigos/333117943/principio-
de-culpabilidade
Legislação 168
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alcoólica, cujo efeito é potencializado em face dos remédios, § 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez
fazendo com que uma pequena quantia de bebida o faça ficar completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao
em completo estado de embriaguez. Embriaguez involuntária. tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender
o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
c) Embriaguez patológica: Embriaguez patológica é a entendimento.
decorrente de enfermidade congênita existente, por exemplo, § 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o
nos filhos de alcoólatras que se ingerirem quantidade irrisória agente, por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força
de álcool ficam em estado de fúria incontrolável. Se for o maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena
agente, ao tempo da ação ou omissão, inteiramente incapaz de capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de determinar-se de acordo com esse entendimento.
acordo com esse entendimento, estará excluída sua
imputabilidade (aplica-se a regra do art. 26, caput). Se houver Potencial Consciência da Ilicitude
mera redução dessa capacidade, o agente responderá pelo
crime, mas a pena será reduzida (art. 26, parágrafo único). A ninguém é dado descumprir a lei alegando que a
desconhece (artigo 3.º da Lei de Introdução ao Código Civil). O
d) Embriaguez preordenada (actio libera in causa): desconhecimento da lei é inescusável (artigo 21 do Código
Embriaguez preordenada ocorre quando o indivíduo, Penal). Essa é uma presunção que não admite prova em
voluntariamente, se embriaga para criar coragem para contrário.
cometer um crime. Não há exclusão de imputabilidade. O Na Lei das Contravenções Penais, há uma exceção: no
agente responde pelo crime, incidindo sobre a pena uma artigo 8.º, em que o erro de direito traz uma consequência
circunstância agravante prevista no artigo 61, inciso lI, alínea penal: permite ao juiz conceder o perdão judicial.
“l” CP. O erro de proibição não possui relação com o
desconhecimento da lei. Trata-se de erro sobre a ilicitude do
Dependência de substância entorpecente: fato, e não sobre a lei. Neste caso, o agente sabe o que está
Segundo o art. 45, caput, da Lei nº 11.343/2006 (Lei de fazendo, porém acredita que sua conduta é permitida.
Tóxicos), é isento de pena (inimputável) o agente que, em Consciência da ilicitude é o conhecimento profano do
razão da dependência, ou sob o efeito de substância injusto (não se exige do leigo um juízo técnico-jurídico). É
entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica saber que o fato é antinormativo; ter a consciência de que se
proveniente de caso fortuito ou força maior, era ao tempo da faz algo contrário ao sentimento de justiça da sociedade. A
ação ou omissão, qualquer quer tenha sido o resultado da simples consciência da ilicitude não é requisito da
infração praticada, inteiramente incapaz de entender o caráter culpabilidade, porque o que se investiga é se o agente tinha ou
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse não condições de saber o que era errado, e possibilidade de
entendimento. evitar o erro. Assim, o que constitui requisito da culpabilidade
Se a redução dessa capacidade for apenas parcial, o agente é a potencial consciência da ilicitude.
é considerado imputável, mas sua pena será reduzida de 1/3 a Deve-se sair do aspecto subjetivo e indagar aspectos
2/3 (parágrafo único). objetivos do caso concreto para averiguar se o agente possuía
condições de saber e evitar o erro.
Seguem os dispositivos do Código Penal que tratam da No erro de proibição, o agente pensa agir plenamente de
matéria: acordo com o ordenamento global, mas na verdade, pratica um
ilícito em razão de equivocada compreensão do Direito.
TÍTULO III Mesmo conhecendo o Direito, pois todos presumidamente o
DA IMPUTABILIDADE PENAL conhecem, em determinadas circunstâncias as pessoas podem
ser levadas a pensar que agem de acordo com o que o
Inimputáveis ordenamento jurídico delas exige (acham que estão
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental inteiramente certas).
ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao
tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender Espécies de erro de proibição
o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse a) inevitável ou escusável: o agente não tinha como
entendimento. conhecer a ilicitude do fato, em face das circunstâncias do caso
concreto. Se não tinha como saber que o fato era ilícito,
Redução de pena inexistia a potencial consciência da ilicitude, logo, esse erro
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois exclui a culpabilidade. O agente fica isento de pena; e
terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental b) evitável ou inescusável: embora o agente
ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não desconhecesse que o fato era ilícito, ele tinha condições de
era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou saber, dentro das circunstâncias, que contrariava o
de determinar-se de acordo com esse entendimento. ordenamento jurídico. Se ele tinha possibilidade, isto é,
potencial para conhecer a ilicitude do fato, possuía a potencial
Menores de dezoito anos consciência da ilicitude. Logo, a culpabilidade não será
Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente excluída. O agente não ficará isento de pena, mas, em face da
inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na inconsciência atual da ilicitude, terá direito a uma redução de
legislação especial. pena de 1/6 a 1/3.
O erro de proibição jamais exclui o dolo, pois este se trata
Emoção e paixão de elemento psicológico (e não normativo) que se encontra no
Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: tipo.
I - a emoção ou a paixão;
Atenção: o erro de tipo não pode ser confundido com o
Embriaguez erro de proibição. No erro de tipo, o agente tem uma falsa
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou percepção da realidade. No erro de tipo, há erro quanto ao
substância de efeitos análogos. próprio fato, ao contrário do erro de proibição que trata-se de
erro sobre a ilicitude do fato e não sobre a lei. Ex: sujeito
Legislação 170
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APOSTILAS OPÇÃO
dispara um tiro de revólver no que supõe seja um animal superior. Ex.: O soldado receber uma ordem do delegado para
bravio, vindo a matar um homem; o erro de tipo pode ser torturar o preso. Não é aceitável, pois é ilegal.
essencial e acidental. São necessários os seguintes elementos:
O erro de tipo exclui sempre o dolo, seja evitável ou - Obediência às formalidades legais.
inevitável; como o dolo é elemento do tipo, a sua presença - Não manifestamente ilegal (Ex.: Tortura, matar).
exclui a tipicidade do fato doloso, podendo o sujeito responder - Obediência estrita.
por crime culposo, desde que seja típica a modalidade culposa.
Já o erro de proibição inevitável, exclui a culpabilidade, Questões
afastando o crime, enquanto o erro de proibição evitável
apenas reduz a pena. 01. (PC/PB – Papiloscopista – CESPE) Os elementos do
fato típico incluem
Exigibilidade De Conduta Diversa (A) conduta, resultado, nexo causal e tipicidade.
(B) dolo, nexo de causalidade, resultado e antijuridicidade.
Trata-se da terceira excludente de culpabilidade, (C) culpa, resultado, tipicidade e culpabilidade.
afastando o elemento “ exigibilidade de conduta diversa”. É a (D) culpa, dolo, nexo causal e imputabilidade.
expectativa social de que o agente tenha outro comportamento (E) dolo, nexo causal, tipicidade e potencial consciência da
e não aquele que se efetivou. ilicitude.
A exigibilidade de conduta diversa, como causa de exclusão
da culpabilidade, funda-se no princípio de que só podem ser 02. (Câmara de Maria Helena/PR – Advogado -
punidas as condutas que poderiam ser evitadas. No caso, a FAUEL/2017) De acordo com o Código Penal, “o resultado, de
inevitabilidade não tem a força de excluir à vontade, que que depende a existência do crime, somente é imputável a
subsiste como força propulsora da conduta, mas certamente a quem lhe deu causa”. Ainda de acordo com o Código Penal,
vicia, de modo a tornar incabível qualquer censura ao agente. considera-se causa:
Em nosso ordenamento jurídico, a exigibilidade de (A) A ação ou omissão, mesmo que incapaz de causar o
conduta diversa pode ser excluída por duas causas: a coação resultado previsto no tipo penal.
moral irresistível e a obediência hierárquica. (B) A ação ou omissão sem a qual o resultado não teria
ocorrido.
(C) A ação ou omissão imaginada pelo sujeito, mesmo que
sem efetiva materialização ou exteriorização.
Coação Moral Irresistível (D) Apenas a ação pode ser considerada causa, pois a
A coação moral irresistível é a grave ameaça contra a qual omissão não pode gerar resultado penalmente punível.
o homem médio não consegue resistir. A coação moral
irresistível não exclui o crime, pois resta um resquício de 03. (TJ/GO - Escrevente Judiciário - TJ/GO) De acordo
vontade, mas exclui a culpabilidade. Ocorre o que a doutrina com o Código Penal Brasileiro, no crime doloso:
chama de inexigibilidade de conduta diversa. (A) O agente quer o resultado.
A coação moral pode ser resistível. No caso da coação (B) O agente assume o risco de produzir o resultado.
moral resistível, a pessoa atua sob influência de ameaça contra (C) “a” e “b” estão corretas.
a qual podia resistir. Essa forma de coação não elimina o fato (D) Nenhuma das anteriores
típico, a ilicitude, nem a culpabilidade. Trata-se de uma
circunstância atenuante (artigo 65, inciso III, alínea “c”, 04. (TJ/PE – Oficial de Justiça – FCC) Na culpa consciente,
primeira parte, do Código Penal). o agente
Atenção: A coação física (vis absoluta), que consiste no (A) prevê o resultado, mas não se importa que o mesmo
emprego de força física, exclui a vontade (o dolo e a culpa), venha a ocorrer.
eliminando a conduta. O fato é considerado atípico. (B) não prevê o resultado, mas lhe dá causa por
São necessários os seguintes elementos: imprudência.
- Existência de um coator: responderá pelo crime (C) prevê o resultado, mas espera, sinceramente, que não
- Irresistível: Não tem como resistir. ocorrerá.
- Proporcionalidade: Proporção entre os bens jurídicos. (D) não prevê o resultado, mas lhe dá causa por
negligência.
Obediência Hierárquica (E) não prevê o resultado, mas lhe dá causa por imperícia.
Ordem de superior hierárquico é a manifestação de
vontade de um titular de função pública a um funcionário que 05. (PC/PA - Escrivão de Polícia Civil - FUNCAB) Sobre
lhe é subordinado, no sentido de que realize uma conduta o crime culposo, é correto afirmar que:
positiva ou negativa. Se a ordem é legal, nenhum crime comete (A) sua caracterização independe da previsibilidade
o subordinado (e nem o superior), uma vez que se encontram objetiva do resultado.
no estrito cumprimento de dever legal. Quando a ordem é (B) é dispensável a verificação do nexo de causalidade
ilegal, respondem pelo crime o superior e o subordinado. entre conduta e resultado.
A obediência à ordem não manifestamente ilegal de (C) encontra seu fundamento legal no artigo 18, I, de
superior hierárquico torna viciada a vontade do subordinado Código Penal.
e afasta a exigência de conduta diversa. O agente atua em (D) se alguém ateia fogo a um navio para receber o valor
cumprimento de uma ordem específica de um superior que de contrato de seguro, embora saiba que com isso provocará a
tenha com ele uma relação de Direito Público. O comando deve morte dos tripulantes, essas mortes serão reputadas culposas.
ser ilegal com aparência de legalidade, porque se o (E) há culpa quando o sujeito ativo, voluntariamente,
subordinado cumprir ordem manifestamente ilegal, descumpre um dever de cuidado, provocando resultado
acreditando que seja legal, estará incluso em erro de proibição criminoso por ele não desejado.
evitável (que permite apenas redução de pena nos termos do
artigo 21 do Código Penal). 06. (TJ/AL - Analista Judiciário Especializado - CESPE)
Se o subordinado cumprir ordem ilegal, conhecendo sua A coação moral irresistível e a obediência à ordem não
ilegalidade, responde pelo crime praticado, bem como seu manifestamente ilegal de superior hierárquico são causas de
exclusão da
Legislação 171
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APOSTILAS OPÇÃO
(A) imputabilidade.
TÍTULO IV
(B) tipicidade subjetiva.
DO CONCURSO DE PESSOAS
(C) ilicitude.
(D) culpabilidade.
(E) tipicidade objetiva. O concurso de pessoas, também denominado de concurso
de agentes, concurso de delinquentes (concursus
07. (TJ/PE – Oficial de Justiça – FCC) O gerente de uma delinquentium) ou codelinquência, implica na união de duas ou
determinada agência bancária, após longa sessão de tortura mais pessoas para o cometimento de um ilícito penal.
psicológica infligida a ele pelos bandidos, fornece a chave para Em nível doutrinário, tem-se definido o concurso de
abertura do cofre da agência bancária. Sua conduta encontra pessoas como a reunião de duas ou mais pessoas, de forma
guarida na excludente de consciente e voluntária, concorrendo ou colaborando para o
(A) ilicitude denominada legítima defesa. cometimento de certa infração penal. Essa união de pessoas
(B) ilicitude denominada obediência hierárquica. para a prática de um crime pode se dar pela coautoria ou pela
(C) culpabilidade denominada actio libera in causa. participação.
(D) ilicitude denominada coação física irresistível. O Código Penal Brasileiro não traz exatamente uma
(E) culpabilidade denominada coação moral irresistível. definição de concurso de pessoas, afirmando apenas no caput
do art. 29 que: "quem, de qualquer modo, concorre para o crime
08. (Prefeitura de Teresina/PI - Auditor Fiscal da incide nas penas a este cominadas, na medida de sua
Receita Municipal - FCC/2016) Considere: culpabilidade".
I. obediência hierárquica. Dispõe, ainda, que: "se a participação for de menor
II. estado de necessidade. importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço"
III. exercício regular de um direito. (art. 29, § 1º), bem como: que "se algum dos concorrentes quis
IV. legítima defesa. participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena
Dentre as causas excludentes de ilicitude, incluem-se o deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter
que consta APENAS em sido previsível o resultado mais grave" (art. 29, § 2º).
(A) I e II.
(B) II, III e IV. Requisitos do Concurso de Pessoas
(C) I, II e IV.
(D) I, II e III. Vejamos os requisitos básicos do concurso de pessoas
(E) III e IV. (caso não esteja presente qualquer um desses requisitos não
há que se falar em concurso de pessoas):
09. (POLÍCIA CIENTÍFICA/PR - Odontolegista -
IBFC/2017) Considere as regras básicas aplicáveis ao Direito A) Pluralidade de agentes e de condutas: A própria ideia
Penal e ao Direito Processual Penal para assinalar a alternativa de concurso é de pluralidade, portanto impossível falar em
correta sobre a legítima defesa. concurso de pessoas sem que exista coletividade (dois ou
(A) Entende-se em legítima defesa quem, usando mais) de agentes e, consequentemente, de condutas.
moderadamente dos meios necessários, repele injusta B) Relevância causal de cada conduta: Não basta a
agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem multiplicidade de agentes e condutas para que se tenha
(B) Entende-se em legítima defesa quem, usando configurado o concurso de pessoas; necessário se faz que, em
moderadamente ou não dos meios de que dispuser, repele meio a todas essas condutas, seja possível vislumbrar nexo de
injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem causalidade entre elas e o resultado ocorrido.
(C) Entende-se em legítima defesa quem, usando Diz-se, nesse sentido, que a conduta de cada autor ou
moderadamente dos meios necessários, repele injusta partícipe deve concorrer objetivamente (ou seja, sob o ponto
agressão, atual ou iminente, a direito próprio e não de outrem de vista causal) para a produção do resultado. Ou ainda, que
(D) Entende-se em legítima defesa quem, usando cada ação ou omissão humana (conduta) deve gozar de
moderadamente ou não dos meios de que dispuser, repele importância (relevância), à luz do encadeamento causal de
injusta agressão, atual ou iminente, a direito próprio e não de eventos, para a verificação daquele crime, contribuindo
outrem objetivamente para tanto.
(E) Entende-se em legítima defesa quem, usando dos Desse modo, condutas irrelevantes ou insignificantes para
meios de que dispuser, repele injusta agressão ou persegue a existência do crime são desprezadas, não constituindo
quem a praticou, atual ou iminente, a direito próprio e não de sequer participação criminosa; deve-se concluir, nesses casos,
outrem pela não concorrência do sujeito para a prática delitiva. Isso
porque a participação exige o mínimo de eficácia causal à
10. (TRE/MG – Analista Judiciário - CONSULPLAN) O realização da conduta típica criminosa.
agente pode cometer o crime embriagado, consumir bebida C) Liame subjetivo ou normativo entre as pessoas:
alcoólica para praticá-lo ou, no momento do fato, estar Necessário, também, que exista vínculo psicológico ou
embriagado involuntariamente. É correto afirmar que, para o normativo entre os diversos "atores criminosos", de maneira a
Direito Penal, a embriaguez preordenada traz a seguinte fornecer uma ideia do todo, isto é, de unidade na empreitada
consequência: delitiva. Exige-se, por conseguinte, que o sujeito manifeste,
(A) exclui a imputabilidade. com a sua conduta, consciência e vontade de atuar em obra
(B) constitui causa atenuante. delitiva comum. Deve haver unidade de desígnios. É
(C) exclui a culpabilidade se completa. pressuposto básico do concurso de agentes que haja uma
(D) constitui causa agravante genérica. cooperação desejada e recíproca entre eles. É necessária a
(E) é uma causa de exclusão da ilicitude. homogeneidade de elemento subjetivo (não se admite
participação dolosa em crime culposo e vice-versa).
Gabarito Observação: não se exige prévio acordo de vontades, mas
apenas que uma vontade adira à outra. Assim, por exemplo, a
01.A / 02.B / 03.C / 04.C / 05.E doméstica pode deixar a porta aberta para prejudicar a patroa
e um ladrão pode entrar na casa sem que saiba estar sendo
ajudado.
Legislação 172
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APOSTILAS OPÇÃO
D) Identidade de infração penal: Trata-se de identidade legal não exigir a pluralidade de agentes para a configuração
de infração para todos os participantes, não propriamente de do fato típico, nem que todos participem do ato executório
um requisito, mas sim de verdadeira consequência jurídica (basta a participação no iter criminis).
diante das outras condições. Havendo liame subjetivo, todos os
envolvidos devem responder pelo mesmo crime, salvo Autoria - Classificação
exceções pluralísticas.
E) Existência de fato punível: É necessário que o fato seja 1. Autoria direta: é aquela que, tendo o domínio final do
punível em seu limite mínimo, ou seja, início da execução, em fato, está diretamente vinculada à realização do crime.
respeito ao princípio da exterioridade. a) Autor direito executor: é aquele que, tendo o domínio
Para que ocorra a imputação de um crime, mesmo que em final do fato, realiza pessoalmente o verbo núcleo do tipo
concurso de pessoas, o fato deve ser punível e o agente penal.
culpável, pois senão será mero instrumento (autoria b) Autor direto intelectual: é aquele que, tendo o
mediata) domínio final do fato, planeja, organiza, elabora e comanda a
prática do crime, porém sem realizar o verbo, utilizando uma
Alguns crimes, chamados monossubjetivos ou de concurso terceira pessoa para isso (autor executor).
eventual, podem ser cometidos por um ou mais agentes, como
o homicídio, por exemplo; outros, no entanto, denominados 2. Autoria indireta ou mediata: acontece quando um
plurissubjetivos ou de concurso necessário, só podem ser agente que possui o domínio final do fato se utiliza de terceiro,
praticados por uma pluralidade de agentes, como o crime de sem o domínio final do fato, como mero instrumento para
associação criminosa. realização do crime. Neste caso, só responde pelo crime o
Os crimes plurissubjetivos podem ser de condutas agente que tem o domínio final dos fatos, mas não realizou o
paralelas (artigo 288), de condutas convergentes (artigo 240) verbo, pois o executor não tem o domínio do que está fazendo.
ou de condutas contrapostas (artigo 137).
Hipóteses:
Teorias sobre o conceito de autor - coação moral irresistível e obediência hierárquica: só
responde pelo crime o autor da coação ou da ordem.
O conceito de autor é algo polêmico para a doutrina. Há - erro determinado por terceiro: responde pelo fato o
três teorias sobre a autoria: agente que induziu o indivíduo ao erro.
- utilizar instrumento impunível de condição ou qualidade
Teoria Restritiva: autor é somente aquele que realiza o pessoal (inimputáveis): responde pelo crime o autor mediato
núcleo da figura típica, ou seja, é quem pratica o verbo do tipo. que utilizou um inimputável para prática do crime.
Autor é quem mata, subtrai, sequestra, etc. Adota critério
formal-objetivo, pois se atém à descrição típica. Haverá 3. Coautoria: é a autoria em conjunto, em que todos têm o
coautoria quando dois ou mais agentes, em conjunto, domínio final do fato, sendo o resultado produzido
realizarem o verbo do tipo. Partícipe é aquele que, sem realizar “coletivamente”.
o núcleo da ação típica, concorre de qualquer forma para a Requisitos:
consecução do crime. Esta teoria é adotada atualmente por - Resolução comum para o fato: acordo de vontades para a
parte minoritária da doutrina. prática do crime, ou seja, liame subjetivo.
Teoria Extensiva: não existe distinção entre coautor e - Realização comum do fato: os coautores devem estar
partícipe; todos são chamados de coautores, realizem o verbo interligados para realização do crime, mas não
ou concorram para a consecução do crime. Segue o critério necessariamente praticarem juntos. Assim, pode ocorrer que
material-objetivo. Essa teoria era adotada pela antiga Parte todos os autores realizem a conduta típica ou pode haver
Geral do Código Penal, entretanto, com a reforma de 1984, não divisão de tarefas, desde que estas sejam essenciais para a
é mais adotada. realização do crime.
Teoria do Domínio do Fato: autores de um crime são
todos os agentes que, mesmo sem praticar o verbo, concorrem Coautoria sucessiva
para a produção final do resultado, tendo o domínio completo
de todas as ações até o momento consumativo. O que importa Acontece quando o coautor ingressa na realização do crime
não é se o agente pratica ou não o verbo, mas se detém o depois de iniciada a execução até após a consumação do crime,
controle dos fatos, podendo decidir sobre sua prática, ou seja, até o momento do exaurimento. Neste caso, todos os
interrupção e circunstâncias, do início da execução até a atos anteriores também serão imputados a este coautor, desde
produção do resultado. Adota um critério objetivo-subjetivo. que sejam de seu conhecimento.
Essa teoria é fundamentada no finalismo e adotada pela
doutrina majoritária atualmente. Tal teoria desvinculou a Autoria de escritório
realização do verbo, passando a ser considerado autor aquele
que detém o controle, o domínio sobre o fato, mesmo que não Esse conceito foi criado por Zaffaroni, tratando-se na
tenha praticado o verbo. verdade de uma modalidade muito próxima da autoria
mediata, podendo, inclusive, ser considerada uma subespécie
Concurso Necessário e Eventual desta. Ocorre quando, em certos casos, uma organização
criminosa, devido a sua hierarquia perante os membros de
Concurso Necessário uma determinada comunidade, faz com que certas pessoas
Praticado por duas ou mais pessoas (Crime pratiquem determinadas condutas criminosas. Devido à
plurissubjetivo) . O crime plurissubjetivo exige dois ou mais influência destas organizações, os agentes atuam movidos pelo
agentes para a prática do delito em virtude de sua medo, perdendo, assim, o domínio final do fato, pois sabem
conceituação típica.
Concurso Eventual
Praticado por uma pessoa, mas que eventualmente podem
ser praticados por duas ou mais pessoas. O que o caracteriza,
e o distingue do concurso necessário, é o fato de a descrição
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que se não cumprirem o que foi estabelecido sofrerão as exceto se a omissão constituir crime autônomo. Exemplo: se o
consequências.88 sujeito fica sabendo de um furto e não comunica à autoridade
policial, não responde pelo crime; também, se um exímio
Autoria Colateral nadador presencia uma mãe lançando seu filho de tenra idade
em uma piscina, não responde pelo homicídio (poderá
Ocorre quando duas ou mais pessoas realizam, responder por omissão de socorro), exceto se tiver o dever
simultaneamente, uma conduta sem que exista entre elas jurídico de evitar o resultado (se for o professor de natação da
liame subjetivo. Cada um dos autores responde por seu criança, por exemplo).
resultado, visto não haver, nesse caso, coautoria.
Participação de Participação
Autoria colateral incerta É o auxílio do auxílio, o induzimento ao instigador, etc.
Ocorre quando, na autoria colateral, não se sabe quem
produziu o resultado. A consequência é a responsabilização de Participação Sucessiva
todos os autores por tentativa, visto que não se sabe qual deles Ocorre quando o mesmo partícipe concorre para a conduta
provocou o resultado (princípio in dubio pro reo). principal de mais de uma forma. Exemplo: o partícipe induz o
autor a praticar um crime e depois o auxilia no cometimento.
Autoria Ignorada ou Desconhecida
Participação Impunível
Ocorre quando não se sabe quem foi o realizador da Quando o fato principal não ingressar na fase executória, a
conduta. A consequência é o arquivamento do inquérito participação restará impune (artigo 31 do Código Penal).
policial por ausência de indícios.
Natureza Jurídica do Concurso de Pessoas
Participação
Teoria unitária ou monista
Natureza Jurídica Todos os coautores e partícipes respondem por um único
De acordo com a teoria da acessoriedade, a participação é crime. É a teoria que foi adotada como regra pelo Código Penal
uma conduta acessória à do autor, tida por principal. (artigo 29, caput).
Considerando que o tipo penal somente contém o núcleo e os
elementos da conduta principal, os atos do partícipe acabam Teoria dualista
não encontrando qualquer enquadramento. Há quatros Os coautores respondem por um crime e os partícipes por
classes de acessoriedade: outro. Não foi adotada pelo sistema jurídico brasileiro.
- mínima: basta ao partícipe concorrer para um fato típico;
- limitada: deve concorrer para um fato típico e ilícito; Teoria pluralística
- extrema: o fato deve ser típico, ilícito e culpável; Cada um dos participantes responde por delito próprio, ou
- hiperacessoriedade: o fato deve ser típico, ilícito e seja, cada partícipe será punido por um crime diferente. Essa
culpável e o partícipe responderá ainda pelas agravantes e teoria foi adotada como exceção pelo Código Penal, pois se
atenuantes de caráter pessoal relativas ao autor principal. algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave
Nossa legislação adota a teoria da acessoriedade deve ser aplicada a pena deste (artigo 29, § 2.º). Se o resultado
limitada. Tratando-se de comportamento acessório e não mais grave for previsível a pena será aumentada até a metade.
havendo correspondência entre a conduta do partícipe e as Esta exceção é chamada pela doutrina de cooperação
elementares do tipo, faz-se necessária uma norma de extensão dolosamente distinta. Outras exceções pluralísticas:
que leve a participação até o tipo incriminador (adequação - o provocador do aborto responde pela figura do artigo
típica mediata ou indireta). Essa norma é o artigo 29 do Código 126, ao passo que a gestante que consentiu responde pela
Penal. figura do artigo 124 do Código Penal;
- na hipótese de casamento entre pessoa já casada e outra
Formas de Participação solteira, respondem os agentes, respectivamente, pelas figuras
tipificadas no artigo 235, caput, e § 1º, do Código Penal.
Participação moral - crimes de corrupção ativa e passiva (artigos 333 e 317 do
- induzimento: fazer nascer a ideia no autor; Código Penal).
- instigação: reforçar a ideia já existente na mente do autor. - Falso testemunho e corrupção de testemunha (artigos
342 e 343 do Código Penal).
Participação material
É aquela que ocorre por meio de atos materiais. É o auxílio, Comunicabilidade e Incomunicabilidade de
como por exemplo, emprestar a arma do crime. Elementares e Circunstâncias
Cúmplice é o partícipe que concorre para o crime por meio
de auxílio. Circunstâncias incomunicáveis
Circunstâncias são dados, fatos, elementos ou
Participação por Omissão peculiaridades que apenas circundam o fato sem integrar a
Ocorre quando o sujeito que tem o dever jurídico de figura típica, contribuindo, entretanto, para aumentar ou
impedir o resultado se omite (artigo 13, § 2.º, do Código Penal). diminuir a sua gravidade. Exemplo: agravantes e atenuantes
A omissão se torna uma forma de praticar o crime. A vontade genéricas, causas de aumento e diminuição de pena, etc.
do sujeito, que tem o dever jurídico de impedir o resultado, Podem ser objetivas e subjetivas.
adere à vontade dos agentes do crime. Objetivas são as que dizem respeito ao fato, à qualidade e
condições da vítima ao tempo, lugar, modo e meio de execução
Conivência ou Participação Negativa (crimen silenti) do crime. Subjetivas são as que se referem aos agentes, as suas
Ocorre quando o sujeito, que não tem o dever jurídico de qualidades, estado, parentesco, motivo do crime, etc.
impedir o resultado, omite-se. Não responderá pelo crime,
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Elementares são dados, fatos, elementos e condições que (B) a vontade de obtenção do resultado (vínculo de
integram determinadas figuras típicas, cuja supressão faz natureza psicológica).
desaparecer ou modificar o crime, transformando-o em outra (C) o reconhecimento da prática do mesmo delito para
figura típica. Exemplo: no crime de homicídio, as elementares todos os agentes sendo que se antijuridicidade atingir um dos
são “matar alguém”. coautores, se estenderá para os demais.
Tais circunstâncias e condições, quando não constituem (D) o ajuste prévio entre os agentes.
elementares do crime, pertencem, exclusivamente, ao agente
que as tem como atributo, logo, não se comunicam. Cada um 03. (SEJUS/PI - Agente Penitenciário - NUCEPE/2017)
responde pelo crime de acordo com suas circunstâncias e Em relação ao direito penal, quanto ao concurso de pessoas é
condições pessoais. CORRETO afirmar:
Nos casos de constituírem circunstâncias elementares do (A) Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide
crime principal, as condições e circunstâncias de caráter nas penas a este cominadas, não havendo distinção em razão
pessoal se comunicam dos autores aos partícipes, mas não dos da maior ou menor culpabilidade.
partícipes aos autores por ser a participação acessória da (B) Se a participação for de menor importância, a pena
autoria. pode ser diminuída de 1/5 (um quinto) a 1/2 (metade).
(C) Se algum dos concorrentes quis participar de crime
Podemos, assim, extrair três regras: menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será
1.ª) as circunstâncias subjetivas, também chamadas de aumentada até a 1/3 (um terço), na hipótese de ter sido
circunstâncias de caráter pessoal, jamais se comunicam; previsível o resultado mais grave.
2.ª) as circunstâncias objetivas, de caráter não pessoal, (D) Não se comunicam as circunstâncias e as condições de
podem se comunicar, desde que o coautor ou partícipe delas caráter pessoal, mesmo que elementares do crime.
tenha conhecimento; (E) O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo
3.ª) as elementares, pouco importando se subjetivas (de disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime
caráter pessoal) ou objetivas, sempre se comunicam. não chega, pelo menos, a ser tentado.
Dispositivos do Código Penal pertinentes ao tema:
04. (CNMP - Analista do CNMP - FCC) No concurso de
TÍTULO IV pessoas,
DO CONCURSO DE PESSOAS (A) se algum dos concorrentes quis participar de crime
menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste, essa pena será
Regras comuns às penas privativas de liberdade aumentada de 1/3 a 2/3, na hipótese de ter sido previsível o
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime resultado mais grave.
incide nas penas a este cominadas, na medida de sua (B) quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide
culpabilidade. nas penas a este cominadas, na medida de sua periculosidade.
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena (C) não se comunicam as circunstâncias e as condições de
pode ser diminuída de um sexto a um terço. caráter pessoal, salvo quando elementares do crime.
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime (D) o ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo
menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime
aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o não chega a ser consumado.
resultado mais grave. (E) se a participação for de menor importância, a pena
pode ser diminuída até metade.
Circunstâncias incomunicáveis
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições 05. (TRF/5ª - Região Analista Judiciário - FCC)
de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime. Indivíduos que são alcançados pela lei penal, não porque
tenham praticado uma conduta ajustável a uma figura delitiva,
Casos de impunibilidade mas porque, executando atos sem conotação típica
Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, contribuíram, objetivamente e subjetivamente, para a ação
salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o criminosa de outrem
crime não chega, pelo menos, a ser tentado. (A) não são punidos por atipicidade da conduta.
(B) são coautores e incidem na mesma pena cabível ao
Questões autor do crime.
(C) são concorrentes de menor importância e têm a pena
01. (PC/AC - Escrivão de Polícia Civil - IBADE/2017) diminuída de um sexto a um terço.
São elementos caracterizadores do concurso de pessoas (D) são considerados partícipes e incidem nas penas
(coautoria e participação em sentido estrito), entre outros: cominadas ao crime, na medida de sua culpabilidade.
(A) liame subjetivo e pluralidade de infrações penais. (E) podem ser coautores ou partícipes e a pena, em
(B) liame subjetivo e relevância causal das condutas qualquer caso, é diminuída de um terço.
(C) pluralidade de agentes e pluralidade de infrações
penais. Gabarito
(D) acordo de vontades entre os agentes e relevância
causal das condutas. 01.B / 02.D / 03.E / 04.C / 05.D
(E) pluralidade de agentes e acordo de vontades entre os
agentes.
PARTE ESPECIAL, TÍTULO XI - DOS CRIMES
PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO
02. (Câmara Municipal de Atibaia/SP - Advogado -
CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
CAIP-IMES/2016) Assinale a alternativa incorreta. Para que
se configure o concurso de pessoas na esfera penal faz-se
mister: O tema “Crimes contra a Administração Pública” é
(A) a presença de dois ou mais agentes e haver nexo de frequentemente explorado em matéria de Direito Penal nas
causalidade material entre as condutas realizadas. faculdades e em concursos públicos, sendo que está previsto
no Título XI do Código Penal e é dividido em cinco capítulos:
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I -crimes praticados por funcionário público contra a de DVD. Ele praticou peculato-furto, pois não tinha a posse do
administração em geral (arts. 312 a 327); bem. Se o funcionário fosse o responsável pelo bem, seria caso
II-crimes praticados por particular contra a administração de peculato-apropriação. Se o carro estivesse na rua, seria
em geral (arts. 328 a 337-A); furto.
II-A-crimes praticados por particular contra a No “peculato-apropriação” e no “peculato mediante erro
administração pública estrangeira (arts. 337-B a 337-D) de outrem” o núcleo do tipo é a apropriação, ou seja, a posse
III - crimes contra a administração da justiça (arts. 338 a anterior lícita; a diferença está no erro de outrem.
359);
IV - crimes contra as finanças públicas (arts. 359-A a 359- Objeto material: Dinheiro, valor ou bem móvel. Tudo que
H). for imóvel não é admitido no peculato. O crime que admite
imóvel é o estelionato.
Neste momento vamos disponibilizar apenas os artigos Consumação: A consumação do peculato-apropriação se
referentes aos crimes praticados por funcionário público dá no momento em que ocorreu a apropriação: quando o
contra a administração em geral (arts. 312 a 327), em agente inverteu o animus, quando passou a agir como se fosse
observância ao Edital: dono.
Dos crimes praticados por Funcionário Público contra 2. PECULATO-DESVIO: Artigo 312, Segunda Parte, do
a Administração em Geral Código Penal. No peculato-desvio o que muda é apenas a
conduta, que passa a ser “desviar”. Desviar é alterar a
PECULATO – art. 312, CP finalidade, o destino. Exemplo: existe um contrato que prevê o
O peculato visa proteger a probidade administrativa pagamento de certo valor por uma obra. O funcionário paga
(patrimônio público). Em todas as modalidades de peculato, esse valor, sem a obra ser realizada. Nesse caso, há peculato-
tutela-se a Administração Pública, tanto em seu aspecto desvio. Liberação de dinheiro para obra superfaturada
patrimonial, consistente na preservação do erário, como também é caso de peculato-desvio.
também em sua face moral, representada pela lealdade e Elemento subjetivo do tipo: O elemento subjetivo do tipo
probidade dos agentes públicos. é a intenção do desvio para proveito próprio ou alheio. O
O sujeito ativo é o funcionário público e o sujeito passivo funcionário tem de ter a posse lícita da coisa. Se alguém
é o Estado, visto como Administração Pública. Pode existir um desviar em proveito da própria Administração, haverá outro
sujeito passivo secundário (particular). crime, qual seja, uso ou emprego irregular de verbas públicas
O pressuposto do peculato é a posse da coisa pela (art. 315 do CP).
Administração Pública. O dinheiro, valor ou qualquer outro
bem móvel precisa estar na posse do funcionário público. A 3. PECULATO-FURTO: Artigo 312, § 1.º, do Código Penal.
palavra deve ser interpretada em sentido amplo, abrangendo Funcionário público que, embora não tendo a posse do
tanto a posse direta como a posse indireta, e também a dinheiro, valor ou bem, o subtrai ou concorre para que seja
detenção. A lei é clara ao exigir que a posse deva ser em razão subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de
do cargo: é imprescindível a relação de causa e efeito entre ela facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.
(posse) e este (cargo). Não é pelo fato de ser funcionário Nesse caso é aplicada a mesma pena.
público que o sujeito deve automaticamente responder pelo A conduta é subtrair, ou seja, tirar da esfera de proteção da
crime de peculato. A finalidade da lei é outra. Somente estará vítima, de sua disponibilidade. Outra conduta possível é a de
caracterizado o crime de peculato quando o sujeito comete a concorrer dolosamente.
apropriação, o desvio ou a subtração em razão das facilidades Não basta ser funcionário público; ele precisa se valer da
proporcionadas pelo seu cargo. facilidade que essa qualidade lhe proporciona (a execução do
crime é mais fácil para ele). Por facilidade, entende-se crachá,
Podemos dividir o peculato em dois grandes grupos; doloso segredo de cofre etc. Um funcionário público pode praticar
e culposo: furto ou peculato-furto, dependendo se houve, ou não, a
a) Peculato Doloso: facilidade.
- Peculato-apropriação: art. 312, caput, primeira parte. Consumação e tentativa: O crime consuma-se com a
- Peculato-desvio: art. 312, caput, segunda parte. efetiva retirada da coisa da esfera de vigilância da vítima. A
- Peculato-furto: art. 312, § 1.º. tentativa é possível.
- Peculato mediante erro de outrem: art. 313.
4. PECULATO CULPOSO: Artigo 312, § 2.º, do Código Penal.
b) Peculato Culposo: São requisitos do crime de peculato culposo: a conduta culposa
- O peculato culposo está descrito no art. 312, § 2.º, do do funcionário público e que terceiro pratique um crime
Código Penal. doloso, aproveitando-se da facilidade provocada por aquela
conduta.
1. PECULATO APROPRIAÇÃO: Consumação e tentativa: Peculato culposo é crime
a) apropriar-se; independente do crime de outrem, mas estará consumado
b) funcionário público; quando se consumar o crime de outrem. Não há tentativa de
c) dinheiro, valor, bem móvel, público ou privado; peculato culposo, pois não existe tentativa de crime culposo.
d) posse em razão do cargo; Se o crime de outrem é tentado, este responderá por tentativa,
e) proveito próprio ou alheio. porém o fato é atípico para o funcionário público.
Reparação de danos no peculato culposo – Artigo 312, §
Elementos objetivos do tipo: O núcleo é “apropriar-se”, 3.º, do Código Penal: É a devolução do objeto ou o
ou seja, fazer sua a coisa alheia. A pessoa tem a posse e passa a ressarcimento do dano. É preciso ficar atento para as seguintes
agir como se fosse dona. O agente muda a sua intenção em regras:
relação à coisa. O fundamento é a posse lícita anterior. - Se a reparação do dano for anterior à sentença
No caso da posse em razão do cargo, temos que a posse está irrecorrível (antes do trânsito em julgado – primeira ou
com a Administração. O bem tem de estar sob custódia da segunda instância), extingue a punibilidade.
Administração. Exemplo: Um automóvel apreendido na rua vai
para o pátio da Delegacia; o policial militar subtrai o aparelho
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- Se a reparação do dano for posterior à sentença o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou
irrecorrível (depois do trânsito em julgado), ocorre a para causar dano.
diminuição da pena, pela metade. Consumação: por se tratar de crime formal, ocorre com a
concreção de qualquer uma das condutas, não se exigindo a
Atenção: No peculato doloso não se aplicam essas obtenção da vantagem indevida nem que haja o dano almejado
regras. (exaurimento).
Tentativa: Admissível, por ser o crime plurissubsistente.
Pena e Ação penal: A pena é de dois a doze anos de
5. PECULATO MEDIANTE ERRO DE OUTREM - Art. 313, reclusão, além da multa, e a ação é pública incondicionada.
CP: Não é um estelionato, pois o erro da vítima não é
provocado pelo agente. O núcleo do tipo é apropriar-se (para MODIFICAÇÃO OU ALTERAÇÃO NÃO AUTORIZADA DE
tanto, é preciso posse lícita anterior). Na verdade, é um SISTEMA DE INFORMAÇÕES – art. 313-B, CP
peculato-apropriação, diferenciado pelo erro da vítima. Bem jurídico: O interesse em se preservar o normal
O erro de outrem tem de ser espontâneo, e o recebimento, funcionamento da Administração Pública, especialmente o seu
por parte do funcionário de boa-fé. Não há fraude. Exemplo: patrimônio e o do administrado, bem como assegurar o
Pessoa deve dinheiro para a Prefeitura, erra a conta e paga a prestígio que deve gravitar em torno dos atos daquela.
mais. O funcionário recebe o dinheiro sem perceber o erro. Sujeitos:
Depois, ao perceber o erro, apropria-se do excedente – trata- a) Ativo: funcionário público, sendo admissível o concurso
se de peculato mediante erro. como particular.
O elemento subjetivo é o dolo de se apropriar. O crime b) Passivos: União, Estados-membros, Distrito Federal,
consuma-se no momento da apropriação, ou seja, no momento municípios e demais pessoas mencionadas no artigo 327, §1º,
em que o agente passa a agir como se fosse dono. bem como o particular que sofreu o dano.
Em síntese, o erro da pessoa que entrega o dinheiro ou Tipo objetivo: Modificar ou alterar sistema de informações
qualquer outra utilidade (vítima) deve ser espontâneo, pouco ou programa de informática sem autorização ou solicitação de
importando qual a sua causa; se dolosamente provocado pelo autoridade competente.
funcionário público, estará configurado o crime de estelionato Tipo subjetivo: O dolo.
(art. 171 do CP). Consumação: Por se tratar de crime formal, dá-se no
momento da concreção de qualquer uma das condutas, não se
Antes de encerrarmos o tema cabe ainda um comentário exigindo a superveniência de dano, que, no caso, qualifica o
acerco do peculato de uso. Considera-se a existência do crime.
peculato de uso na hipótese em que o funcionário público Tentativa: Admissível, por ser o crime plurissubsistente.
apropria-se, desvia, subtrai bem móvel, público ou particular
que se encontra sob a custódia da Administração Pública, para EXTRAVIO, SONEGAÇÃO OU INUTILIZAÇÃO DE LIVRO OU
posteriormente restituí-lo. A doutrina diverge sobre a DOCUMENTO – art. 314, CP
possibilidade de admitir-se a figura do peculato de uso. Uma Seguindo a regra dos demais crimes deste Capítulo, o bem
primeira corrente entende que a intenção (falsa ou jurídico tutelado é a Administração Pública.
verdadeira) de restituir o bem móvel de que o agente Sujeitos ativo e passivo. Como não poderia deixar de ser,
apropriou-se, desviou ou subtraiu não exclui o peculato o sujeito ativo é somente o funcionário público, sendo a vítima
doloso, pouco importando se o funcionário público possui o Estado e, eventualmente, o particular que tem documento
recursos financeiros para tanto, bem como se a coisa era sob a guarda da Administração.
fungível ou infungível. Não admite, portanto, a figura do A lei pune três condutas:
peculato de uso. Também não se afasta o crime com a prova de - extraviar: fazer desaparecer, ocultar;
que se produziu alguma vantagem para a Administração - sonegar: sinônimo de não apresentar, não exibir quando
Pública, pois a vantagem indevida não deve aproveitar ao alguém o solicita;
Estado. Se a coisa móvel é utilizada em fim diverso daquele a - inutilizar: tornar imprestável.
que era destinado, desde que o agente vise a proveito próprio Trata-se de tipo misto alternativo, crime de ação múltipla
ou alheio, apresenta-se o peculato na modalidade desvio. Por ou de conteúdo variado – a prática de duas ou mais condutas,
outro lado, há quem admita o peculato de uso, considerando-o no mesmo contexto fático e contra o mesmo bem jurídico,
fato irrelevante. Para os partidários dessa linha de caracteriza um único crime.
pensamento, é atípico o fato relacionado ao uso momentâneo
de coisa infungível, sem a intenção de incorporá-la ao Nas três hipóteses a conduta deve recair sobre livro oficial,
patrimônio pessoal ou de terceiro, seguido da sua integral que é aquele pertencente à Administração Pública, ou sobre
restituição a quem de direito. qualquer documento público ou particular que esteja sob a
guarda da Administração. Nos termos da lei, o crime subsiste
INSERÇÃO DE DADOS FALSOS EM SISTEMA DE ainda que a conduta atinja parcialmente o livro ou documento.
INFORMAÇÕES – art. 313-A, CP Elemento subjetivo. O dolo.
Bem jurídico: interesse em preservar o patrimônio Consumação. A infração penal se consuma com o extravio
público e garantir o respeito à probidade administrativa. ou inutilização, ainda que parcial e independentemente de
Sujeitos: qualquer outro resultado.
a) Ativo: funcionário público, sendo admissível o concurso Já na modalidade sonegar, o crime se consuma no instante
com particular. em que o agente deveria fazer a entrega e, intencionalmente,
b) Passivos: União, Estados-membros, Distrito Federal, não o faz. Nessa hipótese, bem como nos casos de extravio, o
municípios e as demais pessoas mencionadas no artigo 327, crime é permanente.
§1º. Secundariamente, o particular que sofreu o dano. Tentativa. A tentativa não é admissível apenas na
Tipo objetivo: Inserir ou facilitar a inserção de dados modalidade omissiva (sonegar).
falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos Distinção. Aquele que inutiliza documento ou objeto de
sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração valor probatório que recebeu na qualidade de advogado ou
Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para procurador comete o crime do art. 356 do Código Penal. Por
outrem ou para causar dano. outro lado, o particular que subtrai ou inutiliza, total ou
Tipo subjetivo: O dolo e o elemento subjetivo especial do
tipo – fim especial de agir – consubstanciado na expressão com
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parcialmente, livro oficial, processo ou documento confiado à A concussão é uma forma especial de extorsão praticada
Administração comete o crime do art. 337 do Código Penal. por funcionário público com abuso de autoridade. Deve, assim,
Absorção. A própria lei estabelece que esse crime é haver um nexo entre a represália prometida, a exigência feita
subsidiário, ou seja, deixa de existir se o fato constitui crime e a função exercida pelo funcionário público.
mais grave, como corrupção passiva (art. 317), supressão de Por isso, se o funcionário público empregar violência ou
documento (art. 305) etc. grave ameaça referente a mal estranho à função pública,
haverá crime de extorsão ou roubo. Ex.: um policial aponta um
EMPREGO IRREGULAR DE VERBAS OU RENDAS revólver para a vítima e, mediante ameaça de morte, pede que
PÚBLICAS – art. 315, CP ela lhe entregue o carro.
Análise do núcleo do tipo. A conduta consiste em dar Na concussão não é necessário que o funcionário público
aplicação, e tem como objeto as verbas ou rendas públicas. esteja trabalhando no momento da exigência. O próprio tipo
Sujeitos: diz que ele pode estar fora da função (horário de descanso,
a) ativo: funcionário público. férias, licença) ou, até mesmo, nem tê-la assumido (quando já
b) passivo: o Estado, secundariamente, a entidade de passou no concurso, mas ainda não tomou posse). O que é
direito público prejudicada. necessário é que a exigência diga respeito à função pública e as
Elemento subjetivo do tipo. Dolo, não se exige elemento represálias a ela se refiram.
subjetivo específico, nem se pune a forma culposa. Se o crime for cometido por policial militar estará
Objetos material e jurídico. Objeto material é a verba ou configurado o crime do art. 305 do Código Penal Militar, que é
a renda pública, objeto jurídico é a administração pública, em igualmente chamado de concussão.
seus interesses patrimonial e moral. Se alguém finge ser policial e exige dinheiro para não
Classificação. Crime próprio, material, de forma livre, prender a vítima, não há concussão, porque o agente não é
comissivo e, excepcionalmente, omissivo impróprio, funcionário público. Responderá, nesse caso, por crime de
instantâneo, unissubjetivo, plurissubsistente; admite extorsão (art. 158).
tentativa. Concluindo, a concussão é um crime em que a vítima é
constrangida a conceder uma vantagem indevida a funcionário
CONCUSSÃO – art. 316, CP público em razão do temor de uma represália imediata ou
O crime de concussão guarda certa semelhança com o futura decorrente de exigência feita por este e relacionada
delito de corrupção passiva, principalmente no que se refere à necessariamente com sua função.
primeira modalidade desta última infração (solicitar A vantagem exigida tem de ser indevida. Se for devida,
vantagem indevida). Na concussão, porém, o funcionário haverá crime de abuso de autoridade do art. 4º, h, da Lei n.
público constrange, exige a vantagem indevida. A vítima, 4.898/65, em razão da ameaça feita.
temendo alguma represália, cede à exigência. Na corrupção A lei se refere a vantagem indevida:
passiva (em sua primeira figura) há mero pedido, mera - Damásio E. de Jesus, Nélson Hungria e M. Noronha
solicitação. A concussão, portanto, descreve fato mais grave e, entendem que deve ser vantagem patrimonial.
por isso, deveria possuir pena mais elevada. Ocorre que, após - Júlio F. Mirabete e Fernando Capez, por outro lado, dizem
o advento da Lei n. 10.763/2003, a pena de corrupção passiva que pode ser qualquer espécie de vantagem, uma vez que a lei
passou, por incrível que pareça, a ser maior que a de não faz distinção. Ex.: proveitos patrimoniais, sentimentais, de
concussão. vaidade, sexuais etc.
Nesse crime, o funcionário público faz exigência de uma O agente deve visar proveito para ele próprio ou para
vantagem. Essa exigência carrega, necessariamente, uma terceira pessoa.
ameaça à vítima, pois do contrário haveria mero pedido, que Como na concussão o funcionário público faz uma ameaça
caracterizaria a corrupção passiva. explícita ou implícita, se a vítima vier a entregar o dinheiro
Assim, o crime de concussão é diferente do crime de exigido, não cometerá corrupção ativa, uma vez que somente
corrupção passiva. A diferença está no núcleo do tipo. A o terá feito por se ter sentido constrangida.
concussão tem por conduta exigir; é um “querer imperativo”, Consumação. O crime de concussão consuma-se no
que traz consigo uma ameaça, ainda que implícita. A corrupção momento em que a exigência chega ao conhecimento da
passiva tem por conduta solicitar, receber, aceitar promessa. vítima, independentemente da efetiva obtenção da vantagem
Na concussão, há vítima na outra ponta. A concussão é uma visada. Trata-se de crime formal. A obtenção da vantagem é
extorsão praticada por funcionário público em razão da mero exaurimento.
função. Assim, não poderá haver prisão em flagrante no momento
Exigir significa coagir, obrigar. A ameaça pode ser da entrega da exigência, se ela for posterior ao momento da
implícita ou explícita e, ainda assim, será concussão. O agente exigência, tendo em vista que que no crime de concussão só
pode exigir direta ou indiretamente – por meio de terceiro, ou haverá o flagrante delito no momento da exigência da
por outro meio qualquer. vantagem indevida, e não no momento da entrega desta
Desta forma, a ameaça pode ser: vantagem, pois por trata-se de crime formal, o momento
- explícita: exigir dinheiro para não fechar uma empresa, consumativo é o da exigência da vantagem indevida, e não o da
para não instaurar inquérito, para permitir o funcionamento entrega de referida vantagem. Ocorrida a entrega da
de obras etc.; vantagem, esta configura-se como mero exaurimento do
- implícita: não há promessa de um mal determinado, mas crime. (Informativo nº 564 – STJ)
a vítima fica amedrontada pelo simples temor que o exercício Também não desnatura o crime, a devolução posterior da
do cargo público inspira. vantagem (mero arrependimento posterior — art. 16 do CP)
A exigência pode ser ainda: ou a ausência de prejuízo.
- direta: quando o funcionário público a formula na Tentativa. É possível a tentativa. Exemplos: a) peço para
presença da vítima, sem deixar qualquer margem de dúvida de terceiro fazer a exigência à vítima, mas ele morre antes de
que está querendo uma vantagem indevida; encontrá-la; b) uma carta contendo a exigência se extravia.
- indireta: o funcionário se vale de uma terceira pessoa Sujeitos.
para que a exigência chegue ao conhecimento da vítima ou a a) ativo: somente o funcionário público.
faz de forma velada, capciosa, ou seja, o funcionário público b) passivo: Estado e, secundariamente, a entidade de
não fala que quer a vantagem, mas deixa isso implícito. direito público ou a pessoa diretamente prejudicada.
Legislação 178
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APOSTILAS OPÇÃO
Elemento subjetivo do tipo. Dolo, exige-se o elemento - Solicitar, pedir. Quem pede não constrange, não ameaça,
subjetivo específico, consistente em destinar a vantagem para simplesmente pede. A atitude de solicitar é iniciativa do
i ou para outra pessoa. Não existe forma culposa. funcionário público.
Objetos material e jurídico. Objeto material é a vantagem - Receber, entrar na posse. É preciso ao menos o indício de
indevida e objeto jurídico é a administração púbica (aspectos que a pessoa entrou na posse.
material e moral). - Aceitar promessa, concordar com a proposta. Pode ser
Classificação. Crime próprio, formal, de forma livre, por silêncio, gesto, palavra. A iniciativa é de terceiro que faz a
comissivo e, excepcionalmente, omissivo impróprio, proposta. Alguém propõe e o funcionário aceita.
instantâneo, unissubjetivo, unissubsistente ou
plurissusistente, forma em que admite tentativa. Corrupção Passiva Privilegiada – § 2º: A corrupção
passiva privilegiada ocorre com pedido ou influência de
EXCESSO DE EXAÇÃO - art. 316, §§1º e 2º, CP outrem. Corrupção privilegiada é um crime material – praticar,
Exação é a cobrança pontual de impostos. Pune-se o deixar de praticar.
excesso, sabido que o abuso de direito é considerado ilícito.
Assim, quando o funcionário público cobre imposto além da DA FACILITAÇÃO DE CONTRABANDO OU DESCAMINHO –
quantia efetivamente devida, comete o excesso de exação. art. 318, CP
Análise do núcleo do tipo. Há duas formas para compor Conduta típica. É a facilitação com violação do dever
o excesso de exação: a) exigir o pagamento de tributo ou funcional do descaminho ou contrabando. Para configurar a
contribuição sindical indevidos; b) empregar meio vexatório prática do delito previsto no art. 318 do CP, é necessário que o
na cobrança. funcionário público esteja investido na função de fiscalizar a
Na primeira modalidade, o funcionário público exige entrada e a saída de mercadorias do território nacional.
tributo ou contribuição social que sabe ou deve saber Contrabando. É a importação ou exportação de
indevido, sem amparo válido para cobrança, seja porque seu mercadorias cuja comercialização seja proibida.
valor já foi pago pela vítima, seja porque a quantia cobrada é Descaminho. É a importação ou exportação de
superior à fixada em lei. A palavra “indevido” funciona como mercadorias cuja comercialização seja legalmente permitida
elemento normativo do tipo. Na outra hipótese, o tributo ou com a ocorrência de fraude no pagamento de tributos.
contribuição social é devido. Entretanto, o funcionário público Competência. Pelo disposto no art. 144 da CF/88, julgar
emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, não pessoas incursas na prática do presente delito é de
autorizado por lei. Meio vexatório é o que desonra e humilha a competência da justiça federal, sendo a polícia federal a
vítima; meio gravoso é o que acarreta maiores despesas ao competente para efetuar as prisões.
contribuinte. Por convênio firmado entre o ex-governador de Minas
Elemento subjetivo do tipo. Dolo, nas modalidades direta Gerais, Hélio Garcia, e o ex-ministro da justiça à época, aqui é
e indireta. Não há elemento subjetivo do tipo, nem se pune a competente para fiscalizar e reprimir o tráfico ilícito de drogas
forma culposa. a Polícia Civil do estado.
Elemento normativo do tipo. Meio vexatório é o que Tipo remetido. A facilitação de contrabando ou
causa vergonha ou ultraje; gravoso é o meio oneroso ou descaminho é considerado como tipo remetido porque remete
opressor. ao delito do contrabando ou descaminho (art. 334 do CPB).
Norma em branco. É preciso consultar os meios de Exceção à teoria unitária. Se alguém facilita a prática do
cobrança de tributos e contribuições, instituídos em lei delito previsto no art. 334 do CP deveria responder pelo delito
específica, para apurar se está havendo excesso de exação. previsto no art. 318 do CPB (facilitação de contrabando ou
Objetos material e jurídico. O objeto material é o tributo descaminho) bem como pelo contrabando ou descaminho (art.
ou a contribuição social. O objeto jurídico é a administração 334 do CPB), entretanto, temos aqui mais uma vez a teoria
pública (interesses material e moral). pluralística sendo aplicada, configurando mais uma exceção à
Classificação: crime próprio, formal na forma exigir e teoria unitária, vez que uma pessoa é quem facilita o
material na modalidade empregar na cobrança, de forma livre, contrabando ou descaminho e outra é quem pratica o
comissivo ou omissivo impróprio, unissubjetivo, contrabando ou descaminho.
unissubsistente ou plurissubsistente, forma em que se admite Defesa preliminar. No tipo penal ora estudado (da
tentativa. facilitação de contrabando ou descaminho - Art. 318 do CPB)
não há a incidência de possibilidade da defesa preliminar do
CORRUPÇÃO PASSIVA – art. 317, CP funcionário público.
Na corrupção passiva não há ameaça, nem
constrangimento. Se o funcionário pede e a pessoa coloca a PREVARICAÇÃO – art. 319, CP
mão dentro do bolso e entrega, não é caso de corrupção ativa, Objeto jurídico. Proteger o prestígio da Administração
pois não existe tipificação para entregar, só para prometer, Pública
oferecer. Só há corrupção passiva nesse caso. Sujeitos.
Na modalidade solicitar, onde a iniciativa é do funcionário a) Ativo. Funcionário público no exercício da função
público, não há crime de corrupção ativa, e sim de corrupção b) Passivo. O Estado
passiva. Análise do núcleo do tipo. "Retardar ou deixar de
Já, nas modalidades de receber e aceitar promessa, ocorre praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra
corrupção ativa na outra ponta, pois a iniciativa foi de terceiro. disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou
Vantagem indevida na corrupção passiva é para que o sentimento pessoal".
funcionário faça alguma coisa, deixe de fazer, ou então retarde. O tipo penal tem seu núcleo composto por 3 verbos:
A consumação ocorre quando houver a solicitação, o retardar, deixar de praticar, praticar.
recebimento ou a aceitação da vantagem. A consumação não Classificação. Crime próprio - somente pode ser praticado
depende da prática ou da omissão de ato por parte do por funcionário público, se retirada a qualidade o fato torna-se
funcionário. O recebimento da vantagem só é importante para atípico - formal - comissivo - instantâneo - unissubjetivo -
a modalidade receber. plurissubsistente - de ação múltipla - de conteúdo variado ou
alternativo.
Elementos Objetivos do Tipo:
Legislação 179
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APOSTILAS OPÇÃO
Elemento subjetivo do tipo. É o dolo, ou seja, a vontade 4) O tipo exige que a conduta do funcionário público seja
específica de prevaricar. O interesse pessoal está ligado ao indevida apenas nas duas primeiras modalidades (retardar e
sentimental. deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício). Na última
Consumação. O crime se consuma com a omissão, hipótese prevista no tipo (praticar ato de ofício), a conduta
retardamento ou realização do ato. deve ser “contra expressa previsão legal”. Temos, neste último
Tentativa. Não é possível nas formas omissivas (omitir ou caso, uma norma penal em branco, pois sua aplicação depende
retardar), pois ou o crime está consumado ou o fato é atípico. da existência de outra lei.
Na forma comissiva, a tentativa é possível.
Figura equiparada. A Lei n. 11.466, de 28 de março de CONDESCENDÊNCIA CRIMINOSA – art. 320, CP
2007, criou nova figura ilícita no art. 319-A do Código Penal, Definição jurídica. A condescendência criminosa consiste
estabelecendo que a mesma pena prevista para o crime de em "deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar
prevaricação será aplicada ao diretor de penitenciária e/ou subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou,
agente público que deixar de cumprir seu dever de vedar ao quando lhe falte competência, não levar o fato ao
preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que conhecimento da autoridade competente, punível com pena de
permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente detenção, de 15 (quinze) dias a 1 (um) mês, ou multa".
externo. O legislador entendeu necessária a criação desse tipo A terminologia é imprópria porque não se trata apenas do
penal em face da constatação de que presos têm tido fácil fato de um funcionário público ser condescendente com outro
acesso a telefones celulares ou aparelhos similares, e que os que tenha tido conduta criminosa, mas também, se aquele tiver
agentes penitenciários não vêm dando o combate adequado a cometido qualquer falta disciplinar.
esse tipo de comportamento. Assim, a Lei n. 11.466/2007, A condescendência criminosa é praticada pelo funcionário
além de criar essa figura capaz de punir o agente penitenciário público que, por indulgência, benevolência ou tolerância, deixa
que se omita em face da conduta do preso, estipulou também de responsabilizar subalterno hierárquico que tenha cometido
que este, ao fazer uso do aparelho, incorre em falta grave — crime, contravenção penal ou qualquer falta disciplinar.
que tem sérias consequências na execução criminal (art. 50, Também comete o delito em estudo o funcionário público que,
VII, da Lei de Execuções Penais, com a redação dada pela Lei n. embora não seja superior hierárquico daquele que tenha
11.466/2007). Com essas providências pretende o legislador cometido crime, contravenção penal ou qualquer falta
evitar que presos comandem suas quadrilhas do interior de disciplinar, deixa de levar o fato ao conhecimento da
penitenciárias e que deixem de cometer crimes com tais autoridade competente para puni-lo.
aparelhos, pois é notório que enorme número de delitos de Bem jurídico. A Administração Pública
extorsão vêm sendo cometidos por pessoas presas, por meio Sujeitos
de telefonemas. a) ativo. Funcionário público
Diferença entre a prevaricação comum e a militar. A b) passivo. O Estado
prevaricação comum está prevista no art. 319 do CP e é punida Tipo subjetivo. Indulgência, benevolência ou tolerância;
com pena de detenção de 3 meses a 1 ano mais multa, sendo no Direito Penal Militar, além disso, a negligência.
aplicada a normatização prevista na lei 9.099/95. A Condutas típicas
prevaricação militar está prevista no art. 319 do CPM e é Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar
punida com pena de 6 meses a 2 anos. Verifica-se então que a subordinado que cometeu infração no exercício do cargo;
diferença principal entre as duas tipificações do delito está na Deixar o funcionário, por indulgência, de levar ao
pena aplicada. conhecimento de autoridade competente para punir, o fato de
que outro funcionário público tenha cometido infração no
Principais aspectos. exercício do cargo, evitando assim que o infrator seja
1) Na corrupção passiva, o funcionário público negocia responsabilizado.
seus atos, visando uma vantagem indevida. Na prevaricação Consumação. Com a omissão
isso não ocorre. Aqui, o funcionário público viola sua função Tentativa. Inadmissível porque o delito é omissivo
para atender a objetivos pessoais. próprio.
2) O agente deve atuar para satisfazer:
a) interesse patrimonial (desde que não haja recebimento ADVOCACIA ADMINISTRATIVA – art. 321, CP
de vantagem indevida, hipótese em que haveria corrupção Definição jurídica. O termo advocacia é impróprio e
passiva) ou moral; indevido pois nada tem a ver com a função do advogado. O
b) sentimento pessoal, que diz respeito à afetividade do delito consiste em "patrocinar, direta ou indiretamente,
agente em relação a pessoas ou fatos. Ex.: Permitir que amigos interesse privado perante a administração pública, valendo-se
pesquem em local público proibido. Demorar para expedir da qualidade de funcionário; punível com pena de detenção, de
documento solicitado por um inimigo. O sentimento, aqui, é do 1 (um) a 3 (três) meses, ou multa. Se o interesse é ilegítimo a
agente, mas o benefício pode ser de terceiro. pena é de detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, além da
O atraso no serviço por desleixo ou preguiça não constitui multa". No Direito Penal Militar a incorreição no nomem iuris
crime. Se fica caracterizado, todavia, que o agente, por é desfeita, naquele diploma legal a nomenclatura usada é
preguiça, rotineiramente deixa de praticar ato de ofício, "patrocínio indébito". Importa salientar que no projeto de
responde pelo crime. Ex.: delegado que nunca instaura reforma do CPB o presente tipo adota a nomenclatura do CPM.
inquérito policial para apurar crime de furto, por considerá-lo Análise do núcleo do tipo. O verbo núcleo do tipo é
pouco grave. patrocinar, significa proteger ou beneficiar. É a figura do
3) A prevaricação não se confunde com a corrupção funcionário público relapso que relega seu serviço a um
passiva privilegiada. Nesta, o agente atende a pedido ou segundo plano e passa a defender interesses privados,
influência de outrem. legítimos ou ilegítimos, ante a Administração Pública.
Na prevaricação não há tal pedido ou influência. O agente Sujeitos
visa satisfazer interesse ou sentimento pessoal. a) ativo. Funcionário público
Se um fiscal flagra um desconhecido cometendo b) passivo. A Administração Pública
irregularidade e deixa de multá-lo em razão de insistentes
pedidos deste, há corrupção passiva privilegiada; mas se o Desnecessidade de ser advogado. Tendo em vista que o
fiscal deixa de multar a pessoa porque percebe que se trata de funcionário público é impedido de exercer a advocacia, é
um antigo amigo, comete prevaricação.
Legislação 180
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APOSTILAS OPÇÃO
desnecessária a qualidade de advogado ao autor para que o Análise do núcleo do tipo. Entrar no exercício significa
delito se configure. iniciar o desempenho de determinada atividade; continuar a
Outras condutas exercê-la quer dizer prosseguir no desempenho de
Lei 8.137/90, art. 3º, inc. III - funcionário público determinada atividade. O objeto é a função pública.
patrocinado interesse privado contra a Administração Sujeitos.
Fazendária; a) ativo: somente funcionário público nomeado, porém
Lei 8.666/93, art. 94 - funcionário público patrocinado sem ter tomado posse; na segunda hipótese, há de estar
interesse privado no âmbito das licitações. afastado ou exonerado.
b) passivo: Estado.
VIOLENCIA ARBITRÁRIA – art. 322, CP Elemento subjetivo do tipo. É o dolo. Não se exige
Para a maioria da doutrina penal, esse artigo foi revogado elemento subjetivo específico, nem se pune a forma culposa.
pela Lei n. 4.898/65, que trata do abuso de autoridade. Mas Na segunda figura, há apenas o dolo direto. Inexiste forma
para o Supremo Tribunal Federal e para a minoria da doutrina culposa.
ainda está em vigor. Elemento normativo do tipo. A expressão “sem
Trata-se de um crime praticado por funcionário público, autorização” indica a ilicitude da conduta, ao passo que a
que em função do cargo, age não contra a Administração continuidade do exercício, devidamente permitida pela
Pública, mas contra o administrado, agredindo-o. administração pública, não configura o tipo penal.
O presente crime se refere a violência ilegal, arbitrária, fora Objetos material e jurídico. O objeto material é a função
dos parâmetros permitidos. pública e o objeto jurídico é a administração pública, nos
interesses material e moral.
ABANDONO DE FUNÇÃO – art. 323, CP Classificação. Crime próprio, delito de mão própria,
Protege a lei nesse dispositivo a regularidade e o normal formal, de forma livre, comissivo e, excepcionalmente,
desempenho das atividades públicas, no sentido de evitar que omissivo impróprio, instantâneo, unissubjetivo,
os funcionários públicos abandonem seus postos de forma a plurissubsistente; admite tentativa.
gerar perturbação ou até mesmo a paralisação do serviço
público. VIOLAÇÃO DE SIGILO FUNCIONAL – art. 325, CP
Sujeitos ativo e passivo. Apesar de o delito ter o nome de Condutas típicas. Esta infração penal visa resguardar o
“abandono de função”, percebe-se pela descrição típica que o regular funcionamento da Administração Pública, que pode
crime somente existe com o abandono de cargo, não ser prejudicado pela revelação de certos segredos. Por isso,
prevalecendo a regra do art. 327 do Código Penal, que define será punido o funcionário público que revelar ou facilitar a
funcionário público como ocupante de cargo, emprego ou revelação desses segredos, desde que deles tenha tido
função pública. Assim, em razão da ressalva constante do tipo conhecimento em razão de seu cargo. O segredo a que se refere
penal, pode-se concluir que sujeito ativo desse crime pode ser este dispositivo é aquele cujo conhecimento é limitado a
apenas quem ocupa cargo público (criado por lei, com número determinado de pessoas e cuja divulgação afronte o
denominação própria, em número certo e pago pelos cofres interesse público pelas consequências que possam advir.
públicos). Sujeito passivo é o Estado. A conduta de revelar segredo caracteriza-se quando o
Abandonar significa deixar o cargo. Para que esteja funcionário público intencionalmente dá conhecimento de seu
configurado o abandono é necessário que o agente se afaste do teor a terceiro, por escrito, verbalmente, mostrando
seu cargo por tempo juridicamente relevante, de forma a documentos etc. Já a conduta de facilitar a divulgação de
colocar em risco a regularidade dos serviços prestados. Assim, segredo, também chamada de divulgação indireta, dá-se
não há crime na falta eventual, bem como no desleixo na quando o funcionário, querendo que o fato chegue a
realização de parte do serviço, que caracterizam apenas falta conhecimento de terceiro, adota determinado procedimento
funcional, punível na esfera administrativa. que torna a descoberta acessível a outras pessoas, como
Não há crime também quando a ausência se dá nos casos ocorre no clássico exemplo de deixar anotações ou
permitidos em lei, como, por exemplo, com autorização da documentos em local que possa ser facilmente visto por outras
autoridade competente, para prestação de serviço militar etc. pessoas.
Por se tratar de crime doloso, não há crime quando o Comete crime o servidor público incumbido de elaborar
abandono ocorre em razão de força maior (prisão, doença provas de concurso público que, antes da prova, faz chegar ao
etc.). conhecimento de alguns candidatos as questões que serão
A doutrina tem sustentado também que não existe crime abordadas.
na suspensão, ainda que prolongada, do trabalho por parte de Sujeitos ativo e passivo. Apenas o funcionário público
funcionário público — mesmo que de função essencial — pode ser sujeito ativo. Predomina na doutrina o entendimento
quando se trata de ato coletivo na luta por reivindicações da de que mesmo o funcionário aposentado ou afastado pode
categoria, ou seja, nos casos de greve (enquanto não declarada cometer o delito, pois o interesse público na manutenção do
ilegal). sigilo permanece. O crime admite a coautoria e também a
Consumação. O crime se consuma com o abandono do participação — de outro funcionário público ou de particular
cargo por tempo juridicamente relevante, ainda que não que colabore com a divulgação. A doutrina, contudo, salienta
decorra efetivo prejuízo para a Administração. Aliás, o §1º que o particular que se limita a tomar conhecimento do fato
estabelece uma forma qualificada, quando o abandono traz divulgado não comete o delito.
como consequência prejuízo ao erário. A revelação de segredo profissional por quem não é
Tentativa. Por se tratar de crime omissivo puro, não se funcionário público constitui crime de outra natureza, previsto
admite a tentativa. no art. 154 do Código Penal.
Por fim, a pena será exasperada se o fato ocorrer em lugar O sujeito passivo é sempre o Estado e, eventualmente, o
compreendido na faixa de fronteira (compreende a faixa de particular que possa sofrer prejuízo, material ou moral, com a
150 quilômetros ao longo das fronteiras nacionais — Lei n. revelação do sigilo.
6.634/79). Elemento subjetivo. É o dolo, ou seja, a intenção livre e
consciente de revelar o sigilo funcional. Não se admite a forma
culposa.
EXERCÍCIO FUNCIONAL ILEGALMENTE ANTECIPADO OU Consumação. No momento em que terceiro, funcionário
PROLONGADO - art. 324, CP público ou particular, que não podia tomar conhecimento do
Legislação 181
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segredo, dele toma ciência. Trata-se de crime formal, cuja conceito de funcionário público por equiparação não abrange
caracterização independe da ocorrência de prejuízo. as pessoas que trabalham em empresa contratada com a
Tentativa. É admitida, exceto na forma oral. finalidade de prestar serviço para a Administração Pública
Subsidiariedade explícita. O art. 325, ao cuidar da pena, quando não se trata de atividade típica desta. Ex.: trabalhador
expressamente estabelece sua absorção quando o fato de empreiteira contratada para construir viaduto.
constitui crime mais grave, como, por exemplo, crime contra a Entende-se, ademais, que a equiparação do § 1º, em razão
segurança nacional, fraude em procedimento licitatório com do local onde está prevista no Código Penal, só se aplica
divulgação antecipada de propostas, crime contra o sistema quando se refere ao sujeito ativo do delito e nunca em relação
financeiro etc. ao sujeito passivo. Ex.: ofender funcionário de uma autarquia
Figuras equiparadas. A Lei n. 9.983/2000 criou no § 1º é injúria e não desacato. Se o mesmo funcionário, contudo,
do art. 325 algumas infrações penais equiparadas, punindo apropriar-se de um bem da autarquia, haverá peculato, não
com as mesmas penas do caput quem permite ou facilita, mera apropriação indébita. Embora esse entendimento seja
mediante atribuição, fornecimento e empréstimo de senha ou quase pacífico na doutrina, existe um conhecido julgado do
qualquer outra forma, o acesso de pessoas não autorizadas a STF em sentido contrário (RT, 788/526).
sistemas de informações ou banco de dados da Administração
Pública (inciso I), ou se utiliza, indevidamente, do acesso AUMENTO DA PENA
restrito a tais informações (inciso II). Por fim, o § 2º estabelece § 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os
uma qualificadora, prevendo pena de reclusão, de dois a seis autores dos crimes previstos neste Capítulo forem
anos, e multa, se da ação ou omissão resulta dano à ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção
Administração ou terceiro. ou assessoramento de órgão da administração direta,
sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação
VIOLAÇÃO DO SIGILO DE PROPOSTA DE CONCORRÊNCIA instituída pelo poder público.
– art. 326, CP Cargo em comissão é o cargo para o qual o sujeito é
A maioria dos escritores criminalistas entendem que esse nomeado em confiança, sem a necessidade de concurso
artigo foi implicitamente revogado no art. 94 da Lei nº público.
8.666/93, que trata da Lei de Licitação. O aumento também será cabível quando o agente ocupa
função de direção ou assessoramento.
Art. 94. Devassar o sigilo de proposta apresentada em
procedimento licitatório, ou proporcionar a terceiro o ensejo Dispositivos do Código Penal pertinentes ao tema:
de devassá-lo:
Pena - detenção, de 2 (dois) a 3 (três) anos, e multa. TÍTULO XI
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
CAPÍTULO I
FUNCIONÁRIO PÚBLICO – art. 327, CP DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem
remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. Peculato
- Cargos: são criados por lei, com denominação própria, em Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro,
número certo e pagos pelos cofres públicos (Lei n. 8.112/90, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de
art. 3º, parágrafo único). que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito
- Emprego: para serviço temporário, com contrato em próprio ou alheio:
regime especial ou pela CLT. Ex.: diaristas, mensalistas, Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
contratados. § 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público,
- Função pública: abrange qualquer conjunto de embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai,
atribuições públicas que não correspondam a cargo ou ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou
emprego público. Ex.: jurados, mesários etc. alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade
São funcionários públicos o Presidente da República, os de funcionário.
Prefeitos, os Vereadores, os Juízes, Delegados de Polícia, Peculato culposo
escreventes, oficiais de justiça etc. § 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce de outrem:
cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem Pena - detenção, de três meses a um ano.
trabalha para empresa prestadora de serviço contratada § 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano,
ou conveniada para a execução de atividade típica da se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se
Administração Pública. lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta.
A Lei n. 9.983, de 14 de julho de 2000, alterou a redação do
art. 327, § 1º, para ampliar o conceito de funcionário público Peculato mediante erro de outrem
por equiparação. Em virtude dessa nova redação, podem ser Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade
extraídas algumas conclusões: que, no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem:
1) em relação ao conceito de entidade paraestatal adotou- Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
se a corrente ampliativa, pela qual se considera funcionário
por equiparação aquele que exerce suas atividades em: Inserção de dados falsos em sistema de informações
a) autarquias (ex.: INSS); Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a
b) sociedades de economia mista (ex.: Banco do Brasil); inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados
c) empresas públicas (ex.: Empresa Brasileira de Correios corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da
e Telégrafos); Administração Pública com o fim de obter vantagem indevida
d) fundações instituídas pelo Poder Público (ex.: FUNAI). para si ou para outrem ou para causar dano: )
2) Passam a ser puníveis por crimes funcionais (arts. 312 Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
a 326 do CP) aqueles que exercem suas funções em
concessionárias ou permissionárias de serviço público Modificação ou alteração não autorizada de sistema de
(empresas contratadas) e até mesmo em empresas informações
conveniadas, como, p. ex., a Santa Casa de Misericórdia. O
Legislação 182
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APOSTILAS OPÇÃO
Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de
informações ou programa de informática sem autorização ou responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício
solicitação de autoridade competente: do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa. conhecimento da autoridade competente:
Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
a metade se da modificação ou alteração resulta dano para a
Administração Pública ou para o administrado. Advocacia administrativa
Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse
Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou privado perante a administração pública, valendo-se da
documento qualidade de funcionário:
Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo:
total ou parcialmente: Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não constitui
crime mais grave. Violência arbitrária
Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou a
Emprego irregular de verbas ou rendas públicas pretexto de exercê-la:
Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da pena
da estabelecida em lei: correspondente à violência.
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
Abandono de função
Concussão Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou permitidos em lei:
indiretamente, ainda que fora da função, ou antes, de assumi-la, Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
mas em razão dela, vantagem indevida: § 1º - Se do fato resulta prejuízo público:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
§ 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de
Excesso de exação fronteira:
§ 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega
na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza: Exercício funcional ilegalmente antecipado ou
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. prolongado
§ 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes de
outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres satisfeitas as exigências legais, ou continuar a exercê-la, sem
públicos: autorização, depois de saber oficialmente que foi exonerado,
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. removido, substituído ou suspenso:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
Corrupção passiva
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta Violação de sigilo funcional
ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi- Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo
la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação:
de tal vantagem: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. não constitui crime mais grave.
1º - A pena é aumentada de um terço, se, em consequência § 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem:
da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de I – permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e
praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de
funcional. pessoas não autorizadas a sistemas de informações ou banco de
§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda dados da Administração Pública;
ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito.
ou influência de outrem: § 2o Se da ação ou omissão resulta dano à Administração
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. Pública ou a outrem:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Facilitação de contrabando ou descaminho
Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a Violação do sigilo de proposta de concorrência
prática de contrabando ou descaminho (art. 334): Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concorrência
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. pública, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo:
Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa.
Prevaricação
Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato Funcionário público
de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos
satisfazer interesse ou sentimento pessoal: penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração,
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. exerce cargo, emprego ou função pública.
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo,
Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha
público, de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada
aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a para a execução de atividade típica da Administração Pública.
comunicação com outros presos ou com o ambiente externo: § 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de
cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento
Condescendência criminosa
Legislação 183
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APOSTILAS OPÇÃO
de órgão da administração direta, sociedade de economia mista, (B) não poderá ser responsabilizado por sua conduta, pois
empresa pública ou fundação instituída pelo poder público. o Código Penal não prevê a figura do peculato culposo;
(C) responderá pelo crime de peculato culposo, sendo que
Questões a reparação do dano, desde que anterior ao oferecimento da
denúncia, gerará a extinção da punibilidade;
01. (Prefeitura de Rosana/SP - Procurador do (D) responderá pelo crime de peculato-furto em concurso
Município - VUNESP/2016) Assinale a alternativa correta de agentes com Breno;
sobre o crime de peculato, tipificado no artigo 312 e (E) responderá por peculato culposo, sendo que a
parágrafos do Código Penal. reparação do dano, desde que anterior ao recebimento da
(A) É crime próprio e não admite o concurso de pessoas. denúncia, gerará extinção da punibilidade.
(B) No peculato culposo a reparação do dano, se precede à
sentença irrecorrível, reduz de metade a pena imposta. Gabarito
(C) Admite o concurso de pessoas desde que a qualidade
de funcionário público, elementar do tipo, seja de 01.C/ 02.A / 03.A / 04.C / 05.A
conhecimento do particular coautor ou partícipe.
(D) Para a caracterização do peculato-furto, afigura-se
necessário que o funcionário público tenha a posse do
dinheiro, valor ou bem que subtrai ou que concorre para que
seja subtraído, em proveito próprio ou alheio. Anotações
(E) No peculato doloso a reparação do dano, se precede à
sentença irrecorrível, extingue a punibilidade.
Legislação 184
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
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APOSTILAS OPÇÃO
Menu Iniciar.
Fixando um item a uma Lista de Atalhos na barra de tarefas.
1
Fonte: http://windows.microsoft.com/pt-br/windows
Noções de Informática 1
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APOSTILAS OPÇÃO
GERENCIAMENTO DE JANELAS.
Noções de Informática 2
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APOSTILAS OPÇÃO
Usando menus.
A maioria dos programas contém dezenas ou até centenas
de comandos (ações) que você usa para trabalhar. Muitos
desses comandos estão organizados em menus. Como no
cardápio de um restaurante, um menu de programa mostra
uma lista de opções. Para manter a tela organizada, os menus
ficam ocultos até que você clique em seus títulos na barra de
menus, localizada imediatamente abaixo da barra de título.
Colocar o cursor sobre o botão de uma janela na barra de tarefas exibe uma Para escolher um dos comandos listados em um menu,
visualização da janela. clique nele. Às vezes, aparece uma caixa de diálogo na qual é
possível selecionar mais opções. Se um comando não estiver
Usando Alt+Tab. Você pode alternar para a janela disponível ou não puder ser clicado, ele será exibido em cinza.
anterior pressionando Alt+Tab, ou percorrer todas as janelas Alguns itens de menu não são comandos. Na realidade, eles
abertas e a área de trabalho mantendo pressionada a tecla Alt abrem outros menus. Na figura a seguir, um submenu é aberto
e pressionando repetidamente a tecla Tab. Solte Alt para quando você aponta para "Novo".
mostrar a janela selecionada.
Usando o Aero Flip 3D. O Aero Flip 3D organiza as janelas
em uma pilha tridimensional para permitir que você as
percorra rapidamente. Para usar o Flip 3D:
Mantenha pressionada a tecla de logotipo do Windows e Alguns comandos de menu abrem submenu.
pressione Tab para abrir o Flip 3D.
Enquanto mantém pressionada a tecla de logotipo do Se você não vir o comando que deseja, verifique outro
Windows, pressione Tab repetidamente ou gire a roda do menu. Mova o ponteiro do mouse pela barra de menus e eles
mouse para percorrer as janelas abertas. Você também pode se abrirão automaticamente, sem que você precise clicar na
pressionar Seta para a Direita ou Seta para Baixo para avançar barra de menus outra vez. Para fechar um menu sem
uma janela, ou pressionar Seta para a Esquerda ou Seta para selecionar nenhum comando, clique na barra de menus ou em
Cima para retroceder uma janela. alguma outra parte da janela.
Solte a tecla de logotipo do Windows para exibir a primeira Nem sempre é fácil reconhecer menus, porque nem todos
janela da pilha ou clique em qualquer parte da janela na pilha os controles de menu se parecem ou são exibidos em uma
para exibir essa janela. barra de menus. Como identificá-los então? Quando você vir
uma seta ao lado de uma palavra ou imagem, é provável que
seja um controle de menu. Veja alguns exemplos:
Noções de Informática 3
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APOSTILAS OPÇÃO
Noções de Informática 4
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APOSTILAS OPÇÃO
2 Fonte: http://windows.microsoft.com/pt-br/
Noções de Informática 5
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APOSTILAS OPÇÃO
Observação:
Ctrl+Alt+Break e Ctrl+Alt+End estão disponíveis em todas
as sessões da Área de Trabalho Remota, mesmo quando você
configura o computador remoto para reconhecer atalhos de
teclado do Windows.
Atalhos
Noções de Informática 6
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APOSTILAS OPÇÃO
- Clique em Internet para uma pesquisa online usando o - Saída ou fonte de papel. Também chamada de destino de
navegador da Web padrão e o provedor de pesquisa padrão. saída ou bandeja de papel. Selecione uma bandeja de papel.
Isso é principalmente útil se você carregar cada bandeja com
GERENCIAMENTO DE IMPRESSÃO um tamanho de papel diferente.
- Impressão em frente e verso. Também chamada de
Imprimindo no Windows impressão duplex ou dos dois lados. Selecione essa opção para
O Windows conta com diversos métodos de impressão. O imprimir nos dois lados de uma folha.
método escolhido depende do que você quer imprimir. Abaixo - Imprimir em cores. Escolha entre impressão preto e
encontra-se uma lista das tarefas de impressão mais comuns: branco e colorida.
- Imprimir um documento ou e-mail.
- Imprimir suas fotos. Gerenciando documentos esperando a impressão.
- Imprimir a tela do computador. Quando você imprime um documento, ele segue para a fila
de impressão, onde é possível exibir, pausar e cancelar a
Escolhendo opções de impressão. impressão, além de outras tarefas de gerenciamento. A fila de
Frente e verso ou somente um lado. Monocromático ou impressão mostra o que está sendo impresso e o que está
colorido. Orientação paisagem ou retrato. Essas são apenas aguardando para ser impresso. Ela também fornece
algumas das opções disponíveis ao imprimir. informações úteis como o status da impressão, quem está
A maioria das opções encontra-se na caixa de diálogo imprimindo o que e quantas páginas ainda faltam.
Imprimir, que você pode acessar no menu Arquivo em quase
todos os programas.
A fila de impressão.
Noções de Informática 7
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APOSTILAS OPÇÃO
Observação:
Ao baixar e instalar programas da Internet, assegure-se de
que confia no fornecedor do programa e no site que o está
oferecendo.
Use a caixa de pesquisa para localizar as tarefas rapidamente.
Noções de Informática 8
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APOSTILAS OPÇÃO
Noções de Informática 9
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APOSTILAS OPÇÃO
Comunicações.
Ficar online com o Windows 7 Home é mais fácil. A
Microsoft inclui um programa chamado Windows Connect
Now, um guia na tela, passo a passo para ajustar sua rede de
trabalho em casa, seja por uma conexão sem ou com fio. O
Windows 7 Home possui o Internet Explorer da Microsoft, mas
não tem um programa de e-mail automaticamente instalado.
Você pode, no entanto, adicionar o Windows Live Essentials de
graça, que inclui o Messenger, Live Photo Gallery e Windows
Live Mail, sendo esse o substituto do Outlook Express no
Windows 7.
Entretenimento.
O WIndows 7 Home vem com o Windows Media Center,
que inclui o Windows Media Player 12, Windows Movie Maker
e Windows Internet TV. O último permite que transmita séries
de TV de uma variedade de provedores de mídia, incluindo A janela do Paint.
Netflix, usando sua conexão de internet (é necessário pagar
por assinaturas dos serviços). O Windows 7 possui jogos Trabalhando com ferramentas
também, do clássico Solitaire à nova versão online multiplayer A faixa de opções do Paint inclui diversas ferramentas de
de Checkers, Backgammon e Spades. Os jogos online requerem desenho úteis. Você pode usá-las para criar desenhos à mão
uma conta Windows Live. livre e adicionar várias formas às imagens.
Noções de Informática 10
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APOSTILAS OPÇÃO
2. Para adicionar uma forma pronta, arraste o ponteiro configurações e os programas de acessibilidade incluídos no
pela área de desenho para criar a forma. Windows. Há também um link para um questionário que o
3. Para alterar o estilo do contorno, no grupo Formas, Windows pode usar para ajudar a sugerir configurações que
clique em Contorno e clique em um dos estilos de contorno. poderão lhe ser úteis.
Caso não queira que sua forma tenha um contorno, clique Para abrir a Central de Facilidade de Acesso, clique no
em Sem contorno. botão Iniciar, em Painel de Controle, Facilidade de Acesso e
4. No grupo Cores, clique em Cor 1 e em uma cor a ser Central de Facilidade de Acesso.
usada no contorno. Use o computador sem tela. O Windows é fornecido com
5. No grupo Cores, clique em Cor 2 e depois na cor a ser um leitor básico de tela chamado Narrator, que lê em voz alta
usada no preenchimento da forma. o texto mostrado na tela. O Windows também tem
6. Para alterar o estilo do preenchimento, no grupo configurações para fornecer descrições de áudio sobre vídeos
Formas, clique em Preenchimento e em um dos estilos de e controlar a maneira como as caixas de diálogo são mostradas.
preenchimento. Além disso, muitos outros programas e hardware são
Caso não queira que sua forma tenha um preenchimento, compatíveis com o Windows e estão disponíveis para ajudar
clique em Sem preenchimento. indivíduos cegos, incluindo leitores de tela, dispositivos de
saída em Braile e muitos outros produtos úteis.
Adicionar texto Torne o computador mais fácil de ver. Há várias
Você pode adicionar texto à sua imagem. A ferramenta configurações disponíveis para facilitar a visualização das
Texto permite que você adicione uma mensagem ou um título informações na tela. Por exemplo, a tela pode ser ampliada, as
simples. cores podem ser ajustadas para facilitar a visualização e a
1. Na guia Início, no grupo Ferramentas, clique na leitura da tela, e animações e imagens de plano de fundo
ferramenta Texto. desnecessárias podem ser removidas.
2. Arraste o ponteiro na área de desenho onde você deseja Use o computador sem mouse ou teclado. O Windows
adicionar texto. inclui um teclado virtual que você pode usar para digitar. Você
3. Em Ferramentas de Texto, na guia Texto, clique no tipo, também pode usar o Reconhecimento de Fala para controlar o
tamanho e estilo de fonte no grupo Fonte. computador com comandos de voz, além de ditar texto para
4. No grupo Cores, clique em Cor 1 e depois em uma cor. programas.
Essa será a cor do texto. Facilite o uso do mouse. Você pode alterar o tamanho e a
5. Digite o texto a ser adicionado. cor do ponteiro do mouse e usar o teclado para controlar o
mouse.
Apagar parte da imagem Facilite o uso do teclado. Você pode ajustar a maneira
Se você cometer um erro ou simplesmente precisar alterar como o Windows responde à entrada do mouse ou do teclado
parte de uma imagem, use a borracha. Por padrão, a borracha para facilitar o pressionamento de combinações de teclas e a
altera para branco qualquer área que você apagar, mas é digitação, e para ignorar teclas pressionadas por engano.
possível alterar a cor dela. Por exemplo, se você definir a cor Use textos e alternativas visuais aos sons. O Windows pode
do segundo plano como amarelo, qualquer item apagado se substituir dois tipos de informações de áudio por itens visuais
tornará amarelo. equivalentes. É possível substituir os sons do sistema por
1. Na guia Início, no grupo Ferramentas, clique na alertas visuais e exibir legendas de texto para o diálogo falado
ferramenta Borracha. em programas de multimídia.
2. No grupo Cores, clique em Cor 2 e depois na cor a ser Facilite a concentração em tarefas de leitura e digitação. Há
usada para apagar. Para apagar com branco, não é preciso várias configurações que podem ajudar a facilitar a
selecionar uma cor. concentração na leitura e na digitação. Você pode usar o
3. Arraste o ponteiro sobre a área que deseja apagar. Narrator para ler as informações da tela, ajustar a maneira
como o teclado responde a determinados pressionamentos de
Salvando uma imagem tecla e controlar se determinados elementos visuais serão
Salve a imagem com frequência para evitar que você perca exibidos.
acidentalmente seu trabalho. Para salvar, clique no botão Paint
e depois em Salvar. Serão salvas todas as alterações feitas na Tecnologias assistenciais.
imagem desde a última vez em que ela foi salva. Além da Central de Facilidade de Acesso, o Windows conta
Ao salvar uma nova imagem pela primeira vez, você com três programas que podem facilitar a interação com seu
precisará dar um nome de arquivo a ela. Siga estas etapas: computador.
1. Clique no botão Paint e depois em Salvar. - Lupa. A Lupa é um programa que amplia a tela do
2. Na caixa Salvar como tipo, selecione o formato de computador, facilitando a leitura.
arquivo desejado. - Narrator. O Narrator é um programa que lê em voz alta o
3. Na caixa Nome do arquivo, digite o nome do arquivo e texto exibido na tela.
clique em Salvar. - Teclado Virtual. O Teclado Virtual é um programa que
permite o uso do mouse ou de outro dispositivo para interagir
FERRAMENTAS DE ACESSIBILIDADE. com um teclado exibido na tela.
Noções de Informática 11
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APOSTILAS OPÇÃO
área de trabalho e o modo de lente amplia determinadas áreas. 05. (UFAC - Auxiliar em Administração - MS
Na janela Lupa, é possível clicar em botões e inserir texto como CONCURSOS). Para abrir a janela do Executar do Microsoft
você faria normalmente. Windows devemos pressionar qual combinação de teclas:
(A) Windows + A
Teclado Virtual. (B) Windows + E
O Teclado Virtual permite a você "teclar sem teclado" (C) Windows + M
podendo escolher um dos vários métodos de entrada (D) Windows + P
diferentes: modo de clique, modo de foco e modo de (E) Windows + R
digitalização. Com o Windows Touch e o hardware certo,
também é possível inserir texto, tocando diretamente a tela. E Respostas
a previsão de texto agiliza as coisas: digite as primeiras letras 01. A\ 02. D\03. C\04. E\05. E
de uma palavra, e o Windows a completará para você.
A previsão de texto no Teclado Virtual não está incluída no WINDOWS EXPLORER3
Windows 7 Home Basic.
O programa Windows Explorer ou Explorando é o
Questões gerenciador de arquivos e pastas do sistema Windows, ou seja,
é utilizado para a cópia, exclusão, organização, movimentação
01. (Prefeitura de Duque de Caxias - Auxiliar e todas as atividades de gerenciamento de arquivos, podendo
Administrativo - CONSULPLAN). Nos sistemas operacionais também ser utilizado para a instalação de programas.
da Microsoft, Configuração Padrão – Idioma Português Brasil, O Windows Explorer é fundamental para a sua interação
as teclas de atalho também são importantes aliadas para com o sistema operacional. Sem ele não seria tão fácil copiar,
agilizar as tarefas a serem executadas no computador. Nos excluir, organizar ou movimentar os arquivos armazenados no
teclados existe uma tecla chamada “tecla Windows”, onde seu computador.
aparece o símbolo padrão da Microsoft. A combinação dessa É verdade que existem alternativas para o Explorer, mas o
tecla com algumas outras abrem/executam algumas funções, “bom e velho” gerenciador de arquivos da Microsoft ainda é a
que para serem acessadas pelos caminhos normais poderiam preferência da maioria esmagadora das pessoas. Contudo,
levar mais tempo, como a Pesquisa e o Comando Executar. As muitos desses adeptos do Explorer não utilizam todo o seu
teclas que são acionadas em conjunto com a “tecla Windows” potencial.
para acessar o Comando Pesquisar e o Comando Executar no Vejamos algumas para explorar esse mecanismo do
Windows 7 são, respectivamente: Windows.
(A) <Janela Windows> + <F>; <Janela Windows> + <R>.
(B) <Janela Windows> + <R>; <Janela Windows> + <D>. Movimentação entre Pastas
(C) <Janela Windows> + <D>; <Janela Windows> + <M>.
(D) <Janela Windows> + <M>; <Janela Windows> + <F>. Todo o funcionamento do Windows Explorer gira em torno
da sua capacidade de transitar entre as pastas salvas no disco
02. (EMBASA - Agente Administrativo – IBFC). Nos de armazenamento. Geralmente, as pessoas utilizam o mouse
últimos anos, o Sistema Operacional Windows tem evoluído o para navegar entre os diretórios. Todavia, essa não é a única
seu software, adotando a cada versão um nome diferente. forma de pular de uma pasta para outra com este recurso do
Assinale, das alternativas abaixo, a única que NÃO identifica sistema.
corretamente um desses nomes adotados para o Sistema A combinação Alt + seta direcional para cima abre um nível
Operacional Windows. de pasta superior. Digamos que você esteja com o diretório
(A) Windows XP C:\Windows\Temp aberto. Ao pressionar esse comando, o
(B) Windows 7 Explorer abre automaticamente o local C:\Windows.
(C) Windows Vista
(D) Windows Vision
3 https://www.tecmundo.com.br/windows-7/16903-11-dicas-para-voce-ficar-
craque-no-explorer-do-windows-7-video-.htm
Noções de Informática 12
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APOSTILAS OPÇÃO
Modo de Pré-visualização
Silenciando o Explorer
Noções de Informática 13
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APOSTILAS OPÇÃO
caso esteja escutando música ou assistindo a vídeos e 1. Na janela do Windows Explorer, clique em “Organizar” e
necessite navegar por algumas pastas. selecione “Opções de pastas e pesquisa”;
É possível silenciar o gerenciador de arquivos do 2. Acesse a aba “Modo de Exibição” e, na seção “Pastas e
Windows. A primeira coisa a ser feita é digitar “mmsys.cpl” arquivos ocultos”, marque a caixa de diálogo referente a “Usar
(sem aspas) no campo “Pesquisar programas e arquivos” do as caixas de seleção para selecionar itens”;
Menu Iniciar e pressionar a tecla Enter. 3. Pressione os botões “Aplicar” e “OK” para confirmar a
alteração.
Feito isso, é aberta a janela de propriedades sonoras da Assim, sempre que posicionar o cursor do mouse sobre um
plataforma. Clique na aba “Sons” e encontre a seção “Windows arquivo, será exibida uma pequena caixa de marcação sobre
Explorer”. Selecione o efeito sonoro a ser desativado, clique no ele.
menu referente a “Sons:” e o defina como “Nenhum”. Para
finalizar, pressione os botões “Aplicar” e “OK”. Evitando Travamentos do Explorer
Adicione Links e Programas aos Favoritos É muito provável que em algum momento da sua
Assim como nos navegadores, o Windows Explorer possui experiência com o Windows você tenha passado pela
uma área destinada à criação de atalhos para os conteúdos incômoda situação em que uma das janelas do Explorer trava,
mais acessados. Para adicionar uma pasta a essa seção, basta deixando as demais inacessíveis. O Windows oferece um
você arrastar o diretório desejado para o item “Favoritos” com mecanismo para amenizar o transtorno ocasionado.
o ícone de uma estrela, localizado na parte superior esquerda A função consiste na abertura das pastas em processos
da janela. diferentes, algo parecido com o que acontece com as abas do
Contudo, pode-se acrescentar programas a tal função: Google Chrome, fazendo com que cada janela opere
1. Abra o Menu Iniciar, digite “C:\Users\(Seu independentemente. Dessa forma, caso uma delas trave, as
Usuário)\Links” no campo “Pesquisar programas e arquivos” outras não são afetadas.
e pressione Enter; O procedimento a ser seguido é este:
2. Cole os atalhos dos softwares que deseja na pasta 1. Abra uma janela qualquer do Explorer, clique em
apresentada. “Organizar” e em seguida selecione o campo “Opções de pasta
e pesquisa”;
2. Na pequena janela exibida, acesse a aba “Modo de
exibição”;
3. Agora, basta encontrar a opção “Iniciar as janelas de
pastas em um processo separado” e deixá-la marcada.
Pressione “Aplicar” e “OK” para que as mudanças entrem em
ação.
Noções de Informática 14
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APOSTILAS OPÇÃO
2. Conhecimento do editor
de textos Microsoft Word
2007: criar, salvar, editar e
apagar documentos; sumário
e índice; formatação e
impressão.
WORD 2007
Na verdade, pode-se substituir o texto antes do ponto, que
no exemplo citado acima foi “GodMod”, pelo que quiser. O
O Word 2007 em comparação com seu antecessor o 2003
importante é manter o comando entre colchetes.
teve uma grande mudança no quesito visual, exibindo um novo
Segue algumas dicas simples e funcionais acionadas pelas
viasual para os menus, agora divididos em abas. O formato do
teclas F:
arquivo de texto também foi alterado, sendo agora utilizado o
- F3: abre a barra de pesquisa por arquivos na pasta atual;
.docx na extensão dos arquivos e não mais o .doc, isso fez com
- F4: exibe a lista da Barra de endereços da janela do
que os arquivos da nova versão ocupem menos espaço no HD
Explorer;
do usuário.
- F5: atualiza a janela ativa;
Agora também é possível converter seus documentos do
- F11: apresenta a janela no modo tela cheia.
Word em PDF ou em XPS
Questões
O Office Word 2007 oferece suporte à exportação do
arquivo nos seguintes formatos:
01. (SERGAS - Engenheiro - IESES/2016) Segundo o Guia
Portable Document Format (PDF) - O PDF é um formato de
de Produto Microsoft do Windows 7, com um mecanismo de
arquivo eletrônico de layout fixo que preserva a formatação do
pesquisa aprimorado e este recurso do Windows, o usuário
documento e habilita o compartilhamento de arquivo. O
não tem que ler inúmeros resultados até encontrar os arquivos
formato PDF garante que quando o arquivo for visualizado
ou programas que está procurando. Não importa onde os
online ou impresso, ele retém exatamente o formato
arquivos estão localizados no computador ou na rede;
pretendido e que os dados no arquivo não possam ser
encontrá-los torna-se muito fácil. Este recurso é denominado
facilmente alterados. O formato PDF também é usado para
de:
documentos que serão reproduzidos usando métodos de
(A) Windows Live Essentials
impressão comercial.
(B) Internet Explorer 8
(C) Windows Media Player
(D) Windows Explorer
Noções de Informática 15
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APOSTILAS OPÇÃO
Reutilizar formatação
Use o Pincel para copiar a formatação do texto de uma área
do documento e aplicá-la a outra.
Selecione o texto que possui a formatação que você deseja
aplicar a outras áreas.
Na guia Página Inicial, no grupo Área de Transferência,
clique em Pincel...
Noções de Informática 16
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APOSTILAS OPÇÃO
Os principais elementos de um documento complexo - Na caixa de diálogo Configurar Página, clique em Padrão.
incluem cabeçalhos e rodapés, números de página, citações,
equações, uma bibliografia, um sumário e um índice. Você As novas configurações padrão são salvas no modelo em
também pode empregar qualquer um desses elementos para que o documento se baseia. Cada novo documento baseado
criar um modelo de documento, que você pode usar nesse modelo automaticamente usa as novas configurações de
repetidamente. É possível obter mais informações sobre todos margem.
esses elementos adicionais de documentos digitando qualquer
um dos seguintes termos na caixa Pesquisa enquanto você está Espaçamento Entre Linhas
usando o Word.
Se uma linha contiver um caractere de texto, um elemento
Abrir um Novo Documento gráfico ou uma fórmula grande, o Microsoft Office Word
aumenta o espaçamento dessa linha.
Clique no Botão Microsoft Office e, em seguida, clique em Selecione o parágrafo para o qual deseja alterar o
Novo. espaçamento entre linhas.
Clique duas vezes em Documento em branco. Na guia Página Inicial, no grupo Parágrafo, clique em
Espaçamento entre Linhas.
Para usar um modelo como ponto de partida, siga um
destes procedimentos:
Clique no Botão Microsoft Office e, em seguida, clique em
Novo.
Em Modelos, siga um destes procedimentos:
- Clique em Modelos Instalados para selecionar um modelo
que esteja disponível em seu computador. Imagem da Faixa de Opções do Word
- Clique em um dos links em Microsoft Office Online, como
Panfletos ou Cartas e papel timbrado. Siga um destes procedimentos:
- Para aplicar uma nova configuração, clique no número
Salvar desejado de espaços da linha.
- Por exemplo, se você clicar em 1.0, o texto selecionado
Se você fizer alterações em um modelo que foi baixado por terá espaçamento simples.
download, será possível salvá-lo em seu computador e usá-lo - Para definir medidas de espaçamento mais precisas,
novamente. É fácil encontrar todos os seus modelos clique em Opções de Espaçamento entre Linhas e selecione as
personalizados clicando em Meus modelos na caixa de diálogo opções desejadas em Espaçamento entre linhas.
Novo Documento. Para salvar um modelo na pasta Meus
modelos, siga este procedimento: Espaçamento Entre Linhas
Clique no Botão Microsoft Office e, em seguida, clique em
Salvar como. Simples: Essa opção acomoda a maior fonte na linha, além
Na caixa de diálogo Salvar como, clique em Modelos de uma pequena quantidade de espaço adicional. A quantidade
Confiáveis. de espaço adicional varia de acordo com a fonte usada.
Na lista Salvar como tipo, selecione Modelo do Word. 1,5 linhas: Essa opção é uma vez e meia maior que o
Digite um nome para o modelo na caixa Nome do arquivo espaçamento simples entre linhas.
e clique em Salvar. Duplo: Essa opção é duas vezes o espaçamento simples
entre linhas.
Margens de Páginas Pelo menos: Essa opção define o espaçamento mínimo
entre as linhas que é necessário para acomodar a maior fonte
Se você estiver alterando as margens de um documento ou elemento gráfico na linha.
inteiro dividido em seções, pressione CTRL+A para selecionar Exatamente: Essa opção define um espaçamento fixo
o documento inteiro antes de começar. entre linhas que o Word não ajusta.
Na guia Layout da Página, no grupo Configurar Página, Múltiplos: Essa opção define um espaçamento entre
clique em Margens. linhas que é aumentado ou diminuído, com relação a um
espaçamento simples, de acordo com uma porcentagem
especificada. Por exemplo, se você definir o espaçamento
como 1,2, o espaço será aumentado em 20%.
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APOSTILAS OPÇÃO
Remover as bordas da tabela de toda a tabela Em Em Ferramentas de Tabela, clique na guia Layout.
Ferramentas de Tabela, clique na guia Layout. No grupo Linhas e colunas, clique em Excluir e clique em
No grupo Tabela, clique em Selecionar e clique em Excluir células, Excluir linhas ou Excluir colunas, conforme
Selecione a tabela. apropriado.
Em Ferramentas de Tabela, clique na guia Design. Mesclar células
No grupo Estilos de tabela, clique em Bordas e clique em Você pode combinar duas ou mais células na mesma linha
Sem borda. ou coluna em uma única célula. Por exemplo, você pode
Adicionar bordas de tabela apenas às células especificadas mesclar várias células horizontalmente para criar um título de
Na guia Página Inicial, no grupo Parágrafo, clique em tabela que ocupe várias colunas.
Mostrar/Ocultar. Selecione as células que deseja mesclar clicando na borda
Selecione as células que deseja, incluindo seus marcadores esquerda de uma célula e arrastando até as outras células que
de fim de célula. deseja.
Em Ferramentas de Tabela, clique na guia Design. Em Ferramentas de Tabela, na guia Layout, no grupo
No grupo Estilos de tabela, clique em Bordas e clique na Mesclar, clique em Mesclar Células.
borda que deseja adicionar.
Dividir células
Remover bordas de tabela apenas das células especificadas Clique em uma célula ou selecione várias células que você
Na guia Página Inicial, no grupo Parágrafo, clique em deseje dividir.
Mostrar/Ocultar. Em Ferramentas de Tabela, na guia Layout, no grupo
Imagem da Faixa de Opções do Word Mesclar, clique em Dividir Células.
Selecione as células que deseja, incluindo seus marcadores Insira o número de colunas ou de linhas em que deseja
de fim de célula. dividir as células selecionadas.
Selecionar uma célula
Em Ferramentas de Tabela, clique na guia Design. Repetir um título de tabela em páginas subsequentes
No grupo Estilos de tabela, clique em Bordas e clique em Ao trabalhar com uma tabela muito longa, ela será dividida
Sem borda. sempre que uma quebra de página ocorrer. É possível fazer
ajustes na tabela de modo que os títulos da tabela sejam
Exibir ou Ocultar Linhas repetidos em cada página.
Os títulos de tabela repetidos são visíveis apenas no modo
As linhas de grade mostram os limites da célula de uma de exibição layout de impressão e ao imprimir o documento.
tabela na tela sempre que a tabela não tiver bordas aplicadas. Selecione a linha ou as linhas de título. A seleção deve
Se você ocultar as linhas de grade em uma tabela que possui incluir a primeira linha da tabela.
bordas, você não verá a mudança porque as linhas de grade Em Ferramentas de Tabela, na guia Layout, no grupo
estão atrás das bordas. Para exibir as linhas de grade, remova Dados, clique em Repetir Linhas de Título.
as bordas.
Ao contrário das bordas, as linhas de grade aparecem Controlar em que local uma tabela é dividida
apenas na tela; elas nunca são impressas. Se você desativar as Ao trabalhar com uma tabela muito longa, ela deve ser
linhas de grade, a tabela será exibida da mesma que forma que dividida sempre que uma quebra de página ocorrer. Por
padrão, se a quebra de página ocorrer em uma linha grande, o
será impressa. Microsoft Word permitirá que a quebra divida a linha entre as
duas páginas.
Adicionar uma célula, linha ou coluna É possível fazer ajustes na tabela para verificar se as
Adicionar uma célula informações aparecem da maneira desejada quando ela
Clique em uma célula localizada à direita ou acima de onde ocupar muitas páginas.
deseja inserir uma célula. Evitar a quebra de uma linha de tabela entre páginas Clique
Em Ferramentas de Tabela, na guia Layout, clique no na tabela.
Iniciador de Caixa de Diálogo Linhas e Colunas. Em Ferramentas de Tabela, clique na guia Layout.
No grupo Tabela, clique em Propriedades e clique na guia
Adicionar uma linha Linha.
Clicar em uma célula localizada abaixo ou acima de onde Desmarque a caixa de seleção Permitir quebra de linha
deseja adicionar uma linha. entre páginas.
Em Ferramentas de Tabela, clique na guia Layout. Forçar a quebra de uma linha específica de tabela entre
Siga um destes procedimentos: páginas
- Para adicionar uma linha acima da célula na qual clicou, Clique na linha que deseja que apareça na próxima página.
no grupo Linhas e colunas, clique em Inserir acima. Pressione CTRL+ENTER.
- Para adicionar uma linha abaixo da célula na qual clicou,
no grupo Linhas e colunas, clique em Inserir abaixo. Questões
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4
Fonte: Conteúdo retirado do suporte da Microsoft: https:// support.office.com/pt-
BR
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APOSTILAS OPÇÃO
Dinâmica. Além disso, a alteração do layout de uma Tabela Salvando em formato PDF e XPS
Dinâmica é muito mais fácil na nova interface do usuário.
Gráficos Dinâmicos: Assim como as Tabelas Dinâmicas, Você pode salvar um arquivo PDF ou XPS a partir de um
os Gráficos Dinâmicos são muito mais fáceis de criar na nova programa do Sistema Microsoft Office 2007 somente depois de
interface do usuário. Todos os aprimoramentos de filtragem instalar um suplemento.
também estão disponíveis para Gráficos Dinâmicos. Quando
você cria um Gráfico Dinâmico, menus de contexto e Operadores de cálculo e precedência
ferramentas de Gráfico Dinâmico específicos estão disponíveis
para a análise dos dados no gráfico. Além disso, é possível Os operadores especificam o tipo de cálculo que você
alterar o layout, estilo e formato do gráfico ou de seus deseja efetuar nos elementos de uma fórmula. Há uma ordem
elementos da mesma maneira como em um gráfico normal. No padrão na qual os cálculos ocorrem, mas você pode alterar
Office Excel 2007, a formatação de gráfico aplicada é essa ordem utilizando parênteses.
preservada quando você faz alterações no Gráfico Dinâmico, o
que é uma melhoria em relação a esse recurso em versões Tipos de operadores
anteriores do Excel.
Há quatro diferentes tipos de operadores de cálculo:
Novos formatos de arquivo aritmético, comparação, concatenação de texto e referência.
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APOSTILAS OPÇÃO
DICA: Para uma operação ter precedência no cálculo, use calculada na qual essa fórmula é instantaneamente aplicada a
parênteses em torno dessa operação. Por exemplo, digite todas as outras células nessa coluna de tabela.
=(10+5)*2 ou =(A1+B1)*C 1.
- Quando a fórmula estiver concluída, pressione ENTER.
Por padrão, o valor resultante da fórmula aparece na célula
selecionada, e a fórmula em si é exibida na barra de fórmulas.
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Gabarito
01 . C\02. C\03. C\04. D\05. B
4. Conhecimento de
Internet e do Internet
Explorer 11 para Windows 7;
(A) 7 / 12 / 9
(B) 12 / 27 / 14
(C) 15 / 45 / 35 INTERNET EXPLORER5
(D) 42 / 39 / 26
(E) 65 / 15 / 45 O mais recente navegador da Microsoft, incialmente
lançado apenas ao Windows 8 e 8.1, agora atende também os
03. (FUNDUNESP - Técnico Administrativo- VUNESP) usuários do Windows 7. O Internet Explorer 11 passou de sua
Observe a planilha a seguir, sendo editada no MS- Excel, em versão preview para sua edição final: adicione sites fixos à sua
sua configuração padrão. barra de ferramentas, coloque a velocidade melhorada de
navegação do browser à prova e tenha acesso também a
ferramentas para o desenvolvimento de aplicações online.
Sites fixos
Outro dos recursos de Internet Explorer 11 é a
possibilidade de anexar à sua barra de tarefas sites fixos.
Significa que você vai poder selecionar seus portais favoritos e
acessá-los facilmente sem executar os serviços de busca do IE
11. Para que endereços possam ficar visíveis, apenas segure
um clique sobre a aba da página visitada e arraste a seleção
Assinale a alternativa que contém o valor exibido na célula para a sua barra de tarefas. Pronto.
A3, após ser preenchida com a fórmula =SE (A2 - B1;3;5)
(A) 1
(B) 2
5
Fonte: http://www.baixaki.com.br/download/internetexplorer-11-para-windows-
7.htm
Noções de Informática 28
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APOSTILAS OPÇÃO
Sugestão de sites
Tela do IE 11 no Windows 7
2. Barra de endereços
A barra de endereços é o seu ponto de partida para navegar
pela Internet. Ela combina barra de endereços e caixa de
pesquisa para que você possa navegar, pesquisar ou receber
sugestões em um só local. Ela permanece fora do caminho
quando não está em uso para dar mais espaço para os sites.
Para que a barra de endereços apareça, passe o dedo de baixo
para cima na tela ou clique na barra na parte inferior da tela se
estiver usando um mouse. Há três maneiras de utilizá-la:
IE 11 com três sites sendo visualizados, cada um separado em uma guia diferente
6
Fonte: http://windows.microsoft.com/pt-br/windows-8/ browse-web-internet-
explorer-tutorial
Noções de Informática 29
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APOSTILAS OPÇÃO
- Arquivo
Dá acesso as opções de exibição e visualização do
navegador.
- Zoom
Permite configurar o tamanho que aparece as informações
da página.
- Segurança
Configurações de segurança para navegação.
Interagir em redes sociais, fazer compras, estudar,
compartilhar e trabalhar: você provavelmente faz tudo isso
diariamente na Internet, o que pode disponibilizar suas
informações pessoais para outras pessoas. O Internet Explorer
ajuda você a se proteger melhor com uma segurança reforçada
e mais controle sobre sua privacidade. Estas são algumas das
Tela de configuração da impressão
Noções de Informática 30
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APOSTILAS OPÇÃO
maneiras pelas quais você pode proteger melhor a sua Guia privacidades dá o controle sobre cookies e pop-ups
privacidade durante a navegação: Guia conteúdo permite configurar o uso de certificados,
preenchimento automático e Feeds.
Guia conexão permite gerenciar com qual conexão será
realizado o acesso à internet.
Guia programas permite configurar os programas que
funcionam em conjunto com o IE e seus complementos.
Guia avançadas – Traz opções mais complexas de
configurações do IE
vídeos ou outros tipos de conteúdo a ela diretamente do 04. (CBTU-METROREC - Técnico de Gestão –
Internet Explorer, sem sair da página em que você está. Administração – CONSULPLAN) Considere a imagem do site
Passe o dedo desde a borda direita da tela e toque em de busca BING carregada no navegador Internet Explorer 11
Compartilhar. (Se usar um mouse, aponte para o canto (configuração padrão).
superior direito da tela, mova o ponteiro do mouse para baixo
e clique em Compartilhar.)
Toque ou clique em Lista de Leitura e, em seguida, em
Adicionar. O link para o conteúdo será armazenado na Lista de
Leitura.
No Internet Explorer 11 é possível acessar o menu clássico
pressionando a tecla ALT.
Questões
Respostas
01- E\02. C\03. C\04. A\05. B
5. Operações de correio
eletrônico no Microsoft Office
Outlook 2007: receber e
enviar mensagens; anexos;
(A) O botão 1 permite ativar a atualização da página atual. catálogo de endereços;
(B) O botão 2 interrompe a carga em andamento. organização das mensagens.
(C) O botão 3 permite o acesso ao histórico das páginas
encerradas.
(D) Os botões 2 e 4 possuem a mesma função.
(E) O botão 5 permite acesso ao Favoritos. OUTLOOK 2007
Noções de Informática 32
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APOSTILAS OPÇÃO
Além disso, você também pode compartilhar seu - Mobilidade das categorias de cores: As categorias de
calendário com a família e os colegas através da Internet. cores são salvas no seu arquivo de dados padrão e não mais no
O Outlook faz parte do “Office”, uma suíte de produtos que Registro do Windows. Se você usa uma conta do Microsoft
combina diversos tipos de softwares para a criação de Exchange, suas categorias agora ficam disponíveis em todos os
documentos, planilhas e apresentações, e para o computadores em que você trabalhar.
gerenciamento de e-mails. - Interface de usuário orientada a resultados: O Office
O Outlook pode gerenciar não apenas seus e-mails, Outlook 2007 tem uma interface do usuário reformulada que
contatos e calendário de forma centralizada, mas também torna ainda mais fácil e intuitiva a redação, a formatação e o
pode gerenciar todas as informações trocadas usando seu trabalho com emails. Você pode acessar todos os recursos
computador, como notícias e artigos de blog distribuídos na sofisticados do Outlook em um único lugar fácil de achar
Internet e sessões de chat do serviço de mensagens dentro da mensagem de email.
instantâneas. Além disso, se você adicionar recursos, poderá - Visualização de anexos: Usando o novo Pré-visualizador
gerenciar informações trocadas usando um telefone celular, de Anexo, você pode visualizar anexos diretamente do Painel
telefone IP e PDA ou Smartphone carregados com o Windows de Leitura com apenas um clique. Esse aprimoramento poupa
Mobile. tempo e permite que você visualize os anexos no contexto da
mensagem de email.
O que há de novo no Microsoft Office Outlook 20071 - Painel de Navegação minimizado: O Painel de Navegação
pode ser minimizado em uma barra de botões vertical para
Com o Microsoft Office Outlook 2007, você tem um que você tenha mais espaço de trabalho e ainda possa acessar
gerenciador completo de horários e informações. Usando os rapidamente as Pastas Favoritas e outros modos de exibição.
novos recursos, como Pesquisa Instantânea e Barra Tarefas - Nomes em Yomi: O Office Outlook 2007 oferece suporte a
Pendentes, você pode organizar e localizar de forma imediata nomes em Yomi japonês em Contatos.
as informações necessárias. Os novos recursos de - Mudança na exibição da semana no Calendário: O Office
compartilhamento de calendário, a tecnologia do Microsoft Outlook 2007 apresenta uma nova exibição de semana. A
Exchange Server 2007 e o acesso avançado às informações do antiga exibição de semana tinha um layout de dias com duas
Windows SharePoint Services 3.0 permitem que você colunas, parecendo uma agenda. A nova é semelhante às
compartilhe com segurança dados armazenados no Office exibições de semana de trabalho das versões anteriores
Outlook 2007 com colegas de trabalho, amigos e parentes, não - Nível de detalhe padrão: O nível de detalhe padrão da
importa onde eles estejam. Com o Office Outlook 2007, fica exibição de mês mudou.
mais fácil priorizar e controlar seu tempo, assim você pode se
concentrar em coisas mais importantes. Este artigo apresenta Gerencie facilmente as prioridades diárias
uma visão geral do Office Outlook 2007, com ênfase nos
recursos novos e nos que foram aprimorados. - Barra de Tarefas Pendentes: A nova Barra de Tarefas
Pendentes integra suas tarefas, mensagens de email
Gerencie o seu tempo e as informações sinalizadas para acompanhamento, compromissos agendados
e informações do calendário em um lugar conveniente. Ela
Para ajudar você a gerenciar melhor seu tempo e suas também inclui tarefas do programa de anotações Microsoft
informações, o Office Outlook 2007 oferece inúmeros recursos Office OneNote 2007, do Microsoft Office Project 2007 e dos
novos e aprimorados, desde a Pesquisa Instantânea à sites do Windows SharePoint Services 3.0. A Barra de Tarefas
integração de tarefas do calendário. Com esses recursos, é Pendentes oferece uma visão consolidada de suas prioridades
mais fácil localizar, gerenciar, priorizar e trabalhar com o do dia.
volume de informações com o qual você se depara todos os - Sinalizando email para acompanhamento: Os
dias. sinalizadores agora são mais úteis no Outlook. Você pode usar
um sinalizador para criar um item para acompanhamento que
Localize rapidamente as informações necessárias pode ser rastreado pela Barra de Tarefas Pendentes, pela sua
Caixa de Entrada e até pelo Calendário. Eles também são úteis
- Pesquisa Instantânea: O Office Outlook 2007 fornece um para configurar lembretes para você mesmo e para outras
novo meio para localizar informações, não importa em que pessoas.
pasta elas estejam. Agora, o Outlook utiliza a mesma tecnologia - Integração de tarefas no Calendário: O Office Outlook
do Microsoft Windows para apresentar resultados 2007 integra as tarefas do calendário em uma Lista de Tarefas
independentemente do tamanho da caixa de correio. Além Diárias para que você possa exibi-las abaixo dos
disso, um visual avançado exibe cada resultado da pesquisa compromissos e das reuniões diárias. Para reservar um
imediatamente, assim que ele é disponibilizado, enquanto a horário para trabalhar na tarefa, basta arrastá-la para o
pesquisa continua em execução. A pesquisa aparece no mesmo calendário. Quando você terminar a tarefa, ela ficará associada
lugar, independentemente do ponto do Outlook em que você a esse determinado dia, proporcionando um registro visual do
esteja. Também é possível encaminhar a pesquisa para o trabalho realizado. As tarefas que você não concluir serão
Windows Desktop Search para realizar uma busca mais ampla adiadas para o dia seguinte e se acumularão até você marcá-
no computador inteiro. las como concluídas.
- Categorias de Cores: As novas Categorias de Cores são - Recursos de agendamento aprimorados: Os recursos de
uma forma visual e rápida de personalizar itens e distingui-los agendamento aprimorados do Office Outlook 2007 e do
uns dos outros, facilitando sua localização. Suponhamos, por Exchange 2007 são úteis para você programar reuniões com
exemplo, que você queira atribuir uma categoria de cor para mais facilidade e em menos tempo. Se você usa o Exchange
todos os itens relacionados a um determinado projeto. Você 2007, as programações dos participantes são analisadas e
pode adicionar a mesma categoria de cor a itens de email, então são recomendados a hora e o local ideais para a reunião.
calendário e tarefas para encontrar com mais facilidade todos Inúmeras melhorias feitas no Office Outlook 2007 tornam o
os itens desse projeto de uma vez. Se você precisar localizar uso do calendário mais fácil para quem utiliza o Exchange
informações mais tarde, pode fazer uma pesquisa e uma 2003 ou o Exchange 2007. Se forem feitas alterações no local
classificação por Categorias de Cores para identificar de rápida ou na pauta da reunião, os participantes receberão uma
e visualmente aquilo que está procurando. atualização informativa em vez de terem de aceitar novamente
Noções de Informática 33
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Noções de Informática 35
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APOSTILAS OPÇÃO
Você pode configurar o Outlook 2007 manualmente para - Na página Adicionar Novas Configurações de Email,
acessar sua conta de email usando POP3 ou IMAP4. clique em Avançar.
- Na página Parabéns, clique em Concluir. Feche a caixa de
OBSERVAÇÃO: Se você estiver usando o Outlook 2007, diálogo Configurações da Conta.
poderá ser capaz de se conectar usando o Exchange, em vez de - Na página Configurações de Conta, clique em Fechar.
POP3 ou IMAP4. Conectar-se usando uma conta do Exchange - Se você estiver usando IMAP4, será exibida uma
permite que você use os recursos de calendário e outros de mensagem perguntando se você deseja baixar pastas para o
colaboração que não seriam fornecidos caso você se servidor de email adicionado. Clique em Sim. Use a interface
conectasse por meio de IMAP4 ou POP3. do usuário do Outlook 2007 para selecionar as pastas a serem
Abra o Outlook. A caixa de diálogo Configurações da Conta sincronizadas entre o servidor e seu computador local e clique
será aberta na primeira vez em que você abrir o Outlook. em OK.
Caso a caixa de diálogo Configurações da Conta não abra Para obter mais informações sobre como usar o Outlook
quando o Outlook for aberto pela primeira vez, siga este 2007, consulte a documentação da Ajuda fornecida com o
procedimento: Outlook 2007.
No menu Ferramentas, clique em Configurações de Conta. Localizar as configurações do seu servidor POP ou IMAP
Na caixa de diálogo Configurações da Conta, na guia Email, Se você estiver se conectando ao seu email do Office 365,
clique em Novo. não precisará procurar suas configurações. Para o Office 365,
Na página Escolher Serviço de Email, verifique se Microsoft o nome dos servidores IMAP e POP é outlook.office365.com e
Exchange, POP, IMAP ou HTTP está selecionado e clique o do servidor SMTP ésmtp.office365.com.
em Avançar. Se não estiver se conectando ao email do Office 365, siga
Na página Configuração Automática de Conta, na parte este procedimento para procurar suas configurações.
inferior da página, clique na caixa de seleçãoDefinir Entre na sua conta usando o Outlook Web App.
manualmente as configurações do servidor ou tipos No Outlook Web App, na barra de ferramentas, clique em
adicionais de servidor. Configurações > Opções > Conta > Minha conta >
Clique em Email da Internet e, em seguida, clique em Configurações para acesso POP ou IMAP.
Avançar. O nome dos servidores POP3, IMAP4 e SMTP e outras
Forneça as informações a seguir na página Configurações configurações que talvez você precise inserir estão listados na
de Email na Internet. página Configurações para Acesso POP ou IMAP, em
Noções de Informática 36
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APOSTILAS OPÇÃO
Configuração POP ou Configuração IMAP e em Configuração Microsoft Windows XP ou Microsoft Windows Server 2003
SMTP. - unidade:\Documents and Settings\usuário\Local Settings\
Application Data\Microsoft\Outlook
Introdução ao Calendário do Outlook
O Calendário do Microsoft Office Outlook 2007 é o Arquivos de Pastas offline (.ost)
componente de calendário e agendamento do Office Outlook O arquivo .ost está sincronizado com os itens no servidor
2007 e é totalmente integrado aos contatos de email e outros executando o Microsoft Exchange. Como os dados
recursos. Com o Calendário você pode: permanecem no Exchange Server, você pode recriar esse
Criar compromissos e eventos arquivo .ost no novo computador sem fazer backup do arquivo
Você pode clicar em qualquer intervalo de tempo do .ost.
Calendário do Outlook e começar a digitar, como se estivesse Windows Vista unidade:\usuário\AppData\Local\
usando um caderno. Novas cores de dégradé possibilitam que Microsoft\Outlook
você veja rapidamente o dia e a hora atuais. A hora atual é Windows XP ou Windows Server 2003 unidade:\
destacada com cor somente nos modos de exibição Dia e Documents and Settings\usuário\Local Settings\Application
Semana de Trabalho. Você pode optar por um lembrete sonoro Data\Microsoft\Outlook
ou com mensagem para lembrar-se de seus compromissos,
reuniões e eventos, além de poder colorir os itens para Catálogo Particular de Endereços (.pab)
identificá-los rapidamente. Windows Vista - unidade:\usuário\AppData\Local\
Microsoft\Outlook
Onde o Microsoft Office Outlook 2007 salva minhas Windows XP ou Windows Server 2003 - unidade:\
informações e configurações? Documents and Settings\usuário\Local Settings\Application
A lista a seguir apresenta os locais onde o Microsoft Office Data\Microsoft\Outlook
Outlook 2007 salva informações.
Algumas pastas podem estar ocultas. Para exibir as pastas OBSERVAÇÃO: Catálogos particulares de endereços (.pab)
ocultas, siga um destes procedimentos: não têm mais suporte no Office Outlook 2007. Ao fazer a
- Windows Vista atualização para o Office Outlook 2007, você receberá uma
a. No Windows, clique no botão Iniciar e em Painel de solicitação para importar arquivos .pab para Contatos. Se
Controle. escolher não importar o arquivo .pab, você poderá importá-lo
b. Clique em Aparência e Personalização. mais tarde usando o comando Importar e Exportar no menu
Arquivo.
OBSERVAÇÃO: Se estiver usando o Modo de Exibição
Clássico do Painel de Controle, clique duas vezes em Opções de Catálogo de Endereços Offline (.oab)
Pasta e continue na etapa 4. Windows Vista - unidade:\usuário\AppData\Local\
c. Clique em Opções de Pasta. Microsoft\Outlook
d. Na guia Exibir, em Configurações avançadas, em Windows XP ou Windows Server 2003 - unidade:\
Arquivos e Pastas, em Pastas e arquivos ocultos, selecione Documents and Settings\usuário\Local Settings\Application
Mostrar pastas e arquivos ocultos. Data\Microsoft\Outlook
Noções de Informática 37
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APOSTILAS OPÇÃO
Noções de Informática 38
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NOÇÕES DE GEOGRAFIA URBANA
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APOSTILAS OPÇÃO
Ruas
Rua da Bahia
Rua do Ouro
A Rua do Ouro começa na Av. do Contorno, com Av. Getúlio
Vargas e termina na Avenida Bandeirantes, no Bairro Serra,
Região Centro-Sul da capital.
1 https://bairrosdebelohorizonte.webnode.com.br/como-surgiram-os- 2 https://bairrosdebelohorizonte.webnode.com.br/avenidas-e-ruas-de-bh-/
bairros-de-bh-/
morrer, mas sua popularidade fez com que a sociedade pedisse Avenida Augusto de Lima
a mudança do nome. A Avenida Augusto de Lima é uma das principais da região
Ela começa na Avenida Nossa Senhora de Fátima e termina central de Belo Horizonte.
na esquina com a Rua Curupaiti, quando passa a chamar-se Ela passa pela Praça Raul Soares e também leva ao
Rua Pará de Minas. Em seu percurso, corta as ruas Tremedal, Mercado Central.
Castigliano, Progresso, Francisco Sales e Henrique Gorceix.
Avenida Brasil
Rua Padre Pedro Pinto Avenida Brasil é uma importante avenida da região Centro
A história da Rua Padre Pedro Pinto, localizada na Região Sul de Belo Horizonte, que vai da Praça da Liberdade, na região
de Venda Nova, começa por volta de 1711, quando a região da Savassi, até a Avenida do Contorno.
começou a ser povoada. A via atual, antiga Rua Direita, que
também foi chamada de Estrada do Carretão, por onde Avenida Pres. Carlos Luz
passavam tropeiros, é uma parte do que restou do traçado A Avenida Presidente Carlos Luz, chamada simplesmente
original do antigo “Caminho dos Currais da Bahia”. por Carlos Luz ou pelo antigo nome, Catalão, é uma importante
via que conecta a Avenida Pedro II à Lagoa da Pampulha, em
Avenidas Belo Horizonte.
Essa Avenida é um caminho para quem quer chegar na
Avenida Afonso Pena UFMG pela região oeste da capital, e, por consequência, no
A Avenida Afonso Pena é considerada, por muitos, a mais bairro Ouro Preto, onde ficam as repúblicas universitárias.
importante de Belo Horizonte. Inaugurada junto com a nova
capital de Minas Gerais, é o coração econômico e um dos Avenida do Contorno
referenciais urbanos belo-horizontinos. Estende-se hoje por A Avenida, até o início dos anos 20 exibia todo o seu
4,3 km no sentido norte-sul. Quase em linha reta, percorre os traçado apenas nas Plantas Cadastrais da capital. Ela era na
bairros Centro, Funcionários, Serra e Mangabeiras. Ao lado das verdade retalhos que circundavam a zona urbana. A Avenida
avenidas Amazonas e do Contorno, é uma das principais vias existia em fragmentos na área central, no bairro Floresta e em
de tráfego da cidade. partes dos bairros Serra, Santa Efigênia e Funcionários. Nos
A avenida sempre teve início na Praça Rio Branco, onde, outros trechos a Avenida era apenas uma estrada estreita de
desde a década de 70, se localiza a Rodoviária de Belo terra ou mesmo uma trilha, como nas imediações dos bairros
Horizonte, mas originalmente terminava na praça do Cruzeiro, Cidade Jardim e Santo Agostinho, regiões que foram
atual Praça Milton Campos. Em 1970, sua extensão foi urbanizadas e ocupadas anos mais tarde.
prolongada até a Praça da Bandeira, chegando aos pés da Serra A Avenida do Contorno é apenas uma das diversas vias que
do Curral e adquirindo o traçado que possui hoje. sofreram modificações no seu traçado original devido às
construções irregulares ou por necessidade de se acompanhar
Avenida Alfredo Balena um curso d’água. No caso da Contorno a mudança foi mais
Avenida Alfredo Balena é uma das avenidas da região drástica, a tal ponto de extinguir diversos quarteirões da Zona
Centro Sul de Belo Horizonte. Urbana que na verdade, em relação a arrecadação de impostos
Ela é considerada a Avenida dos Hospitais, por cortar uma e venda de lotes não fez diferença pois a área suprimida se
região hospitalar. tornou anos mais tarde uma área nobre da capital,
conservando-se assim até os dias atuais. Ao modificar
Avenida Amazonas acertadamente o traçado da Avenida desviando-se da área
A Avenida Amazonas de Belo Horizonte é uma das brejosa do Córrego do Leitão a Prefeitura evitou um problema
principais vias da cidade, junto com a avenida do do Contorno que ainda existe na área no período chuvoso, mas que
e a Avenida Afonso Pena. certamente seria muito mais grave caso a Avenida tivesse sido
Ela cruza a Avenida Afonso Pena na altura da Praça Sete, aberta segundo o traçado original devido ao grande fluxo de
passa pela Praça Raul Soares (trecho no qual nela está veículos que passam diariamente pela Avenida.
localizado o Edifício JK construído no período em que o mesmo
governou a cidade) e rumando para Oeste, cruzando com a Avenida Cristiano Machado
Avenida do Contorno e a Avenida Barbacena, cruzando bairros Principal corredor da região Norte de Belo Horizonte,
como Barro Preto, Prado, Barroca, Alto Barroca, Nova Suíça, sendo também importante para as regiões Nordeste,
Gameleira, Nova Gameleira, dentre outros. Pampulha e Venda Nova.
Avenida Pasteur
Exatos 115 anos depois de planejada, a Avenida Pasteur é
quase a mesma daquela imaginada pela comissão que criou a
cidade de Belo Horizonte em 1895.
A principal responsável pela conservação das
características da Avenida Pasteur foi a construção do Colégio
Pedro II, localizado de frente para a Avenida Alfredo Balena,
entre as ruas Padre Rolim e Rio Grande do Norte. O Colégio foi
erguido na década de 1930, tomou um pedaço da avenida,
planejada inicialmente para servir como retorno entre a
Alfredo Balena – que à época chamava-se Avenida Mantiqueira
– e a Avenida Brasil.
Avenida Pedro II
Avenida Pedro II é uma importante via que conecta a
Avenida do Contorno ao Anel Rodoviário, em Belo Horizonte, Localização de Belo Horizonte no Brasil
ligando o centro da cidade à região nordeste. Caracteriza-se
pelo comercio intenso, principalmente no ramo automotivo,
com diversas lojas de peças, serviços e revenda de automóveis.
3 https://cidades.ibge.gov.br/brasil/mg/belo-horizonte/panorama.
Declividade Média das Vias de Belo Horizonte Contorno, para comportar até 200 mil habitantes (Belo
Horizonte, 2015). Em 2015, estimava-se cerca de 2,5 milhões
de habitantes que representam cerca da metade da população
da sua região metropolitana com extensão territorial de 331,4
km2 (IBGE, 2010). Belo Horizonte polariza todo o Estado de
Minas Gerais, exceto o Sul e o Triângulo Mineiro, ligados a São
Paulo, e áreas de influência compartilhada com o Rio de
Janeiro, como Juiz de Fora (Moura, 2012). Segundo Costa
(2012) “ao longo de seu primeiro século de existência, a capital
mineira foi se transformando de um idealizado projeto de
cidade/capital em cidade industrial, desta em metrópole
periférica para, no momento atual, expandir sua área de
influência na forma de uma urbanização dispersa, extensiva,
em direção a um largo entorno regional que transcende os
limites formais da região metropolitana e seu colar”.
A evolução da ocupação do território pelas pessoas e pelas
empresas em Belo Horizonte, apresentadas na Figura 1,
permite observar que esta ocupação iniciou-se da região
central para as periferias e hoje já ultrapassa os limites do
município.
4 https://prefeitura.pbh.gov.br/bhtrans/informacoes/dados/mapa-de- 5 http://www.fau.ufal.br/evento/pluris2016/files/Tema%204%20-
declividades. %20Planejamento%20Regional%20e%20Urbano/Paper768.pdf.
Os projetos aprovados para construção pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), nos últimos seis anos (2009-2015) estão
concentrados em duas áreas periféricas (Figura 2, esquerda), que são os bairros Castelo e Buritis (porções mais escuras na figura),
indicando continuidade da expansão urbana.
Embora seja possível verificar que há existência de projetos aprovados em toda cidade inclusive na região Centro-Sul. Acredita-se
que as construções nesta área ocorrem em virtude da substituição de residências e até prédios menores por edifícios verticalizados
de alto padrão.
O investimento nesta área se justifica pelo alto valor da terra comparado a outras regiões da cidade, conforme apresentado na
Figura 2 (direita), que baseia-se na tabela do Imposto de Transmissão de Bens Imóveis Intervivos (ITBI).
Para Costa (2012), o adensamento e valorização imobiliária nas áreas mais centrais, principalmente no município de Belo
Horizonte, reforça certo grau de especialização funcional de áreas de concentração de serviços e de uso residencial, destinado tanto a
faixas de renda mais elevadas (áreas de maior valorização fundiária) quanto a faixas de renda média e baixa (áreas e municípios
periféricos). Esses resultados revelam que a periferização na região metropolitana é segregada: “aquela em direção aos vetores Norte
e Sul pode ser denominada periferização da riqueza”, enquanto aquela em direção aos demais vetores de expansão reflete a
periferização da pobreza”, sendo essa última numericamente mais significativa (Souza e Brito, 2008).
No período de 2002 a 2012 os tempos de viagem Dessa forma, a medida que as oportunidades de emprego
aumentaram em todos os modos de transporte cerca de 26% começam a expandir-se mais rapidamente fora da principal
em Belo Horizonte e 19% na RMBH (PBH/BHTRANS/DPL, área metropolitana, a população residencial tenderá a
2016) com aumento no número de viagens diárias de redistribuir-se ao longo de todo o sistema urbano, refletindo
aproximadamente de 2,7 para 4,1 milhões, na capital mineira as crescentes vantagens comparativas das cidades
e de aproximandamente 6,4 para 13 milhões na RMBH secundárias.
(PBH/BHTRANS/DPL, 2016). Os fluxos de capital e de trabalho começam a convergir
Além disso, Belo Horizonte apresenta uma elevada taxa de para fora da metrópole central até cidades secundárias,
motorização, que pode ser compreendida como uma induzindo taxas relativamente mais rápidas de crescimento
consequência da divisão modal. O uso do transporte público econômico e demográfico.
caiu significativamente em Belo Horizonte (40% em 2002 para Na literatura econômica são indicadas as seguintes
21% em 2012), enquanto observou-se um crescimento condições para a existência do processo de reversão da
significativo no uso de automóveis (24% para 31%), polarização: a) existência de pleno emprego; b) aparecimento
motocicletas (1% para 4%) e do modo a pé (28% pra 31%) de deseconomias de aglomeração; c) ocorrência de efeitos de
(PBH/BHTRANS/DPL, 2016). espraiamento em larga escala; d) aumento da complexidade
O aumento do número de veículos privados nas ruas teve organizacional nas atividades empresariais.
como consequência a redução da velocidade operacional (- Contudo, estas são condições difíceis de encontrar em
39%) e um incremento do tempo de viagem: 64% para o países não desenvolvidos. Em alguns casos, todavia, é
transporte público (36 minutos em 2002 para 59 minutos em exatamente o aparecimento de oportunidades econômicas e o
2012) e 58% do transporte privado (19 minutos em 2002 para crescimento na oferta de empregos que tem levado pessoas e
30 minutos em 2012). empresas para fora das áreas metropolitanas. Um ponto de
Neste contexto, percebe-se que a expansão urbana em Belo inflexão decisivo, como apontado por Redwood (1984), refere-
Horizonte e os problemas decorrentes são resultado do se ao crescimento das chamadas deseconomias de
planejamento urbano municipal dissociado do planejamento aglomeração, que incluem fatores sociais, como o aumento da
da mobilidade e da falta de planejamento metropolitano. criminalidade urbana, e refletem incrementos pela elevação
Contudo, indaga-se sobre o retrato do transporte urbano de dos custos de moradia e trabalho. Como bem esclarece
mercadorias neste cenário, questão a ser tratada na próxima Negri (1996), as deseconomias de aglomeração envolvem:
seção. “(...) um conjunto de variáveis, entre as quais se destacam os
maiores custos de transportes, de terreno, de serviços e de infra-
O surgimento da Região Metropolitana de Belo estrutura urbana, incluindo-se outras que provocam alteração
Horizonte (RMBH): municípios limítrofes e conturbação6 na organização da produção e na sua produtividade, com
maiores dispêndios de tempo com transporte, ampliação do
Uma obra de referência na discussão sobre o processo de poder sindical de classe trabalhadora, questões ambientais, com
reversão da polarização foi elaborada por Richardson (1980). deteriorização das condições de vida nos grandes centros
O crescimento continuado da concentração não leva a um urbanos, queda na produtividade do trabalho, etc.” (NEGRI,
perpétuo aumento da eficiência econômica. Os benefícios 1996, p.15)
marginais derivados da escala urbana e da concentração No âmbito dos estudos regionais, várias tentativas de
tendem a diminuir a partir de certo tamanho de população. aplicação desses modelos e de reconstrução teórica foram
Os custos médios de prover infraestrutura física, serviços utilizadas no caso brasileiro, cujas particularidades
públicos e administração governamental local aumentam em estruturais e setoriais vão oferecer dificuldades adicionais a
termos per capita com o crescimento da cidade. A relação interpretação desse fenômeno. Um dos primeiros trabalhos
custo-benefício altera-se a favor de custos crescentes. sobre o possível processo de reversão da polarização no Brasil
Richardson acredita que o ponto de inflexão médio e os custos foi proposto por Townroe e Keen (1984). Ao considerar esse
sociais marginais refletem o começo de crescentes processo a partir do ponto em que a concentração da
deseconomias de aglomeração, que ocorrem em função do população urbana na região central começa a decrescer, esses
incremento da congestão e contaminação (em conjunto com os autores acreditavam que havia sinais concretos de reversão da
fatores sociais tais como aumento da criminalidade e da polarização no Estado de São Paulo entre 1970 e 1980.
marginalidade); da elevação no preço médio da terra (que Eles sugerem a dualidade dos fatores que levam à
passa a sofrer concorrência entre usos alternativos de solo) e concentração das atividades econômicas, destacando o papel
do trabalho (aumento do custo de vida devido aos custos concentrador representado por determinadas forças sociais e
crescentes de transporte e habitação, explicados em parte econômicas, que a partir de um ponto passariam a atuar na
pelas altas do preço da terra). direção oposta: da desconcentração. A transição demográfica,
Para esse autor, esse processo caracteriza-se pela os graus de desigualdade social e econômica, e os padrões de
mudança de tendência de polarização espacial na economia desenvolvimento rural e as formas institucionais e sociais de
nacional, a partir do qual ocorreria a dispersão espacial para difusão de informações e inovações podem incrementar ou
fora da região central. Richardson acredita que a reversão da não a concentração na distribuição da população urbana.
polarização se dá a partir de em uma sequência de fases: no É essencial, na interpretação desse mesmo autor, a atenção
início haveria um processo bem definido de concentração dirigida às necessidades das cidades secundárias, que
econômica, quando era estabelecido um centro e uma cumprem papel fundamental na eficiência econômica e no
periferia; em sequência ocorreriam transformações desenvolvimento regional. No exame do desenvolvimento das
estruturais na área central, em que os núcleos adjacentes cidades secundárias, o autor sugere que certos tipos de
passariam a apresentar crescimento mais acelerado que o atividade industrial tendentes a naturalmente se localizar
centro; o terceiro estágio marcaria o início do processo de nestas cidades.
reversão da polarização, quando haveria uma dispersão As indústrias de bens intermediários baseadas em
ampliada; na seqüência a dispersão também atingiria os recursos naturais (química, plásticos, madeira, papel e
centros secundários; e finalmente a área central começaria a metalurgia incluindo aço), podem estar localizados próximos
perder população. de grandes cidades de modo a reduzir custos de transportes
http://www.abep.org.br/publicacoes/index.php/anais/article/viewFile/1712/16
72.
valendo-se da proximidade dos mercados. Outro grupo de quando então novos ciclos tecnológicos não poderiam
indústrias se dirige as cidades secundárias por se servirem aos dispensar o ambiente central.
mercados locais protegidos da concorrência externa por Negri (1996) além de considerar indevida a analogia de
custos de transportes relativamente altos. Alguns serviços de Azzoni, acredita ser inapropriado o polígono estabelecido por
maior magnitude e mais especializados, tais como Diniz. De acordo com Negri, ainda que essa região tenha se
universidades, hospitais, algumas atividades comerciais beneficiado da desconcentração dos últimos 20 anos, quando
procuram se instalar em centros médios. ampliou sua participação na indústria nacional de 33,1% para
Ainda que possa parecer consensual e bastante atraente, as 49,2%, isto não foi incompatível com o crescimento fora do
proposições sobre o possível processo de reversão da polígono. Ao contrário, entre 1970 e 1990, as únicas quedas
polarização no Brasil sofreram inúmeras críticas. As relativas devem-se à Grande São Paulo (de 34,4% para 26,4%)
controvérsias vão desde algumas evidências empíricas, até o e ao Rio de Janeiro (de 15,7% para 9,8%).
tipo de variáveis e a metodologia utilizada. Enquanto o Nordeste (excluído o estado da Bahia)
Azzoni (1986), por exemplo, critica o fato de o tamanho da praticamente manteve o mesmo percentual (de 4,2% para
cidade ser considerado com indicador de economias 4,5%), Espírito Santo, Bahia e os estados do Norte e Centro-
aglomerativas. Ao admitir que as vantagens aglomerativas Oeste ampliaram seu peso no total nacional (de 3,6% em 1970
estão presentes no ambiente urbano, a exemplo da linha de para 10,2% em 1990). Esse autor enfatiza a explicação dos
polarização psicológica e do transporte de ideias, é determinantes da desconcentração industrial dos anos 70 e
imprescindível considerar a região como capaz de gerar um 80, associando-a às diversas obras, programas e políticas
campo de atração sobre novos investimentos. deflagradas pelos Governos Federal e Estadual a partir dos
A ideia essencial e que a atração regional transcende o anos 70. As
ambiente urbano, enquanto os custos locacionais são políticas de indução da desconcentração na órbita federal
essencialmente urbanos. Para Azzoni, é no mínimo apressada (notadamente as contidas no II PND) propunham várias metas
a suposição de que haveria um processo de reversão da voltadas ao desenvolvimento regional mediante incentivos
polarização no Brasil. Pelo contrário, fiscais, o que fez com que a periferia nacional se tornasse a
“(...) as evidências indicam que, longe de constituir-se um maior receptora de novos investimentos no período.
sinal de reversão da polarização, o fenômeno observado em São Para Matos (1995b) importantes mudanças na
Paulo estaria mais próximo de um espraiamento da indústria distribuição espacial da população estão em curso, sem se
dentro da área mais industrializado do país, em um processo do conhecer, no entanto, qual é o verdadeiro alcance desse
tipo “desconcentração concentrada”. Seria aproximadamente fenômeno, e se as explicações existentes abrangem estes casos.
um tipo de suburbanização das atividades industriais em âmbito É seguro dizer que as pessoas, tanto quanto as atividades,
mais abrangente, o que é possível pelas oportunidades abertas reagem aos impactos das deseconomias de aglomeração
pelo desenvolvimento tecnológico, em um sentido amplo, para buscando localizações alternativas.
separação das atividades produtivas das atividades de comando Este tipo de migração pode responder claramente aos
empresarial.” (AZZONI, 1986, p.126) fatores de expulsão do meio urbano (notadamente aos custos
Diniz (1993), ao contestar alguns dos pressupostos e os de moradia e à escassez de emprego), mas pode também se
resultados apresentados por Azzoni, oferece um novo modelo associar à outro grupo de causas, não econômicas,
de interpretação. De acordo com esse autor, após a relacionadas à melhoria da qualidade de vida e/ou busca de
incontestável concentração econômica e demográfica amenidades, e ao retorno às localidades de origem após a
verificada até finais da década de 1960, iniciou-se em um aposentadoria. É indiscutível, portanto, que boa parte da
primeiro momento o processo de reversão desta polarização. expansão da urbanização do país nas últimas décadas deriva
Entretanto, o processo de desconcentração não teria ocorrido dos efeitos multiplicadores de espraiamento da concentração
de modo ampliado, e sim, em espaços seletivos bem equipados urbana e industrial do Sudeste. Esse processo estimulou o
e ricos em externalidades no país, refletindo-se sobretudo pelo adensamento da rede urbana e os vínculos de
espraiamento para o interior de determinados estados complementaridade entre as centralidades.
brasileiros. No contexto do debate sobre os possíveis impactos, como
Em uma segunda fase, ocorreria a relativa reconcentração esclarecem Matos e Baeninger (2004), os estudos recentes
no polígono definido por Belo Horizonte-Uberlândia- sugerem:
Londrina/Maringá-Porto Alegre-Florianóplis-São José dos a) transformações mais expressivas no âmbito do Estado
Campos-Belo Horizonte. Diniz reforça a abrangência espacial de São Paulo, indicando um incipiente processo de
restrita da suposta reversão da polarização para o caso desconcentração populacional;
brasileiro. De acordo com esse autor, b )aumento da urbanização nas regiões e estados que se
“(...), não parece que esta tendência de reversão em sentido constituíram em canais da desconcentração industrial (Minas
amplo continuará até o final do século. Ao contrário, a grande Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Centro-Oeste);
ênfase em indústrias de alta tecnologia e o relativo declínio e c) expressivos fluxos migratórios de retorno para estados
fracasso das políticas regionais e do investimento estatal, abrem tradicionalmente emissores de população;
uma terceira possibilidade. Nesta o processo de d) incremento das migrações intra-regionais;
desconcentração será enfraquecido e o crescimento tenderá a se e) relativa desconcentração do sistema urbano brasileiro,
circunscrever ao estado de São Paulo e ao grande polígono em com a inserção das cidades pequenas e intermediárias nas
trono dele. Estamos chamando este processo de aglomeração dinâmicas das aglomerações urbanas, em especial as
poligonal.” (DINIZ, 1993, p. 54) metropolitanas (p16).
Haddad (1980), ao discutir a mesma questão, chegou a Entretanto, como defende Matos (1995), não parece
assinalar alguns pontos que permitem contestar a tese da plausível afirmar categoricamente sobre um amplo processo
desconcentração. Dentre seus argumentos, vale destacar os de reversão da polarização ou de desconcentração espacial. É
relativos: às resistências inerciais que se oporiam às bem provável que o país esteja passando por um ciclo de
alterações do padrão locacional concentrador; às incertezas descompressão do crescimento urbano central, no qual os
sobre a existência de condições suficientes para a sustentação movimentos migratórios assumem importante papel
de um crescimento acelerado nas periferias; às externalidades explicativo.
ainda atraentes nas áreas sob a influência da grande Nesse cenário, as regiões metropolitanas assumem um
metrópole, especialmente se retomada a expansão econômica, papel fundamental na compreensão desse fenômeno, tendo
em conta que, como já fora mencionado, movimentos
populacionais significativos têm ocorrido internamente a tais A desconcentração e os movimentos espaciais diários
regiões ao longo das últimas décadas. da população na RMBH
Desmetropolização ou periferização? Discussões a A Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), foi
partir de evidências na Região Metropolitana de Belo criada no dia 08 junho de 1973, através da Lei Complementar
Horizonte (federal) nº 14, com a finalidade de realizar “serviços comuns
Um rápido processo de crescimento urbano começou a se de interesse metropolitano” (Mares Guia, 2001: 409).
desenhar no Brasil a partir da década de 1940, período no qual Na oportunidade, era composta por 14 municípios, a saber:
a incipiente economia industrial deu azos à emergência de Belo Horizonte, Betim, Caeté, Contagem, Ibirité, Lagoa Santa,
uma reorganização espacial da população no território Nova Lima, Pedro Leopoldo, Raposos, Ribeirão das Neves, Rio
nacional. A partir desse momento, o país presenciou um novo Acima, Sabará, Santa Luzia e Vespasiano. Em 1989, através da
padrão de urbanização, essencialmente concentrador, em que Constituição Estadual, foram acrescentados os municípios de
a redistribuição populacional interna, em grande medida, foi Brumadinho, Esmeraldas, Igarapé e Mateus Leme. Em 1993, os
direcionada aos grandes centros urbanos, notadamente os municípios de Juatuba e São José da Lapa, antes integrantes de
situados na região Sudeste, não obstante as tentativas Mateus Leme e Vespasiano, respectivamente, foram também
governamentais de incentivar sucessivas aberturas de incorporados à região por meio da Lei Complementar nº 26
fronteiras agrícolas desde a década de 1930 (Martine, 1987; (estadual).
Patarra, 1984, Taschner e Bógus, 1986). Em 1995, a Lei Estadual nº 12.030 determinou que
Dessa forma, a expansão da rede urbana brasileira, municípios criados de emancipações de outras cidades
também apoiada em uma ampliação do mercado de trabalho pertencentes à RMBH, seriam nela, automaticamente
urbano-industrial, refletiu-se no aumento do número de incluídos. Com efeito, através da Lei Complementar (estadual)
cidades, acompanhada de um esvaziamento do campo e no nº 48, criada em novembro de 1997, foram integrados os
incremento da população urbana. municípios de Sarzedo e Mário Campos (que pertenciam a
As elevadas taxas de crescimento da população urbana a Ibirité até 1995), São Joaquim de Bicas (emancipado de
partir dos anos 1950, embora num ritmo menos acelerado a Igarapé em 1995), Confins (que era integrante de Lagoa Santa
partir da década de 1970, encontraram esteio no declínio da até 1995), Florestal e Rio Manso. Em janeiro de 2000, a Lei
população rural desde então. Merece destaque, ainda, a Complementar (estadual) nº 56, integrou à RMBH os
aceleração do grau de urbanização brasileiro, fazendo com que municípios de Baldim, Capim Branco, Itaguara, Jaboticatubas,
já em 1970 ocorresse pela primeira vez na história do país a Matozinhos, Nova União e Taquaraçu de Minas. ]
diminuição em termos absolutos da população rural no Por fim, em 2001, o município de Itatiaiuçu também foi
intervalo intercensitário. integrado. Assim, a RMBH é formada atualmente por 34
A população urbana passou a representar cerca de 56% da municípios (abrangendo uma área de cerca de 9.179 km2) e
população total, havendo, nesse contexto, uma expressiva abriga cerca de 4,8 milhões de habitantes, o que a caracteriza,
participação da população residente na região Sudeste (com em termos demográficos, enquanto a terceira maior região
grau de urbanização de 72,7%), fato que vem reforçar o metropolitana do país.
padrão concentrador da distribuição populacional no Brasil. A partir da década de 1970, como já demonstraram Rigotti
Nas demais regiões também passavam a predominar (1994), Rigotti e Rodrigues (1994), Matos (1995a), Brito
populações urbanas, mantendo-se tal condição nos períodos (1992), dentre outros, já era perceptível uma desaceleração no
censitários subsequentes. ritmo de crescimento de Belo Horizonte. A partir desse
Nesse cenário, no qual a intensificação dos fluxos momento, os municípios da periferia da RMBH vêm
migratórios campo-cidade veio consolidar o processo de apresentando incrementos populacionais bem mais
urbanização em torno das principais capitais brasileiras, as significativos do que a própria Capital mineira.
regiões urbanas passaram a se comportar como um único Os municípios periféricos experimentaram taxas de
organismo, uma única cidade, embora subordinado a crescimento populacional anual da ordem de 6,84%, 5,01% e
diferentes administrações municipais. 4,40% entre os períodos de 1970/1980, 1980/1991 e
Com efeito, o governo federal determinou a criação das 1991/2000, respectivamente.
regiões metropolitanas, de forma que a aproximação em Nesses mesmos períodos, o município de Belo Horizonte
termos políticos e administrativos entre os municípios apresentou taxas anuais de 3,73%, 1,15% e 1,10%. Esses
componentes pudesse viabilizar a resolução de problemas diferenciais no ritmo de crescimento da periferia
compartilhados. Para tanto, houve um incentivo à gestão metropolitana tiveram reflexo na evolução da participação do
integrada através da preferência no acesso a recursos núcleo metropolitano nos estoques totais de população na
financeiros estaduais e federais àquelas cidades que região.
participassem da elaboração e planejamento desse novo Desde 1970, a periferia metropolitana vem crescendo em
modelo de gerenciamento. volume e na proporção da população regional. Em 2000,
Oito, dentre as nove principais RM’s do país foram criadas 48,63% da população da região metropolitana residia fora de
em 1973 (São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Belo Horizonte (em 1970 essa proporção era de apenas
Salvador, Curitiba, Belém e Fortaleza), sendo, em 1974, 33,59%).
institucionalizada a do Rio de Janeiro. Essa queda na participação da população residente em
Convém ressaltar que, ainda na década de 1960, em vários Belo Horizonte na região metropolitana poderia suscitar pelo
Estados o Poder Público já caminhava nessa direção, menos duas conclusões aparentemente antagônicas: a perda
reconhecendo a questão metropolitana e colocando em prática de centralidade ou a ampliação do campo de polarização do
experiências embrionárias de gestão intermunicipal, as quais núcleo metropolitano. A primeira hipótese baseia-se em um
contribuíram para a inclusão da questão metropolitana na provável deslocamento das atividades econômicas e da
Constituição Federal de 1967 e para sua manutenção na população do core para a periferia, diminuindo o peso
Emenda Constitucional nº 1, de 1969. Assim, logo após a econômico e demográfico da capital.
promulgação da Constituição de 1967 iniciaram-se os estudos Em outra perspectiva, o crescimento da periferia é visto
para a definição de critérios de delimitação e organização como resultado do extravasamento do core metropolitano, o
administrativa das regiões metropolitanas, culminando na sua que ao contrário do que se imaginaria, representaria um
institucionalização seis anos depois. crescimento da polarização e a densificação da rede urbana
regional nuclear.
Ainda que pareça contraditório, uma análise acerca dos fluxos de população entre o núcleo e os municípios da periferia
metropolitana parece indicar que ainda que Belo Horizonte tenha mantido sua centralidade, há um ganho de autonomia de um número
razoável de municípios na região.
Vários municípios antes descritos como meras “cidades dormitórios” nas décadas de 1960 e 1970, além de ampliar suas inter-
relações com o core, apresentam forte desenvolvimento de determinadas funcionalidades eminentemente urbanas, o que tem
permitido que uma crescente parcela da população local tenha suas atividades econômicas/profissionais desenvolvidas no próprio
município de residência, o que tem diminuído a proporção e/ou o volume daqueles que fazem movimentos diários entre a periferia e
núcleo metropolitano.
Minas Gerais tem a maior malha rodoviária do Brasil, equivalente a 16% de toda a malha viária existente no país. No estado, são
269.546 km de rodovias. Deste total, 7.689 km são de rodovias federais, 23.663 km de rodovias estaduais, e 238.191 km, de rodovias
municipais.
Quanto às características das estradas, a malha federal é toda pavimentada. A estadual se divide em 13.995 km pavimentados e
9.724 km não pavimentados. A maioria das rodovias municipais não é pavimentada.
Belo Horizonte situa-se no entroncamento de grandes rodovias, o que permite a integração de Minas Gerais com os maiores centros
urbanos do País e com os principais mercados. As distâncias entre Belo Horizonte e algumas capitais são as seguintes: Brasília (716
km) São Paulo (586 km), Rio de Janeiro (434 km), Vitória (524 km), Salvador (1.372 km), Fortaleza (2.528 km) e Porto Alegre (1.712
km).
Rodovia Fernão Dias (BR 381): É a principal ligação entre as regiões metropolitanas de Belo Horizonte e São Paulo. Forma um
dos mais importantes eixos de transporte de carga e de passageiros de todo o Brasil, passando por municípios de médio porte como
Lavras, Varginha, Três Corações, Santa Rita do Sapucaí, Pouso Alegre e Extrema, na região Sul de Minas. A Fernão Dias dá acesso
também à BR 116, que liga o Rio de Janeiro à Bahia, além de Vitória, passando por Governador Valadares, no Vale do Rio Doce. O nome
da rodovia homenageia o bandeirante Fernão Dias, que contribuiu para desbravar o território de Minas Gerais no século 17.
Rio de Janeiro - Belo Horizonte - Brasília (BR 040): Partindo de Belo Horizonte, com pista dupla até Sete Lagoas, a BR 040
atravessa o Noroeste de Minas ligando Belo Horizonte à capital federal, numa extensão total de 716 km. No outro sentido, passando
pela Zona da Mata e Campo das Vertentes, dá acesso ao Rio de Janeiro, com extensão de 434 km. Na Zona da Mata, a BR 040 liga Belo
Horizonte à principal cidade-polo da região, Juiz de Fora, que abriga empresas automobilísticas, agroindustriais, moveleiras,
metalúrgicas, cimenteiras, têxteis e produtoras de papel e papelão. Na região do Campo das Vertentes, leva aos acessos para cidades
como São João del Rei, Tiradentes e Congonhas, municípios de atração turística no circuito histórico.
Rio-Bahia (BR 116): Forma um corredor viário que corta o leste e o noroeste de Minas Gerais, permitindo acesso ao Rio de Janeiro,
Espírito Santo e Bahia. Relevante para a economia brasileira, esta estrada serve também de elo entre as regiões Sul e Sudeste do Brasil
com o Nordeste.
7 https://www.mg.gov.br/conheca-minas/rodovias.
8 https://prefeitura.pbh.gov.br/. 9 https://prefeitura.pbh.gov.br/politica-urbana/planejamento-
urbano/plano-diretor/regionais.
10 https://prefeitura.pbh.gov.br/politica-urbana/planejamento- 11 https://www.cmbh.mg.gov.br/.
urbano/plano-diretor/plano-diretor-em-vigor.
II - a base econômica industrial relativamente XI - o controle das condições de instalação das diversas
inexpressiva; atividades urbanas e de grandes empreendimentos,
III - a alta concentração espacial das atividades de minimizando as repercussões negativas;
comércio e de prestação de serviços; XII - a criação de condições para preservar a paisagem
IV - o sistema viário e de transporte coletivo urbana e a adoção de medidas para o tratamento adequado do
radioconcêntrico, que compromete a fluidez do trânsito; patrimônio cultural do Município, tendo em vista sua proteção,
V - a alta concentração demográfica em favelas e em preservação e recuperação; (Inciso XII com redação dada pela
conjuntos residenciais não regularizados, desprovidos de Lei nº 8.137, de 21/12/2000 (Art. 2º)
infraestrutura de saneamento básico; XIII - a valorização urbanística do hipercentro, visando a
VI - a alta concentração demográfica em áreas de risco resgatar a sua habitabilidade e a sociabilidade do local;
potencial ou inadequadas para o uso habitacional; XIV - a criação de condições para a preservação do caráter
VII - a progressiva redução dos padrões de qualidade histórico-cultural da área central;
ambiental; XV - a criação de condições para a formação e a
VIII - a ocupação inadequada de áreas verdes; consolidação de centralidades;
IX - o valor cultural do centro histórico constituído pela XVI - a preservação e a manutenção dos marcos urbanos de
área interna à Avenida do Contorno; valor histórico, artístico e cultural;
X - a inexistência ou a má consolidação das centralidades; XVII - o aumento dos recursos municipais a serem
XI - a crescente obstrução visual dos elementos naturais da destinados ao desenvolvimento urbano;
paisagem urbana e dos conjuntos de interesse cultural. XVIII - a participação popular na gestão do Município;
XII - a falta generalizada de acessibilidade ambiental ao XIX - a adequação da estrutura administrativa ao processo
transporte coletivo, aos logradouros públicos, moradias, de implementação desta Lei e à aplicação das normas
edifícios para uso cultural, de lazer, de ensino, de trabalho, de urbanísticas, de acordo com lei específica;
serviços e outros locais de interesse coletivo, por pessoas com XX - a promoção da integração metropolitana e da
mobilidade ou condições físicas distintas do padrão mediano. complementaridade dos investimentos, tanto na prestação de
(Inciso XII acrescentado pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000 serviços quanto na execução de obras de interesse comum;
(Art. 1º) XXI - o apoio à instalação e à consolidação de atividades
Parágrafo único - Entende-se por acessibilidade ambiental produtivas, inclusive indústrias;
a possibilidade e condição de alcance para utilização, com XXII - a promoção da criação de uma coordenação de
segurança e autonomia, de edificações, espaços, mobiliário e assuntos metropolitanos com a função de estudar, planejar,
equipamentos urbanos. (Parágrafo único acrescentado pela propor e supervisionar problemas urbanos que tenham
Lei nº 8.137, de 21/12/2000 (Art. 1º) relação com outros municípios da Região Metropolitana.
XXIII - a promoção do desenvolvimento econômico e social
CAPÍTULO II compatível com os preceitos de qualidade de vida e de
DOS OBJETIVOS ESTRATÉGICOS consolidação da cidadania; (Inciso XXIII acrescentado pela Lei
nº 8.137, de 21/12/2000 (Art. 2º)
Art. 7º - São objetivos estratégicos para promoção do XXIV - a consolidação do Município como centro de
desenvolvimento urbano: excelência e referência em cultura, turismo, design, educação,
I - a consolidação do Município como polo regional de esporte, lazer, artesanato, ciência e tecnologia, mediante
aglomeração de serviços, mediante o estabelecimento de otimização de sua infraestrutura e serviços básicos e de suas
condições para o estreitamento das relações entre: políticas de investimentos e financiamento de geração de
a) as fontes de conhecimento científico, as de informação e ocupação e renda, sob a ótica da integração regional; (Inciso
as de capacitação tecnológica; XXIV acrescentado pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000 (Art. 2º)
b) as empresas de serviços especializados e os clientes e os XXV - a criação de meios para promover, implantar,
fornecedores destas; supervisionar e preservar a acessibilidade ambiental ao
c) as empresas de serviços especializados e os segmentos transporte coletivo, aos logradouros públicos e edifícios de
do mercado de mão-de-obra qualificada; interesse coletivo, inclusive para pessoas com mobilidade
II - a criação de condições para a instalação de indústrias reduzida. (Inciso XXV acrescentado pela Lei nº 8.137, de
leves de alta tecnologia, para a especialização industrial dos 21/12/2000 (Art. 2º)
setores tradicionais e para a integração do setor industrial com § 1º - Hipercentro é a área compreendida pelo perímetro
as áreas industriais dos municípios vizinhos; iniciado na confluência das avenidas do Contorno e Bias
III - a expansão do sistema viário e sua integração com o da Fortes, seguindo por esta até a Rua Rio Grande do Sul, por esta
região metropolitana, de modo a viabilizar a sua participação até a Rua dos Timbiras, por esta até a Avenida Bias Fortes, por
na estruturação do desenvolvimento econômico, da ordenação esta até a Avenida Álvares Cabral, por esta até a Rua dos
da ocupação e do uso do solo; Timbiras, por esta até a Avenida Afonso Pena, por esta até a
IV - a melhoria das ligações viárias com os municípios Rua da Bahia, por esta até a Avenida Assis Chateaubriand, por
vizinhos; esta até a Rua Sapucaí, por esta até a Avenida do Contorno, pela
V - a melhoria do sistema de transporte coletivo, mediante qual se vira à esquerda, seguindo até o Viaduto Jornalista
a criação de condições para a implantação de rede multimodal, Oswaldo Faria, por este até a Avenida do Contorno, por esta,
integrando os sistemas de capacidade baixa, média e alta; em sentido anti-horário, até a Avenida Bias Fortes, e por esta
VI - o controle do adensamento habitacional, segundo as até o ponto de origem. (§ 1º com redação dada pela Lei nº
condições geológicas e a capacidade da infraestrutura urbana 9.959, de 20/7/2010 (Art. 1º)
das diversas áreas; § 2º - Entende-se por área central a delimitada pela
VII - a regularização fundiária, a melhoria das moradias e a Avenida do Contorno.
urbanização das vilas e favelas, inclusive por meio de
programas que possibilitem sua verticalização; Art. 8º - As políticas públicas setoriais a serem
VIII - o aumento da oferta de moradias de interesse social; implementadas devem ser orientadas para a realização dos
IX - o controle da ocupação das áreas de risco geológico objetivos estratégicos de desenvolvimento urbano
potencial; estabelecidos nesta Lei.
X - o aumento da área verde; Parágrafo único - Deve ser promovida a integração dos
órgãos municipais, estaduais e federais e de entidades, visando
ao incremento de ações conjuntas eficazes para alcance dos forma a compartilhar racionalmente o espaço da Região
objetivos estratégicos do desenvolvimento urbano. (Parágrafo Metropolitana; (Inciso XVI acrescentado pela Lei nº 8.137, de
único acrescentado pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000 (Art. 3º) 21/12/2000 (Art. 5º)
XVII - a criação de mecanismos que transformem Belo
CAPÍTULO III Horizonte em centro convergente da economia local e regional
DAS DIRETRIZES e em agente articulador de intercâmbios nacionais e
Seção I internacionais; (Inciso XVII acrescentado pela Lei nº 8.137, de
Da Política de Desenvolvimento Econômico 21/12/2000 (Art. 5º)
XVIII - o incentivo à pesquisa e produção de tecnologia de
Art. 9º - São diretrizes da política de desenvolvimento ponta, associadas à instalação e ao desenvolvimento de
econômico: indústrias, serviços e atividades comerciais que dela fazem
I - o asseguramento de critérios de multiplicidade de usos uso; (Inciso XVIII acrescentado pela Lei nº 8.137, de
no território do Município, visando a estimular a instalação de 21/12/2000 (Art. 5º)
atividades econômicas de pequeno e médio porte, a reduzir a XIX - a viabilização de política de financiamento, por meio
capacidade ociosa da infraestrutura urbana e a contribuir para de parcerias para a elaboração de projetos, captação de
a diminuição da necessidade de deslocamentos; recursos e a atração de investimentos diferenciados em função
II - o incentivo ao desenvolvimento do turismo receptivo, das excelências; (Inciso XIX acrescentado pela Lei nº 8.137, de
tanto no que se refere à implantação de equipamentos 21/12/2000 (Art. 5º)
turísticos, como à criação de programas que visem o XX - a criação e promoção de programas e mecanismos que
incremento do turismo de negócios, de eventos e de lazer no possibilitem a inserção, em parâmetros legais, de atividades da
Município; (Inciso II com redação dada pela Lei nº 8.137, de economia popular e informal; (Inciso XX acrescentado pela Lei
21/12/2000 (Art. 4º) nº 8.137, de 21/12/2000 (Art. 5º)
III - o incentivo e o desenvolvimento das atividades de XXI - o incentivo a projetos econômicos que estejam
turismo, integrando o Município às cidades históricas, às do vinculados aos planos regionais e locais; (Inciso XXI
circuito das águas, às do circuito espeleológico e às ligadas ao acrescentado pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000 (Art. 5º)
turismo ecológico; XXII - o estabelecimento de política de qualificação
IV - a regularização, a manutenção e a promoção das profissional, observando os planos locais e regionais, para a
atividades de indústria, comércio e serviços já instaladas, geração de ocupação e renda; (Inciso XXII acrescentado pela
definindo os critérios para tanto, conforme legislação vigente; Lei nº 8.137, de 21/12/2000 (Art. 5º)
(Inciso IV com redação dada pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000 XXIII - o incentivo à indústria de reciclagem,
(Art. 4º) reaproveitamento e reutilização de resíduos sólidos. (Inciso
Inciso V revogado pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000 (Art. XXIII acrescentado pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000 (Art. 5º)
4º)
Inciso VI revogado pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000 (Art. Seção II
4º) Das Diretrizes de Intervenção Pública na Estrutura
Inciso VII revogado pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000 (Art. Urbana
4º) Subseção I
VIII - a delimitação de áreas com características ou Da Política Urbana
potencialidades para a aglomeração de atividades econômicas
que visem à exportação; Art. 10 - São diretrizes da política urbana:
IX - a priorização, na instalação de incubadoras de alta I - implementar políticas setoriais integradas, apoiadas em
tecnologia, da localização próxima às universidades e aos dotações orçamentárias e dados estatísticos, visando a
centros de pesquisa; ordenar a expansão e o desenvolvimento urbano do Município,
X - o estímulo às iniciativas de produção cooperativa, ao permitindo seu crescimento planejado, sem perda de
artesanato e às empresas ou às atividades desenvolvidas por qualidade de vida ou degradação do meio ambiente;
meio de micro e pequenas empresas ou de estruturas II - manter, mediante ações concretas que priorizem o
familiares de produção; interesse coletivo, a coerência com as demandas apresentadas
XI - a priorização de planos, programas e projetos que para o cumprimento das expectativas desta Lei;
visem à geração de ocupação e de renda, contemplando o III - tornar esta Lei instrumento eficaz de planejamento do
incremento da economia popular; (Inciso XI com redação dada Município, que se antecipe às tentativas de especulação e ao
pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000 (Art. 4º) crescimento desordenado e incorpore as novas vias ao sistema
XII - a instalação de atividades econômicas de forma a viário, remanejando o tráfego e eliminando os focos de
evitar prejuízos à qualidade de vida da população, ao congestionamento;
ordenamento urbano e à integridade física da infraestrutura IV - evitar que esta Lei e a de Parcelamento, Ocupação e Uso
urbana; do Solo sejam instrumentos normativos rígidos e elaborados
XIII - a implantação de programas de incentivo à sem considerar os agentes e os processos que atuam na
tecnologia, à pesquisa e ao desenvolvimento de segmentos dinâmica do Município e na vida dos cidadãos;
produtivos do setor da construção civil, preferencialmente em V - criar comissão técnica para estudar a viabilidade e
áreas passíveis de adensamento e/ou que se pretenda planejar a implantação de pólos tecnológicos e de serviços em
revitalizar por meio de parâmetros construtivos definidos em área estratégicas quanto à articulação com rodovias estaduais
lei, adotando novas tecnologias alternativas ambientalmente e federais;
corretas; (Inciso XIII com redação dada pela Lei nº 8.137, de VI - elaborar proposta física de crescimento para o
21/12/2000 (Art. 4º) Município, criando pólos de desenvolvimento, visando a
XIV - o desenvolvimento de infraestrutura e a capacitação reduzir o tráfego, a descongestionar a área central e o
profissional para atividades destinadas à produção artística e hipercentro e a proporcionar à população alternativas de
cultural e a promoção do entretenimento como fontes trabalho, estudo, moradia e melhor acesso aos equipamentos
geradoras de emprego, renda e qualidade de vida; (Inciso XV urbanos e comunitários, diminuindo a necessidade de
revogado pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000 (Art. 4º) deslocamentos;
XVI - estímulo à instalação de atividades produtivas em VII - voltar especial atenção ao planejamento urbano
Belo Horizonte, integradas com os Municípios vizinhos, de integrado e inserido no contexto da Região Metropolitana.
VIII - promover o levantamento das terras griladas e das I - consolidar e incentivar as aglomerações de atividades
áreas de propriedade pública dominiais no Município, socioeducativas, econômicas, culturais e religiosas, observada,
priorizando a política habitacional em sua destinação; (Inciso quanto a estas, a legislação específica;
VIII acrescentado pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000 (Art. 6º) II - preservar e recuperar os marcos urbanos de valor
artístico, histórico e cultural;
Subseção II III - recuperar os espaços públicos e tornar-lhes fácil o
Da Área Central acesso;
IV - estimular o surgimento de centralidades;
Art. 11 - A área central deve receber tratamento V - estimular o surgimento de centros fora do perímetro da
diferenciado, nela sendo vedados investimentos públicos na Avenida do Contorno, priorizando a instalação das atividades
construção e na ampliação de: (Incisos I a III revogados pela relacionadas no art. 11.
Lei nº 9.326, de 24/01/2007 (Art. 24) § 1º - Centros são as concentrações de atividades
IV - presídios; (Inciso V revogado pela Lei nº 9.326, de comerciais e de serviços dotadas de ampla rede de acesso e
24/01/2007 (Art. 24) grande raio de atendimento.
VI - autódromos, hipódromos e estádios esportivos; § 2º - Centralidades são os espaços de convivência para a
Incisos VII e VIII revogados pela Lei nº 9.326, de comunidade local ou regional, como praças, largos e similares,
24/01/2007 (Art. 24) bem como os monumentos e as demais referências urbanas.
Parágrafo único - São diretrizes de intervenção pública na § 3º - Os centros e as centralidades podem ser objeto de
área central estabelecer instrumentos e incentivos operações urbanas.
urbanísticos e realizar obras que visem a: § 4º - Nos centros a que se refere o inciso V, além das
I - preservar o traçado original do sistema viário; diretrizes previstas no caput, devem:
II - promover a recuperação de áreas públicas e verdes; I - ser estabelecidos instrumentos e incentivos
III - preservar os exemplares e os conjuntos arquitetônicos urbanísticos que lhes emprestem a condição de locais de
de valor histórico e cultural; prestação de serviços, de comércio e de moradia;
IV - delimitar espaços públicos que funcionem como polos II - ser atendidas as diretrizes dos arts. 11, parágrafo único,
de atividades culturais, artísticas e educacionais, sem II a IV, e 12, VI e VII.
embaraçar o funcionamento de igrejas e locais de culto, nos
termos da lei; Art. 14 - Os centros, as centralidades e as suas
V - construir abrigos nos pontos de ônibus; proximidades são locais preferenciais de investimento
VI - promover o restabelecimento dos passeios públicos e público, instalação de equipamentos para serviços públicos e
das áreas de circulação de pedestres; realização de eventos culturais, de lazer e de turismo.
VII - estimular o aumento e a melhoria do setor hoteleiro,
de entretenimento, lazer e cultura; (Inciso VII com redação Subseção IV
dada pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000 (Art. 7º) Da Proteção da Memória e do Patrimônio Cultural
VIII - criar condições para a preservação e a conservação
de edificações particulares. Art. 15 - São diretrizes de proteção da memória e do
patrimônio cultural:
Art. 12 - São diretrizes de intervenção pública na estrutura I - priorizar a preservação de conjuntos e ambiências em
urbanística do hipercentro: relação a edificações isoladas;
I - estabelecer instrumentos e incentivos urbanísticos para II - proteger os elementos paisagísticos, permitindo a
a promoção de sua recuperação, restituindo-lhe a condição de visualização do panorama e a manutenção da paisagem em
moradia, lugar de permanência e ponto de encontro; que estão inseridos;
II - priorizar a circulação de pedestres, garantindo-lhes III - promover a desobstrução visual da paisagem e dos
segurança, acessibilidade ambiental e conforto; (Inciso II com conjuntos de elementos de interesse histórico e arquitetônico;
redação dada pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000 (Art. 8º) IV - adotar medidas visando à manutenção dos terrenos
III - estabelecer condições urbanísticas para a vagos lindeiros a mirantes, mediante incentivos fiscais,
racionalização da circulação do transporte coletivo e a redução desapropriação ou transferência do direito de construir;
do tráfego de passagem do transporte individual; V - estimular ações – com a menor intervenção possível –
IV - revitalizar os marcos, as referências e os espaços que visem à recuperação de edifícios e conjuntos, conservando
públicos, históricos, turísticos e culturais; as características que os particularizam;
V - promover a recuperação das calçadas e implementar VI - proteger o patrimônio cultural, por meio de pesquisas,
projetos de paisagismo; inventários, registros, vigilância, tombamento,
VI - promover a desobstrução das fachadas das edificações, desapropriação e outras formas de acautelamento e
reduzindo, padronizando e adequando os engenhos de preservação definidas em lei;
publicidade; VII - compensar os proprietários de bens protegidos;
VII - escalonar o horário de funcionamento das atividades; VIII - coibir a destruição de bens protegidos;
VIII - empreender ação conjunta com os órgãos de IX - disciplinar o uso da comunicação visual para melhoria
segurança pública e de ação social para erradicar a violência e da qualidade da paisagem urbana;
a mendicância urbana; X - criar o arquivo de imagens dos bens culturais tombados
IX - estruturar a circulação de veículos particulares, no Município, sejam eles imóveis, móveis ou integrados;
coletivos e de carga. (Inciso X com redação dada pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000
(Art. 9º)
Subseção III XI - definir o mapeamento cultural para áreas históricas e
Dos Centros e das Centralidades de interesse de preservação da paisagem urbana, adotando
critérios específicos de parcelamento, ocupação e uso do solo,
Art. 13 - São diretrizes de intervenção pública nos centros considerando a harmonização das novas edificações com as do
e nas centralidades estabelecer instrumentos e incentivos conjunto da área em torno.
urbanísticos e realizar obras em áreas públicas, visando a: XII - promover campanhas educativas que visem à
promoção e proteção do patrimônio cultural e que cheguem
efetivamente a toda a população; (Inciso XII acrescentado pela Art. 16-B - O Executivo deverá identificar, por meio de
Lei nº 8.137, de 21/12/2000 (Art. 9º) estudo técnico, os ângulos de visada privilegiados de trechos
XIII - promover a integração entre os órgãos municipais, de significativa beleza cênica da Serra do Curral, definindo as
estaduais e federais e com outras entidades visando ao áreas de interferência nestas visadas.
incremento de ações conjuntas eficazes de preservação, Parágrafo único - As intervenções nas áreas de
recuperação e conservação do patrimônio cultural; (Inciso XIII interferência referidas no caput serão submetidas à
acrescentado pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000 (Art. 9º) apreciação dos Conselhos Colegiados (Conselho Municipal de
XIV - incentivar estudos e pesquisas direcionados à busca Meio Ambiente – COMAM, Conselho Municipal de Política
de alternativas tecnológicas e metodológicas para a área de Urbana – COMPUR e Conselho Deliberativo do Patrimônio
restauração, conservação e proteção do patrimônio cultural; Cultural do Município de Belo Horizonte – CDPCM), até que
(Inciso XIV acrescentado pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000 sejam definidas, mediante legislação específica, diretrizes
(Art. 9º) especiais para ocupação dessas áreas. (Art. 16-B acrescentado
XV - elaborar a caracterização e o mapeamento das áreas e pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000 (Art. 10)
bens tombados de Proteção da Memória e do Patrimônio
Cultural e de suas respectivas diretrizes. (Inciso XV Subseção V
acrescentado pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000 (Art. 9º) Da Política de Segurança Pública
XVI - promover estudos com vistas à proteção das
manifestações culturais populares. (Inciso XVI acrescentado Art. 17 – São diretrizes da política de segurança pública:
pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000 (Art. 9º) I – promover a implantação descentralizada dos
§ 1º - As diretrizes referidas neste artigo devem ser equipamentos necessários à melhoria das condições de
aplicadas obrigatoriamente no perímetro de tombamento da segurança pública, objetivando a redução dos índices de
Serra do Curral e nos conjuntos urbanos tombados pelo criminalidade e dos sinistros;
Município. (§ 1º acrescentado pela Lei nº 8.137, de II – incluir as áreas de risco geológico e as sujeitas a
21/12/2000 (Art. 9º) enchentes na programação da defesa civil, objetivando o
§ 2º - As intervenções dentro do perímetro de tombamento estabelecimento de medidas preventivas e corretivas;
da Serra do Curral e nos conjuntos urbanos tombados pelo III – promover programas de prevenção de incêndio,
Município devem ser objeto de prévia análise pela Secretaria inclusive no âmbito das áreas não edificadas;
Municipal de Cultura de Belo Horizonte. (§ 2º acrescentado IV – adotar sistema de comunicação de emergência com
pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000 (Art. 9º) populações de áreas sujeitas a catástrofes, treinando-as
§ 3º - As intervenções em áreas em estudo, com perímetros quanto ao comportamento a ser adotado em caso de acidentes;
previamente definidas por ato do Executivo, devem ser V – implantar sistema de controle e proteção dos bens
encaminhadas ao Conselho Deliberativo do Patrimônio municipais, incluída a criação da guarda municipal.
Cultural do Município de Belo Horizonte – CDPCM. (§ 3º
acrescentado pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000 (Art. 9º) Subseção VI
Parágrafo único - As diretrizes referidas neste artigo Do Sistema Viário e de Transportes
devem ser aplicadas preferencialmente na Serra do Curral, em
suas proximidades e nos conjuntos urbanos: Art. 18 – São diretrizes do sistema viário:
I - da Avenida Afonso Pena; I – reformular a atual estrutura viária radioconcêntrica,
II - das avenidas Alfredo Balena e Carandaí; mediante interligações transversais que integrem os
III - da Avenida Álvares Cabral; elementos estruturais do Município, por meio da
IV - da Avenida Assis Chateaubriand; complementação do sistema viário e das vias de ligação às
V - da Rua dos Caetés; áreas de adensamento preferencial e aos polos de emprego;
VI - da Cidade Jardim; II – articular o sistema viário com as vias de integração
VII - da Praça da Boa Viagem; metropolitanas e as rodovias estaduais e as federais;
VIII - da Praça da Liberdade e da Avenida João Pinheiro; III – reduzir o caráter da área central de principal
IX - da Praça Rui Barbosa; articuladora do sistema viário;
X - da Praça Duque de Caxias; IV – melhorar a estruturação espacial, criando condições
XI - da Praça Floriano Peixoto; de articulação interna que consolidem os centros;
XII - da Praça Hugo Werneck; V – buscar uma melhor articulação das periferias, entre si
XIII - da Praça Negrão de Lima; e com os centros;
XIV - da Rua Congonhas; VI – melhorar a acessibilidade da população aos locais de
XV - da Rua da Bahia; emprego, de serviços e de equipamentos de lazer;
XVI - da Praça Raul Soares; VII – implantar obras viárias de atendimento ao sistema de
XVII - da Pampulha; transporte coletivo e de complementação do sistema viário
XVIII - do São Cristóvão (ex-IAPI). principal;
VIII – tornar obrigatório o planejamento da integração
Art. 16 - Os investimentos na proteção da memória e do entre o transporte coletivo e o sistema viário;
patrimônio cultural devem ser feitos preferencialmente nas IX – implantar pistas especiais para transporte de massa;
áreas e nos imóveis incorporados ao patrimônio público X – implementar políticas de segurança do tráfego urbano;
municipal. XI – reduzir o conflito entre o tráfego de veículos e o de
pedestres;
Art. 16-A - O Executivo deve elaborar um plano de XII – estabelecer programa periódico de manutenção do
recuperação, preservação, conservação, ocupação e uso da sistema viário;
Serra do Curral, que servirá como base para a criação da XIII – possibilitar o acesso do transporte coletivo e de
respectiva Área de Diretrizes Especiais – ADE. veículos de serviço às áreas ocupadas por população de baixa
Parágrafo único - O estudo de que trata o caput deverá renda;
contemplar a perspectiva da integração entre os Municípios XIV – aprimorar a sinalização e aumentar a segurança do
que se encontram na área de abrangência da Serra do Curral. tráfego, mediante a colocação de placas de orientação e
(Art. 16-A acrescentado pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000 (Art. localização;
10)
XV – pavimentar as vias locais, mistas e de pedestres e) ampliar a cobertura territorial e o nível do serviço das
estabelecidas na classificação viária com revestimentos que linhas de ônibus;
tenham a maior capacidade possível de permeabilização, f) implantar, a curto prazo, o tratamento prioritário para
devidamente compatibilizados com o solo local e o sistema de transporte coletivo nos corredores, utilizando
drenagem previsto, conforme atestado emitido por preferencialmente pista segregada;
profissional habilitado; (Inciso XV com redação dada pela Lei II – melhorar a qualidade do sistema viário e dos serviços
nº 8.137, de 21/12/2000 (Art. 11) de transporte coletivo, compreendendo a segurança, a rapidez,
XVI – promover, em conformidade com as políticas de o conforto e a regularidade, por meio das seguintes ações:
trânsito, a permeabilidade do solo nos canteiros separadores a) aperfeiçoar o gerenciamento dos serviços de forma a
de pistas e nos passeios de vias públicas, através da maior reduzir e controlar os custos constantes nas planilhas
preservação possível dos canteiros já existentes, aprovadas pelo Executivo, visando à redução das tarifas;
contemplando não só as suas espécies arbóreas como também b) remunerar as empresas operadoras de transporte
as suas áreas ajardinadas, e através da implantação de pisos coletivo de acordo com os custos reais;
permeáveis nas áreas restantes destas faixas, além de estudos c) estabelecer programas e projetos de proteção à
para as adaptações necessárias nas faixas centrais e laterais e circulação de pedestres e de grupos específicos, priorizando os
em passeios de vias públicas ainda não ajardinados; (Inciso idosos, os portadores de deficiências físicas e as crianças e
XVI com redação dada pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000 (Art. facilitando seu acesso ao sistema de transporte;
11) d) adotar política de estímulo à destinação de áreas para
XVII – criar cadastro das vias não pavimentadas, incluindo- estacionamento de veículos, inclusive mediante incentivos
as em programa de pavimentação, priorizando os bairros mais próprios, com o objetivo de otimizar a utilização do sistema
antigos; viário;
XVIII – implantar ciclovias, estimulando o uso de bicicletas III – estruturar um sistema principal de transporte de
como meio de transporte. carga que articule os terminais regionais, as zonas industriais
XIX – implantar áreas de travessia e de circulação de e as atacadistas de relevância, por meio das seguintes ações:
pedestres, de modo a criar faixas de percurso conforme a) implantar medidas para melhorar o desempenho das
parâmetros de acessibilidade ambiental; (Inciso XIX áreas de geração, armazenagem e transbordo de carga;
acrescentado pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000 (Art. 11) b) estimular a implantação de terminais de carga em locais
XX – implantar programa de reserva de estacionamentos de fácil acesso às rodovias e compatíveis com o uso do solo e
em logradouros públicos, garagens e espaços privativos para o com o sistema de transporte;
comércio e a prestação de serviços de interesse público para IV – racionalizar, otimizar e integrar o atual sistema de
veículos de pessoas com mobilidade reduzida. (Inciso XX transporte coletivo com a complementação do transporte
acrescentado pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000 (Art. 11) sobre trilhos e correções no percurso dos coletivos na área
§ 1º - O Anexo I contém o Sistema Viário do Município, central;
incluindo as vias existentes e as propostas, V – descentralizar o terminal rodoviário interurbano para
independentemente da classificação respectiva, que será áreas adequadas, integrando-o ao sistema metroviário e aos
definida na Lei de Parcelamento, Ocupação e Uso do Solo. eixos viários, e transformar o atual em terminal metropolitano
§ 2º - O Anexo II contém os Projetos Viários Prioritários a integrado à estação Lagoinha do sistema de metrô;
serem implantados no Município conforme as diretrizes VI – reestruturar os trajetos do transporte coletivo,
estabelecidas neste artigo, sem prejuízo de outras obras utilizando-os como indutores da ocupação de vazios urbanos
necessárias. de forma a alterar a expectativa de ocupação do território;
§ 3º - A Lei nº 7.166, de 27 de agosto de 1996, - Lei de VII – promover estudos que viabilizem a concessão
Parcelamento, Ocupação e Uso do Solo - definirá critérios para temporária de linhas de transporte coletivo – que o financiem
garantir a implantação das intervenções previstas no Anexo II e antecipem sua disponibilidade para a comunidade – em
desta Lei. (§ 3º com redação dada pela Lei nº 9.959, de modalidades não existentes no Município e com gestão
20/7/2010 (Art. 2º) compartilhada das atividades.
§ 4º - A hierarquização do sistema viário deve ser
estabelecida na Lei de Parcelamento, Ocupação e Uso do Solo. Subseção VII
§ 5º - A recomposição das pavimentações das ruas que Da Utilização de Energia
possuem capacidade filtrante, assim como a pavimentação das
áreas de estacionamento não cobertos, deverão ser feitas Art. 20 – São diretrizes relativas à utilização de energia:
mantendo as características definidas no inciso XV deste I – assegurar a expansão dos serviços de energia elétrica,
artigo. (§ 5º acrescentado pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000 segundo a distribuição espacial da população e das atividades
(Art. 11) socioeconômicas;
II – promover a captação e a utilização do biogás
Art. 19 – São diretrizes do sistema de transportes: proveniente de aterros sanitários;
I – desenvolver um sistema de transporte coletivo III – difundir a utilização de formas alternativas de energia,
prevalente sobre o individual, por meio das seguintes ações: como a solar, a eólica e o gás natural;
a) assegurar a unidade da aglomeração urbana como IV – promover periodicamente campanhas educativas
conjunto físico, econômico e social, induzindo uma estrutura visando ao uso racional de energia e evitando o desperdício.
compatível com os objetivos estabelecidos nesta Lei;
b) assegurar a acessibilidade dos munícipes aos centros de Subseção VIII
comércio e de serviços e às zonas industriais, interligando as Das Comunicações
regiões do Município por linhas expressas ou sistemas de
transporte de massa; Art. 21 – São diretrizes relativas às comunicações:
c) implantar linhas internas articuladas aos centros I – promover a expansão dos serviços segundo a
regionais, rompendo com o atual sistema radioconcêntrico; distribuição espacial da população e das atividades
d) promover a implantação de um sistema principal de socioeconômicas;
transporte de passageiros, integrando o sistema ferroviário II – promover a ampliação da oferta de telefones públicos
aos demais corredores de transporte coletivo; em corredores de circulação, terminais de transportes e outras
áreas de equipamentos públicos, priorizando, nas regiões mais
governamentais e não governamentais; (Inciso XXVII Art. 23 – São diretrizes gerais da política de saneamento:
acrescentado pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000 (Art. 13) I – articular, em nível metropolitano, o planejamento das
XXVIII – promover o conforto acústico na cidade por meio ações de saneamento e dos programas urbanísticos de
de ações do poder público municipal, em parceria com interesse comum, de forma a assegurar a preservação dos
empresas, organizações não governamentais e comunidade; mananciais, a produção de água tratada, a interceptação e o
(Inciso XXVIII acrescentado pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000 tratamento dos esgotos sanitários, a drenagem urbana, o
(Art. 13) controle de vetores e a adequada coleta e disposição final dos
XXIX – ampliar a rede de monitoramento da qualidade do resíduos sólidos; (Inciso I com redação dada pela Lei nº 8.137,
ar e incentivar o uso de combustíveis alternativos nos veículos de 21/12/2000 (Art. 15)
automotores, notadamente nos táxis, carros oficiais, assim II – fomentar o desenvolvimento científico, a capacitação
como aqueles que prestam serviço à municipalidade, criando de recursos humanos e a adoção de tecnologias apropriadas na
a frota verde; (Inciso XXIX acrescentado pela Lei nº 8.137, de área de saneamento, criando condições para o
21/12/2000 (Art. 13) desenvolvimento e a aplicação de tecnologias alternativas;
XXX – definir, através de regulamentação própria, (Inciso II com redação dada pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000
diretrizes para a implantação de parques, praças e demais (Art. 15)
áreas verdes da cidade, englobando aspectos de ocupação e III – condicionar o adensamento e o assentamento
preservação do patrimônio natural do terreno; (Inciso XXX populacional à prévia solução dos problemas de saneamento
acrescentado pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000 (Art. 13) local;
XXXI – elaborar plano diretor de áreas verdes e IV – criar condições urbanísticas para que a recuperação e
arborização da cidade, com caracterização e mapeamento a preservação dos fundos de vale sejam executadas,
destas; (Inciso XXXI acrescentado pela Lei nº 8.137, de preferencialmente, mediante a criação de parques lineares
21/12/2000 (Art. 13) adequadamente urbanizados, que permitam a implantação
XXXII – criar mecanismos de incentivos que favoreçam dos interceptores de esgoto sanitário;
parcerias com a iniciativa privada, no tocante à implantação e V – implantar tratamento urbanístico e paisagístico nas
manutenção de áreas verdes; (Inciso XXXII acrescentado pela áreas remanescentes de tratamento de fundos de vale,
Lei nº 8.137, de 21/12/2000 (Art. 13) mediante a implantação de áreas verdes e de lazer;
XXXIII – promover, em consonância com a política VI – priorizar planos, programas e projetos que visem à
habitacional do Município, ações de resgate ou recuperação de ampliação de saneamento das áreas ocupadas por população
áreas verdes públicas invadidas e de ações que coíbam futuras de baixa renda;
invasões; (Inciso XXXIII acrescentado pela Lei nº 8.137, de VII – garantir a todos o atendimento do serviço de
21/12/2000 (Art. 13) saneamento e o ambiente salubre, indispensáveis à segurança
XXXIV – estimular e adotar, quando possível, tecnologias sanitária e à melhoria da qualidade de vida, impondo-se ao
alternativas ambientalmente corretas nas ações Poder Público e à coletividade o dever de assegurá-lo; (Inciso
desenvolvidas pelo setor público e privado; (Inciso XXXIV VII com redação dada pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000 (Art.
acrescentado pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000 (Art. 13) 15)
XXXV – adotar os aspectos da dimensão ambiental nos VIII – promover política tarifária que considere as
empreendimentos urbanos, levando-se em conta, na sua condições econômicas, garantindo que a tarifa não seja
elaboração, indicadores de conforto e sustentabilidade empecilho para a prestação de serviços.
ambiental, como forma de melhorar a qualidade de vida da IX – subordinar as ações de saneamento ao interesse
população; (Inciso XXXV acrescentado pela Lei nº 8.137, de público, de forma a cumprir sua função social; (Inciso IX
21/12/2000 (Art. 13) acrescentado pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000 (Art. 15)
XXXVI – promover política adequada de implantação de X – promover a coordenação e a integração das políticas,
áreas verdes nas vilas e favelas; (Inciso XXXVI acrescentado planos, programas e ações governamentais de saneamento,
pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000 (Art. 13) saúde, meio ambiente, habitação, uso e ocupação do solo;
XXXVII – exigir das instituições e dos concessionários dos (Inciso X acrescentado pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000 (Art.
serviços públicos a guarda, garantia de integridade, 15)
tratamento urbanístico, manutenção e conservação das faixas XI – buscar a permanente melhoria da qualidade e a
de domínio e serviço sob sua responsabilidade. (Inciso XXXVII máxima produtividade na prestação dos serviços de
acrescentado pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000 (Art. 13) saneamento, considerando as especificidades locais e as
Parágrafo único – O Executivo deve instalar, no prazo de 2 demandas da população; (Inciso XI acrescentado pela Lei nº
(dois) anos, contados da vigência desta Lei, o Parque Florestal 8.137, de 21/12/2000 (Art. 15)
da Baleia, mediante a celebração de convênio com o governo XII – utilizar o quadro epidemiológico no planejamento,
estadual. implementação e avaliação da eficácia das ações de
saneamento; (Inciso XII acrescentado pela Lei nº 8.137, de
Subseção X 21/12/2000 (Art. 15)
Da Política do Saneamento XIII – assegurar a participação efetiva da sociedade na
formulação das políticas, no planejamento e controle de
Art. 22-A – Considera-se saneamento como um conjunto de serviços de saneamento e a promoção de educação ambiental
ações entendidas fundamentalmente como de saúde pública e e sanitária, com ênfase na participação social; (Inciso XIII
proteção ao meio ambiente, compreendendo: acrescentado pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000 (Art. 15)
I – o abastecimento de água em quantidade suficiente para XIV – estabelecer mecanismos de controle sobre a atuação
assegurar a higiene adequada e o conforto e com qualidade de concessionários dos serviços de saneamento, de maneira a
compatível com os padrões de potabilidade; assegurar a adequada prestação dos serviços e o pleno
II – a coleta, o tratamento e a disposição adequada dos exercício do poder concedente por parte do Município. (Inciso
esgotos sanitários e dos resíduos sólidos; XIV acrescentado pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000 (Art. 15)
III – a drenagem urbana das águas pluviais; § 1º - A Administração Municipal deverá estruturar-se
IV – o controle de vetores transmissores e reservatórios de para, com a utilização de políticas setoriais integradas,
doenças. (Art. 22-A acrescentado pela Lei nº 8.137, de promover a gestão, a organização e a prestação direta, ou
21/12/2000 (Art. 14) mediante regime de concessão ou permissão, dos serviços de
saneamento. (§ 1º acrescentado pela Lei nº 8.137, de III – incentivar estudos e pesquisas direcionados para a
21/12/2000 (Art. 15) busca de alternativas tecnológicas e metodológicas para
§ 2º - A política de saneamento do Município será coleta, transporte, tratamento e deposição final do lixo,
regulamentada em lei específica, que terá por finalidade visando a prolongar ao máximo a vida útil dos aterros
assegurar a proteção da saúde da população e do meio sanitários;
ambiente, bem como institucionalizar a gestão, disciplinar o IV – assegurar a adequada prestação de serviço de limpeza
planejamento e a execução das ações, obras e serviços de urbana, segundo a distribuição espacial da população e das
saneamento no Município. (§ 2º acrescentado pela Lei nº atividades socioeconômicas;
8.137, de 21/12/2000 (Art. 15) V – complementar e consolidar a descentralização das
§ 3º - A política municipal de saneamento contará, para sua atividades de limpeza urbana, particularmente no que
execução, com o Sistema Municipal de Saneamento, definido concerne às unidades de recepção, triagem e reprocessamento
como o conjunto de instrumentos e agentes institucionais que, de resíduos recicláveis, bem como de tratamento e destinação
no âmbito das respectivas competências, atribuições, final dos resíduos não recicláveis;
prerrogativas e funções, integram-se, de modo articulado e VI – criar condições urbanísticas para a implantação do
cooperativo, para a formulação de políticas, definição de sistema de coleta seletiva dos resíduos sólidos urbanos, dando
estratégias e execução das ações de saneamento, inclusive com especial atenção ao tratamento e à destinação final do lixo
clara definição dos seus mecanismos de financiamento. (§ 3º hospitalar;
acrescentado pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000 (Art. 15) VII – incentivar sistemas de monitorização para o controle
de contaminação do lençol freático nas áreas de depósito de
Art. 24 – São diretrizes relativas ao esgotamento sanitário: resíduos industriais e de aterros sanitários;
I – promover a articulação com o Município de Contagem, VIII – permitir a coleta privativa do lixo.
para a ampliação, na bacia da Pampulha, do serviço de coleta e IX – promover o gerenciamento adequado dos resíduos de
interceptação de esgotos sanitários; serviços de saúde, de modo a evitar danos à saúde e ao meio
II- assegurar a toda a população a coleta, interceptação, ambiente; (Inciso IX acrescentado pela Lei nº 8.137, de
tratamento e disposição ambientalmente adequada dos 21/12/2000 (Art. 19)
esgotos sanitários; (Inciso II com redação dada pela Lei nº X – controlar os efeitos potencialmente danosos ao meio
8.137, de 21/12/2000 (Art. 16) ambiente e à saúde nas áreas de armazenamento, tratamento
III – definir as áreas e ações prioritárias a serem e destinação final de resíduos sólidos; (Inciso X acrescentado
contempladas no planejamento dos serviços, considerando o pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000 (Art. 19)
perfil epidemiológico; (Inciso III com redação dada pela Lei nº XI – promover campanhas educativas que visem a
8.137, de 21/12/2000 (Art. 16) contribuir com a redução, reutilização e reciclagem do lixo.
IV – promover o controle da poluição industrial, visando o (Inciso XI acrescentado pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000 (Art.
enquadramento do efluente a padrões de lançamento 19)
previamente estabelecidos. (Inciso IV com redação dada pela
Lei nº 8.137, de 21/12/2000 (Art. 16) Art. 27 – São diretrizes relativas à drenagem urbana:
Incisos V e VI revogados pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000 I – promover a adoção de alternativas de tratamento de
(Art. 16) fundos de vale com a mínima intervenção no meio ambiente
natural e que assegurem acessibilidade, esgotamento
Art. 25 – São diretrizes relativas ao abastecimento de água: sanitário, limpeza urbana e resolução das questões de risco
I – assegurar o abastecimento de água a toda a população, geológico e de inundações; (Inciso I com redação dada pela Lei
com qualidade compatível com os padrões de potabilidade e nº 8.137, de 21/12/2000 (Art. 20)
em quantidade suficiente para a garantia de suas condições de II – elaborar o cadastro completo do sistema de drenagem,
saúde e conforto; (Inciso I com redação dada pela Lei nº 8.137, que deverá contar com mecanismos de atualização contínua e
de 21/12/2000 (Art. 17) permanente; (Inciso II com redação dada pela Lei nº 8.137, de
Inciso II revogado pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000 (Art. 21/12/2000 (Art. 20)
17) Incisos III a V revogados pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000
III – implementar mecanismos de controle da qualidade da (Art. 20)
água distribuída à população. (Inciso III com redação dada pela VI – inibir ações que impliquem na expansão de áreas
Lei nº 8.137, de 21/12/2000 (Art. 17) impermeáveis; (Inciso VI acrescentado pela Lei nº 8.137, de
IV – definir as áreas e ações prioritárias a serem 21/12/2000 (Art. 21)
contempladas no planejamento dos serviços, considerando o VII – implantar tratamento urbanístico e paisagístico nas
perfil epidemiológico; (Inciso IV acrescentado pela Lei nº áreas remanescentes de tratamentos de fundos de vale,
8.137, de 21/12/2000 (Art. 18) privilegiando as soluções de parques; (Inciso VII acrescentado
V – controlar as atividades potencialmente ou pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000 (Art. 21)
efetivamente poluidoras das águas nas bacias dos mananciais VIII - elaborar diagnóstico da drenagem urbana no
de abastecimento, articulando ações, se necessário, com Município, enfocando os aspectos relacionados à prevenção e
outros Municípios da Região Metropolitana; (Inciso V controle de inundações, às condições de risco à saúde, ao risco
acrescentado pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000 (Art. 18) geológico e à expansão do sistema viário; (Inciso VIII
VI – promover campanhas educativas que visem a acrescentado pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000 (Art. 21)
contribuir para a redução e racionalização do consumo de IX – implementar um sistema de monitoramento que
água. (Inciso VI acrescentado pela Lei nº 8.137, de permita definir e acompanhar as condições reais de
21/12/2000 (Art. 18) funcionamento do sistema de macro-drenagem; (Inciso IX
acrescentado pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000 (Art. 21)
Art. 26 – São diretrizes relativas à limpeza urbana: X - buscar alternativa de gestão que viabilize a auto-
I – promover a articulação do Município com a região sustentação econômica e financeira do sistema de drenagem
metropolitana no tocante a coleta, transporte, tratamento e urbana. 9Inciso X acrescentado pela Lei nº 8.137, de
destinação final dos resíduos sólidos; 21/12/2000 (Art. 21)
II – implantar programas especiais de coleta e destinação Parágrafo único – O Executivo deverá elaborar e
final do lixo em áreas ocupadas por população de baixa renda; implementar o Plano Diretor de Drenagem de Belo Horizonte
– PDDBH, abrangendo as bacias dos ribeirões Arrudas e Onça,
que deverá ter uma abordagem integrada. (Parágrafo único Subseção XII
acrescentado pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000 (Art. 21) Da Política Habitacional
Art. 27-A – São diretrizes relativas ao controle de vetores: Art. 30-A – Para os efeitos desta Lei, considera-se como
I – promover o controle de vetores em todo o Município, habitação a moradia digna inserida no contexto urbano,
visando à prevenção das zoonoses e à melhoria da qualidade provida de infraestrutura básica de serviços urbanos e de
de vida; equipamentos comunitários básicos. (Art. 30-A acrescentado
II – articular, em nível metropolitano, ações integradas que pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000 (Art. 24)
visem ao controle de vetores;
III – compatibilizar as ações de controle de vetores com o Art. 31 – São diretrizes da política habitacional:
planejamento global para a bacia da Pampulha; I – delimitar áreas para a implantação de programas
IV – garantir o desenvolvimento de ações contínuas para o habitacionais de interesse social;
controle de vetores. II – priorizar, nas ações de remoção, as famílias de baixa
Parágrafo único – A política de controle de vetores deve ter renda residentes em áreas de risco e insalubres;
como premissa básica a articulação das ações dos diversos III – priorizar a inclusão em programas habitacionais das
órgãos afetos ao saneamento básico. 9Art. 27-A acrescentado famílias comprovadamente residentes no Município há pelo
pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000 (Art. 22) menos dois anos; (Inciso III com redação dada pela Lei nº
8.137, de 21/12/2000 (Art. 25)
Subseção XI Inciso IV revogado pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000 (Art.
Das Áreas de Risco Geológico 25)
V – promover a implantação de planos, programas e
Art. 28 – As áreas de risco geológico são as sujeitas a sediar projetos, por meio de cooperativas ou associações
evento geológico natural ou induzido ou a serem por ele habitacionais, com utilização do processo de autogestão e
atingidas, dividindo-se nas seguintes categorias de risco: capacitação por meio de assessorias técnicas; (Inciso V com
I – potencial, incidente em áreas não parceladas e redação dada pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000 (Art. 25)
desocupadas; Inciso VI a VIII revogados pela Lei nº 8.137, de
II – efetivo, incidente em áreas parceladas ou ocupadas. 21/12/2000 (Art. 25)
§ 1º - São as seguintes as modalidades de risco geológico: IX – incentivar, por normas diferenciadas na Lei de
I – de escorregamento; Parcelamento, Ocupação e Uso do Solo, a implantação de
II – associado a escavações; programas habitacionais pela iniciativa privada;
III – de inundações; X – promover o reassentamento, preferencialmente em
IV – de erosão e assoreamento; área próxima ao local de origem, dos moradores das áreas de
V – de contaminação do lençol freático. risco e das destinadas a projetos de interesse público ou dos
§ 2º - O parcelamento de glebas em que haja áreas de risco desalojados por motivo de calamidade;
geológico está sujeito a elaboração de laudo, nos termos da Lei XI – incentivar a inclusão de novas áreas entre as
de Parcelamento, Ocupação e Uso do Solo. reservadas para programas habitacionais;
XII – estimular formas consorciadas de produção de
Art. 29 – São diretrizes para a ocupação de áreas de risco moradias populares, inclusive verticais, com a participação do
potencial: Poder Público e da iniciativa privada; (Inciso XIII e XIV
I – adoção de medidas mitigadoras, em conformidade com revogados pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000 (Art. 25)
a natureza e a intensidade do risco declarado; XV – promover a implantação de serviço de auxílio para
II – destinação que impeça a ocupação nas áreas onde o população de baixa renda que acompanhe o custo e a execução
risco não puder ser mitigado; da obra e forneça projeto padrão de arquitetura, estrutural,
III – assentamento compatível com as modalidades de elétrico, hidráulico e de telefone.
risco a que se refere o § 1º do artigo anterior; XVI – promover o acesso à terra e à moradia digna para os
IV – restrição às atividades de terraplenagem no período habitantes da cidade, em especial os de baixa renda; (Inciso
de chuvas; XVI acrescentado pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000 (Art. 26)
V – criação de programas que visem a estabelecer XVII – possibilitar a melhoria do padrão das edificações
parcerias com a sociedade civil, no intuito de recuperar áreas nos programas habitacionais destinados à população de baixa
degradadas, por meio de replantios e outras medidas; (Inciso renda; (Inciso XVII acrescentado pela Lei nº 8.137, de
V com redação dada pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000 (Art. 23) 21/12/2000 (Art. 26)
VI – adoção de processos construtivos adequados, em XVIII – considerar os indicadores de conforto e
concordância com as diretrizes do laudo geológico-geotécnico sustentabilidade ambiental nos programas habitacionais;
respectivo. (Inciso VI com redação dada pela Lei nº 8.137, de (Inciso XVIII acrescentado pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000
21/12/2000 (Art. 23) (Art. 26)
XIX – utilizar processos tecnológicos que garantam maior
Art. 30 – São diretrizes para o controle de áreas de risco qualidade e menor custo da habitação; (Inciso XIX
efetivo: acrescentado pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000 (Art. 26)
I – monitorização permanente, para verificação de XX – articular, em nível metropolitano, o planejamento das
mudanças nas suas condições; ações relativas à política habitacional, objetivando a busca de
II – execução de obras de consolidação de terrenos; soluções para problemas comuns ligados à habitação,
III – fixação de exigências especiais para construção, em sobretudo nas áreas conurbadas; (Inciso XX acrescentado pela
conformidade com a natureza e a intensidade do risco Lei nº 8.137, de 21/12/2000 (Art. 26)
declarado; XXI – assegurar a articulação da política habitacional com
IV – controle de ocupação e adensamento; a política urbana, considerando suas diversas políticas
V – orientação periódica à população envolvida em setoriais; (Inciso XXI acrescentado pela Lei nº 8.137, de
situações de risco. 21/12/2000 (Art. 26)
Parágrafo único – Nas áreas de risco, deve-se estimular o XXII – estimular a realização de parcerias entre o poder
plantio de espécies adequadas à consolidação dos terrenos. público e sociedade civil na implementação da política
habitacional; (Inciso XXII acrescentado pela Lei nº 8.137, de Parágrafo único - A implantação dos EHISs pode ocorrer
21/12/2000 (Art. 26) por iniciativa do Executivo ou por solicitação de particulares,
XXIII – promover a construção de moradias, com denominados Empreendedores Sociais, e obedecerá a
características de adaptabilidade às condições de critérios, parâmetros e procedimentos a serem
acessibilidade ambiental de pessoas com mobilidade reduzida, regulamentados pelo Executivo, ouvido o Conselho Municipal
sem que isso implique em qualquer reserva percentual das de Habitação - CMH. (Art. 32-B acrescentado pela Lei nº 9.959,
unidades habitacionais. (Inciso XXIII acrescentado pela Lei nº de 20/7/2010 (Art. 3º)
8.137, de 21/12/2000 (Art. 26)
Subseção XIII
Art. 32 – Os programas habitacionais referentes a novos Do Turismo
assentamentos devem ser implantados de acordo com as
seguintes diretrizes: Art. 33 – São diretrizes do turismo:
I – promoção do assentamento da população de baixa I – ordenar, incentivar e fiscalizar o desenvolvimento das
renda em lotes já urbanizados, preferencialmente em áreas atividades relacionadas ao turismo;
próximas à origem da demanda; (Inciso I com redação dada II – desenvolver o turismo de eventos e negócios; (Inciso II
pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000 (Art. 27) com redação dada pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000 (Art. 30)
II – utilização preferencial de pequenas áreas inseridas na III – promover e estimular a formação e a ampliação dos
malha urbana, dotadas de infraestrutura básica e de fluxos turísticos regionais, nacionais e internacionais;
equipamentos comunitários; IV – estabelecer e manter sistema de informações sobre as
III – priorização de conjuntos com até 150 (cento e condições turísticas, atrativos, equipamentos, infraestruturas,
cinquenta) unidades, preferencialmente próximos à origem da serviços e locais de interesse turístico; (Inciso IV com redação
demanda; dada pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000 (Art. 30)
Inciso IV revogado pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000 (Art. V – incentivar as ações de formação, capacitação e
28) aperfeiçoamento de recursos humanos, visando ao
V – regularização fundiária obrigatória na implantação dos aprimoramento da prestação de serviços vinculados ao
novos assentamentos. (Inciso V acrescentado pela Lei nº turismo;
8.137, de 21/12/2000 (Art. 28) VI – promover e orientar a adequada expansão de áreas,
Parágrafo único – As construções dos novos equipamentos, instalações, serviços e atividades de turismo,
assentamentos estão sujeitas a aprovação do Executivo, hospedagem, entretenimento e lazer, em condições de
devendo ser compatíveis com as características da região. acessibilidade ambiental para todos, inclusive pessoas com
mobilidade reduzida; (Inciso VI com redação dada pela Lei nº
Art. 32-A – Os programas habitacionais referentes a 8.137, de 21/12/2000 (Art. 30)
assentamentos existentes devem ser implantados de acordo VII – diligenciar para que os empreendimentos e os
com as seguintes diretrizes: serviços turísticos se revistam de boa qualidade;
I – elaborar Plano Global Específico para cada VIII – criar condições para a melhoria dos recursos
assentamento, considerando as particularidades de cada área turísticos, mediante estímulos às iniciativas afins,
e abordando de forma integrada os aspectos físico – ambiental, estabelecendo critérios de caracterização das atividades de
jurídico legal, socioeconômico e organizativo, promovendo a turismo, de recreação e de lazer;
integração à cidade; IX – implantar sistema permanente de animação turístico-
II – adequar as intervenções dos diversos órgãos e esferas cultural e de lazer, orientando a população para a prática de
de governo às diretrizes do Plano Global Específico, atividades em espaços livres e maximizando a utilização
ressalvadas aquelas para atendimento a situações turística e recreativa dos recursos naturais, físicos, humanos e
emergenciais, de calamidade pública ou de manutenção; tecnológicos disponíveis;
III – desenvolver programas para a urbanização e a X – apoiar e colaborar no desenvolvimento das artes, das
regularização fundiária de favelas, a complementação da tradições populares, da cultura popular e do artesanato;
infraestrutura urbana de loteamentos populares e o (Inciso X com redação dada pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000
reassentamento de população desalojada em decorrência de (Art. 30)
obras públicas ou calamidades; XI – criar e manter sistema de informações e de
IV – efetivar a regularização fundiária de loteamentos publicações turísticas, nos moldes e nos parâmetros
populares e favelas localizados em terrenos pertencentes ao internacionais; (Inciso XI com redação dada pela Lei nº 8.137,
Município, mediante a aprovação de projetos de parcelamento, de 21/12/2000 (Art. 30)
urbanização da área e titulação dos moradores; XII – colocar, em pontos estratégicos, placas de sinalização
V – promover a regularização fundiária de loteamentos e identificação dos locais de importância turística e cultural,
populares e favelas localizadas em terrenos particulares e em com padrões internacionais; (Inciso XII com redação dada pela
áreas públicas federais e estaduais, visando à execução de Lei nº 8.137, de 21/12/2000 (Art. 30)
projetos de parcelamento, urbanização da área e a titulação XIII – promover feiras e congressos;
dos moradores; XIV – promover o aprimoramento do Terminal Aéreo da
VI – criar mecanismos para garantir a permanência das Pampulha como equipamento de serviço internacional;
famílias de baixa renda nas vilas, favelas e conjuntos XV – estimular o aprendizado de espanhol e inglês nas
habitacionais de interesse social, assegurando a função de escolas municipais, para preparo de pessoal especializado;
moradia. (Art. 32-A acrescentado pela Lei nº 8.137, de Inciso XVI revogado pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000 (Art.
21/12/2000 (Art. 29) 30)
XVII – colaborar no desenvolvimento das atividades
Art. 32-B - Fica instituído, na Política Municipal de culturais, estimulando a dança, a música, as artes plásticas, o
Habitação, o Empreendimento Habitacional de Interesse teatro e o cinema; (Inciso XVII com redação dada pela Lei nº
Social - EHIS -, que se destina a suprir a demanda habitacional, 8.137, de 21/12/2000 (Art. 30)
vinculado a programas de financiamento público subsidiado, e XVIII – promover a criação do centro de consulados,
que atenda aos critérios vigentes na Política Municipal de aglutinando maior número de representantes diplomáticos no
Habitação. Município;
XIX – incrementar os convênios entre Municípios, V – garantir, por meio do sistema de transporte urbano,
estimulando o intercâmbio social, político, cultural, esportivo, condições de acessibilidade às áreas onde estejam localizados
turístico e ecológico; (Inciso XIX com redação dada pela Lei nº os equipamentos de saúde;
8.137, de 21/12/2000 (Art. 30) VI – promover o desenvolvimento de centros detentores
XX – implementar política de turismo ecológico integrando de tecnologia de ponta, de forma a atender a demanda de
o Município aos demais da APA-Sul e aos que possuam grutas, serviços especializados;
cachoeiras ou unidades de conservação; VII – garantir boas condições de saúde para a população,
Inciso XXI revogado pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000 (Art. por meio de ações preventivas que visem à melhoria das
30) condições ambientais, como o controle dos recursos hídricos,
XXII – promover os recursos turísticos de Belo Horizonte da qualidade da água consumida, da poluição atmosférica e da
junto aos mercados estadual, nacional e internacional; (Inciso sonora;
XXII acrescentado pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000 (Art. 31) VIII – promover política de educação sanitária,
XXIII – promover ações para um melhor tratamento e conscientizando e estimulando a participação nas ações de
aproveitamento turístico da Serra do Curral e da Pampulha, saúde.
mediante a implantação de equipamentos turísticos geradores
de novas demandas que proporcionem a criação de ocupação Subseção II
e renda e que se constituam em atrativo diferencial, Da Política Educacional
considerada a preservação ambiental; (Inciso XXIII
acrescentado pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000 (Art. 31) Art. 36 – São diretrizes da política educacional:
XXIV – estimular a implantação de equipamentos I – promover a expansão e a manutenção da rede pública
turísticos, de esporte e de lazer que visem ao desenvolvimento de ensino, de forma a cobrir a demanda, garantindo o ensino
do setor; (Inciso XXIV acrescentado pela Lei nº 8.137, de fundamental obrigatório e gratuito;
21/12/2000 (Art. 31) II – promover a distribuição espacial de recursos, serviços
XXV – estimular novas alternativas de hospedagem para e equipamentos, para atender à demanda em condições
atendimento a um segmento de mercado de baixa renda. adequadas, cabendo ao Município, prioritariamente, o
(Inciso XXV acrescentado pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000 atendimento ao ensino fundamental e à educação infantil;
(Art. 31) (Inciso II com redação dada pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000
(Art. 32)
Subseção XIV III – promover a melhoria da qualidade de ensino, criando
Do Subsolo condições para a permanência e a progressão dos alunos no
sistema escolar;
Art. 34 – São diretrizes relativas ao subsolo: IV – promover o desenvolvimento de centros de excelência
I – coordenar as ações das concessionárias de serviço em educação, voltados para a modernização do padrão de
público, visando a articulá-las com o Município e a monitorar ensino e a formação de recursos humanos;
a utilização do subsolo; V – expandir e descentralizar gradativamente as atividades
II – coordenar o cadastramento das redes de água, telefone, e os equipamentos do sistema educacional, incluídas as
energia elétrica e das demais que passam pelo subsolo; creches e as pré-escolas;
III – manter banco de dados atualizado sobre as redes VI – promover programas de integração entre a escola e a
existentes no subsolo; comunidade com atividades de educação, saúde e lazer.
IV – determinar que a execução de obras no subsolo
somente possa ser feita por meio de licença prévia; Subseção III
V – autorizar por licitação a utilização do subsolo para a Da Política de Ação Social
instalação de equipamentos urbanos e exploração de
atividades comerciais; Art. 37 – São diretrizes da política de ação social:
VI – proibir a deposição de material radioativo no subsolo; I – erradicar a pobreza absoluta, apoiar a família, a infância,
VII – promover ações que visem a preservar e a a adolescência, a velhice, os portadoras de deficiência e os
descontaminar os lençóis freáticos. toxicômanos;
II – assegurar a participação dos segmentos sociais
Seção III organizados;
Das Diretrizes Sociais III – promover, junto com a comunidade, a implantação, o
Subseção I desenvolvimento e a melhoria das creches; (Inciso III com
Da Política de Saúde redação dada pela Lei nº 8.137, de 21/12/2000 (Art. 33)
IV – descentralizar espacialmente os serviços, os recursos
Art. 35 – São diretrizes da política de saúde: e os equipamentos, de forma hierarquizada, articulada e
I – assegurar a implantação dos pressupostos do Sistema integrada com as diversas esferas de governo;
Único de Saúde, mediante o estabelecimento de condições V – descentralizar os serviços e os equipamentos públicos,
urbanísticas que propiciem a descentralização, a de modo a viabilizar o atendimento das demandas
hierarquização e a regionalização dos serviços que o regionalizadas;
compõem; VI – implantar rede de centros sociais urbanos
II – organizar a oferta pública de serviços de saúde e regionalizados;
estendê-la a todo o Município; VII – promover a implantação de centros de convivência
III – garantir a melhoria da qualidade dos serviços para idosos, de triagem e encaminhamento social, de pesquisa
prestados e o acesso da população a eles; e formação de educadores sociais e de apoio comunitário a
IV – promover a distribuição espacial de recursos, serviços portadores de AIDS e toxicômanos;
e ações, conforme critérios de contingente populacional, VIII – promover o acesso dos portadores de deficiência às
demanda, acessibilidade física e hierarquização dos novas edificações destinadas a serviços regulares prestados
equipamentos de saúde em centros de saúde, policlínicas, pelo Município, bem como a remoção das barreiras
hospitais gerais, prontos-socorros e hospitais especializados; arquitetônicas, de locomoção e de comunicação das já
existentes. (Inciso VIII com redação dada pela Lei nº 8.137, de
21/12/2000 (Art. 33)
Art. 43 – Para o cumprimento dos objetivos previstos nesta b) o sistema viário, por meio da previsão de recuos de
Seção, o Executivo fará uso dos instrumentos da política alinhamento;
urbana desta Lei, em especial do convênio urbanístico de IV – nas áreas de limitação ao adensamento, devem ser
interesse social. previstos mecanismos de desestímulo à verticalização e à
concentração de atividades econômicas, mediante a elevação
Seção V das alíquotas dos tributos;
Da Pampulha V – nas áreas de investimento público que motivem a
valorização de imóveis, deve ser prevista a cobrança de
Art. 44 – O Executivo deve encaminhar à Câmara contribuição de melhoria, com definição da abrangência, dos
Municipal, no prazo máximo de 18 (dezoito) meses, contados parâmetros e dos valores determinados em lei específica;
da vigência desta Lei, projeto de lei contendo plano de ação VI – os imóveis devem ser reavaliados, para fins de
visando à recuperação da represa da Pampulha. incidência do IPTU – Imposto Predial e Territorial Urbano – e
do ITBI – Imposto sobre a Transmissão Inter Vivos de Bens
Art. 45 – O plano referido no artigo anterior deve prever o Imóveis -, adequando-se as respectivas alíquotas à nova Lei de
saneamento da represa no prazo máximo de 10 (dez) anos, Parcelamento, Ocupação e Uso do Solo.
possibilitando a prática de esportes em seu interior e em sua VII – devem ser previstos mecanismos de incentivo ao
orla. investimento privado para remoção de barreiras
Parágrafo único – O plano deve ser acompanhado de arquitetônicas e para a construção de edifícios adequados ao
cronograma de investimentos, a serem incluídos nos acesso e utilização por pessoas com mobilidade reduzida,
orçamentos anuais e plurianuais, e conterá a previsão: mediante a redução dos tributos. (Inciso VII acrescentado pela
I – de despoluição e tratamento de fundos de vale dos Lei nº 8.137, de 21/12/2000 (Art. 40)
córregos afluentes; Parágrafo único – Deve a Lei de Parcelamento, Ocupação e
II – de instalação de interceptores e de estação de Uso do Solo estabelecer a largura dos recuos de alinhamento e
tratamento de esgotos; das vias a eles sujeitas.
III – da instalação de bacias de sedimentação
descentralizadas; Seção VII
IV – de recuperação e posterior preservação das áreas Do Cronograma
erodidas;
V – de controle ambiental sanitário; Art. 47 – Para a implementação das diretrizes e a
VI – de desassoreamento; consecução dos seus objetivos, deve ser observado o
VII – de instalação de equipamentos de lazer e de turismo; cronograma de investimento prioritário em obras estratégicas
VIII – de parâmetros urbanísticos a serem definidos para a para o desenvolvimento do Município, constante do Anexo III,
região, que garantam: cuja execução ocorrerá nos dois anos seguintes à data da
a) a preservação de paisagem e da cobertura vegetal; publicação desta Lei.
b) a manutenção dos índices de permeabilização do solo;
c) a existência de locais destinados à instalação de usos Art. 48 – Para os anos subsequentes, deve o Executivo
não-residenciais e as condições especiais para tanto prever as obras estratégicas prioritárias nos planos
necessárias; plurianuais – excetuadas as relativas à ampliação do sistema
d) a preservação do conjunto arquitetônico e urbanístico viário constantes do Anexo II – tendo em vista as diretrizes de
tombado. (Alínea “d” acrescentada pela Lei nº 8.137, de desenvolvimento urbano estabelecidas nesta Lei.
21/12/2000 (Art. 38) § 1º - Os recursos necessários para a implementação das
IX – de mecanismos de participação da sociedade na gestão obras referidas no caput devem estar previstos nas leis de
da região; diretrizes orçamentárias e nos orçamentos anuais.
X – de controle de bota-fora; § 2º - No caso das obras de ampliação do sistema viário
XI – de programa de educação ambiental. constantes do Anexo II, deve o Executivo encaminhar projeto
XII – de fomento à promoção do patrimônio cultural de lei contendo cronograma que defina a prioridade de sua
tombado. (Inciso XII acrescentado pela Lei nº 8.137, de implantação no prazo de 20 (vinte) anos.
21/12/2000 (Art. 39) § 3º - O projeto deve ser instruído com a explicação técnica
dos percentuais de aplicação indicados para cada área de
Seção VI intervenção, considerando as prioridades apontadas nesta Lei.
Das Diretrizes de Legislação Tributária § 4º - Os planos plurianuais, as leis de diretrizes
orçamentárias e os orçamentos anuais devem ser elaborados
Art. 46 – Os tributos devem ser utilizados como e compatibilizados com os cronogramas referidos neste artigo.
instrumentos complementares aos do desenvolvimento
urbano e do ordenamento territorial, balizada sua utilização
pelas seguintes diretrizes:
I – nas áreas de preservação ambiental, histórico-cultural
e paisagística, devem ser previstos mecanismos
compensatórios da limitação de ocupação e uso do solo,
mediante a redução das alíquotas dos tributos;
II – nas áreas de estímulo à implantação de atividades
econômicas, devem ser previstos mecanismos de incentivo ao
investimento privado, mediante a redução das alíquotas dos
tributos;
III – devem ser previstos mecanismos compensatórios da
limitação de ocupação do solo, mediante a redução das
alíquotas dos tributos, nas áreas em que haja interesse em
ampliar:
a) os passeios, por meio de sua continuidade com os
afastamentos frontais;
áreas com maior fluxo de trânsito. Isso alerta para que carros
e pedestres não trafeguem, caminhem ou permaneçam no
4. Belo Horizonte e local durante um temporal.
principais problemas Belo Horizonte tem um relevo acidentado, é cortada por
ambientais 4.1. Enchentes: muitos cursos de água e, como todo centro urbano, o asfalto
reduz a absorção. São características que favorecem a subida
principais áreas de rápida do nível de córregos e rios ao receberem grande volume
inundações; causas e de chuva.
consequências. 4.2. Áreas de Isso é a geografia da cidade. BH é cortada por 700 km de
córregos e rios. Ou seja, existe uma oferta de cursos de água
risco geológico e medidas de muito grande. O relevo da cidade proporciona uma grande
prevenção velocidade da água em direção à macrodrenagem, isto é, aos
córregos e rios.
A microdrenagem é feita pelas bocas de lobo. Como a
cidade tem um relevo acidentado, a água corre mais rápido e
PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS sobrecarrega esses córregos. O nível também baixa
rapidamente e, uma inundação dura em média 40 minutos.
Enchentes: principais áreas de inundações; causas e O lixo descartado irregularmente em vias públicas,
consequências12 córregos e encostas é um dos fatores que favorecem enchentes
pontuais. De acordo com a Superintendência de Limpeza
Com a chegada do período chuvoso, que vai de outubro a Urbana (SLU), a limpeza dos córregos da capital é feita de
março, ocorreu a preocupação com a segurança de quem mora, forma intensiva em, pelo menos, 109 locais, incluindo também
transita ou trabalha perto de áreas que comumente sofrem os afluentes e veios d´água. Até o início de setembro, já haviam
com alagamento em Belo Horizonte. sido limpos mais de 40 pontos na cidade e recolhidas cerca de
Em setembro de 2018, foram cerca de 90 áreas com risco 900 toneladas de lixo e entulho.
de inundação na capital mineira, de acordo com a A chegada das chuvas também preocupa quanto aos
Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap). deslizamentos de encostas. De acordo com a Companhia
Os pontos foram mapeados em um documento chamado Urbanizadora e de Habitação de Belo Horizonte (Urbel),
Carta de Inundação, onde é possível ver o traçado das regiões atualmente, cerca de 1,3 mil edificações em 216 vilas e favelas
da cidade cortadas por córregos. estão em situação de risco geológico alto. A região da cidade
Segundo a Prefeitura de Belo Horizonte, o estudo permite com mais edificações em áreas de risco de deslizamento é a
maior conhecimento das bacias hidrográficas e a identificação Centro-Sul, seguida da Leste.
de trechos críticos. Entre outubro de 2017 e março 2018 choveu muito acima
A regional com mais áreas com risco de inundação é a da média e houveram muitas ocorrências. Mas, desde 2003,
Venda Nova, com 20 pontos. A Avenida Vilarinho é um desses não há nenhuma morte por deslizamento na cidade.
trechos. Neste ano, já houve enchente no local. A via é uma das
principais áreas de inundação da cidade. Alertas e atendimento à população
A Vilarinho está entre as cinco principais áreas de No último período chuvoso, a Defesa Civil atendeu 4.563
inundação - Avenida Francisco Sá, Tereza Cristina, Bernardo solicitações em Belo Horizonte. A maioria das demandas estão
Vasconcelos e Cristiano Machado, na altura do Primeiro de relacionadas a inundações e alagamentos de vias,
Maio e Suzana. deslizamentos de encostas, desabamentos e trincas de muros
A região do Barreiro tem 13 áreas que merecem atenção. de arrimos, infiltrações e trincas de habitações e rachaduras e
Nascentes e córregos como Olaria, do Túnel, do Barreiro, quedas de árvores.
Jatobá e Cafezal cortam bairros que ficam suscetíveis à chuva
forte. Obras relacionadas às chuvas
Na Pampulha, é a mesma quantidade. São dez na Região De acordo com a Secretaria Municipal de Obras sobre
Nordeste e Norte, oito na Oeste, seis pontos na Leste e três na intervenções feitas nestes pontos para evitar inundações, em
Centro-Sul. relação à Avenida Francisco Sá, no Prado, Região Oeste, em
A atenção se volta para o Ribeirão do Onça, na Região 2016, foram investidos R$ 2,7 milhões de recursos do
Nordeste, e para o Arrudas na Oeste. A inundação ocorre Programa de Aceleração de Crescimento (PAC) na recuperação
quando o rio sai da calha, como ocorre com o Arrudas quando da galeria de rede pluvial. A galeria recebe o escoamento dos
transborda. Na Avenida Tereza Cristina, que corta a última bueiros.
região, o Córrego Ferrugem, que pertence à Bacia do Arrudas, Para reduzir os impactos da chuva da Avenida Tereza
requer intervenções em Contagem para evitar enchentes. Cristina, foram concluídas duas bacias de detenção, que tem
como função evitar que a chuva escoe diretamente para os
Placas em 975 pontos córregos e rios, evitando transbordos. Outras duas estão em
O período chuvoso passa pela primavera e entra no verão. andamento. Ainda segundo a secretaria, o canal do Arrudas foi
Neste início, a característica é de pancadas de chuva, enquanto recuperado no trecho que vai da Rua Rio de Janeiro até a
na próxima estação as chuvas se tornam mais volumosas e Alameda Ezequiel Dias, na Região Centro-Sul.
contínuas. Na Região Nordeste, o impacto da chuva na Avenida
O ápice são os meses de novembro, dezembro e janeiro, Bernardo Vasconcelos vem dos Córregos Cachoeirinha e
quando têm os maiores volumes de chuva e inundações. Mas, Suzana. A Secretaria de Obras informou que há um projeto
no início do período, já deve se ficar mais atentos, porque para implantar um canal paralelo ao existente do Minas
começam as chuvas e com elas sempre têm algum risco. Shopping até o lançamento no Ribeirão do Onça. O valor é
Uma vez conhecida as áreas que inundam, a sinalização dos estimado em R$ 120 milhões ainda não captados.
trechos é uma das ações para evitar que acidentes aconteçam. Uma obra está prevista para melhorar a drenagem dos
De acordo com a Sudecap, o mapeamento das inundações ribeirões do Onça e Pampulha e evitar enchentes na Avenida
orientou a instalação de 975 placas pela cidade, priorizando
12 https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/noticia/2018/09/27/bh-tem-
quase-90-areas-sujeitas-a-enchentes-saiba-onde-ficam.ghtml.
Córrego Ituiutaba
Cruzamento do córrego com a Rua Elísio de Brito
Córrego da Mata
Cruzamento ruas Cons. Rocha, Felipe Camarão e Av.
Silviano Brandão
Córrego Navio
Rua Isaura Possidônio até Rua Salvador Pinto
Córrego Taquaril
Nascentes até Rua Rosa Magalhães
Regional Nordeste:
Córrego Cachoeirinha
Avenida Clara Nunes até Rua Wilson Modesto Ribeiro
Ave. Sanitária
https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/noticia/2018/09/27/bh-tem- Rua Queluzita até Rua Manoel Rubim
quase-90-areas-sujeitas-a-enchentes-saiba-onde-ficam.ghtml
13
https://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2018/06/29/interna_gerais,97018
0/especialistas-discutem-concentracao-de-areas-de-risco-em-minas.shtml.
14 ZILLI, Luís Felipe; BEATO, Cláudio. Gangues juvenis, grupos armados e Horizonte. Dilemas, ed. esp., p. 73-110, Rio de Janeiro, 2015. Disponível em:
estruturação de atividades criminosas na Região Metropolitana de Belo <https://revistas.ufrj.br/index.php/dilemas/article/view/7317/5896>.
mercado imobiliário, empurrando parcelas significativas da Para além das disputas pelo mercado das drogas, a autora
população para a ocupação ilegal de terrenos sem chama a atenção para a complexa rede de representações e
infraestrutura. A alocação das populações pobres nas grandes significações (ou “ethos guerreiro”) que caracteriza muitos
cidades brasileiras deu-se em áreas desprezadas pelo mercado dos episódios de violência entre gangues.
imobiliário ou de ocupação proibida (FERNANDES, 2007). Misse (1997) é um autor que enfoca os processos de
Em muitas dessas localidades, os anos de atuação estatal estruturação de atividades criminosas colocados em curso
ineficiente e violenta minaram a legitimidade do poder pelas gangues confederadas do Rio de Janeiro, observando que
público, muitas vezes fomentando práticas de resolução o envolvimento desses grupos com o comércio de drogas
violenta de conflitos ou a apropriação privada dos meios de complexificou suas estruturas e modos de organização.
produção de justiça. Nesse contexto de exclusão social, A própria lógica de conflitos teria mudado, com os grupos
segregação espacial, violência institucional e pouca passando a suprimir pequenos acertos de contas de motivação
legitimidade do poder público, muitas favelas e bairros de individual/comunitária, para priorizar enfrentamentos de
periferia assistiram ao surgimento de grupos, cujas atividades cunho mercadológico.
principais visam ao benefício – financeiro, simbólico ou Dowdney (2003), por sua vez, procura pensar o fenômeno
político – de seus membros, frequentemente prejudicando das gangues cariocas numa perspectiva comparada a outras
suas comunidades. modalidades de envolvimento de jovens em grupos armados
Em alguns territórios, essas organizações tendem a dividir ao redor do mundo. A proposta do autor é identificar, nas
a comunidade em esferas de influência, não raramente facções do Rio de Janeiro, modos de estruturação, lógicas de
derivando seu poder da disposição para utilizar a violência, atuação e funções observadas em grupos delinquentes
das constantes ameaças e das armas de fogo que possuem. territorializados que atuam em outros países. Já Ramos (2009)
Em muitas cidades brasileiras, essas “organizações sociais e Machado da Silva (2010) são autores que discutem o caráter
perversas” (SAVENIJE, 2007) materializam-se na figura das simbólico da violência de gangues nas favelas cariocas. A
gangues juvenis e demais grupos armados que, em nível local, primeira problematiza a correlação direta que geralmente se
implementam processos de estruturação de atividades estabelece entre o comércio de drogas e os homicídios,
criminosas em favelas e bairros pobres de periferia. argumentando que muitas das mortes registradas nas favelas
do Rio de Janeiro envolvem questões interpessoais, familiares,
Atividades criminosas: gangues juvenis e atuação de morais e simbólicas (RAMOS, 2009). O segundo argumenta
grupos armados que, principalmente entre jovens membros de gangues, a
violência não constitui apenas um meio de ação regulado por
Gangues e grupos armados ilegais no Brasil fins que se deseja atingir.
No Brasil, a própria configuração assumida pelo problema Ela é um princípio que ordena a própria ação e as relações
dos homicídios, com forte concentração de mortes violentas entre sujeitos, tornando-se um fim em si mesmo, inseparável
em regiões de favelas e bairros pobres das periferias urbanas de sua função instrumental como recurso para a ação
do país, indicou a importância de se compreender melhor o (MACHADO DA SILVA, 2010).
fenômeno do envolvimento de jovens em gangues A partir dos anos 2000, estudos sobre gangues que atuam
delinquentes ou grupos armados ilegais, bem como seus em outros centros urbanos brasileiros começam a ser
complexos processos de estruturação de atividades realizados de maneira mais sistemática. Paes Manso (2005),
criminosas. por exemplo, a partir de dezenas de entrevistas com jovens
Nos Estados Unidos, na Europa e mesmo em outros países homicidas, aborda o problema dos grupos que atuam nas
da América Latina, essa questão já constitui objeto privilegiado favelas da Região Metropolitana de São Paulo, analisando seus
de investigação há muitas décadas (THRASHER, 1927; VIGIL, mecanismos e lógicas de rivalidade, bem como suas práticas
1988; ADAMSON, 2000; ALONSO, 2004; FRANCO, 2008; criminosas. O autor procura compreender os arranjos morais
JANKOWSKI, 1997; HOWELL e MOORE, 2010). e normativos que fazem com que, entre os membros de
No Brasil, a produção acadêmica sobre o fenômeno ainda é gangues, os assassinatos constituam mecanismo legítimo de
razoavelmente tímida e quase que estritamente fundamentada resolução privada e violenta de conflitos, gerando
em estudos de caso. As primeiras pesquisas mais diretamente intermináveis ciclos de ação e retaliação.
focadas sobre o tema só começaram a ser realizadas no início Já Ferreira et alii (2009) estudam os impactos que o
da década de 1980, motivadas pelo recrudescimento da surgimento de uma facção criminosa no interior do sistema
violência entre grupos de jovens armados nas favelas do Rio prisional paulista teriam projetado sobre os conflitos entre
de Janeiro, sobretudo em função de suas disputas pelo controle gangues que atuam nas periferias de São Paulo. Os autores
de redes territorializadas de comércio de drogas ilícitas destacam uma possível mudança na lógica dos enfrentamentos
(ZALUAR, 1985). travados entre os grupos, possivelmente priorizando o uso
Ainda que diversas capitais brasileiras já registrassem, instrumental da violência enquanto mecanismo de resolução
àquela época, episódios de violência entre pequenos grupos de disputas mercadológicas, em detrimento de sua utilização
delinquentes, a estruturação de uma nova modalidade para a solução privada de conflitos interpessoais e
territorializada e ostensivamente armada de comércio comunitários.
varejista de drogas, bem como a forma “confederada” Zilli (2011) e Beato e Zilli (2012) também são autores que
assumida pelo fenômeno carioca – com diversos pequenos tratam do problema da violência de gangues, a partir de
grupos de territórios distintos atuando de modo coligado, por pesquisas realizadas na Região Metropolitana de Belo
meio de redes criminosas horizontalizadas ou “facções” –, Horizonte e no Rio de Janeiro. Os autores não apenas analisam
despertou uma atenção mais direcionada ao problema. os processos de estruturação de atividades criminosas
Ao longo dos anos 1990, diversos estudos dedicaram-se a colocados em curso por tais grupos, mas também questões
tentar compreender não apenas os complexos modos de simbólicas que perpassam seus conflitos. Ambos argumentam
organização assumidos pelos grupos cariocas, mas, que o fenômeno das gangues pode ser pensado a partir de uma
principalmente, seus intrincados processos de estruturação de perspectiva evolutiva complexa e não linear, segundo a qual
atividades criminosas. Zaluar (1996; 1997), por exemplo, seria possível identificar, a partir de determinadas estruturas,
analisa muitos dos mecanismos simbólicos e morais diferentes estágios de organização dos grupos (BEATO e ZILLI,
envolvidos na formação dos grupos e suas práticas de 2012).
violência.
Em termos criminológicos, a importância de lançar luzes sobre o processo de urbanização vivenciado pela RMBH reside na
correspondência que existe entre a distribuição geográfica das favelas e as manchas de concentração espacial dos homicídios tentados
e consumados. O mapa a seguir ilustra o padrão de concentração espacial dos assassinatos e tentativas de assassinato registrados na
RMBH em 2009. Os pequenos círculos representam pontos centrais de 16 favelas com grande histórico de violência. (Favela da Serra
(Região Centro-Sul de BH), Favela do Borel (Região de Venda Nova em BH), Conjunto Felicidade (Região Norte de BH), Pedreira Prado
Lopes (Região Noroeste de BH), Cabana do Pai Tomás (Região Oeste de BH), Morro das Pedras/Ventosa (Região Oeste de BH), Vila
Pinho (Região do Barreiro em BH), Vila Itaipu (Região do Barreiro em BH), Vila Ideal (Ibirité), Morro Alto (Vespasiano), Jardim
Teresópolis (Betim), PTB (Betim), Citrolândia (Betim), Jardim das Alterosas (Betim), Parque São João (Contagem), Vila Frigodiniz
(Contagem).
Especialmente em Belo Horizonte, as manchas de concentração de homicídios tentados e consumados seguem praticamente o
mesmo padrão de distribuição geográfica das favelas e dos assentamentos irregulares. Isso também pode ser visto nas demais cidades,
principalmente em áreas de limite entre municípios, localidades tradicionalmente abandonadas pelo poder público, sob a alegação de
que constituem territórios pertencentes à outra jurisdição.
Até meados dos anos 1990, a região metropolitana de Belo Horizonte sempre teve uma taxa de homicídios relativamente baixa,
quando comparada a outras capitais brasileiras. Em 1994, no entanto, tem início um crescimento exponencial do número de
assassinatos: a RMBH saltou de uma taxa de 8,8 homicídios, para cada grupo de 100 mil habitantes, em 1985, para 61,7 em 2004. Um
crescimento bruto de 600% em apenas 20 anos.
Assim como ocorreu em outras capitais brasileiras, o recrudescimento das mortes violentas na RMBH apresentou um perfil
bastante direcionado.
Em termos espaciais, o aumento dos homicídios concentrou-se em favelas, indicador que, por si só, já denota o perfil
socioeconômico das vítimas (pobres, pretos ou pardos e de baixo nível de instrução formal). No que diz respeito especificamente ao
perfil das vítimas (e possivelmente também dos agressores), os dados oficiais demonstram que a forte alta das mortes se deu entre
homens jovens (15 a 24 anos), assassinados com armas de fogo e em via pública. Os gráficos a seguir ajudam a construir um perfil dos
homicídios na RMBH nos últimos anos.
A existência de um padrão de concentração socioespacial tão claramente demarcado evidencia a relação que os homicídios
registrados na RMBH mantêm com processos de urbanização desordenada, segregação espacial, exclusão social e dinâmicas de
sociabilidade violenta que se consolidaram dentro de algumas favelas. Os dados mostram que não houve um aumento generalizado
dos assassinatos na RMBH, mas sim o crescimento vertiginoso de um tipo bastante específico de homicídio, que envolve (como vítimas
e autores) grupos de jovens pretos ou pardos, pobres, com baixos níveis de educação formal, moradores de favelas, envolvidos em
conflitos armados (ZILLI, 2011; BEATO e ZILLI, 2012; SAPORI et al, 2012).
A partir de entrevistas realizadas com membros de gangues e com policiais que trabalham diariamente nessas localidades, além
da análise de boletins de ocorrência e de inquéritos policiais, o GMG conseguiu delimitar as áreas de atuação de alguns grupos dentro
das favelas. Chama a atenção seu caráter territorializado e a coexistência de vários deles dentro dos aglomerados.
O que os dados do GMG indicam, portanto, é que o fenômeno das gangues e dos grupos armados na RMBH se manifesta de maneira
extremamente fragmentada, com vários coletivos de jovens delinquentes ocupando simultaneamente pequenas frações de diferentes
favelas. Se levarmos em conta que as maiores favelas da RMBH são conurbações formadas por diversas pequenas vilas – surgidas em
diferentes períodos, a partir de vários núcleos de ocupação precária e irregular do território –, o que os mapas demonstraram é que
os grupos delinquentes vinculam-se ao território de apenas uma determinada vila dentro da favela.
Isso denota a característica estritamente territorial das gangues, invariavelmente formadas a partir de grupos de amigos que
nasceram e cresceram juntos dentro do microterritório de suas vilas. Não por acaso, a maioria dos grupos adota o nome de sua vila,
ou de sua rua, em vez do da favela como um todo.
A coexistência de grupos diferentes dentro de um mesmo espaço aumenta significativamente o potencial de conflitos entre eles,
seja por problemas pessoais entre membros dessas gangues, seja por questões de estabelecimento de território e consolidação de
poder local, ou por disputas envolvendo dinâmicas criminais, como notadamente é o caso do tráfico de drogas. Um levantamento nas
bases de inquéritos policiais da Delegacia Especializada de Homicídios Norte (DEH-Norte), por exemplo, demonstra que, dos 63
assassinatos registrados entre os anos de 2005 e 2008 em uma favela chamada Conjunto Felicidade (Região Norte de Belo Horizonte),
nada menos do que 37 tiveram participação direta e já comprovada das gangues locais. Além disso, os grupos também foram
responsáveis por 12 tentativas de homicídio durante o período.
O mesmo panorama pode ser observado no Aglomerado da Serra (Região Sul de Belo Horizonte), onde inquéritos já concluídos
pela Polícia Civil demonstraram que, entre os anos de 2000 e 2007, sete gangues foram responsáveis por 43 assassinatos e oito
tentativas de homicídio. De todos esses crimes, 30 das vítimas tinham ligação com os grupos delinquentes locais quando foram
assassinadas. A tabela a seguir ilustra esse contexto.
R$300,00, R$100,00 era meu. (...) Vendia pó, pedra, tudo... Ele os esquemas de venda de entorpecentes gerenciados pelas
colocava as carga na minha mão e eu vendia. Até o dia que eu gangues na RMBH se estruturam em função de arranjos e
passei a ganhar meu dinheiro, aí eu passei a comprar a minha lógicas localmente estabelecidas. Enquanto alguns “patrões”
droga mesmo. (...) É porque as primeiras vez você pega a droga participam ativamente do cotidiano das gangues, chegando até
deles. Aí divide o lucro. Depois que tem dinheiro você compra mesmo a participar de “guerras” juntamente com os demais
a sua droga e fica lá vendendo. Cada hora um. (...) De vez em membros do grupo, outros têm pouquíssimo ou nenhum
quando nós fazia vaquinha. Aí nós comprava uma quantidade contato com os jovens que operacionalizam seu negócio,
maior e dividia. atuando como simples fornecedores de drogas e armas e
Aí cada um pegava a quantidade que comprou. (informante organizadores da estrutura criminosa local.
20) Cada um que pegava pra vender ficava com uma carga de
Como se observa, a logística simplista de venda de drogas 60 papel na mão. Mas eu mesmo não ficava na venda, não. Eu
adotada por uma gangue que atua em uma das maiores favelas ficava mais controlando os menino que tava vendendo e
da RMBH coloca em xeque o mito de organização e] articulação cuidando pra eles não ficar sem papel. Aí, quando acabava, eu
invariavelmente associado à imagem dos grupos de ia no barraco, picava mais, preparava as carga e jogava na mão
traficantes. Ao contrário, mostra que é possível pertencer aos dos menino. (...)
grupos sem necessariamente estar envolvido com a venda de De cada dez papel que eles vende, três é deles. (...) Depois
drogas; que alguns membros compram drogas de que tirar o lucro de quem tá vendendo, o dinheiro que sobra
fornecedores diferentes; e que o intenso comércio local pode divide meio a meio o gerente e o patrão (...) Mas quem tá na
ser atendido por um sem-número de pequenos vendedores boca é que tem que juntar o dinheiro pra comprar arma e
quase autônomos, que se unem de fato apenas em situações de munição. (...)
conflito com grupos rivais. O patrão mesmo não coloca a mão em nada. A droga ele
Ao mesmo tempo, gangues de outras favelas parecem nem vê. Só liga pro cara que fornece e depois manda a gente
adotar uma logística um pouco mais sofisticada e buscar no lugar tal. (Informante 02)
compartimentalizada, estabelecendo regras claras de atuação, É que nem eu te falei. Dava pra fazer pelo menos uma carga
horários e turnos para venda de drogas, cargos e salários fixos, por dia. Cada carga tinha 45 papel e cada papel saía a R$10,00.
funções específicas e até mesmo normas quanto a compra, Tudo dá R$450,00 por carga. Trinta papel era do patrão e
posse e utilização de armas de fogo. E é neste ponto que se 15 meu. Dava pra fazer uns R$150,00 por dia. Mas isso porque
torna interessante observar que quanto mais intenso o eu já era
envolvimento de um grupo com a atividade do tráfico de considerado dos cara e tinha um esquema pela ordem.
drogas, maiores parecem ser suas chances de pautar sua Quando
atuação a partir de uma lógica mais racional/econômica, você entra, ganha fixo uma mixaria até você mostrar que
modificando suas estruturas internas para atender às fortalece com os cara na moral. Eu já tinha participação nos
necessidades do negócio criminoso. papel que repassava. (...) No começo eu ficava mais de 6h às
Enquanto algumas gangues parecem não estabelecer 18h. Mas sempre que rolava eu queria pegar de noite porque
hierarquias entre seus membros, nos grupos envolvidos com era mais limpeza e tinha mais freguês. De dia é sujeira porque
atividades criminosas mais elaboradas, a figura do “patrão” tem muita polícia.
(chefe do grupo, ou principal financiador do empreendimento De noite, não. Aí só entra os polícia conhecido pra pegar o
criminoso) assume bastante destaque, como uma espécie de dele e quando tem troca [tiroteiro] mesmo. (informante 05)
liderança a ser seguida pelos mais novos. De acordo com os A partir da fala de alguns jovens entrevistados, também é
jovens entrevistados, o “patrão” costuma ser uma pessoa mais possível identificar fatores bastante específicos que podem
velha, cujo poder decorre dos contatos que conseguiu fortalecer a dimensão do “empreendimento criminoso” dentro
estabelecer não apenas com grupos delinquentes de outras das gangues, em detrimento de seu caráter originalmente
localidades, mas também com esquemas criminosos mais comunitário. Esses fatores fazem com que alguns grupos
complexos e ramificados. Geralmente, o “patrão” é quem transfiram seus focos de atuação e a própria lógica de seus
providencia os suprimentos de drogas e de armas para as conflitos de um âmbito interpessoal, comunitário e local para
gangues. Por monopolizar os meios para o exercício da uma vertente mais econômica, racional e não tão ligada ao seu
atividade território de origem.
criminosa, quem ocupa a função de “patrão” adquire Nesse sentido, torna-se possível pensar que alguns grupos
importância fundamental para a própria articulação e atuação delinquentes vivenciam um processo crescente de
dos jovens. Por isso, suas ordens geralmente são cumpridas, estruturação de suas atividades criminosas, cuja trajetória
sem qualquer questionamento, por jovens ansiosos por ascendente depende da conjunção e articulação de
conquistar “conceito” junto ao chefe e ascender na estrutura determinados fatores – históricos, geográficos, comunitários,
do grupo. culturais e criminais – no espaço das favelas.
O patrão é a voz. É o poder. É o cara que comanda. É o cara Um dos elementos envolvidos neste processo de maior
que confere mesmo. É o cara que faz as droga chegar, é o cara estruturação de atividades criminosas entre as gangues é, com
que cobra o vacilo. Se ele quiser alguém morto e mandar certeza, o estabelecimento de contatos entre grupos
matar, tem que ir. É o cara que paga à polícia, é o cara que a delinquentes de diferentes localidades. Muitos jovens relatam
polícia tem medo. É o mais falado, é o mais respeitado. (...) O que, de maneira informal, membros de diversas gangues
que ele fala tem que acontecer. Que nem ele tá dentro da cadeia estabelecem contatos entre si em festas, bailes funks, pagodes,
lá. O que ele mandar, tem que fazer. Não pode matar sem avisar boates e bares, frequentados por jovens de várias favelas e
ele, não. Se não cumprir, morre. (...) Mas todo mundo respeita bairros de periferia da Região Metropolitana. Nesses locais,
o cara. Eu mesmo já cumpri ordem dele porque eu sou soldado. que também podem servir de ponto de encontro entre grupos
Tenho que cumprir as ordem do patrão. Manda nós pra guerra, rivais, para a reprodução não armada de seus conflitos locais,
tem que ir. Onde é que ele mandar, tem que ir. (informante 27) os rapazes estabelecem contatos e amizades que acabam se
Em função do monopólio que exerce sobre a chegada de estendendo para as atividades ilícitas exercidas por ambas as
drogas e armas nas favelas, é o “patrão” quem determina a partes. As falas a seguir mostram como esses contatos
porcentagem que cada jovem traficante recebe com as vendas, informais podem colocar em curso processos de estruturação
bem como as normas de funcionamento geral dos pontos de de atividades criminosas em diferentes localidades.
venda de drogas. No entanto, até mesmo essas características
variam bastante de localidade para localidade, indício de que
Nós colava com os caras da Serra e a droga que a gente favela armado eles não entravam, não. Só quando lá tava muito
vendia vinha de lá. Lá é favela maior, mais forte. (...) Mas isso cheio de polícia mesmo. Aí eles tiravam as armas grandes de lá
tem tempo. tudo, colocava no carro e me ligava falando que tava cheio de
Na época começou com um cara da Serra passando droga polícia lá. Aí eles pegava as arma grande, 12, macaquinha
só pro meu cunhado. Aí foi morrendo gente e nós começou a [submetralhadora] e trazia pra cá. Aí nós arrumava um
ter contato com os caras de lá. Eu ligava pra eles e nós ficava barraco menos visado pela polícia e deixava guardado lá junto
em contato direto, saía junto. Tinha vez que o cara que me com as nossa. (informante 01)
passava droga ficava sem. Aí eu ligava para os caras da Serra e Lá na Serra tem a OTA, Organização Terrorista Arara;
falava: ‘acabou minha droga aqui e o cara que me passa não Band, OTC, Organização Terrorista do Cafezal. A nossa mesmo
tem pra me trazer agora. Vocês têm aí pra me arrumar? Uns é a DRP, Del Rey Puro. Aí os cara vai e picha a questão deles,
100 gramas’? Aí eles traziam pra mim. (informante 01) nós picha a nossa questão. Marca o território mesmo. (...) Com
Eu conheci eles no pagode. Quando eu conheci os meninos, outras quebrada tem aliança com a Pedreira. Com a turma do
comecei a ir no Índio direto, comecei a trocar ideia e acabei Buraco Quente, da Carmo. (...) Eu já apanhei revólver na mão
indo pra lá. Mas a droga que eu mexia era a do São Francisco. deles, eles apanha revólver na nossa mão. Curte junto, sai
A do Índio era outra droga. Eu continuei a gerenciar no São junto. Os cara vai lá na nossa quebrada, nós vai na deles. Se
Francisco, mas não vendia nada lá no Índio, pra não poder precisar guerrear junto, guerreia também. Igual nós já cansou
arrumar guerra também. Porque lá tem o cara que põe a droga de ir lá fortalecer eles pra trocar tiro lá no Beco do Filho, na
dele lá. Se eu chego e ponho droga também eu ia arrumar Maloquinha. (...) Mas as arma é tudo de lá. Nós chega lá e eles
guerra. Meu negócio continuou no São Francisco. Só quando a já joga as peça na mão, pega umas moto, aí nós sobe daquele
droga deles (dos traficantes da favela do Índio) acabava e eles naipe. (informante 19)
queriam cheirar é que eu vendia pra eles. Eles chegavam e Tinha dois cara que era patrão lá no Buraco. Só que esses
falavam: “nosso pó acabou e não tem mais pra cheirar. Vende cara era muito folgado. Aí um dia eles expulsou outros dois lá
do seu aí pra nós.” Aí eu pegava o telefone, ligava para o patrão da boca. E mandou embora porque esses dois tava levantando
deles e falava: “os menino tão querendo comprar pó aqui pra pra caralho.
usar. Pode vender pra eles?” Aí os patrão mandou eles sair fora. (...) Aí esses dois foi lá
Já punha o telefone no viva-voz para os caras verem que eu pra Carmo colar com os cara lá. Porque eles era amigo pra
não tava mentindo. Aí, se o cara falava que podia vender, eu caralho dos cara lá da Carmo. Aí lá na Carmo, eles desembolou
vendia. com os cara lá e os cara da Carmo comprou o boi deles. Mandou
Se o patrão deles tava autorizando, eu ia lá e vendia. Mas altas PT, altas macaca pros cara e piou com os cara lá no
fazia assim pra não ter discussão, não ter problema. Buraco. Aí os dois que tinha saído fora foi lá e matou os dois
(informante 01) patrão e ficou com a favela. Aí com isso eles comprou a guerra
Nós tinha parceria com os cara da Máfia Azul (torcida dos cara da Carmo com os cara do Terreirão. (...) Porque os
organizada do Cruzeiro Esporte Clube), que era do Morro do cara da Carmo já tinha guerra com o Terreirão. Aí que nem os
Papagaio, da Pedreira, da Sumaré, Morro da Vaca. Aí quando cara da Carmo ajudou eles a voltar pro Buraco, aí eles foi e
precisava de arma, de droga, vinha deles também. Aí quando comprou a guerra com os cara da Carmo, pra pegar os cara do
eles precisava de arma e droga eles vinha também. Em guerra Terreirão. E aí nós é tipo aliado dos cara da Carmo.
mesmo nós não envolvia muito porque era muito longe. (...) (informante 28)
Muito de vez em quando é que uns cara ajudava nós a dar tiro, Além do intercâmbio entre os grupos, outro elemento
mas de touca ninja pra não ver o rosto. (...) Em cadeia também bastante importante para compreender os processos de
você faz colega, faz contato. Aí quando sai: “Aí, Zé. Você saiu, eu estruturação de atividades criminosas entre gangues é a
saí também, vamos trombar. E aquela fita lá que nós incorporação de policiais corruptos ao contexto das favelas.
combinou?” Entre os jovens entrevistados muitos foram os relatos de
Aí tromba na rua, você tem um revólver, ele tem um envolvimento sistemático de grupos de policiais com diversas
revólver, pá... gangues, principalmente aquelas com maior poder financeiro.
Mais é dentro de cadeia que você arruma parceria. Cadeia Os relatos de extorsão para “aliviar” prisões ou mesmo a
também é importante. Como parceria e guerra. (informante montagem de flagrantes falsos por posse de drogas ou porte
32) de armas são extremamente comuns. No entanto, alguns
Mas mesmo a frequência, o tipo e a intensidade das jovens chegam a relatar casos em que os policiais apreendem
relações estabelecidas entre gangues costumam variar muito drogas e armas com um grupo e revendem o produto para
de localidade para localidade, de grupo para grupo. Em alguns outro, dentro da mesma favela. Existem ainda relatos de jovens
casos, as alianças parecem se restringir a pequenas trocas de de uma região do aglomerado que foram apreendidos pela
favores entre as gangues, como fornecimento emergencial de polícia e deixados no território da gangue rival para serem
pequenas quantidades de drogas, empréstimo de armas, mortos.
esconderijo momentâneo para integrantes procurados pela Seja por meio da extorsão ou pela colaboração com os
polícia etc. Em outros, no entanto, nota-se que as alianças grupos, a inserção de policiais corruptos e violentos no
podem chegar a se estender para a participação conjunta em contexto das gangues constitui um elemento que contribuiu
conflitos armados. De qualquer forma, tudo indica que o intensamente para os processos de estruturação de atividades
estabelecimento de contatos mais sistemáticos entre criminosas. Primeiro porque a entrada da propina policial na
membros de gangues de diferentes localidades (seja em festas, “contabilidade” dos grupos envolvidos com tráfico de drogas
bailes funks, ou mesmo nos centros de internação) acaba os obriga a gerenciar seu negócio de maneira mais rígida e
proporcionando aos grupos a possibilidade de trocar profissional. Segundo porque a aliança com policiais corruptos
experiências, compartilhar esquemas de fornecimento de tende a fortalecer alguns grupos, desequilibrando os arranjos
drogas e de armas, reforçarem-se mutuamente nos conflitos locais de poder e fazendo com que determinadas gangues se
armados e uma série de outras práticas que, por fim, colocam sobreponham aos seus rivais.
em marcha processos bastante fluidos e complexos de Eles até pedem. Eles falam: “R$10 mil pra soltar ele”. Mas
estruturação de suas atividades criminosas nós não pagava. Porque você paga polícia uma vez, eles
Guerra deles é deles. Quando eu ia lá, não ia armado e acostuma e quer direto. Aí nós preferia que levava e, na hora
quando eles vinha cá, não vinha armado também não. que chegava na delegacia, nós conversava com a Civil. Porque
Eles vinham, mas ficavam no carro. Parava o carro do lado a Civil já não tem muito disso. Aí já mandava o advogado ir e o
de fora da favela e deixava as armas. Entrar pra dentro da advogado já conversava com o delegado.
Já oferecia um dinheiro para o delegado da Civil e nós lá e nós tinha que sair correndo pra esconder. (...) E fazia a
pagava. Mesmo assim o advogado é que levava. A gente não mesma coisa com os cara de lá. Teve uma vez que eles pegou
botava a cara, não. Aí pegava e soltava. Mas militar, não um menino lá e levou ele na nossa quebrada, sem arma, sem
negocio, não. Porque acostuma, né? Você dá uma vez e eles nada. (...) Aí quando eles deixou ele lá, tinha dois menino que
quer todo dia. (informante 01) andava comigo que foi e matou ele. (informante 13)
Polícia? Arrancava dinheiro direto. Se não desse dinheiro Por fim, há de se observar a relação simbiótica que se
pra eles, eles levava pro mato e ó... Sacolada, colocava sua estabelece entre processos de estruturação de atividades
cabeça dentro do rio, dava tiro do lado do seu ouvido. Eu criminosas e dinâmicas de conflitos entre grupos
mesmo não escuto muito desse ouvido por causa disso. (...) delinquentes. Assim como diversos jovens relatam que a
Teve um dia que eu rodei com 40 papel de pedra. Eles me melhor estruturação dos esquemas de tráfico de drogas trouxe
pegou, já me algemou e colocou eu no banco de trás com um consigo o início de novas “guerras”, outros afirmam que foi
polícia de cada lado. Aí eles já pegou minha blusa, colocou ela justamente a necessidade de sustentar financeira e
assim na minha cara e ficou escurão. Colocou a sacola e foi me logisticamente as “guerras” que fez com que suas gangues
dando sacholada até chegar num matagal. Eles foi me dando estruturassem melhor seus esquemas de tráfico de drogas.
sacolada, enfiou minha cabeça dentro do rio, queria arma, Segundo os informantes, é como se um processo se
queria droga. (...) Eles falava que a gente não pagou eles. Eles alimentasse do outro: uma gangue só consegue sobreviver em
já tinha ido lá na boca pegar dinheiro, só que a gente não deu. um conflito se for financiada por um empreendimento
Aí eles me pegou. (...) criminoso – uma vez que a manutenção da “guerra” demanda
Eu nem sei quanto de dinheiro porque essas coisa eles compra de armas, munições, suborno de policiais etc. –; por
negociava direto com o patrão. (...) Os polícia é tudo corrupto, outro lado, quanto mais complexo se torna o processo de
filho... Conversava com o patrão pelo telefone. Aí eles falava: estruturação de atividades criminosas de uma gangue, maior é
“quero tanto, vou lá buscar tal dia. Aí o patrão mandava o o número de conflitos com os quais ela tende a se envolver.
dinheiro descer”. (informante 18) O primeiro depoimento a seguir mostra como a existência
Tem muita polícia corrupta, né? Tá aí pra quem quiser ver. de um esquema consolidado de tráfico de drogas nas favelas
Tem polícia que pega dinheiro, tem polícia que bate... Por isso pode provocar o surgimento de um grande conflito entre
que tem quebrada que dá tiro em polícia, que joga pra cima dos grupos que atuam naquela localidade. Neste caso específico, o
polícia mesmo. (...) Tem o polícia que entra na sua casa, pega informante fala sobre um conflito que se instaurou entre
20 quilo de pedra e leva embora pra vender. Vinte quilo de gangues da favela Pedreira Prado Lopes durante o ano de
pedra é dinheiro demais... Um quilo de pedra é R$16 mil, R$17 2004, por conta de um desentendimento quanto aos esquemas
mil. Vinte quilo faz as conta aí. Ah, e é R$16 mil em barra, no de fornecimento de drogas que seriam utilizados pelos grupos
quilo. Vendido em papelote dá muito mais. Dependendo do locais – segundo investigações da Polícia Civil de Minas Gerais,
lugar o cara pica direitinho, faz os papel e faz é R$35 mil num esse conflito deixou um saldo de 61 mortos na favela, somente
quilo. Imagina isso na mão do polícia. Ele pega na sua casa e naquele ano. Já o segundo e o terceiro depoimentos indicam
passa pra outra quebrada, na favela mesmo. Isso tem demais. como a existência de “guerras” pode incentivar as gangues de
(informante 29) uma favela a estruturarem melhor seus empreendimentos
Enquanto alguns relatos dão conta do envolvimento direto criminosos, na tentativa de obter meios de financiamento dos
de policiais com os esquemas criminosos mantidos por conflitos.
algumas gangues, muitos outros falam da participação indireta Roni (chefe do tráfico na Pedreira Prado Lopes) saiu da
da polícia nos conflitos locais, orientados pelo interesse de ver cadeia e dois dias depois a Pedreira já era outra. Ele sentou
algum jovem morto ou seu grupo enfraquecido. Daí os relatos com os cara do Terreirão e falou que a partir de agora todo
bastante comuns de que alguns policiais suscitam discórdias mundo só ia vender a droga dele e que ninguém mais ia zoar o
entre gangues rivais, para aumentar a animosidade entre os plantão de ninguém. Dava pra todo mundo ganhar muito
grupos e o nível de letalidade de seus confrontos. dinheiro, mas os cara do Rodriguinho era olho-grande demais
O relato a seguir, por exemplo, indica como os policiais e não fortaleceram com o Roni, não. E era por causa de uma
participam indiretamente das “guerras” entre gangues, muitas mixaria, porque o Roni ia repassar o bagulho por R$17,00 o
vezes conduzindo os rumos dos conflitos. grama e eles falava que conseguia por R$15,00. Ia tirar uma
No dia que eu tava indo pra uma festa, os homem mixaria a mais só. Aí o Roni mandou passar o rato em todo
(policiais) suspeitou e foi lá e me abordou. Eu tava com um 38, mundo. Ele jogou os ferro firmeza a mão da gente e mandou
um buldoguinho (revólver) pequenininho. Aí eu já falei de cara passar geral. Foi por isso que ficou aquela guerra. (informante
que tava com uma arma. Eles falou: “Você tá com presentinho 05).
aí pra nós?” Eu falei: “Tô.” Aí eles foi lá e já pegou a arma e me O dinheiro acaba indo pra comprar mais droga e arma,
perguntou por que eu tava andando armado. Eu falei que era droga e arma. (...) Porque a gente nunca sabe o dia de amanhã,
porque eu tava de guerra com o cara lá. Aí um deles falou: né, Zé?
‘Então é melhor você matar ele, porque ele dá tiro até em nós’. Vai que os cara junta lá e resolve pegar nós na croca
(informante 37) [crocodilagem]. Tem que ficar trepado [armado]. Tem que
Nós arrumou guerra lá com os caras lá do São Tomás. (...) ficar na atividade mesmo. Ninguém fica na mão na favela não,
Era troca de tiro por causa de boca de fumo. (...) Os cara ia lá sô. Quem fica é porque dá mole. (informante 30)
na nossa quebrada, lá no São Bernardo, e falava: “Não quero Todo mundo nascido e criado junto. Aí a gente começou
ver vocês traficando aí não”. (...) Porque senão pegava freguês roubando. Depois compramos droga. Depois da droga
deles né? A gente vendia muita quantidade e eles vendia compramos revólver. Começou a levantar por causa das treta.
pouco. Aí nisso aí, nós matou uns caras lá nos predinho e começou a
(...) Aí, eles ia pra lá e falava: “Vocês tão roubando nossos guerra. (...) Primeiro você tem que arrumar um contato.
freguês. Se nós ver vocês vendendo aí, nós vai dar tiro em Alguém que já recebe a droga e coloca na sua mão pra vender.
vocês”. Lá a gente ficava no meio da favela, perto do campinho. A gente
Aí teve uma vez que eles foi lá e deu tiro em nós. Aí nós foi tinha dois ponto de venda: uma boca no campinho e outra no
lá e deu tiro neles também. (...) Isso durou dois anos e cinco terreirão. (...) O dia todo tinha gente nas boca. Vendia o dia
mês. Morreu três que era colega meu e quatro que era colega inteiro. (...) Depois que começou a guerra mesmo, gastava tudo
deles lá. (...) Aí quando rolava troca de tiro os polícia fervia lá. com bala e arma. (informante 02)
Falava que ia levar nós lá pro São Tomás, porque eles sabia
que nós tinha guerra lá. E pegava nós e levava lá. Deixava nós
15http://repositorio.fjp.mg.gov.br/bitstream/123456789/89/1/Territ%C3%
B3rio%2c%20Exclus%C3%A3o%20e%20Pol%C3%ADticas%20de%20inclus%C3
%A3o%20socioespacial.pdf.
dos direitos sociais que pautam as políticas sociais pós- autônomo de relações sociais, irredutível às relações sociais
Constituição Federal de 1988 (CF-1988). aglomeradas em torno do espaço de cidadania” (p. 282). São
O privilegiamento, neste artigo, dos programas de inclusão asserções que colocam em evidência a dimensão territorial das
socioespacial, especialmente na linha de regularização redes sociais primárias, permitindo supor seu relevante papel
urbanística, fundiária e inclusão socioeconômica, mostra-se no enfrentamento dos processos de exclusão.
relevante em decorrência da expressão das ocupações Outro ponto a ser sublinhado refere-se ao caráter
informais, nas quais vive cerca de um quarto da população multidimensional e multifatorial dos processos de exclusão
brasileira, sobretudo nas regiões e aglomerações (ESCOREL, 1999; GOMÀ, 2004), envolvendo diversos âmbitos
metropolitanas. Embora as cidades congreguem outras que se imbricam, como as dimensões econômica, laboral,
situações de precariedade ambiental e social nas quais se educacional, sanitária, territorial, social e política. No que
revelam as dimensões territoriais da pobreza, como os tange à dimensão territorial, Gomà (2004) aponta, como
loteamentos periféricos de segmentos vulneráveis da fatores de exclusão, a impossibilidade ou dificuldade de acesso
população, as favelas constituem uma situação extrema de à moradia; a precariedade das unidades habitacionais,
déficits de inclusividade social. incluindo infraestrutura e serviços urbanos; e a baixa
A abordagem do tecido urbano informal coloca em foco as qualidade ou degradação ambiental. Lupton e Power (2002),
interseções entre território, pobreza e processos de exclusão. por sua vez, abordam os ‘bolsões de privação’, constituídos por
No exame da trajetória de urbanização no país, a literatura áreas que conjugam problemas de desemprego, moradia,
tem ressaltado, dentre outros traços marcantes, os padrões de educação, saúde e segurança. Para os autores, as
espacialização dos diversos segmentos sociais e as enormes características de cada área - localização, base econômica,
desigualdades que se apresentam no acesso à terra urbana, à acessibilidade aos serviços e equipamentos urbanos, padrão
moradia e aos bens e serviços coletivos, implicando um quadro habitacional - podem não apenas reduzir as oportunidades,
de disparidades de condições de vida. Nesta linha, no caso das mas também amplificar as vulnerabilidades sociais.
áreas de ocupação informais, é pertinente o uso da expressão Lupton e Power (2002) levantam, ainda, uma questão
“urbanização de risco” referida à constelação de precariedades relevante para o enfoque deste artigo: a associação das
que nelas se apresentam (ROLNIK, 2000). Ao lado disso, tem- características de determinadas áreas com sua representação
se considerado a dimensão socioespacial de tais áreas, em si, social como ‘zonas perigosas’ ou de ‘reputação duvidosa’,
como um fator relevante na reprodução de pobreza e das ocasionando a maior degradação socioespacial. Também
desigualdades, inclusive de oportunidades, bem como nos Paugam (2003) remete à construção de representações sociais
processos de exclusão. negativas internas e externas, que podem implicar a
A magnitude e complexidade dos déficits de inclusividade estigmatização de determinadas áreas e a desqualificação de
nas áreas informais apresentam-se como desafios centrais seus moradores, aprofundando o processo de exclusão social.
para os governos, sobretudo locais. Enfrentá-los requer Morar nessas áreas equivaleria associar-se ao fato de que
intervenções na linha da regularização urbanística e fundiária, pertencem a um estrato social inferior, acarretando a
não descoladas da inserção socioeconômica, que se valem de interiorização do status de inferioridade, desvalorização e
programas sociais nos quais o território é assumido como desqualificação social. Contudo, o autor afirma que os laços de
critério de focalização ou, ainda, concepções que envolvem o sociabilidade e as mobilizações na defesa de um território
desenho intersetorial e participativo da população nelas podem sustentar a construção de identidades coletivas e
residente. impulsionar a melhoria das condições de vida locais (BRASIL,
2004, p. 55-56).
Território e processos de exclusão Os potenciais de organização e mobilização coletiva
As noções de território e territorialidade têm sido referidos associam-se à perspectiva de Gomà (2004) da
mobilizadas para a compreensão dos processos de reprodução exclusão como um fenômeno politizável. De fato, observa-se,
da pobreza e das dinâmicas de exclusão, bem como das no contexto brasileiro, a tematização das desigualdades e
possíveis formas de seu enfrentamento e reversão (Brasil, processos de exclusão socioespaciais que se evidenciam nas
2004; MOREIRA e Carneiro, 2007). Os debates áreas de ocupação informal, desde os espaços públicos
contemporâneos em torno da questão social promovem uma primários às associações e movimentos sociais de base local,
reinterpretação da noção de exclusão a partir de diversas passando pela configuração de articulações e redes de atores
matrizes e enfoques, inclusive no que toca a seus alcances coletivos atuantes no campo da reforma urbana.
enquanto categoria analítica, como se observa em Escorel A esses atores podem se atribuir, em larga medida, os
(1999). Sem a pretensão de revisão do emprego do termo, avanços de cunho includente e democratizante nas políticas
destacam-se, a seguir, alguns pontos pertinentes à abordagem. urbanas a partir dos anos 1980.
Um primeiro ponto refere-se às interfaces entre exclusão e A tematização da reforma urbana e novos princípios de
pobreza - esta última entendida para além de sua dimensão intervenção
econômica e remetida às necessidades não satisfeitas, No decorrer do processo de urbanização no país, a
incluindo um amplo rol de bens coletivos, como posto por inefetividade ou mesmo a ausência da atuação do poder
Veiga e Carneiro (2005). Além dessa perspectiva, a noção de público em políticas urbanas de inclusão, como discutido por
exclusão evoca fissuras ou fraturas nos vínculos sociais, tendo, diversos autores, acabou por deixar à deriva as cidades e
como consequência, os processos de isolamento e de grande parte de sua população, que se abriga expressivamente
desvinculação, que apontam para o comprometimento de na informalidade.
mecanismos de coesão social (Gomà, 2004; Filgueiras, 2004). Destaca-se a discussão efetuada por Maricato (2000), ao
Mostram-se relevantes, sob essa abordagem, as indicar que o planejamento urbano, historicamente,
considerações de Santos (2000) atinentes ao “espaço apresenta-se disjunto da realidade social e do ‘lugar’, ao não
estrutural da comunidade”, definido como o espaço reconhecer o tecido informal e voltar-se estritamente para a
“constituído pelas relações sociais desenvolvidas em torno da cidade formal.
produção e reprodução dos territórios físicos e simbólicos, de A relativa invisibilidade das favelas chega a se evidenciar
identidade e identificações com referências a origens e inclusive nas representações gráficas dos planos diretores e
destinos comuns” (p. 276). O autor afirma que, especialmente seus congêneres, bem como nas da regulamentação do uso e
em sociedades periféricas e semiperiféricas, o espaço da ocupação do solo, que, em sua maioria, representam tais áreas
comunidade, o qual se ancora na vizinhança e nas como espaço em branco e sem identificação. Esta observação
organizações societárias de base, mantém-se como “um lugar é relevante ao se considerar a afirmação de Santos (2002, p.
147) de que “os mapas são distorções reguladas da realidade, A aprovação do denominado Estatuto da Cidade
distorções organizacionais do território”, assim como o direito instrumentaliza os municípios na busca do desenvolvimento
constitui uma “distorção regulada de territórios sociais”. urbano balizado pela justa distribuição dos ônus e benefícios
Em retrospectiva panorâmica, até os anos 1980, nos quais da urbanização. A referida legislação dota de conteúdo o
se observam formas de intervenção mais sistemáticas, princípio da função social da propriedade e da cidade, desde
podemse indicar três posicionamentos governamentais em suas diretrizes que apontam para a redistribuição, inclusão
relação às favelas. O primeiro consiste na alternativa de social e democratização, em sintonia com as premissas e
ignorar o fenômeno, ou seja, não se planeja nem se realiza bandeiras de reforma urbana. Além disso, regulamenta os
nenhuma intervenção. O segundo compreende intervenções instrumentos de regularização fundiária das áreas informais,
no sentido de erradicação ou remoção, informadas pela ao lado do reconhecimento de instrumentos que eram
preocupação com a “higienização” do tecido urbano. O terceiro utilizados, como as ZEISs. Mostram-se relevantes, ainda,
e último remete à execução de melhorias urbanas pontuais e dentre outros pontos, a previsão de instrumentos de
eventuais, propiciadas por fatores tais como enchentes, intervenção no mercado fundiário e os requisitos de gestão
desabamentos e outras calamidades associadas à democrático participativa das cidades.
precariedade ambiental, que configuram situações de crise, No âmbito das políticas federais, observa-se que, a partir
mobilizando a opinião pública. de 2003, apresentam-se diversos avanços, sinalizando a
O contexto de redemocratização do país pode ser apontado incorporação da questão urbana na agenda governamental,
como um período de inflexão, a partir do adensamento da em sintonia com a plataforma reformista. A criação do
agenda societária de reforma urbana e das possibilidades de Ministério das Cidades e do Conselho Nacional das Cidades
influência no âmbito institucional, sobretudo abertas por meio (Concidades) e o escopo de políticas formuladas, inclusive de
de encaminhamento de emendas populares ao texto regularização fundiária, sinalizam nesta direção. O Fundo
constitucional. Nacional Habitação de Interesse Social, oriundo de proposição
De fato, na década de 1980 destacam-se diversas formas por meio de iniciativa popular, é aprovado e cria-se o Sistema
de ação coletiva que tematizam a agenda e as intervenções por Nacional Habitação de Interesse Social, requerendo esforços
via de políticas sociais e urbanas, em seus diversos campos, dos municípios na construção dessas políticas no âmbito local.
bem como se voltam para reivindicações e propostas no O Concidades tem produzido uma série de resoluções
sentido da descentralização, democratização e ampliação dos relativas às políticas urbanas e habitacionais, destacando-se a
direitos sociais. No que toca à questão urbana, destaca-se o Resolução n° 34, que constitui uma referência importante para
Movimento Nacional de Reforma Urbana, que mobiliza as políticas voltadas às áreas informais, estabelecendo
movimentos sociais, associações, ONGs e entidades sindicais, diretrizes e parâmetros normativos que têm em vista garantir
dentre outros atores organizados, sendo associados à a função social da cidade e da propriedade, inclusive referidos
tematização e construção de novos ideários em relação às às ZEISs. Da mesma forma, tem avançado no que diz respeito à
políticas urbanas. Em linhas gerais, a gestão democrática das gestão democrática das cidades, apresentando uma visão
cidades, o direito à moradia e à cidade e a função social da intersetorial da política urbana que pode ser associada com
propriedade constituem o núcleo da plataforma de reforma uma perspectiva recente em relação às estratégias de inclusão
urbana no período. A partir desses princípios, no âmbito da socioespacial (BRASIL; CARNEIRO, 2010).
questão habitacional, a agenda do movimento voltava-se, em
especial, para o reconhecimento das ocupações informais e Os programas de inclusão socioespacial nas vilas-
sua regularização (BRASIL, 2004). favelas de Belo Horizonte
No contexto da Assembleia Nacional Constituinte, o A experiência de Belo Horizonte já foi referida como
referido movimento apresenta uma emenda popular, pioneira quanto ao reconhecimento das favelas como objeto
assimilada parcialmente no capítulo constitucional de política de intervenção.
urbana, que vincula a política de desenvolvimento urbano, Isto se fez por meio da legislação do Programa de
executada pelo governo municipal, ao objetivo de “ordenar o Urbanização e Regularização das Favelas (Profavela),
pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e promulgada em 1983, à qual se seguiu a incorporação das
garantir o bem-estar de seus habitantes”. A CF-1988 introduz favelas na legislação de uso e ocupação do solo como Setor
o direito à ocupação informal, a partir do princípio da função Especial-4 (SE-4) – instrumento de zoneamento de viés
social e da previsão do instrumento do usucapião urbano, includente, precursor das ZEISs. Ao lado disso, criou-se um
reconhecendo as ocupações informais e seus moradores. órgão específico para a urbanização dessas áreas em meados
Em paralelo, a partir de meados da década de 1980 de 1986, a Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte
desenham-se no âmbito local, envolvendo, sobretudo, (Urbel).
governos de perfil democrático-progressista, instrumentos Tais avanços associam-se, em grande medida, às
voltados para a regularização urbanística e fundiária e mobilizações por parte dos movimentos sociais urbanos que
experiências voltadas à inclusão social, que ‘reinscrevem’ as assumiram, com o suporte de entidades vinculadas à Igreja
favelas como objetos de intervenção pública. Neste sentido, as Católica, o papel de pressionar o governo municipal. Contudo,
Zonas Especiais de Interesse Social (ZEISs) constituem um as situações de crise decorrentes de enchentes e
instrumento inicialmente empregado em Belo Horizonte e deslizamentos constituíram também elementos favoráveis à
Recife, respectivamente sob os rótulos de “Setor Especial” e de incorporação dessas questões na agenda pública.
“Áreas Especiais de Interesse Social”, que se difunde nas Avanços mais substantivos, no que se refere ao desenho e
décadas seguintes. Segundo Fernandes (1998, p. 130), tal implementação de políticas e programas voltados para a
instrumento envolve uma mudança de perspectiva, habitação de interesse social e, especialmente, para a
contribuindo para a caracterização dos favelados como regularização das áreas informais, bem como no que se refere
sujeitos de direitos e, mais além, provocando uma importante ao arcabouço institucional de gestão de tais políticas, vêm a
mudança de enfoque, qual seja, “enquanto cidadãos, os ocorrer a partir do governo iniciado em 1993, cuja agenda
favelados devem ter acesso garantido a um lugar na sociedade sintoniza-se com os debates em torno da perspectiva de
e a um espaço na cidade”. democratização das relações Estado-sociedade e de ampliação
O texto constitucional aprovado em 1988 não incluiu a dos direitos sociais, bem como com a plataforma de reforma
moradia no âmbito dos direitos sociais, o que veio a ocorrer urbana. Neste contexto, institui-se o Sistema Municipal de
apenas em 2000. Habitação, composto pela Secretaria Municipal de Habitação
(SMHab) e pela já mencionada Urbel, além do Conselho
Municipal de Habitação (CMHab). No que toca à regularização linhas complementares de ação, ao que se soma a escala mais
das favelas na cidade, desenha-se o Programa de Intervenção significativa das intervenções.
Estrutural, que pressupõe intervenções no sentido de Para a Urbel, o Vila-Viva pretende realizar a implantação e
regularização urbanística e fundiária, ao lado de ações na linha melhoria do sistema viário, obras de saneamento básico,
de desenvolvimento social. consolidação geotécnica, melhorias habitacionais, remoções,
O Programa de Intervenção Estrutural é instrumentalizado reassentamentos, regularização fundiária e promoção do
pela elaboração de Planos Globais Específicos (PGEs) para desenvolvimento socioeconômico das comunidades
cada vila/favela. (PEREIRA, 2008). O Programa figura-se como um dos maiores
Os PGEs têm o objetivo de, a partir de um diagnóstico de projetos de regularização de favelas em andamento no Brasil,
cada favela, projetar as ações necessárias para sua seja pelo caráter abrangente e compreensivo, já que agrega
regularização, urbanização e desenvolvimento. Constituem, três eixos básicos de ação - legalização fundiária, urbanização
assim, um instrumento de melhoria da qualidade de vida dos com provimento de infraestrutura e desenvolvimento
moradores dessas áreas, buscando, também, integrá-las física, socioeconômico (TONUCCI, 2007) -, seja pelo montante de
jurídica e socialmente à ‘cidade formal’, fundamentado em recursos, agentes e atores direta e indiretamente envolvidos.
premissas de intervenção integral, o que inclui linhas de ação Dito de outra forma, além das intervenções urbanas físicas, o
de desenvolvimento social. Observa-se, ainda, a previsão de Vila-Viva inova ao articular ações de promoção social, de
mecanismos de participação no processo de elaboração e educação sanitária e ambiental, com destaque ao incentivo à
implementação dos PGEs, por meio de assembleias e reuniões, geração de renda e trabalho na própria comunidade, através
ao lado da constituição de um “grupo de referência” da do associativismo. Como ilustração, a amplitude do Programa
população para acompanhamento do processo, que pode evidencia-se no fato de que, por meio de ações de qualificação
desempenhar, ainda, um papel de articulação com a profissional e de geração de renda, 70% dos trabalhadores
comunidade local. contratados nas obras do Vila-Viva ‘Aglomerado da Serra’ são
Por um lado, os PGEs minimizaram as intervenções da própria comunidade. Houve também a constituição da
pontuais e desarticuladas, criando a possibilidade de Associação das Costureiras do Aglomerado que, habilitada a
investimentos progressivos dentro de uma intervenção confeccionar uniformes, teve a própria obra como o primeiro
estrutural nos assentamentos envolvidos; todavia, por outro, a grande cliente, seguido de outras instituições. Portanto, ao
própria Urbel não conseguiu, até o momento, elaborar os PGEs entender o processo de exclusão de forma multidimensional, o
para todas as localidades, com a cobertura atual situando-se Vila-Viva tem em vista contribuir para o fortalecimento da
em torno de 65% das vilas e favelas.10 A fim de delimitar o autoestima, dos laços de sociabilidade, além da melhoria das
contingente populacional diretamente afetado por tais condições de vida dos moradores.
políticas, ressalta-se que o universo de pessoas instaladas em No rol de programas voltados para a inclusão social da PBH
áreas vulneráveis hoje é de aproximadamente 500 mil destaca-se o BH-Cidadania. Este programa, que adota o
pessoas, distribuídas em 174 vilas/favelas e 24 conjuntos território como critério de focalização, produziu o
habitacionais populares, representando 19,5% da população mapeamento do acesso a determinadas ‘dimensões de
da cidade. Esse conjunto populacional, por sua vez, está cidadania’ (NAHAS, 2002), relacionando dados demográficos a
concentrado em apenas 5% da área do município, segundo características extremas de exclusão/inclusão e oferta de
dados da própria Urbel (SIQUEIRA, 2009). Em 1993, institui- serviços de proteção social.
se também o Orçamento Participativo (OP-BH). Destaca-se Neste âmbito, criou-se o Índice de Vulnerabilidade Social
que, a partir de 1998, para que uma intervenção pública se (IVS), a partir do qual se busca dimensionar o acesso da
realize com recursos públicos do OP-BH é necessário que a população às dimensões consideradas como essenciais para se
área contemplada possua seu PGE. alcançar a cidadania substantiva e plena: ambiental, cultural,
O plano diretor e a legislação de uso e ocupação do solo, econômica, jurídica e segurança de sobrevivência. O referido
aprovados em 1996, instituem três categorias de ZEIS, uma índice permite identificar onde reside a população mais
delas sucedânea do SE-4, ou seja, correspondente às favelas. vulnerável, balizando o critério territorial de focalização da
Vale destacar, dentre as deliberações da 1ª Conferência intervenção pública.
Municipal de Habitação (2000), o melhor detalhamento do Proposto em 2001 e iniciado em 2002, o BH-Cidadania
PGE quanto aos princípios, diretrizes e normas gerais desenha-se em direção a uma resposta intersetorial à
aplicáveis a todas as vilas/ favelas e conjuntos habitacionais vulnerabilidade social com intervenções nas áreas de
populares e a exigência de elaboração de um PGE para cada assistência, saúde, educação, cultura e esportes. Constituem
favela/vila. Ainda em 2000, a partir dessas resoluções, o eixos de intervenção a transferência de renda, a socialidade, a
Conselho Municipal de Política Urbana formaliza legalmente saúde, a inclusão produtiva e a educação, que são articulados
os PGEs, que vinham sendo empregados ao longo da década tanto pelas secretarias setoriais quanto pelos Núcleos de
anterior, e estabelece parâmetros urbanísticos para o Apoio às Famílias (NAFs). Instalados nas vilas-favelas, os NAFs
planejamento e intervenção nas ZEISs. trabalham no cadastramento e organização do plano de ação
Portanto, atualmente, as políticas de intervenção em local, articulando as famílias que compõem seu público-alvo
aglomerados informais se ancoram em um arranjo aos equipamentos e estruturas municipais.
políticoinstitucional complexo que, em seu desenho,
possibilita a participação popular. Ao lado da SMHab, da Urbel, Considerações finais
das Conferências Municipais e da articulação com o OP, O enfrentamento da pobreza, das vulnerabilidades sociais
destaca-se a constituição do Fundo Municipal de Habitação e dos processos de exclusão social apresenta enormes desafios
Popular (FMHP), gerido pelo CMHab. para os governos no contexto brasileiro. O artigo procurou
Na trajetória das linhas de intervenção e programas contribuir para os debates neste campo ao explorar a
consolidados, desenhou-se o Programa Vila-Viva, relacionado dimensão territorial dos processos de exclusão, ao lado dos
ao PGE de cada vila ou favela, tendo em vista sua novos princípios e formas de intervenção que têm se
implementação. desenhado mais recentemente, voltados para a inclusão
O Programa consiste em um conjunto de ações integradas, socioespacial.
direcionadas à urbanização, desenvolvimento social e A partir da CF-1988, podem-se observar avanços no
regularização fundiária, além de procurar integrar outras âmbito federal, como o Estatuto da Cidade, que reenquadra as
políticas públicas para essa parcela da população. políticas urbanas no país. Adiante, ressalta-se a criação de
Basicamente, sua concepção avança no sentido de incorporar novas estruturas institucionais e instâncias de participação, ao
lado de avanços no âmbito regulatório e normativo, bem como A intersetorialidade constitui outro avanço central em seu
na oferta de políticas urbanas. Em seu conjunto, estes desenho, propiciando o enfrentamento da
instrumentos e novas bases reinscrevem as formas de multidimensionalidade do processo de exclusão social nas
intervenção voltadas para a inclusão em sintonia com a agenda vilas-favelas. Ou seja, em Belo Horizonte apresentam-se duas
societária de reforma urbana, lastreada por princípios do frentes de intervenção nas vilasfavelas voltadas para a
direito à moradia e à cidade, bem como pela função social da inclusão de sua população: no campo das políticas urbanas do
cidade e gestão democrática. município, nas quais se deteve, e no campo das políticas
No contexto de democratização do país no curso dos anos sociais. Nesse sentido, um possível desafio pode se delinear na
1980, especialmente a partir do viés descentralizante do texto maior aproximação e articulação entre os referidos
constitucional, os governos locais adquirem centralidade no programas, o que vem se esboçando. É relevante observar que
enfrentamento dos déficits de inclusividade e têm construído os esforços mais recentes, no caso de Belo Horizonte,
experiências inovadoras neste sentido. O caso de Belo antecedem as diretrizes do Concidades para as políticas e
Horizonte, mobilizado no artigo, ilustra esse percurso, planejamento urbanos, preconizando a atuação intersetorial.
afirmando-se por seu caráter precursor no desenho de marcos O artigo procurou contemplar alguns avanços construídos
regulatórios e intervenções voltados para o reconhecimento no contexto das últimas décadas, que remetem ao
do tecido informal da cidade e a inclusão socioespacial, enfrentamento dos processos de exclusão em suas interseções
ressaltando-se, ainda, o viés democratizante das iniciativas com o território por meio de políticas de inclusão
desenvolvidas desde a década anterior. socioespacial. Sublinhou-se, nesse percurso, para além dos
Indicou-se que, em um primeiro momento, que remete à princípios e desenhos que se apresentam nas novas políticas e
década de 1980, as inovações pioneiras se deram, em grande programas, o papel dos atores coletivos organizados, com
medida, a partir da mobilização de atores coletivos locais e de ênfase nos processos de mobilização e construção de agendas
uma conjuntura de crise. Em 1993, tem-se um momento de cunho democratizante e includente.
expressivo de produção de avanços institucionais, que Uma consideração mais geral refere-se às conexões entre
sinalizam no sentido da incorporação de premissas de reforma participação, planejamento e inclusão, tendo em vista que a
urbana na agenda municipal, mesmo antes da aprovação do participação se coloca como uma premissa central no texto
Estatuto da Cidade, ao lado de premissas de cunho constitucional, na legislação da área das políticas sociais e no
democratizante e includente oriundas dos debates no campo Estatuto da Cidade. Observa-se uma aposta na participação,
das políticas sociais. Isto se revela nos processos de que vai dos planos diretores obrigatórios aos planos
reorganização institucional, com a criação do Sistema habitacionais que passam a ser requeridos recentemente ou,
Municipal de Habitação, que fortalece o órgão responsável ainda, no caso de Belo Horizonte, na centralidade dos PGEs
pelas intervenções de urbanização e regularização das áreas para intervenção nas vilas-favelas. Esta aposta coloca em
informais e cria novas instituições e instâncias participativas, questão as matrizes culturais do tecnocratismo na elaboração
bem como na formulação de um conjunto de políticas para o de planos no contexto brasileiro, destacando-se que, no caso
enfrentamento multidimensional da questão habitacional. dos planos urbanos, as lógicas tecnocráticas se apresentam
Nesse mesmo contexto, desenham-se as bases e instrumentos como coadjuvantes na produção do quadro socioespacial
de intervenção dos programas que passam a ser desigual e excludente. A democratização desses processos por
implementados e aprimorados até o presente. meio da participação se coloca como uma importante chave de
Os programas focalizados no artigo, voltados para a inclusão política de segmentos tradicionalmente excluídos, a
inclusão socioespacial da população residente em áreas de qual, por sua vez, contribui para as possibilidades de sua
ocupação informal, apresentam traços inovadores desde o inclusão social.
ponto inicial dos marcos regulatórios de reconhecimento Mobilidade urbana: características dos movimentos
destas ocupações por meio dos instrumentos SE-4 e ZEIS e, já espaciais diários da população (pendularidade)
na década atual, do estabelecimento de parâmetros congestionamento das vias públicas16
urbanísticos para tais áreas. Destaca-se como traço inovador
dos programas a abordagem multidimensional presente no Uma primeira análise acerca dos movimentos diários de
desenho do Programa de Intervenção Estrutural e dos PGEs, população na região metropolitana com destino a Belo
que constituem seu instrumento de planejamento. A Horizonte pode ser obtida a partir dos dados extraídos dos
multidimensionalidade apresenta-se nas linhas de Censos Demográficos de 1980 e 2000. Se compararmos esses
intervenção endereçadas à urbanização, regularização dois momentos, nota-se um expressivo aumento do número de
fundiária e desenvolvimento social. Na trajetória de pessoas residentes nos municípios da periferia metropolitana
aprimoramento desse desenho, o Programa Vila-Viva, que que declararam trabalhar ou residir em Belo Horizonte (de
ganha maior visibilidade e aporte de recursos, distende e 82.307 em 1980 para 266.501 em 2000), ainda que
fortalece a perspectiva multidimensional com ações na linha proporcionalmente as alterações tenham sido menos
de inclusão produtiva. Outro eixo de avanços consiste nas expressivas (de 9,19% a 12,62%). Como pode ser observado a
diversas formas de participação que integram a política de partir da Figura 1, em vários municípios, notadamente aqueles
regularização do município, como os conselhos, as mais próximos ao núcleo (a chamada periferia imediata),
conferências, o OP e outros mecanismos de participação mais houve uma ampliação da participação da população residente
territorializados, associados ao planejamento, negociação e que residia ou estudava em Belo Horizonte.
acompanhamento das intervenções. Como posto, um desafio Em Ribeirão das Neves e Sabará, por exemplo, essa
central desses programas reside na ampliação de seus participação em 2000 era superior a 20% da população
alcances e no ritmo de implementação dos PGEs. residente total. Também são expressivas as proporções
Referenciou-se, ainda, ao Programa BH-Cidadania, inscrito registradas nos municípios de Santa Luzia, Igarapé e
no campo de intervenções das políticas sociais, trazendo, como Vespasiano. Cabe destacar, ainda, o volume expressivo
um elemento inovador, o critério de focalização representado pelos movimentos procedentes de Contagem,
territorializado, balizado pelo IVS criado pela Prefeitura que envolveram quase 70 mil pessoas deslocando diariamente
Municipal. para Belo Horizonte. Ainda em relação ao volume, o caso de
Ribeirão das Neves também é exemplar. Mais de 50 mil
16
http://www.abep.org.br/publicacoes/index.php/anais/article/viewFile/1712/16
72.
pessoas residentes nesse município trabalham ou estudam no intrametropolitano, bem como algumas das características
núcleo metropolitano. ocupacionais da população protagonista desses movimentos.
Mesmo que boa parte do aumento no número de pessoas Os resultados extraídos das ODs também confirmam a
que declaram trabalhar ou residir em Belo Horizonte seja um intensificação dos movimentos populacionais entre os
resultado natural do crescimento populacional da periferia municípios da periferia e o núcleo metropolitano. Os
metropolitana verificada a partir da década de 1970, é notório deslocamentos diários com destino a Belo Horizonte passaram
o alto grau de polarização exercido pela capital mineira. de 137.098 em 1992 para 164.388 em 2001.
Contudo, esses dados censitários não permitem desagregar No entanto, se em 1992 representavam 37,55% do total de
aqueles que realizam o movimento para fins definidamente de deslocamentos residência-trabalho no interior da região
trabalho. São incluídos nesse volume aqueles que se deslocam metropolitana, essa proporção foi reduzida a 22,08% em 2001
com finalidade exclusiva de estudo, o que envolve jovens fora (excluídos os movimentos dentro do próprio município de
da idade laboral. Uma rica fonte auxiliar de dados, que permite Belo Horizonte). A análise desagregada por município indica
identificar os deslocamentos de casa para o trabalho, refere-se particularidades especialmente relevantes, como pode ser
as Pesquisas Domiciliares de Origem e Destino (ODs), observado na Figura 2. No eixo norte, onde se destacam os
comumente realizadas a cada dez anos. Essas pesquisas municípios de Ribeirão das Neves, Vespasiano e Santa Luzia,
tiveram a sua primeira versão em 1972, antes mesmo da foi notória a queda acentuada na proporção daqueles que se
instituição formal das RMs no Brasil, sendo inicialmente deslocavam para o trabalho em Belo Horizonte. No caso
desenvolvida pelo antigo PLAMBEL (Planejamento da Região específico de Ribeirão das Neves, que envolve um volume
Metropolitana de Belo Horizonte). A segunda pesquisa, maior de população, os percentuais caíram de 69,18% em
também realizada pelo PLAMBEL, foi iniciada em 1981 e 1992 para 39,17% em 2001. Há, todavia, casos em que o
concluída em 1982. movimento em direção ao núcleo experimentou leve
crescimento. Um importante exemplo foi Nova Lima (como
Figura 1 também Raposos e Brumadinho), onde a proporção evoluiu de
20,49% para 28,05%.
Figura 2
7. O turismo na capital
mineira 7.1. Principais pontos
turísticos e monumentos.
7.2. Grandes eventos
culturais e locais de
realização. 7.3. Os bairros
População em situação de rua: características gerais e
suas principais reivindicações17 boêmios de Belo Horizonte:
concentração espacial e
Com mais de 5 mil pessoas vivendo nas ruas, Belo principais vias
Horizonte é o quarto município mineiro a receber o encontro
regional do Fórum Técnico População em Situação de Rua,
realizado pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG)
em parceria com o Governo do Estado. O encontro em O TURISMO NA CAPITAL MINEIRA
18/4/18, aconteceu no Centro Universitário Una, na unidade
do Barro Preto. Principais pontos turísticos e monumentos18
O objetivo do fórum técnico foi colher sugestões populares
para aperfeiçoamento da Política Estadual para a População Principais pontos turísticos
em Situação de Rua, instituída pela Lei 20.846, de 2013.
A estimativa de população em situação de rua na Capital é Circuito Liberdade
da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). No País, o cálculo
oficial mais recente é do Instituto de Pesquisa Econômica O Circuito Liberdade foi inaugurado em 2010 e já é
Aplicada (Ipea), de um levantamento realizado em 2015, que reconhecido como um importante corredor de cultura do País.
apontou 101.854 pessoas nessa situação em todo o Brasil. De Abrigado em uma área histórica de Belo Horizonte (MG), é
lá para cá, há um consenso de que o problema se agravou composto por 16 instituições, dentre museus, centros de
muito, em decorrência da crise econômica. cultura e de formação, que mapeiam diferentes aspectos do
Talvez pelo crescimento do problema, foi muito variada a universo cultural e artístico.
participação no evento. Entre os cerca de 100 participantes, Sob a gestão do Instituto Estadual de Patrimônio Histórico
além de moradores de rua e representantes de suas e Artístico de Minas Gerais (Iepha/MG), desde abril de 2015, o
associações, havia servidores de órgãos governamentais, projeto atua em articulação com o espaço urbano e os diversos
universitários, alunos secundaristas e até moradores da grupos artísticos e populares, consolidando-se como um braço
Capital que foram dar suas sugestões e se queixar dos forte da política pública de Cultura do governo estadual.
problemas causados pelas pessoas que permanecem no
entorno de suas casas. Espaços para visitação
Esse tenso diálogo entre moradores residenciais e pessoas Centro de Informação ao Visitante do Circuito Liberdade /
em situação de rua produziu um dos momentos mais Hub Minas Digital
interessantes do encontro. Alguns dos moradores da Capital se Espaço do Conhecimento UFMG
queixaram da insistência de muitas pessoas em retornarem às MM Gerdau - Museu das Minas e do Metal
ruas, chegando até a vender moradias que receberam do poder Memorial Minas Gerais Vale
público por R$ 3 mil ou pouco mais. Centro de Arte Popular – Cemig
BDMG Cultural
Academia Mineira de Letras
17 18 http://belohorizonte.mg.gov.br/arquitetura.
https://www.almg.gov.br/acompanhe/noticias/arquivos/2018/04/18_forum_tec
nico_populacao_rua.html.
19 https://www.otempo.com.br/cidades/pbh-mapeia-9-500-bares-da-
capital-veja-qual-%C3%A9-o-bairro-mais-bo%C3%AAmio-1.1536485.
01. (Prefeitura Municipal de Belo Horizonte - Guarda 05. (Prefeitura Municipal de Belo Horizonte - Guarda
Municipal de Belo Horizonte - Fundação Guimarães Rosa) Municipal de Belo Horizonte - Fundação Guimarães Rosa)
Belo Horizonte NÃO se limita territorialmente com o seguinte
município da Região Metropolitana:
(A) Brumadinho.
(B) Betim.
(C) Ribeirão das Neves.
(D) Ibirité.
02. (Prefeitura Municipal de Belo Horizonte - Guarda 07. (Prefeitura Municipal de Belo Horizonte - Guarda
Municipal de Belo Horizonte - Fundação Guimarães Rosa) Municipal de Belo Horizonte - Fundação Guimarães Rosa)
Em relação à cidade de Belo Horizonte, marque a alternativa Entre as capitais dos Estados brasileiros, abaixo listadas, Belo
INCORRETA. Horizonte possui maior contingência populacional somente
(A) Foi considerada a metrópole com melhor qualidade de em relação à capital do Estado do:
vida da América Latina pela ONU. (A) Rio de Janeiro.
(B) Foi considerada entre as cem melhores do mundo para (B) Bahia.
se viver. (C) Ceará.
(C) Ostenta o título de “Cidade Dormitório” da Região (D) Paraná.
Metropolitana.
(D) Possui, ainda, o diploma de “Cidade Modelo da Área 08. (Prefeitura Municipal de Belo Horizonte - Guarda
Ambiental”. Municipal de Belo Horizonte - Fundação Guimarães Rosa)
O Parque das Mangabeiras é um dos roteiros turísticos de Belo
03. (Prefeitura Municipal de Belo Horizonte - Guarda Horizonte. Sobre ele, podemos dizer:
Municipal de Belo Horizonte - Fundação Guimarães Rosa) I. Está localizado nas encostas da Serra do Curral, foi
Marque a alternativa abaixo que NÃO é característica do projetado pelo paisagista Burle Marx e inaugurado em 1971.
Palácio da Liberdade de Belo Horizonte. II. É um dos maiores parques urbanos do país, com matas
(A) Reflete a influência do estilo inglês na arquitetura da que ocupam a maior parte dos seus 2,3 milhões de m².
capital, com requintes de acabamento. III. Além de funcionar como centro de pesquisa e educação
(B) A escada de ferro e estruturas metálicas foram ambiental, aberto a todos da comunidade, dispõe de várias
importadas da Bélgica. opções de lazer.
(C) Destacam-se os jardins em estilo rosal, de Paul Villon. IV. Possui três opções de visita: o Roteiro das Águas, o
(D) Destacam-se o Salão de Banquete à Luís XV e as Roteiro da Mata e o Roteiro do Sol.
pinturas do Salão Nobre, uma homenagem às artes, e o grande Marque a alternativa CORRETA.
painel de Antônio Parreira. (A) Apenas os itens I, II e III são verdadeiros.
(B) Apenas os itens I, III e IV são verdadeiros.
04. (Prefeitura Municipal de Belo Horizonte - Guarda (C) Apenas os itens I, II e IV são verdadeiros.
Municipal de Belo Horizonte - Fundação Guimarães Rosa) (D) Apenas os itens II, III e IV são verdadeiros.
Para deslocar do centro de Belo Horizonte ao Aeroporto de
Confins, você utiliza a “Linha Verde”, por meio da rodovia: 09. (Prefeitura Municipal de Belo Horizonte - Guarda
(A) MG 030. Municipal de Belo Horizonte - Fundação Guimarães Rosa)
(B) MG 010. Enumere a segunda coluna de acordo com a primeira.
(C) MG 024. 1. Roteiro Marcos da Modernidade (Pampulha).
(D) MG 020. 2. Roteiro Ofícios de Minas (Praça da Estação e Av. Afonso
Pena/ Centro).
3. Roteiro Sínteses de Minas (Mercado Central e Entorno).
4. Roteiro Passado e Presente (Praça da Liberdade e (C) As menores altitudes ocorrem a nordeste, entre 650 e
Savassi). 750 metros; as maiores, nos limites ao sul e sudeste, entre
5. Roteiro Horizontes da Cidade (Serra do Curral e 1001 e 1150 metros nas encostas, e maiores que estas,
Mangabeiras). podendo atingir 1500 metros, no topo da Serra do Curral.
( ) Minascentro. (D) As características deste domínio são a diversidade
( ) Museu das telecomunicações. litológica e o relevo acidentado que encontra expressão
( ) Igreja da Boa Viagem. máxima na Serra da Piedade, limite sul do município.
( ) Praça da Estação. 12. (Prefeitura Municipal de Belo Horizonte - Guarda
( ) Casa do Baile. Municipal de Belo Horizonte - Fundação Guimarães Rosa)
( ) Catedral da Fé. A hidrografia de Belo Horizonte, localizada na Bacia do São
( ) Praça da Bandeira. Francisco, é atendida pelo(s) Rio e/ou Ribeirões, EXCETO:
( ) Museu de Escola de Minas Gerais. (A) Ribeirões Arrudas e do Onça, afluentes do Rio das
( ) Museu de Artes e Ofícios. Velhas.
( ) Museu de Arte. (B) Rio das Velhas que percorre 761 quilômetros, desde as
( ) Rua do Amendoim. proximidades da cidade de Belo Horizonte até Pirapora, onde
( ) Museu Giramundo. deságua no Rio São Francisco.
( ) Jardim Japonês. (C) Ribeirão Arrudas que atravessa a cidade de Oeste para
( ) Diamond Mall. Leste.
( ) Museu dos Brinquedos (D) Ao Norte, corre o Ribeirão Pampulha, represado para
O preenchimento CORRETO da segunda coluna formar o reservatório “Lagoa da Pampulha”.
corresponde à enumeração:
(A) 3, 5, 4, 2, 1, 3, 5, 4, 2, 1, 5, 2, 1, 3 e 4.
(B) 3, 2, 1, 3, 4, 3, 5, 4, 2, 1, 1, 2, 4, 5 e 3.
(C) 3, 2, 4, 2, 1, 5, 5, 4, 2, 1, 5, 1, 2, 3 e 4.
(D) 3, 2, 4, 3, 1, 3, 5, 4, 2, 1, 5, 2, 1, 3 e 4
13. (Prefeitura Municipal de Belo Horizonte - Guarda Municipal de Belo Horizonte - Fundação Guimarães Rosa)
O mapa mostra o entorno da Avenida do Contorno, espaço onde ficam localizados vários pontos importantes de Belo Horizonte.
São eles:
Marque a alternativa CORRETA.
(A) Hospital Santa Casa, Hospital Militar, Rodoviária, Parque Municipal, Praças Raul Soares, da Liberdade, Savassi, Assembleia, Sete
e da Estação.
(B) Hospital Santa Casa, Hospital Militar, Rodoviária, Parque Municipal, Câmara dos Vereadores, Praças Raul Soares, da Liberdade,
Savassi, Assembleia e Sete.
(C) Hospital Santa Casa, Hospital Militar, Rodoviária Parque Municipal, Praças Raul Soares, da Liberdade, Savassi, Sete e Duque de
Caxias.
(D) Hospital Santa Casa, Hospital Militar, Estação do Metrô de Santa Tereza, Rodoviária, Parque Municipal, Praças Raul Soares, da
Liberdade, Savassi, Assembleia e Sete.
14. (Prefeitura Municipal de Belo Horizonte - Guarda Municipal de Belo Horizonte - Fundação Guimarães Rosa) O Parque
Ecológico Promotor Francisco Lins do Rego, conhecido como Parque Ecológico da Pampulha, de 30 hectares de áreas verdes, oferece
à população da cidade e aos turistas uma programação permanente de educação ambiental, cultural, patrimonial e para o trânsito.
São características do Parque, EXCETO:
(A) O gramado pode e deve ser pisado e utilizado para o descanso, o lazer e a contemplação da natureza.
(B) uma equipe de monitores está sempre disponível. Ela está apta a orientar crianças e adultos quanto ao meio ambiente e sua
conservação, além de esclarecer dúvidas relativas à flora e fauna do Parque.
(C) A prática de esportes é estimulada com o oferecimento de equipamentos de ginástica, pistas de caminhada e cooper e bicicletas
gratuitas.
(D) O espaço deve ser utilizado como cenário para shows musicais, espetáculos de dança, peças teatrais e para eventos com
propósitos educativos. Atende escolas públicas e particulares nos finais de semana e feriados.
15. (Prefeitura Municipal de Belo Horizonte - Guarda Municipal de Belo Horizonte - Fundação Guimarães Rosa) Belo
Horizonte é a capital de Minas Gerais e tem uma população com cerca de 2,3 milhões de habitantes. Para ser bem administrada a cidade
foi dividida em nove regionais. Assinale a alternativa abaixo que NÃO corresponde a localização exata do Bairro, Vila ou Favela com a
sua respectiva regional:
(A) Regional Norte (Conjunto Felicidade e Vila Clóris).
(B) Regional Leste (Vila Pindura Saia e Floresta).
(C) Regional Centro-Sul (Morro do Papagaio e Belvedere).
(D) Regional Oeste (Cabana Pai Tomaz e Morro das Pedras).
16. (Prefeitura Municipal de Belo Horizonte - Guarda Municipal de Belo Horizonte - Fundação Guimarães Rosa) Enumere
o item II de acordo com o item I:
I - ADIMINISTRAÇÃO REGIONAL:
1. Venda Nova. 2. Pampulha. 3. Oeste. 4. Nordeste. 5. Regional Centro-sul.
II - LOCALIZAÇÃO E CARACTERÍSTICAS:
( ) Caracteriza-se pelas grandes diferenças socioeconômicas e sanitárias de sua população. Possui área verde numa extensão de
19,46 m² distribuídas em sete parques de uso público. Limita-se com os distritos sanitários Leste, Norte, Noroeste e Pampulha e com
o município de Sabará.
( ) Alta concentração de estabelecimentos comerciais, bancários, de lazer e outros serviços, e à sua inserção central na malha
viária.
( ) Limita-se com o Distrito Sanitário Barreiro e com a Cidade de Contagem através do Anel Rodoviário. E com o Distrito Sanitário
Noroeste através da Linha do Trem Metropolitano (Metrô).
( ) Apresenta características peculiares quanto à localização de algumas atrações turísticas e de lazer (Jardim Zoológico, Museu
de Arte Moderna, Mineirão, Mineirinho, Casa do Baile, Campus da Universidade Federal de Minas Gerais, Igreja de São Francisco de
Assis, Lagoa da Pampulha, Aeroporto da Pampulha, Parque Lagoa do Nado e Clubes Recreativos).
( ) Faz limite com as regionais Norte e Pampulha e com os municípios de Ribeirão das Neves e Vespasiano.
(A) 4, 3, 2, 1 e 5.
(B) 4, 5, 3, 2 e 1.
(C) 4, 5, 2, 1 e 3.
(D) 2, 4, 5, 3 e 1.
17. (Prefeitura Municipal de Belo Horizonte - Guarda Municipal de Belo Horizonte - Fundação Guimarães Rosa) Belo
Horizonte pelo seu traçado, deveria se situar dentro da chamada avenida do Contorno, como o próprio nome diz. Previa-se que por
muitos anos aquele espaço seria suficiente para manter a capital das Minas Gerais. Muito antes do tempo sua área foi se expandindo
em todas as direções. Desde então não parou seu crescimento.
As afirmações estão corretas, EXCETO:
(A) Desde os anos 70, alguns municípios de BH, obedecendo a fatores econômicos, sociais e demográficos, têm recebido muito mais
população do que enviado. Tal fenômeno é considerado por muitos como a primeira fase de um amplo processo de desconcentração
demográfica.
(B) Em 1996, a população de Belo Horizonte era de cerca de 2,1 milhões de habitantes. (Fonte: Anuário Estatístico de BH 2000)
(C) Resultado da nova Lei de Uso e Ocupação do Solo, de 1986, a verticalização atingiu várias regiões da cidade, concentrando
atividades econômicas, incrementando os problemas para o transporte e o trânsito. Belvedere, Buritis, Castelo, Ribeiro de Abreu,
Taquaril e Jatobá passaram a ser as novas opções de ocupação da cidade.
(D) A cidade ainda pode crescer em grande proporção do seu limite de expansão nas regiões Centro-sul, Noroeste e Barreiro.
18. (Prefeitura Municipal de Belo Horizonte - Guarda Municipal de Belo Horizonte - Fundação Guimarães Rosa) Marque a
alternativa INCORRETA com relação às saídas para os respectivos locais:
(A) BR 262 - Saída para Brasília (DF).
(B) MG 010 - Saída para Aeroporto de Confins.
(C) MG 030 - Saída para Nova Lima.
(D) BR 040 - Saída para Rio de Janeiro (RJ).
19. (Prefeitura Municipal de Belo Horizonte - Guarda Municipal de Belo Horizonte - Fundação Guimarães Rosa) Você teve
êxito e foi aprovado no Concurso Público para Guarda Municipal de Belo Horizonte. Em seu primeiro serviço na Estação Rodoviária da
Cidade, você é interpelado por um casal de turistas que deseja conhecer a estátua do famoso escritor mineiro Roberto Drummond,
autor dentro outros, do livro “Hilda Furacão”.
Como você conhece bem a cidade – percorreu as principais praças de Belo Horizonte para estudar – de imediato lembra da foto
abaixo e responde aos turistas: “bastam dirigir-se à Praça:”
Gabarito
01. C/ 02. C/ 03. A/ 04. B/ 05. B/ 06. B/ 07. D/ 08. D/ 09. A/ 10. C/ 11. D/ 12. B/ 13. A/ 14. D/ 15. B/ 16. B/ 17. D/ 18. A/
19. C
Anotações
Apostila Digital Licenciada para MORGANA PAULA CABRAL SILVA COSTA - morganacabral@bol.com.br (Proibida a Revenda)
Apostila Digital Licenciada para MORGANA PAULA CABRAL SILVA COSTA - morganacabral@bol.com.br (Proibida a Revenda)
APOSTILAS OPÇÃO
1IBGE. História. https://cidades.ibge.gov.br/brasil/mg/belo-horizonte/historico 3JULIÃO, Letícia. Itinerários da cidade moderna (1891-1920). In: DUTRA, Eliane
2PASSOS, Daniela. A formação do espaço urbano da cidade de Belo Horizonte: um de Freitas; MELLO, Ciro Flavio Bandeira de (Org.). BH: Horizontes históricos. Belo
estudo de caso a luz de comparações com as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. Horizonte: C/ Arte, 1996. p. 49-119.
Revista Mediações, Londrina, Vol. 21, n. 2, p. 332-358, 2016.
www.uel.br/revistas/uel/index.php/mediacoes/article/download/22406/pdf
centralizador exercido pelo governo imperial. O ambiente de médicos-sanitaristas e estatísticos, entre outros, na busca por
incertezas dos primeiros anos do novo regime político, em respostas a problemas como miséria, falta de saneamento,
meio à necessidade de legitimação, determinou um horizonte doenças, densidade populacional e o potencial de tensões e
favorável a um ousado projeto de construção de uma cidade revoltas sociais7.
capital4. Inaugurada em 12 de dezembro de 1897, a cidade-capital
O ideal de modernização foi de fundamental importância representou tudo o que de moderno era preconizado, nas
para se pensar uma nova cidade capital, uma nova palavras de Joaquim Nabuco Linhares8: “Hércules e titânicos
territorialidade para sede do governo do Estado de Minas foram os trabalhos então realizados. Do Nada pode-se dizer, e
Gerais. A modernização, atingido as áreas econômicas, em tão curto espaço, surgiram as belas avenidas e ruas que
políticas e sociais e o modernismo englobando a arte, a cultura aqui estão e os suntuosos edifícios públicos e particulares que
e a sensibilidade foram fatores chaves para se pensar um novo garbosos sustentam nesta cidade.”.
espaço para a capital mineira, agregando, assim, todo o Característica de uma cidade que se desejava moderna,
simbolismo de uma época (fins do século XIX e início do século Belo Horizonte não fugiu ao paradigma de ser um local de
XX). segmentação. De acordo com o estilo funcional e progressista
Movido pela nova ordem republicana, positivista e de urbanismo que se iniciou na segunda metade do século XIX,
científica, e inspirado ainda em um repertório urbanístico em a nova capital de Minas Gerais também possuía espaços
alta no estrangeiro, o engenheiro chefe da Comissão classificados e ordenados de acordo com as funções e
Construtora da nova Capital, Aarão Reis (atendendo ao necessidades sociais. Tal fato é percebido no projeto (planta)
governo da época) planejou a cidade concebendo as ruas como do engenheiro Aarão Reis, que dividiu Belo Horizonte em três
“artérias e veias”5. O planejamento das cidades, durante o zonas:
século XIX, assentou-se em ideais sanitaristas, comparando-as A zona urbana que constituía o espaço moderno e
a um corpo saudável, limpo e onde o movimento se dava com ordenado reservado para as elites mineiras. Possuía avenidas
total liberdade. Com isso, a população poderia respirar largas, retas, geométricas, infraestrutura sanitária e técnica,
livremente, numa cidade altamente organizada e área que deveria ser espelho das cidades mais modernas do
compreensiva, em que ruas, avenidas e praças representassem mundo; a zona suburbana, fora dos limites da Avenida do
uma ruptura radical com o modelo das cidades até então Contorno que funcionava como uma fronteira que separava a
existentes. vida urbana da suburbana, onde as moradias eram sofríveis e
As cidades planejadas, ainda segundo Richard Sennett6, os serviços precários; e, por fim, a zona rural, um cinturão
eram pensadas de acordo com a revolução científica da verde, onde se localizariam os núcleos coloniais que
compreensão do corpo humano e de sua circulação sanguínea, abasteceriam a Capital de frutas, legumes, verduras e matéria
proposto por William Harvey em sua obra de 1628, De motu prima para a sua construção9.
cordis. O que Harvey expôs parecia bastante simples: o coração Esta divisão funcionava como instrumento para o controle
bombeia sangue através das artérias e veias, recebendo-o das da cidade, sendo que os construtores fixaram os seus limites,
veias, para ser bombeado. Muitos engenheiros e urbanistas classificaram e hierarquizaram os territórios, que deixaram de
fizeram tal analogia na construção de cidades: a livre ser uma “dimensão indefinida” para se transformarem em
circulação (como a sanguínea) ao longo das ruas principais, áreas delimitadas e identificáveis10.
transformando-as num importante espaço urbano, cruzando O objetivo desse “enquadramento social” era estabelecer
áreas residenciais ou atravessando o centro da cidade. uma ordem dentro da cidade. De acordo com os construtores
Construtores e reformadores passaram a dar maior ênfase da cidade (lembrando que os mesmos eram influenciados pelo
a tudo que facilitasse a liberdade de trânsito das pessoas, contexto da ordem liberal vigente), era necessário traçar com
imaginando uma cidade de “artérias” e “veias” contínuas, a régua e o compasso uma ordem social harmônica, unitária,
através dos quais os habitantes pudessem se transportar, tais onde não houvesse lugar para a chamada “desordem urbana”.
como hemácias e leucócitos no plasma saudável. Assim, as Nas intervenções eram implantados sistemas sanitários
palavras “artérias” e “veias” entraram para o vocabulário públicos; abertas longas avenidas compatíveis com o tráfego
urbano já no início do século XVIII, aplicadas por projetistas denso; fincados edifícios modernos nos antigos cenários
que tomaram o sistema sanguíneo como modelo para o medievais. Tratava-se de assegurar condições mínimas de vida
tráfego, quando muitos engenheiros estabeleceram uma para uma população em rápido crescimento, adequar a cidade
ligação entre saúde, locomoção e circulação. aos negócios, às instituições e ao poder burguês e, ainda, criar
Belo Horizonte não fugiu a estes ideais. Segundo o artigo dispositivos de controle da multidão de homens pobres e
nº 2, do decreto de n. º 803 do ano de 1895, sobre o trabalhadores, de modo a ajustá-los às exigências produtivas
levantamento da planta geral da capital, temos que: “a sua área modernas e a um padrão de ordem urbana11.
será dividida em seções, quarteirões, lotes, com praças, Portanto, as cidades amplas, abertas, livres para passagens
avenidas e ruas necessárias para a rápida e fácil comunicação e transparentes valorizaria a individualidade. As pessoas
dos seus habitantes, boa ventilação e higiene”. estariam enquadradas no conjunto que foi articulado. Os
Aarão Reis planejou as ruas da área central com largura de espaços abertos e iluminados da cidade deveriam colocar
20m, para a conveniência, arborização e livre circulação de todos sob a vista de todos. As construções das cidades e a
veículos. Já as avenidas tiveram suas larguras fixadas em 35m, revolução urbanística (cidades planejadas) com suas ruas
suficiente para dar beleza e conforto à população. E não largas, vastas e limpas, poderiam também tornar visíveis as
bastava um modelo traçado somente em soluções pessoas que nela transitam e vivem. A cidade se tornaria uma
arquitetônicas, a gestão moderna da cidade exigia paisagem naturalizada, palco de acontecimentos que nada
intervenções das mais diversas como saberes jurídicos, opera, local que se reproduz, se filtra, se duplica ou se absorve
4 CARVALHO, José Murilo de. Os bestializados: o Rio de Janeiro e a República que 9 OLIVEIRA, Éder Aguiar Mendes de. A imigração italiana e a organização operária
não foi. São Paulo: Cia das Letras, 1987. em Belo Horizonte nas primeiras décadas do século XX. 2004. 93 f. Monografia
5 SENNETT, Richard. Carne e pedra. Rio de Janeiro: Record, 2006. (Especialização em História) – Faculdades Integradas de Pedro Leopoldo, Pedro
6 idem. Leopoldo, 2004.
7 BARRETO, Abílio. Memória histórica e descritiva: (história antiga e história 10 JULIÃO, Letícia. Itinerários da cidade moderna (1891-1920). In: DUTRA, Eliane
média). Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro (Centro de Estudos históricos e de Freitas; MELLO, Ciro Flavio Bandeira de (Org.). BH: Horizontes históricos. Belo
Culturais), 1995. 2 v. Horizonte: C/ Arte, 1996. p. 49-119.
8 LINHARES, Joaquim Nabuco. Mudança da Capital: apontamentos históricos. 11 idem
Revista do Arquivo Público Mineiro, Belo Horizonte, Ano 10, n. 1-2, p. 339-382,
1905.
a luz, permitindo ser visto ou se ver, conforme uma vontade Esta experiência, ao que parece, não é algo incomum no
alheia aos transeuntes. Sabemos que esta situação não basta Brasil e nem em outros países da América Latina, de modo que
para formar comportamentos, mas pode ser através dela que podemos acreditar que esses modelos urbanos estão
eles venham a se desenvolver. Por outro lado, cabe ressaltar diretamente relacionados ao processo de expansão capitalista
que este sistema de ordem era característico do contexto do final dos Oitocentos. Nesse período de profundas
liberal vigente no início do século XX, onde a ideia de cidadania transformações políticas e econômicas internas e externas, em
e individualismo era enfatizada. Neste sentido, os indivíduos, que estabeleciam conexões variadas com o contexto
mesmo sendo “vigiados”, também cumpriam a máxima da internacional, o Brasil (assim como boa parte da América
valorização do bem público, de preservação e respeito ao Latina) se consolidava como Estado nacional e vivia os
espaço urbano social. desafios da modernidade industrial capitalista. Para além da
Antes mesmo da inauguração da capital mineira, foi criação das novas cidades planejadas, as transformações
transferido da cidade de Sabará o destacamento militar que se contemplaram também projetos de remodelação urbana15.
instalou na Praça Belo Horizonte (bairro de Santa Efigênia). De O espaço público, neste contexto de ordem liberal, segundo
acordo com os estudos da Superintendência de Richard Sennett, destinava-se muito mais a ideia passagem do
Desenvolvimento da Região Metropolitana, as ações das forças que de permanência. As ruas amplas seriam específicas para
de segurança eram chamadas a atuar sobretudo na vila movimentação e circulação, uma espécie de arquitetura da
operária (Barro Preto) em incidentes (como brigas, visibilidade. Por ser um espaço amplo, aberto e público,
discussões, pequenos motins, etc.) entre estrangeiros e acabaria por produzir um isolamento, pois todos estariam
nacionais e na dissolução de reuniões operárias de caráter visíveis a todos, o que tornaria a liberdade do espaço um
reivindicatório12. Assim, para muitos, se o Estado não se conflito com a liberdade do corpo. O individualismo das
excedesse em punições, seria: grandes cidades veio “amortecer” o corpo moderno, não
[...] impossível manter a ordem naquele meio excepcional permitindo que ele criasse vínculos. Os corpos individuais se
de Belo Horizonte, com os seus 5.000 operários de todas as tornaram desligados dos lugares que passaram a transitar,
nacionalidades, muitos desacompanhados de suas famílias e perdendo ainda a noção de destino compartilhado e se
outros tantos que não as tinham, além de crescido número de tornaram desencorajados a se organizarem em grupos. As
aventureiros, de desclassificados e de malfeitores de toda cidades planejadas passariam então a funcionar como isolante
espécie. Ora, aqueles homens que, durante o dia, brandiam as do espaço; praticamente esvaziando-o, impossibilitariam as
ferramentas, explanando o solo e construindo a cidade que aglomerações e privilegiariam o corpo em movimento. Assim,
aqui hoje admiramos, mal a noite caia, ajuntavam-se em evitar-se-iam os tumultos.
tavernas, que proliferavam por toda parte como cogumelos, e Em se tratando do plano da cidade de Belo Horizonte
aí bebendo, fumando, jogando, discutindo, armavam houve uma rigidez quanto à construção do espaço, que
frequentes distúrbios. Mas bastava que surgisse ali o temido destinava a área interna - perímetro da Avenida do Contorno -
capitão Lopes e tudo serenava, pois, ele, sem nada temer, a funções específicas, empurrando para as zonas suburbanas e
entrava nas tascas, entre os brigões, prendia-os, entregava-os rurais as camadas populares. Isto se deu ainda pela grande
aos soldados. Os raros que se revoltavam contra a sua energia dificuldade de acesso à moradia dentro da área central, que
pagavam caro a ousadia: recolhia-os ao xadrez de sua deveria ser obtida através do mercado imobiliário, que crescia
delegacia, depois de fazê-los saborear as doçuras dos juntamente com a cidade, sendo que o crescimento
marmeleiros do seu quintal.... Por fim, até os mais valentões se populacional se deu da periferia para o centro.
submetiam à sua autoridade, passivamente, a fim de evitar a É importante salientar que o espaço em construção da
marmelada. E era assim que ele, à noite, enquanto a população nova capital mineira visava o funcionamento eficiente do
ordeira dormia tranquilamente, percorria as tascas, dando Estado, desta forma, no que se refere à ocupação, tratava-se de
ordens, repreendendo, mandando fechar portas, sempre atender primeiramente aos funcionários públicos oriundos de
respeitado e temido, dando margem a que os construtores da Ouro Preto (antiga capital de Minas Gerais). O governo mineiro
cidade pudessem trabalhar despreocupados em relação ao cederia gratuitamente um lote de terreno na nova capital, de
delicado problema da ordem pública13. acordo com a planta geral, para cada um dos funcionários
Desta forma, percebemos que todo e qualquer desvio da estaduais que por força de suas funções fossem obrigados a
ordem original era tido como caos urbano. A intenção (ou transferir-se para Belo Horizonte; e aos proprietários de casas
tendência) dos construtores da nova capital mineira tornar-se- em Ouro Preto que pagassem o imposto predial no exercício
ia a de impedir as manifestações da pluralidade dos habitantes do ano de 1890 e que construíssem suas novas residências até
sendo estas suscetíveis de serem banidas do espaço citadino. o prazo de 17 de dezembro de 189316. Esta foi uma das formas
Na cidade capital mineira nada poderia ser mais atraente do encontradas pelo governo para vencer a resistência dos que
que um espaço modelar, disciplinado, com conceitos e não queriam a mudança.
condutas traçados para que se revelasse tudo e ensinasse No bairro Funcionários abrigou-se o funcionalismo
como as relações entre coisas e pessoas deveriam ser. público. Tal localidade se constituiu em uma espécie de “cartão
Polo civilizacional; centro poderoso; irradiadora de de visitas”, pois possuía excelentes casas, ruas simétricas
energia, fortaleza, beleza e vitalidade; vetor de (como em todo traçado, dentro da chamada área urbana) e
desenvolvimento econômico e cultural; espaço para a ótimas instalações sanitárias. Porém, é importante destacar
celebração do futuro e para a exibição das conquistas da que mesmo neste bairro havia a convivência vertical entre
modernidade; vitrines da civilização. Estas são algumas classes sociais, pois abrigava funcionários públicos em geral,
representações sobre o que se esperava e de como se via uma
cidade capital na segunda metade do século XIX, em várias
partes do mundo14.
12 PLAMBEL. Superintendência de desenvolvimento da Região Metropolitana de 15 ARRUDA, Rogério Pereira. Cidades-Capitais imaginadas pela fotografia: La Plata
Belo Horizonte. O processo de desenvolvimento de Belo Horizonte: 1897-1970. Belo (Argentina) e Belo Horizonte (Brasil), 1880-1897. 2011. 274 f. Tese (Doutorado em
Horizonte: Plambel, 1979. 2 v, p. 3-182. História) – Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de Filosofia e Ciências
13 BARRETO, Abílio. Memória histórica e descritiva: (história antiga e história Humanas, Belo Horizonte, 2011.
média). Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro (Centro de Estudos históricos e 16 BARRETO, Abílio. Memória histórica e descritiva: (história antiga e história
Culturais), 1995. 2 v. média). Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro (Centro de Estudos históricos e
14 ZUCCONI, Guido. A cidade do século XIX. Tradução de Marisa Barda. São Paulo: Culturais), 1995. 2 v.
Perspectiva, 2009. (Debates, 319).
desde desembargadores a servente de escolas17. Por sua vez, a monitoramento, a fiscalização e a pressão por fora desses
área central foi destinada à construção de prédios públicos, do canais, muitas vezes acionando órgãos da Justiça. Se esses
Parque Municipal e da Zona Comercial (atualmente conhecida movimentos não agirem desta maneira, o direito à moradia –
como Rua Santos Dumont). que é um direito relativamente novo no Brasil – nunca será
Assim, a área central era considerada a mais “atraente”, efetivado de fato.
pois concentrava os serviços urbanos modernos como
saneamento e iluminação. Obviamente, por ser o território Controle Social e Direito20
mais elegante era o menos acessível, já que seus terrenos eram É no meio social, como alude Hermes Lima, que “o direito
bem valorizados (pelos padrões de mercado da época). surge e desenvolve-se” para consecução dos objetivos
Portanto, a área central, especificamente o bairro buscados pela sociedade, como, por exemplo, a manutenção da
Funcionários e as partes altas, próximas às ruas “Bahia”, “Rio paz, a ordem, a segurança e o bem-estar comum; de modo, a
de Janeiro” e “Espírito Santo”, acabou se tornando o lugar das tornar possível a convivência e o progresso social. Assim, o
elites, que construíram suas residências, faziam negócios e direito é fruto de uma realidade social.
desfrutavam do lazer. Os pobres também estavam localizados O direito, decorrente da criação humana, é direcionado de
na área central, porém ficavam restritos apenas ao Barro acordo com os interesses impostos pela sociedade. Tal fato
Preto, ao bairro do Quartel (atualmente conhecido como torna-o dinâmico, exigindo que ele, à cada época, acompanhe
bairro de Santa Efigênia) e ao bairro do Comércio (atual os anseios e interesses da sociedade para qual foi criado.
Hipercentro, ou Centro da cidade). Deste modo, verifica-se, concretamente, constante
Depois desta análise da cidade de Belo Horizonte, cabe mutação dos significados dos institutos jurídicos, como
fazermos uma abordagem comparativa do processo de manifesta Paulo Nade
urbanização das cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. Assim, “As instituições jurídicas são inventos humanos, que
conseguiremos perceber o quanto que a cidade de Belo sofrem variações no tempo e no espaço. Como processo de
Horizonte teve de especificidades em sua formação, e como a adaptação social, o direito deve estar sempre se refazendo, em
atuação do poder público foi significativa para a construção da face da mobilidade social. A necessidade de ordem, paz,
cidade capital mineira. segurança, justiça, que o direito visa a atender, exige
procedimentos sempre novos. Se o direito se envelhecer, deixa
Mecanismo de Apoio do Ministério Público e de ser um processo de adaptação, pois passa a não exercer a
Controladoria Geral da União1819 função para qual foi criado. Não basta, portanto, o ser do
O controle social adquiriu força jurídica no Brasil com a direito na sociedade, é indispensável o ser atuante, o ser
publicação da Constituição Federal de 1988, também atualizado. Os processos de adaptação devem-se renovar, pois
conhecida como Constituição Cidadã, que, elaborada sob somente assim o direito será um instrumento eficaz na
grande influência da sociedade civil através de emendas garantia do equilíbrio e harmonia social”
populares, estabeleceu a descentralização e a participação Portanto, como o direito decorre da criação humana, isto é,
popular como marcos no processo de elaboração das políticas da vontade da sociedade em autor regulamentar-se, ele
públicas, particularmente nos campos das políticas sociais e manifesta-se como controlador do homem social ou como
urbanas, consagrando, assim, uma conjuntura favorável à sistema de controle social.
participação da sociedade nos processos de tomada das Sob este prisma, o direito é utilizado como instrumento de
decisões políticas fundamentais ao bem-estar da população dominação da sociedade, pois esta submete-se, em grau de
(Controladoria-Geral da União – Controle Social, 2012) obediência, às regras de controle instituídas para organizar a
Segundo OLIVEIRA (2001 apud ALCÂNTARA, 2000, p. 1), o sua convivência.
Controle Social corresponde ao “poder legítimo utilizado pela Nesse processo de dominação, os que detêm o poder
população para fiscalizar a ação dos governantes, indicar político em suas mãos controlam a organização social, porque
soluções e criar planos e políticas em todas as áreas de impõem a sua vontade. Isso pode-se verificar com facilidade
interesse social”. nos processos legislativos, como manifesta Eduardo Novoa
De acordo com a Cartilha “Controle Social” da Monreal, in verbis: “outro aspecto que se deve levar em conta
Controladoria Geral da União: “O controle social pode ser é que a lei, a que se torna como uma concreção da vontade
entendido como a participação do cidadão na gestão pública, geral de um povo que, fazendo uso de seu poder soberano,
na fiscalização, no monitoramento e no controle das ações da impõe, por meio de seus representantes, as regras de vida
Administração Pública. Trata-se de importante mecanismo de social que devem imperar em uma sociedade, geralmente que
prevenção da corrupção e de fortalecimento da cidadania” se limita a expressar os interesses e aspirações do grupo social
(Controladoria-Geral da União – Controle Social, 2012, p. 16). que, de fato, exerce o domínio sobre ela...”
Cunha (2003) define controle social como “a capacidade
que tem a sociedade organizada de intervir nas políticas Instrumentos de controle social21
públicas, interagindo com o Estado na definição de prioridades Existem diversos meios que servem para regular a
e na elaboração dos planos de ação do município, estado ou do condutas dos membros da sociedade visando à harmonia da
governo federal”. vida social. Entre eles podemos destacar a religião, a moral, as
São fundamentais ações de pressão, monitoramento, regras de trato social e, obviamente, o Direito.
fiscalização, exposição pública de um tema e mesmo o Paulo Nader (2007, p.31) afirma que “o mundo primitivo
acionamento de órgãos como o Ministério Público, para não distinguiu as diversas espécies de ordenamentos sociais.
exercer auditorias e punir atos ilegais por parte do poder O Direito absorvia questões afetas ao plano da consciência,
público. Por exemplo, os movimentos de moradia, em todo o própria da moral e da religião, e assuntos não pertinentes à
País, participam de canais institucionais (como conselhos e disciplina e equilíbrio da sociedade, identificados hoje por
conferências), mas sabem que é necessário também o usos sociais.”
http://epsm.nescon.medicina.ufmg.br/dialogos3/Biblioteca/Artigos_pdf/Control
e_Social_das_politicas_publicas-REPENTE_Instituto_Polis.pdf
No entanto, é certo que hoje não podemos confundir as de produção, surgindo à expropriação do trabalhador que
diferentes esferas normativas. Cada instrumento de controle transformado em assalariado vende sua força de trabalho em
social possui uma faixa de atuação, um objetivo específico. troca de um salário. As péssimas condições de trabalho em que
A faixa de atuação do Direito é regrar a conduta social, vive esse trabalhador constitui-se num agravante à já
visando à ordem e o bem comum. Por este motivo, ele irá expressiva desigualdade social, trazendo como consequência
disciplinar apenas os fatos sociais mais relevantes para o inúmeros fenômenos urbanos.
convívio social. Ele irá disciplinar, principalmente, as relações Os métodos de conversão do trabalho em mercadoria, “ao
de conflitos e, quanto às relações de cooperação e competição, mesmo tempo em que institui o trabalhador assalariado,
somente onde houver situação potencialmente conflituosa. também produz o fenômeno do pauperismo, responsável pelo
surgimento da pobreza como questão social”23. Para a autora,
Betioli ressalta que: a pauperização como fenômeno crescente, explica-se em parte,
“O direito não visa ao aperfeiçoamento interior do homem; porque o desenvolvimento capitalista limitado apenas à
essa meta pertence à moral. Não pretende preparar o ser modernização econômica exclui a possibilidade das massas
humano para uma vida supra terrena, ligada a Deus, finalidade populares de participarem na vida política e de procurarem
buscada pela religião. Nem se preocupa em incentivar a influir na organização e nos assuntos do Estado. O
cortesia, o cavalheirismo ou as normas de etiqueta, campo desenvolvimento do capitalismo instala a questão urbana ante
específico das regras de trato social, que procuram aprimorar as novas necessidades impostas à reprodução da força de
o nível das relações sociais.” (2008, p.8-9) trabalho e a política urbana de produção e consumo, dando
Há vários pontos de divergência entre direito e religião. prioridade às metas da expansão produtiva em detrimento dos
Legaz e Lacambra aponta duas diferenças estruturais: a serviços de atendimento às necessidades da população.
alteridade e a segurança. Segundo o autor (1961, p.419), “a Segundo Antunes24, surgem novos processos de trabalho.
alteridade, essencial ao direito, não é necessária à religião.” O “O cronômetro, a produção em série e de massa são
próximo, o semelhante é um elemento circunstancial e não um substituídos pela flexibilização da produção, por novos
elemento essencial na ideia religiosa. O mais importante é a padrões de busca de produtividade, por novas formas de
prática do bem. A religião é uma relação entre o homem e Deus adequação da produção à lógica do mercado” (p, 24). Esse
e não entre o homem e os demais. Para o Direito, no entanto, o novo paradigma nos moldes da produção flexível contribui de
que importa é o comportamento humano e social. forma significativa para o processo de acumulação flexível,
A segunda diferença estrutural diz respeito à segurança. envolvendo mudanças nos padrões e produtos de consumo;
Para a religião a segurança é algo inatingível e espiritual, novas maneiras de fornecimento e serviços financeiros, novos
porquanto que para o direito, se alcança a partir da certeza mercados e taxas altamente intensificadas de inovação
ordenadora. comercial, tecnológica e organizacional, provocando maior
Em relação às diferenças existentes entre o direito e a exploração e fragmentação sobre a força de trabalho.
moral, podemos apontar algumas das distinções feitas por Mediante a esta nova lógica de produção, homens e
Paulo Nader (2007, p.40-44). Segundo o autor, “o direito se mulheres se inserem num discurso do “empresário de si
manifesta mediante um conjunto de regras que definem a próprio”, como elixir dos novos tempos para a crise do
dimensão da conduta exigida, que especificam a fórmula do mercado de trabalho capitalista. Nessa ótica ideológica,
agir”. Ao contrário da moral que possui diretrizes mais gerais. segundo Giovanni Alves25, “cada um deverá se sentir
As normas jurídicas possuem uma “estrutura imperativo- responsável por sua saúde, por sua mobilidade, por sua
atributiva, isto é, ao mesmo tempo em que impõem um dever adaptação aos horários variáveis, pela atualização de seus
jurídico a alguém, atribuem um poder ou direito subjetivo a conhecimentos”. Surge o mito da nova autonomia, e paralelo a
outrem”. A moral, por sua vez, com uma estrutura mais isto, subsiste um novo tipo de subsunção real do trabalho ao
simples, impõe apenas deveres. capital, de salário precário e de precariedade supermoderna.
Enquanto a moral se preocupa com a vida interior das Portanto, o discurso protegido pela democracia, em que
pessoas, como a consciência, o direito cuida, em primeiro todos os cidadãos participam ativamente da vida política fere
plano, das ações humanas. O animus do agente só será os interesses capitalistas e termina se tornando uma utopia. “O
considerado quando necessário. poder social passa às mãos do capital, não só em razão de sua
Além disso, a moral, bem como todas as demais regras influência direta na política, mas também por sua incidência
sociais, se distingue do direito, pois carece de coercibilidade e na fábrica, na distribuição do trabalho e dos recursos, assim
de heteronomia. O direito, ao revés, é imposto como também via os ditames do mercado. Isto significa que a
independentemente de vontade de sujeição e possui formas de maioria das atividades da vida humana fica fora da esfera do
garantir o respeito e obediência a seus preceitos. poder democrático e da prestação de contas”26.
Observa-se uma incompatibilidade entre a democracia e o
Controle social e capitalismo no estado democrático capitalismo, buscando fazer um reexame dos princípios
de direito22 básicos desses dois institutos. Deduz-se dos estudos
A partir do século XX, o crescimento industrial, e realizados que o conceito literal de democracia vincula a sua
consequentemente a grande concentração de renda ampliou legitimidade aos anseios diretos de seus cidadãos, ao passo
as desigualdades sociais, provocando tensões nas relações de que o capitalismo hoje, mais do que nunca, busca impor os seus
trabalho e, consequentemente o agravamento da questão interesses econômicos sobre a administração política da
social, revelando o paradoxo sobre o crescimento acelerado do sociedade.
capital e o crescimento da desigualdade social. As relações Dentro desta lógica, a questão urbana perpassa como
estabelecidas entre o capital e o trabalho provocam a manifestação da questão social, que nos escritos de Iamamoto
exploração e a alienação do trabalhador, de uma vez que o (2008) é indissociável da sociabilidade capitalista.
sistema capitalista resolve separar o produtor dos seus meios
22 SOUSA. R. J. Maria. Sociedade Civil e Controle Social: o exercício da classe 24 ANTUNES, Ricardo. Adeus ao trabalho? Ensaio sobre as metamorfoses e a
trabalhadora na mediação da política de assistência na sociedade de economia centralidade do mundo do trabalho. 13. ed. rev. ampl. São Paulo: Cortez, 2008a.
capitalista. VIII Jornal Internacional de Políticas Públicas. 25 ALVES, Giovanni.Trabalho e subjetividade: o espírito do toyotismo na era do
assistencia-na-sociedade-de-economia-capitalista.pdf Teoria Marxista Hoy: Problemas y perspectivas Boron, Atilio A.; Amadeo, Javier;
23 MOTA, Ana Elizabete. O Mito da Assistência Social: Ensaios sobre Estado, política Gonzalez, Sabrina. 1ª ed.: Consejo Latino de Ciências Sociales. Buenos Aires, 2006
e sociedade. Ana Elizabete Mota (org.) – 2 ed. rev. e ampl. - São Paulo: Cortez, 2008.
27 IAMAMOTO, M. V. Serviço Social em tempo de capital fetiche: capital financeiro, 31SEMERARO, G. Gramsci e a sociedade civil. Rio de Janeiro: Vozes, 1999.
trabalho e questão social. São Paulo: Editora Cortez. 2008. 32idem
28 GOHN, G. Reivindicações populares urbanas. São Paulo: Cortez, 1981. 33 RAICHELIS, Raquel. “Desafios da gestão democrática das políticas sociais”,
29 CARVALHO, J. T. (2001), Acessibilidade às informações do controle externo: um originalmente publicado em Política Social. Módulo 03. Capacitação em Serviço
instrumento para o controle social do Estado. Disponível em:. Social e Política Social. Programa de Capacitação Continuada para Assistentes
30 DAGNINO, Evelina. (org.). Sociedade civil e espaços públicos no Brasil. São Paulo, Sociais. Brasília, CFESS, ABEPSS, CEAD/NED-UNB, 2000.
Paz e Terra/Unicamp, 2002.
34 ZUCCONI, Guido. A cidade do século XIX. São Paulo: Perspectiva, 2009. Comparada. Rio de Janeiro, 6-1: p. 85-123, 2012.
https://revistas.ufrj.br/index.php/RevistaHistoriaComparada/article/view/60/5
35ARRUDA, Rogério Pereira de. Belo Horizonte e La Plata: cidades-capitais da 4
modernidade latino-americana no final do século XIX. Revista de História
(20.07.1890-23.07.1890) ao engenheiro Herculano Velloso estratégias para conquistar o imaginário popular a seu favor.
Ferreira Penna36. Este profissional realizou uma avaliação do Isto já acontecera no carnaval de 1890, quando, em Juiz de
vale do Rio das Velhas concluída em novembro de 189037. Fora, a mudança de capital foi tema dos festejos, ocasião em
Quando o Congresso Constituinte iniciou suas sessões, apesar que os reclames nos jornais saudavam a cidade como nova
de o estudo ter sido entregue no ano anterior, ele foi capital de Minas (O Pharol, 14 fev. 1890). Já em Ouro Preto, no
amplamente divulgado e debatido na imprensa, mesmo ano, as pretensões mudancistas foram ridicularizadas
provavelmente devido ao fato de a indicação de Bello por alguns foliões (Correio da Noite, 19 fev. 1890). Em 1894,
Horizonte fazer parte da Mensagem do Governador. Parte dos em São João Del Rey, se registra a saída às ruas de bloco
parlamentares reagiu negativamente ao parecer de Penna, denominado mudança da capital.
alegando que o mesmo não tinha base científica e também No final de 1891, um plebiscito patrocinado pelo jornal O
porque havia estudado somente uma região. Em comum Movimento também foi uma forma de popularização do tema.
acordo com os parlamentares, o governador solicitou novo Nele saem vencedoras Bello Horizonte e Várzea do Marçal.
estudo ao engenheiro Domingos José da Rocha, que teria 45 Assim, o jornal impôs uma derrota simbólica a Juiz de Fora,
dias para estudar o vale do Rio das Velhas e também o vale do grande rival dos antimudancistas, principalmente ouro-
rio Paraúna. Para tanto, um ofício determinou os aspectos que pretanos, antecipando, inclusive, o desfecho da disputa.
deveriam ser observados no estudo das duas localidades. Se o plebiscito de O Movimento ofereceu uma
Realizados os primeiros estudos, alguns membros da comissão oportunidade para que simbolicamente a questão da mudança
presidida por Rocha não puderam continuar a missão. Desse fosse resolvida, o governo não foi tão eficiente, pois,
modo, somente Bello Horizonte foi estudada, para decepção de contrariando algumas expectativas, a comissão de estudo das
muitos congressistas. Linhares afirma que o estado deu localidades foi organizada somente no final de 1892. A crise do
instruções secretas à comissão para que estudasse somente governo de Deodoro da Fonseca, no final de 1891, que resultou
Bello Horizonte, diante do curto tempo de que dispunha38. em sua renúncia, afetou a política mineira, protelando a
Certamente o “curto espaço de tempo” foi uma artimanha formação da comissão de estudo das localidades. O marechal
política para fazer valer a posição dos que advogavam a Floriano Peixoto (1839-1895), como forma de atingir seus
mudança da capital para aquela localidade. opositores nos estados, destituiu ou pressionou pela renúncia
Durante os trabalhos legislativos, a imprensa discutiu de alguns governadores. Inicialmente, o de Minas Gerais,
intensamente o tema da mudança. Não faltam exemplos de Cesário Alvim (1839-1903), se manteve em frágil situação, que
como foram suas reações, que explicitavam discordâncias, chegou ao limite com o movimento separatista do sul. Ao seu
disputas e proposições. As críticas aos pareceres de Penna e de lugar ascendeu o vice-governador Eduardo Ernesto da Gama
Rocha foram alvos preferenciais. Cerqueira (1842-1907).
Ao longo dos trabalhos legislativos, os embates sobre a As disputas políticas nacionais e suas repercussões no
mudança foram acirrados, não tanto em torno da necessidade estado, bem como as contendas regionais, protelaram o
de uma nova capital, mas do local apropriado para instalá-la. A encaminhamento do processo mudancista. Enquanto
disputa dos congressistas em defesa de suas regiões de origem, providências oficiais não eram tomadas, o tema não foi
para que fossem a sede da nova capital, determinou o esquecido. Em meados de 1892 era anunciada em Juiz de Fora
adiamento da escolha do melhor local. Tanto o parecer de a inauguração de um empreendimento cultural inovador na
Penna foi recusado no início dos trabalhos constituintes, cidade. Tratava-se da revista A mudança da capital de Minas,
quanto o novo parecer de Rocha. A mudança foi decretada pela de autoria de Assis Vieira. No formato do teatro de revista, o
Constituição, em junho de 1891, em suas disposições autor, juntamente com a Companhia de Operetas Phenix
transitórias. No entanto, o local seria decidido por comissões a Dramática, do Rio de Janeiro, levava ao palco do teatro Novelli
serem formadas com tal objetivo394041. o tema da transferência da capital mineira. A peça “cômico-
A decisão de protelar a escolha do local deu margem a que lyrico-phantastica” de acontecimentos mineiros compunha-se
a disputa pelas localidades continuasse; inclusive, em Ouro de dois atos, quatro quadros e uma apotheose (O Pharol, 10 de
Preto persistiu a defesa da cidade (A Ordem, 19 jul. 1891). jun. 1892). Após algumas apresentações, a Companhia viajou
Entre a promulgação da Constituição e a reunião do Congresso para Ouro Preto. No retorno a Juiz de Fora, em agosto, novas
Mineiro, que indicaria as localidades, as expectativas apresentações foram realizadas.
continuaram a movimentar o estado. Na imprensa, as Tudo leva a crer que a revista obteve o sucesso esperado,
localidades eram novamente apresentadas e discutidas ou pois voltou ampliada, segundo noticiou a imprensa na época.
criticadas. Regiões que até então não tinham entrado na Após a sugestão, sem sucesso, de dois profissionais para
disputa com muita ênfase aparecem nos jornais, muito realizarem os estudos, surge, em 1892, a indicação do
provavelmente porque os congressistas lançaram as engenheiro Aarão Reis (1853-1936), o qual já era conhecido
candidaturas no âmbito das discussões parlamentares. A do novo governador do estado, Afonso Pena (1847-1909). A
comissão que indicaria as localidades a serem estudadas foi comissão organizada por Aarão Reis recebeu instruções
formada em reunião do Congresso Mineiro em outubro de governamentais definindo que o estudo deveria levar em
1891. Ao final do mês as discussões foram concluídas. Duas conta uma cidade para 150 ou 200 mil habitantes. Foram
atitudes se apresentaram no processo: a defesa sincera de determinados nove aspectos a serem observados no estudo. A
localidades e a proposição de novos lugares para que a ação da localidade ideal deveria ter boas condições naturais de
comissão de estudos fosse dificultada, comprometendo a salubridade; abastecimento abundante de água potável;
mudança. Realizadas as sessões legislativas, foi aprovada a Lei facilidade de implantação de esgotos, bem como conveniente
n. 1, adicional à Constituição, a qual indicava Bello Horizonte, escoamento das águas pluviais e drenagem do solo; oferta de
Paraúna, Barbacena, Várzea do Marçal e Juiz de Fora. condições favoráveis para a edificação e construção em geral.
Pudemos observar que em todo o tempo histórico da Era mister, ainda, a garantia de um farto abastecimento dos
mudança da capital as partes em disputas utilizaram produtos da pequena lavoura indispensáveis ao consumo
36 BARRETO, Abílio. Belo Horizonte: memória histórica e descritiva. História média. 39 idem
Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro/Centro de Estudos Históricos e Culturais, 40 RESENDE, Maria Efigênia Lage de. Uma interpretação sobre a fundação de Belo
1995a. Horizonte. Revista Brasileira de Estudos Políticos. Belo Horizonte, UFMG, n.39,
37 LINHARES, Joaquim Nabuco. Mudança da capital: Ouro Preto – Belo Horizonte. p.129-61, jul. 1974.
Belo Horizonte: Conselho da Medalha da Inconfidência, 1957. 41 VISCARDI, Cláudia Maria Ribeiro. A capital controversa. Revista do Arquivo
diário; a possibilidade de implantação de iluminação pública e da implantação da República. Enfim, o país passava por uma
particular; condições topográficas favoráveis à livre circulação etapa importante de seu processo de modernização, o qual não
de veículos e ao estabelecimento de carris urbanos; ligação da se fez sem disputas e projetos diferenciados.
localidade ao plano geral de viação estadual e federal. A última Para Viscardi, na luta sobre a mudança da capital, os dois
recomendação mencionava o aspecto financeiro, pedindo o projetos em disputa acabaram sendo suplantados por um
levantamento das despesas mínimas exigidas para as terceiro, representado pela “construção de uma capital
instalações iniciais indispensáveis para o funcionamento moderna, no espaço da tradição, ou seja, inserindo o futuro no
regular da nova capital (MINAS GERAIS. DIRETRIZES, 1892). passado.”. De certo modo, é uma interpretação semelhante à
O estudo comparativo entre as cinco localidades foi de Mello, que defende que “a nova capital mineira significou
realizado entre o final de dezembro de 1892 e 17 de junho de [...] não uma ruptura do tipo novo/velho, moderno/antigo,
1893, data em que o relatório foi entregue ao governador do mas uma recomposição do tempo histórico dentro de uma
estado, Afonso Pena, que o submeteu ao Congresso Mineiro. legitimação da justaposição tradição/futuro.”43. Neste sentido,
Para infelicidade dos juiz-foranos, o relatório da Comissão a Ouro Preto caberia ser o solo sagrado da República brasileira
de Estudo das Localidades indicou Várzea do Marçal (São João e das tradições mineiras, e à nova cidade, a esperança de
del-Rei) e Bello Horizonte como os locais mais adequados para futuro, a garantia do progresso. Em nossa percepção, o
a construção da nova capital. Todavia, a decisão caberia ao processo de transformação capitalista, centrado na
Congresso Mineiro. Em fins de julho de 1893, foi formada no modernização econômica e também cultural, encontrou
Congresso uma comissão para emitir um parecer e apresentar resistências, vertentes diferenciadas, oportunidades de
um projeto sobre o local mais conveniente à edificação da nova ganhos políticos e financeiros, possibilidades de acúmulo de
capital, tendo como base o estudo de Aarão Reis. Como os poder, tornando o tema da mudança da capital delicadamente
trabalhos do Congresso se encerrariam naqueles dias, não complexo. A mudança efetiva da capital, por meio da
haveria tempo útil para a discussão do trabalho realizado pela construção de uma nova cidade, atendeu parcialmente às
comissão. Neste sentido, foi convocada uma sessão expectativas das elites políticas e econômicas em disputa. No
extraordinária para novembro na cidade de Barbacena. A entanto, no longo prazo, o processo se notabilizou por ter um
transferência também foi justificada devido à situação tensa caráter conservador, tanto no que tange à não incorporação de
em que se encontrava a cidade de Ouro Preto. Foram sessões maiores parcelas da população no processo, e pelo rígido
acaloradas, pois ainda havia espaço político para a atuação dos controle do processo político-legislativo, quanto pelo fato de
antimudancistas, que tentaram inviabilizar a aprovação de não ter alterado a estrutura produtiva do estado, não levando,
uma localidade. por exemplo, à imediata industrialização e dinamização
Os mudancistas também colaboraram para o tumulto das econômica do estado, como parcela dos mudancistas almejava.
sessões, pois ainda estavam divididos em torno da indicação Nesta seção procuramos enfatizar que o tema da mudança
da melhor localidade. A comissão escolhida para estudar o da capital não foi somente uma discussão de políticos ou um
relatório de Aarão Reis designou em seu projeto Várzea do tema restrito às elites. Foi uma questão que esteve
Marçal como capital de Minas Gerais, determinou um prazo de inicialmente na imprensa e rapidamente ganhou outros
quatro anos para a construção, além de permitir ao estado a cenários e espaços. Espaços institucionais como o Congresso
transferência imediata da sede do governo. No entanto, um Mineiro, mas também informais como as ruas e as praças, que
membro da comissão, o deputado Camilo Prates, apresentou foram usados como autênticos espaços públicos ao serem
projeto em separado indicando Barbacena e concedendo um ocupados pelos meetings, comícios, passeatas. Um tema que
prazo de 15 anos para a mudança definitiva. Se na comissão motivou a produção cultural e, assim, pode ter seus
especial não houve consenso, muito menos no Congresso, significados construídos e reconstruídos. As revistas, bem
sendo necessárias três rodadas de discussão para se chegar a como o carnaval, demonstraram a apropriação44 coletiva da
uma conclusão. Foram apresentadas emendas em favor de questão e sua penetração no imaginário e na memória coletiva
Bello Horizonte e Barbacena, bem como emendas sobre prazos mineira. No entanto, isto não significou a inserção da
de construção e mudança provisória. Ao final, prevaleceram a população nas decisões políticas e econômicas em torno do
escolha de Bello Horizonte e o prazo de quatro anos para a projeto de mudança da capital.
construção, sem a alternativa de mudança provisória de Ouro
Preto. A planta da capital de Minas
A historiografia sobre a mudança da capital mineira tem Além de realizar os estudos das localidades para a nova
apresentado teses distintas sobre a temática, esclarece capital de Minas, o engenheiro Aarão Reis também foi o
Viscardi42. A autora identifica dois grupos: um, que destaca as responsável por seu planejamento e construção. Na realização
bases políticas e regionais da disputa, em que preponderaria a da planta da Cidade de Minas, Aarão Reis aplicou suas
tentativa de regiões concentrarem maior poder político- concepções de sociedade, de progresso e de civilização, bem
econômico; outro, que defende a mudança da capital como como expressou os conhecimentos de urbanismo adquiridos
uma tentativa de conciliação entre as diferentes regiões na Escola Politécnica do Rio de Janeiro e em sua prática
mineiras. Do primeiro grupo fazem parte autores como Hélio profissional. Na transferência e adaptação de modelos45, o
Lobo, Afonso Arinos de Melo Franco, Moema Siqueira e Vera engenheiro tomou como exemplos as experiências
Cardoso Silva. No segundo grupo destacam-se autores como urbanísticas de Washington, Londres, Paris e La Plata. Sabe-se
Maria Efigênia Lage de Resende, Paul Singer, John Wirth, Peter que nesta última cidade Aarão Reis buscou informações
Blasenheim, Francisco Iglesias e Helena Bomeny. Ambos os quando trabalhava na proposta da capital mineira. Contudo,
grupos apresentam argumentos consistentes que não vem ao uma análise da imprensa do período permite-nos sustentar a
caso detalhar, mas todos são unânimes em destacar que havia tese de que La Plata já figurava no imaginário das elites
problemas históricos relativos à organização econômica e mineiras bem antes de o engenheiro iniciar seus trabalhos.
política do estado e que puderam ser rediscutidos em virtude
42VISCARDI, Cláudia Maria Ribeiro. A capital controversa. Revista do Arquivo 44 CHARTIER, Roger. O mundo como representação. Estudos Avançados, São Paulo,
Público Mineiro. Belo Horizonte, ano XLIII, n. 2, p.28-43, jul. 2007. v.5, n.11, p.173-91, abr. 1991.
45 ANGOTTI-SALGUEIRO, Heliana. Revisando Haussmann. Os limites da
43MELLO, Ciro Flávio Bandeira de. A noiva do trabalho - uma capital para a comparação.
república. In: DUTRA, Eliana de Freitas (Org.). BH: horizontes históricos. Belo A cidade, a arquitetura, os espaços verdes. (O caso de Belo Horizonte). Revista USP,
Horizonte: São Paulo, n.26, p.195-205, jun.-ago. 1995.
C/Arte, 1996, p.11-47.
Tão logo se iniciaram os debates sobre a mudança da e do funcionamento da política, reconhecia-se que,
capital, nos dois últimos meses de 1889, os textos publicados “entretanto, agora não tiramos proveito algum daquelle
na imprensa faziam referências a algumas cidades, brasileiras badulaque de ruinas financeiras para assegurarmos a
e estrangeiras, como recurso retórico para atacar ou defender consolidação e a ordem da nossa republica” (O Jornal de Minas,
a causa em questão. Sobre as estrangeiras, não faltaram 28 nov. 1890). Pelo contrário, havia que tornar La Plata um
referências a Washington, Paris, Atenas, Nova York, Chicago, exemplo a ser rejeitado.
Philadelphia, Baltimore e La Plata. Entre todas, La Plata foi a O destaque de que La Plata era uma cidade com
que mais ensejou argumentos consistentes para atacar ou predominância de italianos, “de súbito introduzidos”, foi uma
defender a mudança da capital. O Pharol se tornou o líder da das primeiras observações negativas e que permaneceu na
propaganda pela mudança com a publicação do artigo “A argumentação dos antimudancistas.24 Afirmava-se que La
Capital de Minas”, em 28 de dezembro de 1889. A 15 de janeiro Plata, “[...] ao passo que não attrahiu população nacional, foi
do ano seguinte o jornal sugeria que o estado de Minas convertida em grande colônia de estrangeiros” (O Jornal de
seguisse o exemplo da província de Buenos Aires e construísse Minas, 28 nov. 1890). Nesta argumentação, explicitava-se a
uma nova capital. Neste momento, a referência a La Plata dificuldade de aceitação da mão de obra imigrante estrangeira
tornou-se um aspecto recorrente do debate. Na folha juiz- no estado, ao contrário do que acontecia em São Paulo. Para os
forana, as alusões serão sempre positivas, ao contrário do que antimudancistas, seria um risco para o estado uma cidade
ocorrerá no Correio da Noite e em O Jornal de Minas. Os dois nova em que se repetisse o acontecido em La Plata. O afluxo de
jornais ouro-pretanos não pouparam argumentos para estrangeiros em nada colaboraria para que a capital fosse “um
desqualificar a capital buenairense. centro de hegemonia nacional”. A região do Rio da Prata estava
Em O Pharol, La Plata é apresentada com “a mais bella repleta de mercenários “imigrantistas” - isto também poderia
talvez de todas as cidades americanas” (O Pharol, 15 jan. acontecer com Minas. Neste sentido, defendia-se a
1890). Cidade exemplo de beleza, salubridade e conforto. permanência da capital em Ouro Preto. Nesta perspectiva,
Cidade modelo de desenvolvimento econômico, para o redator, “A autonomia de Minas, em quanto bem se não
principalmente industrial. Esta era a cidade de La Plata, firmasse, convinha ter por base uma cidade como esta,
moderna como deveria ser a nova capital de Minas Gerais. essencialmente mineira; cabeça defendida por natureza, e
Neste tom, a recorrência a La Plata seguiu como um argumento servida por um cérebro puritano e sem mescla” (O Jornal de
legítimo para demonstrar a necessidade e a possibilidade de Minas, 22 nov. 1890).
Minas realizar empreendimento semelhante. Isto seria Estas considerações nos demonstram que havia um
possível porque Minas Gerais não era inferior, “sob nenhum conjunto de referências muito consistentes sobre La Plata. Era
aspecto”, à província de Buenos Aires (O Pharol, 16 jan. 1890). do conhecimento da elite letrada que escrevia nos jornais
Nos artigos, alguns elementos ainda são notados, como, por algumas das questões suscitadas pela construção da cidade.
exemplo, o fato de que a cidade fora construída sem ônus para Neste sentido, de uma experiência urbana e social que
o estado, pois um Banco Construtor e Hypotecário se frequentou os debates sobre a mudança da capital, La Plata
responsabilizou pela empreitada. Estava lançada desde este saltou para o lugar de um modelo urbanístico efetivo a ser
momento a cidade de La Plata como argumento, ora considerado por
justificador, ora desabonador, da mudança da capital. Aarão Reis no seu planejamento. Como chefe da Comissão
A resposta ao articulista de O Pharol não se fará esperar. Construtora da Nova Capital, o engenheiro se dedicou a
No dia 17 de janeiro, os argumentos apresentados no dia realizar o sonho dos mudancistas. Para eles, a mudança da
anterior são questionados pelo Correio da Noite, de Ouro capital, “sob o ponto de vista econômico [...] se resolveria já
Preto. O periódico ouro-pretano se dedica a demonstrar a sem o menor ônus para o estado e as discussões de preferência
situação de La Plata. Neste sentido, o nome da capital cessariam, quando procedêssemos como os argentinos,
buenairense caiu como uma luva para o argumento central dos fazendo brotar do solo, como que por encanto, a esplendida La
antimudancistas: o interesse pela mudança se resumia a uma Plata” (O Pharol, 18 fev. 1890). Posto isto, podemos nos
questão de dinheiro, de plata. No editorial a ideia é assim dedicar a estudar alguns aspectos da proposta do engenheiro
apresentada: “O caso é que uns patriotas conceberam a ideia e sua equipe para a nova capital mineira.
de uma La Plata para Minas. A questão da mudança da capital Tanto o estudo das localidades quanto o planejamento e a
já não resume, pois, senão em apetites de la plata.” (Correio da construção da nova capital estiveram a cargo da equipe
Noite, 17 jan. 1890). Este foi um dos tipos de argumento coordenada pelo engenheiro Aarão Reis, que não estava
mobilizados pelos antimudancistas para contestar os vinculado à estrutura administrativa do estado. Em La Plata,
oponentes ao longo de todo o debate. Tratava-se de acusar que diferentemente, o planejamento e construção da cidade
algumas companhias objetivavam obter vantagens, tornando a ocorreram no âmbito do Departamento de Engenheiros da
mudança da capital um negócio lucrativo para alguns como província. Por mais que Aarão Reis tivesse que prestar contas
tinha sido na Argentina. O jornal enfatiza que, ao contrário do à Secretaria de Agricultura, Comércio e Obras Públicas e ao
que se dizia, a construção onerou o estado, que estava Presidente de Estado, ele obteve poderes especiais para
altamente endividado (O Jornal de Minas, 22 nov. 1890). O executar suas funções por meio da criação da Comissão
mesmo não poderia acontecer com as finanças do estado de Construtora da Nova Capital (CCNC) - uma estrutura com
Minas, que deveriam ser preservadas de um possível grande grau de autonomia, à maneira de um comitê
descontrole econômico. Procurava-se destacar que no Brasil o científico46. No âmbito dela, a cidade foi planejada e
governo federal não se responsabilizaria pela construção da construída. Isto aponta para uma das principais diferenças em
nova cidade, o que aconteceu na Argentina com a indenização relação ao planejamento e construção de La Plata. Enquanto
feita à província com a federalização de Buenos Aires. “Em nesta última, no decorrer do processo e na memória histórica,
Minas vai tudo nos custar”, enfatizava O Jornal de Minas (28 o governador Dardo Rocha é apresentado como sujeito
nov. 1890). principal, como o fundador, deixando em segundo plano a ação
A respeito da comparação com La Plata, O Jornal de Minas dos técnicos, em Belo Horizonte o engenheiro Aarão Reis
lembrava que um dia ela serviu para atacar a monarquia, ao ganha destaque no processo.
demonstrar a “rápida e maravilhosa florescência dos nossos No caso mineiro, a novidade do planejamento e a proposta
vizinhos”. Todavia, mostrando-se ciente da dinâmica histórica de aplicação das modernas concepções urbanísticas, se não
46ANGOTTI-SALGUEIRO, Heliana. Revisando Haussmann. Os limites da A cidade, a arquitetura, os espaços verdes. (O caso de Belo Horizonte). Revista USP,
comparação. São Paulo, n.26, p.195-205, jun.-ago. 1995.
suplantaram o fato político da mudança, correram paralelo a A proposta urbanística para a nova capital procurou
ele em grau de importância. Em grande medida isto ocorreu viabilizar em termos racionais e, portanto, técnicos uma
devido à longevidade do processo de discussão da mudança da cidade que fosse diferente das formas urbanas que
capital. A dinâmica histórica da mudança não proporcionou a prevaleciam em Minas Gerais e em grande parte do Brasil. Tal
primazia do processo a nenhum político mineiro. Se La Plata é como em La Plata a linearidade, a geometrização, a
considerada mais uma obra de Dardo Rocha do que de Pedro salubridade, a comodidade, a hierarquização dos espaços e a
Benoit e a equipe do Departamento de Engenheiros, a Cidade busca da beleza também foram aspectos vitais que
de Minas/Belo Horizonte é vista como uma obra de Aarão Reis informaram os projetistas. Estes estavam sintonizados com os
e da CCNC. A cidade não tem um fundador, como La Plata, mas saberes urbanísticos (tributários dos ideais iluministas) e
políticos atualmente homenageados nas suas principais críticos da época aos problemas das primeiras cidades
avenidas, como Afonso Pena, Bias Fortes, Augusto de Lima e industriais inglesas. No entanto, muitas das soluções
João Pinheiro, os quais em momentos determinados deram urbanísticas criadas por Aarão Reis, contraditoriamente,
suas contribuições ao processo de mudança da capital. Ao remetiam ao urbanismo barroco, como demonstram Beatriz
Presidente do Estado Afonso Pena (1892-1894), na medida em Magalhães e Rodrigo Andrade. Para estes, isto se expressaria
que nomeou Aarão Reis para realizar os estudos das na “hierarquização dos espaços, na distribuição ordenada dos
localidades e construir a cidade, coube certo destaque na palácios e praças a partir de um centro de emanação, na
memória histórica da capital. A avenida que leva seu nome foi presença nítida de um centro de simetria — a Avenida Álvares
assim nomeada pela CCNC; já os demais presidentes de Estado Cabral [...]”49. Já a perspectiva higienista ainda teria levado ao
foram homenageados nos logradouros públicos, planejador, segundo Angotti-Salgueiro, a deslocar alguns
posteriormente à inauguração da cidade. dispositivos técnicos indispensáveis à cidade para sua área
A planta da nova capital de Minas (FIG. 2), confeccionada suburbana: na parte mais baixa do terreno e ao longo do
por Aarão Reis e sua equipe, foi apresentada ao governo em ribeirão equipamentos como cemitério, matadouro,
março de 1895 e aprovada em abril, sendo então divulgada por hipódromo, lavanderia municipal, banhos públicos,
meio de descrições na imprensa, e reproduzida, por exemplo, incinerador de lixo, estação de tratamento de água e um forno
no Album de vistas locaes e das obras projetadas para crematório. Já na parte alta foram instalados os reservatórios
edificação da nova cidade e na Revista Geral dos Trabalhos. de água50.
Essa divulgação parece conter uma propaganda com Em La Plata, o Rio e a estância Iraola foram tomados como
finalidade pedagógica: ao dar publicidade a uma nova pontos de referência vitais para o planejamento espacial,
ordenação espacial, esperava-se um novo modo de ocupação. traduzindo uma opção pela cidade higiênica e pela cidade-
A planta, assim, assume o caráter de representação não porto em linha de continuidade com uma tradição econômica
somente de um determinado espaço, mas também dos ideais e cultural, consubstanciada na ideia de uma nova Buenos Aires.
de modernidade, dos saberes técnicos e da linguagem Em La Plata, a estância Iraola foi transformada em parque
urbanística moderna. Ela faz parte de um processo de (Bosque). Ao mesmo tempo, esta opção facilitou a
comunicação social47 e pode ser vista também como um geometrização da área urbana. Em Belo Horizonte, as
símbolo da modernidade nacional, em sua expressão regional. montanhas (a Serra do Curral) e a antiga fazenda,
A planta, como miniatura e como esquema, procura criar um transformada em parque (Municipal), ofereceram aos
referencial, uma espécie de substituto da cidade que, ao ser planejadores os pontos de referência para a ocupação espacial.
visto, modelaria um modo de percepção do espaço. Neste A cidade poderia ser moderna, mas sua localização afirmava o
sentido, a planta pode ser compreendida como um mapa, tal apego a um tipo de paisagem que, de algum modo, é vista como
como definido por Jacob, ou seja, uma metáfora para constitutiva da identidade mineira. Encravar a nova capital em
compreender as relações humanas, as relações de poder e a uma região que tradicionalmente abrigou a sede do poder
hierarquia social48. estadual, manter a grande distância do litoral, fornecia os
parâmetros objetivos para que a cidade conciliasse o passado
e o futuro. A tradição e o futuro, como já destacamos. No que
tange ao parque, ele foi inserido dentro da malha urbana como
forma de integrar natureza e cultura. Neste caso, a
geometrização presente na cidade não se repetiu no parque.
Conforme descrição da Revista Geral dos Trabalhos
(MINAS GERAES. Revista Geral dos Trabalhos I, 1895a, p.97-
101), a cidade “será dividida em uma parte central, urbana, e
outra contornando a primeira suburbana. Uma extensa
avenida de 35 metros de largura e cerca de 10 quilômetros de
desenvolvimento, separará a área urbana da suburbana.” Este
tipo de zoneamento tripartite (urbano, suburbano e rural)
corresponde ao modelo de cidade ideal proposto por Charles
Fourier, como lembra Angotti-Salgueiro51. Seria uma tentativa
de harmonização entre natureza e ocupação humana. O tipo de
zoneamento proposto por Aarão Reis demonstra a
Planta Geral da Cidade de Minas (Belo Horizonte). intervenção técnica no espaço e a racionalidade do processo,
Comissão Construtora da Nova Capital, Aarão Reis, 1895. ao mesmo tempo em que revela a busca da harmonia em
Fonte: Museu Histórico Abílio Barreto (MHAB). benefício do progresso social. No entanto, as formas de
apropriação deste modelo levaram historicamente a um tipo
47JACOB, Christian. L’empire des cartes: approche théorique de la cartographie à 50 ANGOTTI-SALGUEIRO, Heliana. Revisando Haussmann. Os limites da
travers l’histoire. Paris: Albin Michel, 1992. comparação.
A cidade, a arquitetura, os espaços verdes. (O caso de Belo Horizonte). Revista USP,
48idem São Paulo, n.26, p.195-205, jun.-ago. 1995.
49MAGALHÃES, Beatriz de Almeida; ANDRADE, Rodrigo Ferreira. A formação da 51 ANGOTTI-SALGUEIRO, Heliana. Revisando Haussmann. Os limites da
cidade. In: CASTRIOTA, Leonardo Barci (Org.). Arquitetura da modernidade. Belo comparação.
Horizonte: Ed. UFMG, 1998. p. 37-78. A cidade, a arquitetura, os espaços verdes. (O caso de Belo Horizonte). Revista USP,
São Paulo, n.26, p.195-205, jun.-ago. 1995.
de ocupação que revelou a hierarquização social e usufruto um conjunto arbóreo por toda a área urbana, bem como a
diferenciado e altamente excludente do espaço citadino. construção de um grande parque. Na proposta de Aarão Reis,
Como bem demonstra a historiografia525354, Aarão Reis haveria renques de árvores em toda a extensão das ruas e
realizou melhor detalhamento da área urbana, em detrimento avenidas, sendo que nestas eles seriam duplos. O Parque foi
das demais. Nela, houve a superposição de duas malhas: uma pensado como elemento estruturante do espaço urbano e
ortogonal, baseado no xadrez, e outra diagonal.26 A primeira, também uma obra de arte que, diante da extensão e
representada pelas ruas e a segunda, pelas avenidas. Às ruas planejamento, seria “o mais importante e grandioso de
foi dada a largura de 20 metros; às avenidas, 35. Mas, à quantos há na América, e, por si só merecerá a visita de
principal avenida foi dada atenção especial, pois a mesma nacionais e estrangeiros e elevará a nova cidade acima de
cumpria função estética, de circulação e de ordenamento do quantas ora attrahem, no Brazil, a população que deseja
espaço. De acordo com a Revista, “haverá uma grande avenida refazer forças, no verão em logares amenos e aprazíveis”
de 50 metros de largura, com duplo renque central de arvores, (MINAS GERAIS. Revista Geral dos Trabalhos I, 1895a, p.97-
e 3200 metros de comprimento, ligando em linha recta o 101). Nesta perspectiva, a beleza e a salubridade da cidade a
bairro commercial, junto a estação, ao alto do Cruzeiro, onde inscreveriam nas rotas nacionais e internacionais do trânsito
será edificado o magestoso templo projectado pelo Dr. turístico.
Magalhães [...]” (MINAS GERAIS. Revista Geral dos Trabalhos I, No entanto, em que pese a importância do parque na
1895a, p.97-101). proposta urbanística da cidade, muitos dos equipamentos
Esta grande avenida (Afonso Pena), à maneira dos propostos para sua área não foram implantados, bem como foi
boulevards parisienses, é apresentada por Aarão Reis como reduzido, ao longo dos anos, em parte de sua extensão. Este
uma via larga o suficiente para abrigar faixa central de areia fenômeno de transformação espacial da cidade, que teve no
para passeios a cavalo, dois passeios laterais junto a esta; duas parque um dos principais exemplos, está diretamente
faixas para a circulação de veículos; e mais dois passeios junto associado ao crescimento urbano, à valorização ou
aos prédios. Para Angotti-Salgueiro, não estava em questão em depreciação de espaços, ao aumento demográfico que não
Belo Horizonte, como na Paris de Haussmann, a circulação pode ser previsto no momento do planejamento inicial.
como elemento estratégico do planejamento urbano55. A Configura-se, ainda, o que Magalhães e Andrade chamam de a
intenção estética talvez tenha sido a mais importante, mas vertigem do novo56. Este fenômeno torna-se mais grave
ficou longe de se aproximar dos boulevards parisienses, quando não há uma verdadeira ocupação pública e cidadã dos
principalmente porque a ocupação arquitetônica dos espaços da cidade. Destino semelhante teve o Bosque em La
primeiros anos não levou em consideração a harmonização Plata. Ao longo do tempo, ele perdeu suas características
entre a largura da via e a altura dos edifícios. Do mesmo modo, iniciais, pois passou a abrigar equipamentos urbanos como
também não houve, prontamente, a ocupação prevista dos estádio de futebol, sedes de faculdades e colégio. Hoje em dia
carrefours, para os quais se esperavam prédios monumentais. algumas lideranças locais tentam reverter este processo.
No planejamento urbano, as praças cumpriram a função de A construção da cidade ocorreu entre 1894 e o final de
quebrar a monotonia da superposição das duas malhas, ao 1897, quando foi inaugurada. Antes da conclusão do processo,
mesmo tempo que, ao cortarem ruas e avenidas, dariam o engenheiro Aarão Reis, em 1895, demitiu-se da coordenação
“largueza para o effeito architectonico dos edifícios públicos, dos trabalhos da CCNC, sendo substituído pelo engenheiro
verdadeiros palácios esplendidamente situados” (MINAS Francisco Bicalho. Essa mudança, aliada a outros fatores, fez
GERAES. Revista Geral dos Trabalhos I, 1895a, p.97-101). De com que a implantação do plano da Cidade de Minas sofresse
todas elas, a Praça da Liberdade foi a que mais atenção ganhou, algumas modificações, todavia sem alteração do desenho
não necessariamente na proposta de Aarão Reis, mas na urbanístico proposto.
execução da mesma, pois na fase construtiva ela se notabilizou Em Belo Horizonte, tal como em La Plata, a construção foi
como sede do poder público estadual. A presença do palácio um empreendimento estatal. Ao governo coube o
presidencial e das secretarias, que por muitas décadas tornou planejamento geral, a confecção dos projetos dos edifícios
a praça símbolo do poder republicano, hoje vê seu uso públicos, que foram construídos por particulares. Em ambas as
transformado pela lógica da associação do poder público e do cidades houve distribuição de lotes ao funcionalismo público.
capital privado. Uma lógica que enfatiza a apropriação urbana Importante diferencial dos dois processos foi que em Minas
via usos de equipamentos culturais, com a respectiva Gerais houve a necessidade de várias demolições, pois o local
transferência de imóveis públicos à iniciativa privada. da construção da cidade abrigava um arraial tipicamente
Outra praça muito importante na proposta de Aarão Reis colonial. O local foi considerado propício, mas não o arraial.
era a da República, situada em frente ao portão principal do Dele foi feito tabula rasa. Já em La Plata, não houve este tipo de
Parque, na Avenida Afonso Pena. Nela seriam implantados o trabalho, pois a área escolhida servia a plantação somente. Em
Palácio da Justiça e o do Congresso. Ela seria o ponto de partida Belo Horizonte, ocorreu um processo de transformação
de três importantes avenidas: uma daria acesso ao Palácio espacial em que um povoado de origens coloniais deu lugar a
Presidencial; outra à praça em homenagem à Federação (atual uma cidade de traçado geométrico. Ocorreu um processo
Praça da Assembleia) e a terceira à praça onde se instalaria a simultâneo de destruição e construção. Enquanto um povoado
Municipalidade (atual Praça Raul Soares). No entanto, na era destruído, uma cidade, que se queria moderna, era
implantação da proposta foram feitas algumas modificações, construída em seu lugar.
inviabilizando a existência da Praça da República como lugar
emblemático do espaço urbano.
Em atenção à salubridade da cidade, em parte garantida
pela largura de ruas e avenidas, foi proposta a implantação de
52 ANGOTTI-SALGUEIRO, Heliana. Revisando Haussmann. Os limites da 55ANGOTTI-SALGUEIRO, Heliana. Revisando Haussmann. Os limites da
comparação. comparação.
A cidade, a arquitetura, os espaços verdes. (O caso de Belo Horizonte). Revista USP, A cidade, a arquitetura, os espaços verdes. (O caso de Belo Horizonte). Revista
São Paulo, n.26, p.195-205, jun.-ago. 1995. USP, São Paulo, n.26, p.195-205, jun.-ago. 1995.
53 JULIÃO, Letícia. Belo Horizonte: itinerários da cidade moderna (1891-1920). In:
DUTRA, Eliana de Freitas (Org.). BH: horizontes históricos. Belo Horizonte: C/Arte, 56 MAGALHÃES, Beatriz de Almeida; ANDRADE, Rodrigo Ferreira. A formação da
1996. p.49-118. cidade. In: CASTRIOTA, Leonardo Barci (Org.). Arquitetura da modernidade. Belo
54 MAGALHÃES, Beatriz de Almeida; ANDRADE, Rodrigo Ferreira. A formação da Horizonte: Ed. UFMG, 1998. p. 37-78.
cidade. In: CASTRIOTA, Leonardo Barci (Org.). Arquitetura da modernidade. Belo
Horizonte: Ed. UFMG, 1998. p. 37-78.
57 CEDRO, Marcelo. A administração municipal do prefeito Juscelino Kubitschek: Pérola de Carvalho. São Paulo: Perspectiva, 1995.
estética e planejamento da cidade de Belo Horizonte na década de 1940. Oculum 60 HALL, P.Cidades do amanhã: uma história intelectual do planejamento e do
Ensaios: Revista de Arquitetura e Urbanismo. Belo Horizonte, n.5, 2006. projeto urbanos do século XX. Trad.
http://periodicos.puc-campinas.edu.br/seer/index.php/oculum/article/view/390 Pérola de Carvalho. São Paulo: Perspectiva, 1995.
58 RIBEIRO, L. C. de. Urbanismo: olhando a cidade, agindo na sociedade. In: 61 FABRIS, A. Fragmentos urbanos: representações culturais. São Paulo: Nobel,
PECHMAN, R, M. (Org.) Olhares sobre a cidade. Rio de Janeiro: UFRJ, 1994. 2000.
59 HALL, P.Cidades do amanhã: uma história intelectual do planejamento e do
Caminhando lado a lado com o planejamento urbano, eram alvo das preocupações dos arquitetos internacionais. As
entretanto, consolidou-se um dos elementos constituintes da consequências da industrialização em cidades como Londres e
modernidade: a segregação espacial. No Rio de Janeiro, Paris ainda não haviam chegado ao Brasil: como já se viu, o
cortiços do centro foram demolidos, expulsando-se moradores modelo brasileiro de modernização (atribuído à
para o subúrbio ou para o Morro da Providência, dando origem industrialização e às modificações estruturais) ocorreu
ao processo de favelização. tardiamente em relação à Europa e aos Estados Unidos.
Desse modo, o caráter autoritário e cerceador do poder A administração de Juscelino à frente da prefeitura de Belo
público visava inserir o Rio de Janeiro na modernidade. Horizonte pode ser associada ao Congresso de Arquitetura
Consequentemente, desencadeava a segregação socioespacial, Moderna no qual foi lançada a Carta de Atenas, cujas soluções
dificultando, principalmente, a vida dos imigrantes e dos ex- e sugestões serviriam como paradigma para o planejamento
escravos. Porém, segundo Annateresa Fabris62, a de uma cidade moderna. O Estado Novo usou da arquitetura
modernização da Avenida Central se consolidou mais pelo em sua busca do novo para conduzir o processo de
método político-econômico do que pela forma arquitetônica, modernidade tardia. Em coerência com a orientação nacional,
ao contrário da administração juscelinista em Belo Horizonte a administração juscelinista, imbuída do discurso
quarenta anos depois. modernizante baseado no culto ao “novo”, absorveu as
Buenos Aires também contou com propostas, inspiradas modernas normas de arquitetura e planejamento, buscando
no modelo anglo-europeu, de remodelação estética, cuja inserir Belo Horizonte no mesmo contexto de modernização
arquitetura enfatizava o caráter higiênico da cidade. A capital das principais cidades do mundo.
argentina contava com vários casos de alcoolismo, sífilis e Le Corbusier foi um dos responsáveis pela redação da
tuberculose que, segundo os teóricos urbanos, eram Carta de Atenas em 1933 e por sua posterior revisão e
decorrentes do crescimento caótico advindo da imigração, publicação em 1942. Uma de suas ideias para eliminar o
necessitando, assim, de reformas sanitárias. excesso populacional urbano era aumentar a quantidade de
Desse modo, Rio de Janeiro, Buenos Aires e a própria Belo espaço livre das cidades: construção de avenidas largas e retas,
Horizonte se espelharam no modelo parisiense, em voga até demolição de edificações antigas e construção de altos
então, pois Juscelino Kubitschek também absorveu os edifícios, além do estabelecimento de zoneamentos urbanos,
pressupostos de planejamento que estavam vigorando no ou seja, as moradias seriam relacionadas ao aspecto
contexto internacional no momento de sua administração. Se, socioeconômico da população.
historicamente, para cidades da América Latina, tal iniciativa A solução proposta por Le Corbusier para resolver os
de Juscelino não foi uma novidade revolucionária, ela, todavia, problemas habitacionais era reduzir o preço das moradias a
representava a continuidade de importação do modelo de partir de edificações em série, aproveitando novos métodos e
modernidade que tardiamente seria conduzido pelo poder materiais de construção. A burguesia apoiou tal ideia, já que a
público e voltaria a inserir a cidade de Belo Horizonte em seu construção de edifícios mais úteis e baratos, ao eliminar
projeto de origem: a modernidade. adereços em demasia, tornava economicamente viável o
As discussões acerca dos problemas urbanos se remodelamento urbano. Mas também a liberdade do artista
estenderam. Em 1933, foi redigida a Carta de Atenas, que, em sua busca pelas formas puras contribuiu para que
publicada em 1942, era o resultado do último Congresso houvesse a união da arte com a indústria da construção civil.
Internacional de Arquitetura Moderna (Ciam), que contou com No campo arquitetônico e de planejamento urbano, a
arquitetos e técnicos em planejamento urbano de vários tendência era encontrar novas soluções para acabar com os
países. O objetivo do fórum foi o mesmo do final do século cortiços e revitalizar os centros comerciais. Os cortiços eram
anterior: buscar soluções para o “caos” em que se considerados grandes males da cidade moderna por
encontravam as cidades, em razão, entre outros aspectos, do apresentarem insuficiência de espaço físico, mediocridade de
trânsito congestionado e de moradias insalubres, como aberturas, ausência de sol, doenças, inexistência de instalações
também da extrapolação, em alta escala, do limite de sanitárias, promiscuidade, presença de vizinhos
densidade habitante/metro quadrado. O relatório focalizou 33 desagradáveis, além de “enfear” a cidade.
cidades, tais como (entre outras) Amsterdã, Londres, Madri, O discurso higienista e de bem-estar era o pretexto para
Berlim, Los Angeles e Paris. acabar com os cortiços e construir novas edificações que
O discurso proferido no congresso apresentava alguns atendessem ao interesse do remodelamento estético da
pressupostos marxistas ao afirmar que a desordem urbana cidade. A segregação apresentava-se como necessária para
instituída era consequência da industrialização desordenada que pudesse haver uma reforma estética urbana. A
advinda dos interesses privados, que rompia com o equilíbrio modernização instituía novas construções e implementava
das condições de trabalho ao aumentar a densidade urbana em desapropriações. Os mentores da Carta de Atenas pregavam
razão do êxodo rural; que causava a deterioração da relação que a preservação de áreas verdes, praias, lagos, rios era uma
casa-trabalho; que mantinha o artesanato relegado ao segundo necessidade, bem como a construção de lagos artificiais.
plano; que impunha a insalubridade às moradias. Enfim, o Próximo a essas áreas, era preciso que se reservassem espaços
discurso assemelhava-se ao mesmo do final do século XIX, que e se criassem agremiações próprias ao estímulo das práticas
enfatizava as razões da precariedade infraestrutura urbana. esportivas. Todavia, essas novas áreas de lazer e beleza que
Era preciso elaborar novos princípios de circulação, novas seriam inseridas no cotidiano da cidade deveriam ser
técnicas de construção e novos métodos para evitar reservadas aos bairros residenciais, longe da parte central.
engarrafamentos e grande concentração demográfica. A Sendo assim, tornava-se necessária a construção de novas vias
harmonia teria que ser novamente instituída no espaço de acesso.
urbano a partir da melhoria da qualidade de vida. A zona industrial deveria ficar distante da zona
Assim, as principais preocupações se centralizavam na habitacional, havendo um setor residencial programado e
arquitetura e no urbanismo, vistos como alternativas destinado aos operários. Separadas por uma área verde,
primordiais para a solução e o planejamento da cidade haveria menos ruído e poluição, além de evitar o deslocamento
moderna ao focalizarem melhoria para habitações, trabalho, de operários que moravam longe do trabalho. Para o setor
recreação e circulação urbana. industrial, portanto, deveriam ser planejadas vias de acesso,
Nos anos iniciais da década de 1940, o contexto belo- uma vez que “a velocidade nova dos transportes mecânicos
horizontino ainda não se assemelhava ao daquelas cidades que
62 idem
que utilizam a rodovia exige a criação de novas vias ou a como objetivo incentivar a construção de residências de luxo
transformação das já existentes”63. ao redor da lagoa. O conjunto arquitetônico da Pampulha,
Os novos pressupostos de planejamento e remodelação baseado na busca da pureza das formas, remodelou e inseriu
urbanos da Carta de Atenas também preconizavam medidas de esteticamente Belo Horizonte no mundo arquitetônico
preservação do patrimônio urbano. A cidade moderna deveria internacional. Vê-se nesse caso a enorme contribuição dos
salvaguardar seus valores arquitetônicos, desde que não novos rumos tomados pela arquitetura, baseados na busca de
faltasse com a higiene. As novas construções não deveriam formas arrojadas. As obras de Oscar Niemeyer, Cândido
copiar estilos arquitetônicos passados, mas, sim, fazer valer a Portinari e Alfredo Ceschiatti, na Pampulha, possibilitaram
liberdade do arquiteto em auto superar-se ao criar novos que o “novo” estampasse a modernidade aos olhos dos
padrões: “Os valores arquitetônicos devem ser cidadãos. Na Pampulha utilizaram-se novas técnicas e
salvaguardados […] caso se constituam a expressão de uma materiais de construção como ferro, vidro e betão armado.
cultura anterior e correspondam ao interesse geral” (ibidem, Houve a interação do espaço natural com a expressão cultural,
p.52). seguindo-se, assim, as bases teóricas do urbanismo
É assim que os pressupostos contidos na Carta de Atenas contemporâneo.
de 1933, bem como as ideias do arquiteto Le Corbusier, A construção do Iate Clube como forma de inserir o esporte
influenciaram tanto o Estado Novo quanto Juscelino na sociedade urbana, a construção do Museu Histórico de Belo
Kubitschek em seus empreendimentos que visavam à Horizonte para preservar a memória da cidade e o patrimônio
modernidade e ao progresso. arquitetônico se enquadram nas orientações da Carta de
Lauro Cavalcanti64 afirma que “inúmeros pontos do ideário Atenas de reforma e planejamento urbanos de uma cidade
corbusiano coincidiam com o discurso de intelectuais ligados moderna. Também a manifestação do projeto higienista
ao Estado Novo”. O Estado Novo pretendia construir o modelo moderno estava presente no discurso de Juscelino, que
de “novo homem”, idealizado por meio do trabalho; já para Le declarou, quando da construção dos postos de assistência
Corbusier, por meio da arquitetura chegar-se-ia a um novo municipal, que iria “eliminar o degradante aspecto da esmola”.
espírito para o homem. Para Le Corbusier, a arquitetura Foi, contudo, inevitável a absorção da segregação espacial
moderna representava uma ruptura com os estilos anteriores: e das reformas higienistas que se mantiveram presentes desde
o discurso estado-novista também pregava sua ruptura com o as primeiras orientações urbanas do século XIX e que foram
regime oligárquico. O “novo” manifestava-se pela importadas pelo Rio de Janeiro, por Buenos Aires e por Belo
transformação do país agrário em país industrial. O padrão de Horizonte. No tocante à construção do Conjunto Habitacional
produção em série adotado pela indústria estava em sintonia IAPI (Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários),
com as ideias de Le Corbusier acerca das construções para a questão dos cortiços foi relembrada, pois a Carta de Atenas
resolver o problema habitacional. dava continuidade às teorias higienistas em relação à estética
Desse modo, o Estado Novo utilizava-se da ideologia de urbana:
progresso e modernização para obter apoio de intelectuais Um conhecimento elementar das principais noções de
modernistas e inserir no imaginário social o desejo em se higiene basta para discernir os cortiços e discriminar os
formar o “novo homem”. quarteirões notoriamente insalubres. Estes quarteirões
Integrado a essa ideologia de modernidade e progresso, deverão ser demolidos. Deve-se substituí-los por parques […]
Juscelino Kubitschek absorveu as orientações da Carta de todavia, alguns desses quarteirões podem ocupar um local
Atenas. Os empreendimentos realizados pela prefeitura de conveniente à construção de certos edifícios indispensáveis à
Belo Horizonte seguiam os pressupostos formulados por Le vida da cidade. Um urbanismo inteligente saberá dar-lhes o
Corbusier, já que havia uma estreita aproximação desse destino adequado65.
arquiteto com o governo de Getúlio Vargas, como também com A partir de então, há uma nítida relação com a postura
Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, principais responsáveis pelas adotada pela administração juscelinista no que se refere à
obras arquitetônicas e urbanísticas encomendadas por desapropriação da Pedreira Prado Lopes. A intervenção do
Juscelino. poder municipal, com o intuito de acabar com as condições de
A reforma urbana das ruas e avenidas de Belo Horizonte, miséria, insalubridade e marginalidade, demonstra a
tornadas largas, retas e asfaltadas, convergia com o modelo da discriminação, provocada pelo modelo racional, com os
cidade moderna, abrindo caminho para os automóveis, setores populares, transferindo-os para locais mais afastados
símbolo emergente da modernidade. A substituição de do centro. O saneamento de áreas pobres e a remoção de
paralelepípedos por asfalto nas avenidas Afonso Pena, Santos habitantes estão contidos na remodelação urbana da cidade
Dumont e Paraná, o aterro e saneamento de córregos para moderna. A Pedreira Prado Lopes, que sempre fora habitada
construção e prolongamento das avenidas Amazonas e por um aglomerado de operários que extraíram pedras para a
Silviano Brandão são demonstrações que se enquadram na construção de Belo Horizonte, tornou-se um hábitat para a
reforma urbana prevista pela Carta de Atenas no tocante à população operária e desempregada. Juscelino acabou com as
circulação da cidade moderna. 483 cafuas da Pedreira Prado Lopes e determinou a
A Pampulha tinha como objetivo dotar a cidade de uma construção, em colaboração com o Instituto de Aposentaria e
área turística e de lazer. A Carta de Atenas pressupunha a Pensões dos Industriários, de um edifício em blocos com
criação de lagos artificiais, de áreas verdes para a prática de capacidade para três mil pessoas, entre elas, industriários e
esportes que tivessem como objetivo compensar a população funcionários da prefeitura.
pelo trabalho desgastante do cotidiano. Todavia, tais áreas O trecho do discurso que se segue, de Juscelino Kubitschek,
dotadas de maior beleza deveriam ser reservadas aos bairros traduz de forma explícita, a análise supra realizada: fonte de
residenciais e afastadas do centro, porém havendo a criação de discórdia onde vivia um aglomerado de pessoas da mais
nova via de acesso. No caso da Pampulha, houve a construção diversa procedência e também levando cada um uma vida bem
da Avenida Pampulha (atual Presidente Antônio Carlos), diferente de seu vizinho. A pedreira, situada além da Lagoinha,
planejada de acordo com o ideário moderno: grande, larga e mas distante apenas 1 km da cidade, estava mais perto que
retilínea, com árvores e postes para o seu embelezamento. muitos bairros residenciais. Gente humilde, trabalhadora,
Juscelino Kubitschek, desde o projeto inicial da Pampulha, teve vivia, muitas vezes, no barracão separado do vizinho malandro
63 FABRIS, A. Fragmentos urbanos: representações culturais. São Paulo: Nobel, 65 CURY, I. (Org.) Carta de Atenas 1933. In: Cartas patrimoniais. 2.ed. Rio de
2000. Janeiro: Iphan, 2000.
64 CAVALCANTI, L. Modernistas, arquitetura e patrimônio. In: PANDOLFI, D. (Org.)
66 PLAMBEL.O processo de desenvolvimento de Belo Horizonte: 1897-1972. Belo assentamentos precários. Apresentado no 17º Encontro Nacional da Anamma,
Horizonte: Secretaria de Planejamento e Coordenação Geral de Economia Urbana, Recife, 2007
1997. 69 BRANDENBERGER, Francys. Plano global específico: um instrumento de
67 MOTTA. L. D. Da construção da nova capital mineira ao atual modelo de gestão planejamento urbano em assentamentos subnormais. In: ZENHA, Rosimari;
de vilas e favelas: notas sobre um estudo de caso do Programa Vila Viva. FREITAS, Carlos Geraldo Luz de (Org.). Anais do Seminário de avaliação de projetos
http://periodicos.pucminas.br/index.php/cadernoshistoria/article/viewFile/P.22 IPT em habitação e meio ambiente: assentamentos urbanos precários. São Paulo:
37-8871.2012v13n19p126/4369 Coleção Habitare. 2002.
68 PEREIRA, Claudius Vinícius Leite; AFONSO, Andrea Scalon; MAGALHÃES, Maria
alguma atividade econômica (hortas, plantas medicinais). As vieram para sua construção. Diante das tentativas do poder
intervenções também implicam, muitas vezes, na público de restringir a ocupação da cidade, a população pobre
retirada/transferência de comércios e outros pontos de ocupou áreas externas e internas à Avenida do Contorno.
referência, como a quadra, o campinho de futebol, a igreja etc. Assim, antes mesmo da inauguração, Belo Horizonte já tinha
A pesquisa de campo realizada em dois Aglomerados de duas áreas ocupadas – a do Córrego do Leitão e a do Alto da
Belo Horizonte, onde houve intervenções do Vila Viva, revelam Estação – que abrigavam três mil pessoas ao todo76. A despeito
a pretensão do poder público de concretizar o espaço abstrato de ter sido planejada para ser modelo de higiene, limpeza,
(dos mapas, planos e projeto) em detrimento do espaço beleza e modernidade, Belo Horizonte teve de se haver, desde
vivido70, com o objetivo de controlar, homogeneizar e a sua construção, com questões que emergiram da lógica
enquadrar os espaços e a população da favela. Esse objetivo excludente de seu próprio projeto. Já em 1902, na tentativa de
fica ainda mais evidente com a análise da maneira como os controlar e evitar que os operários e pobres ocupassem a área
técnicos implementam o Programa Vila Viva no Morro das urbana, a Prefeitura cria a Área Operária e realiza as primeiras
Pedras (em especial no que se refere ao Projeto Pré-Morar, que remoções de favelas na cidade.
prepara as famílias que serão removidas para o uso Porém, mesmo com a criação e delimitação da Área
“adequado” dos apartamentos nos quais serão reassentadas, Operária, as ocupações se espalharam pela cidade, devido ao
devido à realização de obras de urbanização) e a partir de aumento do número de pessoas pobres vindas do interior do
entrevistas com moradores removidos de suas casas, no estado. Durante os primeiros 30 anos da capital, o poder
Aglomerado da Serra. público realizou uma série de remoções, o que não colocou fim
A cidade de Belo Horizonte foi planejada para abrigar o ao problema, pois as famílias removidas sempre procuravam
novo centro administrativo do estado de Minas Gerais, outras áreas mais desvalorizadas ou nas quais havia
consubstanciando o moderno e o progresso em contraposição necessidade de mão-de-obra. Essa dinâmica viciosa, que
ao antigo e ao tradicional, marca da então capital Ouro Preto71. destinava à população pobre os espaços mais distantes do
O projeto priorizava os aspectos técnicos e de infraestrutura, centro e dos equipamentos públicos ou aqueles mais próximos
como acessos (circulação), abastecimento de água, do centro e desvalorizados (geralmente por terem uma
eletricidade e esgotamento sanitário72. O engenheiro topografia acidentada), persistiu da época das obras de
responsável pelo projeto, Aarão Reis, acreditava que a ciência construção da cidade até o início da década de 1930.
poderia fornecer os elementos necessários para a construção A partir da década de 1930 até os dias de hoje, a
de uma cidade moderna, organizada e com funções definidas e organização e as ações dos movimentos sociais e de moradores
localizadas. de favelas de Belo Horizonte, assim como as políticas e ações
No projeto original, a cidade foi dividida em três áreas: públicas direcionadas às favelas, estão estreitamente
urbana, suburbana e rural. A área urbana, delimitada pela relacionadas ao momento histórico, político e econômico
Avenida 17 de Dezembro (atual Avenida do Contorno), tinha vivido pelo país.
como características principais rígidas exigências Na primeira metade da década de 1930, por exemplo, as
urbanísticas, traçado simetricamente definido e ruas largas lutas da população periférica se intensificaram, influenciadas
para favorecer a circulação – o que mostra a influência de pela organização das bases populares da Aliança Libertadora
Haussmann, engenheiro que projetou Paris. A área urbana Nacional e também pela criação da Câmara Municipal de Belo
seria, então, destinada aos prédios e espaços públicos e às Horizonte. Nesse período, o Estado realiza ações no sentido de
residências dos funcionários públicos. A outra área, a flexibilizar as exigências para a criação de Áreas Operárias e
suburbana, foi pensada para ser uma região residencial de de controlar a especulação imobiliária e os loteamentos
segunda categoria e, por isso, tinha padrões de urbanização irregulares. No entanto, a partir de 1937, com a implantação
mais flexíveis73. A área rural ficaria na periferia da cidade e do Estado Novo, a Prefeitura dá início a uma política de
seria uma espécie de “cinturão verde”. erradicação das favelas, passando a tratar a questão como caso
de polícia e a vincular a imagem dos favelados à ideia de
Le Ven (1977) crítica o caráter segregacionista do projeto perigo. São realizadas diversas remoções (mesmo de favelas
de Aarão Reis, que estabeleceu padrões para os tipos de fora da Avenida do Contorno), justificadas pela necessidade de
construção, critérios para a manutenção da higiene e obras urbanísticas em benefício da coletividade77. Só não
salubridade da cidade, bem como buscou determinar quais foram removidas as favelas nas quais era difícil a realização de
espaços poderiam ser ocupados por quais grupos sociais. Essa obras urbanísticas e aquelas que não interessavam ao
segregação fica evidente ao observarmos o vazio e a mercado imobiliário. Porém, essas remoções não se deram
ociosidade criados em alguns espaços da área central (antes, sem resistência; muitas famílias faveladas, ao serem
área urbana) que persistem até hoje e, ainda, pela intensa removidas, ocupavam uma nova área, como foi o caso da
ocupação das áreas rural e suburbana como possibilidade de Barroca, que sofreu sucessivas remoções e foi se
acesso à moradia na cidade, uma vez que os lotes dentro dos reconstruindo, diversas vezes, sempre ao longo da Avenida
limites da Avenida do Contorno eram muito caros74 e os Olegário Maciel.
padrões para se construir nessa área eram muito rígidos75. Mesmo com toda repressão, as políticas e ações para
Todavia, a ocupação intensa das áreas externas à Avenida remoção das favelas não conseguiram controlar o crescimento
do Contorno não significou que a população pobre não do número de áreas ocupadas, que se intensificou na segunda
ocupava o centro. A construção da cidade necessitou de muita metade da década de 1940, devido a um quadro que
mão de obra, o que atraiu muitos operários, sem que a cidade combinava redemocratização, aumento da população e
se preparasse para receber um fluxo tão grande de pessoas. O fortalecimento dos movimentos sociais.
projeto da nova capital, portanto, não previu o reassentamento Mas é em meados da década de 1950, auge do populismo,
dos moradores do Curral Del Rey nem dos operários que que o poder público começa a tratar a questão das favelas
Horizonte: CEDEPLAR, 1994. Análise e onjuntura, Belo Horizonte, v. 7, n. 2;3, p. 11-18, maio/dez. 1992.
como problema social, apesar de continuar a removê-las e de 1988 – é extinta a CHISBEL (marco da concepção de
tentar acabar com elas. Em Belo Horizonte, foi criado o desfavelização), sendo criada a Secretaria Municipal de Ação
Departamento Municipal de Habitação e Bairros Populares Comunitária. Outro passo importante para os movimentos
(DBP), que tinha como função construir habitações para favelados foi a criação da Federação de Moradores de Bairros,
famílias retiradas de favelas. Essa mudança na forma de Vilas e Favelas de Belo Horizonte (FAMOBH), que tinha como
atuação do poder público estava fortemente relacionada com objetivo principal congregar as associações de moradores, na
a atuação intensa dos movimentos populares em Belo tentativa de unificar suas lutas79.
Horizonte naquele período, marcada pelas várias ocupações
de terrenos particulares e pela criação de várias organizações, Década de 1990: início do atual modelo de gestão das
como as Associações de Defesa Coletiva (ADC) e a Federação vilas e favelas da cidade
dos Trabalhadores Favelados de Belo Horizonte, criadas em É no bojo do momento político da Constituinte (final da
1955. As ADC foram um importante instrumento para década de 1980), da aprovação da Lei Orgânica do Município
reivindicação de direitos e para resistência a remoções de de Belo Horizonte em 1990 e das administrações progressistas
favelas, que, como outras organizações faveladas da época, pós-88, que a coligação Frente BH Popular, encabeçada pelo
contou com o apoio da ala progressista da Igreja Católica. É PT, vence as eleições municipais de 1992 e assume a Prefeitura
nesse contexto que se realiza, no ano de 1963, o Primeiro de Belo Horizonte.
Seminário Nacional de Habitação e Reforma Urbana, que As propostas dessa gestão são marcadas pela participação
culminou na proposta do Governo do Estado de Minas Gerais popular na construção do programa de governo, que tem como
de, pela primeira vez, construir conjuntos habitacionais para uma das questões centrais a habitação, abrangendo as
as populações das favelas e urbanizar algumas vilas e favelas. questões do déficit habitacional, dos sem casa e das vilas e
Em 1964, com o Golpe Militar, as ações públicas voltadas favelas.
para as vilas e favelas são sufocadas e os movimentos sociais e As duas principais e mais importantes marcas da Política
associações são reprimidos, lançados na ilegalidade e Municipal de Habitação foram a concepção que insere a
impedidos de atuar. Os favelados, bem como suas ocupações e moradia num contexto mais amplo de direito à cidade e a
associações, passam a ser tratados novamente como problema preocupação com um planejamento integrado no qual as ações
de polícia. Assim, em 1971, no auge da repressão militar, é e intervenções não fossem mais pontuais, numa tentativa de
criada a Coordenação de Habitação de Interesse Social otimizar e não desperdiçar recursos e ações do poder
(CHISBEL), órgão que realizou, entre 1971 e 1983, público80. A gestão do PT na Prefeitura de Belo Horizonte
intervenções em 423 áreas da capital, removendo 10 mil inaugurou, então, uma maneira de intervir nas vilas e favelas
barracos e 44 mil pessoas78. da cidade que vigora até hoje. A ideia e a crença em um
A partir de 1975, sobretudo por intermédio da Pastoral das planejamento articulado e global81 nortearão as ações do
Favelas da Igreja Católica, as entidades faveladas começaram executivo municipal durante toda a década de 1990 –
a se reestruturar e se reorganizar. A rearticulação dos sobretudo por intermédio da URBEL. Uma das principais
movimentos sociais, somada às catástrofes causadas pelas características do planejamento inaugurado (utilizado e
chuvas de 1979 e 1982, levou o poder público estadual a aprimorado até os dias de hoje) é o seu enfoque holístico, a
modificar a forma de atuação em vilas e favelas. Em 1979, foi confiança depositada na técnica e a centralidade da figura do
criado o Programa de Desenvolvimento de Comunidades Estado no planejamento, por meio de seus próprios técnicos e
(PRODECOM), da Secretaria de Estado de Planejamento e consultores terceirizados. A esse planejamento, que é uma
Coordenação Geral, que, em parceria com a CHISBEL e o herança do positivismo, Maricato (2000) chamou de
PLAMBEL, realizou intervenções em 11 áreas de favelas, modernista.
priorizando a participação dos moradores, por meio de Um marco importante na política urbana de Belo
mutirões, na fase do planejamento e da execução, atingindo 70 Horizonte foi a aprovação do Plano Diretor (Lei nº 7125, de 27
mil pessoas. Apesar de reconhecer o direito da população de agosto de 1996) e da Lei de Parcelamento, Ocupação e Uso
favelada a permanecer nessas áreas, o programa não realizou do Solo Urbano (Lei nº 7166, de 27 de agosto de 1996). No
a legalização e titulação das áreas ocupadas. mesmo ano em que o Plano Diretor foi instituído, é sancionada
Uma grande vitória dos movimentos sociais de Belo a Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo Urbano de Belo
Horizonte ligados à luta pela moradia e pela melhoria das Horizonte, que “estabelece as normas e as condições para
condições nas favelas foi a aprovação da Lei n° 3.532, de 6 de parcelamento, ocupação e uso do solo urbano no município”
janeiro de 1983, que criou o Programa Municipal de (BELO HORIZONTE, 1996), definindo parâmetros, requisitos e
Regularização de Favelas (PRO-FAVELA). A lei do PRO- normas técnicas para loteamentos e construção de edificações
FAVELA, ao reconhecer o direito dos favelados de terem a (comerciais, industriais e habitacionais).
propriedade de suas moradias, representou uma grande Um dos pontos essenciais dessa Lei para a definição das
vitória. Mas, apesar de ter sido criado em 1983, ele só foi intervenções e formas de utilização do espaço urbano é o
regulamentado um ano depois, após muita pressão dos zoneamento de Belo Horizonte, que consiste na divisão da
movimentos sociais e da Pastoral das Favelas, pela da lei 4.762, cidade em zonas com características físicas, ambientais e
de 10 de agosto de 1984. Para implementar o PRO-FAVELA, a sociais semelhantes, buscando definir a “vocação” dos
Prefeitura criou a Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte diferentes espaços para os diferentes fins. A classificação dos
(URBEL), que seria, a partir de então, o principal órgão para espaços da cidade limita e/ou determina as possibilidades de
efetivação do programa; e, posteriormente, passa a ser o órgão utilização deles. É importante perceber que os critérios para a
responsável pela política urbana em vilas e favelas do classificação de uma área ou região em uma zona são,
município de Belo Horizonte. basicamente, as características físicas naturais, de
Nesse momento de reafirmação e conquistas dos infraestrutura e de modo de ocupação. A partir dessa
movimentos sociais em Belo Horizonte – que coincide com o classificação, são criados públicos alvo relacionados a cada
processo de mobilização da Assembleia Nacional Constituinte
zona, que deverão “receber” determinadas políticas e Isso significa que todas as comunidades situadas em ZEIS
intervenções que visam determinado fim. só podem reivindicar recursos e obras se tiverem um PGE
Numa retomada histórica, é importante lembrar que as referente à sua vila ou favela, ou seja, essa exigência
primeiras legislações municipais que criaram áreas ou zonas condicionou as intervenções e reivindicações dos locais a um
de interesse especial datam da década de 1980. O objetivo era estudo técnico, holístico e que pretende dar conta de todas as
flexibilizar e criar formas alternativas às leis de parcelamento necessidades de um determinado local, além de garantir que
do solo vigentes para os assentamentos “normais” e regulares, em todas elas sejam seguidas os mesmos critérios para
com vistas a atender às especificidades de assentamentos levantamento de dados e proposição de intervenções. Assim, a
como vilas e favelas. Em Belo Horizonte, cidade pioneira (ao Prefeitura de Belo Horizonte, por intermédio do zoneamento e
lado de Recife) na criação de uma legislação específica para do PGE, implanta um tipo de intervenção que viabiliza, nas
vilas e favelas, o PRO-FAVELA, de 1983, representou uma ZEIS, a concretização do espaço abstrato/planejado em
vitória para os movimentos que lutavam por moradia e pela detrimento do espaço vivido84. Ao colocar um plano, um
reforma urbana. Esse programa reconheceu o direito de planejamento como condição para a realização de melhorias e
permanência dos moradores em áreas ocupadas e previu a garantia de infraestrutura básica, o poder público exclui das
definição de critérios urbanísticos específicos para cada suas possibilidades de ação o atendimento às demandas que
assentamento precário e informal, por intermédio da criação surgem cotidianamente.
do Setor Especial-4 (SE-4), que definia as áreas de vilas e Mesmo após mais de 10 anos de instituição do PGE como
favelas. Assim, a delimitação das Zonas Especiais de Interesse condição para a realização de intervenções nas vilas e favelas,
Social (ZEIS), feita pelo zoneamento da cidade pela Lei de há comunidades que ainda não o concluíram, o que significa
Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo, em 1996, veio que, nesses locais, não houve intervenções estruturais, mesmo
especificar e delimitar as áreas que poderiam ser urbanizadas, com a necessidade de certas obras. Portanto, o poder
a partir de critérios específicos; transformou em ZEIS as áreas municipal criou uma condição para a realização de
que haviam sido classificadas anteriormente como SE-4. intervenções, mas transferiu para cada comunidade local a
Se, por um lado, a reivindicação dos movimentos sociais obrigação e a responsabilidade de obter recursos para a
por parâmetros específicos de urbanização de vilas e favelas produção do PGE, um documento extenso, técnico e complexo,
visava a ampliar e criar instrumentos para exigir do poder que, por essas características, exige um tempo grande,
público melhores condições nessas áreas, é interessante, por contratação de técnicos e uma quantia elevada de recursos
outro, pensar as ZEIS (bem como as SE-4 da década de 1980) para ser elaborado. Com a obrigatoriedade do PGE para cada
como um mecanismo de controle dos espaços da cidade e de vila e favela, a Prefeitura “força” as comunidades a decidirem
distinção entre eles; um mecanismo que identifica e marca os pela aplicação de recursos do OP na elaboração do Plano,
espaços e as populações que os ocupam, definindo tipos garantindo, dessa forma, que todas as vilas e favelas serão
específicos de políticas para cada um deles. Além disso, a diagnosticadas e planejadas a partir dos mesmos critérios, sem
proposta é questionável, pois mesmo que a criação da ZEIS que isso implique em um investimento maior.
preveja a flexibilização dos parâmetros urbanísticos, a revisão Além da dificuldade para elaboração do PGE e da
da Lei nº 71666/96, em 2000, estabeleceu critérios específicos padronização que ele impõe, cabe mencionar outros
para o parcelamento, uso e ocupação do solo dessas zonas que problemas relativos aos critérios para sua elaboração. O
guardam fortes semelhanças com as normas que vigoram para primeiro refere-se à participação restrita da comunidade na
a cidade formal. Em outras palavras, foi utilizada a mesma elaboração, que se restringe à participação de um Grupo de
lógica que rege a organização do espaço da cidade “formal”, Referência (GR), composto, basicamente, pelas lideranças
apenas adaptada para garantir que as populações e os espaços locais, formais e informais; o pressuposto aceito é que há um
das vilas e favelas fossem controlados, geridos e organizados, grupo mais apto e preparado para fornecer e obter
na tentativa de modificá-los para que se assemelhassem cada informações.85 Outro problema do PGE é que a linguagem
vez mais aos da cidade “normal” ou “formal”. Conforme utilizada privilegia a utilização de termos e conhecimentos
Lefebvre (1999), a práxis dominante sempre tenta capturar os técnicos e específicos; a linguagem técnica, além de ser um
espaços diferenciais produzidos, como aqueles dos subúrbios. obstáculo à compreensão daqueles que não a dominam, é uma
Para implementar essa perspectiva de planejamento, a limitação simbólica, pois o formato técnico desqualifica e
partir de 1997, a Prefeitura de Belo Horizonte institui o PGE deslegitima outros projetos, visões e formas de expressá-los86.
como instrumento de política pública para as, tornando-o uma Um terceiro problema consiste na determinação dos aspectos
exigência “para aprovação de intervenções financiadas com a serem considerados na elaboração do PGE, pois, ao
recursos do OP.”82. O PGE é uma espécie de plano diretor de determinar o que deve ser diagnosticado, o poder público
cada vila ou favela que aborda os aspectos jurídico-legal, sócio define um recorte que prioriza determinados aspectos em
organizativo e físico-ambiental, procurando realizar um detrimento de outras demandas. O grande espaço de tempo
diagnóstico integrado, bem como construir uma escala de entre as fases da obtenção de recursos no OP, levantamento,
prioridades entre as intervenções levantadas. Seu principal conclusão dos estudos e realização das obras também se
objetivo é elaborar um diagnóstico integrado de cada ZEIS, constitui como um problema; no momento da realização das
criando “uma base de informações e de referência no contexto obras previstas pelo PGE, há um desencontro entre o projeto –
de uma política de investimentos progressivos, visando a baseado na realidade de um momento específico – e a
consolidação dos assentamentos e a superação das fases de realidade de fato, que é transformada e construída diária e
intervenção pontuais e desarticuladas.”83. cotidianamente. Outro problema é a fragmentação dos estudos
e das propostas de intervenção, tanto no que refere aos eixos
82 PEREIRA, Claudius Vinícius Leite; AFONSO, Andrea Scalon; MAGALHÃES, Maria em um contexto mais amplo, do início da década de 1990, em que a ideia de
Cristina Fonseca de. Programa Vila Viva: Intervenção estrutural em governança ganha destaque e passa a ser uma exigência de agências
assentamentos precários. Apresentado no 17º Encontro Nacional da Anamma, internacionais como o BID e o FMI. De acordo com Zhouri (2008), governança
Recife, 2007. remete à ideia de gestão, realizada a partir de um consenso que abstrai a
83 PEREIRA, Claudius Vinícius Leite; AFONSO, Andrea Scalon; MAGALHÃES, Maria dimensão das relações de poder presentes nos processos sociais.
Cristina Fonseca de. Programa Vila Viva: Intervenção estrutural em
assentamentos precários. Apresentado no 17º Encontro Nacional da Anamma,
86ZHOURI, Andréa. Justiça Ambiental, Diversidade Cultural e Accountability:
Recife, 2007. desafios para a governança ambiental. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v.
84 LEFEBVRE, Henri. La Production de L’espace. 4. ed. Paris: Anthropos, 2000. 23, n. 68, p. 97-107, out. 2008.
(físico-ambiental, sócio organizativo e jurídico-fundiário) cidade formal, que pouco mudariam a vida das pessoas das
quanto às etapas para apresentação dos estudos; o fato de que vilas. Das seis primeiras áreas onde foram realizadas as
a construção daquele espaço é resultado do entrelaçamento e primeiras obras do Vila Viva, em três serão abertas grandes
da interdependência dos vários aspectos é ignorado. vias para viabilizar o trânsito de regiões nobres e importantes
Assim, o PGE tem como objetivo principal ser um da cidade.
instrumento para o poder municipal efetivar as políticas Para a realização das obras, o Vila Viva prevê a
públicas pensadas pelos urbanistas e não algo a ser desapropriação de casas e remoções de famílias, que ocorrem
apropriados pelas comunidades locais. É nesse sentido que por dois motivos: retirada de área de risco geológico
Lefebvre (1999; 2000) distingue urbanismo de urbano, (deslizamento de terra, enchente, desabamento) ou retirada
quando afirma que o urbanismo é uma representação do de trecho de obra, caso em que também estão inseridas as
urbano e oculta a verdadeira lógica urbana; é a pretensão do famílias vítimas de danos indiretos causados pelas obras
Estado de concretizar o espaço abstrato – aquele dos mapas, (rachaduras, trincas, abalo de estrutura do imóvel etc.). Em
planos e projetos, uma abstração do que é vivido no cotidiano. ambos os casos, as áreas de remoção já estão definidas no PGE,
Esse urbanismo carrega as marcas da era industrial, uma vez sendo feitos ajustes e acertos no projeto executivo de cada
que pretende planificar e uniformizar o espaço, procurando área a receber intervenção. No que se refere à indenização, as
subsumir outros projetos para o urbano e impedir a opções dadas às famílias removidas são três: 1) indenização
emergência de outras centralidades, característica essencial pelas benfeitorias realizadas na casa, que consiste na avaliação
do urbano. da qualidade dos materiais utilizados na construção, mas
Ademais, a conclusão do PGE não implica, ignora a localização do terreno e o tamanho da casa, o que
necessariamente, a realização das obras e intervenções deixa o valor da indenização muito baixo; 2) compra de uma
previstas. Assim, a origem do Programa Vila Viva está casa pela prefeitura no valor de até R$ 30.000,00 à escolha da
diretamente relacionada à estratégia de captação de recursos família, o que implicaria na saída da favela para alguma área
junto a agências financiadoras – como a Caixa Econômica da região metropolitana afastada do centro, pois com esse
Federal, o BID, BNDES87 – para execução das obras previstas valor não é possível comprar uma casa em Belo Horizonte; 3)
nos um apartamento na favela de origem, construído no âmbito do
PGE. Sendo o Vila Viva um programa para implementação Programa Vila Viva.
das propostas dos PGE (obrigatórios para todas as vilas e Apesar de existirem três opções para indenização, os
favelas), esses dois elementos parecem compor um critérios utilizados para estabelecê-las têm implicações que
mecanismo que constrói a ideia da necessidade de se planejar acabam por restringir a possibilidade de escolha dos
a cidade dentro de uma concepção de planejamento e de moradores. O reassentamento autônomo (indenização em
urbanismo calcada no conhecimento técnico-científico, dinheiro), ao considerar só as benfeitorias, deixa as
independente das discussões políticas e sociais que perpassam indenizações muito baixas. No reassentamento monitorado, o
os problemas urbanos. valor máximo (R$ 30.000,00) é muito baixo para adquirir uma
O Programa Vila Viva, elaborado pela Prefeitura Municipal casa, sobretudo em Belo Horizonte. Os apartamentos se
de Belo Horizonte, por intermédio da URBEL, é vinculado à tornam, então, a única chance de permanência no local, o que
Política Municipal de Habitação e consiste em um conjunto de leva muitos moradores a escolher morar nos conjuntos
ações integradas, direcionadas à urbanização, ao construídos na própria favela. A realocação nos apartamentos
desenvolvimento social e à regularização fundiária em vila e – espaço distinto daquele das casas e barracos – implica
favelas de Belo Horizonte, além de procurar integrar outras transformações e mudanças para esses novos moradores;
políticas públicas para essa parcela da população. As apesar de terem permanecido no Aglomerado de origem,
intervenções em vilas e favelas de Belo Horizonte, no âmbito vivenciarão situações bastante novas, desconhecidas e
do Vila Viva, se iniciaram em 2004, no Aglomerado da Serra, diferentes das estratégias que criaram para sobreviver nesses
região centro-sul – a região mais nobre da cidade. De acordo locais: a laje, o pedaço90, as relações com os vizinhos, o
com informações do portal eletrônico da Prefeitura de Belo comércio em conjunto com a casa etc. Essa situação leva à
Horizonte,88 estão em curso intervenções nos aglomerados da perda de referências culturais e simbólicas e das relações de
Serra e Morro das Pedras, assim como nas vilas Califórnia, São vizinhança ligadas àquele espaço específico, coisas
José, Pedreira Prado Lopes e Taquaril. impossíveis de serem quantificadas e monetarizadas91. O
Os critérios utilizados pela URBEL para a escolha das vilas depoimento de uma moradora revela a importância dessa
e favelas que receberam as obras do Vila Viva não são claros. relação com os vizinhos.
Ao contrário do que se poderia supor, os primeiros locais a Em questão de vizinhança, eu preferia lá [casa de onde foi
receberem o Vila Viva são aquelas favelas que, em comparação removida] mesmo. Até porque eu cresci com os meninos
com outras, possuem uma melhor situação com relação ao vizinhos, que acabou virando minha família, que os irmãos
acesso a equipamentos sociais (saneamento, creches, escolas, casaram com as minhas irmãs, minha irmã casou na outra casa.
postos de saúde etc.). Movimentos sociais denunciam que os Então, em questão de amizade eu gostava mais de lá.
critérios para a escolha das vilas e favelas são definidos pelo (Moradora do Aglomerado da Serra há mais de 40 anos,
interesse do capital imobiliário, que tem como preferência as removida para construção de uma Área de Proteção Ambiental
regiões mais próximas do centro da cidade89. Assim, o e reassentada no apartamento).
objetivo seria melhorar determinadas áreas da cidade, Para os moradores que já tinham o desejo de morar em
modificando a paisagem da favela, os padrões urbanísticos e, apartamento, a remoção não significou uma imposição. Mas, e
principalmente, o sistema viário para atender demandas da aqueles que queriam permanecer no aglomerado, tinham
87Além de estabelecerem critérios e metas, esses órgãos financiadores operam 90CHAUI, Marilena de Souza. Conformismo e resistência: aspectos da cultura
numa lógica que privilegia os resultados, sobretudo quantitativos. Essas agências popular no Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1986.
estipulam prazos para a conclusão das ações que apoiam, o que também é uma
maneira de limitar as ações e induzir ao cumprimento das metas, mesmo que isso 91ZHOURI, Andréa; TEIXEIRA, Raquel. O. S. Paisagens industriais e
comprometa a qualidade. Assim, as chances da comunidade interferir para desterritorialização de populações locais: conflitos socioambientais em projetos
modificar ou ao menos ajustar/adaptar os projetos e planos ficam ainda mais hidrelétricos. In: ZHOURI, A.; SIANO, D. B. P.; LASCHEFSKI, K. (Org.). A
reduzidas. insustentável leveza da política ambiental: desenvolvimento e conflitos
socioambientais. Belo Horizonte: Autêntica, 2005.
88 Disponível em: <www.pbh.gov.br>. Acesso em: 04 abr. 2012.
89Ver, por exemplo, o Manifesto Vila Viva ou Vila Morta, disponível em:
<http://prod.midiaindepende nte.org/pt/blue/2008/10/429697.shtml>.
indenizações baixas e não queriam morar em apartamentos? da qual não se queria sair. Uma moradora relata as
Nesse sentido, é importante perceber como, para além dos transformações na vida da família decorrentes da mudança
desejos de cada morador, foi criado um mecanismo para para o apartamento.
conduzir os moradores a optarem pelos apartamentos. A Lá tinha liberdade total, brincava, tinha todos os
situação vivida por uma moradora do Aglomerado do Morro amiguinhos, conhecia todo mundo, descia e subia o beco não
das Pedras, removida devido a danos causados por obras do tinha problema nenhum, aí eles acostumaram muito lá. Agora
próprio Programa à sua casa, elucida essa questão. aqui [no apartamento] fica difícil porque eles ficam muito
Eles sempre oferecem, eles sempre oferecem para a pessoa preso, porque não pode ficar lá embaixo (Moradora do
(pelo menos é a gente fica sabendo) eles sempre oferecem a Aglomerado da Serra há mais de 30 anos, removida de área de
opção ou pegar o dinheiro ou ganhar o apartamento. No meu risco e reassentada no apartamento).
caso não, eles nem chegaram a oferecer o dinheiro nenhuma E sobre as contas, acrescenta:
hora. [...]. Eu já tinha preferência, mesmo se tivessem falado Quando eu morava em casa eu não tinha tanta conta para
“você tem a opção [do dinheiro ou do apartamento]” Eu já pagar como agora, é muita conta. Pra você ter ideia, quando
preferia o apartamento, porque como o meu barraco era muito você tá morando numa casa, você só paga sua luz e sua água,
pequeno, o dinheiro que ele valia não dava para comprar uma quando você está morando no apartamento, você tem que
casa. [...] Com certeza, porque a minha família está aqui, minha pagar condomínio, luz, água e alguns gastos a mais que
mãe mora aqui perto. Eu tinha que ficar aqui mesmo! acontece no prédio (Moradora do Aglomerado da Serra há mais
(Moradora do Morro das Pedras há 23 anos, removida devido a de 30 anos, removida de área de risco e reassentada no
danos causados por obra do Vila Viva à sua casa). apartamento).
Uma moradora que foi removida do Aglomerado da Serra, Parece que a pretensão é realizar um projeto civilizatório92
tinha uma indenização muito baixa e queria permanecer no que tem como referência, para a produção dos novos espaços
Aglomerado, afirmou: de reassentamento, o modelo urbano da cidade formal em
Olha, nós já não queríamos, nós não queríamos vir para cá detrimento da organização do espaço produzida na favela.
[o apartamento] não, foi difícil, ninguém quis. Minha filha teve Como afirma Rebouças (2000), persiste a ideia de que a
síndrome do pânico e ninguém quis ficar aqui não. A gente produção de novos espaços com referência em outros padrões
custou a acostumar aqui, porque a gente não conhecia possa transformar e melhorar as relações sociais e o padrão de
ninguém. [...]. Na casa que a gente morou lá em cima era mil vida da população reassentada.
vezes melhor, porque era bem mais espaçosa, terreiro e aquela A visão da Prefeitura, da URBEL e dos técnicos sociais,
coisa toda. Aqui, porque ... chegamos, não conhecia ninguém, a expressa nas reuniões do Projeto Pré-Morar com os
gente já não queria ficar aqui, a gente estava muito moradores, nas conversas informais e nos jornais de
acostumado com a casa lá em cima, os meninos [os filhos] divulgação das obras, é de que os apartamentos são a melhor
também. [...]. Eles não queriam muito não, eles [os filhos opção de reassentamento. Um dos técnicos sociais afirmou que
crianças] choraram muito quando nós saímos da casa. Essa os apartamentos significarão um salto na qualidade de vida
menina ali [uma das crianças de 5 anos] vivia pedindo para a dos moradores, tendo em vista a qualidade das casas em que
gente voltar para a casinha dela. Até hoje a gente passa lá a moravam; que os moradores, devido ao apego à casa de
gente vê o lugar onde foi a casa e ela fala “ali era onde eu origem, podem até não perceber isso em um primeiro
morava, eu queria voltar para minha casinha.”, quer dizer, eles momento, mas que, no futuro, eles verão. Por isso, todo o
sentem muita falta. (Moradora do Aglomerado da Serra há mais trabalho dos técnicos sociais está pautado nessa certeza, a
de 30 anos, removida de área de risco e reassentada no partir da qual tentam, de acordo com seus próprios termos,
apartamento). fazer um trabalho de convencimento do morador para
Essa situação evidencia a oposição entre o habitat e o conscientizá-lo das vantagens de morar no apartamento, que
habitar, como definidos por Lefebvre (1999). O habitat, fruto podem não estar claras devido ao apego à casa de origem, ao
de um urbanismo nascido no século XIX, restringe o ser modo de vida em casa ou até por falta de instrução. A ideia que
humano a alguns atos elementares como comer, dormir e os técnicos têm dos moradores da favela reflete a crença de
reproduzir-se. “O habitat foi instaurado pelo alto: aplicação de que eles necessitam de informações e de figuras técnicas para
um espaço global homogêneo e quantitativo obrigando o orientá-los quanto à melhor escolha a fazer, quanto à melhor
‘vivido’ a encerrar-se em caixas, gaiolas, ou ‘máquinas de forma de morar, quanto ao que será melhor para o
habitar’” (p. 81). Ao contrário, o habitar está associado ao aglomerado. Dessa forma, torna-se possível designar os
vivido, ao cotidiano, ao concreto, aos significados e moradores removidos como beneficiários, desqualificando o
sentimentos atribuídos ao espaço de moradia, para além do modo e a condição de vida em barracos e casas.
utilitarismo do habitat. Nesse sentido, a casa, a morada deve Nesse sentido, as ações do Pré-Morar são emblemáticas no
ser encarada não como um espaço para se dormir, comer e que se refere ao acionamento do discurso técnico para
reproduzir, pois o ser humano tem, além de necessidades, justificar posições, decisões e percepções, principalmente nos
desejos e projetos. Esses desejos e projetos geram momentos de questionamentos, conflitos e problemas com os
contradições, fissuras e resistência, coisas das quais o moradores. Nessa tentativa de conferir neutralidade às suas
urbanismo não dá conta, pois procura ignorá-las ou superá-las, ações e legitimá-las, as práticas culturais são contrapostas ao
por meio da homogeneização. discurso técnico, sendo, geralmente, classificadas como
Ao criar mecanismos para que os moradores removidos irracionais, ignorantes, sem que seja assumida a conotação
escolham os apartamentos, o Estado, nesse caso representado moral que perpassa esse discurso técnico93. A lógica pela qual
pela Prefeitura, amplia sua capacidade de controlar a vida das os técnicos operam “superficializa e esvazia as práticas sociais,
pessoas. O pagamento de contas, o controle do crescimento da destituindo-as de seu sentido”94; eles associam, àqueles
família imposto pela limitação do espaço e a falta de espaço moradores que não compartilham de suas visões, imagens de
para as crianças demonstram a impossibilidade de se carência de informação e, sobretudo, de formação, tentando,
reproduzir, ou mesmo repor, com um apartamento, uma casa dessa forma, anular as formas autônomas de agir e pensar.
Guardas Municipais no Brasil95 Em contrapartida, a segurança pública está sob o mesmo título
A Constituição Federal (CF), de 1988, apresentou em seu das questões de segurança nacional, como defendido pela
art. 144, a segurança pública como "dever do Estado, direito e coalização governista da constituinte, o que indica a falta de
responsabilidade de todos". Nos termos do artigo, os órgãos clareza entre uma e outra que esteve presente durante a
responsáveis pela segurança pública, são: Polícia Federal, ditadura militar brasileira. Isso contribuiria para a inadequada
Polícia Rodoviária Federal e Polícia Ferroviária Federal, visão da segurança pública não como serviço público para o
subordinadas à União; Polícias Civis, Polícias Militares e cidadão, mas voltada para garantir a segurança do Estado
Corpos de Bombeiros Militares, subordinados aos entes desde o início do período democrático.
federativos; e, de maneira auxiliar, as Guardas Municipais. A passagem do período ditatorial brasileiro para o Estado
Conforme a redação do artigo, os prefeitos de cada município democrático trouxe uma desconfiança em relação ao Estado. A
podem optar por instituir, ou não, as guardas municipais, com presença autoritária e controladora, característica de
a função de proteção do patrimônio público municipal. A ditaduras militares, continuou a se reverberar na área da
temática da segurança pública, que era tradicionalmente segurança pública: "a dimensão negativa do Estado encontrou
competência dos governos estaduais, a partir das atividades sua forma mais evidente e sua representação mais próxima do
das polícias militares e civis, mudou a partir da CF de 1988, passado autoritário exatamente na área de segurança pública,
trazendo a possibilidade de ampliação de atribuição a partir da nas polícias militares, judiciárias e na federal" (MISSE;
instituição das guardas municipais. Nesse sentido, a função BRETAS, 2010, p.9). Assim, o afastamento dos militares,
social das guardas municipais no Brasil foi definida pela juntamente com o aumento da violência urbana, levou a
Constituição de 1988, de preservação dos próprios municipais. população a colocar em xeque o papel das polícias,
No entanto, essas organizações apresentaram outras mobilizando organizações da sociedade civil para buscarem
configurações (MISSE; BRETAS, 2010). A atuação das guardas modelos alternativos para a seara da segurança pública
municipais aparecia ora como uma polícia comunitária, em (BRETAS; MORAIS, 2009).
que também atuava na repressão ao crime, ora como uma No entanto, ao longo do período de redemocratização ficou
organização que mantinha o seu papel tradicional, de evidente a permanência dos traços autoritários da ditadura
preservação do patrimônio público municipal. militar brasileira. A CF de 1988 foi elaborada por constituintes
A Constituição Federal da República de 1988 no âmbito da que traziam consigo os resquícios do autoritarismo, do
segurança pública, foi elaborada por constituintes que traziam militarismo, além da forte presença das Forças Armadas. A
consigo a bagagem autoritária do período ditatorial brasileiro temática da segurança pública estava incluída na ‘Subcomissão
com a arquitetura institucional fragmentada militarizada e de Defesa do Estado, da Sociedade e de sua Segurança", ligada
com a relevante atuação das Forças Armadas. O sistema de à "Comissão da Organização Eleitoral Partidária e Garantias
segurança pública foi debatido pela Subcomissão de Defesa do das Instituições", o que representa a permanência dos ideais
Estado, da Sociedade e de sua Segurança, que era ligada à das Forças Armadas de Defesa do Estado, conforme demonstra
Comissão da Organização Eleitoral Partidária e Garantias das Fontoura, Rivero e Rodrigues (2009). Santos (2016) também
Instituições. De acordo com Fontoura, Rivero e Rodrigues chama a atenção para o significado que o próprio nome da
(2009), essa foi a primeira vitória das Forças Armadas no subcomissão revela.
processo de elaboração da Constituição. Os integrantes das O próprio nome da subcomissão já antecipava os conflitos
Forças Armadas eram interessados na manutenção dos latentes entre sociedade e Estado e quão difícil seria garantir
aspectos militares já constituídos, como o serviço militar os direitos civis diante de um legado histórico institucional que
obrigatório, a jurisdição especial para crimes de natureza priorizou por muitas décadas a defesa do Estado em
militar, além da manutenção das Polícias Militares e da detrimento da segurança individual e social. Logo, a tarefa
subordinação dessas ao Exército. reservada aos progressistas que buscavam alcançar mudanças
Em contrapartida, o movimento de esquerda pela no status quo do setor se mostrava extremamente complexa
cidadania, pelo Estado democrático, e grupos mais (SOARES, 2009, p. 10).
progressistas não tinham uma proposta homogênea para a De um lado, havia o desejo dos integrantes das Forças
temática de segurança pública e para as polícias. Alguns Armadas de manterem os seus privilégios, assim como a
defensores dos direitos humanos, profissionais da área, como manutenção e subordinação das polícias militares ao Exército;
juristas da área criminal levantavam a bandeira da de outro lado, partidos de esquerda e grupos mais
desmilitarização da polícia, no entanto, a proposta não tinha progressistas, não elaboraram uma proposta que fosse
consenso e não foi objeto de grandes investimentos por parte homogênea para o campo da segurança pública. Defensores de
desse grupo. Dessa forma, não se observou uma esquerda direitos humanos e profissionais da área, ainda que
participativa para evitar a continuidade do regime militar e defendessem a desmilitarização da polícia, não possuíam um
repensar as polícias, que foram essenciais para a manutenção entendimento comum para a proposta de repensar a
do regime anterior e deveriam ser repensadas para atuarem organização (FONTOURA; RIVERO RODRIGUES, 2009). Esse
no Estado democrático. cenário possibilitou que características essenciais do regime
Neste cenário, a discussão foi mobilizada e defendida pelos anterior permanecessem, uma vez que a discussão
atores que buscavam a manutenção do arranjo institucional do apresentou, em sua maioria, pessoas que defendiam a
período ditatorial. Com o fim da ditadura brasileira, as Forças manutenção do arranjo institucional, como policiais, militares,
Armadas tinham preocupação com as questões de segurança burocratas e professores vinculados ao Exército (SANTOS,
nacional e com a segurança pública, por isso era interessante 2016).
que elas permanecessem razoavelmente juntas. O papel dos No texto constitucional, a inclusão das guardas municipais
militares na elaboração da constituinte foi decisivo para a atraiu discussões sobre quais papéis iriam desempenhar: se
forma final do texto. atuavam na proteção do cidadão ou na proteção do patrimônio
É importante ressaltar que a CR de 1988 trouxe pela público, além das discussões sobre o porte de arma de fogo. E
primeira vez um capítulo dedicado a segurança pública, o devido a esse dissenso que o município aparece de forma
terceiro capítulo de título V — Da Defesa do Estado e das restrita na área da segurança pública ficando facultada ao
Instituições Democráticas. E positivo o fato da temática se gestor municipal a criação, ou não, de uma Guarda Municipal.
inserir na defesa do Estado e das instituições democráticas. Nesse sentido, é possível entender a Constituição de 1988,
como um dispositivo que estabeleceu a atribuição da executada entre etapas municipais, estaduais e, finalizando,
segurança pública para os governos estaduais, aos quais as com a etapa nacional. Entre princípios e diretrizes que foram
polícias estão subordinadas e aos municípios ficou a estabelecidos estava entre eles a consolidação do papel do
possibilidade de constituir guardas municipais, limitadas à município como cogestor da segurança pública. Uma das
preservação dos próprios municípios e impedidas de atuar na diretrizes aprovadas foi a regulamentação das guardas civis
defesa dos cidadãos (FONTOURA• RIVERO; RODRIGUES, como polícias municipais (IPEA, 2010).
2009). No âmbito legislativo, desde 2001, propostas de emendas
Contudo, o cenário após a democratização revelou que as constitucionais tramitavam no Congresso Nacional, que
transformações com a Constituição não acarretaram tinham como conteúdo a ampliação das atribuições e
mudanças significativas na segurança pública, diferente do competências das guardas municipais. Os debates sobre o
que ocorreu em outras áreas, em que foi presente a tendência tema centravam em duas principais vertentes: a primeira que
de municipalização (como na saúde e educação). Esse defendia uma interpretação literal do texto constitucional; e a
fenômeno levantou, novamente, o tema da descentralização segunda vertente que interpretava as guardas municipais de
(MISSE BRETAS, 2010). uma forma mais completa e sistêmica, de acordo com o
A partir dos anos 2000, começou a se desenhar uma contexto que estavam inseridas (CARUSO; ANJOS, 2005). No
atuação integrada entre as forças de segurança pública. Na entanto, como são instituições públicas, inseridas no texto
esfera federal, houve a criação da Secretaria Nacional de constitucional na parte "Da Segurança Pública" as guardas
Segurança Pública (SENASP) em 1995, a criação do Conselho municipais vieram encontrando respaldo para continuarem
Nacional de Segurança Pública (CONASP) e a elaboração do suas atividades de policiamento a critério e interpretação da
Plano Nacional de Segurança Pública em 2000. Esse último lei por parte de cada prefeito municipal" (CARUSO, ANJOS,
estabeleceu o Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP). A 2005, p. 17). Em 2002 foi apresentada a Proposta de Emenda
criação da SENASP, do CONASP, a construção do Plano à Constituição (PEC) no 534/2002, que dispõe sobre a
Nacional de Segurança Pública, juntamente com o FNSP alteração do art. 144 da Constituição Federal para dispor sobre
marcaram um processo de alargamento e as competências da guarda municipal e criação da guarda
multidimensionalidade dessa temática e de criação e nacional ainda pendente de aprovação no Senado Federal
ampliação das guardas municipais (KAHN ZANETIC, 2009). O (CARUSO• ANJOS 2005)
Plano Nacional de Segurança Pública (2000), em seu capítulo Dessa forma, o que se observa é que tanto no âmbito
IV, apresenta o tema: Reformas substantivas na esfera nacional, como no municipal houve um aumento na atuação do
municipal: segurança pública no município a Guarda município na temática da segurança pública, a qual foi
Municipal para tratar da questão. reconhecida como um problema social, que não apenas se
O Fundo Nacional de Segurança Pública foi construído com resolve com a melhoria da infraestrutura das polícias, mas
o objetivo de apoiar projetos na área de segurança pública. também com investimentos em outros setores.
Assim, os entes federativos e os municípios podem solicitar No ano de 2014 foi aprovado o Estatuto Geral das Guardas
verbas ao Governo Federal para desenvolvimento de ações, no Municipais, pela Lei 13 022/2014. A nova legislação
entanto, uma das exigências para os entes municipais era que caracteriza as guardas municipais como instituições de caráter
existisse a Guarda Municipal. Contudo, a Lei nº 10.201/01 do civil, uniformizadas e armadas e atribui como competência
FNSP foi alterada pela Lei no 10.746/03, em 2003, e aqueles geral das guardas municipais a preservação do patrimônio
municípios que não possuíssem guardas, mas apresentassem público municipal (art. 40). A aprovação do Estatuto vem com
atividades que incentivassem o trabalho de policiamento a aposta de uma maior regulamentação e delimitação das
comunitário, desenvolvessem diagnósticos e planos de atividades que as guardas municipais já vinham exercendo. O
segurança elou possuíssem Conselho Municipal de Segurança, objetivo do Ministério da Justiça é que as guardas não
também poderiam pleitear recursos. O que significa a confundam suas atribuições e sua identidade institucional com
valorização, no âmbito nacional da dimensão preventiva que as das polícias militares (KOPOTTKE 2016).
também poderia ser exercida pelos municípios (RICARDO' Entre as competências específicas (art. 5 0), a Lei, além de
CARUSO 2007). Também houve investimentos em programas reforçar a função de zeladoria dos bens, equipamentos e
sociais municipais que tivessem caráter preventivo e com foco prédios públicos; também ressalta a função de prevenção e
na questão da criminalidade e violência, o que significa a inibição, pela presença e vigilância da instituição, de infrações
aposta no potencial preventivo das políticas públicas penais ou administrativas e atos infracionais que atentem
municipais. contra os bens, serviços e instalações municipais; além de
Esta tendência de crescimento da participação dos ressaltar atividades preventivas, desenvolvimento de ações de
municípios na segurança coincide internacionalmente com o prevenção primária à violência e atuação mediante ações
aparecimento no campo da segurança de teorias como broken preventivas na segurança escolar, entre outras competências.
windows e policiamento comunitário e orientado a problema A nova legislação também reforça em seu art. 12: "E
— teorias que apontam também para a necessidade de incluir facultada ao Município a criação de órgão de formação,
outros recursos — além dos tipicamente policiais — para a treinamento e aperfeiçoamento dos integrantes da guarda
solução de problemas criminais (KAHN c ZANETIC 2009, p. municipal" e ressalta em seu §3 0 que esse órgão não pode ser
84). o mesmo destinado à formação, treinamento ou
Em 2005, observa-se a continuação do esforço de defender aperfeiçoamento das forças militares. Além disso, também é
a centralidade do papel do município, com o Guia para a esclarecido em seu art. 15 que os cargos em comissão deverão
prevenção do crime e da violência, o qual orienta a atuação das ser providos por membros efetivos do quadro de carreira do
guardas municipais e a Malriz curricular da SENASP, cujo órgão. Ambos os aspectos demonstram a tentativa da nova
objetivo é contribuir para a construção da identidade legislação de diferenciar as atribuições das polícias militares e
profissional das guardas. Em seguida, houve a elaboração do das guardas municipais, "o estatuto das guardas veio
Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania exatamente para tentar reverter essa referência simbólica e
(Pronasci), em 2007, dirigido pelo Ministério da Justiça. Entre cultural que as polícias militares exercem e a mimetização
os seus princípios, o programa enfatizava a implementação institucional que despontava como tendência natural"
dos seus mecanismos para a atuação local, o que também (KOPITTKE 2016, p. 78), com a tentativa de que as guardas
atribuiu ao ente municipal a possibilidade de ser responsável municipais construam sua própria identidade organizacional,
pelo combate à criminalidade. Em 2009, ocorreu a I a partir da formação e da ocupação de cargos de comando.
Conferência Nacional de Segurança Pública (CONSEG),
Dessa forma, o que se observa a partir da legislação objetivo foi apresentar o que a literatura revela sobre o perfil
nacional é que há uma tentativa de distanciar as duas de atuação, a identidade e as 29 atividades das guardas
instituições, Guarda Municipal e Polícia Militar. Nesse sentido, municipais, assim delimitando o estado atual e as
para a construção de guardas municipais que possam ter contribuições desta pesquisa para a temática da segurança
atuação diferenciada das demais instituições do campo da pública municipal.
segurança pública e possam ser protagonistas de novas formas A inclusão dos municípios, a partir da CF de 1988, não
de prover segurança, é fundamental a distinção entre as duas trouxe efetivamente a sua participação na segurança pública,
instituições no que diz respeito ao controle estruturação o seu papel ficou restrito à instituição de guardas municipais e
hierárquica e capacitação (FBSP 2016). a sua função de proteção de bens, serviços e instalações do
município. Apesar da limitação legal, várias prefeituras
Alguns números sobre as Guardas Municipais no criaram Guardas Municipais, com o objetivo de atender às suas
Brasil necessidades imediatas. No entanto, o que se observou foi a
Conforme foi visto, o ano de 2014 apresentou um marco criação de instituições com atribuições limitadas, com uma
para as Guardas Municipais do País em virtude da aprovação ausência de regulamentação específica, o que repercutiu na
da Lei 13.022/2014. No entanto, a nova legislação estabeleceu ausência de um perfil institucional para a estruturação da
um prazo de dois anos para que tais mudanças sejam organização, além da própria restrição imposta pelas polícias
implementadas, dessa forma, os dados que serão apresentados militares (PATRÍCIO, 2008; MARIANO, 2004; BRETAS
a seguir, da última pesquisa disponível do Perfil dos Estados e MORAIS, 2009). Dessa forma, foram constatadas implicações
dos Municípios Brasileiros (IBGE 2014) não se pode atribuir na ordem estrutural, identitária e no exercício de sua missão
eventuais mudanças na estrutura e funcionamento dessas (PATRICIO, 2008, p. 68), assim como a criação de organizações
instituições, em função do novo Estatuto. sem um caráter definido, com variadas personalidades
As guardas municipais no Brasil estavam presentes em jurídicas e que, muitas vezes, eram próximas dos modelos
1.081 dos 5.570 municípios brasileiros, isso corresponde a 19 policiais (CARUSO; ANJOS, 2005).
4% dos municípios, em 2014. Esse número aumentou ao longo Na década de 90, o aumento da criminalidade violenta e da
de oito anos, em 2006 as guardas municipais estavam em 14 1 insegurança tomaram conta dos debates públicos enquanto
0 0 e em 2012 passou para 17,8% (MUNIC, 2014). Conforme uma demanda política. Nesse sentido, a temática das guardas
foi observado anteriormente, um dos fatores desse aumento municipais se apresentou na arena pública com
pode ser o incentivo da SENASP, a partir do Fundo Nacional de questionamentos sobre quais deveriam ser as suas funções,
Segurança Pública. sobre a expansão do número de guardas, sobre a sua criação,
De acordo com os dados do Índice Mineiro de assim como sobre os possíveis modelos que poderiam adotar
Responsabilidade Social (IMRS), da Fundação João Pinheiro, e sobre como integrá-las às outras forças de segurança pública
sobre a existência de guardas municipais em Minas Gerais, (MISSE, BRETAS, 2010, p. 10).
durante o período analisado (2009, 2012 e 2014) os dados Esse contexto possibilitou que, na prática das guardas
poucos se alteraram. Em 2009, 93,7% dos municípios mineiros municipais, fosse possível observar o exercício de diferentes
não contavam com guardas municipais, sendo que apenas tipos de atuação. Como no policiamento preventivo em escolas
6,3% afirmaram a existência de guardas municipais em seus municipais, em parques públicos e no trânsito, e muitas vezes
municípios. No ano de 2012, esse valor pouco se alterou, extrapolando suas funções previstas constitucionalmente,
aumentou um pouco, sendo 93,1% aqueles que afirmaram não com a realização do policiamento ostensivo e repressivo,
possuir guardas municipais e 6,9% afirmaram que existiam. rondas escolares e auxílio à Polícia Militar. Como será visto
No último ano analisado, 2014 93% dos municípios afirmaram nesta dissertação, a GMBH também apresentou ao longo de sua
que não contar com guardas municipais e 7% afirmaram a trajetória desvios de funções, realizando outras atividades
existência. para além da proteção dos próprios públicos municipais. Além
Sobre o uso de armas de fogo pelas guardas municipais não de realizarem outras atividades, também acabaram
foram identificadas mudanças significativas entre os anos de incorporando estruturas e unidades militarizadas, com a
2006 e 2014. Conforme os dados da Munic (2014) em 2006, função de realizarem um policiamento especializado e
entre aqueles municípios que responderam que tinham repressivo em seus territórios (MARIANO 2004). Como
guardas municipais, 16,2% afirmaram que elas utilizavam demonstram Ribeiro e Diniz (2014), em seu estudo sobre as
armas de fogo, isso corresponde a 127 dos municípios, em atividades realizadas por essas organizações, destacam que
números absolutos. Em 2012, esse percentual passou para 15 algumas delas tentam reproduzir o padrão de constituição e
4%, correspondendo a 153 guardas municipais e para 15,6%, funcionamento das Polícias Militares, o que significa
em 2014, significando 169 guardas municipais que afirmaram armamento, uniformes e padrão de formação igual ao das
utilizar armas de fogo. É importante ressaltar que em relação Forças Armadas (que é o que orienta as Polícias Militares).
aos dados do IBGE em 2014 0 Estado de São Paulo era aquele Além disso, como não foi colocada como condição de
que possuía o maior número de guardas municipais que criação das guardas municipais a presença de especialistas
contavam com a arma de fogo para o desempenho de suas qualificados para formular um projeto de instituição de
atividades. Enquanto o Estado de Minas Gerais foi aquele que segurança municipal, assim como não existia um saber
estava entre os estados que não possuíam nenhuma guarda especializado e técnico para coordenar as novas condições, os
municipal que fazia o uso de arma de fogo, assim como os prefeitos municipais optaram por chamar os policiais militares
Estados de Rondônia, Amazonas, Roraima, Amapá e Piauí. para a condução e gestão do processo de constituição das
Realidade que já foi modificada, com a utilização da arma de guardas, reconhecidos como os únicos especialistas em fazer
fogo em Belo Horizonte. segurança pública (MISSE; BRETAS, 2010) e, assim, se tornou
uma prática comum a presença de policiais militares (da ativa
Perfil de atuação, identidade e atividades das guardas ou aposentados) nos postos de comando das guardas
municipais municipais, "muitos deles impregnados com as visões mais
A unidade de análise deste trabalho é a Guarda Municipal tradicionalistas de segurança pública" (BRETAS; MORAIS,
de Belo Horizonte, para tal foi necessário compreender o 2009, pág. 160).
campo de conhecimento pelo o qual já foram consolidados e Esses servidores das polícias estaduais trouxeram para as
compartilhados saberes sobre as guardas municipais no Brasil. guardas civis a lógica, as regras e os vícios estruturais de suas
Já foi demonstrado o percurso normativo na instituição, assim instituições de origem, o que, na prática, contribuiu para que
como o seu panorama em números no País, nesta seção, o
as guardas civis não tivessem identidade própria como órgão Além disso, foi recorrente e pôde ser observada na atuação
municipal de segurança pública (MARIANO, 2004, p. 116). municipal a confusão estabelecida entre o que significa o
A presença de policiais militares no comando dessas policiamento ostensivo e o policiamento repressivo,
instituições pode ter acarretado uma confusão sobre a provavelmente devido à cultura repressiva (MARIANO, 2013).
natureza do seu trabalho (PATRÍCIO, 2008), assim como na O que caracteriza o policiamento ostensivo é o fato do
indefinição do seu mandato, gerando uma ausência de agente de segurança ser reconhecido pela população por meio
identidade institucional, o que fez com que as guardas do uniforme ou da farda. Os GCMs usam uniformes porque não
assumissem diversos formatos e orientações. são militares. A Polícia Militar (cm uma tradição de
Não é raro que algumas instituições quase que policiamento ostensivo repressivo. Para as (GCA4s se
reproduzam métodos, ideologias e indicadores de avaliação apresentarem como Valor de oxigenação do sistema de
comuns ao universo policial militar assim como se vejam como segurança pública, devem realizar o policiamento ostensivo
uma espécie de "minipolícia", sem, no entanto, possuir o preventivo (grifos do autor (MARIANO, 2013, p. 1 15).
respaldo legal que lhe confira o poder de polícia tão Dessa forma, na visão do autor, a função das guardas
requisitado pelos guardas (PATRÍCIO 2008 p.69). municipais deveria ser ocupar esse vácuo constitucional, no
Ricardo e Caruso (2007) reforçam que a presença de que diz respeito à prevenção. As Guardas Municipais, por
policiais militares no comando de muitas guardas municipais atuarem na esfera local, possuem maior potencial para
ajuda a compreender o motivo da presença de códigos atuarem no trabalho preventivo e comunitário. No âmbito
simbólicos a reprodução pelos guardas da policial militar, municipal, é mais fácil combinar ações preventivas policiais
internalizados durante o processo de formação profissional. com outras ações de políticas públicas sociais, de prevenção à
Em contrapartida: criminalidade e à violência, do que no âmbito estadual e
No momento cm que interagem com policiais militares nas nacional. E no âmbito local que são sentidos os efeitos
ruas da cidade, esta possível "aderência" a uma identidade cotidianos da violência e da criminalidade (CARUSO; ANJOS,
policial desmorona, já que nesta relação assimétrica, 2005).
estabelece-se a dualidade nos (policiais) versus outros No entanto, o que se tem observado é um entendimento de
(guardas municipais). Os (as) guardas vivem, portanto, numa que as guardas municipais fizessem ou substituíssem o mesmo
permanente negociação de suas identidades. Ora são "quase- papel das polícias militares, assim como os próprios guardas
policiais", ora não sabem o que são (RICARDO e CARUSO, 2008, municipais, muitas vezes, desejam ser policiais militares e os
p. 108). próprios gestores municipais incentivam esta forma de
Soares (2005) apresentou uma análise das guardas atuação próxima à da PM (MARIANO, 2013). Se apresentarem
municipais, em que ele as entende como instituições sem enquanto uma instituição preventiva e comunitária é um
metas claras e compartilhadas, que não atuavam segundo desafio para as guardas municipais, uma vez que passa pela
padrões comuns e, assim, não apresentavam uma identidade necessidade de criarem novos paradigmas.
institucional e não haviam sido elemento de questionamento Muniz (2000) reconhece como O desconhecimento sobre o
ou alvo de propostas reformadoras. Soares afirmava que elas papel decisivo dos municípios nas políticas públicas de
também não possuíam organograma bem composto, segurança no Brasil, tem comprometido, de forma,
transparente, com uma dinâmica de fluxos racionalizados e substantiva, os esforços de se construir e enraizar políticas e
apoiados em um regimento interno disciplinar e funcional. programas tecnicamente adequados e consequentes no
Assim como não apresentavam hierarquia, cadeia de comando âmbito da segurança pública (MUNIZ, 2000, p. 50).
ou gerenciamento adequado de informações, controle interno Assim, o modelo de municipalização da segurança pública,
ou externo, nem mecanismos de legitimidade, confiabilidade e com a proposta de oferecer novas formas de promoção da
eficiência. Também não era possível identificar nas guardas segurança, tem levado a posições políticas distintas em relação
processos de recrutamento, de formação e de qualificação ao papel da Guarda Municipal, em que de um lado defende o
orientados por uma identidade profissional reconhecida. O sistema tradicional definido constitucionalmente, o qual a
acesso à tecnologia de informação e comunicação era precário, instituição atuaria na proteção dos próprios municipais; e
assim como os equipamentos e a preparação física. outro lado que defende a atuação das guardas municipais
Frequentemente, não se observava símbolos distintivos, também nas questões que afetam à prevenção do crime e da
rituais próprios, uma linguagem particular e uma metodologia violência, ampliando a sua atuação com atividades de
de comunicação com a sociedade. Não havia padronização dos policiamento ostensivo. Esta segunda dimensão tem sido
regimes de trabalho, uniformização nas vestimentas e no majoritária.
acesso a armamento, assim como não apresentavam Ricardo e Caruso (2007), em pesquisa realizada com as
treinamento adequado para utilização de armas de fogo. guardas municipais do Brasil afirmam que ao estudar o seu
Soares (2005) continuava afirmando que faltava uma funcionamento, acompanhando suas ações e em contato com
política de segurança pública municipal em que as guardas seus integrantes, tiveram a oportunidade de perceber que
municipais fossem protagonistas, a qual elas revelem metas cada guarda municipal se adapta e toma o contorno de acordo
claras e publicitadas, um horizonte de ação, que lhes sejam com o entendimento de seu comandante. Essa característica
determinados um perfil e uma identidade institucional, assim leva a dificuldade de se definir a instituição enquanto guardas
como um conjunto de ações. profissionais, uma vez que determina de modo personalista o
Dessa forma, Mariano afirmava, desde os anos 2000, a que é prioritário para a organização, "seus arranjos
importância da regulamentação e estabelecimento de um organizacionais, plano de carreira, formação e
perfil das guardas municipais, ainda que o autor reconheça o aperfeiçoamento profissional, gestão e critérios de avaliação
desafio de que essas instituições se apresentem enquanto um de desempenho são fluidos, inconstantes e pouco
novo sistema de segurança pública e que ainda que não estruturados" (RICARDO; CARUSO, 2007, p. 108).
estejam constitucionalmente institucionalizadas como polícia O que os autores chamaram a atenção foi o
(MARIANO 2004 2013). Pesquisas na década de 2000 desconhecimento e o quão complexa a instituição Guarda
demonstraram como a falta de uma legislação nacional, que Municipal pode ser, assim como os seus integrantes. Eles
regulamentasse e padronizasse as guardas municipais, podem ser identificados como os agentes públicos mais
fizeram com que uma variabilidade de instituições municipais próximos da população, o que significa que podem aparecer
surgisse, ficando a cargo dos prefeitos a orientação para a sua como uma figura que faz parte da dinâmica urbana de vários
atuação. municípios e, dessa forma, são para os guardas municipais que,
muitas vezes, a população solicita atendimento e pede alguma
informação. Contudo, questionamentos surgem para os de policiamento repressivo. O segundo modelo, quando as
cidadãos, como: quem são os guardas, se eles são a mesma guardas são chefiadas por civis elou outras pessoas que não
organização que a Polícia Militar, se eles são subordinados a possuem um papel institucional muito definido, estas são
Polícia Militar, se podem prender e multar (RICARDO; caracterizadas pela tendência a acumular a função de proteção
CARUSO, 2007). Em pesquisa realizada com os guardas do patrimônio público com outras tarefas.
municipais de Betim, município do estado de Minas Gerais Diante da análise proposta pelos autores e da instituição
(CARDEAL 2015), foi revelado que a maioria dos guardas GMBH, a qual se configura enquanto uma guarda que foi
concordava que a população do município tinha uma visão comandada por policiais militares ao longo de sua trajetória e
positiva sobre a atuação da instituição, além disso, foi a partir de 2015 passou a ser dirigida por um profissional de
encontrado um alto número de guardas que percebiam que carreira, assim como a portar arma de fogo, a instituição, de
eram frequentemente acionados pelos cidadãos. Contudo, a acordo com o modelo de Ribeiro e Diniz (2014), enquadrar-se-
avaliação positiva e a alta procura pelo trabalho da Guarda ia no primeiro modelo, das guardas municipais chefiadas por
Municipal não significava um entendimento sobre a função policiais militares ou profissionais de carreira. De acordo com
desempenhada pelos agentes municipais. A maioria deles o modelo de Vargas e Oliveira Junior (2010), a GMBH seria
afirmou que os moradores de Betim não entendiam a função uma Polícia Municipal. Um dos objetivos da presente pesquisa
desempenhada pela organização. Dessa forma, em seus foi tentar desvelar quais são as principais atividades e funções
espaços de atuação, os guardas municipais, cotidianamente, da GMBH a partir de 2017 e, assim, entender que tipo de
também administram e mediam conflitos e deles são organização os guardas pretendem que a GMBH seja.
esperadas respostas encaminhamentos e resolução das
demandas que surgem (RICARDO' CARUSO 2007). No entanto, Algumas referências sobre a Guarda Municipal de Belo
não está claro e nem é consensual qual o papel dos guardas Horizonte
municipais, quais as atividades que podem desempenhar, o De acordo com Vargas (2010), a Guarda Municipal de Belo
que pode levar a uma crise identitária entre os seus membros. Horizonte, entre os anos de 2007 e 2008, contava com o efetivo
Vargas e Oliveira Júnior (2010), também concordam que a de 1.085 guardas, sendo apenas duas guardas do sexo
presença das guardas municipais vem sendo ampliada, assim feminino. Na época da pesquisa, a sua atuação era restrita aos
como a concepção de segurança pública é alargada, no sentido próprios municipais, dentre os quais 306 com presença fixa e
que o aumento da incidência da violência e do sentimento de 567 sem presença fixa. A maioria das suas atividades era em
insegurança da população trazem esse debate. Os autores postos fixos e uma pequena parcela realizava rondas
reforçam o papel desempenhado pela Senasp, conforme foi motorizadas ou a pé, cujo objetivo era dar apoio aos guardas
descrito no início desta seção. Para eles, o Programa de em postos fixos ou realizar visitas preventivas nos próprios
Segurança Pública para o Brasil, que tem o objetivo de trazer o que não contavam com presença física de guardas. Vargas
maior envolvimento dos municípios nas políticas de segurança (2010) chama atenção para a importante forma de
pública; e o Guia para a prevenção do crime e da violência nos apropriação do território pela estabilidade do efetivo em cada
municípios e a Malriz Curricular promovem a filosofia próprio, o que permitia o desenvolvimento de laços de
preventiva e comunitária, assim como "consideram confiança com a comunidade.
claramente equivocada a abordagem repressiva e o uso de Desde o início da condução da GMBH, a locação do efetivo
arma de fogo pelos guardas dos municípios" (VARGAS; foi feita pelos gestores, levando em conta os locais de maiores
OLIVEIRA JUNIOR, 2010, p. 86). necessidades. Em um segundo momento, a organização do
Os autores sublinham que é necessário saber para qual efetivo passou a considerar as demandas por segurança feitas
direção estão indo os diferentes projetos de funcionamento da pelos próprios funcionários públicos da prefeitura. Em relação
segurança pública e se esses trazem inovações para a área. à forma de atuação dos guardas, eles percebiam que era
Além da análise dos próprios projetos para as guardas importante que não trabalhassem sozinhos, por razão de
municipais, que ficam entre a restrição ao seu papel segurança. No entanto, a ampla demanda por parte dos
estabelecido pela Constituição ou a extrapola, qual é a direção servidores dos próprios municipais e a limitação do efetivo,
que estão tomando e se vão de encontro ao estabelecimento de impediu que isso ocorresse (VARGAS, 2010). Nessa época, a
uma cultura organizacional própria devem ser considerados. guarda era dividida em três setores, agrupando as nove
Para isso, os autores também elaboraram um modelo analítico, regionais da capital, sendo que cada um deles ficava sob a
em que dividiram em três vértices, com tipos de estrutura de responsabilidade de um gerente, provenientes da Polícia
policiamento e perfis de atuação das guardas municipais. Militar. Os tipos de próprios municipais mais atendidos eram:
O primeiro vértice é de uma Polícia Municipal, em que a centros de saúde escolas municipais, parques municipais
guarda atuaria na prevenção juntamente com a repressão, unidades municipais de ensino infantil núcleo de atendimento
assumindo as funções das outras forças de segurança pública. à família conselho tutelar rodoviária, praça da estação, sede da
A característica da guarda desse modelo é do patrulhamento prefeitura, dentre outros.
ostensivo, com o patrulhamento das ruas e de aplicador da lei. Acerca da competência da GMBH, a pesquisa (VARGAS,
O segundo vértice é de uma Polícia Comunitária, em que a 2010) identificou que os gestores da época frisavam a atuação
atuação da guarda é preventiva e próxima à comunidade, as da organização municipal de proteção do usuário, do servidor
principais características são de uma atuação apaziguadora e público e do próprio municipal, destacando a limitação da
de mediação de conflitos. Por fim, o terceiro vértice é a de uma atuação, o que era reforçado na orientação e no treinamento
Guarda Patrimonial, em que a atuação é delimitada à defesa do dos guardas. No entanto, essa dimensão parecia presente
patrimônio, na proteção dos próprios municipais, como apenas para os gestores, os quais viam como bem definido o
previsto pela Constituição Federal. Sendo a característica papel e limitação de atuação da Guarda. Para os próprios
principal a proteção de bens e de pessoas, usuários e guardas pareciam ainda confusos sobre quais eram as suas
servidores do patrimônio municipal atividades e o que os diferenciava de outros agentes,
Em pesquisa realizada sobre a distribuição das Guardas principalmente aqueles da segurança pública.
Municipais no território brasileiro, Ribeiro e Diniz (2014) A formação dos guardas era semelhante àquela oferecida
contribuíram apresentando dois modelos de Guardas aos soldados da Polícia Militar de Minas Gerais no que se refere
Municipais: o primeiro deles as guardas que são chefiadas por à hierarquia, disciplina, ordem unida e militarismo (VARGAS,
policiais militares e profissionais de carreira. Estas são 2010, p. 87). De acordo com a autora, a formação era orientada
caracterizadas por possuírem uma identidade muito própria, para um treinamento próximo ao da PM, mas também
realizando a função de guardas patrimoniais elou com a função apresentava técnicas de acordo com a referência estabelecida
pela matriz curricular da SENASP de mediação de conflitos e de IO anos da realização dessa pesquisa (VARGAS; OLIVEIRA
projetos de prevenção. JUNIOR; SILVA, 2010), nos interessava saber em que direção a
Por fim, desde 2008, o futuro previsto para a GMBH era de Guarda Municipal de Belo Horizonte estava se dirigindo.
uma presença da instituição na segurança pública.
Entre os gestores da Secretaria e da Guarda é bastante Histórico da Política Nacional de Segurança96
difundida a percepção de que no futuro dar-se-á o alargamento Segue-se a descrição de um processo (sucessivas
das suas atribuições em direção a uma participação efetiva na tentativas de formular e implantar políticas por meio da
segurança pública, atuando no policiamento preventivo da elaboração de planos), buscando-se compreender seus
cidade e administrando os conflitos dc menor potencial principais movimentos (os avanços e recuos, as pressões e
agressivo. Nesta ótica vislumbra-se uma divisão de trabalho reações, a indução e as negociações que marcaram a
com a Polícia Militar, ficando a cargo desta instituição a ação experiência recente dos diversos atores relevantes na área da
de repressão. Esta expectativa, ancora-se na percepção de que Segurança Pública, em âmbito nacional). Não por acaso, o
no futuro a tendência é a de aumento da criminalidade e de verbo adotado é descrição, em vez de avaliação. Por prudência
demandas por mais serviços policiais e, consequentemente, e honestidade intelectual, descartemos falsas expectativas: é
inflação do trabalho da PM que paulatinamente irá repassar à muito difícil proceder a uma avaliação de políticas de
GMBH atividades que hoje são exercidas por ela (VARGAS, segurança pública, assim como da performance policial. Não se
2010 1). 1 17) trata de uma dificuldade exclusivamente brasileira. Em todo o
Vargas, Oliveira Júnior e Silva (2010) partiram do mundo, entre os especialistas e gestores, estudiosos e
pressuposto de que a Guarda Municipal de Belo Horizonte, profissionais que atuam na área, essa é uma questão
buscava se identificar como sendo um modelo patrimonial controversa. As polêmicas se sucedem em seminários
próprio, ainda sem uma cultura organizacional, mas tomava internacionais e visitas de consultores. É simples entender:
por referência uma cultura policial já estabelecida. Além disso, determinada política pode ser virtuosa e, ainda assim, os
também partiram da hipótese de que o perfil dos guardas pode indicadores selecionados podem apontar crescimento dos
seguir as seguintes tendências: protetor de bens público e de problemas identificados como prioritários – por exemplo,
pessoas (restrito à vigilância dos próprios, repassador do que taxas de certos tipos de criminalidade. O contrário também é
não é de sua competência, garantidor de segurança dos verossímil: podem conviver uma política inadequada e bons
usuários e dos servidores do patrimônio municipal); resultados.
apaziguador/mediador (manutenção da paz, atuando próximo
e com o auxílio da comunidade, e prioritariamente na A problemática da avaliação
identificação e prevenção dos delitos); e aplicador da Deixando de lado hipóteses mais simples, como os efeitos
lei/repressor (policiamento ostensivo, realizado por meio do de sazonalidade e a relatividade da aceleração, há a hipótese
patrulhamento das ruas, buscando aplicar as leis aos prosaica de que fatores sociais promotores das condições
comportamentos desviantes) (VARGAS; OLIVEIRA JUNIOR; favoráveis à reprodução ampliada de práticas criminosas –
SILVA, 2010, p. 134). fatores independentes de ações policiais e externos ao âmbito
Nesse sentido, eles identificaram que existia um grupo de de intervenção de políticas públicas de segurança – continuem
guardas na GMBH, ou uma tendência entre eles, que a produzir seus efeitos e o façam em razão de diversos motivos
corresponderia à capacidade de mediação e interação como alheios à área em foco, com potência crescente. Nesse caso,
um elemento importante de trabalho. Assim, observa-se um mesmo que a política de segurança fosse adequada, inteligente
primeiro perfil de guarda, mais moderado, reflexivo e voltado e consistente, eficiente, eficaz e efetiva, ainda assim os
para a comunidade. Contudo, também havia um componente indicadores poderiam ser negativos. Provavelmente, seriam
relacionado à figura do herói, aquele guarda que seria forte, menos maus do que se a referida política não estivesse sendo
corajoso e com a capacidade de ajudar as pessoas. Essa ênfase adotada, mas isso conduziria o analista a um argumento contra
aproxima a GMBH ao modelo da Polícia Militar, sendo factual impossível de testar e, portanto, de comprovar.
configurado como um estilo de atuação mais repressivo, O contrário também seria viável: os referidos fatores
próximo ao aplicador da lei. negativos poderiam perder força ou mesmo desaparecer,
Além disso, também foram percebidos perfis de respostas produzindo resultados positivos e alheios às políticas de
dos guardas municipais que foram coerentes com o mandado segurança.
constitucional da instituição e da orientação da gerência. Consideremos quatro exemplos da participação
O dever de repassar os atendimentos ao órgão competente relativamente autônoma de fatores negativos (o primeiro e o
(geralmente a PM), não atuar nas ruas em nenhuma hipótese e quarto fatores citados, a seguir, são, na verdade, positivos, em
ver-se como prestadora de serviços auto define a GM como si mesmos, porém negativos do ponto de vista de seu provável
guarda patrimonial, que restringe sua atuação aos espaços dos impacto sobre a segurança pública): dinâmicas demográficas
próprios e limita a autorização de uso da força física, ou a qualidade da saúde pública materno-infantil, ou o
demarcando, claramente, a diferença de papéis, em relação à aperfeiçoamento das condições sanitárias, fruto de processo
PM (VARGAS; OLIVEIRA JUNIOR; SILVA, 2010, p. 141). de urbanização, levam ao aumento do número de jovens na
O que a define, portanto, como protetora de bens públicos população. Sabemos que a magnitude da presença de jovens
e de pessoas. A pesquisa apresentou uma importante na população constitui uma variável significativa para o
conclusão, a qual indicou que esse perfil de protetora de bens panorama da criminalidade e da violência. Eis aí um contexto
públicos é o último que aparece entre as outras dimensões favorável ao crescimento do número de crimes.
apresentadas. Sendo o primeiro, o mais forte e representativo, Desastres naturais, como enchentes e tornados, podem
o de ser uma polícia ou guarda comunitária. Por fim, em gerar desabastecimento, desespero e uma onda de saques, de
relação à cultura organizacional, afirmaram que ela ainda tal maneira que se produza um ambiente propício à
estava em formação, mas se aproximava de uma guarda com proliferação de práticas criminosas de tipos diversos, contra a
perfil mais próximo do modelo comunitário, principalmente vida e o patrimônio.
ao se referir na relação com o público. Contudo, elementos do Crise econômica, provocando desemprego em massa e
perfil da polícia municipal, o aplicador da lei e repressivo, aprofundando desigualdades, na contramão de uma cultura
também estavam presentes. Nesse sentido, passados em torno
hegemônica individualista e igualitária, pode funcionar como opção sexual e da classe social. Em ambas as situações, os
vetor facilitador da difusão de práticas criminosas. números dos crimes tenderiam a crescer (não os fatos, os
Crescimento econômico e elevação da renda média, números), e a qualidade da ação preventiva e repressiva se
universalização do acesso ao ensino público, em ambiente de ampliaria (reitere-se a observação cautelar assinalada antes).
intenso desenvolvimento tecnológico, no contexto da Claro que há sempre o recurso a pesquisas de vitimização,
expansão do que se convencionou chamar “sociedade do que medem eventos e percepções. Repetidas com
conhecimento ou da informação”, tornam simples a regularidade, são o meio mais seguro para acompanhar
reprodução doméstica de obras culturais (como filmes e quantidades e tipos de ocorrências, assim como a confiança
gravações musicais) e incontrolável sua distribuição ilícita, popular nas polícias. Todavia, não resolvem o problema da
colocando em xeque os termos que tradicionalmente definem avaliação, porque persistem os motivos referidos.
a propriedade intelectual e alimentando verdadeira avalancha Há também as profecias que se auto cumprem e os efeitos
dos crimes apelidados “pirataria”. não intencionais da ação social – efeitos perversos ou de
Cada uma das quatro hipóteses – ou as quatro, associadas composição. Sobretudo quando avaliações não se esgotam nos
– corresponde (m) a um conjunto de fatores independentes da exercícios acadêmicos e se convertem em instrumento de
performance policial ou das políticas de segurança, e configura monitoramento, indução, distribuição de recursos e de capital
(m) cenários em que boas práticas – políticas e performance político. Quando políticas e performances são avaliadas para
virtuosas – não podem mais do que reduzir danos ou limitar fins de aprimoramento, ônus e bônus são distribuídos a
consequências negativas. Seria injusto e inadequado avaliá-las gestores e corporações, conforme os resultados colhidos. Essa
pelo resultado agregado do entrechoque de dinâmicas, vetores perspectiva altera o próprio objeto da avaliação, para o bem ou
e processos, a não ser que o fizéssemos comparativamente a para o mal, complexificando todo o processo. Note-se que pode
situações análogas. ser um equívoco premiar com recursos os Estados ou as áreas
Em certo sentido, vetores independentes – esses e outros, que apresentam os dados mais graves, as taxas mais elevadas
incluindo aqueles que, a par de intrinsecamente positivos, de criminalidade, uma vez que a valorização pode tornar
exercem pressão auspiciosa – estão sempre atuando, atrativo o fracasso; tanto quanto fazer o inverso pode
sobretudo em momentos de instabilidade. Como é impossível condenar ao abandono, e ao círculo vicioso do agravamento
isolar o campo de intervenção das políticas e das que se retroalimenta, a situação mais necessitada de apoio.
performances a serem examinadas, impõem-se cautela e uma Resultados paradoxais – isto é, eminentemente positivos,
boa dose de ceticismo na aplicação da cláusula ceateris- mas, simultaneamente, geradores de efeitos negativos (sendo
paribus – reconheçamos que, a rigor, ela só é aplicável em essa ambivalência sincrônica ou diacrônica, conforme o caso)
laboratório, hipótese que não se presta aos fenômenos sociais. – constituem outra fonte de problemas para avaliações. Por
O quadro começa a ficar realmente interessante quando isso, uma boa política deve manter-se aberta, autorizando
observamos que o sucesso ou o fracasso de tais políticas e mudanças sucessivas de orientação, a partir, entretanto, de
performances concorrem para a formação de vetores linhas gerais permanentes. Tal abertura corresponderia ao
independentes positivos ou negativos, o que relativiza a reconhecimento do caráter dinâmico do quadro sobre o qual
própria noção de independência dos fatores, com a qual pretende incidir – o dinamismo, aqui, espelha os movimentos
trabalhamos até aqui. derivados dos próprios impactos precipitados pela política
Há outras dificuldades: o aprimoramento dos serviços de adotada. Não se trata, portanto, exatamente, nem de profecias
segurança pública pode elevar o grau de confiança da que se auto cumprem (porque os problemas contemplados
população nas polícias, o que, por sua vez, pode levar ao preexistiam à intervenção dirigida para resolvê-los e não são
crescimento do volume das denúncias ou dos registros de agravados por dita intervenção; pelo contrário, são
crimes. É o que tipicamente ocorre quando, por exemplo, o amenizados ou solucionados) nem de ações geradoras de
Estado oferece às mulheres um atendimento respeitoso e efeitos perversos (porque os efeitos visados são alcançados).
diferenciado, mediante a qualificação de policiais e da No entanto, os resultados positivos – esses aos quais
instalação de Delegacias Especializadas (as Deam). Os delitos atribuímos a qualidade da ambivalência e do paradoxo – criam
computados crescem exatamente quando a performance novos desafios.
melhora e uma política positiva se implementa – o que, em Um exemplo: digamos que o aprimoramento das
geral, leva os incautos na mídia e os espertos na oposição a investigações policiais aumente a taxa de esclarecimento de
críticas injustas e precipitadas. Políticas especificamente determinados crimes, reduzindo a impunidade. Disso pode
dedicadas à redução da homofobia e do racismo produzem o resultar o estímulo ao desenvolvimento de técnicas mais
mesmo efeito. Via de regra, o efeito é sentido em qualquer área sofisticadas de organização, comunicação e ação dos
e se potencializa quando são as instituições da segurança criminosos que atuam na área em causa. Mais bem
pública e da Justiça criminal, em seu conjunto, que se organizados, equipados e orientados, os criminosos podem
aprimoram e conquistam credibilidade. tornar-se mais ambiciosos e mais perigosos, em suas escolhas
Pesquisas demonstram que o cidadão não procura a polícia e ações. O custo do investimento nesse esforço de qualificação,
quando é vítima de um crime, principalmente por três razões: por parte dos criminosos, pode ser compensado pela inflação
medo de ser maltratado pela própria polícia; ou de ser alvo de do valor dos objetos ou bens (materiais ou imateriais) por eles
vingança por parte do agente do crime e de seus cúmplices; e visados – essa inflação pode ser, por sua vez, determinada pelo
descrença na capacidade da polícia, o que tornaria inútil seu aumento do risco das operações necessárias para obter tais
esforço de ir à Delegacia. Deduz-se, portanto, que, se os bens ou objetos. O aumento do risco provém seja da melhoria
resultados começarem a aparecer, produzir-se-á um círculo dos serviços policiais (um bem em si mesmo, uma vez que gera
virtuoso e as denúncias e registros tenderão a chegar, um sem-número de benefícios para a sociedade) seja do
aumentando a capacidade de investigação e antecipação das endurecimento das leis penais – o que mostra quão falsa pode
polícias – se a gestão for orientada de modo adequado. ser a suposição de que leis mais duras são eficientes no
Evidentemente, o argumento só é válido se os registros combate ao crime.
crescerem até certo ponto, bem entendido; ponto dificilmente Tome-se o caso das drogas: na medida em que se aperta o
identificável, ex-ante, a partir do qual produzir-se-ia um efeito cerco ao tráfico internacional, maiores passam a ser os riscos
de saturação. do transporte ilegal e da distribuição para o varejo. A leitura
O mesmo valeria para o caso de as polícias demonstrarem ingênua deduziria dessa adição de custos uma eventual
que passaram a adotar atitudes respeitosas para com os tendência à desaceleração do comércio de drogas. Contudo, o
cidadãos, independentemente da cor, do bairro, da idade, da que é mais difícil e envolve mais riscos tem mais valor e passa
a exigir, para realizar-se, pagamento correspondente ao novo Um território em que prospere a impunidade; marcado por
valor, inflacionado, paradoxalmente, pelos novos obstáculos baixa qualidade dos serviços nacionais de segurança; no qual
agregados à provisão do serviço ilícito. Ganhos mais elevados, armas ilegais circulem livremente; em que haja vastos espaços
por seu turno, implicam mais estímulo a investimentos nessa para treinamento, distantes da atenção de instituições do
área da economia ilegal e maior capacidade de recrutamento Estado e pouco acessíveis à mídia. Um território que propicie
de operadores dispostos a enfrentar óbices e riscos. Ou seja, a acesso praticamente ilimitado a tecnologia e comunicações de
espiral descrita faz de cada ônus acrescido ao ato criminoso primeira qualidade, servido por transporte rápido e eficiente
uma promessa de benefício, uma ampliação da recompensa. para qualquer parte do mundo – ou seja, inserido na
O mesmo vale para o caso da corrupção: aprimoramento globalização, mas relativamente refratário, por força de sua
dos instrumentos de controle, intensificação de ações soberania, à voracidade panóptica dos países centrais. Um
repressivas e aumento de penas tornam o custo da território politicamente independente, que não se envolva em
transgressão mais elevado. No entanto, o ciclo não se esgota aí. profundidade com os conflitos nos quais os terroristas estejam
Considerando-se que a parcela do ganho ilícito (digamos que implicados; no qual não haja grandes segmentos populacionais
se trate de fraudar uma licitação) apropriada pelo mediador tendentes a engajar-se na política das regiões em conflito; em
criminoso é, por definição, elástica, o aumento do risco pode que a situação política interna seja estável; e no qual a
promover um novo arranjo, em cujo âmbito se reduza a economia favoreça o emprego de força de trabalho nativa
margem de lucro do beneficiário da fraude – sem subtrair-lhe barata. Claro que o Brasil se destacaria, portanto, como opção
atratividade –, e se eleve, proporcionalmente, o percentual que preferencial, fosse esse o cálculo dos terroristas. Nesse
cabe ao broker, mantendo-se, para ele ou ela, o interesse da sentido, convergiriam ação eficiente antiterror em outros
operação. Se o processo inflacionar excessivamente o valor da países com a desatenção – para dizer o mínimo – nacional: o
operação, pode, ao invés de desestimulá-lo, suscitar a resultado poderia ser a migração para nosso país de bases de
mudança de sua qualidade, tornando-a ainda mais danosa. Por treinamento e operação terroristas.
exemplo, provocando o entendimento entre os competidores Observe-se que não só resultados são pertinentes para a
da licitação para que a manipulem, incluindo-a em pacote mais avaliação. Processos e metas intermediárias, identificadas por
abrangente, em cujos termos todos os envolvidos se diagnósticos institucionais como especialmente relevantes,
beneficiariam, a médio prazo, lesando-se com mais devem ser objetos de acompanhamento crítico sistemático.
proficiência e em maior intensidade o interesse público. Isso Por exemplo: a qualidade da formação e da capacitação dos
não significa que nada haja a fazer e que Estado e sociedade policiais e demais profissionais que atuam no campo da
devam render-se ao inevitável. Mas significa, sim, que segurança pública; a consistência dos dados produzidos; os
intervenções realmente efetivas requerem mais engenho e métodos de gestão; a confiabilidade e efetividade dos
arte – isto é, mais atenção à complexidade do que suporia controles interno e externo etc. Para o caso das políticas
necessária a visão ligeira do problema. preventivas, os programas aplicados podem ter valor segundo
Nesse contexto, talvez ganhem sentido algumas perguntas distintos critérios, independentemente de resultados
que, de outro modo, provavelmente soariam inconsequentes e perceptíveis a curto prazo. Nesse sentido, acrescente-se que a
arbitrárias: o chamado “problema das drogas” não decorreria perspectiva temporal é necessária para uma avaliação
justamente da criminalização, tornando-as matéria de rigorosa, mas nem sempre factível, dada a natureza prática da
segurança pública? E a corrupção, não a estaríamos própria avaliação, útil, afinal de contas, para o monitoramento
combatendo por métodos caros e contraproducentes? Hoje, no corretivo do sistema examinado, cujo aprimoramento não
Brasil, há muitos mecanismos de controle, que envolvem pode aguardar uma década de estudos comparativos.
gastos consideráveis e um verdadeiro cipoal burocrático, Deixemos por ora a reflexão sobre os limites da avaliação
dificultando imensamente a gestão e exigindo exação fiscal de de políticas de segurança pública e de performance policial e
efeitos recessivos. Talvez esse emaranhado oneroso e passemos à descrição dos planos que prescrevem políticas de
paralisante exerça um papel contraditório, alimentando a segurança pública, assim como dos movimentos encetados
corrupção, pelos motivos supra expostos. pelos atores relevantes para implementá-los. O âmbito de
Efeitos paradoxais das políticas de segurança e da observação é nacional e o período são os últimos oito anos
performance policial podem ser, ainda, as migrações das (2000-2007, ainda em curso).
práticas criminosas: o sucesso de determinadas intervenções
locais acaba provocando o deslocamento dos crimes para Governos Fernando Henrique Cardoso: tímida
bairros contíguos, cidades próximas ou estados vizinhos. O gestação de um novo momento
resultado agregado pode, com isso, manter-se inalterado ou Sucessivos ministros da Justiça do segundo governo
deteriorar-se, uma vez que migrações podem implicar Fernando Henrique Cardoso (FHC), com a colaboração de
disputas por território e intensificação do recurso à violência secretários nacionais de segurança, gestavam, lentamente, um
para que se viabilize o empreendimento criminoso. Há plano nacional de segurança pública, quando um jovem
também a migração não-geográfica, mas de tipo de crime: sobrevivente da chacina da Candelária, Sandro, sequestrou, no
quando a repressão de roubos a banco aumenta, os criminosos coração da Zona Sul carioca, o ônibus 174, ante a perplexidade
podem deslocar-se para a prática de sequestros e daí para o de todo o país, que as TV transformaram em testemunha inerte
roubo de cargas – e assim sucessivamente. da tragédia, em tempo real. Ato contínuo, o presidente da
O mesmo ocorre em âmbito internacional: mais rigor no República determinou que seus auxiliares tirassem da gaveta
combate ao terrorismo, por exemplo, pode induzir o papelório, e decidissem, finalmente, qual seria a agenda
deslocamento de suas bases para áreas periféricas às disputas nacional para a segurança, pelo menos do ponto de vista dos
políticas centrais – do ponto de vista dos protagonistas do compromissos da União. Em uma semana, a nação conheceria
terror. Coloquemo-nos na posição do agente do terror. O que o primeiro plano de segurança pública de sua história
ele procura? De que ele precisa (além de dinheiro e militantes) democrática recente, o qual, em função do parto precoce,
para criar seus meios de intervenção, treinando suas equipes precipitado a fórceps, vinha a público sob a forma canhestra
e reunindo informações para planejar ações? São de listagem assistemática de intenções heterogêneas.
indispensáveis as seguintes condições: acesso a um território Assinale-se que, antes, no primeiro governo FHC, deram-se
situado em uma região geopoliticamente estável e pacífica, que passos importantes para a afirmação de uma pauta
suscite pouca suspeita e baixo interesse, por parte das especialmente significativa para a segurança pública, quando
agências de inteligência dos países diretamente envolvidos se a concebe regida por princípios democráticos: foi criada a
nos confrontos terroristas.
secretaria nacional de Direitos Humanos e formulou-se o O espírito democrático da maioria dos ministros da Justiça
primeiro plano nacional de Direitos Humanos. que se revezaram no governo corroborou esse verdadeiro e
Faltava àquele documento a vertebração de uma política, o involuntário capitulacionismo. Escusando-se de intervenções
que exigiria a identificação de prioridades, uma escala de mais ousadas, renunciando à iniciativa reformista, ministros e
relevâncias, a identificação de um conjunto de pontos secretários nacionais repetiram à exaustão reuniões com
nevrálgicos condicionantes dos processos mais significativos, secretários estaduais de Segurança e chefes das polícias, no afã
de tal maneira que mudanças incrementais e articuladas ou de persuadi-los a participar do esforço nacional, por exemplo,
simultâneas e abruptas pudessem alterar os aspectos-chave, de uniformização da linguagem informacional das polícias –
promovendo condições adequadas às transformações pré-requisito indispensável para o estabelecimento de
estratégicas, orientadas para metas claramente descritas. Isso, condições mínimas para a cooperação operacional. A pequena
entretanto, não se alcança sem uma concepção sistêmica dos sabotagem, a miudeza das arestas interpessoais, o atrito entre
problemas, em Sequestro do ônibus 174 no Jardim Botânico, projetos e as rivalidades políticas combinaram-se e criaram o
no Rio de Janeiro: o sequestrador Sandro do Nascimento, com caldo de cultura para que prosperasse o que se poderia
a refém Geísa Gonçalves, negocia com a polícia, após deixar o denominar “política do veto”, graças à qual todo o movimento
ônibus. nacional rumo à racionalização administrativa e à
Suas múltiplas dimensões, sociais e institucionais; modernização institucional tornava-se refém da má vontade
tampouco se obtém sem um diagnóstico, na ausência do qual de uma autoridade estadual, do mau humor de um
também não se viabiliza o estabelecimento de metas e de personagem obscuro, de uma crispação corporativa, de uma
critérios, métodos e mecanismos de avaliação e medíocre disputa provinciana.
monitoramento. O documento apresentado à nação como um De todo modo, destaque-se que o período Fernando
plano não atendia aos requisitos mínimos que o tornassem Henrique Cardoso marcou uma virada positiva, democrática e
digno daquela designação. progressista, modernizadora e racionalizadora, na medida em
Entre as boas ideias daquele “plano”, destacava-se o que conferiu à questão da segurança um status político
reconhecimento da importância da prevenção da violência, superior, reconhecendo sua importância, a gravidade da
tanto que derivou daí o Plano de Integração e situação e a necessidade de que o governo federal assuma
Acompanhamento dos Programas Sociais de Prevenção da responsabilidades nessa matéria; e firmou compromisso
Violência (Piaps) cuja missão era promover a interação local e, político com a agenda dos direitos humanos, mais
portanto, o mútuo fortalecimento dos programas sociais especificamente, na área da Segurança Pública, com uma pauta
implementados pelos governos federal, estadual e municipal, virtuosa (prevenção; integração Inter setorial e
que, direta ou indiretamente, pudessem contribuir para a intergovernamental; valorização da experiência local;
redução dos fatores, potencialmente, criminógenos. A ambição qualificação policial; estímulo ao policiamento comunitário;
era formidável, assim como os obstáculos à sua execução. Dada apoio ao programa de proteção às testemunhas e à criação de
a estrutura do Estado, no Brasil, caracterizada pela ouvidorias). Infelizmente, a riqueza da pauta não se fez
segmentação corporativa, reflexo tardio da segunda revolução acompanhar dos meios necessários e suficientes para sua
industrial, nada é mais difícil do que integrar programas execução – entendendo-se, nesse caso, os meios em sentido
setoriais, gerando, pela coordenação, uma política amplo: faltaram verbas, orientação política adequada,
intersetorial. Sobretudo quando a pretensão ultrapassa o liderança e compromisso efetivos, e um plano sistêmico,
domínio de uma única esfera de governo e se estende aos três consistente, que garantisse uma distribuição de recursos
níveis federativos. correspondente às prioridades identificadas no diagnóstico.
Importantes esforços foram feitos pela Secretaria Nacional Observe-se que, antes das movimentações tímidas, porém
de Segurança Pública (Senasp) na direção certa: o inaugurais, do governo FHC, o campo da segurança pública, no
estabelecimento de condições de cooperação entre as âmbito da União, marcara-se por indiferença e imobilismo,
instituições da segurança pública; o apoio a iniciativas visando resignando-se os gestores federais a dar continuidade a
a qualificação policial; o investimento (ainda que tímido) na práticas tradicionais, adaptando-as ao novo contexto
expansão das penas alternativas à privação da liberdade; o democrático, consagrado pela Constituição de 1988. As
desenvolvimento de perspectivas mais racionais de gestão, estruturas organizacionais, entretanto, permaneceram
nas polícias estaduais e nas secretarias de segurança, através intocadas pelo processo de transição para a democracia,
da elaboração de planos de segurança pública, nos quais se coroado pela promulgação da Carta Magna cidadã. As
definissem metas a alcançar. autoridades que se sucederam limitaram-se a recepcionar o
Exemplo maior da atenção tardia e modesta do segundo legado de nossa tradição autoritária, acriticamente,
governo Fernando Henrique Cardoso à segurança foi a criação reproduzindo suas características básicas, introduzindo
do Fundo Nacional de Segurança Pública, que ficaria sob meros ajustes residuais. Ou seja, as polícias e suas práticas
responsabilidade da Senasp e que, supostamente, serviria de deixaram de ser, ostensivamente, voltadas com exclusividade
instrumento indutor de políticas adequadas. No entanto, ante para a segurança do Estado, redirecionando-se, no
a ausência de uma política nacional sistêmica, com prioridades perfunctório, para a defesa dos cidadãos e a proteção de seus
claramente postuladas, dada a dispersão varejista e reativa das direitos – sobretudo ao nível do discurso oficial e dos
decisões, que se refletia e inspirava no caráter dispersivo e procedimentos adotados nas áreas afluentes das cidades.
assistemático do plano nacional do ano 2000, o Fundo acabou Todavia, a velha brutalidade arbitrária permaneceu como o
limitado a reiterar velhos procedimentos, antigas obsessões, traço distintivo do relacionamento com as camadas populares,
hábitos tradicionais: o repasse de recursos, ao invés de servir em particular os negros, nas periferias e favelas. O mesmo se
de ferramenta política voltada para a indução de reformas passou com o sistema penitenciário e os cárceres, de um modo
estruturais, na prática destinou-se, sobretudo, à compra de geral.
armas e viaturas. Ou seja: o Fundo foi absorvido pela força da Os tempos mudaram, o país passou-se a limpo, em certo
inércia e rendeu-se ao impulso voluntarista que se resume a sentido, adequando-se à nova ecologia política, ante a
fazer mais do mesmo. Alimentaram-se estruturas esgotadas, ascensão dos movimentos sociais e do associativismo, mas as
beneficiando políticas equivocadas e tolerando o convívio com instituições da segurança pública preservaram seus obsoletos
organizações policiais refratárias à gestão racional, à formatos – com o ciclo de trabalho policial dividido, entre
avaliação, ao monitoramento, ao controle externo e até mesmo Polícia Militar e Polícia Civil –, sua irracionalidade
a um controle interno minimamente efetivo e não administrativa, sua formação incompatível com a
corporativista. complexidade crescente dos novos desafios, sua antiga
rivalidade mútua, seu isolacionismo, sua permeabilidade à 2. Os pontos fundamentais do acordo a celebrar seriam a
corrupção, seu desapreço por seus próprios profissionais, seu normatização do Sistema Único de Segurança Pública (Susp) e
desprezo por ciência e tecnologia, e seus orçamentos a desconstitucionalização das polícias.
irrealistas, que empurravam os profissionais ao segundo 3. Aos governos estaduais e federal caberia instalar
emprego na segurança privada ilegal e em atividades Gabinetes de Gestão Integrada da Segurança Pública, um em
nebulosas. cada estado, que funcionaria como braço operacional do Susp
Em uma palavra, a transição democrática não se estendeu e começaria a trabalhar com base no entendimento político,
à segurança pública, que corresponde a um testemunho vivo antes mesmo da normatização que o institucionalizaria.
de nosso passado obscurantista e, do ponto de vista dos O GGI seria um fórum executivo que reuniria as polícias, de
interesses da cidadania, ineficiente. Ainda que as realidades todas as instâncias, e, mediante convite, as demais instituições
estaduais e regionais sejam muito diferentes, as instituições da da Justiça criminal. As decisões seriam tomadas apenas por
segurança pública tornaram-se, via de regra, parte do consenso, para que se eliminasse o principal óbice para a
problema, em vez de solução. cooperação interinstitucional: a disputa pelo comando. Como
se constatou haver ampla agenda consensual, para ações
Primeiro governo Lula: proposta audaciosa que a práticas, na área da Segurança Pública, não se temeu a
política abortou paralisia pelo veto. Observe-se que os GGI começaram a
O primeiro mandato do presidente Lula teve início sob o operar, imediatamente, e, nos raros Estados em que, nos anos
signo da esperança para a maioria da população, e também seguintes, não foram esvaziados pelo boicote político,
para aqueles que se dedicavam à segurança pública e renderam frutos e demonstraram-se formatos promissores.
acreditaram nas promessas de campanha. Em fevereiro de 4. Cumpriria ao governo federal, por sua vez, não
2002, Luiz Inácio Lula da Silva, como pré-candidato à contingenciar os recursos do Fundo Nacional de Segurança
Presidência da República pelo Partido dos Trabalhadores (PT) Pública, em 2003; e aumentá-lo, consideravelmente, nos anos
e presidente do Instituto Cidadania, acompanhado dos subsequentes – razão pela qual foi iniciada negociação com o
coordenadores do Plano Nacional de Segurança Pública,3 Banco Mundial e o BID, visando um aporte a juros subsidiados
apresentou-o à nação, no Congresso Nacional, ante a presença de U$ 3,5 bilhões, por sete anos. O Fundo Nacional de
do ministro da Justiça, Aloysio Nunes Ferreira, do presidente Segurança seria aceito pelos credores como a contrapartida do
da Câmara, Aécio Neves, e do presidente do Senado, Ramez governo federal.
Tebet. 5. Também competiria ao governo federal enviar ao
O Plano foi recebido com respeito até mesmo pelos Congresso Nacional a emenda constitucional da
adversários políticos, porque, de fato, era nítido seu desconstitucionalização das polícias e, como matéria
compromisso com a seriedade técnica, repelia jargões infraconstitucional, a normatização do Sistema Único de
ideológicos, assumia posição eminentemente não-partidária e Segurança Pública.
visava contribuir para a construção de um consenso mínimo 6. Uma vez endossados os termos do acordo com os 27
nacional, partindo do suposto de que segurança pública é governadores, o presidente os convocaria para a celebração
matéria de Estado, não de governo, situando-se, portanto, solene do Pacto pela Paz, reiterando, politicamente, o
acima das querelas político-partidárias. Sagrado candidato, compromisso comum com a implantação do Plano Nacional de
Lula incorporou o Plano a seu Programa de Governo. Segurança Pública.
O Plano Nacional de Segurança Pública foi elaborado no Estivemos muito próximos de alcançar o entendimento
âmbito do Instituto Cidadania, ao longo de mais de um ano de nacional em torno das reformas, uma vez que os governadores
trabalho, tendo-se ouvido gestores, pesquisadores, se dispuseram a colaborar, endossando a carta de adesão que
especialistas e profissionais das mais diversas instituições e foi submetida à apreciação de cada um. Entretanto, o
regiões do país, formados nas mais diferentes disciplinas, além presidente Lula, para surpresa dos que construíam o consenso
de lideranças da sociedade, em todo o país. Os coordenadores por meio de delicadas negociações, não confirmou a
também buscamos incorporar, na medida do possível, as participação do governo no Pacto Nacional. Não chegou a
experiências bem-sucedidas, nacionais e internacionais. Eleito haver, portanto, o passo número seis. Se o presidente tivesse
Lula, coube à Secretaria Nacional de Segurança Pública, órgão convocado os governadores para a celebração do Pacto,
do Ministério da Justiça, aplicar o Plano, o que começou a ser completaríamos as etapas quatro e cinco, quase
feito, até que sucessivos sinais foram deixando clara a automaticamente, sem maiores traumas – a despeito de
indisposição do governo para levar adiante a integralidade dos dificuldades naturais, mas, certamente, superáveis,
compromissos assumidos. considerando-se a força política, então, do presidente, além da
O autor foi secretário nacional de Segurança Pública de liderança dos governadores.
janeiro a outubro de 2003, tendo-lhe cabido colocar em O presidente reviu sua adesão ao Plano e desistiu de
marcha as primeiras etapas do Plano, nomeadamente: prosseguir no caminho previsto, porque percebeu – na
interlocução com a instância que, à época, se denominava
1. Construir um consenso com os governadores em torno “núcleo duro do governo” – que fazê-lo implicaria assumir o
do próprio Plano, de suas virtudes, sua conveniência, sua protagonismo maior da reforma institucional da segurança
oportunidade, sua viabilidade, demonstrando os benefícios pública, no país, ou seja, implicaria assumir a responsabilidade
que proporcionaria para o conjunto do país e para cada estado, pela segurança, perante a opinião pública. E isso o exporia a
em particular, se fossem feitos os esforços necessários, em riscos políticos, pois a responsabilidade por cada problema,
moldes cooperativos, suprapartidários, republicanos, para em cada esquina, de cada cidade, lhe seria imputada. O
que se superassem as resistências corporativas, as limitações desgaste seria inevitável, uma vez que os efeitos práticos de
materiais, as dificuldades operacionais e de gestão, e se uma reorganização institucional só se fariam sentir a longo
implementassem as medidas propostas. Modular em sua prazo.
estrutura, o Plano deveria ser implantado etapa por etapa, o Dada a contradição, no Brasil, entre o ciclo eleitoral (bienal,
que implicaria – era a prospecção otimista que fazíamos – posto que os detentores de cargos executivos engajam-se,
afirmação progressiva da tendência a que se ampliassem as necessariamente, nas disputas para as outras esferas
bases de apoio ao próprio plano, gradualmente, nas polícias e federativas) e o tempo de maturação de políticas públicas de
na sociedade. maior porte e vulto (aquelas mais ambiciosas, que exigem
reformas e ferem interesses, provocando, em um primeiro
momento, reações negativas e efeitos desestabilizadores),
torna-se oneroso, politicamente, arcar com o risco das divisão do trabalho entre polícias municipais, estaduais e
mudanças, e, portanto, do ponto de vista do cálculo utilitário federais, de acordo com a complexidade dos crimes a serem
do ator individual, torna-se irracional fazê-lo. enfrentados, sabendo-se, entretanto, que todas atuariam em
Assim, em 2003, chegamos a um acordo nacional em torno regime de ciclo completo, ou seja, investigando e cumprindo o
de transformações significativas e criamos uma nova agência patrulhamento uniformizado.
operacional, os GGI, mas os resultados se perderam em O Brasil é uma República federativa; é uma nação
decorrência da alteração de rota no ministério da Justiça e no continental, marcada por profundas diferenças regionais.
Planalto. Soluções uniformes não são necessariamente as melhores.
As características elementares do Plano Nacional de Além disso, soluções uniformes acabam se defrontando com a
Segurança Pública do primeiro mandato do presidente Lula política de veto, praticada por estados que não têm condições
eram originais: tratava-se de um conjunto de propostas políticas de promover mudanças em suas polícias ou por
articuladas por tessitura sistêmica, visando a reforma das aqueles que consideram contraproducente fazê-lo. Esse
polícias, do sistema penitenciário e a implantação integrada de contexto conduz à paralisia e torna os estados que precisam de
políticas preventivas, Inter setoriais. Em outras palavras, transformações urgentes e profundas reféns dos que optam
compreendia-se que alterações tópicas produzem efeitos pela manutenção do status quo. Observe-se que, segundo o que
sobre os demais componentes do universo contemplado e que dispõe o Plano Nacional de Segurança em pauta, em caso de
uma transformação suficiente para impactar a realidade da mudanças, os policiais seriam aproveitados nas novas
violência criminal requer mudanças simultâneas e sucessivas, instituições, passando por processos de requalificação, desde
em níveis distintos e escalas diferentes, respeitando-se as que suas fichas profissionais recomendassem o
lógicas e os ritmos específicos. Sobretudo, trabalhava-se com a aproveitamento.
convicção de que a consistência interna e a objetividade de um Sempre segundo o Plano Nacional do primeiro mandato de
Plano dependem do rigor do diagnóstico e de sua abrangência, Lula, desconstitucionalização não implicaria confusão quanto
assim como o sucesso de sua implementação depende de a princípios matriciais, na definição do próprio papel e da
avaliações regulares e monitoramento sistemático, própria natureza das polícias no Estado Democrático de
identificando-se os erros para que não haja o risco de que se o Direito. Os princípios elementares manter-se-iam na
repita, indefinidamente. Constituição Federal. Os modelos organizacionais é que
Os focos sobre os quais incidiria o programa de reforma passariam a ser definidos pelos estados. A possibilidade de que
das polícias seriam: recrutamento, formação, capacitação e o Brasil ingressasse em uma fase de intenso experimentalismo
treinamento; valorização profissional; gestão do é tida como muito auspiciosa e em nada conducente ao caos, a
conhecimento e uniformização nacional das categorias que mais fragmentação e a mais ineficiência do que se verifica,
organizam os dados, para que eles possam funcionar como atualmente. Isso porque a desconstitucionalização dar-se-ia
informação; introdução de mecanismos de gestão, alterando- simultaneamente à normatização do Susp, processo que
se funções, rotinas, tecnologia e estrutura organizacional; compensaria a flexibilização federativa, posto que fixaria
investimento em perícia; articulação com políticas regras aplicáveis a todas as polícias existentes ou por criar.
preventivas; controle externo; qualificação da participação Hoje, vigora a fragmentação babélica na formação, na
dos municípios, via políticas preventivas e Guardas informação, na gestão, nos abismos que separam as
Municipais, preparando-as para que se possam transformar, instituições da União e dos estados – e mesmo essas, em seus
no futuro próximo, em polícias de ciclo completo, sem repetir respectivos âmbitos de atuação. O Susp significaria
os vícios das polícias existentes; investimento em penas ordenamento do caos e geração de condições para a efetiva
alternativas à privação da liberdade e criação das condições cooperação, horizontal e vertical.
necessárias para que a Lei de Execuções Penais (LEP) seja A armadilha política descrita antes, fruto da contradição
respeitada no sistema penitenciário. entre o ciclo eleitoral e o tempo de maturação de políticas
A normatização do Susp não seria senão a definição legal públicas reformistas, terminou levando o governo federal a
das regras de funcionamento dos tópicos referidos. Assim, o aposentar, precocemente, seus compromissos ambiciosos na
Susp não implicaria a unificação das polícias, mas a geração de segurança pública: o Plano Nacional foi deslocado,
meios que lhes propiciassem trabalhar cooperativamente, progressivamente, do centro da agenda do Ministério da
segundo matriz integrada de gestão, sempre com Justiça, e substituído, gradualmente, por ações da Polícia
transparência, controle externo, avaliações e monitoramento Federal, que passaram a emitir para a sociedade a mensagem
corretivo. Nos termos desse modelo, o trabalho policial seria de atividade competente e destemida, na contramão de nossa
orientado prioritariamente para a prevenção e buscaria tradicional e corrosiva impunidade. Não é preciso ponderar,
articular-se com políticas sociais de natureza especificamente entretanto, que, por mais virtuosas que tenham sido as
preventiva. operações da Polícia Federal – surgiram questionamentos
Paralelamente à aludida institucionalização do Susp, o pertinentes quanto à consistência de algumas e ao caráter
Plano Nacional de Segurança Pública do primeiro mandato do midiático de muitas delas –, ações policiais não podem
presidente Lula propunha a desconstitucionalização das substituir uma Política de Segurança Pública. Sobretudo em
polícias, o que significa a transferência aos Estados do poder uma situação como a brasileira, marcada por fragmentação
para definirem, em suas respectivas constituições, o modelo de institucional e pela incompatibilidade entre o modelo herdado
polícia que desejam, precisam e/ou podem ter. Sendo assim, da ditadura e os desafios crescentes de uma sociedade que se
cada estado estaria autorizado a mudar ou manter o status complexifica e transnacionaliza, em contexto democrático,
quo, conforme julgasse apropriado. Isto é, poderia manter o mas profundamente desigual.
quadro atual, caso avaliasse que a ruptura do ciclo do trabalho Restaram, como contribuições mais significativas para a
policial, representada na organização dicotômica, Polícia segurança pública, na esfera da União, os esforços envidados
Militar-Polícia Civil, estivesse funcionando bem. Caso pela Senasp em favor da qualificação policial, com cursos a
contrário, se a avaliação fosse negativa – caso se constatasse distância e presenciais (esforços necessários mas
desmotivação dos profissionais e falta de confiança por parte insuficientes, porque teriam de ser acompanhados pela
da população, ineficiência, corrupção e brutalidade –, criação de um ciclo básico nacional comum para todos os
mudanças poderiam ser feitas e novos modelos seriam profissionais da segurança pública e pela criação de um
experimentados. Por exemplo, a unificação das atuais polícias Conselho Federal de Educação Policial, com independência de
estaduais; ou a criação de polícias metropolitanas e municipais governos e capacidade amplamente reconhecida, para avaliar,
(pelo menos nos municípios maiores) de ciclo completo; ou a monitorar, orientar mudanças, discutir procedimentos e
questionar metodologias, à luz do conhecimento produzido no segurança é matéria de Estado, não de governo, situando-se,
país e no exterior), e aqueles envidados em favor do portanto, acima das disputas político-partidárias.
desarmamento, cujo impacto, segundo alguns analistas, teria Comparando-se os planos dos dois mandatos do
reduzido os homicídios dolosos no país. O resultado do presidente Lula, evidenciam-se algumas diferenças
referendo, entretanto, favorável à comercialização de armas, expressivas: em favor do Pronasci, destaque-se a edição de
freou o ímpeto inicial do movimento, que unia polícias e Medida Provisória que o institui, o que implica, entre outras
expressivos segmentos da sociedade. vantagens, envolvimento formal do governo com sua
Dois importantes compromissos originais do Plano implantação e fortalecimento político dos agentes
Nacional de Segurança Pública, com o qual o presidente Lula responsáveis por essa implantação. Os operadores trabalham
inaugurou seu primeiro mandato, foram descartados: a sob constante tensão e insegurança, quando o plano a que
elevação do status da Senasp para o nível ministerial, servem e que se esforçam por implementar só encontra como
tornando-a uma Secretaria Especial, diretamente ligada à sustentação a palavra do líder, às vezes evasiva e puramente
Presidência da República, para cujo âmbito seriam retórica.
transferidas ambas as polícias federais; e o deslocamento da Ainda a favor do Pronasci, registre-se a importância da
Secretaria Nacional Antidrogas (Senad) para a reforçada explicitação dos recursos a serem destinados à sua
Senasp (ou para o Ministério da Justiça, ou da Saúde). implementação, em seis anos (2007-2012), o que, por sua vez,
importa em um benefício adicional: o comprometimento do
Segundo governo Lula: retomando compromissos, próximo governo, pelo menos em sua primeira metade, com a
ampliando repertórios, adiando questões polêmicas continuidade dos trabalhos e o cumprimento das metas
Em 20 de agosto de 2007, o governo federal lançou o previstas.
Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania Especialmente positiva também é a identificação da
(Pronasci), pela Medida Provisória 384, comprometendo-se a instituição responsável pela avaliação do programa, assim
investir R$ 6,707 bilhões, até o fim de 2012, em um conjunto como a designação de agentes locais de avaliação – o que
de 94 ações, que envolverão dezenove ministérios, em significa que haverá investimento na construção de
intervenções articuladas com estados e municípios. indicadores e no desenvolvimento de métodos de avaliação.
Do ponto de vista dos princípios matriciais, o Pronasci Daí talvez venha a derivar uma dinâmica que dissemine uma
reitera o Plano Nacional de Segurança Pública do primeiro nova cultura institucional, ainda inexistente na área da
mandato do presidente Lula, o qual, por sua vez, incorporava, Segurança Pública, como vimos, não só por conta de todas as
sistematizava e explicitava o que já estava, embrionária ou dificuldades apontadas na primeira unidade do presente
tacitamente, presente no Plano Nacional do governo Fernando ensaio, mas também e, sobretudo, pela ausência de
Henrique Cardoso. Isso mostra que, a despeito das diferenças mecanismos institucionais indispensáveis a uma gestão
e da precariedade do tratamento conferido à questão dos racional, nas polícias: tecnologia, funções e rotinas, estrutura
princípios, no plano do governo FHC, tem havido mais organizacional compatível, qualificação de pessoal.
continuidade do que descontinuidade entre os esforços Membros da Força Nacional de Segurança Pública tomam
sucessivos, que já formam uma série histórica tão mais posição durante operação para apreensão de drogas na favela
relevante quão mais se distingue do período anterior, ainda da Grota, Complexo do Alemão, subúrbio do Rio de Janeiro.
fortemente marcado por reverente omissão, relativamente à Mas não houve somente avanços. Eis alguns pontos do
área – tabu – da Segurança Pública. Pronasci que representam retrocesso, relativamente ao Plano
Os valores consensuais em pauta – que o Pronasci endossa de Segurança com o qual o presidente Lula venceu a eleição de
e enfatiza – são os seguintes: direitos humanos e eficiência 2002: (a) em vez de unidade sistêmica, fruto de diagnóstico
policial não se opõem; pelo contrário, são mutuamente que identifica prioridades e revela as interconexões entre os
necessários, pois não há eficiência policial sem respeito aos tópicos contemplados pelo plano, tem-se a listagem de
direitos humanos, assim como a vigência desses direitos propostas, organizadas por categorias descritivas (em si
depende da garantia oferecida, em última instância, pela mesmas discutíveis) mas essencialmente fragmentárias e
eficiência policial. Tampouco é pertinente opor prevenção a inorgânicas, isto é, desprovidas da vertebração de uma
repressão qualificada; ambas as modalidades de ação do política; (b) O envolvimento de um número excessivo de
Estado são legítimas e úteis, dependendo do contexto. Polícia ministérios lembra o Piaps, com seus méritos e suas
cumpre papel histórico fundamental na construção da dificuldades. A intenção é excelente, mas o arranjo não parece
democracia, cabendo-lhe proteger direitos e liberdades. Nesse muito realista, sabendo-se quão atomizada é nossa máquina
sentido, empregar a força comedida, proporcional ao risco pública, e quão burocráticos e departamentalizados são os
representado pela resistência alheia à autoridade policial, mecanismos de gestão; (c) A única referência à
impedindo a agressão ou qualquer ato lesivo a terceiros, não regulamentação do Sistema Único de Segurança Pública (Susp)
significa reprimir a liberdade de quem perpetra a violência, é brevíssima, superficial, pouco clara, e sugere uma
mas preservar direitos e liberdades das vítimas potenciais. compreensão restrita, reduzindo-o à dimensão operacional: “O
Assim, aprimoramento do aparelho policial e aperfeiçoamento Pronasci irá regulamentar o Sistema Único de Segurança
da educação pública não devem constituir objetos alternativos Pública (SUSP), já pactuado entre estados e União, mas ainda
e excludentes de investimento estatal. Não se edifica uma não instituído por lei. O SUSP dispõe sobre o funcionamento
sociedade verdadeiramente democrática sem igualdade no dos órgãos de segurança pública. Seu objetivo é articular as
acesso à Justiça, a qual depende da qualidade e da orientação ações federais, estaduais e municipais na área da Segurança
das polícias (e das demais instituições do sistema de Justiça Pública e da Justiça Criminal” (Documento do Ministério da
criminal) e da equidade no acesso à educação. Justiça, intitulado Pronasci); (d) O tema decisivo, as reformas
O Pronasci tem também o mérito de valorizar a institucionais, não é sequer mencionado – provavelmente por
contribuição dos municípios para a segurança pública, conta de seu caráter politicamente controvertido (dada a
rompendo os preconceitos restritivos, oriundos de uma leitura indefinição das lideranças governamentais a respeito do
limitada do artigo 144 da Constituição – contribuição que não melhor modelo a adotar) e de seu potencial desagregador,
se esgota na criação de Guardas Civis; estende-se à derivado das inevitáveis reações corporativas que suscitaria.
implantação de políticas sociais preventivas. Assim, com o Susp anêmico e sem o seu complemento
Outro princípio essencial, explicitamente retomado pelo institucional – a desconstitucionalização ou alguma fórmula
Pronasci do Plano lançado por Lula em 2002, afirma que reformista, ao nível das estruturas organizacionais –, o status
quo policial e, mais amplamente, o quadro fragmentário das
instituições da segurança pública acaba sendo assimilado. concebido como uma listagem de tópicos e compromissos que
Desse modo, naturaliza-se o legado da ditadura, chancelando- mal se adaptam às categorias ordenadoras escolhidas ou que
se a transição incompleta como a transição possível. O o fazem com heterogeneidades e assimetrias, acaba
Pronasci resigna-se a ser apenas um bom Plano destinado a provocando redundâncias e lapsos – ou seja, não se indicam os
prover contribuições tópicas. passos que completarão as iniciativas anteriores, para torná-
Examinemos as categorias com as quais o Pronasci é las efetivas, uma vez que, muitas delas – vale reiterar –, mesmo
formulado. As duas categorias ordenadoras denominam-se quando virtuosas em si mesmas, podem condenar-se à
“Ações estruturais” e “Programas locais”. A categoria “Ações ineficácia se não forem acompanhadas de outras medidas e
estruturais” subsume os seguintes eixos temáticos: reformas.
“Modernização das instituições de segurança pública e do Cito apenas alguns exemplos, que poderiam se multiplicar:
sistema prisional”; “Valorização dos profissionais de mencionam-se as duas polícias federais, afirmando-se
segurança pública e agentes penitenciários”; “Enfrentamento compromisso com ações destinadas a promover
à corrupção policial e ao crime organizado”; “Programas aprimoramentos tópicos. Contudo, nada se diz sobre suas
locais” – estes últimos subdividem-se em: “Território de paz”; inter-relações e sobre as relações de ambas com a Senasp,
“Integração do jovem e da família”; “Segurança e convivência”. assim como nada se diz sobre a relação desse conjunto
No primeiro eixo das “Ações estruturais”, denominado, institucional com as polícias estaduais. Tampouco se
como vimos, “Modernização das instituições de segurança identificam critérios para distribuição dos recursos do Fundo
pública e do sistema prisional”, encontramos os seguintes Nacional de Segurança Pública, nem há o reconhecimento de
tópicos: (a) “Força Nacional de Segurança Pública” – em que se que as polícias federais, tanto quanto as estaduais,
diz quando foi criada, de quantos profissionais é composta, permanecem desprovidas de mecanismos de avaliação,
para que serve, e que ganhará sede própria, em Brasília, onde monitoramento e controle externo.
ficarão 500 agentes, em condições de pronto-emprego, Os seis eixos do Susp não são reconhecidos como alvos
mediante solicitação dos governadores; (b) “Polícia estratégicos de intervenções sistêmicas e modulares:
Rodoviária Federal” – em que se fazem breves referências a formação, informação, gestão, perícia, controle externo e
melhorias, em um parágrafo; (c) “Vagas em presídios” – em articulação com as políticas sociais. Por isso, o Pronasci elenca
que se prometem 37,8 mil novas vagas, até 2011, e a propostas em várias dessas áreas, mas não o faz de forma
construção de presídios para jovens entre 18 e 24 anos; (d) estruturada: refere-se, por exemplo, a cursos diversos, mas
“Lei Orgânica das Polícias Civis” – em que não se especifica o não à substituição da atual fragmentação babélica que se
conteúdo da Lei Orgânica em questão; (e) “Regulamentação do verifica no setor, atualmente, por um modelo nacional,
Susp” (já comentado); (f) “Lei Maria da Penha” (proteção à respeitoso da diversidade regional e da autonomia federativa,
mulher) – em que se promete a construção de centros de mas integrador. Sobre o futuro das Guardas Municipais, o
educação e reabilitação para agressores; (g) “Escola Superior documento é omisso. Apenas defende a valorização e
da Polícia Federal”; (h) “Campanha de desarmamento”. qualificação das Guardas, atribuindo-lhes vocação para a
No segundo eixo, “Valorização dos profissionais de prevenção, mas não assume posição na polêmica sobre o
segurança pública e agentes penitenciários”, incluem-se: (a) destino institucional dessas corporações: há dezenas de
“Bolsa-formação”; (b) “Moradia”; (c) “Rede de educação a projetos de emenda constitucional, no Congresso Nacional,
distância”; (d) “Graduação e mestrado”; (e) “Formação dos que propõem sua transformação em polícias ostensivas,
agentes penitenciários”; (f) “Atendimento a grupos uniformizadas e armadas.
vulneráveis” – em que se explicita o compromisso de formar Essa mudança de status é desejável sem que as guardas se
os profissionais da segurança a tratarem de maneira adequada submetam a intensa preparação e profunda reorganização,
e digna “mulheres, homossexuais, afrodescendentes e outras para que essas futuras polícias municipais não reproduzam os
minorias”; (g) “Jornadas de direitos humanos”; (h) vícios das PM? A ruptura do ciclo de trabalho policial deveria
“Tecnologias não-letais”; (i) “Comando de incidentes”; (j) ser replicada na esfera municipal, ou seja, as Guardas
“Inteligência”; (l) “Investigação de crimes”; (m) “Guardas deveriam ser pequenas PM? Ou deveríamos aproveitar a
Municipais”; (n) “Policiamento comunitário”. oportunidade histórica de uma renovação institucional desse
No terceiro eixo, “Enfrentamento à corrupção policial e ao porte para superar a dicotomia que, hoje, divide o trabalho
crime organizado”, constam: (a) “Laboratórios contra lavagem policial entre as polícias civil e militar, nos estados? Por que
de dinheiro”; (b) “Ouvidorias e corregedorias”; (c) “Tráfico de não Guardas Civis municipais como polícias de ciclo completo,
pessoas”. ainda que se lhes preservem a vocação comunitária e
No primeiro eixo temático subsumido pela segunda preventiva?
categoria, “Programas locais”, denominado “Território de paz”, Eis aí, portanto, razões para otimismo e para cautela. Os
estão os seguintes tópicos: (a) “Gabinetes de Gestão Integrada méritos do Pronasci são suficientes para justificar a esperança
Municipal”; (b) Conselhos Comunitários de Segurança de que haverá avanços na segurança pública brasileira. Mas
Pública”; (c) “Canal Comunidade”. não parecem suficientes para justificar a esperança de que o
No segundo eixo temático, “Integração do jovem e da país começará, finalmente, a revolver o entulho autoritário que
família”, incluem-se: (a) “Mães da paz”; (b) “Saúde da família”; atravanca o progresso na área, com sua carga de
(c) “Formação do preso”; (d) “Pintando a liberdade e pintando irracionalidade e desordem organizacional, incompatíveis
a cidadania”. com funções tão importantes, exigentes e sofisticadas, em uma
No terceiro eixo, “Segurança e convivência”, encontram-se: sociedade cada vez mais complexa, na qual o crime cada vez
(a) “Urbanização”; (b) “Projetos educacionais”; (c) “Atividades mais se organiza, se nacionaliza e se transnacionaliza. Por
culturais”. outro lado, considerando-se a virtude dos compromissos já
As apresentações dos itens são sumaríssimas. Portanto, firmados pelo ministro da Justiça, Tarso Genro, através da
não seria justo avaliá-las pelo documento divulgado. Será edição do Pronasci, com todo o seu potencial para produzir
necessário aguardar a apresentação do Pronasci, em sua bons resultados – ainda que parciais e insuficientes –, há bons
versão completa e definitiva. Saltam à vista, entretanto, desde motivos para crer que o processo poderá fortalecer sua
logo, alguns aspectos, positivos e negativos. São extremamente liderança e criar condições políticas mais favoráveis para a
positivos os pontos focalizados, em si mesmos. Todos são assunção dos riscos envolvidos nas reformas mais ousadas.
relevantes, ainda que alguns sejam muito importantes do que
outros, até porque constituem precondições para a realização
dos demais. Todavia, o caráter assistemático do Programa,
97 FREIRE, Moema Dutra. Paradigmas de Segurança no Brasil: da Ditadura aos 99 KUHN, T. A estrutura das revoluções científicas. Tradução Beatriz Vianna
nossos dias. Aurora (PUCSP. Online) , Boeira e Nelson Boeira. 3ª. ed. São Paulo: Perspectiva, 2003.
v. 5, p. 49-58, 2009. Disponível em 100 NORTH, D. Institutions, institutional change and economic performance.
Dessa forma, o conceito de Defesa Nacional estava governamentais na prevenção à violência, ou mesmo a
intimamente associado à defesa do Estado e este princípio foi importância da atuação dos municípios e da comunidade.
expresso na primeira Constituição promulgada pelo regime É relevante destacar ainda que a perspectiva de Segurança
militar, em 1967. A emenda constitucional de 1969 Pública, ao suceder um paradigma no qual as Forças Armadas
acrescentou a esse princípio o destaque para as Forças detinham a primazia da preservação da ordem, preocupa-se
Armadas, com o argumento de que eram essenciais à execução em diferenciar os papéis institucionais das polícias e do
da política de Segurança Nacional, cabendo a estas promover Exército. Essa separação de papéis transcrita no texto da
a obtenção e a salvaguarda dos objetivos nacionais. As Forças Constituição é importante, pois destaca a distinção entre
Nacionais, nesse contexto, emergiram assim como intérpretes Segurança Pública e Segurança Nacional: a primeira é voltada
da vontade nacional. para a manifestação da violência no âmbito interno do país e a
Um marco importante para a formulação da Doutrina de segunda refere-se a ameaças externas à soberania nacional e
Segurança Nacional foi o treinamento de oficiais superiores defesa do território.
das Forças Armadas no National War College (centro de Para entender essa nova perspectiva, é interessante
treinamento do alto escalão do exército norte-americano), que lembrar o contexto da Constituição de 1988, que aprofundou
trouxeram para o Brasil uma ideologia voltada para a garantia os princípios de descentralização administrativa, conferindo a
de metas de segurança para implantar uma geopolítica para estados e municípios novos papéis. A responsabilidade sobre
todo o Cone Sul, no sentido de contenção do perigo de a Segurança Pública, nesse conceito, passa a ser
expansão do comunismo. prioritariamente dos estados, por serem estes os responsáveis
Foi criado, então, um aparelho repressivo composto pelo pela gestão das polícias civil e militar. Esse arranjo dotou os
Serviço Nacional de Informação (SNI) e órgãos de informação estados de autonomia na condução da política de segurança,
das Forças Armadas, como o Destacamento de Operações de mas, ao mesmo tempo, dificultou a implementação de
Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI- diretrizes mínimas de uma política nacional de segurança, o
Codi), cujo objetivo era garantir de forma eficiente o bloqueio que poderia trazer prejuízo para a prevenção e controle da
ou a eliminação de qualquer força que exercesse pressão ou violência e criminalidade, pois a manifestação desses
ameaçasse o Estado de Segurança Nacional102. Com o fenômenos não respeita as fronteiras estaduais.
recrudescimento do regime, instituiu-se a figura do “inimigo Nesse contexto, é importante mencionar o papel de
interno”, passando a ser potencialmente suspeito todo e articulação entre os estados, atribuído posteriormente ao
qualquer cidadão que pudesse atentar contra a “vontade governo federal. Em 1995 foi criada a Secretaria de
nacional”. Planejamento de Ações Nacionais de Segurança Pública,
Em suma, o paradigma de Segurança Nacional caracteriza- transformada em 1997 em Secretaria Nacional de Segurança
se pela prioridade dada, inicialmente, ao inimigo externo, Pública (Senasp), à qual compete, entre outros, assessorar o
materializado no combate ao comunismo, e, posteriormente, ministro da Justiça na definição e implementação da política
ao inimigo interno, correspondente a qualquer indivíduo nacional de segurança pública, bem como acompanhar as
percebido como contrário à ordem vigente. A ameaça à atividades dos órgãos responsáveis pela segurança pública.
segurança aqui é vista como tudo aquilo que atenta contra o A Senasp passou então a buscar a articulação entre as
Estado e contra os interesses nacionais, intimamente unidades federativas, visando a estruturação do Sistema Único
associados aos interesses daqueles que estão no poder. Para a de Segurança Pública (Susp). Inspirado no Sistema Único
preservação dos interesses nacionais e a eliminação de atos desenvolvido no âmbito das políticas de saúde (SUS), o Susp
percebidos como ameaça ao Estado, justifica-se a adoção de objetiva articular as ações federais, estaduais e municipais na
qualquer meio, mesmo aqueles que demandem a violação de área de segurança pública, procurando aperfeiçoar o
direitos (que na época foram suprimidos) e até mesmo o planejamento e a troca de informações para uma atuação
desrespeito à vida humana. Assim, a atuação do Estado é qualificada dos entes federados na área. O Susp não busca a
incisivamente repressiva, por meio das Forças Armas e de unificação, pois reconhece a autonomia das instituições que
órgãos especiais criados para este fim. compõem o Sistema, mas sim a integração, otimizando
Segurança Pública resultados. O Susp está estruturado em seis eixos:
Logo após o término do período correspondente à ditadura
militar, promulgou-se a Constituição de 1988, que, em seu • gestão unificada da informação;
artigo 144, estabelece que a Segurança Pública – dever do • gestão do sistema de segurança;
Estado e direito e responsabilidade de todos – é exercida para • formação e aperfeiçoamento de policiais;
a preservação da ordem pública e da incolumidade das • valorização das perícias;
pessoas e do patrimônio, por meio dos seguintes órgãos: • prevenção;
Polícia Federal; Polícia Rodoviária Federal; Polícia Ferroviária • ouvidorias independentes e corregedorias unificadas.
Federal; Polícias Civis; Polícias Militares e Corpos de
Bombeiros Militares. Para estimular a implementação das diretrizes do governo
Em paralelo à definição do conceito e ao estabelecimento federal materializadas no Susp, a Senasp conta com o Fundo
dos órgãos responsáveis pela Segurança Pública, a Nacional de Segurança Pública. Para o recebimento dos
Constituição expressa ainda, em seu artigo 142, o papel das recursos financeiros do Fundo, os estados devem apresentar
Forças Armadas, destacando sua responsabilidade pela projetos, que, após análise e aprovação, são implementados
manutenção da segurança nacional, soberania nacional, defesa por meio da celebração de convênio entre aquela Secretaria e
da pátria e garantia dos poderes constitucionais. as unidades federativas.
A partir dessas duas definições constitucionais, percebe-se Assim, observa-se que a perspectiva da Segurança Pública
que o texto constitucional de 1988 inova em relação ao desloca o papel de prevenção e controle da violência das
paradigma anterior, ao destacar que a Segurança Pública é Forças Armadas para as instituições policiais. Nesse sentido,
dever do Estado e direito e responsabilidade de todos. No no paradigma da Segurança Pública, cabe primordialmente às
entanto, na lista de responsáveis pela Segurança Pública, são instituições policiais a responsabilidade pelo controle e
mencionadas apenas as instituições policiais federais e prevenção da violência. No entanto, enquanto na perspectiva
estaduais, não citando o papel de outros órgãos da Segurança Nacional a violência era representada como as
ameaças aos interesses nacionais, no arcabouço da Segurança a colaboração de técnicos colombianos que iniciaram a
Pública está é caracterizada como ameaça à integridade das implementação do conceito em seu país. Essa iniciativa
pessoas e do patrimônio. demonstra o início da transição para um novo paradigma em
segurança. No entanto, como ressaltado anteriormente, a
Segurança Cidadã adoção de um novo marco conceitual não significa sua
A perspectiva de Segurança Cidadã surgiu na América imediata materialização na forma de políticas públicas.
Latina, a partir da segunda metade da década de 1990, tendo É importante observar também uma característica atual da
como princípio a implementação integrada de políticas segurança no país, que influencia a transição entre
setoriais no nível local103. O conceito de Segurança Cidadã paradigmas. Apesar da prerrogativa de articulação de políticas
começou a ser aplicado na Colômbia, em 1995, e, seguindo o nacionais de segurança conferida ao Ministério da Justiça,
êxito alcançado naquela localidade na prevenção e controle da como a característica federativa do Brasil confere autonomia
criminalidade, passou a ser adotado então por outros países da aos estados na condução das políticas de segurança em seus
região. territórios, pode-se afirmar que este novo paradigma está
O conceito de Segurança Cidadã parte da natureza presente de forma mais ou menos intensa nas diferentes
multicausal da violência e, nesse sentido, defende a atuação unidades da federação.
tanto no espectro do controle como na esfera da prevenção, Uma reflexão semelhante pode ser aplicada para outra
por meio de políticas públicas integradas no âmbito local. política governamental mais recente: o Programa Nacional de
Dessa forma, uma política pública de Segurança Cidadã Segurança Pública com Cidadania (Pronasci). Algumas
envolve várias dimensões, reconhecendo a multicausalidade premissas conceituais adotadas por essa política demonstram
da violência e a heterogeneidade de suas manifestações. indícios do aprofundamento da transição rumo ao novo
Uma intervenção baseada no conceito de Segurança Cidadã paradigma aqui examinado. No entanto, é importante lembrar
precisa, necessariamente, envolver as várias instituições novamente que o arcabouço conceitual ou o paradigma que
públicas e a sociedade civil, na implementação de ações influencia o desenho de políticas não corresponde
planejadas a partir dos problemas identificados como necessariamente aos seus resultados práticos. Nesse sentido,
prioritários para a diminuição dos índices de violência e apesar de observada a maior convergência conceitual das
delinquência em um território, englobando iniciativas em políticas de segurança mais recentes com o paradigma da
diversas áreas, tais como educação, saúde, lazer, esporte, Segurança Cidadã, ainda permanecem diversos desafios para a
cultura, cidadania, entre outras. Segundo este modelo, são aplicação prática dessa perspectiva.
definidas cinco categorias principais de intervenções (PNUD, Ao se examinarem as características do paradigma de
2005, p.09): Segurança Cidadã, especialmente quando comparadas àquelas
existentes nas perspectivas apresentadas anteriormente
• as dirigidas ao cumprimento voluntário de normas; (Segurança Nacional e Segurança Pública), nota-se uma grande
• as que buscam a inclusão social e a diminuição de fatores mudança conceitual. Na perspectiva de Segurança Cidadã, o
de risco (álcool, drogas, armas, etc.); foco é o cidadão e, nesse sentido, a violência é percebida como
• as que têm como propósito a melhoria dos contextos os fatores que ameaçam o gozo pleno de sua cidadania. Em
urbanos associados ao medo e ao perigo real (recuperação de outras palavras, permanece a proteção à vida e à propriedade
espaços públicos); já presente no paradigma de Segurança Pública, mas
• as que facilitam o acesso dos cidadãos a mecanismos avançasse rumo à proteção plena da cidadania.
institucionais e/ou alternativos de resolução de conflitos; Quanto à forma de abordagem dessa violência, é dado novo
• as que possuem foco na construção de capacidades fôlego à importância da prevenção, que compõe, ao lado das
institucionais, melhoria da eficácia policial e das autoridades iniciativas de controle, uma estratégia múltipla de tratamento.
executivas ou judiciais e da confiança dos cidadãos em tais Outra diferença importante está na distribuição de
instituições. responsabilidades e competências para prevenção à violência.
A perspectiva de Segurança Cidadã defende uma abordagem
A Figura 1 ilustra os pilares dessa perspectiva conceitual. multidisciplinar para fazer frente à natureza multicausal da
violência, na qual políticas públicas multissetoriais são
implementadas de forma integrada, com foco na prevenção à
violência. Nesse sentido, uma política pública de Segurança
Cidadã deve contar não apenas com a atuação das forças
policiais, sendo reservado também um espaço importante
para as diversas políticas setoriais, como educação, saúde,
esporte, cultura, etc.
No entanto, as políticas setoriais no âmbito de políticas de
Segurança Cidadã possuem um diferencial: são elaboradas e
implementadas com foco na prevenção à violência. Nesse
sentido, uma política de educação que faz parte de uma
estratégia de Segurança Cidadã deverá ter como público-alvo,
por exemplo, jovens em situação de risco em comunidades
vulneráveis.
É imprescindível destacar ainda o papel conferido aos
municípios e cidadãos na implementação de uma política de
Segurança Cidadã. Em contraste com o paradigma anterior, em
que as ações são de competência principalmente das
No Brasil, é possível perceber tentativas de aproximação a instituições policiais federais, na perspectiva de Segurança
esse conceito nos últimos anos. Em 2003, a Secretaria Nacional Cidadã, além do papel de suma importância das instituições
de Segurança Pública iniciou o projeto de cooperação técnica policiais, é conferido também espaço de atuação ao município,
“Segurança Cidadã”, em parceria com as Nações Unidas e com
principalmente na gestão local das políticas setoriais voltadas Trajetória da evolução paradigmática em segurança
para prevenção à violência. no Brasil
A comunidade também é destaque nesse processo: a Após a descrição dos três paradigmas em segurança, é
gestão local da segurança aproxima os cidadãos da interessante fazer um breve exame de algumas tendências que
implementação da política, possibilitando a eles uma maior marcaram a trajetória das políticas públicas no Brasil no
atuação no tema e conferindo maior legitimidade às ações. As período estudado. Essas tendências estão diretamente
ações comunitárias ganham destaque nesse conceito e a relacionadas à Constituição de 1988, que representa um marco
construção de uma cultura cidadã na comunidade, incluindo o para a estruturação das políticas públicas atuais. Serão
respeito às normas de convivência e a resolução pacífica de examinadas aqui especialmente tendências ligadas de forma
conflitos, é um dos pilares das ações de prevenção. mais direta a políticas públicas na área social, pois se referem
mais claramente à evolução posterior dos paradigmas em
Análise comparada: núcleos paradigmáticos em segurança, destacando-se:
contraste
Com o objetivo de melhor compreender os três • o reconhecimento e a ampliação de direitos de cidadania
paradigmas de segurança aqui examinados, após a breve (políticos, civis, econômicos e sociais);
descrição realizada anteriormente, foram eleitas seis • a descentralização federativa;
categorias de análise, apresentadas nos quadros a seguir, que • o debate sobre universalização versus focalização em
auxiliarão a identificar o núcleo paradigmático das políticas públicas.
perspectivas estudadas. A ampliação dos direitos de cidadania, intensificada com o
fim do período ditatorial e fortalecida pela Constituição de
1988, confere nova ênfase à participação social em políticas
públicas. Ressalta-se o papel do cidadão não apenas como
beneficiário, mas também como agente importante na
formulação e no controle social de políticas públicas. A partir
do advento da nova Constituição, multiplicaram-se as
experiências participativas, com especial destaque para os
conselhos de políticas públicas.
A Constituição de 1988 também reforçou a
descentralização federativa na implementação de políticas
públicas, especialmente quando consideradas as políticas na
área social. Foi enfatizado o papel dos estados e municípios,
notadamente nas políticas de saúde e educação.
Por fim, a Constituição de 1988 deu ênfase à
universalização do acesso a políticas públicas, mas isso
ocorreu em meio ao debate sobre a importância da focalização
dos esforços em territórios e públicos-alvo mais vulneráveis.
Esse debate permanece nas arenas decisórias em políticas
públicas.
Mas qual a relação dessas tendências com os paradigmas
em segurança? É possível perceber que essas tendências
aparecem de forma semelhante nas transições paradigmáticas
aqui examinadas. A Constituição de 1988 também é marco
para a área de segurança, ao consolidar uma nova perspectiva
conceitual: a Segurança Pública. Nesta perspectiva, o
movimento correspondente à ampliação dos direitos de
cidadania aparece refletido na reorientação do foco da
segurança: é estabelecida claramente a diferença entre
Segurança Nacional e Segurança do Cidadão. Os indivíduos
ganham força como público-alvo das políticas, em contraste
com o paradigma anterior, voltado para a soberania e os
interesses nacionais.
A descentralização também aparece de certa forma
refletida nessa transição paradigmática inicial. Na perspectiva
da Segurança Nacional, o protagonismo era conferido às
Forças Armadas, de organização federal. Já na Segurança
Pública, as polícias, principalmente civis e militares, de
responsabilidade dos estados, assumem esse papel
preponderante.
A Constituição de 1988 também estabeleceu a
universalização do acesso à política como princípio da área de
segurança, ao ressaltar, em seu artigo 144, que a Segurança
Pública é dever do Estado e direito e responsabilidade de
todos. Ao se contrastar esse posicionamento com o vigente
durante o período ditatorial, pode-se perceber claramente a
diferença: na perspectiva da Segurança Nacional, a política de
segurança tinha como principal beneficiário o Estado e não o
cidadão.
Após essa primeira análise, poder-se-ia concluir que as
tendências examinadas, que possuem como marco a
Constituição de 1988, surgem de forma idêntica na evolução
104 SAPORI, Luis Flavio; SENA, Lúcia Lamounier; SILVA, Braulio Figueiredo.
Mercado do crack e violência urbana na cidade de Belo Horizonte. Dilemas. Revista
de Estudos de Conflito e Controle Social, vol. 5, n. 1, p. 37-66, 2012.
intimamente conectadas, ainda temos muito a avançar na possibilidade de que parte dessa redução da violência no
coleta de dados empíricos e na elaboração de teorias que estado esteja relacionada a mudanças no gerenciamento dos
proporcionem compreensão mais apurada da dinâmica do conflitos advindos do tráfico de drogas por parte do Primeiro
fenômeno. Mesmo na sociologia americana, que tem se Comando da Capital.
debruçado sobre o tema desde a década de 1970, os estudos A relação drogas/violência foi objeto de sistematização
realizados sugerem uma forte relação entre drogas e teórica em artigo referencial de Goldstein (1985). Segundo o
homicídios, mas são incompletos no sentido de explicar tanto autor, os homicídios decorrentes do consumo e do comércio
a natureza como a direção causal dessa relação (GOLDSTEIN de drogas podem ter lugar em três contextos distintos:
et alii,1997). a) Sob o efeito psicofarmacológico das drogas: após a
No Brasil, a partir da década de 1980, autores como Alba ingestão da droga, alguns indivíduos podem se tornar
Zaluar, Michel Misse, Luiz Eduardo Soares, Ignácio Cano, irracionais a ponto de agir de forma violenta. A violência
Gláucio Soares e outros realizaram trabalhos empíricos psicofarmacológica pode resultar também da irritabilidade
referenciais sobre os mecanismos sociais associados ao associada a síndromes de substâncias que causam de
mercado ilegal de drogas e à resposta das políticas de pendência química. Além disso, o uso da droga pode contribuir
segurança pública para desmantelá-lo ou para atenuar a para que o indivíduo se comporte violentamente, e também
violência a ele correlacionada. A rica e variada produção pode alterar seu comportamento de maneira a aumentar seus
científica dessa intelligentsia carioca acabou por conformar e riscos de vitimização.
pautar a interpretação do fenômeno tráfico de drogas na b) Formação de compulsão econômica: deve ser
sociedade brasileira, influenciando as pesquisas em outros compreendida como o potencial que a dependência da droga
centros. tem na incidência de crimes contra o patrimônio.
Uma importante controvérsia que persiste e perpassa Alguns usuários de drogas são compelidos a se engajar em
estudos brasileiros e americanos diz respeito ao real impacto atividades criminosas, perpetrando roubos e furtos para obter
que o comércio e o consumo de drogas ilícitas teria na recursos econômicos necessários ao financiamento do
incidência dos homicídios e outros crimes violentos ao longo consumo contumaz. Em diversas situações em que há reação
do tempo. das vítimas ou descontrole emocional do criminoso podem
Inúmeras pesquisas empíricas buscam apontar as causas ocorrer homicídios.
da criminalidade mediante a observação de dados de c) Violência sistêmica: está relacionada à dinâmica do
criminalidade ou violência frente a séries históricas de comércio das drogas, especialmente das drogas ilícitas.
registros oficiais das organizações policiais. De uma maneira Incluem-se aqui disputas territoriais entre traficantes rivais,
geral, as análises temporais dispostas em longas séries afirmação de códigos de condutas no interior dos grupos de
históricas de crimes oferecem duas situações particulares com traficantes, eliminação de informantes, punições por
relação a tendências: por um lado, momentos de crescimento adulteração de drogas e punições por dívidas não pagas, entre
ou explosão da criminalidade e, por outro, situações em que se outros conflitos que emergem no processo de comercialização
observa a redução dos números absolutos. Em ambos os casos, do produto.
a questão geral por trás dos estudos é identificar os fatores que Blumstein (1995) propõe outro tipo de conexão entre
explicam tal tendência. drogas e violência, que incorpora os efeitos sociais mais
Muitas explicações para o crescimento ou a diminuição do amplos do comércio de drogas ilícitas. O autor o qualifica como
número de homicídios imputam essas variações às influências “efeito de desorganização da comunidade”, incluindo as
de fatores exógenos. O crescimento pode ser devido ao maneiras através das quais as normas e padrões de conduta
aumento da população jovem, e a queda, por exemplo, pode ser característicos do tráfico de drogas acabam por influenciar as
considerada resultado de condições econômicas favoráveis. atitudes e comportamentos de outros indivíduos que não têm
Não obstante as distintas possibilidades de se compreender o envolvimento direto com a venda ou o consumo da droga. A
fenômeno da criminalidade à luz das abordagens teóricas solução violenta de conflitos do cotidiano tende a incorporar o
diversas, pesquisadores têm apontado a necessidade de recurso à força física, fomentando um contexto social de cunho
desagregar as categorias gerais de crimes, como os homicídios, hobbesiano.
em subtipos “homogêneos” para melhor analisar os padrões e Foi exatamente Blumstein quem primeiro realizou um
comportamentos específicos de cada tipo. Ou seja, muitos estudo sobre o impacto do mercado de drogas ilícitas −
estudos procuram detalhar a relação entre vítima e autor dos especificamente o crack − no engendramento de uma epidemia
casos de homicídios para a compreensão das características de homicídios que atingiu segmentos juvenis empobrecidos
situacionais de sua ocorrência. Outras possibilidades de nas grandes cidades americanas entre meados da década de
desagregação dos crimes de homicídios podem se referir à 1980 e meados da década de 1990. Esse estudo é considerado
presença de álcool ou drogas no organismo das vítimas, local e paradigmático por todos os que o sucederam, por ter
horário de ocorrência e motivação do crime. O fator tráfico de apresentado uma sistematização teórica consistente acerca
drogas é incorporado, então, como possível variável dos mecanismos sociais envolvidos na relação entre tráfico de
explicativa da dinâmica da violência. crack e homicídios (MESSNER et alii, 2007).
Nesse sentido, a drástica redução de homicídios na cidade Blumstein argumenta ainda que a epidemia de homicídios
de Nova York na década de 1990 tem sido explicada por alguns que assolou a sociedade americana pode ser explicada por dois
estudiosos como resultado de mudanças substantivas no processos conectados, quais sejam, a emergência e a difusão
mercado das drogas ilícitas. Tal ideia é contestada por do mercado do crack em diversas cidades e a disseminação do
especialistas que enfatizam o papel de importantes mudanças uso de armas de fogo por amplos contingentes de jovens
ocorridas na atuação da polícia (MESSNER et alii, 2007; nessas mesmas cidades. O crack foi introduzido nos Estados
ZIMRING, 2007). Unidos, em tempos distintos e em diferentes partes do país, a
Outro case que tem provocado rica polêmica é a notável partir dos primeiros anos da década de 1980, atingindo maior
redução de homicídios no estado de São Paulo na primeira intensidade por volta de 1985 em grandes cidades, como Nova
década deste milênio. Diversos fatores sociais são pontados York e Los Angeles. Uma importante característica do crack é
como possíveis explicações para esse fenômeno sem seu baixo preço, o que permitiu a formação de amplo mercado
precedentes na sociedade brasileira. Mudanças na estrutura consumidor oriundo de classes mais empobrecidas. A
demográfica da população, alterações na política de lucratividade da venda da droga, segundo o autor, é acentuada
aprisionamento ou mesmo nas metodologias de ação policial pelo fato de que o usuário fazia várias transações comerciais
são os mais recorrentes. Não se descarta, contudo, a diárias para adquirir o produto, de modo a se ajustar à
a distribuição da principal motivação dos homicídios todas as variáveis do modelo. Em outras palavras, é possível
analisados por período considerado neste artigo. obter a razão das chances (odds ratio) para cada covariável,
que é definida como a probabilidade de que um evento ocorra
dividido pela probabilidade de que o evento não ocorra. O
efeito das variáveis independentes no modelo é apresentado
na tabela a seguir.
conexões, isto é, o que explica a ligação dos nós de uma rede é encontro para o uso de uma droga ilícita. Nesse caso, a
a identificação de valores e objetivos comuns entre eles. Se sociabilidade, geralmente de conhecidos e/ou amigos, é o fator
adotarmos esse preceito para os contextos sociais em que a que interliga os nós iniciais dessa rede. Esse sistema de
atividade de comercialização de drogas se insere, podemos referência definido por um valor de sociabilidade forma, ao
afirmar que a decisão dos indivíduos pela integração à rede de longo do tempo, uma rede mais consolidada de
comercialização local passa tanto por uma escolha racional, comercialização. A circulação de informação sobre o local
em um leque de baixas ou altas oportunidades, quanto pela torna-o uma referência que, aos poucos, o solidifica como
identificação com os valores locais e sociais que o tráfico ponto de venda, que um grupo passa a assumir como
implica. propriedade. O uso frequente é fator que conecta outros
Outro preceito discutido nas redes é a autonomia relativa usuários que também buscam um local para partilhar o uso e,
dos nós que a compõem (SCHERER WARREN, 2006). A eventualmente, adquirir os produtos ali utilizados.
princípio, uma rede poderia ser vista como algo ausente de
referências centrais. No entanto, em um padrão de A boca tinha um dono. Quem mandava era eu e meu amigo.
organização, podem ser identificados alguns pontos que atuam Ninguém ia vender na minha boca, não. Era uma turma que
como hiperlinks, centros mais dinâmicos e/ou centrais na fazia uso e alguém começou a vender pra suprir o uso. Eu assumi
rotina de funcionamento da rede (CAPRA, 2001). Suas diversas aquele ponto de venda. (ex-traficante entrevistado)
conexões, ainda que possam ter uma dinâmica mais autônoma
de movimentação, necessariamente têm que estabelecer com No caso desse tipo de rede, a comercialização é no início
esses centros algum tipo de ligação e, até mesmo, uma forma uma estratégia de sustentação do uso de drogas. Obter uma
de subordinação. quantidade maior de produto do que normalmente se
Em nosso estudo, destacamos quais são os hiperlinks e a consome e que possa ser disponibilizada para comercialização
maneira de conexão que as redes estabelecem com eles. A é uma das formas pelas quais se garante a continuidade desse
estrutura de formação, padrão de ação e vínculos que uma uso.
rede estabelece a partir dessas múltiplas lideranças são
também configuradores de uma dinâmica, mais ou menos Começa muitas vezes dentro de colégio. Aí começa a ter as
ampliada, de conflitos nas redes. Para discutir o cenário em pessoas que chamam e tudo o mais, por querer aparecer mesmo,
que os conflitos ligados ao mercado do crack estão na juventude, por querer ter fama, ter boas mulheres e tudo o
relacionados a homicídios, descrevemos a seguir a dinâmica mais.
da rede de bocas. Aí sempre tem um que já é mais velho e se interessa por
aquilo e começa com um pequeno tráfico mesmo, e por aí vai. E
Crack e rede de bocas aquela pessoa não quer mais aquele poder pequeno, já quer um
Uma boca é referência de um espaço físico, constituindo-se poder maior, uma arma melhor. (ex-traficante entrevistado).
em um ponto comercial para a venda de uma droga ilícita. É o
lugar, e não os indivíduos, que atua como hiperlink para a Outra situação identificada é a rede formada por pequenos
formação das conexões dessa rede. As bocas constituem suas comerciantes, nós isolados. É uma situação empreendedora
conexões em rede a partir de dois formatos: uma rede de em que indivíduos, de forma relativamente autônoma,
comercialização hierarquicamente centralizada, uma “firma” estabelecem-se comercialmente a partir da implantação de um
reconhecidamente pertencente a um patrão, que apresenta ponto de venda. É um processo derivado da pulverização de
estrutura hierárquica de poder e divisão de atividades de uma rede maior já existente que se estende em uma localidade
trabalho, assemelhando-se a uma empresa; e as redes de a partir da instalação de várias bocas. Esses pontos de venda
conexão iniciadas por um grupo de indivíduos ou um único, estão ligados às firmas, grupos ou fornecedores atuantes na
que assume a autoridade da revenda em um local, um ponto, região, para quem esses empreendedores em algum momento
mas não necessariamente apresenta uma estrutura atuaram na condição de vendedores.
empresarial hierárquica, ainda que possua alguma divisão de
tarefas e possa vir a se constituir em uma rede centralizada Uma área que possui muitas bocas é uma área boa para
com o avanço de suas conexões. vender. Mas elas pertencem a um só grupo, uma firma.
A dimensão territorial é uma variável imanente às redes de (traficante entrevistado).
bocas. Sua formação em uma determinada localização é uma
dimensão estratégica para sua referência como ponto de As redes centralizadas, as firmas, instaladas nos grandes
venda. Mas, também, o território é um espaço simbólico que aglomerados, têm sua formação inicial relacionada à conexão
caracteriza a boca como uma atividade específica ali estabelecida entre um ou mais membros de uma comunidade
desempenhada. O pertencimento de um grupo/indivíduo a e um fornecedor fora dela. Essa ligação entre os nós permite a
esse local consolidado é algo próprio de uma atividade ilícita instalação de um ponto de venda cuja estrutura é marcada pela
aceita ou tolerada pelos que habitam essas regiões. presença de um gerente, figura central desse tipo de rede, e de
Ainda que espacialmente definidas, as bocas são campos pessoas a ele conectadas na condição de membros ou
relativamente isolados nos territórios em que se instalam. trabalhadores da boca.
Elas devem resguardar-se de áreas de grande circulação, A propriedade das firmas está relacionada a um indivíduo
que as exponham de maneira excessiva. Em geral, instalam-se com força real e simbólica. É uma figura de referência forte,
em lugares que lhes garantam a visibilidade para o tipo de ir e com poder de decisão sobre a dinâmica da rede. É chamado de
vir que ali se realiza. Esse fator possibilita o deslocamento “patrão” e é aquele que “põe a droga no lugar”. Não
rápido, quando necessário, e segurança, tanto aos que nelas necessariamente é morador local; nunca está presente na
exercem a atividade do tráfico quanto aos que habitam nas região em que a boca está instalada; e pode ser proprietário de
proximidades. “A boca fica em um canto na favela, uma ponta uma ou mais bocas em distintas localidades. Em geral, não é
de bico”, diz um traficante entrevistado. conhecido pelo grupo que trabalha diretamente ligado à
A formação das redes de bocas pode se derivar de estrutura na posição de vendedores (pequenos traficantes).
situações distintas. Nas redes de grupos, o fato desencadeador Seu contato é mais restrito ao gerente.
identificado pela pesquisa foi a baixa ou nenhuma
estruturação. (...) Tem essa divisão nas firmas: o patrão que traz, que
As conexões são restritas a um grupo local, cuja ligação geralmente não fica nessas bocas; fica o gerente mesmo, e a
com o lugar pode se dar primeiramente pelo objetivo do
gente acha que o gerente é que é o patrão. Muitos gerentes se seu movimento passa a girar em torno de conexões altamente
fazem de patrão. (traficante entrevistado). conflituosas: entre sua rede de boca, as demais bocas e os
agentes da segurança pública.
O gerente é a conexão mais importante da rede Seu movimento na rede é regulado e transitório. Sua
centralizada. Sua atuação assemelha-se à de um hiperlink. inserção e manutenção dependem da capacidade de domínio
Diríamos que a referência de uma boca, como um hiperlink de de sua atuação. No entanto, essa conexão tem baixo poder de
uma rede, confunde-se com a figura de gerente. Seu papel é de controle e ampliação sobre seu desempenho, não só pela
grande responsabilidade e com atividades multivariadas. fragilidade pessoal que lhe é inerente, mas também porque
Encarrega-se do embalo e da distribuição da mercadoria, da está sujeita aos demais movimentos dos nós da rede, cuja
contagem e da aferição de lucro, da distribuição de tarefas, da atuação reestrutura ou elimina essa conexão.
decisão sobre a forma de resolução dos problemas, do acerto
de contas e da administração dos recursos humanos que Eu tô falando: o vapor pode ser morto tanto pelo patrão da
passam a estar sob sua responsabilidade. Os entrevistados boca dele, pelo gerente, ou pelo gerente e o patrão de outra boca.
sempre se referem ao gerente como alguém que tem Ele fica no meio mesmo; é um lixo da comunidade. (traficante
“disposição”. Isso pode ser traduzido na capacidade de entrevistado).
incorporação de um papel de liderança na firma.
Gerenciar uma boca significa representar um “patrão”, agir A rede de bocas tem como característica a tendência à
em nome dele, garantir-lhe sucesso empresarial, retribuir com centralização. Seus nós são muito definidos por papéis, ainda
capacidade administrativa a confiança que lhe foi outorgada. que possa haver uma pluralidade deles. O deslocamento dos
papéis está relativamente condicionado a diretrizes internas
O gerente de boca tem que ser o linha de frente mesmo. Na definidas de forma mais hierárquica ou é originado de
verdade, ele tem que ser um camarada que bate de frente, tem substituições/eliminação nas situações de conflito que
que estar preparado pra matar a qualquer hora e tem que dar trataremos a seguir.
lição para as pessoas que devem. (traficante entrevistado).
Eu era o cabeça na boca. Fui levantando. O Zé jogou uma
A dinâmica das conexões comerciais externas é carga na minha mão. Fui crescendo. Tinha conceito com o
obviamente fundamental para a manutenção da rede, pois patrão de BH. Eu achava que eu ia ser patrão. Cada um tem um
garante sua razão de ser, o comércio da droga. Com exceção objetivo. Eu queria ter uma casa, uma família (...). Aí alguém
dos agentes de segurança pública, são ligações com um grau de mandou passar o cerol na minha boca... (traficante
penetrabilidade relativo no movimento interno da rede. No entrevistado)
âmbito das conexões internas, verifica-se um relacionamento
forte entre os nós e a dinâmica complexa. Essas conexões são A centralização indica domínio sobre um território
compostas por indivíduos moradores das regiões onde as socialmente frágil, por um grupo que facilmente se impõe com
bocas estão instaladas. Podem ser usuários e/ou membros força real e simbólica. A imposição de poder local sem dúvida
integrados à rede de comercialização que ocupam posições gera despotismo, traduzido em regras privadas de controle e
diversas: prestadores de serviços locais, entre outros possíveis resolução de conflitos, restrição ao direito de ir e vir, porte de
nós conectores. armas para constrangimento e outras formas de dominação
Nas redes centralizadas, é frequente a existência de nós que possam garantir a prevalência de poder.
sustentadores, um grupo fortemente conectado entre si e ao Uma das variáveis identificada com as situações violentas
gerente. O conjunto de conexões formado por esses nós faz é a dimensão de cultura do mercado de bocas. As práticas de
referência a um poder constituído pelas relações de confiança violência inerentes a esse mercado parecem se espraiar para
e identificação de pertencimento que identificam uma boca. Os todo o tecido social local e passam a ser incorporadas como
nós sustentadores têm papel de suporte, de sustentação na usuais nas localidades em que as bocas estão instaladas. Esse
dinâmica comercial de uma rede, tendo sido nomeados por fator parece indicar força maior na configuração dos conflitos,
alguns entrevistados como “grupo”, “quadrilha”, “facção”. Esse que aparentemente não se restringem ao âmbito das bocas,
suporte é de natureza diversa, tal como segurança, negociação, mas que, na maneira como se resolvem, incorporam as formas
resolução de conflitos. típicas de resolvê-los.
Um dos movimentos mais dinamizadores de uma rede de A afirmação encontra exemplo nos conflitos de natureza
bocas é o das conexões de moradores locais que querem se pessoal. Relatos demonstram que, em situações de disputa ou
integrar à dinâmica de comercialização e, assim, atuam em sua mal-entendido, resoluções extremas e/ou a prática de
linha de frente. Podem estar conectados na condição de homicídio apresentam-se como resposta obrigatória, mesmo
“vapores”, “guerreiros” (vendedores), “aviões” (os que sem necessariamente haver uma questão comercial como
acionam os vendedores e entregam a droga), “correria” fator desencadeante do conflito.
(deslocamento entre bocas), “olheiros”, “fogueteiros”
(acionadores da segurança), “faxineiros” ou “ratos” Essa guerra não foi em função da droga; foi em função de –
(cobradores e matadores). como a gente fala? – assim mesmo, da pilantragem. Pilantragem
Em geral, estas conexões são compostas por jovens a partir que a gente fala é um pegar o outro pelas costas. Aí, foi por isso
dos 12 anos, ainda que a pesquisa tenha identificado que nas que começou essa guerra. Na verdade, foi por causa de uma
firmas a presença de jovens abaixo dessa idade é frequente. mulher. Aí, não sei o que aconteceu lá, que um camarada daqui
Eles se conectam com o objetivo de obter trabalho e renda, o de baixo matou uma menina de uma camarada lá da (...). Daí
benefício de acesso à droga e integração simbólica. estourou essa guerra! (traficante entrevistado).
O acesso a um pertencimento é também um produto
ofertado por uma boca. “A boca é uma família, porque boca Os conflitos de natureza comercial identificados são
sem união não é boca”, disse um traficante entrevistado. advindos de questões internas às redes, ou seja, relacionados,
Essas conexões são dinâmicas e centrais na rede; são nós de maneira mais recorrente, às situações que implicam os
que apresentam um alto nível de vulnerabilidade. Na medida agentes envolvidos na comercialização e também dizem
em que pertence a uma rede, esse nó deve representá-la, respeito ao tipo de produto que hoje predomina nas redes de
garantindo a dinâmica de entrada e saída do produto, seja na boca, o crack. Podemos afirmar que essa droga potencializou e
condição de vendedor ou no exercício de outra atividade estendeu os conflitos na rede de bocas.
própria dessa rede. A partir do momento em que se liga à rede,
Atualmente, as redes de boca comercializam de maneira socioespacial. Em geral, seus relacionamentos se dão com os
predominante o crack, ainda que também a cocaína e próprios moradores da região ou das proximidades, fato que
maconha. No entanto, esses produtos são apresentados como restringe seu público consumidor. Com o crack, essa restrição
tendo, neste momento, menor peso comercial. acentua-se.
O usuário que compra uma quantidade maior de produtos
Maconha todo mundo tem e todo mundo ganha; agora, o para revenda ou revende uma parte do que compra para
plantão da pedra é o melhor. (traficante entrevistado) custear seu uso não é muito comum na rede de
O crack é ouro! (traficante entrevistado) comercialização do crack. Uma das explicações para esse fato
A pedra vale a pena: não acaba nunca; um fala pro outro, é o perfil predominante do usuário, um indivíduo pobre e sem
pega e pronto. Neguinho quer fumar o dia todo: vem de novo, tá capital social que lhe permita inserções em redes mais amplas.
noiado, vira quatro, cinco noites. (traficante entrevistado) Aliada a essa variável, o uso da droga é imediato, geralmente
na mesma boca ou no entorno. A droga consome as
O domínio do crack nas bocas relaciona-se com os conflitos possibilidades de sua circulação para além da posse do
de natureza mercadológica, sendo o mais recorrente o usuário. Os relatos mais frequentes atestavam que o cliente do
processo de endividamento envolvendo tanto os usuários e as crack é um consumidor compulsivo, de alto consumo, um
conexões externas quanto as conexões internas, ou seja, os usuário que se imobiliza e aos poucos vai se tornando um
indivíduos que atuam na rede exercendo papéis de frente na “noinha”, um “mendigo que fica lá nos becos ou casinhas.”
comercialização. Os relatos apurados demonstram que o crack Sendo assim, a rentabilidade do consumidor do crack para
potencializou as situações de endividamento na rede, por um a rede não está relacionada às extensões advindas das redes
motivo relacionado a seu principal efeito farmacológico, a de relacionamento dos usuários, mas à demanda sempre
compulsão ao uso. Aliado a esse efeito, temos uma droga de ampliada exigida por uma droga de consumo rápido.
valor relativamente alto, tendo em vista o perfil
socioeconômico que predomina entre os usuários. A pedra é neguinho que implora; não tem dinheiro, fica
pedindo; é mais pesada. (traficante entrevistado).
É caro pra carai! Se você pega R$ 10 de maconha, você faz O pessoal que fuma pedra é bem mais pobre. E já está lá
seis, sete cigarro; você usa de manhã, à noite e depois vai. Por mesmo, então nem toma banho; fica por lá mesmo. Não
isso que hoje em dia os caras nem fazem muita questão de consegue ter outra atividade; não tem interesse de ter outra
maconha: eles vendem mais crack, que dá mais dinheiro e é uma atividade. (traficante entrevistado).
droga que controla mais o ser humano. (traficante entrevistado)
Outra variável de violência relacionada ao crack é formada
Sobre o usuário endividado, os relatos indicam que não pelos conflitos originados do “derrame” da droga, ou seja, a
necessariamente está propenso a ser vítima de uma situação sobreposição do uso no montante da droga que tem que ser
de violência por sua dívida, a não ser quando quebra os paga por meio da venda. Ao contrário de outras drogas, o crack
procedimentos em relação aos débitos. Isso significa que dever não é um produto que permita “malhação” ou “dobra”,
não é um mal em si; a traição, sim. Por exemplo, se um usuário estratégias para garantir geração de um plus a partir de uma
está devendo numa boca e compra de outra, está infringindo quantidade de produto adquirido. Sendo assim, a
um código local, podendo ser, inclusive, denunciado entre incorporação do usuário à rede de comercialização para o
bocas concorrentes. A negociação é possível, desde que o sustento do uso (e, portanto, o derrame) torna-se mais
devedor seja percebido como portador de atitudes coerentes recorrente graças à “fissura” pelo uso.
em relação ao débito, tais como não demonstrar o uso da droga Na cadeia de repasse, o derrame torna-se um problema
e não realizar outra compra antes de quitar a dívida. não somente para o usuário, mas também para o vendedor que
lhe repassou a droga e que posteriormente tem que acertar
O traficante não mata o usuário porque ele tá devendo. Ele contas com a boca. Os conflitos se estendem à medida que a
mata porque ele é um sem-vergonha e tá devendo e foi comprar rede de conexões se amplia e há movimento dos papéis de seus
na outra boca. É nessa situação que ele mata o usuário. Se ele integrantes
comprou e não pagou, mas não tá devendo, não tá usando, o
traficante segura mais a onda. Mas se vê que ele tá chapado, tá Agora, tem nego que não fuma a pedra; é a pedra que fuma
tirando mercado dele (...): “Cê tá achando que eu sou otário?” o cara. Bandido que é bandido não é viciado. Cê tá vendendo 50
(traficante entrevistado) bolinho: cê vai queimar 10? Aí cê queimou o lucro todo!
(traficante entrevistado)
É necessário ressaltar que um dos complicadores da
situação de endividamento com o crack é a impossibilidade de Assim, o processo de endividamento gerado pelo crack
exercício de uma prática comum no mercado de drogas, o desemboca em outro tipo de conflito, interno à comunidade
“repasse”. Como já ressaltado, é próprio dessas redes um e/ou seu entorno, o roubo. Esse tipo de delito torna-se prática
movimento interno das conexões em que um conector-usuário comum, já que as bocas atuam em boa medida por escambo. O
passa eventualmente a ser conectado por referência de trabalho de grande parte das conexões internas à rede é
revenda do produto. Nesse movimento, ele constitui sua rede remunerado por produto. Nesse sentido, o dinheiro ou algum
de conexões própria, independente das relações com o link bem atua como meio de troca para o produto. Esse fato valida
anterior, com quem obtém a droga. Esse movimento sustenta o roubo como prática definida do comércio do crack. As
e estende a rede até o ponto máximo em que cada um de seus situações de roubo podem ocorrer dentro da própria família,
pontos de conexão consegue se espraiar. no entorno das bocas ou dentro da própria região de moradia,
Nessa ampliação da rede, o usuário também garante seu sendo o delito mais passível de levar ao homicídio contra o
uso a partir do próprio produto, fator que dinamiza a rede de usuário por parte dos próprios integrantes da rede.
comercialização.
No entanto, a capacidade de esse vendedor/usuário fazer Não tem um cara que tá roubando aqui dentro da área pra
esse movimento não depende simplesmente de seu fazer do produto que roubou, fazer dinheiro pra poder usar a
voluntarismo, de um perfil empreendedor. Está, também, droga. Ou seja, o cara rouba lá fora pra levantar o dinheiro pra
condicionada a sua inserção em redes de relacionamento mais comprar a droga aqui. Se o cara roubar aqui ele morre aqui!
amplas. Grande parte dos que atuam como vendedores nas (traficante entrevistado)
bocas pertencem a redes limitadas por sua condição
mais intenso do que no da cocaína em pó, embora o crack seja patrimônio, posteriormente materializada no texto da
a própria cocaína na forma de pedra. Constituição de 1988, particularmente em seus artigos 215 e
E tal endividamento mais acentuado resulta dos efeitos 216105.
farmacológicos singulares do crack em comparação com os da Assim, mesmo não contando com o tão aclamado valor de
cocaína em pó. O crack gera consumidores mais compulsivos “antiguidade” - afinal a cidade foi projetada em fins do século
e, consequentemente, mais endividados, conforme é relatado XIX - o município se dispôs a reconhecer o valor incutido num
pelos traficantes entrevistados. O “derrame” da droga acaba contexto edificado ao longo do século seguinte, e marcado pela
sendo mais frequente na comercialização do crack no varejo transformação, pelas substituições e pelo crescimento urbano.
do que na da cocaína em pó e da maconha. Os dados obtidos O estopim para a criação do serviço municipal de
permitem-nos concluir que o mercado do crack tende a preservação foi, como via de regra tem se verificado, a vivência
disseminar a violência nas regiões onde predomina, de uma perda traumática. No caso, a demolição do Cine Teatro
incrementando a incidência de roubos e principalmente de Metrópole, edificação art déco, que se implantava na esquina
homicídios. Em outros termos, o tráfico do crack tem o das ruas da Bahia e Goiás e que consistia numa modernização
potencial de gerar epidemias de homicídios. do antigo Theatro Municipal, edifício eclético construído em
Cabe-nos explicar, ainda, por que a deterioração gradativa 1906.
dos homicídios em Belo Horizonte foi revertida a partir de A ampla mobilização social que precedeu a demolição
2005, consolidando-se nos anos posteriores a despeito da deste exemplar arquitetônico não foi suficiente para garantir a
disseminação do consumo do crack. O município já acumula sua salvaguarda, mas contribuiu para a promulgação, em
uma redução de 42% no número absoluto de homicídios entre 1984, da Lei Municipal nº 3.802, que organizou a proteção do
2004 e 2009. A ação repressiva qualificada adotada pela patrimônio cultural do município e criou o Conselho
Secretaria de Defesa Social, pautando-se pela prisão de Deliberativo do Patrimônio Cultural do Município de Belo
homicidas contumazes assim como pela presença mais Horizonte (CDPCMBH). Em 1993, foi instituído o órgão
ostensiva da Polícia Militar de Minas Gerais nas regiões de municipal responsável pela implementação e gestão da
maior violência, acabou por reduzir a letalidade dos conflitos política de proteção ao patrimônio cultural da cidade, hoje
oriundos do tráfico do crack. Uma força-tarefa composta por representado pela Diretoria de Patrimônio Cultural (DIPC),
policiais civis e militares da capital foi constituída em meados pertencente à Fundação Municipal de Cultura (FMC).
de 2005, tendo como principal tática a identificação, por meio
da análise de inquéritos policiais, de indivíduos que tinham Instrumentos de Preservação
cometido mais de dois homicídios e ainda se encontravam em A partir de estudos sobre a formação, ocupação, modos de
liberdade. Mandados de prisão temporária e preventiva foram vida, história e tipologias arquitetônicas da cidade, foram
fornecidos pelas varas criminais, dando fundamento legal à sendo identificados alguns Conjuntos Urbanos, caracterizados
operação. Mais de 100 homicidas contumazes foram presos no como áreas definidas com o objetivo de se proteger lugares
período de 18 meses. Um importante projeto de prevenção representativos da cidade, denominados espaços
social da criminalidade, o Fica Vivo, foi implantado a partir de polarizadores, onde são encontradas ambiências, edificações
2004 nos aglomerados de Belo Horizonte que apresentavam ou mesmo conjuntos de edificações que apresentam
os maiores indicadores de homicídios. Além de contemplar expressivo significado histórico e cultural.
diversas ações de inclusão social de jovens em situação de É importante ressaltar que os Conjuntos Urbanos incluem
vulnerabilidade social, o projeto envolvia a presença constante imóveis dos mais variados usos, como residências, casas
e comunitária da Polícia Militar nesses mesmos aglomerados comerciais, instituições públicas, áreas verdes e de lazer, além
por meio dos Grupamentos Especiais de Patrulhamento em de formas de expressão e práticas culturais. Essa pluralidade
Áreas de Risco (Gepar). Todas essas ações, que perduraram até também se expressa nas opções construtivas, que podem
2009, foram decisivas para reverter a epidemia de homicídios abranger desde elaborados projetos arquitetônicos, como
que assolava a cidade (SAPORI, 2007). também edificações modestas fruto de uma apropriação
Sob tal perspectiva, a ação governamental foi capaz de popular dos estilemas formais em voga na época, refletindo os
impactar a incidência de homicídios mesmo em uma modos de vida constituídos no cotidiano da cidade.
conjuntura de disseminação do comércio e do consumo do Os estudos que envolvem a definição dos Conjuntos
crack. As evidências disponíveis apontam para uma Urbanos partem de uma perspectiva de percepção da cidade,
autorregulação da violência no interior do tráfico de crack, baseada nas categorias de mancha, pedaço, trajeto, pórtico e
resultante da decisão de patrões e gerentes das diversas redes circuito, desenvolvida pelo Núcleo de Antropologia Urbana
de bocas de evitar ao máximo o cometimento de assassinatos. NAU/USP sob a coordenação do professor doutor José
Prevaleceu a racionalidade mercadológica do tráfico de Guilherme Cantor Magnani.
drogas. A sucessão de homicídios começou a atrair a presença A categoria pedaço é formada por dois elementos básicos:
da polícia nos principais aglomerados, fato que afeta um de ordem espacial, físico que configura um território
diretamente a lucratividade do comércio da droga ilícita. E a claramente demarcado. (...) O segundo elemento - a rede de
maior presença policial nos locais de venda da droga não é algo relações - instaura um código capaz de separar, ordenar,
desejado pelos patrões e gerentes das redes de bocas, classificar. É no horizonte da vida do dia-a-dia que o pedaço se
conforme mostra depoimento de traficante entrevistado: “Pra inscreve, possibilitando o ingresso e participação naquelas
matar, tem quem pedir, porque, se não, quebra a boca. Os homi práticas de forma coletiva e ritualizada.
na boca diminui o dinheiro.” (...) O termo na realidade designa aquele espaço
intermediário entre o privado (a casa) e o público, onde se
Política de Proteção do Patrimônio Cultural em Belo desenvolve uma sociabilidade básica, mais ampla que a
Horizonte fundada nos laços familiares, porém mais densa, significativa
O município de Belo Horizonte teve sua política de e estável que as relações formais e individualizadas impostas
preservação e promoção ao patrimônio cultural instituída no pela sociedade.
contexto dos debates relacionados à redemocratização do País (...) A mancha, ao contrário - sempre aglutinada em torno
na década de 1980. Nesse sentido, ela se afinava com uma de um ou mais estabelecimentos, apresenta uma implantação
perspectiva mais ampliada e inclusiva acerca do conceito de mais estável, tanto na paisagem como no imaginário. (...). Uma
área contígua do espaço urbano dotada de equipamentos que levantado, descrito e localizado. Em princípio, faz parte do
marcam seus limites e viabilizam - cada qual com sua circuito a totalidade dos equipamentos que concorrem para a
especificidade, competindo ou complementando - uma oferta de tal ou qual bem ou serviço, ou para o exercício de
atividade ou prática predominante. determinada prática, mas alguns deles acabam sendo
Uma mancha é recortada por trajetos e pode também reconhecidos como ponto de referência e de sustentação à
abrigar vários pedaços. (...) as marcas dessas duas formas de atividade. Mais do que um conjunto fechado, o circuito pode
apropriação e uso do espaço - pedaço e mancha - na paisagem ser considerado um princípio de classificação. Nesse sentido, é
mais ampla da cidade, são diferentes. No primeiro caso, onde possível distinguir um circuito principal que engloba outros,
o determinante é o componente simbólico, o espaço enquanto mais específicos: o circuito dos acupunturistas ou o dos
ponto de referência é restrito, interessando mais a seus astrólogos, por exemplo, fazem parte do circuito principal neo-
habitues. Com facilidade muda-se de ponto, quando então esotérico e com ele mantém contatos, vínculos e troca.
leva-se junto o pedaço. (...) A mancha, ao contrário, sempre Os Conjuntos Urbanos agregam elementos construtivos
aglutinada em torno de um ou mais estabelecimentos, bastante diversos, e sua coesão é estruturada a partir um
apresenta uma implantação mais estável, tanto na paisagem elemento polarizador. Este é o argumento do conjunto, ou seja,
como no imaginário. As atividades que oferece e as práticas é o elemento aglutinador que, por seu valor
que propicia são o resultado de uma multiplicidade de relações histórico/urbanístico, incorporou-se no imaginário coletivo,
entre seus equipamentos, edificações e vias de acesso, o que na configuração da cena urbana e no cotidiano de seus
garante uma maior continuidade, transformando-a, assim, em moradores.
ponto de referência físico, visível e público para um número
mais amplo de usuários.
(...) O trajeto aplica-se a fluxos no espaço mais abrangente
da cidade e no interior das manchas urbanas. Na paisagem
mais ampla e diversificada da cidade, trajetos ligam pontos e
manchas, complementares ou alternativos. (...). No interior das
manchas os trajetos são de curta extensão, na escala do andar.
(...) O termo trajeto surgiu da necessidade de categorizar
uma forma de uso do espaço que se diferencia, em primeiro
lugar, daquele descrito pela categoria pedaço. Enquanto esta
última, como foi visto, remete a um território que funciona
como ponto de referência – e, no caso da vida no bairro, evoca
a permanência de laços de família, de vizinhança, origem e
outros – trajeto aplica-se a fluxos no espaço mais abrangente
da cidade e no interior das manchas urbanas. Não que não se
possa reconhecer sua ocorrência no bairro, mas é justamente
para pensar a abertura do particularismo do pedaço que essa Figura 1 – Planta topográfica da cidade de minas, mostrando a cidade
categoria foi elaborada. É a extensão e principalmente a projetada pelo engenheiro Aarão Reis. 1895. Fonte: APCBH/FMC.
diversidade do espaço urbano para além do bairro que
colocam a necessidade de deslocamentos por regiões distantes
e não contíguas: esta é uma primeira aplicação da categoria. Na
paisagem mais ampla e diversificada da cidade, trajetos ligam
pontos e manchas, complementares ou alternativos: casa
/trabalho /casa; casa /cinema /restaurante /bar; casa /posto
de saúde /hospital /curandeiro - eis alguns exemplos, dos mais
corriqueiros, de trajetos possíveis.
(...) os trajetos levam de um ponto a outro através dos
pórticos. Trata-se de espaços, marcos e vazios na paisagem
urbana que configuram passagens. Lugares que já não
pertencem ao pedaço ou mancha de lá, mas ainda não se
situam-nos de cá; escapam aos sistemas de classificação de um
e outra e como tal apresentam a "maldição dos vazios
fronteiriços". Terra de ninguém, lugar do perigo, preferido por
figuras liminares e para a realização de rituais mágicos, muitas
vezes lugares sombrios que é preciso cruzar rapidamente, sem
olhar para os lados. Figura 2 – Mapa atual de Belo Horizonte com a indicação das áreas
protegidas pelo CDPCM-BH. Fonte: DIPC/FMC.
(...) há, por fim, a noção de circuito. Trata-se de uma
categoria que descreve o exercício de uma prática ou a oferta
Atualmente, Belo Horizonte conta com 23 Conjuntos
de determinado serviço por meio de estabelecimentos,
Urbanos protegidos pelo CDPCM-BH:
equipamentos e espaços que não mantêm entre si uma relação
1. Conjunto Urbano Praça Rui Barbosa;
de contiguidade espacial, sendo reconhecido em seu conjunto
2. Conjunto Urbano Rua dos Caetés;
pelos usuários habituais: por exemplo, o circuito gay, o circuito
3. Conjunto Urbano Praça da Liberdade-Av. João Pinheiro;
dos cinemas de arte, o circuito neoesotérico, dos salões de
4. Conjunto Urbano Rua da Bahia;
dança e shows black, do povo-de-santo, dos antiquários, dos
5. Conjunto Urbano Praça da Boa Viagem;
clubbers e tantos outros.
6. Conjunto Urbano Av. Afonso Pena;
A noção de circuito também designa um uso do espaço e de
7. Conjunto Urbano Avs. Carandaí - Alfredo Balena;
equipamentos urbanos – possibilitando, por conseguinte, o
8. Conjunto Urbano Av. Álvares Cabral;
exercício da sociabilidade por meio de encontros,
9. Conjunto Urbano Praça Floriano Peixoto;
comunicação, manejo de códigos –, porém de forma mais
10. Conjunto Urbano Praça Hugo Werneck;
independente com relação ao espaço, sem se ater à
11. Conjunto Urbano Bairro Floresta;
contiguidade, como ocorre na mancha ou no pedaço. Mas tem,
12. Conjunto Urbano Lagoa da Pampulha - Edificações de
igualmente, existência objetiva e observável: pode ser
Uso Coletivo e seus bens integrados;
13. Conjunto Urbano Praça Raul Soares-Av. Olegário enriquecendo, assim, o acervo de informações e imagens
Maciel; dedicadas à história da ocupação e dos modos de habitar a
14. Conjunto Urbano Av. Barbacena-Grandes cidade;
Equipamentos; 3. Controle da Altimetria: o controle de altimetria para
15. Conjunto Urbano Bairros Prado e Calafate; novas construções nos Conjuntos Urbanos tem como objetivo
16. Conjunto Urbano Bairro Santo Antônio; garantir a adequada inserção de uma nova construção na área,
17. Conjunto Urbano Bairro Cidade Jardim; sem agredir a paisagem a ser preservada;
18. Conjunto Urbano Bairro Santa Tereza; 4. Definição de Diretrizes Especiais de Projeto para
19. Conjunto arquitetônico e paisagístico do Mosteiro edificações sem proteção específica: tratam-se de diretrizes
Nossa Senhora das que nortearão as obras de reformas com acréscimo de área ou
Graças, Vila Paris, e sua área de entorno; de novas construções no perímetro do Conjunto Urbano ou nas
20.Serra do Curral e sua área de entorno; vizinhanças de imóveis protegidos fora de conjuntos urbanos,
21. Conjunto Arquitetônico de tipologia de influência da visando preservar a ambiência local e a visibilidade de bens
Comissão culturais tombados. Tais diretrizes, deliberadas pelo CDPCM-
Construtora da Nova Capital; BH, sobrepõem-se às determinações dos macrozoneamentos
22. Conjunto Arquitetônico Sylvio de Vasconcellos; estabelecidas pela Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do
23. Conjunto Urbano Bairros Lagoinha, Bonfim e Carlos Solo. Assim, elas estabelecem parâmetros urbanísticos mais
Prates. exigentes que os legais, podendo influir em limites rigorosos
para a altura máxima das edificações, no aumento das taxas de
Além dos Conjuntos Urbanos, temos a proteção de bens permeabilidade, na diminuição das taxas ocupação, no
móveis e integrados e as áreas de Diretrizes Especiais (ADEs), aumento dos afastamentos frontais mínimos exigidos e na
estabelecidas na legislação urbanística, a saber: obrigatoriedade de seu ajardinamento, na conformação dos
gradis, exigindo sua permeabilidade visual, dentre diversos
1. Conjunto de Murais da Artista Yara Tupynambá; outros parâmetros;
2. Mobiliário moderno da Assembleia Legislativa de Minas 5. Registro Imaterial: após a criação do instrumento de
Gerais; Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial, com a Lei
3. Acervo da Comissão Construtora da Nova Capital; Municipal nº 9.000/04, iniciaram-se os trabalhos de
4. ADE Pampulha; inventário e salvaguarda dos processos de criação,
5. ADE Cidade Jardim; manutenção e transmissão de conhecimentos e das práticas e
6. ADE Santa Tereza; manifestações dos diversos grupos socioculturais que
7. ADE Venda Nova; compõem a identidade e a memória do município, por meio do
8. ADE Lagoinha. registro dos saberes, das celebrações, das formas de expressão
e dos lugares. Os bens culturais reconhecidos através deste
Adotar prioritariamente a proteção através de Conjuntos instrumento passam a ter medidas de salvaguarda definidas e
Urbanos não exclui, entretanto, a possibilidade de se efetuar aprovadas pelo CDPCM-BH. O processo de inventário do
tombamentos de imóveis, ou registros de manifestações Patrimônio Imaterial já promoveu dois bens culturais
culturais isolados, ou seja, em áreas fora daqueles conjuntos registrados: o Ofício de Fotógrafo Lambe-Lambe e as Formas
estabelecidos ou em estudo/inventário. Assim, uma ampla de Expressão - Teatro de Bonecos, de Palco e Rua.
região da cidade é continuamente monitorada pela DIPC, com
a indicação de imóveis passíveis de receber, isoladamente, Além disso, há 14 processos de Registro Imaterial abertos
algum grau de proteção. pelo Conselho:
Para a proteção e a promoção do patrimônio municipal, a
DIPC se apoia nos seguintes fundamentos deliberados pelo 1. Palácio das Artes: espaço de formação artística,
CDPCM-BH: promoção e fomento cultural;
2. Manifestações das festas juninas;
1. Tombamento específico: instrumento de proteção que 3. Mercado Central de Belo Horizonte;
recai sobre bens materiais possuidores de valor histórico, 4. Polo Moveleiro - Avenida Silviano Brandão;
arquitetônico, cultural, simbólico e/ou afetivo para a cidade. 5. Samba em Belo Horizonte;
Com o tombamento, são estabelecidas diretrizes específicas 6. Carnaval em Belo Horizonte;
para a preservação das características mais importantes do 7. Dança e circo em Belo Horizonte;
bem cultural. Tendo em vista a perspectiva ampliada sobre o 8. Práticas culturais ciganas em Belo Horizonte;
patrimônio cultural, adotada pela DIPC, que prescinde do valor 9. Pedreira Prado Lopes;
de excepcionalidade histórica e estética dos bens e enfoca o 10. Lugares de memória da ditadura militar;
valor de ambiência urbana, a cidade conta, atualmente, com 11. Irmandade Treze de Maio de Nossa Senhora do
cerca de 786 bens imóveis tombados, além de 35 bens móveis Rosário;
ou integrados tombados. Para tanto, a equipe técnica da DIPC 12. Feira de Arte e Artesanato da Avenida Afonso Pena;
elabora continuamente os dossiês de tombamento e as 13. Ofício de calceteiro;
diretrizes de preservação dos bens culturais, que são 14. Comunidade quilombolas de Belo Horizonte.
mensalmente submetidos à apreciação do CDPCM-BH. A
equipe realiza, ainda, o devido acompanhamento das obras de 6. Licenciamento e Regularização de Engenhos de
restauração dos bens protegidos; publicidade e toldos: a DIPC realiza a análise, paralela e
2. Registro Documental: instrumento de proteção que recai complementar, dos processos administrativos relativos à
sobre edificações com valor histórico-urbanístico, mas que, instalação de engenhos de publicidade e toldos, com base na
isoladamente, não apresentam características relevantes Deliberação nº109/2004 do CDPCM-BH. Esta deliberação
capazes de justificar seu tombamento. A proteção por Registro apresenta diretrizes relativas a tipos de engenhos, suas
Documental constitui na elaboração de documentação dimensões, locais passíveis de instalação, as dimensões e
detalhada sobre o imóvel para compor o acervo do Arquivo materiais de toldos, dentre outras, as quais são mais restritivas
Público da Cidade de Belo Horizonte (APCBH). Atualmente, que aquelas definidas pelo Código de Posturas do Município.
Belo Horizonte já contabilizou 1.544 Registros Documentais Ela é aplicável a todos os imóveis situados no perímetro de
entregues e devidamente arquivados no APCBH,
Conjuntos Urbanos, de ADE’s de Interesse Cultural (áreas de particular) e a iniciativa privada (pessoa física ou jurídica). A
Diretrizes Especiais), e aos imóveis protegidos; adoção, antes vinculada à medida compensatória acordada
7.Licenciamento de Calçadas: As calçadas portuguesas entre empreendedor e o CDPCM-BH, atualmente é voluntária.
estão presentes na cidade desde a década de 1920. O mosaico Até a presente data foram adotados 56 bens culturais;
português foi até os anos 1990 o principal revestimento
utilizado na cidade nos passeios e áreas públicas. A partir da
década de 1990, o impulso modernizante caracterizou o
discurso da substituição deste calçamento por outro material
mais seguro e menos oneroso. Foi então realizada pelo
CDPCM-BH a proteção dos mosaicos em calçada portuguesa da
área central, inclusive das calçadas originais remanescentes
em laje, através do instituto do tombamento. Nesse sentido,
em 1991, numa tentativa de preservar e incentivar a utilização Figura 3 – Exemplos de bens recuperados por meio do Programa Adote um
dos mosaicos portugueses, a Prefeitura realiza concurso Bem Cultural: pinturas parietais da Igreja de São Jorge, Acervo documental do
Cemitério do Bonfim, restauração dos jardins da Casa do Baile.
público para o Projeto de Requalificação do Eixo Simbólico da
Av. Afonso Pena o qual foi selecionada a proposta do Escritório
• Leis de Incentivo: os projetos de recuperação de imóveis
Baptista e Schimidt que estabeleceu diversos padrões para a
tombados podem ser financiados através das Leis de Incentivo
área. O projeto foi implantado pela administração ainda na
nas instâncias federal, estadual e municipal. No caso de
década de 1990, em grande trecho da Av. Afonso Pena, Rua da
projetos destinados à preservação do patrimônio cultural,
Bahia e Av. Santos Dumont. Em 2000, o CDPCM-BH incorporou
estes podem incluir desde a restauração do bem, até a sua
o projeto como diretriz para recuperação das calçadas em
reabilitação e reconversão para novo uso;
Conjuntos Urbanos. O novo Código de Posturas, em 2003,
• Estabelecimento de medida compensatória acordada
facultou a cada Secretaria Municipal de Administração
entre empreendedores e CDPCM-BH: com base na Deliberação
Regional a definição de padrões de revestimento do passeio.
nº051/2016 do CDPCM-BH, a realização de obra ou projeto
Foi constituído, então, um grupo de técnicos representantes
público ou privado que tenha efeito real ou potencial, material
das instâncias responsáveis pelo assunto, para discutir e
ou imaterial, sobre área ou bem identificado como de interesse
elaborar a padronização das calçadas de Belo Horizonte. O
histórico, artístico, arquitetônico ou paisagístico pelo
Projeto de Padronização de Calçadas da Área Central conta
Município poderá ser condicionada à adoção de medidas
com mais de 120 padrões levantados dentro da Av. do
mitigadoras e compensatórias com vistas à redução dos
Contorno e uma parte de detalhamento construtivo. Hoje a
impactos negativos, assim considerados pelo órgão de
Secretaria Municipal Adjunta de Regulação Urbana (SMARU)
proteção do patrimônio cultural.
exige a apresentação, já em projeto, do padrão da rua onde a
nova edificação será erigida. O Código de Posturas do
Ações viabilizadas por meio de medida compensatória do
Município foi alterado em 2010, estabelecendo penalidade
CDPCM-BH em 2016/2017 (em andamento):
para a não execução do revestimento com o tipo padrão
1. Recuperação da sede da Corporação Musical
adotado pelo Executivo.
Filarmônica Primeiro de Maio;
2. Fomento ao ofício de fotógrafo lambe-lambe;
Incentivos à Preservação
3. Apoio ao Festival Mineiro da Arte Capoeira –
A fim de estimular a preservação de um patrimônio
YAKALAKAYA, originário de Luanda/Angola;
edificado marcadamente apoiado em imóveis particulares, nos
4. Apoio ao Festival Internacional de Capoeira;
quais a adesão e a colaboração dos proprietários são de
5. Custeio do Registro Imaterial dos Quilombos de Belo
importância fundamental para o sucesso de nossa empreitada,
Horizonte, com previsão de conclusão em outubro/2017;
o município instituiu uma série de benefícios e compensações.
6. Recuperação da sede do Quilombo Manzo Ngunzo
Tais iniciativas têm contribuído visivelmente para a política
Kaiango;
municipal de preservação, conferindo maior agilidade e
7. Finalização da restauração do bem tombado à Rua
eficácia nas ações de restauração e de conservação, que
Desembargador Barcelos nº 102, para instalação da sede do
passam ser vistas como financeiramente vantajosas para os
CENARAB;
proprietários. Dentre tais benefícios, citamos:
8. Recuperação da Antiga Capela Velório do Cemitério do
• Isenção de IPTU: podem ser isentos do IPTU os bens
Bonfim, com realização de exposição sobre o Cemitério do
culturais com tombamento definitivo, desde que confirmado
Bonfim;
seu bom estado de conservação, estabelecido pela legislação
9. Restauração do bem tombado à Rua Pouso Alegre,
municipal;
nº1095/1099;
• Transferência do direito de construir: instrumento
10. Adequação de engenhos do Mis Cine Santa Tereza;
previsto na Lei de Parcelamento, Ocupação e Uso do Solo, que
11. Reforma de fachada e climatização da reserva técnica
concede o direito de alienar ou de exercer em outro local o
do Museu da Moda;
potencial construtivo do lote que não possa ser exercido no
12. Execução de projeto e obras emergenciais na antiga
imóvel de origem, seja por possuir proteção específica ou por
Estação da Gameleira;
se inserir em área de preservação ambiental ou cultural,
13. Readequação do projeto do Mercado das Flores;
quando ocorra restrição a seu potencial construtivo. Até a
14. Restauração do Retábulo Lateral da Igreja da Boa
presente data, a prefeitura já contabilizou 195 imóveis
Viagem;
tombados que se tornaram geradores de TDC. O procedimento
15. Obra de qualificação da infraestrutura física e
para tanto é atualmente regulamentado pelo Decreto
tecnológica do MIS Cine Santa Tereza;
Municipal nº 15.254/2015, e se inicia com a abertura de
16. Publicação da edição comemorativa do Dossiê do
processo administrativo junto à SMARU;
Conjunto Moderno da
• Programa “Adote um Bem Cultural”: Programa pioneiro
17. Projeto de restauração e adequação a novo uso do bem
em Minas Gerais, objetiva incentivar a parceria entre poder
tombado à Rua dos Guaicurus nº471, para implantação do
público e iniciativa privada na restauração, conservação e
Museu do Sexo;
promoção dos bens culturais. Trata-se de um programa de
18. Projeto de implantação da climatização dos
adoção onde a FMC incentiva e media ações entre os
equipamentos detentores de acervos de interesse do
proprietários dos bens culturais (sejam do poder público ou
patrimônio cultural;
19. Projeto de paisagismo do Museu Histórico Abílio As interfaces junto à SMARU são atualmente
Barreto (MHAB); regulamentadas pela Portaria SMARU nº008/2016, a qual
20. Participação no custeio do projeto para manutenção da define os órgãos a serem consultados, os procedimentos a
gráfica do APCBH: publicações de promoção e proteção do serem seguidos neste processo, os prazos a serem observados,
Patrimônio Cultural; dentre outros.
No que se refere aos procedimentos de interface entre a
• Fundo de proteção do patrimônio cultural: tem por SMARU e DIPC, é importante esclarecer que todo processo de
finalidade prestar apoio financeiro, em caráter suplementar, a licenciamento ou de regularização aberto naquela Secretaria
projetos e ações destinados à promoção, preservação, exige, no check-list de documentos a serem apresentados pelo
manutenção e conservação do patrimônio cultural do requerente, a “Informação Básica do Patrimônio”. Este
Município; documento é gerado a partir de um sistema de informações
• Prêmio Mestres da Cultura Popular: em consonância com georeferenciadas da prefeitura e indica a necessidade de
as indicações do Plano Nacional de Cultura e com a Lei interface do processo junto à DIPC. A Informação Básica do
Municipal nº 9.000/2004, a FMC criou o Prêmio “MESTRES DA Patrimônio informa se o lote em questão está situado no
CULTURA POPULAR DE BELO HORIZONTE” que, de maneira perímetro de algum Conjunto Urbano protegido, apontando se
simplificada e acessível, visa reconhecer e valorizar a atuação o terreno está submetido a alguma diretriz especial de projeto
dos mestres e mestras da cultura popular, responsáveis pela deliberada pelo conselho, e se a edificação, porventura
transmissão e perpetuação de saberes, celebrações e formas existente no local, possui algum grau de proteção
de expressão que compõem o patrimônio cultural imaterial de (tombamento, processo de tombamento aberto ou registro
Belo Horizonte. O prêmio seleciona 3 mestres ou mestras, com documental).
idade igual ou superior a 60 anos, residentes e atuantes em Caso o terreno não esteja situado no perímetro de algum
Belo Horizonte há pelo menos 10 anos, e que possuam o Conjunto Urbano, mas esteja na área mais ampla monitorada
reconhecimento de suas comunidades como detentores do pela DIPC, ainda em processo de inventário, a Informação
conhecimento indispensável à transmissão de saber, Básica do Patrimônio indica a necessidade de
celebração ou forma de expressão tradicional. apresentação de um outro documento: a
“Carta de Grau de Proteção”. Este último documento é
Instrumentos de Promoção do Patrimônio gerado pelos técnicos da DIPC mediante a realização de
A DIPC tem ainda outra frente de ação voltada para a vistoria ao local. Ele indica o grau de proteção do imóvel em
promoção do patrimônio cultural. Por meio de vários projetos, questão: sem interesse; tombamento; processo de
a Diretoria divulga e promove o patrimônio, chamando a tombamento aberto; Registro Documental (já aprovado ou
atenção da população para a preservação e valorização da solicitado). Ele indica, também, as diretrizes para novas
memória da cidade. Apresentamos alguns dos projetos construções e se há algum imóvel protegido nos terrenos
desenvolvidos: lindeiros ao do lote em questão, o que acarretaria diretrizes
1. Projeto Semáforos do Patrimônio Cultural; especiais de projeto para este último.
2. Projeto piloto - Sinalização Interpretativa do Patrimônio Portanto, todo processo administrativo de regularização
Cultural de Belo Horizonte; ou de licenciamento aberto na SMARU conta com o indicativo
3. Exposição e publicação de livro sobre o Registro da necessidade ou não de interface com a DIPC, via Informação
Imaterial do Ofício dos fotógrafos lambe-lambes; Básica do Patrimônio e, em determinados casos, via Carta de
4. Publicação do livro do Registro Imaterial do Teatro; Grau de Proteção.
5.Edição bianual dos calendários do Patrimônio Cultural, Conforme já ressaltamos, esta interface é recorrente,
publicados desde 2001. sendo semanalmente disponibilizado um técnico da DIPC para
a realização da mesma. Em 2016 contabilizamos um total de
756 processos, abertos na SMARU que contaram com análise
pela DIPC. Além disso, cerca de 31 processos foram
submetidos à análise do CDPCM-BH por não atenderem às
diretrizes estabelecidas para o local.
Além da interface junto à SMARU, outra interlocução
regularmente realizada pela DIPC é com a Secretaria Municipal
de Meio Ambiente (SMMA). Dentre as ações conjuntas destes
dois órgãos, podemos citar os processos de licenciamento e de
regularização das Estações de Rádio Base (ERB’s) e seus
respectivos equipamentos para prestação de serviço de
telefonia.
As análises dos impactos e da intrusão das ERB’s possuem
natureza bastante subjetiva, mas a DIPC busca analisar as
Figura 4 – Dois projetos de promoção do patrimônio cultural da cidade: propostas apresentadas para harmonização dos
Semáforos do Patrimônio Cultural e Sinalização Interpretativa do Patrimônio equipamentos inseridos nos conjuntos urbanos, ADE’s ou
Cultural de Belo Horizonte.
vizinhos a áreas e bens protegidos, levando em conta que os
As Interfaces da Política Municipal de Preservação mesmos não devem obstruir, competir ou provocar prejuízos
com Outros Órgãos Municipais na fruição daqueles bens, na ambiência local e nas suas visadas
Conforme já mencionado, a DIPC mantém, rotineiramente, mais privilegiadas.
uma intensa interlocução com outros órgãos da administração Em julho de 2005 é publicada a Deliberação 01/2005 do
municipal, responsáveis pela gestão urbana e ambiental. CDPCM-BH tratando, dentre outras coisas, da Instalação de
Antenas de Telefonia e elementos de telecomunicação em
Dentre estas interfaces realizadas, a mais expressiva em
áreas protegidas em função do grande impacto visual que
termos de volume de análises é a que ocorre junto à Secretaria
aqueles equipamentos vinham causando na cidade.
Municipal Adjunta de Regulação Urbana (SMARU). Este órgão
Entendendo a necessidade de prestação do serviço e as
é o responsável pelo licenciamento e pela regularização de
possibilidades tecnológicas de redução do número e das
edificações, de parcelamento do solo, de obras em logradouros
dimensões dos equipamentos o CDPCMBH estabeleceu:
públicos e pelo licenciamento de atividades econômicas
(concessão de Alvará de Localização e Funcionamento).
Gabarito
Anotações